'"^-■,. DICOIO]SrA.RIO DE iaiam iM^aiiiâ. DICCIONARIO BOTÂNICA BMSILEmA ou COMPENDIO DOS VEGETAES DO BRASIL, TANTO INDÍGENAS COMO ACCLIMADOS REVISTA POR UMA COMMISSÃO DA SOCIEDADE VELLOSIANA, E APPROVADA PELA FACULDADE DE MEDICINA DA CORTE. « CONTENDO : uma descripção scientifica de cada fanailia a que pertencem, e outra vulgar ao alcance de qualquer intelligencia, seu emprego e differentes denominações nas diversas provincias do Império, as propriedades medicas e venenosas, sua utilidade nas artes, industrias, economia domestica e na veterinária COORDENADO E REDIGIDO em grande parte sobre os manuscriptos do Dr. Arruda Camará POR de odlmudí lodamni m ^ímeiaa (o/tnfo Pharmaceutico pela Escola especial de Pharmacia de Paris. e mandado imprimir por seu irmão O BACHAREL ZEFERINO D'ALMEIDA PINTO. RIO DE JANEIRO. Typographia — Pekseveuanoa. — rua do Hospício u. 91. 1873. LIBRARY NEW YORK ^OTANICAL GARDEN /M t- DIAS PALAVRAS AO LEITOR. 3>«iO*- Tomando o encargo de mandar imprimir o Diccionario de Botânica. Brasileira, que em manuscripto deixou o seu compendiador, tivemos em vista, além da consideração de ser elle um irmão que muito prezávamos, prestar ao paiz um pequeno mas importante serviço, tornando conhecida uma parte dos trabalhos do fallecido Dr. Arruda Camará. É sabido o quanto esse illustre finado escreveu sobre diversos ramos da sciencia natural, assim como qual o destino que teve a maior parte de seus escriptos. Aquella, porém, que tinha relação com a botânica foi, talvez que reservada pela Providencia, longos annos depois de sua morte, objecto de uma transacção eífectuada por um de seus herdeiros; e é d'alii que vem o Diccionario de Botânica Brasileira. Empregando os maiores esforços para sua impressão, lutando com mui- tas e sérias diíRculdades, que constantemente surgiam por espaço de mais de um anno, é-nos summamente agradável o dever de declararmos que encon- tramos apoio tanto da parte do Governo Imperial, como de vários cidadãos, e mais ainda d'essa congregação, respeitável pelas illustrações que contém, conhecida n'esta cidade com a denominação de — Sociedade Vellosiana. D'ella obtivemos o auxilio mais importante que podíamos esperar. A i'evisão d'esse trabalho, que einbora procedente de outro de incontestável mé- rito, soffrendo alteração na f(5rma e no fundo por mãos que não eram de mestre, tornava-se uma necessidade indeclinável, como foi desde logo reco- nhecida. • O desempenho de tão árdua, como enfadonha tarefa, com a dedicação e desinteresse>que só o amor á sciencia podia inspirar, encontramos na So- ciedade Vellosiana. Uma commissão de cinco membros, que a nosso pedido A VI ella nomeioii, tomou a si esse encargo que desempenhou com promptidão tanto mais louvável, quanto c certo, que vários e importantes trabalhos pe- savam sobre cada um de seus membros, sendo para notar-se que dous, d'entre elles, levaram a sua dedicação ainda além da nossa espeetativa, porquanto obsequiosamente acceitaram a incumbência de rever as provas, e corrigir os erros tjpographicos. Os Srs. Drs. Agostinho José de Souza Lima e Joaquim Monteiro Ca- minhoá, este lente da cadeira de botânica da Escola de Medicina d'esta corte, e aquelle lente oppositor da mesma escola, prestaram á sciencia, a cujo estudo se dedicaram, com as suas luzes e vastos conhecimentos, um serviço valiosíssimo. Publicando em seguida o attestado que passou a commissão da Socie- dade Vellosiana, e as cartas que aquelles illustrados lentes da nossa escola de medicina nos dirigiram, pedimos-lhes para que acceitem os votos sinceros da nossa profunda gratidão. Liai traçávamos estas linhas, quando um novo e imprevisto incidente veio ainda, e por ultimo, augmentar a serie das difficuldades com que lutamos. Para a commissão que tem de representar o paiz na próxima exposição internacional de Vienna d' Áustria, foi nomeado o Dr. Joaquim Monteiro Ca- minlioá, que, partindo no vapor de 27 do mez passado, não poude por isso concluir a collecção dos erros typographicos. No estado adiantado da impressão, não nos permittindo circumstancias de ordens diversas, o addiamento, por semelhanta motivo, de sua conclusão, tomamos a deliberação de encerral-a com as corrigendas que se notam no fim, pedindo ao leitor intelligente a necessária desculpa. Rio de Janeiro, 2 de Abril de 1873. %Í^Àmo d' (yêhndda kPinm. DECLARACÃÍ] DA COliiSSlO DA SOCIEDADE lELLCSlAífA. -o-o>®^00- Nós, abaixo assignados, meoibros da commissão encarrega- da pela Sociedade Yellosiana de corrigir o maniiscriplo intitula- do Diccionarío de Botânica Brasileira, compendiado pelo pharmaceu- tico Almeida Pinto, declaramos que se acha quasi terminada a tarefa que nos foi commettida, e qae muito não serão de extra- nhar as imperfeições de que se houver por ventura de resentir, ao saliir do prelo a obra do Sr. Almeida Pinto, visto ser esta a sua primeira edicção. Sala etc, 23 de Novembro de 1872. Ladislau Neto. Dr. J. J. Pizarro. Dr. a. J de Souza Lima. Dr. J. M. Caminhoá. Dr. Rasiiz Galvão. CARTA DO SR. M. J. M. ooi^oo- Illm. Sr. Dr. Pinto. — Sendo de ha muito reclamado um diccio- nario de plantas brasileiras, que ao mesmo tempo servisse para os estudantes consultarem, e para esclarecer principalmente os botânicos sobre a infinidade de nomes communs ou vulgares dos vegetaes do paiz, coube no Brasil, n'estes últimos tempos, ao incansável e distin- cto Dr. Nicoláo Moreira a g-loria de começar essa patriótica tareia. Seu — Diccionario das plantas medicinaes brasileiras — ^que, como elle faz ver, é apenas um ensaio, ou melhor a publicação de seus apontamentos particulures, tem prestado valiosíssimos serviços ; e ainda mais útil seria, se elle tivesse podido por si próprio verificar tudo, e expurg-al-o de faltas alheias á sua vontade. O Dr. Peckolt emprehendeu um bello trabalho sobre — as plantas alimentares brasileiras — , que será de grande valor quando terminado. O Diccionario de plantas brasileiras^ (que também se occupa das estrangeiras cultivadas entre nós), e que acaba de ser publicado por V. S., é, sem duvida, uma obra digna de encómios; porque n'ella se acham principalmente os trabalhos, que eram julgados perdidos, do Dr. Arruda Camará, nome venerado pelos poucos botânicos bra- sileiros que temos. Além d'isso vê-se quanto tempo e trabalhos custou ao seu auctor, para colleccionar t3,o grande numero de nomes e propriedades de ve- getaes úteis, principalmente das províncias septentrionaes do Império, além dos citados por Arruda Camará. Como àÔQ SLicceder nas primeiras edições, esta não poude ser completamente purificada de erros, que entretanto, poderão ser cor- rectos pouco a pouco. Muitos nomes scientificos que dera aquelle illustre pernambuca- no não são conhecidos pelos clássicos, e, portanto, não estão acceitos; o que é devido á falta de publicidade. Alg-uns eng-anos ha também acerca de nomes vulgares e outros, porém que não tiram o mérito da obra. Bera avisado andou V. S. quando recorreu â Sociedade Vellosia- na, oriente das sciencias naturaes no Brasil, afim de nomear uma commissão revisora para este trabalho, porque, elle merece muitissi- mo do publico. Para que se podesse conseg'uir mais do que isso, era mister que aquella commissão fosse, com tempo bastante, percorrer as diversas provincias. Apraza á Deus que, como V. S., outros mais procurem archivar os poucos e esparsos trabalhos de nossos sábios, que não existem mais. Seja-me licito aqui render um culto de admiração e respeito em nome da Botânica brasileira á memoria do venerando naturalista Dr. Custodio Alves Serrão, que acaba de fallecer, e á quem teria V. S. certamente de ouvir a sentença d'este diccionario, com aquella singeleza, verdade, independência e profundeza que eram o apanag"io d'aquelle vulto, que morreu quasi esquecido em sua pobre cabana na Gávea. Espe)'o fazer publicar o que for encontrado, e me for confiado, das producções filhas dos estudos seus. Continue V. S. á pesquizar, e poderemos talvez encontrar mais trabalhos do Dr. Arruda Camará; com o que, V. S. eng-randece também a nossa pátria. A g-randeza de um paiz não consiste perante a moderna civili- zação na extensa área de que é formado, nem nos milhões de homens que a povoam ; porém no numero de seus sábios nos diíFerentes ramos de conhecimentos humanos. Rio de Janeiro, 26 de Março de 1873. f. (sil. ^aminkoá. CAUTA BC SL BR. MLk LISiA. -oOj=S:Jo-o- lilm. Sr. — É cheio do maior prazer que tenho occasião de feli' citar-lhe em publico, pelo louvável empenho, com que V. S., affrontando tantas difficuldades, conseg-uio realizar a publicação do Diccionario DE Botânica Brasileira ; obra confeccionada pelo finado pharmaceutico Joaquim de Almeida Pinto, de Pernambuco, com o auxilio dos impor- tantes manuscriptos do illustre phytolog-ista brasileiro Dr. Arruda Camará, cujos trabalhos até agora inéditos, e por assim dizer igno- rados ou esquecidos, são uma verdadeira preciosidade, julg-ada per- dida para a sciencia. A parte notável que tem os escriptos d'aquelle venerando naturalista n'este Diccionario. constitue o seu maior titulo de merecimento, e pelo qual mais se recommenda a sua leitura a todos quantos prezam e cultivam o estudo de botânica. A utilidade e importância pois d'esta obra, não pôde ser posta em duvida, nem precisa ser demonstrada, bastando para isso dizer-se que é ella n'este g-enero o livro mais completo que ora possuimo s apezar de alg-umas ligeiras faltas e lacunas, que ainda ahi se no^ tam, mas que poderão ser correctas e preenchidas em edições ulte- riores. Os esforços por V. S. empregados para levar a eífeito a impressão d'esta obra estão acima de todo o elogio, e o tornam credor da estima publica. Acceite portanto V. S. os parabéns de quem se assigna, Seu attento venerador e amigo. Rio de Janeiro, 31 de Marco de 1873. MUI HERÓICA l>^i^lÊa^ ii ^EMIWIili o. D. C. Síi»«Mtw ^« SUwtieiíia ^intio. AOS MEUS COMPROVINGIANOS. O desejo, que sempre tive, e já por mais de unaa vez tenho manifestado, de tornar-me útil á nossa sempre esforçada e bella provincia, me impellio a emprahender o diflicil e espinhoso trabalho, que hoje tenho a honra d© offerecer-vos. Aproveitando a ideia e algum material deixado pelo nosso finado com- provinciano o muito illustrado Dr. Arruda Gamara, organizei o presente — DICCIONARIO DE BOTÂNICA BRASILEIRA - que vos dedico; esperando a coadjuvação, com que seiTCipre soubestes animar aquelles que se aíadigam pelo engrandecimento da pátria coinvãum. |on(iuim bc %\mth\ |1into; INTRODUCÇÀO. Dando á luz o presente Diccionario de Botânica Brasileira, temos por fim vulgarisar quanto for possível o conhecimento das plantas medicinaes indígenas e acclimadas no Brasil , despertar o amor pelas cousas pátrias, e commemorar o nome de um dos per- nambucanos que mais trabalharam n'esse sentido — o illustre finado Dr. Arruda Camará. A vegetação no Brasil é das mais admiráveis. Nos campos, nas montanhas, nas mais elevadas serras, nos areiáes das próprias costas, nas ilhas, por entre rochedos alcantilados, por toda a parte emfim ostenta-se ella vigorosa e em quasi constante primavera. A Flora Brasileira é talvez a mais rica do mundo pela abun- dância e variedade de espécies muito importantes , das quaes mais de doze mil já sao conhecidas. Para a construcção naval e civil acham-se nas mattas do Brasil as melhores madeiras ; para a marceneria as mais finas e bellas que conhece a industria. Para a construcção naval temos : Peroba , Genipapo , Oiticica , Cicopira-assú, Páo d'arco, Maçaranduba, Cedro, Louro de cheiro, Páo- ferro, Jaqueira, etc, etc. Para a construcção civil ; Guararóba, Gerimum, Genipapinlio, Oiticica, Páo-carga, Pâo-pombo, etc. Para a marceneria : Vinhatico, Páo-setim, Jacarandá, Gonçalo Alves, Condurú, etc. Para a tinturaria: Páo-Brasil, Tatajuba, Campeche, Páo terras grandes, Páo terras pequenos, Anil, Urucú, etc. XVIII Quanto aos fios e fibras, que substituam o linho, .levemos ao distincto Dr. Arruda Camará uma memoria, em que mostrou que, com as folhas dos Ananazeiros manso e bravo, Coroatá, Aning-a, Carra- picho, com as Palmeiras e com a estopa extrahida da Embira, assim como com outras plantas, se podia perfeitamente substituir o linho. Além d'isto nascem expontaneamente nas nossas mattas, e em grande abundância, arvores que distillam precioso leite, por meio de incisões feitas nos troncos ou hastes; por exemplo: as seringnieiras, de que se tira a borracha, as mang-abeiras, a maçarandubeira, de que se extrahe a g-utta-percha : arvore prodig"iosa, que viria a ser uma das principaes riquezas d'este Império, se o g-overno a mandasse desde já cultivar em nossos vastos terrenos. A Carnaúba é a arvore maravilhosa ! A arvore para tudo ! Pode o homem somente com ella fazer a sua habitação, mobilial a, illu- minal-a ; extrahir delia assucar, álcool e sal ; com ella ainda alimentar seu gado e creações miúdas. Nenhuma outra producçao vegetal foi dotada pela natureza de tantas e tão apreciáveis qua- lidades ! A Carnaúb . tem já hoje mais de quarenta usos e appli" cações diSferentes, e pode dizer-se que ainda não se acha explorada e applicada a tudo o que é possivel prestar-se. ils Myristicas que pro- duzem sebo vegetal ; o cacáo, a baunilha e outros muitos vegeaes, cujos productos são de reconhecida e vasta utilidade para os usos da vida, formam objecto de extenso e importante commercio. O Brasil possua uma immensa e variada riqueza de plantas medicinaes nas paragens mais remotas dos seus sertões. Não se em- pregam geralmente contra os effeitos das dentadas dos reptis senão veg-etaes indígenas. D' entre os mais estimados e de que o povo faz uso frequente, em numerosas applicações, apontaremos os seguintes : Batata, (gomma e resina), Caferana, Caróba, Fedegoso, Guaraná, Ipecacuanha branca e preta, Jurubeba, Mata-pasto, Mulungú, Paracary, Salsaparrilha, Vel- lame e diversas qualidades de Quina. Os mais preciosos bálsamos, uma grande variedade de plantas resinosas, oleosas e leitosas, como o Angico, Andiróba, Copahiba, etc. Ha também nas mattas virgens, nas capoeiras, nos campos e nas costas abundância de arvores e plantas, que dão variados e sa- borosos fructos. Mas para que tamanhos e tão numerosos thesouros sejam conve- nientemente conhecidos e aproveitados, senão arrancados a uma pró- xima e inevitável destruição, convém quanto antes que se providencie a respeito do aniquilamento das mattas, onde se consomem tantos ve- XIX g-etaes destinados sem duvida a uma profícua applicação na industria futura do paiz, assim como não é menos urgente attender desde já á creaçao de escolas agricolas, nas principaes provincias, devendo n'essas escolas ensinar-se a agricultura theorica e pratica, afim de que os agricultores percam a péssima rotina, a que estão acostu- mados, e que se habilitem a tirar maiores vantag-ens d'esta tão rica e prodigiosa vegetação. E' necessário todo o cuidado na conservação das mattas do Páo Brasil, e estender a sua plantação a uma grande escala. E' mister repetirem-se constantemente os plantios; escolherem-se sementes de algodão, de canna, chá, café e quina, e de muitas outras arvores, como se praticava nos tempos em que éramos colonos, e de que ainda hoje tão bons resultados colhemos. Facilmente se faria hoje este serviço por meio dos navios de guerra, que nas suas viagens de instrucção podiam trazer excellentes mudas de sementes ; pois o nosso solo abraça qualquer planta exótica. Na compilação d'esta obra tivemos de consultar as dos Srs. Martins, St. Hilaire, Dr. Moreira, Chernoviz, Dr. Ladisláo Netto e outros. Terminando esta breve e incorrecta introducção, declaramos, para evitar duvidas, que todo o nosso trabalho consiste simplesmente na ampliação e, em muitos pontos, correcção da obra inédita, deixada pelo finado e illusfcre Dr. Arruda Camará, na qual trabalhamos ha bastantes annos. A obra do Dr. Arruda Camará precisava de uma melhor re- dacção, os seus artigos eram incompletos, deficientes, obscuros e sem ordem. D'ahi sahio o presente Diccionario ; e julgue-se por elle da diífi!culdade e esforços da nossa empreza. Não vai esta obra illustrada com maior numero de desenhos, representando mais algumas arvores e arbustos, em razão das diffi- culdades que encontramos para photographal-os, sendo devidos os originaes das poucas estampas, que illustram o Diccionario de Botânica Brasileira, ao talento e actividade do nosso distincto pho- tographo o Illm. Sr. João Ferreira Villela, bem como ao Illm. Sr. Joa- quim Francisco Bastos, que graciosamenta se presto l a dar-nos um grande numero de cópias, habilmente desenhadas a lápis. A ambos damos publico testemunho de nossa gratidão. DA BOT^NIOi^ BRA.SILEIE^. ABA ABA AlíweacSjii $aBaaas'<í5SI<í>, — Bromclia Ananás Z., Ananassa sativa^ Lind. — Var. fyramidalis áurea ^ Dony. — Fam. das Bro- Meliaccas. — Esta variedade de ahacaclii tem o frueto pyramidal e é de côr ama- rella; eneontram-se matizes vermellios. A parte carnosa do frueto não é tão boa, e o eixo central tem mais resistência. AÍJaeae3tti Síriaíaco. — Var. pyrami- ãalis alba, 3IiU. — Fam. idem. — A pá- tria do ahacachi é, sem duvida, a mesma do Anauaz., isto é, as regiões quentes do globo, como a Ásia, Africa e America Meredional. Em todo o Brasil é conhe- cido debaixo do mesmo nome. É uma planta herbácea, de cultura de- licada e de forma particular; folhas serriadas, mucronadas, radicass, lanceo- ladas e coriaceas. Do centro delias brota uma haste, e apresenta uma reunião de flores, agg-regadas em verticillio, de or-: gãos bem desenvolvidos e cores purpu- rinas e bellas, e cuja associação dá nas- cimento ao frueto, o qual varia de 2 a 3 Vi decimetros de extensão. O ahacacJn é de uma fúrma pyramidal, coroado de um ramalhete de folhas, o qual é a haste, que o sustinha no estado de ílòr; sua côr varia de branco, roxo, es- vcrdinhado, amarello, amarcUado e ver- melho. A sua superfície é tuberculosa, acompanhando symetricamente umas es- camas palheosas, signaes das flores pre- téritas ; o frueto forma uma baga carnosa, de substancia branca, macia e aquosa, 3 ABA ABA de Riilor doce acidulado, muitissiino agradável, de aroma activo c delicioso: cortada a casca, deixa ver umas vesí- culas, i^ue são 03 fragmentos dos órgãos floraes. Esta planta é semelhante ao ananaz, da qual é variedade, ditferc na forma do fructo e no sabor, que é melhor; quanto ao mais ha pouca ditíerenca. Depois de descascado o abacachi, parte-se ein ro- dellas, e ha (|uem lhe ajunte vinho. Segundo o botânico Richard, é o aòa- cachi a melhor fructa conhecida. Depois da província do Amazonas, Per- nambuco é a que mais a cultiva, espe- cialmente na cidade de Goyanna, o pri- meiro lugar que a adquirio, pelos esforços do nosso fallecido naturalista Dr. Arruda Camará. Na Europa cultivam quatro variedades d'esta fructa. Caracteres da família. — As brome- liaceas são plantas das regiões quentes do globo, cujas folhas, muitas vezes reu- nidas na base do caule, alongadas, es- treitas, espessas, inteiriçadas, dentiadas e espinhosas nas margens, fazem lem- brar até certo ponto as Liliaceas. As flores formam espigas escamosas, cachos ramosos, que terminam em glo- bos juntos, em cujos cachos ellas se acham as vezes de tal sorte juntas, que acabam por adherir umas ás outras. O seu cálice é tubuloso, adherente ao ovário, repartido em cima em seis di- visões dispostas em duas ordens, três das quaes interiores são maiores e em forma de pétalas. O ovário tem três lojas , é provido de um estylete e de um estigma de três divisões agudas. O fructo é geralmente uma baga tri- locular, coroado pelos lobos do cálice. A planta mais útil d'esta familia é o Ananaz^ cujas bagas unidas formam um syncarpo, ovoide-agudo , elegantemente imbricado na superfície, cheio de uma substancia carnosa acidula , aromática e doce , que o colloca no numero dos fruetos de mesa mais estimados. Aliaeachi roxo. — Yar. 'pyramida' lis violada macrocariia, Doinj. — Fairis idem. — A fructa é mais volumosa, tem ás vezes 4 Vi decimetros de comprimento, é cercada de muitos gamos ('olhos) ; o eixo central é tão tenro quanto a parte carnosa da fructa. Aliacaclii «Ic tingir. — Bilhergia tinctoria, Marl. — Fam. idem. — É uma planta da ordem dos caroatás, que for- nece uma tinta amarella, empregada na tinturaria. Altaeacliã vePBiscllto. — Yar. py- ramidalis rubra., Dony. — Fam. idem. — Esta é outra variedade cujos fruetos tem- se modificado. Todos elles são comes- tíveis, sendo o branco o mais estimado pela sua doçura e delicadeza da polpa. Come- se em talhadas no estado natural com assucar ou com vinho , fazendo-se também d'elle um doce de muito apreço. Com o sueco faz-se uma limonada agra- dável , e que pela fermentação produz um vinho fortificante e agradabilíssimo. As folhas fornecem fios têxteis que no commercio europeu é matéria de algum consummo; entre nós já foi ensaiada essa industria pelo fallecido naturalista Dr. Arruda Camará. Abacate. — Laiinis fersea^ Linn. — Persea gratissif/ia., Gaertner. — Fam. das Laiirineas. — Planta cultivada de ha muito no Pará, Maranhão, e hoje em varias pro- víncias do Império. Alguns escriptores dão-n'a como oriunda da America Me- ridional ; sua pátria porém, é a Pérsia. É um arbusto de mediana altura, ra- moso, casca parda, folhas oblongas, al- ternas, luzidias, e um tanto estreitas, de côr verde pallida ; suas flores nascem em feixes nas axilhas das folhas : são amarelladas e quasi sem cheiro ; o fructo abacate de 1 a Yy^ decimetro de compri- mento mais ou menos, é de figura py- riforme, e de côr verde amarellada, na maturidade. O tegumento externo é membranoso; ténue e luzente ; a massa é um pouco espessa, macia, aquosa, esverdinhada, ABA ABA 3 de pouco sabor. Tem uma semente grande no centro e é coberto por uma membrana parda, contendo uma amêndoa carnosa e compacta. A massa, desfeita com assucar, ad- quire um excellente sabor, e o mesmo succede quando se lhe ajunta limão , vinho ou sal. O lenho é branco e molle. A casca pode dar fios próprios para a cordoaria. Propriedades medicas. — Pode ser em- pregada com vantagem contra a dj^sen- teria em clvsteres : ;4 de um caroço é sufficiente para dois pequenos clysteres. A amêndoa diz-se ter propriedades aphrodisiacas tomada na dose de 4 grani- mos três vezes por dia : não é prudente porém usar-se d'estes meios, que são prejudiciaes em virtude da grande quan- tidade de tanino que contêm. Caracteres da família. — Esta famí- lia, posto que pouco avultada, é uma das mais interessantes por causa do grande numero de productos aromáticos que fornece á pharmacia, á economia do- mestica e ás artes. Ella comprehende arvores ou arbustos, de folhas alternas, algumas vezes appa- rentemente oppostas, de ordinário espes- sas, firmes, persistentes, aromáticas e pontuadas; estipulas nullas; flores her- maphroditas, monoicas, pertencentes a diécia, ou polygamas ; periantho cali- cinal gamosepalo de quatro ou seis divi- sões imbricadas; disco carnoso unido no fundo doperianthio; persistente, aug- mentando muitas vezes com o fructo ; estamesperigynicos, inseridos em varias ordens na margem do disco, em numero quádruplo, triplo, duplo ou igual as di- visões do envoltório; os filetes são livres, os interiores providos na base de duas glândulas pedicelladas, que são estames rudimentares; as antheras são unidas, de duas a quatro lojas que se abrem debaixo para cima por meio de válvulas ; ovário livre, formado de três foliolos soldados, unilocular, não contendo mais que um ovulo pendente. O fructo é uma baga monospermica acompanhada na base pela parte interna do perianthio que persiste. A semente é invertida, coberta por um perisperma, de liilo transversal, de raphe dirigindo-se obliquamente para o tubér- culo situado na extremidade opposta. Ella encerra um embryão sem peris- perma, orthotropo ; composto de duas grandes cotyledones carnosas e oleosas ; a radicula é muito curta, retrahida, e sobreposta ao germe. A familia das Laurineas comprehende hoje mais de quarenta géneros, a maior parte dos quaes foi primitivamente com- prehendidas no género laiirus: taes são, por exemplo , os géneros Sassafras , Ocotea^ Nectandra, Persea^ Cimiamoraum^ Camjúora. A!$a§:erck. — V. Giiagerú. Alfarento-teitio. — Mimosa cochlia- carfus, Goíiies. — Fam. das Leguminosas. — Esta arvore vegeta no Rio de Janeiro, é oriunda do paiz ; seu porte é semelhante ao de um Ingazeiro., suas propriedades análogas as do Barhatimão. A dose é de 8 grammas para 450 grammas d'agua fer- vendo. Caracteres da família. — Familia muito natural, na qual estão reunidas plantas herbáceas , arbustos e arvores muitas vezes de dimensões collossaes. Suas folhas são alternas, compostas, algumas vezes compostas, e n'este caso raras vezes os foliolos se mostram, e só fica o peciolo que se dilata, e forma uma espécie de folha simples. Na base de cada uma d'ellas, existem duas estipulas muitas vezes persistentes. As flores ofterecem uma inflorescencia muito variada : geralmente são herma- phroditas. O seu cálice é muitas vezes um pouco tubuloso, de cinco dentes desiguaes, ou- tras vezes de cinco divisões mais ou me- nos profundas e desiguaes. Mo exterior do cálice encontra-se uma ou mais brac- teas^ou as vezes um invólucro em forma de cálice. A corolla, que algumas vezes falta, com- ABI ABO põe-se de cinco pétalas, {roralmcntc dos- igfuaes, das quaes uma superior, maior, que involve as outras e que se denomiua estandarte, duas lateraes, cliamadas azas, e duas inferiores, mais ou menos solda- das, formando a caroui; outras vezes a coroUa é formada de cinco pétalas iguaes. Os estamos são p^eralmente em numero de dez, algumas vezes mais numerosos. As mais das vezes seus filetes são diadel- phos, raras vezes monadelplios ou inteira- mente livres, perigynicos ou hypog-inicos. O ovário é mais ou menos agudo na baze : em geral é alongado inequilatero, de uma só loja, contendo um ou mais óvulos unidos na sutura interna. O estylete é um pouco lateral, muitas vezes recurvado, terminado por um es- tigma simples. O fructo é vagem ou legume. As sementes são geralmente desprovi- das d'endo3perma. Al»iil J-SiaaaíjASay. — V. Jataliy. Alíie^iSiâ. — Licor oleoso que, segundo Pison, exsuda de uma Cecropia, perten- cente á tribu das Artocarpeas , (fructa de pão.) Goza da propriedade de apressar a cicatrisação das feridas. Aa . — Hydrocohjle umlellata., Linn. — Hydr. honariensis ., Lamark. — Fam. das Omhelli feras . — O sueco desta planta quando fresco em dose forte é emético , e em pequena é aperitivo e diurético. O seu cheiro é agradável e o sabor um tanto acre : a raiz é um poderoso desobs- truente das vísceras abdominaes ; a agua destillada d'esta planta é empregada contra as sardas. Aeataya. — V. Herxa de Mcho. Acayá ou C«J!». — Spondias venu- losas, Marí. — Fam. das Terebiníhaceas . — A casca de seus ramos novos é empre- gada contra as ulceras da garganta, e contra as diarrhéas e blenorrhéas ure- traes e palpebraes. Os caroços pisados, na dose de 4 gram- mas para 400 grammas de agua, em cozi- mento, são úteis á leucorrhéa. A|'aiVão. — Crocus., saíicus, Linn. — Fam. das Iredaceas. — Esta planta é natu- ral das índias Orientaes e do Meio-dia da Europa. Arbusto de quasi um metro de altura, folhas roixeadas e compridas; a flor e seus tegumentos são amarellos, purpurinos, e avermelhados. Quando secca tem grande consummo na Europa para a tinturaria ; desprende de seus ór- fãos uma tinta amarella e um óleo vo- latil. Pode cultivar-se no Brasil, Na arte culinária e nas confeitarias costuma-se empregar o açafrão para dar uma cor agradável a muitas iguarias e confeições. Propriedades medicas. — O açafrão é empregado com muito proveito nas epilepsias e ainda como emmenogogo e 8 ACA ACA anti-spasmodico. A rniz ó bom diurético e diprestivo. Em dúse forte ]>rodu7, em- briaguez, somnolcncia c dclirio. Dá-so em infusão na dósc de uma prramma para 450 írramrnas d'ap-ua, e em pó de uma a duas crrauimas; em tintura de uma a quatro fyrammas e cm xarope de 15 a ;10 frrammas. Caracteres da família . — Vetretacs herbáceos de bulbo carnoso , providos de folhas alternas, planas, eusiformes, muitas vezes disticas ; flores envoltas em espathas; periantliio tubuloso de seis di- visões profundas , dispostas em duas ordens ; tros estamos livres ou monadel- soluvel tanto n'a,£rua como no álcool ; mas solúvel nos alcalis donde o precipi- tam os atidos. A semente é oleosa e violentamente purf^ativa, convindo notar-se que não exerce esta acção sobre os papa^raios, e é esta a razão porque lhe chamam grão d(í papagaio. Sua pátria é o Oriente e Meio-dia da luiropa. vege- Caracteres da família . — Os taes comprehendidos n'esta familia apre- sentam mui grandes relações com as Labiadas. Assim, o caule e os ramos, quando são herbáceos, são geralmente quadrangulares ; suas folhas oppostas. phos; oppostos ás divisões externas do I algumas vezes verticilladas, raras vezes perianthio e ligados na base ; ovário in- fero com três lojas multiovuladas; stylete simijles terminado por três estigmas em forma de cornetas chatas, de margens franjadas, tomando muitas vezes uma apparencia petaloide ; fructo capsular de três lojas, com três válvulas septiferas. — Melasantlms tiuctorms. — Fam. das Ver- lenaceas. — Arbusto de tronco esbranqui- çado, ramoso e quadrangular nas partes superiores ; folhas oppostas, pequenas, ovaes e ásperas ; flores brancas, laci- niadas nos bordos da corolla ; aromá- ticas, O fructo é uma capsula com duas se- mentes chatas. Seccam-se os tubos das corollas, e depois de reduzidos a pó, serve este para dar a côr amarella aos guisados. Esta planta é exótica, e cultiva.se ha muito no Brasil. .Sobre esta açafroeira havia-se crido entre nós que fosse o Carthamus tinctorius^ que é o açafrão haHardo do Egypto, mas nem ha semelhança nos caracteres da nossa planta com o género Carthamus, que pertence á familia das Compostas, nem na fácies da planta. O Açafrão ho.stardo é planta herbácea; a flor tem com efteito o tubo da corolla avermelhado ou alaranjado. Dous prin- cípios immediatos compõe esta côr, o amarello é solúvel n'agua , e o vermelho alternas, umas vezes simples e inteiras ou talhadas, outras vezes compostas. Suas flores são completas, muitas vezes irregulares; o cálice é tubuloso, persis- tente, de divisões iguaes ou desiguaes; a corolla é inserida no receptáculo tu- buloso, de extremidade quadri ou quin- quefida, as mais das vezes bilabiada. Os estames acham-se inseridos no tu- bo da corolla, as mais das vezes em nu- mero de quatro didynamos. Ovário livre contendo ordinariamente quatro óvulos, em uma, duas ou três lo- jas; estylete único terminado por um estigma simples ou bifido , obliquo ou unilateral de duas lojas uni-ovuladas. O fructo é uma baga coberta de polpa succulenta, contendo um caroço de duas ou quatro lojas muitas vezes monos- permas . A semente compõe-se, além do tegu- mento próprio, de um endosperma muito delicado que encobre um em^bryão recto de radicula infera. AeafiVofira ela \^\^\•Jt.— Curama longa, LÍ7in. — Fam. das Amomaceas. — Planta da Índia, de raiz bolbosa, esse bolbo é grande, oblongo palmado, de côr alaranjado no interior; folhas longas, flores brancas com mesclas amarelladas. Caracteres da família. — As Amo- maceas são plantas vivazes, de um as- ACO ACO 9 pecto inteiramente particular, que as approxima um pouco das Orchidaceas : a raiz é muitas vezes tuberosa e carnosa ; as folhas simples são terminadas na sua base por uma bainlia inteira ou fendida, algumas vezes munida de ligula. As flores raramente solitárias , são acompanhadas de bracteas bastante lar- gas, e formam em geral espigas espessas ou paniculas. O cálice é duplo ; o exterior, algumas vezes tubuloso e mais curto, é de três divisões iguaes; o interior tem seu limbo duplo, as três divisões externas são em geral iguaes; das três internas, uma é maior e dissemelhante e forma uma es- pécie de labello ; as duas lateraes são mais pequenas, e muitas vezes quasi abortadas. Ha um só estame, cujo filete é muitas vezes dilatado e como pétaloide. A an- thera é de duas lojas, algumas vezes separadas e distinctas ; o ovário é de três lojas polvspermicas, o estylete simples terminado por um estigma concavo e em forma de taça. Na base do estylete acha-se um tubér- culo bilobado, que pode ser considerado como formado de dois estames abortados. O fructo é uma capsula de três lojas, abrindo-se em três válvulas, cada uma das quaes traz uma divisão no meio da face interna. As sementes algumas vezes acompa- nhadas de um arillo, se compõem de um embrvão cylindrico situado em um endosperina farináceo, e tendo a radicula voltada para o hilo. Aç*5BÍ*3'oeím dst lecris «iti íibíIb- geesift. — V. Uriicú. — E por aquelle nome conhecida na Bahia. Apííite. — V. Caá Tiguá. Açoiísi ettvalloía. — Lv.hea grandi- flora^ Mart. e Zucc. — Fam. das Tiliaceas. — Arvore agreste. É conhecida em Minas Geraes e noRio de Janeiro por este nome, tem grande altura, follias um tanto gran- des, obovaes e claras: flores grandes, brancas ou rosadas. O fructo lenhoso, redondo, oblongo, compartido em cinco lojas, com sementes aladas. A madeira d'esta arvore é empregada no Rio de Janeiro para fazer coronhas de espingardas e palmilha para calçado. Florece em Fevereiro. Propriedades medicas. — É empregada em fricções contra os tumores arthriticos, e em clysteres combate a diarrhéa. Caracteres da família. — São arvores ou arbustos, um pequeno numero, plan- tas herbáceas. Tem folhas alternas, sim- ples , acompanhadas na base de duas estipulas frngeis. As flores são axiliares, pedunculadas, solitárias, ou diversamente grupadas. O cálice é formado de quatro a cinco sepalas, approximadas, de preflorescen- cia valvular; a corolla tem igual nume- ro de pétalas, que faltam raramente, e são muitas vezes glandulosas em sua base. Os estames são em grande numero, soltos e com antheras biloculares. Acha- se muitas vezes em frente de cada pétala uma glândula pedicellada. O ovário apresenta de duas a dez lojas, contendo cada uma diversos óvulos li- gados por duas ordens á seu angulo interno. O estylete é simples, terminado por um estigma lobuloso. O fructo é uma capsula de varias lo- jas, contendo diversas sementes, e al- gumas vezes indehiscente, ou um núcleo carnoso monospermico por aborto. As sementes contém um embryão ver- tical, ou algum tanto curvo em um en- dosperme carnoso. Aç«ií» fítvallos. — Luheo. panicu- laU. Mart. c Zucc —Fam. Idem.— Arvore silvestre de Minas-Geraes e das margens do Rio de S. Francisco. É de mediana al- tura , com a folhagem aloirada, folhas ovaes; as flores em cachos, menores que as da precedente, são de côr rosada, ou branca. A casca d'esta espécie é empregada 4 IO AGR AGR nos sertões para cortir couros. Florcce em Fevereiro. Propkied.vdes medicas. — É adstrin- gente e emprejjado nas liemorrliagias cm banhos, injecções e em clysteres contra a dysenteria. A^'oíla ea%'i»lIos brancos. — V. Ivatingi. Açucena. — Amarjjllis princeps, Yel. — Farn. das Amarillidaceas . — É umaíiôr graciosa, originaria do Brasil. Caracteres da família. — Planta de raiz bulbifera ou fibrosa, de folhas radi- caes, de flores solitárias, as mais das vezes mui grandes ou dispostas em ser- tulas, ou nmbrellas simplices envolvidas antes da anthese em espalhas membra- nosas. O invólucro é gamosepalo tubuloso, adherente pela base ao ovário, com seis divisões iguaes ou desiguaes. Os estames em numero de seis, tem os filetes soltos ou reunidos por meio de uma membrana. O ovário é de três lojas ; o estylete simples, e o estigma de três lóbulos. O fructo é uma capsula de três lojas e de três válvulas septiferas ; algumas vezes é uma baga que por aborto só con- tém de uma a três sementes. Estas, que off'erecem com bastante frequência um apêndice carnoso ou caruncula cellulosa, contém em um endosperma carnoso um embryão cylindrico e homotropo. Agoniada. — Plumeria lancifolia ^ Willd. — Fam.das Afocynaceas . — É uma arvore importante das províncias do sul, muito usada, principalmente como em- menagogo e anti-febril. As;oiiteg;9ie|»e. V. Araruta. Aiíriào. — Sisymbriurã. Nasturtium, Linn. — Ofjicinale^ Duch. — Fam. das Cru- ciferas. — Herva cultivada, natural da Europa, geralmente conhecida por tal nome no Brasil ; dá em terrenos húmidos. V\ uma pequena e ihdicada planta, cujo caule se estende á flor da terra, as folhas são serriadas, e na parte superior mais largas. Tem nas summidades floresinhas brancas, miúdas, que dão em resultado umas pequenas siliquas; desprende na- turalmente suas sementes miudissimas de côr castanha. Usa-se em salada. Propriedades medicas. — E' estimu- lante e aconselhado nas aff'ecções scor- buticas e moléstias de pelle em tisana, (8 grammas para 450 grammas d'agua, três vezes ao dia) , e o xarope é sobretudo usado pela medicina popular; nas aífec- ções do figado e pulmonares ehronicas, e ainda contra a própria phtysica; na dose de quatro a seis colheres por dia. Contém notável proporção de iodo. Caracteres da família. — É uma das mais naturaes do reino vegetal, composta de plantas herbáceas ou algumas vezes subfructescentes, e que pela maior parte são oriundas da Europa. As folhas são alternas, simples ou mais ou menos profundamente cortadas. As flores dispostas em espigas ou ca- chos simplices ou paniculados. O cálice é formado de quatro sepalas frágeis, duas das quaes são algumas vezes concavas em sua base. A corolla se compõe de quatro pétalas unguiculadas oppostas em cruz, d'onde lhe vem o nome de Cruciferas. Os estames em numero de seis são tetradynamos, isto é, quatro maiores , approximados dois a dois, e dois mais curtos e oppostos. Na base dos estames existem duas ou quatro glândulas. O ovário é mais ou menos alongado, com duas lojas separadas por uma falsa divisão. Cada loja contém um ou diver- sos óvulos unidos ao bordo da divisão membranosa, que não é mais que um prolongamento dos dois trophospermas suturaes. O estylete é curto ou quasi nulio, e parece uma continuação da separação; elle termina em um estigma bilobado. O fructo é uma siliqua ou uma silicula AGR AGU 11 de forma variável, indeliiscente, ou que se abre por duas válvulas. As sementes estão pegadas em cada lado da separação. O embryão é imme- diatamente coberto pelo te(?umento pró- prio, e é mais ou menos curvo sobre si mesmo. Ag-rião tio P**p;í. — Spilantlies ole- racea, Linn. — Fam. das Comi^ostas. — Esta planta, indigena do Pará, é cultivada na Europa de ha muito, debaixo do nome de Agrião do Pará ou do Brasil. Elle é her- báceo de folhas oppostas, flores em pe- quenos capítulos, amarellas e muito miúdas. Propriedades medicas. — É excitante, antiscorbutico, (infusão, 8 grammas para 450 grammas d'ag-ua). No Pará emprega- se como alimento, cozinhado e mesmo crú. (Fig. 1.) Caracteres da família. — Plantas her- báceas, jpor excepção, arbóreas; flores em capítulos; receptáculo plano ou cónico, ou mais ou menos espherico, sempre carnoso, guarnecido de diverso modo pela sua parte externa. Cálice gamosepalo, adherente: o limbo do cálice, chamado papus, umas vezes nu lio ou reduzido a um bordo marginal, outras vezes escarioso, dentiado ou loba- do, outras, e muito mais frequentemente, transformado em sedas ou pellos quer simples quer ramosos, ou plumosos, dispostos n'uma ou mais series. Corolla inserida na parte superior do tubo do cálice, gamopetala, dividida em cinco e menos vezes em três, quatro ou dois lóbulos ; mas cada lóbulo com duas nervuras quasi marginaes que parecem augmentar o numero das divisões da corolla: cinco estames, raras vezes abor- tados nas flores femeninas; filetes alter- nando com os lobos da corolla, soldados com ella na base, ordinariamente livres entre si, articulados comtudo na parte superior por uma espécie de connectivo; antheras soldadas entre si fazendo uma espécie de tubo dentro do qual passa o estigma, ovário com um só ovulo, es- tilete simples nas flores masculinas, di" vidido em dous lóbulos ; nas flores fe- mininas e nas hermaphrod itas glândulas estigmaticas (verdadeiros estigmas) si- tuadas em duas series na parte superior dos lóbulos dos estyletes; pellos collecto- res em vários sentidos no alto do esty- lete das flores hermaphroditas. O fructo é um akenio terminado pelo papus. A^iiai. — É uma arvore, da qual se acredita provir o bálsamo chamado Ca- boreira, Caboreiba ou Cabureiciba. As:ua|ié. — Villarsia nympheoides . — Fam. das Ni/mpheaceas. — Herva que nada sobre as aguas; folhas redondas e o fructo capsular. As flores d'esta planta são brancas e aromáticas. Os fructos são comestíveis. Propriedades medicas. — Os banhos feitos com o cosimento d'esta planta são anti-hemorrhoidaríos. E' também ana- phrodisiaca. Caracteres da família. — Hervas com folhas oppostas, inteiras e sem estipulas; corolla regular, ordinariamente com cin- co divisões como o cálice: prefloração im- bricada; estames cinco, alternos com as divisões da corolla; ovário livre, estilete inteiro ou fendido em dois; estigma sim- ples ou bilobado ; fructo capsular, unilo- cular, parecendo algumas vezes bilocular pela approximação dos bordos das válvu- las que se dobram. Agruapé. — Nijmphea Nehimbo., Spl. — Nelumhium speciosum., WiUd. — Fam. das Nymiúeaceas . — É uma espécie aquá- tica, vegeta em Santa Cruz e nos pân- tanos de seus arrabaldes ; suas flores brancas, seu fructo é uma noz. Propriedades medicas. — As folhas sSo mui empregadas nas erysipelas e no chamado formigueiro. Caracteres da família. —Grandes c IS AGU AHO bellas plantas que fluctuam á superfície (las afTuas, c cuja haste forma uma raiz rastpjanto subterrânea. As folhas alternas inteiras são cordi- formes ou orbiculares, sustentadas por mui compridos peciolos. As flores são muito crandes, solitárias e sustentadas por cojnpridissimos pe- dúnculos cylindricos. O cálice é formado de um numero va- riável, e alpuiias vezes frrandissimo de sepalas dispostas em varias ordens, de maneira a representar de algrum modo xim cálice e uma corolla polypetalos. Os estames são numerosissimos, in- sertos em diversas ordens abaixo do ovário, ou sobre a membrana externa, que se acha assim coberta pelos estames e pelas sepalas interiores, que não são provavelmente mais que estames trans- formados, o que prova a dilatação gra- dual dos filamentos, á medida que se observam mais exteriormente. As antheras são introrsas e de duas lojas lineares. O ovário é livre e sessil, dividido in- teriormente em varias lojas por separa- ções membranosas, sobre as pelliculas das quaes estão inseridos numerosos óvulos pendentes. O ápice do ovário é cercado de tantos estigmas radiados quantas lojas tem o ovário. A reunião d'estes estigmas forma uma espécie de disco que circumda o ovário. O fructo é indehiscente e carnoso in- teriormente, com varias lojas polysper- micas. As sementes tem um tegumento espes- so algumas vezes desenvolvido em forma de retículo, contendo iim grosso endos- perma farináceo ; embryão irregular- mente globuloso ou napiforme, cuja ra- dicula está voltada para o hilo. Asç BB a,2»tfts i 8B aaíB a-»çss . — Tiaridium medicumi Pison. — Hdcotropium indicumi Linn. — Fam. das Borragitieas. — Esta herva, do porte da Crista de gallo, é na- tural da índia e congénere do Fedegoso de Pernambuco. Propriedades medicas.— E' um bom abstergente e modilicntivo das ulceras; também 6 applicada nas queimaduras. Ag:iiara|toiiila. — V. Gervão ou Orffevão. \^uva f|iiia. — Solaniim olerarcum, Diviial. — Fam. das Solanacras. — Também é conhecida esta planta por Jeqiiirioba. Podemos confrontar, mais ou menos, esta planta com a Juniheha. Propriedades medicas. — E' calmante, applicada sobre as feridas das pernas e as radias do bico do seio. Aíi^íias^i» . — V. Boi gordo. Aleaçiaa di» E9ia"0]jB:-4. — Glycir- rliiza (jlabra^ Linn. e S})1. — Fam. das Le- guminosas — E' um arbusto europeo, cujas folhas são dispostas em palmas ovaes, dá flores que são còr de rosa roixeada, em cachos; seu fructo é uma baga oblonga comprimida, contendo três ou seis sementes: deita uma raiz cylin- drica, ennegrecida e amarella por den- tro, tem sabor adocicado. Propriedades medicas. — E' emoli iente e diurético, empregado nas moléstias inflammatorias. Internamente em in- fusão, (10 grammas para 1030 ditas d'agua. Aleaçiiz «Se S. Paulo e Mi- BSí&s. — PirioadriOj diilsis., Mart. — Fam. idem. — Tem as virtudes do Alcaçuz ■vulgar. Alcaçaz ílii terra. — QUjcirrMza 14 ALE ALE americana. — Fam. iãcm. — Esta ospccie é do paiz, mas só ve^rcta espontaneamente nas Catingas ou nos sertões. E' um arbusto de 2 a 3 metros de elevaçrio, mais ou menos ; o tronco en- grrossa até 12 centímetros mais ou menos de diâmetro, a casca esbran- quiçada, os ramos como articulados de distancia em distancia, as folhas em palmas pequenas, o fructo é uma vagem. A raiz c semelhante ao da Europa no aspecto, côr e gosto. (Fig. 2j. Propriedades medicas. — Idem. Aleasiforeirt». — Croi07t jjerãicipes, Si. Hilairc. — Croton antysyphiliíicus., Mart. — Fam. das Eiqjhorbiaceas. — Arvore de Minas Geraes. Propriedades medicas. — E' empre- gada como diurética, antisyphilitica, e contra as mordeduras de cobra. As folhas seccas e pulverisadas pocm- se nas feridas e as fazem cicatrizar, e a cataplasma feita das folhas frescas é de proveito nos bubões e tumores bran- cos. Alcofiioco. — Bowdichia major., Mart. — Fam. das Legumitiosas. — Ar- vore do paiz, de folhagem miúda e de flores azuladas, tem por fructo um le- gume com duas ou mais sementes. Propriedades medicas. — A casca d'esta arvore é um pouco amarga e adstringente, empregada no rheuma- tismo syphilitico e nas hydropesias. Alecrint lim^vo.—Jlgpericum la- xiiísculum, St. Hil. — Fam. das Hyperi- caceas. — Planta agreste do Brasil, co- nhecida em S. Paulo, Minas Geraes e Eio Grande do Sul pelo mesmo nome. E' uma planta de flores em cachos dispostos nas summidades dos ramos, de folhas ensiformes. Propriedades medicas. — Emprega-se contra as mordeduras das cobras, o cosimento d'estas folhas. Caracteres da família. — Plantas herbáceas, arbustos ou arvores muitas vezes resinosas cheios de glândulas transparentes, tendo folhas oppostas, raríssimas vezes alternas, simples, flores axillares outerminaes, diversamente gru- padas. O cálice é de quatro ou cinco divisões mui profundas, um pouco desiguaes ; a corolla se compõe de quatro a cinco pétalas, enroladas cm espiral antes de sua evolução. Os estames são muito numerosos, reunidos em vários feixes pela base dos filetes, algumas vezes monadelphos ou livres. O ovário é livre, globuloso, sobreposto por diversos estyletes, ás vezes unidos e soldados em um só : oíferece tantas lojas polyspermicas quantos estyletes. O fructo é uma capsula, ou uma baga de lojas polyspermicas. No primeiro caso, ella se abre em tantas válvulas, adhe- rentes por suas extremidades dos re- partimentos, quantas lojas tem. As sementes numerosíssimas e mui pequenas, contém um embryão homo- tropo sem endosperma. Alcfrian «lo CttBííjio, — Lantana microjihglla, Mart. — Fam. das Verhcna- cias. — Esta planta, do porte do Camará, é empregada nos mesmos casos em que é empregado o Chá de Frade. Alcerint» tle jarflíBat. — Rosmari- nus officinalis Linii. — Fam. das Lahiadas. — Planta indígena da Europa, acclimada ha muito no Brasil; cresce de 1 a 2 metros em terreno apropriado ; suas hastes são lenhosas, as folhas estreitas, com as bordas voltadas para dentro, verde-escuras e approximadas. As flores axillares e pequenas, côr de lyrio, e labiadas : os fructos são peque- nas capsulas. Esta planta aromática é medicinal. Ella presta-se a perfurmar roupas , quartos e habitações empestadas de miasmas maléficos ; serve nos defuma- dores domésticos, e como ornamento dos altares, etc, etc. ALE ALE IS Propriedades medicas.— E' excitante, aromático e applicado em fricções; o seu óleo é empreg-ado em varias prepa- rações pharmaceuticas : entra na com- posição do vinagre dos sete ladrões, da agua da Rainha da Hungria e da Agua de Colónia, etc. Caracteres da família. — As Lahiaãas formam uma das famílias mais na- turaes do reino vegetal ; são plantas herbáceas ou arbustivas, cujo caule é quadrangular, com folhas simples e op- postas. As flores são grupadas nas axillas das folhas, em espigas ou cachos ramosos. O cálice é gamosépalo, tubuloso, de cinco dentes desiguaes. A corolla gamopetala, tubulosa e ir- regular, é bilabiada. Os estames são em numero de quatro e didynamos ; ás vezes os dois mais curtos abortam. O ovário, applicado sobre um disco hypogynico, é profundamente quadrilo- bado, muito deprimido no centro, d'onde nasce um estylete simples ao qual se so- brepõe um estigma bifldo; cortado trans- versalmente, o ovário oíferece quatro lojas contendo cada uma d'ellas um ovulo erecto. O fructo se compõe de quatro akenios monospermicos encerrados no interior do cálice que é persistente. A semente contém um endosperma carnoso, algumas vezes muito delgado. Alecrim «lo matto. — Baccharis sylveslris. — Fam. das Compostas. Propriedades medicas. — Esta planta é aromática e uzada em banhos como excitante, nos rheumatismos, e nos catarrhos, em infusão. Alecrãin «la praia «le Pernam- buco. — ScMnus arenaria. — Fam. das Cyperaceas . Pequena planta que vegeta nas areias da praia, eleva seu caule a 2 K decimetros : é muito ornada de folhas estreitas, luzentes, em cujas pontas tem um aculeo picante ; dá as flores em uma espiga densa e branca»' seus fructos são pequeas caryopses. Flo- rece no verão e conserva-se sempre vi- çoso. Propriedades medicas. — E' recom- mendada a infusão em banhos contra as aff'ecções rheumaticas. Caracteres da família. — Vegetaes herbáceos crescendo em geral nos lu- gares húmidos, e á margem das aguas. O caule é ordinariamente triangular, com alguns nós ou sem elles. As folhas são invaginantes, e a bainha é inteira e não fendida, as mais das vezes guarnecidas no orifício de uma orlazinha membranosa chamada ligula. As flores formam espiguetas escamo- sas, compostas de um numero variável de flores ; cada flor consta de uma só escama, na axilla da qual geral- mente se acham três estames, um pis- tillo formado de um ovário unilocular e monospermico, terminado por um es- tylete simples em sua base, trazendo em geral três estigmas filiformes e felpudos. Os estames tem o filete capillar ; a anthera é terminada em ponta no ápice cume, bifido somente na base. O fructo é um akenio globuloso com- primido ou triangular. O embryão é pequeno, collocado em direcção á base d'um endosperma fari- náceo que o cobre por uma membrana muito delgada. Alecrim da praia ( de Santa Ca- tharina). — Polygala. — Fam. das Poly- galaceas. — Esta planta diff'ere da de Pernambuco, é porém a mesma do Rio de Janeiro. Herva de 3 a 6 decimetros de altura, folhas estreitas, carnosas, de cor verde azulado ; a inflorescencia se faz no fas- tígio do caule. Vegeta á beira mar ; o fructo tem a forma de um coração. Propriedades medicas. — Raizes e fo- lhas amargas, tónicas e adstringentes. 16 ALE ALE Caracteres da família. — Plnntas herbáceas, ou arbustivas, de foUius al- ternas, simples e inteiras, de flores soli- tárias, axillares ou em espip^as. Cada uma se compõe de um cálice de qua- tro a cinco sépalas, imbricadas lateral- mente antes do desabrochar da ílòr, e duas das quaes, algumas vezes mais internas, são petaloides e coloridas. A corolla é formada de duas a cinco pétalas, umas vezes distinctas outras vezes reunidas por meio dos filetes esta- minaes, que formam um tubo fendido de um lado. Os estames, greralmente em numero de oito, são monadelphos ; seu androphoro é dividido superiormente em duas pha- langes, cada uma com quatro antheras unilocalares, e abrindo-se em geral pelo ápice. Mui raras vezes os estames são em numero de dois a quatro, e livres. O ovário é as vezes acompanhado em sua base de um disco hypogynico e uni- lateral, ou formado de dois appendices lateraes e laminosos ; oíferece dois, mui raramente um só ovulo. O estylete é comprido, ordinariamente curvo, com estigma concavo, bilobado ou unilateral. O fructo é uma capsula ou uma drupa. No primeiro caso, é de duas lojas monospermicas, e se abre em duas vál- vulas septiféras ; no segundo caso, é unilocular, monospermico e indehiscente. As sementes são pendentes, geral- mente acompanhadas de uma espécie de caruncula ou de arillo de forma variada. O embryão é ora collocado em um endosperma carnoso , e ora desprovido de endosperma. AleerÂBBi ele S. «Jtísé. — Portulaca lanuginosa. — Faw. das Portulacaceas. — Herva pequena, conhecida por este nome em Alagoas. E' rasteira, com folhas miúdas, carno- sas, dispostas em cruz ; as flores são ròixas, pequenas e caducas. O fructo é uma capsula polysfermica e a planta serve de ornamento nos jar- dins. Foi achada no telhado da igreja de S. José da Coroa Grande de Pernam- buco, d'onde se origina seu nome segun- do a voz popular. Caracteres da família. — Plantas her- báceas, raras vezes arbustivas , tendo folhas oppostas, algumas vezes alter- nas, espessas e carnosas, sem estipulas; flores geralmente terminaes. O cálice é em geral formado de duas sepalas mais ou menos soldadas tor- nando-se elle por isso tubulado na base. A corolla se compõe de cinco pétalas livres, ou ligeiramente unidas entre si. Os estames são do mesmo numero que as pétalas inseridos em sua base, e lhes são oppostos ; raramente são mais nu- merosos. O ovário é livre ou quasi semi-in- fero, com uma só loja, contendo um numero variável de óvulos, nascendo immediatamente do fundo da loja, ou presos a um trophosperma central. O estylete é simples terminado por três ou cinco estigmas filiformes. O fructo é uma capsula unilocular, encerrando três ou varias sementes, e abrindo-se quer em três, quer em duas válvulas sobrepostas. As sementes debaixo de seu tegu- mento próprio, incluem um embryão cylindrico que é enrolado em um en- dosperma farináceo. Aleepiaíi dsi §epa'i» ou «Se Ta- !í ®3cã a*o. — DicMptera, aromática. — Fam. das Aca^htliaceas . — E' um arbustosinho que vegeta nos taboleiros e nas Ca- tingas. E' de pouca elevação, tem o caule delgado , cylindrico ; folhas pequenas, crespas, aromáticas, ovaes, em feixes e pelludas ; flores axillares; folhas , pe- quenas á semelhança das do alecrim de jardim; o fructo é uma pequena capsula. Propriedades medicas. — E' aromáti- ca ; applicada no rheumatismo, em ba- nhos. Caracteres de família. — São hervas ALF ALF 17 ou arbustos, de íolhas oppostas, de flores dispostas em espigas, acompanha- das de bracteas em sua base. O cálice é gamosépalo, de quatro ou cinco divisões, regulares ou irregulares. A corolla é gamopetala, irregular, ordinariamente bilabiada, os estames em numero de dois ou quatro, são di- dynamos. O ovário é de duas lojas que contem dois ou maior numero de óvulos ; elle é applicado sobre um disco liypogynico annullar. O estylete é simples, terminado em estigma bilobado. O fructo é uma capsula de duas lojas, algumas vezes monospermicos, abrindo-se com elasticidade em duas válvulas, que levam comsigo cada uma metade do septo. As sementes são em gjral sustenta- das por um podosperma filiforme e seu embryão, collocado immediatamente debaixo do tegumento próprio, é des- provido de endosperma e tem geral- mente a radicula voltada para o lado do hiio. AX^-Aec . — Lactuca sativa ^ Linn . — Fam. das Co/rti;oíte.y. —Planta herbácea, annual, cuja caule ergue-se com folhas grandes de verde claro obovaes e oblon- gas ; as flòi-es são amarelladas e em cachos, e formão um capitulo de pel- los macios e brancos, que voão com o vento . Esta planta, cuja pátria ignoro, é cul- tivada em todas as hortas, sendo do mais trivial conhecimento entre nós. Propriedades medicas. — A agua da alface é frequentemente usadar na me- dicina como antispasmodico. Alfaee «le eortSeipoí. — Herva Benta. AIf»x'aca íírava. 110 Pará. -E' a Jahoranãi Al&avaca cio eaiinjio.- OmíKM?i incatmecens, Mart.—Fam. das LaUadas. Propriedades medicas.— E' sudorifica, aromática e empregada nos mesmos ca- sos do Jaborandi. Faz-se com ella um xarope bom para o tratamento da coque- luche na dose de 30 a 40 grammas por dia. As folhas fritas em óleo e postas nas verilhas e sobre o púbis, são úteis na is- churia. (Fig. 3.) Alfavaca €Íe ettelvo. — Occinmn incanum. Occimim fluminense. Vell. — Fam. das LaUadas. — Esta planta é por este nome conhecida em Pernambuco, e na Bahia por Santa Maria. Sua altura re- gula de 6 a 8 decimetros ; folhas oppos- tas ovaes e serriadas ; flores em espigas densas, pequenas, brancas, tocadas de roixo ; o fructo é uma pequena capsula preta. Applicam-n'a raramente como adubo. Propriedades medicas. — E' aromá- tica, emprega-se em banhos nos rheu- matismos. As sementes applicadas aos olhos, que tem argueiros, attrahem-nos a si, e faci- litam a extracção. Alfavaca de cobra. — Monnieria iri folia AuU. — Fam. das Ruíaceas. — Esta herva em Pernambuco é conhecida por este nome, mas em outras partes do Brasil por Jaborandi. Pequena herva ramosa, suas folhas trifolioladas, florinhas brancas, miúdas, formam um froco de folhinhas no cimo, um tanto pelludas, e tem aroma, quando submettidas a compressão. O fructo é uma capsulasinha palheosa. Propriedaees medicas. — A raiz além de outros préstimos é muito útil, na dia- betis; emprega-se o decocto como sudo- rífico e diurético. Também aproveita nas inflamações de olhos. Caracteres da família. — Grande familia composta de arvores," de ar- bustos ou de plantas herbáceas tendo folhas oppostas ou alternas commum- mente cheias de pontos translúcidos, com ou sem estipulas ; flores geral- 5 IS ALF ALG mente hermnpliroditas; mui raras vezes unisexuaes ; xim cálice de, três a cinco sépnla?, unidas pela base ; corolla de cinco pétalas, algumas vezes soldadas, raramente nulla. Cinco ou dez estames, alguns dos quaes abortam ás vezes c oíferecem for- mas variadas. O ovário compõe-se de três a cinco carpellas, e formando outras tantas ares- tas mais ou menos salientes. Cada loja contém quasi sempre dois, raramente um só, ou grande numero de óvulos inseridos em seu angulo inter- no, e n'elle formando duas ordens. Os estyletes são livres ou soldados. Essas carpellas acham-se em geral ap- plicadas sobre um disco hypoginico mais ou menos saliente, e algumas vezes formam por sua reunião, um ovário gynobasico, cujo estylete parece nascer de uma depressão muito pro- funda e central. O fructo é ora simples, formando uma capsula, que se abre em tantas válvulas septiferas, quantas lojas tem, ora, e as mais das vezes, separa-se em outras tantas cocas ou carpellas, quasi constantemente monospermicas , indehiscentes e as vezes ligeiramente carnosas ou seccas, e abrindo-se em duas válvulas incompletas. As sementes cujo tegumento próprio é muitas vezes crustáceo, se compõem de um endosperma carnoso ou de con- sistência córnea, contando um embryão de radicula superior, raras vezes virada para o liilo que é lateral ; em alguns casos o embryão é desprovido de endosperma. Propriedades medicas. — Com o sueco d'ella curam-sc bclidas da córnea; a de- coção das folhas serve para modificar as dores de dentes. AHazeiíta tia Kiipopa. — Zrttvm- ãida spicata. Linn.—Fam. 2Vto/i. —Planta cultivada no Brasil, natural do Meio Dia da Europa, mas conhecida geralmente entre nós. E' uma herva de caule estriado, mui esgalhado ; as flores arrumadas em cir- cules, e violáceas amarellas ; toda a plan- ta 6 aromática ; a folhagem miúda e os frutinhos são a semelhança do cuminho com o qual tem affinidade familiar. Ella contém um óleo volátil, muito usado nas perfumarias. Propriedades medicas. — E' excitan- te, empregada principalmente em ba- nhos. azestiss. cia teps*» oii do ■Biatto. — HosluTíidia Alfazema. — Fará. das Lahiadas. — E' um sub arbustosinho esgalhado, de caule quadrado; vegeta não só nos mattos, como também nos ta- boleiros e nas vargeas ; folhas aromáti- cas, miúdas e oppostas; flores em ca- chos formando uma espiga pyramidal, abastecida de pevides palheosas e miu- dissimas, de côr roixo violeta; o fructo é excessivamente pequeno. Propriedades medicas. — Serve para banhos aromáticos. Alfavaca syl%'esíi*e. — Occimum sylvestre. — Fani. das Lahiadas. — V. Al- favaca de cheiro. Aliazcina «le ea^toclo. — Hys- sojnis crijspainjlla. — Fam. das Lahiadas. — E' um dos nomes porque no norte das Alagoas esta planta é conhecida. Tam- bém a chamam Samhaité. E' um arbusto que cresce até 2 metros, pouco mais ou '.nenos. Alga. — Algoe. — Fam. das nyâro])liytas. — As algas são plantas que crescem ordinariamente nos lugares húmidos, sobre tudo nas aguas doce e salgada. Algumas são compostas de vesiculas isoladas, constituindo cada uma um in- dividuo isolado e completo. Outras apre- sentam-se debaixo da forma de utriculos reunidos, enfiados como as contas de um rosário, e encerradas n'uma espécie de membrana gelatiniforme amorpha. Outras ainda são filamentos simples ou ramosos, contínuos ou articulados, látegos variados na forma, consistência ALG ALG 19 e côr ou expansões membranosas já simples, jálobadas. Algumas têm na base uma espécie de pé ramificado como uma raiz, outras apresentam órgãos repartidos por imi caule simples ou ramificado, com folhas alternas. Todas as algas são formadas de utriculos. Os órgãos da reproducção são varia- dos ; oi'a são pouco distinctos e consti- tuídos por corpúsculos reproductores, ora os esporulos são contidos nos espo- ridios, espécies de utriculos reunidos em grande numero em conceptaculos ocos ou salientes . Os esporulos de certas algas quando sahem dos esporidios, executam movi- mentos rápidos e variados ; é a transi- ção da serie animal que acaba nos infu- sorios, em que se observam movimen- tos análogos, para a serie vegetal, que começa com estas plantas. A ordem das algas era antigamente dividida em duas tribus ; uma d'ellas formada pelas algas, que crescem na agua salgada e que se denominam fu- cus, ou varechs : a outra formada pelas que vegetam n'agua doce e chamadas confervas. A alga vesiculosa, bodelha, sargaço ou botilhão vesiculoso ou carvalinho do mar [Fucus vesimlosus.) Esta planta adhe- re aos rochedos por um curto pedículo, que se alarga em uma fronde plana, for- quilhosa com nervuras dorsaes, provida de vesículas distribuídas por par. Todas as algas contem em seus tecidos soda e iodo; aproveitam-se por isso para d'ellas extrahir estas substancias. As que o mar arroja em abundância so- bre a terra, empregam-se em adubar as terras. Algumas espécies são vermífugas, ou- tras são applicadas nas escrophulas, ou- tras em que existe vim principio nu- tritivo, servem de alimento. As confer- ■vas que vegetam n'aguadòce não têm applicação conhecida. Algodão. — Qossyphim, Linn. — Fam. das Malcaceas. — As folhas são alter- nas, pecioladas , cordiformes , palmati- nerviadas, tri ou quinquelobadas, sendo os lobos àgvfflos. As flores são grandes, vistosas em forma de taça de cinco lóbulos, e no- táveis por sua corolla de bella còr amarella ou avermelhada. Os fructos que vulgarmente são cha- mados maçãs , tem a forma de uma capsula ovóide de vértice ponteagudo, abrindo-se ao termo de seu amadure- cimento em 3 ou 4 valvas ( depis- cencia loculicida) ; cada fructo é divi- dido interiormente em 3 ou 4 compar- timentos (lojas) por outras tantas fo- lhetas fseptos), e cada compartimento ou loja contem 3 a 7 sementes pretas, ovóides, envolvidas por um froco de filamentos, mais ou menos longos, mui finos, de côr branca ou arruivascada. Estes frocos de filamentos têm por origem uma formação de pellos, ema- nados do episperma ou tegumento pró- prio da semente, e constituem a sub- stancia têxtil conhecida pelo nome de algodão. O algodão é esta porção filamentosa da semente do algodoeiro ; de todas as substancias vegetaes de utilidade para a industria, o algodão é incontesta- velmente o que occupa primeiro lugar. Se o trigo faz a base da alimen- tação dos animaes, o algodão faz a base do trajar. O algodoeiro c cultivado em todo o Brasil ; o de Pernambuco era o mais estimado nas fabricas de Inglaterra, e mais paizes manufactureiros, não só pela sua qualidade, finura e tenaci- dade dos fios, como principalmente pelo lustre e brilho que possuía. Estes predicados lhe davam muito merecimento, e valor superior a todos os algodões importados. Concorreram para o descrédito d'este nosso producto os agricultores, pois só attenderam á quantidade na producção e desprezaram a principal condição : a qualidade. D'isto resultou o deixar de ser procurado nos mercados de seu con- sumo e ser vendido por inferior preço. Outras occurrencias se deram para que o algodão do Brasil degenerasse: »o ALG ALG a exportação annunl dos Estados Uni- dos, que foi enorme em consequência de vender-se alli o algodão por preço muito mais haixo do que o do Brasil, que chegou a vender-se a 5;9000 IG kilgr. Os últimos acontecimentos dos Es- tados Unidos paralysaram por alguns annos as consideráveis remessas que d'alli se faziam de algodão para os mercados d'Europa ; o do Brasil encon- trou, pois, novamente um preço extra- ordinário, visto como chegou a vender- se por 32^000 16 kilgr. O algodão de Pernambuco tem sido apreciado por sua boa qualidade e é de esperar que brevemente tenhamos de concorrer sem desvantagem de espécie alguma nos mercados d'Europa, e isto porque os nossos agricultores tratam de aperfeiçoar todos os dias a cultura e os processos de preparação e o acondi- cionamento de seu producto. Cumpre ao nosso governo concorrer quanto estiver a seu alcance para a abertura de boas estradas que facilitem 03 transportes d'este producto, porque os terrenos apropriados ao plantio do algodão de Pernambuco distam muitas dezenas de léguas da cidade do Recife. Os algodoeiros são geralmente ar- bustos mais ou menos altos e podem distinguir-se em duas classes extremas quanto á altura, isto é em algodoeiros arborescentes e em algodoeiros her- báceos. A historia botânica dos algodoeiros apezar dos excellentes trabalhos de Par- latore ainda não é completamente co- nhecida, podendo fazer-se em geral a mesma observação relativamente aos outros vegetaes iiteis submettidos a uma longa e cuidadosa cultura. Não se conhecem com toda a precisão as diíferentes espécies de algodoeiros actualmente cultivados em muitos pai- zes, nem tão pouco de modo • exacto o paiz natal de cada espécie ou varie- dade; póde-se dizer em geral que este vegetal cresce naturalmente nos paizes quentes ; mas conseguiram acclima-lo em muitos paizes temperados, de modo que a distribuição geographica do algo- doeiro é hoje muito extensa. Não somente elle cresce nos paizes tropicacs de ambos os hemispherios, como também em regiões onde a tem- peratura desce abaixo de 13 a U". Reau- mur ou GO a 84" Ealir. Todavia ha certos paizes onde as cir- cumstancias climáticas temperando os rigores do inverno, permittem a cultura do algodoeiro, como acontece naCriméa. O limite da vegetação do algodoeiro na Europa é o 45° de latitude norte, e como se sabe, elle é cultivado em alguns pontos da Hespanha, e da Si- cília, etc. Na Ásia cultivam-no até Astracam, na China, e no Japão até 41° de la- titude norte ; na America do Norte até uma latitude norte igvial, e na parte meridional do continente ameri- cano até 30° de latitude sul no lito- ral oriental, e até 33° nas costas occidentaes. As diversas espécies de algodoeiros estão distribuídas em toda a Ásia, no Cabo da Boa-Esperança no Senegal, nas costas de Guiné, na Abyssinia, nas margens do Niger, do Gambia e do Zembere, em Serra Leoa e nas Ilhas do Cabo Verde, na Syria, no Egypto, em torno do Mediterrâneo, na Hespa- nha, na Sicília, no Brasil, na Colum- bia, nas Guyannas, Antilhas, em muitos Estados da União Norte Americana, taes como Virgínia, Luisiana, Geór- gia, as Carolinas, Alabama, Mariland, Delaware, e finalmente nas ilhas do Oceano Indico, O continente e as ilhas da Ásia podem ser considerados como a pátria do maior numero de espécies e va- riedades do género Gossypium. A China, as Grandes índias, o im- pério do Mogol, os reinos de Siam e Pegu, Bengala, etc, ainda produzem hoje immensas quantidades de algodão. O algodoeiro cresce igualmente na Pérsia, Arábia, Syria, Palestina , Ásia menor, Anatólia, Alepo, Smyrna, etc. Sabe-se com toda a certeza que o algodoeiro foi cultivado desde tempos ALG ALG SI immemoriaes na Pérsia, na Arábia e no Egypto. Heródoto diz que os habitantes da índia já de muitos séculos faziam uso dos tecidos de algodão. Arriano confirma a narração do pae da historia e menciona o nome indico do algodoeiro, que é Taka. No tempo de Strabão, isto é, quatro séculos e meio depois de Heródoto, o algodoeiro já era cultivado na entrada do Golpho Pérsico. Meio século mais tarde, Plinio nos diz que esta planta, denominada gossy- pion ou xylon, era conhecida no alto Egypto e na Arábia; Theophrasto citava entre as producções da ilha de Taylor, no Golpho Pérsico, uma planta que pela sua descripção é o próprio algodoeiro. Se os gregos e os romanos não se apropriaram de uma planta preciosa que encontraram nos paizes conquis- tados pelas suas armas, isso foi de- vido a que esses povos pouco indus- triosos e pouco versados nas sciencias naturaes, desdenharam enriquecer os seus respectivos paizes com uma pro- ducção que lhes oíferecia a via do commercio, ou por pensarem que o algodoeiro sendo uma planta exótica, não era susceptível de ser cultivado em climas menos quentes do que aque- les onde o acharam. Os árabes, pelo contrario, com menos gosto da litteratura e das bellas artes, excederam aos gregos na arte agricola, e pelo menos, igualaram aos romanos. Como quer que seja, os monumentos da historia, os factos e as provas ainda existentes attestam que esses povos , hoje tão atrazados, melhoraram a cul- tura na Europa, e introduziram em toda a parte, aonde chegaram, muitas pro- ducções exóticas até então desconhe- cidas. O commercio dos tecidos de algodão remonta igualmente a epocha mui an- tiga. Arriano no seu 'périplo do marxle Ery- thréa, refere que os árabes traziam al- godão da índia até Adulea no mar Ver- melho ; que Baygara (hoje Baroche) era o centro desse commercio. Masalia (Masulipatum) possuia então, segundo esse autor, as mais afamadas fabricas e as casas de Bengala goza- vam então da mesma reputação que hoje. Foi somente no principio da éra christã que o commercio dos tecidos de algodão se estendeu do Oriente para a Grécia e o Império Romano. No decimo terceiro século o Turkes- tan, fazia com a Criméa e a Rússia um commercio activo em tecidos d'algodão, e na Arménia se fabricaram esses te- cidos , cuja matéria prima vinha da Pérsia. O algodoeiro foi introduzido na China pouco mais ou menos em 1368, epocha da invasão tártara, não obstante a viva opposição dos operários da lã e da seda. Deve-se á invasão musulmana a cul- tura do algodoeiro na Africa, e a fa- bricação dos tecidos de algodão. Sabe-se que no decimo terceiro século existiam florescentes fabricas de tecidos de algodão em Fez e Marrocos , e que no fim do decimo sexto se importaram em Londres vários artefactos de algo- dão fabricados em Benin. Finalmente as fazendas de algodão que servem para vestir as nações da Africa central são fabricadas alli mesmo. Não obstante as asserções contrarias, se dermos credito ao historiador Solis, os habitantes da America já usavam de fazendas de algodão antes da conquista, e elle cita os presentes enviados ao Rei de Hespanha, mantos, lenços, tape- tes, etc, de algodão. Parece que em alguns pontos do Brasil, essa industria já era conhecida muito anteriormente á descoberta. A introducção do algodoeiro na Eu- ropa remonta ao nono século , e sua cultura foi devida á invasão dos sarra- cenos na Hespanha. Os primeiros al- godoeiros que se viram na Europa, fo- ram cultivados nas planicies de Valên- cia. Córdova, Sevilha e Granada foram celebres pelas suas fabricas de algodão no decimo quarto século, e Barcelona já era conhecida no commercio como ALG ALG exportadora de fazendas de algodão desde o decimo terceiro. Os mouros não somente introduzi- ram a cultura d'cssa iitil planta, como ensinaram os meios de fabricar os seus diversos prod netos entre os quaes o do papel de algodão, cuja fabrica- ção elles haviam aprendido em Samar- canda na sétimo século. No decimo quarto já se fabricavam tecidos de algodão na Itália, e pen- sa-se que foi na mesma epocha que os turcos importaram essa arte na Albimia e na Macedónia. Veneza e Milão exerceram essa in- dustria e foram celebres pela fabrica- ção de fazendas mui solidas com o algodão importado da Syria e da Ásia Menor. Um pouco mais tarde a industria da fabricação dos tecidos do algodão se introduzio na Bélgica, que em breve se tornou o empório d'essa industria e manteve durante quasi três séculos a supremacia commercial. No começo do decimo quarto século os venezianos e os genovezes levaram para Inglaterra alguns fardos de algo- dão, cujo único emprego no principio foi o de fazer tecidos. Em 1430 alguns tecelões dos condados de Chester e de Lancaster começaram a fabricar fus- toes á imitação dos de Flandres e de Bristol e começaram a importar algo- dão do Levante. Henrique VIII e Eduardo VI favore- ceram essa industria, e no meado do ■decimo sétimo século havia em todas as parochias teares de algodão afim de occuparem os agricultores durante o inverno. No reinado de George III, a indus- tria do algodão já occupava quarenta mil pessoas e produzia quinze milhões ■de crusados. A fabricação dos tecidos de algodão sempre altamente favorecida pelo go- verno, e sempre em progressivo aper- feiçoamento, e que apresentava em 1701 uma exportação de fazendas apenas no valor de pouco mais ou menos milhão «e meio, três annos depois elevada a mais de cinco milhões, subio em 1833 a qua- si 500 milliões e occupava os braços de perto de dois milhões de indiví- duos. Em 1786 os Estados Unidos recebe- ram pela primeira vez e cultivaram na Geórgia o algodoeiro de Bahama de longas sedas, a que deram o nome de algodoeiro de ilhas [Sea Island.) A nova planta prosperou de tal modo em diversos estados da União Americana que de 170,600 libras exportadas para Inglaterra em 1791, se elevou em 1839 a 300 milhões de libras. Os tecidos de algodão fabricados nos Estados da União produziram em 1833 mais de doze mi- lhões de cruzados. Tem-se feito muitos ensaios na Eu- ropa para introduzir a cultura do al- godão, mas, si exceptuarmos a Hespanha e a Sicilia, esses ensaios não surtiram eífeito, pelo menos em ponto grande. Não aconteceu o mesmo com a fabrica- ção dos tecidos de algodão, porque essa industria é commum, e mais ou menos prospera em todas as nações do velho mundo. A França é o segundo paiz da Europa na ordem da producção do algodão. Ena 1668 Marseille importou do Le- vante 400,000 libras de algodão em rama, e 1,400,000 libras de algodão fiado. Em 1750 a importação foi sete vezes maior. Muitas cidades são manufactureiras de tecidos de algodão ; suas fabricas oc- cupam de 800 a 900,000 pessoas, subindo o seu valor a mais de 170,000 milhões de francos. A industria do algodão hoje se pra- tica em todas as nações européas, prin- cipalmente na Bélgica, Suissa AUemanha e Inglaterra. Os botânicos consideram os diversos algodoeiros , cultivados ou silvestres , como simples variedades de pequeno numero de espécies ; nem todos estão porém de accordo quanto ao numero certo das espécies. Assim Linneo menciona 5 espécies. Lamarck 8; de Candolle 13; ao passo que Rohr admitte 29 , e o Dr. Royle só- ALG ALG SS3 mente 4. Citaremos aqui, unicamente, as espécies mais importantes: 1." o algodoeiro herbáceo ou de Malta {Gossypium lierhacewm). 2." o algodoeiro arbóreo ou arborescente (Gossypium arboreum). 3.» o algodoeiro da Índia [Gossypium in- dicum). 4." o algodoeiro felpudo (Gossypium Mr- sutum] . 5.° o algodoeiro religioso ou de três pon- tas (Gossypiíim religiosum) . 6.° o algodoeiro folha de videira (Gos- Síjfimn vitifoliuni) . Algodão manufacturado. — Seria pa- ra desejar que se encontrassem em nossa provincia fabricas de tecidos de algodão, de todos os estabelecimentos fabris os de maior utilidade e vanta- gem para o eommercio e agricultura. Já houve aqui uma que infelizmente suc- cumbio por ter fallecido o seu proprie- tário ; tentou-se ainda levar a efifeito outra fabrica de tecidos, mas aterraram por tal forma os poucos espiritos em- preliendores, que não teve lugar a asso- ciação nem de um seitil, de sorte que nenhuma fabrica temos de fiação ; cons- ta, porém, que nos sertões da provincia existem alguns pequenos teares que fa- bricam diminuta quantidade de tecidos, os quaes alli mesmo são consumidos, pois que só exportam d'essas localidades redes lisas e lavradas. Em Alagoas e Bahia fabricam o tecido do algodão, que exportam para as de mais províncias do Império. O caroço do algodão é excessivamente oleoso, e a industria tem-se aproveitado d'elle para obter um óleo muito próprio para luz, fabrico de sabões e uso de ma- chinas, e que também é empregado na medicina. O processo de extracção d'este óleo é análogo ao que se pratica com a mamona. Propriedades e usos do algodão. — Nas imm.ensas producções do reino ve- getal, talvez não se encontre uma só que se possa comparar com o algodoeiro quanto á utilidade. O homem tem apropriado ás suas ne- cessidades um grande numero de arvo- res, de arbustos, de plantas alimenticias ou de ornamento ; existe porém um nu- mero mui limitado de vegetaes que lhe forneçam matérias para cobrir a sua nudez. Entre estes, o algodoeiro é sem contestação, o primeiro. O cânhamo, o linho e outras plantas têxteis lhe fornecem na verdade grandes recursos para vestir-se e para o exercí- cio de muitas artes. Mas a casca gom- mosa d'estas plantas exige, para se trans- formar em fios teciveis, muitas e diversas preparações longas e penosas. A cultura da seda reclama grandes cuidados, e muitas manipulações, para se converter o seu producto em matéria tecivel. Entretanto o algodão offerece ao homem uma matéria já preparada pelas mãos da natureza e prompta a transformar-se em tecidos finíssimos ou grosseiros, á vontade. É quasi ocioso enumerar a variedade de tecidos que se fabricam com o algo- dão, porque todos sabem o que são cassas , filós , morins , panninhos, chi- tas, madapolões, fustões, veludos, bel- butinas, pannos ordinários ou gros- seiros , linhas , rendas, meias, bonés, etc, etc. Misturando-o com cânhamo, linho, lã e mesmo pellos dos animaes, fabri- ca-se uma grande variedade de teci- dos. Os fabricantes de vellas de sebo, cera, spermacete, stearina, etc, empre- gam-no em forma de pavio. Nas lâmpadas domesticas o algodão é empregado tecido de um modo particular e sem costuras; os alfaiates usam d'elle em forma de pastas, etc. Admira-se a finura e a belleza dos pannos e tecidos de algodão que o eommercio traz da índia. Todos conhecem as soberbas chitas, com as quaes as da Europa não podem competir. A excellencia d'esses tecidos attesta a excellencia das preparações, quaesquer que ellas sejam, que os fa- bricantes indianos dão ao algodão, e que ainda não poderam ser imitados pelos fabricantes dos paizes os mais indus- triosos. «4 ALG ALG As fíimosns cassas do Dccara são te- cidas com íios tão delicados, que sete dobras ou sete pannos não são suffi- cientes para cobrir a nudez de uma mu- lher. De que prrossura devem ser os fios d'essa cassa, quando até na Europa, onde não se trabalha n'este género com tanta perfeição, consep:ue-se reduzir os fios á grossura do cabello o mais fino, de maneira que 500 grammas de algodão podem dar 162,500 varas de compri- mento, quasi 21 léguas?! Do algodão amarello, que se cultiva principalmente na China e em Siam, é que se fabrica a verdadeira ganga da índia. Da synopse que acima fizemos se con- clue, quanto os mercados Europeus, que os Estados Unidos produzem os mais estimados algodões de longa e curta seda; segue-se o Egypto, aGuyanaeo Brasil, começando por Pernambuco e Pa- rahyba. Os algodões de longa seda servem para confeccionar os tecidos mais finos ; os de seda curta para os tecidos de finura mediana ou grosseiros. O Brasil fornece algodão de longa seda mui estimado, que se emprega de ordinário nos tecidos de valor medíocre que exigem solidez e boas cores. Os algodões de longa seda da índia são próprios para a fabricação dos te- cidos mais finos; e servem-se dos de curta seda estes paizes para fabricar tecidos grosseiros e obras de sirgueiros. Os algodões de longa seda do Le- vante tem iguaes empregos, assim como os de curta seda. O algodão exportado no anno finan- ceiro de 1869 a 1870 foi de 639 fardos e 101,734 saccas com 7,901:298 kilo- grammos, pagando 362;834P18 de im- postos. A importação dos tecidos e outras manufacturas de algodões pagou de di- reitos na alfandega d'esta província no mesmo anno financeiro a importância de 10,154:927$731 pela forma seguinte : Grã-Bretanha, 9,461 :783jS!731. Franca, 631:765í?520. Bélgica, 575^(994. Cidades Hansoaticas, 20:7995434. Portugal, 4»080g884. Estados-Unidos, 27:115)?167. Portos do Império, 8:807j?00l. Total 10,154: 927 j?731. Propriedades medicas. — O algodão emprega-se no curativo das queima- duras, feridas e erysipelas. A decocção das folhas e das flores é procurada para dores de dentes, e nas inflammaçòes por ellascausadas,na razão de 16 grammas para 500 grammas d'agua. As sementes contuzas são com van- tagem applicadas sobre os tumores, e nos abscessos como maturativo, na dose de 8 grammas. A infusão das sementes em 500 grammas d'agua, tomada três vezes ao dia, é muito usada na dysmenorrhéa. A raiz é diurética; 16 grammas para 500 grammas d'agua, três vezes ao dia. Caracteres da família. — Esta famí- lia encerra ao mesmo tempo plantas herbáceas, arbustos e mesmo arvores de folhas simples, alternas; munidas de duas estipulas na base. As flores são solitárias ou diversa- mente unidas, formando espécies de espigas. O cálice é muitas vezes acompa- nhado exteriormente de um caliculo formado de folhinhas variáveis em nu- mero, e diversamente unidas. O cálice é gamosepalo com três ou cinco den- tes approximados em forma de valvas antes de desabrochar. A corolla se compõe geralmente de cinco pétalas alternas com os dentes do cálice, contorneadas em forma de espiral antes de sua producção, mui- tas vezes soldadas na base por meio dos filetes estaminaes, de maneira, que a corolla cahe como uma só peça e simula uma corolla gamopetala. Os estames são geralmente mui nu- merosos, raramente no mesmo numero ou em numero duplo das pétalas. Seus filetes são monadelphos, as an- ALG ALG SS theras reniformes e constantemente nniloculares. O pistillo se compõe de varias car- pellas, ora verticilladas á roda d'um eixo central e mais ou menos soldadas, ora reunidas numa espécie de capi- tulo ; essas carpellas são uniloculares, contendo um, dois ou maior numero das sementes presas ao seu angulo interno. Os estyletes são distinctos ou mais ou menos unidos, terminados cada um por um estigma simples. O fructo apresenta as mesmas mo- dificações que os órgãos elementares, quero dizer, que estes estão ora reuni- dos circularmente á roda de um eixo material, ora agrupados em capitulo, ora formando por sua solda uma capsula plurilocular, que se abre em tantas valvas quantas lojas mono ou polyspermicas encerra; outras vezes as carpellas se abrem somente pelo seu lado interno. Os grãos cujo tegumento próprio é algumas vezes coberto de pellos fel- pudos, compõem-se de um embryão recto geralmente sem endosperma, ten- do os cotyledones membranosos do- brados sobre si mesmos. AI§ro«lão fios Baixos Suas se- mentes têm um lado plano, e outro convexo, e são pretas; ^ lã é de bôa qualidade, fina e de fio comprido. Als:o«1ào ís!P«vo.— HiUsciís iifur- catus, Will. e Cavan. —Fam. ãas 3Ialva- ceas.— Planta brasileira, do Pará, com o aspecto de quiabeiro, de folhas al- ternas recortadas; tem espinhos e flores um tanto grandes, o fructo é uma capsula polyspermica. Algodão do Brasil. — Diífere do algodão felpudo por formarem as se- mentes uma pyramide mais curta e mais larga. Esta espécie cultivada no Brasil, não ha nem na Guiana, e nem nas Anti- lhas. Aljcoilào de Cara de globos, com três azas, tendo no fundo um casulo follia- ceo contendo grãos pardos ou pretos ; não tem aroma ; a raiz é como uma cebolinha, de casca parda, e o miolo compacto, aromático, amarello. Propriedades medicas. — Esta planta é empregada contra as escrophulas in- terna e externamente e também contra as gonorrhéas. Alleluia. — 3IiMnia drástica. — Fam. das Compostas. — Herva agreste conhe- cida em Pernambuco por este nome e nas Alagoas por Camará. É herbácea, cresce de '/• a 1 me- tro mais ou menos ; suas folhas oppos- tas, ovaes, crespas, bonitas e aromáti- cas ; as flores em cachos nas pontas dos ramos são como pequenas belotas de roixo lyrio ; são muitas florinhas reunidas em um receptáculo commum. O fructo é uma pequena baga co- berta de pellos palheosos. Ptopriedades medicas. — É purgativa e emmenagoga : sua acção sobre o útero é muito violenta, na dose de 16 gram- mas para 500 grammas d'agua. Alntecej^ão. — É a resina da Id- ear ih a. Alniece|E:ueiro. — Hedwigea balsa- mifera , Swartz — Bursera gumifera , Linn,. — Fam, das Terehinthaceas . — Esta arvore cresce até a altura de 10 a 14 metros ; vegeta no interior das provín- cias de Minas Geraes, Bahia, Pernam- buco, Pará e Amazonas. Pelas incisões que se praticam na sua casca deixa emanar uma substan- cia resinosa, liquida, transparente, acre, amarellada, a qual quando se expõe ao ar, se solidifica sob a forma de stalactitcs de uma côr branco-ama- rellada, a que dão o nome de Incenso brasileiro. Esta preciosa resina, diz o professor Martins, é muitas vezes empregada nas igrejas, em lugar de incenso. Também costumam servir-se d'ella na preparação de emplastros, como acon- tece na Europa com o elemi. Damos a esta resina o nome de In- censo brasileiro, por ter ella as mesmas applicaçôes, que o verdadeiro incenso ou olibano^ o qual pode ser por ella subs- tituído em relação ao Brasil. Propriedades medicas . — Emprega-se interiormente, em emulsão ou pilulas, no tractamento das moléstias dos ór- gãos da respiração, em que o uso dos medicamentos balsâmicos pode apro- veitar. Caracteres da família . — Arvores ou arbustos muitas vezes lactescentes ou resinosos, tendo folhas alternas ge- ralmente compostas , sem estipulas ; flores hermaphroditas ou unisexuaes, pequenas , e em geral dispostas em cachos ; cada uma d'ella3 apresenta um cálice de três a cinco sepalas, algu- mas vezes soldadas pela base, e com o ovário, que é infero. A corolla, que falta ás vezes, com- põe-se de um numero de pétalas igual, aos lobos do cálice, é regular. Os estames são commummente de numero igual, rarissimas vezes duplo ou quádruplo do das pétalas ; no pri- meiro caso, elles alternam com as pé- talas. O pistillo se compõe de três a cinco carpellas, ora distinctas, ora mais ou menos unidas entre si, cercadas em sua base de um disco perigynico e annular; algumas vezes varias carpellas abortam, e d'ellas só resta uma, da qual nascem diversos estyletes- cada carpella é de uma só loja contendo ora um ovulo situado no ápice d'um podosperma fi- ALM AMA » S9 liforme, que nasce no fundo da loja, ora um ovulo deitado, ora dois óvulos deitados ou collateraes. Os fructos são seccos ou drupaeeos, contendo ordinariamente uma só se- mente : esta encerra um embryão des- provido de endosperma. AlBBteee^ueiro da beira cl» rio. — É uma planta que tem virtudes anti-rheumaticas, e 6 applicada contra as ulceras. AlBiieee||:iieiro liravo. — Amyris silvaticus. — Fam. das Terehmthaceas. — Arvore resinosa ; folhas alternas, pin- nadas, impares ; diífere essa espécie da subsequente, em serem menores as fo- lhas, e o fructo não ser vermelho. AltiBec?jã,-»eiro Bititaiso tias Ala- g:oas. — Elaphrium Alagoense. — Fam. idem. — Arvore selvática do Brasil e co- nhecida nas Alagoas pelo nome acima. É ramosa, folhas distribuídas em pal- mas oppostas e lustrosas, de verde fixo, flores miúdas de côr verde esbranquiça- da; a flor estrellada, o fructo pequeno, roliço subtriangular, com dois caroços dentro, envoltos em uma massa que se come. Esta arvore verte de todas as suas partes um sueco resinoso, de cheiro activo ; o sueco do lenho coagula-se e torna-se resina aromática. Propriedades medicas. — É empregada no curativo das ulceras, e applicada em pachos ás fontes contra a cephalalgia. ASsíBícecííííieiro iB&angio tie Per- iiaitBl)]BCo . — Amyris ariibrosijaca , WilL — Amyris pernamhiicensis , Arr. C. — Fmn. Idem. — É uma arvore muito se- melhante á precedente; suas folhas em palmas ovaes e pequenas , tem pouco brilho ; as flores em cachos e esverdi- nhadas ; o fructo é uma capsula oval, vermelha, com uma só semente. Nas Alagoas é chamada Almecegiieiro vermeUio. AltlBea do Brasil. — V. Malvaisco das Malvaceas. Alvaeaiia. — Planta herbácea de caule roxeado, de pouca altura, até % metro, formando um circulo ; as folhas cordiformes, quasi de 24 centímetros, repicadas, sem lustre, e de peciolos ma- culados, alternas; as flores são em feixes quasi sesseis ; semelham bogaris, na forma e no cheiro, -porém são menores e de aroma desagradável. A corolla é de lobos redondos e im- bricados ,• tem um pequeno tubo, é branca com matizes de côr de carne, e zonas rosadas ; nunca vimos os fructos. AB!iBuaisa-1>esta. — Eucalyptus fer- mginosa. — Fam. das Myrtaceas. — Arbusto agreste por este nome conhecido nas Alagoas. É um vegetal ramoso desde a base, de folhagem densa, e altura mediana; suas folhas são quasi redondas, espes- sas, oppostas e cobertas de uma lanugem vermelha no extremo dos ramos, as flo- res brancas, pequenas como rosinhas, e em cachos, com algum cheiro ; seus fructos abortam quasi todos. Este arbusto à primeira vista parece coberto de ferrugem. Caracteres da família. — Arvores ou arbustos com folhas pontuadas ou glan- dulosas; flores amarellas ou brancas. Cálice tubuloso com quatro ou cinco lóbulos ; pétalas em numero igual ás di- visões do cálice, raras vezes nullas. Estames em numero duplo, ou múl- tiplo do das pétalas, inseridos na parte superior do tubo. Filetes livres, ou monadelphos, recur- vados para o centro : carpellas cinco, raras vezes seis ou quatro, ou menos ainda, soldadas entre si e com o cálice : estyletes e estigmas soldados : fructo va- riável. Abbbuis.b. — Fam. das Afocynaceas . — Planta do paiz c que das incisões do caule e ramos exsuda um sueco leitoso e branco; a casca é levemente amarga, 30 AMA AME as folhas cansam prurido no corpo, quan- do se lhos toca. Aniai*(^IIo. — Omphalobium liUuosuni. — Fam. das Legiiuinosas. — Arvore das mais importantes do Império, c natural das províncias do Norte, especialmente do Pará até Alag-ôas. É um vegetal bonito, colossal, folha- gem miúda disposta em palmas ; flores aromáticas, em graijdes cachos verticil- lados, são como pequenos jasmins de um branco amarellado; dá um fructo que é uma vagem pequena, roliça, parda, com dois ou três grãos vermelhos de côr viva. Esta arvore é uma das mais ricas pro- ducções do solo brasileiro. Como madeira de construcção naval , é pelo governo do Brasil prohibido o seu corte sem prévia licença da authori- dade competente ; e também é madeira de construcção urbana, e óptima para marceneria. É de muita duração, não soífre com a acção do ar ; perde a côr amarella com o tempo, mas aplainada revive; a ma- deira da raiz é ainda mais bella que a do tronco, porque oíferece o traçado dos mais bonitos veios, e substituo completamente o mogno. Aii&arelEo flòr fie »lgo(9il«». — Fam. idem. — É outra espécie de ama- rello, cuja madeira é de uma côr clara, mas que facilmente desbota, é conhe- cido dos marceneiros por este nome- AiBtarello o» víBBlaatico. — F. Viatico. AntarySIis. — Amaryllis formosissi- ma, Liun. — Fam. das AmarylUdaceas . — Esta planta é natural da America Aus- tral, mas cultiva-se no Brasil. Herva de bulbo na raiz, folhas ras- teiras planas; a flor é labiada, de côr vermelha purpurina aveludada. Chamam na Europa Lis ou Croix de Saint Jacqtíes^ Lyrio ou Cruz de S. Ja- come. Ha o Lyrio de Guernesey Amaryllis sarmiemis., Linn. e o Lyrio da China amarollo Amar. aiirca., ctc. O fructo é uma capsula. Aiitliaiiva iiiRii$a. — V. Aninga. AniiiM:a-|>ag*i. — Melastoma parvi- flora, Lamck. — Couciuea. (?) — Fam.das Me- lastomaceas. — Arbustosinho de folhas op- postas, ellipticas, flores côr de rosa e que tem por fructo uma capsula de muitas sementes miúdas. Propriedades medicas, — As folhas seccas e pulverisadas são úteis no cu- rativo das ulceras ; também frescas e pisadas applicam-se para o mesmo fim. Caracteres da família. — As Melas- tomaceas são grandes arvores, arbus- tos , fructices ou plantas herbáceas , tendo folhas oppostas, simples, muni- das geralmente de três a cinco, e mesmo até de onze nervuras basilares, donde parte um grandíssimo numero de outras nervuras transversaes e parallelas muito approximadas. As flores, algumas vezes mui grandes, ofíerecem de alguma maneira todos os modos de inflorescencia. O cálice é gamosepalo, mais ou menos adherente ao ovário, que é infero ou semi-infero. Seu limbo as vezes é inteiro ou den- teado, ou emflm de quatro ou cinco di- visões mais ou menos profundas; rarís- simas vezes elle forma uma espécie de capsula ou operculo. A corolla se compõe de quatro a cinco pétalas. Os estames são em numero duplo das pétalas. Suas antheras apresentam as formas mais variadas e mais singulares, e se abrem no ápice por um orifício ou poro commuín ás duas lojas. O ovário é algumas vezes livre, fre- quentíssimas vezes adherente ao cálice; elle ofí'erece de três a oito lojas cada uma contendo um grandíssimo numero de ovulas. O ápice do ovário é muitas vezes co- berto de um disco epigynico. O estylete e o estigma são simples. O fructo é ora secco, ora carnoso, oífe- recendo o mesmo numero de lojas que o ovário ; fica indehiscente, ou se abre em outras tantas valvas septiferas no meio da face interna. As sementes são reniformes e contêm um embryão levantado ou ligeiramente curvo ; mas sem endosperma. Aiiàn^a-iiva. — PMloãenãrou arho- recens. — Fam. das Araceas. Propriedades medicas. — As mesmas que as da Aninga. Anua VitvUx.— Cayaponea globoza. — É em Minas a purga de Carijó. Aperta Ruão. — Pifer aduncum, Vell.—Fam. das Piperaceas. AKA ARA 43 Propriedades MEDICAS, — Como ads- tringente é muito empregado em banhos. Internamente obra também como desobstruente. Apog-itag:oai*a. — EsemhecMa in- ter media ^ Mart. — Fam. das Rutaceas. — S. Paulo. Propriedades medicas. — A casca d'esta planta é anti-febril- Aposteineira. — Furnera fostida. — Fam. das Tumeraceas. — Esta espécie é do Maranhão. Propriedades medicas. — É empre- gada para apressar a suppuração dos tumores. Apotiacoraoa — Fam. das Eu^phor- biaceas. — É uma planta do Pará. Ha duas espécies. Propriedades medicas. — Uma é em- pregada na tosse aecca, outra nas in- flammações de olhos. Apoya ? — É a PsycTiotria emética no Espirito Santo. Apuy. — FicHs. — Fam,. das Urticaceas. — Planta do Pará. Propriedades medicas. — O sueco lei- toso e as folhas são empregadas como calmante. Araçi». — Psidmm Araçá, Psydium po- miferum, Linn. — Fam. das Myrtaceas. — Na Bahia este araçá é chamado Araçá- mirim. E em todo o Império conhecida esta fructa, e existe em todo o seu terreno com este mesmo nome. Provém de um arbusto médio, de casca liza, esbranquiçada, folhas oppos- tas ovaes, quasi redondas, grossas, um tanto pelludas, com cheiro quando com- primidas. As flores são reunidas em pequeno numero brancas, com algum cheiro ; e como uma rosap equenasingela com um feixe de filetes, brancos no centro no pé da flor ha um engrossamento; verde com o cimo dividido em cinco 1 aminas ; ahi se desenvolve o fructo que é oval, amarello quando maduro, coroado de cinco palhetinhas, contendo muitos grãos reniformes, envoltos em uma polpa acre-doee. O Araçá é útil nas artes, onde os grelos servem para a preparação de tintas. Com elle faz-se geléa , doce , aguardente e licores. Propriedades medicas. — Na medicina popular empregam-se as cascas, as summidades e também as folhas como poderoso adstringente na dose de 16 grammas para 500 grammas d' agua. Araçá bravo. — Angofora pseiido- carpa. — Fam. idem. — É um arbusto de nosso paiz, de caule liso esbranquiçado, folhas oppostas ; flores em espigas ; corolla branca de quatro pétalas ; es- tames numerosos ; antheras de duas lojas redondas ; estyletes simplices. O fructo, baga ovóide trilocular, mo- nospermica, contém muitos grãos re- niformes com polpa doce. A madeira d'esse arbusto é procurada para encaibramento de nossas casas, e para estacas de cercas; eilas são do- tadas de uma duração enorme. As variedades de Araçás produzem fructos comestíveis, insignes pela sua matéria saccharina e pela união da mucilagem com o principio adstrin- gente, o que os torna nutritivos e corroborantes dos intestinos. Araçá do rasn|io. — Psydiíim me- diterraneufii. — Fará. idem. — É um ara- çaseiro que em Sergipe tem este nome, e nas Alagoas o de Araçá do mato e tam- bém Cumati, designação porque também o conhecem em Pernambuco. Para o sul de Sergipe dão-lhe o mesmo no- me. O arbusto é mais elevado que o Araçá mirim ; no mais é o mesmo excepto a fructa, que é menor, mais doce e de côr 44 ARA ARA pallida; verde amarellada; suas flores são brancas e cheirosas ; folhas miúdas. Araçú cagão. — Psydmm. — Fam. idem. — Fructo agreste e também culti- vado na Bahia por tal nome, e em Per- nambuco comprehendido na espécie de Araçá assú, porque elle é semelhante a este, diíferindo somente em ter a base mais despontada e ser menor. Todos os Araçás possuem a propriedade de ser mais ou menos adstringentes. Araçá dasai Catinga». — Psyãium^ — Fam. idem. — Esta espécie, indígena, também é semelhante á precedente, mas distingue-se porque o fructo quando ma- duro, torna-se amarello côr de gemma d'ovo; as folhas miúdas e lanceoladas, o fructo muito doce. Araçá Coiigonlia do campo. — Psydiuu suaveolens^ St. Hil. — Fam. idem. — É outra espécie de Araçá que dá nas mattas de Minas Geraes, com o nome de Congonha do campo f?) ; differença-se em ter as folhas mais longas que o ordinário. As flores são solitárias e cheirosas. O fructo é pequeno, como o do Araçá mirim., até menor. Tem unicamente três sementes dentro. A côr do fructo é amarella. Araçá gtiaçú.— F. Goiala. Araçá €lo iiiatto.— F. Araçá do Campo. Araçá mirim. — F. Araçá. Araçá de Alanas Geraes. — Psydium alhidurn.. St. Hil. — Fam. idem. — C. idem. — Esta espécie nasce em S. João d'El-Rei, em Minas; tem as folhas mais pelludas, ellipticas ovaes, e reviradas. As flores são solitárias, e os fructos ovaes, esbranquiçados, pelludos. Fructifica em Março e Junho. Araçá de Illínas Geraes. — Psy- dium, incanescens , Mart. — Fam. idem. — É esfoutra espécie do mesmo lugar — S. João d'El-Rei. É um arbusto de folhas oppostas como as outras, ovaes, reviradas, quasi sem peciolo. O fructo quando novo é obovoide. Flores não vimos. Araçá de Alinas Geraes.— Píy- dium microcarpum., St. Hil. — Fam. idem. — Esfoutra espécie do mesmo lugar acima dito, é um arbusto mui seme- lhante ao precedente. O fructo globoso, de gosto agradá- vel ; de côr verde, ainda quando ma- duro. Segundo St. Hilaire é maior que os outros. Araçá de Minas Geraes. — Psy- dium cuneatum., St. Hil. — Fam. idem. — Este Araçá é do mesmo lugar que os outros, e d'elles pouco differe ; suas folhas porém são mais oblongas, e o fructo pyriforme, liso e de gosto agra- dável . Araçá de pedra. — Psydium oli- gospermum, Mart. — Fam. idem. — Este Araçá., assim chamado na Bahia, é semelhantíssimo no arbusto do Araçá- mirim ou ordinário ; mas o fructo ordi- nariamente é mais redondo, e com a superfície ondulada, muitas vezes com um ponto lateral preto, indicando putre- facção ; tem um caroço grande, ondu- lado ; ofíerece pouca polpa, mas essa mais doce que a do ordinário. Araçá da praia. — Psydium litto- rale., Raddi. — Fam. idem. — Arbusto de Minas. Este Araçá é muito semelhante ao Araçá ordinário. Vegeta na cidade de Mariana, em Minas Geraes, e S. Paulo. Araçá de S. Vsknlo. — Psydium, multiflorum. St. Hil. — Fam. idem. — Esta espécie cresce na província de S. Paulo. É um arbusto de folhas ellipticas, ARA ARA 4S pubescentes ; flores em cachos ; fructo não examinado. Araçú-rania. — É arvore que nasce pelas margens dos rios, no Pará; suas raizes servem de alimento ás tarta- rugas. Araç»ziMlio do mato. — Dama fragrans. — Fam. das Melastomaceas. — É um arbusto elegante, e indígena do paiz, conhecido nas Alagoas por este nome. É ramoso, casca fina, folhas ovaes, lisas e oppostas. Flores em feixes, por todas as par- tes da planta, as quaes são brancas e mui cheirosas. O fructo é uma baga globosa, coberta de uma pellicula e contém dentro uma polpa aquosa, com muitos grãosi- nhos na parte central. Come-se esta polpa, que é boa. Quando está florida, esta planta derrama pelas suas visinhanças um bello aroma. AraÇitziíiEio ou\.va^í\ tio anato. — Psydium. — Fam. idem. — É um ar- busto, ou arvoreta, conhecida em Per- nambuco por tal nome. A sua casca cinzenta é lisa, a fo- lhagem miúda, as flores pequenas e brancas . A madeira é dura, excellente para estacas, esteios, carvão, e lenha. Aracui. — V. Arari. — E o nome que se dá ao Angelim em varias pro- víncias. AraraiiiBi. — F. Curatatina. Arapabaca. — F. Lomhrigueira. Arapiraca. — É uma arvore de Sergipe, de lenho indestructivel . Arapoca aiiiarella ou Giira- taiapoca. — Gali-^ea dicioma. — Fam. das Rutaceas. — Arvore que vegeta nas províncias do sul do Império. Suas folhas são simples e alternas, vistosas e de forma variável ou inde- terminada, oblongas, algumas obovaes oblongas, e um tanto coriaceas. As flores de grandeza regular. O fructo é uma pequena capsula co- riacea, com cinco depressões e cinco lojas. A madeira é branca, com um ligeiro brilho assetinado, e o tecido é frouxo, o seu emprego é muito limitado ; apenas é procurado como elemento as- sas secundário em algumas obras in- ternas, que não exigem maior solidez, ou que são creadas para satisfazer ne- cessidades de momento. (Fig. 1.) Arariba. — F. Raivinha. Araroba. — Fam. das Leguminosas. — O pó d'esta planta é muito usado na arte de tinturaria, e o mesmo pó é empregado nas moléstias herpeticas, friccionando-se a pelle. Araruta. — Maranta arundinacea , Li/m. e Willd. — Fam. das Maraiitaceas . — É uma herva oriunda do paiz, conhecida em todo o Império por tal nome. A Araruta (farinha) é uma fécula extra- hida das raizes d'esta planta. As folhas da planta são estreitas, oblongas , engastadas n'um pequeno caule. As flores brancas, á semelhança de borboletinhas. O fructo é uma capsula com alguns grãos. É, como já dissemos, da raiz, que se extrahe a fécula, a Araruta do commer- cio própria para uso dos doentes, conva- lescentes, etc. Também presta-se para engommar a roupa. Araticiaiit apé ou do mato. — Anona silvatica, St. Hil. — Fam. das Ano- naceas. — Arvoreta silvestre; seu nome é quasi geral. Tem o páo branco e a casca escura, folhas alternas grandes e ellipticas. Flores carnosas, desmaiadas, como a flor do Araticmn j}anan e outros. 46 ARA ARA O fructo é lima baga globulosa, cuja superfície é composta de escamas acha- tadas, molles, de côr verde, amarellado na maturidade ; dentro é composto de bagos de massa branca, com um caroço cada uma ; é muito boa ao paladar. A casca dá excellente corda, cuja du- ração é admirável. Propriedades medicas. — As folhas e fructos do Aratzcum são bechicos: 2gram- mas do fructo fervido em 250 grammas d'agua tomado ás chicaras, é um excel- lente remédio na diarrhéae dysenteria. Usam-se também em clysteres, e ap- plicam-se as folhas sobre o ventre. As folhas pisadas e misturadas com óleo são maturativas. Dos fructos se pode extrahir vinho. Caracteres da família. — As Anona- ceas são arvores ou arbustos de folhas alternas simples, desprovidas ' de esti- pulas, caracter que as distingue sobre tudo das Magnoliaceas. As flores ordinariamente axillares, são algumas vezes terminaes. O cálice é persistente de três divisões profvmdas. A corolla é formada de seis pétalas dispostas em duas ordens. Os estames são muito numerosos, for- mando varias fileiras. Os filetes curtos, e as antheras quasi sesseis. As carpellas, em geral, em grande nu- mero reunidas no centro da flor, são ora distinctas, ora soldadas entre si ; cada uma d'ellas oíferece somente uma loja que contem um, ou diversos óvulos li- gados á sua sutura interna e formando muitas vezes duas fileiras longitudi- naes. Estas carpellas constituem outros tantos fructos distinctos (raras vezes um só em consequência de abortarem os outros ; ás vezes elles se pegam todos entre si, e formam uma espécie de cone carnoso e escamoso. As sementes têm seu tegumento for- mado de duas laminas. O endosperma, em forma de chifre é profundamente sulcado, contendo um pequeno embryão recto, collocado na base do perisperma. Araticunt «l'arèa. — Anona are- naria. — Fam. idem. — E uma espécie semelhante ás outras ; arbusto ramo- so ; casca lisa, esbranquiçada, folhas grossas oblongas : dá flores caulinares como as das outras espécies já des- criptas. O fructo tem as proeminências da casca, pouco sensíveis. As sementes são pretas, o eixo cen- tral occupa grande espaço. Do páo fazem-se arcos de barril, e da casca cordas. Araticiiiii do lirejo. — V. Ara- ticwm panan ou do rio. AratieiíB» «lo canapo. — Anona cornifolia., St. Hil. — Fam. idem. — Esta espécie vegeta nos sertões do Rio de S. Francisco, S. Paulo, Minas Ge- raes, etc. Semelhante ás suas congéneres, tem comtudo, as flores um tanto pelludas. O fructo é escamoso, globoso ou oval. Também é conhecida esta espécie por Araticum das Caatingas. Ars^tieiBiii cag;ão. — Anona furfu- racea, St. Hil. — Fam. idem. — O tronco d'esta espécie esgalha quasi sempre, desde a base formando uma touceira. As folhas oblongas, cobrem-se mui- tas vezes de uma poeira esbranquiçada e tem máo cheiro. A flor e o fucto nas mesmas con- dições ; mas as sementes são amarei- las. A amêndoa, pisada com aguardente, mata os piolhos da cabeça ; o cheiro da fructa é bom. Também dá corda e madeira para arcos de barril. Araiieiíiii iiaisan. — Anona palíiS' íris, Linn. — Fam. Idem. — Esta espé- cie cresce nos paúes e brejos. E' ra- mosa; as folhas menores do que as já citadas ; e as flores também. ARC ARG 4íf O fructo é uma baga ; tem sementes de um vermelho escuro, e não se come. A raiz tem o lenho frouxo, serve de cortiça, é muito porosa, óptima para afiadores de navalhas, para rolhas, etc. Araticiini ponlié. — Anona Marc- gravii, Mart. — Fam. Idem. — Este Arati- cvm tem as mesmas qualidades do Araticum do mato^ cultivado. i%rafticiiii& cio rio. — Anona syi- nescens, Mart — Fam. Idem. — Tem as mesmas propriedades dos outros ; mas seu fructo é mais empregado em cata- plasmas para limpar as iílceras, e ama- durecer os abscessos. As sementes em. pó, combatem a ptiriasis infantilis, isto é, o Mclio su- Xierficial., polvilhando-se a parte aífec- tada. Araticiiiit (le Santa Catlaari- na. — RoUinia salicifolia. — Fam. Idem. — Tem os característicos das outras espécies. ArcaiBaan. — Bigno7iia ecMnata., Jacq. e Swart. — Fam. das Bignoniaceas. — Ar- busto natural do paiz, por este nome nas Alagoas conhecido, e também por Arraia do mato. É uma planta trepadeira, que sobe galgando as mais altas arvores. Os caules são lenhosos ; seus ramos são cruzados ; folhas brilhantes e ovaes. As flores de côr rósea viva. O fructo é uma capsula lenhosa de quasi 24 centímetros de comprimento, e 10 centímetros de largura, de côr parda, óssea ; a sua superflcie eriçada, de protuberâncias cónicas agudas ; den- tro forma uma pellicula branca asse- tinada, com uma divisão no centro e cheia de muitas sementes cercadas de azas membranosas. É uma das bellezas do campo este arbusto ; porque do alto dos cimos das- arvores pendem seus festões de flores côr de rosa com seus exquisitos fructos. Caracteres da família. — São arvo- res, arbustos, ou raríssimas vezes plan- tas herbáceas, cujo caule é muitas \ezes sarmentoso; é guarnecido de ga- vinhas. As folhas ordinariamente oppostas ou ternadas, são raramente alternas, as mais das vezes compostas. As flores, que são terminaes ou axil- lares, diversamente grupadas. Tem um cálice gamosepalo, frequen- tes vezes persistente e de cinco lobos. Uma corolla gamopetala, mais ou menos irregular e de cinco divisões. Frequentíssimas vezes quatro esta- mes didynamos, acompanhados de um filete estéril, que é o indicio de um quinto estame abortado ; em alguns gé- neros, os cinco estames são iguaes ou dois somente são férteis. O ovário sustentado por um disco hypoginico apresenta uma ou duas lojas contendo ordinariamente vários óvu- los. O estylete simples termina por um estigma bífido. O fructo é uma capsula de uma á duas lojas, que se abre por duas val- vas oppostas ou parallelas ao caule; raras vezes o fructo é carnoso, ou duro e indehiscente. As sementes, muitas vezes cercadas de uma aza membranosa em todo o seu contorno, encerram debaixo do te- gumento próprio um embryão erecto, desprovido de endosperma. Argemouia. — Argemotie mexicana. Linn. — Fam. das Pa^paveraceas. — É uma planta herbácea, natural do México e do Brasil, cujo porte é semelhantíssimo ao nosso Cardo-Santo de Pernambuco. Propriedades medicas. — Os nossos indígenas, empregam as folhas da Ar- gemonia no curativo das ulceras, sobre- tudo syphiliticas. O óleo é considerado purgativo como o de rícino, bastando trinta gottas para o eífeito cathartico, que se ma- nifesta cinco horas depois da ingestão do remédio. O sueco é antiherpetico, e o cosi- 48 ARG ARO meuto das sementes c empregado con- tra a queda dos cabellos. Caracteres da família. — Plantas her- báceas ou ainda raras vezes subarbus- tos, de folhas alternas, simples, mais ou menos profundamente recortadas, cheias em geral de um sueco lácteo branco ou amarellado. As ílôres são solitárias ou dispostas em cimas, ou em cachos ramosos. O cálice é formado de duas, rarís- simas vezes de três, sepalas concavas e fragilissimas. A corolla, que falta algumas vezes, se compõe de quatro, mui raramente de seis pétalas singelas, comprimidas e enrugadas antes do seu desabrochar. Os estames, em grandíssimo nume- ro, são livres. O ovário é ovóide ou globuloso, ou estreito e também linear, d'uma só loja, contendo grandíssimo numero de óvulos unidos á trophospermos salien- tes sobre a forma de pétalas ou falsas divisões. O estylete, curtíssimo ou pouco dis- tincto , termina em tantos estigmas quantos trophospermas. O fructo é uma capsula ovóide co- roada pelo estigma, ou abrindo-se em poros simples abaixo do estigma; ás vezes é alongada em forma de siliqua abrindo-se por duas valvas, ou rasgan- do-se transversalmente por articulações. As sementes, ordinariamente peque- níssimas, se compõem de um tegumento próprio, trazendo ás vezes uma espécie de carunculasinha carnosa , de endos- perma igualmente carnoso, no qual está collocado um pequenino embryão cy- lindrico. Argueiro. — Arvore da altura de uma oliveira, c é uma das mais lindas do Brasil. É espinhosa ; seu fructo é uma vagem contendo umas sementes escarlates, ou manchadas, empregados pelos indígenas em objectos de ornato como braceletes, etc. Arlcorí oii roqueiro dicort. — Cocos coroiíala, Marl. — Fam. das Pal- meiras.— É uma palmeira indígena do paiz, muito frequente nas províncias da Bahia e Alagoas : tem também o nome de Dicori e Nicori. E' de porte médio, o tronco eriçado de fragmentos das velhas folhas, no alto com o molho de folhas de eixo comprido, e os foliolos dispostos em dois sentidos e azulados ; as flores em cachos, como o geral das palmeiras ; os fructos são de 3 a 6 centímetros, ovóides, com escamas na base, côr amarella, quando maduro ; no centro um caroço duro; a polpa é saborosa, e sua amêndoa dá bom azeite. Arnacasi. — F. Junta de caíra. Ariiolta. — F. Urucú. Aroeira. — Schinus aroeira, Vell. — Fam. das Terehentaceas . — Propriedades medicas . — A casca d'esta arvore é adstringente e empre- gada pelos pescadores para fortalecer os fios das redes. O estracto pode supprir o cato. Dá-se o extracto em pílulas, e a casca em cosimento (4 grammas para 500 grammas d'agua.) De suas folhas frescas se pôde pre- parar uma agua distillada própria para o toucador. Também é tida esta planta por anti- febril. Arocii'it «lo cas»|fio. — Astronium graveolens, Jacq. — Fam. das Terebentha- ceas. — É uma arvore resinosa, de fo- lhas compostas: vegeta no Alto-Ama- zonas: suas flores encarnadas e seus fructos redondos, formando uma es- trella. Derrama um sueco glutinoso, incolor, análogo ao da Terebenthina. A madeira é pesadíssima e industruc- tivel. Propriedades medicas. — Tem as mes- mas virtude da Aroeira acima descripta. ARO ARR 49 Aroeira d» Capoeira. — Schinus meleoides, VelL—Fam. das Tereòiuthaceas. — A casca serve para tingir. Os fructos e folhas são muito aromá- ticos. Aroeira da mata.— ScJmms Ar- oira, Limi.— Fam. das Terehinthaceas.— Arvore colossal e importantíssima, na- tural do paiz ; seu tronco resinoso e aromático, engrossa e cresce muito ; folhas distribuídas em palmas ; as flò- Ihas em cachos miúdos, de sexos se- parados. O fructo é pequeno, globoso e mo- nospermico. O lenho d'esta arvore é de uma ri- gidez férrea; enterrada tem uma dura- ção admirável, é empregada nas cons- trucções e edificações campestres; tem-se achado em edifícios seculares a Aroeira ainda perfeitíssima. Propriedades medidas.— A entrecasca é empregada nas diarrhéas. Aroeira de Miiwk^. — ScMtiiis mu. crouulatus. Mari.— Fam. Idem. — Esta planta de Minas Geraes está nas con- dições das mencionadas. Propriedades medicas.— O cosimento das folhas também serve para usos do- mésticos medicinaes, e da entrecasca faz-se applicação nas hérnias ingui- naes, com proveito, mormente se são recentes. Aroeira do Rio de Janeiro. — Schinus tereheníhifolius, Raddi. — Fam. Idem. — Dioícia Decandria., Linn. — Arvore mediana, do Rio, semelhante ás já descriptas, e provavelmente com as mesmas propriedades. Arraia do mato. — V. Arcuiian. Arrebenta caiallo.- F. Melan- cia da "praia. Arrependido.— i^ííw. das Rham- naceas. — Por este nome é conhecido em Alagoas um arbusto agreste, na- tural do paiz ; inclinam-se uns sobre outros e são íiexiveis. O lenho é esbranquiçado e sulcado longitudinalmente ; tem o uso do sipó- páo, e é muito semelhante a este. Aroeira da praia. — Pistacia Len- ticus, Linn. — Fam. das Terehinthaceas. Esta arvore, tão aclimada entre nós, é to- davia natural da Barbaria e das proxi- midades do Mediterrâneo. É uma arvore de porte pequeno, sem- pre verde e revestida de sua folhagem, que é disposta em palmetas. Todas as suas partes são resinosas, principalmente a casca ; flores em ca- chos, miudinhas, esverdinhadas. Os fructos são como grãos de chumbo grosso, vermelhos e como machucados: dentro tem uma semente. Habita no litoral do Brasil. Á resina, que escorre do tronco, entre nós nenhum uso damos, pelo pequeno apreço que se dá em nosso paiz ás ri- quezas naturaes d'este abençoado solo ; mas na Europa o producto de suas con- géneres é o mástique, o terebintho do commercio, muito empregado. Arringa-il»a. — Caladium arboreS' cens, Linn.— Fam. das Aroideas.— Esta planta é semelhante ao Tinhorão., porém mais elevada. É' natural da índia. Propriedades medicas . — Arbusto muito acre. Suas folhas são emprega- das em cataplasmas resolutivas. Sua raiz fornece uma substancia amyg- lacea. O cosimento d'este vegatal feito em ourina é empregado nas dores articu- lares. Arroz.— Oryza sativa., Linn.— Fam. das Gramiueas.— O género Onjza com- prehende só quatro espécies, mas sub- divididas em grande numero de varie- dades. I D'e3tas quatro espécies somente uma e que se cultiva para alimentação do homem ; mas que comprehende muitas variedades. Descaux classifica o Arroz., cultivado 9 so ARR ARR em dilicrcutcs regiões do globo, cm seis variedades botânicas, que podem ser consideradas como outras tantas ra- ças, nas quaes se incluem natural- mente todas as subvaricdadcs distinctas na cultura, e cujo numero é tal, que Lechenault de Latourt menciona trinta cultivadas nas visinlianças de Pondi- cliery; Qlleme^ cita vinte e uma, cul- tivadas em Mysore. As variedades, por structura externa, podem dividir-se em duas classes : Arroz harhado [oryza sativa)^ q Arroz sem barha [oryza mutica). Entre as variedades barbadas Des- vaiix menciona como mais notáveis • a Oryza, scUica imhcscens, cultivada na Itália, a Oryza rulribarlis ^ cultivada na America Septentrional ; a Oryza S. 3íar- giíiaia, cultivada na índia , e a Oryza elongaía, cultivada no Brasil. Entre as não barbadas distinguem- se a Oryza muiica ãenuãata, cultivada na Itália e a Oryza sargJioiãea, cultivada na índia. Quanto ás cores, em ambas as classes se encontram o Arroz branco, amarello, côr de rosa, vermelho, trigueiro, etc. O celebre Poivre introduzio na liba de França a cultura de uma variedade de Arroz iranco da Coehincliina, cultivável nos terrenos seccos, a que se deu o nome de Arroz 'perenue ou de Arroz da monlanlia. Mas esta espécie, que requer, como as outras, um terreno liumido, não exige todavia a submersão, como as esjiecies geralmente conhecidas; basta que na localidade as chuvas sejam regulares, ou que se possam irrigar artificialmente os arrozaes, não exigindo a sua cultura senão terrenos análogos aos dos outros cereaes. Esta espécie divide-se em duas varie- dades : uma longa e outra redonda. A primeira tem imia pellicula verme- lha, que communica uma parte de sua côr ao grão, sem todavia communicar-lhe máo gosto. A segunda produz sobre as montanhas e collinas, mas somente nos paizes onde as chuvas são regulares e abundantes . Fallaremos adiante d'esta variedade. As variedades mais estimáveis da ín- dia são as denominadas heuapcli e yuti- dali. O Arroz imperiat, cultivado na China, parece ser o mais tcmporão de todos, porque exige para amadurecer menos a terça parte do tempo do que as outras variedades de Arroz. No Japão existe uma variedade de grão mui pequeno e mui branco, que dizem ser a melhor espécie conhecida. O trigo por excellencia, o trigo Sarra- ceno, o centeio, a aveia, o milho, a man- dioca, o Arroz^ e póde-se accrescentar, as batatas, são as principaes plantas ali- mentares • o pão do género humano. O Arroz sustenta talvez mais das duas terças partes das raça humana aisse- minadas em todos os pontos do globo, e povos ha que quasi exclusivamente se nutrem com Arroz, ou pelo menos que com elle formam a base principal da alimentação, taes como os Chins, a maior parte dos habitantes da índia, do Ja- pão, etc. Durante muito tempo considerou-se o Arroz como planta originaria da índia ou da China, mas sabe-se agora que em di- versos pontos da America e da Africa existem variedades de Arroz indigona, no estado selvagem, susceptível de melho- rar muito pela cultura. Pouco a pouco a cultura d'este cei"eal se propagou não somente nas regiões tropicaes, como também em muitos paizes temperados, na Hespanha, na Itália, em França e ultimamente em Portugal e até em algumas partes da Allemanha ; póde- se dizer que ella prospera nas regiões do Sul das quatro partes do mundo. Sabe-se que a cultura do Arroz na Ame- rica Septentrional, que apenas começou no fim do decimo sétimo século, tomou um immenso desenvolvimento. Os estados da Carolina do Sul e do Norte, da União Americana cultivam par- ticularmente uma variedade considerada como de qualidade superior a todas as outras, excepto a do Japão que acima mencionamos. O Arroz é uma planta annual, cujo caule é uma vergontea fina, de quatro decimetros a um metro, revestidas de fo- ARR A RR lhas longas abarcantes e estreitinha^, de verde mui lindo ; na epocha própria sahe um cacho, com ilòres nas summida- des,que parecem umas pevides; formam- se os fructos que são cariopses, cobertos de um envoltório paleaceo, de forma ellyp- tica, sulcado longitudinalmente ; dentro ha uma semente branca, rica de uma substancia amjlacsn, que é a parte usada como comestível em todo o mundo. No Império do Brasil, nos terrenos baixos, nas margens dos seus rios, e na costa maritiçQa e sobretudo nas provín- cias do Maranhão e Amazonas, cultivam o Arroz, e exportam em grande quanti- dade. O Arroz cada dia se torna mais impor- tante como artigo de consumo, tanto por seu uso alimentício, como por erapregar- se na produceão da gomma, usado ou para alimento ou outros fins domésticos. Usa-se na Europa o Arroz para d'elle se extrahir o amido. A gomma é muiio usa- da para imbuir fazendas de linho e de algodão, e preparal-as para servir depois de lavadas. Para este fim se faz immenso consumo de amido, e o Arroz é uma das substan- cias mais extensamente empregadas para d'elle se extrahir este principio. Propriedades medicas. — É emolliente, frequentemente empregado nas inílam- mações do tubo digestivo, e em cata- plasmas, contra as inflammações, abces- sos, etc. Caracteres da família. — Plantas her- báceas, annuaes ou vivazes, raras ve- zes subfructescentes, de apparencia toda particular e muito earacteristica, tendo um caule geralmente íistuloso, oíFere- cendo de distancia em distancia nós cheios, d'onde partem folhas alternas e invaginantes. Esta bainha que pode ser conside- rada como um peciolo alargado, é fen- dida em todo o seu comprimento, e apresenta em seu ponto de juncção com a folha uma espécie de collo mem- branoso, ou formado de pellos, que se chama collura ou ligula. As flores são dispostas em espigas ou em paniculas mais ou menos ra- mosas. Estas flores são ou solitárias, ou reunidas, varias juntamente, for- mando gruposinhos que tem o nome de espiguetas. Na base das espiguetas ou das flores solitárias, acham-se duas escamas : uma externa, outra interna formando a le- picena; raramente a escama interna falta e a lepicena é univalvular. Cada flor se compõe de duas outras escamas formando a gluma, de esta- mes geralmente em numero de três, ás vezes menos, raras vezes mais. Os filetes são capillares. As antheras bifldas em suas duas extremidades. Pistillo formado por um ovário uniflo- cular, monospermico, marcado por um sulco longitudinal em um dos seus lados, por dois estjletes, e dois es- tigmas pillosos e glandulosos; rarís- simas vezes o estylete é simples ou bifurcado na parte superior. Fora do ovário na face opposta ao sulco observa-se em um grande nu- mero de géneros duas pequenas pa- lhetas de forma variada que consti- tuem a glumella. O fructo é uma cariopse, mui pou- cas vezes um akenio liso ou envol- vido nas valvas da gluma, que se des- prende e cahe com elle. O embryão tem uma forma discoide, e é applicado na parte inferior d'um endosperma farináceo. Aa*POz at3>ini«' do Rio de tjíaiieÊaro. — V. Carrapicho de beiço de hoi. Arruda «1» Casnpo, ou de S. PaíBlo. — Hypericum teretiusculum, St. Hil. — Fam. das Hypericaceas . — Esta planta herbácea nasce naturalmente no Brasil e recebe o nome acima em S. Paulo. É de ramos ascendentes; nas partes superiores de quatro goramos ou faces, folhas pequenas, compridas ; flores em cachos. O fructo é uma capsula de forma al- longada. ArrutSa da Europa. — Ruía gra- veolens, Linn. e Sp. — Fam. das Rutaceas. — Vegetal cultivado no Brasil. É natural da Europa; se bem que acclimada ha muitos annos esta planta entre nós, com tudo nos nega a sua florescência, que raras vezes se observa. É nm subarbustosinho elegante, até 1 metro e 12 centímetros de altura, pouco mais, ramoso, suas folhas dis- postas em palmas, miúdas; todas as suas partes são de um verde azulado. As flores que se reúnem om cachos, são amarellas e pequenas; todas as partes da planta derramam um cheiro mui activo mas pouco agradável. Os fructos são pequenas bagas de cinco cocas ou lojas. Propriedades medicas. — É estimu- lante, anthelmintico, emmenagogo, em- pregado na amenhorrea , chlorose , e hysterismo. Internamente 4 grammas para 400 grammas d'agua, para infusão. Arruda do mato. — Pelocarpus officinalis, Ahl. — Fam. idem. — É uma planta que recebe este nome no Ma- ranhão. Propriedades medicas. — É emprega- da como excitante em banhos. Arruda do aitato ou Anil dos S>o1)re@. — Indigofera similerula. — Fam. das Leguminosas. — É um arbusto peque- no de Pernambuco ; seu compxnmento é de 1 K a 2 metros, esgalha pouco; de côr acinzentada ; folhas dispostas em palmas, miúdas, de verde azulado, mui semelhantes á primeira vista com a Arruda exótica ; as flores em cachos miu- dinhos. O fructo é uma pequena vagem de poucos centímetros de extensão, roliça, curva, com poucas sementes, á seme- lhança do feijão. O principio corante d'esta é em maior proporção. Propriedades medicas. — O cosimento feito do sueco d'esta planta é empre- gado contra o veneno das cobras , e aproveita nas dores de dentes. Artlkeiiiiâa. — Artemizia viilgaris. Linn. e Lamch. — Fam. das Compostas. — Herva natural da Europa e acclimada nos nossos jardins; é uma planta quasi AEV ARV S3 rasteira entre nós, pois não eleva seus ramos a mais de 12 ou 24 centímetros do chão. Ornada de folhas recortadas, e ele- gantes ; a parte inferior é esbranquiçada e pubescente. As flores em cachos, que ás vezes são grandes ; botõesinhos amarellos, co- roados de palhetinhasfoliaceas, brancas, com cheiro activo. Os fructos são pequenas bagas pretas. Esta planta serve de ornamento de jardins, e como tal a apreciam. Propriedades medicas. — É emmena- gogo e anti-hysterico. Internamente 10 grammas para 1000 grammas d'agua, em infusão. Arvore «lo Allio. — Ccrdana al- liodora^ R. — Fam . das Borragineas. — É uma arvore alta, oriunda do Peru, Chile e do Brasil ; suas folhas alter- nas oblongas e ovaes ; as flores em cachos. Esta planta exhala um cheiro de alho mui pronunciado ; as formigas gostam de comer suas folhas, princi- palmente uma certa espécie de formiga miúda. Propriedades medicas. — É usada em banhos como estimulantes. Arvore «fie Cera. — Myrica ceri- fera^ Linn. — Fam. das Marantaceas. — Esta arvore vegeta nos Estados Unidos da America em abundância. É de pequena altura, tem a casca acinzentada, as folhas alternas e lan- ceoladas. As flores em espigas cobertas de escamas, são de sexos separados O fructo ^é redondo, do tamanho de uma pimenta do reino (pimenta da índia) . Fervem em agua os fructos, e com uma espumadeira tiram a cera dá agua ; coagula-se essa cera que fica de côr esverdeada, depois torna-se consistente e amarella, e com ella fabricam-se vellas, que exhalam um cheiro mui agradável durante a com- bustão . Ai^vore «Ia lã. — V. Barriguda. Arvore «le Pralna. — Choriziaspe- cíosa, Si. Hil. — Farti. das Bombaceas. — É uma arvore agreste, conhecida no Eio de Janeiro, Minas Geraes e suas visinhanças. É de porte alto ; folhas digitadas. Suas flores são um tanto grandes, brancas, com muitos filetes no centro. O fructo é uma capsula, cujas se- mentes são envoltas em uma espécie de lã, da qual se usa para encher col- chões e travesseiros. Caracteres da faíiilia. — São arvo- res ou arbustos, originários dos paizes intertropicaes, de folhas alternas, sim- ples ou digitadas, munidas na base de duas estipulas persistentes. O cálice algumas vezes acompanhado exteriormente de algumas bracteas, é gamosepalo, de cinco divisões imbri- cadas antes do seu desabrochar, outras vezes inteiro. A corolla, que falta ás vezes, se compõe de cinco pétalas regulares. Os estamos, em numero de cinco, dez, quinze ou mais, são monadelphos e formam superiormente cineo feixes, que trazem, cada um d'elles, uma ou varias antheras, uniloculares. O ovário é formado de cinco carpel- las, ora distinctas, ora ligadas entre si, e terminadas cnda uma em um es- tylete e um estigma ; algumas vezes se soldam em um só. Os fructos são em geral capsulas de cinco cocas polyspermicas, abrindo-se em cinco valvas, ou são coriaceas, carnosas interiormente, e ficam inde- hiscentes. As sementes, muitas vezes cercadas de pellos ou de penugem, tem algu- mas vezes um endosperma carnoso, cobrindo um embryão cujos lobulcs são lisos ou com asperesas. O endosperma falta ás vezes. ASS AVA - Arvore «lo iiajiel. — V. Pão faixei. Arvore tSe gião. — F. Friicla pão. Arvore «ia pureza. — Yucca glo- riosa., Linn. — Fan. das Liliaceas. — Ar- busto exótico, aeclimado no Brasil. É das Américas Meridional e Septentrional. Cresce no Canadá e no Peru. Assim a chamam em Pernambuco. E' ornamento de jardins, tem o aspecto do npsso Coroatá., folhas radicaes grossas e grandes, em forma de espadas agudas ; eleva-se no centro um caule escamoso e verde, lançando do meio d'essa tou- ceira, uma haste que termina em ponta, e dá inflorescencia em forma de espiga, sendo as flores de còr branca e ele- gantes. Arvore triste. — F. Açafroeira., Asss4£'w. — Hiira crcpitans, Linn. e Lamli. — Hura brasilietisis . — Fam. das Eu])]i07']jiaceas . — Esta planta é natural do paiz ; vegeta espontaneamente pelas Cayennas, México e Antilhas, no Pará e Amazonas. É uma arvore collossal, de folhas subcordiformes, ovaes, igual e miuda- mente denteadas. Flores masculinas, dispostas em amento oblongo, femininas e solitárias. O fructo é uma capsula, lenhosa, multicocca, com uma só semente em cada loja. Do tronco d'esta arvore escorre por incisões um sueco leitoso, branco e acre. É este leite que se acredita ser um remédio cfflcaz, para a cura da ele- phantiasis dos gregos ; mas das expe- riências e observações feitas tanto no Pará como nas demais províncias, e ainda na Europa, o leite do Assacú per- deu esta reputação ; oxalá que assim não acontecesse. Os Índios empregam este leite como vermífugo, e também serve para em- briagar os peixes. (Fig. 8.) Asàtaliy. — Euterpe ediãis, Mart. — Fam. das Palmeiras. — Hexanãria Tri- gijnia, Linn . — Monadelphia . — Esta pal- meira^ a que no Maranhão chamão Jus- sara., é natural do paiz especialmente das províncias do Norte. É de mediana altura ; seu tronco (stipej fino e erecto sustenta no ápice o leque de suas folhas como as demais palmeiras. Deita para os lados uns cachos, dos quaes pendem pequenos fructos, á ma- neira de azeitonas. São de 3 centímetros ou pouco mais ; ovaes ou redondos, de côr roixa escura quando maduros, com uma pellícula fina exterior ligada a uma massa pouco es- pessa da mesma côr, e um caroço no centro, duro ; logo depois da polpa ha um tegumento fibroso antes do caroço. No Pará os Caboclos fazem um vinho d'este fructo e reputam-no bom. Havia esta palmeira no Jardim Botâ- nico de Olinda. Assa-2>eixe — Boliemeria caudata. — Fam. das Urticaceas. — É uma herva de folhas oppostas e ovaes. Flores em longas espigas. É oriunda da America Meridional. Propriedades medicas. — É emprega- da em banhos contra as hemorrhoidas, e como diurética na dose de 2 grammas para 500 grammas d'agua, em cozimento. Assa-gieixe.— V. Pitiá café. Assueewa . — V. Açiícena. At«*!iú. — Begónia, Eyncs. — Arnm, St. Hil — Fam. das Begoniaceas . — D'esta planta os Botocudos apreciam muito as raízes assadas, porque tem o gosto da Machaxera. AvariSBíío. — Mimosa tmgniscati ., Linn. e Pison. — Fan. das Leguminosas. Propriedades medicas. — A casca é amarga e dessecativa; empregam-na contra as ulceras antigas, cancro, e internamente nas affeccões febris, na dose de 8 grammas para 500 grammas d'agua, em infusão. AVE AYA o«» A.\sity.— V. Milho grosso. Avessea lírasilieiíse. — Adiantlmm Hsoiúonim, Willd. — Fam.dos Fetos ^trihú das Polypodeaceas. — Este vegetal é do Eio de Janeiro; tem as mesmas vir- tudes da Cainllaria. Ha d'elle muitas espécies. Na Bahia se empregam as espécies dos géneros Acrosticum. Acros. Calornelamis^ Acros^ aureitín; hoje chamadas pelos botan- nieos — Gynogrmmm calomelatios., e Gy- nogrmmim stãfit^rea. Caracteres da família. — Plantas her- báceas e vivazes, tornando-se algumas vezes arborescentes nas regiões tropi- caes, e elevando-se então á maneira das palmeiras. As folhas (frondes) são ora simples, ora mais ou menos profundamente re- cortadas, pinnatifidas ou recompostas. Estas frondes oíierecem um caracter commum; o de serem enroladas ou envolutadas, no momento em que co- meçam a desenvolver-se. Os órgãos da fructiíicação estão or- dinariamente situados na pagina infe- rior das folhas, ao longo das nervu- ras ou na sua extremidade. Os esporulos são contidos em espécies de capsulasinhas ovóides ou deprimi- das, sesseis ou estipitadas, cercadas algumas vezes de um burlete em forma de annel elástico ; outras vezes, ellas se abrem por uma fenda longitudinal, ou se despedaçando irregularmente. Estas capsulas, grupando-se, formam montesinhos que se chamam soros, e que são cobertos ou de escamas, cuja forma é muito variada, ou pela mesma beira da fronde, diversamente enros- cada em forma de escamas orbiculares, reniformes, sesseis ou estipuladas. No género Píeris^ as capsulas estão postas debaixo da beira retorcida das folhas, a qual forma uma linha não interrompida. Nas espécies de Adianto ellas cons- tituem placasinhas salientes e isoladas, por causa da extremidade dobrada das folhas. Em certos géneros, são isoladas ; em outros, grupam-se e formam linhas mais ou menos allongadas. Os soros começam a desenvolver-se debaixo da epiderme, a qual levantam de maneira a ficarem cobertas por ella. Chama-se induzio á porção de epider- me que serve assim de invólucro aos soros. Em alguns fetos como as Osmondeas, e as OpMoglcsseas., etc, os órgãos da fru- ctiíicação são dispostos em cachos ou em espigas . AvesBca «la terra. — Polypodiíim aurezcm, Willd. — Fam. idem. — Dão este nome em Alagoas e em Pernambuco a uma planta trepadeira, cujo caule é coberto de pellos densos, macios, casta- nhos ou louros esbranquiçados. AvenquíiilGa. — AcJirosiicum calo- melanus. — Fmn. idem. — É peitoral esta planta. AyaiiaBia. — Exí'i[)atoriii,m. Ayapana. Veut. c Linn. — Fam. das Comjjostas. — Planta do Brasil de caule ascendente, quasi lenhosa na base, ramos roliços, fo- lhas oppostas, quasi rentes, lanceoladas, trinerviadas e accuminadas, quasi in- teiras e glabras ; flores em capitules, for- mando corymbos. Propriedades medicas. — A planta é amarga, aromática e diaphoretica; é con- siderada na medicina popular como bom remédio contra a mordedura de cobra. Na índia, para onde foi levada, é em- pregada contra a cholera-morbus. Internamente, o sueco expresso recente da planta, é tomado ás colheres, como sudorífico; usa-se a infusão na dose de 8 a 16 grammas para 500 grammas d'agua, e bebe-se ás chicaras. Externamente a planta contuza põe-se sobre a mordedura da cobra; o sueco ex- presso é empregado para limpar feridas antigas. Ayaiiaiaa cotoisosa. — Eupliorlia cotinifolea, Linn. — Fam. das Euphorhia- S6 AZA AZE ceas. — Subarbusto do Brasil ; suas folhas são oppostas. Propriedades MEDICAS. — É usada em cataplasmas contra os condylomas sy- philiticos. O sueco é um forte veneno com que os Índios do Rio Negro embebem as settas. Também serve para embriagar os peixes. Aypiíii. — V. Mandioca. Ayri ou Coqueiro. — Ayri, Astro- caryum Ayri^ Mart. e Mayer. — Fam. das Palmeiras. — É uma palmeira do norte do Brasil , cujo tronco é eriçado de muitos espinhos. Dá fructos que são bagas orbiculares carnosas, com o coco (vulgarmente cha- mado) ósseo, como o de quasi todas as palmeiras. Os indígenas usam dos espinhos d'essa palmeira como de pregos. Aza (le morce§:o , de follia grande . — Bossiaca unijugata. — Fam. das Leguminosas. — Monadelphia. Decan- dria., Linn. — Arbusto agreste por este nome conhecido nas Alagoas, Suas vergonteas frágeis inclinam-se sobre os outros vegetaes. Flores em cachos, pequenas. O fructo é uma vagem de quasi 24 centímetros de comprimento, lisa, po- lyspermica. As sementes acham-se unidas a um corpo glanduloso. Aza de inoreeg:o » de folha mi 11 da. — Fam. das Rubiaceas. — E' um arbusto do paiz, (trepadeira ou por outra cipó). O caule é quadrangular , as folhas oppostas, ellipticas, luzidias, pequenas e coriaceas. As flores são reunidas em feixes es- phericos ou hemisphericos, com um pé tubuloso campanulado. O fructo é uma baga vermelha, oval, coroada de fragmentos da ílôr. Sementes achatadas. Azeda. — Rumex aceloza, Limi. — Fam. das Polygonaceas. — Esta herva é cultivada nas províncias do Sul. Suas folhas são umas radicaes outras caulinares e abarcantes. Flores pequenas. As folhas comem-se. Propriedades medicas. — As folhas empregam-se em medicina para facili- tar a acção dos medicamentos purga- tivos; neutralisa o efifeito das substan- cias acres. Caracteres da família. — Plantas herbáceas, raras vezes subfructescentes, de folhas alternas, ínvaginantes na base» ou adherentes a uma bainha membra- nosa e estipular, enroladas pela parte inferior sobre a sua nervura mediana quando novas. Flores algumas vezes unísexuaes, dis- postas em espigas cylindricas ou em cachos termínaes. Cálice gamosepalo, offerecendo de qua- tro a seis segmentos, ás vezes dispostos em duas ordens e imbricados antes de sua evolução. Estames de quatro a nove, livres e com antheras abrindo-se longitudinalmente. Ovário livre , unilocular, oíferecendo um só ovulo erecto. O fructo frequentes vezes triangular, é secco e indehiscente, algumas vezes coberto pelo cálice que persiste. A semente contém, em um endosperma farináceo, ás vezes mui delgado, um em- bryão deitado e outras vezes unilateral. Aze«1iiilia do brejo, — Bignonia acida.; Yell. — Bignonia ulme folia., Linn. — Fam das Bignoniaceas . — Esta planta é da família e do mesmo género da Caroha e Carobinha de Pernambuco. Ha ainda as espécies seguintes: Big- nonia bideníada, Raddi. — Beg. sanguínea., idem. — Big. cucullata, Willd. — Big. hir- tella, Link. — Big. undulata, Otto. — Big. platatii folia. Propriedades medicas — O sueco é acidulo refrigerante e antiscorbutico ; e AZE AZO 57 empregado nos catarrhos da bexiga e nas dysenterias. Também a planta fresca cozida é co- mestivel. Azeitona da lerra. — Cuphea ní- tida.—Fam. das Zythrareas.— ^sU es- pécie vegeta no nosso solo, d'onde é indigena ; conhecem-na em Pernambuco e Alagoas por este nome. É um pequeno arbusto que cresce até 2 metros, pouco ramoso; ramos erectos, casca parda-escura. Folhas alternas, ovaes, ura tanto alon- gadas e coriaceas. Flores em espigas, quasi sem cheiro, de côr de rosa viva, são como rosinhas simples, com ura pé tubuloso; do meio d'ellas sahem seis filetes longos. O fructo parece-se com uraa azeitona ; é uraa baga de 3 centiraetros, oval, cuja pellicula externa é fina ; liga-se a uraa massa aquosa, roixa-escura como a pel- licula, e no centro tem ura caroço unido a esta raassa, a qual se come, posto que não seja muito saborosa. Ha outra espécie a que chamara brava ; differe apenas pela fructa que é mais oval, oblonga ; e por ter coberta a sua pe- riferia de pello curto e áspero, que ao menor contacto solta-se; também se come. Ambas tingem os lábios de roixo; seu sabor é acidulo e pouco doce. Caracteres da família. — Hervas ou arbustos de folhas oppostas ou alternas, de fiôres axillares ou terminaes. Um cálice garaosepalo, tubuloso ou urceolado, denteado no ápice. A corolla de quatro a seis pétalas, alter- nas com as divisões do cálice, e inseridas na parte superior do tubo. A corolla falta em alguns géneros. Os estames são em numero igual ou duplo do das pétalas, rarissimas vezes em nuraero indefinido. O ovário é livre, siraples, de varias lojas, contendo cada uraa d'ellas grande nuraero de óvulos. O estylete é siraples, terrainado em um estigma ordinariamente capitoso. O fructo é uma capsula, coberta pelo cálice, que é persistente, de uma ou va- rias lojas, contendo sementes unidas ao angulo interno. Estas sementes se compõem de um em- bryão desprovido de endosperraa. AzouiTue dos pobre». — Panax quinquefolium, Linn.—Fam.das Araliaceas. —Esta planta é também do território do Brasil, bera corao da America do Norte. É de caule herbáceo cora cinco folhas era palmas, inseridas nas pontas de pe- ciolos comrauns. Suas flores pequenas, era cachos um- bellados, são de sexos diversos. O fructo é redondo e achatado, com dois caroços dentro. Caracteres da família. — As Aralia- ceas constituem um grupo pouco dis- tincto das Urabelliferas. São vegetaes herbáceos, ou algumas vezes arvores elevadissiraas. As flores, igualmente pequeninas, são .dispostas em urabrellas simplices ou em umbrellas paniculadas. O cálice é do mesrao raodo adherente e denteado. A corolla, forraada de cinco a seis pé- talas. O ovário apresenta de duas a seis lojas monospermicas, e tera outros tantos es- tyletes, que terrainam em estigmas sim- plices. O fructo é ora carnoso e indehiscente, ora secco, e separando-se em tantas cocas ou lojas monosperraicas quantas lojas ha no ovário. 10 BAB BAC Buiiá. — T'. Coqidnho. Baba €l« Itoi «Sc CaM8|»iíia. — Acharia hahaía, —Fam. das Mahaceas. — Herva agreste .que vegeta pelas cam- pinas, reptante, de caule fino, roixo, pelludo. Folhas alternas, obliquamente cor- diformes, pubescentes, nos bordos re- cortadas. Flores solitárias, amarellas, grandes como rosas simples, com o centro purpurino escuro, e sem cheiro. O fructo é uma capsula cónica e coberta de pellos, que se divide em cinco compartimentos, cada um com uma semente. Esta planta tem este nome em Ala- goas ; também dão-lhe em Pernambuco o de Coraçãosinlio . Propriedades medicas. — É muitís- simo mucilaginosa, e empregada nas diarrhéas de sangue e hemorrhoidas. Balia de boi (coqidnjw) . — Cocos gommosa, Mart. — Fam. das Palmeiras- — E uma palmeira baixa, do paiz. _ Seu espique é pequeno e cheio de cicatrizes que indicam o ponto d'in- serção das folhas. O ívwcto — Baia í?e Ô02 — é uma baga de seis centímetros, oval, com esca- mas na base, de côr amarella, coberta de uma granulação preta; a polpa é amarella, mucilaginosa ; tem bom sabor. A amêndoa do caroço come-se. É mucilaginosa e gommosa. Seu caule é coberto de espinhos, e a madeira é negra. Os fructos são bagas, de polpa doce, de muito bom sabor, e passa por um dos melhores cocos ; mesmo scccos são mui apreciados. Baeaba. — Ocnocar^us hacaha, Mart. — Fam. das Palmeiras. — Esta palmeira é do Pará, é elegante; seu tronco ele- va-se a vinte e tantos metros. As folhas reunidas em um feixe terminal. As palmas são rectas. Os fructos são em cachos, de três centímetros de grandeza, ellipticos, roixos quando maduros, e listrados de branco. A massa é também roixa, e adhere aos veios brancos. O caroço coberto de fibras lisas, flexíveis, come-se, e os indígenas fazem com elle uma bebida. O fructo da Bacaha é mucilagínoso, e, quando maduro, os indíos usam d'elle como seu único alimento. Quando se cosínha este fructo elle deixa um sedimento que secco ao sol torna-se duríssimo. Este sedimento serve de recurso aos indíos para o tempo de fome, porque amollecido com agua, forma um ali- mento nutritivo. Ha duas espécies d'esta palmeira. Baboré. — F. Bamhoré. Baliosa. — F. Herva babosa. Babuailta ou Cocf^Beâfo Babai- nlta. — Guilielma insignis, Mart. — Fam. das Palmeiras.— i. uma paJ- meira da Bahia. Baeaisiaríe. — É uma planta ape- ritiva, desobstruente ; também appli- ca-se externamente. Baeaíc. — F. Abacate. Baccliarstla ou Baccbanfa. — BaccJiarís brasiliana, LinneSpl- — Fam> das Compostas. — Falíamos de uma das espécies do Brasil. Planta herbácea, de caule quadrado, folhas ovaes, obtusas, um pouco ve- nenosas, ásperas e sesseis. BAC BAC Flores em cachos, alternas, grandes e de dois sexos. A fructinlia é coroada por uma es- pécie de penacho simples. ISaef3anris»;a3i«]ie]i»ii(Eiaiia. — Tem as mesmas propriedades da ante- cedente. BaccltariH aB*tí enlata. — Bac- charis articulado.— Ba ccMris articutatn.— Fam. das Coupostas. — É uma erva amar- gosa, resinosa e aromática : ella é suc- cedanea da Los7ia. Propriedades medicas. — É empre- gada contra a dyspepsia, debilidade intestinal, ou mesmo geral,- e anemia consecutiva á perda de sangue. Administra-se em pílulas com o ama- rello da casca de laranja. Baco]>ari do Campo. — Cahjpso campestris, St. Hil.— Gijnandria ononan- ãria, Linn. — Fam. das Hippocraticeas. -^Arbusto que vegeta nas plagas de S. Paulo e Goyaz. É ramoso, de casca lisa, folhas mé- dias e oblongas. Flores em cachos. Fructo carnoso, globoso, com um ca- roço dentro; raramente dois ou três. Floresce em Agosto, e dá as fructas em Setembro e Fevereiro. Caracteres da família. — Fructices ou arbustos geralmente glabros e sar- mentosos, trazendo folhas oppostas, simplices coriaceas, inteiras ou den- teadas. Flores pequenas, axillares, fascicu- ladas, ou em forma de corymbos. O cálice é persistente, de cinco di- visões. A corolla se compõe de cinco péta- las iguaes. Os estames são em geral em numero de três, raramente de quatro ou cinco, tendo os filetes reunidos pela base; e formando um androphoro tubuloso. O ovário é trigono de três lojas, contendo cada uma quatro óvulos in- seridos no seu angulo interno. O estylete é simples terminado em um ou três estigmas. O fructo é ora capsular de três ân- gulos membranosos, ora carnoso. Cada loja contém commumente quatro sementes. Estas têm um embryão erecto, des- provido de endosperma. Bacopari cie d\\ioe\vsí. — Fam. das Gutti feras. — Arbusto romano; ve- geta nas Alagoas, onde lhe dão este nome. Folhas oppostas, oblongas. Flores de côr branca. Dá um fructo á semelhança de um ovo de galinha ; uma parte é coroada pelos restos do antigo tegumento floral, tornando-se a outra parte baça, de côr amarella barrenta. O pericarpo é áspero, grosso, coriaceo, de espessura de % centímetro; dentro é branco e com duas lojas contendo uma porção de sementes redondas, com uma parte convexa e outra plana, de subs- tancia córnea semi-transparente pare- cendo cera branca; ellas são envoltas em polpa amarella, doce e comestível, porém um pouco enjoativa. Baeoparl «la iiiatta. — Fam. idem. — Fructa agreste conhecida nas províncias de S. Paulo , Rio de Ja- neiro, Minas, Pernambuco, Pará e Ala- goas. É proveniente de uma arvore Baco- pariseiro; tem folhas regulares, e flores brancas. O fructo do tamanho de 3 a 12 centímetros, de forma oblonga arredon- dada, côr amarella de gemma d'ovo^ na maturidade, compõe-se de um corpo car- noso no interior, esbranquiçado, com três caroços pretos, cobertos de uma substancia albuminosa e doce. Come-se uma e outra cousa. Tem um sueco leitoso, que queima os lábios. Os de Capoeira, dííferem pouco, so- mente em ser menores , e menos abun- dante de sueco leíto.-o. f;o BAG BAM Kaeoráo. — V. Apoiiacoáãa. Bacnry. — MoronoMa coccocmea, Auhh — Syflinonia glohuUfera^ Linn. filho. — Fam. das Guttiferas. — Arvore alta, lac- tifera, das mattas do Maranhão e Pará, aonde é conhecida por este nome. O tronco é grosso, de folhas regulares. As flores brancas ou vermelhas, não pequenas, á semelhança de um copo. O fructo de 12 centímetros de grandeza, redondo oval, de casca amarellada, grossa e áspera; os caroços dentro em numero de três a cinco, que são propriamente convexos de um lado e plano de outro ; são de um amarello fusco. Esses caroços estão entre pevides molles e brancas, que não fazem parte d'elles. A massa é de sabor acre-doce; dá excellente doce, que passa n'aquellas províncias por um dos melhores; do caroço extrahe-se um bom azeite para luz. Ha outra espécie que differe da supra por ter o fructo mais oblongo, porém menor. Baeory nteinbeca. — Arvore que cresce nas margens dos rios e nos lugares húmidos. Os fructos são azedos, mas os Índios não os regeitam. Baeuri. — Plaionia insignis^ Mart. — O mesmo Bacuri. Bariiripari. — V. Bacuripari ou Bacuri. B afta rei ra. — V. Carrapateira. Ba{s;a da praia. — Coccoloia iivi- fera, Linn. e Spl. — Fam. dasPolygalaceas. Arvore alta da America Meridional, de folhas grandes cordiformes, e flores em cachos grandes, pendentes, pequenas, e avermelhadas. Os fructos ovaes e vermelhos, ácidos, comestíveis, e carnosos ; comem-se com assucar ; também se pôde preparar com elles um vinho. Propriedades medicas. — Os fructos fornecem um extracto adstringente que p(3de empregar-se nas diarrheas e leu- corrheas. Bafiiflha.— F. Baunilha. Bálsamo ou coral. — Curcas mul- tifida, Endl. — Fam. das Ewphorhiaceas . — A seiva da arvore passa por vulne- raria; as sementes, descascadas e seccas, fornecem um óleo purgativo, que em- prega-se na dose de 4 até 8 gottas, sem possuir a qualidade corrosiva do óleo de croton. BalsantOy pé de perdiz. — V. Herva mular. Bambão. — 7. Melancia da praia. Bamboré. — Solanurii papilosum. — Fam. das Solaneas. — Chamam-lhe tam- bém Bamhoré ou Laranginha do matto^ nas Alagoas e Pernambuco. É uma fructinha agreste e indígena proveniente de um arbusto elegante, de casca alvadia e lisa. Folhas grandes, luzidas, ovaes e ob- longas. Flores como estrellas esverdinhadas. O fructo é de 3 a 6 centímetros de grandeza, e de forma cónica ; o peri- carpo é amarello-esverdeado , eriçado de protuberâncias flexíveis ; dentro ha uma polpa aquosa, amarella, semeada de muitos grãos reníformes, como que dividida em quatro alojamentos ; essa polpa se come, e é muito boa ao pa- ladar. Baseiibú. — Guada angustifolia^ Kaunt. — Bambusa gtiada., fftimb. e Bonp. — Fam. das Gramíneas. — Os Bambus são plantas das regiões quentes : sua pátria mais lata é a Ásia ; mas nem por isso deixa de possuil-os a região equatorial ; o nosso Amazonas, e algumas das pro- víncias do sul possuem-nos ; entre essas espécies que ornam aquelle abençoado terreno ha também os Bambus (Guada.) BAM BAN 61 É de um porte arbóreo, e pode cha- mar-se o Gigante das Gramíneas. Seu caule toma as proporções de um tronco de altura immensa, com um diâ- metro de mais de 12 centímetros, apre- sentando nós de distancia em distan- cia, á maneira de taboca; é òco ou tu - buloso e ramoso. As folhas, grandes em proporção, são palmas. As flores em cachos grandes, cujos fructos são carnosos segundo a orga- nisação das Gramíneas. Dos nós que existem no tronco d'estas Gramíneas se extrae um licor gommoso e doce, que se acha concretado na cavi- dade do tubo e que é conhecido pelo nome de Tahaxír. Mas é só na Ásia aonde este licor é celebre por lhe attribuirem maravi- lhosas propriedades. Os nossos indigenas no Pará servem- se dos gommos do Bamhú para guardar líquidos, pondo-lhes uma tampa, servin- do-lhes de potes para agua e outros mis- teres. No Rio de Janeiro as escadas de mão para as armações dos templos são feitas do Bamhíí porque ficam muito altas e pesam menos do que as de outra qual- quer madeira. Bainbú «Ia lutlia. — Bambusa arun- diiiacea., Rhecd. e Bump. — Fam. idem. — Ha Bar/ibús cultivados entre nós que são adquiridos da índia, sua origem, d'onde passaram ao nosso paiz. E' um arbusto de caules em touceira com o porte do Taquari; mas sua fo- lhagem não é de um verde claro como o d'este, sim de um verde escuro não embaciado, porém com a superfície lisa. Cada planta de per si forma um grupo tal, que parece uma reunião de muitas plantadas no mesmo lugar. O caule é como está descripto no Guada. As folhas oblongas e lanceoladas, abra- çam o caule. As flores dispostas em ramos esga- lhados, parecem sementinhas, como são as de todas as Gramíneas., em que con- fundem-se as flores com os fructos. Na Ásia, pátria por excellencia dos Bamhús, vêem-se grandes extensões de terrenos cobertos de Bambus., que com os ventos se agitam uns sobre outros de tal maneira, e cujo estrépito é tão forte, que muitas vezes assusta aos vian- dantes ; até asseveram pessoas de cri- tério que já tem pegado fogo pelo des- envolvimento do calor, quando a fricção chega a certo gráo. E' d'estes caules que os chins e outros asiáticos fabricam tantos objectos d'arte, curiosos e de valor. Da pellicula da casca fabrica-se o papel da China. As folhas envolvem as caixas que nos conduz o chá da índia. Os gommos servem de vasos, benga- las, conductores, lanças, flechas, pennas de escrever e para construcção de casas e moveis. Entre os chinezes as venezianas são feitas de Bambus. Os caçadores apoderam-se de um pe- daço que tenha o nó no centro, de um lado introduzem a pólvora, e do outro o chumbo. Finalmente presta-se a ser fendida em tiras para fazer-se esteiras, balaios, ces- tos, etc, e nos navios utilisa-se para vergas, cabos, etc. Com as fibras fazem-se mechas para vellas . A dureza do Bambu é tal que os indios quando querem fogo, batem dois peda- ços de bambus um no outro, immediata- mente produz innumeras faiscas,e appro- ximando-se um pedaço de papel este incendeia-se immediatamente. Do nó de seu caule tira-se um assucar branco chamado tabaxir ; pela fermenta- ção dá um licor conhecido por Am^. Bananeira anã. — Hexandría mo- uoecia., Línn. — Mnsa [Nana). — Fam. das Musaceas. — D'esta espécie de vegetaes alguns são originários da índia, e cre- mos que outros são do Equador, e por consequência do Pará. São plantas reconhecidas pelos natu- tíS BAN BAN ralistas como os fjigantes das plantas herbáceas ; cora effeito, cilas tem um bolbo maior ou menor, como raiz ; vô-sc elevar-se d'elle um caule de dois a quatro metros pouco mais ou menos de altura, e de diâmetro proporcional ; seu tecido é de fibras do malhas largas, composto de cellulas, e todo aquoso ; no ápice abre- se um feixe, de folhas longas, de dois metros pouco mais ou menos, ellipti- cas, oblongas, no centro percorridas por um corpo da natureza do caule, que a elle se prende, e que é a ner- vura mediana, continuação do peciolo ; o limbo da folha é membranoso; rom- pe-se em tiras pelos ventos, e é de um verde bonito; sua parte inferior reves- tida de um pó cinzento esbranquiçado. No tempo da fructificação, deita uma vergontea do centro das folhas, da qual sahe um cacho com os rudimentos das fructinhas em grupos distinctos ; na parte superior cada fructinha tem no seu ápice uma flor, que fecundada pe- las outras, vai-se desenvolvendo pro- gressivamente; o mesmo acontece a todas as fructas do cacho. Na parte superior do cacho prolon- ga-se o eixo nú, formando um aggre- gado de membranas carnosas, roixas, compondo um corpo cónico, liso. Cada dia levanta-se um envoltório d'ess8S, e deixa ver um grupo deflo- res a que chamam favos, e que vão operando as importantes funcções da fecundação . , Estas flores têm um néctar io, que produz uma substancia liquida, albu- minosa, doce e agradável. Acabada a serie d'essa funcção, estão os fructos desenvolvidos com vários tamanhos, como havemos de notar. Este de que falíamos tem de com- primento 24 centímetros, e é de forma subtriangular ; apresenta um pequeno umbigo no ápice, e uma còr amarella na maturidade ; é aromática. A casca um tanto grossa, flexível, internamente cheia de fibras longitu- dinaes, que desprendem-se ; une-se a uma massa compacta, tenra, doce e agradável. No centro d'essa existem trcs divi- sões distinctas, mas adherentes á mesma massa, na qual se divisa sementes miu- dissimas, inseridas nos ângulos d'essa cruzeta. Esta espécie de bananeira, porém, é a de estatura mais pequena, que cresce até dois metros de alto. As folhas novas arroixadas, e as fructas quasi vermelhas quando novas, são depois avermelhadas ; o sabor não é dos me- lhores. As bananeiras são espécies ou exem- plos gigantes das plantas herbáceas, de um porte elegante, inteiramente particular, que lhes dão as largas fo- lhas de um bello verde-claro. Todas as bananeiras habitam os pai- zes tropicaes dos dois mundos, ellas gostam dos lugares baixos e húmidos e das margens dos regatos ; também é ordinariamente em semelhantes lo- calidades que se plantam bananeiras. A importância das bananeiras as tem feito notar em todas as idades, e ellas parecem ter sido cultivadas desde a origem das sociedades. Assim nós as vemos dar lugar a uma serie de fabulas e de conjectu- ras. Certos escrií^tores professaram que era a bananeira um d'esses vegetaes que for- mava a arvore com a qual o primeiro homem se cobrio de sua nudez, e que esse enorme cacho (de uvas) trazido a Moysés, da terra promettida, não era outra cousa mais que o cacho de uma bananeira. O Olans e Celsius designam os fructos d'est3 vegetal como sendo a famosa Dou- claim da Escriptura Santa. Theophrasto e Plínio faliam das bana- neiras. Avicense^ Seripião e Phages fazem d'ella um grande elogio; singulares supersti- ções reinaram e existem ainda a respeito do seu fructo. Bernanlvii de St. Piérre diz: que os portuguezes que chegaram primeiro ás índias Orientaes, não a cortavam jamais pelo meio, porque julgavam vêr no in- terior uma espécie de cruz, no lugar que BAN BAN 63 occupam os restos das cavidades ova- ricas. Refere-se que na Grécia o povo supers- ticioso está persuadido de que a bana- neira se abate sobre aquelle que lhe ar- rebatar o fructo antes da maturidade. As bananeiras são cultivadas em abun- dância nas três partes do globo, por onde passam as linlias tropicaes; e no Brasil póde-se dizer que não ha lugar nenhum que não as produza, e com muita abun- dância as differentes qualidades. Os seus caules encerram mucilagem e amido. Os egypcios dão-nas aos elephantes nas índias, assim como aos carneiros e ás vaccas. As íibras que ellas contém servem para fazer tecidos ou cordagem. Os naturaes de certas ilhas, princi- palmente das Philippinas, e os habi- tantes das índias Orientaes, d'ella fazem diversos estojos que elles tem debaixo d'agua. As folhas das bananeiras são empre- gadas para cobrir as cabanas ; alguns selvagens se vestem d' ellas, outros se servem d'ellas como espécie de esteiras para descançarem. Suas nervuras fornecem também fios de que se fazem tecidos, assim como cordagem e redes. Os fructos da bananeira come-se de mil maneiras ; na America, na Africa e nas índias elles alimentam certas classes da população. Em algumas Antilhas os habitantes nutrem-se com elles, e realmente por todo o Brasil é a fructa da sobremesa. Pisando-as obtem-se uma espécie de pão muito nutritivo, e que se conserva por muito tempo. Na Granada reduz-se esses fructas a farinha, que se embarca como provisão nos navios ; póde-se obter d'ellas uma bebida agradável. . Em summa, as bananeiras prestam immensos serviços ao homem. Humberto^ sábio agricultor de Mas- careigne, e Hmiholdt apreciaram as vantagens que pode oíferecer a cultura d'estas plantas. Este ultimo calculou que um terreno de 100 metros quadrados pode for- necer mais de 4,000 bananeiras, e que a producção da bananeira está para a do trigo como 133 está para 1, e para a da batata como 44 está para 1. Na Europa um meio hectare de ter- reno não basta para alimentação de dois indivíduos, ao passo que esse mesmo terreno sustenta cincoenta, sendo plantado de bananeiras. Propriedades medicas. — A seiva das baneiras é empregada como adstrin- gente. O seu fructo, quando maduro, é pei- toral, emolliente e nutritivo. Misturado com azeite de dendê é supurativo para os tumores. Caracteres da família. — Plantas herbáceas ou vivaces , despi'ovidas de caules, ou algumas vezes munidas de um bulbo em forma de caule. Folhas longamente pecioladas, abar- cantes pela base, muito inteiras. Flores grandíssimas , muitas vezes matizadas das cores mais vivas , reu- nidas em grande numero, e encerradas em espathas. "O cálice é irregular, colorido, peta- loide, adherente pela base com o ovário. O limbo é de seis divisões, três das quaes exteriores e três interiores. (No género Musa, cinco das divisões são externas e formam de alguma sorte um lábio superior; uma só é interna e constituo o lábio inferior). Os estames, em numero de seis, são inseridos na parte interna das divisões calicinaes. As antheras são lineares, introrsas, de duas lojas, e sobrepostas em geral á um appendice membranoso, colorido, petaloide, que é a terminação do filete. O ovário infero é de três lojas, con- tendo cada uma d'ellas um grande nu- mero de óvulos inseridos no angulo interno. No género Heliconia., não ha mais que um só ovulo em cada loja. O estylete simples se termina em um 64 BAN BAN estigma algumas vezes concavo , mas raríssimas vezes de três lobos. O fructo é uma capsula de três lojas polyspermicas, de três valvas, trazendo cada uma um septo no meio da sua face interna; ou um fructo carnoso e in- dehiscente. As sementes, algumas vezes colloca- das em um podosperma, e cercadas d e pellos dispostos circularmente, se com- pi5em de um tegumento ás vezes crustá- ceo, e de um endosperma farináceo, con- tendo um embryão axillo, allongado e direito. Bananeira de bico verde. — Musa bicolor. —Fam. idem. — Esta quali- dade de bananeira só diífere da prece- dente no cacho ser menor, e os fructos também menores : mas o arbusto é como o ordinário d'ellas ; é semelhantíssima a de S. Thomé., com a differença de ser menor 8 centímetros, e ter o umbigo verde, e o corpo do fructo amarello ; o que lhe dá um realce encantador. O gosto é como o da de S. Thomé. A estructura e descripção botânica das diíferentes espécies de bananeiras são como as já feitas da bananeira anãa, com as diíferenças que as narrações vulgares exprimem. fastidiosa, de côr amarella alaranjada forte. Cumpre dizer que no caule das ba- naneiras, os tegumentos mais exterio- res seccam e rompem-se longitudinal- mente, e servem de corda ; bem como as folhas seccas servem de enchimento de cochins, almofadas, etc, e para calçar vidros e impedir de se quebrarem no transporte, etc. Bananeira comprida. — V. Ba- naneira da terra. Bananeira ciiría. — F. Bananeira de S. Thomé. Bananeira maçã. — Musa. — Fam. Iderii. — É esta bananeira semelhantís- sima a de ,S'. Thomé., mas o fructo é mais roliço, de 24 centímetros de com- primento ; não mostra quasi as ares- tas dos três ângulos. A casca mais fina e lisa, e a massa mais macia e de bello -paladar; é mesmo mais saudável e agradável que as do- mais. Bananeira brava . — Heliconia bravia. — Fam. Idem. — É uma bananei- rinha indígena, chamada assim nas Alagoas e Pernambuco. * Esta espécie, semelhante á bananeira do matto, differe em suas folhas serem mais agglomeradas nas divisões, no fructo ser em forma de pêra ou oval, e ter mais sementes. Bananeís^a de Madagáscar.— Urania Ravenalia. Madagascarienses. — Foir. — Musacea U. Urania. — A copiosa seiva que escorre, quando se corta as nervuras das folhas d'esta bella bana- neira, fornece aos viajantes uma ex- cellente bebida; por isso tem-se-lhe dado o nome — Arvore dos viajantes. As sementes são nutritivas e fari- náceas. O invólucro (massa) da semente dá um excellente sebo vegetal. A planta cresce muito bem no Brasil, e merece ser cultivada em grande escala, por causa de sua utili- Baaaaueira de Cayenna. — ilfí^o; 1 dade. Chamamos para isso a attenção — Fam. Idem. — Nas mesmas condições dos nossos agricultores, das outras plantas acha-se esta ; o ve- getod e mui semelhante ao da bana- neira comprida, em virtude dos pecio- los e folhas serem mais luzidas, o ca- cho grande, os fructos do tamanho de 21 centímetros, ora mais ora menos. A polpa da fructa mais dura e mais Bananeira do Maranltao. — Musa. — Fam. Idem. — O fructo d'esta bananeira é de casca roxa, e grande. Bananeira do mato. — Heliconia sijlvestris. —Fam. 7í/í»í.— Esta bananeira BAN BAN 6; brava é indígena, conhecida em Alagoas e Pernambuco por este nome. Tem um caule quasi rente , com folhas semelhantes á das espécies acima mencionadas, porém menores que todo o vegetal. Terá de um a dois metros de alto ; do centro das folhas sahe uma haste ou pe- dúnculo, composto de escamas vermeUias, chatas, de figura elliptica, abrindo nas bordas, successivamente, flores quasi da mesma estructura. O fructo é uma bagasinha carnosa, oval, trigona com três grãos dentro. Não se come. Bastaueira do mato. — Camia brasiliensis, Limi. — Fam. das Amoma- ceas. — Planta que é indígena, com bulbo na raiz, folhas grandes, flores em ca- chos amarellos e vermelhos ; parece uma bananelrinha. Esta planta dá tinta vermelha; das sementes fazem-se contas para rosários. Propriedades medicas. — A raiz é diu- rética e antiblennorhagica. Das folhas pisadas e cozinhadas faz-se uma cataplasma emolliente. Bananeira meia pataca. — Musa. — Fam. idem. — E' uma bana- neira rara hoje em Pernambuco, onde lhe dão este nome. E' alta, e seu cacho tem 1 metro e 12 centímetros de comprido; é preciso o esforço de dois homens para o carre- gar. O fructo é grande. Bananeira de morcêg;o. — In- dígena e silvestre ; conhecida no Rio de Janeiro e S. Paulo por este nome. E' producto de um arbusto, que dá uma espiga estreita, mas de 18 centí- metros de comprimento; é amarellada, com um eixo no centro, e tem periferia cheia de fructinhas â semelhança de grãosinhos, que estando maduros, in- cham. Produz uma espécie de gelatina, que é boa de chupar-se. Os morcegos gostão muito d'essa fruta é d'onde lhe vem o nome. Bananeira de oiro. — Musa. — Fam. Id^m. — Cls. Idem. — E' uma ba- naneira que cresce multo como a bana- neira prata ; o fructo é liso e cheio, de 21 centímetros de comprimento. A casca por fora é roixa com man- chas rosadas. A massa ou polpa por dentro é de um amarello côr de gemma d'ôvo ; solta os filamentos no descascar. O sabor assemelha-se ao da banana da terra ou comprida. Bananeira de i)a|iag,-aio. — Ca- meraria Jasminifíora. — Fam. das Ai^ocy-' neas. — Arvore agreste, natural do paiz, chamada assim em Alagoas. E' de bello porte ; tronco esbranquiça- do, leitoso e de grandes dimensões. Suas folhas obovaes, oblongas, gros- sas, grandes e lustrosas. Suas flores são brancas, em cachos nas pontas dos ramos, tendo cheiro activo, e suave ; seus frutos, de 1 a 2 deci- metros, são em forma de fuso capsular, cheios de sementes dentro, envoltas em uma camada de fios sedosos, brilhantes; tudo isto lhe dá realce. É leitosa em todas as suas partes. Do peciolo da folha exsuda um leite copioso. Bananeira girata. — Musa ar- gêntea.— Fam. Idem. — Esta bananeira tem o porte da bananeira da terra, ou comprida, mas o fructo é muito mais pe- queno que a da terra ; regula com a de S. Thomé. A sua polpa è alva, d'onde parece vir- Ihe o nome que recebeu ; o seu formato é triangular e bem distincto. O seu sabor é agradável ; tem a casca grossa. É mui susceptível de degenerar, junto eom outras espécies de seu gé- nero. Bananeira saniburá. — Musa Angulosa., — Fam. Idem. — Esta espe- 11 66 BAN BAR cie de bananeira é semelhante a Anã, sendo mais elevada. Seus frutos são de 24 centímetros e mais; é a mais grossa das de seu género, tendo os ângulos mui salient9s. A còr da polpa • é de um amarello es- curo ,• não é muito saborosa. curti». — Musa paraãisiaca^ Linn. — Fcim. idem. — Esta banana ha tempos passa- dos, assim como a comprida ou da terra era uma das mais communs, ou para melhor dizer, a mais conhecida e vulgar em Pernambuco, porque a de Cayenna pouco apparecia no mercado,- entretanto hoje está um pouco escassa, tomando o seu antigo lugar a banana prata. Ella é quasi lisa, um pouco grossa, cheirosa e saborosa ; tem as folhas mais agudas, e o fructo mais macio que a da terra ou cor/iprida. Esta banana, como todas, nem só se come crua, como cozida, verde ou de vez, isto é, quasi madura, com peixe salgado, com mel, em doce secco, ou de calda, ou mesmo secca ao sol. Ella contribue muito como alimento nas fabricas ou engenhos de assucar e outras fazendas ruraes. O cacho d'esta bananeira só dá três pencas de bananas. Propriedades medicas . — As folhas são empregadas em banhos na urticaria, nos engorgitamentos dos testículos e in- chações chronicas das pernas. A seiva misturada com agua é útil nas aphtas das crianças. BíasaaaEeàs*» &!«> Taiíi. — Fam. das 3Iiisaceas, Lvrm. — Esta bananeira tem o dorso das folhas còr de violeta, e a casca da fructa quasi preta. l>a'B9lt». — Mnsa sapientium., Linn. — Fa^n. idem. — Esta é a que se chama na Bahia — bananeira da terra — impropriamente. Tem os caracteres da precedente, ele- vando porém o seu porte a maior altura. Rompem-se muito as suas folhas. I O cacho é grande, o fructo cresce até 36 centímetros, tem os ângulos salien- tes; curva-se mais e mancha-se muito de preto, na maturidade. A casca é a mais grossa; a massa é mais compacta que na de S. Thomé, mais resistente ao tacto, e a que melhor se torna quando assada ou cozida : tem todos os mais usos das outras. Esta é a espécie que os povos antigos julgavam ser o pomo do Paraizo, que Adão comeu. ISas-aSMB. — Arvore do Brasil, cuja madeira é estimável, para construcção e vários préstimos. lls5E*sfeít?aBaa ou GisairawiBsa.-r-il/í- lanoxilon Braúna. — Fam. das Legumino- sas.— É uma das arvores que ennobrecem a vegetação do Brasil ; a Baraliuna é co- nhesida nas diversas províncias do Im- pério como tal ou Guaraima. Nas Alagoas é mais conhecida por Maria Preta da Matta. E' arvore colossal, muito copada, sua folhagem, é miúda e lusida, destribui- da por palmas. Suas flores, em cachos, são amarel- las, e dá uma vagem comprida como a de feijão. Esta arvore tem o interior (cerne) roxo escuro, e duríssimo, e tanto serve para utensílios de marceneria , como para quaesquer outras obras de machinas de engenho, vehiculos e construcção ur- bana. A importância da Baraliuna é notável pela duração secular que tem, mesmo embebida na humidade da terra. Fornece uma tinta rubra-fusca. ISaa^líis fite ftode. — Cactaria pallens. — Fam. das Qramineas. — E' uma espé- cie de capim cujas hastes são sulcadas longitudinalmente , as folhas mui es- treitas em feixes, e as flores em grupos. Propriedades medicas.— E' aperiente e diluente; usa-se tanto interna como externamente, e neste caso applica-se em cataplasmas sobre a região do fígado. BAR BAR 67 Ba risa tle bode «le PernaBi»- liiteo. — Fam. das Cyperaceas. — E' uma espécie de capim indigena, cuja vergon- tea recta, sem nós e sem folhas, é cheia de uma matéria esponjosa. E' muito elástica : tem no ápice do caule um feixe de folhas, onde ha um aggregado de palhetinhas que envolvem as flores. E' mui procurada para gaiolas de pássaros. Nas Alagoas a Barha de Bode é outra espécie ; não cresce tanto e serve de pasto. Bapfia «le Boi. — Remirca mariti- rm^ AiM. — Fam. das Cyperaceas. — E' uma espécie de capim de caule ras- teiro, nodoso, com ramos que elevam- se, nos quaes tem feixes de folhas mui estreitinhas e duras. As flores tem a estructura da dos capins; vegeta nas praias. Ella foi achada pela primeira vez na Guyenna por Aullet. Propriedades medicas. — E' sudorífica e diurética. Bai!*ba ele VelSao. — Tillandsia us- neoides^ Linn. — Fam. das Bromeliaceas. — E' uma plalita do paiz, parasita. Cresce sobre troncos, e dá filamentos. E' mui aproveitada para ninhos de aves, e pode servir para confecção de cordas. Propriedades medicas. — Esta planta pisada e misturada com um pouco de banha fresca, constitue um bom un- guento anti-hemorrhoidal, topicamente applicado. Como adstringente o povo emprega a planta em saquinhos nas hérnias, col- locando-os e mantendo-os sobre o an- nel inguinal. Bar1»as de barata. — {Jsjo Bio de Janeiro chagas.) Propriedades medicas. — No Norte se faz uso d'esta planta em cosimento contra as anginas tonsillares, e dores de dentes. A infusão das fiores é purgativa. A raiz é anti-febril, própria para combater as febres terçãs. I5í?B*Iiasco. — Budãleja hrasiliensis, Swart. — Buddleia australis.^ Tell. — Fam. das Escrophulareas. — É um arbusto da America Meridional ou somente do Brasil ; de caules erectos, folhas peque- nas, ovaes, oppostas, flores em cachos, amarellas, em forma de angelicasinhas, tendo por fructo uma capsula, com va- rias sementes dentro. Propriedades medicas . — Mucilagi- nosa e levemente amarga, esta planta é empregada nas affecções peitoraes. Os clysteres de Barhasco ou os banhos feitos de seu cosimento são anti-he- morrhoidaes. Raiz ou folhas, 4 grammas para 500 grammas, de infusão. Bi^s>batBi»ão. — Mimosa virginaUs, Arr. Cam. — Stryplmoãeudroíi. Barhati- mão., Mart. — Acácia virgimdis, Phol. — Fam. das Leguminosas. — É uma das mais bellas arvores indígenas. É elevada, de casca áspera, folhagem em palminhas miúdas ; as flores dis- persas pelos ramos, nas axillas e pon- tos terminaes, são reuniões de flori- nhas delicadas, formando frocos que pa- recem bolotas ; o fructo é uma vagem deprimida; sementes á semelhança de grãos de feijão. (Fig. 9.) Propriedades medicas. — Esta planta gosa de uma grande reputação. É frequentemente usada nos casos que exigem os tónicos ou adstringentes ; taes como gonorrhéas, hemoptisis, ato- nia, ophtalmias chronicas, e afí^ecções scorbuticas. Barrigrsida . — Bombax ventricosa, Arr. Cam. — Fam. das Bomlaceas. — Arvore agreste do paiz, vegeta no cen- tro, raramente no littoral ; hoje porem é raro encontrar-se em qualquer matta. «8 BA.T BAT A arvore é grande ; seu tronco tem no meio um bojo similhanto ao da Macaibeira. Suas folhas em forma de palmas, são cinco a sete foUietns dispostas no ápice do peciolo commum. As íiores são brancas, não pequenas ; o fructo é um casulo membranoso. Do tronco d'c3ta arvore se fazem pi- rogas, e d'ellas se servem os Botocu- dos para preparar pedaços de páo, que introduzem nos beiços e nas orelhas. O fructo é uma espécie de pepino, que quando se abre deixa ver uma como que bellissima lã de côr branca, que se emprega em enchimento de traves- seiros e colchões. I>iirrig,-U8li% «lo serCào. — V. Em- hiraíanha. Barck. — Dipterix pteropiis, Mart. — Fam. das Leguminosas. — É uma arvore das províncias centraes do Brazil, do género do Cumaru. É uma espécie cujas sementes tem muita anologia e tem os mesmos usos quasi como o Cumaru. Ba8so»i*ia.. — Buddlcja connoAa., Mart. ePisson. — Fam. das Escrophularitieas. — É uma planta herbácea com as mesmas propriedades do Barhasco. iiUa . — Tíipeiçava. — Buddleja australis. — Fam. Idem. — Herva semelhante á prece- dente, cujas flores e folhas costumam-se empregar em cosimentos, e em clysteres nos soífrimentos hemorrhoidarios. Bitttiat-.s oii Coffueiro Bataná. — Oenocarpus Batayiá, Mart. — Fam. das Palmeiras. — É indigena esta planta das regiões do Alto Amazonas, entretanto o Pará é a sua especial pátria. Ella é semelhante á Bacaba, com as mesmas dimensões, dá um fructo tam- bém semelhante, pouco mais ou menos, de côr avermelhada na maturidade. Come-se, e faz-se uma bebida a que dão o nome de vinho. Batata. — Convolridus Batata, Linn. — Fam. das Convolmdaceas. — Esta serve como typo das batatas. Planta indigena da America Meridio- nal, e da índia, vivaz ; isto é, que vai sempre reproduzindo-se por ficarem raí- zes na terra. E herbácea, e alastra-se pelo solo ; ó lactifera. Tem folhas alternas, e os caules, que são rasteiros, enraízam no chão em di- versos pontos, e ahi brotam tuberas, que são as batatas. As folhas são cordiformes. A flor como uma campana roxa. O fructo é uma capsula ovóide, com quatro sementes. As tuberas são de todos os tamanhos e fói-mas ; sua casca é uma membrana fina, da côr da própria massa interna, que é frouxa, um tanto leitosa, fresca, doce, e de bom sabor. Come-se cosida, e assada ; d'ella também se faz doce. A casca é as vezes arroxeiada, e a massa é branca. Caracteres de família. — Plantas her- báceas ou subfructescentes, muitas vezes volúveis e trepadeiras, tendo folhas al- ternas, simplices, ou mais ou menos profundamente lobadas. Flores axillares ou terminaes. O cálice gamosépalo, persistente, de cinco divisões. A corolla gamopetala, regular, igual- mente de cinco lobos crespos, ou cinco estames inseridos no tubo da corolla. O ovário ó simples e livre, sustentado por um disco hypogynico ; elle oífe- rece de duas a quatro lojas, contendo pequeno numero de óvulos. O estylete é simples ou duplo. O fructo é uma capsula, oflTei^ecendo de uma a quatro lojas, contendo ordi- nariamente uma ou duas sementes, in- seridas na base dos septos ; ella se abre em duas ou quatro valvas, cujas bordas são applicadas sobre as divisões que ficam no seu lugar; mui raras vezes a capsula conserva-se fechada, BAT BAT Í50 ou abre-se em duas valvas sobre- postas. O embryão, cujos cotyledones ou lo- bxilos são machucados, é enrolado sobre si mesmo, e collocado no centro de um endosperma molle e como que mucilaginoso. Bi«(al» aaiiarella o(t GeríiBcti. — Convolvtihis. — Fam. das Convolvula- ceas. — Espécie semelhante á preceden- te; porém seu tecido ou substancia é amarello, com as mesmas propriedades. Também a chamam Batata, Gerimum. lR'AttAti\ poração magoado. — Convolvulus. — Fam. Idem. — É seme- lhante á outra, mas a pellicula exte- rior é roixa, a massa é branca, e no centro forma uma substancia roixa. . Por este nome é conhecida nas Ala- goas. Batata isig-Seza. — Solammi txéero- sum, Linu. — Fam. das Solanaceas. — Esta planta, originaria da America Septen- trional, é o vegetal mais precioso que a Europa tem tirado do novo mundo ; e é lá muito cultivado. É o producto de uma erva, de porte pequeno, esgalhada, ramos erectos, fo- lhas lobadas, e flores esbranquiçadas. Na raiz formam-se fibras, que se tor- nam em tuberas redondas, de còr aloi- rada, pellicula fina e superficie lisa, contendo algumas depressões redondas ; a massa é loira e de bom sabor. Os pontos deprimidos ou cicatrizes da superficie, são os pontos por onde rebentam os grelos. Suas tuberas, extremamente ricas de amido, são o alimento do rico e do pobre ; ella é também cultivada em todo o Brasil. O amido extrahido das batatas, a que dão o nome de fécula, é mistu- rado em grande escala com a farinha de trigo. Batata «Bo «aar. — Ipomcea marí- tima.— Fam. das Co7icolvulaceas. — É o mesmo que a Salsa da praia. Propriedades medicas.— As folhas, as flores, e as bagas são sedativas, narcóticas, úteis nas nevralgias e rheu- matismos. Emprega-se também nos cntarrhos chronicos, O tubérculo é emolliente e analep- tico; raspado ou triturado serve para cataplasma, que se applica sobre as queimaduras. O pó bem secco applica-se sobre as ligeiras escoriações, e no intertrigo das crianças. A batata é um poderoso antiscorbu- tico, quer crua quer cosinhada ; sendo crua, melhor. Bíttata «le |>iBi*ã;a. — Convolvuhis operculalus, Gom. — Piptostegia Gomesii Mart. — Fam. das Convolvulaceas. — Planta herbácea do Brasil, caule trepador sem gavinhas, quadrangular, de ângulos membranosos. Folhas ovaes, um pouco angulosas, inteiras, um pouco acuminadas, obtu- sas, mucronadas, molles, quintipenni- nerveas, na base formando um angulo re- intrante, verde escuras na face superior, e esbranquiçadas na inferior. Flores solitárias, pedunculadas, de pedúnculos axillares. Corolla infundibuliforme e amarel- la. Fructo capsular, raiz tuberosa fusi- forme, de 36 centimetros mais ou me- nos de comprimento, laetescente, con- tendo na raiz uma resina que é bastante purgativa, conhecida pelo nome de Resina de Batata. A fécula, que contém a raiz conhe- cida pelo nome de Gomma de Batata., tem a còr branca acinzentada. É ordinariamente um medicamento incerto, pelo que sempre convém usar-se da resina purificada. Propriedades medicas. — Essa batata conhecida no Rio de Janeiro pelo nome de Raiz de Jetiaicú, é usada como purgativa. Internamente a gomma,de2decigram- mas a 1 grammae7 decigrammas,e a re- ÍO BAT BAT sina de 1 gramma a 2 grammas e 2 deci- fframmas. ISittfat» 2»;«iiii9i;it. — Convolvulus edií- lis, Linn e Tumh. — Fam. das Convol- vulaceas. — Esta planta, introdnzida ha poucos annos no Brasil, 6 natural do Japão . É uma lierva de %. metro de altura, estendendo o seu caule com folhas divididas em três lobos ou lacinias, e peciolos compridos. As flores são roixas, como as das outras batatas. O fructo é uma pequena capsula, a tubera tem semelhança com a da ba- tata propriamente dita ; a casca porém é mais amarellada, e a massa mais en- xuta e saborosa. É alimentícia. Bat;atii «Se a^aa&aa ou Iia^saii&v fai'iaa!asa. — Fam. Dioscoraceas . — Nas Alagoas é conhecida esta batata por este nome. É uma planta trepadeira de folhas ovaes, coriaceas, de três lobos. As fliôres não observadas; oíferece pelos ramos uns tubérculos escuros, de 12 centímetros de comprimento, de forma angulosa, com a superflcie um pouco cheia de protuberâncias. Se bem que a casca seja lisa , oífe- rece também na raiz umas tuberas de casca grossa, cheia de radiculas ca- pillares, que tem chegado a 4 ^ kilo- grammos de peso ; acha-se uma massa branca, e farinácea ; depois de cosi- da , é enxuto, doce e muito boa para comei'-se. Dá esses tubérculos acima referidos, que representam bolbos reniformes , de côr parda-acinzentada, verrugosos, e que x-ei^roduzem a espécie. ÍS:-:ita4n. 5*oà-X3a. — Co7ivolmilus. — Fam. das Couvoloidaceas. — Esta espécie é como a primeira batata, a branca. A difterença consiste em não crescer muito ou tanto, e em que a casca e a massa são roixas. É das melhores ao paladar, e excel- lente para doce, mas muito rara, e diz-se que é a que mais flatulência produz. Itíid^utiiBlB». — V. Contra-herva. ISatc-testa. — V. Camapú. BafJBij^-it. — Eugenia duríssima . -r- Fam. das Mijrtaceas. — Arbusto de me- diana proporção ; tronco liso e madeira mui dura; é do paiz, conhecido em Pernambuco e Alagoas por este nome. As folhas são miúdas, oppostas. As flores de côr branca e com cheiro. O fructo pequeno, ovóide de côr roixa na maturidade, coroado por qua- tro palhetinhas foliaceas no ápice. Depois da pellicula externa tem uma polpa aquosa, acredoce, agradável, da mesma côr do fructo ; e um caroço, no centro, esbranquiçado. A madeira d'este arbusto é presti- mosa, muito dura e avermelhada, muito apropriada para esteios e outras obras d'esta natureza. Os fructos são temperantes, segundo aflirmam. BaíBpuatá ãíi^isivo. — GompMa ca- duca.— Fam. das Ochiaceas. — Arbusto médio, de porte bonito, mormente na epocha da floração ; vegeta no littoral. É ramoso, de folhas meio compri- das, luzentes. As flores são, em cachos grandes^ amarellas e fragrantes. Os fructos são uma espécie de tu- bérculos vermelhos, reunidos por gru- pos, de cinco óvulos, erectos, como encravados em um disco, cujo corpo é também vermelho e suculento. Dentro de cada coca d'estas ha uma semente que ó muito oleosa. Este óleo tem usos medicinaes, assim como tem o BatiptUá manso. Caracteres da família. — Vegetaes ligneos, mui glabros em todas as suas partes, tendo folhas alternas, munidas de duas estipulas na base; flores pe- dunculadas, raríssimas vezes solitá- rias, as mais das vezes dispostas em cachos ramosos. BAU BAU Os pedúnculos são articulados no meio de sua extensão. Elias tem um cálice de cinco divi- sões profundas, imbricadas lateralmente antes de seu desenvolvimento. Uma corolla de cinco a dez pétalas patentes, e imbricadas na epocha da jíSpíoração. Os estames variam de cinco a dez e mesmo mais, tendo os filetes livres, inseridos, assim como as pétalas, abaixo de um disco liypofyynico salientissimo, onde está implantado o ovário. Este é deprimido no centro, e pa- rece formado de vários pistillos dis- tinctos, collocados em redor de um estylete central, que parece nascer im- mediatamente do disco. O estylete é simples, e sustenta no ápice um nu- mero variável de lobos stigmatiferos. O fructo se compõe das lojas do ovário, que se separam umas das outras e que formam outras tantas carpellas dru- paceas, sustentadas pelo disco ou gy- nobasio, que cresceu. Estas carpellas, algumas das quaes abortam ás vezes, são unilocullares, mo- nospermicas e indeliiscentes; ellas pare- cem, de algum modo, articuladas sobre o gynobasio do qual se separam facil- mente. A semente encerra um grosso embryão erecto desprovido de endosperma. Btft tápMáá iBistfiB^o . — Gomphia Jabo- tainlA^ Limi. e Will. — Fam. idem. — É um arbusto semelhante ao precedente, e com o qual quasi se confunde. Propriedades medicas. — O seu óleo é applicado nas dores rheumaticas, ery- sipelas, feridas do útero e outras ulceras. É usado também na arte culinária. BuaaBBuliBa , — Yanilla aromática , Swart.— Fam. das Orchidaceas . — Efi- ãendron vanilla, Linn. — Planta herbácea das índias Orientaes. Cresce também no México, no Pcrú, na Colômbia, na Guyenna e nas províncias do Norte do Brasil ; mas no Pará é onde mais abunda. Ella é sarmentosa e trepadeira, tem os caules verdes, cylindricos, nodosos, da grossura de um dedo, munidos de ga- vinhas ou antes raizes adventícias, que se implantam na casca das arvores vi- sinhas, e servem tanto para alimental-a como para sustental-a, visto que a planta continua a vegetar depois de separada da terra. Folhas rentes , alternas , distantes , ovaes-oblongas, agudas, lisas, um pouco espessas, com nervuras longitudinaes. Flores dispostas, no ápice dos ramos, em cachos axillares pedunculados ; o pe- riantho ou envoltório dos órgãos sexuaes, é de um verde amarellado por fora, bran- co interiormente,' formado de seis se- palas. O fructo é uma capsula carnosa, verde a principio e depois de côr roixa escura, comprida e siliquosa. Sementes numerosas, pretas, globu- losas, repletas de um sueco roixo, espes- so e balsâmico. Colhe-se o fructo antes de estar ma- duro, para evitar que se rache, e deixe escorrer o sueco que contém ; faz-se sec- car á sombra, cobi-e-se com uma camada de azeite ; emflm fazem-se molhos com 50 ou 100 capsulas, e mettem-se em cai- xinhas de folhas. No commercio ha três espécies : 1.* Bannillia legitima^ é do compri- mento de 16 a 20 centímetros, da gros- sura de 7 a 9 milímetros, enrugada e sulcada no sentido do seu comprimento, mais estreita nas extremidades, e cur- vada na base; um pouco molle e viscosa, de côr roixa escura; cheiro forte, agra- dável. Conservada n'um lugar secco, e n'um vaso que não seja hermeticamente fe- chada, esta baunilha se cobre de cris- taes de acido benzóico;- é a mais esti- mada. 2.=^ Baunilha bastarda^ é mais curta, mais delgada, mais secca, de côr me- nos carregada ; c menos aromática e não effloroce. A ^.^ espécie, chamada Baunilhão, tem vagens de 14 a 19 centímetros de com- primento, ede 11 a 21 millimetros de lar- 9» BAU BAX gura ; ó mui escura, quasi preta, molle, viscosa, de cheiro forte e menos agra- dável que a das duas primeiras espé- cies, e parece ter ultrapassado o seu ponto de maduresa ; julgam alguns que não é fornecida pelo mesmo vegetal. Propriedades medicas. — É um dos excitantes mais agradáveis da matéria medica. É aphrodisiaca, emmenagoga, e diu- rética. É muito usada, sobre tudo pelo seu aroma na composição do chocolate. Internamente dá-se o pó na dose de 15 grãos até 1 oitava. Tintura de 4 a 8 grammas, em uma poção. Xarope, 16 a 32 grammas. Caracteres da família. — Plantas vi- vazes, algumas vezes parasitas, tendo lima raiz composta de fibras simples e cy- lindricas, muitas vezes acompanhada de iim ou de dois tubérculos carnosos, ovói- des ou globulosos, inteiros ou digitados. As folhas são sempre simples, alternas, invaginantes. As flores muitas vezes grandíssimas e de uma forma particular, são solitárias, fasciculadas, á maneira de espigas ou pa- nicula. O cálice é de seis divisões profundas, três das quaes interiores e três exteriores. Estas, frequentissiinas vezes seme- lhantes entre si, estão á vista ou aproxi- madas umas das outras na parte supe- rior da flor, onde formam uma espécie de capacete (cálix galeatus). Das três divisões internas duas são la- teraes, superiores, e semelhantes entre si: uma é inferior, d'uma figura toda parti- cular, e traz o nome de labello ou aven- tal. Elle apresenta ás vezes em sua base um prolongamento concavo chamado esporão (labellum calcaratum). Do centro da flor se eleva no ápice do ovário uma espécie de columella deno- minada gymnostemio, que é formada pelo estylete e pelos filetes estaminaes solda- dos, e que traz na face anterior e supe- rior uma depressão glandulosa que é o estigma, e no ápice uma anthera de duas lojas, abrindo-se quer por uma sutura longitudinal, quer por um operculo que forma toda a parte superior d'clla. O pollen contido em cada loja está reunido em uma ou varias massas, tendo a mesma f(5rma que a cavidade que as en- cerra. No ápice do gymnostemio sobre as partes lateraes da anthera, acham-se dois tuberculosinlios, que são dois estames abortados , e que se chamam estami- nodios. Estes dois estames são pelo contrario, desenvolvidos no género Cypripeãnm; ao passo que o do meio aborta. O fructo é uma capsula unilocular, con- tendo grande numero de sementes pe- queninas, inseridas em trez trophosper- mas parietaes, salientes e bifurcados do lado interno. Estas sementes tem o tegumento ex- terior formado de uma redezinha ligeira, e se compõem de um endosperma, no qual existe um pequenino embryão axillar e homotropo. BaiinilSBit (Ia B»ltía. palmarnm. — Fam. idem. Vanilla Propriedades medicas. — Applica-se nas febres adynamicas e nas nevrozes. BiQiinãlIia. l9va\s»,.—GijmMãium Va- nilla. — Fam. idem. — Hervaou pequeno subarbusto, parasita, volúvel, de caule cylindrico; vegeta exclusivamtÊnte sobre as palmeiras de Aricory. É uma planta verde sempre, de fo- lhas carnosas, duras e lanceoladas. As flores amarellas e grandes, sem cheiro, em pencas. O fructo é uma espécie de vagem, tendo dentro uma substancia branca, esponjosa ; contendo muitas sementes pequenas e pretas, cuja substancia in- terna se emprega contra os pannos ou ephelides da cútis, com feliz resultado. Bi^xiutia ou Coíiíieiro Ba- xÊiiff)a. — Sriartea ventricosa., Mart. — BEI BEI "73 Fam. das Palmaceas. — O friicto é co- mestível. Ha mais três espécies : Iriartea exor- rJieza^ Iriartea ãeltoidea, Iriartea seli- gera. Bayuciirú. — E uma planta her- bácea do Rio Grande do Sul, que tem um bulbo, que passa por especifico contra as hydropesias. Beijo «lo anato. — PMseolus ruiriis. — Fam. das Leguminosas. — Herva indi- gena, conhecida por este nome nas Alagoas. E uma trepadeira, de caule fino, folhas ternadas, de figura elliptica e estreitas. Flores como a do feijão, porém de côr vermelho-rubra. O fructo é uma vagem estreitíssima, cujas sementes assemelham-se ás do feijão; são rajadas de cinzento. Beijo de inòça. — Cosmos hipina- tns^ Cav. — Fam. das Compostas. — Flor de jardim, exótica, natural do México. Herva que chega até 1 %. metro de altura. Folhas em forma de palmas, com as flores no cimo dos ramos ; formam um circulo de laminazinhas rosadas, que tem no centro o aggregado de florinhas amarellas. Dá um fructo preto, de fignra pyri- forme, tendo por cima dois aguilhõesi- nhos. Propriedades medicas. — Usado con- tra a icterícia, e aflfecções biliosas. Beijo de palma. — F. Velhdo. Beijoeiro. — V. Estoraque. BeijoBiu. — Laurus Benzoin., LÍ7in. — StyraíB Benzoin., Rich. — Farii. das Styra- caceas. — E uma arvore que dá com abundância na parte Meridional de Sumatra, de Java e no reino de Syão ; também se encontra nos sertões do Brasil. Suas folhas são alternas, ovaes, chei- rosas, como também a madeira. Flores amarellas. Os fructos são bagas vermelhas, que se tornam escuras com o tempo ; o sueco resinoso e balsâmico corre por incisões, que praticam n'arvore. Este sueco é branco, mas pelo con- tacto do ar se solidifica e se torna es- curo. O Beijoim que nos trazem os serta- nejos é muito mal preparado, e por essa razão se vende por preço muito inferior ao que nos fornece o estran- geiro. O Beijoim queima-se nas igrejas, lan- çado nas brasas, misturado com o in- censo. Propriedades medicas. — Emprega-se como estimulante nas bronchites, as- thma, atonia de órgãos digestivos. O Beijoim entra na composição do Bálsamo catliolico muito usado nas con- tuzões, quedas e cortaduras. Na preparação do leite virginal, é em- pregado como objecto de toucador. Em loções nas manchas da pelle, sardas, etc. Caracteres da família. — Esta fa- mília encerra arvores ou arbustos de folhas alternas, sem estipulas, de flores axillares, algumas vezes terminaes. O cálice é livre ou adherente ao ová- rio infero. O limbo é inteiro ou dividido. A corolla é gamopelata, regular. Os estames, cujo numero varia de 6 a 10, são livres, ou monadelphos pela base. O ovário, ora supero, ora infero, tem ordinariamente quatro lojas, separadas por divisões membranosas e delgadís- simas ; cada uma d'estas lojas contém commumente quatro óvulos inseridos no angulo interno da loja, dois erectos e dois deitados. O estylete é simples, terminado em um estygma pequeno e singelo. O fructo é ligeiramente carnoso ; con- tém d'um a quatro caroços ósseos, e mais ou menos irregulares. 12 *94 BEL BEQ A semente é formada, além do tegu- mento próprio, d'um endosperina car- noso, que encerra um embrvão cyliu- drico; tendo a mesma direcção que a semente- ISelcBroeiça. — Portnlacca oleracea^ Linn. — Fam. das Portulacaceas . — Esta herva é originaria de ambos os liemis- pherios, e conhecida em todo o Império do Brasil. É de pequeno porte, quasi rasteira; ergue seus ramos de 24 a 48 centíme- tros, seus caules são carnosos e succu- lentos. As folhas oppostas, ovaes e também succulentas. As flores, reunidas nas axillas das fo- lhas e no ápice dos ramos, são ama- rellas. O fructo é uma capsula pequena, có- nica, que se abre por uma espécie de tampa, cheia de sementes mui pequenas, pretas e luzidias. A Beldroega, é planta muito útil ; serve de sallada, etc, e faz parte dos ca- rurus, etc. Ha duas espécies : Portulaca radicans, Mart. e Portulaca jiatens, Vell. Propriedades medicas. — Suas folhas, applicadas sobre as ulceras, obram como detersivas ; cosidas formam um appo- sito ante-hemorrhoidal. Seu decocto é diurético e lactifero. O sueco é anti-ophtalmico, e as se- mentes anthelminticas ; administra-se em forma de xarope, para este fim. BeSota da ioISaa decotada. — Liairis inciza. — Fam. das Compostas. — Delicada plantinha herbácea e sylves- tre; dão-lhe este nome nas Alagoas. É uma erva de 4 a 6 % decime- tros, de caules sulcados e roixeados. As folhas fendidas em lacineas. As flores em cachos no ápice dos ramos, formando como um jarrinho foliaceo, e tendo no seu centro uma reunião de florinhas quasi imperceptíveis e roixas. Bclota da l'©iaa» iaateira. — Lia- tris spatuUfoUa. — Fam. Idem. — É uma espécie semelhante á precedente. Esta porém tem as foUias em figura de espátula, e a face inferior da folha é esbranquiçada ; em tudo o mais é como a precedente. It'?BiiE9tefiiiei[*. — Caletidula officina- lis, Linn. e Si). — Fam. das Comj^ostas. — Erva cultivada entre nós e oriunda da Europa, que em alguns lugares cha- mam Malmequer e em outros Saudade. É uma planta quasi rasteira ; ergue porém a summidade dos ramos, e tem as folhas um tanto grossas nas pontas dos ramos. As flores são constituídas pela reu- nião de muitas linguetinhas estreitas reguadas, dispostas em um receptá- culo commum, formando como que uma rosa branca ou amarella. D'esta côr são as mais lindas ; tem um cheiro um tanto pronunciado se- melhante ao da Macella. Propriedades medicas. — É usada nas afíecções nervosas e hystericas. Beaação «le Deus. — Ahutilon escu- leníum, St. Hil. — Fam. das Malvaceas. — Subarbusto das províncias do Sul do Império, por este nome conhecido. É agreste ; suas folhas são um tanto pelludas e cordiformes. As flores como rosas purpúreas. As flores são colhidas pelos habitantes d'esses lugares, e até os fructos ainda verdes, porque se prestam a ser comidos com carne. Be«iJie eSaeâa-oso. — Pii)er aroma- ticum. — Fam. das Piperaceas. — Esta planta é indígena e conhecida em Per- nambuco por este nome. É um subarbustinho pouco esgalhado; seu caule de distancia em distancia of- ferece um nó. As folhas conservam-se sempre verdes em todo o tempo ; são ovaes e tem um pequeno prolongamento, á semelhança de um esporão, na base. As flores são engastadas em uns cor- BER BER VS pos semelhantes ao sabugo do milho, roliços e esbranquiçados. A planta é aromática. Propriedades medicas.— É sedativa, e por isso sua decocção é empregada em banhos contra o rheumatismo. Ber^asaiot». — Citrus Limetta. — Farn. das Aíiranciaceas . — A arvore tem os ramos espinhosos, folhas grandes , ovaes, arredondadas, sustentadas porpe- ciolos longos e alados. Os fructos são pequenos, arredonda- dos, um tanto mamillosos no ápice ; a casca dos fructos é delgada, de um ama- rello dourado, lisa, cheia de um óleo essencial suave e picante, que é muito procurado na arte da perfumaria. Ber^usnoía «Se JsiimIíb». — Li- oiíetta vidgaris. — Fam. das Auranliaceas. — Chama-se assim em Pernambuco a uma herva exótica, cultivada em jardins, delicada, quasi rasteira, de folhas op- postas, pequenas, semi-redondas, leve- mente serreadas ; de cheiro activo e agra- dável ; nunca floresce em Pernambuco. Serve de ornamento de jardins. Beri»j£eaa. — Solanum melongenw , Linn. — Solau. macrocarpimi , Maeg . — Fau. das Solanaceas. — Esta planta é originaria da America Meridional. É herbácea, sobe a 1 ou 1 % metro de al- tura; é succulenta, de folhas alternas roxeadas, oblongas e pendentes. Flores esverdinhadas a maneira de es- trellas. O fructo è oblongo, arroixeado, de su- perfície lisa e brilhante. A substancia interna é aquosa, com quatro repartições cheias de sementes chatas ; são pouco distinctos os septos. A Beringela come-sc preparada de toda a maneira. Também faz activar a secreção uri- naria, e é útil contra as arêas da be- xiga. Bea'iriçò. — V. Marinçò. Berfallia. — Bazelta rtibra. — Fam. das AtriíMceas.— Esta planta é origi- naria de Malabar, introduzida em nosso paiz, e conhecida por este nome até as províncias do Sul. É um vegetal herbáceo, trepador, enlaça-se nas cercas e latadas ; seus ramos são molles succullentos ; as fo- lhas ovaes. Suas flores parecem antes botões. As fructinhas são esphericas, roíxas, molles ao tacto, com uma pellicula fina, cheias de um sueco aquoso, colorido em roixo forte. Este sueco combinado com o acido de limão fica rubro, mas a còr não per- siste. É comestível ; ha duas espécies, branca e amarella. Applica-se como emollíente e refri- gerante. Caracteres da família . — Plantas herbáceas ou ligneas, de folhas alter- nas ou oppostas, sem estipulas. Suas flores são pequenas, algumas vezes unisexuaes, dispostas quer em cachos ramosos , quer grupados no fundo das folhas. O cálice gamosépalo, ás vezes tubu- loso na base, é de três, quatro ou cinco lobos mais ou menos profundos, per- sistentes. Os estames variam de um a cinco ; são inseridos, ou na base do cálice, ou debaixo do ovário; estes estames são oppostos aos lóbulos do cálice. O ovário é livre, unilocular, monos- permico, contem um só ovulo erecto e sustentado algumas vezes por um po- dosperma mais ou menos comprido e ténue. O estylete, que é raramente simples, é de duas, três ou quatro divisões, termi- nadas cada uma em um estigma sovelado. O fructo ó um akenio ou umabagasi- nha. A semente se compõe, além do tegu- mento próprio, d'um embryão cylindrico, ténue e curvo sobre um endosperma fa- rináceo ou enrolado em espiral, e varias vezes sem endosperma. '76 BIC BIC ISotoiíira. — Belonica hrasiliensis — Fam. das Lahiadas. — Pequeno siiliarhusto conhecido no sertuo por este nomo, donde sem duvida, parece ser natural. E' semelhante, com pouca diíferença, ao género Betonica, da Europa, [Betonica officmalis^ Litm). Seu caule traz de ordinário poucas fo- lhas, e estas ovaes, denteadas, com cheiro; munidas de peciolos longos c finos. As flores reunidas em capitulo globu- loso, sustentado por um pedúnculo com- prido, são tubulosas, abrem-se em dois lábios recortados, de côr piirpurea, roixa. Ofructo éhispido, e n'elle acham-se as sementinhas pardas , Insidias , pyrifor- mes. Bef re. — V. Betys. Beíys. — Piper encalyptifolium. — Fam. das Piperaceas. — Arbustinho de ramos nodosos e folhas lanceoladas, largas. Flores em espécies de espigas, como o Malvaisco. Vegeta no Amazonas. Propriedades medicas. — O cosimento d'esta planta, isto é das suas folhas e da raiz, é um excellente calmante contra as cólicas flatulentas. Bico de Pa|>ag:aio. — EupTiorhiain- cartiata. — Fam. das Euplwrhiaceas. — Plan- ta exótica, conhecida em Pernambuco e Bahia por este nome. Este arbusto é de uma elegância notá- vel pelo brilho de suas bracteas purpu- rinas. Serve de ornamento dejardim. Bicor»i»i» — Fructo agreste do Pará, de 6 centimetros de diâmetro, redondo, de côr alaranj ada ; casca ténue e frágil. Dentro encerra uma massa branca, aquosa , muito doce, na qual existem muitos caroços redondos e vermelhos. Bieuilta. — Myristica officinalis. — Fam. das Myrísticaceas. — Arvore que ve- geta nas províncias do Sul do Império. Suas folhas são simples, alternas, lan- ceoladas, oblongas e inseridas com toda a regularidade nas duas faces oppostas dos ramos. As flores são unisexuaes, dioicas. A organisação do fructo 6 tão cu- riosa, que merece uma dcscripção mi- nuciosa. Assemelha-sc a uma drup;^., indehis- cente, bivalve, e de forma ellyptica ; o periearpo torna-se coriaceo, e encerra na sua única cavidade vima semente envolvida por um arillo, (massa car- nosa contendo uma substancia oleosa conhecida por óleo de Bicuiha}^ e cuja superfície acha-se revestida de uma membrana vermelha assetinada, toda recortada, e, em alguns fructos, divi- dida em lacinias. O episperma é mais coriaceo do que membranoso, e o embryão endosper- mico. Segundo o sábio botânico Martins., se a Myristica officinalis., que faz objecto d'esta descripção, fosse cultivada con- venientemente, o seu fructo poderia ser equiparado ao da Myristica moscTiata ou aroraatíca., originaria das Molucas. A madeira da Bicuiba é branca, em- pregada em vigamentos e assoalhos ; a frouxidão do seu tecido torna-a im- própria para certas obras. Dando-se golpes sobre seu tronco, escorre um liquido extremamente fluido, côr de sangue. A trasformação da côr vermelha que se observa logo que se expõe ao con- tacto do ar, pode ser explicada pela acção oxidante do mesmo ar. (Fig. 10.) Propriedades medicas. — É applicada contra as dores rheumaticas, e os tu- mores arthriticos, e considerado como efficaz nas cólicas e dyspepsias. Caracteres da família. — Arvores to- das exóticas e crescendo debaixo dos trópicos, tendo folhas alternas, não ponctuadas, inteiras. Flores dioicas, axillares ou terminaes, diversamente dispostas. O cálice, gamosépalo, é de trez divi- sões valvares. BIC BOA •t7 Nas flores machos, se acham de três a doze estames monadelphos, cujas antheras approximadas, e muitas vezes soldadas, se abrem por um sulco lon- gitudinal. Nas flòi'es fêmeas, o ovário é livre, de uma só loja, contendo um só ovulo erecto, e anatropo ; mui poucas vezes ha duas. O estylete é curtissimo, terminado em um estigma lobado. O fructo é uma espécie de baga cap- sular, abrindo-se por duas valvas. A semente é coberta por um falso arillo carnoso, dividido em grande nu- mero de filamentos. O endosperma é córneo e duríssimo, marmóreo, contendo na sua base um pequenino embryão erecto. Esta familia tem por typo a Mosca- deira (Myristica). É distincta das Lauraceas pelo cálice de três divisões ; pelos estames mo- nadelphos, abrindo-se por um sulco longitudinal ; pela semente erecta, ari- Ihada, pelo embryão pequenino, encer- rado n'um endosperma duro e mar- móreo. Alguns authores approximam esta familia das Anonaceas ^ entre as Pohj- fetaleas. Mas é uma affinidade que parece pouco real; só existe a se- mente que oíferece, com eífeito, alguma analogia entre estas duas famílias, no mais tão diíferentes. Biciiiba ou Bequíba. — Myns- tica seUfera, Larnck. — Fam. das Lau- raceas. — E uma arvore alta natural dos terrenos do Equador ; também dá na Bahia. Suas folhas são alternas, oblongas e cobertas inferiormente de um pello avermelhado. As flores em cachos, miudissimas e avermelhadas . O fructo globuloso, de 4 a G centi- mstros, quasi secco, de duas valvas com uma ou duas sementes, que são envoltas em uma matéria sebacea. Serve para fazer velas esta matéria, que se colhe do tronco por incisões. Biliiubi. — Averrhoa Bilimhi^ Linn. — Fam. das Oxalidaceas. — Bonito ar- busto originário da índia. Seu tronco tem a grossura de 12 cen- tímetros de diâmetro. Suas folhas, de verde gaio, dispos- tas em palmas. As flores em cachos ou feixes dis- tribuídas, são côr de rosa ; nascem nas axillas e continuidade dos ramos. Tem por fructo uma baga de 9 a 12 centímetros, de figura oval-oblonga, afinando para as extremidades, de côr verde pallida, mesmo na maturidade, e coberta por uma pellicula fina ; o interior é occupado por uma polpa aquosa, bastante acida, quasi trans- parente ; contem duas sementes elly- pticas, deprimidas e esbranquiçadas. O fructo é acido agradável, refri- gerante e usado em limonadas. E também applicada para tirar nó- doas de fazendas, nas tinturarias. Bilfos. — Cartoleta speciota^ Arr. C. — Fam. das Liliaceas. — É uma planta do sertão, classificada pelo Dr. Arruda Camará. Tem um bolbo que se come no sertão. Suas flores são vermelhas e mui bellas. Ha outras dififerentes espécies. Bíribií. — Anona. — Fam. das Ano- naceas. — Fructo do Pará e do Mara- nhão onde tem este nome. É uma espécie de Pinha ; provém de um arbusto ; que pela structura de seu fructo se assemelha muito ás Anonas. Esse fructo é de 12 centímetros mais ou menos, figura cónica, superficie com- posta de escamas bem como a Piíiha. Internamente a massa é branca, re- sultado da reunião de muitos bagos, cada qual com um caroço preto, el- lyptico, luzidio. Diz-se que não tem máo gosto ; e é bem análoga à Pviha ou a fructa da Conde ça. Boas iBoites. — Vinca rósea, Linn. — ■58 BOG BOM Fam. ãus A^pocynaceas . — A Boas noites c oriunda do Malabar c Madagáscar. Nas Alagoas assim como em Per- nambuco é conhecida por este nomo. É uma herva tão aclimada no pai/, que já não se cultiva ; nasce por toda a parte, nas proximidades das habi- tações, etc. E ramosa, o caule e os pcciolos das folhas purpurinos. As folhas oppostas, obovaes, lustrosas. As flores oíferecem um tubo verde, e o limbo de côr roixa ou branca, dividido em cinco lacinias planas ; seu cheiro é desagradável, O fructo representa duas capsulasinhas. Ha outra espécie que é de flor branca, e que chamam Bons Dias; tem o caule também branco. O decocto é applicado nas dores de dentes, do SíiS. — V. Bonina de Pernambuco. Bo^ítri. — Mogorinm samhax^ Humh. e Bomp. — Ny dantes samhax, Linn — Jas- minium samhaxj Spl. — Fam. das Jas- minaccas. — É planta originaria da índia, cultivada e muito conhecida no nosso paiz, como uma das flores mais bellas e de mais delicado aroma. O Bogari é um subarbustinho muito esgalhado , de folhas sempre verdes , crespas, ternadas. A flor é semelhante a uma rosa pe- quenina e branca, de excellente cheiro. O fructo ordinariamente aborta. É ornamento dos jardins; mas seu decocto é empregado contra a ictericia. Caracteres da família. — Esta familia se compõe de arbustos ou mesmo de grandes arvores, de folhas oppostas, ra- ramente alternas, simplices ou pinnu- ladas. As flores são hermaphroditas, exce- pto no género Ornus (freixo) onde ellas são polygamas. O cálice é gamosépalo, turbinado na parte inferior. A corolla é gamopétala, muitas ve- zes tubulosa, de quatro ou cinco ló- bulos, algumas vezes assas profundos para que a corolla pareça polypétela, [Omm CUomanthiis) ; falta ás vezes de todo . Os cstames são em numero de dois. O ovário é de duas lojas, contendo cada uma dois óvulos suspensos, O cstyletc simples termina em um estygma bilobado. O fructo é ora uma capsula de uma ou duas lojas, indehiscentes, ou abrin- do-se em duas valvas, ora é carnoso e encerra um núcleo ósseo, O tegumento próprio da semente é delgado ou carnoso ; o endosperma é carnoso ou duro ; contem um embryão, tendo a mesma direcção que a semente. Boi g:or«lo. — Cássia rugosa, Vogel. — Cássia friicticosa., 3Ians. — Fam. das Leguminosas. — Esta planta ê de Minas Geraes e tem as mesmas virtudes da Mangerioha de Pernambuco. Segundo Manso purga na dose de 16 grammas, e dá boa tinta amarella. Herva de folhas ovaes, lanceoladas, acuminadas, oblongas, em quatro pa- res, ramos glabros, glândula aguda e oblonga entre os foliolos. Flores como nas outras espécies do mesmo género. Fructo também legume. Existem duas espécies : Cássia splen- dida., Vogel. — Cássia loivigata., Vogel e Willã. — Decandria Monogynta., Linn. Bolsa, de pastos*. Preguiça. V. Braço de Bosni iiosne liravo. — Batiputá bra- vo. E' a planta que nas Alagoas chamam Batiputá bravo., e a que em Pernambuco dão este nome. Foi já descri pt a. BoBBfi stOBBte veP6ííê««5eii'o. — Eloso-, dendron cauliflorum. — Farii. das Rliamna- ceas. — Arvore silvestre do Brazil, conhe- cida nas Alagoas e em Pernambuco. E' alta ; a casca é avermelhada interna- mente. BON BOR ^9 As folhas quasi redondas, succulentas. As flores em cachinhos, não só brotam nos lugares ordinários, como nas expan- sões dos ramos; são como estrellinlias amarellas. O fructo é uma capsula em forma de pião, tendo um núcleo no centro, coberto de polpa branca. A madeira d'esta arvore é applicada em diversos usos. BoEBiMsa. — 'Nyctago Jiortensis^ Juss. — Mirabilis^ dicliotoma^ Litm. — Fam. das Nyctagaceas. — E' planta natural do Peru, do México e da índia. Tem diversos nomes pelas províncias do Império. Em Pernambuco e Bahia tem o nome de Bonina ; no Pará e no Maranhão o de Boas noites^ em S. Paulo, Rio de Janeiro e Minas o de Maravilha. E' uma planta herbácea, seu caule apre • senta nós de distancia em distancia. Folhas oppostas, lanceoladas, molles- Flores associadas em receptáculo fo- liaceo, tendo no centro uma semente oval angulosa, e no ápice uma flor de tubo longo, que abre como um funil ; sahem do tubo filetes. Esta flor abre-se de noite, e fecha-se pela nianhã. Raiz de 24 a 30 centímetros de compri- mento, e 6 de diâmetro, irregularmente arredondada, fuziforme, roixa escura por fora, branca por dentro ; gosto acre, sem cheiro. O fructo torna-se preto, rugoso, angu- loso ; dentro a amêndoa é farinácea. Propriedades medicas . — Adminis- trada internamente a raiz é purgativa na dose de 2 a 4 grammas em pó; em extracto bastam 30 a 60 centigrammas. Caracteres da família. —As Nycta- gaceas são plantas herbáceas, arbustos ou mesmo arvores, cujas folhas são simples, as mais das vezes oppostas, ás vezes al- ternas. As flores axillares ou terminaes, mui- tas vezes reunidas em certo numero em um invólucro commum, ou tendo cada uma um invólucro próprio e caliciforme. Seu cálice é gamosepalo , colorido? muitas vezes tubuloso, intumescido na parte inferior, que frequentes vezes é mais espessa, e persistente depois da queda da parte superior. O limbo é mais ou menos dividido em lóbulos enrugados. Os estames variam de 5 a 10, e são inseridos na borda superior d'uma es- pécie de disco hypogynico, muitas vezes em forma de cúpula. O ovário é de uma só loja, contendo um ovulo erecto. O estylete e o estigma são simples. O fructo é uma cariopse, coberta em parte pelo disco e base do cálice, que são crustáceos, e formam uma espécie de pericarpo accessorio. O verdadeiro pericarpo é delgado adherente ao tegumento próprio da se- mente ; esta se compõe de um embryão inclinado sobre si mesmo, tendo a ra- dicula curva sobre a face de um dos cotyledones, e abraçando assim o en- dosperma que fica central. Bo£'l5ffiaetsa. — É uma flor a que em Pernambuco se dá este nome. Ha branca e amarella, e i^roducto de uma planta, cujo caule cresce de 46 centímetros a 1 metro, contendo as folhas cm ordem symetrica, alternada- mente. Os peciolos d'essas folhas são como bainhas, que abraçam o caule ; ellas são de 2 % decimetros, lanceoladas, oblongas, membranosas, de côr verde pallida. ISofsSã® «1© vellais. — Mimosa vaga Linn . — Fam . das Leg mninosas . — Arvo- reta do paiz ; seu tronco tem uma es- pécie de casca, que é um corpo espon- joso, branco e rugoso, que se desprende em certo tempo. As folhas são em palmas distribuídas nos ramos. As flores em pequenos feixes ou ca- chos, que parecem molhos de retróz formando bolotas, cujos fios são em parte brancos e em partes roixos. O fructo é uma vagem chata de 12 so BOR BOR centímetros e mais, com poucas sementes, e essas como as do feijão. O lenho d'esta arvore é fraco e branco. Ha outra espécie, e c a que se segue. Bordão tie \'ellfta. — Mimosa^ Linn. — Polygamia monoecia, Linn. — Fam. das Leguminosas. — Arvore indigena do paiz ; de altura mediana, tronco pardo, sem cortiçe. Folhas alternas. Flores grandes, porém em pequenos cachos, formando um tubo pequeno, com um molho de filetes aloirados ou es- verdinhados. O fructo é uma vagem de % deci- nietro de comprimento, larga, mem- branosa, com os lugares das sementes salientes ; estas são ellipticas e alva- dias. A vagem parece pergaminho. Borclãosiiilio. — Fam. das Apocg- naceas. — É um sipó que em Sergipe tem este nome, e em Pernambuco é conhecido por Stimauma. Planta ti'epadeira, lactifera; seu caule é coberto de uma substancia, esponjosa, branca, e os ramos de pellos curtos. As folhas cordiformes, grossas, pellu- das, pecioladas e ojipostas. As flores, reunidas em feixe nas axil- las das folhas, são á maneira de es- trellas, resinosas ao tacto. O fructo é germinado, irrigado de aculeos molles herbáceos, e muito lei- toso; dentro existem muitas sementes cobertas de pello branco, macio e alvo. este pello serve para encher colchões, travesseiros, etc. BoiMlãosiiiSfio 9B»s Ala^òus. — Oiticica de Pernambneo. Bororé. — Veneno com que os indí- genas do Brasil hervam suas frechas. É extrahido de raízes de certas plantas, que nascem em lagos e pântanos. Sua preparação é mui perigosa, e por este motivo é sempre uma velha quem d'ella se encarrega. Alguns authores acreditam ser o Bororé o Curare hoje conhecido, e que Humholdt suppôz sor um Strgcknos. O sal e o assucar são tomados como únicos, posto que fracos, antídotos do Bororé. Boi*riis*aia. — Gomma elástica , ou seringa em rama. — Siphonia elástica. — Fam. das Eiíphorhiaceas . — Os vegetaes que produzem a Borracha são bastante numerosos, e pertencem ás famílias das Eu2)horòiaceas ^ Aríocarpaceas , Aptocyna- ceas^ e Loheliaceas . De todos os vegetaes o que fornece maior quantidade de Borracha é a Se- ring%ieira , que cresce abundantemente em estado silvestre nas províncias do Amazonas e Pará. Encontra-se em menor escala no Ma- ranhão, e apparece em pequena quanti- dade no Ceará e Rio Grande do Norte. Chega a ter n'essas províncias 9 a 18 metros de altura, de 2 a 2 */^ de grossura; acha-se com preferencia nos lugares ala- gadiços. As outras arvores da mesma família, que fornecem a borracha são : Siphonia, rhytidocarpa, Mart. — Siphonia hrasilien- sis, Wílld. — Siphonia luíea, Spruce. — Sii^honia hrevifolia, Spruce. Todas habitam nas províncias do Ama- zonas e Pará. Na família das Artomr^mcmíacham-se : Ficus anthelmintica, Mar. ; vulgo Coa- jinguva- (Rio Negro do Brasil) ; Ficus doliaria., Mart. ; vulgo Gamelleira ou Figueira branca ou Irava (Rio, S. Paulo, Minas.) Na família das Apocynaceas encon- tra-se a SeMuva, Plumeria phagedenica^ Mart. (Amazonas) ; a Tiborna Plumeria drástica., Mart. (Minas, Bahia Pernam- buco) ; a Sorveira^ Collojjhoi^a utilis, Mart. (Pará, Rio Negro) ; a Mangabeira, Hancornia speciosa, (Pernambuco, Rio Grande do Norte). Na família das Loheliaceas a Lobelia., Kunt. — Nova Granada. fV. Seringueira) . Borraiceiíft cliiiitaroiia. — Echi- um flantaginewn. — Fa^n. das Borragaceas. — Planta do Rio Grande do Sul e de Montevideo. BOT BRE 81 Propriedades medicas. — As folhas são emollientes ; sua infusão emprega-se internamente ou em banhos, 8 grammas para 500 grammas d'agua fervendo, em certos casos. Caracteres da família. — As Borraga- ceas são em geral hervas, arbustos ou mesmo algumas vezes arvores elevadas, de folhas alternas, geminadas, cobertas, assim como o caule, de pellos mui ásperos. As flores formam espigas unilateraes, voltadas ou curvas em forma de cajado, muitas vezes reunidas e formando uma espécie de panicula. O cálice é gamosepalo, regular, per- sistente e de cinco lobos. A corolla é gamopétala, regular, de cinco lobos, ella offerece, em certo nu- mero de géneros, perto da fauce, cinco appendices salientes, que são ocos no interior, e que se abrem exteriormente em sua base. Os cinco estames são inseridos no alto do tubo da corolla, e alternam com os appendices, quando elles existem. O ovário, assentado sobre um disco hypogynico, annular e sinuoso, é pro- fundamente quadrilobado, de quatro lojas monospermicas , muito deprimidas no centro. O estylete nasce d'esta depi-essão, e termina em um estigma de dois lobos. O fructo se compõe de quatro carpellas monospermicas ; mui raramente estas carpellas se soldam, e formam um fructo carnoso ou secco,deduas ou quatro lojas; ás vezes é ósseo, ou unilocular, por aborto. As sementes tem o embryão voltado, em um endosperma carnoso mui del- gado, e que mesmo algumas vezes não existe. ISorsiIeo. — Fam. das Urticeas. — É uma planta, cujo fructo é vermelho. VSotão íle oiB*o. — Fam. das Com- postas.— É uma flor amarella, á imi- tação de ui ,'' malmequer, porém muito menor e mais regular. Suas pétalas , sobre o receptáculo verde, formam na parte superior um circulo de palhetas, amarellas, tendo no centro como um acolchoado de flo- rinhas, também amarellas ; não tem cheiro. É planta de 24 a 48 centímetros de altura, de folhas ovaes, e própria dos jardins. Botão íle prata. — Fam. das Com- postas.— É outra planta igual ao botão de oiro ; mas a flor d'esta é branca. Braço de Preguiça. — Solanum cermmm, Vell. — Fam. das Solanaceas. — É uma planta do Sul que vegeta no Rio de Janeiro, na Parahyba e em Mi- nas-Geraes. Propriedades medicas. — É empre- gada como sudorífica e diurética nas sarnas, syphilis, gonorrhéas, etc. ; em- prega-se para isso o cosimento das fo- lhas e flores. Externamente se applica em banhos contra as ulceras. Braslleto. — V. Páo Brasil. Brèelo caruru. — V. melho. Bredo ver- Brèdo maeãto ou raltaça. — Amaranthus viridis, Willd. e Sp. — Fam. das Amaranthaceas . — Herva do paiz, que é conhecida em Pernambuco por este nome. É de pouca altura, caule herbáceo, folhas ovaes, embaçadas, oíferecendo no ápice dos ramos, um prolongamento fo- liaceo á semelhança de pluma, que são as florinhas imperceptíveis, ahi encra- vadas, com sementinhas Insidias e pre- tas. Este Brêdo tem o uso dos demais Bré- dos, mas não é tão estimado como os outros. Também o chamam Caruru e Brêdo rabaça. Propriedades medicas. — É empregado 13 8S BRE BRI contra a anazarca, internamente, e em banhos. Serve de alimento. Brèilo niajúrjfoiíics. — Talinum Jam, Gomes, — Talinum crenatum , Ruiz etPav. — Fam. das PortiUacaceas . — Herva natural da America Austral, recebe di- versos nomes, segundo as provindas. No Pará é Caruru; na Bahia, Serg-ipe e no norte do Espirito-Santo, Língua de Vacca; no Rio de Janeiro, Maria Gomes ; e Benção de Deus no Maranhão, S. Paulo 6 Minas-Geraes. É uma herva de % a 1 metro de altura; ramos succulentos, e folhas carnosas, oppostas. Flores em pequenos cachos, de um vivo e elegante roixo, como uma peque- na rosa. Seu frueto é como uma pequena ca- psula, cheia de grãosinhos pretos, lus- trosos. Come-se esta herva de diversas ma- neiras. E' refrigerante e mucilaginosa. BrèeSo tic iiieiro. — V. Língua de Sapo. Brèílo íitanaoraefio. — V. Veludo. Brêtlo Etirrixi. — Far,i. das Ama- ranthaceas. — E' em Alagoas que lhe dão este nome ; em Pernambuco chamam Mandah. E' uma herva do paiz, rasteira ; caule verde, manchado de roixo, succulento, com folhas oppostas, quasi redondas. Flores pequenas, e reunidas em forma de cone paleaceo ; sementinhas pre- tas. E' refrigerante, e serve de pasto ao gado vaccum. Brèdo «le porco ou Uerva tos- tão.— Boerliama hirsuta, Línn. — Fam. das Nyciagaceas. — Esta planta é a Herva tostão do Rio de Janeiro ; também a chamam nas Alagoas e Bahia Pega pinto, em Sergipe Papo de peru, e assim por diante. Herva que alastra e ergue os ramos bifurcados, cheios de nós. Folhas oppostas, quasi redondas e succul lentas. As florinhas, umas roixas, outras brancas, em forma de coifa. A raiz tem uma tuberasinha, que é antídoto do veneno das cobras. Propriedades medicas. — É empregada como diurética e desobstruente nas mo- léstias do fígado. Internamente 8 grammas para HOO graminas d'agoa, em cosimento. Brèslo vcraaiellao. — Phytolacca caruru. — Fam. das Phytolaccas. — Her- va silvestre que se acha nas mattas e nas capoeiras. É também chamada Brêdo caruru nas Alagoas e em Pernambuco. Cresce de 1 a 1 X> metro e esgalha ; vergonteas roixas, elegantes ; folhas também roixeadas e pespontadas. Flores em espigas, semelhantes á ro- sinhas, com um corpo arredondado, no centro achatado. N'este órgão central estão as sementes. Esta herva come-se de diversas ma- neiras. BrèiBo de veado. — V. Bucho de veado. Briasco» tle Saltoiau. — Pitheco- lohium avaremotemo, Mart. — Fam. das Leguminosas. — Tem esta arvore do Bra- sil os mesmos préstimos do Angico. Brinco de visETa. — V. Tange- tange. Bríjaúlia ow Coqueiro Bri- jaúba. — Astrocarium Aíjri, Mart. — Fará . das Palmaceas.— É uma palmeira da Bahia, conhecida pelo nome de Ayri. Os fructos apodrecem aos milhares no matto, e poderiam ser aproveitados para a preparação] de um excellente sebo vegetal. BRO BUC 83 Brio de e«ituilanfe. — V. Barbas de Barata. (Robinia). Brocos. — Brassica Botrytis cymosa^ Dotiy. — Far/i. das Crxiciferas. — Espécie de couve flor da Europa. Cultiva-se no Rio de Janeiro, em S. Paulo e mais provincias do Sul, onde quasi toda a hortaliça europea dá abundantemente . É uma couve como a que todos co- nhecem. Differe porém nas folhas, que são maiores e crespas, isto é, como machu- cadas ; e mesmo nas cores, pois que d'estas conhecem-se muitas variedades ; ha brancas, roixas, de côr mais ou menos carregada, avermelhadas, ama- relladas e verdes, etc. Além do uso que se faz d'esta hor- taliça, ella presta-se a conservas, o que lhe dá ainda mais apreço. Broma lirasiea oti Mata eane- iia. — Yerhascwiii. — Fam. das Serophula- viaceas. — Herva pequena delicada que chamam em Pernambuco Mata canna e nas Alagoas Broma. É um pouco rasteira; de caule qua- drangular. Folhas quasi redondas e pequeninas. Flor branca, abrindo-se em dois lá- bios. Propriedades medicas. — É um emé- tico e drástico forte; e também serve como emmenagogo. Caracteres da família. — Hervas ou arbustos, de folhas muitas vezes op- postas, algumas vezes alternas, simples, de flores dispostas em espigas ou em cachos terminaes. O cálice é gamosépalo, persistente, de quatro ou cinco divisões desiguaes : a corolla é gamopétala, irregular, de dois lábios e muitas vezes personada. Os estames, em numero de dois a quatro, são didynamos. O ovário, applicado sobre um disco l^ypogyiiico, é de duas lojas polys- permicas. O estylete é simples, terminado em um estigma bilobado. O fructo é uma capsula bilocular, cujo modo de dehiscencia é muito variável. Ora ella se abre por meio de orifí- cios no ápice, ora por meio de placas irregulares, ora por meio de duas ou quatro valvas, cada uma das quaes traz comsigo metade do septo no meio da face interna, ora por valvas oppos- tas ao septo que fica inteiro. As sementes contem sob o tegumento próprio uma amêndoa composta de um endosperma carnoso, que encerra um embryão erecto cylindrico, tendo a radicula voltada para o hilo, ou op- posta á este ponto de inserção. Broaiia roixa. — Verbascimi. — Fam. das SeropMlariaceas. — É outra espécie que habita nas Alagoas e em Pernam- buco . Sua diíferença não é sensível aos olhos vulgares ; differe por ter as folhas cordiformes, as flores roixas e caule percorrido nos quatro lados por uma espécie de babado ; o fructo abre-se em quatro cocas recortadas. Biiclia. V. Cabaeznho. Buclia. — Luffapiirgans, Mart. — Fam. das CtcrctiMtaceas. — Esta planta é uma espécie de Cabacinho ; seu extracto pôde substitutir ao da Coloqtiintída. Propriedades medicas. — É empre- gada nas hydropisias, e ophtalmias. Na dose de 12 grammas é cathar- tica; em dose mais elevada é emé- tica. Ha ainda a Mormodica Lv.-jfa., Vell. Biielia «los paulií^tas. Bucha, tle caçador. — Momordica o^erculata, Lin^ii. — Fam. das Cnrcubítaceas. — É esta, que pelo seu nome mostra ser de S. Paulo ; é uma espécie de Melão de S. Caetano mas difí"ere d'elle em algu- mas cousas. 84 BUG BUR Propriedades MEDICAS. — O fructo é empregado contra a anazarca, chlo- rose, amenorrliéa, e aífecções hepáticas. Submette-se o fructo a decocção por espaço de doze horas, e agita-se até fazer espuma. A dose é de uma colher, de meia em meia hora, até fazer vomitar ou evacuar. O extracto dá-sc na dose de 15 centigrammas. Bueliin&ita. — Momordica fnrgans, Mart. — Fam. das Cucurhitaces. — Esta planta é congénere da Bucha dos pau- listas. Tem o fructo muito menor que ella; tem mais acrimonia, e obra em menor dose ; 15 centigrammas do extracto já é uma forte dose. 83ut'3io de vei»«lo. — Amaioua cryp- iocarpa. — Faju. das Buhiaceas. — Arvore silvestre, conhecida nas Alagoas por este nome. É de porte mediano, folhas um tanto compridas, oppostas, e lustrosas. Flores á semelhança de Angelicasi- nlias amarellas. O fructo tem sido pouco estudado. B:a|2;i'í9 ou Ili«ba ele SSit^ío. — Comòreíiím Bugio, Si. Hil. — Fam. das Comhreiaceas . — Arbusto conhecido nas Alagoas por este nome. É agreste, trepador, vegeta próximo ás margens do rio, é mui frondoso. Suas folhas são ovaes um pouco grandes e lustrosas. As flores diXo em grandes cachos, miudinhas, brancas e mui cheirosas. O fructo parece uma azeitona pe- quena; é mui abortiva. A pellicula externa, que é a casca, é um pouco áspera ; e a polpa, que é acinzentada, é acidula e não tem bom sabor. Propriedades medicas. — É um po- deroso anti-syphilitico, mas é princi- palmente usado para as sarnas, e aífec- ções cutâneas chronicas. Burareiíia. — Arvore do paiz, própria para construcção. B ur» iiliciit ou Giiaraitlaein utoiíeisitt. — Chrysoiúyllum Buranhem, Riedel. — Fam. das Sapotaceas . — É uma arvore alta, indígena do Brasil, de casca lisa, de folhas oblongas, e tamanho re- gular, O fructo é pequeno, á semelhança de uma azeitona. Sua madeira dá boas traves e outros objectos d'arte. A casca é de côr vermelha escura ; tem sabor doce a principio, e depois amargo e um pouco adstringente ; quando fresca contém um sueco leitoso. O extracto se offerece em pedaços de tamanho variável, de còr roixa escura quasi preta, e fractura luzente ; é solúvel em agua, de sabor adocicado a prin- cípio, e depois amargo e algum tanto acre. (Fig. 11.) Propriedades medicas. — É aconse- lhado como adstringente e tónico- in- ternamente, nos catarrhos chronicos, he- moptyse, diarrhéa e blenorrhagias; e externamente nas ulceras cutâneas, ra- chas do anus, ophtalmias purulentas, etc. A decocção se prepara com 32 gram- mas da casca e 500 grammas d'agua. É empregada em banhos, e pôde ser- vir com vantagem contra as inchações consecutivas ás erisypellas. Bitvitâ. — Manritia vinifera, Mart. — Fam. das Palmaceas. — É natural do paiz esta insigne palmeira , conhecida nas províncias do Norte por Buriti, e na Bahia também por Bury. É a mais alta das palmeiras do paiz. O tronco é sem espinhos, tem um bello leque de folhas no ápice. O lacho do fructo tem a forma de um cone escamoso, como o do pinheiro da Europa. O fructo mede até 12 centímetros de comprimento, de forma redonda, côr amarella de gemma d'ovo, tegumento membranoso com a superfície ouriçada BUR BUT ss como que de escamas unidas umas ás outras . Depois d'esta parte externa ha uma polpa amarella, oleosa e doce; depois d'esta um corpo mais duro, pouco es- pesso, amarello; e, unido á este, um caroço que no seu seio contém uma amêndoa comestivel. Esta palmeira é abundante no Pará, Maranhão, Ceará e Bahia. Em tempos de calamidade o povo erra pelas mattas á procura destes fructos para mitigar a fome; mas o uso quotidiano e muito prolongado d'elles, determina uma amarellidão na cútis. O grelo come -se como o do Palmito {Areca oleracea.) Ha entretanto mais duas palmeiras nas Guyanas e no Amazonas : uma, MauHtia flexuosa, Litm., queda um sueco extra- hido dos seus tecidos, que embebeda, e de que faz-se vinho. Uma segunda espécie d'este género de que Mlíi Humboldt, [Mauritia aculeata), Kunt, differe por ter espinhos, sendo na- tural do mesmo paiz. As folhas do Bimii têm muitas appli- cações. O fructo é comicstivel ; e o tronco fornece pela incisão um sueco vinhoso excellente. Buriti bravo. — Mauritia armata. — Cocos amleata^ Willd.— Fam. das Pal- maceas.— Esta ps^lmeira, semelhante á antecedente, differe d'ella em que seu tronco e as folhas são armadas de espinhos. Também a chamam Coqueiro Bw'iti bravo. Btirr» leiteira.— T^am. das Eu- phoròiaceas. Arbusto que vegeta na Ilha de Fernando de Noronha, em todas as localidades d'ella. É de porte re- gular. Seus ramos tem um desenvolvimento extraordinário. As folhas são verde-escuras, lustro- sas, alternas, com peciolos purpurinos, estreitos e succulentos. Durante o verão, e antes de sua má- xima intensidade, esta arvore despe-se inteiramente, e só por occasião das primeiras aguas do inverno começa sua rebentação, tornando-rse novamente verde e viçosa como d'antes. Esta arvore destingue-se particular- mente por sua originalidade. A passagem de um viandante a sota- vento, diz-se, ainda que com poucos visos de verdade, é sufficiente para produzir nelle assaduras nos ante-braços e pernas, ainda mesmos cobertos. Os pobres animaes que se approxi- mam da dita arvore, queimam-se a tal ponto, que as partes atacadas ja- mais criam cabello. Uma gota de sua seiva basta para determinar uma ferida semelhante á que produziria o fogo. A madeira nem para lenha serve, visto que seu fumo ataca a vista d'a- quelles, que a empregam como com- bustível. Bur seteira.— V. Páo de leite ou Tiú. ^^' Butiin. — '!'Coccíilus cuieracens , St. Hil. — Fam. das Menis^ermaceas. — Ar- busto natural do paiz ; sua pátria é porém S. Paulo e Minas Geraes. É ramoso ; as folhas abrem-se como palmas, e os peciolos são compridos. Propriedades medicas. — A raiz é desobstruente, diurética, emmenagoga e febrífuga. Emprega-se principalmente nas hy- dropisias, suppressão de lochios, mens- truação difficil e acompanhada de dores, cólicas uterinas depois do parto, e febres intermitentes. Caracteres da família. — Esta famí- lia se compõe de arbustos sarmentosos e trepadores, cujas folhas, alternas, são geralmente simples, raras vezes com- postas. As flores são pequenas, unisexuaes e as mais das vezes dioicas. O cálice compõe-se de varias sépalas 86 CAA CAA dispostas em três, e formando diversas ordens. Succede o mesmo com a corolla, que falta algumas vezes. Os estames são monadelphos ou livres, do mesmo numero, duplo, ou triplo. ■ O ovário é de uma só loja, contendo um ou mais óvulos ; muitas vezes estes são em g-rande numero, soltos ou sol- dados polo lado interno. Os fructos são espécies de drupas mo- nospermicas, obliquas, e como que re- niformes, e eompi-idas. A semente que elles contém se compõe de um embryão curvo sobre si mesmo, e geralmente desprovido de endosperma. Butiaa. — CocaUus flati'pliylla , St. RU. — Fam. das Menispermaceas. — Esta outra espécie vegeta no paiz , e cresce nas mesmas províncias acima ditas. DiíFere nas folhas, que são grandes e •cordiformes, e tem as mesmas virtudes medicinaes da antecedente. Buliia «lo cufvo. — Maximiliana regia., Mart. e Willd. — Bacchiaimignis., Mart. e Luce. — Fam. Idem. — Cochlos- ■permmi insigne. St. Hil. — Arvore agres- te, natural de Minas-Geraes, cujas flores são coriaceas, em forma de palma, e alternas. Suas flores em cachos são grandes, e amarellas ,• e o fructo capsular. Propriedades medicas. — A raiz d'esta arvore é applicada em cosimento contra as dores internas, com especialidade as que são resultantes de quedas e outros accidentes. Também é útil contra os abcessos já formados. Butaia B»isB«Ka. — Coccuhis filipen- dula, Mart. — Fam. das Menispermaceas . — Vegeta como a precedente congénere; tem as mesmas propriedades d'ella. Ha duas qualidades de Butua ; uma tem a raiz grossa na base e dura ; é a que acabamos de indicar ; a outra é delgada, lisa e branda , conhecida em Minas-Geraes e no Espirito-Santo por Cijíaroho e Parreira hrava. Propriedades medicas. — E' empre- gada a raiz contra as mordeduras de cobras, na dose de 3 grammas para 500 grammas d'agLia. G. Caa. — Palavra que na lingua de ■nossos indígenas signiflca Herva, mas que se applica particularmente ao Matte do Paraguay. Vegetal que n'aquelles lugares da America tem o mesmo uso que o chá ■da índia entre nós. Caa. — Polanum tabaciforme ^ Vell. — Fam. das Solanaccas. — Nome de uma planta indígena do paiz. Caa entra na •composição de varias outras palavras, com que designam os indígenas outras plantas, como se verá adiante. Caa-apia. — F. Contra-hcrva. Caa-assú. — MalpigMa rósea, La- cerd. — Fam. das Malpigliiaceas. — Planta que serve para tingir os fios das re- des dos pescadores. Ç!;íkix-'Atsíysk,.— Vandellia diffusa, Linn. e Lamcli. — Fam. das Scrophulariaceas. — Herva pequena, delicada, de folhas ovaes, oppostas, tendo por fructo uma pequena capsula, com muitas sementes. Propriedades medicas. — EUa é amar- CAA CAA 89 ga, e empregada como purgativo, e diurético. É útil nas febres intermit- tentes, e inflammações chrouicas do fígado. taja. — É uma planta brasileira, que mereceu a attencão das academias eu- -ropéas, por se achar n'ella a proprie- a. — V. Cabaço de CO lio . Ca9>aço de iiolvora. — CucnrhUa pulvis. — Fam. Idem. — Semelhante á espécie precedente ; mas a flor é branca, e o fructo é análogo ao do Cabaço grogojó. O d'este i^orém apresenta um collo estreitado abaixo do bojo ou engrossa- mento, e muitas vezes esse collo faz outro menor que fica sobreposto. Costumam extrahir-lhe o miolo para servirem-se d'elle como polvarinho. Ca^ia^** •**• sertão. — Ciicurbita. Fam. Idem. — Vegeta nos nossos ser- tões uma espécie de Cabaço monstro, cujos caracteres são os mesmos que os dos precedentes, tendo porém um fructo monstruoso, cuja casca é for- mada de um tecido córneo, espesso, quasi ósseo. Quando preparado serve de vaso para diversos misteres domésticos. Os caçadores costumam fazer uns bu- racos n'estes cabaços, e usam d'elles á maneira de mascara para observarem as caças do rio ; mas para isso deitam- nos sobre a agua por muito tempo até ellas se acostumarem primeiro, e alcan- çado isto, entram então no rio , enfiam n'ellas a cabeça, vão-se chegando a ellas e agarram-nas pelos pés. Apanham-as assim vivas , e sem emprego de arma de fogo. Os vasos chamados combucas podem conter muitas vezes 12 a 15 litros d'agua. Cabc^*». de Frade. — Villarsianym- flmoides., Brow c D. C. —Fam. das Qen- cianaceas. — V,' uma planta bonita que fluctua nas aguas. Suas folhas são redondas, de peciolos compridos. As flores, de um bello amarello côr de enxofre. O fructo d'esta planta, que é comes- tível, é amylaceo. Ella é uma espécie da que chamam Gol])lio ou Gigoga. Cabeça de ne|;;rOy ou de niole- <|íie. — Fam. das Ciicurbitaceas. — E' uma planta trepadeira agreste do Brasil , conhecida como tal em Pernambuco e Parahyba. Ella abunda no sertão. E' um arbusto trepador , de folhas e flores tricortadas. Na extremidade da raiz brota um bolbo mais ou menos desenvolvido., de aspecto rugoso, pardo claro, de forma variável. Quando partido vê-se que compõe-se de uma substancia compacta , rígida , húmida, da qual se extrahe uma fé- cula mu.i amargosa. Esta batata é desconhecida na me- dicina; apenas alguns curiosos conhe- cem as virtudes medicas que ella possue, e fazem uso internamente e en clysteres. Seu efí'eito é vomitivo e purgativo em certa dose. Podemos asseverar que é im impor- tante vegetal, que o paiz ]X)ssue. Também lhe dão o nome de Tejuco e Cabeça de moleqite. Ha duas espécies, uma preta e outra I branca; a preta distingue-se pelo caule escuro. Propriedades MEDICAS. — E um po- deroso anti-syphilitico , anti-scropliu- loso, anti-dyarrheico, e anti-febr.l. No tempo da afflictiva epidemia do cholera morbus, raro foi o doente tra- tado com este remédio que succumbisse. A dose do pó é uma colher de sopa toda,s as manhãs. A tinctura é também muito usada nos casos da menstruação difícil. CAB CAB 91 Caheçudo ou Coqueiro cabe- çudo. — Cocos capitata. — Fam. das Pal- maceas. — E' uma palmeira de Minas- Geraes. Cabeça de Cutia. — Myriaspora fubescens. — Fam. das Melastomaceas. — Arvore mediana do paiz que nas Ala- goas tem este nome. A casca é esbranquiçada. As folhas oppostas, grandes, ellypti- cas, pelludas na face inferior, e aver- melhadas ou roixeadas, bem como as pontas dos ramos. As ílôres, em cachos cruzados, são pel- ludas. Os frnctos são redondinhos, de 1 % centímetros, coroados de pellos sedosos fe roixos. Quando maduros, o tegumento ex- terno é membranoso ; interiormente a massa é aquosa, trigueira, e cheia de miudissimos grãos. O lenho não é dos melhores, porém serve para estacas, e combustível. Calbello de iiegi^ro. — Eritroxylon camiões Ire, St. Ilill. — Fam. das Erytro- xyleas. — É um arbusto de Minas Ge- raes. • Suas flores, em feixes ou em cachos, acham-se agglomeradas nas axillas das folhas e dos ramos. O seu lenho e a casca da raiz, fer- vidos em agua, constituem um pur- gante. Caracteres da família. — Arvores ou arbustos de folhas alternas, ou oppos- tas, geralmente glabras, munidas de estipulas axillares. As flores são pequenas, pediculladas, tendo um cálice persistente de 5 divi- sões profundas. Uma corolla de cinco pétalas sesseis, e munidas interiormente de uma esca- masinha. Os estames em numero de dez, tem os filetes dilatados na base, unidos entre si e monadelphos interiormente, de ordinário persistentes. O ovário é unilocular, contendo um só ovulo pen- dente ; ou então elle é de três lojas, das quaes duas são vazias. Do ovário nascem três estyletes, ora distinctos, ora unidos quasi até ao ápice. O fructo é uma drupa monosper- mica, indehiscente, ou dehiscente. A semente em um endosperma duro e córneo, encerra um embryão axillar e homotropo. Calielluda. — Eugenia tomentosa. — Fam. das Myrlaceas. — Arbusto cujos fructos são assucarados e refrigerantes. Caliiúiia. — F. Jacarandá cahiuna. Cabo de íaeão. — Myricaria òva- siliensis. — Farn. das Tamaricineas . — Esta arvore, conhecida nas Alagoas por este nome, é de um lenho muito duro ; ramosa, de casca parda, e folhagem miúda, como a dos espinheiros. As flores, em espigas ramosas, são de estructura ordinária, esverdinhadas e não grandes. O fructo é como uma pequena vagem. A madeira é empregada na marcine- ria, por ser de longa duração ; prefe- rem-na para cabos de instrumentos agrícolas. Caracteres da família. — Sub arbus- tos ou arbustos, tendo folhas em geral pequeninas, e invaginantes. Flores igualmente pequenas, munidas de bracteas, e dispostas em espigas simples, cuja reunião constitue algumas vezes uma panicula. O cálice é de quatro ou cinco di- visões profundas, raramente forma um tubo na parte inferior ; suas divisões são imbricadas lateralmente. A corolla se compõe de 4 ou 5 pé- talas persistentes. Os estames em numero de 5 a 10, raras vezes de 4, são monadelphos pela base . O ovário é triangular, algumas vezes cercado na base de um disco perigy- nico. Elle é unilocular, oíferecendo três tro- 93 CAB CAB phospermas parietaes, com grande nu- mero de óvulos ascendentes. O estylete é simples ou tripartido. O fructo é uma capsula triangular, de uma s(3 loja, contendo um grande niimcro de sementes, inseridas no meio da face interna das três valvas, que for- mam a capsula. O embryão é erecto, orthotropo, des- provido de endosperma. Cabo de inacItHclo. — É uma ar- vore agreste que recebe este nome em Pernambuco, e que parece ser o Caho de facão das Alagoas. Caltoafan de capoeira. — Cupa- nia vernaUs, St. Hil. — Fam. das Sa- findaceas. — Arbusto indígena, que cresce nas capoeiras. Seu caule é reguado, e quadrangular. As folhas impares, compostas, alter- nas, oblongas, grandes, ovaes, brilhan- tes, e revestidas de pello macio infe- riormente. As flores em pequenos cachos, de for- ma ordinária e de côr branca escura. O fructo é uma noz coriacea, em forma de pião, que abre em três valvas. Contém três sementes pretas, envoltas em uma substancia, que cobre metade do seu corpo. Floresce em Setembro. Propriedades medicas. — A casca em- prega-se na asthma e na tosse convulsa. Caracteres da família. — Familia composta de grandes arvores ou ar- bustos, algumas vezes de plantas herbá- ceas e volúveis. Folhas alternas e geralmente impari- pinnuladas, munidas as vezes de ga- vinhas e de estipulas frágeis. O cálice, de 4 a 5 sepalas livres ou ligeiramente soldadas pela base, é um pouco obliquo e desigual na base. A coroUa, que falta algumas vezes, é formada em geral de 4 a 5 pétalas, ora lisas, ora glandulosas, para a parte média, onde ellas oíferecem varias vezes uma lamina petaloide. Os cstames, cm numero duplo do das pétalas, são livres e applicados sobro um disco hypogynico, plano, lobulado, que guarnece todo o fundo da flor. O ovário, algumas vezes excêntrico, é ae três lojas, contendo em geral dois óvulos sobre postos, e inseridos no an- gulo interno de cada loja. O estylete, simples na base, é tri- fido no ápice, e termina em três es- tigmas. O fructo é uma capsula, ás vezes vesiculosa de 1, 2 ou 3 lojas, contendo cada uma d'ellas uma só semente, e abrindo-se em três valvas. As sementes se compõe de um grande embryão, tendo a radicula curva sobre os cotyledones ; é desprovido de endos- perma, e ás vezes enrolado em forma de hélice. Cahoatan de leite. — Mauria lac- lifera. — Fam. das TereMnthaceas. — Ar- vore ou arbusto leitoso, conhecido nas Alagoas por este nome : é natural do paiz. Bello arbusto de aspecto aloirado; casca parda, acastanhada. Folhas dispostas em palmas, ovaes, oblongas e aloiradas. Flores, em cachos pyramidaes, miú- das, brancas, tintas de amarello. Fructo pequeno, de 3 centímetros, e ovóide. Sua parte extrema é coriacea, e parda; a interna, viscosa e contendo uma se- mente parda. Não é comestível. Cattgreraiia cabralea. — Cange- rana. — Fam. das Meliaceas. — Foi em memoria de Pedro Alves Cabral que se deu tal nome a esta arvore. A madeira é notável pela sua bel- leza, de côr vermelha arroxeada, e ad- quada ás obras internas e ao ar. Cabuj^t. — É o Caroaíá de rede em alguns lugares da America Meridio- nal. Cab^iraia. — V. Caiuraia cabureiha. CAC CAC 93 Cabui'eil>a . — Myrocarpus fastigia- ttis, Fr. Aliem. — Fam. das Legumi- nosas.— É uma das nossas importantes arvores. É excellente madeira de construcção ; exsuda uma resina, de activissimo aroma, mui empregada, e conhecida pelo nome de Cahiireicica, . Cit^xireiciea. — É a resina forne- cida pela madeira acima. Cac.ío ou Cac-.íoseiro. — Theo- hroma caceio.^ Linn. — Fam. das Byttne- riaceas. — Arvore indígena das pro- vindas do norte do Brasil, sobretudo do Pará e Amazonas, e também da Nova Granada. Tronco erecto, de 3 % metros de al- tura. Flores alternas, grandes, oblongas, com a base cordiforme e ligeiramente obliqua, tendo a face superior de uma bella còr verde, e a inferior esbran- quiçada, apresentando sete nervuras, partindo todas da base. Flores, em pedúnculos solitários, si- tuados um pouco acima da axilla das folhas, formando cachos. Corollas de 5 pétalas de côr verme- lha escura. Fructo, noz oval, de 18 a 24 centí- metros de comprimento, com 5 sulcos, superfície desigual, sericea, e 5 lojas contendo grande numero de sementes. Além d'estas espécies de cacáoseiros, ha outros que mais ou menos se asse- melham, e cujas sementes tem o mes- mo emprego. O cacáo serve especialmente para o fabrico do chocolate, que sendo um bom alimento, ajuntando-se certas substan- cias medicinaes, toma o nome de cho- colate de musgo, de ferro, de salepo, de araruta, etc. Também entra na composição de pre- parados analepticos, como são o Raca- hout, Palamud, Thehroma. Também se extrahe d'elle uma maté- ria, a que dão o nome de manteiga de cacáo . É emolliente ; emprega-se interna- mente nas bronchites, e externamente para curar as rachas dos beiços, e do bico dos peitos e do anus. (Fig. 12.) Caracteres da família. — Arvores ou arbustos, de folhas alternas, simples, munidas de duas estipulas oppostas. Flores dispostas em cachos mais ou menos ramosos, axillares, ou oppostos ás folhas. O cálice nú, ou acompanhado de um caliculo, e formado de 5 sepalas mais ou menos ligadas pela base, e valvulares. A corolla de 5 pétalas lisas, enrola- das em espiral antes de seu desabro- char, mais ou menos concavas e irre- gulares ; estas pétalas faltam algumas vezes. Os estames , do mesmo numero , de numero duplo ou múltiplo do das pé- talas, são em geral monadelphos, e o tubo que elles formam por sua reunião apresenta muitas vezes appendices pe- taloides, collocados entre os estames an- theriferos; estes appendices são outros tantos estames abortados. As antheras são constantemente de 2 lojas. As carpellas em numero de 3 á 5 sã j mais ou menos completamente unidas. Cada loja encerra dois ou três óvulos ascendentes, ou um maior numei'o, in- seridos no angulo interno da loja. Os estyletes ficam livres, ou são mais ou menos adherentes entre si. O fructo é em geral uma capsula globulosa, acompanhada pelo cálice, de 3 ou 5 lojas , abrindo-se em outras tantas valvas, que frequentes vezes apre- sentam o septo no meio de sua face interna. As sementes offerecem , em um en~ dosperma carnoso, um embryão erecto. Cucáoseiro Stravo. — Theolroma gnianensis, Wild. — Fam. Idem. — Este arbusto habita nos lugares charcosos da Guyana. Diífere do precedente em ter a folha recortada em de redor, e em ser o fructo aloirado e piloso. Segundo Aubl. Cacáo silvestris . 94 CAF CAF Ca<*1ia1>ú. — É uma espécie de Cardo que alguns tomam i>ov Jaracaliá. C»cIbíI>oii. — E' a resina fornecida pelo Pão de ])orco. Caeliiiii. — Também em alguns lu- gares significa Borracha. CacliiBii. — Sapium iUcifolmm., Willd. — Fam. das Eioplioj-Maceas. — E' uma ar- vore leitosa da America, com fructos pequenos. Três amêndoas bastam para um pur- gante. Capl&i iibIio . — Trichofiliorum , Cachim- ho. — Fam. das Cyperaceas. — Esta planta tem o aspecto de um capim. E' natural do paiz, e conhecida por este nome nas províncias das Alagoas e Pernambuco. Ella forma uma touceira como o capim, de folhas estreitas, dispostas na superfície da terra. Do centro ergue-se imi pendão trian- gular, e nasce um aggregado de flores brancas, cheirosas, pequenas, verticil- ladas. Esta espécie cresce á beira dos ca- minhos. Caeulage. — 7. Quitoco. Cate oti Cafezeir». — Coffea ara- hica, Linn. — Fam. das Rubiaceas. — Ar- busto originário da Arábia, cultivado em todo o Brasil, e em outros paizes intertropicaes. Elle é de 2 a 3 metros de altura, frondoso. Folhas verde-escuras, oppostas, lus- trosas, de forma ellyptica, e pon- tudas. Flores em feixes nas axillas das fo- lhas, e pelos ramos, brancas como o jasmim, e com cheiro. O fructo de 1 %. centímetro, oval, vermelho, com uma casca coriacea, tendo na parte interior uma substan- cia albumínosa branca e doce ; envolve um caroço, que se divide em dois he- misphcrios ; este caroço o córneo, c tem um sulco na parte plana. E' esta semente que dá toda a im- portância ao Cafezeiro. O género Co/fea encerra mais de 23 variedades ou espécies, das quaes uma faz hoje a base da riqueza do Brasil, que é o Cafezeiro arahico. As primeiras províncias que o cul- tivaram, foram o Maranhão e Pará ; passou ao depois á ser cultivado no Rio de Janeiro, d'onde exportam-o em grande escala para os mercados da Europa e Estados-Unidos da America do Norte. O nosso café occupa um dos pri- meiros lugares em muitos d'esses mer- cados, porém se se empregasse no Brasil maior cuidado, na sua prepa- ração e cultura, o consumo do café seria muito maior. O mais bem tratado é muito procu- rado, e vende-se por maior preço como acontece com os cafés dos outros pai- zes, por exemplo o de Moka e o de Bourbon. Propriedades medicas. — E' útil con- tra a debilidabe do estômago, dando- Ihe força e augmentando a energia própria ; ajuda a digestão, accelera a circulação do sangue, faz allívíar ou desapparecer as cólicas flatulentas. E' um poderoso tónico e febrifugoJ O uso do café dissipa a preguiça e a languidez, proveniente do excesso de trabalho, ou do abuso de prazeres ve- néreos e de bebidas alcoólicas. A medicina popular o emprega con- tra as dores violentas de cabeça. A medicina ofRcial o emprega na asthma, na coqueluche, catarrhos chro- nicos, gotta, amenorrhéa, tosse con- vulsa. E' tido como um poderoso remédio para combater os effeitos do envene- namento pelo ópio e pelos outros nar- cóticos. Internamente : Infusão de café tor- rado, 30 grammas para 250 grammas d'agua fervendo. Café verde] não torrado [em. pó, uma CAG CAI 9! á duas grammas, de hora em hora, durante a apyrexia. Decocção : 30 grammas em 3T5 gram- mas d'agua. Meio cálix de meia em meia hora. Café do Biintto. — Gxmnera simi- lia coffea. — Fam. das Araliaceas. — Ar- busto agreste e indigena, por este nome conhecido nas Alagoas. E' pouco esgalhado ; o tronco esbran- quiçado. As folhas pallidas e oblongas. As flores, reunidas em feixes espi- gados, parecem pevides brancas. O fructo é vermelho e dá pelo caule; é oval obconico. Caiei*an» — Jacaré-arú , Jacamarú. — Qnassia do Pará. — Tacliia giiyatiensis^ AuM. — Fam. das Gendanaceas. — Arbusto do Brasil (Amazonas), de 2 metros de altura, caule quadrangular. Folhas oppostas, oblongas, acumina- das na base, e flores amarellas. Raiz lenhosa, coberta de uma casca delgada e branca, semelhante no exte- rior a da quassia. O lenho é tenro , esbranquiçado e radiado, de sabor muito amargo. Propriedades medicas. — A raiz e o lenho são muito empregados como tónicos e febrífugos nas febres intermittentes. Pó, 130 centigrammas. Infusão, 4 grammas para 250 grammas d'agua. Tintura, 4 a 8 grammas. Ca^aiteiva. — Eugenia dysenterica.^ D. C.—Fam. das Myrlaceas.—MyrUis dyse^iterica., Mart. — Planta conhecida em Minas-Geraes por este nome. E' um arbusto de ramos tortuosos; casca lisa; folhas ovaes e lustrosas. Flores um pouco grandes e brancas, como as flores da goiabeira. Fructo globoso , coroado dos restos floraes, e amarello quando maduro. A substancia externa é uma massa compacta, espessa e aquosa, envolven- do um caroço pardo no centro. Propriedades medicas. — Os fructos são assucarados, adstringentes , e ap- plicados como anti-dysentericos. CaleatiBis^a. — V. Piassava. Caiaeia. — V. Caacica. Caiaisé ou Cociiieiro eaiaiié. — Elaiis melanococca , Gcetr. — Fam. das Palmaceas. — E' uma palmeira do Pará e do Rio Negro , que mais ou menos apresenta o typo do Dendeseiro, Ella fornece bom óleo. Caiaiana. — V. Cainca do Brasil. CaiBíca do Braj^il. — CMococca an- guifiiga , Mart. — CMococca racemosa , Htimb. , Bomp. e Kimt. — Fam. das Rw- hiaceas. — Esta planta , conhecida em alguns pontos do Império por Cainca, é indigena, e muita semelhança tem com a de Raiz preta. Tem suas folhas oppostas e as flores em cachos. O fructo é uma capsula um tanto comprida , com um núcleo ósseo for- mado por dois caroços (F. 13.) Propriedades medicas. — Esta planta goza da virtude de ser muito diuré- tica; emprega-se a sua raiz. A casca é amarga, um tanto adstrin- gente ; o impulso da raiz tem um cheiro nauseante; é diurético e purgativo, e dá-se em doses pequenas; em doses maiores produz vómitos contínuos. E' empregada nas hydropisias, apo- plexias, demência, rheumatismo, sy- philis, e também contra amenorrhéa' Caireissik. — Hydrocotyle Iriflora. — Fam. das Umhelliferas.— Planta herbá- cea (da família á que pertence o Coentro). Ella é aperitiva. Caité. — Canna aurantiaca, Rose. — Fam. das Amomaceas .— Planta do Bra- sil semelhante ao Merit,. Propriedades medicas.— O cosimento 96 CAI CAI da raiz ó calmante e empregado nas gonorrheas ; pisada a raiz, serve para cataplasma sobre os abcessos. Ha varias espécies d'este género. Caiiiia-açú. — Lobelia viscosa. — Fam. das Loheliaceas. — Herva conhe- cida por este nome nas Alagoas. É agreste e de altura media. Seu caule apresenta nós de distan- cia em distancia, e pèllos no ápice dos ramos. É viscosa, de folhas oblongas e grandes. A flor é cónica com dois lábios, de còr encarnada carmesim. O fructo é uma capsula comprimida. Caracteres da família. — As Lohelia- ceas são ordinariamente plantas her- báceas eu subfructescentes, cheias cm geral de um sueco branco e amargo. As folhas são alternas, raras vezes oppostas. As flores formam espigas, (thjrsos,) ou são approximadas em forma de ca- pítulos. Elias oíferecem um cálice gamosé- palo, de 4, 5 ou 8 divisões persisten- tes, e uma corolla gamopetala regular ou irregular, tendo o limbo dividido em tantos lóbulos quantas divisões existem no cálice, algumas vezes como que bilabiada, de prefloração valvar. Os estames, em numero de cinco, são alternos com os lobos da corol- la. Suas antheras são livres ou appro- ximadas á semelhança de um tubo. O ovário é infero ou semi-infero, de duas ou mais lojas polyspermicas. O estylete é simples, terminado em estigma lobulado, ás vezes revestido de pellos. O fructo é uma capsula coroada pelo limbo do cálice, de duas ou mais lojas, abrindo-se ou por meio de ori- fícios que se formam na parte supe- rior ; ou por meio de valvas incom- pletas, e que trazem comsigo uma parte dos septos. As sementes, pequeninas e numero- síssimas, encerram n'um endosperma carnoso um embrião axillo e erecto. Caiiila lirava. — Ce7iironia crispa- phylla. — Fam. das Melastomaceas . — Esta planta é conhecida na Bahia pelo nome de Cayuia. É de porte elegante, pequena, e de caule pilloso, assim como as folhas ; porém estas são macias. Os pellos são roixos, e cobrem a planta de tal maneira, que ella toma um aspecto arroixeado. As folhas um pouco grandes, e as flores brancas. O fructo oval , e roixo de 1 % cen- tímetros ; contendo no interior uma polpa aquosa, acre, e pequenos grãos. Caiuiu mansa. — Centronia tinc- toria . — Fam . das Melatomaceas . — E um arbusto elegante, natural do paiz, que, tanto em Alagoas como em Pernambuco, é conhecido por este nome; á primeira vista representa a ortiga. Apresenta caules, folhas, e os órgãos da fructificação cobertas de pellos ; esses pellos são alguma cousa arroxeados. As folhas ovaes, meio grandes. As florinhas em cachos, brancas e como que postas sobre umas jarrinhas, que são os cálices. O fructo é de 1 % centímetros, redon- do, roixo, com uma casca fina : contem uma pequena polpa aquosa, escura, e semeada de sementinhas ; chupa-se esta polpa, que é acre-doce. Esta planta é empregada na tinturaria, porque produz uma tinta roixa ou preta. CaiiBía «la laiaíàa. — Gra/fenriedia macrophylla. — Fam. das Melastomaceas. — Também é agreste esta espécie, e só se acha nas mattas ; dão-lhe este nome nas Alagoas. É um arbusto de casca parda clara. Folhas grandes, não brilhantes, com as divisões parallelas. Flores em cachos pequenos e brancas. Todos os órgãos da fructificação são cobertos de pellos e arroxeados. O fructo é globoso, com a dimensão de CAI CAI 99 3 centímetros, semelhante ao precedente, de massa aquosa. Caiuia vermelha ou s:raiitle. Calycogonium punctatum . — Fam. das Me- lastomaceas . — É uma arvore semi-lenho- sa, que em Pernambuco tem este nome. Seu caule é cylindrico, e pelludo. As folhas oppostas, muito cobertas de pellos vermelhos e macios. Flores em cachos, brancas, com todos os seus órgãos pelludos. O fructo é uma pequena baga, de menos de 1 %. centímetros, globosa, com muitas sementes. Esta planta, indígena do Brasil, de porte elegante, parece a Caiuia, hrava das Alagoas, mas notam-se-lhe algumas dif- ferenças. Propriedades medicas. — É um pode- roso antí-syphilitico, applícado nas ul- ceras e cancros venéreos. Cai ui iilia . — Dic}iorisand7'ii elegans. Fam. das Commelinaceas — Planta agres- te, natural do paiz, assim chamada nas Alagoas. É um arbusto elegante que merece ser cultivado nos jardins. Seu porte é de 1 a 2 metros. O caule e ramos são herbáceos ; as fo- lhas carnosas, em figura de espátula, e abarcantes. As flores em cachos são de um roixo purpurino vivo, formando três azas azues de côr intensa. O fructo é uma capsula trigona, com alguns caroços pretos, redondos, dispos- tos em duas ordens em cada comparti- mento, e por consequência formando seis ordens. Caracteres da faaiilia. — Família formada dos géneros Commelina e Trades- caritia, antes collocadas nas Juncaceas^ e de alguns outros novos que lhes foram reunidos. As flores têm um cálice de seis divi- .sões profundas, dispostas em duas or- dens : três exteriores que são verdes e calícinaes, três interiores coloridas e pe- taloides. Os estames em numero de seis, rara- mente menos, são livres e hypogynicos. A anthera tem suas duas lojas apar- tadas por um connectivo muito desen- volvido. O ovário oflferece três lojas oppostas ás três sepalas externas, cada uma con- tendo pequeno numero de óvulos ortho- tropos, inseridos no angulo interno ; elle tem por cima um estylete que termina em um estigma simples. O fructo é uma capsula globulosa, de três ângulos, comprimida, e de três lojas , abrindo-se por três valvas , que trazem cada uma um septo no meio da face interna. As sementes taras vezes são mais de duas em cada loja. O embryão, em forma de pião, é op- posto ao hilo, por consequência anti- tropo, e situado em uma cavidadesinha, de um endosperma duro e carnoso. As plantas que compõem esta familia são herbáceas, annuaes ou vivazes. A raiz é fibrosa ou formada de tubér- culos carnosos. As folhas alternas, simples ou invagi- nantes. As flores lisas ou envolvidas em uma espatha foliacea. Esta familia se distingue: 1.°, das Juncaceas pelo porte, pelo cálice, cujas três sépalas interiores são coloridas ; pela forma do embryão ; 2.°, das Restiaceas, igualmente pelo cálice, pela structura da capsula de lojas dispermicas, e sobre- tudo pelo porte que é bem diíferente. Caixa eolípâp oii caixa cobre. — Cactus. — Fam. das Nopaleas oa Cac- taceas. — Arbusto de sertão do Brasil. E uma arvore mediana de 2 a 3 me- tros de altura pouco mais ou menos, esgalhada na summidade dos ramos, formando umbrellas de distancia em distancia ; sem folhas. As flores são brancas, á semelhança de Angélicas. O fructo mede 9 centímetros pouco mais ou menos, globuloso, achatado, de côr roixa, casca grossa, por dentro escarnada, contendo uma massa móUe 15 »8 CAJ CAJ e doce, cheia de sementinhas pretas. Come-se essa massa, que passa por boa. Cajaçiro oii Cwjjaseiro. — Spon- (lias lutea, Linn. — Fam. das Anacar ãiaceas. — Em Pernambuco e varias pro- víncias do Brasil é conhecida por este nome, no Pará por Tapiriha^ e por Acajá em outras províncias. O Cajaeiro é uma arvore oriunda do paiz, elegante por seu porte gigan- tesco e sua folhagem disposta syme- tricamente. Precede á epiderme do seu tronco uma casca de um tecido fibroso, ru- goso, saliente, de natureza meio cor- tiçosa, que é mui procurada para pequenas obras de esculptura. Suas flores, em cachos, são pequenas e brancas, e nada têm de notável. O fructo é uma baga amarella de 6 centímetros de comprimento, arre- dondada, achatada na base ; tem uma pellicula externa fina e lisa, uma polpa pouco espessa, molle, acida e pouco doce, e interiormente um caroço que é grande, branco, suberoso, e enru- gado. Come-se essa massa, que não é tão boa ao paladar como ao olfacto, pelo aroma que tem. Costumam fazer do cajá um xaroj^e próprio para limonadas, geléas e doce. Poucos annos ha que foram desco- bertas nas raízes d'essa bella arvore tuberas de vários tamanhos, cuja subs- tancia é comestível, porém ainda não se tem feito experiências a respeito. Propriedades medicas. — O caroço do cajá é um enérgico diurético, e deve ser tomado em doses moderadas. A casca é adstringente. O fructo acido e refrigerante é muito empregado na hypertrophia do cora- ção, contra as diarrhéas, blenorrhéas, anginas atonicas, e ulceras do collo do útero e vagina. Cajaniurú. — Solanura saponaceum, Dun. — Fam. das Solanaceas. — É uma planta e congénere da Junibeba. Passa por desobstruente e depurativa. Cajnty. — E um arbusto de casca grossa, com as folhas semelhantes ás do Louro. Dá um fructo amarello, de sabor e cheiro agradáveis, e que é preso á extremidade do ramo por um pedún- culo comprido. Cajeraitu. — Cabralia cajerana, Mart. — TrirJiilia cajerana, Vell. — Fam. das Meliaceas. — Arvore indígena e vegeta no littoral. É conhecida no Rio Grande do Norte por Cajerana., de casca jjarda, e ramos pelludos nas pontas. As folhas dispostas em palmas, são duras e sem brilho, e parecem-se á pri- meira vista com as da Aroeira da praia. Suas flores em cachos são como pe- quenas Angélicas , esverdínhadas, co- bertas de lanugem, e de agradável cheiro. A fructa muda depois que cresce, e parece uma jacasinha*de 6 á 9 centí- metros; é oval; a superfície é cheia de proeminências, como na jaca, emquanto verde ; dentro ha uma massa amarella pegajosa, e varias sementes achatadas e angulosas dispostas transversalmente. Come-se, mas não é de sabor delicado. Ca|ú 031 CajíieiB*©. — Anacardiím occidentale^ Linn. — Cassuviíím por/imife- rum, Lamck. — Fam. das Anacardiaceas . — É uma arvore importante das Antilhas e do Brasil, que vegeta no littoral. É copada, não se eleva muito, mas estende bem seus ramos; a folhagem é pouco densa. Suas folhas são simples, ovaes, co- riaceas, de côr verds amarellada. As flores em cachos pyramidaes. Cálice campanulado, com cinco di- visões. Corolla de cinco pétalas, grandes ; 5 ou 6 estames., antheras oblongas, ou arredondadas. Tem cheiro ; umas são côr de rosa, outras amarelladas. CAJ CAJ 99 O fructo é uma noz, reniforme, que o vulgo chama castanha; é coberta por dois invólucros, de consistência crustácea, de côr acinzentada; dá um sueco oleoso, muito cáustico, que se usa na medi- cina popular, em applicações externas, para abrir fontes. • A amêndoa assada é saborosa ; e «o- berta com assucar se prepara em con- feitos, que tem melhor sabor do que as amêndoas doces. Attribue-se-lhe a singular proprie- dade de exaltar as faculdades intel- lectuaes, e de desenvolver a memoria; é aphrodisiaca. O receptáculo é carnoso, e não é outra cousa senão o desenvolvimento do pe- dúnculo floral, ao que o vulgo chama cajiti. É oval ou redondo, de còr branca, amarella ou vermelha; de consistência molle, formado por um tecido carnoso e fibroso, cheio de um sueco adstrin- gente, que é saboreado com praser na estação calmosa, em limonadas refri- gerantes. Do sueco prepara-se vinho e vinagre, e do tecido excellente doce. A madeira é usada na arte de mar- cinaria. Fructifica uma só vez no anno, no verã,o. Propriedades medicas . — O sueco do caju é excitante, adstringente e diu- rético, usado como anti-syphilitico. A mesma arvore dá uma resina muito abundante, que se pôde empregar em vez da gomma arábica. A casca do tronco é adstringente, e usa-se em banhos nas inchações das pernas. Cíftjsk íle Angola. — Fam. das Eu- phorhiaceas . — É uma arvore cultivada no Brasil, e assim chamada em Per- nambuco . Com eflfeito, á primeira vista sup- põe-se um Cajueiro. Ella é copada, de folhas ovaes, a semelhança das do nosso cajueiro, e também coriaceas. As flores são pequenas. O fructo é uma capsula com a forma de um figo, carnoso, com 4 sementes còr de rosa, apresentando manchas mais escuras, e quatro lojas, contendo cada loja uma d'estas sementes ; ás vezes aborta. A semente é coberta de um corpo cartilaginoso amarellado. E' drástica, e até venenosa quando se administra em alta dose. C'.a38B S»aiitasis%. — Anacardmm occi- dentale. — Fam. das Anacardiaceas . — E' uma espécie que se assemelha muito á precedente. Seus fructos regulam a dimensão de 24 centímetros ; encontram-se em pe- queno numero, e são em geral muito doces. Em Pernambuco estes fructos são bons, mas em algumas províncias são de má qualidade, como na do Rio Grande do Norte. O fructo do Cajueiro., na primeira phase de seu desenvolvimento, recebe vulgarmente o nome de Maturi., e 6om elle preparam um guizado mui agra- dável. Cajaiciro liípavo. — TridiosjiermuM liclien. — Fam. das Flacurtianeas . — Ar- vore media, oriunda dos lugares agres- tes, isto é, vegeta nos taboleiros e terras áridas do Brasil. E' uma pequena arvore, de ramos mui tortuosos, casca escura fendida, esta- ladiça, áspera, mui parecida com a do Cajueiro manso ; porém tão áspera que serve de lixa aos marcineiros e tarta- rugueiros. As folhas são seccas, onduladas e baças . As flores em cachos, são cheirosas. Os fructos SÃO capsulasinhas ásperas, de forma navicular, contendo 4 semen- tes cobertas por um arillo branco na sua metade, e envoltas em uma subs- tancia vermelha, um pouco viscosa. Na Bahia e em Sergipe é conhecida por Samhaia; em Pernambuco e Ala- goas por Cajueiro Iravo. 1(»0 CAJ CAL Caracteres da família. — São plantas de folhas alternas, simplices, inteiras, algumas vezes coriaceas, persistentes e desprovidas de estipulas, muitas vezes marcadas de pontos ou linlias trans- parentes. Suas flores são pedunculadas e- axil- lares, frequentemente unixesuaes e di- oicas, outras vezes liermaphroditas. O cálice é formado de 3 a 7 se- palas distinctas, ou ligeiramente sol- dadas pela base. A corolla, que falta ás vezes, se compõe de 5 ou 7 pétalas, alternando com as sepalas. Os estames, em numero definido ou indefinido, tem os filetes livres ; as an- theras são de 2 lojas. Estes estames são, assim como a co- rolla, inseridos no âmbito de um disco annullar, que falta raramente. O ovário é sessil ou estipitado, glo- buloso, ora de uma só loja, encerrando grande numero de óvulos, inseridos em trophospermas parietaes, cujo numero é o mesmo que o dos estigmas, ou dos lobos de estigma, ora de numero variável de lojas, pelo prolongamento dos trophospermas e sua reunião no centro do ovário. O fructo é unilocular ou plurilocular, indehiscente ou dehiscente. As valvas trazem cada uma d'ellas um trophosperma, ou um septo no meio da face interna. Em geral o tegumento exterior da semente é carnoso e arilliiforme. O embryão, homotropo e erecto, está coUocado no centro de um endosperma carnoso. Caju «Io caaupo. — F. CajuU ou Cajuim. CaJú «la aitata. — Fam. Idem. — É uma fructa agreste, de 3 a 6 centíme- tros ; redonda, oval, tendo exteriormente na parte inferior um envoltório carnoso, da forma de um copo. EUa é uma noz parda, ovóide, que assemelha-se a um vaso com tampa; tem cheiro nauseante. Os veados comem -a muito. Cremos que pertence propriamente ao género Cassuciíim e não ao mesmo género Anacardium. CajiiStâ. — Anacardium humile, Mart. — Fam. das Anacardiaceas. — Este cajueiro natural do paiz é agreste e vegeta em algumas províncias, especialmente em Sergipe, aonde abunda nas mattas e pelas catingas ; não é arvore nem pro- priamente arbusto ; é subarbusto de 3 á 4 metros de altura, no mais semelhante ao cajueiro ordinário. Dá, porém, um caju muito pequeno, de 3 a 6 centímetros, que raramente se come, por ter um azedume intole- rável. Cajuliy ou Cajjiia» oii Ca|ú «lo ««alto.— E' um cajueiro pequeno, como pequeno arbusto agreste que ve- geta no Maranhão e no Pará, onde o chamam Qajú do matto. E' semelhante ao outro Cajuhij; dif- fere, porém, em ter a fructa mais re- donda e pequena, com a castanha encravada no ápice. E* muito doce. Calanio aromático. — E' S. Paulo o Junco de cohra. em CaEças «le velha. — F. Verbasco. CaluBiiba brasileira. — Simaba colmnba, Ried. — Fam,. das Butaceas. — Esta planta é um arbusto que vegeta nos nossos sertões e no Amazonas até o Pa- raguay. EUa apresenta folhas alternas, pin- nadas ou digitadas, e até simplices. Suas flores são brancas, em cachos. Seus ramos esverdinhados, amarellos ou rosados, exhalam algum cheiro. Ha mais uma espécie, Sirnaha humi- lis, Ried. Propriedades medicas. — É tónica e febrífuga. Calumiil ou Alalieia «le Ito- CAM CAM fOt niein. — Mimosa. — Fam. das Legumino- sas. — E' subarbusto indígena que tem a mesma propriedade da Sensitiva ou MaKcia àe mulher: de contrahir suas fo- lhas pelo contacto dos corpos estranhos. Em Pernarmbuco dão-lhe o nome de Malicia de homem., e nas Alagoas de Ca- lumbi. ' Cresce pelas várzeas, e eleva-se á al- tura de 1 K metro pouco mais ou me- nos ; tem o caule cylindrico, com espi- nhos. Folhas em palmas e miudinhas como na outra; as flores também, mas a fruta é uma vagem recta, e não enroscada como na Sensitiva ou Malicia de mulher. Calii9ig:a. — Simaha ferrugitiosa., St. Hil. Fam. das Leguminosas. — E' uma arvore de folhas imparipinnadas, e fo- liolos ellypticos. Flores em panicula composta, sub- sesseis, com bractcas curtas. A casca e a raiz d'esta planta contem principio extractivo amargo. Propriedades íMedicas. — E' empre- gada em pó ou em cosimento interna- mente nas dyspepsias, febres terçãs, hy- dropisias ; e também contra o prolapso do recto, em clysteres. Cantarias*! verinellio oie tte ea- runelto. — Caraipa pjramidata. — Fam. das Ternstroemiaceas . — O Camaçari é uma madeira conhecida em Pernambuco e outras províncias por este nome. E' uma das mais bellas arvores do paiz. E' alta, de forma pyramidal, folha- gem densa, folhas ovaes e regulares. As flores em cachos são como jas- mins, brancas, e com as pontas tor- cidas. O fructo é uma capsula de três valvas, com algumas sementes. O Camaçari vermelho é uma madeira de construcção ; seu cerne é pardo ou castanho, mas muda de còr. Empi-ega-se em traves, frexaes, por-j t^es, e serve para taboado. Dá uma resina combustível, quej produz boa luz. Esta resina, esfregada nos pés, preserva dos bichos chamados de pé. Ha outra espécie que é o Camaçari branco. Canta|iti. — Physallis eduUs. — Fam. das Polanaceas. — Esta planta também em Pernambuco é conhecida por £a- tetesta . E' indígena, e dá em quasi todas as províncias do Império. E' esgolhada, de côr verde palha, folhas ovaes, arredondadas e de mar- gens sinuosas. As flores cinzentas, franzidas, O fructo , depois de desenvolvido, offerece o envoltório da base da antiga flor, que forma como que um casulo cónico anguloso, onde aquelle se acha encerrado . Os meninos brincam com essa fruc- tínha, batendo, depois de sopral-a, na testa ; dá um estalo, se arrebentar o envoltório que está cheio de ar. Come-se, mas é insípida. Propriedades medicas. — E' diurético e calmante, empregado na dysuria; seu cosimento é utíl nos catarrhos, seus caules são depurativos, e os fructos desobstruentes. O cosimento applicado internamente é também utíl nos rheumatísmos chro- nicos e nas aífecções da pelle, assim como empingens etc. O sueco applica-se na dose de GO a 90 grammas. O extracto na de 50 a 100 centí- grammas e o pó na de 4 grammas. Cai»ará. — V. Camará de chumbo. Cainarú-»|»eS>a . — V. Mentrasto. Cantará-^ílfo. — V. Páo Pereira. CaBtttai*-.» de l»oi. — Chrysocoma pa- rallelinervia. — Fam. das Compostas. — E' um arbusto semí-herbaceo, e por tal nome conhecido ein Alagoas. Suas folhas lanceoladas, oppostas e urz CAM CAM de verde desmaiado ; esmagadas desen- volvem cheiro ; são baças, tem flores brancas, em cachinhos. Os fruetos são pequenos, contendo sementes coroadas de um feixe de penugem branca. O gado vaccum gosta muito d'este vegetal. CainttriV branco. de campina. V. Cravi?iho Camará de Capoeira. — Verbena quaãrialata. — Fam,- das Comjwsias. — Tam- bém chamam a esta planta nas Ala- goas Mucamba. É um arbustosinho agreste e natural do paiz, cujo caule é alado nos quatro ângulos, como um babadinho foliaceo. As folhas, o caule e os ramos são de còr verde azulada eu esbranquiçada. As flores são brancas e miúdas. Dá um fructo, cujas sementinhas são pretas e ornadas de duas pontas. Propriedades medicas. — Usa-se seu cosimento, internamente e em clysteres, em pequenas doses, na cura dos catarrhos com tendência a asthma. Caiuarú de Cavallo. — V. Mal- mequer gratide. Camará tíe eliumTio. — Lantana spiuosa, Linn — Fam. das Verhenaceas. — Pelo nome de Camará é esta planta co- nhecida em todas as províncias, e por Camará de chnmòo no sertão. E' um arbustosinho engraçado, a que não se dá a importância devida, por- que é muito commum. Seu caule ramifica-se desde a raiz, formando muitos galhos cruzados, que formam mouta; tem pequenos espinhos nos ramos. Suas folhas ovaes, recortadas em roda são baças, ásperas, e com cheiro aná- logo ao da Herva cidreira. As flores, dispostas em capitulo, ora vermelhas, ora amarelladas. Dá um fructo globuloso, do tamanho e da côr de um bago ou grão de chumbo de espingarda. Tem uma pellicula flna, que cobre uma massa moUe quasi liquida còr de chumbo, com uma semente no centro, que tem toda a analogia com o chumbo bastardo. Esta planta, segundo um autor euro- pêo, tem as propriedades da Herva ci- dreira. Entre nós é uma das plantas que go- são de virtudes therapeutieas, e presta- se á varias applicações medicas. Martins apresentou sete espécies de Lantana — Camará aculeata, involucrata., Linn. — Brasiliensis ., Sellowiana ., Link. — Pseudothea, St. Hil. — Microphyla Mart. Camará do Rio G3*an€le do Sul. — Lantana zelloniana., Link. -— Di- dijnamia Angyospermia^ Linn. — Fam. das Verhenaceas. — E' planta congénere do Camará de chumbo. Mais ou menos suas virtudes são iguaes ás do precedente. Camará-tiiiifa. — Lantatia iuvolu- crata^Linn. — Fam. das Verhenaceas. — E' uma planta mais ou menos igual ao Camará de chumbo. Tem, porem, as folhasternadas,e é aro- mática. Propriedades medicas. — Sua infusão é proveitosa nos catarrhos. O sueco das folhas misturado com assucar branco é empregado mui frequentemente em Pernambuco nas moléstias dos pulmões. Cam ar am baia. — Jussicea scahra., Willd. — Fam. das Onagrariaceas. — É u ma planta herbácea, muito coberta de pellos. Usa-se na tinturaria. Camarasí nlio. — Lantana camará., Linn. — Fam. das Verhenaceas. — É um subarbusto, conhecido por este nome em Pernambuco. Seus caules fo rmam soqueira, e as ver- gonteas cruzadas inclinam-se sobre os outros vegetaes. No mais é semelhantissima ao Camará de chumbo, com excepção das flores que CAM CAM loa são de côr de lyrio ou violeta ; não tem espinhos. Goza das mesmas propriedades do outro. Também o chamam Camará branco. Caa»»riii1tas. — Eupathormm ál- bum^ WilM e Zúm. — Fam. das Compostas. — É uma planta da America Meridional, de caule erecto, folhas lanceola, das flo- res alvas em cachos. As sementes são febrífugas. Cambuí. — Schums rhoifolhis ., Mart. — Fam. dasTerehinthaceas. — É uma espé- cie de Aroeira., e tem os mesmos usos que ella. Cainlioini ou Caiiiliui. — Euge- nia tenella., D.C. — Myrtus tenella, Mart. — Farã. das Myrtaceas. — Fructinha do paiz, conhecida por este nome em Per- nambuco, Bahia, Alagoas, S. Paulo e Minas Geraes. Provem de um arbusto, de tronco ra- moso e liso, ramos verticaes, folhas pe- quenas, estreitas e lustrosas. As flores, em feixes, abundantíssimas, occupam todos os pontos da axilla das folhas e ramos ; são brancas e chei- rosas. O fructo é globuloso, de 1 1/2 á 3 centímetros de diâmetro, coroado pelos fragmentos do cálice, de côr roixa, ou vermelha escura, quando maduro. Seu tegumento externo é membranoso, lusente, unido á uma polpa escura, aquosa com pouco tecido fibroso. E' doce, com um resaibo adstringente. Tem no centro uma semente esphe- rica, dividida em duas partes. Floresce no Sul, em Janeiro e Feve- reiro, e em Pernambuco, em Abril e Maio. Cambraia ou IIIeI|»it*es. — Mal- figkia ilicifolia.1 Mil. — Fam. das Mal- fighiaceas. — Arbusto da America Meri- dional, que serve de ornamento de jardim. Sua altura regula de 2 metros e 64 centímetros á 4 metros e 40 centímetros. Caule fraco, côr de castanha. Folhas alternas, de côr verde pal- lida, fuscas e ovaes. Flores em cachos, nas extremidades dos ramos, de linda côr de rosa. O fructo é redondo, e contem seis sementes, dispostas circularmente. Não tem cheiro esta flor. Cambucá. — Exigenia edulis — Cam- hucá . — Fam . das Myrtaceas . — Fructa dos sertões de Pernambuco, do Rio de Janeiro e de Minas Geraes. O Cambucá é o fructo do Cambucaseiro. Tem seis a nove centímetros mais ou menos, é de forma redonda, e amarello côr de gemma de ovo . Tem a superfície lisa e lustrosa, casca fina, ligada a uma massa gelatinosa, es- pessa e molle, encerrando um núcleo ou semente redonda, oblonga de côr roixa, um pouco oleosa. O cambucá é doce e agradável. O caroço que encerra é adstringente, e a polpa é tão salutar e innocente, que se dá aos enfermos. Usa-se como refrigerante. Cambuliy. — Eugenia crenata. — Fam. das Myrtaceas.— Não será a Eu- genia cremdata de Willd e o Myrtus cremilatns de Swart ? Camelão.— V. Capim coco. CsintitainUsíS.—Convallariamajalis, Linn.—Fam. das Asparagaceas ouBorra- gaceas.—Vlfini-à da Europa aclimada em nosso solo para jardins. Herva vivaz, e que tem raiz bulbi- fera. Suas folhas são radicaes, á seme- lhança do Ananazeiro e dos Capins-açihs. Nasce do centro das folhas um pe- dúnculo nú, onde se desenvolvem as flores de côr branca, reunidas em uma espiga ; occupando um só lado da in- serção, são brancas ou rosadas, e com cheiro. Ha três espécies que florescem em Maio, e são mui cultivadas nos jardins lO-l CAM CAN Caiiis>aaiilla. — Coutaria^caMfanilla^ D. C.—Fam. das Ruhiaceas.—kx\ovQ que vegeta no Amazonas. Tem as folhas ovaes, as flores brancas, e um fructo oval, comprimido. Caiiípcflieiro. — Eematoxylum^cam- pecManum^ Linn. — Fam. das Leguminosas. Esta arvore é do México, mas tratamos d'ella aqui, por ser crivei que também exista nas regiões do norte do Brasil. O Campecheiro é uma arvore de boa altura. Sua folhagem brilhante é disposta em palminhas symetricas dispostas. Suas flores^ em cachos, são amarellas, e fragrantes. O fructo é uma vagem comprimida, contendo dois ou três grãos. A madeira do Campecheiro 6 ama- rella externamente, e no âmago é roixa ou escura. Todos sabemos que o Campeche é empregado na tinturaria, para tingir de preto os tecidos ; mas elle também é usado na medicina, como adstringente, contra as diarrhéas chronicas, e he- morrhagias . Caiiipli o rei r» . — Zaurus camphora, Linn. € Rich. — Fam. das Lauraceas. — Arvore indígena da China e do Japão. Aclimada no Brasil, no extincto Jar- dim Botânico da cidade de Olinda, e também nos jardins do Rio de Janeiro. Arvore bastante alta, tronco recto, dividido na parte superior. Ramos glabros, de um verde amarel- lado , c frequentemente avermelhados. Folhas alternas, com peciolo curto, ellypticas ou ovaes, acuminadas, in- teiras, glabras, um pouco luzentes por cima, e coriaceas. Flores em corymbos longamente pe- dunculados. Fructo do tamanho de uma hervi- Iha, ovóide, luzente, de côr purpúrea denegrida quando maduro. Extracção da camphora. — Dividem-se em achas o tronco, a raiz e os ramos da Camphoreira, e distillam-se a brando calor n'um alambique, cujo capitel é atravessado por cordões de palha de arroz. A Camphora adhere á palha de arroz, ahi se deposita com uma côr cin- zenta, e assim é transportada para a Europa com o nome de Camphora brtita . Para a purificar, sublima-se á banho d'areia em um matraz, cuja abobada tem uma abertura; é porisso que a Camphora se apresenta com a forma de pães concavo-convexos, furados no centro . Propriedades medicas. — A Camphora, goza de acção excitante, e anti-pas- modica. E' aconselhada internamente em grande numero de moléstias, taes como o typho, as erysipelas, a febre puer- peral, a pneumonia, a bronchite, as aff'ecçÕes rheumaticas, gotosas, e ner- vosas, as convulsões, etc. Externamente nas torcedeiras, con- tusões, etc. ; finalmente a Camphora é empregada contra os envenenamentos pelos narcóticos . E' reputada anti-septica. Serve para preservar os objectos da economia do- mestica, taes como roupas, moveis, etc, da acção destruidora dos insectos damninhos ; é em virtude de sua pro- priedade anti-septica que usa-se nas febres pútridas, etc. CaiiauBtbaya. — Cactus phyllanthns, Vetl. — Fam. das Cactaceas. — Arbusto congénere dos Mandacarus, cujo fructo tem o sueco doce, mucilaginoso e re- frigerante. Propriedades medicas. — Emprega.se nas febres gástricas e biliosas. Canapoaiga. — V. Mangue branco. Candeia. — Vernonia 7iora;boracensis ., Wild. — Fam. das Compostas. — Planta da America do Norte, cultivada nos jardins do Brasil. É herbácea, de l a 2 metros ; de altura. CAN CAN 105 Suas folhas são lanceoladas e com- pridas. As flores, em cachos, purpurinas e bo- nitas. Ha muitas espécies. ir Candeia. — Lychonophora, Mart. — Fam. Idem. — Arbusto natural do paiz, de caule tortuoso. Seu lenho, quando secco, queimando- se dá uma luz clara, sem fumaça, e dispensa o azeite no sertão. Um tição de fogo d'esta madeira, preso á parede, allumia como um archote. Can«1ei» das Alagoas. — CJiryso- holanus ardentis. — Fam. das Chrysohola- neas.— Arvore conhecida nas Alagoas, e indígena do paiz. Suas folhas ovaes são quasi redondas no ápice, e coriaceas. As flores, excessivamente miúdas em cachos diífuzos, e de cor branca. O fructo mui pequeno. Esta arvore dá também nas regiões do Sul. O lenho quando queimado arde como um facho sem se apagar: CandiciB-o. — V. Candeia. Catideia. — Cladonia sanguínea, Mart. — Fam. das Liche?iaceas . — E' uma planta das mais importantes do reino vegetal. Umas arrojadas pelo mar vêm dar ás costas marítimas ; outras desenvolvem- se em terra com diíferentes caracteres, 6, quasi sempre parasitas, tem cores vi- vas e brilhantes. O Candeia triturado com agua e assu- car é óptimo contra as aphtas das crean- ças. Em S. Paulo e Minas tingem-se os cestos e as esteiras com o sueco d'esta planta. Ha varias espécies. Nos lugares arenosos e nas restingas do Rio de Janeiro encontram-se as espé- cies Cladonia pixidata e Clad. perfoliata. Caiiella &\\ CaneSIeira. — Lau- rus cinnamomum, Linn. e Spl. — Fam. das Lauraceas. — E* uma arvore do Ceylão, porém acclimada nas Antilhas, na Guy- anna, no Brasil (sobretudo nas provín- cias do Norte), de 6 a 7 metros de al- tura, medindo o tronco 30 a 40 centí- metros de diâmetro. Folhas irregularmente oppostas, cur- tamente pecioladas, ellypticas ou ovaes, lanceoladas, inteiras, pontudas, lisas, verdes por cima, acinzentadas por baixo, coriaceas, com três nervuras, raras ve- zes cinco, longitudinaes, bem marcadas com um grande numero de veios trans- versaes. Flores amarelladas, pequenas, dispos- tas em paniculas terminaes. A Canella de Ceylão apresenta-se em cascas delgadas papyraceas, enroladas em tubos da grossura de um dedo, e do comprimento de 50 centímetros ; ás vezes estes tubos são m-ais pequenos, li- sos, de cor amarella avermelhada ou fulva. Sua fractura é irregular. A Canella tem cheiro e sabor agradá- veis ; é a principio doce, depois acre e urente. Extrahe-se a Canella das arvores que tenham pelo menos cinco annos. Cortam-se os ramos, tira-se a epider- me,separa-se a cascado ramo, e põe-se á seccar ; é então que as cascas se enro- lam sobre si mesmas como apparecem no commercio. O óleo essencial de Canella ordinaria- mente nos vem da índia. (Fig. 14.) Propriedades medicas. — Estimulante e tónica, é empregada nas digestões len- tas, vómitos nervosos, febres adynami- cas, escorbuto, escrophulas e leucorrhea. Internamente : Pó, 6 á 12decigrammas 4 grammas para 400 grammas d'agua fervendo. Agoa distilladn, 30 á 60 grammas em uma poção, Tintura, 2 á 4 grammas. Óleo essencial, 3 á 6 gottr.s. Canella liatallia. — Grande arvore que vegeta nas províncias do sul do Im- pério. 16 lOtí CAN CAN O sen tronco é de grossura maior do que o de qualquer das outras Catiellas. Os falqueij adores lutam com grande difficuldade para derribal-a. A madeira é de inferior qualidade, de aspecto ligeiramente assetinado, e côr branca suja, Caiiell» branca. — Winfneriana canella, Linn. — Canella alha, Swart. — Fam. das Meliaceas. — Arvore que cresce no Amasonas e nas Antilhas. Suas folhas são obovaes e coriaceas. Suas flores azues. O fructo é uma baga. Sua madeira, com quanto seja própria para construcção, éde qualidade inferior. Propriedades medicas. — Pode ser ap- plicada como tónica e íebrifuga. Canella de clteíro. — Oreodaphie 0'pifera, Mart. — Fam. das Lauraceas. — Planta qne cresce no Rio Negro, Propriedades medicas. — Distilla esta arvore um óleo aromático, que se em- prega nas contracturas dos membros,nos rheumatismos,etc.,emfricções ou em for- ma de unguento. Canella de ema. — Yellosia marí- tima. — Fam. das Hoemodoraceas ., Polya- delfliia icosandria., Linn. — Esta planta serve para tapamento das paredes das casas, nos lugares aonde não se encontra barro para tijolo, e também serve para combustível em razão de ser muito oleosa ou resinosa. E' do porte mais «u menos de algumas Yuccas., como também a Arvore ou Vella de pureza., etc. Suas folhas são longas e largas. O caule é elevado. As flores, no ápice dos ramos, são soli- tárias, bonitas, grandes, brancas, ama- rellas e côr de lyrio. O fructo é escamoso ou coberto de as- peresas. Vegeta no paiz. Canella de ema do Rio de J ane iro. — Barhacenia . — Fam . Idem — Este género é muito próximo do Vel- losia. Seus caracteres são os seguintes : Cálice gamosépalo, quinquelobado, inchado, coberto de pêllos glandulosos. Seis pétalas e seis estames ; de file- tes largos, superiormente denteados, e apoiando as antheras lateralmente. O ovário com um estylete e um es- tigma. O fructo uma capsula alongada trival- ve, e polysmermica. É pouco conhecida ainda esta planta. Canella de ema do «aertão. — Costtis. — Fam. das Amomoceas. — Arbusto agreste, natural do paiz, vegeta nos terrenos áridos, pedregulhosos, ete. Sua altura regula de 110 a 132 cen- tímetros. O caule pouco esgalhado, com arti- culações. As folhas grandes, reunidas na su- midade dos ramos. As flores em espigas, de escamas imbricadas, e vermelhas. O fructo é uma bagasinha. O caule desta planta é semi-herbaceo e fibroso. Os sertanejos preparam e fazem d'ella esteiras, e coxins próprios para can- galhas. Canella limão. — Bella arvore; o lenho é de um amarello pallido, um tanto ondeado, assetinado, e de um tecido frouxo. E' aproveitado, se bem que em algu- mas obras internas. Na medicina domestica cosinha-se a casca, dá-se a beber para combater dores de peito. Canella do matto. — Linaria aro- mática., Arr. Cam.—Fam. das Scrophula- riaceas. —Ests. planta é oriunda de Per- nambuco. É aromática, e dá boa madeira. Canella do matto . — C>*o/o« macu- latum.— Fam. das Euphorbiaceas.^ Esta CAN CAN lO^S arvore agreste é conhecida no sertão das Alagoas por este nome. Tem ura aspecto particular e engra- çado. A casca é maculada de branco. Os raraos são frágeis, as pontas louras. As folhas tem a pagina inferior co- berta de uma penugem esbranqu^içada; são ovaes. As flores são em cachos, e' pubes- centes. O frueto é uma capsula de seis coc- cas orbicular, coriacea, tomentosa, con- tendo três sementes; é de três valvas que se abrem, apresentando as três semen- tes ovóides, envoltas no arillo; a amên- doa é oleosa. O lenho d'esta arvore é branco e fraco. Floresce uma só vez no anno: em Fevereiro e Março. Caiiella preta. — Agatliophijllum aromaticum^ Linn. — Fam. das Laura- ceas. — Arvore cuja madeira serve para construcção. Caiiella preta. — NectandramolUs, Nies. — Laurus atra, Vell. — Fam. das Lauraceas. Propriedades medicas. — As folhas d'esta planta passam por diuréticas, car- minativas e emmenagogas. Caiiella fedorenta ou tetiila. — È uma bella arvore, que seria muito estimada se não exhalasse um cheiro tão desagradável e repugnante. Todavia este inconveniente desappa- rece ou diminue com o tempo, e a ma- deira pode ser empregada em taboas de forro e soalho. Sua côr é mais clara, e não possue o brilho particular das outras canellas. É em geral imprópria para as obras expostas ao ar. Canella «íe veado. — Fam. das Euphorhiaceas — Arvore pouco elevada, copada, pouco espessa. As extremidades dos ramos corres- pondem á metade da altura da arvore. Folhas terminaes, agglomeradas nas partes extremas dos seus peciolos. As flores são unisexuaes, monoicas, imperfeitas, e pequenas. As flores masculinas occupam as par- tes mais elevadas, e maior extensão dos pedúnculos. As do sexo feminino são constante- mente em numero de três, e estão si- tuadas inferiormente. O frueto é uma capsula tricoca, re- sultante da união feita na terça parte do dorso das folhas carpellares, de sorte que a sua superfície apresenta três ângulos fortemente reintrantes. As linhas que representam as sutu- ras dorsaes, que são as nervuras prin- cipaes das primitivas folhas, são bem visíveis; estas são triloculares. Cada loja contém uma semente, cujo episperma é membranoso, e de aspecto vitreo. A amêndoa, cujo embryão está en- volvido por um endosperma, é branca. t Canella de veado brava ou Pitiú eate. — Casearia similia coffea. — Fará. das Samidaceas . Arbusto agreste e natural do paiz, que vegeta no littoral, e é conhecido em Pernambuco por esses nomes. É baixo e bem esgalhado. Folhas ovaes, lanceoladas, oblongas e lustrosas. Flores brancas, miúdas, em feixes, nas axillas das folhas, e na extensão do caule. O frueto é uma bagasinha, como uma azeitona, que abre-se por si, mos- trando três sementes vermelhas ; é roixo por fora. Algumas pessoas comem-n'o. Esta planta floresce em Janeiro e Fevereiro. Também chamam-n'a Assa-peixe., em Sergipe. Canella de veado mansa dasi Ala^íòas. — Eugenia muUícauUs. — Fam. das Myrtaceas. — Este arbusto, que ve- fOS CAN CAN geta pelas capoeiras do Brasil, é co- uhecido nas AJagòas e em Pernam- buco por este nome. Cresce mais ou menos até 4 metros. Seus caiúes se multiplicam da base da planta, formando touceiras. A casca é fina, lisa e desprende-se naturalmente em laminas. E' de côr de canella avermelhada. As folhas são oppostas, ovaes, pe- quenas e lustrosas. As flores brancas, em cachos, com algum cheiro. O fructo é uma bagaoval, arredondada, de 2 centímetros de diâmetro o com fragmentos dos envoltórios floraes no ápice, tendo quando maduro a côr roixa avermelhada, e a casca mem- branosa, unida a uma polpa trigueira, aquosa e acre-doce. Tem um e algumas vezes dois ca- roços no centro, e da mesma côr. O lenho d'este arbusto tem muita flexibilidade ; porisso os meninos tiram d'elle vergonteas para apanhar pássaros. Caitelllnlia. — V. Casca preciosa. Caninana «le Minas. — CMococca densifoUa^ Mart. — Fam. das RuMaceas. — Planta oriunda de Minas Geraes. É uma trepadeira, de folhas ovaes e flores brancas e aromáticas. Propriedades medicas. — A raiz d'esta planta é drástica, e diurética ; é empre- gada nas hydropisias e opilações. Dá-se na dose de 1 a 2 grammas do extracto, e de 4 grammas do pó. Sua infusão é feita na proporção de 15 a 20 grammas para 225 grammas d'a- gua. Caniia tle a^^siicar. — Saccliarum officinarum^ Liuti. — Arunão saccUarifera^ Pison. — Fam. das Graninaceas . A Camia de assucar, Saccharum officinarum de Linnêo, Saccharopharum de Necker, per- tence á familia das Graminaceas de Kunt, e a Triandra digynea de Linn. O seu caule é cylindrico e articulado. As folhas nascem da circumferencia dos nós, formando uma bainha, que en- volve ou todo ou parte do merithalo su- perior. As flores se agrupam em uma florescên- cia composta sobre um caule, a que cha- mamos flexa, da qual procedem gradu- almente outros caules, em roda dos quaes ficam dispostas em paniculas, simulando uma espiga. O fructo contem uma semente oblonga, envolta pelas valvas, ou invólucros flo- raes. Da raiz fibrosa se elevam os caules ar- ticulados, guarnecidos de 40 ou 50 nós, mais ou menos approximados, conforme o desenvolvimento da planta. Folhas abarcantes na sua base, com o comprimento de 1 K metro e largura de de 3 a 6 centímetros, com suas nervu- ras longitudinaes. Esta planta é importante, pois d'ella se extrahe a substancia tão conhecida com o nome de assucar, hoje matéria de primeira necessidade para quasi todos os povos da terra. A canna de assucar passa por ser originaria das índias Orientaes ; pelo menos até agora não se tem provado de modo evidente que esta planta se tenha encontrado ab origene em outros pontos do globo. Os antigos conheciam o assucar? Esta questão pôde ser resolvida facil- mente, consultando-se os auctores gre- gos e latinos, onde se acharão consi- gnados os nomes de Mel de canna, Sal de canna e também algumas vezes de Saccliarum . Mas, pela maneira porque estes auc- tores se exprimem, vê-se que conheceram o assucar, não crystalisado nem refi- nado, mas em xarope ou no estado a que entre' nós se dá o nome de rapa- dura . O illustre Humboldt presume que desde mui remota antiguidade, os Chins cultivavam a Canna, e conheciam o modo de purificar o seu sueco, e de crystalisal-o . Os etymologistas querem que a pa- lavra Saccharum ou assucar venha do termo Sanscrito Scharkara, cousa doce. CAN CAN 109 Os persas chamam ao assucar Sckaka, e os Índios Suckur. Os egypcios, em eras remotas, se- nhores do commercio da índia, foram substituidos pelos habitantes de Tyro e de Sidon ; mas depois da conquista de Alexandre, e da creação da cidade que tem seu nome (Alexandria), que abrio nova via de commercio pelo mar Vermelho e pelo Nilo, os egypcios e gregos se apoderaram de novo do com- mercio do Oriente. O Egypto continuou a ser o empório do commercio do Oriente, durante o impé- rio grego deBysancio, assim como depois que Constantinopla se converteu em ca- pital do Império musulmano ; é esta a razão porque o mar Vermelho continuou a ser o caminho ordinário d'esse com- mercio. Sabe-se que durante muitos séculos, os italianos, principalmentie os venezia- nos fizeram o commercio quasi exclusivo de Alexandria, e erão os monopolistas dos géneros da Índia, consumidos em toda a Europa. Este estado de cousas durou até a descoberta da passagem pelo Cabo da Boa Esperança. Esta resenha era necessária para in- dicar o modo porque se fazia o com- mercio do assucar com a Europa, como também a maneira pela qual a cul- tura da Canna foi conhecida, e mais tarde transportada para outros lugares. O primeiro nome que teve o assucar foi o de Sal indiano^ entretanto esse nome dá uma falsa idéa de sua origem porque não era a índia, propriamente tal, que o produzia n'aquella epocha, mas sim o Arthipelago indico, isto é, o que hoje se chama Indo-China. Foi somente no fim do XIII século que a Canna passou para a Arábia. Os próprios habitantes d'além Gan- ges não a conheciam, mas sabendo que o assucar se extrahia de uma es- pécie de junco, procuraram extrahil-o de uma espécie de bambu, chamado Mambií^Q denominaram ao sueco d'esse bambu Sacchar-mambú, e mais tarde Taòaxir. Os árabes deram o nome de Zuccar athes- ser ao sueco concreto de uma nova planta da familia das Apocynaceas^ cujas quali- dades eram análogas ás do Sal indiano. Avicennes faz menção de três quali- dades de assucar: o Z%icar arundinenm ou sal indiano; o Zuccar mambú ou assu- car da Pérsia ; o Zucar athesser ou assu- car arábico. Marco Paulo, que em 1250 percorreu a Tartaria, a parte meridional da China e a península do Ganges, menciona o assucar entre os productos de Bengala. Ormuz era, n'aquella época empório do commercio do assucar, e parece ter sido d'essa cidade que partiram as plan- tas de Canna, que em breve tempo se propagaram na Arábia, no Egypto, na Núbia e na Ethiopia. Em 1497, Vasco da Gama faz menção do grande commercio de assucar e de do- ces, que então se fazia no reino de Cali- cut. Pedro Alves Cabral nota a mesma cou- sa em Cambaya em 1500. Eduardo Barbosa, que escreveu em 1515, diz que em Bathecala, na costa de Co- romandel, se fabricava mnito assucar, branco e bom, mas em pó, porque os ha- bitantes o não sabiam reduzir a pães. Sabe-se com certeza que em 1805 as ci- dades de Danar e de Zibir, na Arábia Fe- liz, faziam considerável commercio de assucar, e que Dangola, cidade impor- tante da Núbia, servia igualmente de empório a todo o commercio de assu- car do paiz. N'aquella época Thebas fabricava muito assucar, assim como Marrocos. Giovani Lioni diz ter examinado em Darotte, no Egypto, uma immensa fa- brica de assucar, semelhante a um cas- tello, onde haviam prensas, grandes cal- deiras e numeroso pessoal de traba- lhadores. Nos últimos annos do XII século os cruzados encontraram cannaviaes nas planícies da Phenicía, e foram elles os primeiros que introduziram a Canna na Europa, porém o assucar já era desde muito tempo antes ahi usado nas casas dos príncipes, é dos ricos. lio CAN CAN Entre os manuscriptos da bibliotheca imperial de Paris, existem : uma conta datada de 1333, onde figura uma par- cella do custo de certa porção de as- sucar branco para uso do Delpliim Umbert ; um Decreto real de 1353, re- giilarisando o commercio do assucar ; e finalmente poesias de Eustáquio Deschamps, morto em 1428, em que o poeta menciona o assucar como um dos mais caros artigos de despezas das famílias . Legrand d'Assissi, diz que no XV século, a cultura da Canna tornou- se uma espécie de mania geral. Beaujeu, que escreveu em 1550, diz que ella era mui cultivada na Provença e no Languedoc. Alguns auctores querem que a Camia fosse introduzida na Syria, em Chipre, e na Sicilia no XIV século ; mas o Sr. Dr. Freire Allemão apoiando-se em um diploma ou acto de doação feito por Guilherme II rei da Sicilia a um mosteiro de Benedictinos, diz que, no ultimo quartel do XII século, já exis- tiam engenhos de moer Canna na Si- cilia, Como quer que seja parece certo, como conclue o mesmo Dr. Freire Al- lemão, que ao fechar do XIV século era conhecida esta planta em todo o âmbito do Mediterrâneo, desde as praias da Ásia até Tanger na Africa, e Gra- nada na Europa. Descoberta a ilha da Madeira em 1420, o celebre infante D. Henrique promoveu de todos os modos a cultura da Canna, que ahi prosperou, assim como nas Canárias. A opinião geralmente adoptada é que esse príncipe mandara vir da Si- cilia as primeiras mudas de Canna que se plantaram na ilha da Madeira, assim como mestres e apparelhos de fabricar assucar. Esta opinião é unicamente fundada no que escreveu o historiador João de Barros. O Sr. Dr. Freire Allemão hesita em adoptal-a. Que o infante mandou buscar á Si- cilia mestres de moendas e de assucar nada mais natural, diz elle, por ser um dos lugares onde, n'aquelle tempo, melhor se entendia d'aquelle mister; as cannas^ porém, elle tinha quasi em casa, visto que, até o estreito de Gi- braltar (e quem sabe se fora d'elle) já eram conhecidas e cultivadas. A Hespanha seguio o exemplo de Portugal, introduzindo essa preciosa cultura nas Canárias, e depois na pró- pria Hespanha. A Canna de assucar naturalisou-se nos reinos de Andaluzia, de Valença, de Granada, Murcia, etc, e a Hespa- nha é hoje o único paiz da Europa, onde se cultiva a Canna de assucar. No XVII século, Alexandria, Chypre, Rhodes, etc, já não forneciam assucar ao commercio ; porém, em 1815 ainda estes paizes abasteciam a vários mer- cados da Europa, e a respeito da Fi-ança escrevia n'este mesma anno Charles Etienne : « Os assucares mais estimados são os que nos fornecem a Hespanha, Alexandria, as ilhas de Malta, de Rhodes, de Chypre e de Cnndia. « Elles nos chegam d'esses diversos paizes molhados em forma de pães gran- des, mas os que nos vem de Valença são menores. « O assucar de Malta é mais duro, porém não é tão branco, ainda que elle seja brilhante e transparente. « Finalmente o assucar não é outra cousa mais do que o sueco de um can- niço, que se espreme por meio de uma pedra ou de um moinho, que depois se embranquece fazendo-o cosinhar por três ou quatro vezes, e se deita em moldes onde elle endurece. » Parece que em 1520 os portuguezes introduziram a cultura da Canna nas ilhas do Cabo Verde. A pequena ilha de S. Tliomé poucos annos depois já contava sessenta en- genhos, e os auctores contemporâneos avaliavam a sua producção em quatro milhões de libras. Em 1506 Pedro de Etiença ou de Atiença levou plantas de Canna para Hespaniola (depois S. Domingos, hoje CAN CAN «11 Haiti) que Christovão Colombo acabava de descobrir. Miguel Balestro foi o primeiro que conseguio inventar um apparellio para espremer-lhe o sueco por meio de moen • das, e Gonçalo de Vellosa também foi O primeiro qne conseguio fabricar as- sucar. A industria da fabricação do assucar prosperou de modo, que os palácios de Madrid e Toledo, fundados por Carlos V, foram construídos com o producto dos direitos de entrada do assucar de S. Do- mingos. Esta cultura, propagada em diíferen- tes pontos do continente americano, adquirio muita importância no Brasil. Foi em consequência d'essa impor- tância, que os portuguezes exerceram uma espécie de monopólio no abaste- cimento da Europa, durante o fim do XVI século. Lisboa deveu a esse trafico, reunido ao commercio da índia, a epoclia de seu maior explendor. ^ Diversas causas concorreram para remover este manancial de riqueza. Portugal cabio sob o dominio da Hespanha, e os estabelecimentos das outras nações da Europa, faltando-lhes consumidores para o tabaco e outros productos, começaram a fabricar assu- car em grande escala, e fizeram tão terrível concurrencia, que o preço bai- xou de modo a diminuir considera- velmente a producção. Até então na verdade a cultura da Canna se tinha conservado nas grandes Antilhas sujeita aos hespanhoes, porém com tão pouca importância que, quando em 1656 os inglezes se assenhorearam da Jamaica, não encontraram alli mais de três engenhos. Em Barbadas principiou-se a expor- tar assucar em 1646, e os habitantes se mostraram tão activos, que trinta annos depois elles exportaram perto de sessenta mil toneladas. A exportação da Jamaica cresceu proporcionalmente , Entretanto em ambas estas ilhas,] até 1641, apenas se cultivava tabaco, gengibre e algodão . Algumas plantas de Canna, que seus habitantes mandaram buscar ao Brasil n'esse anno, foram cultivadas com tão fe- lizes resultados, que o assucar exportado excedia em 1770 ás necessidades do con- sumo da Grã Bretanha. O commercio das Antilhas foi nos pri- meiros tempos franco para todas as na- ções. Essas paragens erão principalmente visitadas pelos hollandezes, cuja mara- vilhosa actividade os faz correr para qualquer parte, onde ha algum lucro á aproveitar. Em consequência da barateza de seus fretes, de sua probidade e pontualidade, os hollandezes obtinham a preferencia dos transportes, mesmo dos negociantes inglezes. O commercio passava insensivelmente para as suas mãos, com exclusão das ou- tras potencias marítimas. A declinação da sua navegação e com- mercio, e certas questões politicas irri- tantes, deram origem na Inglaterra ao famoso acto de navegação, posto em vigor no 1." de dezembro de 1651, cujas estipu- lações geraes erão inteiramente dirigidas contra a nação hollandeza. Em 1654 Cromwel terminou os actos de hostilidade, a que deu origem o acto de navegação, por meio de um tratado, sem todavia o derogar. Em 1660 esse acto foi renovado e con- firmado por Carlos II. Muitos publicistas o consiaeraram como a causa principal do augmento do poderio inglez, politica e commercialmente. Não é aqui lugar de discutir essa ques- tão, que aliás parece decidida pela mo- derna derogação d'esse famoso acto de navegação, e da promulgação do trafico livre. Esse systema prohibitivo, que durou por tão longos annos , foi imitado por todas as nações da Europa ; porém não obstante uma legislação severa, que assegurava a cada metrópole o commercio de suas colónias, a pro- lis CAN CAN ducção do assucar se desenvolveu cada vez mais. As colónias seguiram a fortuna de suas respectivas mães pátrias, e foram successivamente chamadas a tomar uma parte mais ou menos conside- rável no abastecimento geral. Faltam documentos a respeito do es- tado do commercio em diversas epoclias. Sabe-se em geral que a producção da ilha da Madeira, das Canárias e de S. Thomé fez aíFrouxar o da Si- cília, do Egypto e da Arábia. Mais tarde a cultura das colónias hespanholas, das ilhas, e da terra firme, reduzio a da Andaluzia. O Brasil, finalmente, tornou-se o centro principal da producção do as- sucar, e até ao meado do XVII século, esteve de posse do abastecimento, por intermédio de Lisboa, de todos os mercados da Europa, até que a con- currencia das outras colónias produc- toras conseguisse rivalisar com elle nos paizes consumidores. Porem, por meio de suas diversas fortunas o Brasil ficou sempre sendo um dos pontos mais importantes de producção. O preço do assucar do Brasil em 16Õ0 era muito alto, e regulava de 240 a 280 rs. a libra, o que equivale hoje a 640 ou 100 rs., a sua exportação orçava n'essa epocha entre 120 a 150 milhões de libras. A concurrencia das Antilhas produ- zio uma baixa gradual nos preços. Em 1728 a prosperidade das colónias inglezas havia reduzido a 32 ou 33 schillings o preço do quintal do as- sucar, quando anteriormente os mer- cados inglezes só o obtinham dos portuguezes a 4 ou 5 libras esterlinas. Não obstante esta concurrencia o Brasil ainda exportou, em 1736, 80 mi- lhões de libras, contra 170 milhões de libras de todas as outras possessões européas, nas ilhas e no continente da America. N'essa epocha as colónias hollande- zas eram as rivaes do Brasil, na pro- ducção do assucar. De 1726 a 1727 S Domingos co- meçou a fazer peso nos mercados do mundo, exportando, por exemplo, em 1767, 114 milhões de libras tanto branco como mascavo, quantidade que se elevou em 179-), anno em que teve lugar a desastrosa revolução, que poz essa ilha debaixo da dominação da raça negra, a 164 milhões de libras. Em 1775, a Martinica, Bourbon, Gua- delupe e Cayenna elevaram a sua pro- ducção a 44 milhões de libras. As três ilhas augmentaram constantemente em producção, mesmo á custa do café. A cu.ltura nas Barbadas e na Jamaica augmentou consideravelmente depois da introducção dos escravos africanos, que começou em 1641. A importância crescente da producção do assucar foi tal que, em 1685, pri- meiro anno do reinado de Jacques II, o parlamento estabeleceu um imposto especial sobre o assucar e o tabaco d'essas ilhas, e esse imposto rendeu mais de 200 milhões de cruzados. Foi somente no anno de 1760 que as colónias de Cuba e de Porto Eico deram grande extensão á cultura e fabricação do assucar. Até então as colónias hespanholas não forneciam assucar, senão o neces- sário para o consummo dos paizes su- jeitos ao mesmo dominio na Europa e America. No triennio de 1775 a 1778 calcu- lava-se o movimento commercial em 590 milhões de libras de assucar, não fallando no consumo local, nem no com- mercio estabelecido entre as colónias da mesma nação. Na epocha da revolução franceza este estado de cousas experimentou algumas mudanças . A guerra da independência dos Es- tados Unidos perturbou no principio a producção em diversos pontos ; mas os annos de paz decorridos depois dos tratados de 1783 deram novo impulso á producção, principalmente nas pos- sessões francezas, de sorte que em 1783 a Franca se achava em attitude de dominar os mercados da Europa ; CAN CAN 91» calcula-se em 210 milhões de libras o assucar branco e mascavo introduzido nos diversos mercados pelas colónias francezas . Durante o longo periodo de guerra entre as nações européas, de 1'792 á 1815, a producção, o consumo e o com- mercio do assucar soffreram alternati- vas extraordinárias. A sorte da guerra fez cahir em po- der dos inglezes uma grande parte das colónias francezas productoras de as- sucar, e em razão da situação e estado do continente europeu, as outras coló- nias não tinham senão os seus pró- prios mercados para consumirem a sua producção. A única nação que então podia com- merciar livremente eram os Estados- Unidos; de 1801 á 1802 os seus nego- ciantes importaram 108 milhões de li- bras de assucar, dos quaes 46 milhões ficaram para consumo e 62 milhões foram exportados . Mas este commereio quasi que se limitava ás colónias francezas fora do jugo da Inglaterra, e accidentalmente era prohibido aos americanos expor- tarem em troca de suas madeiras e peixes salgados mais de 6,000 barricas de assucar , pouco mais ou menos 7 milhões de libras. Essa concessão tão restricta e tão fa- vorável para os próprios colonos foi derogada em 1806, e desde então todos os assucares foram mandados directa- mente para a Inglaterra. Em 1807 o abarrotamento dos merca- dos inglezes deu origem a uma terrível crise ; os preços do assucar desceram muito, e isso no meio de uma guerra que encarecia os fretes, os seguros, e diminuía muito o numero dos merca- dos. Entre 1813 e 1814 a subida dos preços se manifestou em consequência, das vi- etorias dos alliados, e da esperança de uma paz próxima. Na paz de 1815 a restituição de uma parte das colónias conquistadas, a baixa dos fretes e seguros, causaram novas reducções nos preços dos assucares ; reducções que se elevaram ao máximo de 1830 á 1831. Dessa epocha em diante os preços tem soffrido diversas oscillações depen- dentes das circumstancias ordinárias. As ultimas guerras da Criméa e Itália pouco mfluiram sobre o commereio d'este género; todavia nota-se um augmento de preços, que certamente é devido á escassez de producção ou a um grande augmento no consumo, não obstante o augmento da cultura da beterraba. Os primeiros que refinaram o assu- car na Europa foram os venezianos. Primeiramente elles empregaram o methodo chinez, e venderam o assucar no estado de Candi; mais tarde elles adoptaram o methodo dos árabes, que foram os descobridores do processo de clarificar, por meio de cal e de potassa, e os inventores das formas cónicas. Desde então se estabeleceram refina- rias em toda a Europa, e a arte de refi- nar assucar foi em progressão crescente em quanto que os preços diminuíram. O assucar começou a ser um artigo de geral consumo. A profissão de refinador foi ennobre- cida em muitos pontos da Europa, prin- cipalmente em França ; e as fabricas se constituíram e se substituíram como es- pécies de feudos. A opinião mais geral e a que parece melhor motivada, é, como já se disse, de que a Canna é indígena das regiões d'além Ganges, d'onde sahio e se es- palhou por todos os lugares onde é hoje cultivada. Todavia alguns auctores pretendem que ella foi encontrada indígena no Haiti , em Madagáscar, nas costas do Coromandel e do Malabar, em Ceylão, em Bengala, no Peru, em Sião, em Ma- nilha, Japão, Java, Costa Oriental da Africa e mesmo em vários pontos do Continente americano. Sabe-se que Cook encontrou grandes cannaviaes em Otahiti ou Taiti na epocha de sua primeira viagem. D'onde veio a Canna para essa ilha? Pode perguntar-se. Mas d'onde veio a raça humana que a povoa? 17 114 CAN CAN Se por emigração da Ásia, como se deve crer, os emifrr-mtes deveriam tor trazido comsigo alg:ii^j:ias plantas úteis, e entre ellas a Canna de assucar, que é de fácil transporte. O Sr. Dr. Freire Al- lemão discute na memoria citada a questão : Se a Canna foi encontrada indígena no Brasil, na epoclia de sua descoberta. Para isso elle consultou todos os do- cumentos históricos, que pôde encontrar, comparou-o, e de todo esse exame ti- rou as seguintes conclusões, que logi- camente se podem adoptar. Para o Brasil o mais provável é que ella viesse de São Thomé, onde geral- mente se refaziam os navios que nave- gavam para a índia e para o Brasil, e onde a industria assucareira havia to- mado tão grande desenvolvimento que o professor Domingos Vandelli assevera haver alli sessenta engenhos em 1492. O facto é que por toda a parte a se- mente da Canna chegou muito antes de cuidar-se em preparar o assucar, e por quasi toda a parte teve também sorte igual a dos outros vegetaes, que, condu- zidos por particulares descuidosos , não deixão documentos nem de si nem de seus introductores. Não é o mesmo com o estabelecimento de fabricas ou engenhos ; são factos no- táveis, que, com os nomes de seus fun- dadores gravam-se na memoria do povo e se perpetuam em escripturas publicas. Bougainville, na sua viagem á roda do mundo, em 1768, trouxe mudas de Canna indígena de Otahiti ou Taiti, que depois foram enviadas para as ilhas de França e Bourbon, e d'esta ultima para a Guyanna Franceza, onde ella é conhe- cida com o nome de Canna de Botirhon. De Cayenna ella foi transportada para o Brasil, onde se lhe deu o nome de Camia de Cayetma. A primeira província que a recebeu foi a do Pará, no tempo do Governador Francisco de Souza Cou- tinho., entre os annos de 1790 e 1793. O navegante inglez Bligh introduzio esta espécie nas colónias de sua nação. Segundo as informações colhidas pelo Dr. Freire Allemão, ella chegou á Bahia cm 1810, e foi primeiramente plantada no engenho da praia perten- cente á Manoel de Lima 1'ereira. Da Bahia passou para o Rio de Ja- neiro, trazida ou mandada buscar pelo fallceidd Marquez de Barbacena, e os primeiros engenhos que a cultivaram foram os do Bangú e Gericinó, na freguezia do Campo-grande, dos quaes era proprietária então a fallccida D. Anna de Castro. Isto teve lugar em 1811. Não obstante estas informações repu- tadas fidedignas o autor cita as me- morias do padre Luiz Gonçalves dos Santos, onde se diz que em 1810 o brigadeiro Manoel Marques, governador interino da colónia de Guyanna, então occupada pelos portuguezes, enviara para a Corte, Pará e Pernambuco grande numero de plantas de Canna de Otahiti cultivada n'aquella colónia, e que essas cannas cultivadas no jardim botânico de Pernambuco, foram depois distribuídas pelos lavradores. Esta variedade fez desapparecer dos cannaviaes e dos engenhos a Canna denominada creoula ; todavia esta con- tinuou a cultivar-se para alimentação do gado e para vender-se nas cidades, por ser preferível para estes mysteres á Cayenna. A cultura d'esta ultima variedade começou ha cerca de setenta annos nas colónias francezas, e a pouco mais de quarenta no Brasil. A espécie verde, que é a geralmente cultivada entre nós, começou a alguns annos a tor- nar-se dura, á render pouco assucar, e finalmente foi accommettida de uma enfermidade, de tal modo grave, que em muitos lugares, sobretudo na pro- víncia do Rio de Janeiro foi forçoso recorrer outra vez á já desJDrezada Catma creoula. Prestando a devida attenção a este deplorável estado de cousas o governo imperial resolveu mandar uma expe- dição á Ilha de Bourbon ou da Reu- nião, buscar novas plantas afim de re- generar a cultura em' decadência. N'essa ilha, assim como na de Mau- CAN CAN lis ricia, a degeneração da Canna de Ota- hiti seguio a mesma marcha que aqui, e o governo colonial, logo que a pre- sentio, mandou buscar plantas á vários lugares da Ásia e da Oceania. Hermann Herbot, intelligente jardi- neiro allemão, foi o encarregado da missão de ir buscar as novas plantas á Bourbon. Elle partio do porto do Rio de Ja- neiro em Setembro de 1857, e voltou em Maio de 1858, trazendo, alem de varias outras plantas, inclusive mudas e se- mentes do excellente café de Bourbon, três variedades de Canna, á saber : uma verde de Penang ; uma côr de rosa com o nome de Canna Diard ou de Batavia, e finalmente uma vermelha arroxeada. Tendo vindo essas mudas no porão de um navio, como lastro, chegaram em tal estado, depois de um embarque de mais de setenta dias, que foi ne- cessário plantal-as immediatamento ; o que se fez na chácara da rua da Lapa n. 88, e no supradito Jardim Botânico afim de se distribuírem quando tives- sem tomado o devido crescimento. A primeira foi feita em 1859 no mez de Abril, e a segunda em Março de 1860. A degeneração das duas espécies de Canna de assucar até agora cultivadas no Brasil demonstra ainda uma vez a necessidade de renovar em certos pe- ríodos as sementes das plantas exóticas; porque parece provado que da cultura prolongada da mesma espécie nascem as degenerações e as moléstias que ata- cam os vegetaes. Todo o systema agrícola nacional deve ter em vista colher tudo quanto existe de melhor em todas as partes do mundo, tanto do que é novo como do que é vulgar. No primeiro caso augmentar-se-ha a riqueza vegetal do paiz e talvez a ri- queza publica; no segundo, póde-se obter variedades, que melhor prosperem no paiz ou ao menos em certas localidades. Caracteres da espécie. — É uma planta que prostra pelo solo parte de seu cau- le, que representa um colmo, como nas outras Graminaceas ; o caule tem de altura três a quatro metros, e não são igualmente doces em toda sua extensão; a parte culminante o é muito menos que o resto, e é por esta razão que o costumam cortar antes da colheita, para servir de estaca. Espiguetas bifloraes, pelludas até a base. A flor inferior é unicamente uma pa- lheta; a superior hermaphrodita. Três estames ; ovário sessil, liso ; dois estyletes terminaes, compridos; estigmas plumosos. É a planta mais bella da familia das Graminaceas. Até nos últimos tempos forneceu o assucar consumido no mundo inteiro, bem que hoje esta producção seja par- tilhada com a da Beterraba. Até a epocha da revolução franceza o assucar de Canna não tinha rivaes nos mercados consumidores. A guerra marítima, os bloqueios, a alça enorme de todas as mercadorias eoloniaes, a perda para a França de quasi todas as suas colónias fizeram pro- curar os meios de supprir a falta quasi absoluta de um género de consumo geral como o assucar. Fizeram-se então muitas tentativas e ensaios sobre todas as matérias capazes de dar assucar abundante e barato. Tentou-se de novo a cultura da Canna, na Provença, porém nunca se pôde obter assucar cristallizado ; recorreu-se então á uva, ao grão de milho e ao seu caule, ao shorgo, á castanha, á cenoura, etc, porém debalde. Em 1747 Margraff, chimico de Ber- lim, tinha feito conhecer a possibili- dade de obter verdadeiro assucar do sueco da beterraba; mas elle se con- tentou em demonstrar que se podia ajuntar um novo producto á analyse vegetal, e que o assucar não perten- cia exclusivamente á Canna. Em 1797 Achard, outro chimico prus- siano, annunciou ter descoberto pro- cessos, por meio dos quaes se podia tirar da beterraba branca uma quan- 114» CAN CAN tidude de assucur bastante considerá- vel, para pagar as despezas da cul- tura c do fabrico, vrndeudo-sc o novo assucar por preço módico. Estabcleceram-se então algumas fa- bricas, mas que não poderam susten- tar-se ; c como o preço do assucar ia augmentando consideravelmente á ponto de vender-se por três francos ou 1$200 réis cada libra, considerou-se então a beterraba como incapaz de produzir nenhum resultado útil, e a attenção se dirigio para o assacar da uva. O governo de Napoleã,o, em luta con- tra'quasi toda a Europa, por assim dizer, bloqueado pelas esquadras in- glezas, multiplicou as promessas e as recompensas, aíim de crear a indus- tria saccharina. Os chimicos Proust e Fugues foram largamente premiados por haverem des- coberto o assucar da uva; mas esse assucar não tendo apresentado as van- tagens que se esperavam, por decreto de 15 de Janeiro de 1812, foram esta- belecidas cinco escolas de cliimica, para ensinarem a fabricação do assucar de beterraba, além de quatro fabricas nor- maes d'esse assucar, Chaptal, a quem a industria deve tanto, conseguio melhorar um pouco os processos de fabricação, e, á força de favores de todo o género, a cul- tura da beterraba e a extracção do seu assucar tomaram em breve notá- vel desenvolvimento. Porém os desastres da Rússia, a in- vasão dos alliados, e a suspensão do bloqueio continental, não obstante os favores anteriormente concedidos e em concurrencia com os assacares das co- lónias, que então innundaram os mer- cados francezes, fizeram o de beterraba não sustentar-se , e quasi todas as fabricas succumbiram. Em 1822 esta industria pareceu rea- nimar-se, mas a difficuldade de reunir os conhecimentos do agricultor e do fabricante, que igualmente é o grande embaraço da industria do assucar de Canna^ causou a ruina de grande pai"te dos novos estabelecimentos. Em 182) operaram-se grandes mu- danças nos diversos metliodos de fa- bricação; o modo de cristalisação lenta e regular foi quasi geralmente aban- donado i)elo processo de cristalisação confusa e rápida, e o uso do vapor foi adoptado pela evaporação e o co- si mento. Os filtros Taylor e Dumont foram inventados, assim como o emprego do carvão animal. Desde então o desenvolvimento foi tão rápido que em 1836 já se contavam em França trezentas e setenta e uma fabricas, e o governo julgando a in- dustria bem firmada tratou de impor- Ihe um tributo, alliviando ao mesmo tempo o do assucar colonial. Em 1837 existiam seiscentas fabricas em actividade, que extrahiam mais de noventa milhões de libras de assucar. Na Allemanha, a primeira fabrica de assucar de beterraba foi estabele- cida pelo chimico Achard, de que acima falíamos, debaixo da protecção do rei da Prússia. Esta fabrica não apresentou resul- tados notáveis, porque os apparelhos eram tão imperfeitos, e a purificação do assucar tão incompleta que apenas se obtinha de 2 a 3 por cento de assucar cristaljsavel. Mais tarde, por meio dos aperfeiçoa- mentos já mencionados conseguio-se elevar essa porcentagem de quatro até cinco, o que, junto aos favores de que os governos allemães foram pródigos, como os de França, fez com que essa industria começasse a prosperar e a vulgarisar-se em toda a Allemanha. Os aperfeiçoamentos introduzidos por Weinreich, Kodneios e sobretudo por Zier, a possibilidade de extrahir-se de seis a oito por cento de assucar, isto é, de obter-se, de cem quintaes de beterrabas seis a oito quintaes de as- sucar, ainda mais concorreu para isso. Se a beterraba contem, como se pre- tende, de dez a doze por cento de assucar, e conseguir-se extrahir toda esta quantidade, segando o calculo do Dr. Schmidt, bastará uma superfície CAN CAN IfS quadrada de uma légua de lado para fornecer beterrabas em quantidade suíRciente para dar todo o assucar, que requer o consumo da Allemanba. A cultura da beterraba ganha ter- reno todos os dias, e se propaga por toda parte. A França, a Allemanha, a Rússia, a Itália, e os Estados Unidos fazem os maiores esforços para fixar esta industria. N'estes últimos annos têm-se inven- tado numerosas machinas, descoberto novos processos, e até novas inaterias saccharinas. O assucar de Canna tem a temer um novo rival, assim como o da própria beterraba. Referimo-nos ao assucar de fécula, descoberta devida ao chimico Kirchoff, e que já se explora em grande escala nas fabricas de Mr. Mollerat. Não entraríamos n'estes pormenores sobre a beterraba se, em primeiro lu- gar, não quizessemos chamar a atten- ção dos agricultores e da adminis- tração para esse terrível rival de uma das nossas mais importantes industrias e fontes de riqueza; e, em segundo lugar, para fazer sentir a necessidade urgentíssima de adoptar-se quanto an- tes methodos mais racionaes de cultura, e todos os apparelhos e processos usados na fabricação do assucar de beterraba. Quando pensamos que a beterraba. que se acha em condições menos fa- voráveis do que a Canna, e que contem quasi metade do assucar encerrado n'esta, dá, pelos melhoramentos intro- duzidos na Europa n'esta industria, mais assucar (quasi o dobro) do que a Canna , estamos certos que tudo que concorrer para augmento final d'esta industria entre nós, merecerá a pena ser tida em consideração. A província de Pernambuco possue mais de mil fazendas de assucar ou fabricas de fazer assucar. A industria aSsucareira devia achar-se em estado de prosperidade ; mas infelizmente assim não acontece. No Brasil inteiro, e sobre tudo em Pernambuco, a agricultura sente um grande embaraço em seu desenvolvi- mento, que é a falta de viação e de boas estradas. Ha poucos annos a linha férrea de S. Francisco atravessava mattas vir- gens, hoje esses lugares estão occu- pados por excellentes engenhos, e os habitantes vão lucrando os benéficos eífeitos d'esta grandiosa obra do pro- gresso. Ordinariamente os nossos lavradores luctam com os maiores embaraços fi- nanceiros, e muitas vezes para evital-os lançam mão de sacrifícios muito pe- sados, e dos quaes difficilmente conse- guem o resultado que desejam; visto como só encontram capitães com a usura de 18 a 24 %, e esses capita- lisados. Parece-nos que o nosso governo de- via compenetrar-se d'estas verdades, e tratar de melhorar a sorte dos nossos agricultores e sobre tudo dos fabri- cantes de assucar ; porque esses con- correm muito para a riqueza do paiz. Com a creação de estabelecimentos de credito se remediariam muitos males, que presentemente afliigem a agricul- tura. D'este modo muitos dos nossos agri- cultores deixariam de esgotar suas for- ças vitaes, de ver aniquilar todos os seus recursos absorvidos pelos fabu- losos juros capitalisados de três em três mezes. Estamos vendo constantemente os ef- feitos desastrosos d'essa negligencia dos nossos governos, que, embebidos na po- litica official, vêem com indiíferença o numero de fabricantes de assucar q\ie todos os dias desapparecem, que per- dem seus escravos, as suas terras, os seus utensílios, tudo vendendo emfim em praça publica; e isso não basta para pa- gar ao usurário desoito á vinte e quatro por cento dos juros capitalizados de três em três mezes, do empréstimo feito ao pobre agricultor. De todos os agricultores do Brasil os que se entregam a industria assucareira são os que mais soffrem estes males. lis CAN CAN N'esta província, o ein todas as mais do Impo ri o, o fabrico do assucar está geralinciitc cm atiazo. Desde o plantio da Canna até a cla- rificação do assucar os processos são im- perfeitos. Existe nas províncias uma ou outra fazenda de assucar, a que chamamos engenho, e que apresenta alguns me- lhoramentos, quer quanto á construeção de suas moendas mais aperfeiçoadas, quer quanto ao fabrico do assucar, parte essencial; mas são ainda em numero tão insignificante e tão limitado que não exercem influencia alguma sobre a grande massa da producção. A mecânica agrícola entre nós não passa de uma novidade ; é preciso vul- garisar-se os seus apparelhos na cul- tura da Canna e nas plantações. A força motriz do vapor é apenas conhecida em algumas fazendas de assucar ; devem ser destribuidos esses aparelhos pelos agricultores, afim de realizarem-se os prodígios de sua applicação. A sciencia da engenharia, que entre nós não actua nos limites das obras publicas sob o mando officíal, deve ser convertida em poderoso instrumento de dessecação de pântanos, abrimento de valias, encanamento de rios, collo- cação de apparelhos etc. Devem crear-se estabelecimentos de ínstrucção agrícola pelas províncias, e ser abandonadas as enxadas e os an- tigos arados, para darem lugar á char- rua typica do immortal Dombasle e 6 suas congéneres ; introduzam-se nas nossas fazendas outros instrumentos prestadios, como são o rolo do Hoos- kill, as grades de Valcour, os sacha- dores á cavallo etc. Alargar-se-hão as plantações e melhorarão os processos da cultura. Não admira que sem os melhora- mentos reclamados, a producção do assucar na província não seja em quan- tidade correspondente ao elemento saccharino de que dispõe no fabrico e a sua qualidade seja inferior a que se devia esperar. Isto explica a pequena porção de as-* sucar de primeira ({ualidade que ex- porta esta província. E de admirar que, sendo o Brasil todo agrícola, não exista ainda em todo o império uma só eícola do agricul- tura que ensine e habilite os agricul- tores á influencia do nosso clima, em relação ás leis da vegetação e aos prin- cípios da theoria e pratica da agri- cultura. A creação de uma escola seria de im- mensa utilidade. Os conhecimentos da veterinária tam- bém seriam de grande vantagem para o engrandecimento da agricultura do nosso paiz. Por tradicção histórica, por gratidão nacional, tanto como por interesse, de- vemos empregar todos os esforços para salvar uma industria em que se achara empregados tão consideráveis capitães. A cultura da Canna é o mais antigo ramo da agricultura do paiz, e a ella é que devemos os primeiros elementos de prosperidade material e de civilisação. Os senhores de engenho constituíram sempre o corpo da nobreza, a verdadeira aristocracia do Brasil; e até ha poucos annos elles eram os únicos que procu- raram dar boa educação a seus descen- dentes. A esse illustrado procedimento, apoia- do por suas riquezas é que devemos todas as notabilidades que temos tido na ad- ministração, na magistratura, nas ar- mas e nas letras. Nossas cidades foram fundadas com os lucros do assucar, em uma palavra, tudo quanto possuímos de melhor é de- vido á cultura da Canna, a esse doce princípio que para nós tem sido tão ma- ravilhoso como a lâmpada de Aladino. Lance o nosso governo vistas patrió- ticas para a classe agrícola, que entre nós definha de dia para dia, e terá uma gloriosa parte no futuro engrandecimen- to d'estas abençoadas plagas brasileiras. Não exigimos para nós desde já os immensos melhoramentos que n'este mais importante ramo da riqueza dos Estados têm alcançado a velha Europa. CAN CAN 11» Não se passa, num dia, do mais completo atrazo ao mais elevado gráo de perfeição; mas, ao menos, que se não dê lugar a que nos possam dizer, que fechamos systematicamente os olhos do espirito ás grandiosas idéas de progresso, que lá por fora circulam. Depois das breves reflexões que aca- bamos de fazer, não deixaremos de tocar na grande, na magna questão, que actualmente se agita em nosso paiz. Queremos fallar da substituição do escravo pelo trabalhador livre; da subs- tituição d'aquelle, que, sem gosto e só obrigado pelo agitar do látego, revolve a teri-a, que amaldiçoa, pelo colono feliz, que vè das bagas do suor, que cahem no solo, brotar a sua felicidade no futuro. A emancipafão da escravatura, sem o desenvolvimento agrícola, sem grande augmento de colonisação, é uma ver- dadeira calamidade. O escravo hoje, livre amanhã, jul- ga-se dispensado do trabalho, que elle havia-se acostumado a considerar como um mal resultante do seu penoso estado. D'ahi a perturbação da ordem social, o latro*cinio, o assassinato etc. , como não ha muito tempo se observou nos Estados Unidos, assombrosa nacionali- dade que, graças á enorme affluencia do estrangeiro ás suas plagas, pôde resistir ao tremendo abalo de uma me- dida tão violenta, como a de alforriar de uma só vez doze milhões de escravos! Attenda pois o governo á colonisação, concedendo. amplas garantias ao estran- geiro que entre nós vier domiciliar-se, fa- cultando-lhe o livre e desembaraçado desenvolvimento de sua actividade , protegendo a industria, animando todas as tentativas do engenho inspirado no progresso humano. Feito isto, não duvidamos augurar ao nosso Brasil um futuro, não mui re- moto, de grandeza e explendor. Reformem-se as instituições, que de reforma necessitam, e seremos um povo soberano. Variedades da canna de assucar : — A palavra Canna dá-se vulgarmente a todas as plantas, cujo caule é nodoso, com intervallos chamados gommos , cujas folhas gramiueadas formão uma espécie de bainha na sua base, como a Canna de Cayenna. E' a mesma des- cripta anteriormente. A Canna creoula não cresce nem en- grossa tanto como a de Cayenna, mas é mais doce ; seu principio saccharino é mais abundante, isto é, de sabor mais franco ; a côr externa é mais verde; cobre-se de um pó acinzentado ao redor dos nós, donde nascem raizes muitas vezes. Productos do sueco da canna de ASsuCAR. — De todos os vegetaes, ne- nhum ha, que seja tão rico em pro- ductos, os quaes tenham maior numero de usos e mais vasto consumo, do que a Canna ãe assucar. Produz o assucar branco e masca- vado ; esta substancia tempera muitas das nossas bebidas, e tem grande im- portância na confeitaria ; o próprio sue- co da Canna fcaldo) é uma bebida deli- ciosa. Produz melaços de um gosto agra- dável . O sueco da Canna, e o residuo da fa- bricação do assucar, fermentado e sub- mettido á distillação, produz aguarden- te, cachaça, álcool, rhum, vinho e vina- gre, productos que tem grande emprego no uso domestico e na industria. Propriedades medicas. — O assucar crystaliza em prismas de 6 faces, com as extremidades diedricas ; n'este estado chamam-lhe assucar candi, e é usado como peitoral. Em pó usa-se como coUyrio secco, só ou unido a outros corpos O assucar é uma substancia de uso muito vulgar na medicina contra as irritações, sobretudo do apparelho res- piratório; é um emoUicnte agradável, de que nos servimos todos os dias. Com o assucar prepara-se um grande numero de medicamentos ; taes são as i«o CAN CAN conservas , geleas , pastilhas e os xa- ropes. O bajj;aoo da canna é considerado como um poderoso desinfectante : basta para isso collocar-se em diversos pontos, vi- ciados por miasmas, urna porção d'este bagaço ; dentro de poucas horas neutra- liza-se o principio mórbido, e torna-se o lugar saudável, exhalando o cheiro par- ticular do bagaço. O assucar exportado no anno finan- ceiro de 1869 a 1870 foi 743,969 saccos e 229,051 barricas, pesando tudo 79.010,903 kilogrammas, e tendo pago de direitos a quantia de 483,546^30. CaiBiia f»rava. — Anthoxanthium gigans. — Fam. das Graminaceas. — É uma planta indígena mui parecida com a Canna de assucar ; mas esta estende ou prostra uma parte de seu caule para er- guer-se depois ; e aquella é toda vertical, pouco mais ou menos de 2 metros e 64 centímetros. Não forma touceira como a outra; tem o colmo cheio de nós, de distancia em distancia, mais íino e menos compri- do. A casca é mais dura e verde, e o te- cido interior mais compacto e sêeco. As folhas são semelhantes ás da Canna de assucar. Brota da sumidade uma vergontea da mesma natureza do caule, mas sem nós, e que traz em cima um cacho pendente, de muitos ramos cheios de florinhas, á maneira de palhetinhas; umas são es- branquiçadas, e outras de um cinzento rouxeado, parecendo-se com uma coma pendente. Cortam esta parte da planta, levam-na em feixes ao mercado, onde é vendida para difPerentes usos, sendo mui pro- curada pelos meninos, que enfeitam esses filamentos com fitas , deitam-lhe rédeas, e chamam-lhe cavallo de flexa. Cavalgam e brincam, montando sobre a parte nua da flexa. Esta flexa serve de régua aos pin- tores ; é mui usada no Rio de Janeiro para esse fim; serve para bater lã, e tem outros misteres. Canna do brejo. — Costus spicatust Swart. — Alpifda spicata, Jacq. — Fam. das Amomaceas . — V\'Ani'ã. herbácea do paiz e da índia. Tem a raiz tuberosa, c, nos paizes estrangeiros, é cultivada nos jardins. O seu caule é herbáceo. As folhas alternas oblongas. As flores são em espigas terminaes Propriedades medicas. — A raiz da Canna do brejo é empregada em cosi- mento nas gonorrhéas e leucorrhéas ; mastigando-se passa por bom anti-sy- philitico ; dá-se uma á duas colheres do sueco por dia, ou o cosimento das folhas, ás chicaras. Canna tio lirejo roixa. — Cosíus spiralis ou Alpinia spiralis. — Fam,. das Amomaceas. — É outra espécie do mesmo género. Canna fijattila «Io íirejo.— Cfl-WM nana. — Fam. das leguminosas. — E' um arbusto ramoso, e de forma achapada. Tem as folhas em palmas, com quasi 24 centímetros de extensão, semiovaes, sem brilho. As flores formam como uma espiga pyramidal ; são amarellas, reuifidas em grande numero, e sem cheiro. O fructo é uma vagem, de mais de 24 centímetros, chata, parda, foleacea, dividida em muitas lojas ou loculos transversaes, contendo sementes. Vegeta nos brejos ou nas suas visi- nhanças. {Fig. 15.) Ci^nna fistula, «Ia matta. — Cás- sia falcaía brasiliana. — Fam. Idem. — Ar- vore alta. As folhas são compostas, paripenna- das; o peciolo primário é longo, del- gado, curvo, pubescente e canaliculado. Os peciolos secundários são rudimen- tarios ; os foliolos numerosos, dispostos por pares e membranosos. Inflorescencia em racimo, flores com- pletas, vistosas, acompanhadas na sua base de três ou quatro pequenas brac- te as. CAN CAP 131 O fructo é uma enorme vagem. As sementes são pequenas, e acham- se envolvidas por uma massa polposa cuja acção é purgativa. A sua madeira é pouco usada em consequência de sua manifesta poro- sidade, e da frouxidão do tecido. Cstniia de niapaco. — Costus Pi- sonis. Lynd. — Fam. das Ámomaceas, Lmn. — O sueco do seu caule é mucilagi- noso, acidulo e refrigerante. Ê empregado nas dores nephriticas, e nas gonorrhéas. Os indígenas comem as folhas novas. CiisaaBí» »tar osaiA . — Caladimn segui- nem., Linn. — Fam. das Aroideas. — Planta do género da Aninga. O sueco d'esta espécie é tão cáus- tico, que 8 grammas bastam para en- venenar. Forma sobre a roupa manchas inde- léveis. Caracteres da família. — Plantas vi- vazes, de raiz ordinariamente tube- rosa. Folhas quasi sempre radicaes, e alternas. As flores dispostas em espadices, cercadas em geral de uma espatha de forma variável ; unisexuaes, monoicas, desprovidas de invólucros floraes, ou hermaphrodítas e rodeadas de um cá- lice de quatro, cinco ou seis divi- sões. No primeiro caso os pistillos occu- pam geralmente a parte inferior do espadice ; deve ser considerado cada um como uma flor fêmea, e os esta- mos como outras tantas flores mascu- linas; raras vezes os estames e os pistillos são misturados. No segundo caso as flores, em vez de serem consideradas como flores her- maphrodítas, podem serdescriptas como uma reunião de flores unisexuaes ; assim cada estame e sua escama cons- tituem uma flor masculina, e o pistillo central uma flor fêmea. O ovário tem em geral uma só loja ou compartimento, contendo alguns óvulos inseridos na sua parede inferior, ou então três lojas. O estigma é algumas vezes sessil mas raramente sustentado por um es- tylete curto. O fructo é uma baga ou mais rara- mente uma capsula, que algumas ve- zes é monospermica por aborto das outras sementes. Estas se compõem além de um te- gumento próprio, d'um endosperma carnoso, no qual está collocado um embryão cylindrico e erecto. Cifiiopy. — {Arvore do Canopy.) — MelUcocca Mjuga^ Jacq. — Fam,. das Sa- pindaceas. — Arvore cujo fructo é re- commendavel pelo bom sabor acido e vinhoso, e por sua amêndoa agradável. Canudo amargoso. — V. Vão Pe- reira. Caii«ido de eaelRfiit!!(o. de cachimho. V. Pao Caniidi» de |»iiri;a. — Rauwolvia canescens . — Fam . das Apocynaceas . — Ar- busto de folhas oppostas e flores em cachos. I E' emético. CaiBKenze. — V. Vassoureiro. Caaopitiigra. Bahia. E a Coerana da Caoiiin. — E uma bebida feita de milho cozido, posto na agua, deixando fermentar por três ou mais dias. Caparoíía. — Jussiema caparosa., St. Hil. — Fam. das Onagrariaceas . — Esta planta, oriunda do paiz, é conhecida nas províncias do Sul e no Rio de S, Fran- cisco por Caparosa. É um arbusto elegante, de folhas al- longadas e flores de mediano tamanho, corolla cruciforme, amarella, sem chei- ro, cálice pyriforme. O fructo é uma espécie de capsula em 18 CAP CAP forma de peão, com uma coroasinha no ápice, e quasi angulosa; contém muitas sementinhas. Os habitantes do interior do paiz fa- zem tinta de escrever d'esta fructinha. Floresce em Maio. Caracteres da família. — Vef^etaes herbáceos, raramente fructescentefe, tra- zendo folhas simples, oppostas ou dis- persas, e flores terminaes ou axillares, O cálice é adherente ao ovário infero. O limbo de quatro ou cinco lóbulos, de prefloração valvar. A corolla formada de quatro a cinco pétalas incumbentes lateralmente, e tor- cidas em espiral antes do completo desabrochar; esta corolla falta raras vezes. Os estames são em numero igual ou duplo , algumas vezes menor do das pétalas; e inseridos no tubo do cálice. O ovário infero oíferece de quatro a cinco lojas , contendo grande numero de óvulos inseridos no angulo interno. O estylete é simples, e o estigma é ora simples, ora de quatro a cinco ló- bulos. O fructo é uma baga indehiscente, ou uma capsula de quatro ou cinco lojas, não contendo cada uma d'ellas muitas vezes senão um pequeno numero de sementes , e abrindo-se por outras tantas ..valvas, cada uma das quaes traz um dos septos no meio da face interna. As sementes oíferecem um tegumento próprio, em geral formado de duas fo- lhinhas, e cobrindo immediatamente um embryão homotropo, e desprovido de endosperma. Capèba. — Píper macrophyllum, Swartz. — Fam. das Piperaceas . — É uma planta do paiz, conhecida por tal em Alagoas, Pernambuco e Bahia. É um arbusto semi-lenhoso, cujo caule apresenta nós de distancia em distan- cia. As folhas são cordiformes, grandes, e cheirosas quando são comprimidas. As flores são encravadas n'uma es- piguinha roliça, similhante a uma pe- quena espiga de milho, ou um pequeno sabugo; parece-se muito com o Mal- vaisco de Pernambuco, difterindo na grandeza das folhas, e em ter consis- tência mais branda. Propriedades medicas. — O decocto da raiz d'esta planta é empregado em banhos contra opilações, hydropisias, e moléstias uterinas; as folhas são deso- bstruentes, e a casca peitoral. Caperiçoba branca. — Chcenoi)0- dium Jiircinum. — Fam. das Chenopodiaceas . — Esta planta é usada como um an- thelmintico. Capicliiaii^ui. — Crolon. — Fam. das Enphorbiaceas .— V\-àVLÍ^ de S. Paulo. É cathartica. Cafiiçoba. — V. Pimenta d' agua. Capina açu (das Alagoas). — Cyrto- fogon alperrimum. — Fam. das Qramineas. — Esta espécie de Capim-açu é conhe- cida naa Alagoas por este nome ; forma touceira, tem folhas radicaes, em forma de espadas, estreitas, bordas enrosca- das e armadas de serrilhas escariosas. O caule que parte do centro é fino, alto, meio achatado, sem nós ; flores em cachos nas extremidades d'este. É como as demais Gramíneas, mas torna-se bem visível por suas sementes ou seus fructos. Os cavallos não o comem, havendo outros capins. Floresce em Março e Abril. Capim açM (de Pernambuco). — Ca- ladium irasiliense. — Fam. das Cyperaceas. — Em Pernambuco dão este nome a uma espécie de capim de folhas estrei- tas e radicaes, com serrilha em redor formando bainha. Suas folhas são de còr verde azula- da; deita uma vergontea trigona, a qual floi'esce no ápice, formando um aggre- gado de bracteas bastante foleaceas , que encerram as florinhas tão peque- CAP CAP 1S3 nas que quasi não se observam ; são de côr amarella esverdinhada. As vergonteas, batidas e preparadas, dão um fio, de que os caiadores fazem brochas para caiar. Estes caules parecem junco, e cres- cem em todo o terreno. Propriedades medicas. — A raiz é em- pregada contra a tosse e o catarrho pul- monar. Capiíit d'as:ua ou Taquary d'a^»a. — Panicum acuum. — Fam. das Gramíneas. — E' um capim aquático, conhecido nas Alagoas por este nome ; vegeta nas bordas dos rios e brejos. Eleva pouco suas vergonteas, que, semelhantes ás dos capins, são finas e nodosas. As folhas são como as das ou- tras Gramíneas., perém menores e lan- ceoladas, de 12 centímetros de com- primento, macias, escuras, sem pêllos, excepto na bainha da folha, (parte que abraça o caule). As flores são em cachinhos, não muito densos, com raminhos articula- dos, erectos, ascendentes. Grãosinhos redondos, de amarello côr de gemma d'ovo, com um ponto roixo no ápice. É bom alimento para os cavallos, porem mui prejudicial ao sangue, quando fazem uso quotidiano d'elle. Chamam-no também Capim d'agua em Pernambuco. Ha um capim que alastra nos lugares em que se queima ou se limpa. Dá também uma espécie de folhas em touceira, estreitas, de verde bonito, luzente, e as flores sulcadas longitudi- nalmente. Capin» aniarg:oso. — Pappojjho- rum amargoswm.— Fam. das Gramítieas. — Por este nome conhece-se nas Ala- goas um capim de vergonteas, como o Capim de planta^ porém sendo ellas mais lisas e finas, e tendo as folhas tam- bém mais lisas e um pouco sulcadas. A floração se faz em um caule cuja summidade fornece espigas de 9 á 12 centímetros de comprimento, mui rec- tas e verticaes; não se curvam, e ahi se encontram as espiguetas encaixa- das. O gado gosta d'elle. Caiiini aiidacá. — É uma espécie de capim. Capim de Ansrola. — Panicum spectabile., Nec. — Panicum guineense., Mart. — Fam. das Gramíneas. — Este capim é natural de Angola, e foi transportado para o Brasil ha muito tempo ; hoje já é tão raro, que em poucos lugares é visto. Cresce de 1 metro e 22 centímetros até 1 metro e 62 centímetros. O caule é nodoso, liso e mesmo lus- troso, e maculado. As flores são em cachos que se cur- vam no cimo do caule com graça. As sementinhas luzentes parecem grãos de arroz, e são manchadas de vermelho na côr amarellada de seus tecidos. Dá em pequenas touceiras. Os cavallos não o comem pelo amar- gor. Em Sergipe chamam-no MaraMra. Capim atana. — Gastridium verti- cíllatum. — Fam. . das Grartiineas. — É um capim cujos caules crescem alguma cousa, com as folhas semelhantes as do Capim de 'planta., lisas, e com pellos nos peciolos. A floração em espigas vertieilladas, isto é, circulando o eixo da floração ; ellas são como as demais de seu género, tanto nos fructos como nas sementes. É este o nome porque este capim é conhecido nas Alagoas. Capim balida. — Paspalam aquati- ctim. — Fam. das Gramíneas. — É um capim que vegeta na superfície das aguas doces e misturadas, e que em Alagoas tem este nome. Tem o aspecto do Capim de planta; mas seus caules são reptantes, deitam 1S4 CAP CAP raízes dos nós, que existem em toda sua extensão. As bainhas das folhas são roixas e ventricosas,miudas, espontadas, roacias. ■ As flores são miúdas e em cachinhos pouco salientes nas axillas das folhas ; são achatadas e esverdinhadas. O gado gosta muito d'esta planta, que é mui nutriente. Capini licti^ml». — Hordeii7n bra- siliens^. — Fam. das Gramíneas. — Co- nhecem nas Alagoas por este nome um capim mui semelhante ao de planla, porém mais pilloso nas bainhas das fo- lhas ; apezar d'isso é macio. Vegeta formando soqueira pouco densa ; as folhas são lanceoladas e moUes. As flores no caule, que é articulado e nodoso. As flores, em espigas caudadas,em ver- ticillo, compostas de pevides redondas, com longos prolongamentos, que se pe- gani á roupa pela aspereza que tem. Os cavallos não o comem. Ci%|)ii!» de bncl«í» (verdadeiro). — Avena sponjosa. — Fam. das Gramíneas. — E' uma espécie que forma moita pouco densa, conhecida em Alagoas por tal nome ; os caules são um pouco grossos, succulentos e articulados. Na summidade dá um pendão roixo acinzentado, cheio de ramificações co- bertas de pevidinhas redondas, armadas de espinhos, porém macios; como são todas as partes d'esta planta. No interior do caule acha-se um corpo esponjoso desenvolvido ebranco,que ser- ve de bucha de espingarda aos caçadores. O gado gosta d'este capim. Ha outra espécie maior e esbranqui- çada. A floração é no ápice do caule ; ha, em um eixo, um froco circular composto de botõesinhos, armados de finas agulhas macias, de còr verde esbranquiçada. Também serve de alimento ao gado. Capins ealielludo. — V. Capim de pico. Caiiini OMinelIão. — V Loco. Capíni caiiella ile ema. — Saccha- rum díssusum. — Fam. das Gramíneas. — Este capim, que recebe este nome nas Alagoas, tem seu caule nodoso, com- pacto, liso, e maculado de roixo. As folhas são como no geral das Gra- míneas; tem dentilaçõos. As flores são como um froco de pello macio em redor do caxile, branco e longo. E' excellente para enchimento de tra- vesseiros, colchões, etc. CagsíBfti eatins;». — Gramen odora- íum.—Fam. das Gramíneas. — E' uma es- pécie de capim que vegeta no Eio do Janeiro e Rio de S. Francisco. Capim «le cSteifO. — Perotis fra- gans. — Fam. das Gramíneas. — Este capim é mui parecido com o de planta, porém mais amarellado, e com o caule me- nor. A floração é em cacho, de còr roixa. E' conhecido nas Alagoas por este noiue ; e com eff'eito, passando-se pelo lugar em que houver alguma;,leira d'elle, sente -se logo o seu aroma, que é um pouco agradável. O gado come-o, mas só quando não encontra outro. Capim lie coco ou cantellão. — Anthoxaníhnm palmeira. — Fam. das Gra- míneas. — E' este o nome pelo qual é conhecido nas Alagoas ; tem o porte de uma palmeira pequena, de um talhe en- graçado. Apresenta suas folhas (com peciolos roixos) em feixes; e, de certa distan- cia para cima, a lamina das folhas são ovaes, oblongas, de pregas longitudi- naes. Sahem do centro pendões, nos quaes brotam as flores, com muitas pevides. Os animaes não comem este capim. Csupim e»tTfíl\».—Melacranís strel- laturã.— Fam. das Cyperaceas.— t. por tal nome conhecido nas Alagoas e Per- nambuco : é rasteiro. CAP CAP IS c» o caule pequenino eleva-se apenas a 24 centímetros mais ou menos, tendo na superfície da terra um feixe de fo- lhas cruzadas e estreitas, e no vértice um pendão. Tem umas folhetas cruzadas, em cuja base existe uma pinta branca que forma uma estrella perfeita ; no centro d'esta estrella estão as flores em uma es- piga, formando um cone de côr parda- Esta plantinha que só tem vida no litoral, e nunca nos sertões, crê-se que mata o gado, que de lá vem. C»i>iii» ílf-a.».— Saccharum glarum. — Fam. dm Gramíneas.— Esta espécie, de porte pequeno, meio lisa, tem este nome nas Alagoas. Suas folhas são em touceiras pe- quenas. Os caules, articulados e compactos, e os eixos das flores são finos. As flores estão no ápice dispostas em cachos, são cobertas de pellos macios, brancos e louros, e entremeadas de se- mentinhas ; curvam-se para a terra como pendão. Este capim é excellente para enchi- mento de colchões, travesseiros, etc. Ca|iiiei de to^o. — Cinna castanea. — Fam. das Gramíneas. — E' uma espécie que vegeta mais pelas catingas, conhe- cida nas Alagoas por este nome. O caule é fino, e de juntas nodosas. As folhas são macias, e sem armas. Deita do caule um penacho delgado, com pequenas varetinhas um pouco vermelhas e articuladas, á semelhan ç^ de um pincel louro nas pontas. As flôrinhas são engastadas em uns estojos occultos. CaiiMiii ííe Fp. Lui£. — V. Capim mellado . Capian geiígàlíPe de líJiaTO. — Paspalum faciculatum. — Fam. das Gra- míneas. — E' uma espécie semelhante á abaixo descripta. As raizes são embastecidas á seme- lhança de tuberas. As folhas brotam feixes eni diverros pontos ; o nome que aqui lhe damos é o mesmo pelo qual é conhecido nas Alagoas. Ca|iiaii geiígiSíre rasteiro. — Paspalum pastum.— Fam. das Gramíneas. — Este capim, que é o pasto mais geral dos animaes herbívoros, é conhecido nas Alagoas e Pernambuco por este nome. Alastra seus caules pelo chão, os quaes ás vezes estão enterrados, emit- tindo, de distancia em distancia, ra- minhos revestidos de folhas, como as demais Gramíneas. As d'este são lanceoladas, de um verde gaio, com suas flores em cachi- nhos pequenos e agglomerados. E' estimado como um dos melhores pastos. Caiiiiii svstmm».— Paspalum com- pressim, Linn. — Fam. das Gramíneas. — E' conhecido este capim em toda a parte como o mais geral ; invade todos os terrenos, não deixando vegetar quasi outra espécie. EUe acha-se nas ruas, mesmo das cidades populosas ; é rasteiro e alastra com seus caules deitados. Tem as floresinhas em cachos cruza- dos, e as folhas á semelhança do Ale- crim. E' difficil extinguil-o. O gado come-o. Capin» iwão de sagio. — Paspa- lum cruciflorimi. — Fam. das Gramíneas. Este capimzinho é assim denominado em Pernambuco. Sua altura é de 22 centímetros pouco mais ou menos, vegeta em touceiri- nhas ; suas folhas estreitinhas , e á semelhança das dos outros capins ; lança um caule' fino até 22 centímetros ; no ápice forma uma cruzeta, e de um só lado é agglomerada de flôrinhas, dispostas em duas ou mais ordens. Torna-se mui distincto por esta par- ticularidade. E' um dos bons alimentos dos her- bívoros . f»6 CAP CAÍ» Capim titilhan braneo. — Pa- nicum vcrticillatuM^ Linn. — Fam. das Gramíneas. — Este capim é conhecido em Alagoas e Pernambuco por este nome. E' composto de folhas largas, relati- vamente aos outros capins. Tem as vergonteas finas, articuladas; deita um cachinho á semelhança do arroz, em ponto diminuto ; as flòrinhas são só de um lado. E' um dos melhores pastos. Ha outra espécie semelhantissima, que diífere por ter o caule e os cachos arroi- xeados; chamam-se milhaft vermelha. Ambos estes capins fazem dar o san- gue nos cavallos , porém o segundo na opinião dos sertanejos, é mais effi- caz. Em Sergipe é conhecido por Capitinga. Capim mimoso. — Fam. Iderji. — E' uma espécie de capim que vegeta nos sertões ; é elle que forma a base da alimentação dos animaes de todas as classes no centro, mormente do Norte. Elle é como as outras Gramíneas^ tendo muita semelhança com o Arroz. Deita porém um cacho delgado e menor; cresce até quasi a altura de um e meio metro. Suas folhas são estreitas e articu- ladas, e o caule fino, quasi formando zig-zag. Capii» orvtelho. — Paniciim rosa- linum. — Fam. idem. — Este capim é co- nhecido em Alagoas e Pernambuco por este nome, e em Sergipe por Guarda- sereno. Elle forma touceira pouco densa ; tem o caule cheio de pellos. As folhas lanceoladas, estreitas e um pouco ásperas. A vergontea da floração forma como uma pyramide, cuja ramificação é cheia de botões verdes e ovóides, que lhe dão muita graça. Este capim recebe o orvalho da noite, e pela manhã seus órgãos estão gotte- jando agua (ou cheios d' agua), de sorte que sendo agitado abandona um liqui- do, que ás vezes molha um homem. O gado não lhe dá importância. Capim papuaii. — Oropetium trans- versale. — Fam. idem. — Euma grammaou capiai, conhecido por tal nome nas Ala- goas. Tem vergonteas pequenas e esgalha- das; folhas ordinárias, como as das suas congéneres, as quaes são lisas e macias. O caule é mais delgado, e chato no ápice, e ahi oíferece duas espigas hori- sontalmente dispostas, cheias de semen- tinhas redondas e chatas. O gado de todas as classes o come. Capim peita. — É segundo uns o Sapé e segundo outros é um Andropogon. Capim pé «le ^allinha. — Senele- ria galUnacea. — Fam. Idem. — Este capim parece geral no Brasil. Forma pequena soqueira; e tem caule fino, nodoso e lustroso. As folhas são estreitinhas; o pendão das flores divide- se no ápice em quatro ramos. Um pouco abaixo apresentam elles as flòrinhas, que são dispostas de um só lado. Com eff'eito tem grande semelhança com o pé de gallinha. Este capim não é um bom pasto; só tem virtudes medicas : elle é diurético, e empregado contra os catarrhos; suspende os fluxos de sangue, e das ourinas. Capim «le pico ou cabellndo. — Tnariaptmgens. — Fam. Idem. — Esta es- pécie de capim forma moita ou tou- ceira. É conhecido nas Alagoas por tal nome. Dá poucas vergonteas, e estas articu- ladas. As folhas são lisas, e as bainhas eri- çadas de pellos duros e horisontaes, que espetam. As flores se acham nas gummidades do caule ; este é uma vergontea de dois pal4tnos, intermeiado de folhas raiadas, de vergontinhas, e de pevides foleaceas CAP GAP tS-í que lhe dão um engraçado aspecto, for- mando como uma cauda grossa. E' regeitado dos herbívoros, talvez pela aspereza. Capim fie jilaaita. — Panicum ma- ximum^ Jacq. — Fam. Idem. — Esta espécie de capim, a que chamam Capim de planta., entre nós, é natural de Guiné ; passa pela forragem melhor, por que a sua propagação é a mais abundante. EUe é cultivado em toda a America. Na Europa procuraram todos os meios de cultival-o, e o conseguiram ; entre nós também é elle objecto de grande cultura, e quasi que forma a base do sustento dos nossos cavallos, mormente os de estri- baria. E' um capim de caule nodoso, de 1 a 2 metros de altura ; deita parte do caule no chão. As folhas são lanceoladas, estreitas e macias, com pellos brandos. Dá cachos de fiorinhas arroxeadas no ápice. Planta-se de estaca, e cresce admira- velmente. Propriedades medicas. — E' empre- gado como antispasmodico, na dose de 8 grammas para 250 grammas d'agua fer- vendo. Capim pulsa. — Sacchanmi plumo- sum. — Parti. idem. — E' conhecido por este nome nas Alagoas e Pernambuco. E' um capim de folhas estreitinhas, em feixes, sobre o rez do chão, emittin- do umas vergonteas finas, das quaes sáe um cacho de flores em frocos, de pellos macios, á maneira de lã, entre os quaes se notam as sementinhas. Este capim é mui susceptível de seccar. Fazem grande uso de seu pello como iã para enchimento de travesseiros, col- chões, etc Capínt piiba (de Pernambuco). — E' outra espécie. Capim piiíia (do Sul).— V. Pé de galUnha. Cfipim rei. — V. Maririço. Capim €Íc ro|*a. — Spartina hos- tensis. — Fam. idem. — Este capim co- nhecido nas Alagoas e em Pernam- buco, é, pelo interior ou sertão, o que abastece as estribarias. Seus caules são finos e delgados. As folhas estreitas, pelludas e um tanto ásperas. A vergontea das flores mui delgada e roliça. As flores agglomeradas em cachi- nhos. Este capim nasce com abundância pelas roçadas : é muito procu.rado, não só para não desfalcar nas estrebarias o de planta, como porque é do que se servem mais os almocreves para seus animaes. Capim taK*ei«va. — V. Cabureiba. Cará. — Díoscorea hrasiliensis, Willd. — Fam. das Dioscoraceas . — O Cará é uma tubera geral no paiz, natural do Pará. Ella provem de uma planta trepa- deira, cujas folhas são cordiformes, lizas, de um verde roixeado. Suas flores são em cachos, miúdas e esverdinhadas. O fructo é uma capsula. A raiz produz uma batata, ora maior ora menor, de forma oblonga, arre- dondada e roliça. CAR Sua casca é membranosa, parda, ás- pera, com pequenos prolongamentos dis- seminados. A massa é compacta, branca, aquosa, de sabor um tanto acre-adocicado, e macia. Come-se o cará cozido, mas presta-se a outros misteres, bem como á extrac- ção de fécula; pôde substituir a fari- nha ou o pão. Também cliama-se Inhame da terra Ha outra espécie. Dioscorea triloba. Vell. Caracteres da família. — As Diosco- raceas quasi sempre são plantas sar- mentosas e trepadeiras. Suas folhas são alternas ou algumas vezes oppostas, de nervuras irregular- mente ramificadas. As flores são hermaphroditas ou uni- sexuaes. Tem ovário infero, e adherente a um cálice, cujo limbo é dividido em seis lóbulos. Os estames, em numero de seis, são livres ou raras vezes monadelphos, de antheras introrsas. O ovário é de três lojas, contendo cada uma dois ou mais óvulos, ora ascenden- tes, ora voltados. O fructo é uma capsula delgada e com- primida, ou uma baga globulosa, al- gumas vezes alongada , coroada pelo limbo calicinal, e apresentando de uma a três lojas. As sementes contém um embryão col- locado perto do hilo, no centro de um endosperma, quasi córneo. Esta pequena familia foi estabelecida pelo Sr. Roberto Brown para cbllocar os géneros da família das Asparagaceas de Jussieu, que tem ovário infero. Taes são as Dioscoraceas: Tamus, Rajama, Flug- gea^ etc, ete. €iai'4»claã gipe. Caraipé ou Caripé-earaip».— Fam. das LegmiÍ7iosas. — k.vvoTQ silvestre do Pará. E' de porte grande. Sua madeira presta-se ás obras de carpintaria. A cinza desta arvore é indispensável n aquella província para o fabrico do» objectos ou utensis de barro. Misturam-n'a com o barro, porque dá a este a necessária consistência para não rachar no fogo. Carajurtk do Par/».— Alstrcemeria peregrina, Willd.— Fam. das LUiaceas.— Planta herbácea de caule recto, e fo- lhas deitadas. Suas flores são muito elegantes. • Vegeta no Peru; e seu nome significa soberba pela sua formosura. Caramfíola.— itvn-^Oíj! Carambola, Linn.—Fam. das TereUnthaceas. — ^^i^ arbusto, natural da índia, não é muito vulgar no paiz. Uma das primeiras províncias que o adquerio foi a de Pernambuco, que o teve no extincto Jardim Botânico de Olinda. E' uma elegante planta, ramalhuda, de folhagem em palmas. As folhas de forma oval oblonga. Suas flores, em cachos de um elegante colorido purpurino, são em forma de Angélica, e miúdas. O fructo é de 9 a 12 centímetros, de figura oval, terminado, em ponta em ambas as extremidades. Sua superficie é angulosa, tendo as arestas dos ângulos salientes; o seu exterior é coberto de uma pellicula fina e diaphana, encerrando uma polpa aquosa, esverdinhada, acida, com se- mentes ellipticas, de cheiro activo. O fructo é da côr da polpa; as se- mentes são esbranquiçadas, e não ex- cedem de três. Propriedades medicas. — É excellente refrigerante, calmante e febrífugo. Serve para xaropes, limonadas, etc. [ Cs»s»asiss.— Amgris Carana, Hvmi. 19 flSO CAR CAR Fam. idem.— É uma arvore do porte mais ou menos da Almecegueira. Ê das regiões Amazonicas, e do Mé- xico. Propriedades medicas. — A resina, que é negra, leve e luzida, é empregada nos catarrhos pulmonares, e substitue perfeitamente ao Elemi. zracGcBaEay. — Copernica cerifera., Mart. — Fam. das Palmaceas. — Palmeira do paiz, que só cresce nos lugares pan- tanosos, e tem um lenho muito duro. Cafsapá. — Xtjlocarpiís Cúrapá, Scli- réb. — Fam. das Meliaccas. — E' uma ar- vore que vegeta no Amazonas e na Guyanna. Tem a casca amarella e muito amar- gosa. As folhas dispostas em palmas ; fo- liolos lanceolados. As flores em cachos, e de sexos se- parados. O fructo é grande, globuloso como um coco descascado, oíferecendo quatro resaltos , que devidem- se em quatro valvas. Seu tegumento externo é coriaceo ; depois d'elle ha um corpo lenhoso, em cujo seio se encontra uma porção de caroços semi-osseos, angulosos e uni- dos uns aos outros, tendo a amêndoa muito oleosa , da qual se extrahe um quinto de óleo. ; E' empregado em diversos usos do- .mesticos, e tem a preciosa qualidade de afugentar os insectos. A casca do Carapá é empregada pelos índios para combater as febres , com bom resultado. Ct»s*s«BteíB*atBt». — Licania timisia. — Fam. das Chrysohalaneas ou Romceas. — E' uma planta dos territórios do Ama- zonas e da Guyana. Tem os mesmos usos do Gajerú. C»i*a)|tia. — Dorstenia arilifolia .^ Lamk. — Fam . das Urticaceas. — Esta J planta é semelhante a Coníra-herta.) e tem os mesmos uzos que ella. Cai*apitaitt. — Alstroemei'ia pulchel- la, Liiin. — Carlotea., formosíssima, Arr. Cam. — Faín. das Liliaceas. — E' uma planta herbácea do paiz, que nasce no Piancó na serra do Jabre ; é semelhante ao pé à.Wç%cena. Suas flores são em pendões como Angélicas vermelhas ; dá espécies de tuberas na raiz, que se comem, e passam por boas. Carclstsnonto. — Amomum Carda- momíim, Linn. — Fam. das Amomaceas. — Planta da índia Oriental cultivada em nossos jardins, conhecida em Pernam- buco pelo nome de Agua de Colónia., pela analogia do cheiro. E' um arbusto herbáceo, cujos cau- les são nodosos, cobertos das bainhas das folhas, que os abraçam, e formam como touceira. Lança um talo que. floresce, apre- sentando uma espiga pyramidal, com- posta de botões ovaes, sobrepostos a um tecido brilhante, rosado, rubro nas extremidades ; cada um d'es3es botões, é uma futura flor que, abrindo -se, é de uma só peça, amarella, riscada e bonita, com um prolongamento no centro. Estas flores abrem-se successiva- mente. O fructo é uma vagem de três lojas. Todas as partes d'esta lilanta são cheirosas. Propriedades medicas. — Excitante empregado nas cólicas flatulentas, em pó, na dose de 3 decigrammas até 1 gramma. Cardo. — Cactus triangularis, LÍ7m. — Fam. das Cactaceas. — Recebem o nome de Cardo muitas plantas ; esta vegeta á beira-mar, quasi rasteira. Sua ramificação esgalhada até 48 cen- tímetros de altura ; é de um porte particular. É verde, succulenta, e guarnecida CAR CAR 13£ de espinhos, que fazem as vezes de folhas . Seu caule é herbáceo e de forma angulosa. As flores, que brotam pelo caule, são grandes como rosas de muitas pétalas estreitas, e de cores muito lindas. Cardo santo. — Argemone mexi- cana^ Linn. — Fam. das Papaveraceas. — Este vegetal, que parece ser natural do paiz, é indígena do México ; não obstante acclima-se em nosso solo. É uma planta de Kj a 1 metro de altura . As folhas são rentes, com o limbo re- cortado, todas cheias de espinhos agudos, e maculados de branco. Suas flores são amarellas como uma rosa simples, sem cheiro, tendo no cen- tro uma columna verde, foliacea, coroada por uma glândula avermelhada, e cer- cada de filetes. O seu fructo é uma capsula que se rompe superiormente, e lança uma por- ção de sementinhas pretas e redondas, que parecem grãos de pólvora. As mais partes d'esta planta exsudam um sueco amarello e nauseabundo. Propriedades medicas. — O decocto d'esta planta é empregado com proveito nas dores de dentes, fluxões de rosto, e pleurisias ; as sementes, mui oleosas, teem propriedade emética; são applica- das aos asthrnaticos, com bom resultado. Seu sueco, amarello e nauseante, é nar- cótico, e usado sobre os bubões e ulceras syphiliticas para acalmar as dores. Tam- bém é sedativo, e útil nas obstruções das vísceras abdominaes. As flores são somniferas, e as sementes anti-asthmaticas. CariiaaiViei pa. — Arrudaria cerifera. — Fam. das Palmaceas. — O primeiro na- turalista que fez a descripção da Car- naubeira foi o distincto e celebre botâ- nico Dr. Arruda Camará, e por esta razão tem sido dado a essa palmeira o nome de. Arrudaria Cerifera. Dez annos depois, e só então, é que outro distincto e celebre botânico Mr. Martins também creou um nome para a Carnaubeira, a que chamou Copernica cerifera. Tendo sido o Dr. Arruda Camará o primeiro que descreveu essa palmeira, deve-se-lhe conservar o nome de Arru- daria. E' natural do norte do Brasil, e prin- cipalmente das províncias do Rio Grande do Norte e Ceará. Flores monoicas, numerosíssimas, ex- tremamente pequenas, hermaphroditas, sustentadas por um appendice collo- cado nas axillas das folhas, e envol- vido n'uma espatha delgada. Espadice de 1 metro e 30 centíme- tros a 1 metro e 50 centímetros de comprimento, repartindo-se em 3 rami- flcaçõcs, das quaes cada divisão e sub- divisão é munida d'uma espatha par- cial cylindrica, que as encerra, Espatha da forma de um cartucho, secca e membranosa, d'onde partem as divisões para formar uma panicula. A terceira subdivisão se ramifica em varias espigas flexíveis, alternas, e com- posta de diversos ramalhetes de quatro flores cada um. A flor consta de dois cálices: um exterior, verde, formado por três fo- liolos de pouca extensão ; outro inte- rior, de côr variável, em forma de co- rolla, contendo um tubo curto infundi- buliforme (em forma de funil), com três divisões na extremidade, e alternando com as do cálice exterior. A corolla, membranosa e secca, des- viando-se facilmente do cálice exterior, traz os órgãos da reproducção, que contém seis estames muito frágeis e curtíssimos, ligados dois a dois. No fundo d'este tubo ha um ovário re- dondo, terminado por um estyletetenuis- simo e muito curto, e acaba em um es- tigma único e ligeiramente entumecido. O fructo d'esta palmeira é redondo e do tamanho de uma avelã. È côr de azeitona no começo de sua maturidade, e azul violeta, quasi preto, quando está maduro. 1355 CAE CAR É rodea lo d'uma polpa doce pouco abundante, e coberto de um epiearpio vítreo muito lustroso . O caroço contém no interior uma amêndoa, que lhe 6 adherente. O caroço assim como a polpa for- nece um alimento muito sadio, procu- rado pelos naturaes do paiz. Quando os fructos chefiam a certo gráo de maturidade, torram-se e pi- sam-se ; o pó que assim se obtém é da côr do café, tem um cheiro agra- dável, e lembra o da fava do cafeseiro. N'este estado, o caroço da Caruattba produz uma bebida que, misturada com o leite, é saudável e nutritiva, sem ser muito agTadavel ao paladar. O espique, completamente cylindrico e direito, attinge até IG metros de altura, e á uma grossura que varia entre 30 a 50 centímetros de circum- ferencia. EUe finaliza por uma touca de folhas dispostas de maneira que formam uma figura oval perfeita, o que torna esta palmeira uma das mais bellas arvores de sua espécie. Os restos dos peciolos das folhas que cahem, guarnecem o terço infe- rior do caule, no qual formam seis ou oito esporões regulares. O resto do tronco, desembaraçado de todo o peciolo, é naturalmente liso, conservando apenas as marcas de in- serção dos peciolos. A parte su.perior do espique contem uma substancia medular, parenchyma- tosa d'onde nascem as folhas. Esta parte terminal (palmito, ou couve palmito) produz um alimento delicado e muito substancial. Ao destacarem-se da extremidade do espique as folhas, em numero de seis a oito, crescem perpendicularmente unidas todas por uma resina, que as conserva apertadíssima. Os peciolos ficam separados, mas as folhas reunem-se no alto , e formam assim um corpo oblongo delicado, em seguimento ao caule. Estas folhas abrem e se expandem debaixo da pressão de um novo grupo cónico central que será por sua vex alargado por terceiro grupo e a&sim por diante. Estes grupos de folhas abrindo-se formam ao redor da palmeira uma serie continuada de leques, dos quaes os mais velhos se abatem em direcção ao tronco. O interior dos novos grupos de folhas é amarello claro, n'este ponto de seu desenvolvimento. D'e3tas folhas retira-se uma matéria secca, pulverulenta, cor de cinza, què cobre sua pagina interior, e exliala uni cheiro particular, delicado e agradável. Esta matéria é a cera vegetal. Ella se destaca das folhas ao menor abalo, quando estas começam a abrir; mas logo que o leque está estendido, o mesmo movimento produzido pelo vento é suf- ficiente para fazer desapparecer este pó. As folhas que tem atingido todo o seu desenvolvimento pendem em roda do caule em forma de chapéo de sol ; ellas são então de um verde claro , e seccam antes de cahir : depois são côr de palha. Os peciolos, ordinariamente de 1 me- tro e 30 centímetros, soífrem as mesmas mudanças de côr que as folhas ; mas a parte que se liga ao tronco é de côr vermelha, e apresenta o aspecto pouco mais ou menos da extremidade larga de um antigo taco de bilhar; na ex- tremidade livre, a partir dos 2 terços de sua altui"a, elles são guarnecidos de duas ordens de espinhos negros, fortíssimos, achatados, e encurvados a maneira de arpéo afiado, semelhante a essa espécie de lança chata , guar- necida de pontas de ambos os lados, que se estende além da bocca do peixe chamado serra. Como todas as palmeiras, a Car- nauòeira não tem raiz mestra para fi- xar-se na terra ; prende-se a esta por meio de raizes numerosíssimas, dis- postas horisontalmeute em roda da ex- tremidade inferior do tronco. Estas raizes se estendem a grandes distancias, porém penetram pouco pro- fundamente na terra; tem a côr e grossura da raiz da salsaparrilha. CAR CAR 1»S Esta palmeira cresce algumas vezes nos terrenos areientos ; mais geralmente nos terrenos salinos denegridos, de se- dimento, completamente nivelados pela oecupação das aguas, em epoclia mais ou menos afastada. Os valles, as margens dos rios e das lagoas são os lugares que lhe con- vém. Nunca se encontra a Carnaubeira nas alturas, nem ainda nas ondulações ca- suaes de terrenos. Ella evita igualmente a visinliança de outros vegetaes de grande altura; pelo que não se vê, em planices de Carnau- beira^ além d'esta palmeira, mais do que grupos de arbustos dispostos em de- (dives naturaes. As aguas da chuva, em consequência da disposição do terreno em superfície plana, amontoam camadas de caroços de carnaúba de distancia em distancia, e rom elles cobrem ás vezes grandes ex- tensões de terreno. As tenras plantas brotam assim tão juntas que formam um bosque impe- netrável. Assim, esta maneira de crescer em phalange, como os dardos de que os peciolos são guarnecidos, parecem ter por fim a protecção mutua das plantas novas contra os ataques das numerosas espécies de animaes tão ávidos do pal- mito, e que as destruiriam infallivel- inente sem esta solicitude da natureza. Este modo de crescimento das tenras Carnaubeira tem comtudo o inconve- niente de impedir o prompto desenvol- vimento da planta. Esta palmeira gosta dos lugares seccos ou ao menos dos terrenos que ficam em secco na maior parte do anno, posto que sugeitos a serem regados por inun- dações periódicas; ella resiste perfei- tamente ás invasões prolongadas das aguas, com tanto que não cubram in- teiramente a parte inferior do tronco. Então forma-se em roda do pé uma espécie de orla produzida pelas raizes, e destinada a elevar o terreno, e a ga- rantir assim o caule d'uma demasiada infiltração da humidade. E' o que se observa nos lugares que experimentam grandes inundações, taes como certas partes do lugar chamado Carité^ da comarca do Crato no Ceará, e principalmente nas margens do lago Parnaguá, no Piauhy. Este lago, d'uma extensão de 25 kilometros pouco mais ou menos, foi formado por uma depressão de terreno em fins do ultimo século. Antes do abalo que deu nascimento a esta collecção d'aguas, o valle de Parnaguá estava coberto de uma flo- resta de Carnaxibeiras. Via-se ainda, ha alguns annos, em certas partes pouco profundas, alguns troncos do mesmo vegetal cercados de raizes. As palmeiras, cujo tronco não foi totalmente coberto pelas aguas, pu- deram resistir com o soccorro da orla de que acabo de fallar. A Carnaiibeira apresenta outro phe- nomeno ainda mais digno d'observação : é que a secca a mais prolongada, con- vém perfeitamente ao seu crescimento, e desenvolvimento no Ceará, e lugares circumvisinhos, onde não chove nunca durante seis mezes no anno, isto é durante a estação chamada verão pelos naturaes do paiz : a Carnaubeira exhibe um poder vegetativo dos mais vigoro- sos, justamente n'esta estação quente e privada d'agua. No tempo da secca a maior parte das arvores, arbustos e sub-arbustos despo- jam-se das folhas ; as Gramineas secção e são levadas pelo vento; a terra das planícies argilosas, perdendo a humi- dade, abre fendas de perto de 20 centí- metros de profundidade. No meio d'esta scena tristonha, seme- lhante á que oflferecem os invernos nas zonas temperadas, vêm-se florestas im- mensas de Carnauheíras em prospera ve- getação. A extracção da cera da Carnaúba está calculada , nas duas províncias , em 3.560,000 kilogrammas ; parte d'esta cera consome-se na fabricação das vellas, e outra parte é exportada para as demais províncias do Império. i:i4 CAR CAR Não nos consta que esta cera tenha grande extracção na Europa ; porem no Império é geralmente usada na illumi- nação domestica. Depois da extracção da cera aprovei- tara-se as palhas para fabricação de cha- péos, esteiras, vassouras, capachos, e cordas, conhecidas pelos indígenas por iicum ou tucum de Carnaúba. As mesmas folhas prestam-se ao fa- brico do papel, e seria uma grande fonte de riqueza se se aproveitassem esses montes de folhas , que ordinarimente são queimadas depois da extracção da cera. A madeira conservando-se á sombra, ou empregada em esteios, é duradoura e incorruptível. Na maior parte das construcções do Rio Grande do Norte e Ceará, não se emprega outra madeira senão a da Carnauieira. Também se presta para certas obras de marceneria, para ben- galas, etc, etc, É muito dura, e d'um amarello ver- melho, com veios pretos, susceptível d'um bello polido ; oíferece manchas pretas, que produzem bello eífeito. Propriedades medicas. — As raizes são usadas nas aífecções cutâneas, e nos accidentes syphiliticos, na dose de 30 grammas para 500 grammas d'agua, em cosimento. CarBiiiiciila. — Gnilandina spitio- sissima. — Fam. das Leguminosas. — É um arbusto do paiz, que não tem mais de 1 metro de elevação, conhecido era Pernambuco por este nome. Seus caules formam touceira. Todas as suas partes são eriçadas de espinhos cerrados, tornando quasi impenetrável a entrada na sua tou- ceira. As folhas são ellipticas, dispostas em palmas, e cheias de espinhos. As flores, em cachos pequenos, tam- bém com espinhos, são amarellas, com cheiro suave, e de côr desbotada. O fructo é uma vagem quasi re- donda, um pouco deprimida, de côr de castanha, e tão eriçada de espinhos, que custa pegar-se n'ella ; abre-se na- turalmente em duas valvas coriaceas, contendo duas sementes lisas, arredon- dadas, ovaes, um tanto deprimidas, de côr cinzenta esverdinhada , e muito duras. São empregadas como desobstruentes das vísceras abdominaes. Esta espécie vegeta no littoral, e gosta da beira-mar. Caroú ou Caroatá. — Bromelia vanegata., Arr. Cam. — Fam. das Bro- meliaceas. — É planta herbácea, habi- tante dos sertões das províncias do Norte, e por esse nome conhecida. Não tem caule ; é um molho de fo- lhas ensiformes, de 1 a 2 metros de comprimento, bordas reviradas, cilia- das, lançando do centro uma vergon- tea de 66 a 88 centímetros, da qual brotam flores em cachos, de um azul purpurino ; tendo por fructo uma baga oval, medindo 27 e % millimetros, a qual encerra algumas sementes. A pátria d'esta planta é o valle de S. Francisco até o Ceará, onde espe- cialmente floresce. Fornece bom linho, segundo o Dr. Ar- ruda Camará. Car oba. — Bignonia brasiliana, Lamk. — Jacarandá brasiliana., Personn. — Hor- delestris syphilitica^ Arr. Cam. — Bigno- nia Copaia , Aubleí — Fam. das Bigno- niaceas. — Arbusto trepador, de folhas ou galhos oppostos. As folhas são em palmas oblongas. As flores em cachos, amarellas, e cam- panuladas, simulando cornetas. O fructo é uma vagem pequena, con- tendo grãos achatados. A casca d'este vegetal , e de outros da mesma família, contem um princípio amargo, e adstringente. Propriedades medicas. — As folhas da Caroba empregam-se contra as bou- bas, a syphilís, as escrophulas, quer se manifestem por hereditariedade , quer sejam adquiridas, especialmente contra as aff'eccões cutâneas chronicas. CAR CAR 13S Faz parte da celebre massa antibou- batica de João Alves Carneiro. Internamente 8 grammas para 875 grammas d'agua, em decocção. . Caro9>a l»raiica. — Sparratosperma lithontriplimm, Mart. — Bignonia leucan- ta , Vell. — Fam. idem. — Esta planta , congénere das carobas , tem a mesma virtude depurativa, diurética e lithon- triptica. Propriedades medicas. — E' um re- médio prodigioso, usado desde remotas eras pelos índios do Brasil como o ver- dadeiro purificador do sangue, nas af- fecções diathesicas. Caroba de ílòr verde. — Cy- histax anti-syphilijíica, Mart. — Bignonia qninquefolia, Vell. — Fam. idem. Propriedades medicas. — Esta Caroba é um anti-syphilitico ; mas é empre- gada também na retenção das ourinas, e nas hydropisias. Fazem-se loções, nas ulceras syplii- liticas, com o cosimento de suas folhas. O infuso se prepara na proporção de 4 grammas para 500 grammas d'agua. Caroba guyra. — Bignonia pur- gans. — Fam. idem. — Esta espécie de Caroba, segundo Eidel, tem a raiz purgativa, e é muito usada no alto Amazonas. Caroba da niiiida. — Hordelestris undulata., Arr. Cam. — Fam. idem. — A este arbusto também chamam Caro- binha, oa Casco de cavallo. Caroba (outra espécie). — Jacarandá p'0cera, Spreng. — Fam. idem. Propriedades medicas. — Esfoutra espécie de Caroba é também anti- syphilitica. Suas folhas são empregadas contra a syphilis, em cosimento. Applica-se também sobre as ulceras syphiliticas, polvilhando-as cora o seu pó. Caroba paiilistaii». — Jacarandá exiphylla. — Fam. idem. — Tem os mes- mos usos do Jacarandá procera; todas estas Carobas tem mais ou menos as mesmas virtudes, e são, além de anti- syphiliticas, diuréticas e purgativas. Carola aia. — Andenaníhera pavonia, Linn. — Fam. das Leguminosas. — Arvore da índia cultivada no Brasil. É uma frondosa arvore, de folhas em palmas miúdas. Flores brancas e pequeninas. O fructo é uma vagem comprida, contendo sementes redondas e verme- lha.s, que parecem vidradas. As folhas são antirheumaticas, e as sementes comem-se cosidas. Os chins ou os índios das Mololucas fazem com elles enfeites e ornamentos de pescoço. Esta planta também tem o nome de Conáorís. Carqueja aiiiarg:osa. — Baccharis triptera., D. C—Cacalia amara, e C. decur- rens, Vell. — Fam. das Compostas. — Esta espécie de planta vegeta no Rio de Ja- neiro, em b. Paulo, no Rio-Grande do Sul, e em Minas. Propriedades medicas.— É um tónico e anti-febril muito empregado; dá-se nas dyspepsias e diarrhéas, em cosi- mento adoçado com o xarope de casca de laranja. O infuso se prepara com 12 grammas da planta para 459 grammas d'agua. O extracto dá-se na dose de 2 grammas. E' também útil nas obstrucções do fígado. Carcfiieja «loee. — Baccharis Gav- dichaudiana, D. C. — Cacalia , sessilis, Vell.— Fam. idem.— Estti espécie é vi- sinha da outra, e torna-se recommen- davel pelas suas propriedades tónicas e anti-febris. E' muito usada na arte veterinária contra as moléstias chronicas. Cnvrupato. Carrapateiro , ou ff36 CAR CAR flainnxta. — Richms communis, Linn. e Spl. — Fam. das EupJiorbiaceas. — E' um arbusto agreste, originário da índia e da Africa, segundo dizem os autores. Cultivam-no no Brasil , onde é co- nhecido por um e outro nome, dos quaes o primeiro é o de um insecto do paiz, que se agarra aos animaes e aos ho- mens, causando grande incommodo. O Carrapato cresce até 4, 5 metros e mais; é esgalhado, seu tronco é no- doso e oco. O lenho brando e alvo. As folhas em forma de palmas , ou circulo dividido em lacinéas, e com pe- ciolo fistuloso. As flores, em cachos roliços, são ou parecem feixes de filetes reunidos. O fructo é uma noz redonda achatada, de gommos, apresentando um tegumento herbáceo exterior, e três lojas cónicas, em cada uma das quaes se aloja uma semente quasi oval, brilhante, cinzenta 6 coroada por um corpo carnoso. A amêndoa d'esta semente é mui oleosa. Os fructos estalam quando maduros, e lançam as sementes por terra. É donde se extrahe o óleo de rícino da Pharmacia. Ha quatro espécies de sementes de rícino, a saber: pequena, grande, ver- melha e branca; da pequena é que se extrahe maior quantidade de óleo. Propriedades medicas. — As folhas do Carrapateiro são tidas como emollíentes, e seu cozimento empregado contra os tumores, em banhos. O óleo, que d'elle se extrahe, é o óleo de rícino, muito usado internamente na dose de 30 a 60 gram- mas, como purgativo. Cí»pr»i|»»áeiro uiolle. — Ricimis. — Fam. idem — É uma espécie seme- lhante ao Carrapateiro grande, tendo só a differença de ser o tecido exterior da semente ténue, de sorte que facilmente com um palito se atravessa a sua amên- doa; por isso é que a população pobre do sertão enfia uma porção de sementes successivamente em um ponteiro, e ac- cendendo-o serve-se d'elle como vella. É conhecido em Pernambuco por esse mesmo nome. CnrrKpieliiiilao. — Urena sinuata, Linn. — Fam. das Mahaceas. — Monadel- pMa Polyandria, Linn. — Esta espécie oriunda do paiz é um arbustinho que vegeta francamente pelas bordas dos caminhos, ruas mais desertas e quín- taes. É esgalhado, cresce pouco, até 1 a 2 metros, ou pouco mais. As folhas são meio lobadas,e mui ba- ças. As flores são de côr de rosa viva, e bo- nitas, mas sem cheiro. O fructo é secco, quasi como o quiabo, porém menor, e abre-se da mesma forma; tem sementes verdes, redondas, acha- tadas. Também o chamam Quiabo bravo, e nas Alagoas Carrapicho. É uma das espécies que dão matéria prima para cordoaria. As folhas usam-se contra tosse, em infusão. CaB*Fai>ifIto. — Urena sinuaía, Arr. Cam. — Fam. das Mahaceas. — E' conhe- cida em Pernambuco por este nome ; no Rio de Janeiro, Minas e S. Paulo, pelo de Guaxima. A casca dessa planta separa-se facil- mente, deixando-amacerar durante quin- ze dias. D'ella se faz corda, que emprega-se em diversos uzos. CarrapieSto d'aiçullia. — Coreo- psis tricornea. — Fam das Compostas. — Esta espécie, conhecida por este nome em Pernambuco, no Pará, e talvez nas mais províncias do Norte, é uma ele- gante herva que cresce nos quintaes e matos adjacentes. Sua altura chega até 8S centímetros pouco mais ou menos. Seu caule, ora esverdinhado, ora ro- xeado, é esgalhado, com folhas recor- tadas em forma de pequenas palmas. As flores, amarellas e miúdas, tero um pequeno cálice verde, bordado de CAR CAR 137 Iblhinas amarcllas em redor, com um aggregado de outras folhinhas no centro. Tem pouco cheiro. O fructo é uma pequena capsula comprimida e preta, tendo no ápice três aguilhões, que se apegam á roupa. E' dolorosa a sua picada. Propriedades medicas — Esta planta passa por um infallivel remédio para a icterícia; usa-se interna e externamente. Carrapiclio beiço tie boi. — Desmodium diureticum. — Fain. das Legu- minosas. — Herva agreste oriunda do paiz, e conhecida em Pernambuco por tal nome. Alastra levantando a parte superior dos ramos, que são castanhos ; com fo- lhas compostas de 3 foliolos ovaes. As flores são roixas, e em caixinhos, que parecem pequenas borboletas. O fructo é uma vagem pequena com- prida, recta d'um lado, e d'outro for- mando saliências e depressões. Em cada divisão encerram-se uns grãosinhos. Toda a planta tem um pello mui curto. O fructo adhere á roupa, e mesmo ao corpo dos animaes ; agarra-se por exemplo, aos bois, mormente nos beiços, quando aquelles pastam. Esta herva é applicada domestica- mente nas gonorrhéas. Na Bahia é conhecida por Papo de Peru. Cetri*apiebo de eaSt*a«la. — Tri- %mfeta semitriloba. — Fam. das Tiliaceas. — Planta do paiz de folhas alternas, de base oval, trilobada, e flores amarellas. O fructo é uma capsula redonda, es- quinada, com espécies de espinhos. O decoto é empregado em injecções contra as gonorrhéas. Dos ramos tira-se uma filaça, de que se fazem cestinhas, etc. Ha ainda : Triumfeta eriocarpa, St. Hil. — Triumfeta lappuía, Vill — Triwm- feta sepitim, St. Hil. — Triumfeía hete- rophi/lla., Lamk. Carrasco. — Cambessederia, umbeli- cata. — Fam. das Melastomaceas. — Ar- busto agreste, que abunda nas provín- cias do norte do Brasil, e borda as estradas. É por- este nome conhecido nas Ala- goas, e no interior. É uma planta de porte mediano, ramosa. Caule coberto de pennugem esbran- quiçada. Folhas ovaes, lustrosas, de verde es- curo por cima, e esbranquiçadas na parte inferior. Os pedúnculos regulares. Flores brancas e pequenas. Os fructos como pequenos glóbulos arroxeados, com uma polpa, envol- vendo sementes miúdas. Toda a planta cobre-se de um pello macio e louro, que esconde ás vezes os órgãos da fructificação. Caruru. — V, Bredo Ca^-urú, e tam- bém Bredo macUo. Caruru azedo. V. VÍ7iagreira. Cariirti da matta o^i verine- llao. — Amaranthus melanchoUcus ., Linn. — Fam. das Amaranthaceas . — Herva conhecida nas Alagoas por este nome. É agreste, de folhas oblongas, inse- ridas em um caule pequeno, suecu- lenta, com os peciolos longos, e in- feriormente roxos Brota sobre o pedúnculo um botão herbáceo quadrangular, alado, que tem no centro uma reunião de muitas flo- res miudissimas, como também são as sementinhas. Caruto. — Genipa caruto, Kunth. — Fam. das Rubiaceas. — O Caruto é como um Jenipapeiro ordinário, que dá no ter- ritório de Cayenna e no Rio Negro. É indígena do paiz; suas folhas são grandes, ovaes, obtusas, Insidias por cima, um tanto ásperas por baixo. O fructo dá uma tinta, com que os índios tingem o corpo, principalmente o rosto. »0 flSH CAS CAS O poyo de Carthagena chama-lhe Estas sementes teem o embryão erecto Xaguá. Ca^ira aniai^jL^osa do Alwra- iilião. — V. Guereroha de remo. Caset» d' Anta. — Drymis Winteri. — Fam. das MagnoUaceas. — Arvore silves- tre de Minas Geraes, e S. Paulo. Suas folhas são grandes, ovaes, suc- culentas, e aggregadas nos ramos. As flores são igualmente grandes. EUa floresce em Fevereiro e Setembro. Os habitantes d'aquenas províncias empregam a sua casca como estimu- lante e tónico. Caracteres da família. — Esta fa- mília é composta de grandes e bellas arvores, ou de arbustos elegantes, ador- nados de lindas folhas alternas, quasi sempre coriaceas e persistentes , pro- vidas na base de estipulas foliaceas. As flores espalham um suave perfu- me; são quasi sempre muito grandes e geralmente axillares. O cálice se compõe de três a seis sepalas frágeis. As pétalas variam de três a vinte e sete, formando alguns verticillos. Os estames, mui numerosos e livres, são dispostos em diversas ordens e li- gados ao receptáculo , que sustem as pétalas. Os pistillos numerosos, ora reunidos circularmente, e sobre uma única ordem no centro da flor , ora formando um capitulo mais ou menos dilatado. Esses pistillos são compostos de um ovário unilocular, contendo um ou mais óvulos, de um estylete apenas distincto e de um estigma simples. Os fructos são carpellas seccas ou carnosas, reunidas circularmente sob a forma de uma estrella, ou dispostas em capítulos, e algumas vezes todas ligadas entre si. Cada carpella é indehiscente, ou se abre por uma sutura longitudinal ; e as sementes são algumas vezes sus- tentadas por um trophosperma suturai e filiforme, que pende para fora quando o fructo se abre. em um endosperma carnoso. Casca doc*e. — Andradea dulcis. — Fam. idem.— Planta do Pará. Ca»ea de laraiajçeiru da terra — Evoãia febrífuga.— Fam. das Rutaceas. — Esta arvore é natural de Minas-Geraes. E' amarga, tónica, febrífuga. Aconselha-se como succedanea da Quina. Casca para tudo. — Cinamoden- dron axillare, Mart. — Fam. das Laura- ceas. — A casca d'esta planta, amarga, é natural do Brasil, onde existem duas espécies, que passamos a descrever. Al.'* espécie do Para-tudo tem a casca larga pouco arqueada, da grossura de 5 millimetros, não comprehendendo a ca- mada cortiçosa. Ella é leve, quebradiça e granulosa, de um amarello côr de laranja ; a parte interior é coberta de uma pellícula fina e esbranquiçada. A camada cortíçosa é da grossura de 2 a 3 millimetros, profundamente gre- tada, e facilmente se separa do líber, exteriormente é cinzenta, e interiormente é de côr verde amarellada ; parece for- mada de camadas concêntricas, nume- rosas e mui ligadas. A casca é de um sabor amargo. A segunda espécie do Para-tudo tem a casca larga, mais composta que a da precedente, da grossura de 1 mil- limetros quando muito, quebradiça ; é um pouco avermelhada e granulosa, excepto a parte interna que é formada de algumas laminas finas, muito fibro- sas e de uma côr cinzenta escura. A camada cortiçosa é da grossura de 2 millimetros, adherente ao líber, rugosa e gretada, de textura seme- lhante á da cortiça, e tendo como ella as fibras perpendiculares ás do líber. Esta casca é de sabor extremamente amargo . Propriedades medicas. — E' empre- gado o Para-tudo contra o fastio, de- CAS CAS 13S» bilidade geral, diarrhéa, febres inter- mittentes, mordeduras de cobras, etc. Internamente, 8 grammas para 90 grammas d'agua, em cosimento. Casca gireciosa. — Mespilodaplme fretiosa^ Mart. — Cryptocarea fretiosa. — Fam. das La%raceas. — Esta planta é ■abundantíssima no Rio-lNegro. Sua casca é aromática e excitante. Propriedades medicas. — E' empre- gada na asthenia nervosa por abuso dos prazeres venéreos, nas dores sy- philiticas das articulações, e nos ca- tar rhos chronicos. Dá-se em infusão, e cosimento, inter- namente e em banhos. Caí^carrilSia. — Croton Cascarrilla^ Linn. — Fam. das Euphorbiaceas. — E' um arbusto oriundo do Peru, do Paraguay e do Brasil ; tem pequeno porte, é muito esgalhado e esbranquiçado. Seus ramos e folhas são cobertos de pello macio e estrellado, sendo as folhas lanceoladas e pequenas. As flores, em espigas, miúdas e es- verdinhadas. O fructo é de três quinas, e trez caroços. A casca d'este vegetal é objecto de commercio para a Europa : ella tem cheiro activo e é resinosa : d'ella se extrahe um óleo volátil de cheiro suave. Suas propriedades são comparadas ás da Quina ; é tónica e obra como esti- mulante enérgico. Casca cri III a falsa. — V. QvÁna do Rio de Janeiro. Casaco de eavallo . — Barharier ondulatus. — Planta de Pernambuco em- pregada contra as bobas. Ca9i<|iiiii3io. — É uma planta in- dígena, que dá uma fructa redonda de 55 millimetros de comprimento, de côr amarella, quando madura, e semeada de pontinhos translúcidos. É tenaz, tem cheiro activo, e contem dentro uma massa amarella, esponjosa e aquosa, com um caroço oval no centro. Cassatiii^a de esplnlio. — Y. Catota de esi^inlio. Cassatin;ía niani«a. — Solanum anilatum. — Fam . das Solanaceas. — Ar- busto silvestre conhecido nas Alagoas por este nome. Suas folhas são em forma de mouta, e cahem umas sobre as outras; ellas são cobertas de um pello macio e branco de côr verde azulada, estreitas e miúdas. As flores em cachinhos e de côr roxa clara. Dá um fructo de 27 a 28 millime- tros de comprimento, redondo, esver- dinhado, coberto de pello, e que con- tem muitas sementes pequenas envoltas em uma massa aquosa. Não se come, Castanha do Pará ou do Ma- ranhão. — Bertholletia excelsa., Eumh. e Bomi). — Fam. das Myrtaceas. — Arvore gigantesca e habitante do Pará e do Maranhão, de tronco erecto, cylindrico, elevando-se a mais de 32 metros de al- tura, alcançando um diâmetro de '/4 a 1 metro e mais. Ramos muito compridos, com as ex- tremidades vergadas para baixo, muito foliosos. Folhas alternas, grandes, curtamente pecioladas, oblongas e quasi coriaceas, inteiras; face superior de bella côr ver- de, e inferior esbranquiçada, e apresen- tando nervuras ou veios transversaes. O fructo é uma noz espherica, do tama- nho da cabeça de uma criança, e ainda maior; verde, lisa e quadrilocular, con- tendo muitas sementes. Sarcocarpo fino; peri carpo muito so- lido cheio de sulcos ram osos, e com seis linhas de espessura. Sementes fixas a um trophosperma central pela extremida de inferior, sendo- cada uma envolvida por dois perisper- mas: um exterior rugoso, côr de ca- nella clara, formado de duas laminas de consistência lenhosa, e outro inte- rior, mais fino que o precedente, e tam- bém formado de duas laminas tran.spa- rentes, estreitamente unidas. fl40 CAT CAT Amêndoa oblong:a, trianp:ular, de an- í^ulos obtusos ; 6 branca tendo muita analogia com as amêndoas da Europa. Estas amêndoas s-Sg excellentes para comer-se, e de sabor exquisito; podem perfeitamente substituir as amêndoas «loces. Ca^ra cia iiiatta. — Arvore do paiz. Catiiij^^a tic iiiaeatM» l>i*Mva. — Stizolohium pungens. — Fam. das Legnrai- nosas. — Arbusto trepador, aggreste, co- nhecido por este nome em Alagoas e Per- nambuco. Seus caules trepam sobre outras plan- tas. As folhas trifolioladas,subangulosas e pillosas. As flores em feixes, de roxo escuro azu- lado, como a flor do feijão, e sem cheiro. O fructo é uma vagem roliça, e achata- da de um lado, coberta de pellos longos, bastos e picantes, que produzem dôr como a de queimadura, na pelle ; encerra sementes como grãos do feijão, mas com o ponto de inserção mais dilatado. CatSiig:a Siraiiea. — Senharia iin- ctorium, Arr. Cam. — Fam. das legumi- nosas.— Arbusto que abunda em Per- nambuco, na Parahyba e no Ceará. As folhas e a casca têm um cheiro agradável, que se assemelha ao do Cravo da índia. Ella se acha com abundância nos ser- tões. Produz pela ebuUição uma tinta de côr amarella, muito usada na arte da tinturaria. Propriedades medicas. — O decocto empregam-no para curar as sarnas, em loções. Calina» de iiiaeac» Buasisa. Dyphisa flava. — Fam. idem. — - Arbusto trepador natural do paiz, que em qual- quer matto se encontra. E' conhecido em Alagoas, Pernam- buco e Sergipe por este nome; tam- bém o chamam Fava brava. Caule delgado ; folhas trifolioladas, e semi-angulosas na forma, cobertas do lima espécie de cotão. Flores, reunidas em espigas, são quasi azues, miúdas, e têm algum aroma. O fructo é uma vagem cliata, de 66 a 88 centimetros de comprimento, es- treita e vinculosa ; as bordas são semi- recortadas, de côr parda, e as sementes são castanhas como as do feijão. Esta planta trepa pelas outras ; u cosimento d'ella é applicado em ba- nhos aos animaes atacados de piolhos. Catiitj^a de iiiiilatu. — Léxicas martinicensis., Bentli. — Stachys fluminensis, Vell. — Stachys recta. — Fam. das Labiadas. — E' um arbusto de folhas cordiformes, e flores amarellas. Propriedades medicas. — Elle é em- pregado como anti-hysterico, e nas dores arthriticas. O cozimento applica-se em banhos como anti-rheumatico. As flores são carminativas ; dá-se em infusão. d»tints^\ «5« l»aea. — Elosagnus ca- tinga.— Fa7n. das Tliymeleaceas . — Arvore silvestre conhecida por este nome nas Alagoas. Suas folhas são oppostas no ponto de inserção; tem um aroma enjoativo. Suas flores são semelhantes a pequenos botões, cujo fructo é menor que um araçá ordinário, encerrando 2 ou 3 sementes de tamanho regular. Caracteres da família. — Arbustos, raramente plantas herbáceas, de folhas alternas ou oppostas, inteiras, tendo as- flores terminaes ou axillares em forma de sertulas, de espigas solitárias, ou reu- nidas no centro das folhas. O cálice é geralmente colorido e petn- loide, mais ou menos tubuloso, de quatro ou cinco sepalas embricadas antes de desabrochar. Os estames geralmente em numero de oito, dispostos em duas ordens, ou de quatro, ou simplesmente de dois, são in- CAT CAT 144 seridos, e em geral sesseis, nu parede interna do cálice. O ovário é unilocular, e contém um só ovulo pendente. O estylete é simples, terminado em um estigma igualmente simples. O fructo é uma espécie de no/ ligeira- mente carnosa por fora. O embrj^ão, que é voltado como a se- mente, está contido em um endosperma carnoso e delgado, e tem a radicula su- perior. Os géneros principaes d'estH família são Daphne, Stellera, Passerina, Pimelea, etc . As Daphnaceas formam um pequeno grupo muito natural . que differe das Eleagneas pelo ovulo pendente, e não erecto, e, das Santalaceas, pelo ovário livre e uniovulado. Catiiag:» tle jioreo.— V. Cipó ca- tiiiga de porco. Catiii^iaa ou CatiiKsia. — Tri- chilia catigua., St. Hil. — Fam. das Me- liaceas. — E' uma arvore silves-tre que cresce em Minas Geraes. E' de grande altura. Suas folhas são dispostas em palmas. As flores, amarellas, em cachos. O fructo capsular. O lenho d'esta arvore é avermelha- do. Ha três espécies : florescem em Abril. Catí n§; «a ei i*a . — Coesalpinia . — Fam. das Leguminosas. — E' uma planta do paiz, da qual se extrahe uma bella tinta amarella. Catiiig;iieit*a I>a*av». — Croton. — Fam. das Euphorbiaceas. — Esta espécie também dá uma tinta amarella, digna de ser utilisada na tinturaria. Crttojé. — V. Herva de Santa Maria ou, Caapeba. Catolé — Rhapis paramidata. — Farn. das Palmoxeas. — E' uma palmeira, de altura mediana, de 31 a 33 metros pouco mais ou menos. Seu caule é quasi lizo, de 2 a 3 centímetros de diâmetro, mais fino na base e mais grosso no alto. O ramalhete das folhas toma direc- ção vertical, e estas são de còr azu- lada. Dá cachos de flores, compridos, as vezes de mais de um metro. E' como grande numero de palmei- ras, de côr amarella barrenta, com aspecto de flor de cera. O fructo é de (50 millimetros de diâmetro, ovóide, de casca parda, tendo no ápice um ponto agudo. Na base ha uma roseta de escamas. Essa casca do fructo é de côr ama- rella no interior, e encerra uma massa da mesma côr, polposa , um tanto aquosa e oleosa ; é a parte que se come, Encontra-se dentro um caroço ósseo, contendo uma amêndoa branca, muito oleosa e de gosto agradável. O óleo d'esta amêndoa não só é ex- cellente para usos culinários como para luz. Na província das Alagoas, onde mais abunda esta palmeira, a pobreza no tempo da fructa faz excursões nas mattas para colhel-a. Catota. — Solanum calota. — Fam. da^s Solanaceas. — Esta planta sylvestre é co- nhecida nas Alagoas e em Pernambuco por este nome. É um arbusto baixo, de 2 a 2 '/^ me- tros de altura pouco mais ou menos, de poucas folhas, marchetadas no seu limbo, aloiradas, e com a orla cavada. As flores, á semelhança das da Juru- beba, porém mais escuras e maiores. O fructo, também como o da Junibeba^ mas do tamanho de um limão grande. Caíota »l« es|iiHho. — Solammi pi- per. — Fam. /ranea. — V. Secupira. Cebigtsra «lo campo. pira. V. Secv,- Apresenta-se como um feixe de folhas estreitas, compridas, flstulosas, na su- perflcie da terra. Dá um pendão, em que se notam flo- res brancas e pequenas. O fructo é muito pequeno. Na base da reunião das folhas existe um bolbo, que é a cebola, de que fa- zemos uso. Este bolbo redondo compõe-se de duas membranas de côr de castanha avermelhada, delgadíssimas e friáveis, seguindo-se depois uma substancia branca, aquosa, espessa e transparente, disposta em varias camadas concên- tricas, que se separam com facilidade. É de sabor acido, doce e picante. Celíola ««eeeííft. — AmaryíUs hella- dona., Linn. — Fam. das Amaryllidaceas . — Esta planta, indígena do Brasil agreste e cultivada, é conhecida nas Alagoas por Celola do matto. É herbácea; suas folhas, nascidas da superfície da terra, são de um verde desmaiado, em figura de lamina de es- pada, porém longas e reviradas. Deita um pendão do centro, que dá flores grandes, em forma de funil, com seis recortes ou pontas, de côr vermelha pallida, sem cheiro. No centro existem seis estames longos. O fructo é uma capsula com três cotnpartimentos, nos quaes se acha uma porção de sementinhas. Esta planta é como a Açucena na forma da flor e porte ; tem na base uma raiz semelhante á cebola, porém mais allongada ; a túnica é esbranquiçada, o sabor pouco picante. (Fig. 16.) Cr?>i|»ira «Ia niatta. — V. Secupira. CelsoJa. — Allium cepa, Linn. — Fam. das Liliaceas . — Esta planta, cuja verda- deira pátria se ignora, é muito culti- vada, e usada em toda parte. Veio-nos da Europa e é um dos pri- meiros ingredientes da arte culinária, Também no Brasil se cultiva, nas pro- víncias do Sul. Propriedades medicas. — Usa-se o bulbo em xarope nas aífecções pulmo- nares, na bronehite, e sobretudo na asthma. É vomitiva e expectorante. Caracteres de família. — Plantas de raiz bulbifera ou fibrosa, de folhas ra- dicaes, de flores muitas vezes gran- díssimas, solitárias, ou dispostas era sertulas ou umbrellas simples, envol- CEB CEG f43 vidas, antes, do seu desabrochar, em espathas scariosas. O calise é gamosepalo , tubuloso, adherente pela base ao ovário, de seis divisões iguaes ou desiguaes. Os estames, em numero de seis, têm seus filetes livres, ou reunidos por meio de uma membrana. '' O ovário é de três lojas, contendo cada uma grande numero de óvulos anatropos . O estylete é simples, e o estigma trilobado. O fructo é uma capsula de três lojas, e de três valvas septiferas ; algumas vezes é uma baga que, por aborto, só encerra uma ou três sementes. Estas, que offerecem frequentes vezes uma caruncula cellulosa , apresentam em um endosperma carnoso um embryão cylindrico e homotropo, mais curto que a semente. Roberto Brown dividiu a familia das ^arciseas de Jussieu em duas orden^ naturaes : as Hemerocallideas, onde elle collocou os géneros de ovário livre, e as AmarylUãeas, que são as verdadei- ras Nardsseas de ovário infero. O mesmo celebre botânico também retirou das Narcisseas de Jussieu os gé- neros Eypoxis e Ctirculigo, dos quaes fez um grupo sob o nome de Hypoxideas, que nos parece pouco diíferente, das verdadeiras Amaryllideas. À Richard reunio ás HemerocalUdeas 3 familia das Liliaceas. CeFsoSa cio EnsaStc». — Veja-se Ce- lol cecera. CcboEisilio o» CebolBBtIia. — Allivm scJioenoprasum^ Linn. — Fam. das Liliaceas. — Esta planta é oriunda da Ásia na Sibéria, cultivada desde mul- os annos em nossas hortas, e de usos geral. Cresce de 4 a 6 e )4 decimetros. Tem um bolbo na base das folhas, pequeno como o do Alho; d'ahi sahem as folhas estreitas, íistulosas, dirigid-as verticalmente; formam um pendão seme- lhante ao Alho^ onde se notam fiorinhaí; brancas reunidas; d'estas geram-se as fructinhas, que contém sementes pretas muito miúdas. O bolbo é como o da Cebola^ em ponto pequeno; as túnicas que o re- vestem são brancas , ou roixas em outra variedade da mesma espécie ; as camadas que o compõe são for- madas de membranas finas. Ambas as qualidades são desobs- truentes, porém prefere-se a branca. Cebolinlío do Cainito. — V. Alho de campina. Cetlpo. — Cedrela brasiliensis. — Adr. Jus. e St. Hil. — Fam. das Meliaceas. — Entra na ordem das plantas impor- tantes do Brasil. Esta arvore, muito aromática, foi observada por St. Hil. e Adr. Jus. E' de folhas distribuídas em palmas, oblongas, com flores em cachos pvra- midaes, brancas e grandes. Os fructos parecem á primeira vista pitombas. O lenho do Cedro exhala muito cheiro, e quando se corta uma d'estas arvores, 0 aroma se espalha a alguma distan- cia. A madeira é parda, não offerece veios, e é porosa. Ella presta-se á marcenaria, á escul- ptura , á construcção naval, etc, etc. E' uma das madeiras de corte prohi- bido pelo governo. Propriedades medicas. — A casca é adstringente e emética. Cejífa ollao. — Asclepias umbellata , Flor. Fliim. — Fam. das Asclepiadaceas. — Esta herva é conhecida nas Alagoas por este nome, e por Saudade ou Ca- mará bravo em Pernambuco. E' uma herva elegante, de altura até 1 metro pouco mais ou menos, leitosa em todas as suas partes. As folhas são lanceoladas, agudas e molles. As flores reunidas, formando como uma umbrella ou chapéo de sol : umas 144 CEN CEV vermelhas , outras amarellas , c sem cheiro. Seu fructo é uma capsula fusiforme, paliacea e geminada, contendo muitas sementes involtas em um feixe de pellos macios e brilhantes , como seda , ou sementes coroadas de plumas ; d'esta maneira , estas sementes voam com muita facilidade, logo que o fructo se abre. O leite é empregado contra as dores de dentes. E' venenosa. Ci?iitaiiir«i« iimiiileía*»,. — Callo- fismoj perfoliatum^ Mart. — Fam. das Gen- cianaceas. — Esta planta vegeta em Minas ; é herbácea. A raiz é amarga, e é empregada como tónica e estomachica. Ha outra espécie : Callopisma amplexi- folium, com as mesmas propriedades. CeíBSieio. — Secale cereale, Linn. e Bichr. — Fam. das Gramínaceas. — Planta herbácea, que cresce naturalmente na Ásia Menor, cultivada na Europa, e já hoje no Brasil. E' uma espécie de capim, cujas es- pigas são densas, com uns esporões nas espiguetas. Do grão faz-se farinha , porém que é um pouco pesada, e por isso só pro- . pria para estômagos robustos. Propriedades medicas. — A cataplas- ma da farinha de centeio é emoUiente e resolutiva. ., Cfísati-i® egaíoa'««3o. — Secale cor- nutum, Linn.— Fam. «tíem.— Esta espécie é da Europa, e cliama-se assim porque é atacada de cravagem, de uma subs- tancia que se desenvolve entre as valvas, no lugar da semente. E' um corpo comprido e arqueado, cy- lindrico e bojudo, violáceo, de sabor ar- dente e cheiro particular desagradável. Proí>riií;dades medicas. — O centeio esporado éum agente podei"oso para pro- mover as contracções uterinas, e um dos mais poderosos hemostaticos vegetaes que se conhecem ; usado interna ou externamente. D'elle se extrahe uma substancia, que se emprega muitas vezes de preferencia nos mesmos casos : é a ergotina. Cereibíft. — V. Mangue branco. Ce5*eí^>sina. — V. Mangue amarello. Cei*eitiii|ça. — V. Mangue amarello. Cereja «le SoESaas^ «le gBeeeg,'0. — Cerasus fersici folia., Loisel. — Fam. .dax Rosáceas. — Arvore pequena da America, de folhas oblongas ; flores em cachos e brancas. Cultiva-se no paiz. Seu fructo é globuloso, vermelho, liso, com um caroço dentro (espécie de noz), carnoso e acido. Cerejeira «Se isiia^ii'». — Melothria pe)idtila, Linn. — Fam. das CuciirbiSaceas. — Planta herbácea, trepadeira e de folhas recortadas. As flores são solitárias. Os fructos pequenos, são bagas alon- gadas com muitas sementes. Propriedades medicas. — Esses fruc- tos são purgativos ; a dose para um adulto é a metade de um d'elles ; e para ani- maes, como cavallos, etc, dão-se três a quatro fructos. Ceri. — Avicennia servida. — Fam. das Verhenaceas . — E' uma arvore ou arbusto que vegeta nos pântanos e á beira mar. As folhas são oppostas, com flores for- mando uma espécie de corneta. O fructo é uma capsula. As folhas são adstringentes, e empre- gadas para tingir e curtir couros. Cevada. — Hordeum mãgare., Linn. e Richr. — Fam. das Graminaceas , — Esta espécie é a mais abundantemente culti- vada. Até hoje não se sabe positivamente a pátria da Cevada. A farinha é nutritiva como todos sa- CHA CHA Í4S bem, o cozimento dos grãos refrigerante; é ella que constitue a base da cerveja. Cevada !§»nt». — Hordeum dixti- cho?i, Nees. — Fava idem. — Tem as mes- mas propriedades da precedente. Cíiit «le IVaíIe. — Lantana fseudo- Ihea., St. Hil. — Fam. das Verbeuaceas. — Esta espécie vegeta em Minas Geraes. Póde-se fazer uma idéa d'esta planta pouco mais ou menos pela planta Ca- mará. Propriedades medicas. — É empregada como excitante nas affecções catarrhaes, e nos rlieumatismos. liik. — Casea)'ea Ungua., St. Hil. — Fam. das Samydaceas. — Arbusto do Brasil, conhecido por este nome na província de S. Paulo e por Língua de fiú^ na de Minas Geraes. Tem folhas lanceoladas. Flores pequenas em feixes nas axillas das folhas. O fructo pequeno, carnoso com um caroço. Floresce em Agosto e Setembro. Propriedades medicas. — É empregada em cosimento contra as febres malignas, e moléstias inflammatorias. Caracteres da família. — Arbustos todos exóticos, que crescem nas re- giões mais quentes do globo, apresen- tando folhas alternas, dísticas, simples, presistentes, o mais das vezes com duas estipulas na base. As flores são axillares, solitárias ou em grupos. Tem um cálix formado por cinco, e, mais raras vezes, três a sete sepalas, reunidas todas em sua base, e formando algumas vezes um tubo mais ou menos •-o longo divisões mais ou coloridas em sua O limbo oíferece menos profundas e face interna. A coroUa falta constantemente. Os estames são em numero igual, duplo, triplo ou quádruplo do das di- visões calicinaes, na base das quaes são inseridos ; são monadelphos, com quanto alguns d'entre elles sejam as vezes estéreis e reduzidos a seu filete que se torna plano e felpudo. O ovário é livre, de uma só loja, contendo um grande numero de óvulos, inseridos em três ou cinco trophos- permas parietaes. O estylete é simples, terminado por estigma capitulado ou lobulado. O fructo é uma capsula unilocular, abrindo-se em três ou cinco valvas, que trazem no meio de sua face interna, as sementes, envolvidas em uma polpa mais ou menos abundante, e colorida. Estas sementes oíferecem um endos- perma carnoso, no qual existe um em- bryão mui pequeno heterotropo; isto é, tendo sua radicula opposta ao hilo, ou ponto de inserção da semente. Claá «tia It^iUn.—Thea suiensis, Noh. —Fam. das Ternstrmmiaceas.—E oriunda da China e.sta excel lente planta, cujo apreço e importância é geral nos paizes cultos, onde o Chá da hidia tem-se tor- nado uma bebida quasi commum. Elle é um pequeno arbusto, e.sgalha- do, de caule escuro. Folhas oblongas, de verde escuro, e alternas. As flores são brancas, á semelhança de rosas e com leve cheiro, sendo dis- postas em trinos, ou binadas. O fructo é uma capsula de três cocas redondas, cada uma com um caroço. O Chá, na sua terra natal, cresce até a altura de 9 metros, entretanto entre nós é um arbustinho de 1 >^ a 2 metros quando muito. Propriedades medicas. — E' excitante poderoso, sudorífico, diurético, adstrin- gente e estomachico; activa as faculda- des intellectuaes. CI»2» ssiate. — llex. Ihesatia., Mart. — Fam. das Celastrineas. — Arbusto das pro- víncias do Sul, como Rio Grande e seus arredores. 31 146 CHA CHA As folhas usam-sc como o Chá da Jndia ; são iim tanto excitantes e dia- phoreticas. C5iA«lc j9ee8estfi*e. — V. Chá de frade em Minas. Cítsí d» t«rR*a. — Fam. das Portula- caceas. — Esta planta nasce no Maranhão. E' uma espécie de Beldroega, mais ou menos. Propriedades medicas. — E' emprega- da nas moléstias nervosas, debilidade de estômago e dysmenorrhéa. Buddleja quinqiienaria. — Fam. das Scro- fhulariaceas . — Esta espécie é conhecida nas Alagoas e em Pernambuco por este nome, persuadido o povo que é o ver- dadeiro Chá da índia; por isso tanto n'aquella província como n'esta, fazem uso das folhas como chá, nfhaiulo-o bom ao paladar. E' uma herva que fí3rma moutas, de caule herbáceo, e de còr de purpura. As folhas estreitas lustrosas, recor- tadas, de còr escura. As flores pequenas, brancas, á seme- lhança da flor do Cafezeiro. O fructo é uma capsula oval, oblonga, contendo grãosinhos, que por si mesmo se espalham na terra. Resiste todo o verão sempre em ver- dura. Propriedades medicas. — Faz-se uso em medicina como anodyno (calmante) . ClítagsiS aaaisiíSas. — Trojyccolmn fen- taphyllmn, Lamh. — Fam. das Tropoeola- ceas. — E' uma planta trepadeira • cresce em Montevideo, e no Rio-Grande do Sul. E' planta própria para jardim. Propriedades medicas. — Esta bella trepadeira gosa de virtudes anti-scorbu- ticas. ClBa§;ueipa. — V. Barhas de ba- rata. Cbaisalisia^ú. — Carica digitata, Auhl. — Fam. das rapayaccas. — Esta arvore, que tem pouco mais ou menos o porte do Mamociro, vegeta ás bordas do Amazonas. Consta que suas emanações são tão mortaes como d'aquella arvore da Ame- rica Equinoxial, conhecida por 3ían- cenilla javanesis ? Drosera tuherosa. — Fam. das Drosera- ceas. — E' uma erva agreste do Brasil, que invade todos os teiTenos, geral- mente conhecida por Chanana em Per- nambuco, Parahyba e Ceará. E' de 22 centímetros de altura pouco mais ou menos. Esgalha quasi rasteiramente, tendo umas tuberasinhas na raiz. As flores grandes, amarelladas, apre- sentando umas manchas roixas na base e meio das pétalas, em cujo cen- tro se vê um froco de filetes. O fructo é uma capsula pequena, có- nica, contendo muitos grãos em forma de pequenas castanhas. Propridades medica. — A Chanana é muito medicinal ; sua batata se applica contra a dysenteria. Caracteres da família. — Plantas herbáceas, annuaes ou viraces, rara- mente subfructescentes, tendo folhas alternas, muitas vezes munidas de pel- los glandulosos, pedicellados, dispostas em cruz antes dè seu desenvolvimento. O cálice é gamosepalo, de cinco di- visões profundas, ou de cinco sepalas distinctas, e de estivação imbricada. A corolla de cinco pétalas planas e regulares . Os estames, em numero de cinco algumas vezes de dez ou de vinte, al- ternam com as pétalas, quando ellas são do mesmo numero que estes úl- timos. Antheras extrorsas, e livres; ás ve- zes se acham, em face de cada pétala, appendices de forma variada. Estes estames são geralmente peri- gynicos e não hypogynieos, como se tem dito até o presente. CHI CHU t^^S O ovário é de uma só loja, raras vezes de duas ou três ; no primeiro caso con- tem grande numero de óvulos anatro- pos ou orthotropos, unidos a três ou cinco trophospermas parietaes, sim- plices ou bifidos ; no segundo caso, os septos parecem formados pelos tro- phospermas salientes em forma de la- minas, e que si encontram e se unem no centro do ovário. Os estigmas, geralmente do mesmo numero dos trophospermas ou das lojas, são sesseis e radiosos, ou sustentados por estyletes muitas vezes bipartidos. O fructo é uma capsula de uma ou varias lojas abrindo-se somente pela metade superior em três , quatro ou cinco válvulas no meio da face interna de um dos trophospermas. As sementes, muitas vezes cobertas de um tecido cellular frouxo, contem um embryão erecto, quasi cjdindrico, no interior de um endosperma del- gado,'que falta algumas vezes. Clteáro. — V. Salsa. ClticSftú. — StercvÃia cMchá^ Si. Híl. — Mo7ietia curiosa , Vell. — Fam. das Bytineriaceas. — Arbusto indígena, co- nhecido por este nome no Rio de Ja- neiro e Goyaz. Suas folhas são cordiformes. As flores em cachos, e arruivadas. O fructo dá uma amêndoa, que os habitantes d'estes lugares comem, e passa por boa. As folhas são resolventes de tumo- res, etc. ClbieSt^i í8o I\oi*te. — StercuUa laseantha, Mart. — Fam. idem. — E' uma planta que se assemelha ao Chichá do Sul; habita o Piauhy e Maranhão. Clfticoa'ia. — Soiíchis oleraceiís., Linn. — Fam. das Compostas. — Herva culti- vada na Europa, d'onde é oriunda ; é também cultivada no Brasil. Sua cultura é antiquíssima , porém pouco conhecida, principalmente nas províncias do Norte. E' uma herva cujas folhas nascem do collo da raiz, imitando a couve, e as quaes fecham as folhas no centro á se- melhança do repolho. Essas folhas, que se fecham são es- branquiçadas. As flores amarellas. Fornece um sueco leitoso toda a planta. Come-se cosida com carne de vacca as folhas e as raízes. No Pará ha uma herva aromática que tem este nome. Como medicinal é aperitiva ; mas hoje está desusada. CEiicoa-ia, brava. — V. Serralha. ClaieorÊa «í® Paa^á. — E' uma her- va aromática. Cliida. — E' uma bebida de caboclos, extrahida da mandioca. CSailesase o» Cof|«ieia*o Cltí- IcEasc— /í(5(?« spectabilis, Kimt. — Fam. das Palmaceas. — E' uma palmeira do Amazonas e do Chile. Os fructos são drupas ; e com elles fa- zem aguardente. CBaB<|?8ex.ifisae. — Cacftts ijeruvianus , Ztnti. — Fo/íii. das Kopaleas. — E' um ar- busto natural da America Meridional, cujo tronco é verde, herbáceo, anguloso de alto a abaixo, succulento, e cheio de espinhos que parecem ser as folhas ; estas são fasciculadas. Nascem as flores pelo tronco ; sãc gran- des, brancas, misturadas de róseo, com uma coma no centro, amarella. O fructo é oval ou redondo, de côr ru- bra, succulento, tendo dentro uma massa da mesma côr, succulenta, acida, cheia de sementes pretas e miúdas. O sueco extrahido de seu tronco en- rouquece a quem o bebe, e é mui diu- rético. Clieipa . — Gustavia speciosa. — Piri- gara spiciosa, Humh. e Bomp. — Fam. das Myrtaceas. — Arbusto das rsgiões ama- I zonicas, onde lhe dão este nome. 148 CID CIN Suas folhas são oblongas, lanceoladas, membranosas e coriaceas. As flores p-randes. O íVucto d'este arbusto, quem o come, fica com a pelle alourada; mas, sem nenhum remédio, depois de 24 ou 28 horas, torna ao seu natural. Citlr«i£*a oii Citlí*;». — Citrus li- monium cUratiim, Ríss. — Fam. das Au~ rautiaceas. — Arbusto indigeno da Ásia, cultivado no Brasil. A Cidra é a fructa da Cidreira, que no Maranhão chamam Turanja. E' um arbusto do porte de uma limeira, com espinhos nos galhos, folhas elljp- ticas, com pouco aroma. As flores são brancas, e com cheiro as- semelhando-se ao da flor da Larangeira. O fructo é um pomo de grandeza de ;") a 10 millimetros de diâmetro, redondo com a configuração de uma laranja, mas com uma superfieie tuberculosa, e as ve- sículas grossas. Dentro acha- se uma substancia branca, vosiculosa, compacta, contendo semen- tes como os da laranja; a massa é muito secca. Da fructa preparam-se bellos doces , empregados como peitoral, refrigerante e tónico. Caracteres da família. — Arvores ou arbustos muito glabros, algumas vezes espinhosos, com folhas alternas e arti- culadas, simplices, ou mais frequente- mente pinnuladas, munidas de glândulas vesiculosas, cheias de um óleo volátil transparente. Flores odoríferas, geralmente termi- uaes. Seu cálice é gamosepalo, persistente, de três ou cinco divisões mais ou menos profundas. Sua corolla, de três a cinco pétalas sesseis, livres ou ligeiramente soldadas entre si. Os estames, algumas vezes em numero igual ao das pétalas, outras vezes duplo ou múltiplo d'este, são livres, ou di- versamente reunidos entre si por seus filetes, e reunidos abaixo de um disco ''JPOgynico, sobre que está coUocado o ovário. Este é globuloso, de varias lojas, contendo um só ovulo suspenso, ou maior numero, ligados ao angulo in- terno da loja. O estylete, algumas vezes muito curto e muito espesso, é sempre simples, terminado por um estigma, simples ou lobulado. O fructo é em geral carnoso, inte- riormente separado em diversas lojas por divisões muito delgadas, contendo uma ou mais sementes inseridas em seu angulo interno, e geralmente pen- dentes. Exteriormente o pericarpo é espesso ; é indehiscente, cheio de vesículas, con- tendo óleo volátil. As sementes encerram ujn ou algu- mas vezes mais embryões sem endos- perma. Cida'i!l2i. — Verbena triphjlla. — Fam. das verhenaceas. — Pequeno arbusto na- tural do Rio de Janeiro. Folhas verticilladas, ternas ou qua- ternas, lanceoladas, agudas nas duas extremidades, exhalando cheiro de li- mão quando esfregada. Flores dispostas em espigas axilla- res, ou em pannicula terminal. Propriedades medicas. — E' estimu- lante, empregado em infusão contra as indigestões, 3 a 4 folhas para uma chicara d'agua fervendo. Cisiass&osto. — F. Jasmiiieiro de Ca- yanna. Cisiee) iullans. — Dá-se este nome também ao Taruman. Propriedades MEDICAS. — As folhas são diuréticas, e empregadas em cozimento ou em infusão, em banhos, nas dores rheumaticas e osteocopas. Ciiid;;' capei:». — VaUesia ti/ictorial, Brnnet. — Fará. das A;pocynaceas. — Esta planta é da serra do Araripe; dá uma tinta côr de rosa mui bella se- gundo Mr. Brunet. CIP CIP 149 Das sementes se extrahe sofrível sa- bão. Ciparabo — E' uma espécie de Bu- iua de raiz delgada, lisa e branda, qne se encontra nas províncias do Espirito- Santo e Minas Geraes. Ci|ió d' ai li o. — Bignonia alUacea^ Swart. — Fam. das Bignoneaceas — E' nni arbusto indígena do paiz, conhecido por este nome nas Alagoas e em Per- nambuco. E' uma planta trepadeira, de folhas opposta.s, unidas entre si,e luzidias. O caule da planta é quebradiço. As flores, em pequenos grupos, são como trombetas, côr de rosa roxeada. O fructo é uma vagem. Cipó tfallío. — Seguiera alliacea ^ Mart. — Fam.. das Phyíolacaceas. — Tem as mesmas propriedades do Ibirarema. Cipó amarra de ;^'i{fanfe. — Do- lichos odorifenis. — Fain. das Legumino- sas.— Nas províncias de Pernambuco e Alagoas também é conhecido por Ca- nella de Uriíhú. E' um arbusto trepador, mui frequente nas bordas dos caminhos e das várzeas. E' um pouco elegante pelas suas flores em cachos, de um roixo vivo, que torna os campos de aspecto agradável Elle estende-se sobre os arbustos as- cendentes, e relvas. Suas folhas são ternadas (á seme- lhança das do feijão). As flores, em cachos , roixas, e com suave cheiro. O fructo é uma vagem de 1 a 2 mil- limetros de largura , com bordas le- vantadas, grãos poucos redondos, com- pridos, e acinzentados. Cipó aauarra de ^Iqig. — Argi- pkila corymlosa. — Fam. das Verhenaceas . — Arbusto silvestre, conhecido nas Ala- goas por este nome ; em Pernambuco tem o de Mofxmho de Capoeira. Planta trepadeira de caule esbranqui- çado, folhas ovaes, grossas, oppostas e luzidias. Flores miúdas, amarelladas, em ca- chos. O fructo é redondo, de 1 millimetro, amarello na maturidade, adherente ao cálice, internamente ósseo, dividido em quatro compartimentos, e em cada um uma semente. Este cipó em perfeita maturidade é muito forte para amarrar. Cipó arco a«íBbfico. — Coccoloba litioralis.— Fam. das Poly- gonaceas.— É agreste e indjgena ; ve- geta nas proximidades da beira-mar, e recebe este nome em Pernambuco. iõO CIP CIP É uma trepadeira de folhas regula- res, ovaes, chanfradas na base. Flores grandes em cachos, como es- pigas esbranquiçadas, não regulares. Os fructos são glóbulos pequenos, que encerram sementes. Cipú IIji*i4mco ile rciío. — Bignonia vulgoA'is. — Fam. das Bignoneaceas. — Ar- busto do paiz, que se encontra em qualquer parte do matto, conhecido por este nome nas Alagoas e também em Pernambuco . É trepador ; tem o caule um pouco esbranquiçado, com regos bem dis- tinctos, que lhe dão muito realce. As folhas se cruzam, e são oppostas, ovaes e luzidias. As flores, como cornetas, com as bordas recortadas, são roxas, claras ou rosadas. O fructo é uma vagem de 2 '/> de- cimetros, larga, com sementes dispostas symetricamente e aladas. Do caule fazem-se chibatas e até bengalas. Tem .0 uso dos cipós. Cyi»J> «Sc cRUíoelo. — Telracera vo- luhilis, Linn. — Fam. das Dilleniaceas. — Planta conhecida por este nome no Rio de Janeiro e em Minas Geraes. É uma trepadeira. Propried.vdes medicas. — Suas folhas são purgativas, tomadas em infuzão ; e resolutivas, empregadas em banhos. Caracteres da família. — Arvores ou arbustos todos exóticos, sarmentosos, tendo folhas alternas, raríssimas vezes oppostas, sem estipulas, muitas vezes abarcantes na base. Flores solitárias ou em cachos, algu- mas vezes oppostas ás folhas. O cálice é gamosepalo, persistente, de cinco divisões profundas, e imbri- cadas lateralmente. A coroUa ordinariamente de cinco pétalas. Os estames, numerosissimos, dispos- tos em varias ordens, são livres, algu- mas vezes unilateraes ou disposto.s em diversos feixes. As carpellas variam de duas a doze, geralmente distinctas ; são ás vezes soldadas em vima só. O ovário é unilocular, contendo dois ou vários óvulos anatropos, unidos á parte inferior do angulo interno, e erectos. Os estyletes são simplices, e termi- nados cada um em um estigma igual- mente simples. Os fructos são distinctos e soldados, carnosos ou seccos, e indehiscentes. As sementes, muitíssimas vezes acom- panhadas de um arilho carnoso e cu- puliforme, tem um tegumento crustá- ceo, cobrindo um endosperma carnoso, no qual está um embryão pequenino, erecto, homotropo, collocado na base. Cigíó «Be ealíoelo fía^s^Dis*® ou íle regs», ú.» eaiíocfSo. — Bignonia prolixa. — Fará. das Bignoniaccas . — Esta espécie é mui análoga á Bignonia allia- cea., differindo apenas mui jíouco na forma das folhas; porem tem as laminas salpicadas nos dois lados. Tem os mesmos uzos. Câg»!* CiaEaaiclIsa cSc Jaensi. — SaUi- cia coriimhosa — Fam . — das Hij^iwcrati- ceas. — Arbusto silvestre, que nas Alagoas tem este nome. E trepador ; seu caule é avermelhado e áspero. As folhas são oppostas, ásperas, es- curas e ovaes . As flores, em cachos mui grandes, são esverdinhadas, sem cheiro. O fructo é mínimo, trigono, e com se- mentes. Este cipó é muito frágil, e porisso não fazem uzo delle. Cigié «Se Casíoeira. — Fam. das Bignoniaccas. — Este cipó é assim co- nhecido nas Alagoas. Tem a propriedade de enrolar-se so- bre as outras plantas de sua classe. Seu caule é cylindrico, e tem gavinhas. Os peciolos das folhas se cruzam, e CIP CIP ISl em cada extremidade tem duas folhas, cada xima sobre um peciolo próprio. As folhas são lustrosas e carnosas. As flores roixas, brilhantes, em fei- xes, tí em forma de corneta. Dá um fructo como vagem, tendo se- mentes membranosas, com azas. Este Cipó é quebradiço. Cip'^» «te csiPkio.—Davilla nigoza, Roiz. — Dav. BrasiliMia^ D. C. — Fam. das Dilleniaceas.— EstB. planta, que é indígena, tem também o nome de Cipó de Caboclo, e em S. Paulo, Minas Ge- raes e Rio de Janeiro o de Samhaihi- nlia. E' um Cipó, cujos ramos são guar- necidos de pellos ásperos. Folhas grandes, oblongas, serreadas superiormente, lisas e ásperas, com pel- los pelo meio. Flores em cachos. O fructo é capsular. Propriedades medicas. — As folhas são empregadas nas orchites blennor- rhagicas, ou devidas a outra qualquer causa. Applica-se em fomentaçõas e fumi- gações. " Elle é purgativo na dose de 2 grara- mas da raiz em pó. Cí|»y> tíe esAvilé .— Fam. das Rosá- ceas.— Sob este nome, e sob o de cipó de SamhaiUnlia, designam-se em varias províncias do Brasil dois cipós sarmentosos, um dos quaes é o Da- villa ruíjosa de Pairei, ou Davilla bra- siliana de DecandoUe, outra é o Da- villa elliptica d'Aug: Saint Hilaire. Propriedades medicas. — Estas duas plantas se tornam notáveis pelo seu sabor adstringente muito pronunciado ; ellas são por consequência, tónicas, muito usadas em fomentações e em lavagens nas ulceras atonicas. Cip.J Qi\vi\z\r9.— Edites suherosa. — Fará. das Apocynaceas.— Planta tre- padeira, quasi sempre de flores gran- des e brilhantes, tendo por fructo uma ou duas capsulas, cujas sementes estão envolvidas em pellos macios. Propriedades medicas. — E' hemosta- tico útil nas hemoptyses, e sobretudo nas hemorrhagias uterinas. Cipó catiiig» «le Paea. — Eleag- mis Mspermum. — Fam. das EUagineas. —Arbusto silvestre, trepador, de folhas oppostas, oblongas, luzentes, sem re- cortes. As flores são em feixes, nas axillas das folhas. O fructo, não bem observado, é pe- queno; parece ter duas cavidades in- ternas, com uma ou duas sementes. Caracteres da família.— Arvores ou arbustos de folhas alternas, ou oppos- tas, sem estipulas e inteiras. Suas flores são dioicas ou hermaphro- ditas ; as masculinas algumas vezes dispostas em forma de casulos. O cálice é gamosepalo, tubuloso ; seu limbo é inteiro, ou de duas ou quatro divisões. Os estames, em numero de três a oito, são introrsos, quasi sesseis so- bre a separação interna do cálice. Nas flores fêmeas, o tubo do cálice cobre immediatamente o ovário, mas sem a elle adherir. A entrada do tubo é as vezes em parte tapada por um disco diversa- mente lobulado. O ovário é livre, unilocular, contendo um só ovulo ascendente, pedicellado e anatropo. O estylete é curto. O estigma é simples e allongado. O fructo é um akenio crustáceo, coberto pelo cálice, que se torna car- noso. A semente contem, em um endos- perma delgadíssimo, um embryão que tem a mesma direcção que esta. Cii»« C44tâsa|i;a rtc Porco. —Fam. idem.— Este vegetal indígena é assim chamado nas Alagoas, mas é pouco co- nhecido. 159 CIP CIP É xim arbusto que forma touceiras, de caule flexível. As folhas, são grandes, oblongas, ver- de-escuras. As flores, brancas, miudinhas, á seme- lhança de pequenos botões O fructo é pequeno, e com duas pon- tas no ápice ; é achatado de um lado, branco, e com uma semente. Cifió clBiimlio. — Cuscuta ameri- cana. Linn. — Cuscuta umhellata., Knnt — Fam. das Cotivolvulaceas . — Herva do Brasil descripta por Linnèo, e até en- tão desconhecida. Mais tarde outros naturalistas acha- ram outras espécies : Ctisciita oãorata^ Raiz e Pavon: Cusc. corymhosa., etc. Todas são oriundas do Brasil. É uma planta que vive a custa de ou- tra. Seus caules finos e volúveis ganham qualquer vegetal visinho, separam-se da raiz e ficam vivendo á custa d'aquelle de que se apoderaram. Compõe-se de vergonteas lisas, finas, esverdinhadas ou amarellas, sem fo- lhas, com feixes de flores pequenas e arredondadas, brancas ou trigueiras. O fructo é uma pequena capsula. Propriedades medicas. — Esta planta parasita é applicada secca e pu,lverisada sobre as feridas para abreviar a cica- trisação, o sueco é appreciado como anti-catarrhal e anti-hemoptoico; tam- bém se dá em gargarejos nas anginas. Ci|>» «te co!>a'». — V. Caapeòa. Cip;» €leeo?>í*a. — V. de N. Senhora. Cipó correllís*. — WFlor de Veado. Cíp:» ecíiapé ?»a*i«B»co. — Paulli- nia curiirif,^ Linn. — Fam. das Sapindaceas. — Arbustinho trepador, de caule esverdi- nhado, conhecido nas Alagoas e em Pernambuco por tal nome. As folhas são em palmas. As flores, em cachos, peqn^ínas e brancas. Elle tem prolongamentos, com que se agarra ás outras plantas. O fructo é uma capsula obconica, sub- trigona, vermelha rubra, com três val- vas, que se abrem e deixam apparecer três sementes ovaes, metade cobertas de um corpo branco e fofo. Algumas pessoas comem este fructo. Cipó erieapè vermelho. — Paul- linia pinnata., Linn — Fam. idem. — Este cipó, é conhecido nas Alagoas e em Pernambuco. E' um cipó como o precedente. Encontra-se em qualquer capoeira perto das cidades. As folhas são em cachos, brancas e miúdas. Tem a mesma organisação do pre- cedente. Serve para amarrar cercas. Cipó eríia. — Chiococca anffuicida, Mart. — Fam. das Rubiaceas. — Esta planta é oriunda de S. Paulo, é trepadeira e tem as mesmas propriedades da Raiz preta . Propriedades medicas. — Macsram-se dois pugillos em uma msdida de aguar- dente, adoça-se, e dá-se uma chicara três vezes por dia, nos envenenamentos por mordeduras de cobras. Cipt» cie etiaittanai». — Eupliorhia pTíOSfliorea., Mart. — Fam. das Enpliorlia- ceas. — Este interessante arbusto vegeta na Bahia. E' mui espinhoso, e por isso serve para cercas. Seus ramos entrelaçados não deixam penetrar animaes nas plantações. Cortando-se um galho exsuda um sueco branco, que na obscuridade reluz como fogo ; sacodindo-se com elle faz rastilho luminoso. Este sueco sobre a pelle causa grande prurido. A picada dos espinhos produz botões vesiculosos na pelle dos animaas. Propriedades medicas. — Seu-, ramos novos são applicalo^ nas ulceras e ca'"bunculos. CIP CIp «53 Cipó fururii. — EcUtes^ Mart. — Fam. das Apocynaceas. — Esta planta é do Pará. Differe da de Pernambuco, que é de outra família. Uns a chamam Curuapé^ mas o de Pernambuco Cruapé. Propriedades medicas. — É excellente aperitivo, usado nas obstrucções das vísceras abdominaes. O sueco leitoso é empregado topica- mente sobre os tumores. Cigiò eiu. — Smilax papyracea^ Roiz. — Fam. das Smilaceas. — Esta planta é congénere da Salsaparrillia., e tem as mesmas virtudes d'ella. CipT» tSe esí-atla. — Cattlotref.iis ma- crostacliyus., Raddi. — Baiúimia radiata. Vell. — Fam. das. Leguminosas. — Esta planta trepadeira, possue propriedades adstringentes e mucilnginosas. Ha outra espécie, Bauliinici microsta- cliyiis., Raddi, e Bauliinia tomentosa., Vell. do Rio de Janeiro. Ci|»«» cSe g:ota. — Cissiis pidcTierrima, Vell. — Fatn. das Ámpelideas. — Também esta planta é trepadeira, e cresce no Rio de Janeiro. E' anti-rheumatica. Cipó jKiiyp». — Bi(jno7iia guyra.^ Ried. — Fam. das Bujnoniaceas. — Esta planta é quasi como as Carohas., etc. D'ella porém é frequentemente appli- cada a raiz como purgativa. Cipó aeica. — Cacalia qxiadri([.ora., Vell. — Fam. das Compostas. — Herva mais 011 menos do aspecto do 3IetUrusto. Vegeta no Rio de Janeiro, onde re- cebe este nome. E' aromática. Cip<;» de BBíiiÇíé. — Philodeíidron Imhê, Mart. — Fam. das Aroideas. Propriedades medicaí. — As folhas frescas são empregadas nas ulceras; a decocção do caule e das folhas é ap- plicada no rheumatismo c nfi orchite, em banhos. Da raiz se tiram fios teciveis, Cipó de inipigreiu. — Stadinania depressa. — Fam. das Sapindaceas. — Arbusto silvestre, que por este nome é conhecido nas Alagoas. Tem o caule flexível, que se enlaça sobre os outros vegetaes. Suas folhas são ovaes oblongas. As flores em cachos, brancas trigueiras. O fructo é obconico, cor de barro, em forma de pião, de consistência cór- nea ; o pericapo tem um caroço pardo centro, envolto em uma substancia es- pessa e branca. Propriedades medicas. — Este fru- cto é empregado na cura de impigens ; para isto pisam-n'a e a applicam sobre a parte doente ; também empregam a decocção nos mesmos casos. Cipó de «fabot-.i. — E^ a Fava de Santo Ignacio do Pará e da BaMa. Cipó japic«fig:a de eerea. — Fam. das Sapindaceas. — E um arbusto indígena e trepador, com filetes que se agarram ás plantas próximas. As folhas são lustrosas, á semelhança de palmas recortadas. As flores brancas, em cachos. Os fructos vermelhos na. maturidade, abrem-se e deixam apparecer uma fse- semente envolta em substancia branca, mas que despida d'esse envoltório, é verde. Cipó de jtiBita. — Dá uma fructa que faz ângulos de um e outro lado, como contas de rosário. Cipó tie iiiaiBBibtk. — Esta planta é rasteií-a ; vegeta nas praias. Tem as mesmas propriedades da Ca- rola. Cipó ManaeB ASves. — Axantes fasciciilata. — Fam. das Rtihiaceas. — Esta 22 154 CIP CIP planta é indígena; dão-llie este nome nas Alagoas. É \\m arbustinlio trepador, de caule delgado, com as summidades revesti- das de pellos. Folhas ovaes, oppostas, esbranquiça- das na parte inferior e macias. Flores nas axillas das folhas, que são como estrellas brancas, com seus pequenos tubos. O fructo é uma baga cónica, pe- quena e coberta, de pellos macios e brancos. Cigíó ES&ão «le Sa^i»*. — Cissus co- ralinus. — Fam. das Ampehãaceas. — Planta trepadeira que tem este nome nas Alagoas. Ella é elegante e própria para jar- dim. Seu caule é herbáceo e molle. Suas folhas são como palmas, lu- zentes . As flores, reunidas em forma de pal- mas, inseridas de um só lado, de côr rubra brilhante. Todos os órgãos da fructificação dão- Ihe vim bello realce. Os fructos são bagas redondas, roixas com um ou dois caroços no centro; assemelham-se á uvas . Caracteres da família. — Sub-arbus- tos ou arbustos enroscantes, sarmen- tosos, e munidos de gavinhas oppostas ás folhas. Estas são alternas, pecioladas, sim- ples ou digitadas, munidas na base de duas estipulas. As flores são dispostas em cachos, oppostos ás folhas. O cálice curtíssimo, muitas vezes in- teiro, ó qunsi plano. A corolla de cinco pétalas valvula- res, algumas vezes coherentes entre si pela parte superior, e erguendo-se to- das imidas em forma de coma. Os estames, em numero de cinco, são direitos, livres e oj)postos ás pé- talas . O ovário é applicado sobre um disco hypogynico, annular e lobulado no con- torno ; elle ofterece constantemente duas lojas, contendo cada uma dois óvulos erectos e anatropos. O estylete, que 6 espesso e curtís- simo, termina em um estigma apenas bilobulado. O fructo é uma baga globulosa, en- cerrando d'uma a quatro sementes ere- ctas, tendo seu episperma espesso, o . endosperma córneo, mais ou menos pro- fundamente sulcado, e contendo na sua base um embryãosinho erecto e ortho- tropo. Esta pequena familia composta dos géneros Vitex, Cissus, Ampelojisis e Leça, é muito distincta por suas folhas mu- nidas d'estipulas, pelas gavinhas oppos- tas ás folhas, pelos estames oppostos ás pétalas, e pela estructura do fructo e da semente. A opposição dos estames ás pétalas é um dos seus caracteres mais salientes. No género Zeca estes estames são monadelphos, e entre cada um d'elles se acha um appendice representando um estame abortado. Ha pois nas Aití- 2)eUdaceas dez estames, cinco dos quaes normaes ; isto é, os que são alternos com as pétalas, abortam, sendo so- mente representados pelo disco, etc, subsistem apenas os que são oppostos ás pétalas. Ci|píí> BSiiBljiàBEaBao. — Tetracera aspe- rosa. — Fam. das Dilleniaceas. — Esta planta, de Alagoas e Pernambuco, é trepadeira. Tem o caule castanho, e com articu- lações. As folhas são um tanto grandes, lu- zidias e um pouco ásperas. As flores brancas e quasi sem cheiro; umas deitam fructos, outras não. Os fructos são capsulas reunidas em rosetas, contendo uma semente ver- melha cada uma. Tem o mesmo uso dos cipós, em geral- Cã|i:» liko. — Fam. das Sapmdaceas. — Arl)usto indígena do paiz, conhecido nas províncias do Norte por este nome. CIP CIP le> E' trepador. |?As folhas são um tanto grandes. As flores não observadas. O fructo, em forma de pião, de pe- ricarpo córneo. Cij»i* rali o «Be TiBasUjú. — Cardios- permium fragile. — Fam. idem. — Este cipó, conhecido nas Alagoas por tal nome, tem caule trepador, como os outros. As folhas formam palmas. As flores são em feixes, brancas, com suave cheiro. Os fructos representam três cocas, com azas, isto é, tendo em cada loja uma aza. As sementes são três, envoltas em um corpo branco. Este cipó é fraco, e por isto não fa- zem uso d'elle. O fructo é vermelho de cor viva. Ci|9í3 de E*ft;g-o (do Rio de Janeiro) . — Bignonia rego., Vell. — Fani. idem. — Tem os mesmos usos da Caroba. a^tú aíc rego vcniaellio. — Ar- gylia appUcala. — Fam. das Biguonia- ceas. — Esta espécie é também trepa- deira. Seu nome confunde-se com o de outras espécies bem semelhantes, mas das quaes se distinguem por caracte- res pouco sensíveis. Esta cruza os seus ramos, e tem duas folhas em cada extremidade, quasi unidas. Suas flores são reunidas em grupos, de côr rubra, o que faz um bello eífeito ; tem a forma de Angélicas. Os fructos são vagens, contendo se- mentes membranosas, que ás mais das vezes não se acham. CiB'í^ saasy^Bíe. — Paulinia sanguínea. — Fam. das Sa'pindaceas. — É conhecido nas Alagoas este cipó, que tem seme- lhança mui estreita com o precedente : — Raho de Timbú. O caule é regoado, e côr de castanha. _ Suas flores muito semelhantes ás d'aquelle. O fructo é também rubro, sem a membrana, que forma azas, com se- mentes também adherentes á substancia branca, Cisió tle cesto. — Argylia pílchra. Fam. das Bignoniaceas. — Arbusto tre- pador, conhecido por este nome nas Alagoas . Suas vergonteas são finas ; com fo- lhas ovaes, oblongas, oppostas e co- riaceas. As flores agrupadas são como cor- netinhas, de côr vermelha brilhante. O fructo é uma vagem comprida, com sementes simetricamente dispostas e aladas. Ha outra espécie bem análoga á esta, e também chamada em Pernambuco Qifó de cesto ; suas folhas porém são ternadas. Cspó eift cesío fra'aM«Se. — Pote- rium sarmentosum. — Fam. das Rosáceas. Este cipó é arbóreo, e tem nas Alagoas este nome. E' alto, de tronco escuro. As folhas são oppostas ellipticas. As flores em grandes cachos, porém pequenas, umas como bolotas e outras como penachos, em cuja base estão umas drupas ou bagas, que são as fructas, com sementes. Estas estão agglomeradas em grupos de dezoito a vinte. Ceste cipó fazem cestos e cassuaes. Càgíó sifiMí:s. — Ancliietea saliitaris. St. Hil. — Fam. das Jimcaceas. — Subar- busto volúvel, de folhas alternas, flores solitárias, e fructos grandes. Propriedades medicas. — Sua raiz é emética, purgativa, e applica-se nas moléstias exanthematicas. E' útil também nas tos.ses convulsas das crianças, em dose pequena. A raiz dá-se na dose de 4 a 8 grammas, como purgante ; em pó, ou melhor em infusão. Esta planta vegeta em S. Paulo e Minas Geraes. ií rf.fi CIP cir Caracteres da família. — Plantas herbáceas vivazes, raramente anniiaes, tendo o caule cylindrico, níi ou foliado, 6 simples . Suas folhas, invaginantes na baze ; com uma bainha ora inteira, ora fen- dida em todo o seu comprimento. As flores são hermapliroditas, ter- minaes, dispostas em paiiicula ou em cimeira, encerradas, antes de seu desa- brochar, na bainha da ultima folha, que lhes forma uma espécie de espatha. O cálice é formado de seis sepalas glumaceas, dispostas em duas ordens. Os estames, em numero de seis ou somente de três, estão inseridos na baze das sepalas internas. Quando não ha mais que três esta- mes, elles correspondem ás sepalas ex- teriores. O ovário é uni ou trilocular, mais ou menos triangular, contendo ás ve- zes três óvulos anatropos, erectos, ou vários óvulos ligados ao angulo interno de cada loja. O estylete é simples, terminado por três estigmas. O fructo é uma capsula, de uma ou três lojas incompletas, contendo três ou maior numero de sementes, e abrindo-se em três valvas, trazendo cada uma um septo no meio da sua face interna. As sementes são ascendentes ; seu tegumento é duplo, o endosperma duro e farináceo, comprehendendo para sua baze um embryãosinho arredondado e homotropo. Cà|iú ii> do Pará. — Solanum sessi- leflorum. — Fam. das Solanaccas . — As bagas d'esta planta são.polposas, e ser- vem para doces e conservas. Coca. — V. Ipadú, CoealSera. — V. Camphoreira. Cocão asaiarello. — Arbusto indí- gena, que em Pernambuco é por tal nome conhecido. E' empregado na construcção civil, etc. Seu lenho é amarello claro e bonito, e por isso torna-se uma madeira mui procurada; porém perde facilmente a côr. Elle resiste á acção do caruncho, e por isso é mui procurado para caibros. As flores são também amarellas. Ha outra espécie, a que chamam Cocão hratico ; mas a madeira d'este não tem os predicados da do amarello. Cocào S»a'i«iB¥o — V. Cocão ama- rello. Coco tSa Italaia. — V. Coco da índia . Coco «Se caíSiaiTO. — V. Maca- hiba. Coco OU Co(i»« e«3j|íteipo. — Naid-cocos. — Fam. idem. Arr. — Cam. — Grande pal- meira que se acha em muita abun- dância em Cariris-novos e no Piauhy, A nóz contem três ou quatro semen- tes, das quaes se extrahe óleo, que se Fam. das Myrcineas. — E uma planta aromática. Cosc» «Se líUBrga.. — V. Anda-açú. Cocosatsía*©. — V. Cabaceiro amargoso. Coesaía^ÈlSfio. — Xanthoxylum hyemale^ Si. Hil. — Fam. das Rutaceas. — E' uma arvore das províncias do Sul, aonde é conhecida por tal nome. Cresce nas mattas de Santa Cathari- na. Rio Grande do Sul e Estado Orien- tal. Tem as folhas miúdas, em forma de palmas. Flores em cachos, e um fructosinho redondo solitário ou duplo. E' uma excellente madeira de cons- trucção. Sua casca, reduzida a pó, é empregada pelos habitantes d'esses lugares contra as moléstias do ouvido. Coentro — Coriaudrum saiivum, Linn. — Fam. das Umlelliferas . — Estaherva aromática é natural dos paizes do Le, vante, acclimada ha muitos annos no Brasil, especialmente em Pernambuco, onde se faz quotidiano uso d'ellc com» indispensável tempero. lOO COE COE Tem o Ciiule articuliido e roliço. Folhas em palmas recortadas. Flores em cachos, formando umbrella, como chapéo de sol, brancas e miúdas. O frueto é um globosinho que se di- vide em duas partes ; é coroado por duas pontas, e encerra dois carocinhos dentro. Todas as partes são aromáticas. Gosa de propriedades carminativas (anti-flatulentas) e estomachicas. Não empregam no Rio de Janeiro está planta como adubo. Ha duas espécies: roixa e branca ; a primeira é a medicinal preferida. Os fructinhos applicam-se para re- solver tumores. i^&entvo úii C«!oaaia. — Eri/ti- ffium fcedãiim, Swart. — Fam. idem. — Esta planta é da mesma familia do coentro . Propriedades medicas. — E' sedativa, febrífuga e antihysterica. E' também útil nas mordeduras de cobras . C3®eaaía'ã«. — ErijngiiiM cam])i)iarum. — Fam. idem. — Esta lierva é indigena, e vegeta pelas campinas. E' conhecida nas Alagoas, aonde lhe dão este nome; mas o Coentro do Ma- ranMo., em Pernambuco, é uma espécie de outro género. Também nas Alagoas chamam-n'o En- dro do Maranhão. O que queremos descrever é quasi sem caule, e semi-rasteiro. As folhas espatuladas, com as bordas recortadas, são luzentes. As flores formam uma espiga, que sahe do centro, são brancas, deprimi- das, contendo no interior o frueto. Tem cheiro análogo ao do ooentro exótico; porém é mais enjoativo. Algamis pessoas temperam com elle as comidas só no inverno. C«3ea»4saaia ou Cíaísessass. — Cestrvm nocturnwn, Linn.—Fam. das Solanaceas. — Arbusto de 2 % a 3 metros de al- tura, natural do Chile e da Jamaica. Suas folhas são ovaes subcordiformes, alternas, lisas, pecioladas e de cheiro nauzeante. Flores amarellas-es verd i nh adas , abrem-se de noite, e têm a forma de jas- mim. O frueto é uma baga oval com uma polpa dentro e muitas sementes. Propriedades medicas. — E' empre- gada como emolliente ; e útil contra as febres iiitermittentes. Coes*aita. das Alagoas. — Came- naria caulíflora. — Fam. das Afocynaceas. — Arbusto conhecido nas Alagoas por este nome. E' de mediana altura. Suas folhas são alternas, lanceoladas, e coriaceas. As flores fasciculadas, apegadas aos ramos e ao caule. São brancas, ásemelhançade jasmins. Os fructos são invisíveis. Coei*i«3Ba «ila ISíaIíb», S. iPaitlo, e Mio eSe «ManseârM. — Ceslrum lae- xigatwn., Schlechtendal. — Fam. das So- lanaceas.— Planta que pertence á fami- lia da Herva Aloura. Esta espécie vegeta nas provincias acima citadas. Ci»a^mui> de Miaii»s c alo R.io tBc elsimieiii'®. — Cestrum Corpnlosuni, Schlechhidit. — Fam . idem. — Os mesrnos attributos das congéneres. Coca'iísaa de S.*ea*aaiSBJilí3aí?o. — Coti/ledon hrasilica, VelL — Fam. das Cras- sulaccas. — A herva que recebe este nome em Pernambuco, varia nas outras pro- vincias. Ella é ramosa, seu caule não cresce muito . As folhas são grossas, cheias de sueco amarello aquoso. As flores formam uma espiga na ex- tremidade livre de uma longa haste ; são de còr amarella carregada, á semelhança de Angélicas, pendentes, e sem cheiro. COE COI flCl Os fructos são capsulas pequenas, con- tendo muitas seraentinhas. Propriedades medicas. — Applicam as folhas sobre as partes queimadas, tiran- do-lhes uma pellicula delgada que ha no limbo, e passando depois lentamente sobre fogo para aquecel-as e amoUe- cel-as. (Fig. 17.) Caracteres da família. — Esta fa- mília se compõe de plantas herbáceas ou de arbustos, cujas folhas, caule, ramos e em geral todas as partes her- báceas, são espessas e carnosas; estas folhas são alternas ou oppostas. As flores, que apresentam algumas vezes cores vivíssimas, oflFerecem diffe- rentes modos de inflorescencia. O cálice é profundamente dividido em um grande numero de segmentos. A corolla se compõe de um numero variadíssimo de pétalas regulares, de estivação imbricada, distinctas ou sol- dadas em uma corolla gamopetala. O numei"o dos estames é o mesmo, ou ainda raramente duplo do das pé- talas, ou do dos lóbulos da corolla ga- mopetala. Estes estames são entremeados de es- camas de forma diversa, que não são evidentemente outra cousa mais que estames abortados. No fundo da flor acham-se constan- temente varias carpellas distinctas, e cujo numero varia de três a dose, e até mais; cada uma d'ellas se compõe de um ovário mais ou menos alongado, de uma só loja, contendo muitos óvulos, ligados a um trophosperma suturai e interno. Raríssimas vezes estas carpellas se soldam em um ovário plurilocular. O estylete e o estigma são simplices. Os fructos são folliculos uniloculares, polyspermicos, abrindo-se por uma su- tura longitudinal e interna ; ou ás vezes o fructo é uma capsula plurilocular e plurivalve. As sementes offerecem um embryão cylindrico, orthotropo, collocado em um endosperma carnoso e delgado, faltando algumas vezes. Coerana «lo Rio Grande do íSiil. — Cestrum parqui, Willd. — Fam. das Solanaceas. — Todas estas espécies de Coera?ia, são ernollientes, anodynas, e diuréticas. Em banhos são antihemorrhoidaes. As suas folhas servem para clarear a roupa. Os fructos dão uma matéria corante, roxa azulada, empregada na tincturaria. Coité. — Crescentia cujete, Limi. — Fam. das Bignoniaceas . — Arbusto oriundo de Novo Continente, e mui commum nas Antilhas. E' uma arvore media, de casca es- branquiçada, (espécie de cortiça.) As folhas, em verticillos de três, são estreitas ; a flor dá pelo tronco e ramos. Não é pequena, é de aspecto de um búzio ou corneta, esverdinhada e sem cheiro. O fructo, porém, é uma espécie de cabaça de 10 millimetros pouco mais ou menos, oval e espherica; pericarpo es- verdinhado, córneo semi-lenhoso ; den- tro ha uma polpa, branca succulenta, cheia de sementes chatas aloiradas. Do fructo d'esta planta fazem-se cuias^ para o que elle é cortado em dois he- mispherios ; torna-se oco depois de ter sido passado pelo fogo ; a cuia serve de vaso para diversos misteres. Propriedades medicas. — O sueco da polpa da fructa é empregado nos teta- nos, e nos spasmos, na dose de 16 gram- mas. Coité ti» utata. — Gonolohus ma- crocarpa. — Fam. das Apocynaceas — E' uma planta indígena, que recebe este nome nas Alagoas. E' uma trepadeira, ou por outra um cipó, que entrelaça-se sobre as outras plantas. E' uma planta lactifera, de folhas cordiformes e grossas. As flores não são pequenas, e têm a forma de estrellas esverdinhadas. O fructo parece o do Coité perfeita- mente no exterior, porém maior, de 23 16% COM CON de 10a 15 millimeti'os de comprimento, e muito elástico. Seu tegumento externo é verde e co- riaceo. Dentro é occupado por uma substan- cia filamentosa e branca, formando como dois tubos, os quaes estam cheios de i» caroços dispostos symetricamente ; são amarellos pallidos, chatos com um froco de pellos. Todas estas partes são cheias de abun- dante sueco viscoso e lácteo. Colo(i»úg£tBd£a. — Cucumis. Colocyn- this, Linii. — Fam. das Cucurhitaceas . — Planta trepadeira do Cabo da Boa Es- perança. Suas folhas cordiformes, recortadas em sua base. As flores solitárias, de dois sexos, de côr amarella. O fructo globuloso e amarello na ma- turidade, com uma polpa dentro, e va- rias sementes. Propriedades medicas. — Quasi todos as reconhecem como um irritante de acção drástica mui enérgica, e também emética. CoBBasBBStlíaSaylsa : — Sopliora acci- dentalis^ Swa?-i. — Fam. das Leguminosas. — Planta natural da America Meridional. Suas folhas são palmadas. As flores amarellas, em cachos. O fructo é um legume moniliforme. É um veneno para a raça canina ; comtudo pode ser empregado com cri- tério contra as febres intermittentes. Esta planta tem muita analogia com o Feijão de Boi de Pernambuco. CoB»aãsa?so. — Cttminum cyminwn, — Fam. das Umbelliferas . — Herva muito cultivada na Europa e pouco cultivada no Brazil; natural, do Oriente, e oriun- da do Egypto e da Ethiopia. Ella é herbácea ; seu caule chega até á altura de 1 1/2 metro, é lizo e ligei- ramente pubescente na summidade. As folhas muito estreitas, e cortadas cm palminhas. Flores em cachos, brancas e tintas de vermelho. Os fructos são obconicos, pardos, com cheiro activíssimo. Ninguém ignora o uso do Cominho na arte culinária. É além disto medicinal por possuir virtudes carminativas, estimulantes e emmenagogas. Caii£&I)í ou Cona.aau. — Phyllan- tiis conami,VeU.,e Swart. — Ph.Braziliensis., Lamli., — Fam. das Eihiiliorhiaccas. — Ha- bitante do Rio Negro e do Pará, tem esse arbustinho folhas ovaes, alternas, e é muito ramoso. * As folhas são em feixes pelas axil- las das folhas, e o fructo semelhante ao Pinhão. Os caboclos entorpecem os peixes nos rios com esta planta. E' considerada diurética no Rio Negro CoBSiisfiai. — V. Conahi. CosaaasBã. — V. Conami hrasiliensis . Coaadé. — É a planta que em Per- nambuco chamam Qordião oti Guardião. Cffisaclei^'^ ©SB fiVsaeajB ti© CoaaaSe. — Ationa oòtusiflora^ Mart. — Fam. das Anonaceas . — Tem recebido a Condessa o nome de Fructa do Conde em Per nambuco. É oriunda dos paizes intertropicaes. Esta espécie é um arbusto esgalhado,'; tronco escuro, folhas oblongas e ramos flexíveis. Flores carnosas, como estrellas de três pontas, e esverdinhadas. O fructo é cónico ; tendo na sua su- perfície externa, que é liza e lustroza, pontos salientes. Dentro a substancia é branca, um pouco filamentosa, aquosa e doce, for- mando bagos, nos quaes contém um caroço preto lustroso no meio, de forma elliptica, e com leve aroma. A semente d'essas espécies passa por venenosa. Caas^^^ssía-a «Io fl?iíBBa|B3 ®ib aasate CON CON 163 ílo ean>i»o. — Liixemhurgia polyandria, St.-Hil.Fam. — das Franlieniaceas, — E' um subarbusto que vegeta nos campos de Minas Geraes. Suas folhas são oblongas ; ellipticas, e suas flores em cachos. O fructo é uma capsula trivalve. . Esta planta, que é também o mate do rampo , não é comtudo tão genera- lisado como o de Coritiba, que tem a mesma importância e consumo que o CM da índia. Caracteres da família. — As Fra?i- keniaceas são herbáceas ou fructescen- tes. As folhas são alternas ou verticilla- das, inteiras ou denteadas e serriadas, tendo nervuras lateraes muito appro- ximadas, e, na base, duas estipulas, que faltam somente no género Fran- kenia. As flôx'es são axillares, dispostas em cachos simplices, ou compostos, ou em paniculas : estas flores são hermaphro- ditas. O cálice é formado de cinco sepalas, ligeiramente soldadas na base. Acorollade cinco pétalas, iguaes ou desiguaes. No género Sauvagesia., observa-se de mais um verticillio de filamentos intu- mescidos, e uma coroUaque existe tam- bém no género Luxemburgia. Os estames, em numero de cinco, de oito, ou indefinido, são livres. As antheras são de duas lojas extror- sas, que se abrem por uma fenda lon- gitudinal ou por um poro.. O ovário é ovóide, alongado, ou tri- gono, muitas vezes collocado sobre um disco hypogynico ; elle ofterece uma só loja, contendo três trophospermas pa- rietaes, trazendo cada um d'elles um grande numero de óvulos. O estylete é frágil, terminado em um estigma extremamente pequeno. O fructo é uma capsula, coberta pelo cálice ou pela corolla, de uma só loja que se abre em três valvas, trazendo sementes unidas a podospermas assaz compridos no meio da face interna. Estas, no centro de um endosperma carnoso, contém um embryão axillar, cylindrico e homotropo. Conyza. — Alopecuroiães., LamTi, — Fam. das Compostas. — E' uma planta quasi herbácea. Suas raizes são diuréticas e lithon- tripticas. Consai6«iB8te. — Betonia orientalis ., Linn. — Fam. das Lahiadas. — Flor culti- vada, de um subarbustinho a que dão este nome em Pernambuco ; sua pátria é o Oriente. Attinge á altura de 1 metro, pouco mais ou menos. Tem os ramos novos, nodosos e brancos. As folhas irregulares na cor ; são tinctas de amarello umas, e de branco outras. As flores são em cachos, axillares, pequenas e membranosas, oflFerecendo na parte superior dous lábios. É ornamento de jardim. Coattt% íle eafsa^ai. — Dorsternia oplii- diana. — Fam. das Urticaceas. — Esta planta herbácea é conhecida nas Ala- goas por este nome. É quasi rasteira ; suas folhas, com peciolos compridos, são ovaes, agudas, de côr verde roxeada, sendo também da mesma côr o limbo das folhas. As flores esquisitas, representam um vaso ou uma taça, sustentada por um pedúnculo que sae do centro da planta, encerrando muitas floriuhas de sexos separados ; estas, engastadas n'uma es- pécie de polpa, não tem aspecto de flores : são miudinhas e de côr parda. Esta planta é empregada nas mor- deduras das cobras : também dão-lhe o nome de Chupa-cJmpa. CoiBta'a-líeH*v». — Dorstenia contra- Jierva^ Linn. — Dorstenia hrasiliensis^ Mart. — Fam. idem. — É uma herva indigena quasi rasteira ; suas raizes são flbrosas, rugosas, nodosas, cylindricas, e de gosto adstringente e acre. 1414 COP COQ As folhas, quasi sobre a superfície da terra, são ovaes-oblongas, baças, as- pérrimas. Peciolos longos, e carnosos. A flor forma um pendão como na planta acima, sua congénere ; sendo porém o envoltório da flor acinzentado. Nas provindas limitrophes do Sul, esta planta é chamada pelos indígenas Caa-Apia. Propriedades MEDICAS. — Applicam-na contra as febres de qualquer género ; é summamente diaphoretica, anodyna, anti-catarrhal, peitoral e finalmente an- ti-herpetica. Passa por especifica contra a morde- dura das cobras. O povo tanto reconhece suas virtu- des, que para qualquer affecção ella é aconselhada. Existem diff^erentes espécies, a saber : DoTstenia Irijoni folia. — Dorstcnia opifera, Mart. — A Dorstenia pernambucana e a Dorstenia rotundi folia., Arr. Cam. — São próprias de Pernambuco. Segundo o professor Serpa esta planta é a que o Tijua&sú come quando é mor- dido das cobras. Na Bahia se conhece a Contrayerha pelo nome de Tiú., derivado de Tijuassú. Segundo Moreira, é drástica, adstrin- gente, e applicada na chlorose e nas leucorrheas. Em pó dá-se de 1 a 4 grammas; e em infusão, feita com lõ grammas para 1000 d'agua, dá-se aos cálices. Coiitral!aeii«vi« «Se fol9&s«. eont- liricl». — É outra espécie. CoivaSiãlteir^a. ou Páo a2»;3. — Desmononcus radicantis. — Fam. das Palmaceas. — Pal- meirinha agreste, e por conseguinte na- tural do paiz, conhecida por este mes- mo nome em Pernambuco e Alagoas. E' do porte das demais palmeiras. Suas folhas tèm de comprimento ape- nas 1 % a 2 metros. Seu cacho de flores é regular, na pro- porção do tamanho da planta. Estas são como as das demais pal- meiras, em forma de rosetinhas córneas, de côr amarella barrenta. O fructo é redondo, de 15 millime- tros de diâmetro, com escamas sobre- postas na base. Tem pouca aspereza na superfície ; compõe-se de um corpo polposo, molle, amarello, que cobre um caroço , em cujo centro ha uma amêndoa branca, dura e amarga. Come-se a massa amarella, ficando a parte fibrosa, que envolve o caroço. A massa não é de sabor desagra- dável. Coração tia Iiadia ou Cnrasol. — Anona. — Fam. das Anonaceas. — Esta espécie, que tem sua pátria na America do Norte, é cultivada no Brasil. E' um arbusto do porte dos Arati- cuns^ na estatura, na apparencia das folhas, flores e fructo ; sendo entretan- to o fructo d'este de forma oblonga, cónica, de cores mescladas, e pe- queno . O pericarpo é luzente ; o fructo dentro mais filamentoso que o das congéne- res. E' acido e doce, mas um tanto en- joativo ; a semente é preta. Coração eie «fesusi. — 3íikama of- ficinalis, 31art. — Fain. das Compostas. — Cresce esta planta em S. Paulo e em Minas-Geraes. Ella é herbácea, ou lenhosa, e vo- lúvel. Folhas oppostas. Flores brancas ou roxas, dispostas em corymbo ; invólucro composto de poucos foliolos iguaes. Receptáculo nú. Calathide de poucos flosculos tubu- losos, hermaphroditos. Antheras salientes. Stigma comprido, bifido, divaricado. Fructo akenio de cinco ângulos com arilho pilloso. Propriedades medicas. — Esta planta é suceedanea da Quina., e possue prin- COR COR 167 cipios amargos e aromáticos; é em- pregada na febre intermittente, e na dyspepsia. Coração €le iieg^ro. — Fam.das Le- guminosas. — Arvore elevada, que em Pernambuco é conhecida por tal nome. E' importante madeira de construc- ção urbana e náutica. \é Seu lenho é duro, e o âmago roxo còr de vinho tinto, e também duro. Coraes. — Chamam assim em Per- nambuco á uma flor exótica, prove- niente de um arbustinho de 20 a 40 eentiraetros de elevação, porém lenhoso. Tem o caule muito duro. As folhas oppostas, redondas peque- nas, e unidas umas ás outras. O caule tem espinhos aguçados e grandes em proporção. Produz uma flor pequena, que consta de duas pétalas rubras, redondas, appli- cadas na base uma á outra; não tem cheiro. E' objecto de ornamento de jardins. Coral. — Jatropha miãtifida^Limi. — Fam. das Euphorhiaceas. — Esta planta da America Meridional, serve de orna- mento de jardins. E' com effeito bonita, de 2 e K a 3 me- tros de altura. Caule verde e nodoso, folhas recor- tadas com symetria, e de côr verde escuro, em forma de palmas bem dese- nhadas, apresentando um todo elegante. As flores miúdas e rubras. O fructo é uma noz como o fructo do PinMo. Tem propriedades catharticas. Cordão «le S. ItencaSieto. — Fam. das Composlas. — E' uma flor exótica, que em Pernambuco recebeu este nome, sem grande razão de ser. E' proveniente de uma' herva de 1 metro de altura, pouco esgalhada. Caule fistuloso. Folhas oppostas, rentes (sesseis), lan- ceoladas e baças. A flor, em capítulos pequenos, é seme- lhante á do Cravo de defunto ; mas o tubo verde, que faz a base, é composto de escamas sobrepostas. As folhetas em cima, que o circulam, são de côr verde, e vermelha. No centro aS florinhas amarellas e em grupos ; não tem cheiro. Cor«lão tie Frade. — Y. Miictmã ou Olho de Boi. Cordão de Frade oia «le S». Fraiieispo. — Phlomis nepetifolia. Linn. — Leonotis nepctifoUa. Benth. — Fará. das Lahiadas. — Alguns chamam esta planta Cordão de Frade. E natural do paiz, e exquisita. Ella tem o caule quadrangular. As folhas oppostas, lanceoladas, mol- les, e de uma còr verde-escura. As flores são reunidas em um grande capitulo que abraça o caule, quasi sem- pre em três pontos quasi equidistantes de sua altura, e por conseguinte ha três capítulos floraes. O cálice é mui espinhoso, e por isso torna-se difficil de se agarrar. Cada flor é formada como de dois lábios avermelhados, encerrando no fundo um néctar doce, agradável ao paladar. Os fructos são como quatro grãos em figura de trapesio, e pretos. Propriedades medicas. — Emprega-se em banhos nas crianças débeis, como tónico e excitante. Também se applica contra a dysuria e o rheumatismo. Cordão de S. Fragirisfo — V. Cordão de Frade. Cornei?>a. — V. Aroeira. Coroa «le Frade «lo Sertão. — Cactus Melocactus^ Swartz. — Fam. das Nopaleas. — Esta exquisita planta mais parece uma fructa, que um inteiro ve- getal. E' arredondado um tanto oval, an- guloso (formando gomos) de còr verde, cheio de espinhos, em forma de estrellas. 168 COR COR No ápice forma \\m collo, onde está semeada uma porção de florinhas miú- das, de eôr rósea, mui bonitinhas, com fructosinhos, como uns pequenos ma- millos. O corpo d'esta ])lanta é composto de um tecido esponjoso e branco. Ella vegeta no sertão, sobre os ter- renos áridos, e também em outros lugares. Caracteres da família. — Esta fa- mília se compõe essencialmente do gé- nero Cactus de Linneo, e das divisões que n'ella se estabeleceram, e que se consideram muitas vezes como géneros. São plantas vivazes, muitas vezes arborescentes, de uma apparencia in- teiramente particular, que só tem ana- logia com algumas EuphorMaceas. O caule é ou cylindrico, ramoso, ca- nellado, anguloso, ou composto de peças articuladas, espessas, comprimidas; tem sido considerado sem razão como folha. As folhas faltam quasi constante- mente, e são substituídas por espinhos reunidos em feixes. As flores, que são algumas vezes muito grandes e brilham vivamente, são em geral solitárias, e collocadas no fundo d'estes feixes de espinhos. O cálice é gamosepalo, adherente ao ovário infero, as vezes escamoso exte- riormente, terminado no ápice, em um grande numero de lóbulos desiguaes, que se confundem com as pétalas. Estas ordinariamente são numerosís- simas, e dispostas em varias ordens. Os estames, igualmente numerosíssi- mos, têm os filetes delgados e capil- lares. O ovário é infero, de uma só loja, contendo um grande numero de óvulos unidos á trophospermas parietaes, cujo numero é variável, e ordinariamente em relação com o dos stigmas. O estylete é simples, terminado em três, ou maior numero de estigmas raia- dos. O fructo ó carnoso, umbilicado no ápice. As sementes têm um duplo tegumento e encerram um embryão erecto ou cur- vado, eommummente desprovido de en- dosperma. Coromaeliria. — Mimosa farnesiana Linn. — Fam. das Leguminosas. — Em muitas províncias do Império tanto do Sul como do Norte chamam a esta planta Esponjeira. Ella é oriunda da índia, onde a cha- mam Cássia do Levante. E' um arbusto mediano, de tronco escuro, espinhoso, e de folhas miudi- nhas em palmas. As flores são amarellas, e dispostas pelas axillas dos ramos, á semelhança de um froco redondo, como feito de re- troz amarello, com um cheiro agra- dável. Tem por fructo uma vagem parda, chata, contendo grãos escuros, como os de feijão. A fava é de cheiro activo e côr de cas- tanha. A raiz, pisada e misturada com agua, é antídoto das mordeduras das co- bras. Propriedades medicas . — As folhas são antipasmodicas e excitantes ; a de- cocção da casca é antiarthritica, em- pregado em banhes, e a das folhas contra as dores de dentes. CosT^eio «la tayíSe. — Ipomcea, — Fam. das Convolvtdaceas. — Chamam em Pernambuco assim a uma flor de jar- dim, introduzida recentemente, producto de uma trepadeira de caule fino. Folhas cordiformes, e grandes. Flor de pouco cheiro, afunilada e branca, com o tubo mui delgado e de cinco divisões, que se expandem como estrellas, e com um feixe de filetes no centro. O fructo é uma capsula, que se abre em três valvas, deixando sahir três sementes. Em Alagoas cresce nas margens do rio Camaragibe; abre pelas quatro ás cinco horas da tarde, e fecha-se ás oito J para ás nove horas da manhã. coe cou S69 Corrente. — Achyrantes. — Fam. das AmarantJiaceas . — E' uma planta das províncias do Norte. Cortiça lirasiSeira. — Bignonia xãiginoso.^ Gom. — Fan. das Bignoneaceas. — . Planta do Brasil, que tem a pro- priedade da cortiça verdadeira. Coça-Coça brava. — Solanum urens. — Fam. das Solanaceas. — Sub ar- busto agreste, conhecido nas Alagoas por este nome, em Pernambuco por Jussara^ e em Sergipe por Quiri de ca- poeira. Esta planta é de altura de 2 metros pouco mais ou menos. Tem o caule coberto de uma subs- tancia pulverulenta. As folhas estreitas, lanceoladas, tam- bém cobertas de um inducto pulveru- lento, e esbranquiçadas por baixo. As flores são em cachos, brancas, mesmo como as da Jtirubeòa, sendo porém menores. O fructo também é semelhante ao da Jurubeba, mas é redondo, e não forma o quadrilátero perfeito, como o da Jti- rubeba, e não tem o marchetado que aquella tem; dentro é do mesmo modo que esta. Esfregada esta planta na pelle produz prurido, donde o nome porque é co- nhecida. Coea-eoça lisa. — Sohnum leviga- tum. — Fam. idem. — Esta espécie é muito análoga á precedente. É menos revestida pela camada branca pulverulenta ; e não occasiona tanto prurido . A flor tem um traço verde no centro dos lobos. Quanto ao mais é o mesmo que a precedente. Coça-eo4*a inaaiiisa . — Solanum coça. — Fam. idem. — Arbustinho como os seus congéneres acima. Este, entretanto, é trepador. As folhas são impares e alternas. As flores o mesmo. O fructo, roliço, unido a um recep- táculo de muitas divisões, é seme- lhante ao das precedentes. Co4s6 cots». — Palicurea densi folia., Mart. — Fam. das Rubiaceas. — Planta do Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas: Arbusto, cujo porte é semelhante ao da Herva de raio, com pequena diffe- rença. Propriedades medicas. — Suas folhas são empregadas contra as dores rheu- maticas. Sua infusão dá-se em pequena dose, nas dyspepsias, e na asthenia geral. Em dose elevada é vomitiva e ca- thartica. Emprega-se também na tincturaria. Co(ie:iierecoii. — F. Ibira. CoviBiiarourana. — Dipterix oppo- sitifolia. D. C. — Paralea oppositifolia. Aubl. — Fam. das Leguminosas. — Ar- vore da Goyana e de alguns lugares do Brazil. Suas folhas são cheirosas, e seus frustos tem as mesmas virtudes do Cumaru. CoBive. — Brassica oleracea.^ Linn. — Fam. das Cruci feras. — Ninguém ha, que deixe de conhecer, o que seja a Couve; não porque ella seja oriunda do paiz, mas pelo antigo uso que d'ella se faz em nossas mesas, e pela tradi- ção de todos os tempos. E' uma herva, que não eleva seu caule senão de 70 a 90 centímetros. Suas folhas são grandes, de verde azulado, coberto de um pó cinzento, quasi arredondadas onduladas, grossas e approximadas. Formam por sua reunião um circulo imbricado ; de seu centro brota uma vergontea, que no ápice se cobre de florinhas amarellas, em espigas ; e d'ahi apparece o fructo, que é uma silicula delicada, pequena e estreita. E' tão sabido o préstimo domestico da Couve^ que escusado é dizel-o. 170 CRA CRA Propriedades medicas. — É anti-scor- butica. A sua mueilafrom, em cosimento ou xarope, einprega-se nas inflammaçues chronicas dos órgãos respiratórios e na phtisica pulmonar. Todas possuem um principio acre, oleoso e estimulante, e tem acção an- telminthica. O sueco é útil contra os vermes in- testinaes, o cosimento das folhas é bom para os membros paralysados e para a surdez. Comida crua, serve para favorecer a secreção do leite. Ha varias espécies de Couve, mas apontaremos somente as seguintes: Couve branea. — Brassica. — Fam. idem. — Uma espécie, de còr mais des- botada. Coaívo ilòr. — Brassica hohrylis. Li/m. — Fam. idem- — Apresenta-se com uma inflorescencia excessivamente de- senvolvida; cultiva-se nas províncias do Sul. A couve flor é de uma côr verde amarellada ; é muito macia e depressa se cozinha. Ha crespa e vermelha. CouTe ílòs*. — Brassiea cauliflora. — Couve batrytis. Brassica oleracea batrytis. — Couve de líilão ou Bidles. — Brass. oleracea hullata. — Couve re- folMida. — Brass. oleracea capitata. Couve regDoIEsufla. — Brassica. — Fam. 2ú?fí;2.— Naquetemeste nome, as fo- lhas do centro adherem umas ás outi'as formando um bolbo, quasi como o re- polho ; é muito saborosa esta couve. Crava na. — Diantlms prolifer, Linn. — Fam. das Caryo;phyJladas. — Os cravos são oriundos da America e da Africa, e as cravinas são da Europa. Flor cultivada em Pernambuco nos jardins. E' de 50 centímetros. Folhas estreitinhas, de còr verde es- cura, acinzentada. O caule nodoso. A flor como um cravo, mas com um só circulo de pétalas, de côr ordina- riamente roíxa avcUudada, ás vezes com listras brancas. Ha de díff'crentes qualidades. CARACTERES DA FAMÍLIA. — As CavyO- phy liadas são herbáceas, raramente sub- fructescentes na base. Os caules muitas vezes nodosos, e articulados. As folhas, oppostas ou verticilladas, são simplices. As flores geralmente hermaphrodítas, terminaes ou axillares. O cálice compõe-se de quatro a cinco sepalas, distinctas ou soldadas entre si, e formando um tubo cylindríco ou vesiculoso, simplesmente dentíado no apíce, de prefloração imbricada. A corolla, de cinco pétalas, ordinaria- mente unguladas na base, falta mui raras vezes. O numero dos estames é, em geral, igual ou duplo do das pétalas, e cinco lhes são oppostos, e algumas vezes se soldam inferiormente com os unguículos; a eorolla e os estames são inseridos em um disco hypogynico, que sustenta o ovário. Este apresenta depois uma até cinco lojas. Os óvulos, que são numerosos, estão unidos a um trophosperma central ; quando elle é plurilocular, os óvulos são ligados ao angulo interno de cada loja. Os estyletes variam de dois á cinco, e terminam cada um em um estygma subulado. O fructo é uma capsula, raríssimas vezes uma baga, tendo de uma a cinco lojas polyspermicas ; esta capsula abre- se, quer no apíce por meio de dente- sínhos que se desviam ims dos outros, quer por meio de valvas completas. As sementes são ora planas e mem- branosas, ora arredondadas; ellas contém um embryão curvo, ou como que en- rolado ao redor de um endosperma farináceo. CRA CRA 1"J1 Cravinlio tlc campina. — Pyc- naní/mmim alternum. — Fa^m. das Lahia- das. — Esta planta indígena, e conhecida por este nomen as Alagoas, vegeta pelas campinas. Seu caule é roxo escuro e quadran- gular; é trepador e estende-se pelo chão. As folhas são oppostas, crespas, lus- trosas e ova es. As flores em grupos, de forma arre- dondada, em um pedúnculo que se insere nas axillas ; ellas são brancas e de dois lábios. Os fructos são pequenos, arredonda- dos e se acham dentro de uma capsula, com quatro sementes pretas. Chamam-lhe também Camará branco. É applicado em decocção nas tosses. CraviBBSBO «Se Baguríixa. — Jns- sicea linifolia. — Fará. das Onagrarias. — É uma planta herbácea, agreste, de porte bonito e frequente nos lugares frescos e húmidos. Seu caule é roxo, e quadrangular. As folhas oppostas, estreitinhas e ro- xeadas. As flores amarellas, com as pétalas em forma de cruz, tem o seu pedún- culo também quadrangular ; Ovário infero. Curam-se feridas com suas folhas. Chamam-lhe Pimenta d'agua. CravíBsIco do Biaaío. — É no Maranhão a Herva de Santa Maria. Cravo «!e S. Bc*a»e«5icío. — Fará. das Compostas. — E' uma flor exótica, conhecida por este nome em Pernam- buco. Herbácea, cresce de 80 a 100 centí- metros, com folhas lanceoladas, sesseis. A flor é como a do Cravo de Defunto., porém maior, e as pétalas de uma cor vermelha alaranjada, e no centro do mesmo modo que o Cravo de De- funto, mas não tem cheiro. Serve de ornamento de jardim. Cravo (!e «IcfiiBito (Sol>i*a«lo. — Tagetes erecta. — Fam idem. — Esta planta é natural do México. E' herbácea de 1 metro e pouco mais ; esgalhado. O caule é anguloso. As folhas palmadas, recortadas, e bonitas. A flor é grande, na ponta dos ra- mos; forma um tubo sulcado, verde, e no cimo muitas camadas de laminas amarellas, sobrepostas, formando iim corpo hemispherico. Não tem cheiro activo. Dentro d'esse tubo estão as semen- tes, que são como pevides pretas, oblon- gas de 5 millimetros. Também é chamada Roza de Defun- to. Cultivam-na nos jardins, e é de mui- tos annos acclimada no paiz. Propriedades medicas. — Applica-se com grande proveito no rheumatismo; em banhos ; e em forma de emplastro com mostarda e vinagre. Emprega-se em xarope nos casos de defluxo. Cravo de Defiasteto ^iBB^eHo. — Tagetes patula, Wild. — Tagetes glan- duhfera — Fam. idem. — E' uma flor na- tural do México, cultivada e conheci- da eni Pernambuco por este nome. A planta é pequena e herbácea. O caule sulcado esverdinhado. As folhas palmadas e escuras. As flores em um pedúnculo ôco, d'onde nasce um cálice tubuloso e gommillosd, de dentro do qual sahem as palhetas floridas, que formam um circulo. Ellas são de uma còr amarella um pouco vermelha e aveiludada ; no centro das quaes ha um feixe de pequenas angélicas amarellas. O cheiro desta flor não é máo. Serve de ornamento de jardim. Propriedades medicas. — E' empre- gada nas fluxões, tosses, etc, em cosi- mento. Este cravo é aromático, estimulante, e sudorífico, empregado na hysteria e fÇÍS CRA CRA em al<íuinas aífecçõcs uterinas, e contra os vermes intestinaes. Crwvo girofe ou tSa laBíSía. — Caryofhillus aromaticus, Linn. — Fam. das Myrtaceas. — E' natural da índia esta planta, cujas fructinhas todos conhe- cem. E' uma arvore cultivada no Brasil, mas pouco generalisada, de porte me- diano, e aspecto elcp;ante; se bem que sua folhagem não seja densa, tem um tronco elevado e um tanto fino em toda a extensão. Suas folhas lanceoladas e oppostas; são róseas as das extremidades. As flores miúdas, sobre um pedún- culo prismático, quadrangular de 5 mil- limetros de comprimento, tendo no ápice quatro saliências ou pontas dis- postas em cruz, no centro das quaes estão as flores, representando como uma bolinha. Os pequenos fructos são o cravo, de que se faz uso no Brasil, na arte culinária, perfumarias e mais misteres. Seu cheiro é agradável, activo e picante; elle é ^poderoso estimulante e tónico. O Cravo da índia veio pela primeira vez de Cayena para o Pará, aonde foi acclimado ; é hoje cultivado em mui- tas províncias do Brasil. Cravo iaa«4i. — Dipterex fterocarims, ^art. — Fém. ^VZm. — Planta do Eio Negro e do "Pará. Ciiaiiaiy oii apaç»;» «lo iiiatto. — Psidijm albidum, S. Hil — Fam das Myr- laceas. — Esta fructa é conhecida no Rio Grande do Norte e em Pernambuco por este nome. E' proveniente de um pequeno ar- busto de folhagem miúda. As flores são brancas, e o fructo é de 5 millimetros de diâmetro, menor que um Araçá mirim, verde por fora, na mtauridade branco. O Cimiaiy tem a massa interior molle," cheia de carocinhôs, e forma uma pol- pa doce e saborosa. Esta espécie de Araça sempre está doce. Nas Alagoas é Araçá do Matto. Em Sergipe é Araçá do campo. Em Minas Geraes, simplesmente Araçá; e ahi floresce em Marco. CinaaSíeBia. — Cereiís variabilis. — Fam. das Nopaleas. — E' planta da mes- ma familia dos Cardos. O fructo d'esta é comestível, acidulo, doce, e mucilaginoso F' empregado como refrigerante nas febres inflammatorias ; tinge a ourina de vermelho. O fructo verde é applicado ás ulce- ras sordias.^ i^vtiLwliirvtí.—Fam. das Myríaceas.— E' um arbusto agreste, de pouca ele- vação. È' lactifero, conhecido nas Alagoas por este nome. Suas folhas são alternas, lanceoladas. Suas flores são brancas. O fructo é de 10 millimetros de com- primento, redondo, amarello barrento, de pericarpo espesso; separa-se em duas partes. Dentro ha uma espécie de massa doce, e agradável, na qual acham-se um ou dous caroços. Chupa-se essa massa. CUN CUP 1^7 Ella tem alguma semelhança com a Ameixa da terra. CimaBcla^a o» CuBaaueliiti das Alag'ò»9- — Enjthroxylon miliporum. — Fam. das Erijthroxylens. — Nas Alagoas é conhecido por Cnmichá ou Cumuchá. E' um arbusto ramoso, de caule pardo- escuro, e abastecido de pontos brancos no tronco. Tem a casca escamosa. As folhas ovaes, molles, de côr verde- amarellada. As flores amarellas, pequenas, de cheiro quasi imperceptível. O fructo oval, de cinco millimetros, vermelho na maturidade, e carnoso. Abre-se por si, deixando ver as se- mentes. Come-se, porém é insipido. Ce>iiiiQ.*Efiú «le Pernaiubuco. — Psonia coralina. — Fam das Nyctagineas. — E' um arbusto que dá um fructi- nho vermelho, a que em Pernambuco dão este nome. No aspecto exterior esta planta parece- se com o Martgue. Tem seus ramos cruzados. As folhas oppostas, ovaes, carnosas, quebradiças, ás vezes lizas. As flores em cachos, e cujos pedúnculos são vermelhos. Dão um fructinho oval, vermelho, do tamanho de um grão de milho, com uma semente dentro. Não se come. O das Alagoas é outra planta: Ju- mudíá. tadas no eixo globuloso, nas quaes estão os sexos separados. O fructo é este corpo florifero, que desenvolvendo-se apresenta um todo comestível, e que se diz agradável. São leitosas todas as partes d'esta arvore. O lenho tem o cerne vermelho, bonito, muito duro, e bom de polir-se. E' empregado na marceneria para mobílias, e é de muita duração, porém perde o merecimento ou belleza com o tempo, porque escurece muito. Nas províncias do Norte é onde mais vegeta, entretanto já tem caliido em desuso. Ctip ay . — V. Copahibeira. Cu|>iúf>a. — Si^ondia nigra. — Fam. das Terehinthaceas. — Arvore a que nas Alagoas dão este nome. E' de mediana altura, isto é, de 15 a 30 metros, pouco mais ou menos. Tem folhas dispostas em palmas, e é copada. As flores são em cachos, brancas- trígueiras, e de pouco aroma. O fructo é á semelhança de uma azeitona, mede 5 millimetros de com- prido, oval, lustroso, com um pello rente que cobre sua superflcie exterior, de cor roxa quasi preta. Dentro ha uma substancia cartila- ginosa trigueira, de sabor acre-doce, que envolve um caroço. A madeira tem o cerne vermelho, e é empregada para coronhas de espin- gardas ; é duríssima para as obras im- Ciiii(iuB°ú. — Brosimum condiio-ú. — Fam. das Urticaceas. — Arvore copada, agreste, que vegeta nas mattas do Brasil. Seu tronco tem a casca escura. Sua folhagem é densa e escura. As folhas ovaes, e embaciadas. As flores são em cachos redondos, pequeninos, de 5 millimetros de diâ- metro, nas axillas das folhas nas su- midades dos ramos ; compõe-se de quasi imperceptíveis florínhas engas- mersas como para esteios, etc. Cuitualty. — Fam. das Leguminosas. — E' uma arvore agreste do Pará, do comprimento de 25 centímetros pouco mais ou menos, oval, afinando-se para ambas as extremidades. A casca amarella, quebradiça, dura e grossa. Dentro encontra-se uma massa branca succulenta, ligada a muitos caroços redondos, achatados, de 5 millimetros de diâmetro, de cor castanha, com o perisperma membranoso. 25 1Í'S CUR CUR Separando-se os caroços, sahe cada iim com uma porção do massa, que se come. Esta frueta tem muita scmclliança com o Cupuassú, mas é menor, sua cor de fora é amarella, e sua massa não SC pode beber como aquella. Ctipti-asssk. — Deltonea luctea. — Fam. das Malvaceas. — Fructo oriundo do paiz análogo ao procedente do Pará. E' cultivado. Elle tem de comprimento 25 a 50 centímetros, é redondo, adelgaçando- se para as pontas, de cor castanha externamente ; o pericarpo é duro, que- bradiço, grosso e branco internamente. Occupa a cavidade interna uma massa branca, aquosa, e acre-doce, ligada a muitas sementes chatas, arre- dondadas, de 50 millimetros de diâme- tro e de cor castanha clara. Seu tegumento é membranoso; se- param-se as sementes trazendo parte da massa comsigo. Esta massa é comestível e boa. Fazem da polpa uma bebida refri- gerante. CiipuBiai. — V. Tingid de Peixe. Ctiratteira. — V. Velame em S. Paulo. Cupi&iri. — Fam. das Sapindaceas. Arvore do Brazil, cujo fructo é uma baga umbilicada, amarella, contendo uma ou duas sementes, de sabor ads- tringente, porém agradável ao paladar. Suppõe-se ser a Pitombeira de Per- nambuco e da Bahia, Marcgravil. Na Bahia antigamente não havia a Pitombeira ; foi somente depois que os estudantes do curso jurídico levaram as sementes de Pernambuco, que ali foi conhecida. Curare. — Veneno vegetal terrível , preparado pelos caboclos, que se sup- põe extrahido de uma planta do géne- ro Strychios., da família das Loganiaceas. quantidade pelos indígenas, conforme o desejo de matar, ou somente de en- torpecer o animal. Uma flexa impregnada d'cste veneno depois mesmo de quinze annos mata. O cífoito nocivo só tem lugar quan- do sõ introduz o veneno na circulação, pois que se pôde ingerir o Cware sem inconveniente, e segundo Humboldt, os selvagens o tem por muito cstomachico. O Curare obra somente sobre o sys- tema nervoso motor, e sobre os nervos sensitivos ; sobre os músculos indepen- dentes da vontade elle não actua. Nos casos de envenenamento pelo Curare as túnicas intestinaes e o cora- ção continuam a mover-se ; basta uma quantidade equivalente a três cabeças de alfinete para matar um homem. Acaba-se de tentar sua applícação nos casos de tetanos, no tratamento da epilepsia, c como antídoto da Sírgch- íiina; mas em nenhum d'estes casos sua applícação tem dado por emquanto resultados satisfac tórios. Cíiratcllía SaBSRÍJaylísaoHaSaan- bauva. — Curatella sambayba. — Arvore que vegeta nas províncias do Sul do Império. Folhas ovaes, oblongas. Flores em paniculos. A segunda casca d'esta arvore tem um sabor fortemente adstringente. Os habitantes d'essas províncias tem o costume de lavar com sua decocção as ulceras chronicas, ameaçadas de atonia ; também é empregada para o cortume. Curiuva. — Y. Pinheiro do Brasil. Ciiri-y. — y. Pinlieiro do Brasil. Ctirralleira.— 7. a Alcampliora em S. Paulo. Clima oii Coiiweiro Citrsi.'». — V. Ouaou-assú. Curúba. — E' um arbustinho mui E' empregada em maior ou menor | esgalhado. DAM DED l'?» CMPwt»ai-»M«i**»*>- — V- SeUpira. Ciifiicti — F' uma arvore do paiz, cujo sueco é anti-hemoptoico, isto é, contra os escarros de sangue. Curiia*ii. — V. Cipó Ctmirú, Ctariarnaa^é. — V. Cipó Cururuapé. CutipiB'i!tá. — Fam. das GiMiferas. — Arvore indígena do paiz e frequente no Pará, aonde recebeu este nome. Seu fructo é de grandeza de 25 mil- limetros, e globoso. O pericarpo membranoso, liso, ama- rello, unido a uma massa amarella, compacta e pegajosa nos dentes; tendo um caroço no centro pouco menor do que o fructo, duro, de côr parda, lus- troso de um só lado. Esta espécie bem parece ser o Tu- iiíriíbá de Pernambuco. Ctitiibea . — Couloiidea densi flora , 3íart — Fam. das Gencianaceas. — Plantadas regiões amazonicas. Tem as virtudes da Genciana. Eis aqui os caracteres genéricos d'essas plantas, a saber : CuMea, CotUuhea den- siflo7'a, Mart. — Fam. das Gencianaceas . — Triandria Monogyuia., Linn. JD. Dalalia. — Georgina variahilis, Hunt — Georg. suiperpM., D C . — DaMia píírpiiren, Poiret. — Fam. das comjíostas. — Syngenesia frustrata^ Linn. — Her- vas, raras vezes arbustos, de folhas op- postas e decompostas. Capítulos mui grandes, sustentados por um pedúnculo muito comprido, e compostos no typo, de flores tubulosas hermaphroditas no centro. De uma a três ordens de flores ligu- ladas e fêmeas ou neutras, na circum- ferencia. Nas variedades cultivadas, estas flo- res liguladas dão muitas vezes ao ca- pitulo a apparencia de uma flor com- pleta. Invólucro duplo, composto ordinaria- mente no exterior, de cinco escamas foleaceas descobertas, tendo o interior formado de duas ordens de longas escamas, membranosas no ápice. Receptáculo plano, carregado de pa- lhetas escamosas. Raizes tuberosas. Damasco. — Pnmus arménia., Linn. — Fam. das Rosáceas. — O Damasco é um arbusto cultivado nas províncias do sul do Império. É oriundo da Syría, de Damasco. É uma arvore de mediano porte e folhas alternas. Suas flores são brancas, e desabro- cham antes de tomar folhas. O fructo é arredondado, com polpa um tanto fibrosa, assucarada, aromá- tica, não acida. Come-se crú ou em doces. É uma das boas fructas. O caroço contém uma amêndoa de gosto amargo, devido á presença do acido prussico ; e seria imprudência comer-se-a. Ha varias espécies. Dedaes «Ic Dama. Allamandaca- thartica., Linn. —Fam. das Apocynaceas. — Arbusto cultivado, natural do México e da Guyana, de porte de 1 a 2 metros e mais, em verticillos de 3. Folhas lanceoladas, e de côr verde escuro. Flores em cachos, são como cam- painhas, de um amarello dourado e bo- nito, com cheiro muito leve. 180 DEN DID Tcai o limbo dividido em cinco la- cineas redondas ; na base um tubo es- trcUado. A fructa é uma capsula. É ornamento de jardim. Tem propriedades purgativas ; em do- ses elevadas é toxica. Deiitlè. — Elais guineensis^ Linn. — Fam. das Palmaceas. —Grande palmeira originaria da Guyana eda Africa, e culti- vada nas províncias do norte doBrazil. É de porte alto, á semelhança dos co- queiros. Seu tronco é todo eriçado dos frag- mentos das velhas folhas. Estas folhas são pinnadas, com pe- eiolos espinhosos ; o cacho das flores é menor que o do coqueiro da índia. As flores machos e fêmeas são sepa- radas debaixo de ordem. O cálice e a corolla são de três di- visões. Os estames em numero de seis ; o ovário de três estigmas, e/le três lojas, duas das quaes são obliteradas. O fructo é uma drupa do tamanho de uma noz, e quando maduro é de um amarello dourado e lustroso, de 2 a 5 centímetros de comprimento, de forma oblonga, formando vários planos na superfície, tendo sempre o ápice de còr preta. O fructo contém dois óleos diff'eren- tes, que se extrahem separadamente. O óleo tirado do sarcocarpo é ama- rello, cheira á violeta, e é sempre li- quido na Guyana, na Africa c no Bra- sil. O que se tira da amêndoa é branco, solido, e serve para substituir a man- teiga. Este é raro no commercio, porém o que é conhecido por azeite de palma é importado em quantidade conside- rável na Inglaterra e França, onde serve sobretudo para a fabricação de sabão . No Brasil é uzado para adubar le- ■ gumes, carurus, etc. Emprega-se em medicina, contra o rheumatismo, em fricções. Da palha se fabricam balaios, muito conhecidos em Pernambuco por Pana- cuns Ueiiilè tlc |itagia|;;^-aio. — Fam. Idem. — Este tem a summidade verde e preta. È como o antecedente, com a diffe- rença de ser mais pequeno. Deatte de Gato. — V. Unha de galo. Uesatc ttSe Leão. — Fam. das Dios- coreas. — Arbusto agreste, conhecido em Alagoas por este nome. E' uma espécie de Jaiíecanga., esbran- quiçada, mais grossa que as outras trepadeiras. Suas folhas são luzidas e ovaes, e é nrmada de espinhos maiores. A fructa é uma baga amarella, em pequenos cachos de dois centímetros de tamanho, e redonda. Dentro contem uma substancia amarel- la aquosa, e duas sementes liemispheri- cas. Não se come. Derbata cascinlo. — E' uma ar- vore que recebe este nome em Pernam- buco. Dá madeira de construcção. — V. Cega machado. Diconroque ou feijão dos Ca- boclos. — Trofhis. — Fam. das Ar- tocarpaceas. — Esta arvore importante das florestas virgens fornece aos índios Puris um meio de nutrição sem traba- lho. Quando o fructo está maduro, elles se reúnem junto das arvores para pro- ceder a sua colheta, e saboreal-o. Cosinham-n'o como feijão preto. Diciiry em Sergipe. — V. Ari- cory. Didy da porteira. — Tradescan- tia epiphyta.—Fam. das Commelyneas. — Esta planta engraçada é digna de jardim ; é selvática, e do Paiz. Dão-lhe este nome em Pernambuco. eba EBA «81 E^ semelhante á um pé de ananáz, mas sem armadura de espinho nas folhas, e muito mais pequeno. Suas folhas, de côr roixa por baixo e na base, dão-lhe um bonito aspecto. As flores são brancas; saem do cen- tro da folhag-em em uns pendõesinhos. Dá uma capsula, por fructo, con- tendo um carocinho envolto em uma espécie de cartillagem branca. Vegeta sobre muros e porteiras, D o 111 Be !• II » I* (I o . — Pa Ucourea, íe- trafhylla. — Fam. das Ruliaceas. — Ar- bustinho de Minas, aonde tem este nome. E' de ramas quadradas no cimo. As folhas ovaes, lanceoladas, empa- relhadas em quatro, com flores em cachos pyramidaes e grandes. Dotiradinlia. — Waltheria Doura- dinha^ St. Hil — Fam. das Bytlinerina- ceas. — A Douradinha é uma planta quasi arbusto, que vegeta no Rio Gran- de do Sul, S. Paulo, Minus e Estado Oriental. E' ramosa, com folhas cordiformes e ovaes, quasi redondas, e um tanto pelludas no peciolo. Flores reunidas em capítulos nas pontas dos ramos. O pedúnculo da flor é pelludo. Floresce em Dezembro e Fevereiro. Propriedades medicas. — Empregam- na contra moléstias de peito ; ella é mucilaginosa. Usa-se contra a tosse (4 grammas para 27õ grammas d'agua). Doiipailiiils» lio paiii]»o. — Pa- licourea rigida. Hiint e Remf. — Fam. das Ruliaceas. — Arbusto que vegeta em S. Paulo, Minas e Matto Grosso; de folhas ellipticas, um pouco agudas, grandes, coriaceas e quasi rentes. Flores em paniculas longamente pe- dunculadas. Corolla gamopetala, tubulosa, um pouco curva com a base gibosa. Fructo uma baga roxa-negra um pouco comprimida, contendo dois nú- cleos. Propriedades medicas. — As folhas e as cascas dos ramos são excellen- tes diuréticos; é usada em infusão nos rheumatismos, na proporção de 2 gram- mas para 190 grammas d'agua fer- vendo. Drai^ão Fedorento. — Monstera. Adansonil^ Scliots. — Fam. das Aroideas. — E' uma planta trepadeira da ordem dos Imbés etc. Propriedades medicas. — Esta planta confusa, applicada á face, é útil nas inflammações de ouvido. Sua raiz acre, é empregada como cautério nas feridas produsidas por mordeduras de cobras Elfaiio. — Teco caia leucoxylon.. Mar. — Fará. das Bignoniaceas. — Arvore do Brazil, da Guyana e das Antilhas ; cujo tronco é formado de um alburno branco, espessíssimo, e de uma me- dulla amarella esverdeada, pouco densa, formada de fibras embaraçadas umas nas outras. Esta madeira exhala, quando se raspa, um cheiro agradável porém fraco ; ella deixa n'agua um pouco de matéria corante amarella ; é de uma textura finíssima e muito liza, e pode adquirir um bello polido. E' incorruptível ao tempo, e usada nas obras de marceneria. 18Í2 EMB EMB Eierío. — Narturtinm puniilmi, Si- Hil. — Fam. das Cruciferas. —Tetraãijna- mia Motiogynia^ Linn. — E' uma herva silvestre do Rio de Janeiro e demais provincias, quasi sem caulo, que pa- rece ser o Agrião de Pernambuco. As folhas rebentam da superfície da terra, e são como uma lamina sinuosa, isto é oflForeccndo lateralmente, recor- tes irregulares ; deita uns caules nos quaes se notam miudissimas flores brancas, d'onde resultam pequenas sili- culas, de 3 centímetros, roliças e palea. ceas, com grãosinhos castanhos d'entro. As raizes são logo na base das fo- lhas. Usam d'ella como salada, e em me- dicina é usado como antiphologistico. Propriedades medicas.— Segundo Mr. St. Hilaire esta planta tem grande re- putação em Corytiba contra os catar- rhos pulmonares, e como antispasmo- dico, np, dose de 8 grammas para 375 grammas d'agua fervendo. Elenii . — Amirys, TiecteopMlla. — Ami- rys Etemifera. — Fam. das Terehmtha- ceas. — E' uma rezina produzida pela Icica icicariha familia das Terehinthaceas e também pela Amirys elemifera., fami- lia idem. Estas arvores habitam no Brasil. Fazendo-se incisões na sua casca es- corre uma rezina, que á principio é molle, mas torna-se secca e quebra- diça com o tempo. E' semi-transparente, de um branco amarellado, com pontas esverdeadas e sem cheiro agradável. Entra na composição de algumas pre- parações extei"nas, taes como o Bál- samo de Arcetis., Bálsamo Fioravanti, e de muitos emplastros. Oníljeg-iiiseíb. — Planta do Brasil de numerosas raizes longas, e de casca dura, que serve para cordas. Diz-se que a fumaça produzida por esta planta, quando queimada, é boa para fazer desapparecer os fluxos de sangue, sobre tudo os das mulheres. Eiiihira liranea. — V. Jangadeira oií, j)áo de jangada- Eiu1>íi*a livstftvví . — Temifera utilis. Ei»8>ira jaiaiçar. — V. Jangadeira. Eciilíira «Ic eaçailor. — Gualthe- ria villosissima., St. Hil. — Fam. das Anonaceas. — Polyandria Volygijnia., Linn. — Arbusto oriundo do paiz, conhecido em Alagoas e Pernambuco por tal nome, e por PindaJiyha em S. Paulo e em Minas. E' de casca escura, tendo umas es- camas pela superfície do tronco ; são flexíveis seus ramos. As folhas grandes, oblongas. As flores não observadas. O fructo capsular, oval e chato, dá pelo tronco em feixes, e tem uma se- mente dentro. A casca d'este arbusto dá um excel- lente fio, branco, de que se fazem ex- cellentes cordas • é a melhor bucha de espingarda. Esnliíra tia iiiafía liraMca. — Helicteres haruensis., Linn. e Arr. C — Fam. das Bomhaceas. —Arvore do paiz que vegeta no centro das grandes mattas, de folhas ovaes e cordiformes. Flores brancas. Fructo capsular, com cinco valvas em espiral, (em forma de sacca-rolhas) contendo muitas sementes. A casca dá boa embira branca. Esta arvore foi achada pelos primei- ros naturalistas no Paraná. Emitira em Persaassiíjuco. — V. Pindaltyha. EsBalísra vermellia. — V. Semen- te de Emhira ou Pindaliyla. Eiailiirataiilia.— F. Pindaliyha. Eeia9)ii'atanlia. — F. Barriguda do Sertão. Em!>ii*a íiraiaca. — Courataria ar- EMB EMB 1S3 dentis alho. — Fam. das Myrtaccas —Ico- sandrya Monogynia, Linn. — Arvore se- melhantissima á subsequente. As follias são mais lisas, e um pouco lustrosas. O fructo tem de duas a três sementes . £BfiiC(ii*if$» vcrnaelliaoti |}Q*et». — Courataria ardentis. — Fam. das Myr- taceas. — E' uma arvore do paiz, agres- te e utilíssima , conhecida por este nome em Pernambuco e Alagoas. Tem porte médio; é esgalhada, ra- mosa e vertical. Folhas um pouco coriaceas, ellipti- cas e baças. Flores de um amarello desbotado, de bom cheiro, e de uma estructura par- ticular. Tem um cálice campanulado, e com seis lacinias no ápice. Apresenta uma corolla, de seis divi- sões, circulares com uma lamina con- cava, que lhe serve de capsula. O fructo é uma noz trapeziforme, quasi lenhosa, no ápice convexa, com uma pequena proeminência no meio e circulado em a metade superior pelos fragmentos do cálice. Abre por uma tampa quasi natural deixando apparecer dentro algumas se- mentes roliças e grandes. Os caroços do fructo d'esta planta, são chamarizes dos quadrúpedes, no tempo da fructificação (pelo verão). O seu lenho, lascado em tiras, é o que se emprega em Pernambuco para ripas de tecer as cobertas dos edifícios urbanos. Essas achas finas preparadas formam feixes, que no campo são o archote na- tural d'aquelle povo. Na verdade, essa arvore é o maior combustível que se pode imaginar : ganha fogo sem jamais apagar-se, e quando se apaga, agitando-se o facho torna a incendiar-se. É o melhor esteio para o chão ; é indestructivel. Nos terrenos movediços costuma-se fazer com esta madeira a base dos alicerces, porque os solidifi- ca. Propriedades medicas. — A casca passa pelo melhor dos remédios para feridas, golpes ou cortaduras, etc. E mb 111* a 11 a brava. — Dipterix peieropa. — Fam. da Legiiminosas. — Ar- vore do paiz, que no Ceará é conhecida por este nome, apezar de ser conhecida em outras partes por Cnmharú, Cumaru e Barú. É como a Fava de cheiro ou Cumurú. Cremos mesmo que a Bmburana é o páo Cumaru. Eiaabsirana do Ceará. — F. Cu- maru, Cumòa7'ú. £Biibitra«ta «Se clieiro e Ca- neartí. — Conhecida por tal nome na Parahyba do Norte. Floresce em Janeiro e Agosto. Entlssirasaa de rhcíro da Va- raaayba. — F. Cumaru. Eiiiburaiaa iitaBasa elo Ceará. — F. Imhú. EiiibsirereBBabo. — Convolviilus fm tida. — Fam. das Convolvulaceas . — E' uma planta do Pará, a qual é empre- gada contra as mordeduras de cobras. EB5BbsaB*y oui laaabtiry. — Fam. das Palmaceas. — E' uma palmeira indí- gena e especial de Sergipe e seus arre- dores. Não forma tronco. Suas folhas em palmas, como as demais palmeiras, formam aquelle verticillo, que é commum em todas ellas. Logo embaixo, na superficie da terra, estende suas folhas para cima. Seus cachos de flores são de sexos distinctos : um de flores masculinas, e outro de flores fêmeas, em que se desenvolvem os fructos. Este cacho, mettido nas axillas das palmas, forma um capitulo ovóide, com- posto de órgãos escamosos, circulares, em cuja escama alojam um fructo, que é de duas pollegadas de comprimento. 184 E^F ENX roliços!, ovoLrles que tem, como o do Dendè, a superfície angulosa. Depois da casca exterior existe outra interior, fina, esbranquiçada, adherente a uma massa muito secca, de uma a duas linhas de espessura. Segue-se um caroço no centro, duro, com três fossetas na base, semelhante ao do Denãê^ porém maior. Paracomer-se esta fructa, rala-se em um pedaço de telha, para tirar a pel- licula, que envolve a massa; porque do contrario ninguém supporta o amar- go da pcllicula, que é excessivo, mes- mo com assucar. O sabor da massa não é bom ; ella de- termina uma nódoa, indelével sobre as roupas. EnafíyayeaatE®. — V. Pi'pi. Eiieacãa,. — Arvore cuja casca é mui grossa, e um pouco amarga e ads- tringente. Propriedades medicas. — E' empre- gada como antídoto do veneno dos animaes ophidianos, (cobras). Endro. — Anclhiim graveolens^ Linn e Sp. — Fam. das UmbelUferas . — Esta herva cultivada é oriunda dos paizes do meio dia da Europa. E' mui delicada, seus caules são finos, com folhas recortadas e estreiti- nhas, como fios de retroz. Não floresce entre nós como algumas outras. Serve de ornamento de jardim. Como planta medicinal é pouco uzada no paiz. E ts t o a* Cia di ii la o . — Epiãetiãrum ãiva- rigatum. — Fam. das OrcMdaceas. — Planta silvestre, a que nas Alagoas dão este nome. Ella tem os caules succulentos for- mando touceira. As folhas também sueculentas, sem as filamentos que as demais tem ; são lanceoladas e alternas. As flores são exquisitas, formando um grupo de laminas potaloides, colo- ridas, umas em forma de Angélicas^ e outras tendo uma protuberância e es- porões, dando nascimento a um fructo á semelhança de uma vagem, que é roliça ou triangular, pouco mais ou menos de 3 decimetros, contendo se- mentes mui miúdas. E' parasita. En^cfto de paíamariííUo. — Lo- ranthus brasiliensis ., Lam\. — Lorantlms divaricaius. — Fam. das Loranthaceas — O Enxerto de Passarinho., cremos que invade todos os lugares do Brasil ; por conseguinte é natural do paiz, sendo por este nome conhecido em Pernam- buco. E' um arbustinho que nasce sobre as arvores, tecendo-as de tal forma que as mata, ou as inguica ; e forma uma espécie de moita, trançando seus ga- lhos delgados. Tem as folhas carnosas, sem fila- mentos fibrosos pelo meio, como é ge- ral; são estaladiças. Suas flores, em feixes, são como tu- bos fendidos d'alto a baixo, brancas e oppostas. O fructo que é rudimentar, é um bota ovóide, pequeno, com caroço den- tro, sendo viscosas todas as suas partes. Os pássaros comem muito essa fruc- tinha. Caracteres da família. — k^ Loran- thaceas são pela maior parte sub-arbus- tos, commummente parasitas. O caule é lenhoso e ramificado. As folhas simples e oppostas, intei- ras ou denteadas, coriaceas, persisten- tes, sem estipulas. As flores são diversamente dispostas, quer solitárias, quer em espigas, em cachos ou em paniculos axillares ou terminaes. Elias são ordinariamente hermaphro- ditas, as vezes dioicas. O cálice é adherente ao ovário infero. O limbo é inteiro ou ligeiramente denteado. ENX ESF is: Este cálice é acompanhado exterior- mente de duas bracteas, ou d'um se- gundo cálice cupuliforme, envolvendo ás vezes inteiramente o verdadeiro cálice. A eorolla se compõe de quatro a oito pétalas, inseridas ao redor d'um disco epigynico, queoccupa o ápice do ovário. Estas pétalas, cuja estivação é val- var, são algumas vezes soldadas, e re- presentam uma eorolla gamopetala. Os estamos são do mesmo numero das pétalas, e lhes são oppostos, ses- seis, ou sobre filamentos mais ou me- nos compridos. Suas antheras são introrsas. O ovário é de uma só loja, que con- tém um ovulo anatropo, voltado ; este é cercado de um disco epigynico e annullar. O estylete é frequentes vezes com- prido e delgado, as vezes faltando com- pletamente. O estigma é muitas vezes simples. O fructo é em geral carnoso, com- prehendendo uma só semente voltada, adherente á polpa do pericarpo, que é espessa e viscosa. Esta semente encerra um endosper- ma carnoso, em que está coUocado um embryão cylindrico, tendo a radicula voltada para o hilo. Eii:qLCB*to de p^e^^saiafiiilBo i8c Perii^iiihiieo. — Loranúms — Z. ame- Hcanus^ Swart. — Ternatus. — Fam. idem. — E' outra espécie de parasita que ve- geta sobre as arvores. Forma grupos, mas não se estende tanto como a precedente, que forma capa como um caramanchão. Esta apresenta na base tubérculos, e as folhas são em verticillos de três, ovaes, reviradas, carnosas; as flores, emcachos,são avermelhadas e compridas como tubo. Por fructo tem uma baga oval, verde, curvada, com uma cicatriz no ápice, e uma semente d'entro; é viscoso. Os pássaros gostam de comel-o. Propriedades medicas. — O sueco recente d'esta parasita é resolutivo. A medicina popular usa-o nas doen- ças chronicas do peito, tomado inter- namente em cosimentos. Eoaratc-seu. — Propriedades me- dicas.— E' uma planta cuja raiz, fer- vida em vinagre, serve em fricções na região lombar e nas extremidades con- tra as febres intermitentes. A raiz ras- pada, pela expressão dá um sueco que, misturado com vinho branco é anti- febril. EspaslBEaft». — Erytliroxylum oli- lyeum. — Fam. das ErytliroxTjleas. Nas Alagoas é por este nome conhecida uma arvore de porte pequeno e agreste, em cujo tronco e galhos se nota umas escamas foliaceas. As folhas são alternadas, grandes e lanceoladas. As flores brancas, tinctas de amarello, em feixes inseridos no tronco. A frutinha é pequena, ovóide, e fica amarella na maturidade. Não se come. Parece-se com azeitona, excepto na côr. EspoBirte-iogo-— C/zrte«02?Ãíí5m enjf- tofoais. — Fam. das Melastomaceas. — Chamam nas Alagoas Escondc-fogo a uma arvore de pequeno porte e silves- tre, que tem casca esbranquiçada, folhas ovaes, lustrosas concavas, oppostas. As flores são brancas, em cachos, pequenas, e de pouco cheiro. O fructo pequeno, redondo, unido ao cálice, de que traz os fragmentos. Dentro contem muitos carocinhos miú- dos, distribuídos em quatro alojamen- tos. Ignoramos que se coma. O lenho d'esta planta oculta o fogo de tal maneira, que não se diz que ha signaes d'elle, mas soprando-se appa- rece promptamente. Esfola baiialta oii PacliinUos. — Xilopia aromática. — Fam. das Anonas ceas. — Este arbusto de caule escuro e folhas oblongas e um tanto grandes, 26 186 ESP ESP é conhecida nas Alagoas por este nome, e também cm Pernambuco. Dá suas flores em feixes pelo tronco ; Cilas são muito cheirosas; são carno- sas, representando como estrellas, do côr amarolla barrenta. O fructo toma a forma de ura bilro curvado ; de maneira que acham-se aquelles feixes de bilros, dentro com duas sementes pretas, lustrosas, con- vexas de um lado e planas de outros. Esta planta produz fibras para cor- da, porém fraca. Esgieilina — PerianiTiopodus tomba. — Fam. das CucurMíaceas . — Planta de S. Paulo. Propriedades medicas. — Seu empre- go é como drástico, na dose de uma gramma para 500 grammas de agua, tomado ás chicaras. Também se emprega em clysteres, nos casos de envenenamento (segundo Man- soj. Esta planta é um antídoto contra os venenos, de qualquer natureza que sejam. Es|»ea'a pelas outras. — Aster. —Fam. das Compostas.— Vlov de jardim, exótica , conhecida em Pernambuco por tal nome. E' uma herva quasi rasteira, com folhas recortadas, cujas flores são com- postas de muitas palhetinhas, como Saudades^ com xim botão no meio ; é roxa. Aquellas flores abertas não murcham, emquanto não abre alguma das outras ainda em botão. EsfíJa «aittsaBlao. — V. Herva mi- jona. EspiíKa «le sasaij-ae. — Helosis hra- siliensis. — Esta parasita do fel da ter- ra, acha-se nos lugares sombrios do matto virgem; apparece em forma de espiga côr de srngue, e sustenta-se de preferencia sobre as raizes da urtiga branca. Propriedades medicas. — Tanto a flor como a batata tem acção adstringen- te, e uza-se contra as hemorrhagias e diarrhéas. Es|>inlia t*avo. juba. V. Tata- Esjiiaalaeia*/* «Se Caycaaa. — Mi- mosa cerca. — Fam. das Leguminosas. — Este arbusto, de espinhos cónicos, é indígena, e superabunda nas beiras das estradas de Pernambuco, principal- mente nas cercas. ESP EST 18*? Elle regula a altura de uma arvore de 4 a 5 metros. Folhagem miudissima. A casca parda, o tronco cheio de espinhos até os ramos. Flores em pequeno numero, em ca- chos, formando espigas grandes; ellas parecem um froco de retroz amarel- lado ou branco, e outras vezes formam penachos . Os fructos são bagens pardas, pe- quenas, chatas e membranosas, con- tendo poucas sementes, porém arti- culadas. E' uma excellente lenha. E^|titit1ieíro corno «Se Itode oii veado. — Mimosa. — Fam. das Legu- minosas. — E' um espinheiro que recebe este nome emPernambuco porque mesmo tem a catinga de bode, quando se move ou se agita sua folhagem. E§i3iiii9teBro oaa EsgtisíEio de Santo Aiatonso. — [Sergipe.) — Fam. das Leguminosas. — Espinheiro ou Espinho de Jacv, ; é um arbusto indígena, a que dão este nome em Sergipe. Vegeta nos taboleiros. Seus caules formam moitas. Pouco engrossam, e são armadas de espinhos, que se crusam em direcções oppostas. Tem as folhas ovaes. Os caules cahem sobre as outras plantas, e vão apodrecendo logo. As flores são em cachos. Os fructos, legumes amarellos. Es39i rr adei ra . — Neriími Oleander., Linn. e Sp. — Fam das Apocynaceas. — A Espirradeira é uma flor já bem co- nhecida em nossos jardins. Ella é oriunda do Oriente. E' um arbusto que esgalha desde a base; suas folhas são lanceoladas, es- treitas e dispostas nos ramos em ver- licillos de 3. As flores são em cachos, formando um pedúnculo cheio de articulações, e triangular. O cálice pequeno e colorido. A co- rolla á maneira de funil, fendida em cinco ou mais divisões, que se vão do- brando por camadas concêntricas. Do centro sae um pequeno feixe de filetes, como frocos de lã, com cheiro que é suave, mas pouco activo; é de uma linda côr de rosa. Os fructos, nunca vingam ; d'ahi vem ser ella reproduzida por meio dos ga- lhos. Ha de côr de rosa, amarellas, brancas, e côr de purpura viva ; porém esta ul- tima variedade é rara entre nós ; a de côr rosada tem umas listras brancas. Este arbusto sempre se conserva verde. E»|ioleta. [Nas Alagoas) — V. Je- nipapo bravo. Espoleta. — V. Jenipa'po bravo. Esponja. — F. Corona-Cris. [con- tracção de Christi., porque dizem que a coroa ds espinhos foi feita de seus ra- mos.) Esporão. — F. Maravilha (em Per- nambuco)., Beijo [no Rio de Janeiro.) Estaca cavalBo. — Gratiola. — Fam. das Scrophulariaceas. — Planta herbácea da maior parte das regiões norte americanas. E' purgativa. E' a mesma Gratiola officinal., que gosa de propriedades deletérias. Esíi*ladof. — Murraya Stloppa. — Fam. das Auranciaceas . — Nas Alagoas dão este nome a uma arvore silvestre, cujas folhas são dispostas em palmas. Suas flores, miúdas, brancas, triguei- ras, cahem com muita facilidade. O fructo é redondo, encerrando uma a quatro sementes. Estaaac»:» san^tie. — Qhrysocoma sanguiíiea. — Fam. das Compostas. — Por este nome é conhecido um arbustinho, ou antes um cipó nas Alagoas. Descança sobre outras plantas. flSS EST ERV Os caules, cm touceiras fracas ou flexíveis. Folhas ásperas, medianas, lanceoladas. As flores em cachos, nas pontas dos ramos, enroscados e de nm só lado, líão reunidas em feixes sobre um rece- ptáculo commum, composto de palhe- tínhas. As flores são brancas, pintadas de roixo, com algum cheiro. Os fructos são como agulhetas pretas, com um feixe de pellos, que os faz voar com muita facilidade, pela acção do vento, por mais brando que seja. Propriedades medicas. — E' empre- gado nas hemorrhagias internamente, e externamente, nos ferimentos e gol- pes. E'Storaqiie. — Styrax ferrugineum ; Mart. — Fam. das Siyraeeas. — Esta planta habita as Províncias da Bahia e Minas Geraes. pRRPRiEDADES MEDICAS. — E' estimu- lante, aromático ; o] bálsamo, que se extrahe d'esta planta, emprega-se no curativo das ulceras chronicas, e in- ternamente , nas leucorrheas e gonor- rheas, em pílulas, na dose diária de 2 a 4 grammas. Este bálsamo entra na composição de diversos emplastos por ser muito cheiroso ; costumão queima- lo nas Igrejas, em lugar de incenso. Esfranaoaiie. — DaturaStramonium, Liu. e Sp. — Fam. das Solanaceas. — Esta planta é natural da America e do Egypto. E' de pouca altura e esgalhada. Sua côr verde é desmaiada. As folhas alternas, formando, sinu- osidades nas pontas agudas, isto é ter- minando por um aculeo. As flores são um pouco grandes, afu- niladas, simples, ou dobradas, brancas e quasi sem cheiro. O fructo ovóide, á semelhança de Maxixe, eriçado de espinhos molles ; dentro existem muitas sementes par- das. Esta planta é narcótica, perigosa de uzar-se sem muita cautella. O cheiro 6 fastidioso. Propriedades medicas. — Empregam- na contra as aff'ecções asthmatícas, e nos rheumatismos, apenas 3 á 4 fu- macinhas das folhas murchas e seccas em forma de cigarro. Administrada em alta dose, produz vertigens, somnolencia, vista turva, di- latação das pupilas, ardor na gargan- ta, agitação, vómitos e delírio ; inter- namente na dose de 5 centigrammas a 3 decigrammas e progressivamente até 10 decigrammas, em xarope ou pí- lulas. ( Fíg.' 18. ) Ervaca. — Fam. das Leguminosas. — E' um arbusto mediano e silvestre, ha- bitante dos terrenos paludosos e char- casos, ou brejos. Cresce até 3 metros, pouco mais ou menos. Folhas miudissimas, dispostas em palmas. Flores amarellas, pequenas, á seme- lhança da flor do feijão. O fructo é uma pequena vagem, chata e articulada, isto é, como recortada : tem grãos como os de feijão. N'esta planta, quando adquire mais desenvolvimento, o tecido da casca off'erece uma textura semelhante á da cortiça verdadeira. Fazem d'ella óptimos afiadores para navalhas e mais objectos ; é muito macia. Ervillia. — Pisiím saiivum, Linn. — Fam. das Leguminosas. — Arbustinho na- tural do Meio-Dia da Europa; culti- va-se no Brazíl. E' uma espécie de feijão, redondo pro- duzido por uma planta de ramos es- galhados, de porte pequeno. Folhas unijugadas, e um tanto baças. Flores esbranquiçadas, ou de um ver- Iho arroxeado, assemelhando-se a uma borboletinha. O fructo é uma vagem de 9 a 12 centímetros, que no seu interior con- tém 3 a 4 grãos redondos, esbranqui- FAV FAV 189 çados, com um pequeno umbigo, por onde elles se inserem no fructo. Seu uso é conhecido em nossas mezas, porque a ervilha constitue um legume com que se preparam diversos pratos. Ha muitas variedades. r-. FaeSiiaaa. — Cauthium elongatiim. — Fam. das RuUaceas. — Arbusto agreste a que dão este nome em Pernambuco. Seus caules ramificam formando tou- ceira, armada de espinhos em cruz. As folhas são oppostas, ovaes, lus- trosas e pequenas. As flores são como uns Jasmins^ del- gados, com o tubo fino, de um ama- rello côr :de palha; estão em grupos nas axillas das folhas, em 'pequeno numero. O fructo é uma vagem achatada e um pouco comprida; é negro quando maduro, branco por dentro, e contém uma massa branca, aquosa, um pouco acida. Empregam os caules d'este vegetal para fazer os tapumes (*) e cercas; d'ondc vem chamarem -no FacMna. Fava. — Vicia sativa,^ Lvm. — Fam. das Legxmiinosas. — A Fava., que foi assim classificada por Linnèo, é um vegetal oriundo da Europa, dos arredores do mar Caspio. E' a única espécie d'este género. Seu caule é de um metro pouco mais ou menos. As folhas, em palmas, são de 4 a G, dispostas de 2 em 2, oblongas, e com uma membrana que lhes adhere (asas), um tanto espessas. E' de verde desbotado ; não tem ga- vinhas. ■ Suas flores são cheirosas, e brancas, e sua vagem dá uma semente, que suppomos ser branca. C*) Tapagens. Da immensidade de favas ou feijões cultivados no paiz, tem-se perdido o tjpo original, isto é, não existe um documento, que precisamente nos mostre qual a fava ou feijão primitivo que appareceu no Brasil ; e por isso acha- mos conveniente trazer a descripção botânica da Fava principal, para os nossos botânicos se guiarem, ou mesmo conhecerem melhor este género de Fava. Entre essa profusão de variedades nota-se a Fava de Africa — Fivenaine : esta espécie é de pouca altura, ramo- sa e mui productiva. Fava de Aui^ola: — Fam. das Le- gimiinosas. — Arbusto trepador e exó- tico, que pelo nome indica sua pátria. Suas fructas são vagens de 3 Vi de- cimetros, pardas, grossas, com três su- turas de lado, contendo grãos brancos lisos de 3 centímetros de compri- mento ; o ponto que se pega a vagem é pardo, e não pequeno. Diz-se que serve contra as morde- duras de cobras. Também se come, porém, fervidas em muitas aguas; pois que são vene- nosas Também chamam Fava de cohra. Fava ííico de iiapag^aio. — PAa- seolus. — Fam. Idem. — Esta fava, que se cultiva aqui e nas Alagoas, tem este nome. E' trepadeira. Suas folhas são ternadas, em peciolos communs, de forma rhomboidal. As flores são brancas. 190 FAV FAV Dá lima vag:ein em fig^ura de casco de navio, de 13 centímetros de com- primento, no ápice revirada, contendo trez sementes grandes, brancas c ra- jadas. Come-se. Fava liòca «Jle iiftO^'a. — Pliaseo- liis saponaceus^ Savi. — Fam . Idem . — E' uma fava cultivada no Brasil, á qual dâo este nome em Alagoas. Seu porte é como o das demais con- géneres ; mas suas folhas sendo como das outras, são unidas, de 4 % centí- metros. A vagem é de 1 pollegada de com- primento, achatada, tendo o dorso roixo circularmente até 2/3 de sua largura. Come-se também. Esta espécie parece a de D.C. Proãr. — T. 2, f. 393. — Phaseolus saponaceus ., Savi. Fava toraiBea. — Phas. compressus, D. C. — Fam. Idem. — Esta fava se cul- tiva geralmente, e é conhecida em Alagoas e Pernambuco por tal nome. E' proveniente de um arbustinho trepador, de caules que se enrolam nos corpos vizinhos. Suas folhas são rhomboidaes, ter- nadas. Suas flores, em espigas pequenas, são brancas, tendo a mesma estructura que a do feijão. Sua vagem é de forma navicular, os grãos, que são de 2 a 3, são brancos e muitos maiores que os do feijão. Come-se esta fava, e é boa. Fructifica em pouco tempo. Differe da — Fava de sete semanas — na cor, que aquella tem roixa. Fava cahrociiço. — Cajanus. — Fam. Idem. — E' uma fava que nas Alagoas chamam assim. EUa tem o mesmo porte das outras, tendo as folhas maiores. As flores iguaes, também, são bran- cas como que tinctas de amarello. A vagem é maior, mais lisa, com uma espécie de umbigo comprido na semente. A' primeira vista parece agreste, mas é boa de comer-se. Cxiltivam-na. Ha outra espécie, cuja fava é preta. Fava ele roSira. — Bignonia Ophi- diana. — Fam. das Bignonaceas. — Esta planta, que tem este nome em Alagoas, parece indígena. E' um arbusto trepador, semelhante ao Cipó de cesto. Tem o tronco, nas partes inferiores, anguloso ou sulcado. As folhas em verticillos de 2, e os ramos' cruzados. As flores são brancas como trom- betas, com a parte tubulosa amarella. A fructa é uma capsula um pouco grande, de 2 % decimetros, chata, com muitas sementes dentro. Propriedades medicas. — Empregam- na nas mordeduras de cobra. Fava íig:a«lo (Ec gaSlinlia, oii Seijão figasio eBe ^alSèsalaa. — Phaseolus. — Fam. das Legimiinosas . — Esta fava, que também nas Alagoas recebe este nome, tem o pé como as outras. O grão, porém, é meio redondo, de côr amarella de oca, e lustrosa. Come-se, mas é glutinosa. Em Pernambuco é Feijão figaão de gallinlia. Fava oSlto cie peixe. — Phaseo- lus. — Fam. das Leguminosas . — Esta planta é semelhante ás precedentes. Tem as folhas compostas trifoliola- das, e é trepadeira. As flores são brancas amarelladas. A vagem como das outras, tendo os grãos redondos, com o hilo roxo. Cultivam-na nas Alagoas, onde lhe dão este nome. Serve para comer-se. Fava rajada ou pinta«la. — Phaseolus. — Fam., idem. — È semelhante á precedente nas suas partes vegetativas, conheccida nas Alagoas por este nome. FAV FED 191 Ella é branca pintada de roxo. Come-se, e tem os mesmos usos. Fava de a*apé. — V. Cumaru. Fava rã HM tle 21a ca. — Phaseoliis- — Fam. idem. Esta fava é da condição de suas congéneres, e conhecida em Ala- goas por este nome. E' menos cultivada que a Boca de moça. E' menor que ella ; a côr é de um roxo escuro, e verde; e no lugar do hilo tem uma orla circular rosada, que guarnece o ponto da inserção do grão. Come-se, e tem a mesma applicação. Fava Piscada.— PJiaseolus. — Fam. idem. — Esta outra espécie, a que nas Alagoas dão este nome, é quasi a mesma cousa que as outras, excepto na fava, que é um tanto grande, branca, riscada de roxo, e circulada no hilo de uma zona rosada. Come-se, e é cultivada. Fava sasfig-aie ele Boi. — Pliaseo- lus. — Fam. Idem. — Conhecida nas Ala- goas, e cultivada. Suas condições vegetativas são seme- lhantes ás precedentes ; porém a fava é côr de carne viva, com veios rosados em redor do hilo. Come-se. Fava de S. \^t\í%eio. — Favillea trilohata. — Fam. das EtíplwrUaç.eas . — E' também chamada Nhandiroba. O óleo expresso das sementes é amar- go, e empregado nas dores prevenientes da impressão do frio. Guapeva em S. Paulo é a Fava de S. Ignacio, — em Minas Hypanthera gua- peva. Propriedades medicas. — As sem en- tes d'este arbusto trepador são amar- go-oleosas, e de grande proveito na — Icterícia — , em dose de uma a duas sementes; ás vezes repetidas tornam-se um purgante violento. Fava de sele Semanas. — PTia- seolus. — Fam. Idem. — Esta é mais ge- ralmente espalhada, porque por todo o paiz se encontra. E' como as de mais congéneres ; tem as flores brancas, as vagens da mes- ma forma, as sementes roixas, bonitas. Esta planta é igual á — Fava Bran- ca— difterindo só na côr. Ella germina ou fructifica em sete semanas, por isto tem este nome. E' mui bòa de comer-se. Favsa de louco. — V. Cumaru. FaviBiBea. — Fam. das Leguminosas. — E' um arbusto vergonteado, que pou- co esgalha, conhecido em Pernambuco por este nome. Suas folhas são dispostas em palmas, e miudinhas. As flores lisas. Os fructos são vagens. O lenho d'esa planta é mui leve e branco ; não dá má lenha. Faz-cfttoa*ar. — V. Caha-xio Fedegoso lípavo ow Cir^ta de §:allo Bíravo. — II eliotropimn hor- tense.— Fam. das Borragineas. — Este herva, que abunda em Pernambuco, re- cebe o nome de — Crista de gallo — em outras provindas. Vegeta pelas hortas e qualquer lugar. E' de caules ascendentes, mas um pouco rasteiras, formando pequenas moutas. Suas folhas são um tanto estreitas, crespas, porém pouco ásperas : tem alguns pellos ; é de um verde commum, com algum brilho. As flores dão nas extremidades dos ramos somente; formam espigas enros- cada na ponta, com as fleres engas- tadas de um só lado, e não tem pellos. Estas flores são como pequenos fu- niszinhos, roxas, manchadas de branco, off'erecendo nódoas amarellas no tubo. O fructo é uma nóz pequena, redonda, cingidapelo calice,terminando em ponta, contendo quatro sementes pardas, quasi redondas. 193 FED FED Chainam-n'a tamboiu — Chá de Bra- gança. — Esta planta pela denominação do geral das províncias deve ser — Crista de gallo bravo. — Fctlesòso. (l) [outro, hra,vo) — Heliotro- pium verauicum, Fam. idem. — E, uma espécie também brava, agreste, que se distingue em ter todos os seus órgãos mais pequenos; a sua côr é verde e muito azulada. Vigora e floresce no verão. Tratamos d'esta espécie, posto que não saibamos o verdadeiro nome po- pular, para mais esclarecer a questão da distincção do — Fedegoso e Crista de gallo ; — por quanto implica confu- são a diversidades de nomes arbitrá- rios, para uma mesma planta, nas dif- ferentes províncias. Convém, dizer que do verdadeiro mes- mo, ha duas espécies, como aqui adiante mostraremos. FecSe^-òso do Pnyà. — Helioíro- pium indiciim, Mille, e Swatz. — Fam. daz Borragineas. — Planta herbácea do Pará. Suas folhas são cordiformes e ásperas. As flores em cachos, pequeninas, azuladas e unilateraes. FeilegòHo verflla89csn*o, osí Crista de i^alio. — Tiaridiím uti- lissifiinm: — Tiaridium elongatum., — Fam. iderd.—K planta conhecida em Pernambuco sob a denominação de — Fedegoso, — é nas Alagoas sob a de — Crista de peru, — e no Rie de Ja- neiro e províncias do Sul do Império pela de — Crista de gallo. — E' o Tiaridium utilissimum ou Tia- ridium elongatum de Swatz, e o Helio- tropium carossodiíim de Mart. f^Herva oriunda do paiz; tem seus caules cylindricos, ramosos e ascen- dentes. Pêllos ásperos em seus órgãos. (1) Fedegoso na Bahia, Espirito Santo, Rio 3ico. — ElepUanto])US, Mart. — E. sca- ber, Linn. — Fam. das Compostas. — Esta planta indígena do Brasil tem recebido diversos nomes nas diflferentes pro- víncias, como mostraremos. E' um subarbustinho que cresce em nossos campos, e quasi nunca dá nas cidades, a não ser cultivado. Cresce seu caule até 1 metro e 2 cen- tímetros pouco mais. São obovaes e agudas as suas fo- lhas, cuja côr é acinzentada ; ellas são ásperas, por causa dos pellos curtos que tem e abraçam o caule. As flores, no ápice dos ramos, em cachos, compõem-se de um invólucro foliaceo, no qual apresentam-se poucas florinhas, como jasminsinhos. O fructo é como que uma pevide que nunca attrahe a curiosidade do obser- vador pela sua insigniflcancia. Chamam-na também Língua de vacca, apezar de ser a Língua de vacca outra espécie do género. Dá-se em cosimento nas febres as- thenicas, quando vem com grande aba- timento. A raiz abunda em extracto amargo e princípios adstringentes ; precipita o ferro em verde, contém uma rezina balsâmica, e alcalina. Ftímo do matto em língua tupínica é Sucuaya. S04 GAL GAM Or. Gafaiiliòto. — E' a Raiz de cobra, chamada assim no Maranhão e no Pará. Gajevú ou Guajerú. — Multi- canlis icaco, Linn. — Fam. das Rosáceas. — E' iim arbusto que cresce espon- taneamente no littoral do Brasil ; elle forma moita, chegando seus caules até de 1 a 2 metros de altura. As folhas são quasi redondas, de côr verde, lustrosas, grossas e estaladiças. As flores em cachos são brancas e com cheiro suave. O fructo é uma espécie de perasi- nha espherica, de 3 centímetros pouco mais ou menos de diâmetro, com umas saliências na superfície. Quando maduro é liso, de pello fino, e côr escura-viva. No seu interior encontra-se uma massa branca, de duas a três linhas de espessura, elástica e doce, com um resaibo adstringente, a qual envolve um caroço que occupa o centro ; ella agarra nos dentes, quando se come ; não é má, mas não é fructa de estima. Dá no verão. Nas Alagoas chamam-na Giiagirú^no Maranhão e no Pará Gnajuri. Propriedades medicas. — A raiz, a casca e as folhas são applicadas nas diarrhéas chronicas, fluxo da urethra, leucorrhéa e nas caimbras de sangue. OalBinlaa cltóea, oii Hlerpiirio do eaíí>i»o. — Erijthroxylmn siíberosum, Si. nu. — Fam. das Erythroxyleas. — Este arbustinho, que cresce no solo de Minas Geraes, tem as folhas ellipticas, co- riaceas. As flores em feixes. O fructo redondo e pouco observado. A casca fornece uma tinta côr de rosa empregada na tinturaria. Elle floresce em Maio e Setembro. E' adstringente e corroborante. Gaiuelleira bra-wa. — Ficiis gla- hra. — Fam. das Urticaccas. — E' também chamada Figo do matto. Esta arvore é do paiz, e recebe este nome por todo lugar. Afasta-se pouco do aspecto da outra Gamelleira. E' uma arvore lactifera, collossal, frequente no littoral, copada e de folha- gem densa. O tronco algumas vezes forma grandes cavidades angulosas de alto a baixo, com capacidade suífíciente muitas vezes para occultar um homem. Seus caules e ramos finos tem umas excrescências foliaceas ; as folhas são obovaes, quasi redondas, lustrosas, gros- sas e grandes. As flores e fructos, como os da fi- gueira mansa ou cultivada, porém com a difi^erença que são menores, e ama- rellados, mesmo quando verdes ; são brancos por dentro, e pouco rosados. Os pássaros os comem. O leite que escorre das incisões, que se fazem no seu tronco, é em maior abundância que o leite da Figueira, hranca, mas o d'aquella conserva-se liquido e muito viscoso, e serve para apanhar pássaros ; este coagula-se de maneira que não se presta bem para esse fim. A arvore dá boa sombra. No Rio de Janeiro chamam a fructa Figo do matto. Ha outra espécie, cujas folhas são menores. O fructo da Qamelle ra é semelhante ao figo, porém mais redondo na base^ e não é tão perfeitamente piriforme. GAM GAR SOf Tem duas escamas grandes e duas pequenas na base. No ápice tem duas aspas levantadas. A còr da fructa é parda clara ; mas no interior é como no figo. Tem um cheiro semelhante ao dos morcegos. Não se come, e sõ estes animaes lhe fazem festa. Gaiiaelleira Itranea tias es- tiniaveãs, ou «ie |»UB*g;a. — Ficus doliaria, Mart. — Fam. idem. — E' uma arvore do Brasil, que pelo seu prés- timo medicinal, é da estima do povo. E' ramalhuda e lactifera. As folhas tem os peciolos um tanto compridos, e são ovaes, lisas e mesmo lustrosas. As flores estão encerradas em uma espécie de casulo obconico e pequeno. Seu fructo é igual ao da Figueira., com a diíFerença de ter 1 % centímetro de comprimento, e não prestar para co- mer-se. Fazendo-se incisões no tronco escor- re um sueco leitoso (leite de gamel- leira), que applicam aos doentes de hydropisia e opilação, com uma dieta rigorosíssima, prescrevendo-se-lhes um anno de privações de certos alimentos. Do abuso d'esta dieta podem resul- tar ao doente graves inconvenientes, e até a morte. PROPRIEDA.DES MEDICAS. — O SUCCO é acre e tido por anthelmintico, usado contra as hydropisias. O Dr. Lino Coutinho professor da faculdade de medicina da Bahia, o em- pregava nas opilações. E' um bom remédio para as boubas dos pés, vulgarmente chamadas cravos . A madeira serve para gamellas. Oaiuelleifa trepadeira, ou trepatlcira j^asiitellcira. — Sy- pJi07iia volubilis. — Fam. das Guttiferas . — Esta arvore indígena cresce natu- ralmente nas Alagoas, onde recebe este nome. E' celebre, porque, com proporções arbóreas, enrola-se sobre outras arvo- res, até as matar. Tem o seu tronco de 2 M decime- tros, pouco mais ou menos, de diâ- metro. As folhas são alternas, grandes, de um. verde vivo, ovaes, grossas, e lus- trosas. Gang:oncú. — Attalea speciosa., Mart. — Fam. das Palmaceas. — Palmeira da America Meridional e do Brasil, cujos fructos são comestíveis. As folhas são de 3 á 6 metros de comprimento, e servem para cobrir casas. Ganlia-saia. — Luhelia edulis. — Fam. das Loheliaceas. — E' também co- nhecida esta planta por Crista de Peru., e tem ambos estes nomes nas Alagoas. E' uma herva cujos caules são ver- des e angulosos, com uma espécie de babadinho em todo seu comprimento. Folhas lanceoladas na base, em forma de coração, um tanto ásperas e de verde desmaiado. Flores rubras, com o tubo que, abrindo dois lábios, deixa vêr dentro uns filetes reunidos em um corpo allongado. O fructo é uma capsula com muitas sementes ; deita um sueco de todos os seus órgãos. Applicam-na contra as dores de den- tes : também se comem as folhas de- pois de bem cosidas em duas ou três aguas. Garabú ou Guarabú ou Ga- rabú preto. — Astroiiium cocioieum. A. fraxinifoUum. — Fam. das TereUn- thaceas. — E' uma arvore do paiz, muito conhecida em Pernambuco e mais pro- víncias do Norte, da qual transuda, por incisões na casca, um sueco resi- noso, que é um excellente bálsamo, de cheiro terebintaceo, de que os mé- dicos usam como da mesma terebentina. A madeira serve para constracção civil e naval. E' reputada entre as melhores. 20<* GEN GEN Gai*a|Bir»ea. — E' uma arvore do paiz. Garar»?in. — E' também uma ar- vore indígena. Garaiiita. — F. Baraúna. — O mesmo qxie — Maria-preta. Arvore do Eio de Janeiro, cuja ma- deira é preta. Garfiiana. — Cilonis tinctoria. — E' tima planta de tinturaria. Gaviróba.— E' uma palmeira de S. Paulo que descobrio-se ha poucos annos Diz-se que com o seu palmito se cura a diabetis. Genpiana flira^sileipa. — Lisian- tMs pendulus, Mart.— Fam. das Genciatia- ceas.—On LisiantMs são plantas herbá- ceas, raramente subarbustos. São todas naturaes da America M e- ridional, com poucas excepções. A raiz é amarga, tónica, e estomachica. Ha diversas espécies. LisiantJitis ala- tus.,— Lis. furpurascens—Lis. grauãiflo- ns, etc. Tem as mesmas propriedades. Gendiro^ía ou Giitdirolia e IVltantliroba.— Feuillea nliandiroba, Linn . — Fam. da cuciirhitaceas — Mss. — E' uma fruta que nasce spontanea- mente, e também se cultiva. E' do Pará, e conhecida em Pernam- buco, Maranhão e Alagoas por este nome. Provem de um arbustinho trepador, de caule esverdinhado. Folhas cordiformes e lustrosas. Dá flores muito pequenas e amarel- ladas, em cachos grandes. O fructo, de 1 a 2 decimetros de diâ- metro, redondo, achatado, tendo na parte superior um circulo formado por uma sutura. Só quando maduro è quasi amarella. O pericarpo ê fino e unido a um corpo interior, branco, carnoso, tenaz e um pouco molle, de côr parda clara. A cavidade central è dividida em trez compartimentos por uma membrana branca, onde se encontram trez a quatro sementes redondas, de 3 centímetros, chatas, cujo episperma é rugoso com pequenas protuberâncias e de côr parda clara; esta semente é dura e quebra- diça ; contem uma amêndoa branca, d'onde se extrahe, por expressão, um óleo excellente para illuminação. Não é commum seu fabrico. Propriedades medicas. — Este óleo é uzado externamente na cura das ery- sipelas, impigens e mordeduras de co- bras, segundo asseguram alguns. Gesigilsre, osa g-eaagivre. — Zin- ziler officinale.. Rose. e Linn. — Amomum Zimgiber, Linn. — Fam. das Ãmomaceas. — O Gengibre é natural das Goyannas, das Antilhas, o também do Brasil ; foi também chamado Mangaratiá por Pison. E' uma planta herbácea, cujos cau- les 'se elevam pouco. As folhas lanceoladas, de côr verde gaio, invaginantes. As flores, em espigas escamosas, abrem-se successivamente ; são amarel- las, com um labello manchado de rubro. O fructo é uma capsula com trez lojas, e sementes em cada uma d'ellas. O rhisoma d'esta planta constituo um género de commercio ; appresenta a configuração de dedos reunidos, ru- gosos, articulados, cobertos de uma casca ténue, parda, amarella, cuja subs- tancia interna é compacta, aquosa^ picante fortemente, de cheiro activo, e agradável. E' extremamente quente, na lingua- gem vulgar ; tem muito óleo volátil, e amido ; irrita fortemente a membrana- mucosa. O povo se serve muito d'esta raiz como carminativo, e também como adubo . Propriedades medicas. — E' um ex- citante iitil administrado nas dyspe- psias, por atonia do estômago, nas GEO GES S07 eólicas flatulentas, e no cliolera mor- bus; mas cumpre haver discernimento no seu emprego, e mormente na dose. GeES§-iííi*c elojirado. — Amorfiwn zingiber clirysantlmm^ Rose. v Sperg. — Fam. Idem. — E' outra espécie que varia de nome conforme as províncias; em Pernambuco e Alagoas é Getigibre dourado, em Sergipe e na Baliia Assa- frão. A planta tem os mesmos caracterís- ticos que o outro Gengibre A raiz é semelhante a do Gengibre ordinário, com a diíferença de não ter o seu aroma, nem ser tão rugosa. O cheiro é desagradava, a côr ama- rella alaranjada, ou côr de ouro. Empregam-na em tinturaria. Em alguns lugares serve para dar côr á comida, assim como em Sergipe, onde tem o nome de Assafrão. E' usada na tinturaria. Geog-g'a|íitB£& liotiteBáese^ l»ra- siEeiri» — Dos paizes do Qlobo, o Brasil é aquelle cuja vegetação se apresenta mais rica e mais variada. E' a região das bellas florestas vir- gens, tão bem descriptas pelos via- jantes que a tem percorrido, particu- larmente pelos Srs. Saint-Hilaire e Martins. O Brasil é de algum modo a terra promettida dos naturalistas, ainda que todas as partes d'este vasto Império só estejam imperfeitamente conheci- das, e não tenham sido exploradas, senão de corrida, por pequeno numero de naturalistas ; entretanto pensamos que não menos de dezeseis mil é o numero das espécies de plantas, que tem ido para a Europa. E, talvez mais para diante, este nu- mero possa ser quasi duplo, se os homens de sciencia estabelecidos nas diversas províncias d'este paiz, tão digno de interesse, procurarem com cuidado estudar as producções natu- raes d'elle. Bem bons serviços já nos vai pres- tando o distincto naturalista o Sr. j Bacharel José de Saldanha da Gama Filho. A vegetação do Brasil é extrema- mente variada, porque a situação, e sobre tudo a altura das províncias d'este vasto paiz, oíFerece por si mesma disposições excessivamente notáveis. Altas cadeias de montanhas estabe- lecem muitas vezes mudanças consi- deráveis nos paizes que ellas percorrem. Formam também vastas chapadas, frequentes vezes elevadíssimas, e que offerecem uma vegetação inteiramente diíferente da das regiões menos ele- vadas, situadas nas margens do oceano, sob o mesmo nivel. Gef|tiitil»ja posit otB verniellia. — Couratari legahs. — Fam. das Legu- minosas.— Grande arvore, de vasta copa. E' ella um verdadeiro typo de ele- gância e magestade de nossas florestas. A sua madeira é vermelha rosada, e empregada em obras internas, prin- cipalmente em assoalho e forros. Propriedades medicas. — E' um ads- tringente muito usado em gargarejos contra as anginas. Ger^eSíiii. — Sesamnm indictim., Will. — Sesamum orientale, Linn. — Fam. das Bignoniaceas . — Herva natural da índia, cultivada em Pernambuco e nas Alagoas. Também é conhecida por Gingilim. Tem 1 metro de altura, caule simples . Folhas medianas e molles. Flores em espigas longas, em forma de cornetas, de côr branca roxeada. O fructo é uma capsula pelluda, da qual se extrahe iima fécula, proveitosa contra as hydropisias, segundo affir- mam alguns. Gepicíi». — Planta que vegeta sobre as pedras junto dos rios. Uza-se contra a asthma e em geral qualquer tosse, em infusão que se pre- para com 8 grammas para 500 grammas d'agua. Ges^»i*»9 Jussúra.— V. Assahy. SOS GIN GIN Girão. — Ser]}(xa Cearensis. — Far/i. das Cruciferas. — Herva delicada do Ceará e Pará. E' uma planta que se cultiva, pouco vulgar em Pernambuco. Parece-se com o Coetdro, com as folhas mais profundamente divididas. As flores saem de um pendão ver- tical ramificado e espigado ; ellas são tão pequenas, que parecem estar sempre em estado de botões ; exlialam aroma sendo esfregadas entre os dedos ; são inseridas nas espigas alternadamente. A sua tintura é cheirosa; passa por ser óptimo medicamento, nas aífecções do tliorax, nas fluxões, etc. O fructo é uma silicula comprimida, de duas lojas ; as lojas são monos- permicas. As sementes, inseridas no septo, são louras, chanfradas de um lado no hilo ; tem os cotilydones curvados sobre si mesmo ; a radicula cónica desenvolve ua semente uma espécie de mucilagem. Gilbardeira. — Riiscus aculeatus. Linn. — Fam. das Aspar agaceas. — E' um arbusto exótico. Sua raiz é diurética, empregada nas hydropisias, e affecções das vísceras urinarias. As sementes torrefactas são consi- deradas como succedaneas do café. Chamam-no Houx azedinho. Giló. — Solanum melongena. — S. ovi- gerum. — Solauum racemiflorwm, Dim. — Fam. das Solanaeeas. — Esta planta é amarga, e é por isso tónica. O fructo é usado como condimento, ou antes alimento. E' das Antilhas, e cultivada no Brasil. Giiiji'ii*a tia «laiiiaíca. — Malpi- gMa glahra^ Will — Fam. das Malpiglda- ceas. — Planta herbácea do Brasil e de outros lugares d'America. E' elegante, e seus fructos são co- mestíveis. Vegeta no Pará. Gãii^eára brava ou Cerejei- ra do Itraíiiil. — Cham. Prunus. sphcerocarpa, Sicarlz.r- Fam. das Rosá- ceas.— Arvore que vegeta em S. Paulo, Minas e Matto Grosso, e que de al- gum modo representa as Cerejeiras de Europa, caracterisadas como estas pelo cheiro de acido hydrocyanico. E' conhecida em lingua tupinica por Juá-açú, Jná-uva. Tem as mesmas propriedades do Louro Cereja da Europa. Ha outras espécies. GiBig;:eira brava. brava. — V. Cerejeira GíBBg-eira «la terra. — Solanum fsendo-capsicum.) Limi. — Fam. das So- lanaceaes. — E' um arbustinho natural da Madeira, que entre nós se cbama Ginja da terra; cresce até um e meio metro, mais ou menos. Suas folhas são lanceoladas e persis- tentes. As flores brancas. O fructo é uma baga semelhante á da pequena Cereja amarellaou vermelha. Floresce em Junho e Setembro. Sem duvida esta espécie é cultivada nas províncias do sul do Império. Ginja o« Cereja.— PrMWíííCím- í?w, Linn. — Cerasus viilgaris^ Mill. — Farn. das Rosáceas. — Arvore originaria da Ásia Menor, e que se cultiva de ha muito na Europa. Também desde muitos annos no Bra- sil, nas províncias do sul do Império ; e cremos que também no Pará. E' uma arvore de porte mediano. Seu fructo é vermelho e amarello, em forma de coração, tendo uma pol- legada de diâmetro; seu tegumento é membranoso . A massa é aquosa, acida, doce e agradável. Alem da espécie d' Azia ha mais duas espécies cultivadas. A casca da Ginja ou Cereja tem sido apregoada como succedaneao da Quina. O fructo sendo bom de comer-se, é ao mesmo tempo ligeiramente laxativo, diurético. GIR GIR S09 Giiisão. — Panax quinqiiefolium. Linn. — Aureliana CoMadensis. — Fam. das Aiiraliaceas. — Planta originaria do Norte da America e da China. Arbusto de raiz fusiforme, verme- lha por fora, amarella por dentro. As folhas são em verticillos. As flores em cachos, pequenas. O frueto uma baga redonda e ver- melha. Passa por aphrodisiaca. Giqu^e. bom para luz ; o bagaço que provem das sementes, depois da expressão do óleo, serve de alimentação para o gado. Gira-sol «le balatas ou Togii- iianibor. — Helianihxis tuherosus, Linn e SiH. — Fam. Idem. — Esta planta é outra espécie de Gira-sol oriunda do paiz, se- melhante a outra, mas tendo a flor muito menor. E' cultivada na Europa pela utilidade de sua batata, que faz a base da sus- tentação dos animaes. Chamam-n'o em Europa Toinnamhour. E' mui apreciado, porquej suas tuberas se conservam em bom estado debaixo da terra, tirando-se a porção que se precisa ; A flor não acompanha o giro do sol como a outra. A batata do Topinamhor é oblonga, — ZTí/mwMMí a?í^íM2í,y, Zmí. I carnosa, avermelhada por fora; cosida é também alimento do homem, pois é semelhante, na massa, ás outras ba- tatas. V. Imhiizeiro. Giquirilí. — Abrus frecatorins^ Linn. — Fo/rii. das Leguminosas. — Planta, cu- jas sementes pulverisadas e postas em infusão n'agua fria, são usadas como collyrio nas ophtalmias. Passa por toxica. Gífa-sol — Fam. das Compostas. — E' natural do Peru, cultivado ha muitos annos no Brasil em nossos jardins. E' herbácea, de 1 a 2 metros de altura- Caule verde, pouco esgalhado ; folhas verdes esbranquiçadas, cordiformes, lan- ceoladas, ásperas, alternas. Flores vistosas, sobre um largo disco, e de côr amarella ; ellas acompanham o sol em seu gyro, e d'ahi é que lhe vem o nome que tem de Gira-sol. Cada flor é um aggregado de pe- quenas flores (flosculos), inseridas sobre um disco amplo. E' uma planta que tem certas qua- lidades que podem ser aproveitadas com muita vantagem. Os caules e os discos, que formam os capítulos floraes, fornecem boa ma- téria combustível. As cinzas, provenientes da combustão d'aquelles órgãos , encerram grande quantidade de potassa, e podem servir para a preparação d'es3a substancia, que é a base de varias industrias e sobretudo da fabricação do sabão. Finalmente das sementes, que servem directamente para a nutrição das aves domesticas, pode extrahir-se um óleo GiriCi» ou Gericó, — Em Pernam- buco recebe este nome um arbustinho que se enrosca sobre outras plantas por meio de gavinhas. Folhas cordiformes ou sagittadas. Suas flores em cachos, e palmadas, são "miúdas, esverdinhadas e estrelladas. Os fructos são menores do que uvas, e raras vezes appar entes. A raiz d'esta planta é applicada nos estupores ; tem forte amargo. Geri mato. — Vitex gardneriana. — Fam. das Verhenaceas. — Planta que ve- geta no Eio de Janeiro, e que talvez seja a Maria Preta de campista das Ala- goas, ou Pào Cavallo de Pernambuco. — Vitex cam-pinaria. E' desobstruente, aperitivo, e exci- tante. Giriniú. — Cticurhita major rotwida. Dalech. — Fam. das Cv.curbitaceas . — Es- te estimado frueto é bem commum em nossa nieza. Nem todas as províncias do Império 29 SflO GIR filR dão-lhc este nome, na Bahia c Rio de Janeiro o chamam Abóbora amarei h, ou sini])lesmcnte Abóbora; é originário da índia, mas pode ser que algumas das espécies que gyram entre nós sejam ori- ginarias do paiz. O Gtrmú ordinário é fructo de uma planta rasteira e trepadeira, de pellos hispidos. Folhas de longos peciolos, quasi re- dondas, grandes, ásperas. As fiôres grandes, como campanas, de um amarello alaranjado, de dois sexos ; a masculina é estéril, a outra traz o rudimento do futuro fructo, que é uma peponide de vários tamanhos, de figura ou redonda ou oblonga ; é lactifera, liza ou com ângulos : de uma só côr, ou marchetada de verde e ama- rello, etc. E' de casca coriacea, tendo dentro um espaço vasio ou cavidade ; as pa- redes do fructo são espessas, de seis a nove centímetros, de côr amarella- avermelhada . No centro da cavidade existem muitas sementes ellipsoides, chatas, crustáceas, entremeadas de filamentos da mesma côr. O Girimú é bom alimento ; come-se com carne, e é substancial ,• mistura-se muitas vezes com leite no sertão ; faz-se d'elle doce. Propriedades medicas. — As flores, em fricções sobre as partes erysipela- tosas, passam por ser de muito pro- veito, e dissipam a inchação, devendo- se repetir esta pratica por alguns dias. As folhas, sendo antes passadas nas brasas, e assim amollecidas, são tam- bém applicadas com algum proveito, Giríntú «le eal»oe!o. — Cucnrbita. — Fam. idem.— Este Girimú parece a mesma espécie de Fernando de Noronha. E' de casca esbranquiçada, lustrosa e cheia de gommos ; a massa é muito boa e enxuta. Ha de casca verde nas mesmas con- dições, mas são redondos e achatados. Gírintú còr «le rosa.— E' uma espécie que diz ser de Fernando. A casca é lisa, lustrosa c branca, de gommos ; dentro a massa é còr de rosa, e de muito bom gosto. São raras. Giriítiú íle Fes*«síiííSo — Cu- curhiía. — Fam. idem. — \\ uma espécie muito semelhante á precedente. A massa, porém, é amarclla clara, muito enxuta e saborosa ; é também branca por fora e por dentro. Parece-nos ser originaria da Hes- panha. Nas Alagoas ha um Girimú cylindrico, de casca branca, com a còr por dentro amarella mais ou menos carregada, porém no mais é o mesmo que a pre- cedente. GcE*iiaac{i de groasao. — É o mesmo de Fernando de Noronha. Gírituií jacaré. — Cuciirbita. — Fam. idem,. Gsa*iBii» (le Liísliòa. -Fam. idem- Cucurbita. GiriKstQA {»áo o(i |ti30 Gicimú lEe Persií65ííl»JBeo. — Elacodendron giriritú. — Fam. das Rliamnaccas. — A arvore a que em Pernambuco se dá este nome é silvestre. Nas Alagoas também ha uma ar- vore d'este nome, porém diífere até na familia, como se vê pelos nomes botânicos. Esta é alta, de mais de 13 metros; casca grossa, um pouco rugosa; por dentro é de um amarello côr de gemma d'ovo. As folhas são ellipticas regulares, grossas. As flores, que são miúdas, reunidas em feixes nas axillas das folhas e dos ramos, são amarelladas. O fructo é como uma azeitona pe- quena ; tem um caroço, e ás vezes ne- nhum . Girimú «le pescoço.— Cucurbi- 1(1— Fam. Idem. GIT GIT Sll Gíriíitú tio serlão. — Cuciiròita — Fam. Idem — Semelhante no porte. O fructo chega apesar arrobas, muitas vezes. A casca é tão dura e espessa que d'ella se fazem cuias. Gitalty íniiarcllo ialso. — llio- mazia, fse%ído-lxitea — Fam. das Bijttne- riaceas. — Arvore das mattas do Brasil, conhecida nas Alagoas e em Pernam- buco por este nome. Suas folhas são um tanto grandes, dispostas em palmas. As flores, em pequenos cachos, brancas como angélicas, e miúdas. O fructo não examinado. Oitalii verdatleiro. — E' huma arvore de Alagoas e de Pernambuco. GitiraiBa cie ílor ftranea pe- quena— Argyreia alagoo/aa. — Fam. das Convolviilaceas. — E' uma planta que é conhecida por este nome, ainda que em geral as plantas trepadeiras cha- mam-se indistinctamente — Gitiranas. Tem o caule e folhas mui pelludas. As flores são como campainhas bran- cas, e sem cheiro. O fructo é nma capsula cónica, com quatro caroços redondos. Giticaiia de leite osí Sauda- des de Periiaiubueo. — Cynan- chum gauglinosxim. Vell. — Fam., das Apo- cynaceas. — E' um arbusto a que cha- mam em Sergipe — Bordão de Velha — V. Bordão de Velha., cipó, o qual tem recebido muitos nomes. Gitú. — Guarea furgans. Fam. das Meliaceas. — Arvore do paiz, frequente no littoral. Folhas alternas, pinnadas, de trez ou quatro pares ; de foliolos um tanto grandes. Flores em cachos, pequenas, brancas trigueiras ; tem pouco cheiro. O fructo parece uma fitomha., porém com forma de pião, e tendo o peri- carpo fendido ; contém duas ou três sementes pretas, luzentes. A raiz e a casca d'essa arvore são enérgicos drásticos. Ha uma espécie em que o cacho das flores é muito grande. Gitó iituaf>a. — Guarea trichilioi- des., Lamarck. — Fam. idem. Ha também Marinheiro de folha larga. — Turiassú uttiapoca. — Gtiarea spica flora., cujas flores são em forma de espigas. Este é o nome por que é chamado em Minas, Bahia e Pernambuco pelo sertão. — Moschoxylon catharticicm . Propriedades medicas. — A casca amarga, um tanto acre, adstringente, purgativa, abstergente, e anthelmintica usa-se em banhos contra os tumores arthriticos dos membros. O extracto em pequenas doses é recommendado em clysteres contra as ascarides. Tem acção violenta sobre o ntero ; em dose maior produz aborto. Do Gitó., a casca e raiz dá-se em decocção internamente, e em clysteres nas hydropisias, e nas febres terçãs; é amargo e tónico. Git» de Peroamlmco. —Guarea purgans., St. Hil. — Farn. idem. — Arvore do IBrasil, revestida de folhas em palmas, oblongas, agudas e lustrosas. Suas flores em cachos, nas axillas das folhas e no cimo dos ramos ; são brancas-trigueiras, com o aspecto de angélicas. Seu tubo é duplicado, tem um aro- ma suave. Os fructos são em cachos, e á pri- meira vista assemelham-se á 'pitombas . Elles tem a forma obconica, e o pe- ricarpo bronzeado ; contém trez caroços e trez valvas. O caroço, que é preto e lustroso, é coberto de uma substancia branca, pouco espessa, e um tanto furfuracea, (aril- lo). Propriedades medicas. — O Gitó tem a casca amarga, acre e adstringente ,- é purgativa eanthelmentica, empregada nas arthrites chronieas. GOI GOI Km doses olevadas promove o abort >, e pur}?a violentamente. Também applicam-no em clysteres, que são de bastante utilidade no caso de ascarides, (oxyurus vermicularis). Além d"issa quasi sempre aproveita nas moléstias syphiliticas, ete. Giiajurú. — V. Gajirú. Goiaba ou CàjiMia!)». — Psidúim pommiferum^ Linn. — Fam. das Myrtaceas. — Fruto cultivado, e silvestre do Brasil. É producto de um arbusto de tronco mui liso, côr um pouco avermelhada, e esgalhado. Folhas oppostas, rosadas, ellipticas, coriaceas, um tanto ásperas. As flores são como pequenas rosas brancas, e um pouco cheirosas. O frueto é de figura pyriforme ou oval, e ás vezes redondo, tendo no cimo umas escamas herbáceas dispos- tas em circulo ou coroa ; o pericarpo na maturidade é rugoso e Insidio ; dentro está adherente a uma substan- cia de menos de 1 y^ centímetro de espessura, que forma a parede do frueto; é vermelha e compacta. O interior do frueto é occupado por uma polpa, tenra, da mesma côr, cri- vada em toda a extensão de sementes reniformes, lisas, e muito duras : esta polpa tem sabor agradável. A Goiaba é fructa de muita estima. EUa não só por si é boa ao paladar, como também serve para fazer-se um dos melhores doces até hoje conhe- cidos. D'ella se faz a celebre goiabada, tão estimada tanto nas sumptuosas mesas como nas enfermarias, como doce de dieta para os enfermos. Tem-se observado que as- Goiabas sel- vagens são de ordinário mais doces que as cultivadas. Na Bahia, e norte de Minas chamam- na — Áraçá-goiaba. Ha entre nós trez variedades : a Goiaba encarnada, a mais vulgar, a branca, uin pouco escassa, e a amai-ella que é muito abundante. Goiaba c3e oiitia ou Pllailipií- ♦*i ra. — MijrLus quadrilocularú .Fam . das Myrtaceas. — E' uma arvore mediana co- nhecida nas Alagoas por este nome, e pelo de Madi])ucira. E' uma arvore ramosa, de casca lisa. Folhas oppostas, oblonga.?, coriaceas e grandes. Flores em feixes, e inseridas nos ramos e pelo tronco, são grandes, bran- cas ou côr de rosa, e simples. Ficam com o cálice adherente ao frueto ; este é como uma maçã redon- da, de côr parda clara ; amarellada, epicarpo fino, coroado pelos fragmen- tos calicinaes ; dentro acha-se uma polpa aquosa e doce, com muitos ca- roços pequenos. Come-se ; e as cutias dão-lhe grande apreço. Commummente estes fructos caem da arvore, por si mesmos. Goialia tie macaco. — Fam. das GnUiferas. — Fructa sylvestre de uma arvore das Alagoas, que tem este nome ; seus ramos são oppo.stos. As folhas sempre mui verdes, e de forma oblonga. As flores brancas. O frueto de 6 a 9 centímetros de diâmetro ; amarello na maturidade, pe- ricarpo espesso ; elle é redondo e apre- senta no ápice os restos dos involto- rios floraes ; dentro é dividido em 4 compartimentos, tendo em cada um duas sementes sobrepostas e grandes ; a substancia é córnea, e semi-trans- parente ; forma uma pellicula que en- volve as sementes. Esta substancia é doce, e muitos gos- tam de chupal-a. Goiaba «lo >iiat4o.— Myrtns sil- vestris. — Fam. das Myrtaceas. — Arvore agreste elevada, conhecida por este nome nas Alagoas. A casca é lisa, e vermelha. As folhas miúdas. O pedúnculo com duas escamas. As flores cremos que brancas. O frueto redondo, de 1 %. centime- GOI GOL S13 tro de diâmetro, com pericarpo áspero, de cor parda, e espesso, oíferecendo quatro compartimentos e, em cada um d'elles, iim caroço, lizo, oval e grande. Goiaba cie {saca. — Myrtns ala- goensis. — Fam. idem. — E' um fructo proveniente da arvore que tem este nome nas Alagoas. Esta arvore tem a casca lisa e es- branquiçada. Folhas oppostas, um tanto redondas. As flores são brancas, como as da goiabeira. O fructo é como um Araçá. Comem-na, principalmente as pacas. Goiaba de Periianibiieo. — Psydmu imhesccns^ Mart. — Fará. Idem. — E' uma planta sylvestre. Goía??a ( de ÍS. Parslo ). — Psy- dium incanescens., Mart. — Fam. Idem. — Arbusto que vegeta nos campos de S Paulo. Goia^^eiraiia. — Psydium acutan- gulum. D. C. e Mart. — Fam. Idem. — E' semelhante quasi á precedente, Folhas ovaes ou ellipticas, oblongas. Flores solitárias, de peciolos meio engrossados. O cálice, antes da estivação, é oblon- go e recurvado. GoiaVíinlta. — Fam. Idem. — Arvo- re semelhante ao Araçazeiro., de folhas mais miúdas e de porte arbóreo Sua madeira é muito procurada para estacas. GoitUiiriraãia. — CorcHa rotundifoUa, Ruú. — Fam. das Borragineas. — Quasi sempre esta planta forma arbusto e subarbusto. Suas flores distilladas são óptimas contra as ophtalmias. Seus fructos são excellentes. As folhas, que são aromáticas, ser- vem para banhos ; o pó do carvão de sua madeira se applica contra beli- des. Gual>ii*ai>M «lo HlarauSiuo. — Fam. Idem. — E' uma frutinha de menos de 3 centímetros de diâmetro, coroada pelos restos do cálice. E' amarella côr de gemma d'ovo. cheia de um sueco aquoso, e de se- mentinhas. E' saborosa. GualiiraSta, de Pcs*iiaiit1»uco. — Camimnanesia gnahiraT)a. — Fam. das Mijrtaceas. —O vegetal, que dá este fructo, adquire proporções arbóreas. A casca é lisa, e com manchas esbran- quiçadas e avermelhadas. As folhas são oppostas ou mesmo dispersas, ellipticas, enrugadas, e aro- máticas. As flores brancas, um tanto grandes, e aromáticas. O fructo é uma baga um tanto grande, regulando o tamanho de imia goiaba, porém achatado, coroado no ápice do mesmo modo que n'esta ultima. Interiormente a massa é branco-tri- gueira com as sementes maiores do que as da goiaba e quasi da mesma côr. O sabor é doce e acido, na varie- dade roixa. Existe outra variedade de côr ama- rella, que é adstringente. tíaaaSiiròSia, de Misias ó tfie Iisilíé . — Philodendron Imhé. — Arum arlorescens. — Fam. idem. — Esta arvo- resinha certamente não é o Imbé de Pernambuco, e nem o das Alagoas. E' um arbusto de 4 a .5 metros, de folhas oppostas, ovaes, luzentes e de côr escura. As flores com os dois sexos divididos. O fructo é uma baga um tanto re- donda, com um caroço. GUA GUA 2S1 Em lingua tupiuica é Tracuans. E' das regiões amazonicas. GuajArá tiiiibú. — V. Anileira Caachira do Norte. Guajar» tiauhú. — V. Anil. Guajurú. — Viceiítia acuminata. Fr. AU. — Fani das Comhreíaceas. Guajerú. — V. Goajurú. GiiMiiaiitly. — No Maranhão é o Anani., no Pará Planta. Guando. — Cajanus flavus, D. C — Cytisiis. — Cajanus., Linn., e Spll. — Fa)n. das Legiíminosas . — Assim se chama um legume cultivado no Brasil, originário dos orientaes. E' um arbusto de pouca elevação, quando muito até 1 e ^ a 2 metros ; suas folhas trifolioladas sãode còr verde acinzentada, pubescentes e ellipticas. As flores são em cachos, e de côr amarella, parecendo umas pequenas borboletas. O fructo é uma vagem roliça de 3 a 9 centímetros, fazendo algumas sali- ências nos pontos onde existem sementes, que são de forma redonda e cor de carne. Estas sementes constituem a bem co- nhecida e muito estimada hervilha do coniiuercio e do uso das cosinhas. Em Pernambuco não é abundante este legume, nem se cultiva em grande escala a planta. Nas províncias do Sul, especialmente no Rio de Janeiro, é que dão valor ao seu merecimento. No Rio chamam-lhe Guandos., e em Pernambuco Guandus., em outras par- tes Ervilha de Angolla. Diz-se que as flores mais próximas dos ramos são úteis contra as mo- léstias do peito, e também contra as dores de dentes. As folhas em cosimento curam as chagas; e as pontas dos ramos pisa- das são boas para sustar hemorrhagias. A cinza do lenho dá uma decoada, (') que limpa as ulceras, e é anti-bleu- norrhagica. Guaparuiba. — V. Mangue verrae- Iho., verdadeiro ou amarello — em tupi- nico — de S. Paulo. Gua|iaron;^a. — Marliera tomen- tosa, St. Hil. — Fatn. das Myrtaceas. — É o fructo de um arbusto fraco, de folhas oppostas, ellipticas, aloiradas. EUe é oval, com a pellicula externa roxa, escura e de sabor agradável. Giiapéba. — Fam. das Leguminosas. — E' uma arvore conhecida nas Ala- goas por este nome. E' uma das mais elevadas. Sua casca é muito grossa e esbran- quiçada. As folhas um tanto pequenas. As flores brancas, à semelhança de jarrinhos. O fructo ainda não observado. A madeira d'esta arvore é branca còr de palha ; não tem cerne distin- cto ou difí"erente ; dá boas taboas que se prestam para diversas obras. Guapelieira. — Guai^ela laurifolia. Gora. Fam. idem. — Planta do paiz cu- jos fructos tem a forma e sabor da maçã, e são comestíveis. Giiaiievade S. Paailo. — Hiji)an. tliera guapeoa., Mans. —[Fam das Nhan- diroheas. — Esta planta em Minas cha- mada— Fava de S. Ignacio. E' um arbusto trepador, com os ca- racteres pouco mais ou menos da An~ diroha. Propriedades medicas. — Suas se- mentes são amargas e oleosas. E' de um grande eflfeito na icterícia, na dose de uma a duas sementes, cinco a seis vezes repetidas ; sendo maior a dose, torna-se um purgante drástico. (*) Phraso vulgar que significa a solução da potassa. e outras priticipios contidos nas cinzas. GUA GUA Càiiaiiieoltailia. — Cássia Irasili- ensis. — Fam. das Leguminosas. Lamli. — Arvore do Brasil, com folhas dispostas em palmas compostiis. As flores em cachos. Os fructos são vagens compridas e achatadas. Ella é synonima de Cássia mollis de "Wild. — Cássia granais de Linn. Tem as mesmas virtudes da Cássia orãin . G2ea|iicé!>aihta. — Cássia brasili- ana.—Cássia mollis. eValil. Linn. — Fam. idem. — Arvore ou arbusto de folhas alternas, compostas de 10 a 20 pares, com foliolos oblongos. Ápice semimucronado, na face supe- rior pubescente, um tanto molle. Peciolos longos. Flores em cachos axillares, peque- nos, como as do mesmo género. Legume achatado, rugôso,e comprido. Para Linnèo. — Cássia grandis. Guapironga. — V. Guaporonga. Guaporon^a. — Marliera tomeií- tosa. — Fam. das legiominosas. — Planta de S. Paulo, cujos fructos são comes- tíveis e saborosos. Gua|iuy ou Guai»filiy. — Lon- gisiliculo. — Fam. das Bignoniaceas. — Planta do paiz, empregada em diversas moléstias syphiliticas ; a raiz cosida n'agua é boa contra as moléstias de olhos. Guarajuba. — Fam. das Comhrc- taceas. — Arvore que vegeta nas pro- . vincias do sul do Império. As folhas são simples e alternas. Os merithallos são desiguaes: alguns de forma elliptica, outros ovaes ou regulares. As flores são pequenas, e dispostas em racimo ; o pedúnculo primário é del- gado, anguloso e pubescente ; cada flor é acompanhada por umabractea linear. O fructo é uma samara coriaceoe, indehiscente, monospermica pelo abor- tamento presumível de um dos óvulos, e com três azas longitudinaes e estri- adas. A semente está suspensa por hum longo podosperma ; o episperma é mem- branoso ; não existe o endosperma, e o embryão tem os seus cotyledcnes folí- aceos, e embolados em espiral. A sua madeira é procurada para canos de conduzir agua para os engenhos de café e assucar, ou para os moinhos ; é também applicada nas obras internas. GnaraiBifi. — Paidlinia sorUlis^ Mart. — Fam. das Sapindaceas. — O Guaraná é um producto brasileiro, extrahido de um arbusto do mesmo nome, que ha- bita nas províncias do Pará e Amazonas. Os fructos que ella produz apresen- tam-se em cachos, como os da parreira, e, quando estão maduros, tem umabella cor vermelha rutilante ; as amêndoas são escuras, quasi do tamanho de avelãs. No seu fabrico seguem os indígenas da província do Amazonas o seguinte processo, que entretanto não tem sido averiguado com precisão. Colhem os fructos ainda não bem maduros, e os tratara com agua para tirar-lhes a parte carnosa. Torram as sementes, trituram-nas em pilões até reduzil-as a pó; por meio d'agua transformam este pó em uma massa sufficientemente consistente para ser moldada, sendo finalmente esta cosida em fornos próprios. Alguns asseguram, que além d'isso levam um pouco da substancia do arroz e farinha de mandioca peneirada. Assim preparado, o Guaraná se apre- senta no commercio em massas cylin- dricas, ellipticos, ou ovaes , multo compactas difRceis de se reduzir a pó, de còr roixa ou vermelha escura, de cheiro suave e particular, sabor amargo agradável, e mui pouco adstringente; pesa cada j)ão 8 onças mais ou menos» Propriedades medicas. — E' um ex- cellente remédio para a cura das ble- norrhagias recentes e chronicas ; em GUA GUA limonadas toma-se para saciar a sede ; é também muito usada com proveito nas diarrhéas e dysenterias. Internamente 8 grammas do pó para 375 grammas d'agua. Os Índios de Maiihe, das margens do Madeira inferior, são os que mais se applicam á preparação do GiMraná^ que fazem da semente da planta, for- mando massa cj^lindrica ou redonda, D' ali é levada ao commercio de muitos paizes, e se considera como panacéa dos pobres. Martins foi o primeiro que em 1826 estudou chimicamente este remédio ; e achou diflerentes principies ele- mentares. A massa do Qiiaranà rala-se, e, com agua e assucar, passa por grande re- frigeraate, estomacal, antifebril, apliro- disiaca. Excita o systema nervoso gastro-in- testinal, impede a evacuação supera- bundante de muco, desperta o movi- mento do coração e das artérias, e augmenta a diaphorese (transpiração) . E', por conseguinte, excellente remédio. Serve para combater as aífecções febris, as cólicas flatulentas, as enxa- quecas, engurgitamento das viceras abdominaes, predisposições de conges- tão para a cabeça, etc, excita o appe- tite carnal, diminuindo as funcções espermaticas. Guapa Eiú uva. F. Guaraná. Guaraparé ela iiiiuda. — Wcim- nannia Mrta^ Mart. — Fam. diis Saxi- fragaceas. — Arvore media, de ramos eriçados de pellos hirtos. Folhas oppostas, oblongas, sobre peciolos alados. As flores em cachos abundantes. Os fructos são capsulas oblongas ou globulosas, terminando em pontas aloi- radas. Contem duas sementes. Caracters da família. — As Saxi- fragaceas são plantas herbáceas, rara- mente arbustos ou arvores, cujas fo- lhas são alternas ou oppostas, sim- ples, e, algumas vezes compostas, com ou sem estipulas. As flores ora solitárias, ora diver- samente agrupadas em espigas, em cachos, etc. ; offerecem um cálice ga- mosepalo, plano ou tubuloso inferior- mente, onde elle se une ás vezes com o ovário, terminado superiormente em trez ou cinco divisões. A corolla, que falta raríssimas vezes é formada de quatro ou cinco pétalas ás vezes soldadas pela base. Os estames são commumente em nu- mero duplo do das pétalas, algumas vezes em numero indeflnido. O pistillo se compõe de duas carpel- las, em parte soldadas todas, e adhe- rindo mais ou m.enos intimamente ao tubo calicinal ; raríssimas vezes acha- se três ou cinco carpellas. O ovário, cercado de um disco peri- gynico mais ou menos saliente , contém ordinariamente muitos e mui raras vezes um só ovulo ; estes óvulos estam inse- ridos em um trophosperma collocado ao longo do septo. O fructo, que é raramente carnoso, é em geral uma capsula terminada pela parte superior em duas pontas mais ou menos alongadas, abrindos-se muitas vezes por duas válvulas septiferas. As sementes ofi^e recém sob o tegu- mento próprio um endosperma carno- so que encerra um embryão axillo, ho- motropo algumas vezes um pouco curvo. Guaraqtiini. — V. Herva Moura. Guaraquyinia. — E' um arbusto do paiz, que é vermifugo, e semelhante ao Myrto. Guararema. — F. llerarema. Guarda sereno. guarda sereno. — F. Capim Guardião. — Melothria offlcinalis. Fam. das Cuciirbilaceas. — Herva volú- vel, indígena de Pernambuco. Vegeta só nas mattas e ganha as maiores alturas, acompanhando as ar- vores mais elevadas. 5SS4 GUA GUI E* de caule pardo claro. Folhas recortadas. Flores amarellas, com dois sexos. O fructo é uma baga allongaua e pequena. Esta planta, da medicina domestica em Pernambuco, é empregada em clj^s- teres em ditferentes enfermidades. Giiarè. — Giíarea IricMlioideSy Linn^ — Fam. das MeliaceaS' — E' uma planta semelhante ao Gitó. O sueco leitoso que possue, é emé- tico, e cathartico poderoso. A infusão da planta é menos enér- gica. Guary. — Fam. das Palmeiras. — E' uma palmeira da America Meridio- nal, até estes últimos tempos desco- nhecida. Oiiafiibú ou Boxinlio. — Pel~ toginea-giíaruiú. Fam. dvs Leguminosas . — Arvore do Brasil ; sua madeira de côr roxa, não se confunde com a de nenhuma outra arvore. E' muito procurado para os raios das rodas dos carros. E' excellente madeira de construeção. Giiaxíiua. — V. Carrapichimho. — Corresponde ao malvaisco do Sul. Em lingua tupinica Guaxima. GuaiKiiiia branca. — Helicteres pemamhucensis , Arr. C. — Fam. dvs Mal- vaceas. — E' emoliente, succedanea da malva. Guaxima brauea. — V. Sacarro- Iha. Giiaxiiiia do Eaaaujsue. — Hibis- cns i^ernambiicensis ^ Arr C. — Fam. das Malvaceas. — Tem as propriedades da Meira lahata das outras Guaximas. Guax^iiaia «la inaita. xima b.anca de Pertiambiico. V. Gica- Guaxiiikba preta. — Ficus radile. -Fam. das Uríicaceas. — O sueco leito- so é antelmintico na dose do 2 á 4 co- lheres. Giiaxuma «lo luaiijsue. — Hi~ biscus 'pernambucetisis . Fam. idem. — Esta planta cresce em Pernambuco nos lugares' vizinhos ao mar, e principal- mente nas margens dos rios Goianna e Parahyba. Do líber poder-se-hia fazer boa cor- dagem para o uso ordinário. Guazunia. — Giiazuma ulmi folia. — Fam. das Bythneriaceas. — Os fructos d'este arbusto tem uma substancia mu- cilaginosa, doce e agradável, que se come. Guela «le pato. — V. Rabo de yorco. Guercroba «le reiuo. — Aspidos- permum muricalmn. — Fam. das A'pocy- naceas. — E' uma planta do Maranhão. Guiabava. — V. Braga da Praia. Guiiina. — PoTtlandia, hexandra, Jacq. — Couíarea speciosa, Atiblet. — Fam. das Rubiaceas. — Arvore que vegeta na Guy- anua e nos Amasonas. Suas flores são lindas, e bastante aromáticas. Seus fructos são capsulas. Propriedades medicas. — A casca é de um sabor amargo e desagradável, tendo também a propriedade de ser um pouco adstringente. Guira. — Struthantlius citricola. — Fam. das Loranthaceas. — Este vegetal também é commummente conhecido na lingua tupinica por telypote-iba., ou verarepoty. E' uma planta, espécie de encherto ou herva de passarinhos. Com esta herva contusa e fervida com azeite faz-se um unguento útil contra os tumores provenientes de frio. Os grelos são amargos como a chi- I coria, e constituem um bom palmito. GUfi GUT SSi Ouii*y ou Coqueiro guri- ly.— V. Guriry. Guiti.— V. Oiti. ^uiU-su-A^^—V.oiti-coróia^oiti-coró. Guiti-ibM. — oiti-coróia^ oiti-coró. Guiiti-torobat. — Pisou. Guiti-MiiriMi.— F. Oiti da Praia. Guity.— F. Sabonete. GuktyíoroSía. — Luciima rivicoas^ PÍS071,— Fam. das Sapotaceas.—- Arvore mui semelhante ao Sa^oti, até mesmo nos seus fructos ; estes são gommosos, saccharinos, empregados nos fluxos do ventre, e catarrlios pulmonares. E' uma espécie de Ahio. GulaiatliBU. — Moronohia coccinea AubL— Fam. das Guítiferas.— Arvore do paiz, elegante, lactifera, de folhas op- postas, oblongas, coriaceas, ovaes e gla- líras e pontudas. Flores em cachos nas extremidades dos ramos. Pedúnculos vermelhos. Cálice de cinco sepalas. Flores rubras e pequenas. Fructo, baga espessa, de um a dois caroços. A madeira d'esta arvore é um tanto fraca, porém boa para estivas de es- tribarias. A fructa come-se : é acre-doce ; mas só os animaes lhe dão apreço. GuluBtiléasa. — Moroíiohia grandiflora , Chvi. — Fant. Idem. — E' uma arvore do Amasonas, Suas folhas são ellipticas e maiores que as da precedente. Notável pela sua grande flor em cacho. Gai3'ijia!láflía oíi I*iM*i«iiiit«a*ia. — Traga/ium scanosus. — Fará. das Chenojyo- diaceas. — Nas Alagoas e em Pernam- buco dão este nome a uma arvore, a que pelo sertão chamam Piriquiteira. EUa tem a casca parda. As folhas á maneira de ferro de lança. As flores, em cachos pequenos, es- branquiçadas e miutiissimas. Os fructos pequeninos, globulosos, e com um carocinho dentro. O liber d'esta arvore dá bôa maté- ria para cordas. Gutti» |>ercl»a. — honandra giitta ou Jsonaíidra percheira. — E' uma arvore do Amazonas e dos lugares adjacen- tes, que fornece um sueco leitoso, igual- mente como o da Maçaranduheira. Este sueco solidiflca-se com o tempo pela acção do ar; serve para o fabrico de vários instrumentos de cirurgia. Suas applicações nas artes são in- numeraveis. A Gutta-percha não é tão elástica como a Gomriia elástica., mas adquire maior rigidez e resistência do que esta. E' uma substancia que se presta ao fabrico de talas para fracturas, pes- sarios, suppositorios, sondas e alga- lias. Para dar-lhe a configuração que se quer, basta immergil-a em agua quente, e trabalhal-a com os dedos. Quando torna á temperatura ordiná- ria recupera sua consistência primitiva, que é a do couro. Exposta ao fogo inflamma-se como todas as resinas, e arde desenvolvendo uma fumaça muito expessa. Electrisa-se facilmente. O tecido electro-magnetico, empre- gado contra as dores, não é outra cousa senão umas laminas muito delgadas de Guita fcrcha. Propriedades medicas. — O Dr. Sim- psom servia-se da dissolução da Gutta percha em chloroformio para fazer ci- catrisar as ulceras, o chloroformio vo- latilisa-se, e a GiUia-percha fica con- stituindo uma capa resistente sobre a ulcera, o que favorece a sua cicatri- sacão. 31 HER HER KC. Heliotropio. — Heliotropinm co- rymhosum^ Bomp. — Hei. grandiflormn . Jammc, Don. — Fam. das Borragineas^ Linn. — E' uma flor, natural do Períi, importada, e que se cultiva em nossos jardins ; é de tamanho regular, de 1 metro . E' ramosa, e um tanto pelluda ; é de uma côr verde desmaiada. As folhas são ovaes, e crespas. As flores, de suave cheiro, apresentam- se em cachos, nas pontas dos ramos, e são inseridas em um só lado, enroscan- do-se na ponta. Sua côr é de lirio misturada com o branco; ellas são afuniladas. O fructo é uma pequena baga verde, contendo um carocinho. IIei*Vi% itBBtloiMtilta.. — Eupliorhia ccecorum, Mart. — Euplwrh. linear is, Retz. — Fam, das Eitphorhiaceas. Propriedades medicas. — Esta herva contundida é applicada com proveito nas ulceras syphiliticas inveteradas. Em Pernambuco o seu cosimento é também applicado em clysteres; é ntil nas diarrheas, nas dysenterias, hemor- rhoidas e pleurizes. Herva. Anil. fera tinctoria. V. Anil. — Indigo- Todas as suas congéneres, que são nu- merosas, são oriundas dos paizes do Trópico. A Herva babosa c d'Africa e d'Ame- rica ; ella assemelha-se em estructura ao Ananaz; porém é menor, tendo as folhas quasi triangulares, grossas, cheias de um sueco amarello, de cheiro acti- vo e enfadonho, bordadas de espinhos em serrilha. Emitte do centro uma vergontea, a qual se cobre na parte superior de flores amarellas, como angélicas; don- de resultam uns fructos ovóides, cheios de sementinhas. A raiz forma um grande numero de fibras fortes, e que sahem além da su- perfície da terra. O sueco expresso das folhas, depois de seccas, forma o medicamento cha- mado Alôes^ que se apresenta como uma massa dura, parda escura, quasi negra, reluzente, frágil, de sabor ex- tremamente amargo desagradável, so- lúvel em agua quente, e no alchool. Este remédio faz parte do grande numero de formulas pharmaceuticas, e que são applicadas com vantagem internamente como purgativas na dose de 1 a 3 decigrammas ; dá-se mesmo em pó ou melhor em pilulas. Herva tios Barba de velho. Barítonos. — V. Herva «le Anil. — índigo fera don- niguensis ; Spreug . — Fam . das Legumi- nosas.— Em lingua indígena, Caachira ; Esta planta é como o Anil de Per- nambuco, já acima descripto. Herva «lo aniòr. V. Trevo. Herva habòsa. — Aloés htimilis. Flumb. — Aloés perfoliaía. Linn. e Spl. — Farii. das Liliaceas. — Esta planta Herv;» benta. — Genm tirbanum, Linn. — Fam. das Rosáceas. — Esta planta é natural da Europa. Suas folhas, frescas, podem ser usa- das como salada. E' considerada como anti-febril ; usa-se em infusão, que se prepara com 2 a 4 grammas para 375 d' agua. Herva «lo bicUo. — Polijgonum pelo seu uso familiar ê bem conhecida. J anti-hemorrhoidale^ Mart. — Fam. das Po- HER HER lygonaceas.— E' diurética e temperante, usada, quer interna quer externamente, em banhos e clysteres, nas gronorrheas, retenções de urinas, e liemorrhoides. Também empregam-na contra a gotta. Seu sueco serve para clarificar os xaropes na fabricação do assucar. Ha ainda duas espécies, Polygonum acre^ Hunt. Polygonnm síipticum^ Cham., empregadas nos mesmos casos. Estas são congéneres da Pimenta d/agua de Pernambuco. — Polygoniím hydropiper. Hepva €lo liiclio. — Nome dado em alguns lugares á Herva, moihra. Herva do liiclio. — F. Pimenta d' agua. Herva do liiclio. — No Rio de Janeií-o, S. Paulo, e Minas. — F. Pi- menta d'agua. Herva de calira. — Euphorhia licolor. — Fam. das Ev/phorhiaceas. — Esta espécie é semelhantíssima á Herva de S. Luzia, apenas com a diffe- rença de que cresce muito mais. As flores, porém, umas são rubras, outras brancas. O fructinho é semelhante. Os Alagoanos dão-lhe este nome por- que as cabras gostam muito d'ellas. Applicam-n'a para destruir bellidas. Herva de cabra ou S. L,uzia. ^ EufJíorUa unicolor. — Fam. Idem. —^ Hervinha agreste delicada, que em Pernambuco é também conhecida por Maria Leite, nas Alagoas por Herva de cabra. E' de 24 a 48 centímetros, de caule fino, leitoza, colorida de verde e ver- melho. Folhas oppostas, ellipticas, e lacti- f eras . Flores em cachinhos, roixeadas, e brancas. O fructo é um caroço roliço, de trez cocasinhas, como o do pinhão. Applicam o sueco d'esta planta nas doenças dos olhos dos animaes, mes- mo dos que acarretam alteração ou des- truição dos tecidos d'estes órgãos. Vimos applicarem-n'o ás galinhas. E' esta talvez a principal Herva de S. Luzia das provindas do Sul. Herva do^ eacltos. — Y. Tintu- reira vulgar. Herva dos cachos tia In«]ia. — Phytolacca decandra. Linn. — Farti. das Chenopodiaceas . — E' uma planta de raiz espessa e carnosa, que dá nas cercas ; tem um caule ramoso, e cy- lindrico, espesso e de côr purpúrea, de 1 a 2 metros de altura. As folhas são de peciolos curtos, ováes, e oblongas. As flores são vermelhas. Dizem sêr originaria da America Sep- tentrional; conhecida pelos diversos nomes de Raisiu des trofiques, Epinard des Indes. Herhe á la laque, Morelle e^i grafites, etc. As folhas novas são insípidas ; en- tretanto comem-n'as na America, como salada. Do fructo d'esta planta estrahe-se uma tinta vermelha; mas que não é firme. Herva canudo. — V. Alfavaca silvestre. Herva tio Capitão. — Eydroco- tyle honariensis . Lamk. —Fam. das Urã- belliferas. — Planta rasteira, que vegeta nas proximidades das aguas ; é origi- naria de Buenos-Ayres, mas também existe no Brasil. Suas folhas são em forma de rim, arredondadas. As flores, em cachos pequenos, .são esbranquiçadas. Seus fructos são pequeninos, formando capsula chata, com duas sementes dentro. Cremos que esta planta é a mesma espécie da de Pernambuco. A rama e o caule são acres e aro- máticos. HI',R IIER Propriedades medicas. — Quanto ás suas virtudes e iiccão sobre a eco- nomia, é semelhante (i salsa cultivada, e, como cila, diurética ; em doses gran- des é emética. Ella é applicada nas obstrucções do fígado e outras vísceras abdominaes. Hei'via «•arjíiaateãro. — F" Mil em rama. Ilí^j-va ©3ais;ail!í«. — Aviceunia al- veolaía^ Lacer. Fam. das Leguminosas. — Planta do Pará Á casca tem um sabor salgado, e é applicada contra as dores de dentes. líiT^-js . — F. Cipo de chumbo. lierva ei€ls*efla*a. — Melissa offl- cinalis., Litm.. — Fam. das Lahiadas. — E' uma planta accliraada no Brasil, de Vi a 1 metro de altura. Caules em moita. Folhas oppostas, pecioladas, bastante grandes, ovaes, um tanto cordiformes na base, de còr verde clara, acinzen- tada, e superfície áspera, nas margens. Flores brancas, com cheiro seme- lhante ao do limão, e de sabor aro- mático. Propriedades medicas. — Excitante, antispasmodico ; emprega-se nas diges- tões laboriosas, affecções nervosas, e como emmenagogo. Dá-se em infusão, e se prepara com 8 grammas da herva para 500 d'agua fervendo, Hervii cSaas «««iia*»®. — Euphorbia capiata., Lamk. — Fam. das EupJior- hiaceas. — Passa por um grande antí- doto do veneno das cobras. Na lingua dos indígenas Caa-cica ou Caa-tia. Ilervii «S« fo^ja'». — Miliania opi- fera., Mart. — E^ipatoriími crenaium., Gom. — Fam. das Compostas. — Esta planta vegeta no Kio de Janeiro, S. Paulo e Minas. piana (Herva anta) ; pode ser útil nas febres adynamicas, e substituir a ser- pentária. Ilervii oo33cy,-ãj». — Elcphanlopus lomefiíosus^ Ifart. — Fam. idem. — Esta planta é empregada como tónico e su- dorifíco nos catarrhos pulmonares. O sueco fresco d'esta espécie, e prin- cipalmente da variedade chamada Fumo bravo, é lithontriptico ( contra as pe- dras das urinas). brigucira. collegio. V. Herva lom- V. Herva Mfíi'Via «Sòee. — Anisum vulgares, Linn. — Fam. das Umbelliferas. — A herva doce é natural do meio-dia da Europa ; mas d'esde muito tempo se cultiva no Brasil. Entre nós porém é escassa, é rara mesmo de encontrar-se em Pernam- buco, onde já foi cultivada. E' uma herva delicada, que chega a 1 metro de altura, Seus caules e toda a planta são aromáticos. As folhas estreitinhas. As flores amarellas, pequeninas, em cachos á maneira de umbrella, cuja fructinha tem apenas três linhas de extensão, de forma cónica, e côr parda. E' angulosa, terminada na parte su- perior por um esporãosinho ; dentro existem as sementes. Estas são empregadas nos misteres de cosinha especialmente em certas comidas. São usadas também na pharmacia, como medicinal ; gosa de propriedades carminativas. IIei'»'is. dòfc Jirava. — Erylroxy- lon sUimlosum. — Fam. das Erytroxilcas. — Também a chamam Pão herva doce brava. Por ambos os nomes é conhecida Ella é diurética e substitua a Aya- \ esta planta. HER HER SS9 E' um arbusto de pouca elevação, pouco mais ou menos de -i metros. Os ramos, nas pontas, apresentam como que pequenos nós, cheios de es- camas paleaceas. As folhas são ovaes, e allongadas; as flores amarelladas ou esbranquiça- das, com cheiro agradável. O fructo é pequeno, oval, com um carocinho dentro. Herva «Eòpe zstuii«a. — Erytliro- xylon. — Fam. idem. E' um arbusto sil- vestre, conhecido nas Alagoas por este nome. Seus caules são de muita flexibilidade. Suas folhas oppostas, lanceoladas, pequenas. As flores são brancas e cheirosas ; dão mesmo pelo tronco. O fructo é de 3 eontimetros de diâ- metro, redondo, semelhante ao da murta, com um ou dois caroços dentro. Vegeta muito no littoral. Come"Se,e as vergonteas servem para açoitar cavallos. IIcs*va díiti'». — Mikania martiu- siana. — Fam. das Melastomaceas. — Ar- busto do Brasil, muito commum na provincia de S. Paulo, de 3 a 4 metros de altura. Ramos cylindricos, erectos, de côr parda acinzentada na parte inferior. Folhas erectas, oppostas, cruzadas, com a face superior de côr verde clara. As folhas tem sabor um pouco ads- tringente e adocicado. Propridades medicas. — E' empregada contra as diarrheas chronicas, em clys- teres, que devem ser repetidos por nl- guns dias. Hcrvia foííioeisra. — F. Icicariha. Hcrva das reviclagi. e Imhcri. V. Alhara llepva d<» ÍÈgvMíBo. — V. Lingua de tacca. Horva tie jçoíta. — Cephalanthvs striffostis — Fam. das RuUaceas — Assim chamam em Pernambuco a um sub- arbusto de 1 metro para menos de altura. O caule meio nodoso, côr de cas- tanha, é escamoso, e quadrangular. O ápice formado como que de pe- quenos nós. As folhas oppostas e estretinhas. As flores abraçam o caule circular- mente, formando capítulos de distancia em distancia ; são brancas, como an- gélicas, e mui pequenas. Cada fructo é uma pequena capsula molle ; elles se acham reunidos for- mando aggregados. Esta planta é semelhante á Vas- sourinha de hotão ; sua congénere dif- fere em ser de porte grande. Diz-se que tem virtudes, pelas quaes é applicada contra a gotta. Ilerva lomlirigiíBeúra. — V. Lom- brigiieira. Hepva sitijjoBia oii csjíia ei»- tttltilto.— CUtoria urinaria — Fam. das Leguminosas- — Herva alastrada, de caule roixo. Folhas compostas de três foliolos, e ellipticas. As flores, em cachos pequenos, são brancas, com manchas roixas. O fructo é um legume, estreito, de menos de 24 centímetros; os grãos são como os de feijão. Esta planta é muito diurética. Encontra-se frequentemente nas bei- ras das estradas, donde lhe vem o nome de Espia caminho., pelo qual é conhecido na Parahyba do Norte. He!*va Bítimiaíso. — Oenotliera affinis, St. EU e Mar t.— Fam.. das (Eno- thoreas. — E' planta vulneraria. IIí'1'^a i\\nui'i\. —Solauum nigrvM^ Linn. — Fam. das Solanaceas. — Esta planta vegeta no Brasil. Suas folhas são ovaes, sinuosas ou denteadas. *Z30 HER HER As flores são brancas, em umbrella pequena. Os fruetos, em forma de bagas, á principio verdes, depois vermelhas, e em fim quasi negras quando maduras. Propriedades medicas. — Uma cata- plasma feita com as folhas frescas, e applicada sobre o hypogastro ( baixo ventre ) são de grande utilidade nas retenções espasmódicas da urina. Sua decoccão usa-se como emolliente no eczema, em banhos, e internamente. Os fruetos (bagas) são venenosos. Herva iitoiíra do sertào. — Y. Parattião do Sertão . Herva aaiollc ialsa. — Achyran- tes fratensis. — Fam das Amarantliaceas. Esta herva tem este nome nas Alagoas. E' planta que alastra pelo chão, com caules apresentando nós. As folhas oppostas, ovaes, e molles. As flores em pequenos aggregados nas axillas das folhas, parecendo uns carrapichos ; ellas são formadas por pe- quenos tubosinhos paleaceos, brancos. Resulta d'ellas um fructinho preto. Serve de pasto dos animaes. Herva niolle TexMladeira. — ■Cissns mollis. — Fam. das Ampelidaceas. — Em Alagoas dão este nome a uma trepadeira. Herva que também alastra ; de caule sulcado, nodoso, molle, com apêndices para se agarrar as outras. Folhas ovaes, lustrosas. Flores umbelladas, de um amarello esverdinhado. Fructo redondo, pequeno, com dois caroços dentro. E' procurada pelo gado. Herva inullar. — V. Alcamphôr de S. Paulo ou, Alcamiúoreira . Herva dos »ftUE*os. — V. Puçá. Herva dos uaiuorados. — Y. Puçá. Herva de IVos^a Seiíliora. — \. Ca-pcha ou Cipó de cobra. Herva do paiitano. — Sagiltaria hrasiliensis ., Mart. — Sagiltaria sagittm- folia^ Well. — Fam. das Alismaceas. — Planta de raiz subterrânea. Propriedades medicas. — Sua raiz preparada como cataplasma, e mistu- rada com outras substancias adstrin- gente e aromáticas, é empregada contra as hérnias. Esta raiz dá uma espécie de fécula semelhante á de araruta. Ha mais três espécies. Caracteres da família. — Plantas herbáceas annuas ou vivaces, crescendo principalmente nos lugares húmidos, e á margem das lagoas ou dos regatos. As folhas são pecioladas, invagi- nantes na base. As flores, hermaphroditas, raras vezes unisexuaes, são dispostas em espigas, em paniculas ou em sertula. O cálice que falta no único género Liaa, é formado de seis sepalos, de prefloração imbricada ; as três mais internas são geralmente coloridas e pe- taloides- Os estames variam em numero de seis a trinta, de inserção hypogynica. As carpellas são reunidas, algumas juntamente em cada flor, e se conser- vam distinctas, ou se soldam mais ou menos entre si. O ovário, que é unilocular, contém um, dois, ou maior numero d'ovulos erectos, pendentes, fixos ao lado in- terno, ou espalhados de algum modo por toda a face interna do ovário Os fruetos são pequenas capsulas geralmente indehiscentes, ou abrindo- se por uma sutuia longitudinal e inferior. As sementes ascendentes ou voltadas se compõem de um tegumento próprio, que cobre immediatamente um grosso Iembryão recto ou curvo, em forma de ferradura de cavallo. HER HER S31 Horv» tio ii«i Caelwno. — Ver- bena liltoralis. — Fam. das Verhenaceas . — E' uma espécie que é empregada em banhos como excitante, e em cosi- mento, internamente, nas affecções ca- tarrhaes. flerva de parida. — Declieuxia aristotochia, Mari. — Aspenila ajanea^ Well. — Fam. das Rubiaceas. — E' uma planta de Minas, onde ella recebe este nome. Sua raiz é acre, e um pouco amarga ; emprega-se na suppressão dos lochios. Herva de passariiilio. — V. E71- xerto da fassarinlio. Herva «le Paulo. — Em tupinico Caa-inirim vem a ser a Congonlia ver- dadeira ou Matie. Veja-se os artigos Matte e Congonlua. X llerva iiipi ou raiz de Guiné. — V. Piín. Propriedades medicas. — No Rio de Janeiro a raiz d'esta planta, pizada e em forma de cataplasma , é applicada com~ proveito contra o enfraquecimento dos membros e contra as paralysias. llerva iioiiibinlia. — PliyUanthis niniri, Linn. — Fam. das Etifilwrliaceas . — E' uma lierva que vegeta na Azia, Africa, e no Brasil. Caule, de meio metro no máximo, mui- to fino. Folhas ovaes, alternas, mui pequenas. Flores amarellas esverdinhadas. Fructo com três lojas, e duas se- mentes em cada loja. Ríiiz fusca por fora, esverdinhada por dentro. Toda a planta é diurética. llerva jíreiá — Clmjsocoma repanda Vell. — Fam. das Compostas. —São plan- tas quasi sempre trepadeiras. Esta es- pécie vegeta no Rio de Janeiro, é em- pregada em banhos nas erysipelas bran- cas, e rheumatismo. llerva de rato da ainarella e verdadeira. — Palicoiirea strepens., Mart. — Fam. das Rubiaceas. — Arbus- tinho do paiz, de caules verdes, escu- ros. Ramos com folhas oppostas, ovaes, compridas e duras. Flores em cachos, amarellas côr de gemma d'ovo ; todo o cacho é amarello bem como o caule e a flor. Esta é como um tubo, abrindo em cima em lacinias. O fructo é uma baga reniforme, de- primida, preta, do tamanho de 1 e meio centimetro, com dois caroços dentro. Esta é a herva que mata os ratos ; dizem que só mata os animaes que nascem de olhos fechados, mas já foi feita uma experiência em um porco, e ede morreu. As folhas tem a mesma propriedade das flores. Ha uma variedade de flor branca, outra de flor roxa, e outra de flor quasi vermelha ; mas cremos que não encer- ram ellas o principio deletério em tão forte proporção como a amarella. (Fig. 20.) Herva de rato tle Goyaz. — Palicurea noxia., Mart. — Fam. Idem., — Planta semelhante as outras Fali- cureas; porém, das quatro espécies que são venenosas, sò esta pode envenenar o homem. Ella dá uma tinta vermelha. llerva aEe rato de Minas. — Palicurea nicotiatioe folia., Cham. etc. Schle. — Fam. Idem. — Arbustinho que vegeta em Minas. Tem as folhas oppostas, ovaes, com- pridas. As flores em cachos, e as fructinhas como a das outras. Dizem que todas estas espécies de plantas (Palicureas) são diuréticas, po- rém perigosas, em virtude de sua acção toxica. São consideradas pelos indigenas como verdadeiros venenos; empregados na medicina veterinária, em cosimento S3S HER HER ou em infusão, contra a retenção de urina dos cavallos e mnllas. Applicam-sc também os fructos, pi- sados e incorporados á banha, para matar ratos. Esta espécie encontra-se no Rio de Janeiro. Ilorva tic vrtfo de S. P«iilrt. — Palicurea Marcgravii, St. Hil. — Fam. Idem. — Arbustinho que nasce em S. Paulo e Rio de Janeiro, e por este nome conhecido. Seus ramos são meio quadrangulares. As folhas oppostas, oblongas. As flores em cachos, de côr assa- froada e vermelha. Herva sang:ue. — V. Lmgua de vacca. Hcpva ^aaiita — F. Fumo do matto., em alguns lugares do Brasil. Herva santa. — F. Ayapana. Ilervrt santa. — Bacharis ochnacea.; Mart — Fam. das Compostas. — Planta do Rio grande do Sul. E' herbácea, de sabor amargo, e reputada vulneraria. E' empregada nos mesmos casos da Carqueja. Na sua base o caule é prostrado, mas depois levanta-se E' aromática e excitante. Slcpva de S. «lono ifla Itafltía — Planta de raiz filiforme, de 1 metro de comprimento. Folhas cordiformes , verde-escuras por cima, e claras por baixo ; cobertas de pellos por ambos os lados, e com aroma. A flor é azul clara. E' usada como excitante. Em Pernambuco chama-se Fedegoso. llerva «le S. «João cm S. Paulo. — V. Mentrasto. Mer^a de S. «Fosto en\ Minas. — V. o mesmo acima. Herva de S. João no Pará. — 'V. Fedegoso de Pernambuco. Herva de S. L,iizia. — V. 3Iaria Leite. Herva cBe iSanta Anna. — Kuh- nia arguta., Humh. e Bomp — Fam. das Compostas. — Planta natural d'America meridional. E' muito empregada nas mordeduras de cobras. Herva de S. Caetano. — V. Melão de S. Caeteno. Herva «le Santa Helena. — E' uma planta, que se applica em banhos contra os resfriamentos fconstipação no vulgo), como sudorífico. Herva de S. João. — Glccoma lkederacea.1 Linn. — Fam das Labiadas. — Planta européa. Herva eS© Saíota Hlaria. — Cheno- podium amhrosioides. Linn. — Fam. dasChe- nopodiaceas. — Planta originaria do Mé- xico, e que expontaneamente habita no Brasil e Portugal. Vulgarmente chamam-na Herva for- migueira em Lisboa, e nas ilhas dos Açores. Uzam d'ella nas Alagoas e na Bahia, onde chamam Matriiz ou Mentruz. No México chamam-na CM do México. Suas folhas alternas, um tanto com- pridas, agudas, fortemente denteadas. Caule de 1 a 2 metros de altura, da grossura de uma caneta de es- crever. Raiz oblonga, amarellada por fora, branca por dentro. Flor miúda, esverdinhada. Fructo inteiramente envolto pelo cá- lice. Sementes muito pequenas, cobertas de um episperma amarello escuro. Propriedades medicas. — A planta HER HER 233 toda é aromática, e emprep:ada como vermífugo. Internamente dá-sc em in- fusão, que se prepara com 4 a 8 gram- mas da planta em 250 d'ag:ua. Hcrva tBe S. Pt'«fls*o. — Hiptis melepoefoUa. — Fam. das Labiaãas. Esta planta cresce no Pará, e é arcmiitiea. Herva lío SaE»« 05a Aze«?tsí?sa do líPoâo. — Herva saracura (Rio). — Begónia acida. — Fará. das Bcgoniaceas. — E' uma planta de caule succulento e herbáceo. As folhas alternas ovaes. O fructo é lima capsula triangular, com três azas, abrindo- se por três fendas, contendo muitas sementes. Existem muitas variedades d'esta herva, conhecida por Azedinha do Brejo ou Herva do Sapo nas provindas do sul, e que possuem as mesmas pro- priedades. O sueco expresso d'esta herva en- cerra acido oxalico ; ella porisso é diluente, e costuma-se empregar nos catarrhos vesicaes. No uso domestico serve para tirar as nódoas de tinta de escrever, das roupas. Her^^a sepea. — Parmellia rocella — Fam. das Liclienaeeas. — E' uma planta uzada na ti?íturaria. Herva sepcífio. — Conyza lanugi- nca. — Fam., das Compostas. — Esta ex- quisita hervinha tem este nome nas Alagoas. Ella não passa de 24 a 26 centíme- tros de altura; é de um verde esbran- quiçado. Seus órgãos são envolvidos por uma espécie de têa branca, que torna pal- lida a planta. As folhas são alternas e espatuladas. As flôrinhas são quasi microscopeas. Os fructos como pequenas pevides. E' applicada internamente contra as aphtas das crianças ; também usam pendura-la no pescoço, para o mes- mo ôm. H4?rva «os<ão. — Boerhavia hirsuta., Will. — Bocrh. pelhula., Linn., — Farii. das Nyctagaceas. — Esta herva, que em Pernambuco chamam Brêdo de porco., encontra-se pelas ruas, muros, calça- das e quintaes ; é bem prestimosa. E' uma herva que parece alastrada pelo chão, mas levanta seus ramos, que sobem até 72 centímetros. Elles são articulados, com folhas quasi redondas, um tanto succulentas ; são oppostas. As flores, dispostas em pequenos ca- chos, são rubras e brancas, á maneira de campainhas. Os fructinhos, (que se parecem com os da Herva doce), são pequenas bagas pyriformes, angulosas, verdes, pegajo- sas, do tamanho de 1 centímetro. Propriedades medicas. — Esta herva, além das virtudes peitoraes que se lhe attribuem, ha poucos annos reconhe- ceu-se também ser contra veneno dag- serpentes, comendo-se um ou mais dos tubérculos, que se encontram nas suas raízes. E' empregada como diurética e des- obstruente nas moléstias do fígado ; internamente dá-se em cosimento, que se prepara com 8 grammas para 375 d'agua fervendo. íServa ts-osfiiÍJeía. (variedade roxa.) — Datiira fastuosa, MUI. — Fam. das Solanacaas .— TieÚQVi^iTíi em Pernambuco por este nome uma flor, que é oriunda do Egypto, e procedente de uma planta herbácea, esgalhada, dd folhas oblon- gas, siunosas, manchadas de roxo. Suas flores são grandes como trom- betas simples ou duplas, e triplas, mescladas de roxo e branco, com cheiro, para alguns, suave ? O fructo é semelhante á um grande maxixe, oval, eriçado de aculeos. Dentro ha uma polpa aquosa, branca, crivada de sementes reniformes. Ella é venenosa comendo-se o fructo ou as folhas. II«'i*va troíB»!íc4a Iiraiífa tura arbórea. 3S — Da- s:í4 IBA IBI llcrvu venenosa. — Echiles vene- nosa, Mart. — Fam. das Apocynaceas. — E'. uma herva conhecida no interior das provincias por tal nome. Ella mata o gado, assim como as suas congéneres: por exemplo a Cerrera Thevetia, Linn., Thevetia Ahovai Will. Herva «le vidro. — V. Lingim de sapo. Herva íle vinlean. —Planta do Maranhão . E' de sabor amargo, e applicada como tónico contra os catarrhos. Hervinlia. — RocccUa iinctoria. D. C. — Fam. das Zzchenaceas, — Também a chamam he'>'vi?iha secca. E' uma planta epiphyta que se en- contra ás vezes nos rochedos. São plantas que se compõem de caules ou filamentos laciniados, de cores muitas vezes brilhantes, D'ella se prepara a lacca musci, ou lacca mucsica : matéria corante do com- mercio. Hiva-liai. — Grande arvore, ainda não determinada, que cresce nas mar- gens do Paraná. Hnniiri. — Humirium florihunãum, Mart. — Fam. das EupTiorhiaceas . — E' uma arvore do paiz, cuja casca é ads- tringente. lapan, ou Hia|iani. — V. Herva Santa. larivsi. — Fam. das Palmeiras. — E' uma palmeira de S. Paulo, descoberta a poucos annos, cujo palmito é re- médio i^ara os diabéticos. lariiniií. — V. Amhaitinga. Iliafiiraba. — Myrtxf,s arborescens, Britoa trifolia, Marcg. — Fam- das Myr- taceas. — Arvore do Pará ; seu porte é semelhante ao dos Araçaseiros. As folhas e as flores, fervidas com o Camará^ constituem um bom revul- sivo applicado em pediluvios. O fructo come-se. Ihaciirtk fiari, ou Bacopary. — V. Bacori ou Pacory. Ibaiariba. — Andira rósea, Mart. — Fam. das Leguminosas. — Arvore do Pará E' uma espécie de Angelim ; tem as mesmas propriedades. ília iiurinjrst- — Fam. das Rham- neas., Marcg. — Arvore, cujos fructos contém três amêndoas brancas, comes- tíveis. Iliáltitanísa. — V. Pitangueira. Ibira. — Xylopia frutescens, Aub. — Fam. das Anonaceas., — E' um arbusto do aspecto dos Araticuns. Seus fructos cheirosos sãoestomacaes, e aperitivos : e , segundo Pison, se appli- cam contra as mordeduras de cobras. Ibiraeen. — Liquiritis silvestris. — Fam. das Solanaceas. — Arbusto, que os nossos índios empregam nos mesmos casos que o Alcaçus. Ibira-obi. — E' uma espécie de páo ferro, Marcg. ICO IMB I1)írapitang;a. — Cesalpinia ecliinata, Lamk. — Fam. das Legxirainosas . — E' esta arvore o Pão Brasil de Pernam- buco.— V. Peio Brasil. Ibirareiíta. — Seguiera americana, Linu. e Vell. — Seg . floribunda. — Cer- donia, lldef. — Fam. das Phytolaceas. — E' empregado este arbusto nas moléstias rbeumaticas, berpeticas (empigensj ete., e também nas bydropisias. A sua cinza e lixívia serve para a purificação do assucar, e para o fabrico do sabão. II>ii'i|)âfau^«iassú. — V. Ihirajii- tanga . Ibirubá. — V. Pitangueira do maíto. Ibiriibe. — V. Jaracatiá. IbixuBiia. — V. Mutamho segundo Píson. Ieíca-Iie|>ta|iliilla. — Auhl. Iciea gíuyaiieMsis. — Idem. Icica altissinia. — Idem. Icieariba. — Icica icicariha., D. C — Amyris amhrosiaca, Linn. — Fam. Te- relintiaceas — Arvore do Paiz. Em lingua tupinica Almecegueiro., TJMrasiqv,á e Icicariba., e emguarany Teij. No Alto Amazonas também cbamam- na Resina Icica. Escorre d'esta arvore o Elemi Occi- dental, que, entre as resinas do Brasil, leva a palma ás outras. Icipú. — Tetracera oblongata., Marcg. — Fam. das Dilleniaceas . — E' planta ■congénere do Cipó mulatinho de Per- nambuco. Icó OH Iiiej». — Colicodendron Icó — Fam. das Cap])aridaceas . — Fructa agreste das catingas, conhecida no centro de Pernambuco, Minas Geraes e Bahia, por este nome. Nasce em lugares baixos. E' produzida por um arbusto de pouca elevação, mas que esgalha muito, e forma touceiras. Tem a casca escura, e as folhas com- pridas e estreitas. As flores são brancas, de tamanho regular, e aromáticas. O fructo, de 2i a 30 centímetros, é de forma oval, comprido, roliço, pon- tudo, e de côr verde mesmo na ma- turidade. O pericarpo é grosso, lenhoso, lus- troso, e amarello por dentro ; contém uma massa amarella molle, polposa, com 4 a 6 caroços, ligados uns aos outros longitudinalmente , e envoltos na polpa : abre-se em duas conchas. As sementes são amarelladas, oblon- gas e comprimidas, de mais de 3 cen- tímetros. As folhas do Icó produzem , nos ca- vallos e mulas, cólicas, retenções de ourina, tympanites, e até inflammações dos intestinos e dos rins, que accar- retam a morte d'esses animaes. Já se tem empregado, contra o en- venenamento por estas sementes, o sal de cozinha com óleo de ricino. Os tropeiros costumam dar aos ani- maes n'estes casos porção grande de milho, para neutralizar a acção do ve- neno. Ijfliueaini. — Nome de ura vege- tal ainda não classificado, cujo fructo, semelhante ao marmello, é um óptimo remédio contra as dysenterias. Ii»baniit%»i*a. Vell.) V. Imhuseiro (de Iittbé. — V. Ci])ó de Imhé. Iiiftbé ( de amarrar) Aruíntisun. —Fam das Araceas. — Esta espécie é seme- lhante á seguinte, porém seu caule não é leitoso, e o fructo não se come, porque não adquire o desenvolvimento da segunda. As vergonteas têm o mesmo uso dos cipós em geral. IMB IMB Iinlié «íc ronnT oii fiViict» «le IiiiSit'. — Arnm echde. — Fam. idem. — Planta indiprcna, qiio cresce uns mattas de Alagoas c de Pernambuco, semelhante ao Imhé bravo. E' trepadeira, leitosa, e parasita. Apresenta seus caules entranhados sobre o vegetal onde cresce ; elles são escamosos. As folhas grandes, tendo mais de 4 centimetros, cordiformes, oblongas, lisas e coriaceas As flores nascem nas axillas das folhas, sobre pedúnculos mais ou menos longos O fructo de 12 a 15 centimetros, có- nico e encerrando uma reunião de grão- zinhos redondos, amarellos, e adhe- rentes entre si, envoltos em uma subs- tancia, que não deixa que elles se des- prendão ; são todos inseridos em um eixo commum. Esse receptáculo, que forma o eixo da fructa, é cylindrico, de natureza frouxa e de côr branca ; muito boa de comer-se; a calda parece um xarope, quando é concontrada pelo calor. Fazem cestas dos caules. Propriedades medicas. — As raizes são drásticas, e aconselhadas contra as hydropisias, na dose de 25 centigram- mas a 1 gramma. lEtil!firti. — V. Pindaliiha. IinHiiri. — Camia mifftisdfoUa, Will. — Canna glauca., Linn. — Fam ias Amoma- ceas. — Esta planta, que se diz originaria dos Estados-Unidos, parece também sel-o do Amazonas. E uma herva de caule delgado. Folhas estreitas. As flores, com duas cores, são ver- melhas em parte, e em parte amarel- ladas. Esta planta é semelhante ao nosso Pirithi ou Piriquiti. Seus fructos são capsulas trigo nas, ásperas, de protuberâncias no pericar- po ; e cheios de sementes redondas, pardas, com a figura de contas de rozario. Esta espécie cremos sèr conhecida no Rio de .Janeiro por este nome de Imhcri., do qual fez acquisição a Ho- mneopathia. Imhiri ou Hcrva dos feridos., ou Al- hara parecc-nos ser a mesma planta. O parenchyma amylaceo da raiz de todas estas espécies tem partes ethero- anilaceas e resinosas. Propriedades medicas. — O cosimcnto das raizes, frescas e contundidas, usa- das em banhos, augmentam a diurese e a diaphorese. Applicam-se contra as dores rheu- maticas, e o torpor dos membros. Diz-se que o mesmo sueco é util contra o mercurialismo, e contra as dores de ouvido. leti^íirteiiifsú. — Bomlax Tiexapliylhim.i Vell. — Fam. das Bomhaceas — E' uma arvore do Rio de Janeiro; espécie de Barriguda de Pernambuco. IiBibatÍBeB. — E' um fructo do Rio de Janeiro, agreste, proveniente de uma arvore (Imbuinseiro). Este fructo é de 3 centimetros mais ou menos de diâmetro, redondo. O pericarpo membranoso, fino e roxo, com polpa cartilaginosa; cremos que com um caroço dentro. Serve de alimento aos pássaros. losibú. — Ambú, Umhu, Umhú. — Spondias tuherosa — Fam. das Tere- hinthaceas, — O Imhú é o fructo do Imbuzeiro, arvore indigena, e habi- tante exclusiva dos sertões ; é co- nhecida em quasi todo o Império. E' uma arvore propriamente dita. Suas raizes são tuberosas. As folhas dispostas em palmas. Flores miúdas, em cachos. O fructo é do tamanho de 12 a 15 centimetros, redondo, oblongo, tendo na base três a quatro aculeos molles ; é amarellado quando maduro. Seu pericarpo membranoso ; por den- tro ha uma massa branca esverdi- nhada e aquosa ; e um caroço grande no centro, com os mesmos aculeos. IMY ING 5537 Chupa-se esta massa, que faz passar a fructa por uma das melhores do sertão. 0 sueco do frueto espremido, e mis- turado com assucar e leite (imbuzada), constitua as sobremesas nos sertões da Bahia e mais provindas. As batatas, que dão nas raizes, em tempo de carestia e fome nos sertões do Norte, o povo as procura e come ; ellas são acidas, assim como a fructa. Também se applica este sueco nas febres. EUa serve de alimentação a certos animaes, e principalmente aos reptis. 1 iitliú . — V . Imhiseiro . Iniliú. — Cajá. Spondias. — Fam. Idem. — E' um Imbuseiro semelhante ao outro, mas a fructa é como Cajá de côr desbotada, e o gosto é differente do do outro Imbú: tem mais travo. IiBtlturana. — Bussera lepíopMocos . — Fam. Idem. — E' uma arvore do Brasil, e mesmo de quasi toda a Ame- rica Meridional, conhecida por tal nome na Bahia, em Minas, etc. Fornece, por incisões, um bálsamo verde alourado, parecido com a Tere- íewí/«'«a, que preenche os mesmos fins. Também ha nos sertões de Pernam- buco, Parahyba, Ceará, etc. Inilitiri oti Cotia9|iiiy!ia3a» oa Ki^iija. — Isto é Páo de Cxpsico, oit, Pimenteira — Em lingua tupinica no Pará e no Rio Negro Páo de rosa., em Cayenna Lecari- kanali., em lingôa caraiba Craveiro da terra. laiu,v<'i-;;«ia«iiii iba. — F. o Coco da índia. — Este name nos parece dos in- dígenas ou da índia. Ii3daij-a^.'9tli . — Attalea compta, Mart — Fam das Palmeiras. — E' uma bella arvore, a qual fornece uma gomma (bassorina), e pode como tal ser apro- veitada para diííerentes fins. laialaja «>ii cotitieiro Iiaiiaj-iiii!l. — Palagonula vulnera?-ia. — Fam. das Borragineas. — As folhas desta arvore são apreciadas pelos habitantes das regiões centraes, principalmente por serem reputadas efficazes contra os bubôes syphiliticos. — Tecoma impetigiuosa. — Fam. idem. — E' do Piauhy esta planta ; contém na casca também um principio amargo mucilaginoso, adstringente. Propriedades medicas. — Uza-se o seu cosimento em banhos contra as empingens, inflammações arthriticas, acompanhadas de debilidade, leucor- rhéa, e catarrhos da uretra. Ijí è I j6i>sa ¥ia . — Piuca. — Tecoma spe- ciosa. — P. Bigmiiia lougiflora., Vell. — A entrecasca d'esta arvore é amarga e acre. Propriedades medicas. — Em infu- são e cosimento, receita-se como diu- rético e catarthico , na dose de 4 grammas. \pè i|íi*«lo «Síiljíè roixo. — Te- coma curialis.— Fam. das Bignoniaceas. — Arvore de grande elevação, elegante e vistosa pela ramificação de seus galhos. A madeira escurece consideravel- mente com o tempo. As folhas «ão de um verde esbran- quiçado, e a casca é um pouco falhada. A madeira dura muito em esteios, e é muito procurada para construcção civil e naval. Spé iti4fíii(r«. — Tecoma sp. — Fam. idem. — Arvore das provindas do Sul das mais importantes, assim chamada pelo pó, côr de rapé, que dá, quando serrado . E' de pouca elevação, de grande ramagem formando uma copa vistosa. No inverno despe-se completamente das suas folhas ; estas são digitadas , e destituídas de estipulas. IPE IPE S41 Os foliolos são pouco mais ou menos em numero de cinco e desiguaes, mem- branosos, pela maior parte obovaes ; agudos no ápice, e redondos na base, onde o diâmetro de cada folioio é pe- queníssimo. As folhas avelludadas, de um verde escuro, xDenni-nervias. A casca é um pouco falhada. A madeira escurece consideravelmen- te com o tempo, e é empregada com grande vantagem nas construcções civis e navaes. Propiíiedades medicas. — O cosimento das cascas é applicado contra as an- ginas, dartros, e algumas moléstias dos olhos ,• o seu sueco applica-se contra a paralysia das pálpebras. Ilpeci%«;iii%aa2st& ÍÍSii^íhsbcí» 03S cio» csasàípt». — Solea campestres. — Fam. idem. — Esta espécie de Ipecacuanha acha-se pelo matto, mesmo á borda dos caminhos, e em todos os lugares incultos. E' uma herva um tanto pelluda, de 24 centímetros ou pouco mais de altura. Folhas lanceoladas e denteadas, al- ternadamente dispostas. As flores são brancas, e nas axillas das folhas ; ellas trazem uma membrana pendente, que parece uma bandeirola. A fructa é uma capsula trigona, foliacea, contendo muitas sementes. A raiz, da grossura de uma penna de escrever, ora cylindroide, ora pouco irregular, e sinuosa, ofiferecendo marcas annulares ; raizes mais espessas que as da Ipecacuanha iweta, e annelladas. Sua còr exterior é parda suja, mas pouco intensa. O interior é quasi branco, com- posto igualmente de um eixo ligneo, e de uma parte cortical mui pouco resinosa. Esta raiz é um pouco enjoativa, de cheiro quasi nullo ; é amylacea. Propriedades medicas. — E' purga- tiva e depurativa, usada sobre tudo nos casos de menstruações difficeis. Na dose de 8 grammas para 375 grammas d'agua fervendo, se prepara sua infusão. E' vomitiva n'esta dose, e dá-se nos casos de dysenterias, no sertão das Alagoas. I^seenramaaSaa li s* n aa e i» da jí£**4á«. — \iola littoralis. — Fam. das Violáceas — Esta espécie é muito espa- lhada nas costas e lugares arenosos do Brasil. E' de menos de 12 centímetros de al- tura. Suas folhas são ovaes, e desbotadas. A horva é pillosa. As flores são brancas, com manchas, estendendo uma lamina, que se entorta revirando. O fructo é uma capsula que contém, muitas sementes pretas, inseridas nas paredes internas do fructo. A raiz, da grossura pouco mais ou menos de uma penna de escrever, e um pouco tortuosa, é mui ligeiramente estriada ou enrugada, por efteito da secca, de cúr branca suja no exterior, oflerecendo sobretudo nas extremidades grande numero de fibras assaz grossas. Foi esta espécie que mencionou Pison sob o nome de Ipecacuanha branca^ e que o povo chama Poaia hranca. Propriedade medicas. — A medicina popular encara esta raiz como o melhor remédio que se pôde applicar á dysen- teria ; nos ataques epilépticos, nos ca- tarrhos da bexiga, e nos casos de dia- betes tem-se dito que é vantajosa : Em infusão na dose de 8 grammas para 3D5 grammas d'agua fervendo, que se toma três vezes no dia. edtCjiiaBBfiaa ^íreta» ou Po- ayst. — Ceph(£lis Ipecacuanha., Rich. — Fam^ das Rubiaceas. — E' um arbusto que vegeta nas mattas, principalmente nas províncias de Matto Grosso, Ama- zonas e Goyaz. Tem 86 centímetros de elevação. Folhas oppostas, ovaes, ou lanceo- ladas, e verdes. 33 JAB JAB As flores são brancas. O fructo ovóide, aiinegrado. A raiz fibrosa, flewiosa, offereceudo depressões circulares muito approxi- madas. A plauta habita á sombra dos grandes arvoredos, e nos lugares vi- zinhos dos pântanos. A raiz é de 24 centi metros de com- primento pouco mais ou menos, re- torcida, tendo a grossura de uma pequena penna de ganço, simples ou ramosa, formada de uma serie de pe- quenos anneis salientes, separados por fendas circulares, externamente cinzen- ta escura, cheiro fraco, mas desagra- dável, sabor amargo e nauseabundo. E' formada de uma parte cor- tical, cuja fractura é esbranquiçada ou cinzenta, resinosa ; e de uma parte mediana, fibrosa, amarellada. Do Brasil exportam-se para Europa centenares de kilogrammas annualmente ; e lá se vende por preços elevados. Propriedades medicas. — Vomitiva, tónica e expectorante em pequena dose é uzado com vantagem nas dysen- terias, febres de mau caracter, gar- rotilho. coqueluche, e bronchite. E' um dos medicamentos mais re- comendáveis da therapeutica brasileira. Internamente como vomitório, 1 gramma á 2, em 183 Q'agua fervendo. ( para infusão ) ( Fig. 22. ) IttPIIVA. — V. folhas. Ipé c Piuva^ cinco I|ia'i-1i»tata «Ic g>iii*^n oii Ja-. Iu|9a. — Piptoslegia Pisouis. — Em S. Paulo e em Minas chamam-n'a Purga de Amaro Leite. IriiciirasBa. — V. Ayri. Coqueiro Iry ou Ttanlta ilo PavíB. — Madeira de construcção naval, cuja venda ou corte é prohibida pelo governo. Arvore do Paiz. liú. V. Pão Ferro. IvasítàuB^á. — Icaíinffi ou Açoiía ca- vallos branco., — Luliea divaricata.^ St. Hil e Mart. e zuce — Favii. das Telia- cea^. — E' uma arvore de Minas Geraes frondosa, de altura mediana. Folhas ovaes. Flores em cachos, e brancas. Fructo em estado rudimentario, longo, ovóide, com muitas lojas. Floresce em Janeiro. ob- íva-MEBaf»5s, Marcg. — E' um ve- getal, comestível. Ssus fructos contem uma amêndoa, á semelhança da amêndoa doce. J. J[al>oc*aa&ili í»s*avo. — Piper jaho- randi, Well. — Ottonia. — Piper etectri- cum. — Fam. das Piperaceas. — Esta planta é conhecida nas Alagoas por tal nome. E' um arbusto de 14 a 1 metro, ha- bitante das mattas. Seu caule é verde, apresentando nós* ovaes, escuras , e op- As folhas postas. As flores nuas, muito pequenas, e verdes, são em pequenas espigas, do comprimento de 3 centímetros, e acham- se reunidas em grande numero, umas de um sexo e outras de outro. Pela vista mal se distinguem as JAB JAB 243 flores , mas apenas uma superíicie áspera. O friicto é redondo, e em tudo se- melhante ao de sua congénere, diífe- rindo pela organisação. Esta planta possue a propriedade de produzir tremor na lingua, quando so- bre ella se colloca o caule contuso do Jaborandi, Propriedades medicas. — E' um dos maiores aplirodisiacos, e um sudoriíieo dos mais enérgicos. A tintura é estimulante, e emprega-se em fricções sobre os membros para- lysados. E' poderoso anti-odontalgico. «faboraiBiIi sitaiiso. — Oltonia, ani- suu^ Spl. — Ottonia jahorandi. — Fam idem. — E' uma planta de folhas alternas, oblongas, lanceoladas. As flores em espiga, como as da precedente. O fructo é uma nosinha quadran- gular. Esta planta exhala cheiro de Aniz. Propriedades medicas. — A tintura é estimulante, uzada em fricções sobre as dores rheumaticas, e os membros paralysados. «9a1>oritn(!i, cio Parw.— F. Al- favaca de cobra. cfaSiotá. — Anisosperma passiflora., Mans.—FeviUea fassiflora., Vell.—Fam. das Nhandiroheas oic Cucurbitaceas . — As sementes d'esta planta, ou castanha de Jabotá^ dá um óleo graxo amargoso, resinoso, tido como estomachico. A dose é 3 ou 4 sementes. Ha ainda a espécie Feuill. monos- ferma., Vell. Esta espécie parece a Nhandiroba ou Gendiroba de Pernambuco. Esta planta é conhecida no Rio de Janeiro, e em Minas Geraes pel o mesmo nome ; e não é a Fava de S. Iguacio — Jgnatia araara., mas uma espécie per- tencente á outra familia de plantas. As sementes de Jabotá do bugre — Fava de S. Ignacio, contém um óleo amargo, e uma matéria suave e resi- nosa, que se reputa como o mais po- deroso dos antídotos, e também esto- machico. Propriedades medicas.— Administra- se na dose de 4 a 8 grammas contra as indigestões e as flatulências, constipa- ções do ventre, e espasmos intestinaes. E' purgativa em dose maior. A outra planta do mesmo género, Feuilla monospermica., tem os mesmos uzos. Jal}otai»itú. — Ochna jabotapitá, Vell — Fam. das Ochnaceas. — Arvore do Brasil, cujo porte tem muita analogia com a Cerejeira da Europa. Suas folhas, alternadas, inteiras, e ás vezes denteadas, são muito incons- tantes, porque cahem muito. As folhas em cachos, sobre os ramos do anno antecedente. Os fructos compõe-se de diversas carpellas. «fialsotafiiâú cEe Mina^. — Gora- phia hexasperma, Si. Hil, — Fam. idem. — Esta é também parecida com o Batiputá de Pernambuco. Emprega-se o cosimento de sua casca no curativo de picadas de insectos. «FabotieaSia de caEiíiiiiKía. — Mgr tus jaboticaha. — Mgrt. canlijlora , Mart. — Engenia caidiflora, D. C- — Fam. das Mgrtaceas. — Esta fructinha é de uma bella arvore do Brasil que nasce nos bosques ; é muito conhecida no Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. E' um arbusto, ás vezes arvore, de casca cor de castanha e lisa. Suas folhas são oppostas. As flores são brancas e cheirosas, e nascem do tronco e ramos, em feixes. O fructo é de 2 a 3 centímetros, redondo, de còr roxa escura, e averme- lhada, tendo na parte superior vestí- gios da flor. S41 JAB JAC í;"'. Seu periearpo é fino, coriaceo ; e doutro encerra uma massa aquosa, branca acinsentada, do sabor doce e acidulo, mui agradável, com dois caro- ços, de 3 centiinetros, alvadios, acha- tados. Este fructo só se come no mesmo dia, em que se colhe, porque corrom- pe-se muito facilmente. Propriedades medicas. — A entre- casca em cosimento, applicada inter- namente, é bôa para asthma. Na dose de 8 gramraas para 500 gram- mas d' agua fervendo, prepara-se a in- fusão. «JiíSjoíieisSji» dia sBaiaíâía. — Eugenia — Fam. idem. — E uma jaboticabeira arbórea, que tem os fructos como os da campina. Tem dimensões arbóreas. A casca é lisa, de còr castanha. As folhas são miúdas, oppostas, ovaes oblongas. As flores são brancas, iguaes á supra- dita. ' O fructo, o mesmo ; desenvolve-se por todo tronco até o cimo da arvore. Seu sabor é semelhante ao da outra. luiSu. — Eugenia tomentosa. — Fam. idem. — Esta outra espécie, rara, nunca apparece no mercado, e passa pela me- lhor das jaboticabas. Ella parece ser especialmente natu- ral de Pernambuco. E' semelhante a arbórea, porém a fructa é coberta de pellos macios. No sabor é a melhor das três espécies. de campina. V. Jaboticaba tIttSiotiBuatn. — DelUlea grandiflora. — Fam. das Leguminosas. — E' esta planta do Norte. Propriedades medicas. — Suas folhas em cosimento são de proveito nas queimaduras. A planta é adstringente. «9»$';». — Artocarpus iníegrifoUa., Linn — Silodium cauliflorum., Gcertn. — Fain. das Urticaceas. — Fructo proveniente de uma arvore originaria das índias Orientaes. Cultiva-se cm diversos lugares do globo. E' uma arvore elevada e copada, cujo tronco tem a casca grossa e fendida ; transuda um sueco leitoso, viscoso. As folhas são ovaes de 12 centí- metros e mais, grossas, duras de um verde-negro lustroso. As flores são nascidas directamente do tronco e ramos, e de dois sexos. As masculinas estam em um eixo commum, á maneira de uma pequena espiga, em forma de massa ; as fêmeas em outro eixo cobertas de protube- râncias, que crescem e desenvolvem um fructo (a Jaca), tendo de extensão mais de 48 centímetros, ovóide ou redondo. Sua suqerficie é composta de sali- ências cónicas, de côr verde-amarel- lada; interiormente compõe-se de um corpo filamentoso, amarellado, viscoso, molle, que se divide em conparti- mentos, em cada um dos quaes aloja- se uma baga de 6 centímetros, de natureza gelatinosa, viscosa, e de sa- bor doce e agradável ; tendo no centro um caroço, que é oval, alvacento. Come-se a massa, assim como o caroço assado ; uzani até d'elle como feijão ; mas presta-se a outras diversas applicações. O seu sueco leitoso serve para luz, e é muito viscoso. A madeira emprega-se nas cons- trucções navaes e eiveis. Na província das Alagoas, princi- palmente na antiga Capital, cidades das Alagoas, com tal profusão existe esta fructa, que até da-se ao gado, e compra-se cada uma por dois vinténs. Conhece -se entre nós três variedades : a Jaca dura, a Jaca molle, e a Jaca manteiga. , • JAC JAC A primeira tem maior acceitação; •a p-pg-unda couta também alp-uns apai- xonados; a terceira rivaliza com a primeira, porém passa por mais in- digesta. Uma excellentc propriedade tem-se ultimamente reconhecido n'ella, que é combater a tosse, de qualquer na- tureza, e mesmo dissipar uma fluxão para o peito. «lapa. iiaBitn . — Bignonia ccenãea. — Will. — Bignonia , Jacarandá., Linn. — Fam. das Bignoncaceas. — E' do Brasil e das Antilhas. Esta é um.a das arvores importantes do paiz; cresce com abundância no Fará, Alagoas, e Bahia. E' arvore commum e ramosa. Suas folhas são compostas. As flores, em pequenos grupos, são como trombetas meio curvadas, roixas. O fructo é uma vagem allo.ngada, comprimida e de consistência lenhosa. As sementes são estriadas, isto é, riscadas, e com expansões (aliadas.) A madeira d'esta bella arvore é côr de castanha no cerne, com veias mais escuras, ou mais claras, conforme a qualidade. E' mui compacta; presta-se bem ao- polimento, e é de muita duração. E' uma das principaes madeiras em- pregadas nas construcções civis e na- vaes, e na marcenaria. As obras antigas de marcenaria e de tornearia dos Templos são todas d'esta madeira ; ella exhala um cheiro agradável. Ha diversas espécies de Jacarandá, peculiares á certas províncias, entre ellas aeha-se o Macliceriími scliororislum. clrteapoBseSn íjs-aaae». — V. Jaca- randá campina ♦Íacaa'«aaclí5. eafsÉíBsía. — V. Bál- samo. c9ac*iCB'asB(l',c de eanagcíma «sii !íE*íiisB?*o. — Swartzia jacarandá. — Swar- tzia graridiflora. Redd. — Fam. das Le- guminosas. — Arvore pequena do paiz, que nas Alagoas recebe este nome. Sua casca é alva. As folhas, oppostas e dispostas em palmas, são ovaes, ásperas e de côr verde. S46 JAC JAL As flores em espigas pequenas, bran- cas, tendo um stygma em forma de lamina, rodeado de feixes de filetes a mure 11 03. O fructo é uma vagem, presa por um pedúnculo, que a suspende. As sementes são como os grãos de feijão. Cliamam-na t-àmhem Ralo decavaUo. Esta planta cremos ser o Jacarandá branco de Redd.: Swartzia gr andi flora. •faearttntl» Tãa. — Dalhergia. — Fam. das Leguminosas. •lacarandú giaralo. — NissoUa. — Fam. idem. — E' uma arvore de folhas em palmas, não em cachos. O fructo, vagem em forma navicu- lar, com expansões membranosas na base, á semelhança de azas. Contém poucas sementes. •IacaK*an da íiTTW. — Eiigcnid jau- hosa^ Litm. — Fam. Idem. — O jambo é lima fructa mui aromática; tanto oriunda da índia como do Brasil. E' proveniente de uma arvore de tronco lizo. Folhas oppostas, lanceoladas agudas, escuras, parecendo-se bem com as de sua congénere. As flores em cachos são brancas como as da precedente. O fructo porém é redondo e oval, coroado por quatro palhetas esverdi- nhadas. Elle é amarello na maturidade e mui cheiroso, contendo dentro um caroço, raramente dois, que desprende-se dos tecidos, e chocalha agitando-se o fructo. As folhas do Jambeiro tem proprie- dades venenosas ; porém seu antidoto está na raiz da mesma, segundo se diz. Comtudo, fazem d'esta3 folhas um xarope, levemente laxativo. «Jí6í!5a25o ve£*B2BeISac». — Eugenia. — Fam. idem. — Arvore mediana ou ar- busto, natural da índia; semelhante ao jambeiro vu*lgar no tronco. Entretanto, suas folhas são menos lustrosas, e mais largas. As flores são mui parecidas. O fructo dá pelos galhos, tronco, e axillas das folhas, em cachos. Elle tem a mesma estructura do Jamho hranco ; é de côr de rosa bo- nita, mas, quanto ao sabor, é insípido. ♦SífiíaiígssBei'?. — V. Puçá. íJasaíSijBaa-íssssí. — V. Janiparandiha. «F ií. 5!s ir it «3 e í r 5?. o :í e nia 2j á i' a P>E«ai:iieií. —Apeiba cimhalanea, Ar. Cam. — Fard. das Tiliaceas. — Arvore que ve- geta nas mattas das províncias do Norte do Império. E' indígena, el(>vada, por tal nome conhecida n'essas províncias. Seu tronco sobe a grande altura sem ramificar-S8 senão no topo. A casca é escura. As folhas são grandes, fazendo copa no cimo, e ásperas. As flores, amarellas, grandes e com pellos. Os fructos são globulosos, tem o ta- manho d'uma pequena laranja, cheia de espinhos ; são de côr parda, por dentro repartido em compartimentos, nos quaes contém as sementes, que são pequenas e pardas. A madeira d'esta arvore é de uma textura tão frouxa, que sustenta- se sobre as aguas, comportando grande peso sobre si. Por esta razão, faz-se com ella a singular embarcação, de que os pesca- dores se servem em Pernambuco para pescarias; e que se chama jangada com a qual elles transpõem o oceano, á distancias bem longínquas. Fazem outras maiores, que servem de paquetes. Estas tem uma casinhola no seu las- tro, que acommoda famílias; navegando beira mar na costa, vão de Pernam- buco até á Bahia, e até o Ceará. As canoas, a que chamam barcaça, e que navegam pela costa de Pernam- buco e das províncias adjacentes do Sul e Norte, tem dois páos d'esta ar- vore, para formarem equilíbrio ; cha- mam-os -embonos. Ainda da casca d'esta arvore tiram- se excellentes cordas, que fazem um ramo de commercio. Ha uma espécie de jangadeira, cha- mada Griíjan., que é a primeira madeira carnais estimável para o mesmo fim. ft3iísíi|9aK'icc2«íiJi>a. — V. Janiparan- duba . »I a §í 1% V jí EB c2 5sSí lí . — Janiparandiba., ja~ foarandiba c jaudiparana. — São as mes- mas plantas. tI;í|5«E*5'Eisí!ú5ía. — Gustavia hrasili- JAP JAR :49 ensis, D. C. — Fam. das Myrtaceas — Arbusto silvestre, conliecido quasi em todo o Brasil por este nome. Apresenta-se em forma de touceira. Seus ramos mui flexives, de casca escura. Follias alternas, errandes , obovaes , oblongas, semelhantes ás do J eni^ajieiro . Flores, em grupos de 3 a 4, são grandes, maiores do que uma rosa araelia, mas com uma só ordem de pétalas. Estas são de côr de carne, com li- geiras manchas rosadas, cheias de fi- letes no meio, tendo raáo cheiro. (*) O fructo é uma capsula semi-lenhosa, obconica, tendo interiormente algumas sementes (não pequenas), collocadas horisontalmente . Estas sementes matam os cães. A folhagem, mergulhada nos tanques e rios, desenvolvem um cheiro insup- portavel. A madeira é mui flexível, por isso fazem cestos, arcos e outros utensilios. •Japceaaa.a*:*. — Smilax japecanga. — Fam. das Asparagaceas. — Esta planta é conhecida por este nome em Pernam- buco, Alagoas, Rio, etc. Em algumas provindas é conhecida por Salsaparrilha. E' uma trepadeira, que vegeta nas margens dos rios e em lugares frescos. As raizes se compõem de um ou de vários tubérculos arredondados, assas volumosos, brancos no interior, com vestígios de um princípio corante ver- melho na epiderme. O caule é perfeitamente cylindrico, da grossura de uma penna, ofiferecendo em sua superfície alguns raros espi- nhos, de uma côr verde á princípio, depois amarella. As raizes são todas fendidas pelo meio, no sentido de sua extensão, e são formadas por uma casca, de uma côr cinzenta um tanto avermelhada, delgadíssima e muito enrugada, e de um medithulio lenhoso e volumoso, (*) Este (jenero distingua-se pelo cheiro de ca laver em decomposição. mas completamente vasio no interior, de modo que este medithulio deve formar um verdadeiro tubo de uma extremidade á outra da raix. Esta toda apresenta um sabor um pouco salgado e mucilagínoso, e um tanto amargo depois. Propriedades medicas. — E' empre- gada nas moléstias syphiliticas, cutâ- neas, rheumaticas, e gotosas. Na dose de 30 a 60 grammas para 1000 d'agua prepara-se o cosimento, que se toma três vezes ao dia. (JseiBOiíiPiíSíeSsIííg. — V. Ja7nporandil)a. «Js^CEaieÊra. — V. Jaca. efí9 5*««»aíí'/i Oía MiasBuão «lo BBÈtaíío. — Carica spinosa., Will. — Carica dodecapliglla, Yell. — Fará. das Papaya- ceas. — Esta arvore também recebe o nome de Mamola. E' natural do paiz, e só vegeta nas mattas. E' alta, apresenta o tronco cheio de espinhos, recto, ramificando-se supe- riormente, estendendo os ramos ho- risontalmente, com sua folhagem miúda e lactifera. Tem a apparencia do Mamoeiro., e sua fructiflcação ó semelhante ; isto é, tem aggrupados os fructos no cima da arvore, e pendentes. A Mamota é da mesma forma do Mamão^ sendo menor e mais esguia ; no mais é igual, e internamente tem também a mesma structura ; é muita leitosa. A massa é semelhante, e também mui saborosa, talvez melhor que a do Maraão. O leite d'este fructo serve de remé- dio para as hydropisias ; e nos anímaes externamente applica-se como excellente abstergente. Por este nome de Jaracatia é conhe- cido em Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, S. Paulo e ^linas. Também chamam-lhe na Bahia Ma- \rnão do matto., Maraão bravo e Mamota. 34 SoO JAR JAS O fructo come-se crú, assado, ou co- sinhado ; é comparado ao Melão. Cura as feridas e ulceras usado em forma de cataplasma. O sueco leitoso concreto, que corre naturalmente das incisões feitas na Mamota, nós conservamos sob a forma de pilulas, e d'este modo temos con- seguido ter sempre á mão, para uso dos doentes, o leite de Jaracaiiá Modo de iizar. — Dá-se pela manhã cedo, em jejum, -i a 6 pilulas aos adultos, para os menores bastam 3 pilulas ; e immediatamente por cima uma cliicara de chá da índia. Três dias depois repete -se outra dose, até conseguir o resultado desejado. •laracatiá. — Dá-se também o nome de Jaracatiá a uma espécie de Cacto, cujos fructos, segundo Pison, são co- mestíveis, e mui empregados nas febres intermittentes. •fiimiiiBva ou cofiueiro Ja- raiuva. — Leoiwldina pulchra. — Fam. das Palmeiras. — E' uma elegante pal- meira do Brasil. JavmnxtAtsti-A. — Fam. das Legumi- nosas. — E' uma arvore que tem este nome no Rio Grande. Vegeta pelas margens dos rios- Dá um fructo redondo, com um ca- roço no centro. Os animaes inferiores o comem. •larafstea. — Arum dracimcuhmi, Linn.,e., Will. — Fam. dasAraceas. — Esta planta ó natural da Europa, mas cul- tiva-se no Brasil, onde tem recebido' este nome. Julgam muitos mesmo ser ella in- dígena do paiz. Ella tem na Europa o nome vulgar de Serperitaria. E' quasi rasteira, isto é, sem caule ; forma um bolho sobre a terra, das b ainhas das folhas, que se abraçam. Das folhas, que tem 50 e mais centímetros de comprimento, pendem dois lobos grandes na parte inferior. As flôfes são como as do Arum, contidas em um estojo, e com a mesma estructura ; mas são muito maiores, de um roixo purpúreo interiormente, e verdes por fora; exhalando máo cheiro. O fructo é uma baga encarnada. A raiz ó tuberosa. Esta espécie, e a subsequente, pa- recem ser a mesma planta. •Jararaca. — Dracontimn folifliyl. íum. — FafJi. idem. — E' um vegetal do Pará. Propriedades medicas. — Suas raizes são amylaceas ; contundidas, e appli- cadas sobre as ulceras, as modificam. Empregada internamente, é útil con- tra a asthma, chlorose, amenorrhea, e mordedviras de cobras. «Iai*l)ãn ou íJs*se%-ã®. — Agiiara- •ponda — Gerehão, gervão. — V. Orgevão — «faroiré oia M«síi5Sai|íèi9i. — E' uma planta, cuja semente é oleosa, e farinácea, com virtudes medicinaes. •íarolía. — Tancecivm jaroha, Swartz. e Marcg. — Fam. das Solanaceas. — Planta das regiões Amazonicas, tre- padeii*a, em forma de touceira. Seus fructos são bagas cascudas, com polpa dentro, e varias sementes . O fructo é emolliente e peitoral. JarrJBílao. — V. Angélico. «larro HBaasa*SíKí5©. — V. Jararaca. •f a SBia i I» a Bíí a a*el 1 «9 . — Jasmimim fruiicans, Linn. — Fam. das Jasminaceas. — Este jasmim, a que dão este nome em Pernambuco, é natural da Itália. E' de uma planta semelhante ao do Jasmirji da Índia, mas as folhas são trifolioladas, e não quinquefolioladas, como as do outro. A flor, em seu contorno, é igual, po- rém é muito menor, e é de côr ama- rella-viva, e de quasi nenhum cheiro. JAS JAS O fmcto é uma baga redonda, roixa, com um caroço dentro, mas que nunca se vê. Cultivam este jasmim nos jardins. O Jasmim da Itália é que ha de servir de typo ao género. •lasuiiita asião. — Amsonia lati folia, Micli. — Fam. das Ajmcyneas. — E' oriunda da America esta flor, e provém de um pequeno arbusto, de 1 metro e pouco mais de altura. As folhas, oppostas, ovaes, e meio crespas. As flores em cachos, pequenas, ftomo jasmins propriamente ditos ; são bran- cas, de um tecido espesso, e um annel amarello na face do tubo. •lasmtíBtt l>o^i)a>i. — Jasmimmi vo- luMle. — Fam. das Jasmineas. — Este jasmim, natural do Cabo da Boa Espe- rança, recebe este nome em Pernam- buco. E' resultado de um subarbustinho, que trepa sobre outros corpos. Seus ramos e folhas são oppostos; estas são ovaes, onduladas, e lustrosas. As flores são brancas, como jasmins communs, mas de um tecido succulento; e cheiro parecendo-se com o da flor Bogari. E' ornamento de jardim. •taisuàim Bia'aBBeo. — Fam. Idem. — Em Pernambuco dão este nome a um jasmim branco, produzido por uma planta. As folhas oppostas, ovaes, e molles, de cheiro agradável, não tem as zonas rosadas como o Jasmim commum. O seu tecido não é tão carnoso como o d'aquelle. E' ornato de jardim. «9asieiis» «9 o CaS»o. — Gardénia florida., Lhin. — Fam. das Rubiaceas. — A flor que chamam Jasmim do Cabo em Pernambuco, e mesmo na Europa, ■é oriunda d'essa parte do globo. E' um subarbustinho ramoso, de 1 a 2 metros de altura. Folhas oppostas, ovaes, lanceoladas e lustrosas. As flores são brancas, com o tecido quasi transparente. As bordas das pétalas dobram-se umas sobre as outras. Exhalam um excellente cheiro. Toda a planta contém um sueco leitoso. E' uma planta de jardim muito es- timada e rara. •lift^iiiim eitniba*aia. — Nerimi ocJiroleucum, Horteil. — Fam. das Apocy- neas. — Recebe este nome em Pernam- buco, e é oriundo da índia. E' um arbiistinho pouco esgalhado, com as folhas compridas, lusidas e pequenas. A flor, em pequenos pedúnculos, como fios oblongos, amarellados. Um grupo de pétalas brancas., sub- transparonte, circula a face do tubo, e um annel amarello. Tem cheiro suave. •JasBiiig» «le CayeBBSBa. — (*) Melia azedar adi., Linn., — Fam. das Mcliaceas. — Esta planta, a que em Pernambuco dão este nome, no Rio Grande do Sul chamam Cinamomo. E' natural da índia e da Cicilia, conhecida na Europa por Jasmim azul. Ella no seu paiz natal é grande ar- vore ; mas entre nós é uma arvore pe- quena, ou um arbusto. Suas folhas são encrenadas. As flores em cachos grandes, fazendo pyramide. São formadas por um tubo purpúreo, e a lamina em cima dividida em cinco lobos revirados, com cheiro um tanto activo, mas um pouco fastidioso. O fructo, que parece uma azeitona, é também rôixo escuro, e tem uma semente dentro. Não se come. Acredita-se que suas folhas, fructos e flores são venenosas. (') Na Bailia é est-» o nome do Jasmin manga ; e a Melia azedarack chama-se iasmin de soldado. ^0 Vj> 1)^ JAS .TAS Al<í-uns auctores contestam cssaidéa; mas sem hastanto prova paru g-arantira innocuidatle da planta. Propriedades medicas. — E' empre- frada, externamente, para apressar o amadurecimento dos bubues. Interna- mente, é estimulante, aperiente, c an- thelmintica; cm doso alta c abortiva. «^saÉauEíBSB «le ccrpi» «jsn «8o ííBtsíSo. — Jasminum fluminense^ Vell. — Fam. das Jasmineas — Arbusto tre- pador, que cresce em touceiras, e que faz grande entrelaçamento sobre as arvores adjacentes. E' conhecida em Pernambuco por este nome, e também impropriamente por Jasmim da índia. Suas folhas são compostas, e de uma côr verde azulada. As flores, como o jasmiii dos jar- dins, porém muito menores e de seis divisões estreitas ; tem cheiro agra- dável e dão em pequenos cachos. O fructo é uma baga redonda, do tamanho de uma ervilha; é roixo de- negrido ; encerra uma polpa aquosa, de côr roixa viva, porém que desmerece em pouco tempo. Contém uma semente dentro. As vergonteas são lisas, mui flexíveis. Fazem-se d'ellas cestas, balaios etc. Esta planta é digna de ser intro- duzida nos jardins, para caramanchões. Das flores póde-se obter por distillação uma essência, de cheiro agradável. íJiiSBBsiaía poninauiit. —Jasminum officinale, Linn e WiH.—Fam. das Jas- mineas. — Em todo o Brasil é conhe- cida esta flor por Jasmim ; alguns a chamam Jasmim da Itália., mas ella não é oriunda da Itália, e sim da índia. E' sem duvida uma •flor dos nossos jardins, acclimada entre nós d'esde epocha desconliecida. Sua fragrância suavíssima, disputa a primasia entre as mais flores aroma- tica-í. Ella ó proveniente de um arbuíto es- galhado, em touceira. Suas folhas, em palmas, de cinco a sote foliolos, são brancas, dispostas em pequenos grupos. Formam um tubo, que na parte su- perior abre em cinco laminas, como estrellas brancas, e com uma capa ro- sada de um lado, e um tubo verde na sua base. O fructo quasi nunca se desenvolve. Todos sabem que os Jasmins servem para aromatizar banhos, formar ra- malhetes e preparar cheiros (essências), para UtíO de toucador. Sua agua distillada é applicada aos olho,^, c pôde ser dada internamente como antispasmodica. eIfê%S2BBiBsa Jacrsi — Fam. das La- biadas . — Esta flor exótica, a que dão este nome em Pernambuco, é prove- niente de um arbustosinho, de folhas ovaes. Flores vermelhas, em espigas, como cornetinhas oblongas , com a borda livre dividida em cinco lacinias, for- mando como dois lábios. O cálice é verde, e pequeno ; sahem de dentro os filetes. A flor nãg dá cheiro. aSissiiifiiiaa larisssjm. — Mnrraya exó- tica., Linn. — Fam. das Aurantiaceas . — Planta natural das índias Orientaes, por este nome conhecida em Pernam- buco. O arbusto é uma planta parecida com uma larangeira pequena ; porém com as folhas compostas, miúdas e es- pessas, glandulosas e sempreverdes. As flores apresentam-se em cachos, da mesma estructura das da laran- geira, sendo porém pequenas, e com alíjum cheiro. o fructo que produz é ovóide, e quasi confunde-se com um limão pe- queno ; quando maduro torna-se ver- melho. Dentro ha dois compartimentos, cada um contendo uma semente, E' conhecida na Europa esta planta por Bois de la Chine ( madeira da China). JAS JAT ^^ «JO Coma-se a friictinlia, e faz-se d'ella limonadas refrigerautos. •lía^aÀiiiiia sssMíiyra. — Ccrhera man- gas ^ Linn. e Wíll. — Fam. das Apo- cyneas. — Arvore leitosa da índia, cujo sueco leitoso é emético, e venenoso. daSDiaissi do Eíaaíío. — Y. Jasmim de cerca. •Ia!^iiiiss> flSo BBíiaíSít elo P;iir:'s. — TaJjeriíaimoHlana citrifolia., Linn. — Fam. das Apocyneas. — E' um arbusto, que ve- geta no Pará e nas Antilhas. E' lactifero, e o seu sueco leitoso é empregado como anti-gastralgico. «la^misH íBtts MsaTCBas. — Plmn- hago auriciãata, Liíin., — Pliimb. coerulca^ Hortut. — Fam. das Plimíbagincas . — Em Pernambuco é conhecida esta flor por tal nome. Ella é d'America, proveniente de uma herva quasi rasteira; de folhas pequenas, lanceoladas, lisas, dispostas em feixes. As flores, em pequenos cachos, são azues, e em forma de uma angélica ou jasmim. O pedúnculo tem pellos pegajosos. Isão tem cheiro. O fructo é uma capsulasinha insi- gnificante. Caracteres da família. — Familia natural, por uns coUocada entre as Apctalias.! e por outros entre as Monopc- t alias. São vegetaes herbáceos ou subfru- ctescentes, de folhas alternas, algumas vezes unidas na base do caule, e inva- ginantes. As flores são dispostas em espigas, ou cachos ramosos, e terminaes. Seu cálice é gamosepalo, tubuloso, crespo, e persistente, ordinariamente de cinco divisões. A corolla é ora gamopetala, ora for- mada de cinco pétalas iguaes, que quasi sempre são ligeiramente ligadas entre si pela base. Estames, geralmente em numero de cinco, e oppostos ás divisões da corolla, são eppetalios, quando esta é poly- petala. São immediatamente hypogynicos, quando a corolla é gamopetala (o que è contrario á disposição geral). O ovário é livre, muitas vezes de cinco ângulos, de uma só loja, con- tendo um ovulo pendente do alto por meio de um podosperma filiforme basilar. Os estyletes são em numero de três a cinco, e terminam por outros tantos estigmas agudos . O fructo é um akenio envolvido pelo cálice. A semente se compõe, além de seu tegumento próprio, de um endosperma farináceo, no centro do qual existe um embryão, que tem a mesma direcção da semente. •FtiSiííájÈa vitpoB* oia «lê» S. eJ®ãé. —Plumeria riíbra, Linn. — Fa^n. das Apo- cynaccas. — Este arbusto é natural do continente americano, chamam-lhe assim em Pernambuco, e também alguns o chamam Vapor. E' uma flor procedente de um arbusto de 2 a 3 metros de altura, de tronco liso, cinzento, lactifero em todas as suas partes. As folhas aggrupadas nas extremi- dades dos ramos, são ovaes e grossas. As flores, reunidas em cachos, são como jasmins grandes; apresentam três cores, isto é, sobre um fundo côr de carne, zonas vermelhas, e amarellas, formando um todo engraçado; tem cheiro suave . O fructo, que raramente se vê, é como uma vagem comprida. Esta planta despe-se de sua folha- gem em certo tempo do anno, conser- vando unicamente as flores. E' ornamento de jardins. •JassiaSti. — V. Jatobá. JaíHiíia.— r. Tatajuba. «lataulíit ou eoc|iieii*o ef tttau- S54 JAU JEN ba. — Sz/apies cocoides. — Fam. das Palmeiras. — Palmeira do i)aiz. «luttfty. — V. Jetay. «latobit. — Hymenosa courharil., hinn. — Fam. das Leguminosas. — Arvore do Brasil, Minas, Bahia, e Pernambuco. E' copada, revestida de folhas alter- nas, peeioladas, compostas de dois fo- liolos approximados, ovaes lanceola- dos, 6 luzentes. Inflôrescencia em paniculas. Flores pequeninas. O frueto é uma vagem lenhosa, de 24 centímetros de comprimento, e de (3 a 9 centímetros de largura, contendo quatro ou cinco sementes, envoltas n'uma polpa amarellada, e doce. Come-se a polpa, mas é enjoativa. Do tronco e dos ramos d'esta arvore exsuda uma resina conhecida pelo nome de Resina animada. Nas províncias do Maranhão e Pará chamam-lhe Jatahi ; também lhe dão o nome de Resina ou gomma copal. E' em pedaços de còr amarellada, fractura luzente, e cheiro aromático. Emprega-se para fazer verniz. A madeira é muito forte, e procurada para moendas de engenho, arados e eixos de carros, e outras muitas appli- cações. Propriedades medicas. — A resina é remédio popular contra a hemoptysis, na dose de 10 centigrammas, mistu- rada n'uma gemma d'ovos, três vezes ao dia. As sementes são usadas contra a asthma, na dose de 4 grammas para 200 grammas d"agua, em infusão, que se dá três vezes ao dia. •liséoliit. — Hymetma síilbocarpa., Hayne., e Mart. — Fam. das Legumino- sas — Esta espécie tem as mesmas api)licaçõ8S da precedente, e das seguin- tes. Jatahy é também o nome do Ja- ioM nas províncias do Sul. •JatiEta. — Solamim jaima. — Fam. das Solanaceas. — E' planta do Pará, que tem virtudes diuréticas, e anti- scorbuticas. tlatiari oii coctuciro «lasiarí. — Asirocarium janari — Fam. das Pal- meiras. — Arvore do Pará e Amazonas. E' uma palmeira alta, de tronco cy- lindrico, cheio de espinhos. Os fructos são drupaceos, como co- quinhos, carnosos por fora, e ósseos por dentro, como são em geral todos. «(eiai£»a|eo o» «feiBipabo. — Ge- nipa americana. Linn. — Fam. das Ru- hiaceas. — O Jenipapo é um frueto agreste do paiz, proveniente do Jení- papeiro, que é uma arvore elevada, de IG a 20 metros, de casca cinzenta e liza. Folhas oppostas, espatuladas, oblon- gas, e luzidias, Flores amarellas, um tanto grandes, formando um tubo, cuja parte superior é dividida em lacinias, que são re- torcidns. Abaixo da flor está o frueto rudí- mentarío, que, depois de desenvolvido, tem 12 a 15 centímetros de diâmetro, redondo, com um rudimento de tubo no cimo. Tem o pericarpo fino, còr de barro, que se desprende facilmente ; é coberto de uma substancia pulverulenta, que também se desprende facilmente. Compõe-se de nma massa, de 1 e % centímetros de espessura, muito elás- tica, còr de oca; é clara e aquosa, de sabor acre e doce ; e a cavidade central é cheia de uma polpa jnuito aquosa, còr de barro, envolvendo muitas sementes chatas, de mais de 3 centímetros, quasí redondas. O frueto, quando maduro, cahe da arvore ; então esborracha-se quasi sem- pre. Não passa este frueto por bom de comer-se ; sendo porém partido e mis- turado com assucar, torna-se agradável; possue um principio excitante forte, que estimula o estômago. A madeira do Jenipapeíro é branca. JEN JER SÕS muito solida, com os poros mui unidos ; é i susceptível de polir-se ; tem tanta elasticidade, que não se pode quebrar um ramo. E' delia que quasi exchisivamente fazem-se formas de sapatos, e outros utensílios, como coronhas de espin- garda, etc. O sueco da fructa, quando verde, dá uma matéria adstringente, applica-se em banhos nas ulceras syphiliticas. Possue uma matéria corante roixa azulada, de que se faz tinta. A raiz é purgativa. Propriedades medicas. — A planta é empregada contra as diarrhéas, e em loções nas ulceras syphiliticas. Os grelos, pisados com azeite, são desobstruentes, segundo muitos me- sinheiros, e até alguns práticos. «FeBBSpapo lís*4tvo. — Ge^iipa agres- tis — Fau. das RuMaceas. — Este ar- busto agreste, em Pernambuco, tam- bém é impropriamente conhecido por Laranginha. Tem 4 a G metros de altura. Esgalha pouco ; seu tronco e suas folhas são parecidas com as do Jeni- papeiro manso. As flores, porém, tem o tubo mais longo, e são de côr amarella mais viva. O fructo differe na côr e consis- tência, mas na forma é semelhante. Seu diâmetro é de 6 a 8 centíme- tros. A casca é dura, e mui adherente ; é de côr verde, e lustrosa. Eis aqui as differenças mais notáveis entre um e outro. Não se come. A madeira tem a mesma flexibilidade, e também é empregada. Nas Alagoas o chamam Espoletas, e em Sergipe Jenipapinho . •Feii i I»» 2» B salto . — Genipa verticulan- iis. — Farn. idem. — Esta espécie é dif- ferente da precedente, ainda que se pareça muito com ella. E' de pequeno porte, mui parecido com o Jenipaipo ; estende seus ramos quasi horisontalmente em derredor do tronco, formíindo de distancia em dis- tancia uma umbrella. As folhas tem quasi a mesma forma, assim como a flor. O fructo é de 6 a 9 centímetros de diâmetro, com a mesma forma do antecedente ; é amarello na maturidade, e lustroso ; tegumento córneo ; dentro é como o precedente : a substancia in- terna aquosa e doce. Come-se esta fructa chupando-se por uma abertura que se faz. A madeira é como a do que ficou descripto, e serve para os utensílios agrícolas. «Ic(|KiÈB'io9>s«. — Solarmm jequiriola . — Fam. das Solanaceas. — Esta planta é um excellente remédio contra as anginas. E' pelo Dr. Silva empregada contra a morphéa. Julga-se que é o Aguara- quid — fiolauum oleracemi. •9era$upa,3l£ftiiac». — Manacã, Ge- raiacaca. — Cangamhd. Franciscea uiiiflora. — Fam. das Scrojúiilariaceas. — As plan- tas que recebem tantos nomes pelas demais províncias, não são todas o Manacá de Pernambuco. Ha varias plantas de differentes fa- mílias, segundo creio, com este nome.^ Dizem que esta planta Jerataca, em. todas as suas partes, especialmente a raiz, é um excitante enérgico do sys- tema lymphatico ; expelle os vírus pelo suor e pela ourína ; é muito utíl contra a sj-philis, d'onde vem chama- rem Mercúrio vegetal. A entrecasca é bastante amarga e enjoativa ; estimula a garganta. Em dose pequena é resolutiva, e em dose grande laxa o ventre, desafia as ourínas, e promove mesmo o aborto. E' antídoto do veneno das cobras, e em dose muito elevada produz o efi"eito de um veneno acre (consulte-se a Martins em Buchner). Os índios do Pará envenenam suas SStí JÍQ JOÁ settas com estas plantas , segundo consta. •í e i ii Sa y . — Hymenoea maríiana , Hayn e . — Fam. das Zeponviosas. — Vegeta em Minas, Bailia e Pernambuco. •Stfáalaj". — Ilí/ni olfersiana^ Hayne. — Fam. idem. — Nas mesmas províncias. •Feiaiay. — Hym Stigonocarpa^ Mart, — Fam., idem. — Vegeta no Piauliy. «PetrtSíy. — Hyhi Selloniana, Mar i — Fam. idem. — Vegeta no Piauliy. «JetaSij". — Frachylohium martiamím Hayne. — Fam. idem. sonas. Bahia e outras provincias, cujo lenho é mui rigido e de boa qualidade. E' própria para os misteres da car- pintaria ; fazcm-se com ella muitos objectos raraes, etc. — Euterpe oleracea, Mart. — Fam. das Palmeiras. — Palmeira que vegeta em todo o Brasil septentrional. ,JiÉò. — V. Giió. S&Á iíBaaiai'«iía3«». — Solanum am- hrosiáci0n. — Fam. das Solanaceas. — Ve- geta em Santa Cruz, e tem as mesmas propriedades do Joá. Vegeta no Ama- tleiaiEía. F. Jetahy. Jiíti&ifica. — Segundo ]\Iarcgrave, São as diversas resinas das difleren- tes Hyrfienosas., oíferecidas ao commer- cio com o nome de copal. E' com esta resina que os indígenas vidram a louça. JeíisisBva. — V. Jetahy. •leticu. — V. Balata doce. •Teticucú. — Convolvulus hederaceus^ Qodoy. c Spl. — Opercidina tm'pethum.i Maus. — Fam, das Convolvidaceas. — Planta herbácea de Minas. • Suas folhas são cordiformes, lobadas, e suas flores purpurinas. A raiz é tuberosa e purgativa. Jeticiieú. — 7. Mechoacan. •letuca. — F. Batata doce. •liquilibá. — Pyxidaria macrocarim., Schott. — Fam. das Licheneaceas. — A casca d'esta planta é empregada nas hermor- ragias e leucorrheas. A madeira é utilisada em vários artefactos. tSiaiíiiíilí'». — Arvore de Sergipe, 9l©á ®aa «!feías(L'âa*«>. — ZizifMis joa- seiro, Mart. — Fam. das Rliamneas. — /oa, que por corrupção o povo chama Enjuá, é uma bonita arvore regular do paiz, e com espinhos x)elo3 ramos. Folhas ellipticas, lustrosas, coreaceas. As flores dão nas axillas das folhas em pequenos feixes, que parecem es- trellinhas amarellas, esverdinhadas. O fructo é como uma Pitomba, quatro vezes menor ; tem 1 e '/4 centímetro de comprimento, é globulosa e acha- tada, e com uma orla no pedúnculo. E' côr de barro, áspera e tenaz; por dentro é branca, e tem uma substancia mucilaginosa, branca e doce, que enche o espaço onde se acha uma semente muito dura, que reparte-se em dois caroços. A entrecasca d'esta arvore diz-se que goza da propriedade de destruir a caspa da cabeça ; lavando-se esta com a decocção ; mas quasi sempre é um meio improfícuo. O sueco da casca applicam para as contusões, pancadas, e ferimentos, com feliz resultado. No sertão, faz-se d'esta casca uma beberagem, que depois de passar por certa preparação, applicam á phtisica pulmonar; admiram emfim os prodí- gios do Joá pelo interior. Além d'isto encerra um principio saponaceo, com o qual as lavadeiras podem lavar roupa. JUA JUM S5*S Cremos que todas as províncias do Império conhecem esta arvore pelo nome de Joá; porém no Pará dão este nome á uma outra espécie. Dizem que o fructo tem a mesma ap- plicação da Jujuha. «Joá ou Jiiú. — Juripeha oií Jwe- peba. — Solanu7ii paniadatum. — A raiz da Jtiniheha que é por demais amarga juntamente com as folhas, e os fructos mucilaginosos; obra com propriedades resolutivas nos enfartes das visceras abdominaes ; externamente applica-se também nas ulceras, e feridas. João Goutes. — V. Bredo Major Gomes. doão €lo Ptiçá. — E' umfructinho agreste do Maranhão, produzido por um arbusto. Seu tamanho é de menos de 3 cen- tímetros, de forma redonda e oblonga, com signal de uma coroa no ápice, e de côr amarella. A casca é tenaz, unida á uma massa pouco compacta, amarella, acre- doce e um pouco pegajosa, que produz sequidão na bocca. Tem dois ou três caroços, ou apenas um, comprido e branco. «fosApiíann^a. — Planta rasteira; es- tende-se em vergonteas. E' muito empregada em cosimento, como sudorífica e anti-venerea. Joaseiro. — V. Joá. Joaiiesia. — V. Anda-assú. Jiiá-assú ou «lua 3iiva. — E' em Tupinico a Cerejeira. Juú q!o I\oríc. — V. Melancia da Praia. Juá fiiea. — F. Camapú. •luá do Sul. — Frtícía do Joaseiro, «fuá uva. — Gengibre branco. Jubai. V. TamaHneiro. Jubeba. — F. Juripeba. •Fucá. — Fam das Legurainosas. — Ve- geta nos sertões das províncias do Norte, e principalmente nos de Per- nambuco e Ceará. E' uma arvore elevada, de uma madeira duríssima, óptima para as obras de construcção civil. Suas folhas, dispostas em palmas e de còr verde, são ovaes. As flores são em cachos pyramidaes. O lenho é roixo, ou castanho. Propriedades medicas. — As cascas d'essa arvore, postas de infusão, na dose de 4 grammas para 500 gram- mas d'agua, empregam-se nas a Afecções dos pulmões, isto é, contra asthma, tosse convulsa, e em geral qualquer tosse antiga ou recente. E' remédio uzado nos sertões pelo povo nas contusões. Conhecendo nós essas virtudes temos preparado o xarope, e atinctura de/wcá. eJueafié. — F. Sapé. •Jussara ou coqueiro «Jus- sara. — Euterpe liuicaulea. — Fam. das Palmeiras. — Esta planta, que tem este nome nas Alagoas, é indígena. Seu caule, extremamente fino, é lizo na extremidade superior, nú e glabro. E' de côr amarellada. O ramalhete das flores é pouco denso. As folhas, pinnadas, são proporcio- nalmente pequenas ; deitam um cacho pendente, como em muitas palmeiras; o cacho é muito ramificado. Os fructinhos são de 3 centímetros, ovóides e roixos, quando maduros ; a massa dentro é amarellada, com um caroço no centro, que se torna roixo. Esta palmeira tem o nome de AssaTiy em outros lugares. «Jujsibeira. — F. Maçã de Anafega. «Jsiaubèbii. — Cactus ojnmtia, Linn. — Fará. das Cacíaceas. 35 SS8 JUN JUN Propriedades medicas. — Esta planta acalma as dores sciaticas, applicada em cataplasmas ; misturada com extrac- to de Saturno é útil na elepliantiasis dos Árabes. O xarope dos fructos e folhas é em- pregado na phtysica, e julga-se pro- veitoso também na lepra. Seu sueco, misturado com leite, é vantajoso nas ophthalmias simples. O uso d'este fructo torna a urina vermelha. ditiieu. — Cl/perus esculentus, Limi. — Fam. das Cyperaceas. — Herva' que vegeta nas proximidades dos rios e mesmo n'elles, e que tem este nome nas Alagoas e Pernambuco. E' uma espécie de capim. Compõe-se de uma vergontea verde, cylindrica, elevando-se verticalmente sobre o solo, lustrosa, flstulosa, tendo até 1 metro de alto, e na raiz pequenas tuberas, (batatinhas), de cheiro activo, e que não é desagradável ; tem uma cor escura. E' rugosa, e contém um principio rezinoso ; dentro é amarellada e escu- ra. No ápice vè-se uma reunião de esca- rninhas sobrepostas, formando uma pe- quena espiga, nas axillas das quaes estão umas florinhas quasi invisíveis. Esta Ju7iça é empregada pelos cu- randeiros para muitos misteres. Eila tem propriedade carminativa bem enérgica, e é anodyna. O cheiro é muito agradável, e por isso empregado na perfumaria. JÍ0I2BCO «le cwBS|çalBí». — Lepidos- perma officinalis. — Fam. Idem. — Tanto em Pernambuco como em Alagoas co- nhece se esta espécie de capim, que empregam para fazer esteiras, que ser- vem para cobrir cangalhas. E' uma herva aquática, e só d'agua doce, semelhante a uma, chibata e do mesmo tamanho. Os caules são verdes, foliaceos , lus- trosos, ocos, com uma só folhinha abra- çada na base. Ho ápice vè-se umas espiguinhas pa- leaceas, que são as flores. Seccam estas vergonteas, e fabricam as taes esteiras, que são muito pro- curadas. cloiieo ele eo1»t*M. — Hijpopurum nutans., Nees. — Fam. das Urliceas. — Esta espécie nasce em S. Paulo. A infusão de suas raizes é diapho- retica e diurética, segundo Martins. «JiiintliiK ou nBelikdiBsBua ialgia. — Fam. das Lahiadas. — E' uma herva a que dão este nome nas Alagoas. Os caules e folhas, cobertos de pellos, e regulares, são pegajosos. As flores são em rosetas de cor azul- escura. O fructo é uma baga transparente, contendo muitas sementes, mergulha- das em substancia aquosa. Vegeta ás bordas de regatos, e em terrenos paludosos. «|íiBi«aueiii'«. — Cr essa anti-sypliiU- tica. — Fam. das Convolviãaceas. — E' conhecida por este nome em Pernam- buco uma iierva delicada, de caule muito fino, e pilloso. Alastra-se pelo chão, lançando pe- quenas raigotas de distancia em dis- tancia, nas vergontinhas rasteiras e prostradas. As flores são brancas, e infundibuli- formes. O fructo é uma capsula ovóide, con- tendo quatro pequenas sementes. Propriedades medicas. — Esta planta é empregada, em cosiuiento, contra as gonorrheas e outras affecções vené- reas. tliiitifiiilEio. — Narcisus junquilla, Linn. — Fam. das Narciseas. — E' uma flor de jardim, cultivada no paiz, e na- tural da Europa. O Jimqwilho não tem caule. Suas folhas são em grupos circula- res, á maneira do junco, e lisas. Sae do centro um pendão, no qual JUP jrií «5» brotam flores amarellas, como peque- nas açucenas, de bella fragrância. A raiz é bulbosa. Jiiiiti» de CalaiB^ro. — Blechiu artiaUaUim. — Fani. das Acauthaceas . — E' um arbustosinlio, a que nas Alagoas dão este nome. Vegeta nas mattas. Seu .porte é pequeno, de caules del- gados, e pouco ramosos. Folhas verde-escuras, ovaes, oblongas e oppostas. As flores, como cornetas, são brancas, rajadas de roixo. O fruetinho oval, de 1 e y. deci- metro, fuziforme, contendo quatro se- mentes chatas e longas. Junta de coSirit. ou ariiaeaB». — Ruellia nodosa. — Fam. idem. — Sub arbusto de 1 metro de elevação. Seu caule bem esgalhado, ofí"erecendo nós ; é pilloso e um pouco pegajoso. As folhas oppostas, oblongas, ovaes. As flores miúdas, em forma de cor- netas, e cor de h-rio. O fruetinho é uma capsula de duas válvulas, contendo sementes pequenas. •lusita uiolle. — AmaraufJius sar- mciitosus. — Fãiii. das Amarantliaceas . — Chamam nas Alagoas á uma herva tre- padeira por este nome. E' de caule fino. Folhas pequenas. Flores, em cachos pyramidaes, mui pequenas e esbranquiçadas ; a semente é como a da perpetua. (luiiteíra. — Cartonema anómala. — Fam. das Commelmaceas. — Dão em Ala- goas este nome a uma herva, de caule alastrado, e que ao mesmo tempo er- gue as pontas dos ramos. E' cheia de articulações. As folhas, ovaes, oblongas, ponteagu- das em ambas as extremidades. As flores são em cachos, na base do caule, e azuladas. O fructo é uma capsula, com três caroços. «lupaty. — V. Jetáhy. Jupiede. — Xiris indica., Linn. — Fam. das Resedaceas. — Planta da índia Oriental. Propriedades medicas. — Seu sueco applica-se contra os dartros, e outras moléstias de pelle. As folhas e a raiz, fervidas em óleo e associadas ao cosimento do Phasoeohis mimgo, Linn. (planta do Orientej, é em- pregada contra a elephantiasis dos Gregos. Ju(|ueBfi*a-assú. — Adenanthera thyrsosa. — Fam. das Leguminosas. — E' uma arvore, de folhas compostas de pequenos foliolos. Seus fructos são vagens compridas. Vegeta no Pará, e é empregada nos corrimentos. •lufiuiri. — Mimosa brasiliensis., Spl. — Fam. idem. — Arbusto semelhante á Esponjeira. Nasce junto aos rios, e alagadiços. Sua folhagem é miúda. As folhas, pisadas e applicadas so- bre as hérnias, as resolvem, dizem. «f u(|UBft*ÉoitaBBO. — Gxdlandina Boií- diic, Linn. — Fam. idem. — Arvore que cresce nas províncias marítimas, no archipelago indiano. Tem o nome de (Eil de Bourique. Ella é empregada como tónica, e febrífuga. Propriedades medicas. — Em cata- plasmas, feitas com as folhas frescas e contusas, é usada nas orchites. O cosimento da raiz é antídoto do veneno das cobras, segundo affirmam alguns. Jurati. — V. Pepefe^ia. Jurema branca. — Mimosa ju- rema alba. — Fam. idem. — Arbusto de porte mediano. Cresce nas visinhanças do litoral, co- nhecido por tal nome, talvez, em todo o paiz. JUR JUR Tem os caules escuros, armados de rígidos espinhos. As folhas, são compostas de foliolos miúdos. As flores são brancas, agglomeradas em capitulo globoso. Os fructos são empencados ; elles representam vagens, formando espiral, como sacarrolha. As sementes são poucas. E' também conhecida n'es3es luga- res do Sul por Jerema-Jerema. A madeira é empregada nas cons- truccôes civis e navaes. Propriedades medicas. — As cascas extrahidas d'esta arvore são amargas e adstringentes, e applica-se como narcótico. •f ureatia anits*í£:iiia«1it. — Mimosa hurgonia^ Auhel. — Fmi. idem. — Arvore do Norte, cuja casca é acre e adstrin- gente; emprega-se o seu sueco, mis- turado com fuligem ou picumam da chaminé, para marcar roupa e tingir madeira. «fiirestia preta. — Acácia jurema, Mart. — Fam. idem. — Esta Jurema é só das catingas ou dos sertões. Ella é semelhante á espécie descripta E' esta a grande planta, de que os caboclos faziam a beberagem, com que, dizem elles, se encantam e se trans- portam ao céo. Entretanto é bem medicinal ; asse- verou-nos um sertanejo a sua efficacia, para extirpar os cancros, só com a entre-casca, usada em emplastro. Nada podemos assegurar. tf iirieiíÂra. — E' uma planta cujas folhas, pisadas e postas sobre as ulce- ras malignas ou venéreas, são de grande proveito. Suas raizes, seccas contundidas e in- fundidas no sueco á-àJuruhehaj e em leite de coco, curam a blenorrhagia (Pisonj. «lurulielia, «luribcila ou «Tii- fieba iiill. — Solammi 2'aiiiciilatum^ Liun. — Fam. das Solanaceas. — Planta que habita os lugares arenosos do norte do Brasil, e outras partes d'America me- ridional. Caule espinhoso. Folhas cordiformes, sinuosas e an- gulosas, glabras na face superior, to- mentosas na inferior. Flores terminaes, dispostas em pa- niculas. Fructo, baga espherica, de côr verde clara. As rai/cs tem de comprimento 10 a 50 centimetros; as mais grossas não attingem a 12 centimetros de circum- ferencia, e são guarnecidas de pequenas raizes, mais ou menos delgadas, e em grande numero. Sua textura é muito dura, e nervosa; as suas fibras são tão miúdas, que, cortadas transversalmente, offerecem uma superfície lisa, e como impenetrável, de côr análoga á da Canna de Provença. A casca que a cobre é um tanto escura, e tem espessura variável, se- gundo a idade da planta. Ella é rugosa, cavada em alguns lu- gares; separa-se em laminas, e reduz-se facilmente a pó ; tem pouco cheiro, mesmo por meio da fricção. Toda a planta contem um principio amargo, e uma mucilagem ; ha di- versas variedades de Jurubela. Pison, e Marcgrave distinguiram a Jurihbeha em macho, e fêmea; ambas crescem nos mesmos terrenos, e pro- duzem os mesmos fructos. A Jurubela macho é pouco menor que a fêmea; tem as folhas menores, não muito sinuosas. A fêmea é mais alta , bastante es- pinhosa; tem as folhas maiores, co- bertas de pello, pela parte inferior; as flores são iguaes, porém mais ní- tidas. Propriedades medicas. — A Juruheha é talvez superior a todos os tónicos até hoje conhecidos; é empregada con- tra a anemia, chlorose, febres inter- mitentes, hydropisias, obstrucção do fígado ebaço; é também empregada nos JUR JUT casos de menstruação difRcil, nos ca- tarrhos da bexiga. O cosimento de suas folhas frescas é uzado, em locções, nos ferimentos e ulceras, para a cicatrisação das mes- mas. Parecendo-nos conveniente facilitar o uso d'essa planta, proposemos e con- seguimos preparar não só o extracto, como pilulas, xarope e vinho, para uzar-se internamente. Para o uso externo, preparamos em- plastro, óleo, tintura ; persuadido que prestamos assim um serviço á hu- manidade, fazendo conhecidas as vir- tudes d'esta planta. Modo de empregar-se. — O extracto alcoólico de Jiíruheha^ como febrífugo, na dose de 6 a 8 decigrammas, como desobstruente, 4 decigrammas por dia. Tintura alcoólica de Jnrnbela^ in- ternamente de 10 a 30 gottas em 192 grammas d'agua, para tomar ás co- lheres. Externamente em fricções : Emplastro de Juruheia. — Estendido em encerados ou pedaços de pellica ; emprega-se contra os engorgitamentos do fígado e baço. Óleo de Jurnbeha. — Externamente em fricções nos engorgitamentos do fígado e baço Pilulas de Jurubeha. — Toma-se uma pilula de três em três horas. Pomada de Jurubeha. — Para fricções nos engorgitamentos do fígado e do baço. X arope de Jtirubeba. — A dose para os adultos é de duas á quatro colheres por dia, as quaes devem ser tomadas uma de três em três horas. Vinho de Jiíriibeho,. — A dose é, para adultos, de duas a quatro colheres r»itc4>. — Depoetiton odo- TOÀCk. — Fam. das Melastomaceas. — Este arbusto ou arvore, que nas Alagoas tem este nome, é esgalhado desde a base do tronco, quasi formando moita. Seus ramos são flexíveis e fracos. As folhas são grandes, de 24 cen- tímetros, ellipticas, inferiormente co- bertas de pellos rentes, que as tornam acinzentadas. As flores são brancas, um tanto grandes, com veios roixos no meio ; são fragrantes. O fructo ovóide é crespo, e contém interiormente sementinhas ellipticas : é de 1 % centímetros ou mais de diâ- metro. E' empregado na construccão civil. Laere vcnnellio ou sâniiilest- istei^le Lacre. — Vismia antiscro- fhylla. — Fam. das Hypericineas — Ar- busto esgalhado ou arvore mediana, conhecida em Pernambuco por Lacre ; é indígena. A casca parda-claru, as ramas su- LAN LAR S6» pcriores são cobertas de pellos rentes, avermelhados. As folhas ovaes, alouradas, com a parte inferior avermelhada. As flores, em cachos, são bonitas, e todas as suas dependências revestidas de uma espécie de cotão vermelho, im- perceptivel ; são de um branco amarel- lado, com cinco feixes de filetes reuni- dos no centro, dando desenvolvimento a um fructo redondo, de 1 % centíme- tros de diâmetro, um pouco anguloso. Todas as partes d'esta- planta, e prin- palmente a fructa, vertem um sueco resinoso, vermelho, ou amarello aver- melhado. Est3 fructo é liso, internamente di- vidido em cinco lojas, cheias de mui- tas sementinhas immersas no sueco. O povo usa do fructo d'esta planta, depois de secca, como a Assafrôa, para dar côr ás comidas. Ella, entretanto, goza de excellente virtude contra as escrophulas, o que podemos asseverar. Pode também ser empregada na tin- cturaria. Ha tempos em que não verte o sueco. O tronco e a casca contém gomma- lacca fina, que ainda não se extrahe na provincia. L.a^G*jii»a» de I\ossa !§eiiltora. — Coix lacrima. — Fam. das Gramíneas. — E' uma planta cuja acção medici- nal é excitante. Applica-se em banhos. L.n|j;B*iBiBusi «le Venusi. — Lacrima Yeneris. — Fará. das Narciseas. — Planta de cebola na raiz, e cuja flor tem este nome em Pernambuco. E' semelhante á Açucena ; porém toda branca, com as lacineas ligadas entre si, na parte próxima do tubo, por uma membrana. E' planta de jardim. L.aiir«ta. — Solídago vulneraria, Mart. — Fam. das Cor,iposías. — Planta herbácea do Rio Grande do Sul. Passa por ter virtudes vulnerarias. Laiitly. — V. Lanlim. L.ai>tini. — Collophyllnrii brasiliensis , St. Hil. e Mart. — Fam. das Gutliferas. — E' uma arvore elevada, que vegeta na provincia do Espirito-Santo. Tem folhas oppostas e ellipticas. As flores, em cachos abundantes, são brancas. Seus fructos não são apreciados. E' resinosa. Também vegeta em Manáos. A resina é empregada em emplas- tros abstergentes, e nas moléstias da rara cavallar. Laranja do luatto. — O fructo, que assim denominam em Pernambuco, é de 12 centímetros de grandeza, de forma redonda e achatada, côr ama- rella, e superfície desigual, protube- rante, e espessa. Contem internamente uma substancia esbranquiçada, que no centro acolhe um carôco grande, avermelhado, quando já não se encontra uma substancia gelatinosa, branca, doce e enjoativa. Não pertence ao género da Laranja; dão-lhe este nome em allusão á forma da Laranja verdadeira. Laranja sécca. — Cilruz. — Fam. das Aurantiaceas.— E' mui semelhante á Laranja de tmiMgo, e até as vezes encontram-se algumas com elle ; no entanto estas crescem as vezes tanto que se tornam do tamanho duplo das verdadeiras de umbigo, e os bagos, em vez de cheios de liquido, são con- cretos, de maneira que se tornam insípidos. Laranja seleeta. — Citnis. — Fam. idem. — Esta laranja é conhecida em todo o Brasil ; sobretudo as do Rio de Janeiro são recommendaveis, por serem as mais bellas e as mais agra- dáveis. São globulosas, um pouco achatadas; tem a côr afogueiada amarella e ver- melha; o sabor é muito doce, e agra- dável; e, quando estão maduras, quasi ZG4 LAR LAR que se não sente o acido ; n'este esta- do a côi" da fructa é amarella do\irada. E' o resultado de enchertia. As folhas e as flores da laranjeira servem para fazer agua distillada. Das cascas extralie-se o óleo essen- cial de laranjas. Laranja taiig;eriiia ou de Tanger. — Citrus. — Fam. idem. — Esta espécie de Laranja é bòa ; a arvore é semelhante ás outras, com diflferença pouco sensível, mas o fructo é do tamanho de uma laranja grande, de casca grossa e mais porosa. Não amarellece perfeitamente, fica de lima còr amarella esverdinhada, e, n'este estado, está muito madura. E' achatada em ambas as extremi- dades. A parte branca do pericarpo, por d'entvo é milita desenvolvida, mais frouxa, e a membrana, que divide os gomos ou compartimentos, é amarga, de ma- neira que, sendo os bagos muito doces e saborosos, mas ligando-se á mem- brana, esta modifica o paladar. Sua origem (pátria) não está bem conhecida; não se sabe se é da Ásia, da Africa ou mesmo da America. Laranja ig:o. — Citns (ãecimiana). — Fam. idem. — Esta é a espécie que prima na Bahia, onde são melhores. E' sem resultado de enxertia. E' redonda ou oblonga, tem na par- te inferior uma proeminência verrucosa. De ordinário é maior (}ue a da China, e a còr não é amarella intenso. O pericarpo é mais grosso que na da China. Apresenta dentro uma proeminência, que é o rudimento de uma outra laran- jinha, engastada ahi. Não criam sementes, e são mui do- ces e boas. Laranjeira t»rava. — Zaníhoxi- lum monoffptum, St. Hil. — Fam. das Rtitaceas. — Esta espécie, que nada tem de semelhante com as laranjeiras ver- dadeiras, é conhecida por este nome na província do Espirito Santo. E' um arbusto, de folhas distribuí- das em palmas, 'e trinadas. As flores, em cachos nas pontas dos ramos. Os fructos, como nozes, ovóides e pequenos. Floresce em Setembro. Não parece ser a mesma Larangeira Irava de Penedo, que se descobrio ser grande remédio para as diarrhéas cho- leriformes. Laranjeira da Cliina. — Citrus aurantiiwíi., Linn. — Fam. das Âuraníiaceas. — Arvore originaria da Ásia, d'onde passou para a Africa, Europa e America. E' cultivada em todo o Brasil e cons- LAR LA"R, S6S titue uma das maiores riquezas agri- colas das ilhas dos Açores. A Larangeira da China é uma arvore média no território brasileiro, excepto na província do Ceará, onde toma pro- porções taes, que chega a crescer tanto como uma mangueira, sendo apenas menos copada. Tem espinhos duros nos galhos, prin- cipalmente nos mais novos. Folhas ellipticas, de 9 centímetros, e no peciolo como que outras folhi- nhas ou azas, alternadamente distribuí- das nos ramos. Essas folhinhas são lizas, e semeadas de pontinhos translúcidos. As flores, em cachos, são brancas no ápice dos ramos e axilla das folhas; são mui caducas. Seu cheiro é agradável, têm a forma de pequenas Angélicas, de tecido es- camoso, com pontas iguaes. As folhas no centro formam iim cir- culo de filetes, de pontas amarellas. O fructo tem, quando maduro, o tamanho de G, 9, 12 e 15 centímetros de diâmetro ; é espherico. Tem o psricarpo exterior amarello, na maturidade, crivado de pontos ve- siculares, que contém óleo volátil. O interior é formado de 8 á 10 aloja- mentos, que se separam uns dos outros. Contém um sueco amarellado, doce, um tanto acidulo e de sabor muito agradave 1; no centro tem uma columna de substancia frouxa e branca, e, nos ângulos de cada uma cavidade, três ou quatro sementes ovoide.s,brancas, reves- tidas de uma membrana coriacea e fina. Existem numerosas variedades, de que trataremos especialmente. Ls%raH{^eii'a do iws^tto.—Mtmdia spinosa, Kimth.—Pohjgola^ Linn.— Fam. das Polygalaceas.—E' x\m arbusto mui ramoso, e de espinhos. Folhas regulares e coriaceas. Flores nas axillas das folhas, e re- viradas ; ellas são um tanto esquisitas. O fructo é uma baga elliptica, con- tendo um ou dois caroços. Chamam-na também Limãosinho. Laraiijínlia (cm Pernambuco). — V. Jenipapo bravo. Laranjítas de Quito. — Solanum qxdtoense, LaraTi. — Fau. das Solanaceas. — Planta do Alto Amazonas. E' comestível. I^ascadiíilio. — Arvoredo paiz, que dá madeira para obras internas e ex- ternas. L.ava-]SB>ato. — Cássia medica, Vell. — Fam, das Legitmitiosas. — Conhece-se em Pernambuco e em Sergipe este ar- bustinho, com o nome de Lava-pra- to. E' de 1 a 1 e !4 metro de altura, com folhaso blongas, ponteagudas, e tem um cheiro desagradável. O caule é esverdinhado, e semi-le- nhoso. As flores, em cachos, são amarellas douradas, e dispostas em rosas, com prolongamentos no centro. Os fructos são vagens compridas, de 24: á 36 centímetros, angulosas, finas, e de cor verde. Contém maitas sementes angulosas, e de côr parda. Propriedades medicas. — Esta planta é medicinal, e empregada em cosimento como calmante nas dores. O sueco applica-se nas mordeduras de cobras. Emprega-se também como emme- nagogo. O Lava-prato das províncias do Sul é a Mangerioba de Pernambuco, e Fedegoso do Rio de Janeiro e Bahia. As folhas d'esta planta, collocadas sobre as ulceras esponjosas, destroem a carnosidade. Para o rheumatismo, applica-se em banhos e cosimento, feito com toda a planta, e que abandona-se por três dias, até experimentar alteração, ou fermentação. Serve-se, porém, do cosimento da raiz para uso interno. 36 S60 LIC LOI L.avu-|)i*Hl4» dw Sul. — r. Mati' (jerioha . L.erlielrex.— V. Maleileira. L.ecytlii9. — Sapucaia. — Planta da família das^ Myvlaceas., que fornece ura óleo apbrodisiaco. Emprega-se ena emulsão noscatarrhos. L.ei tarifa. — V. Maleiteira. Leiteira. — F. Ma leiteira . Leiteiro g:s'ào *le gnllo. — Wil- highheia geminaia. — Fam. das Apocyna- eeas. — Nas Alagoas chamam por este nome um arbusto leitoso, de ramos del- gados, finos. Folhas oppostas, em quatro, ao redor do caule. Flores em cachos, em forma de jasmins com o limbo branco ; o annel amarel- lo. O fructo é uma baga de 2 centí- metros, amarella dourada, e oval. O pericarpo ténue, contendo uma polpa aquosa, esbranquiçada, com um caroço no centro. Esta substancia é nauseabunda, e capaz de provocar A-omitos. A madeira é usada em traves para soalhos, e portadas de edifícios- Lcntillaa orí/(?- nia acidcata. — Fam. das Urticaceas. — Herva agreste, conhecida em Pernam- buco por este nome. E' quasi rasteira, o caule curtíssimo cheio de saliências, como espinhos molles. Folhas ovaes, um tanto oblongas, de peciolos compridos, e cor verde roi- xeada. Flores em um pendão, que se ergue do centro, e no qual, como na Contra- herva., existem as flores dentro de um corpo semelhante a coifa ; ellas são de dois sexos, e de cor parda. Propriedades medicas Esta planta é empregada nas fracturas, como tendo a propriedade de accelerar a consoli- dação dos ossos, d'onde lhe vem seu nome. Applicam-na também nas aífecções do peito recentes. Onde ha com mais abundância d'esta planta é na villa do Cabo em Per- nambuco. Lima ou Limeira da Pérsia. — Ciiriís limei ta atiraria, Riss. — Fam. das Aurantiaceas . — Se bem que o nome da Pérsia nos indique a pátria d'esta planta, que não duvidamos sêr a Ásia, todavia ella está muito aeclimada nas regiões littoraes do Mediterrâneo ; de- baixo d'este nome é que a conhecemos, e que cultiva-se em Pernambuco e mais provindas. E' um arbusto como a Laranjeira, com espinhos. As folhas, porém, são menores, mais pallidas', e enrolam-se. As flores são maiores. O fructo é do tamanho de uma pe- quena Laranja da China, com o peri- carpo lustroso, de um verde amarel- lado. E' redondo, tendo apenas no ápice LIM LIM SG- um pontosinho mais elevado; os te- cidos dentro são menos espessos. No mais é como o limão-doce ; elle é doce, porém pouco saboroso, e a parte interna do pericarpo branca- amarg^a. Pelo cheiro parece que encerra um principio almiscaroso. Do pericarpo se extrahe um óleo volátil. Lima o II L.íikieíi*a tle «int- hi^o. — Ciirus Umetta vulgaris, Risso. — Fam. idem. — E' fructo bem conhecido e estimado. E' também do mesmo paiz que a precedente, e está debaixo das mesmas condições territoriaes. Cultiva-se no Brasil. Hoje tem infelizmente escasseado sua cultura, propagando-se mais a da precedente. Esta espécie cresce mais, toma proporções arbóreas, de mediano porte. Suas folhas são maiores, e de côr mais escura ; tem também espinhos, 6 suas partes todas são mais aromá- ticas. A flor é igual a da precedente. O fructo é menor que uma Laranja da China, menor mesmo do que a Lima da Pérsia ; é globuloso, e achatado no ápice, onde se eleva um umbigo cónico. O pericarpo é rugoso e mais chei- roso, de um verde amarellado. O tecido é semelhante ao da prece- dente, porém mais espesso. L.ÍIIIUU aze«lo. — Oiíriís Umonnm vvÃgarii.— Fam. idem.— Este fructo tão necessário ao homem em todos os paizes, é natural da Ásia, alem do Ganges ; e desde a invasão dos Califas, segundo Risso, na Ásia meridional, data a sua primeira apparição na Europa, sendo mais tarde levado á outras partes do globo. O limoeiro não cresce entre nós como em seu paiz natal, onde toma dimensões arbóreas ; entretanto, entre nós é um arbusto esgalhado, frondoso espinhoso, de folhas pequenas, e com as mais apparencias de uma larangeira, porém com folhas menores. Flores também menos aromáticas, e o porte mais acanhado. O fructo é globuloso, de 3 á 6 cen- timetros de diâmetro, uni is ou menos, oblongo. Pericarpo fino, de côr amarella clara com a mesma ostructura interna da laranja, sendo porém o sueco branco esverdinhado e muito azedo ; ma;í communica ás preparações, em que elle entra, um excellente sabor. Tem muitas applicapõps nos labora- tórios chimicos. Extrahe-se d'elle o acido citrico, em grande quantidade, o qual é em- pregado em medicina para a prepa- ração de limonadas. Nas artes, como a tincturaria e ou- tros muitos ramos de industria, o utili- sam como matéria prima. Na confeitaria serve para doces ; dos pericarpos extrahe-se um óleo essen- cial volátil. Com o limoeiro fazem-se cercas dos sitios e quintaes, formando pitorescas muralhas. Limão flòce. — Citnis bergamina vulgaris, Riss e Et Poit. — Fará. idem. — E' uma das bellas fructas cultiva- das no Brasil, conhecida por este nome em Pernambuco, e talvez em todo o Império. Infelizmente já é raro vèr-se no mer- cado um limão-doce, o que é devido á incúria da nossa horticultura. E' o resultado de um arbusto con- génere da limeira. Tem o tronco mais fino. As folhas maiores e mais claras. As flores também maiores e cheirosas. O fructo, porém, é de forma oblonga ou oval, tendo uma saliência cónica no ápice, como a lima d'umbigo. Sua côr é mais clara do que a d'esta, e os gommos interiores mais volumo- sos, e de um sabor doce, agradável. Não amarellece como a Zma, pois é raro que algum tome esta côr. S6S LIM LIN Applica-se nas íebres inflammatorias. | St. Hil.—Fam. das Pobj ff alaccas.— lista, planta, conhecida cm São Paulo, é sil- Liiiiião francez. — Ciíriís limo num. — Fam. idem. — Esta espécie de limão, cultivada também no paiz, é oriunda da Ásia, como os outros. Confunde-se muito com o limão doce, ao qual é muito semelhante, havendo apenas diíferenças insignificantes. O fructo é igual, diíferindo somente no gosto, porque o d'esta planta tem quasi tanto acido como o limão azedo. Limão cSo niatto das A1a|còa^. — Citnis viscosum. — Fam. idem. — E' um fructo agreste, á que nas Alagoas dão este nome. E' de uma arvore elevada; de casca escura. Folhas oblongas. Flores não observadas. O fructo é semelhante ao limão doce, porém sem o umbigo que este tem ; ao contrario é achatado n'esta parte. Dentro é dividido em cinco lojas, com um caroço liso, mesmo como o do Limão., e cheio de bagos, que contém um sueco esverdinhado. E' um pouco viscoso. vestre. E' um arbusto espinhoso, de ramos estendidos nas pontas superiores. Folhas lanceoladas. Flores solitárias nas axillas das fo- lhas, que são ú semelhança de uma borboleta. O fructo é redondo. Floresce em Outubro. Limo. — Debaixo d'esta palavra com- prehende o povo todos esses corpos de natureza e aspecto diversos, que se acham sobre rochedos, muros e outros quaesquer corpos, agarrados formando uma expansão verde. Muitos d'elles macios ao tacto, e es- corregadiços, são aquelles que, formando crostas redondas e ii*regulares, inva- dem os telhados, os corpos vegetantes disformes, etc. Outros porém de formas mais bizar- ras, e cores mais brilhantes, bordejam as fontes, rios, e fluctuam sobre a superfície das aguas. Falíamos de uma d'estas espécies. Limãosinho fa^ancez. — Limo- nia, trifoliala., Linn. — Fam. idem. — . Arbusto originário da índia, cultivado, e por este nome conhecido em Per- nambuco. E' de porte pequeno, caules verdes, 6 trepadeiros ; deitam-se sobre outras plantas. As folhas, com um ou dois espinhos na base dos peciolos, de côr verde es- cura, são ovaes, crivadas de pontinhos transparentes, como as da laranjeira. As flores também brancas, como as d'es- ta, porém menores, e com cheiro suave. O fructo é uma baga oval, de Fk. cen- timetros, vermelha na maturidade, com três caroços dentro e uma polpa vis- cosa, acida, que serve para bebidas refrigerantes. E' também ornamento de jardim. Limãoí4ss9lio . — Mundia Irasilietisis ., Liiiao «lo rio. — Fucus communis. — Fam das Hydrophjtas (Algas). — Este limo é uma herva, que se encontra pe- gada ás bordas dos rios, riachos e tanques . E' um caule delgadíssimo, ou uma ramificação filamentosa, orlada de fo- lhinhas delicadas membranosas, mi- croscópicas, que representam uma coma de cabellos verdes, reunidos por um ponto fixo. Algumas vezes essa cabelleira desliga- se d'esse ponto de inserção, por qualquer acção physica, e segue por consequên- cia o movimento do curso das aguas, quando não fluctua no mesmo lugar. Esta herva é estimada por que é a melhor matéria para encher colchões ; alem de ser fresca, é muito macia. Linda flòs.*. — Fam. das Compostas. — Esta floresta, ha muito, naturalisada no Brasil, LIN LIN S69 O nome indica a estima em que é tida. E' uma planta rasteira. As folhas um tanto carnosas, em íigura de palmas, lisas e sem lustro. A flor assemellia-se a um Mal-me-qxiei\ porém com as pétalas, que a formam na circumfereucia, em uma só ordem 6 de cor avelludada, com uma mancha roixa na base ; o que, pela reunião das folhetas, faz um circulo roixo no centro, e lhe dá muita graça. Tem o pedúnculo longo. Liiii^uit de líoi. — V. Cipó de es- cada. Língua €le eoellto. —Elephantoptis Uttoralis. — Fam. das Compostas. — Herva que cresce até % metro de altura, for- mando soqueirinhas. As folhas são compridas, de cor verde clara suja. E' conhecida por tal nome em Per- nambuco, e vegeta pelas areias da praia. E' mui pilJosa e macia. As flores são como jasmins brancos, delicados. Deita uma sementinha volante, que é a fructa. Tem applicações medicinaes. LisB^sia tie cn&ia. — Sida lingui cotia. — Fam. das 3Ialvaceas.— Tem nas Alagoas este nome . E' uma herva espigada, e quasi sem ramos. O caule tem a casca roixa escura. As folhas alternadas, estreitas e lan- ceoladas, de pellos. As flores, com pedúnculos longos, em cachos, são de cor de ganga, com manchas roixas no centro, em forma simples de rosa. A fructinha é uma capsula, que di- vide-se em cinco lojas, contendo as sementes. E' applicada como suppurante de tumores. Em Sergipe chamam-na Sacca-estrepe. Em Pernambuco Sacca-estrepe é outra planta. Lingiia de fiik. — V. Cká de frade Liliana de sapo. — Piper trans- farens. — Fam. das Urticaceas. — Pequena herva, quasi rasteira, que eleva seus raminhos á 12 centímetros. O caule é succulento, e transparente. As folhas, também transparentes, teem a forma de um coração. Dá flores em uma espiga, crivada de corpúsculos nimiamente pequenos, que não parecera ser as flores. Esta planta vegeta pelos telhados, muros, e em todo o terreno. E' empregada contra as fluxões, tosses e catarrhos. Come-se como brêdo, em salada. Recebe também o nome de Brêdo de muro^ e de Herva de vidro. L.iiig:ua de tucano. — Enjngiiim língua tiicani, Mart. — Fam. das Omhel- liferas. — Planta mucilaginosa, ligeira- mente amarga, aconselhada como diu- rética, e empregada também nas ulceras de garganta. Lifiinua «le vacca, no Sul. — Tussilago nutans., Línn. e Well. — Fam. das Compostas. — Esta herva mesinheira, natural do paiz, tem diversos nomes, o que causa algum embaraço para co- nhecel-a. Chamam-na também Fumo do matto ; mas o Fii,mo do matto é outra espécie. Esta é uma herva quasi rasteira, cujos ramos ou caules pouco se erguem. As folhas são grandes, ovaes, oblon- gas, ásperas, azuladas, e um tanto pillosas. Lança uma espiga, na qual nascem as flores que são brancas, como pequenos jasmins. Os fructos são insigniflcantes. Propriedades medicas. — E' empre- gada nas moléstias de pelle, sypliili- ticas de qualquer espécie, nas fortes fluxões, nas constipações, como anti- febril, e na cura das blenorrhéas. A raiz tem um principio acre, aro- mático. «70 LIR LIT Em Sergipe chamam-na Sangidneira e Rabasse, cm outros lugares fferva de sai/ffue. Applica-se na clóse de 8 grammas para 500 grammas d'agua, três vezes ao dia. LiÍigIIbo. — Linum iisitatissimum^ Linn. — Fmi. das Caryophylladas. — Planta her- bácea, originaria dos campos da alta Aíia, cultivada desde remota antigui- tiade na Europa e no Brasil , e, lia poucos annos, nas provincias do Sul. Para as provincias do Norte ensaiou- se sua cultura, mas não prosperou. Propriedades medicas. — As sementes de linhaça são empregadas pelos me dicos, em infusão, para uso interno, e externameiite em cataplasmas. São empregadas contra as gonorrheas, e outras inflammações das membranas mucosas. Os seus cauliulos fornecem fios, que servem para tecer os pannos de linho. L,iE'io. — Liliumcandidura^Linn. e Red. — Fam. das Liliaceas. — E' uma flor de estima, originaria do Levante da Europa, e de outras partes. Cultiva-se no Brasil, nos jardins. E' planta herbácea, de raiz, como bulbosa. As folhas, na superfície da terra, mui longas e estreitas. Do seu centro nasce um pendão de 50 a 100 centimetros, que se apresenta cheio de folhinhas. As flores formam uma espiga ; são brancas e grandes, pendentes e fra- grantes. Florescem em Junho e Julho. Não sabemos informar as espécies (|ue o Brasil cultiva. Com o nome de Lirio tem alguns jardins uma flor bojuda, alada, de cor roixo-violeta, com manchas amarellas, e marchetada de purpura. Tem bulbo na raiz. Ha uma espécie da familia das Iri- daceas^ a que chamam Lirio . Lírio. — V. Cebola sem-sem. I.ti'ío «sii Tíicajrá. — Tukpráama- ryllis. — Fam. das Amaryllidaceas. — E' na língua tupinica Lirio. I.irio i&»i«ti*«ll<» «lo catniio — Moreas. — Fam. idem. — Planta que vegeta nos campos de Minas, Matto- Grosso e Govaz. Ivirio es»B*«GiBio. — Irii xiphtím, Linn. — Fam das Iridaceas. — Esta espécie de Lirioé natural da America, e também da Europa. I^srio «Bo mwtto.— Par danthis tri- color.— Fam. idem. — E' uma bella flor própria para jardim, que vegeta nas mattas de Alagoas, onde lhe dão este nome. E' uma planta, de folhas á seme- lhança da precedente. Sahe do centro um caule foliaceo e membranoso, o qual apresenta flores meio bojudas, estendendo três lami- nasinhas; são brancas com as pontas amarellas. A fructinha é uma capsula hexa- gonal, contendo muitas sementes re- dondas, Liréo E*OBXo. — Morea nortMana ., Audr. e Person. — Morea sincaía, Her . — Fam. idem. — Planta que também cresce na America meridional. E' curiosa, porque as flores sahem de uma bainha, que as folhas formam. Diz-se ser purgativa. L-ÉtcBii. — Eih-plioria litchi., Desf. — Fam. das Sainndaceas. — Este fructo é oriundo da China e da índia ; passa por muito bom, e é cultivado da Europa. Elle é proveniente de uma arvore, de folhas dispostas em palmas. Flores pequenas, em cachos. Fructo do tamanho da Longana., ou um tanto maior. E' verrucoso por fora, e contém dois caroços adherentes a uma substancia apreciada. Cultiva-se na ilha de França, d'onde passou á America. LAN LOU ss»:^! I.ÈtoÍEy.— 7. LilcM. Loi^oloba. — Couohoria loboloba, Si. Híl. — Fam. das Violáceas. — Arbusto das províncias do Sul. Suas folhas cruas tem sabor her- báceo, mas cosinhadas são mucllagi- nosas e comestíveis. LoiiaE9s*£g:»(íiG*a. — Spigelia anthel- uintica^ Linu. — Fará. das Spigeliaceas. — Esta herva, a que também chamam Herva de Santa Maria e Herva Cruz, julgamos ser conhecida em muitas províncias. Ella é indígena; cresce até 50 cen- tímetros. O caule é nodoso e liso. As folhas, se cruzam no topo do caule ; são ovaes. As flores, em uma espiga inserida de um só lado, são de um roixo des- botado ou còr de rosa sujo, de forma de um funil. O fructo é como duas bolas unidas, de còr verde, contendo uma ou mais sementes. Propriedades medicas. — E' um espe- cifico contra os vermes intestínaes. Em- prega-se a planta toda, porém de prefe- rencia as folhas. Administra-se em pó, em cosimento, em xarope e em geléa ; mas é neces- sário alguma cautela na applicação. I^Oii|è"í^aan,. — Euplioria longana, Limi. — Fam. das Sapindaceas. — E' um fructo natural da China, mui estimado e cul- tivado no seu paiz natal, na ilha de França e no Brasil. E' proveniente de uma arvore, ds folhas distribuídas em palmas. Flores pequenas, em cachos. O fructo é uma baga alguma cou s,a pequena, com um caroço, que é envol- vido por uma polpa que se come ; é mui agradável e de sabor especial. Este fructo é congénere do Litchi, ambas pati*icias, congéneres e apreciá- veis, sendo, porém, o fructo d'esta menos saboroso que o d'aquella. Losinaoa Abàyiithio. — Ariemisia absyntJiium. — Fam. das Sy^ianthereas . — Planta que habita em toda a Europa. E' muito cultivada no Brasil. E' de 1 metro e 12 centímetros de altura. Folhas esbranquiçadas de ambos os lados, que parecem prateadas, são tam- bém pinnadas em ambos os lados. Flores compostas, mucosas, de côr amarella. Fructo akenio, com cheiro forte, desa- gradável, e sabor muito amargo. Propriedades medicas. — E' tónico, excitante, e usado como vermífugo, estomachico e febrífugo, é também em- menagogo. Isa dose de 16 grammas para 500 grammas de agua, prepara-se a sua infusão. L.o«nEiB »ío Mi6«*aii!kão. — Artemísia ambrosiaca. — Fam. idem. — E' uma plan- tinha mais ou menos como a Macella e a Artimisia. E' excitante, e gosa das mesmas propriedades que a precedente. Loco. — F. Qimmadeira. Louro aSíiicafe. — Fam. das Lau- rineas. — Vegeta nas províncias do Pará e Amazonas. E' empregado na construcção naval, civil, e na marcineíria. Loura asuarello. — Cryptocarya liiteola. — Fam. idem. — Esta espécie abunda nas províncias do norte do Império, principalmente em Alagoas, Pernambuco e Pará. Parece ser escassa em outras pro- víncias do paiz ; pelo menos não oífe- rece tantas espécies como nas Alagoas. Esta arvore e suas congéneres são altas ; sendo esta de casca grossa e áspera. Folhas alternas, regulares, esbran- quiçadas por baixo. As flores, em cachos, parecem sempre em botões. »çs LOU LOU O fructo é escuro e parecido com o do Louro de tempero, já descripto. Tem o pé vermelho. A madeira d'esta arvore dá muito bom taboado; é amarella clara, pole- se muito bem, e tem diversas appli- cações. Em Pernambuco dão-llie o nome de Louro haitiano ou da maíta. Emprega-se na construcção civil, na- val, e na marcineria. Louro a.i»arello tie olheiro. — Persea fragrans. — Fam. idem. — Esta outra espécie, conhecida nas Alagoas por este nome, passa por uma das melhores, e chamam-na Loiíro de cheiro. Com effeito, quando se derruba a ar- vore, emana d'ella activíssimo cheiro. Estas arvores são mui parecidas umas com outras; os caracteres d'esta são os seguintes : Folhas ellipticas, um pouco maiores, cobertas de pello branco aloirado por cima. As flores são brancas, em cachos, e cheirosas. O fructo é uma baga parecida com uma pimenta de cheiro roixa, com um caroço ; é sustentado por um pedún- culo grosso na parte superior. A madeira é amarella mui cheirosa. Suppomos ser o Louro verdadeiro de Pernambuco. Dá bellas taboas de soalho ; serve para construcção civil e naval, e sobre tudo i^ara todas as obras de edifícios, por ser incorruptível ao cupim. IL.oiii*o aaikitrgo^o. hesuntão. V. Louro L.ous*o liahíano. — V. Louro ama- rello. Louro besusaâào ou tiia&af- goí^o. — Cryptocarya amara. — Fam. idem. — Este Louro é conhecido nas Alagoas e Pernambuco. Chamam-no t;imbem Louro cagão. Com effeito quando se trabalha n'elle^ ou quando se descasca, exhala um cheiro semelhante ao do escremento humano. E' uma arvore ramosa, de folhas re- gulares, ovaes, oblongas, que, submet- tidas á pressão, deitam cheiro. As flores são mui pequenas, c ama- relladas. O fructo é como o dos outros lou- ros mais ou menos. Esta madeira serve para soalho, portasse caixilhos de edifícios. Emprega-se também na marcineria para mezas, bancos, etc. Louro ^»raBico ou eaiijs;» de porco. — Persea laurea. — Fam. idem. — Qlas. idem. — Esta espécie de Louro^ a que nas Alagoas chamam « Louro canga de porco^ é o mais fácil de se achar, porque em qualquer capoeira, se o está encontrando. E' arvore esgalhada, formando mui- tas forquilhas. As folhas são ovaes, regulares e lustrosas. As flores, em cachos pequenos, são amarelladas. O fructo, como o das outras, ficando com o pedúnculo agarrado á semente. A madeira d'este louro é de pouco valor; é mais porosa, e branca, e de quasi nenhum cheiro. Suppomos ser a espécie que em Per- nambuco chamam Louro Iranco. Presta-se á muitos usos ; fazem d'ella caixõesinhos para doce, bem como taboado. Louro canella. — Fam. idem. — Esta espécie, dizem, é semelhante ás outras conhecidas ; tem este nome em Pernambuco. A madeira é parda e também cheirosa. Presta-se a certos usos nas artes. Louro eaaiísa «le porco. — Fam. das La%iriaceas . — Este arbusto, assim denominado nas Alagoas, tem os ramos flexíveis, que se inclinam sobre outros vegetaes. Tem a casca roixa escura. As folhas medianas. As flores, em cachos, pequenas, ama- relladas, com cheiro, e mui infrueti- feras. LOU LUZ «7» O fructo 6 como uma azeitona ; e quando secca fica branco, parecendo ter sido pintado de alvaiade. E' empregado nas obras internas. Este Louro tem toda analogia com a planta de Pernambuco Abraça-miíndo ou Maçongo (Thesium fructualbiim) . — Fam. das Smtalaceas. Louro cereja. — Priimis laiiro cera- sus, Linn. — Fam. das Rosáceas. — Arvore originaria das margens do Mar Negro. Tem as folhas grandes, ovaes, al- longadas, agudas, denticuladas nas margens, duras e mui luzidias. As flores brancas, ás quaes succe- dem fructos arredondados, denegridos, que contêm um caroço ; dentro do qual se acha uma amêndoa muito amar- ga, com cheiro de amêndoas amargas, ou de acido prussico. A agua destillada e o óleo essencial das folhas contém acido prussico. Propriedades medicas. — E' empre- gado como calmante nas tosses ner- vosas, asthma e na phtisica ; na dose de 8 grammas até 30 em 250 gram- mas d'agua distillada em 21 horas. Externamente usa-se em loções con- tra dores rheumaticas. L.ou2*o de clieiro. — V. Amarel- lo de cheiro. Louro, ou L.ouro eoiuinuni. — Laurus noMlis. — Fam. das Lauraceas. — Arvore da Europa meridional ; ha- bita espontaneamente em Portugal, e cultiva-se em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Tronco liso. Folhas pecioladas, sempre verdes, ovóides, lanceoladas, agudas, glabras, um tanto luzidias, de textura sêcca, de cheiro agradável e sabor acre-aroma- tico. Estas folhas são estimulantes, c em- pregam-se como tempero nas comidas. Os fructos ovóides contêm dois óleos. Louro fresco. — Fau. idem — E' um outro louro, á que nas Alagoas dão este nome. É arvore alta. Quando se lhe levanta a casca, ou mesmo se derruba, a arvore derrama uma tal frescura que se sente, mesmo sem o seu contacto. É também útil para todas as obras de edifícios. Louro tUi. — Cryptocarya thi. — Fam. idem. — Esta espécie, que tem este nome nas Alagoas, é também conhecida em Pernambuco. Tem a casca parda. As folhas ellipticas, grandes e sem pellos. As flores, de um branco esverdi- nliado, dispostas em cachos. O fructo, como os do seu género, é cheio de pontos vesiculosos, e mais cheiroso que o de outro qualquer louro. A madeira é de tanta importância como as melhores ; a côr do lenho é amarella clara, assemelhando-se á côr da ganga amarella. É usada em todas as obras de mar- ceneria. Lúpulo. — Humulus lujmlus, Zinn. — Fam. das Uríicaceas. — Esta planta eu- ropea cultiva-se no Brasil. E' de caules herbáceos e trepa- deira. As folhas assemelham-se ás da par- reira, e são duras. As flores, se separam em sexos, e formam capitulos. Cultivam-n'a em grande escala, por ser objecto de grande commercio. O emprego das flores d'esta planta é mais geral na industria do fabrico da cerveja, do que nas applicações da medicina. Hoje, com o fabrico e consumo da cerveja nacional, a colónia de S. Leo- poldo, da província do Rio Grande do Sul, iniciou o cultivo d'essa planta, que pelo clima e qualidades agronó- micas das terras, muito promette. I^iizetro. — F. Maleiteira. «» «74 MAC MAC L.3'CO})0(lío iti«!i;;-ena. — Liicopo- dimii certmiím, Swart. — Fará. das Ly- copodiareas. — F/ uma bonita planta mui ramiticada. Seu pó é semelhante ao do L//co- podiõ da Eiiropa. Propriedades medicas. — Nas Anti- lhas se emprega esta espécie como diurética; é útil nos tumores arthritieos em fomentacões. ]VE. MaSiosiiá. — Moriso7iia americana, Linn. — Fam. das Capparidaccas. — E' uma arvore da America meridional. Na Martinica chamam-na Arvore do diabo. Tem as virtudes da Parreira Irava. MaPiaiaiBfsú. — Fam. das Legurai- nosas. — E' uma arvore agreste das mattas do Pará. Sua madeira, vermelha, com veios larg-os e marchetados de côr mais escura, assemelha-s3 á tartaruga. E' muito estimada na marceneria, e applica-se para construcção naval e civil. Mae»él>i% oíb ròeo iSe <<>itti%t*i*lio. — Cocos ventricosa, Arr. Cam. — Acro- coniia sclero-carpa., Mart. — Fam. das Palmeiras. — A Macaiha é o fructo de uma palmeira Macaiheira., que é em lingua tupinica Macaiba. Cresce expontaneamente de Pernam- buco para o Norte. Já nas Alagoas dizem que é raro en- contrar-se algum individuo d'esta es- pécie. A palmeira é de 6 á 8 metros de altura, e ás vezes mais. O tronco é cinzento da côr do co- queiro, tem um bojo no meio e é eri- çado de espinhos longos, finos e acha- tados, cujo ponto de inserção é fraco. O ápice é coroado de um ramalhete de palmas foliaceas, como nas demais palmeiras cujas folhas são dispostas de maneira que parecem crespas. Dá dois cachos, um deflores femininas outro de masculinas, são pendentes , o primeiro é de 50 centímetros para cima. O fructo é redondo, de 5 centíme- tros de diâmetro, tem na base peque- nas escamas sobrepostas; o pericarpo é de côr parda escura e manchado , formado por uma substancia córnea, quebradiça de 2 millimetros de es- pessura. Elle é separado da outra parte in- terna, quando maduro ; e esta parte é um corpo amarello-esverdinhado, com- pacto, mucillaginoso, viscoso, e doce, unido a um caroço grande. Este corpo é a parte comestível, al- guns o assam para comer. O caroço, que é duro e ósseo, porque o envoltório é um pouco grosso, tem uma amêndoa gostosa. Dos peciolos e mais partes d'esta palmeira faz-se balaios, e fabrica-se um excellente flo, que é mui procu- rado pela sua tenacidade; é empregado na confecção de redes de pescar. O lugar em que o costumam fiar em maior quantidade é em Pernambuco, na praia denominada Itapissima. Fazem da Macaiha uma beberagem no Pará ; ahi chamam a este coco Mticajá, no Maranhão Macajúba, nas Alagoas e Pernambuco Macaiha e no Rio de Janeiro Coco de catarrho. Maesajera, — V. Macliaxera. niaeajtiliss. — V. Macaíba ou Co- queiro fiiacajiiba ou de catarrho. MAC MAC llaeaBBibica de baatco. — Fam. das Cactaceas. — Vegetal dos nossos ser- tões, que cresce nas catingas. E' de porte herbáceo de 1 a 1 Y. metros pouco mais ou menos de elevação. Tem as folhas sobre a superfície da terra ; ellas são grossas, succulentas e largas, como geralmente os Cardos^ terminando em esporão agudo, or- lado de espinhos curvos. Deita um caule de pouca altura, com flores vermelhas aroixeadas, e em cachos. Os fructos são bagas, espécies de bananas de 6 centímetros de compri- mento, angulosas e sem cheiro ; cer- tos bichos as comem. Nas grandes sèccas o povo do ser- tões come a polpa da base das folhas. Hlaeaiatbira ele caeSíOvro. — Fam. idem. — E' igual á precedente, pouco mais ou menos ; espalha-se mais, fornrando touceiras, oíferecendo aculeos. Maca III l>Èi*a de ílexas. — Fam. idem. — EstM, espécie cresce ncs pe- dregulhos e nas pedreiras. E' semelhante ás primeiras, com as folhas menores e a côr acinzentada. As flores e os fructos são seme- lhantes. Os espinhos d'esta planta são tão agudos, que não ha animal que penetre por entre elles. niaçã. — Pijriis malus., Linn. — Ma- his commtinis., D. C. — Fam. das Rosá- ceas.— A maçã é uma fructa natural dá Europa, cultivada entre nós. Da Bahia para o Sul dá excellen- temente, e em particular em S. Paulo e na província do Rio Grande do Sul . E' produeto de uma arvore de me- diano porte de folhas luzentes. Flores rosáceas em cachos. Os fructos são iguaes aos que aqui apparecem importadas da Europa. São do tamanho de uma laranja pe- quena, com as extremidades achatadas, formando um umbigo emcima e outro embaixo; isto é, duas cavidades circu- lares ; a casca de fora é flna, lisa e lustrosa, de côr amarella esverdinhada com uma zona purpurina. Dentro acha-se uma substancia com- pacta, branca, semi-transparente, gra- nulosa, de um sabor doce e acido muito agradável, contendo dois caro- ços. Ha na Europa umas dez variedades d'esta espécie pelo menos. Ma^'ã de AisaiV^a ou Jdjit- lieira. — Rhamnus zizyphus. Zysiphiis Jujuha., Lamli. — Fam. das Rliamnaceas. — A jiíjiíheira ó uma arvore mediana e bonita. Seu tronco não engrossa, e tem de diâmetro cerca de 36 centímetros. E' ramosa, com espinhos nos ramos. Tem as folhas pequenas, lustrosas, com as divisões medianas em três pontas longitudinaes. As flores, em pequenos grupos, são amarelladas e pequeninas; parecem es- trellinhas. O fructo é uma semelhança da Maçã porém de 3 á 4 e meio centímetros de tamanho, oval, achatado, com dois ca- roços dentro. A massa polposa, é doce e boa. O fructo é amarello esverdinhado. E' d'elle que os pharmaceuticos prepa- ram a pasta de jujuba que se usa como peitoral. A planta existio no Jardim botânico de Olinda. Hlaçã «Io mattfo. — Sorbus hrasilien- sis. — Fam das Rosáceas. — Toda a arvore, tanto o fructo como a casca e folhas abundam em acido prussico, mas as sementes não contem o referido acido. A casca tem acção tónica, e usa-se como antifebril. Hlaçarauflitlia 1t rança. — Mi- musops. — Fam. das Sai)otaceas. — E um fructo do norte do Brasil, proveniente de uma arvore elevada, que sem du- vida pertence a este género. «"Jfi MAC MM' Cort;i-se a arvore par-», se colherem os fruetos. (!j Elles são de 9 á 12 centimetros de comprimento, redondos, ovae.s, de cor amare 11 a. Contêm no interior uma massa mui leitosa branca e doce, com dois caroços pretos fusiformes e chatos no centro. Come-se, mas é tão acre esta substan- cia, que não se pode comer mais de dois fruetos s^m que se fique com a lingua ferida. Destroe-se, porém, esta propriedade cosinhando os fruetos e pondo-os so- bre uma urupema ou peneira grossa, para resfriarem e deixarem correr a agua. Então converte-se toda a mas.sa lei- tosa n'um licor doce e mui agradável, de gosto semelhante ao do Sapoti. IYIa^'ai*tiii«l3i9)a de leiUe ou lei- tosa. — Mimnsops florihunda. — Fam. idem. — E' um fructinho conhecido em Pejrnambuco, Alagoas, Bahia e Pará por este nome. Provém de uma arvore copada e lacti- fera em todas as suas partes. As folhas dispostas em grupos, nas extremidades dos ramos. As flores, em feixes nas axillas dos ramos, são brancas esverdinhadas. Os fruetos, semelhantes aos da pre- cedente, apresenta por fora três cores em zonas-amarella, vermelha e esver- (iinhada. São de 3 centimetros de diâmetro, e saborosas ; mas o sueco leitoso e vis- coso que tem faz desmerecer o seu sabor agradável ; deixa os lábios tão pegajosos, que é preciso, para desem- baraeal-os, untal-os com azeite doce. A madeira d'esta arvore é empregada em certas obras : como esteios, fre- chaes, etc. Apanhando fumaça torna-se durável. niaçaraiKliib» ou Mafaraii- tlubeira «lo Pará. — Mimnsops ex- celsa. Fr. Aliem. — Fam. Idem. — E' uma arvore elevada do Pará, de 20 a 24 metros de altura. Tem a casca rugosa, lactifera e man- chada, de ramos copados. Folhas oblongas. Flores naturalmente brancas. O fructo é a Maçaranduha, como as demais descriptas. Segundo um relatório apresentado no Pará em 18Gõ, a madeira d'esta arvo- re é uma das mais procuradas para a construcção civil e naval ; resiste mais que as outras á acção do tempo e da agua ; é dura e presta-se muito ao polimento. Fazendo-se uma incisão na madeira, exsuda grande quantidade de sueco lei- toso, que tem diversas applicações. Uns o empregam na preparação de mingáos, outros usam mistural-o no chá ou no café, no que substitue per- feitamente o leite de vacca. Ha individues gulosos que o bebem simples ; mas d'esta imprudência têm resultado accidentes fataes, pela coa- gulação do leite no estômago. Este sueco tem um importante uso, que é servir para fazer a colla pró- pria para grudar qualquer vasilha de barro, louça ou utensílio de madeira que se quebra. Solda-se com este adhesivo, ficando mais solido do que era d'antes. Podem os marceneiros empregal-o com preferencia á outra qualquer colla, na união das peças de mobílias. As canoas e barcos que são cala- fetados com elle embebido em algodão ou em súma-úma são os mais bem calafetados. E' também empregado nos pannos que forram os toldos de canoas e esca- leres, os quaes, sendo pintados com elle, tornam-se perfeitamente impermeáveis á agua, dispensando breu, óleos e ou- tras preparações. O leite da Ma.çaranduha é o melhor succedaneo da gutta-percha., na cons- trucção de cabos e em outras applica- ções em que substitue a esse pro- ducto, e á borracha. Para mostrar de quanto valor e quão precioso é o sueco de que se trata, basta dizer que combinado com a bor- MAC MAC ^tH racha presta-se ao fabrico de cadeias de relógios anneis, pulseiras, brincos e outros ornatos de luto, bocetas, pen- tes, tinteiros, canetas, cliicaras, copos para agua, bengalas, frascos, garfos, colheres, facas para cortar papel, potes, canecos, porta - relógios, caixinhas de jóias, e de costuras, armaduras de binó- culos e outros muitos instrumentos. O leite da llaçaranduba exposto ao ar livre converte-se por coagulação lenta em uma substancia de côr branca, um pouco acinzentada, muito solida, compacta e quasi perfeitamente idên- tica á ffutla percha, tendo sobre este producto a vantagem de ser mais elástica. Depois de perfeitamente coagulado é impermeável á agua, onde torna-se cada vez mais endurecido ; mas, im- merso em agua quente, amollece e tor- na-se elástico tomando todas as for- mas que se queira dar-lhe. Está hoje evidentemente provado que o leite da Maçarancliiha da verdadeira gutta-percha . A Maçaranduba abunda no Pará, nas províncias do Norte, e sobretudo , em Pernambuco e até em Minas-Geraes e Matto-Grosso ; convém por tanto ex- plorai-a. Propriedades medicas. — Possue este leite propriedades medicas ; é peitoral analeptico, usado internamente, e re- solvente externamente. Produz consti- pação do ventre. (Fig. 24.) Maçaranduba vernieíSía. — Mi- musops brasiliensis. — FoAn. idem. — Esta espécie, que suppomos ser a mesma Maçaranduba do Pará, é semelhante a precedente, e é a verdadeira de Pernam- buco ; diífere por caracteres especiaes. E' mais gigantesca que a precedente, fornece também muito sueco leitoso do tronco e de todas as outras partes. Os fructos são semelhantes. A madeira é empregada como boa. Aproveitam o leite do tronco para visgo, e a madeira para obras de con- struccão, e de marceneria. Modernamente descobriram-se outras excellentes propriedades do leite da Maçaranduba. Segundo um relatório apresentado no Pará em 1865 inserido no Diário de Pernambuco n. 33 do mesmo anno em 10 de fevereiro, elle presta-se a to- mar-se misturado ao café, como o leite de vacca, e coagula-se sendo útil a outros misteres. Hlacella do campo, de S. Paulo. — E' uma planta mediana que cresce nos campos, cujas flores são amarellas, entretecidas de pellos ma- cios, que se colhe para encher traves- seiros e colchões. Talvez seja a Macella de Alagoas. HlaeeBla de S. Paulo. — V. Ma- cella do campo. ^Ilacella de taboleiro, das Alagròas. — Conyza árida. — Farn. das Compostas. — Nas Alagoas chamam Ma- cella dos taboleiros a vima herva deli- cada que nasce nos terrenos duros e seccos, elevando-se até 50 centímetros de altura; encontram-se em canteiros. Seus caules e folhas estreitinhas são tão cobertos de pello macio e branco, que tornam-se esbranquiçados. As flores são como uns botõesinhos amarellos ; contendo os fructinhos co- roados por um feixe de pellos macios. Com estas flores e seu involtorio, que também é macio, enche-se col- chões e travesseiros ; é porém má essa pratica, porque ellas tom um cheiro, se bem que suave, todavia nocivo para quem o respirar. MaeeSla d» ferra. — Matricaria americo/na. — Fam. idem. — Herva indí- gena, ramosa e aromática. Esfregando- se nos dedos qualquer de suas partes exhala o mesmo cheiro da Macella das boticas. E' de 25 a 50 centímetros de altu- ra. Folhas pequenas e estreitas, for- mando orelhasinhas em derredor. »^8 MAC MAC Flores isoladas ou em pequenos cachos. Todas as partes da planta, caule, folhas e flores, são cobertas de pellos glandulosos. A flor é espherica na base. O involtorio formado por folhetas verdes, sobrepostas, e a parte superior radiada de linguetas estreitinhas bran- cas e filiformes, no centro existem muitas sementinhas oblongas. Empregara-na quasi nos mesmos casos da Macella^ como emmenagoga e anodyna. Abunda nas margens do Rio de S. Francisco. Maeaxèr» ou Ai|>íiii. — ManiJiot aipi. — Fam. das EupliorMaceas. — A Macaxera ou Aipim, em tupinico — Cer- guaçuremicó é uma raiz tuberosa se- melhante a Mandioca.^ a ponto de se confundirem. E' um arbustosinho que é muito cul- tivado, sendo indígena do paiz ; é de 1 a 2 metros de altura, e esgalha muito pouco. O troncosinho castanho ou cinzento é cheio de nós. Tem as folhas direitas, longas, brancas ou vermelhas ; o limbo recortado em lacineas, formando uma palma redonda, tem muitas vezes uns corposihhos glan- dulosos sobre as folhas, em diversos pontos. Offerece, cachos de flores que são como rosinhas esverdinhadas, as quaes dão por fructo uma espécie de nóz roliça de três gommos, tendo dentro três caroços oleosos. A parte importante d'esta planta é a raiz, que toma ordinariamente di- versas dimensões, de 21 a 36 centí- metros. E' roliça afinando para a extremi- dade inferior. A casca é fina, parda, e áspera ; encerra uma substancia compacta , branca, nquosa e adocicada, tendo no centro um eixo fibroso. Antes d'este corpo, logo depois da cascn fina, ha uma camada branca co- riacea de 1 a 1 e */i milímetro de espessura. Faz-se uso da Macaxera cosinhada ou assada, para comer-se ; assim ella constituo um bello pão para o almoço ; dá, sendo ralada, uma boa fécula de que se faz a melhor farinha, muito usual no Rio de Janeiro e Bahia, aonde é conhecido pelo nome de Aipim ou Ai'pi este vegetal. Da fécula fazem-se bolos, podins, filhos, etc. Ha duas espécies em Pernambuco e Alagoas. A Macaxera hranca tem o caule acinzen- tado, os peciolos das folhas são bran- cos esverdinhados, e nas extremidades roixas. As raízes tem as cascas finas e a massa branca. A Macaxera preta tem o caule pardo 03 peciolos vermelhos e o gommo ter- minal branco ; dá boa farinha e é d'esta que nas províncias do Sul se faz uso. A casca é parda e a massa branca. Estabelecem como regra os nossos camponezes, que toda a maniva que tem o olho branco póde-se comer. Ulueliixe. — Cucumis anguria^ Linn. — Fam. das Cucurhitaceas . — O 3íachixe é uma das nossas verduras quotidianas E' oriundo da Ásia. O vegetal que o produz é uma herva reptante,que alastra-se com seus caules verdes, e revestidos de pellos hispidos como as folhas, que tem peciolos com- pridos e são em forma de palmas ; todas estas partes espinham. As flores são de dois sexos, mas- culinas e femininas, formando como rosinhas amarellas, e tendo o fecundo fructinho na base. Desenvolve-se este, apresentando 3 a 6 centímetros de comprimento ; ovóide é verde marchetado, eriçado de sa- liências longas como espinhos molles. Dentro ha uma polpa aquosa esver- dinhada com sementes ellipticas, pe- qvienas, brancas, comprimidas em três pontos e distribuídas em duas ordens. MAD MAL 2Í9 O Maehixe é uma boa verdura; também servem-se d'elle como medicinal ; por- que empregam o fructo ainda tenro em talhadas no anus, contra os ataques hemorrlioidaes. Elle não cresce na força do inver- no, nem tão pouco no rigor do verão. Torna-se amarello esbranquiçado quan- do maduro mas n'este estado não presta para comer-se ; porque torna-se asedo. Serve para salada, MacokiiiA enka. — Hysmenia glmtca. (?) — Fau. idem. — E' uma planta de vir- tude adstringente. niaciicú. — Ilex macoucoua^ AtiU. — Fam. das Celastrincas. — O fructo d'esta planta, que vegeta no Pará e Amazonas, dá uma bella tinta preta com a qual os caboclos tingem o algodão. O lenlio serve para archotes — Mace de fogo. O sueco, que é còr de vinho, é ads- tringente e doce. IIIadie])ueí a*» \ erdasleira. — Graf fenrieãia cryptocarpa . — Fam. das Me- lastomaceas. — Arbusto de 3 a 4 metros de altura e agreste. E' conhecido nas Alagoas por este nome. Seu tronco tem casca parda sem as- peresa. As folhas grandes, louras pela parte de baixo e nas pontas dos ramos, co- bertas de cotão louro, assim como as flores, que são brancas e em cachos- O fructo é globuloso, de semente miúda, o ovário ovóide, adherente ao cálice, de cinco lojas, e de sementes miúdas. Madre-eravo. — Sph(erantlms ano- dinus. — Pluchia quitoc, D. C. — Fam. das Compostas. — Esta herva é conhecida por este nome em Pernambuco e por Cravo-madre nas Alagoas. E' aromática, de 50 a 70 centímetros de altura com o caule ofFerecendo de alto a baixo, nos ângulos, uma mem- brana foliacea. As folhas são recortadas em lami- nas estreitas. As flores em botões semi-esphericos tão pequenos que mal se percebem ; são brancas. E' um dos bons ingredientes das varrellas das lavadeiras, não só por aromatizar, como por clarear a roupa. Em Sergipe Bahia e Rio de Janeiro chamam-no Qtiiíoco nome tupinico. N'outros lugares do Brasil, por exem- plo em Minas, tem o nome de Ca- cuhucage (?) Mada»e-SBJva. — Alsíroemcna i^ele- grina., Liun., — Fam. das AmarylUãaceas. — E' uma planta da America meri- dional. Tem tubera na raiz. Flores bonitas e um tanto aromáticas. Ha difierentes outras no Brasil, Chile, México, etc. Hla faliu. — Espécie de Cajueiro do Norte. Maiiiiliií. — Herva rasteira que nasce nas praias do mar, e que gosa das propriedades da Caroba. Hlaiorano. — V. Algodão bravo. Mãi de saj»ateèi'«. — Palicourea argêntea. — Fard. das Rubiaceo.s. — Nas Alagoas chamam por este nome umu arvore mediana, agreste, de folhas op- postas. Os renovos parecem flores ; são l)rau- cos com o ápice rosado. Estas são em cachos com os pedún- culos tão brancos que parecem pra- teados, assemelham-se ^jasmins brancos. O fructinho é redondo de um cen- tímetro, e apresentando no ápice uma coroasinha. O pericarpo é fino e vermelho. A massa interna é aquosa, da mesma còr e com dois caroços chatos de um lado e convexos de outro, Malaleuea. — Malaleuca leucoden- dron. — Fam. das Myrtaceas. — E' um uso MAL MAL arbusto adstringfente, que tem usos médicos que não conhecemos. Malanilio. — V. Melamho. ]llaleiteii*a. — Eaphorhia papilosa, Si. Hil. — Fam . das EupJiorMaceas. Propriedades medicas. — O sueco lei- toso das folhas d'esta planta dado na dose de duas colheres de sopa mistu- rado com mel, é iitil contra as dores osteocopas. A raiz é purgativa. Hlaleiteifa. — Eiqúorhia papilosa. — Fam. idem. — Planta conhecida nas províncias do Sul não só por este Borne, como pelos de LecTieirez., Leiteira., Leitaríga e Luzeiro. Propriedares medicas.— Emprega-se no engorgitamento dos intestinos, como resolutiva e purgativa. Malliado. — Pittos fortim dispersum. — Fam. das Pittoporaceas . — Arbusto silvestre de porte regular, conhecido por este nome nas Alagoas. Tem as folhas oblongas um pouco grandes. Caule flexível. As flores são brancas, como angélicas e com algum cheiro. O fructo é uma capsula de três val- vas sêccas, contendo alguns grãos. A casca serva para cordoaria. Caracteres da família. — Arbusto ás vezes sarmentosos e volúveis de folhas simples e alternas, sem estipulas. De flores solitárias, fasciculadas ou dispostas em cachos terminaes. O cálice é formado de cinco sèpa- las pouco adherentes na base. A corolla, consta de cinco pétalas iguaes, reunidas e soldadas na base, de modo que forma uma corolla ga- mopetala, tubulosa e regular, ou ex- posta e como que rotacea. Os cinco estames são direitos, hypo- gynicos alternos com a corolla. O ovário é livre, elevadr n'uma es- pécie de disco hypogynico, apresentando uma ou duas lojas separadas por di- visões incompletas, que muitas vezes não se encontram no centro do ovário ; e d'ahi resulta a existência de uma só loja n'este órgão. Os óvulos são numerosos, inseridos em duas ordens longitudinaes e dis- tinctas no meio do septo. O estylete é ás vezes curtíssimo e termina n'um pequeno estigma bilo- bado. O fructo é uma capsula de uma ou duas lojas polyspermicas abrindo-se por duas valvas ou um fructo carnoso indehiscente. As sementes constam de um tegu- mento próprio, um pouco crustáceo, de um endosperma branco, de em- bryão pequeníssimo, em frente ao hilo, e tendo a radicula voltada para este ponto. nialicía íle naiiIlBCi*. — F. Sen- sitiva. AIaS-nie-f|ue9* ••■»•— -4 Hí»? sagittoefoUum, SpL — Ca- ladiím sagitloefolium, Yent. —Fam. das Araceas. Planta herbácea, indígena, cujas fo- lhas nascem immediatamente de sobre a terra, em peciolos longos sagitefor- mes. Tem as flores dentro de um estojo ovóide á semelhança do Tinhorão, Os fructos d'essas espécies são cap- sulares, molles ou secos. E' conhecido por este nome no Ma- ranhão. Maiigapito tias Alagoas.— E' uma herva semelhante á Araruta, q ue dá uma batata cor de ouro, de vario s tamanhos, e que talvez seja o Qengib re dourado . Mangarito do Maranliào.— E uma herva que produz na raiz es umas batatinhas de vários tamanhos, me- nores que as communs, de formas variadas, casca fina massa compacta e doce, de côr branca ou roixa. MAN 391 Comem-se cosidas. A raiz exuda um sueco leitoso da superfície. Mangarito tie Sergipe.— i^af/z. das Araceas.— E' uma planta herbácea, cuja raiz é uma batata comestível. As folhas expandem-se, estendendo-se sobre o chão, tendo peciolos longos; são cordiformes, oblongas e membra- nosas de 24 centímetros. As fíôres nascem n'um pendão, e for- mam uma espécie de espíguínha em volta n'um cartuxo foliaceo; é emfím como a Taioba, porém menor. Comem-se as folhas, e a batata. Mangavi.— F. Comanãatiá Mangericão da âoHaa enifsa- çs^i^i\.—Oajmim. — Fam. das Labiadas. —Este matigericão diífere do ordinário por ter as folhas mais laças ; mas é pouco mais ou menos do mesmo ta- manho e forma. As flores são de côr rósea mais car- regada. Mangar irão da lollaa larga. — Ocymim basilicum, Lvm.—Fam. idem. Planta natural da índia, de 50 cen- tímetros de altura, com caule quadrado e ramoso. Folhas oppostas, ovaes. As flores, em espigas verticaes, são brancas, como busiosinhos. (1) O fructinho é uma capsula de qua- tro palhetas, ou mesmo de duas, con- tendo umas sementinhas pretas. E' muito aromática, e serve para tem- perar-se a comida. ^ Serve também para banhos excitantes, é cultivado como ornamento de jardins. Na Bahia chamam-na Catinga de mulata. Mangericão niiudo. — Ocymum minimum, Linn. — Fam. idem. — Esta espécie é oriunda do Ceylão, e culti- va-se nos nossos jardins. (1) Nome que se dá aos caramujos nas pro. vmicas do norte. MAN MAN Diflfóre das antecedentes por ter a follia mais miúda, e crescer menos. Tem os mesmos usos. Ulitiij^cricão das ntoças. — V. Ma i Mas . MaujEcricão ordinário. — Oci/- mum hasilium, Litm. Var.l — Zeucas mar- ■ tinicensis, Bartfi. — Stachijorecta^ Linii. — Fam. idem. — Este mangericão commum em nossos jardins é natural do Ceylão, e muito cheiroso. Esgalha bastante ; e o caule é quasi quadrado. As folhas oppostas, ovaes e bem verdes. As flores, em espigas, são brancas e roixas ; e os fructos iguaes aos da precedente ; tendo o mesmo préstimo. E' empregado nos espasmos hyste- ricos, e dores articulares. ]IIi»ii^erió!>a. — Cássia occidentalis, Linn. — Cássia sericea, Swart. — Fam. das Leguminosas. — E' uma das plantas úteis do Brasil ; nasce em todos os terrenos- Seu nome popular é geralmente Fe- degoso- parece que só varia em Per- nambuco, pois no Rio de Janeiro e Bahia, é chamada Fedegoso. O caule é um tanto lenhoso ; cresce de 100 a lõO centímetros ; é esgalhado, de folhas lanceoladas, não pequenas, dispostas em pares por palmas. Flores em cachos pequenos, amarellas e dispostas como rosas. O fructo é uma vagem de 12 cen- tímetros, estreita, parda, comprimida, com ondulações, mostrando os lugares das sementes, as quaes existem em lojas divididas, de forma ovóide, e cor de castanha. Propriedades medicas. — Esta planta tem muitas applicações medicas ; o cosimento das folhas e caules, feito com cevada, é excellente contra as tosses antigas e recentes, dores rheu- maticas, erysipelas, e cólicas. A infusão do lenho em agua com- mum é tomada diariamente contra as edemacías. O café feito das sementes é util contra o flato. Na primeira invasão do cholera no Brasil, 1856, no Brejo d' Areia foi empregada a raiz d'esta planta ras- pada, em infusão, misturada com um pouco de aguardente : era um espe- cifico contra as diarrhéas cholericas. Também chamam-n'a Paja-marióba. niauM^eroiia. — Origanum majorana , Limi. — Majoranoidis (?) Willd. — Fam. das Labiadas. — E' uma planta herbácea, aromática, natural da Europa. E' delicada na cultura. Seu caule forma touceira, e esten- de-se elevando as pontas dos ramos, que são finos. Tem as folhas oppostas, pequenas, ovaes, e esbranquiçadas, por causa dos muitos pellos macios, que as tornam também macias. As flores são brancas e pequeninas. O fructo como o do Mangericão. Empregam-n'a como tempero nas cosinhas, e tem as propriedades esti- mulante e tónica. Hlaujferona do campo. — Gle- dion spatulatus. — Fam. idem. — Planta do paiz conhecida por este nome no Rio Grande do Sul. Esta herva, tomada em infusão, é um excellente diaphoretico para as affeccões catarrhaes. Illang:iie aniarello. — Avicencia. nítida, Linn. — Fam. das Myoporaceas. — E' uma arvore pequena e indígena que habita nos pântanos. Tem folhas bonitas, lanceoladas. As flores são brancas. O fructo capsular e oblongo. Com a casca d'esta planta se curte couros ; é adstringente. E' também conhecido por Cerubuna e Cerutinga. Haiij^ue braneo ou Cereíba. Laguncularia racemosa, Gaertn.—Fam. MAN MAN «93 das Comlretaceas. — A este mangue tam- bém chamam em Pernambuco Mangue branco e rasteiro. E' um arbusto que vegeta nas aguas salgadas, muito ramoso, sendo os ramos oppostos ; tem as sumidades e o peciolo das folhas vermelhos. Estas são oppostas quasi redondas, carnosas, quebradiças. Satura-se do sal das aguas marinhas. As flores em cachos são pequeninas e brancas. O fructo é uma capsula cónica, sul- cada. A semente germina dentro do fructo, que depois torna- se escuro. Este arbusto fornece boa lenha. As folhas são applicadas, em cosi- mento, nas dores de dentes. niaiigrue do brejo. — Eugenia nítida. — Eugenia nitens , B . C. — Fam. das Myrtaceas. — Arbusto de tron- co liso. De folhas oppostas, ellipticas e lus- trosas. Flores e fructo iguaes aos de suas con- géneres. ]IIan§:ue canoé oii de botão. — Termi7ialia aggregata. — Fam. das Com- lretaceas. — Arbusto em mouta. Cresce de 150 a 200 centimetros. Vegeta nas areias da praia. Suas folhas são lanceoladas, lisas, carnosas, quebradiças, e com o peciolo curto, tendo duas glândulas umbeli- cadas na base que, e se apresentam como glóbulos esverdinhados e sub-escamosos, contendo muitos feixes de pequenos filetes. O fructo é um aggregado de fructi- nhos globulosos, oblongos, com eixo cen- tral, cuja superfície offerece ângulos em alto relevo com pequenas escarninhas. Do tronco d'este mangue tiram-se cavernas para canoas. Hlan^iie de espeto. — Stalagmites mini folia. — Fam. das Gutti feras. — É uma arvore do paiz de porte mediano conhecida por este nome em Alagoas. Tem a casca escura. As folhas miúdas, oppostas, lanceo- ladas e lisas. As flores são brancas, em cachos, pequenas e um pouco resinosas. O fructo é rudimentario, ovóide e in- ternamente dividido em quatro aloja- mentos. Maiig:iie do Pará. — Cassipourea guiafiensis, Aubl. — Zignotis, elliptica, Swart. — Fam. das Salicariaceas. — É um mangue que vegeta em terrenos paludosos no Pará e seus contornos. E' arvore mediana, de folhas op- postas e ovaes. As flores são braneas em cachos. O fructo semelhante á uma baga es- pherica com três válvulas e três lojas, contém uma ou três sementes. niangue do Pará. — Cassipourea macropliylla, D. C. e Mart. — Lignotis macropiliylla. — Fam,. das Risoplioraceas . — Esta espécie difí'ere pouco da outra. As folhas são maiores, assim como as flores. ]IIan§:ue de pendão. — Rhizo- fhora mangle., Linn. — Fam. idem,. — Este mangue nasce e vegeta nas bordas e mesmo dentro dos pântanos salobros e salgados. Tem em Pernambuco este nome e o de Mangue verdadeiro. E' um arbusto frondoso, de tronco liso e escuro ; de ramos quasi hori- sontaes, avermelhados nas pontas e no peciolo das folhas. Estas são arredondadas, carnosas e quebradiças. Flores em cachinhos brancos. O fructo é uma capsula pyriforme, deprimida, coroada por um pequeno tubo, cuja superfície verde é reguada longitudinalmente, e contém uma se- mente foliacea. A lenha que fornece é boa ; e con- serva o fogo. Pôde dar-se na dose de 8 grammas como anti-febril a casca. O pó dá-se nas picadas dos insectos e mordeduras de peixes. «94 MAN MAN Catiacteres da família, — Plantas herbáceas ou arbustos de caules sar- mentosos, de folhas alternas, simplices recortadas e acompanhadas de duas estipulas na base. Poucas vezes são arvores desprovi- das de elos. Suas flores são em geral grandes e solitárias ; muitas raras vezes formam uma espécie de cacho. Essas flores são hermaphroditas, tendo um cálice gamosepalo, turbinado, ou longamente tubuloso, com cinco di- visões mais ou menos profundas, al- gumas vezes coloridas. Uma corolla de cinco pétalas, in- seridas no alto do tubo do cálice. Cinco estames monadelphos , for- mando um tubo que cobre o ápice do ovário e se une com elle. As antheras são versáteis de duas lojas. Por fora dos estames ha appendices mui variados, ora filamentosos, ora sob a forma de escamas ou de glân- dulas pedicelladas, reunidas circular- mente, e formando de uma a três coroas, que nascem no orifício nas paredes do tubo calicinal. Algumas vezes esses appendices e mesmo a corolla faltam completamen- te. O ovário é livre, de uma só loja, offerecendo de três a cinco trophos- permas longitudinaes, que algumas vezes são salientes, em forma de falsos septos, e que se ligam a um grande numero de óvulos. Tem superiormente três ou quatro es- tyletes, terminados por outros tantos estigmas simples ; raras vezes os estig- mas são sesseis. O fructo é carnoso, interiormente, contendo um grande numero de se- mentes ; poucas vezes é secco, mas sempre indehiscente. As sementes tem x\m endosperma carnoso, no qual existe um embryão homotropo e axil. ]!IIaisiu,-uc «1» prai». — Scoevola plu- mierii, Lamh. — Fam. das Gampanulaceas roustosii — Aroustosinho conhecido por este nome em Cabo-Frio. E' esgalhado, com folhas alternas e ovaes. Flores amarellas ou brancas. O fructo é uma capsula, ou espécie de nóz. Serve para os mesmos usos que o Mangue^ e fornece bôa matéria para a tinturaria. Ufaiigue preto. — V. Mangue de 'pendão. Nanj;^iie de sapateiro. — Sta- lagmites mangle. — Fam. das Guttiferas. — E' uma arvore que vegeta nasmattas das Alagoas, onde lhe dão este nome. Tem o lenho avermelhado dentro ; fornece um sueco resinoso. As folhas são oppostas, um pouco grandes, obovaes, viscosas, e grossas ; exsudam leite viscoso. As flores, são brancas, em cachos. Os frutos, de 3 centímetros, ovaes, verdes por tora e brancos por dentro, tendo varias sementes nos comparti- mentos; é viscoso. A madeira, é própria para certas obras, e dá bons caibros. I}Iaiig:iie veri»»ellio. — V. Man- gue de 'pendão. Maníba. — V. Ma^iiva. IManic» .— liutilia fertilis.—Manicá (?) Fam. das Acanthaceas. — Herva agreste conhecida por este nome em Pernam- buco. Tem o caule em moita, de cerca de 50 centimetros. Asfolhas lanceoladas e oppostas, algu- mas pequenas que lhe são associadas. As flores, como trombetinhas, de côr roixa azulada, em cachos que rodeiam os ramos cheios de aspasinhas follia- ceas. Todas essas partes são cobertas de pellos, com glândulas nas pontas, que parecem orvalho, pelo que a planta é pegajosa. MAN MAN 995 O fructo é uma capsula foUacea, em forma de fuso, com duas válvulas e algumas sementes compridas dentro. Empregam seu cosimento contra as fluxões de peito, tosses, etc. llauiçoba brava. — Jatropha. — Fam. das Eiipliorhiaceas. — Arbusto que cresce de 2 a 4 metros, quando favorece o terreno. E' lactifero, de caule nodoso em vir- tude das cicatrises das folhas velhas. Estas são palmadas, de peciolos lon- gos, de cinco lobos ovaes oblongos, agudos, lisos e quasi lustrosos. Flores, em pequenos cachos, nas pontas dos ramos. São de dois sexos, e como pequenas angélicas de cinco pontas esverdinhadas, e na base manchadas de côr de purpura. A flor fêmea produz uma noz oval, de 3 centímetros, dividida em oito septos por meio de secções e quatro válvulas ; oíFerece quatro lojas conten- do quatro sementes. Esta planta é uma Maniva brava que não se come. Dá raizes tuberosas, que, em vez da forma comprida que tem as que se co- mem, são redondas, e seu interior não é formado por substancia compacta, como n'aquellas ; porém mais frouxa, e aquosa; não dá fécula. Entretanto todo o gado gosta d'esta planta. A Maniva do sertão é uma espécie semelhante á esta, porém apresenta na raiz um prolongamento, as vezes de 150 centímetros, na extremidade do qual forma-se uma tubera, cuja massa é mais venenosa. Em tempos de carestia e fome o povo d'esses lugares serve-se d'ella para fazer farinha ; mas é preciso ex- trahir bem a parte aquosa, e prolongar ou demorar por mais tempo a torre- facção, isto é a acção do calor. MmbiíbiiIiú. — Espécie de Jiinça que nasce nos paues da Parahyba. Manilha. — Já mostramos qvie o vo- cábulo Maniva significa a planta in- teira que produz as tuberas, donde se extrahe a farinha usada como alimento entre os brasileiros, que também se chama Farinha de ])áo. O nome, porém, de Mandioca appli- ca-se em particular a raiz tuberoza. Eis aqui as espécies que se cultivam em Pernambuco. Maniva aipim. — Jatroiúa 'pseudo aipi.{l) — Fcm. das Eujúorbiaceas. — O caule d'esta é branco, os peciolos das folhas esverdinhados no ápice e arroi- xeados na base junto ao caule. As folhas são de cinco ou sete divi- sões. Parece-se com a 3íachaxêra branca. Hlaniva aipisai. — Jatropha. — Fam. idem. — Machaxêra. Maniva antarella. — Joiropha. — Fam. idem. — Conhece-se enl Pernambuco e Alagoas por este nome a Maniva de tronco esbranquiçado. A estructura da planta está des- cripta na Mandioca Jatropha. A raiz é de tamanho ordinário, de cerca de 36 centímetros, casca fina e branca em relação ás outras. A massa não é compacta; tem a côr amarella e dá boa farinha. nianíva atan do calado. — Ja- íropha. — Fam. idem. — É conhecida em Pernambuco e Alagoas por^este nome uma Maniva de caule branco e gom- mos arroixeados. Tem a raiz curta, grossa e cascuda; sua massa é enxuta. Dá farinha de boa qualidade, e em abundância. Maniva Barroso. — Jatropha. — Fam. idem. — É de Alagoas esta espécie de Maniva. Tem os gommos e os talos roixos. O lenho é acinzentado. A raiz cresce muito, tem a casca grossa. Dá boa farinha. 296 MAN MAN niaiiivn bPBiiíniiitlia. — Jatro- pha. — Fam.idem. — Esta espécie , que existe em Pernambuco e Alagoas, tem o caule e os peciolos esbranquiçados. A mandioca tem a casca parda. A massa é grossa e compacta. Dá boa farinha. Ha outra do mesmo nome que diífere por esgalhar muito e produzir uma raiz tuberosa de casca grossa. Também dá boa farinha. Maniva caboc'linilia. — Jatropha. — Fam. idem. — Esta vegeta também em ambas as províncias acima men- cionadas, onde recebe este nome. O caule e os peciolos aproximam-se á côr de castanha. A Mandioca é curta e grossa, de massa enxuta. Dá boa farinha. nianivn eaboe'linha. — Jatropha. — Fam. idem. É também de Pernam- buco e Alagoas O caule e os peciolos são averme- lhados. A raiz cresce bastante , e dá boa farinha; mas como d'ella se usa de preferencia para comer cosida, depois de lavada em duas aguas , pouca fa- rinha se faz d'esta espécie. nianiva caiiella de iiriifitk. — Jatropha. — Fam. idem. — Esta espécie tem o caule com manchas côr de purpura. Os peciolos das folhas são purpúreos ; e estas de cinco divisões. As flores e fructos como os da Mandioca. Maniva carrlry de logo.— Ja- tropha. — Fam. idem — Esta espécie tem o caule branco, manchado de rubro. Os peciolos das folhas rubros, e estas de sete divisões. Os gommos são purpurinos. Maiitva criivella, ília mão. — Jatropha. —Fam. idem.— Assim chamam em Pernambuco a esta espécie que cresce muito sem esgalhar. Os peciolos das folhas são vermelhos inferiormente e brancos por cima. As raízes pouco crescem ; mas engros- sam e são muito succulentas. Dão uma farinha regular. Illaiaiva criivellinlia. — Jatropha. — Fam. idem. — E' uma espécie conhe- cida nas Alagoas. O peciolo das folhas é branco. As flores amarellas riscadas de côr de rosa. Abunda em raizes, que engrossam muito. Dá bem em quasi todos os terrenos, e produz boa farinha. nianiva eng:aiia-Iadrão. — Ja- tropha. — Fam. idem. — E' conhecida em Alagoas e Pernambuco. Tem peciolos vermelhos. Caule azinzentado e gomos brancos. A Mandioca engrossa, é compacta, dá boa farinha; e estando em terra en- xuta conserva-se por muito tempo. niaiiiva freira. — V. Maniva mi- lagrona. niasiiva fria, ila inatta. — Ja- tropha. — Fam idem. Em Alagoas e Per- nambuco se conhece esta Maniva que é esgalhada, e de peciolos brancos. Raizes pequenas, grossas, quasi esphe- ricas e succulentas. Dá excellente farinha. nianiva fria, da mvíttet. Jatropha. — Fam. idem. — Subarbusto que es- galha muito, com caule esbranquiçado. Peciolos brancos, com manchas rosa- das ou rubras. Folhas de cinco lóbulos, sendo as dos gommos, ou olhos arroixeadas. Flores amarelladas, com veios côr de rosa ; e as glândulas amarellas. O fructo 6 as estipulas iguaes aos da precedente. A raiz , pequena quasi redonda , é succulenta. nianiva Iiii manai — Jatropha. — MAN MAN 297 Fam. idem. — Também estaé conhecida nas mesmas duas províncias, O caule é escuro, o peciolo roixo ; esgalha abundantemente. A raiz é grande, succulenta e muito enxuta. Dá boa farinha, e em grande quan- tidade. Hlaiiiva Iiuinana branea.. — Jatropha. — Fam. idem. — Esta Maniva tem o caule branco, a Mandioca esbran- quiçada. A casca fina. As folhas com três divisões, o pe- ciolo branco. A flor esverdinhada. O fructo como o da outra. Maniva liiiinana fria. — Jatrop. Fam. idem. — Esta é também conhecida em Pernambuco e Alagoas, onde tem este nome. É um pouco esgalhada. Tem o caule acinzentado, o peciolo branco. A Mandioca cresce e engrossa. É compacta, e dá excellente e abun- dante farinha. Também chamam-n'a Humana fria da matta. niaiiiva liuniana vernielha. — Jatropha. — Fam. idem. — ,Esta espécie é conhecida por este nome em Pernam- buco. Tem o caule manchado de côr de rosa. Quasi todos os peciolos das folhas sáo vermelhos. Estas têm cinco divisões. As flores são amarelladas. O fructo igual aos precedentes. As raizes grandes e succulenta s. lUaiiiva Isabel de Souza. — Jatropha. — Fará. idem. — Esta espécie, as- sim denominada em Sergipe, não cresce muito . Dá raizes que madurecem em seis mezes n'aquella província, mas em todas as outras só no fim de um anno e mais. Esta raiz não tem o principio vene- noso das outras, e até come-se crua sem que produza nenhum accidente. É usada como a Machaxera. nianiva landin, — Jatropha. — Fam. idem. — Conhecida em Pernambuco e Alagoas. E' um tanto esgalhada, tem o caule pardo, e o peciolo esverdinhado. A raiz tem a casca parda e grossa, e a massa enxuta. Dá boa farinha, mas também co- mem-n'a ; não sendo porém boa para este fim. niani va inanipeba. — Jatropha. — Fam. idem. — De Pernambuco e Alagoas. E' do caule acinzentado, de peciolo esverdinhado, esgalha tão rasteiramente que os galhos se introduzem na terra. A Mandioca cresce muito , tem a casca fina, a massa muito enxuta, e entranha-se tanto na terra, que a mão desarmada de instrumento não a pode arrancar. E' a que, n'este estado, mais tempo dura, pois chega a dois annos sem cor- romper-se. Dá uma farinha, tão venenosa, que nem as formigas a comem. nianiva nianipeba. — É uma qua- lidade, cujas raizes são bulbiferas no seu prolongamento. Nasce de distancia em distancia uma batata, e por este modo se encrava muito pela terra, dando muito traba- lho para colher-se. D'esta batata estrahe-se farinha e é tão venenosa que nenhum animal d'ella come. Póde-se conservar o tempo que se quizer ; visto que o vegetal chega á grandes alturas acompanhando o matto, se não for arrancado. nianiva inaiiivinlia. Jatropha — Fam. idem. — Tem o caule branco, e fende-se na parte inferior em laminas As folhas de cinco lobos, têm peciolos, brancos no meio e purpurinos em cima. 40 S9S MAN MAN Esta Mandioca é desconhecida por nós. Alaiiivu iiiilaj^rona. —Jatro^íka. Fam. — idem. — Esta Maniva., conhecida nas Alagoas por tal nome, é em Per- nambuco chamada Maniva freira. Não esgalha . Tem o caule castanho e o peciolo branco. As raizes tuberosas engrossam e se alongam. São muito compactas. Dão bôa farinha em quantidade. Come-se. Hlaniva mulatinha. — Jatropha. — Fam. idem. — Em Pernambuco e Ala- goas conhecem por este nome a Ma- niva de caule castanho com peciolo quasi da mesma côr. A raiz é curta e grossa. A massa é enxuta. Produz boa farinha. llaniva de jsoimiio branco. — Jatropha. — Fam. idem. — Também em Pernambuco e Alagoas conhecem por este nome Mandioca de caule acin- zentada peciolo e gommo branco. A raiz é de casca parda, e a massa produz excellente e abundante farinha. IHaniva «lo g:onimo roixo. — Jatrofha. — Fam. idem. — O povo das Alagoas conhece esta espécie por tal nome. Tem ella um nó roixo junto ao olho, e o peciolo arroixeado na inserção das folhas. A raiz cresse e engrossa. E' muito cascuda e redonda. Não dá má farinha. Maniva paeoré. — Jatropha. — Fam. idem. — E' de Pernambuco esta espécie, e tem o caule e o peciolo es- branquiçados. A raiz é parda escura. A massa amarella. Quasi se não faz d'ella farinha, por usarem muito comel-a de preferencia. Maniva Paraliylia. — Jatropha. — Fam. idem. — Esta espécie tem o caule e os peciolos das folhas brancos- As folhas de cinco divisões. As flores como as congéneres. O fructo com arestas verdes. A raiz é desconhecida para nós. lYIaniva pè de pombo. — V. Maniva cabocolinha. Hlani va periciiiito. — Jatropha. — Fam. idem. — E' assim denominada esta espécie nas Alagoas. O caule é branco e não esgalha. O peciolo é incarnado. A raiz é bastante grossa, apresenta boa massa, que produz excellente fa- rinha. Maniva pipóea. — Jatropha. — Fam. idem. — Esta Maniva é conhecida nas Alagoas . Tem o caule acinzentado. O peciolo branco com os pontos de inserção avermelhados. A raiz tem a casca preta. Come-se, dá também boa farinha. Hlaniva reffoz. — Jatropha. — Fam. idem. — Esta espécie de Maniva conhe- cida nas Alagoas esgalha e desenvol- ve-se muito. Tem o caule castanho e o peciolo vermelho. As raizes longas e grossas. A massa muito compacta. A farinha que dá é um pouco fi- brosa, sendo porém velha, não é má. Maniva do Rio Grande. — Esta Maniva tem o tronco branco. Os peciolos das folhas mui compri- dos e brancos e as extremidades ro- sadas. As folhas de sete divisões. Maniva lapicima. — Jatropha. — Fam. idem. — Em Pernambuco e Alagoas conhecem esta variedade. Tem o caule pardo. Cresce sem esgalhar. MAP MAP S9;f O peciolo é esverdinliado. A raiz é parda ou castanha, de massa enxuta, e se come. Dá boa farinha. nianiva tio Pedro. — Jatrojiha. — Fam. idem. — Esta é conhecida em Per- nambuco. Tem o caule e peciolo arroixeados A raiz grossa. Dá boa farinha. E' desconhecida no norte das Alagoas. Slaiiiva verniellti». — Jatro'plia,. — Fam. idem. — E' de Pernambuco e Ala gôas. Tem o caule escuro e não esgalha. O peciolo é vermelho arroixeado. A raiz comprida e carnosa. Sendo nova, dá boa farinha. niaiiobi. — V. Munduhi. Hlaittiniesito tie araponga. — Eugenia adstringens. — St. Hil. — Fam. das Myrtaceas. — Arbusto, oriundo do paiz, conhecido no Rio de Janeiro por este nome. Cresce nas capoeiras d'essa província. Tem o tronco e os ramos lisos. As folhas são oppostas e ellipticas As flores ou solitárias ou em pares são brancas e distinctas. O fructo é oval, liso, bonito, coroado pelas sepalas da flor, de um roixo es- curo, de sabor adstringente, com um caroço dentro. Fructiflca em setembro. O nome indica o uso que tem. niáo visiiilto. — Mimosa malvasi- iiTia. (?) — Fam. das Leguminosas. — Tem este nome nas Alagoas um espinheiro esgalhado e alto, de folhas palmadas ou compostas e muito miúdas. Flores em capitules, como frocos de retroz. São vagens os fructos. Quando chega a certo gráo de idade esta planta perde os espinhos. Mapareyba. — V. Mangue de pendão ou Mangue vermelho. Maii i cUi . — Myrcia lanceolata. — Fam . das Myrtaceas. — E' um arbusto conhe- cido por este nome em Minas Geraes. Esgalha. Tem folhas oppostas e lanceoladas. As flores são brancas, em cachos pequenos. O fructo não foi ainda observado. Tem cheiro terebinthaceo. Hlapiriiiiga ou Piruiig:a. — Fam. das Mijrtaceas. — E' um fructinho sil- vestre, de pouco apreço, conhecido em Pernambuco por Mapirunga e em Ser- gipe por Pirunga. Nasce de um arbusto pequeno esga - Ihado. De folhas pequenas oppostas. De flores em cachinhos, ou feixes nos ramos. Os fructos são pequenos, globulosos, de cerca de 1 a 2 centímetros off'e- recendo umas palhetinhas verdes no ápice. O tegumento externo é uma pelli- cula fina semi-transparente, de côi" roixa avermelhada, brilhante, contendo uma polpa aquosa, roixa, doce, acida e com um principio adstringente. Encerra duas sementes pardas, es- verdinhadas, ou uma espherica. Comendo-se porção d'esta fructa fica- se com os dentes embotados. Passa por ser bom adstringente. Hlapiruai^a brava. — Eugenia tinctoria. — Fam. idem. — Este fructi- nho, que vegeta nas Alagoas, é seme- lhantíssimo ao precedente. A planta que o produz tem os caules esbranquiçadas. As folhas lanceoladas e oblongas. As flores, são brancas, pequenas e em feixes. O fructinho só diff'ere do da preceden- te, pela maior adstringência e por dar muita matéria corante. Ma |> i> a 111 . — Hifpomarie brasiliensis . (?) — Fam. das Euphorbiaceas. — Segundo Emilio Germon, os indígenas curam os cancros, cercando-os de uma massa soo MAR MAR feita de Urucú, e derramando sobre a eha<;a o sueco d'aquella planta. Este sueco se coag^ula e faz o doente transpirar e urinar copiosamente ; e quando a escara cahe, a ferida está cicatrizada. Quando applicam este tratamento tèm cuidado que o sueco do Mappam só caia em cima dos tecidos ulcerados ou alterados ; pois, do contrario, haveria absorpção e ficaria em risco a vida do doente, attenta a propriedade venenosa d'esta espécie de Mancenilha. E' também útil nas boubas seccas. Esta arvore brasileira é lactifera e venenosa. Suas flores são de sexos diíferentes, e dão por fructo uma baga que tem dentro uma noz leitosa, contendo muitos ca- roços. Alarariijá. — Passiflora maliformis, Linn. e Will. — Fam. das Passifloraceas. — E' um fructo indígena, cujas folhas ovaes são como que cordiformes, lus- trosas com duas glândulas no peciolo das folhas. As flores são muito conhecidas. O fructo acido e doce é refrigerante. Propriedades medicas. — Applicam-se as folhas externamente contra as aífec- ções da pelle, o cosimento do pericarpo do fructo contra as inflammações dos olhos, e o de toda a planta passa por ter as mesmas virtudes da Salsaparrilha. lUaraeujii-assú. — Passiflora qua- dra7igularis, Linn. — Passiflora alata, Art. e Hort. — Fam. idem. — No Pará chamam- no Maracujá de Cayenna. E' oriunda do Brasil e das Antilhas, cultivam-se, e encontram-se também nas mattas. E' um arbusto trepador que esten- de-se sobre outras plantas, e faz la- tada. Seus caules são na parte inferior cobertos de escamas brancas e corti- centas. Suas folhas ellipticas, coriaceas e al- ternas. As flores grandes, solitárias de cálice verde por fora, estrellado, branco por dentro e sobre elle um circulo de pé- talas lanceoladas, contendo em cima uma orla de fímbrias circulares. Do centro ergue-se uma columna com cinco appendices, nos qnaes tem cada um sua anthera, e mais acima três fi- letes em forma de massa. O povo chama a isto as cinco cha- gas com os três cravos. O fructo é um grande pomo oval, de 12 contimetros pouco mais ou menos. O pericarpo amarello pallido, fino e mui delgado envolvendo o corpo com- ponente da fructa, que é branco, cór- neo, e ao mesmo tempo succulento tem três membranas ásperas na parede in- terna da cavidade. A' essa parede se prende uma grande quantidade de sementes reniformes, acinzentadas, cobertas de uma carti- lagem cinzenta, doce, levemente aci- da e mui saborosa, além de uma polpa igualmente diffundida em todo o espaço. E' uma das boas fructas do Brasil. Propriedades medicas. — Uma só fo- lha do Maracujá assú cosinhada e bebida é eíRcaz nas tosses convulsas, conforme somos informados. MaracuJ» de eobra. — Passiflora. — Fam. idem. — E' um Maracujá não cultivado que nas Alagoas tem este nome. E' procedente de uma planta tre- padeira de caule fino com palhetinhas. Folhas delicadas, ofíerecendo três divisões. A flor é toda branca, e do tamanho de metade da precedente. O fructo, de 3 á 4 % centímetros, é redondo; sua estructura externa, é semelhante aos outros. A substancia interna igual a do Maracujá-assú e com a mesma côr. Come-se. maracujá de coruja. — Pawt- MAR MAR 301 flora. — Fam. idem. — E' um Maracujá conhecido por este nome nas Alagoas. E' resultado de um arbustinho sil- vestre e trepador. As folhas representam dois pro- longamentos com um dente no meio. As flores, como as das outras espé- cies, são pequenas e brancas. O fructo é como uma cabacinha fuziforme, tendo os gomos ou ângulos pouco salientes; é roixo. A semente e a polpa são cinzen- tas. Esta come-se, é bôa e de sabor doce. As corujas comem-n'a muito. Esta deve ser a Passiflora hicornis provalvemente. Maracujá de estallo» ou ittu- xila. — Passiflora mvolucrata. — Fam. idem. — Esta espécie de Maracujá agreste é conhecida na Bahia, Alagoas, Per- nambuco e talvez em todas as províncias do Brasil por este nome. E' herbáceo, delgado e trepador. O caule e os ramos são arroixeados, assim como as divisões das folhas, que formam duas pontas na base. Todas as partes do vegetal são vi- çosas e cobertas de pellos ; tem umas glandulasinhas nas pontas ; e gavi- nhas para agarrar-se aos outros. As flores são brancas como as dos Maracujás descriptos ; mas tem um in- vólucro em que estão contidas. O fructinho é de 3 á 6 centímetros, ovóide, quasi eonico, verde, com três saliências suturaes. Dentro é branco, tendo muitas se- mentes apegadas ás paredes, e de forma de trapesio ; são alouradas, cobertas de uma substancia branca^ transparente e acida. Este fructo está envolto em três fo- lhetas, que são filamentos ramificados, cobertos de pellos viscosos. Fazem poucas vezes doce d'este Ma- racujá; porque prefere-se para este mis - ter outros mais succulentos. Hlaraeuj.t «le i;;arapa ou nie- rini. — Passiflora edulis., (Sabin. e Her.?) — Passiflora Í7icarata^ Linn. — Fam. idem. — Esta espécie de Maracujá é indígena do paiz e geralmente conhe- cida por este nome, na Bahia, porém chamam-no, segundo sou informado, Maracujá de três pernas. Foi a primeira espécie d'este género de fructa que appareceu na Europa, onde é cultivada. E' proveniente de um arbustinho trepador, cujo caule tem de distancia em distancia gavinhas. Folhas em três lacinias, lisas e lustrosas. As flores, um tanto grandes como as precedentes, são brancas, tendo in- teriormente coroas purpurinas e arroi- xeadas. O fructo é muito aromático, redondo ou oval, de 6 á 9 centímetros de diâme- tro, amarello-claro ; enruga-se quando muito maduro. Internamente a polpa é amarella-aver- melhada, bastante acida. Fazem-se d'elle limonadas, e doce. Ha nas Alagoas uma espécie seme- lhante denominada Maracujá peroba. Maracujá mamão. — V. Mara- cujá-assií. Maracujá da matta. — Passiflora. — Fam. idem. — E' uma espécie a que nas Alagoas dão este nome. E' arbusto trepador. De caule enrugado. Fructo de 9 centímetros de diâmetro, com o pericarpo fino, e a substancia in- terna cinzenta, como a do Maracujá-assú. Come-se. Maracujá merim. — V. Mara- cujá de garapa. Maracujá perluelio. (?) — Esta espécie dá uma fructinha, de que fazem em Pernambuco um bello doce. Vegeta nas mattas. Marajá oti Coqueiro Marajá. — Fam. das Palmeiras. — E' do Pará. Os fructos não se comem. :t03 MAR MAR Murajjú OH Tiipiibii aiiiy:alia. — Psidmm figmeiím., Arr. Cam. — Fam. das Myrtaceas. — E' uma planta de Pernambuco. niarasalia grande. — F. Mara- cujá-assú. HlaraiteiiiBiia. — É uma arvore do Pará, onde tem este nome. E' colossal. Seu lenho é duríssimo, amarellado marchetado de veias pardas, que o tornam muito bonito. Ella é excellente para marceneria, e mui estimada por fingir tartaruga. niar afluam a. — V. 3ítiira'puama. Maravaia. — V. Capim coco. AlaravilBia. — Impatiens balsamina., Linn. — Fam. das Balsdminaceas. — É originaria da índia. Em todas as províncias do Brasil chamam a esta flor Beijos ou Beijos de frade., excepto em Pernambuco onde é conhecida por Maravilha. E uma planta de jardim, cujas flo- res são mui elegantes, de cores mui vivas e brilhantes. Parece que o Auctor da natureza reservou para a Ásia a primasia na producção das cores mais bellas do mundo, quer naturaes quer artificiaes. Está ha muitos annos acclimada en- tre nós. E' uma lierva de 50 a 100 centí- metros de altura. Tem o caule herbáceo e succulento. As folhas lanceoladas, molles e den- teadas ; enchem-se de flores suas axíl- las. Estas tem um pedúnculo á maneira de uma viseira, com um jjequeno pro- longamento ; e mais interiormente uma corolla em forma de cartucho, que ora é simples e ora é dobrada, isto é, tem uma ordem de pétalas iguaes e sobre postas á outra. São de diflferentes cores, conforme a espécie ; brancas, roixas, encarnadas e côr de rosa, ou cada flor matisada de varias cores ; finalmente é uma flor linda, mas de fraco aroma. Tem por fructo uma capsula foliacea, ovóide, cheia de sementes castanhas ; á menor pressão abrem-se as válvulas da capsula, torcendo-se sobre si mes- mas e derramam os sementes. Cultivam na Europa vinte e três es- pécies. Caracteres da família. — Plantas herbáceas ou subfructescentes, de fo- lhas simplices ou compostas, altern.as ou algumas vezes oppostas, munidas de estipulas na base. As flores são axillares ou termi- naes. O cálice é formado de cinco sepa- las, muitas vezes desiguaes, e solda- das juntamente pela base, as vezes pro- longadas em forma de esporas. A corolla se compõe de cinco pétalas iguaes ou desiguaes, livres ou ligeira- mei^te coherentes entre si pela base. MAR MAR 303 Estas pétalas são em geral torcidas em espiral antes de seu desabrochar. Os estames são em numero de cinco a dez, raramente sete, são livres ou as mais das vezes monadelplios pela base de seus filetes. As antheras são de duas lojas. As carpellas em numero de três á cinco mais ou menos intimamente unidas entre si ; cada uma d'ellas of- ferece uma só loja, contendo vim ou dois óvulos inseridos no angulo interno. Os estyletes que nascem do ápice de cada ovário se soldam entre si ; e cada um d'elles termina em um es- tigma simples. O fructo se compõe de cinco cocas, contendo uma ou duas sementes, fi- cando indehiscente e separando-se da base para o ápice do eixo que as sus- tenta, arrastando cada uma comsigo o estjlete que se torce em espiral e fica adherente ao eixo pelo ápice. As sementes se compõem de um em- bryão mais ou menos curvo, imme- diatamente coberto pelo tegumento próprio. Esta familia constitue um grupo assaz natural para se reconhecer fa- cilmente as plantas que lhe pertencem. Alguns auctores, Mr. Aug. de Sainte Hilaire entre outros, tinham restabele- cido a familia das Geraniaceas tal, pouco mais ou menos, como ella tinha sido a principio fundada por Jussieu, reunindo os diíferentes grupos que d'ella tinham sido retirados, as Oxalideas e as Balsamiueas. Ach. Richard tinha partilhado esta opinião. Comtudo um exame mais at- tento levou aquelle botânico a separar de novo estes grupos ; indicando a res- peito de cada uma d'estas famílias os caracteres que as distinguem entre si. Os géneros principaes que compõem esta familia são : Erodio, Gerânio^ 3fon- sonia^ e Pelargonio. Será preciso reunir as Geraniaceas o género Tropalmn, ou fazer d'elle o typo de uma familia distincta? Foi elle antes levado a admittir a primeira d'estas opiniões , e as Tro- peoladas lhe parecem poder ser reuni- das aqui como simples tribu, distincta pelas carpellas em numero de três, contendo cada uma um só ovulo. Hlarciíia. — E' uma flor a que na Bahia dão este nome. O arbusto é de 100 á 150 centímetros de altura. Tem as folhas lanceoladas, oppostas e apegadas ao caule. A flor forma tubo esverdinhado, cir- culado de palhetas côr de velludo ver- melho, com o centro amarello côr de gemma d'ovo, sem tegumento folia- ceo. E' ornamento de jardim. Nas Alagoas chamam-n'a Mal-me-qiíer de Cat/eíma. Hlarfiaift faíso. — MelocMa nítida. — Fam. das Bythieriaceas. — E' um ar- bustinho agreste e bonito conhecido nas Alagoas por este nome. Seu caule é verde, de folhas alternas cordiformes e allongadas. Flores roixas em pequeninos grupos. Os fructos são capsulas, abrindo-se em valvas, e contendo uma semente cada um. HlarSini <3» ioHaa ^c>asiile. — MelocMa xwtibelata. — Fam. idem. — Ax- busto silvestre do Brasil, e que vegeta á sombra das outras arvores. Tem a casca rugosa e escura. As folhas grandes, espatuladas e duras . As flores são brancas, com fraco aroma, e em espigas, como j)equenas angélicas. O fructo é redondo contendo, semen- tes dispostas em circulo. A madeira é branca e duríssima ; pelo que fazem d'ella cabo de instrumentos agrários, e presta-se á outros fins. Conhem-n'a por este nome nas Ala- goas. Marfiui xes^tnl.—riiytelephas r,ia- crocarpa, Riiiz e Pac.l — Fam. das Pal- meizas. — Arvore elegante \ do Peru e 304 MAC MAC do Brasil ; porque habita os limites do Império com aquella Republica. Tem o porte elcfíante. As flores são de dois sexos distinctos. O fructo, grande, encerra uma subs- tancia liquida e transparente, porém insípida ; é próprio para estancar a sede dos viandantes. Este liquido torna-se branco como o leite, e é doce ; adquire pouco a pouco uma consistência tal, que se compara com a do marfim, Sendo extraliido da fructa apenas de vez (quasi madura), e guardado por muito tempo, azeda, e endurece facil- mente. N'este estado fazem d'elle vários ar- tefactos no Peru. Alari. V. Umari. niari-inarã. — Cathartocarpus Ira-, silianus, Pers. — Fam. das Leguminosas — E' uma arvore indígena, alta, co- nhecida na Bahia pelo nome de Joa- seiro segundo nos informaram. E' uma semelhança da Cássia fistula. Tem folhas grandes, amarellas, e por fructo uma vagem lenhosa com polpa semelhante á do Tamarindo . E' levemente purgativa. Maria Ooines. — V. João Gomes. — E' Lingua de vacca na Bahia. Alaria L.eite. — V. Herva de cobra., ou Herva de Santa Luzia. lUaría Pires. — V. Raho de timbú. Maria preta. — ConocUnium [fra- syfolium^i) D. C. — Fam. das Compostas. — Esta planta conhecida na Bahia por este nome, é aromática e empre- gada como excitante. Maria preta, da eanipina, das Alagoas. — V. Pão cavallo , Maria preta da inatta. — V. Baraúna. Maria preta de PernaiuSiueo. — Cordialichem (?) — Fam. das Cordiaceas. — Este arbustinho, de caule pardo e es- branquiçado, fónna moita, e ó conheci- da por Maria preta de capoeira^ o\i Rompe gibão nas Alagoas, e Lingua de sapo em Sergipe. Suas folhas são pequenas, ovaes, pallidas, mui ásperas, e crespas. As flores em cachos, como espigas densas são pequenas e brancas. O fructinho é redondo, como bago de chumbo grosso ; vermelho, com um ou mais caroços dentro. O pericarpo é fino membranoso lu- zente ; tem um liquido avermelhado dentro. São procurados pelos pássaros. Marianna. [Ancotinus (?) cauliflorus. — Fam.das Solanaceas (?) — Esta planta do paiz é succedanea da Saponaria., tanto no uso medicinal como no industrial. MariaiiniiBlia, ou ollio de St. Luzia. — Commelina deficiens. — Fam. das Commelinaceas. — Esta herva graciosa é conhecida por Marianninha em Ser- gipe, na Bahia e no Maranhão por Trapoêrabo-ra^ia., em Minas e também na Bahia (?) por Ollio de Santa Luzia., na Pa- rahyba, Alagoas e sertões do Norte por TaquarasinJia d'agíia. E' uma planta rasteira, de caule no- doso que se ergue, com folhas lanceo- ladas amplexicaules. Tem as flores azues parecendo umas borboletinhas, e por fructo uma cap- sula de três coccas e três sementes. Propriedades medicas. — Tem no pe- ricarpo um liquido albuminoso, que no sertão é applicado contra as inflamma- ções dos olhos com feliz resultado se- gundo consta. Applicam-n'o também na bronchite asthmatica , e em clysteres, constipações do ventre; em banhos contra o rheumatismo, e finalmente nas reten- ções espasmódicas de urinas , em in- jecções. Marinheiro.— F. Gitó. MAR MAR 30i ]}IaB*iiiltcii*o tle follia lar{;:a. — Guarech spicceflo7'a^ St. EU. — Fam. das Meliaceas. — Esta arvore vegeta nas mat- tas do Rio de Janeiro; é mui semelhante ao nosso Gitó. Tem a casca, e principalmente a raiz, Propriedades medicas. — Obra espe- cialmente sobre o systema lymphatico ; é empregada nas hydropisias , e obs- trucções das vísceras abdominaes. Deve usar-se d'ella com precaução. Marinlieáro de follia luiutla. — Moschoxiloií calhar ticum., Mart. — Fam. idem. — É uma espécie semelhante á precedente, conhecida por este nome na Bahia e Minas Geraes. Propriedades medicas. — Applicam a decocção d'esta planta, em clysteres, nas febres terçãs, na dose de 15 grammas da raiz fresca. Marifiçó. — SisyrincMum galaxioi- des, Gom. — Fam. das Irideaceas. — É uma herva semelhante a um capim, com bulbo na raiz, e flores em pendão. Propriedades medicas. — A raiz é doce e sem cheiro ; reduzida a pó, é um brando laxante, muitas vezes em- pregado, e útil nas moléstias dartrosas. Em clysteres é mui usado nas crian- ças, e como anti-hemorrhoidal nos adultos. Alargiiajuda brava. — Bixa ala- goana. — Fam. das Bixaceas. — E' uma arvore indígena colossal, que nas Ala- goas tem este nome. Seu fructo é uma capsula de 15 mil- limetros, subcordiforme, eriçado de pontas molles e flexíveis, de còr de castanlia, vermelha por fora, e por dentro côr de velludo encarnado ; con- tem algumas sementes avermelhadas ; abre-se em valvas. lUacaiB ajuda mansa. — Bixa. — Fam. idem. — Arvore silvestre, nas Ala- gas e Pernambuco conhecida por este nome. E colossal, copada, de folhagem raiuda, flores invisíveis. Fructiflca no inverno. Seus fructos são nozes pequenas, de 15 millimetros de comprimento, ovói- des, verdes pallídas exteriormente. Seu tegumento é espesso e amarello por dentro ; contem no interior um caroço, envolto em uma polpa vermelha ; abre-se esse fructo em duas valvas. A madeira d'esta arvore dá taboas para obras de pouca importância, como caixões, portas para tugúrios, etc. E' branca por fora, e fraca. Hlamaellada de Sergipe. — Dão este nome em Sergipe ao fructo de um arbusto agreste, que é redondo, de 30 millimetros de diâmetro, pare- cendo-se com um Jenipapo^ de côr roixa escura. E' comestível. Parece ser uma espécie do Marmello das Alagoas. IVIaranelleiro da Cliina. — Cy- donia sinensis, Thonim. — Fam. das Rosá- ceas. — Como dá Bahia para o Rio de Janeiro já existe este fructo, convém dar noticia d'elle. Este Marmelleiro é natural da China, e cultivado nos jardins da Europa. E' uma bella planta, que sobe a 9 metros de altura pouco mais ou me- nos, revestida de folhas ovaes, ob- longas, de cor verde clara, e lisas. As flores são grandes e bellas; nas- cem na extremidade dos ramos, com o aspecto de rosas ; são brancas, rajadas de côr de rosa; tem por fora um cálice bojudo, e no centro um feixe de filetes. O fructo, em forma de pião, é amarello na maturidade, e ofterece den- tro cinco alojamentos, nos quaes contem varias sementes mui pequenas, e uma substancia mucilaginosa, da qual se faz um xarope adstringente, applicado nas diarrhéas. 41 306 MAR MAR A polpa do fnicto 6 compacta, o mui áspera; este é do tamanho pouco mais ou menos de uma laranja pe- qiiena. E' aromático, e precisa estar bem maduro para se poder apreciar. ]Wai*iii*'IU'iro do maito.Casca-- — rea tdmifolia, Valil. — Fam. das Samy- (leas. — Este Marmelleiro, oriundo do Brasil, é um arbusto que em Minas Geraes tem este nome. Tem as folhas oblongas. As flores pequenas, em cachos, e parece-nos que brancas. Os fructos pequenos, ovaes, abrem- se em três valvas, com muitas semen- tinhas dentro. Propriedades medicas. — Esta planta é poderoso antídoto contra a mor- dedura das cobras as mais venenosas. O seu emprego consiste em beber o sueco das folhas pisadas, e collocar a folha sobre a ferida; o que, dizem, produz resultados favoráveis, e um eífeito seguro. Floresce em Janeiro. Mariiielleiro do sea-tão. — Elaco- coca aromática. — Fam. das Ewpliorhia- ceas. — Este arbustinho é conhecido no littoral de Pernambuco e seus sertões, nas margens do Rio de S. Francisco, na Parahyba, Alagoas, Sergipe e Cea- rá, e tratado por Marmelleiro. Tem três metros de altura. Caule esbranquiçado. Folhas um tanto pequenas, com os peciolos louros, ovaes, allongados, de verde claro e molles. As flores, em espigas, formando ca- chos brancos, donde ellas cahem com muita facilidade. São de dois sexos ; as férteis de- senvolvera um fructinho, oval, trigono com 3 corocinhos dentro. E' este o Marmelleiro, com que os nossos sertanejos, no charqueamento das carnes, cobrem as mantas de carne, e com cujos ramos lhes im- primem um aroma agradável ; notan- do-se que o Marmelleiro, que cresce no litoral, não é tão aromático como o que cresce no centro, talvez por in- fluencia do clima. ]>lt«riii4'I]o <1;tosta. — Glicyitm suhterraneum, Linn. — Fam. das Leguminosas. — E' conhecido por este nome em Pernambuco, e ori- ginário dos paizes quentes, e dos luga- res temperados da America do Norte e da Meridional. E' planta herbácea ou semi-lenhosa, de folhas alternas, e alastrada. Flores amarellas, em cachos, ás vezes solitárias. O fructo é um legume, de 10 milli- metros ou mais, com duas valvas, contendo uma semente. MenadoSiiiiii ou Aniciidoim do iii»tto. — F. Mendohim da terra. Meiídoltiiu ou Anicndoiíu da ferra. — AracMs liypogcea. — Fam. das Leguminosas. — Esta planta é celebre. Cresce na America Meridional, na Ásia e na Africa, sem que comtudo MEN MER 31i se saiba certamente sua origem ou pátria. E' semi-lierbacea, de 25 a 50 mil- limetros de altura, e esgalhada. Suas raizes são fibrosas, com pe- quenos tubérculos fusiformes. As folhas unijugadas, e compostas, são cordiformes. As flores, em longos pedúnculos, são amarellas, A sua celebridade consiste no se- guinte : depois de fecundado o ovário, o pedúnculo da flor dobra-se procu- rando a terra, crescendo até penetrar no chão, onde o fructo desenvolve -se, e amadurece, Elle tem de 10 a 20 millimetros de comprimento, é oblongo, ovóide, com duas valvas. Pericarpo pardo, um tanto rugoso, com sutura pouco saliente. Sementes ordinariamente duas, mais raras vezes uma só ; ellas tem o perisperma fino, arroixeado, como grão de feijão, e são bastante oleosas. Comem- n' as cosidas ou torradas, e até pode fazer-se uso d'ellas como do feijão. São reputadas aphrodisiacas. Fornecem um excellente óleo, que é comestível, e hoje muito usado n.as pharmacias. Mentrasto ou Herva fie !§». «João. — Ageratum conyzoides.^ Linn. — Çacalia mentrasíos. Vell. e Fl. e Flum. — Fam. das Com^ycstas. — E' uma herva agreste do Brasil, que suppomos ap- parecer em todos os lugares do Im- pério. E' conhecida por Mentrasto em Pernambuco e no Pará ; no Rio de Janeiro, S. Paulo e Minas Geraes por Herva de S. João. Vegeta pelas estradas, quintaes, etc, cresce até a altura de 1 metro; esgalha, e é pillosa. Tem as folhas ovaes, brancas, com as bordas recortadas ; sendo esma- gadas, exhalam cheiro. As flores, em cachos, são como botões, de base verde. Os fructos são como pequenos pe- vides pretas, e tão miudinhas que voam facilmente, por meio de um feixe de pellos. Ha outra espécie, que tem o fruc- tinho roixo. Propriedades medicas. — A decocção d'esta planta é applicada nas dores rheumaticas, e também como emmena- gogo nas suspensões de menstrues, na dose de 4 grammas para 180 grammas d'agua, em infusão. Menstrusto. — V. Mastruço. HleiítniK ou HlatruK. — Rhagodia anthelmintica. — Fam. das Chenopodeaceas. — E' esta a planta da questão entre Mastruço e Mentruz. Como promettemos agitar esta ques- tão, e já demos a descripção da primeira, agora daremos a d'esta' que é a segunda. O Mentruz é uma herva silvestre ; cresce alastrando, e enrama-se muito, mas eleva seu caule até a altura de 1 metro pouco mais ou menos. E' muito carregada de folhas, que são estreitas, de bordas recortadas, e exhalam activo cheiro. As flores, são em espigas, densas, agglomeradas , muito miúdas e ape- gadas ao caule ; ellas representam como um froco de borbulhas redondas ; en- volvem uma semente parda, de acti- víssimo cheiro. Esta planta possue eminentes virtu- des contra os vermes intestinaes ; appli- ca-se o sueco em beberagem contra as quedas e, contusões, e triturada com brôo, é empregada nas fracturas, prin- cipalmente nas aves. nierctario do eainpo. — Y. Gal- linha choca. Mercúrio vegetal. — V. Manacá. Mercúrio ve;£-etal do Pará. — Raiz do Manacá, considerada como anti-syphilitica. 316 MEU MU IWIerú. — Canna utilis. — Fam. das Amomaceas. — Esta espécie, conhecida em Pernambuco por este nome, e por Periquito do vermelho em Alagoas, é herbácea, de bonito aspecto, de 1 me- tro de altura pouco mais ou menos. O caule abraçado pelas folhas, que são de 25 centímetros pouco mais ou menos, ovaes, oblongas, de verde des- maiado. Flores, nas pontas dos ramos, em pe- quenos feixes, regulares, vermelhas, parecendo flâmulas, tendo na base um corpo arredondado, verde, glandu- loso, que é o futuro fructo, com forma capsular, o qual, se desenvolvendo, apresenta a superfície protuberante, e foliacea, contendo poucas sementes dentro. Estas assemelham-se a contas de rosário. Esta planta tem virtudes emmena- gogas, e é empregada contra a hys- teria. Utilisa-se em vários usos do- mésticos. Propriedades medicas. — O cosimento das folhas é usado em banhos nas paralysias e dores rheumaticas ; e a tisana da tubera, em xarope, nas tos- ses asthmaticas, na dose de uma co- lher de 3 em 3 horas. IVIcrú ninnso. — Can7ia edulis., Linn. e Sp. — Fam. das Amomaceas. — E' um arbustinho herbáceo, semelhante ao precedente, de raiz tuberosa. Caule mais alto, e avermelhado. Folhas lanceoladas e grandes, e de flor vermelha, com filete aloiraddo. Hlerua. — Spermacoti longifolia. La- cerd. — Fam. das Ruliaceas. — Arbusto do Pará, da familia dos Jenipapeiros. Sua propriedade medica é ser anti- hemorrhoidal, em clysteres. Hleriiraiin. — Phrethehum suaveo- Uns. — Fam. das Vitiferas. — E' também do Pará, e empregada contra as febres. Meui» «inarello. E' de Per- nambuco e com que os pescadores fa- zem caniços para pescaria. nieiini' i>reto. — Rollifiia nigra. — Fayyi das Anonaceas — Este arbusto, que nas Alagoas tem este nome, pelo qual não é conhecido em Pernambuco, é de altura media. De caule e ramos mui elásticos. Folhas alternas, ellipticas. Flores um tanto grandes, de cor ama- rella pallida, tendo na base estrellada um corpo arredondado, com três azas rugosas. No centro um cone com a superfície granulosa ou tuberculosa. O fructo é uma espécie de pinha ou acta pequena. Dá fios para confecção de cordas ; tem gosto de pimenta, e o caule e ramos servem para caniços de pescar. HIí jo «le cavallo. — Agaricus cre- iacens — Agaricus edulis. Lim. — Fam dos Cogumellos. — E' denominada pelo povo em Pernambuco — Mijo de Cavallo. E' um vegetal composto de membra- nas ou laminas molles, succulentas, de 20 a 40 millimetros de altura, cylindrico. Caule, com um annel no meio, for- mado por fibras molles, ou sem elle. Na extremidade superior apresenta uma capsula redonda, convexa, como ura chapéo de sol, inferiormente composto de laminas parallelas, de tecido cellular,, molle e aquoso ; a cor do vegetal todo é branca suja, ou parda clara. Assim como as plantas d'esta fami- lia, este cogumello desenvolve-se onde ha immundicies, nos lugares húmidos e sombrios. Dividem-se em duas ordens : os co- gumellos nús e os com volva. Os nús- formam quatro grupos ; os cogumellos- com volva constituem seis outros ; for- necem um grande numero de cogu- mellos, tão numerosos como comes- tíveis. Temos observado que os únicos re- médios, para combater algum caso de envenenamento pelos cogumellos, sãO' MU MIL 319 o ether e o emético ; o ether para acalmar os accidentes já declarados, e o emético para evacuar o resto do veneno que exista no canal alimentar. Caracteres da família. — Vegetaes extremamente variáveis na forma, con- sistência, còr etc. São corpos carnosos ou elásticos, tendo em geral a forma de um guarda-sol ; isto é, são compostos : Primeiro, de uma espécie de chapéo ordinariamente convexo, tendo na parte inferior laminas perpendiculares, e tubos ou linhas anastomoseadas. Segundo, de um pedúnculo central ou lateral, em cujo ápice' se vê uma membrana circular (colleretej, que se dilata em todo o circuito do cliapéo , todo o cogumello é algumas vezes co- berto, antes de seu desenvolvimento, por uma espécie de bolsa mpmbranosa, com- pleta ou incompleta, chamada volva. Algumas vezes são massas globulo- sas, ovóides ou allongadas, de tama- nho excessivamente variável, espécie de copos, com filamentos simples ou ar- ticulados ; caules coralliformes, isto é, ramificados irregularmente, á seme- lhança do coral, de cores extrema- mente variáveis; porém o seu tecido interno, que se compõe de cellulas ir- regulares, nunca é verde. As sporulas, ou órgãos reproducto- res, são ora nus, ora encerrados em espécies de capsulasinhas. Elias ou são espalhadas na super- fície do cogumello, ou envolvidas em um peridium ou conceptaculo, carnoso e membranoso, ou duro e ligneo. Os cogumellos são em geral plantas parasitas, que crescem sobre os outros vegetaes ainda vivos ; sobre corpos or- gânicos em estado de decomposição pú- trida, quer na superfície, quer no inte- rior da terra. Crescem algumas vezes com extraor- dinária rapidez, e sua duração é quasi sempre muito fugitiva, emquanto outras vezes, (Boletus, igniarius^ ungulaiiis etc.j, vegetam lentamente, e por alguns annos consecutivos. Ha um pequeno numero de espécies, que cresce n'agua. lllil em raififta. — Achillea millefo- lium^ Linn. — Fam. das Compostas. — E' uma planta da Europa, cujas folhas são profundamente fendidas em lacinias lineares. As flores são brancas, como as de Artemije. Cultiva-se no Brasil. A raiz é estomachica, febrífuga e anti-odontalgica. Mi91io. — Zea mais^ Linn. — Fam. das Gramíneas. — Esta estimada e utilíssima Gramínea é uma das que mais serviço prestam ao mundo, porque por toda a parte é cultivada como alimento dos homens e dos animaes. Na Europa chamam-no Blé de Turquie ou Blé d'Inde. Estes nomes derivam de terem alguns auctores supposto ser o Milho oriundo d'esses paizes ; mas tem se conhecido não ser assim. E' natural do novo mundo, e sua introducção na Europa data do século XVI; a prova d'isto é que em nenhuma obra de agricultura se mencionou esta planta, senão depois da descoberta de Christovão Colombo. O Milho é uma gramínea elegante ; cresce sem esgalhar até a altura de 2 metros pouco mais ou menos, de caule erecto, nodoso de distancia em distancia, herbáceo, tendo internamente um tecido alvo e frouxo. As folhas, alternas, abraçam o caule em parte; são ensiformes, e com alguns pellos. Nos nós do caule existem alguns gomos, d'onde sahem commummente duas ou três espigas, nas melhores terras, e que são corpos pyramidaes , compostos de muitos envoltórios folia- ceos, de lamina fíbrosa e delgada, e no centro de um eixo, ao qual estão apegadas muitas sementes, que cobrem toda a superfície, e que são por sua vez cobertos de uma porção de fíla- mentos delgados e fínos, á semelhança 31S MIL MIL de retroz, de côr arroixeada, vermelha- escura, ou branca-amarellada, que sa- hem pela parte superior, rompendo o envoltório, e se fazem patente. São as flores femininas. No ápice do caule brota um grande cacho de flores visíveis, semelhantes aos grãos de cevada ; são as flores mas- culinas. Depois de madura a espiga, os grãos de milho se tornam de côr amarella, a amarella-vermelho, de forma arre- dondada, achatada, com uma pequena depressão de um lado, esbranquiçada, afinando para a base. Estes grãos, que se prestam a tantos misteres, dão uma fécula substancial, que alimenta os homens e os animaes. Não dá um bom pão, pela ausência do glúten n'essa fécula, entretanto d'ella se faz diíferentes bollos, á semelhança de pão, de muito bom sabor e nu- trientes. Grande variedade de comidas e be- bidas se prepara do milho, bolos de diíferentes espécies, podins, cangica, filhos, pamonhas, doces, bebidas agra- dáveis e refrigerantes. Os grãos de milho também servem para fabricar aguardente, aluas, ga- rapas de pamonha, etc. Sua palha é ainda aproveitável por servir de alimento aos cavallos. Do caule. Palias, depois da fructifi- cação, extrahe grande quantidade de assucar, como da beterraba e da canna de assucar. Segundo Parmentier o Milho pode sub- stituir a cevada na composição da cer- veja. O Milho em nosso paiz dá em todo o tempo, nas províncias septentrionaes principalmente. MiBSio «le Aasgola. — E' uma es- pécie bem cultivada, semelhante á pre- cedente; é á primeira vista mais alta e não dá espigas. , Apresenta então no extremo superior um cacho mais denso que o do nosso milho. As divisões são em zig-zag, muito l approximadas, e densas de flores e grãos; estes são menores do que er- vilhas, brancos, e de côr parda e es- cura, lustrosos, e ovóides, afinando para a base; é objecto de curiosidade nos jardins e quintaes. Serve para nutrição das aves gra- nívoras. l^fillio Bati. — Zeamais. — Fam. das Gramíneas. — E' um Milho muito bom ao paladar. Dá fruetos, estando ainda de altura menor que os outros. E' semelhante ao Milho ordinário, de 1 metro e 25 centímetros de altura pouco mais ou menos, de espigas me- nores que o milho Calête, mas cujos grãos não abortam. E' qualidade mui apreciada pelos agri- cultores. Em Sergipe chamam-n'o Catête. MiEEto l*s*aiBco. — Zea, mais. — Fam. idem. — E' semelhante á primeira es- pécie, e mui frequente nas províncias do Sul, como Elo de Janeiro, Minas Ge- raes, etc, Cultivam-n'a em grande escala nos nossos sertões. E' mesmo como o amarello, porém o grão é branco, e o consideram mais saudável. No Rio de Janeiro cosinham-n'o com agua e sal e temperam-n'o com assucar, constituindo uma espécie de canja a que chamam Cangica; pode-se dar mesmo aos convalescentes. MíISbo fíosaía fiiia. — Zea mais. — Fam. idem. — Esta outra variedade é semelhante á precedente. Tem, porém, espigas também pe- quenas, de forma ainda mais pyra- midal terminando em ponta fina. Em Sergipe chamam-n'o Betélé, pro- duz fructo de dois mezes. E' também chamado em Pernam- buco Milho de Santa Catharina. Milito voi-%.0.— Zea.— Fam. idem. — Outra espécie que é também se- melhante. MIN MOG 319 Nota-se maiores nódoas roixas nas camadas membranosas que envolvem a espiga, que é também de côr roixa. O grão serve de alimento, mas esta variedade não é cultivada em grande escala, para que appareça no mercado. Mesmo no centro das províncias raramente se encontra esta cultura ou plantação. Hillioitte ou iiiãl Itomeaif^. — Arisíolochia rigens trílobata^ Vell. — AristolocMa ajmhifera, Mart. — Fam. das Aristolochiaceas. — Dão este nome em Pernambuco, e mais lugares , a uma planta trepadeira, que se enrosca sobre as outras. Tem as folhas compostas e recortadas. Flores exquisitas, que são á seme- lhança de uns jarros foliaceos, nos quaes desenvolve-se o fructo, que uma é cap- sula oitavada, angulosa, contendo mui- tas sementes. Propriedades medicas.. — A raiz d'esta planta goza de virtudes emmena- gogas, applicada em cosimento, só ou misturada a outras substancias medi- cinaes. A planta, de gosto amargo, cam- phorado, é empregada contra as mor- deduras de cobras, e como antiseptica na grangrena e nas febres graves. O pó da raiz é útil nas ulceras ato- nicas, e dá-se internamente na dose de 5 a 10 decigrammas. MêBoIó ou coração de boi. — Anona reticidata, Litm. — Fam. das Ano- naceas. — O fructo come-se, e contém muitas sementes, que, socadas com agua, formam uma emulsão, que se ap- plica contra a diarrhéa, e febres. HlBBiBBan». — Mnotliera indecora, Si, nu. — Fam. das Onagrariaceas . — E' nma herva do Kio Grande do Sul, onde recebe este nome. Tem as folhas oppostas e estreitas. As flores, solitárias eamarellas, pa- recem uma cruzeta. Tem por fructo uma capsula roliça, quasi quadrada, contendo muitas se- mentes dentro, e off'erecendo no ápice uma coroa de quatro palhetinhas. Floresce em Agosto. Ha outra Minnana^ que vegeta na mesma província e em Montevideo, e diífere pouco da antecedente. As folhas são mais longas, e as flo- res maiores, segundo nos informam. niiraceeni. — Solanum. — Fam. das Solaneas. — E' uma herva, cuja casca é doce e mucilaginosa. IVIiriaadilta ou Mereiífliba. — Terminalia anómala. — Fam. das Combre- taceas. — Esta arvore, oriunda do paiz, é conhecida por este nome em Pernam- buco, e em muitos outros lugares do Império. E' elevada. A casca é amarella pela parte de dentro. As folhas, situadas circularmente nas extremidades dos ramos, são ob- ovaes, oblongas, tendo a parte mais larga para cima. As flores, em feixes, são em capí- tulos, com os pedúnculos todos iguaes e inseridos no mesmo ponto. Compõe-se de um cálice campanulado, verde, cheio de pellos, e encerrando o rudimento do fructo, que é uma baga, contendo um caroço. Esta arvore tem a madeira amarella clara, de que fazem-se obras • mas é muito susceptível de rachar-se. E' excellente para tingir de côr ves- melha violácea. MocolaiBii calia. — Hysmenia glau- ca. — Fam. das Euphorhiaceas . — E' uma planta de virtude adstringente. Mocori. — V. Mocwy ou Mucury. nioeot». — Etytroria alagoaoia. — Fam. das Acanthaceas . — Herva silves- tre, conhecida por este nome nas Ala- goas . Tem o caule quadrado. 3SO MOF MOR Folhas oppostas, lanceoladas. Flores em espigas compridas, cylin- dricas, encerrando os fructos. Elias são de còr roixa violeta, e como jasminsinhos ; e os fructos são pe- quenas capsulas, que alii ficam, cheias de sementes miudissimas. Esta planta é applicada nas opila- ções, e tem outros usos na medicina domestica. Tem grande apparencia, quasi de con- fundir-se, com o Orgivão de folha larga, de Pernambuco. lloeiary. — ou IVIuciiry. — Ar- vore que dá excellente madeira, e uma fructa aromática e saborosa, á seme- lhança de um pecego amarello. niufiiiiâlio 8ftigi. — V. Marfira vegetal. MosiCiai3cái'a. — F. Noz riioscada. Mostarda. — Sinapis nigra., Linn. — Fam. das Cruciferas. — Bem conhe- cida na arte culinária é a mostarda. E' uma herva oriunda da Europa, 8 cultivada no Brasil. Sobe. esgalhando seu caule, á altura de 1 metro e 10 centímetros. Tem folhas oblongas, e ásperas den- teadas, de côr verde-gaio. As flores são em espigas longas, amarellas, formando quatro segmentos encruzados. Os fructos são espécies de vagens de 10 millimetros ou pouco mais, lisas, finas, foliaceas, contendo umas semen- tes de côr castanha, ou vermelha e re- Dlotasiiba. — V. Muíamba. Moíète. — Fam. das Cucurbitaceas. — E' uma cabaça que nas Alagoas recebe este nome. A planta é semelhante ás outras, tendo porem as folhas um tanto pe- quenas. As flores são brancas. O fructo de 12 centímetros de com- primento, oval ; pericarpo esbranqui- çado; a massa interna compacta, branca e doce. D'esta massa fazem doces e prepa- ram clysteres. Do pericarpo fazem cuias. Mueaja. — F. Macaiba. MsicwMiííi» oai C a laa a r ú de ca|>â»ciB*a. — Ycrbesina glauca, alata. — Fam. das Com^JOítóí. — Arbustosinho agreste, a que nas Alagoas dão este nome. O caule tem como quatro expansões foliaceas estreitas de alto á baixo em toda a extensão. As folhas grandes lanceoladas, de um verde esbranquiçado e ásperas. As flores, em cachos, são brancas. O fructo, é como uma sementinha preta, oval e pequena. MaifuSiii o»B Moí^sai. — Dão este 43 MUC MUL nome nas Alagoas a uma arvore agreste leitosa. Folhas ovaes e pequenas. O fructo de 20 millimetros de com- primento, oval, de côr parda externa- mente. Pericarpo grosso e lactifero, quando verde, internamente tem uma massa compacta, branca, com um caroço oval no centro e de côr de castanha. •Comé-se esta massa que é doce. niiiciijè 03» Mi«cujé. — E' uma fructa saborosíssima e delicada que nasce espontaneamente nas mattas da Bahia onde lhe dão este nome. Tem de diâmetro, 30 millimetros ; é redonda, de côr verde-pallida. Seu tegumento externo é membra- noso, a massa interna é branca, vis- cosa e leitosa. Tem um pedúnculo muito compri- do. Miiciisi». — F. Olhos de hirro. Meieiíyba. — Arvore do paiz, alta, com pequena copa, com a configura- ção de um chapéo de sol. Produz uma espécie de azeitona. Pericarpo delgado, contendo uma amêndoa oval, da qual se extrahe um óleo empregado pelos indígenas em varias moléstias. niiics&st&iit Ota lIiicsaH&a. — Doliclios mucunan, Adans. — Doliclios urens, Willd. e Linn. — Fam. das Legiiminosas. — E' um arbusto ou antes um cipó trepador que se enrola nas arvores ; é conhecido por Mucmian, mas chamam-no tam- bém em Pernambuco nas Alagoas e Bahia, Coroa de frade. Tem as folhas em grupos de três, formando verticillios regulares, á ma- neira de uma glande, são amarellas e com um tubo recortado; sem cheiro, e de peciolos pubescentes. As fructas, também aggregadas, são vagens de 40 a 50 millimetros de lar- gura, coriaceas, um tanto onduladas, cobertas de um pello duro, e louro, que se desprende facilmente e produ terrivel sensação na pelle. Dentro acham-se três ou quatro se- mentes pardas, redondas, acliatadas, orladas de uma zona mais alta e mais escura que parece mesmo a cabeça de um frade. Sobe entrançando-se nas mais altas arvores, e com as vagens pendentes nos longos pedúnculos. Estes pellos urticam a quantos in- cautos n'elles tocam. MsicgiuBaofi «Si» laaaíía. — Doliclios pruriens.—Fam. das Leguminosas .—E^t2i Aíucunan é das .mattas, e semelhante ao outro, sendo maior o fructo, e tudo mais relativamente. E' o Olho de hoi das Alagoas. E' o l^ó de mico do Rio. Hlsieuaví. — F. Tipú. Mue>at»ía. — Laurus mucutaia. (!) — Fam. das Zauraceas. — E' uma arvore do Pará e Amazonas, onde é conhecida por este nome. E' uma canelleira, que serve para aro- matizar, e usa-se como excitante. IUuÊs*a|»iaaBBaa. — Arbusto excitante geral e aphrodisiaco dos mais enér- gicos. Propriedades medicas.— Usa-se inter- na e externamente; d'este ultimo modo tem aproveitado nas paralysias par- ciaes. Emprega-se a infusão que se pre- para com 4 grammas para 450 gram- mas d'agua ; e a tintura na dose de algumas gottas : esta ultima se applica também em fricções. }IIial9aiag:ú. — Erythritia coralloãen- dron^ Linn. — Fam. das Legiíminosas. — Esta arvore natural do paiz tem este nome em Pernambuco , Alagoas e Bahia, e também o de Murungú. Eleva-se á altura de õ á 10 metros pouco mais ou menos. Sua casca é um tanto herbácea e MUL MUN 3tS3 lisa, semeada de aculeos cónicos que se destacam com facilidade. Suas folhas são compostas de três foliolos, têm os peciolos longos : são pubescentes todas essas partes* As flores, são grandes, vermelhas, como bandeirolas. E' uma planta elegante, na epoclia da florescência despoja- se das folhas e reveste-se de flores vermelhas ; o que lhe dá um aspecto pittoresco. O fructo é uma vagem de 10 á 15 millimetros, paleacea, de 5 millimetros de largura, curva, alojando uma só semente vermelha e ás vezes duas e mais, lisas, crustáceas, como grãos de feijão. Abrem-se por si as vagens, e der- ramam pelo chão as sementes. Propriedades medicas. — Já ninguém ignora que o Mulimgíi tem reputação estabelecida como calmante do sjs- tliema nervoso ; e actualmente todos os facultativos o applicam ; o que prova que sua reputação é merecida e fir- mada therapeuticamente. O Mulimgá entre nós não só é ap- plicado externamente em banhos mas também internamente. Elle parece ter acção directa sobre os centros nervosos ; faz adormecer sem determinar a hyperhemia cerebral, como succede como ópio e os prin- cípios activos que d'elle se extrahem ; pelo que o somno é tranquillo e re- parador, acalma as tosses nas bron- chites, e modera os accessos de asthma e de tosse convulsa. * Toma-se o xarope puro e dissolvido em meio cálice de agua morna ou em uma chicara de infusão de flores de tilia, de violetas ou de decocção de raiz de altheia, na dose de uma co- lher, das de sopa, de três em três horas, ou de quatro em quatro para os adultos, e na de uma colher de chá para os meninos de 12 annos. Étido como famoso medicamento con- tra as hepatites chronicas e obstrucções doflgado. j>I«iliiia^ú erií«ta cie g:allo. — ErytUrina crista galli. — Fam. das Legu- minosas. — Esta arvore vegeta no Rio de Janeiro, Minas e S. Paulo. Seu tronco não tem geralmente espi- nhos. As folhas são compostas de foliolos ovaes, lanceolados, inteiros. Seus peciolos são pequenos, com duas glândulas na base. Nove estames monadelphos e um livre. ]^Ieiluii|f;ú ou illui*ungti«le Fei*- Bêèsiieao. — E' sem du\ida o mesmo gé- nero Erythrina; ignoro a espécie. O vegetal é semelhante em tudo ao precedente, porém as vagens d'este têm as sementes de differentes cores no mesmo individuo, isto é, uma vagem tem sementes vermelhas, outra roixas, outra amarellas, etc. lYIiisKlaliu oiB es«i*rai>i«to cSo ntatto. — Cicca inflata. — Fam. das Eiipho7'Maceas. — Também chamam á esta planta Caboim. Estes nomes são-lhe dados nas Ala- goas principalmente. E' um arbusto frequente nas margens dos rios, de 3 a 4 metros de altura pouco mais ou menos, esgalhado. Folhas miúdas, ovaes, luzidias, e de côr verde. Flores em abundância em grupos pelos ramos e axillas das folhas, são esver- dinhadas e têm os sexos separados. Dá um frutinho, á semelhança de uma pimenta de cheiro, de 4 lojas, ou como uma pitanga verde deprimida • tem qua- tro a oito caroços ,• mas fica ainda espaço vasio dentro. A madeira d'este arbusto é excellente combustível . Uluntliiy-i^uaçu. — V. Pinhão de furga . Mun^ulieira. — Bomhax semiguíti- fera. (?)— Fam. das Bombaceas.— E' uma arvore elevada, á que nas Alagoas dão este nome. Sua casca é grossa e resinosa. 3S4 MUR MUR As folhas dão nas extremidades dos raraos ; sâo lonj^amente pecioladas, em grupo de cinco, obovaes e um tanto louras. As flores, em cachos, são brancas, grossas e assetinadas. O fructo é uma cabacinha um tanto oitavada, dividida dentro em õ lojas, cheias de sementes, que estão cobertas de um pello pardo. Este pello é mui procurado para en- chimento de colchões, travesseiros, etc. Das sementes d'esta arvore extrahe-se um excellente óleo para luz. A madeira serve para caibros; e tem outros préstimos. Esta arvore é a Sumaíma do Pará que tem o nome botânico de Erio- dendron simiaima. A Paineira do campo. — Pacliira margi- nata. St. Hil. é outra espécie que cresce no Rio de Janeiro. Eriodendron leianterimi. D. C-, se não é a Mimguha das Alagoas é espécies bem semelhan- tes. UltisBiipíe. — Sainum eiqúorhimn . — Fam. das Eihpliorliaceas. — Planta da America e dos paizes quentes. E' mui lactifera e venenosa. O sueco leitoso , misturado com sulphato de cobre, destroe os cravos e boubas. Dliirici ou Miirecí. — Byrsonima chrysophylla. Humh e Bomp. — Fam. das Malpighiaceas. — Esta espécie de Míí- rici cremos que está espalhada por todas as províncias ; pelo menos tem em todas o mesmo nome. E' uma arvore de media no porte, cuja summidade ramosa é vermelha e lanu- ginosa. Folhas ovaes e lustrosas. Flores em cachos terminaes, como as das outras, com uma parte avermelhada. O fructo é como uma pimenta de cheiro, redondo, amarello, de peri- carpo membranoso, contendo uma só, ou três sementinhas cinzentas, en- voltas, em massa amarella, doce e levemente acida, quando madui"o. Come-se. Nas províncias do Sul extrahe-se tinta preta e amarella d'este vegetal, que se emprega também nos cortumes. No sul chamam-n'a: Murici fenima. Mtirici ««ascudo. — Byrsonima verb asei folia, D. C. — Malpighia verhas- cifolia, Linn. — Fam das Malpighiaceas. — E' uma arvore acachapada, regular, de casca escura, regoada e áspera. Folhas oppostas, ovaes, oblongas, cobertas de pello branco, assim como as partes externas. Flores em espigas, umas amarellas outras vermelhas, bonitas, dispostas como rosas. Fructo redondo, dividido por dentro em cinco partes, com cinco ou mais caroços. Não é comestível. O lenho é empregado para traves e tectos de casas. Este Murici é conhecido em Per- nambuco, Maranhão, Pará, etc. Muriei «íe leiíEaa. — Byrsonima íisitatissima. — Fam. das Malpighiaceas. — Este Murici nos parece que é a es- pécie á que em Sergipe chamam Murici de forco. Assemelha-se muito aos outros, e vegeta pelas capoeiras e mattas perto das cidades. Suas folhas são ellipticas, e lisas. As flores, em cachos, de cor branca amarellada e roixeada. O fructo ainda não observamos. Em Sergipe ha um Murici chamado Bíurici vermelho : pisam suas fructas com assucar e farinha, e dizem ser saboroso . Nas Alagoas chamam-n'o Murici de íaboleiro . Mtirãei «8» praia. — Byrsonima arenaria. i^T) —Fam. das Malpghiaceas . Este Murici, á que chamam da praia e de lenha., vegeta muito na beira da costa em Pernambuco. Seu tronco esgalha muito desde pouca altura, e forma soqueira ; a casca nem é regoada, nem mesmo áspera. UVTt MUR 3ÍÍ5 As folhas, um tanto pequenas, são ovaes e luzentes. As flores roixas e brancas. O fructo redondo semelhante ao já descripto. A lenha d'este Murici é excellente combustível. Hliirict fie (nlioleiro. — V. Mii- Hçi de lenha. nitiríli, Murlti ou Buriti. — MwurUio., flexxiosa, LÍ7in. e Fil. — Fam. das Palmeiras. — E' uma Palmeira que vegeta na embocadura do Orenoco, nas províncias mais septentrionaes do Império e na Guyanna. Os habitantes d'aquelles lugares cha- mam-n'a Palmeira de cobertura, e os nossos indígenas dão os nomes acima descriptos. E' uma palmeira elegante de 8 á 12 metros de altura, com o ramalhete de folhas no ápice. E' de sexos separados; cresce em lugares húmidos, onde forma lindos bosques pittorescos ; e, por supporem os Índios qne ellas attrahem a humidade, fundam suas tabas no verão nas visi- hanças d'estes vegetaes. O fructo é uma baga escamosa, á semelhança do cone do pinheiro, com um caroço, cuja polpa é doce ; dá variada nutrição quando madura e é abundante. A medula do tronco da palmeira masculina, em certa epocha do anno, desenvolve uma fécula semelhante ao Sagú. A seiva em fermentação dá um licor doce espirituoso que promove a em- briaguez. Os guaranis tecem de uma á outra arvore, com as próprias folhas, uma espécie de telhado e em baixo estabele- cem os s eus palmares. Ha entretanto outra espécie d'este género que se distingue pela pre- sença de espinhos no tronco. Mauritia aculeata. Htcmh. Cresce nas margens do rio Ataba- po e outros. Murta branpa. — 3íijrcia eampina- ria. St. Hil.—Fam, das Myrtaceas.—Ch?L- mam nas Alagoas, — branca, — e.sta es- pécie de murta. O trocadilho de nome das murtas, d'esta vasta familia das Myrtaceas e de uma prodigiosa profusão nas diver- sas províncias do Brasil, de forma que não se pôde apresentar uma relação exacta dos diflíerentes indivíduos co- nhecidos sob o nome de Murta. Esta espécie é um arbusto de casca cor de castanha clara. Folhas ovaes, reviradas sem brilho. Flores cheirosas brancas, com cinco pétalas, com muitos filetes brancos offerecendo superiormente uns bolsinhos no centro. Tem o fructo inferiormente que é uma baga espherica, contendo quatro sementes dentro ; a polpa é esbranqui- çada, doce acida. Come-se. Ulurta cultivada. — Myrthus com- mxmis. — Fam. idem. — Esta planta é na- tural da Ásia, Africa e Europ meri- dional, onde é tão abundante que até fazem com ella cercas. No Brasil tem sido introduzida em jardins e chácaras nas províncias do Sul. E' um arbusto menor, de caule erecto. Folhas oppostas ou alternas, de côr verde, lisas, ovaes e lanceoladas. As flores são brancas ; de cheiro suave, ás vezes róseas nas pontas ; não se apresentam em cachos, são soli- tárias. Em sua pátria a Murta toma grandes dimensões. Dá por fructas umas bagasinhas com algumas sementinhas dentro. A Míirta era consagrada ás ceremo- nias religiosas pelos antigos gregos e romanos, e dedicada ao culto de Vénus e do Amor ; era o symbolo dos praze- res. Ha d'ella muitas variedades. Usa-se das folhas reduzidas a pó para polvilhar a pequena ferida do um- bigo dos recem-nascidos. 336 MUR MUR niiirt» «lo Pará. — Eugeiíia lúcida, St. Hil. — Fam. idem. — E' urna arvore menor, de ramos lisos. Folhas oppostas ellipticas. Flores como as de suas congéneres, e brancas. Não conhecemos o fructo. E' adstringente. M II i*ta I» reta . — Myrtlms nicrosiis . (?j — Fam. idem. — Nas Alagoas distin- guem esta espécie por este nome. E' um arbusto de caule liso e es- branquiçado. Folhas oppostas, redondas, alongadas cheias de pontos translúcidos, assim como as flores, em cachos, brancas com um froco de filetes no centro. Os fructos são redondos, pequenos com poucas sementes dentro. Hliiria Tefinellia. — Myrcia mi- nuta—Fam. idem. — Esta Murta agreste tem este nome nas Alagoas. E' em Pernambuco chamada Murta menor, E' um arbusto de caule e ramos côr de castanha, com as pontas averme- lhadas , muito esgalhado, formando moita. As folhas oppostas, pequenas, luzi- dias, ovaes, meio duras, com vesícu- las á semelhança da larangeira. As flores são brancas, em cachos, pe- quenas como as outras, e também com os mesmos pontos vesiculosos. O fructo redondo, coroado pelo cá- lice, pouco maior do que um grão de feijão, tendo a membrana externa (peri- carpo) vermelha e brilhante. Encerra uma polpa cartilaginosa, branca acre-doce, e contém um caroço no centro. Apresenta um ligeiro sabor adstrin- gente. niiirlinlio. — Eugenia arenaria., St. Hil. — Fam. idem. — Arbusto indígena conhecido por este nome no Rio de Janeiro. Vegeta espontaneamente emCabo-Frio. Tronco liso. Folhas oppostas, ovaes. Flores, pequenas, brancas, com qua- tro pétalas. Tem a structura de suas congéneres . O fructo globuloso, liso e com pou- cas sementes. Floresce cm Setembro. AIiirAifiIfto. — Eugenia ovatifolia. St. Hil. — Fam. 2èltii'aiiff'«. — Cleome Tiep- taphylla. — Fam. das Capparidaccas. — Subarbustinbo silvestre que vegeta mesmo pelas ruas das cidades. Recebe este nome em Pernambuco, Bahia e Alagoas, nos sertões, e talvez em todo o império. Cresce até 2 metros, é esgalhado. Tem alguns espinhos nos caules. Estes são verdes, e de certa altura para cima cheios de foliolos como escamas. Suas folhas são cinco e as mais das vezes sete, quasi sempre lanceoladas, de cor verde opaca e asulada, inseridas em um eixo commum, de modo que essas flores representam como que dedos unidos pela base. As flores são brancas, exhalam aro- ma muito suave, e parecem quatro bandeirolas pequenas; brancas, dispos- tas de um lado, deixando lugar para os outros órgãos; longos filetes, purpúreos. Seu fructo rudimentario é uma siliqua de 12 centimetros, estreitinha, ondulada, com longo pedúnculo, cheia de pequenas sementes unidas, re- dondas e também de côr parda. Propriedades medicas. — O cosimento do Mussamhê^ adoçado, acredita o vulgo capaz de reduzir as hérnias inguinaes chronicas, e de curar as das crianças, mesmo quando congénitas. E' também applicado em banhos e clj^steres nas hemorroides, mas com cautela; porque dizem ser susceptível de desenvolver hydropesias sendo usa- do com frequência principalmente em uso interno. Suas sementes alimentam pássaros granívoros que as procuram muito. O mais comum é o Mussamhê branco. Caracteres da família. — São estas plantas herbáceas. De folhas alternas simplices ou di- gitadas, acompanhadas na base por duas estipulas foliaceas. Siias flores são terminaes, em forma de espigas ou cachos axillares, ou solitárias. Seu cálice se compõe de quatro sepalas caducas, mui raras vezes uni- das pela base. A corolla é formada por quatro ou cinco pétalas iguaes ou desiguaes. Os estames ora são em numero definido, ora em numero indefinido. O ovário é simples, muitas vezes elevado sobre um pendiculo mais ou menos comprido, a que se chama po- dogynico na base do qual são inseridos ridos, os estames e as pétalas; apre- senta uma única loja, contendo alguns trophospermas salientes, sob a forma de laminas ou falsas divisões, con- tendo avultado numero de óvulos. O fructo é secco ou carnoso. No primeiro caso é uma espécie de si- liqua mais ou menos longa, abrindo-se em duas valvas, com na maior parte das Cruciferas. No segundo caso é uma baga unilocu- lar e polyspermica, cujas sementes ou são parietaes, ou parecem esparsas na polpa que enche o fructo. Essas sementes são geralmente reni- formes, compostas de um episperma secco e crustáceo que cobre immedia- tamente um embryão um pouco curvo e falto de endosperma . jlliissi8ss»3té verítiellco. — Cleome. Fam. das Capparidaceas . — E' uma outra espécie á que dão este nome, porque o caule de certo ponto para cima é aver- melhado. Seu porte e folhas são menores que os do precedente. NAJ NAM 399 lltifaBtilia, Ill!iti«inl!gio ou Hla- tonibo. — fjnazuma nlmifolia^ Lamk. Theobroma guazuma^ Linn. — Fam. das Bytlmeriaceas . — E' uma arvore de me- diano porte do Brasil, cujo nome cremos ser geralmente este. E' elegante, ramosa, copada, estende seus ramos para cima. As folhas são ovaes, recortadas nos bordos, de uma côr verde bonita e lus- trosa. As ílôres são reunidas em capítulos globulosos, pequeninas e irregulares. O fructo é uma baga esplierica, preta, escamosa, composta de eminências pa- pilosas, um pouco viscosas quando ver- de. Dentro acha-se uma mucilagem bran- ca, doce, mas em pouca quantidade, e carocinhos, cujo sabor é o de figo secco. Segundo o Sr. St. Hilaire o lenho d'esta arvore é branco e frouxo. Nas províncias do Sul chamam-n'a Mahomho. (?) Propriedades medicas. — A entrecas- ca pisada é applícada nas obstrucções. O xarope feito com a decocção é em- pregado contra as moléstias do peito, tosse, catharros, pneumonias, asthma, na dose de uma colher de sopa, de duas em duas horas. ]II?i(aiBitl9a {»r«ta. — Lxúiea speciosa, Willd. — Fam. das Tiliaceas. — E' uma arvore do Maranhão e do Pará que tem este nome. Suas folhas são cordiformes, alternas As flores brancas em cachos. E' mucilaginosa e odorífera. IST. I\af>o. — Brassica napus. Linn. — Fam. das Cruci feras. — O Nabo., vegeta mais para o Sul do Brazíl, do que para o Norte. E' uma herva com folhas um tanto largas, erguendo seu caule arroixeado, com folhas alternas, e raiz de fusi- forme, tendo uma pellicula externa ar- roixeada ou encarnada ou branca e fina, e uma massa branca que forma o seu todo. Existem varias formas da raiz do Naho; ha Nabos oblongos, achatados ; globosos. Cosinha-se essa raiz e prepara-se de varias maneiras. E' um alimento sadio e de fácil di- gestão, que convém sobre tudo ás pes- soas que sofrem do peito. De suas sementes, semelhantes ás da couve ou mostarda, extrae-se um óleo. IVajá oú AiBaysa oia Coqueiro AuaytB. — Maximiliana regia., Mart. — Fam. das Palmeiras. — Palmeira do Pará. conhecida por este nome. Seu ramalhete de folhas é como o das outras palmeiras. O fructo dá em cachos de 6 cen- tímetros de comprimento, de forma pyramidal, brota da base diversas plantas. A côr é amarella com manchas pretas. O perícarpo pouco denso e fibroso ; apega-se á ella uma massa branca rósea, pouco espessa e viscosa. Depois d'essa ha um envoltório fi- broso, delgado, que se une ao caroço, cujo tegumento é ósseo, contendo uma amêndoa branca, oleosa e dura. E' comestível e parece-se com o Dendé. I\aiBiliú au I\liaBi»l»s'i. — Fam. das Dioscoracas .—¥,' uma tubera agreste que já é cultivada, em Pernambuco onde recebe este nome. 44 330 NAR NHA E' proveniente de uma trepadeira. Ella offerece na raiz unia tubera re- donda ou de diversas formas, com- posta de lobos e semeada de raigolins finos. A casca é parda acinzentada, fina e quasi transparente. A massa é alva, com algum brilho, um tanto frouxa, granulosa, de bom sabor, doce e sem acido. Faz-se uso d'ella como pão, ecomo le- gume. Extrahe-se fécula d'esta tubera. Nanibtk ou ]\liamf>ú-|£uasisú. — V. Rícino ou Carrapateiro e Figiíeira do Inferno. i\aiiioyiu. — E' uma arvore das re- giões amazonicas, chamada pelos indí- genas Louro. Nasce nas várzeas e alagadiços d'aquelles lugares. Seus fructos comem-se cozidos. I\aná. — V. Ananaz. ní;.ftiiei1tea. — Maneítia cordifolia, Mart. — Fam. das Riibiaceas. — E' uma planta herbácea , trepadeira, de folhas cordiformes e flores vermelhas. Seu fructo é capsular, e tem muitas sementes miúdas. E' empregada na dose de 2 grammas. da raiz em pó, nas hydropisias e nas dysenterias. I\aiii. — O anani.1 e nani. — E' a re- sina fornecida pelo Onani. — V. esta palavra. I\ão-nie-cleix.e. mento de jardim. Flor de orna- IVarciso. — Narcisns -poclicus, Linn. — Fam. das Narciseas. — Flor aromá- tica, indígena da Europa, e cultivada nos jardins do paiz. E' o resultado de uma planta her- bácea e bulbosa. Suas folhas nascem immediatamente da superfície da terra e são lineares estreitinhas, luzidias e formam tou- ceiras. Sabe do seu centro um pedúnculo de 21 a 48 centímetros, no qual nascem uma ou mais flores brancas , á seme- lhança da Açucena^ porém mais peque- nas, bordadas de purpura no meio do tubo. O fructo é uma capsula. Ha outra espécie, que também é cul- tivada no Brasil, desde tempos remo- tos, cuja flor é amarella, e outras mui- tas, algumas das quaes são da America. ]\atal ou Flor de I\a4tol. — V. Manacá. I\a%'»liaci r» (9 u ra. — Hypolitriim navacula.i^) — Fam. das Cijperaceas. — Herva conhecida em Pernambuco, em Alagoas e em outros lugares. E' uma espécie de capim que invade as capoeiras e os mattos mais emba- raçados. Folhas compridas sulcadas de alto a baixo, lustrosas e serreadas, esta serrilha corta como uma navalha , a ponto de despedaçar a roupa. No pedúnculo triangular, floresce um cacho, como flor do capim. Dá um fructo como um grão de ce- vadinha, manchado de roixo e branco mui lustroso ; e tem na amêndoa uma substancia feculenta. IVavalIíeira anolle. — HypoUtrum inerme. — Fam. idem. — Esta outra espé- cie é semelhante á precedente. Differe pelas folhas e caules serem muito mais molles, macias e desarma- das pela serrilha da sua congénere. Também é conhecida esta planta por Tiririca. ]\4*s:pa mina. — Fam. das Lauraceas. — As folhas d'esta arvore, que cresce muitas vezes com abundância em máo terreno, têm um cheiro forte, e dão um aroma muito próprio para perfu- ma ria. IVIta ou I\ia. Maranhão. ■V. Castanheiro do NOG NOZ 331 ]\kaiitbi. — Anúiemis. — Fam. das Comiiosías. — E' uma planta herbácea que é empregada pelos nossos indíge- nas contra as obstrucções do fígado e do baço. E' aromática e serve de condimento nas saladas. IVliaiiibú. — Herva rasteira que na Bahia é conhecida por este nome. (?) Dá uma flor amarella, que é usada contra as dores de dentes. I\[lia»dí. — F. Pimenta das hidias, e também Nhandú. ]\liandirú. — V. Gindiroba. I\l>aiidú. — V. Nha7idi. ]\liaiiica. — Eugenia nhanica^ St. Hil. — Fam. das Myrtaceas. — Arvore pequena, com os ramos novos, rubigi- nosos e pubescentes. Folhas oppostas, que curtamente se apegam ao tronco, e são lustrosas. O fructo é bonito e globoso. l\iiiga. — F. Aninga. ]\og;ueira da índia. — Aleuriíes Baucurensis^ Comm. — Fam. das EupTior- liaceas. — Esta arvore acclimada no Brasil, é originaria da índia. Esta nogueira é assim chamada em Pernambuco ; um dos primeiros lugares de seu cultivo, foi no extincto Jardim Botânico de Olinda. Arvore alta, bonita e copada. Casca lisa, e acinzentada. As folhas, alternas, cordiformes com peciolos um pouco longos e louros. As flores, em cachos nas extremidades dos ramos, são brancas, miúdas, como estrellinhas. O fructo é uma nóz redonda, cordi- forme, com uma depressão circular ; o pericarpo é verde, opaco, e pulveru- lento com duas nozes dentro, cada uma com uma semente oleosa. Esta nòz é purgativa, toda a vez que se come mais de uma. rVííz da índia. — Aleurites moluc- cana., Willd. — Fam. das Eiifliorbiaceas. — E' uma arvore cultivada no Pará; encerra uma amêndoa dotada de pro- priedades, aphrodisiacas. E' comestível,- mas precisa ser as- sada, senão actua como purgante, pro- duzindo cólicas. IVoz-ntoseada. — (do Brasil) 0'yp- tocaria moschata., Mart. — Fam. das Lau- raceas. — E' uma arvore que vegeta nos terrenos da província da Bahia, Minas, etc. E' de folhas alternas e coriaceas. Flores, pequenas, cheirosas e sem belleza. O fructo, é uma baga escura, e cheirosa : elle tem um aroma activo ; e é empregado como carminativo e nos mesmos casos do Pechurim. As cascas da arvore, depois de seccas, são de cheiro e sabor muito agradáveis, assemelhando-se a uma mistura de cravos e pimentas. rVoz itio^eada. — Myristica aromá- tica., Lamli. — Fam. das Myristicaceas. — São arvores impregnadas de um sueco incarnado, e pertencem todas ás regiões tropicaes do hemispherio Occidental, mas cultivam-se também n'outros paizes da mesma latitude. Tem ramos esparsos. Folhas, inteiras, pecioladas e co- riaceas. Flores, axillares ou terminaes, e agglomeradas. E' uma arvore de mais de 4 metros de altura, oriunda das ilhas Moluccas, e cultivada no Pará ; tem ramos horisontaes, flores nuas, envo- lucros floraes, corados e em forma de urna. O fructo, que é do tamanho de uma noz, está envolvido n'um peri- carpo polposo e coriaceo, de còr ama- rella-ruiva. E' a Noz moscada. O arilho também figura no com- mercio, como especiaria, debaixo do nome de Flor de moscada. 333 OAU O CU Propriedades medicas. — A Nóz mos- cada é um excitante poderoso, em- preg-a-se nas digestões laboriosas, e nos vómitos espasmódicos, etc. na dose de 5 a 12 decigraramas. I\^oz vontica (do Brasil). — Stry- chinos g%ijyo,nensis. — Fam. das Apocimaceas. — E' uma arvore do território Amazo- nico ; cujo pericarpo fornece uma espé- cie de Stryclmina com que os indígenas envenenam suas settas. E' um veneno. Ha mais espécies com as mesmas pro- priedades, como : Strychmos toxifera. Stry. hrasiliensis , Mart. — 'Nardo, spinosa^ Well. Stry. trinervis Gnardenia trinervis, Well ]\ove ltoi«a». — V. Chanana. O. Oaeajii. — V. Cajú^Acajú, Acajaiba. Oajiirú. — V. Qoajurú ou Quagirú. Oanani. — MoronoMa coecÍ7iea, Anil. — Symphoiíia globuliferá.1 Linn. Fam. das Cluciaceas. — Arvore colossal e lactifera, do Pará e Amazonas, que transuda uma resina. Tem folhas oblongas. Flores , vermelhas , fructo corpu- lento. Recebe os nomes de Nani e Mani. A resina fornecida por esta^ arvore, levada ao fogo, serve para preparar-se uma massa viscosa resinosa, escura, que entra na confecção de um emplas- tro vulnerário. Oassificti. V. Assacú, Oasiassú 0!i cof|vieiro Oauas- s«. — Attalea spectabilis., Mart. — Fam. das Palmeiras. — E' uma palmeira do paiz, que vegeta no Norte. Dá um fructo, de que os indios fazem muito uso. Comem-se as amêndoas. Estas amêndoas trituradas com agua produzem um liquido emulsivo, cujo emprego é variado em medicina, tanto interna como externamente. Oca. — Oxalis tuberosa, ■ Swart. — Fam. das Oxalidaceas . — Herva de caule ramoso com flores formando umbrella. As folhas em trino. O fructo é uma capsula oblonga de cinco facetas ou pentagona. A raiz é tuberosa. Esta planta é do Chile. Cremos que é também do Brasil. E' empregada como adstringente e acidula. Ocotfea ainar@:osa. — Ocotea amara., Mart. — Fam. das Lauraceas. — E' uma arvore, que vegeta nas margens do ria Yaptírá. A casca é amargosa e aromática. E' empregada como estomacal. Oootea aromática. — Ocotea opt- fera, Mart. — Fam. idem.— V\di,nta con- génere da precedente. Ella contém na semente um óleo essencial que rivalisa com o do Limão. Ocra-reB»oty. — V. Herva de Passa- rinho. Ociíba — E' uma planta abundante do Amazonas. O fracto é do tamanho de uma bala de espingarda. OGE Seu tegumento exterior é vermelho purpurino. A noz é preta. Fervendo-se a sua polpa, a cera que encerram seus tecidos, nada sobre aoua; sendo depois então separada, toma a°côr branca e brilhante ; d' cila fazem velas, que dão uma bonita luz. De 16 kilogrammas de nozes extra- he-se 3 kilogrammas de cera. Oeral i-ejioty. — Polypote-iba. — G%ira em lingua jupinica. Encherto de Passarinho, que appa- rece nos ramos do limoeiro. Struthan- tus citricola. (?) Ogervão ou Gervão verda- deiro. —Ely traria usitatissima. — Fam. das Acanthaceas. — B.eT\2i do paiz conhe- cida em Pernambuco, Sergipe e Alagoas por este nome. Não será a Verbena ja- maicensis? Verbenacea. O gervão é uma herva que gosta dos lugares frescos. E' ramosa e um pouco pellosa. Folhas, ovaes, oppostas, recortadas nas bordas. Flores, em longa espiga roliça, com as flores encravadas alternadamente em pequenas cavidades, na espessura d'essa espiga. São como jasmin de côr violeta. Os fructos são pequenas capsulas contidas n'esses pontos, aonde estavam as flores. Esta planta é desobstruente, útil con- tra as febres intermittentes ; é também emenagoga. Ha outra espécie que diífere pouco. As folhas são estreitas, etc. Esta applica-se no rheumatismo e nas ulceras de máo caracter (?) O Ogervão de Portugal (officinalis), a mais notável planta d'este género, é a Verbena. Linn. Fam. das Verbenaceas. Mas a nossa planta, Ogervão de Per- nambuco, é do género, Ehjtraria Fam. das Acanthaceas. Ogervão da folU» estreita. — Ehjtraria Um folia. — Fam. das Acan- thaceas.—Vov semelhança entre a planta OIT 333 precedente o Ogervão da folha larga, é que dão a esta planta este nome. Ella tem o mesmo porte da outra, com á differença porém que as folhas d'estas são estreitas, com algum lus- tro, mais glabras, sensivelmente den- teadas ; além d'isso crescem menos. Tem sido applicada nas febres in- termittentes com bons resultados. A flor é mui parecida com a do outro ; porém um pouco mais clara, e pende também um pouco para a terra. Oiti-bebado ou da iiraia. — Pleragina odorata. Arr. C. — Fam. das Chrgsobala7ieas -- Est?i espécie de Oiti, conhecida por tal nome em Pernam- buco, e na Bahia, também chamam Oiti-cagão: nas Alagoas Oiti da praia ou Oiticica: no ,Pará — Oiti da beira do rio, etc. Arvore que é commum no littoral, um tanto resinosa, e copada. Folhas alternas, de côr verde azulada, ellipticas, lanceoladas, cobertas de uma lanugem branca, em ambas as faces; são finas e facilmente se enrolam nos dedos como uma pellicula. As flores são em espigas ramosas como pequenas rosas brancas. O fructo é de 12 a 16 centímetros, fusiforme ou oval, afíinando-se para ambas as extremidades. O pericarpo é fino, quebradiço, ama- rello, encerra uma massa amarella pegajosa atravessada por fibras trans- versaes: adhere muito aos dentes quando se a come; contém caroço grande, correspondente á fructa. ^ O gosto não é máo, o cheiro, se bem que não seja máo, todavia é um pouco enjoativo. Ella é adstringente, se não esta bem madura; n'este estado o pericarpo se enruga. É adstringente, principalmente o caroço. Oiti-cagão. — V. Oiti-bebado. Oiti da beira do rio. — T . Oiti- bebado. 334 OIT OIT OHieiCH. — Pleuragina Minlrosis- sima, Arr. C. — Fa^n. das Chrysohala- naceas. — A Oiticica, conhecida em Per- nambuco por tal nome, parece-nos ser o £o7'dãosinho de Alagoas e a Catin- gueira do sertão. É lima arvore semelhante ao Oiti da fraia, um pouco leitosa, de folhas maiores, que as da precedente, com pello branco nas suas faces, e tam- bém nos ramos superiores. O fructo é mui analago ao da con- génere, porém menor, de 3 a 6 centí- metros, liso, oval, de superfície amarella escura, tendo uma camada pouco espessa por dentro, de côr mais pallida do que a de fora, encerrando uma massa com- pacta, dura, e aromática, de sabor doce enjoativo, contendo um caroço grande, em proporção com o fructo ; é duro, de perisperma grosso, e escuro. A Oiticica dá taboado, sua madeira é amarella da côr da íiòr do algodoeiro e bonita ; mas não só desmerece na côr, como lasca ou racha muito facil- mente . Ha outra espécie de Oiticica-Oitisinho desbota. (?) A polpa que envolve o fruco é sac- charina, odorífera, grumosa e sabor doce Este fructo nunca apparece no mer- cado ;é raro . Oificuré. — Pleuragina rufa, Arr. C- — Fam. das Chrisohalanaccas . — Arvore do Brasil de casca regoada. Folhas alternas, um tanto grandes, de côr verde escura por cima, louras por baixo, ellipticas, agudas e duras. Flores, em cachos, brancas com al- gum cheiro. O fructo é de meio a um palmo de com- primento, oval, tendo uma depressão na base, cicatriz da inserção do pedúnculo. O pericarpo é pardo esverdinhado, verrucoso e pouco espesso; une-se á uma massa granulosa, espessa, doce acida, adstringente, de côr amarella e mui saborosa, no centro existe um caroço grande, oval, eriçado de fibras que estão em continuidade com a massa. Fructifica no inverno e no verão, custa muito a vingar; e annos ha em que a arvore não floresce. Chamam-o Goiti, e Goitiguaçú em lingua tupinica. Propriedades medicas. — O caroço é poderoso adstringente, empregado con- tra as diarrhéas ; mas, a não ser ad- ministrado com regra, produz uma sup- pressão repentina. Na dose de 1 gram- ma a 4 por dia. Oiti eia praia. — V. Oitihebado. Oiti cBa |ir»ia de Ala|^ò:«s. — V. Oiti hebado. Oitelii. —Myrcia oitcU. — Fam. das Myrcinaceas . — Os fructos d'esta planta são comestíveis. Caracteres da família. — As Myrci- naceas são arvores ou arbustos de folhas alternas, mui raras vezes oppostas, glabras, coriaceas, inteiras ou dentea- das, sem estipulas. As flores são dispostas em cachos ou em forma de umbrellas, ou então, sim- plesmente grupadas junto das folhas ou no alto dos ramos ; essas flores são hermaphroditaa, raras vezes uni- sexuaes . Seu caule, geralmente persistente, apresenta quati-o ou cinco divisões pro- fundas. Sua corolla é gamopetala, regular, com quatro ou cinco lóbulos. Os estamos, no mesmo numero que os lóbulos da corolla, algumas vezes monadelphos, são ligados á base dos lóbulos e lhes são oppostos. Os filetes são curtos, as antheras sagittadas. O ovário é livre, unilocular, contendo um numero variável de óvulos inse- ridos em um trophosperma central, no qual estão algumas vezes mais ou menos profundamente encravados. O estylete é simples, terminado por um estygma simples ou lobulado. O fructo é uma espécie de drupa secca, ou uma baga contendo de uma a quatro sementes. OLE OLI 33S Estas têm o umbigo ou liylo coUocado inferiormente, ; seu tegumento sim- ples, cobrindo um endosperma córneo, no qual se acha collocado um em- bryão cylindrico, um pouco curvo e transversal ao hilo. Oitit:cru3»a. — V. Tutiíruba. Olagtdíni. — V. Gidaniim. Óleo i>aa*«lo ou C»Ií«Pé-i3fa. — Myrocarpus fastigiatiis. (?) — Fam. ãas Le- gummosas. — Dá boa madeira de cons- trucção, tem u.m aroma agradável e fornece uma resina semelhante ao bál- samo de tolú. OIco veraiiellao. — Mijrospermum erytliroxilmi, — Fam idem. — Óleo ver- melho^ conhecido também por Bálsamo nas províncias de Minas Geraes e Ceará é uma arvore magnifica, que por assim dizer, verte lagrimas balsâmicas. E' uma das arvores, que merecia em todos os sentidos uma cultura cuida- dosa. Qualquer parte ou crgão d'esta arvore, da raiz até as folhas é útil . A raiz tem um perfume agradável. O tronco é uma das melhores ma- deiras de construcção. Extrahe-se d'esta arvore um óleo es- cencial superior ao Bálsamo do Perú^ e que pode vir a ser um importante artigo de exportação. E' uma arvore de não pequenas di- mensões. O seu tronco é forte. A casca é pela maior parte perfei- tamente lisa, e de uma diminuta es- pessura. A madeira é formada por um tecido compacto de uma bella côr vermelha ; é empregada com vantagem nas obras immersas. Se entre nós existisse industria ha muito que se teria utilisado esse bál- samo para substituir o Bálsamo do Peru na medicina ; seu preço seria apenas metade do do Bálsamo de tolú que ap- parece no commercio. Ollio (le boi ou Ulueuiiaii da niatta. — BoUchos gigantens^ Will. — Fam. das Legiimifiosas. — E' um arbusto trepador, que vegeta nas mattas virgens. Caule volúvel e lenhoso na base ; sobe a altura das arvores. É' de folhas ternadas. Flores pendentes, em cachos roixos, com manchas amarellas. O fructo é uma vagem grande, sul- cada, comprimida, coberta de pellos hispidos, com resalto na sutura in- teriormente . Polpa furfuracea e comestível. Sementes, redondas, grandes, e cer- cadas de uma sutura, ofterecendo uma linha circular saliente. Nas Alagoas dão-lhe este nome de Olho de hoi^ é porém mais commum o de Muctman da maita. Omto de i^ato. — Nephelium litcM. — V. Litchi. OISbo e§e itootubo. — Fam. das Le~ giiminosas . — Planta silvestre, a que nas Alagoas dão este nome. A's sementes chamam Qiriquiti. E' uma trepadeira de caules finos. Folhas, ternadas quasi triangulares, e pallidas. Flores em cachos. O fructo éuma vagem pequena recorta- da nas margens, com sementes compri- midas e vermelhas ; e tendo uma mancha preta no ponto de insersão das mesmas. OSlio de Santa Luzia. — V. Ma- rianinha. OlíTeíra. — Olea EuroiMa, Linn. — Fam. das Oleaceas. — E' esta a OU^ veira propriamente dita ; ha outras muitas espécies que também são cha- madas Oliveiras. Esta é originaria da Ásia Menor e seus contornos meri Jionaes ; foi trazida á Europa depois da conquista da Gré- cia ; e foi consagrada á Minerva ; com o seu óleo é que se faziam as libações. E' de porte de uma arvore no seu paiz natal. 336 ORE ORE Alta, de folhas de côr verde intensa oppostas, coriaceas. As flores em cachos, brancas, pe- quenas, como jasmins, mas com qua- tro pétalas somente. O fructo é a azeitona que nós im- portamos, é uma baga de 1 % centí- metro, oval, lustrosa, de côr especial, sabor oleoso. Contêm uma semente oleosa que encerra um principio amargo. A Oliveira é também o symbolo da paz. Cultiva-se nas províncias do Sul do Império Brasileiro; com muito bom resultado. Ninguém ignora o uso que o paiz faz d'azeitona, já pelo azeite doce, jâ em conserva como condimento. Podíamos tel-a com mais abundân- cia, como na Europa, visto o accli- mamento fácil das plantas d' Ásia no nosso paiz. Onabti. — E' uma arvore do paiz ainda não classificada. Dá o fructo amarello, semelhante á ameixa. Propriedades medicas. — A raiz d'esta planta dizem ser doce e refrige- rante e empregada nas febres inflamma- torias. Onniang:» pixirica. — Melastoma. — Fam. das Melastomaceas. — Faz-se das bagas d'esta planta, submettidas á fer- mentação, vinho ou vinagre. Oi*»-2S3i'0-iiol>is. — Pere&Ma gratidi- folia^ Swartz. — Fam. das Cactaceas. — Arbusto de caule avermelhado tor- tuoso. Seus ramos são muitos espinhosos. Cresce até 4 % metros mais ou menos. As folhas são ellipticas, de quasi 24 centímetros, de côr verde bonita e lu- z ente . As flores, um pouco grandes, côr de rosa, em cachos, na extremidade dos ramos, e produzem bello eff'eito quando a planta está em plena vegetação. ©ri-SJíia «Ic BBisa*i'«. — Clusia niti- flora. — Fam. das Clnsiaceas. — Chamam alguns a esta planta Pororoca ; mas a Pororoca propriamente é outra planta, que muito se parece com esta, como se verá no artigo competente. Esta é uma arvore mediana de casca lisa, cinzenta e resinosa. Folhas, oppostas, ovaes, grossas, lu- sidias e escuras. Flores, em cachos pequenos, brancas, formadas por tecido carnoso. O fructo é uma capsula oval, coria- cea, que ofí'erece nove a dez lojas, con- tendo muitas sementes inseridas no angulo interno. O lenho d'esta arvore é branco, um tanto frouxo e fraco. Floresce no verão. OreSSta de gtaUo. — Hypericum conuatum., Lamli. — Fam. das Hyperica- ceas. — Planta do Brasil, que nasce nos terrenos paludosos em S. Paulo. E' um arbustinho de caule erecto. Folhas, cónicas e perfumosas, com a parte livre e aguda com pontos trans- lúcidos. As flores, em cachos miúdos. Floresce em Dezembro e Fevereiro. Vegeta nos lugares húmidos, e pa. ludosos. E' também de Minas e Rio Grande do Sul. Propriedades medicas. — Esta planta é adstringente ; o seu cosimento é em- pregado nas dores de garganta e an- ginas. ©D^dílBaa tie oiBçti. — Cissam^elos ovatifoUa^ D.C. Fam. das Menisferma- ceas. — E' uma herva que em Minas Ge- raes e em Goyaz recebe este nome. E' de porte mediano. Folhas, ovaes. Flores em cachos, de sexos distinc- tos : são cobertas de pellos que as tornam um tanto ásperas. Os habitantes d'aquelles lugares usam das raízes d'esta planta em decocção, contra as febi'es intermittentes. Floresce em Abril e Maio. Ha mais espécies. ORC ORT 337 Orelha de onça, de S. «loão d'£l-rei. — Cissampelos bracteala, St. Hil. — Fam idem. — Esta espécie é também de Minas, e própria de S. João d'el-Rei. Tem as folhas quasi redondas. Ás flores, também de sexos separados; as femininas são faciculadas, e torcidas. Os habitantes d'ac[uelles lugares re- putam-n'a como um dos poderosos an- tídotos do veneno das cobras. Floresce em Fevereiro. OrelBia íle piio. — V. Urupê. Orellia de rato. — Vandellia, dif- fusa^ Linn. e Lamh. — Fam. das Ser o- phulariaceas . — Planta do paiz, que tem recebido na lingua indígena os seguintes nomes, a saber-. Caa-aíai/a, (Pisoít), Ma- tacana, Purga de João Paes., e Orelha de gaio. E' uma herva pequena, delicada, de folhas oppostas, quasi redondas. Flores pequenas e solitárias, tendo por fructo uma capsula, contendo mui- tas sementes dentro. E' amarga, mucilaginosa, um tanto acre, purgativa, e promove a ourina Esta planta vem a ser a Mata-cana de Pernambuco; (vide o seu lugar com- petente n'esteDiccionario. Orellta de veado. — T^ Taioba. Orelia. — Allamanda aubletii., ou Aliam, cathartica, Zimi. — V. Deãaes áe Damas. Ha outra espécie d'esta planta, Alla- manda Schottii ; ou então é esta mesma espécie, a que em Pernambuco chamam Cachimbo. •rellann. Ororoba. V. Urucú. V. Pijuiá-ba)ia?ia. Oreella ou Urzella. — Rocella tindoria., Mart. — Fam. das Lichenaceas. — E' um vegetal irregular, da classe das plantas cryptogaraicas. Ella é emoliiente e peitoral. Fornece uma matéria corante còr de azinhavre, própria para tincturaria. Não ha exportação d'esfe artigo, não obstante haver grande quantidade nas margens do lago de S- José, perto de Óbidos, e outros pontos do Amazonas ; nem mesmo por ora tem havido quem se dê á procura d'esse género de ex- portação, entretanto em Benguella, e Mossamedes, é objecto de grande ex- portação. O outro género é Lecanora iinctoria. Ortelã de canipiíiay ou de boi. — Pyena7ithenum frotiferum. — Fam. das Labiadas. — Herva assim chamada nas Alagoas. E' uma planta, que alastra no chão os seus caules roixos. Folhas oppostas, mui semelhantes ás da Ortelã de cheiro. Seu uso é servir em decocção como remédio anti-spasmodico. Ella tem as flores reunidas em ca- pítulos ; são brancas, e tem por fructo uma pequena capsula, em que existem quatro sementinhas pretas e brilhantes. Serve de pasto ao gado. Ortelã de eiíeiro. — Mentha crispa. Linn. — Marsupianthes hyptoides. — Fam. idem. — Ninguém ha no paiz que deixe de conhecer, ou de saber o que seja a Ortelã de tempero ou de cheiro., em- bora ella seja originaria do velho Mundo ; o seu uso quotidiano na arte culinária a faz conhecida de todos. E' uma herva rasteira, formando tou- ceira, cujas vergo nteas elevam-se apenas a 24 centímetros mais ou menos. Seus caules, quadrangulares. Suas folhas, cheirosas, crespas e quasi redondas, são oppostas. As flôrinhas, difíiceis de se ver, são pequenas e como as do Mangericão. Todas as suas partes são de um aroma activo. E' estomachica e anodyna, e empre- gada como excitante. Cultivam-na nas hortas, e quintaes. Ortelã do HlaraatUão ou da 45 3SS PAL PAL foi li a lar ^11. — Fan. idem. — Esta planta, a que chamam — Orlelã do Ma- ranhão em Pernambuco, á.'^ folha larga., — nas Alagrôas e Segm'elha em Serf^ipe, parece-nos ser a Ortelã do malto [Pel- todon o^adicans) segimdo traz Vell. d'Oli- veira pag. 188. A de Pernambuco é uma herva, que apparecc sem cultivo, e que nos parece silvestre; ella forma touceira ; eleva seu caule á % metro; é molle e succu- lento, com follias oppostas, ovaes, gros- sas, pillosas glandulosas, de côr verde esbranquiçada; e de aroma activo ; nunca a vimos com flores. Também serve de tempero. Ortelã «la ntatta. — Hyppion hii- milis. — Fam. das Gencianeas. — Esta plantinha, a que nas Alagoas dão este nome, vegeta nas mattas nos lugares sombrios e húmidos. Seus caules são prostrados pelo chão. Suas folhas, oppostas, ovaes. Suas flores, ròixas, desbotadas, são á maneira de jasmins. O fructo é uma capsula redonda, de duas valvus, e cinco pontas (no ápice), e com grande numero de sementes miu- dissimas. Ortelã «lo itiatto. — Pellodon ra- dicans . — Clinopoditim repens . — Fam . das Lahiadas. — Planta balsâmica, e esternu- tativa , ( espirradeira ) , carminativa, diurética, que na obra de Velloso se acha desenhada com o nome botânico acima, e vulgar Poejo rasteiro. OiiyrareMia. — Acácia omjraremas Auhl. — Fam. das Legiiminosas. — Ar- vore cujo caule é enorme. Suas folhas compostas. E' do Amazonas. Esta espécie é mui distincta. I^. Palmatória. — Cactiis opuntia^Zinn. — Fam. das Nopalaceas. — Esta exquisita planta, que na Europa recebe o nome vulgar de Raquette e de Semelle de pape., (Raqueta, e palmilha de Papa) chamam pelo centro em nossos sertões Palmatória . E' indígena do Brasil, vegeta nas catingas, cresce até a altura de 1 a 2 metros. Seu caule e folhas são verdes ; estas são carnosas, de um palmo de com- primento pouco mais ou menos, unin- do-se, ponta a ponta, umas com as outras. A planta é muito esgalhada, com raros espinhos. O pericarpo é verde, e dentro ha uma massa fibrosa e branca. Suas flores são pequenas, vermelhas. O fructo, é de um vermelho pur- purino por fora, cujo pericarpo é mem- branoso, e dentro ha uma jnassa aquosa pulverulenta, avermelhada, e semeada de grãosinhos pretos. Come-se, e tem gosto doce. E' refrigerante, e facilita as urinas. PalD»eira real, de Pernaiit- 8>iteo. — Areca oleracea, Willd e Pi- sou.— Fa7n. das Palmeiras. — Esta pal- meira é de Cuba ; na Europa dam-lhe o nome de Côa palmito., e em Per- nambuco de Palmeira real ou Imperial. Ella é muito elegante. Sua altura é de 9 metros pouco mais ou menos. Seu tronco no meio é mais volu- moso, formando um bulbo pequeno. A cor é cinzenta e lisa ; no alto PAN PAO 339 lia uma braça, pouco mais ou menos, de tronco verde, liso, em cuja base sabe o cacbo das flores, e no topo o i'amalhete das palmeiras sendo suas palmas de foliolos estreitos, que se curvam. As flores, de dois sexos, em densos cachos, sendo um de flores masculinas e outro de femeninas. O fructo é como uma azeitona na forma e na eôr; o gommo terminal, que é o palmito, come-se. As primeiras aqui trazidas foram aclimadas no Jardim Botânico de Olinda. A verdadeira Palmeira real é outra, como mostramos. Palmeira regia. — Qreodoxa re- gia, Will. — Fam. das Palmeiras. — Esta palmeira que vegeta na ilba de Cuba, onde é conhecida por Palmeira regia., também é conhecida no território brasileiro, e aclimada ; tem o porte da palmeira, que em Pernambuco é cha- mada Real ou Imperial. O seu fructo é semelhante ao da pre- cedente. Palniilo . — Oreodoxea sangona , Will. — Fam. idem. — Esta palmeira, que ve- geta nos Andes de Quindin, é á semelhança da Palmeira Imperial . Seu tronco ó delgado e alto. As flores um pouco dobradas sobre si ; no mais é igual á outra. Vulgarmente chama-se palmito a toda substancia que constituo o gommo 1;er- minal da Palmeira. Paiia-panari. — CUsia pana pa- nnri^ cliois., Qiiap. — Pana2)a?iari, Atiòl. — Fam. das Chiseaceas. — Arvore que cresce no Amazonas, conhecida por este nome. Suas folhas são oppostas. As flores amarellas, e o fructo glo- buloso. E' comestível. Paiij;:o ou Liamba. — Cannahis satica indica, Rhéed. — Fam. das Myrla- ceaá'. — E'uma herva da índia, que já de muitos annos se cultiva no Brasil. E' uma planta herbácea, de 3 a 4 palmos (em nosso clima), é que pouco esgalha. As folhas alternas, lanceoladas, es- treitas. As flores, em cachos, de sexos dis- tinctos, são á maneira de um botão fendido. Dá por fructo uma capsula, de duas valvas, crustácea, ovóide, um tanto comprimida, com uma semente apenas branca e oleosa. Os índios preparam do sueco da casca d'essa herva e folhas uma be- bida com que se embriagam; e os Africanos entre nós usam d'esta planta no cachimbo, como fumo. Páo «le Aeacia. — F. Avaramo. Páo tfallio. — Catraeva íapia, Limi. — Fam. das Caparidaceas. — A madeira serve para fabricar potassa ; as folhas são maturativas e anti-hemorrhoidaes. Páo «l'allto ou Cipó tie alho. — Seguiera americana., Linn., — Segtuera aculeata., Jacq. — Fam. das Phytolaceas . — E' um arbusto, qiie em lingua de tupinico chama-se Ybirarema e Qiía- r ar ema. E' do alto Amazonas. As folhas são ellipticas e lustrosas. As flores em cachos, sem belleza. Dá um fructo oblongo, espesso de um lado, encerrando um caroço den- tro. O páo tem o cheiro semelhante ao do alho. O cálice é formado por quatro ou cinco sepalas, quasi sempre coloridas; os estames são em numero indeter- minado, ou do mesmo numero das sepalas, com as quaes alternam. O ovário, de uma ou mais lojas, contendo cada uma um ovulo ascen- dente ; estyletes e estigmas em numero igual ao das lojas. Fructo carnoso ou secco, com uma ou mais lojas ; sementes contendo um cmbryão cylindrico, enrolado em torno do endosperma. 31© PAO PAO Propriedades medicas. — Applica-se em banhos nas aífecções rlieumaticas; e suas folhas contusas, em forma de catapbismas, para resolver abcessos. Caracteres da família. — Plantas herbáceas, ou arbustos de folhas al- ternas, inteiras, sem estipulas. Flores dispostas em cachos. Esta familia se compõe de géneros que tem sido na maior parte sepa- rados da familia das Che^ioiiodeas , das quaes differe, sobre tudo, pelo ovário multilocular, pelos estames ou em numero mais considerável que as sepalas, ou em numero igual, e então alternando com ellas ; e, quando seu ovário é simples, pelo cálice cons- tantemente colorido e petaloide. Piío o» Cip» tliílHo.— F. Ybi- rarema ou Guararema. P.ao cl*4ii*eo. — Bignonia cTirysan- íha, Willd. — Bignonia peyitnphylla, Linn. — Fará. das Bignoneas. — Uma das bel- las arvores do Brasil. E' alta, de casca dura. Folhas lustrosas, oblongas, e com- postas. As flores são um tanto grandes, de um amarello dourado. O fructo é uma vagem de 24 cen- timetros, coberta de pellos ruivos, repartida em duas lojas, contendo muitas sementes aladas e bem col- locadas (em ordem). Esta arvore pelo verão, quando des- poja-se de sua folhagem, cobre-se de tantas flores como de folhas, o que lhe dá um aspecto o mais bello que se pode imaginar. E' de madeira rigida, que se presta ao polimento ; é empregada para obras de duração, como peças de machinas de engenho, esteios, eixos de carros. Também presta-se a mobílias; sua côr é parda, e o pó de sua serragem é amarello. Este pó suspenso n'agua e applicado na cabeça, mata os piolhos. Ha duas espécies : Páo d' arco amarello e Páo d' arco roixo; diíferem tão somente nas flores, as do primeiro são amarel- las, e as do segundo roixas. No Rio de Janeiro e províncias do Sul chamam-n'o Ipé. O Páo d' arco o amarello é preferível. Emprega-se em todas as obras de pontes, com excepção de esteios, nas cobertas, travejamentos, nos eixos e raios de rodas dos carros. E' a melhor madeira para dormentes, de estradas de ferro. Propriedades medicas. — Passa por febrifugo; a casca é empregada contra as ulceras; também é útil nas molés- tias venéreas e rheumaticas, e sobre tudo nas moléstias de pelle , princi- palmente no eczema, herpes e sarna. Páo tle s&zeite. — F. Lantim. Páo baila. — Trichilia guará., Aubl. — Fam. das Meliaceas. — O sueco leitoso d'eãta planta é um violento purgante e vomitivo; o cosimento da casca é me- nos enérgico ou activo. O envenenamento que esta planta pro- duz é combattido pelo Jatropha mulíi- flda de Linn. segundo a crença popular. Páo Imlsaono. — Balsamum peru- via?mm, Myroxilum lieruiferum., Linn. — Fam. das Leguminosas. — Esta arvore, descoberta primeiramente no Peru, re- cebeu por isto dos naturalistas o nome de Peruviana ; mas depois conheceram que o Brasil possuia também esta bella arvore, assim como a do bálsamo de Tolú. E' uma arvore de casca lisa, grossa e resinosa. Folhas compostas, ovaes e lisas ; os raminhos cheios de tubérculos, pedun- culados. As flores são brancas, dispostas em cachos. O fructo é uma vagem alongada so- bre um pedúnculo achatado, á maneira de uma fouce, encerrando uma ou duas sementes. Esta arvore exsuda da sua casca o PAO PAO :t4i chamado Balsmio de Perú^ que já foi tão apreciads no commercio pelo seu em- prego na pharmacia ; hoje cahio quasi em desuso. Este sueco se coagula e secca ; é de uma còr loura escura, exliala um bom aroma, agradável e forte , e o seu sabor é amargo e acre. E' este o chamado Bálsamo do Peru do commercio. Psío ftalsanio. — Myroxylum to- luifera, Ricd. — Toluiferahalsamum^ Linn. — Fam. idem. — Esta arvore, de muita analogia com a precedente, differe com- tudo por ter menor numero de foliolos em cada folha, e serem estes de for- ma lanceolada, aguda Escorre de sua casca a resina liqui- da, que se apara em vasilhas e caba- ças, collocadas ao pé da arvore, onde solidiíica-se, tomando uma côr loura, meio transparente, com cheiro suave, e sabor agradável e doce. Elle tem as mesmas propriedades do precedente, e as mesmas applicações. Usa-se em xarope para os catarrhos pulmonares. Esta arvore cresce em Tolú, e cha- mam-lhe na Europa Bálsamo de Cartlia- gena e Bálsamo de S. Thomaz ; existe também no Amazonas. PíVo 93i'»^iS. — Coesalpinia eccliinata, Lamk. — Cocsal'pi7iia hrasiliensis ., Linn. — Fam. das Leguminosas. — Esta arvore do paiz, que tanto ha concorrido para sua riqueza, vegeta profusamente nas pro- víncias septentrionaes do Império. E' de porte m.ediano, ramosa ; casca esponjosa e cinzenta, com os galhos aífastados uns dos outros. As folhas, ovaes e compostas, são duplamente aladas. As flores, em cachos, de côr vermelha e amarella, são aromáticas e de um agradável aspecto. O fructo é uma vagem. Os índios dão-lhe o nome de Tbirap- tanga . Esta arvore tem um cerne de côr mais ou menos carmezim, duro, fácil de polir-se bem, e bom para obras de torneiro; mas a grande propriedade que tem de dar uma tinta rubra, bonita e firme, que as fabricas da Europa con- somem, faz com que só seja empregado para esse fim ; ninguém ignora que esta madeira foi monopólio do Governo Por- tuguez, que muito enriqueceo o the- souro lusitano, e, hoje mesmo, não ha inteira liberdade em se commerciar com ella. Uma oi;tra espécie ha, a que cha- mam na Europa Bresille , que é das índias, Coesnlpinia sappofi., Linn. Ella fornece umabella tinta vermelha; é mais rica em princípios corantes, porque dá uma côr mais fixa á lã e ao algodão. E' a Casalpinia sappon, Linn. O Páo brasil recebe também este nome Váo rodado ou Páo de Permamhitco. Extrahe-se d'ella a brasilina, que é usada na tincturaria. Páo €lc caclíiinlio. — Heliotropiwã pwiciahim. — Fam. das BorragÍ7ie.as . — E' um arbustinho trepador; seu caule le- nhoso, escuro, é semeado de pontos brancos ; no centro do tronco nota-se muito desenvolvido o estojo medullar, donde ou do qual tiram o miolo, para ficar um tubo que utilisam para ca- chimbo. As folhas são semi-opacas, pubescen- tes, e ásperas. As flores em espigas, que se enro- lam nas pontas, e são só de um lado enxertadas; ellas são alaranjadas, em tubo estreito, com cinco pontas agu- das e pequeninas. O fructo uma pequena vagem re- donda, globulosa, com sementes dentro. O caule d'este arbusto, e os ramos menores, tornados fistulosos, formam tubos, de que os naturaes de Pernam- buco se servem nos cachimbos de fumar. Piío rainperlie. — Eemaloccylum camípccManum, Linn, e Lamk. — Fam. das Legximinosas. — Esta arvore é na- tural de Campeche no México, d'onde :$455 PAO PAO ella tirou sou nome, existe nas Antilhas, c na provincia do Pará, e por isso a indicamos aqui. E' uma arvore elevada. Suas folhas compostas, alternas, são obovaes ; seus ramos novos apresentam vestigios de espinhos. As ftôres são amarcllas, com um cheiro que lembra o do Junquillio. O fructo é lima vagem pequena, com uma semente plana, reniforme. A madeira d'esta arvore é branca amarellada, com o cerne roixo. D'ella se extrahe a tinta de que nossos tinctureiros tanto uso fazem; tinta roixa, que se torna preta pela addicção de outros ingredientes ; pos- sue principios adstringentes. E' usada na arte de tincturaria. Páo eaniiiaiia. F. Caninana. Pilo cie Capsico, ou Iit^ra- quiyiilia, oii Kiyuja. — F. Páo cravo. Páo CaiMioso. — Polypodium acu- leatum. — Polypodium pungens, Vell. — Fam das Fetos. — E' uma planta seme- lhante a uma palmeira pequena, de % a 1 metro e 12 centímetros. Seu tronco é formado por um tecido parenchymatoso, percorrido de nervuras, fibrosas. A casca de fora é espinhosa, tran- çada de feixes semi-crustaceos, escuros e brilhantes. Na extremidade superior, um circulo de folhas compostas, recortadas. Suas flores são occultas,apresentando- se apenas com uns corpúsculos. Propriedades medicas. — E' da me ■ dulla que preparamos o nosso xarope, que é applicado nas tosses em geral, bronchites, asthma, defluxões, rouqui- dão, tosses convulsas, catarrhos pul- monares agudos e chronicos. Modo deuzar. — Para os adultos (puro ou diluido em alguma tisana apro- priada), de 3 a 6 colheres de sopa, no decurso do dia ; para os adolescentes. de 2 á 3 das mesmas colheres, e para crianças, de 2 á 3 colheres de chá. P»o carjj^a ou «Ic oariie. — Ca- scaria tcsuca7'is. — Fam. das Samydeas. — Este arbusto, natural de nosso solo, é conhecido por Páo de carne em Per- nambuco, nas Alagoas por Páo carga., e por Camarão em Sergipe ; tem também o de Jeqidtihá nas Alagoas, e O de Cahubi nos sertões do Norte. E' um elegante arbusto, mui ramoso, com casca lisa. Folhas compostas, lustrosas, com as margens recortadas, ovaes, e agudas. As flores, que brotam em feixes, ape- gadas ao caule e na axilla das folhas, são brancas, com mui leve cheiro. Os fructinhos, menores do que a azei- tona, abrem-se em três valvas, mostrando uma ou três sementes, envoltas em polpa vermelha, que come-se, mas não é bôa. Propriedades medicas. — Sua raiz é um poderoso antisyphilitico ; é purga- tiva, assim como o lenho, na dose de uma colher de sopa do pó. A decocção das folhas é um remé- dio efíicaz, contra febres intermittentes ; é fácil de tomar-se porque não tem amargo. A casca é reconhecida como purga- tiva e anti-venerea. Páo cavallo. — Vilex nigrum. — Fam. das Verbe7iaceas . — Este vegetal agreste do Brasil, em muitos lugares, não passa de um arbusto ; mas elle toma proporções de arvore propriamente dita, em outras partes. Em Pernambuco lhe dão este nome, e raramente o de Salgueiro, nas Ala- goas o de Maria preta de cawpina, em Sergipe o de Páo Cavallo. Como já dissemos engrossa e ele- va-se ; sna casca é frouxa e esbran- quiçada. As folhas ellipticas, longamente pe- cioladas. Todas as partes são tomentosas e ásperas. As flores são em cachos, purpurinas PAO PAO 343 de côr roixo-viva, com manclia branca, á semelbança de um busiosinho com dois lábios. O fructo é como uma ameixa, oval, tomentoso, preto, contendo uma massa trigueira, aquosa, doce, e adstringente; tegumento externo, membranoso ; den- tro existem quatro caroços, que não apparecem sempre todos, ás vezes so- mente um ou dois. A madeira é empregada para traves, tectos e portadas de edifícios. Páo eohra. — Quassia oiúiorhyza. — Fam. . das Rutaceas. Propriedades medicas. — A raiz d'esta planta é tónica, amarga e mucilagi- nosa. E' empregada nas febres e diarrhéas clironicas, P»o «le eollter. — Tahernaemon- tana ecMnata, Will. — Yam. das Apo- cyneas. — Esta planta é lactifera ; suas folhas são odoríferas. Dizem que ella é útil contra as hér- nias e as febres, porém é necessário cuidado, porque pertence a uma fa- mília de plantas muito suspeitas. Páo Cravo ou Craveiro da terra. — Licaria gujanensis^ Aubl. — Bicyfellmm caryopliyllatiim, Nees. — Lau- rus canella. — Fam. das Lauraceas. — E' uma arvore indigeníi do paiz, especial- mente do Pará e alto Amazonas. E' alta, com a casca dura e aver- melhada. Suas folhas ovaes e glabras. Suas flores não observadas. Em Pernambuco chamam-a Cravo do Maranhão ; já não apparece ha annos no mercado. A casca é aromática, e enrolada em tubos ; ella vende-se no commercio europeo em grande escala por causa do sabor aromático, semelhante ao do cravo da índia. Esta arvore abunda nas mattas e mon- tanhas da serra do Mar. Sua casca recebe na Europa o nome de Cássia caryophyllala. Ella tem uma certa analogia com o cravo da índia e com a canella. E' de cor roixa escura, quando está privada de sua epiderme, que é cin- zenta, esbranquiçada, mas ás vezes acha- se munida d'ella. E' usada como tempero. Páo de eiiibira, ou Semente «le emliira. — Anona carrninatitia^ Au. Cam. — Fam. das Anonaceas. — Tam- bém chamam a este arbusto elegante Pindaijba, nome que pertence mais á outra espécie, pois esta já dá flores e fructos com três nomes. E' uma arvore de mediano porte, bonita, mui esgalhada. Folhas estreitas, pequenas, lustrosas e alternas ; as mais pequenas asseme- Iham-se ás da Romeira . Flores medianas, semelhantes pouco mais ou menos ás da pinha (áta). O fructo é uma noz, de 12 % centí- metros, redonda, afinando para a base, de cor esverdinhada. O pericarpo, que é fino e tenaz, é na parte interna repartido por uma membrana; forma lojas, contendo uma semente em cada uma, meio achatada, redonda, convexa de um lado, plana de outro, lustrosa e dura. Tem o cheiro activo, picante e esti- mulante. E' um dos adubos usados nas nos- sas cosinhas, principalmente para cer- tos manjares, que especialmente o re- clamam ; faz o effeito da pimenta. A casca d'este arbusto é matéria de cordoaria ; as vergonteas prestam-se muito ao uso de varinhas de pescar, e outros misteres. Páo de espeto. — V. Mathias. Páo iaelio. — E' um arbusto, ou mesmo arvore agreste do paiz, conhe- cida em Alagoas, Sergipe e Pernam- buco por tal nome. Depois de secco mesmo na terra, arde espontaneamente, a ponto de ser diffi- cil de apagar-se. 344 PAO PAO Páo fai». — E' madeira de esti- mação. Psto-ferro oii Quiri iiiiiiitj::». — Dialiiim fernim ; Dialium dicarica- íum, Vahl. — Arauma Guianensis , Anhl. — Fam. das Leguminosas. — E' uma das arvores indigenas falladas pela sua madeira, durissima, para as obras de construcção urbana. Também recebe o nome de Itú nos sertões do Norte. E' uma arvore elevada, de forma py- ramidal. Suas folhas são compostas , e de côr verde ; ellas são ovaes ponteagudas. As flores são em cachos pyramidaes, como rosinhas amarelladas. Tem por fructo uma espécie de va- gem, de pouco mais de 3 centímetros, roliça e parda, afinando-se para a ponta, que termina em um prolonga- mento ; contem duas sementes roli- ças, compridas, envoltas em uma polpa esbranquiçada, furfuracea e acre doce. Come-se. O Páo ferro tem o cerne roixo. E' madeira própria para estivas das pontes, travejamentos, tectos de edi- fícios, e finalmente para todas as obras, que exigem madeiras rijas e pezadas. Páo forquillia. — Y.Páo Pereira. Prto g:ereniu. — S;pinacia gerimú. — Far/i. das Chenopodiaceas. — Esta ar- vore, conhecida por tal nome nas Alagoas, não é a mesma arvore Gi- rimú de Pernambuco, E' uma arvore, cuja casca é aver- melhada, quasi com côr de Glrimum. As folhas ovaes. As flores, em espigas pequenas, são também pequeninas. O fructo é de 1 e % centimetros, ovóide, transparente, amarello, mar- chetado de vermelho, parecendo-se com uma mangaba ; dentro é cheio de sementinhas. E' madeira que serve para traves, e caibros, e para tecto de edifícios. Páo lioniein. — V. Âfarapuama. Páo Inere. — V. Caaopia. V. Lacre. Páo lagoa. — F. Tahua. Páo tie leite ou de tiú — E' um arbusto do sertão, do qual trans- suda muito leite. Emprega-se com muito bom resul- tado nas hydropisias. Páo inaiitei|i:a.— E' uma rria- deira de Pernambuco. Páo de Maria. — V. Lantim. Pãoiuolle. — V. Guahifocaiha. Páo niolle de Alagoas : — Po- lyozns fragilis. — Farii. das Verbenaceas. — E' um arbusto silvestre, a que nas Alagoas dão este nome ; em Pernam- buco também ha Páo-molle., e é bem semelhante. O caule d'aquelle é esbranquiçado, ou pallido, formando nós, que mudam de sentido, nos ramos, cruzando-se. As folhas, amarelladas, crespas e ma- cias. Flores, em densos cachos, brancos e pequeninos. Os fructinhos vermelhos , que pare- cem Giriquitis., com uma ou duas se- mentes dentro. As rolas gostam muito d'esta fruc- tinha. Páo inolle tle PernaiiilDueo. — Pohjosus ^ernamhucensis. — Fam. idem. — Esta outra planta, do mesmo nome em Pernambuco, é semelhante ao das Alagoas ; mas as folhas d'esta ultima são mais crespas, e irregulares em po- sição. O lenho é mais esverdinhado. As flores mais amarelladas ; este tem o páo esbranquiçado, as flores são brancas, e não apresenta nós nas pon- tas dos ramos ; no mais confundem-se as duas espécies. Fructos em cachos, vermelhos, lus- PAO PAO 34; trosos, polpa vermelha; dentro nma só semente grande. P«o monde. — Outro páo de Per- nambuco. Páo «lo novato. — Tri'pteríx ame- ricana.— Fam das Polygoneas. — E' uma arvore do paiz, que acoita formigas mordedeiras ; a casca adstringente. Píío «1'oleo. — V. Cahureiba, Cabu- reiiclca. Psío «r«leo de Periiamfsiiro. — Copai fera officinalls^ Linn. — Fam. das Leguminosas. — Vulgarmente cha- mam a Copaibeira Páo d'oleo. Esta bella arvore de nossas florestas é mais profusa nas provindas do Norte, das Alagoas para o Pará, que é a sua principal localidade. E' uma arvore copada, alta, de folha- gem miúda. Folhas compostas de foliolos, que são ovaes e luzentes. Seu tronco é grosso, e d'elle escorre, por incisões ahi praticadas e que inte- ressem a casca e o lenho, nas phases próprias da lua, um liquido de aspec- to oleoso, branco, transparente, de cheiro mui activo, de gosto amargo; suscep- tível de coagular-se em quanto novo. As flores, em cachos, são pequenas, o roixas. Os fructos são vagens pequenas, par- das e orbiculares, tendo um ou dois caroços dentro, redondos ; ellas são en- carnadas, com malhas pretas. Praticam insisões no tronco para ex- trahir-se esta resina liquida, em tempos de lua cheia, de Setembro parar Ou- tubro. Este producto ja mereceu grande importância nos mercados da Europa, debaixo do nome de Baume de Copahu. Elle contem um pouco de óleo volátil, e seu sabor é acre, quente, e tere- binthacea; a medicina o emprega em vários casos , e o povo mesmo por sua conta muito uso faz d'este bálsamo. Applica-se externamente nas feridas, golpes, etc, e internamente nas gonor- rheas, etc. Este bálsamo é um dos que os pin- tores, entre nós, empregam em suas preparações de tintas para as pinturas das casas, porque melhor se conserva, dá mais intensidade á côr da tinta, e tem a propriedade seccativa. Emprega-se nas obras de marcenaria. A provincia do Pará o exporta em grande quantidade, do modo seguinte. Inglaterra 27,199 Estados-Unidos 16,G2õ França 11,766 Portugal 3,091 Sul do Império 1,387 Total 60,680 kil. Páo papel. — Zasiandra papi/rifera, St. Hil. — Fam das Melastomaceas. — E' uma planta, a que em Minas Geraes e Goyáz dão este nome, porque ella fornece laminas tão delgadas e claras, que parecem folhas de papel. Páo Paraliylía oíi Paralíyba. — Simariiha versicolor., St. Hil. — Sima-' ruía parahyha., St. Hil. — Farn. das Ru- taceas. — Vegeta esta arvore do nosso continente por quasi todo o centro do Brasil. Ella tem a casca meio esponjosa e esbranquiçada; é muito amarga. O lenho é branco, poroso e leve. As folhas, compostas, com os folio- los brilhantes, superiormente. As flores, em cachinhos, brancas, es- verdinhadas. Nas províncias do Sul é empregada contra mordeduras de cobras, como um remédio efflcaz, e também nas molés- tias parasitarias dos homens e ani- maes. A madeira emprega-se para fabrica- ção de tamancos, por ser leve. No Norte do Brasil, as raizes d'esta arvore se applicam como vomitório, nos epilépticos, para o que foram reputa- das um dos melhores remédios, mas não tem sido profícuas nas febres in- termittentes. 46 346 PAO PAO Devem ser usadas com alguma cau- tela, por que são drásticas. A casca abunda em principio amargo, adstringente, acre, um pouco narcó- tico; é tida como um veneno; seu co- simento, em clysteres, expelle os ver- mes; seu pó, applicado á cabeça, mata os piolhos. Propriedades medicas. — Emprega-se internamente contra as obstrucções das visceras, liydropisias, empigens e sar- nas. Os banhos feitos com seu cosimento são aconselhados particularmente con- tra os dartros, mormente syphiliticos, porém exige cautela sua applicação. Os indigenas a tem como venenosa; applicam em locções contra os piolhos. Páo pente. — V. Páo Pereira. Pão Pereira. — Geissospermum Vell. Fr. Aliem. — Fam. das Apocynaceas. — E' conhecido por diversos nomes: Páo for- quilha, Páo de pente. Camará de Miro, Camará do matto, Canudo amargoso ou Pinguaciba. Arvore do Brasil ; segundo o Dr. Freire Allemão cresce até 340 metros de altura e mais. Casca grossa, profunda e irregular- mente fendida na parte suberosa. A casca tem côr amarella , sabor .amar- go, sem adstringência notável. Seus ramos são tortuosos, copados, cobertos de um pello macio pardo. As folhas são alternas, ovaes, lan- ceoladas. As flores são pequenas, de côr parda, e sem cheiro. De ordinário só uma ou duas flores chegam a fructificar, e de cada uma resultam dois fructos, raras vezes um por aborto, carnosos, ovaes, acu- minados, e divergentes. Emquanto verdes estam cobertos de pellos cinzentos, luzidios ; depois de maduros são glabros e amarellos. As sementes são lenticulares, ob- longas ou arredondadas ; dispostas em duas fileiras de 4 a 5, raras vezes mais, de cada lado das falsas lojas, sobre as quaes estam applicadas e imbricadas de modo que a primeira é inferior e cobre metade da segunda ; esta, a metade da terceira, e assim por diante envolvidas n'uma polpa fi- brosa, e succulenta. Empregada pelos indios, e algumas pessoas do interior, contra as febres intermitentes; tem sido essa casca em- pregada na therapentica brasileira. O Sr. Ezequiel, distincto pharma- ceutico do Rio de Janeiro, obteve d'essa casca uma substancia a qual chamou pereirina. Usa-se em decocção, (30 grammas para 500 grammas d'agua); mais vezes se applica em banhos. Propriedades medicas. — E' um po- deroso antifebril, succedaneo da quina, e empregado nos mesmos casos. Páo íle pimenta. — F. Páo cravo. Páo pohre. — E' uma Ewphorhiacea conhecida por este nome em Minas. Seus fructos se parecem com os do carrapateiro. São purgativos, e suas amêndoas dão um óleo bom para luz, e para a fa- bricação do sabão. Páo |iobib1)0. — Odina Francoana. — Fam. das Anacardeaceas . — Arvore que vegeta no Brasil, de tamanho mediano. Tem folhas ovaes, coriaceas. Flores amarellas esbranquiçadas, que se tornam purpúreas. Produz uma nóz, de 3 centimetros de comprimento. Encontra-se com abundância, e serve para fabricar cabos de machado. E' muito uzado na construcção civil, nas províncias do Norte e no centro do Império. Páo de poreo. — Bursera gum-. mifera, Linn. e Jascq. — Fam. das Tere- hinthaceas. — Arvore habitante da Ame- rica Meridional, resinosa, de folhas pal- madas, e flores miúdas. PAO PAO 347 Seus fructos são drupas carnosas in- ternamente e ocas, contendo três ca- roços. Um dos nomes que lhe dão nas An- tilhas é o de Gammier e Bois de cocTion E' n'esta arvore que os javalis fe- ridos se encostam, para se untarem com a rezina que d'ella exsuda, e que é tida por vulneraria. E' com esta resina que se falsifica no commercio a resina Elemi. Sua madeira é usada nos traveja- mentos, tectos e portadas. Pào precioso. — V. Casca preciosa. Pão «le (iiiiabo. — Laimts spec ioa. — Fam. das Zaurineas. — E' mucilagi- noso, e empregado contra mordeduras de cobras. Páo (la paraense. rainlia. — Centrolohiiim 'Páo de rato do^ sertanejos. — Cesalpinia glandulosa — vilimcroiMla.^ Vell. — Planta da Bahia. Páo rosa. — F. Páo cravo, e Sebastião d' Arruda. Páo-rosado. — Y. Páo Brasil. Páo de sabão. — V. Sahonete. Páo saiig^ue. — V. TJrucuba^ Páo tle S. L.uzía. — JDalbergia. — Fam. das Leguminosas. — Monadel- fhila decandria, Litm. — A noz d'esta planta é de côr purpúrea carregada, e doce, agradável, de um cheiro par- ticular, impregnada de uma substan- cia resinosa, que arde com chamma muito brilhante. Páo santo. — Mahiirea speciosa, Chois. — Fam. das G^Uti feras. — É uma arvore do Brasil, elevada. Tem folhas alternas. Flores dispostas em cachos, amarcl- las, e cujo fructo é uma capsula có- nica, contendo muitas sementes miúdas. A madeira d'esta arvore tem o cerne vermelho e duro, bom de polir-se, e é da marcenaria. Páo santo. — Kielmeyera speciosa- St. Hil. — V. Malva do campo. Folha santa, e Pinhão. Páo santo com sete nontes. — E' conhecido em certos lugares do Brasil por Guaco. Páo de S. José. — Kielraeyera co- nacea. — Fam. das Ter?istroemiaceas. — Esta planta arbórea do paiz tem as mesmas propriedades da precedente. Páo sassafras. — Launis sassafras, Linn.,e Rich. — Fam. das Laiwinaceas. — E' uma arvore do paiz, que na pro- víncia do Espirito Santo é reconhe- cida por tal nome. Ella é originaria da Norte, e também, segundo Nicoláo, do Brasil. E' do porte de uma canelleira. Suas folhas aromáticas, alternadas. Seus fructos, como uma pimenta de cheiro, são roixos. America do o Dr. Propriedades medicas. — A casca e a raiz d'esta arvore são sudoríficas, anti-venereas, e anti-rheumaticas ; em- pre ga-se ordinariamente associado ao Guaiaco, e Salsai)arrilha, na dose de 8 grammas para 500 grammas d'agua Páo de senaana. — V. Murici. Páo seringa. — V. Borracha ou Sinngueira. Páo do serrote ou pedra. — Hoffmanuseggia pelra — Fam. das Le- guminosas.— E' uma arvore dos ser- tões do Norte, que vegeta nas serras e lugares pedregosos. E' um d'esses vegetaes, que estão sempre frondosos e verdes, sem experi- mentar os efí'eitos das viscissitudes do tempo. Suas folhas são lustrosas. 348 ■PAO PAP As flores são cm cachos, e de côr branca amarellada ou trigueira, O fructo, presumimos ser uma va- gem. Asseveram -n'os, pessoas fidedignas, que a fumaça d'esta madeira cega em pouco tempo, de que já tem havido exemplos. Pá o setiui. — V. Piqíiiá marfim. Pão ferras j;:raiide!!i. — Gtíalea grandijlora., Mart. — Fam. das Vochysia- çeas. — Arvore do Amazonas e mais re- giões do Império,, como Minas e Per- nambuco, conhecida por tal nome. Tem as folhas oppostas. As flores grandes, e por fructo apre- senta uma capsula óssea, contendo mui- tas sementes. E' resinosa, e offerece uma bella tinta amarella, usada na tinturaria. pá o torras pequenas. — Gnalea grandiflora, Mart. — Fam. idem. — Arvore toda semelhante á precedente, com a diflerença de ser menor o seu porte. Produz matéria corante, de grande va- lor para a tinturaria. Páo de tinjs;iii. — Mogonia puhes- cense, St. Hil. — Fam. das Sapindaceas: — E' um arbusto silvestre, que nasce pelo Rio de S. Francisco e Minas Geraes, cujas folhas são compostas, ellipticas e oblongas. As flores em cachos. Os fructos um tanto grandes e ovaes. Parece que o nome que tem vem de servir ás tinguijadas ,• posto que diver- sas plantas de géneros e famílias dif- ferentes se prestem a isso, entretanto, esta família é a que mais indivíduos offerece com esta propriedade. Floresce em Agosto e Setembro. E' usada na tinturaria. Páo de tfiitjffiii, (outro). — Mo- gonia glabrata, St. Hil. — Fam. idem. — Também é natural do mesmo lugar. Seus ramos são lisos. As folhas oblongas, ellipticas. As flores em cachos. O fructo, semelhante á sua congénere, tem o mesmo uso. Floresce no mesmo tempo. Páo troiiilieta. — F. Amòaiba. Páo vellio. — F. Qtialipocaraiba. Papajs;aio. — F. Tinhorão, Tanho- rão, Tagurá, Pé de bezerro, Tanhoram em tupinico. Papsí^^isella. — Myrcia pubescens, D. C — Fam, das Myrtaceas. — Arbusto agreste, que recebe este nome nos li- mites da província de S. Paulo, e em Minas Geraes. Elle é de altura regular. Folhas ellipticas, oppostas ; as pon- tas dos ramos são loiras. As flores, em cachos, são também aloiradas, e pubescentes. O fructo é redondo, negro, e con- têm dois caroços dentro. Floresce em Fevereiro. O fructo possue propriedades adstrin- gentes. Paparajuba. — E' a Caroba no Maranhão. Papiíferra. — E' a Douradinha no Pará. Papeira. — Tournefortia lucidaphil- la. — Fam. das Borragineas. — E' um arbustínho trepador, de folhas ovaes, alternas e lustrosas. Flores em cachos, de um só lado inseridas. São brancas, afuniladas, pequenas e sem cheiro. O fructo é redondo, esverdinhado, com uma estrella na base, e quatro caroços dentro. Pa p o 1 1 a . — Papaver bracteatum ; Lindl. — Fam. da^^ Papaveraceas. — E' uma flor exótica do Oriente, acclimada no paiz, que nas Alagoas chamam Rosa- Graixa. PA.P PAR 849 E' um arbusto de 1 a 2 metros, esgalhado ; lenho e casca esbranqui- çados. Folhas alternas , ovaes , recortadas em redor. As flores, grandes, redondas, de còr vermelha viva; tem um pedúnculo longo. Seu cálice com duas sepalas verdes, e nas dobradas, com laminas membra- nosas, encarnadas, cuja reunião apre- senta-se espherica, e tendo alguns pro- longamentos no interior ; não se observa frueto. Ella serve de ornamento de jardim; esfregando-se esta flor torna-se em um sueco preto, que dá lustro no calçado, d'onde lhe vem o nome de Rosa-Graixa. Papo de i>«rú. — F. Mella Pinto ou Pega Pinto. P a II o de peru. — Aristolochia gratidi flora, — Aristolochia cymbifera, Ar. Cam. — Fam. das Aristolochíaceas . — Dão este nome nas Alagoas, Pernam- buco, e mais províncias, á uma planta indígena trepadeira, que se enrosca sobre as suas semelhantes. Seu caule articulado, semi- nodoso, com gavinhas. Suas folhas alternas, grandes, azula- das, 6 cordiformes, com pequenas azas nos peciolos. As flores são á semelhança de um papo de peru justamente; são esver- dinhadas, e constituem uma anomalia do systema da organisação floral. O frueto é uma capsula angulosa, oblonga, encerrando as sementes. Propriedades medicas. — A flor d'esta planta possue a virtude abstergente em alto gráo ; asseveram-nos que nas inflammações, ou hérnias antigas dos escrotos, a fumigação com ella dimi- nue a ponto de fazer desapparecer o tumor, segundo a duração do processo mais ou menos prolongado. A raiz tem virtudes emmenagogas. As virtudes d'esta planta são auti- septicas (previnem a putrefacção) ; ella facilita a urina, serve contra moléstias do útero, e favorece a transpiração ; também é applicada nas mordeduras de cobras, nas febres pútridas, e ul- ceras malignas dos pés. A dose para infusão é de 16 a 20 grammas da planta. Paqiiani. — Pleiírapliis paqiian. — Fam. das Gramíneas. — Chamam no Pará Paquan a uma espécie de capim delicado, que vegeta nas proximidades dos rios e mesmo nas suas bordas. E' de caule delgadíssimo . de 40 a 60 centímetros de altura, pouco mais ou menos. Folhas estreitas e opacas. A flor é em espiga delgada, como no capim. Paraeary ou Paracupy. — Pello- dons rudicans. — Fam. das Lahiadas. — Esta planta é conhecida no Pará por Hor- telã hrava. S. Pedro-caa, Mentrasto; em Pernambuco por Meladinha, em lingua tupynica por Boia-caa. E' herbácea, de caule tetragono, de Vi metro e ás vezes mais de altura. Ramos oppostos, cujas folhas são simples oppostas, e ovaes, agudas ; ligeiramente aromáticas, quando se esmaga entre os dedos, participando do cheiro de Hortelã e da Melissa ou Herva Cidreira. Suas flores são completas, de côr arroixeadas; nascem na axilla das folhas, e aggrupam-se em capítulos ou corymbos pedunculados. Tem um cálice gamosepalo, tubu- loso, com cinco divisões. A corolla é gomopetala, tubulosa, e irregular, dividida em dois lábios ; um superior e outro inferior. Os estames são didynamicos, e per- feitos. O ovário, sustentado por um disco hypoginico, e quadrilobado, deprimido no centro, donde nasce um estilete bifldo. Cortado pelo meio deixa ver quatro cavidades, contendo cada uma ura ovulo. 350 PAR PAR Finalmente o fructo é composto de quatro akenios monospermicos, encer- rados no interior do cálice, que é per- sistente. Toda a planta exsuda um sueco leitoso. Propriedades medicas. — Pisada e posta sobre as mordeduras de cobras venenosas, não só aplaca a dor, como neutralisa ou destróe o mesmo ve- neno, e cicatriza a ulcera. E' efficacissima. Também serve para as picadas de lacraias ou escorpiões e muitos in- sectos. Muitas experiências se tem feito, e sempre com bom resultado, não só no homem como nos animaes domés- ticos. Devemos ao illustrado Dr. Francisco da Silva Castro as observações thera- peuticas d'essa planta. Em virtude d'esta sua acção e modo de obrar tem sido empregada interna e externamente em varias molestas da pelle, taes como dartros, eczemas, em- pigens, psoriases, tinha, syphilides, e em geral na sjphilis secundaria in- veterada. Internamente tem sido applicada a tinctura, na dose de 4 á 8 grammas . Externamente é empregada em pom - mada ou em tinctura, com que se fric- ciona os lugares affectados. Também tem sido applicado no tra- tamento d'asthma, catarrhos pulmona- res e tosses nervosas rebeldes. Paracupy. — V. Paracary. Paraliib». — V. Páo ParaJiiia. Parafiarauba. — V. Caroha do Ma- ranhão. Paratucú. — V. Jasmim do matto. Para tudo. — Com este nome são conhecidos pelo menos cinco substan- cias vegetaes brasileiras. 1.^ A raiz da Qom^Jirena offlcinalis. 2.* A casca de uma Afocynea estudada por St. Hilaire. 3." A casca de um Cos(us indicado por 3Iartnis. 4.'^ A casca do Piper límhellatum de Linneo. 5.3 A casca da ParaJuba, conhecida também com o nome de Paroba. Para tudo. — Gompkrena globosa, Linn. — Fam. das Amarantkacêas . — Sua raiz é insípida e nauseabunda. Não sabemos bem se a Gomphrena globosa é a planta exótica do Oriente, cultivada nos jardins, que em Pernam- buco chamam Perpetua. Veja a sua descripção em lugar com- petente . Propriedades medicas. — Dá-se con- tra as febres intermitentes, cólicas, diarrhéas, dyspepsias e mordeduras de cobras. Alguns botânicos julgam ser esta planta a conhecida pelo nome de Raiz do 'jiadre Sulermo. Para tudo ou Iterva do teí- juaçit. — Ophrys tuberculosa. — Fam. das Orchideas. — E' uma planta selvática, de 24 centímetros mais ou menos de al- tura. Folhas reunidas ao réz do chão, lan- ceoladas, corpulentas, marchetadas de verde e branco, e acinzentadas no feixe das folhas ; na base uns bulbilhos ovói- des, empencados. Brota um. eixo com flores em espécie de espigas amarellas ou brancas ama- relladas, um tanto grandes, e de forma irregular. Tem por fructo uma capsula trigona, contendo sementes. Applica-se esta planta em muitas moléstias, e d'ahi lhe vem o nome de Paratudo, então diz-se ser uma das plantas que o Teijuaçú come, quando se vê mordido na lucta com as cobras. Herva de teiú na Bahia, Herva de la- garto do Sul do Império. Paratudo. — Winteriana canella. — Canella alba, Smart.— Fam. das GiUti- PAR PAR 3S1 feras. — E' uma arvore que vegeta nas Antilhas e na America meridional, nos lugares quentes. Esta arvore é de 4 á 6 e % metros. Suas folhas alternas são ovaes, re- viradas. Suas flores, em cachos, são de um azul claro. O fructo é uma baga, com alguns caroços dentro. A casca desta arvore é conhecida no commercio pelo nome de Canella branca, 6 dão-lhe também o nome de Falsa casca de Winter, por que os pharmaco- logistas a tem confundido com a ver- dadeira, que é de uma arvore das Ma- gnoliaceas . Esta casca de Paratudo é conhecida em Minas e Bahia por tal nome, e tem um aroma algum tanto acre. E' anti- scorbutica e tónica. Propriedades medicas. — Dá-se a casca d'essa planta em infusão nas febres ato- nicas, e, em gargarejos, nos casos de ulceras atonicas das amygdalas, no es- corbuto. Para tudo Iie*íbto. — Datisca cras- sifolia. — Fam. das Resedaceas . — Este pe- queno arbusto, próprio para jardim, e agreste em nossas selvas, é conhecido nas Alagoas por aquelle nome. Tem o caule côr de rosa, esgalhado, e apresentando nós na inserção dos ra- mos, em forma de touceira. As folhas sáo grossas, succulentas e lustrosas, de forma elliptica. As flores dioicas, são rosadas, á maneira de umas palhetas, em cachos e meio transparentes. O fructo é triangular, alado, com uma membrana do lado ; dentro com muitas sementes chatas. Paratiirá. — Rerairea maritima, An- il.— Fam. das Cyperaceas. — Esta planta, que vegeta na Guyanna e á margem de terrenos paludosos, próximos dos rios ou de agua salgada, é uma es- pécie de ca:pim. Propriedades medicas. — Dizem que a raiz do Paraiurá é aromática, em- pregada como fortificante, em banhos, fumigações e clysteres. A infusão é diaphoretica e diurética; a infusão da raiz é anti-blenorrhagica. Papieá. — E' uma herva pequena do Pará, que tem as folhas averme- lhadas, com as flores esbranquiçadas e sem cheiro. Serve para dar-se banhos aos doen- tes de dores rheumaticas. Parietaria. — Parietarla officinalis^y Linn. e Sp. — Fam. das Myrticaceas. — Planta herbácea exótica, de raiz vivaz. Caule erecto, ramoso, carnoso e avermelhado . As folhas alternadas, ovaes e iim pouco duras. As flores, de sexos separados em grupos, pequeninas. O fructo é pequena noz ovóide. E' um poderoso diurético. Ella tem um sabor salgado herbáceo, e contém grande quantidade de ni- trato de potassa. Propriedades medicas. — Emprega-se nas irritações das vias urinarias e nas febres inflamatórias ; na dose de 8 grammas para 1:000 grammas d'a- gua fervendo. Pariná. — F. Canna de matío. Paa*i|>arol>a. — F. Malvaiseo. — Na Bahia, e em Sergipe; — V.Caafeia. Parreira lirava, ou Ahutua» ou Butua. — Cissampelas farreira., Lamli (1) — Fam. das Menispermaceas. — Planta trepadeira do Brasil, e das An- tilhas. A raiz é dura, lenhosa, fusca por fora, por dentro cinzenta amarellado, sem cheiro e sabor amargo ; cortada transversalmente apresenta círculos con- sentricos. (1) Ha vários cocules e cissampelos com* este nome. 35*i PAT PEC Propriedades medicas. — A raiz é tónica, diaphoretica, diurética, emme- nagoga, e febrífuga; usada principal- mente nas hydropisias, supressão de locliios, menstruação difRcil e acom- panhada de dores, e dores depois do parto. O sueco das follias, se applica ás mordeduras de cobras, dando-se a beber ao doente a raiz da parreira, infusa em vinho generoso. Na dose de 8 grammas para 180 grammas d'agua fervendo. Parreir» do iiiatto. — Securi- daca florida — Fam. das Polygaleas. — Arbustinho silvestre, indígena, que pro- cura mais o littoral. É conhecido em Pernambuco por este nome, e é muito semelhante á Canínana da mesma província. E' um arbusto trepador. Os caules roixeados. Folhas dispostas em palmas, peque- nas, ellíptícas, e baças. As flores, em grandes cachos, roixas ; têm semelhança com a flor do feijão, sendo as d'este mais claras. Cobre-se a planta de flores na epo- cha da floração, que produz um bonito effeito nos bosques. O fructo é uma espécie de nóz es- cura, com duas azas membranosas e um caroço dentro ; a raiz d'esta jDlanta tem muita applicação na medicina caseira, para as regras das mulhe- res, etc. Pasta.— F. Golfo. Fali. — Cocos oleracea, Mart — Fam. das Palmeiras. — Os caroços fornecem um óleo que pôde servir para usos culinários. Patióba, 03I Coqueiro patiú- I»a. — Vegeta nas partes austraes do Bra- sil. As folhas servem na confecção de balaios, cestos, etc. Patijíulift. — V. Batiputá. Palo^ia. — V. Pataché. Patuurana. E' a Canna Indica de Linn. Paiapeira. — Vallesia. — Fam. dos A2)0ci/uaceas.—TJ planta que vegeta no Peru o Amazonas. Suas folhas são alternas. As flores, brancas. A casca desta grande arvore é an- tiscorbutica, segundo Riedel e Ildefonso Gomes. E' usado na construccão civil. Pé tle burro.— E' uma batata co- nhecida nas Alagoas por este nome. Ella toma a figura de uma cabaça de collo. Tem a casca parda, apresentando na extremidade inferior umas porções mamilosas, em forma de dedos. Come-se. Pé «le |i:allinlia. — Panicum dacty- lon^ Pison. — A raiz pisada é empregada como Alexipharmaca e resolvente. Também ó útil para prevenir o aborto. Pé «le itia«acO) ou Hlaeacú. — 7. Lico-podio indigeno. Pé de pato. — Arvore indígena. Co- nhecida por tal nome, nas Alagoas. Tem suas folhas alternas ; ellas são oblongas, agudas, bem planamente ex- postas, e de côr verde escura. A flor, não observada. O fructo é uma noz de três gomos, de côr castanha, com três sementes grandes. Fé «le pato. — Fam. das EwpJiorUa- ceas. — Arvore de folhas alternas, oblon- gas, agudas, escuras e patentes. Fructo, noz com três grãos grandes. Fccejço. Amygdalus 'persica, Linn. — Pérsica vulgaris, Willd. — Fam. das Rosáceas. — Fructa de uma arvore me- diana, ou arbusto originário da Pérsia. O pecegueiro é um arbusto de folhas lanceoladas, estreitas. As flores precedem ás folhas. O fructo é um pomo de 9 centíme- tros, oval, oblongo, e quasi redondo amarello, e aromático, em' maduro. Tem a pelle fina, de seu tegumento PEP PEQ 353 externo, uma massa amarella, espessa, enchuta e succulenta ; contém no seu centro dois caroços chatos. O Pecego é uma das fructas esti- madas da Europa, aonde a cultivam muito. No Brasil, já ha algum tempo, tam- bém a cultivam com bom resultado, da Bahia até o Kio de Janeiro. Os que dão em S. Paulo e Rio- Grande dizem ser tão bons como os da Europa. Dão-lhe muitos nomes, segundo suas variedades. Em Portugal, elle tem estas denomi- nações: Molar ^ Miraslho^ Maragotão, ou Rosa^ Calvo, Branco, Gilmeude, Veneziano ; esse ultimo é vermelho. Também têm virtudes medicas, tanto suas flores como as folhas que são pur- gativas, e ^tem propriedades antelmin- thicas. O doce que d'ella se faz tem muita estima no Brasil . O Pecego Moragotão, ou Rosa., é de 12 centímetros pouco mais ou menos, re- dondo acompridado de superfície lisa e lusidia, de um lado côr de rosa forte, de outro esverdinhado claro ; a carne, dentro, é rosada, a massa espessa, aquosa e menos acida, que a do or- dinário. Os do Pará dizem ser excellentes. Os fructos seccos são exportados, e os caroços dão bastante matéria para a fabricação do acido hydrocya- nico. Peclitarin g:raiie1e, ou Hinii- lão . — T'. Himilão . Pepiuo. — Cticumis sdtivus, Lr/m. — Fam. das Cucurbitaceas. — E' um frueto originário das índias Orientaes, co- nhecido no Brasil por este nome. E' uma boa hortaliça ; usa-se como salada e mesmo cosinhado. E' proveniente de uma planta her- bácea, que alastra, muito semelhante ao pé de melancia, até mesmo quando em flor, porém a fructa diff'ere mui- to; é de 12 a 24 centímetros de comprimento, oval, oblonga, de còr verde , marchetada, ficando amarel- lada quando madura ; n'este estado não presta. Dentro, é dividido por um tegu- mento, dando inserção a muitos grãos ellipticos, deprimidos, brancos e pe- quenos, envoltos em uma polpa aquosa e doce. Cultiva-se com cuidado nas hortas, principalmente em Pernambuco. Sua salada é muito boa, mas é indigesta. Com o seu sueco prepara-se uma po- mada, que lhe dão o nome de pomada de pepino. Peiíiiio do matto. — Solamm míHcatum, Linn.— Fam. das Solanaceas, — Sub-arbusto de caule radicante, sem quasi espinhos. Folhas oblongas lanceoladas. Dá fructos turbinados. Esses fructos são comestíveis. As folhas pisadas são empregadas na hydrophobia. Pequi. — Caryocar Irasilien&is, St. EU. — Fará. das Rhizobolaceas.— ^' uma ar\ore grande, tortuosa e indígena, que recebe este nome em S. Paulo e Minas Geraes. Tem as folhas grandes , obovaes, e Ilobada na sua circumferencia. As flores abundantíssimas e rosadas. O frueto oval, carnoso, internamente repartido em seis lojas, cada uma com sua semente. Pequi «lo Pára ou «lo Aiiiazo°- nas. — Pekea, hutyracea., Auhl. — Fam. idem.— Esta arvore, observada por Au- blet nas Guyannas, vegeta também no Amazonas. Ella offerece grandes dimensões. As suas folhas dispostas em ternos, com peciolos longos. As flores em cachos. Dá um frueto carnoso que contém uma noz, cuja amêndoa branca é mui boa para comer-se. Esse frueto é globoso, meio achatado dividido dentro em quatro ou em uma 47 3S4 PÈR PER só cavidade, qvie contém um caroço ,• varia na íorma segiindo o numero de cavidades; sendo quatro, toma a figura reniforme. O fructo tem a carne espessa, abun- dante cortiçosa exteriormente ; é duro, ou ósseo internamente. Dentro nas cavidades encerra uma matéria gordurenta ou oleosa em grande quantidade, de que os habitantes de Cayenna servem-se como tempero para a comida. N'este género lia algumas espécies da America Meridional. Pef|(iíá eafie ou Ca4eS»ravo. — Casearia fmtida. — Fam. das Samydaccas . — Arbusto do paiz, agreste, por estes nomes conhecido em. Pernambuco, e também por Páo de espeto em Sergipe. Elle é ramoso. Tem o caule esbranquiçado, e os ra- mos flexíveis. As folhas, alternas lustrosas, oblon- gas. As flores são em feixes na axilla das folhas nos ramos e caule. Dá um pequedo fructo, á semelhança de uma azeitona, que abre-se em três partes . São encarnados por dentro, com umas sementinhas envoltas com essa polpa vermelha. Floresce no verão. Em Sergipe fazem no campo espe- tos deste páo para assar peixe. Pe$i«.iÈ!\ a8ta5'fÍBn ou Páo ntttinx Pefiiiias». — Arvore, cuja madeira é de lei. A semente dá um sebo alvo e duro, próprio para velas. O fructo, cosido, come-se. Pêra. — Pyriís communis^ Limi. — Fam. das Rosáceas.— A. Pêra é um dos bons fructos da Europa, d'onde é natural. Provém de uma arvore que se cultiva no Brasil, nas províncias do Sul. Ella é de porte alto, na Europa, engrossando muito seu tronco. As folhas são long-unente pecioladas, ovaes, puboscentes na face inferior, e lisas na superior. As flores, em cacho, são brancas. O fructo, embora varie de forma, grossura, còr e sabor, comtudo recebe o nome de píriforme, com fragmentos do cálice no ápice da flor. Compõe-se de uma substancia ou massa succulenta, doce, acida e agra- dável, e uns carocinhos dentro de suas lojas. Ha muitíssimas espécies, que não apontaremos aqui. E' uma planta muito generalisada entre nós. Pèa*», oii gíerfl?fia"í& «la Será*». PeraSieiíSBí BírasiBicsasic. — Trixis áspera., Swart. — Fam. das Compostas. — E' uma planta herbácea de folhas ovaes e ásperas. Flores pequenas e brancas. Esta planta, que é de cheiro forte, é empregada em cosimento como ads- tringente na metrorrhagía. (3Iarí,) Pereâona. — V. Casca preciosa. Perig>aro3>». — Piper íimhellatum ., Vell. — Fam. das Piperaceas. — O sueco da raiz e das folhas é desobstruente. Propriedades mediCzVS. — O seu cosi- mento ou infusão faz purgar, e o xa- rope é usado na coqueluche. As folhas frescas e aquecidas appli- cam-se nas partes aíiectadas de rheií- matísmos e nas feridas provenientes de moléstias syphílíticas. PeE*i«|»itPira. — V. Gurindiheira ou Gurindiha. Pei*oS>a «Ias Alag^òas. — V. Ma- racujá-mirim. ? 1 Peroba «lo Pará.— Arvore colo- sal d'aqueUa província. PER PET 3õ E' d'ella que a construcção naval faz uso quasi exclusivamente, e por isso é prohibiclo seu corte. Peroli» «le Peraiaaiilmfo. — Bi- gnonia similiatrapea (?) — Fam. das Bigno- niaceas. — E' uma arvore do paiz, de porte mediano que não engrossa muito. Tem muita semelhança com o Tra- •piaceú^o. Tem a casca grossa, sem fendas, e é esgalhada. As folhas são triíbliladas e longa- mente pecioladas, de forma oval, com- pridas e baças. As flores em pequeno numero são á semelhança de cornetas, roixo-rosadas e grandes. O fructo e uma vagem comprida, parda, abrindo-se em duas valvas. Tem dentro muitas sementes dispos- tas em duas ordens, umas sobre outras, com umas membranas, dos lados que parecem azas. Floresce pelo verão em Novembro. O lenho é amarellado, um tanto po- roso e áspero, porém é a melhor madeira para braços de ancoras em Pernam- buco. Este páo é de construcção ; é muito rijo , com o âmago de côr parda clara. Emprega-se em liames, vãos e mais peças importantes, bem ccmo em ta- boado. Peroltiailfto osí Pero^tiitãSto «lo caiupo. — LeptoloMum elegans^ Yogel. — Deca/idria raonogynia. Linn. — Fam. idem . — Arbusto que vegeta na província de S. Paulo, de tronco inclinado, ordina- riamente de 12 centímetros de diâmetro, algumas vezes de 48 centímetros e mais. Casca coberta por uma camada cin- zenta escrabosa, de côr parda-escu- ra. Folhas alternas pecioladas com duas estipulas na base, compostas de três a cinco pares de foliolos peciolados com estipulas na base. A casca da raiz é muito amarga. Propriedades medicas. — É empregada como antisyphilitico. Pei'iietua. — Gomplire^ia glohosa , Linn. — Fam. das Amarantliaceas. — E' uma flor natural da índia, aclimada no nosso paiz, ecultivadaem nossos jardins. E' de um bello roixo vivo e de uma duração espantosa. E' proveniente de uma herva de 1/2 metro e 12 centímetros mais ou menos ramos articulados e pubescentes. Folhas oppostas, ovaes, lanceoladas, pelludas, de côr clara. Flores com longos pedúnculos, esphe- ricas ou oblongas. Sobre duas folhetas um globo com- posto de muitas florinhas em tubo, de côr roixa ou branco-rosea ou pupurina. Cada tubo tem um sementinha re- donda, deprimida e muito lustrosa. Não tem cheiro, mas conserva por immensos dias a côr sem desbotar. Propriedades medicas. — É planta, que além de ser ornamento de jardins, gosa de virtudes contra as fluxões, é usada contra tosse em decocção. Na Bahia chamam-lhe Stisjnro. E' emoliente, e expectorante dada internamente na dose de 4 grammas para 500 grammas d'agua. Pc i* r e-s. i . — V . Amor-crescido . Perrex.il ou ASecrian tio Pará. — Chriíhonum (?) maritimum. — Fam. das UmhelUferas . — Diz Mar cr ave que as fo- lhas e os raminhos d'esta planta cosi- dos com peixe dão-lhe um gosto sa- boroso. Quanto ás virtudes medicinaes é des- obstruente e diurética. Em alguns lu- gares conhecem-n'o por Alecrim do Pará. Pcrsicari». — F. Herva de bicho., ou Pimenta d'agua. Petiiiii. Petiinie. V. Fumo. V. Fumo. 356 PIA PIC l^ely. — V. Fumo. Pcúva. — Tecoma speciosa, D. C; — Fam. das Bignouiaceas » — Planta diu- rética e catliartica. Piáca. — Cordoa piáca (?) — Fam. das Leguninosas. — Arvore agreste, que vegeta pelas beiras dos rios e cam- pinas, conhecida por este nome em Pernambuco, e também pelo de Raho de cavallo^ e em Sergipe por Campineiro. É de mediana grandeza. Suas folhas dispostas por palmas, são iim tanto grandes, ovaes, e ob- longas. As flores em cachos são roixas. O fructo, é uma vagem de pouco mais ou menos 12 centímetros com sementes chatas. A madeira d'esta arvore, é appli- cada em obras de marceneria ; sua casca dá fibras como a embira, e os capineiros amarram com ella os feixes de capim. Pião. — V. Pinhão de imrga. — É o nome que lhe dão no Pará. PiasBulía, pisasssaTa» ou co- (lue9B*o ile |iiassi«3}a. — Attalia fu- nifera, Mart. — Fam. das Palmeiras. — Na lingua indigena a Piassaba é Caa- tinga. É uma palmeira do paiz, que vegeta exclusivamente entre a provincia do Espirito Santo, Bahia e Alagoas, por- que não se acha para o Norte, ex- cepto no Pará segundo me dizem. É uma palmeira baixa. Suas folhas desenvolvem-se logo acima do chão. Dá cachos grandes, cujas flores são de sexos separados. O fructo é do tamanho e forma de um ôvo de perua, e fica depois escuro ou quasi negro. Seu tegumento externo é fibroso, duro, internamente contém uma massa que secca, toimando-se dura. O caroço é grande, e tem o envoltório ósseo de quasi um dedo de espessura, é pardo claro com três cicatrizes (olhos) na base ; a amêndoa dentro é oleosa, mui bôa de comer-se. Das palmas d'esta palmeira colhem umas fibras quasi roliças, delgadas, finas, elásticas com que se tecem cordas para diff'erentes misteres. A provincia do Rio exportava an- nualmcnte termo médio, para: Inglaterra 181,741 kil. França 81 ,3õ4 kil. Portugal 97,075 kil. Sul do Império 2,705 kil. Total 362,875 kil. Picaliiiii ou siucaltiiu. — Pica- honha. — F. Poaya. Picão. — Bidens hullatíís., Linn. — Bi- dens graveolens. (?) — Fam. das Compostas. — Planta herbácea, de caule erecto, vegeta no Brasil, pubescente, de folhas ovaes, emparelhadas e ternadas. Flores amarellas. O fructo é uma capsula semelhante ao Carrapiclio de agulha O sueco d'esta planta emprega-se na Ictericia. Os indigenas preparam um digestivo composto d'este sueco com aguardente, folhas de Trico-ciarea e gema d'óvos. Picão da |>B*aia. — Acantliosper- mum, Schrankii. — Fam. idem. A La7i- thioides Kunt. — Não podemos dar uma descripção d'esta planta, por não ter- mos dados para isto. Dizem que o seu cosimento na razão de 30 grammas para 500 grammas d'agua, vale o mesmo que a quina para as sesões ; applicam-a também nas erysipelas. Picão «1» 2»raia. — Plumhago lit- toralis. (?) — Fam. das Plumhagaceas. PicBiua. — Bujúorbia portulacoides , Linn. — Fam. das Eupliorhiaceas. — Esta planta é purgativa; bastam algumas gotas do sueco lançadas em um caldo ou cosimento das folhas, para se con- seguir o eflfeito. PYG PIM 357 PícKiirini Ivastardo. — Nectan- dra pijcTiurim, major Nees.— V. Pichio- rim ou Puchur?/. Piclioríni, ou Piieliury. — Nec- tandra pticJiury^ Nees e Mart. — Fam. das Laiiraceas. — Arvore que habita nas pro- .vincias do Amazonas e Pará. Tem as folhas ellipticas, rijas, có- nicas, glabras, assoveladas. Flores terminaes, dispostas em co- rymbos ; fructo em forma de baga, com uma semente de dois lobos cotyle- donarios, sempre isolados e completa- mente nús. Estes lobos são conhecidos vulgarmen- te pelo nome de favos de ^ucknry^ ou Pichurim. São ellipticos, oblongos, do compri- mento de dois centímetros, e de um centímetro de largura ; convexos do lado externo, planos na face por onde se tocam. São côr de chocolate exteriormente , e um pouco variegados no interior, o que é devido á presença de um óleo butyraceo que pode extrahir-se por expressão a quente, ou por ebulição na agua. São de cheiro forte e aromático, de sabor um pouco acre e picante, aná- logo ao da noz moscada. Conservados durante algum tempo n'um frasco de vidro, estas sementes alteram suas transparência pela vola- tilisação do principio aromático, que se fixa no vidro, e forma n'elle uma ca- mada branca de um cheiro balsâmico. Propriedades medicas. — Estas se- mentes são estimulantes e empregam- se em varias moléstias, taes como diarrhéa, leucorrhéa, digestões laborio- sas; também se usam em cataplasmas nas picadas de insectos. Administra-se em pó na dose de 2 grammas , ou 4 grãos , em infusão n'agua 18 grammas. A tintura na dose 4 a 8 grammas com 125 grammas d'agua foi muito usado no cholera. Py^er icsi, o« PíiiacibI» c8o ser- <ão. — Xylopia sericea. St. EU. — Fam. das Anonaceas. — Esta arvore utilíssima mereceria uma cultura muito protegida, porque os fructos acres e aromáticos, poderão servir no Brasil para género de exportação, visto serem como espe- ciaria, preferíveis a pimenta da Ja- maica. Pimenta. — Nome que se dá a muitos fructos de diversas naturezas, e pertencendo a famílias diversas, que têm a propriedade de serem mais ou menos excitantes, ou estimulantes, pro- duzindo forte calor que queima a parte com que se põe em contacto. Vejamos as seguintes : Píntenta cl'a§rua. — Polygonum, Hydropiper^ Linn. — Polygomwn, anti-he- morrhotdale, Mart. — Fam. das Polygona- ceas. — Herva que vegeta d'entro das aguas doces e em suas vismhanças, conhecida em Pernambuco por este nome, e em Alagoas por Capiçoòa. Ella é de 1/2 a 1 metro de altura, pouco mais ou menos. O caule é gretado, apresentando nós com riscas vermelhas. As folhas, estreitas, oblongas, com os peciolos roixos ou manchados. As flores são brancas, em espigas, compridas como vergonteas, nas axilas, e no vértice dos ramos O fructo é uma pequena capsula. E' uma das boas hervas medicinaes do Brasil, principalmente para as febres malignas ou de máo caracter. A gente do povo a emprega em cosimento e em clysteres, contra os ataques hemorrhoidaes, etc. Para o norte é chamada Herva de Bicho. PíBtteiiita d'Aníeric'a. — Schimts mollis i^).,Linn. — Fam. das Tlierelintaceas. — Planta arbórea d'America meridional. Ella é uma espécie de Aroeira., co- nhecida pelo nome vulgar de Pimenta d' America. E' interessante esta planta. PieBaeset.t »b»u ■Capsicum lace a- :t58 PIM PIM ium, Willd. — Cafsicum cerasiforme. — Fam. das Sohitaceas. — E' uma pimcuta que, a maior é orif^inaria da China, e a menor do Brasil ; porém aquella tam- bém é cultivada no Brasil. E' de figura cónica e de côr verme- lha. E' uma das variedades chamadas Pimenta de cheiro. Em tupinico Queí/a- apuá. Pimenta de clieiro. — Capsicum odoriferum, Vell.—Capsicum Ovalum.D. C. — Fam. idem. — Pequeno arbusto, culti- vado e indígena, conhecido no paiz geralmente por este nome. E' uma pimenteira semelhante as outras; notam-se entre ellas diíFerenças pouco sensíveis. Cresce mais que o pimentão. O fructo, porém, é de grandeza de 3 centímetros, mais ou menos, redon- do, de superfície ondulada, côr amarella brilhante, casca coriacea, de % a 1 millimetro de grossura; dentro é seme- lhante ao pimentão. O uso d'esta pimenta é também na arte culinária, mas lhe dão preferencia para comida de peixe ; dá todo anno e nunca fazem conserva d'ella. Passa por mais excitante que as outras. Ha outra espécie roxa e alongada. Pimenta coroada. — V. Craveiro da terra. Pinaenta cumary, ou cuma- rim. — Capsiciim Cumarim, Vell. — Caps- cum fructesce7is^ Will. — Fam. idem. — E* uma pimenta conhecida em varias pro- Tincias, como no Rio de Jajieiro^ Ba- hia, Pernambuco, Alagoas, etc. E' oval, de menos de 1 e 1/2 senti- metros, côr vermelha com seu pé como uma campana com sua manga, dentro encerra grãos chatos. Esta espécie é menos picante e é a mais recommendada para usar-se nas dietas, sem duvida por ser menos es- timulante que a malagueta. Entra em composição contra as an- ginas. Pimenta de ^allinlia. — Y. Aguara-quya ou Jiquirtoha. Pimenta da índia. — Piper ni- grum, Linn. — Fam. das Piperaceas. — E' também conhecida esta pimenta em Pernambuco por Pimenta do Reino. E' uma fructinha originaria das In-- dias Orientaes ; proveniente de um ar- bustinho trepador. Folhas ovaes, luzentes, com os cor- dões que ramificam as folhas ao longo d'ella3. As flores em cachos longos e bas- tos. As fructinhas são do tamanho de ervilhas, de roixo-escuro, globosas, com um pequeno lobo no ápice, sem te- gumento é delgado, um caroço grande relativamente no centro; quando secca fica rugoso. Este caroço é a pimenta da índia que entra em todas as cosinhas, e cujo uso ninguém ignora. Quanto ás virtudes medicas, é um forte estimulante, tónico e sudorífico, o cosimento é suppurativo dos tumores, e inflammações da boca, tomado em bochechos; apressa a suppuração ba- nhando-se as outras partes. Caracteres da família. — Ella se compõe de vegetaes herbáceos ou fru- tescentes e sarmentosos, tendo folhas alternas, algumas vezes oppostas, ou- tras verticilladas, muitas vezes ample- xicaules na base, e munidas de uma estipula fraca, opposta á folha nas es pecies de folhas alternas. As flores pequeninas constituem es- pigas frágeis, cylindricas, ordinariamente oppostas ás folhas. Estas espigas se compõem de flores machos e de flores fêmeas, misturadas sem ordem e frequentes vezes entre- meadas d'escamas. Cada estame, que é de dois septos, representa para nós uma flor macho, e cada pistillo uma flor fêmea. / Esta consta d'um ovário livre, 'de uma só loja, contendo um ovulo em pé, e trazendo no cimo ora um egtig- PIM PIM 359 ma simples, ora três estigmas em for- ma de bico de peito e muito appro- ximados. Eepetidas vezes os estames se agru- pam ao redor do pistillo em numero rariadissimo e parecem então formar outras tantas flores hermapliroditas quantas escamas têm. O fructo é uma espécie de pequena loja mui pouco succulenta, e monos- permica. A semente se compõe d'um endos- perma assas duro, oíferecendo no ápice um corposinho discoide que é segundo endosperma formado pelo sacco amnióti- co, e encerrando no interior um pequeno embryão dicotvledoneo e amphitropo. A familia das Piferaceas tem sido alternamente collocada entre os Mo~ 7iocotyledones e os Dicotyledones. A verdadeira estructura de seu em- bryão não foi perfeitamente conhecida senão depois da memoria de R. Brown sobre a estructura do ovulo. Aquillo que alguns botânicos, os quaes punham o Pij)^' entre os Mono- coti/ledo7ies^ consideravam como embryão era o segundo endosperma, o endos- perma amniótico contendo o verdadeiro embryão. Esta estructura do embryão é como se vê, a mesma que a que se observa nas Nimplieaceas e Lmiraceas. Vários auctores consideram as Pipera- ceas como formando uma simples tribu da familia das Urticaceas^ mas suas flores em casulos e principalmente a presença de um duplo endosperma dis- tinguem sufficientemente as Piperaceas das Urticaceas. Piíncnl» «los In«lios. — Piper im- guiciãatmn^ Ruiz et Pav. — Fam. das Pi- ■peraceas. — E' um subarbusto de caule ísverdinhado, nodoso, com folhas se- nicordiformes. Flores em espigas roliças dando por fructo umas bagas angulosas. A raiz é sialogoga e diurética. E' applicada nas hydropisias, e nas dores de dentes. Parece ser o Aperta mão jiuito conhecido. Pinieitl» inaIag:iBeta. — Capsi- cuvi baccatum, Linn. — Capsimm pen- dtdnm, VelL— Fam. das Solanaceas.— Esta espécie de pimenta é muito generalisada ; tem um consumo espan- toso entre os brasileiros , principal- mente na Bahia e nas províncias do Norte. Seu pé cresce até 1 e 2 metros e mais ,• é bem esgalhado. As folhas são ovaes, agudas, alternas. As flores solitárias, ou reunidas em numero de duas, três e quatro ; ellas são brancas esverdinhadas, como es- trellas. O fructo é uma pequena baga fu- siforme de 1 % a 3 centímetros, ro- liça, vermelha em madura, pelle fina, sueco vermelho, acre. As sementes são chatas como as outras. Esta pimenta entre nós é applicada á todas as comidas, e é a mais me- dicinal. Fazem-se conservas ; e pisadas quar- dam-nas para o] tempo da carestia. Póde-se sem medo de errar dizer que Pimenta raalagueta é um vegetal da maior sympathia dos brasileiros ; ha muitíssimas pessoas que não po- dem comer sem pimenta. A tinctura d'essa pimenta, foi muito applicada no cholera em fricções. Em língua tupinica é a Qímja-apua. Propriedades medicas. — É anti-febril. Pisada com farinha, [GeqvÁtaia) prepa- ra-se um sinapismo que obra energica- mente. As folhas são suppurativas, appli- c am-nas misturadas com azeite aos tumores para rebentarem depressa. Piíiaeiíta do niatto. — Solanum piper- amar a'^*.) — Fam. idem. — É um ar- bustinho á que nas Alagoas dão este nome, por sua analogia com a pimenta. E' de porte médio, de folhas alter- nas, lanceoladas e lustrosas. Flores pequenas, brancas amar cila- das, em forma de estrellas, cheirosas, e rajadas. 360 PIM PIM Fructo globoso, obloníjo, vermelho, dentro cheio de grãos chatos. Não arde como a pimenta, porém tem com eUa muita semelhança ; é Piíiieiila cl» terra. emlira ou Pindaíba. V. Pão de Ignoramos o seu uzo. Pimenta ollio «le peixe. — C«j?- sicum. — Fa^n. idem. — Esta espécie co- nhecida em Pernambuco por este nome, dá um fructinho bem elegante ; é um globosinho de 1 centímetro de diâmetro. Tem seu pedúnculo verde, ou de côr amarella viva, lustrosa. A casca é coriacea e ténue como a das outras pimentas, com as sementes chatas, que também são amarelladas ; arde menos que a malagueta, e é mais usada para comer-se com peixe ; o vegetal é semelhante aos seus congé- neres. Piacienta ti. — F. Mamoeiro. Piollfto 091 Piòyo. — Casearia far- vifolia, St. Hil. — Samiãea parvifolia, Linn. — Fam . das Sumidaceas — Arvore grande de Minas Geraes, ramosa, de fo- lhas lanceoladas, oblongas e lisas. Flores brancas em feixes na axilla das folhas e ramos. O fructo é uma capsula de 7 e 1/2 centímetros de diâmetro , espherico, trigono, carnoso com 3 valvas, e uma semente comprida. Floresce em Abril e Maio. Piollio de iiriiSiií. Brasil. Arvore do Piperioea. — Cijpenis piperioca. (!) Fam. das Cyperaceas. — Nada mais co- nhecemos d'esta planta. Piperoiia. — F. Betys. Pipi.— F. Tipi. Pi|»iri ou Perifiiri. — Rhyuclios- 'pora storea. (?) — Fam. das Cyperaceas. — E' um vegetal herbáceo do paiz, que ve- geta nos alagadiços, pântanos e ter- renos muito húmidos. Consta de um caule de 8 á 10 palmos de comprimento, triangular, lustroso, com folhas invaginantes , no ápice um circulo como uma umbrella de va- xetinhas com um aggregado de foli- nhas no pedúnculo commum e nos parciaes. N'esses, as flores são apenas pevides indistinctas ás vistas vulgares. De todas as partes da planta se ser- vem em Pernambuco e Alagoas para fazer esteiras que chamam de Pepery ou Pripiry. Propriedades medicas. — Os caules (depois de seccos) queimados e pul- verisados, estancam as hemorrhagias assim como esse pó suspenso n'agua com assucar, ou aguardente : é bom para as dysentherias. Pira-eaúlia. — F. Cujumary. Pira gaia. — F, Cipó suma ou Pi- rigaya — ÁncMelea salularis. Pireiíga. — F. Carajurú. Pii'an&;a ou Cliica. — Bignonia chica. (?) — Fam. das Bignoniaccas. — Ar- busto muito abundante nas margens do Rio Negro e Orenoco. Seu caule eleva-se ao cimo das grandes arvores por meios de gavi- nhas que tomam o lugar do foliolo terminal, suas folhas são côr verde carregado , tornando-se avermelhadas pela deseccação. 364 PIR PIT Flores axillares dispostas om pani- culas pendentes. Corolla de cor violácea. , O fnicto é lima siliqua pendente do comprimento de 24 a 48 centí- metros, muito estreito, dividido em dois loculos por iim septo pararello as valvas. Sementes ovaes, aladas, imbricadas sobre o septo em cuja margem se acham fixas. Os índios extrahem, por meio da maceração em agua, uma substancia vermelha com que pintam o rosto, e a que dão o nome de Carajurá ou CMca, Piref ro ou Pireto. — Ferraria purgans, Mart. — Fam. das Iridaceas. — Nada dizemos a respeito dos órgãos d'esta planta. Quanto ás virtudes medicinaes o bulbo, que é amylaceo, é ligeiramente purgativo, na dose de 8 a 12 gram- mas. Pirigraija. — F. Cipó suma. Pirifiuíty ou Vvitiuitj.—Canna cymatilis. (?) Camia glauca, Linn. — Fam, das Cannaceas. — E' uma planta herbácea e aquática, que em Pernambuco dão- Ihe o nome também de CMquichiqui, havendo outro Chiquexique de outra fa- milia (Cactacea) ; porque realmente o fructo d'esta torna-se uma capsula pa- Iheosa, que, com as. sementes dentro, chocalha como um maracà. Também tem o nome de Banana so- roróca (não ha muita exactidão em ser esta espécie). O nome Piriquity ou Pi- rity lhe dão nas Alagoas. Esta planta contém no estojo das folhas que abraçam o caule uma su- bstancia farinácea. E' wxQ. arbustosinho de côr verde azulada ou clara. Folhas amplexicaules, grandes, ovaes 6 lanceoladas. Uma vergontea na qual brota uma espiga de flores amarellas ; parece re- talhos de panno ou seda, com um globo na base. O fructo é trigono (cm três gomos); verde foliaceo ; dentro nota-se algumas sementes com um corpo fdamentoso, envolta ; são como contas pretas de rosário. Piriquity ^ermcllio «las Ala- g;òas. — F. Merii, de PernamMco. Pipiri. — Mahea piriri, Auil. — Fam. das Ewphorhiaceas. — Arbusto que vegeta na Guyanna e Amazonas . E' trepador. Tem as folhas oblongas. Flores em cachos densos. As fructas são como as do pinhão. Fornece o Caoutchou. Pifiriíia. — E' o coqueiro Jaraiuva. Pipity. — F. Piriquity . Pirrexy. — Ou Udo (?) Herva silvestre que por tal nome é conhecida nas Alagoas. E' aquática ; nada na superfície das aguas, formando filamentos ramosos pequenos na parte inferior. Tem uma cama em feixes, e na superior folhinhas orbiculares, curva- das em suas espansões, cuja parte superior tem pellos em feixes brancos como meada de linha em laçada. Pííiigianflé, OH Coqueiro pis- saai«S«». — Diphlothemim Uttorale, Mart. — Fam. das Palmeiras. — E' uma pal- meira que vegeta nas regiões littoraes da Bahia. Pitaujía, oít iiêfangrueir». — Plinia ruhra, LÍ7m., e Mart. — Plinia ped%mcidata. — Fam. das Myrtaceas, Eugenia Miclielii, Lamk; — Eugenia, uni- flora. Linn. — Myrtus Irasiliana., Limi.., e Sp. — Fructo silvestre do Brasil abundante das províncias do Norte. Provêm de um arbusto que esga- lha quasí sempre em mouta ; tronco liso, e duro. Folhas emparelhadas, pequenas, o- PIT PIT 'SGi vaes-agudas, de côr verde escura, lustro- sas e aromáticas. Flores em cachinlios pequenos, bran- cas, como rosas de pé comprido. No centro muitos filetes todos brancos , com cheiro. O fructo é uma baga de 1 % a quasi 3 centímetros de diâmetro, glo- boso, anguloso, ou de gomos com qua- tro escamas verdes no ápice. O tegumento externo é uma pelli- cula fina ; uma polpa aquosa, macia, acida e doce é que forma o corpo da fructa, e um caroço redondo achatado 6 esverdinhado acha-se dentro. A côr da fructa é rubra e lustrosa em madura. As folhas da Pitangiçeira passam por tónicas, e excitantes, uzam d'ellas em banhos para dores rheumaticas. O fructo é um refrigerante, fazem- se limonadas d'elle, e o Dr. João Lo- pes, antigo physico-mór em Pernam- buco no seu opúsculo sobre a Pitanga mostra que ella é um grande cal- mante do sangue. Fazem com ella doce de calda que é excellente ; assim como geléa. Por todo o Brasil seu nome é Pi- tanga ou Pitangueira. Floresce em Março, Abril e no verão com irregularidade. Pitia-it@@iú . matta. V. Pilomha da Pstoaaftl)»: cUft ntafía ou Pitoan- ba-iassiíi. — Meleagrinex '^ernamhxicana Arr. Cam. — Var. — Fam idem. — Esta pitomheira que dá nas mattas de Pernambuco differe da precedentente em ser a fructa maior, e essa subs- tancia gelatinosa que contem, sêr menos espessas qua a da precedente. O caroço d'esta é menos adstrin- gente que a da outra. PitoiiiI»i« «lo Pará. — Fructo sil- vestre do Pará, que não é a mesma Pitomba, de Pernambuco, e Maranhão. E' uma fructa da grandeza de 3 centímetros, forma redonda acompridada de côr vermelha, com a casca peli- culosa, tendo um caroço em seu centro envolta em uma substancia albumi- nosa, branca, acre-doce, como mesmo a da Pitomba das demais províncias. Come-se. Ph(oiiiI»o. (?) — Meleagrinex i)ernam- bucana. {Arr. Cam.) V. Ubaia no Sul. Pitiiinars^iia. — Lisia7ithiis serratus. — Fam. das Gentianaceas. — Planta da America ; é amarga e resolutiva em cataplasma. Piíiva. — E' o Ipê em S. Paulo. FiXBD*ípaDU I^Síassí^a Btixii*iea. — Fam. das Melastomaceas. — Planta do paiz cujos fructos são comestíveis. Pi^ãríea-asstk. — Mclastoma toco- ari.(!) — FaM. idem. — Planta que tem este nome no Rio de Janeiro. Tem também os fructos comestives. Poaya. — V. Ipecacuanha jjreta. Poejo. — Mentlia ^ulegium., Linn. — Fam das LaUadas . — Planta que habita o Brasil nos lugares húmidos. Caule horizontal. Folhas pequenas, ovaes, inteiras, ob- tusas, quasi rentes, empubescidas em ambas as faces. Flores de uma côr roixo-clara. Sabor quente, cheiro aromático, um pouco semelhante ao da hortelã. Propriedades medicas.— É empregado como emmenagogo em forma de chá 4 grammas de poejo para 250 gram- mas d'agua. Poejo «la itpuiít — Cetitrospermum xantioides, Himt.— Fam. das Compostas. — Planta herbácea natural do Rio de Janeiro e da Nova Andalusia. Tem o caule ramoso e reptante. Folhas emparelhadas, ovaes. As flores são em globos nas pontas dos ramos. Goza de virtudes tónicas. PRI PUP 3U7 Poropóea ou P;»roi*óca. — Chí- sia voluhilis^ Humb., Bonp. e Kimt. — Fam. das Clusiaceas. — E' uma arvore agreste que lhe dão este nome em Pernambuco ; e nas Alagoas o de Gameleira trepadeira. A casca é um tanto lisa, cinzenta, de porte menor. Folhas emparelhadas, ovaes, coriaceas, grossas, estaladiças. Flores em pequenos cachos, brancas em forma de rosas simples e carnosas. O fracto como um casulo oval de muitas sementes. Parece-se muito a ponto de confun- dir-se com a Orelha de hurro ; mas esta tem as flores com manchas purpuri- nas no centro, e as folhas mais redon- das e pequenas. PoSiífieoIJií. — r. Pimenta d'agiia. Pris»iiívéa*is.. — Iponixa quamoclit^ Willd, e Sp. — Fam. das Coiicolciilaceas. — F/ uma flor cultivada no Brasil de muito tempo, e oriunda da índia ; dão-lhe este nome em Pernambuco. E' uma flor pi'oveniente de uma planta delicada, trepadeira qie se enrola nos corpos visinhos, seu caule filiforme verde com as folhas alternas em palminhas lineares mui lindas, sempre mui verdes. As flores solitárias ou ás duas ; são em forma de pequenos tubos verdes, com appendices filamentosos no ápice. Com outro tubo afunilado cuja corolla dilatado é estrellado, de côr escarlate muito viva; tem no centro filetes brancos. O fructo é uma capsula. E' ornamento de jardim com que Gobrem-se latadas ou carramanchões. A flor não cheira. Pfinij»véz»a rte CayeiasBa. — Ipo- mcea coccima Lina. — Fam. idem. — Esta outra espécie que é natural da Ca- rolina também se cultiva no Brasil, mas veio mais tarde ao nosso solo. Chamam-no em Pernambuco por este nome. E' como a que foi descripta acima. trepadeira para carramanchão de jardim, mas diff'ere por suas folhas, que são cordiformes semilobadas, (por que formam um principio de lobos para os lados). A flor é o mesmo que a da pre- cedente, tendo a parte superior não recortada em estrella, mas inteiriça, e a côr vermelha alaranjada. O fructo quasi o mesmo ; ambas não tem aroma. Pití. — F. Ibirarema. PsBça. — Cissus anliparaliticus (?) — Fam. das Ampelidaceas . — Planta do paiz que vegeta no Maranhão, aonde é co- nhecida por este nome. E' trepadeira cujas folhas são acres, e se empregam pisadas nas paraly- sias. As sementes uzam-se como enfeites. Piiea «Jo 9na<4o. — Cissus silces- tris. — Fam. idem. — Também é do Ma- ranhão esta planta. Puçá. — Fructa silvatica do Ceará e do Maranhão, conhecida por tal nome n'aquella província. Provém de um arbusto. A grandeza de seu fructo é de quasi 3 centímetros, figura redonda, globosa, de côr amarella na maturidade, casca lisa, e estaladiça, branca por dentro, contendo no interior cinco á seis se- mentes, cobertas de uma massa branca, que se desliga da semente chu- pando-se. As sementes são esbranquiçadas. Píig»iisi9sciB*4> OJi cofiiieiro Pu- gsiiialBeífo. — Fam. das Palmeiras. — E' uma palmeira alta do Pará, que tem espinhos no tronco ; deita os cachos ascendentes, que não pendem. E' de porte como o Dendê. Fructos em cachos, vermelhos furta- côres. comem-se, e faz-se da massa uma bebida saborosa : A figura do fructo é orbicular allon- gada, na base tem umas escamas em em forma de roseta . 368 PUR PUR No ápice há um ponto mais elevado, curto, de còr vermelha ; a casca é peli- culosa, cobre uma polpa compacta, ama- rella côr de gemma d'ovo. Tem um caroço que se desliga facil- mente da massa, deixando a loja que occupava. Usam d'ella cosida. Promove uma comixão nos lábios de quem a come crua, ou ainda mal co- sida. P«rex». — Yucca gloriosa, Linn. — Fam. das Liliaceas. — E' um arbusto cultivado nos jardins do Brasil ; é ori- ginário do México, Virgínia, Carolina, e Peru. Eleva-se á altura de 4 1/2 metros pouco mais ou menos. Elle forma um tronco herbáceo cir- culado de folhas compridas de mais de vara muitas vezes grossas, fibrosas, ensiformes de côr verde-azulada, tendo as bordas desornadas, e no ápice um aguilhão picante. Elias se dispõem em espiral, muito perfeita formando um verticillo cerrado ; do centro brota uma vergontea alta cylindrica de mais de 2 metros que do seu meio para cima ou no terço supe- rior enche-se de flores brancas forman- do uma pyramide bella ; tem algum cheiro : em divisões espaçosas, d'esse grande cacho, ellas parecem campainhas pendentes, dando porfructo uma capsula trigona oblonga, que encerra algumas sementes. Purga de Amaro I^eiie. — E' Jala'pa em S. Paulo, em Minas Batata de purga ou Ipú e em Goyaz Purga de Amaro Leite. Piir^a do calíoclo.— V. Purga de gentios. Ptif^a do campo. — Echites ale- xicaca, Mart. — Fam. das Apocijnaceas . — Este vegetal recebe este nome nas pro- víncias de S. Paulo, Minas, Goyaz e Matto Grosso. Esta planta é purgativa na dose de 2 grammas: c empregada na opilação, na icterícia e na melancoh'a. Purjça €le carijó. — Períauihopodus carijó (?) — Favi. das Cucurbitaceas. — Esta planta recebe este nome em Cuyabá. E' uma trepadeira, que alastra : tem raiz tuberosa, que é um drástico empregado contra as mordeduras de cobras, em dose de 2 á 4 gram- mas. O fructo é de côr vermelha. Julgam ser a mesma planta de S. Paulo — Es- fhelína, ou Espeliua. Ptirg-a de cavallo. — Convolvulus ventricosus, Manso, — Fam. das Convolvu- laceas. — Planta do paiz, que vegeta no Paraná e recebe este nome. E' rasteira ou trepadeira. E' um poderoso purgante empregado nos animaes cavallares. Purga de Cayapó. — Dermophylla elliptica.i^?] — Fam. das Cucurbitaceas. — E' também um cipó, cujo fructo amarello e comprido, contém umas sementes miú- das marginadas por uma linha branca, e que tem a virtuda de ser fortemente purgativa. Emprega-se como drástico nas mor- deduras de cobras. Purga de Cayapó (de Santot^.) — Caya])07iia globosa, Manso ? — Fam. idem. — E' também planta trepadeira. Seu fructo é redondo e amarello, tem umas sementes drásticas, que, dadas em clystér, podem, em dose elevada, produ- zir uma hemorrhagia. Basta meio fructo para um purgante. Purga do gentio. — Cagajwnia dif- fusa, 3Ianso — Boysniainllosa, {?) Vell. — Fam. idem. — Esta planta é conhecida por este nome no Rio e em S. Paulo. Ella é também trepadeira. A raiz é também purgativa e empre- gada nas mordeduras de cobras. Em pó, ou sêcca, dá-se na dose de 8 grammas; uma fructa é já um bom purgante. QUA QUA 3G9 Ha outra espécie descripta de Cayapo- nia por Martins. Piin*^:» d» g:enfío. — Y . Andá- açâ, ou Juãai/açâ, no Rio e em S. Paulo. Piirg» ele João Paes. — V. Caa- Ataya. Vixv^-A de «Toão Paes [em S. Paulo). — T^ Bucha. PtirUfa. de BBaMa-iiilaeãa^o. — V.Gitó. PairíK» «le gíastoi*. — Edites pas- tonim., Mari.— Fam. das Apocianaceas. — Arbusto do paiz, purgativo, muito em- pregado pelos indígenas. Piir^a. doâ ji»aiiilãstas. — V. An- ãaaçú. Píirira de veado. — F. imrga do Campo. Paaí^uSay. — Fructo selvático do Pará, por conseguinte indígena. Sua grandeza é de 3 centímetros ; é redondo, ou espherico, de côr preta quando maduro, casca pouco espessa e molle. Tem muitos caroços dentro, que são quasí redondos, pretos, envoltos em uma massa roíxa, aquosa, doce e ligeiramente acidulada. Dizem ter o gosto da batata. O fructo pulverisado e suspenso em uma porção d'agua é empregado nos pleurizes. Piia*3iiBaii. — Fam. das Palmeiras. — E' uma fructa que em Alagoas co- nhecem por este nome. E' uma palmeira de baixo porte, cujos cachos tocam no chão. O fructo é da grandeza de um ovo, o caroço mais carnoso e de côr amarelia gemada, cuja massa é mui agradável e doce. A casca de fora é semelhante á do Catolé, 6 coreacea. Q- Qiiin^iaya. — Clusia qiiapoija. — Chís scandens, AiíM. — Fam. das Clusiaceas. — Arvore trepadeira] que vegeta na Guy- anna e no Amazonas, é de folhas obo- vaes agudas, flores amarellas, e um fructo globoso. ((>iii&resBBfta (CòpoJ. — Cocos flexuosa. — Fam. dai Palmeiras. — O fructo tem uma amêndoa muito agradável. Qiisivé. — Galphimia hrasiliensis. — Cav. Tryallis hrasiliensis, Linn. — Fam. das Malpir/hiaceas. — Planta indígena que vegeta em Goyaz, S. Paulo, e Minas Geraes. Florece em mezes diversos, segundo os lugares, á saber : em Setembro, em Dezembro, e em Fevereiro. E' um arbusto de folhas oppostas, e de diversas disposições, ovaes, lisas com flores em cachos, amarellas. Seus fructos são capsulas trigonas, ou de gomos como duas valvas ; cada costado dos gomos com um caroço re- dondo, e embaçado, em cada coca. Quassa ou Quassia de Cay- enasia. — Quassia amara, Linn. e Spl. e Ricli. — Fam. das Rulaceas. — E' um arbusto originário da Cayenna, culti- vado entre nós, nas províncias da Bahia e Pará. Elle é vergonteado desde a base, quasi em touceira, de casca esbranquiçada. As folhas em palmas de um verde roixeado. 49 370 QUE QUE As flores em cachos, com as pontas de um bello vermelho. O fructo se parece com o café; forma um eixo com quatro ou cinco mami- lões vermelhos, de menos de 3 centime- tros, ovóide, cujo tep:umcnto externo é p'eliculoso; ha dentro uma massa pouco espessa da mesma côr, e um grão alvacento. Propriedades medicas.— Tónico enér- gico, empregado contra as moléstias atoaicas, a dispepsia, vómitos spasmo- dicos, e como febrico. Internamente 2 grammas para mace- ração em 1000 grammas d'agua. Oiiasi^í» j»5^r«cwse.— F. Cafcra^ia. Qní\'Si^\si §iBBBís^rM?»a — Simaraha officmaUs, Linn.—Sim. amara.— Fam. das mtaceas. — Arvore do Brasil que vegeta no Amazonas, e seus contornos. Folhas ternadas ou simplices. Flores em cachos, brancas esverdi- nhadas, de dois sexos.. Os fructos são cinco bagas reuni- das, que chamamíno Pará, e Amazo- nas Marubá. A raiz, casca, páo e folhas d'esta arvore, são tónicos, empregados para muitas moléstias. Q»ai«. — V. Gameleira. Qtieltra t'a.vão. —Ortegia durissima. — Fam. das ParotiycMaceas. — E' um arbusto indígena, que é conhecido nas Alagoas por este nome. Tem a casca esbranquiçada. As folhas são alternas, e ellipticas. As flores, em cachos, brancas, mancha- das de roi-". O fructo é uma capsula cónica, acha- tada, com umas aspasinhas no ápice, rogoada, aroixcada, com vários grãos ellipticos dentro. A madeira d'este arbusto é muito rija, d'onde lhe vem o nome. Caracteres da família. — Plantas herbáceas ou subfrutescentes, trazendo folhas oppostas, muitas vezes adnadas na base, com estipulas ou sem ci- las. Flores mui pequenas, axillares ou terminaes, nuas ou acompanhadas de bracteas escamosas. O cálice, frequentes vezes persistente, oíferece cinco sepalas ás vezes espessas e carnosas, de prefloração imbricada ; numerosas vezes forma um tubo na parte inferior, que é condensada por um nó glanduloso. As pétalas, em numero de cinco, pe- queníssimas e scamiformes, ou mesmo nullas, são inseridas no alto do tabo calicinal. Os estamos, igualmente em numero de cinco, alguns dos quaes abortam ás vezes, são alternos com as pétalas, e têm as antheras introrsas. O ovário é livre, de uma só loja, comprehendendo um só ovulo, posto no ápice, d'um podosperma l)asilar, algumas vezes compridíssimo, (e n'este caso, o ovulo é deitado) ; outras vezes vários óvulos estão unidos a um tro- phosperraa central curtíssimo. O estigma, é, ora sessil e simples, ora bifldo e sustentado por um estylete assas curto. O fructo é uma capsula dehiscente, por meio de valvas ou de fendas, ou então ella conserva-se fechada. As sementes constam, além do tegu- mento próprio, d'um embryão cylindrico applicado n'um dos lados, ou enrolado ao redor d' um endosperma farináceo . A radicula está sempre voltada para o hilo. Quebra iitacliado.— E'uma plan- ta cujo lenho é duro, que quebra os ma- chados. QUE QUI Sít QiieSira panella, f»l§ia. — Demos- chata p'0cuhens. — Fam. das Ama7'antha- ceas. — Esta herva, que lhe dão nas Alagoas este nome, também o tem em Pernambuco. Ella é um pouco alastrada. Seu caule é nodoso, com juntas. As folhas oppostas, lanceoladas. As flores, em pedúnculos compridos, que são um aggregado de florir >ias bran- cas e paleaceas. Emfim, é uma semelhança da flor chamada Perpetua branca; porém com o capitulo pequeno e as flores também ] pequenas. O fructo é o mesmo que o da Per- petua, apenas tendo um grãosinho preto luzente. Quebra pasiella, verdadeira- —Fam. idem.— Esta planta é conhecida nas Alagoas por este nome, ha também em Pernambuco. E' um subarbustinho que estende-se sobre as outras plantas, O caule é nodoso e branco. As folhas, oppostas , ellipticas, um pouco pelludas. As flores, em pedúnculos longos, ag- gregadas, globosas, e brancas; sendo o globo maior. O fructo é o mesmo. Quei 111 a dei ra . — Cnidosculus Marc- iigrav. — Fam. das Euphoròiaceas. — Esta planta é semelhante aos Pinhões. Suas sementes são purgativas, como são as do Andá-açú, e outras d'este gé- nero. Em Pernambuco usam d'esta planta, pisada para applicar-se em massa nos tumores carbunculosos , e para se esfregar nas nódoas da pelle. Qsieraiba. — F. Carrapixinho . Qiiialso de Angola. — Cucumis africanus, Linn. — Fam. das Cucurhitaceas . — Esta espécie desvia-se do geral dos Quiabos, e o nome que lhe dão em Per- nambuco, é impróprio. E' herva alastrada , originaria da Africa. As folhas, têm cinco angulos-agu- dos, com filamentos ou gavinhas para agarrar- se. As flores, são amarellas, um tanto grandes, em forma de campana. Ha masculinas e femininas. O fructo é um pequeno melão de forma cónica ou pyramidal, roliço, riscado por listrinhas externamente verdes ; dentro, a massa é branca, frouxa, contendo se- mentes ovaes, chatas, brancas, de cheiro fastidioso, e a casca é córnea. Queisaiadeira loco. — Pluriilago scandens, Lian. e Sid.—Fara. das Phímba- (jaceas. — Planta do paiz, que na lingua dos indígenas chamam-a Caa-poman- ga. Conhecida em quasi todo o Brasil, pela sua propriedade de queimar a pelle. Ella é uma herva, que derreia-se sobre as outras plantas. Seu caule verde carrega folhas alter- nas, lanceoladas , estreitas e lustro- sas. As flores, em espigas, são brancas como jasmins , com o cálice fusifor- me, ouriçado de uns pellos foliaceos, glandulosos, com uma viscosidade. O fructo é uma capsula. Usa-se como cautério forte. Qiiinlio tB« C^yenna — Fam. da Cucurbitaceas . — Dão este nome também á uma fructa, que parece-se com a pre- cedente, e tem com ella toda a analo- gia. Emquanto tenra come-se cosinhada. Sua estructura é a mesma. Qiiiafio cliifre ile veado. — Hi- bisciis esculenius. — Fam. das Malvaceas. — Este Quiabo é semelhantíssimo em tudo ao Qtiiabo commum. O fructo, porém, é duas ou três vezes maior e fino em proporção da gran- deza. Tem o ápice mui prolongado em for- ma de ponta, e é mais liso, porque tem menos pellos. a^j» QUI QUI Tem os mesmos usos, e dizem que têm alguma diíferença no gosto. IJiiiaSio conaoiiiiiii. — Hihiscus es- rAílcntus, Linn. — Fam. Idem. — O fructo d'esta planta em todas as províncias é conhecido por Quiaho, e do Rio de Janeiro para o sul por Qmngomhó. Uns dizem ser originaria das Índias, outros da America Meridional. E' um fructo proveniente de um sub- arbustinho herbáceo, que cresce de 1 e K a 2 metros quasi sem esgalhar. O caule tsm alternadamente saliên- cias nodosas, cicatrizes das folhas an- tigas. As folhas de peciolos compridos, limbo palmado, isto é, com lobos, ba- ças, pelludas e ásperas. As flores, quasi solitárias nas axillas das folhas e no ápice, são como uma rosa, porém em uma só ordem de pé- talas 6 abrindo pouco; isto é, formando como campana de côr amarella enxo- frada com manchas purpúreas no fundo da flor. O fructo é uma capsula verde, de flgura pyramidal ou cónica, oblonga e roliça, pelluda terminando em ponta, e inferiormente tem a base como uma salva com seu pé ; dentro é dividido em cinco repartimentos, cada um cheio de sementes redondas: todos estes te- gumentos são mucilaginosos, e escor- regadiços. O Quiabo quasi que é uma verdura diária de todas as casas do nosso paiz, além de entrar em muitas iguarias como principal ingrediente ; tem também vir- tudes medicinaes; elle resolve enfarta- raento das glândulas fvulgo alporcas); também tem a mesma acção nos tu- mores inflamatórios; passa por excitante hemorroidal. Ha outras variedades como mostra- remos. Qiii»bo «le g-ouios. — Hiòiscus. — Fa7n. idem. — Também está nas condi- ções dos outros precedentes quanto ao vegetal. O frueto porém oíforece faces an- gulosas (na phrase vulgar oitavadas), o tamanho d'este é de ordinário então mais considerável, c ás vezes cresce muito; também no gosto é o mesmo; porém tem mais fibras; a que o vulgo chama palhento. QiflíaSto «Io Mitrttciltão. — E', se não é a mesma, ao menos variedade semelhante. QtiiBiBbòa l»Pí»va. — AcMmenes iri- sepala. — Fam. das Scrophulariaceas. — Herva que nas Alagoas tem este nome. Seus caules são quadrados e rosados. As folhas oppostas, lanceoladas, e denteadas, isto é, repicadas em de- redor, e aromáticas. As flores, c|ue abraçam o caule em um ponto, são brancas , da forma d'uma cornêtinha. O fructo é uma capsula, de figura prismática, tendo muitos grãos miudis- simos presos no centro. QuiiBtbòa mansa. — Achimenes gi- bosa. — Fam. idem. — Esta outra espécie, é de Pernambuco e Alagoas, onde tem este nome. Seu porte é como o da precedente, porém com o caule alado, e no meio bojudo. As folhas emparelhadas e lanceo- ladas. As flores roixas e á maneira de cor- netas. Toda a planta é aromática. O fructo é uma capsula pegada ao envoltório floral, globosa com quatro valvas , tendo dentro muitos grãos miúdos. QjiÊEidisas «las brasileiras. — Fam. das Labiadas. — Herva exótica ele- gante e muito aromática; tem este nome em Pernambuco. Ella cresce de 1/2 a 1/2 metro e 24 centímetros entre nós, é de um verde gaio. As folhas formam como uma lamina trocada, crespa e de um lindo efi^eito, pa- recendo uma pluma com a configuração QUI QUI 3*Í3 espatulada e todo o limbo laciniado: nunca a vimos florida. E' objecto de jardim. QuÉii^omlió. — F. Quiaho. Q(Eiii{£:oiial»4!) <9e elieiro o» Quiabo €Be cheiro. — HiMscus ahel- moschiis. Linn. e Cave. — Fam. dasMalva- ceas. — Planta oriunda da índia. E' mui semelhante ao Qiiiaheiro or- dinário; porém o caule d'este é mais lenhoso e em sua base é hispido. As folhas são cordiformes de sete ehanfraduras. As íiôres côr de enxofre voltam-se para o pé. O fructo é coberto de pellos macios. Os grãos pequenos em forma de rhim, exhalam um cheiro de musgo e de âmbar mui ngradavel, Cultiva-se na America, e é uzado em fomentações e clysteres. QsiBHa OH Quina Quina Cin- cliona officmalis., Linn. — Fam. das Ru- liaceas. — Com este nome é conhecido grande numero de arvores pertencen- tes á família das Ruhiaceas. Cresce nos terrenos d'America do Su.1, sobretudo no Peru, Colômbia e Bolivia, onde existem sertões inteiros cobertos da grande Cinchona. Entretanto Mr. St. Hilaire encontrou em muitos lugares do Brasil algumas esfjecies tão apreciadas, quanto a mes- ma Cinchona do Peru. O sábio e distincto naturalista Mar- tius fez um relatório ao nosso governo, e quem mostrou a facilidade de in- troduzir a quina em nosso paiz, e trou as grandes vantagens que o Bra- sil podia tirar de tão importante ve- getal. Mostrou mais que o governo dos Paizes Baixos e o governo da In- glaterra tinham empregado sérios es- forços para transplantarem esta planta para suas possessões na índia. Mostrou ainda que na primeira expo- sição havida em Londres, ja tinha sido apresentada a casca de quina de suas plantações em Java. O governo Inglez fez grandes esforços, dispendendo gran- des sommas com o transporte das se- mentes e mudas. O resultado tem excedido á expec- tativa geral. Actualmente as cascas de quina da índia já são cotisadas nos mercados de Londres, e bem cedo talvez concor» rerão seriamente com o producto ame- ricano. E' de lamentar, que o Brasil, demar- cando-se com os paizes, onde a quina vegeta espontaneamente não a tenha feito plantar nos seus vastos terrenos. Em geral todos os productos, cuja preparação não exige grande trabalho, deviam ser adoptados pelo Brasil, visto como, sendo a nossa população dimi- nuta e espalhada e em grande parte falta de meios, não pode occupar-se de industrias que exijam capitães avul- tados e conhecimentos especiaes, ma- chinas e instrumentos aperfeiçoados. Mas o que devemos nós esperar dos governos em relação ao cultivo d'este riquíssimo vegetal, quando a agricul- tura, por descuido dos homens do po- der definha geralmente n'este abençoado solo brasileiro ? E' a quina grande e bella arvore de folhas emparelhadas, ovaes lanceoladas, lustrosas e quasi coriaceas. Suas flores em cachos são brancas com cheiro suave á maneira de peque- nas angélicas, sobrepostas em um cá- lice bojudo. Suas fructinhas são capsulas ovaes, abrindo-se naturalmente em duas val- vas, mostrando duas lojas contendo muitos grãos membranosos. Eesumo Histórico das Quinas. Ainda que as quinas fossem empre- gadas nos tratamentos de varias mo- léstias pelos habitantes do Perií, antes da chegada dos Europeus á America, com tudo parece que só em 1(538 a cura feita por meio d'esta planta na pessoa da Condessa de Chinchou, mulher do Vice -Rei, é que dispertou s-s^ QUl QUI a attenção dos médicos para esta casca, a qual, reduzida a pó, foi tra- zida á Hespanha, e por muito tempo uzada, com o nome de pó da Con- dessa. Em 1G49 os jesuitas de Roma re- ceberam grande porção de quina, que espalharam por toda a Itália, e o novo remédio foi por isso cliamado-Pó dos jesuitas. Em 1671) ainda a quina passava como um remédio secreto, e foi quando Luiz XIV comprou o segredo a um Inglez chamado Talbot, contem- porâneo de Sydenham; desde então é que a Quina entrou seientificamente no dominio da Matéria Medica. Em 1738 Mr. la Cadomine em sua volta d'America publicou uma noticia sobre a arvore da quina, a qual Lin- nêo denominou — ChincJiona officinalis. A importância d'esta arvore está na sua casca. Três são as principaes espécies de quina oíflcinal. A primeira Quina cinzenta ou quina de Loxa, quina de Humalia. Segunda Quina amareila ou calyssoia ou quina real. Terceira Qxdna vermelha. A Quina cinzenta é de cascas enrola- das, algum tanto fibrosas, mais adstrin- gentes do que amargas , produzindo Uíft .pó que tem côr ruiva; contém sobre tudo cinchonina, e quasi nada de.-quinna. A Quina amareila tem uma casca fi- brosa mais volumosa do que a das cinzentas , mais amarga e produ- zindo um pó alaranjado contendo saes de cal e de quinina em grande quan- tidade. A Quina vermelha é amarga adstrin- gente, dando um pó rubro mais ou menos vivo, contendo tanto quinina como cinchonina. Propriedades MEDICAS. — A casca da quina é um dos medicamentos mais im- portantes da Matéria Medica, é d'entre os tónicos e antiperiodicos o mais se- guro. Emprega-se nas febres intermitentes, nevralgias, e outras aíiecções pe- riódicas. Interuamente as cascas de quina ap- plicam-se na doze de dez grammas em agua fervendo quinhentas grammas. Pó de quina 4 grammas, a 30 grammas, em seis doses. Passaremos a descrever as variedades da Quina do Brasil. Quina bieoloraiSit . — Solanum pseiídoqiíina, St. Hil. — Fam. das Solana- ceas. — Esta-quina é de S. Paulo, onde é conhecida por tal nome ; a casca d'este vegetal é iminentemente amarga, e por isso um óptimo seccedaneo da verdadeira quina. Quina liraeica. — F. Quina de três folhas brancas. Quina <1e Cantaniú. — Coutinia illustris., Vell. — Fam. das A'pocynaceas . — Arbusto indigena do paiz. Sua casca é amarga e applicada em decocção, infusão e extracto, na dose de 10 grammas para 500 grammas d'agua é muito usado nas febres inter- mitentes. Quina «lo eainpo. — Slri/clmos 2}seudoquina, St. Hil. — Fam. das Afocy- naceas. — A casca d'e3ta arvore é um dos medicamentos tónicos e febrífugos mais importante do Brasil. E' de pedaços curtos, muito irre- gulares, lisos ou meio enrolados, for- mados de duas partes bem distinctas : o liber e as camadas cortiçosas. O liber é muito delgado ou muito espesso, o que pareceria indicar duas variedades de casca, uma talvez per- tencendo á raiz ou ao tronco, outra aos ramos. Geralmente são as cascas mais longas que offerecem o liber mais del- gado (1 milímetro) as cascas enro- ladas tem ao contrario a espessura de 5 á 7 milímetros. Este liber tem tomado em contacto com o ar uma côr cinzenta mais ou me- nos carregada ; mas é esbranquiçada no QUI QUI 31í; interior, tem uma fenda glomerada antes que fibrosa ; sobre tudo n'aquelle que é espesso : possue um amargo muito forte . Quer o liber seja delgado quer espesso? as camadas cortiçosas são semelhantes, applicadas em grande numero umas sobre as outras, até uma espessura de 10 a 1-5 milímetros. São ordinariamente fendidas até o li- ber estas camadas cortiçosas, e cobertas d'uma epiderme branca, e como que cretáceas; mas no interior são d'uma bella côr encarnada ou alaranjada : pos- suem um sabor amargoso forte e persistente, como o do liber. Quina cio caiiifio (tle Uliiaas.] — Hortia hrasilien&is^ Yell. — Fam. das RiUacens. — Planta de casca amarga, adstringente e anti-febril. QuiRBi» de Ciflya?»á. — Chmcliona Quyahensis^Mans. — Fam. das Ruhiaceas. — Arvore que vegeta ali, e com as pro- priedades febrífugas da Qiiiua. Qtaisea «le D. I>íoí;;:o de Souza. — T*. Quina de Piauliy. QuiBia «lo iiiatto. — Cestrum pseu- ão-quiua. — Fam. das Solanaceas. — Planta do Rio Grande do Sul, onde é conhe- cida por este nome. E' planta que exala máo cheiro ; suas folhas são como as do jasmim. Esta espécie tem muito amargo na casca, e suppre bem á verdadeira quina. Quina do ntaíto — Exostcma cus- 'pidatmn^ St. RU. — Fam. das Ruhiaceas. Esta esjjecie de quina cresce no Rio de Janeiro, e em Minas, aonde é muito conhecida; tem os attributos das outras. O arbusto tem as flores brancas. Quina «So niatto (outra.) — Exos- tema axistrale., St. Hil. — Fam. idem. — D'esta outra espécie as virtudes me- dicaes são as mesmas. Quina do niatto (outra). — Exostema floribwida., Pers. — Cinchona floribimda, Swart. — Fam. idem. K um arbusto das Antilhas e também sel- vático do Brasil. E' de porte médio. Folhas emparelhadas, ovaes, oblon- gas, um tanto largas. Flores, em cachos nas extremidades dos ramos, brancas e grandes. Ofructo,éuma capsula oval,crenelada no ápice, 'com duas valvas e dois grãos. Esta espécie e outras como a Exosí caryjjcea, Pers, e Cinchona caryhaa, Jacq., crescem nas Antilhas. Affirmam alguns naturalistas que no território amazonico se encontra também. Quina do Pará. — CascariUa adigens. — Fam. das Eujúorbiaceas. — E' empregada esta planta nas febres de máo caracter, e em locções nas ul- ceras sórdidas. QuisBa de Pcrnanibueo. — Coii- tarea speciosa, Auhl. — Fam. das Ruhia- ceas. — E' uma arvore que vegeta em Pernambuco, e no Amazonas, cujas flores são côr de carne, e cujas pro- priedades são semelhantes ás da quina. Quina «lo Piauliy. — Exostema ciispidatum. St. Hil. — (?) Fam. idem. — E' uma outra espécie da ordem das Quinas. Quina «lo PiauSíy (outra). — Exost. Souzatmm.1 Mart. — Fam. idem. — E' outra arvore do Piauhy, que tem suas folhas ovaes e emparelhadas, com a virtude da quina. Quina «lo Renià^io. — CincTioria Remigiana., St. Hil. — Remigia. Hilarii D. C. — Fam. idem. — Esta qualidade de quina é de Minas. E' uma espécie que tem as folhas grandes, ellipticas e coriaceas, e os ramos ferruginosos cobertos de cotão. Quina do Rio de Janeiro. — Exostema formosum, Cham. — Fam. idem. — Esta espécie é conhecida no Rio de Janeiro. 3T« QUI QUI Tem as folhas cllipticas. As flores em cachos. As folhas tem uma espécie de gra- nulação. Tem as propriedades das outras. <|> » B B« s& «Io Hio 9*s%flBde do Sei3. — Dioscorea febrífuga^ Mart. — Fam. das Rhamnaceas. — E' anti-febril e tónica. Quitia tio ISio ]\ejí:a'o. — Chin- chona firmula Mart. — Fam. das Ruhla- ceas. — Mais três espécies por Martins foram observadas ; mas tendo nós n'esta ordem de plantas dado em nosso pa- ragrapho acima os caracteres das cliiii- chonas, póde-se avaliar por elles : são suas denominações as seguintes : Clúncliona lambertina., Martins. CMnchona hergeniana, Martins. Chinchona macroctiemia, Martins. ^uíiia. ília sea*E*a. — Remigia fer- rnginea. D. C — Chinchona, ferruginea, St. Hil. — Fam. idem. — Vegeta esta quina nos montes áridos de Minas. E' dotada das propriedades das ou- tras irmãs. QsiiBBía. «Se vS. Piajilo. — Solamim ^seiído-quitia., St. Hil. — Fam. das Sola- naceas. — Arbusto da província de S. Paulo • a casca d'essa arvore é usada como febrífuga. Ella é ordinariamente enrolada, co- berta d'uma epiderme delgada e gol- peada; é amarella ou esbranquiçada no interior. Assemelha-se muito á canella branca ; mas é inodora. Sua superfície interiormente, em vez de ser branca, é de um cinzento que contrasta com a fenda branca e gro- nulosa da casca. O sabor é amaríssimo c desagradá- vel. — Ticorea febrífuga., St. Hil. — Fam. das Rntaceas. — Planta arbórea de fo- lhas esparsas compostas de três folie- los e odoríferas. Flores brancas em cachos pequenos. E' anti-febril. Qiíill»à. — Cacíus. — Fam. das Cacta- ceas. — E' um arbusto do sertão, co- nhecido n'aquelles lugares por este nome. Seu caule é o mesmo corpo herbá- ceo, todo de articulações moniliformes ; é esgalhado, ouriçado de espinhos em feixes, que são agudos. As flores grandes. As petelas côr de rosa. Tem aroma. A fructa, oval, de 6 centímetros mais ou menos, amarella por fora. Não se come. E' uma espécie, congénere da Pal- matória. ^siSri. — Fam. das Leguminosas. — Arvoro de porte pequeno e agreste do paiz, conhecida por este nome em Pernambuco, Alagoas, e Parahyba, e no Ceará por Frei Jorge. É também chamada em outros lugares Qniriquiri. E' uma arvore de mediano porte ; seu tronco não engrossa senão de um diâme- tro de pouco mais de 22 centímetros. A casca é quasi lisa. As folhas em palmas oppostas, se- cas, ovaes e lanceoladas. As flores não visíveis. Quando engrossa seu âmago é ver- melho. O Quiri é uma madeira compacta, alva, dura, e presta-se excellentemente ás obras de tôtno : parece um marfim; é de uma duração espantosa, e mui bôa de polír-se. Costumam fazer d'elle bastões e ben- galas. Queimando-se este páo, com arte, EAB RAB 3'S':f depois de envernisado, apresenta um marchetado delicado ; infelizmente não o deixam engrossar. QuBS*í(iiiiseDBB|;;i«. — V. Qtiyassú. Qisiri5aiâ.ã. — F. Páo de sabão ou Saloiiete. Qíiííôi*». — PlucJiea qiiitoc, D. C. — Fam. ãa^ Compostas. — Planta herbácea, odorífera, cujas ílòres são purpurinas. Empregada como carminativa, re.-o- lutiva, antihysterica e digestiva, tanto interna, como externamente. A infusão se dá em uma oitava, para uma libra d'agua fervendo. As flores, são miúdas, azues ou violetas. Os fructos são globosos e miúdos, con- tendo dentro varias sementes. E' aromática e serve de adubo na arte culinária. QíBixníi».— Fa«í. das Legurninosas. — E' uma arvore selvática privativa dos sertões, e muito esgalhada e copada. Folhas pequenas e redondas. Flores brancas. A fructa, que na maturidade é preta, é de poUegada de comprimento, roliça, de casca fina e um caroço comprido dentro, envolto em um mel branco edoce; esse caroço serve de alimento ás aves. A madeira d'esta planta, por vergar muito, os sertanejos servem-se d'ella para guiada de tocar bois. |>ícíyía A|íaíja. — F. Pimenta mala- gueta. f>íQiya Apesi*.— F.Pmwto de cheiro. QíBiys9o tle C»ug;io oii Biig:io. — T'. Bngi. R»lio de l)«igio. — Alsofúylla aro- mática, Mart. — Farri. das Myrtaceas. — Planta do paiz : é mueilaginosa, e em- pregada contra os catarrhos,hemopthises e tosses chronicas. Ra1>o fie cavallo, falíiio. — F. Jacarandá de cam])ina. Ral»o de eavallo, vei'dt%deii*o. — Wisteria. — Fam. das Leguminosas. — Arvore indígena dos nossas mattas, que nas Alagoas recebe este nome. Tem as folhas compostas de folio- los lanceolados e um tanto grandes. As flores, dispostas em cachos espi- gados, são roixas e á maneira de borbo- letas; são erectas. O fructo é uma vagem lisa e pequena, um tanto pillosa, contendo poucas se- mentes , e abrindo-se em duas valvas. Rabo tle guariba. — Fom. das Composías. — Arvore agreste, que é co- nhecida por este nome nas Alagoas. E" alta. Suas folhas são alternas, ellipticas, agudas e ásperas. As flores, e os fruetos, não vimos. Rabo de |ioreo. — Fam. das Eu- 2)horhíaceas . — Arbusto das mattas de Alagoas , onde é conhecido por este nome. Tem um sueco viscoso e leitoso. Suas folhas, alternas, são oblongas, ponteagudas, lustrosas e planas. A flores são esquisitas , em cachos, sobre pedúnculos compridos, de sexos distinctos. Em um d'esses cachos desenvolvem-se os fructinhos, como pequenas nozes tri- gonas , de seis divisões , contendo no interior três caroços, como no Carra- pateiro ou Mamoneira. As flores masculinas cabem, parecem flores de Macella medicinal. Também chamam a esta planta Guela de pato., e Mnrzella. Rabo de raposa. — Conyza ruhe- faciens. — Fam. das Compostas.— E' uma herva de folhagem azulada, pouco esga- lhada, e indígena : tem em Pernambuco este nome. As folhas são estreitas, molles e fusi- formes. As flores são em cachos, comojarri- nhos verdes, d'esses nascem uns pellos louros, nos quaes estão as sementinhas, que. com o vento, facilmente voam. A fricção feita com as folhas d'esta planta, sobre a cútis, fal-a rubra ; e a sua applicação sobre os chamados pannos da pelle, os faz desapparecer, segundo affirmam pessoas fldedignas. Rabo «íe rato — Banisteria tube- rosa.— Fam. das Malpighiaceas.— Esta planta, agreste, recebe este nome nas Alagoas. E' um subarbustinho ou herva trepa- deira ou alastrada, cujas folhas são cor- diformes, oppostas, com as nervuras e os peciolos roxos. As flores são reunidas em cachos, amarellas, sem cheiro. RAB RAI 379 O fucto é uma capsula com uma saliência no ápice, e três sementes dentro. A raiz é tuberosa ; mas não co- mestivel. Rabo de tatu. — Fará. das Orchí- daceas. — E' uma planta parasita do Brasil e do México. Seu caule é dividido em ^'ommos cheios de um sueco mucilaginoso e albuminoso. E' muito usado na industria; mis- turado com o carvão animal ou vegetal produz uma graxa magnifica para o calçado. Na arte de marceneria é empregado para substituir a colla, a goinma de fécula, também serve para collar papel. E' o Sumaré do Rio de Janeiro. Propriedades medicas. — O sueco é applicado em xarope contra as tosses recentes e antigas, catliarros, bronchites chronicas, hemoptyses, coqueluche, suf- focação, e em geral contra todas as en- fermidades causadas por irritação das vias respiratórias. Convém igualmente para alliviar aos pthysicos. Toma-se ou dá-se ás colheres, uma de duas em duas horas. Rabsigem. — Cordia officinalis. — Fam. das Cordiaceas.— Arvore do paiz, de altura mediana, é conhecida nas Alagoas e Pernambuco pela denomi- nação acima. Seu tronco não engrossa ; attinge a 25 centímetros de diâmetro pouco mais ou menos ; a casca é esbranquiçada. As folhas ovaes ; têm còr verde azu- lada. As flores são brancas e pequenas, em cachos espigados, as fructas são drupas vermellias quasi sem espessura, envoltas no seu cálice, internamente ósseas e com um caroço no centro. A Rabugem é uma madeira de esti- mação pela sua bellesa e regidez, tem a côr castanha aloirada, com veios pardos ; quando envernizada asseme- Iha-se ao jacanradá, mas é frágil : mesmo nas Alagoas não é abundante, e por isso não existem mobílias feitas com ella ; com tudo já foi usada em outro tempo para esse fim. Raivosa. — E' a Tihorno, era Minas. Raiz amargosa. — Planta, que nas províncias centraes do Brasil, tem pouco mais ou menos as propriedades da Gen- ciana europea. A genciana em Minas é a Centarea. R-«iK de Anvei*s. — E' a Caferana no Amazonas. R',tiz de líiiSíeiro. — Echites longi- flora. — Fam. das Apocynaceas. — Planta trepadeira etractifera, de sueco branco, bem como a Sumaúma. As flores são brancas, quasi sempre em cachos. As folhas oppostas, coriaceas e car- nosas. Raiz de Braitdão. — Planta que vegeta no sertão da provinda : é usada como purgativo e antysiphilitico. Raiz do Bra«>il. — \ . Ipecacuanha. Raiz de ei«jrurú. — V. Caruru. Raiz da Cliisaa. — V. Japecanga. Raiz íle eolira. — V. Tiú. Raiz de frade eaii Uliiias. — E' o Cipó cruz em S. Paulo. Raiz de Giiiiié. — F. Tipi ou Pipi. São espécies do mesmo género. Raiz de j-.íearé-arú. — F. C(i- ferana. Raiz de la^sarto. — T'. Tiú. Raiz \'esta occasião se une somente a borbulha ao galho, o olho flca estacio- nário e só se desenvolve na primavera seguinte, d'ahi esta locucção enxertar com olho dormente. Pasa conseguir bellas cabeças de ro- seiras é necessário dispor ao menos duas borbulhas e escolher para rece- bel-as dois ramos oppostos. >so enxerto do olho dormente, não se deve cortar logo o ramo enxertado. Deitam-no em arco e o sustentam assim pela extremidade que se une ao corpo do garfo, não o cortam (quanto ao enxerto de olho nascente), senão quando o olho está desenvolvido e tem attingido quasi a 20 centímetros, e quanto ao olho dormente na primavera seguinte. Uma operação muitíssimo despresada na cultura da roseira é o apertamento. Deve-se apertar o botão nascente do enxerto acima da terceira ou quarta folha. Esta operação tem como resultado o desenvolvimento dos olhos inferiores que formam logo uma linda cabeça de ro- seira Os garfos de roseiras se fazem ao ar livre do Outono, durante o mez de Setembro na Europa. Escolhe-se bons pimpolhos do anno, preferindo-se os que floresceram. O comprimento á deixar-lhe é variá- vel, e depende da quantidade dos ramos de que se dispõe. Póde-se fazer garfos de um olho; n'esse caso corta-se juntamente abaixo da folha, e deixa-se ao menos dois ou três centímetros de madeira acima, e con- serva-se a folha, mas apara-se no centro todos os foliolos para diminuir a su- perfície de evaporação. Estes garfos de um olho são plan- tados verticalmente e pouco profunda- mente enterrados. Quanto aos garfos de vários olhos, a base é cortada igualmente abaixo de uma folha que se suprime exactamente e as outras são tratadas como a dos garfos d'um olho. O corte da roseira é em geral mal comprehendido ou antes apara-se a ro- seira em vez de cortal-a. Também é raro ver as rosas attingirem a sua maior perfeição. Este corte deve-se regular pelo das arvores fructiferas. Deve-se procurar remoçnl-a approximando os ramos no- vos, desguarnecer o interior do cimo e evitar a confusão dos ramos. Quanto ao comprimento a dar ao corte, varia segundo o vigor dos garfos; mas geralmente não se deve jamais cortar sobre um olho. Ro$ia €l'AIexainli*ia. — Rosa. — Farii. das Rosáceas. — E' esta a mais antiga Rosa, acclimada no Brasil, se- 384 ROS ROS não é a mais formosa na còr e no formato, o é no perfume delicado. Seu caule é muito espinhoso ; fúnna (piasi sempre touceira. As flores são grandes, de côr de rosa clara, e de muito agradável aroma. As folhas são compostas, alternas, como todas e tem cinco foliolos ; ellas são opacas de côr verde desmaiado. Propriedades medicas. — Pode ser usada como adstringente nas diarrheas, e leucorrhéas ; e em infusão, em gar- garejos, nas anginas chronicas, aphtas, etc, a agua destillada se emprega em coUyrios nas moléstias dos olhos. Rosa Afiaíelãia. — Rosa centifoHum Var. — Fam. idem. — Em Pernambuco é conhecida por este nome. Tem o caule liso, menos espinhoso. As folhas são compostas de cinco ou sete foliolos lisos. A fiôr é grande, de côr de rosa viva. O cheiro é pouco activo e differente do das outras rosas. A cultura não é milindrosa. O fructo é amarello, parece um bilro Ros?5 9>aita.BBllKu. (?j — Rosa. — Fam. idem.— Esta roseira é de caule liso de muito poucos espinhos. As folhas compostas de cinco foliolos lisos, ovaes, de côr verde, arroixeadas. A flor em cachos pequenos, e de uma apparencia graciosa. As pétalas exteriores são de côr purpurina, e as do centro de côr de rosa. O cheiro é suave. R®s»a í>a*i)iHea. — Rosa alba. — Fam. idem. — Esta flor é eonhecida em S. Paulo e Rio de Janeiro, por este nome. Vegeta em lugares húmidos. O caule é alastrado, e com muitos espinhos. A flor é branca no centro, em lu. gar de ser amarella como as outras. Rosíi» e-.^oaiiB», ou !°iíl«'eâti*e. — Rosa canina. — Fam. idem. — E' um arbusto, de 1 a 3 metros de alto, que cresce nas brenlias, nos bosques, nas estradas, da Europa principalmente, etc. Tem ramos compridos e espinhos ge- ralmente iguaes, fortes e em forma de garras. Folhas ovaes, ellipticas, com den- teações agudas, e pedúnculos espi- nhosos. Cálice nú com lóbulos voltados para traz e pennatifldos. Corolla vermelha clara. Fructos erectos um pouco succulentos, D'estes últimos faz-se um doce muito agradável. A raiz tem sido, mas sem razão, usada contra a mordedura des cães damnados. Rosa de ceEíi í*o I Be a s, ou AniaeSia. — Rosa centifolimi. — E' um arbusto bem conhecido, de 1 a 2 me- tros de altura. Com ramos poucos e semeados de numerosos espinhos quasi direitos, mui largos na base. As folhas têm peciolos revestidos de pellos rijos, com cinco, raras vezes sete cortes ovaes foliaceos. As flores são grandes, côr de rosa brancas ou purpúreas, e nascenrem nu- mero de duas outras, sobre pedúnculos viscosos, bastante compridos e cobertos, bem como o cálice de pequenos mamillos encarnados e pedunculados. Esta Rosa é originaria do Oriente, e cultiva-se desde os tempos mais remotos. Ha numerosas variedades, das quaes as principaes são : Rosa musgosa., (rosa muscosa) a Rosa corveira., (rosa caryophylea). Rosa de Pro- vença., (rosa provincialis), a Rosa de Bor- gonha., (rosa burgendiaca). Rosi» EíioscaaSis. — Rosa mochata. — Fam. das Rosáceas.— Tem por pátria a Africa Septentrional e o sul da Ásia. EOS RUI S85 Esta roseira, arborescente, cultiva-se muito no Oriente. E' de suas pétalas que se extrahe a essência de rosas e a agua de rosas, am- bas tão apreciadas pelos amadores de perfumes. Rosa prifiicipe Alíierto. — Rosa. —Fam. ^■fi?í???^.— Arbusto de 1 a 2 metros. Tem espinhos desiguaes. As flores são grandes, côr de rosa car- mezim. O formato é igual ao da Rosa de centi- foUa . Rosa ííe totlo o aiiaio. — Rosa. — Fam. idem.— Esta roseira tem poucos espinhos. As folhas são de sete foliolos, e lisas. As flores dão em cachos, são um tanto grandes, de côr de rosa clara e desmaia- da, com pouco cheiro. Ha outra espécie, de côr vermelha. Rosa x'\M.\ii^i\ .—Rosa ruhiginosa.— Apresenta pedúnculos floraes, dispostos em cachos umbelliformes. Flores pequenas, côr de rosa ou pur- púreas.' Cresce abandonada a si mesma, nas bordas dos caminhos, nos bosques e nas brenhas. Flores, em cachos de bonito efiPeito ; são brancas, de grande numero de péta- las, comalgum cheiro, tendo na base um cálice cercado de muitas laminas folea- ceas. No centro da flor muitos filetes ru- bros, com o ápice amarello, e, mais no centro, uma columna raiada. O fructo é pequeno, redondo e mal ob- servado ainda. Roseta de Santa Catliarina. — VaronycMa roseta., St. Hil. — Fam. das Faromjclieaceas. — Esta planta, qne recebe este nome em Santa Catharina, é her- bácea. Seus caules se estendem quasi dei- tados ao rez do chão. Tem folhas estreitinhas lisas, reuni- das em feixes. As flores visíveis, são miudinhas, em um tubo, com as pontas raiadas, de estreitas pétalas. O fructo é uma capsula membranosa riscada, com uma semente dentro. Roseta de S. Paulo e Ulinas. — E' uma iierva rasteira, que é com- posta de folhas lanceoladas, deita umas capsulas coroadas de espinhos agudos, e pungentes. Rosai*io de janilsú. — Eugenia racemosa, D. C.—Fam. das Myrtaceas.— Arbusto de folhas ellipticas e lustrosas. Flores em pequenos cachos. Propriedades medicas. — A raiz é diu- rética e desobstruente ; a casca e as se- mentes da fructa são anti-febris. Roâea rolha. >aa*a as Banilitt*. — V.Saca- Roseia de Psíi^BiasaiÍJueo. — Rhi/- 2)salis sarmentosa. — Fam. das Cactaceas. — Arbustinho do paiz, que vegeta no li- toral sobre as plantas. Estende seus ramos armados de es- pinhos curvos e pequenos. As folhas sem ordem, grossas, lisas e succulentas. Ra!idlííaB*?co do caGn|)o. — Ferraria cathartica, Mart. — Fam. das Irideas. — E' chamada também Piretro ou Pyretro do Sul. E' planta herbácea, de raiz bulbifera, de flores muitas vezes bonitas, e fo- lhas oblongas ; de fructo capsular. O sueco da raiz é purgativo, na dose de uma á duas oitavas. Risi váaiiaa. — Rubia noxia, St. Hil. — Fam. das Raheaceas. — Arbustinho de Minas Geraas, de caule e ramos quasi deitados. Flores brancas esverdinhadas. Folhas pequenas. O fructo é globuloso e branco. Serve para tincturaria. 51 3Stí SAB SAB s. Ssfilíão. — Rici-ims saponarms (?) — Fam. das Enphorbiaceas. — E' um ar- busto de porte pequeno, silvestre, e co- nliecido por tal nas Alagoas. Vegeta nas proximidades dos rios. As folhas são ovaes, ou ellipticas, recortadas nas bordas e lustrosas. As flores são brancas, em cachos, espigadas e miudissimas, de dois sexos. As masculinas constam de filetes reunidos pelas bases, em um invólucro ; as femeninas, além do invólucro, tem um fructo globuloso e trigono ; é d'ahi que se desenvolve o fructo, que é como uma capsula verde, com três caroços pretos, redondos e oleosos. As folhas d'esta planta, esfregadas entre as mãos, dão espuma, da qual muitas vezes as lavadeiras servem-se como de sabão. SaÇíoeiro. — F. Sabonete, ou Pão de salão. Sí»1>OB«eí.e. — Sapindus saponaria., Linn^ — Fam. das Sapindaceas. — Esta arvore é indigena, e também origina- ria d'Asia e Africa. E' conhecida em Pernambuco por este nome, e em Sergipe por Sahoeiro. E' ar\ore de mediano porte, bonita e copada. As folhas, compostas, são lanceoladas, oblongas e luzentes. As flores, em cachos, são brancas amarelladas, com pouco cheiro. O fructo é redondo, do tamanho de uma bala de espingarda, de côr ama- rella, transparente, rugoso, contendo um caroço redondo, preto e lustroso, e com uma sutura de um lado. A substancia componente do fructo é oleosa e pegajosa, gozando da pro- priedade de desenvolver espuma, pelo que serve para lavar roupa. A raiz tem também a mesma pro- priedade ; é empregada contra a chlorose. Sal»9ia:»»<-*«PO. — Samhums australis., Cham e Schl. — Fam. das Caprifoliaccas . — E' um subarbusto que vegeta, e é conhecido em S. Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catharina e Minas. Suas folhas são recortadas. As flores são brancas, em cachos. Os fructos são pequenas bagas re- dondas. As folhas são tão diaphoreticas como as do Sabugueiro d'Europa. Caracteres da família. — Arbustos de folhas oppostas, raras vezes alter- nas, geralmente simples, mais raras vezes imparipinnadas, sem estipulas. Flores axillares, solitárias ou muitas vezes geminadas, ou, algumas vezes, ligadas pelo cálice, dispostas em pani- eula, ou reunidas em forma de capitulo. O cálice é sempre gamosepalo, ad- herente pela parte inferior com o ová- rio, que é infero. O limbo é de cinco dentes persis- tentes. A corolla é gamopetala, o mais das vezes irregular ; algumas vezes é for- mada por cinco pétalas distinctas. Os estames são em numero de cinco, alternando com as divisões da corolla. O ovário off'erece de uma a cinco lojas, contendo cada uma ou um sim- ples ovulo pendente, ou alguns óvulos ligados ao seu angulo interno. O estylete é simples, terminado por um estigma mui pequeno, e apenas labeolado. O fructo é algumas vezes formado pela soldadura de dois ovários. E' carnoso, com uma ou mais lojas, algumas vezes ósseas, e encerrando cada uma, uma ou mais sementes. SAC sue 387 Estas têm o tegumento próprio, nm endosperma carnoso, que contem um embryão axillo, tendo a mesma direc- ção da semente. Sacit-estreite «le Canipin». — Echinops saca-estrepe. — Fani. das Com- fostas. — Herva lenhosa, silvestre, por este nome conhecida em Pernambuco. E' de quasi 1 metro de altura. O caule forma moutas. As folhas, oppostas, e lanceoladas, são de còr verde escura por cima, e esbranquiçada por baixo. As flores, em cachos redondos, são brancas e pequenas, com um involtorio de bracteas duras como espinhos ; pa- recem pequenas Atigelicas brancas, com algum cheiro. O fructo é de forma prismática an- gulosa. Propriedades medicas. — Applica-se esta planta, em cosimento, nas aífecções de peito. As folhas, pisadas e postas nas fe- ridas feitas por estrepes, e ainda encer- rando o corpo estranho, diz-se que o trazem para o exterior. Pisando-se as folhas d'esta planta com agua, obtem-se uma mucilagem, que é útil nos cancros, segundo é voz geral ; mas não está isso demonstrado. S»ca-es(re|ie «la aeiatta. — Spen- nera aerifera. — Fam. das Melastomaceas. — Planta herbácea, conhecida nas Ala- goas por este nome, aonde vegeta nas mattas. E' um subarbusto ramoso, de caules quadrados, alados. As folhas oppostas, um tanto gran- des ; os peciolos parallelos. As flores, em cachos, são pequenas e brancas. O fructo é uma baga arredondada, pequena como uma ervilha, pouco mais, contendo muitas sementes miúdas e pardas. A folha d'esta planta, passada no fogo, toma a consistência de cera propria- mente dita, e n'este estado sendo appli- cada nos lugares onde ha espinhos, ou outros corpos que tem sido introdusidos no corpo, os atrahe á superfície. Floresce pelo verão. Saea-es(fe|ic «le Periianiliueo . — V. Saca-estrepe de campina. Saea-follia. — Hellcíeres meliflua. — Fam. das StercuUaceas. — Esta planta do paiz, é conhecida em S. Paulo, Minas Geraes, e seus sertões por Saca-rolha. E' uma espécie da mesma planta, diíferindo por caracteres insignifican- tes, e conhecida nas Alagoas por Guasuma branca. E' um arbustinho de caules flexíveis. Folhas cordiformes, de côr verde pallida, e pubescentes, porém macias, pendentes, e dispostas para um lado. As flores são formadas por um tubo' verde, de pétalas vermelhas, com um prolongamento comprido no meio. Os fructos são constituídos por cinco capsulas foliaceas, de forma cónica em espiral, côr parda, e apresentando go- mos ou ângulos • contem muitas se- mentes dentro. Encerra no fundo da flor uma es- pécie de mel, de sabor agradável. A casca serve para fabrico de cor- das. Saea-rollia ou rosca |»ara iitiilas. — Helicteres saca-rolha., St. Hil. — Fam. idem. — Este saca-rolha é de Minas Geraes e S. Paulo. E' um arbustinho de folhas redon- das, ovaes, e ovaes agudas, e as vezes cordiformes. E' empregada a decoção da sua raiz contra as aff'eccões venéreas, entre o povo de Minas. Saea-rolSia «lo Ri o «le»f aneiro. — Helicteres ixora, Vell. — Suas flores passam por emollientes. Suciiliafé. — Cyrtopodixim sacuharé. — Fam. das Bryaceas., ou 3íus(/os. — Tem os mesmos usos da Japecanga. 388 SA.G SAL i§>ucsftú?íai*usau. — Plerandrium ama- rum^ Laed. — Fam. das 3Ialpi(jhiaccas. — Planta do Pará, onde recebe este nome. O cosimento das folhas é empregado nas sarnas. Sacytitandiíiita. — E' um arbusto silvestre do Pará, que em Pernambuco é chamado Maniva, Irava. — V.Manwa Irava. S»siieia*o. — Sagus 7'aphia, Zam. — Raphia vinifera^ Palis. — Fam. das Pal- meiras. — O sagueiro é uma palmeira oriunda da Ásia e d' Africa. E' de porte médio. O tronco é roliço, e apresenta os res- tos das velhas folhas; a cúpula ou o ramalhete terminal das folhas é grande, com muitos espinhos. As flores, em cachos mui ramosos cheios de escamas, são, como no geral das palmeiras, de um tecido semi-fi- broso amarello, de dois sexos no mesmo cacho. O frueto é uma baga ovóide, coberta de escamas sobrepostas, com uma ou duas cavidades, contendo um grão, que envolve uma substancia dura como marfim . O sagiíeiro é a palmeira da qual se extrahe o sagú do commercio. Extrahe-se do tronco uma substancia molle, que compõe o seu interior, a qual submettendo-se á lavagem, e decan- tando-se, fornece uma matéria amylacea, que, por processos especiaes, toma a for- ma de grânulos, que nos parecem mais sementes de plantas, que productos ar- tificiaes. D'esta forma torna-se um objecto de commercio, cuja melhor fabrica é a das Molucas. O frueto é liso, ovóide, coberto de es- camas largas, imbricadas, qtic parecem a couraça das tartarugas (carapaça); apre- senta uma ou duas lojas; a semente tem um perisperma ebúrneo, com um embryão ovóide, lateralmente situado por cima da cavidade. Três espécies de sagús se extrahem d'ellas; o sagú, Sagus rapMa, Lamli. — ^Raphia i)edimculato ., Palil de Bcano. — Sa- gus, Rumphil^ Well. — Sagiis ruffla Jacq- Witld. Si» i ão . — Kalanchoe hrasiliensis , St.Hil . — Fam. das Crassulaceas. — Subarbusto de ramos herbáceos, cylindricos, e pubes- centes. Folhas ovaes, lanceoladas no meio do caule, na parte inferior redondas, na extremidade dos ramos serrilhadas. As flores, em cachos nas pontas dos ramos, são como jasmins, côr de rosa; ellas se assemelham muito á Herva da Costa da Bahia, ao Paratudo das Ala- goas e á Qoerana de Pernambuco; pa- recem ser a mesma planta, com diver- sos nomes; esta differe todavia pela pre- sença de pellos. Empregam-a como refrigerante, mas segundo St. Hilaire, todas as plantas d'esta familia possuem propriedades estimulantes. Floresce em Junho. SiftlgaieãB*©. — Tournefortia. — Fam. das Borragineas. — Esta arvore indigena, que vegeta nas Alagoas, e tem este nome, é de porte médio, bonita e esga- lhada. A casca é esbranquiçada e escamosa, mas não é áspera. A folhagem é pouca densa. As folhas, sobre peciolos louros e compridos; ellas são ovaes, ponteagu- das, de um aspecto aloirado, que lhes dá elegância, á qual se ajunta a fra- gancia de suas brancas flores, como jasmins tinctos de amarello. O aroma é agradável. Os fructinhos arremedam a azeitona no seu aspecto, porém são mais bonitos, por serem vermelhos, de epicarpo fino, quasi transparente, e encerrando uma nóz óssea, que é dividida em duas porções, cada uma tendo duas semen- tes dentro. São os pássaros, principalmente as pombas, que comem esta engraçada fructinha. O lenho é branco e fraco, mas muito bom combustível. SAL SAL 389 Salepo. — Orchis mascxda, Linn. — Fam. das Orchideas . — Planta herbácea, que na raiz possue bolbos, e tem as folhas ao rez da terra. As flores são purpurinas. O fructo capsular. Produz uma substancia feculenta, nu- tritiva e analeptica, útil para uso dos convalescentes e pessoas debilitadas. Sais a brava. — BíikaniaahUioe folia. — Fam. das Compostas. — E' uma planta herbácea, cujas flores são como as do M almequer do Girasól, etc. E' odorifera excitante, e applicada em banhos no rheumatismo. Salsa «le elieiro. — Apitim petrose- Unum.1 Linn. e Spl. — Fam. das Umbelli- feras. — E' uma herva natural da Sar- denha, conhecida e cultivada no Brasil a muito tempo : no Rio de Janeiro e outras provindas do Sul. Chamam-na simplesmente cheiro; é de um uso geral e quotidiano n'aquellas províncias. Em Pernambuco pelo contrario o Coentro é o tempero que faz o mesmo papel que esta Salsa no Rio de Ja- neiro. Elias são mui parecidas. As folhas pinnadas. As flores em umbrellas amarellas. O fructo representa uma pequena es- phera sulcada, que se divide em dois akenios comprimidos; contém as semen- tinhas dentro de cada um. Todas as partes da planta são aro- máticas. A raiz tem propriedades aperientes. As folhas são usadas externamente como resolventes. As sementes encerram um óleo es- sencial volátil. Sa\»apavviU\sí.—Smilax salsapar- rilha, Linn. — Farii. das Asparagíneas. — Monoecia hexandria, Linn. — Assalsapar- rilhas são plantas sarmentosas e vo- lúveis, do género ,S'w27a2;, da familiadns Asparagineas ., que habitam no México, Peru e no Brasil, e sobretudo nas pro- víncias do Pará e Amazonas. As suas raizes são empregadas em medicina nas moléstias syphiliticas, Compõe-se de um tronco lenhoso, e pouco volumoso, que se propaga por meio de nós, e são munidos de um grande numero de radiculas mui longas, flexíveis, da grossura de uma penna de ganso. Estas radiculas são formadas de uma parte cortical, succulenta no estado fresco, e de um meditulio lenhoso, com longas fibras parallelas, que as per- correm de uma extremidade á outra; resulta d'esta disposição, que com dif- ficuldade se rompem transversalmen- te ; entretanto podem ser fendidas facilmente na direcção do seu compri- mento. Ha muitas salsaparrilhas próprias do Brasil, onde são conhecidas debaixo do nome vulgar de Japecangas ; são Smilax japecanga., Grieseh — S. syringoides, Grie- seh. — ;9. Irasiliensis., Spreng. — síjphilitica., Humboldt — Herraria salsaparrilha, Mar- tins. A salsaparrilha, que nos vem das províncias do Pará e Amazonas , é vermelha e pequena. Apresenta-se no commercio sob a forma de feixes delgados e longos, aper- tados por um cipó disposto em espiral, e privada de suas sepas. Attribue-se ao similax syphilitica. A melhor Salsaparrilha é aquella cujo sabor é mais forte, e mais nau- seoso ; o Pará exporta annualmente para os : Estados Unidos 352 kil. Portugal 6.939 Sul do Império 22.827 Total.... 30.218 Propriedades medicas. — As pro- priedades da raiz da Salsaparrilha são sudoríficas. E' muito usada nas moléstias sy- philiticas em geral , nas afí'ecções cutâneas, rheumaticas e gotosas, em cosimento, na dose de 30 grammas para 1000 grammas d'agua fervendo.) três vezes ao dia. »90 SAL SAL Sals>a|iai*i*ilBin tio» pobres. — V. o Caju em Pernambuco. Salsa ela praia. — Coíivolmdus hrasiliensis, Will — I-pomcea marítima . — Fam. das Cofivolvulaceas. — E' uma planta indígena, i-asteira, conhecida em Pernambuco por este nome, e cremos que em todo o BrasiL Ella vegeta principalmente á beira mar, mas também nas proximidades do littoral. Herva leitosa, alastrada, cujos ramos são verdes, sulcada, com folhas alter- nadas, ovaes, cordiformes e coriaceas, tendo a lamina dobrada sobre si ; sempre estão verdes. As flores grandes, em forma de cam- pana, roixas, solitárias, nas axillas das folhas ; não são desengraçadas. Sua côr roixa é bonita ; ellas tem no centro filetes brancos. O fructo é uma capsula, que se abre em cinco valvas foliaceas, e contem cinco caroços d'entro. Todas as suas partes são leitosas. As folhas, quer internas quer ex- ternas, são empregadas contra as go- norrheas antigas. A raiz, que é leitosa, é considerada como purgante forte. Segundo Pison, o caule e as folhas são emollientes. Salsa «lo Rio Orande «lo Sul. — Polygo7iii,m acetosefolium^ Vent. — Fatn. das Polygoneas. — O cosimento d'esta planta é tido como antisyphilitico. Salta-caR*oço. — E' uma fructa •cultivada, que tem esse nome no Rio de Janeiro. E' uma espécie de Pecego pequeno, de côr esverdinhada, tendo a super- -ficie pubescente, e a massa de dentro vermelha. O caroço desprende-se com muita facilidade, apenas se abre o fructo. Da amêndoa extrahe-se um óleo, que ■se emprega na pintura e na pharmacia. Salva. — Zippia citrata, Schlt. — Fam. das Verhenaceas. — E' uma planta do Rio Grande do Sul, ali conhecida por tal nome. Tem suas folhas oppostas. As flores brancas. A infusão das folhas é anti-catar- rliTil ; o cosimento tomado em banhos é antihemorrhoidal. Salva «lo Brasil. — Solvia fui- gens., Cav, Vahl. — Fam. das Lahiadas. — E' uma herva de caule e folhas tomentosas ; estas são macias, e op- postas. As flores vermelhas, e todas as partes aromáticas. O fructo é representado por quatro grãos no fundo do cálice. As folhas d'esta planta são aro- máticas, e empregadas como antis-pas- modico, e útil na suppressão de trans- piração. Salva «lo iiiatfo.— Herreria sal- saparrilha.— Fam. das Asparagineas.— Planta que na Bahia, B,io de Janeiro e Minas, conhecem por este nome. E' uma trepadeira, de flores quasi sempre amarellas ; tem os mesmo usos da Salsaparrilha. Salva «lo Pará.— Hyptis incana. — Fam. das Labiadas.— Esta espécie vegeta no Marajó, comarca do Pará. São plantas de raizes carnosas. Folhas oppostas. Flores aggregadas em espiga. O fructo tem quatros gommos. Ella é excitante, aromática, e serve para banhos. Usa-se no Pará em locções, ou antes collyrios, contra as ophtalmias. Salva «le PeriíaBítlíiico.— Ca- calia odorífera.— Fam. das Compostas.— Herva que forma touceira. Folhas alternadas, aromáticas, pon- tudas e de côr branca; são pillosas por baixo, e de côr verde asulado por cima. Flores em cachos, nas pontas e axilla das folhas. SAM SAM 3!>1 Os fructos são pequenas capsulas pyriformes. Passa por emmenagoga ; é applicada em banhos contra o rheumatismo. Saitkaaitbaia. — Polypodium lepidop- teris , — Ásindium conaceiím. — Fam. das Polypodiaceas {foBtos}. — Planta que vegeta em lugares húmidos, e mesmo n'agua. Tem o aspecto de uma pequena pal- meira. Sua raiz é mucilaginosa e sudorífica, empregada como antirheumatica, e pei- toral. Em lingua tupinica chama-se Feto ou Feto macho. SafiiiStainlsaia ou Santtliaia. — Fam. idem. — E' uma espécie de capim que tem este nome nos sertões de Per- nambuco, e com o qual fazem cangalhas. Passa por excellente remédio para as hérnias inguinaes, posto em conserva sobre a parte. S»gn8)ainl»aia elo lirejo. — Fam. das Pohjpodiaceas.—E' uma planta tre- padeira, de caule fino. Folhas grandes , com divisões pro- fundas. Não dá flor apparente, nem fructo. E' conhecida por este nome nas Ala- goas. SaaBftBiacailé. — V. Alfasema de ca- boclo. SaunSiaeiíim. — Cea-opia palmata., Will. — Fam. das Urticeas. — Esta arvore, que por este nome é conhecida em Per- nambuco, é das mattas do paiz. Em Alagoas chamam-na Matataúha, em Sergipe, Pé de ffallinha.e, em outros lugares, Sambaiha: mas não é a Sam- iaiha das províncias do sul, que pertence a outra familia. O Samhacuim é uma arvore de trunco liso, nodoso ou articulado, de casca cin- zenta; forma cupola no cimo do tronco, 6 estende os ramos. Folhas pecioladas, palmadas, pa- recendo-se com as folhas do Mamoeiro, escuras por cima, esbranquiçadas por baixo, coriaceas, duras e ásperas. As flores são como espiga de milho. O peciolo das folhas serve de ponteiro para gaiolas de passarinho. SaniSsaiha de UliiBaí^-Ocracâ e Rio «le S. Francisco. — Ctiratella çavibaiba., St. Hil. — Fam. das Dillenia- ceas. — Arbusto agreste, que vegeta nas regiões do centro, nas catingas do rio de S. Francisco e em Minas-Geraes. Suas folhas são grandes, oblongas, alongadas, e um pouco ásperas. As flores são em cachos, inseridas nos pedúnculos de um só lado, e são brancas. O fructo é uma capsula globulosa , com espinhos por fora, contendo, em suas lojas dois caroços, cobertos d'uma substancia polposa. Empregam a casca d'esta arvore para o curativo das feridas. Floresce em Agosto e Outubro. SanaBiailia. — Cecropia concolor, Will — Fa7n. das Urticeas. — E' uma arvore de nossas mattas, que parece vegetar por todo o nosso continente das Alagoas. Ella é semelhante á precedente, sendo a diff^erença tão pequena, que só se pôde conhecer depois de attento exame. O seu tronco é quasi o mesmo; a dis- posição dos ramos e das folhas mui pa- recida. A fructiflcação tem as mesmas modi- ficações. O fructo, quasi semelhante ; emfim, é da familia a que pertence a — Umhaúba. Esta é uma espécie, cujas folhas são tão ásperas , que servem de lixa aos marcineiros. Outra espécie ha, cujas folhas, ao contrario, são muito macias. Santliaiba «la Bailia e de iSer- jsipe. — F. Cajueiro bravo. Sai»bailiínIia«leIIIiuas-lVovas — Davilla elliplica, St. Hil. — Fam. das Dilleniaceas. — Planta agreste, de Minas, |que não é cipó. 39S SAN SAN E' um arbusto asccndcnto, ramoso, de folhas ellipticas, ponteagudas, oblongas, duras, coriaceas e ásperas. As flores, são como rosas, simples, em caclios, apresentando no centro um feixe de filetes, que parecem uma bolota. O fructo é uma capsula. O povo do lugar considera esta planta como vulneraria, isto é, como tendo a virtude de curar feridas. SaitifisiiliififelBa. — Davilla rugosa^ St. Hil. — Davilla americana, D.C. — Fam. idem. — Vegeta este arbusto nas províncias do sul. Tem o nome de Sambaihinha em Minas Geraes, o de Cipó caboclo., em S. Paulo. E' uma planta trepadeira, que tem suas folhas alternas, oblongas e pendentes de .seus peciolos ; se bem que pareçam lisas, todavia são ásperas ao tacto. As flores são em cachos, formadas de dois tegumentos floraes, com muitíssi- mos filetes no centro, formando uma bo- lota. O fructo é uma capsula oval, contendo um caroço também oval. As folhas são empregadas, em decoc- ção, para a cura da inchação das pernas e dos escrotos. Floresce em Janeiro e Abril. E' empregada como cipó para amarrar cercas. Saunliaibiitlia. — V. Cipó de carijó. SaBBftfiaiiibcira o» SauBiliitúva. — F. Samhaiva. Sang:fie de tirarão. — Pterocarpis draco., Linn. — Pet. officinalis., Jacq. — Fam. das Leguminosas. — Três productos com o nome de Sangue de dragão ha no globo: Uma é o extracto do fructo do Calawus poiang, uma pequena palmeira das ín- dias Orientaes. Outra, que corre das incisões naturaes do tronco do Draccena draco, Linn. Outra, finalmente, é do Brasil: 'ptero- carpus dfaco., Linn. Ha ainda outra d'Africa: Píerocarpus senegalensis. Tratamos da do paiz. A arvore c resinosa. As folhas alternadas e lisas. As flores, em cachos espigados nas, pontas dos ramos, são amarellas, de as- pecto de borboleta. O fructo é uma vagem redonda, ro- deada de expansões membranosas, e contendo um caroço. O Sangue de drago , proveniente da arvore do Brasil, é o menos estimado dos três; apparece no commercio em bastões C3'lindricos, um pouco comprimidos, do comprimento de um pé, e de 3 centíme- tros de grossura, enrolados em folhas de palmeiras. Esta resina, concreta, é inodora e frá- gil. A superficie da secção é luzente ; es- tala nos dentes, e é insolúvel n'aguar- dente ; arde, lançada sobre as brasas; o sabor é resinoso e um tanto adstringente Todos os autores de matéria medica a consideram tónica e adstringente ; é hoje quasi desusada. E' empregada ainda em pintura, por- que compõe um bom verniz. Também entra na composição de pós dentrificios. SaBit|;:iBe «Je «ía*«gão.— Croton. — Fam. das Eupliorhiaceas . — Planta conhe- cida na Bahia e em Minas por tal nome. Produz uma resina gommosa averme- lhada. SaBBta Maria — Uma multidão de plantas recebe o nome Santa 3íari?i, de maneira que é indeterminado o sentido da palavra, d'onde resulta grande con- fusão, aliás bem prejudicial á therapeu- tica. Por Santa Maria., conhece-se a todas estas hervas • a Herva moura , a Lomhri- gueira, o Manacá., uma herva trepa- deira de Pernambuco, ainda não classi- ficada, o TramanJieti das Alagoas, o Páo Mathias. Finalmente, é conhecida no Brazil o CM do México por Santa Maria. — Che- nopodium amhrosioides, Linn. Santa Maria é também uma planta da SAP SAP 39» Parahyba do Norte, que de suas semen- tes fazem contas de rosário ; sem men- cionar mais algumas plantas que por ahi correm, com o nome de Santa Maria. Sapateira. — Fam. das Melastoma- ceas. — As folhas d'esta planta são muito adstringentes , e são mui empregadas para o cortume de couros , os quaes ficam avermelhados. Dá também bôa tinta preta. Sa|)é. — Anatlierum Mcorne. — Fam. das Gramíneas. — A raiz é emolliente e diu- rética. Seu cosimento é alguma cousa sudo- rifico. Das raizes, que são longas, serve-se como de ligaduras para applicar aos membros dos que são mordidos de co- bra, afim de que o veneno não seja absorvido. Sapé naaplio. — Arunão. — Fam. das Gramíneas. — Esta espécie de capim ve- geta na província de Espirito Santo, onde recebe este nome. Elle é aperitivo, desobstruente e re- solutivo. Sapé ow Sjieapé. — Anatlierum bicorne. — Andropoçon bicorne, Witl. — An- drop : erecto montanura., Brow. — Fam. das Gramíneas.— ííeTYS. ou capim Sapé. Parece universal esta planta. Vegeta nos mattos, nos taboleiros e ter- renos áridos de Pernambuco e Alagoas. E' chamada Sapé, mas em outros lu- gares Sticapé. Cresce de 70 decimetros á 1 metro de altura, formando touceiras. Suas folhas ensiformes, estreitas, e erectas, mui susceptíveis de seccarem pela acção dos raios do sol, enros- cam-se nas extremidades lateraes ; tem pellos brancos n'esses lugares, e são um tanto duras e ásperas. Não floresce durante todo o inverno e o verão, mas, logo que queimam-na nas roças, brotam os gommos de novas plantas, com sua floração, que é de bonito effeito. Vè-se então um vasto campo coberto como de uma plumagem branca, que, fluctuando com os ventos, formam um panorama gracioso. A flor é um cacho delgado e plumo- so, constituído por pequenas espigas reunidas, e que desprendem-se e voam. O gado não gosta d'este capim. Sapoiiaria. — Saponaria officinalis. Linn. — Fam. das Caryophy liadas. — Planta d'Europa, cultivada no Brasil, de folhas ovaes, lanceoladas, glabras, trinerves. Flores de côr de rosa desmaiada, e em panicula terminal. A raiz é cylindrica, articulada, da grossura de uma penna de escrever. Propriedades medicas. — E' tónica e diaphoretica, empregada nas moléstias rheumaticas, syphiliticas, dartrosas e ao engurgitamento das vísceras abdo- minaes ; seu cosimento, na dose de 8 grammas para 500 grammas d'agua, dá-se em três doses por dia. Sapota. — Acliras mammosa, Linn e Spl.— Fam. das Sapotaceas.— A Sapota é uma fructa semelhante em tudo ao Sapoti., com a differença de ser redonda em vez de oval. E' uma arvore natural das Antilhas, e das mattas da America Meridional. Seus ramos, estendendo-se gradual- mente menos, á proporção que se ap- proximam do cimo da arvore, formam como que uma pyramide. Sua folhagem é densa. As folhas, de côr verde escura lu- sente ; todas as partes são lactiferas. As folhas lanceoladas, agudas, com a face inferior desbotada. As flores, solitárias, nas axillas dos ramos, são pequenas, e de uma côr branca esverdinhada; formam um pe- queno tubo, laciniado no bordo livre. O fructo é uma baga redonda, que fica como que adherente na base ao fragmento da flor. Seu pericarpo é pardo, coberto de um pó fino. Dentro existe ou encontra- se uma 52 394 SAP SAP massa polposa, succulcnta, molle, de còr amarolla esverdinhada, com cinco caroços pretos, ellipticos, comprimidos, lustrosos, com uma cicatriz branca. Esta polpa come-se; é de excellente sabor. Acham-se ordinariamente de duas a três sementes por aborto das outras. O fructo mesmo maduro conserva ainda o sueco leitoso. Sapotfa a^*ú. — Clercia passi flora, Vell. — E' desconhecido o uso d'esta planta. Sapoti o«i !Sa|»»te. — AcTiras sa- fota, Linn e Spl — Ach gapotilla^ Brow — Arvore que só differe da Sapoía em ter o fructo oval. A casca é adstringente e febrífuga (Brow.) O fructo excellente de comer-se, e útil contra a estranguria. As sementes são diuréticas e aperi- tivas, e, na dose de duas oitavas, tri- turadas com assucar e agua, formam uma emulsão, aconselhada nas cólicas nephriticas e nas areias. Supiieaia líraaaca. — LecytMs ol- laria^ Lmn e Willd. — Fam. das Myr- taceas. — A sapucaia é uma das ce- lebres arvores do Brasil, pela singu- laridade do seu fructo. E' elevada, vegeta nas mattas vir- gens, tem a casca grossa e fendida. As folhas lanceoladas, grandes, pon- tudas para o ápice, e, na base, sub- cordiformes, coriaceas e alternas. As flores em pequenos grupos , semelhantes á uma rosa, de côr branca rósea, tendo uma pétala concava no centro, laciniada, e de cheiro agra- dável. O fructo assemelha-se á um coco de forma oval, com um resalto an- nular, que naturalmente dá abertura ao fructo . Seu tegumento externo é ósseo, de três decimetros de espessura, abre-se pela parte superior, e deixa ver uma porção de sementes ovaes, do tamanho de um ovo de pomba, de côr branca suja, envoltas em uma substancia polposa, oleosa, branca e tenra, con- tida nas cavidades onde estão as se- mentes. Esta polpa o comestível; as semen- tes encerram uma amêndoa, que é tam- bém comestível. Chama-se Pilão de Sapucaia ao esque- leto do fructo, o qual, despido da sua massa interna, apresenta um espaço va- sio, que o faz parecer um pequeno pi- lão ou um almofariz, e que nos sertQBS tem o seu préstimo. A madeira d'esta arvore é forte e branca; presta-se a diversos usos. Para as obras de ponte são excel- lentris, excepto para servir de esteios. Applica-se na construcção de machi- nas de madeira, e nos travejamentos e tectos de ediflcios. (Fig. 28.) Sapucaãa ln-asafa. — Lecythis lan- ceolata^ Poir. — Fam. idem. — Esta sapu- caeira é semelhante á anterior. O fructo, do mesmo tamanho. As flores são menores. Os macacos são apaixonados por ella. Saiiiieaia os« SaiBucaeia-a. — (Canari) Lecytis grandiflora, Aubl. — Fam. idem.—Esi^ Sapucaia é a que os povos da Guyanna e Amazonas chamam Canari macaque e Marmite de sitige, [Canário ma- caco e Panella de bugio). Ella tem as flores côr de rosa in- tensa. A emulsão preparada com as amên- doas da sapucaia é anticatharral e an- tinephritica. Sa^iiieaia BniríBii oia i§»a|>u- caeiro. — Lecythis minor, Jacq. — Fam. idem. — Esta espécie vegeta no Rio de Janeiro. Os fructos são pequenos. A flor branca, e mui cheirosa, e só contem o fructo cinco caroços pouco mais ou menos. SafiiicairaEsa Itvatwa.— Lecythis SAS SCI S9 o elliptica, Humh. e Bomp. — Fam. idem.— E' uma arvore indígena, que nas Ala- goas e em Pernambuco tem este nome, e no Rio de Janeiro o de Sapoquema. Tem o porte menor que a Sapucaia. As folhas alternas, ellipticas, coria- ceas, e opacas. As flores, em cachos, pequenas, com cheiro , são como as da Ollaria., e brancas. O fructo, também com a mesma es- tructura e forma, porém um quarto menor que o da Ollaria. A madeira passa por bòa ; é do uso da carpintaria. Serve para as obras de pontes, me- nos para esteios, e também para tra- vejamentos, cobertas e portadas dos edi- ficios. Saputá. — AntJiodiscus hrasiliensís. — Fam das Hijpocraticeas. — Esta espécie tem os fructos comestíveis, mucilaginosos e doces. Sar.iciira. — Bignonia Mrtella. — Fam das Bigmniaceas. — Esta planta é do Rio de Janeiro , empregada com bastante efficacia, como temperante e brando adstringente, na dose máxima de 30 a 60 grammas, do sueco, nas diar- rhéas. Saracura €lo itorte. — Jussiaa angulata. — Fam. das Ouagrareaceas. — Esta planta é do Norte, empregada nas hemoptises e diarrhéas. !§»iurj;;a^*o do ittaa*. — Fuciis tiaíans, Limi. — Fam. das Algas. — Planta que fluctúa n'agua salgada, com expansões ramificadas, em forma de retalhos. Segundo Pison, esta planta é empre- gada em Pernambuco como diurética e lithontriptica, por ter a propriedade de destruir a pedra, ou calculo da bexiga. SIarxa. — V. Salsaparrilha. SassatVaz do Bras^^âl. — Ocotea cgmbarum, Hunt. — Fam. das Laurineas. — A casca d'esta arvore ou arbusto é amarga e aromática. É empregada como tónica e carmina- tiva, e útil no rheumatismo. !§»audnde. — Scahioza. — É uma plan- ta exótica, cultivada no Brasil, e que recebe este nome em Pernambuco. Sua existência entre nós data de re- mota epocha. É quasi rasteira, e pouco ergue seus ramos, de côr parda. Suas folhas, recortadas e palmadas, são suculentas, e têm algum cheiro. As flores, em cachos, tem os pedún- culos compridos, sobre um receptáculo de estreitas bractéas verdes ; exhalam cheiro não muito activo. Ha três espécies-, brancas, amarellas e roixas. E' flor de jardim. !§aiidade €lo lirejo. — Chnjsocoma cifiiosa., Vell. — Fam. das Compostas. — Planta do Rio de Janeiro, que muitas vezes é trepadeira. A raiz é antisyphilitica. i^aiidade úe vampâtia. — Asde- pias umbellata Vell.— Fam. das Apocyna- ceas. — Herva delicada, natural do paiz, conhecida nas Alagoas por este nome, e também pelos de Toió molle e Cega olho. Em Pernambuco chamam-n'a Cama- rasinho de campina , em Sergipe Chi- hante ; também ha quem lhe chame Saudade de campina. E' uma herva de caulo roliço e leitoso. Folhas oppostas, lanceoladas, oblongas e lisas. As flores, em umbrella vermelha e manchada de amarello, formando uma espécie de coroa, tendo lobos ascen- dentes e outros pendentes. Os fructos são gémeos , represen- tando dois casulos fulsiformes, foliaceos» cheios de muitas sementinhas loiras, ofierecendo feixes de pellos finos, ma- cio, e lustrosos como seda. Estes fiuctos por si rompem-se e dei- xam voar nuvens d'estas sementes. i^eilla Bsi-asileira.— Pancratium 390 SEB SEG guya7ic7}sis . — Fam . das "í^arckeas. — Esta planta é, da mesma naturesa dos Z//- rios. — Temquasi sempre bulbos na raiz- O seu bulbo, que é emético, exci" tante, expectorante e diurético, é mui" to empregado nos catarrhos e nas hydropisias. E' conhecida por Cebola Iranca ou Irava. No Pará dam-llie o nome de Cebola brava ou Clussia rósea. Selíastíãí» de Arruda. — Phij- socalymna florida, Pohl. — Fam. das Sa- licareas.'- 'Esta importante arvore é especial das mattas da província de Go3'az, e algumas outras províncias. E' arvore de pouca altura. Folhas ovaes, armadas de cinco pro_ longamentos ásperos. Flores em cachos, dispostas nas pontas dos ramos; são vermelhas, e tem na base umas escamas em forma de ca- puz. O fructo é redondo. Não temos certeza da posição de suas sementes. A madeira d'esta arvore é singular pela sua côr, que é de rosa, com veios de côr mais escura, com outros azues e alguns rubros ; antigamente servia esta madeira para os embutidos na marceneria, hoje entretanto nenhum uso vemos fazer-se d'ella. O cerne, por não ser muito grosso, não se presta para tirar-se folhas de taboa mais largas do que um palmo. Parece que actualmente é pouco co- nhecida esta bella madeira ; no en- tretanto foi uma das mais notáveis que appareceram na Exposição da França- i§»ebi|»iB*a o» !^íeu|iira-a^ú. — Sebipira major, Mart. — Fam. das Leguminosas. — E' uma grande arvore das mattas das províncias do Norte; em Alagoas e Pernambuco é chamada Sicupira-açú e também Sucupira. Tem a folhagem miúda. As flores purpúreas. O fructo é uma vagem, com sementes vermelhas. A madeira é dura e durabilissima; sua côr c parda. Com ella se fazem instrumentos agrários. Serve também para construcção ur- bana e naval, e porisso seu corte é prohibido pelo governo. A casca tem o gosto adstringente e amargo; é considerado como dia- phoretica, e contra os tumores arthri- ticos dependentes do virus syphilico O Barão de Paiva tem-na por um poderoso estimulante do systema lym- phatico. O cosimento da casca também se applica nas affeccões dartrosas chro- nicas, em banhos. Emprega-se em obras de pontes, me- nos para esteios. SeUtipira falsa. — Ferreria Sfecta- bilis, Frei. AU. — Fam. idem. — Esta es- pécie cresce no Rio de Janeiro. Sel!e8i|>i r a . — Y. Sebipira. SebiKioa Mva. — V. Sacu uva. Se^iE relha. — Satureja Tiortensis., Linn. — Fam. dasLabiadas. — E' uma plan- ta de caule esgalhado. Folhas estreitinhas, e muito aromá- ticas. Flores agglomeradas e pequeninas. O fructo, constituído por quatro ake- nios , envoltos no apparelho floral. Serve com.o condimento, e é esto- machica. E' natural da bacia do Mediterrâneo. SegMrellea. — Seguiera americana, Linn, — Seguiera aculeaia, Jacq. — Arbusto da America meridional, que vegeta nos arredores de Carthagena e no Ama- zonas. E' de media dimensão, ramoso, ar- mado de espinhos na base das folhas. Estas são alternas, e com peciolos um tanto longos, ellipticas, chanfradas no ápice, e lisas nas duas faces. As flores, em cachos mui ramosas, brancas e fétidas. SEN SER 397 O fructo, uma capsula oblonga, com uma expansão membranosa no ápice em forma de aza, tem na base três appendices e no centro uma semente, Seg^iirelBta. — V. Oríelã de Mara- nhão. Scsuvelitsk brasileiB*a. — Occ^- mum gratissimum. Linn. e Mant. — Fam. das Lahiadas. — Subarbustinho de folhas ovaes, pillosas e (;lieirosas. As flores, em espigas pequenas. Serve de condimento por ser aromá- tico. iSeiueutc «le estiliãr&i. — F. Pinda- liiba . Seiaipa.'e ^'iva. — Fam. das Compos- tas.— Flor exótica, cultivada no Brasil, e a que em Pernambuco dão este nome. A planta é rasteira, com folhas alter- nas, recortada!^, orbiculares, e um tanto succulentas. As flores são em cachos ou solitárias, em um pedúnculo mais ou menos longo, formando um aggregado de escamas fo- liaceas ; compõe-se de um receptáculo, cuja parte superior oíferece uma serie de pequenas pétalas paleaceas, lustrosas, dispostas em camadas concêntricas, cir- culares, decrescendo em tamanho para o centro. Esta flor, sem cheiro, mas singular, é chamada Sem-pre viva, porque nunca murcha, e permanece sempre no mesmo estado ; quando mettida n'agua , con- trahe seus órgãos e fica como botão ; porém, tirada d'agua e exposta ao sol, reabre. Ha duas espécies: amarella e branca. É uma das mais interessantes e cu- riosas plantas de jardim. SsíEssae «lo eaiaftgto. — Cássia ca- Ihartica, Mart. — Fam. das Leguminosas . — Arvore ou arbusto indigena, que ve- geta em S. Paulo e Minas, aonde recebe este nome. E' planta purgativa ; quatro grammas das folhas, de infusão de uma libra ou quinhentas grammas d'agua fervendo, constituem um purgante. Seaisi(í%a ou Hlalieia «le niu- Uaci*. — Mimosa sensitiva, Linn.— Fam. das Leguminosas.— Mimosa pudica.— Su- barbusto ou herva reptante, com ramos levantados. Caule cheio de espinhos, curvos. Folhas, miúdas, compostas. Flores de côr de rosa, em capitulo, e que parece uma pequena borla de retroz. Os fructos são vagens pequenas, eri- çadas de espinhos, reunidas e enros- cadas, formando um todo redondo ; os grãos são como os de feijão. Esta planta, tão conhecida pela cele- bridade de suas folhas, que se contrahem com o contacto de qualquer corpo extra- nho, possue propriedades deletérios, tanto nas folhas como nas raizes ; mas estas duas partes passam por antidotas, reciprocamente uma da outra. Na lingua indigena chama-se Caa-co. Propriedades medicas. Em banhos é applicada nas affecções rheumaticas, articulares, e na elephantiasis dos Ára- bes. O emplastro feito das folhas é anti- escrophuloso. Sepeisera. — V. SeUpira. í?iett"ei!ía-íiaaga. — V. Mangue branco. SeriíBjsueira. — SypTionia elástica. — Fam. das Euphorhiaceas. — Grande ar- vore das províncias do Pará e Amazo- nas, conhecida por Pão seringa., e por Páo moeda pelos indígenas. Tem IG a 20 metros de altura, quando o tronco tem 80 centímetros de diâ- metro. Suas folhas, de peciolo longos, com- postas de três foliolos, são ovaes, oblongas, pontudas, inteiras. Flores dispostas em paniculas ter- minaes. Fructo grande, capsular, composto de três cellulas lenhosas, arredondadas, sementes arredondadas, de episperma liso, arroixeadas. »9S SER SET A amêndoa é branca, oleaginosa, de gosto agradável, e pôde comer-se sem nenhum inconveniente. Ha ainda outras arvores, de que também se extrahe a gomma elástica. Modo de extrahir-se a gomma elástica. — Por incisões feitas no tronco d'esta arvore emana um sueco esbranquiçado, que, pela desecação, constitue a sub- stancia, que recebeu o nome de gomma elástica ou borracha, a qual se expõe ao fumo do fructo da palmeira uru- curi, Attalea excelsa^ e na falta ao de outras palmeiras ; porém com o pro- cesso do Sr. Strauss, cujo segredo, a província vio-se na necessidade de comprar, evita-se que os operários es- tejam expostos ás emanações que re- sultam da combustcão, e ás do solo pantanoso. O processo do Sr. Strauss, consiste em mergulhar a seiva n'uma solução de sulphato de alumina e potassa, (vulgarmente conhecida por pedra hu- me). E' a borracha uma das principaes riquezas das referidas províncias ; ex- porta a província do Pará 4.752,947 kil. distribuídos do modo seguinte : A Inglaterra 2.375,713 Estados Unidos 2.288,829 França 76,759 Portugal 3,770 Hamburgo 3,675 Sul do Império 4,201 Kils 4.752,947 Usos da borracha. — Empregam na fabricação de instrumentos de cirur- gia, como sondas, bugias, pessarios, seringas, etc, etc. E' usada n'outras in- dustrias, e na medicina tem sido em- pregada na phtisica, sob a forma de pí- lulas ; também se emprega utilmente debaixo da forma de meias e de sus- pensórios, para comprimir as veias vari- cosas. (Fig. 29.) Serjsão. — Tliymus serpyllif^m, Linn. e RicJir. — Fam. das Lahiadas. — Herva natural da Europa, um tanto rasteira, aromática, e cultivada no Brasil. Propriedades medicas. — E' empre- gada nos casos que reclamam os an- tispasmodicos e excitantes, c externa- mente nas inchações e ecchymoses^ por contusões. E' usado em cosimento Semillia. — Sonchus locvis, Vell. — Fam. das Compostas. — Esta planta é co- mestível, desobstruente e depurativa. ^es*f»Ilit» braya. — Sonchus olera- cexhs., Linn. e Will. — Fam. das Compostas. — E' uma herva agreste, que dizem os auctores ser originaria da Europa, e que cresce nos Pyrineos Alpes, etc. mas nós a vemos vegetar no Brasil^ em qualquer lugar. Talvez com tudo seja exótica. Seu caule eleva-se á 1 e >4 metro. As folhas são oblongas, rentes (ou sesseis), fendidas horizontalmente, tendo a parte superior de côr azulada ; todas as partes da planta são leitosas. As flores, em pequenos grupos, são amarellas e brilhantes. O cálice ou receptáculo, semelhante a um jarro, oíferece na parte superior muitas linguetas estreitas, dispostas em circulo, decrescendo para o centro, que constitue a flor. O fructo é como uma pequena pe- vide preta, coroada por um feixe de pel- los macios e brancos, que voam facil- mente com o vento. Em Pernambuco é conhecida por Chi- cória brava. Esta herva come-se ; extrahe-se prin- cipalmente o sueco leitoso com uma fervura, e depois prepara-se com ella um bom prato. Sete easaeas. — Britoa selloviana. — Fam. das Myrtaceas. — Esta planta é conhecida em Minas Geraes por este nome. E' adstringente. Sete cascos. — Monimia friahilis. — E' conhecida por este nome nas Ala- goas uma arvore mediana do paiz. E' copada. SIC SIC 399 De folhas, miúdas alternas, ovaes, e lustrosas. As flores, pelas axillas das folhas e pelos ramos, são formadas por iim en- volucro carnoso, que encerra em seu seio os órgãos floraes, com o aspecto de pellos ; ellas são de dois sexos. O fructo parece um figo, com duas ou quatro sementes dentro ; representa uma capsula ôca, um tanto quebradiça, qne é o envoltório das flores mascu- linas. A madeira d'esta arvore é usada nas construcções civis. Sete sa II g: r i as . — Ctiphea ingrata , Cham. — Fam. das Salicareas. — E' planta herbácea, ou pequeno arbusto. Suas flores são elegantes, posto que ás mais das vezes pequeninas. O fructo é succulento. Propriedades medicas. — O cosimento d'esta planta é empregado contra as fe- bres intermittentes (sesões.) Sele saíasPÉas («le I^íiiiaí^). — Barbar ina tetrandra^ Mart. — Fam. das Styraceneas . — Esta planta é da mesma familia e do género symplocos. E' uma variedade d'este. Sete saiB^is*Bas elo Rio Gran- de do Siil. — Symplocos flatypliylla. — Fam. das'- Styracineas. — E' Um arbusto indígena do paiz, e que no Rio Grande do Sul recabe este nome. Propriedades medicas. — A casca da raiz é amarga, adstringente e muci- lagiaosa. Ella é empregada como anti-febril (das febres terçãs) ; dá-se em cosimento. Sibira. — V. Mangne rasteiro. Sâ3»i|»is*a. — V. Sicupira. Sâeu|>ira siierii» ou eary. — Ormosia coarctata, Jacq. — Ormosea mi- nor. — Fam. das Leguminosas. — Esta arvore, a que nas Alagoas chamam Siaipira-cari. E' menor no porte do que a sub- sequente. O tronco é quasi o mesmo que o da outra, com pouca differença. As folhas, compostas de foliolos miúdos. As flores azuladas, e em grandes cachos, que produzem um bello eífeito entre o verdor da vegetação. O fructo é uma vagem pequena e parda. Esta Sicupira., se bem que seja quasi igual á verdadeira, com tudo tem mais importância do que ella ; mas a pesar d'isso presta-se aos mesmos usos. Ha ainda duas espécies, que distin- guimos debaixo dos nomes de Bira- pina e de Pyracohy Siriijtira verdadeira. — Ormosia coccinea, Jacq — Rohinia coccinea., AxM. — Fam. idem. — Arvore das mattas do Brasil, de muita nomeada pelo seu uso, também lhe dão em alguns lu- gares os nomes de Sebipira e Sucupira^ A arvore é bonita, elevada, copada; troncos e ramos erectos, muitas vezes com curvatura. As folhas compostas, miúdas e lisas. As flores em cachos, nas pontas dos ramos, de vivo roxo. O fructo, vagem, com sementes ver- melhas, 6 manchas pretas. Esta arvore tem o lenho duríssimo e o cerne pardo claro, poroso, sendo os poros um tanto dilvi.tados ; todavia é suceptivel de polir-se. Ella tem diversos destinos : serve para a confecção de instrumentos agrários, ruraes, carros de bois, peças de engenhos, traves de edifícios, etc. Serve, com especialidade, para a construcção naval ; d'alii vem que o corte d'esta madeira é prohibido pelo Governo. Propriedades medicas. — A casca é adstringente e tónica, e aconselhada contra o rheumatistmo, em tinctura ; sua decocção é usada em banhos contra as moléstias de pelle. 400 SIP SOR Silvn. — Ruhus brasilieusis, Mart. — Fam. das Rosáceas. — Amora de silva, É planta espinhosa, com flores brancas ou rosadas, e com o fructo redondo, avermelhado e doce. Elle serve para confeccionar um xarope, que pôde applicar-se como ante-scorbutico. Ha ontra espécie : Riibus jamaicensis, Linn. %\\\-A «In i»s*aii%. — V.biinhoja. Si 11 vi lia. — V. Cipo carneiro. SiBítiiai^a. — Dadi lixa. — Esta plan- ta é do Maranhão., empregada nas dy- surias e retenções de urinas, na hemo- ptisis 6 vómitos.. Os que trabalham em pentes lixam-os com as folhas, desta planta. No Pará chamam-lhe Lixa. Siiiiii*». — Psiycliotria simira., Boem et Schlt. — Fam. das Ruhiaceas. — Esta planta vegeta na Guyana e no Amazonas. Suas folhas são oppostas e oblongas. As flores são em cachos. Os fructos são pequenas bagas. O lenho é vermelho, e presta-se à tin- turaria. E' adstringente. !^í]»i^liuS)a. — Comhretum ascexidens. — Fam. das Combretaceas. — E' um arbusto conhecido nas Alagoas e Pernambuco por este nome; é de porte commum. As folhas medianas, oppostas, ovaes, re- gulares, ellipticas e lisas. Flores em espigas, pequeninas, brancas róseas, com pouco aroma ; o interior da flor é lanuginoso. Os fructinhos são quasi imperceptíveis E'uma das boas madeiras para estacas, e por isso muito procurada. ^i|9;aa*na9ía. — Siparmia guyanensis Alibi. — Fam das Rutaceas. — É um arbusto que vegeta na Guyana e também no Ama- zonas. As folhas são oppostas, com pellos es- trellados. As flores de dois sexos. O fructo, á similhançadc um figo car- noso que em maduro abre-se, ficando plano, (chato) S ã j[í i jí i a* a . — V. Sicu]) ira . Sirgy. — Arvore agreste que tem este nome, em Pernambuco; vegeta muito nas matas de Páo d' Alho . Seu lenho passa por indestructivel. Serve para pontes e travejamentos. i^olitlonia. — Trixis divaricata., Spl. — Trixis ãfiíimenorrhea, Mart. Castra regia Vell. — Fam. das Compostas. Esta herva è conhecida no Rio de Ja- neiro, Minas, e Pará por este nome. Propriedades medicas. — O cosimento das partes herbáceas, molles, é empre- gado contra as inflammações de olhos; o extracto da raiz é emmenagogo. Sorvei a*a. — Callophora titilis, Mart. — Fam. das Aipocynaceas .—YI um arbus- tosinho indígena do paiz, originário do Pará e Amazonas, que produz a Sorva (fructa) . Tem as folhas regulares. As flores acinzentadas. Dá um fructo á semelhança de uma Mangaba, tendo também sueco leitoso. Bebe-se, e é bom para certas moléstias; essa fructa passa por mais saborosa que a Mangaba. O sueco, leitoso, serve também para verniz. E' anthelmintico ; dá-se na dose de duas a três oitavas, junto com o óleo de ricino. !§»oa*veia'a «8» Eispoasa. — Sorhus domestica., Linn. e Pyrus Soi^bus. — Gent. — Fam. das Rosáceas. — E' uma arvore ele- vada, de folhas compostas. EUa é oriunda do meio dia da Europa, e ahi cultivada, como também no Brasil. As folhas, esbranquiçadas por baixo. As flores, em cachos, são brancas. O fcucto é arredondado , pequeno , quasi vermelho, com as paredes por sue sus 401 dentro cartilaginosas, e com cinco se- mentes dentro. Sossoia.— F. Linguo. de vacca. Stiassii-açú. — Fumo do matto^ em tupinico. — V. também Herva grossa. Siiassii-aia. — Fumo do matio, em tupinco. — V. também Herva grossa. Ssa!»i*aj^i. — Cyanothiis speciosa. — Fam. das Rhaimiaceas. — Esta espécie é de Minas. E' amarga, e usada como antirlieu- m atiça. Suçuaia. — V. Herva collegio e Herva grossa. Sueiijaira. — Y. Siciípira. Siaeiaúba. — Arvore do Brasil, lac- tifera, cujo sueco é vermelho. Serve para dores de peito, applicado em forma de emplastro. Siieiiúba do Rio de JaBieiro e do Pará. — Plumeria 'phagede^dca. — Fará. das Apocyneas. — Planta que tem muito sueco leitoso. Suas folhas são grossas. Suas flores, quasi sempre grandes, e de bonitas cores. O fructo, espécie de vagem longa ou capsula. Propriedades medicas. — O sueco lei- toso d'e3ta planta é applicado contra os vermes intestinaes ; externamente emprega-se nas ulceras atonicas e nas verrugas ; é de grande vantagem na blennorrhéa. Ha outra : Plumeria drástica^ que é applicada em pequenas doses nas se- zões, na ictiricia , nas obstrucções do fígado, e no pleuriz. E' o sueco leitoso, fresco, que se em- prega, misturado com óleo de amêndoas doces. Siii*iBÚ?9ia-ii*aifti;3 . — Pterandium araa- rtim, Lacerda.— Fam. das Maljnghiaceas. — Planta que vegeta na província do Pará. O cosimento das folhas é empregado contra a sarna. Hué. — Nome africano, pelo qual mui- tas de nossas plantas são conhecidas. iSmiftaré. — Cyrtopodium brasiliensis. — Fam. das OrcMdeas. — O sueco gommo- gelatinoso é empregado pelos sapa- teiros. Quando contuso, é um bom suppu- rativo ; em cosimento é peitoral, e da- se internamente. (Fig. 30.) Siiniaúnia do Pará. — Erioden- dron stmiaúma, Mart. — Fam. das Bom- baceas. — E' uma arvore como por exem- plo a Painera das províncias do Rio e S. Paulo, a Muugtiba das Alagoas, a Barriguda de Pernambuco, S u r u c II r to. — Bignonia hirtella, Lamli. — Farii. das Bignoniaceas. — Planta do Brasil, subarbusto de pequeno porte. O caule contem um sueco acido. As folhas são de sabor azedo. As flores, pequenas, brancas ama- rellíidas. O fructo é uma vagem. Propriedades medicas. — Todas as partes d'esta planta são úteis nas diarrhéas chronicas. Sururtkca. — Passiflora siirmnicaj Vell. e Her. — Fam. das Passifloreas. Suruniciij-.t. — Passiflora albida Vell. — Fam. idem. — Esta espécie de Maracujá é conhecida no Rio de Ja- neiro e Bahia. E' um Maracujá com pouca diffe- rença das espécies já apontadas. Susgiiro. (liòp) — Fam. das Arna- ranihaceas. — E' uma flor exótica mui linda, que cultiva-se com cuidado nos jardins, e a que dão este nome em Pernambuco. 53 40Í5 TAB TAC E' resultado de uma planta rasteira, mas que não se enrola nos corpos visinlios. O caule é delgado. As folhas alternas, crenadas mais ou menos profundamente, pendidas. As flores, longamente pedunculadas, são ora cm cachos, ora solitárias tam- bém, e de còr branca ou roixa. Apresenta filetes compridos e muito delicados. Cultivam em Pernambuco três espé- cies: branca, côr de lyrio clara, e roixa avelludada. T. Tabaco oja Tabaciiaeiro. — V. Fumo. Tafiopa. — Fam. das Gramíneas. — A taboca em Pernambuco é chamada Ta- quara, e em alguns lugares também é conhecida por Canna brava da matta. E' um arbusto indígena, habitante das mattas. Forma touceira. A raiz é tuberosa, irregular, coberta de casca flna, parda clara, e um pouco escamosa. O caule é lenhoso, de 1 e % á 3 centímetros de diâmetro, ôco, apresen- tando nós de distancia em distancia. As folhas, alternas, ensiformes, abra- çam o caule por meio de uma bainha. As flores são em cachos, na sumi- dade dos ramos, semelhantes ás das demais Gramíneas, ex. do milho, mas em cachos maior. Sabe-se muito bem que o caule fís- tuloso d'este vegetal é que os fogueteiros (em Pernambuco) se servem para pre- parar o fogo artificial de todos as es- pécies. Propriedades medicas. — Sua raiz é empregada como aperiente, em banhos e em xarope, nas hydropisias. Tabika. — Aeschynomene. — Fam. das Leguminosas . — Nome dado no Ceará a uma planta herbácea ou subarbusto, que tem as flores em grandes cachos. Os fructos são vagens articuladas. O seu uso é o mesmo que o da Typlia do Stíl. Talvika. — Typha minor, Will. — Fam. das Typhaceas — E' uma planta herbá- cea, que tem este nome no Sul. Seu porte é o do capim, mas as flo- res são em espigas. Ella é empregada para fazer es- teiras, e também emolliente em ba- nhos. Tab«}(|taiBBlia. — Pe?iounea nemoro- sa. — Commelma communis, Linn. — Fam. das Commcrmeas. — Planta herbácea, a que dão este nome no Pará, e também de Gramma da terra. E' rasteira, de folhas ovaes. Flores azues. O fructo é uma capsula. Esta planta sem duvida é a Tra- poeraha do Rio de Janeiro, a Maria- ninha da Bahia e Sergipe, e o Olho de Santa Luzia da Parahyba do Norte. TacaliaiBsaca. — Resina fornecida, pelo Amarys ambrosiaca e não pela /ara, como pensa alguém. Propriedades medicas. — E' aromá- tica, empregada nos catarrhos chro- nicos, rheumatismos, e hysteria, etc. Tacoaré. — E' o castanheiro do Maranhão . E' impropriamente assim chamada em Cuyabá, porque é idêntica com a do Pará; mas em Pernambuco tam- bém a chamavam por este nome. Taeoiiiaré.— F. Canna de As- sticar. TAM TAM 40» Tacuiii1ii(-iva, o» pociiieiro- Taciiniliaiva. — Bactris Í7mndata. — Seus peciolos dão fibras mui fortes , que podem substituir o linho. Ta;Koa-uva. tagiha. V- Tatajuha ou Ta- Tultanlié. — F. Caa-ataya. T»íal>oeii*(% ou Tamboeira. — Mandioca pequena, enfezada. Taioba. — Anmi esculentum, Spl. — Caladium esculentura, Linn e Will. — Fam. das Araceas. — Planta herbácea, natural do paiz, cujas folhas nascem immediatamente do alto da raiz. Esta é uma tubera succulenta. As folhas são cordiformes, alongadas de 24 centímetros a % metro , baças, esbranquiçadas por baixo, com peciolos mui longos. A flor é justamente como a do Imbé e do TinJtorão. O fructo é também semelhante. As folhas d'esta planta servem de hortaliça, e são de sabor agradável. Come-se com a carne ou de outra ma- neira ; emfim, substitue a couve. Em Pernambuco e Bahia é Taioha, em Sergipe e no Maranhão é Orelha de veado. Tajabiissú.— F. Tayoha. Tajal ou Tajaz. — F. Tayoha. Tajuba. — F. Tatagiba ou 1-piba. Tajujá. — V. Aloòreira domatto. Tajur». — F. Tínliorão. Taniaot^rana. — F. Mendoli. Tâmara ou Tam^^reir». — Plm- nix dactylifera., Linn e Will. — E' uma palmeira do Egypto, do Norte d' Africa e do Oriente. E' cultivada no Brasil ; vai á altura de uns 8 a mais metros. Seu tronco apresenta vestígios dos peciolos das antigas folhas. A cupola é formada por palmas muito erectas, que se estendem horizontal e diagonalmente. São de dois sexos sepa- rados : a Tamareira macho e a Tartiareira fêmea ; portanto, a primeira só dá flores masculinas, e a segunda flores femini- nas. As flores são em cachos, como as das mais palmeiras. O fructo, porém, é uma baga de mais de 3 centímetros , de figura ovóide , aguçando-se para ambas as extremi- dades, de côr amarella de gemma d'ovo, ou quasí vermelha, com o cálice da pri- mitiva fiôr adherente á base. Seu interior é occupado por uma massa mais clara que o exterior, pol- posa, melliflua, pouco espessa e mui sa- borosa ; contém grande quantidade de assacar, fécula e mucilagem, a que deve suas propriedades nutrientes e emol- lientes. Encerra um caroço muito duro. Tazaiacindo ou Tamarindeiro fpor corrupção) Tamarineiro. — Ta- marindus indica, Linn. — Fam. das Legu- minosas. — Grande arvore das índias Orientaes e do Egypto, e aclimada no Brasil. E' uma arvore de tronco elevado, cor casca escura. Folhas alternas, compostas de 18 pares de foliolos oppostos, gl Flores grandes, em espiga amarellada, com manchas v são pendentes á semelhanr deirinhas. Os fructos são vagens cu primento de 12 á 15 cer tendo sementes vermelh uma polpa viscosa, de melhada, e mais ou Esta massa, chamr marindos, é empregf rante e laxante, des assucar. E' laxativa em dó' Emprega-se nas t Tambataj'.!.— Araceas. — Esta p' 4©4 TAN TAN família da Tayoha, é conhecida no Ma- ranlião e no Pará por este nome. Sun.s folhas são empregadas topica- mente nas obátriicções do fígado e do baço. TaEkibor. — Mimosa carmicidata. — Fará. das leguminosas. — E' uma arvore do paiz, que é conhecida nas Alagoas por este nome. Ella é esguia. O caule, quasi sempre nú, esgalhado no cimo, de folhagem miudissimae porte bonito. As flores formam espigas ; são ver- ticilladas ; ellas são amarelladas, e pa- recem-se com um feixe de frocos de retroz. O friicto é uma vagem mediana, contendo grãos, como os do feijão. Esta arvore tem o lenho branco, leve e fraco ; é procurada para obras que exigem madeira leve ; por esta causa, fazem d'ella caixas de guerra, d'onde parte seu nome Tamhõr. TiSEBíljaaipy, ou Taniljoriau. — Timhuri. ^sBacís,a'«aaii*. — Dalecliampia hra- Linn. — Fa)n. das E iqúorlia- '■ta espécie do Brasil também Caa-Jassara. E' em outros ^ tamiarama. 9, trepadeira, prurigi- rticular, e fructo de caroços semelhan- leiro, e em Per- tro espécies. ''des. — Dalec. - Dalec. fici- Dalec. fen- % de cipó. ^najor ; -Herva '1, na- E' pequena. Suas folhas nascem logo desde o collo ; são ellipticas, com peciolos lon- gos até um palmo de extensão. Ellas fcão um tanto grossas, com as nervuras longitudinaes parallelas, e com algum pello. Floresce brotando uma espiga n'um pedúnculo comprido, cuja parte do meio para o ápice enche-se de flori- nhas brancas como pequenas rosas. O fructo é uma capsula redonda, que tem um operculo, que por si mes- mo abre-se, derramando uma porção de sementes redondas e pardas. Esta planta é mui procurada e útil, e por isso cultivam-a com cuidado. Propriedades í^iedtcas. — Usa-se d'ella nas affecções inflammatorias do rosto, nas dores de dentes, nos defluxos, nas ulceras da garganta e da lingua, etc. Emprega-se a decocção feita com a planta toda, e sobretudo com as fo- lhas. Prepara-se também uma agua distil- lada, que se applica em collyrios nas moléstias dos olhos. Caracteres da família. — Pequena fa- mília de plantas, compostas dos géneros Planíago e Littorella , e que se reco- nhece pelos caracteres seguintes: As flores são hermaphroditas (unise- xuaes no género Littorella)., formando espigas simples, cylindricas, alongadas ou redondas ; raras vezes as flores são solitárias. O cálice tem quatro divisões profun- das e persistentes, ou quatro sepalas desiguaes, em forma de escamas, e duas mais exteriores. A corolla é gamopetala, tubulosa, com c^uatro divisões regulares , raramente inteira no ápice. Esta corolla, no género Plantago^ liga- se a quatro estames salientes, que no Littorella nascem do receptáculo. O ovário é livre, com um, dois, três e raras vezes quatro lojas, contendo um ou mais óvulos. O estylete é capillar, terminado por TAN TAQ 40i um estigma simples, sovelado, poucas vezes bifido 7io opice. O fructo é um pequeno pyxidio, co- berto pela corolla, que persiste. As sementes se compõem de um te- gumento carnoso , no centro do qual existe um embryão cylindrico, axillo e homotropo. . TitasjíTttra-asstk. — Palicurea offici- nalis, Mart. — Fam. idem. — E' outro ar- busto, cujos órgãos são de côr amarella, como as flores. O fructo, quasi como o da espécie anterior. As folhas são anti-rheumaticas, em banhos ; para uso interno applica-se em infusão branda. TaHi|raí'«est. — Ce^plimlis riielliafolia. Cham. e Sclial. — Fam. das Riihiaceas. — Arbusto do paiz, de folhas membranosas. Flores agglomeradas. Seu fructo tem duas sementes, que são mui venenosas. Tagara^-rsita^sM.— Crta Cooloha crcs- centiaefolia. — Fam. das Polygoneas.— Arvore da America, que cresce nas Antilhas. Suas folhas são grandes na base, e abraçam o caule. As flores são pequenas. O fructo é uma baga carnosa, coberta por uma espécie de noz triangular ou oval. Este fructo é adstringente. TiiaEgcriuK. — V. Laravja tangerina. TnEE^^e- í«BBg;c. — Lu-pinus tmijugata. — Fam. das Leguminosas. — Subarbustinlio que é commum no littoral ; é esgalhado, de 1 a 1 % metros de altura. Ramos e caule com folhas oppostas , germinadas, de còr verde esbranqui- çada, e pillosas. Flores nas pontas dos ramos, em es- pigas; são amarcllas e pequenas, e pa- recem busiosinhos. O fructo é uma vagem pequena, de 3 centímetros, roliço, roixa, quasi preta ; offerece um ponto saliente no ápice, quando maduro. As sementes ficam soltas dentro, de maneira que, agitando-se o fructo, pro- duz ura ruido como o de um maracá, imitando perfeitamente o ruido da cobra cascavel, quando se move. Também é conhecido nas Alagoas por Brincos de viuva., e em outros lugares por Xiqiiexíque. O verdadeiro A75'2(íx/$'Zí6 é outra planta do mesmo género d'esta. TasiagíEia. — T'. Taiagila. Taia. — Fam. das Legíi,minosas. — Arvore silvestre do paiz, conhecida por este nome em Sergipe. Tem o porte do Pão- ferro ; até os fruc- tos se assemelham aos d'este, tendo, porém, as folhas e fructos maiores. TisaiJíó oíi TiíSíSio eiiítai. — PaxUi- niainnnata^ Limi.—Fam. dasSapindaceas. — Arbusto do Brasil, México, Guyanna, Antilhas e Africa. Vegeta naturalmente em Pernambuco. Em lingua tupinica é conhecido por cumarú-apé. Tem as folhas pinnadas, com folio- los ovaes, lanceoladas, sesseis. Peciolo alado. Fructo, capsula pyriforme. Flores em espiga. Do caule d'esta planta batido extrahe- se filamentos, de que faz-se vassouras, e como IVmío os indígenas embriagam os peixes para apanhal-os com a mão. Propriedades medicas. — O cipó de Tmôd gosa de grande reputação, como resolutivo, nas inflammações do fígado, applicado exteriormente. O fructo , casca e as folh as são narcotico-acres. Os indígenas do Pará empregam con- tra a hypochondria, alienação men- tal, etc. Tiinli!» (Io Rio «1c oTitiifiro. — Physalis heterophylla. — Fam. das Sola- naceas. — A planta herbácea, que no Eio de Janeiro tem este nome, é uma es- pécie de Canapú, nome mais geral e por que é conhecido nasprovincias ; po- rém em Pernambuco chama-se^a^e-Zé-í^^. Tiutltiurí. — Mimosa. — Fam. das Le- guminosas. TiiHBtaliel»^. — Malionia glahruía. — Fam. das Berberideas. — Esta planta é oriunda da America Meridional, e de porte bonito. Suas flores são amarelladas, e em cachos. Seus fructos, globulosos, tinguijão (*) os peixes. TíMge eum. — V. Papeira. TiBSjKOstssà salíja. — Zanthoxtjlum. tingoassi nòa , St. Hil. — Fam. das Rutaceas. — É uma arvore que vegeta no Rio de Janeiro, e Cabo-Frio, cujas folhas são compostas, alternas. Flores, em cachos, pequenas. Os fructos são pequenas nozes. A madeira d'esta arvore é própria para o uso da carpinteria ; é ama- rella, e arde facilmente. As folhas são picantes. TB9»g:iii (**) — Lupimis cascavella. — Fam. das Leguminosas. — E' um pequeno arbusto indígena, todo coberto de pellos, que tem este nome em Pernambuco, onde também lhe chamam Xiquexique. Tem o caule roliço, um pouco es- galhado. As folhas, compostas imparipennadas, de três, na extremidade dos peciolos. A còr de toda a planta é verde aloi- rada. As fl;òres são em cachos espigados, amarellas, parecendo borboletas. (*) Verbo usa lo nas províncias do Norte para significar: envenenar os peixos, sem que estes sejam perniciosos aos que o comem. (**) Este nome dá-se no Norte do Brasil a muitas plantas capazes de matar o peixe som tornal-o prejudicai a quem no come. 54 410 TIN TIP Os fructos são vagens roliças, peque- nas, de 3 centímetros, coriaceas, da côr da planta, contendo sementes como os grãos do feijão. O cosimento d'esta planta é appli- cado como remédio para curar sarnas. TiiBg;(Bí papeta. — V. Timpabeba. Ting-ui de eola. — V. o mesmo. Tii>j£iii tio fteíxe ou Cu|>uíiii. — Jacqtiiuia tíngui. — Fam. das Myrcinias. — Arbustinho silvestre, que vegeta nos terrenos áridos. Dão-llie este nome em Pernambuco, onde também cliamam-o Cupnim. E' de porte pequeno, regulando a al- tura de 1 a 1 K metro, formando tou- ceira ; é ramoso. Os ramos são verticaes, a casca es- branquiçada. As folhas são circulares, obovaes, lisas e baças. As flores são solitárias, da forma de um pequeno jarro, amarellado, com a margem dividida em dez pontas. O fructo é uma pequena vagem aver- melhada, oval, com um caroço no cen- tro. Diz-se que esta planta mata os peixes, lançada nos tanques. Tigsltorão. — Arum bicolor, Jacq. — Caladiími bicolor y Linn. e Wnll. — Ariim maculatum. — Fam. das Aroideas. — Planta nossa, assim chamada em algumas pro- víncias, como nas Alagoas, Maranhão e Rio de Janeiro. E' uma planta herbácea, porém, vivaz. Suas folhas são radicaes, longamente pecioladas, cordiformes, oblongas, com manchas pretas ou avermelhadas. A flor é formada por um estojo folia- ceo, espécie de espiga clasurada, com as mesmas modificações da Tayoba. O bolbo é uma substancia amarellada, massiça, succulenta, resinosa, um tanto acre e nauseabunda. Propriedades medicas. — Esta batata é deletéria, mata os animaes, e é com elhi que muitos roceiros curam as bi- cheiras dos animaes. Também curam feridas e ulceras, com esta planta secca, e reduzida a pó. As folhas são empregadas contra esquinencia, em gargarejos. O sueco expresso é purgativo ; e a raiz em pó é bom remédio contra a bicheira dos animaes. O cosimento das folhas é contra as dores de dentes. TiiitiiB*cii*a vulj^ai*. — Phytolacca decandra, Linn. — Fam, das Phytolacaceas. — Esta planta é da America Septen- trional. A raiz é tuberosa. O caule, avermelhado, com folhas ovaes. As flores, em cachos, também aver- melhadas. Os fructos de côr vermelha viva. E' empregada, em forma de cata- plasmas, nas ulceras de máo caracter. Tipi tn'jín»o. — Pavonia umbrata. — Fam. das Malvaceas. — Esta planta sil- vestre vegeta nos lugares húmidos e sombrios; dam-lhe este nome de Tipi manso nas Alagoas, e também ha em Pernambuco. E' uma herva que não excede de K. a 1 metro de altura. Caule roliço, de côr verde escura. Folhas alternas, oblongas, ovaes, lisas, escuras. As flores, em feixes axillares, agglo- meradas em um envoltório duplo e de côr verde, são brancas, semelhantes á rosas, e sem cheiro. O fructo é uma baga, com a forma de uma cabeça de alho, apresentando cinco dentes, terminando cada um por um aguilhão, no ápice ; espinhão e agarram ás roupas, como carrapicho. Tipi do Maranífião.— F. Mucurá. do Pará, e Ti})i também de Pernam- buco. Tipi \cvAk\Aeiro.—Petiveria ali- TIT TOC 411 acea — ou Peiiveria ietrandra^ Linn. — Fmn. das Amaraníliaceas . — Planta ori- unda do Brasil e da Jamayca, pouco ramosa, com forte cheiro de alhos. Raízes fibrosas, com longas rami- ficações finas. Folhas alternas, lanceoladas, ohlon- gas, lisas, e escuras. As flores, em espigas compridas, silo brancas, pequenas, dispostas em cru- zetas. O fructinho é uma pequena capsula oval, que oíferece, no ápice, pontas curvas; no centro contem um caro- cinho. Propriedades medicas. — Essas raizes são fortemente diuréticas, e uzadas contra a hydropisia, a paralysia, e o rheumatismo articular. Na dose de 8 grammas para 500 grammas d'agua, internamente, e em locções externamente. Tipú. — Tipuana speciosa. — Fam. das Leguminosas. — Nada sabemos a res- peito d'esta planta. Tifirica.— 7. Navalheira.— Cy- perus Brasiliensis . — Pela sua seme- lhança com a Cyperus longus da Europa, é provavelmente emmenagoga e cstomachica. Tiririca do Matto Grosso. — Secleria. — Farã,. das Gamineas. — A este género pertence a planta , que em Pernambuco chamam de Pé de galUnlia. Tit;»ra. — Euterfe sarmentosa. — Fam. das Palmeiras. — E' uma palmeira rara por ser trepadeira, conhecida e abundante nas Alagoas ; também ha em Pernambuco pelo mesmo nome,e no Pará por Jacitara., onde também abunda. E' um arbusto que se estende sobre os carramanchões, pendendo seus ramos pelo chão. O caule é roliço, revestido de es- pinhos ; desiguaes d'estcs uns são curvelineos, e agarram -se ás roupas dos viandantes, de modo a rompel-as. Tirada a casca, o corpo lenhoso é nodoso, de côr cinzenta, lustroso, bo- nito, próprio para chibata ; porém desmerece, e é frágil. As folhas são alternas, lanceoladas e com pequenos espinhos. As flores são pequenas, em cachos, como as flores das demais palmeiras, porém cada cacho é pequeno. O fructo é globuloso, muito menor do que uma baila de espingarda; é vermelho, e tem a amêndoa oleosa. Entretanto fazem com ella balaios e cestos. Tiú. — Adenoropitim oinferum., Mart. — Fam. das Eupliorliaceas. — A planta por este nome conhecida em S. Paulo, Minas, Goyaz, é da familia a que pertence o Pinhão. Propriedades medicas. — Ella é um purgativo muito empregado nas icteri- cias , hydropisias e obstrucções das vísceras abdominaes. A dose é de 3 a 4 grammas. Toeajé. — Rtipala ou Rhopala. — Fam. das Proteaceas. — E' una arbusto indí- gena, trepador, que vegeta no centro das províncias do Norte ; é conhecido alli por este nome, principalmente em Pernambuco e Parahyba do Norte. Sua raiz é da côr de castanha, imi- tando ao Cundiirú; é rugosa e durís- sima, e de um peso admirável. Ella possue em alto gráo a virtude hemostatica, especialmente contra a metrori-hagia (hemorrhagia do útero.) A dose é de uma colherinha de chá n'agua, sendo ella ralada até reduzir-se a pó. Caracteres da família. — As Protea- ceas são arbustosinhos ou arvores exó- ticas, que crescem em abundância no Cabo da Boa Esperança e na Nova Hol- landa. Suas folhas são alternas, algumas vezes quasi verticilladas ou imbrica- das. Suas fiôres, geralmente hermaphro- 4IÍÍ TOM TOP ditas e varaniente imisexiiaes, são ora agrupadas na axilla da folha, ora re- unidas em uma espécie de cone ou de amento. O cálice é composto de quatro sc- palas lineares, algumas vezes ligadas, e formando um cálice tubuloso, com quatro ou cinco divisões mais ou me- nos profundas e valvulares. Os estames, cm numero de quatro, são oppostos aos sepalos, e quasi ses- seis, no ápice de sua face interna. O ovário é livre, com uma loja con- tendo um ovulo, inserido no meio de sua altura. O estylcte termma-se por um estig- ma, geralmente simples. Os fructos são capsulas de forma va- riada, uniloculares e monospermicas ou dispermicas, abrindo-se d'um só lado por uma sutura longitudinal ; sua re- união constitue algumas vezes uma es- pécie de cone. A semente, que é algumas vezes ala- da, se compõe de iim embryão erecto desprovido de endosperma. T«íí!»»iaíe. — Solanum hjcopersicim , Linn. — Fam. das Solanaceas. — O tomate^ cujo nome em toda parte é o mesmo, é uma das hortaliças quasi usadas em todo o mundo; é natural do México e também da America do Sul. O tcmateiro é uma herva que alas- tra. Seu caule é herbáceo ; todas as par- tes são cobertas de pcllos, e são um tanto viscosas. As folhas, divididas em lobos. As flores, amarellas desmaiadas, como estrellas, e reunidas em cachos. O fructo, como todos sabem, é uma baga redonda, contendo uma substan- cia polposa e aquosa, acredoce, entre- meada de sementes chatas. O pericarpo é uma pellicula trans- parente, vermelha na maturidade. O tomate é excellente tempero; faz- se d'elle conserva, hoje importa o Bra- sil uma massa de sua polpa, para sup- prir a falta do fructo. E' um remédio útil contra os callos até são assim destruídos dos pés, que aie sau híssiiu uestriiiuos e um enérgico resolutivo dos pana- rícios. I Fructiflca em q\ialquer tempo, mas é escasso no inverno e abundante no principio do verão. TotttiAte 4>ab»^*iD«lio. — Solanum Il/cojjersicmn Var. — Fam. idem. — Esta espécie, semelhante em tudo á prece- dente, diífere no fructo, por ter a forma ou axipnrencia de uma cabaçinha de pólvora; forma bojo na parte seperior, e um collo na inferior ; em tudo mais é o mesmo. Toauate gs'i6SRcle. — Solamim ly- copersicum Var. — Fam. idem. — É uma outra espécie, cujo fructo tem 6 a 12 centímetros de diâmetro , e a forma de um globo deprimido, formando gomos, e tendo de espessura apenas 3 centí- metros pouco mais ou menos; deixa uma cicariz grande na base ; no mais é igual ao da precedente. E' mui estimado, e tem os mesmos usos. Toaasína. — F. a Espelina em Minas. TobqIiio «.'EsiriSiiDibeova. — V. Verbasco. T»5>sEí!iíBtaííOir. — Heliantlius ttibe- rosus, Linn. — Fam. das Sijnanthereas. — Planta originaria do Brasil, de al- tura de 1 a 3 metros. Folhas ásperas. Flores radiadas, amarellas. Raiz tuberculosa, e como formada de muitas tuberas reunidas. Estes tubérculos, roixos ou amarel- lados por fora, brancos por dentro, tem um sabor mucilaginoso, um tanto adocicado ; comem-se cosidos e prepa- rados de diversas maneiras; chamain- Ihes batata Topinamha. O gado procura- os com avidez ; dão-se particularmente ás vaccas e ovelhas, cujo leite aug- mentam. As folhas verdes ou seccas minis- tram uma bôa forragem. TRA TRA 413 Totani^-a. — Leonurus cardíaca, Linn^ Mart. — Fam. das Laliadas. — Esta tnta indígena da Europa, onde lhe , i.amam Cardíaca^ é cultivada no paiz. Sua.s folhas são trilobadas. As flores, vermelhas, com mesclas 1) ranças. Propriedades medicas. — O sueco, do ás colheres, é antiliemoptoico ( -ntrao sangue pela boca), e peitoral ; julga-se um antídoto da raiva (hydro- phobia) . Dá-se na dose de duas colheres do í'co, com mel de abelhas Tagy. ÍGMca de visBva. — Peircea vo- l -'lis. Litm, e Lamak. — Fam. das \ -^rlenaceas. — É um arbustinho natu- '■■' das Antilhas, trepador, com flores cachos pendentes, de còr purpúrea, toado por fructo uma capsula, com is sementes. :' excitante e diaphoretica. 'j oupí. — V. Umari. TiNíCMiíDai. — F. Tmhé. J'3'i4g»í;s. — Cratoíca íapia., Linn. — V :r,i. das Ca'pparidaceas . — Arvore sil- tre do paiz, principalmente deOlinda, , . le mais abunda. Arvore pequena, mas que chega ás ■- a 9 metros, com diâmetro de 1 }^ ■' ro. nsea esbranquiçada e ramos erectos. Folhas alternas, de peciolos longos, peruadas, lanceoladas e lisas. As flores, em cachos, são brancas, f^om um feixe de pellos purpúreos ; tem ico cheiro. O fructo é globuloso, amarello, opaco, iobre um pedúnculo comprido. O pericarpo é grosso, de 1 centime- de espessura, branco por dentro, lese acha uma massa também branca, Ue e de um sabor doce ; é crivada .. sementes castanhas, redondas e xandes. Come-se, porém não passa por boa. As folhas e a casca tem máo cheiro, e são empregadas em banhos para os rheumatismos. A madeira é branca, porosa, um pouco frágil, mas é susceptível de po- lir-se. Trniitíi (la innttn. — F. Liga-osso. Trapiú «la «saatíti. — Do'i'síOR7na. — Fam. das Urticaceas. — E' uma herva agreste, que é conhecida nas Alagoas por este nome. Tem 25 centímetros mais ou menos de altura. O caule herbáceo, succulento e esca- moso, com as folhas longamente pe- cioladas, oblongas, arroixeadas e lus- trosas. As flores, em longos pedúnculos as- cendentes, miúdas, de côr parda-escura e que envolvem as sementes. Esta planta vegeta nas mattas e ca- poeirões. Ella parece ser o mesmo Liga-osso de Pernambuco. Ti*a|»». — Evomjmiis aglomeratus. — Fam. das Celastrvieas. — O Trapo é um arbusto silvestre, conhecido em Alagoas e Pernambuco por este nome. E' trepador, isto é, enrola-se sobre as outras plantas ; tem espinhos e ga- vínhos. Suas folhas, oppostas, ovaes, ponte- agudas. As flores, miudinhas e em aggre- gados, são amarellas. O fructo é entretanto redondo, pe- queno, contendo 3 á 4 sementes. As vergonteas d'esta x^lanta, descas- cadas, fornecem boas chibatas para açoi- tar cavallos. TpsTijBoemlia. — Tradescantia dmre- Uca, Mart. — Fam. das Comelinaceas. — Tem o caule liso, nodoso. Folhas ovaes, agudas, lisas, miuda- mente denteadas. Flores, terminaes, dispostas em um- brellas. Propriedades medicas. — E' emoUi- 414 TRE TRE ente, em banhos e em clysteres, inter- namente nas dores rlieumaticas, e na retenção espasmódica de urinas. E' excellente antiliemorrhoidal, e útil nas hydropisias. O sueco das folhas frescas acalma a comichão ou prurido dos dartros, e os banhos de seu cosimento são mui pro- veitosos nas aífecções herpeticas. Também dá-se internamente esse co- simento, na dose de 1000 grammas por dia e 90 grammas de cada vez, nas lencorrheas e gonorrheas. Traa»oeii*aSíi» eplífHicra. — Tra- doscantia geniciUata. — Fam. das Comme- Unaceas. — Esta planta herbácea é em- pregada contra as mordeduras de co- bras. Trapoeralí» raaia. — (Rio de Ja- neiro e Minas Geraes.) Marianinha , (Bahia e Maranhão.) Commelinea defi- ciens, Hehert. — Fam. idem. — Goza das mesmas propriedades que as prece- dentes. Trapoerali» vernielB»». — Tra- descanlia riújra. — Fam. idem. — Esta es- pécie passa por ser estimulante; dizem que, lavando-se o rosto com o seu co- simento, a j)elle torna-se vermelha. Treaíaaíe. — Baccharis brasiliana,, Zinn. — Fam. das Compostas. — Vernonia scaira, Pers. — Herva de folhas obovaes, e flores em cachos. As flores d'esta planta, pisadas e applicadas sobre os olhos, quando in- flammados, fazem desapparecer as do- res ; o que mostra as suas proprie- dades emollientes e calmantes, Trepaaleâra js-ainclleira. — F- Gamelleira trejpadeira. Trevo azedo. — F. Trevo d'agua. Trevo fl'ag:na. — Oxalis repens., Jacq. — Tlmmh. — Fam. das Oxalideas. — Planta cujo caule é deitado. As folhas ternadas. As flores, amarellas, e solitárias. O fructo é lima capsula. É refrigerante e antiscorbutica, Ha outras espécies. — Oxalis fulva. St. Hil. — Oxal. cordata., St. Hil. — Oxal. martiana. Zucc. Trevo tle clteiro. — Pleurantha odorata. — Fam. das Compostas. — Herva aromática. E' de 25 centímetros mais ou menos. Suas folhas em palmas. As flores roixas. E' usada contra as picadas de in- sectos venenosos. Trevo, — Trifoliim officinalís, Wild. Trif. reflexum., Lin7i. — Fam. das Legu- minosas.— Herva aromática, natural da Virgínia, e cultivada no Brasil ; é mui frequente no Maranhão. Tem % metro mais ou menos de altura. Suas folhas em palmas. As flores roixas, e bonitas. As senhoras, no Maranhão, usam muito ornar as cabeças com esta flor. As folhas pisadas curam as morde- duras de animaes venenosos, applica- das sobre a ferida. Três irmãos. — Schnidelia salpi- caria. — Fam. das Sapindaceas. — E' um arbustinho a que dão este nome nas Alagoas ; também cresce em Pernam- buco, e igualmente ahi é conhecido com o mesmo nome. O caule é quasi em moutas. As folhas, em palmas ternadas, ob- ovaes, recortadas. As flores, em pequenas espigas, são miudinhas , esbranquiçadas, e como tinctas de amarello. Dá por fructo uma bagasinha ama- rella ou vermelha, menor que um grão de milho, oval, salpicada de pontos vermelhos Ha uma insigniflcante differença en- tre a das Alagoas e a de Pernambuco, quanto ao fructo. O cosimento das folhas d'e3ta planta emprega-se nas dores nevrálgicas, se- gundo nos affirmaram. TRl TEO -11 Três tolltas ftrasícas ou qui- na ialsa. — Ticoria febrífuga, St. EU. — Cosia aromática., Yell. — Fam. das Rutaceas. — Arvore ou arbusto do Bra- sil; habita as mattas da Província de Minas Geraes. Folhas alternas, pecioladas, com- postas de três foliolos, lanceoladas, glabras, marcadas de pontos transpa- rentes. A casca d'esta arvore é amarga, e adstringente. Chamam-lhe também Três folhas, por causa dos três foliolos, de que se compõe a folha; a estas duas pa- lavras acrescentam o epitheto de Irancas, para distinguir esta arvore da Evadia fehrifwga, que vegeta com elbi. Tem as mesmas propriedades, mas suas folhas são avermelhadas . Propriedades medicas. — A casca d'esta arvore é amarga, e adstrin- gente ; emprega-se nas febres inter- mitentes, na dose de lõ grammas para 500 grammas d'agua. Trea follaas ^eraucElasaísi, ou L.arauM,'eii*a «Io siaatto, ou Qub- n«. — Evodia febrifuga, St. Ril — Fam. das RiUaceas. — Grande arvore do Brasil ; habita as províncias de Minas, Espirito Santo e S. Paulo. Ramos angulosos, rubros, um pouco pubescentes no ápice. Folhas oppostas, ou quasi oppostas , pecioladas, glabras, compostas de três foliolos. Foliolos, de peciolo curto, lanceolado, elliptico, algum tanto acuminados, se- meados de pontos transparentes. A casca e o lenho d'esta arvore são extremamente amargos ; emprega- se nos mesmos casos que a prece- dente. Trif olio ou Azedíiilia. — Oxalis acetosella, Linn. e Willd. — Fam. das Oralideas. — Planta herbácea, de raiz escamosa. Folhas radicaes, subcordiformes, tor- nadas. As fióres azuladas ou purpurinas. O fructo é uma capsula de 5 coccas. O sueco é antiscorbutico. E' originaria da Europa. Trigo braneo. — Triticum, amy- leum sativwa, Linn. — Fam. das Grami- neas. — Tem espiguetas multiflôres, com- primidas nos lados, e voltadas com a superfície mais larga para a espiga ; as glumas são querenadas. Ha muitas variedades : como o Trigo candeal ou mocho, o Trigo tre- mcz ou mesmho, o Trigo espelta, o Trigo locar. Elias fornecem uma fécula excel- lente, que alimenta quasi todo mundo, e é porisso credora de todo o elogio, e estima geral dos povos civilisados- O trigo é oriundo da Pérsia, porém cultivado em todos os paizes. Ente nós o cultivam nas províncias do Rio Grande do Sul, Santa Catha- rina e Paraná, porém não constituo género de exportação. Oxalá que assim fosse porque o Bra- sil consome enorme quantidade de fari- nha de trigo do Chile, Valparaiso, Es- tados Unidos e da Europa. Propriedades medicas.— Serve para pulverisar a superfície das partes er}'- sipelatosas, para engrossar caldos e tornal-os mais analeptieos, para tisanas, e para a fabricação de pão, biscoutos e bolaxas etc. etc. Tripa íle galUitlia. — F. Urtiga de cipó. Tripa íle gallifiilta. — Dalbergia, gracilis.. — Far/i. das Leguminosas. — Ar- vore ou arbusto conhecido por este nome em Matto Grosso. Trombeta azul. — Convoholus , Linn. — Fam. das Convolvulaceas. — Flor cultivada no Brasil, conhecida por este nome em Pernambuco, e pelo de Rosa faquete nas Alagoas. E' natural da America. Seu caule é trepador,pubescente ou to- mentoso. 416 TUC TUC As folhas altcrniis, cordiformes, ligei- ramente trilobadas e longamente pecio- ladas. As flores, azues-claras, grandes, mas em grupos pequenos, campaniformes, sem aroma. O fructo é uma capsula, com 4 semen- tes dentro. Já está tão aclimatada, que nasce pelos quintaes. E' ornamento de jardins. TB'onill»eif:t roi^ca. — Convohtihis, Zinu.—Fam. idem.— Esta espécie é se- melhante á precedente. As folhas, cordiformes, lisas ; e a flor roixa. Troaiii':^ií?íeDB*rt l>i*»Eaca. — Daíura arlorea, Linn.—Fam. das Solanaceas.— Este arbusto é natural do Peru, e no Brasil passa por ser expontâneo tam- bém Suas folhas são grandes. Sua flor, dobrada em forma de cor- neta, branca e roixa. Seu fructo , á semelhança de um grande maxixe, é venenoso.' O cheiro ó viroso; ella emprega-se como calmante nos rheumatismos, em banhos. As folhas, sendo fumadas como as do tabaco, são de proveito para a asthma. Tromaííeíeir» roix». — Datura fasiuosa, Linn. — Fam. idem. — Esta é originaria do Egypto ; é toda eriçada de espinhos. A flor é dobrada; tem o envoltório externo roixo, e o de dentro branco. Gosa das mesmas propriedades da primeira. Trjieisíts.— E' o Cipó do imhé, em Matto-Grosso. T!iBi»inassú,_ V. Marinheiro da fo- lha larga. Taaispoi'iTi. — F. o mesmo acima. Tsai'«.— F. Castanha do Maranhão^ ou do Brasil. Tu cari. — í'. a mesma acima. TiBCBiiia BíBuavo. — Baclris setosa, — Fam. das Palmeiras. — Esta espécie é eriçada de muitos espinhos, e de porte pequeno. Talvez seja o Baclris minor deJacq., e o Baclris minima de Gaetr. TlflCBBEIB Olfl eOC|IBeBB*0 TaiClBBIt. —Aslrocariumvíilgare, Marl.—Fam. idem. — Palmeira, de cujas folhas se tiram boas fibras, por maceração n'agua. TííeiíiBaa. — Baclris marajá. — Acroco- mia of/lcinahs.—Fam. idera.— Palmeira do Brasil, que nas Alagoas é conhe- cida por este nome, e, no Maranhão, Pará e Amazonas, pelo de Tucuma. E' uma palmeira de 6 á 8 metros mais ou menos, de palmas finas e es- treitas, com espinhos. O tronco é fino. O envoltório do cacho, (espatha,) é espinhoso, com flores de dois sexos. O fructo é de forma oval, de 6 cen- tímetros mais ou menos, de um amu- rello vermelho, cheio de uma polpa alimentícia, agradável ao paladar. Fornece um óleo grosseiro, muito se- melhante ao azeite de dendê, próprio para illuminação, e todos os usos in- dustriaes. Os índios utilisam os caroços do fructo para fazer anneis, ponteiras, castões de bengalas e outros pequenos arte- factos, Das folhas do gommo fazem-se uten- sílios domésticos, como cestos, caixas, esteiras, abanos e chapéos; e também se faz fios, conhecidos com o nome de lucúm. TaBCBBBSB «Be PejpsaíeaaBÍísaeo. — V. Marajá. TBBejaiÈBay o» eoe£9B®íB*o Tbi- csBBiBay. — Aslrocarium lucurm., Mart. — Fam. das Palmeiras. — Palmeira do Brasil, da qual se prepara o vinho d'este nome dos indígenas. E' do Pará e do Amazonas. Os fruetos comem-se. UAR UBA 41*9 Tuliífit. — Nome brasileiro de umal planta da familia das Iridaceas, que é empregada como purgativa. TiiÊjuva. — V. Tapagiba. Tix|»ai|ii. — V. Arucuiú. Tii|seri?»t«. — Mangifera pinnata , Lamlt. — Spondia matigifera. — Fam. das Terelinihaceas. — Esta planta é uma ar- vore baixa, do Madagáscar. Suas folhas, em palmas As flores, em cachos. O fructos são oblongos, com uma noz dentro. O fructo é venenoso. A casca, pulverisada,é útil nas dysen- terias. O cosimento do lenho é efficaz nas gonorrliéas. O sueco das folhas se dá nas dores de ouvidos. Tispixava. — F. Vassourinha. TíiaííBa-aiio. — F. Caferana. Tucfuira. — V. Lyrio. Ttirari. — Paulinêa grandiflora^ St. Hil. — Fam. das Sapindaceas . — Esta planta é de Minas-Geraes. E' uma trepadeira mui semelhante ao nosso Cipú cururú. Tem os usos análogos aos do Timhó. TaBpitcSaa. — V. Vassoura. Tiituriiíiá.— i^aw. das Guttiferas.— Nome dado a um fructo do matto, em Pernambuco, e também no Maranhão; é proveniente de uma arvore, de|folhas oppostas. O fructo chega até 12 centimetros de comprimento; é redondo, globoso, um pouco achatado na base, de côr amarella e opaca. O pericarpo, membranoso, adherente a uma massa amarella, molle, doce e pouco aromática ; no centro encontra-se um caroço grande. , Come-se, e passa por boa. XJ. U«S»9a««Eís:ei«ãs»i. — Arvore da pro- víncia do Amazonas, da qual fazem os Índios Jurwpiiximas suas tangas e camisas. Cortam os mais grossos troncos do comprimento que querem, fazem uma incisão longitudinal, introduzindo uma palmeta de madeira por entre os lábios da incisão, tiram a casca, raspam a epiderme, e torn?indo a applical-a so- bre o tronco, batem sobre ella até expellir a humidade, e ficar secca. Uftfãá. — Planta cuja raiz é fecu- lenta e alimenticia. Vegeta na província do Amazonas. Uax*ã«|9iiaia. — E' uma pimenta vermelha, longa e roliça. Vegeta na província do Pará. Uarufié. — E' o sueco da massa de Mandioca., d'agua cu secca, mistu- rado com a mesma mandioca e tem- perado com o Tiícwpi fervido. Uaa*iiii2iá o« aroiaoibit. — 3fa~ rania aroiima, Aiiòl. — Fa^n. das Maran- thaceas. — Planta herbácea, oriunda da Goyanna. Tem a raiz vermelha. As folhas ao rez da terra. As flores, em espigas, sobre um caule longo, são vermelhas. (JaiiçtB. — Monoptrix iiauçu. — Fam. das Leguyninosas. — E' uma planta que ignoramos. As sementes são oleosas e amargas. Ubá. — Canna brava, Nees — Fam. 418 UBA UCU das Amomcas. — Planta herbácea, de raizes bulbosas, e folhas abarcantes, quasi sempre grandes. As flores são em espigas vermelhas, amarellas, ou brancas. O fructo ó uma capsula, quasi sem- pre com três compartimentos, e semen- tes á maneira de pequenos glóbulos, bem como a Canna do brejo ^ etc. Fazem do Ubá cestos, balaios, etc, e dos caules caudas de foguetes. E' empregada como excitante e diu- rética. tí2>aaç'íí. — V. Pão Pereira. Ul9U2»al»4a. — Psydium radicans. — Fàrii. das Mijrtaceas. — Póde-se fazer idéa d'essa planta mais ou menos pe- los caracteres de suas congéneres, por exemplo: o Araçaseiro., -à Goiabeira., etc. E' do Rio Grande do Sul. Os fructos são comestíveis, e a planta adstringente. Ubapaâi». — Costiis spicatus, Sawart. et Willd. — Fam. das Amome as. ^Vlviutdi oriunda da índia Oriental, de raiz densa e tuberosa. Folhas densas. Flores, em cachos, densas, amarel- ladas. Tem por fructo uma capsula tri- gona, com três sementes. Tem as mesmas virtudes da Canna de macaco. í Jííaiift. — Com este nome conhece- mos as seguintes • Ubaia. — Fam. vore indígena do das Myrtaceas. — Ar- paiz. Folhas lanceoladas. As flores, em cachinhos, são brancas, com regos, e pedúnculo comprido no centro; um froco de filetes também brancos; ellas tem cheiro. O fructo é uma baga de dez milli- metros, para menos, de diâmetro, globulosa ; o tegumento externo é uma pellicula fina e lustrosa ; dentro d'esta uma polpa aquosa, macia, acida e doce, e no centro um caroço achatado e arredondado. O fructo é amarello, e cheiroso. Ubain itticliasBia. — Eugenia. — Fam. das Myrtaceas — E' um fructo, a que no Rio Grande do Norte dão este n ome ; procedente de um arbusto como a Umbaieira. Seu caule porém é de uma côr es- cura. As flores são brancas. O fructo é mais globuloso, de cinco millimetros de diâmetro, de côr roixa externamente e pericarpo membranoso. A polpa é doce, agradável, aquosa, com um caroço no centro, que des- prende-se, em estado de 'maturidade do fructo . Ubaia. — Costus spicattís. — Fam. das Gramineas. — E' conhecida no Rio de Janeiro por Camia do brejo. Contém um sueco acido, e seu co- simento é empregado internamente, e, em injecções, contra a leuchorrhea. Da raiz, 16 grammas para 500 gram- mas d'agua. UEíjaíBEai. — V. MiUio grosso. ÍJBíÉrsacSea. — V. Icicariba. LIiíipaE*ca8ía. — V. Ibirarema. UlíMíiiSía. — V. Coqueiro. UcS»í vepda«íeâH*o. — E' uma planta do Pará, proveniente de uma arvore á semelhança do Oity da fraia., porém mui- to maior. A côr do fructo, tanto interna como externamente, é bronzeada. Elle come-se, e serve j^ara limona- das ; tem dentro um caroço. Ue^fleaba. — Myristica sebifera, Lamk. — Fam. das Myristicaceas. — E' uma ar- vore que vegeta no Brasil e territórios goyanenses, e ás vezes chega até grande altura. Suas folhas, alternas e oblongas, são verdes por cima e aloiradas por baixo* UMA UMB 41« As flores, extremamente pequenas, são de dois sexos distinetos, de còr ferruginosa, e em cachos. O fructo é do tamanho de um Araçá grande, globuloso, quasi secco ; abre- se em duas valvas, e encerra sementes, que contem um óleo pingue, que se em- prega para luz. Vegeta nas mattas da província do Amazonas. Arvore muito apreciada pela utilidade de seus fructos, os quaes contem uma massa adipo-serosa, pouco aromática e molle, de que se fazem vellas. Sua madeira não serve para obras de duração. Um£ts*B oB« 9IuB*i. — Qeojfroya iima- ri, Marcg e Pison. — Anãira inermis^ Humb. e Eunt. — Fam. das Leguminosas. — Esta planta também no Pará tem applicação industrial. E' uma arvore de folhas compostas, que dá um fructo um tanto grande, de 25 á 30 millimetros, oval, com o pericarpo fino, liso, e tem um caroço no centro, envolvido por uma massa oleosa e doce. Ha três variedades de espécie, uma que tem o fructo ou a sua massa in- terna roixa, outra vermelha, e outra amarella. O fructo diz-se que se assemelha ao Oity da fraia^ porém sua còr é mais clara, o cheiro do fructo e o gosto são agradáveis, Propriedades medicas. — A casca do Umari é um poderoso anthelmintico, mas cuja applicação exige muito cui- dado. Se a dose é forte produz vómitos co- piosos e superpurgações, que podem de- terminar a morte ; a dose regular é de duas grammas do pó para um adulto e doze grammas em cosimento, tomado ás colheres, é de uma e meia gramma do extracto. Deve-se evitar tomar agua fria du- rante a acção d'este medicamento. LÍBuari (€lo rtiixo). — Andira ra- cemosa., Lamk. — Geoffroya violácea, Per- son. — Fam. das Leguminosas. — Esta es- pécie, semelhante á precedente, differe por ter o fructo roixo. UiiibaBstS»», ou coqueiro Usat- l»a BiB S»a . — Desmonicies nidenium. — Fam. das Palmeiras. — Palmeira do paiz, que vegeta nas planícies inundadas. U Bii li a r ik. — Hihisciís caunalimiS , Linn. e Spl. — Fam. das Malvaceas. — Esta planta, natural da índia, é um arbus- tinho mui parecido com a Vinagreira. E' emolliente. lJB9t1»aiif 9>a. — Cecropia pellata, Willd. — Fam. das Urticeas. — Arvore geral do Brasil, e que vegeta também nas Co- lónias da Jamaica, onde lhe chamam Bois trompete. E' uma arvore cujo tronco é recto, com signaes de nós, oco, dividido interior- mente em vários compartimentos; es- galha na extremidade superior , asse- melhando-se ao Mamoeiro. As folhas, sobre longos peciolos lisos, cylindricos, divididos em lobos, são du- ras, ásperas, esbranquiçadas por baixo. As flores são de dois sexos separados; espigas pequenas, empencadas, dei- xando cahir um envolucro coriaeeo, roixo, por fora, e como que prateado, por dentro. Estas espigas são formadas pelas flo- res masculinas, que são quasi imper- ceptíveis. As flores fêmeas, porém, são quasi do mesmo modo. Dá um fructo em outra espiga, tendo 5 millimetros, oval, estreitando para uma das extremidades, de còr roixa-escura. O pericarpo é uma pellicula, que está por dentro unida a uma substancia branca, aquosa, polposa, doce, contendo um caroço redondo, e grande em pro- porção. A superfície externa do fructo é lisa e lusidia ; seu sabor não é desagradável; ella tem alguma semelhança com a Uva. Propriedades medicas. — Os gommos 4[5í> UMI UNH ou pTclos, contiisos, suo applicados iiiis feridas, cortaduras e golpes. A decocção é usada como peitoral. O sueco, misturado em partes iguaes com leite de vacca, é empregado nas leucorrliéas e gonorrhéas ; a massa do interior do tronco, passa por ser pro- veitosa nos cancros e ulceras. UBtftbaBáBín «lia B»aiaí4u. — Cecropia concolor, Willd. — Fam. das Urlicaceas. — E' uma outra espécie de Urabaula, mais recôndita nas mattas. Seu porte é o mesmo, tendo, porém, as folhas nove divisões, ou antes lobos, profundamente divididas sobre peciolo commum. A folha é áspera e dura; também serve de lixa. As flores nas condições das preceden- tes. O fructo é também semelhante ao d'esta, mas, diz o povo do sertão, que é ainda melhor. UsBBÍíé. — F. Amhé. UasíSíaí. — F. TJmluseiro e Imhiiseiro. clHptica. — E' uma arvore do Pará, que também exsuda um óleo, que é útil como adstringente; e o cosimento da casca applica se nas ulceras da gar- F. Manacá do U BBi j E* i. — Hiimirium floribundiiu , Mart. — Fam. das Meliaceas. — Segundo Martins, esta planta fornece um sueco resinoso, que pode substituir o da Co- paiba. Ha outra espécie que abaixo descre- vemos. ÍJasaia-â ^í\Ti'Si^'ítsm®.'~IItimirium hal- samifcra, Anbl. — Fam. das Meliaceas. — E' uma arvore da Guyanna e Amazonas, cuja casca é grossa e avermelhada. Dá uma resina vermelha, que se obtém por incisões, e que é mui aro- mática; quando secca é um excellente perfume, cujo aroma é semelhante ao do bálsamo do Peru, ou do Siyrax bci- join. Ucasíci Síiíslardíí. — Trexandria ganta. Uiala» íSí? t&iBii). — BauJnma aculeata, Limi. — Fam. das Leguminosas. — Planta do nosso paiz, de folhas em palmas. Flores em cachos. O fructo é uma vagem. Propriedades medicas. — E' empre- gada nas mordeduras de cobras e na elephantiasis, externamente, em banhos; a decocção, feita na dose de 15 grammas para 500 grammas d'agua, dá-se tam- bém internamente. UsíSii» sB© B»ííi. — Nome dado a mui- tas plantas do género BauMnia , por causa das folhas unijugadas, figurando uma unha de boi. tJaaíiía. eSe ^ato. — Perlebea laulii- nioides., Mart. — Fam. das Bigtioniaceas . — Esta planta é reputada alexiterea, e empregada por isso nas mordeduras das cobras. Uaa^sa de g:ato, úo liíiorisl. — Solanum 7'uptor ? — Fam. das Solanaceas. — Este arbustinho, espinhoso, conhecido por este nome no littoral de Pernambuco e Alagoas, tem o caule ramoso, esbran- quiçado, coberto de pello macio, e espi- nhos louros, curvos, que também exis- tem nas nervuras das folhas. Estas são ovaes, chanfradas nas bor- das, lustrosas e também cobertas de pello macio, sobretudo na face inferior. As flores são em cachos, pequenas, axillares, e como estrellinhas brancas. O fructo é uma baga de 3 a 4 milli- metros, transparente, amarella, seme- lhante ao tomate, em ponto pequeno, que é seu congénere. Os espinhos tem toda a analogia com as unhas do gato, pelo que deram á planta o nome que tem; quando se in- troduz na roupa, a não tirar-se com geito, rasga-a toda. URA URT 4S1 Unlt;% de &:aío «lo gicrtftto. — Mi- mosa uugniscatí. — Fam.das Leguminosas. — E' um arbusto do sertão, de porte baixo. Tronco mui cheio de espinhos agudos, curvos. Folhas compostas, foliolos miúdos. O tronco cresce em moita, é muito duro. A casca é avermelhada. As flores são amarellas. O fructo é uma vagem pequena, de 25 a 30 centímetros ; grãos como os de feijão. Produz uma matéria corante , ras- pando-se o fructo ou vagem, por fora; d'ella faz-se uso para tinta de escrever, e é também usada na tinturaria. Uisliii «£c vacca — V. Uotha de anta. UB>eiiiDM. — F. Ipi. U i* « p c Bii u. — Andira siipidacea, Benth. — Fam. das Leguminosas. — Tam- bém chamada Angelim coco , que é o Angelim amargoso. Tem os mesmos attributos do Umari e Angelim doce (Ij. IJpary. — Ctirare ou ovorara. — Veneno enérgico, preparado pelos naturaes da provincia do Amazonas; é um instru- mento de destruição dos mais promptos e violentos. Segundo a opinião do Dr. Francisco da Silva Castro, os indios do Amazonas preparam o Urary das cascas do Stry- chnos toxifera, sihomburah, cipó da fa- milia das Loganiaceas. O mais abundante d'estes venenos, e o que mais frequentemente se en- contra no commercio, é o urary do To- cantins, e o que é indigena do Pend- este ultimo é bastante enérgico, e tal- vez melhor que o do Tocantins. No Amazonas se encontra de excel- lente qualidade, mas é principalmente no Japurá onde mais gosa a sua ter- (l) Não nos parrce haver differença na denominação Angel im c Umary, rivel reputação, e onde também se vende mais caro este veneno. Ultimamente descobrio-se o seu an- tidoto, tão prompto no seu effeito como 0 próprio veneno. Este antídoto é o chlorureto de só- dio ou sal commum. Um animal sentindo-se ferido por uma d'essas settas fica como atónito e sôfrego; immediatamente depois sobre- vem-lhe vertigens, torpor, vómitos, o coma e a morte. No estado de torpor, ou vertigem que precede ao coma, pode ser sem resistência posto em uma gaiola ou jaula, introduzindo-se na bocca uma pe- dra ou melhor uma solução de sal de cosinha. Quando o animal volta a si acha-se preso, mas em um estado de prosta- ção que lhe não permitte, nas primei- meiras horas, nenhum acto de cólera ou desespero. E' o urary um dos venenos mais ter- ríveis que se conhece; no entretanto tem-se tentado applical-o á algumas mo- léstias promptamente mortaes, o tétano por exemplo. UrieaiQa Iíp»-»». — Bactris (omenfosa. Fam. das Palmeiras.— E' do nosso paiz. Ua-iíDsuSsafí». — V. Aroeira do campo. 1jE*tij^a eaBtsan^*ão osí oEt^ saia- BRtãc». — Cnidoscolus pruriginosus — Fam. das EupJiorbiaceas. — E' um arbustinho herbáceo, cuja altura pouco excede a 1 metro. Caule verde, com pellos longos, du- ros e urentes ao tocar. As folhas, nas pontas dos ramos, palmadas, com cinco lobos ou divisões, e peciolos compridos, assim como os mesmos pellos. As flores, em cachinhos, são brancas como jasmins, e de dois sexos dis- ti netos. O fructo é uma noz capsular, espinho- sa, de três coccas, seis valvas, contendo três caroços, como os do carrapateiro. 24S URT URU Esta planta transmitte, pelo seu con- tacto com os animaes, por meio dos pellos, uni humor virulento, que rapi- damente incha a parte, e produz uma erupção de borbulhas prurig^inosvis e dolorosas, ás vezes acompanhada de febre e frio, segundo sua intensidade. O azeite doce applicado topicamente abranda sua acção. EUa tem o porte do Quiaheiro. Uríig:» (le eãp» ou cipú tripa^ de g-allíaiSaa. — EupJmrhia xirens. — Fam. das Euiúorbiaceas. — Esta espécie de Urtiga tem recebido todos estes no- mes, e também o de Urtiga tamiarama entre Pernambuco e Alagoas. E' um arbustinho de caule fino ; en- rola-se em outras plantas, cercas, etc. Suas folhas são alternas, com pecio- los um tanto longos ; ellas são trilo- badas ; todas essas partes são crivadas de pellos duros e pungentes. As flores,' que não parecem taes, são formadas por uma espécie de invó- lucro de folhetas verdes, recortadas, ííontendo dentro uns corpúsculos folia- ceos, cylindricos e ovóides, que são propriamente as flores ; ellas são de dois sexos distinctos ; d'ahi desenvolve se um fructo, á semelhança do pinhão, ou do carrapateiro, porém menor. O contacto d'esta planta sobre a pelle humana produz o mesmo effeito que o das outras Urtigas, todavia é menos acre que a precedente. Urflãiía. «le es^íiasaio. — Aleotorolo- plius spinosus. — Fa)n. das Scropliulari- neas. — Planta agreste, conhecida por este nome nas Alacôos- E' um arbustinho, cujo caule é ar- mado de espinhos. Suas folhas são oppostas, ellipticas. As flores são brancas, em forma de corneta fendida no limbo, e listrada •de roixo, por fora, com cheiro enjoa- tivo. O fructo é uma capsula, cheia de muitas sementes pequenas. \]vti^a vecBitelBia- — Urtica urens. Var. e Wall. — Fam. das Uriiceas. — E' uma herva que vegeta por toda a parte no chão, sobre pedras, paredes, plan- tas, troncos, etc. Ella é tida como oriunda da Europa, mas se não é do Brasil está ahi muito acclimada. E' conhecida por todo o paiz pelo nome de Urtiga. Tem o caule vermelho, assim como os peciolos das folhas. Estas são um tanto grandes, ovaes, ellipticas, meio crespas, eriçadas de pellos duros, como o caule ; estes pel- los ferem a pelle dando lugar a grande prurido, seguido de dôr, e erupção de bolhas. As flores são em cachos grandes, suas divisões forçadas, e só dispostas de um só lado; são apenas uns utri- culos, com uma espécie de grelosinho sahindo do centro, O fructo é insignificante, e contém uma sementinha, circulada de uma substancia mais oit menos carnosa. Ha outra espécie, que diflfere por ter o caule branco : ortiga hranca. Propriedades medicas. — O cosimento das folhas é empregado, no uso do- mestico, contra as fluxões, e o seu xarope na asthma. A applicação mais notável das ur- tigas tem sido contra as afl'ecções da pelle, sobre tudo de forma escamosa, dartrosa e pustulosa. Dá-se o cosimento, a infusão, e o extracto para usar internamente, como poderosisimo diurético. UfjsSííft *ie ci%S»oclo. — Maranta uruha — Mar. fiircata., Ness. e Mart. — Fam. das Marantaceas. — E' conhecida em Alagoas por este nome um ar- bustinho ascendente, agreste, de % a 2 metros, pouco mais ou menos. Caule verde, parecido com o Ta- quary, nodoso e articulado. Folhas dispostas como as d'aquelle, alternas, lanceoladas, oblongas, com estojo na base, onde se prende, e lustrosas. URU URU 4S3 Flores, em cachos, brancas, man- ehadas de roixo, transparentes. Fruetinha de cinco millimetros, obco- nica, vermelha e roixa na maturidade, (3om uma cicatriz no ápice ; contem uma amêndoa branca, que é a a semente. Ursiba verdadeira. — Mara7ita. — Fam. idem. — Esta espeeie, que tam- bém é silvestre, é conhecida nas Alagoas por este nome. E' semelhante á precedente, tendo porém todas as suas partes menores. O caule fino, muito esgalhado e em moita, Folhas menores, e as flores brancas. UrsiTiú eaa. — Aristolochia trilohata, Lian et Willd. — FoAn. das Arislolo- cMaceas. — Planta indígena ; encontra- se em Pernambuco e em Alagoas. E' uma trepadeira, que se enrosca sobre as outras plantas. Tem sabor amargo, e propriedades excitantes. Applica-se em locções. Us*9ilmeis?ia. — Fam. das Solana- ceas. — Esta planta recebe este nome no Maranhão. Seu uso é culinário* UraiJíiigeífeo. — V. Uruiú-caa. Ueulíiiiifoean. — V. Urubu-caa. IJiMBeatti, o« Açtieeiía ver- ■nelSia. — Amarijllis frince'ps. — Fam. das Araaryllidaceas. — Pertence ás plan- tas que tem raizes bulbiferas. Do bulbo d'esta faz-se uso como se faz do da Scilla. Algumas espécies são mui vene- nosas, segundo a opinião de Martins. Ucaieuba ou Púo sangue. — Fam. das Myristicaceas. — Arvore co- nhecida nas Alagoas por este nome, e em Pernambuco por Páo sangue e também Urucuba em ambas as pro- víncias. E' indígena. Tem as folhas medianas, e duras. As flores, não observadas. O fructo é pyriforme, verde pallido; abre-se naturalmente, deixando ap- parecer um caroço grande, envolto em uma substancia de consistência forte, rubra, e cheirosa. Chamam nas Alagoas a este ca- roço Nd2 moscada da terra ; e empre- gam-no, nos usos medicinaes, contra dores, flatulências, e affecções gás- tricas. A madeira é branca amarellada, e empregada na carpinteria Ut*ucú. — Bixa orellana., Linn e Spl. — Fam. dás Bixaceas ou Flacurtiaceas. — E' uma arvore pequena ou arbusto indígena do Brasil. Tem 4 a 5 metros de elevação. Tronco recto, dividido em ramos, que formam uma copa. Folhas alternas, pecioladas, cordi- formes, acuminadas, inteiras e glabras. Flores dispostas em paniculas ter- minaes ; corolla de còr branca rósea. O fructo é uma capsula eriçada de espinhos, de 20 millimetros, conten- do muitas sementes vermelhas, as quaes são de muito uso na tintu- raria. Nas províncias da Bahia e Sergipe chamara-lhe Açafrão. Em todo o Brasil usão da herva na arte culinária para dar côr ás iguarias, e a medicina popular emprega como expectorante no defluxo e na bron- chite, sob a forma de infusão, que se prepara com uma colher de chá de sementes de urucú e uma chicara de agua fervendo, e o xarope na dose de 30 a 60 grammos por dia. Exporta a província do Pará annu- almente 109,431 kil. do modo seguinte: Estados Unidos 59,992 ^Inglaterra 36,753 França 4,158 Portugal 8,528 kils. 109,131 Urtieuraiia. — Hieronlma alchorni- 4S4 UTU UVA oides. — Fam. das Euphoròia ceas . — E' uma arvore do paiz, cvijo lenho é madeira de lei. Ur«iC7iPrtii». V. Carrapicho. Uruciir;»nt«. — Bixa rirucuran a, Willd. — Fam. das Bixaceas. — Esta planta é a mesma Urucurana carrapicho. Uriícurasiu «íe niínasi. — Cro- ton tillioefollium, Mans. — Fam. das Eu- fhorliaceas. — E' uma planta conheci- da em Minas por este nome. E' purgativa. Urueiari-iS»» om coqueiro Upiic«ri-«f»a. — V. Uricuri. Urtieari ou eoquclro Uru- cari. — Attalea excelsa, Mart. — Fam. das Palmeiras. — E' do paiz, e do Norte. Uciícupí. — E' uma palmeira do paiz, que vegeta no Pará. Os fructos d'esta palmeira entram na preparação da gomma elástica, que sem o seu auxilio não toma a con- sistência que lhe é própria. Urucuúha. — V. Urncú. Uriínibeba. — F. Jurubeha. Ui*u|ié |)iroMg:a òu orelha «le pão verniellio. — Cogumello semi- circular, que apresenta a face superior de côr alaranjada, ou còr de zarcão. E' coriaceo, delgado, com algumas zonas concêntricas, hymenio guarne- cido de tubos unidos, quasi polygo- nados, e microscópicos; pedículo late- ral e curtíssimo. E' considerado peitoral, e usado em gargarejo na angina tonsillar. Exige cautela em sua applicação. Utuani1>-,t. — Guarea furgans. Si. Hil. — Fam. das Meliaceas. — Conhe- cida em Pernambuco por Gitó. Arvore do Brasil, de ramos averme- lhados. Folhas alternas, compostas de cinco até nove pares de foliolos, oppostas, oblongo-lanceoladas, glabras, acumi- nadas. Flores axillares, dispostss em pani- culos racemosos. Fructo, capsula pyriforme, e de qua- tro valvas. As cascas d'esta arvore são amar. gas, adstringentes e um pouco acres, purgativas, emmenagogas e anthel- minticas ; sua acção sobre o útero é mui violenta, e em dose elevada pro- duz aborto. Propriedades medicas. — A decocção da casca é usada externamente, em banhos, contra os tumores arthriticos. O extracto é recommendado em pe- quena dose contra a gotta, e em clys- teres n'um cosimento mucilaginoso con- tra ascarides, segundo o Dr. Martins. Utiiapoea. — F. Mariyiheiro de fo- lha larga. Utuaiilia. — F. Gitó. Uvaaya. — F. Uvalha. Uva ou Yinlia. — F. Videira. Uva do luatto. — Cordea argêntea. Fam. das Cordiaceas . — A uva do matto, fructa proveniente de um arbusto sil- vestre, que nas Alagoas dão este nome. E' muito esgalhado, de ramos fle- xíveis. Folhas alternas, ellipticas, subcor- diformes, duras e ásperas. Flores, em cachos pequenos, brancas, um tanto grandes, de forma afunilada. O fructo é uma bagasinha de 10 mil- limetros de comprimento, ovóide; seu pericarpo é membranoso, esbranqui- çado; contêm um caroço no centro, envolto em uma massa polposa, branca e doce. Esta fructa é considerada como uma das melhores do Brasil. Uvaça cio eanipo. F. Ubacaba. UVA UXI 42S Uvallia o» IJbiftta do e»ni|>e. — Eugenia fyriformis, St. Hil. — Fam. das Myrtaceas. — E' um fructo agreste, que se cultiva também, conhecido em Pernambuco por este nome ; em S. Paulo, pelo de Uvalha do campo; e. na Bahia, pelo de Pitoimho. Arvore media, as vezes em mouta, Eamos lisos, acinzentados. Folhas oppostas, lanceoladas, estrei- tas, de verde escuro, coriaceas, semi- opacas, baças. Flores solitárias, ou em pequenos grupos, brancas como a flor do Araça., porém menores, e com algum cheiro. O fructo é do tamanho de 10 a 15 millimetros, pyriforme, ou em forma de pião, com quatro aspasinhas verdes no ápice. / O pericarpo é uma pellicula delgada, fina, de côr amarella alaranjada; con- tem uma massa polposa, aquosa, acida e doce, de sabor agradável, com um ou dois caroços no centro, grandes, esphericos, um pouco achatados, de côr acinzentada ou parda clara. E' mui aromático este fructo; é co- mestível, delle faz-se bom doce, e de seu xarope, limonada, refrigerantes e gelea. Em S. Paulo, amadurecem os fructos d'esta espécie em Fevereiro; em Per- nambuco, em Março e Abril; varia a epocha segundo as circumstancias ath- mosphericas. UvalBta. — Eugenia uvalha., St. Hil. — Fam. das Myrtaceas. — Esta outra es- pécie de Uhaia., conhecida sob o nome de Uvalha em S. Paulo, é indígena também, semelhante á precedente^ po- rém com o fructo muito maior. As folhas mais oblongas, e os ramos na sumidade são quadrangulares. O fructo é acido, um pouco insípido, Fructiflca em Novembro. Cultiva-se em S. Paulo. Também em alguns lugares Uhaia é Pitangiíeira. Uvá-açú ou eoínieipo Uvá- açii (por corrupção) Uvú o^ú. — Ma~ nicaria saccifera, Mart. — Fam. das Pal- meiras.— Vegeta nas bordas do Ama- zonas. As folhas tem analogia com as da BoAia7ieira. Os índios fabricam barretes com o tecido fino, que serve de eavolucro aos cachos dos fructos do Uvaoçu, Uvapiapaiíia. — Mxjrtus racemosa.) Mart.— Fam. das Myrtaceas . — Esta plan- ta vegeta em lugares próximos ao mar. Suas folhas são ovaes, lanceoladas. Suas flores, em pequenos cachos. A raiz é diurética e desobstruente; a casca febrífuga, assim como as se- mentes. Uxi . — Uxi umbrosissimus. — Fam. das Chrysoholaneas. — Arvore colossal, que habita nas florestas do Pará, bas- tante frondosa e de folhagem espessa, sendo sua côr de um verde escuro. Os seus fructos, verdadeiras drupas indehiscentes, abundantíssimas e aro- máticas, são mui estimados como ali- mento, pelo seu pericarpo. O caroço do fructo é recommendado pelo Sr. Dr. Castro, do Pará, como próprio para combatter e previnir os escarros de sangue e as hemorrhagías uterinas, na dose de 4 á 8 grammas n'uma infusão de rosas rubras, ou ti- sana de raiz d'althea. 56 4SG VAS VAS V. ^ VaiiipÊ. — CooMa pu7icíuaía, Reíz. — Fam. das Aiirmitiaceas. — É uma arvore da China, cujo tronco é verrucoso. As folhas, em palmas. As flores, em cachos. O fructo é uma capsula carnosa, for- mada de 5 cocas ; é comestível, de sabor acido. Suppomos ser cultivada entre nós. O nome de Vamin é o mesmo por que 'é conhecida no seu paiz natal. "Va|»oa*e.s. — F. Jasmim de S. José. Viaríft-ajiiá. — F. Pará. Grão de gallo do Vareta. — Cipura paludosa. — É o mesmo que Maricá paludosa., Aubl. — Iridacea. Chamam -na também Coqiíeirinho do .campo., e também ^l^Ao de campina ou do matto. Va ss o u ra ou Tui»itcli a . —Sida carpinifolia, Linn.—Fam. das Malvaceas. — Esta herva, que nas províncias do sul do Império é chamada Vassoura ou Tu- pitcJia, não é a mesma planta Vassoura , do norte. Ella é semi-herbacea. As folhas alternas, ovaes oblongas. As flores, em grupo de quatro, nas axillas das folhas. Os fructos são como os das outras plantas, formados de muitas coccas reu- nidas, e terminadas em dois esporões agudos, formando as ditas coccas reu- nidas um globo achatado. Os habitantes do Sul applicam as folhas d'sta planta, pisadas, sobre as picadas das vespas ; e amarradas em feixes servem como de vassouras. Em língua guarany é Tupichá. Porem é principalmente empregada em banhos como emolliente. Vassoura ou Vassourlnlta de Isotão. — Cephalanthus scoparius. — Fa7)i. das Rubiaceas. — Assim chamam em Pernambuco a uma planta de 24 centí- metros a % metro de altura, e que resiste a todas ás estações ; esgalha muito. Tem o caule castanho, muito duro. Raízes mui agarradas. As folhas oppostas e mui estreitas. As flores são reunidas em circulo em diversos pontos do caule, e como pequenas angélicas brancas. Os fructos desenvolvem-se, reunidos também, formando iim grupo de capsu- lasinhas. Esta planta, que não é verdadei- ramente herva, tem a duração de ar- vore. ' Tem-se descoberto que seu cosímento é útil, em banhos e internamente, na elephantiasís. Vassoura (9o caitigao. — Dodoncea viscosa., Linn e Willd. — Fam. das Sapin- daceas. — É uma arvore ou arbusto, que no Rio de Janeiro e províncias do Sul tem este nome. Ella é mediana. Seus ramos são avermelhados. As folhas, oblongas, ovaes o vis- cosas. As flores em cachos. O fructo pequeno, de três coccas, encerra três caroços redondos, ou so- mente dois. Floresce em Maio. Os fructos amadurecem em Setem- bro, Outubro, e Novembro. Ha muitas espécies. VAS VEL 429 Vassoura «íe i*0 2*aio. — V. Alfa- vaca de cohra nu Pará. VisssourA ou Vassoiarinlia de vaprer. — Scoparia ãiílcis, Linn. e Lamk. — VandelUa pratensis. — Fam. das Scroiútãarineas. — Esta herva cam- pestre, conhecida em Pernambuco por este nome, é natural de ambas as Américas. Vegeta por toda parte, esgalha muito, c tem de altura até K metro e 12 centíme- tros. Folhas miúdas, estreitas, azuladas. As flores, brancas, e revestidas de um pello sedoso no meio. O fructinho, sobre longo pedúnculo, é redondo, parecido com o do Coentro; encerra grande numero de sementes miudissimas. Propriedades medicas.— E' empre- grada como antihemorroidal em banhos e clysteres, e também nas retenções de urinas, tomado o seu cosimento internamente. EUa reúne propiedades adstringentes ,e mucilaginosas. E' útil nos catarrhos pulmonares, e regularisa o fluxo catamenial, empre- gada na dose de duas onças do sueco de suas folhas ; aproveita contra as dores de ouvido. No Pará preferem-na á quina , para combatter as febres. No uso domestico serve- se como vas- soura. Vassourei a'0 eu Canzciasc. — Mimosa incendiata — Fam. das Legumi- nosas.— Bonita arvore elevada e sil- vestre, que é conhecida por este nome nas Alagoas. Sua casca é parda. Seu porte assemelha-se ao do Angico. A folhagem, miúda como a do mesmo Angico.^ e destribuida em pal- mas. As flores, em feixes globulosos, pa- recendo frocos de retroz esverdinhado. O fructo é uma vagem achatada e r egular. O cerne d'esta arvore é duro, côr de rosa, porém desmaiado. E' notável por arder quando ainda verde, como se estivesse secco. Seu porte é bello para ornar jardins. Yassour i nlta . botão. V. Vassoura de VassouriBilia «le hoíão. — Ve- geta nos terrenos frescos. E' usado como emolliente. VeSaine bravo. — Caperonia rufa., Croton triguetrum., Lamh — Fam. das Eupliorhiaceas. — O velame bravo é co- nhecido nas Alagoas por tal nome, assim como em outros lugares ; talvez seja a planta que os antigos botânicos citam debaixo do nome scientifico de Croton triquetrum, Lamli. E' um subarbustinho de côr loura, de 1 ai Vi metro de altura. Ramos castanhos, pubescentes. Folhas alternas, ovaes, lanceoladas, também pubescentes, com pellos estrel- lados e macios nas margens. As flores são de dois sexos, em es- pigas engastadas ; as estéreis occupam a parte superior, as férteis a inferior ; são brancas, lanuginosas. O fructo é uma noz de três coccas, com três sementes semelhantes aos do Carrafateíro. Não empregam esta espécie em me- dicina. VeSaiBte «Io eaiupo. verdadeiro. Y. Velame Velasaie laiíuilo. — Oxalis nitida. — Fam. das Oxalidaceas. — É uma pia tinha herbácea de % metro, que ve- geta nos lugares húmidos ou frescos, dão-lhe este nome nos sertões do Norte. Herva pequena , e delicada. De folhas em palminhas, com três foliolos, pequenos, embaciados e quasi ovaes. As flores, com a côr e o aspecto da rosa simples, sem cheiro. O fructo é uma capsula psquena, 42» VEL VID ovóide, com cinco aníriílos dentro, di- vidida em dez compartimentos, con- tendo uma ou duas sementes em cada um. No sertão empregram o cosimento d'esta planta nas dores arthriticas, e nas febres malignas, (febres perniciosas.) Veíaaiic verilatleiro. — Croton caiupesins, Mart. — Fam. das Etiphorhia- ceas. — Arbustinho conhecido por este nome em S. Paulo, Pernambuco, Ala- goas e Parahyba ; eleva-.se de 3 a 4 metros mais ou menos. Caule de lenho duro, com a extremi- dade coberta de pellos rentes. Folhas alternas, ovaes-oblongas e pu- bescentes. As flores, em espigas nas pontas dos ramos, são aromáticas, brancas, pu- bescentes ; e são de dois sexos. O fructo é uma noz de três coccas, com três caroços ; bem como no do bravo. Propriedades medicas. — É superior a todos os depurativos conhecidos, e empregado com successo para curar as empingens, a cachexia escrophu- losa, as aífecções venéreas ligeiras ou inveteradas, os tumores, e a carie dos ossos, e sobre tudo nas aífecções ve- néreas constitucionaes, que resistiram ao mercúrio. E applicado nas moléstias cutâneas syphiliticas, elephantiasis dos árabes, erysipelas brancas, nas dores rheuma- ticas egottosas, nas ulceras venéreas, nos casos de menstruação difflcil, nos catarrhos da bexiga e nas ulceras do ntero. Passa por excellente medicamento contra os tubérculos, etc. VelíiBMe €lo eaiBtito de Micius. — Croton fulvus, Mart. — Fam. idem. — Esta espécie nos parece diíferir pouco da outra. Tem os mesmos usos. VelIniBo. — V. Bredo namorado ou Beijo de falma. Ycflutíseo. — V. Barhasco. \>roroIa. — V. Ucuúba. Vctivcp. — Andropogon micricatum. — Fam. das Gramíneas. — É um capim cuja raiz é muito cheirosa; elle dá quasi por todos os lugares do globo. E' empregado, pelo seu forte aroma, para perfumar os moveis, ou preser- var a roupa dos insectos. Viha. — F. Canna d'as$ucar. \i^tovia Re^-ia. — Lindly. — Fam. das Nimpheaceas. — É uma planta magni- fica, descoberta ha alguns annos, nos grandes rios da Goyanna e do Amazonas pelos Srs. Bompland et d'Orbigny, e dedicada á rainha d'Inglaterra. Suas folhas redondas e onduladas, de 1 a 2 metros de diâmetro, fluc- tuam á superfície d'agua, acima da qual se elevam soberbas flores largas, de 3 decimetros, brancas, tendo o centro purpurino. As sementes são boas para se co- mer assadas, como as do milho; d'onde vem o nome de Milho d'agna, dado a estas flores, pelos guaranys. Ticiiilia. — F. Bicniba. Vi liei ra.. — Vitis tinifera. — Fam. das AmpeUidaceas. — Arbusto trepador e sarmentoso muito vulgar; originá- rio Jo Oriente , mas cultivado nas re- giões meridionaes das zonas tempera- das de todos os continentes. Ha mais de mil e quatrocentas va- riedades conhecidas. O sueco extrahido da uva soífre uma fermentação, e constitue o vinho : be- bida já conhecida na antiguidade. Ha nuroerosas qualidades de vinhas, determinadas geralmente pela varia- dade do terreno, da exposição, do clima, da temperatura dominante, do gráo de maturidade, pela maneira de o tratar no lugar, na adega, nos toneis, nas garrafas, etc. Portugal, a Hespanha, a França, a VIN VIN -iS» Itália, as ilhas do Mediterrâneo, e al- gumas do Occeano atlântico, a Gré- cia etc, são os paizes que fornecem os melhores vinhos. No Brasil as videiras dão, dua& vezes no anno, bem boas uvas, em todas as nossas províncias. Em S. Paulo, Santa Catharina, e Rio Grande do Sul, o sueco da uva fermenta perfeitamente, e produz bom vinho. Tudo, pois, obriga-nos a chamar a attenção dos nossos agricultores para a cultura da videira e fabricação do vinho. Além do vinho, fornece a videira ainda outros productos; bem como o álcool ou espirito de vinho, o vina- gre feito do vinho, o tártaro e o acido tartarico, que são substancias obtidas pela fermentação do vinho ou pela fabricação d'este producto. Uma variedade particular, cujos ca- chos são formados por bagos pequenos e sem sementes, e que se cultiva na Grécia, dá as uvas passas, de Corin- tho, menores. Outra espécie, que tem bagos maio- res e sementes, dá as uvas passas ordinárias, do Oriente, da Grécia e da Hespanlia, e com especialidade de Málaga. A uva é uma fructa excellente ; goza de propriedades laxativas e diu- réticas. Emprega-se em medicina a mis- tura de partes iguaes de passas, tâ- maras, jujubas e figos, que con^titue o que se chama nas pharmacias qua- tro fructos peitoraes, que servem para a preparação de cosimentos peitoraes. artea sphcerocarpa. — Fam. das Palmeiras. — Suas folhas servem para cobrir ca- sas, e sua madeira fluctua n'agua, ainda mesmo verde. Visíusíríãpa. — Hihiscus sahdariffa, Linn. — Hihiscus hifurcatus. — Fam. das Mahaccas. — Este arbusto, originário da índia, é conhecido no Pará, Maranhão e Pernambuco por Vinagreira, e no Rio de Janeiro, Alagoas e Bahia por Caruru azedo. Tem o aspecto de um quiaheiro, de quem é congénere. O caule vermelho rubro, apresentando nós, esgalha pouco. As folhas são alternas, com três lo- bos, de côr verde roixeado, e o peciolo longo; são succulentas, e dão gosto de vinagre. As flores são grandes, bem seme- lhantes as do quiabeiro, porém de côr amarella desmaiada, e riscada de finos filetes vermelhos. O fructo assemelha-se ao do quiabo, sendo então redondo ou ponteagudo, den- tro dividido em casinholas, e com cinco sementes reniformes. Foi acclimada no extincto jardim bo- tânico de Olinda, e propagou- se tanto, que hoje ha nos lugares húmidos e nos prados. O fructo contém um acido semelhante ao do vinagre. ■^'ãiísiLa, cica. — Catimhuim mitans (?) — Fará. das Amomaceas. — Esta planta é da natureza do Cardomomo, do Gengibre, da Araruía. Esta, porém, é empregada nas diar- rhéas, em cosimento, e seus fructos nas cólicas, VísaStatico. — Far/i. das Zeaiiminosas. — Esta é uma das arvores interessantes das mattas do Brasil, conhecida em Per- nambuco e em Alagoas por Ariiarello. E' colossal, de tronco grosso, e casca escura, gretada e ramosa. As folhas são em palmas, um tanto viscosas, dando maior ou menor quan- tidade de resina. A copa é elevada, de pouca largura, um tanto vistosa, e de alguma ele- gância. A flor é regular, formada de cinco pétalas livres, um tanto coriaceas, erec- tas, lineares, lanceoladas e agudas. Os estames existem em numero de dez pouco mais ou menos. O fructo é uma vagem, ás vezes 430 VIS VIU curva, á semellinnca de uma espada turca, A madeira 6 amarella, com veios vermelhos [e escuros, ondeados, e de uma belleza particular, piúncipalmente quando envernisada. E' madeira de grande utilidade, tanto nas construções navaes como civis, e na marceneria. E' de que se fazem as boas ca- noas para navegação dos nossos rios. (Fig. 31.; Viiãlt(6ti(;o. — Flor de Algodão. — Fam. idem. — Arvore semelhante á pre- cedente, com á diíferença de que a madeira é fraca e o tecido muito frouxo ; a còr assemelha-se á da flor do al- godão. E' procurado para pequenas obras de marceneria. Vío3i& ou violeta. — Viola adoraia., Linn. — Fam das Violáceas. — Planta cul- tivada nos jardins das provincias do Sul do Império. Caule molle. Folhas cordiformes e denteadas. Flores roixas, de cheiro suave. Propriedades medicas. — São usadas como peitoraes, emollientes, e diaplio- reticas ; empregados nos defluxos e outras moléstias acompanhadas de tosse. Internamente, 2 a 4 grammas para 500 grammas d'agua. "Violcíía t!e três eòí'es osa amor perfeito. — Viola tricolor. — Fam. das Violáceas. — V. Amor perfeito. "Violeta «lo Pará. — Sida repetis. — Fam. das Mahaceas. — Esta espécie, nos parece, é a Rasteirinha ou o Cora- çãozinlio de Pernambuco. E' tida por mucilaginosa, e dada em clysteres, para combatter as he- morrhoides. Visgaíeiro: — Mimosa melliflua. — FoM. das Leguminosas. — O visgueiro é arvore silvestre do Brasil, sem duvida uma das mais dignas de admiração. Se o Cedro do L-.hano mereceo tanta attenção dos poetas europeos, só pela sua altura, elevando seu collo sobre as outras de seu reino, que diremos do Visgueiro ? O visgueiro é o gigante da florest;i brasileira ; elle ergue sua vistosa cú- pula de maneira que, com um simples lance de vista ao longe, vô-se-o como o rei da selva, dominando toda a matta, e distinguindo-se de todas as demais arvores. Elle é de tronco colossal, até certa altura sem ramificação, e d'ahi por diante estendendo seus grossos galhos em verticillio horisontalmente, e for- mando uma cúpula engraçada, re- vestida de uma folhagem em palmas miúdas, densas, e de um verde gaio. Sua casca é grossa, escura e sul- cada. Esta copa oíferece grande e ma- gnifica sombra, uma vez que não seja na épocha da anthese, porque então exsuda de suas flores abundante sueco viscoso, que alastra o chão, e cuja consistência é tal, que agarra um pássaro por maior que seja, se alli pousar. As flores são pequenas, engastadas em um corpo arredondado, de duas pollegadas de circumferencia ; são como angélicas brancas. O fructo, porém, é uma vagem longa, de 48 centímetros de comprimento, on- dulada, com sementes redondas dentro. E' curioso vêr-se os pedúnculos das flores, á semelhança de um cordão tran- çado de retroz carmezim, com sua borla na ponta amarella, embalando- se ao soprar dos ventos. Mas, para contrastar essa belleza, deu- Ihe a natureza um lenho frágil, po- roso, e de um branco desagradável, tanto que só serve para ser empre- gado em obras inferiores, taboado, etc Ha duas espécies, sendo uma de flores amarellas ; no mais confundem-se. Viuíva. (IBòrj — Fam. das Apocy^ia- XIQ XIX 4»1 ceãs. — E' uma flor exótica, que em Pernambuco recebe este nome, sem duvida, pelo facto de ser roixa. Ella é um arbusto trepador, ou que inclina-se sobre outras plantas. E' esgalhada. De folhas oppostas, ovaes-agudas, de côr veide escura, e um pouco duras. Flores em cachos, espigados, de um roixo bonito, e aspecto como o do Jasmim, tendo porém no centro um botãosi- nho do mesmo tecido, que tapa o tubo da flor ; ella tem leve cheiro. VijBva. (ílòp) — Fam. das Mclasto-\ maceas. — E' uma planta de jardim. I A flor é roixa e muito bonita ; na ; Bahia dão este nome. S \'«ba. — Gynerium sacharoides, Nees — Arimdo sagittaria , Marco Pers. — Fam. das Gramíneas. — Este vegetal é uma gramínea gigante, de altura de 5 a 6 metros, de folhagem grande, e flores em densos cachos. O cosimento de suas raizcs é em- pregado contra a queda dos cabellos. A planta é sacharina e mucilaginosa. VíiííriiMie. — Helicteres hrasiliensis. — Helicteres irosa, Yell, e Linn. — Fam. das Stercííliaceas. — Arbusto de folhas cordiformes, oblongas. O fructo é em espiral, a maneira de um sacca-ròlha. As flores são usadas nas anginas, em gargarejos. Ha muitas espécies. x: Xei*iEagiieíra do PaPís. — 7" Se- ringueira. Xiiaibssií vse. — Acácia. — Fam. das Le- guminosas-— Arvore do Brasil, conhecida por este nome nas Alagoas. XâquceSiÊífíBe. — Ha varias espécies com este nome. Xi^' <é'7. ^£'N ^ \.4 '^ i^^ií^' ■*'^-."-' -.-"'.V- iSíííS^^lsi?^^-'^^'' . < c CJ -—J è d lOo L— • i£; -^ -^ — ? w -^ Fio, N '.':•> o SliMAnEÍCvpi'i|»t^<3i""'' New York Botânica! 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