QK265 .E3 Edwall, Gustavo, 1862- Ensaio para synonimia dos nomes populares das plantas indígenas de i Estado de S. Paulo ■ ! E i SÃO PAULO ;•: Mi : ^ BOLETIM IV." IO Ensaio para uma synonimia dos nomes populares das plantas indígenas do Estado de jS. Paulo PARTE por GUSTAVO E D WALL Publicada no período presidencial do Vr. Jorge Tiberiça sendo Secretario da Agricultura o Vr. Carlos Botelho KHPHffilntrt:* SÂO PAULO Typographu e Papelaria de Vanopden & 7, 9 h 11, RUA 00 ROSÁRIO, 7, 9 e 11 1906 E DE SAO PAULO BOLETIM IV\0 1£> Ensaio para uma synonimia dos nomes populares das plantas indígenas do Estado de jS. Paulo 2.a PARTE POR GUSTAVO EDWALL Publicada no período presidencial do Dr. Jorge Tiberiça sendo Secretario da Agricultura o Dr. Carlos Botelho ** — -oo — ■ "" = ^7 S^ SÃO PAULO Typographia e Papelaria de Vanorden &' Cia. 7, 9 e 11, RUA DO ROSÁRIO, 7, 9 e 11 1906 LIBRARA 63 • £ 3 Ensaio para uma synonimia dos 'nomes populares das plantas indígenas do estado de s. paulo 2. PARTE POR GUSTAVO EDWALL liste trabalho deve ser considerado como a primeira continuação da matéria tratada no Boletim N.° 10. Con- servamos aqui a ordem alphabetica na relação das espécies e o mesmo systema de diagnosticai- as concisamente, por motivo de ser este, tal como o boletim supra citado, um trabalho preliminar que mais tarde, quando reunido ainda mais material, servirá como base para uma obra meramente systematica. S. Paulo, em abril de icjoj O jlucfor. Abutinha. — Fam. Menispermacece — Cissampelos glaberrima V. St. Hil. Outros nomes e descripção desta planta, vide o Boletim n.° 10, pag. 26. Acaciroba, Caírussú, Herva de Capitão. — Fam. TJmbel- liferce — Gen. Hydrocotyle. Plantas de ordinário prostradas, emittindo raizes nos nós, as mais das vezes de porte pequeno. Folhas plicadas na vernação, inteiras, palminervadas ou palmato-dissectas. Inflorescencia umbel- liforme simples ou raras vezes, umbelliforme-composta. Flores brancas, muitas vezes purpureo-maculadas ou lineadas, hermaphro- ditas, pequenas. Cálice sem dentes. Pétalas inteiras, agudas, levemente concavas. Fructos e sementes comprimidos dos lados. Este género é vastamente distribuído pela America do Sul e bem representado no Estado de S. Paulo. Habita de ordinário nos logares húmidos do littoral e do interior. Na medicina popular é conhecida como remédio contra os enfartos do fígado. Emprega-se o sueco das plantas em doses de 8 — 16 gr. — dose elevada produz vómitos. As espécies mais communs em nosso Estado são : H. barbarossa Cham., callicephala Cham., hirsuta Sw., leucocephala Cham., quinqueloba Cham., ranunculoiães L. 1, umbellata L. f., e verticillata Thunb. A denominação mais conhecida d'estas plantas é a da Herva de capitão. _ 8 — Agrados, Brincos de Princeza, Fuchsia — Fam. Ocnotheracew — Fuchsia integrifolia Chamb. Subarbusto sarmentoso, alto-trepadeirà, todo liso. Folhas oppostas ou mais ou menos verticilladas, ovaes, coriaceas, 5 — 10 ctm de comprimento com peciolo curto. As flores são grandes, rubras, inseridas nas axillas das folhas; superiores, pendentes com pedúnculos compridos, solitários ou 2 — 3 verticilladas. Pétalas 4, muito mais curtas que as lacinias do cálice, ob-ovaes. Estames 8, dos quaes 4 menores, sobresahindo das pétalas e das sepalas. Fructo baga carnosa, oblonga, pendente, escuro-rubra até preta com sementes ovaes. Habita nas mattas virgens da Serra do mar, florescendo nos mezes de verão. Como planta ornamental acha -se ás vezes, cultivada nos jardins. As bagas são comestiveis e do lenho se faz uma tinta preta. O nome de brincos de princeza é o mais conhecido no Estado de S. Paulo. Agtjapé do grande, Ygoga. — Fam. Nymph&acece — Ngm- phaa ampla D. C. Planta aquática, perenne, com rhizomas submergidos, esto- lonifera, folhas grandes, coriaceas, grosso-nervadas, irregularmente sinuoso-dentadas com dentes obtusos, cordiformes ou peitadas, bilobadas na base com lobos grandes e distantes, fluctuantes. Peciolo muito comprido, alado, unifoliolado. Flores grandes, bran- cas ou azuladas, magnificas. Pedúnculo comprido, unifloro. Fructo baga esponjosa, irregularmente dehiscente. Habita no Rio Una da Aldeia, afluente da Ribeira de Igua- pe, e também em outros rios da beira mar. Constitue magnifico ornamento para os tanques dos jardins públicos e . botânicos e floresce nos mezes da primavera. O nome da Ygoga é tupi, significando que bóia. Entretanto Piso descreve esta planta (anno 1658) sob o nome de aguapé, e Caminhou menciona-a com o nome de aguapé do grande. Aguara quita (ou assú) Oarachichú, Herva de bicho, Pimenta de gallinha. — Fam. Solanacce — Solanwa nigrum L. Para descripção e outros nomes d'esta planta vide o Boletim n. 10, pag. 73, resp. Boletim n. 13. pag. 36. Os nomes de Herva Moura e Pimenta de gallinha prevalescem no Estado de S. Paulo. Alecrim do campo — Fam. Labiatce Keithia gracilis Benth. Planta herbácea na base grossa e lenhosa, com caule sim- ples ou um tanto ramoso, quadrangular, glabro, levemente sul- cado e folhas sesseis, pequenas, oblongo-lineares, obtusas, inteiras ou denticuladas e inflorescencia em racimos terminaes, alongados. Cada inflorescencia, axillar 2 — 4 flora. Flores pequenas, curta- mente pedicelladas, com cálice tubiforme, estriado, villoso. e co- rolla côr de purpura, pubescente e de tamanho variável. Estvlete sobresahindo e os estames inclusos. Habita nos campos e floresce nos mezes de outono. A sua propriedade de ser aromática lhe deu o nome, o qual parece-nos bem applicado em vista de certa semelhança com o alecrim verdadeiro. Outra planta. Yernonia brevifolia Less.. com este mesmo nome vide o Boletim n. 10, pag. 11. Algodão, Amaxiú — Fam. Malvacece — Gossypium bar- badense L. Planta arbustiva com caule erecto, ramoso de galhos patentes e compridos. Folhas alternas, 12 á 16 ctm. de comprimento, um tanto mais largas, largamente cordiformes, 3 — 5 lobadas com os lobos ovaes ou oval lanceolados, agudas ou acuminadas. por baixo mais pallidas, 3—5 nervadas. Peciolo do comprimento das folhas, estipulado. Inflorescencia solitária nas axillas das folhas superiores. Flores grandes com cálice õ — crenado e pedúnculo mais curto que o peciolo. Pétalas amarellas. veiadas na base de estrias de côr escuro-purpurea. No estado selvagem é um arbusto perenne, porém, em cultivo a planta torna-se annual o bieunal. Cultivada, ha annos. n este Estado, para cuja riqueza largamente contribuiu, cahiu o seu cultivo nos últimos tempos mais e mais em abandono. O nome de algodão deriva-se, provavelmente, do árabe ai cotun que por sua vez corresponde com palavra ethiopica e outra da Assyria que significa delgado, fino. (Dictionary de Webster). ••Suppomos que esta e, talvez, mais espécies do algodoeiro, como hirsutum e religiosum, sejam indígenas no Brazil. Falam delia, Hans Staden (1547—1555), Gabriel de Souza (1570—1587), chamando-a maniim, e mais Luiz Ramirez, o companheiro de Diego Garcia, em duas cartas, uma escripta em S. Catharina ao 28 de outubro de 1527 e outra de Pernambuco ao 10 de julho — 10- de 1528. Padre Nóbrega, Claude de Abbeville, Ivo d ' Ivreux e muitos outros confirmam plenamente esta asserção de forma que o grande historiador nacional, F. A. Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, pode affirmar positivamente a espontaneidade d'este vegetal no Brazil." (Lõfgren). O nome tupi mais exacto deve ser o de maniú. ,, Alem das fibras que o algodão apresente e que a collocam , acima do linho, outras são as utilidades que tem. A medicina , d'elle também se approveita. As suas folhas são emollientes , como as da malva, as sementes dão óleo, 23 a 67 %, que , dizem ser bom e nutritivo, é usado no tratamento das inter- , mittentes As mesmas sementes cosidas, sendo um quarto da , agua para um de .sementes, na dose de uma colher de chá da , mesma agua, antes do accesso o evita. As raizes tem proprie- , dades diuréticas e de produzir contracções uterinas, como o , centeio espigado. Como abortivo era usado pelos escravos. O , algodão batido é excellente nas queimaduras ; do mesmo algodão , prepara-se com acido azotico fumante e sulphurico monohydra- , tato o algodão pólvora, pyroxilina, grande explosivo, com que , se prepara o collodio que é a união da pyroxilina, com ether e , álcool empregado na medicina e photographia. O óleo das , sementes do algodão das quaes Kuhlmann tirou uma bella côr , azul, é empregado em saladas quando extrahido a frio, e para , luz quando ao fogo. No primeiro caso é branco e no segundo , amarellento." (Barbosa Rodrigues: Hortus Fluminensis). Alguns exemplares do herbario da Cornmissão foram colhi- dos dentro de uma casinha em ruinas no littoral, parte da cidade- de Ubatuba. florescendo no mez de maio. Amor peepeito do matto. — Fam. Orchidacece — M/ltonia Regnellii Reichb. f. Planta epiphyta das chamadas «parasitas», com semibulbos; de 6 cents. de comprimento, ovaes-oblongos, 2 foliados. As folhas são lineares e até 25 cent. longos. O pedúnculo floral é forte, ás vezes mais comprido do que as folhas, com a inflorescencia de 3-6 flores grandes. As sepalas são lanecoladas. as pétalas um tanto mais largas, todas de côr rosa-violacea. O labello grande, quasi quadrado na sua parte estendida, é do côr de rosa-clara com estrias mais escuras, tendo na sua parir inferior 8 lamellas,. das quaes a no meio é a mais curta. Orchidea de grande valor ornamental, sempre occupa logar saliente nas eollecções de amadores deste família. — 11 — Habita nas mattas do planalto e na Serra do Mar, florescendo- nos mezes da primavera. O seu nome vulgar não é conhecido geralmente, mas pare- ce-nos acceitavel. Naturalmente foi uma certa semelhança super- ficial da flor com a do verdadeiro amor perfeito - Viola tricolor L., var. máxima que deu a origem d'esta sua denominação. Andirova, Cipo de jabotá, de jabuti, Fava de Santo Ignacio, Guapêva, N'handirova. — Fam. Cucurbitacece — Feuil- lea trilobata L. Herva trepadeira ou arbustiva com ramos finos, anguloso,, sulcados, tomentosos ou pubescentes. Folhas longo-pecioladas- membranosas, ovaes ou suborbiculares, pubescentes ou tomento- sas, 3 ou 5 — lobadas, com lobos inteiros, ás vezes sub-inteiras,. 8 — 12 cent. de comprimento e de largura. Flores pequenas, em paniculas multifloras, pendentes, esverdeadas. Fructo globoso, le- vemente ferrugineo-tomentoso, 7 — 9 cent. de grossura, trilocular: Sementes grandes, comprimidas, rugosas, oleosas e muito amargas. Habita nas beiras das roçadas novas por quasi toda a parte, florescendo nos mezes do verão. Empregam-se d'esta planta as folhas e as sementes. Estas são tónicas e estomachicas, aquellas, quando seccadas, dizem ser remédio coDtra mordeduras de cobras. Também é usada contra o rheumatismo e diversas doenças de gado. O ultimo nome é tupi e significa, segundo o general dr.. Couto de Magalhães, azeite amargoso, No entanto ouvimos outra versão : fructo do campo, i. é. logar feito campo: roçada. Angelim de folha grande. — Fam. Leguminosce — Anclira anthelminthica Benth. Arvore grande com folhas compostas de 9 — 13 f oliolos oblongos ou obovaes, acuminados ou obtusos, na base arredon- dados, lisos na parto superior e pubescentes na inferior, maiores do que nas outras espécies paulistas. Inflorescencia em paniculas, mais curtas do que as folhas, ferrugineo-tomentosas. Bracteas e estipulas muito pequnas, caducas. Corolla violácea; fructo vagem pequena. Habita, mas não vulgarmente, nas mattas do planalto e flo- resce nos mezes da primavera. — 12 - Dá boa macieira. O decocto da casca e das folhas passa por vermífugo. Segundo Barbosa Rodrigues esta Andira traz também os nomes de Angelim amargo, Andyra-yba e Páo de morcego, al- cançando a altura de 40 m. com um tronco de 3,50 m. de cir- cumferencia. Angelim Doce — Fam. Leguminosa} — Andira fraxinifolia Benth. Arvore de tamanho médio com ramos novos ferrugineo- tomentosos. Folhas alternas compostas de 9 — 11 fólios oppostos, oblongo-acuminados não coricaceos, em baixo pubescentes ou glabros. Inflorescencia paniculada, curta, multiflora, tomentosa. Estipulas, bracteas e bracteolas pequenas, caducas. Flor côr de rosa; fructo vagem pequena, glabra. Habita nas mattas da beira mar e floresce nos mezes da primavera. Dá boa madeira e é considerada vermífuga. Angelim Penima, Pintado — Fam. Leguminosoe — Andira Pisonis Mart. Arvore muito semelhante ás duas supra descriptas, com folhas compostas de 5 — 9 foliolos coriaceos, oval-oblongos, na pagina superior lisos e na inferior tomentosos. Ramos floriferos mais ténues do que da A. fraxinifolia e folhas menores do que as da A. anthelminthica. Parece ser mais rara que a antecedente. Habita, entretanto, na Serra do Mar abaixo, onde floresce nos mezes da primavera. As propriedades e uso são provavelmente os mesmos que das duas outras. A madeira desta arvore é mais ou menos manchada ou pintada. Aroeira, Aroeira Branca, Aroerinha — Fam. Anacar- diaceos — Lithroea molleoides Engl. Arbusto ou arvore pequena com os ramos novos escassamente pubescentes e os adultos glabros. As folhas são alternas, sub- vcoriaceas, lisas, impari-pinnadas, 1 — 3 jugas com o peciolo alado — 13 — e canaliculado por cima. Os foliolos são sesseis. agudos na base, linear-oblongos, com numerosas nervuras paralellas, de compri- mento igual ou decrescendo para cima, no ápice mucronados. Inflorescencia paniculada, pilosa, mais curta que as folhas, com flores /pequenas, verde-amarelladas. . Fructo drupa globosa, com epicarpio nitido, cartaceo e branco. Habita nas capoeiras e nos campos, florescendo nos mezes do inverno e da primavera. A madeira é considerada boa para diversos usos em mar- cenaria e construcções. O segundo dos nomes deve prevalecer para designar esta espécie. Outras plantas com este nome acham-se mencionadas no Boletim n. 10. pag. 18, Aromas. Esponja, Esponjeira.- Fam. Leguminosce -- Acá- cia Farnesiana Willd. Arbusto grande, muito ramoso, um tanto tortuoso, espinho- so-estipulado. Folhas composto-bipinnadas, pinnas plurijugas e foliolos até 20 e 25 jugos, lineares, sublisos, glandulosos e muito pequenos. Inflorescencia em capitulos globosos, amarellos com pe- dúnculo comprido. Fructo vagem gorda, quasi fusiforme, carnoso- esponjosa por dentro, com muitas sementes pardas e duras. Cultivada por toda a parte floresce quasi durante o anno todo. Segundo Barbosa Rodriges as flores aromáticas empregam-se para aromatisar a roupa, o tronco exhuda uma resina, semelhante a gomma arábica e as sementes são consideradas muito veneno- sas mas dizem que o antídoto se encontra nas próprias raizes. O mesmo autor diz também que: «ha uma crença de que quando as raizes da planta chegam á cosinha da casa.- o proprie- tário morre, pelo que sempre esta espécie se planta longe das moradas ou quando cresce muito e está próxima á habitação, se corta». Dos nomes o segundo prevalesce no Estado de S. Paulo. Arriozes, Jttqttirirana, N'imbot. — Fam. Leguminosce — Ccesalpinia Bonducella Roxb. Cipó arbustivo com espinhos fortes, pequenos e recurvos. Folhas até 50 cent. de cumprimento, de contorno oblongo, com- postos de 7 pares de pinnas, cada pinna até 8 pares de foliolos. — 14 — oblongos, pubescentos, membranosos, subsesseis com espinhos no lado inferior. Inílorescencias nas axillas superiores. Fructo va- gem coriacea, bivalva, muricada, com 2 — 4 sementes. Habita no litoral, onde se encontra com fructificação madura nos meses de inverno. Pode ser applicavel para cercas. E' reconhecida como me- dicinal e das sementes extrahe-se uma resina amarga, chamada JBonducina, considerada tónica e antifebril. Dos nomes indigenas d' esta planta, deve talvez prevalecer o segundo, que conforme a opinião do general dr. Couto de Magalhães deve ser escripto n'henboi. Entretanto Barbosa Rodri- gues prefere escrever inimbó e Yuquiry onhã, dizendo que estas palavras tupis significam fio de rede que corre. « Outra versão que parece mais racional é simplesmente que se assimilha á Juquiri de, Juquiri planta espinhosa, e, rana que se assimilha.» (Lofgren). Arvore de preguiça, Embaúba, Imbauba. — Fam. Moracece — Gen. Ceeropia. Nomes genéricos para todas as Cecropias brazileiras, das quaes Miguel na Martii Flora Brasiliensis menciona 16 espécies. São os seguintes os caracteres deste género : Arvores com tronco fistuloso e leite abundante. Folhas longo-pecioladas, na face inferior branco-tomentosas ou verdes em ambas as paginas, peitadas, com 7 — 13, de ordinário 9—11, lobos; bractea grande, caduca. Flores em espigas numerosas, densas, cylindricas, das quaes 2 — 60 no ápice d'um estipite, cobertas cTuma estipula grande. As espigas masculinas ténues, as femininas mais densas. Fructo oblongo, coberto pelo perigonio muito ténue. Habitam por toda a parte nas mattas do nosso Estado tanto no littoral como no planalto, preferindo, porém, as regiões húmi- das. Os troncos de algumas espécies são sempre habitados por formigas ; a sua madeira não tem emprego especial, apenas serve de bicas e raras vezes de calhas. As folhas constituem comida predilecta da preguiça, d'aqui o nome. Não conhecemos a etymologia de embaúba ou imbauba. Avenca. — Fam. Polj/podiacece — Gen. Adiantum. Assim denominam-se as espécies deste género, das quaes em nosso Estado a mais commum é Adiantum cuneatum Langsd. et Fisch. — 15 — Planta dos cryptogamos, pequena, de parte ascendente ou pendente, muito graciosa. O peciolo é escuro-brunneo ou negro, luzento não articulado e muito ramificado. As folhas são peque- nas, cuneiformes, ao menos 3— pinnadas. Os soros acham-se na margem da pagina inferior dos foliolos, os quaes em estado de fructificação são um tanto viradas, em parte cobrindo os soros. Habita nos logares húmidos das mattas com preferencia nas visinhanças das cachoeiras ou quedas dos ribeirões. Uma terra calcarea é a mais conveniente. Esta planta e muito ornamental mas também tem uso na medicina popular em forma de xarope contra doenças do peito. Azedinha. — Fam. Folygonaeece — Runiex Acetosa L. Planta herbácea erecta, até 80 ctm. de altura, lisa ou pubes- cente na base; folhas basilares, cordiformes ou sagittiforme-ellip- ticas ou ovaes, obtusas, longo-pecioladas ; as folhas superiores sesseis, hastiforme-lanceoladas, agudas. Inflorescencia paniculada, alongada, subsimples, aphylla, em pedicellos articulados em cima da base. Flor pequena; fructa capsula secca, escuro fosca, lisa, pequena. De ordinário é toda pubescente mas varia muito quer no tamanho quer na côr. Introduzida do continente europeu temol-a encontrado perto da Estação de Campo Grande (S. Paulo Raihvay) onde floresce nos mezes da primavera. Contem um sueco acido, e uma variedade com folhas maiores cultiva-se nas hortas. O nome é o mesmo que á planta é dado no Portugal. Azedinha do brejo, Herva de sapo, de saracura. — Fam. Begoniacece — Gen. Begónia. Nomes genéricos para as Begónias que habitam nos brejos, beiras dos rios e campos húmidos. As mais conhecidas são as seguintes : 1 . Begónia Semperflorens Link et Otto, Azedinha do brejo. Planta herbácea, erecta, ramosa, de 20 a 40 ctm. de altura com caule carnoso, glabro, verde, muito foliosa. As folhas carnosas, luzentes, subcordiformes ou obliquo ovaes, crenado- — 16 — onduladas, 6-8 nervadas, pecioladas e estipuladas. Inflorescencia glabra, pauciflora com flores brancas ou côr de rosa e fructo capsula alada polysperma com sementes obtusas. Habita nos terrenos húmidos desde a região baixa e quente do littoral até aos planaltos do interior, florescendo, parece-nos, quasi todo o anuo. Esta especia foi, ha muitos annos, introduzida na jardinagem europea e os cultivadores d'ella obtiveram excellentes variedades como as de folhas rubras, de inflorescencia multiflora, estructura baixa etc. Como ornamentação dos jardins públicos é objecto de cultura em grande escala nos paizes estrangeiros. 2. Begónia elata Klotzsch, Herva de sapo. Planta herbácea, erecta, 20 a 40 ctm. de altura com caule e ramos glabros, folhas 6-nervadas, obliquo-ovaes agudas, cordifor- mes. anguloso-sublobadas, crenado-dentadas, glabras por cima e pubescentes em baixo na base das nervuras, com peciolo sub- pubescente. Inflorescencia em cymas paucifloras, bracteada. Flores- côr de rosa. Fructo capsula secca, alada, polysperma. Habita nos logares húmidos do littoral e do planalto. Floresce- nos mezes da primavera. 3. Begónia hirtella Link. Herva de saracura. • Planta herbácea com caule ramoso, em cima villoso, na. base glabro. Folhas 7—9 nervadas, obliquo-oval-agudas condifor- mes ou subcordiformes, sublobado crenadas ou dentadas, em cima um tanto pilosas por baixo mais glabras. Peciolo mais ou menos villoso. Inflorescencia cymosa pauci- ou multiflora. Flores brancas. Fructo capsula quasi orbicular. Habita nos logares semelhantes ás da anterior e floresce na mesma epocha. As begónias de brejo contem, segundo Chernoviz, uma sueco acido, usado como remédio popular contra a diarrhoea na dose de 30 a' 60 gr., internamente contra as aphtas, affecção da da macosa bucal. Este sueco contem oxalato de potassa. A v mara. Posoqueri. — Fam. Bitbiaecoe — Posoqueria jialus- tris Mart. Arbusto (arborescente?) com os raminhos finos, engrossados nos nós, densamente pilosos. Folhas curtamente pecioladas até — 17 — 11,5 cin. de comprimento e 4,5 cm. de largura, oblongo-lanceoladas, na base arredondadas, herbaceo-membranosas, nas nervuras da pagina superior um tanto pubescentes, na inferior molle subtomen- tosas. Inflorescencia pedunculada. multiflora; a corolla branca alongada, até 17 cm. de comprimento, dividida em lacinias obtusas com tubo comprido, liso no interior e na base exteriormente pubescente. Ovário piloso. Fructo baga carnosa, amarella. Habita nas regiões maritimas do Estado. Colhemos exempla- res na margem do Rio Ribeira de Iguape, onde floresce nos mezes da primavera. Apezar de estar-mos em duvida á respeito da confiança nos nomes indígenas encima dados, não podemos deixar de registral-os aqui. Outros nomes de outras Posoquerias são mencionados no Boletim n.° 10 e os por nos apresentados, realmente nos foram fornecidos no logar onde colhemos a planta. Azeitona do matto, Jó-mirim. — Fam. Myrsinacece - JRa- panea ovalifolia (Miq.) Mez. Arbusto arborescente com folhas alternas, inteiras, ovaes ou oval-resp. obloneo-ellipticas, coriaceas, arredondadas no ápice e subagudas na base. Inflorescencia axillar em fascículos umbel- liformes com pedicellos muito curtos. Flores pequenas, de côr branco-verde ; fructo drupa-globosa, pequena, escuro-vermelha. Habita em logares húmidos do littoral e floresce nos mezes da primavera. Segundo Caminhoá o fructo é comestivel, principalmente em conserva de vinagre. O nome de jó-mirim deve prevalecer. Vide Boletim n. 15. Barbasco, Verbasco. — Fam. Srophulariacece — Verbascum JBlattarioides Lam. Planta herbácea, erecta, biannual, até 1 m. de altura com caule simples ou, ás vezes, um pouco ramificado, por cima subanguloso, estriado, glandulifero-pubescente, viscoso. Folhas inferiores curta- mente pecioladas, oblongas, alternas, grosso-crenadas ou sinuoso- subpinnatifidas; as de cima sesseis, acuminadas, membranosas, visco- sopubescentes, menores, as vezes cordiforme-semiamplexicaules. Inflorescencia racimosa alongada. Flores curtamente pedunculadas, grandes, amarellas. Corolla na base interiormente violaceo-pubes- cente, rotacea. Fructo capsula secca, globosa, com sementes numerosas. - 18 — Habita tanto no littoral como no interior (espontaneamente ?) e floresce nos mezes da primavera. Deve gozar do mesmo uso que o verbasco europeo. Empre- gam-se d'este as flores e folhas nas affecções pulmonares. Outra planta, Buddleia brasiliensis Jacq., do mesmo nome, vide Boletim n. 10 pag. 22. Bardana, Pega pega. — Fam. Compositoe — Arctium minus Schk. Descripção e outra denominação desta planta vide os Boletins n.° 10, pag. 41 e o n.° 12 pag. 434. Barrigudo, Jaracatiá, Mamãosinho, Mamoeirixho, Mamão DO MATTO Designam-se com estes nomes duas arvores differentes, mas ambas pertencentes a familia Caricacce. São estas Carica querci- folia Solms. e Jacaratia dodecaphylla A. D. C. Chave diagnostica: Corolla alterna com o cálice. Estames livres — Carica Corolla opposta ao cálice. Estames unidos na base — Jacaratia 1. Carica quercifolia Solms. Arvore arbustiva, irregularmente ramosa com ramos grossos e herbáceos. Folhas variáveis na sua forma, lobadas ou inteiro- hastadas ou na base 2 — 3 dentadas, glabras, pecioladas. Inrlores- cencia axillar das folhas adultas, pedunculada, com as flores de ambos os sexos ainarello-verdes, as fêmeas solitárias e terminaes, as masculias numerosas em cymeiras. Fructo subpiriforme, 4 cm. de comprimento e 1.5 cm de largura. Habita nas mattas virgens do interior deste Estado onde floresce nos mezes da primavera. Cresce também nas republicas visinhas nossas como p. ex. em Paraguay, Argentina e Bolívia. 2. Jacaratia dodecaphylla A. D. C. Arvore alta, munida «la aculeos cónicos, obtusos e esparsos, e com medulla do tronco branco. Folhas arredondadas de ambos os lados, pecioladas e digitiformes com 7 — 11 foliolos alongado- — 19 — ovaes, inteiros ou sinuosos, curtamente apiculados e longo-pecio- lados. Inrlorescencia axillar, a masculina pedunculada, racimosa, multiflora, a feminina curta, uniflora. Flores amarello- verdes, carnosas. Fructo pendente, oval-cylindrico, amarello ou côr de ouro, 6.5 cm. de comprimento e 3.5 cm. de largura, odorífero, doce. Habita nas mattas do nosso Estado p. ex. Serra Negra, é bastante commum. Floresce no mez de outubro. Os colonos allemães em Santa Catharina chama esta arvore Kohlrubenbaum. Os fructos são comestíveis depois de ter sido mergulhados em agua por muito tempo. Seg. Chernoviz emprega-se o sueco do fructo na opilação, dose de uma colher de sopa duas vezes por dia. A casca destas arvores fornece matéria prima têxtil. Batata de escamas, Boa noite, Fel da terra, — Fam. Balanophoracece — Lophophytum Leandri Eichl Planta pequena, muito curiosa, que cresce nas mattas virgens como parasita sobre as raizes das altas Leguminosas, especialmente das Ingás. Tem o aspesto de um cogumelo grande e duro. Os seus rhizomas formam um tubérculo subrotundo e irregular que depois se torna mais redondo, e de côr parda. Cobre -se este tubérculo numa certa época de escamas agudas e lisas, formando- se em seguida um estipite, . sobre o qual a inrlorescencia se des- envolve. Este estipite attinge, ás vezes, um comprimento de 30 ctm., medindo na base até 8 ctm. de diâmetro. A inflores- cencia, cujas flores masculinas oceupam a maior parte (a superior) do estipite, é na sua totalidade da forma de um espiral, muito regular. Floresce nas mezes do inverno e da primavera. O nome de Boa Noite (Estado de Sta. Catharina) lhe vêm do facto de apparecer de repente e logo depois de um chuva. Entretanto será melhor conservar o primeiro nome. O pollen das flores masculinas, de côr amarella desenvolve- se em abundância e passa na crença do povo ' por aphrodisiaco. Batata de purga, Jalapa de Lisboa. — Fam. Convólvu- lacece — Operculina Convolvulus Manso. Planta trepadeira, inteiramente glabra com caule alado, torcido e avermelhado. As folhas tem 5 a 15 ctm. de com- — 20 — primento, são profundamente 3 — 5 ou 7 — lobadas com lobos elliptico-lanceolados, inteiros ou sublobados e peciolo alado. Flor eampanulada, branca, grande, com cálice verde. Fructo capsula secca, bilocular, de ordinário com 4 sementas pretas, grandes e muito duras. Habita em vários logares do Estado com preferencia no littoral, onde foram colhidos exemplares florescentes no outono e com sementes maduras no inverno. "A raiz e considerada purgativa e as sementes algumas vezes são usadas como substituto de café." (Dr. Pitombo). O nome lhe vem das propriedades da raiz. Outra planta com este nome acha-se indicada no Boletim n. 10 pag. 23. Baunilha. — Fam. Orchidacece — ■ Gen. Vanilla. Com este nome designam-se em S. Paulo varias espécies das quaes daremos as respectivas descripções. 1. Vanilla planijolia Andr. é orchidea trepadeira de porte muito' robusto, caule liso, flexuoso até 2 cm. de grossura. Folhas grossas, curtamente pecioladas, patentes ou ás vezes, viradas, até 22 ctm. de comprimento e 6 ctm. de largura, oblongo-lanceoladas, longo - acuminadas. Inílorescencia em espiga, com pedúnculo cominam grosso, 8-20 floro com bractas levemente concavas, curtamente acuminadas, rígidas. Flores grandes, amarello-verdes, com sepalas planas ou um tanto concavas, até H,õ ctm. de com- primento e 13 mm. de largura, oblongo-lanceoladas. Pétalas semelhantes mas um tanto menores. Labello até 5 ctm. de com- primento, amarellado com estrias aurantiacas. Fructo capsula alongada até 22 ctm. de comprimento e 1,5 ctm. de largura, unilocar, aromático, escuro-fosco, liso com sementes pretas nume- rosíssimas. Habita, mas raro, em logares sombrios e húmidos em nosso Estado. E este a verdadeira baunilha, actualmente objecto de gran- des e importantes culturas em vários paizes tropicaes e subtro- picaes. 2. Vanilla Pompona Schiede. Planta trepadeira, robusta. Caule comprido, ramoso, flexuoso até 1,5 ctm. de grossura, carnoso, engrossado nas nós. Folhas curtamente pecioladas, grandes, coriaceas, até 20 ctm. de com- primento e 8 ctm. de largura, muito grossas, patentes, oval- oblongas, no apire agudas, na base subcordiformes. Inflorescencia — 21 — em espiga, 6--8 • flora com pedúnculo commum grosso, até 4 ctm. de comprimento. Bracteas distichas, oval-cordiformes, até 18 ctm. de comprimento. Flores grandes, amarelladas, com sepalas patentes, oblongo - lanceoladas até 8,5 ctm. de comprimento e 16 mm. de largura. Pétalas semelhantes mas um tanto menores. Labello até 9,5 ctm. de comprimento, interiormente amarello. com limbo um pouco 3 — lobado. Fructo capsula grossa, até 15 ctm. de comprimento e 18 mm. de largura, cylindrico, arcoado, escuro- fosco com sementes pretas numerosíssimas, muito aromático. Habita nas regiões limitrophes de Minas Geraes, onde é mais commum. Merece a attenção especial dos lavradores, porque em cultura racional ou por cruzamento com a V. planifolia Andr., poderá produzir um producto rival da melhor baunilha do commercio. 3. V. parvifolia Barb. Rodr. Planta trepadeira com caule robusto, alongado, flexuoso- Folhas sesseis, pequenas, patentes ou reviradas, agudas, sub- rotundas na base, até 8 ctm. de comprimento e 4 ctm. de largura. Inflorescencia axillar, uniflora. Flores pequenas, branco-esverde- adas, inodoras. Sepalas carnosas, até 5 ctm. de comprimento e 1,5 ctm. de largura, as lateraes um tanto menores, patentes, obtusas. Pétalas lanceoladas, agudas, onduladas na margem, re- viradas na ápice carinadas por baixo, um pouco mais curtas e mais estreitas que as sepalas. Labello até 4 ctm. de comprimento e largura, distinctamente trilobado, com lamellos brancos no centro. Fructo suberecto pequeno, 8 ctm. de comprimento e 9 mm. de grossura, subfusiforme, levemente trisulcado. Habita no Serra do Mar e da Cantareira e floresce no mez de fevereiro. 4. Vanilla aromática Swartz Planta trepadeira com caule alongado, ramoso, mais fino. Folhas sesseis ou subsesseis, erecto patentes, oval-oblongas ou oval lanceoladas, acuminadas no ápice, subrotundas na base, até 18 ctm. de comprimento e 7 ctm. de largura. Pedúnculo com- mum da inflorescencia levemente flexuoso, 3 — 5 floro, ás vezes 1 — floro com bracteas erecto-patentes. ovaes ou oval-oblongas, agudas ou acuminadas. Flores grandes, branco-esverdeadas. Se- palas até 6,5 ctm. de comprimento, e 8 mm. de largura, um tanto concavas, estreito-lanceoladas, no ápice acuminadas. Pétalas semelhantes mas um tanto menores. Labello até 4 ctm. de com- primento com uma linha elevada no centro. Fructo capsula in- — 22 — odora comprida, erecta ou um tanto curva, fosco-preto até 30 ctm- de comprimento e 10 mm. da grossura, com sementes pretas, numerosas. Habita provavelmente no valle de Parahyba no littoral do nosso Estado. Esta espécie em condições de cultura favoráveis ou pelo cruzamento com outras baunilhas odoriferas, poderá talvez pro- duzir um fructo acceitavel no commercio. õ. V. Dietschiana G. Edw. E' uma espécie recentemente descoberta e descripta na Revista do Centro de Sciencias, Lettras e Artes de Campinas. Pelo seu porte erecto, differe de todas as outras baunilhas conhe- cidas. O seu fructo e pequeno e erecto. Habita nas visinhanças de S. Bernardo mas parece muito rara. Beldroega. — Fam. Portulacacece. — Portulaca oleracea L. Planta herbácea, prostrada, carnosa, sublenhosa na base, ramosa com caules curtos, lisos, ás vezes avermelhadas. Folhas alternas ou suboppostas, carnosas, planas, obovaes-cuneiformes ou espatuladas, no ápice obtusas, muito variáveis de tamanho, até 40 mm. de comprimento e lõ mm. de largura, Flores terminaes, amarellas ou vermelhas, grandes, com bracteas membranosas, pequenas, ovaes e acuminadas. Fructo capsula oboval com semen- tes pretas, opacas e verrucosas. Habita de preferencia em logares cultivados florescendo nos mezes do outono e do inverno. As folhas desta planta, segundo Caminhoá, são boas para comer-se com carne ou peixe ou como salada ; as sementes pas- sam por emmenagogas e diuréticas. O nome é portuguez e a planta nos veiu da Europa. Beldroega da praia. — Fam. Ficoidacece - Sesuvium Por- tulacastrum L. Planta herbácea com raiz lenhosa e caules prostrados ou ascendentes, glabros e succulentos. Folhas linear ou lanceolado- oblongas, oppostas, obtusas ou um tanto agudas, carnosas, gla- bras, inteiras, não estipuladas, de 50 mm. de comprimento e 10 mm. largura no máximo. Inflorescencia axillar com flores solitárias, pequenas e insignificantes. Fructo capsula oblonga. — 23 - Habita nas praias do littoral, florescendo nos mezes da primavera. Caminhoá aífirma que as suas folhas são comestíveis e na medicina passam pos antiscorbuticas. 0 nome vêm de certa semelhança com a beldroega verda- deira. Boas noites, Coerana. -- Fam. Convolvtãacece. - - Calony. etium speciosum Choisy. Planta sublenhosa, trepadeira, volúvel com raízes tuberosas e caules glabros ou um tanto pubescentes. As folhas são longo- pecioladas, profundamente cordiformes e inteiras ou trilobadas ou anguladas ou sinuoso-dentadas, sempre agudas no ápice. Inflorescencia axillar cem pedúnculo comprido, 1 — 7 — flora. Corolla grande, cheirosa, 5 estriada, branca com limbo arredon- dado e tubo estreito-cylindrico. Fructo capsula oval-acuminada, de ordinário com 4 sementes. Habita nas margens dos rios e capoeiras húmidas, flores- cendo nos mezas do verão. A sua distribuição geographica sobre o continente sulamericano é muito vasta. Usa-se em banhos quentes como anti-rheumatico e conside- ra-se ornamento para os jardins. O nome vêm do facto de abrir as flores somente da tarde ou quando o tempo é brusco. Coé = amanhecer, rana = causa que tem semelhança á, se relaciona á. Bolsa de pastor, Braço de preguiça, Capoeira branca, Velame do matto. — Fam. Solanacece — Solanum cernuum Vell. Arbusto arborescente com raminhos, peciolos, inflorescencia e folhas novas cobertas de um indumento denso. Folhas grandes, inverso-ovaes ou ellipticas, alternas, lisas em cima e densamente tomentosas por baixo. Inflorescencia em cymas densas, multi-par- tidas, escorpioidea e pendente. Cálice 5 — fido, villoso. Corolla branca ou brunnea. Fructo baga amarella. No interior não é commum ; habita de preferencia nas mattas húmidas da Serra abaixo e do littoral. Os exemplares do herbario da Commissão foram colhidos em Cubatão e Raiz Nova da Serra. Floresce nos mezes do inverno e da primavera. Segundo von Martins e Chernowiz é ella muito medicinal. As suas folhas podem ser applicadas externamente nas ulceras e 24 - a infusão delias einprega-se com proveito nas obstrucções do fígado; aconselham a porção de 4 gr. de folhas com 250 gr. de agua fervida. Todos os órgãos da planta, mormente os novos, são reves- tidos duma espessa felpa ou tomentosidade de côr fulva ou pardacente, d'onde vem o nome de Braço de preguiça, o qual deve prevalescer. Caá ingá. - Fam. Leguminosa? Pithecolobium sanguineum Benth. Arvore alta, inerme. Folhas pinnadas, pinnas unijugas com 5 — 7 foliolos ovaes-ellipticos, curtamente acuminadas, iguaes ou desiguaes, coriaceos, nitidos, oppostos ou subalternos, peciolados. Inflorescencia lateral sahindo dos nós dos ramos ou do tronco, em espigas multifloras, curtamente pedunculadas, côr de rosa. Habita nas mattas da Serra de Santos, onde floresce nos mezes de outono. O nome é indígena e significa ingá do matto. Caápomonga, Folhas de louco, Heeva do diabo. — Fam. Plumbaginacce — Plumbago scandens L. Herva perenne, sublenhosa, trepadeira com folhas alternas, membranosas, amplexicaules, oblongo -lanceoladas, curtamente pecioladas, acuminadas, inteiras, ondulado-crenadas, arredondadas ou subcuneiformes na base, lisas e verdes em cima e mais claras por baixo, com nervura central grossa. Inflorescencia em espigas alongadas com bracteas oblongas e acuminadas. Cálice cylindrico, 5 -dentado. Corolla hvpocraterimorpha, branca. õ-lobada. Fructo capsula secca oblonga, õ — sulcado, coriaceo-membranoso, glanduloso. Habita (espontaneamente?) logares húmidos, florescendo e madurescendo nos mezes d<> inverno. As folhas d'esta planta, segundo von Martins e Caminhoá, são cáusticas, e o vulgo as applicam na nuca dos que soffrem de doenças mentaes. O nome de caápomonga é indígena e significa folha ou mato que gruda o que é bem significativo para a planta em questão. — 25 — Caapucá, Cambucá. — Fam. Myrtacece — Marlierea glome- rata Kjsersk. Arvore pequena com ranmlos, peciolos e nervura central das folhas fosco- villosos, folhas oppostas, chartaceae, inteiras, reviradas na margem, pontuadas, lanceoladas ou oblongo-lanceo- ladas longamente acuminadas, agudas na base, glabras e pecio- ladas. Inflorescencia agglomerada nos nós dos ramos defolhados com flores sesseis e brancas. Fructo drupa grande, 1 --2 sperma, amarella, comestível. Acha-se. provavelmente introduzida do Rio de Janeiro, cultivada nos pomares em S. Paulo, e floresce nos mezes da primavera. 0 seu fructo é muito apreciado. 0 nome de cambucá por ser o mais corrente, deve ser preferido. Caatinga, Jacuanga, Paço caatinga. - - Fam. Zingibera- cece — Co«tus spiralis Roscoe. Herva perenne, alta e robusta com caules gordos, lisos ás vezes ramosos, foliosos ; rhizomas tuberosos e raizes grossos. Folhas distichas, obovaes ou ellipticas, lisas, largamente embainhadas. Inflorescencia caulina terminal, multiflora, com bracteas grandes, imbricadas, ovaes, numerosas e flores gordas, côr de purpura. Habita nos brejos e logares húmidos e floresce nos mezes do outono. Não lhe conhecemos applicações. Os nomes são todos indi- genas e quer nos parecer que o de Jacuanga deve prevalecer porque o primeiro já designa outro vegetal e o terceiro é apenas um variante d'este. Cabeceira, Cuieira, Cuiété. — Fam. Bignoniacece — Cres- centia Cujete L. Arvore regular de casca suberosa e esbranquiçada, ramos muito nodosos e raminhos alongados. Folhas simples, sesseis ou curtamente pecioladas com peciolo alado, dispostas em espiral nas extremidades dos raminhos, variáveis na sua forma, inverso-ovaes, subrhomboideo-lanceoladas, agudas ou acuminadas, herbáceas, de ordinário glabras, pubescentes na nervura saliente da pagina inferior. Inflorescencia directamente no- tronco, nos ramos ou - 26 - nos galhos, aphylla e peduncalada, solitária ou bifida. Flor campanulada, grande, inteiramente verde ou inteiramente roseo- estriada. Fructo baga gigantesca com sementes numerosas dentro duma polpa branca e succulenta. Habita em vários logares do Estado e particularmente no littoral. Também acha-se . em cultivo. Floresce nos mezes do inverno. Do pericarpio duríssimo do fructo fazem-se cuias e vasilhas para diversos usos domésticos. A polpa do fructo immaduro, preparada com assucar, é considerada febrífuga e quando madura, a polpa é usada em cataplasmas como emolliente (Caminhoá), O nome que deve prevalecer é o que lhe deu o nome especifico Cujeté ou cuia boa. Cabellinho de Jesus, Mandaravé. Pellego de velha, Quebra Foice. — Fam. Leguminosce — Calliandra Tiveediei Benth. Arbusto ou arvore pequena com ramos tortuosos e ramulos alongados, sericeo-villosos. Folhas pinnadas, pinnas 3 — 4 jugado com foliolos pequenos multijugos (20 — 30). oblongo lineares, nitidos, agudos, glabros em cima e um tanto pilosos em baixo. Inflores- cencia paniculada, axillar e terminal com pedúnculos compridos. Flores pequenas com estames roseo-branco em rubros. Fructo vagem subdura, molle-pilosa. Os estames compridos em varias matizes fazem as flores parecer maiores. Habita em logares húmidos e seccos mas principalmente nas beiras dos rios. O exemplar do herbario da Commissão foi colhido em S. Luiz do Parahytinga, onde floresce nos mezes da primavera. Uma variedade desta espécie — var. Sancti Pauli Hassk. — tem um certo interesse histórico, porque foi descoberta n'um 1 lorto Botânico da Ilha de Java para onde alguém tinha mandado sementes d'aqui. Segundo Barbosa Rodrigues o lenho é muito duro e as flores cozidas dão tinta vermelha e preta O primeiro nome lhe vem da forma comprida dos estames ; o segundo é tupi. Cabelludo. — Fam. Mi/rtaceoe — Eugenia Cabelludo Kjaersk. Arvore pequena ou arbustiva ramosissima, com ramos pen- dentes, flexíveis, densamente villosos e folhagem densa. Folhas op- postas, chartaceas, lanceoladas, acu minadas e reviradas na margem, — 27 — por cima pubescentes e opacas e esparsamente villosas em baixo, com peciolo villoso. Inflorescencia axillar e subterminal com 2 — 3 flores sesseis. Fructo drupa amarella. Acha-se, provavelmente introduzida do Estado do Rio de Janeiro, em cultivo nos pomares de S. Paulo e florosce nos mezes do inverno. O seu fructo é comestivel mas sem gosto especial. Cainana, Cainca, Caninana, Cipo Cruz, Raiz preta. — , Fam. Ruhiacece — Chiococca hrachiata Ruiz e Pav. Arbusto trepadeiro ou subtrepadeiro com raizes grossas e folhas curtamente pecioladas , oppostas, estipuladas, subovaes, penninervadas, lisas e muito variáveis na sua forma. Inflores- cencia em paniculas ou rncimos axillares com bracteas pequenas. Cálice e corolla 5 - - partido. Flor cylindrico infundibuliforme, brancacenta. Fructo baga pequena, preta. Acham-se descriptas na Flora Brasiliensis não menos de que 16 variedades d'esta espécie, as quaes habitam nas beiras das mattas altas do littoral e do planalto de S. Paulo. Florescem nos mezes do inverno. Segundo Caminhoa é usada como diurética, anti-hydropica e também no tratamento da hypoémia intertropical ; é muito preconisada como antídoto do veneno das cobras. A parte medi- cinal da planta é a casca da raiz. O nome de cainca e contraflido de cai-ainga. Outra etymo- logia, segundo general dr. Couto de Magalhães, é cai = raia e nana = parecido. O nome de cipo cruz, proveniente da figura que representa o corte transversal do tronco, é o mais conhecido. Esta planta é o verdadeira cipo cruz. Outro vide Boletim n. 10 pag. 49. Caixetta, Pio caixetta. — Fam. Bignoniacece — Gen. Tabebuia. Com estes nomes designam -se duas espécies do género mencionado, ambas paulistas, para cujas determinação existe a chave seguinte : Folhas oblongas, agudas, cálice 2 ctm. de comprimento, erecto; corolla branco-amarellada, purpureo-estirada 1. T. cassi- noides Pvr. D. C. — 28 — Folhas oboval-oblongas, no ápice obtusas ou retusas, cálice 3 ctm. de comprimento, mais vezes curvo, corolla esverdeada. 2. T. obtusifolia Bur. Ambas as plantas são arvores pequenas com tronco branco- cinerascento. As folhas são inteiras, simples, coriaceas e duras, um tanto pubescentes em baixo, pecioladas. Inflorescencia racimo- sa ou paniculada, 2 — 3 — flora com flores grandes e bracteadas. Corolla campanulado - infundibuliforme, com limbo 5 — lobado. Fructo capsula secca 15 — 22 cm. de comprimento, escuro. Habitam nos brejos do littoral e florescem nos mezes da primavera. Outra planta com o mesmo nome vide Boletim n. 10 pag. 29. Camará, Cambara. — Fam. Compositce — Eupatorium Icevigatum Lem. Planta herbácea, subarbustiva, ramosissima, com ramos alon- gados, lisos e sulcados, folhas oppostas, distantes de peciolo curto, ovaes ou oval-lanceoladas, agudas, dentadas, subcoriaceas, grosso- trinervadas, cuneiformes na base, duras. Inflorescencia corryrn- bosa, densa, composta de capitulos pedicellados, 15 — 20 fioros. Corolla pallido-amarella, cylindrica. Habita vulgarmentes nas beiras dos campos e das estradas, florescendo no mezes do outono. Considerada medicinal o prof. Alexandre Hummel nos com- munica que as suas folhas applicam-se sobre feridas de máu caracter. Traz o seu nome provavelmente por terem as folhas certa semelhança com as das Lantanas. Outra planta com o mesmo nome vide Boletim n. 10 pag. 30. Cambara da meia légua. — Fam Verbenacece. — Lantana brasiliensis Liuk. Vide descripção no Boletim u. 10 pag. 30, Este nome pro- vêm da crença popular de que «em um raio de meia légua do logar da planta não ha senão terra boa». Canema. — Fam. Solanacece — Solanum incequale Vell. Arbusto arborescente de 5 a 6 m. de altura ou arvore alta. Folhas pecioladas, oblongo-lanceoladas, acuminadas,, inteiras com — 29 — nervura amarellada, luzentas por cima, mais claras em baixo, 9—11 cent. de comprimento. Inflorescencia cymosa, umbelli- forme ou racimiforme, multiflora, de 10 a 12 flores. Cálice pe- queno, campanulado; corolla medíocre, rotundada, branca; fructo baga grande, globosa, amarella. Habita nas mattas do planalto e floresce nos mezes da primavera. O nome é indígena e significa, segundo o general dr. Couto de Magalhães, folha de máu cheiro. Cangica. — Fam. Verbenacece - Lanterna trifolia L. Subarbusto de 0,50 até 1 m. de altura com caules hexago- nos e pedúnculos quadrangulares e hirsutos. Folhas oppostas, 3 ou 4 verticilladas, ásperas e rugosas, ovaes ou oblongas, agudas, crenado-serradas, na pagina inferior glanduliferas. Inflorescencia alongada com pedúnculo comprido e erecto em espigas densa- mente bracteadas. Capítulos multiflores. Flores pequenas claro- violaceas de tubo amarello. Fructo drupa suecosa, grossa e violácea. Habita nos pastos e campos e floresce e fruetifea nos me- zes do verão. O professor Alexandre Hummel diz que « as fruetinhas d' esta planta se despegam facilmente e as crianças as comem por petulância - - porque pouco sabor tem, mas deve ser d'ahi que se deriva o nome. » Canna brava, Ubá. — Fam. Grawinact ce — G//nerium parviflorum Nab. E. Gramma alta e forte de 1 a 2 m de altura com colmo grosso, erecto, simples, duro, liso, finíssimo estirado. Folhas compridas, largas, lineares, acuminadas. pilosas na pagina superior e na margem finamente serradas. Inflorescencia em paniculas compridas, ramosissimas, grandes e multifloras. Habita nas beiras dos rios do littoral e também em alguns logares no interior, florescendo nos mezes do inverno. E' uma planta muito ornamental e de porte elegante. As suas paniculas, depois de preparação necessária, são empregadas para fabricação de ramalhetes Macquart pelos estabelecimentos de flores artificiaes. O colmo da haste floral é matéria prima estimada para o fabrico de gaiolas de passarinho. O nome de ubá e indígena e deve ser conservado. — 30 — Canna Fistula. — Fam. Leguminosa — Cássia ferruginea Schrad. Arvore regular com raminhos estriados e peciolos e inflores- cencia molle tomentoso-pubescentes. Folhas compridas, compostas de foliolos em numero de 10—25, pubescentes em cima e mais glabras em baixo, oblongos e obtusos. Inflorescencia racimosa, axillar e terminal, pendente e comprida. Flores côr de ouro, odoríferas. Kructo legume liso, pendente, alongado, semelhante ao da verdadeira canna fistula, Cássia Fistula L. O exemplar do herbario provem da collecção do dr. José de Campos Novaes e colhido no município de Campinas. Floresce nos mezes do verão. Apezar de ter semelhança com a verdadeira Canna fistula, não tem, entretanto, o uso desta. Capicurtj, Japictrú. — Fam. Hippocrateaceoe — Salada campestris Walp. A descripção e outros nomes desta planta vide e Boletim n. 10 pag. 21. Capim da colónia, Capim meladinho mineiro. — Fam. GraminacexB — Panicum maximum Jacquin. Gramínea erecta com colmo arredondado e estriado, a bainha foliacea, estriadada, na base do dorso pilosa. Folhas fortes, sublanceolado-lineares com nervura marcada, glabras ou ás vezes um tanto pilosas, ásperas na margem. Iuílorescencia em panicula grande, glabra, patente. Habita por toda a parte, ás vezes também nos campos e floresce nos mezes do outono. E' planta forrageria, porém, pouco estimada. Parece-nos melhor o segundo nome, havendo na planta certa semelhança com o capim melado verdadeiro. Capim de Pará. --Fam. Graminaeece — Panicum Numidia- num Lam. Gramma alta com colmo procumbente e ascendente, estriado, liso, de nós densamente branco-pilosos, simples ou ramoso da — 31 — base. Bainhas estriadas, glabras. Folhas planas, largamente lineares, acuminadas, lisas ou ás vezes um tanto ásperas ou pubescentes com nervura -central grossa. Inflorescencia em pani- culas compridas, erectas, glabras e multifloras. Habita nas capoeiras do planalto e mesmo no littoral e floresce nos mezes do inverno. E' considerada forragem de segunda qualidade. Capim esteira, Esteira, Herva de esteira, Piri. — Fam. Ct/per acece — Seirpus riparius Presl. Planta herbácea de colmo triangular, liso, attingindo a altura de 2 m. e além. Folhas menores do que o colmo, linea- res, carinaclas e bainhadas na base. Inflorescencia crymboso- paniculada, de côr brunea, pendente. Fructo achenio pequeno. Habita nos rios, riachos e brejos que communicam com agua corrente e floresce nos mezes da primavera. E' muito conhecida pelos colmos que se empregam no fabrico de esteiras, para empalhar cadeiras rústicas, etc. O nome de piri é indigena e deve prevalecer. Capim lambe rosto, Taquara. — Fam. Graminacece — Chus- quea anelythroides Rupr. Gramma alto-trepadeira, com colmo lenhoso, muito forte e ramos lisos, subfasciculados na base subgeniculados, com os nós engrossados. A bainha das folhas nervado-estriada áspera; folhas lanceoladas, acuminadas, ásperas. Inflorescencia em paniculas terminaes, de forma pyramidal com rhachis anguloso, densiflora, villoso-hirsuta. Habita nas capoeiras e beiras dos rios, onde floresce nos mezes da primavera. O nome provém da aspereja de vários órgãos da planta. Capim rabo de burro (ou de gato?). — Fam. Graminacece — Perieilema Brasilianum Trin. Gramma herbácea, não muito alta, com colmo fino, procum- bente e ascendente, estriado, glabro, com folhas planas, lineares, acuminadas, estriadas e na base subauriculadas. Inflorescencia thyrsiforme, composta de espigas secundarias, densiflora e subcy- lindrica. — 32 — Habita nas beiras das mattas e dos caminhos no norte do Estado e floresce nos mezes do inverno. O nome lhe vém da conformação da inflorescencia. Capim roseta. — Fam. Graminacem — Cenchrus echinatus L Graminea pequena, com colmo procumbente ou ascenden- te e folhas rigidas, da base largamente lineares, agudas e glauco- verdes, ásperas. Inflorescencia em espigas simples, erectas, cyiin- drico-subglobosas, esteriormente espinhosas. Habita nos pastos e em logares húmidos com preferencia no littoral e floresce nos mezes da primavera. E' considerada forrageira, emquanto sem espigas, mas pouco procurada pelo gado. O nome lhe vêm da disposição das espigas. Capim sapé, Sapé. — Fam. Graminaceoe — - Imperata bra- siliemis Trin. Planta perenne, rhizomatico-rasteira, cujo colmo attinge a altura de 30 — 60 cent., com nós glabros. As folhas são linear- lanceoladas ou um tanto pilosas na pagina superior, acuminadas, com nervura central marcada. Bainhas glabras, dissolvendo-se em fibras paralellas. Inflorescencia em espigas paniculadas, den- sas, sericeo-villosas. Habita nos cultivados abandonados e roças cançadas, appa- recendo de ordinário logo após das queimas e floresce antes de desenvolver as folhas. Suas paniculas argênteas destacam-se então vivamente do chão preto por entre os caules carbonisados de vegetação arbstiva. « O capim sapé costuma succeder á samam- baiussú (Pteris aquilina), havendo entre estes dous vegetaes uma lucta pronunciada, verdadeiro struggle for life, na qual o sapé finalmente é vencedor, talvez, porque seus rhizomas entram mais na terra do que os do samambaiussú, difficultando assim as condições da vida para esta planta». (Lõfgren). Kmprega-se o sapé para cobrir as habitações da roça onde ha pouca palmeira Guaricanga (Geonoma sp.), e é considerado boa forragem, emquanto tenre ainda. O nome é provavelmente tupi. — 33 — Capitiçova, Cataiá, Herva de bicho. — Fam. Polygona- cew — Polygonum acre H. B. K. Planta* herbácea com caule erecto ou assendente, até 1 m. de comprimento, glabra, glandulosa; folhas lanceoladas, acumina- das, subsesseis, glabras' em ambas as paginas; as ochreas (uma espécie de estipulas) esparsamente pilosas. Inflorescencia em espigas terminaes, filiforme, bracteada. Cálice glauduloso, corolla muito pequena ; frueto nucula trigona, nitida. Habita nos brejos, mesmo em agua corrente, onde alcança o seu maior desenvolvimento. Contem um sueco acre, estimulanto e diurético. Em clysteres e banhos é remédio popular contra as hemorrhoidas (Chernoviz). O nome de herva de bicho é o mais conhecido em S. Paulo. Capitiú, Cardamomo do paiz. Paço seroca, Pacová. — Fam. Zingiberacece. Renealmia occidentalis Poepp. & Endl. Planta herbácea, alta, com raizes tuberculosos. Folhas com- pridas longamente amplexicaules. Inflorescencia em paniculas compridas; as flores são mediocres, côr de rosa com cálice 3-partido. Frueto rubro, subgloboso, trigona quando secco, com sementes côr de palha numerosas e angulosas. Habita no littoral e nas mattas da serra, fruetificando nos mezes do verão. As sementes desta planta são muito aromáticas e de um sabor picante. Empregam-se na medicina nas cólicas ílatulentes, e, ás vezes, associadas aos purgantes, para ajudar lhes a acção (Chernoviz). E' alem disso considerada um dos mais enérgicos abortivos e como tal antigamente usada pelos escravos. O nome de capitiú é do littoral, que designa também um Panicum. O de pacová, prevalesce serra acima. Caraguatá - assú, Pita, Piteira. -- Fam. Amaryllidaeece — Fourcroya gigantea Vent. Planta herbaceo-gigantesca, com caule grosso, erecto, ascen- dente ou flexuoso, coberto de cicatrizes das folhas cahidas. Folhas coriaceo-rigidas, grossas, por cima concavas e canaliculadas, forte- mente aculeado-apiculadas, dispostas em espiral, muito grandes, — 34 — até 2 m. e mais de comprimento. Haste floral terminal, muito elevado, 8 á 9 m. da altura, multifloro. com inflorescencia pani- culada e flores distantes, solitários, geminadas ou á 3, bracteadas, branco esverdeadas. Fructo capsula, trigona. , Habita de preferencia no littoral, mas cresce também no interior do Estado, mesmo ao longo das estradas e floresce nos mezes do outono. Planta de grande valor para a industria têxtil, de cujas folhas extrahe-se uma fibra preciosa O nome de pita é o mais conhecido entre nos. Carapateiro, Figo do inferno, Mamoneira, Rícino. — Fam. Euphorbiacece — Ricinus commimis L. Herbácea arbustiva, ou arbusto ás vezes arborescente com caules e peciolos verdes ou amarellados. Folhas grandes alternas, peitadas, 5-9 lobadas, dentadas, lisas, herbáceas, membranosas, até 30 cm. de diâmetro, pecioladas. Toda a planta glauca. Inflores- cencia terminal e axillar, paniculada, com flores numerosas pequenas, côr de ouro ou amarellas, dispostas as femininas na parte superior e as masculinas na inferior. Fructo capsula muricada, grande 3 — sperma. Muito commum em todas as partes, floresce quasi em todas as epochas do anno. Acclimou-se inteiramente no Brazil. As folhas são vulnera- rias e empregam-se em banhos como emollientes. Das sementes extrahe-se o óleo de ricino. .Os nomes de carapateiro e mamoneiro são os mais conhecidos em S. Paulo. Carapicho. — Fam. L<>b- longo-ovaes ou lanceoladas, acuminadas, agudas ou obtusas, serra- das, coriaceas até grossas, em cima lisas e em baixo mais pallidas e negro-ponteadas. Inflorescencia em racimos thyrsi formes, com flores tetrameras ; fructo drupa sphcerica, succosa, pequena, ver- melha e, quando secca, 4 — sulcada. Habita nas beiras do campo, em cerrados e nas mattas, florescendo nos mezes do outono. O uso de mate em vários estados da America do Sul, principalmente na Argentina, é por demais conhecido. No Brasil é apenas nos estados do sul, onde tem alguma acceitação maior. O nome de herva mate deve ser conservado, mesmo para differenciar das outras espécies menos preciosas. Congonha dos campos. - Fam. Ilicaeece — ■ Ilex eonoearpa Reiss. Arbusto de 1 a 1.5 m. de altura, sempre verde, com ramos subverticillados e raminhos patentes, albescentes, finamente pubes- centes. Folhas alternas, patentes, lanceoladas, acuminadas, na margem serradas, coriaceas, glabras e luzentes, e na pagina inferior mais claras, um tanto preto-ponteadas, pecioladas. Inflores- cencia em espigas cylindricas e densiíloras com flores tetrameras ; fructo drupa oval cónica, pequena, Habita nos campos e campos cerrados e floresce nos mezes da primavera. E' empregada na arte de tinturaria, dando côr preta e as folhas servem para preparar mate. O nome é derivado da outra congonha, da qual pouco differe. Escaldamão, Lagrima de moça. Lírio do brejo, Nymphéa. Fam. Zingiberacece - - Hedychium coronarium Kcehne. Planta herbácea com raizes suecosas e grossas e caule alto, até 4 m. com folhas compridas, amplexicaules. Inflorescencia terminal, multiflora, com flores grandes, brancas ou branco-amarel- ladas muito odoriferas. - 41 — Communi no Estado prefere esta planta logares húmidos. Em Cubatão, e Alto da Serra é vulgarissima. Descobriu -se n'esta planta certas propriedades que com grande avantagem podem-ser applicadas na industria. Os pro- ductos ja preparados constara de fibras para cordas e barbante, fios para estopa, tirados do caule, farello e polvilho da raiz e o perfume das flores. Com o polvilho fabricou o inventor (Dr. José de Vasconcellos) pão de loth, biscoutos, bolos e outros artigos do confeitaria'. O nome mais vulgar em S. Paulo é o de lirio do brejo. Corupiá, Gurupiá. — Fam. Ulmaeece - - Ceitis glycycarpa Mart. Deseripeão e outros nomes vide o Boletim n. 10, pag. 60. Costa branca, Língua de vacca. — Fam. Compósitos -— Chaptalia nutans Hemsl. Planta herbácea, acaule, perenne, com todas as suas folhas agglomeradas na base, sesseis ou curtamente pecioladas, membra- nosas, lyratiforme-pinnatifidas oblanceolado - oblongas, dentadas branco-tomentosas na pagina dorsal. Inflorescencia com pedúnculo, comprido em capítulos solitários, multiflores. Habita por toda a parte em logares cultivados, sobre os barrancos das estradas, etc. e floresce nos mezes da primavera. E' reputada balsâmica e febrifuga. Outra lingua de vacca — Chaptalia integrifolia Bak. — vide Boletim n. 10, pag. 86. Cuipeúna, Flor de maio, Flor de quaresma. — Fam. Melastomataceoe — Tibouchina mutabilis Cogn. Arbusto arborescente de 3 — 7 m. de altura com ramos fortes e alongados e os raminhos densamente hirsutos de côr sujo-parda. Folhas curtamente pecioladas, oblongo-lanceoladas na margem inteiras, rígidas, agudas, 5 - nervadas. Inflorescencia de ordinário solitária nos ápices dos ramos; cálice campanulado com 4 bracteas. corolla grande, até 14 ctm. de diâmetro, mudando a côr de branca para erubescente e finalmente até rubro-violacea. - 42 — Habita nas alturas elevadas da Serra do mar, onde floresce no verão e outono. «O nome de cuipeuna deve ser conservado. A etymologia deriva-se provavelmente de cué = cousa passada, talvez por causa das mudanças de coloração da flor.» (Lõfgren). O nome de flor de quaresma é genérico para grande numero do género Tibouchina. Curi, Cury, Pinheiro branco, vermelho. - Fam. Coniferoe Araucária brasiliana A. Rich. Lamb. Arvore alta com tronco amplo e grosso, ramos 4 — 8 verti - cilladas, estendidos com folhagem nos ápices. Folhas solitárias, planas, sulcadas as novas erecto-patentes, as caulares reviradas, oval- ou oblongo-lanceoladas, longamente acuminadas, em cima concavas e verdes, em baixo subcarinadas e glaucas, coriaceas, lisas e lusentes. Inflorescencia masculina nos ramulos curtos e • lateraes, solitária ou geminado, sessil, um tanto flexuosa, a femi- nina solitária terminal, ovoidea, por entre as escamas. Fructo grande, globoso, escamoso, com numerosos sementes. Habita nos planaltos do Sul do Estado mas principalmente na Serra da Mantiqueira, onde constitue typo especial da vege- tação alta d 'esta região. A madeira é por demais conhecida por todos. Dragona. — Fam. Marcgrariacece - - Marcgravia polyantha Delp. Arbusto trepador com ramos subangulosos ou sulcados. Fo- lhas pequenas, membranosas, 3 — 7 ctm. de comprimento e 1 até 3 ctm. de largura, oval-lanceoladas, obtuso-acuminadas, na base arredondadas, glandulosas, curtamente pecioladas. Inflorescencia umbelliforme multittora de 20 6() flores; fructo globoso, carnoso, vermelho-purpureo. Habita, porem raro, logares húmidos da região do littoral, onde encontra-se em fructificação madura nos mezes da primavera. O nome deve ser recente e dado por causa da forma da inflorescencia que cahe como os cachos das dragonas militares. — 43 — Embira branca. — Fam. Thymeleacece — Funifera utilis Leandro. Arbusto arborescente com tronco fosco-brancacento e liber da casca branco, muito resistente. Os ramos subdichotomos, os novos densamente pubescentes. Folhas herbáceas, oppostas ou alternas ou 3—4 verticilladas. lanceoladas, agudas, escuro-verdes na pagina superior, claras e piloso-hirsutas em baixo com nervura media saliente. Inflorescencia masculina terminal ou axillar, raci- mosa, 5—10 flora, com flores pendentes e pequenas; a feminina terminal, subsessil, de ordinário 1 — flora. Flores verdes, pequenas. Fructo drupa. Habita nas mattas altas da Serra do mar, .nos capões dos campos e nos cerrados do interior e floresce nos mezes da primavera. O liber da casca usa-se para fazer cordas de boa qualidade. Outra planta com este nome acha-se designada no Boletim n. 10 pag. 56. Flor de S. João. — Fam. Bignoniacece — Pyrostegia venusta Miers. Planta sublenhosa, alto-trepadeira ou longo-prostrada com ramos sub angulosos lisos, os novos pubescentes. Folhas peciola- das, compostas, 3 — folioladas, ovaes-oblongos, lisos, ás vezes avel- ludadas, agudas. Inflorescencia terminal, corymboso-paniculada, multiflora, com flores grandes, tubiformes, de uma côr amarello- avermelhada, muito brilhante. Habita nas beiras mattas e mesmo nos campos e floresce nos mezes do inverno. Como planta ornamental é muito apreciada e acha-se cultivada por todas as partes. No anno de 1815 foi introduzida na Europa, onde dous annos depois floresceu pela primeira vez. O nome lhe vêm da epocha em que as suas flores se expandem, ás vezes com extraordinária abundância. Flor de S. Miguel, Flor de viuva. Fam. Verhenacece — Pétrea subserrata Cham. Arbusto volúvel, com folhas oppostas. coriaceas, irregular- mente serradas ou dentadas, penni-nervadas, lanceoladas ou elliptico oblongas com peciolo curto. Inflorescencia racimosa, axillar e terminal, violácea. O epicalice membranoso é maior do que o próprio cálice. Fructo capsula coriacea. — 44 — Habita nas capoeiras e cerradões e floresce nos mezes da primavera. Em consequência das suas propriedades ornatnentaes acha-se cultivada nos jardins. O nome é genérico para as outras espécies também e lhe vêm da côr roxo-azulada, usada para enfeites das noivas em signal He luto. O de S. Miguel é proveniente da época da florescência em honra do padroeiro, cuja festa é no dia 29 de setembro. Folha da costa, Folha da fortuna, Fortuna. — Fam. Crassulacece — Bryophyllum calycinum Salisb. Herva alta, muito carnosa com folhas oppostas, pecioladas, crenuladas. Inflorescencia cymosa, multiflora, com flores esverdea- das e rubras ; o cálice 4 — anguloso, a corolla campanulada. Habita de preferencia no littoral, onde é muito vulgar. Floresce nos mezes do inverno e da piimavera. Originaria da Africa acclimou-se no Brasil. E' conhecida por causa das suas propriedades diuréticas e vulnerarias. Multi- plica-se com facilidade pelas folhas que pregadas á uma parede na sombra, em pouco tempo emittem novas plantinhas nos ângulos da crenulação. D'este facto lhe vêm o nome, porque, diz Barbosa Rodrigues, aquelle que guardando assim uma folha mais depressa brotara e crescem os renovos, será o mais afortunado. Folha Santa.. — Fam. Apocynacece. — Echites macrocalyx J. Muell. Arg. Planta sublenhosa, alto-trepadeira, com ramos tomentosos. Folhas oppostas, pecioladas, peitadas, largamente ovaes, arredon- dadas na base, agudas no ápice, coriaceas, pubescentes em cima e fosco-ochraeeas em baixo, grandes. Flores grandes, até 6 ctm. de largura, amarello- verdes ; fructo comprido, bipartido ou duplo, com numerosas sementes. Habita em logares sombrios e húmidos no littoral e no planalto, florescendo nos mezes da primavera. Constitue poderoso resolvente, applicada fresca a folhas apenas untada com manteiga ou outro corpo graxo. Temos no- ticia de cura de orchite em mui pouco tempo. O nome provem certamente da efncacia da folha. Descripçfm de outra planta com este nome vulgar vide Boletim n. 10 pag. 62. 45 — Fbucta de jacaré. Fam. Rubiaceoe — Basanacaniha spinosa Schum. Vide Boletim n. 10 pag. 63. Temos agora de accrescentar que esta planta foi chimicamente analysada e acha- se ri'ella uma matéria extractiva, crystallisavel. reconhecida como mannita. E' até agora a quarta Rubiacea em que esta substancia assucarada foi encontrada (Botanisches Centralblatt, 1895, n. 50, pag. 384). Fruta de papagaio. — Fam. Rubiaceoe — Manettia luteo- rubra Benth. Planta herbácea, sublenhosa, trepadeira, volúvel com ramos finos, tomentosos. Folhas herbáceas, lanceoladas ou oblongo- lanceoladas, tomentosas na pagina inferior. Inflorescencia cymosa, terminal e axillar, cada pedúnculo 1 — 2 floro ; pedicellos alonga- dos, filiformes, bracteados. Flor tubiforme com limbo amarello e tubo rubro, no ápice 4 — lobada, cylindrica e exteriormente to- mentosa. Fructo capsula secca. Habita nas capoeiras e beiras estradas e floresce nos mezes do inverno. Dizem que os periquitos gostam do fructo desta planta, o que explicaria o nome vulgar, que nos foi communicado pelo nosso ex-collega o dr. J. Y. Puiggari de saudosa memoria. Genipapo bravo, Genipapo do campo. — Fam. Rubiacem — Tocoyena formosa Schum. Arbusto ou arvore pequena de 2 a 5 m. de altura com ramos novos tetragonos, grossos e tomentosos. As folhas oppostas ou as vezes alternas, largamente ellipticas na base arredondadas e agudas no ápice, pecioladas. coriaceas, mesmo rigidas, tomentosas e estipuladas. Inflorescencia cymosa, multiflora, com flores gran- des, brancas, de tubo alongado. Fructo baga grande, até 3 ctm. de diâmetro. Habita nos cerrados do interior e floresce nos mezes da primavera e do verão. Consideramos este arbusto muito ornamental, merecendo ser cultivado. O nome lhe vêm da certa semelhança com o genipapo verdadeiro. - 46 — Grão de Gallo. - Fam. Malpighiacew — Dieella holosericea Juss. Arbusto sarmentoso com folhas pecioladas, oppostas, inteiras, arcuado-fiervadas, ovaes ou oval-lanceoladas, agudas na ápice, glabras em cima e argenteo-pubescentes na pagina inferior. Inflores- cencia corymbosa, axillar, trichotoma com pedicellos articulados, bracteas foliaceas. Flor amarella com cálice 8 — glanduloso. Habita nas capoeiras e beiras estradas e floresce nos mezes da primavera. O prof. Alex. Hummel nos escreveu sobre esta planta que «a semente tem o sabor de avellã ou de pinhão e come-se de preferencia cozida, e talvez para não fazer mal». Outro emprego não lhe conhecemos. O fructo é semelhante á uma avellã grande, coberto de uma pennagem fina e irritante que entra na pelle de quem a toca. O nome de grão de gallo parece-nos apocrypho, pois, em nada se assemelha ao verdadeiro, vide Boletim n. 10 pag. 60. Gttambixim, Guamixira. — Fam. Rutac ce — Almeida longifolia St. Hil. Arvore regular de 3 a 6 m. de altura com os ramos adultos brancacentes e folhas membranosas, alternas, inteiras, oblongo- ellipticas, agudas, simples, glabras. glanduloso-ponteadas, peciola- das. Inrlorescencia em paniculas cymosas de 3 — 5 flores, alongada, hirsuto — pilosa. Flor pequena pallida côr de lila. Fructo capsula, bivalva. Habita nas mattas do interior e floresce nos mezes da primavera. O nome de guamixira, talvez, seja o mais exacto. Guanandi, Jacaréuba, Landim, Olandt, Ua-yandi. — Fam. GuttiferoB — Calophyllum brasiliense Camb. Arvore até 30 ra. de altura com os ramos novos levemente comprimidos, folhas oppostas, coriaceas. nítidas, oblongas ou elliptico-lanceoladas, até 10 cm. e mais de comprimento e 4 cm. de largura, na base mais ou menos cuneiformes, e nervura secun- daria quasi rectangular contra a central. Inflorescencia racimosa, até 5 cm. de comprimento, multiflora, terminal e axillar. Flor pequena, branca; fructo capsula subdrupaceo-globoso. 47 - Habita nas mattas altas ; com preferencia no littoral. onde floresce nos mezes da primavera. Dá boa madeira de construcção e de marcenaria. Fornece o bálsamo de landim que é um liquido espesso, aromático e acidulado, usado contra ulceras chronicas, principalmente as do gado (' aminhoá). Obtem-se por meio de incisões feitas na casca. No que respeita ao nome que deve de preferencia ser conservado quer nos paracer que o de guanandi offerece maior cunho de ser indigena do nosso estado. O de uáyandy que seg. Barbosa Rodrigues é o verdadeiro significando fructa oleosa, accre- ditamos sor o nome dado nos estados do norte, onde o dialecto da lingua geral sempre differe. Guapika, Mangue Amarello, Mangue branco, Mangue manso, Sereibatinga. — Fam. Verbenacew — Avicennia nítida Jacq. Arvore pequena com folhas lanceoladas ou oblougo-lanceo- ladas, oppostas, coriaceas. na margem viradas, acuminadas, na pagina superior lusentes, mais claras por baixo, pecioladas. Inflores- cencia em capítulos. Flores branco-esverdeadas, muito pequenas. Habita no littoral de preferencia nas proximidades da foz dos rios e floresce nos mezes do verão. A casca e medicinal (adstringente, antihemorrhagico e anti- diarrheico) e emprega-se d'ella também para curtir pelles. O nome de guapira devia por ser tupi prevalecer, ao passo que mangue amarello e mangue branco são os mais conhecidos. Herva de lagarto. — Fam. Compósita- Calea pinniti- ftda Less. Planta subarbustiva, glabra, muito ramosa, sarmentosa, sub- trepadeira com os ramos muito alongados. Folhas distinctamente pecioladas, oval-lanceoladas, acuminadas, profundamente serradas ou pinnatifidas. Inflorescencia em capítulos corymbosos, com flor amarella. Habita de preferencia nos capões do interior, onde é bastante commum. Floresce nos mezes da primavera. Por alguns é reputada antidoto do veneno ophidico, porém, esta propriedade é negada por outros. O nome é genérico e que torna difficil a sua differenciação. Outra planta com este nome vide Boletim n. 10, pag. 69. — 48 — Heeva de pântano. — Fam. Alismacem Alisma flori- bundum Seub. Planta com rhizoma rasteira, grossa e carnosa. Folhas longo-pecioladas, bainhadas, grandes, coriaceas, rhomboideo ovaes, ou na base cunei ou còrdiformes de nervura grossa com nervos em numero de 9 — 17, no ápice obtusas. Inrlorescencia em pani- cula grande, densifiora; Mor branca, de tamanho medíocre. Fructos monospermos, reunidos em capítulos globosos. Habita nos brejos e outros Jogares húmidos, nas margens dos rios e remansos e floresce nos mezes do verão. E' considerada antirheumatica e segundo J. de Almeida Pinto, a sua raiz, preparada em cataplasma e misturada com outras substancias adstringentes e aromáticas, emprega- se contra as hérnias. O próprio nome designa-lhe a origem. Içaranduba. - - Fam. Euphorbiaceoe — Sebastiana Schottiana Camb. Arbusto de 1 — 3 m. de altura, muito ramoso com os ramos fosco-pardos, nos seus ápices munidos de espinhos erectos. Folhas qnasi sesseis, estreitas, lanceoladas ou oblongo-ovaes. Inrlores- cencia em espiga racimosa, axillar ou terminal de flores monoicas, das quaes as femininas são situadas na base das espigas ou nas axillas das folhas e as masculinas nas axillas das bracteas. Flor pequena; frueto capsula, 3 — locular. Habita nas margens do rio Ribeira de Iguape desde a cidade de Xiririca para cima do rio e provavelmente também em outros logares daquelle região. Floresce nos mezes da primavera. Não lhe conhecemos outra propriedade alem de extraordi- nária tenacidade. O nome, segundo Canimhoá, que escreve Saranduba, é de outra planta, "Phyllanthus salicifolia," não mencionada na Flora Brasiliensis. A etymologia, segundo general dr. Couto de Maga- lhães, é "quantidade de formigas." Jambo. — Fam. Myrtacece — Schizocàlyx Pohlianus Berg. Arvore grande com ramos novos brunneo-tomentosos. Folhas longamente pecioladas, oppostas, coriaceas, oblongo-lanceoladas ou lanceoladas, no ápice longo-agudas, lisas e pontuadas na pagina — 49 — superior e finamente pubescentes em baixo. Inflorescencia em paniculas, terminaes ou axillares, racimosas e paucifloras, brunneo- tomentosas. Flor grande, branca. Habita nas mattas do littoral e floresce nos mezes da primavera. 0 nome é coruptela de Djambô, nome indio para diversas espécies do género Jambosa. A nossa planta nada tem de commum com o jambo verdadeiro a não ser a semelhança da flor. Jápecángá. — Fam. Liliacece. — Gen. Smilax. Com este nome designa-se quasi todas as espécies do género acima mencionado. Os caracteres são os seguintes : Plantas trepadeiras com raizes tuberosas ou fibrosas. Caule de ordinário fino, mais ás vezes aculeado. Folhas alternas, simples. de ordinário inteiras, pahnado-nervadas, com nervura recticulada, pecioladas. Peciolo semiamplexicaule, cirroso. Inflorescencia umbel- liforme, axillar, pedunculada. Flores masculinas com 6 estames, as femininas com 3 estigmas. Fructo baga 3 — locular, ou por aborto 2 — 1 — locular, 3 — 1 sperma. Sementes subglobosas. Possue este género uma vasta distribuicção geographica. Varias espécies do género Smilax fornecem differentes qualidades de salsaparilha do commercio. Járárácá-tájá. — Fam. Araeece — Dracontium asperum C. Koch. Planta herbácea com raizes tuberosas, produzindo cada anno uma, raras vezes duas folhas, longo-pecioladas, com estrias transver- saes e manchas imitando a pelle da cobra jararaca, a pagina profundamente 3 — partida com a parte central também 3 — partida, e as lateraes 2 — partidas ou todas as três 2 — partidas. Espatha alongada, sujo-violacea. Espadice multifloro, mais curto do que a espatha. Habita nas capoeiras da Serra da Cantareira e floresce nos mezes do verão. Produz na época da florescência um cheiro repugnante. A planta é muito venenosa e dizem ser um antídoto contra a mordedura de cobras. — 50 — Jequitibá. — Fam. Myrtaceo? — Couratari legalis\ Mart.. Arvore excelsa com tronco direito, até 40 m. de altura e 3 de circumferencia, e madeira avermelhada. Ramos novos pubes- centes, folhas oval-oblongas, ellipticas ou lanceoladas, agudas, luzentes, alternas ligeiramente crenuladas, curtamente pecioladas. Inflorescencia em paniculas axillares ou terminaes com flores pequenas, brancas ou um tanto rosadas. Fructo oblongo-cylindrico. no ápice operculado-dehiscente. Habita nas mattas virgens e floresce nos mezes do verão. A sua madeira é considerada excellente. A casca emprega-se nas diarrheas e anginas. Diz Barbosa Rodrigues sobre os jequitibás : «é o rei das florestas do Sul do Brasil: nenhum outra arvore anima-se a exceder a sua coroa de folhas que domina toda a floresta sobre um tronco direito e da grossura colossal. Os próprios Índios quando lhe deram o nome de yigibybá, que se corrompeu em j/quitybá, perpetuaram a sua elevação caracterisado assim yig, o duro, rijo, teso, ybi, tronco direito, e ybá, arvore, significando a arvore de tronco duro e direito.» Louveira. — Fam. Leguminoso?. — Gen. Cyclolobium Benth. Arbustos ou arvores com ramos novos e peciolos pubescentes ou densamente ferrugineo-tomentosos, folhas alternas e peciolo 2 — estipulado. Inflorescencia racirnosa, axillar ou lateral, curta, simples, solitária ou fasciculada, bracteada. Fructo vagem curta, chata, indehiscente, paucisperma. Habita no interior do Estado. A sua madeira é conhecida como fraca e sem serventia especial a não ser em obras inter- nas de casas. Nada podíamos adiantar a respeito da origem do seu nome trivial, o qual nos parece extremamente duvidoso. Macella, Marcella, Paina. — Fam. Compositte — Achy- rocline satureoides D. *C. Planta herbácea, perenne, alta. racirnosa, com caules finos e elegantes, quasi cylindricos, branco-tomentosos. Folhas sesseis, lineares ou lanceoladas, longo-agudas com nervura media grossa. — 51 — Inflorescencia em capítulos densos, corymboso-paniculada com 5 até 6 flores em cada capitulo. Invólucro amarello e pappo branco. Fructo achenio pequeno, oboval. Habita nos campos e capoeiras e floresce nos mezes do verão. Passa por medicinal e os capítulos em estado secco servem para encher colchões. Toda a planta é coberta de um indumento avelludado branco- amarellado e finíssimo. O nome vêm da certa semelhança e do uso da macella de Portugal. Outras plantas com estes nomes vide o Boletim n. 10, pags. 49, 86 e 95. Mamminha de porca. — Fam. Hutacerc — Zanihoxylum rhoifolium Lam. Arvore alta de casca grossa, munida de espinhos, e com folhas membranosas, glabras ou finamente pilosas por baixo, impar - - ou abruptamente pinnadas com foliolos crenulados ou crenulado-serrados, oblongos ou oblongo-ellipticos, obtusos e sub- sesseis com nervura central grossa. Inflorescencia paniculada, terminal ou axillar com flores pequenas. Fructo baga pequena. Habita nas mattas desde o littoral até o interior e floresce nos mezes da primavera. A casca acre e amargosa é empregada em banhos como tónica e nas dores de dentes. (Barbosa Rodrigues). O nome provêm dos espinhos grossos e curtos que cobrem a casca da arvore. Mangue. Mangue bravo, Mangue sapateiro, Mangue ver- dadeiro, Mangue vermelho. — Fam. Rhizophoracece — JHhizo- phora Mangle L. Arvore de 3 a 5 m. de altura com ramos nodosos, folhas oppostas, simples, inteiras e grossas, estipuladas, luzentes na pagina superior, mais claras na inferior, com nervura central saliente. Estipulas grandes, lanceoladas e agudas. Inflorescencia 3 — 5 flora; llôr grande, fructo 3 — 3,5 cent. de comprimento, grosso. Habita no litoral todo do Estado, de preferencia na foz dos rios e floresce nos mezes da primavera. O fructo apresente a curiosidade de germinar antes de cahir da arvore. — 52 — Sobre os usos do mangue diz Caminhoá : « sua casca, ri- « quissima de tannino, é muito vantajosa no tratamento das « dysenterias, diarrhéas, fluxos parrulentes, hemorrhagias, passivas, « etc. ; seus fructos fermentando, dão uma bebida espirituosa, « apreciada pelos indígenas de alguns localidades. Não menos «importantes são as suas propriedades industriaes; assim as « cascas fornecem tannino para curtir pelles, fornecem matéria «corante parda e com os saes de ferro dão tinta preta preciosa». « Infelizmente a industria contribue para a extincção dos mangues pela colheita das folhas e da casca, empregada nos cortumes. O effeito desta devastação é por demais patente nos extensos brejos ao redor da cidade de Santos, cujo estado sani- tário muito tem soffrido por causa disto. E' o mangue que qual pionier avança contra o mar prendendo o lodo, preparando o terreno para outra vegetação e conquistando assim annualmente novo terreno. A sua exploração sem systema e sem methodo é uma verdadeira calamidade e deve sem demora ser regulada por lei>. (Loefgren). Mangue branco. — Fam. Combretaceee, — Laguncidaria racemosa Gsertn., f. Arbusto com ramos subtrichotomos e folhas oppostas, oblon- gas ou ellipticas, obtusas ou rotundas, coriaceas, pecioladas com peciolo biglanduloso no ápice. Inflorescencia em espigas, forma- das de paniculas terminaes com flores 5 — meras, bracteadas, com cálice urceolado, 5 — partido. Fructo alongado obovoideo, com pericarpio coriaceo, levemente bicostado. Semente oblongo. Habita nos manguezaes do littoral, floresce e fructifica durante o anno todo. Tem o mesmo uso que as outras espécies de mangue. Mangue seriba, Mangue siriuba. — Fam. Verbenacerr — Avicennia tomentosa Jacq. Arvore regular, com ramulos engrossados nos nós. Folhas oppostas, oboval-ellipticas, arredondadas ou obtusas no ápice, subcuneiformes na base, reviradas na margem, verde-luzentes na pagina superior, esbranquiçadas embaixo, curtamente pecioladas. Inflorescencia em espigas curtas e bracteadas, com flores oppos- tas, em numero de 6 a 8, brancas. Habita nos mesmos logares, tem os mesmos usos, e floresce na mesma epocha que a precedente. 0 nome é indígena e vêm-lhe dos caranguejos siri, que se escondem por entre as raizes da arvore. 53 — Maria Gombi, Maria Gomes. Muriangombé. - Fam. Por- tulaccacefP — Vali»um patena Willd. Planta herbácea ou subarbustiva com caules simples ou ramosos, erecta, carnosa, toda lisa, até 75 cent. de altura. Fo- lhas ovaes lanceoladas, mucronadas. glabras, attenuadas no pe- ciolo, grossas, oppostas ou suboppostas até 80 mm. de compri- mento e 40 mm. de largura. Inflorescencia terminal ou ás vezes axillar, paniculado-ramosa, aphylla, com pedicellos filiformes e bracteas pequenas. Flor pequena, amarella ou côr de rosa. Fru- cto capsula pequena globosa. Cresce espontaneamente nos quintaes e jardins e com pre- ferencia sobre muros e taipas, onde constitue verdadeira praga, porque destaca as pedras e contribue por fazer, ás vezes, cahi- rem os muros. As folhas desta planta, que floresce nos mezes do inverno, gozam do mesmo uso que as da Beldroega. Seu nome parece ser de origem africana, que depois de varias tranformacões tornou-se Muriamgombé, o que dá Barbosa Rodrigues. Mastruço. — Fam. Cruciferaj — Lepidium ruderale L. Planta herbácea, esecta, ramosa, glabra ou pilosa, com fo" lhas da base em forma de roseta, as do caule alternas, pinnadas> as superiores lineares, inteiras. Inflorescencia em racimos termi- naes e axillares com flores de ordinário apetalas, brancas. Fru- cto siliqua secca, 2 — valvada. Habita em logares cultivados, ao longo das estradas, etc. Tanto a planta como o seu respectivo nome são portuguezes. Navalha de macaco, Navalha de mico - - Fam. ( 'yperaeece — Scleria silvestris N. ab. E. Planta herbácea com colmos e bainhas triangulares, folhas linear-lanceoladas, em baixo pubescente-asperas, grosso-nervadas, com margens cortantes, em virtude de serem estas finamente laciniado-serradas. Inflorescencia em espigas simples, com escamas grandes. Fructo arredondado, preto. Habita nos brejos das beiras mattas e nas beiras dos rios, florescendo nos mezes do inverno. O nome é uma allusão á propriedade das folhas por serem cortantes. — 54 — Nhambtjhy. — Fam. Rosacecp — Rubus urticcefolius Poir. Descripção e outro nome vide o Boletim n. 10 pag. 13. O professor sr. Alex. Hummel nos communicou este nome indígena. Orelha de morcego. — Fam. Orchidacece — Pleurothallis Blumenavii. Cogn. Planta epiphyta das chamadas « parasitas, » pro género grande, cespitosa, sem semibulbos mas com raizes densamente fasciculadas. Caules secundários são numerosos, erectos ou ascendentes, até 3 ctm. de comprimento com bainhas membranosas e adpressas. Folhas élliptico-oblongas, no ápice obtusas, na base levemente attenuadas, carnosas, sesseis, até 10 ctm. de comprimento e 30 mm. de largura com nervo médio profundamento caualiculado. Pedúnculo com- mum solitário, erecto ou um tanto curvo, até 45 ctm. de compri- mento com flores pequenas e distantes. As sepalas são maiores e divergentes e as pétalas e o labello muito menores. Parece-nos ser uma planta tão rara quão limitada na sua distribuição geographica. A Flora Brasiliensis que d'ella dá uma reproducção magnifica pela hábil mão de Barbosa Rodrigues, apenas menciona a de Tubarão em Santa Catharina e de Novo Friburgo. Entretanto temol-a ha alguns annos em cultivo, encontra- da perto da Estação da Saúde entre a Capital e a Villa de Santo Amaro. Suppomos que o nome de orelha de nwrcego ( seg. I. de Moura) vem da forma das folhas. A planta floresce nos mezes de outono e de inverno. Orelha de gato, Orelha de onça. — Fam. Melastoma- tacece — libouchina holosericea Baill. Planta herbácea, sublenhosa ou arbusto pequeno de 1/2 até 1 ' ., m. de altura, com caule erecto ou ascendente, um tanto ramoso ou simples, agudo-tetragono e densamente piloso. Folhas sesseis, ovaes ou suborbiculares, na base cordiformes, semiamplexi- caules, no ápice agudas, 5 — 9 nervadas, densamente villosas, 6 — 10 ctm. de comprimento e 4 — 7 ctm. de largura Inflorescencia paniculada, terminal, alongada, multiflora; flores 2 — bracteadas, grandes, côr de purpura ou violáceas. Fructo capsula secca, 5 — sulcada. — oo — Habita de preferencia nos terrenos arenosos da beira rnar, mas cresce também no planalto cima de serra, florescendo nos mezes da primavera A forma das folhas deu a origem á sua denominação, a qual tem em commum com outra planta, descripta no Boletim n. 10 pag. 94. Papo de gallo, Papo de peru. — Fam. Aristolochiacece — Aristolochia brasiliénsis Mart. tt Zucc. Descripção e outros nomes desta planta, vide o Boletim n. 10 pag. 81. Picão da praia. — Fam. Cályceraeeae — Acicarpha spa- thulata R. Br. Herva prostrada ou ascendente com raizes grossas e lenhosas. Folhas cerca de 8 ctm. de comprimento, são alternas, inteiras, glaucas, espatuladas, mucronadas no ápice e attenuadas na base, pecioladas. Inliorescencia em capítulos terminaes, raras vezes lateraes, com as flores no centro estéreis e as da margem férteis. Achenio espinhoso. Habita nas praias do littoral do Estado e floresce nos mezes do inverno. O nome lhe vêm dos achenios duros que se seguram nas roupas dos transeuntes. Pinheirinho. — Fam. Coniferce — Podocarpus Lamberti Klotzsch. Arvore robusta com ramos 4 — verticillados, estendidos. Folhas coriaceas, na pagina superior luzentes, na inferior opacas, estreitamente lineares agudas ou subacuminadas, na margem sub- reviradas. Inflorescencia masculina 3 --6 subumbelliforme nos pedúnculos axillares, cylindrica; a feminina 1 — flora nas axillas. Fructo pequeno, subgloboso. Habita nos valles dos Campos da Bocaina e floresce nos mezes do verão. A madeira é apreciada em obras de construcções. No interior do Estado uma outra espécie P. Selloivii, Kth. é mais frequente. Tem o mesmo nome vulgar e os mesmos usos que a primeira. — 56 — Pixirica brava. — Fam. Melastomataceir — Ossaea san- guínea Cogn. Arbusto de 1 a 1.5 m. de altura com ramos patentes, os superiores tetragonos e pubescentes. Folhas rnembranosas, ob- longas ou oblongo-lanceoladas, acuminadas, attenuadas na base, compridas, inteiras, na pagina dorsal côr escura de sangue, com nervura grossa, curtamente pecioladas. Inrlorescencia cymosa, multiflora ; flores subsesseis ou curto-pedunculadas, brancas ou côr de rosa. Fructo baga, carnosa, corada. Habita nas capoeiras e floresce nos mezes do verão e do outono. O nome é genérico para grande numero de Melastomataceas e provêm das bagas que tingem ou sujam as mãos. Quiabixho do campo. Fam. Tumeraceoe — Piriqueta áurea Urb. Planta baixa, subarbustiva com raizes grossas e caules sub- lenhosos até 30 ctm. de altura. As folhas são alternas, ovaes, oblongas ou lanceoladas, crenuladas ou serradas, glandulosas, curtamente pecioladas. Toda a planta é coberto de um indumento hirsuto-viscoso, côr de ouro. Inrlorescencia axillar e terminal com flor grande, côr de rosa na base escuro-purpurea. pedunculada. Fructo capsula pequena, alongada. Habita nos campos por toda a parte e floresce nos mezes do inverno e da primavera. O nome lhe é dado por causa da forma do fructo que de certo modo imita o do quiabo. Rabo de tatu, Sumaré, Sumbaré. — Fam. Orchiddceo1 — Gen. Cyrtopodium. Plantas herbáceas, epiphytas e terrestres, com pseudo-bul- bos pequenos ou compridos até 1 m. de comprimento, íusifor- mes com folhas bainhadas, distichas, herbáceas, graminiformes, recurvas nas extremidades e caducas. Inrlorescencia lateral, em panicula grande, multiflora, elegante, bracteada. com bracteas foliaceas, de ordinário da mesma côr que as flores. Flores me- díocres, amarellas ou roxo-pontuadas ou manchadas com labello estreito, pequeno, articulado na base. — 57 — No litoral a espécie mais commum é C. Andersonii que habita na areia mais húmida das dunas, e no interior C. palmi- frons Rchb.f. Outras espécies de porte menor habitam também nos campos húmidos e brejosos. Os pseudobulbos contem um sueco gommoso-gelatinoso, considerado medicinal como suppurativo aperital, podendo talvez substituir o salep. Emprega-se em especial como colla pelos violeiros. O aspecto do semibulbo desfolhado sem duvida deu origem ao primeiro nome da planta. Os de sumaré ou sumbaré algu- mas vezes significam também varias espécies do género Cata- setum. Rinchão. — Fam. Cruciferce - - Sisymbrium officinale Scop. Planta herbácea, piloso-pubescente, com caule erecto, ramo- so, duro ; folhas radicales em forma de roseta, as do caule espar- sas, pinnatifidas com os segmentos 2 — 3 jugos oblongos e denta- dos. Inflorescencia racimosa terminal, com flores amarellas. Habita nos arredores das cidades em logares cultivados e abandonados; a planta nos veiu da Europa. O seu nome é puro portuguez. Rubim. — Fam. Labiatce — Leonorus sibiricus Linn. Planta herbácea com caule duro, erecto, ramoso, obtusa- mente tetragono, sulcado, glabro ou tenuemente pubescente. Folhas inferiores subrotundas, as superiores pinnadas ou parti- das, com lacinias oblongo-lineares, em cima verdes e glabras, por baixo pallidas e pubescentes. Inflorescencia axillar, multi- flora, densa e bracteada. Flores rubras pequenas. Habita em lugares cultivados ou abandonados por toda a parte e floresce nos mezes da primavera e do verão. « Em todo o sul do Estado é considerada como especifico em machucaduras e para banhar feridas, principalmente quando produzidas por armas de fogo». (Lõfgren). Salsa gorda, Salsapaeiha. - Fam. Liliacece — Herreria salsaparilha Mart. Planta sublenhosa, trepadeira, com raiz tuberculada, caule áspero, um pouco aculeado, flexuoso, volúvel; folhas agglomeradas — 58 — em rosetas distantes, lisas, lanceoladas ou lanceolado-oblongas, estreitas, agudas, claro- verdes Inflorescencia raeimosa, thyrsoidea, ás vezes comprida, multiflora. Flor pequena, verde -amarella. Fructo capsula secca, 3 — locular. Sementes grandes, chatas. Habita nas beiras das capoeiras, mattas e nas margens dos rios em muitos logares, florescendo nos mezes do verão. As propriedades da raiz da salsaparilha ainda não são bem determinadas. Emprega-se como estimulante, sudorifico e hypos- thenisante vascular, também como na tratamento das moléstias sypbiliticas, cutâneas, rheumaticas e gotosas (Chernoviz), entre- tanto, não é a salsaparilha legitima. O nome é espanhol. Sangue de Christo. Sangue de Nosso Senhor. — Fam. Jluhiacece — Sabicea cana Hook. íil. Arbusto erecto até 2 m. de altura com casca parda. Folhas lanceoladas ou oblongo-lanceoladas, agudas, branco- ou amarello- tomentosas em ambos as paginas, pècioladas. Inflorescencia axillar, multiflora, agglomerada, sessil, com flores pequenas de corolla branca ou amarellada. Fructo baga pequena com sueco violáceo e doce. Habita nos campos; não é commun. Floresce nos mezes do inverno. O nome provem da côr do sueco das bagas. Sensitiva. - - Fam. Leguminoso? — Mimosa pudica L. Planta herbácea ou herbaceo-arbustiva. com caules ou gla- bros ou pilosos, aculeados. Folhas compostas de pinnas 2 — jugas (ou raras vezes 1 só) e foliolos multi-jugos, 15 — 25 na base obliquos, agudos, pequenos, glabros ou pilosos. Inflorescencia axillar em capitulos ellipticos, côr de rosa. Fructo legume pe- queno, na margem setoso-villoso. Habita em logares húmidos por toda a parte e floresce nos mezes do verão. E' por demais conhecida pela sua grande sensibilidade. Os peciolos dobram-se e os folidos fecham-se em consequência de qualquer choque do lado estranho da planta. Segundo Barbosa Rodrigues é medicinal. As folhas são purgativas e usadas em banhos nos tumores. Dizem também que o sueco das folhas é um veneno violento, e pisadas em emplastros usa-se nas escrophulas. — 59 — Tabóa. — Fam. Typhacece — Typha Dominguensis Pers. Planta raonocotyledonea, robusta, 2 — 4 m. de altura com rhizornas stoloniferos, caule alongado, terminando com a inflo- rescencia, erecta, simples, com base submergida, folhas linear- lanceoladas, coriaceas, longamente bainhadas. Inrlorescencia em espiga simples, comprida, brunneo-pilosa. Habita nos brejos e inundações dos rios em muitos legares. Sobre a utilidade das Typhaceas diz Caminhoá: « A principal é depurar os pântanos e logares alagados < onde vivem ; entretanto ellas constituem uma fonte de riqueza « porque são quasi exclusivamente formadas de cellulose magnifica « para papel e quasi no estado de pureza. . . Servem também « para fazer-se esteiras ordinárias e macias ; e para cochins de « albardas e cangalhas, etc. Não conhecemos a etymologia do nome. Tapiá guassú. — Fam. Euphorbiacece — Aealypha macros- tachya M. Arg. Arbusto arborescente, pouco ramoso, com ramos novos e peciolos molles. cobertos de uma tomentosidade villosa e densa. Folhas alternas, palmado nervadas, grandes, acuminadas, subcor- diformes na base, grosso-serradas, pilosas, pecioladas. Inflores- cenci;) em espigas, das quaes as masculinas são superiores e as femininas as inferiores. Piores muito pequenas. Habita nas margens do Rio Mogy-Guassú e floresce nos mezes do inverno. A sua madeira é muito molle. O nome parece-nos mal applicado, porque Tapiá designa Cratceva Tapiá L. de Venezuela e também Cleome arbórea H B. K. do norte do Brasil, ambas pertencentes a familia das Capparidaceas. Taquara mirim, Taqtjari. — Fam. Graminacece — Arundi- naria verticiUata N. ab E. Gramma até 3 m. de altura com colmo arredondado, estira- do, glabros com ramos densamente fasciculados nos nós, uns foliaceos, floriferos nos ápices, outros aphyllos, mas também — 60 — fioriferos. Bainhas nervadas, glabras, lisas, subcarinadas. Folhas curtas, subcordiformes-troncadas, na base lanceoladas, acumina- das, ásperas, curtamente pecioladas. Inflorescencia em racimos pauci-espigados. Habita nas capoeiras e floresce nos mezes do inverno. O nome lhe vêm de ser pequena, sendo a denominação taquara genérica para todas as bambusaceas. Timbó. — Fam. Leguminosa? — Gen. Camptosema Hook. et Arn. Arbustos ou semiarbustos trepadeiros ou erectos com folhas pinnadas; foliolos de ordinários 3, raras vezes 5 ou 7 com estipulas. Flores grandes coccineo-vermelhas, em racimos fasciculados no ápice dum pedúnculo axillar. Fructo vagem chata, coriacea, 2- valva. Habitam tanto no littoral como no planalto. Uma esp. C. rubicundum Hook et Arn. acha-se mencionada no Boletim n. 10 pag. 54. O nome de timbo é genérico para muitos vegetaes que serviam aos Índios para atadoar os peixes. Pisaram os galhos e lançaram n'os nagua. Outra planta com este nome vide o Boletim n. 10 pag. 93. Toalha de Nossa Senhora. — Fam. Orchidacece — Epistephium sclerophiflhtm Lindl. Planta terrestre, robusta, erecta, até 8 dm. de altura com caule simples ou um tanto ramoso na base, geniculado-flexuoso, anguloso-sulcado na parte superior e folioso desde a base. Folhas coriaceas, amplexicaules, multinervadas, arredondado-ovaes, dilata- das na base ou levemente cordiformes, até 13 ctm. de comprimento e 7,5 ctm. de largura. Racimo terminal erecto, 4-10 floro, até 2 dm. longo. Flores patentes, grandes, côr de purpura, com sepalas elliptico-oblongas, agudas, patentes reticulado-nervadas , até 4,5 ctm. de comprimento e 13 mm. de largura, As pétalas são do comprimento das sepalas mas uni tanto mais largas e obtusas. Labello inverso-oval, ondulado com margem crespa. patente, concavo, até 3,5 ctm. de comprimeto e 2,5 ctm. de largura com uma linha amarella e pilosa no centro. 61 Apezar de ser uma planta genuinamente campestre do nosso Estado, nunca tivemos a felicidade de encontral-a em nossas escursões. Floresce nos mezes do verão. A respeito da etymologia do seu nome vulgar, nada sabemos. Traboeikaba, Trapoeiraba. — Fam. Commélinacce — Gen. Commelina e Tradescantia. Com estes nomes triviaes designam-se varias espécies d 'estes dous géneros, cujos caracteres são os seguintes: 1. Gen. Commelina. Cálice membranoso ; corolla maior do que o cálice ; de ordi- nário 3 estames férteis ; antheras alongadas, uma maior do que as outras com os loculos paralellos ; connectivo estreito ; estaminodios 2 a 3. Ovário 3 — locular, em cada loculo com 2 óvulos. Fructo capsula 3 — loculada. Plantas annuaes ou perennes com a inflorescencia circumdada por uma espatha. 2. Gen. Tradescantia. Estames 6, raras vezes 3, de ordinário todos férteis, iguaes, com filete glabro ou hirsuto ; connectivo alargado, as vezes plicado. Ovário 3-locular, cada loculo com 2-ovulos. Fructo capsula 3-loculada. Plantas annuaes ou perennes som a inflorescencia em cymas curtas, as quaes são as mais vezes compostas de pequenas paniculas. Habitam estas plantas com preferencia nos logares húmidos. São consideradas medicinaes, diuréticas nas hydropisias; empregam- se também em banhos contra o rheumatismo. Tucajé. — Fam. Proteacece — Bkopala brasiliensis Pohl. Desripção e outros nomes desta planta, vide o Boletim n. 10 pag. 46. — 62 — Urucú. — Fam. Bixaee