"2515 .33 Jarbosa, Nicolau Bueno Korta Exploração e levantamento dos rios AKARY e Commíssão de Linhas Telegraphicas Estratégicas de Matto-Qrosso ao Amazonas (Publicação n" 48) Annexo n? 2 íxploração e levaotamento dos rios e Relatório apresentado ao Exmo. Snr. Coronel CÂNDIDO MA- RIANO DA SILVA RONDON, Chefe da Commissão, pelo Ca- pitão de Engenharia NICOLAU BUENO HORTA BARBOSA, Ajudante da Commissão. «NOTA: — O presente relatório foi publicado em orthogra- neiro de 1922.» phi RIO DE JANKIKO Papelaria Macedn-Kua «ia QuttanJa, 74 o RIO ANARI NOTAS acompanhando a caderneta de levantamento c o dcscnho-borrão (1917) o Rio Anari NOTAS acompanhando a caderneta de levantamento e o dezenho-borrão. 1 • — Sua pozição — Acíia-se o Anari entre ois rios Jarú e Machadinho e dezembóca a cerca de 40 Km. abaixo daquele em' a margem esquerda do Gy-paraná ou Machado, justamente ao meio de uma grande alça que esse rio aprezenta quando se volta capriç hózamente sobre si mesmo, dezenvol- \endo uma grande curva a 9 Km. abaixo do «barracão» de S. Sebastião. Seu curso é pequeno em relação ao de seus vizinhos. Não obstante, oferece bom caminho aos grandes batelões até o tempo das aguas médias. As canoas podem percorrê-lo mesmo em Agosto, já no rigor da seca, até o «barracão» de Nazareth, ou aié a barra do igarapé da República, que fica em seu terço superior, apenas com a dificuldade de três cachoeiras e al- gumas corredeiras. Sua direcção geral é a principio de oeste para leste, até mais ou menos a barra do República; daí em diante, inclinando-se ao nordeste e nor-nordéste rorré paralelamente ao G> a jioucos kilômetros deste, até a con- fluência. Seu di\ izor de águas com o Jarú aprezenta, em parte, de notável achar - se muito próssimlo a este ; a tal ponto que, combinada essa prossimidade com a direção geral de seu curso, se prezumiria que o Anari fosse afluir ao Jarú. Rumando, porem, ao N. N. E., o Anari se afasta desse rio e pass(a acor- rer paralelamente ao Gy, apenas a alguns kilômetros afastado deste. Dias ha em que se ouve no rio Gy o surdo ribombo da cachoeira Trabalhóza do Anari, a qual fica a uns 15 Km. da barra. 2 — Sua cabeceira principal — Foi procurada e descoberta em^ 191 6, en- tre as cabeceiras do Tóc-fone ao sul e as do S. Benedito ao poente. Este igarapé aflue ao Machadinho e aquele ao Jarú, naoendo ambas de um mesmo' brejo em meio da mata de alta chapada. Ahi é que termina o di- vizor de águas entre o Machadinho e o Jarú, que vinha ao rumo de N.E. e temi começo a divizoria deste com o Anari, ezatamcntc ao rumo geral de oeste para leste. A cabeceira do Anari naco de uma grota cm ])U'na chapada, com nmita abundância d'água. Ninguém a conhecera antes da esploração de 1916, iHMíi íiu-snio o^ aiicviílus huiMciis, (|ir' clic',i;;'irã() a di-sciibrii' c a <»cni>ar cuni as suas «estradas» i- «barracas^ tios c|iiartas jiartes (hic|uclc rio. Nus últimos anos, (lc\ idt) aos grupos iiidigcnas í[viv sl- estabelecerão na zona, e devido ainda ao aband.)no do Anari pelos «seringueiros», mais difí- cil se torna\a a descoberta de sua cabeceira, (|ue os ocupantes do Machadinlio imaginaxão contra\crlente do igarapé do l.iinào/inho. E como ha\ião obtido com segurança alguns dados sobre a moradia de Índios cm as cabeceiras desse contribuinte do Machadinlio, daí llu'> re/ulla\a um im[)cciiho sério para a or- ganização de uma turma i|ui- ]),iriisse em busca das ri(]uezas prezumidas na dita cabeceira. Em iQió partio de Espirito-Santo, no alto Macliadinlio, uma ])e(|uena turma condii/ida i)elo dcslcmido ■ inatrirn: Pedro Al\'es. Le\a\a a inciun- bèni'ia de subir o S. r>ene(lito e descambar para o '{"(n-fone á procura de cauchaes. Atingido o di\'izor de águas, de])arou com as n<')s-.as ])icadas de csploraçâo abertas mezes antes, dividindo as cabeceiras do Téjc-tone das do S. Benedito c Anari. Seguindo então ao nacente por essas picadas percorreu algims kilômctros ; mas como \ isse alguns sinais nossos deixados em arvo- res, inter]iretou-os mal como send.) a\'ízo da. prossimidades de indios. Dei- xando por isso a jílcada, cjuebrou ao n(')rte, caindo em águas do Anari; e, como a\istasse ao longe uma serrinha, rumou em sua demanda, atraves- sando ejitãio o íAnari ainda pequenino. \'erificada a riqueza da serrinha, retomou o norte, passando então alguns trilhos de indios, e a\-istou alguns destes ocupados na estração do mel. l)ei\ou-lhes alguns brindes ao meio de imi tri- lho e proseguio, cruzando então o braço do Anari que vem do N. ; passou o dicizor de águas do Machadinho, pelas cabeceiras do igarapé da Jatua- rana, e atingio novamente esse rio em um ponto muito afastado da partida- Refiro essa espedição por ter sido a mais notável de quantas ezecu- tárão os seringueiros do Machadinho em 'demanda do Anari. Não lhe coube, porem, a descoberta das cabeceiras do S. Benedito, nem do Tóc-fone e tão pouco as do Anari. 3 -Seus principaes afluentes e formadores — Subindo o Anari encontra- se a cerca de 9 Km. acima de Nazareth um largo afluente pela sua mar- gem direita, denominado do Coatá, tradução de Taboca, como lhe chamávão os janís, antigos moradores da n-gião. Pouco acima áo Coatá desdóbra- se novamente o Anari ; ao poente e continua o braço princi|)al, conservando esse nome até a cabeceira já referida, em contravertente com o S. Be- nedito c o Tóc-fone. A:- N.(). segue o braço menor, ainda hoje pouco conhecido, pela imp.issibilidade que houve de estender-lhe as esplorações de detalhe, em virtude das hostilidades dos indios. Esse braço é que contra- vérte com as cabeceiras do Limàozinho, bem como com as do S. Pedro, outro grande afluente do Maihadinli<}. Assim o .\nari quando atinge a^ dimensões de um rio, aprezenta-se tormado })or um igarajje decendo do poente ao nacente; ao qual se jiíntãj - 7 - dois outros vindo do N. e S., como biaros de uma enóniu' crus. Então ]jMSsa pelo barracão de Nazareth com a laryura de 20 m. c a 2 Km abaixo re- cebe o ig^arapé da Repiíblica, de uns 10 m. de largura, que é o ileira- deiro grande afluente fornecido pelo di\izor com o Jarú. Esse igarapé está de contravertentes com o Cururii c Orange ; ao passo que o foatá contravérte com o Laguinho, a C|ue os jarils denominão lx'ê-Iiim ; ahi ezístem barracas de seringueiros. Abaixo da Repiíblica e pela margem esquerda o Anari recebe três afluentes importantes. l'in deles parece contraverter com os igarapés do Uruá e Bom Socego, que décem ao Machadinho ; outro é conhecido pelo nome de Glória, e contravérte com o RiachãíJ ; o terceiro se denomina do Mundo-Novo, e déce da Sérra-Xó\a, em opozição ao igarapé da Cachoeii uilia, ou Prata. Já perto de sua fóz o Anari recebe um quarto afluente vimlo da di- vizória com o Machadinho; não é volumozo, porem, e apenas o citamos por ser o derradeiro ])ro\-indo daquela divizória. Pela direita, nenhum grande afluente eziste, abaixo do Re]iiíl)li( a, sem dtlvida pela estreiteza tia faixa áv tereno por onde se desd<')l)r,i 1 (li\i/or de águas com o Civ-paraná. 4 — Suas Cachoeiras - .\té a confluência do Coatá, o .\naii. apre- zenta apenas três cachoeiras importantes, a partir de sua embocadura. A primeira e mais importante é conhecida ])elo nome di' Tral)alh<'i/a. Jamais «■mbarcação alguma poderá transpô-la com carga ou descarregada; um varadouro á margem direita permite o trans]K')rte de embarcações ])e- quenas e cargas, evitando a cachoeira. Mais acimia eziste outra menos perigóza, conhecida por Tracuá. (^)uaiKlo as cargas não podem passar embarcadas, sérvem-se os viajantes de um pe- c|ueno varadixiro em uma ilha, para o respeti\-o transpcMte cxil.m.lo a ca- choeira. FinalmcTitc ha uma outra a 500 m. .acima do barracão de Pédra- Branca, assim também denominada ; é menii^ perig(')za e|ue as anteriores. Afora essas, o Anari aprezenta algumas cachoeiras e corredeii'as, que dezaparécem totalmente k')go que se inicia a época das cluu-as. De\ido a isso, a sua navegabilidade é bem superior á cio jarii, guar- dadas as proporções dos respetivos cursos. Não tem a rápida im lina<;ào de leito C|ue se nota nn Jarií, cojas cachoeiras e lages se sucedem ctm\ ire- quência nota\el. N omês de Agosto em cpie decêmos o .Anari. i:í iiãn p 0- deriamios trabalhar no 'Jarú. sem (|ue arrastássemos peiKiz.imente as mi núsculas canoas em longos estirões emjiedrados. 5 — Bemfeitorias — Rezúmem-.se nos estabelecimentos deimniinados barracões, e estradas de cargueiros ou varadouros que os ligão entre si e ás barracas, onde morão e trabalhão os seringueiros. Nóta-se c[ue estes éfão cuidadi')zos i'm dotarem suas moradas de boas raças, e, eni^cnliócas, onde la- bricávão melado de cana e rapaduras, salvando-se assim das crizes anuais do assúcar, género que na maior parle dn ann costuma\'a faltar dc-vido ás difi- culdades de trans]jór;e. Magnificos bananais ; ananazeiros ; a macachcira ou mandioca mansa, e o milho; c-omplctávão os recursos locais, e se notávão em muito maior escala do qu ■ cm qirilqiur outro seringai. As margens do rio se áchão os barracões de Pédra-Branca e Na- zareth ; ao centro enconlra-se o de S. João. Um bom varadouro liga-os en- tre si, e de qualquer deles irradião outros conduzindo ás barracas, cujas mais ricas se áchão nas serras do divizor de águas com o Jarti, como sêjão a dos Angicos e a de S. Sebastião. Uma descrição detalhada dessas bemfeitorias rezultaria enfadonha. A inspeção da planta abrangendo a zona entre o Jarií l- u .\ruiri dará a co- nhecer todas elas em detalhe. 6 — índios — Antigamente érão os jarús — moradores d)o Tramac, os úni- cos conhecedores do Anari, cujo nome indígena é Uaneri, ou Uandri, do qual por corruptela proveio aquele entre os civilizados. Em águas do Coatá se encontra uma estensa capoeira, contendo ainda bananeiras, a qual foi a localidade de uma enorme aldeia jarií. Os seringueiros dérão-lhe o nome ds S. Pedro. São João foi outra aldeia jarii ; ainda mais ao norte e portanto mais próssima ao .-Inari, eziste, uma terceira capoeira — demionstrando haver sido um grande núcleo daqueles indios, hoje estin- tos ooinio nação. Desse núcleo partião eles para o Machadinho, cruzando o Anari e ga- nhando o divizor ao N. O. ; decião o Lmãozinho e assim ch?gávão àquele rio, que margeavam pela esquerda até União, em busca de brindes sob a oferta de seus trabalhos nas mortíferas cachoeiras daquele rio insalubre. Quázi estintos os jarús, e já decadente a industria estrativa, foi quando apareceu no .Anari uma turma de indios tupis, cujo nome parti- cular ainda se desconhece. Vierão do Jamary ou, mais precizamente, do alto rio Branco, fugindo ás batidas dos seringueiros desse rio. O primeiro sinal que dérão de sua aprossimação foi na capoeira ultima, apontada conuo terceiro grande núcleo de jarús. Próssimo de pou- cos metros dessa capoeira acha-se a barraca conhecida pelo nome de seu mo- rador Agostinho. Os indios aparecerão em iioite de luar e conduzirão se- mentes e mudas cjue lhes interessávão, a saber, milho, miandióca e algodão. Percebida a sua vizita, foilhes deixada no local uma certa quantidade de brindes, e .mais sementes e frutos. Voltando, eles tudo conduzirão, menos os cachos de bananas. Mais tarde decendo o Anari esses indios chegarão a Nazareth, e co- meçarão a frequenter a roça de um seringueiro, sem fazer-lhe, porem, ne- nhuma hostilidade. Esse homem descobriu os seus trilhos, que semeou de estrepes ; também foi longe em sua malvadês e deixou-lhes uma armadilha de rifle. — 9 - Of. ndidos, os indi is (Icntrn em pouco reagirão. Em pleii) dia ataca- rão a l)arraca d(j seringueiro, a despeito dos cães que os atropelarão e a despeito de nela se acharem muitas outras pessoas. Umia destas foi flexada sem gra\idadc. Repelidos á bala, os Índios fugirão abandonando alguns ^r- cos e Uiuitas fléxas. Os seringueiros correrão ;;o igara])é da República, onde estavão dois índios jariís, cujo avixilio pedirão para a perseguição dos ata cantes. Os jarús subirão o Anari acampanhando as pegadas dos outros ; mas dentro em bré\'e regressarão sem os haver alcançado. O pânico sobrevindo a esses fatos determinou o imediato abandono dos seringais do .Anari em 1915, cuja esploração já se achava acentuada- mente agonizante. Por outro lado os indios tupis ri-colhendo-se ao Alto Anari, lá se conservarão nos anos seguintes, sem nialeficio algum, apezar dos seus fre- quentes encontros com ;.s moradores do Machadinho no varadouro de For- taleza para cima, quando chêgão as temporadas do pescarias nos poços dos igarapés e nos igapós daquele rio. A hostilidade que nos fizérão esses indio.i nós a relataremos no diária. As tentativas quj fizemos ]mra ganhai' lhes 'a .amizade, as suas malocas e plantações, etc, deixaremos para as Notas do Machadinho, de onde partimos á procura deles, que encontrâmios estabelecidos no di\izor desse rio e Anari. 7 — Diário do le\'antaTniento do Anari. Esploração de sua cabeceira 3 Agosto - Coiit iima turma de 16 ho- mens e 9 cargueiros parti de Espirito -Santo no aho Machadinho e bivaquei na cabeceirta do Anari, que descobrira no ano anterior, utilizando a picada aberta pelo igarapé de S. Benedito acima. 4 Agosto — No 1.0 bivaque ás (t h. am. ; termómetro, 15": barómetro, 750,5- Iniciou-se a abertura de uma picada para cargueiros decendo a cabe- ceira. Levantei a bijssola e corrente essa ]iicada até a distancia de 1.772'", 7. Bivacâmos alem, pelas 4 h. pm. 5 Agosto — No 2.° bivaque ás 6 h. am. ; termómetro, 16"; barómetro, 75'õ- Proseguindo, chegâniíjs ao 2." l)i\:n|ue com a distância levantada de 4.000'",! a partir do inicio; terminámos com 6.204"!, 5 c fizemos o 3." bi\-a- que miais adiante, á margem direita do Anari quc^ já tem 5 m. de largura. Nesse lugar ele recebe pela direita um afluente correndo bem. Estamos num pontal, bonito lugar. .-\ frente ergue -se um alto barranco. Onde deixamos o levantamento, a 6. 204'", 5 da cabeceira inicio do serviço, o .Anari recebe [jela esquerda um afluente pouc-o menor cjue ele pi(')piio. Tornarão-se fie quentes os igapós e os brejos de taquarinha, que im])édem que se encoste a picada á beira do rio. .A]iarecêrão os primeiro^ barreiros de Anta, e sinais frescos de indios. - 10 - 6 Agosto-- No 3." bivaijue ;ís 6 li .ani. ; icrmômctri), I5",5; baróme- tro, 751,5. Proseguinclo o lc\antamento medi até o bivaque 3.", 8.05'",7 conta- dos do inicio do serviço; susjjendi este junto a um pec|uen(i igarapé atola- diço* com 10.421 'Tl, 4 pelas 2 h. pm. de\ido ao encontro que a vanguarda da turma teve com os índios. Efectivamente o mateiro e aussiliar da turma Sr. Manoel Pereira de Souza, que seguia fazendo a vanguarda c abrindo um estreito pique pelo melhor terreno, encontrou-se repentinamente com uma turma de Índios, que se ocupávão em Fazer tocaias de [)almas de auassij para caçadas. Ao mesmo tempo lun outro liomem, companluiro de Manoel Pe- reira, tinha encontro semelhante á margem esquerda, que ele decia veri- ficando os afluentes. Chegou a avistar-se com dois indios, que correrão; e ouvio as pancadas de um pilão, indicando aldeia próssima. Os indios longe de fugirem, começarão a demonstrar sua prezença com assobios imitando animais e ba tendo em sapopembas. Como não che- gá\ão á fala e parecião em atitude de dezafio, o mateiro suspendeu o tra- balho e retrocedeu a comunicar o ocorrido. Conduzindo pessoalmente a turma levei a abertura da picada até o ponto das tocaias. Procurou-se então a batida dos indios e encontrou-se um trilhozinho que nos levou a um mais largo, na margem esquerda do Anari. Gritámos repetidamente no dezejo de uma resposta dos indios. Eles con- servávão-se em silêncio; mas assim mesmo continuámos pelo seu trilho e passámos dois recentes acampamentos, onde notámos muitos paus derru- bados e _ sinais de palha cortada, fazia pouco tempo. Tudo indicava a pros- simidade da aldeia ou atual acampamento; por isso redobrámos os gritos de chamada. Afinal, passado um pequeno igarapé percebemos ao alto da ladeira a claridade que anuncia as derrubadas; mais um instante, e avistámos a rancharia do acampamento indígena. Entrámos, sem ir até o centro, pois a prudência assim aconselha\'a diante da quietude dos indios, que, havia poucos minutos, se retirarão deixando ainda foguinhos acezos, balaios com mantimentos, uma arara e um gavião. Apenas avistou-nos aquela ave ati- rou-se de seu poleiro abaixo, aos gritos ásperos de alarme : o gavião com- pletamente depenado correu a refugiar-se na mata. l'ma cadelinha nf)va que nos acompanhava correu perseguindo a arara ; e, quando o mateiro já se adiantava um pouco para agarrá-la e impedir que maltratasse a ave, e, quando sob meus gritos de repreensão ela abandonava já a imprudente per- seguição— foi que os indios emboscados ao lado oposto do acampamento atacárão-nos inopinadametite com suas fléxas, logo seguidas de seus gritos de guerra. Algumas passarão bem próssimas de nós, que éramos quatro no ter- reiro do acampamento. Instintivamente nos retirámos a correr, colocando- nos ao abrigo da baixada do igarapé, que foi o que nos salvou no momento. Mas não parámos ahi, porque os índios saindo de seu abrigos por de trás — li- das árvores nos jicrseguião soltando gritos de combate; até que, quázi a alcançar-nos eles, dois tiros disparados ao ar por minh.i ordem os conti- \'érão , cessando a ardoroza perseguição. Então pudemos recolher-nos em socego ao nosso bi\ aque, verificada a prezença dos demais companheiros, e nenhum ferimento. Não dei.xâmos, porem de tornar a gritar pelos Índios. O silêncio foi a sua resposta. Falhava assim a nossa tentali\a amistóza, sem dií\ida por ter sido prematura, não se achando ainda os indios na compreensão de nossos pro- pózitos ; sobretudo por não ha\êrem podido ter a calma necessária a um julgamento da situação, devido á pouca distância em que se achá\ão suas mulheres e crianças, que lhes ezigião defeza imediata a todo o custo. Aliás não t)s procurei imaginando uma i)acificai,ào por surpreza' de- zeja\a que me respondessem aos gritos: utilizando então o \ocabidario que tinha de algumas línguas, procuraria fazer-me compreender nos ■ meus bt)ns propózitos. Verificada a ezistência deles no nosso rumo obrigatlo, ou teríamos que nos retirar dando logo por finda a nossa esploração ; ou tentaríamos al- guma coíza a ver si ]ioderiamos prosegui-la. Talvês nos respondessem ; tal- vês se retirassem, deixan(K)-nos o caminho li\ re, como de outras \ezes fizé- rão. Preferirão atacarnos, e assim cortarão nossas esperanças. 7 .\gosto — No 3.0 bi\:ique, ás 6 h .am. ; termómetro, i6",5 : baróme- tro, 752,5. Rezolvi ])ermaneccr no mesmo bi\aque, a \er como os indios se portão conosco. Quem sabe si terão ido ])ara longe cedendo-nos o caminho? Man- dei uma turma á frente jireparar um esti\adgo as fléxas, segui- das dos gritos de ataque. I'oi quando um tiro se disparou ao ár; no local per- manecerão alguns homens guardando o caminho, como eu lhes recommen- dara, ao passo que os demais regressarão ao bíváque a dar-me parte do ocorrido. .\cudi apressadamente; alguns homens gritáxão aos indios, cpie res- pondião imitando c ,nn('a(,an(lo. I)c \ és cm ([uaiuld uma fléxa zuinliia pel.i folhagem da mata. l^m \ ào nos tlemoramos .1 tentar com])i('i'n(ler os indios — 12 (■ ;i c|iK'rer que nos conipreendêsseni. O nosso cac,;i(l<>r Aranqui, indio jarú, ik'clarou-nos nada entender, e também eles não o eniendião ; lanto que mais e mais redobrávão suas amea(:as selvagens. Estávamos sendo rodea- dos; e lornou-se urgente o nosso regresso ao bi\aque, a ,00'" a])enas dali. Dei ordem de imediata contramarch.i : eiH|uant(i se alceávão as cargas e se arreávão os cargueiros, disparámos alguns tiros a esmo, para conter á i.lislância os nossos atacantes, sem fazer-lhes mal. Ksse artificio ia sut lindo o efeito dezejado, e logo se concluirão os i)re[)arati\os de regresso, que se iniciou sem atropelo e precavidamente. Então as aves e os aiiiinucs da floresta nos assobiávão em torno; e mesmo alguma flecha ])assou-nos )jor cima. Retomando o di\izor, [jou/amos ;i noitinha em uma cabeceira do Toc-fone, sobre ])equena serra, esj)lorad;i no ano anterior. 8 Agosto No bi\aque : ás o h. ;im. ; termómetro, 17"; barômetio, 750. Levantamos acampamento e ainda com toda a precaução retomamos ,i marcha pelo divizor do Anari e Jarií. Entrando depois em um \aradouro, chegamos á tarde ao bamicão de S. João, ]jouco alem dn qual bi vacamos novamente. y Agosto No bi\aque 16.", ás o hora^ ;ini. Le\antando acanqjameiito já livre do perigo dos Índios, alcançamos á noitiidia o barracão de Naza- reth, onde encontramos as canoas para decermos o trecho na\egá\el do .\nari. Ahi pouzamos. 10 Agosto - No porto de Naza-reth, as 9 h. am. ; termómetro, 20"; íjaròmetro, 761. Iniciamos o lexantamento do .Anan embarcados em duas canoas, e munidos de uin telémetro Fleuriais ebússola. .A 2km.o53 abaixo de Nazareth encontramos a barra do igarapé da Re- publica, á margem direita- Dez metros de largura. Pouzamos com 6. 325'", 7 de serxiço, havendo passado a boca de al- guns pequenos igarapés. O rio maiitexe a largui;i de 15 a 12'", semjiie atravancado de paus. II Agosto — ás 6 h. am. no jiouzo. ; termómetro, lO"; barómetro, 757,25- As 2 h. 20 m. pni. alcançám(js Pedr;i-Branca, a 14.3 12"', 7 de Naza- reth. Acima cerca de 500"^ do barracão está a cahoeira do mesmo nome. onde o rio passa num canal apertado de 5'" de largura. ,ã direita érgue- se o barranco de um só blôco granítico, que também aflora tio jiorto do barracão em estensa lage, que dá o nome ao lugar. Vimos na cachoeira uma canoa arrebentada recentemente nas pedras. Passámos alguns igarapés de um lado e de outro. As vezes notámos o \aradouro que acomp;mhii a margem direita, ligando Nazareth a Pedra Branca. Neste porto fizemos uma serie de observações barom. e termom., que se áchão mencionada-- 11,1 caderneta. - 13 - 22 Agosto — Recomecei o levantamento do Anari ás 7 h. am. com ,1 canoas e 9 homens de tripolação. Hoje o serviço rendeu 1 1 .8o7'",9. Passá- mos meia dúzia de igarapés e duas corredeiras. O rio alargou-se para 20 m. 23 Agosto — As 6 h. am. no pouzo ; termómetro ,1 5" : barómetro, 760. Logo abaixo do pouzo passamos a barra de um igarapé forte, á margem esquerda. Terminámos o dia Lom i3.o38"\o, havendo passado mais alguns igarapés, tendo dois dele^. um bom \olume daguas. .A. largura conser- \ou-se de 15 a 20"". 24 Agosto — No pouzo ás 6 h. am. : termómetro, 15", 5; barómetro, 760,5. Aparecem boritis á margem do ricj, que se torna menos rápido e nmito profundo. Passámos a cachoeira da Tracuá com as canoas vazias prezas a um cabo. As cargas passarão ás costas, por um pequeno \'ara- douro em uma ilha ao meio da cachoeira. A tarde ciiegâmos á cachoeira maior do Anari, conhecida pelo nome de Trabalhóza, ap<')s .S.i4['",4 de le- \antamento. Cargas e canoas fórão varadas por terra. 25 .Agosto No pouzo da Trabalhóza ás 6 h. am. ; termómetro, 1 8° ; barómetro, 761,5. Proseguindo passámos alguns igarapés sendo de notar-se os denomi- nados da Glória e Mundo-No\o, ambos á margem esquerda. l'm outro pe quenino igarapé do Barreiro, tem importância por assinalar a boca do vara- douro que liga o Anari ao barracão de S. António, no rio Machadinho. Nós prolongamos esse varadouro ao nacente, até a margem esquerda do (Ty-i>a- raná, em um ponto a 2 Km. abaixo do barracão de S. Sebastião. Pouzâmos com 12. 436'", 7 de serviço, junto a uma cachoeira que dezaparéce no inverno, como tatnbem acontece a todas as demais do liaixo Anari. 26 Agosto — As 6 h. am. no pouzo: termómetro, 10": barómetro, 701,5. Passámos uma tapera junto a uma grande lage ; um igarapé forte á margem esquerda e uma cachoeirinha. .\s S h. 30 m. am. terminamos o levantamento do Anari em sua barra, havendo medido mais 3. 025", 5 que somados aos anteriores, dão 62.7721^,2 para a sua estensão desde Nazareth até o Gy-paraná. II RIO MACHADINHO (1918) Rio Machadinho I — Pozição — Afluente da margem esquerda do Gy-Paraná ou Ma- chado, o rio Machadinlio déce das sérra-i divizórias dos rios Branco e Preto, afluentes do Jamary, e tem sua bacia colocada entre as do Anari e Preto, contribuintes também daquele primeiro grande rio citado. No : cu cur^o stqierior ele tem afluentes que contra \értein com o Tóc- fóne e S. Salvador, da bacia do Jarií; e no inferior alguns afluentes se- cundários contrave-rtem cérva águas em seu cui^so superior; ]iorem \imo-lo seco iunto ao Machadinlio no inés de Setembro. Muito mais importante do cpic cie é o igarapé de jozé Rodrigues, (no- me de seu prinieiro morador), (pie .itlue ao Machadinho pela esquerda, \indo da (ii\ izória do Rio-Branco ; o (piai regula ser 2/3 do volume de seu cole- tor, que dahi para baixo ganha a largura de 5"^ a 6"'. Esse igarapé do Jt)zé Rodrigues conserva suas águas nuvsmo no ri- goi- (las secas. .Sua l)arra v^V.\ mais ou menos a 7.100'" abaixo da de -S, .\maro e a 10. Oco'" d.i n.icente de .Santa-Róza. - 18 - 4 — Afluente^ — Seria eiifadunhn riiuiucr.ir todos os afluentes do Ma- chadinho, os (|uaes fisíúrão nas cadernetas e i)lantas. Mencionarei alguns mais importantes, da barra do igara i»'- do Jozé Rodrigues para baixo, a saber : SANTOANTONIO fás barra á margem direita do Machadinho, junto ao passo do \ aradoujo que segue ás cabeceiras do S. Salvador, vindo de Bom Futuro. líle conlravcrte com as mais altas e importantes cabeceiras desse igara])é. que se dirige de norte ao sul a laiu.ar se no rio Novo, afluente ou biai.d do Iíu fone: enquanto que ele segue em rumo oposto, a lançar-se no Machadinho acima de BonvFuturo. Regula 8'" de largura mássima. SÃO-JOZÉ fás barra á margem esquerda, a cerca de 300"' abaixo de Hom-Futuro. lm]>ortaiUe por assinalar o termo da navegação do Macha- diidio por canoas e igarités, que alcânçào Bomd'"utur() i)recái lamente já, com aproveitamento dos maiores repiquetes cFáguas. Sua cabeceira contra- vérte com águas do Rio liranco. CONCEIÇÃO — fás barra á margem esquerda. \'em da divizória do RioBranco, e nace com o nome da Bella-Agua. S.AMAOMA ~ fás barra á margem direita ,com 10'" de largura, um pouco acima do barracão do Espirito-Santo e da cachoeirinha desse nome. Vem da divizória de águas do Tóc-fone. Séguem-se, ainda á margem di- reita, os seguintes igarapés. S. BENEDITO que tem su.is duas principaes cabeceiras em con- trapozição ás principaes do T(')c-fóne. Uma delas nace de um brejo, correndo ao norte; ao passo que ao sul e do mesmo brejo déce uma cabeceira do Tóc- fone. E' o derradeiro contribuinte do Machadinho i)roveniente do divizor do Jarií. Ele marca o inicio do di\ izor do Anari, ou o canto entre os três di- vizores : Jarií, .Anari e Machadinho. LIMÃOZINHO — cujas cabeceiras se opõem a outras tantas do Anari; atinge a largura de 12'", ai)rezentando então suas margens bordadas de igapós e várzeas, muito frequentadas pelos indios em pescarias. No entanto sua barra é quázi oculta, e dificil de notar-se devido á vcgetaçãf) e bancos de areia. Em tempo de seca nóta-se apenas um canalzinho de uma braça, com pouca água. Isso mesmo acontece com outros igara])és, como de S. Benedito e Jatuarana. V.ÃRGEM-ALTÍC.RE - tem sua barra muito jjróssima á do Limãozinho. J.ANDAHYRA é um importante igarai)é. afluente da margem es- cpierda do Machadinho. Seu ( urso se dirige a X'. E. e se aprossima bas- tante do seu coletor, tanto qut- e^i)lica a auzencia de qualquer outro im- l)ortante igarapé desde a barr.i do Conceição, como se depreende da enume- ração feita linhas atrás. Suas cabeceiras contravértem com águas do rio Branco, ao ])oente, e Conceição ao sul. Uma das cabeceiras do rio Branco tem o nome de Pau d'Arc(j, pertencendo ao braço de S. João ao norte da- quele rio, conhecido pelos moradores por braço Esquertlo ; ela reune-se a - 19 - uma outra, que lhe entra pelo nacente, e essa é que diretamente recebe as contravertentes do Machadinho. REPARTIMENTO — fás barra á margem esquerda, a uns 30 m. abaixo do Jandahyra. Também é um grande afluente ; suas águas somadas ás deste quázi iguálão ao \'olume do Machadinho, isto é, este quázi du- plica seu volume ao receber esses dois valiózos contribuintes. Enquanto o Jandahyra corre a N.E. e muito próssirno ao Machadinho, o Re- partimento vem do poente a nacente, quázi normalmente ao seu coletor. Ele tem sua principal cabeceira em opozição a uma do igarapé de 28 de Abril, contribuinte do rio Branco, que é o do Jamari. Pelo sul contravérte com um afluente do Jandahyra. S. PEDRO — fás barra á direita, e vem do divizor do Anari, com cujo braço septentrional contravérte. CARMÊLO — fás barra á esquerda, vindo do poente ao nacente. Con- travérte com as cabeceiras do Retiro e Indianópo'is, afluentes respetivamente dos rios Branco e Preto (do Jamary) . Se desdobra o Carmélo em o braço das Tabocas e o braço meridional, que conserva-lhe o nome e tem a origem acima indicada. Abaixo da confluência do Tabocas entra-lhe pela margem esquerda um grande afluente que contravérte tanto com o rio Preto do Ja- mary, como com o rio Preto- do Machado; uma de suas importantes cabe- ceiras denomina-se da «Lagoa», na divizoria de aguas com o rio Preto do Jamary. E' cortada pelo varadouro que une o Machadinho a esse rio. AGUA AZUL ou MIMÕZA — é outro afluente da margem esquerda do Machadinho. Nace na serra das Queimadas, onde contravérte com aguas do rio Preto do Machado, e com um galho do Carmélo, que o separa dae fontes do rio Preto do Jamary. JATUARANA — compara-se ao Agua-Azul, e é contribuinte da mar- gem direita. Vem do sul ao norte, do divizor de águas do Anari. PARMELO — fás barra á margem esquerda, decendo do norte ao sul. \'em do divizor do rio Preto, afluente do Gy-paraná. URUÁ — tem sua barra abaixo do Jatuarana ,e vem do mesmo divi- zor que este; mas é menos importante. RIACHÃO — mesma margem e mesma observação precedente. PRETO — fás barra á margem equerda ; é de águas escuras, fato de que tira O nome. Nace na serra de Santa Llelena. ANANAZ — fás barra á margem esquerda; é muito brejozo e con- travérte com aguas do Parmelo e do Repartimento, ou igarapé de Belém. PRATA ou CACHOEIRINHA— fás barra á margem direita; e é o derradeiro proveniente do divizor do Anari. Nace da Serra Nova nesse divizor. É volumozo. REPARTIMENTO — fás barra á margem esquerda, e vem do divizor de águas do rio Preto. Ê um importante contribuinte, permitindo navegação fácil nas enchentes até o barracão de Belém, nome que também lhe dão. Contravérte também com o Parmélo. ^ 20 - Alem desses aflneiites o iMachadinho possuí á esquerda o de Santa Maria e Carazal; e ainda outros na margem direita, como o de Cajueiro, que fica pouco acima da cachoeira de S. Jozé. E tempo, porem de suspen der a enumeração, que já vai longa. 5 — Cachoeiras — Subindo o Machadinho, a primeira cachoeira que se encontra é a da Andorinlia, onde tem pois começo o trecho encachoei- rado do rio, constituindo a importante dificuldade de sua completa nave- gação. Logo em seguida \em a do Jaburíi, que marca o termo da navega- ção a vapor das lanchas, c onde as cargas são passadas por terra graças a um curto varadouro aberto á margem esquerda. Ahi ezistem barracões, ou antes raiichos cobertos de palha e abertos em todas as faces, servindo para abrigo da carga em ■ transporte no tempo das águas. Pouco acima está a cachoeira do Jacarétinga, também muito impor- tante, com seu pequeno varadouro e ranchos de depózito. Ségue-se a esta a do Cojubim, acima da cjual e á margem direita ezistem ranchos destinados ao mesmo fim. Esta, porem, não é tão importante como as duas preceden- tes; dá passagem, embora perigóza, ás embarcações de médio tamanho. Ahi termina a série de cachoeiras que tórnão trabalhozo o transporte de car- gas; deixando de lado por serem muito menos importantes duas outras que se intercálão nas precedentes. Com o fim de evitar esses obstáculos e ao mesmo tempo o trecho en- cachoeirado do rio Machado entre Remanso e Dois-Novembro, eziste um va- radouro que partindo de Rama-rama no Machadinho vai alcançar o barracão de Jatuarana, á margem esquerda do igarapé do mesmo nome, que dezembóca pouco abaixo de Dois-Novembro. De Jatuarana ganha-se o Machado neste -. De Belém parte uma picada que vai até a barraca cie Queimadas, ao sopé da serra do mesmo nome. Ahi tem inicio o varadouro que vai ao bar- racão do Cojubim, no rio Preto, afluente do Machado. De Belém a Quei- madas medimos 26.370 ^ c de Queimadas a Cojubim 42.160"). De Queimadas ainda parte um caminho ligando-se ao varadouro do Ju- ruázinho na barraca de Esmeraldina, de onde se continua para os barra- cões de Véra-Crus, Belo-Horizonte e Jatuarana, e finalmente Angustura no rio Machado, com o total de 77.720 "\ Portanto, de Angustura se pode ir ao Machadinho em Rama-rama, varadouro que já deixei mencionado ; e em Monte-Santo e União, pelos agora descritos. E se pode ir ao Rio- Prelo em Cojubim, de onde se pôde passar ao rio Preto do Jamari, alcançado no barracão de Santo-Antonio. De Co- jubim a Santo-Antohio medimos 38.405"', com escala pelo barracão de Santa- Róza, que fica a 14.085'" do primeiro. Acima i8km,84i de Monte-Santo está o barracão de S. António, sede do seringai do mesmo nome, de propriedade do Snr. Coronel A. Viriato Castro. Fica á margem direita, e o varadouro principal que penetra os se- ringaes atinge o rio Anari no Porto do Barreiro. Em 1917, abria-se um va- radouro ligando Santo-Antonio a Belém; e bem assim uma variante entre Belém e o Juruázinho, evitando Queimadas e o profundo brejo do igarapé Preto, afluente do Repartimento. Essa variante encurtará bastante a distân- cia atual. Acima 6kin,6i2 de Santo-Antonio está o barracão de ÍS. Gonçalo, doa Snrs. Asensi & Comp., o qual é sede do mais rico e bem trabalhado se- ringai do Machadinho, á sua margem direita. De S. Gonçalo póde-se ir ao porto do Barreiro no Anari; de onde se pôde chegar ao rio Machado quer descendo aquele, quer por uma picada de 3. 635 '" apenas, que o atinge em um ponto a cerca 2 km. abaixo do barracão de S. Salvador- — - Ganhando os fundos do seringai de S .Gonçalo se pode ahi tomar uma picada que divide as águas do Anari e Machadinho, e por éla se che- gará aos seringaes do Anari em S. João e Nazareth, como aos do Jauní em Transvaal e Paraizo ; ou ainda em S. Salvador e Santos Dumonl ; como também se poderá ir á linha telegráfica, e ao Jamari. -•23 - Medimos os varadouros de S. Gonçalo numa estensão de 68.430"! pas- sando por 26 barracas. Ainda eixstem outras, que não visitamos por fi- carem em maiioas de varadouro. A esse barracão ségue-se o da União, que lhe fica acima, á mar- gem esquerda do rio. . De União partem dois varadouros prnicipaes. Um deles ganha os centros do seringai até as colocações do Oriente; este lugar fica a 31.740"» daquelle, e dahi se pôde ir ao barracão dt) Cojubim, no rio Preto, pas- sando por Santa-Thcreza. O outro \aradouro segue rio acima mais ou menos próssimo á sua margem direita, e vai a Espirito-Santo, passando por Fortaleza. Até For- taleza medimos 34.784"» e 27.186" dahi ao Espirito-Santo. Fortaleza não é propriamente um barracão; é lugar de depózito de mercadorias, mas á margem esquerda, e pouco no interior, se construía em 1917 um inirracão entre os igarapés de Jandahyra e Repartimento, para ser\ir de apoio aos trabalhos dos seringaes das cabeceiras desses iga- rapés. De Fortaleza \'ai-se ao rio Preto do Jamari por um varadouro que mede 45-537™ até o barracão de Santo-Antonio, já mencionado páginas atrás. Também se pode ir á picada que corre pelo divizor de águas, mencio- nada quando tratei dos varadouros de S. Gonçalo. Espirito-Santo é um barracão que tende a cer abandonado ; dele parte um varadouro aos seringaes do Conceição e Jandahyra, medindo 21.460"» de estensão; e dali continua -ão S.O. o varadouro que vem de União, até o barracão de Bom-F aturo, á margem direita do Machadinho, com 4.860"». Esse barracão é a. sede dos seringaes do mesmo nome, pertencentes ao Sr. Coronel Acácio Ferreira do Vale, que hoje é sucessor do Sr. Comen- dador J. Francisco Monteiro na posse dos da União. Ê o derradeiro estabelecimento no Alto Machadinho, e se liga ao Rio- Branco do Jamari por um varadouro passando na cabeceira de Santa-Róza, o qual mede 16.620»»» até esse ponto. De Santa-Róza o varadouro passa os barracões de Fortaleza ou Depózito, Ypiranga, c Jurupary, situados, os dois primeiros no rio Branco e o líltimo no denominado repartimento desse rio, isto é, onde ele se divide em dois braços quázi iguais. Do Jurupary se ganha em algumas horas o barracão de Itapipóca, á barra do rio Branco no Jamari. De Santa-Róza a Ypiranga medi 30.814™. De Bom-Futuro parte outro varadouro que, acompanhando mais ou. menos o igarapé de Santo-Antonio, passa depois ao de S. Salvador, por onde se vai até Santos-Dumont, no rio Jarú. Póde-se também ir ao Jamari passando pelos seringais do Valha-me-Deus, ou pela linha telegráfica. Na- quele cazo passa-se pelo barracão de Montevideo ; no segundo cazo, pelo de Santa Maria no igarapé do Andirá, de onde seguir-se-á dirétamente ao Ja- mari em Arikêmes, ou passando pelos bafracões de Salvação e Desctilvado no Quatro-Cachoeiras e Canaan. - 24 - Terminamos assim a enumerarão dos barracões e varadouros prin- cipaes do Machadinho, que o ligão aos rios seus vizinhos. As tabelas de dis- tancias e os dezenhos suprirão os destalhes, de que propositalmente fugimos agora neste rezumo. Apenas devo ainda referir-me a Rama-rama, cujo varadouro está des- crito páginas atrás, e que é um depózito de cargas; bem como ao barracão de S. Paulo, á margem direita, de propriedade dos Srs. Asensi & Comp., e sede de um bom seringai. Fica a 4.145'" acima de Rama-rama, e portanto muito abaixo ainda de S. Jozé, cachoeira a montante da qual ezistem os bar rações precedentemente enumerados. índios Nada podemos colher sobre Índios habitantes primitivos do Macha dinho, que não fosse referente aos «Rama-ramas», cujas capoeiras e taperas nótão-se ainda nas imediações do porto que deles tomou o nome, e nas ter ras do seringai de S. Paulo. Os «Jariis» aparecião no Machadinho em busca de brindes, e érão ás vezes utilizados nos serviços de transporte em batelões. Os Índios rama-ramas áchão-se próssimos de completa estinção; vizi- tei os que ainda réstão em uma aldeia á margem direita, a umas duas ho- ras de viagem do barracão do Monte-Santo, ao sopé da Serra Formóza. Erão dois homens, duas mulheres, das quaes uma estava á morte e veio a falecer dias depois; e duas crianças, uma de 3 mezes apenas e ou- tra de uns 7 anos. Os Índios são conhecidos pelos nomes de Jozé e João; este é o pai das duas crianças e parente do primeiro, que referio-me ser fi- lho de um cacique falecido. Sua mulher, já muito velha, é que se achava doente; mas além dela, Jozé possuia outra, de que foi' violentamente se- parado por um dos gerentes do seringai de S. Paulo, a qual foi após isso remetida águas abaixo ao rio Gy, onde ainda vive amancebada com um ve- lho viageiro da caza Asensi & Comp., em Tabajara. O velho Jozé foi nessa ocasião espancado e amarrado a um esteio durante a noite, e ameaçado de morte, por não se conformar com a vio- lenta separação de sua mulher. O seu algoz insultava-o dizendo-lhe ser um vadio, por não trazer ao «barracão» o producto diário das caçadas ; e espro- bava-lhe a indecente conduta possuindo duas mulheres. Jozé, muito razoa- velmente, não poude nunca comprehender o fundamento do que se lhe di- dia ; e, para caraterizar a má fé ou máo intento do seu algoz, perguntou-me porque preferio este arrebatar-lhe a mulher jóven ,em vês de tomar-lhe a ve- lha; o que me pareceu uma indagação bem justa. Afinal o pobre indio conseguio fugir de S. Paulo; uma escolta des- pachada ao seu encalço, não conseguio encontrá-lo. Ele teve abrigo no se- ringai de Monte-Santo, cujo proprietário Sr. António Carneiro condoeu-se dele. Dias depois apareceu no barracão daquele nome a velha india. Vinha - 25 - mia, havendo também fugido das garras do gerente de S. Paulo. Gastará muitos dias na travessia de tão longa distancia, apenas acompanhada de uma cadelinha fiel. A aldeiazinha onde múrão esses pobres Índios possue estensa capoeira, atestando haver sido em outros tempos uma próspera aldeia rama-rama. Alem das suas bananeiras e macacheiras, etc, os seus moradores pob suem pequenina criação de aves. Estráem borracha também, e com esse pro- duto aparecem em Monte-Santo, oferecendo-o em troca de assucar, sabão, sal; ou chumbo e pólvora para suas modestas espingardas. Trabalhão en- fim como o permite o seu primitivo estado de civilização; muito menos feli- zes entretanto do que se houvessem permanecido fora do contacto dissol- vente dos seringueiros, cauza imediata e única de sua iminente estinção. Não consegui saber de onde lhes veio a denominação de rama-ramas. O Índio Jozé nada esclareceu-me sobre esse ponto ; pareceeu-me que eles se denominão a si próprios «Ytangá)/. Consegui alguns nomes, apenas com o intuito de confrontação pos- terior com os de outras linguas; a saber: uáia-há — gerimum utchorê-mé — fome utiu — água ydogá — vamos comer uíiii-uá — vamos beber água tianá — fogo canantcliiá-uáp — sol ué-ná — lua macô-cú — lamparina iuá — banana nan-ian — milho pética — batata mani-na — macacheira (mandioca ou aipim) Ao rio Machadinho denominão aué-há. Aos indivíduos mencionados como os sobreviventes dos rama-ramas, resta acrecentar um rapas de vinte anos, conhecido por Manoel ou Manduca, que não fala a sua lingua primitiva, e que foi educado em menino em caza do Sr. Coronel Acácio Ferreira do Vale, a quem ainda, serve no rio Ma: deira, com afeição ao seu bem-feitor. Pouca diferença tem com os nossos trabalhadores do sertão, devido ao seu afastamento em pequeno da con- vivência com os demais ainda semi-sel vagens. De muito mais importância são as notas que passo a dár sobre os Ín- dios que ha anos vierão do Jamari ou alto-Rio Branco para o alto-Macha- dinho, na divizória com o rio Anari. - 26 - Esses Índios deixarão sobre o Machadinho, acima um pouco de For taleza, uma pinguela, que foi o primeiro sinal certo de sua ezistcncia quando em 191 5 efcíuei o levantamento daquele rio, confirmando assim as noticias que me havião dado os moradores tradas. Chegou, porem, o dia em que a imprudência e malvadês de um homem viérão alterar a atitude pacifica dos indios. Indo a um barreiro, ahi avistou ele algum índio, sobre que fês fogo; e retirou-se do local amdrontado pelas consequências de sua levian- dade, recolhendo-se ao barracão de Jurupary sem referir ahi toda a verdade do ocorrido. Os indios verificarão o caminho por ele seguido, e não tardou a des- forra. Emboscarão se perto do barracão e surpreenderão um ou dois ho- mens, que fléxárão e matarão. Um dos empregados do seringai rezolveu efetuar uma batida e des- troçá-los em suas aldeias, para o que organizou um troço de homens ar- - 27 - mados a rifle, que, guiados por um trilhador, apróssimárão-se um dia de uma grande aldeia indigena. C^azualmente avistarão um indio adulto e um menino, que caminhávão em um trilho despreocupadamente. O trilhador aconselhou- os a não fazerem tiros sobre esses Índios, para que não fosse suspeitada ou descoberta a espedição ; com isso desejava ele conduzir os homens cauteló- zamente até a aldeia, que atacarião de surpreza com ioda a probabilidade de aniquilamento. Mas foi dezobedecido ; os homens não se contívcrão e abrirão um tiroteio cerrado, em consequência do qual o indio adulto cahio morto, e o menino fugio baleado; finalmente, devido á confuzão e dezórdem um dos atiradores foi também atingido por bala em uma das mãos. Disso rezultou aos atacantes a decepção de encontrarem dezérta a al- deia quando lá chegarão ; embora sem o saberem, os dois pobres Índios ha- viâo salvo os demais de um cruel morticínio... Mas a fúria dos atacantes teve ainda onde aplicar-se, pois a rancharia indigena foi incendiada e suas plantações arrazadas ; depois de que regressarão os atacantes á caça do me- nino ferido, que não foi difícil encontrarem guiando-se pelos pingos de san gue. Apanhado, o menino fês todos os gestos pedindo mizericórdia, mas em vão. Porque um homem não tardou a consumar o liediondo assassinato, san- grando a facão a pobre criança. Dérão-me informações de haver falecido esse monstro de malvadês, e geralmente no seringai do rio Branco o seu áto mereceu justa reprova- ção, apezar da costumada indiferença por tudo que ofenda aos índios. Retirárão-se por isso estes do alto rio Branco, e refugiárão-se nas matas do rio Preto, junto ao igarapé que hoje é conhecido por India- nópolis. Não tardou que dahi tivessem também de emigrar, pois um aviado do Sr. Coronel Elpidio Chaves subindo esse igarapé, estabeleceu-se a pouca distância da aldeia dos índios, que se salvarão pela fuga. De seu barracão o aviado podia mandar buscar recursos nas roças indígenas; um homem houve que se sobresaío aos demais em tal furto. Em vingança os índios atacarão o barracão e feriram esse homem. Após isso, nunca mais apare- cerão, indo acampar em cabeceiras do igarapé Agua-Azul ou Mimóza e em cabeceiras do Limãozinho, ambos afluentes do Machadinho. Estivérão também no Carmélo, no Repartimento e no Jandahyra, onde se arranchárão em 3 aldeias conhecidas. Em fins de 191 6 e princípios de 1917 procuramos sistematicamente apróssimar-nos desses índios. Os caucheiros vindos do rio Preto havião afti- gentado um niícleo que se instalava no Carmélo. A principio os Índios pro- curarão a amizade dos caucheiros, e tanto que deixarão a um deles um jacu num pique de caucho, no mesmo lugar de onde havião levado um machado. Eles se mostrávão aqui e acolá; mas os caucheiros receiózos nunca dezejárão falar-lhes, c permanecerão na atitude agressiva, disparando os rifles frequen- temente. Uma roça dos índios foi roubada. - 28 - Afinal eles cercarão a barraca mais avançada ao nacente; o seu niora- rlor salvou-se a correr, mas estrepou -se nas pontas de taquara que os ín- dios havião posto no \aradouro. Intervim pessoalmente, a ver si conseguia falar com os Índios ; deí- xei-lhes brindes, e dois liomens ficarão encarregados de repetir essas dá- divas quando tive necessidade de rctírar-me. Perdêrãose então meus esfór ços porque o gerente do rio Preto enviou novamente ao local os seus cau- cheiros, cada um com 200 tiros, determinando esse fato a retirada de meus empregados, e malogro de meus projétos. Concentrei então meus esforços em Fortaleza, no rio Machadinho, onde estaria livre de caucheiros e mais influências estranhas. Abrio-se uma picada de uns 1 1 Kilômetros ao S. E em busca de sinais frescos de índios. Passamos alguns acampamentos de caçadas e pescarias, com seus tapiris ainda bem cobertos, panelas velhas e cascas de árvores. Foi quando consta- támos o uzo de redes pelos índios, pelas embiras com pequenos paozinhos servindo para enfiar os punhos delas. Esses tapiris, embora velhos, pa- recião ser ainda frequentados habitualmente, achando-se no caminho ou rumo que os Índios seguião quando decião ao Machadinho. Encontrados afinal os sinais frescos que procurá\ amos, constando de tocaias de caçadas e um cercado muito bem fechado e coberto, servindo para guarda de ouriços de castanhas ou tocarys, fizemos um acampamento a meia légua deles, e começamos a deixar ferramentas e contas aos índios. Estes, que a principio fugirão do local, terminarão por levar aqueles brin- dar ; e verifiquei que nos espreitávão pelos sinais deixados no igarapé de nosso acampamento e na nossa picada. Toda a turma conservou-se na mata despreocupadamente ; nenhuma hostilidade nos fizérão os índios. Como, porem, urgisse minha retirada por motivos de saúde (Janeiro de 1917) regressei a Fortaleza, de onde ainda por alguns dias continuei a enviar alguns homens ao local dos brindes. Alas os Índios se demorando a retirá-los, tivemos que decer o rio sem haver tido o prazer de deixar-lhes novos e assistir talvês a sua pacificação. Estava, tudo, porem, tão bem encaminhado para isso, que dois homens muito se interessarão para que eu os deixasse encarregados de continuarem a levar os ditos brindes, na esperança de próssima amizade com os Ín- dios. Aceitando o oferecimento deles, tive no entanto o cuidado de dei- xar mais outro, de nome Gil de Arruda, com a incumbência de permanecer em Fortaleza guardando o nosso depózito. Aliás éra isso quanto me pa- recia suficiente; os índios virião forçozamente vizitá-lo, pela picada que abrí- ramos, á busca de mais brindes, que ele colocaria na mata em redor de For- taleza. Poderia assim proseguír os esforços pela pacificação dos índios, a salvo de qualquer perigo. Mas os dois primeiros homens poderião apressar o serviço indo ao in- terior ; fiando nas boas dispozições deles, retirei-me finalmente em meiados - 29 — de Janeiro, certo de que dahi a pouco tempo conseguirião travar relações com os Índios. Enganei-me. Porque, sozinhos, aqueles homens desfalecerão. Um deles pouco depois retirou-se para o rio Preto, amedrontado e dezanimado. Ou- tro, armado a rifle, voltou ao tapiri do interior sozinho, mas já com a dis- pozição de uzar sua arma. Não demorou ele em aparecer com três flechas era Fortaleza, ainda com todos os sinais de susto, referindo que atiiava sobre os Índios porque estes o havião atacado . . . Tempos depois, a 17 e i8 da Maio, eles viérão a Fortaleza tirar sua desforra, ahi se achava unicamente Gil de Arruda. Naquele dia 17 os indios atirarão apenas duas fléxas, sem que Gil os percebesse. Notara apenas o alvoroço dos cães, parecendo que os indios dezejárâo ferir a estes, que os presentirão. No dia seguinte eles procurarão apróssimar-se da barraca; Gil os avistou agachados por trás de folhagens na roça em frente, e dirigio-se confiadamente a eles, que fugirão para a mata próssima, de onde logo ati- rarão suas flechas com gritos e falas que Gil não poude compreender. Imitávão o latido dos cães; parecia c]ue se queixávão destes. Serenado tanto rumor, Gil poude recolher as fléxas, que em numero de 10 lhe havião atirado. Nos dias seguintes os cães continuarão a ladrar demonstrando que os indios ainda não se havião retirado definitivamente. Gil não hostilizou os indios ; felizmente poude abrigar-se na barraca, e ahi esperou corajózamente o fim do ataque, gritando aos indios palavras de amizade que eles não podião compreender. Em 30 de Maio cheguei novamente a Fortaleza, tomando então as providências que a situação requeria. Em ò de Junho fis seguirem Gil e mais dois homens ao interior pela picada que abríramos, até o local dos brindes. Eles regressarão sem novi- dade maior do que o encontro de alguns gallios com que os indios demons- trarão não quererem nossa presença por lá, atravessando-os de modo a fe- charem a picada. Também troussérão-me uns estrepes de taquara, semea dos pelos indios na mesma picada; um dos homens foi ligeiramente ferido. Ficarão devidamente colocados no interior da mata alguns brindes mais ; alem de uma fléxa quebrada, que mandei colocar como sinal de não dezejar lutas. Em fins de Junho ezaminou-se novamente o local dos brindes ; os m dios havião tudo carregado, menos o tabaco ; e deixarão cravada na tá- bua de um caixote a choupa da nossa flecha quebrada. Mau sinal. Por esse tempo estudávamos o divizor de águas entre o Anari e Ma- chadinho, e então se descobrirão duas roças e uma aldeia indígena nesse divizor, entre cabeceiras do Limãozinho e águas do Anari. Essa aldeia fica a 3 Km. mais ou menos de nossa* picada vindo de Fortaleza ao divizor segundo o rumo de S. E. Tínhamos portanto em Janeiro efetuádo a abertura - 3U - de uma picada que quázi caio em cheio na morada dos indios. Os sinais encontrados então, denunciávão aliás a situação. Como éra de esperar, encontramos abandonada a aldeia, mas com sinais recentes de sua ocupação. Contamos nove tapiris de morada, e dois grandes ranchos abertos. Em um destes estávão alguns balaios com mi- lho debulhado; vimos objétos próprios ao fabrico da farinha. Notamos a auzencia das bananeiras nas roças, que crão de milho, rrkandióca, araruta e algodão. Trabállião os indios somente com as nossas ferramentas, havendo já abandonado as suas primitivas de pedra, graças aos nossos brindes e aos machados e ferros velhos que arrecádão em bai ra- ças abandonadas de seringueiros. Vimos uma grande bacia estanhada, dessas uzadas para leite' de seringueira na operação da defumação. Aos indios ser- virá éla para recolher milho debulhado. Poucos objétos abandonarão os indios. Entre esses os mais impor- tantes que encontramos fôrão suas flautas de taquara ou taboca, de 0,80 a 1 m. de comprimento, com três gomos; eles tirão delas um som rouque- nho graças a uma palheta imitando o dispozitivo das gaitas. Essa palheta é posta num canudinho de taquara que é introduzido na estremidade da ta- quara grande de três gomos, por onde sóprão. Como não fomos hostilizados, os homens da turma trabalhávão em completa despreocupação. O meu aussiliar Sr. Manoel Pereira de Souza, que tomara sempre uma parte importante e deciziva na s tentativas de apróssimação dos in- dios, foi um dia esplorar um varadouro deles, que ia ao S. E. pelas águas do Anari a dentro. Ao mesmo tempo que isso esclarecia o divizor de águas, proporcionaria o ezato conhecimento do local para onde os indios se havião retirado ,0 que nos éra necessário para nossa segurança. Ele levou alguns brindes e dois companheiros. Caminhando pelo "va- radouro , foi notando sinais certos da passagem dos indios, e afinal en- controu um primeiro acampamento deles, com jacas cheios de produtos de suas roças. Mais adiante dois acampamentos similhantes confirmarão ha- ver sido esse «varadouro» a linha de retirada dos indios, que caminharão fazendo marchas curtas, sem dúvida devido á pezada carga que houvérão de transportar, de que se aliviarão em parte deixando guardados nos acampa- mentos alguns jacas pejados de viveres. Essa retirada devera ter sido feita logo que eles perceberão o nosso serviço de abertura de uma picada pelo divizor de águas, a qual necessa- riamente passaria pela morada deles. Proseguindo sua marcha, Manoel Pereira chegou finalmente ao acam- pamento onde estávão os indios. Estes havião preparado a derrubada de uma nova roça em a mata de um igarapé, de cuja margem esquerda érão percebidos com nitidês os rumores das ocupações habituaes dos indios, como seja o bater dos pilões, etc. Tagibem os gritos e choros das crian- ças, as falas dos adultos ; o áspero grito das araras mansas. - 3f - Um momento pararão os espedicionários em duvida; depois rezolvê- rão tentar obter a amizade dos Índios. Passarão o igarapé, e sua mata da margem direita ; feito o que depararão com a rancharia indigena. l^mâ índia já velha estava no terreiro, encostada á mata, em sua rede e fita\a derprevenidamente uma arara ao longe. Manoel Pereira chegou-se a éla, oferecendo-lhe um punhado de contas; mas a india levantou-se e pôs-se a caminho dos ranchos, que não estarião a mais de 30"» de distancia.- En- quanto isso, deu-se o pânico no acampamento, de onde todos se puzérão a fugir assustados. Mas um indio de mediana estatura e reforçado, apanhou seu arco e apontou a primeira fléxa contra Manoel Pereira, que instintiva- mente fês-lhe gestos de amizade enquanto procurava desviar-se da fléxa, que partia. Outra e mais outra viérão contra os ' espedicionários, que fugirão abrigando-se sob o barranco do igarapé, enquanto o indio já então refor- çado pelo-; demais, fazia chover as fléxas na folhagem da mata. Manoel Pereira joga 'a ao terreiro o punhado de contas que le\a\a ; alguns ma- chados ele já havia deixado nos acampamentos que encontrara, e outros dei- xou ele agora no próprio varadouro dos Índios. Estes, logo que se refizérãò do espanto da surpreza, não ])odendo ter a calma necessária para um julga- haento de ocazião, e premidos pela situação angustióza de suas mulheres e crianças, havíão portanto recebido hostilmente os espedicionários, com suas flechas acompanhadas de gritos guerreiros. Não teve nenhuma consequência má o ocorrido; mas falha\a infe- lismente a corajóza tentativa daquelles três destemidos homens. Após isso os Índios não nos atacarão. Estivemos bivacados alguns dias perto da roça e aldeia deles, e como não nos fizessem maus sinais pro- seguímos o serviço, afastando-nos em poucos dias do local, sempre abrindo a picada pelo divizor de águas. Em príncipio^de Agosto tivemos novo encon- tro com eles, que nos impedirão a decida completa do Anari, quando abria- mos uma picada acompanhando a cabeceira desse rio. Esse encontro é re- latado nas Notas que escrevemos a respeito dos serviços de esploração dessa cabeceira e levantamento do Anari. Quando nos trabalhos do divizor de águas, alguns dos homens da tunna tivérão ocazião de se avistarem izoladamente com indios, sem hos- tilidades de parte a parte. Estava convencido de que próssimamente conseguiríamos a amizade deles; que, voltando de seus sustos e lambem \erificando o cuidado que ti- vemos de nada retirar de seus acami)amenlos e suas roças; alem de que lhes deixávamos continuamente os brindes de enfeites e ferramentas; aca- barião por procurar-nos em Fortaleza ou imediações e nos retribuirião os brindes com seus produtos de roça e industria primitiva. Passado o mês de Agosto, já socegados e tranquilos, verificando que nos havíamos retirado de perto de suas moradas, voltarião em Setembro a frequentar o Machadi- nho. Ordenei que não se levíssmi brinde.-, ao interior; bastari 1 colorá-lo^ nos arredores de P^ortaleza. - 32 - Inesperadamente, porem, tive a muito dezagradável noticia de que se achava em poder de um cauchciro peruano entre União e Fortaleza, uma pequenina india, como efetivamcnte verifiquei em três de Setembro- A criança, aprezentando 4 ou 5 anos de idade, achava-se com o pe- ruano desde meiados de Agosto. Fora apanhada^ neste mesmo mês, ou em fins de Julho, por outros peruanos cauchciros que, não tendo familia, en tregárão-na ao seu compatriota, que linha mulher e íillios. Não consegui co- lher detalhes sobre o ataque que os caucheiros fizérão aos indios, de que rezultou o aprizionamento da pequenina, e certamente muitas mortes e de- predações tambem- Apreendi a criança, que ainda se acha sob os cuidados de minha Fa- milia, na esperança de um dia pode r entregá-la aos seus parentes, quando conseguirmos a pacificação almejada. Esse triste acontecimento veio demonstrar quanto é dificil conseguir o êzito naquelas afastadas regiões, sempre que não se dispõe de meios sufi- cientes ao policiamento delas. O meio é hostil a quanto se faça em favor dos indios ; e sempre que abértamcn te não nos fazem toda a sorte de di- ficuldades, os seringueiros hipocritamente escondem suas más intenções, e ás escondidas continiíão a perseguir os indios; nada pôupão desde que seja necessário ajuntar algumas bóias de borracha, ou pranchas de caucho. Atá- cão o Índio tal como qualquer anim ai das brenhas ; alguns ha que de- mônstrão grande surpreza ao ouvire m a reprovação de taes crimes. Estes lhes parecem átos muito legítimos. No entanto ha ecéções entre os proprietários, como entre os traba^ Ihadores. Entre os primeiros coloco o Sr. Coronel Acácio F. do Valle, que já deve ter tomado as providências necessárias, para o socego dos índios na sua propriedade da União. A indíazinha veio aclarar-nos a incógnita da raça ou nação indígena a que pertence o grupo de que me tenho ocupado. Falando já sua lingua, colhemos algumas palavras que demônstrão serem esses índios da grande nação tupy. Basta consignar as seguintes, ezatamente iguais ao guarany, ou com pouca corrupção, seja devido á idade da pequena, seja mesmo pelo díaléto que éla fala : coaratê = sol -= cuaracy tin tupy-guarany. dja liy --lua -- /cicy ° i-hv ■= agua = //_y » » 4 pirá = peixe = pi á bati = milho = abaty, » piuanun - ri > -^ paraiidn ou paraiiú eni lupy-giiar.iiiy. Índia Tupy das cabEceiras do rio Onary, scb us cuidados do aulor deslE rElalorio [Phol. aqui incluida por ordEm da CtiEÍia da CammissãDl - 33 - £ curizo encontrar-se esse grupo de tupys izolado em meio de Ja rús, Arikêmes, Caritianas, Bocas-negras ; de nações completamente sem pa- rentesco com eles. E aqui ponho ponto final nestas notas sobre os indios, lastimando o malogro dos nossos esforços pela pacificação deles. x\s fléxas e os estre- pes que aprezentámos são os únicos objétos que pudemos colher ; pois nada quizemos retirar de seus acampamentos a fim de evitar a irritação justa que isso provocaria contra nós. DIÁRIO de Espirito-Santo a Santa-Róza De Espirito-Santo a Fortaleza ; 2 de Junho de 1917 ~ As 6 h. am. em Espirito-Santo: barómetro 755,25; termómetro 15». Com duas canoas e 7 homens de tripolação ini- ciei a decida do Machadinho, levantando-o a bilssola e telémetro Fleuriais. Pouzamos após 6.1 16'", abaixo um pouco da barra do igarapé de S. Be- nedito, á margem direita. Antes deste passáramos o dos índios, na mesma margem. As 4 h. pm. no pouzo barómetro 756 e termómetro 240,5. Más- sima observada 250,5 pelas 3 h. pm. O rio regulou 10 a 12"' de largura. 3 de Junho — No pouzo ás 6 h. am. barómetro 755,5, termómetro r8o — Passámos hoje a barraca da Esperança, á margem direita; a barra do igarapé do Jatobá, á margem esquerda, o qual vem de uma serrinha perto da Trindade, barraca que fica no varadouro do Espirito-Santo ás ca beceiras do Jandahyra ; ainda a barraca de Bôa-Fé, e a barra do igarapé de igual nome. Um pouco acima da barraca eziste um furo por onde o rio perde muita água; devido a que ele tem apenas 6'" de largura em Bôa- Fé. A barra do igarapé fica abaixo da barraca. Rendendo hoje o serviço io.536"',8. 4 de Junho — No pouzo ás 6 h. am. barómetro 757,75 e termómetro 190. Hontem no mesmo lugar e ás 6 h. pm. observámos 757,5 e 23°. Pas- sámos hoje a barra do igarapé do Barreiro, acima da qual 900 metros fica um conhecido barreiro de anta, cjue ainda hoje proporciona bons recursos aos seringueiros. Depois passámos Santa-Crus, lugar onde já houve uma bar raça, pouco acima o rio fás um furo ; na volta do rio, que o furo encurta, estão os tapiris onde os batelões descarrégão; ahi vêm os comboios de Bom-Futuro e Espirito-Santo carregar os volumes que se destinão ao alto Machadinho. Vimos em Santa-Crus 2 batelões pequenos, que a vazante do rio impedira de chegarem até Espirito-Santo. Passámos ainda as barras dos igarapés do Limãozinho e Várgem-Alé gre, nenhuma delas dá ideia do volume desses igarapés, tão pequenas e encobertas que são. O rio toma largura e profundidade acentuadamente maiores; estirões compridos e dezimpedidos. Pouco abaixo do Várgem-Alé gre fica a tapera do mesmo nome, assinalada por uma enorme castanheira. - 34 - Por ahi passava- o trilho dos Jarús, quando esses indios viajávão dó Anari ao barracão da Tnião, un Machadiíiho. Pouzamos com o serviço de ... I 2.045™, 5. 5 de Junho No pouzo ás 6 h. am. barómetro 758,25 e termóme- tro 160,5 Passamos as barracas de Pau de Sabão e Samauma, ambas á margem esquerda. \'imos sinais em árvores marcando o nivcl da enchente a um metro acima do atual. As 12 h 18 m. chegamos a Fortaleza, com .... 8.Q43'",9 medidos hoje, e o total de 37.642 metros desde Tíspirito-Santo. Observámos cm Fortaleza cm 5 de Junho : 757,25 c 290,5 ás 2 h. pm. 757 e 280 ás 4 h. 15 m. pm. 757,5 e 260 ás 5 h. pm. - . Em 6 de Junho 758 e 160,5 ás 6 h. am. 758,25 e 200,5 ás 8 h. am. 759,5 e 270,5 ás 10 h. am. 759,5 ^ 30°, 5 '^'■^ meio dia 758,75 e 300 ás 2 h. pm. 758 e 260,5 ás 5 h. pm. De Bom-hiitiiro a Espirito-Santo : fês-se o levantamento do rio Macha-_ dinho margeando-o pela direita, a biíssola de Gurley e corrente, no dia 6 de Setembro. De notável passámos a barra do igarapé de S. Jozé, pouco abaixo de Bom-Futuro e á margem esquerda, ainda nessa margem o iga- rapé de Conceição, maior que o S. Jozé ; e já perto de Espirito-Santo o Samaúma, á margem direita, com lO"' de largura. Terminamos o serviço havendo medido 6.940 metros. De Bum-Fiidtro a Suiita-Róza: fês-se o levantamento pelo mesmo pro cesso, mas subindo a margem esquerda. 10 Setembro — Medi 7.397^,6 até o varadouro que liga Bom-Fu- turo ás cabeceiras do S. Salvador, sem nada encontrar de notável. Pou zamos mais acima, onde o varadouro cruza o rio. 1 1 Setembro --- Pela madrugada choveu copiózamente, com for- tes tro\ oadas e faíscas. Desde Maio é a primeira chuva que observámos ; foi precedida de 1 5 dias muito quentes e abafados, estando o Machadinho já quázi cortado em Bom-Futuro. Passámos hoje a barra do igai-apé de S. .\ntonio, á margem direita, pouco abaixo do passo do varadouro referido. Me- dimos 5.815'" até um pouco abai.vo do passo da barraca do Jozé Lourenço, onde pouzamos. Ahi vem passar o varadouro ligando Bom-Futuro ás ca- beceiras do Machadinho. Este ficou apenas com 6™ de largura acima do S. António ; alem deste grande afluente notámos alguns igarapézinhos sem importância. 12 — Setembro — Medi 2.669^,8 sem haver novidade a notar, a não ^er um igarapé acima um pouco da aludida barraca do Jozé Lourenço, á margem esquerda. Esse igarapé não seca. - 35 - 13 — Setembru - Prosegui o levantamento indo bi\ai;;ir junto a unia «barraca» no passo do varadouro que vem do Jozc Lourenço. Passámos três pequeninos igarapés e um quarto mai^ vulumózo, denominado do Jozé Kodriguesj que tem suas cabeceiras em opozição a outras do rio Branco. -Esse igarapé regula ser 2/3 do Machadinho. que passa a ter 3 a 4 '" de lar- gura. Medi hoje 6.7i2mj4. 14 - Setembro — Proseguindo medi 6. 507'", 6 até a barraca de Santa-Róza, de onde parte o varadouro geral que condús aos seringaes do Rio-Branco e ao Jamary. Passámos dois igarapés a jiouca distância do pouzo ; e acima deles, á margem direita, vimos a barra de um afluente maior, mas seco atualmente, cujas cabeceiras estão no divizor geral com o rio Branco. Ainda notámos hoje mais uns cinco igarapézinhos, e afinal o de Santo- Amaro, que regula ser a metade do Machadinho, e é uma de suas altas ca- beceiras. Dahi para cima este passa a ter 2"" de largura, que depois se es- trêitão pouco a pouco. Acima da barra de Santo-Amaro, que está á mar- gem esquerda, fica a barraca do mesmo nome. .Algumas pontas de serra en- costão no Machadinho formando altos barrancos- 15 - Setembro — Em Santa-Róza observei ás 9 h. am. 752,5 e 28°, ás I h. 30 in. "pm. 750,25 e 33°,5 e "ás 6 h.' am. observei 751 e 18°. 16 — Setembro Proseguindo, conclui o levantamento do Macha- dinho ao fim da cabeceira de Santa-Róza, havendo medido 2.01 1"', 8 até o bréjinho que é o seu original minadouro de água, e mais 143"^ até o altíj do divizor, pouco alem do \aradouro que déce a<-) rio Branco. Alem desse varadouro notámos atra\essando a cabeceira um outro que segue ao Valha-me-Deus, igarapé afluente do Quatro Cachoeiras, que cai no Canaan. Por esse varadouro se vai ás cabeceiras do S. Sahador e, portanto, ao . Jarií, pelo ramal que transpõe a serra Azul. Observei o barómetro ás 9 h. no fim da cabeceira de Santa-Roza, ori- gem do Machadinho, registando 748 no di\izor e 749,75 ás 8h.45 junto ao bréjinho. O termómetro indicava 270,5. Julgámos útil deixar aqui algumas informações a respeito do rio Branco cujo levantamento está por fazer-se- A sua principal cabeceira será talvez acjuéla que contravérte com Santa-Róza ; mais provavelmente, será a que contraNÓrte com o igarapé do Jozé Rodrigues. Essas cabeceiras pertencem ao denominado braço es- . guerçlo -tio rio Branco, ou septentrional, que se unCj ao meridional junto ao .barracão cio Jurupar\- ou Repartiniento ; clesse i)onl() os batelões sobem o braço esquerdo até S. João, de onde as cargas se transp('utà<) cm muares até as cabeceiras ultimas, contravcrtentes do Jandahyra. Geralmente porem, os moradores considérão como o \erdadeiro 1 io Branco o braço meridional ,que os batelões navégão ;iié o barracão \'\n- ranga- JSIesse ponto o ru> Branco estava cortado em fins de Setembro. Por térPà^ \''pirartga pôde- distar 27 Km. de Jurupar>, segundo o \aradourt) gefal - 36 - Aciíu.i dci \ ])iranjia o bi.K.u (Icimiiiinadii lin Hi.iiKti biturca-se : á ili- reita ségut- d brai,() nu-noi ; i fsquci d.i \.ii o i)riiuii)al que passa iio bar- racão do ^.Clariíulo ou l''oit.ile/.a. tlsic nacc da cabeceira de Triste-Vida, e ao poente de .Santa-K(Jza alt^uiis Kilôiiietros. (*) jinUd au barracão do Cla- rindo está a confluência do ig,ira|)é a ((ue me lefiro com o denominado Li- moeiro, cujas águas o \aradouro acompaidia duiante alguma distancia su- bindo para Santa-Róza, que distará 22. os batelões de carga até Jurupary, durante as enchentes. As cabeceiras do t)rai. e um grande igarapé, o da Várgem-Alégre, antes do Limãozinho. Í2ra evidente que não alcançarianios o EspuitoSanto cazo persistísse- mos no trabalho. Ficaríamos em meio da mata sem recursos, sem nossas redes e sob a ameaça dos aguaceiros da estação. Marchamos, pois, para aquele barracão, que alcançamos ás 6 h. 15 m. Em caminho cruzamos com os cargueiros que, retardadamente, vão a Fortaleza buscar nossas bagagens. No Espirito-Santo ouxi as seguintes informações, que, hoje em parte devem ser corrigidas : (*) A cahecejia d:i Triste Vida, nasce iia seira do mesmo nome, entre cabeceiras que desciMi au igarapt- de Vailia-inc-Deus de um lado, e ao ii;arapé do Pau d'Arco de outro, sendo este um dos dois formadores do braço norte do lin Branco, ou braço de S90 João, - 37 O igarapé Agua Azul contravérte com as nacentes do rio Preto, afluente do Gy-paraná. O Repartimento contravérte com águas do braço septentrional do rio Brancíí (braço esquerdo). O Jandahyra com águas que decem ao rio Branco, pelo igarapé de -S. João; (braço esquerdo do rio Branco). O Limãozinho contravérte com águas do .\nari, talvez com suas ca- beceiras. O Várgem-Alégre contra\ érte . . .não souberam dizer nem conjecturar, mas sabem que esse igarapé não vat muito longe, talvez não alcance o di\izor do Anari. O S. Benedito tem suas cabeceiras em contravertentes com o Tóc- Fóne, conjecturão. O Carmélo contra\érte com o rio Preto do jamary. O igarapé de .S. Pedro nace perto das origens do Várgem-Alégre. O .Samauma contravérte com águas do Tóc-Fóne ou do rio Novo. C) Conceição contravérte com águas que decem ao braço esquerdo do no Branco. Em 1913 o Machadinho coitou até a barraca do Pau de Sabão e igualmente em 191 i. Fizeram cacimbas em Espirito-Santo e Bom-Futuro. 23 Em Espirito-Santo ás 5 h .pm. 27" e 750,75 : fi ii. jjni. 26^ e 750,75. Máxima 29°. .As canoas chegaram ás 2 h. pm. e os cargueiros uma hora antes. 24 - Partimos ás 5 h. 45 m. retrocedendo ao Limãozinho. I^eixamos a meia distância dois homens ocupados no arranjo de nosso bi\aque, no iga- rapé cia Bôa-Fé. Dois outros foram caçar, sendo um deles o mateiro Retomado o serviço no Limãozinho, sob aguaceiro, apenas havíamos medido 2.970 metros quando nos veiu o aviso de um desastre accidental de que resultara um grave ferimento na perna do mateiro, que cahira com a tibia fracturada por um tiro de chumbo grosso. Achava-se o pobre homem no interior ila mata, a uma bôa distância do varadouro. Ti\emos que suspen- der o serviço. Todos os outros trabalhadores foram enviados com rede e um burro ao local do desastre ; ás 5 h. 20 m. \n\\. o ferido chegava mon tado ao nós.so bivaque, e não (|uiz pro^eguir para Espirito-Santo, onde po- deria ter curativo. 25 O infelis doente foi levado ao barracão ; retomando o serviço, pudemos atingir á tarde esse mesmo lugar. De Fortaleza ao Espirito- Santo medimos 27.300 metros. Alem do Várgem-Alégre e Limãozinho, passá- mos no \aradouro o igarapé do Barreiro, o de Bôa-Fé; o S. Benedito e n dos Índios. O penúltimo é o único importante, a pár dos dois primeiros. - 38 - I'izi'-in(>s ;i segiiiiiU' lal)i'la ; Fortaleza o"' Limãozinlio 7.7iS()"> Bôa-I-é 8.380 >" S. Hcnctlilo 7.2 IO"' Espirito-SaiUo _5.8io"> (só até o barracão) Total 27.186 m O igarapé do Haiíeiío tem esse nome de um en<')rme l)arreiro de anta no cjual, dizem, só em uma noite um caçador matt>u 4 desses iiaehidcrmes. 26 ás 6 li. am. em F>j)irito-.SaiUo obser\;imos i'-)".^ ^ 754i5- ■■^^ " li. 20 m. partimo> |)ar,i Homd*'uun(>, (|ue iiliaiu;;ímos ás 10 li. 40 m. ha- \ciidi) iiicdido 4.8110 metros. I)e im])ortamia ])assámos o igarapi- da S(j- iiiíiiniKi ; o \aradouro atra\essa o Mach.idinlio junto ao barrarão do Hom- l'Uluro, t|ue fica ;í margem esquerda. .\a bailada da margem direita esten- de-se um grande canna\ial: ;i esquerda a\ista-se um largo caiiipo, isto é, 0 grande roçado de llom 1-uturo, plantado de mandioca, milho, e ár\ores frutíferas. O ])ro])rietario é o amável piauhyense Sr. António Pereira da Silva, cjue alii mora com sua mmicrosa Familia. Ele inomptifica-se a le\ar-nos até Santad^óza, sem outro interesse alem de ser\ir-nos obsequiijsainente, ofereceu donos cargueiros e unia fidalga hospedagem. A 300'" abaivo de Bom l"utuio desagua o igarapé de S. Jozé, em 1 uja cabeceira, jcissaremo^ ,i camiidio de Santa-Róza. O Sr. .António Pereira inf(n-mou-nos que se pódc ir de Bomd''uturo .10 barracão de Monle\ idc-o, 110 igara])é de \'alha-me-] )eus, afluente do ',>ualro (.aclioeii as, inicid do d('-^hra\a mento ; c a tenacidade com que tor- nam a soltar no ano seguinte, até o final conseguimento de seus ])rojéto5. O piauhyense Sr. António Pereira da Sil\a é um belo ezenijilf) disso. Choxeu das Si:., ao meio tlia. Mandáramos Mihii lun.i canoa, (|ue foi \ arada na Cachoeirinha do Espirito-Santo. No entanto o piloto apareceu ao meio dia em Bom !• utiuo dizendo c|ue a «pouca água; não permitir, i subir mais. (^)ue a carga \iiia poi' terra e (.pie a canoinh.i lornara j decer para Espirito-Santo. Em Bom-Futuro mássima 28». .\s 4 h. ])m. .'\s 5 h. pm. Ãs 6 h. pm. 27 - Obserxaçòes em Hom-Futuro. As ') h. am. As 8 h. am. As í) h. am. As 10 li. am. As 1 I b. am. As 12 b. A I b. pm. Ás 2 b. pm. As 3 b. pm. Ás 4 b. pm. .Âs 5 b. pm. Ãs. 3 6 b. pm. 28 — Minima em Bom-Futuro 20i',5. As 6 b. am. -0'"',75 752,5 Partimos ás 7 b. 40 m. de Hom-1'uturo e fomos pouzar na ba-rraca da Cachoeira. Pequenino igara]3é, correndo sobre pedras negras: águas crvs-' tallinas. Barrai|iiinlia com ])lantações. Um seringueiro, sua iiuilber e s crian- ças. Ao todo o seringai p(Kle ter atujílmente 22 homens de córtc ou ma- cbadinho e 58 pessoas incluindo mulheres e crianças. A prodiíçào de 11)15 regulará uns 20 mil kilos de borracha. 2 7 ".5 752,0 260,5 752,25 250 752,5 ro. 20" 75.3,75 2.V' 754.5 ■ 250 755,0 28" 755,25 290,25 755,0 300,75 7 54,5 300 754,25 ( cbf)\endo) 29",5 753,0 290,5 752,5 290,0 752,25 27",5 752,0 25",5 752,25 J^m Cachoeira ao meio dia, 29", 750,4- As 2 b. pm. 280,5 748,75 As 4 b. pm. 280 747,75 Ás 5 b. pm. 280 747,5 As 6 h. pm. 260,5 747,75 Medimos 8.860 m. até Cachoeira. Passamos uma outra barraca, onde o igarapé está eiicachoeirado (Igarapé de S. Jozé). Também pa.ssâmo> a encruzilhada do caminho que segue ao Sul ás cabeceiras do S. António c S. Salvador; e por outra (|ue leva ás cabeceiras do Valha-me-Deus. 29 Em Cachoeira. Minima 2 1" — As 6 h. am. observámos 210,5 e 749,5- - 40 — Seguimos para Sanla-Róza, oiule chegámos ás i i li. 20 m. íi no tável a quantidade de seringueiras nas serras (|ue airavessáinns. Medímo> de Cachoeira, na cabeceira do S. Jozé, a Santa-Róza 7.760 m. Antes desta passámos uma barraca abandonada, de caucheiros do Jamar\. f", conliecida pelo nome de Jozé Rodrigues. O igarapé que nela corre tem esse mesmo nome e contravérte com águas do braço norte (ou esquerdo) do rio Branco. Contámos em Santa-Róza 3 barracas; 6 seringueiros ahi moravam- O lugar é belo, e possúc bons roçados. () Macliadinlio aclia-se ahi reduzido a unia grota empedrada; a água pcrennc corre limiiida cm todo o tempcj, e é um simples filete. A cabeceira tem sua origem em um olho dágua bré jozo a 2 Km. mais acima. Por ahi passa o \aradouro grande que roíidn-- ao Rio Branco e Itapipóca no Jamary. De Bom-Futuro ate Santa Róza medimos pelo varadouro i)ercorriSo metros desde Espirito-Santo, onde entrá- mos de regresso ás 5 h. jo m. da tarde. DIÁRIO de Fortaleza á barra no Gy-Paraná 3 de Janeiro de 19(6 - Em Fortaleza, minima 220,5. As 6 h. ani. ba- rómetro 753,5, termómetro 23". Fizemos 11.150 metros, havendo partido ás 8 h. 15 m. am. e pouzado ás 5 h. 20 m. pm. Hoje passámos o Jandah\ ra e o Repartimento. 4 — Partimos ás 6 h.' 45 "m. Chu\a grossa entre 10 h. e 11 3,,. Es- tiou ao meio dia, quando almoçámos na Lage. Cincoenta minutos depois pro- seguimos sob chovisco. Pouzamos ás 3 h. 45 m. pm. na Parida, terra alta, ultimo lugar onde podemos encontrar palha para os tapiris. Serviço feito 8.913 metros. Passámos hoje o S. Pedro e o Carmélo. O rio melhorou de estirões ; regula sempre 20 a 25 m. de largura, menos em um trecho pouco abaixo da tapera do Palhal, no qual ele se divide por um furo e mede uns 10 m. a 12 m. apenas. O Carmélo regula 12 a 1 5 m. de largura, i'",4o de profun- didade mássima perto da barra, correndo bastante. As 5 h. pm. 240 e 752 - A's 6h. pm. 230,75 e 752. 5 — As 6 h. no pouzo da Parida 22° e 753,75. Minima 21", 5. Par- timos ás 6 h. 30 m. am. .ãs 8 h. am. cruzámos com uma igarité que sobe con duzindo carga e brabos para Fortaleza. Passámos o igarapé da .Agua-Azul ou Mimóza ; parecendo mais volumozo do que qualquer dos que ficarão para trás. Muito cheio, correndo como o Machadinho, 20™ na barra. Re- gula 12"' a IS"" mais acima, i im,So de profundidade no canal. Dezem- bóca no lugar que denominão Três Bocas, porque o rio ahi se divide em 2 por um furo; mais a boca do .^gua-.A^zul, temos as três aludidas. "Não choveu á noite de hontem para hoje. Houve cerração o neblina forte das 6 h. 3/4 ás 81/2. Pouzamos junto á barra do igarapé do Palmeio ou Par- mélo, tapera á margem esquerda, com o total de 1.5 15"" de levantamento. A tapera fica na fralda de um morro, .'^s 6 h. pm. no jyouzo (>bser\'ámos 27" e 752,5- 6 — Ás 6 h. am. no pouzo 230,25 e 754,75 na tapera que fica a cerca de 10 ^ acima do nivel do rio. Partimos ás 6 h. 5 m. am. Passá- mos o igarapé da Jatuarana ; a tapera de S. Domingos; o igarapé C.D.M. ou Uruá, e almoçámos na barraca do Cerróte. As 12 h. 40 m. chegámos ao barracão da União com 9.956 metros de serviço. Ahi tivemos a nodcia do naufrágio de um batelão na cachoeira Jacarétinga, e morte de 2 ho mens náufragos. - 42 — 7 Como informação da carestia da \ ida no Marl\.i(ljiilio devido iis tlificuldadrs de . tianspiuic, damos a róy-íia de uma nótii (|uc nos foi mos- trada em União: \j .■ l'm kilo dl' sai '^$000 l m kiki de Assúcar 2S500. Meio paneiro de fariniia \ elha . I o.Sooo r Mais curióza ainda a seguinte nota tirada em Rôa-Vista, barracão de Acácio Ferreira do Valle, no varadouro de Ií;imaráma : l"m terçado com bainha H.sooo L'm maço de pliosphoros 900 Um litro de kerozenc 300 9$200 Mais 120 0/0 11.Ç040 Somma Ks 20^040 tiue demonstra serem as mercadorias aggraxadas em 120 "'/o ao subirem o Ma- chadinho. ■Parti desse barracão fazendo o le\antamento semi-expedito do vara- douro do (oriente, ineio jiouzar na barraca da Prima\éra com i'>/)6o metros de le\ amamento. Passámos uma grande serra, ([ue faz o fundo do pano- rama da União; descambando a qual chegámos ás barracas de Nazareth e Santa-Helena, cujos igarapczinhos se reúnem e procuram o Machadinho, dezaguando junto a S. Gonçalo \'elho com o nome de Igarapé Preto. Após Santa-Helena subimos outra serra, alem da c|ual se acha a barraca do Bom Principio, no igarapézinho do me-^mo nome, , o qual é uma das cabeceiras do' mesmo igarapé Preto, contribuinte do Machadinho junto ao barracão de S. Gonçalo-Velho. Adiante do Bom-Principio dei.vámos á direita (norte) — a encruzilhada do .\aradouro que condus ás colocações de Flor, Megria, Esperança, até o barracão de Belém, pertencente este ao seringai de Monte-Santo.' 8 - Proseguindo chegámos ao Oriente, á i h. pm. A cabeceira que alií passa pertence ao Parmélo. Informaram-nos que aa poente 18 Km.- se. acha a barraca de Santa-Tereza, dos seringaes do rio; Preto. Essa distan- cia ^areceu-nos ezajerada. De Santa-Tereza se passa por x^aradouro á; barraca de S. Benedito, ao barracão-deposito das Oitocentas, e deste ao do Cojubim, sobre o rio Preto, afluente do (iy-paraná. Calculam dois dias de viagem entre Oriente e Cojubim- Ein torno do Oriente acham-se as" barracas- dos Olhos d'Agua e Padre Eterno. Fizemos a seguinte tabela: União om - Nazareth 3.240"^ Santa-Helena 4.440^ Bom-Princijjio 7.440'" Primavera 1 6.660"" <> Oviente 30.740'" Dormimos de 8 para 9 em Oriente. F^oi ahi que tivemos a primeira, ocazião de ouvir a crendice muito generalizada nos seringaes- sal? rse, o ,«.ea-.-. — «13 - caa.íí^isienlcstljuíl-íi fnFtnif^af.trtcaOgiWttíi (rtW tí^cíHuHraí 'isiiTVipó' (d''ciY>ó tiinbri) ; aquele tgi8Ívfcl D iaíainDbiliau-sG'''© ptJuê&'''a'-pòu(ío--'stías j^érnas se ésteh- (leni I lansformjiTjt.íio-s.ç em raizes,--emquant€)! o «Jrpoymâis vagafózánhente, se- gue a esoluçào até . transforniar-se de todo em ,.o dito , cipó. As pessoas qut me deram essa interessante .infoi mação foram testeniujiha.s oculares ,de táo miiagrozo phenomeno, ^ não poucas .vezes ; por isso mesmo demonstra- ram indignação á simples , dúvida de nossa parte. Indo ^ua^s além. ;Jgumas pessoas acreditam por haverem \isto no ciicinitíiriiciito de uma po- bre velhinha em onça; e com bastante perigo., para a \elhinha, c|uc por isso poderá' uni dia"sêf vítínia de alguma \ingança, por maleticios que nunca praticou. •;; ■,.. IO Havendo regressado- luintrm ao bafracaò da l'niãó prose- guirnos hoje- -rio ab'a!jíf>- ás- jh. 40 in,, tuuciulo cht)"vidb"dufante toílo n dia, sobretudo laté ás i- r l'v.- am .• .^s 4 h. pin. íhais õu nieiios chegámos à' S. Gbn- (^alo. havendo medidt) 1^944 -metros. Hoje passámos as barracas da Flo- resta. e Ao pé da. ., Terra ; 6 os, . igarapés. ,, demais pessoal de trans])órte.. Si, de um , lado esso gerente cumpria assim as atenciózas recomendações com que me honrarão- e distirigiiirão os .Snrs. Aserisi & Comp.", junto aos seus empregados no Ma- chadinho ; de (lutrn lado as ditas recomendações forão tão liem .itepdida! por atjuele gerente |)ess(jalmente, demonstrando-me afetuõza bòa vontade, que' iiào-' pó'sso deix-,'ir de regilítar aciiii a iTiinha gratidão pessoal, e ainda como funcionário" da ( oriunissão. Cujos serviços forão assim facilitados; eV mesmo, ás vezes, só assim fojão de possível ezecução. 12 As f) h. am. 22"' e 757,5 l'.ii-|i, pois, de ,S. GniK-alo .'is 7 h. 30-m. am. efetu.^mdoo lev antanicnlo sen'ti-e.\|)e(lito do varadouro geral desse fabrico e suas rainificaçòes. com o intuito de chegar ás águas do .\nari. Passámos as barracas de .S. l"raneisco e Sahta-I-uzia, c ainda ;i da Prata, e fomos pouzarj -na da Cadioeirinha. O igarapé tem ahí a jirofundidade de o"\8o devido. :á.::'C-heia, fuiuid de areia, e 3'" de largura. Tem uma pe- quena cachoej.rí)ij'a;..,uos 200"' acima da ponte. <) igarapé vem da .Si^ra Pe- l;ida, dos seringa-es de". Santo-Antonio. As cabeceiras do I'r;ll,i cstào na ■Sérra-Nóva, onde -írÊnios. <) mateiro cjue ia adiantando essas informações, ofereceu-me tj«-i-)bem- alguns dados sobre o rio Preto, dias subindo de Manôa a Cojubim : uma canoa decerá em um dia esse trecho. Curica e Jatuarana são os dois notáveis afluentes da margem di- reita entre Manôa e Cojubim ; o de Valparaizo é da margem esquerda. Acima de Cojubim o rio Preto se reparte : o galho da esquerda de quem sobe tem o nome de Santa-Róza, e ahi ezíste um barracão. O da di- reita, que é o principal denominão de Triúmfo; também possue um l)ar- racão. Perto do repartimento está a barraca de Bôa-Vista. Manôa, 13 de Maio, Jatuarana, Cojubim, Santa-Róza e Triíímfo são os barracões do rio Preto, cujas cabeceiras contra \értem com o seu homonymo do Jamar\, e se ligâo por um \aradouro. Essas informações aumentarão- me o dezejo de realizar um levanta- mento pelas ditas cabeceiras, partindo do Machadinho. Efetivamente rea- lizei mais tarde esse projéto, os rezultados colhidos forão completos, e con stão das cadernetas, desenhos e diários também aprezentádos ao Escritório Centra! da Commissão. E muito oportiinamente, |K)Ís tal serviço vem remo- \er a lacuna deixada jjela perda das cadernetas do engenheiro que levantou o rio Preto; afim de completar a toj)ografia do di\izor entre o Jamar\ ç (iy- Paraná. 1,1 Partindo ás 7 h. 10 m. am. da Cachoeirinha passámos pelas barracas do Dezerto, Doi:> de Agosto, liom-Futuro ao so})é da Sérra-Nóva ; a deste mesmo nome, Cafundó, e chegámos á do Triúmfo; em águas que decem ao .Anary. Dois de Agosto também está em águas que vão ao Anary. O divizor passa por sobre a Sérra-Nóva. O \aradouro passa pela cabeceira principal do Cachoeirinha, que ó o mesmo igara])é da Prata. Tabela de S. Gonçalo até Iriúmfo: a S. Luzia 3- 120 metros a S. Francisco 5.600 metros a Prata 7300 metros a Cachoeirinha 12.260 metros a Dezérto 14.610 metros a Dois-Agosto 16.690 metros a Bom-Futuro ... 17.850 metros a Sérra-Nóva 19.870 metros a Cafundó 20.810 metros a Tritimfo 22.Ó10 metros - 45 — 14 — Partindo de Dois-Agosto, jiroseguímos o levantamento de uma encruzilhada ])ouco antes de Bom-Futuro, Passámos pelas barracas de Buenos Ayres, a 1.680 metros da dita encruzilhada a 860 >" adiante de Dois-Agosto). S. Luiz 3740 metros Centro Grande de Dentro .... 6.220 metros Bom Principio 7 940 metros Centro Grande de Fora 9-740 metros Adamastor lo.goo metros Porão 13.240 metros Pé da Serra 14.840 metros onde pouzámos. Todas as barracas se áchão colocadas junto ás grotas, que são cabe- ceiras que decem a imi grande afluente do Anary ; ou decem ao Riachão, afluente do Machadinho ; e ainda ao Cachoeirinha, idem. Portanto de uma barraca paraoutra sempre r-ubimos serras ou mor- ros de péssimas ladeiras; as dificuldades são aumentadas pela estreiteza do mal cuidado caminho. 15 .^s 6 h. am. proseguimos, indo fazei' pouzo na barraca do Caçoai, ])assando pelas seguintes : S. Benedicto a 4 300°" do Pé da Séria Conceição a 6 200°' » - -> Rio Escondido a 8.000 » . . » Nova OUnda a 11.240 » » » » San ta- Fé a 14.2C0 . « . » Caçoai a 16.72(1 . « . » onde pouzámos. 16 Levei o serviço até a barraca da Vista-Alégre, a 5.280 me- tros do Caçoai. A cabeceira de Vista-Alégre verte para o Anari. Entre uma e outra barraca passámos as cabecei rinhas que se reúnem e vão formar o igara ])é do Itamarat\, afluente do Machadinho perlo do porto das Queimadas. Ouvi contarem c|ue na cabaceirinha do (.'acoal, mun buraquinho por entre as pedras, aparece uma cobrinha rozáda, que se esconde ao \er ai guem chegar. Dizem que em toda a fonte ha uma cobrinha igual: matando- se a cobrinha a água diminue c a nacente vem a secar para sempre 110 v.- rão. Assim, o ])equenino rej)til é a Mãi da nacente; ctirióza lenda que registámos. 17 — De Caçoa/ regressámos á encruzilhada do varadourf> cuie \ai ao Porão por Alto-Alégre, que é por onde xiajão os cargueiros e que se entronca naquele que percorremos a 760 r" adiante de Nóva-Olincla. .Medimos dessa encruzilhada ao Porão 4.860'"; do Porão fomos ao Pé da Serra e dahí á encruzilhada do varadouro grande a (|ual fica a 620'" adiante, do Pé da Serra, e fizemos o levantamento desde a encruzilhada até o varadouro do Triúmfo, que se encontra jierto de S. Francisco, a 5.260"' de S .Gonçalo. Medimos 4.120'" e ás 3 h. 20 m. entrávamos nó\amente em S. (".onçálo. - 41) — \i' ii>(l(), lc\ .iiii.imds ().S.4^o iiu'tros pelos \;ii íkIiumos (l(>sse seringai. 24 [.llirlin Kiidin.illliis n |c \ ,1 1 il .uilrlll 1 1 (li 1 M.ii li.iilniliM de S . (iciil calo para hai\ tciio 22.738 metros de le\antameiit(). -5 Partimos ás 6 h. 20 m. am, e ( heg/imos «ás 7 h. 15 in. em .Mouli' Santo. Parando ainda nas hanaias do Alegrete e tio Barreiro. pouzámo.s ás 3 h. i>m. na do \'eadinho. com 24.201 metros de serviço'. () rio aprezeiíta longos estirões; não hou\e rinha. 26 — As 6 h. am. 230 e 754,5. - Partimos ás 6 h. 35 m. e alcan- çámos S. Jozé ás I 1 h. ain. Muitas chuvas. Passadas as canoas, |)ro-iegui- mos e nos agazalhamos na liarraca tio Hom-Jardim, lia\endo le\aiu,ido at('' esse ponto 1 5.8X4 metros. 27 — .Ás 6 h. 35 m. dei\;imos o |)ouzo e aicanç;imos .S. Paulo ás IO h. 50 in. .Ao meio dia ciiegámos a Raiua Rama. onde poiízámos. Iia\ia- mos medido 18.681 metros. Em Rama Kaina : As 2 h. pm. .Âs 3 h. ])m. As 4 h. pm. -Ás 5 h. pm. As 6 li. pm. Em 28 luii R.iiuad\ama. - As 6 h. am. ol)ser\ámos 19", 5 e 756,75. Partindo de Rama Rama fomos ])arar no Tambaqui, onde almoçámos ; iPahi ])roseguimos ao meio dia e pouzámos no barrarão-de])osito do Coju- bim após 42.668 metros de le\antameiUo. O rio ajjreseiUa maior largura após o Repartimento ou igarapé de Belém t[ue lhe .dliie pela esquerda. Grandes estirões muito facilitaram o serviço. 29 -- .Ãs 6 h. am. em Cojubim : 21", 5 e 758,2. Proseguindo ,])assámos todas as cachoeiras situadas eiure Cojubim e Andorinha, e pouz;iiuo'^ numa barraquinha ás 5 h. 45 m. jim. acima da barra. Havíamos medido 26.116 metros. 30 - - Efetuámos a medição do \olume do Machadinho, que no lu- gar do iiouzo tem 63 metros de largura. Encontrámos 220'" cúbicos para a sua descarga por segundo de tempo. Terminámos depois o le\antamento do Machadinho até sua barra no Gy-Paraná, onde ele mede 83 metros de largura. Faltá\ão apenas ()96 me- tros para chegar á barra. Até esse ponto medíramos cerca de 212 km. desde Fortaleza; e cerca de 99 km. nos seringaes de União e S. Gonçalo: somando 311 km. de le- \antamentos regulares e semi-expeditos. 2-70 755-75 26" 755,5 25°,5 754,75 250,25 755.25 350 755,25 Resumo dos Camiidiamentos feitos |)elo Capitão Xicolau Bueno Hort; Barbosa, de No\embro de 1915 até fins de 1916. - 47 - Metros Levantamento regular de Dois de Novem- bro a Remanso e Tabajara 18.758 Levantamento semi-expedito de Fortaleza a Santa-Róza 48.58o Levantamento semi-expedito de Espirito-Santo a Santo-Antonio 21.480 Levantamento semi-expedito deUnião ao Oriente 30.740 Levantamento regular fluvial de Fortaleza á barra (rio Machadinho) 212.000 (cerca de) Levantamento semi-expedito em S. (lonçálo . 68.430 Total : 399.994 ou sejão — 400 kilonietros aprossimadamente. A'. B. — Somente em 1917 foi que ])udemos comj)'c'tar o levaaUanienli) do Machadinho a Fleuriais de Espirito-Santo a Fortaleza ; e de Espirito-Santo a Santa-Róza margeando-o, a bússola e corrente, mediante a abertura de uma picada. VOLUME DAQUAS Em 27 de Dezembro de 1915 fis a medida do Macliadinho em Bom- Futuro. Os elementos colhidos constão da caderneta de campo em detalhe. Rezumindo, temos : Largura lo^.ó Profundidade inássima o">,78 Área da secção 5""-, 30 Velocidade média o'",22 Velocidade na sup o'n,28 Descarga ini^^ióó Em Bom-Futuro o rio seca ás vezes completamente em vSetembro, nas enciíentes maiores ele toma a profundidade de 2™ aprossimadamente. Então sua descarga poderá atingir S'"!"^ em Março até começo de Abril. Em 3 de Janeiro de 1916, avaliei em Fortaleza a descarga de 8"'', 134 havendo colhido os seguintes elementos: Largura 1 8"' Profundidade mássima in\6o Velocidade mássima o™, 61 Velocidade média o">,49 Área da secção ló'"^^ Também no rigor da estiagem o rio quási se estingue nesse ponto. Na maior enchente pode atingir a uma descarga dupla da medida acima. - 48 - Lm 22 (lo Jaiicini úc lyM', inlhi cin S. (lom.áli) i» m'j;iiíiU('s dados: Largura 47"\o \'elocidadt.' na siip o"i,74 Velocidade média o'", 59 Profundidade mássinia 4'", 8o Arca da secção i68"'-,27 Descarga 99"", 5 O rio já se achá\a sobre os banaiUDs, alagaiulo as \árzeas. Ele sii biria imiilo mais cm Maiço e Abril ; no dia da avaliação ele regula\a estar a 4"\9 acima da menor vazanu- habitual. ÍMualmcnte eiii 30 de jaiicnn de i<)i'i, tnn tim ponto .irima um (|uart<> lie légua, da barra, medi : Largura 63'" Profundidade mássima 5'", 8 Área da secção 276"!- \"elocidade na sup i'" Velocidade média o^jS Descarga . 220'" lARLLA de distancias de sua c.ibccíMra ao barracão do Kspirito-SaiUo (e cachoeira) scL^mido o le\ antamenUi margeando-o Cabeceira (nacente) de Santa Róza . o"\o SaiUa-I\ó/a (barracão) 2. 027"!, 2 Santo-Amaro (igara])é) i.52S"\4 3. 552'", 6 Barraca e ])asso do \ar. de Hom-Puturo S.5i8"\8 I2.07t"\4 José Rodrigues (igarajié) 2. 1251^,3 I4.i90"',7 José Lourenço (barraca e igarapé) . 4.979'", i I9.i75"\8 Passo junto ;í barra do igara|)é de Santo António V984'",C> 23. 160"', 4 Poiu-Piituro (barracão) ' 7.953"'', 2 31.1 13>", 6 S. José (igarapé) 294"', 7 3 1.408'", 3 Conceição (igara];é) 3. 378"'. o 34.78f:)'T,3 Samaúma (igarapé) 2. 976"!, 3 37. 762'", 8 Es])irito-,Santo (cachoeií-a e barracão) 290'", 8 38. 053'", 6 I.AHiCL.V de distancias entre I-Oiiale/.a e Espirito-Sanlo -^-gundo (igarapé) 5 '3'". 9 1 5-599'^ /' Barreiro (igarapé) 5.090'", 5 20.69o"', 1 Santa-Criis (barraca) 5. 228'", 5 25.918"' 6 Limàozinho (igarapé) 1.892'", 2 27.8 lo"', 8 \árgem .Alegre (igarapé) 425"',,7 28. 236"', 5 Pau de Sabão (barraca) 3.584"', 5 31.820'" 8 Samaúma (barraca) 2.495'", 2 34-3 16"' Fortaleza (barracão) ....... 3. 3 26"', o 37.642"' T.-VBELA de distancias segundo o le\ antanu-nto de 1'ortaleza Fortaleza (barracão e porto) . . Jandahyra (igarapé) Repartimento (igarapé) Pau Vermelho (barraca) Carniélo (igarapé) S. Pedro (igarapé) ? Lage (barraca) Palhal (barraca) Parida (pouso da) .\gua .Azul (igarapé) Sete de .Setembro (barraca) .... Alinióza (barraca) Parniélo (igarapé) Jatuarana (igarapé) S. Domingos (barraca) Cerróte (barraca) Tiaiá ou ('. I,'. ?\i. (igarapé) .... l^nião (barracão) .Xazaréth (igarapé) Itamaraty (barraca) HomSocêgo (igarapé) Boni-Socêgo (barraca) Pé da Terra (barraca) Kiachão (igarapé) S. (loni.alo (barracão) -S. Gon(,-alo \ cUio e igarapé Preto . S. .António (barracão) Itararé (barracão) Pracuuba (barraca) Cachoeirinha ou Prata (igarapé) .Ananás (igarapé) -Morena (barraca) 0'" O" ' -963 1963 66 2.029 2.983 5.012 7-797 12.809 ? ? 2.506 '5-315 '■937 17.252 2.814 20.0()6 10.418 30.484 593 3 '-077 638 3 ' -7 ' 5 3505 35.220 1.058 36.278 3-797 40.075 2.097 42.172 784 42-95<'i 2.220 45' 76 1.941 47-' '7 704 51.528 2.856 54-384 750 55-'34 3-285 58.419 E.826 60.245 875 61.120 3-697 64.817 2.915 67.732 1 .628 69.360 7.687 77-047 2.627 79-674 1-947 8 1 .62 1 500 82.121 — 511 -. vS;mt;i-Ró/.a (barraca) . l.azaictu (igarapó) . Monto Santo (l>anacãu) I raliira^ (baiiaca) . ."^oxa (igarajx') .Alegrctf (If 1 ini.i (lia ir; Pallial (barraca) . . Cafi' (igarapé) Bom- Jesus (barraca) ■ Barreiro (barraca) . \ (•.uliniio (i)arraca) .S. l.viis do ciin;i (liarrat. Cajueiro (igarapé) . -S. J()S(' (cacliooira) ISom j.iidini (barraca) I\e|)arliinoi)lo (igara])é) -S. Paulo (barracão.) . I\aiii,i Kania (barracão) Ca rasai (tapera,); i Porto da .Saúva . . . I'orto da Conceição . Santa-Maria (igarapé ( Porto da Coroca . Porto Tanibatiui Porto Mucura . , . Porto Santiago ... Porto das Pedras :>. Porio da -Alliança- . Porto Cachor.fi;) do ciin Porto Duas Irmans I'oito Cachorro do l^aix |-'urado do Cojul)iiu Ccijul)iiu (barrac^a) . Cojubim (cacliooira) Cobras (cachoeira) . Pirah\ba (cachoeira) . .\?ita ((achooira) Japihim (cai hooira) .Xrapaiy (cachoeira) Crua (cachoeira). . Jacarélinga (Cachoeira) jaburu (cachoeira) ■. .\ndoriidia (barraca) . .Andi irinlia (cachoeira) '■7.V 83.858 . , . . . . 1 ..Soo 85.664 909 86,573 , . 1-536 88.-109-V!) ''>' 1 .045 89.-1.54 •ua) . . . . 3.580 . 92.740. 3.627 .1; 96.367 ,ii.di. So,:; 9J-I7fli. - '^í 2.70f) 99.876 2.831 102.707 5-352 108.059 0 (>.,:; 1 5 1 14-374 3.918 I 18.292 . 2.lC)('> 120.458 3-4«5 1.23:943 ■■ ?-97^ J 29.921 . . ■ ," . . ,. 8.558 i.s8,47y.-, ' 4-145 14 2. (.-4 , . .. ,.' . . . 1.970 144-594 . -.. ■ .. . . . 3-979 i4«-5-7i'-c.. 2.731 i5i-304r. . . barraca) . 8 1 6 I52..1-20 -. 7.76a . : 159.88-1 ,.,.-.,- 3.0 K) lC>2.90,Q 2.221 165.12 1 1 . 1 3<; 166.260 i.-i 3-269 . 169.529 ,.,-.-;■■ 2.908 172.437 '^^ a . . . . 2.558, r,- ,r-. 174^995 . i-Ci3 170.1-38 ai . . . 1.259 •77-3''^7 - . 2.813 l8o.2<)Q 5.092 i-(S.-5-.292 i-47^> -i-S6-.7--C>8 3-''45 ■' 100.713 77') 191.492 1 .1 1 7 192-^609 >;/..- . ■• 2.063;,; ; ;.. 194-67 2 ■ .- 1 .009 ' 1 95.68 1 1.813 197.494 73'' i98-,23t> ■ ('■r:t.y)2:) •: ;■- 199. 62-2 2.555 202:157:...^ 1 .07 1 2 03-.2 28':v>:.;c: KM.i.:l! — 51 Marco (igarapé) 1.389 204.617 Santa-Clara (igarapé) 674 205.291 Barraca da Barra 5.-267 210.558 Barra no rio Machado ou tly-Paraná . 1546 212.104 P. S. — Julgámos inútil dar fraçòes de niétro. DIÁRIOS de levantamentos semi-expcditos De .\ngustura, no rio Machado a Rama-Rania, no rio Macliadinho e a Co- jubim e Santa-iv(')za, no rio Preto, afhiente do Machado- I - De Angustura a Kiun.i Rama — 26 de Abril de 1916 ~ As 6 h. 34 ani. parti de Angustura, no rio Machado (ju c;\-Paraná, e alcancei aos 84 (le|)ois do meio dia a barraca-deposito de S. Pedro, onde os car- gueiros de Jatuarana e Angustura trócão as cargas. Medi 16.120 metros. Notei muitos igarapés, todos correndo bastante devido á estação; O im- ]iortante se denomina igarapé Preto, tem 10 metros de largura no passo; ponte de 200 metros devido á \árzea .marginal. Observações em S. Pedro ás 6 h. pm. : 26", 5 e 756,5. 27 de Abril - .\s o h. am. : 22^,5 e 7S7,75- .Alcancei o barracão de Jatuarana ao meio dia, haxendo medido 15 kilometros desde S. Pedro. No- tei como ôntenr muitos igarapés. Pouco alem do igarapé do Mutum ha uma capoeira dos indios bocas pretas: mais adiante está a encruzilhada do cami nho que \em da barraca d.i Helleza, onde depositam cargas quando a \a- zante do Jatuarana já não permitte subir alem. Depf)is vêm os igarapés das Pedras, Cruzeiro c Vai-com-geito ; estes últimos têm 6'" e 8"^ respectivamente de largura; extensas várzeas atoladiças os acompanham- () terreno era are- noso até esses igara|)és ; torna-se argilozo, com grandes atoleiros cPahi por diante. Vai-com-geito recebe o Cruzeiro perto de cahir no Jatuarana ; ele náce n'uma serra sobre cpie jiassa o \aradouro de Jatuarana a A^éra-Crús. As 5 h. pm. em Jatuarana 270 e 755,5. Mássima 28°. É o ponto e.\tremo da na\-egação do igarapé no tempo das cheias. O barracão fica á margem esquerda. Extenso campo v (wtensas capoeiras. 28 de .\bril — As 6 h. 30 m. i)arti de Jatuarana i)ara BôaA^ista. .As 6 h. am. observações 20", 25 e 756,5. O varadouro cruza o Jatuarana jiuito ao barracão, cm ponte. .V ','2 légua deste se passa o igarapé do Pé-Enxuto ; a cerca de uma légua se sobe a serra do Espirito-Santo, que separa águas do Jatuaiaiia e do iga- rapé [je .Maroins ou do Infé.rno. Transpé)sta a serra, coméção portanto os igarapés afluentes do Ma- roins ou sub-afluentes. O mais im])ortante é o de l'rucury, junto ao passo do qual está a tapera do mesmo nome, até perto chegávão as pequenas embarcações de carga ao temiio cm c|ue o seringai éra abastecido jior essa \ia, antes da abertura dos \aradouros de .Angustura e l)ois-No\ eml)ro para Ja- tuarana. b2 Dipoib dl) I rucury \ciii uni icriciio clu-io de atoleiros e labocat-s, de difiiíliiiK) traiiziío. No Km. iS se começa a subir a serra de Rôa-Vista. alem da cjual fica o barrarão desse nom,c, perto tia iiuírgcm esquerda do iga- rapé, também ilc Bôa-Vista. Esse igarapé é um dos braços do Maroins (ou Inférncj). Ao barra- cão cheguei ás 2 h. 45 ni. pm. ha\(Mido medido 19.200 metros dcstic [a- tuarána. As 5 h. jnn. (observai. ões 754,75 e 29". Mássima 30^'. (> outrr) braço do Maioins é o Jatobá, cjue se junta ao Bòa-Vista pela direita deste. Ha um varadouro que o atravessa, mas que não le\antám(js. Terá uns 10 Km. 29 de -Abril — As 6 h. am. 22" e 756. Parti ))ara Rama-Rama, onde cheguei ás 3 h. ' i- iim. com 19.200 me- tros de le\'antamento. A cerca úv 4 Km. de Bôa-Vista ])assa-se Bom-I*\Uuro, hoje barraca : mas onde eziste um barracão. Passa-se antes luna extensa capoeira, onde \i algum gado c\trc-mamente gordo. Adiante um |)Ouco de Bom-1'uturo o \aradouro cruza o igarapé de Ma- roins, formado ])clo Jatobá e o í5ôa -Vista. Kxtensa ]M)nte de\ido ás lar- gas várzeas. Ponte e esti\ados ]iódcm ter 200 metros de comprimento. A esse igarapé, cpie desagua no (iy-])araná acima do Ijarracão de 'Maroins, dão o nome também ile Inferno. Kle tem uma cachoeira desse nome; e perto dessa cachoeira ha um afluente, que é assim também de non;inado. Portanto c confúzão estender ao igarapé grande o dito nome de Inferno. Os seringaes do alto ig.ira|)é ile Maroins foram descobertos de\ido a haver um hôtnem chamado Santiago, trepado a uma alta. árvore á mar- gem esquerda do Machadinho, da qu.il ele avistou jjelos lados do poente uma alta serra. Demandando-a, \ieram a descobrir o seringai; os desco- bridores deceram então o grande igarai)é encontrado, e assim chegarão ao rio Gy, identificando-o com o já conhecido Maroins. Durante anos esse se- ringai foi trabalhado á custa dos grandes sacrifícios impostos pela subida das cachoeiras do rio Gy, trecho de Dois de Novembro ;i Remanso; e subida do Maroins. Pouco a |)ouco as exp/oraçõcsforíiin sendo estendidas ao ])ocnte, até que os seringueiros chegarão ao Jatuarana. .Após isso foi t[ue a abertura dos varadouros libertou o seringai da dependência de tão custóza navC' gação, atingindo então á exemi)lar organização que hoje possue. Para alem do Maroins o varadouro cruza o igarapé do Perdido; de 3»> de largura. Déce ao .Maroins. Extensos estivados e ponte, medindo cerca de 180 metros de comprimento, permitem a traiispozição desse brejozo igarapé. Esse é o ultimo afluente importante do Maroins, transposto pelo \a- radouro, cjue a cerca de 9.800 metros de Bôa-Vista alcança o alto da Serra de - 93 - S. Sebastião, onde notei uma tapera. As i i ^/^ ani. o aneróide marcou 750,5 no mais alto da serra, (rranito. Decida a serra, cae-se em águas que vão ao Machadinho. O iga- rapé notável que o varadouro cruza é o de S. Sebastião ou Carasal, cjue fás barra no Machadiídio pouco abaixo da tapera do Carasal, (antigo sitio de barracão); em uma «ressaca», na \ólta do rio. Cheio, o igaraf)é aprezen.- táva 12'" de largui'a ; tem 140 metros de esti\ádos e- ponte, altos barrancos. O barracão de Rama-Rama fica a uns lO"' acima do ni\el mássimo das águas do Machadinho. É apenas depozito da carga em tranzito para o alto Machadinho. 30 — Ás 7 h. am. observações em Ráma-Rama 23" e 750. Mássima 22". Regressei a Bôa-Vista. O igarapé de Bôa-Vista nace de uma serra onde contravérte com o Jatuarâna. A essa serra \ai ter a maiií^íi que entronca no varadouro geral a cerca de 1.500 metros do barracã(j de Jatuarana ; éla vai ás colocações ou barracas de 13 de Maio e Flores. O Jatobá é maior que o Bôa-Vista. Do barracão desse nome segue um bom vara- douro que cruza o igara])é, e depois o Jatobá; \ai até as barracas do Serrote, a 10 Km. mais ou menos de Bôa-Vista. Em Bôa-Vista ás 2 h. ])iii. 757,25 e 31". 4 h. pm. 756,5 e 31", 5. 6 h. pm. 756 e 240,5. Mássima 320,25. i.o de Maio — As 5 h. ain. 756,75 e 20°. Regresso de Bôa-Vista ])ara Jatuarana. As 2 h. pm. em Jatuarana, observações 29° e 757,25. 2 de Maio — Em Jatuarana ás 6 h. am. 200 e 758. As 5 h. pm. 25"õ e 756,75. Mássima 290,5. Efetuei o levantamento das «mangas» que lévão á Serra da Pedra Branca, Serra da Eloquência, Curitni, Redonda, regressando a [utuarana. 3 de Maio — As 6 h. am. 210,5 e 757. Mássima 210. Parti de Jatuarana levantando o \aradouro que \^ai a Dois de Noxem- bro. Pouzei a quázi 17 Km., no igarajjé do Cajueiro. Passar.i antes os iga- rajiés da Redonda, com 12 metros de largura; tem uma cachoeira a 40 metros abaixo do passo; da Lage, com 10 metros de largura, o qual vem da serra de Manaus, alem de outros menores. Todos décem ao Jatuarana. O Cajueiro tem no passo 10'" de largura. Ahi as observações ás ò h. pm. 250 e 755,75- 4 de Maio — No pouzo do Cajueiro. Obser\-ações ás 6 h. am. 200,5 e 757,75- Proseguindo, alcancei o varadouro de Dois de No\embro a Taba- jára. A encruzilhada está a menos de i Km. distante de Candelária e a 8.500 metros distante de Dois de Novembro, onde pousei. Até. essa encruzilhad.i medira hontem e hoje 25.200 metros desde Ja- tuarana. 5 de Maio - Em Dois de Novembro. Observações ás 6 h. am. 2J",5 e 760. --- Mássima 300,5; minima 210. - 54 - 6 de Maio Em Dois de Xoxcinhid. ( >hsei\a<,ões ás 6 h. am. 24" c 7í)o; ás 2 li. 1)111. ;, 1" e 759.5- M;issiiiia .^10,25 ; ininima 23",5 ás 4 li. pni. 30" e 758.75- 2 De jauiaraiia a Véra-Cius e cabeceiras di) juiuázinho. 7 de Maio de 1917 Regresso de Angustura e Jatuarana. n(,a. O \aradonrn cruza o igara|)é tlc Santa-Róza an- tes de chegar ao barracão desse mesmo nome. Á tarde regressei a Cojubim. Abai.xo de Cojubim cerca de 4 Kilometros recebe o rio Preto pela mar- gem esquerda o igarai)é de Aalparaizt), \olumozo. Depois o igarapé \'erde e o Alegre. Pela direita recebe o S. Pedro, o Jatuarana volumozo ■ o Cu- rica e o Jacundá lambem \olumózos. O ultimo faz barra em frente a Manôa, e também tem uma cachoeira pouco acMuia da embocadura. O «camiK) »de Manôa \ai até essa cachoeira. <) ])aralélo de 8" 48", limite de MalUj-Grosso e Amazonas — passa por Manôa. Abaixo desse barracão e grande cachoeira o rio Preto ainda tem um grande afluente á direita, deno minado Juruázinho, que é precizo não confundir com seu liomonimo afhiente do Gy-paraná. Abaixo um pouco de Transvaal (barracão) fica a cachoeirinlia do Severo, a única existente entre Manôa e Cojubim. No rigor da seca as ca- noas só alcânção até Trans\aal. Dahi as cargas se conduzem em muares pelo \-aradouro que vai a Cojubim. A distancia regulará ser de 15 Kilome- tros. Essa varadouro passa o Valparaizo a meia légua de Cojubim. O Jatuaríina deita suas águas no rio Preto um pouco acima de Trans- vaal. Abaixo de Transvaal ha o barracão 13 de .Maio, até onde chega o varadouro que \ em de C-ojubim pela esquerda do rio Preto. 16 - Maio .Ãs 6 h. em Cojubim 17", 5. e 760,5. Partindo de Cojubim efctuei o levantamento até a barraca de «Oito- centas», nome que ])rovem de uma serra ]u-óssima onde contarão 800 «ma- deiras» de seringa. Medi 13.360 metros. 17 - Maio Prolonguei n le\ antameiíto até Santa-Tereza, cuja ca- beceira deve ])ertencer ao igara])é de Jatuarana. De Santa-Tereza sae um varadouro para as colocações do Oriente (seringai do .Machadinho). .A dis- tancia é de 15.491'" entre esses i^ontos, (ou pouco mais ou menos 4 h. a pé).(*) A cabeceira náce de um forte olho d 'água, c|ue forma um lindo poço, como se fosse um largo banheiro feito pela natureza. Entre Santa- Tereza e ()itocentas ])assa-se a barraca de S. Benedito. ])érlo desta se aclia a encruzilhada do varadouro (jue condus ;í ícolocação» de Mafaial. .Viite- de (*) O varadouro de Cojjbiiii do Rio Preto nté União 110 Macliadiíilio passando cm Oitocentos, Santa Tliereza e Oriente niéde 71.519 metros. Não passando em Oriente essj distancia diminue de 913 metros. - 57 - Santa-Tereza cruza-se 2 vezes a cabeceira do ij^arapé da Onça, cjuc aflue ao rio Preto entre Cojubini e Santa-Róza, tomo já vinu». A distancia me- dida foi de 12 Kiloinetros. A tarde tornámos a Oitocentas. 18 — Maio Deixando 1 titoccntas efêtuei o levantamento do \-ara- douro de S. Carlos, no total de i4.í)o8 metros a partir da encruzilhada en- tre Cojubim e Oitocentas. Passei as barracas da Bacia ; e S. Petho, no igarapé desse tiome, que déce dirétamente ao rio Preto. O varadouro cruza o grande igarapé do Jozé Ramos, afluente do Jatuarana, e acompanha este pela esquerda uma bôa estensão até atravessá-lo. Chega-se então a S. Car- los, na confluência do Jatuarana e l^nião ; o barracão fica a uns 200 metros acima dessa confluência, á margem esquerda do Inião. Este mede 5 metros de largura alii, mas é profundo, e tem poços muito piscózos. 19 --Maio — Partindo de S. Carlos, alcancei Queimadas, com 1.4.200 metros de serviço. O varadouro cruza o União e outros igarapés menos* im- portantes. Ficou assim terminado o levantamento sêmi-e.xpedito desde o G\-]>araná em Angustura até o rio Preto, seu afluente, em Cojubim e Santa-Róza ; onde ligou-se com o le\antamento anterior que jiassou ])or S. António do rio Preto, afliiente do Jamary, vindo desde o Machadinho em Fortaleza. De Queimadas prosegui efetuando levantamentos que fôrão terminar . em Monte Santo e União, barracões do Machadinho. Constarão de outro diário. Convém ter nuiita cautela para evitar as confuzões de\ídas á repro- ducção de mesmos nomes. Nóta-se a frequência de rios e igarapés ; Preto, Repartintenfo. Jatuarana ; lugares Rom Futuro, Bôa-Fé, Santa-Róza, Santo- Antonio, etc. Tenuos Jatuarana afluente do Machadiídio ; Jatuarana afluente do rio Preto; Jatuarana afluente do Machado; no Machadinho temos dois afluen- tes com o mesmo nome Re|)artimento. Temos o rio Preto afluente do Ja- mary; outro afluente do Gy ; um igarapé Preto afluente tio Machadinho ; ou- tro afluente do Repartimento, etc. Temos Santa-Róza, cabeceira e barra- cões no Machadinho; Santa-Róza barraca nesse mesmo rio, pouco acima ■ de Monte-Santo ; e Santa-Róza — barracão e afluente do rio Preto, contri- buinte do Gy-paraná. 'lià m »•>.