d ia 3, 139,' '«80, S9I Bacia carboiiifera du cabo Mondego (nulicia). 118, 158 Bihliosraphia H2, 172, 295, 30U Breves rellexues historiras sobre anavegi^.lu do Hondcvo e cidlura dus ram|ios de Coiadira... Breves roflexoes — que filiidam-nlani o program- ma, que olTereceuios para as e.vpiisi(;oe8 d'aniuiaei donieslicos no dislricio de C.iulbra Calor solar (ork'em do) CI.1SS0 de liU'.-ralura gi-j Cla-se de sciencias moraes e sociaes 243 Classe de sciencias physico-nialheraalicas 296 Coi rubra — Recorda^ues (poesia) 219 Collegio Ursiiliiio dasChugas era Coioibra . . 145 158 Comniemorarao c , Concorrencia '.'.'.'"'55,' 70, 83 Conselho superior de inslrncclo publica 2 25 37 53 77, 93, 109, 121, 14G,' 149, Ifil, 183, 201, '227 „ . . ^ 253, 269, 281, 09 Consli(ui(;Ho physica do Sol IgU Coula da receita e d.speza dos hospilaes da uni'- versidade de Coimbra 24, 160, 236, 308 Costumes A mericanos 3 , Coslumcs Arabes '. .'.V ' " '[Vy ' 2^9 303 Credito lerrilorial j^ ^g ^1 DocarneiUos inedilos 9^'g3_ 34^ , ' ^j De. Welw relit e o Jardrm Botanico da miiiersi- dade dr Coimbra ^24.13 Duque de Coimbra Vni 31, • ilconomia polilica (e.tuilos de) -jj Edilca(;il<. ilos aiiimaes lla anligciidade ..[] ] 16 Espirilos percussures ] " ' .^, E.lalistica pathologica dog hospilaej li.-i u'lmerji'- dade.^.. 5^^ gg_ ,,, ^^^ Jixposirops de animaes domesliros 231 2fj2 299 319 Exposi(;So universal de Pariz ' 25,3' ^95 Exposii;ao (primeira) da sociedade de Flora e ' Pomona Faculd.ide de matheraalica '..'.'.. ...... Geologia Gerai;oHs esponlaneas !.'!!!!!!! Gravidez exlra-ulerina de 16 anno's! .'.'.'.'.' .' Hymno do menino ao dcsperlar (puesia) .."" sju Imprensa da universidade , Influencia d.a lua nos lerremolos " ! ! 1 10, liislilulo de Coimbra Cdirec,;ao) ■.■."■ V40 » - In»tilnlo de Coimbra 23 j jg"' Inst.lu^to de Coimbra (sessoes das classes e'da oirPC),au (jo) .... Inslru,;,no „a liigla'lerra (esl'ado da) ! ! .' ! ! ! ! ! ! ! ' " 259 Ins ruc^So publica na Suecia e Noruega . . . . . 14 Inslruc^ao publica . ° ,i Inslmc^iio primaria no disVriVlo' do FulrchaV, . . . 45 II 128 19 223 242 242 37 68 297 273 Iiislriic(;-rio prim.tria Iiltrodnc^So I>ra''litas em Koma jtc Jardins d'arclrraJta(;ao na Madeira e Angola na Africa atistro-occldenlal igrj J^^rusilem e u mar raurlo gi in' Liberdade em i)oesia Litteralnra dramalica h. spaiihola e seus hisloria- , ,'^"''«' 217, 257, Uivros elemeiilares (colle^'iio de) 1 lU I5t «8ti 313 183 Livros sagrados dos indios jrJS 181 196 M.ircas typographicas '_ _ ' 51 j Mar-vermelho, raar-amarcllo , mar-branco, ilc, (origern dos nomes) . , 7^ Matliemalicai, discnssao de dolls nielhodos arabes 76 Malhematicas (necQao de) 59, 105, 130, 1H5 M.-le..rolou'ia jgg, 221 Mezas giranles de Mr Babinel (reflexoes) 29 Mezas giranles 17 27 Jloleslia das \inlias ]2g 155, '263 Mosleiro da Vaccari^a ]93, 20j,' 244^ 278 Miilhcres (as) lii>toricaraeiile considerailas 157 Mnlh( res (as) do isl.ipj e in miillicres chrislas 246 Jliisulraanos (uomes e lilulos) jj Necrologio '.""225, 289 Observa^oes raeteorologic.is fellas no gabiiiele de phy=ica da universidade de Coimbra.... 1?, 35 9^ l«0, 148, 224, 252, 268 Obras olTerecidas i Bibliollieca do Inslitulu. 35, 52 r.. , r . *8U, 32« (jli-o de figidos de baealliau 222 <_)■. iilio Nazao g 3g ^3 Philosophia alleina (criso da) ' '99 Pliysica do globo .■.'■■■ 'us J ,g '"'O'lCa jg^ Pliysiobigia applieada ig^ Poesia Slava no secolo deciino-nono. 57 66, 98, 141 I6t, 177, 208, 290 Preceilos hygienicos (siinimola de) 23 Programmas. 3, 13, 26, 39, 65, 81, 113, "l23, 173 „ , , ,. -'3, 227, 283 llelaeoes lilloranas com as imiversidades de Hes- „',""•,''» H4, 271 i{elai;ao nominal dos socios do Insliluto 2i0 ^■"'■''"^i" 175, 'I'aO, 237 Selenosrrapliia jjo Srlvio Pellico e o sen tempo 204 Socieflade Asiatica j,^t Sociedade Asialica fie I.ondres j jg Sociedade geologica de Londres go Taboas da paralaxe da liia 1^3 Tradu^ao do 4." livro da Eneiila (fragmenio da).. 274 303, 314 Um banho no Tcjo (poesia) 53 Uina illusao (poesia) jgj Uma lagrima 2^3 (Jma perda para as lelras 42 Uma tragedia Arabe 204 Uuiversidade de Coimbra 134 137 Variedades ' 5J Victoria linda (poesia) S8'J Ei\I\OS 1TJNC[PAE8 DESTE \^OLUME. •t'liil. ('■ ordtiii das notus 119 lOell ) Sarni j obstr 28,'i'J f30 47 f 41i 132 / inlos prcd dit mcz de ilietos de Ju 3y 22 iniiiit, Mtiia ' iho N. O. E. e S. O. N. O. N. e S. O. so'inenle f =90° com lado 23 com angulo 187 13 — - < sen 3 6 •i4,'i 1." 12 primeira 11 M 14 vjveilo " 18 22 IHO 198 2411 ,. 22 1 28 •i\u HO fun ha-sr. oviUtr sejas InU-j;raes eiitrf lluiiicns — eiifrrmaiias ile molcslias in* U'riias — Iriiiu'slre de . t'lc.'- 1:14.4 i:i:j.4 Obslruccuo 1, i, 5, 3, 4 de 154G obsti"uc(;au do baro . Sania 8 Bronchite 2 UruncUite chroiiico 'i Embara^o gastrico Anasarca Anasarca AscUe NO., E. e SO. NO., N. eSO. somente c'=90° cum angulo com lado i^ sen 2 i 2 ultima. Ov iedo. Este argumento perde a forra, saben- do-se que os Abbades, ou C'hefes de IMosteiro, ussignarara este concilio com a denominacao de Archymandn- • his, como iH>(!e ver-se na collect;ao de concilios, dtr Labbei. lea-se — (Continuado de pag. 219.) Conti/nia. r. r. de sousa pinto. vi-silar. da palavra — extinccao — per diante, (leve ler-se — extinccao, por tereni decoirido apenas oito aunos de 108G a 1094, e nao apparecer neiihum do- cumento em cuntrario. Everdadeqiio OS mosteiros duplices ja tinham sido prohibidos por Gregorio II em .S46 *, e depois no Concilio de Nicea em 7{.n ' ; mas, e certo que, apezar disso, continuaram subsistindo em Portugal e por toda a parte, como nos dizem Vilerbo ^ e Boehmero -K este. seja. Deer. tJrac. cans. 18. '-i Cone. 2 de Nicea can quest, -i. c. 22. (a not. 'i ^0 do Deer. Civuc. cans I da monia pag. 280), . 18 iniest. '2. c. 21. — Diffininnis minime duplex monas- ^ lone, a ue iMct;*! l;i^M-■^. .^\j "» ^ -- — ^'^' i .... , . ,■ lerh.m fieri- .|"ia scandalum id, et ofTendicrilum miillis elVicilnr. ^l vcro al.qui cum cognatis mundo abrciuinlia- ,c, et nionaslicam vilam scctari voluerint, debcnt (piidem ^h■\ xironim adire coeuobium. foeminas vcro lierum ingrcdi monasterinm. . . . •i Elucidario por Vilerbo — I'alav. Mosleiro. • Boelimero not. 99 aoDecr. Orac. cans. 18. nue^t. 2. c. 22. mu- ® Jitj^titnta^ JORINAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. IKTilODUCCAO. \j que deve ser o Institiilo assnz o com- preli'-ndfltiios : o que tcm sido jd o sabc o piililioo: o que sera, nn lerceirn anno de sua exi^tcncia, proval-o-liao os esfor(;o3 que se reuovam para coiilinuar cste jornal, o mais durador dequanlos, d'esLe genero , se Leein eslrcado em Coiinhra. Ilnje que as mais liabeis pennas do paiz pstao Miagnelisadas pcli mesmerica ititluencia da politica, lioje que os e^lOl^a^'os de miillos dos que leem follias ie[)eilem a sciencia que ni" teiii urn sabor de curiosidade pueril, e nial digererii a littsratura que nao for roman- ce ou foUu'liiii ; ju e arrojo , ja e dedica^'ao perlinaz conlar com fui;ilivos momcntos rou- bados as porfuiias lides academicas, para suitentar umacmpreza, a qua! nem o inleres- se , nem a gloria, nom eslimuln alf^um, que iifio scja urn sincero di'SfjO de preslar al^'um servigo a sciencia e a liUeralura, servem de incenlivo. E nao fallamos dnservijo tpie faz, ou poJe fazer a redac(,Lio, com seas escriptos ; que esse pouco (■ ou nonlium. O In-litulo, alo.a oslraballios da sociedade de qi;e eor^fio, (.-m virlude da porlaria do niini^lerio do rcino de 5 de si-lemliro de 1833, lia de puldicar os arlii^;os que Hie ea- viarem o ioiis( |ho superior de iiistruccfio pii- blica, c as faeiildados acijdeiiii<;as , que no- mcarain commis-oes expres-ainenle encarre- gadas d'orir;iiii-ar Lraballios ^cnuilificos digiios de ver a iuz publica ne^te joriial. C) liiiliLulo deve [X'is, d'oia avanle, eiicamiiiliar-se a re- prestiilar as Ires corpor.i^nes lillerarias mais respcilaveis (l'i-?la cidade — a lliiiverjiidade , o Conrcllio supeiioj (l(t ln>lruc(,'ao publica, e oJnslilr.lo du Coiinbia, liyadas pela fraler- nal ami^ade ile sous ineuibros, e, mais que tudo. pelo sagrado si'nliniciilo que anima a lodos — 0 amor das letras palrias. i'-' se e^las tros |)olencia5 nao deixarcm soi na li^-a os poucos nieiiii)ros do Instilulo cpie consliiueiu a redac^ao , os quaes mal po- dem sali-fazcr ao scu especial misler de censores; e se os socios correspondeiiles do InsliUiIo se iir,o dedignareiu de uuxiliar, de Vui. in. Abbil l." — 1834, vez em quando, esla ardua larefa, enclipnd.) algurnas columnas com sabios produclos de suas lucubragoes ; e se todos os que amam as sciencias e a litteratura, socios ou nao socio?, quizerem vir aqui depositar al;Tiimas das (lores e fructos mimosos de sens estudo? , neste cainpo que llies abriraos de boa vonlade ; entfio siui , enliio poderemos afian(;ar que o lerceiro volume do Inslitulo sera o que deve scr, em Coiinbra, ou em qual(pier parte do muiido civilisado, urn jornal scientifico e lil- lerai io. E porqiie nao lia desel-o? Nao lia lioje ninguem verdadeiramenle pen- sador que nao sinla a neccssidade de consi- gnar ao papel sens pensamentos apenas con- cel)ido3, e de fazel-os voar jielo mundo com a rapidez do relainpago; porque a Immanidade caminlia com urn movimento accelerado, e o liomem , Icvado do impuLo que Hie vem de cima , trabaHia , esfor(;a-se por tornar a car- reiia mais veloz. As ideas succedem-se uinas as oulras : as alias que-toes sociaes e politicas agitam-se por toda aparle: as sciencias naluraes, dondci depende o progresso das artes, e o progresso das artes que se reilecte immediatamcnle so- bre a pro^peridade material, occupam todos 03 aiiimos. Ora neste mierocosmo, pequeno sim em extensfio, mas graude em inlelligen- cia, onde vein u;nas apos oulras novas gera- <;oe3 de mancebos estiidiosos excrcilar e de- senvolvcr suas mais nobres faculdados, far- ?e-lia uuia excepgao pouco decorosa ? Os prolessores da universidade , muitos dos quaes, e verdade , teem publicado em maior tomo importantes e aprimorados escriptos, coiitiniiarao a cntliesourar os preciosos re- sullados de sens Cstudos qiiotidiancs, que, pottos em mais vasla circulayao, muito con- tribuiriam para o progresso do nosso tao atrazddo p<;iz , fazendo d'esla arte soar, alem do acanliado recinto das aulas, seu bSm me- lecido renome \ demos que a uns e outros demasiado tem sido demo^trada eisa necessidade palpavcl , e que demasiado a sentem ; por isso, nestas diias paiavras de introducgao, diziamos e coiiliamos que o Instiluto sera o que deve ser, unica recompensa que arabioionamos dos nosios trabalLos. /^tf^.,,^.?;^ Ncu. 1," CONSELIIO SUPERIOR DE I.XSTRUCCAO PL'liJ.iCA. Diiposi^oes regt'lamtnlares porn o e.rntnc de geomelriii tio Ijcett tie Coimitra y cuino preparaltino para a nni- versidiule. Art. 1." Os cxamiiKMnlos de ppomotria dt^ptn lirnr iim porito na vfjJi'eru do exame , com aiiUcipa^iio |n'lo luiiii.s (le \ inte luriis. ^. I." Au ado (le (Inr os ptiiilos Ji'sislir.i o presiilenlp (Icst.\»i exanies coin u lu'del , que ftira a clKiiiiad* ilus cxaiiiinariiiitS peltis si-ris rei|iiff inienlns , c luui;uri*i nu livro leypei-livo us [loiitus liradus u sorle. ^. S." Em lofrar do presidenie puderii assist ir e dnr OS piinlos qiialqiHT dus cxamiiiadures , a que illu coin- luelliT este sr-rvit^o. Arl. S." Os punlos de que Irota o art. 1.", doveni romprpliendcr Ires i)ropnsii;Ot'S da ffeonicli ia de Encli- des , scndo senijire iima dellas do Uvro sc\(o desla obra : 110) ponto dt? ali,'ebra , e onlro de aritliinelica. ^S. un. () nifsmii poiilo podera ser\ir para uma liirma de examinmnios tiao superior a (res. Arl. 3." O exaine de jr''om»?lria podera ser feilo rm tnnuas de dois on tres cxaminandos de cada vez , qnamlo «o punlo tenlia sidu dado oa conforroidade du ^. ?i/iico do nrl. 2.* Art, 4.° O examinador inais antis:o conieijara o e\a- me , escuHicndu para isso uma parte (jiialqtier do fionto ; c se nr^junu-nUir em {leonielria , o fara de sorte que a cada um dos examinaudos d'linia liirma ari;umente em jiropo?ii<;ao dilTerenle ; e o onlro examinador dcpois argnmeiitara rm alijelira, on rni arilhmelica , mas qnan- do ar^Mimentar a nm examinanilo da mpsma lurma em aljehra , ao ontro ur^nnient.tr.'i em arilhinelica. ^. tin. A dnrai;ao do ar^umentu tie cada nm dos examinadores sera de quince niinutos marcadui por ani- pnlliela. Art. 5." Os examinadores serao obri^ados a interro* gar OS examinundos na parte vit^a niarcada no r>>speclivo jirogramma ; na outra parte porcm devem reshinsir-se ao pun to , e apenas poderao explorar os examinandus nos principins g'eraes qne (lies sej^im concernenles , on nas applicai;6ps geraes, e menus difGceis , a que os pon- tos dercni lo^rar. ^, un. Q'lando o exame se fizer em Inrraas , o presi- dente podera mandar responder lambpm as pergnntas , feltas p>ir qnalpier dos examinadores a nm examinaiiiJo , ontro da turma , eiiibora tivessc ja coiiclnido u exame oral. Art. 6." Di'pois do exame oral , cada nm dos exa- minanilos tirara asorle nm problema de aiithmelica , qne possa resolver-se por uioio das propott^ops e da applica- ^ao dos principios preraes de aritiuni'tica ; o qnal proble- ina resohera pur esoriplo em arto snccessivo. ^. 1.° O lf?injio coML-edido para resolver o problema por escriptn si-ra de nsna liura e mei.-t, ^. 2.** Ftndo este prazo , o presidente adiprlira o examinandii para qne entrei,'ne o proldenia resuhido; mas se elle pfdir Hlj;um tempo mais, podi-ra proro^rar-se-Ihe o prazo do ^. l.** por meia liora ; porem paxsado e>le flegnndo prazo de tempo , apresenlani uo estado em que estiver o prot)Iema. ^. 3." O examinnndo deve assif;nf>r-9e por lialxo da resoliK^ifo do problema, e depois da data tio dja do exa- me ; e islu o frtra mesmo quando nito teidia sat)ido resol- ■ver o proldema , a pezar do angmcnlo de temjio de qne Irala o ^. 2.** Art. 7 ** O- ponlos para o exame oral, qne liverem saliido Ires vpzfs, serao aeparados da nrna ; e os proble- mas de qne Irata u art. G.°, loiro que teniiam saltldo uma vcz , devem ser alterad'js, uindando-lhes us nnnieroa, qne entrani rm sen ennnriado. Art. 8.** A rd'-nlidade do exaniinando , e do ponto tirado para o t-xame , deve ser veriQcada com ludo o escrnpulo u circnmspei'(;ao. Ksta cunforoie, — O secrelario geral , Josi- Jnlonlo Q^ Aihorim, UAU'EltSlDADE DE COIMBA-PBOCBAMHAS. FACULDADE DE SI A T a E 31 A T I C A. l8o3— 185i. },^ A^^O. I.'' CADETRA. ARITHMHTICA — <; ROM F.TK lA SVNTHnTICA DE LBGBNDRR ALfJCBUA ATE H«L'ArOES DO ShfiL'.VDO GRAO IMLL- SlVAMliATK^TRIGO.NOMETniA PLANA. Lenle — Dr. Rufmo Guerra Ozorio. ARITIIMIiTICA. Syslcmas de nnmera<;rin. Qnntro operatjOes sobre of nnuiertis iuleiros. Decomposi^ao doa inleiros em faclo- rrs primos , e prupriediulps dus di\isures commnns a ninilos nnmeros. Coiuli(,oes, qne deiem verifioar-^e , para que nni iinmero seja (livisjvel por ontro. Tlienrc- nia de Fermal. ProMis das q'latro opera(;r)rs soltre intei- rt>s. Definii^rm ^ n;tlnreza , e lransfurnm<;oes dos quebrn- ilos. Qnalro iq)erai;ofs subre as qntMirados oidinarius . decimaes , e coniplexos- Appro\iniai;oes ; e limites da diziina |)eriodiea. Forraaeao das poleiicias e exlrarijao das raizes qnadradas e cubical. Pri>por^oes .'iritlmn'ticas e t^eometricas. Rei:ra de ties, simples, u cttiiipnsta ; e re- j,'ras de companliia , e conjmiirta. Jnros. Deseontos, Pro- g^ressoes arillmietieas e geomelricas. LogariltiUios. ALGEBRA ELE1IB^TA^.. No^ries geraes, lleduc^Jio. Qnatro opera(;oPs. Divisor commnm. Resoin^'-'to das eqna^iies do primeiro grao a lima on mais incognitas, D'-su'iiablades. Probleinas inde- lerminados Puteiicias e raizes dos monomius. Expoentes ne2;ali\'o8 e fraecionarios. Uiizes quadradas e cnbicas dus polvnouiios, Reaobn^au das eqnai^oes du sejnndo o;rao. Propurcjues e pro;;res3oea arillmietieas c geanu'lrieas. Lo- earitlimos, Jnrus composlos. Annnidiides. DescoiUos, Fal- sa posi^ao. GEOMCTRIA ELEMENTAR. Explicnm-se os oilo primeiros livros da geomelria ele- mentar de LcgenJre pela i^.^ edi(;ao de Paris. A(*rLICA(;AO Di ALGEBRA A GEO.MLTUI.V ELEMENTAB. Problcmaa subre as Itrdias. runstrnei.oes geometricRfi. Si^riaes i\i\s qnaiili'ladHs na algebra applicada a geome- Iria. Abscissas e ordenadas. TltlGONOMGTRlA RECTILINEA. Const rnrijao e definiroes das linlias trigononiPtrira-:. Expressao dos arcos em paries do raio; e reci|)rocamenle. Furnuiias geraes. Con.*tritccjo , e nso das taboas. Reso- UxcJiQ dos triany^ulos rectangnlus , e obliiiuangnlos. Pro- blemas. 2.** AN.NO, — 2.^ CADEIRA. C0STI>L'A(JAO d'aLGKBRV ALCRBRA SUPEIiTOR — SERTE* E PRINCri'lUS ELIi.MENTARES DE CALCl'LO DIFTBRKN* CIAL E J.NTEGRAL. Leiile — Dr. Rnyniundo J'enaJicio llodrigttes. GEOIIETRIA A^ALVTICA A DL'AS DniEA'SOES. Eqiiarao da linha recta — logar ^eomelricA da eqna- rao do 1." gr/io — equaeao da recta, sttjeita a passar por dons pernios — do angnio furmado por dnas reclas — coniii^oes do sen paralbdiwrno , e da sua per]tendicnla/i- ilaile — considerat;oe9 geraes sobre os [Mublemas relaiivos a litdia recta — cxercicios , e exem))Ios Eqna<;ao do cifcnlo — limites , symclria , c proprie- dddes. Problemas sobre as inlersecijoes e contacto da linha reria com ocircnlo — iulersec<;oe3 e conlacto doscirculus entre si. Transforma^Ho de coordenadai. Ellipse : hyperbole : e pirabola : c a respeito de cada Uma d'estas curvas — sua eqiia^uj , ualureza , limites , e proprieUadf'S. E(iiia(;oes pobres de cada tima das dilas cnrvas. Eqiiat^ilo da curva prodiizida pela inlerseci;'!© d'um plauo (iiialniitT rum mna pyrami'le cunica — casos fin i|ue esia equai^rio se rcdiiz a d'mn ponio ; a d'lnna linlia reela ; a de diias reelas fLirmaiido um anc;iilo entre si ; & do circulo ; li da ellipse ; a da Iiyperbule ; e a da parabola. MethoJo das tan^enles ; snbiarigentes ; norraaes; e siib- norm.if-s — sua applicarHo iSs ciirvas ja Iratadas, Coiisidtrai^ucs subre cordas suppleuieiUares — suas ap- plira(;3fs .'is luesinas curvus Cenlros, diainetrus , e diamelros conjujaJos — deler- mina^au irulles nas ihUs ciirvns. Discitssrio da ef]iia<;rio ^t-ral do sefriindo gT;io a duas indelenninadasi- x ey — lo^ares d'esla eqiia(;ao em cada uma das liypollieses de ser zero, posiliva, on nes:aliva a diffcrenra m, on B^ — 4i AC ^ entre o quadrado du coefliciunle de xij e o qiifldrii|ilo do prodiiclu dus coefQ- rieiiles de x^ e y', Recapilula^iu das considera^ues feitas sobre estas Ires byputhest-s Eivos pritjt'i])a'S — sua t:raiideza e direc^ao — appli- caQjlo dVsta duulrina as curvas dc que se lem Iratadu. Outro processo da discussiio da eqna^au gtral do se- gundo grao , evilando o inconvenienie de mtroiluzir irra- cionaes nos sens coefflcienles. Cutupara^ao d'este melho* do cum 0 oidro. Gera^ao das curvas pelo inovimento e jnlersec^ao de linlias dadHs — ap|dicai;ao ao circulo ; ellipse; hyper- bole ; 0 par;i!iola. Problemas que passam do sefrmido jrao ; e especial- njf'titti da dnplicfii^i'fi do cubo , e da trisec^ao do anyvlo. Etpia^ao jjiuaholica — determina^iio dos valores dus leiis coefficifiitcs — tnlf rpola^rto. Curvas (III. IS — cunthuiile — cissoide de Diodes — lo* ^arilhoiica — ilus seiios — quadralriz — cycloide j e suas diversas es[ifL'ies. EpicycluiJt's — spiral de Archimedes — spiral byper- bolica — sjdral logarilhmica — spiral paraboUca. ALGEBltA. SUPERIOR. Theoria das permula^ues , e combjna^oes — sua appli- Cfl^ao ao d^s^Mi^oh imeiito da pulencia d'liiii binomio , e d'um polyaumio , laiilo no casu de st-r o e.xpueule jnleiro e po5itivo : cumo fracciuuariu ; oegalivo; irracional j e imagiiiario. Nnineros fignrados. Pernitita(;o'-3 e coaibina^oes no caso de niio screm as lelras lodas iljir.'renti-s. Breves rnscu' s subre probabilidades. Conipasi(;ao das tquai;5es — rela^ao das raizes da eqiia(;ao cjm os sens coefficii.-ntes. Transfdrin.iQri.) das ''qiia(;(5eji — l!iei>rla das drrivndas. Limitcs lias ( lizi'S pclo nielhuiio de Brt-l , e de Ne^vton. Raizes cumm^-nsiiraveis — raizes eguaes, Theoria da eliuiina^ao. Kxistenciu das raizps. Raizes iiicunnuensuraveis pelo inclhodo de Newton , e de Lagran;:p. Re^ra ile Df^carlcs — melhodo de Fourier — applica- <;6es d'esle oie'hDilo , e sua compara<;ao cum us de Newton , e ile La^riin^e. Raizes inia::iiiarias — sua forma e modulo. Abai\auienlo do ffrao das equa^oes. Equacufs a dous (ermus — ruizes da nnidade — Iheo* rcmas de iMdire , e de Cute;'. Euua^ucs a Iri s lermos. Raizes das expres^oes cumplicadag com radicaes. ResoIii(;."io das HquacjOes do 3." e 4.° grao. Inulilidade Jas lenliitjias ptrji a ri'SidiK^Ho das equa^'Scs do grao superior ao 4." pur nu-io de formulas aiialytiL-as. Funci^oes sym' tricas. Sua applica^ilo a resoln^rto das equaqoes — a eliuwna(;ao , e ao grao da equa^ao final que resnlla da rlimin.iijao. Geranrto , e pr.prii'dade? das frac^oes conlinnas. Eqiiai^oes delcruiinadas , e indeltrminadas do 1." e do S.* grao. Equaf^oes indetcrniinadas de grao superior. Resnlui^ao das eqna(;3es numericag, Cueflii-ieiiles indelerminadus — deconiposi^ao das frae- ^oes racionaes. Series — cundi^oes para a sua convergencia. Series recurrentes — exponenciaes — logafilhmicas — cij (-III, ires. Melhodo inverso das series. Efpiacues de conJicao — methodo dos menorcs qua- dradu^. r.EOMKTRTV A.NALYTICA A TRES DIMKSSUES. Tii^'ononietria psferica. Suptrfii'ies e curvas de ilnpla curvalur.n. Eqiia(;oes dn phmo , ^u cylindro, do cone, clc. — > prohlenuis stiLre u ptaiio, e a liidia recla. Transfonnafjrio de coorJenadas. lulerseci;ues planas — supeificies de segunda ordem. PRI.NCIPIOS ELEMENTARES DB CALCILO DIFFERENCIAL. DeBnit^oes — Iheorema de Taylor — re^rras para as dif- ferencia^ops, ou deriva<;oes das func^oes aljjehricas; e\ponenciaes ; logarilhmicas ; e circulares. — Derivadas das eqrihcuos, IMiidanea da variavel imlependente. Cdsos em que o Iheorema de Taylor e insufficienle. Metliodo para leme'li.ir esla icsufficicncia. Limites da serie de Tayl-T. Uesenvolvimento em series das func^oes d' uma so va- riavel. Theorema de Maclauriu, Expressoes 05-,oX°=, — , " — *= etc. Diis vwxinia , c m/«/mn — exemplos e applica^ues. M'-lhu-io das tanuenles — recliGcai.oes — e q'ladialnras, Principios c re^Tas do calriilo diflerencial Iraludo pelo melhodo infinilesinial. Comparacao deste nu-Uiudo com OS de exhanslau ; dos limiles ; das fluxoes ; e das deri- \ad>.s. Sua vaulagem pratica sobre csoulros. PRINCIPIOS ELEMENTARES DE CALCULO INTEGRAL. Regras fiindamenlaes da intesrac^ao das fnnrcoes d'u- ina S(5 variavel — iiilegra<;au pur partes — cun3idera(;oe3 sobre as conslantes que se jmilani aus inlegraes. Inl('L'ra(;iio das frae^o-'s r.iciunaes. InIi'L'ra(;rio ile al^iunas fuiici;ri-s irmcionaes. Oifferenciaes binomias ; e regras fundamenlaes para a sua inlegrji<;ao. Inlegra^ao das func^oes exponenciaes , logarilhmicas e cireiilares. Con.tantes arbitrarias — Conslanles entre Jimiles j ou inte^raes defiuidos. Jnlregratjao por series. Quailraturas e reclifica^oes — areas e volumes do3 corpus. A-STROXOMIA.^ Nos dias 3, 4- e 5 d'abill de 1854 loma- rani-se com o circular rcpelidor no observa- torio de Coimbru azimullis e distancias zpni- ihaes d'um Coinela, que se coinc^ara alii a ver nos dois dias precedcnU'S. O astro ia perdendo successivamenle o bri- llio; o que, junlo a circumslancia de crescer a phase him'inosa da lua, foi_ causa de se lazerem as observagoes com difficuldade , e 1 O primeiro desles arU^os. foi reci^bido na redar(;ao em 14 d'abril , e pela sua unporlancia vai no presenle n.* do jornal , coja publicat;ao tinha-se alrazado por em- bara^os ioevitaveis. sein inteira confian^a , em niinieio do 8 no piiiiieiro dia , de 6 no segundo , e de 4 no lerreiro. A pczar d'csia desvantag;eni , e da prove- nioiite da nalureza do iiiitruinento, do pe- ijiieno raio do sou circiilo azirniitlial, c da dilTiculdade que ofTorecia a leiliira do nonius cl'esle circulo, a disciisjfio das oLservajoes foz adoplar as sci;iiintes cooideiiadai, jd cor- rt'clas da refrac<;rio: 3'enipomcd.oslr. Dili. Zenithal Azimuth Z.^lSb.'bb" 77.°45.'-10'' 78.° 0.' 0" 4 7. 33. 18 77. 57.30 78.59.30 5. 7. 3d. 2 77. 18. 0 CO. 40. 15 E determinando com eslas coordenadas os cinco elejiioMtos qtieassignatn a posi^fio e figu- ra da parabola, corn a qua] a orbila se con- funde perlo do perilielio, e a posiCj-fio do astro eiu lun tempo dado, acliarani-se os se- guintes, que sao os medics enlre os oblidnj por dois calculadorci dilfercnlei, c nos quaes Mipprimiinos os segundos d'angiilo e a qiiarta letra decimal. Tvonp;. lu;l. do node asc. (q) 317* 0' Incliiiac.'io da oiljita 78.° f)2' l.oll{,^ licl. doperiliclio J7!).°30' Disl. |K!rili., sciido 1 a media da terra ao sol 0, 277 'J'onipo da passagcni pelo ^ pcriliolio inar^o 23, 932. A di-laticia do Comela a terra no le!npi> da obsiMvay'io do dia '1 era 0;05 , e a minima fui 0,83 no dia 1. A Inn de I'.icililar a vciifica^fio d'e-les ole- menlos, dainos para os tcinpo-s tr dia 29. Gomo o desnpparecimenlo podia resullar da pequencz da clonga^'io, on de .ser o nnseimeiito ou occa^o do astro muito proxi- mo do do sol, apressiimos-nos n fazer os cal- ciilos necos.-arios para cxaminar te os nossos el ■menlos cram conl'ormes com os faclos re- feridos. Acliamos : Tempo I.o„g.geoc. L''l-!J"',i,com.ao,cl Mar5o3],"'928 357.°52' +15.°43' IG.° 8'occ. 23, 9.'8 3 50 16. 3 16 8 or. 2i, 928 10. 36 15 31 16. 23 27, 928 17. 40 13. 36 16 57 29, 928 24.53 10. 53 13 60 31, '.Ua 31. 20 7. 17 21. 10 Abril 2, 928 37. 22 3. 32 24. 15 E para differeiicas d'a?cenf,'io rccla era lcm])o, poui'o niaii oa incnos : 23* lis 10 tlamonli/i ."53'. Cornota occM. 21. '• G'i ' 26 )• 7 28 II I-") 5 CoiiR'Ui orient. 30 .) 39 Assim no dia 23 devia o Conieta appare- cer dp maiilia precedendo em asceiisfio recla o sol 35', e no dia 29 de tarde seguindo-o 32'; donde resulla, que seria o son nasci- menlo anterior liora e meia ao do sol no dia 23, e o sen occaso posterior no dia 29. Estes resultados, e a passagem pelo peri- helio na manlia do dia 24, explicam o appa- recimento no dia 23 de manlia, o desappare- cimento seguinte, o reapparecimento na tarde do dia 29, e o brillio do astro na primeira observajao. S. P. BREVBS IIEFI.BXOKS IIISTORICAS SOIIRB A WAVIiGA(;\0 DOJiO.NDliGO , faCLLlUllA DOS CAaH>OS DE COIMBUA. CoulinuaJo de pag. 291, Reforma do encanamento exislente. O piano de reforma que propomos para o actual encanamento, a fim de beneficiar a cultiira dos campos de Coimbra , consisle em construcjoes simplI^;i^simas , que sendoconve- nientemente execuladas devem indispensavel- mente produzir cousideraveis mdhoramentos. Nfio e preciso grande esfor(;o de razao para compreliender o systema das obras que vamos indicar; reconliecemos que este systema posto que nfioseja niuiloscientifico, naocarece toda- via deensaios para confirmar os sous resulla- dos , por serem de primeira intui(;ao; taes meio^s teem sido, e verdade, empregados em ponto [jeqneno, inas d'elles tem-fe ju coltiiilo optimos elTeitos , e em ponto grande confia- nios que tambem se obterao na devida pro- por^ao. A experiencia e sem duvida a me- llior mestra, porem a necessidade fertillssi- ma inventora. O bairro baixo de Coimbra (que e' con- stantemente a porg'io mais povoada d'esta cidade) eslaria desde n)uitos annos, ou se- pultado em areas do Mondego , on convcrtido em pantanos insaiubres, se a earnara muni- cipal nfio tivesse sabido obslar a semelhante calamidade ; o remedio lem sido de faoil pxecu^fio; o effeito proficuo , c sein grandes despesas feitas com enipregados especiaes. Ignoramos porem se o primeiro pensamenlo da obra se deva attribuir a conliecimentos scientificos, se antes a inslincto dos cama- ristas antigos ; mas e certo que o resullado lem sido feliz, e que as camaras niodernas nao tern feito mais do que tnlliar o caminlio encetado por sens antepas.-ados. Tern pois a camara municipal tido a caulela de fazer elevar o piano da cidade baixa a proporrao que o alvon do Mon-j.'go vai subludi) , a fim de se conservar sempre alguns palmos snpe- i rior a eorrenle do rio , e evitar (jiie as enclien- te> nrdinarias al.igueni o.-, edilicios. E uui costume secular eui Coimbra, de cuja pra- tica, e bons resultados seria ocioso faliar mais largamente. Citaremos todavia uui exempio recentc. A insua de J. G. Vianna, entre o Monde- go e a estrada no sitio denominado da Ale- gria , sol'fVeu uUimamente reforma, e foi melliorada pelo systema das camaras de Coimbra. Ha poucos annos eslava aquelle predio quasi tolalmente esterelizado , n'umas partes por causa das areas que o Mondi'go para alii linha arrojado , e n'outras por causa dosbaixos, que lieando , mesmo no verao, nivelados com aagua do rio, nao podiam ser cnllivados. E como reraoveu o proprietario estes males? fez al)rir uma valla, e lanrar iiella a area, servindo a terra da valla para enclier os sitios baixos ; guarneceu a margeni do rio com uma bem serrada tapagem de salgueiros vivos ; mandoii construir um muro ao fundo do predio, onde as aguas das eu- clientes, n'uma repreza inomentanea , dei- xam precipilar alguin lodo , que, alem de iertilizar o solo, concorre em parte, para a eleva(,-rio da insua acima do alveo do Monde- go. Por estes meio^ conseguiu pois libertar o sen predio d'uma ruina que parecia sem remedio, e o converteu n'um dos melliorcs das suas visiulian(,'as. Muito conviria que os donos das insnas d'uma e outra margem do rio, acima da ponle de Coimbra, seguissem o exeuiplo d'este proprietario. Nfio queremos dizer que nos campos <]>: Coimbra se empreguein todos os meios de que ^e aproveiton aquelle proprietario para mellioramenlo da sua insua , porque nao per- lendenios inculcar impossiveis; mas entende- mos que e util e exequivel o pensamento principal =elevar a snperficie do canqra coin a^ areas do Mondego =. E a nao ser o novo encanamento, cujo piano jd expendemos, nao encontramos outro meio rasoavel de ob-tar aos estragos dos campos, e ate da melliorar a sua condigao, senao pelo fvsle- ma das camaras de Coimbra, nao obstante ser um systema d'obras provisorias. (.) ]>lano proposto deve principiar pela abertura de vallas profundas, nos sitios mais baixos do campo , transporlando-se depois para ellas area dos logares do alveo , em que iiouver maior accumula^riodella. E mister que a- vallas se deixe um vazio de palmo e meio pelo menos , ou o que mellior parecer, que depois sera clieio com parte da terra exlra- biija das vallas; e a outra parte deve ser espalliada pelos sitios baiNos conligiios as inesmas vallas, para d'e^te mod.) ficareni mais subidos do que antes eslavam. E eviden- te que por estes meios se consegnem simul- taneamcnle os fins desejados : elevar o cam- po, e rebaixar o alveo. A pezar de ser esla * a idea principal do nosso pl.inn , jiilgamoi ipie o bom resultado depende aiiida de algii- inas obras addlcionaes, que seriam imilei« >em o desempenbo do pensameiilo principal do piano. E necessario : 1.* fazer restituir o alveo ao sen limito antigo, ao raenos nas partes em que elle U'lii adqiiirido major aiiiplitiide: 2.° defender , pelo mellior mode que a arte indicar, as paredes internas do leito do rio, para evitar que a corrente da agiia conlinuL- a escavar o terrene marginal. LL-nihranioi a eravaCjfio de eslacas de pinlio , e a planta(;rio de arbuttos adequados ao local, e ao fun que se lein em vista. A folia d'esta providencia tambem tern concorrido para arniiiado cam- po em algumas partes em que elle confina com o rio, porque a corrente niina o lerreno lateral, faz com que elle desabe no alveo, e por esle mode accrescenta uin mal a outro mal. £ mister por lanto acudir com cste remedio aos silios onde e reclamado com mais iirgencia e brevidade. Nao foi nossa inten^ao, quando princi- piamos a escrever esta memoria, emiltir opi- niao alguma sobre a obra d'um novo ou re- forma do actual encanamento do Monde- go; o nosso fim era tao somente fazer uma synopse da legislasao que Ihe diz respeito, desde os tempos mais reconditos ale noisos dias, por nos parecer que todos os auclores que tern escripto u cerca d'obras hydraulicas do rio de Coimbra, nao tiveram inleiro co- nhecimento nem estudo especial d'essa le- gislagao, ou porque o juigasseni superlluo , ou porque nao livessem opportunidade para consultar esses monumentosescriptos. Porem , depois de havermos analysado attentamenle todas as pegas legislatlvas, depois de nos havermos convencido da inutilidade das obras que consla terem-se praticado no Mondego , e finalmenle tendo vislo os diversos pianos de canallsajiio que tem vindo a lume, pare- ceu-nos em resultado que nenbum pode satis- fazer os dous pontes capitaes=: melliorar a cultura docampo, efacllitar a navega^ao^; foi por isso que aventuran)os a nossa opiiiiao em assumpto tao importante como diflicil. M. DA CKLZ PERKllU COUTINHO. P. OVIDIO NAZAO: Dos Tristes — Livro 4.°: Elegia 10.* o ARGCMENTO. Nesla elegia declara Ovidio, qual fora a sua palria , e quaes os consules romanos do anno do sen nascimento. Relata depois resu- niidamenle toda a historia da sua vida, e fimmera a final os males do seu desterro ^ a f,'randeza dos quaes o lr;ioI<) dits Muj-ms llie toriiou niLMioa iusuppoiiavfl , n'sultando- Ilie dat[ui iiotavfl (iuieUn;ao ao sen cspirito. Kn , que fiJra o cantor dof amorosos HriiaUus vt-rsui , d imslerui , (jue os lerilpB , UiieiD fiii , jaln-nilo fic;irri.s jii;nr;i. — Si»lmon;t , palrid miiitci fui , ili; fi>nlei Frias ttliuiiij;iiili?9iinn , c drz Mjtr-s Milliiia iii.ie de Uunia seiKir;nlH. — Do niiM'inifiito men luUcz u Iimii|>o SrtUer lamliem queJraes. l'\»i (pMiido ^oljie Sinnillaiieu a iluiis coiisulcs futtara Cum snrte i-iial ila vitlu o iVAnX fio. — So qiial a |)osi(;*ii) minim, dus veiecimento , que, po- dendo ser utn dos mclliores do reiiio rresle geiiero, tlietj-aia com tiido ao mais deplo ra- vel esl£jdo. O (ilvyru de 9 de Janeiro de 1700, que ordenara o rej^ulamcnlo por onde se devia n;ger a impren^a da uiiiversidade , e que continli;i uleis e salulares providencias para o adiaiita- meiito d'esle eslabeiecimedio J que d*^via ser uma verdadcira escliola d'arte lypographica , nuiica teve plena execu^ao, e d'aquella nies- ma parl(* , tpiu aprincipio eslivera em vigor, muilas dibposi^oes jam ficandoem esquecimen- lo , ou cram de todo contrariadas por viciosas e abusivas pialicas, conv^Mlidas a final ent re- solu^oes da confcrencia , que prebidia ao go- vtrno d'esta impiensa, Em 1834 uma reduc^ao nos ordenados dos empregados foi a unica providencia , que ao tomou n'esta reparli(^ao, que continuou no mesrno senao cm peor estado, porque cessando a fiicalisa^ao das suas contas, pela extinc^ao da junta da fazenda da universidade, naO se cuidou mais nem dos inventarios das obra» impressas , e dos typos, moveis e ulensilios da officina, nem de eslabelecer uma conta- bilidade regular, e legallsada com os precisos doctimentos. Por mais de dezoilo annos a adminislra^ao da imprensa da universidade vendeu as obras 8 que quiz , tirando-as dos depositos , onde existiani sem invenlario, e nao apreseutando outru documento para coinprovar as vendas feitas, senfio a declaraffio do proprio admi- nibtrador, que as Tendia ! Muitas edigoes do classicos portuguezcs e latinos forao vendidas a pezo , e outras dei- xararu-n'as apodrecer no liindo de armazens quasi subterraneos. A falla detypo, a pezar de se ter compra- do para ciina de dczasete mil cruzados de letra desde 1834., e de bons prclos, difficui- lava as irapressoes, e toriiava-as lao imper- feitas e demoradas, que muitos auctores liuscavam por isso oulras typograpliias com piejuizo consideravel d'esla. A litulo de aposentadoria dos empregados da imprcnsa, as melliores casas, e as inais proprias para os traballios typographicos, estavam por elles occupudas; e as caixus de coiiiposij'io , e os prelos achavain-se ainontoados n'uin corredor, queapeiias recehe porum lado a luz de janellas que ficani deu- tro do ciaustro da antiga cathedral : com- prara-se uma macliina iitliograpliica que ha mais de seis annos estava fechada por falta deumacasa, onde se monlasse, em quanto os empregados desfrutavain com graves inconve- nienles do servi5o e sem razao plausivel as melliores salas, mais alumiadas, e liem areja- das, condigoes essenciaes para estabelecimeatos d'este gonero. N'estas circumstancias e' que o cxm.° bispo de Braganga , vice.reilor da universidade , pro- poz ao governo de S. M. a nomeagao de uma commissaode cincomembros, paraproceder a um inqueritosobreoestadodaimprensa ,e pro- p6r as medidas conducenles ao melhoram jnto , e reorganisagaod'aquelleestabelccimento, tan- to na parte admin istraliva,como na mechanica. Por porlaria do niinisteriodo reino de 7 de no- vembro do anno proximo passado foram no- meados para compor esta commissao , 05 snrs Josii Ernesto deCarvalho e Rego , Prancisco Jose Duarte Nazareth, Henrique do Couto de Almeida Valle, Jose Maria de Abreu , e Florencio Mago B irreto Feio. A comniisbao coniegou desde logo os sens trabalhos, procedendo aoinventario gi>ral de todas as obras, que estavam nns anuazens , a'sim como dos prelns , typos, e moveis das ofl'icinas; e examiiiando ao mesmo tempo to- dos OS regulamentos, e estylos que se obser- vavam na imprensa , e ponderando as mais urgentes reformas, que era mister adoptar desde logo, em quanto se nao ordenava o projecio do novo regimento para a mesma imprensa, no qual a commissao e^la traba- Ihando, dirigiu ao governo uma consnlla com a data de 24 de dezembro, em resultado da qual Sua Magestade foi servido mandar expe- dir a portaria abaixo transcripla. Esperamos que as providencias, que nella se ordenam, os definitives regulamentos e todas as mais reformas , ie que a imprensa eate'a propria conferencia por venluracarega , e que a commissao nao deixara de propor brevemente a rogia approvagfio , terao os mais profieuos resullados para o aperleigoa- ni'Mito da arte typographica n'aquelle esta- bek'cimento , e para a sua mais regular e zelosa administragao , tornando-o digno da academia a que pertence, o que sera incon- testavelmenle um grande servigo feito ao paiz, e li universidade. Ministerio do reino — l.'direccao — l.'rcpar- ticao — L." ll.°n.° 48 , e 12.° n.° 121. = Tenda sido presente a Sua Magestade El-Uci , Uegento em Dome do Rci, com a data de 2i de dizcmbro ultimo , o relatorio da commissao creada para examinar 0 eslado da imprensa da universidade de Coimbra , c propor as mi'didas de rcforma de i|ue por Ventura carcr.i ; e verilicando-se , pelo contexto do dilo relatorio, a neuessidade de se inlroduzirem nella diversos melhoramcnlus, assim na parte relativa a su 1 admiiiistracao , como na parte technica , para que scmelhanle reparticiio venha a prestar os uteis servioos, que pode cf. fectivamenle prestar em beneficio das scicncias e das letras : Ua por bem 0 mesmo Auguslo Senhor ordcnar e declarar o seguinle : 1.° Pela demissao, que por decrcto de 8 do corrente mcz de marco foi dada a Joao Fran- cisco da Cruz , do logar de administrador da imprensa da universidade , — e nomcado iulerina- mcnte para estc emprego 0 conipnsilor da im- prensa nacional Olympio Nicolau Itny Fernandes , com 0 vencimcnlo de 1:200 reis diaries, abonando- se-lhe igualmenle as despozas de Jornada , de ida e de volta . tudo pago pelo cofre da imprensa da universidade. 2.° Este novo empregado . tumando Ingo conheciiiicnto do eslaboleciinento ila officina typographica da iniivorsldade , csi larecera a com- missao sobre as modidns de reforina e melhora- menlo , que coiivenlia adoptar , Innio cm rclaciio a parte admini>lrali\a , como a nspcito da parte technica d'aqiiella repartioan. ■J.° Em quaido a commisslio niio conclue o novo regul.imenlo , que est.i formaiido , e pnrque a imprensa da universidade se deva dirigir no andamento deseuj trabalhos , excvcera 0 adminis- trador interim) as allribuicoes , que nessa quali- dade Ihe competem pelo regimento de 9 de Janeiro de 1790: e hem assim is que pelo projecio de reguhimonto da imprensa nacional , que cm 3t de dezemhro ultimo foi renicltido a commissao , pertcnccm , nao so ao mcblre dos compositores, mas tamhem ao dos imprcssores , na parte em que ellas forem applicaveis. i.° 0 director da imprensa passara im- raediatamente a residir nas casas da rua do.Norlc contigiias ao palacio da universidade; — e serao transferidas para as que clle actualmentc occupa , assim as caixas dc composicTio , como as mais officinas . que a commissao csclarccida pelo no>o administrador, julgar conveniente. 5.° Cessa a aposentadoria de lodos os empre- gados dontro do cdificio da imprensa . e bem assim qualquer gralificacao , que se costume dar a tilulo dc aposentadoria. 6." Eslabelecer-se-ha, sem perda de tempo, a 9 machina Hlhngraphica no local que pnrcccr mais •propriado , scm prcjuizo d'oiitra melliur cullo- carao, que dc fiiluro possa lor liigar. 7.° Fica pmliiliida , como iiicunvcnicnle e il- legal, a dislribiiirao das pnipinas de cxcmplarcs dc obras imprcssas na lypngrapliia da iiiiivcrsi- dade a lodos os cmprcgados c coinpusilorcs a quotn ailiialmi'iile sc dao laos propinas. Dc loilas asiibras, que alii se imprimircm , scrao unicanu'nlc roservailos qnalro cxemplarcs para, cm Cdiiluimidadc das Icis , screm di'lri- buidos a liililidllieca da soljrcdita lypograiihia , — a da univcrbidadc , — a de Lisboa , — e a do Porlo. 8.« De nenhiima obra imprcssa , qiicr por tonta da casa , qticr diis parliciilares , se txtraira maior niiiiu'ni de cxemplarcs do que aquelle que a confcrciuia , c us auilurcs declararcm por cscripio assignado por elles , que sera aflixado na porta da uflicina , sob pciia de mulcla uo Iri- plo da i:iipiirloncia dos cxcmiilares de niais, que o imprcs-sor cxlrair do prclu , sendonictade d'csta mulcla para a p.irte Iczada , c a oulra melade para quem dcclarar o abuso. 0.° I'rocediT-sc-ba ii >cnda dasobras, que e\islirem cm dcposllo , nao sendo compendios aclualmciilc adnplailos nas aulas publicas, com nm abalimcnlo rasoavcl , que coniidc a concor- rencia dc couipradorcs. 10.° JVos lermos da aiiclorisacao ja coiiccdida , far-se-lia ac(|uisii;ao do nccessario sortimculo de l«lra para uso da imprciisa 11." A ciUrcga de lelra aos coinposilores realiz-ar-sc-ha sempre por pczo , veriricaudo-se em ludos os Irimcslres as diflerenras que houier. 12.° llaicra Ires cbaves em cada urn ilos arraazens 7 0,713 758,744 0,6 no 4 6,855 N. 0 mcsrao. O nicsmo. 7 12 704,073 6,793 7 57, f! 80 0,0344 6.912 N. Cl.elig. nubl.B. lemp. 8 ll,5 763,253 6 927 758,326 0,6876 7,073 S. CI. e limpo. Bora lemp. 9 11 762,922 7,010 755,912 0,6959 7,158 N. O mesmo. O mesmo. 10 11,5 761,907 7,492 754,415 0,7211 7,036 N. 0 mesmo. O mesmo. 11 12 757,220 7,370 749,850 0,6884 7,499 N. 0 mesmo. O mesmo. 12 12,5 754,432 7,811 746,021 0,7074 7,934 N. Nnblado. Bom lenipo. 13 14 7o4,li:o 8,439 745,747 0,6982 8,527 S. Encobert. Temp. vent. 14 13,6 736,528 8,!:o5 747,723 0,7505 8,912 N. Nnblado. Bum Icmpo. 15 13 762,023 8,0118 754,015 0,7566 8,728 N. Clar. e limp. T. sereno. 16 12 758.538 8,157 750,381 0,7619 8,300 N. Cl.elig. nnbl.T. lent. 17 12,5 757,311 8,540 748,771 0,7735 8,675 E. Clar. e limp. B. tempo. 18 13 755,723 6,6.17 749,091 0,5833 6,729 E. CI. e limp. Temp. vent. 19 12,5 12 753,103 7,710 7J5.393 0.6983 7,831 N.E. 0 mesmo. O mesmo. •iO 749,971 7,643 742,323 0,7143 7,782 N. Nublado. Rom tempo. 21 12 747,530 7,753 739,733 0,7241 7,889 S. O mesmo. O mesmo. 22 11,5 744,902 8,395 736,507 0,8080 8,557 s.o. Encubert. Temp. chuv. S3 11 750,801 7,148 743,653 0.7090 7,299 S E. .Vnblado. Bom tempo. ii 11,5 753,329 7,043 746,286 0,6775 7,179 E. CI. e limp. Temp. vent. 25 11 753,895 6.8!)6 747,009 0,6836 7,031 E. CI. elirap- Bom lemp. S6 11,5 7iG,775 7,043 749,732 0.6773 7,179 E. CI. eeniiev. nohor. B t. 27 12 750,713 7,900 748,813 0,7378 8,033 N.O. Clar. elimp. B. tempo. ia 13 757, 3U0 7,074 745,226 0,0217 7,173 E. O mesmo. O mesmo. S9 12,5 7G0,nUl 5,694 735,267 0.5157 5,783 E. 0 niesmo. O mesmo. 311 13 758,018 7,135 751,163 0,6532 7,559 E. O mesmo. O mesmo. 31 14,5 738,940 0,240 752,700 0,5007 6,294 E. 0 mesmo. O mesmo. nieiiia ) ilo niez i 12,4 737,831 0,6809 Tempcratnra PressSo m inosphcrica Grdii dehu midade doar feiilos predomrtantes -^ Maxima absol. 14", 5 Ma.vimaab. ol. 705,457 Maxima al sol. 0,808 N. e E. E a/ Minima 11° Minima .. .. 744,902 Minima . , ... 0,5007 iS Maxima variaij. 3", 5 Max. exciil sao 20,555 Variar.lo m axi. 0,3073 Coiui bra 1." Je Abril de 18 54. O Dcmonslrailc )r da Faciilil ade de Philo o]ihia , Joar uim Aiiijtist 1 Siinue * de Carvnlho. €) Jn0titttt0^ JORNAL SCIENTinCO E LITTERARIO. IIIVERSIDADE DE CODISRA— PROCRAMMAS, FACL'LDADE DE SIATHEMATICA. 1853—1854. 3." AN.VO, 3.* CADHIRA. CALCl'LO SUPERIOR — DIFFEREN);as FIMTAS — GEOMETRIA DKSCHIPTIVA, Lenle — Dr. Abilio Jffonso da Silva Monteiro. CALCULO DIFFERENCIAL, Desenvolvimento das fimc^oes tie duas e mais variaveis indepcndenles. Desenvolu^ao de F (x, a- , r^ , . , . . t^) em serie nrdenada em rela^uo as potencies e productos de a , a^ , a^ , . , . . a„ , sendo x = (p(<-i-tts), x^ = (^ ^ C'i^«i *i) 'n=^?« ('«+«« 2^„)' e sendo = , =,,.... :„ funcgoesdex, x^ , ^^v-'n* Theuria dos contaclos e evolutas das curvas planas. Asymptutas das curvas, Puiitos sinjulares. RecliGca^ao das cnrvas de diipla curvalura. Cubalura dos solidos de revolu^ao e medida das suas superficies. Ciibatiira dos solidos e medida das superficies curvas que niio silo de revoI\]t;ao. ftliiiores e nienores ordenadas das superficies curvas. Tlu'oria dos contactus das curvas de dupla curvatura e das superficies curvas, Anijulo de torsiio. ('iirvaliira das superficies. Theoria das superficies envolventes, curvas caracte- rifiticas e arestas de reversito. CALCULO INTEGRAL. Inlc^raes definidos. Applicaijao a rectificaqao das curvas de dnpla curva- tura , a determinaqao dus ^ulumes , e quadratura das SUjierficies cu^^as. Intetrrai;rio das eqiia^Oes differeociaes da 1,^ ordem e do 1," grao entre duas variaveis. Separa^So dos variaveis, E(iua<;<5es humo;,^enea'S. Eqiia^ues Jineares. Delerniiiia^iio do factor que torna integravel uma ex- pressao difiVrenrial, Tbeorema das fnncijoes buraogeneas, Solu(;oes sin;;ulares. Inlegra^So das eqiia(;oes dinVrenriaeH da 1.* ordem e d'uin pri'io qualquer t-nlre duas variaveis. I\Ipllu)dos para inte^r.ir por approximarjio as equa^oes difffrenciaes entre duas variaveis. Cutislrucrao geometrica destas equa^iles. Inle;;ra^ao dus equarues dilTerenciaes da 2.^ ordem e das ordena snperinres eidre duas variaveis nos casos par- ticulares, em que ella se pode efi'ccluar. Equa^ries IJneares da '2.* ordem e d'uma ordem qual- quer. EIiniina(;ao entre as equa^oes diflerenciaes. Proldfina das Imjectorias, E'pinroes dilTerenciaes lotaes entre tres variaveis. Cuiidiruo neressaria, para rjue uma erjua^ao enlre tres variu\ei9^ onde as diflerenciaes nao passam do 1." grao , possa trr por inlegral uma so equacat* primili\'a. Outra condi^ao, quando as ijifferenciaes sao elevadas. Processn para inlegrar uma equa^ao differencial , quan- do isso e possivel ; e meios de older no caso contrario , 0 systema dVq'iai;oe9, que satisfazem a propoala. EfjUA^UES DIFFERENCIAES PARCIAES. Efjuaroi's lineares da 1.* ordem entre nm nuraero qualquer de variaveis independenles. Kqua^oes nao lineares da 1.* ordem entre Ires varia- veis. Equa^oes lineares e nao lineares da 2.'*' ordem entre tres \ariaveis, Integra(;ao por melo das series, Delermina^ao das funci^ues arbitrarias. CALCULO DAS TARIA^OES. DIFFEREN^AS FINITAS , E SERIES. Melhodo direclo das diflereD9as, Interjiola^ao. Integraijao das differen^as. ; Somma das series. 1.* parte. 2.* difa 3.* dita GEOMETRIA DESCRIPTIVA. Linlia recta e piano. Snperficies curvas e pianos tangenlea. Linhas curvas e suas tangeotes. 3.° ANNO. PTICA. Vol. 1II> Abril 15 — 1854. MECHAMCA RACIONAL ; henle — Francisco de Castro Freire. No^oes preliminares. Composii^ao e equilibrJo das for^as appHcadas a um poiito material livre, ou sujeito a mover-se sobre super- ficies ou curvas dadas. Composic;ao e eqnilibrio das forc^as parallelas. Composi^ao e equilibrio das for^as , que obram n'um piano, Composi^ao e equilibrio das forijas diriiridas no espnqo sobre um syslema , livre ou sujc-ilo , de pontes maleriaes ligados invarlavelmerdc. Theoria dos niomentos. For^as conjueadas. Appiicarjao da llieuria das fur(;as parujlelas a ind-iijai^ao dos centros de cravidade dos corpos que se acham a superficie da terra, — Theorcma de Guldin. .^^y Num. 2. 14 Applica^ao da llieoria da composi^ao das fur(;ns ao calctilu da altrnc^iio ilos corpos — Theorema de Ivory. Applicui;rio das ecpiaroes d'equililirio aos syslemas fle- iiveis — polyu'uno funicular — calenaria — pontes suspen- sas — lamina elastica, Applica(;ilo ilas ccpiarBcs do equilibrio as maquinas — ala\anca ; ljalani;a urdinaria ; balan<;a romann — sari- Iho ; ruldana IJxa ; ruldana muvel — su|ierficies fixas ; jiarafwFci ; |)lanu inclinailu — ninquinas oi)ni|iusta». FricrOcs e littena das curdas. Frici.'.lo ncis eixos de rola^ao ; no sarilho ; no parnfuso ; no i)lano inclmado. Principio das velocidades \irluaes. PRIMEIRA TiRTG DA DYNAMICA. No^oes preliminares. Movinifnlo rectilineo de noi ponto material. Movi- nienlo uniforrae. Slovimenlo uuifonnemente lariado. Mo- vimenlo \ariado em {xeral. Movimciilo cunilineo de nin ponto material. Formulas peraes d'este niovinicnto — conserva^ao das fori;as ^ivas •^principio da minima aci;ao — princijiio das areas. Calculu das (tressoes nas superGcics e nas curvas. Fnrc;a ccnlrilu^-a. E\em|doa do niovimento de nm ponio livre movi- menlo clos projecteis — for^as centraes — movimento dos corpos do syslema solar. Exemplos do movimento de nm ponto snjeito a mo- ■»er-se sul)re nma superricie — penilulo-conico. E\emplua do uitxiitnento de uni corpo snjeito a mover- se sobre uma curva — pendulo simides. SEGU.\DA PARTE DA DTNAMICA. No^oes preliminares. Principio geral de dynamica — e.vcmpIos de sua appli- ca^ao ao movimenlo de dois corpos li-ados por nm fio j — ao movimento de dois corjios snjeitos a for^as attra- ctivas ou repulsivas;— i percussao de duas espheras lio- nioiencas, doras on elasticas ; — ao movimento de um fio flexiiel e inc.xtensivel. Propriedades ireraes do movimento de lim sy.slema de corpos — conseria^iio do movimento do ceniro de grai dade - — conscrva<;rio das ureas ■ principio das for<;as princi]]io da minima Tivas; applica^ao as raaqninas ac9rio. Determina^ao dos mementos d'inercia e dos cixos prin- cipaes. Movimento de nm corpo solido livre. Movimento de um corjio solnlo em roda de um ponto Movimento de ura corpo solido era roda de um ei.\o fixo. Caso era que este movinienio e devido a percussoes iniciaes. Caso em que e devido a adj.lo de for^as acce- leralrizes. Pendulo composto — pendulo de Robins. HYDROSTATICA. Equa(;ocj jeraes do equilibrio dos fluidoa. Eqiiilibrio dos fliddus pejados. Equilil,rio dos corpos Huctiiantes — slabilidade d'eqni- librio dos corpos fliicluanlcs — oscillacoes de nm corpo lluctuanle. Equilibrio de um inixto de gazes pcjados — barometro. lIVDRODYSfAMICA. Equagocs do movimento dos fluidos. Movimento d'uni liquido n'unia liypotliese particular. Movimento permanente do um liipiido. Movimento ilos sazps no interior de tubos. Movimento de um ^'az indeflnido em todos o» sentidos. Optica propriaraenlc dita. Noi;oes seraes sobre a catoptrica e dioptrlca. Caloptrica. Dioplrica. Tlieoria da visao. Teleacopios — microscopios. INSTRLCCAO PUBIJCA NA SUECU E NOllUEGA. Contiouado de pac. 118 do vol. II. III. ESCIIOLAS DO DOMINGO. Na Suecia e Nonicga lia grande iiumero d'escholas do domingo. Eslabclecidas para servirem de cotiiplemeiUo as escliolas prima- rias, aprcseiitam cstc raino da iiislrucyao em gn'io iiiais suliido. A sua organisa^ao nfio oflerece aiiida um systema uiiilbrme, e a ex- cep(;ao das escliolas de Golheiiiburgo e de Slocklioltno , as oiilras teem coiiservado esse caracter accidental que as faz considerar antes ensaio provisorio cjue inbtiliii^fio permanente. As escliolas porein de Golliembiirgo e de Sto- ckliolmo, de que especialmente Irataremos, apresentam ja, uma forma mais normal ; e se iiao dfio a conliecer piecisamente o estado de todas as escliolas do domingo nos dous reinosj f'azem todavia senlir a sua tendencia para o piano geral, a que por fim nfio dei- xarao de ser submetlidas. Ila em Stockbolnio qiiatro especies d'est^io- las do domingo: escliolas de catecliisnio (hxf-- IckclskolorJ; escliolas dos ofiicios (kandcerk'i- kolorj- escliolas da classe media (borgaresko- lor); e escliolas da socicdade d'artes e ofiicios de Suecia (slojdfureningcnskolor). Escliolas dc catcckismo. Desde 1771 uma sociedade fundada em StocUliolino com o tiuilo de Sociedade daf& e do clirisiianismo (Sainfundet pro fide et christianismo) propoz-se animar com premios 05 escriplores religiosos que publlcassem bons livros, e fazcr perseverar com zclo no exer- ticio de suas func^oes os professores e pro- lessoras mal retribuidos; e procurou princi- palmente eslabelecer escliolas de caLecbismo para dilAindir pela nova geiajfio do paiz o ensino da doutrina clni^ta. Crearam-se sue cessivamenle de^de 177G ale 1842 em varids parocliias da capital, doze escliolas de cate- cliisnio frcquentadas ao niesuio tempo per mogos eadullos. ?\ 'cslas escholas eram adinit- tidos sem distinc^'ao todos os indlviduos que tinliam cliegado ao uso da razao, e liavendo enlre elles alguns que neiii Itr sabiam , fo- ram por isso coUocados n'unia calhegoria diversa — classe de soletragao (slofoanklas- scn). 'i'ao louvavel dedica^fio d'uma socicdade particular attraliiu a sollicitiide do governo. E porque a sociedade sendo bastante rica nao carecia de ^ubsidio, o governo estaliiiu em favor dos niestres que por cada anno de exercicio nas escbolas de catecbismo Ibes seria contado anno e rasioj e ate em cerlos 15 casos, dous ahnos de servigo ecclesiastico, vantagem preciosa e niiiito atnbicionada , sen- do que todos os meslrcs d'estas escliolas per- tencem a vida ecclesiaslica , onde os annos de servifo sfio tornados em considcra^rio no provimento das egiejas e das dignidades on exclusivanicnle por anliguidade, on decidin- do esta, quando se requerein oulras liabilila- Joes, em egualdade de ciifumslancias. Os annos de servi(;o dividem-se em simples e duplos , e contani-se sempre do 1.° de njaio: OS annos duplos conslituiam urn privilegio apenas concedido por niereoimenlo fora do commum aos professores dos gynmasios e das universidades. Taes sfio as orerogativas con- cedidas pelo governo aos mesLres empregados nas pscholas de calechismo, aos quaes a so- ciedade da de gratifica^ao annualmente 200 francos , exceplo aos das escliolas de solelra- gao que pouco mais e de 67 fr. Os fundos da sociedade sao de 42000 fr. , proveuientes de legados que liie teem sido deixados , da contribuigao annual de 4 fr. paga adiantada por cada um de sens membros da capital , e donatives de sens amigos e protectores que vivem no campo. Nas escholas de catechismo duram as 11- goes tres lioras , da uma liora da tarde as quatro, e srio todos os domingos e dias San- tos; niio ha porem aula sexta feira santa, domingo de Paschoa e de Pentecosles, no dra de S. Jofio e de Natal. Na conform idade do estatuto real de 1836 devem ser frequenladas por todos OS individuos de 15 annos a quera falta instrucgfio religiosa sufficiente, bem co- Dio pelos meninos que nao podem seguir um curso regular. Aprendem a ler, catecliismo e historia da Biblia, O termo medio dos alumnos que por anno as frcqiientam, e de 460 a 500, c nas escholas de soletragao de 100 a 120. Escholas dos officios. Em Stockliolmo lia iima ou mais d'estas escholas , em cada parochia ; nao dependem como as precedenles d'uma sociedade parti- cular , e nao teem por isso direcgao commum. Creadas por meio d'esforgos puramente indi- viduaes , e independenles umas das outras, sao dirigidas parte pela administragao dos pobres, parte pela administragao das escho- las das parochias em que estfio cslaljelecidas. As que na sua origem foram solidamenle fundadas, progridem e prosperam : as outras tendo apenas tenues ajcursos definham, mas raro deixam d'existir porque a administragao dos pobres veni em seu auxilio, e appella para a generosidade publica, donde sempre obtem avultadas quantias, sem que interve- nha n'esses mementos d'angustia o estado, a quem pertence fazer os regulamentos, e que concede aos mestres o privilegio do anno duplo por cada anno d'exercicio. Os salaries dos mestres chegam a 200 francos como nas escholas de catechismo. Cada eschola e frequentada termo medio por 60 alumnos que aprendem a ler, escrever, ealligrapliia, arithmelica, escripturag.'io, goograpliia geral e liistoria da Suecia, e tambem liisloria bibiica e explicagfio dos textos sagrados. Escholas da cla'sse media. Sao assim chamadas estas escholas, porque teem por fim especial inslruir os alumnos nos conhecimentos que requerem as profissoes exercidas pela grande classe d'individuos que na Suecia tem o noine de borgerskapet : obreiros , artistas, mercadores, elc. : pouco dilTerem das escholas dos officios, de que sao propriamente o desenvolvimenlo Km conse- quencia do pouco tempo que u'aquellas du- rava o estudo e nao podendo por i^so obter- se resukados satisfacloiios , fotam estas 1831 fundadas em Stocliholmo por uma sociedade chamada Leal allianga ( Det rcdliga fur- bundet)- e no 1.° de niargo de 1836 abnu-st* uma eschola, era que o ensino devia durar quatro horas por semana , nos domingos deide as sete as nove lioras da manha, e us quartas feiras desde as sete as nove horas da taide, tornando-se por estc modo eschola tambem da tarde (of ton skola). No cstabe- lecimento analogo em Gothemburgo tem alem d'isso o curso lig.'io aos sabbados desde as sete as nove horas da tarde. Em Stockliol- mo a eschola da classe media reunlu-se com as dos officios das parochias de S. Jacques o S. Joao, formando um so estabelecimenlo de- baixo da direcgiio do mesmo mestre, e resul- tando d'aqui mais tres horas para o ensino, e ao todo sete horas por semana. A sociedade Leal allianga cahiu em de- cadencia, mas nao a eschola que havia fun- dado, por quanto para sustental-a formou-se logo oulra sociedade com o nome de Socie- dade para o descnvoluimento da eschola da classe media de Stockholmo (Siillskapci till befrdmjande of Stokholms stads borgaresko- la). E cousa pasmosa a facilidade com que na Suecia as sociedades succedeni umas as outras. Em 22 de Janeiro de 1842 comegou a sociedade a funccionar, e denlro de pou- co tempo compunha-se dos cidad.'ios princi- paes, com o que nielhorou a sua situagao fmanceira, e a eschola prosperou , pois que alem de varios donatives e d'um capital de perto de 6000 francos tjue a sociedade possue, cada um de sens membros contribue com 4 fr. por anno. Uma so d'estas escholas ja nao bastava , pelo que fundaram-se duas novas, as quaes reuniram, como havia feito a primeira, as escholas dos officios que estavam na sua pro- ximidade, e ate per serera as malerias do ensino quasi as niesmas, a saber: ler e escrever correctamenle , grammatica, ari- 16 tliniclica, oscripUiragao , eslylo epislolar, lormiilas coniiiierciaes, geograpliia, liistoria, liistoria natural elemontar e os primeiros principios de geonictria. Tern lambein uma vez em cada doniingo a explicacuo do texlo da Biblia. O anno escliolar divjde-se cm dons ciirsos , uni da primavera dosde o meio de Janeiro ale o meio de jnnlio, e oulro do onlono desde o ineio d'agoblo ale o meio de dezembro, Ila ])or scmana sele lioras d'esUido, niosmo n'a- quellas a que nfio t'oram rennidas escholas dos officios; cinco lioras ao dornin^'o, e diias de tardt; n'um dia da semana. Cada escliola e irequenlada, lermo medio, ]jor 1<20 alumnos, cujo maior niimcro sfio impressorcs, rnarce- iieiros, alCaiates e sapaleiros. Os piofessores em 1842 reccbiam o salario de poiico mais de 267 francos , boje cliegam a ter 400 fr. , e ijnando siio iniiilos os alumnos podem to- mar ajudanles que teem salario proporcional. Escholas da socicdade das arles e officios dc Succia. Uma socicdade mais importante e nacio- lial que todas as preccdenles foi fundada em 1845 com o tilulo de Suciedadc siieca das artes e officios {svcnska sldjdforeningen^ Teiido por tiui melliorar a induslria indige- iia, um dos meios sem duvida mais efficazes era inslituir e suslenlar escholas especiaes , em que a classe operatia adquirisse morali- dade 5 sciencia e a pratica necessaria aos diversos ramos de cada profissao. Desde o l.° de Janeiro de 13 IG abriu-se em Slockliolmo uma escliola da socicdade sueca das artes e officios [svcnska slojd furcningens skola). Poi-Uie dado nm programnia puramenle teclinico, contendo as seguintcs malerias de ensino: calligi'apiiia , arcliiteclura , perspe- ctiva, meclianica, deseulio d'omato, pintura, nioldar ein barro e em cera, escriptura- 5ao, contabilidade , aritbmetica , geoinelria e liistoria naliiral. O tempo d'e.-ludo divide-se em dous cur- ses; o do outono desde o meio d'oulubro ate o fim de dezembro, e o da primavera desde o principio de Janeiro ale o lim de maio. Em cada um d'elles, nao ha inlerrup(;ao no ensino que e ao douiingo desde as oito horas da ma- riha ate uma liora da tarde, e em cada dia da semana das sele lis nove hor-is da tardo, O publico R OS alumnos sfio admitlidos as lergas e sextas feiras desde a uma hora ale :is sete hotas da tarde a visitar as collec(;6es da escliola que sc compoem de modelos para cada officio, livros e joruaes teclinologicos , e de figuras de ge-s» segundo os modelos da eschola das bellas artes de Pariz O numero de aluuMins que asslslem a cada lijfio sao ternio medio cem , pela maior parte pedrei- ros, inarceneiros e pinlores. Havia ao prin- cipio Ires iiieslres so, e depois cinco. Alem d'lito ha no eitabcleciincnlo u:ii sacerdoto para cclebrar o officio divine ao doniiiigo ; um bi- bJiolliecario, e inestros extraordinarios , cujo numero varia conforme o augmeiilo do nu- mero dos alumnos. O or^amenlo annual das despczas da es- chola aiida por 6800 francos, a saber: ao director 1600 francos, a cinco me-lres ordi- narios , com egual salario cada um , 233G fi. : ao sacerdote, ao bibliolhecario, e ao guarda da eschola 200 francos a cada um ; o resto para mcslres extraordinarios e di'spezas e- ventuaes. Paia salisfazer a cstes encargos os alumnos a principio pagavaui 4 francos por cada curso, e depois fixou-se a reiribuiyao em pouco mais d'um franco por mez : aos niembros da sooiedade pertence a cota annual que pouco excede de .3 francos. O cstabelecimento que esta sociedade dirige, lem afora donativos que Hie s.'io feitos , um subsidio annual de IGOO francos pagos pelo cofre dacidade, e deSOO francos pelo cofreda classe media; e desde 1843 a indemnisa- 5ao de 4000 francos, dada pelo estado. CoHliniia. CREDITO TERR1T0RI.\L.' C€st h/i qui aidern Vhomttie u maitriser la matiire , a CTploitrr le globe et it Vem- bcUir (lonr sonpropre usage, M. Chevalier. 1. Se ha paiz que , pela amenidade do clima , fertilidade do solo e posijuo geographica , pa- rega destinado pela Providencia a marchar na vanguarda da civilisacao, e de certo o nosso abengoado Portugal. E todavia , a quern esta bella terra for descripla por suas circums- lancias naturaes, nao se alcani^ara fazer-Ihe acredilar o estado lastimoao em que a tern delxado a incuria dos liomens. Percorra quein quizer e piider algumas leguas de nossas proviucias, e desde logo se Ihe antolhara esse de-gragado conslrasle: atravez d'um lerreno difficilmente transilavel , vastos campos se enconlram solitaries e sem cultu- * Ja por vezes o Tristiliilo se tern occnpado ilesle im- porlanle olijecto , coiuo se pu'le \er nas paijiiias U3 , 'i09 , 365 Jo vol. 1 , e 225 , 227 , 240 , 2-l9 do vol. 11. Apezar do asaiimpio ser alii lral;ulo por pessoa lao compelenle, como e o di;,'Qo lejile de ec.Miomia pulitifft d;i universidade , itisislimos na lualeria, e pur diias razocs. A primeira , e nos foruc-ida por aqiielle illuslr.ado ccoiio- misla r I. "Ill dos meios de encnrlar a di»lancia que nos separa da feliz cpodia em que haja, enlrenos, algiiin ver- dadeiio lianco terrilorial .., dizelle, ciconsisle indiiliiiavel- inente em fazer coiiheeer com a possivel claieza , ao meiios , OS principios fiindaincntaes, a essencia e as vantai;ens deslcs estabeiecimenlos , quaes exislem , e desde miiilos annos fiinccionam pelo norte da Euiopa. .. A seirunda, se bem DOS lembra , e de um poela , Francisco Manoel do N;is- cimeiito : u T.into bale no prejo o carpintciro , Ale ib pai de Jacob, on Ibn-Yacuh fdlios de Jacob. Os lacab ou appellidos sao quasi sempre tilulos de bonra, e compostos de diias paia- vras sendo a ultima din rellgiao, diinlat imperio, mulk reino, islam maliometismo : eomo rnw-uddin luz da religifio, scliujd- uddanlat for^a do imperio , j/«/((<-u/-/;iu/;!- esplendor do reino, iaif-id-islam espada do islam. Os cognomes de rela§ao indicqm origem , qualidade, paiz, tribii , escliola, clientela, etc.: taes sao Ffj^iHi^' descendentes de Fatlii- mit ou Fatliema fillia de Mahomet, Misri egypcios, jMdliki escliola de Malik, Saadi do Saad. Os nomes de funcgoes offereeem uma nomenclatura assaz curiosa e digna d'estudar-se para formar idea dos costumes e crengas musulmanas. Finalmente a adopjao de sobrenomes poe- ticos provem de costumarem os musulmanos nomear-se em suas poesias , em que por cau- sa do riiyllimo precisam tomar sobrenomes de pliantasia , os quaes depois os lornam co- nliecidos no mundo lilterario. COLORACAO DAS AGUAS DO MAR DA CHINA. As observagoes de Ehrenljerg e as mais re- centes de Evenor Dupont c Montagne moslra- ram que as aguas do mar Verineliio teem em certas epoclias a cor rubra pelo copioso de- senvolvimenlo d'algas microscopicas d'uma especie que o primeiro d'estes sabios descre- veu dando-ihe o nome de trychodesmiinn crythrixuui. Assim que, seriam explicadas como logo se julgou numerosas coloragoes accidenlaes das aguas do mar, parecendo que a obser- vagfio e descripe'io dc semelliantes phenome- nos tornar-se-hia mais frequente desde que OS natural iatas demoslraram sua importancia scientifica. Observdra Molllen que o mar da China estava em grande extensao Colorado d'ama- rello e rubro, e que a coloragrio nao era continua, mas em porgocs separadas uinas das outras por intervallos transparcntes. A cor rubra predomina na parte do mar mais ospecil'icamente chamado da China (^JS[an- Wai) , e que banlia as rostas da parte meri- dional da China ao sul da iiha Formosa ; e a cur amarella ao norte da iIha na parte do njar designado pelo nome de mar Amarello {llong-Hai.') Como a causa do phenomeno eia incognita para MoUien , trouxe para Franga alguma d'esla agua tirada, donde o mar estava rubro no mez de sotemliro ultimo , a qual foi analy- sada por CamJIle Darestc. A agua tluha de- positado um limo pardo, que submctlido a ob^ervajiio microscopica reconheceu-se nfio conler particnlas terrosas, e ser unicamcnte formado pela agglomeraguo de pequenas algas quasi microscopicas e jd alteradas , mas per- tencendo a mestna especie descoberta por Ehreiiberg no mar Vermelho , cuja identidade foi tambem confirmada novamcnte por Mon- tague, que poucos annos antes tiuha rcccbido de Ceyldo a mesma alga enviada por Thwai, tes. O tri/chodesmium cri/lhrojum encontra-se pois em quasi todo o mar do sul desde Africa ale li, China, e e uma das plantas mi- croscopicas que occupam a mais larga super- ficie do globo. Tal e evidentcmente a causa da colora- gao rubra; mas por venlura serd tambera da amarella que se ve, principalraente ao norte da iIha Formosa? Para quem conhece a va- riabilidade da cor das algas, o facto deve parecer possivel. Outro phenomeno mui nolavel fora obscr- vado em Sliangai a 15 de margo de 1846 pelo doutor Bellott cirurgiao da marinha real ingleza. Pelo espago de dezasete horas liouve cUuva de p6 , dando-se a coincidencia d'estar sobrc o horisonte uma nuvem que pelos calculos de Piddington director do niuseu de geologia economica de Bengala , devia occupar a ex- tetisao de 3825 milhas quadradas. Segiuido as suas observagoes chymicas e microscopicas o p6 era formado d'area quartzosa mui fina, misturada com filamentos de natureza orga- nica, apresentando os caracteres de confer- vas, c impregnados de sal de soda. Em quanto durou o phenomeno o vento soprava de nordeste, isto e' do mar-alto, donde vi- iiham de certo pequenas algas envolvidas n'cste p6, como indicam o sal de soda, pro- vavelfnente chlorureto de sodium , e a area quartzosa que abunda tanto no fundo do mar Amarello. Para decidir ainda assim se as confervas de Piddington pertencern a mesmaa especie de algas acima referida, serao necessarias observagoes mais complctas feitas por na- turalislas que tenliam occasiao d'explorar os mares da China. 23 DOCUMENTOS INEDITOS. Carta que o viso-rei D. Joi'o de Castro escreveo a el-rei vos90 senhor o anno de 46 (15-1(>). Contiouado de pa;. II. E ao tempo que levava em men regimento , se foi com sua armada ajuntar comigo a illia dos mortos , onde eu ja tmlia recolliido toda a riiinlia armada; e ao proprio dia, que clie- gou , me fiz li vella, e t'ui surgir u visla da fortaleza de Dio, o que deu grande alegria aos nossos, e poz grande tristcza iios mouros. E logo a noule seg.iinte veio tor comigo Lou- ren^'o Pires de Tavora , capitfio mor das luios da carreira, o qual, tanto que cliegou a Co- cliim, e soubc do grande traballio, em que Dio estava, e como cu caminliava para laa , se meteo em liu catur, e com a inaior diii- gencia, que se nunqua vio, veio em minlia busca; pera participar de tamanlio perigo, e servir V. a. em Jornada lao importante. Em grande cstrenio me lez ledo sua cheguada , polo muilo que cspcrava de me aproveltar de seu consellio, eesforjo , como se vjo ao diante. E logo ao outro dia me fiz a vclla , e fui sor- gir de fora da barra de Dio em lugar acos- tuinado, c comecei a mandar desembarquar a gente, e pratiquei com o capitfio dom Joao JMascliarenlias , e com todolos outros capitaes de miniia armada sol^re o luguar, e modo de minlia desembarca^ao : no que ouve tan- tas duvidas, e tao diversos pareceres, como nos semelliantes casos soe acontecer ; porque a lius parecia dever eu desembarcar em liiia praya , que eslaa no baluarte cliamado de Diogo Lopes de Sequeira; e a outros pa- recia, que em hija ponte de entulho , que OS mouros fizerao, com que alravessavao o rio; e a outros, que denlro na fortaleza. Todavia veiicco a parte dos que tinliao o parecerde desembarquar na fortaleza, no quai ensistia muilo dom Jo;io JMascliarenlias. Como isto foi ordenado, ordenei de dar a entender aos mouros, que queria deseinbar- car polios lugares, per onde jii linha assen- tado de o nao fozer ; a fim de fazer acordir a elles muita gente, e artelharia ; pera que desla maneira me ficasse menos forja de gente, e artelharia sobre a fortaleza, por onde tinlia ja assentado de os cometer. Pello que me fui com algiis capitaes a espiar, e ver a desombarcafao do baluarte de Diogo Lopes, sem embargo de Iraballiarem miiito OS mouros de defendercm com sua artelliaria a lal ouserva^-ao : e tanto que delaa fiz pres- tes tres caravellas, pera ao outro dia pela menli.'i irein baler as paredes , e baluartes que OS mouros tinh.'io feitos em defensfio da praya; para llies mais fazer crer, que por essa parte fazia fundauienlo de pousar em terra; e nellas mandei por capitaes Luiz de Pag. Col. Link. Almeida, Antonio Leme, Francisco Fernan- j 3 g,» 45 des por sobrenome Moricaie; por serem boos cavaleiros, e liomens de muita esperiencia no mar: os quaes se forfio apeguar com os muros, e baluartes dos mouros, e os baterao desque amanlieceo ate noile , com grande perigo seu; porque de terra llies liiavao mui- ta artelharia, que Ihes passavaos navios de par- tea parte per muitos lugares; mas aprouve a iiosso Senhor, que nao morresse ninguem. Acabada esta bataria, apartei cincoenla fustas desemmasteadas, e as fiz caminliar liu pouco para laa, e surgir de largo, que llies acabou de fazer crer, que liia eu nellas para desembarcar por aquelle lugar, que as caravellas baterao. Nestas fustas nao hia mais gente, que os marinlieiros , que as re- maviio , e bombardeiras , que avifio de tirnr, e niuitos estromenlos de guerra , a sab'T, trombetas, ataballes, charainellas. Fiz capltao desla armada a NicoU'io Gon^alves , mestre das naos da carreira, home de grande siso , e experiencia do mar, e valente home, ao qual dei por regimento, que qiiando eu saisse da fortaleza a combater as muralhas dos mou- ros, arremetesse elle a praia do baluarte de Dyogo Lopes, fazendo que queria desembar- car, com grande estrondo de langeres, e grilas , e dartilharia, para que os mouros acodissem a essa parte. E para que nao pu- desse aver algum enleo a deixarmos de come- ter no mesmo tempo aos mouros, [he dei por sinal, que quando visse langar tres foguetes da fortaleza, acodisse, e fosse fazer a sua obra; porque entao sairia eu da fortaleza. SUMMULA DE PRECEITOS HYGIE.VICOS . Ordenada para uso dos professores , e nlmnnot de ambo» 05 sexos das escholas de instrucri'to priiiiaria , e ap~ provada para csle mesmo fun pelo consrlho de saude publica do reinv — por Francisco Anionio Rodrigues de (jvsmuo. O? bons escriptos em hyuiena sao miiito raros entre ndi. Os de liygiena da jiifaricia niio correm abtinJaoLes aiiida por paizes, on'le aiais ciiltivada ha sido a scien- cia. E a hy;;iena c indispeiisavcl a todos para conservar a saude , e aaUer melliurar a condi(;ao fisica e moral d(» iodnidiio , e da especie. Nenliiinia das epoclias da vida carece tanlo dos pre- ceitus hy^'ienicos cumo a infancia. Da direc^-jio fisica e moral dada nessa epocha ao exercicio das func^oes de- pende todo o future das gcra(;ues , e a sorle das socie- dadel. O srir. Rodri^ues de Gusmao , dando ao publico uiu catliecisaio de bysiena , e fnrmiilaiido 08 preceitos da arte um termos claros , currcclus , e concisos , fez iini servi<;o ini[)or(atite ao seu paiz , e enriqueceu a colle(;ito dus livros destinados a instruc<;rio priniaria comuui lios mais preciosos , di^no de um lugar distincto nas biblio- tbecas familiarcs. Al. ERUATA DO N.° 1. Erro. Conslantes entre Emend. Inteffraea entre 24 S 3 B J3 t« re c" ' o B C- C c. rt a. „ -a c o S h; to 3 O _. in O O O ' 2. g P- " SB" '■" " N ts ■s : " CO O a to o §^ 1 -^ w X e-^ t>^ e-.- Cj: ;o c. T> a: Cit OS o C! t5 -* ■r» cD -t^ O lO^*^ fe^ fe^ ^ fe^-^-'^t?^ .i« CI X o O "i^J -I O GO O O O o o o o o o cl. c^ CI. c:. Cl. a. f5 ft 1^ ft i^ f^ B 3 S B 3 3 C- CI. ( ri ft ! B B ! fij CJ o ft o o g 5 ft ft 3 B 3 3 B S^g c ^ o n. j^ t> <« " C C ° -1 ET " ::. =- 2 c o ^ ^ 10 ^ m -^ • -5 C Q. " ° O n 9 ^ N = D 5 e-.s r. 3. 3 H o Co CS Co & Si. TO o a- o ^ o a V5 o 35 o —. w o *•—-**■"• -= ^, o -^ d c CO =^ — I® ^ lii =? lo i-y ^' ^- ^' i'^ " " O O o C CT O C^ CV: 05 €) Jn^titttta^ JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. CO.VSELHO SUPERIOR DE INSTRUCCAO PUBMCA. Conferencia gerat de S8 d'abrit de 1854. Abriu a ses?3o o snr vice-reilor interino e vice-presiden- te Josi! Drneslo de Carvalho e ttego , com o seguinte (liscursu; Senliores! No arligo 21 do decreto regula. menlar de 10 de novembro de 18i5 ordena- se , que o coiisellio geral superior d'iiislnic- ^fio piiblica lenlia diias conferencias ordina- rias por auno, uma em oiilubro, oiitra ein abril. Para ciimprjr esla determina>;ao e que hoje nos acliamos aqui reuuidos. Vac ler-se oa difierentes relatorios das secgoes; por elles conhecereis o estado em que se acha a ins- trucQao publica entre nos; as diligencias que este conselho lem erapregado para inellio- ral-a ; os obstaculosque aiiida a entorpecera e que e necessario remover; e o que ju se lem podido conseguir. Nfio se pode porem levar ainda a inslruc- ^ao publica, com a bruvidade que se de»eja, ao estado de perfeijao, a que pode e deve cliegar, e que exige o adiaiitameuto das sci- encias e a civilisagfio actual ; e ainda que eile consellio nao lem cessado de Ihedar pelo rnodo, que julga niellior, impuiso coiivenien- le, deseja soccorrer-se de lodas as illuslra- <;oes, coiiio quer o citado regularnento no ar- ligo 22 n.° 3 recebendo ijuaesqucr meniorias, ou requeriinentos lendenles a proniover os tntllioramcntos dos Cstudos, on a declarar OS verdadeiros obstacuios contra o sen pio- gresso , e a propOr as prnvidencias, ma is pro- prias para se obtereni os beneficios de uina educaCj'iio iiacioual e moral ronfoiine as ne- cessidades do seculo. Sem reunirrnos as iios- sas forgas, sem o auxilio de todos os sabios do paiz, o inovimento geral e o progre^so da instruc^fio publica necesaariamenle ha de ser niais vagaroso e menos perfeilo. O snr. Secretario dal." secyfio lem apaia- vra. RELATORIOS. l.NSTlllCfAO PBIMARIA. Senhores: Obedecendo u lei, vem a 1.' secjao do consellio superior de instrucjao publica concluir hoje o relalorio, bosquejado Vol. III. Maio 1.' iia ultima conferencia, sobre o movimenlo da instruc^fio primaria no anno escholar findo. Evitando porem repetigoes escusadas e, por Ventura, faslidiosas, absleino-nos de dar agora tao miuda conta, cotno a que poriodicamente liavemos dado de lodas as partes e circuinslancias d'este objecto alias imporlaiitissimo. JE ja ninguem pode negar nem desconhecer o notavel mellioramento, que , pelo nienos de ha dez annos, vai entre nos afornioseando o primeiro degrau do edi- ficio litterario. Bern manifesto e quanto se lem alargado a esphera do ensino primario , e quanto mcsmo se ha roelhorado seu me- thodo. Publicada esta, e cada dia mais copiosa , a collecjao de livros elementares, approvadoi polo conselho superior. Ji, se Portugal nao pode possuir ainda tanlas es- cholas, quantas denianda a sua populajao, o numero d'ellas vai todavia crescendo. Que meios para taes effeitos liaja este tribunal excogilado e proposto , bem como que pro- videncias tenham sido dadas pelo sabio governo de S. Magestade , lambem nao e' mister repelir-se agora. Necessidades ha todavia , que relardain ainda o niaior aperfei^oamento desta parte da iustruc^ao publica : as que mais urgem , e que remedies pareya deverem applicar-se- llies , nao omittireiiios nos; offerecendo pri- meiro o complemeiito da eslalistica do an- no hiido, ericelada no relalorio de outubro ultimo; bCiitindo ])orem que pelas causas, lantas vezes aijui pondeiadas, e t.'io difficeis de remover, nao possa ainda agora ser per- feilo o quadro. Temos lioje no continente e ilhas adja- cenles — 1:18!) e-cliolas publicas; e — 57G par- ticulares, legidas por professores habilitados: e por conseguinle o total — 1:765. — Assim que, depois da lonforeiicia do 31 de outubro, lem ja sido creadas , pelos decrelos de 18 e 25 de Janeiro, 15 de fevereiro, e 15 de niar<,'o, do correnle anno, mais 13 escholas do 1.° grau de instrucgfio primaria; sendo do sexo masculiiio 3 no dislriclo de Aveiro, 4 no de Beja , 2 no de Evora, 1 no de Faro, 1 no da fiuarda; e, |)ara o sexu feminino, 1 em Lisboa , i ein Villa-lleal. EjScgundo OS iiiappas ate hoje recolhidos, frequenturam noanrio leclivo findo as rscli'ija? publicas — 50:182 nlumnos; as particulares <■— lS5i. NiM. 3. ^Vi^H 4^-*^-^ 26 forani freqnentadns por 13:811. A somnia lolal pois e de — 63:993 — ; numero que, a pezar da falta de alijuns iiiappas, foi su- perior ao do anno precodunte de 18.31 para 1852, em que as cscliolas puliUcas liaviam tido -il:255, e as particulares 12:8&4,- por onde se ve que no anno fmdo liouvc o exces- so de 9;88J. alumnos. Alern das 73 escliolas sobredicla'i, que este anno forani creadas pola auctorisa^ao do credito supplementar , o conscllio cuida em crear oulras , e attonder as varias requisi- ?oes que llie teem sido feilas , se aquelle credito coiilinuar. N'lo collieu ainda, e ver- dade, todas as inforinayoes pedidas as juntas geraes de districlo, para devidainente egu- alar, segundo as nccessidadcs locaes, a dis- tribuiy-io de novas cadeiras. Assim niesmo, passa , em vista das informa(,-oes que ja tern, a proper ao governo de S. Magestade a crea- Sfio das que for julgando rnais necessarias. Desde a ultima conferoncia expediraui-se, sobre concursos de escliolas, 21 annuncios para o diario do governo ; 62 diplomas de provimento temporario; 6 certidoes de capa- cidade para o ensino particular; 273 por- tarias e officios com editaes; e 215 para in- formajoes, intimagoes e participa96es ; total 537, Consultas 57 sobre varios objectos , como — crea^nes do cadeiras , propostas para provimentos vitalicios, transferencias , jubila- goes, aposentagoes , demissoes, exoneragoes e vencimentos de professores, preinios de obras elementares; e fiiialmente 3 a cerca do nie- tliodo de leitura repcntina. Sobre a vantagem de similhaiite niethodo ainda a secjfio nao pode assentar juizo segu- ro. Na circular de 24 de margo ultiuio, em addilamento a de 30 de juliio do anno pas- sado , mandou o conscllio intimar todos os professores, para, no prazo de lOdias a con- tar da intiniacao, declararcm por escripio se nas suas escliolas tcr.i practicado este me- thodo; devendo, no caso affirmativo, espe- cificar : 1.° desde quando comegou o seu uso: 2.° se o empregam em toda a escliola ou em classe separada: 3." que progresses lia- jam n'elle feilo os alumnos. — E , por que para muitos nao torn por certo fmdado ainda o sobredito prazo, apcnas responderam ale' hoje 102 professores; dos quaes so 19 decla- ram haver tenlado o melliodo: mas d'estes raesmos so o professor do Peso da Regoa diz que ha colliido fructo; alguns ainda suspen- dem o juizo ; muilos tern voltado ao antigo. Todos OS outros confessam que o nao pode- ram ensaiar ainda , uns por nao poderem ale aqui adquirir perfeito conliecimento d'elle, outros por falta de casa e utensilios, outros por estorvo e repugnancia que enconlram nos paes ou chefes de familia. E e por isso que o consf'ho conliuua a inclinar-se a crer que as vanlagens, quealguem tem apregoado, sao por Ventura exaggeradas: espera porem es- tlarecer-se mais com o tempo, e quando tc- nha colhido todas as declaragoes, que exi- gira. Alem d'islo , necessidades ha, a que releva acudir com a promplidao pnssivel. Carece- inos de prnfessoics roMveni('ntemente habili- lados; por onde e de reconheclda urgencia que eiitre em exercicio a eschola normal creada em Lisboa ; e que por e^t'arte se prepare o pessoal para outras eschnlas norrnaes. Mui necessario e tambern organisar um corpo de inspecgao, que com regularidade vigie o en- sino, e exaclamente inl'onne esle tribunal. Outra falla em fun , e na verdade bera sen- sivel, e a de edilicios publicos para o extr- cicio da maior parte das escliolas. Todas es- tas necessidades com os remedlos applicaveis tcm o conselho superior por varias vezes le- vado ao alio conhecimenlo de S. Mageslade; e confia que por sabias providencias, o sen governo contiuuara a proteger desveladamen- te o mais iraportante ramo da inslrucgfio pu- blica. UXIVERSIDADE D£ COIJIBRA— PROGRAllMAS, FACULD ADE D E MATUEHATICA* 1833—1854. 4.** ANXO. — 5.* CADEfRA. Lenle — Vr. Rodrigo Ribciro de Souta Pinio, ASTRO.VOMIA PRACTIC.l. I. Aspeclo do ceo. Redondeza da terra, e determlna^So approvimada das suas dimensut:s, Systeinas de coorde- nadaa dos astros. Allimos[)lifra , refrncc^ijL'S aslronooii- cas , e crepusculos. Dcsorip^uo dns priiicipaes in?.Irnnien- tt)S aslruiiumicos , e siias verific;i^oes. E:,'iialdade das revtilurrn-.s diiirnas do ceo— leuipo i^ideral. DelLTUiiiia^ao do mcriilianu. Diree^ao do ei.\o de rola^ao do ceo. Leis do movimenio diurno. Aituias corrpspondentes. Pofos e circulo9 terrestres. Provas du niovimeiito do rota^ao da terra. Parallaxes. I!. Coordenadas anirnlareg do sol — dislanring a terra. Eqiiinnccios e ubtiqiii'lade daecliplira. Calendario. Trans- fnrnmrao das courdenadas poiar-^s dosa^trus. Varia^ao da obliqiiiiiade da erliplica , precfssao d.is rquinoccios , e niila<;iio. iMo^irnentu elliptico — leis do K-plur. Del'-'roii- na^ao dos eJenientos do movinifnlo elliplico. Variaro'ss seculart-s d'esles elenieiitos , e perUirhai^ui's do movimenio elliptico. Dese^iialdade dos dias solafs , Icnipo verdadej- ro , tempo meilio, e eqim9rio do tempo. NascimeiUos c occasos do sol , e ^Tandeza dos dias nus dilTt-rentes loirare* da terra, E\plica(;ao do niovimciito proprio ap pa rente do S(d , e da precessai) dos eqoinoccios , na Iiypotlieae do movimenio de transla(;ao da terra. Applica^iio das doulrl- nas precedentes a algumas quesloes de chronologia. III. Coordmadas ancrulares da Ina , e su.ta distanciaa n terra. Phases da Iiia. })etermma(;ao dus plumentos da ellipse lunar. Eqiia«;ocs seculares , e dese^'imlilades perio- dicas. Eclipses do sol e da lua , e occiillfl(;oes dos pla- netas e estrellas pcla Ina. Determinarao das longitudes terrestres pclas obeerva^oes dos eclipses e das distaociai da] lua us estrellas e plauetas e ao sol. 5k^ Vv^^ 27 IV. CoorJenadaj angiilares geocenlricas dos planetas — distancias u terra. Traiisformarrio das coordeiiailaa treo- centricas em lieliocentricas. Dtlermina^ao dos elenienlos das orbilas planetarias. Lois do movimeiito dus satollitoa dos plant-las — niodo de determinar pelas observnijues os eleuienlos das siias orbilas. Aberraruo — provas do moii- menlo de Iransla^ao da terra. Eslaroe.s e retrograda^Ses. Passagens de veniia e mercurio i)elo disco do 6ol. V. Forma^ao e iiso das taboas astrnnoniicaa do sol , da iDa, dos j)tanetas , e dos eclipses dus satellites de jupi- ler. Calculo das ephemerides ostronoraicas. 4.° iNNO. 6.' CADEIRA. MECII1MC\ APPLICADl — GEODESIl. jLente — Dr. Joajuim Gon^alves Mamede. TOPOGRAPHIA. Construcrao das escalas. Diversos modos de levantar uma plaula. Inslriimentos erapreijados nas opera^oes to- liojraphicas. Nivellamenlos. Cartas tojiograpbicas e sua reduc^ao. Tra(;ado de estradas. Opera5oes geodesicas ; calculo dos triangulos geodesi- cos ; excesso espherico ; medida da meridiana terrestre e das perpeniiictilares sobre a meridiana. Determina(;iio da base do systeina uietrico. Exercicios numericos deduzidos dus trabalhos publi- cados por Delambre. Avaliagao dos trabalhos execiilados em Portugal. Figiira da terra ; suas dimensoes. Calculo das longitude.*, laliluiles e azimuths dos pontes terrestres enipregados na triangula^ao. Nivellamentos , getxiesico e barometrico. Deduc(;,~io de elementos geodesicos pelas observacoes do pendujo. MCCHAMCi APPIICAOA. Eqnilibrio e resistencia dos inassi(;o9 forraados de ma- Jerias adherentes , qnando a supcrGcie superior e carre- gada por uni pezo qualquer , ou quando a resistencia se exerce contra unia das faces laleraes. Muros de revesliraento , que sustentam o impulso das terras. Estabelecimento dos alicerces, quando os muros siio construidos sobre terrenes conipressiveis. Condii;3es que devem verificarse no eqnilibrio das abobadas. Cunsidera5oes praticaa quanto a sua confitruci;5o. Conslruc^ao das estradas. II. Equa^oes fnndamentaes do movimento dos fluidos, na hypolhese do paralleliamo das camadas. Flu.\rn) dos liquidos por crilicios de quaesquer vasoa, que se conser\ara conslantcmente clieios, ou se es^o- tam. ° Resultados que se obtem em|iregando os tubes condu- ctores. Flu.vrio por desaguadouros. Circurasiancias do movimento das aguas conduzidas por quaesqvier canaes. Canaes de nave™(;ao. Correntes naluraes , tendo altencai ;',s malerias que arrastam. Estndos sobre as barras ; meios que se devem empre- gar para obtcr o seu melhoramento. Rodas hjdraulicas. HI. Quanlidade de ac^ao produzida pela ferca elasticn d.u vapores a diversas temperaturas. iVIaquinas a vapor. 5-° AXNO. 7,» CACEIR.1. Lento — O Par do Reino Tliomaz d' Jjuino de Carvatlio. MECHA.MCA CELESTE. Corabina(;3o das leis de Kepler com oa principles de mechanica , jiara deduzir a lei ila altracc;au, segundo a qual as parliculas da materia se altrahem mutuaraente na razao direcia das massas e ua inversa dos quadrados das distancias. ^ Equa9oes dilTerenciaes que determinani o iBovimento d'um svstema de cerpns sujeilos a sua attrac(;ao mutua. Movimento de translacjao d'um svstema de corpos , que se movem em volla d'um d'elles' cemo centre. Me- thodo d'lntcgra^ao das equa^Oes , que determinam estes niovimentus , por ajiproximaqoes succcssivas , aproveitan- do para isse as facilidades que olTerece a consliluiijao do fiyslema do niundo. Primeira upprozhttar/w. Theorla do movimento elli- plico. Delerminai;.io das censlantes introiluzidas pelas infegrat;3es j e relajoes d'ellas cum oa elementus d'este movimento. Segnmin approTima^no. Theorla das perturbarSes. E.vpressoes das deiigualdades periedicas do raio vector, da longitude e da latitude. ExpressOes das TarlaeOes secularcs doa eixos malcres, dos medios movlment'os , das excenlricidades, dos pcrihellos , dos nddos , daa in- clina^Ocs das orbilas, da longitude da epocha , etc. Con- sldera(;oes sobre a estabilidade do syslenia planetario. Movimento de reta(;»e dos corpos celestes. Applica9ao ao movimento de rotac;ao da terra. Delermina^ae dos raovimentos do seu ei.io de rola9ao , quer relativamente a sua superOcie , quer no espa5o. Formulas da nulai;5o e da precessiio dosequineccios. AS MEZAS GYRANTES , CONSIDERADAS NAS SUAS REIACOES COM L MECiNICA E COM A PHVSIOLOGIA. Conlinuado de pag. 19. Para compleinento do que deixumos dito sobre OS agenles artificiaes de que o liomem teiii langado mfio , accrcsccnlaremos que elle tem feilo traballiar lainliem a electricidade e o ma^netibrno no transporte por barcos , na illuiuina^fio , na inedicina , etc. E seinpre se tem chegado <1 conclus.^o de que nSo e' possivel obter um effeito meclianico sem uma causa physica Mil annos antes da nossa era , ja Hc'siodo dizia dos Cyclopes: uTinhara a for^a, a actividade o as inaquinas para os sens tiaballios. j) lo'/ji^ T r.tJe €ty] yoX (j.y,y_avai ruav etc ip'yTCiff. Ila Ires mil anno*, cnmo ainda hoje, a unica magia do trabalho, era a forga physi- ca, a energia no ernprcgo d'esla Ibrfa e os mecanisrnos para tiansmiltirem a sua acjao. Em tempo algum se tem observado utn Ira- 28 ballu) material , que resulle da acg'io imma- tciial da vonlado. Ha niuilo , que a fo , so por si, nao Iransporla as moiilanlias , a nao ser no ejlylo ("iLfiirado; e que a iiiaiilaiilia nao se resolvendo a cainiiiliar para JMaiio- niet, obriga Malionict a caininiiar para a moiitanlia. D'este qiiadro das for^as iiioloras da ma- teria, resulla que na explica^'ao dos plieiio- menos curiosos, niecliaiiicos e pli_v>i()ii)j;icos , das mezas gyranles, o nccessario por iulerdi- oto a toda a inlorvenCj-fio da siuiplos voiUade para produzir os moviineiilos ; c podera ac- creditar-se que no meiado do seculo XIX estas verdadt's pljvsicas , tfio vulgares niio so nas escliolas, mas no mcsmo povo, teem sido desconliecidas por giaudo nuuieio d'eapirilos, alias esclaiecidos, arrastados porem pela ima- gina9ao para iima esperan(;a cliimeriea ? Em quanto porem a certns liabilidosos que pcr- tendem passar por illudidos, mas que o nao sao para os sens interesses, com esses nada tern que liaver a sciencia posiliva, neni tao poucc a boa fe. Aluitas vezes se tern langado as academias a arguijiio de que impedem a marclia das ideas e estorvara os progressos scientilicos e industriaes do espirito humano. Tal argui^ao e' mal fundada. E se nao, conlem-se lodos os flagellos de invengoes arriscadas que a sua circumspecjao tern atalliado. Vede o cpie vai na America, e porque prejo saliem os pro- cesses de merecimento real, tendo primeiro de se experimentar todos os outros que nao foram contrastados! Ja vemos, que nos liao de citar o barco a vapor do marquez de Joui- froy. J\Iuito bem ! mas tenios a declarar que nessa epoclia , antes dos aperteijoamenlos dos traballios nietallurgicos sobre a fundiyao do ferro e alizamento do corpo das bombas, a I'abricaj'io util de urn barco a vapor era tao impossive! como o jogo do wbist antes do invento das cartas. Nomeados coramissarios para receber os productos de todas as no;>sas exposifoes, e ultimamente para a de Londres , temos de abundancia com que edilicar o pu- blico sobre o alcance de numerosas inven- 9oes, que provarao ate a evidencia a utilidade dos corpos scientificos e a necessidade indis- pensavcl de espalhar, quanto for possivel , as nogoes mecaiiicas e pliysicas, cuja igiio- rancia move tantos espiritos activos e zelosos em procurad'impossiveis. Ainda nos liavenjos de oceupar n'outra occasifn) de deseiivolver esta tliese, a prnposito da navegajao aerea. Ha certos espiritos ambiciosos, que a ma- neira de Alexandre, parece que abafam neste mimdo, e que desejariam por-se em rela^ao com outra ordem de seres menos materiaes. Tem sido esta a tendencia da imagina^fio dos homens em lodos os seculos, mas nada de real tem sortido de taes tenlatlvas. A cada seculo cabe constantemente o condoer-se das superstijoes metapiiysicas dos seculos prece- dentes ; e dizemol-o francamenle , nao temos esperanja alguma de que a magi'a das mezas gyrantes consiga da posteridade mais credito do que a da pytlionisa d'Endor, alius muito mais poetica no motnenlo em que era consul- tada por um rci j;i vcllio, enfraquecido rno- rahnente pela odade e pela desgriic^a , e que n'outro tempo tinlia proscripto a magia nos sous estados! Para muilos espiritos fogosos , mas iireflectidos , nada lia impossivcl. Estfio sempie a ponto de accusar de cega incredu- lidade acjuelles que nao admittem, que a natureza possa a cada inslanle desmentir as suas leis. Mas que nos digam qual e o po- der , superior a forja creadora, a que clles prctendem recorrer para dominar as leis esta- l)elutra especie que conjiste em aeliar-se um indivi- duo casado sem o saber. A ariiiadiliia matri- monial ten) uma verdisella tao subtil, que basta ro^ar-se alguem por ella, para near logo apanliado. Uma aiiedocla mui recenle deinonstrara ao leitor o perigo que lia em fol;>ar curii taes brinquedos. Um bomem de quarenla e cinco aiino^ dc idade, nieslre pedreiro e liorrivelmcntf feio, lembrou-se um dia de ir a casa do um seu amigo inculcador de creadas, para hi esco- llier uma cosiuheira. E&^^ 38 'cordia; qui- fioquenlaraiii as aula:> 79 esui- doiiles: que respeitaveis sao por todos ostitiilo> 05 actuaes profeisores do Ivceu, que a ijrandes hizes nas disclplmai respectivas junlam lar^a experiencia do magUterio que exercem ha muitos annos; mas que o de fjrainniatica latina e o delogica, por siiaavan(;ada edade e molestias, estao nas ciicumstancias de merecer do goveruo de Sua Magostade a jubila^ao a que tem direito, no que muito iuLeressaria o servi^o publico: que 6 escliolas parliculares de graininalica latina e latiuidadt: foram fre- quentadas por 66 discipulos com aproveita- niento, segundo a informa(;a.o dos respeclivos professores que "Idas referidas escliolas foram sustenladas pelos pacs de faniilias, e uma por esmolasou donativos: que foram liabilitados 3 professores para regerera cadeiras de gram- matica latina, e que 03 que nSo quizeram habililar-se , fecliaram as suas aulas. O comrni?sario dos estudos do districlo do Porto, em seu relatorio de 17 defevereiro, faz ver que as cadeiras, que consliluem o curso do lyceu, acliam-sc todas providas, e bem as- sim as respectivas substituijoes, e foram todas regidas pelos respectivos professores proprie- tarios , menos a de latinidade , que pelo im- pedimento do professor proprietario foi regida pelo respectivo substituto : que o numero dos akimnos, que frequeiuarara as aula? do lyceu, foi de 252, e o das cadeiras annexas de 133. Do relatorio do governador civil d'Angra, com a data de 30 de setembro do anno pas- sado , consta que as aulas do lyceu foram frequentadas por 192 alumnos; que fora do mesmo lyceu existem 3 aulas de latinidade, que todos funccioiiaram regularmente; e que conlinua a ser mui sensivel a falta de uma cadeira de latim na villa do Topo da illia de S. Jorge. A mesma aucloridade faz lionrosa mengao do reilor do lyceu e comniissario dos estudos, pelo muito zelo que desenvolve no exercicio de suas func^oes, e nao menos dos profes- sores do mesmo lyceu, que tem louvavelniente empregado os maiores disvelos no progresso e adiantamento dos seus discipulos. O conimissario dos estudos do distrirto da Horta, no seu bem acabado relatorio, per- lenccnte ao anno lectivo de 1851 a 1852, depois d'algiiinas judiclosas retlexoes a cerca dalgumas cadeiras internas e externas ao lyceu, e da necessidade de um curso de moral theo- logica, e disciplina ecclesiaslica para ins. trucjfio do clero, pela qual este se habilite devidamente para o cabal desenipenho das sagradas func(;6es do seu santo ministerio, faz ver que, no refendo anno lectivo, tanto as aulas do lyceu , como as das escliolas an- nexas, foram frequentadas por 133 alumnos. O governador civil do Funclial, no seu relatorio de 19 de noverabro do anno findo, diz que nenhuraa circurnstancia notavel tem occorrido , de que deva fazer menjao, nem na parte que respeita ao pessoal do ensino, dois que 05 profesaores de todas as classes continuam, em geral, a desempenhar salij- factoriamente as obriga^oes do magisterio, nem na parte litterarla, porque os methodos d'ensino nao torn snffrido altera^ao alguma ; e que forao 12T os alumnos que frequentaratn | as aulas do lyceu. 1 O bibliotliecario de Ponla Delgada, em seu relatorio de 30 de setembro do anno pas- sado, da conta de que no prinieiro anno da sua gerencia tinha conseguido jd o arrola- mentode tres mil volumes, e que continuando o iiie?mo Iraballio no seguinte anno, sempre que o tempo Ih'o perniiltia, conseguira o ar- rolamento de 7:250 volumes, faliando-Uie , ainda 3 estantes para inventariar; e do map- I pa estatislico , que remetteu ao conselho, ' ve-se que desde outubro de 1852 ate setembro de 1853 foi o numero dos leitores de 1571 o que, segundo o referido bibliothecario , e devido a regularidade com que funccionou o lyceu no anno lectivo de 1852 a 1853, e as recommenda<;oes que 03 professores fazem aos seus discipulos de irem alii consultar algumas obras precisas a sua maior instruc^fio. Agora, senhores fallarei dos trabalhos da 2.* secgfio , que tiveram logar desde 17 de ou- tubro de 1J553 ate 21 d'abril do corrente anno. Foram elaboradas, e expedidas ao governo de Sua Magestade 52 consullas, sendo uma para a propriedade de cadeiras de latim ; qua- tro para o provimento temporario de cadeiras da mesma disciplina; seis para a propriedade de cadeiras dos lyceus, uma para substituigoes, e uma para o provimento temporario dos ditos; uma para secretaries de lyceus, e quatro pa- ra porteiros dos ditos; diias para commissarios d'estudos ; uma para gratificagoes; nove para jubilaQoes; duas para exoneraijoes ; duas pela necessidade de provimentos de logares ; doze para inforines e varios objectos ; uma para creagao de cadeiras; duas para a juncfao daj aulas do Ivceu de Santarem com o seminario, ferias etc. ; uma com os orQamentos da receita e despesa dos lyceus; uma com a rela^ao dos lyceus, piofesso'-es, e estado das cadeiras desde a inslalag.io ; uma com o projecto de regulamenlo para os exames de habilitag'io a priineira iiiatriciila da universidade. llesta-me someiite , para conclusao deste relatorio, dar-vos conta do expediente da secretaria do conselho. Concursos Portarias e officios com editaes 96 Annuncios l* Tnformagoes e Inlimagoes Portarias e officios 123 Diplomas Ccriidocs e Titnlos Diplomas de provimento temporario de cadeiras 2 Certidoes decapacidade para ensino par- ticular 4 Titulos d'auctorisagao para coUegios . . . 1 Total.. «40 39 CSIVEBSIDADE DE COIPRA-PROGRAMMAS. FACULDADE DE MEDICINA, 1853— 1S54. 1.** ANNO. ClDRIBA d'a:<;ATOMIA HUMANA E COMTAnADA. compbindio jamain — nouvkau traitb elrmektilbs d'anatomie descriptive. Lente — Dr. Setastido d* Almeida e Siha. Comei;aremos por definir o que seja Analomia , e o« diffetenles lilulns d'esla vasUssiina sciencia. — Deinnii- •IraremuS as alfaias e iiistiumentus anatoiuicos. — Indica- rcmos OS reaueiites cliimicns maid iisailos era Analuinia ; e OS Bens principaes prticessus : a tlisseci;ao , macera(;r»o , injeccSo , e inspeccao niirruscnpira , a Qui tie separ;ir e di3tin::uir os lecidus do orj^anisnio; as sciencias auxilia- fes 1 e auctares mais abalisiadus que devemus cungultar ; e as vanta^^ens que tao bclla sciencia ^confcre aos que a possuem. Finalmeute , faremus conhecer os varius tecidos do ureanismo . dcmonstrandu-os , e «lefinindu-os sobre o cadaver: e depois d'esles preliminares , pasaareuiua ao cstudu da primeira parte d'Anatomia. 1.=^ PARTE. OSTEOLOGIA. Dos ossos €m geral : Esqiieleto nalnral e arliOcini : ejqueleto interuo e externo— nervo-os(]ueloto , splanchiio- ceqiieleto , e dermato-epquelelo — melhodu de estudar o esqueb'to : linha e piano? verticaes e hurizontaes — re- gioes do esqueleto, e ussos que as formam — divisao dos osios quaiito a sua forma cm lonirns, lariros , curtcs , e mixtos — eslructnra dos ossos : siibslancia cumpat-la , esponjosa e reticular — caviilades intersticiaes dos ossos — lextura e forma das moleculas osseas nas sobredictas siib- stancias ; caualiculos osscos , suas camadas concentricas , e corpuscuios inlerpostos ; direc^ao o anastomose dos ca- caliculos dos ossos das differentes dimensoes — demonstra- ^iio microscopica de todos esles olijectos — tecidos que concorrem para a or^aniza^ao dos ossos : cellular , vasus e ner\os — propriedades physicas e vltnes d't-stes 6t^uus — sua analyse cliimica — da medulla dos ossos. Oateologia dtsrriptica r estudo analylico e synlhetico do esqneleto — di\ isao em trunco e extremidades ; ossus que constituem o Irunco-^columna rachidiana , formada por 24 lertebras verdadeiras, pelo sacro e coccyx, e dividida em cinco culuinnas , cauda! , sa^rada , lombar , dorsal, e cervical, sobre a qual assenta a cabera — descripoao das vertebras que compOem eslas rcL'iOes — ossos que concorrem para a forma(;ao da cabei^a ; sua divislio em craneo e face^descriprao dos ossos do cra- neo ; item dos da face — ossos wormios — poder-se-ha re- conhecer nos ossos da cabc^a vestiirios rla forniai^ao vertebral? •— Doutrina dos Ijomolo^os: prelt^ndidas Aertebrasocci|iilaI, Cenlricipital, syncipital; nasal, maxillar e intermaxillar — ans'Ulo facial de Camper ; dicto occipital de Daubentun: inspec^ao \ertical dus crsneos , sei!undo Blumenbak , etc. Odontologin : I.^ denti^ao ; S.'^ denti^ao — • confron- ta^ao dos denies com os ossos — dilTerenles tecidos dos dentes : o esmalle, a substancia cortical, o niarfim e o cimento — ca^ idade e polpa dentaria — differentes fdrmas de denies : incisi^os, laniares , e molares (nohomem). Na serie animal encontram-sc denies siniplices e composlos ; verdadeiros e falsos molares; conicos dubb'S e enva^-ina- dos ; era forma (]e cscova , etc. — E interessante o syste- nia dentario, porquerevelaoshabitos, ombral, eaalimen- la^So dos animaes. Do thorax i formado posteriormentc por 13 pares de Costellas. presas aos lados das 12 \ertebras dorsaes . e ftdiante pelus cartila^ens coslaes , articuladas com os lados do slerno — descripc;"io das costellas e seus arcos cartila- gineos ; item do sterno. Da pelve : formada posteriormentc pelo sacro e coccyx , e dos lados , adiante e por baixu pelos ossos innominados. Descripcao dos ossos innominados on coxaes, Exlrtrnidades t/iaracicas : ossos da espadoa ou cintura scapular — descripcao da clavicula e da omoplata — do humero nu otsn do braco — dus oesos do antebraco : cu- bilo e radio — dos tin iniio di\idida em carpo , melacarpo e dedos. Dt.'scrip(;ao de todus estes ossos. Extremidades inftriorrs on ahduminaes : aes aireiiles - — fi-rma antuillur , on arcifuriuc de swas fibrns — c'Stus sJifp chamadas lisas por nao serem Cfetriudas trans- versalmenle, e su niui jMiucas no conipndo — tambein nao ufrereccm ncxuosidadt's item zigzags cunio as da vida aiiiuial — O diam-tro niedi lubo dii:estiiu — tunica celhilosa — dicta mus- cular—vasos e iier^os — r/taridnlas : divididas em in- trinsecas e exlrinsrcr.s — das i^landulaa em peral — ;:laii* i\uli\s ititrintecas do canal lUii^i'.si'wo ; t^Iandiilas de Liei- berkuhuu, gl. solilarias, de Bruiiner, de Pe}er — glamlulas exlrlnsecas : ^I. salivares — descrip^ao das parotidas, submaxillares e sublinguaes — do pencreas, fi^ado e baco — . demonslra^Ho de lodus estes orgaos no cadaver humano, nos rumioantes e nas aves. ^,° Apparelho resptratorio e vocal : descrip^ao da larvriLTe: suas carliln^^ens, liganientus e muscuios — cordaa Tocaes falsas e verdadeiras — glolte, seus \entricuIos, e seios de fllorsagnl — niembrana iaryngea, vasos, e nervos — demoDstra«;ao da laryuge do huraem e das aves — da trachea, bronchius e pulmoes — as plcuras custal, dia- phragmalica, piiliiioiiar, emediastiuica — systeiua rcspjra- torio das aves e cellulas aoreaa — glaodida thymus e thyrordea (nos luanmiiferus). 3.° Jpparelho uritiurio : dosrins, sua fc'rraa, siluat^ito e eslructura ; calices — bacineto — urcteres e bexiga — Iccidus que coiistilueiii estes orgaos — das capsulas supra- renacii — dos corpus de WolfT uo feto, 4.° Apparclho genital do sexo vinsculino : do penis e seus cui pus cavernosos — da urethra (contiiiua^iio t\o collo da bexiga) e da glande c seu lueato — dns testiculus e sews iii\obicros , ductus deferenles , veaiculas seminaes e ductus cjaculaturtus —da pruftata e vesicula wberiana — das ^laiiilulas duCuwper — musculos e aponevroses da regiiiu perineal. S." Appartlho genital da jwdher : partes externas : monte de Venuu — \tilvn, graiides e pequenos laliins, clitoris, vcstibulu, meato urinario e urethra — fussa na- vicular e fruiu — (la alierlura da vagina — da niembrana liyinen e carunrnlas iiiyrtirurmcs — partes internas da geracjiio— do iitero ~ trumpas de Fallopio^oxarius e vesiculas tie GraufT — liganientos larirop e urgai'S do Uo- senniuMer — hgamenlos ledondos — musculos da reiriuo |)eriiieal. 5.^ PARTE. oaoAos DOS sBNTrnos. 1.* Apparclho do tacto : da pelle, dcrme on cutis, da epiderme e piirraenlo — papillas lai-leis — rede lympha- lica — funiculus scbaceos , piluscs; clanduias sudorift-ras de Stenon — das unha« e cabellos. A Uile do tarto reside no curpo pnpillar da dermc ; porem tudos os urgSus sao mais ou menus sensiieis us inipressuea extranhas — divi- lau do tactu em acti^o e paesivo, etc. 2." Jppnrelhu dovlfacio: partes csqueletiras das fossas nasaes , em que se expande n niembrana pituitaria — par- ies d'esta membraiia que sao a especial scdo d'este senlidu. 3." Apparelho do gosto : asede d'estesentido reside nas papillas da membrana mucosa que revesle a iingua e era alguos outros pontos da bucca — dos orgaos, cnjas func- ^5es sao necesgarias pora o cumprinienlo do ^osty. ■*■** Apparelho da visdo : orgSoa auxilinres d'este «enti- do : fossas nrbitarias , sobroih.is , palpebras , eel has , con- junctiva e t;landulas de Meibumiu — earuncula , glandula pHiiUis e vias iacrymaes — musculos : levautador da pal- pebra superior — orbicular das palpebral — musculos du jlobo ocular : dos quatro muscnlos rectos , e dus .lu^^ obii- qiios — tJescrip(;uo do giubo do ollio — suae mcmbrauas e hiimures. 3." Apparelho da audiqiio : orelha externa — seu pavi- Ihau e cunducto extenut — tecidos que os formam , ft musculos inlrinsecns e exlrinsecoe — orelha media; mem- brana e caixa dotympano — sens qualr.' ossiculos — aber- tura* da caixa do tympano : trompa d'Eustachio, orifici'> das celluias mastoiileas , janellus oval e redunda , etc. — ouviifo intcrno: lubyriulliofisseo : vestibulo , canaes serai- circulares , e caracol — labyrintho membranojto , iniitamlo em lurmas as cavidailes osseas — lympha e perilvmpha (Cutuimi. e Breschel). — Na nevrolugia Iraclaremo* do niTvu auditivo e sua* ramiflca^ocs no labyriulho^ e luni assim dos mais nervos dus senliib's. 6.» PARTE. a.\<:eioujgia. Do cora^tio como orgSo central da circula^ao — vasos circuiatorius divididos em sanguineus e tymphalirot j e os primeiros divididos em arterias e veias — systenia capillar — descrip^Cto do cora^do — forma exterior ; suas aurjculas e vculriculos , vaUulas e lacertus — separa(;ao rias dilTe^ rentes camadas e acerlos musculares que cunformara esle orii^am — suas fibras transversalmente estriadas — das tuni- cas que formam o seu pericardjo, etc. Dat arteria$ em gerali defini^ao dVstes vases, cha- mados tambem vasos dcftrtnles per levarem o sangue do eora^ao para todo o orgauismo, d'onde volla pelas veias (vasfis afferentes) paraomesnio orrani — confronta^io das arterias c veias: quanto A forma e aspecto exterior — divisao dendritrica, trajerto o ramiScat^ilo ale se tornarem capillaies nos enlerslicios dos or?aos — da injec^io das arterias, veias e vasos lymphaticos — coii\eniencia d*esta operarao — cautelas que exii;e para obviar suas illusoes. Do systema capillar : o que se entende |)or e^ta expres- s3o — as jiaredes dVstes vasos, por transparentes, nao deixam \cr n'elles doble contorno — seu lumen sucradura n'auricula dircila do cora^ao — suas I'ivisoes, subdi\iso(>s, e ramilifaro.is dos oru'Sus — descriprao da \eia ca\a inferior , sua uri:,'em na mesma auricula, que a daveiacava superior — suns divisoes era- mifiracoes, etc. Da vcia das porlas — e sua ramificai;do aileriusa — tla ^Tande e pe(|uena azygos. Do systema dvs vusos lymphaticos : dii ididos em vasos serosns e cliylileros ^sua prepara<;ao e inject;ao — seu aspedo — suas orisens , trajerto , gangUos e plexos — snay duas termiiia^-oes nas veias subclavios : ducto Ihora- cico , e graude vaso lympbatico direilo — tecidos de que sao compostos. 7.* PARTE. NEVaOLOniA. parte centml do systema nervom : ou ei\o cphalo- rachidiano, cuustituido pelo cerebro e spinal medulla — descrip»;iio dos tnvolucros ou nieninires da nia-^ia ence- phalica, cuntida na cavidade crar.iiiua — da dura mater, arachnoidea , e pia raaler — debcr»p(;ao da uiaisa encepha- 41 lica : dos hemtsj>herio8 — pontc de Varolio — cerebello — medulla oblongada — e das partes que liirani e relacionara estes (irtraos mis com os onlros — das cavidades que entre si furmam — aniphracIuosidadtT-s, \*fntricii!()S, f'tr. — ohjcclos que se olferecem deiitru d'ellas — das dilTerPiites siiltslan- ci«s do cereliru : meilidlar uu braiica , cinzeiita, e ama- rellada — a fttibstancia branca em miiitas jjartes c Gbrusa, e suns fibrns suscejitiveis de se2;uir-se i)or eiilre oulnus — defr — abducente — facial — aiidiino — ^luiso pharyiigeu — puenmo^astricn- spinal de Willis e lijpudusso — de alLfims ^aiitilins dV-eles nervus. l)fScri/>^fio doa trintn pares d- nervos eapinaes : priiicipaes plexus : u cer^ ical, o bracliial, lumbar e sai^rado. Sijstema dos yraudet tympnthicos : descrips;ao dn gran- de sjmpalhico dentro do cranco , ni> collo, iio thorax e nu abuumeii — 8iia;> runiiexoes cum os nervos craiiianos e »j)maes — cumo condrrem para a formarai) dos plexoa jjidraonares , cardiacos , eso|.hai,'ianos — dos nervus sjilan chnicoii ^ do plexo solar e gan^lios seuiiliinares — dos plexus diiiplira^^malicus inferiores — plexos supra-renaes , celiaco, coruiiario slumachico ^ hepatico, sptenieo , me- seiiterico, e reoal — aas porcOt-s lumbar e »a;:rada : o plexo Inmbo aortico — aorlieo propriamente dielu — ple- Jtof, misenlerico inferior, e hypo^aslrjco oude Walter, d'oDde dimauam o plexo hemorrliuidal medio, o inferior, lio testicnio e du diiclo deferenle (no humem). — na mil- lUer 08 plexus va^'inacs, uleiinus e nervos do iilero. Nenos das extremidades superiures: oriimdos do plexo brachial, seis ner\us principaes se di^^trilmem n'esles membros , e sao : u bracliial culaneu externa , o mediano , o cubital, o cutaneu iiiterno , o circunillexo , e o radial. Nervos das cxtremidades inferiures: oiiundos dos ple« xos lombar e sa;.'rado , uns sJlu anteriores e outrus posle- riores ; de^icriprlio do nervo obturador , do crural, do grande e pee interinedio entre os capilali^tas c OS proprictarios, liaveria uma cenlralisagiio absoluia, uma espeoie de monopolio, e entao deixara desubsistira importante vantagem das associa96e5 livres — a circulagao dos titulos entre essas mesmas associa9oes, elemento de uma boa organisa^ao de credito territorial. iNa Allemanlia e na Suissa existem liancos territoriaes fundados por associa^oes de ca- pitalislas; mas estes estabelecimentos parecem de;dizerda indole propria dos bancosagricolas, e por isso Hies enxergamos desvantagens que talvez a pratica nao confirme. Comparando os fundos das associa^oes nos dons syslemas, resulta que a garantia of- ferecida pela as^ocia^ao de proprielarios con- si^te nas propriedades dos accioni^tas, e nas propriedades dos tomadores de emprestimos, no entanto que a offerecida pela associarao derapilalistas reduz-se unicamenle as proprie- dades que OS tomadoies liypolliecarem; exrp- plo se as ac^oes dos assoeiados liouverem de ticar emcaixa, mas em lal caso recaliira sobre OS tomadores o juro desses capilaes estagnados. fi certo(]ue, jia liypolliesedese converterem em tomadores de emprestimo todos os accio- nisla> proprietarios , o que difticilmenle se reiilisara, porque os suppomos proprielarios abaslados, a garantia seria egual em qual- quer dos syslemas. Mas ainda assini, a as. socia(,-rio de capitalislas, pondo-se em im- mediala rela^ao coui os proprielarios ler- riloriae-, nao pode tornar ifiosensivel abene- fiea intiueucia de um inlermedio, que modera as exigencias daquelles eiatisl'az asnecessida- des destes, que <■ o niais iiaere^sado, em tim, na exislencia e prospcridade do banco, em- bora delle lire pouco ou neiilium inlcresse pecuniario. Eiu presen^a deltas consideragoes, julgamns prel'erivel o syslema d'associae'io livrc de pro- prietarios territoriaes, posloque, em quanio o noiso paiz se nao alTizesse as instituigues 42 de credito agricola , futa convenieiilc (]uc na empresa pntrasse alf^mii capilalisla, para que a assnciarao tivesse iiina por(;'in de luimerario com que occorresse as despesa-i piiinarias do eslal>i'h'cijnenlo, a oompia d'alguiis lihdos recusados pcloa capitali-las , e a pcqiieiins pertiiihu(jnes que pnssain provir de t'.dla de cumprimeiilo da parte d'alsuns tomadores de einprestimo Fmidado iolidaiiientJ o crediLo, lodo ejse capital poder;i ser eiiiprefjado na compra do titulos, doude lia-do resultar o l)en«ticio das as- sociagoes lerritoriaes, n.io podem satisfazer a osta dupla condigao de sua existencia — em- pregar os depoiilos de um modo lucrative, e enlregal-os aos depositanles quaudo estes lli'os pedirem. Jiui vez de abaixar o lirnite dos de- positos, como se tern feito, o que cunipre e regular o emprego dos fundos das caixas eeonomicas que, com rasfio, tern sido cliama- das escliolas pritnarias dos capitaes ; c para i>so e condicao indispeiisavei a organisajao do credito territorial. As eeoiioudas que o trabalhador deposita nas caixas eeonomicas nao sao unicamenle uma reserva para os maus dias de sua vida , um dote que seaccumula para sens fillios; sao tambeai um meio de poder estabelecer-se por sua conta, de subir o grau niaisdifl'ieil e inveja- do da escala social; saoum meio dceinancipar o traballio, de ligar pelo vinculo da depen- dencia as classes superiores coin as inferiores; sao uma propriedade que se funda, que se ad- quire de dia para dia , com todos os seus resullados, todas as suas garantias, todos os seus beneficios. iintre um paiz, cujo solo estivessi* onerado com dividas hypotbetarias consideraveis, que absorvessem toda a parte do rendimento de- stl[iado a mellioramentos lerritoriaes, e oulro paiz que, livre de suas dividas, gozasse de um credito territorial tloresccnte, empregado todos OS annos eui lazer novos niellioramentos, nfio baveria concurrencia possivel na produc- (,':io agricola. A renda perpetua desses me- Ihoramentos, augmenlando o bem estar de lodas as classes sociaes , animaria prodigiosa- mente as artes, facilitaria a cobranga dos im[)oslos, e t'avoreceria empresas gigantes. Dizia Colbert, lani^ando uma vista d'olhos para os arredores de Versailles: — it quizera que estes cauipos fossem felizes, que nelles reinasse a abuudancia, embora , sem em- prego, sem lionras, banido dosla terra, eu soubesse que mas ervas crcsciain no paleo do meu palacio. V E quem n:1o sentiia brotar-lhe n alma esse lao grande e liuniano sentimeiito que expressam estas meuioraveis palavras? Os grande-, os ricos proprietarios e capita- listas que abandonaram os campos pelas po- pulo^as cidadci, ondevivem naopuleneia, que se nfio esquegaiu do que devem a terra, no6sa mina mats fecunda. Os governanles, niandatariosda na^ao, e os que sem uiaudato a querem goveruar, (]uando repousarem de=se fatal afau da poiiticii , que volva[ii OS ollios para o povo dos campo- , sempre tao lai)orioso e seujpre deslembrado , seinpre Siio util e sempre oppriniido. JACl.NTUO A. Dli SOUZA. UMA PERDA PAR.\ AS LETRAS. Quando desapparece da superficie da terra, para se escondc^r nas sondjias da sepultura, uni^cultor ifio assiduo daslelias, como osnr. Jose Maria cLi Costa eSilva, e dever dos que amam a gloria do seu paiz, vir ao tribunal da impreusa regislar as virtudes e inereci- I mentos d'e^se boraein ; ou isso seja uni in- 43 cenlivo para os que viercm depois , ou seja um tribiito devido ao que se finou. Mais oil inenos assijii o leiu practicado iima parte dojoiiialismoporUi^uez, eeii veiiliotam- bcm hoje pedir uiiia pii^iiia ao Jnslitulo, para, exoiieraiido-nie da divida, alii deixar consif^nada uina peqiieiia nolicia de lao il- liistre escriptor. Nao a toniem como biogra- pliia acabada, que o nTio e, neni o podia ser. Por uin lado nfio ha, que eu saiba , bas- taiites siilibidios escriplos que consullar, por outro lado inal coiilieci osnr. Costa eSilva , e so live a lionra de llie i'allar iiiua voz. A esta cnlrevibla e que en devo o pouco que vou dizer, mas como ainda assim esle pouco e mais que o que se tern publieado, e geralmenle se sa- be, entPiido que o nao devo occultar. O men eslimavel amigo .1. F. Ayres de Gouvea liavia-me escriplo de Pariz, em abril de 1852 pedindo-ino entre ouLras coisas, algiins aponlainentos biograpliicos, afim de OS oft'erecer a Mr. Ferdinand Duiiz, que pro- seguindo na gencrosa tarefa de se occupar das nossas cousas, queria laiilo d'esle , como d'oulros escriptores portuguezes, dar uma nolicia na grande l)iograpl)ia universal, que se cstava puljlicando. Para salisfazer a este empenlio prociirei o snr. Costa e Silva, expuz-ilie a minlia inissfio, e com (|uantoa sua reconliecida modeslia preleiidesse esquivar-se a tfio jnsto pedido , consegui, quo o sen de- dicado amigo, o ex."'° siir. Jose' Caetano de Campos me desse no dia immedlalo alguns apontamenlos para a sua biograpliia. Osnr. Jose Maria da Costa e Silva nasceo em Lisboa a 1& d'agoslo de 1788, Foi o primeiro fillio de Francisco Antonio da Silva , llie- soureiro, que foi, do terreiro publico d'aquel- la cidade , e de sua miilber D. Marianna Roza dos Prazeres. Veio ao mundo em lal estado de debilidade, que se julgou que a sua vida seria de muitos poucos dias; feliz- menle este prognostico nao se verilieou, mas u sua infancia foi sempre valetudinaria. Estudoii latim com o celebre professor Jose' da Costa e Silva, o grego com Manoel Moreira de Carvallio, rhelorica com o Dr. Maximiano Pedro d'Araiijo Ril)eiro, plii- losopliia racional e moral, com o padre Fr. Joao de Souza , Religioso triiio , Pliysica no convenlo de S. Vicente, e theologia na congregagao da oraloria de Lisboa. Sens paes o destinavani para a medicina, sciencia da sua predilecgao, mas circumslancias de familia e a morte de sen pae obstaram a verifica<;rio d'esle projecto. O sfir. J. M. da C. e Silva co- me^ou muilo cedo a cuUivar a poesia. N'um dos seus poemas invocando a miiza diz^lhe: « Companheira fiel lu me tens sido Defitie a mimosa infancia, e me Influisles Esta ancia de saber, que me devora E lao pouco uiedroii entre as procullas D'uma vida agitada I >. Companheira fiel Ihe foi desde bem cedo, li cerlo; linha apenas 17 annos quando com- pos o poema descriptivo intitnlado o Passcio, que taiitos elogios Hie merereu ; e se nfio fos- sem as procellas d'uma vida agitada muifas mais riquezas litterarias teriain ciinobrecido a sua juventude. (jiie cabedal er;:in? .' Niiu te tni.«|)e(lii upiilenria apparrtlusa VictosoH caniHrins, Iremus tlourHdns ; PoncdS livros e ami^Mis itiila ineims E e.xacta pruljidade — eis mens ibesouros. •• Diz-se que a actual verea^.'io prelende dar um testiinunlio do apre90 em que liiilia o seu secretano, preslando-se a proleger a t'amilia do fallecido. Se o t'lzer tera os elogios de todos OS liomens que ainda teem n'algiima conia a illustra^ao da patria. Nao o ouso agora aflirmar, mas parece-me que o poetii desceu a sepultura sem que uma unica fila llie enfeitasse o peilo. Nao e desdouro o trazel' as, mas a liomens como esle, eque ellas de preterencia deviam ser dadas. Era socio correspondente daacademia real das sciencias de Lislioa, socio lionorario da academia Lislionen^e das sciencias e das letras, e socio correspontente do gabinete de leilura do Rio de Janeiro. Eis OS litulos lionorificos do homem que a morle siibilamente nos roiibou , e que meia dir^ia d'amigos fieis acompanliaram a ultima morada faz lioje li) dias. Cou^a nolavel! Em qiianto, tfio modestamente, se faziam entre noi pstas lioiiras luiiebres traziam-iios os jornaes da America a noticia de haver fallecido a celebre bailarina Rosalia Bu^tamanle, cujo enlerro se havia feilo em Havana com uma pompa raras vezes visla. a O set! saliimento, diziani , foi acompa- nliado por arlislas , commeiciantes, ofliciaes do exercito e da armada , escriplores pu- blicos, poolas , medicos dislinclos , e nma grande multidfio de pessoas iiotaveis de todas as classes da povoaCj-ao em rigoroso lucto. O coche fuiierario era seguido de mais de duzentas carruagens. « Nao trago islo para censurar os habitantes de Havana. O parallelo vem so para dizer , sem receio de ser desrnentido , que entre os povos do Novo Mundo e mais uma boa dangarina, do que entre nus urn liomem de letras, niesmo um hoinem de lolras como os queria Andrietix , e como era decididamente o sfir. Costa e Silva. L'accord d'un beau talent et d'un bemi- caractere. Leiria 18Sk *. x, r. CORDEIRO, 45 PRIMEIRA EXPOSICAO SOCICDIDE DE FL0R4 E POMONA. O Jury noineado porSua Ma^estade El-rei <) Si'iilior D. I'V-niyiido, iia ijiialidade de Pre- • ideiile da Sociedade de Flora e Pomona, para coiil'erir os preinios da exposi^fio, a que a mesriia sociedade procedeu iios dias 12, 13 e 14 do mei! de maio, no Passeio publico, depois de examinar coiiveiiieiiLouieiite lodos os objectos, que concorrerain a exposi5rio, una- idiiiemente concordou no juizo se^'ulnte. Que so devem agradecinienloa as pessoas, que iinmediatamente concorreram para o mndo artislico e gracioso por(|ue as plantas alii reunidas foram disposlas, e se otTereciain a observa^'ao dos especLadores. Conliil)uiu para isso o conhecido boin goslo do sfir. Cinnati, e o do sur. Bonnard, jardineiro d' El- rei, OS quaes forani encarregados de lodo o arranjo do local e colloca^'ao das plantas, pt'la coniinissfio nonieada para levar a effeilo a prinieira exposi^:^ da sociedade. Ouiro reconlieciineiUo lia a tributar; e o que se deve ao publico da capital. Apesar de ter concorrido ;jrande nuinero de pessoas em todos os tres dias da exposijfio, e do llies nao Laver sido vedado o aproxitnareni-te de cada nni dos objectos, as planlas nfio sof- frerarn o nienor prejuizo, e foratn etjtregues todas a sens respectivos donos ein tao bom e-lado, como aquelle em que liaviaai sido iecebida«, p;rai;as ao extreme bom senso e docilidade dos liabitautes desta cidade. Neste ajunlamento de plantas, o que mais imtncdiatamenle feria a altenyao era o nia- <,aiifR-o t';rupo de vegetaes dos tropicos, que guarnecia a parte mais eminente das lianta- das centraes, tonipo^lo (pjasi lodo das nunie- rosas e niui viatosas Palineiras, Musaceas e Pandanaceas, pertencenles as colli'c^nes do jardini das iNecesiidades. Doniinava o centro tieste extenso grupo de plantas a niagcsto^a Latania borbonica corn a sua magriilka e brilliante i'olliagem. A imaginayao poderia fazer-nos crer transportados a essas regioes intertropicaes, aonde so e possivel ver e admirar a vigorosa vegelajao, que cliega a crear as brilhantes formas e ao niesmo tempo as enormes propor^oas, que as diversas partes dos vegelaes alii adquirem. De palmeiras os nossos jardins n'lo pos- stiiam mais do que a palmeira das igrejas (Pba;nix dactylifera) e a muito nacional palmeira das vassouras (Chamaerops hutnilis). A collec^ao d'El-rei o senlior D. Fernando veio alargar este estreito campo da observa- 5a^, e nos fez conhecer perto de mais quarenta especies nos generos Pha;nix, Cocos, Jub;ea, Latania, Sabal, Bactris, Cbamaidorea, Co- ryplia , Diplothemium , Saribus, Rhapis , Borassus, Drymopalseus, Acrocomia , Pi- nanga, Ceroxylon, Qualieirna, Daemonorops, Copernicia, Astrocaryon, Caryota, Attalea e Geonoma. Entre as especies desles generos (igurava o coco da praia dos brazileiros (diplothemium maritimum); o Ceroxylon an- dicola, notavel pi4a quantidade de materia gorda que accnmula na base das folhas ; o tJorassus tlabelliCormis, e a Corypha gebanga, palmeiras do maior prestimo na Asia, pelo sueco sacliarino e licor fermentado que ibr- nccem, jjela materia feculenla que Ilies apro- veitam do tronco, as cordagens, tecidos e variados utensilios, que se fabricarn com as suas follias. Podia Igualmenle ver-se entre as palmeiras d'El-rei urn coqueiro (Cocos nu- cil'era) bem desinvolvido e ppgado ao coco de qu^e nascera;era da quinta das Larangeiras do snr. Conde de Farrobo, idonde lambein veio un)a ouira palmeira, que se pensa ser do genero Acrocomia. E certo porem que esles soberbos vegetaes adorno e riqueza das regioes que habitam, pelos seus limites geograpliicos de 40" no liomisplierio boreal e 36° no bemisferioaustral limite, que diflicilmente transpoem, nunca poderao, mesmo no nosso clima, esperar em geral outro asylo mais do que o das estulas. O nosso Cliamserops humilis ja paga com sua liumildade a latitude, a que estende a sua babitagao: o Pluenix dactylifera, trans- portado de^de muito tempo do norte d'Africa para a nossa cultura, desenvolve-se, e verda- de, bem neste clima, mas nao fructificando niostra nao acliar nelle todas as condigoes do clima que Hie e proprio. Nao sera comtudo impossivel, que no menos desle mesmo modo se possa ohter a acclimata^ao no nosso solo, e especialmente no Algarvc, de outras palmeiras, que poslo perten^am a latitudes tanto oil mais austraes do que a do Plitenix dactylifera, tcnham alii peia maior aliura que liabitam, um clima que nao defira muito do nosso. O traballio e diligencias dos liorticultores intelligentes e per^eveiantea e que poderao resolver o pio- bleuia de-sa accliuiatajao ; nao podendo com- tudo deixar de recoiiliecer-se que na Europa a cultura das palmeiras, ou dos muito bem chamados princi|)os da vegetagao, lia-de ser sempre cultura so para principes, ou para e-,tabelecimentos publicos muito bem dotados; e (|ue nunca se devera esperar dessa cultura outro interesse mais, que o do esludo, e o do orriato dos grandes jardins. Sabemos que sua mage^ade El-rei o senhor D Fernando conseguira ter da Abyssinia se- mentes de palmeiras de regiao elevada da- quella parte d'Africa, e que estas sementes nojardim das iNecessidades poderam germinar bem. Prosegue-se em diligencias para saber ate que ponto se podera consegnir o sen de- senvolvimento, e ao ar livre. E um bello ensaio, muito bem comegado, e rujos resulta- dos liao de por certo interessar bastante nfio so a curiosidade, rnas a sciencia. As Musaceas tinham os quasi unicos tres generos que as conslituem, representados na 46 pxposi^rio. O ,i;eneio Miisa, de que so co- iilieciainos nos jai'dins as quatro especies. Miisa paradisiiica. M. sapicntiiiii, M. coc- ciiiea, e ]M. Caveiidiiliii ou sinonei?, nos inostra hoje mais seis, (pie sfio a M. macio- carpa, M. arj,'eiUea, M. violacca, jM bra- silicnsis, M. piimiUn, e a rniiilo engrarada M. zelirina; lodas das collec(;oi's do jardim das Necessidades. IgualdtMUe se via a Ilavanala madagas- c;ariensi6 do jardim do Liiiiiiar : e a Ilclicniiia liirturacea, II. vaneijala, e JI l)iiiai ; todas Ires do jardira das Necossidades. Todas eslas Alusaceas, novas nos nossos jardins, sao lanibcin, exceplo a ultima, de if'cenlc inhodiic^ao iias oiiiluras da Iviropa. As Cycadcas, alem da Cynas revoliita, e da C. circinalis, ju conliecidas nos jardins, cram alii rcpresonladas por Ires bons cxeni- plares de Zaiiiia, a Zamia picla,a Z. mexicana, <■ a Z. lanuginosa ^ lodos das collec^oes de Jil-rei o senlior D. Fernando, os primeiros que apparecem nos nossos jardins, e tainbem de recenle inlroducgao nos da Europa. Enlre OS exemplares de Cyeas fez-se notar o per- tencente ao sTir. Santos, pelo seu bom estado e niaior desenvolvimenlo; era do Cycas revoluta, especie alias que a observagao tein mostrado receber muito bem as condi^oes do iiosso clima. Deste mesmo expositor era unia outra planta, o Laurus cassia, uma das arvores da canella, e que mais especialniente fornece a da China; fazia-se notar pela excellente vegelagao e perfeito dcsenvolvimento em que se achava. As Pandanaceas eram represontadas pelo Pandanus utilis. P javaniciis, e iini exemplar daCarloduvicasobgea; exceptuundoa primera, todas tambeii) de recenle inlroducjfio nas nossas culluras, e pertencenles a primeira e terceira especies ao jardim das Necessidades, • ■ a segunda ao do Lumiar. Cliamava a altengao, por suas grandcs proporjoes, uin Crinum iiisigne do jardim das ^>ecessidades ; dois bons exemplares da Bonapartia gracilis, e B. jiincea, e duas outras Bromeliaceas floridas, que nfio vinliam nomeadas, mas que devem ser do genero Pourrhelia ou Tillandsia, das que vegelam simplesmento suspcnsas no ar. Contribuiam tambem para constituir o grupo central de plantas a Dracitna nobilis, a D. reflexa, a D. umbiaculifera, o Cal- ladium bicolor, o Dracontnim pert.isum, e uma nova JMaranta, a M. alro purpurea do jardim do Lumiar. Depois das Palmeiras e demais plantas, que temos indicado, e que assim sobresaiam no centro daexposigao, a alten^iio nao podia deixar de se fixar em duas grandes collecgoes de Coniferas, que se viam do lado esquerdo. Uma destas collecgoes e do jardim das Necessidades, e contava para mais de cento e vinte exemplares, a outra do sfir. Bento Antonio Alves linlia uns oilenta. Alem das Araucarias maisconliecidasexislia a Araucaria Bidwillii, c um exemplar com a indica(;fio de A. columnaris, cuja exactid.'io porem ficoii para nos em duvida li vista da descrip<;rio e estampa que vimos da A- columnaris no jornal Flore des Serves. O exemplar pareceu-nos ser da Araucariaexcelsa. R cerlo que as duas Araucarias aiidaram con- fundidas, o que prova a sua siinillian^a. Se iusistimos nesles pormenores e porque scndo o exemplar, a que nos ret'erimos , a verda- deira Araucaria columnaris, tornava-se uma novidade importante, mais uma especie que veriamos representada nos nossos jardins, per- lencente a um genero, que nos merece o inaior interesse pelo bem que o nosso clima tern liospedado outras especies congeneres, e pelo i'litiiro que promelte ii sylviciiltura do paiz. Quasi todos os Juniperus conliecidos, grande nuniero de Cuprcssiis, de Pinus, de Tliiiya, de Taxiis, de Cedrus tinliam individuos neslas collecgoes; alem disso, erain reprcsentados os generos Libo-cedrus, 'J'axodium, Ciyptomeria, Pliyllocladus Callilris, Biota, Dacrydium, r'renella, Chamiecyparis, Ceplialotaxus, Wi- dringlonia, Jletinispora, e Podocarpus. A co- lossal Sequoia gigantea, que no seu paiz, a California, cliega a ter tresentos pes dealtura e trinta pes de circumferencia no [ronco, lii tinha tambem um peqiieno representanle. Tambem os tinliam a Saxe-gotlncaconspioua, e a Fitz-roya patagonica, novissiinas especies introdiizidas na liorlicultura, e Irazidas dos Andes da Patagonia por um collector da casa Veilcli de Exeter, o siir. Lobb. Sao tambem arvores, que lomam grandes dimensoes, liabi- tam regioes frias, proximas mesmo aos gelos perpetuos, e que soffrem alem dos effeitos da baixa lemperatura o embate de forlissimas ventanias; dovendo por tudo csperar-se destas arvores excellentes povoadores para as cu- miadas de nuiitas das monlanlias da Europa. A Saxe-golliaea rccebeu o nome do Principe Alberto, de Inglalerra, a quern fora dc- dicada. A proposilo das Coniferas devem mencionar- se dois exemplares de Araiicaria-excelsa , obtidos no jardim das Larangeiras por estacas feitas com os ramos lateraes e enxerto nelles da cabeij'a da arvore ; um dos modes porque se tern conseguido mulliplicar a especie. Os dois exenqilares assim obtidos eram perfeitos nas suas lormas, e bem desenvolvidos. Mas <> problema da verdadeira niultiplica<;ao da Araucaria-excelsa por semente lia-de resolver- se em poucos annos no nosso paiz : attesta-o a Araucaria do Lumiar, que todos allipodem ver, actualmente guarnccida de immensas flores masculinas, e de bem formadas pinhas na sua parte si;perior, apesar da especie ser dioica; e promette-o principalmente o pequeno e interessante pinlial de Araucarias, manda- das plantar em Cintra por Sua Magestade El-rei o Senlior D. Fernando. O goslo pela cultura das Coniferas teni 47 augmentado muilo entre oi horticullores mais intelligenles. Procuram-se individuos desta ordem de plantas em lodas as regioes do globo, e fazem-se constaiites diligeiicias para as trazer as cuUiiras da liuropa. O motivo J obvio ; sfio arvores pela maior parte de maxiiiia utilidade por siias madeiras, resinas, etc. ; e muitas dellas giiarnecern ao tnesriio tempo agradavelmente os nossos jardins, pasaeios e bosqiies de recieio. Pode anlever-se quanlo ha a esperar da cultura das Coniferas em Portugal, refleclmdo-se que nas matas con- taaios apetias o Piuus maritima, o P. pinea, e o Cupressiis glauca ou cedro de Goa, que tao bem se accliniatou na serra do Bussaco ; e pondorando-se ao mesmo tempo, que a maior parte dos nossos terreuos moutauhosos e do littoral estiio sem arvoredo, alias tao indispensavel. Qiianto nao e por isso digno de appluso e de iriiitajao o exempio de El- rei o senhor D. Fernando, fazendo povoar, como o tern em parte conscguido, a serra de Cintra, deste tao valioso arvoredo ! A menos altenta observa(,'ao deixaria co- nhecer a todos os visilantes a variada collec- ^ao de craveiros tloridos do mais agradavel et- feito, a de muito boas variedades de Geranium e de Fuchsia; pertenciam ao jardiin das Necessidades. Outra coUecjao rica e visloaa era a dos llhododendros e Azaleas do Lumiar, alguns ainda em magnifico estado de tlores- cencia. Era igualniente para notar-se a variada collecj'io de Iris-germanica, de Gla- diolus, e de Antirrhinum majus, pertcncentes ao snr. Bonnard. Guarneciani tambem as bancadas, em grande extensao, numerosas petunias, parte do jardim de S. Pedro de Alcantara, parte perteacentes ao snr. Bon- nard. Appareceram tambem as petunias de S. Pedro de Alcantara, devidas aos cuidados do snr. Conselheiro Agostinho da Silva, que apreseiitou iguahnente uma numerosa e varia- da collecgao de amores peileitos, agradaveis Verbenas e Fuchsias, e alem disso um exem- plar da Swainsoiiia coccinea. Nao faltou dexposijao a bem conhecida e variada coUecgfio de Cactos do snr. Macha- do, unica desta ordem que existe em Lisboa. Os Fetos e Lycopodiaceas nfio foram esquecidos pelos expositores. Appareceram bons exeniplares de fetos indigena= e da Madeira, perti^ncentes ao snr. Alves. O snr. Alonrc'i apresentou um exemplar vistoso de Pteris elegans, e outros da Daval- lia pyxidala, de alguns asplenios, do Lyco- podium scandens, e o Plalicerium grande, feto curio^o pelas formas e niodo de vegela- 53.0, que pode obter, adherindo unicamente a uma taboa. Outro Plalicerium muito bem desenvolvido e curioso foi exposto pelo snr. Schmiltaus, a queni a cxpoaigao deveu tam- bem alguns bons geranios. Recommendavam-se por fim a altengfio por sen perfeito desenvolvimento, e boa cul- tura, por sua belleza ou novidade ass^guintes plantas, que os observadores achariam dis- persas por toda a exposijao. Pertcncentes ao jardim das JVecessidadcs : Rhopala corcovadensis : proteacea de muito recente inlroduc^-fio na Europa. Stiptia chrysanlha; composta arborea, e por isso menos commum entre as da sua ordem. Simplocos limoniedia ; simplocacea tam- bem de moderna introducgao nos jardins. Spathodea speciosa ; bignoneacea. Eugenia villosa ; myrtacea novamente in- troduzida. Stadmannia australis ; sapindacea da N. Hollanda. F^anciscea speciosa, e F. longifolia;«species tambem muito novas nos jardins. Theophrasta longifolia; myrcineade Carac- cas. Allanianda verticillata, e A. spec. ; apo- cyneas. Hexacentris mysorensis ; acanthacea. Coleus Blumei ; vistosa labiada. Clivia nobilis; muito mimosa Amaryllidea do Gabo de Boa Esperanga. iJ m Metrosideros em flor, que fora de pro- posito arrancado da terra para vir a exposi- Sao. Pertcncentes ao jardim do Lumiar do siir. Duquc de Palmella : Tres formosas Catleyas em flor, das quaes excitou a adniira^ao de todos por sua belleza a Catleya mossiai. Erica Cavendishii ; mui vistoso exemplar cheio de llores nmarella;, que todos igual- mente notariani. Diosnia crenata, ^ D. ciliata ; ambos tlori- dos. Jpomiea.Horsfeldii;especie muito brilhanle. Aralia quinquet'olia ; araliacea. Sehaidophylluni pulchrum. Ramos tloridos da Grevillea robusta, m'li da maior parte das arvores da mesma especie que se tern espalhado pelos outros jardins. Outros rainos tloridos do Philadelphus mexiianus, eda graciosaF'umariacea Diclytra spectabilis. E alem destas baslantes outras plantas de recente introduc^ao nos jardins da Europa. O snr. Marquez de Vianna, que do sen rico jardim de Cintra nao podia mandar vir, sem as sacnficar, maior numero de plantas das suas ju. muito extensas e bem escolliidas collec(;6es, remetteu para a exposigfio, conio docunientos daquella riqueza, rainos tloridos de muitas plantas de estima(;ao, e alguns vasoscom plantas inteiras. Entre esles obje- clos distiiiguiam-se boas Rosas, algumas Calceolarias, muitas Acacias, boas varieda- des de Azaleas, de Crataegus, a Brunia la- nuginosa, a vi^tosa Erica linoides, al,i;un5 Ribes, a Magnolite tripetala, variadas Ver- benas, alguns Phlomis, e cutras plantas que attestavam o vaiiado e subido erao de cullurit. 48 em que se aclia o.jardim de Cintra do mesmo sfir. Marquez de Vianna. O sfir. Ayros de S;i oxpoz inn exemplar bem creado do jaboticareiro, e oulro do cam- bocareiro ; e nao aprescMtou iiiais plaiitas, porque o passeio publico, reoiganisado por siias incessantes dilij;enciai , e todo elle uina exposijao conslante , e vivo documetito da sua aclividade e zelo que lem desiuvolvido pela liorlicultura. Do sfir. Bonnard, alem do que ja se re- feriu, appareceram outras plantas, das quaes podem indicar-se mais especialuienle as se- guintes : Xvlopliylla Innajifolia; cupliorbiacea. \\ eslringia a;raiidillnra; labiada vi^t03a. Hoteia ou Spiraea japonica; saxifragea. ]i,ueliia maculata; l)^'lla acaiiUiacea. Concluirenins e~ta rapida eiiumera^ao men- cionando aiuda uma pl.inta das expostas , Hiuito liumiide na appureiicia, e para a qual o maior numero de pessoas de certo nao preslou atten(;ao por falla de prevent o, mas que a merecia debaixo do porito de vista scientifico, e ainda aoutros respeitos. O seu nome era o de Tavaresia angolensis, e per- tencia ao sfir. Mom 6, a queiii a mandou de Angola o snr. Dr. Frederic WelwiclUz. O co- hhecimenlo da planla e fruclo das excursoes deste naluralista no solo africano, aonde esla. E' uma Stapeliacea, reputada forniar nao so especie, mas genero novo. Pelo direilo que assiste aos naturali^tas nas suas descubertas , o sfir. Welwiclilz escoUieu um dosseus amigos para llie dedicar o novo genero, e eate ami- go foi o sfir. 'I'avaies de jjacedo; ficaia por isso sendn a planla uma 'I'iivaresia, e o bom nome do snr. Tavares de Macedo, pnr erle mo- livo mais, vogislado nos livros da ^cie^cia A planla liabita nos campos de Loanda , perlo do silio do Penedo e do Cacuaco ; o seu lia- hiloexlerno e o das Slapelias, mas os orgaos floraes, segundo a observa^fio do snr. Welwi- chtz , affeclam a apparencia das Orohideas. A exi-tencia desla Slapeiiacea no silio aonde foi acliada, e por elle considerada tanlo niais imporlante, quanlo e sal)ido que na Afiica tropjcal se nao linliam ainda eneontrado es- pecies desta ordem de vegetaes. Coinpraz-nos ler esl.i otcasiao de recordar o nome d'nin naturalisla, a quern o e^Uldo da Flora por- tugueza muito deve , e que laml)eui prc^tou bom servi^o a liortieultura em Lisboa. Quei- ra a Providencia, que a saude e as forgas llie nao faltem , para preslar a sciencia os muilos servijos, que na actual situajao , elle |6Je fazer. Foram lainl)em expositores o snr. Pastor, e algumas outras pessoas, cujas planlas se nao mencionam , por serem de cultiira mais ronliecida; nao deixando por isso de haver motivo para agradecer a estes , como a todus OS outros expositores, a boa vontade com que concorreram ao cbamamento que se fez, e conlribuiram para guarnecer a exposigao do modo agradavel e satisfaclorio por que se apresentou a todos. 'I'emos ainda de fallar de alguns instru- [iieulos agrarios, que appareceram como que consliluiudo o fundo do gracioso quadro d'esla exposigao, a saber : um ventilador para lim- peza de cereaes c legumes, perteiiccnle at) snr Conde do Farrol)o, e exposlo pelo sen jardiueiro; e oulros objectos pertencenlcs to- dos ao Institulo agricola. Eulreellesse notava um carro feilo por um modelo, que o snr. Conde do Farrobo nianddra vir de llalia; consta-nos ler todos os seus movimenlos tao faceis, que pode conduzir, com inenos inconi- raodo dos animaes, o dobro do peso que os nossos carros ordinarios costumam carregar : a charrua de Domlia^le, a de roteagao, a de sub-solo, o arado inglez, o sacliador de Dom- basle, o belga de llo-.t', o extirpador de Griguon, e o rolo Kro^kul; inslrumentos todos de reconliecida ulilidade na agricultiira das na<;6es mais cullas, e quasi deseonlieci- dos ciitre nos E seria uma grave falta desle relatorio, se por ventura nelle nao agradeces- semos ao Insliliilo agricola do Lisboa a boa voulade e preate^a com que concorreu por estc modo a nossa primeira exposicao; es- perando para o fuluro da illustrada direcgao do mesmo Insliluto, que elle concorrera com osvariados produclos liorlicolas da suaquinta exemplar, para tornar mais variadas e mais complelas as expoji^oes da sociedade de Flora e Pomona; tornando-se ignalmentc por esle modo aquella utillissima instituic.'io mais prnveilosa ao paiz, que tanto deve esperar della. Quanlo ao ventilador, e'o que os francezes oliamam 'i'arare: oVi^ervamol-o Iralialhando, e podemos assegurar, que pieencbe muito bem o seu lim; extremando com a maior faoilidade o Irigo ou cevada liinpos, a pallia miuda, e a terra, que lem mislurada; o expediente deste appaiellio e tal, que no traballio regular de um dia e possivcl limpar ciucocnla moios de trigo. Suppomos scr um apparellio muito para r eommeudar aoj nossos laviadores, e cnja pralica devera subsliUiir com inuita vaiilagem o proccsso de arneirar o trigo antes de o recollier. O jury lendo a dispor, conforme o pro. gramma da sociedade, de Ires medallias de ouro, Ires de prata, e Ires de bronze, poz primeiramente lora da competeucia as col- lecgoes dos jardius reaes, como Ibe foi orde- nado por sua majeslade F!l-rei o senhor D. Fernando, presidenle da sociedade; e consi- derando todas as outras, inlendcu conferir os premios da maneira seguinle: Ao snr. Bonnard, director e jardineiro dos jardins rears, uma das medallias de ouro pelas planlas que expoz, e alem diiso pela pericia de que deu sempre provas no desempeulio do seu cargo como cnltivador. Ao sfir. Alves outra inedalha de ouro pelo zelo e saciiticioi que Ibe tern merecido a 49 liorticultura, e pela importanle collecjao que apresentou de Coniferas e de Fetos. Ao snr. Weis a outra mcdallia de oiro , na qualidade dejardineiro dosfir. Diiquo de Pal- mella, como bom e inlelligente cullivador, e pelas plantas que concorreu a fazerexpor, vindas do Lumiar, principaliiieiite acollec- Sao de Rliododendros , de Azaleas, [e Orclii- deas. Ao snr. Bonnard , filho, uma medallia de prata , conio jardineiro do snr. Marquez de Vianna, e pelai numerosas e bem cultivadas plantas vindas do jardim de Cinlra; especial- mente algumas Eneas, Azaleas, Coniferas, Acacias, e um dcs vislosos exeniplares da In- digot'era decora, que appareceram na expo- sijao. Ao snr. consellieiro Agoslinlio da Silva iinia medallia de prata, pelas cnllec^oes que apresentou do jardim de S. Pedro d'Alcan- tara, cuja cullura e sabido Uie merece espe- ciaes cuidado?, e como amador que e entliu- siasmado da borticultura. Ao snr. Pedro Maurieu uma medallia de prata, como jardineiro do snr. conde doFar- robo, e pelas Araucarias obtidas de enxerto que apresentou, bem como a maquina delim- par cereaes , cuja intioduc9rii) no paiz Ihe e devida. Foram considerados dignos de men^ao hon- rosa : O snr. Machado , como uni dos zelosos e intelligentes amadores da horticullura, e pela sua conhecida e estimada cnllecjao de Ca- cteas. O biir. Monnj, pelos curiosos exemplarcs de Fetos, e pela interessante Tavaresia an- golensis queexpoz; certo, alem disso, que o snr. Monro e um dos zelosos promotores da borticultura entre nns. O snr. Santos , pela sua bem desinvolvida Cycadea , e bem creado exemplar do Laurus cassia. Concluindo este relatorio , entende ojury que n(is podemos felicitar pnr esle primeiro ensaio de exposi^ao dasociedade, que corres- pondeu a quanlo podia esperar-se, tendo para isso concorrido principalmenle a muito deci- dida protec^ao que a cste ol.ijecln se dignou prestar Sua Mageslade EIrei o Senhrr D. Fer- nando , cujos desejos e diligencias e de espe- rar sejani correspondidas pela sociedade e pelo publico, a fim de conseguirmos a intro- ducjfio do niaior numero de plantas uleis , a sua acclimalayao , o maximo aperteigoamen- lo em lodo o genero de culturas, e a pros- peridade e bem-estar geral, que tudo isso necessariamente traz ao paiz. Por toda a parte as sociedades horljculas tern sido um poderoso meio d'alcan^ar esles beneficios; devemos, por conseguinte, enipe- nhar estorgos , para que a nossa. nao salisfaja menos o seu lim. Sua Magestade Elrei o Senhor D. Fernan- do visitou repetidas vezes a exposi^.ao, e acompanliado de Sua Mageslade Elrei o Se- nhor D. Pedro, e de Sua Alleza Ileal o Se- nhor Infante D. Lujz , dignou-se presidir o jury encarregado da distribui^ao dos premios. Aos mernbros do jury foi particularmente agradavel a impressao que Ihes fez o muilo conhecimento de causa que os jovens Monar- cha e Principe mostraram, percorrendo os objectos da exposi^ao; e o modo por que a atten^iio dos Augustos Visitadores se fixava justamente nas plantas, que por sua novida- de on oiilro motivo de interease a deviaui excilar. Sua Alleza Real o Senhor Infante D. Luiz, como quern Ihe era tudo muito familiar, es- colheu na collec^'ao dos pinheiros do sfir. Alves, e para niais completar a do jardim das ISi ecessidades, todos os exemplares, que se recommendavam pela maior novidade ou im- portancia das especies, e que mais inleresse proniettem por sua introduc^ao na nossa cul- turn. Uma tao esmerada educagao, como a que deinonstram similhanles factos, e' da mais liiongeira esperanja para um paiz, como o nosso, que tanlo precisa e tern a obler do espirito illustrado dos Soberanos, que o hao- de continuar a governar. As sciencias naturaes, que entre nos tern quasi sempre sido tractadas como filhas bas- tardas, nao obstante a dependencia em que dellas esta, immediatamente a resolujao de quasi todos os problemas do desenvolvimento social, teram por lim nos chefes do Governo zelosos protectores, porque teem ja, e terao quern as comprehenda e estime. Este solo fertil, e este bom clima do nosso Portugal convidam-nos incessantemente, e quasi ()ue nos arguem sem eessar do nosso inqualificavel atiazo nas differentes culturas; nos que somos dos povcs que as poderiamos apresentar no estado mais tlorescente da Europa. Mas se ao abrigo de uma paz im- perturbavel, e sob a direcfao de um Rei es- rlarccido, a Belgica pode reorganisar em 1326 a aniiga confraria de Santa Dorothea, debaixo do nome de Sociedade de Horti- cultura de BruxcUas, que e hoje talvez o typo classico das sociedades d'esta ordeui, qtie n.ao devemos nos tambem esperar da nossa Socie- dade de Flora e Pomona abrigada sob o manto de um Principe lao esclarecido, r> votado cordealmente a todos os progressos agricolas d'esta nos^a abengoada terra I N6> esperamos sinceramente que ajudados pela Providencia, e dirigidos pelo conselho tao competeiite e illustrado palrioti^mo de nosso Presidenle .Sua Mageslade Elrei o Senlior D. Fernando, desenipenharemos fielmente o nosso programma, e concorreremos de uui modo mui assignalado para a ptosperidadc de tndas as culturas em Portugal, que ^ao a prime! ra de suas industrias. .Mair/ue~ de Ficalho:^^. Harao do Castello de Paiva — Cactano Fcrrrira da Silva Eciruo — Duarle. Cnirm — Dr. Bernardino Antonio Gomrs. (^Diario do Governo.) 50 ESTATISTICA PATIIOLOGIC.V DOS HOSPITAES DA UNIVERSIDADE. BOUENS TRIMESTBE DE JANEIBO A MABQO DE 18oi. SIOI.ESTIAS. Febre F»slrica Febre inleriiJitlenle I I 8 !^ I 1 1 a 1 14 21 I 1 I 3 I I 1 7 17 Bronchite Ascile „ M Anasarcd „ ,. Diarrhea ,, „ Oislriic^ao do fia^o .... « Vermes , JJlceras no vcH palatino pendulo Febre intermitlcnie gastrica Angina Pnciiiuunia Pleuresia Iraumalica Gaslrile chronica Splenilc — Anazarm Cystile L'retrile Olibtalraia Rheumatlsrao articular ....••••• Riieumatisiuo articular clirunico Bronchite M Febre inlermiltenU Rhcumalismo articular chronica . ■ ■ „ Hemorrlioidas ■ Pvstvtas nas pertias Mania Asma Cephalalgia Gastralgia Apoplcvia Paraplegia Amaurose Tisica piilmonar ■ Ascite 1, Febre inlcrmiltenle Fehre inlermiltenle — annsnrca . . ■ ■ Febre inUrmiltenle — obslrucQuo do Ijoqo . ^ Anasarca >^ Aniavrose u Epistaxia „ ObalrucQao do ba^o Hydrothorax ■.■''' » Ascite — ObstrucQUO do bago . . • „ Tumpanite — Ictericia Hy 2 » >, 19 9 1 „ 11 1 19 81 84 31 14 lai 49 3 35 1 4 2 I 34 1 1 1 1 8 1 215 51 Movime7tto Exifltiam Entraram Sairam • Falleceram • Reiacao dos fallecidos para os entrados para os s;iido3 para todos os tralados (existeotese entrados) Janeiro Movimento de to.ias as enfermarias dos hospitaes (la itniversidade Existiara Eotraram Sairam Falleceram Rela^rio du3 fallecidos para 03 entrados para os saidos — — para lojos os tratados (exislentes e en trados) Homens 126 85 375 251 343 194 31 23 1;12,1 1:10 1:11 1:7,7 1:19,3 67 62 56 6 1:10,3 1:9,3 1:21,5 Mttlheres Fevereiro 65 59 67 4 1:14,7 1:16,7 1:31 MllTQO 54 08 77 5 1:17,6 1:15,4 1:28,4 1:14,4 Hotnens 18 Observarjes meteorologicas ' ( Teiuperatura ataiospberica ao meio dia Media \ C Altura barometrica a 0.° C Venlos predominantes Janeiro C"? C. mil 75:!, 759 S. e SE. Mutheres 10 3 1 0 Fevereiro 9.° 8 757,357 E. e N. Trimestre 209 200 15 1:13,9 1:13,3 1:18,4 Todot 239 632 538 5B 1:11,2 1:9,6 1:15,5 Marco 12.°4 757,831 N- e E. • Inslittjto (!e Coimbra n.°" 21 e 23 do 2.*' anno e n." 1 do 3.** O gabincte de physics, onde se fazem cstas observa^oes , apenas dista 13^° do hospital do colle^io das arleg. Tenlio comprehendido todas as enfermarias de homens nas estaListicas patliologicas de 1352 e 1853; mas n't-ste primeiro trimestre de 13o-l coinego a publicar so a estatistica das enfermarias de molestias internas, que se acham a men cargo. Nao ha grande in- conveniente n'esta restricgao, em qnanto nao se publicar uma estatistica geral de todos os hospitaes da universidade. O doenle de febre intermitente , que appa- rece na casa dos fallecidos, morreu da ascite que veio coinplicar aquella febre ; e os 14, que se acham na casa dos nao curados, sai- ram antes da cura da abstracgao do bago , mas depois de curada a febre intermittente. A cura da obstrucjao do bajo em 20 doentes de febre intermittente, e em 2 que entraram so com a primeira molestia, deve-se em gran- de parte ao emplasto de iodureto de potassio da Ph. de Lond. , juntamente com os de- sobstruentes internos. A um dos doentes de bydrocelle nao se fez a operagao, por ser ainda pequeno ocuraulo do Iiquido. O outro foi curado radicalmente por meio de injecgoes de partes iguaes de tintura de iodo e agna dislilada. Anterior- raente havia-se tentado , sem proveito , a mesma cura radical corn uma parte de tintu- ra de iodo , e tres partes de gua distillada. A morlalidade de 1:13,9 em relagaos aos entrados em todo o trimestre nas minhas enfermarias, e ainda a morlalidade de ]:11,3 52 lie loilo o liospiuil , coiuinun ollorecendn ex- iraordinaria vaiilagem sobre a morlalidade ilo liospilnl de S. Jose de Li>l)oa, i|ue foi lie 1:4,9 no mi'smo trinicstre. ' Com a media de 1000 doentps frasla o iiospital de S. Jo>e 130:000,3000 lois ininual- tiR'tite ^ ; e lodos sabeiii ijue , loiifje de haver tlfbperdicios iia boa admiiiislra^'io d'esta casa , ainda als'ims niplliorainoiitos se v;"io addiando por falla de meios Na inesrna prn- fjor^i'io OS liospilaes da universidade, com a media de 210 doenles, deveriam pastar ."•1:200^000 reis. Cusla acicr! O Lendiiiieri- lo dos bens dos liospitaes eslii teduzido, .•i:!)63jSloO rcis, qiiejunto a b 031t5'9IO reisa <|ue dii o lliesoiiro, conslilue iiiiia dotac^ao certa de 8:89O0'OCO ici;-. De leceita incerta apeiias tern a imporlancia dos pugamenlos militaio« das pra(;as une alii s;'io Iratadas , i]iie podciu dar 876jS)()00 leis ^ , e dns doen- les nito pobres que andai;i ))or 80^000 reis *. J-;sl;i pois reduzida a 9:8olgS0(>0 reis ' a re- ceita cerla e inceiia doshospitaes da universi- dade, qiiando estesdevenam frastar, em pro- porsfio com o de S. Jose, 31:200^000 reis ! ! Tirem os liospitaos da universidade da mi- seria em que se acham ; menislrem-llie uma •lota^ao regular e rasoavel , que a boa casa do novo hospital, no bom clima de Coim- bra, de pressa se converterii n'um dos liospi- laes niais concorridos eacreditadosdaEuropa. * Jornal de Pharmacia e Sciencias Accessorias de l.isbua n.*"^ de ftiveieiro . niar^o e abril de 1854. ^ O Hospilal de S. Jose e annexes em 1053. Opus- cnlo por Alanoel Cesario de Arauja e Silva . pa^'. I'jJ. ■* A media da rece'tta dos nitimos 3 annos foi 12:745^540 , mas figuram nqui Aerbas exlraordiiiarias com que nao poderaosaclnalmentecontar, como Sao — l.° lima graode parle dos 11:589^440 reisde;vencimentos niili- tares , que se achava em divida ao hospital antes d'estes 3 annos : 2." 914^040 reis com que a dotai;ao dos esta- belecimentos da universidade acudiu aos aptiros do hospi- tal: 3.° l;0005000;reis que deu a misericordia de Coim- bra , em virtude d'uma portaria du poverno. ^ Calculando 10 pra^as diarias no bosjiilal. ^ Vm pouco niais do termo meilio dosiiltimos 3 annos. A. A. DA COSTA SIMUES. Hcccbo am-sc na Bibliotlieca do Institulo de Coimbra, alcm das mtncionadas em o n.° 3 deste Jornal, as seguintes obras offereci- das por seus respcctivos auctorcs. poEsiAs por Antonio deSerpa, socio da A. R. das sciencias de Lisboa e do Inslituto de Coimbra. BOSgUEJOS BlOGRAPHicos, 0 abbade Correa daSerra e Felix'Aveiar Brotero, por Francisco Antuuio Rodrii;;ues de Gusmao, bacharel formado em medicina e cirurpia, sbcio do Instituto de Coimbra e membro correspondenle da sociedade das sciencias medicaa de Lisboa. A ORQAMSAl^AO DOS ESTUDOS MEIllCOS EM PORTUGAL, discurso proferido na sociedade de sciencias medicas de Lisboa pelo socio da niesma, Antonio Joaquim Ribeiro (ioraes d'Abreu, socio do Instituto de Coimbra. OS viNCULOs Eiu PORTUGAL, por D. Aiitonio d* Almeida 1." e 2." folhelo. coNsELHos TESDENTES A mETENiR, abrandar e curar a doen<;a dag \inlias, para o anno de 3 854, escriptos por .Antonio Jose da Silva Leitao. co^]PE^UIO da iiistokia de poutlgal desde os pri- meiros povoadorcs ate nossos dias, por Joaquim Lopes Carreira de Mello. ELEMEVTos nc -METniPHvsicA, por M. da Conceie'io R.irros. professor de phibsopliia racional e moral e priii. cipios dedireito natural, noseminano diocesano doBra-ra- a' SAtDosissiMA 3IEMUKIA da serenis.sima Princeza im- perial a scnhora U. Maria Amelia — folheto, jielo mestre da Finada. VAUIEDADES. RKPi.ANTAc.to DOTRiGO. — No jardiui bo- tanico de Cambridge fez-se uma cunosa ex- perieucia soliie a replanlagao do trigo. Havendo-se semeado em junlio algunsgr.HOs de trigo, um dos pes q\ie nasceram pareceii querer ramilicai-:-e. Arrancaram-no em agos- to , e dividiram-no em 18 partes, cada uiuu das quaes foi separadameiite plantada. As novas plantas que nasceram dos. rel'.enlOi la- leraes arrancaram-se no litii de seternbro , s(-- pararam-se e pjantararn-se novamenle. Ob- tiveram-se assim (i/ pes de trigo que licarain na terra todo o inverno. Em abril seguinte, e-~tes 67 pes foram outra vez divididos e pre. duziram 500 pes, donde se colheram 21:000 esjjigas, que deram 21 Uilogrammos degr;i05. Segundo a qiiantidade media de graos con- lidos em um kilogrammo, pode-se dizer que um so pe de trigo dividido e plantado repe- tidas vezes, produziu um niimero total dc 676:840 graos. {Cosmos ) RF.pvBLicA DK LIBERIA. — Este pequeno estado nascente fundado na costa occidental do continente d'Afiica, cujos cidad:'ios sao negros arrancados a escravidao e reexportados da America pela intluencia das sociedadcs abolicionistas, marclia co.m passos rapidos no caminho do progiesso. Esla sociedade negra procura imijar, omellior que pode, a oivilisa- jao do antigo e novo mundo. Ha pouco comejou alii a publicar-se um jornal que deve salisfazer u^ nccessidades inlellectuaes politicas e commerciaes da colonia. Este jor- nal denomina-se Liberia Herald- e escripto em iugiez, e sens redactores, edictores, im- pressores, etc. , todo o pessoal e exclusiva- mente composto de negros. (^L\4thenwum). RECTii'icAcAO. — ?so artigo — Enxofra- gem a sccco publicado em o n.° 24 do 3.° vol. deste jornal, conforme com o que vein no Journal d' /Agriculture practique, vem men- cionada a despesa que demanda a enxofra- gem completa de um hectare de vinhas. Se- gundo mr. Dubreuildevem recti ficar-seaquel- les dados do modo seguinte. Para um hectare de vinhas 60 kiiogr. de llor d'en.xofVe .... 21 I'r. 6 dias de traballiode uin homem 12 fr. total 33 Ir. A enxofragem a secco foi aconselhada em Franija por uma commissao official composta de mrs. Rendu, Bonbardat, Chatin, Du- bieuil e Ducharlre. i) Jiietitiit0) JOlllNAL SClEI^iTlFlCO E LITTERAUIO. CONSEI.HO SL'PEKIOH DK INSTRUCCAO I'lBI.ICA. — UEI.ATORIOS. INhTKLCl.AO SllEilOJt. Coiifereiicia de 28 d'ahril tie li;34. Senliorcs : — Para ciinipriineiilo Jas olirigri- 5oes impnstas pel' regulaiiicnto de 10 de nnvembro de 1845 tern d'apiesenlar-si' pi'la 3.' sec5ao (a d'inslnicgao superior) d'osle consellio iim relalorio soljre o cstado, e necos- sidades da instrncf'no superior no semestrc, que decorreu desdu ouUibro idlinio alpgora, acornpaniiado dos iiiappas correspondenles. Miiito imperfeito foi jii o que cm outubro proximo passado se apreseiUou, porqiie a maior parte dosdelep;ado=dnrnii5uliio superior tiao tinliam reriieltido 05 que deviam pelo arli;;o 37. ^. 4.° do sobredito regulamento; porem mais imperfeito lem de ser esf.e porque deade outubro alcgora iieniiuiii dos deieirados reinel- teu relalorio respectivo a esle semeslre: e tendo o consellio superior rcprescntado ja a S. M. em cnnsullas de 16 de jnneiro iillimo, e 4 do corrente, agnardain-se ainda a? provj- dencias, queS. M. iimiver porbem, para fazer cessar tacs faltas, que tornani inipossivel ao consellio superior o cumprimenio dos seus deveres. Adianle vai a rela^ao dos relatorios, que ainda faltam pertenceiUes ao anno findo cm outubro de 185?i. ' Dos relatorios, que fallaram em outubro, so veio posteriormente em 21 de dezemliro, o da universidade pertencente ao anno lectivo de 1852 a 18&3. Nelle se reiereni os melliora- mentos, que no decurso de todo o anno tiveram logar em cada uma das facwldades e estabe- lecimentos annexos para aperi'ei(;oamcnlo do ensino ; e se pedem providencias, e algiins meios para outros mellioramenlos, que nem o prelado, nem os conselhos das faculdacies podem adoptar scm serem auxjliados pelo governo de S. M. — Alguns dos niellioramen- tos nesse tempo ainda pendentes acliam-se ja concluidos, como a mudanga dos liospilaes para dillerentes edificios. — Algtimas das pro- videncias ja foram pedidas em relatorios ante- riores, como a annexagfio da cadeira de lingua hebraica para "rM. 5. 'tUlS^*-^ 54 relalorio. O l)'ccii loi frequentado por 316 alumnos; e fizeram-sc 1:247 exarnes prepara lorins paia maLriciilas na iiniversidade, iios quaes t'oram approvados neniine discrcpante 7CG, simpliciler ^2b!i, c ri-provados 226. A receila de propiiias de niatriculns, e cartas de formatura iiiiportou em I9;243j^l76 rcis, 0 a despesa toda da iiniversidade em pcs- soal, material, c expediente importoii em J3;670;^880 reisvindoa ficar solire o tliesouro ^OInenle a despesa de '6i^A^Q7:70b. Custou cada aliimiio incliiiiido os do lyceii, ao thesou- ro 35,^492 A'., reis. No relatorio d'esta scc9rio d'inslrucgao su- perior, apresentado em owlubro ultimo se dis- se, que o conseilio superior estava cuidando dos projcctos de regulaniento para desen- volvimciUo e execucgfio das leis de 17 e 19 d'agosto ultimo; mas agora declara-se que Ja ambos forarn devados a soberana presenja do S. M., scndo uiu — sabre jubila^oes, aposenla^oes, vencimentos dos professores em casos de liceuga, moiestia, commissao do go- verno, e dos substitutes pela regencia de ca- deiras, — e oulro a cerca dos coiicursos para provimento de substitutes extraordiiuirios na Iiniversidade e proraogoes dos logares do inagisterio superior. Alem d'estes regulamen- tos expediram-se desde 17 de oulubro ultimo ate' 2-1 do corrente por csta sccgao d'instruc- 5ao superior mais as 103 consultas, portarias e otTicios constaiites do mappa da secretaria, que vai junto ^ : no semcslre d'abril a outubro de 1853 tinliam side 26 as consultas, e as ordens para concinsos 64. 'Academia real das sciencias Conservatorio real Eschola Medico Cirurgica do Funchai Dita de Liiboa ' Consultas : Sobre propostas para cadeiras n Iransferencias de professores .... " aposenta(,'nes e jubilafocs com augmento d'ordenado >i V e continuajiio no magi- sterio n vencimentos 51 admissao a exarnes de Pliarmacia. )! varies objectos e informes Contra a rcpresentagio da Eschola Medico Cirurgica de Lisboa propnn- do a adop^ao dos e.tames vagos oraes. Propendo varias providencias para ob- star as cartas falsas no exercicio da inedicina Propendo a suspen^ao por 3 mazes do Lente — Lima Leitao . Com o regulamenlo para habilitajao aos logares do magisterio na univer- sidade e escholas d'ensino superior. Com o projecto de lei para o restalie- lecimento da cadeira de clinica cirur- gica na taciildade de medicina(/{<;so/- vida contra) Com o projecto de lei para augmento do pessoal na faculdade de medicina " — » — para compra de maquinas, inodelos etc, para a faculdade de pliilosopliia Propendo a separagao dos empiegos de Cirurgiao ajudanle e Fiscal dos liospitacs da iiniversidade Portarias e officios para coiicursos, in- formnyues e intima'goes 1 6b T03 COMMEMORACAO. Uma tri^te nova, atiavessando, lia pouco, as vagas do oceano, veio envolver-nos o cora- ^iio no crepe da augustia. Esconden-se mais uma existencia querida no p6 do tumulo ! O astro, que scintilava com uma ku tao , vivaz, tocou o occaso. Foi mais uma alma, que rasgando o seu fragil involucro voou para o Creador. A patria conta hoje de menos um fillio, o Ins- titiilo, um socio. O sr. Antonio Alves da Silva soltou o derradeiro suspiro no fatal dia 19 de Janeiro do corrente anno, sorrindo para a esposa que o estremecia, e para a mae que o idolatrava. Havia completado 31 aiinos. A sua morte foi pungentemente sentida por lodos. A im- prensa, tanlo do contincnte como d'liltra- inar, esqueceu os odios politicos para tribu- tar unisona a mernoria do distincto finado a homenagem devida li virtude e a intelli- gencia. Is'os faltariamos a um dever sagrado, se por Ventura n.'io viessemos tambem derramar uma lagrima de sincera saudade. Que de rccordai^oes nfio aviva aqui o nome do sr. Alves da Silya, aqui, em Coimbra, oiide die passou a quadra dourada da sua curta pcregrinagfio, oiidea universidaile Ui'ex- oruou a fronte com os laurels immarcessiveis da sciencia, onde a anliga Revista academica recebeu as primicias litterarjas do seu, entao, esperan^oso lalento, onde o Institute, desejoso d'esplendor, vendo-o ceroado pela aureola da gloria, o cliamou para o seu gretnio, e o considerou sempre, como um dos Ijibos mais predilectos I ? Jii que nao podemos ir ajoelliar sobie a camjja, que occulta as suas cinzas, mur- muramos uma prece fervorosa pelo eterno repouso da sua Candida alma. T0BBE8 B ALMEIDA. -* v>^>:^',— r*^ 55 A CONCORRENCIA. O elemento economico, urn dos ftindamen- taes da ordem social, tern lido scrnpro uina grande missfio a cumprir — a fusfio das indi- vidiialidades, e das na^oes : aquella inani- fesla-se mais particularrnente na iiidiislria e no commercio inlerno; esta, no conimercio exlerno. Desde que a indiistria sn relegoii para uma classe despresada e oppriniida, ate que foi emancipada pelas conqiiistas da egiial- dade, que vasto e vaiiado quadro se nos nao apresenta ? O escravo no eigastulo, o servo adstriclo a terra , o operario vergado debaixo da prepotencia do privilegio, sfio phases de opressao que, tristes sim, mas pro- gressivas em seus effeitos , forarn preparando para o future a absoluta emancipajfio social, o nivelarnento peranle a lei. Hoje que o credilo e a industria sao uma potencia donde se pode esperar que nasija um dos maiores elemeutos de inelhoramenio , a delertnina^ao da sua marelia e uma quesliin vital para a snciedade. j Que alrazo nao pode resultar d'uma errada dirccgao? Ifespaulia e Portugal alii estao a dar-nos djsto irrecusavel e triste testimunlio. Eslabelecida e garanlida a propriedade in- dividual, reconhecida, jjor isso, a legitimida- de do capital, mil questoes , tndas iuiportan- les, se aprcbontam no campo da economia applicada ; mas entre ellas levanla-se uma, que as dornina todas, e a da concorrcncia, laulo interna como externa-] queslao que so pode ser apreciada em face dos principios que expendemos de direito social , ns quaes doterminam a acjao do Rstado, influiiido e deleruiinando loda a vida da economia social. A queslao da concorrenoia pode ser enca- rada debaixo de Ires aspectos : em relaoao a sua nalureza, indagacao loda subjectiva , ou transoendente ; ao estado actual da socieda- de ; e a sua sorte fiilura. j A questao da concorrencia sera a queslao da hberdade, a mellior con']uisla da epocha actual, a ullima palavra do prngresso, o statu qxin para todas as gera^oes fiituras ? Ou pelo conlrario, filha do individualismo, e niae da pobreza, sera a concorrencia nm syslema de exterminio, uma tyrannia infaligavel para o povo, e para o rico um ameago permauenle ? Sera a morle da familia, pela miseria que vai derramar em seu seio ? Iia buscar ofillio do pobre ao bergo para bem deoressa Hie soffocar a intelligencia , e depravar o cora^ao , ao passo que Hie roe ocorpo? Sera finalmente a concorrencia uma causa niinosa para a burguezia, logo na sua infancia; a senten^a exterminadora do principio da egualdade? Em nosso entender, encarar assim a que- stao e collocal-a n'um falso campo, donde resultarao sempre consequencias exageradas , se nao lalsas para ambos os partjdos. A con- correncia nao e nem a melhor conquisla da intelligencia, absolutamente fallando : nem, t'lo pouco, o penr elemento das sociodades modernas, que haja de as conduzir ao precl- picio — in medio consistit virtus. As epoclias provocani os elemenlos sociaes , e estes trazem a mudan^a das epoclias. Re- provarabsolulamenle quaesquer daquelles ele- meutos cm si , sem indagar as causas que os provocaram , as circumslancias, em que pre- dominaram, as consequencias a que condu- ziram, e sem apreciar, em sum ma, todo o nieio social , em cujo centro se dcsenvolve- ram, e querer recusar a obra da humauida- de, langar sobre ella o stygma d'uma ropro- va^ao absoluta, e, aproveilando-nos dos seus traballios , nao querer bemdizer a niao bene- fica que os prodigalisou ; e legar um Iriste exemplo as gera^oes I'uturas, que egualmente nos poderao pedir contas dos nossos traballios, e despresando-os, lanijar sobre sobre nos o analliema que fulminamos contra as gerajoes passadas. ln^lilui5^lo alguma social, embora defei- liiosa em si mesma, deixou de convergir para o futuro desenvolvimento da liumauidade. Esta nao progride senfio pela lei da serie, e pnr isso qualquer elemento social exige que o analysemos em liarmonia com o meio em que se desenvolveu , e que o provocou. E o que succedecom a concorrencia: germend'uni grande desenvolvimento social , apresenta-se nns como um elemenlo de transijfio que aca- bara, logo que tenlia realisado o fim a que se dirige. ■^ Porque ordem de successoes desde os pri- nieiros tempos liistoricos, nao tern passado o elemenlo que linje cliamamos burguezia'!' Sujeilo ao duro dominio do senlior na anli- guidade, realisava, como escravo , os mesmos misteres cpie hoje cumpre como livre ; ffuarn por uma parte necessaries seciilo^, e todos os Irafialhos tlieoricos d'uma religifio de egual- dade e amor, todas as lucubragoes da pliilo. sopliia ; e por oulra parte , toda a importancia resullanle do seu aiigruento parallelo com o enfraquecimento dos sens doruinadore* , para que elle alcangasse saeudir o p6 da abjccjao, e respirar n'uma almospliera mais livre. Mas esles passes ainda o nao emanciparam de lo- de : se o escravo da antiguidade nao permaue- ceu lao ligado ao sonhor, foi para ficar prozo a terra pela servidao da gleba. Elemenlo vicioso, como as prelerilas formas sociaes, n feudalismo nSo podia aspirar a perpetuidadc sem dar um desmentido anaUireza liumana ; linlia de caliir aos golpes da philosophia dos seculosXVII eXVIlI : foi o que suc-cedeu ; e a burguezia sentiu aproximar-sc a liora da sua emancipa(jao, com e cahir do privilegio. Pore'm e desmoronar do principio feudal, e do privilegio levou, coino ja niostramos, an principio da grande centralisa^an, que, como meio forte para fazer face as tendencias reac- cionarias do individualismo poderoso queaca- bava de ser derrecado, foi antes uma ncces- sidade do que um abiiso. Com quanto porem jO dcilii vicisem bens relatives, porque em gran- de parte t'oram ossas as toriiias provdcaclas pi'las lu'CPssiiladus das epoclias, isso iifio im- pediu tpio sirndliaiUes foruias iiivolvessein em .-i vicios radicaes, q\ie apressarain cada vez iDais a sua riiliia. A liiimaiiidade iiao para. Apeiias euiaiiripada do domiiiio do privi- le^'io excliisivisia , a biirf;iiezia ii'io nos pare- ee haver-se acliado desde logo preparada para I) systeiiia nidiislrial a que a iiossa epoclia se encaiiiiiilia, o qual symbolisa o fiiliirodasocie- dade, o triuiiipho seifuro da iiidividualidade. l)e fiijlo, iiiio teiido cessado rapidameiile os elomeiuos quo, decaliindo, davaiii loijar aos iiovos , porqcie lal ea iiaturoza dascoiisas, t'jia iiiflueacia secimdaria que os velbos ele- nientos de t'or^'a ficam exerceiido em os no- vos , coiiatitue a parte que priiueiro scvai, em cerlo modo, gastando, e cedeiido li ac<;ao do novo principio, e assim progressivamenle : e per isso que; a queda do privde^io nao arrastou comsigo todos os tnonopolios, que no systema actual constituem a sua auonialia. Aproximando estas con=idera^oes geraes da organisa^ao inoderna da socicdade, e espe- (.•lalmeute d'uin dns seus elementos vjlaes, a concorrcHcia, vemos nesta, nao obstante os alaques que so Hie teni tVilo, o elomento que ha de provocar no futuro o systeuia da graa- de associaijao livre. 'J'odos OS elementos que conlradizem a constltuiy.'o moral do homera, sao, por isso io, anom.'ilos na ordeui social, e quando lega- lisados, tpem sido elles que, pela major parte, derail! origem aos successlvos cataclysmos por que a ordom social lem passado na suc- cessao dos tempos. A liberdade e' um desses elementos tonslitutivos do homem, que e mis- ter respeitar sempre; d'outra sorte desceria a personalidade da altura em que deve deseu- volver-se: assim e one a liberdade de impreii- sa, a liberdade de suI'lVagio, e de reprosenta- ^'ao, a liberdade de cojisciencia, a liberdade de escollia em todos os fms liumanos, quando nao Iranscendem os lindtes do direilo, sao conqui^tas theoricas, que a liumanidade nun- ca mais abandonara, mas antes procurara alcangar-llies garaiitias reaes. liste principio, em nosso entender, niio pode solfrer excep^'fio abioluta e radical em qualquor dos meios, que o homem empregue para realisar o sen destino sobre a terra; elle e que deve servir de guia no exterminio das anomalias, que impedindo a sua acjfio desafrontada, causam perturbagoes, que nao contemplaremos agora. Se as conquistas progressivas da liberdade se devem os passes que a liumanidade tern dado desde o sea comejo, cada um dos quaes e um tesljmunlio indelevel do predorninio da- quelle |)rincipio sol>re um ou outro ramo da activid>ide bumana na sua realisajfio exterior ; pretender agora destruir esse elemenlo natu- ral do homera, e do progresso, desde as pri- meiras idades, e pretender iiuo so buscar um meio de aperfeigoainciito liumano n'uma mu- tilajao, mas ate despresar os Osiorjos foitos pela liumanidade, de-de o sou berjo, para obter a sua eniancipae^ao; d utn delirio simi- lliaiite ao da preteudida I'olicidade d'um esla- do de natureza i'cira da sociabilidade. Ao nossO parecer, pois, todus os eusaios repressi- vos da justa liberdade para nielliorarom a soeiedade, levariain ao resultado oppoato. O reinado da cecraviiJao ja vai tao longe que nao iia retrogiadar para o seu principio fun- damental; no I'uturo, nao ja uo passado, e que esta o destino da soeiedade; o passado eiitra na graiide evolu^ao social coma meid organioo, e iiuuca eomo tim. Em nosbo tempo uns exaltam a liumanida- de ate o extremo, esqiiecendo-se das suas im- perfeiyoes, desconliecondo ate a pujsibilidade de novos progressos; outroa, laii(,undo mac dessas iiiiperf'r'ier,e>, deprimem a liumanidade. ati' o aviliauieiito. O ipie notamos na aclua- lidade acliainol-o cgualiiieiile realisado nas apreeia^oes do passado: Jlerder e Dunoyer attacaiu l{nma de IVeiite, e ella parece suc- cumbir ao5 srusgolpes; Montesquieu c Lau- rent engrandocem as suas vittudes, e ella se nos niostra oomo unia republica de heroes, j Haverii tal coiitradij.io no campo da reali- dade ? Por certo que nao : e porque uns apro- veitam os claros, outros, as sotubras do qua- dro. Similliantemento, na ordetn industrial nao tem I'allado escriplores, desde remotos tem- pos, que teidiani atacado a iiiduairia conio iiieoiiciliavel com oespirito de liberdade. Nas primeiras epochas da soeiedade, a indiistria era alacada por servir de obstaculo us pai- xoes guerreiras sobre que se bascava a soeiedade de entao. Alais tarde notaram-se-llie os def'ei- tos opposlos, e a industria t'oi considerada couio um incenlivo para a guerra : o raal d'um estado commerciante e o ser condemna- do a fazer a guerra, diz Bonald ; o que cousti- tue o |)roveilo d'um, causa o dainno do ou- tro, argue Montaigne; se uma fortuna se augmeiila, e mister quo as outras se dimi- nuam, condue (.ialiani ; Kousseau nao acre- dila que na soeiedade possa haver inleresse eommuni. Por outros a industria e accusada de ser um principio de duprava(,ao , materia- lisaudo o homem; de malar a )magina(,'ao e o gosto ; de substituir o ideal por uma reali- dado grosseira, depravando as artes da mesma maneira que corrompe os costumes. Outros, pelo contiario, veem na industria o mais po- deroso elemenlo civilisaclor ; ocentroem roda do qua! se tem desonvolvido a hiimaiiidade, 0 ate, sem se elevareni ao ideal da industria, veem nolla a imagein da realidado, a que julgam unicameute dever attender-se. Mas nos ainda diremos que do anibas as maneiras nao se I'az uma exaeta idea do eleincnto in- dustrial. Os primeiros alliibiiem I'l industria o que nfio podo ser coiisidorado como sua cousequencia necessaria , mas sim o resiillado de mil circumstancias viciosas, ipje mancliam 57 a sociedaJe: os ses^iindos dao nnia errada idea de industria, n.'io se elevatido aos priiici- pios siiperiores que a doniinadi, e nfio apre- ciando as conseqiiencias civilisadoras a cpie conddz otrabalho intellipente. Conlirtiia. i. B. da s. f. de c. MARTENS. A POESIA SLAVA iNO SECULO DECIMO-NONO SEli CARACTEB E SUA OllIGEM. O facto mais notavel da historia das litlcra- turas slavas no seculo XIX, e o de voIuuxmii outra vez a poesia de ra^a e us origeas po- pu lares. O respeito pelas tradi^oes aacic- naes, e que distingue essenciahneiitu o inovi- meiUo actual destas litteraturas dos periodos d'iinitafao e de teiilativas iricolieieiUes que o precedeiain. Dcade o seculo XV ate ao seculo XVllI pode com et'felto alfiimar-se, que a poesia Slava, nos seus rrionuuientos escriptos, nfio passou de unia reproduc^ao, mais ou menos fiel, das litteraturas da Europa ger- manica ou latina. Pelo cniitrario no secido XIX, uina vida nova se infiltrou nesta poesia e o gouslo ', restituido ao aprejo antigo por grandes poetat, foi substituido, coino f'onte d'inspirayfio, as influenciasestraiigeiras. De=de entao. com o elemento uacioiial, a origiuali- dade e a vida se mostraui tauto na litteratura escripta dos Slavos como na sua poesia po- pular. Eate novo despertar, que ainda se esta coin- pletando debaixo dos no^sos olhos, todo eate moviniento contemporaneo de renascencn, e para onde desejamos parlicularniente dirigir OS nossos estudos. Como e que se operou este moviniento; como e que alcanrou triumpliar esta intliitu- cia do goudo'^ que rela^oes se podiam esla- Lflecer entre os novos poetas e os cantores pcpulare= ? E esta a primeira questfio que cumpre e.Naminar, e que nosobriga a aio^trar o latjOque liga a poczia doa rapsodas ou gouslars, que e lioje a base da poesia coutemporanea dos Slavos, a vida desles povos, e as suas crenjas mais vivas. Se conseguinnos csclare- cer este ponto, o estudo do movimento poe- tico actual dos Slavos deixara de ot'ferecer- nos obscuridade. Coinpreliender-se-ha entao como a poesia dos sabios soube aperfeigoar OS elementos foriiecidos pela poesia cantada, e sera facil recouliecer asobras que resullaram desta alianga da inspirajfio natural com o geuio disciplinado pelo estudn, enriqueoido pela sciencia e pelas experiencias modernas. I. O segredo deste imperio que o gouslo esta lioje exercendc, acha-se no proprio caracler * Llt\a\xo deste nonie coraprehende.se a poesia nTio esc-'iptii, cle que os rapsodas tla\u>. tocadores du gouslo ou goiis'a, sau os depo.*Uarios. de ra^a, cujns inetinctos elle re(lect<' pro- fiindamente. E por issoquco genero do maravi- llioso ou do ideal que llie e proprio se resume n'uui culto geral da naluicza viva, e este culto e' a feicj-ao dislincliva das popula^oes slavas. Podem parecer extravagantca as superstigoes que perpotua, mas li cerlo que conservam a nacionalidade ; pelo eiicauto das alias recordacoes, ellas relevani aos cllios dos opprimidos as tristes vulgaridades da sua vida actual. Lavradores, mais que ludo, os Slavos acliam-se por mil modos ligados com os plienornenoa do muiido pliysico, sobre os quaes o sen genero de vida os obriga a ler os ollios constantemente abertos. A sua poesia aclia-se assiin compenetrada com o caracter das esla- 5oes, com a cor dos lag-os, das nuvens, das florestas, e do proprio solo em que se radicou. Os Slavos como que tern conservado uma re- corcla5rio vaga daa antigas cren^as da metem- psvcoae, e nas suas legendas dao sempre aiiimagfio a toda a natureza. O papel que diatribiiem as feiticeiras ou vilas corresponde a esta lendcncia do genio slavo. N.ao lia fonle, nem collina, que nfio teiilia por guarda uma feiticeira ou vHa. Eatas nymplias erase represenlam propicias, ora inimigas; cavalgam atravcz das florestas em animaes incantados . a noite dansam todas em roda a borda dos ribeiros; tomam-se as vezes de amores pelos mancebos, mas niinca se deixam apanhar. Como as vilas, tambem as aves sfto objeclo d'lima especie de culto. Contam as mullieres servias como uma me- niiia, que perdera sen irmfio, iiuncase piidera oouaolar; e a for^a de gemer e cliorar, acabou por ser transformada na ave lastimosa a que lioje se da o iiome de cuco. Eata ave e o syiiibolo dos funeraes, e muitas vezes se en- contra represeiilada na cniz dos cemiterios. Na Piussia, na' Polonia, por toda a parte, o grito do cuco faz nascer presentimentos bigubres e aniiunoia as desgra^as das familias. Em quanto ao rouxinol, syniboliza para lodos OS Slavos a tristeza; e quando de noite se ouve a sua voz, e p-ira os amantes urn presagio d'iufidelidade. E por isso que se le n'uma krucovkika ' ; n Fallou verdade a avezinha melodioaa que, esta noite, no bosque, me annunciou trail i(;'io ! — Nfio, nao sera a mi- nlia noiva, aquella que lan^ou a oulros um olliar de meiguice. As aves apparecem muilas vezoa feilas mcnsageiras de Deus. Os Bui- garos conhecem nos seus Balkans uma especie d'aguia, que dizem parte para o Jordao, qiiandosellieapproxima a velliice. Banliando- se no rio sagrado, recupera uma plumagem branca, e vojia para as suas monlaulias pura e remogada. D'alii a origem da aguia branca. Em todas as can^oes guerreiras dos Slavos, o cavallo faz sempre para com sen amo o papel de conseilieiro, de sen companlieiro in- telligente. E assim que Marko, o fillio dos ^ Canliga para dan<;a. 58 reii on krals, consuUa a 5iui cavali;adnr.T, o I'amosn Charats, iias circumstanciaj dilUccis. E c C/iarals que clioroso aniiuncia a Maiko que lucve vae morrer. Quein iifio coiiliece as apostrophes conlinuadas do giierieiro polaco ao seu cavallo? Qiieiii igiiora que os Cosacos do Don amain os seus cavallos quasi coino o Arabe ama o seu. A niesma iiispirayfio que por esla foruia idealisa os animacs, iiiulliplica as person ificajoes da naluieza iiiaiiiinada. As ujonlaiilias, os rios, tomam parte tauto nas alegrias torno nas penas do liomem ; auxiliani OS heroes com os seus consellios e combateni a par delles como os deiises d'Homero coni- baliajn a par dos Gregos. Assiui, no canto bolieniio de Zabin, os rios que o exercito vi- ctorioso vae enconUando successivamenle na sua passagem, sepullarn nas suas ondas os Aleinfies, e lanjam os Tcbeki)S saos e salvos sobre a outra margcm. O Danubio interrogado rcpelidas vezes pelos Servios, responde quasi sempre inoroso e aspero, em barn)onia com a lurbulencia das suas aguas. n O'Danubio, rio proCinido, por que assim corres tain fogoso ? l''oi o veado com as suas pontas ou o voievoda Mirtclieta com a sua langa, queni te ha turvado a limpidez da tua corvente ? NTio e o veado com as suas ponta«, nem o voievoda Miit- ohela com a sua lan^a, quem lurva o cristal das minlias aguas; sao essas raparigas mal- ditas, que, todas as manhas, veni ;is niinhas margens arrancar flores, e lavar as suas brancas faces, ti Represenlam-nos o Danubio como muilo amigo das dangas ; tem-no em conla do piimeiro niestre de niiisica dus Inca- dores do gousle j e e elle quedirige os choros Iriuinpbantcs dos guerreiios. Esta considera- jao dada aoseu rio pelos Illyro-Servios eslen- deu-se ate ii Russia. Um arclieologo de Mos- cou, jNIalsrul', no seu livro das tradigucs rus- sas, cila uma cangfio de mvujik, que diz : ^. Danubio, Danubio nosso, os mogos te con- vidani a que venhas presidir-ilie as dangas, e assentar-te nns nossos Cestins. O Danubio, o joven Danubio veio assistir as nossas festas religiosas, assentou-se com nosco nos ban- quetes, e tocou-nos lindas cantigas para a danja n Cumpre porem nolar que para os Rus- sos e' nas margens do Danubio que de ordinario se pafsain as scenas mais lugubrcs das suas legendas, o assasinato dos seus heroes, a der- rota dos exercitos, ou a desesperagfio das raparigas abandonadas pelos seus arnantes. Para os Russos, o Dan\ibio e um rio inimigo; ao contrario do Volga que e uma ribeira toda amiga e benefica. Chamani-llio em todas as cangoes a mde volga, do niesino modo que OS Alernaes chamain pae ao Rlicno. O Don e tambein para os Russos o objecto de um culto snperslicioso. Um poderoso genio preside li sua origem, nas profundezas do lago de S. Joao, perto de Poula, na Jloscovia. O Don, como um fdlio docil, obcdece ao inqjulso palerno; corre tranquillamenle pelos steppes, e entra no mar com o norac de rio manso ( Tskhy-Don.) FiMaimcnte na poezia do gouslo, as estrel- las, OS ventos, as doengas eo raio fidlain, teai paixocs como o liomem, eentram como actores na sua vida quotidiana. Uma cangao servia da Bosnia mostra-nos uma menina, que, erguendo-se, sauda a eslrella d'alva e a in- terroga sobre o seu noivo. II Salve ! estrella Danitsa, minha irman ! Tu que passas d'oriente aooccidente por cima do Ilerlsegovine, ves lu la o men voievoda Stevfio ? As porlas do sea bronco Iconak. (palacio) estilo abertas? Manda clle sellar o seu arabe fogoso ? Estii a armar-se para vir ter com a sua noiva? — A estrella Danilsa Ihe responde com suavidade: — Minha linda irmaiizinha, eu vou de oriente a occidente, passo lodas as manhas por cima de Her- tsegovine, e agora estou vendo o hello voievoda Stevfio defronle do seu konak. As portas brancas do seu palacio eslao abertas; o seu cavallo de telizes doirados o espera todo enfreado; o heroc arma-se para ir ter com a sua noiva escoUiida. Mas essa 'noiva, nao es tu. )) Contim'ia. VM BANHO NO TKJO. e logo jiresa A vontfide senti de ttil iitnncirn Que inda nao ainio coitsn fpie mats f/ueira. Camues, Tt'jo , Tl'jo , oncle levas tnas onHas , Que as quero seiriiir, qiiero puiiil-as IJt; inisart'in . loiicas , imprimir mil l)eiJ09, Nas puras lares , nas donraiias tran(;aa , No niveo cullo, nos airosos brai;o3 , No peito virf;:iiial K) + K,'{x„)] — etc. Se fizermos j^ =^j:= .S", = . . . . =^n 5 e designarmos por cj sua commum grandeza ; lauto a equagfio (2) como a equa^ao(3), poderao escrcver-se : (4) <- (-r.) — * (■^o) = ^ 2 vI-J-.) + , „ 2 ¥ ' (^O + 7-^ 2 9 "Uo + etc. (5) -K-^O — '!'('^J = *2'9C^.O — /:j29'(^.)+T^2?"(''-0-'=Lc. Cada soinma indicada per 2 t^ni " lermos que se formam , na primeira equajfio , dando a i todos OS valores desde r=0 ale i=n — 1 ; e e isto o que pertendemos indicar, pscrevendu 2 anles de 9; do mesino modo discorroreraos a respeilo da segunda equa(jrio. Sotnmando (4j e (6), e reparlindo por 2, tacilmenl.e acliarfmo^ : (G) K-^-") — 'K'^.)='^2¥(.n) — — [a(.r„)+,p(a:Jl + t5i S" ^'"^ ~ lit' "^''" ^ + ' "^''"^ '' Farainos )n = a{x„') — oG^o)- »«';== o ' (j^™ ) — o'{x^): m'' := o'' {.t„) — o"(a:J: elc. : e tanahem >^,= 29'(x.): - + 2 : a? + z^ + ^ : jr + !> + 2J : admittiremos que o numero dado de ordenadas e impar , nu que ar„ — Xo se compoe de uni numero par 2m de paries iguaes. Ora ou o numero dado de ordenadas e impar, ou se pode reduzir a isso pela interpolagao. Posto isto, sejam a, 6, c, os parametros, que pertencem ao arco parabolico, que passa pelas extremidades das ordenadas , cujas abscissas sao x + iS : x -\-iS--\- S : x-\-i^ +2^ : teremos : ? (or.) =0 + 6 (.r„ + / S) +c (i. + tS)': ^{x,^,) = a + b{x^ + iS + S)-\-c(x,+ i&-lrrj': logo «, (T.+,) - 9 (.r,.+.) =: 6 ^ + c [2 x„ + J (2.- + 3)] * : '9 C^i) - (2'.) = 6 * + <^ [2 ^. + ■^ (2/ + 1 )] -J •■ ou 9 (^'0 — 2(p (cr,.).,) -[-o(.r,.).3) zsSciJ' : que eo mesmo que: 63 (10) 2[y(x,) — 29(^.+,) + t(^.+^)]=4«*'- As derivadas de a (jr) dfio : /(a',) = 6 + 2c(a„+i/) (p'(a.-,-j_,)=:6 4-2c(a;„+J> +2^). Destas duas equagoes resulta : (11) S[cf'(xi+,) — f'{xi)] = 4,cS- Das equagoes (10) e (11) conclue-se : (12J ,' (a:i+0-9' (A) = ?t?(xO-2o(.T.+.) + 2^:i:..) — 2[v(a.-,) + 9(^.0 + 'f(^Vs)---+¥('^="-')] + 2[9(^J + 9G'--,,) + 9K)..- + 9(^.-)]( Mulliplicando toda a equagao por -, podetnos-Ihe dar a forma : (13) -il[9'(a:^)-9'(^J]=23[9(.:r.^)-9(^.)] — -3 [9 (a:,) + 9(3'.) + 9 (^ J +9(a^::<»)] A equac'io (8) pode pois lomar uma nova forma pela substituigao do valor (13); para o que em (8) faremos n = 2m, e deapresando 03 termos , em que S entra iia quarla potencia, virii : + (-■^2^.)— +('^.) =*[?('^o) + * It ' — .:,[¥ K) + 9 (.2--.) + 9 (■^■.) + 9 (•^•,) +9 (.r,,) I — tJ[9(^^)+9(^.,)]• Iletlectindo n'csla somma, ve-sc facilmontc que: A somma dos tennos coin iiidk-o irnpar, e: + J {2 [, Gr,) + a (.vj + 9 (^'J .... +;9(''-.™-.)l I : A somma dos lerraos com indice par, e: Finalmentc, a quarta linha podc esciever-se : 2i (I -I Logo: 2^ -K-r.™) — 4'(^o) = y|[9(^,)+9K)+9('^-.) + 9(-^:) + 9(^-=".-.)] + [ 9 (■^o) + 9 ('^,) + 9 C-^:) + 9 (^-J + 9 (-Cj +0 (x,™) j Ou tambem : Qi c (J'l) . . . . ^, (a-,„) _^, (^J = -|[^ (a;„)+9 (:i'.+^)+9 (^.+2'^)+9 {■^o+3S). . + 9 (a'.+ S;;)*)] + [ 9 (arc>+^)+ 9 (x.+Si) + 9 fx.+ &^J. . . . + , (.r„+ (2m-i;*)] O primeiio multiplicador de — , na primeira linlia, e a somma de todas as ordcna- o dat : a segunda linha, contem a somma da scgimda, qiiorta, sexla,. ... , ordenadas ate d pemdtima : em_ fim a ultima linha , e 3. scmi-somma das ordenadas cxlremas , tomada com o signal menos. Continua rcpino giebba OZORIO. i) 3n0titiitir^ JOUNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. r C.IIVERSIDADE DE COIlI!{RA-ftOGR\l!5I.lS. FACULDAUE DE ME^CISA. l8o3— 185'f. 2.° ANNO. _ CiDEIRA PB FHYSIoLOGlA C UVGIK.\H. COaiPHNDIO J. J. DC M(-:LL0, PRI.IieiRAS I,IMTA3 DE PHVSIOLO(»[\. J. r. V. gALa'aO — CUUSO ELCMUMAlt Dij HV(;ir,.\r. Lenle — Or. Jeronymo Josft de Mello. PHYSIOLOGIA GEIIAL. Defitii^^lo. Divisiio. Ente.o oriranicos, e aiiorcanJcos. Caraclered cominuiis — tlilTerenci.ies— viila — inoprieiladns vilnea — iirupri'-dadcs pli^sicaiS, e rhimirjts — relai^rio (IV'stad e (Jas vilaes. ImiMinderaveis — ucruo d'esles iins corpus vivos — Leis conslaiites do priiicijiio vital — vida or;;.itiic.-i, e animal — Curao ciieiranios ao conhecimenlo diis for<;a3 em i!;erdl— coiiio nos elciamos art daa vilaes. Phi'iiouifiius coiumiins a ciilea or^anicos e aiiurganicus. PIIYSIOLOCIA ESPECIAL. San:;ue — qiinnlidade no homfni — qiieslSo dc homo- geneidade — vid.i no s.Tni^rie — IransfiL^riu — furm.ir^to t\o uanicne^compusirao physira — ronipusierio rliiuncii. Circulanrio do sanpiif; — ireral — rt-.-pirator ia — ["-rt.d. — CircnUi;iio nus \ejleln\idus — nos inverlehnulos — Cur i- ^iio ronsiderado como ceiilro de circnia(;rio — Acnstica do corarao — Arierias ; sna ac^-iio na cirenla^rio — Syslc- ma capillar rnliro — vcla-i ; aci^iio d't'stas na circuIn<;;"io — Aci^to dus va^os no pruccsso da alisurpi^uo — caucus de ubsorjn;.*io — dillcrenra de al;surp(;oes. Lympha, vusos Ivuipliiiliros, curaro<^s lyniphalicos — oritrem da lymjdia — caiisas do uiuviuienlo no systema iympUaliro Itespira^-fio — nos vertelirados — noa invertehrados. Pro- priedadea do ar — Aijparolho regpiratorio — Prucesso e lOCcliiMiismo — Hfiiialgse Theoria da rr-spirara.t — in- finenL-ia i\va nervos na re?pirii(;riuj plienuuitu^s physici.s, chimicos, c vil:ies ilcllx Nulrii;rio — crescimrnlo — rt'L'pnera(;rio -:-Th(*ori,» da ntt- lrii;ao — Processo nnlrilivu — Prurcssos re2:cneradoies. *^'aIor animal — Analyse das diiersas theurias da caluri- ficac^ao — DifTcrenras du ciilor nu3 entea org.inicos — Dif- ferciK^as na especie hiiniaua, segundo idades, temperaiuen- tos, t'stados, climas. J^iiieslao considera'la cm (odus os animaes — No lioiuem — Func(;oes preparalorias da di^'eslao — seiitimenlo de fome, e scde — cunsas d'estas it-nsa^'oes — Cunsideraroes geraes sobre alimentus — Digeslau eslomacal — duodenal — inleatinal. tsecre^ao — Divisao ile setTf<;ocs^ Apparelhns, ceystc- roas vasculares secrtlores — Theoria dasecrfrao — secre- ^ao renal-culanea — cellular — mucosa —orgSos de secre- ^iu duviduSa. YUSCr^OIZS AMJIAES. Defini^So— Divisao— Nervos — Pbysiologia comparada da ac^ao nervosa — Nervus or^'anicos — aaimaeB — rcsjii- VOL. ill. ralorios — Tliooria d'ac<;rio nervosa — Leis de ac^au dui nervo8 — Aci^or's nc-r\osaiJ renexas— Aprccia^So da d.-u- Iriiia de M. Hall — Dontrina de symiialhias — Vinao — Riidii;ao — olfarlo — f^o^lo^lacto e loque — Senlidoi in- tfrnos — Duutriiia plirenoloy^ica — exanie, ft apreciat^ilo d'esta doulrin.'i — DilT(.'ren(;a de opinioes entre os raeta- physrcos e plirenoltj:.'islas — Dunlrinas philosophicits de Kant, IIp;reI,SihellJng;, Condillac — Tlieuria ]ihi8iulo^'ica dt' sent iilus internos. — Moviinf'nio — orgSos de niovimrnto nos flifferentes ani- mal's— Mecljanira animal — thenria da voz e loquella. Gera(;ilo — cunsidcrada em luda a classe animal — re- lai^.lo d'estas com as (uilras fnncroes — Gerai^ao esponta- nea — Processus tie gcrarrio sexual — Funrt^Oes de gera^So sexual — Thooria da {rerarao — Influencia dus pais n.i prole — Parlo — propnrt;ao de nascimenlos com relaijao a sexus — cria(;jo dos recem-nascidoi. Somno, soiihos, sonarabniismo, ma^nctismo animal. — Alorle — sii^naes da mortc — g:eral — parcial. Cnrso pralico de physiologia experimental (na prima- vera). HYGIENE INDIVIDUAL. Defini^iio — DivisSes — Rela^ao d'esia comoutras scien- rias — DifTerem^a de pianos nos Iratados de hys:iene — DiiTerem^as orjanicas individnries — Modtficadorea inlernos — Applicarao dog principios irtraes as func<;i5es do orga- nisino — Educai;ao physica — Kdnca«;ao inlellectnal, e m(»- ra! — Melhoraniento Je raras— rela^oes da sciencla com a civilisacao — Influencia d*ella sobre a arte dc curar. CADRIllA DE OPmiAroES CIRIIRGICAS, COMPIS^DIO — IlEfilN -MiUVEAUX ELE.UENS DE CHIBUROI 11 .n\\ oiilros — Ijaroniclro — Iberiuumelro — rediic^rio dus princi|)i;es (I'mis eiii oiilrt;:s — ureuiui-lius — reiliic^iio iriiiis em oiilros — alcoulometro — opera^oes chimicu-pliariiiiiCeulicttS — (Uvi^^n), exlriic^rio, processu *le tleslui'in;Hu, niisliiii, Hi*(;fia cliimica — esculh^j e co- llieilii (l;is iliu'isas paries tlus vi-^eUies, *: animues — sua exsica^ao, const'r\»(;rii), rc[uisii;riu e (liirar'u — classiflca- ^at) pIiarmacunumicH dos inudicaiiioiilus — excipieiites, e siias piiri(icu(;ot'S — hydrulicos, mi prepara(;Oes, cujo I'X- cipieiile e a a:;iia •^Iiydrul.it>is, ou ai;nas dislilaJas pur iliversus prurtssus — livdri'iiifusus, uu infiisijL'a aqiiosas ^ Ijydrusoiutgs oil slIui^Oi-s — deatclus — succus expri-ssos — sua prepara^it'i, chissilira^ai), ilepuraeau, c ronserva^aa por diversos pruressufi — caldus inediciiiaes — hydroleos — exlractus a'piosus ubtidos purdecocla, iiiriisiiu, digcstao, uiacera^jo, snccus depiiradus, e nau depiirados, e ptlo processo da dt-slocn^riu, ffitus em divcraos ulensilius e\a- puralurius — stiii classiric.i<;."io e consi-rva^ilu — viiiuieioii, oil vinhits mediciiiaes — exlraclos vinosos — akuulicos, uii preparatjues, cnjo cvcipiento e o alcoul — pur desluca^ilo — alcuulatos purdisersLis processus ^evlraclos alcoulicus; ou prepara(;oes, cujo cvctpi'.'ule c o viiia:.'re — aceloleos, ou viiiagrea medii'iiiaes — cxtraclus acelosus — brjtolicos, on prep:ira(;urs, cuju eMMpiciite ca i'er\eja — oleus Qxus— oleos volati-is, on esseuciafS — saccoroUcos (iuipiu|iriameri- te)oii prfparai;5es, cujo exL-ipienlesaosuslancias saci'arjnas — 'Xaropes por sului^'ao, por ebulli^ao, e mislos — ap- plic'i^ao d,i llieoria dos dt-cuclos, iiiludos, maceralus, e Biiccos exprcssos aos xaropes —sua cuuserva^ao — rael- liles — oxymclliles — Iherolicos, ou prepara(;oes5 cujo excipiente o o olherlheoria dos elliers — tllieroleus, ou linluras ethereas — ammuiiialcuulicus, on prepararooa, enjo excipiente e a ammoniaca — amnionialcoolius, on tiuluras \olaleis. Pos medicmaes por di^ersjs processos — feculas — pulpas — conservas — elecluarius — paslas solid as — piliilaa ciu piii:ladur — ti sem c!le — t-alajdasm-is — es- pecies — olcoleos, ou oleus composlos — Lalsauius. ou niyro- Jicos^liniuienlos — ceratos — pommadas — • uni,rueidos, ou relinoleos molii-s — einplaslos ou retiuoleus durus por di- versos processos — sparadrapos feilos em macliiiia — prepara- (;3es chimicas — Iheoria dos saes — reat;enles cliiiuidis — aguas luineraes, e seu eusaio — principaes nacii>iiaes — arteficiaes — m>>do de preparar, rlui;ar, e adniinistrar v-i medicamfnlos homa?opalIiicaiuenle. PIIARMACOLOniA. Defini^ao de PharmacoIi.):;ia, e de Materia Medica — dita de medicaiiRnto — dilfereiUj'a entre allmetilo, me- dicamenlu, veneno, e remedio — ori^eai dus medicameulos, e alirueulos — diveisos modus de delerrainar e cuiiliecer as \irlu(Ie3 dos uiedicament<-'S — j>eliis caracteres pliysicus, chimicos — por unaIo;,'ias bulanicits — pur experieociits t-m animaes mars simillianles ao Homem — dllas no Homein enfermo — dilas no Huniem no e^itado physiulo^'ico — ac<;ao dos mcdicauieulus, chluiico. dynauiico, chimico- Jynauiico — cffciloa dus medicameiilos, primarl'is, ou physiolo;iicos, sfcnndarius, curativos — locaes, distauley, ou remotus — csles pur que vjas se Iransmiltem, coiuo se explicaai — afliuidade tdectiva dos medicamenlus pira delerminados orj;aos, system.is ou apparelluid — llu-oria homoeopalhica a este respeito — iuflumcia do Ii;tbil.i subre OS effeilos dos mere o glorioso futuro da lua familial Evi , que tenlio descarnado inilliares de espadoas, riunca eui nenliuma dellas li urn lao bello deslino ! — E esta coxa, em que agora pegueij de quern era ella! Vejo que ' Pedro II. que por suas obras numcrosas se collocoii na primlira urdcui dos poelaa iliyrico-scrvios. 67 a rara do seu doiio vnc e.\liiigiiir-se. O galo deixa de carilar as lioias iia i-iia casa , que se transforma n'limataveijia t'miebre, ii'iirn vasto sepulohro, ondc upiodrccem mais de vinte cadaveres, sahidos lodos d'uiii mesino troii- co. » Uni MoritenegTino incrediilo zoiiiba en- tao dos sens coinpaidieiros. a Eblaes-rtie pa- recPiido , diz elle, as nosjas vellias avos , que leein a sigria as creanras na palriia dasmfios, on Hie fazeiii lirar favas a soile. tlomo e que OS ossos cozidos e mortos podcm saber o que tem de acoiitecer aos vivos?!! PoJe a logica can^ar-se a fallar, mas nao alcangaia punca destriiir os instinctoa. Na Polonia, o povo aclia pelo niesino llicor presagioa iioj accideiites mais fortuitos da natiiicza, na direccfiodo venlo, |)or exein- plo, romo prova esla can^'ao litiiuariia u Sobrc o ramo florido de iima lillia, eslava enipo- leirada iiiiia avczinlia. Do alio de iima co|- liiia, lima meiiiiia examinava iuquieta de que lado sopiava o venlo. Era por es^e lado, pen- sava ella, que devia cliegar o seu aniado! — Ah! o venlo sopra dos valles de Kovno. O men joven despcisado cliega da Sainogitia: corre apressado, o seu cavallo prelo bran- qiiea do escuma o froio dourado. ?) A me^ma lendencla que impelle os Slavos a interpielar oj plienoinenos da natureza, e a dar uma vida my^^erio^a tanto aos auimaes como aos seros inanimados, marrou lambem com o seu cuiiho cerlos apologos, dos quaes oft'erecem mais que urn exempio as canligas das muUiuier, e que tem loda a apparencia de t'abulas, sem ler o sen senlido moral. Sao visilas muito polidas entre os atiimaes dos monies on as aves das capoeiras, conversas enlrc as arvores de frucla, on e um noivado de aveziniias carilado mm todai as miudozas, ou n casamenlo de uma mosca viuva com um joven mosiardo. Alguiiias vezes tambem de- para-se no meio deales capriclios com cerla agudeza e oiigiiialidade, conio por exempio, na picsna moiiteuegriua iutJtulada: A mais linda Jlor dcste. iiMiido. «L'ma larangeiia, ciiberta de boloes de suave perfume, galjava-se a borda do mar, que nao liavia n'aquelia hora por lodo o mundo nada mais lindo que ella. — Sou mais llnda que lii, exclamou o prado esmaltado de boninas. — Nenlium de vos pode compa- rar-se comigo, dissc a ambos nm vaslo cam- po cuberto de branca seara. — Uma videira, carregada de caclios nascentes, escutou-os e disse: — Nao vos giorifiqueis por esse rnodo, que a lodos vos levo vanlagem. — lintao uma menina solleira, que ouvira esta dispula, disse lambem: — Vossa belleza c passageira, nao val a miiiLa belleza. Um joven que ia passando, respondeu sur- rindo: — As laranjas, cor d'oiro, qiiando esti- verem niadura?, Iiei-de comel-as. O prado, quaiido acabar de tlorir, liei-de deilar-llie a tnice. A branca seara, iiel-de ccifal-a. Do cacho veriuellio, Lei-de cxtraliir um succo generoso para beber em companliia dos bra- vos. Em quanto a ti, menina, quando tc clie- gar a edade, eu te desposarei, e tu seras mi- nlia. — Nao ha por lanto em lodo o universo tlor mais linda que um rapaz inda solleiro. Um camponez siavo conheeeu todas as fa- milias das planlas e das aves da sua terra; tem nomes para um numero pasmoso dee^re- las; forma um relojo particular para cada estajao, para cada mez do anno. Em qualqner momeiilo da nolle que Hie pergnntardes as lioras que sao, olliara para o ceo e vos re- spondera sem se enganar. O Cos-aco tem nos seus olhos lima bussola natural : se o man- darem a uma provincia djslante onde niinca teiiha ido, parliia direilo como uma freclia, e chegara ao seu destino no dia marcado. O izvostchik moscovila ', perdido na steppe no meio d'um redemoinho de neve ou de area fina, espera que passe a lenipestade; depois, ainda mesmo que o a^oile da lempestade lenha apagado lodo o vesligio dos caminlios, conseguc orientar-se, e coalinua a sua der- rola atravez do deserto. E-la uniao intima dos Slavos com a natureza leva-os a acredi- tarem facilmente, se nao nos sanctos, pelo menos nos prodigios. Em ncnhum oulro paiz, como entre OS Slavos, se fazem em lao subida eschala as roniarias as irnagens milagrosas de Nossa Sen bora. Os antigos Polacos julgavam que a sancla Virgem (a Bogarod-Jca) mar- cliava a sua frente nos combales ; pcla mesma forma que os Russos mndemos lem vislo, por mai,de uma vez, apparecer-llie, no meio do fuino da artilheria, a imagem veneranda de S. Sergio, Nao devemos porem concluir daqui que o mundo sobrenalural tenha um (lajjel distiiicio na poe^ia do o-ouslo. Por mais que se remonlc, a for^a de esludo, ate' as primeiras origens desta poesia de ra^-a, nao se conseguira descubrir nella, como na poesia dos llindous, dos Scaudinavos e dos Gregos, ocaracler sacerdolal. E-tranlia a loda a especle de myslici.-mo, conservase coiislanlemente ou ptiliiiuaiIo (Je pag. If). III. ESCHOLAS DO DOMINGO. A'^iu-so ja coino eslavain orsanisadas em Slockliolmo as escliolas do dnuiiiigo. S;lo 20 •1 numcro d'ellas, lia Q-t mcstres ordiiuirios, e o termo tned[o dos alumnos e 750. As ca- I'liolas da classe media, e as da SncUdadc das nrtes e ojjicios devem coiisiderar-sc lambeiri como escliolas da larde ; porque ale'm do do- iningo, esl.'io aberlas de tardi' cerlos dias d,.i semaiia, pcio que devezoui leiiipo careceui df iiie'tres supplemenlares. As lualLM'ias do ensino nas escliolas decate- cliismo Icem por lim priucipal n estudo da religiao; nas do soletracdo, a leilura; nas da classe mediae dos officios, a estripla e o cal- culo; fiiialiiipnto iiiis e=clinla> da Socicdadc d(ts arlcs e officios, os esludos tecliiiologicos. TaiUo iia Suecia como na Noriiega as es- tbolas do domiugo teem tido impugnailores. Pcilendeu-se que a major parle d'ellas, iiao differindo das efcliclas priuiarias propria- inente dila?, podlam seiii iticoiiveiiieiite sup- priniir-se. Algiuis espiritos scrios e pracllcos encariegaram-se lodavia da di'fcza da iiisti- tuij.'io conibalida, c pelos sens argumciilo-, que referireiiios, iiiellior podeiii apreeiar-se o complexo do sysleiiia. () ejlaluto real de 18 de iiinlio dt- 13(-3 sobie a iiistruc^ao primaria, lomaiido ciii 1 ouiiderajao a Impoasihilidade que uiuilos laeniiios linliam deseguir um curso complelo de esUidos escliolares, obrigou-os someute ao ^nini-.rto d'inslrucj.'io, que "se reduz aos se- guinles pouios : 1 " Leilura corrente da lingua materna ; ■2 ° Conlieeiineiito da doulriiia clirisLfi c da liisloria biblica, no grao necessario para >cg(iir as lieoes do catecliisino da priiiieiru comiiiiiidiao ; .'!.° Cuiilo da cgreja ; 4." E-cripta ; 0.° Arilliiiieliea ale as fiac^oes exelusiva- menle. Com elYeilo, sc das r.-eliolas priii arias OS meninos saliiirern com estc iitinimo d'iii- struci.'ao, de que serviiiam as escliolas di- caleehi!mo bem como as da classe niedia (; dos officios! Mas a e.xperieucia moslra que, uem sequer um teredo dos meiiiuos que Ire- qiienlam as escliolas primaria?, olilem o Iitinimo official, AUiibuir seuiellianle resullado a vicio na organisat^.'io d'eslas e^cllo!as, >eria injustiea. E a prova esta em que os meninos cpie ae- giiiram regnlarmenle os cursos, salisfazem a lodos osartigos do seu programuia. Se alguns sao iuferiores, e porque tendo-se matiicula- do, com ludo laras vezes compareciam nas aulas. Uns foram so.uenle ciiico seinaiias, e oiilros duraiile um periodo escliolar apenas alguns dias. A vcrdadcira causa eslii im pobreza 0 uiiseria das familiasque careceui dolraballio dos meninos, aiiida em tenia edade. Em Slo- ckliolmo lia so duas escliolas que obviam Csle iuconveiiieule : a de S. Jacques e S. Joao, e a de S. riiilippe; poripie indepcndentcmenle da inslrucean, dao lambem a sens alumnos sustenlo e veslido; mas esla bem de ver que taes o^labelecimentos nuo podem niultiplicar- se em grande escala. Assim que, bem longe de ser inutil ain-ti- luiij'no das escliolas do doiningo, pelo con- trario s.'io para as escliolas primarias como auxiliar iiidispensavel, ou- supplemoiito na- tural. Ainda mesmo aos que nienos aprovei- taram nos cursos elemerlares, sao de grande vanlagem. E ifio facil dcixar esquecer na casa dos paes, ou nas officinas, o que os meninos teem aprendido, que as escliolas do domiugo lornam-se nccessarias ate para con- servar e fortalecer n'elles os ronlieciinontns adquiridos. Alnn d'isso, qual seria o meio do roparar a falta d'instruc9ao nos adullos e nas peji-oas d'edade inadura, que ou por ne- gligeiicia, ou pela falalidade de sua posi(,'ao, a nfio receberain na infancia 1 E observe-se que ate' aqiii consideramos a? escliolas do do- niingo quanto no ininimo official ; porque se atleiidermos ao fim mais complelo e serio, a (pie se propOHUi elevar estc ramo da iirsiruc- (j'fio, mais evideiite sera a sua ulilidad''. Oulra ()ue^t^lo contra as escliobis do do- miugo, (? a cerca da sua organisa Di (pie do modo pnr (pie e-lfio orgauisadas em SlocUliolmo, nao differem umas das outras, e por isso podem considerar-sc sem fini es- pecial, e al(; serem jndifi'erenleinenle freqiien- ladas por qualquer e.-.pecie d'alumnos. Uma tal appreliensao deixa d'cxistir t\ respeilo das escliolas de (atecliisnio e de so- letrajfio. Poslo que a doulriiia elirislfi e a leilura, cnlrcm no piogramnia de todas as outras escliolas, nao formam lodavia espp- cialidade exdusiva; s.'ioapuias accessorio on iiislriimenlo. O estudante admillido aosc^tu- dos siiperiores deve necessariamenle saber l(?r 69 econliecer cs primeiros elemenlos da rcligiao. A queslao lorna-se mais delicada enlre as escliolas dos officios e as da classe media. E na verdade parece que umas e outras lendem para o inesiiio fim ; e de tal sorte o publico de Stocliliolmo lem-se ]jreocciipado quc,cadadia esla lirando os meniiios das priineiras para OS mandar as segiindas. L uiii erro. Ainda que as cscholas dos officios se propoeii) coino as da classe media a formar bons artislas, OS meios que empregara para o conseguir nao sao identicos. As escliolas dos officios sao para as da classe media o roesnio que os rudimenlos a respeito da sciencia, e a inicia- 5ao para o aperfei^oamento. A consideral-as no todo, pode dizer-se que e um estabeleci- raento unico em dous graos. Assim conio e' necessario passar pelo grao inferior antes de subir ao grao superior, assim tambem nos ados dos fundadores das escliolas sobresahe bem claramente esla necessidade, por quanlo assignaram sete lioras d'estudo por semana as escholas da classe media, e Ires somento as dos officios, O aniagonismo das escholas da Sociedade das artcs e officios com as da classe media ainda e mais especioso. Todavia os ha- bitantes de Stockholmo nao teem cedido u apparencia, de sorle que o contingenle respective nas duas escholas tern sido, como devia ser, superior nas da classe media. Entre a eschola da Sociedade das artcs e officios, e a eschola da classe media, as rela^oes sao as mesnias que entre a ultima e a eschola dos officios: uma e o desinvolvimento, o aperfeigoamento daoutra. lintra-se naescliola da classe media para adquirir conliecimentos de redacgao e de conlabilidade que exigem as profissoes indiistriaes, depois passa-^e a eschola da Sociedade das artes e officios para fazer applicagao lochnica d'estes conliecimen- tos. O menino ou adulto que salie da eschola da classe media e^ta habililado para vir a ser um bom artisla, ou habil industrial; mas ja o devp ser quando sabe da eschola da So- ciedade das artes e officios. Cada escliola do doiniiigo tem por lanlo seu fun especial, e funcgao independente ; nenhuma rivalidade existe enlre ellas, nein e de recear que a prosperidade d'uma pro- mova a decadencia ou exiincg.iod'outra ; mas por mais isolada que seja a sua esphera d"ac(;ao respectiva, ha um lagoque as line uistiucliva- njente, e que de certo niodo as submetle a lei d'uma solariedade commum. Donde resulla para os fundadores a obrigagfio de as nfio separar em seu zelo, mas antes apertal-as cada vez mais n'uma estreita jerarcliia, e sem diminuir a forga particular de cada uma, fazel-as convergir todas systemalicamente para o fim principal. Para melhor fazer sentir esta necessidade, diz Walander ' , e para esclarecer ao mesmo ' Om Stockholmi stalls SondagBskolor, 1851. tempo aqnestao, conve'm estudar, como termo de compararao, as escholas do domingo em todos os paizes da Europa, ondc sua or- ganisa<;rio offercce as melliores condigoes. Por este motivo escoihe as de Munich : e com effeito as escholas do domingo em loda a Allemanha sfio as que mais se distinguem pela excellencia de seus resiiltados. Wallander apresenta um bosquejo geral do syslema d'escholas practicas ou teclino- logrcas estabelecidas na Baviera, coniprehen- dendo tanto as escholas quotidianas como as do domingo. Desde OS ultimos annos que em toda a Al- lemanha este genero d'escholas leve immenso desinvolvimento. Tal devia ser o effeito das tendencias progressivas d'este paiz para a vida practica. ISa Baviera, o estabelecimento das escholas technologicas data propriamente de 1033, epocha em que o rei reorganisou n'este sentido quasi todo o syslema d'inslruc- 5ao publica de seus estados. O systema d'instrucgao publica da Baviera, considerado no todo, parteseem duas grandes divisoes, a saber: 1.° divisao scienlifica, sub- divldida em duas secgoes, classica, e techno- Ingica superior; 2.° divisfio popular, ousecgao technologica inferior. O esludo da lingua ialina e obrigatorio para todos os que seguem OS cursos da divisao scienlifica. A secgao technologica inferior e a que tern relagao com o nosso objeclo, pelo que nos oc- cuparcmos especialmenle d'clla. A ordenanga real de 16 de fevereiro de 1833, une a esla secgao tres generos de esta- belecimentos: lyceu , gymnasio, eschola.^ O lyceu, verdadeiro institulo polylechnico, e o ponto culminante de loda a instrucjao technologica popular. Segue-se o gymnasio, que forma industriaes e agricultores; n'elle ha tres escliolas do do- mingo, sendo uma dellas d'lnslrucgao pri- maria. A eschola finalmenle, prepara para o gy- mnasio, e occupa-se tanto dos elemenlos de technologia, como dos principios d'instrucg.'io popular. Alein da universidade technologica, islo e', da eschola superior para a instrucg'io te- chnico-scientifica , cuja se'de e em Munich, lem a Baviera tres escholas polytechnicas estabelecidas em Munich, Augsburgo, e Nu- remberg, vinte eseisgynina>ios technologicos, e grandenumero deescholas do mesmogenero diffundidas por todas as localldades do paiz. O alumno e'admillido na eschola desde a edade de seis annos, e conlinvia ate a edade de doze ou treze annos. Passa depois, se quer proseguir em sens estudos, ou para o gymnasio industrial, ou para o agricola. Se escollie o ultimo, a sua educagao lermina desde que seguiu todos os cursos; se preferiu o primeiro, pode ainda depois frequentar a eschola polytechnica. No caso de sahir da eschola para loraar um estado que Ihe faja 70 inteiTomper seus esludos , ser;i obrigado a frequentar al^uma cscliola do domingo. iisle rapido nshogo inostra de que niodo a inslriiccao lechnolofjica da Baviera esUi or- "anisada; mns para forinar ideia inleirainenle coniplela, ciinipre examiiiar qiial e o pro- "rainina d'e^lndos eni viguf nas escliolas do domingo perlencenios aos gymnasios, isto e, nas escUolas que correspondem as dos oflicios, da classe media, on da Socicdade das artti c officios de Slocliliolino. Desde 1793 que na Baviera existem esclio- las do domingo; mas em lii33 foram, como se observou, reot-ganisadas e ligadas ao syste- ma {^eral da inslruc^ao publica do reino. A^ tnaterias que fazem ohjecto do ensino, se- gundo o prograrama publicado em 1837, e em pleno vigor, sao as seguintes * : 1." Rdigido — Doiilriiia christa. Historia resumida dareligiSoda egreja. Moral eciirso abbreviado de jurisprudencia, comprebenden- do as qucsloes de direitoque mais frequenles vezes se apresenlam na vida civil. 2." Mathcmaticas. — Algebra ate as equa- goes do segundo grilo incliisivamenle. Geo- melrra. Geometria descripliva. 3." Historia natural. — Botanica. Zoolo- gia. Pliysica. Techuologia cliimica. Techno- logia mechanica. Estudo de mercadorias, isto e, das materias mineraes, vegelaes e ani- maes, como arligos de commercio. O ensino d'estes diversos ramos deve set puramente popular; nao e permittido^ aos mestres Iratar as questoes theoricas senuo as que fnrem absolulameiile indispensaveis para intelligencia das questoes practicas ; pois que o fim das escbolas teclinologicasdo domingo nao efazer sabios, pori'jn bomeiis deapplica- gao iliustrada, e de tralwillio ulil. 4.° Sciencia dtis vwcliinas. — Rodas. Pa- rafuso. Emprego das cadeias, cabres, t'erro- llios, etc. Hydrodynamica e macliinas de vapor. 5." Mechanica practica. — Emprego das diversas ferramentas ou instrumeritos mecha- nicos. Fabricai^ao de modelos dos instruinen- tos de pliysica, d'oplica e de inatliemalicas. 6.° ^rlcs ceramicas. — Moldar em cera ou n'oiUras materias ornamentos, baixos-relevos, bustos, capileis,candelabros, vasos, etc., ludo segiindo OS trabalbos dos inelhores moatres. 7.* Desenho. — Desenlio d'ornato. Archi- lectura. Macbinas. 8.° Estudos praciicos. — Calligrapliia. Or- ihograpbia. Formulas de commercio. Conlabi- lidade. Syslemas monetarios. Historia e geo- grapliia, consideradas com relajfioii industria e aos productos naturaes. Taes sao as materias da instruc<;ao nas escbolas do domingo da Baviera. E de adver- lir que cada escbola particular nao compre- * Pro^ramm. iilier die verschio de neo Unlerriclils- Gejens stand der Ilnndlw. uad Feierlagsichulc in Munchcii, 1037, lionde lodas cslas materias ao me=mo tem- po; sfio distribuidas por muitas escliolas, de sorte que o seu ensino tern logar simiiltanea- monle em sallas spparadas, ou nas mesmas sallas em lioras diflerentes. Todos esles esla» belecimenlos porem , sejam quaes forem a* suas condi^oes d'exercicio , esl.'io ligadoS eslreitamente, formaiido um syslema d'escho- las donde dimana a mais perfeita unidade d'ensino. Comparando as escbolas bavaras corti as de Slockliolmo, resiilla nova prova da ulili- dade, ou antes iieccssidade de cada lima das ultimas, e sobresalic! egualmenle um modelo magnilico pelo qual a Sociedade das arUk i officios, bem como as escbolas da classe me* dia e as dos officios , nao teriarh mais do que regular-se para estabelecer com toda a per*, feij.'io essa unidade systematica que somente pode a sua ac^.io assegurar cfficaz efleito. Por fim Wallander faz longas ronsiderai <^oes a cerca das reformas que ainda sao ne» cessarias nas escbolas do seu paiz para cbfei garem a maior grao de perfei^.'io, e pfopoe OS meios para o conseguir, e que em geral consistem em centralisar a adminrstrat;.no de todas as escbolas do domingo, e feorganisar o programina das doutrinas debaixo de novo piano, intervlndo para se realizarem as refor* mas propostas o governo, por cujo concurso, que effectivamente teve logar, as escbolas do domingo na Suecia dentro em pouco eguala- rao as da Baviera. CONCOURENCIA. ^.Continuado de pag. 57. Mas, voltando ao ohjecto de que nos oc- cupamos, vemos que na ordeai economica o facto da especie bumana nao ter a, sua dis- posig.TO um fundo de riquczas inesgotavel, creou, em comedo, a concorrcncia, edepois a accumulag.'io das for^as, a fim de fuzerem convergir sompre para o interesse commum todos OS resullados da actividade, pela vanta- ge™ reconbecida dessa reciprocidade. A con- corrcncia pois lem a sua origem na insuf- ficiencia dos bens, a que se aspira, e no desejo, bem natural, que cada um tern de obter a mclhor parSe. .. Nascida com os homens, ella vivera em quanto estes n.'io tiverein .^cliado o meio de multiplicar infinitamente todos os objeclos dos seus desejos. n diz Cb. Coque- lin. Que a base ou origem da concorrencia scja a que assigna este estimavel economisla, nfio o duvidamos; que ella porem, tal qual boje se apresenla, haja de ser a sorte permanente da socicdade, n.io o acredilamos. Em jliosso entender, a concorrencia e um elemento de transigao entre o systema de privilegio, e o n da livre e geral associagao a que a coticor- rencia lia de conduzir. Com esla idea nSo queremos proclamar a anniquilajfio da con- correneia ; e ella a lei superior da ordem economica, lei que sempre a lia de acompa- nljar ; queremos sim dizer, que a concorfen- cia teude a manifeslar-se debaixo d'uma oulra face: a sua esseucia porem e a mesma. Se a lei das necessidades e uuia lei neces- sarian a lei dos meios de as salisfazer deve sel-o ej^ualmente. Tal e a lei suprema que subordina loda a espbera economica: desen- volvainol-a. O principio das necessidades e dos meios de as salisfazer, e o principio su- premo de todas as scieiicias practicas, e ainda Iheoricas; aquellas satisfazeudo as necessida- des da vida praclica ; estas as da vida iiilel- lectual, se assira pode dizer-se. Analysal-a- hemos unieamenle na espliera economica, no- tando todavia a liga^ao queaqui inesmo lem a sciencia economica com lodas as sciencias fillias da razao practioa, ate mesmo pela idenlidade da lei que e chatnada a realisar. As necessidades, ou reaes on ficlicias, quando sac apreciadas nas suas manifestagoes, reves- tem ambas um mesmo caracler ; isto e, sao todas determinadas pela natureza liumanana qual se contera real ou etnlnenlemente. Se no8 elevamos a toda altura dos principios, ahi leconhecemos que toda a sciencia eco- nomica se refere a esphera das necessidades humanas, pela parte ein que dizein respeito as exigencias economicas, e aos meios egual- mentc economicos de as satisfazer. O lioinem carece de meios de desenvolvi- mento: eis o typo por onde se liao de aferir todas as sciencias, filhas da razao praclica ; a nalureza porem desscs meios deterniina a natureza da sciencia, a qual incumbe realisal- os. Nesta esphera a soinma efl'ecliva das ne- cessidades deve, em regta, determinar a som- ma dos meios, que teem de ser empregados ; e enlendemos por somina effectiva de neces- sidades, aquella que resta depois de apre- ciadas as condijoes que as embara^'am ou modificain, porque so depois de um tal pro- cesso de subtrac^-;'io e que ellas se apresenlam no faro exlerno exigindo salisfagao. jQual e porem o principio que deterniina o iiumero e grau das necessidades? ISenhum outro, por certo, seuao a natureza liumana em todos os seus modos de exigir realisayao: a natureza huniana pois e o principio supre- mo, e a lei pela qual devern, e so podem ser marcadas as necessidades liumanas em seu numero e intensidade. IJclativamente aos mei- os, e por consequencia a acyao economica, a lei deve ser a mesma ; se so a natureza pro- voca as necessidades, so ella prxle deterininar a quantidade e qualidade dos meios; so pois a natureza huraana ea lei suprema na esphe- ra economica. Nao basia que todos os em- pregos da industria eslejam occupados sem solujao de contiuuidade, e sem lacunas; e mister alem disso que elles sejani empregados na medida conveniente, isto e, que o nut7iero dos homens, que os preenchem, e a somma das foryas ou dus capitaes que Ihes sao con- sagrados, sejam sempre proporcionados a ex- tensao real dos trabalhos que devem fazer-se. J Quern sera porem capaz de fornecer esla justa medida! Se a natureza, isto e, se a evolugao livre do liomem e da sociedade, na escala social, determinam o nurtiero e inten- sidade das riecessidades ', o numero e inten- sidade dos meios aclia-se por ahi, e so por ahi deleriliinado. Mas se as necessidades sfio um resultado da evolu^ao da aclividade livre do liomem, na determina^ao das condi^oes elle nao pode apartar-se desse carninho, sob pena de faltar-Ihe a propotcionalidade : o elemento da liberdade e pois utna condicjao indispensavel nesse processo, em que sao de- termjnados os meios, o seu numero e inten- sidade. Se esta deduc^ao porem e logica, tainbem oca sua consequencia, e por isso a livre concorrencia apparece desde logo como expressao ptactica ou realisada desse princi- pio siibjectivo. Effectivamente supponhamos a hypothese opposta, em que a um poder social incumba determinar essa ordem de meios em quanti- dade e qualidade. Se os meios sao provoca- dos pelas necessidades, e devem ser-lhes pro- porcionaes, para sustcntar a harmonia econo- mica seria mister, ou que esse poder social podesse determinar, ou crear as necessidades; ou que ao menos podesse prompta e rapida- mente aprecial-as, e apreciar egualmente e pela mesma forma os meios de as satisfazer, para que deterininando-as assim, mantivesse o equilibrio e harmonia, em que deve basear a sociedade. Cicero dizia que os estados das causas eram infmitos, — iiifinitam silvam ; nos poderemos dizer o mesmo relativamente as necessidades. Com effeilo, pertender que o poder social determine as necessidades, e uma aberra(;ao tan saliente do senso corn- mum, que nao nos cansaremos em refutar um tal syslenia. Mas nem sequer concedemos a esse poder a prompta e cxacta apreciajao das necessi- dades individuaes, e por isso dos meios pro- ximos de Ihes occorrer. Esse invenlario, por assim nos explicarmos, das necessidades hu- manas cm todas as suas escalas e variadas combinacoes, seria o invenlario das forgas todas da huinanidade. j Que forcja artificial ha ahi que as possa apreciar a todas com exa- ctidiio ? Haveria pois uma impossibilidade absoluta, insuperavel, para que um tal poder social podesse funccionar. * Ainda as mesmas necessidades naliirat's, [tara lerein representa^ao na esphera eeonooiica, carecem da mani- festa^ao e ac<;?lo livre dos horoens ; e por consequencia. quando podem ser chamadas verdadeiramenle economi- cas, sao sempre essencialmenle dependenles da liljerdadp, porfiue e quando se refcrem a ar<:ao ile Ihes procurar realiaarao. 72 So a naliircza pois, que delermina ns ne- cpssidade>, pode deterniinar o numero c qua- lidade dos meios de as salisfazer. O facto da offeria e do pedido , manifesta os resukados practices dessa niysteriosa ac^ao social. A iiiesina ac(,'ao que deterininar as necessidades provoca os nicios : esta ac^ao e a ac^'ao da natureza toda, e a ac^.'io da lilieidade, e por isso, ein phrase economica, a concorrencia. Ori^inariamenle e o pedido o que detenniiia aofferta; esta depois inline no pedido, mas a ordem natural e a que indicauios. O lio- inern, sentindo necessidades, provoca a sua satisfaij'ao, — pedido: os outros liornens, reco- nliecendo este chamamenlo, concorrem olTe- recendo os meios que possuem capazes de satisfazerem essa ordem de necessidades, — offeria. lilevemos esle processo a loda a altu- va da llieoria , e teremos a concorrencia. Eis- aqui a base da concorrencia, tanto individual coino social, aquella, em que se du uma especie de conibate entre individuo e indivi- duo, ha de provocar esta, como meio niais proficuo de salisfazer as exigencias indivi- duaes, fazendo-lhes peider esse caracler todo accidcnlal de guerra, que inostraremos nao ser essencial a concorrencia. Noseio de uina vasta associaQao economica para os socios internamente nfio lia guerra ; todavia essa associagfio, pelo facto de nao ser forgada, conserva era si o eleniento da liber- dade : e' elle o seu motor. E entao mesmo que a liberdade encontra o seu triumpiio ver- dadeiro, desprendendo-se de toda a foija ex- tranha que a liinitasse. Generalize-so esta idea a toda a esplipi'a social, consliluam todos os ramos sociaes vaslas assoclagoes, diversifican- do so pelas localidades, mas intimainente li- gadas pelos iuteresses, e eisa gcneralisajfio ^era a solugao do grande problema social. Mas a concorrencia e a liberdade ; consequen- temcnte a concorrencia, como lioje a conce- liemos, perde tanto do caracter de verdadeira concorrencia, e por ls;0 de liberdade, quanta o a acgao coercitiva dessa liberdade, islo e, em proporgfio C(im a intensidade da acgao, que liinita du reslringe a liberdade; o reiua- do pois da concorrencia ainda nao estii che- gado : o que existe e urn i(nperfeito preparo. Nesta ac(,'ao da liberdade, que produz, on tem como elfeito a concorrencia, manifesta-se esta como o maior eslimulo da arlividade geral. ^^ao podeinos todavia negar que pela concorrei'cia individual, isto e, fora d'um eslado co.npacto de associag.^o livre, ao pas- so que muitas vczes e exaltada a aclividade, outraSj pela nalureza da acgao da concorren- cia, essa actividade, e extincta ou neutra- lisada. j Como podera o pequeno industrial, por inais habil que seja, concorrer com um grande capitalisia, que na mesma localidade, e na mesma induslria, pela forga dos capitaes de que dispoe, centralisa esse ramo de in- dustria, reduz o cmpresario inferior a dura condisao de ou ir engrossar a empresa do capitalista, na qualidade de operario, ou ler de mudar de empresa? Aqui evidenlcmente a concorrencia produz um effeito coutrario ao que naturaln)ente se llie nota. Esse facto reproduzido conduz a uma diminuigao do emprego da actividade, porquo onde cessa a liberdade, ou e reprimida, os seus effeitos o siio tambem. Ja as^im nao succede no regimento da as- sociajfio livre; ahi, sem predominio de for^'as sobre fcrjas, a actividade do houiein ha de juanifestar-se em toda a sua extensao, por isso que obra com loda a sua liberdade: consequentemente o reinado da concorrencia nao e o regimen economico actual, pois que nelle a actividade nao se desenvolve sempre livremente, e por isso com toda a sua inergia. O eslado actual pois e uma tiauH^ao para o eslabelecimento da ver- dadeira c livre concorrencia das forgas hu- manas, desembarajadas de qualquer coacjao ou embarago exterior provenienle da vontade do homem. So a associajfio livre satisfaz esta exigencia. J Se a concorrencia de hoje tende a destruir por toda a parte o moiiopolio; se esse facto e Cbsencial a concorrencia, qual sera o motivo por que delle nao havemos de tirar as ulti- mas consequencias ? Se a concorrencia faz guerra aos monopolios legali^ados com o ca- pital, com este mesmo ella a deverd fazer aos monopolios do capital, porque os capitaes mais diminutos, nao podendo a sos concorrer, procurarfio na associagio a poderosa alavanca com quepossam destruir essas de^egualdades, que OS opprimem. Se o traballio, cotnprehen- dendo o seu [toder, se apresenlar ein frenle do rapilal (irabalho accunuilailo), de qual sera a victoria! Nao duvidamos aflirmar que o capital, sob pena de ficar improductivo, lera de abrir suas portas ao operario, e re- conhecendo nelle um capitalista, associar-se para procurarem conjuntameiite o seu engran- decimenlo, em vez da sua destruijao, a paz em vez da guerra. ContinUa, i. b. da s. f. de C. MARTENS. 0BIGI!)1 DOS NOMES DE MAR YERnELBO, MAS iMARELLO, MAU BRiXCO, ETC. A existencia de cerlos plienomenos locaes, como algas microscopicas rubras ou amarel- las, de que por vezes se tem occupado a academia de Franca, nao esegundo Paravey a causa porque os mares diversos teem sido denominados por essas cores ou por oulras. Ignora-se que no Mediterraneo, chamado mar Branco no Oriente, tenliam apparecido algas brancas ; niio se tem encontrado algas negras no Ponto-Euxino, donde recebesse o nome antigo de mar JVegro. O golpho Persico chama-se mar f^crde entre os Oricntaes, e o / 3 Oceand, a cslo da Cliiiia, tciii e?;iialineiUi' o nome de mar p'crde ( Tsini^-Hay) ■ n'elle nfio tcpin sido achadas algas iiiicioicopicas colnradas de veide. O calendario Yue-ling com\irii\.o no tempo d'AIPxandre, e conservado na Cliiiia, calen- dario romliinado cm Assyria, paiz cenlral, e n.'io na Cliina, dcsi^na : o norte^ dc negro; o eslc, pcla cor vcrdc • o S7(/, pcla rubrdj o (icste, do branco • e o centra pela cur amarel- la oil iiliiranjada. \'. aiiida liojc as cldades orienlndas do reiao de Tong-lcing teem as portas do iiorle |)iiit.adas de negro; a esle, de verde; do sul, de verniellio; a oesle, de l>ranco ; em qiiaiilo o palacin cenlral do sobcrano e', coriio tam- liein na Cliina, coberto de lellias esinalladas e amarcllai. 'J'al sviteiiia riinemonico e\isle desde a iiiais reniota aiili^iiidade na A^ia, e cnire o? anligos Arabes c Clialdeos. Siipponlia-5c estar junto dn Palmyra, como cenlro, e na Syria, paiz central e mnarello, senlido cssenci.il do tiniiie de Si/ria, e que fez chamar o Jaxaiie, Sir-Dariaou rio Aiiia- rello, cntre noj cor de cera; ao norle fica o Ponln-Hiixino, d'alii iionieado mar Negro j ao sul o goI|)lin Arabico, doiide vem diicr-se f^eriiitllioj a c's/eogolplioda Persia, cliamado mar Fcrde enlre 03 Orienlaes; a ocdc o Me- iliterraneo, denoiiiinado av.v: Branco (acTlia- lissn) pelos Oiientaes. 0 syslema antigo da civilisacio liierogly- pliica da Assyria e da Syria, e segiiido aqiii do niesmo inodo que o Coi depois na Cliina, quaiido OS livrns da liabylonia e do Egyplo ])ara alii foram levados para scrern feliziiiente conservados, mas ainda nfio coriipreliendidoj. Todavia os Scijthas qne miiito antes de nos sabiani que os monies Paiiier eram o ponlo enlmiriaiit.e do ginbo, applicaram os mencio- iiados nonies dos qualro pequcnos mares aos qiialro Oceanoi limiles da Asia, onde liabita- vam. O Oceano Glacial foi cliamalo mar Tcnebroso ou Negro ; o Oceano ao sid dos monies Pamer c dos Indos, foi nomeado mar Erijlhreo ou yermclho, jjorcjue recebeu tainbem o norne d'um rei que alii dominou, e que citam os livros conservados na Cliina: o J\hditcrranco, a oe'ste, conservou o nome de mar Branco j e o nome de mar Kcrdc, do golplio Persieo, dou-se como fica dilo ao Oceano que banliaa Cliina a e=le, niar Tiins- Hay. O mar Caspio e ccntralj onde de-agiia o rio Atnarello, Sir-Darin on Jcjc.nte^ era poia o veidadeiro mar ^^hnardlo^ por i:;so que oanlia a JMcdia^ ou o paiz do JMcio ^ c bc o ^^olpho de Peking tern sido cliamado mar .^marelloi foi pelas me^mas causas deor;juiho (pie depois d'AIexandre fizcram com que a Ciiiiia por muilo tempo barbara, se chamas- se J/npcrio do JMcio. ^Final.'iieiite como prova d'antigas migra- qoei d*Asia para America, Paravev mortra a 5emelhan(;a de dtias palavras que significam plnnta, uma em Guarani, e a otilra em Co- chinchinez. P. OVIDIO NAZAO: Dos Tristcs — Livro 5,°: Elcgia 14. AUGUMEMO. E esta elegia, a ultima dos cinco livros dos Irisles, dirigida por Ovjdio a sua esposa, na qnal Ilie promette uma gloria immortal, e accrescenta que muilas liaveri'i, que embora a tenham por miseravel, liao-de assim mcsmo mvejar-lhe a sorte, e julgal-a feliz. Diz-Ihe mais, que nao poderia dar-Ilie um bem niaior do que immorta!isaI-a nos seus escriptos ; e sendo assim, exliorta-a a que Hie permane^a sempre fi^I, a fun de que por ninguem po5- sa jamais ser accusada : e prova-ilie coui graude numero dc exemplos de igual fidelida- de de diffiirentes e?posa3 para com seus ma- ridos, que a memoria destas nunca em tempo algum deixou de ser celebrada. Quanta os mens versos nomeaJa posaaui D ir-te, o ctinsurte, para mhu mais chara, Du que a mim mesiuo o suii, bem ves, beru sabes, Embura ao sen aiiclor roube a fnrtuna Quanlj bom Ihe aprouver ; lu sempre iilustre, Do men eni,'enho viveras una obras ; E, em qiiaiito en liilo filr, a fama lua l;,MiahnejUe sera liila comi'^o, \em tutla poderas iH Irisle pyra Nos ares tiesl'azer-te e e\'aporar-(e. Do inarido infeiiz possas embora, ParcctT com o infuiluniu niiserantia, Algiiinas acliaras, que ser qiiizpssem O mc^mo que tii or fazer, que tfmerarios De li ninguem furiuar juizos possa. E conjugal lambcm Odelidade, ConsL-rva ao t-sposo Ifu misero ausentc : Puis sem torpeza conjugal viveste, Irreprelienshel na bondade e fama, Em qiianto nog unio a sorte eai Roma. E a tama propria minlia a tna a;;ora Desbarale causou ; com mais conspicuas Obras tiia virlude se asslgnale. — Facil cousa e ser boa, quando ao loii;:e A causa existe, que o cuntrario veda ; Nem a casada lem nada que Ihe obsle, A que aos deveres seus de cumprimenlo ; Mas, quando sobre o esposo o cto fiihijna, Aquella, que a borraeca nao se evade Da do amor conju;;al cximias provas : Sim e rara a virlude, que a lorluna Com sobcrano imperio nao T'overna ; 74 Poreui, quando esla foge, a que eui sen poslu Estavel se niantom, {sc al^uma e.xisle) Do «eu porle em si mesma a j)a;:a t-ncunlra, E DOS trances exlrenua se apreienta. — Qiialquer o tempo seja. qire ennumeres, Nenhum calara seculo o ten iiorae, Todus U- admirariio, lo^'ares qiiantos Do orlie os caminhus alirem, palenleam ; Nao VL'S com apu9 inda exteiisa idade De Penelope a i'c louvada exisle ? Como d'ella perenne o nome dura ? D'Heitor, d'Adiuelo como sao conladas Hoje ainda as cspnzas, e a memoria Da filha de Iphis vi\p, porque ousara Sobre a accessa fu^iicira arremessar-fe? Como na fama exisle a Philagea Cooaorte, cnjo esposo o chiio Iroiano Com sens lijrciros pes calcou primeiro ? — ■ N.'io precisHS por mim uiorrer, so basia O moslrar-te fiel e lerna amante, Sem buscar lama por difficeis artes : Nem jiilfijar deve?, purque assim iiao obras. Que estas admneslaruL's eii te dirijo ; Desfraldo as vt-llas, poslo que o naviu, So dus remos levado, as ondas curia : Quern le admocsia e exliorla a que pratiques O niesmo que ju J'.izes, quando admoesta Tambem ao mesmo tempo as ubras tuas Com a sua c\burlai;rio luu\a, e approva. F. DE CARVALHO. DOCUMEMOS IXEDITOS. Carta que o viso^rci D, Joao de Cnstro esrrcvco a el-rei nosso senhor o anno dc 4G (1546) Cunliiinado Je |)0g. 35 Taoliein llic toniamos inais lodalas monijoes de seu canipo, c aos Laacarins coucedi o saco da cidade. Da ruinlia gente iiiorrerao obra de sessonta liom(~», e ficariao I'eridos trezen- tos. Os mais dosles niortos e feridos forao ao sair da fortalcza, e Irepar das imirallias . que sobiinos sem escadas, iiem ouLro eslonneuLo de gucira , salvo ajiidando liuns a outros. Para o que nos den giande alivio ISicolao Gon^alves, o qual com a armada das fustas, que lliedeixei, arremeteo a praya do haluar- le de Diogo Loprs cm amunliecendo com grande eslrom de Uombeta?, e alabales , que era o tempo , que eu sai'a da forlaleza , despa- raiido toda a arlelliaria dos iiavios. E no de luais se deo a tfio boa maidia, inoslrando que dczembarquava , e fazeudo clieguar as t'ustas si prava, que teve sospenso muito leiii- po liil capilao, que com muita genLe estava eiii deircusfio della, para registir a sayda por aquella parte. Oqual capilao nutiqua acabou do coiihecer a cylada, senao depois q\ie linliamos avido grfio parte da victoria: de maiieira que foi grande ajuda, e mui impor- tante a desle ardil ; como qucr que constran- gco aos mouros a tirar de sobre a fortaleza ruuila parte de sua arlelliaria, e gente, pera a por em del'cnsao desta praya. O numero da gente, que estava sobre a fortaleza era sessenta mil liomcs; a saber, Rumes, Ara- bics, Abe.xiiis , Reisbutros vinte mil: e de Ciuzaratcs coienta mil. Esta victoria assim como t'oi a maior, que se vio em todo o Orienle, assi he bem , que v. a. a festejc; e saiba, que se iifio podia alcansar sem muitos, e evidcntes millagres, como todos tem por couza mui avcrlguada , e os mouros o afir- mao, verem sobre a igreja lu'ia mollier muito resplandeconle , que oscoguava, e nao dei- xava tcr o ro.-lo direito aos clirisl.'ios. Polo que lie necessarin , que v. a. mande fazer miii- tas porci^ops, e dar muitas gramas a nosso Senhor; pois llie fez tamanlia merce : que a dez de novetnbro, vespora do Sfio Marlinlio Hie deo de novo toda a India , e liua tama- nlia victoria com obra de dous mil bomes , que pcra todo seinpre ficaraa della memoria ncstas partes. V. taobem fazerrne merce da minlia joia, como sempre foi costume dos reis e principes, quando alguu seu capitao vonce batallia, ou torna cidade, o que eu tudo fiz em liii soo dia com ajuda de nosso Senlior. Mas |)orque pode ser , que v. a. ma fa(,'a dalgiia cousa im[)rc)pria a niiulia condi- ^fio , e maneira de vida, Ilia queronomear, e pedir, e lie, que me fa(;a merce de lui casta- nlial , que tem na serra de Ciiitra, onde clia- mao a fonte delrei, que estaa a par da mi- nlia quinta; p.lra que, lendo os mens mogos que comer no mcu , nao vao dcslruir, e fa- zer damno no allieio. O castanbal poderaa valer do compra dez on doze mil reis; mas para ml scrfio muitos mil cnizados. llos homes nobres , e lidalgos , que nesia balalha morrerao sao os seguintes: dom Joan Manoel , hlho de dom Beriialdo Manoel , o qual foi hu dos primeiros homes, que ciie- guarao as murallias: ferido de liua espingiiar- dada, e leiido hua mao em siuia pera snbir, Iha cortiir.MO, e com a outra tornou a ferrar do muro: e comessou de sobir, sem embargo de 1 he da rem muilas feridas, e sobitido em j ^iola desparou nelle hila peca dartelharia, I que o malou logo. Moneo mais Jorge de Kousa , fillio dAurrique de Sousa , que taobeiu foi dos primeiros ao sobir dos miiros, e o matarao nessa demauda como valeute cava- leiro. Falfceo tambem Francisco dAzevedo na dianleira, de liua espiiiguardada que Uie deu, e Gosruo dePaiva, alein das murallias, e Jam H'alc.'io como valeute home que era. Morreo mais Va.-co Fernaudes, capitflo dos J pyoes de Goa , e Julifio F'ernandes, Duarle \ Uodrigues Mousinlio, Lucas dAbreii, Bal- tliezar Jorge, Ayres Gomes de Quadros Os feridos forao: Manoel de Souza de Sepiilve- da, o qual, ao passar das murallias, Ihe derao com bu canto ua cabcja , e oulro no rosto, de quo o desatiiuirao; mas tornando cm si ; tornou a emlrar na batallia. 'I'aobeni foi ferido Jorge de Meudonga , Miguel da Cunlia, Pero Lopes de Souza, Jam Figuei- ra , dom Jofio dAbranches, (ilho de dom Anlao , Garcia Rodrigues de Tavora , filho de Christovao de Tavora , Manoel Telles , Alvaro da Gaina, filho de Antonio de Sequel- 75 ra , Lopo Botelho, fillio de Jam Guago, Luis dAliiieida , que sieve em liua caravella na balaria, Siuiao Bolellio, vcador da Fa- zenda, e Tiislfio de Paiva- IIo service, que este dia fiserao 03 fidalgos a V. a., e quao bem pelejarfio lodos, e quao bein me aeom|)aiil)arao sempie em loda a Jornada com grandes gaslos de suas fazendas lie couza para nunqua se acabar de i , com- ineiitad(;r deOloug-lieg, e que n'elles eiicon- trou uina prova do consideravel desinvol- vinienlo da Algebra cnlre os Arabes. O priinciro e nin melliodo de inlerprda^'ao semelliante ao que empregara Ploleineo para deteriiiinar acorda de I.°, pnrem mellior eiu teiidido e dando resuliado mais exaclo. Woe- pcke conqjara esle melliodo com o de Plole- ineo, deinoii5lra a sua siiperioridade, e exa- miiiaseus ponlos de seinelliaiii,-a com as for- mulas inodernas d'inlerpola^fio. O segundo melliodo trala directamenlc o problema do teix-eiro grao, de que depende a^determina(;ao de stn. 1 °, estahelece a equa- q'j.0 ])or que seexprime, e a resolve numerica- inente por uni processo que se reduz no essen- cial a desinvolvimenlo em serie, ou a fazer applieajao do melliodo dos coeflicientes inde- terminados. O segundo melliodo ale'm de levar a um resultado ainda mais exaclo do que o pnmeiro, c- eurioso nao so por diffe- rentes particularidades que apresenla, senfio lambem pcia engeidiosa ideia em que e fun- dado. Do que fica e.xposto lesulta nova prova do iulereise que apre=entam as indaga(,-oes sobre IrabalLos dos geomelras arabes, para escla- recer uma das partes menos averiguada da liistoria das sciencia? iiialliemalicas. KfJHATA DO i\.° '). P'lg, Col. Link. 1 Ilu tl.ijuig, 50 Honu-ns — Irime- stre (le, etc. 51 /Nomovinietilo lie tudas as en- j I fermari:is-re- ' la^uo ilus fal- ] I teciJus para I ' lodos OS tra- I:iy.3 1:14,4 Emciul. Moniens — ciirer- Miarjas ile mole- -slias interna^ — irimcstre de, eto. 1:14.4 1:13,4 51 I* 14 abstrac^ao 5i »-*onic.mdas)j^^ 3 ^ ^^ I, 2, 5,3, 4 © JujgitittttiJ, JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. INSTRUCCAO PLBLICA. Minislerio do reino — 1* direcg.'io — 1.* reparli9rio — livro 12. — n ° 40 = Sua Ma- geslade E!-Uei, Regente em noine do Rei, sendo-llie presente a ropresentaijao do con- selho superior de instrutgno publica, de 24 ^e jineiro findo, na qiial o mesmo consellio pede licen(;a para piiblicar no periodico de Coimbra inlilulado — Insliluto — os seus relatorins annuaes, enviados a este Minis- lerio: Ha por bem conceder a pedida perniis- sao, para que os diclos relalorios sej;iin ef- feclivamente publicados, conforme o que o conselho superior propoe, a coinegar do pri- ineiro por elle elaborado, e assirn successiva- mente os oiitros, segundo a sua ordeni chro- nologica, ate o ultimo, que naosera, todavia, em regra, publicado sein que liaja decor- rido urn anno depois da sua remessa a eite Ministerlo. O que se participa, peia secre- taria de Kstado dos Negocios do reino ao mesmo conselho, para seuconhecimento. Pago das Necessidades, em 1^ de jullio de 1854. Rodrigo da Fonsecn JMagnlhdcs. Esta conforme. O Secrelario Geral , Jose Antonio d' Amornn. CONSELHO SUPERIOR. RELATORIO ANNUAL DA I.XSTBICCAO PLBLICA- 18i4— 1845. ^ O conselho superior de instrucjo publica, lendo de levar a presenga de ■pVl. o rela- torio do estado d'aquelie ramo iWadiiiini>tia- gao no passado atjno Icctivo, n.no pode dei- xar de ponderar a inipossibilidade, em que se acha de o fazer com reguiaridade eexacli- dao, por falla dos subsidies e esclarecimentos necessarios. Na porlaria circular de 6 do agosto proximo passado, Foi V. M. servida de ordenar a lodos os directores de estabele- cimentos lilterarios , que remettcssem a este conselho os respectivos relatorios ale o fini de sepleinbro : porem muilos d'elles deixaram de cumprir este dever ; e a maior parte dos que o cumpriram, em logar de fazer uma exposigao melhodica, e muito circumstaiicia- da do estado material, lillerario, e moral dos Vol. IU. eslal)elecimentos, como Ihes foi ordenado na citada porlaria, encheram os relalorios com projectos v'los e chimericos, e alguns com a renovag'io de pretensoes caprichosas, ja des- attendidas e rejoitadas. Nao prelende o conselho, allegando esia falla, eximir-se do cumprimento do seu de- ver: porem, tendo a sua obra de sair imper- feila, espera que V. M. se digne desculpar os defeilos, atteudendo a ser invencivel a causa d'elles. A instrucgao publica acha-se ctassificada em tres graus no decreto de 20 de sepleinbro de 1844; e por isso a exposigao do seu estado deve seguir naturalrnente a mesma ordem. Mas convirii dar primeiro alguma noticia do estado da sua organizagao em geral ; e por isso o relalorio sera distribuido nos capilulos seguintps : — 1.° Organizagao geral de instruc- giio publica. — 2.° Instrucgiio primaria. — 3.° Instrucgao secundaria. — 4.° Instrucgfio superior. — Coaclusao. CAPITULO I. Organkagdo geral da inslrucgdo ■publica. t'azer o primeiro com regulari- dade, e levar li approva<,rio de V.M. os proje- ctos do regulamcnlo doconsellio, dasescliolas jiormaes, de provimenlo dos professores de iu- struc^'io primariae secundaria, das jubilacjoes, apo3enla(,'oes, exoneragoes dos professores , do processo das follias, veriticayfio de lallas, e pagamentos : inslrucyoes para os professores de fhelorica, bisloria , geograpliia, e clironolo- gia, e de grego dos lycens; para os comuiis- sarios dos Cftudos, e para regular os cursos de habililagao para a universidade : program- mas para osexames dos professores de inslruc- <;ao secundaria, ediversas consullas com pro- videncias geraes e permaneules. Bern cimliece o consellio que, a pezar d'estes seus irabailios, ainda llie resla iiuiilo que fa- zer, para lornar complela a execug.'to do decrelo de 30 deseplembro de 1844: edesern- penhar cabalmente a alia missao, que llie foi encarregada ; mas lauibem conhece que, se todas ns insliluigoes precisam de tempo e experieiicia para o sen complete desinvolvi- raento, lias de inslrucgfio publira sfio essas duas condigoes indispensaveis, para veneer habilos e prejuizos, sobre que nada podem os meios maleriaes, mas somenle os moraes ; que sao senipre lentos, e morosos ; e cu ja falla lorna muilas vezes inelTicuzes, e ale prejudiciaes, providencias o mais bem calculadas. Depois do Consellio, nao lia empregados que lenbam iuspecj.'io sobre loda a luslruc- ^•ao; mas acbam-se os diversos rau.os, em •que esta dividida, coiifiados a diversas aucto- ridades. Os eslabelecimentos de instrucg'io superior estae confiados aos respeclivosclietes, como e a universidade ao sen reilor ; a aca- demia polyleclinica e escliojas cirurgicas aes seus direcleres, debaixo da iiispeccao do cotiselho; c loilos elles leem desempenliado com ponclualidade osseus devcres. A inslruc- gao primaria e secundaria esui debaixo da inspecjao dos commissarios dos esludos na [larle jilteraria; e no que nfio e litlerario, aelia-se confiada aos governadores civj's, e adminislradores dos concellios. Os governadores civis teem procurado cumprir as ordens do conseUio : pori'm entre elles alguns, como o de Beja, Caslello-Bran- co e Porto leem moslrado urn zelo mais fer- voroso em promover a inslrucijNo publica, cumprindo nao so com ponclualidade, mas com deverjao este dever ; que e um dos mais imporlanles, que eslii a seu cargo. Em qiian- to aos commissarios, apeuas se aclia nomeado o do districlo de Braga, que ainda ba poli- ce lomou posse. O consellio lem lovado u presenga de V. M. as proposlas da maior parte dos outros; e lu'io se descuida de loniar as informagoes necessarias para as comple- tar; porque reconhece, que sein commissa- rios, nao pode haver inspec(,:'io, e que sem inspec<,'ao ser.'io baldados todos os esforgos, para promover a instruc<;ao publica. E verdade, que no decrelo de 20 de se- plembio ainda se aclia outre meio de iiispec- crio, pelas visitas exlraordinarias : mas e destinado somenle para os cases iirgentcs, e extraordinarios; e por isse nfio pode supprir a inspec<;ao ordinaria, seguida e permanente, que somenle pode ser feila pelos commissa- rios e seus subdelegados, e por alguma cem- missae, de que tiles se aiixiliem no desein- peiilio de seus deveres. E por isso que o consellio ainda n.'io deu providencia alguma para dissolver e consellio d'inslrucgfio publi- ca da provincia oriental dos Azores ; porque, em quanlo nao estiverem as aiicloridades deslinadas pelo decrelo de 20 de seplembro, para a iiispeccao lilleraria, julga que nao serii pniderite acabar com as que exislcm, post" que sejam extranhas aquelle decreto. CAPITULO II. Instrucrdo primaria. A inslnioijao primaria, a pezar de ser a que inline mais directamenle na felicldade dos povos, e que por isso e denomiiiada, por excellencia, nacional, porque dispoe o lioniem para os uses mais ordinaries da vida ; foi com tude a ultima , que enlrnii no quadro da administrav'io do e»tadn, Quando jii a secundaria e superior se acliavaiii conlem- pladas na universidade, fuiidada pelo sr. D. Diniz, ainda a inslruc^rio primaria andava abandonada aesfuidados dos parliculares, e pelos clauslros dos cabidos e conventos, a quern o eslado pagava, quando inuilo, algu- ma pensao parao suslenlo de alguma cadeira. Uecebeii poreui lal impulso no decrelo de (J de novembro de 1772 e seguiiites, que nao 79 teve que invejar a das iia^oes civilizadas d'aquelle tempo. A pezar d'isso, o syslema, com quefoi pro- niovida, resoiitia-sc, principalmenle, de dons defeilos, que a experiencia tornoii scn^iveis. A eicollia de boiis prot'essores e coiidi^fio jndispensavel para o plog■re^so da iiislriic(;ao primaria; porem nial se podera. fazer os^a cscollia do professores, seiii provideiicias para OS formar, e eram esta^, que fallavarn n'a- quelle systerna. Alem disso era deficieiile nos objcctos de ensino, porc]iie, limitando--'e aos conlieciinentos iiiai'S elernctUares e coiii- muns, deixava incomplela a educagfio do povo , e iinperfeilns os coiiliecimcntos neces- sarios para os eiiipregos uiais ordinanos da vida. Era per laiilo Corfoso aos que os que- riain cotiiplelar, recorrer aos estudos s-upe- riores, era que adquiriam habitos e tcndon- cias, que os desviavam da carreira, que as suas circumslancias llies linliam tuarcado; Iaii<,'ando-os ii'ouLra, ern que, a iiiaior parte, nao linliain saida ; e por isso sobrecarrega- vani o publico de prolelarios e parasitas. Para refortnar esles inconvenienles e que, no decrelo de20 de seplembro de]844, se or- denaram as esclioias iiacionaes, e se augnieu- taram os objectos do ensjno, accrescentarido o 2.° grau ; porem a sua execujao ainda n-io pode ter pleno effeito, seudo precise veneer obstaeulos maleriaes e moraes, que somenle o tempo pcdera aplanar. O estabelecimcn- lo das escholas normaes Iraz comsigo despe- sas, que o eslado da fazenda publica obriga a economizar; e demanda directores e pro- fessores, que, no estado actual, nao e facii encontrar. O consellio, tendo levado a sauc- 9ao de V. M. o projecio de regulainento para aquellas escholas , jiilga necessario eiisaial-o primeiro n'urna ein Lisboa, sobr'estando no tstaljeleciinenlo de oulras ate verificar o sen resiiltado. No entretanto talvez seria conveuiente, ensaiar lainbem oulro syslema para a forma- Vao de professores, que, a pezar de niais iui- perfeilo, serd por Ventura mais acconimodado as nossas circumslancias acluaes. A cre;i9rio de ajudantes para as escholas do 2.° grau. que pela frequericia e aproveilaniento dos disci- pulos dessem provas de niaior desinvolvi- niento, seria talvez uni meio de formar pro- fessores com pouca de.-.|)esa; porque a grati- licajao, que o eslado Ihes desse, era paga com o servi^o que faziani : e csle syslema da- ria occasiao para aproveilar algum aluiniro 4a eschola, que desse provas de voca^rio para o magisterio. Em quanto as escholas de 2.° grau, a falta de professores tern retardado o sen estabele- oimento, por quanto os oppositores as cadei- ras acluaes, que sao consideradas de l.°grau, apenas, com raras excep^oes , teem mostrado aptidao sufficienle para escholas parochiaes do campo; vendo-se o conselho na necessi- dade de os prover teraporariamente, para nao privar os povo? de loda a instnicc.'io ele- menlar; e por isso mal pode ler a esperanga de OS encontrar habilllados para o 2.° grau. Allendendo a esta falta, ja o conselho propoz a V. M. a conversao das cadeiras de ensino- inuluo nas de 2.° grau ; porque, a pezar das duvidas, quese teem levantadosobreasiia utili- dade, sfio enlte nos as niais frequentadas , talvez pela maior aptid.'io dos prolesfores : e no entretanto nao se descuida o conselho de preparar o |)rovimento de outras, tendo fi'ilo o regulamenlo para esse provitnento, e remetlido aos examinadores os respectivos programmas para se prevenirem com os co- iihecimentos necessaries para os desempcahar, logo que, pelo exercicio das escholas nacio- naes, ou por outro qualquer motivo, possa havT esperan(;a de ter professores mais qua- lilicados. O numero das escholas publicas no conti- nenle, sustenladas pelo estado, nao exced'i ainda a 1:116: aigumas teem sido Iransferi- das para locaes mais convenienles ; e tem-se provido outras, que de ha muito estavam vagas. Silo 1:075 do sexo masculino; e 41 do feminino: 1058 do methodo siinulianec; e 17 de ensino muluo; havendo 16 d'estas em exercicio e frequentadas por 2:766 disci- pulos. i\as Ilhas ha 73 escholas primarias, com a que ha pouco se creou na Ilha do Corvo: 5 de ensino mutuo; 68 de ensino si- multaneo: 3 d'estas , 1 de ensino mutuo, sao escholas de nieninas. Acham-se as cadeiras distribnidas pelos ditTerentes districtos adminislralivos na forma que se segue : Aveiro 68 — Beja 43 — Braga 76 — Bia- gan^a .56 — Caslello-Branco 49 — Coimbra 70 — Evnra 28 — Faro 29 — Guarda 92 — Leiria 41 — Lislwa 144 — Portalegre 41 — Porto 84 — Santarem 52 — Viana 45 — Vil- la-Ueal 69 — Viseu 129 ; = 1:116 no conti- nente : c= Angra 30 — Funclial 14 — Horta 9 — Ponta-Delgada 20;=:73 nas ilhas. D'estas cadeiras insulares 18 sao pagas pelos rendiinenlos das cnnfrarias; e 2 con- junctamenle pelas confrarias e thesouro pu- blico. Ha no continente 1:084 escholas particu- lares, sustenladas, em geral, pelos alunino^, com poucas excepjoes de algumas in-tiluidas por legados, e outras creadas e sustenladas pela beneficencia particular Nas ilhas, onde se teni seguido a practica (digna de ser imilada ] de applicar a instruc(;ao primaria os sobejos dos rendimentos das confrarias e junctas de parochia, ha proporcionalinenle maior nu- mero de escholas particulares ; nao podendo ainda designar-se o numero total, por falta- rem alguns eiementos estadislicos. O numero dos alumnos frequentando as escholas publicas no continente, pode hoje calcular-se approximadarnente em 45:500, pelo augmento de concurrencia experimen- tado, principalmenle, nos districtos de Beja e 80 CasU'llo-BrancOjdevidoaosefleitos da persua- sao dos governadores civi'j respectivos. N'cste numero entrain 1:G41 do sexo feiiiiniiio. As fiscliolns particular's sfio freqvieiiladas por 10:776 aliimnos de ambos os sexos. jSas illias podererno, dizer (|ue iiao e pro- porcioiialiiieiite inferior o niiincro, sef;i"ido as noticias va;;as, (pie leinos reccbido: I'altain porem oinda os iiiappas esladislicos, que de- veriam ler cliegado. Avaliada em 3.41'-2:600 liabitantes a popu- ia^ao total, e approxjinadaiiiente 1 para 53. D'onde se pode iiiforir que vai progressiva- ineiile crescendo a intclUctuolidade nacio- Jialj porqiie lia poiicos aniios a propor(,;io pelos calciilos estadisticos extrangeiros era a de 1 para 83 ; e no anno findo era o nosso oalciilo de 1 para 65. Feilo o calcuio em reiagfio a popula^uo das provincias da em resultadn ; Km Triis-os-Monles, conio 1 para 43 — Beira 1 para 60 — Minlio 1 para 43 — Alem- tejo 1 para 76 — Algarve 1 para 92 — Estre- uiadura 1 para 83. Mas comparando o numero de aiuninos com o de iiidividiios de 7 a 15 annos, em edade ecircunistancia; de freqiieiitar as esclio- las, desapparece a grande desproporgao, para licar rediizida a n)ais justo valor, formaiido- se um calcuio approxiujado, pelos poucos esclarecimentoi, que ategora leenn cliegado a secrelaria do consellio. K cerlo que o sexo feminino se aelia ainda iniiito desfavorecido ; e pode offerecer-se em prova o concellio de Povoa do Varzim com .'JOO meninas de 5 a 12 anrios, e deatas ape- nas 1 10 apt>iicadas a inslruc(,aoelementar. Traz-osMontes, Beira e Minlio sao pois as provincias aonde a iiistrucCjfio primaria e mais frecjuentada. Egiialmente sfio as que tein mais liabeis professnres, e as que oflere- cern maior concurrencia as cadeiras vagas As provincias da E^lstremadura, Alemti'jo e Algarve teem-se feilo nolaveis n'esle poiilo pela difficuldade de acliar mestres , pela in- bufficiencia dV^les em geral , e pelo pequeno numero de discipulos. N'esle rarno de instrnccrio somos actual- menle inferiores aos Lstados-Unidos Aiiieri- canos, a Prussia, Baviera, Reino Lombar- do-Veneziano, llollanda, Ingialerra, Austria, Franca e Suissa : e superiores por veiitura iinicarnente a Russia e I'olonia, se accredi- larmos os jornaes de estadislica. O numero de professorcs de instrucfao pri- maria e egual ao das escliolas, se exceptuar- mos as de eiisiiio mutuo, cm que lia de mais um €ijudaiile paia cada cschola , e alguns substilulos creados por iiiipedimento dos pro- prietaries. Nem o nosso systema de iiistruc- ijiio admille a congrega^fio de avultado nu- mero de alumnos, que exija em geral mais de um professor por cschola; nein a frequen- cia actual o conscnlc nas escliolas de ensino tiinultaneo. A despesa total da instrncjao primaria no conlinenle, paga pelos cofres do cslado, anda por 103 !)13g8321 rcis. Nus illias a despesa liubrua nfio cxcede a 5:951^990 reis; sendo uma parte da despesa paga pelas confrarias cm numcrario, ou generos cereaes. Comparada a despesa da instruc^.'io pri- maiia entre nos coin a frequencia das csclio- las, fica a despe-a de cada alunino por 2^285 reis annuaes, muilo superior a d'oii- tros paizesj mormente da llollanda, Austria e Franca, nfio obstante serem niaiores os lucros dos professores n'aqiielles estados A difl'ereiK^a recoiiliece por causa a inenor fre- quencia das escliolas ; ee por eate inotivo que o consellio se nan tern deliberado a propor, por ora, a ciea^ao de roais escliolas, a pesar das rppetidas inslancias dos povos. Nao pode porem o consellio deixar de re- conliecer, que o numero das cadeiras existen- tes nao satijfaz as necessidades dos povos, e que em quanto as nao mulliplicar de modo, que torne facil a sua frequencia, nao pode exigir d'aquelles a rigorosa observancia do arligo 32.° do decrelo de 20 de seplembro de 1844 Fara satisfazer a esta necessidade, e alten- der, ao mesmo tempo, as do lliesouro publi- co, tomou o consellio o expediente de pro- mover a crea^;^lO das cadeiras somente pelo mode indicado nos artigos 9.° e 45." daquelle decrelo, ja practicado nas illias ; porqiie as- sim, alein da vanlagem da I'azenda publira, livra-se de preleiisoos inlcressadas, que as caniaras nao li.'io de querer pagar, c obriga eslas a tomar na inspecj.io das escliolas uma parte activa, e a nao a olliar com indifleren- <,a, como succede qiiando sao inteirainente pagas pelo estado. Assiin tomara a instruc^ao primaria o verdadeiro caracler de nacional, ou antes municipal, que mais llie convem. N'este senlido jii o consellio encarregou a lodos OS governadores civis o importante ser- viro do proiiiovereni por rneio dasjiinctasde dlstriclos, e por lodos Oi que eslivcrem ao sell alcance, aquelle expediente : e em breve espera poder levar a pre5en<;a de V. M., al- guiiias propostas d'aquella iiatureza. Jiilga porem o coiijellio, que se aquelle systema for do agrado de V. M., iiiuito conviri.i desper- tar o zeli) dos governadoies civis, em o pro- mover, com especial reci)mmenda<,ao de V. M. . Ainda esle sy^teIna se poderia levar a ef- feito com mais facilidade, se para a Instruc- (j'lo primaria se estabclece^se um giau infe- rior ao l.°, que seria sulTicienle para algumas aldeas de pequena con»idera<,rio, e facililaria a concurrencia dos professores com um orde- nado mais modico, e os recursos para o pa- gamento d'este. Alem disso, e^tabtlecida uma escala de Ires graus, por onde os professores podossein ir suliindo, dar-se-liia considera^'ao a lodos, accreiceiilando a esppran(;a aos pro- ventos reaes, e uin estimulo para estudarem 81 e fazerem esforgns por inclhorar eserem pro- movidos. Esld geralnienle reconliecido, que o progresso sorncnte se pode esperar, da car- reira aberta ao talento : em quanto os ordc- iiados, e recotnpensas, por maiores que sejam, nao o despertam, se se llie lira a seductora perspectiva de um fiituro mais feliz. O conselho tem feilo todos os esfor^os por fazer collocar todas as cscliolas etn edificios publicos, pore'm a falla de edificios do estado em muilos concelhos, e a de recursos dos municipios etn oulros, ainda llie nfio perinil- tiu Icvar a pleno effeilo esle empenlin ; de que, com tudo, nfio desisle, convenrido de quanto a disciplina das escliolas n'elle iiile- ressa. Todas as de ensino-niuluo se acliam col- locadas em edificios publicos, e algumas das oulras , ainda que pouoas : porein o consellio espera do zelo dos governadores civis, que veiicerii os obslaculds , que ale'gora se leein opposto a coUoca^fio de lodas. Outre enipenlio do consellio tern sido o arranjo de livros elemeiitares; porque sem dies n.'io lia que esperar progresso na instruc- ^fio priinaria. Tem encanegado aalgunsdos vogaes extraordiiiarios a forma^fio ou traduc- ^ao dos que jiilgareiii mcllioros: e com esses, alguns, que llie teem sido offerecidos, e ou- lros, que se acliavam publicados, espera po- der formar uma coUec^fio de todos os ramos de inslrucj'io popular para uso das escliolas. Por esla resuinida exposi^ao do estado actual da inslruc^iio priinaria, se ve, que nao e' plenamente satisfaclorio, se o compa- ramos com o incremento progressivo, expe- limentado em povos , que reconlieceni a instruc9rio, como a base da organizaqao das socledades modernas, e principio elementar da forca dos governos ; mas confrontado com a decadencia anterior a 1834 e innegavel- menle um estado de mellioramento sensivel, e abonada fianga a um fuluro elevado. CotUinna* MIVERSIDADE DE COIMBRA-PROGRAMMAS. FACULDADE DE MEDICISA. 1853—1854. 4.* ANNO. C40BIRA DB PATHOLOOIA E THERiPBL'TICl UBDICA B APHORISMOS, 00MPB:>DI0 — HUFFELAND, MANCBL DB MBOBGINB PRATIQDG HYPP0CI1RAT18 APUORISMI. Lente — Dr. Joao Lopes de Moracs, Come^a pela Pathologia e Therapeutica, definindo o qtie e uma e oulra, consideradas em geral ou em wpecial ; e dcpois enlra-sc Da exposirilo e explica^Sodaa generali'ludes do livro que serve de texlo ; as quaes fazem para nssini dizer tjoia lransi^3o da Palhologia geral, e da Therapeutica para a Palhologia e Therapeutica medicas, a que servem de prologo. Enlra-se depois na Pulhologia eiipe^inl, secnindo a clai- iiiicarjio e mclliodo iidoplhdo do compendio ; porque leria confiioito adoplal-o, e re^eitar-Ihe o methudo: enlre- tanto iiHs t'eneralidades se Icni addtizido coiifitleraijaea subre OS differentes metliodog e cla-^iGcu^-Oee, apuiiUiinIo o8 uiais Be^'uidfts no fslodo oclual ij.i sriencia ; e con- cliiindo pela oecpssidade d'adoplar algiim ; preferindo o do conipL-ridio pelo faclo de o ser, e tomaiido-o corao ponlo de conipara^rio com os mats segnidos, mluplando d'csles o que melhur parece a inedida que Be vai Iralando da materia. TcHlando de rada riasse, Bcc"e-se por lanto a ordeoi adoplada no lexlo ; expondo os caracleres da classe, tirailtjs dog syinptouias commuiig, cujo grnpo e couibina- (;ao ci.nstitne o tlijcnusliro ph}sioj;rapUiro da nu^suia ; sem com tudo deixar ilc curriijir de qiialqner uiaiicira <» quo se jul^a a proposilu se^undo <> Cilado actual da seiencia ; supjtrindo principalownle a falla dos caraeleres ariulo- niuiicos nas classes de uiolestiaa, em ip:e elles se d3o. l)(i mrnma mnneira se prucedc a reapfito da Palho^renia ; sem dcsprcsara doulrina das (rt!usti.i projcinias), nduptada pelo aiiclor ; c pondo-a em harmuni.i com o estado da medrcin.! em Franca, aonde parece dar-se-Ihe menus at- ten(;rio, mas qui? nem pur isgo se mos consiirnadus, n'etla cadeira, por uma especie de humenagem ao creador da seiencia, dii-se primeiro uma breve noi^iio liistorica do eslado da medicina na Grecia antes de Ilypocrates ; qu'il e o espirito da sua doulrina luda fundada na observarilo, na experiencia e na razao ; e qua! e o estado em que elle deixou a medicina. Depots entra-se na explicarao e interpreta^ao de alguua dos seus Aphonsnioa, se^undo o espinto da dontrina de HypocrateSj e comparando as suas sentenf^as com o que offerece o estado actual da seiencia, em conQrmarao oh reprova(;.lo das mesman. Eis-aqui em sunima o programma, seguido oas li<;oeg consignadas a cadeira de Pathologia e Therapeutica medica e Aphorismos, Escusado eentrarem minudencias, porque seria indispensavel copiar o indice do livro que eer^e de texto, aqiiillo em que e substituido, modificado ou alterado pelas doutrinas de Grisolle e outros Palho- lusistas modernos ; e o que pode lirar-se de proveiluso du8 varios dicciunarios de medicina, e que o tempo permitte expender nas li^oes d'esta cadeira. JERUSALEM E 0 MaR-MORTO. ARCHEOLOGIA HEBRAICi. A roligiao, a seiencia e a poesia, consagram o iTierecido tributo das suas lioinenagens a csta terra assignalada pelas *rloriosas tradif;oc^> dos livros sagrados. A religiao comtempla 82 /illi com verdacleira eniofao o Uimiilo do Hoiiictii»Dciis ; a scieiicia encontra nesta rc- gino, outi6ra tain llorefcente, os mais ricos mnnancifies da liistoria ; iim ceo lirillianle, e ,» icmiieiisidade do deserlo, rcpresentando a iinagein do iiiGnilo, excitam no poeta as mais sublimes inspiracoes. Nao liu paiz algiim, se i-xccpUiarmos Meca, t]iie em seu seio lenha conlado laiilos peregrines como a Terra san- cla. D'esles os priineiros pertencein aquelle seculo exlraordiiiario, apaixonado do proje- lyiismo, cm que a religiao, depois de cnieis persf'gui5oe3 e longo capliveiro, Irinmfihanle oe sens iiiiinigos, lograra em fim a auclon- dade, que por lanto tempo llie fora dispnlada. Assegnnda? peregriiia^nes appareccm no meio d'essa era cavalleirosa, cm que oclirislianismo, modificado pelo primitivo tliaraclcr das nardes occidenlacs, servia de prctexto ao e^pirito guerreiro, e ao genio avcniuro-o, que fora a cliaracteri^tica da socicdade curopeia nesta epoctia. Em fun, quandn os nllimos peregri- nes penelraram na Judea, a Kuropa lomiira ja uma nova face pelo contacto com a anli- guidade profana, e entnira nesle periodo, as- signalado pelonasciinento da modcrna civilisa- gao, e que vira desapparecer os uUimos ger- mens da barberia. Hojc o viajante percorre aquella terra, clicia de tantas recorda<,'6es, nao ja braiidindo a espada, porem lomando na niao a Bibiia, e a penna. Nesta criizada de nova espccie, animada pilas sublimes aspiraCj'oes a que tende a sociedade moderna, o vinjanle nao se limita so a contemplar n'aquelles venerandos monuuieiilos as glo- riosas Iradigoes consagradas pela fe, e pela religjifio ; os costumes, a geograpliia, e o clima d'aquelles sanctos Ingares fazetn tambem um dos principaes objectos das suaa invesliga(;oes. Assim a fe e o amor da sciencia se ligam admiravelmente, e sfio o verdadeiro incenlivo, que transporta ao meio d'estas regioes essas pacifitas cruzadus, que no volver dos annos 5u vao suceedendo umas lis outras sobre aquel- la terra inhospita. ISo comedo d'este seculo o illustre A. do Itinerario de Paris a Jerusalem abriu esle novo e ale entao quasi desconhecido caminlio, dirigindo as suas observagoes com a exacli- dflo, e soberana liberdadc de \im verdadeiro sabio, e de iiin pliilosnpho tonsummado. O exemplo do illusire viajante teve numerosos immitadores. Desde logo os dois grandes cenlros da religiao reformada, a Allemanlia, ea lnglalerra,assim como a America do Norte, que parece cuiiliecer so um nnico livro, en- viaram successivamente sobre as costas da Syria novos observadores para explorar este paiz. Aquelle unico livro desla ra<;a empre- hendedora, criada sobre nm soloainda virgem, aquelle livro, que, desde a queda do paga- nismo, tern, como oulr'ora Jioma, governado o Occidente, e a liistoria da Judea. A bibiia, abstraindo de sua divina origem, e coiiside- rada so humanamentc, e um poema sublime. A verdadeira liistoria dos triumphos e dos grandes infurtunios d'aquelle povo singular, que parece fi)ra talliado para viver inteirar mente separado dos oulros povps, e desctipla n'aquellas eloquenles paginas com l.'io vivo colorido, com tanla forja de expressuo, em estilo tf(0 conciso, e ao iiiesino passo lao energico, quenenhum oulro livro pode ainda, nem se quer egualar. Na imineiisa variedade das suas descripqoes a bibiia abrangc Judo quanio conslitue a lli^toria pliysica, moral, e politica de um povo, que tao dislincto logar occupa nos annaes do inundo ; os scus uzos civis, e religiosos, suas leis, e sens costumes, seu clima, confii;ura<;ao, e geograpliia ; o eis a(pii porque a hiblia e o primeiro, e mellior giiia do viajante, n'aqiielle vasto tliealro de lao memoraveis acontecimentos. N.^o vem ao iiosso inteiito referir aqiii os profuiidos e imporlantes Iraballios scieulificos, do que a bibiia lein sido objeclo sobre liido cm Allemanlia, ondc a crilica moderna, e o espirilo de livre exame lanlos progressos tern feito ; o que imporla notar, e o facto singular, e caracteristico da arclieologia lidbraica — a completa ausencia de todos os elementos, que constituem, o que ordinariamenle se cliama untiguidade figurada. Kste facto mui notavel, e attestado por todos os viajantes, e confir- mado pelo lestemunho dos liomens mais emi- neiites na sciencia desde Rosenmuller ale Gesenius, e desde Micliiielis ale Ewald. Dii-se o nome de antiguidade figurada as obras d'arte, que tem escajiado a. destrui(,-ao. Quando a antiguidade lilleraria parece fugir- nos, ou perder-se na obscuridade dos seculos, a antiguidade figurada vem, por assim dizer, servir-nos de marco niilliario nesta longa via, onde o viajante se perderia em mil encoi>- , Iradas conjecturas. As recorda^ues, a tradi- (|-ao e OS soiilios do passado lornam-se palpa- veis, e apresenlam-se-nos aos oHios com loda a for^'a da realidade. Em llerculano , e Pompeia a antiguidade figurada revela ale os faclos mais particulares da vida e cost.iines dos seus antigos mora- dores. Na India, na Italia, e na Grecia os templos, e as eslaliins sao documentos elo qiientes das magnlficencias do paganismo. A Judea pelo conlrario nao nos offerece um unico monurnenlo da sua primitiva civilisa. y.'io, ou de sua antiga religiao. A raga, que primeiro pisou este solo, como todas as rajas semiticas, linlia pouco goslo pelas imagens, e ja mais so dedicou a. culliira das bellas arles. Na Judea ii.'io se observam, como sobre OS promontorios da Sicilia, ou junto das margeiis do Nilo essas bellas rtiiiias, que Inriiam a pai-;agem tfio rica e lao variada ; nfiose veem alii nem cdificios coroandoa crista das montanlias, nem pedeslaes sem estaluas : falla esla bclla iiarinonia da naturcza e dos inoniimentos. N 'aquelle paiz nao se conliece a ligajao do Acropole com o Partlienon, liga(;rio tarn intima, que o rochedo allie- 83 niensc seria o mais espantoso rocliedo do mundo, se tiao tivera aquella fortnosa coroa de alabastro. Eslas sublimes hainionias, la- Iliadas para a pliantasia do pintor, e para a imaginajao do poela, nao e.xistoin na Judea, porque tao dilTicil e lioj ■ reconheoer os ves- tigios dos primeiros domiiiadores deste paiz, como achar as pe^adas dos arabes na area do deserlo, que esui as siias porlas. E de feito a iiagfio judaica leve um iinico moiiuniento, destruido lia dois mil annos. Deste grandioso moniimento resla apenas a confusa dcscripgao, que se Ic nas pa- ginas sagradas. E por isso que os auclores, que se tern occupado da archileclura das na- 96es aiitigas sao conformes cm dizer, que inui pouco se sabe da dos liebreus. K Mi- chaelis, um dos mais diilinclos e abalisados conhecedores das antiguidades biblicas, iiao duvida susteiilar, que no tempo de Salomao « ainda muilos annos dcpois os arcliitectos judeus erao mui ignorantes. Copear os plienicios parece tor sido o objecto de todos OS seus esforjos. Ora como os phenicios nao deixaram um unico monumento, digno deste nome, f'acil e de ver, quam difficil sera conhecer, e avaliar exacta e rigorosameute a architectura dos hebreus. Nem era para estranliar aquella ignorancia n'uraa ra<;a tao proxima do deserto, e no- made por consequencia na sua origem ; que cerlo nao poderia medir-se na arte de cons- Iruir com as na^oes agricoias e sedentarias. Outias circunstancias, porem, nao menos im- porlantes, vcm confiimar o testemunlio dos iiistoriadores no que respeita a completa aii- ■sencia dos momimentos biblicos. AJudta f'oi por largos annos tlieatro de sanguinoleiitas lutas, e conlinuas devajlagnes. A terra clas- »ica dosmilagres, nao tern sido tnenos — a ter- ra das revolugoes. A Judea era o vasto cami- nlio para os conqui^tadores do Egypto on da Asia. Odiosos aos outros povoa, os judeus viviam cercados de poderosos inimigos. A una liistoria e uma constante alternaliva de sangrentas victorias, de crueis revezes, e de longos capliveiros. Batalhando incessante- mente por libertar-se do jugo estrangeiro, livernm por fun que ceder, e sua capital ate o nome perdeu. Jerusalem desassete vezes foi saqueada, c um milliao de seus beroicos de- fensores deram a vida peja iiberdade junto de scusmuros. E no meio de tao espantosas ca- tastrophes impossivel foradescobrir asreliquias da architectura iiebraica, ainda que os Judeus possuissem esta arte em tao subido grdo, como OS Romanes. A todas estas causas, que seriam de persi bastantes para fazerdesaparecer de sobre a face desie paiz ate os uitimos vestigios da primiliva civilisagao Iiebraica, aoaso se juntara uma outra, niio menos poderosa, se nao, talvez, mais effic.az, e dura- dOra. O genio hellenico com todas as suas galas, cercado de todos os primores d'artc, cslendera sua doininajao sobre as aridas montanhas da Judea. A sua magnificencia ainda hojeseadmira tias magestosascolumnas de Palmyra, e ate sobre os rochedos de Petra. A nova Jerusalem, levanlada sobre as ultimas ruinas da cidade de David, e um glorioso Iropheo da grandcza e excellencin d'aquelle genio portentoso, que cm todos os seus monumenlos dcixara eslampado o cunho das artes e das sciencias. A lerceira ree(li(;ca- <;ao do tempio de Salomao fora, segundo Herodoto, obra prima da riquosa, e ele- gancia de Athenai on do Corinlho. Assim do lantas grandezas restam-nos hoje ruinaa de ruinas ; os vestigios de uma nova civilisa- ^'iio, que fizera desapparecer a da gera^ao, que a preccdeu, e que para sempre liciira con- fundida no p6 dessas mcsmas ruinas. A irnpossibilidade, porlanto, de encontrar 05 nrienores vestigios da antiguidade hebraica, e um ponto assenlado, e sobre o qual as tradi^oes, o teslemunho dos mais eruditos antiquaries, dos peregrines, e viajantes estam ein pleno accordo. Um illustre viajante, porem, n'uma recente publica^ao ' pertende reconhecer ii'alguns nionunientos da Judea a obra primiliva d'antiga civilisa^ao hebraica, das suas artes, e da sua industria. Em apoio desla theoria, contradicta por tanlos e tao numerosos docu- mentos, Saulcy invoca o descobrimento do tumnlo de David, e das ruinas de Sodoma. A aiUenthicidade, porem, destesfactose ainda mui problematica, e nao sera porventura dif- ficil reconhecer n'esla theoria as erradas conse- queneias d'alguma preoccupa^ao, ou de um false sysleuia. A questao e evidentemente uma das mais imporlantes, que pode offerecer-se no estudo da archeologia hebraica, e que nao deixara por isso de merecer a atlenjao dos erudites. Continua. CONCORRENCIA. Continuado de pa^. 72. Accusa-se geralmente a concorrencia de arrastar comsigo a miseria d'uma classe, ao passo que oenlralisa no dominie do capilu- iista todas as fortunas ; que o capitalista se torna e rci da seciedade, a btirguezia a sua escrava ; que a miseria cresce a medida que a civilisagao augmenta. E uma queixa simi- lliante a. que se fa? relativamente a mo- ralidade; em nosso entender esta accusa^ao basea-se n'um duple erro. A conconencia absoUita nao dotnina ainda hoje a seciedade, porque os monopolies lega- ' Saulcy. Voyage anionr de la Mer-Morte et iaus let Urrei bibliqiies. i vol. Paris 1853. 84 lUado5, e o monopolio do capital ainda of- ferecem uma barreira ao livre desinvolvimen- to da liberdade, como lenios foilo ver. Mas se a Iciidencia geral o para a generalisa^ao da livre associayfio ; se esta tendamado tambem inops, porque nao possuia um so pal- mo de terra ; e capite ccnsi, porque so eram recenciados por cabe^a ! E desta classe conta- vam-se em Roma no Iem|)o de Cesar trezen- tos e vinte mil, quando a massa total da po- pula^ao n.'io excedia a quatroceiitas e cin- coenta mil almas. Quern desconhece o — pcincin el circenscs? Um peda^o de pao, po- ne;/?, acompanliado de festejos e de jogos circcnscs, e distribuido cada dia gratuitamen- te a cada um dos trezentos e vinte mil ociosos de que lemos fallado, oonstituia para esta massa degradada a maior somma de felici- darle que ella podia ambicionar. Garnier de Cassagnac diz, que a mendici- dade era um facto quasi desconhecido dos antigos nos tempos da servidao primitiva, por causa do pequeno numero de libertos, que havia antes da eta christa : esta opiniao hoje n.'io suslenla o rigor da analyse. Depois da batallia de Cannas, Roma armou oito mil dos sens escravos, a que deu a liberdade; ' desde « anno 340 a 210 antes de J. Christo, mais de cem mil libertos haviam entrado na sociedade romana; e acabaram por tornar-se tao numerosos, que Scipiam Emiliano dizia, que o povo romano nao era outra cousa. Quando Mario ipiiz destruir em Roma a aiistocracia da nobreza, encarregou deste ciii- dado milhares de democratas infelizes, que elle foi buscar d'entre os escravos; Sylla distribuiu a cada uma das Irinta ecincot-ibus dez mil novos cidadaos libertos, que haviam sido escravos dos patricios proscriptos. Isto fez com que Cicero dissesse de sen tempo, que OS libertos piedominavam nao somente nas quatro tribus urbanas, mas ate nas Irinta e uma tribus ruraes. Jii se ve pois que antes da era christa liavia grande numero de liberies; mas se attenderraos a massa da mendicida- I 85 (Ic, nao so acliava laiita nclles, porque traba- lliavaiTi, codio nos cidadiios ociosos de que f'allarnos, os <]iiaes nao tiahalhando, e nao lendo patriinonic, deviain foffrer as Iristes consequencias d'lini tal eslado. Alem diaso, OS escravos eiiferiiios e inqiiissibilitados de trabaihar aiii^mentavaiii graiidomenle o nii- rnero das vicllnias da fonic. Na epoclia da barbaridade o quadro ainda e mais canegado : quasi loda a parti; penal da lei Salica, prova Mr. Pardessus, (^ra con- tra as rapinas e assassinates ; de trezenlos e quarcnla e tres artigos dc direilo penal, Cjue esta lei conlinha, diz Mr. Guizot, liaviaiii cento e cincoeiila que se referiam a casns de roiibos, e cento e treze que se referiam a alaqnes contra as pessoas. Nestos tempos calainitosos nao era possivel andar pelos canipoj scm o perigo eniinentc de taliir, on nas mfios dos bandos de ladrofs, on nas dos ininiigos. Os nome? antigos das rnas de Paris testemnnliam ocspirilo anti-social desle tempo, e a iniseria, que era a sua consequencia. O ter(,o ou talvez a inetade da populajfio da Enropa, e d'nma parte da Africa e da Asia, succumbiu pela guerra, pela peste e pela feme! Quando Julianno passou para a Gal- lia, qnarenta e cinco cidades acabavam de ser destruidas pelos Allemaes. Depois da in- vasao d'Atlila so duas cidades foram salvas ao norte do Loire — Troyes e Pan's. Em Metz OS Hunos degolaram toda a gentc, ale as criari(,'as. Salvianno conia ter visto cida- des, cujos vivenles eram unicamente as feras e as aves, que devoravam os cadaveres em putrefacgao. Em Hespanlia as feras em- liarayavam olransito pelocampo, ecliegavam a atacar as povoa^'oes. Uma muUier linlia quatro fillios, malou-os e devoroii-os a lodos I Na Africa os Vandalos arrancaram as vinlias, as oliveiras e mais arvores frucliferas, para que os povos encerrados nas cidades live^sem de perecer a necessidade. Ka Asia, diz Cliateaubriand, as invasiies dos Godos produziraui unia fome e iima peste que diirou qninzc anr)Os; cinco mil pes- soas morreram n'nm so dia. a Roma, qnatro vezes sitiada e. toniada dnas vezes, soffreu os males que liavia feito soffrer a terra. As mu- Iheres, seguiido S. Jeronymo, nao perdoaram mesmo aos I'lllios que peudiarn de seus peitos, e fizerain entrarde novo em sen seio o fructo que dalii acabava de saliir. Roma lornou-se o lumulo dos povos de que liavia sido a mie. A luz das najoes e\tinguin-se, decepando a cabeCj'a do imperio rnmano, abateu-se a do mundo ! u A peste e a foine cspantosa forarn as consequencias necessarias dcslas devasta- ^oes. Mais adianle a liistoria nos faz ver, desde o fim do seculn decimo ate ao principio do duodecimo, a fome, que nos seculos prece- dentes havia jil feito terriveis estragos, lornar a apparecer treze ou qnalorze vezes, quasi seinpre acompanliada da peste, durando cin- coenta annos n'lini periodo de cento e doze annos; a liistoria nos iiioatra uma fome tal em Inglaterra, que tliegoii a comer-se carne huniana. O seculo dezesseis n.'io apresenta sigiiacs de graiide inellioramento para o proletariato. Fortescue, que liavia pereorrido a Franca no tempo da Reforma, dizia, fnllando dos colonos: u files bebeni agna, eomein pomos, fazeni com centeio uni p'lo negro, e naci fabem mesmo o (pie e carne. » No tempo de Liiiz XIV contavam-se em Paris 40:000 vagabundos e mendigos, e 200:000 em toda a Fran<;a : eja desde o seculo XII a mendici- dade de profissfio era tHo nnmcrosa, que se havia tornado objecto de serias inquicta9r")es. Vauban (an. 1698) este liomem tao conlie- cedor do estado da Fraii(;a no sen tempo, ex- piessa->e as!ini : « E certo que o mal da iiidigencia tern siibido em excseso, e se nao se tratar de llie dar reniedio, o povo baixo caliira n'unia exlreniidade de polireza, de que nfio se tornara a levantar. As estradas principaes do campo, e as rnas das cidades e das villas est:lo clieias de mendigos, que a forne, e a nndez d'alli fazem saliir. Quasi uma decima parte do povo e,t estado de darcni esniolla a esta, porque muito perlo se acliarn da mesma condicgao; e das quatro que re^tam, tres sao muito pouco abastadas. ;> Hoje a Franga, paiz que tanto tern augmen- tado em induatria, nao apresenta um qiiadro de pobreza comparavel com este, e a Frani^a lioje e povoada por 34 millioes de liabitantes, e enlfio apenas por Mi. Entre nos mesmo, n'lo obstante Portugal ser uma nagao agricola, e a ferlilidade dos nossos cainpos offerecer ahundantes recursos contra a miseria, todos sabem de quantas leis nao I'oi objecto a mendicidade de-,de os anti- gos tempos. As leis de D. Fernando contra os mendigos sao disso um testemunlio; e em tempos mais proximos os alvaras de 9 de Janeiro de 1604, de 25 de dezembro de 1C03, de 2& dejunho de 1760, edital de 17 de maio de 1780, etc. Jii se ve pois que a razao e a liistoria contradizem formalmenle esse augmento sem- pre progressive da miseria, que snstenta a opiniao que impugnamos. j.B. DA s. P. DE c. MARTENS. PHYSIC A DO GLOBO. KXPOSKjIo DO SVSTEM* DOS VE>TOS. O vento e uma parte denossa atmosplipfa posta em movimenlo por alguma altera^ao em sen equilibrio : esta alterafao e prodnzid.i por dilferen^as de lemperatnra. 86 Scndo o ar inais qucnle, c por ecinscguinlc mais rarefeilo junlo do eqiiaiior (\ne dos po- los, eflabelecciii-sc, cm cada heiiiiaplierio, correiilcb dar cpit se dirigeiii dos polos para o equador. Kstas conenles cliamadas vcntos polarcs, ordiiiariaiiionte nas zcnas lempera- das soprani cnlre o noroeste e o norle no licmisplierio boreal, c cnlre o sndoeste eo sul ro austral; a direc^fio d'ellas approxiniase de leste, ao passo que avan^ain para a zona torrida, onde forniani os venlos alizados. As iiuvens i'reqiienles vexes indioarn, qne as cor- /eiites variarn niaia depressa nas cainadas in- feriores que nas superiores, c que conservam sua priinitiva direcyao nas regioes elevadas. Al'^umas vczes os venlos polaies totnani proximo dos polos a direc^iio enlre o norle o iiordnste ou enlre o sul e sue^te, conforrne o liemisplierioj c a conservam ale' na zona lor- lida, e nas inais elevadas regioes da alinos- pliera. Os venlos polarcs occupani uma cxlonsao limilada; mas reinain ao mesmo tempo em muilos logarcs, e nos intervallos que os se- param, encont^am-^e os vcntos liopicaes, i]iie soprani enlre o sul e oesle no liemisplierio boreal, e enlre o norte e oeste no austral. Estes ventos sao ordinariamenle as contra- correntes dos ventos alizados do liemisplierio em que sopram. Oj venlos alizados forraam diias corre:ites distinclas, que eslao ern contaclo nos mares livres e sobre as coslas orienlaes, a uma distancia do equador, que depende de sua jntensidade relaliva. Eslao as vezes afastados uns dos ouUos a oeste dos conlinenles, nos mares eslreilos ou semeados de numerosas llhas; no iiilervallo que os separa, cxislem calmarias, ou antes ventos que sopram entre o sul e oeste no liemisplierio boreal e enlre o norte e oeste no austral : clianiam-se venlos variaveis da zona torrida ^ mas nos mares da India da-se-llies o nome de mongao do sudocsle ou mongao do noroeste. Os ventos sao pola maior parte as contra- correnles dos ventos ali/ados do hemisplierio opposto aquelle, em que sopram. Quando os venlos polares e os vcntos ali- zados teem nnia cerla intensidade, podem cbcar lis niais elevadas regioes da almos- pbera; mas quando s.'io fracos, os ventos do liemisplierio austral passam por cima dos venlos polares e alizados do bemispherio boreal, ou vice-versa. Em qnalquer logar que os ventos polares e alizados deixam de reinar a supcrficie da terra, sao subslituidos pelos ventos superiores. Quando os venlos alizados dos dous hemi- spberiosesl.'io em contaclo, os venlos superiores tocam a supcrficie fora dos limilcs cxtcriores dos ventos alizados ; mas desde que as zonas d'esles ventos se scparam, o intervallo e pre- encbido pelos ventos superiores. Estes ventos reunem-se ora aos ventos Iro- picaes, ora aos ventos variaveis da zona tor- rida, e ate algumas vezcs a ambos. .^uglncn- lain de intensidade que todavia e' pouco con- sideravcl, exccplo se 'os venlos polares ou alizados do liemisplierio a que cliegam, Ibes oppoem obslaculo; e apenas variarn a oeste do sudocsle ou do noroe'stc por effeilo dos mesnios ventos. Os vcntos tropicacs formam inuitas vezcs nina zona ou parte d'uma zona comprebcn- dida enlre o parallelo de .S5 graos c o de 45 ou ()0 graos. Grande numoio de correntes d'ar polares eslabelcceni-^e ao mesmo tempo enlre esta zona e a dos vcntos alizados; cstas conenles teem origem junlo doa polos, inaj lendo menos intensidade que os ventos tro- picacs, passani acima d'cstes, e retoinam sen curso a supcrficie da terra perto do limile equatorial dos venlos tropicacs. Quando os vcntos polares sopram enlre o norte e nordcsle ou cnlre o sul e sueste, segiindo • o bcmispberio, tivcram origem junlo dos polos, e doniinain a superficie do mar. Se sao mais fortes que os venlos tropicacs, con- linuam sen curso u superficie, e obrigam estes a rcmonlar :is regioes elevadas; mas se sao mais fracos, dcsviam-se de sua primiiiva direcgao, e loniam a do le'ste ou de les- suesle no hemispbcrio boreal, e a direc(;ao do le'ste e de lesnordeste no cutro liemis- pberio. Depois de calmarias, o venio eleva-se or- dinariamenle nas zonas temporadas do sus- sueste, no bemespberio boreal ; 'varia depois ao sul c ao sudoeste, e ate ao oessudoesle, donde passa inslanlancamenle ao noroeste. No hemiipberio austral, gj'ra cm sciilido inverso; coinega ao nornordesle, varia depois ao norte, ao noroeste e a oesnoroesle, donde vira ao sudoeste. Os ventos polares adquirem logo que co- mcij'am a soprar, grande I'or^a que conservam por um periodo que dura Irca dias junlo dos tropicos ; cxlcndem-se depois para oeste, c ate as vezcs Iraiisporlam-se n'esta nicsma direcc^fio; poreni esta niudan^a nfio scei'feilua com regularidadc a nao ser a grande distan- cia das coitas e abaixo do parallelo de 35 graos. Os ventos tropicacs sabem ao mesmo tempo dos logares em que estavam, e que passam a ser occupados pelos venlos polares. Nos dous bemisplierios, os ventos polares n'uina esta^ao diiram a respeilo dos vcntos tropicacs muilo mais tempo nas costas orienlaes dos conlinenles que nas occidcniaes; e vice- versa na eslai;ao npposta, em que os ventos tropicacs sao mais frequenlcs nas costas ori- enlaes que OS polarcs, e o conlrario a respeilo das coslas occidcniaes. Os ventos ali;,ados approximani-sc ou a- fastarn-sc do equador confornie a intensidade dos venlos polares de que s.io a conlinua- <;rio, e conforme a intensidade dos vcntos do bemispherio opposto; pelo que os sens limilCs variam consideravelmentc ainda na distancia de alguns dias. 87 Os vcntoj variaveis da zona toirida oc- fiipain graiidc exlonsao, que nugmenla ou (liniiniie com a inlcnsidade do5 veiilos alizados dos dous lieiiiUplicrios ; os sens limiles oc- cideiitaes a|jproximam-se dos coDlinenlcs an pasio que os sens liniites jjolares se approxi- cnam do cqiiador. A causa principal das dififerenlcs rarefac- loes do ar que produzem os ventos polares, e o sol ' ; mas etn virtude da configura^-no do tcireno, o como por outra paile este astro aquece e rarefaz inais ou menos a alinospliera truiii hcinlsplicrio que no outro scgundo as f^la(,■ocs, OS venlos polares adquireiii lanibcni dilTerenlcs inlensidadcs nos dous liemrsplierios. Pelas dirferen<;as d'inlensidade e que os ven- tos n'lo se dirif^em em todas as paries das ^onas leniperadas constantemente dos polos j)ara o ecjuador. (iV. Larligtie, da Acad, das Sc. deVranca.) DOCUMENTOS I.NEDITOS. Carta que o riso^rei D. Juao tte Castro escrcvro a el-rei nosso senhor o anno de. ,-iti ^(la-iti) Conliniiado de pag. 76. Priuieiramenle fa^o lembranja a v. a. que iiao devia de ter qua nenhu governador, iiij official assf de justi^a, como de fa/euda mais tempo, que de tres annos ; posto que llie af- flrmassein, que saravfio cufermos, e resucila- vao mortos ; porque a terra e de tal calvda- de, que nao sinlo qnal seja a naturcza tao forte, que possa resistir muilo tempo as co- bijas, e vicios, que se nella uzao, e pratiquao: OS quaes tein cobrado lanianlia posse, e au- 'tlioridade, que nenliiia couza se pode jii qua lazer, por feia que seja, que dos liomens jcja estrardiada ; iieJii pello eonlrairo algu genero de virtude, que se aprove, e aja por beni feita, e delles seja bein touiada, c recebida. Ora pois, senlior, se em Portugal acaso po- deinos com pessoa, que as priineiras palavras nos nao Iragam a tnenioria coino lia paraiso, e inferno, e a pouca conia, que devemos fazer desla vida, salvo para obrar, e fazer bem ; e hi lia lantos pregoeiros das virtudes, e acuzadores dos vicios, e pccados ; e com ludo isso nao deixa daver quem sirva mal v. a., e Ihe roube a sua fazenda, a que laa, e qua chamfio saber, e aproveitar: que fara n estas partes da India, onde tudo sc faz polo ' Na socieilailc nieleorologica de Londres, iruma das •rssuea do principio do correiile anno, fui lidu uma me- inoria de C. Bulard sobre cerla lei esislenle na direci;ao dos ventos, Duas mil oliservat^oes le^'aranl o anctor a concluir que e direc<;3o dos ventos depende principalmen- le da diffcreni;a de declina95o do sol. e da luo. ("Aola rfa rsffac^ao.) contraiio, e nao ere nenliua pessoa, que liaja hymais de nacer; e morrer, sem terem, nao digo por pecado, mas por cousa mal feita; fazerem furtos, azarem mortes, vivere cm lu^ xurias, e, em conclusao, em nenliua nuldade o, podcm coniprelicnder, de que ajam hua piquena de vergoiilia. Eu confesso a v. a., que nao sou jii o que party de Porlugual, e que cada vez me vou encliendo de ferruoem, e apodreceiido como as armas dos sou" al' mazeis. Mas com tudo tenlio muita esperanca em Deus, que aid tics annos me nfio arrombe de todo. Polo que pe^.> inujto por meree a V. a, (jue nao queira clieguar ao cabo de espirimentar n'crla terra minlia conslancia e (ortaleza, e aja por sen servi(,'o mandar outro governador: poique llie juro em vcrdade, que os iraballios da India me tern gua-tado as carnes, e os cuidados de lanlas, e tarn desvairadas couzas moidos os ossos, e o mac vivcr dos liomPs danada a alma. Demaneira, senlior, que cnmpre niuito a v. a. nao me ter qua uiais tempo que tres annos; e ;i mi- nlia coMciencia rccolher-me outra vez aos iiiatos da seria de Siiitra, pera dar algus dias a Deus de quantos annos me tern levado o mundo. H nao me empute v. a. a fraqueza desejar eu em estremo de me sair dua ter- ra; pois sao Ihome recusava (anto de o nos- ' so ben lor mandar a ella. E taobem nao he possuel poder-se mais tempo soster hij ".q. yernador sem mostrar o fio ; como quer que he sobejamente perseguidodos homGs, dos qua- es bus Ibe pedem dinheiro, outros o peitao com die, e outros pedem officios, e viagens, e elle ainda nao tern cinco paCs, e dous peixes pera cinco mil homes, nem merccimento pera nos- so benhor fazer millagres por elle. Garcia de Saa he hu fidalgo muilo honr- rado, e todo o tempo, que esteve em Portu- gual servio v. a. na corte, eoque esleve fora o servio na guerra. Quando vim a descercar esta tortaleza de Dio estava sua mollier muilo doente; e sem embargo disso adeixou, e veio comigo servir v. a.: e depois de me Deus dar victoria dos mouros Ihe trouxer'io novas, que sua molher era falecida, da qual Ihe ficarao duas filhas inuito fermosas, e muito virtuosas: beijarei as mfios a v. a. favorecello no con- tracto, que com elle fez do gingivre; pera que coniisso que puder guanliar possa cazar suas filhas. Elle estaa pobre, e anda rauito desfayorecido de v. a., por nunqua Ihe escre- ver. Se i^to e, por ter aigua maa enfoima^ao d elle, eu Ihe juro em minlia conciencia, que Iha derao fahainente; porque o lem tSobem servido em Malaqua, que ii.mo sei quem che- gasse a elle : e assivelho como he, em todalas couzaS do servijo de v. a. lie o primeiro, que se oferece, e que o serve per obra; e toda a merce, que Ihe fizer, elle a nierece por sen servijo: e em satisfajao de quanto tern gas- tado ; e taobem com ella einpararaa v. a. suas filhas. Vasco Fernandes, capitfio dos pifics de Goa, que morrco na balallia, era 88 iiiuilo vuleiilG cavaleiro, e tinha i-ervido v. a. om Africa, e qua na India se tinlia acliado em lodalai coiizas de giierra. Era imiito po- bre : cuido que a caiiza dislo era ser inuilo bom lioiiii;. ricao-liie dons lillios, e muilas filhas: beijarei as nifios a v. a. tomar-llie os fillios por seus 1110903 da cainara ; porque soaraa qua inuilo l)eiii nas oieihas do povo verem, que eslaa v. a. eiiipaiando de cinco mil le;i,'oas os filiios dos lionies, que morreni em sou servigo. Ho doulor SimHo Martins ouvidor geral da India lie lu'i dos boos homes, ou o millior que nunqua veio a esla terra de sen officio; porque he niuito livre, e izento no fazer da jusli^a, e tao inteiro, que nao loma hu pucaro dagoa de nins;ucm ; e com islo e inuito bein quisto de lodos; por verem sua bondade, e direila justi^a. E5taa lao pobre, que se pode aver delle muila piedade. Anda sempre comigo, na gucrra o acho a par de mi, como cavaleiro, na pax nie aproveito de seu conse- Iho : porque lenlio por cerlo, que nio daa bem, e verdadeiramente. Na balallia, que com ajuda de nosso Scnhor vency, ganhou muita lionrra : polas quaes couzas, receberei em inui grao merce de v. a. mandar-Uie o liabito com vinle mil reis de tenja. Bem sei ' que toda a outra pessoa Ihe mandtira pedir mais peraelle; mas eu eslimo tao pouco ren- das, e riquezas, que venho a ser mao juiz, e mao requerenle dos inerccimenlos alheios ; e por isso venho a pedir tain pouco a hu rei como V. a.j sobre todolos outros liberal, c virtuozo, o que me faz inda mais culpado, O anno passado escrevi a v. a , pedindn- Ihe por merce, que tomassc Duarte Pereira por cavaleiro de sua caza ; bem creio, que me faria essa merce; mas porque pode ser, que com outras occupajoes llie esquecesse, Iho torno agora a pedir outra vez ; porque te muito bem servido v. a. n'estas parte?, 0 n'esta Jornada de Dio trabalhou grande- mente. Elle foi o que meteo mens filhos em Dio no tempo do iiiverno; por ser o mais soficiente home de navios de remo, que ate o dia doie tenho vislo. ' SELENOGRAPHIA.^ Com o lilulo de — Relevo do hemispherio visivel da lua, executado por Th. Dickert, guarda do museu de lii^toria natural da uni- versidade de Bonn, na cscala de 1:()00,00() para as dislancias, e de 1:200,000 para as alluras, foj presente a academia de Franca em sessao de 5 de juiiho um opuscuto, im- presso em allemao, redigido por J. — F. Ju- lius Schmidt astronomo do observatorio de * Esla longa, e tarn nolarel carta no naniiscripto nSo lem data ; ma« bem se ve, que foi escripta Jojo depois ila ^rande Victoria de Dio nos fins do anno de 1416. (Nota do compilador d'eeles documentos.) -^ Eila palavra derita-eo da rai2 grega eclefU lua. Olmulz, na Moravia, opusciilo do qual o secretario perpetuo fez as seguintes cilajoes; Oi diametros das a'nteras propriamente ditas variam de seis milhas apenas alguns centos de pes. Sao numerosas e eiicontram-se em todas as regioes da superficie da lua. As' paredes cjrculares teem quasi sempre conside- raveis jirofundidades. A silua^ao de muilos milharesdc peqi.enas crateras fez presiimir aos observadores, que algumas sfio d'origein re- ceiite, por isso que veem-se clarameiile os ef- feitos produzidos por ellas nas montanlias an- ligas em que eslao abertas. \i fend as que teem a forma de regos ou fossos estreitos e piofundos, sfio de grande nuiiiero de miUias de comprimento em quasi todas as regioes da superficie da lua, coiisti- tuem lima formacao particular, e u, excepijao de tres, todas as outras teem sido descobertas nos ullimos trinta annos. A direcgrio das mesinas parece ser inleiramente independente dos accidentes do solo nas suas proximidades, ou sejarn montaiihas ou |)lanicies; atravessam em sen ciirso montanhas inleiras bem como os elevados contornos circiilares de crateras pro- fundas. O delirado estudo telescopieo deixa vir n'ellas um phenomeno eslreitamenle ligado a formaj.'io de crateras alinliadas. Nas fendas descobre-se a forniagfio a mais moder- na d'accidentes na superficie da lua, e talvez actualinenle ainda outros tenliam logar. £sta iioticia e aconipanhada d'um pro- gramma das diversas regioes mais imporlan- tes publicadas por Th. Dickert; a saber: 1.° A regiao de Mosenberg e o lago de Meerfeld, junto de Mandersrhicd no Eifel; 2.° Os banlios de Berlrich e suas circum- visinhan^aj ao jie da Moselle; 3.° O lago de Uelmen e sous arredores no Eifel ; 4.° A ilha de Palma, no archipelago das Canarias ; 5.° A ilhadeTeneriffe, com opico de Tcyde. Os rclevos sao executados em folhasdelga- das de coljre, o que os lorna de facil Iransfe- rimenlo, resuitando assiin a grande vanlagem de nos cuisos ser a vista patente a demostra- 5ao dos phenomenos geologicos. SOCIEDADE GEOLOGICA DE LO.NDUES. Na sessao de 22 de mar^o mereceu especial men^io um traballio extenso e consciencioso de Charles LyelL sobre a geologia de algumas partes da Madeira e das illias visiulias, oiidc o aiictor esleve muitos mezes na companliia de C. Bunbiirv, que dirigiu lambeni iima commiinicajfio sobre as plantas fosseis, urze^ e dicotvledones, descobertas por Cli, Lyell, debaixo da camada de basalto na barroca de Gorge, ao norte da ilha da Madeira. O natu- raliita allemao Harlung, que estava no E'un- clial, ciilrou n'esta ex plora<;ao com Ch. Lyell. 89 ESTATISTICA P\THOLOGIC\ DOS HOSPITAES DA UNIVERSIDADE. HOMEKS. ENFEBHARIAS DB MOLESTIAS INTERNAS TRniESTRB DB ADBIL A JUNHO DB 185i. UOr.ESTIi.3. EDADES 4 Febre nervosa . . . 5 Febre gastrica »• " j4popUxia t> *i Anasarca 49 Febre inlertuittCDLe . 6 m pneumonia w m Bro/tchite m >* Ascile , » ■ Ana$arca m .1 Anasarca-Obttruc^do do bti^o n n Sarna n n Obatriic^ao do baQO . , . 1 Febre intermitlenle gattrica 1 An::ina 1 ParutiJtte 19 pDeiiiuunia H kheumatiimo articular ehronico .... » Snrna S Pletiresia t Cjslile 1 OphUlmia — Blennorrhagia I Er;si|iela 3 Rheumalj^mo articular 13 Rheumatisiuo articular chrunico »» JJerpts na face 1 Pleuroilyaia 1 Li)tnba<^o S Embarago gaatricu 8 Br<«nchile 5 Rronrhite cbronira 1 £|tjlep8ia 1 CephutaL'ia 6 Guslral^ia 1 Apoplrnia ] Hemiplci^ia 1 Paraplegia incompleta 1 Amaurosc 7 Tisica |)tiImonar 13 Ascile t* Febre intermitlenle M HydroloittX — pneumonia w ()b$trur^do do bn^u . , . H f'rrmes intestinuit » He rpee 8 Hy no trimestre seguinte. Nem podia deixar de ser : com a rigorosa dilftculdade na a- ceita^ao, os doentes gastavam os melhores dias de tratamento em applicagoes caseiras, as mais das tezes nocivas ; e, so em ultimo recurso, batiam as portas do hospital, ja com a moleslia adiantada, como aconleceu aos doentes de pneumonia, que entrarara com 6c 8 dias de niolestia ! ! Aceite quern quizer a pesada responsabilidade destes factos, que, u'um paiz civilisado, n'lo podera qualificar- se. Pela minha parte acompanharei os des- validos enfermos no seu protesto, pouco ou- vido, mas solemne, contra a Wg-oroso diificul- dade na aceitagjo dos doentes, e ainda mais contra a miseria, e inesquinhez, da actual dotayao dos hospitaes da universidade. 1. A. BA COSTA SIMOES. Na sociedede metereotogica de Londres leu-se em sessao de 28 de margo ulliuio uma memoria do Dr. Moffat, sobre a inetereolo- gia inedieal e a o~~one atmospherica. Entre outras concliisoes d'este traballio, o Dr. Moffat estabelece que: o maxima das doeugas tern logar com os ventos do sul, e o miniino de mortalidade com os ventos do nnrte ; algumas doengas sao proprias de certas direcgoes do vento, a apnplexia, a epilepsia, a paralysia e as mortes subltas s'lO uiui cotnmuns no tempo de saraiva e de neve, e com os ventos em que estes phe- nomenos geralincnte se produzem, isto e, noroeste e sueste. Ainda subsistia era 1337 no concelho ,te Balazuc (Ardeche) um antigo uso, a que Comarmond da o nome de taurobnlia, e que consiitia em immolar um touro todos OS annos em dia fixo. Uns fazem reinontar ao paganismo a origem d'este costume, dutros o reportam somente a epocha d'nma epi- zootia. 92 OBSERVACOES METEOUOLOGICAS , FEITAS NO GABINETE DE PHYSICA DA UMVERSIDADE DE COIMDRA. Annode Me 2 lie Mail) Dins PressSo otmospherica ao meio dia ceiUi;:. media , (la niei ' 5 Altiira baro- metrica a 0." cenli^'. TensSo do va- por aquoso cun- tido no ar. Millimelros 1 16 743,354 i 16 744,821 3 15 745,398 4 13 749,757 5 13 756,094 6 13,5 755.517 7 15 754,572 8 16 753,689 9 15 753,557 10 U 753,934 11 18 754,710 12 15 753,811 13 16.5 753,830 U 17 749,766 15 18 749,138 16 18 748,632 17 18 748.886 18 18.5 751,356 19 19 752,561 SO 18,5 753,384 21 17 754,427 83 IS 752,SI!1 23 16 751,762 21 17 753,566 23 16,5 754,083 26 17 751,539 27 18 751,164 28 17 753,566 29 17 753,06* 30 )8 751,671 31 17 751,033 16,8 751,774 Millimelros Tciitiieratvra Mavimu absul. . . 19." Minima 13." Maxima variar. . . 6/ 9,299 10,449 9,752 8,159 8,247 8,656 9,624 10,317 8,161 7,998 10,384 9,745 8,992 9,381 10,883 11,029 10,931 10,239 10,121 10,766 10,153 11,534 8,697 9,202 9,220 9,684 9,655 10,154 9,575 9,298 9,575 Pressoo do ar St'CCU Miltiniflrus 734,055 734,372 735,645 741.598 747,847 740,861 744,948 743,372 745,396 745,936 744,302 744,066 744,838 740,445 738,255 737,603 737,955 741,117 742,440 742,616 754,274 741,047 743,065 744,36* 744,863 741,855 741,509 743,418 743,487 742.373 741,458 Estadu hygrumelricu ila utmosphera ao meiu dia Prcsiao atmospherica Maxima aUsollila . . 756,094 Minima 743,354 Maxima exciirsao . . 12,740 U = 0,6879 0,7724 0,7684 0,7314 0,7309 0,7508 0,7579 0,7622 0,6*^7 0,6717 0,6762 0,7674 0,6436 0,6464 0,7087 0,7182 0,7118 0,6J62 0,619« 0,6795 0,7041 0,7511 0,6425 0,6381 0,6590 0,6715 0,6131 0,7041 0,6640 0,6055 0,0082 0.6891 Qiiantidade tie vapor C'jutido em urn melro cnbico de ar. Gramnus. 9,332 S. 10,485 S. 9,819 S. 8,273 0. 8,362 N. 8,761 N. 9,690 0. 10,355 N. 8,217 N. 8,081 N. 10,348 S. 9,812 N. 9,007 E. 9,321 0. 10,820 0. 10,991 N. 10,893 E. 10,198 E. 10,051 E. 10.710 N. 10,153 0. 11,466 0. 8,727 N. 9,S02 N. 9,235 N. 9,684 N. 9,6»1 N. 10,154 N. 9,575 N. 9,265 N. 9,575 N. Gran de humidade do ar Maxima abaoliila . . , 0,77S4 Minima 0,6055 Varia^iio maxima . . 0,1669 Coimbra 1." de Junho de 1854. O Demonstrador da Facnldade de PhiloBophia, Miguel Leite Ferreira Ltao. ® Jnetitwta^ JORINAL SCIENTIUCO E LITTERAUIO. CO.NSliLllO SL'PERIOR Dli I.NSTRUCfjAO I'UBI.ICA. IIEI.ATOHI0 AXNUAl..' 1811— 18iS. Cuitliutiado de pa;;, ni. CAPITULO in. Inslntcrao sec undaria . A iiisUuc^'ao secundaria foi urn dos pvinci- paes objecloi da irl'orina do inarqiicz de Pombal ; porque, ncliando-se alii ciilio coii- fiada aos padieida cumpanliia de Jesus, i'oi pieciso reparar os estragos, lalvcz oxai;gera- dos, que llics iiiipula o auctor da Deduc^'fio ChroDologica. Comecou aquella rel'ojina no nlvaiii de 20 de junlio de 1759, c iristruc- roes, queoacouipanliarain: poreiii reseiitiu-se do inesrno defeito, que iiotauios iia da iiisUuc- <;ao piimaria, cm quanto a eslieiteza das iiia- lerias dc ensiiio. A instrucr.'io secuiidana e a que I'onua o homein, e pnr isso ineieceu o iiouie de liu- manidadcs, porque coiHpleta o dejcnvolvi- ineiito da sua iulelligencia, com reluffio aos empregos ordinarios da vida, agricultura , comtnercio e arfes. Deve por laiilo abranger lodos 05 coniieciincnlos iieceasarios , para sa- lisfazer cste fim : pore'm a meiicionada refor- ina reduziii.'a7;iiisl.ruc<;ao secundaria a pouco mais, do que os esliidos classicos e lillcrariob ; locando apenas nos scienliiicos. No enlre- taolo e certo, que somente pela allian(;a d'es- las dy^ qualidades de esludos, se desenvolve a intelligencia humana, polindo-nos o nosso cspirito, e elevaiido o nosso pensamcnto; e allargando os oulros a espliera dos nossos eo- nhecimcnlos, com rela^fio aos usos niais or- dinarios c indispensaveis da vida. Com esle fim foi aquella reforma adeanlada no detrelo de 17 de novembro de 1836, e mais aiuda no de 20 de seplembro de 1844, entrando na instruc^ao secundaria os esludos scienlificos, prineipalmenle os ramos industriaes. Anles pore'm de planlar e preriso dispor o lerreno ; e por isso no arligo 49.° d'este de- creto, se deixa a prudencia do governo o crear algumas cadeiras d'aquelles estudos, ' 0« mappas a que se refere esle rclatorio c tc!;uin- tes, serio publirados no Gm da collec^lo. Vol. hi. qunndd o julgar eoiiveiiicnle. () eonscllio, convcncido da iiecessidade d'esla inosma cau- lela, em quanlo an proviinenlo de alguina'- ja creadas, procura dispor os elemenlos in- dispensaveis para o sou exercinio ; lendodislri- buido pelos vogaes exlraoidiuarios' a forma, jao de conipendios, insli ue^'ocs fl'prograni- tnas : e ijuando liver fijilo Csles preparos, nfMi se desciiidarii de fazer a proposta d'aquellas, que liouver espcran(;a de lerem professorcs e nlumnos; porque a experiencia lem mostra- do, que mesmo algumas das oulras, ja pro- vidas, sfio pouco iVetiuenladas : e nao sera juslo dispcnder a fazenda publica seiii provoi- lo , como o consellio ja ponderoii na consul- la, que levou a prcsenca de V. M. sobre esle objeclo. li esle urn dos uiolivos ])or que os lyceus se acham ainda iucoinpletos , e ale' mesmo algiins por inslallar. Apenas esliio constilui- dos deiinilivameuLe os cinco priiicipacs, de Lisboa, Porto, Coimbra, Evoia e Braga : e nas oulras cajjilaes de dlslriclo, vfio-se dispon- do OS elemenlos para elles. Assim me^mo o de Evora e tfio pouco frequenlado, que o consellio, em logar de proper o provimcnlo de m^is cadeiras para elle, proporia a sup- pressao de alguma*, que apenas sac fre- queutadas por urn on dous disci pulos, se nao livessc a esperan^a de ver removidos, com o Icmpo, alguns dos embara^os, que inipedem a frcquencia d'ellas. Pelo contrario o lyceu de Braga leiii grande concurrencia ; e por isso o consellio vai fazer a proposta de algu- mas cadeiras, que nelle faltam. Outra causa para os lyceus estarem ainda incomplelos, e a falla de comrnissarios, por- que apenas se aclia nomeado e em exercicio o de Braga: e no enlretanlo, tendo elles de ser OS reilores dos lyceus, e d'elles, que o consellio espera informti^fio , para saber as cadeiras, que serfio frequenladas, e mesmo para formar o seu regulamento econoniico e lilterario, sem o qual mal se podem consli- luir, e inuilo menos ler andamenlo regular. Os csludos dos lyceus ainda se nao acliam dassificados; e por isso e livre a qualquer alumno, depois dos de latim, applicar-se nos que bem llie parecer ; mas entre elles lia uiis que dao luz para os oulros: alguns prccisam de uma intelligencia mais desenvolvida do que outros; e per isso e indispensavel dislri- Ji'Luo 15 — 1854. Num. 8. ^ 9i liiii|.(.3 Pin cl.ii.-i's, para que it tiuo possa p;is- >ar iliis infi'iioios jiara as siippriorej, seiii dnr prova>, p.ir cxaiuf, ctn pll^5^llr os coiilicci- meiiloj (l'ai|iii'llas. Aj'Siiii liaveiii occasi'ii) clu leiiiovcr da iii>lriK'(;;'o i^i'iiMularia, lnj;o iia I'liliada d'flln, os aliimno?, que sc inosliaioin iiu'ptos c deiciiidadiis, e ii.'io llic periuiUir iim; ontitHeiiliarii ii'dla, ictu piuvcilo, o leui- po, que podom ciiipix'gar com vaiilagem em Diilio mister, para i|iio leiiliam a|)lidfio. I'ora dos Ivceiis at'liam-se cm exercii'io aly;iiiis cursor hietinars e cadoira:. de laliui: porem no CaUil)el londo sido oxi- jjidos para o scu proviri:eiito, :-ena dure, se- iiao iiijuslo, jirival-cs d'cllu por uma i'alla, (■II) rjiie n'lo sao cidpados; e ijiie mukos iiao I'slaiao om circiimslaiiciaj de podor reine- diar. Liinitoii-bc por isso o coiisellio a retom- ineiidar o desempenlio do curso, mas iiao 1)1112 iinpor rigorosa olirifiajfio, como jii le- vou ao coidieciiiieiilo de V. M. l:ni qiiaiilo as cadeirasdc latim : o coiise- llio rccebe coMtiiiiiadameiite lepreseiilacoej das camaras, pedindo o seu angmento; po- rem teiii-se liniitado ao numero cstabelecido no decreto deSO de sopleriibro de 11541^ saii,- t'azendo alguinas d'acpiellas rcjjreseiitayoes coin a Iransferencia das cadeiras, que ^ao pouco freijueiiladas em alyiins lo;;ares. E liein longc de proper o augmeiUo d'aquelle nuinojo, allies jiilga que o eiisino do latim se deve ir reconceiilraiido nos l^'ceus. fi ver- dade que a miilliplica(,'fio d'aquellas cadeiras evita aos paes de t'ainilias, que as leem :i porta; o sacrificio da sopaiayao dos lijiios, e da despesa, que com elles lazem em logar di- slaiite: porem a in>triiC(j-rio secundaria e deslinada para as classes uiedias da socieda- de, que devem Cazcr aquelles sacrilicios, para a lerem (lerfeita. Quando a iuatrur^no primaria era incom- jilela c liinilada a leilura e escripta, serviam us cadeiras de latim de a completar , por- quo someuto n'ellas se podiam apprender os jiriucipios graniuialicaes ; e por isso juslo era que se rnulliplicassem ; mas logo que na inslruc(,'ao primaria lia o 2.° grao, que com- jjreliendo iiao so Grammalica Porlugucza, mas todos os conliecimentos necessarioi, para as classes iiifenores da socicdade, o (!aludo de uiu pouco de laliiii servo somenle para ar- redar Cssas classes, das prolissoes propriasdas juas circiimslancias, e ohrigal-as a despesas o sacrificio?, com que nao podem, para susten- tar a vaidade , que aquelles esludos Ihes des- pertam. No decrelo de 20 de septembro de 1844 lambern se acliam compreliendidas na inslruc- <;ao secundaria as duas acadeiiiias de bellas arles de Porto e Lijboa, e o coiiservalorio real : porem a academia de Lieboa iifio en- u.iii .lo coiK-clho o ri'lalorio ; e por isso uao pode elle dar nnlicia a!E;iima do seu estado. Ivm quaiilo a do Porlo : coiisla do seu rela- loiio lerem eslado em exerclcio as suas c.i- deiras , com IVequencia e aproveitameiito ; c ai-iiar-se em bom estado aqiielle eslabdeci- mcnlo, meiios no que respcila ao cdiiicio, em que se aclia collocado ; jjorqiie e o d.i academia polvleclmica, aoiide iiao lia accoin- modaCjfio paia lodas as aulas: e por isso <'5irio iilgumas em cdificio separado, rom ;^ra- ve poijiiizo do eiisino. Seria conveiiioiiU! ccunpU'lar uquelle edil'icio, porque n'elle, se [loderiam accommod:.r os dous eslabeloci- lUL'llIOS. () eniiscrviaoiio real do Li-'lioa levc 107 abimims : porem l.'iO d'esles iVeipienlaram a eseliola de miisica, que se aclia em grande pingres^o, devido aos cuidados do professor Laurel i; em quaulo as oulras tie declama- 5'io e diiLij-a, se aeliam cm grande decadeii- cia. As provideiicias que no reluloiio d'aquel- le e?labelecimeiilo se iiidieam, para reinc- diar este mal, deuiandam, pcla maior parte, siicrificios pecuiiianos , que o coiiicllio julga inrompaliveis com os apuros da t'azendu publica : e parecendo-llic que a frequencia d'aipiellas escliolas, depciide principalmeutf do cuidado e zelo dos prol'essores, e mesmo dos capiiclios do gosto e da moda, espn'ra ijiie com o tempo esle se forme. Aiiida o consellio nao pode conseguir dos governadores civis uma informacrio exncla dos coUegios e escliolas parlieulares, a pesar das rccommendaroe>, que para isso lem fei- lo : apciias o do Porlo no seu rclalorio dil alguma noticia dos do seu dislrirlo. Procede rsle delVilo de se iiHo ler cumprido o arligo 04.° do decrelo dc 20 deseplembro de 1844; poique deixando os direclores d'aquelles eslu- belecimeiitos de apresenlar aos adminislrn- dores de concellio e commissarios ou reito- res dos lyceus as suas !)abililai;oes, mal po- dem aquellas anctoridadcs ter noticia d'elles, para mformarem os governadorcs civis e ojIcs o consi'lho. Julgou por tanlo o conse- llio que devia mandar observar aquelja dis- posifao, expedindo circularrs com as instruc- (j'oes necessarias para isso, e espera que os governadores civis , con~eguindo, ])or esle uiodo, iiiformaij-oei exactas d'atpielles esta- belecimeiitos, nao dL-ixar.'io de dar ao conse- llio nos seguintes lelatorios inrormacoes e efclarecimenlos a esle re-peilo. Aquellas providencias erarn tanlo mais necessarias, quanlo a falta de frequencia dos lyceus, e devida, em grande parte ;i facili- dude, com que nas escliolas parlieulares, se ensinam os preparatorios para a instruc5.'io superior. E verdade que esle abuso tem o principal corrective no rigor dos exames: porem seria nao conliecer a fraqucza do co- ra^fio iiumano, para confiar tudo d'aquelle remedio ; e por isso niellior e mais seguro sera accompanbal-o do da frequencia, c estii- 9; do rcj^'iilar, que sao as itiais scgiiias garanliiis do sabur. C) inappa n " 2 ^, rnosira que n niimero (lo!> aluiiiiios da iiislrncf'fio secundaria no <:on- liiicnle do reino o de 3:932, e por i^>o esia para o lolal da pripulai,'ao 3:,')91:772 na ra- 7.no do 1 para 1:1&G. I''>ta proporrfio poretu van'a em c-ida utn dos di:.lrictos, como so vc do niesmo inappa , simuIo os de Bt'ja e Guarda OS menus favorecidos, c os do Lifboa c Cuiin- I)ra aqnelles ern que a proporrfio e niaii vaii- lajosa; mas a qnalidade do ser unia capital do rcino e a onlra o assento da nriiversitlade explica a raziio d'esia grando difforen<,a. O inosmo inappa nioslra ser de reis 48:o03i3^333 toda a dospesa da iii>trnc<;.1o seciindaiia: e por isso sendo o nuinero dos ahiniiios 2:!}32, cusla cada uin no e.ilado reis 16f3^6t5: proporCj'fio esia, que tainbein vari'a rm cada uni dos dislriclos, spi.;uiido a nalu- reza dos e3lahelociment.os, quo conleeui. Por esles calcidos esladislicos so doprebon- ds, que a inslrucrao secundaria onUe nos nfio e lao restricta , neiii luo cava, tonio alguns perleiiderti inculcar; porque see in- terior a da Prussia, aonde a piopor^fi" dos aliimnos corn a popuiajao c de 1 para 189; « superior a da Ilollanda, aonde esla do 1 para 3.015. Accrcsce, que pela falta dos relatorios par- eiaes, nfio vuo incluidos n'aquelle calculo os alurnnos, que frequentain as e,-cliolas parli- culares, com os quaes se podeiia lalvez du- plicar o nninero calculudo: e enlao desu|)pa- ceria quasi de todo a desvanlajjern para corn a Prussia, e duplicaria a vantagom, quo le- vanios a Ilollanda. 'lambem a Hospe-a da instrucjao secunda- ria nao e, eiiUo nos inuito mais croscida do que n'aquellas duas Na<;oes; por quanto ain- da que a quantia de reis 16 JIG 15, ([ue enlre n(Ss cusla cada aluniiui, seja superior ;i de (J4 fr. c 51 c, que cusla na Pru?sia, e a de (>3 fr. e G3 c, que custa na Ilollanda, como entre nos a inslruc^fio secundaria e toda na- tional, e paga polo oslado, nao sobrecarrcga OS tnunicipios, como n'aquellas nagoes, em que em parle e mimicipal ; e por isso seria preciso levarem conta a despesa dos munici- pios, para a compara^ao ser exacia; e talvez desapparecesse avantagem, quenos levam por »c comparar somente a despesa do estado O seguinto e o resullado do calculo dos alurnnos, que frequentarain a instruc(;ao secundaria nos Ivceus e cadeiras dispersas , em rela^ao ;i populagao dos 17 districtos do continente do remo ; a saber : No districlo d'Aveiro, de 1 para 1:774- — Beja, de 1 para 4:978-:- Braga, de 1 para 900 — Bragancja, de 1 para 1:083 — Caslello- Branco, de 1 para 748 — Cninibra, de 1 para G93 — Evora, de 1 para 1:580 — Faro, de 1 para 1:863 — Guarda, de 1 para 2:203 — Leiria, de 1 para 2:066 — Lisboa, de 1 para ti85 — Poilalegre, de 1 para I:7C0 — Porto, de 1 para 2:007 — Sanlaro'm, do 1 para 2:100— Vianna, do 1 pnr.i 1:029 — Villa- Real, do 1 para 961 — \'i-ou, trucr,'io superior so acluiva recoucen- Irada, linlia sido generosanionle dotada , e os sous piot'osjores gozava;;! da niaior con-^itlo- ragao, e nniitos linliani asseiilo nos maiores Iribunaes do reino. Dosla dobigualdade pore;n, com que cram conleuiplados os diversos ranios de instruc- (;ao |jubliea, proveiu o nial, cpio ainda lioje so some, da doina^iada affluoncia do abiinnos para a superior, sem os coniieciinenlos necc-.. sarios, em que esta podesse asbcntar, para ser bolida ; e sein quo todos os que a seguom poisaui ler emprego ; porque o sen numero c u.\cessivo, principalmcnto nas scioncias po- silivas. Esle mal teui Jd o principal reuicdio na exteiisfio, que so deu aos estudos da ins- Iruccdo primaria e secundaria ; porque com- preliendeudo lodos os conhccimentos neccs- =arios, para os usos ordiuarios da vida, dispensa niuitos de os procuraroni lui in5lruC9;'io su- pe''ior, que os desviava da carreira, que as iuascircumslancias llios inarcavani, lentando- 03 a eulrar n'outra, em que nao achavaui saida; e por isso oiam muilas vezes levados pelas necessidades, e desesporacao a excessos, a que so teriain poupado, se livessera seguido outro desliiio. Mas ainda a experiencia reclama outro ren)edio, que sord por veritura, o mais elTicaz para evitar aquello mal. Os exames de ba- bililacjao para a instruc^.'io superior, segundu o arligo 95.° do deereto do 5 de dezembro de 1836, mandado observar pelo arligo 130 do do 20 de seplembro de 18 J4, sao feilos por sec^oes em cada unia das di=ciplinas das divorsas cadeiras : de uiodo quo sendo estas es- ludadas em difloreiiles lempos, e descuidando- se OS alumnos de as rccordar, depois de feito o respeclivo exame enlram na inslruc- ^ao superior, lendo esquecido o pouco, que dellas tinbam aprendido, para satist'azerem^u um exame iinmediato, ao sen estudo. Nao succederia a^sim, sendo o exame uin so sobro todas asdisciplinas; porque para asconservar na memoria, seria preciso estudar com in- telligencia, e recordal-as conlinuadainente. O exame de liabilita^ao, deve ser o reiunw 96 da in5triic(,'ao i'-'ciiiidiui.i, ijiie 50 julgar noces- saria para o raino d as partes eispiiciac^ daquella, nao dovo de V. M., poder;i o consellio deseiucdvel-a rnais circiniislaiiciadainenle, no coinpelcnle re;;iilaineiiln, para quo a sano^fio de V. jVl. possa ser dada corn mais ronliecimento do causa. Assirii podora a inslruc^'fio superior as^enlar ecu nllcercos mais solidos: e serao rcmovidos della, logo a pnria, aquclles que nao livorem dado esperanea do lirar proveito tlos seirs esLudos, A maior allluencla na inslnic^'fio siipcriiir e para os esludos jiiridicos da universidade; porque sendo liabilit.a(,'rio essencial para a magistratuia, dao e^peran(;a de emprego. Ei- sa esperan^a, porein fica illudida em niuitos, por nao cliegar para lodos os logares da ad- niinistra(;ao judicial : e dessa illusfio segiiocn- se as pretcnsoes, com que assallain o governo, e a guerra que nuiitas vezes passa das se- crelarias para a pra^a. li^la concurreiicia, poderia talvez dividir-je, forniando urn curso deestudos economico-polilico adiniiiislralivos, como lialiilil.KjHo indispousavel paia oseinpre- gos do fazeiida e adininistiaeao civil. Em vor. dade : se e precisa uina liubditajfio para a administra^'io judicial, que tern uma uiarclia legal e invariavel ; rnal se jiode conceber, coiiio na civil, dcpendente, pela maior parle, do arbilrio e talento do adininistrador, se deixe a escollia desle ao azar, sem d.ir provas de esludos, econliecimentos, quo deem esperanjT, dp quo aquelle arbilrio sera bom regulado, e o lalctito illustrado e intelligente. E esta talvez a unica rcforma de que precisem os estudos da universidade, porque a ultima feita no decrelo do 20 de scptembro de 1814, accresccntando alguns que o pro- gresso das sciencias loruava necessaries ilevou- os ii perfei(;rio dos das mais bem constituidas da Europa. Aquella reforma, lendo sido pela maior parte, o resultado dos volos do cada uma das t'aculdades, foi por lodas abra(;ada com a maior voutade, c por isso, se aclia em plena execujao ; inostrando-se todas empe- nliadas em promoverem o acerlo d'ella, pelo sen bom resultado. Ha porem uma falta, que, principalmente nas sciencias naturaes, nao deixara. collier aquelle resultado, em quanlo nao for reme- diada. A reducjao feita na dotagao dos estabelecimentos indispensaveis para o des- envolvimento practice das sciencias, nao permitle a conservaciio delles, e rauilo menos o- seu inelhoramentOj porque a quantia de seis coutns de reis, sendo absorvida, na maior [)arte, pelas necessidades do hospital, a que se nfio pode fallar, af)enns cliega para os reparos dos edilicios. Assim a bibliollitx-a, cstabcleci- menlo indispcnsavel n'uma universidade, aclia-se reduzida a nfio poder prover-se do livroi modernos, nem mesmo dos jornaes lil- terarios, e •■cientificos ; interrompendo as col- I(>c(,'oosd"clle5, queassim incompletas, perdem o seu valor: e nem mesmo pode coinplelar o arranjo das livrarias dos convenlos, com (pie foi flolada. O observalorio astronomico, e , dietas medico-cliiiurgicas teem cor- rido, ale agora, sem direc^So regular. A fdlta de regulaiueiilo, que dcienvolva a lei da sua crea^ao lem-na^ consuiniclo exrenlricas a admiiiistra^'ao liUeraria. O consellio, reco- nbccendo a urgente tiecessidade de revestir He caracler lillerario aquejlas esclinlas, coni- Hadas, ale' agora, aaduiinistra<;ao e quasi ex- rlusiva fi-calisajao das coniuiissoes adminis- lralivas das ini'crieordias, vai propor em breve nil] projecto de regidamento geral, que as lia-(le colliicar no logar, que dedireilo liies pertcnce no quadro da in7.truc^rio publica. A ac.idemia pnlyteeliniea do Porto merece ao consi'llio especial cuidado; pnrque e^la-, belecida no raeio de uma populaf^ao nu- iiierosa, rica e laboiiosa, nao pole deixar de prosperar; quando a ulilidade do sen fnsino »e for loniando sensivol. Por vezes tern ella rpclamadoum regulumenlo para o sen governo lillerario, e cconouiieo, de que o coiisellio se nao deseuida : porem n'lo e obra mwi facil, oxtrair dos pmjectos, que Ibe foram enviados um que salisra(;a pleiiamenle a todas as ne- fossidades daquelle fstabelecimerito. No enlretanlo aclia o conselho mui digna de alteiijao a rec^ui5i(,r;o, que a dirla aca- deiiiia faz de um local para jardim biUanico, e laboraloriocliimico, e de auguienlo de dota- ^ao para a firmac-rio d'elles e de gabincles de liialoriu natural, pliyt-ica, niineralogia, e o\itros accessories indi>pensaveis a um e^la- beleciuiento daquella ordem. Para jardim e laboraloiio lembra clla a cerca do convento das exlinctas religio-,as Carmelitas, <|ue a nao iiaver algum inconveuicnle seria bcm aproveitada paia aquelle fun. O numero dos alumnos da inctrucgfio superior, segundo o rnappa n." 3 e de ]:7l() ; e a sua despesa imporlaem reis 95.0.31^833 ; e por isso esla parao da populagao na razao de 1 para 1:976: e cusla ao eslado cada alunino reii hb^'679. Fallam porem naquelle numero, osaluranos da e.-cliola polylechuica de Lisboa, que nao estd debaixo da inspec^.w do conselho; e na despe-.a da nniversidade nao vae descontado o produclo das matriculas, cartas e sello, que importa em viute e lantos conlos, e reverie em favor do tlie^ouro: e cada uma d'estas uddi^'oes lornaria luais vantajosas as propor- cocs. Assiin mcsmo nao sao inferinres as tU'i Prussia, e Hollarida ; porque n'aquella es- tao OS alumnos para a popula^'ao na razao de 1 para 2:5-15, e custa cada uin ao eslado 348 fr. e 47 c ; e n'esta estao na razao de 1 para li'iOS, e cusia cada um 390 fr. e 28 c, como se ve dos mappas, que acompanliam a niemoria de Mr. Ciuisin sobre a instruc- (jio publica na Hollanda. CAPITULO V. Conclutdo. A falta de muitos relatorios parciaes, nao permute fazer esle g';ral inaiscircum?lanciado, e regular; uem dedu^ir d'elle comhinagoes e resullados (iratlicos, em que consisle a maior ulilidade de laes obras. Com a praclica e natural ()ue se vd emendando aquelle defeito, sendo e--sa a sorte de todas as in5titui56es naseenles, comecarem imperfeitas; e quando o conselho tiver elementos estatisticos, em que se possa firmar com seguran^a, podera eutao expor com maior regularidade o estado da inslruci;ao publica, e propor as providen- cias, que elle reilamar. Por agora parece ao conselho que a re- forma eniprehendida no decreto de 20 de sepleinbro de 18t4conlem lodos os elementos necessarios, para a prosperidade da instruc- jao publica, e que aiguus embaragos, que a sua execujao enrontra na praclica, sao fdlios da natureza do objecto, e taes que o tem()o e a mesma in6lruc9fio os hao de ir appl.inando. J(dga por lanto o conselho que aipielle decreto nao preci^a de altera9ao alguma essencial: e parecendo-lhe que 4 lustruc^ao publica se promove mullior com providencias lentas e parciaes, que o tempo e a experiencia vao auxdiaiulo, do que com projecto* ijiganlescos e alterai'oes radicaesj 98 que tendo, dp oi.liu/irio, m.-ii* di- .iriparatn, do que de solidcz, procura liriiilar-se a pio- por medidns, que cjlejam ao aliaiice do )(overno, e iiao vfio di-sal'iar na tribiina par- lameiilar, discuisos c>lrepitns(is, que, miiilns vezes, servein inais de abalar a ii]slriic(;'io publica, do que de a proniover. liL-diizem-sc pois aqiiellas prnvidencias as se^^uiriles : 1." Recoiiimcndarao aoitfoveinadores civi, para proniovL-rein o ejlabflociineuto de ca- deiras pelo oxpedieiite aponlado no5 artiffos 9.° e 45.° do decreto de 20 de seplembro de 1341. 2° Estabelecer ties sfr:ios na inslriicgfio priraaria seiido o primciro destinado para terras de poijca coiisiderae^ao ; cxigindo-se dos |)rofeisores mcnos conliecimoiito>, e dan- do-se-llics nienores ordoiiados, para facilUar a concurrencia d'aqiielles, e os recursos para o pagamenio destes. 3 ° Conversfio da-: e^cliolas de en.ino imi- tuo nas do 2.° grao, conservando u'elbis aqiiel- le, em quaiilo a experieiieia nao de=inenlir o bo2n resultado, que entre hos o aboria. 4." Creacao de ajudanles para as esclinla^i do 2.''f,'rdo, oiais deseiivolvidas e frequenladas; nao so para auxilio dos jjrol'essores, se nfio tambem coino meio de os tonnar, economisaii- do a deapesa da niulliplica(,'ao de cscliolas iiorrnaes. &.° Classifica^'io dos esludos de jnstrdcf'io secundaria: e necessidaile de provas, por exanie, para passar das inferiore*, para as superiores. (>.' Kxames de liabilila(;-io jjara a instriic- <;ao superior, reduzidos a urn eo em lodas as disciplinas, que I'orem preparatorio para o ramo d'aquella, que se perleuder se^;;uir. 7.° borniaeao de uiii curso de scicncias eeonomico — poMUeo — admmistrativas, como liabiliiayao iiidespensavel |)ara ser provido nos loyares de fazeiida e aduiiiiislrariio. 8.° Nomearfio dos coiiimis^arios dos eslu- dos. 9.° Ainda o consellio lembraria a reuniao periodica dos professores de instruc^ao pri- maria e secundaria, perante os commissarios dos respecLivos dislriclos, para fazerem o rclatorio do estado das suas cadeiras, nictlio- dos de ensino, escollia de compendios,e apon- tarem e discutircm as provideneias com que julgam poder mclliorar-se: mas no estado de falta de couliecinieulos em que a maior parte delles se aclia, julga que essa provideucia se deve diiYerir para nielliores circumstancias, ficaudo por agoia ao arbilrio dos commis- saries, consullar somente aquclJos, de queni possara e>perar algum bom consellio. Eslas provideiicias sfio lodas de natureza reo-iilamcntar, e por isso se lodas, ou alsumas ■ d'ellas, nierecereni a cousidera^ao de V. M , o consclho as desenvolvera nos compelenles regulamentos, para as submelter a approvajfio de V.M. — Coimbra, era sessfio ordinaria do consellio de 2 de dezcmbro de 18 15. =Conde de Tcrcna, vi(c-prt^H>4enlP — Bnulio Jlhcrto dc Stmsa Pitilo — Mtmocl yjntimio CorJho d(i Roc/ia — Joao Thomoz de Souao Lobo — JcroHijino Jose dc JMclto — ^Jtiloniu Cardoso Dorgcs de Figucircdo — Luii Ignacio Fei- POESIA SLAV.i MODERN A. CoDliouado lie pag. 68. Tanlo entre os Gregos anti;,'os como eulre OS llebreus, os sons da lyra e da liarpa eram o acoompanliamenlo obriijado da poesia popular. Entre os Slavos, o goudar nao pode recitar os seus versos sern se accompanhar de urn instrumenlo. As rapsodias lieroicas sfio lodas caiiladas n'uni recitativo musico, de notas faceis, e que teiii -nlguma analogia com o cantocliao dos p>abiios. K eerto que a inusica do goiislo lem muilo de eleinenlar e de liinilada, reduziudo-se o sen material a Ires ou qualro inslrumenlos. 'J'em a gousle, a taiiibura, a duda e as differenles especies de suira, ilaula ou pifano. A svira rnais comuniMi (• um simples cannudn co(nprido, com selLe buracos, que se loca com ainbasas macs, e cujo som agudo e mavioso, produz uma especie de nieluncolia. Nao se enconira pastor que n.lo Iraga esla svira pendente do ciuto, pois que se Ihe lorna quasi tfio neces- saria como o cajado para guiar os sens reba- nlins, que n'lo caminliam bem sem serein accouipanliados dos sous da Ilaula. A duda e uma especie de gaila de t'olle niuito seme- lliante I'l dos serranos de Auvergne e do Poilou. A duda e que preside as niais das vezes ai ferlas aldeas, dii o primeiro signal para a dansa, e de ordinarlo condui os ran- clios dos cauiponezes a nioha, islo e, aos Iraballios ruslicos i'eilos em commum. Em quaulo a tanibura, instrumenlo mais aper- lei^oudo, e poslo que inferior ao viol.'io, mais nielodioso que as nossas guitarras, esse so e locado por nj.aos de mullier. Ejn qualquer parte que se oii(;a, ou entre arvoredos ou nas cidades, encontra-se urn encanto singular nesia musica primitiva, que parece transportar-nos pelas suas melodias a uni mundo anterior, todo de paz e d'inno- ccncia. Enlre os Slavos oricnlaes, ordinaria- menle c um homem so que canla em quanlo OS outros o esculam ; entre os Slavos oc- cidenlaes, a picsna e cantada por dous. Uni que imita a voz de mullier, comcja n'uni torn muilo agudo e elevado ; em quanlo o outro o segue fazendo-llie o baixo, e demora o final dc cada verso a espera que o primeiro comeca o verso seguinle. Dous Illyrios dos Alpes sao capazes de se dcixarem liear assim immoveis, assentados ambos por mais de doze lioras, bebendo e canlando a. borda do Adrialico. Depois, ao calilr da noite, vecm- 99 sp saUar ambos dentro de um carro e voltar a lodo o galope para a sua a Idea, pondo-se iiuiilns vezes em pe, para melhor cxcilar os KCiis covallos. Jii oin 1829 um Serviode Smyrna, Manuel Kolarovitj, havia publicado um centcuar de caiitiiijas nationaes das picsnas sei vias as mais populares iios paizos Slavos c em volla do Daiiuhio. Oulros arlistas completarain depois esia colloceao, ao passo que us I5olieii)ios, os Polacos e os Rns^os rcuniani da jua bantia todos osjiagnicntos das suas anligas melodias locaes. E aos Tclieks a quern priiicipabneiite cal)e o merilo de haverein revelado a Europa o geuio inusieo slavo. Os retto? dos anLigos ranlos pagaos , as cantigas para dari'a dos Karpallios, os canlicos da epoclia liiissita, lodos esses lliesouros d'liartnotiia desenter rados das ruinasdeum mundo desapparecido, represenlaui-nos, como por encanlo, uuia parlo (la inagi'a da edade media. E fora de duvida que as melodias Iclieques ja leiii jjerdido do seu perfume original ; as dos Russos do Sul e as proprias hrakovinh, a pezar da sua rara simplicidade, ressenlem-se lodavia de um cerlo arlificio, inuilo mais sensivel nellas do que nos cantos espontaiieos dos Servios; mas todas as melodias slavas disli(ij;uem-se mais ou menos por um colorido anligo, que lijes da uma nolavel semellian(;a com OS prifTieiros fragmeiilos conliecidos da niusica dos Ilellenos. Ate mcsmo desde tem- pos iniinemoriaes, canlain-se enlre os Servios um cerlo nuuiero de melodias idetilicas, nota jjor nnia, as melodias dos Grfgos do Piudo p da Altiea. Os Ilussos receberam tambem evidenlemenle dos Hyzanlinos muitas das suas (-auligas, a pezar de que uma grande parle deilas na sua oxpressao moslram uma origiiialidade coniplela, por que na Slavia *sta originalidade e lao inlioreuLe a inusica |)opular couio a propria poesia. A maior parle das suas arias sao cautadas n'um torn menor. significativo da melancolia e do sol- IVimeiilo; somenle as caiitigas para dansa e as inarclias guerreiras sao em tom maior, expressao da alegria e dos transportcs bel- licosos Logo desde o seu princi|)io cada uma das arias vos arreme^sa, por assirii dizcr, com perfeila clareza, o seu pensa- Biculo ()ue parcce vjr directamenle das pro- fundidades da nalureza ; cada um d'estes pen- samenlos, tao simples na appareiicia. dcjeri- rolam dianle da vossa imagiuagao um poema todo inleiro e como um rio de harmotiias. O |)restigio deslas arias nacionaes eslendc-se Miiiito para ale'ra dos paizes em que sao can- ladas, e poderia tahez affirniar-se sein teme- ridadc, que siio os Slavos, pelo inlerrnedio dos conipositores Iclieks, quern aviva jnces- saiitemenle a musica allemfi. As collecjoes dos conLos populares slavos tern pela maior parte, ao iado do lexto. as notas por meio das quaes esles textos se LransmiUem de paes a Gllioi : e sao em numero tao subido e»tas coUeci^oes, que baslariam ellas sos por si para I'ormar uma pcqueua bibliotlieca. A combinaefio do caulo cot;i a poesia, entre os proplietas Lebrcus e os poetas gregos aniigos, soube guardar um repouso liarmo- nico e uma jusla niedida, jii tio meio dos Irausporles mais sublimes da alma para Dens, ja no meio das mais ardenles paixoes. Ksle elemento deequilibrio pcrdeu-se no Occiden- le, quando os poetas arremessando com a lyra para longe, se puzeram a compor, sol)re t'rias al)alrac(;oL-s, versos matlicmalicamenle cadenciados. A poesia slava ninda n'lo cliegou a esta ultima pliase. Nas regioes em que j;i abandonou o gouslo, tern pelo menos conser- vado ou recobrado a sua prosodia nativa, o seu cslilo do proseguir por longas e por breves, o que conslilue uma verdadeira musica. A verdadeira poesia nao sera uma intuiijao das liarmonias secrelas que prendem todos os seres uns aosoutros? A poesia nfio sera acaso a linguagem liumana elevada ao estado de musica interior? Continua. CRISE DA PIIILOSOPFIIA ALLEMA. Aquillo que menos conhecemos e o que temos mais perto de no-, disse um grande pliilosoplio do seculo passado. Poderiatnos acresccntar, e o que esta em nos mcsmos. A luz, que illumina, e faz visiveis todos OS objectos, que nos cercam a mais ou menos dislancia ; a visfio que de continuo cxercemos ; a audi(;'ao; os muitos e variados plienoinenos electricos, mormente os dos proces^os por in- duc^ao, econtacto; os plienomenos admiraveis do Daguerreotypo; as maravilliasdo Stereos- copo apresentadas por ^V lieatstone encerram ainda myslerios tao sublimes, tao acima da nossa limitada comprehensfio, que apenas permiltem por ora oexlasiar-se o pliilosoplio diante delles, e inclinar a cabe(,'a com reverenoia. Acima de todos os plienomenos do niundo exterior se elevam os da inlelleetualidade no liomem. A sua natureza, importaricia, e su- blirnidade parcce que deveram ler prendido a atten(;ao do espirilo liumano em todas as idades para se conliecer a si proprio ; o loda- via por uma fatalidade quasi inexpiicavel a iutelligencia tem-se dirigido mais ao conheci- menlo do que existe fora do liomem. O nosce te ipsum foi preceilo, a que geral- menle se tem faltado. iMas lia alii um molivo poderoso, que desculpa a transgressiio, Sfio t.'io elevados, de lao superior calhegoiia os plienomenos in- lellectuaes, que exigcm uma intelligencia de esphera mui superior a nossa para se ILe revelarem. A elevagfio da empreza exige tao profundo e aturado estudo, tao fadigosa con- tenaao de espirilo, que cliega a descoroyoar o espirilo mais vigoroso, esclarecido, e perse- 100 »eranle, a pczar clos capilar?, qiip no volver ilos seciilos vao li'p;aiid() as passiidas as geta- <;i">es fiiliiras, e das cnnqiiislas proprias da perfet-liliilidade Ininiana. Ha uma difl'iiMildade irresislivel, que em- barjja o pas^o enlraniio-se iia analyse do iii- lendimenlo Inuiiaiio. Decotnpoe sc o r.icio- citiio ; res'ilvp-sc nos sons elfinorUos r> j lizo; percebe-se a idea; clio;;a-5e ;i seri>il>ilidadi! percepliva, coiiin ultiiiio do^ pheiiomonos intel- loctiiaes. Mas iirnorando-se a parli; que toca ao organisiiio lualeiial; a cada iiina das reparli^nes, em que se divide anatoiiiica, e pliisiologicaniciili'; as iiniluas rclai^oes eiUre a materia extensiva e o principio sensieiUe im- material ; as li^M(;oL>s e liariimnias cntre senli- do3 externos e iiiternos ; o que e do dominio do instinclo, e o (|iin loca a razHo, nfio e facil descobrir o ponto de pnrtida seguro para proceder na coDslitnigfio do uiiia scieiicia iiilellectiia! ; e o fio de Ariadne que sirva de giiia no labyrinto, que se ol'ferooe a nossa oonteinplagfio. Difl'icuIJades de lal ordeni expiicam facil- mente, jusliticain ale, os variados svslemas pliilosopliicos, asopiiiirics contrariai ecoiUra- dictcrias, a marclia do espirito vagaroso, contrastada, e iiiti^riniUeiile; a deficiencia, e atrazo de iitna sciencia de luque inui suI)ido, a Psycliologia. Plat'io dotado de uin espirito transci-n- dente que Ihe deia o noine de divino, marcoii wma epoclia tiio notavcl na pliilosophia, que alravez do largos seculos tern cliegado aos nossos dias, e prestado os iilicerces a syste- rnas pliilosopliicos elevados ;i eelebridaJe. Ad- inittindo a eleruidade da materia, expjicou a formaijao do iiiiiverso por uma intelligcncia infinita; mas levou a ideologia espiritualista a ponto que parece esqtiecer-se da rcalidade da materia. As ideas eram cm sua opiniao o que ha no mundo real, necossario, e absnhilo: eram typo, e causa de tudo o que existe no universe. A csta elevada alstracjao juntava a escl)ola academica formas tao mysteriosa*, pljrase lao obscura, e ncbulosa, que nao so taz difficil a intelligencia da doutrina, senao que frequentes vezes a figura contradictora. Noseculo XVII Spinoza segiiiooespiritua- Itsmo, admiltindo uma so substancia no uni- verse, com dois atlributos, ponsamento, e exlensfto. Segundoeslepliilosoplio tudo oque vemos no exterior, quanto sentirnos no interior sfio meros fenomcnos dessa unica substancia. Nao ba contingcncia, nao lia Iiberdade, tudo e necessario, tudo se move ao aceno dessa unica substancia. Por esta doutrina mereceu o nome de tanto do panteismo. Ja por fins do seculo XVI Descartes se havia levanlado contra o methodo systemalioo daj esclinlas. No seu inmortdl dlscurso sobre^ o methodo ensinou a duvidar das opinioes recebidas como dogmas: e da duvida nasceu o principio fundamental do sea syjtema — eu penio, lojo existo — eis o facto funda- mental que rcsisle a lci[)nlos do Hegel foram mais francos. Nos annaes de Halle desenvolverain os ex- Iremos da pliilosopbia do nieslre. jNegaram sem rebnijo Dcos, o Ceo, e a immorlalidade ; e estes principios snbversivos pns?arani infe- lizmente dos baiicos da esclmla para a praga. Scntiram algnns pliilosofos meuos preoc- cnpados que a lodos os systemas, de que lia- vemos fallado, fidtava o verdadeiro caracter de sciencia. Kranse quiz remediar essa falla. Tonion por idea fundamental a do ser, o ser compretiende lodos 03 seres com lodos os sens altribntos ; e assiiu representa a unidade; e esta e a priineira catliegoria do ser. As calliegorias iminedialas a esta iiio a subslancia- Lidade, e a toUilidade. A primeira refere-se ao scr siibsislente por si, e |)ara si; a segnnda ao mulliplo na unidade. Adinilte em todas as coisas um fundo, que cliama Cssencia : a .-eaIisa(;ao desta dii a existeiicia; de sorle que ba um germen que se vae desenvolvcndo, i- inanifeslandodediversas formas, sem que baja 102 'mudanja na essencia dai cousas, As essencias individuaes eniaiiain da essencia fiindatiiciilal do e^piriLo universal: e eslaosscncia oflcrccc- se em dnas maiiilesta^oc:-, espirilo e natu- rcaa. lim ainbas as expiessocs lia commiinida- de de essencia coino o ser ahsoluto, apezar da ditTerenijM da materia e do espirito. Para conibiitcr todos os syslemas do idea- lismo transcendoiUal l)aslava exigir as provas do que se as-evcra ; pnr que lodos se rcduzcm a mera> iiypotlieses onloioi^icas. S'lo sy.-tcmas subjectivos, a que nfio corresponde realidade ohjecUva. Serfio cvidencias para sens auclores, que vivem de sua ima;^itia(;fio ; mas evidencias que n"io convencein ; porque evidencia in- dividual p6:le ser urn crro de boa le. O pan- iheismo idealista seni, quando muito, a poesia da intelligericia. A razao e inquestionavclrnenle uin principio , do3 nossos coidicciuientos. Mas lia oulro, que e a experiencia. Setn que ainl)as se assnciein nao ha sciencia possivel. A esla vordade clie- goii ultimauieute Sciielling cmpenliaJn ern combater os Hegrlianos, e fazcr a npo|n:;ia do clirislianismo. A plidosopliia, que clle lioje ensina em Berlim, contradiz a que de pii- ineiro ensiruira em Municli; e de balde se: esforga o illustre pliilosoplio por 110= persua- dir que nao ha coulradiogfio, repulando esla doutrina de lioje a segiitida parte do seu syste- jna; dizeiido que na primeira se elevi'ira pela razao ao absoluio, e pela experiencia agora dcscera a realidade dos faclos. Uina doutrina repelle a outra. O Dens pessoal, a que o philosopiio chega i)elo principin da expeiien- cia, nao e o absoluio cahotico, que se vae trans- formando nns tres reinos da nnlureza. Aduiit- tido o sesundo principio, abjurnu o primeiro O que Scheiling dcmonslra nesta segumla parte, antes phi^e, da sua philnsophia e que lo, diz: « Ksta obracauiais bella que tern sahidodamao do; homens, porque o Evangclho tern oulr.i origem. « I'oderii por veulura haver rnaior elogio do que este, no qu.il a data e o noine do auclor dd tao verdadeiro, tao juslo valor ? Couio f.izer melhor sobresahir o subido mcrilo d"um livro, que ao inesmo tempo 1; a (!ousola(;ria, as diversa^ edi- goesd'esle precioso livro sfio s-cmpre csgotadas lapidamenle, e i'orraaui sospor si iima biblio- thcca iinmensa. Ila duas d'cntre todas ellas, mais dignns de sercm assigiudadas. A primeira velu do tcindo da Allemaaha, e deve-se aos exlremados doivelos do sabio director do gymnasio catho- lioo de Dresda, Joao llrabiela que den um texto latino ^(ie Imilalioiie C/irisii, lexto revisto com graiide cuidado sobre os mais antigos manuscri|)loi (cod<.i dc ndnocatisj e sobre as edi^oes de Desiiillon, de VVeigl e de Geuce. O volume impresso em caracteres claros e faceis de ler, termina pejo ordinario »da missa e por alguns de nossns hymnos sagradns mais bcllos. Na Franca um novo e mode, to editor acaba de dar a luz uma cspecie de fac-simile delicioso d'es-es edificalivos e bons livros d'outr'ora, onde o texto revisto com escru- pulosa alleugfin c pnr assim dizer com verda- deiro zelo, onde os caracteres finamente dese- nhados, n papel bem escolhido, lorinam um complexo lao raro de qualidades, que poucas vezes OS bihiiophilos as encontrar.'io reiinidas. I'allamos da reimpressfio d'uma Iraducgao feila ha mais d'- dons scculos, e a qual o nome do auclor o ehanceller i\1iguel de Ma- rillac augmenta o valor. A Iraductj-ao foi com|)osla antes da desgraja d'esle magistra- do, e revisla por elle em s^'U duro captiveiro. As palavras de Lauiennais, juiz compelenle cm semelhaute mateija, sao o seu melhor elogio : a A mais anliga das traducfoes que merocern ser citadas, tern por auctor o chan- celler (le Marillae e foi publicada em 1631. Approxima-se mais do que neuiiuma outra ' Uina nova e(Ii(;lo, revisU e ciii'lailosamenle correcU por IT. S. lie Sacy, ila Iniita^iw tie Jraus C/ir/5/0, Grl- menti! trailuzida do l:ilimpur Mi;,'UpI li'* Marillar, cliancel- Ut (le Franra, foi no correnle anno |iu!iltcaJa cru Paril ; a cerra d'elta pnrcccunos di^'no de fspecial mriK-ilo o resumido niait assaz jinpurtanle .irti^'o de Os. de W.dlevil- le tjiie, eu» assiiniplo de Imnaidiu inleresse relis'iuso e li[- lerario, .•ipre.-eata coin pi-rfi-Uo cutiliecimenlo Iiido o que eilHva vm mais iniineili-ilt rolarao com este objeclo, '■ ])e jmilalione Cliri»li. Iil>ri quaUiur atl oplima cxcmptaria, collala cum rctu8tii..>iiinu codice qtlem nan- cnpant de adyocaljg, accurule edilt, enra\it Jo'muiua Urttbiclu. I. \ol. in — 12. l^eij'Zi:;. 103 rlo texlo nri(,'inal, e tern nns labios d esle ancifio lanla j,'rai;a oomo caiuhua, sendo que oj traductor»s subsequeiitci iiada mais Icm leito do que a ciisto iiiiital-a. » Sacy reviu e^la cdi^ao e ajuiilou-llio um prefacio. 'I'er- »e-hia j ilgado que liidu c»lava dilo a ceica da Iinila^'ao, tiias kudo o prefacio recoidiece- se o conlrario. Ja que os estreitos liuiilos d'uui arligo iifio /los peimiUeiii apre»eiital o por cxleuso; s-iivira de prova o I'ragiiieiito em que Sacy examina qual foi o auctor da linita^rio. Nunca probleuia lilterario exci- lou conlrovcraia niais vehemeiUe. Sera por Ventura a S. Bernardo, a fr. Tliouiaz A Kenipis, ao clianceller de Franga Jofio Ger- son, ou a Ger.en abl.ade de Verceil, que deve attritiuir-se e;ta olna prima? Centena- res de criticos, os inais illustres, leeui pro econlra eicrilo iiiilliarcsde voliiincs. Ducangc, Mabilloii, Naude, Quatremaire, Hosweide, CajeUii, o cavalbeiro de Gregory, Geuce, O. Leroy, Faugercs, e muitos oulrcs leeiii defeiidido calorosameule seui campcoes, e a peiar de tao sabiab diiCiis.-oe», e ineiino ale da resolu^ao do parlamento de Paris com a uala de 13 de fevereiro de 1652, declarando que o livro da Imitagfio nao seria inais im- prcsio com o noine de Joao Gerjou, mas com o de Tlioinaz A Kempis, a questao Ticou ainda indccisa, e a Sacy coube apre- jenlal'a sob forma inteiramenle nova, como vanios ver. - Quaiilo li queslfio de saber qiiem e o ver- dadeiro auctor da 1 mitajao de J Esus Cituisro, nao entrarei n'cila por iiao ter feilo o pro- fuiido eohido que seria mister; persuado-nie lodavia que jamais sera rcsolvida sem cou- Irariedade. .' Uraa das bellezas moraes do livro e no meu entender a duvida que lia sobre o nome de scu auctor; c uma graga especial coin que a Deus aprouve glorificar a liumildade do piedosoauctorqualquerqueseja. Naconsidera- <;iio pnramente lilteraria, e admiravel que a Imilajfio de Jesus Cuiiisxo naoteiiha auctor ' certo. Nao lia auctor para uni livro como K eale, senao a liumanidade clirista lodainteira. Assim rorao os poenias de Homero eram o livro de toda a Grecia, ou antes ogenio grego em si mesmo, assim tambem a Imilagfio de Jesus Christo e o rcsumo de todos os senli- inentos cbrisl|aos, a propria alma clirista. Livros de la| xi^ilnreza U.i poucos , ab^orvem o auctor e fazem-no esquecer ; o auctor perde-se, a bcni dizer, no meio de lanla ;;loria, e a sua obra adoplada pcia liumani- dade, nao e ja d'um so, mas de lodos. E de adveitir lambem que ou pcrlenca a compooi- (j-ao da Imilagfio de Jesus Chkisto aoseculo XV, como qucrem os que segnem a opiniao de 'J'liomaz A. Kempis e de Gcrson, ou ao seculo XIII, Como qucrem os seguidores de Gersen, os contoniporancos parcce nao tercni conliecido senao a obra, sem preocciiparcm- bC a terca do auctor. A coiilroveriia duraru por lanto eternamcnte; ningucm se data por vencido. Gersen leru senipre defensores, c n'este seculo ainda leve urn muito sabio, Gregory. lia alguns annos, parecia que Ger- son ficava vencedor em virtude dos esforgos de Onesyme Leroy, e mais recenlemenle a causa de' 'I'ljomaz A Kempis foi sustentada com summa liabilidade por Malou conego lionorario da calliedral de Bruges. Como esta obra e a ultima, diz Sacy, que eu li sobre a Imilagao, inclino-me em favor de Tbomaz A Kempis, mas nao se me accuse de abandonar o interease da Franga, que revindica a Imitagao de Jesus Christo para Gerson, pois que, ainda outra vez o digo, creio que a lionra de ser esquecido e uma graga concedida por Deus ao sanclo au- ctor. ' 51 NOTICIA SOBRE A BACIA CARBONIFEBA DO C\BO llONDEGO. Descripgdo do jazigo. A bacia carbonifera do Cabo Mondego existe no terrcno jurassico em um grupo de roclias arenaceas e caleareas , que e pouco descnvolvido para S S.K., lerminando proxi- mo do casal da Serra, e apresentando-se por eale lado com condigoes favoraveis para a lavra na exlensfio de £',d^a 3',0 da cosla. As camadas cnntinenles e o carvao teem inaior de»envolviuiento para O.N.O., corre- spondendo a maior espessura d'esle a linha da costa na praia. Continuam alem d'esta linlia no solo (jue forma o fundo do mar, nao so por.pie a camada de carvao leni alii niaior pos^auga e pureza, mas porque se acliou ef- I'eclivaaienle no avaiiro dos traballios antigos, que peuetram 200'" por baixo do Oceano. N.'io se conhece o lunile d'esta bacia, no scnlido da prufundidade ; lem-se reconliecido que tontiiiiia iW abaixo da galeria geral d'esgolo, e e provavel que se estcnda ale 250'" de profuEididade sobre o piano da ca- mada a coular d'esla galeria. A camada ein lavra apresenla dois acci- dentes nuii iiii|)orlaulPS no senlido da sua direcgao: — 1.° o adelgagamenlo ate -i eoiii- plela desapparicao do carvao; esle accidenle produz nolaveis lacunas no deposito; — 2.* a exijteiicia de setlas de calcareo carbonoso scliisloide, (pie dividcm a espessura da cama- da em Ires gros^as laminas. As camadas d'esle grupc, e o carvao que conlem, seguem a direcgao geral O.N.O. a E S.F>. inclinando 40° para S.S.O. O leclo c muro sao de calcareo algilo-carhonoao con- sistente c eslavcl, condicao impoitante para a economia da lavra. ' Eslas palavras fazem Ieml)r.ir uraa passagfm siil.li- me da Imilor-So ; ■■ Scnhor concedei-me a prai;a de miir- rer par.i lod'as as rousas miindiin-u, e de por amor d» vus Jfsi-j.ir ser rot-Qusprezado e d.^sc.jcbccidu dj munds. .. 104 O corvao e negro, brilhanlc , em laminas grossas parallelas a stralil'ica(;'io , gordo, e da coke muito pnioso; o sulpliiirelo de forto, 4ue abunda ni'llc, toriia-o iiiappticavel a mui- loi usos. Os scliii'.o, cail)onosos pyrilileros, expoilos ao ar, entrain espoiitaiieaMienle ein comlMistfio lenta, que dura por muilo tempo Bte se coiisiimir loda a porjao caibonosa que conlein. O prison appareceu uina iinica vez no anno de ISo'i, em urn dos tallioes da mina Farro- bo; a sua pre^en^a foi anniinciada por uina violenla delona^ao, que apagou as Iuze5,e feriu Ires hotnens; con^eguiu-sc por o niassi(;o incominunicavel, e desde essa epoclia nao toi- nou niaii a manifestar-se esle lerrivel acci- denle. Continua- UMA TRAGEDIA ARABE ' . Vivia ein Bagdad utn mancebo, Abder- Rahinati-ben-I;niail, que por sua exlreina bellesa, e suprriores dotes iiilellectuaes nie- recera oappi'Uido de Brilhanlc. Enamorou-se d'elle tio perdidamente Oumui-el-Beiiirie, muUier do kalifa ]^1 OullJ l)en abd-ol-Melik, que veiu a adoecer. 'I'odos os dias queria vel-o no seu quarto, e se acaso vinliarn ler com Vila, quando e^lava com o scu amanle, escondia-o n'um dos seus cofres. Certo dia fizeram ao kalila presenle d'um rico collar d'ouro e brillianlos; tao liiido o acliou elle, que disse " guardae-o para minha inullioriie cliamando uin escravo o mandou por ello a si liana. Quando o escravo chegou a porta do quarto d'ella, para cumprir as ordens de seu amo, I'icou surpreliendido, vendo-a aberta, e depnjs de scisniar no que isto significaria, e.ilrou pe ante pe, ouviu gargalliadas de rizn, e, dirigiudo-se para o logar d'onde vinliaui a- quelias rizadas, toparam seus ollios com os rio mancebo, cujo rosto se cobriu com a pa. jidez da moite. Mai Oumm-el-Beuine deu por isto, logo escondeu no cofre do costume o seu amante ; mas era tarde: o eicravo tinlia percebido tudn, e, apresenlando o collar a sultana, disse-llie » Senliora, pi-^o-vos urna d'eslas joias. ii Indiguada com lamanlia ousa- dia, Oumm-el-Benine, t'el-o sair immediata- mente do seu quarto, dizendo-llie u afasta-te da minlia presenga, crcatura immunda. n O e,-cravo, ardendo em laiva, delern)inou vin;ar-se ; foi procurar o sullao, e disse-llie u Seidior, vi Imjc! urn liomem em familiaridade com vossa csposa ; eucoiilrei-os auibos s6> em tal aposento; elle ficou sobiesalteado com a tniuln preseuga, mas a sultana escondeti-o precipitadauieute em tal cofre. u ' E\tiaiilii I'a — Reiiie de i'l}rie»l, alifil il- ri5*, « inili'zidi de iirabc jiara o Snincri pnr M Ch'-rliun- Ml art. Ouvindo cstas palavra^, o kalifa, em vez de enfurecer-se contra sua mullier, vollou a sua coiera conira o escravo; e ii'un) accesso de desesperacao cxclatnou litu nientes crioinrjelu e dirigindo-se aos guardas do palacio, gritou- llies « cortai-liie a cabeoa ,i e alguns iuslan- tes depois a cabe(;a do pobre escravo rolava por terra ! Terminada a fatal execuj.^o, o kalifa le- vantou-se, cal(,'ou as cliinelas, e dirigiu-se aos aposeiilos de sua esposa, que se eslava ton- cando; e seutando-se defronte d'ella., no cofre, que llie deslguara o escravo, perguntou-jlie u porque tens lanla predilecj.'io por esle quarlo ?» por que tenlio acpii os mens vestldos, e as minlias joias « respondeu Oumm-el-Beuine. >i Queres tu, conlinuou o sult.ao, dar-me um dos cofres, que ornani este quarto ?ii Rsco- lliei, senlior, o que niais vos agradar, ;i excepjao d'aquelle, em que estai-s sentadon « pois e este exactamente o que eu tpiero, di^se o kalifa, [Hirtpie me e necessario. u linluo e vosio, disse el-Benine depois de uns mo- mento de iudisivel perturbajfio. C) kalifa fez nin signal aos negros, que fora da poria aguardavam as suas ordens. a Levai eate cofre, llies diz elle, para a sala do men consellio, e esperai-me la. n lim qnanio os escravos cumpriam e>ta dflerminarao do seu senlior, lodas as feicoes da aullana se desfi- guravain de um modo espantoso. u Que lens tu Uie perguntou El-Oulid, por que (-stiis lao desfigurada ? Acaso sera caro ao leu cora- ^■fio acpielle cofre f Nao, senlior, perdoai-me; nao tcnho nada, que me prenJa a esse coire; se a rainlia pliysionomia ^e altera, e porcpie me smlo indi^po^ta a Deos te curara » di^se o k'difa, saiiido do quaito da sultana. Quando El-Oulid enlrou na sala da au- diencla ja o cofre e^tava pousado no pavimen- lo. II Levanlai a aicatifa, disse elle aos negros, e abri uina cova da altura de um lioiiiem, " depois, mandando clicgar o cofre a borda da cova, e poiido-llie um pe em cima, prouun- cion as seguiiites palavras. n Dera.ii-nie uma uolicia; se ella e verdadeira, seja a lua inor- talba o teu veslido, e esle cofre o ten caixao morluario; e Deos e que le immola; se a no- licia e falsa, nao se perdem si^nfio iiinas poucas de laboas ; ii e fazendo com o pii um pequeno moviuienlo, o cofre lomboii no fundo da cova ...... " Que Deos me perdoe n dis- se elle entao, lan5andi>-llieein'iima um punlia- do de terra. Os negros arrasaram logo a cova, e tornaraiu a estender por ciaia a aicatifa. Concluido este acto, o Kalifa senloii-se na cadeira, em que costumava dar atidiencia, e a liora do alinoco enlrou no sen quarto, aonde os dois esposos (.onfundiram suas almas n'uuia coinnium alegria, comose cousa alguma ^enialra nfio liouvera occorrido entre ellej ; e a mail) dilosa paz nniu estas duus cxi>lencia> ate a bora du uiorte. 105 SECC^AO DE MATHEMATICA. INTEGRAES DEFINIDOS. Continiiado ile pag. 64. 2. A loniuila (4) on (o) do n.° 1 e a de Francoeur Calc. int. n.° 843, edig. de Cijinilira dc 1839. A formula (C) e a de L.Tcioix Calc. int. 3,° vol. pag. 118, edit, de Paris (l<; I 98. A torjiiiila (8) conipreliende a de Poissoii Mecli. 1.° vol. n.° 15, edit, de Paris de 1833. De (9) sahea foniiula de Fontaine Mem, da Acad, das So. de Lisboa. A formula (14) c a de'SimpsOii , em ciija deducCj'fio sognimos a nota ao calcido de Francoeur, que vem no f2.' vol. nag. 273, cdic;. de Coimbra, e q\ie foi feila pelos Traductores. 3. Se na formula (6) do n.° 1 tirarmos (p(^„) para fora do signal 2) e despresarmos depois OS lermos, em quo enlra y-, ^', etc, e na I'orniuja (8) do mesmo n.° rejeitarmos OS lermos da mesma ordeni cm S°, ^% etc., lanto a formula (G) como (8) ficarao reduzidas :i seguinte expressfio: (1) / ? Gr) ./.r = nTla^i) + TTa r? (••^" ) -? K) I- Se aoaso e pequcna a differen<;a numerica eiitrc if(:c„) e ip(a?„), e se alein disto if(x„) 1 .119 ('^n ) 9 ( ^n ) . 1 e o(a;„) tern o mesmo signal, a quantidade : -—^ sera tambem muito pequena, e ' I' Ail' por isso quando for n extremamente grande, o que siippoe J extremamente peqiieno, pode- mos desprezar o segundo termo do scgunclo membro de (1), e escrever siniplesmente : (2) / ^(x)dx = S2f{Xi). Poderii iimdar-se em integral uin somnialono , quando as fimcgijes extremas foran pouco differcntcs, quanta ao seu valor numerico, e tivcrem alem disso o mesmo signal. 4. Pela equa maior, assim conio m o raenor valor, que ip(j;) lem desde x=ix„ ate x = ,r„ , cnmprelien. dendo tambeni csles limiles : digo que (1).... Porque : 'M(x,~ xj> I ^ (x) dx , (X) dx f [M— , (.r)] dx=: Mx—f^ (a?) dx , f [9 (x) — ?n] dx =y 9 (x) dx — mx. Passando aos limiles , acharemos : (2) / fW — 9 [X)] dx = M (x,— xj — f / ^{x)dx Seja 9(T)daf6rma/(a-) f/(x),,(x)dx, [F (x.)-F (X.)] < f}\x) 9, (X) d^. Porque f[Mf{^x) — f{x)^^{x-)]dx — MF{x)-ff{x),X'>')^^ /{f{x) ,, ix) — mf {«)] dx—ff{x) ,. («) rfflT — Tn F(,«). 107 DomJo, pnssando aos limites, se conclue a exactidfio das desigiialdades (51. (). Seja a funcj.'io pioposla if(x, a), c adraiuanios em primeiro logar que a;„ e .r n-io TJiri,-Mn com as varia^Oes de a: digo que tercmos ; (1) • ^ = LA::±(^±^..j^. da / da. ^. Por quatito / j;=:0, quando (p (>r) = — o( — x). J -a 8. Em hypotheses particulares c' convenienle c pennitlido extender os limites doj integral definido. Seja, por exemplo, dado (1) F = l ^{x)dj£. *' -a Supponhamos que e i,, k.,k^, , t; umaserie de valores positives, ecrescentes; el que sabemos, de qualquer modo, que tp (a-|- i,):=0; ip (a + A,)=:0; ; (p(a+ <•,) = 0 : e tambem que ,p ( — a — i-J = 0; (p( — a — k^) = 0; ;?( — a — A-,) = 0. Seja tambem a differenga successiva entre dous valores de k tao pequena, quantol quizermos. Se F pode considerar-se , como somma de elementos differenciaes, equa5ao (2)1 do n.° 2 J sera. />a ^a -{- k ^a-\-k^-\-k^ f2) F— <((x)dx=l ,{x)dx=. ,f{x-)dx J. a --(a+A) ^' '{a+k,+k,) Continua, itiFi>'o aiEiiai OZORIO. ® Jnjsititiit0) JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. CONSELHO SUPERIOR DE INSTRUCCAO PUBLICA. BELATOaiO AMNL'At. 1816—1847. Quando no decrclo de SOdeseptembro de 1841', confinnado por lei de 29 de novenibrn do mesiiio anno, Vossa Mageslade lioiive por bein ordeiiar a reforiiia da iiistnicjio publica, e criar o conselho superior para a superinleiider e duiifir, os vogaes ordinaries que enlao tiverum a lionra de ser por Vossa Magestade chamadosa coinpor este conseilio, possuidos do seu dever nao se poupavani a trabalbos, para levar a effeito o profundo pensamenlo desenvolvido n'aqiiclle deeroto. Coiifiados no seu zelo, aliiriPntavain a espe- ranij'a do poderern em breve, fazendo-o execu- tar, preparar entre nos^ inellioros dias para a instruc9:'io, e para as sciencias, e offerecer a Vossa Mageslade iim novo molivo de satisfa- <;:io ; e assim ousaram indieal-o nos rela- torios de 184i e 184j. Porem a desgrartida rrise porque iiltima- ruente passou a nafao, nao so inutilisou todas as tnedidas, e deslruiu lodos os inelliora- meiitos principiados ; mas vein por em tao complela desordem este ramo de adniinislra- <;ao, que nao teni sido possivel, ate agora, reslUuil-Q cuiiiplclQinonIp nn spii nnrlanicnto regular. A pezar da dispn^ic^'fio da lei, e de repetidas instancias, ainda nfio cliegarani os relalnrios d'alguns eslabelecimentos ; e a niaior parte dos que se teni recebido, em logar de e.\porem o quadro da instrtic^ao, li[nilanri-=e a nanajfio dos estragos, que ;of- freram, e a simples decjaiagao de que, nesle periodo de dous annos liveram de todo, ou quasi, interrompidos os seus traballios. Nesles lermoj, o relatorlo que o conseilio em observancia do sen regulamcuto, tern iioje d.e levar a Augusta preseu9a de Vossa Ma- gestade, nao pode ser scnao muito imper- feito. Como o ensiiio esleve sem exereicio, e impossivel por falls de elemenlos, salis- fazer o ponto mais inlercssanle em docu- mentos desta natureza; e inais imporlante para se fazer nolar peranle as camaras legis- lalivas; e por isso especialmenle tecommen- Voi. III. Afiosjp 1.°- dado na lei, que vein a sffr o juizo compara- livo do adiantanienlo on decadencia da ins- truc^fio e das lelras com o dos annos anle- riores a visla do numero e aprovcitamenlo dos alumnos, do zelo e desenvoivimenlo dos professores, e da observancia e execugao dos regularjientos. O conselho nfio pode fazer uiais do que expor o eslado do ensino nos principios do armo de 1846, e dar a nolicia dos acontecimenlos mais imporlantcs, que depois sobrevicram era aiguns eslabeleci- menlos. E para proceder com clareza nesta exposi^fio, entende o conselho dever prin- cipiar pela organisagao ou direcgfio geral de toda a inslrucjaoj seguindo depois pelo ensino primario, secundario, e superior. Direcgdo geral da Instrucgdo. A superintendencia e direcgHo da inslruc- gfio esld. encarregada a este conselho superior que consla de 8 vogaes ordinarios presididos pelo prclado da nniversidade, e dos vogaes exlraordinarios que sao os aspirantes as ca- deiras das faculdades, todos repartidos nas 3 secgoes da instruc^fio. Pelo decurso desle periodo niio houve outra alleraf;ao no pes- soal dos vogaes ordinarios, senfio a ausencia, em commis>ao, do vogal o doulor Jose' de Sa Fcrreira dos Sanclos Valle, o qual havia sido substiluido pelo doutor Antonio Kibeiro de Liz Teixeira, ha pouco fallecido, cuja fali^ " '^'^n^pljio denloia. .\'o decurso do anno de 1346, OTTOnselUO, alem do expcdienle ordinario, occupou-se em preparar os regulamentos, que ainda fallavam para execular o decrelo de 20 de septembro ; aiguns dos quaes estao ja depeudenles da approvaj.io de Vossa Mageslade, como o das escholaschirurgicas do uitramar, o da criagfio das escholas do 2 ° grau : em outros traba- Ihava-se com assiduidade e zelo, como o regulamenlo para a academia polyleclinica, o regulamenlo dos lyeeus, o regulamenlo para os exarnes preparalorios da nniversi- dade. As desordens da guerra vieram enlao irilerromper esles traballios. O conselho en- lendeu que n.'io devia abandonar o seu poslo, mas cnllipcado no centro da lucla, liinilou- se a algumas providencias de expediente esperando as ordens do governo. Nem podia nbrar d'outra maneira porque, alem da in- — 1854. Nkm. 9- 110 terrupfSo das correspoiidencias, o pessoal da 8iia secrelana nao pode cscapar a. voragein dos partidos, e em iiiii corpo di'libeiaiiU? a falla do secretario, que deve estar seiilior dc lodos (13 ncgocios, nuo pode deixar dc prejiidicar p;ravoii]onte o sen andamcnto. Anticipadamenle liiiliam pelas seccoes do consellio sido eiicarro^jados aos voj;aei ex- traordinai io?, Ual)allios de grande valor para a instrucofio, c proprios a exercital-Oj para o seu adiai\lamei>lo, que eram em jjrande parte OS coinpendioi para as dilTerentes discipliiias. Ac consellio parcce que lodos se applieavaui a esla tarefa coir) zelo, e alguns elTi'Ctiva- menleja linhain apreseiUado Iraballio d'algutii merecimento. I'oreiii com a desordem a iiiaior parle viram-se obrigados a ahandonar esta cidade, de maneira que iia confereucia geral que nitiinaiiieulc celebrou esle consellio em 25 de noveiiibro do corrcnle anno, grande parte nao apparcceram, e os que foram pre- sentes, soniente offereceran) esrusat: allen- diveis, e promessas de tontinuar os Iraballios interrompidos. Um doi olijectos que nos principios do anno de 1316 levou ao conselho os sens prin- cipaes cuidados, foi a noinea^ao dos com- missaries nas capitaes dos districtos adminis- trativos, em crntormidade do artigo 161 do decrelo de 20 de septembro; por meio dos quaes, alem do servi(;o de reilores dos lyceus que Ihe incumbe, o confelho espera obter execugao mais prompta, e inspecjao inais csclarecida no ramo da instruc^ao, do que dos governadores civis, que alem do pezo d'outros negocios, dtrigcm este scrvi^o por via dos admlnistradorcs dos contellios, or- dinariamenle pouco habeis para interpor juizo seguro sobre objcclos litterarios. ElTectivamente cslfio nomeados por Vossa Magestade, sobre proposta do consellio, os commi-sarios dos districtos d'Aveiro, Beja Braga, Bragan^a, CastelloBranco, Evora, Faro, Guarda, Lisbna, Portalegre, Porto, Sanlarem, Villa-Roal, Vizeu, Angra, Ilortn, e Fiinclial. <;oes do seu cargo, dirigiu-lhes as instriicgoes, qm; conslam do documento n.° 1. Como o seu exeroicio activo somente agora vai prin- cipiar, o consellio espera a continua^.-io dos seus Iraballios, e pro^as do zelo, para ajuizar do merecimento de cada iim. O cnnselho espera egualmente ter em breve oblido as in- f'orma(;oes necessarias sobre os sub-delegados que na forma do art." 161 §. 3.° do mesmo decrelo devem coadjuvar os commissaries. Jnstrucgdo prmaria. No anno de 13t5, o numero das cscliolas de ensino prima rio pagas pelo governo no coiitinenle, entraiido 41 de meninas, era de 1116 e liavia noticia olTcial de 1081 parli- culares frequentadas urnas e oulras, por 61:276 aliimnos, os quaes esiavam para a popnlagiio na razio approximadanionte de 1 para 5.3; razao que nuo e inf-.Tior a d'alguns dos paizes da curopa que p:i?.sam por cultos. E ainda que o consellio nfio possa attestar, que na enumera^ao dos alumnos n.~io haja excesso, ou ao menos, que tnuitos d'elles, que fignram na cifra da malricula, nada aproveiteiii na instruc^fio, conludo insiste em que iieste grau da instruccfio se notava uin progresso sensivcl, assini na frequeiicia das etcliolas, como no zelo e assiduidade dos profe.-sores O consellio se occupava entfio principal- mente de dar nina organisar^fio regular ii superintendencia e vigilancia dos commis- sarios sobre esle ensino, obrigando-oj a ad- quirir conlieciuiento especial decada eschola, por meio de corre?pondencias reg'ulares, e visitas periodicas, exigindo-llies eontas fre. quentes do seu movimenlo niensal com a nota do merecimento assim litterario e moral como pedagogico dos professores: recom- meiulando-llies a escellia e indicarao dos melliores metliodos, e o estimulo dc socie- dades que promovessern nas aldeas o gosto, c zelo pela instrucg.'io. A guerra civil vein cortar estes melliora- meiitos: alguns professores, estpiecidos dos deveres do seu ministerio, compronietteram-se e soffreram a necessaria consequencia das vicissitudes dos parlidos Nao foram inuilos, mas todas as escliolas se rcsjenliram, mais ou menos, das desordens da juota, )no pri- niario do 2.° grau, nao differen) das do l.° sen.'io em ensinar-se nellas o ensino priniario em loda a sua laliuide, e com inais perfei- 5ao. A grauimalica porlugueza, o desenlio, a geograpliia, a escriplurar-fio, a aiitlimetica sao as disciplinas cspeciaes desto griiu. Estas escliolas pertencem as povoagoes dadas a, induslria, ao comiiiercio, cujos liahilantes querem seus fil'hos liabililados, para nia- nejarem com inlcliigencia as suas profissoes, &em OS passar ao ensiiio socundario. Mas para o seu eslabclecirnenlo, ali'iu do local com grande capacidadc, e' indispensavel o concurso de muilos professorcs , cotno se pracllca em Frauja, e nas nayoes do norte. O consi'llio julga possivel converter neslcs estabeiecimentos as escliolas d'ensino-niul.io onde se acliam jd aiguns elementos, sobrc o que ja love a honra de fazer subir um pro- jeclo a Augusta presea^a do Vossa Mriges- lade. Mas coruo este piano exige augmenlo de despesa, o coiiselho nao se attieve pro- por Movos encargos sobrc o lliesouro; e julga prudenle esperar occasiao opporluna, ein <|Ue se pos:a obter das camaras municipaes respeclivas os principaes subsidies para esles C5labeloci;nentos ; que nao sfio de immediate inloresse sen'io do cada urn dos municipios. Km exccujaodo art" 5.° do decreto de I.") de novembro tie 1836 tinliani-se creado nas capilaes dos di^lrictos aduiinistrativos do con- tinente escliolas primarias pclo metliodo d'en- sino mutuo ou de Lancaater, que ainda entfio era gcralinento applaudido: eque sendo mais vantajoso para as escliolas mui numcrosas, e' sem inconvenienlPS no ensino das disciplinas, em que da parte dos ineninos senfio exige tanlo a rellexfio, como a proaiptidao eumaespecie de facilidade macliiiial, como na escripta, na leitura simples, na aritliaielica : ainda que na verdade nao pode prodiizir resultados senfio mui lenlos, em quanlo as disciplinas em que se exige pensamento e retlex.'io; como dou- ctrina, historia, graminatica. Como em poucas das nossas escbolas primarias se ensinam estas ultimas disciplinas, o metliodo d'eiisino mutuo |)arece ate agora ter produzido entre nos bons cITeitos. No anno de 18t4 — 15 escbolas por este metbodo cram frequentadas por ^-.'23') aluiiinos. Porem depois quo se vul- garizou a viagem de Mr. Cousin a Hollanda para observar a instruegfto, e que apparecerao em publico as rcflexoes dos grandes profes- sorcs J'.iquilla nai^fio. pouco favoraveis ao metliodo d'ensino mutuo, elle ja n.'io aclia apologiUas. No decreto de 20 de septembro nada se diz em seu abono. li ou seja por essa, ou por causa das nossas dissen^oes, as escliolas por esle metbodo vao em decaden- cia, a de Braga es!;i fecliada , e mandada por isso converter em ensino simullaneo ; a de Evora esta quasi sem discipulos; .a de Bragan^a, c a de Coimbra lifio de decair pela saida, para outros empregos, dos bons prot'essores que ate agora as regiam. Em taes circumstancias estas escbolas v.'io-se en- caminliando para a conversao em escbolas do segundo griiu , que fica indicada, logo que, se proporcionem os subsidies indispensaveis. Ao conseliio continuadamento cbegam re- presentayoes dos povos a podirem a creagfio de novas cadeiras d'este ensino : o conselho conliece que o numero actual d'ellas e infe- rior as necessidades da popiilagfio, mas no estado do lliesouro nao se attreve a propor a Oste , novos encargos: limita-se a insinuar estes estabeiecimentos pelos rendimenlos das juntas de parochia, ou das camaras, em quanto por lei se Ihes nao impoem djfiniti- vamente este encargo. A instrucgao das meninas esta entre nos apenas em principio; em Lisboa exislem 18 escbolas, no Porto G, e iima em cada uina das capitaes dos outros districtos do conti- nente, e mais uma em Lagos, e oiitra em Lamego tola! 41 : que em 181-4 foram fre- quentadas por 1:335 meninas. Se do conlinonte se nao tern podido obter lodos 03 esclareciinentos sobre o ensino, mui- to menos se tern conseguido das ilhas. Ape- nas se recebeu o relatorio do comtnlssario de Angra donde consta que o numero dos me- ninos que frequenlaram este ult'mo anno a inslruc^fio primaria fora de 1:2G5. Do map- pa n." 1 vera V. M. o numero das escbo- las de ensino primario eni cada um dos districtof, assim do contlnente, como das ilhas e o seu estado, assim como o numero de alurnnos, que as frequentaram, ainda no rrieio cins dosordene Ho nllirno anriO leclivo; a excep^ao d'aquellas de que nao cbegaram ainda os relatorios. No meio dos barullios da guerra, impossi- vel seria, csperar trabalhos litterarios, ou livros elemenlares para a instrucyfio. Entre aiguns que apparcceiam, o conselho somente julga dignos de ser meiicionados, os que elle auclorisou para iizo das escliolas, cuja rela- 5ao V. M. podera ver do mappa n.°2. A despesa d'esta parte da instruc(,'ao feila pclo lliesouro era no anno de 1345 no con- tinenle de 106:023:324: e nas ilhas de 5:951:906. InstritK-cdo secundaria. A inslruc^.'io secundaria, denominada em outro tempo, estudos das humanidades ou 112 aulas inaiores, tinha entfio por unico fun lia- bilitar aliimiios para a onlem ecclesiaslica, e para oi estudos da ^lniver^idaJe ; aos quaes servia como de degrau. Ilediizia-se por i>so entao, aos esliidos tliainados classicos, laliiii c grego, rlietorica e logicu ; a que nos iil- timos tempo?, se acoresccnlou a liisloria. Hoje porein aleiii d'aquolle, a inslruf<;ao secundaria, seguindo a teiideiicia do nosso seciilo, e a praclica das oulras najoes, pro- poe-se um oiilro fun ; que vein a ser, o desen- volvinienlo da indiislria, assiin agricola, co- como fabril ou commercial : e e para o obler que tanlo no decreto de 17 de novcnibro de 1837, como no oulro de 20 de septembro de 1811-, se incorporaram aos lycous os estudos das lingiias vivas, e os de geometria applica- da as arles, e economia industrial e agricola. Kste ramo da instrucgao consta d'um ly- ceu em eada uma das capilaes dos districtos administtativos, com o nuincro de cadeiras proporcionado a sua popula^fio e circumstan- cias, que aqui nso vao indicadas por conslar da lei. Assim o de l.isboa compoe-se de 3 secjoes collocadas em tres differentes poulos da cidade, a saber: central, oriental e occi- dental, e a elle esla tambem annexa a sec- ^ao commercial. Este o do Porto, e os de Coimbra, Braga, e l'>ora, que podemns clia- inar principaes, est'io jii ordenados em esla- belecimento regular com reitor e secretario, e apenas estfio ainda vagas algumas cadei- ras, parte, por se presumir, que niio terao ouvintes, e parte, por nao terem tido oppo- sitores. O consetho jd publicou os program- mas para differenles cadeiras, como V. M. podera ver do inappa n.° 3. Os restantes estao encarregados aos vogaes extraordina- rios. Os lycens das outras capilaes ainda nao estao iiistalados em forma regular: nem o poderao ser tao breve; porque, ale'm das dif- ficuldadrs do tliesouro para supprir o exees^o da despesa, em niuitas nem casas publioas ha accommodadas para aquolle fiiii ; e alem disso porque, devendo supprunir-se alguns dos districtos adminislrativos, ainda se nao sabe quaes serao. Accresce, que na forma da lei, csica lyucus consiain de tres professores a saber: um que ensina latim, outro logica e geometria em curso bieniial, e outro liistoria e oratoria, tambem alternadamente. Aiguns dos professores provides antigamenle estfio-sc ainda preparando para poder ensiuar aquella disciplina, que de novo llies eencarregada, e em quanlo o pessoal nao estiver ainda com- pleto, e habilitado, mal se podem dizer or- ganisadas. Nos quatro districtos insulares existe tam- bem um lyceu em cada uina das capitaes, Oconsellio nao recKbeudalii os rclatorios, se- nao o d'Angra, redigido pelo liabil e zeloso commissario Jeronymo Emiliano d'Andrade, professor da 5.* e 6." cadeii-a, que da do seu eslado uma idea vantajosa, pedindo a crea- \'fio d'uma cadeira de theologia moral. Do mappa n." 3 consta o numero de ca- deiras de cada uni dos lyceus, e a disciplina respcctiva com a indicagfio do seu estado, e o numero dos discipulos, que o frequenlaram no ultimo anno. Alem das cadeiras cncorporadas nos lyceus; existe.ui em todos os districtos um maior, ou menor numero das de latim, collocadas nas povod^oes centraes, e mais iinpnrlanles, que e necessario cons°rvar , e lalvez ainda crear mais algumas como permitle o decrelo do 20 de septembro: ou 'seja por contemplagao ao antigo prejuizo dos nossos paes de fami- lias , que jilgam que nada se poJe saber, se se nao comejar pela lin^'ua latina , ou seja por attender a necessidade das familias me- nos necessitadas das aldeas que commununente destinam sens fillios para o minislerio eccle- siastico. Cadeiras fora das capilaes dos distri- ctos que nao sejam de latim so existem duas, em Lamego uma de logiea e outra de orato- ria. Do mappa n.° 2. consia oiuunero d'eslas cadeiras, o seu estado e alumnos que no ulliino anno as frequenlaram. O consellio nao pode deixar de observar que, nao obstante todas cstas providencias , csle ramo de instrucijao nao progride : o que facilmcnte se collige assim do |)cqiieno nu- mero comparativo d'alumnos que frequen- tam OS lyceus como do seu pouco aproveita- mento. O povo ainda n'lo conliece a. vanta- gem das disciplinas tendenles ao desonvolvi- mento industrial e economico : nao sabe ava- liar esta parte da instrucgao. Nos estudos classicos encontra-se uma falta inui sensivej, entre o grande numero d'alunuios, que todos OS annos vein examinar-se para seguir a car- reira da universidade , inuito poucos sabem com perfeijao a lingua lalina : com o desap- parecimento da eloquencia sagrada entre nos, acabou a applica<;rto a oratoria. IIojc encon- Ira-se nos alumnos dos lyceus, uma tinlura do francez , e de mais algumas disciplinas do que antigamenle, mas em geral, menos solidez de coulieciinentos, e menos perfeicfio. Ainda prcscindiudo dns occcurencias poli- ticas , a causa d'este dcsniento provem do elleito das rcformas e das circumslancias, da nossa epoclia de traiisijao. Kntre nos, e.m to- dos OS tem|)05, poucos paes mandavam sens tillios u instrucj'io secundaria com o simples fmi de saber; a maior parte soinente a consi- deravam como liahililayao para o seu adian- tamento fuluro. Em quanlo a ordem eccle- siaslica offereceu a um grande numero, uma carreira rica e brilliante, as classes das aulas maiorcs estavam chejas de alumnos , lioje aquella carreira esla de todo ol)slruida. Os bispos depois de 1835, por necessidade, na lalta de outros mais inslruidos, tem admilti- do as ordens alumnos que apenas sabem la- tim , e mal. Nao restam por isso lioje a fre- quentar as csclialas dos lyceus, senao os man- cebos que se destinam para a instrucgao supe- rior, numero pcqueno ainda quando se nao 113 (lescontassom .iqiielles que fazem os sens eslu- dos em casas particulares. Os professorej vendo-se sorn oijviiUes, e inal pagos desf^os- tara-ie, e este desgosto Iraz comsigo a falla do apeifeiroarncTilo, e dalii a decadencia, O nieio mais proficuo, i|ue o consellio jiilga proprio para aniriiar eslc; ratno da iiislrucjao, seri'aexigir pnrlci os diplomas dos ciirsns dos lyceiis, coino liahilita<;ao indispensavel, on ao menos como iiiolivo de prefereru'ia no provirnento de qiiacsqiier einpregos publico:., cm que se necessiie d'algiiina instrucjao, ;i excep^ao d'a<|Uclles em que ja se exige a superior; providL-ucia que se aclia ja em al- gumas das leis novissimas, mas que ate agora se nao tern execnlado. Este meio, alem de cliamar ahimnos aos Ivceus , leria a vanta- gem do fecliar a porta dos empregos ao grau- de numero de perteudenles indignos, que im- por^tunam o governo. E verdade que osla idea nfio pode ser exa- ctamente levada a effeito, em quanlo as disci- plinas dos lyceus nfio forem organisadas em cursos differeules, accojiimodadas aos conlie- cimentos, queespecialuieute se requerem para odesetDpenljode cada urn dos empregos; por que seria duropara osaiumnos, e laivez sem vantagem, para a iiislruc^'fio, exigir-llies o estudo de todas as disciplinas. O conselljo occupa-se actualmente d'um regulamento ge- Tal, d'este ramo de inslruo^ao, cm que se execute este peiisainento, assim como se pro- videnoeie sobre a [iiaiieira, porque lifio-de ser examiiiados, e passados os diplomas aos estu- danles, que tiverem frequenlado as escliolas que ainda nao e^t^lo conslituidas em lyceu : e tern esperancjas de que por e^ta forma me- Ihorara o ensino secimdario Os rejatorios das duas academias de bellas arles de Lisboa e Porto, on pretengani a esle grau da inslruc^fio, oii pertenc^am a superior, nenlinm esciarecimento dao sobre o estado d'estes estabelecimenloi, sen'io a noticia de que durante a gnerra civil, cstiverain occu- pados mditarmente, e por tanlo interrompi- das, nao so as li(,'6e5, mas tambem todo o outro service. Continua. mmmm de couiiiRA-PRociiAiniAs, FACILDADE DE MEUICLSA, 1853—1854. 4.° ANNO. Cuntinuadu de pa^'. 81. C4DEIHA DE PARTOS, DAS MOLliSTlAS DE PLBKPEKAS E DOS REC£M-> ASCIDOS. COMPENDIO — CHAri.LV , TRAITE PRATIQUE DE l'ART DES ACCOLCHEMENS. Lente — Dr. Joiio Mario Baptista CalUsto* O objeclo dii cad(?ira de parlos , das moleslias de puerperas, e dus recem-nascidos, creada pela lei ile 5 de dezembro de 183(), e coiirirraada pela de iO de selembro Je 1844, e mais vaslo e comprehenda maior nuraero de coiisiderarues, e cle factua, du <|iie os que o sen enniincindo exprirae, (pie coiisidero jiicoraplecto, e por jsso iiie.\acto. O olijfclo da sobredila cadeira, considerado d'lim modo mais geral e philosophico, deve coinprelieiider todi a sciencia dos p^rtos, ou e urn rompk-xo de todos oi conheciiiieiitus reiativos a reprodiic*;au da especie consi- deraila no sexo feminino, e no jirodiiclo d^i conceirjlo. P>ste iiilercssanlu ramo da sciencia medica, que \)6de denominnr-se — Toculoi^ia ; divide se em parte theorica, e prarlici. — A primeira furuia-^e de lodas as no(;oes acienliricas, que pop sua nalureza perl'Micem a ramo» particuhires dn im^dicina, ilus qiiaus se leem Sfparado. & fim de se reunirem em nm corjiu de doutriiia, para escia- reciiiienlo ilus prliicipios cspeciaes. que se tliri;,'em mai» parlicularmeule ao liui praciico d\irle i\oB pantos : taes s.lu a Atialomia, a Physiolugia, a Hy^'iene, a l*.iUioloi:ia, etc. A sc'j,ninda so deve ser coiisiderada na sua applica- <;au aos casus oecorrenlcs na pracMca. Todus OS cunbecimeiitus pois, ile cujo complexo t for- mada e.sia sciencia sao cuus!dera(;3es, e faclos analomicos, e pliysioluij'icos solire a eslriiclura, e ac^ao dus orgaoa da mulher, que servem direclamenle a rcproduc(;ao, e ao parto — subr<; a forma^'ao e desenvolvimenlo do feto, ou a Embnjolofjia — sobre todas as mudan^as iius orfjaos da mullier diiiaiile a prenliez, no lempo do parlo, e depois d'ellc — e sobre as parljeularidrtdes d'estrucUira , lie funrrot's, e modo d'existencia dos recem-nascidos, Siio alem d'isso as considera^oes, e os farlus pli)'siolo2;ico3, e palUulu^irus, relalivos us condict^oes, lanlo exlernas como inlernas, que podem allerar a fuiic<;5o da reproduc- ^'au na mullier, e auiea^ar a inIeL;ridade, e a vilalidade do felo — Siio todaa as niolestias, que tiram a sua origera da dispusi^ao especialissima, eiu que se acham enlito as muUieres, ou que leem rela^'io mais ou menos directa com esla disposi<;ao. — Sao finalmente todas as coDdic(;oe» favoraveis a sande dos recem-nascidos ; e todas ns causas morlti Picas, e moleslias diversas de que podeiu ser af- fecladas as crianras, duranle as primeiras rela^oes com sua mai, ua \ida extra-uleriaa. De ludos estcs couhecimentos, e dos do mechantsmo do parto em particular, se deduz'-m, pela maior parte, OS preceilos, e reyras liy^^ieiiicas, Iherapeuticas, e opera- lorias que constiluem propriameiile a arte obstetricia. Tal e 0 quadro jjeral e resumido de todas as noyoea que furniam a sciencia dns partus ; e tal e pur conse^uinte o oliji'cto da cadeira, de qtie me acho ericarrcgado, e ciiju eijsinu publico a lei me tern commelliilo. Para salisfazer puis ao que se me exige, e apre§enlar o pru;,'ramma do ensino publico da refer ida cadeira, passu a indicar mais mituJainente cada uma das partes (I'aquelle quadro ger^l de todus as no^Oes, que conslitueiu a sciencia dus partus, as quaes fazem o object o das minhas prelec<;ues ; e a cxpur ao mesmo lempo a ordera, pela |)(M-hii ; da tuiA jiliuiul.'L'iu nil I'limrOo ; e da sua ca)i«cida'le jMn» viver \ida exlrn-iitLTiim. — Kin>t;::iiidji, tratu — dii pruiilifi coaipuula, dn preiiliez unuiniMl, cxltn-itkriiiH ; da pretihei Oilra. u das circiuublaiiciu^ aiiuniiaea que Ihc pudem dar (jri^eni. Pa.s!)u (lepoii a (r.itnr dos iiirouimudus, e mulcsti (pie pudem solireMr ilnriinle u ciirsu ilu prenlicj — das h-so»-« das diviTsas fiinf(;ufs ; dos vicius da ruiifuraifi^au da liacJH^du iisu du peltjnielru — du pnttu prfiiiatnro iiflifloial — dus i icius da (•oiifuriiiarriu das pjirlcn niul- les — da d<'.slitca);ao du iilefu — ilu tiinu-fdrau e durei dus peitus — -da Iriisau das patcdes abduiiuiiues, e coin esjifcirtlidadc da pcllf. Pur esla uccasiao Iralo do alurlo, e ila heniorrliatria durante a preidiez — dos lufius tin roiueiliar os acriileuk-y (pie a puiteiii ci>D)plirar, e da sahida das pureai ii'e.^te acciitenlL' — liu parto prfinaliiro natural — ila ruptura tlo uleru — dos siiriiafa da iiiuitu do fclo — e da preiibej cumi)licada d'ascil'-s. Final nteiile, leniiiiio csta par to cum os prcccitos e re;;ras hy^'iuiiicaj, relaljvas a prr-idieK ; e cota a iiiOuL-iicia d'este estado sohrc as niuU*st:js. TEIICGIU \ 1' xiiTi:. E iresla lercoira parle (pie eu tralo — do parlo em ?;eral — dus nasrimenlus anteuij>ados, e lurdius ; du p:irlu fspuntancQ alernio — das sujis cansas — do^ plinnunienus plivsioloiiicos do parto, con.iideradoi nas siias dillerentfs I'puchas; e de ali^nms dVsles em separailo — da sua dura- t;ao. Depoi3 d'isto Iralo das ajiresent.u'oes , .c posirufs \ariadas du felo — da apresenla<;i(u i\o verlico ci:i par- ticular,— das suas raiisas, e dia^iiiuslifo — du martu ; e a sahida natural das sei'iindiiia!!, lut-rccem a minha par- liciilar a|icn(;no. F^rocuro indicar, e d'-arrever com o maior empenlio : — us accidentcs, que p-idcm apparecer duranlo o parlo, na aprt'senta(;riu do \frlice^ os accid^'Ules propnos a relardar, ou a impedir o parto, e os meios dc os remediar — as moleslias ej-lranlms no partu, que necessilam os cui- dados, ou a inler>fn(;au do partt'iro — us accnicutf/^, que potlem compromcller a \ida da mfie, e du (iliio — e as difflculdades resullaidfs das anumalias, no n'.ecliaitismu du partu, sei^unilu os dilTerenles lempos d'elle. JuIlio nniito a proposdo o tratar em sejjiiida^dus diverges oljstuculos niechanicos ao parlo — das operaijoes ..I.Bl*.lrioifto |*ri>i.ri.io yartx iifmslar UlUltos d'elles — do furcepji, e da sua applica(;rio Daa di\ersas circnmslaiicras da apresfr'nla^ao do\crlii"e, e najj variadas posi(;oes d'esta a|)reseiitaqao — das cirrunibtaiicias, que excluem o uso d'este iiislrtimento quandu a cabet;a seacha encravada no estreilo superior — e dos accidentes que podem resuJUr da sua applica^So. Cuidiiiuu amda com al3;nnia9 coiisidera^ues relalivaa ao U90 da ala\anca — c luuito priiiciiialuiente com a des- crip^ao da versau, e das suas especifs, e em particular cum a da versao pelviana — com a deacriji(;aoda ceplialoto- mia, corapreliendendo h perfora(;aodocranoo, e aapplica- ^ao do ceplialolribo, ou forci-ps compressor da calie(;a — e Com a dus oj>era^'oes que se pralicnm na muHier, laes corao — a synipliyseotuiiiia, c a opeia^ao cezareana. Tcrmino era tJiii esta tcrceira parte, fazeu'lo aapplica- cT\o das mommas corHidera(;oes, e dus niesmos prnnipios que acabo de fazer n'esta apresenta(;5o do vertice, re^pe- ftivaraenle a ajiresentarao da face — a apresenlat;ao pehiana — c as di\ersas opresenlai;oes do tronco : nau csluria das diversus molcstias, a ipie estam sujeitos u* rccom-naicidus. QL'INTA p. ILTrMX PAftTR. Coucluo Oualmeiile o mi^ii curso, n'esta ullima parte, tralandu da educacao pliysica das creaii(;as, desde o m«pmenlo do seu iia^cimeido ale ao rim da amamentai;a.». — Ktilao tratu tambem — da amauienlacjao malerna ■^ da amamoula^ao feila pur mullier eslr.inha, ou por ama — e da amaiiu'nl;u;ri.i arlilicial. — fcl por nllimo leiilio muilu em coii-iideratj-ao o Hulicar us preceilos, e re;:rraa liy;,'ilas duas partes da scieiicia devem prestar ambas um muluo npuiu, c devem aml-as caiuiubar a par, a fim de »ervirem ao seu verdadeiro proeri'sso, e aperfei^oamenlo. PruiMiro por Iniilo combinar quanto me e possi^'el, em alteri^-ao aus meios de que pusso ilispor, a exprisi9ao, u a analyse de todus us fautos, e prinripios, no ensino da parte Iheorica d'arpiidln scit-ncia, com tudos os exercicius pradifos, proprios para o seu e3cl;trecimenlo, e \erdadL'ira iiilellijencia, iisandu para este Gm das di\ersas machina?, e apparellios, e aiixiliaiido-me frc(|iient'-menle cum eslampas npropriailas ; e com a su>i applicaijau a todos us casos occiu reiib'S na practica do hospital, aundeexistem effect iva- meide os e.\em|d;tres necpssarios iiu enfi-rumria de partus, ()U cum a clinu-a de ptrtus ; para que do eiiaiuo publico d'esta siicticia, lao humana, como iideressant'', pelo aeu fim, a luda a sociedaile, se possa tiriir atpiella utilidade, ques, viviaiu mais separador, e ii^norados no que respeila ao si'u Irato lilterario, e ao sen desiiivclvj- iiiento iiilelletlual, que as najoes iiiais afasta- das de v.Oi, e coin queia iiao leinos quasi rela(^6cs alguiiias. O governo auclorlsou logo o preiado da uiiiversidade para eiivlar ao reilor da univer- iidade de Madrid uiija collecgao coinplela das obras ecDiiipendios, que serviaai de lexlo ta dos sfirs. diiuctores Vicente Ferrer Nelo Paiva, lerite de direito, Joae Ferreira de Macedo I'into, lenle de niedicina, Florencio Mago liarreto Feio, lenle de malliematica, e Jose Maria de Abreii, lenle de [iliilosopliia, e do decano do lyceii de Coindjia Antonio Cardoso [jorges de Figueiredo, professor de e|. quencia. A toinmiss'io iiistallou-sc no dia 29 do mez findo, di^lrilmiiido pelos seus meinbros o traballio de colligir as mais importantes obras relalivas aos diversos rarnos desciencias, e litteralura para coin a possivel brevidade serein enviadas a universidade de Madrid, e se cslabelecer regularmente para o future esta correspondencia litleraria, que ifio proveitosa lia de ser para o progresso dos e-tiidos nos dois paizes, e para o credito das respectivas universidades e acadeinias. ' OS ISRAELITAS EM ROMA. Ila em Roma um bairro separado para OS Israelilas; eo G/iello, banliado pelo Tibre, e siluado eiitre a poiite dos qualro Capi, e a I'cntc-roltn; e uin dos mais iristes, e immundos bairros da cidade ; na occasi.'io das encliPiites ascasas ficam alagadas, eosdesgra- ^■ados habilantes veem-se obrigados arefugiar- se nos andares superiores, aonde se ton- servam ate que o rio tome a entrar no sen leiln, e ha bein poucos annos ainda esle bairro tinlia nmas portas, que se fetliavam todas as nnules; porem a revolng.'io de IS-tS abuliu fisle costume; mesqiiiuho progresso, em coiiiparayfio dos que ainda carcce, para (jue OS judeus em Roma gozem a liberdade, que dislVuctam os de Franca; devemos com tiuln recoiiliecer, que a sua posi<,'ao tende sempre a nielborar-se, e (|ue estamos betn loiige dos tempos em ipie o papa, depols de lan(,ar a bencao ao povo catlioiico no domin- go de pasclioa, lanc^ava o analbema s^ibre os fillidS de Abraliao. Alas, vollaiido ao Giietlo, o observador, <]ue para alii for passear, vera as mullieres senladas em seus balcoes, I'lando linlin, ou remeiidando o facto de sens maridos, e fillioH, em (piaiilo estes se enlreteem brin- cando pelas mas com bandos de galinlias, que abuiidam na judiaria. l-.ste quadro pin- tado de uuia maneiia tfio risonha pela ima- gina(,'an, e, vistoa luz da verdade, bem desa- gradavel. Nas faces palida-;, e niaceradas das miiUieres traduz-se o soffi imento ; o typo oriental, que destingue a ra(,'a licbraica t(j alli se faz iioiavcl |)ela fealdade ; nao se en- contra no Glielto uma so destas bellas pidias, t.'u) communs nos'nossos paizes; a persegui- ^•fio e o soflrimenlo leui degenerado o type priinitivodos israelilas romanos. Dcscrevemos as orcupiicoes dunieslii-'a: da-, mulli'^r's: cum- 116 pre-nos fallar tambem dos homens. A excep- <,'ao dealgims cordociros ou clia|)i'lciros, todos OS niais >e dfto ao iiegocio, e nmn elles podiam occiipar-se de oiiira cousa, poi», que mesino adiniltiiido, que as leis urn dia llies penniUam o accesso a lodas as carrpitas, e indiistrias, OS numerosos piejuiznb que lia a sen respeiLo pntre os romaiio!;, Ilies lian dc servir lorigo tempo de obstaciilo. (Archives isracllics.J EDUCAgXO DOS ANIMAES NA ANTIGUIDADE. < Os rnmanos excederam a todos os povos da antiguidade na arte de amesLrar e do- inesticar diversas especies de aiiimaes; mas OS sens cuidados nos ultimos tempos da re- publica, e durante o iinperio versarain mais sobre as especies, que concurriain para os prazeres dos seus espectaculoi, on para o liixo dos sens banqiietes, do ipie sobre aqiiellas, ciija miiltiplica^uo e aperfei^oameuto podia contribuir para o progresso d'agricuUura, on da industria. N'aquelle ponto os romanos nada tern, que invejar aos modernos. Nos iilliinoa se- culos da republica os cousules e ediles deram nas pragas de Roma o triste especlaculo de immolarera muilos animaes de graude prejo pelasua raridade. Nos jogos, quesecelebraram no anno dc 65 por occasifio da inaugnra^uo do tlieatro do Poinpeo, forani mortos sobre o circo quatrocentas e seis pantlieras, sci.- centosleoes e vinte ojefjnte?. Cansado, porem, jd o povo deste l)arbaro divertimento, come- garam a industriar os aniinaes nos diversos exercicios, em que os i'aziani andar nos dois pes, para assim excilar a attenjio pnblica. Marco Aureiio foi o primeiro, que eni Roma fe2 conduzir o sen coclie por iima parelha de leoes. Heliogabalo fez outro tanto, »)uerendo comjiarar-se a mae dos Deuses, e, immitando Bacclio, jungiu tambem ao sen caiio ligres, e ulgumas vezes veados, e ate caes. Avestruzes de extraordinana grande^a puxaram o carro do imperador Firmo com tal destreza, que mais partciam voar do que correr. Estes factos nfio sao seni exemplo na epoclia actual. No tlieatro de Paris uin do- mador de feras se aprcsenton, nao lia muito, dentro dc nm carro tirade por dois leoes; mas de elelantes danyando na corda, como muitas vezej se viu em Uoma, niio ba niemoria na epocha actual. Germanico, diz Pouciiet, n'lim traballio mui importante sobre estes animaes, apre- zentou elelantes (juedansavam grosseiramente. ^os jogos instituidos por Nero em bonra de ' Extraliido Je uma obra de I. G. de S. Hilaire, ainila nu prclo, Bobre a ediica^Ho e aoturalisa^So do» aniDiaei utcii. Agrippina foram vialos com geral admira- fio alguns destes animaes dansando sobre uma corda teza; facto est? atlestado por Cas- sius, Plinin, Siietonio, e Alarco Aurelin. A aite de domar os animaes, diz Cuvier, eslava tao aperfejgoada, como a de os cagar. No triumplio de Germanico os elelantes dansavam em pe sobre a corda. No tempo de Galba um destes animaes subiu n'lima corda com um cavalleiro romano em cima ate ao tecto do tlieatro. Cuvier assevera, fundando-se n'uma passagom d'J'llien, que 05 eleiantes assim adestrados linliaui nascido em Koma de individuos desta es;)ecie, que viviam em pris.'io ; a auctoridade, porem, d'iilien nao parece sullicieiile para firmar um facto, inteiramente contrario a todas as observa(;6es feitas na Europa, e ate na India. A par d'aquella arte niaravilliosa de ensi- nar os animaes a tao variados exi^rcicios, os romanos cuidavam com muito esmero em niidliplicar, eengordar ai|uelles, que sorviain para os seus banquetes, e parlicularniente as aves, de muitas das quaes ainda lioj • usamos. « Clausiie pascuntur aenata:., (juerqaedu- lae, boschides, phalcrides, similesquevolucret quae stagna et paludes rimatitur. r> Engordavam as lebres, arganazes, pavoes, grous, e sustentavam em grandes lapadas jrivalis, veados, e cabritos moiUezes, que acu- diani ao son de uma trombeta. Tambem, segundo Bureau de Majle, sujtenlavam cara- coes, que llie serviam coijo eguaria tiiui es- liu'.ada. A plscicultiira estava levada a um grau de perfeigao, a que ainda boje eslanios mui longe de cliegar. O sargo fora trasido do mar da Grecia para o da Toscaiia, onde se naturalisara. 'I'inliam grandes viveiros d'agoa doce, e salgada. I'ara eslabelecer um destes viveiros, Lucullo mandou cortar uma monla- nlia, pein (pie Pompeo o chair.ou— Xerxes logatus. Neates viveiros cnava-se uma pro- digiosa miiltidao das mais eslimadas, e varia- das especies de peixes. Ell lun a m lilt i pi icarao artificial dos peixes estava em practica, e ja entao se obtinliani especies iclitli^'ologicas liybridas ; e esles pro- cesses artifi;iaes applicavam-se ateaalguma* especies de moliiscos. Os romanos neste ponio faziam lia vinte seculos, mais, do que nos ainda lioje pia- cticamos. PHYSICA DO GLOBO. I.NFUE.NCr.V DA LIA NOSTEUnEMOTOS. Desde a* mais remnlas eras aciia-sc ar- reigada na maioria da populayfio de todos os paizes a cren^a de que a lua intlui^ poderosa- 117 meiile em imiitos dos phenoinenos pliysicos e vilaes, que se passain na terra. Uninens dados ao eUudo da natureza re- geilaram por lonj,'o tempo esta crenga, na inaii)r parte dos sens poiitos, como precon- ceito popular; talvez porque o amor da sciencia, por niais pure que seja, tern sempru alguma liga d'amor proprio, que procuia lisonjear-iios daiido por impos^ivel oqiie nao podcmos cnmpreheiider. Mas na presen^a de factos constantemenle repelidus parece for- (;050 reconlieccr, que a attracgfio daUiasobre a terra e atmospliera, e por ventiira a sua acgao cliiiuica sobre a luz solar que nella se rcdecte, toriiam sensive! a inthioncia d'este satellite em muitos plienoiiienos que so pas- sam acima, na superficie, e no interior do nosso globo. Entre estes plienomenos avulta o dos terremotos, qiiC rnuito importa saber se devem considerar-se como resultado de per- cussoes causadas na crusta solida da terra por mare's internas. Na verdade, se em virtude de sua elevada lemperatura, a parte interior do globo lerrcitro se conserva fluida, devem a lua e o sol causar nella movimentos, se- nielhantesas mares doOccano, qnedependam em diree^ao e intensidade das posiroes d'estes astros; e a rosistencia opposta pela crusta sniida a accnmulagao de tluido, que esses movimentos tendein a produzir na direcgao dos raios veclores dos mesmos astros, pride causar rnpluras e abalos nos pontos cor- respondentcs da superficie terrestre. Ve-se pois, que esta explica9rio, estabe- lecendo nma mutua dependeneia entie a lluidez da parte interior da terra e as mares internas, manifestadas pelos terremotos, e de summa imporlancia na primeira e mats dif- ficil qucslao da geologia. ■ Nas sessoes da academia das sciencias de Paris de i2l de marijo de 1353 e 2 de Janeiro de 1864) apresenlou M. Alexis Perrey uma inernoria, e uu)a nota, ciijo objecto e mostrar a influencia das posijoes da lua em relagao ao sol e ao perigeu sobre os terremotos em geral, e das suas posigdes relativamente ao meridiano d"um logar terrestre sobre os ter- lemr.tos nesse logar. Na memoria o auctor da conta de todos OS terremotos, de que pOde obtcr noticia, desde o anno de 1801 ate o de 1850; e computa-os de tres tnodos differentes, enu- nierando : no primeiro os dias em que tevc logar algnni terremoto; no segundo todos os terremotos que liouve, quer no mesmo dia, quer em divcrsos dias; no terceiro todos os abal OS que se sentiram, quer pertencessem ao nies[no terremoto, quer a terremotos differen- tes. Procedendo assim, a collecgfio apresenla um quadro de 5:338 plienomenos pelo pri- meiro modo, e de 6:596 pelo segundo. Pirn quanio porem ao terceiro inodo, nao pode M. A. Perrey obter noticias que referissem OS abalos de cada terremoto senao a respeilo d'alguns d'elles ; e por isso apenas conscguiu fa/er um quadro de 931 abalos scntidos na America Meridional, que acliou consigna- dos no 5.° volume das viagcns as partet ccntraes da America do Sal de M. de Caslelnau. Formou tambem pelo primeiro modo uni quadro de 423 dias de terremotos desde 1841 ate 181-5. E finalmente organisou quadro5 parciaes, repartindo cada quadro total em grupos correspondentes as subdivi^oes do pe- riodo da lunagiio media 29'', 531 em doze, dezeseis, e oito partes. Em todas estas combinajoes, pondo de parte algumas anomalias, aclioii o auctor uma preponderancia dos numeros relatives lis syzygiai sobre os relativos as quadratnras, a qual o levou a concluir que: ha meio se- cido OS terremotos sdo mais frequentes nas si/zt/g'ias do que nas quadratnras. Examinando a mesma collecg.'io d'obser- vajoes, e usando dos rnesmos tnodos de con- tagem, de que se servira para formar os quadros rcferidos, M. A. Perrey contou os terremotos correspondentes aos dias das pas- sagens perigea e apogea da lua, e aos dois dias auteriores e aos dois posteriores a cada uma d'ellas ; c subtraindo o numero respe- ctivo a cada positj'io proxima do apogeu do respectivo a posijao correspondente proxima do porigeu, acliou differengas positivas, que divididas pelas sommas davam quocientes compreliendidos entre j^ e -~. Eslas differen- gas indicavam pois uma preponderancia sen- sivel dos numeros relativos ao perigeu sobre OS relativos ao apogeu ; d'onde conclulu o auctor, que os terremotos sao niais frequentes na passagem da lua pelo perigeu do que na passagem pelo apogeu. Reconliecendo a importancia do trabalho do sabio professor de Dijon, poderiamos talvezdesejar que, seguindo um metliodo seme- liiante ao que Ibe serviu na repartigao dos quadros em partes correspondentes as sub-di- visoes da lunajfio media, e applicando-o nao to ao mez synodico, mas tambem ao ano- malistico, comparasse separadamenle : os nu- meros proximos da mesma distancia da lua, mas correspondentes a diversas phases lunares, para estabelecer com mais clareza a proposi- <,'ao relaliva a influencia d'eslas phases; e os numeros proximos da mesma phase, mas cor- respondentes a diversas distancias da lua, para estabelecer a proposi(;;1o rclativa a influencia da distancia. Finalmente o auctor da nota discutindo OS 824 abalos sentidos em Arequipa, que re.''ere a citada obra de M. de Castelnau, c calculando as boras decorridas desde a pas- sagem da lua pelo meridiano ate o instante de cada iim d'elles, achou, quer por este modo de comparar, quer pela rcpartij.'io do dia medio lunar, 24'' 50' 30", em dezeseis ou em oito partes, e dos abalos em grupos correspondentes : que o maximo numero d'aba- 118 los teve logar na vijinlinn^a das passagens da Ilia pelos ineriJianos superior e inferior; e o niinimo, qiiando a lua estava proxiiiia do !)0° de dislancia ao meridiano. De todo este traballio resiilla a conclusao sepuinte. O nunieio dos tcrremotos c maoclino nas sijtygias, c minimo nas quadraluras • maxiuio na dislancia perigni da lua, e ntininio na apogi'a- maxuno para um logar na pussagein da lua pclo $cu meridiano, c minimo a 90° d'cslc. O que concorda com o que deve aconle- cer, se os terreuiotos siio devidos as mares inlerioros do globo terreslre que produz a altracjfio da lua. Para lornar iiiais seiisiveis estes resuitados M. A. Perrey procura repreacnlar os iiuineros de cada um dos quadrospor expressoes da forma ■ ^ sen {I + a) + iJ sen (2 / -f p) + C sen (3 / J- ^ )-p , scndo HI, .'/, B, C,...., constaiUes da na- lureza de ^ ; m p > f- • . ■ j aiigidos constantes ; e ; adislancia angular da lua aosol, coutada desde 0° ate 360°. E deleruilnadas as constan- tes de modo que satlsfajam ansnuineros, acha que na furva rehuiva a catla uin dos qiia- dros a maxima ordenada principal correspon- de as syzygias, ea minima lis quadraluras. A commiss.'io da academia, que examiiiou I'sle trabalho, daudo-llic grande inporlancia, propoz que fos-ie approvado, e que a acade- inia empregasse uma parte dos seus fundos eui auxiliar a continuagfio d'elle. (Vej. o ConipUs Rcndus de 12 de junlin de 18.34). S. P. NOTICIA SOBRE A DACIV CARBONIFERA DO CABO MONDEGO. CoDtiniiado (te pog. 104. Hiiliirta da miiia. Os Irabalhos comegaram n'esta mina clia- mada de Buarcos, em 1775, por conta do Governo, scndo dirigidos por um capitTio da toinpanliia de mineiros da praja d'EIvas, eliamado Jose Nunes, com dois soldados da mesma companhia ; estes Irabalhoi duraram • loze nnnos. \'.m 1787 foi c^le eapitao substitiiido pelos irmfios (Ricardo e Fraucisco) Raposos, ma- jores engenlieiros, sobrinlios do Inspector que •■iit.'io era do Arsenal do Kxercilo, o tenente- general Bartliolomeu da Cosla. Abriram tres galerias descendeutes na poula inais occiden- tal do Cabo e mcstno ao nivel da camada (le carv.'io, sendo a dislancia da 1.* a3.° bo- ca do ll-,0, e a da 2." a 3." de 2f."',0 : e=tas galerias eram abobadadas, revcstidas com en- xilliares de canlaria ate grande dislancia das Ijocas, e teem na secg'io d'eslas 4 metros de altura I,°'3 e 3,"'0 nas bases, lloje esl.'in en- lulliadas e coinpletamenle inutili?adas. Fo- ram levadas a 100'° poiico mais ou nienos sobre o piano da camada; abriram-se nellas avan^os, que enlraram pclo fundo do Ocea- no, e corlaram-se estes por oulras galerias para relalliar o nias3i(;o em pilarcs prisma- licos ; um sarillio movido por bois fazia a extrac^fio pelas bocas de servigo. O carvao de primeira qualidade era Iransporlado para Lisboa e empregado na refmagao do sal i Ire. A lavra era pouco activa, pclo limilado consumo que linlia o combuslivel, e por i-.so durou annos este campo de minerat^ixo, e coutinuaria por inuilo mais se nfio occorres- se um sinislro cm 1798 ou 1800, que a in- terrompeu completamente. Uma galeria as- condenle cliegou muilo porlo do afllorameiilo da camada no fundo do Oceano, a dislancia de 23"' da Pedra da Nau ; as nguas do Ocea- no romoerain a inossa que as separava dos trabalhos, e precipilaram-se nelles abrin- do uma ampla brcclia. Em 1801 foram os Raposos subslituidos pelo doutor Jo^e Bonifacio de Andrade, iio- ineado eiilao iiitendenle geral das minas e melaes doreino: inandou abrir a mina Mon- dego a iS.li. das primeiras bocas, e a d"',0 a 8",0 acima do sen respectivo nivel ; por nieio d'csla mina communicou com a parte dos velhos Iraballios nao alagadn. F]sta mina deu, com varias inlerriipjoes, o carv.'io necessario ate' 1819,' e o doulor Andrade fez consLruir um forno de cal, a traballio conlinuo, e oulro de cozer tijolo junto a miiia, nos quaes consumia o carv.'io miudo, conliiuiando a ser conduzido para Li.dioa o carv.'io grado, de primeira quali- dade. A ausencia do doulor Jo;e Bonifacio de Andrade, que se relirou para o Brasil, a abundancia de pyrite que o carvao encerra, a ignorancia dos encarregados dos trabalhos, foram as caiisas pelas quaes o Governo, sof- frendo perda na lavra da mina, ordenou a sua sus|jens,'io em 181!', on antes em 1822, 1 Em 1803, coin a sai'da de D. Rodrigo de Soiisa Coutintio (to Ministerio, furam si!5pi*iisos todos os traba- thus, e por lanto os d'osia mina jmr ordem do Presidente do Real Erario, I.uiz di; Vascuiicejl.is ; o que causou a mina dVsta mina, porqiie se encheii de a^na, mas re- come(;aram oiitra ^■ez em J804; a invasao dos francezi'i era 1807 vein de novo snsjiendct-os ale ao priiicipio de 1012. Em 1816 lizeraiu-se (ral)ulliar por conia da Admi- nislrai;ao das minas os forno:* de cat em Alcantara para dar coniumo ao mtiilu carv3o, mindo eiifitente nas ciras da miua. 119 por ordem do ministeriro do leino, sobre proposta da dircc^fio da real fabrica das sodas, que liavia sido em 1801 eiicarregada da I'lsca- Ijsar^'io das iniiias. Por Alvara de 5 de Jidlio do 18'25, con- Iratoii o goveriio a lavra das miiias decarvao com uiiia Coinpanliia, qiiedeixou a de Buar- ctis em Inlal abandnno. Em 1B3!J para 1839 lentou ocessionario da coinpanliia, Jacinllio Dias Damazio, esgolar OS traballios da mina, e proseguir na sua la- vra: pozerain-se em actividade os trabailios da rnina Mondego , tirou-so algiiin carvao, e inandoii-se dcspilar. Logo depois, abrindo- so nma sanja depesqiiiza da linlia dc maxima inciina(;'ao do inonte, deparou-se com a con- linua^So da camada de carvao poucns nie- tros a N.N.E. da mina anlecedcrilo, e em po>i5?io mais eievada sobre o monle ; abriu- se um novo caaipo de lavra, denominado JMina Esperanga, que mais larde se fez com- municar com a mina ^l/oJic/eg-o. Este campo de^ceu poncos rnelros abaixo da actual gale- ria de avanco, polas difficnldades de extia- ^ao e esgoto, ciija despcsa nao era compon- sada |)clo prejo do carvao oblvdo, e ainda mais pelo mao syslema de ataqiie, fazondo- fo ii exlrarrno, serviijo, esgoto, e ventilaoao por duas bocas conliguas, aliertas ao mesmo nivel, sobre o affloramento da camada. Osavan(;os pralicados nosta mina tocaram a lacuna, que llie fica a E.S.E., e como re- cearam dcscer alem dos liinitos que tocavam, resolveram procoder ao despilanieiito da mina lisppranja. Passnu-se a aborlnra da mina Farroho, a uns 300'° dc dislancia paia N.K. da preco- denle, e em posigfio mais elovada por se ter dcscoberto a camada nesse ponto. Execula- ram-se os traljallios an modo ordinarin, mas nao desceram muito com elles (aposar de se apresentar alii a camada com melhores anspi- cios), porque as aguas eram abcmdantes; a lacuna aS.E. era jii conliecida ; nma jjcsqui- za i'eila mais para N E. no Valle das Fon- lainlias, provavelmente sobre algiima das ca- iiiadas dolgadas, dou apcnas 0"',2 de possan- ^a ; e sobre tudo, por se ignorarem as con- dirjoes em que a camada se aclia, e os acci- denles que frequeniemenle interrompem a coiitinnidade das camadas de combuslivel. Acri'dilou-se por estas razoes, que o carvao acabava todo nosla mina, e suspenderam-se OS trabalhos della em 1345 a 1846. Appareceram nesteanno de 1846 em Lisboa Miclion e Casimir Pierre, mineiros francezes, que visilaram as miiias de comlnistivel, e dirigiram a companhia propostas para a sua lavra; a companhia cnnlratou com Jliclion a lavra da de Biiarcos. Para renovar a lavra da mina Farrnbo, as- senlaram-se na buca dagaleria nma macliina de vapor da for^a de doze cavallos, e as bombas necessarias para o esgoto: em pouco tempo se esgotaram as aguas dos traballios, e recome^ou a lavra. Em 1847 cresceram as aguas siibterraneas; as bombas nao podiaui esgolal-as, a accumula^rio era rapida e a mina foi iniindada. Ma presen^a destesinislro Michon e Casimir investigaram os meios de salvar a mina pro- cedendo aos esludos para esse fim necessarios. Detorfiiinaram a direc(;ao e inclina^fio da camada, fizeram o nivolamenlo do lerreno cntre a boca da mina Farrobo e o solo onde estuo as bocas da tnina vollia ; reconhecoram que a linlia di; direcgao da camada que pas- sa no lerreno conliguo as minas vellias (a passar proximo da mina Farroho a 130'" de profundidade, a contar da boca da refcrida mina, e a 600"' na liorisonlal, tiradas polas bocas das primciras minas. Projeclaram a abertura de uma galeria de esgoto geral, se- gnindo csia linlia, e comejaram a executal-a em 1847. Esta galeria, avanjando sempre sobre o muro da camada, atravessou o fundn dos traballios das minas Mondego e Esps- ranra, e neste segiindo ponlo eslabeleceram-se alguns traballios descendentes, que fodavia foram pouco profiindos. Em 18ol cbegou o avan<;o proximo do campo inundado; os Iraballios coiilinuaiam por meio de tres furos de exploraijUO de sonda, ate' que chegando ao dito campo, se operoii o esgoto, derivan- do-se assim as aguas para os traballios ve- Ihos. Esla galeria e' uma obra importantissima, porque toriia aproveitavel a mina de Bnarcos, apesar de ter sido so destinada, no principio ao esgoto das aguas accumuladas na mina Farrobo : cortando a camada a mais de ISO" dos affloramenlos, permitte a explora^ao da camada, e a sua lavra por galerias descen- denles mais prompta e economica, do que pelas galerias abertas li superfioie : moslran- do a continuidade da camada no senlido da sua dircc(;ao, faz ver tanibem que o sen eixo esla longe do piano da galeria ; facilita con- sideravelmente os esgotos; torna rapido e economico o servijo de extrac<,ao, o permit- te fmahnenle uma mcllior ventdajfio. Em oonsequencia d'eslas reconliecidas van- tagens lem-se progredido com esta galeria, que contava em Junlio d'esle anno 950" a 1000'" de coiiiprimenlo ; com o sen respeclivo cnminho def'erro; aclia-se pois debaixo do Valle das Fontainlias onde se devera abrir uma galeria ascendenle de 80'", pouco mais ou menos, ate a siiperficie, para servir a. ventilagfio e a lavra da parte da camnda superior a galeria geral. Continiia. Pag. ERRATA DO N. Col. Link. Erro. 1." 60 tie Hie Emend. de 1546. 120 OBSERVACOES METEOROLOGICAS . FEITAS NO GABINETE DE PHYSICA DA UMVEIISIDADE DE COIMBllA. Annode Mez de Juiiho 3 4 5 6 7 8 9 la 11 13 13 H 15 16 17 IS 19 20 ai 22 23 21 25 26 27 28 29 30 media } do mez $ E -.2 ;, C 0^ H 5 S (Jruus 17 16 17 17 IG 17 18 18 IS 18 16 20 19 18 20 20 19 18 19 19 20 20 21 41 21 20 20 19 19 19 18,7 PressSo atmosiiherica ao meio dia Alturft ba- rometrica o 0." cenli;:. JMilliQletrus 748,752 747,370 749,006 749,008 746,095 748,500 749,137 731, 7iO 751,670 753,898 753,688 756,590 756,713 755,650 754,473 749,399 748.040 752,683 755,346 755,649 756,792 758,058 755,636 755,100 754,341 754,970 752,793 755,093 755,952 754,586 752,962 Millinietro^ Tentjicratura Max. absol. . 21.° Minima . . . 16.° Max. variai;. . 5.° 7,588 9,523 10,155 10,143 9,911 10,154 11,0^9 11,175 10,374 9,655 8,794 11,281 12,802 11,250 13,094 13,754 12,517 10,883 11,655 12,018 12,857 12,261 14,117 13,904 13,904 12,801 11,368 11,517 12,020 12,331 Pressao do ar sec CO Millimetrus 741,164 737,847 738,851 738,860 736,784 738,346 738,108 740,545 741,290 744,343 744,894 745,309 743,911 744,400 741,379 735,045 736,023 741,800 743,691 743,631 743,935 745,797 741,489 741,196 740,437 742,169 741,424 743,575 743,932 742,255 I^slado hygromt'lrico da atiuosphera ao iiieiodia ^5 "^ 0,5262 0,7035 0,7012 0,7037 0,7322 0,7041 0,7182 0,7277 0,6755 0,6287 0,6497 0,6487 0,7832 0,7326 0,7529 0,7909 0,7719 0,7087 0,7130 0,7352 0,7393 0,7050 0,7633 0,7518 0,7518 0,7361 0,6537 0,7046 0,7354 0,7544 0,7135 Quantid. fie vapor coDtido cm tim metro cubico de ar Grammas. 7,588 9,556 10,155 10,148 9,946 10,154 10,991 11,136 10,338 9,6n 8,824 11,165 12,714 11,211 12,958 13,613 12,530 10,845 11,575 11,935 12,725 12,135 13,913 13,715 13,715 12,670 11,253 11,428 11,950 12,246 N. S. S. s. s. o. N.O N. N. N. N. N. N. N. N.O. S.O. O.N.O. N.O. N.O. N.O. N.O. N. N. N. NO. N.O. N.O N. N. N. Prfssuo atmospltcrica Ma.\-. absol. 7 58,058 Minima . . 746,695 Max. excurs. 11,363 Gran lie huinidade do ar Max. absol. . 0,7909 Minima . . . 0,5262 V.ir. max. . . 0,S647 Eatado do ceo e do lempo. Claro c limpo. B. temp. Nublad. temp, chuvos. O aiesoio. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. Enrobcrlo. B. tempo. \iililado. O mesmo. Clar. e limp. O mesmo. O ivesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmu. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O u.esmo. O mesmo. O mesmo. Nnldado. B. tempo. Encobert. T. clim'iscos Encoberto. T. ventoso. Niiblado. B. tempo. Encoberto. B. tempo. Nublado. B. tempo. Encobert. T. chuvisc. CI. c limpo. T. sereno. O mesmo. O mestno. O mesmo. O mesmo. Nublado. B. tempo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. CI. e limjio. K. tem]»o. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. f'cntot predominanUt N. e NO. Coimbra 1.° de Julho de 1854. O Demonslrador da Faculdade de Philosophia, Joaqtiim Augusta Simacs de Carvatho. €) JniSititttt0^ JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. CONSELHO SUPERIOR DE INSTRUCCAO PUliMCA. BEL.ITORIO ANNUAL 1846—1847. CuiUinuado dc p»^. 113. Insiiucgdo superior. A iiislruc^fio superior commollida u diroc- rfio rlo consplho, compoe-se da uiiivcrsidadc , da aeadeniia polvleclinica, e das diias csclio- las iiiedico-cliinirgicas de Lisboa e do Porto. A iiniversidade de Coinibra, notavel pela sua antigiiidade, e pelo credito lilteraiio, dL' que tem gozado em todos os lempo?, princi- palmenle no reinado de elrci D. Joao III no seculo XVI, e no de eirei D. Jose' I no se- ciilo passado, forma enlre nos nm centro d'inslnicgfio ifiosolido, que nao tem podido, ate lioje, ser abalado, ncm pelas vicissitudes do lempo, nem peios ataque; de outros esta- hjlecimenlos livaes. liila contem os elemen- tos snfficientes para alii se ensinarem todas as sciencias, com a ultima perluijao ; nfio so em razao do grande luimero de cadeiras, como por nieio dos graiides, e ricos estal:>ele- cimenlos qne Hie estao reunidos. O ensinn continiiava nelia com a rogiila- ridade ordinaria no anno leclivo de 1815 a 184C, qnando os aconleciinontos daquclie lempo vieram interrompcl-o : foram despedi- dos OS estndanles sem poderem fazer os sens ftCios. Em outiibro seguinte, por ordem do governo, foi mandada abrir, mas apenas osla- vain principiados os aclos, que as novas dc^or- dens vieram, outra vez interrompel os. D'esde entao ate agora, o en^ino esteve fecliado ; o o edificio foi pcla maior parte occnpado nii- litarmente. D'esta desgra^ada epoclia por lanto, nao tern o consellio nada qne deva re- latar a respejto d'esle estabclecimcnto, liiiii- tar-se-ha a fazer algnmas refle.Noes sobre sen estado actual. O ensino na universidadc, consta de cinco facnidades, cnjos professores de cada nma, se podem reunir em consellio, para promove- rem o sen andiantamento respectivo; e sfio : Iheologia, direilo, medicina, matliemalica, e pliilosophia. Do mappa n." 4 verti V. M. o quadro das cadeiras, e o seu estado. Vol. UI. Agosto 15 Ainda que a lendencia das reformas mo- dcrnas, por toda a pntte, se dirija manifes- lamcnte a dcsinvolver os intcresses materiaes da Immanidadc, e que csteja lioje mui esfria- do o zelo cspiritual, e jior isso acoUiidos, com nienos favor, os estudos tlicologicos, com tu- do a facnidade de theologia, colieVente com 05 nossos coslnmes, serve de cxprimir a nni- dade da religiao clirista, proclamada na Carta, como a religiao pul)IWa do estado; e de protesto contra o indil'ferentismo rcli- gioso, que com o nome mais lionesto de to- lerancia, tem penetrado na maior parte das nacoes, que v.'io a testa da civilisa^fio da Einopa. Alem disto esta facnidade, depois que admittiu as suas lii^oes, com o nome de onvintes, uma classc d'alumnos tnodestos, que nfio aspiram j;i aos grandes empregos eccle- siaslicos d'outro tempo, mas somente prelen- dem liabilitar-se para o exercicio parochial, liojc mal rctribuido, salisfaz ale certo ponto, uma das maioies necessidades da epoclia. Em quasi todas as dioceses do reino acaba- ram, por falta de meios, as cscliolas ecclo- siasticas para a instruc^fio dos ordinandos: a facnidade de theologia encarregando-se da instrnccao d'esta classe, nao so snppre esta falta na diocese de Coimbra, mas hoje que esta. ordenado, por decrelo, o proviinento canonico dus egrejas por meio de concurso, habilita alumnns iiistrnidos que por este meio em breve, se irao dispcrsar pt-las oi:tras dio- ceses; e talvez a esta circumslancia se deve o angmento de disripnios, que nella se nota. A facnldide de direito, e a unica que tern constaiilemente oblido nma notavel aflluen- cia- de alnmnos. O seu numero annual sem- pre lem exeedido a 500. Alguns consideram esta aflluencia, como uma calaniidade nas actuaes circumstancias polilicas. Ao conselho niio compete decidir sobre este modo de pen- sar; o que Ihe parece provavel, e, que esta facnidade, ha de ser senipre mnito frcqiien- tada. Mao lem outra eschola, que Hie dispu- te a concnrrencia ; e ofl'erece o ensino a um grande numero, como habilila(;fiO legal, para a maior parte dos empregos do eslado, a oulros como meio de induslria; para o exer- cicio do foro, e a todos como instrucgfio, para reger as suas casas, e se dirigirem nos nego- cios quotidianos da vida civil, e domestica. lisla mesma circumslancia, e a outra da — 1854. Num. 10. ^^ 122 conl'us'io da legisla^ao palria, tern servido de psliinulo a algmis dos pinfessores, para piiblicar oliras, que accredilaiido-os , con- Iribiiem pcidL-iosamenle para o mellioramen- lo da srieiicia. A faciildade de medicina tem sempre go- zado, e goza aiiida lioje, d'lirn credilo deci- dido, que os seus rivaes se nao altrovein a negar: proveiiieute nfio so dos prot'iindos c vaiiados coiihccirnentosj prrparatorios coiun projiriamenle medicos, que exigo nos sens aliiirinos, coino do distincto nierecimenlo de muilos profpssores que a tem illiislrado, econti- nuatn n illustrar. A regulaiidade do ensiiio, assim tlioorico, coino piaclico, que ii'ella se niinislra, e igual ao rigor e severldade das provns, porque faz passar os alumiios, antes de llie confcrir o diploma da liabilitajao. K'esla parte, e tao superior as academias da maior paile das outras na^oes, que a pe- zar da nossa, fiinl eiilcndida predilecgao por tudo que e estrangeiro, os medicos, que nao sao da esclioia porlugueza, nao Icm entre nos acliado favoravel acolliimenlo. E^la fa- culdade e frequenlada por poucos aiuinnos, o que e devido as circuinslancias peculiarcs da profissao medica, a penuria do paiz, e sobre tudo a concurrencia das duas escljolas, de Lisboa e Porto ; onde se habililain alguns alumncs, senao perfeilamenle instruidos, ao menos inunidos d'nm diploma, que Ihes ia- culta o uso da medicina. As duasfaculdades de matliemalica e plii- losppl)ia, alias iiotaveis pcla importancia das disciplinas, que as compoem, e pelo dislin- clo mereciineiilo domuitos dos seus membros, a pezar de ter poi; I'lui princi|)al, a applica- 5ao ao desinvolvimento da iiidustria, e nie- llioramento material dos povos, que faz alen- dencia da epoclia actual; com tudo, como sempre aconteceu, poucos niais alumuoscoii- lam, alem dos que se destinam a medicina. E' faril acliar a causa d'e.te plionoraeno no pouco valor, que no estado do atraza- mento da nossa industria, se d;i a laes co- nliecimentos, e na concurrencia das duas po- lyteclmitas de Lisboa e do I'orlo; onde os alutnnos acliam imia iuslruccao menos seve- ra, e menos solida. Em quanlo se nao exe- cular o artigo 116, do decreto de 20 de se- plembroj e se nao deslinareni empregos, ex- clusivatnenle para lacs alumiios, dobalde se preleudera tornal-as mais frequcntadas. Dos oulros estabelecirncnlos dependentes do conselho, soinento se receberam os rcla- lorios das bibliolhecas de Lisboa e de Braga, c da imprensa nacional. A bibliotlieca de Lisboa corresponde a. grandeza e impor- tancia, da capital: e se se ajuizar pelo mo- vimenlo dos que alii vuo consullar livros, a litteratura entie nos nao decae. A de Braga esleve fecliada e occupada, mililarmente, durante a guerra: felizmenle nao soffreu estragos notaveis. A imprensa nacional de Lisboa lem chegado a lal pcrfei<,'rio, princi« palmcnle depois que contem alguns prelos movidos a vapor, que egunli as melliores da Europa. Os cstalielecimentos annexos a uni- versidade, resscntcm-?e da falla dos subsidies do thesouro : quasi todos desfalleccm pouco e pouco. A pezar dislo no observatorio astrono- mico traballia-se com assiduidade naeplieme- ride; e os sous trabalhos soljre este objccto, ja cliegam ao anno de 1850. A imprensa da universidade a pezar das perdas que soffreu, por occasifio da guerra civil, ainda se suslen- ta com lustre. A academia polylecbnica do Porto creada por decreto de 13 de Janeiro de 1837, lem por objecto privative o eiisino das sciencias industriaes ; e liabilitar pessoas que promo- vam o desinvolvimento da industria em lodas as suas direcgnes; engeiilieiros de minas, de pontes, eestradas; engenlieiros conbtructores; officiacs do marinlia, pilolos; commerciantes, agricultores, e arlistas de todas as classes. Para eslo fim aproveilou-se a academia real do comraercio e marinba que jii alii existia, augmcnlou-se com grande numero de ca- deiras, e estabeleceram-se os cursos neces- sarios para o fim especial, a que cada um dos alumiios se propoem. Esta academia esta em principle ; lucta com vigor contra as difficuldades do comedo, e sobre tudo contra as desgra(;adas occur- rencias, que desde a sua creajao, ale agora, nao lem cessado de al'lligir a naijao. A sua principal necessidade, e a de eslalulos on regulainenlo ; o qual este conselho lia pouco tempo acaba de submctler a approvagao de V. M. Esleve fecliada como todos os outros estabelecimentos no ultimo anno. O conse- lho nao pode remetler o mappa do quadro, e estado das cadeiras, por que o nfio recebeu. As aiiligas escholas chirurgicas creadas em Lisboa e Porto, com o fim unicamente de liabilitar cliirurgioes, foram pelo decreto de 2!) de dezembro de 1836 elevadas a calhe- goria de escholas medico-chirurgicas, aug- mentadas corn o ensino das disciplinas me- dicas, e com um pessoal mui dispendioso. O conselho nao recebeu o relatorio da de Lisboa, i; o da do Porto contem a nolicia,. de que tambem esteve fecliada, e a expres- s.'io do receio de grande decadencia por falla d'aluiTinos. No mappa n.° 5 sera pre'enle a . V. M. o quadro dos professores. A unica redexao que o conscHio julga poder fazec aqui sobre estes estabelerimentos e, que nem- as necessidades do paize.xigem, nem as forgas. do thesouro permilLcm, Ires escholas de-; medicina cm Portugal. Seria necessario re-i duzir e^tas duas, ao que foram na sua origem ; porera esta idea nao pode desde ja execu- tar-se, talvez o tempo aplanara o caminho' para isso. Em resullado do exposlo o conselho nao se lisonjea de apresenlar um quadro brillianle do estado das letras, ou da inslruc^fio entre nos. Permitta V. M. que o conselho accres- -X^^ .^Vvk 123 ceiile a esle respeito uma obaervagao que naliiralraente se oft'erece. As scioncias, e as bellai arles, s'lo tmii tnelinJrosas : sao fidal- gas, perinitta-se a expressao ; nfio eslabelecem o sen domicilio nas nac^oes, senao na epoclia da sua grandeza e prosperidade ; npcnas estas vfiocm decadencia, asscieiicias cnmecjam a relirai'-se;sealgumas conliniiam, vivem uma vida valetudiiiaria, e enfezada. O liomeui sabio iifio pode yiver no meio da anarcliia : preciea de recursos para subsistir com decen- cia, e procurar os livros, e meios d'instrucgao. Os estabelecimenlos publicos em penuna, iiao podem minislrar lis sciencias os nieios progrcssivos do dcsinvolvimentn. Eis aqui o eslado em que nos acliamos. Nfio e sem um senlimeiUo delrisleza, e magoa, queocoiisellio faz esta observa5ao; mas julgou devel-a consignar aqui, para servir de resposta as pes- soas menos reflectidas, que se lembram de atlribuir a falla de zeln do governo de V. M. on dos seus agentes suballernos a decadencia das letras enlre nos. Provc-m de causas mais graves, que a ninguem e possivcl direclamente remover. Coimbra em conscliio de 21 de de- zembro de 18-i7. Bnsilio Alberto de Souza Pinto servindo de presidtnte — jigoslinlio Jose Pinto d\/llmeida — Mayioel Antonio Coclho da Rocha — Joao Tlioma% de Sousa Lobo — Jeronymo Jose de Mello — Antonio Cardoso Borgcs de Figueiredo — £,;«;; Ignacio Ferreira. (Segve 0 documenlo n.° 1 cHado rCeste relatorio.) raiVERSlDADE DE COITOA— PROCRAMMAS. FACULDADE DE MEDICmA. 1853—1854. Coiiliiiuado tie pag. 1I-4 5." AS>0. 1.* CADZIKA DE CLINICA (cLINIC* DR MULHEREs). Lfule — Dr. Joao Alberto Pcreira d" Azevti'.o (A esta aula concorreni lambem oa csliidantes do 3.' e 4." anno), 2 ■ CADEIEA. DE CLIMCA (CLIMCA DE UOMEKS). Lente — Dr. Manoel Paes de Ftg'tei'redo. (A eala aula concorrem lambem as csludanles do 4." atinu). CADEIRA DE MEDICINA LCUAL. C()MPR%DIO I!RIA^D, MANUEL COMPLET DE MEDECINE LEGALE. — .\0VISSI.M1 REFORMS JUDICIlRI\. — CODIGO ADMISISTRATIVO PORTLGDEZ. Lente — Dr. Antonio Joaqnim Barjona, Por determina^^io do consellio da faculdade niedica, lem de aer eosiaadas n'esla cadeira iiao so a Mediciiia Inreiise, e a Hysiene pubiica, mas lambem a Historia toi iadores , que assignam o jazigo dos reis de Judii, sohre o monle Siao; arclieologicamenlc considerado aquelle niorniuicnlo , a sua arcliitectura se apiesenia muito mais caractorizada peioestilo gTego , do que polo gosto oriental. Saiilcy, pore'ui J para susleiitar a sua opi- 'niuo, soccorre-se iinicarrienle a iiUerpreta^fio das palavras — cidade dc David, com que nas cscripturas liebraicas se designava o balrro mais anligo, e mellior fortiricado de Jeru- salem. Aquelle arclieologo pencnde, que a cidade de David, nfio cornpreliendia exclu- sivamente o bairro , levantado sobre o ro- cliedo de Siao, mas loda a area sobre que estava assentada Jerusalem, e por consequen- cia, que assepuUuras dos reis de Juda, tan- to |>odiam exislir deutro do recinlo da cidade dc David proprjamente dicta, como em qual- ' A nici.a niilha de Jernsalenl , saiiido pela |>or(a de Dair.asco , soltre iinia plmura , imde cregcein algiimag oliteiras, enct'iilra-sc uma e\cava(;rto, cuaio de iiina j)e- dreira abatidonada ; tini caaiiiilio larj^o e unl poiico em declive da ser\eiUia ale ao fiindo d'esla eitra\a<;iio, onde se enconlra iiuia arcaria , pela (jiial se enlra para iniia sala talliada iia rocha ; esla sala le,m trinla pes de cniii- priilo , e'doae a fjninze de atlura, Os arabes , d.'m a esla excata^ao o nome de Qhonr-et-Mohuk, que signiflea , gritlas react o'j inmutos dos reis, e. vixet. qiior outro poiito d'aquclla vasta povoag.-io. Para apreciar dcvidainente esla liypolliese, e mister examiiiar a topograpliia de Jerusalem. No tempo de Flavio Jose, a cidade assen- tava sobre duas collinas, fronleiras uma a outra, ao iiorte e mcio dia; uma d'ellas era mais elevada , e enlre ambas corria utii valle prol'iindo; a cidade com|)unha-sc por tanto de dois bairros, occiipando um a parte mais baixa, e outro a mais elevada. A ci- dade alta , ou a anliga Jerusalem , occupava a collma mais meridional, que uma cstreita garganla torneava an K, S. e 01'^. l'!ra o pequeno valle dos fillios dellinnon. Pilo nor- te uma grossa nuirallia circumdada de torres, defendia o bairro alto. Esle ponto culminan- te constituia a coiljna de Siao. A collina do none , que so cliamava Acra , dnmiiiava o teuipio levantado sobre o moiite Moria ao O., q.ie era um appendix dacollina de.Si'io, coin a qual communieava por uma ponte laui^ada sobre a eUreita garganla , cliaiuada 'I'ljropcoii, ou valle dos q\ieijeiros. Jerusalem occupava por lanlo um terreno coiUido por muitos valles eslreitos , e prol'undos, que o di- vidiam em luimerosas planuras, e llie da- vam umaspecto, que fazia lembrar a cidade das sete collinas, que na liistoria, e no res- peilo do muudo llie dispulava a jirimasia. Siao, eslando sobranceira a toda a cida- de , devia naturalmcnte ser escolliida de pre- fereiicia ao monle Acra por David para sua liabilagao ; accrescera, porem , um outro molivo, que determinou aquelle rci a fun- dar alii o sen jjalacio, e dar a esle bairio da cidade o seu nome. David conquislara Je- rusalem aos Jebusenos, seus priineiros nio- radoies, tomando-llies a fortaleza de Siao , e ertabeleceu por isso aqui a sua residencia. Toi eale o principio da verdadeira Jerusalem. ' Comoaudar dos tempos, e sab a prolecjao dos reis da casa de Juda, a cidade de David crescera em riqueza e popiilagfio, e tanspon- do OS ECUS antigos eestreilos limitcs, cslende- ra OS bragos sobre o monle Moria, onde edi- (icara scu tempio, e sobre a coUina d'Arra; mais tarde eslendera-se para o norle sobre a cnllJna Bezclha. R dc feilo assim devia acontecer pelo pro- gresso da civilisacao , e pelo descnvolvimen- to das diversas industrias, que augmentando a riqueza e oliixo dos moradores da cidade, creara nelles novos liabitos, o novos gosto?, que nao podiam Ingrar, rediisidos so ao aper- lado reciulo da priuiiliva cidadella ; era por isso natural seguirem o pendor da collina , para buscar naamenidade dos valles a frescu- ra , e commodidades , que llie nao ofl'erew recia o rocliedo natal. Algumas vezes os oro- ^ Esla cidade fura por miiito tempo iinia aldeia , co- nlieciila com o nome lic SalfJtt, e su deptiis de conqiiisla- da por Da\id, e que come(;ou a ;;.izar (^e maior couside- rai^ao. Juab, sobrinho de David, coiiliiuioii us Irabalhos cumec;adus pelu prophcla rei , e Jerusalem lumuu entao nova furma. 125 phetas, e os poelas, fallando eniphaticnnien- te, e coin liberdade poetica, tomavam a parte pelo todo, daiido a Jerusalem o titulo da ci- dade de David; no livro, poreiii, dos Mac- cliabeos o nome da cidade de David, e ap- plicado exclusivamente ao nionte de Si.'io , (jue o hisloriador dos Jiideos chaina sempre cidade alta, querendo miii de indiislriacallar onoine de David, masassignando-llie os nies- mosllmiles, que os livros san;rados, u David , dizMr. Calien, foi sepultado em Jerusalem, cliainada cidade de David, por- que era a sede da sua corte , e o bergo da sua dinastla. 55 D'esta passagem d queSaulcy pertende deduzir, que o tumulo d'aquclle rei podia eslar fora das porlas de Siao. A inexactidao, porem, d'eslaasscrgno, e' de lodo o ponto evidenle. Quaiido o j ideii Nrliemias foi auctorizado por Artaxerces Longa-Mao, para' reconstruir Jerusalem, dislriljuiu oslra- ballios da reedifioa^ao pelas priucipaes pes- soas da cidade, que parlicularmente se oc- cuparam de levantar as raurallias, e diz a Escriplura , que Sellum , filtio de Cliolosa fora encarregado «de reedificar aniuralha da piscina de Siloe ao longo do jardim do rei, ale aos degraos que descem da cidade de Da- vid. » Depois d'elle , Nehemias filho de Az- boc , conlinuou a reslauragao da muraiha da cidade de David nate a frcnle dos tumic- los de David, ale' a piscina, e ale a casa dos fortes de David, n Esla prova irrecusa- vel da hisloria liebraica, nao deixa a menor duvidasobre a exislencia dos lumulos d'aquel- le rei na exiremidade meridional da cidade de seu nonie. A anliga topographia, e indi- cada aqui por uma lesteniunha muda, mas incontestavel ; e a piscina de Siloe, que ajn- da hoje exisle ao S. O. do rocliedo de Siao, onde o valle dos filbos de Ilinnon vem de- sembocar na garganla deTyropeon, no iogar em que oulr'ora eslava o jardim do rei. K' verdade , que eutre os povos da anli- guidade, e parlicidarmenle enlre os jideos, era costume coUocar os cemlterios fora das povoa^oes ; mas nao e menos cerlo que a respeilo dos rejs , e dos proplietas sc fazia uma excepjao a esta regra em loda a Pa- leslina por uma especie de homenagcm tii- butada a aucloridade d'aquellas persona- gens. Samuel foi sepultado em liamallia, na sua propria casa; Ba^a, general dos exer- cilos de Madab, que Iraiyoeiraiiiente occu- para o llirono, etn Thersa cidade, que es- colhera para capital. Amari, fundador da Samaria., Joaclias, rei de Israel, e seu fi- lho Joas, foram sepultados na cidade de Samaria. Nao ha por lanto razao alguma para suspeitar, que os habitantes de Jerusa- lem praclicassem na pessoa do seu illustre fundador urn acto, que seria offensivo a sua niemona , e a venerag.ao, que Hie deviam. Saulcy deixara-se dominarneste ponto pelas ideas de Prisse d'Avesnes, que na sua hisloria inedita da arte entre os Egypcios perlcnde, que 03 Gregos e Hebreus aprenderam a arclil- lectura dos Egipcios, que, inais adianlados nacarreira da civilisa<;ao e das artes, deviam transmittir aos outros povos siias ideas, c estilos. Mai pode, poreai, susleiitar-se uma till opiniao, quando s.'io completamente desco- nliccidosos nionumenlos plienicios e liebraicos, que podiam servir de ponto de compara maior proporc^ao, ate as mais longinquas regioes, por uma liabil e bem enlendida acclimata5rio em estabelecimentos creadoi para este fun nas differentes Posses- soes ullramarinas de Portugal. Queremos couceder c]i:e algiimas d'estas conquistas ostao feitas ; pois ji se encontram nos jardins de Lisboa, Coimbra e Porto, etc., varias plantas ornamentaes alii edi>cadas de sementes vindas das provincias ultramarinas do Portugal e d'oiilros paizes remoloi; mas, com tudo isso, e mister confeisar que estas isoladas curiosi- dades nao passam das primeiras tentativas, e o>t,io ainda inuilo longe d'aqnella grande pert'eicj'fio e d'exten^ao a que estas culturas- pndiam chegar n'um palz dotado d'um clima tao variado e fovoravel, e que possuc nas suas collinas tropicaes e sub-lropicaes uma fonte inexhaurivel de vegetaes preciosos a liorticnltura, agricultura eacultura Gorestal. Era portanlo mnito para desejar que se tiras- se mellior pioveito da fertilidade e do excel- leute clim-a do continenle do reino, exploran- do e aproveilando simnltaneamente as im- mensas riquezas vegetaes das provincias ultra, marinas. Entre os meios d'akanjar tao desi'javel fira em maior escala e no mais breve tempo possivel, julgo dever apontar principalmente tres, os quaes, sem cansarein grandes despezas ao Estado, quando conve- nientemente applicados, nao deixarao de conduzir ao mais prospero resullado. Sao estes meios: — 1 °a fundaraode jardins d'ac- climala^ao em varios pontos das Possessoes ullramarinas; — 2° a coadjnva^ao energica dos einpregados mais habililados nas colonias e no servigo da marinba do Estado; e .3.* fmoimente— persevcran(,a da parte do governo de Sua AJageslade. Eu digo miiito de pro- p.osito — persfverari^a da parte do governo, pprqiic, te.ndo tornado parte acliva, desde lia 127 ddze annos, na sticcesslva metamorphose que 8e operou na liorticiiltura d'esta ctipital e sens contornos, chegiiei a conhecer pela propria experiencia os nuinerosos obstaciilos, que, tanto na funda^fio cotno na gcrencia posterior d'estabelecimeritos horticolas, se alevantain de toda a parte; ohslaciilos f|iie, sciido jii bastante fortes no conliiiente do reino, por- ventiira se tornarao ainda niais embara^osos em remotas provincias ultramarinas, e que so poderao ser vtncidos por um desvclo energico e perscverantemente contiiiiiado. Os jardlns d'acclimata^fio, ciija fundac^ao desde ja julgo dever leinbrar ao Govenio de Sua Magestade, sao dois: lira na ciJade capital da provincia d'Angola, em S. Paulo de Loanda, e outro no Funclial, na illia da Madeira. O jardim eslabelecido etn Loanda deve-se considers r o tractar como jardint tro- pical, sujeitando n'elle os vegetacs uleis d;is Konas tropicaes, desde o Capricornio ati- ao Cancro, a uina cultura regular; Ciludaiido-sf ao inesmo tempo o tnodo mais conveniente de propaga^'ao e mulliplica(;aod'estes vegetaes hem como as qualidades climalicas e de ter- rene que cada urn especialmente exige, etc. etc. O jardim creado no Funclial fonnara uta jardim sub-tropical, recebendo os vege- laes tropicaes ja habituados a certa cultura regular, naturali»ando-os alii, para depois se poderem cuUivar com mellior rcsultado em ciimas menos quentes ; bem como d'oulro lado acostiimando as plantas, para ahi remet- lidas de paizes mais frios, a vegetarem n'uma temperatura maiselevada, adaptando-as d'este modo a nao estranliareui tanto a sua cultura em regioes da zona tropical, etc. etc. Oj jardins scienlificos eni Liaboa, Coiuibra e Porlo offerecem convenientemente o terceiro e infimo grau d'esla cscala de successiva ac- cliinatagao, recebendo do jardim do Funclial OS vegetaes tropicaes e sub-lropicaes alii ac- climatados, e reincltiuido-llie em retribui^-fio 9S plantas uleis viiidas de paizes mais frios, para ahi se acclimatarern. Seri'a de grande vantagem, nfio s6 para a clinuitologia gcral, como particulariiR'ute para adiantar os conlie- ciraentos ainda lao fragriientarios a cerca das condi^oes cliuiatolugicas da Africa tropical, te em cada um d'esles jardins d'accliinala- ^fio se fizessem obscrvagoes metercologicas a> mesmas lioras e debaixo de principios ideii- ticos previamenle fixados. Se a naturalisa- 5ao de vegetaes iiteis de todas as reguV-s phytogeograpliicas do globo lerrestrc, e o fiin principal dos jardins d'accliiiiaLajao, eale, comludo, nfio e o unico destino d'elles ; pelo conlrario, podem estes estabelecimenlos, me- diante uma organisajao conveniente, ao mesmo tempo vanlajo^amente servir de pas- teios de rccreio e d'instrucgdo aos habitantes das cidades em cujos contornos forem funda- dos. Ora, tanto a capital da ilha da Madeira como a d'Angola reclamam, por causa da sua posisao isolada, e por ainda serein in- teiramenle desprovidas de rccrcios inilruc- tivos, desde ha ninito tempo, a crea^'ao dt jardins publicos; e como nao e difficil orga- nisar um jardim d'accliinataijao de modo que possa servir igualinente de passcio publico, alcan^ar-se podem ambos estes fins seni aiig- tnentar muito as despesas, ornando as ditas capitaes com estabolecinientos, que por todas as naynes cultas sfio considerados como um dos ineios mais poderosos d'intliiir suave c benelicainente sobre o eslado moral e intel- lectual da populagfio circiimvisinha. Mas para colonias agricolas, cujo prospero futuro depende principulmeute d'unia bem arertada escollia e conveniente varia^'io dos generos mais apreciados de sua* ciilluras, os mcncio- nados i-slabeleciineiitos adquireiri ainda maior iuiportancia, e toruam-se em inslitnlos dc maxima ulilidade e d'inealculavol vantagem para tot Tcnlio a honra d'aprescntnr ao seiiado lima petirao corn 15:000 assignatiiras sobre objecto lao sinp;iilar coiiio novo. a 1. Oi signatarios represeiitam que algiins plieiionienos physicos e iiioraes, de iiatun^za toda mysleriosa, allraliein a allenCj-fio publica no paiz, e ale na liuropa. A analyse parcial d'esles phenomenon revcia, dizeiii dies, a exislencia d'linia for^a occulta, que se palen- tea por agitayao, eicorregadiira, suspensao, e por fim inovimenin, (pie cornnmnica aos corpos ponderaveis de niodo conlrario as leis natiiraes. « 2. Eta for<,a manifesla-se por claroes oil luzes que apparecwin subilaineiUe em lo- garesonde nenhiiiiia ac^So cbimica, neni plios- pborescencia poderia desinvolvcr-se. 11 3. Manifejta-se lanibem por sons myste- riosos, senielliantes ora a paiicadas batidas por nin espirjto iiivisivel, ora ao znnido dos ventos ou ao eslrondo do Irovao. Algumas vezes ouve-se o soii» de vozes Imiiianas ou d'algum instrumenlo de miistca. It 4 As func^oes aniinaes interroinpem-se as vczes inslanlaneamenle, e por lal agenle mysterioso teem desapparecido allecjoes repu- ladas incuraveis. 11 Os requerentcs discordam entre si quanto a origem d'estes phenomenos, que uns al- tribuem a potencia intelligjnte d'espiritos despojados da apparencia material, e que oulroi pretendem poder expticar-se d'u[na maiieira racional e sati^factoria. Mas eslao todos conformes a cerca da realidade dos plienoiiienos, e pedera que soja nomeada uina coniini-.sao jiara proced(!r a luadura e scien- lifica invesligaCj'ao. .1 Tenlio lielinente exposto o resuiiio d'e^ta peli^ao, que, a pezar do seu objecto, e' redigida conveuienteuientp, poij que lenlio adoplado o syslema de nao vos apresenlar pelr^oes of- feuiivas. iMas tendo preencbido este dever, perniilla-se-ine agora dizer que o iiiiperio de seineihanles aberra(,'oei eui graiide nuuiero de nossos conleinporaneos, e n'uin seculo lao 11- luslrado, proveni a meu ver, ou d'uin syste- ma defeiluoso d'educa^-ao, ou d'urn de=arrunjo parcial das faculdades inteilecluaes, produ- zido por alguma desorgani^a^fio pbysica. Nao posio tainl>eui crer que laes aberra^oes ejlejaiii tao gene^ali^adas couio indica csla peti(;;io. 11 Ein ditTereules epoclias do mundo teem bavido ilbisoes do nu-?nio genero, A aleliiuiia por [nui;os seculos occupou a atlenjao de lioinens eniinentcs Co(n ludo bavin, quanto ao esseiicial, alguma cousa de sublime e real na alcliimia ; estudava-se com aiTiiico a natu- reza, e se os alcbimislaj nao ol)tiveram quan- to espcravani, fcjram lodavia recotnpensados com descoljrinieutos inuilo jiiiporlniites. » Alem d'iito meiiciona Shields as iUusoes e decepgoes dos Ffosa-Cruzes, e di; varios espiritualibtas, comprelieiiderido Cagliostro, esse celeljre profcisor que vendia a iminorta- lidade aos vellios, e a belleza aos jovons ; e lermina com a seguinle senlenga de Burke : A credulidade dos parvos e tao inexgotavel coino as artimanhas dos impostores. >i Ueferiremos tambem, o que u cerca do mesmo objecto se passou nlllmamen'-e n'uina sessao da academia de Franca. liayer commuiiicou a seguinle observajSo e experiencia do doulor ScliiCf, de Francfort sobre o Meno, relalivas aos espirilos percus- iores : 11 Teni-se presenlcmenlc fallado murto de cerlos ruidos on eslroiidos que se attribuem a suppostos espirilos pcrcussores, e o nosso colloga Clievreul pul)licou a cerca d'este obji'clo uni Iraballio notavel no Jornal dos Sabios. Mas nenliunia experiencia tinha side feila eni Franca nerii iia Allenianha, com o fiin de explicar laes rnidos, antes das obser- vances do doutor Scbift'. A respoilo d'uma joven, que teve occasiao d'observar, e em caaa da qnal nuviani-se estrondoS attribui- dos aos espiritos percussores, reconlieceu elle, que a percussao tinba logar no corpo d'esla joven e nao fora ; e demo?trou experiniental- inenle que semelliante estrondo pode ser pro- duzido pela desioca^ao reilerada do lendao do longo musculo peroneu, da sua membrana passando atras do malleolo externo. C'om effeito Schiffchegou a produzir em si niesmo o phenomeno absolutamente coino tinba logar naijiiella menina sob a inlluencia do sup- po^to tspiritu percuisor. u Quandoa membiana fibrosa em que escor- rega o lendao do longo peroneu, e di'licada ou esl;i rp|a\ada, o phenomeno p inais facil de produzir. A percussiio pode todavia efl'eituar- se, sem que se observe no pe, iiiovimento bein apreciavel, e soinente quando se appoia o dedo por delias do malleolo externo no nio- inenlo eiii que se prodiiz o eslrondo, e que seule-se perfeila e mui distinctamente a deslo- cagao allernaliva e reilerada do lendao, animado d'um nioviineulo de elevagao e abaticnenlo n>iii arrebalado. Esta experiencia de Scbiir considerada pbysiologicamenle of- ferece verdadeiro iiileresse. u Por couvile do secretario perpetuo, a que sc Junlaram lambern as initancias de inujloi mernbros da acadeuiia, o doulor ScliilT, que liiilia continuado a eslar presenle em quanto se leu a sua nieuioria, repetiu perante a acadeniia a experiencia. A percuss.'io e liio diitincia que paJe ouvir-se a muitos melros de dislancia, ainda que nao baja complete sileucio; e os pes roHocados bem li visla, nao parecem animados de niovimenlo algum. ( Atktnacum Franc.) GEOLOGIA. Jazigos do ouro e da prala. M. Murehison acaba de publicar uma obra 129 com o titiilo de Siluria, em que perlende provar por con>idera5oes geologicas, que nao lia motivo para recear a baixa do ouro em relajao a prata, pcla descoberta dos jazia^os auriferoj da California, e da Australia. De feilo o ouro e de lodos os melaes preciosos o niaii escasso na sua distribui^ao naliva. Pelo conlrario a prala e o cliumbo argenlifero existem l.'io larga e profundamenlo dissemi- nados nas roclias, que a sua exploragao nao pode deixar de ser niui lucrativa, inormente empregando-se ncstes traballios melliores .ip- parellios niccanicos, e novos melliodos que facilileni a minerayao. Um relatorio ullimainente apresenlado pelo encarregado de negoeios de Inglaterra na Bolivia demonstra, ijue a prata pode actual- niente cxtrair-se em enormes por^oes das minas de Copiapo, e d'oulras d'America do Sul. Em I'lm a sciencia moderna confirma ple- uamente as palavras do prepliela Job. "A prala tern um principio das suas veias : e o ouro tern um proprio logar, onde se for- ma.' !i L'Institut. MOLESTI.\ DAS VI.MIAS. A sociedade propagadora da iiiduslria na- cional em Fraii<^a , destinou uma sornma para premiar os auclores das melhores memorias, fundadas em rigorosas observagnes , e expe- rienciasauthenticas sobre a origem , progres- so e natureza iiilima da mok'atia das vinlias, e sobre os resultados obtidos pelos diversns meios preventivos , ou curativos, applicados para a di-lu'llar. O concurso terminou a 31 de dezembro ultimo. Cento e dezeseis concurrentes apre- sentaram as suas memorias sobre este inipor- lante assumpio ; mais de quarenlu memorias foram dirigidas a sociedade depois de feciia- do o concurso. As cento e dezeseis memoria-, foram remet- lidas a uma commissao, composla de rnem- bros das diias set-^oes de agricultura e arles chimicas. Em sessao de 14 de jullio ultimo a commissao apresenloii o conipeteiile relato- rio, de que extractamos os spguintes periodos. »A vossa commissao, sius , jnlga que as duas principaes questoes, que foram obje- clo do concurso, islo e, o tratameiilo tnais efficaz da [nolestia das vinhas , e a naliireza d'ell.i , n.ao csl.'io ainda completamente re- solvidas ; enlretanto reconlieceu , que muilas das memorias, que liie foram enviadas, Ian- gam uma nova luz sobre muitos plienome- nos importantes , e que sens auctores s.'io por isso dignos de alguni premio. N'estas circuni- stancias a commissao propoe, que se al>ra novo concurso, cujo prazo deveru terminar no ulliuio de dezembro do corrente anno. •I O governo , associando-se aos vossos ge- nerosos es-forjos acaba de eslabelecer um pre- ' Cap. XXVIII, V. I. mio de seta mil francos, para seaddicionar ao primeiro premio, proposto por esta sociedade, que era de Ires mil francos. E este e mais un) motivo para se abrir de novo o concurso. "Entre todas as substancias ale hojeernprc- gadas para destruir o oidium nas vinlias, a que tern produzido melliores cffeitos, foi iiicoii- teitavelmentea flor d'enxofre. Esta subslancia desde 1848, deu os melliores resuilados a Keyle, liorticultor inglez deLylon. Em 1351, foi ella empregada com vantagem nos jir- dins de Veraailles por Ducliartre, ent.lo pro- fessor do Instilulo agricola. Carecia-se , po- rem, de um ineio commodo para Ian9ar a (lor de enxofre sobre as videiras atacadas do mal. Gontier imaginou para este fun um folle, que pelasuaefficacia, ebarateza reuiiia todas as condi^nes, que podiam desejar-se na pra- ctica. Por este nieio Gontier conseguiu de- bellar complelamenle o nial das vinlias, nos annos de 18.31, 13oi2 e 1863, mas ti preciso empregar este remcdio desde o momento em que a molestia se manifesla. Primeiramen- te regam-se as cepas com uma boinba porta- lil, inveiilada tanibem por Gontier. A reo-a por meio da bomba deve ser feila debaixo para cima, para humedecer as folljasdeam- bos OS lados, em scguida langa-se por meio do compelonle apparellio a flor d'enxofre, que cac sobre as videiras, como uma niivem de p6. A rega e de^necessaria, qiiando a vi- nlia esta liumedecida pelo orvallio. uO nielliodo de Gontier, foi empregado em grande nfio so nas estufas, mas laiubem nas vinlias de Tliomery , perto de Fontaine- bleau A enxofragcm a secco , deu tainbem excellenles resultados. As vinlias nao tracta- das pelo enxofre foram accomcltidas da mo- lestia a par d'aquellas, que, tendo-se-llie em- pregado o proeesso de Gontier, ficaram com- plclamente livres d'llla ; de maneira (jue as expprieni-ias comparativas n.ao deixaui a me- nor duvida sobre este ponto. A enxofrageiu repete-se tres vezes , e calcula-se a despesa em cmco mil e duzentos reis , por cada he- ctare, de:.peza nao nuiilo consideravel para as vinlias, que dao vinlios de superior qua- lidade , ou boas iivas de comer. II Mas nao tera o empiego do enxofre al- gum inconveniente ? As experiencias I'eiias nn inuspu de liistoria natural em Paris, leui deixado algumas apprehensoea sobre os maus effeilos, que poderiam resullar paia as vinluia Iractadas por este proeesso. Esta circumstaii- cia obriga a vossa cominisaao a esperar no- vos ensaios, nao vos [iropondo por isso, que se de o piemio, e,tabelceido no pro- gramma, a M. Goiilier: entre lanlo a me- moria por elle apresentada, e digna dealgu- rna recompeura, e vos fareis um ado de justiija, dando-llie em remunerayao d'eatetra- ballio, que numerosas experienuias teiii com- I'lrmado, uma gralificayiio de mil francos.!) (■toiirnal d'Jgicult. Pratiq. n.° 15 — de 5 de Agoslu J'= "*j*0 Conlinua. ISO SEC^;A0 DE 3IATHEMATICA. ADVERTENCU. Annuimos a publica^'io d'estes aponlamenlos pela imprensa, por nos ler nioslrado a f.xperiencia que d'elles pode resultar ali,'iima nlilidade no estiido eleinentar da Trigomimelria ipheriea. a qual faz parte do curso de matheinaticas piiras na faculdadc de malhematica. S P. APONTAMENTOS DE TKIGONOMETRIA SPHERICA. I. O thooreina fundamental cos a' — cos 6' cos c' sen 6' sen c' (I) costuma demonslrar-sc construindo o quadrilatero , de que sfio lados as tanfenlcs e secantej dos dois arcos b' e c' do triangulo splierico, e de que e um dos angulos o angtilo 90", a secante respeoliva n'lo encontra B taiigente , mas siin o sen prolongamenio; e se um dos mesinos lados e ^OO", a secante respectiva e parallula a tangenle. No entretanlo, sein fazer nova construcjao , pode mostrar-se que ainda nos casos mencionados tern logar o tlieorenia (I). I. Se 6'<90°, c'<90''; a construc^ao da, coroo dissemos, no triangulo A B C a. formula (1). II. Se i'<90°, c'>90°: produzam-se BAcBC ate coraplelar era B' o fuso spberico BB'. No triangulo jB'^^seran: B'A= 180°— c', B'^C=180°— o, JB'C= 180°— o', e a formula (1), que tem logar para o angulo B'AC d'este triangulo, da cos B'AC = cosB'C— cos // U'coi^C ■■" (1)- ^en A h' sen A C III. Se i'>90°, c' >90'': o triangulo B'AC, relativamente ao angulo B'AC esta no caso precedente (II); e por isso ainJd tem logar a mesma demonstrac^'io. Ou fambem : produzindo os lados BAe AC ate eneontrarem em fi' e C o arco BC produzido, sera no Iriangido CAB': B'ACi = a, A B' = lSO'—c', AC'=180°—b', O B' = a' ; e applicando-lhe o liieorema vira a formula (1). IV. Se 6' =90% c'=90°: a formula (1) da i: "para o angulo a, para os angulos 6 ou c o que concorda com as propriedades conhecidas dos polos cos arr^cos a', aTz=a' "^ , cos 6 = o, 6 =:r 90°; cos c = o, c — 90° J V. Se e s6mentec=i90°: produza-se, ou corte-se AC, ate que seja AD = 90°. \.° Se B D nao e = 90°; o tlieorcma sera applicavel ao angulo D no triangulo C BD ;e dara cos a' — cos B D cos C D '''" seaBDienCD ' que, per ser cos D=zo, se reduz a cos a' = coi B D coi C D:= cos a sen 6' ; 131 « coma a formula (1), applicada ao angulo a no iriangiilo ABC, da laoabeiti cosa=: oil cos a'=cos a sen 6', segue-se que aquella formula e ainda verdadeira sen 6 nesle caso. %.' Se e B D — 90° : como tambem e ^ B = 90', sera B polo de ^ C, e conspguin- teinente a' = 90°; logo (IV) o theorema e ainda verdadeiro no caso de que se trucla. (Veja-se a Anal. appl. a Geometria de M. Lcroy nn. 453 — t5d ; e a meinoria do sr. J. Cordeiro Feyo nas da acadeniia das scienc. de Lisboa de 1839.) 2. A formula (1) da ^ /.,„(.i±^)..„(g3E|EF)j Q. ' Ren b' sen c' / /a' + 6' + c\ ,y + c' — fl' i / sen I 1 sen ( 1 \ \ 2 ; V i^ co5-a=;V n ) / 2 sen o sen c' ' Seja t' o maior dos Ires lados. Serao o' + 6'>c', c' + 6' > a' ; e para que sen - a seia real , teremos a' + c' > &'• Logo : a somtna de dots lados ijuaesqucr c maior que o Urceiro. Para que seja cos -^ a real, deve ser a'+6' + c'<; 3G0°. Por tanlo a somtna dos Ires lados esla comprebendida enlre 0° e 360°. Se esla somina fosse 0, o triangulo seria recti- lineo; e se fosse 360°, o triangulo serin urn fuso splierito. 3. A mcsma formula (1) applicada aos tres angulos a, b, c, e eliminados depois 6', c' , da / /" + l' + c\ /b+c — a\ 1 , \/-'°'{-^)'''"{-^—) sen - a' = V ; . » ' sen 6 sen c Seja a o maior angulo. A expressao de sen - a' mostra qne , para que ella seja real deve ser - — > 90° c < 270°, on a + b + c> 180' e < 540*. Por tanlo a somma dos tres angulos esta comprebendida entre 180° e 640°. Se esta somma fosse 180°, o triangulo seria rectilineo ; e se fosse 640°, o triangulo tornar-se-liia em uma semi-spbera , de sorte que OS sens tres vertices seriam ponlos do circulo niaxinio. No caso de n.'io ser a o maior angulo, a expressao de sen - a' moslra qne ainda deve ser: b + c — a< 180°; e por isso esta propriedade tem logar, qnalqucr que seja o angulo o. As propriedades relativas aos angulos, que acnbamos de referir, resullam egualmenle como deve ser, das relativas aos lados, qnando eslas se applicam ao triangulo supplenien- tar. Porque a' + b' + c' >0, e < 360°, e a' + b' > c', dao .540° — (a + b + c) >0,e< 360° e360° — (a + 6)>100° — c, ou (2 + 6+c<540°, e > 180°, e a + 6 — c< 180°. ' 4. Para evitar cnganos nos signaes podem os quatro tlieoremas fundamcnlaes, que todos se encerram no ( 1) , enunciar se do seguinle modo : 1.° Cosetto d'unj lado i egual ao coseiw do angulo opposto miiltiplicado pelo prodtt- clo dos senos dos o\ilros dots lados , jna/s o produclo dos cosenos dos luesinos lados, 2 " Senos dos an^idos sdo proporcionaes aos senos dos lados opposlos. 3.° Produclo dos costnos das paries vtedias e egual a differenga dos senos das inesniiii partes multiplicados respeclivamenle peluf eolangenles das extremas , lado com lado e an- gulo com angulo • sendo lyrgalivo o Icrmo em qu,e ha so angulos. 4 ° Coseno d'tim angulo i eguol ao coseno do lado opj>osto multiplicado pelo produ- clo dos senos dos outros dois angulos-, intnos o produclo dos cosenos dos mesnios ani^ulos. Kos tbeoremas 1.*, 3.°, e 4.° e negativo np segundo membro o termo em que entrani so angulos. E note-se que a inicial n de negativo entra na palavra angulo, e n.vo enira na palavra lado : observacao esla que lorna impossivel o engano nos signaes. 132 5. Adverliremos que no 3.° tliRorema tanto imporla dizer que entram Huis lados e dois ani^iilos, sendo iini d'elles comprelicndido e o oiilro opposlo , coino dizer que ha qualro partes conjunclas. Coutinuando o, 6, c a designar angulns , e a',b', c' os lados op|)oslos , as partes medins serfio dims letras diirerentes , iima applicada a lado e oiitra a angulo, e as partes exlremas ser'io a lerci-ira lelra applicada a angulo e a lado. Por exemplo: se iorem a' e b' os lados, ec o aiigulo compreliendido , teremos a', c, I)'; e a quarta qiianlidade seru urn dos angulos opposlos a a' e b' : de sorle que se formar;i iiin dos systemas h , a' , c, b' ; a' , c , b' , a; nos quaes s.io medias as ietras dil'ferenles a' e c, on c e b' , uma angulo e oulra lado, e extreinas a terceira letra 6 ou a , applicada a angulo e a lado. 6. Applicarido a uui d'estes svslemas, por exemplo, ao prirneiro , o etnirniado do llieorema 3.*, aelia-se cos a' cos c = sen a' cot b' — sen c col b. E dividindo anibos os membros por sen a' sen c, resulla a equa5ao cot b' col 6 cot a' cot c: na qual so entram cotangentes e senos, e que da para o theorcnia 3.* o noro enunciado seguinle : Producto das cotangentes das partes medias e egud a differenga das cotangentes das exlfemas divididas respectivamente pelos senos das mesnias medias , lado com lado e an- giilo com angulo ; sendo ncgativa afracgdo cujo numerador tern angulo. Esta transformajao , a. qual, como seve, corresponde tambem urn enunciado que facilmenle se pode decorar, foi lembrada pelo dislinclo geometra portuguez o sr. Manoel Pedro de Mello, lente de malhematica na universidade , cujo nome por niais d'uma vez se le na Astronomia de Delainbre. [Vej. Astronom. de Delainbre, toiiio 1." cap. X n.* 194 (#)]. Lenibraremos com ludo que niuilo convein acostumar-se cada vim a enunciar os liieo- remas d'uin so inodo , para evilar a confusao que do lialiilo conlrario resulta seiiipre, como nos tem mostrado a experiencia, 7. Quando se quer usar dos logarilhmos no caloulo das formulas, deduzidas dos qua- Iro theoremas fundarnentaes, ou se transformam estas formulas nas de seno ou loseno d'a- inetade d'arco ou d'angulo (nn. 2 e 3) , ou se emprega a Iransformarfio seguinte, quando a expressao proposla e da forma: jM cos a.-T iVsen a. Como esta expressao cquivale a ,. / -^ '\ »- /•''W , \ Jli f cos a + -T7 sen o ) , ou A' ( -nr cos a + sen a.) , as hvpotliesfs — =tangip,ou — = col ^ , Iransformam-na em um dos systemas : M -■■°t"" AJ } M cos (a. a) JVCOS (oc o) :lang »; c —, ou cos (], sen ip -' j^'_: cot ^, ; e LlZJLi , ou i- — IZ sen ^ cos iji J 8. Eslas Iransforma^oes analyticas sao as mesmas que se obtem , quando se decompoe o iriangulo proposto em dois triangulos rectangulos por meio d'um arco perpendicular abaixado d'um dos vertices sobre o lado opposto. 133 Mas n'esia decomposi5So convein abaixar a perpendicular de modo que parta o manor luimero d'elementos que eiiUam na qiiest'io. Se cstes elementos sfio dois lados e dois angulos opposlos , a perpendicular aljaixada do lerceiro angulo n"io parte nenlium dos eleinentos; e cada um dos Irianj;ulos rcclangiiloi tern entfio dois elementos , com os quaes e com a per- pendicular comnium se forinani duas equagoes, e se elimina entre ellas a mesiiia perpen- dicular. No3 onlros casos o menos que se parte e um clemento, angulo ou lado , e ficam entao dois elementos em um trianguio, e uin no outro trianguio. Com os dois elementos do primeiro trianguio delerniinam-se os segmcntos do clemento que se partiu : depois for- ma-se no scgundo trianguio uma equa^ao entre o clemento d'elle, o segmento acliado , e a perpendicular; e no primeiro trianguio out'ra equagao semellianle entre as paries analogas d'elle: e fnialmente divide-se uma d'estas equa^nes pehi outra, o que elimina a perpendi- cular. Ficam assiin duas equagoes, a primeira das quaes da o segmento, e a segunda dli o elemenlo que se procura. O segmento e o angulo auxiliar, de que se fallou no n.° precedente. 9. N'cste calculo dos triangulos pode haver duas especies d'erros, que sfio: erros dos elementos, e erros das tabnas dos logarillimos de que nos servimos. E necessario pois co- nlieccr a influencia d'estes erros soI)re as partes que se procuram , ou para escollier as tbrmulas, ou para apreciar o grao de confianga que se deve ter nos resultados. Examinemos, por exempio, a expressao de sen- a (n.° 2). Se para o culculo d'ella usarinos das taboas de logaritlimos das linlias trigonomctricas com um dado numero de casas decimaos , por exempio, dc sete nas laboas de Callet , o limite do erro d"um loga- ritlimo c 0,5 d'essa ultima casa, e por conseguinte o limite do erro do logaritlimo do segundo membro e — ;^— ^::=1. Fazendo pois sen _a = Jl/, ^ log sen - a = J' log w1/< 1 , e cha- mando m o modulo, resulta, em minutos 2 tang 1 a. (/?') * o = i log 71/; "'C- RODniGO RIBEIRO DE SOUSA PINTO. 134 Conla dcmonslrativa iV applicagao ([uc Icvc ci verba de 9:5JO/ooo, rolada no orgamenlo para o anno economico de 1053 a 1854, para despcsas dos divcrsQS esluhelccinicnlos da Unir< rsidadr de Coimbra. Destffnii^ao da dcspcsa. LYCEL DI-: COIMBRA. Desposus d'oxpodiento , DiUis de ii'paros feilo; pela casa das obrai UNIVERSIDADE DE COIMBRA. SeCBKTARI.i E GERAES. A amanuenses extraoidinario?, einpregados na sccrctaria, c servi^o da Vice-reiloria An armador da salla dos capellos Despesas d'expcdiente da secrctaria, aulas, e conscllios das faculdades acadernicas TUEATGO ANATOMICO. Ao ajudante preparador, gratificagao concedida pela por- taria do minislerio do reino de 30 de dezembro de 1852 Ao 111050 pelo sen vencimenUi de SJ'OOO pnr me/. Aocoveiro, pela conducg.io de cadaveres para o llieatro analomico Pela coinpra d'uni mic-roscopio, um triloupe , e nma l^'nte Despesas em livros e encadernagoes l^D'^O Dilas d'expediente c reparos (i(!^'750 LABORATORIO GRIMICO. Ao gtiarda , gralifica^'io concedida pela portaria do mini- sterio do reino de 18 de dezembro de 18.52 A um aprendiz , de salaries A iini niogo effeclivo Despesas em livros e encadernagoes 4^bi-0 Ditas de oxpedienle, e manntenj.'io 71^'885 Ditas de reparos feitos pela casa das obras .... l;!oJ[455 GABINETES DE UI9T0RI1 NATURAL. Ao guarda, gralificajao concedida pela portaria de 30 d'abril de 18.J3 Ao mesrno guarda, gralificagao pelos preparados, qne apre- sentou, segundo a portaria de 3 de margo de 1837.... A iim aprendiz , de sens vcncimentos f'crlas parcines 'If) ,3:010 CljS'195 101,;S'GOO lOj^OOO 201jS600 82J'770 109j5'600 3G,^'000 17;^'200 1G2|'700 85.5'3-IO 7I,;S'670 30.5000 43^840 43j^6l0 117/430 2141880 301^000 60/000 64|080 134/080 'J'lildUiladts. 107/205 284/370 319/710 332/360 1:043/645 135 Designa^no da despcsu. Trunsporte Despesns d'expediente e cosleameiilo 9jl^260 Dilas de reparos feitos pela casa das obras .... 1 jf750 I)E MINEKALOOU E CEOLOGIA. Despesa em compra de livros para a aula OE PHVSICl. Despcsas d'expedionle JARDIM BOTANICO. A iini aprendiz, rao^os effecLivos e jornaleiros Despesas em livros e joriiaes . 5Gj^440 Dilas de expediente, uLeiisilios e reparos.... 7djf210 OBSERVATOniO ASTIIONOMICO. Aoi dois collaboradores temporarios para o calculo das epliemerides aslroiinmicas, segiiiido a portaria do ministe- rio do reino de 6 d'oiUuljro de IS-iS Despesas d'expedienle, e condiicjfio dos iiovos iiislriimeiilos 31,^795 Dilas de reparos feilos pela casa diis obras . .. 26Jf485 : OCTl HOSPITAES. Dietas dos doenles , e comedorias dos empregados DISPENSATOBIO PHABHACEUTICO. A pharmaceiilicos Ictnporarios 21^^440 Ac 111090 da bolica . 4j^800 26^210 Alcdinainentos c oulras despesas 170^325 BIBLIOTUECA. A urn 1111150 elTeclivo a 200 reis por dia Despesas em compra de livros, joniaes, e eiica- dernaijGes 141,^120 Ditas d'expediente 21,|,330 Dilas de reparos feitos pela casa das obras .... 20831395 CAPELLA. A03 dois mogos da capella, de sens vcncimenlos f'erbas parciaes. Tolalidadet. 134J'080 11^^010 146j^090 80/989 6/r>d0 397/640 131j^650 290/000 68/230 4:488/000 196^^565 73/000 370/845 91/995 91/995 1:043/645 232/729 529/290 348/280 4:684/665 443/845 7:282/354 136 Vesigiia^uo tttt tlespeaa. 'J'ruiispoi'le. ....... Aos dois inogos da capella, para becns, que voiicein de dois em dois aiinos Aos ditos iiara Ijarreles FESTIVIDADES. Saiila Isalx'l 01j:i20 Pre5li(o a Santa Clara cm 1G53 !)),580O S. Miguel, e o jiiramcnto 1'2^-1'J..D 'I'odos OS Santos 2,|'520 Conceit-no ....„..,.,: 12^(i70 Pdrifiea^-ao . . . ^^.4 . j-.- 17a^'235 Arniiiiicia(,-fio n.J3-10 Seaiana Santa 254.j:365 Excqiiias do sfir. D. Joio III , 48 J'loO Propinas aos lentes e mais empregados 60^800 717JG15 Divcrsas despesas : . . . . 22 J 935 CiSA DAS ODRAS, Ao mestre das obras , a 300 reis por dia Ac fiel apontador, de seu vencimento Jornaes, materiaes e reparos nos edificios , e estabeleci- mentos nfio especificados AnCHEIBOS. Aos 10 aiclieiros, pelas suas soldadas a 160 re'is diarios a cada u m Aos ditos, por compra de pannos para o fardamento annual de policia I'erbus parciaes. I)l^!)!)j 24/000 IrfS'llO 117,^435 710|'.370 ]09J'500 100^000 209/500 509/7'rO 584/000 C6/371 Reis ... Tolaliilades. 7:282/354 858/005 719/270 J C50/371 9:510/000 ,f:t RESUMO. Despesas feitas com o lyceu Ditas com OS estabelecimentos e reparlijoes da universidade Ditas com os liospitaes, e dispensatorio pharmaceutico . . . . 107/205 4:718/230 4:684/565 Reis . . . , 9:510/000 Secretaria da Universidade em 13 de Jullio de 1854. Vicente Jose de Vmconcellos e Silva, Eugenia Antonio Galeae. €> 3n0titttto, JORINAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. UN1VERS1DA.de DE COl.MBRA. Ministerio do reino — 1.' direccao — 1.' re- parlifao — livro 12 — n.° 293.=Sua Magesta- de El-Rei, Regente cm noine do Rei, a quem foi presente o officio do vice-reitor da uni- versidade dc 7 do correntc raez, dnndo conta do resultado dos examcs preparatorios fcitos no lyceu nacional de Coimbra, e do modo como neste servico se liouvcram os prcsiden- tcs e vogaes dos divcrsos jurys qualificadores : Manda pela secretaria d'estado dos negocios do reino, que o mosmo vice-reitor louve em seu real nome os ditos presidentes e vogaes pelo zcio, que uns e outros mostraram, tanto na assiduidade do trabalho, corao no bem cntendido rigor e na igualdade da justica pa- ra com todos, — e bem assim odoutor Luiz Albano d'Andrade Moraes e Almeida, pelo aprovcitamento com que tem cido por elle regida graluitamente a cadeira de geometria, em cujos exames teve grande parte. Paco de Cintra em 18 d'agosto de 18oi. = Rodn'go da Fonseca Magalhdes. r;" APONTAMENTOS BIOGRAPHICOS SOBRE 0 ^OSSO INSIGME POETA Ll'lZ DE CAMOES. Quando abrimos o livro d'ouro, com que o principe dos poetas portuguezes enriqueceu a nossa lingua, e illustrou a nossa historia, ele- vando a superiores regiOes as acfoes estrema- das daquelles portuguezes, que tanto se des- linguiram no Oricnte, no seculo XVI ; e lemos aquelles versos cheios dc conceitos, e harmo- nias poeticas, que aili sc encontram, nao sa- bemos qual se deva mais admirar, se o genio da poesia, em que a alma se arrebata contem- plando tanta sublimidade, se o amor da pa- tria, que tanto em Luiz de Camoes avulta, nap movido do premio vil; mas daquelle fogo d'iraaginafao, daquclla viveza, e forca d'ex- pressao com que faz esquecer quanto ha de sublime nas antigas e modernas Epopcas, para levantar um padrao eterno a memoria glorio- sa de seus compalriotas. 0 pocma de Ca- moes ha dc ter tanta duracao, c ha de ser esti- VoL. III. * Setembro 1.°- mado pelo niundo litteralo em quanto durar a lingua em que foi escripto, apezar dos de- feitos, que unia apurada critica Ihe nota, bem desculpaveis, certo na apoucada humanidade, cujas obras jamais podem sair perfeitas! Que um tao insigne poeta, um tao raro en- genlio, um competidor nao indigno dos subli- midades de Uomero e Virgilio, vivesse e raor- resse na obscuridade, e um tao extraordinario phenoraeno, que nao podemos encaral-o sem nos subir a cor ao rosto, contemplando o pou- co zelo, com que os seus contemporaneos dei- xaram delinhar na miseria, e no leito da morte tao aprimorado auclor, csquecendo logo sua honrosa memoria ! Fluctuando em incertezas sobre a-sua filia- cao e naturalidade, e sobre os particulares de sua vida toda cheia de mysterios, e d'amar- guras, apenas ousamos arriscar conjeeturas, e firmar hypotheses para dellas tirarmos con- sequencias sem podermos ale'gora descobrir documentos, que nos guiem a vcrdade, e nos dissipem as trevas, que quanto mais queremos penetrar mais pareee se condensam. A pouca Ventura d'este poeta, e sua natural infelicida- de talvez se possa mais attribuir a este secreto destino da Providencia, a esta ncgra fataMda- de marcada por raao occulta na sua estrada da vida, do que a outras causas, que, como con- sequencias d'esta, prepararam seu desgracado estado durante sua existencia, como a historia nos mostra em rauitos casos semelhantes, ele- vando uns e abatendo outros, segundo seus desvairados capriehos! Alexandre Pope, bem conhecido poeta, depois de muito estudo e meditayao, alem de outras obras com que cn- nobreceu a sua patria, offereceu ao publico a sua traduccao de Uomero, e para a sua publicacao as subscripcoes que obteve subiram a duzentos mil cruzados, com que fez a sua fortuna, e segurou sua subsistcncia, como nos diz um grave escriptor. Milton compoe um poema elegante, e original, que tanto honra os annaes poeticos da Inglaterra, e morre na indigencia, sem auxilio, e desco- nhecido de seus compatriotas, e ainda hoje o fora, e sua memoria estivera no esquecimento se nao fosscm as annotacoes de Adisson, que o fez conhecer ao mundo illustrado! 0 cantor da Jerusalem, Torquato Tasso, depois de immor- talizar a memoria das cruzadas, e perpctuar 1854. Num. U. 138 T a k'liiliranra do rojnado do scu hcroe Godo- frodo em fraula xonora e helicosu, atravcssa a Calabria quasi descalco, c clicgando as portas de Turim os {;uardas llie vcdam a cntrada fonio se fosse um ciiiiu'stado, vciulo-o coherto de lairapos, palido, e cnliado. 0 cantor dos Lusiadas, (]ue laiita lionra deu ao iiome por- luguez; 0 oslromado hisloriador das navoga- coi's do iliustre Gama, morre pobrc, c iguo- rado, soiii com certeza sabcriiios se no liospital de Lishoa, se em casa sua ! Tal e o destino que a |iro\ ideiuia tern marcado aos liomcns iia sua breve carrcira, como clle proprio diz na estaiuia 38 do caul. 10. Ocniltfis o« j lizos (le Dcoa sHo As ecritcg va.is. qnt- iiriii uN enlen-ierain, (.'h.imain-Ihe fH- parecem, daiido-lhe um tao singular aspecto. Pela minlia parte diivido que jamais tenlia podido vor-se o corpo dc Jupiter, (|ue perma- necera occullo jjara iios por muitos seculos, ate que teiiiia arrel'ecido a ponto dc permittir ao seu oceauo Ihicluaiite pousar pcrmaueiite- nicnte sohre a sua superlicie. « Applitaiulo estas consideracoes a Saturuo parcce-me, que pode eselarecer-se um pouco a causa das mudan<;as, ' Parece- nos, que niio (i possivel formular, de uma maneira mais frisante, o antagonismo innato entre a sciencia empirica c a sciencia tradi- cional, entre a indole occidental e a indole sbiva, entre a poesia cosiuopolita e a pocsia do f/oualo. E fora de duvida que foi as escholas dc Ber- lin, de Paris e d'lnglaterra, que o regenera- dor da Ulteratiira servia no comeco deste sc- culo, Uosilheo Ohradovitj, veia pedir a chave da iniciacao europC-a, por(;'in logo que esta obra de iniciacao se completou, devia renascer o antagonismo entre as litteraturas occidenlacs e a poesia slava. Apenas foi iniciado na vida iiilellectual, o povo servio achou-se, a sen pesar, cm contradiccao ilagrantc com os sens iniciadores curopcos. Passa de trinia annos (iiie OS Servios tent academias modcladas pclas nossas, e apesar disso ainda o gosto acadc- mico pcla litteratura niio tern podido fazer o menor progresso. A poesia do guuslo c o unico typo do hello ideal que ainda persisle, o unico ccntro para oude gravita a poesia dos sabios. Coittitnta , BIBLIOGRAPIIIA. COMPE>!yiO DE VliTEniNMUA, OU CURSO COMPLETO DE ZOOIATUICA UOMESTICA, PELO SB. D.' JOSE F. UE MACEDO PIMO, I.ENTE DA FACULDADE DE MEIMC.1N\ N\ IMVEIISIDADE DE COlMBnA i." EDKJAO 2 VOL. EM 8." 18ol. I'm dos mais imporlantes mcllioramentos (fa agricullura moderna; a(|uclle, talvez, a (lucni clla deve o seu maior progresso e adiantamen- to, (!■ 0 grande e extraordinario desenvolvi- mento que se tem dado a multiplicacao e aper- feicoamento dos animaes domesticos, e por conse(|uencia aos estudos veterinarios. IIojc aquella industria constitue nao so uma parte; essencial de todas as empresas agricolas, mas i tambein um dos priiiieiros e principaes ele- nientos da riijucza das nacoes, c por isso os governos c as sociedades agronomicas, teem 143 promovido por meio de prcmios as cxposiroes piil)licas dp gados, c prociirado generalisar os rstiidos vctcrinarios, iroando esrhnlas para o onsino d'csta scknicia, o prrmiando os aiirto- ros das nu'lliores obras sobre os sons divrrsos ramos. Ucdiizida piitro nos quasi a iini simples om- pirismo, a Vott'iinai-ia, ou antos a alvoitaria. (jiio a taiilo niontavam os coulicciiuentos dos nossos poiKos vctorinarios, jazi'ra por longos aunos cm (|iiasi comjiloto ahandono, cstraniia ao grando impulso i|iu' diialara os limilcs da .sciciifia, (' ([ui' t'lcvara a Yetorinaria ao poiito 0111 inio linjo a vomos nos outros paizos. A iiilima ligaoao dos ostudos modioos o votoiinaiios; o profundo coultocimoulo da aiiatomia o phjsiologia comparadas; a ostreita roiaoao das scieiioias jiliysiuas c liistorioo-ua- tiiiaos com a zooiatiioa; os piinoipios da hy- giono 0 da iiirispiiidoncia Votoiinaria, uram de todo dosprosados, soiiao igiiorados nos raros osci-iptos dos nossos auctoics de Yete- rinaria. O ostabolocimcnto da oschola veteriuaria mililar, do que ja n'outra ocoasiao nos ocou- pamos'/so alguin moliioramoulo iutroduziu nostcs estudos, foi oxclusivamonto na alvoi- laria. E pode oom vordade dizor-so, quo o (^ompondio do Yotorinaria, de que o sr. Dr. Maredo Piuto dou a primeira odioao em IHoi, foi tambom o primoiro c mais f'oliz onsaio, que ontro nos viu a luz publica, dossa nova ordoni do ostudos vetoriuarios, aprosontados polo A. em harmonia com os mais recontos progrossos da scioncfa, c com tanta concisao, e olaroza, que do per si rocommendavam aqiH lie ini|iortantissimo trabalho. 0 publico illustrado acollicu desdo logo oom 0 morocido favor o compondio de Yotorinaria, ouja avultada odicao so oxaurira conipleta- uionlo no primoiro anno da sua publicaoaoi 0 (|ue em Portugal raro aconteee aos auotores do obras d^' scionoias naluraes. 0 Ciirso oouiplolo do Zooialrioa, quo o sr. Macodo Pinto acaba do publicar com o mo- doslo titub) de « scgunda odicao " 6 uma o])ra inloiramoute nova, ondo todos os rauios da Yotorinaria sao concisamoute evpostos com a maior clai-ozji, c profundo conbcoinicnto da nuitoria. A obra consta do dojs volumes; no jiriuioi- ro 0 A. tracta da Palbologia goral, compro- bcndondoa Etiologia, a Svmptomatologia, ea I'litluigonia. ,\ segiiuda parte e consagrada a Patbologia especial, e eoniprobende as mo- lostias da i)olle, e dos difforentes orgaos o systomas, indicando a par de cada molcslia o sou Iractamento conveniente, oit a sua tbo- rapoutica especial. X torcoira parte torn por objeclo as molostias privativas dos din'crentos aniniaos domesticos. ' Vul. I, pa-. 320, 0 scgundo volume comeca pcia Tliorapou- tica goral, na qual comprobondo os agentes pbarmacologicos, ou a Pbarniacologia — a pe- qnona Cbirurgia — e a Hygion('. A Zootoobnia occupa a scgunda parte d'oslo volume. Algnns artigos oxtrabidos d'osto ini- portante trabalho foram jii publicados polo A. no segundo volume d'osto Jornal' , e oscusado 0 por isso recommondar a loitura d'osia parte, talvez a mais notavol c intoressantc do loda a obra. Tratando do motboramonto dos animaes do- mesticos, c da sua multiplicaoao e aperfoicoa- monto, 0 A. nao osquoceu uma so das co'nsi- dcraooes, que dovom ter-so em vista para con- soguir aquello desejado lim. Expondo as dou- trinas, e os motbodos mais acrcditados, o as mais recontos observacoes, e experioncias fei- tas nospaizes mais cultos da Europa, oA. procurou fazer d'ellas util e conveniente applicaoao ao nosso paiz. E nao sao unica- niente os proceitos da scioncia quo lornani digna de especial attcncao esta ])arle do com- pondio de Yotorinaria; mas tambom a manoira pbilosophica, e verdadeiramonfo tanscendon- to, com que sao expostas cm resuniido quadro as mais olovadas tbeorias, e os mais imporlan- tos problemas das scionoias pbysicas o bisto- rico-naturaos em rolacao ao ass'umjito. A ultima parte da obra eoniprobende a Ju- risprudoncia veterinaria, objocto ontre nos (|uasi inteiramente desconbecido. 0 A. divi- diu esta parte do seu trabalho em .lurisprii- dencia yotorinaria propriamonle dita, <[ue tracta dos casos rcdhibitorios; om .Modicina legal, qtio diz respoito aos forinientos e cn- vononamontos, c em Policia sanitaria, que tracta dos moios do prcvonir o desenvohi- mento c progrcsso de epizootias, e enzootias contagiosas. Nesta parte, uma das mais dilllceis mas tambem das mars utois do seu trabalho, o A. colligiu toda a legislacao patria, que rospcita ao assiimpto, aprosentando ao mosiiio tempo a legislacao estrangeira nos casos omissos na nossa . Em (im a obra terniina por urn Iiidico alplia- betico goral, coordonado do modo, ([uo so podi? considorar conio um diccionarin do Veterina- ria, que muito facilita o iiso d'osto livro ate aos monos ontcudidos om taos matorias. Indicamos aponas mui summariamente os principaes capitulos da nova odicao do Com- jiendio de Yotorinaria do sr. Dr. .Macodo Pin- to, porque nao cabe em pequono espaco fa- zer 0 juizo critico d'este valioso e iin|ioi'tanle trabalho scicntilico, fructo do longas boras de profundos estudos, e assiduo trabalho do joven professor, que, illustrando oom taos pii- blicacOes 0 seu nome, fez ao son paiz, e espo- cialmente a agricultura patria, um relevantis- ' Vul. II, pau'. 199 c sr;-. 1 14 .>imo M'lviro, toriiando accessivcl a lodas as iiitelli^oncias os conhecimciitos volcrinarios, rom tanto rigor, c clareza. e foiii tanta ame- nidade di' rslilo, que a loitura da sua ohra c ao mcsmo tciiiiio iitil c aprasivol. Apesar dc vnlumoso, este compeudio pare- ce-nos digno do spr adoplado em lodas as escholas rcgioiiaos agrionlas, como ja o I'oi na uuivorsidade, |ion|ue uma lioa parte da ohra uao eareec de scr oxplieada nas respeelivas eadciras, mas o nnieamento destinada para sc consultar; e os ahininos que tiverem seguido com alleiioao a leiUira desta obra, liearao por oerlo mui liabililados para se darem a pratua veloriuaria. J. Ji. DE ABREU. .lAUDlNS D ACCLIJIATA^AO NA MAOEIRA E ANGOLA NA AFllICA Ai;srH0-OCClDENTAL. Cijiitiiuiudo de [in^. 1-7. Oi lialjilanles da illia da Madeira, aonde uma desastrosa epipliylia no decurso d'este anno lem debtriiido os preeiosos viiiliedos que atcf agora alii furtnararn o principal e quasi excliisivo genero d'agricullura, devem seni deniora e mui seriamenle ejfor^ar-se de remediar este mal, variando e viultipticando OS gencros de suas culturas, e deste modo tiror vioior vanlagem d'uiii cliina, que e coijsiderado mellior e inais favoravel a certas cuUurai do que o de toJas as inais illias do liemispherio boreal ; mas para iniciar as priiiieiras leiUativas, e jjara experiuientar e csludar a cullura de novos gei;eros an-rico- las, qual sera o iustiluto luais convenieute a csle fim, a uao bor uui jardiui d'aecli- rnatarfio? ! A fundac^ao de tao ulil e»Labeleci- luento liavia desde ja occupar inuitos bra<,'os, que pelo desarUe uas viulias ficaraui_ desoc- lupados; o nuiiiero cada vez major de va- pores que alli aporlaui, crusaudo o allaiitico ern todas as dile('9oe^, offorecia frequeiiles e opporturias occasioes d'uiiia rapida cora- MuinieaCjiio com as mals longinquas terras, facdilaiido assim a prouipta aequisicao de muilfs vegetaes raros c apreciados ; e liiial- menle, a exisleiieia d'uin bern organisado Jardim, povoado roui as mais vislosas pro- duc(,-6es da Flora de lodas as zonas, liavia tbr^osameute cliaiiiar para abi urn avultado liumero de viajajiles curiosos, e augrneiilar cousideravelmerile a ja iiao pequena coiiccr- reucia de doeutes, e convidar uns e outros a mais pridongada deniora n'acjuella ilba dos cncanlos. Ponderadas lodas eslas circiimstan- i ias t'avoraveis, o avaliadas as vanlagens que dellas devem rc.-idlaraos [nadeireiises, pareee a crearao d'umjardiiri d'acclimala^fio, com as com|)etentei niodilica(,oes, para ao niesmo lemi)o servir de pasn-io |)ublico, uma das mais efficazes providencias que o Govcrno de Sua Magestade acluahnenle podia legislar n'aquella ijlia, para mitigar alguiii tanto as Iristesconsequeiiciasda deva^ladora epipliylia; Ijem como para eviiar a fulura repeUc;rio de similliantes desaslres, que mais cedo ou mais tarde seinpre se deveria recear, se os madeircnses conlinuassoin a basear exciusiva- mente, como ate' agora, todas as suas espe- ranyasagriooias sobre um so genero de cullura. N'um igual estado de crise e de transifao, aiiida (]ue por rnotivos bern differenles, re- presenla-se a riquissima provineia d'Augola na AlVica austro-occidental ; e igualmcnte sabiJo que o extenso lerrilorio d'csla valiosa possessao, desde ha muilo tempo, era o priii- cipal mercado d'escravos, os quaes, junta- mente com alguns generos acarrelados do interior do corilinente por esses mesmos es- cravos, formavam o limilado repertorio do commercio colonial. O repentino acabamen- to d'este trafico, pouco hone-to, mas sum- mauienle liicralivo, destruiu numerosas fortu- nas, estagnou o giro d'avidtados cajiitaes, e paralisou por um inoniento quasi loda a vida commercial d'aquella colonia. Poreiii, ine- dianle este estado de geral consternayao, a bemfazeja providencia eflectuou a successiva transi^ao d'urn povo paramente commer- ciante n'uma esperan^osa colonia agricola ; e dentro em breve tempo o cafe, o a|i;odao, o anil e muilos outros generos coloiiiaes for- necerao abundantemenle aquelles inercados que n'outro tempo so foram povoados pela illicila fazenda d'um Iralico deslmmano. Mas, para facilitar aos colonos a ijilroduc- (;,'io e naluralisa^ao de novos generos agrico- las ; para experimentar os methudos mais convenientes de sua cultura, beui como para depositar e est\idar os muilos vegelaes uteis que sem duvida neuliuma hao-de eticonlrar- se no immenso sertao d'aquella provjncia, atu agora apenas superficialmeiite explorado ; em fim, para saliafa^er a todas eslas exigeueias urgenles d'uma naseeutu colonia agricola, iiao ha de certo iiiTililui^rio nenhuma que seja mais adequada e de iiiaior vantagem aos colonos do que um hem organisado e»lal)ele- cimento d'accliinaia^ao. Arabando de expdr, ainda que em tragos ligeiros, as reciprocas vanlagens que se podiam tirar da crearao de jardins d"acclimala(jao, tanto para as co- ionias aonde forem esJabelecidos, bem como para o paiz materno, passo agora a apontar algumas providencias que considero como mais acerladas e necessarias relalivajnente a funda^ao e boa gerencia dos dilos cstabele- ciinentos. Km quanto ao local ou silio em que se deviam collocar esles jardins, pouco se podc dizer sem coidiecimenlo perfeilo da localldade e mais eircumstancias modifica- doras que influem no prospero desenvolvi- menlo de similliantes institiitos; enlrelanto julgo devor lenibrar que elles deven) ser estabtlecidos tao proximo, quanto possivel, 145 das respeclivas cidadcs capitacs, e em silios algiiin lanto abrigados dii» ventos reinantes ti'aquellas rcgioes, para assirn mais facilinenle evilar as n)udan9as ropenliiias da lempera- lura, t.'io nocivas a todas as planla^oes ; cm fim, o sitio escolhido |)ara fmidagfio dos dilos rstabeleciiiienlos dove ofTerecor lodas as con- di^ops favoravc'is da pxposi^ao e do lerreiio, n deve ser provi'do d'agiias convenieiites a lima ciiltiira por sua naliireza e deslino iiiiii vaiiada. A direcySi) d'esles cslabelecimen- los dcv(! ser i-ntrcgiie a pessoas da plena coii- fian^a do Governo, e que leiiham os co. iihcciincnios siifficicntcs para priiicipiar e conliiiuar com a cidliira c mulliplica^ao dos vegelaes que para alii forein eiiviados, bein corno para I'azor os necessarios apontainenlos iiielercologicos e d'oulias observa^oes pro- vcilosas, que por for^a liaviam de rfsullar das varias lenlativas de eullura. Probidade, inclina(;ao para occupancies desle genero, e coiihecimeiilo', moniienle praclicos, das dif- f'ereiiles niatiipula^oes de jardinageni, sao qiialidades itidispensaveis para quein dirigir fimilliantes instiliilo-. Defmis d'eslabeb'ci- dos OS jardins, sera eoiiveniente dar o Go- verno de Sua Mageslade ordens aos governa- dores das pn vincias ultiamarinas, bem conio a todos OS consules de Portugal em paizcs estrangeiros, para estes diligenciarem a ac- quisi9So de seineiiles., ccbolas, luberculos, eslncas ou pes de quaesquer planlas inipor- tantes, rcineltendo-as com a pos-ivel brevida- de e convenieiilemenle acondicionadas, ou directamenle aos ditos jardins, ou a Lisboa, para d'aadas de parte alguma, e podendo ser observadas das jjncllas do col- legio, que quasi todas para all cacm ; riao faltando para inaior desafogo uma extvnsa e bom siliiada cerca, aonde, acom|)anliadas das mestras, as meninas podem dar mais longos passoios, lao reconimendados como liygienl- cos, ))ara o desenvolvimenlo pliysico, e con- fcrvacao da saude. As Religiosas Ursulinas, querendo satis- fazer aos encargos de sou Inslitulo, que lein por fnn e objeclo principal a ueducagao e jiistruc^ao do sen sexo n e desejindo cor- responder a protec^ao regia, com que sempre teem sido, e ultimatnente lao soberanarneiite foram conlempladas ; bem como ao benigno acolliiinento, que teem recebido do publico, eslao decididas a ein|)regar os meios ao sen alcance para aproveilarem as connnoJidades d'esta bella casa, a fnn de n'ella eslabelece- rem todos os ramos d'ensino necessario a suas edueandas; e aperft'i(;oarem o dos eslu- dos e prendas, que acUialmenle professam, e constam do seguinte : PROGRAIIMA DO KNSINO. I. ENSINO UELIGIOSU, MODAL E CIVIL. Doulrina clirisia: catecliismn : piepara^-fio para a primeira couimunliao: piactica dos exercicios religiosos e cliristaos, clc. Jixplicac^ao succinla do Evangellio : applica- rao moral de todas as suas niaximas aos uses da vida, etc. Priiicipios e regras de civilidnde, compre- hendendo os elementos do estilo eputolar, «lc. 11. EXSmO LITTERABIO. SKC(,'AO I.* Ler, escrcver, e contar ; Grammatica Por- lugueza. Grammalira Franceza, Italiana e Ingleza. SECIJAO 2.* Dcsenho linear coin applicagfio aos lavores e bordadura. Geogra])liia : Cliorogrnpbia I'orlugucza ; no- ^oes do Cosmogia|)liia (iralado da cs- pliera) e de Cliroiiologia. Historia: Sagrada do antigo e novo Tosta- mento. Profaiia, especinlmente a Portugupza. ftlytliologia (elementos oscolliidos). SliCI^AO 3 * Principios, regras e uzos geraos de econouiia domeslica (governo de ca-a). Nojoes elementaros de Hygiene. Ill ENSINO AIITISTICO. SEC(,"AO 1.* roNTO DE MALiiA. I'azer meia : rendas : cro- chet, espigar : fazer luvas, e variedade d'obras de la, etc. cosTuiiA. Cozer : talliar, e marcar, etc. BORDAuunA. Bordar de branco; a CDrdotmel : a cabello, etc. : de nializ ; a sedo : a froco: a escomillia: a ouro e prata: ;l niis?anga: a p6 de la: pelit point: em vidro, de vaiios modos; em madeira, etc. SECrio 2.* MUsrcA. Canlar e locar piano. FLORisTiCA. Fazer flores : c de cera. uEziiNHO. De figura, paizagein, etc. COXSELIIO SUPEKIOU DE LNSTRUCC-XO PUBLICA.' INSTniCfOES PAHA OS COMMISSABIOS DOS ESTIDOS. Art. 1.° As atlribui^oes dos commissarios dos esludos acliatn-se prineipalmente iiidica- das nos artigos 78 e Ifil do dccreto de 20 de seteinbro de I844, e podeui reduzir-se as funcjoes de reilores dos lyceiis, e u vi- gilancia edirec^fu) dasescliolas de ensino pri- mario e secundario com suliordinn^'ao aocon- sellio superior de instruc(;ao publica. Art. 2.° Como reilores dos lyceus , iii- cunibe-llies o desempenlio das f(inc(,oes mar- cadiis nos artigos 63 e segiiinles, do decrelo de 17 de novembro de 1837, c em oulrosi logares da legijlai^ao sobre a in^trile5aa, da qunl devein obler perfeito couliecimenlo ; e n'esle sentido perlence-llios : ^. 1.° Fazer execular as leis, regulamen- los e mais providencias, por (|ue se gover- naai os lyceus ; e evilar qualquer relaxa^ao, ou abuso, que descubram nessa execurao. §. 2.° Convocar o presidir aoi conselhos dos lyceus seuipie que o ^ulguem convenien- le , ou llies for requerido por algum de sens membros, nllegando molivo juslo. c^. .T.° Piopor ao consellio do lyceu as providencias, yuejulgarein necessarias para promover o melborainenlo dns esludos, ou seja na parte lilleraria, ou seja na discipli- nar, ou na ecouomica. §. 4.° Fazer execular as resolucjoes do consellio do lyceu nos objeclos de sua com- ' DuciiTenlo n.** 1 cilado a paj. 123. 147 pctencia ; e propor em nome d'clle ao con- selho superior o que depeiider de aucloriza- jao superior. .' An. 3.° Na meiina riualldade compele- llies fazer proceder, e pie^idir ans exainei doi profesjores , que pieteiideiii liahilitar-se.asslu) para as. cadeiras dd en^iiio publico, coiiio para etHinar p.irticulanneale , guiando-se pelas )M*lr!ic'c;('ie6 e prop:raiiiiiKis respcclivos. Deere- lo de 20 de seleiiibrn dt- iJJlt, artifjo 18, e de 15 de hoveinljrri de 133lj, ailigo 13. .. Art. 4.' Os spcrelarir)s dos lyccus servi- jf'io de sccrelaiios do collHlli^sarlo unicaiiieii- fe para aqiieiles ados, (pie nao pode'rem ser expedidos sciii secrelaiio, como sfio oi exaiiie-^. § wiiico.. Nas capilaoi de dijlrjcLi), otide B.io esl.iverem aindu coiisllluidos os Ivccuj , para esles actos, os coininis,-ario5 rcqiiiailaruo iun offieial do governo civil, que s rva de SPOielario, liecn com'O a casa e uten i; neces- saries para o inesuio tun. Art. 5.° Em qiianlo a diiecijao do ensiiio primaiin e sccuiidaiio, compeleni-llics as func(,'6es, que pido arti^o 37 do decreto de 15 de iiiivemljro de 183(), liuhain sido fi\a- das para as cornmissocs inspetloras , a salier: guiar e dirif^ir os profe. sires , assim de pala- vra , como por e^cripto, no que diz respeito ao ensino; provideuciar nosrasos de sua coin- petencia ; dar coiila ou represenlar ao con- sellio superior ludo o que a e\ceder ; cumprir as ordens d'esle; inforinar com exaclidao as aucloridades; e formal izar e renietter os re- latorios e mappas estali5licos uos lermos do artigo 37 do repulamealo do mesuio conse- llin de 10 de novenibro de 1815. Art. G.° Para satislazer estes fms , e es- pecialmenle o rclatorio , cpie devem remetlcr ail consillio por occasiao das duas couferen- cius ordeuadas no arligo 21 do mesmo re- gulamentfi, dever.'io em cada semestre fazer anlecipadaminile uma visrla a lodas as e.^clio- las do scu iliitricto, na (pial procurarfio olitor perfcito cordieriuienlo do estado asim pes- joal , como mateiial e lillerario d'cljis, iio- laiido as alieragots , (pie iios intervollos fo- rem occorr(Uido, ' §. 1.° Em quanto ao pes:^oal : nolar'io em fada uma o giau de meiecimeiilo dos pro- fessores nas Ires considera^oes da sua capa- cidade lilteraria, do zelo e aplidiio para o eiisino, (! o do sen compoitamenlo moial e rellgioso, indicando, ipiaiido o julguem ne- Oessario, os faclos comprolialivos do sen juizo: inarcando oulrosini o nunieio e aniueiicia dos moniuoij a sua regiilaiidade e aprovei- lamento, o iiumero d'elles, (pie aiinualriien- le saem siilticienlcs, e o tempo, que ordina- riamente paia iaso gastam. '^. 2.° Em quaiito ao material : nolarao se a escliola csla collocada na posiyuo mais lavoravel, attentas as circumslancias para a concorrcncia do maior numcro d'alumnos; se em casa puldica, ou particular do profes- sor ; a capacidado e disposi^oes deila, bem como a mohilia c iitonsi's; com outras qoaes- quer oliscrva^'nes. § 3 ° Em qiianto ao litlerario e ccono. mico: exaininaraoo methodo de ensino nsado na escliola, se o mutiio, se o simultaueo on 0 mixto; a mancira por que o professor o desem|)eulia, e os sens resiiltados; as differen- tes classes dos alumiios, e as di^ciplinas, quo nejias se ensinam, com especialid.tde as que dizem respeilo a moral e religiio; os livros, labelias, improssos e maniiscriptos, de que se usa na escliola, interpnndo o sen juizo sobre elles, e lembrando e aconsclliando os mellio* res; averiguarao outrosiin a djjciplina da e-clinhi, as lioras das liijfV's, e o inodo" de as combinar com os traballios e nocessidadcs dos povos; c promoverSo a praclica dos exa- mes annuaes feil(.s com a pnblicidade e im- porlancia propria a estimular os meninos, Ci sati-fazer os paes. ^. 4° li toda! eslas observaroes torao uui registo c(mf6rnie o modelo junto, que os liabilite para ministrar iiuae3(pier esclareci- inenlos que Hies forem pedidos, e donde extractem os mappas eslatisticos, que dcveni remelter ao conselbo superior nos termos do artigo 37 do regulamenlo. Art. 7.° I'or occasiao das visitas, ou eni outra qualquer, que llies parc(;a favoravd, e sem inconvenienle para as li^oes, farao reunir aquelles professores, que llies parecerera mais zelosos e mais habeis para o fun de confe- rirem com elles sobre a excellencia dos dif- ferentes metliodos, sobre os nielliorcs com- pendios, reforma da dlsciplina escliolar, e meios de a fazer observar, e em fun sobre quaes(]uor niellioramentos, que se possatn effecluar, ou seja no syrloma geral do ensino, ou no especial de algumas escliolas, beni como sobre a mancira de propagar nos povos o gosto da in-truc(;.'io. Art 8." Promoverao o estabclecimento dp a^socia5(^es de beneficeiicia, e fiindaji'cs de escliolas e ca-as d'asylo, dando parte ao coiisellio superior nos termos do artigo 23 do citado decroto de 20 de si^leinbro. Art. 9.° Ivm quanlo as escliolas e col- legios particulares, cxecularlio, na parte que llies diz respeito, o dispo=to no artigo 83 o scguintcs do mesmo dcerelo. § xtnico. Tacs escholas e colltgios s.mo sujeitos tanibem a inspec^.'io e virita dos coin- missarios, e dovem fazer parte da estalistica em mappas esprciaos. Art. 10.° O que fica dito a respeito das escliolas de mcninos, t: lambem appiicavel as escliolas do sexo feminine, lendo em c(^iniide- ra^ao a parte, que perlence as prendas, que n'ellas se devem ensinar. Art. 11.°" Para a execu(;,'io d'estas func- ^(^es poderao, no case de impedimenlo, os couimissarios fazer-te coadjuvar pelos sub- delegados, de que falla o artigo 161, §.2, do citado decreto de 20 de setembro; mas em todo o caso sob sua propria reponsabilidade. 148 OBSERVACOES METEOROLOGICAS , FEITAS NO GABINETE DE PJIYSICA DA CMVERSIDADE DE COIMBRA. Anno lie 1854 — 3 E- E B Preasiiu atiuuspherica ao meio dia Eiitadu lij'jfromclricg da utiiiospbera au meio dia Me. de Julho Alliira baro- nu-lrica a 0." centi;j. Tensrio do va- por almosphe- rico. PressHo do ar sccco -1-2 O S Quaotidade (Ic va. por a(|aoio conlidu em Bm nielro «u- bicu dc ar. Dias Grans cenliff. Milliuietros Millimelros Millimetrus Grammas. 1 20 754,677 13,004 741,673 0,7551 12,07 N. 2 21 753,075 13,902 739,173 0,7590 13,71 N. 3 20 753,461 13,290 740,171 0,7676 13,15 N. 4 20 753,461 13,125 740,336 0,7581 12,99 N. 5 SO 750,667 13,993 736,674 0,808i 13,84 S. 6 19,5 750,738 11,678 739,060 0,6951 11,57 S. 7 19,5 754,538 10,940 743,598 0,0512 10.84 N., 0 19 754,064 10,976 743,088 0,6739 10,90 N. 9 19 753,454 10 8S0 742,034 0,6643 10,74 N. 10 19 752,692 11,217 741,475 0,6823 11,14 N. 11 19,5 753,901 11,732 742,169 0,6933 11,63 N. 13 20 753,461 12,073 741,388 0,6973 11,94 N. 13 21 749,248 12,439 736,809 0,6791 12,«6 N. 14 20 749,776 11,835 737,841 0,6J36 11,71 N. 15 20 752,982 12,580 740,402 0,7266 11,45 E. 16 21 750,888 13,058 737, B30 0,7129 12,83 E. 17 22 755.454 13,419 742,035 0,6911 13,19 N. 18 21 750,888 11,705 739,182 0,6391 11, 6t N. 19 21 749,248 11,971 737,277 0,6336 11,00 E. 20 19 753,302 11,282 742,020 0,6937 11,20 O. 21 24 752,892 16,789 736,103 0,7700 16,39 E Si 24 752,892 15,291 737,601 0,7013 14,93 O. 23 24 752,133 17,350 734,780 0,7957 16,94 O. 24 22 754,206 ]5,98i 738,222 0,8232 15,71 O. 25 22 754,460 15,782 738,678 0,8128 15,51 O. 26 22 753,393 15,026 738,367 0,7739 14,77 N. 2T 23 752,305 13,434 738,872 0,6529 13,16 N. 28 22 753,749 12,871 740,878 0,6629 12,65 N. 29 22 753,749 14,044 739,705 0,7233 13,80 N. 30 23 754,084 15,552 738.532 0,7558 15,23 O. 31 22,5 750,200 14,905 735,795 0,7451 14,63 N. niedi.i } edien'te do consellio nao se acham alrasados, nao obstante a falta que houve de alguns vogacs ordinarLos, de urn official do quadro da secretaria, e de meios ipecuniarios. 0 consellio tcm colligido dos livros ele- mcntares naeionaes, os mais adaptados ao ensino da instruccao primaria ; e annualmentc tem communicado ao governo de V. Magesla- do a colleccao aN 151 aft." 37 do decreto dc 10 dc novcmbro de 18iS, ainda nao foi possivcl oblcr, com rc- i^ularidade, os csclarccimentos e niappas esta- disticos, que dcvem scrvir de base ao rclatorio geral da instnirrao publica. Sao todos inconi- Sletos OS rclatorios dos commissarios c chefes e eslabelecimentos litlcrarios: faltam mappas dc frequpncia c aprovcitamcnlo dc 337 pro- fessorcs d'instnirrao primaria; do niaior nu- liittro dos d'instiucfiio secundaria ; e dc todos OS cstabclecimciUos scientificos dc Lisboa. Esperava o conselbo que cm septembro ao menos se cumpiissc rigorosamcnte o dcver, que de todo se csquece nos outros periodos niarcados no cilado decreto. Infelizmente assira nao acontcce; e julgando indispensavelalgum excmplo de scveridadc, sem o qual nao pode ja nutrir espcrancas de eonseguir o cumpri- ihcnto da lei, nao dissimulara a falta em que cstao OS delcgados das Ilbas Adjacentes, que nunca ate agora satisfizeram as citadas dis- posicocs, e actualmente collocam o consclho na impossibilidade de dar noticia do estado da instrucfSo n'aquella parte da monarcbia. klkm dos trabalhos de servico diario, e da cxpedifao de portarias, officios, e provimentos tcmporario? a muitos professores d'instruccao publica c particular, tem o conselbo rcmettido . ao governo de Y. Magestade, desde dezembro de 1847 ate ao principio d'este mez, 103 consultas sobre objectos de intcresse geral ou pcssoal, expedido 3 circulares aos sub-delega- dos; e discntido 2 projectos dc regulamentos, ^ucprepara para submettcr a regia approvacao de V. Magestade, alem do que fdra offereci- do em consulta de 26 de maio do corrente anno para a administracao da bibliotheca de Braga. Contimia. APONTAMENTOS BIOGRAPUICO^ SOBRE 0 NOSSO INSIGNE POETA LlIZ DE CAMOES. Coiitinu-iilo de pag. 139. Simao Yaz de Camoes, filho do dito Joao Vaz de Villa Franca e Calharina Fires, viveu em Coimbra, e tendo servido na guerra d'Africa e na Marinha', esteve ausentc d'esta cidade como era indispcnsavel a quem andava em ser- vico do rei e da patria alguns annos, duran- te OS quaes e natural passasse seu pae a se- gundas nupeias com Branca Tavares, com a qual ja em 1328 se achava casado; e devia seu neto Luiz de Caraoes ter neste tempo quatro annos, creando-se em casa do avo que entao residia nesta cidade", e aqui havia ' Bispo lie Viieii, lora. 1 |ia(f. S7 c £8. ' Cit. bispo (Je VisL-u, p;ip. S9, fallando do anno tin que o nosso poeta natceu, di2 = o anno do jeu naicimrn- lo nao fui o de 1517 .. .. mas o de ISSi. = de continuar ate que nuidando-se a universi- dadc de LisbOa para Coimbra ein 1537 para 1538, nclla comcfaria os sous cstudos por esta occasiao, pois devia conlar ja 1.4 annos, tempo em que urn talento pcnctranle, e urn engcnbo dotado de uma vea rica e fina, em breve cstaria prompto para com bom aprovci- tameiito se aperl'eicoar nos cstudos superiores, e continuar estc longo tempo que nesta cidade passou, como elle diz.' Ausentando-se depois dc Coimbra, provou todos OS contratcmpos da forluna, e os accr- bos fructos de Marte, como elle proprio conta*, que 0 obrigaram a sair do rcino, e a ir nas avenluras do mar e terras estranbas buscar a fortuna, que a sua ma sorte Ibe nao pode fazer propicia. NSo podemos .saber o anno, cm que saiu do rcino; mas, segundo as mais discrctas c precatadas conjcciuras, tendo estc aconte- cimcnto tido logar depois de 1530, foi neste nicsmo tempo que sua tliia, mcia irma de seu pae, Isabel Tavares, rcuovou em si o prazo das casas na rua dos Coutinbos (/jue como ja dissemos naquelle tempo se cbamava da Porta- nova), vislo ter succcdido nelle pela morte de seu pae; o qual possuiu por dois annos, findos os quaes renunciou as vidas e dircito que nel- las tinba , a favor de seu irmao Simao Vaz de Camoes, fazendo-as reverter a seu irmao pri- raogcnito, mediante uma doacao, que estelhe fez de muita parte de sua fazenda para ella ca- sar com Alvaro Pinto % como consta dos docu- mcntos extraidos dos livros dos emprazamen- los da Slide Coimbra; documcntosque mostram a qualidade da pessoa e familia de Simao Vaz, por nelles se dcsignarem as coudecoracoes que tinha, e a sua rosidcncia nesta cidade; e que por arranjos domestiios, c para casar a dita sua irma com o dito Alvaro Pinto, bavendo-lhe ccdido a maior parte da sua fazenda, ella Ihe ccdeu as casas de que se lavrou escriptura em 3 d'agosto de 1552 \ para ncHas viver, po- dcndo-as nomear a um filbo ou filha que ti- vesse ate a bora de sua morte. Pareee que por cste novo conlracto seabria um novo caminho para a successao de Luiz de Camoes na casa paterna, e nos mais bens em que devera ter quiuhao; mas a forluna, que sempre Ihe era avessa, em breve Ihe tornou a fugir, porque Simao Vaz, auscntando-se para o Porto, alii esteve residente alguns annos, em quanto o filho vagava pela India, c com a sua prolon- gada auscncia, a casa se arruinou, e Luiz de Camoes, tambem ausentc, ncm tractou, uem podia acudir ao dcsmanlelamenlo dos bens, que a prolongada ausencia dos donos dcixa perder, e em breve cair em ruinas', ate que voltando outra vez do Porto com animo de ' Cani;ao IV. ■' Can^lo XI. ^ Vej. o duciimento n " 2. * Dociim. cit. D.° S. ' Vfj. o dycum. n." 3. 152 residir nesta cidade, novamente requereu ao Cabido senhorio direclo das ditas casus iuiio- vaiao do lonlrai'lo omphytfutico por mais ou- tras tres vidas, alcai das ([ui' jii tiiilia, alteii- dendo a niuila ruiiia em quo o predio so aclia- va, e a niiiila despcsa (luc iielle liiilia de fazer, 0 que tudo o luesiuo (".aliidii llii- concedeu por escriptura imu 22 de seleiuhio de loTO '. Nem uesta, nem na anteredenle escriptura lavrada a 3 d'agoslo de lii."i2, se faz nicu(;ao da mu- Iher de Siniao Vaz, que dcvia sor Anua de Sa e Macedo', sigual de ser ja fallecida nesta ultima data; nem tao pouco se falla era lillio que detla houvesse, e este slleiicio nos faz prc- sumir, que ou desgostoso Simao Vaz de seu rtlho por algum verdor d'annos, (que nas suas limas clle da a entender) o teiia feito enibar- car para a Africa, c na votla daqui para a India, o que teve logar cm 1553 ' ; ou que a ma sorte do nosso pocta, seu genio fogoso c insoffrido, o faria despresar todas as reiacOes doiuesticas, e os lacos da propria convenien- cia, e abandonado de sens mais proximos c familiares parentes correr a discripcao e von- tade de sous caprichos, exulado de todo da fa- milia a que pertencia. Nem podemos imagi- nar outra coisa, vendo preferidos os ramos col- lateracs da madrasta ao proprio (ilho, verda- deiro successor dos bens paternos, quando voltando o poeta da India, e sendo seu pai ainda vivo, se nao bouvesse estas anteceden- cias, nao deixara cair na miseria o proprio fdho, de qucm lanta honra llic vinha, com a publicacao dos Lusiadas, que viram a luz pu- blica em 1372, e no mesmoanno, nova edicao; foisa original nos annaes da nossa litteratura! Tao grande foi o entliusiasmo que com esta produccao elle adquiriu, que todos a portia demandavam um exemplar da sua epopea, o que egualmente demonstra o bom gosto e aprc- co da nossa litteratura no seculo XVI *. Teve Joao Vaz de Camoes, d'alcunba o do Villa Franca, outro irmao por nonie Pero Vaz, d'alcunba deCoimbra, ambos foram cidadaos, emoradores nesta cidade'; e Pero Vaz, como se estabeleceu no Algarve, abi esteve por escudeiro do conde de jMonsanto, como se diz na escriptura de 9 d'agosto de 1330. E por que aqui so falla no conde de Mon- santo cm cuja valiosa proleccao se acbava Pero Vaz de CamOes, farei uma pequena di- gressao sobre esta familia, a quern o nosso poeta foi devedor de mui assignalados favores. Eram os condes de Monsanto dos princi- paes, e mais nobres fidalgos portuguezes. A sua ascendencia (seguindo D. Luiz Salazar no * Docmii''nto cil. n." 3. '■' Ri'pu lie Visi-u cil. |i.i;;. S9. * lacm |>.i:r. -if} e se;,'uintPs. * li. pa-'- a? .= qii.uicio C.iinues app.irccia ii.is riias lie Lislioa [innivain as peFsoas, tjue iam pnssanilo a vel-o e nao cuuliiiimiam mm quo priiiniro fivi'sie ilc-sai>|iarc- ci'lo. = * V'-j. o djciimtjily D." 1. livro intilulado — Glorias da Casa Farnese — ao mesmo tempo que se entronca na estirpe real de D. Garcia, fillio de D. Fernando o grande, rei de Castella, perde-se na escuridade dos seculos: mas approximando-nos mais aos leuijws modernos sabemos, que o 3.° conde de Monsanto 1). Pedro de Castro, foi alcaide mdr c fronteiro mor de Lisboa nos reinados de elrei U. Manoel e D. Joao III ', e era ncto de I). Fernando de Noronba, 1 ." marqucz de Villa Real, |)or ter sido sua mae D. Joanna de Castro casada com D. Joiio de Noronba, iilbo do dito marquez.' Seu Iilbo D. Luiz de Castro 4.° conde do mesmo titulo, casou com D. Violan- te de Tavera, lilba do 1.° conde da Castanheira D. Antonio d'Ataide, c de D. Anna dc Tavera (da casa dos condes dePortalegre). ^ Sous ne- tos com 0 senborio de Caseaes passarara a marquezcs d'este titulo, e havendo faltado a descendencia dirocta acba-sc boje encorpora- da a casa e titulos na dc Niza.' Deste tracto mais familiar e frequente dc Pero Vaz de Ca- moes, tbio do nosso poeta, com o conde de Monsanto nasceu senao com eerteza, prova- velmente a eslremada amisade com que Luiz dc Camoes foi bonrado por D. Antonio de Noronba, Iilbo dos condes de Linbares, e dos mais bdalgos seus parentes, grangeando com ella 0 favor que na India Ibe deu D. Constan- tino de Braganca, e D. Manoel de Portugal, da casa do Vimioso'' favor que elle retribue com agradecida correspondencia nas suas eclogas, elogias e sonelos, cm que se nota a amisade ou antes veneracao que tribulava ,9. tao elevadas personagens. Voltemos porem ao nosso assumpto. Casou 0 sobredito Pero Vaz no Algarve com Brites Gomes, alii deu princfpFo ao rarao d'algumas familias nobres, que ainda boje aparontam com a do nosso poeta pelo lado d'este seu tbio, pois que a descendencia de seu pai f!Om elle se perdeu, licando so a de Filip- pa Tavaros, irina de sua madrasta Branca Tavares'. Sabia, e discrcta provisao da Pro- videncia, que nao querendo croar outro genTo egual ao nosso poeta na linha desccndente de ' F.iria e Leraos. Pulil. Mor. e Civil lom. i.° pag. .'lOl. - Moreri Dicriitn. art. — C.islrn — ondc refere esta* nolic'i.is que alcan(jMm niais do que as rcferidai na Hislo ria G'Mifaio;;. da C. K , e pw is80 as vamos sejruinilft. - Proias da Hisloria Geneal. torn 11 cap. 5 11.° 15. paj. 9:i0. ■• MiMiiorias para a Hiat. Eccles. do Alsrarve pcio socio da Aculemia rjilta Lopes, 18*11 p.m. 493 onde se dil adrainislr.ir a casa de Moiisanlo o vinnila que o bispo .\lao insliluira em Lisboa na cjreja de S. Barlholoiteir, e hoje a casa de Niza. > Sobrc oi fa\ore3 dost'S fldaljos veja-se e que dil o bi«po de Viseu na s'la Memoria citada no lom. 1 dai sriag obras pa:j. ."8. e sobre os versos aos liilul^'os leani-se as Rimas rle Camoes mi3 lojarea ai)onlados, aonde d'clles faj (special Icnibrant;a. ' Sua irma Isabel TavareJ, que deiio casada com Alvaro Pinio, presume nilo ler lido g.-rarao , por que 0 resto dos bens de SimiSo Vaz, ludo passuu aos collaleraM dctia, ate qi-,c »c cslir.^'uiu de lodo cm 1643. 153 sua familia com elle terminou toda a sua poste- ridade. Sobre a qualidadc de sua pessoa nao so era lidalgo d'elrei, seu pai SimaoVaz; senao tambcni seu avo Joao Vaz, para cuja prova basta so ver os documenlos juntos a cstes apon- lamentos, ondc sao dcsignados por escudeiros, e cavalieiros, sohre cuja norao diz o Elucida- rio' — Em quanto os fidalgos sc nao armavam cavalieiros serviam na milicia com o nome de escudeiros. — Ora sendo Joao Yaz designa- do por csta qualilicacao nos documenlos que oITercccmos, lica manifesta a sua nobreza na- quellc tempo. Da dcsccndcncia de Pero Vaz de Camoes, que se estabeloceu no Algarve, da testemunho com outros o citado e eruditissimo bispo de Viseu% e porque nao e do nosso assumpto descrcvel-a, passo-a cm silencio, ate por nao ler visto documentos, que me podes- sem por a salvo d'alguns cnganos, excepto o que no seulogar apontamos, e quedemonstra a sua existencia no reino do Algarve. Ora ten- do seu avo vivido nesta cidade e designando- se cidadao, assim como seu pai Simao Yaz, tendo nella bens e propriedades, grandc pre- sumpcao me lica (para nao dizcr certeza) de ter sido a sua naturalidade d'esta, e nao da cidade de Lisboa. Faria c Sousa, apurado in- dagador d'anliguidades, tendo-o dado por natural de Santarcm, na segunda vida que deu do nosso pocta, muda de parecer fazen- do-o natural de Lisboa. DomingosFernandes, na dedicatoria das Rimas que offereceu a uni- versidade de Coimbra, e publicou em 1607, o declara natural d'esta cidade, dizcndo — pois nascendo elle nessa vossa cidade de Coimbra ^expressao que denota estar certificado mais que OS outros biographos da sua naturalidade; 0 que ludo combina muito com os documen- tos que nestes apontamentos oderecemos, a ver se algum mais habil indagador pode descobrir outros que nos soltem as difficuldadcs, e escla- rccam as trevas em que nos achamos envolvi- dos. Em lS8i ja Simao Vaz era falccido, e as suas casas tinham passado para urn parente de sua madrasta, que casou com sua segunda mulher D. Francisca, a qual tinha ficado her- deira de seu marido Simao Vaz de Camoes, e por esta razao encontramos uma determinacao do Cabido concedendo a um sou conego Fran- cisco Pessoa, 0 dircito de as revindicar da mao do Dr. Roque Percira Tavares, que as possuia, por sua dita mulher D. Fraheisca, viuva do sobrcdito Simao Vaz. ^ Daqui se conclue que tambem Simao Vaz, dcpois que voltou do Porto em 1570, novamente casara nesta cidade com uma D. Francisca, cujos appellidos mais se nao podeni saber pelo apoucado do assento, e falta noticiosa que encerra. Nao encontramos o re- sultado e decisao da queslao que o dito conego Francisco Pessoa intentara contra o referido ' Vilerbo. Eliici,!. arl. C.ivallciro, no Hm. ' Mem. d'CamSes nns suas ubras lorn. 1. paj. 88. ' Vcj. o (locumenio n ° 5. doutor. A.cho porem que era 160b esle requc- rSra ao Cabido para nao emprazar nmas casas na rua de S. Christovao a um seu cunhado, sera Ihe darem vista ' do requerimento e pcr- tensao do dito cunhado, e em 1628 se encon- tra outra pertensao de Manoel Corr6a, a quem 0 Dr. Roque Pereira tinha deixado o direito de renovacao do referido prazo, signal de que nesta data ja era falecido, nao se sabcndo se tambem teria tido egual sorte sua mulher D. Francisca, viuva do dito Camoes. Tacs sao as noticias que encontramos nos emprazamentos da cathedral, unicos que descobrimos, c assim mesmo ainda minguados de csclarecimentos maiores, que muito se desejam para poder documentar uma hisloria, que tao cara se torna a quem tern amor pela patria, e p«la gloria nacional, de que o nosso poeta foi estrcmado admirador, e sublime pregociro. UIGLEL BIBEIRO DE VASCONCELLOS. CoHlinua, NOVAS TABOAS DA PARAI.LAXE DA LUA. FOB J. C. iDtHS. Pela comparagao da parallaxc das taboas lunares de Burckhardt com a parallaxe que Dainoiseaii deu em suas taboas, Adams acLou que miiilas das peqiienas equajoes da paral- laxe deduzidas das taboas de Biirckliardf, difTeriain comj)letarnente de sens valores tbeo- ricos dados por Darnoiseau. Foi enlfio que elle soiibe Wr ja Clausen advertido (vol. XVII doi ^stronomische Nachric/ilen) que liavia iinja difVeren^a entre as equajoes da parallaxe de Burckhardt c as de Biirg e Dacnoiseau, ii'uma analyse comparalivad'eslas taboas. A inexaclidao dos coefficientes de quatro das pequenas eqiia(;oes da parallaxe, explica Adanif, suppondo que Burckhardt einpregou por engaiio a longitude verdadeira em \ez da lonj^itude media do sol, na formayfio dos argumenlosda evec^ao eda variacSo. A respei- lo d'uma outta d'eslas equagoes o seu coef- ficlente foi lomado com signal contrario, e finalmente n'outra equa^.io mais o arguinen- lo c falso. No toino X das Memorial da Sociedade real ostronoinica de Londres apresentou Hen- derson uma nova delerniina^ao da parallaxc da lua por meio das observaCj'oes que tinha feito no cabo de Boa Esperan^a, e das cor- respondenles feilas em Greenwich e Cambridg; para constanle da parallaxe achou 31-22",'l6, comparando a parallaxe observada com a pa- rallaxe calculada pelas taboas de Damoiseau. Mas como a parallaxe das taboas e estricta- mente o seno da parallaxe reduzido em segun- ' Documenlos n." 5 e 6. 154 ilos tl'arco, e necessario por isso lirar 0'',15 Je oi28",46, o que rtidaz ic-gmido Henderson a 3+83'',31 a constaiUe da parallaxc. lisle reeullado estii em ptirfeito acconlo com o valor de 3432'', o2.> que Adams Q!)leve fundando-se tips llieorias de Daiiioisoau c Plana, Triipsforinando a expiessfio da parallajo dada pela llieoria, a lun de dopendor dns arjjnmentoi de longiliide de Udrckliaidl, Adams cliegou u se^iiintu formula, em que os argumenlos da evec(;iio, anomalia e varia5ao sao expresses por E, A, V, c os argnniento5 dus pe(|iion.i6 oqua^oes por sen niimero, coino em Uiirckliardl : 0",3t— 0'',34coi (1) 1,73 -4- 1,73 cos (2) i.U ■+■ 1.4G cos (4) 0,87 -1-0,87 cos (5) 0.71—0,71 co» (6) 0,11 — 0,11 cos (7) 0,62 — 0,62 cos (8) 1,81—0,05 cos (9)-)-l",81 cos2 (9) 0,21 — 0,21 cos (12) 0,16 — 0,16 cos (13) 0,14 -t-0,14 cos (16) 0.12 -(-0.12 cos (23) O.lO-f-0,10 cos (25) 36,81 -H 37.22 cos (E) -^0".41 cos 2 (E) 55'30,92 -4-187,14 cos (A)-h 10,27 cos 2 (A)- 2(»,18— 0,94 cos (V) -1-26,34 cos 2 i-0'',64 cos 3 (A)-i-0'',OV cos * (A) (V)-+-0.t6 cos 4 (Yj. N'esta formula desprezou-se urn pequeno termo, menor que 0",01J. A peqiienissima dilferenga que lia enlre a somma 3422",29 das constantes da formula, e a constante da parallaxe adoptada por Adams, e uma consequencia da raudanja na forma do desinvolvimento. As novas taboas de Adams foram por lan- toconstruidas pcla dila formula com os mes- nios arsumenlos que as laboas XXXVf, XXXVll, XXXVII!,e XXXIX de Bur- ckliardt (edi(,ao de Coimbra). Assim que, len- do-sc formado os argumenlos 1,2, 4, etc. c os argumenlos da evec^ao, anomalia e varia^.'io, dovcm procurar-se com elles nas taboas cor- respondenlesde Adams, as equajoes da paral- laxe liorisontal equalona. Adams deduziu laml)em a formula por que foram construidas as laboas da parallaxe de Burckliardl, e acliou a mesma que vem na edirao de Coimbra a pag. X da explica^ao. Burckliardt diz exprc^samcnle na inlroduc^ao das suas laboas ler seguido quanlo a. paral- laxe a llieoria do Laplace; porem omiltiu a forma que Ibe deu apropriada aos argumen- los que adoptou. O emprego da longilude verdadeira em vez da longilude media do sol, produziu na for- mar.^o do argumcnto da variajao, erros nos copfCicienles das equaooes 2 e 12, e na forma(;no do argumenlo da evec^.io, erros nos coefficicnles das equa^oes 4 e 13. Os er- ros da parallaxe provenientes d'aquellas equa- ^ocs, serao geralmcnle grandes em mar^o e setembro, e pcquenos no printipio de Janeiro c julbo, cm que se da coincidencia quasi enlre o logar verdadeiro e o medio do sol. A qua^.'io 6 foi tomada com signal con- Irario, e na equa^lio da varia^'io parece Icr-se enipregado 3 (V) por 4 (V). O erro total das taboas da parallaxe de Burckliardt pode cliegar a 6", independenle- ine pareceria coinpletaiiiente destiluida de fundamento. Uui liabil oliservador, pore'm, que moderna- iiiente visitiira o lago Asplialtite, corroborou cm parte aquella doulrina, sustentando queo lago cobre lioje a antiga planicie de Siddjiii. Priineiramcnle, diz Robinson, a parte meri- dional do Mar-morto dilTore complelamente, quanto ao seu aspecto, da do norle, que llic fica separada por uma especic de peninsula, quo parececortar eui dois o lago. N'aquelia parte meridional o mar e pouco profundo ; na «ua extremidade ao sudoesle ve-se uma massa de sal gemma na altura de duzentos pes, a que d.'io o iiome de I'romonlorio W Usdum, oiide Sodoma; as suas margens ao oeste e sudoesle sao planas e escalvadas. Obiervada das nioii- tanlias do oeste, aquella massa de sal gemma pode comparar-se a [or. de um rio na vasante da mare. Em segundo logar c^ta regiao e toda volcanica e suj 'ila a repeiidos lerre- motos, cujos vestigios estao aiuda frescos na rogifio do lago Tiberias, que llie fica nfio mui distante. Em terceiro logar o asphalto, lioji muito menos abundante que antiga. mente, so se encontra na parte meridional do lago, apparecendo a superficie das aguas apoz alguni abalo do terreiio; cm 1334 e 1337, por occasiao dos grandes lerremotos que dcsolarata e^te p.iiz, os ventos arrojaram sobre a praia grande quanlidadc d'aquelle bilume. Robinson admitte por tanlo a Iradi^ao liebraica quauto a destruijao por effeito dos raios celestes das cidades crimiuosas; mas a e=ta causa ajunta a acs'io volcanica, concur- rendo simullaneamente para abrasar aquel- las cidades, inflammando os numerosos depo- sitos de bitume accumulados lia seculos nos P090S, de que faz men5fio a Escriptura. Aca- so tambem estas grandes massas de bitume, exteudendo-sc por entrc as divcrsas camadas do terreno, segundo a sua stractificajao, tornavam o terreno de Pentapole um im- menso foco de inceudios subterraneos. Uma ou outra daquellas causas baslava por tanto para a dealrui^iio do valle de Siddim, c immediata formagSo da bacia meridional, resullando d'aqui o eugrandecimento do lago Asphallite. Se e»ta catastroplie se realizasse por aljalimenlo do terreno, as aguas se preci- pitariam neste abysmo formando uma nova bacia no Mar-morlo : e se o plieuomeno leve logar por sublevajao volcanica, e natural que as aguas, transpondo seus antlgos limites, se espalliassem para o sul sobre os grandes baixos, desde a peninsula de Id-Mozraa ale a extremidade do Mar-morto. A llieoria de Robinson esla tambem d'ac- cordo com a maneira por cpie os geologos consideram lioje os bilumi.-s naturaes, ou as- pllalto^, que sao conlados entre os productos volcanicos indircctos, do mesmo mcdo que o sal gemma, as erupjnes gazosas, e as fontci tliermaes, e por i^so o distincto geologo de Buch uao duvidna confirmar em muitos pontos a tlieoria do arclieologo inglcz, que um insigne poela, e um alialisado orienta- lista lao vivamenle conibateram, talvcz por demasiado escrupulo religioso. " A presenga iicstes logares d'aguas tlier- m^aes, enxofre easplialto, diz Clialcaul)riand, nao e prova suftieiente da existencia de um volcao; por tanto reporto-me pura esimplcs- 156 nienle li Eicriplura sagrada, qiianlo as cida- iles abisniadas, seiii recorrer aoi aiguinentoi plivsicos. 11 Qiialreinerc admilte a liypolbeae de Mi- cliaelis com alguinas modifica^oes, mas rc- gcila expreisarni'iile a ac^'io volcaiiica. a A catastrophe da planicede Sodotna, dizosabio orioutalisla ; n'lo pode ser o resultado de urn lerreinolo, por que eslcs iiiio deixaiii apoz de si tanta desola^'io e lao profiindos estragos ; sc lima erup<;ao volcanica, on inn lerreinolo fojsem a causa uiiica da ruina de Sodonia, e das cidades circuinvisiiilias, aquelles plieno- inenos deviam ler-se repelido no aiidar dos tempos, c Jerusalem teria experirnentndo lambem graves calrastrophes. ii Som negar- mos a for^a d'estas objecyoes, nao nos parece, com tudo, que ellas pos^aiii refular os funda- menlos da llieoria de Robinson Uma Uieoria, que poderd chainar-se philo- logica, p'-Ttcnde siistenlar com numerosascita- joes arrasladas para o assumpto, que o lago Aspliallite nao occupa o proprio logar de Pentapole. Ileland, hollandez de najao, e reputado um dos mais profundos sabedores em antigiiidades sagradas, e o auctor d'esta theoria, que mais tarde Malle Brun apoiara, e de que ultimamenle Saulcy se declarara ardente partidista. Fora na verdade grande loucura da parte dos fundadores de Pentapole, diz um dos mais illuslres adversaries d'esta theoria, se elles livessem preferido um pequeno canto de terra, encaixada n'lim eslreito valle da ardente moiitanha,a fertil planicede Siddim, cortada de tantos riachos e tao aprasivel, a pesar dos ardores do ciima, que ai^uns com- mentadores acredilam, que tora n'esta pirle da Oanaan, que Deos collocara o paraiso terreal. Nas diflerentes jiassagens de Jeremias, de Sophonia, e d'Amos, tractando-se da destrui •jfio das cidades criminosas, so se faz inen^ao do enxofi-e, de snrg,is, de lilacs, e de incen- dios, mas ningiicm igiiora que a linguagem dos profetas, e miiilas vezes my>teriosa ; e quasi sempre vaga, c allegorica, e (pie nao pode por isso ser invocada, quando se tracta deavniiar um facto physico, do niesmo inodo que iiinguem se lembroii ainda de invooar o Apocalypse para resolver uma questao de geograpliia, Osnuctores profanes ciijo testemunlio citam OS defensorei da theoria philologica, n.io pro- vam mellior a favor d'ella, (pie os livros sagradoj. A submers'io de Pentapole nao e contesta- da pelos historiadores profanos anteriores a Jose, se excepliiarmcs Slrabao e 'J'acilo. O primeiro, as*ignando sessenta estadios de cir- cumferencia as ruinas de Sodonia, parece, (]iic nao visitdra nunca a Judea, coiifundindo at(i o lago Asphallile com o Sirbon , situado no Egvpto a di>lancia de mais de sessenta leguas do Asphallito ; ncm era verosimil ijuc as rui- nas de iiina cidade sobre a qiial pezam qua- reiita seciilos, e Icvantada por uma pequeua Iribu arabe no ineio de um oasi^, podessem ainda ter, an calx) de tantos mil annos, Ires b'guas do cJrcumfereiicia. Tacito,que faz os Judeus oriiindoi do monte Ida, porqiie delle lomarain o rioiiie, nao e nesle ponio teste- niunho de maior aiicloridade. Jos(' nas siias anligiiidndcs judaicas, di/, 11 que a Sedomlcia desapparece^T, e com ella as fnntes, que tornavam esta re;;iao tfio fertil ; Sodorna desapnreceu, e o lago Asphallile oc- cupa lioje o valle tndo. " Estevam de Bysancio, geographo, que escrevia no seciilo V, fallcindo de Sodonia, (llz lambem que u esta cidade era a capital de dez oiilras, cpie jazem sepulladas no lago Asphallile. ii Por taiilo nein nos escriptores ])rnfanos, nem nos sagrados se encontraui fjrnvas suffi- cientes em abono da theoria de Ileland , que Saulcy perlende su^tentar na sua viagem as terras bililicas, loinando como ruinas da an- tiga Sodouia, algiins moiitoes de pedra brii- la, e calcinada , descriplos ja por outros observadores ao norle da monlanha dc sal. Nem essas suppo^tas ruinas podiam per- tenccr a alguma das miseraveis cidades de Pentapole, lao pouco importaiites, que uma so noiile bastara para Abrah'io as conqiiistar, e que, como a maior parte das cidades do oriente ainda lioje, deviam ser corislruidas com simples lijolos. Oi Hebreus quando con- qiiistaram Canaan, e muilos tempos depois, nfio einpregavain na constriici^'ao dos edificios publicos e parliculares, seiiao madeira e barro. Uma torre de madeira era a unica defesa da cidade Sicliem ; e a cada passo se le na Biblia a descrip^rlo dessas nie-quinlias conslruc^oes , que conslltiiiain toda archile- ctura liabraica. A lei de Moises punia com a penna de at^oite an lalrao (]ue n'uma nolle arroinbasse as paredes de uma casa , tal era a solidez que ellas liiihaiii ; e Joli diz que miiilas vezes o venio do deserto derribava eslas pobres cabanas. Eis aqui porqiie em toda a Palestina, e nas regioes visinlias nan se encontra um uni- co iiioniimeiilo, cuja exialencia remnnte a epocha deAbrahio, on mesino li de David.' J. u. DE ABREU. MOLESTl.i DAS VINHAS. Conlinuado de paj. 1S9. 11 Adnlpho Targioni e Emilio Bechi, de Floreiiga, apreseiitarain uma memoria miii imporlante sobre a nalureza da molestia das vinhas, e lornam-se por issn dignos na opiniao da coinmissao d'uma recompensa de mil ' Vej.i-se a Reeue del Detiz Uond. — Pjris 1831 — torn. VI. 157 francos. Eslos dois sabios, junlanienle com Cozzi e Tliomaz Funk, lem fello niiinerosaj analyses cliiiiiicas, que iicis parecem dignas de alteiifao. Analysarain cotDparalivaiiienle tniii- las variedades du caclioa d'uvas atacadas da inoleslia, e oulras inteiiameiito sfis, no estado secco, e normal. Fizeram la[iibeni ti.na cspecie de analyse meclianica, separando a pnjpa, a pele, e grainlia dos diversos caches d'livas, e procederam ii analyse chimica deslas diflerentes paries do fniclo da videira. Ksles auclores acliaram, qne as uvas atacadas da niolestia conlinhain \ima porcjao muilo riiaior de azote, dnplaj e ale Iripla da que exi^le nas nvas sas; no moslo e que se encontrum mais subslancias azotadas. O caclio d'uvas eonlaminado conlem n)ai3 saes mineraes, e menoi maleria sacharina C)s niesmos auclo- res analysarani latiibem oulras planlas egual- inente atacadas por diversas cryulogmas. t! N'uma ouUa meinona Ua-parini de Xapoles, de^ereve a rooleslia da viiilia com grande talenio, examinando a parasita em loclas as plla^es da sua evolu^ao, e lermina com uma liisloria mui complela da germiua- yno dos spores do oidium tuckeri, poslo que OS n.'io observou nas condi^oes normaes do seu desinvolvimenlo; por lodes esles molivos a commissao cnlende que o A. merecia, como prova de di.-linc5rio, uma giatificajao de dOO francos. u Dois outros concurrenles ilalianos sao dignos de mencionar-se pela serie debecn diri- gidas ex|>eriencias, que communicaram a so- ciedade na cnnformidade do seu programma. ii O graiide nuniero de documenlos que nos tVirarn eiiv'uidos d'aleni dos Alpes, -e a imporlancia das experienrias, que alii tern sido feilas, pode avaliar-se pelos grandes Ira- ballios de que nos occnpamos ; traballies, que revelam bem a gravidade da molestia das vinlias na llalia u Vos sp.beis, senljores, que, do lodas as experiencias, sfio as agricelas as mais diliiceis e delicadas; raro acoMtece serem ellas com- paralivas, e a ^ciencia agricola carece sempre de proceder com a maior cault-l.i li O doulor I'olli, professor de cliirnica na esciiola leclinica de Mdk'io, e Mannet Bou- zanini, ciigejdieiro civil n'aquell.i cidade, dislmguiram-se pela boa direc^ao de suas oxperiencias sobre o apj)lica^ao das dissnlugoes de sulpliidialo de cal, clilorurelo de cat, sal coMUnuiM, ^ul|lllalo de zmco, agua auioniacal, proveuicnle da rerinai,fio do gaz do carvao de pedia, do gesso em |)6, da essencia de terelientliina di-solvida em agua, eul fiui da Hgua de lavaj;em das follias de labaco, la- vagi'm, que se faz em uuia dis=olii(,-rio de sal de .'J a 4.° do areouieUo de Bi-aume. Os dois "Ijsei vadores ensaiaram eslas diflerentes dis- solucoos n'uma vmlia, applicando-as a algu- uias videiias collocadas no mcio d'oulrns, a que iienliuin lialamenlo se fizera. De todos I ales remedios, a agua do Ubaco foi o unico que deu um resullado satisfactorio. Seria curioso indagar se no emprego da agua do labaco e'a nicolina que obra, come nos julga- mos ; por que n'este caso a nifolina podeTia ser subsliluida por atgum dos alcolioloides, modernamenle conliecidos, que se obleriau) scm grande despesa, e que deveriam enipre- gar-se no estado de saes. M. Fox tinlja ja experimenlado com bom resullado a a^ua de labaco. ii Ha um faclo digno de nolar-se, posto que d'elle se nao possa lirar uma conclusao delinitiva. Livre o caclio d'uvas do otdium, o fruclo corilinua a amadurecer sem diflicuf- dade. Muitos meios tem side propostos pelos diversos auclores de memoiias p-ira expulsar o oidium. Um dos que maior credilo tem lido, e o de vapor da agua a ferver. Guillot ^alvou a coliieita d'uma vinlia efilre' duas oulras completamenle perdidas, injectando sobre os fruclos, logo depois da llora(;ao, vapor da agua d'liui regador quente, condusido n'um carro de mao pelo meio das vinlias. li Dois pliarmaceulicos Colliuel e Alalaperl observaram, (jue barrando as uvas com um poluie feilo com agua de sabao e argilla finu nio OS atacava o oidium. ji O parecer da commissao foi approvado em lodos OS seus arligos. (Journal U'Agricult. Praliq. n." 15, de 5 d'airoslo d.- 1854.) ^ AS MUIJIERES IIISTORICAMEME CONSIDERADAS '. Os annaes do mundo apresenlam uma singular contradigao na hisloria das mulljeres. N'(im mesmo povo, n'uma mesma cpoclia, e sob as mcsmas leis as mulberes sao tracladas como seres superiores, e como as mais infimas creaturas! Poderia dizer-se que algum inson- davel misterio occulta na mullier aos ollios dds legi-ladores a verdadeira nalureza d'ella. Segundo a Biblia a mullier nao podia ira- balhar nas vestes sagradas dos sacerdoles neu) se Ibe concedia o dlreilo de preslar inn jurauiento, por que nao linlia palavra. n A mullier, que jura, diz Aloises, nao e ebrigada a sustenlar a sua palavra, se o espeso^ ou o pailli'o nao concentem » o que equivalia a coiifessar que ella nao tinlia alma ! E Inda- via o mesmo legislador. Hie concedria o dom mais eminenle da nalureza liumana, on antes supeiior a essa natureza, o dem da profecia. Koma condemnava a mullier a uma per- pelua tulella, e Roma a fazia confulonle dns designios celestes ! Os oraculos dt! (Jumas eraui annunciados pela boca de uma mulliei. Depobitaria dos livres sybillinos era lambeni uma mulher; |>arece que os deoses so fal- lavam pela boca das mulheres. Na Grecia a contradicjao era aiiida mais flagrante. Os ' Legouve, Hist, morale Jos femnies. —Paris 10-19. 158 (Jregbs cdiileslaVam a imllher oainor, que e a sua propria essencia. Plularco no sen tra- clado do amor, diz que o verdadeiro amor e iinpossivel eiilro iim liomein o iima iiiullier, (• lodavia os Gregos pelo mais nolavel con- Iraren50 concodiaiii-llie a sal)edoria diviiia. Foi lima miillior que no banquelc de Platfio iiiioioii o principe dos pliilosoplios na verda- de, e esclarcceu a alma de Socrates, como o proprio Plalao confessa. " Eu so comprc- liendi a diviiidade e a vida, rcpele elle, nas ininlias tonversagoes com a corteza Tlieo- pompa. 11 As'iim no miindo antijjo aqiiella creatiira lam dospresada, crasempre per iim ladocoii- siderada superior ao liomem. A cortezfi con- sellieira de Pricles, e amiga de Socrates e como uni symbolo. Nos autigos povos da Germania as mullieres nao representavam ])a- pel algiim na carreira publica, porem 'I'acito diz, que aquelles povos reconheciam n'ellas al"uma cousa de divino e de profelico, e as ropeilavam como seres, que linhaui rela^oes coil) o ceo. Na Galia as funcyoes das dniidas er'io superiores as dos sacerdoles desle cullo. Na niia de Sena havia um collegio de nove virgens, que curavam molestias repuladas iucuraveis, e aplacavam o furor das ondas, quando llies aprazia. Eslas virgens dictavam seus oraculos no meio das tempeslades sobre escarpados e agrestes rochedos. Veda iima deslas famosas sacerdolisas, invisivel e sempre presente, governava todas as povoayoes, que llie ficavam em lorno, e do allodeuma lorre dictava a paz ea guerra. Eisaqui factos quasi incriveis, e que a nossa razao nao pode bem cornpreliender. Como podia conciliar-se lanla eleva^ao com tamanlia subserviencia ? Como e\plicar-se as liomenagens de admira^ao npar docomplelo desprezo com que o homein traclava creaturas, que na npparencia llie sao semelhantes e que elle colloca sempre ou Miperiores, ou inferiores a elle? Que papel se llie quer fazer reprcsenlar nos designios de Deus, e nos deslinos do mundo? Por que molivo, em quanlo se llie vedavam OS mais simples exercicios, Hies permiltiam as mais sublimes funcgoes do saccrdocin 1 I'oi que em fim se llie prohibia o exercicio da vida, e ao inesmo passo se Ihe deixava lomar lao grande parte na formajao e no culto dus ideas, que constituem a propria vida — na religiao ? Ccrto a inulher lein qualidades muilo caracteristicas, e muilo poderosas para ter conquislado sobre os espirilos um lao reslric- lo, mas ao niesmo tempo tao elevado, e sin- gular imperio. A villa d'este resumido quadro Iiislorico podera concluir-se, que a mulher e mais que o liomem, e menos que elle ou que a sua na- tureza se traduz n'estas palavras. — a Egual- 11 dade com o homemj porem »gaaldade na u differenja, )i NOTICIA SOBIIE A DACIA CAIIKOMt'liUA UO CADO ■ MONPEGO. Conlinuadu de pacr. 119. Entado actual da minii. Sendo a galeria geral a primelra c mais essencial obra desta niiua, eski, ern rela(;,'ii> a sua importancia e permaneiicia, em parte acanliada; as suas diinen^oes sao variaveis: salislaz comludo ao servi<,'o, o em todo o seu cumprinvnlo circulam wagons de 1'" de largura na bota. A Idvra da mina e feita de um modo simples; divide-se o massi(;o em porgoes prismalicas, que se cliainain pilares, por meio de galerias de avango, desceiidentes on asceii- dentcs : os pilares leni 7'",7 de lado ; as galerias 4"',4, dos quaes se enliiUiam 2"',G, • licam de vao l^S. As aguas aflluem em pequena quaiilidade, de verao, aos traballios; nias no inverno, a sua ac-cuniula(;ao e sensivel : por em quanlo, como todas vem dos traballios superiores, e facil derival-as para os traballios velhos. A renovaijao do ar faz-se por uma cor- rente natural, determinada pels differenja de nivel entre as b6cas da galeria geral, e a mina Farroho, estando para este Iim inter- rompidas lodas as outras communica^oes com o esgoto : comludo jd se faz com difliculda- de no fun da galeria geral, e exige a prom- pta aberlura da galeria ascendeiile, ja indi- cada, que communique com o exterior no 'ilio das Fonlainlias As madeiras necessarias para as construe- joes subierrancas faltam toniiilelamenlc nesia localidade : tem de prover-sc do pinlial de Foja, a duas legoas de diatancia: este pinlial, ja luui derrotado, deixarii em breve do for- necer madeiras, e entfio sera nccessario obtel- as do pinlial de Lciria. Conliniia. R. COLLEGIO URSUr.liVO DAS CH.VGAS EM COIMBKA. PROGRAMMAS. 185i. D14rOSI90ES BEGULAMENTARKS. A educajao reiigiosa, moral e civil ; bem como a direcjao especial, e toda a economia particular de cada ediicanda, coniprelienden- do a fiscalisajao do uso do dinlieiro dado as meninas, ainda mesmo para seus diverlimen- tos, objectos de rccrcio, etc., C3tao a cargo das rcligiosas, mestras directoras, a qiiem as educandas, logo que admiltidas e matricula- 159 eslado de aproveilamenlo das que llies perleiio'.'m. Aleiii d'esla regular int'ormajfio, serao escrupulosamenle avisados os paes das educaiidas, qiiaiido alguma d'ellas se ache do"'iile com iiiolealia de alguma gravidade. As educaiidas to podein receber visilas de seus paes, p-eleetorcs ou luloies, lliios ou irmaos, e de oiilras pessoas, (pie venliaui iia coiiipanliia d'eslas ; exceplo no caso de liceiica de seus paes, proleclores. ou liitores, direila- menle dechuada ou en.vjada ii madre supe. riora, ou a respecliva meslra direcU ra, Eslas visilas so pod.'m ler logar nos dias sand ificados, on feriados iincollegio; euunca e;ii ilias letlivos, aiiida iiiesmo nas lioras vagas d.is anl.is; exceplo niiicameiile as de pessoas, que veiiliaiii de Coia da cidade, c de Ibra dos ?nlnirbios; lis quaes purein iifio pode o col- legio lazer tiospedagein. N:io sfio permitlidas as. sai'das temporarias ;das educaiidas, ariida mesiuo q prelexlo de ^ferias ; exceplo em caso de moleslia com deela- ra^ao poreseripto do facnllalivo. As que para us6^de banlios ou remedios, salisfeila a con- ;"dii;ao poila, sai'reiii em agoslo, ou allies ;d ell'-, convern, que se recolham por todo o mez d oulubro, para nao soffrerem atraso nos estudos, que se leccionam nas classes, desdc opriineiro dia da sua abertura : e cujo eiisino nao pode lornar a principlar-se [Mr cada uma, que se recollie (fora de lempo. As educaiidas esU'io sujeitas nao so a eslas dispoii^oes mais geraes, mas lambcm aos deiuais regulampnlos e bons usos do collegio ; qiier sejam dq discipliiia geral, na parte respecliva; quer es^ciaes, xeJalivos a educa- jao e in-.trucf;ao As corresponde,n.cias |.gibr5 adojissao e en- irada das nieninas educaiidas deveni ser diri- gidas a superiora do C'ol(egio; e dejjois da eiiliada, as respectivas me^lras dir.ecloras. SOCIEDADE AZUTICA DE LOIVDRES. O professor Wilson apresentou iima me- moria, em que perlende mostrar, que nfio e exaclo, o que ate aqui se tern dilo sobre o costume singular das viuvas, no ludust-io, se lan^'drem nas fogueiras, onde se queimavam OS reslos de seus maridos, para serem devora- das pelas cliammas com estes. Segundo aq.ielle erudilo professor a ma in- terpretas-io do lexto dos liyros dos Veda=, que' se invocava para auclorisar aquella barbari- dade, ordenava pelo contrario, que as viuvas procurassem sobreviver a sens maridos, em logar de se immorarem pom elles. O erro estava na palavra agre, que on de proposito, ou por inguorancia se l^ra agnhe, que quer dizer a que ellas caminbem para o fo"-o » em quanlo a palavra agrc diz pelo eontrario 11 que vao para sua casa. « Aswalayana, auctor dos Grihya Sutras obra quasi de lanta auctoridade como os Ve. das, confirma a opinifio de Wilson, por que designa ale a pessoa aquem compellia acom- pauharacasa a viuva, depoisde assistir aquel- la ultima ceremoiiia funebre de seu .naridu Com OS annos vem a prudeiicia e a sabe- doiia. Com elles se extiiigue a ambioao. Ama-se aso lidao, onde o pouco parecesobe- JO. Iranquillos em fim no porto, e volvendo OS ollios com espirilo verdadeiramente pl.ilo. soph ICO sobre as lempesladcs das paix5e= a agricullura dos campos paternos, lorna-'se nos a mais doce e aprazivel tarefa ; on ao me- nos ve se correr placidamente o rio da vida qnedenlro em pouco vai perder-sc no Oceniu' da elernidade. E. si£. A iristeza e um dos mais poderosos meios de seduc^ao de uma mullier formosa. •*• D'-JJ.IS. 160 o o Q- *>. CO n R I O nli. CO a fe c as u 1.^ GO .*a« c C 0 ^A &; CC -» CC CO O O 10 — oooiaoooo ►o 00 ^1 10 +.-• o o o OCJtCrtOOOOO ;xz_ — c — ccz^Q. rt) (t re (5 O n n B 3 B 3 n CJ -t ' !r. "32 — 5 3 T S 3. "' 5 5:2 =. Z 3 a a. Co g =^ 3 it. I "T3 ft » . 00 O Ot C O O O M: ai '^ o to ® Jn^tittita, JORINAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. CONSELIIO SUPERIOR DE INSTRUCCAO PUBLICA. BELATORIO ANNUAL. 1847 — 1848. Continuado de paj. 151. InstruccSo primaria. Ila 1:169 escholas d'instruccao priraaria pagas pclo estado no conlincntc do reino e ilhas adjaccntes (mappa n.° "2). D'estas sac 46 do sexo feminine, 20 do methodo de ensino mutuo, e 0 resto de ensino simultaneo. Nem todas se acham em cxercicio; havcndo actual- mente a concurso 64, e muitas d'cllas sem que tenham encontrado oppositores era con- cursos repetidos; e24 reservadas. Do numero d'escholas parliculares, nao teve 0 consellio conhccimenlo pclos relalorios de sens delegados. Mas e de siippor que, tendo estado muilas escholas publicas fecha- das porfalta de mestres, nao Icnlia diminuido, mas antes augmentado o numero de 1084, de que se dera conla no relatorio de 1843. Nas ilhas e avultado o numero d'escholas parliculares ; por(|ue nestas se contam tambera as que ha suslentadas, exclusivamentc, pelos rendimcntos de corpos moraes, como sao as municipalidades c confrarias. No continente ha 13 sustentadas por legados. As escholas puljlicas acham-sc distribuidas pelos dilTerentes districtos, na forma seguinte: Angra 13 — Aveiro 08 — Beja 44 — Braga 70 — Braganca o6 — Castello-Branco 49 — Coimbra 70 — Evora 29 — Faro 29— Guarda 92— Uorla 10 — Funchal 14— Leiria 41 — Lisboa 143 — Portalogrc 40 — Porto 84 — Santarcm 1)2 — Viana 43 — Villa-Real 09 — Viseu 129 — Ponta-Dclgada 16. Sao 744 OS mappas que se tern recebido ate fins d'outul)ro na secretaria do conselho; faltando 337 das cadeiras actualnicnte em exercicio. 0 numero de alumnos que frequen- taram as 744 escholas, e de 30:180. Calcu- lando approximadamcnte a froquencia das 337, nao se pode reputar inferior o numero total a 43:300, que fora a frequencia era 1843. A frequencia das escholas particulares, de- VOL. III. OUTUBUQ 1. vcndo augmcntar pclas razoes expostas, p6de com seguranca adoptar-se a eifra de 18:780, que marcara a frequencia no relatorio do an- no acima indicado; sendo assim 84:276 o numero provavcl dos alumnos do ambos os sexos, que frequentaram a instruccao pri- ma ria. Suppondo que a populagao do reino nao tenlia augmentado consideravelmente, pelas causas que a todos sao patentes, desde os ullimos trabalhos cstadisticos ncste gcnero, adoplando-se era consequencia a cifra de 3:412:300, sera o numero de alumnos da in- struccao primaria para a massa total da po- pulacao, na razao de 1:33. Mas calculando pelos trabalhos cstadisticos d'outros paizes era 082:300 o numero total de individuos chamados pela lei a frequencia d'cste ramo d'instruccao, sera o numero dos que frequen- taram para o dos que deviara frequentar, na razao de 1: lOf, pouco mais ou menos. Nao segue porem razao d'egualdade aquella frequencia cm todas as provincias; e neste sen- tido a classificacao observara a ordem seguin- te: tras-os-Montes — l:8i — Beira 1:10 — Minho 1:8; — Alemtejo 1:13 — Algarve 1:18 — Estremailura 1:16^. E porem de notar que, firmando-se este calculo no conhecimento que o conselho tem das escholas particulares que existem, c ha- vendo muitas, que elle iguora, porque a pczar das repetidas ordens e instancias, nao foi ainda possivcl conseguir que os mestres par- ticulares se hahilitem todos, na conformidade do art. 84 do decreto de 20 de septembro de 1844, e possivel que ao menos nas terras mais populosas, como Lisboa e Porto, haja muitas escholas particulares, illegalmente in- slituidas, c subtrahidas a inspeccao geral. E por extreme diminuto (forca 6 dizel-o) o numero de escholas primarias com relacao a popularao e necessidades do paiz, se o com- pararmos, nao diremos ja, com alguns dos Estados Unidos da America, com a Ilollanda, Prussia, Suissa, c Escossia, mas com a Franca e Lorabardia, aondc o desinvolvimento da instruccao popular data de poucos annos. E ainda e mais para lamentar, que das poucas, que ha, muitas se acham vagas por falta de professores ; e outras regidas por mestres pouco competentes, e tolerados por nao privar total- 1834. Num. 13. 4^^^*^^ 162 incnle a massa peimlar de lodo o genero dc iiisirucvao. Seiilc-sc, entibiar o dcsejo dc nuiltiplicar o iiumcro das cscliolas primarias, quando sc vc a pouca fro(|iK'iicia das (|uc uxislem, c a falta de concurrciicia iis que vaf?am. Todavia se do genero das que exisleni nao e oiiveni augiueiitar 0 numero, eiu (luanlo nao tivcrmos professorcs tbrmados em eseliolas normaes, sem eujo au- xilio sera l)aldado lodo o esforco por melhorar estc lamo da iiistruceao, oulras escliolas ha dc graduacao inferior, accomniodadas as necessi- dades locaes, as quaes podem e devem ser creadas por intercsse publico, havendo para as disciplinas, ([ue Ihes compelom, mestres con- venientenicnle habiiilados. Falamos das es- I'holas dc freguezias ruraes, que sc devem li- milar ao cnsino dc ler, escrevcr, contar, e principios de religiao, c eujo ordenado devera ser inferior ao que actuaimentc leem as oulras escholas do 1.° grau. Jii esta idea foi proposla no relatorio de 18 13 : c sao estas realmeiite as escholas de que mais bavemos niisler; c para exempio da ne- cessidade d'cllas, apontarcmos o dislricto (I'Evora, era que ha 29 escholas c 112 frc- guezias. 0 consciho conhece que as circumstancias dcsfavoraveis do thesouro offerecem resi- stencia, quasi invencivel, a praclica d'esta id6a, jusUlicada pcia neccssidade e cxigencias dos povos, que diariamente pedem ao consciho a crcacao de novas escholas. Mas a inslrucciSo popular e digna de lodos os sacrificios; e a base da organizacao da sociedade modcrna, e a origem real da forca dos governos. Tal- vez que applicando ao paiz a praclica adoptc- da cm outras nacOes illuslradas, fazcudo in- tervir na crcacao das novas escholas os rcn- dimcnlos niunicipacs, coiifiando o ensiuo d'ellas aos parochos ruraes, se podossc al- cancar o dcsejado lira, sem gravame notavel do thesouro. Tamheni o consciho espera que o paga- racnto regular dos professorcs, a medida que 0 e^slado da fazenda puhlica melhorar, fara concorrcr opposilores as cadciras vagas, como d'anlcs aconlecia. Nao se pode crcr que a causa do dcsvio seja a pouquidade dos ordenados, porque nesla parte nao somos excedidos por muitas nacoes. Na Franca era menor o vencimento da maior parte dos pro- fessorcs primaries, ainda contando o estipen- dio dos aluninos, ate o principio do corrcnle anno. Na Escossia e na Suissa nao podem reputar-se supcriorcs os ordenados. 0 que todavia niuito convira, e estabeleccr categorias nas escholas existcnles, com re- f'erencia a vcnciracntos e collocacao das ca- deiras. Assim ira suscitar-sc cn'tre os pro- fessorcs 0 salutar principio da emulacao; assim se Ihcs abre uma carreira dc espcran'cas, c aja.ostra um melhor future; e sera conse- quciicia Icgiiima 6 empcnhar-sc cada qual por coiiscgiiil-o. Na verdadc o professor, que vc no prescntc o quadro de lodo o scu future, csfria, esiuorecc, e cai na iudiffercnca. Imporla a despesa da inslrucrao ])riniaria no coulinentc c iUias, rcgiilando-a pela verba votada no ultimo oreameuto, C}u 10S:823^77Jj rs. Siiblraliindo d'csla somma o que provavel- mcnte sc dcspcude com a parte iiwtcrial das escholas, pouco exccde a despesa dc cada alumno a 1^000 rs. por anno. E superior csta cilia a de outros paizes princi|)almeule da Uollanda, .Suissa, Escossia, c Prussia ; portjue a maior frequencia das escholas n'aquelles paizes diminuc o custo dc cada um dos alumnos, ainda dado o mesmo ordenado do professor. Mas nao e lanta a dilTcrenca, como ji primeira vista parcco; porque saindo da bolsa dos alumncs uma parte dos veucimentos dos professorcs, OS ordenados pages pelo cstado, on pelas munieipalidadcs, sao iuferiores aos nossos. Ncm fara allerar esles calculos o facto de que ncm lodos os alumnos, inscriptos nos rcspectivos mappas, frequentam lodo o anno; sendo cerlo que nas freguezias ruraes se cmpregam nos Irabalhos do campo, c nao frequentam as escholas, grande parte do an- no, OS alumnos das classes laboriosas; por que csta mesma nota sc cncontra nos re- la lories, c trahalhos csladisticos dc lodos os outros paizes. Avaliando a iiitellectualidade das differenles provincias do reino pela frequencia e apro- veitamenlo d'estas escholas primarias, ap- parecc em resullado, que a(|uella csta mais desinvolvida nas tres provincias do Miubo, Tras-os-Monles, c Beira ; c menos nas do Alemlcjo, e Algarvc. E acha-se estc facto em harmonia com outro facto capital: nas tres primciras provincias c aonde se cncon- tram melhorcs professorcs cm geral, c aondc OS concursos sao mais povoados dc oppo- silores. 0 cnsino d'este ramo d'inslruccao acha-se confiado a 1:235 jirofessores; havendo um ajudante cm cada cscbola dc ensino mutuo, c 40 subslitutos cm escholas de ensino si- multanco, cujos professorcs vilalicios se acham impedidos (mappa n.° 2). Naquelle numero se conlam 46 mcslras de racuinas; c estc pequcno numero indica, o quanto o sexo fcminino ainda sc acha desfavorecido na reparticao do ensino publico. JnUruccao secundaria. Rcpartido por lyceus e escholas dispersas pelas povoacoes mais notavcis do rcino sc acha csle ramo d'instrucciio. Ha 5 lyceus ma lores cm Lisboa, Porto, Evora, Coimbra e Braga : e acham-se esles completes, scexce- ptuarmos algumas cadciras c substituijoes -is^>»S! C ,N" 163 que nao teem aehaJo concurrentes ; e 3 ca- dciras uo lyceu d'Evora, uma uo do Lisboa, C outra era Braga, que nao tecra sido postas a concurso, por nao liavcr probabilidadc dc sereiu frcqucniadas, segundo as informacoes chegadas ao conselho. Nos oiilros districlos acham-se conslituidos OS )ycciis de Santarcm, e Yiseu, Augra, e Funchal; e agiiardam a concessao d'edilicio, para se constituirem, os de Leiria, Castello- Branco, e Portalegrc. Em todas as outras capitacs dc dislricto ha os elementos para se constituirem; mas nao se teem ainda habili- tado OS antigos professores, com os exames e provas publicas das disciplinas, que o deereto de 20 de seplembro dc 1844 incorporou nas cadeiras, ([ue regiam, para constituirem os cursos biennaes. Annexas aos lyceus ha nas povoacoes mais eoHsideraveis 79 cadeiras de grammatica e lingua latina, e 2 de philosophia racionai e moral (mappa n.° 3). Sao frequenles as reprcsentacoes que os povos dirigem a este conselho, pcdindo a creacao dc cadeiras de latim. E natural o dcsejo nos paes de familias de habilitarem scus iilhos a carreira, a que os destinam, sem o sacrilicio de dcspesas, e da ausencia. 0 conselho porcm, pesando, como deve, os in- teresscs de todas as classes, nao julga de convenicncia a multiplicacao demasiada d'a- quellas cadeiras; nao so porque hoje, que a instruccao primaria tern akancado maior desinvolvimcnto, se nao podc justificar a necessidade d'aquolle ramo da secundaria, como complemcuto da primaria, outr'ora es- eassa e defieientc, senao tambem com o pro- posito de nao desviar, da carreira propria dc suas circumstancias sociaes, a muitos indi- viduos que, fascinados com a inslrucciio da lingua latina, se julgam dcprimidos e rebaixa- dos com 0 destiiio a cultura das artes; pro- vindo de tao infundada vaidade a falta de braces cm muitos ramos de industria, de que a sociedade tirara mais uecessarias c solidas vantagens. Accresce ainda a regularidade do ensiuo, que nao e de csperar tanto d'uraa cadeira -so e isolada, como dos centres lit- terarios, estabelecidos nos lyceus. Assim que, no intuito de conciliar os intercsses locaes com OS geraes do estado, o conselho tem sido cscrupuloso ate em complctar o nuraero das 120 cadeiras coneedidas ao estudo da lingua latina. A instruccao secundaria, Senhora, no _estado, em que ella se acha cntre nos, c com rela,cao aos fins a que hoje pode scr dcstina- da, nao prccisa de ser mais diffundida. Nin- gucm a procura so com vistas de se instruir; .e OS que a frequentam e para sc habilitarem aos emprcgos. 0 desiuvolvimcnto, que ella apresenta no paiz, habilita apenas para os estudos superiores c professiouacs, e para a carreira ccclesiastica. A frequencia mingoada dc alguns dos lyceus, e dcmuitas das cadeiras annexas, hem clararaente o demonstra. Nao satisfaz ella assira as necessidades publicas; porque, .seiido certa a instruccao, que completa o desinvolviraento do espirUu humano, e o habilita para as occupajOes mais ordinarias da vida, mal se pode con- ceber, que o consiga com os estudos clas- sicossomente. Aagricultura, ocoramercio, ea industria demandam conhecimcntos de ramos philosophicos indispensaveis. As sciencias naturaes com applicarao as arlcs devem ser uma parte integrante do ensino .secun- dario. Assim o pensou e Icgislou V. Mages- lade no deereto de 17 de novembro de 1836, c j)rudentemcntc o regulou no de 20 dc se- ptembro de 1844, commettendo as sabias li- foes do tempo, e da experiencia, a creacao das disciplinas dc sciencias industriacs nos lyceus do reino, conforme o cxigisscm as ne- ces.sidades locaes. E este 0 ponto a que hoje devem convergir as nossas attcnfoes, em vcz de mulliplicar cadeiras dc iatinidade. Mas o ensino dos ramos industriacs no ponto de vista practice, que respeita a instruccao secundaria, carece do conhecimento dos methodos, e practicas sc- guidas nos povos illustrados, que ha niuito nos preccdem neste genero d'instrucfao, com que teem cnriquecido e nobilitado os seus paizes. Os cslahclecimentos da instruccao secun- daria, que enviaram a este conselho os map- pas da frequencia, foram os lyceus de Lisboa, Evora, Santarcm, Braga, Coirabra; e 61 escholas annexas. 0 numcro de alumnos ncstes estabelecimentos foi dc 2:098; sendo maior a frequencia cm Braga e Lisboa, e rauito in- signiHcante em Santarcm. A despesa do estado com estes estabelecimentos orca por 30:833^325, regulando-a pelas verbas vota- das no ultimo orcamento: importando assim a despesa dc cada alumno em 17^358', e de- vendo ainda subtrahir-se d'esta cifra 1^920 rs. que cada um paga de propinas de ma- triculas. Nao se achara superior esla despesa a dc outros paizes, em que todavia a freijuencia e muito maior; porque tambem n'elles sao maiores os ordenados dos professores, c mais dcspendiosa a administracae litteraria ; sendo qua nesta despesa, nao se ha de altender so aos encargos do tbesouro, mas aos das pro- vincias c municipios, que para ella concor- rcra . Sentc profundamente o conselho nao poder calcular a frequencia neste ramo d'instruc- cao, com relacito a populacae em geral, e a das provincias cm especial. Faltam-Ihe porcm OS documentos, em quedcvcria lirmar os seus calculos. Qucixam-se alguns dos commissaries de 164 osluilos, da farilidade roiii quo, om ostiulns iiiiperiores, e mormi'iitc iias liabililarOcs cc- clcsiasticas, sao ailniittidos iiulividiios com siniplps attcslados dr frcqiiencia cm cscliohis particulares: fazcndo este abuso diiiiiiiiiir muito a frcquoncia nos lyccnis, cm ([iiu so ohsorva mais rcgularidade no ciisino, e rif^or de disciplina. No que e do csUulos suporiorcs, c clicgado 0 prazo de so nao admillircm a cxamcs d« capacidadc, scnao os aliimnos (jue mostrai'om approvacao previa nos lyccus; Na repartieao ccclesiastioa nao deve con- sentir-se a indulgencia, sendo que nos func- cionaiios d'esia ordem e que se rcquer mais solida inslrucrao, c pureza de costumes. Julga pois 0 consellio de summa convenicncia, que se insinue aos preiados diocesanos o es- cruptilo, que deve obscrvar-se cm nao admlt- lir a c\ames os ordinandos, que nao Icgi- (imarem o seu aproveitamcnlo por docu- raentos legaes e insuspeilos; dando-sc pre- I'erencia aos babilitados nos lyceus. E summamente attendivol a rcquisicSo, que alguns delegados do consclho fazem, (i'um rcgulamento cconomico e litterario pa- ra os lyceus. 0 conselho, querendo i)roceder, como ihe cumprc, em assumpto de tanta gravidade, quiz de primeiio ouvir os votos dos principacs lyceus do rcino, e rcsoivcr com madureza um negocio, cm que a preci- pitacao muito podia compromclter a instruc- cao. Ainda nao recolhcu os votos de todos OS lyceus eonsultados; c logo que os obtenlia, nao se deseuidara de um objeclo, que tern incessantemente occupado a sua altencao. E por esta occasiao permitta Y. Magestad'e, que 0 conselho lembre a urgepcia da resolucao do projccto das habilitacOos dos professores de instruccao secundaria, remeltido cm con- suUa de 4 de marco de 1813; porque deve esse trabalho fazer uma parte csscncial do regulamento geral dos lyceus. Mas 0 conselho tern desejado supprir com instruccoes rcmettidas aos dir^ctores dos ly- ceus, a falta d'aquelle rcgulamento: e nunca podia receiar a notavel irregularidade que o reitor do lyceu de Santarem diz em seu rclatorio tcr havido ncste cstabclecimenlo, que no estado nascenle devc^ra comecar por dar provas de mais amor iis letras. 0 conse- lho porem espera, que podera introduzir n'elle a devida regularidade, sustentando com firmcza e resolucao a cxccucao das leis. Parece digna de altender-se a rcquisicao do commissario d'cstudos de Lisboa, d'um secretario para a sua repartieao. A allluencia de negocios na capital, e n'um districto de grande extensao, parece tornar indispensavel a creacao d'aquelle logar; que talvez, me- diante alguma gratilicacao, possa ser des- empenhado pelo secretario do lyceu. Tam- bem parece convenientc, a perfeicao e cora- modidade no cnsino, a lembranca proposla pelo mcsmo commissario, de confiar o cnsino do IVancez c iiiglez singularmente a eada um dos .2 professores d'cssas linguas, ([ue ha no lyceu de Lisboa. A lembranca, que propoc 0 commissario d'cstudos de Hraganca, de so conccder o edi- licio do exiincto convcnto de S. Francisco d'aquella ('idade para casa do lyceu, e digna de ser tomada por Y. Magestade na mais scria consideracao; porque, sem esse ou outro (|iiali|uer edilicio adequado, nao sera possivel inslaUar a(|uello lyceu. A I'alla deeditieios publieos para collocacao das cscholas lanto primarias, como sccunda- rias, epontoemque locam todos os relatorios chegados ao conselho. A parte material das cscholas mercce de prefcrencia a mais seria sollicilude, pela inllueucia que tem sobre a parte intellectual e moral dacducacao. Escho- las nas casas parliculares dos professores, nem podem ser vigiadas tao livremente pelo publi- co e pelas auctoridades inspcctoras, nem obri- gam OS ])rofessores a decencia c aceio, em que devem servir de espelho aos sens disi'ipnlos. A reprcsentacao, que faz o commissario da Guarda, sobre a necessidade de uma cadcira d'instruccao primaria em Quadrazaes, e da transferencia da cadeira de lalim deLinhares para Manteigas, carece de mais pausada meditacao. Em tempo ojqiortuno propora o conselho o que mais convenha. CoiUinua. A POESIA SLAYA MODERNA. Continuado de j>ag. 142. Bem extranho nos parece ter passado ate aqui desapercebida a enormc influencia pro- duzida pelos gonshirs sobre os poetas sabios da Slavia contcmporanea, nao so cm Belgrade e Agram, mas tanibcm em Praga, cm Petersbur- go e cm Moscou. Se muitos dclles se teem fi- nalmente desviado da trilha cosmopolita, se teem voltado de novo as cores locaes, a na- tural, ao singclo, as inspiracoes nacionaes, devcm-no ao youslo. Para mostrar como os poetas illyrios eservios teem tomado os gous- lars por modelo, o melhor mcio c, como ja dissemos, citar aqui e acola alguns cantos po- pulares, c fazer senlir como dies se relleclem na poesia dos saloes. Limitar-nos-hemos neste inluito a algumas indicacoes essenciaes. En- tre OS Illyrio-Servios, tres poetas contempo- raneos, Subbotitj, Stanko-Vraz e Ostrojinski; — na Russia, na Polonia e na Bohemia, Ler- montof, Visniviski cKolar, servir-nos-hao pa- ra characterizar a rcnascenca da poesia slava, debaixo da inlluencia do youslo, nos seus aspcclos principacs. Como esta renasccnca Icve 165 0 scu principio cntre os lUyrio-Scrvios, i. bera que entre clles se cstudc priinciro. De raca pura scrvia, Subbotitj tornou-sc a gloria da voievodia, em quanto Stanko-Vraz, natural da Slyria, n'um solo quasi conipleta- mente germanisado, educado nas escholas allemas, achou cm si bastante energia para arcar com os prejuizos de nascimento e de cducarao, e soube por impulse proprio re- niontar-se as origens as mais puras da iiispi- rafao slava. Pelo que respeita a Oslrojinski, croata da borda do mar, o scu merecimcnto consiste em ter side o primeiro queabriuaos contemporaneos a eslrada da nova pocsia. De Ostronjinski cilarei apenas, eomo amostra, a sua ode sobre a origcm do (jousle, intilulada Uzrotsi, palavra que se nSo pode Iraduzir nas nossas linguas racionalistas, mas que so por si involve uma philosophia inteiraniente nova, porque compreliende na sua signilicacao as causas e os prodigies, — dois factos idenlicos para todo o Sluvo verdadeiro. « Urn bravo iunak atravessa a cavallo a floresta montanhosa; fatigado para juncto de uma faia carcomida, prende a sua cavalga- dura ao tronco da arvore, e, deitando-se a sua fresca sombra , adormece n'um somno profundo. Do concave da faia que se entre- abre, Ihe apparece em sonhos a vila, e, com urn sorrir divino, Ihe diz: Heroe, filho dhe- roes, lembra-te que la em baixo, nas planicies, defiuham os teus irmaos, escravos de exlran- geiros: vae-te a libertal-os. » Elle ergue-se de urn pulo, corre armado para seus irmaos, e conscgue despedacar-lhcs as algenias. Nao tardou que vicsse o inverno coi)rir com o sen manic de geada a floresta montanhosa. 0 joven vencedor torna a subir pclos atalhos conhecidos; busca a faia idosa inspiradora, debaixo da qual tivera a visao, derruba-a com 0 seu machado, fabrica um goitsle, e presentea com olla um ccgo rapsoda da sua tribu, para Ihe ajudar a cantar os braves que deram a liberdade ao povo. 0 gouslar co- mefa o seu canto beroico, mas cstrea-se in- vocando arila da floresta, sem a qual o heroc se nao lembraria de combater pelo livramento dosseus. Invoca a t'l/fl, joven e immortal, dos seus avos, que alcancou o triumpho da sua tribu, e a quem unicamente o heroe devcu a id^a de transformar a faia idosa no sagrado gousle que perpctiia na terra o culto dos ge- nios superiores. » 0 Illyrio dos Alpcs Stancko-Vraz desinvol- veu nas suas baladas mais de um pensamcn- to, que antes delle tinha ja inspirado ot^gous- lars. Basta comparar estas baladas com as pecas mais ou menos analogas da coUeccao consagrada por Vuk ao gouslo. Entre os poe- metos de Stanko-Yraz, escolheremos um inti- tulado 0 Cacador: « Ja OS carvalhos perderam afolha; as nos- sas montanhas ergucm ao ceo as suas cabe- cas calvas, como velhos que senlem rarear-Fhcs as ultimas cans. A buzina rctine pclos bos- i|ues, o latir dos caes estrugc os vallcs c os campos. Todo entrcgue ao prazer que o ar- rasta, um joven cafador passa a galope, per- seguindo os gamos e as lebres. — No anno .se- guinte, ao despontar da primavera, as monta- nhas despidas de folhagem convidam o joven cacador a entregar-se de novo aos mesmos prazeres; mas ja nao e a caca quem o arre- hata. Em roda delle tudo e silencio: a sua buzina coberta de p6 esta dependurada da parede; os seus librcos definham presos. £ melhor caca a que persegue: suspira de amo- res por uma donzella. » 0 canto popularcitado porYuk, que tracta 0 mesnio objecto, considera tambem a con- quista do corafao de uma mulher como a melhor carada (naibolii lov) que o homem po- de fazer ca na terra. n Parti ao romper da aurora para ir cafar 0 veado nos nossos montados; e o sol que declinava ja comecava a lancar sobre mim a sombra dos vcrdes pinheiros. Eis que deparo, sozinha, deilada ao pe d'uma arvore, com uma linda donzella, com a cabeca sobre um feixe de trevo cortado de ha pouco, com duas brancas rolinhas sobre o seio, e um veadozi- nho a seus pes. Feliz com a minha preza, la passei a noite. Dei ao meu cavallo o feixe de trevo para cear, ao meu falcao as duas roli- nhas, aos mens caes o veadozinho, e guar- dei para mim a donzella formosa. » Outra piesiia collacionada por Vuk, mostra- nos debaixo dotitulo: Amor r-eciproco, uma rapariga lavando a roupa da sua familia na toTrcnte arrebatada. Seu amante que passa, vendo desenhadas na area do ribeiro os seus pes brancos como a neve, suspira ao vel-os, e pergunta-Ihe se qucr ser delle. « Oh ! respon- de ella, se cu podes.se ser tua, lavar-me-hia nesse dia com leite para me tornar ainda mais alva, esfregafia as faces com agua do rosas para as tornar ainda mais vermclhas, e aper- tar-me-hia com um cinto de seda para me tornar ainda mais csbclta. » Uma balada de Slranko-Vraz mostra-nos do mesmo modo a joven Bielana, que, dcsde a aurora, ,se vai lavar a ribeira. 0 sol nascente reflecte no espelho do rio as suas formas encantadoras. Nao se pode imaginar coisa mais linda. c Os seus olhos sao duas estrellas que saem scintil- lantcs do seio de uma nuveni, suas faces sao duas rosas que o sol acaba de entre-abrir, seus labios sao tenros como uma maca que comeca de amadurecer. Ella mcsma se admi- ra mirando-se no crystal das aguas, e entra a dizer: — so me falta a coroa de casada, para que a minha belleza seja completa.^ Sozinha, julgava que ninguem a ouvia ; mas do pincaro de um rochedo, um mancebo que a admira e a escuta, corre para ella. Apresenta-Ihe a coroa de desposada, e cobre-a de beijos, di- 166 zeiido-llie: Agora es minha para semprc! — Pela pasclioa, dopois de acabada a sancta ([ua- resma. celel)ra-se o casaraento, c Biclana di- losa caminha da egreja para casa de scu esposo. » Dos tres poclas aquelle que transportou com raais succcpso a inspiracao do ijouslo para a poesia escripla foi Suhbotitj. Para nos con- vencermos, liasla (.•cmiparar com os cantos do poeta illyrio os caiitus popuhircs collacionados por Viik. As Aoilcti d'lneerno do hem-amado iuspiiaram aos tioiishirs duas cslrophcs de uma perfeita naturalidade: « 0 furacao noilurno sopra la cm baixo na plaiiicic, ia cm cima sibilla contra a for- taleza; mas na fortaluza uma joven despo- sada diz surrindo: soprae, aciuiloes, durante as compridas noitcs d'inverno. — Ouando cu dormia em casa de meus paes, estendida sobre novo almol'adas bem moles, tondo em cinia de mini nove cobertas, entao as noites mais curias me pareciam compridas. Agora dur- . mo juncto do men voino, sobre urn so col- chao, e com uma so cobcrta. As noites mais compridas parccem-me curtas. » Ve-se bem que Subbotitj se lembrava d'estas eslrophes na sua ode intitulada Momkhe i Grmliavina (0 Amaiite e a Tempestade) : « 0 corisco rasga as nuvcns, o raio fendc os ceos. Troae, trovoes, brilhae relampagos scin- tillantcs, para illuminar o atalho que var dar a casa da minha amada! Afiigentae os maus olhos para que nenbum maldizente me pre- sinla, e cu possa acak'utal-a nos meus bracos ate a aurora. — Redobra o vento, arranca iroso 0 colmo das choupanas, desfaz os tectos e leva os scus deslrocos pelos ares, desarrei- ga as arvores que me cercam; mas eu, tran- quillo, vou cantando os meus amores. As ri- beiras vaocheias, e cnibaracando-me o cami- nho, ameacam de submergir-me na passagem. Todos OS vivenles erguem ao ceo um grito de angustia; mas no meio deste tumulo da na- tureza que a cada passo se me abre debaixo dos pes, 0 astro do amor me allumta, e desfaz com sens raios os tcrrores da morte. Canto o que mais amo, e so a terra neste momento me engulisse nos scus abysmos, en Biorreria cheio todo de amor. » As lamcntacoes funebres sobre as campas dos mortos oceiipam um logar distincto nos cantos do gouslo, « Desabou uma pedra da niontanha de Bu- da; caindo no valle matou um mancebo, o formoso Andre. Ao cliegar-lhc csla notieia, a pobre noiva d'Andre disse comsigo: — Ai ! se eu me puzer a grilar, se eu repetir em tristes endeixas todas as virtudes do meu amado, as minhas endeixas repetidas do bocca em bocca, acabarao por passar para os labios sarcasti- cos desses que nunca amaram. Se para eter- nizar o scu nome, eu Ibe erguer um mausoleo n'um longo poema impresso, o livro passara dc mao cm mao ate chegar as dos niaus. Mais me val o calar-rac, 6 lu que dcvias ser meti esposo; c, longe do mundo, elevar-te dentro do nuMi corafSo magoado um tumulo que nao possa scr manchado. » Parece-me diilicil encontrar cousa mais ma- viosa e ao mesmo tempo mais slava do que » seguinte elegia dc uma das macs bosnias: « Unica IVlicidade de sua mile, o joven Konda niorreu. Nao podendo apartar-se do corpo dc sou tillio, a pobre mae entcrra-o jun- cto da sua babitacao, n'um bosque de verdn- ra. Debaixo de uma laranjeira de fructos dou- rados se crgue o tumulo de Konda. Todas as manhas, a mae desconsolada vai dcitar-se so- bre a campa, e conversa com a alma do seu filho. — Meu pobre (ilho, dize-me, a terra po- sa-le muito? o tcu peilo esta opprimido pelas taboas do tcu caixao? Um som lastimoso e suave sai das entranhas da terra: — Nao e o- peso da terra, 6 miuba qucrida mae, nera as taboas do meu caixao, que me 0|)[)rimera; » ((ue me atormenta, 6a dor e a aflliccao da mi- uba noiva. Todas as vezes que clla cbora, a minba ahna geme nos ceos, e quando chega a desespcrar-sc, os meus ossos qucbram-se em batendo uns nos outros dentro do tumulo. » Em Subbotitj encontra-se um canto fune- bre, que por todos os motives, tcm o seu fo- gar nmrcado a par d'esta endcixa tocante; iulilula-se o Orvalho, e do orvalho do cora- cao de que se tracta : n Que ligura e aquella que, a lardo e de manba, se ve sentada aos pes da cruz musgo- sa? sera acaso a de uma menina que perdeu por aqui um annel de pedras preciosas, ou aigiima preuda rica? Ou antes a de um aman- te que vem encontrar-se aqui com o anjo dos seus pensamentos? — Nao e uma menina que l)rocura um objecto perdido, nem um aman- te procurando aquella que guarda a sua fe; e uma pobre miie que vem chorar sobre o tumulo dc scu lilho unico. Aqui vem todos OS (lias desl'azer-se em pranto. Das suaslagrimas, umas, derramadas quando nascc o sol, sao pa- ra chorar o lilho que ja nao exisle; as outras, derramadas quando o sol se poe, sao para conjurar a Deus que a leve tambem para si. As lagriraas quedcrrama, para pcdir aos ceos que a reunam a seu biho, brilham ao luar como as perolas mais puras; e as lagrimas que derrama sobre a morte de seu lilho, sobem. orvalho ardcnte, nos raios da aurora, que as lovam para Deus. « Conliniia. METEOROLOGIA. A distribuicao do calor a superficie do globo terrestre e um dos pontos mais iFan- scendentes da meteorologia, e o que offerece 167 talvez maiores difficuldades, era razao do grande numcro dc factos, que abrangc, c do pequcno nuraero de leis conhecidas, que estabelecem as suas rclacoes. Para resolver completamente csla queslao, seriam necessa- rias longas series d'observaroes era lodes os pontes do globe ; observarOes, de que a scien- cia ainda carece, nao obstante as numerosas viagens scientilicas, feitas por physicos distin- ctos em todos os mares e em dillercntes pai- zes. Creada no principio do seculo actual pelo barao de Humboldt, a cujos interessantcs tra- balhos devc a sua origem, esta parte da pby- sica esta ainda longc do grau de perfeirao, a que outras teem chegado. Teem com tudo os physicos dado tamanba impoitancia a este objccto, que nao ha preiaucao, que se nao tenba tornado ua avaliacao da teraperatura do ar, a (im de que os resultados obtidos se possam haver por exactos. Esta consideracao e a leitura d'uma nota de Mr. Le Yerrier na occasiao, em que apresentiira a academia das aciencias de Paris um resume das obscrvacoes meteorologieas, feitas nos mezes dc Janeiro, fevereiro, marco e abril do corrente anno, movcram-nos a dizer alguraa cousa sobre o assumpto. Os thermometros liquidos, sendo de um use faeil e commodo, sao por isso mesmo os que se empregam geralmente nas observaeoes meteorologieas. A regularidade das dilata- foes do mcrcurio dentro dos limites ordina- ries da cscala thermometrica, sobre outras muitas vantagens, torna os thermometros construidos com este metal preferiveis a todos OS outros; sao com tudo indispensaveis os de alcohol na avaliacao de temperaturas muito baixas. Para se poder fazer use d'estes thermometros, c necessario que sejam gra- duados por comparacao com um bom thermo- melro de mercurio entre 0° e 25", cm razao da irregnlaridade das dilatacocs do alcohol em temperaturas um pouee elevadas. Assim gra- duados, teem estes thermometros a vantagem de serem muito mais scnsiveis, do que os de mercurio, c podcra ser erapregados, sem erro sensivel, na dcterminacao de todas as tem- peraturas inferiores a 35.° No emprcgo dos thermometros liquidos, e mister nao pcrder de vista que o zero da es- cala e sujeito a deslocar-se com o tempo, quando se tomam por pontos fixes, na gradua- fae do inslrumente, as temperaturas do gelo fundenle e do vapor da agua fervente ; e que desloeafOes similhantes teem tambem logar, quando se submette o thermometro a uma teraperatura clevada. Nas obscrvacoes, em que se precisa somente de certa approxima- cao, usa-se de thermometros d'escala li\a, graduados muilos mezes depois da sua con- struccao, a lira de que o zero da eseala nao possa sedrer variacoes sensiveis; nas inve- «tigacoes, que exigem muita precisuo, em- pregara-se thermometros d'escala movel, que permittem verificar os pontos fixes de tempos a tempos. Alcm d'estas, outras precaucOcs sab ncces- sarias, para que os resultados das observa- cocs sejam exactos. Uma condicao indis- pensavel 6 que o thermometro tenba pequeno rcservatorio, para que as suas indicafoes sejam muilo promptas. Nao e menes impor- tante que o thermometro esteja exposto ao norte e a sombra dos edificios, a fira de nao ser influenciado pela irradiacao das paredes aquccidas directamente pelo sol. Scria tam- bem convcniente, come advcrtc um physico ' distincto, collecar o thermometro ciitrc dois discos de madeira de grande diameiro, que interceptassem a irradiacao da terra e deses- pacos planetarcs; o Iherraometro indicaria assim com maior exactidae a teraperatura da caraada d'ar, cm que elle se acha. No observatorio de Paris observa-se, ha muitos annos, a teraperatura do ar cora um therraometro de mercurio; munido d'escala de vidro, e abrigado da chuva por um tecto conico de metal. Este thermometro, fixado sobre um tambor de madeira, que pode gyrar era torno d'um ei\o de ferro, e exposto dire- ctaraente ao norte, e nao recelie por conse- guinte OS raios do sol senao durante alguraas boras desde o equinoccio da priraavera ate ao do outomno. Quando isto acontece, faz-se gyrar o tambor, e poc-se o thermometro a sorabra. As obscrvacoes sao feitas as 9 h. da manha, ao meio dia, as 3 h. da larde e as 9 da noite. Mr. Le Yerrier, receando que o thermo- metro, dc que acabaraos de falar, fosse in- fluenciado pela irradiacao das paredes do observatorio, massas consideraveis, que nao tomam immediatamente a teraperatura do ar, tracteu d'esclareeer este ponto. Para isto, col- lecou ao lade do thermometro fixo eutro thermometro, comparado com e primeiro, c ao ([ual se pode imprimir ura movimento dc retacao alternado e assas rapide, para au- gmentar, ([uanto c possivel, a inlluencia di- rocta do ar sobre a teraperatura de thermo- metro. As obscrvacoes, comecadas era niarce d'cste anno, leera mostrado que asindicacOes dos dois thcrmomelros nao sao cemparaveis. No mez de marco as indicacoes do thcrmo- nielro fixe, as 3 h. da tarde, forara quasi constanteracnle superiorcs as do thermometro (jtjrante, sendo de mais d'um grau as dif- fcrencas individuacs. 0 mesmo aconteceu em abril iis 3 h. da tarde, sendo pelo contrario as indicacoes do thermometro (ixo as 9 h. da uoite ura pouco inferiores as do thermo- metro (jijrante. Mr. Le Yerrier entendeu que devia registrar em columna separada os resultados oblidos ' Peclel. 168 com 0 thcrmometro gyrante, cujas indicac5es sc dcvcm considerar como mais proximas da verdadcira temperatura do ar. Dcsde o mez de marco os mappas das obscrvajoes melco- rologicas, feitas no observatorio dc Paris, trazem as temperaturas indicadas pelos dois ihermomelros. Ycrcmos, se cstes resultados sac conlirmados pelas obscrvacoes, que se fazem no gabincle de physica da nossa uni- versidade, para ondc se inandara ja vir urn thermometro gijrante. \s dilTerencas, scndo mnito consideraveis, mercccm por certo a at- tencao dos physicos, c fazem crer que darao origera a novos aperfeiooamentos, que muilo contribuirao para.os progresses da sciencia n'esta parte. S. G. LIVROS SAGRADOS DOS IXDIOS. o hig-v£da. Passa de tres mil annos, que um pequcno povo pastor e guerreiro, partindo das pla- nicies enlre o mar Caspio, e o lajfo Aral, descera das frias regioes da aita Asia, e se encaminhara para esse forinoso paiz banhado pelo Idus, pelo Ganjes, e pelo Dejamouna. Os Aryenos eram esle pequeno povo. Iinpellidos pelo inslincto da emigra5ao, biiscavam resolutamente uma terra de prouiis- sao, uma nova palria, onde um ou dois seculos antes da expedijfio de Alexandre se achavani ja eslabelecidos com o nome de Indies. Este povo, pori'in, que a si mesmo dava o nome de veneravel — dryas — constiluia unicamenle um dos tres ramos da giande faniilia asiatica, iranienna, ou aryenna, cujo Lerco t'ora a Clialdea. Dos outros dois ramos permaneceu um no solo natal, foram os Zcndcs d'onde provieram os Medos, e Persr.s ; o oiitro den origcm as na^oes, que, seguindo desde o Cau- caso as duas margens do mar negro, occnpa- ram a Asia nienor, e se espalliaram em toda a Europa : foram 05 Gregos, Kouianos, Celtas, Germanos e Slaves. Eis aqni em duas palavras a historia da raqa japlietica, desses desccn- dentes do fillio segundo de iNoe, dos quaes a Escriplura diz » Kstes repartiram entre si as ilhas das nagoes, estabelecendc-se em diversos paizes, onde cada um teve sua lingua, as suas f'amilias e o seu povo particular '. r A pliilologia tern completamente confirma- do as palavras da Escriptura sagiada, e de- monstrado cabalmente o lago que entre si une lodos OS anligos e modernos idiomas falados pelos povos dos tres ramos da ra^a aryenna. Nao e, porem, so na linguagem que existem eslas affinidades. O estudo dalitleratura sans- cWia ^ mostrou, que existlamas mais notaveis ' Genes, cap. X. v. 5. 2 O Sanscrit e a antiga lingua dua brahmanes, que ticoii considerada a lingua sagrnda do Indostao ; dietin- relajocs enlre o genio deslas nagoes asiaiicas, e o dos povos do Occidente. Nos Aryenos da India dd-se esla tendencia para a rellexao e medilagao, que produz apliilosopliia e a poezia; e a imagina(;."io briliiante que e o apanagio dos povosjaphelicos. Os Aryenos nao conseguiram incnos que as mais celebres na(;oes d'antigui* dade, levando a luz da civillsagiio ao nieio das Iribus sclvagens, e dos povos a quern impozeram suas leis, costumes, e linguagem. Como OS Gregos, prezarain o sentimenlo da sua superioridade intellectual; e orgulhosos, como OS Romanes, dilataram suas conquistas ate aos confms do mundo enliio conhecido. Dosgragadamenle para elles o isolamento em que secollocaram dos grandcs povos, a quem novolver dos seculos coube uma parte brilhan- le nos destinos da humanidade, nfio Ibes per- mitliu partlcipar dos novos elementos , e das ideas regeneradoras, que complelamente re- novaram a face do mundo. Enervados per sua longa residencia sob um clima lao benefice, e enlagados no andar dos tempos com as ragas indigenas, nao souberam resistir ao po- der invasor do islamismo. Oito seculos ha que comegara para elles a era da sua deca- dencia, e todavia este longo periodo nao Ihes afrouxou o zelo peja conservajao de suas tra- dijoes religiosas. No momento, pore(n, em que o imperio das novas ideas penetrara por uma forga irresistivel no seio das mais antigas nagoes, e que aquellas tradigoes corriam risco de perder-se, foi a propria liuropa, e particu- larmente os sabios inglezes, a quem se deveu a salvajao dos mais venerados monunienlos da litteratura sanscrita, e os bralimanes de- positaries dos textos antigos censenliram em iniciar nos segredos do seu idioma sagrado esses europeus, cujo character e dedicagao pelas sciencias Ihes inspirara completa ceufianga". O texto das leis de Manou, duas vezes impresse em Calcula, fizera coiihecer a orga- nisagao da sociedade aryenna dividida per castas dez seculos antes da nossa era, quando o brahmanismo estava no seu maior auge, a dominava a realeza pela supreniacia da forga espiritual sobre o poder temporal. As grandes epopeas o Mahdbhdrata, e Rdvuiyana, verda- deira Iliada e Odyssea destes povos adora- dores dos heroes, mostram a allura a que chegara o genio poetico dos Indios. llecentemente Burnouf, e Wilson pulilica- ram deis Pourdnas^ ma\ importantes, e que podem considerar-se ce[no specimens d"essas immensas miscellaneas, onde se encontratn g:iie.se dt«s outros idiomas da Inilia p^la pprfei(;ao do seu mechanismo graniniatiral, Os Insilexea, e particularmenle William Jones, foram os primeiros que eicilaram a al- ten»;ao dos sabios da Europa 6oI>re o estudo do tanscrit. ' William Jones ^ Celebrookc — Wilkins, e oulros. ^ E o nome de nniilos poemas em lingua lanscrila, que contem alheoijonia* a cosraogonia dos Indios. Dezoito Pouranns traclam da crea(;rio e reno\a<;So dits mundus, tia gencalo^ia dos deuses, dos reinadus dos Manous, e dol fcitoB de seu« dcscendentes. Bichertlle. Diction. Tiacion. 1G9 rciinidas todas as descripgocs mytliologioas com as legendas popularea, que vogavani eiilre OS Indios; o dogma e a pocsia aiixdiaiido-se muliiamente para aiiimar os ohjcctos pliysicos, e dar as abslrac^ocs tiielapliysicas as (oiinas corporeas. A pliilosopliia speculaliva e a dogmatica, o drama e o apologo favorilo dos orienlaes, em fim as siias ciironicas ma- ravilliosas, teem sido tambcm puhlicadas em Jnglalerra, Franja e Allemaiilia pclos ciiida- dos e pelos esfor<;os dos sens mais eminentes fscriptores, c com o auxilio e protecyfio dos respecUvos governos. niassim que na primeira metade d'cslo seculo a Kiiropa leni feito as mais imporl.'uiles e valiosas coiiqiiislas nos dominios da lilleraliira iridiaria. Hnlre taiilo OS qiiatro Vedus, ou os livros sagrados jaziam ainda mamiscriplos na mao dos brahmanes ou nas bibljolliecas da India e da Europa, e sera esle auxilio, difficil senao impossirel fora coidiecer a fimdo a primeira edade dos povos indianos. Delialde se prociirara sua diversa origem, e as condicjoes da sua primi- liva exislencia nos poemas e na compila^-fio das suas iels, o passado perdia-se sempre dc vista involvido em vaporosos myllios, c dcsap- paiecia como as illusoes da miragcni, Os f^edas, pore'm, acabam de ser publica- dos, e Iraddzidos quasi na sua inlegra ', e lirje, como diz umesiTiplor distincio, aquel- ie magesloso e profiindo rio da Ijtteratnra sanscrita leui sido explorado ale a sua origem. n Conliniia, ' Rig-J'eda-Sanhila hy Mat. Miiller. Ovfonl 104'J — 1854 = Riy-I'eila par H. A. Wilson, vol. 1.°, O.vforil m50^= liig-Feda, ou Livre dpi Htjmnes Irailiiit en fran- ^ais par Lanfilois 4 vol. 8 ■- Paris, 1848 — 1831 = Des f'edaa par Barlhiilemy S.' Hilaire — 1 vol. Paris, 18.54. APONTAMENTOS BIOGRAPHICOS SOBRE 0 NOSSO INSIGNE POETA LUIZ DE CAMOES. GONCALO VAZ DE CAMOES TALVEZ TnONCO DOS SEGCINTEs' Continuado de pag. 153. Joao Vaz de Camocs, chamado nos docunicntos J. Y. de Villa Franca, vivia em Coimbra em 1502 CASOU COM 1.' Calharina Pires f em liiOS 2." Branca Tavarcs, que cedcu um prazo que tinlia com seu marido no sitio do Alvor, cm sua irma c cunha- da, em frente Pero Vaz de Cainoes que nos docu- nicntos se chama P. V. de Coim- bra, casou no Algarve com Brites Gomes c. o. Alii viveu cm 1330 Philippa Tavares ficou com o pra- zo do Alvor por nomeacao de sen cunhado c irma c. c. Gaspar Nicolas, escrivao das sj- zas ncsta cidade Siniao Vaz de Caiuues da 1." mullier c. c. 1 .' -Vnna de Sa e Macedo ^ 2.'D. Francisca . . . . ' depois de viuva casou com 0 Dr. Roque Pcrci- ra Tavares' Isabel Tavares da 2." niullier c. c. Alvaro Pinto. s. G. Antonio Tavarcs, escrivao como seu pae c. c. Maria Rodrigues, e viveram nc- sta cidade com mais parentes. Luiz de Camocs ■[• sol- tciro, em 157'J. Pedro Tavarcs, o qual casou nesta cidade com F. . . . ' Digo tahez for nao constar ilos dociimenlos qitcm verdailcira. mentc seja pae Uos iLia irmaos. Vi-j. a memoria do cil, bispo de Viseu. '■ Foi a m.ic do poela, coiiforme o cilado blino de Yiseu lom. 1 par. «8. Assc-nhorcou-se do prazo das casas da ma dos Coulinhos, por tcr ficado herdeira de seu raarido Sim3y Vaz. Dijcumeulo n." 4. * Ja tioha fallecido o poela. Anna Tavares, ([ue casou com Gi- raldo Lopes 2." marido, e teve do 1.° matrimonio I'ina doida que f cm 1043. s. o. e passou o prazo a um filho do pa- drasto por nome Luiz Lopes de Moraes. Desla sorlc terminou nesta cidade a casa dos Camocs, e de sens parentes. 170 DOCUMENTOS EXTllACTAllOS DOS LIVUOS DE EMPIIAZAMENTOS DA SE PE COIMBKA ^0S LOUAKES ABAIXO AfOMADOS. I. Aos 16 dias do racz d'agoslo do anno do nascimento de IS. S. J. Ciiiiisto de IBSO annos em a ridadc do Coimlira, doiilro na so della em caliido cluiniados a olle os srs. Dognidadcs e Coiu'gos ao deanio nomoados; e hem assi cslando o iiiiiilo hoiirado Joao Vaz de Yilla Franca, cavalli'iio cidadao da dita cidade, c cm clla moiadi)!', logo por die I'oi aprescntado iim instrumento de reniinciarao, e trespassa- meuto assigna!J2 dcnlro na .se cathedral dc Coimhra, eslaudo presenlc os srs. Deguidades e Conegos, estando hi Simao Vaz de Camoes, lidalgo da casa d'elrei nosso senhor, por o qual foi dito em presenca de mini tabeliao pubrico, c das teslemunhas ao dianlc scriptas que era verdade ipie Isabel Tavares sua irma, Irazia por lilulo dempraza- niento em Ires vidas um assento de casas c (|«inlal nesta cidade, que perlencem ao dilo cabido, as quaes Ibe ficaram per falecimenlo de Joao Vaz, seu pac, que sancla gloria haja, cidadao desla cidade, as quaes Ihe o dito ca- bido ennovara a dila sua irma, e ella era ora nas ditas casas e quintal a primcira vida, e dellas pagava de pensao em cada um anno ao dilo cabido mil reis era dinhciro e dois capoes: as quaes casas estao na freguezia da dila so, e partem de um cabo com Jeronymo Salvago, conego na dita se, e do outro com quintal do Prolonatario lleitor Roiz de Gouvea, conego oulro si na dila se, e por dclraz enlestain era casas do licenciado Joao Vaz, e por deanlc partem com rua puvrica, e com outras con- frontacOes coin que de direito devcni partir, dizendo elle mais Simao Yaz de Camoes, que elle casara ora a dila sua irma c Ihc dera a niaior parte de sua fazenda era casamcnlo, por a qual razao ella com seu marido Alvaro Pin- lo Ihe tizera doacao das ditas casas, pera que elle as bouvesse e innovasse em si pera o que Ihe lizerain procuracao, e nella Ihe derain lodo 0 seu comprido poder para que elle Simao Vaz em seu noine delles Alvaro Pinto, c Isa- bel Tavares, sua mulher, renunciasse as ditas casas na niao do dito cabido e direcio seiilio- rio dellas, para que llies innovassem a elle Simao \'az, e Ihe lizessera novo litulo dellas, segundo logo hi inoslrou por o dito cstromen- lo de doacao e procuracao que anda nesic livro de notas de mim tabeliao, etc. E \isto lodo pelos ditos srs. Denidades, Conegos c cabido, disseram que elles rccebiain em si a dita rcnunciacao do dilo assento de casas c (liiinlal, c desobrigavara aos ditos Alvaro Pinlo e sua mulber dos encargos em que eram ao dilo cabido etc. (L. 12 //. 31 e Pi.) 171 III. Saibnni os que eslc piihrii'O inslriinicnto de novo eniprazamonto em trcs vidas pola nia- iieira adeante dcclaiada virem, que aos ti dias do mez de sctembro de 1570 annos, em osta cidade de Coiml)ra c easa do cabido da ?e catbedral della, ondcoslavam presentcs os muito magnilicos srs. Denidades c Conegos e cabido adeante nomcados, e ncsta iiota as- signados: c oiitro si estando hi presciite o sr. Siiiiao Vaz deCamoes, fidalgo da casa d'eirei nosso scnbor, e era morador na cidade do Porto, por elle foi dito que elle no cabido pas- sado lizera iima pelirao na qual Ihc fora dado iim despacbo de que todo o traslado de verbo ad verbum e o seguinlc. Muito illuslres srs. Diz Simao Vaz de Caraoes que elle possue per titulo de eraprazaraento de vossas mcrces umas casas, que teni a rua do Adeao em tres vidas, cm que elle c a 1.', as quaes sac um sitio muito grande antigo, e muito arruinado, que quasi eslao no cbao como dirao os srs. ([uc as foram ver, e estao de maneira que sc se nao fizerem de novo sc perderao de todo, c por que elle supplicante se quer vir viver a csta cidade, e fazer no dito sitio umas casas nobres em que se obriga gastar 300^000, sem OS quaes sc nao podem fazer, c inda com mui- to mais, no que vossas merces recebem muito proveito por razao dos dizimos que elle sup- plicante ba de pagar de sua fazenda por ser seu fregucz e vassalo. Pedc a vossas merces havendo respcito ao sobredito Ibii deem mais cinco vidas alem das vidas que tem, as quaes nao pagucm mais pensilo, que a que tem, que sao mil reis c dois capOes, quee muito grande foro pera o dito sitio e gasto que sc ba de fazer. Despacbo. Apraz ao cabido havendo respcito a calidadc do supplicaiUe c vistas as razoes cm sua peticao declaradas, quegastan- do elle em quatro annos cem mil reis, e cm mais dois annos os 200^ que beam nestas casas de Ihe darem mais trcs vidas das tres que agora tem, as quaes corrcrao acabadas as tres que tem, com obrigacao .... que cada unia das dilas vidas que for nomeada dentro cm um mez se vira aprescntar em cabido com a nomeacao que liver, sob penna dc Ihe nao valer coisa alguma, c as ditas casas licarem vagas, c devolutas a nos e a nossa meza ca- pitular: como tanibem ficarao vagas e vaga- rao falecendo a pessoa que for viva sem no- mear .... D'esta maucira Iho faz, alias nao. — 0 licenciado Francisco Pessoa, concgo e escrivao do dito cabido o fez por seu maudado aos 20 de setcmbro dc lo70 annos. Ocban- tre Pcro Brandao. A qual peticao assi fcita e trasladada licou em podcr do dito Simao Vaz de Camoes, o qual dissc mais que as sobrc- ditas casas estao na dita rua do Dcao fregue- zia da dita se, e partem deum cabo com casas dc Jcronyrao Salvage, conego della, c da ou- tra com quintal que foi doprotonalario lleiior Uodrigues de Gouvea, conego que foi nadita se, que Deus baja, e por detraz eiitestam em casas dos herdeiros do licenciado Joao Vaz, e por dcante partem com rua pubrica c com outras confrontacoes estas sao as conteu- das no titulo ([ue Icm do dito cabido, jiorquc e elle Simao Vaz nas ditas casas a prinicira vida, como dclle constou por o prescular, c que ora pedia llie fizesscm novo titulo de em- prazamcnto conforme ao despacbo atraz. 0 que visto por dies seaborcs, disseram em pre- scnca de mini tabelliao e tcstcmunhas adean- te nomeadas que por todo o sobredito passar assi c na verdade, e o cabido tcr feito vedo- ria nas ditas casas, e sc achar que estavani muito danilicadas, c que fazendo o suprican- te e inclino Simiio Vaz as ditas bcmfeilorias, seria muito em proveito e utilidade da sua meza capitular, assi pela nobreza da proprie- dadc, e lerradcgos e dizimos que sc aquiri- riam por cstarcm na freguizia da dita se, e deferindo a calidadc dc sua pessoa dclle Si- mao Vaz, e por outros justos respeitos, quii OS a isso nioviam e conforme ao dito despa- cbo Ibe eniprazavam, edefcito emprazaramas ditas casas, etc. f/,. 14 dos emprazamentoi (I. n.) IV. A^Ho dada ao sr. licenciado Francisco Pessoa nosso iniiao das casa,i que foram de Situdo Yuz Canwcs que eslq,o defronte das suas. Aos 7 dc novembro de 1384, scndo clia- mados para cabido se deu ancao ao sr. licen- ciado Francisco Pessoa, nosso irmao jx>ra po- der tirar c dcmandar ao Dr. Roquc Pereini, e sua mulher I). Francisea, como herdeiru e successora de seu marido Simao Vaz Camoes, que Deos tem, umas casas de que o cabido d dirccto senborio que estao junto com as do sr. Jeronymo Casco, c defronte das que die sr. Francisco Pessoa vive, pera o que Ihc dao todo 0 direito, que pera as podcr tirar, tem ou por vagas, ou por qualqitcr outro direito, que 0 cabido, ou sua meza capitular tem, porque todo trespassam ncUe pera cslc cfl'ci- to, por acharcm ser isso proveito da casa, c si obrigou as custas; e die assi accilou. E mandarao fazer estc assento c assignou conii- go. — Antonio Moutinbo, Francisco Pessoa. — (Accorddo do cabido. L. dp. 131. vers.) V. Ao derradeiro dc Janeiro de 1603 annos fez 0 Dr. Uoquc Pereira Tavarcs uma petijao ao cabido, em que narrou que sua mac Antonia Tavarcs o noracou em testamento em umas casas prazo do cabido que estao a S. Christo- vao, em as quaes casas sc meteu dc posse 172 dellas Antonio Manso, cunhatlo do dito Ro- q\ic. Pereira, jiara que vindo o dilo Anionic Manso on sua muliier podir innovai.ao das ditascasas, so nao I'aca nom deliia, s<'ni man- darem dar vista ao dito Roquc Pereira : o (juc vislo pelo dito cabido mandaram que so nao faca titulo algum sera sc dar vista ao dito lloque Pereira, para ccrteza do sobredito liz eu Vasco d'Almeida cste assento no dito dia mcz c anno, em (|uc assinou o sr. Deao. — Vasco d'Almeida. (L. b dosaccorduos jl. 67.J YI. Anno do nascimcnto dc N. S. J. Chbisto de 1C2S aos 14 dias do mez de Janeiro na se cathedral della ondc cstavam especialmenlc coiigregados os srs. Dignidades e Conegos, etc. , e sendo presente Manoel Correa morador na sua (juinla de Lordeniao por ellc foi dito que entre os mais bens e propriedades de ([ue 0 dito cabido e sua meza capitular era senho- rio, bem assi era uma murada de casas, que rile tinba e possuia na rua de S. Christovao da dita cid'ade prazo do dito cabido ([ue nelle nomeara oDr. RoIO F. A. LOBO , RRSUMO DA. HrSTORlJt DA £GREJA DO ANTIGO TKSTAMESTO, COIMBRA 1H27. DA.>(\R.\MAYR, IWSTITrTION ES UISTORIAB ECCLESIASTI- CAE -NOV, TEST., CU.MMBRICAE IBSG. A. Isag-oge da Historia. Sun no^ao — divisao — iitili- dade — fira — objeclo. Fonlea hiBloricas — espccies — au- ctoridnde. Hisloria litlrraria — Bil)liographia bisturioa. B. Hisluria da Egreja do A. Teslaiiieiilo. Crca9ilu do mundo — (]tic(la de Adao e Kvo. Dilnvio, Voca^3o de Abrahao. Patriarchas, Moyses — in3titiii<;3o e leis do povo jiidaico. Jiiizea — reis — divisao do reino. Reis de Israel ate d destrui);*io do reJno per Salman^tzar. Reis de Jiid.i Hl6 ao capli\ciro de Babylonia. R'Slilui^ao dos Judciis — govenio dos sumraos sacerdoles — Machabeus. Ainbi<;oes e coulendas por causa do g:()verno. Herodes rei. C. Hisluria da Ei:reja do N. Tcstamenlo. 1. Periodo primciro desde J. C. ate Coaslanlino Majjn'j. a. Jesus Cliristo — sua duiilrina — morte — resurrei(;ilu — ascenstio. Api;*I'jIo9 — sens trabalhos — egrfjas apusla- licas. Pre^a^aij do Evangelbo — causas, que a favorecem — difficuldarles, que enconlra. Persojiii^Ses. i. Cunsliliiii^So da Egreja — puiitifice romaiio —sua primazia— bispus — presbyleros — ^diaconos E!ei(;3o dos niiiiislros aagrados. Successao dos.Lispos nas pnncipaes egrejas. Concilios. Padres. Escriplores ecrlesiasticos. c. Doutrina Clirl^la. Discij'lina. Rites. Costumes. Inflocncia da Heligi3o nos costumes pulilicos. d. Controversias. Scismas. Heresias. Gnosticos, Ma- ni cheus S, Periodo segiindo desde Constantino al^ Carlos Magno. a. Oi Tmperadores protcgem a Egreja. Conversao dos Barbaros. b. Privjlegios e poder do clero — causa e origeiu d'este poder. Principio do poder dos papas Sdbre os principt's, — palriarrhas — exarchas, elf, Aucloridado do romano pontiflce. Infliiencia dos principes nas elei^oes dus bispos. Concilios ecumt'nicos — sua aucloridade. Padies. Escriplores ecclesiaiticos. c. Disciplina — ritos — mais — e maJs pomposos Coslunif'8. Infltieiicia da Religiao sobre a sjciodade, e especialmente sobre a legisla^rio e cosluincs. Monges — lua ori;;eiu e especies — seu augmentu — influencia d. Controversias — sc'smas — diverso roodo de proce- der da Egreja contra os herejes. ArJnnos. Pelagianos. 3. P.;riodo terceiro desde Carlos Magau ale Gregorio vn. a. ConvprsSo (aa vezes violenta) do8 povos do Norte. A seita de Mahomet no Oriente — na Africa— na Hespa- nba. 6 Grande poder do clero. Os bispos senliores feiidaes. Vol. III. OcitBBO 15— Origem das investidiiras. Os bispos nonieados pclos prin* cipes — inconvenientes e escandalos d'eslas nomea^ofS. Ignoraiicia da Enropa. Traballios dos monges. c. Ritos siipeisticiuBos, Lendws — aclaa falsag — abiiso dns reliqiiias e das perigrinH(;uc3. Corrup<;ao dos costumes. Simonia escandalosa. Inrontinencia do rlero. d. Conlro\er&ia sobre o culto das imagens. Scisma dos Gregus — seu pretexlo — verdadeira can sobre Gregorio VII. e siias reformas. Necessidade de re- forms. Conciiio de Constanta — de Basil^a — de Ferrara e de Florenea. c. Scliolastica — sua inOuencia. Restaurai^Jio das letrai. Ponlifices mais illuslres. d. Scisma do Oriente. Clemenle V. em Arinbao. Scisma do O.cidente — graves males, que elle causa, e. Abachard — Albigenses — inquisi^ao. 5- Periodo qin'nlo desde Luthero atolica. Historia especial d'esU parte da Theologia — stia relai^ao com a I>iii;malica especial — no^rto e prin- cipi'j d'eslit — sua historia. DeGiii^ao e coiidi(;ues du Do;rni3. DifTerentea melhndus Sfgnidus na suaexposi^Su — lijslorico — denioiislralivo — poicinico, Vantagens do fjiie rcunir lodus esles elenieiiloa. Mysterios e sua possi- l>tlidade. Artii;i)9 fiindam<--nlae$ e nao riin(lamenlar>s d<'S Proteslanles. Exfiosi^-Jto e refutai;ao dj indilTerenlisiuo, on tolerancia leligiusa. SymludiiS — livros symbolicos. B. Unidade de Deus — Dualismo — Pulylheismo — Panilieisnio. Kssencja de Dens — aUnlmtos de Dens. C. No^ao da Tritulatic — eren^a da E^'reja n'esle Doirnia — sua iniportancia. Denomina(;5o e divindade .ilo Pae — do Fillio — ilu Espirilo Sanclo, Oisliiici;ao real tins Ires Pessons. PruceasGcs e outras coiuo propriedades do myelerio. J). Incarna^ao. 1. Conlia OS JuJeus: promessa do Redemplor conlida no A. Teslamenlo — analyie e exposi^ao de loJas os -propheciiis n'elle conlidas, e (|ne dizem respeito ao Mes- jlia^, Epoclia? ^n<'l,is cliaracterifilicas — officios on oiunns •lo iMessias. Jesus de Nazar< tli e o verdaileiro Messias. 2. Contra os hereges ; Jesus de Nazaretli e \erda- delro Deus P verilacleiro lioniem — diias nalureaas — von- ladcs e opera^ocs de Clirislo. Chrislo e Qlho proprio de Den?-. Maria iii3e dcClirJslo e mSe de Deus — sua xirgin- ilade. Hnmauidadfi de Chrislo unida hypostaticanienle ao Verbo — . cnllo que Ihe <5 deudo, Communica^iio ue idion)as. Morle e sepulJnra de Chrislo — reflexoes a cerca ita senleii^a da sua condemnac^rio — refutat^ao de J. Salva- dor. Dt'scida ao8 Infernos — resiirrei(;ao — asrensao de Chrislo aos Ceos — seu assento a dextra do Padre, E. Morte imposta a todos os homeno. Juizo particular. Deslino dos jnslos — dos condeninados — Purj:alorio — Cuinmunhrio dos Sanclos — seu culto — cullo das Ima^ens — das sagradas Reliquias. Resurrei^ao dos corpos — Juizo voiversal. IV.B. Nesle segnndo anno os alumnos de Theulogia Irequeotam a aula de Dirrito Natural^ ou Pbilosophia de Dircilo Da Faculdade de Direilo. 3.* ANNO. — 4.» CADEIRA. CONTINUA^AO DA THEOLOGIA DOfJMATICA ESPECIAL. Xente — Dr» Francisco Jntomo Rodrigues de Jzevedo. COUPB.NDIO — J. PRONYr, SYSTBMA THBOLOGIAB DOGMATI- CAE CHRISTIAXO-CATHOLICAE, COMMBRICAB 1848; C simultancamenle~-F. l. b. LiEseRMANN, institutio- JiES THEOLOGIAE, MOUUKTIAE 1U44, A. Primeira parte. 1. Crea*;3o — do mundo — lirado do nada. Exame das diversns opiniSes sobre a historia da crea^So referida por Moyses — fiui — conserva^ao — goverao do mundo — Provideocia. 2. Anjo8 — sua eiislencia — nalureza — ejcellencia — dotes — minislerios — queda. 3. Homem — sua cren(;So — nalureza — doles — • deslino. Decadeucia dos priineiros paes — exame crilico da historia da queda primiliva referida por Moyses. Pec- cado original -^ uoiversalidade da sua transfusSo — opi- nIOes diversas a cerca da nntureza e modo da propaga^So do peccado original — J. Chrislo, e a Virgem luiie de Dens sao d'clle excepluados. B, Scgnnda parte. 1. Gra(;a e suas especies — imporlancia d'esta doulri- na, e sua difliruldade — conIro\ersias fauiosaa a cerca da gra<;a. K a questilo philosophica enlre a liberdade e a fatalidadc. 2. Grai;a actunl — sua necessidade para toda e qual- qner ol)ra salntar. — gra^a etTicaz — uao iirejudica a liber- daile. Ponlos definidos pela Egrcja — apprecia^So do8 di\ersos syslemas sobre a cITicacia da gra^a. (Iro^a suf- ficiente — e graluita — se 6 dada a todos? Ponlos deflni* dos pela Egreja — exame das opinuVs a cercu dos nSo deflnidos — desegualdade das trra^as. PredeslinaQao e reprovH^ao — a reprova^So dSo i absulula — e a predesti* na^So ? 3. Gracja sanclificante — sua natrireza — doutrina do coricilio deTreutu — disposi(;ues ou meios para alcan^ar a justificaeHo — corollaries d'esta doutrina. PropriedadeB da jnsliflcai;ao — sua incerleza — amipsilpilidaje — au;;- mento ou dimioui^ilo. Qnestoes escholasticas scbre esta materia. 4. Boas obras— sua npcessidade— sen merito. Espceic^ de ruerito — suas condi<;oe3 — ol>jeclo — variedade. 5." CADEIRA. THEOLOGIA DOGMITICO-PRACTICA. Lento — Dr. Jose Ernesto de Carvalho e Rego, COMPENOIO A. LUBV, THEOLOGIAB MORAMS rN SYSTEM* REDACTAB^ ETC., CONJMBRICAB 1848. A. Parle geral de Moral Christa. 1. No<;oes preliiuinares sobre a nalureza^objeclo ^ fim — di\isao — utiiidade — excellencia — funics daTheo- Iogi;i Doirniatieo-Practica. A sua hisloria litteraria, 2. Natureza moral do hnmem era geral — em particu- lar sua nalureza moral, relalivamenle aos qualro estados da innorencia primiliva — da culpa — da gra^a — e da gloria. Seu fim — deslino — e dignidade. 3. Praxeologia moral, Natureza e indole das ac^fSes mornes do homem em geral — norma d'eslds ar^'oes, e sua flpplica^ao a ellas tanibem em gerrd. Leis em parti- cular, conio norma das ac^oes moraes, e sua ajijilica^ao a ellas como principio d*onde nasce a imputa^ao. CoDsci- encia— nioralidade das ac^oes. 4. Arelologia geral. No(;iio, indole, divisao, ordem e collisao d'ollicios e direilos. Theoria dos habitus em geral — em especial dos bons — no^iio, nalureza, molivos, con* di<;oes, nccessidade, divisao da virtude -— impedimentos ireraes da i irlude — adminiculos tia \irtude em geral. Theoria dos habitos raaus em especial. Vicios e peccadoa — causas, fuutes, occasioes — grau dos vicios, e da vicio- nidade. Emenda moral. B. Elhica Chrisla applicada. 1. Onicius do homem Christao a respeito de Deus — virludes, que d^elles nascem, vicios que Ihes sSoopposlos. 2. Officios do homem Christao a respeito de si raesmo — virtudes e vicios, que se seguem da sua observancia, ou D'lo observancia. 3. Officios tantoabsolutoa, como hypolhelicos a respei- to do proximo — virtudes e vicios, que Ihes correspoodem. 4. Conlractos em .geral — em particular. 5. Sociedade conjugal e palerna — obriga^5es e direi« tos, que Ihes sao annevos. C. Theologia pastoral. I Officios especiacs dos pastoret da Egreja de toda* as hierarcbias* no que respcita: fl. A prega^So da palavra de Deus. b. A disprnsa^lo dos sacramentos. c. A cura das almas. > -^-^^^Vx- .^**" "^V^^- 175 d. Ao exercicio do culto externo. S. Oflicius do povo, rclativameute ao clero em geral ^-ao8 seUB paslorcs em particular. 4.*' ANNO — 6.» CADEIRA, THEOLOGIA LITORGICA. lieote— Dr. Anlonio BeUarmino Carr^a da Fonseea* COMPBNDIO J. PHUNYI, STSTEMA THEOLOOrAH DORMATI- CAE CURISTIAISO-CATUOLLCAB, COMMBKICAB l9iB> A. Sacramental. 1. Sacraaientus em geral: no^ao c inslltui^uo dos cacramejilos — sens cuiistiliitivos — rcqiiisilos dt> ministro — do subjeito. For^a^ efficacia e numt-ro dos sacramen- tos. 2. Sacramenlos em particular: a. Baplismo — noi^ilo — instilni(;ao, materia, furraa, mitiistra, sulgeilo, necessidade, efTeitos do baplismo. b. Confirmaqau, verda'lelro sacramcnto — sua materia, fiJrma, miiiislro, suhjeiln, necessidade e effeitus. c. Eiirhiirislia — mysterio da presen«;a real — Irans- eubstuncia^aii. E verHadeiro sacramenlo. Sua maleiia, forma, miuislro, necessiilade. E verdadelro saurificio da Lei no%a — proplcialorio — ialreutico — ■ eucUaristico — imjtelral(>rio. d Ptiiilciicia — J. Christo deu a Egroja o poder de reter e perdoar pi;ctailos — neccssiitade da conCssaa sai-ra- tnenlal — da cuiitri^ao — satisfac^ao — poder da E;;reja de conceder indnl^'encias — maleria, forma, Qiinistro, suljeito, effcilo iK>sacrameiito da penitencia. e. Exlrema-Unc^ao — verdadeiro sacramenlo — sua materia, forma, roinistro, sul-jeilo, Qecessidade, effeilos. /, Ordem, autre sacrameiito — sua maleria, forma, minislro, suljt-ilo, ntcessidade, effeitos. g. Matrimonio — e urn olficio da natureza instiliildo por Dens — e lamln-m verdiidt-iro sacramenlo-^ sen mi- nislro, miilerirt, forma e subjeilo — a E;.Teja tern j)()der dc cstal»f;lecer iinpedinientus dirimeiiles do malrimonio — Poly^amia simnltanea prohibida na Lei nova — iudissolu- bilidade do matrimonio. B. Liti:r<;id em especie: I. Nor fin. S. Divi.sao : a, Historira — exposi^Ho das varia^OL'S succedidas oa E;5rcjii a respeilo iJo cullo. A. Techiiira — desinvoUimenlo das \eri1adt-jras caiisas d'eslas varia(;ot'S — estjbelecimento do cullo religioso maid accummodadu ao espirito do Chrisliaiiismo. A. li. Nesle quarto anno us aluiuims de Theologia frequeutam a aula ile Dlrt^ito Ecclcsiuiiticu Publico na Faculdade de Direito. uh 5^ ANNO. — 7.» CADEIBA. ESCRIPTURA DO TESTAMRNTO VELHO E DO TESTAMESTO novo PARA AS LI^OES DE EXEGETICA. Lente — Dr. Anlonio Jose de Freilas Honoralo. CoMPE^UIO — FR. J. DE S. CLARA, CONSPECTUS HERME- NEUTICAE S A CRAB WOVI TESTAMENT!, CuNIMBR ICA J-: 1827, E — J. JUI/IAM. MONSI'EUOER, I.^STlTLiT10.^ES HBRUGNEUTICAE «OV. TEST,, \I.\DOBONAE 1704. A. Hermeneiitica s.ic;rai!a do novo e anti^^o Teslamcn- lo : -^liermeneutica em gpral — hermeneulica saijrada cm especial — hermeneutica sagrada do noio TistaiucnU) mois e6|)ec(alme)ite — do anli:;u — livros apucrijjhos do Tcsla- mcnlo novo — do autigo. Fim inlerno e exlcnio da h-r- menenlica sa^rada — meios proximos e romolca jtroprios para seconst-iruir csle Gm — uso d'esles meios pela analyse e epilyse— regras Lermeneulicas a cerru do senlido da Palavra de Deus — dos meios hcrmeneuticoa — do uso d'esles meios. B. Analyse hermeneiillca da hisloria harmonica dos qimtro EvaiigelliDS. Explicada — expusi^ao de cada uma das pericopas mais obscuras — analyse hermeneulica das pericupas mais diOiceis do antigo Testamento, C. Epilyae hermeneulica dfl alguns logares c)as*icoa d*entre as pericopas da analyse — epilytc — ejtegetica — eleoclica — porismatica, N. B, Nesle quinto anno os aliimnos de TheoIo;n*a frequentam a aula de Direito Ecclesiastico Particular na Faculdade de Direito. SEXTO ANNO. Neste fiexto anno os atumnos de Theologia repelem as aulas do qnlnto anno. No lira de cada iim dos primeiros cinco annos, os aluinnos habililados liram duis ou mais pontus sobre us materiaa, que frequentiiram ; e n'esles sao examinadoa jjublicamenle pur Ires ou qiiatro Lentes de Theologia e de Diri'ilo (nas suas materias). Aos alumiios approvados no exame, ou acto, do quarto anno, se confere u ijrau de Bacharel. t)s repelenlt's (ahimnos do 6.° anno) defendem publi- camenle no fim do anno umas TlieseSj tiradas de tudas as disciptin.is, que frequfntaram ; e nas quaes Ihe arc<:nmen- tam oilu Lenles, ou Duiilures Theologus. DepuJs era uni ExHtiie pritatlo seis Ltenles Tlieologos os examinam sobre as miiteria? principaes de lodo o curso. Ao alumno ap- provado n'f'Ste exame e conferiJo o gran de LiccnciaJo, e p(J(le lomar o de Doulor. RELATORIO Dos Irahalhos do conselho da faculdade de muthematica, no anno lectivo de 1833 para 18u4. A pezar da alteracao que soflVcu o soccgo publico nesta cidadc por occasiao da lesta do Carnaval, e dos aconterimcntos cxtraor- dinarios que d'ahi resultaram, o servico ordinario da faculdade correu regular por parte dos professores, que, animados do maior zelo pelo ensino publico, poderam allenuar os nifius effeitos d'aquelles acontecimentos, tendo a satisCaecao de ver que este seu zelo foi coroa- do de resultados satisfactorios para o apro- vellamento de grande nuniero dos sous disci- pulos. 0 tempo das aulas foi prolongado o mais possivel, conlinuando as do 3.° e 4." anno ate 10 dejunho. e levando-se ainda mais adiante as do 1." e i.° anno, dei\ando-se somente o tempo quo jjareceu necessario para se fazereni os ados dos esludantes habilitados. Os ados lizeram-se com o rigor costumado; e 0 conselho, depois d'elles, dccidiu que se consignasscm no livro das adas das congrcga- coes OS nomcs dos esludantes que se haviani tornado distinctos pela sua frequencia e nosi ados. Tendo o governo de S. M., em portaria do ministerio dos negocios do reino de i'6 de agosto de lSb3, dcclarado que o arbitrio, adoptado pela faculdade de mathematica em 29 dejulbo domesmoanno, satisfaz completa- mente ao pensamento que dictou a portaria de 3 de agosto, relativaniente a classiticacao dos alumnos que foram approvados no 3." e 4.° anno da faculdade, a tim de serem equi- parados em vantagens aos alumnos da eschola 176 do exercito: n'essa conformidade fez o conse- Iho n'este anno a classificacao dos estudantes do 3." e 4.° anno, a qual, por via do prclado da univcrsidade, fez subir a presenja do S. M. Nao havcndi) no anno lectivo ultimo estu- dantes niatriculados no 5.° anno da faculda- de, cntcndou o consclho ser niais conveniente que OS sextanistas da faruldado, em vez dc frequenlarem a ".' cadeira collocada no 5." anno, frcquentassem antes a 8/ cadeira; e tnniando esta decisao, foi ella approvada pelo governo dc S. M. em portaria de 4 de uovembro. Estatistica da frequencia, e aproveitamenio dos alumnos da faculdade de malhemalica n'esle anno lectivo. s < Approval!. s 1 a i J 33 o S Is 29 i. a 1." 2:2 1 1 » 33 62 0.0 8 5 2 9 24 24 7 31 3.° 0 i « o 5 5 2 7 4." 7 « « 2 » 9 1 10 S.° « « « « 6." « (( « 3 3 3 (( 3 r„tal 39 7 3 ^5 74 74 39 113 Podendo a letra dos estatutos dar logar a duvidas sol)re quern deve piesidir ao acto das theses, fcii, por proposta de urn dos vogacs do fouseliio, ventilada esta questao, resul- tando detidir o raesnio conselho, quasi por tinaniinidade, que esta presidencia cabia ao lento de prima da faculdade, ou, na sua falta, a quern suas vezes lizesse. Tendo sido presente ao conselho a portaria de 5 dc septembro, relativa ei publicacao gratuita do jornal do Inslituto de Coimbra, na qual sc pcrmitte as faculdades acaderaicas 0 fazor imprimir as publicaoOes scientilicas e litterarias, foi, por proposta do vogal Barrcto-Feio, nomeada uma commissao, com- posta dos vogaes Guerra Osorio e Jacome Sarmento, para colligir das actas e archives da congregaeao o que mereccsse ser publicado ; e ao niesmo tempo foram convidados os pro- fessores da faculdade para darcra por cscripto quaesquer demonstracOes, aditamentos ou memorias com que substiluam ou ampliem algiima parte dos compendios por onde cx- pliquem, a lim dc ser tiido publicado no jornal. Tambem foram mandados alii pul)licar os programmas, cxigidos na portaria do mini- stcrio do rcino dc 11 de maio, depois dc com- pctentemente approvados pelo consclho. Durante este anno lectivo o consclho da faculdade tomou as seguintes resolucues: Que OS professores das respectivas cadciras d(*cm, em oongregafao, conla dos alumnos que deixarem dc entrcgar os exercicios que Ihcs forem passados. — Que as dissertacoes de partidos ou premios corram por todos os vogaes do conselho, a fim de que todos pos- .sani volar sohre a conccssao dos mesmos partidos ou premios. — Que no principio de outubro de cada anno lectivo se publiquem por edilal todos as dccisocs do consclho sobrd a contagem e elTcitos das faltas. — Que sejam dois OS dias de ponto no 3.° anno. 0 conselho approvou para compendios da faculdade : A 1." parte dos elemcntos de astronomia, aprcsentada pelo vogal Sousa Pinto. A nova traduccao da algebra superior do curso demathematicas puras de Francocur. K decidiu, (juc, vista a demora que tem tido a imprcssao dos ullimos volumes da nova edi- fSo de astronomia de Biot, nao fossem os estudantes do 4.° anno obrigados a comprar OS prinieiros volumes na imprensa da uni- vcrsidade. Decidiu tambem, que no proximo anno lectivo frcquentassem os alumnos do S.° anno a C cadeira collocada no 4." anno, e que n'ella comecassem por estudar a mechanica dos iluidos, c que na 5.' cadeira se explicas-' sc optica. 0 consclho, decidindo que se instasse pela conccssao de lodas as verbas pedidas no seu ultimo ortamento, quiz que n'este relatorio se fizessc tambem sentir ao prclado da uni- vcrsidade a urgente necessidade da acquisi- ciio dc uma casa propria para aula de dese- nho, visto que, tendo o governo de S. M. cedido a faculdade de niedicina o cdilicio do collcgio das Artcs, tica o mesmo consclho pri- vado da casa onde primciramentc fora col- locada aciuclla aula. 0 consclho pediu tambem ao prclado a graja de sollicitar do nicsmo governo de S. M. a conccssao da casa da livraria do col- lcgio de S. Pedro, a qual, no entender do mcsmo conselho, e a unica que mais eco- nomicamenlc pode ser aproveitada para esse lim, e sera o que se tornara impossivel a exislencia d'esta cadeira, tal qual deve ser montada. Sendo reconhccida a necessidade de mais uma casa d'aula para uso da faculdade, c tendo esta requisitado da faculdade de philo- sophia a casa , onde antigamente fora esta- belccida no museu a aula de hydraulica : a vista do olTcrecimento de outras casas por parte da faculdade de philosophia, nomeou 0 consclho uma commissao composta dos vogaes, Castro e Silva Montciro para de ac- cordo com o prclado escolhcrum no niesmo local do museu, e mandarem prcparar uma aula que satisfaja as condicocs materiacs do" cnsino. Em consclho da faculdade foi lida uma 177 carta do digno par do rcino, director do observatorio, dirigida ao revercndo hispo de Braganra, na qiial participava lerem cliega- do no paquete de 2i de abril os conhecimentos dos instninientos para o observatorio, que deviam cbogar nessa scmana a Lisboa no vapor D. Maria II, sendo depois remctlidos para a Figueira no primeiro navio do esta- do (jue possa alii descmbareal-os. E o consc- llio, pelo intcrosse de tao grata nolicia, dc- tidiu que d'ellcs se lizesse mcnrao nas suas aclas. 0 vogal Sousa Pinto, director interino do observatorio, cxpoz a convcnicncia de sercm propostos para ajudantt's do uicsmo observa- torio OS actuaes calculadorcs extraordinarios, c tanibeiu a do provimento do logar de 3." astronomo. 0 conselbo concordando com a nccessidade da nomeacao dos ajudantes, foi de pareccr que a do 3.° astronomo devc scr adiada per agora, attcnlas as circum- stancias do se acbar incompleto o quadro da faculdade, e da auscncia, em graude parte do anno lectivo, de tres de seus vogaes occnpados em servico da jXacao. PassanJo a fazer a visila do observatorio, tevc 0 conselbo occasiao de exaniinar oflicial- mcnto OS instrumentos ullimamente cbcgados, OS quaes ja baviam sido montados provisoria- mcnlo, para se vcr se havia falta de alguma pcca, e de cuja coilocacao dellnitiva se cstava traclando torn a maior diligencia, tcndo cbe- gado jii a auctorisacao para se I'azcr a des- pesa nece'ssaria para siniiibautc elTeito. E o conselbo resolvcu que norelatorio da faculda- de se manifestasse a gratidao de que seacbava possuido para com o governo de S. M. por uma accpiisicao tao importante para o servico e credilo da faculdade de nialbemalica. 0 director interino do mcsmo observatorio dedarou nessa occasiao ao prelado da uni- versidado que Ibe constava ter sido lembrado, pela commissao encarrcgada de escolber urn local e cdilicio proprio para cadea desta ci- dade, a parte construida do antigo observa- torio ao Castello: e que, a ser isto certo, cntendia que a faculdade de matbematica devia emprcgar todos os csforcos para que se nao desse tal destino a um edilicio, que, pela sua posiciio c capacidade, oflcrecc as nielbores condicoes que se exigem n'um estabclecimento asirononiico, e cujo acaba- raento, para o bm a que desde o seu principio foi deslinado, se torna ao prcseutc mujto mais ncccssario e urgenle. 0 conselbo, conformando-se cm tudo com as ideas do director interino a tal respeilo, fez seutir ao prelado da universidade a ncces- sidade de se nao dar destino aquclle edilicio, que prejudique o que teve primitivamente; e teve a satisfaccao de vcr (|ue o mesmo pre- lado promettera auxiliar o conselbo n'este cmpcnho. A POESIA SLAVA MODERNA. Continuado de pa^. 166. Finalmente, para mostrar a graca perfeita com que Subbotitj soube apropriar a indole das piesnas a poesia cavalleirosa, nada nos parece tanto a proposito como rcsumir acpii, conservando-lhe o colorido, a extensa balladu de trinta paginas que clle intitula Bcidiii- Ichl.a Jioulu, ou 0 Voicvoda Mirko c sua Fillm. « 0 velho Mirko, voicvoda de Syrmia, cscrc- ve da sua fortaleza de Berduik uiua carta a seu irmao d'armas, vclbo como clle, o beroe Jug Eugdan: Escuta, amigo: Tu conheces- niinba bllia Ikonia, que exccde era altura e belleza todas as donzellas da nossa terra; desejava procurar um esposo para ella, e um genro para mini, que alliviasse os mens bom- bros, aluidos pela edade, da pesada armadu- ra que ja mal posso sustentar. Nao tenbo j;L niuguem era que espere vcr-rae reviver, lla sete iuinos que meu lilbo Radovan partiu com 0 nosso exercito: e de ba muito que o exercito esta de volta, mas nenbumas noti- cias de Radovan. Ikonia tinba-se babituado a ir cacar aos monies com seu irmao, a ma- ncjar a clava, e a atravessar a aguia com as suas frecbas na regiao das nuvens. Tcndo perdido seu irmao, desoja um esposo em tudo parecido com clle, e que a mini me avive a mejuoria do fiibo que perdi. E por isso, meu velbo amigo, que te con- vido para que venbas visitar-me dia de S. Joao. £ nesse dia, que ha de soltar-se no canipo um ligeiro veado, que minba filba apa- nbara na carreira; atirara com a sua clava a rail bracas de distancia; finalraentc a mil bracas de altura se dcixara subir aos ares- um falcao, e quando la chegar, .sera alraves- sado por uma frecha disparada por minba lilba. Aquclle dos nossos heroes que apanbar 0 cervo tao depressa corao ella; ou que alirar lao longe corao ella com a sua clava ; ou que. atravessar o I'abao a mesraa altura, esse, mi- nba lillia 0 acccitara para esposo, e logo no dia scguinte se festejani o noivado. Traze pois comtigo OS Icus nove blbos, e todos os senho- res da tua voievudiu, para que tomera parte na fcsla. » 0 \clho cscreve scgunda carta, cm tudo siuiilbante a priracira, a Miloch Obilitj da serra de Potseria ; envia terceira a Branko- vitj, da nevada Travnik; e depois quarta no mesnio teor aos Jakcbitj de Belgrado. Dia de S. Joao, todas as senhoras da pri- racira jerarchia, todos os senhores dos vastos paizes servios, se acham rcunidos nos cam- posextensos quedomina o castello deBcrdnik. Todos estao impacientes por ver o curioso descniace d'esta iucta de uma donzclla com 178 OS raais valciUes heroes slavos, lucla cujo prcmio sera a sua propria mao, quo val unia pica voievodid. Tao longo quanlo podc c'\lou- (ler-se, a vista uao ilescohri' si'nao cqiiipa- geus c spiiliorcs todos coberlos d'oiro. Figu- rem-se as tiiiias da aurora sohrc os prados, quando clla I'az lirilliar o orvalho com as mil cores do iris; assim brilliain os canipos de Berdnik ao rellexo dos milhoes do podras pre- ciosas ([uo seinlillani iios hdljiaks dos guerrei- ros, oomo as fulgontes eslrollas da noito na facliada do firmamonto. La estao os tres irniaos adoptivos, Jiarivo o Kralio\ itj, Uolia de Novi- Bazar e Milocii Obilitj, tres heroes como nuii- ca se virara outros similhanles nos sctc rci- nos latinos, c que val cada um delles so um cxcrcito. La csta o velho Jug Bogdan com os seus novo lilhos, todos frescos como novo golas d'orvalho, todos parccidos na estatura, nas foiroes o na valentia. J undo delles, hi so ve 0 fulminanlo Liutilsa Bogdan, cuja vista traspassa o inimigo primeiro quo olio chogue a tirar o sahre da hainha, o o enformo Uoit- thiu, quo similhando um raorto ambulante, iiao torn sonao a pelle sobre os ossos; mas seus ossos sao como do ferro. 0 I'oievoila Mirko desce da sua cidadolla, seguido da encantadora Ikonia em trajos do um joven guerroiro, com o manto tluctuando sobre os liomhros, o prcso no poscooo por uni diamante, que so olio val tres cidades impe- riacs. Nunca so idoou uma t'i7rt mais I'ormosa, nunca o pincol vonoziauo podera croar con- lornos mais perfeitos, nem um todo de linea- montos mais harmoniosos. Todos os heroes a contemplam fascinados; mas atras vera pu- lando 0 veadozinho captivo ; traz as pontas douradas; mordc n'nm I'roio ornado de pero- las; OS seus pes ligoirns alcanoariam uma viJa ou uma estrolla cadonte atraves do ceo azulado. 0 voicvoda Jlirko solta as rodeas ao prisionoiro, e com uma cliicotada o lanca no meio da arena. 0 animal, sentindo-sc livro, parte veloz; mas do tres saltos Ikonia o alcan- ca, e pondo-llie uma das niaos sobre a cabe- ca, salia-lbo no dorso, e o reconduz como um docil corcol a sou pao. Todos os ospectadores ficam siloneiosos e estupofactos; nonhum se 'bole. Os vclhos olham para os mooos, c os mocos, cheios de dospoito, olham para KriUi- iilj \ 0 guerroiro alado de Novi-15azar; mas Krilatilj abaixa a cabeca oncostada sobre a rclva. Do repenlc da handa do horizontc ouve-se uma cancao alegre : c a de um guerroiro dcsconhocido, montado, sera cstribos noni sol- la, sobre um oavallo selvagem, quo pula como um tigrc e cujas clinas varrom a relva. Esto hcroc, do uma physiognomia oxtravagante, traz ' Kn'l/ititj na lingua servia stgnifica o que traz nzas, e ilii-se psli- nonic aos fruerreiros, que chegam a saltar de uma nu ve« |i"r cima Ue sete cavallus de combate postos ao lado uns dos outros. 0 comprido manto dos bulgaros. Barbas hran- cas desceni-Ihc a cinclura, os ollios oscoudem- .so-lbe debaixo das bastas sobrancollias, e os bigodcs lliu'tuantos caom onrolados para tras das orelbas. Chogado ao moio dos hrilhantes sonhoros, lanca-llios um olhar dosdenhoso, c vollaudo-se para Relia Krilatilj: « I'or ipie tc appollidas tu o guerroiro alado, se nao Ions onorgia para rivalisar com a donzolla em ve- locidado? — Guerroiro dcsconhocido, res[ion- de Krilalitj, deixa-tc do injustas roprohen- sOes. Tonho luclado om volocidado com a andorinha, c tenho passado adiante das pom- has, som buscar outra recompensa mais do que 0 men divertimento. Como nao rivalisa- ria eu agora, se podosse, aqiii com osta mc- nina, quando ella (i o proniio da lucta, ella que nao enoonlra egual nos sole roinos lati- nos? Acho-mo porem coberto do dezesete fe- ridas, ainda nao cicatrizadas; o por pouco que eu corrosso, ellas se tornariam a ahrir no mesmo instanto. » 0 dosconbecido, dirigin- do-so entao para os mancebos, lanca-lhos sar- casmos pungentes. Como e que llies faltara os brios para esgottarom as suas Ibrcas, e arris- carem, se tanio for mister, a vida para me- rocorem uma tal belloza? nTalvez quizesscm, ([uo ella so tomasse ospontaneamente de amor por olles, 0 que viosso tiuiida, na sombra dos seus harens, enlrcgar-se as suas caricias. E uma vergonha, liuda Ikonia, quo Kquos assim abandonada: mas antes marido rellio, que sent marido. » Diz, solta o veadozinho^ e de uma SI) obicotada, que Ihe rasga a polle o Ihe faz saltar o sangue, o lanca na arena. Excilado pelo estimulo da dor, o animal foge rocando a terra com o ventre, como para escapar a mortc; mas o guerroiro descoubecido o segue. N'um instante ja Ihe passa adoante, e toman- do-o pela redea, vem trazel-o ao vnieeoda Mirko, e somc-se dopois no moio damultidao. C'ontinua. COSTUMES AR.\.BES. A >OBUEZ.V SO DESEllTO. ' « D'uma sarca espinhosa, » dizia Ahd-el- Kader, « rogada todo o anno com agua de rosas, nao se obteni souao cspinbos; d uma palmi'ira, scni roga, sem cultura, senipre sc colliom taraaras. » Segundo os arabos, a no- breza 6 a palmeira ; a plehe, a sarca espi- nhosa. No oriente crc-sc no poder do sangue, na virtudc das racas; considera-se a aristocracia como uma nccessidade social, ate como lei da nalureza. Ao contrario do que succede entre ^ Extraliido do que escreveu o geueral E. Daiimas sol)re este olyecto. 179 OS povof do occidcnlc, ningiicm ppnsa em revoltar-se contra esse principio alii recebido com placida resignacao. Af'ora a nohreza d'origcm lonpiqua e sagra- da, que se cnmpoe dos desccndentes do pio- pheta ((■hn-ifc.'<\ teem os arabcs outras duas Bobrezas distinctas; a religiosa' e a iiiilitar. Os marahoules e os djouudes sao duas classes de nobreza que deiivam sen csplcndor ja da pic- dade, ja do valor; cstes alcaiicam-o no coin- bate, aquolles com a oracao. Estas duas clas- ses pcrscguem-sc com odio implacavcl. Os djouudes exiialam contra os muruhoutes as con- suras que d'ordinario sc fazem, em todos os paizes, as ordens religiosas que procuram in- tronieller-sc nas cousas temporaes; accusam- nos dc inlrigas, de pianos tenebrosos, de pcrpetua cubira dos bens mundanos disfarca- da com um falso amor de Deus. Diz um dos sens j)roverbios: « Da zuoitia' sempre sae uma serpente. » Por outra parte os imirahoutes ac- cusani OS djouades de violencia, rapina e im- piedade. Kste ultimo arligo ministra-lhes mui- tas vezcs uma arnia terrivel; os mdrdboutes sao paja sens rivaes, o que era o clero da edade media para essa nobreza leiga a quern um anathema vencia, a despeilo do formida- vcl apparelho dc sua forca guerreira. Se os djouudcf! arrebatam o povo recordando-lhe os perigos arrostados, o sangue espargido, fazen- do, emfim, valer oprestigio militar, os ?;!«;■«- boutcs exaltam-lhe a imaginarao com a omni- potencia das creucas religiosas. Nao e raro ver um marabout amado on tcniido do povo p6r em risco a dominacao c ate a vida dc um djouad. Para sc comprebendcr o que c um nolire do Sahara cm todo o seu esplendor, em todo o estroudo e animacao de sua cxi- slcncia, c mister saber o que se passa n'uma grandc tcnda desdc as oito ate as doze boras do dia. A poesia anliga refcre a multidao de clicn- tcs que em Roma inundava os porticos dc um palacio patricio. Uma grande tenda no dcserto e bem siniilbante ao que eram as sumptuosas habitacoes pintadas por Uoraeio e Juvenal. Assentado soiire uma alcatifa com o ar dc dignidade proprio dos oriontaes, o chefe da tribu recebe por sou turuo qucm quer que vcnha invocar a sua auctoridade. Qual podc justica contra um individuo ([ue procura se- duzir sua muiiier, qual accusa um rico que se sublrabe ao pagamento de uma divida, qual pede auxilio para descobrir o rebanho que Ihe roubaram, (pial implora proteccao para uma filha maltractada por sou brutal marido. E muitas vezes acontece ir qucixar-se uma mulher dc scu marido, porque a nao vestc, porquc Ihe nao da o alimento necessario, por- * Estaliolecimentos religiosos que comprcliendem d'or- I dinario uina mesquita, uma eschola, e os tumulos de I seus fiindadore:,. que Ihe recusa, o quo os arabes na energica originalidade de sua linguagem, ehamam a parte de Deus. Este ultimo caso e frequentc. E cerlo ([ue a? mulheres das classes elevadas nunca veem alii assoalhar asrcconditas mise- rias da vida conjugal; porem a niuliier do povo, sempre que reclama as consequencias do malriinonio, csla convencida de que usa de um direito, que obedcce a um dever, c apresenfa-sc com a intrepidez que Ihe da a coiisciencia dc tor por si a religiao e a lei. A paciencia c a primeira virtude de \\m chefe. Este presta ouvidos attcntos a todas as reclamacoes que oassallam. Esmera-sc cm curar (pialquer genero de feridas que se Ihe patenteeni. 0 bomem que estii no poder, « diz uma maxima oriental, » deve imitar o medico que nao pretendc curar todos os males com OS mesmos remedies. » Nestes tribunacs dc juslica, (jue fazem lembrar o modo, por que primilivamentc os reis tractavam os inleresses jirivados de sens subditos, o chefe arabe em- prega toda a .sabcdoria (jue Deus concedeu a sua intelligencia, toda a forca de que dotoii a sua vontade. A nns manda, a outros acon- selha, a ninguem recusa suas luzcs ou pro- teccao. Ao chefe arabe niio basta possuir a quali- dade que Salomao pedia ao Senhor; a sabc- doria deve reunir geuerosidadc e bravura. 0 maior elogio que se Ihe pode fazer, e dizer- Ihc que » traz a espada sempre desembainha- da c a mao sempre aberla. » Esta especic dc caridade imposta pela lei musulmana, deve ser continuamente practicada pelo chefe. Sua tenda deve ser o refugio dos infelizes, nin- guem deve alli morrer de fome, porque diz o propheta : 8 Deus nao lerd misericordia, scndo dos mi- sericordiosos. Crentes , dae esmola, ainda que nao scjasenao de mctade dc uma tamara. Quern lioje fizer uma csinohi, sera farto a manlta. » Se 0 guerreiro perde o cavallo que consti- tue a sua forca, se uma familia lica sem o rebaniio de quo vive, ao chefe, sempre ao chefe e que ."^ao dirigidas estas queixas. 0 desejo de fazer lucro jamais deve preoccupar- Ihe 0 csjtirilo. 0 arabe nobrc que, debaixo de tautos aspcctos, se assimelha ao senhor da edade media, dilfcre essencialmenle dos nos- sos cavaliu'iros, na aversao que jirofcssa pelo jogo. Nem OS dados, nem as cartas teem uso algum no remanso da tenda. Um chefe arabe nem joga, nem faz emprestimos usurarios. 0 unico modo, por que alguma vez faz render o seu dinheiro, c entrando indircctamente n'uma empresa commercial. Enipresta a um nego- ciante certa somma, o negociante exerce o seu trafico, e passados alguns annos divide o interesse com o seu credor. Nao se julgue porem que a riqueza seja cousa desprezada pelos oriontaes; pelo con- trario e uma condiyao indispcnsavel para al- 180 caiuar o podor. Qiiem chpga a ser pohre, tamliciu ciic na ohsciiriiladc, e qiiem se torna ric'o, I'afilmo.nle ailquire as honras quedcsoja; n>as 0 anibicidso cm vez de procurar adquirir ri((iiezas pola iiuhisiria, busca-as antes no canipo da balallia. 0 pueireiro que faz mui- tas razzias dondc llie provem ao iiiesmo tem- po dinlu'iro t\ gloria, e chamado Ben-Deraou (lillio dc sell hraeo), e iiode aspirar as pri- meiras dignidades da sua tribu. Isso mostra que a qualidadi! fundamental da alma de urn nobre aiabe e a bra\iira. <• Nao ba eousa ([ue mais realce na deshmi- brante braucura de um albernoz, do que o sangue « dizia Abd-el-Kader. 0 chefe arabe, come OS capitaes d'oulr'ora dcve ser o mais \alente dc sens homens d'armas. Sua influen- cia licara para senipre perdida, semanifestas- se quai(iuer vislumbre de cobardia, e e a rea- lidade, e nao a apparcncia (jue os arabes apreciam. Aduiiram uma alma de tempera for- te, nao ja um exterior degigante oud'alliele- ta. Cumpre nao crer n'uma preoccupaeao que se apoderou de muita gente, e vcm a ser que a grande estatura e a i'orca corporea produzem nos arabes viva imprcssao. Nao eassim: elles qucrem que um bomem seja robusto, insen- sivel a sede, c a fome, apto para supportar as mais rudes fadigas; mas e certo que nao dao grande importaneia a altura, a forca muscular siuiilbante a dos valentoes de feira ou dos gallegos. 0 que elles apreciam e a agilidade, a destrcza ea bravura; pouco Ibes importa a grandeza ou pequenez do corpo, e ate ao contemplar uma ligura collossal muito gabada, frequentes vezes se Ibes ouve csta exclamaeao sentcnciosa: « Que importa a estatura, que importa a forea? Vejamos-lbe 0 coracao: talvez que alii nao exista mais que uma jielle de leao sobre o dorso de uma vacca ! Conlinua. ^■OTI^IA SOBItB A BACIA CAHBONlFEaA DO CABO MOXDEGO. Continuado ele pa^. 159. Fuluro que promctte a lavra. A linporlancia da galeria geral de esgoto, e a exlensao que per meio della pode dar-se a lavra, nao estao em rela^ao com a procora do combiistivel que esta inina fornece. Para dar coniMino ao carvao quo ba annos se ex- Iralie della, e necessario que exista a fabrica de garrafas prctas do Bom-Successo em Liiljoa, sou iinico cousumidor. Seis a oito loneladas dc carvao per dia satisfazem as ne- cessidades d'cale estabeleciinento ; e por conse- guinlc, sern tocar nos pilares da mina Far- robo, lem sido sufficientc lavrar algumas por^oes a jusante da camada, sem que taes trnhallios leidiam cxcedido ale'in de novenla melros na inclioacrio da tnesiiia camada. I'lsta lavra pccca por tanlo ))cln mcsquliiboz do coosiimo; e coiiio a extracCi'io do carvao de grandes profoodidades carcce do cmprcgo de meios que so luna ampla lavra pode com- portar, o resiillado sera ficar |)or lavrar a parte destc deposito mais importanle, tanto pela abondancia como pola qiialidadc, se o cooiumo se nao extender, ea lavra iifio poder tornar-se mais activa. E pois necessario : 1.° procurar novosconsii- oiidorcs, e eslabelecer obras on Irabalbos de cba racier permanente, que tornein no futiiro a lavra mais exteiisa e proveitosa, o que nao pole coiiseguir-se sendo a conccssao feita coMio actualiiieiite est;i, teinporariamenlc, nem tao pouco con)o a lei anterior de niiiias pres- crevia por prazos nunca nialoies de 30 annos, e niediante a maior rciida que fosse olferecida em pra^a'. Forain eslas eoutras raznes geraes, que mnveraisi d conselbo de obras publlcas e inioa*, a propor o projeclo do decrelo, (jue o govcriio promulgou com data de 31 dc de- ^embro de 1852, e as curies depois sane- cioimram. Ji^te decrelo manda entrar as minas de co!iibu>tivel, em que csta se comprebende, iia regra geral das conccssoes de minas; islo e, lornar a sua concessfio illimitada em qiiaiilo ao tempo e subjeila nnicamciile aos impostos uslabelecidos para as oulras minas. 2.° estabelecer as condijoes necessarias para que no futuro possa a miiia fnrnecer-se economicamonte das madeiras que llie forcm necessarias. Quandoalavra da mina comegou por coula da fazenda, ordenou o governo a coin])ra de terras, e a sementeira de pinbae! dos arredores da mina, o que logo foi cum- prido, Em 18;it havia ainda um vasto pinbal com excellentes e abundaiites madeiras, c um empregado a qucm e^lava coinmellida a guarda da propriedade. A companbia de en- iMO, nao tendo feito alii Irabalbos de minera- gao, sacrificoo a conserva^ao do pinbal e propriedade dellc a mesqiiiidia economia do salario de um goarda, e o governo lolerou que o de^pedisse. As terras, que conslituiam as perlengas da mina, acbam-se em parte nas mfios dos parti- culares, e o reslo sob a adrninistra^.'io e frul^ao da juncta de parochia de Quiaios. Devendo neeessarianientc inq^or-se aos concessionarios da mina de Bnarcos a im- mediata sementeira e cultura de um pinbal nas viziuban^as da mesina mina, condi(;ao indispensavel para lornar no futuro menos subido o piego do carvao, e indispensavel que a mina lenba annexa uma porgao de terreno conliguo, que o governo pode fornecer-Uie mediante uma certa renda, reivindieando as terras de propriedade nacional das pessoas, que se apossaram dellas indevidamenle. (Dol. do Minist. das Obr. publ.J 181 LIVROS SAGRADOS DOS INDIOS. O BIG-VtDA. ContintmJo de png. 169. Uma e?p("cie de sabeisnio era a religiao doniinante dos Aryeiios enlrados no terrilorio da India : os sens riiltos forain consagrados a iKitiirnza divinUada. Tnl foi laniljeiii a rcligiao dos Clialdeus, dos Persas, e da iiiaior parle dos povos da anlignidade. O hoiiiem, depois de tcr adoiado a Dens nas suas ma- ravillias, psquccera o supremo creadnr, que debalde seus ollios prclendiam descorliiiar nos ceos ; e na sua fiaqueza invocou Os aslros que regulam o leuipo e o cnrso das eslafoes. Rsle obscuranlismo da intelligcncia liurnana, e a sub-liluigao do culto das po- teiicias naturaes a adoragao de uin supreuio e unico Deus, foi o pnuieiro passo das na- gnes priiuilivas, dejiois da dispersiio dos fillios de Noe', para o polvllieisriio. Reinoulando aos primeiros tempos da sua exislcncia social, quando eslavani aiiida divi- didos em familias ou tribus, quo para o diaute seconverleran) em oulroslaiUos povos diversos, OS Aryenos haviain povoado o seu olympo de tnilliares de plianlastiras diviiidadcs. A terra que produzia e alimciilava os objectos proprios para os sacrificios;as llores:os fruclos ; os rebanlios e eereaes: — a agua que feililisa a terra : — os venlos que regulam as csta^oes, e amenisam os iliinas: — o fogo einblema da for(;a ; que devorava as oftereiidas dos deuses, e OS aliinenluva: — o crepusculo da maiilia e da tarde, que designa a liora sniemne da ora^ao : — a lua praleaudo a azulada abobada : — a aurora annunclando o despej lar da natu- reza : em fun os manes de sens inaiores, laes foram os primeiros objeclos da voncra^-ao d'estas tribus. Os cullos, que elias rendiarn a estas diviii- dadcs, consistiam em sacrilicios, oragoes, e liymnns canlados durante as ceremonias, que eram reguladas pelos I edas, que se dividem em qualro paites: o liig-Fcda ou o livro dos bymuos; o Yadjour-Fcda (braiico e negro), que e como iiiri ritual, e que con- lem 03 formularios proprios para serem reci- tadas asora^'nesdurantea cclebra^ao dossacri- ficios ; — o Slnia-(^cda, tollec^ao de liymiios e de invocajQCS exlrabidas do Riga do i ad- jour; — em fim o yitfuirva-p'cda, mais mo- derno, que os outros Ires, conlendo os formu- larios das feiticerias, dos exorcismos, e das imprecagoes. Dos quatro Vcdas o ultimo e' o fructo nao da inspirajao rcligiosa dos Aryenos, mas da colera, do espirito de vingan^a, e da super- slijao dos btalimanes. O tercoiro e urn cxtra- cto dos dois prinieiios, e ])or isso, estudados esles, tern pouca importancia. O segundo i mui nolavel, e parece que ate o seu nome Yadjour do radical i/adj — sacrificio) se ap. plicava a todos os quatro Fredas. Depois que se estabeleceu esta divisao, cada um dos quatro Fcdas era representado nos sacrificios por um sacerdote. Ao director do sacrificio tocava recitar as ora^oes do Yadjour ; o olTiciante, que aprcsentava a of- ferta, cantava os liymiios do Rig, e der- ramava no fogo as liba^oes; o cantor repelia em alta voz, e em torn modulado os canticos do Sdina; eum bralimane escoiliido na assem- blea pronunciava as feiticerias do yllliariian. D'estcs qualro livros sagrados o Rig-f^cda e aquelle, que em sens mil e tantos iiymnos patentea mais claramenle o espirito religioso e guerreiro dos Aryenos. Ha, porem, na ultima sec^iio d'esta collecgao de cantos sagrados alguns Iiymnos sobre os aclos civis e polilicos, e outros em que os principios pliilosopliicos e a pliantasia poetica se mistulam ao senti- mento e as inspirajoes religiosas de um modo digno de especial attcijjfio. Certo as odes, em que dogmaticamente se tracla a queslao da nlma universal, e da sua naturcza n^o sao dos primeiros tempos vedicos, e perlencem provavclmente a epoclia cm que foram escriptos os Oupanic/iads, que contein o ap|)cndice tlieologico e pliilosophico dos Fedas. A piedade sinceia, qucdictara as fervorosas invoca^'oes a Jgni', e Indra^, cedera o pas- so a reliexao; e a luz da pliilosophia conie^ou a illumiuar os liorizontes da intelligencia. A idea religiosa nao caducara ainda, mas os poetas comeyaram a associar aos assumplos leligiosos outros pen-amentos puramonte liu- nianos, e povoando sempre o olvmpo de novas divjndades, o examc do seus attribulos foi submetlido ao ctcalpelo da critica pliiloso- pliica. o Como so jocira a ccvada no crivo, diz o A. do hjnuio a I'alavra, assirn tambem se forma a palavra na alma dus sal)ios. £ a prova dos vcrda- dciros amigos, porquc todo o seu valor eslii na sanclidsdc da'palavra. » As onze e^laiicias d'este liymno, primorosa- mente traballjado, nfio deixam vcr se o A. quizera tractar da palavra revelada, ou da sinccridade liumana; mas o fiindo do seu pensamenlo e a origem divina da palavra, que nunca o hornem devr profanar pela men- tira ; a idea abstracia, porem, esta aqui con- fundida com as particularidades da vida real. A liberalidade e a beneficencia iiispiraiani aos cantores do l^edii odes cheias das mais doces e formo^a5 imagens, e em que o cora- (j.'io fala uma linguagem quasi lao sublime, como a dos Psalmos. ara o future. •> Eii aqui preceilos do moral, e relip'mo. () poela recorja aos l)ornen5 a exislencia de uina outra vida, para a qiial e niisler ajniiiUir lliesouros. A sociedadc arveniia e^lava ji desinvolvida, e a tique/.a egdbla e avaru tlagcllava ja oi pobres. O Uymno em toz de ser excliisivaraeiilc iim canto sagrado, e unia iiivocajfio para celebrar os sacn'ficios, era lambein iima formulo por meio da qual se apreseiitavain lodas as iiispira^oes; ea Irom- bela, que cada poela eiiibooava para aiuiuii- ciar a um povo iiilclligeiile, dehaixo das subliincj harmoiiiasdas siias ealnncias, osniais uobres e elevados peusamcjilos. O hymno ao deus da Jogo e uma dessas iiotaveis produc^oes, que em iieiiliiuiia outra lingua se encoiUra egiial. « Eu amo torn entliusiasmu cstcs filhos do grandc AVibhaka ', cstcs dados que se agilam cntrc OS dcdos, que se lancain, e rolaui sobre o taboleiro. A niinba cnibriagucz c cgual a do soniuo. I'rolc- ja-me AVibbaka sempre acordado. Toiibo uma esposa lao bondosa, que nunca se cncolcrisa co- migo, nem ujC dirigc nma unica palavra, que mc seja offensiva ; scmprc lao affavcl para os meus amigos, como carinbnsa com o seu csposo ! E eu abaudono csta extrcmusa niulhcr para me entregar aos azares dujngo ! — Eulre taulo mniha sogra meaborrecc — repelle-me minha esposa. — Ao pobre rccuso a esmola. que me pedc, porque a sorte de um jogador e como a de um vclho cavallo d'alugueb — Oulros consolam a esposa J'aquelle, que so ama os dados, que Ibc dao o ganho. Seu pae, raae, e irmiios Ibe dizem; uao 0 conbecemos - prendci-o. , e |iara exi;rcicio de leilura — ('atecili^lnl^ de Doutrina Chrisla, adiiptado pelo arcet)i?po de Brai'a — Resiimu do mesmo Calechismo — Thesoiivo da mocidade portii;,'ueza, por IS. J. Koqiiete — Historia de ^^iai.lo de Naiitua — Comj>endio de Historia do antijio e novo Testa- mento, tradiizido por Antonio Soare.s — Li(;oes de boa moral, de virlude e urbanidaile, Iraduzidas em porluyiiex por I'rancisco Freire de C'arvallio — Elenlento^ ileriiili- 184 Jade c da decencia, por Mr. Prevoste, tradiizidos na liiigua iK)rlii:.Mieza — A Biblia da Itifaucia, tradiizida pi-lo Pudn- Ariluiiio dc Castro — Mcdlta^Cics reli^iosns, por J. J. Rodriirues de Bast. is — Arti> de apprender a Icr letra manuscripta, por Diiarte Ventura — Kegras mctliO' dicas jiara apprender a escrever, sejjuidas de um trijclado de Arithraetica, p<)r Ventura da Silva — Metbi»do facil- liuio para apprender tanto a letra redonda, conin a manuscripta, por E. A. Montcverde— Thesnnni juvenil, por Midosi — Expositor Portuguei, por o dicto — t'unipen- dio de Ilistoria Portugueza, por o dido — Elementos de Geographia, pelo Dr. B. J. da Siha Carneiro — O Amigo dos IMeniiios, traduzido por uma st-nhora — Itenerario da India, pi>r Fr. Gaspar de S. Bernardino — Livraria Classica Portugueza, torn. 11." ate IB.'' — Selecta (.'lassica Portugueza, por A. C. Borges de Figueiredo (l.'^ parte) — Tractado de Agriinensura, por Estevam Cabral — Manual Encyclopedico, por E. A. Munteverde — Tabellas Geraes para o juro e desconto de qualquer quantia, por J. J. da Costa e Silva — O Bora Menino, traduzido do italiano, por Luiz Francisco Ki.sso — Taliellas de Geographia, por Dr. Adriao Pereira Forjaz de Sampaio — >iova Taboada e Arithraetica da Infancia, por o dicto — Catechismo de Doutrina Chrisla da Dioeese de Coimbra, por o dicto — Synopse, ou Indice Chrouologico e Alphabetico da Legislat;ao rcbitiva ;i Instruc^^iio Primaria — ■ No^oes rudimentaes, por Antonio Feliciano de Castillio — Melho- do deleitura repentina, por o dicto — ^Novo Abecedario e nova Taboada exacta e curiosa, por J. S. Bandeira — Nova Taboada exacta e curiosa {%r^ edi^ao), por o dicto — Corapendio de Arittimelica para uso das escliolas de instruc<;ao primaria, por Joaquim Maria Baptista — Tractado dos principios de Arithmetica segundo o raelhodo de Pestalozzi para uso dos professores e alumnos das escholas de instruc^ao primaria, por J. 11. Paz — Novo Mcthodo para apprender a ler, por o dicto — Compendio de Moral, por M. A. F. Tavares — Codigo da Civilidade de J. A. Dias — Rudimento da Leitura Portuffueza, por M. J. Pires — No^oes primordiaes de Moral, por J. J. da S. P. Caldas — O. Amigo dos Meninos, traduzido pelo Dr. M. A. C. da Rocha — Cate- chismo de Moral, por iM. A. T. Tavares — Compendio de Chorographia, por J. L. Carreira de Mello — Com- pendio de civilidade religiosa e moral, e de Doutrina Christa Dogniatica e Moral, por o dicto — Summula de preceitos hygienicos, por F. A. Rodrigues de (Jusmao — O bora ]\Ienino, por Estevam Xavier da Cunha — Grammatica Portugueza, por F. Andrade Junior — Novo (■ompemlio de Historia de Portugal, por A. F. Moreira de Sa — O Camoes e Cosmos, por J. S. Ribeiro — Compendio de Mechanica, e Compendio de Physica e Cln mica (premiados em concurso) por J. J. Ferreira Lapa — Peepiena Chrestoniatia Portugueza, por A, M. Pereira — Compendio de Grammatica Portugueza, exposta era verso, por M. J. Pires. ESCnOLAS NORMAES. Principios de Grammatica Portugueza, por Andrade .Ivinior — Methodo facil e racional |iara ensinar a ler vi meninos, por Julio Caldas Aulete — Primeiro livro da Infancia, pur F. J. Caldas Aulete — Grammatica Portugueza, por Carlos Auguslo Vieira. ISSTRCCCAO SECUNDARIA. Compendio de Arithmetica, pelo Dr. Rufino Gnerra Osorio — Primeiras no^oes de Algebra, i>elo Dr. Jaconle Luiz Sarmento — Historia de Portugal, ate Elrei D. Duarte, por J. Felix Pereira — Li^ues d'AIgebra ele- montar, por JoHo Ferreira de Campos — Tractado de A ersifica^ao, por Antonio Feliciano de CastilUo — Gram- matica da Lingua Inirleza, por D. Jose Urculu — Bosquejo historico da Litleratura Classica, por A. C. B. de Figueiredo — Inslitui^Oes de Rhetorica, por o dicto — Logares Selectos dos Classicos PortMpuezp5f, por o dicto — Historia antiga e raoderna, pelo Dr. J. A. sobredicto Conselho Superiur , l.^de Septembro de H\o4. , O Secretario Geral do Conselho, | Joise Antonio (C Amnriin. ^ PDYSICA. Da electricidade que se proditz na evaporardo da (ujua saUjada. As expcripnrias de Gaiigain lovaram-no a um resiillaclo a que por experiencias mui sc- melhantes havia chcgado Heicli, de FreyluTg, a saber, que a electricidade desiiivoli ida pela evaporaeao da agua salgada, e o elTeito do atlrito dos globulos da agua iirojeclados con- tra as paredes do cadinho. Estas experiencias foram publieadas n'uuia pequcna mcmoria apresenlada a Sociedade das Sciencias do Leipzig no anno de IH^C. Em Berlin foi por Hiess verificado o mesnio rosuhado, como se \i da nota inserida nos Annaes de Piiysica de PoggendorlT, tomo LXIX, pag. 101, M. de Paravey dirigiu a Acadcmia ilas Seiencias de Franca uma nota, em que tracla de provar que, segundo asmedidas dos tijolos quadrados de Baliylonia, dos antigos padroes e do pe actual da Cbina, o pe de rei I'rancez, e niuitas d'eslas mesmas medidas em uso na Allcmanha, teem sido, como na Ciiina, im- porladas da antiga Chal' spn 6' sen 0 =: sen c. ■ sen c' nioslra que, em geral, se podem formardois Iriangulos CABeCAB', nos quaes os angiilos Ji s B' sfio supplementos uni do oiitro , e que salisfazeni aos dados; mas ha casos em que desapparece a incerleza. 1.° S*-ja c<90% 6'<90°. Se f6r c' < 6' , os dois triangulos BAC, B' A C , terfio os mesmos dados b' , c' , c, e salisfarao ainljos a qiiestao. Se for c' >b' , o ponlo B caira em B^ a direila de C; e as partes do triangulo A B C, correspondentes as dadas, serao 6', c', 180° — c: por consegiiinle so otriangvilo A B' C satisfara a questfio. Em fim, se f6rc'=:6', a poiito B cniiicidira com C, e o triangulo procnrado sera so A B' C. Por lanto o caso de c < 90° e 6' < 90* somenle sera duvidoso , qnando for c' < b'. 2.° S90". O triangulo ACB, no qnal e ^ C = 180° — &', esta no caso precedenle. Ecomo ACB sera indetenninado ou delerminado, conforme o for A C' B , segue-sc que o caso de c< 90° e 6' > 90° somenle sera, duvidoso, quando for c'< 180° — b', ou <;' + 6'< 180°. 3° Seja c — ACB/>90\ O triangulo ACB', no qnal e ^CB'=180° — c, ^B'=180° — c', esta no primeiro caso, quando e i'<90°; e no segundo caso, quando e 6'>90°. Ecomo o proposto ACB/ sera delerminado ou indeterminado , segundo o for ACB', segue-se que o ca;0 de c > 90° sera duvidoso, quando se derem as circumstancias seguinles: b'<90°;eAB'\ 30° b'>00°; e AB' + i'< 180°, ou t'90°, 6' + c'<180°3 c>90°, e 6'<90°, 6'+c'>180° ?/'>90°, c'>6' 13. Quando sao dados dois angulos bee com o iado c' opposto a um d'elles, tambem satisfazem em geral os dois Iriangulos CA B, C' A B' ; mas, se applicarmos os cliaracteres do qnadro precedenle ao triangulo supplemenlar , em que entram os lados 180° — 6el80" — c com o angulo 180° — c', acliaremos fni=&' |i'>90°, t' + c'>ou: :t'<90°, 6' + c'90', t' + c' > ou = 180° 6 agudo ^ j6 obtuso S J6 a;3;iido] Fc>90*,e^ H; '6'>90°, c'-j I 7' 7' 6 6 1 + tang — tan"- -cos o _ ^ '^•i "2 _l + t coi b a' d . t sen 6 tang — tang -sen 6 Desinvolvendo em fim ^mtxa serie crdenada segundo as potencias de t, sera — TO = < sen 6 -t sen 2 6 , 3 2 oLi , se desprczarmos as quantidades da quarla ordem relativamente a a' e c', m-=^-a d sen 6. 2 E porque e' dasegunda ordem adifferen^a entreos senos do angulo 6 dotriangulo spherico e do angulo correspondente dotriangulo lectilineo, que tern os mesinos lados que o spherico, ve-se que, desprezando os termos da quarta ordem, a superficie do triangulo spherico eegual a do rectiiineo. 17. Chainando r o raio dasphera, e exprimindo as linhas trigonometricas do segundo membro da equojao (1) nos compritnentos dos arcoa respeclivos, facilmente se mostra (Trigon. de Legend re , appendice §. V) que os angulos a, 6, c, d'um triangulo spherico de lados inuito pequenos teem, desprezando os termos da quarta ordem, com os correspondentes 0|, 6|, c , do triangulo rectiiineo, cujos lados sao tambem, a', 6', c', as seguinles rela^oes Im , ,1ot ]to ''='''+3r'senl"' ' + 3r'senl"' ''—'''+ 3 r' sen 1" sendo m a superficie do triangulo rectiiineo, que segundo o numero precedente e egual li do spherico. O que reduz a resolujao do triangulo spherico proposto a do triangulo rectiiineo, cujos lados s.io a', 6', c', e cujos a^-'^iilos sao a^, 6y, c^. O numero de segundos e o exccsso spherico, que se reparte assim egualmenle r' sen i ' pelot tres angulos do triangulo. 188 18. Suppondo o raio da spbera iiifinilo, e os comprimentos dos arcos nnitris, on as suas gradua sen 6 cos^(a+c) sen-(a + c) 2 c' 2 sen c c' sen c * ^ 'b< ~"sen (" + c)' ° b'~ en 6* Por tanlo osquatro theoremas fundamentaes da Irigonometria spherica, e asquatro ana- lo^ias de Neper, correspondein aos qualro theoremas principaes da trigonometria rectiiinea. BODRICO BIBEIRO DE SOUSA PINTO. ® Jn0titut0, JOlllNAL SCIENTIFICO E LlTTEaARIO. REL.VTORIO Da imprenm da loiiversiJaile de Coimhrn no anno leclivo de lSIi3 a 185i, incluiudo as trabalhos de refurma e melhorameulo pro- movidos pela comtnissiio creiido pnr porta- ria do goseriw, dc 1 de nuecmbro de 1853. A commissao ..aih|ia Ija poycoitcnj.po nao jbraiivajyrcsintada^', ] )iiias *apenas,unia,copja,' para do'cujuentar a'si vendas eT/eituadiis. ' ' ' ;. ' ' .'■. ' . -,.,Ii'iiialnvciitc pextran'io e estrago d(i grapde; ,piir^ao-de typo ai^tigp,' ciiao se haver realizado i .3,r§ni}ira de fiovp, fazia coniqiie se alrazassci niui|b,a c.omppsifa,6 typograplii'ca, e'se recu-^ ?^^eiu ,olca^ 'que bs sous, auqtpr'es prcten-^ dlam alli'iiiiprrmir, sericlo que por isso per- diata ,casi) inuitos- lucrps, e;nao nienos o's; . t'<^njP|Ositdres.c jiuprcssores,, qiie-por faita dej , lyijP nSo.pdtliam muitas ycz^s trabaihar. .'^ .P9F_ieste| rapj'dp.' eslipjo s'era'.facil conipre- h(?n.fler,'.^qijp .a'f.aii^nijssap ,|C'arecia; ile' fazer; , rii.iiijas refpj:jOi^,.na' imprcnsa da un i versida-' .^de../liiiHo ,i).?,'pjrte''adpiriistraliya como ria :Bipel)a,jii|ca,; e t^ue'as .prpvidencias prdpostas: ;.a5> §oycrnO|.(Ie,S,'M, par^ 'se .alcanjarcrn dsi ■nudribramc"ntp|,de',qup,fosse.,'susc(?pliyd liao' Docliam.deixar.d^e a-branger 6 pessoaldk 'j(up.reij.sa. '■ ' '" , ' ■ ■ ' ' ' " j -;. I. l^or'ar'ii do 'miniiterip d,6s' ric^ocios do; jfejrtb.'de }0;dy'maifp dVcprricnie aiino ' , ap- .proyaiidp as';med,idas' dc' re'forma. , lir'oposfasj peliv .comr(iiss,ao,. primeiro 'resultai}6"de 'seus ', tislbrc OS, . vei'u'^.aucforizar a, meslna c'omm'iss'aoi Pi""? iP^fOsoguir com , maiS| eiicrgia 'e, prorapli- , ,dSo jiips tpabflltios ; de 'que eslava cncarrega-' ;;'|a,.'pP,Jende petp art. 18.;° da ci'iada, pbr'taria! _|lomiir,' d'accbrdo'' ^o^ii o prelaldp, \ts' provii- 'dencjas^conomica's ,que nao' dependessem'de: 1 jpsQliicap fe^ia, ,/Oem d'isto,,, cm (jonsc'qtien-i .!*!;> 'da dcmissap dadii. 'nor dccrcto de S doi 18.0. .'■**•• "», J''^f'0'P«?,dc marco a ,J[Qiib..'FranGisc'p da iCruz,! 0 - . !l^^^/,,:!^'^ a(liiiiiii,iirajQr; da imp'ren.s.a';(la; _,t^hiyer,sid'adb,,lm',uonie;itlp uiteripainp^^^^^ -ii?'.';i''v'"!!s''*5Vi° <^''RW^ft9'" 'da'iniprepsa na-! , ., f^'iyPi'^PlvniiJio ;Nic'oTau ,Ruy Ferliaficles; jo' '■ __ qyaljdcMii csclarccq- a' commissab'^obrc' asj ' ■ uf^ll^^" ^"'^ ^^^<^^nii! ''^''' .uit- =^^v > 'C^.* '('ie'j'sc adopiit', tan to era rclarao d parte admi- nistrativa, como a rospeilo da parte technica. E com efleito os distinctos servifos prcstados por este enviircgado teem sido segnra abona- orM),.}^-,das sous QOuiiccinieu(os Icchnicos c de admlnistracao; ia da cseolha acortada que d'elle (izera o governo de S. M. para tao ira- portantc (im. -A fonimissao, convencida de que era d'ur- genle nccessidade a promjita c\ecui-ao da so- brcdita portaria, entcndeu que principalmen- te dos art. 4.° e 5.° d'ella (o 4-'' transferindo a aposcniadoi'ia do directPr, '6 o 5." fazcndo cessar a de todos os outros empreg;idos) dc- pendia uma boa parte das reformas»qup cram mai's essenciaes; I > . ■' ■, ■,;■,,': ! ■, , ■ A cPmmlssabirepresentbu ao' pwkdo a,ur- -gcn-cia de ser .enearrcgado 0 pr.pfessor- dc grego, Antonio -Ignacio Coeiho de Moiaes, de fazer recoliier os diccionarios e riiais livros que tinham .sjdo confiados ao fallecido profes- sor jubiladb, Jose Vicciitc Gomes deSloilra, para p acabainento ilo. dicclon'ario Grfto-la- linb; ebehi assim todos os'pijpcLs 'manufe'crr- ptps que periencessem ao mcsmo dici'ioB^rio, cuja imprespao estava mliito' iidiarjiada,' 'se'- nap qiiasi cbricluida, e qnc pcio merecimenlo d'pl)ra (ao prirapi-osa, e pelas miii dvullhdas despezas que a imprcnsa ja linha 'fcito para a sua piiblicacao, rpdamava que seempre- gassem Ipclos ps hicios e boas diligtrtcias para que riap'iicasse fnconipleth. E foi i-mn efreito cncarrcgadb aquclle professor nao so da coni- missao p'roposla^ nia.stambcm da cbnclhsa'o do diccion'ar.io Grcgo-bitlno, aoqual ainda'teiii dp ajulitar-se nbtaveis additamchtos;' parii ebrfespbhder'Ss melbores publicadoes riiCKier- has que ha n'estfc geribro. ' ' '•■ ' '■''- ' A cbniralssSo passoil logo a tomar tis sS- giiintes resol'uc'oes d'accbrdo cPni bprelado, as quaes fpram cpmmunicadas a cbnfci'encia da inip'rensa da iin'ivcrsidade: Qne assisfisse a's sessues da conferencia da mcsma iiiipreii- sa uhi dps nienibros da cnramissfioj auctori- 'sadb. para pi'omover ludo o que julgasse' cbii- "\'ehiente a bcm das reformas que tihham de rcalizar-se' laiito'n'a pdfte econ'omica cofflo na lecbnica': Que fbsie jiost'o era cxecneab 'O rCgrtlahiehto provisbrip, feito para a cOntabi- lidiide, fiscalisiicao e escripturacSo da admi- 'pistnicao, goral da impreiisa nacionaf, para kipprirTriterihanicntc as'omissOes; n'cssa par- te,'dos rcgulaniehtPs 'da impi-^nsa da nuivet- si(fade: Qiie fbssc- transfcrido para dm cofte .especial na casa da extincla junta da fazenda da iiniVers'jdade , b 'dinhefro que entab *xislia ilb^ 'cdl'r'e' da imprens^; 'deixando-se n'cste 'a4]'uiiii,t'ia sbmente nceessaria para o paga- fnbtfto 'da •fei'ia scnlanhr e d'outras mais deS- ' j|lcz'a's"df'ffiyariaii,' para o que a dita 'quantra '■'liSo e'xiyde^iit'jSm'ai-s-a'trCTcntoi mil reis,- 'e "fcb'ii^etVh'ii'dd-se «(a ■iuefeirta 'sprt-e a's ch&ves 'f'Mbby;b's',tf6freS''cmpoderHlps tres resnecii- |9| vos jclavicularios : Que o aloadpr lose da S.il- ! va Baudeira nao continuasso a.accynuttar as ; attribuicGes do ajudante do a(^iiiio4slra)3or, as quaes. interioameute pram comiiic^id.as a Mauricio Jose Dias, composilor da inipfensa nacional: Que ao fundidor de typos Jo'aquiiu Maria da Cruz, cessasse o salario djiarlo de 2^0 reis, devendo pagar-se-lhq somenle 9 ser- vice de que fosse encarrcgadd, e pe!6 prcfo qiie se ajustasse. , Todas cstas resolucocs foram appr.ovadas ppla porta ria do ministerio dos ncgocibs do reino de 20 de maio. , ,. , - , f Tendo a execucao do ar^.',i:.° jda porfaria de 16 de marjo dado logara difficuldades inesperadas, que poralgiira tempo demoraram. OS trabalhos da coramissao,-lbj iiecessario di- rigir ao governo de S. M. cpiiSuIta com data de 10 d'aliril; e j^Jcj mesmo motiyo foi pre- seatftdcpois a conira[ssao um requerimento do qignO.par do reino director da imprensa da i|niyev,sidade, sobre cujo contexto se mandou ouvir a commissao, que respondeu cm 19 do dito mcz d'abril 0 que a cerca de seme- .lliante objecto se Ihe oirereccu. Por fim man- te-ve^se, como era de juslica, a disposicao do Jii^: ;4v da citada portaria em virtude d'oulra ^.exjpedida em 13,de maio. Todavia, jior causa ^"dos muitos reparos e concertos que foi mister j'-effeituar nas casas para, onde se .transferira .yXresidcncia do director, a lim de liie propor- !J;;^,^io9ar,o maior numero possivel de eommodi- ,^; dadcs, e para que ficassem por uma vcz fei- " ' tas todas as obras nccessarias, ainda teve d'csperar-sc ate 0 fim de juiho porquc fossem 5j desoccupadas as casas onde 0. director tivcra ^"l^'a sua appsentado.ria. ' : '-.^. .Pe.sde entao e que os trabalhos da com- "'■missao poderam recomecar com maior activi- ^.';dade, e receber tpdo b* impulsb de qiie ca- -"'Wciam. . . . ■■■.■; A cofiimissao tinha man.dado ja fazer as , . estantes para 0 armazcm principal, e collocar ' '^n'ellas todas as obras que se encontravam .:.iii'*!^'^'''^"'^'''' '^""lo fica dito, ao longp do i)a- »x"'-^''"®°'°- R° ""'fo armazem mandou mudar ^ ipara salas enxutas e vcnliladas as chronicas i},'?eDamiao de Goes, e deAndrada; e as obras ^^;;de Duarte Nuncs. dc, Leao, de Rezende, de grt-'.^^^SyPO .Psoriq, e d'dutros classicos, para ■"jeyitar a sua total ruina. E actuEiImentc tra- ^'. eta dc promoyera V^nda de grande numero Bj,"'4'.«^emplarcs d'aqucllas obras, fazendo-lhes 4!, ^^ aiatiiiienlo rasoavel nos.precbs. \ Oil '■ i'^^-'^P ** principio do mez d'agosto ultimo ^, totoefaram todos ps trabalhos' i'ndispeiisaveis Mb ^^ "^^'^ conyehientes para a melli.or eollbcacab ^^,,,0 outl-a ofG'cihii de composicao nas casas que' ^•^'desocciipou b director da im[irensa. A casa ^^ da impressao t6rnou-se indepehdente das casas Soj- - <^oniposicao typograpliica; fizeram-se novos Cos '^•^^'' ' '^"'^''* ^^ composicgo e mais uten- V sihos typographicos segunddos modelos man- .d?dos yir dc Lisboa ; cscoiheu-se um local 'ai)ropriad'o jpaVa 'a maqiiitia lytH'ogfapWca , onde foi defi'riitivament'e collbcadaifja-r'fS '{ttider fuBccionar ; in'trbduzirain-se varitJS' aperfei- coamentos techrlicos. ■ ' ' ' i' ;■•■,'-•', ■ ■ Tiinto no edificio da intprensa' como'' nas casas pertencentes a este estabelecimento iiiandar■■- 1' ' Tem-se feito em grande pdrte 0 sortimento de typo novb, emblemas e vinhetas, e remet- tido enl troca avultada p0rc5o de typo in u- tilisado, ficando ainda a sulliciente' detypo velho para^ p'roseguirerii as • irfipressoes que estavam em andamento, ou para as iieimpres- soes d'algumas obras que sao propricdade da impi-ensa. Be gothicos e cursivds e\iste Ti'este estabelecimento tao rico e abundante sorti- mento, que pbde dispor-se de -raetade' por venda ou troca, 0 que a commissao espera conseguir. ■ Eram necessarias algUhias niac^iiiiias e uten- sili'bs piira a o(Iicfn\i de impressao; a saber, um prelo de ferro maior do que 0 cOmmum, tintciros de ferro pafa'oS pr6los,' iinia prensa hydraulica, e um torculo d'estamparia, pcio que resolveu a commissao em 7 d'agosto encarregar 0 administrador interino Olympio Nicolau Ruy Fcrnandes, de fr ao PortO e a Lisboa, devendo estar de volta ate ao 1." de setembro , a firn de comprar,- n'aqueltas cidades,' petos menbres prefos, os sobfedilos objectbs; e visto nao se ter offerecrdo pro- posta alguma para 0 fornecimento, por meio d'arreniatacao, do papel necessario para a imprensa da universidade, tambera aucto- risbu o'^dilo administrador interino para ajus- tar 0 papel das fabricas nationaes d'Alem- quer ou do Tojal, que for precise, ate a quantia d'um con to dermis, tendo em' vista as melborcs condicoes que se olTerecessem, e lirmahdo os necessaries contractos eescriptu- ras com todas as solemftidades legaefe. Esta incumbehcia foi perfeitamente deseiiipenhada pelo administrador interino, que nao sb.com- prbu pelos menbi^es precos no Porto e' em Lisboa aquellas maquinase wteusilios, mas tambcm concluiU com a fabrica d'Alemqtier 0 mais vantajosocontraclo a cerca d* papel, consijilindo em que; a i'miirettsa podera ter sempre nbseu arnlazem ate 0 valor dumconto de reis de papel, pel6s me.^mOs ' precoS' por que Hi'o' fojneciam OS eommissarios da fabri- ca, mas sem empate de capital, considetando- se 0 papel como em depo'sito, psgandiS a im- prensa no fim de cada mez sbmcnta a irapor- tancia do consumido, e perofebendo ainda 5 por cetito de comriiissao '.' ' A respeito do papel cumpre notar que, no anno lectivo de 1853 a 1854, se gastou nas impressoes da casa 7785800 feis'; c qne'pjJe dr(;aHse o coiripr'ado'pelos par- ticiilareS ])ara a impressao das' sua* obras "approxiina- damente em 1:200|1000 reis por anno. 192 Na auscncia do administrador intcrino foi cncarrcgado de fazor assuas vezcs, e dehaixo da sua responsahilidado para todos oselTcitos, 0 ajudanle iiilcriiio Mauricio Jose Uias. As precedeiiles rcsoliicOcs forara todas ap- provadas pela porlaria do ministerio dos nc- gocios do rcino de 23 d'agosto. As despozas que sc tcm fcito na imprrnsa da uuivcrsidade no anno Icctivo dc 1853 a 1834, sao as seguinlcs; Obras no cdificio da imprcnsa, incluiudo a pintura Ditas nas casas para ondc se Iransferiu a residcncia do director Dilas na casa denominada do lliesoureiro Ditas na dita da rua da lilia Caixas de coniposicao e niais utensilios typographicos Cavaiotes e pintura dos niesmos .• . Typo novo, '3:230 arrateis e 4 onjas' 1:307^09:$ 1 :013p95 158^145 37^875 127^100 12 2^9 00 S7$4S5 Emblemas e vinhetas 17^220 I'rimeira remcssa de typo velho 1:C02 arratcis e 4 oncas Segunda dita 1:783 arrateis' 224^13 249^020 1:324^913 473^933 L'ra pr61o de ferro ' . Sete tinteiros de ferro a 24^000 cada urn Unia prcnsa liydrauliea Urn torculo d'estamparia 859^978' 158^000 168^000 510^000 92^040 Pela portaria de 23 d'agosto, ja cilada, foi tarabem conlirmada pelo governo de S. M. a proposta feita pelo vicc-reilor da universida- de para nomear interinaraente para exercer as funccoes de director da imprensa um dos vogaes da commissao, c na falta on impedi- mento d'alguni d'elles o administrador interino da raesma imprensa. Esta providencia tinha sido reclamada pela ausencia do director proprictario e subslituto durante o tempo das ferias. Ainda varias reformas sao necessarias para (lue este cstabelecimento typographico venha a prcstar os utcis sorvicos que pode cfTectiva- niente prestar cm beneficio das sciencias e das letras; porem muitas d'ellas convem que sejara experimentadas provisoriamente antes de serem submettidas a approvacao definitiva do governo. Assinique a respeito da revisao typographica a commissao coraccou por tomar cm 3 de junho algumas providencias mais urgentcs para que, a par ,das reformas na parte tecbnica, se effeiluassem tambem na parte litteraria, as quaes nao deviam merecer menor attencao para credito e proveito d'csla typographia. A commissao tem eontinuado depois a pres- tar 0 mais serio cuidado a scmelhantc objeeto : 0 pessoal da revisao havia sido quasi todo provido rccentemente pelo governo de S. M. era jovens de muitas csperancas, 6 verdade, ' Ainda tem de vir 1 ;000 a 1 : jOO arrateia. ^ Prepara-se outra remessa de 1:000 a 1:800 arrateis. ' Ha de ser ainda necessario outro prelo lyt!;ogra- phico, que tmportara pouco mais ou meaos 120^000 reis. Reis 3:322^448 mas que ainda nao podem considerar-se como revisorcs feitos, nem mesmo como philologos consummados: por outra parte, o servigo da revisao tinha augmentado consideravelmente, 0 ([ue muito havia concorrido para cresccrem cgualmentc as difficuldades a que a commissaa tern procurado dar remedio. Para este elTcito sc coordenou em 7 d'agosto um rcgulamenlo provisorio para o servico da revisao, o qual se mandou logo communicar a confcrencia da imprensa para ser interinaincnte execiitado. A commissao no orcamento da imprensa para o anno cconomico de 1853 a 1856, que dirigiu ao governo de S. M. em 4 de setcm- bro ultimo, introduziu tambem algumas altera- coos e propostas relativas ao pessoal da mesma imprensa; e quanto aos revisorcs, propondo a commissao augmento nos seus ordenados, en- tcndeu ao mesmo tempo que nao convinha que fossem distrahidos com qualquer outra oceu- pacao do servico publico, e qucporisso devia declarar-se hem expressamente — que nao po- deriam accumularcom ocmprego de revisorcs qualquer outro, nem scquer do magisterio. A commissao tcm tomado oulras muitas pro- videncias cconomicas e administrativas de rceonhccido interesse, ja relativas a loja da vcnda dos livros, ja sobre as attribuigoes do ficl da officina e d'outros cmpregados, j4 linalmcnte cm relafao ao melhor arranjo da sala da conferencia, e organisayao da biblio- theca da imprensa, tendo sido auctorisada pelo prclado da uuivcrsidade para escolher do dcposito dos livros e pinturas dos conventos cxtinctos, tanto os livros que fossem neces- saries para a dita bibliolheca, como as pin- 193 turas que devcsscm oinar y ^ala da confc- rencia. Todas estas providencias e rcformas, e bem assim as inais (]iii' lorem siigf;eridas pela rxperioiicia c assiduas iii\u?li(2;at0c'.s da com- inissao, scrau consignadas opportuiianu'iito no rcgidamento geral t'lu que a cominissao esla tiabaliiando. A cominissao seria digna do ccnsura, se uestn logar doixasse de fazor honrosa menrao dos bons sorviros que Mauricio Jose Dias piestou a imju'cnsa da universidade, per cspaco de seis mezes ein que esteve cncar- regado da iiispecrao da eschola lypographica da mosma imprensa, e das attribuicOes deaju- dante do administrador, caigos que exerceu coin miiita inielligencia e dedicacao, ficando assignaladas provas d'isso tanlo na separacao, arranjo c syslemalica disposicao de typos, vinhetas, etc., como cm muitos oulros ol)je- ctos em que se requeriam conbecimcnios lecbni- cos: e outro sim por haver desempenhado com cgual zelo e com toda a regularidade as func- cocs de administrador, cujas vezcs fez, como ja so disse, na ansencia do actual quando csleve occupado no service imporlante que Ihe fdra incumbido pela cominissao. E porqiie nao basta somente que se facam refornias provcilosas, mas i lambem ncces- sario que ellas se (irmem solidamente e fru- ctiliquem, entende a commissao que muito convem para isso serem ainda por muito mais tempo aprovcitados os services utilis- simos, que ja tern prestado a imprensa da universidade o administrador intcrino Olympio Kicolau Ruy Fernandes, ale que os mclhora- menlos tecbnicos, administrativos e lilterarios d'este estabelecimento typngraphico tenbam chcgado ao grau de perleiciio e estabilidade, que a cominissao conliadamente espera obter, niuilo prineipaimente continnando a ser escla- fcciija e auxiliada por uni emprcgado tao in- tclligcnte como bencmerito. Coimbra, 28 d'outubro de 18ai. MOSTEIRO Dl YACCARICA.. Fundaiao do Mosteiro. Exisliu cm outros tempos urn famoso cou- ' A Xoticia Historica do Mosteiro da Vaccari<;a, etc. , p>:lo sr. Dr. Miguel Ilibeiro de VascouceUus, que a ucaJemia real das sciencias acaba de piiblicar, levar- me-liia a relirar do prelo iima grande parte d'este nieu traballio. se nao me vira ojmproinetlijo i sua publi- ca^ao jiela promessa que fiz em 18j2, no Instituto de Coimbra n." 4, nota 1." ao meu artigo — Os Banhos de Ltiso. Cabe aqui um testemunho do meu reconhecimcDto u boa vontade com que o sr. Miguel Rlbeiro me patenleuu o.s doruraentos do archive da se de Coimbra. na quah- dade de carlorario d'este arcliivo. e do muito que Die vento, 0 Mosteiro da Vaccarica ' ou Mosteiro Bubulence , na anliga viUa da Vaccarica, hoje pertenceule ao couceliio da Mcalhada, siluada perto deBussaco, meia k'gua ao poen- te, de LubO. E muito obscura a bistona da fundacito d'este mosteiro. A cpocha assignada por fr. Leao de S. Tbomaz, a mais geralmente segui- da, e muito conteslada por fr. Antonio da Pu- riiieacao. Esle chronista, attribuindo a Paulo Orosio a fundacao do Mosteiro de Lorvao no anno de Cbristo de 4o0, quer que o mesmo eremita, poucos annos depois, fundasse tam- bem 0 Mosteiro da Vaccarica. Servc-Ihe de prova um catalogo dos conventos do S.'" Agostinho, no qual, depois de se fallar do Mosteiro de Lorvao, se menciona outro perto de Luso', euja fundacao tambem se atlribue a Paulo Orosio. Por outro lado, a Benciliclina Liisitana e os mais cbronistas aliirmam i|ue os dous mostei- ros foram fundados no seculo VI, pelos pri- nieiros mongesque S. Beulo mandara do Mon- te Cassino a llespanba, e antes da morle d'este Santo Patriarcba. Fr. Bernardo de Britlo encontrou no car- coadjuvoii em 1850 n'esle meu trabalho , que pouco depois tive de interrompor com outros de maior ur- gencia. Se n'aquelle tempo despertei a atten(;So do sr. Mi- guel Ribeiro para o Mosteiro da Vnccari(;a, dar-me- hei por bem j)ago das semanas que alii gastei so cum a lembran(;a de ter actuado como causa, se bem a esla noticia, e a suppor que seria dada para unia e\plica!;.^o plau-ivel da pertendida transicao. da ordem de Sancto Agostinho para ordem de S. ijcnio . no .Mosteiro da ^ ii'-cariga. 194 toi io dc Lorvao, no fim d'uin livro manuscriplo iiuiito antigo, uma momoria, que diz tor sido t'lindado cste mostciro ainda cm vida de S. Bcnto'. George Cardoso ciUi um livro dos ol)itos do carlorio de Lorvao ondc se diz que Lucoiicio, depois Bispo deCoimhra, foi o pri- meiro al)l)ade de Lorvao'; c estc mcsmo Lu- «eni'io, que assignou o conciiio Bracharense em 563 ■", foi. segundo o mesmo auctor, um dos doze discipulos que S. Benlo mandou dc (lassino para cdilirarcm, cm Castclla a Yelha, 0 convento de S. Pedro de Sardciilia era 537 ', donde saio para a Lusilania, e cdilicou o con- ^cnto dc Lorvao \ 0 anno d'estas fundaeocs \cm niais prcci- samcntc dcsignado para o Mosteiro da Vacca- riea, n'um livro memorial antigo, do carlorio do Moslciro de S. Pedro de Pedroso, citado por fr. Lcao de S. Thomaz, ondc sc diz que o .Mosteiro da Vaccarica foi edilicado no anno de 541 pouco mais ou menos, depois de fun- dado 0 de Lorvao '. So com ostes dados nada se pode colhcr , <|uc satislaca, sobre a fundacao do Mosteiro Biibulensc. Tanto o catalogo dos conventos obiit ^ enerabilis Lucencius, primn.s quondam Abbas Lurbani, postea vero ad Episcopatura Colimbri^ensis ciuitatis jis- siimptiis, qui literis, et virtutibus clarus muHis inter- fuit coneiliis. A;j:iuli|;io Lusitano pelo Licenciado George .Cardoso torn. 2, Coniraentario ao 10 de .\bril •^ Catalogo dos Bispos do Porto por Do Kodrigo da Ciinha part. 1.', cap. 4. Fr. Antonio de Yejws torn. 1, cent. 1. George Cardoso, referindo-se a Lo,i7sa, quer que OS concilios Bracharenses a que a.ssistiu Lucencio, tivessem logar em 561 e 572, torn. 8, Comcnt. ao 10 de Abril. ** Este anno tambem o aponta fr. .\ntonio de YepeA torn. 1, Centuria 1." folh. 87. * Agiologia Lusitano torn. 2, Comment, ao 10 de Abril. ' Benedictina Lusitana, torn. 1, trat. 8, part. 2, cap. 12. ■ Ainda ha mutta divergencia nog AA. sobre as epochas do nascimento e morte de S. Bento, apeTar il'alguns se terem referido a factos relaliros aos reina- dos dos imperadores Anastacio Deoscoto e Justino, do rei de Leao D. AfTcmso Magno e de Totila rei dos (iodos. Fr. .\ntonio da Purificat^ito diz que este Sancto Patriarcha naseeo em 527, fundou a sua ordem em Ca'sino em 567, e que morreu em 5119. Tritencio, que nasceii em 480. 0 cardeal Malheus Palmerio, mais auctoridadc do que o catalogo dos con- ventos de .Sancto Agostinho, mas por scrcm mais cm nnmero, c muilo mais acreditados pcia grande maioria dos nossos archcologos. No meiod'esla divergencia, os dons adver- sarios fr. Lcao de S. Thomaz e fr. Antonio da Purilicacao, fr. Bernardo de Brilto na sua Chronica de Cister, o licenciado George Car- doso no Agcologio Lusitano, o doutor fr. An- tonio Brandao na Monarchia Lusitana, fr. An- tonio de \cpcs, e os mais que pudenios con- sultar, todos concordam cm (|uc o .Mosteiro da Vaccarica fora fundado logo depois do dc LorviJo, que tiveram ambos o mcsmo I'unda- dor, e que foram na primitiva da mesma or- dem religiosa. Assentam esta ligacao dos dous niosteiros nos mesmos cscriplos, donde forani biiscar a sua fundacao; mas, como n'estc ponio nao ha divcrgencias, nao e muito que csta noticia, a pezar de muilo duvidosa, se conceda a quern sc conlcnlar com a cpocha, tao mal averiguada, da fundacao do Jlosteiro da Vaccarica. Cviilinua. \. \. da costa SIMOES. PHYSIOLOGIA APPLICADA. Transmissao dos sons por meio dos corpos soU- dos; e sua applicacao ao ensino dos meni- nos no estado de surdez incompletn. Os methodos d'inslruccao para os surdos- niudos ou sao completamenle desconhecidos cntre nos, ou nao teem sido ensaiados com proveito. Pode quasi dizer-sc que csta dcs- gracada classe de nossos irmaos tem sido dci- xada ao abandono. Os csforcos feilos ale aqui para Ihes dar certa edncacao, teem sido dc todo infructiferos neste paiz, c por loda a parte se encontram d'cstcs infelizes, a qiiein nenlium bcncficio tem feito o progresso de todos OS conhccimentos humanos. 0 seu espi- rito tem ficado scm pao no mcio do banquete gcral dc todas as outras classes, como se dies foram degradados da civilisacao. Tocados por tamanho infortunio vamos dar conta n'estc jornal d'um mcthodo ullimamentc ensaiado em Franca para transmittir os sons e fazel-os ouvir e aprcciar pcrfcita e distinctamcnte pelos surdos-mudos no estado de surdez in- complcta. Uavendo as pessoas cmpregadas na instruc- cao d'esta deshcrdada classe, observado que, a maior parte dos surdos-mudos podia ouvir em 494. Victor Capuano, alguns annos depois de 494. O Padre Roman e fr. Luiz dos .\njoj, em 497. Mariano Escoto c Sigeberto cm 570. E a Benedictina Lu>itin\, o Cardeal Baronio, Herniano Conlrarto, Genebrardo, Arnulfo, Yepes e outros afiirmam que naseeo em 480, que fundou cm Cassino a ortlemj Benedictina em 529) e que morreu em 543. 195 alguns sons, c'sendo ccrlo que os corpos soli- dos Iransmittem os sons com mais energia que OS fluidos, M.' D.'' Itard, M.' Strauss Durckhcini, e Lc-Cot, parocho do Bolonha sobre o Sena, que disputam entre si a prio- ridadc d'cste descobrimcnto, approximando estes dois factos de natureza dilTerente, con- ceberam a idea de que os surdos-nmdos ouviriani com mais facilidade c perfeicao os sons que Ihes fossera transmittidos pelos cor- pos solidos do que os que Ihes chegasscm por intermedio do ar. Restava descobrir um meio facil de transmissao segundo esle,pensamento, e I'oi descoberto. Este meio tao facil como simples consiste em articular ossonsdistincta- mente, masscm esforco no centrodo paviihao, ou bocca d'um porta voz ordinario, on corneta acustica, de zinco ou lata, que o surdo-mudo deve apertar nos denies pela extremidade que tern o menor diametro. Do emprego d'cste simples apparelho asseverara os sens pretcndi- dos inventorcs Strauss e Lc-Cot, liaverem ti- rado OS mais auspiciosos rcsultados; o que o primeiro corrobora com as cxperiencias por olle feitas em 1842, na prcscnca do professor Puybonnieux, cm alguns alumnos da eschola de surdos-mudos, e o segundo com os nomes de tres criancas, entre mais de vinle, que quasi todas immediataraente repetiam os sons, ([ue Ihes haviam feilo ouvir [)or csle proccs- so. A pezar de tudo isto, como confessa o niesmo M/ Lc-Cot na carta que escrcveu ao Presidente da Academia das Sciencias a (im de que esta corporacao scientiliea nomcasse uma commissao, para se entender com elle sobre este objecto, verilicar os rcsultados das suas cxperiencias, e formular sobre esta inte- ressantc questao uma opiniao sanccionada pela authoridadc irrefragavol da Academia das Sci- encias;nem este methodo serve para fazer ouvir OS meninos absoliitamente surdos; nem ainda OS sens rcsultados estao delinitivamcnte com- provados por factos incontestaveis, e por expe- riencias aulhenlicas. Com elTeito a idi^a de M.' Itard era a mesma, c todavia, nao tendo OS rcsultados oblidos segundo as suas indica- coes, corrcspondido as suas espcrancas, foi o sen methodo completamente abandonado. i Mcsmo assim, no estado de inccrteza cm que nos achamos a respeito das vantagens da applicacao d'cste methodo, e tao importantc 0 assumpto de que nos occupamos, que nao duvidamos chamar sobre elle as attencoes dos homens compctentes, c pedir aos amigos e bcmfeitores da humanidadc que continucm as suas cxperiencias n'cste sentido, pois so assim pode chegar-se a verdade, c obter a somm'i de factos necessarios para o confir- mar c seguir, ou para o abandonar. Sobre a sua facilidade e simplicidade este methodo tem para a surdez nao completa, jncontestavel superioridade sobre os antigos jucthodos cmpregados com zelo e dedicacao pelos direclores das escholas e estabelecimen- tos de surdos-mudos em Franca, onde dcsdc 0 abbade De L'Epee e Sycard ate hoje se tem dado largo dcscnvolvimento a este objecto. Comparemos para o provar os rcsultados e vantagens d'estcs metbodos. Os geralmente cmpregados nas escholas, ensinam 6 verdade OS dcsgracados surdos-mudos a articular sons, mas isso imperfcitamente ; conscguem fazel-os fallar, mas sem que tenham consciencia dos sons que eraittem: daqui resulta primeiro, que OS alumnos precisam de fazer um grande esforco d'attencao e intelligencia de que ncm todos sao capazes; resulta ainda, que nao comprchendendo bem o que fazem, saindo da eschola eentrando em casa, quando mais ne- cessidade tinham d'applicar o que haviam aprendido, desgostam-se d'isso, nao se exerci- tam c esqueccm-sc; e resulta em fim, que os sons que emittcm sao muitas vczes falsos e inexactos, sem que possam mesmo conceber o vicio de sua pronunciacao. Mas pelo methodo, que indicamos, niio so podc desenvolver-se consideravclmente o sentido e orgam do ou- vido, mas ate chcgar-se dcpois de certo lapso de tempo a fazer ouvir, mesmo sem o concurso d'instrumentos, frazes inteiras a meninos que a principio parecia nao pcrceberem som al- gum, e que nao obstante licam por fim com a consciencia do que ouvcm e do que pronun- ciam. Tem ainda este methodo, nas maos das pessoas exercidas na arte dilScil deinstruir os surdos-mudos a vantagcra de poder auxiliar poderosamente os metbodos ainda hoje usados c d'abbreviar consideravclmente o tempo dos estudos. E finalmentc podc com proveito ser applicado por as pessoas mais estranhas a educaeao dos surdos-mudos, de sorte que as macs podcm comecar, e o meslre de primeiras letras continuar a sua educaeao. E e por todas estas vantagens, que, a nosso vcr, merecem a attencao das pes.soas que estiverem nas circumstancias de verilicar os rcsultados ja obtidos, e de ensaiar novas cx- periencias; e pelo alto intercsse que ligamos a esta questao humanitaria, que d'ella fizemos 0 presente extracto. J. DE Q. INFLUENCIA DA LUA NOS TERREMOTOS. Depois que foram apresentados a Academia das Sciencias de Paris os trabalhos de M. .Alexis Perrey sobre a influencia da lua nos terremotos, dos quaes se dcu conta no n." 0 do Inslituto, appareceu em sessao de 21 d'agosto uma correspondencia de M. Fr. Zan- tedeschi dirigida a mesma Academia, que tem por fim: tirar algumas consequencias das va- riacoeg continuas que, segundo o auctor, a« 196 mart's inteinas dovem lazcr cxpciimcntar a lornia do csplieroide tcnestrc; c citar aljiu- inas jiassaftons d'esciiplores do seciiloWllI, I'lii (u-ova di' line, desde o priiKii)io d'aqiu'l- ie .scciilo. SI', couliocia a iuthiuiifia ilas posi- «;ut's da lua I' do sol nos tcrromolos, hojc coiilirmada pclos traliallios dn .M. A. Pcrrey. Da imulaiw.a ptuiodira da forma do osplie- roidi' lerruslrc dt'\om sc.r consoquencias as vuriacOes da dri»re?sao do liorisonte cm cada um dos logarcs da terra, dcvidas a elevarao c alialiiiH'uto que as mares dao a esse logar, segiuido as posii-Oes da lua e do sol, um a respoito do outro, e a respeito do pcrigcu c do moridiano; ou mais geralmciile a mudanra de projcfcao d'um ponLo lixo sobre a abobada celesle; e lamlxMii a retardarao do pendulo na prcamar, c a acceleraeao na baixa mar, as quaes M. Zantedesfhi attribue cerlos saltos dos relogios aslroiiomicos, qua os astronoraos ate agora iiao podcram explicar. Por isso e que sobre csles dois pontes, o sua influcnoia nas oliservacoes astronoraicas e na contagem do tempo, se chama ua correspondencia a atteneao dos ol)ser\ adores. Para mostrar (|ue ja era coiihecida no se- culo passado a inliueneia da lua nos terre- motos fita M. Zantedescbi as passagens se- guiutcs das obras de Jorge Baglivi, e de Jose Toaldo. « In singulis Luns aspectibus, sen qua- « draturis, potissimum in pleniludine ejusiicm I. seu totali opj)ositione cum Sole, certo suc- {Gewijii BuijU- ri Opera omnia; Bassuni, 1737; pay. 415. — Editionis Veiieliurum, 17S2; pay. 326.) « Toaldo, parlant en general de trenible- (• ments de terre, dit: " Feu M. Bouguer, dans la relation de son « voyage au Perou, art. 3, parle beauooup « des tremblements de terre qui sont iVc- " quonts dans ce pays. II menlionne comme « (louteuse I'asscrtion d'un savant Peruvien lituindo pui oulras tautaj pro- vincias, ou priueipados; a manulcncfio das relagiies, que se eslal)L'leeiani enlre as diver-.as provincias, a necessidade em fim de rppdlir as agfjressoes dos barbaro-, obiigaran) o, reis, e suas fatnilias a fazer do iiiisbjr das armas a sua principal, e por venlura quasi unica occupajao. A posse dos feudos, e o exercicio de um podi-r quasi illiuiilailo, constiluiram por assim dizer os privdegios e recoui|)ensas dos valiosos servi^os prestados peU classe militanle, que formava o cortejo dos reis, como nos tempos feiidaes succedia com a no- breza. Os fCclialtri/as, ou guerroiros, a quern tanibem cliamavam nidjas, ou lillios de rei, erain como os brajos da jnven e podero^a iiagfio, cuja cal)eva era o braliuiane. Os vai- eyas, ou inercadores, e agricuUore-i, coiirlitui- aiii uma terceira classe nao meiios utd e in- leressante, que as duas priineiras, que lodavia elles reconlieciain como superiores. Uedicados ao exercicio d'aqueiias profissoes, que nem exigiam lanla corageu) e esforijo; nem la- inanliaelcvagaode espirilo, e lirmezade ca rac- ier, o svaici/as respeilavam o braljinane como mestre das ieis diviuas e humanas, e o rei, exe- cutor d'estas inesmas leis ; em fim o^ ^owlras formavam a classe dos servos, que <-xerciam OS mais liumildes occupa^oes, e que n'loparli- cipavam de direitos alguns na socied.ide ary- enna. A grande dislancia que separava as duas primeiras classes ou castas das dos vaicyiis, e goudras, coniprehende-se facilmente, se at- lendermoi a que os Aryeno*, conquistaiido o territorio que occupavam na India, e inipon- do por coMsequeiicia suas leis e costumes aos povos vencidos, deviam naturalmente evilar com todo o escrupido, que a raja piira dos conquisladoresse misturasse com ados eslran- geiros no meio dos quaes vieram eslabeb cer-se. As duas casta«, por tanin, deposilarias da aucloridade reiigiosa e niiiitar; e exercendo por consequencia o poder espiritual e tem- poral, conservaram intaclo o elenicnlo aryen- no, em quanto a terceira casta pela sua propria condi(,rio e inleresscs n.'io duvidara aiiar-se as familias indigenas, e admittir ate no seu gremio aciueilas (pie liaviam abro^ado o culto vedico. Os goiidnii pela sua parte eram ver- dadeiros servos ou illotas, liiados dentre os vencidos, a quern a suprema lei da neces- sidade reduzira li dura condi^ao de servir os vencedores, como mais tarde acontecera aos I ridioi ^d'Auierica depois da sua conquisla. Assim as castas, que rigorosamente podem leduzir-se a tres, represeiitam a ra^a con- quiitadora, os mestizos e os indigenas. Dissemos, que o regimen das ca-tas n'lo ejtava ainda estabelccido no tempo dos vedas, .\'uin liynirio porem, de maia recente data comparalivamentc, que a da maior parte dos que se euconlrain n'aquella cojlec^'io, le-se a propo!ito da Pouroiiclia, ou a altiia universal, e o priuieiro scr a quern os Aryenos davani altriljutos corporeos, o seguinte em ver^o. « O braiimaue foi a sua boca — o rei os seus bragos — o vaicya as pernas, e de sens pe's nasceu o goudra. n A divisfio das castas e' aqui re- pre^enlada aliegoricamenle. O pensamento e a palavra sao considerados superiores a forga e poder material. A coragem, e dedicayao sao lidas em mais subido prego, que a induslria e commercio ; a tiqueza intellectual sobre- puj I a opulencia material. Esle myllio ap- paiece lambem no codigo das leis de Manou debaixo de uma forma sentenciosa e dogma- lica. I'ara distinguir a primeira vista as dif- ferentes castas o legislador fizera inscrever no nome de cada unia dellas a caracteristica da sua gloria, ou da sua degradagao. A primeira das duas palivras, de que se couipoe o nome brahmane significa — o fervor propicio : a do nome Kckaltrya — a forja ; a de vaicya — a riqueza, e a de ^^oudra — a abjiTjao. 1^ certo que a partilha, que o braiima- nisino fez entie as classes da sociedade aryen- na foi leoniua; mas a quem senao ao brali- niauismo deveu essa sociedade o esplendor e prosperivlade, que por tantos seculos gosara '. Guardas fieis e unicos interproles da lei vedica, OS braiimanes recollieraiii com piedosa sol- licilude estes vencrandos tnonumentos da sua lilteratura. Foram elles, que em todas as oc- casioes libertaram os Aryenos da tyrauia dos seus reis, coiuluzindo sen)pre o povo oelo camiiilio da civilisagfio. Ao brahmanismo Qi've a India os numerosos pagodes, temples sublerraneos, e magnificos palacios, cujas munumeulaes reliquias ainda lioje se admiram; e essas imme.nsas composigoes lilterarias, que a liuropa cidla bade vir a conliecer e apreciar como as obras primas dos pnelas da antigui- dade classica. De todos estes monumentos litlerarios, porein, neniium pode comparar-se ao vidn, iivro multiple, em que se reilectcm, como im n'um bellbeipellio, as credoa?, a viola pnblica, k <■' OS' inlimos Icnlimeft-tos- dw 'ATyftnos. A. ■cxcepgSo'dd'Biblla, h ■rihlii*iikladt!-nrio of- "'fereco umaobf.T, que'siisCtle hf> cspirito maior 'ntimerd' de^iaetis do, qtie 6 vcdu. Falta-llie v '''vcr^adc o eleiiVeftlo liislorico, mas em IrDco diko ftdniira-se em '«iiaS' I'leHas patinas' o = "eneroso rmptilso de unia fta^abj qiiei^a for(:a: Ho s6u entlmsiaimo v6acom'atdor apo« sens 'fu'turos e b ri I liantes destines,- t\ca delseivO, -qd'aclividadb. SCAas abslrac^ees do sabfeistrto \e-se desponlar o paiillieisulo, que eitvnlveia como n'um lurbilhao as geraCoes fiituras. Suas viriadas poesia^' aprescnlfim oS priflieiros traces das lendas popiilafes, dtssb riializado cairipo das iiiais belTas e rodoriferas fTorcs, 'com que se adorna a modcma 'liueralura, "Mas siias'e,tancias represenla-SB'bem debiixa- ' do o qiiadrg da fo'rina^ao de uma sbciedid? • tfieocraliea, iriaij' zclosa pfelo-'ttdlo de sens ''•deoses,' do que pelos ieiis pro^riosinteresSes ; ' sfcm'pre prompUa celebrai" os-saenhcios em '■ horii-a •detles, despresando 'coril geri^TOsa flb. ■ negagao ' a pomposa osleniajaa das gloriap muhdanas.' ' , '' , Cerlo iiao le'mbs 'nOticia exacla 'd* marcbfi dos Arvcnos desde a sua parlidii das planicieis da Azia, nem 'encontramOS fflemorla das hatalhas que se pelejaVam, e dos dbslaculus com que os Arye'nos lutaram au- vir a ^stabq- lecer-se no Iiido,l'io; mas saberaos pelos seijs livros sagrados o que pediara aos deosds ei(i seus sacrlfioios ; os inimigos cija presenja qs atemorisaVa; quaes suas armas, e seus instn(- • nienlos agricolas, os habitos em I'lm da'sua vida ■ domestica. E esle qiiadro conipleto d'aquella * longinqua e'pocha, que- oLivro dbs bymniis nos apresenla em suas eloquentes paf^nnas, '■ podebemsiippriraHeglige'ncm'dosqupdeixa- ■ ram sepultadas; ho esqilecimento memories ditrnas dti parliCiilar h'lStbiia". ■ ° • '^ . ..' ji'irf. DE ABREU. I • , , ■ ri*i4'"i..t'i'i'>''.r. de sua' regular' gra'ndo^a'e' b'ellcza de Siias fuinias. » E e de nolar 'qu'e' o artfgo t'ran'scripto considerfi absohltamcVite' uma' melhoria que pode m'uitas vezcs 'ir de' encoritro as circum- sUincias' topographi'ca's d'asl ' localidades onde houvereui do. dar-se as e\'posicOes.i Cuiiipria ,attcnd(;f I'l tlHc a .grandeza" -56 pode ler tuna ipyifjrlancia i;pla,tiya,, 'po'rquc csta , po'r sua ^ iiatui;ezp , depende das circ(im- siaucias (Iq, clinia, doijogac, e finaInieritC|jdos produclos.qiic. 4it(.? iuvmacs q,uerci)ios, pjjljer^. ' Tanto isto.e vcrdadej que, lallando.dq. ga,do bovino, a rapa do Algarve (vacas anas do cabo de S. Vicente) pode eon,?ti^,uir uma.verdadeira riqueza, para as localidades on.ije jis citci|m- ,atancias topogcaphicas se oppqcm a .cria^ao e propagacao .dasi racas de estajura clij.vada., A industria pecuaria d'esle disUitto, nuo se en- riqueceria com a imporlacao d'aquella rafa, na maior parte das localidades da beiraiiaar'? Nao resuUaria um aperl'eicoaraento do a cruza- rcm com as que existem nos logares.moiiita- nhosos? Quern possutr alguns conheciiiienitos de zoptecbenia,, nao reeuzara, por cerloj 0 seu' Assenso -a cstas verdades. ■ .- ■ , ■ Istoquc dizemos de passag■ : ' ■ E dcsnecessario advcrtir que- devem ser comtempladds com 'os primeiros prehlios os expositores daquelles animats que por' suas qualidades seaproximarem do tVpo das rajas mencionadas tto progranima'; e com os segiin- dos OS (jue apreseutarem auimacs immedi'ala- iliente' iiiferiores;' e hfes'ifti Siiceefesivaraentc '. • -Veja-se Zooiatiica dt) Pr.Dr. Mncedo'Pinfo ' ^ 'Para o cavallo veja-k- M. 'de itepiiiatrlia do sr J iji Perreinij epara'bs'ciitfos.'anfmuesaZooiat: cil: ' •ihi *».li s..sji?v.>i i\itw*>i,> ,,'-\*I.'i;ii^- ;■ x.^ •■ '\ . . ' s.) .'.sidi s. : ibiJ.iiOrv 199 Ga- dos \ "o ■ uu .1':' fi < JjOcalidadts CaiiiboS do Moridc'go; ' Canipo? de'Sburf , Con- deixa, de Goes,' de Louza ,c de' Miranda do CoH-Q. ;' ■ /'■ - Sfonjlanlids 'd'Arganll/ de Co'ja,' de Taboa, e dedliveira do Hospi- tal., ' ', / " ■ ■ ' Caiiipo' d(i' Mondfgo; , Difos db Sou'rc, dcDon- deixa, e de Goes, etc. Slqrilanhas d'^Vrjanil; Coja, etc. ' ■■ ' Campos' do Mondc^o. pitos de So'ute', deCon- 'deixa, elie'. ",''.,'';' ', ' MoiitaiihaS ■i^Argatiil:'' ' Campos'' do Moridc'goi OitosdeSouW. deCoin- deixa, '«tc. • ' Mdntahha's d'Argaritl) de CQja, eic; % ejra-iilaf. ■ ara-mal v.: \i\:-\.\ f.a tl),^■... ] diimpos '(4,0' Sldnd'egbi 'Ditos deSolire, 'de€oii- dejxa, etc. Si,o'ntarilias d'Arganil,. ' deCoja,' etc."' ' •' '"■ Ditas do resto do di- ■siM '[y "'■'"' ['■ Em toddiO'dislriclo.: ;'-:\m\ iRflca* CavaUbs paraUiro' lig^ifo'e ppsarfd. Cavallos de .sella proprios parajbr- ■nada; - - *i • " i'- '■■■-' ■--'-'■ - ' • - ; ■ -^ ■: •::-:'[»? '..-iy^ .ty. ■Cavallos galliliianosr' ■ ''■^■^'- ^t> «' i '.'-■■■■ , u\:?jyjt!\ilt <;,••■". Burfopara tfro. Barro para sella^'"''^' '' <'.■'■■.' ?.;iMPr • ■ -i- I J)';) :■-.[ -.■■', .'.\.'... Burro pequerio paTa Irabalhar'nestas ' localidades. ' • 1 >-"-.i:'. j.;''3 i Mullo para tii'd.''*"*^^ <> ««> «fi"^«': 'Mullo para s^lla. .'■■■■ ■ ■ ■-■'•' 0 mm £r,?.'t;9 ?..',j?.o: Mullo ' asneirbi pa>^''1ransitiir-per- '' por 'estai lodalidades^ tanto de sella' cOTTiode ctirga.'' ■'■'!' '-•[ f-'--i Ra^k de ceVa', e leittirL- .?-:?-='!"1 e:: ■Racasi de tra'balhe- 'e-'de 'eevs^. :- : ^'M i ■'"'■' ■■ ■ ' '■■•' • ;^:;,3 -X.t \..i\:.-}.i,vi Racas pequorias esforcadas no tra- Wlho, com aptWao t)ara; a' ceva'^ e produccao de leite. ' ' ."■ Racas de pecjueno talho hoks para ' trabalho, efara ceva (precisahdo - ' de pouco aiimento): asvaecasdao kbuiidante leite. '. ' ■ -' Racas leiteiras, ec6m aptidao-'para" .' Nfiois&jnlguo' (nte*nl qnakjucr das loeafidadfs eitaTlas . se nao pode'ra ohter cavallos' para oii-^ tros mistcrefi; pori-m de- vead\ ertir-se que altehi dendo as c ircumsianc las topographicas, t6rna-*e noce.ssitrio crial-os pelo systema d'estabnlacad', 0 que emuito desjilen- diosD.:^ ■; -. '■ ; .s-j I ■ li7;rd ■ ..■_'•■ ;'■', 'd« la; Racas leiteiras cao de la. Era itodo o'disiHcto.i ■ ,{ Racas corpulcnta^ cfljn aj>tia,ao;paiia i a ceva. Antes de expormos, ainda que muito supei^- licjaliiUcnte, as medidas que conveni adoptar, par4 .que se ,cfijeitue p melhoranicnto de cada uni^ das especies de, qije acabamos de fallac, dizenjos' que nag julgaraos possivel melhorar OS gados ap^scentados nos campos do Mondc- gp, sem que providenciifs legislativgs acabem per uma, vez .com as pastagen? communs, e .Vs no^sp? lavra(lqres (leixem as culluras roli- neiras a q.ue.cstao r«duzidos, c ensaiem systp- raas, desconhecidos entreups, ,e verdadc, mas lia muito generalisfidps nos paizes estrangclros. Para, que nos campg^^do Mondego possa-l Vej. Vej. Zooiat. cit. Zuuiat. cit. :•■{ ■■■'. :X'iT,ii\ ir.ri lovir J ei-i cl2T,\ iu'3 .S'jiiigiec.b' ..hihi iib L'i> t:. Ill tCLjaiLO £0 ■ :r 1 '•rp', f.'o (.ila-ymzv. ,. .i , . ' : •. i-a-thV's^ teiw) OJeite nas localidades, como 0 campo "do Jtov- dego, eabiindantei'mas a iiua qualidadei^ jfkfe- rior,. todavia pode mo- Iborar-seGondinientandb alimentacao '. Ningrtem ignora que o qneijo. da Serra da Estrclla e ' do Rabacal' 6 niui agrada- vel aopaladar,:o-qiie e devido as partagensaro- maticas i'i>i :ii 'iii.'ii;.i mos obter bohs cavallos de tiro,' e mister por em plractica. 0 ('asticftmento' por scllM-cgo^ dils racas alii criadas, porem mais vantajoso scni iniporta? b eaVallo nprmahdo ^ e cruzal-o coin as egiias, 'qii'e ■ mais se aproximareni d'elli; em Gonforjiiajao, ■ • •' • ■ •■^■- ■ Nos carii^ok 'de' Soure, CondfeiSa cit:'} piodc- mos obter p caMlla de sella, propi'ib paifa'jor- hada, cruz'andP, as eguas escolhtdas .d'cstas localidades cOni o briosP,"tlocil; e .corajoso corcel da Araljia. ■ '■ ' ' .'■'' '■•'■' '■ ■ ■ ' Nas riiPntanhas d'Argaiil; Coja cic^^ dcvcm effeituar-se grandes melhorameTitos; -o ate .;.i; -ii i.o uA. 0 ;.:e3 ii,'fi.zd ' Vij. Zooiat. cit. ^ Vej. M. de Hippiatrica cit. ,. . . ,,..,, • a engorda.' Bacas' leitcifEis, e-pafa 'a Jir-OdttOcaO'' de liv ■ - ■ ■ : -• ' ''■■ "1 ;■ :.':'r Racas para a produtCao de'la e • 'boa carne. " ' ' ■ •' .'''■■'i;i- -' 'i" ■ Racas penuehas para."i piodUetad-- de" ceva e prqduc- 200 luesmo introduzir alii n rucn galliziana que, cm conscquencia da sua pequciicz, e propria para o traiisito dc sella, ou dc carga em tcr- reiios montanhosos, que ahi abuiidara. 0 melhorameulo d'esta rara oblera-sc pelo sen cruzamento com a rafa arabe dc marca pe- quena e pello de rato, doiide resultara uiiia raja que a par de rauita foroa, para suppurtar peuosiis trabalhds, lera belieza em suas formas c docilidade; qualidadcs dilBceis d'encoiitrar cm as nossas facas ou garranos, que, como sa- bemos, sao quasi lodos raal proporcionados, traicoeiros e rifadorcs. 0 apuramcnto dos nossos jumentos e tam- bem uma graudc nccessidadc, por isso que teem chegado ao maximo dc degeneracao; o scu aperfeicoamcnlo pode conseguir-se pelo cruzaraenlo das Lossas burras com o burro castelliano. Pelo cruzamento das nossas cguas com o jumento aiulaluz alcancaremos bellos mullos para lodos os servicos. 0 mullo usneiro c o mais proprio para viver nas localidades pouco ferteis, e terrenos dcsiguaes, em razao de ser mais barato, muito sobrio, e bom para ahi trabalhar de carga ou de sella. Poucas sao as localidades que se preslcm, corao OS campos do Mondcgo, a criacao e melhoramcnto das racas bovinas, tanto de ceva como leiteiras: alcaucam-se as racas de ceva, cruzando as vaccas cscolhidas, que ahi se apascentara. com os touros da raca minhota, e as leiteiras, raultiplicando e apurando a raca turiua. Os campos de Soure, Condcixa, etc. pelas suas circumstancias topographicas prestam-se muito hem a criacao de bona hois para tra- ballio, que ubteremos pelo cruzamento das ra- cas que ahi vivem com o Zebu ou misticns da rafa de Mafra. Tambem podemos nestas loca- lidades criar iofs/wco (('ly/, cruzando as racas ahi existcntes com a do Minho. Nas montanhas d'Arganil, Coja e algumas oulras podemos criar pcijucnos bois para tra- balhar em terrenos escabrosos, como sao os d'a(iuellas localidades, esforrados no trabulho, aplos para a ceva, e raccas abundantes em leite, cruzando a raca que alii abunda com a raca do Algarvc. E de grandc utilidaile a pro- l)agacao d'esta ultima raca na maior parte da beira-mar do nosso districto, a qual e pouco abundaute cm pastes '. E muito para desejar que o barbaro divcf- tiniento das touradas termine, e seja subsli- tuido pelas corridas dc cavallos e bois, don- dc poderao resultar alguns benelicios para a nossa industria pecuaria; porem em quanto dura esta mania peninsular, podemos ohter l)raYissimos touros, cruzando as nossas rajas br«vas com e boi da India. ' Vej. Zouiat. cil. "; ■ Os campos do Mondego nao banhados pela mare, nao sao muito prnprios (lara a criacao do gado ovino, ponjuc^ a athmosphera c as pastagcns sao alii muito huniidas, porem observando-se o que a hygiene aconselha, po- dem muito bem criar-se nessas localidades bons carneiros para ceva, e boas ovelbas leitei- ras, pelo casticamento por selleccao da raja commum, e cruzamento d'esta com as rajas cstrangeiras Dishlcy Southdown, etc. As condicoes topograjjbicas c climalcricas das planices de Soure, Condeixa, etc., fazem com que estas localidades muito bem se prc- stem a criacao do gado ovino, tanto para ceva, como para Id, obtendo-se o primero pelo cruzamento das nossas ovelhas com as rajas cstrangeiras acima citadas, e o segundo pelo cruzamento com os carneiros merinos; mas o que e mais para desejar e a importacao d'esta excellente raca: foi assim que a Franca enJ menos d'um seculo a generalisou, eonstituin- do hoje uma das suas principaes riquezas. Nos logarcs montanhosos d'Arganil, Coja etc., alcancaremos racas para prodiizirem b6a came, pelo cruzamento das ovelhas que alii existem, com as racas Dishjey etc., e fara prodiizirem Id, oruzaremos as mesmas ove- lhas com 0 carneiro merino. No resto das montanhas ferteis do nosso districto podem-sc criar racas pequcnas para darem boa Id, cruzando as ovelhas d'alli com OS carneiros merinos. A cabra pcla sua muita sobriedade, vigor e resistencia aos agentes morbilicos pode com muita utilidade criar-se em todo o districto; porem conveni melhorar a raca commum, casticando-a por iiellecjao ou niesmo cruzan- do-a com as das outras provincias. Muito con- vira a importacao das cabras do Tibet e d'An- gora. 0 atrazo da agrlcultura cm o nosso distri- cto faz com que nao possamos criar bons por- cos se nilo pelo systema de estabulacao, porem sera de muito proveito (pie se oblenha uma raca, que a par da sua aptiduo para a ceva, tenha uma estatura elevada, e isso conse- gue-se pelo cruzamento da raca do porco da JJeira, ou de graiide estatura, com a do por- co chino, ou do Alemtejo '. Terminamos a(iui a nossa larcfa, e fazemos vfltos para que a junta geral do districto de Coimbra tome em considerarao esle ramo d'industria, scguindo oexempin da do distri- cto de Hraganca : lenibranios que muito con- vira que a exposicao de gado lanigero nao tenha Ingar em novembro (ainda que enliio deva fazer-se a do gado suino); mas antes em maio, epocha em ([ue estes animacs se osten- tam gordos, nedios c vigorosos. O Vetcrinario, Francisco Marquea Cardoia. ' Vej. Zooial. cit. JOlllNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. CONSELHO SUPERIOR DE INSTRL'CCAO PUBLIC A. RELATORIO ANNUAL. 1847 — 1848. Continuado de pag. 16-1. Inslrvc^ao superior. Tern sempre cntie nos offerecido perspe- ctiva mais agradavel oste ramo d'instrucrao. Destinada a formar funccionarios pubiico.s, tem sido, era todo o tempo, luais frequonlada proporcionalmcnte do que os oiitros ranios. A esperanca, e a teudencia para os empregos publicos, que dc ha muito nos characteriza, tem produzido sempre larga coiicurrencia (talvez hoje deniasiada) aos esludos supe- riorcri. Se por ella I'osse licito ajuizar da in- telleclualidade nacional, talvez poucos povos sc nos avautajassem. Mas os ramos da in- struccao estao entre si tao ligados, tao dc- pendenles sac uus dos outros per sua na- tureza e fins, (jue todos formara uma serie, cm que nao devcria alterar-se iim termo, sem que expeiimentem mudanea proportional todos OS outros. 0 que nao pode com tudo negar-se, c que as rel'ormas e meiboramentos concedidos em varias epoelias a inslrucfao superior, sem eonsideracao previa com a pri- maria e secundaria, nao produziriam os bons resultados, que temos experiraentado, e os cxtranhos niio ousam negar, se nao foram os excellentes metliodos de cnsino, e o zelo cf- ficaz de professores, qufe teem illustrado e honrado este paiz. Dos eslal)elecimentos d'instruccao superior, confiados a inspeccao do conselbo, recebeu este relatorios e esclarecimentos estatisticos I relativos a universidade, a eschola mcdic.o- I cirurgica do Porto, a academia polytechniea, C a de beilas artes da mesma cidade. 0 relalorio da universidade nao desabona istc grandiose estabelecimento, a pczar da ir- rcgularidade do anno litterario findo. Ante£ ' offereti! urn testemunho incontrastavel do zelo dos profe^rores, a noticia das obras scien- I tificas, que teem publicado, as mudancas feitas Vol. III. na dislribuicao das materias do cnsino pelos diversos annos das faeuldades, e a adopcao de compcndios novos, elevados a altura actual das seiencias. Foi este estabelecimento freqnenlado por 899 alumnos no anno litterario findo: sendo a faculdade de tlicologia por 104: a dc direito por 'J07: a de medicina por 35: a de matbematica por 90: c a de philosopbia por 103. A eschola medico-cirurgica do Porto tcvc 67 alumnos. A academia polylechuica 179. A dc bcllas artes lo9. A somma total dos alumnos nestes quatro estabelecimentos e de 1:304, (mappa n.° 5). A despesa da universidade reguiada pela verba do orcamento, foi de 00:040^930 rs. A da eschola medico-cirurgica de 9:860^000 rs. A da academia polytechniea de 11:934^000 rs. A de beilas artes de S:C60$000 rs. Im- porta a despesa total d'cstes estabelecimentos cm 94:1'204930 rs. Custou cada alumno ao estado, approximadamente, 7'2:400rs. Dedu- zindo porcm d'esta cifra as propinas de matri- culas que sao de '24^000 rs. para o maior, e 19:200 rs. para o menor numero, c o que reverte ao thesouro de custo de cartas, titulos c diplomas, nao exccdera muito a 40|,000 rs. a despesa paga pclo estado. Nao e mais custosa, antes inferior a muitos outros paizes, a despesa indicada; havendo para os nossos alumnos a vantagem de nao dispenderem sommas avultadas com a fre- quencia de cursos particulares e licoes dc apijlicavao practica; devcndo-se a([uella van- tagem a dilTerenca nos mcthodos de ensino. Na comparacao da frequencia das faeulda- des universitarias sobresae o desequilibrio causado pela consideravel aflluencia a de di- reito. E em verdade excessiva, coniparada com a populafao, e com a concurrencia as outras faeuldades. E sendo certo, que nao ba em- pregos em que se possa accommodar tanta gente, o resultado niSo pode ser favoravel a ordcm publica. Fora esta rellexao fecunda era consequencias, apresentada no relaloiio de 1845; e por essa occasiao lembrada a creafao de uma eschola de administracao, lao necessaria ao systema politico, (|ue actual- mente nos rege.'Assim se rcparlira a concur- rencia entre as duas escholas, c se dariam se- NiM. 10. NovEMBft^ 13 — 1834. ^ 202 guras garanlias a adminislrarao civil com habiiitaroos convonioiUos, e adeciuadan. Estc piano adoplado cm aigiins cstados d'Allema- nha, foi ja, no piosente anuo, iiuilado em Franca; creando-sc jiuicto ao collcgio dc Franca uma cscliola d'administracao, cm quo vac a scr cducados, os ([tie ?c deslinani A carrcira da adininislracao civil. Entrc nos nao liira dispcndiosa essa crcacao; aprovci- tando-sc os cirnicntos, (|ue cxislcm no gran- «lc cciitro univcrsitario. E porqiie nococs elcmcntarcs dc scioncias exactas, e philoso- pbicas, sao iiidisponsavcis aqiiolics estudos, e muitas vozes nccossartas na adminislrarao judicial; e, ainda scm rciacfio a (ins tao im- porlantcs, sao cllas o podcroso meio do dcs- involvimonto o cducaciio intellectual, fora talvez con\eniente elevar a estc ponto o grau das habilitacOes para os cursos da faculdade jiiridica. As escholas do Porto medico-cirurgica, e polytcclinica, repetem, em sous relalorios, as represcutacOes, jii por vezes dirigidas a V. Mageslade sohro a ncccssidade urgente de reformas materiaes. E justas parccem ao coa- selho as pretensOes das escholas. Os grandes centres scienliiicos, insliluidos para a cul- lura e engrandecimento das sciencias, nunca podem prosperar, sem serem cercados do es- tabelecinientos materiaes, appropriados, e an- nexes. Nao e possivel exercer dignamente as funccoes pedagogicas a eschola cirurgiea, sem que tcnlia casas ^ara aulas, exames, cen- gregacoes, tlieatro anatomico, museu ana- temico-patbologico, e enfermarias clinicas, com numero sullieiente de exemplares, dt; que possa dispor, sem subordinacao a vontade, muitas vezos capricliosa e irreflectida, d'um corpo moral, extranhoaos interesses dascien- cia e do ensino. Nao podera dcsinvolver- se e prosperar a acadcmia polytechnica, sem um museu, uni laboratorio chymico, urn gabineto de pliysica, e um jardim botanico. Muito teem I'eito aquelles estabelecimentos sci- enliiicos, reduzidos a tao mesquinha estrei- teza, em terem sustentado o ensino com zelo, c persevcranca, digiios do elogie. As necossidades publicas sae, eu devem sempre ser, o ponto de partida para a crea- cao, e conservacao dos estabelecimentos lit- terarios. Se ellas justilicam e legitimam a crca- cao d'a(iuelles estabelecimentos, parccc ae conselbo indispensavel, que se attenda as reclamacoes dos conselhes das escholas, sem 0 que desapparccea responsabilidade, quelhes eabc. Mas nao basta crear os estabelecimentos scicnlifiros annexes as escholas superiores; e misler lia!)ilital-os com meies para pederem sustcntar-se, aperl'eicoar-se, e collecar-se a par das sciencias uaturaes sempre em pro- gresse. Queixa-sc a universidade, a este re- speito, de falta de mcios; e posto que a dota- cao, destinada para ocusloamcnto deseus es- tabelecimentos, fosse I'avorecida no ultimo orraniento, nao obviara ella por certe aos inconvenicntes apontados ne rclatorio do observalorio aslrononiico, aos do museu c gabincle pliysico, ao dos estabelecimentos me- dicos; pon|uo todos demandam dosj)esas ex- traordinarias, e avultadas, ])ara se devarem a situacao, quo de direito Hies compete. Nera sao menos fundadas as reclamacoes a estc rcspeito, por vezes re|ielidas, da eschola me- dico-cirurgica, e academias polytechnicas, c de liellas artcs de Porte. Todas desejam elc- var-se, assumir a posicao, que Ihes toca na escala scientilica. Para conseguir aquelle lim, siio indispensaveis os meins: V. Ma- gestado, pesando na sua alta sabedoria as ne- cossidades do ensino, e conciliando-as com as necessidailes publicas, provcra de remedio, conio 0 julgar mais adocjuado. A inlolligoncia do art. i:!2 do decroto dc 20 de septombro de ISii tern side objccto de duvidas na universidade, e a faculdade dc medicina resolveu, que se devia pedlr oxplica- cao .sebre pederem ou nao asletras de distinc- cae em litteratura compensar as do ,consi- deracao em costumes. 0 conselho deseja'ouvir nosto assumpto e veto das eutras faculd'ades; mas inclina-so a que, polo nienos, seja indis- pensavel redaccao mais dara no citado art. E para lamontar, e magoa no vivo ao con- selho, que por falta de noticias havidas dos estabelecimentos scientilicos doLisboa, se nao fafa d'olles mencao em um rclatorio geral da iustruccao publica! Omissao tao notavcl, e inesperada, colloca o conselho em ponosa impossibilidade de comparar os diversos estabelecimentos scientilicos do paiz; a fre- quencia de uns e oulros; o sou aprovcila- mento; as esperancas que cada um oll'orece a goracao, que a custa de pesados sacriticios, OS si'.stcnta ; as geracocs futuras, para quera se preparam estas reformas; e ajuizar linal- mente do estado da inteUednuliddde naeio- nal, pela cemparacao de movimonto das escholas, com a populacao em geral. 0 conse- lho faz sinceros votes, porque tao irrepre- hensiveis omissoes se nao renovom; e es- pera que Y. Magestade previna a continna- cao de abuses intoferaveis, com a rosolufSo da consulta dirigida por este conselho a V. Magestade em 3 de corrente mez. ConclusHo. A regularidado ne service da dircccao cen- tral, a mulliplicacae c melhoramento das escholas primarias, o complemeuto das se- cundarias, e nos ostudes superiores a crea- fao de uma eschola de adminislracao, e de alguns cstabolocimentos annexes a eschola medico-cirurgica, academia polytechnica, e dc bellas artes do Porto, ^uo as neccssidades *V««fcKkS» ^ ^^^-i^ 203 da inslrurrao, a ([uc dc prompto so dove at- tender. Miilliplicar o niimcrn do escholas priniarias c a primeira noccssidadp. Baslara c(iiii|iai'ar o nilincro (inc. lonios, com as (|iio teem a IJelgiea, Hanover, a Silezia c Lnmhardia, pani se ex- plicar o estado de atrasameiilo em (|ue se aclia a instniccao primai-ia no paiz. E csla a inslnic- cao, que devc ser levada a porla do todos ; por- fliie i a de (|iic todos prceisam. Das (]iie cxi- stem em 1." giati nao seria nmilo facil elevar 0- numero desde ja pela dilliciildade de aehar mestres compelentemente habilitados. Nao podemos conlar com elles, sem que tenhamos escliolas normaes, em -(nie elles se possani forniar. Felizmente estii proxima a entrar em cxercicio a nossa 1." escliola normal fiindada em Ik'lem. Mas lima so eschola normal nao pode dar a linstruccao primaria todos os mestres de que clla carece. Nao c muito possivel, attento 0 estado do tliesouro, augmentar o numero de escliolas normaes, por sua natureza dispen- diosas: nem as cidades ricas, c populosas sao consideradas como os logarcs mais accommo- dados a instituicoes d'estc gencro. 0 piano de formar mestres pcia practica dc escliolas accrediladas, em que os aspirantes sirvam de ajudantes, tern produzido muito bons resuita- dos na Uollanda, na Prussia e n'outros paizes ; e, por menos dispendioso, seria preferivel lioje entre nos. Ja teve o consclho a lionra de proper esta idea a V. Magestade no relatorio de 18ii), lembrando a conveniencia de crear as escholas possiveis de i.° gran, c aproveital- as principalmente para a formaeao dc futuros mestres. 0 conselho, persuadido da utilidade da idea, aproveita esta occasiao |)ara dc novo a. levar ao conliecimento de V. Magestade. Sendo porem a instruccao das classes labo- riosas a mais minguada; e as freguezias ru- Iracs as mais necessitadas, a instruccao ele- jmentar propria d'aqnellas classes aclia com Ifacilidade mestres condignos a missao, que lilies compete. Nao deixa o conselho de re- ©mheccr as apuradas circumstancias do tlie- souro, quo e forca respeitar; mas nao julga limpossivel que, ainda no ca.so de licareni a Icargo do thesouro, annualraente se va creando Inm numero d'ellas pouco avultado, ate que a |{azenda publica possa supportar maiorcs en- leargos. Na Suecia, aonde hojc se acha muito vul- garizada e desinvolvida a instruccao prima- ria, adoptou-se um piano muito economico para comecar a dilhindir esta instruccao. Crea- rani-se mestres ambulaules, que leccionavam era cada freguezia por um espaco de tempo determinado. A mingua de outros nioios mais productivos, talvez podcsse ensaiar-sc este me- thodo cntre nos. No relatorio de 1843 nutria o conselho a lisongcira esperanea de poder fundar escholas com OS sobejos de rrndinnMUos miinicipae.=, e de conlVarias. Auiiiiava-o o exemplo do que se esta practicando iias ilhas adjacentes. Ap- peliou para o jiatriotismo e zelo dos sens de- legados, empenhou todas as I'orcas para eonsc- guil-o: foi tudo baldado! Nem aiuda iias po- voafoes, que rc(|ueriani com mais urgencia a creacao de escholas, llic foi possivel obtcr subsidio d'a([uelies corpos nioraes. As echolas de asylo sao um ohjccto, que tern nierecido a altencao c desvclos de V. Magestade. Merecem-no em verdade ; porque cstas escholas sao o berco da instruccao primaria, a educacao primordial da edade, em (|ue ania- nliece a luz da razao, e precisa de ser guiada por mao sabia e virluosa. Nas circulares a todos OS sens delegados, tem o conselho re- comniendado a creacao d'escholas d'este genero, e a sustentacao das que existem. Nao tem o conselho por ora alcancado resul- tados satisfactorios; mas nao esmorece, quan- do v6 as que existem sustentadas por elTeito da benelicencia particular, e reflecte nas boas propensoes d'um povo, que em todo o tempo se tem distinguido por sentimentos de buraa- nidade. Julga porem o conselho que alguma condecoracao honorilica, alguma niencao hon- rosa, para com os individuos que mais se teem distinguido em promover a creacao e sustentacao d'estas escholas maternacs, seria um poderoso incentivo para animar outros, e entreter o fervoroso zelo d'aquelles, a prol dc estabelecimentos de tao suhido interesse. E nao fdra menos conveniente empregar egualmente este meio, para fundar escholas de dias sanctilicados, destinadas ao ensino dos adultos ; sendo que esta e uma das pri- meiras necessidades do nosso paiz. 0 melhoramcnto da instruccao primaria nao depende tanto da cxtensao dada as ma- terias do ensino, como dos bons livros c methodos de ensino. 0 conselho tem empre- gado todos os meios ao seu alcance, para conseguir uma colleccao de bons livros para este ramo de instruccao; recommendado ate a traduccao dos bons, ([ue ha em outras nacOes, mormente na Prussia, Inglaterra, e Toscana. Nao pode porem lisongear-sc de o haver conseguido ate agora. Para regular os metho- dos de eusino, teni-se lemhrado de iuslituir conferencias cntre os commissarios dos estudos e OS professores mais accredilados, e tcm-DO recommendado em suas instruccoes; mas re- conhece, que, para lacs ensaios, nao e aiuda chegada a bora, por falta dosclementos neces- sarios. Seria conveniente que se ensaiasscm entre nos os methodos de Jacotot, Pcrtalozzi, e Kiev, de que em outros povos, se diz, haver tirado vantagens, sobre tudo para a fa- cilidade do ensino; e nao se dcscuidar;i o conselho de o lembrar opportuuameule ao> sens delegados. 20 i Mas primoiro do quo tiulo, cuiiiprc que sc (1(5 iiiii rosiilaiiKMito ii instruccao priiiiaria; que V. Mafjt'stailc sc (ligiie de resolvor solirc 0 projecto olTcrecidn oiu consulta de '24 do Janeiro de ISiy, solire os das escholas dc "i." giaii, olTerecido em eonsulta de 14 de niareo, sol)rc 0 projecto de vciKiiiicntO!', jubilacoes e aposcntacoes, juncto a consulla de 15 de jullu) de 184S. Na instruccao secundaria e tempo dc se ircni preparando os elenicntos, para o cnsiuo de scicncias iniluslriacs. A geoiiietria, niecha- nica, e cliyniica com apjilicacao as artes c a agricullnra, ensiiiados no ponlo de vista praclieo, dcvcm (azer parte da instruccao secundaria nos lyceus maiores ao mcnos, e em algnuuis povoacocs induslriaes do reino; e (luaiido a instruccao secundaria tenha, neste scntido, alargado a sua esphera, li entao ([ue mais cunipre dilTundil-a. A civilizacao materia! e iioje o espirito do seculo, a ten- dencia dos povos cultos, uma necessidadc da e))ocha. Por toda a parte se cura de ceono- mizar bracos, de simpliticar processos, de aperfeicoar i)roductos, de encurtar distan- cias. A instruccao secundaria c da classe media; e esta c a classe que costuma dar-se as artes. Mas os productos da arte nao podem aperCeicoar-se, scm que aos raios da sciencia, desperte a induslria adormecida entrc nos. Devem porcm prcparar-se de antemao os estahelecimentos nialeriacs, e os professorcs ipie se han de enipregar nesto novo ramo de ensino; scndo q\ie o credito, e os progresses de quai(|U('r instituicao nova, dependem in- leiramcnle do aprovcitamcnto, que os pri- meiros alumnos alcancarem. As necessidadcs da instruccao superior reduzem-se, j)or agora, a creacao de uma eschola de administracao; organizacao dos estai)elecimentos annexes a eschola medico- cirurgica, e academia polyteclinica, o de Lei- las artes do Porto; e melhoramento dos que pertencem a universidade. Ainda que de (irnmpto .so nao possani rcmediar lodos os males, porcjuc de recursos extraordinarios carece o melhoramento d'alguns estaheleci- mentos scicnlilicos, algum sacrilicio e in- dispensavel para conservar, na perfeicao de- vida, 0 ensino practico de que jnincipalmente depende a parte util das scicncias. As univer- sidades, concentrando cm um ponto, em grau transcendcuto, as scicncias, artes, e Ictras, sao foco de luz que alimcnta a cultura e il- liistracao dos povos; mas nunca poderao sa- tisfiizer ao lim da sua creacao, sem (]ne estejara cercadas de cslahelccinienlos practicos, sitna- dos na allura, a que as scicncias se teem ele- vado. Tal e, Seniiora, o cstado da instruccao pu- hlica no paiz, resumido em quadro singclo, e nao pcrleilo. A impcrfcicao e toda involun- taria da parte do cousclho; sol)rava-lhe o (lesejo de podcr aprcscntar uma cstatistica coniplcia, c c()ni|iaral-a com as de povos, (pie, por sua illirslra(;rio, servcin lioje de nio- delo na rcparlicjao das Ictras. V. Magestade, scmj)re hcuevolcnte, ha de rclcvardclcitos, ipie 0 cnnsclho (piizcra ter e\ itado. E espera coniia- danieute o con.selho, ([ue ]ior meio d'algiimas pro\i(lencias, ja ordenadas por esta rcparti- jao, e de outrasque a Y. Magestade pare(am mais adequadas, hao de desccr dias mclhorcs sohre a instnucao do paiz, se a mao da paz hcneficcnlc nos dcr scguro amparo. Coimhra, em consclho de 2S de novemhro de 18'i8. — Josr Jldcliaitd d'Ahrni. riie-reitor. e vicc-presi- deute — BiisiUo Allmiio de Sousa. I'intn — Manuel Anluiiio (/iiellu) da Korlui — Jerdin/mo Jose de MelU> — Fraiui.seo de Custro Freire — Manuel Marlins Binideira — Antoniu Carduso lioKje.s de Fiijtteiredo — Luiz Iijnuew Ferreiru. SILVIO PELLICO E 0 SEU TEMPO. Um escriptor piemontcz Pietro Giiiria, aca- ha de jtuhlicar dchaixo d'cste tilulo uma hio- graphia do A. do livro das ininhas Prisdes, a{|iieni o evangclico espirito da Imilardo ])a- recia ter complclamente inspirado. 0 novo hiographo podcria ter accrescenlado nuiis algims tracos ao sen quadro [lara lornal-o menos indcciso , jiistilicar mais cahaimente 0 sen tilnlo; com tudo a narracao dc Giuria, cos fragnientos ineditos, que a aconipanham, dcixam aprcciar a suave, e sofredora natu- rcza do Poeta de Saluces, uma das primeiras glorias conlemporaneas de Italia. Silvio Pelico cscrevera tragedias, hymnos e cBucoes, que elle considerava como I'ragmen- tos dc um grande poema sohre a Italia da meia idade : dez anno«f*de captiveiro cm Spielberg I'oram uma dolorosa prova , (|ue, dando-Ihe a aureola de um longo solTrimento na flor dos annos, cortiira as suas melhores espera ncas, e as seus votos pela rcgencra('ao nacionai, a (pie elle sc associara com os cscri- plores italiauos de 18'20 — os Manzoni, os Eerchet, os Romagnosi, os Gioia, os Viscoii- ti e oulros! Scm duvida Silvio Pcllico era um conspi- rador pouco perigoso; um livrinho, porem, s-cu causcira mais mal a.*iustria, do que uma conjura(;ao, ponjue esse pequeno livro Wra a singcia ex[)ressao de unui queixa sem I'el, e de uma resignaciio scm amargor; era a pura narnujao de uma alma, em ([uem a pie- dade apagiira nao todas as recordacocs, po- rcm todo 0 ressenlimeuto violeuto. Silvio Pel- 205 lico, porem, nao podera dar a luz o livro — asminhas Prisoes, que tanto rcnome llie gran- geara, seni quebrar quasi com sens antigos amigos, que o accusavam de trair o lihcra- lismo, e que sobre tudo se assustavam com as suas tendeucias religiosas. De feito a mais sincera e I'tTvorosa piedade absorveu os ultimos vintc annos da sua existencia. Saindo das prisoes de Spielberg, fora con- vidado para ir occupar em Franca uma posi- fjo vanlajosa. Silvio Pellico recusou. 0 longo captiveiro tinha-lhc feito amar a solidao. A sua mui delerioiada saude nao ilie pcrmittia ja aturados estudos, nem o tempo, que ihe sobrava dos exorcios religiosos , e de algu- mas aprasivcis diversOes literarias, o podia dar a outros cuidados mais graves. Uma vida simples e Iranquilla era o que unicamente Ihe convinha. a Eu leio, dizia elle n'uma carta, penso, amo OS meus amigos, nao aborreco pessoa alguma, respeilo as opiniOes dos outros e conserve as minhas; eis aqui a minha vida, nao isenta de dores, mas tambera nao priva- da de consolacoes. » A sua I'e mais viva; a sua maior devocao acaso Ihe lizera esquecer suas esperancas pela emancipacao da bella Italia, e sua antiga dedicacao pela causa da liberdade? Certo que nao. A illusao desapa- rec^ra, mas a sua profunda conviccao licara inabalavel. « A idade, dizia elle, amadure- cendo a verdura das minbas opiniOes, mo- dificara, mas nao mudara a essencia d'el- las. » Uma resistencia iutima, mas pacilica, era tudo quanto Ihc restava do seu antigo patriotismo. Nao tratava com os revolucio- narios, nem, em geral, com os partidos ex- clusivos. Em 1848 era o seu voto pela uniao de to- dos OS pi'incipes italianos « voto seguramente justo, dizia elle, mas inutil, como muitos outros bons desejos. » Quando se procedeu dsprimeiras cleicoes no Piemoilte, Silvio Pel- lico teria acceitado, talvez, a procuracao dos eleitores de Saluces, sua patria ; nao foi porem entao eleito; e quando depois Ihe of- fereceram esta candidatura, ja de todo Ihe fallavam as forcas para o desempenho d'a- quella missao. Como homem, Silvio Pellico foi sempre o typo de uma suave e terna resignacao, a que as suas desvenluras derara a uucao religiosa. Como poeta, nao era um genio transcendente, porem nas suas tragedias, e sobre tudo nos Iragmeutos liricos, brillia a graca e amenida- de de suas inspiracoes. As opinines e o talento poetico do illustre A.' das minhas PrizSes pertenciam ja a uma gerajao meia extiiucta, de que elle fora um dos maiores luminares. J. SI. DE ABREU. MOSTEIRO DA VACCARigA Duracao do Mosleiro da Vaccarica desdc a ska fundacdo ate ao fim do seculo X. — Desde o principio do seculo XI ate a sua extinccuu em 1094. C'ontinuado de pag. 94. A obscuridade da historia do Mosteiro Bu- bulense continiia ainda ate ao tim do seculo X. Apenas algumas doacoes e outros docu- mentos ' , que mostram a existencia do Mosteiro de Lorvao do seculo VIII em diante, dariam igual noticia do Mosteiro da Vaccarica, se a pretendida ligacao dos dous mosteiros em eras remotas tivera fundamentos menos duvidosos. Assim nao tendo encontrado citacoes de ne- nhum documento do Mosteiro da Vaccarica, relativo a este longo periodo, em que as invasOes, e repetidas guerras dos Suevos, Wisigodos e Mouros, poderiam ter influido nos destinos de todas as casas religiosas, nem sequcr colhi a certeza de ter existido entao o Mosteiro Bubulense, a pezar de quan- to se tem escripto da sua historia n'este pe- riodo. Se n'esta epocha existiram monges na Vac- carica, e de crer que se conservassem em paz, durante o dominio dos Suevos, e ainda mesmo depois de subslituidos pelos Wisigo- dos era 38!) ', porque nao consta que n'esses tempos fossem muito perseguidas as ordens religiosas, principalmentc depois da conde- mnacao da heresia prisciliana no concilio Bra- carense de 563 ' . Como porem os mouros. na sua entrada pela Ilespanha, depois da batalha de Guada- lete em 714 \ destruiram muitos conventos, a Chronica dos Eremitas de Sancto Agosti- ' Doa^ao de Theoddo C5de dos Chrislaos em Coim- bra feita a Aydulfo abbade de Lorvao e a seus mongess de duas herdades em Almafala termo de Coimbra no anao de Christo de 770. Monarchia Lusilana por Fr. Ber- nardo de Britto — torn, apart. *,liv. 7, cap. 8. Uma doa(;iio d'elrei D. Ramiro a D. Ju.io, abbade de Lorvao, de herdades em Montemdr no anno de Christo de 848. ■• In nomine ia di uiduie Sanctaeque Trinitatis, II Donationis, at te.slamenli carta hsec est, eam facere « eslalui ego Rex Ramirus adiulus diuina inspiratioe u vobis Joannis Abbalis, et vestris monachis de Lurba- ■< no, " etc. Monarchia Lusilana torn, e part. 2, liv. 7, cap. 1£. Um privilegio do rei mouro Alboacem ou Alibosem ao Mosleiro de Lorvao, isentando-o do trihuto que impos aos outros mosteiros no anno de Christo de 734. Benedic- tina Lusitana tom. 1, trat. 2, part, i, cap. 4. ^ Compendio de Historia por Joiio Antonio de Sousa Doria — voL.4, 4.° periodo da hist. ant. de Port. ■■ Historia del Reyno de Portugal por Manoel de Faria y Sousa part. 2, cap. 5. •• Historia Geral de Portugal por La Clede — torn. 8, liv 3 = Compendio de Historia por J. A. de Sousa Do- ria— log. cit. 206 nlio fazenlrar fta ronla d'eslcs oMosleiro da Vaccarii'a '. Mas a inaior parte dos histniia- doresaflirmamqiic iia Lusilania jaosSerraco- conos proeediam d'liin modo difl'e rente, dci- \aiido tiear nosronvonlos os monies que llio, pagassom trilmtos; e ate uni dos priniciros reis moiiros, Alilioasou. rujo doniinio seosten- dia desde o rio Mva e Mondcgo ate Agiieda, isentoii OS mon};es de Lorvao ^ d'a(iuelle tri- Imlo, so deriiios erodito a uina carta dc lei lie 73i, arcliivada no niesmo convenlo, c citada |)or fr. Lciio de S. Thomaz \ A Chronica dos Carniclitas descalcos quer que 0 Mosteiro liuhulense tambeni alcancasse OS mesmos privilegios que o de Lorvao'; mas ainda que demos pouco peso a esta ultima uotioia, por nao vermos citado nenhum do- eumento em que se funde, devemos com tudo supper que ucsta epocha se conservassem tranquillos os monges da Vaccarica, na iiy- potiiese da sua existencia por aquelles tempos. No dominio suecessivo dos Mouros, e nas alternativas que se seguiram de reis mouros « catholicos, uao apparecerara notabiiidades, (jae me constem, das casas religiosas. So por uma doacao de terras, castoilos e villas, que D. Goncalo Moniz, senhor de toda a iiisita- uia catholica, fez, segundo La Clede, em !)S1, ao Mosteiro de Lorvao', podemos ajuizar da «onsideTa-fa«: em que eram tidas estas casas, c conseguintemeiite do bom pe em que entao poderia estar qiialijirer mosteiro na Vaccari- ca. Mas, se El-Mausur, nas suas invasoes a Peninsula, e ainda na tomada de Coimbra aos christaos em 987', fazia nos templos e nos catLolicos os estragos que referc Faria e Sousa \ e natural que por aquelles tempos nao ficassem em niuilo descanco os monges, que liouvesse na Vaccaripa. Vemos pois que ate ao fiin dt» seculo X nada sabomos eom certeza sobre o Mosteiro Babnlense. Por todo 0 seculo XI temos noticias mais positivas do .Mosteiro da Vaccarica, em escri- pturas c outros, documentos, cujas copias se ' Chronica dos Eremilas de Sancto Asostinho — torn. I, liv. 1, lit. 8, ^. 5, jicitadoapag. 193, not. 3. ■* Chronica dos Cariuelitas Desoal<;x)s turn. 2, livro 4, cap, 15. ■^ Benedictina Liuitaita torn. 1, ttat. 2, part, a cap. ■*. La Clede aecrescenta que, n'aquelle mesmo anno de 734, o rej moaro concedeu aos catholicos o privilegio de terem em Coiuibra um conde seu e outro em .igueda- mas o traduclor, n'unia nf>ta, poe em duvida a veracidade if este salvo conducto. Tom. i, livr. 4. * Chronica dos Carmelitas Descalcos por Fr. Join do Sacramento torn, i, \iv. 4, cap. 15, ^. 122. ' ta Clede — torn. 2, liv. 4. ' Historia de Portugal por A. Heccu]ano torn. 1, introdiicf. n." 3. ' Faria J Sousa part. 2, c.errexit- ipsa domna cum ipso testamento et cum suas firmitates, et cum ipse abba et confirmavit ipse rex et suos judlceai et duces el ex tola palacio ,^ Post obitum de ipsa domna unisco surrexernn- omnes propinquiores sui et inquietarerunt indo mona^tet rium vermudi et pervenerunt inde inconciru> ante Judi* ces menendo. vimariz. pelagium sesnandiz. suarium gaia- diz. in presentia comite menendo nuniz. el genitricis sue domna eldora .... octurgavit et confirmavit ipsos ju- dices ipse prefatus el ipse dux ipsos lestamenlos et ipsos monasterios ad ipsum abbatem ctijus Veritas erat. Livro Preto folh. 55. v. -* Livro Prelo folh. 74 v. (Era decies centena quin- quies dena 1." inquoante secunda — era de 1051 entrando. em 1052 anno de Christo de 1013 OK 1014). Pode haver confusiio niio applicando esta advertencia ao qua diz o sr. iVliguel Ribeiro d'este docuraento. Mem. cit. parl.l.' n." 5. ■* Livro Preto folh. 72 v. ' Disserta(;15e3 Chronologicas, turn. 4, part. 3, pag, 138. 2o: Barbosa ', csta descnconlrada com a epocha do reinado dolVermudo ou Borniudo 111, que so ve assignado no niosnio dociinipiito. 0 sr. Yellio da Burl)osa iiiclirta-se a quo csta fuga tivera logir em 10'J2, I'undado em documentos, quo diz e\islircm, assignados u'a(juellc anno pido abbado Todogildo cm Lcfa '. No Livro I'relo achamos uma doariio da povoacao do Loi;a (como parece), fcila por Trastina ao abbado Todoildo e sous mouges n'este anno do 1032 ', sem mostrar so a coraraunidade estava em Loca ou na Yacca- rica; mas, se e este o dotumcnlo ou outros semclhantes, a que se refere o sr. Barbosa, no mcsmo caso se acba a doarao de Loovoiis a Loca, leita por Didacus ao mosmo alibado e sous monges cm 1034 \ e a doacao de herdades em Avelenyo, Comparodella e Anta, I'eita por Aduzinda tambom ao abbado To- deildo e sous mongos em 1038 ', nao podendo d'aqui inferir-so que o Mosteiro da Vaccarica estivera desomparado em todo ostc pcriodo, porque tambom no anno de 1034 o mcsmo abbade Todoildo concodeu, na Vaccarica, aos presbytoros Froila e Vormudo que babitassem 0 Mosteiro de Rocas'; e em 1030 vomos o abbade Florito e sous monges, acceitaudo na Vaccarica umas casas dcntro do castoUo do Penacova, que Ihe&doaram Natalia eslia filha Palmella ' . E cerlo porem que esta perseglifcao dos monges da Vaccai*ica teve I6gar entre os annos de 1021, em <|ue Todegildo acceitou fia Vaccarica a doacao de D. Unisco, e de 1040 com que vem datado o documento rela- tive ii domanium cum suis cunctis adjetronibus' . . . . Facta est hec carta testament! et conl5rmata . . . in era C XXX'II post M.« .... (Anno de Christo de 1094). Livro Preto folh. 40. ' . . . . villam quoque vacariviam curts ecclesiis e( coloniis, ac prediis suis sub jure proprio episcoporum collimbriensium confirmaraus, sicut ab egregio coniite raimundo coUinibrienSi ecclesie donata, el scriploruni testimrjniis ablata est ... . Dant laleranis per nianus johis sancte romane ecclesie diaconi cardinalis IX Kal. april. indie. IX, dominice incarnationis anno millesimo centesimo primo (anno de Cht'tslo de 1101^ pontilica- tus autem Somni pascbalis secundi pape secundo. Livro Preto. folh. SS9. 208 ( liere> da Egrrja ' . liberalisou D. Raymundo ;i Sf (Ic r.oiiiibra graude parte do grosses rcndiinentos ijue desfructou ate 1831. Os docuiueiitos posteriores a lO'.li parecein moflrar ((ue o bispo D. Crescimio logo to- mou posse do mosteiro c suas pertencas, dei- xando com tiulo licar os mouges em coiiimuni- dade por alguns annos, se bein quo debaixo da sua direceao. De 1095 temos uin testa- meiito (le Bailessa e scus lilhos d'lima ermi- .da de S. .Martiiiho ii cgreja do Salvador de Coimhia, e ao mosteiro de S. Vicente da Vaccarica, entao regido pelo abbadc Salo- niao; leslamento que se fez por assentimcnto do liispo de Coimbra D. Cresconio '. De 1098 ha um docuinento, per onde se ve que, n'este anno, alguns frades pediram ao uiesmo D. Cresconio, ([ue os deixasse habitar o Mostei- ro de Tresoi, subordinado ao da Vaccarica; o que 0 bispo Ihes concedeu, cxigindo que primeiro pedissem conselbo ao prior do Mos- teiro da Vaccarica, D. Salomao '. De 1099 apparece outro documento de uma dcmanda, cm que tigura por um lado Pelagio Soares, alcaide do conde D. llenriquc, e por outro lado 0 abbade Zoleinia a favor do Mosteiro da Vaccarica, dando-se a dcmanda a favor do mesmo abbade *. D'aqui em diante nenhum documento mos- Ira a existencia dc monges na Vaccarica ' ; e ' Clironica dos Carmelitss Descal^os — torn. 13, livr. 4, cap. 13, (nao cita documento). ^ Ego bailessa cum filiis meis placuit nobis . . . facere cartam testaraeoti sicut et facimus ecclesie sancti salva- toris culimbrie. et monasterio sancti vicentii de vacca- riza de ilia heremita quam vucitant sanctus marlinus tic paliais. ipie est sita in territorio cullirabrie subtus monte viminaria .... Facta carta testamenti .... sub consensu epis- copi domni cresconci collimbriensis. et dominante saio- mone abbate cenobii vaccarize, Livro Preto folli. 90. v. ^ Esro arias didas et pelagius didas et vermudus iben ildras et froiula jhoniz cum ceteris nostris soriis. Placuit nobis . . . . ut venissemus ad episcopum dom- niim cresconium petere monasterium quod dicitur tra- zoi quia est testamentum sancti vincenti vocabulo vac- carice sub monte buzaco ut ibi populassemus. et editi- cassemus ad partes monasterii. Ille antem jussit nobis ire et consilium petere ad priorem domniim salomo- nem qui siib sua raiinu tunc iUud monasterium rege- bat .... Livro Preto folli. 36 v. * Orta fuil inlcntio inter pelagium sudarij et abba- tera domnum zuleimam super illam ha^reditatem de ana- zeti . . . . et ille abbas zoleima dicente sua voce qui erat testamentum de illo monasterio de vacariza .... Ego pelagius suariz vobis dorano abbati zoleima in hoc placito vel dimissionem manum meam roboro. . . . Livro Preto fulh. 51 V. * O sr. Miguel Ribeiro, na sua Memoria Historica do Mosteiro da Vaccarica, etc., transcreve um empraza- mento, sem data, de herdades em Ventosa, a tres cleri- gos, no tempo do Bispo D. Goni^alo e do governo de D. Thereza, e por isso feito entre 1112 e 1123, ou antes, e tarabera segundo o mesmo ,\uct., entre lioy e 112H, osse de todos os bens e propriedades do convento. Esle documento, nao considera os tres clerigns como (rades da Vaccari<;a; e, aiuda mesmo admittindo que o tiveram )»ido, nao p(jde colligir-se que figurassem alii como cor- nos documentos posteriores apparece o Bispo e a Se de Coimbra em pleno dominio do mosteiro c suas p('rtencas, como se lora uma casa particular ' . Cantinua *. *. da cosxi SIMOES. A POESIA. SLA.VA MODERN.^. Continuado de pag. 17K As faces d'Ikonia comefain a corar-se de vergonha. Esperancada aiuda dc que podera escapar a este veiho, pcga da sua buzdovana de cabo de prata e de castao d'oiro, que pesa com okas, e mencando-a por cima da cabefa a arremessa as nuvens com toda a sua forca. A massa voa como um relampago, e sibilando vae cahir d'alli bem longe. Marko, lilho do.s Avals, nao pode soffrear um grito de admira- cao. 0 desconhecido torna dc novo a escarne- cer a cobardia dos nobres espectadores, e mormeute do Kralievitj Marko. « Principe de I'rilip, o nosso povo nao se canca de glorilicar nos seus cantos a tua poderosa buz- dovana ; mas parece-me a mim Marko, que andarias melbor se em vez da massa, pegas- ses de uma penna delgada dc corvo, e te puzesses com ella a dcscrever a tua paixao e languida pelos atlractivos da I'ormosa donzel- la, a ver se a decidias a que viesse, no teu castcllo de Prilip, servir-le a ti de esposa, e ii tua mae idosa de criada. » Marko dcsculpa- sc dizendo que lizera voto a Deus de nuiica arremessar a sua buzdovana se nao para esmagar o pcito de um inimigo. Entao o desconhecido, voltaudo-se para Ikonia, repe- te-lhe rindo: « Beleza sem par, antes inarido velho que sera marido, » e arremessa pela sua vez aos ares a buzdovana. Parte ella lao ligeira, que nem mesmo se ouve sibilar, e depois de ter ultrapassado o termo marcado por Ikonia, cae encravando-se na terra at6 ao castao. 0 velho Bogdan t'elicita o desco- nhecido pela sua forca prodigiosa, e pcrgun- ta-lhc por que razao tern dcmorado ate tao porariio do mosteiro, e nao como particulares ou frades secularisados. O emprazamento foi o desfecho d'uma dc- manda, que se deu a favor do Bispo, por se ter provado que as dictas propriedades perlenciam ao Mosteiro da; Vaccari(;a : d'onde tambcm se coUige que a i\litra n'esse tempo ja possuia todas as perten<;as do Mosteiro, que nao eram contestatias. Livro Preto folh. 41. Acha-se publicado na citada Memoria do sr. Miguel Ribeiro, prova n.oil. ' Veja-se o tempo em que o Bispo de Coimbra dooa o Mosteiro da Vaccarica ao CoUegio de NossaSenhora da Graca. (n'outro iogar d'esta Memoria.) f ^09 (aide 0 seu casaraonto. — » A culpa, diz o vellio, 6 de niinhas madrinhas, du minlias fiinhadas, de minhas primas e de minhas lias, que nao tiveram o cuidado de me casar, e eu pohie solteiro, nao souho acliar mullier. Mas por lim, lioje, precisamentc no inslanle em que toco nos nieus ccm annos, eis que chego a alcancar a bella Ikonia: aquella que nao tern rival del)aixo do sol, sera para mini, vellio ceiitenario, que a alcancarei para vergonha dos heroes servios. » Disse, e vac perder-se no meio da multidao. Ueslava a ultima prova, a do arco e da vista tcrlcira. A bella Ikonia, toda palida e com as lagrimas a descercm-llie pelas faces, pcga do seu arco d'aco doirado, que I'ora alinado ]ior novc annos n'um logo ardente, e que por oulros nove I'ora lemperado no gelo. Solta-se jiara o ceo o falcao proso a um lio de seda de mil hrafas de comiirido. A ave iia regiao das nuvens nao apparcce ja senao como um ]>onto negro, que uns ainda veem, mas que ja oulros nao distiuguem; a joven Ikonia seguc-a porem com vista scgura, e disjiara para ella unia das suas douradas I'reihas. A seta mortifera, tinlia voado sozinha ; mas ve-se em breve ([ue vein descendo em companliia do folcao todo cnsangnentado, ciijo coracao traspassara. Vendo isto, e clieio de enthusiasmo, Miloch Oliilitj nao p<)de esqnivar-se a dizer a donzella: « Nao e um simples heroe, mas sim um Isar, Ikonia, (|iie tu niereccs para csposo. » Disse, mas nao se medic do seu logar, e eisque do novo o velbo desconhccido se adianta, o insulla rndemente Miloch Obilitj pela sua falta de coragem era enlrar na lucta para alcancar a Ibrniosa donzi'Ua. 0 hello Milok responde qu(! jit lem unia esposada, e que a sua alma e assaz pura para requestar duas damas ao niesino tempo. « Nao sera culpa minha, e.x- dama o velho, se por (im tens de pertencer- me. Jii que lodos reniinciam a lua mao, nao aregeitarei eu. »Doitchin o enfcrmo, esperan- doque faria desanimar o desconhccido, conieca a chasqueal-o. « Escuta, men velho ccnte- nai'io, quero dar-te um conseHio: o honicm em (juanto vivc, teni sempre que aprcnder. Ora pois! Sc nos tens mostrado que conservas ainda todo o vigor dos tens membros, nao to arrisques a passar peia vergonha de nos cer- titicar que tens a vista perdida. E mellior que pouhas OS teus oculos; olha que val a pena, por ([ue lens de acertar a mil hracas de altura. » Soltam lodos unia gargalbada, c 0 velho riudo tanibem, responde a Doitchin: obrigado, amigo, peloconselho! mas ainda nao eslou como aqtielles carneiros que vao perden- do o pelo. « Faz subir o falcao aos ares, e quaiido este ia chegando a altura convencio- nada, o vclJio assobia: n'um inslanle o seu cavallo selvagem corre para elle, o heroc cen- teuario salta-lhc cm cima, o animal parte a galopc, c na carreira'o velho despede a sua frecha. 0 tiro inevitavcl vai Iraspassar a cabeca do falcao, e o faz cair sem vida no meio da) E dospoja o coiio, som llio doivar uma giiita. Ikonia ollia para olio doliulliada 0111 lagi'inias amargas, o toniando loiiiiniu'iito I) sogiindo oopo, laniliom olla o dospoja. N'o cutaiUo 0 coiUonario, vondo (luc lajjrimas ardontos rorrom pola faoc dc sua noiva. Ilea eutornocido. Nao (|uor lovar o frraoojo mais adiante, o laiioando fora a oabolloira, as harhas postioas, a mascara onrugada o o sou manlo hiilgaro, moslra-se, como e roalmcnlo, uiu maiuobo do trinla annos, o mais galanlc do imporio sorvio, o proprio irmao do Ikonia, lladovan! A esta vista, a desditosa donzolia lioa fria de marmore. Dobalde sou irmao a estroita em sous brafos, dobalde ella fixa sobre elle um olhar polrilioado que parooc pedir (liic a revoque a vida. 0 vonono subtil a gola : 0 por lim cae morta debaixo de milliares de heijos de sou irmao, que bem deprossa die mesmo se soute desl'allecor. » You unir-me comtigo som pozar, minba quorida irma, ii'um tumulo oommum. Dous nao (juor que iios cstojamos soparados. » E solta o dorradoiro suspire sobro o poito de sou volbo pac, que sente, olle tambem, focharcm-se-lhe os olbos pouco a pouoo. No dia soguiuto, numorosos ■senboros, convidados para a boda, rosliluiram a terra tres oadavoros illustros e se disporsa- ram silonciosos. Desde entao ate hoje, o castollo de Bordnik fieou abaudonado. Con- tiiiua ainda a dominar com as suas ruinas .soinbrias as risonhas planieies de Syrmia e o branco mostciro do Ravanilsa; mas as vitas das nuvens vom ali muitas vezes de noite colher novas floros, rebontadas das raizes outr'bora somoadas por Ikonia, c que o vonto das ruinas lorna a semoar em cada outomno nos logaros ondo olla tornou a oncoiitrar sou irmao. Dopois, ontranoando ostas lloros nos sens cahollos azulados, ostas musas da nossa palria dausam o sou kolo aos raios da lua aniiga dos mortos. 11a mais (pie uma lioao para aprcndcr nosta ballada. P.oconboco-se logo quo Sub- bolilj ipiiz nolla dar as suas ooiupatriotas preooilos de moral ospiritualisla. Demais toda a obra se aprosonta como uma hoiuonagom ii pnreza dos costumes da familia. Tudo isto conrorma-se. o mais possivel, com a jjhiloso- phia do fioii-sh. E por isso quo a exten«a ballada do Subbotitj nao se distingue das verdadoiras rapsodias popularcs sonao pola degancia das t'ormas c pola pureza classica do cstylo. E assim que nos entendemos que 0 ymi.sle dcve fornocer aos poelas slavos mais bem inspirados o raoto, o granite bruto, com ([ue dies podorao edilioar, pda abstraccao ideal, nioiiumoiitos immortaos. Com ostas rapsodias puraiuonte cpicas con- trastam oniro os poctas sorvios os i'ragmontn5 tiagioos, OS soubos sombrios de um ]iatrinli.s- mo comprimido, os gritos I'ugazos das jiaixOos viiiloulamenlo rocalcadas, os dillnraml)os ar- dontos e as ologias. como a quo Slauko-Vraz iiililula n lumlxi do Iraiilor (Grub Izihiiice), ua ([ual se rolloctc com onorgia o liorror dos Croatas para com aiiuollos de sens irmaos, (pio, voiuloudo-sc ao gormanismn, vondom, no onti'ndor dollos, a alma ao domouio. Quo tumba maldita o ai|uolla guardada por um corvo negro om continuo grasnado? Ave do niiiu agouro, por que nao doixas nunca cssa tumba solitaria? — Estou aqui para porluri)ar 0 doscanco de um rcnegado. O la, oapilao, as taboas do teu caixao sao posadas? Tons saudades da tua amanto, do teu sabre ou do tou lindo cavallo dos combalos? — Das on- tranbas da terra, uma voz gomobunda respon- do ao corvo lugubre: Ai! nao tonho saudades nem da minba joven amanto, nom da minha boa espada, nom do men cavallo de guorra. 0 que me opprimo, e a maldicao com (pie OS mous me persoguom, e a discordia que a minha traicao somea por entre olios, e que nosta bora anna irmaos contra irmaos. O meu supplicio e ponsar eu (pio, a troco de uma pouca do gloria, vendi a minha patria a sonhoros oxtrauhos. 0 ([ue mo devora, e o tor prol'orido ao amor dos mous algumas vans docoracoes progadas sobre o mou jioito por maos de gcnoraes opprossorcs da minba raca. Estas cruzos malditas e que mc estao agora esmagando. Esta arooJa de nm dia e o fogo inlornal que me consome, e que obriga a minh'alma, expulsa de todas as partes, a voltar aqui todas as noitcs, para diligonciar 0 ontrauiiar-se de novo nos mous ossos e ver so ao monos aqui aclio algum repouso. Oh! nao haver mao compadecida que dosenterre 0 mou cadaver, quo o lance as avos de rapina e (juo apagiio ludos os vostigios da minha so[Hiltura, para que nao lique signal de mim por toda a terra! — Assim se lamonta a alma do iraidor, mas nao ba ouvidos que a cscutom; OS corvos grasnadores sao os unicos que a comprohondom, e ((uo a iusultam .... Deus se amercoe della c ponlia lim ao seu tormen- to! (( Como acaba de ver-se, ontre osIllirio-Servios 0 gouxlo combinou-so facilmonte com a pocsia oscripta; e oncontrou om Subbotitj, em Stan- ko-Yraz e em Oslrojinski intorpretos liois que soubcram o|)erar osta allianca dolicada sera altorar considoravelmonte os molos populares. As outras tres povoafOes slavas torao sido cgualmontc fdizes? E o que nos falta ainda examiuar. Carilinia. 211 ESTAT.STICA PATIIOLOGICV DOS IIOSPITAES DA D.V.VEas.DADE. nOME.NS.— ENFCRHARUS DE MOLESTUS INTEBNAS- ■TRDIESTnE DEJLLIIO A SEPTEMBllO DE I8of. EDADES 47 I'Vhre 6 Fflire iierxo^a .... 5 Kilire g.islrica ...!!'.] " " Aliccsst) do fifjado " •> Alitesso n'iniiu pirnn ...'.',' " Co, 1,1, extninho iia coriua csnucrda inlerrnilk-iilc ' " . . " " Kheumnliimo iirlinilar chroiiic'o ** Bronchite .... Edcmicin na> eitrcmiilaJca infe. rierfg " " Ohslr:,r^i'io do ba^o . '. , . ^ •• (Mslnicim do boro-Uronchile '. " ' crmes inletthinis .... 5 Fclire inli-rnnllcnle ga.-lrica . . """""■ • • 2 Allium 13 Hiieiruiuoia *' » Diarrhea .... 1 PricnniQnia chronica ..,'*'*"''* 6 f'lciircsia 3 G..slrile . ." 2 Gaslro-cntprite I KiiliTu-nenluiiile . 1 Hepalile . . 2 Oplilahnia . . . 1 Ervsrpi-la na rabei;a 3 Er)M|,cla pill,. 1 I!l, , , • ''''"t'"o8'' "as ejtremidadcs I liMciiiiiaiismo aiticnl.ir 10 Klkllnialisiiiu , arlicul^ir chronico Diarrhea 2 Eheiimalismo muscnlar 5 Bruncliile " Hirysipcla na face . . ', . D ' , . ^'"'■as tiu trachea > . . 3 Urunrbile cbruiil.-a E 17 1 " I'leureiia . , . b tnibara^o gnslrjco T n,'!,„„ 1 • " '3hatrucp1o do baco 1 Ejiilt-psia . , , , 4 Ciaslralsia . _ 1 A(iij|iloxia . . , ' 1 Paralyija peral inromnlela' 1 I aralj,sia do lado esquordo d a Faraple^'ia . 1 Ainaurose . . , 12 Tisica jiulmonar . , ' Obilrueiao do bafo-Atcile squordo da faco 1 Tisica loryngea 8 Asfile . " Albuminuria 3 H^'drothorax . " Anatarca o Anasarca J Heraorrhoidas 1 Ciilarrho vesical 2 Diarrhea . 1 Anemia 1U7 *« lericia yjljcesnn x//. ff »„ .'erlrophiadoi 6 Obslrucv-rlo do ba^o'VT"'"™'""'''''^"'^""""""'" 1 H ■fS30 do Jigado bC°!:!":;:'t'?"^- - /^vr«u„... i Weu„ Cancro do eslomago lilfplianliase ~ Mu!e..ias „ao clas-sifiiadas (nm e-iirou m^riluadoi i 15 CJ 1 1 1 32 1 1 2 1 5 2 12 1 1 6 3 2 1 1 2 1 3 1 9 1 2 3 1 1 2 1 5 1 1 1 4 1 I 1 5 1 43 103 40 187 212 Movimettlo V.W^ViMW I'jitriir;ini > S'liram Fnllecernm Relac;rio Jo3 falleciclns para os elllrad.is para OS saiiios para toiljs os Iraladus (exi&lentfs e cnlmdos). JlltllO Motiniento rf« lo'tns as etiferiiia^-ias ths fiespitties {la universiitaite em todo o tririttslre. Evisliam Enlrarain Sairam « Falleccrnm ReIa(;.lo dos fallrcidos para 03 entrndos . para 03 saiilos ]:ara tndtjs os (ral.idos (exis'enlcs e en- traiKis) Ho mens 103 393 328 50 1.7,9 1:6,5 1:10 37 72 50 9 1:8 1:5,5 1 12,1 Mnlherts 70 240 «)0 22 1:10,9 1:9,5 1:14 Observo^iles imteorologicas. ' (Temp Media s (Altnr, nperatiira atmospherica at) uieio dia . lira liaronielrica a 0.° Ceul , Venlus preiloaiinantes , luslilnlo Vol. 3, N.° U. Jijoslo 4 9 50 43 18 1:3.1 1:2,3 1:5,11 Setembi 0 1.5,4 1 3,4 1 I!. 4 I lo melts U 1 1 0 Miitheres Jl.l'lO 21" cent. mil 75i,7i6 NO. O. e J NNO. Agosto] Trhitt slr cent. 23," 12 md 751,60.1 NO. O. e ESE. aio 145 42 1:5 1.3.4 1:5.8 TodoB 190 640 5.i9 72 1:8,0 1:7,4 1:11.6 1 Sep'enibro 23 64 mil 75i,773 S. SE. e NNO. NeslP trjmeslre ve-se maior morlaliilude dn que a ordinaria nos lio^piiaes da uiiiverjida- de ; e esla dift'oreiK^'a aiiida se lorna mais 110- l.Tvel na morlalidade dos doentes de pueii- iiioiiia. No Irimeatre passado vi ()iie a iiialor rnorlalidade dos piiuiimonicos liiilia recaido fill doentes que eiilrardin no hospital coin niiiitob dias de moleslia : agora e provavol que subsista a inesma raz.'io; mas nao o posso a^sevorar, porque o men eslado de saude iiii- pcdin-ine de f'azer o servi^o do liospilal em grande parte do trimeslre. 'J'ainbeni por este inotivo, nao posse avaliar, conio de^cjafa, as cansas da rnaior rnorlalidade era todo o lioipi- tal, no tnesmo trimeslre. A. A. Di COJTA SIMOES. ERRATAS DO VOL. 3.% N." Png. 89 r.inh. 28. 29 e 30 47 e 47 Vento« prcdomiii dilos de Jiiohu de Ma En-OS i Snrna I OhstrtieQi'io do Oago (2 Eiiiliararo gaslrico .^8 lironrliilu (2 Hroiicliile chronicn S Anasarca f Anasarca Aseite ) N.O. S. e SO. N. O.N.eS.O. Eiitendas OHtme^ut) do bfti^o Stn-tuf B Broncliilo ^ lirnucliite chronico 2 Kiiibararu irastricQ Anasarca f» AscUc NO., E. 0 SO. ^•0.,N. c SO. I (D 3nstitttto, JOUNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. CMVERSIDADE DE COIHBRA— PROGfiAMMAS, FACULDADE DE DIREITO. 1853—1834. 1." ANNO.— 1* CADFJRA. HtiTOSIA niZRAl. DA JrRI^PRFDGNCIi , E A PAKTICt'LAB DO DiaKlTO UOMANO, CANOMCO E PATHIO, Lenle — Or, Joaquim dos Reis. COMPBSDIO — MAHTISI , OKDU HISTORFaE JURIS CIVILIS , COMMBRICAR 1844; — B M. A. C. DA ROCHA , ENSAIO KOBRB A HISTOHIA DO GOVERNO, B DA LBGISLATAO DR FOHT^GAL, COIHBRA 1851. Eosino primeiro a no^uo da natureza, Gm e o)>jeclo da Historia du Direito Romano; a iitilidade d'e^ta , as 8iias (livisdes , e o mellior melhodo de a estudar | indjcandu OT livros necessarius para esle Om , lanto aniigos cumo modernos ; e depois fa9o a divisao da hisloria em epo-; chas , aegundo os diversos auclores. Dou uma iiulieia breve dus costumes, governo e leia das na^Ses , que prerederam us Romanos ; dL'(endo-me niais na historia dus Hcbreus , Eiypcios e Gregos , por- que 8uas k-is serviram de foiiUs as romanas. Na historia romana dou , em cada uma das epochas , noticia do f^ovemo e suas allera^Ses ; do 2;enio , doa Dosluities da na^-ao ; magistrados, fonles das lels, codiiros , e ealado da sciencia do Direilo, continuando com esta hiatoria no imperio oriental ale ;i sua extiuc^So, e tam- hem com a do iifcpcrio occidrntal ; — dos povos que o conquistaram, e du legi-ila^ao propria dos Godos , Lom- bnrdos , e outras na^oes , que n'clle se estabeleceram. Moslro (pie no secnlo 12.° foi o eslndo do Direito Ro- mano rcnovado por Irnerio , e continnado por Accursio , Barlholo , e Cujacio ; quaes os methodos, de que usaram estas escbolas ; u finnlmente como o Direilo Romano ec tornou conliecido em (oda a Eurupa , e eiitre u6s. Passo depois a historia do Direito Porlui,'uez , que divido em seple epochas com o compendio. Exponbo na primeira o eslado da Lnsitania antes da conquista dos Romanos, c quat era a sua furma de ^o\erno, rcligiao , civiliza^rio , riquezas, coslunir>s e h-ls. Na se^unda epucha conlint'io a tiii^toria da Lnsilania , quando foi redwzida ;i provincia romana ; qua! foi o e>la- do d'eela provincia no tempo dos imperadori-i ; a sua furma de goicrno, leis , civilizn^au, prosperidade e reli- giao ; como se introduziu a cbrislii , e os factos notaveis da E^reja lusitana. Na terceira epocha relalo a invas?to doa barbaros , o CBtabelecimenlo dos Godos na Lnsitania, e a sua fueao com OS Romanos e indigcnas, e qual foi a sua forma de governo; a aucloridade dus concilios , dos bispos e dos nobres ; a Uisturia das leis antiiras dos Godos ; do codigo Wisigolhico, da rebgiao doe Godos e das egrcjas mais anligas ; dos concilios e bispos nolaveis da Lusilanta ale ao principio do sfculo 8.° Na quaria epocha dou nolicia da invfisUo doa Sarrace- no8 ; da ongeui e jirogresso do rcino de LeSo ; do eslado da Lnsii.inia n'esle tempo; da sua forma de governo, Vol. III. DEZEMBao 1."- don concilioR , do anj;mento do poder do clero c rios nobres; e Onalmpnte da legiala^Jlo e do fAro de Leao , do estado da Egreja lusitana e do progresso da vida mo- nastica. Nn quinia epocha apresenlo a historia da funda^ao da monarchia portugneza, e da separarSo e independencia dePurtugal; do seu governo, le^isla^So, adrainistraqSo Iransilo , ita 2." do ac^lo, ua 3.°- do coiumiTcio, e ua 4^* dos exiraiiLreiros. Na part. 111. tracia dos direitos das Da^uPt> em tempo dc gnerra , e e snbdividida em nove s^ec*;**' » : na 1.* Ira- cta dos principioi yeracs do dirrilo da guerra , na 8.'* doa meius de faacf a giierra , na 3.* dos prisioneiros , na 4* das repreaalias , oa 5.* dos Iransfugas , na 6.* dos rorsa- rias e piratas, Dft 7.* do bloqueio e sitio , na 8." da ncutralidade , e na 9.* da virluria. Na part. IV. tracia dos raeitia d'eslabelecer , conser- Tar e reslabelecer a pal , e e snlxJividida em nove sec- ^oes ; na 1." Iracta dus tractados em gera! , na S." dos Itactados de comaiercio , na 3.* dos lrnctaart. V. tracia das pesHoas encArrcj:adas d'eslabe- lecer , conservar e rvstabelecer a paa , e e snbdividida eiu ciuco sec(;dt:s : na I.* tracia dos aitentes dtplomalios , na S.* dos consules , na 3.* dus medianeiroi , na 4.* dus arbilros , e na 3,* dos coiipreseog. Tambem tem nm app^^ndix sipbre a ettquela. Em minhas prelec(;ties oraes siso de preferencia as iloulrinas de vtTTEL, maktuns, bigcklme, s. p, fer- HEiKA, otr. , occommodando-as ang principios de Pliilo- fophia de Oireilo anterioraieule ensinados. l." e 2." ANNO — 3. » e 4.* CADEIRAS. CURSUS BIBNNALIS iURlS ROMANI. Profcisorea _ J O. jiat^nins Nmic* de Carvnlho. \ D. Fridtricus de Azevedo Faro Xoronha* COiiPBNDIUM — D, JO. P. WILDRCK, I.\STITUTI0NE3 Jl'BIS CIVILIS HEIWECCIA.NAB, CO.NI.MBRICAE 1849. CO-HSPECTtS PRAELECTIOSUM, QUIBt'S PRIMA ELEMB\TA JURIS CIVILIS RO.MAMI, JLXTA UHDINE.M INSTITUTtO- MM Jl'STIMANI IN ALMA COMMBRICENSI ACADEMIA, PHIMO ANNO CURRICULI JURIS JUSTIMANBIS «OVIS TRADUATtR : Doceute D, Antonio Nutict de Carvalho , Reginae Fidelissimae a Consiliis, Juris Civilig Profes- sore Publ. Ordin. MATERrEM SUPPBDITANT Inslilutiones Juris Civilis Heineccianae , erawidalae atque reformatae a d. jo. petro waldeck, jurecon- suUo eximio, et olim facnllslis jnriilicae ffoUin-ensis ornamento. Edilio quinta conimbriceneia , typjs academi- cis tvulgata , anno 1849 , uno vol. 8. moj. ti Ut omnia inslllutionit ncademicae, ila ct Imjits, tit « qua ver-^ainnr , ta est iiulules , «l lis, (pii ea ulimtiir , r« tunc denium fnirtiiosa .sit , el sahititris , si pracler (4 idnneam praeparalionem , et in undicndo dili;;entiain , i in srholis co^no* It verinl , tuin libn-s boiiae frii;:is liruiiibus scriptos sednlrj « It'Si-ndii et conferendo. » H.tnbold, Inst, Jur, Rom. Priv.y PruUg. cap. 3. ^S. 34. PROEMIUM INSTITL'TIOM'.M. Prneco^nita historiae liternrioe ad i^tndiiim Juris (,'i\i' lis vnlde ni'cessaria. — N'otilia liislorica Corporis Jnria Civilis, et mutiva rolb-itinnis. — De Jii.sliniano colle- cliiMiis aiirture. Corporis Juris (Civilis partes, — Adpen- dices Corporis Juris. Siibtiidla ad penitiorem Juris Ho- m«ni intf llectnm adNequembiin niasime cjecli , oblipatiunis. — Ju» ex scriplo, ant non ex scripio; sen, nt vulf,'o diciUir, Jus scriptnm , et Jus non scriplum. Pontes Juriii Humani , — scripti et non scrtpti. Oi'jectum Juris tria: — perso- nae , res el oblig^aliones ^ acttooes. Divuio Intilitntiumini in quatuor iibros. DE PERSOMS. T. 3 — T. De Jure per.-'onHfnm. Persona qnis? in Jnre Rom.ino homo ct persona dififemnl ■ — stains quid, et quoluplex — Status naturalis— ejus potiores species. — Slaliio citills: — pnblicus, et priv.-itus. De raidtis demi« nntione. De servis secundum Jus Romanum Jiialorice, et summalim, — Conditio servorum : conslitnlio servitnlis: — nativilale , — faclo ex Jure Gentium veteri : — ex jure JQstinianeo in poenam De in;,'rnuis et liberlinis. De mannmissione servonim : — modi maniimttfndi : 1. civiles : — S. naturales. Con- ditio liliertinorum — palroni : —jura palronatus. De nclionibns circa slaUim libertalis — el civilalis. T. 8. De his, qui sui , vel alieni juris sunt. FamilJae romnnac constitnli'). Personae sui juris : — paler, raa» lerve familias: personae nlieni juris; — liberi, qui patriaor polcsUti ; — eervi et ancillac , qui dominicae potestati subsnnt. Dominica poleslas — in personam, et in bona servo rum. — Ejnsmodi poleftlatis mulHlioncs. T. 9. De patria pnlestate. — Nolio , el ratio. Joro . patris Tamilias in prrsonas liberornm, — et liorum in bo- na. Dc'triplici raodo adquirendi patriam poteslalem : — nempe , nuptiae, legitinialio , adoplio. T. 10. De nupliis. Sponsalia : — jus et modus ea con- trahtndi , — vis , — dissolulio. Nnpliarura , matrimowii » et conluberuii diacrimina jure veteri — ct sub Justinianp- 215 Matrimonii forma — impedimcnla, late. Nuplioe inceslae, — jndecnrae, — noviae. KITeclufl matrimunii : —1. reape- clii coiijuguni : — 2. respeclu libcrormn. Dissululio rua- trimonii. — De ilole ct paclis dotnlibus, Dslis iiolio et species: jura , — bona puraphernalia. — Pacta dulalia. — De le|;ilinialioni> generaliter : — pjus origo , — modi Irgitjamiidi — specialiler : I. |)er siil)9eqiiens malrinm- nirnn, — 2. per curiae ilaliunem , — 3. per rescriplum principis : — earnni etTertiis, T. 11. De adoplionjlius. De adoptione strirle sic dicia, — de adrogaliune. — Forma ailoplionis, — el adro- ftationis. Jus adoplandi : — elTeclus aduptionis — el adro- gatioiiia jure novissimo. T. 12. Qiiiliiiii modis jiia patriae potestalis sohiliir: — 1. morle su|.j.-clurMm , — 2. .speciali ie;i.* disposilione , — 'i, voliinrale pafris : . — a adrufalione ipsilis palris. — 6 datione GUI in adupliuiieiii plenani , — c eraancipaliu- ne: 1. emaocjpalio vetus , sen legiliiua , Z. anastasiana , 3. jii.sliniaiiea. T. 13. De lulelis. Tidelae nolio, — sul'jecli, 1. pupillus,_2, lulor. Modi coiislilueiidae liilelae Irea ; unde tutela le.ilanientaria , Icsilima ^ rl dativa. T. 14. Qui leslamerdn tuloreii dari pusntinl , s\\e de tutela testanienlaria. — I. Ejus iiuiio et origu ; — 2- jus dandi tulureiii te.-*lanienlo : — 3. modus illud exercendi Vis tnlelae leslaiuenlodatae : — perfeclae, — imperfeclae. T. 15. De le:iitima atfiiaturum luteta : — ejus indoles jure ^eleri , — jure novo. T. 16. De capitt.s deminulione — maxima, media, et minima. Causae capitis iJentinulionis ciijusque. T. 17. — 19. Aliae le^iliniae lulelae sjiecies ; — patro- norum . — parenlum ; — fidiiciaria tutela. T. 20 De .■Vtilranu lulore, el eo , r|iii elc le^e Jidia et Tilia ilalur, vel de lulela daliia. Principia Juri.s Ko- mani circa huju.smodi tulclao). Jus dajidi tuiores dalivos , — exerciliuni liujus jtnis. T. 21. De auclnritale tuloruni. — Nolio et ratio: olliciiun luluris , — 1 in suscipienda intela, — et in admi- imtranda ; — 2. modus earn interponendi ; — 3. ne^olia quibus adhibeliir. " ' T. 22. Quibus modis lutela finilur. Causae, 1. in pupillu posilae. —2. in lulore : — 3. in modo consti- tiitionis. T. 23. De curalorilMis — I. Nolio ciirae, — 2. con- slilulio,— 3; personae, quae ei subsuiil , — 4. olTlcium curaloris, 5. nMdus finiejidi curam. T. 24. De .«aliidalione tulorum vel ciu'atorum Notio et species cautiouum. — Satisdalio a future praestanda : — ab ea iinmunes. — Vis salisdalionis. T. 25 De Hxciisaliorie lulurum vel c uralorum. Excu- tatiunis notio , el species. — Causae commi.nes . — ea'isae curae propriae. T. 26. De suspeclis liiloribus el rurnloribns. — Tulo- ri»suspecti nolio. — Puslulalio susjiecti — suljecla,— »i» po&tulatiunis, — exlinctio. LIBER II. DE REBCJ.S. T I. — 1. De reriim divisione: — 2. et adquirendo rcrniB ilorainio. Uei , pecuniae, bonoriim nuliones in Jure Civiii. — Rcrunj divisiones illustriores Icjaleg et ductrinales. — De possessione. 1. Nolio, — divisiones variae. De •dqui^iliuue, conservalione , aiui^soue po>.sesslonis. 2. Jura poseessionis , — remedia. Do jure rerum in sc-nnre. — Jus in re, seu in rem;— jus ad rem, sen in perso- nam Nuliones , — indoles —Juris in re speci.'s : 1. doroininm stride sic dictum , 2 jus hereditarium , 3. jus lervilutis , 4. jus pijtnoris. T. 2. De ad.purendo rerum dominio. — \utio ilominii, jura, quae ejus csscnlianr conslduunl. — Div isiones va. riae. — Adquisilio: — liiulus et modus. — Tiluliis du- lilej;: — 1. Jus Gentium, — 2. Jus Civile. — Muili duo quoque genera:_l. naluralis, — 3. civilis. —1. Modi iiahirales, sen. Juris Gentium: — i. ..ccupatio , — 2 adcessio, — 3. trad.lio. — 1. De occupalione in eenere : — species: — si;;illati.n thesauri,— et rerum hoslilium. — «. De adce,SM,ne, —notio, — divisio in naluralem , induslrialem , mixlam. — Variae cujnsque specie!. — 3 l>e IradiUone , — notio , — «ut.jecli., — modus. — De aclionibug ex dominio oriunjij — I.* reiviudiialio — 2.* actio Publiciana, T. 3. De scrvilutihm praediorura. — Pci^'ilutis nolio, — et genera: — 1. servitules rerura , — S. personarum : — illarum proprielales , — duplex genus: — exempla. — •Communia servilulnm praediorum : — I. codstitulio 2. Amissio , — causae amissionis. T. 4 De serviliiiibiis personarum. — I. Ususfruclus — notio — objeclum,. — moili eura consliluendi , — jus u.(ufrucluarii — commoda, — obligaliones. — Modi Dnicn- di iisumfructiira. T. 5. 1. De ulll, 2. et habilalione. — De actionibils occasione servilutum compel'eiilibua : — 1. a. coiifessoria , — 2. a. negflloria. II. Modi adquirendi (ToDiinium civiles : — I. universa. les . — 2. sinpulares ; — sj)ecii'S ulrurunique. T. 6. De usucapionibus, et longi teuqioris pracscri- plionibus. — Prar.scripliunis nolio : —genera, — I. exiin- (tiva — 2. adquisiliva ; — hujus species, — 1. ordinaria , — extraordinaria : — illius objeclum — Icgitima posses- sio, — legilimiim temjius, — cuutinualio jiossessionis. — Praescriptio exhaordinaria , seu longissimi lemporis ; — species — !.• 30 annohim , — 2.» 40 annorum , — 3.* 100 annornm. — De praescriptione iinmeniuriali. r, 7. De donatiunibus. — Quare inter niodos civiles adquirendi dominii a Jusliniano retails. — 1. Donatio inter vivos, — ejus subjecla , — objeclum, — forma, — vis. — Causae rescindendae hujusmodi donationis. — 2, De cU.iialione propter nuplias. T. H. Quibus alienare licel, vel non. — ■ Exempla. T. 9. Per qiias personas cuique adquirilur: — 1. per servos — 2. per libcros in poleslate nostra constilulos, — 3. per ex traneas personas. — De peculio fihali — nolio, — et species. Jus peciilii mililaris, — profeclilii, — adventilii ordinarii, — et exiraordinarii, — De adquisi- lione per exiraneas personas jure antiqua , — jure novo. T. 10. Delestaraenlis ordinaudis — Hereditalis nolio, — el species — Testaraenii defiuitio , — diffi-rentia a co- dicillis, — requisila generalia; — forma— jure aniiquo — jure novo. — Teslamenlum publicum,' — et priialum: — sulennilates ambobus communes , — jiropriae — J. testaraenii script! — 2. el nimcupalivl. T. 11. De mililari tektanicnlo. — Ejus privilegia,— quibus compclUQl. — extinclio. — Alia teslamenta pri- vilegiala: I' parentis iider liberos testantis, — 2. tem- pore peslis factum, — 3. rure fuclum , — 4. Icstamentniu poslerius imperlertum , — 5. Ad pias causas. T. 12. Quibus non est peruiissum facrre testamentum. T. 13. De lilieris exheredandit. — De legilima , — quibus debelur. — De lieredibus necessariis. — el vobm- lariis. — Exheredalionis nolio, — causae juslae a Jnsti- uiano sanctae. T. 14 De heredibus iustituendis. — Qui sint idonei , — qui iucapaces : — 1. absolute, — 2. secundum quid. — Temfius delerminandi idom-italem — De divisioue heredilalis, — de .Jus parlibus. — De modis instituUo- nis: — diei adjeclio , — condilio, — elTeclus. T. 15 De vulgari subsliluljune. — Duplex genus ;^ I. 'd)liqua , seu IJdeicomnlissaria, — 2. direcla — cujii* species: I. vulgaris, 2. pupillaris , 3. quasi pupillaris, 4. mililaris. — Subslilutionis vulgaris nolio — forma — jus. T. 16. De pupilbiri subslilulione. — Nolio, forma externa — jus pu|iilUriler subsiiluendi , — vis — extin- clio — De subsliluli.iuibus quasi pupillati, — mililari. T. 17. Quibus modis leslanienla inQrmaulur. — De' testamento nullo , — rupio , — irrilo , — ■ destituto , — re- scisso. T. IS. De inoflicioso testamento. — De querela inofli- ciosi I. — ejus origo , — nolio, — . fundamentum. — Qui- bus compelal , — causae ex quibus cessat. T. 19. De heredum qualilale, el differentia. — I. Diiersa heredum qualilas. — 2. Adquisilio hereditalis; — a in herede necespario ; — A in herede voluntario. — 3. Jus, el modus ndeimdi heredilalem. — Effecfus ad- quisitae hereditalis, — BeneGcia heredi concessa: . — 1. be- neQcium deliberandi, — 2. bencficium inientarii. T. 20. De legalis. — Magna olim differentia inter le- gata ac fideicommissa sirlgularia, .^ sed a Jusliniano e.xaequata. — Notio legati. — Forma dandi legata , — jure auliquo , . — jure ao\o. — Pcrsonae , —objeclum, acci- 216 tii'iitalift, — ndqiiisitio Ie2:ali, — ElTcolus adquisilionis — jus ailcrescendi. T. SI. Dtj ademplione legaloium , — Iranslatione , — exliiiclione. T. 22. De lege falcidia. — Qiiarta falcidin quid — Jus i'\ liac le!;e. — Modus earn comiJUlaiidl. — Causae , T. !£3. l)e Gtleiromiuissariis heredilalilms, — Fidei* commissi iiotio el s|)t'cies : — 1, qiioait formam , modiim- •Iii« , — i. <|iioad persunus. — Jui- fldeiconinitssi. T. 24. I)e singulis relnis per Ddeicomiuissiim relicMs. T. 25. De codiciliis. — Eonim ori;;o , — et raliu. — Notio, — el species: —jus — clausula cudicillaris , — ejus vis. LIBER III. DE REBUS ET 03LIGATI0NIBUS. TT. 1 — 9. De hereditalihus , quae ah inlesUlo defe- ruiiliir. — Siifcessin inlcslalorum jure veteri — summatim. — Ejtis fiindameiilum. T. 10. De bonunim possiessionibus. — Succepsio prae- loria. — liuiioruin possessioiiis ratin, et noliu : — sp^-cies — 1. contra labiilns , — 2. si-ciiiiiluni labulas , — 3. ab inlpjslato: ejus nilquisJliii , — siircessio. T. II. De adqiiisUioric per adrogationem, — 1. ex jure veleri — • et iiuvo TT 12 el. 13. Materia hislorire relata. De successione ab iulestnlo secundvira Novellam 118. De pelifioiie heredilatis , — qualificata , — el simplex. De jure pij^'itoris ; — pij,'nnris nolio , — conslihiliu , — 1. quoad oljpctiim , — 2, quoad mudum, — Coubliliiti pi- ^iioris jura, — solulio. DE OBtlCATIONIBUS. T. 14. De obligalionibus. — Nolio, — species: — 1. ex causa remnia , — 2, ex causa proxima.— De conve- iitionibus. — Notio, — forma, — ubjerlum , — subjecta , — elTeclu!). — De conditlone , — el die coiivfiiliuiiibiis adjertis. — Varia j;enera convenlionum : — ■ 1. pacU , -^ 2, coiilractiis. — Eorum diflferenlia Jure Romano, — De contrnclibus ; — 1. nominuiis, — iniiomiualis. — Hurum qualuor genera, — lolidem illurum. — Nomina ulrurum- ([ue : — raliu inmiinis. — Ali^ie cunlracluum divisiones. — De pJirhs nudis , — 1. contraciibus bonae fiilei adjf-- clis,— 2. pr:ifli.riis, — 3. le^'ilimis. — Exenipla. — De ilatuni praestaliune, — notio , — causae ; — 1. dulus , — 2. culpa, triplex,'— 3. casus. T. 15. Quibus modis re rontralutur obli{;;alio. -^ Con- tractus nominali realms : — 1 muluum ; — m-lio , — for- ma , — obli:.;^atio — aclioni^s. — Eadem de S. cummodato , — .S. di-pusilo , — 4, [lij^nure. T. 1*J. De verhorum oblliij'atiuuibus. • — De slipulatio- iie, — notio , — furma , — modus , — objectum ^ — perso- nae , — oblijjalio , — aclioncs, T J 7. De duubiis reis .stlpulandi , et proniillentli. Corrci qui? — 1. crt-dendi , — 'li. debendi, — Obli^aliu- nis correalis fiimlameiila , — effectus. T. 18. De slipulatione servorum , hislorice. T. 19. De di\i»ione stipulalionum : — qualuor genera. — Exemplu, T. '^0. Do iuutilibtis sli[iulationib(is. T. 21, De fideijugsoribus. — Fideijnssionis notio, — dislinctio al) aliis inttjrcessionia spt-cietius. — Furma , de- bitum , — • persona fideijussoris qualis , — oblii^atiu , — ejus rigor temperalus no\iori jure: — Beneficiis , 1. ordinis, — 2. divisionis, — 3. cedendarum aclioiium. — Fideijussionia extinctio, T. 22. De lillerarum oblii;ationibufi. — Conlracli'is lil- teralis nolio. ■ — S()ecialim de cuntractu chirocraphario. T. 23. De obligationibua ex consensu. — Conlraclunm consensuali'im indoles , — species. T. 24. De emplione el vendiltone. — Nolio, — for- ma. — ol'jectum— 1. res quae veneunl , — 2 prelium. — ElTecltis : — 1. translalio periculi , et commodi , — S. niulua obli;:nlio. — Actiones. T. 25. De locatione et conduclione. — Nolio, et spe- cies.— Forma ct substantia.. — Objecluui — ■ personae — obli^aliones : — 1 . locatoris , — 2. conductoris , — com- munes ulrique — acliuncs. — De contractu cmpliyteuseos origo — de jure emphyteiilico, — Conclralus notio, — modus perGcicndi , — ob igalio — actio emjdi^'teulicaria, — duplex. T. 26. Dc societole. — Notio , et species. — Modus earn perficieutli , — ct iiieundi. — Obligatiu, — actio.— Dissolutio. T. 27. De marnlat(w — Notio — el subelantinlia , — dUtinclio I. a negoliorum gfstione, — 2. a locatione upfViirum , — 3, a cunsilio , — 4. a commendatiune , -^ 5. a jussu.. — Mudiia conlrali'-ndi ,■ — objectum , — obit- t^iitio. — Aclionea : — 1. directa , — 2. cunlraria. — St- lulio. T. 28, De obliealionibus , quae quasi ex conlraclu nascunlur. — Quasi cuutrncti'ls nutio. — Speci'*s : — 1.* Ne;j;» As aberturas, que assim ehamavam as au- roras boreaes, que aprcsentavara uma certa forma, sao descriptas pclo mesmo A. do scguinte modo. « Cum aliqnod coeli spatium desedit, et flammam " dehiscens, velut in abdito, >t>tentat. " ' De Qtiaeslionibus nataralUm — caji. XIV. N'outra parte acrescenta : « (.'olores qiioque honim omnium plurimi sunt ; quidani " rnl)oris acerrinii, quidam evanidae ac levis flammae, « quidam candidae lucis, quidam micantes, quiduni u aecjualiter, et sine eruptionibus aut radiis fulvi, ■' No capitulo XV diz: » Quidam fu]j;ores certo loco pcimanent, et tanluni 4( lucis eniittunt, ul fulijent lenebras et diem repraesen- t( tent, dnnf'c, conisunipto alimento, primum obscuriores .1 sint, deiude llammae modo, quae in se cadit, per as- (* siduam diminutionem redifijantur in nihilum. » < Dubium an inter hos (coraetas) ponantur " trabes et pitliitae ; raro sunt visi. Multa eruni conglo- u batione ignium indigent, cum ingens illorum orbis " aliquando malutini ampliludinem solis exsuperet. " Plinio, 0 novo, na sua historia naturalis, tractando no capitulo XXV do livro 2.° de coiiu'tis el coeleslihus prodigiis, natura et situ, et (/eiieribits eorum, conclue: " Omnes ferrae cernuntur sub ipso septentrione . (c aliqua ejus parte non certa, sed maxime in Candida, " quae lactei circuli nomen accepit. x Quetelet cita tambem os seguintes versos de Lucano'. " Ignoia obscurae viderunt sidera noctes, » Ardentemque polum flammis, coelo que volanto « OI)liquas per inane faces, crinemque timendi , « Sideris, et terris mutantem regna cometen. « Fulgura fallaci micuerunt crebra sereno. M Et larias ignis denso dedit aere formas, u Nunc jaculnm longo, nunc sparso luniine lam])a.> w Emicuit coelo : tacitum sine nubibus ulUs, " Fulraen, et Arctois rapiens de partibus ignem. " Percussit latiale caput, etc. " Para explicar esle facto sera necessario suppor que a regiao magnetica mais forte, que actualmente csta quasi no meridiano, a DO" 0. de Greenwicb, existia no tempo de Aristo- teles em um meridiano de pcrto de 24° ao E; e que pclo seu movimento de E. para 0. cbegara ao logar que presentemente occupa, nos 2:200 annos decorridos desde aquella epoclia. Esle movimento do centre da luz polar e tambem conlirmado pelas anligas relacocs da Norwcga, que referem, que cm remolos tempos a luz polar apparecia mais perlo do vcrda- deiro norte, e que successivamente fora ap- parecendo mais alta no ceo, e desviada do sou vcrdadeiro centre mais para o Oesle. Consultando muitas obras e anligas cbroni- eas, Quetelet ordenou uma tabella das ap- paricfles da luz polar, observadas desde o anno de 602 antes de J. C. ate ao presente, por onde se conhece, que vinte e quatro vezes durante este longo periodo, a luz [lolar se manil'cstara mais ou menos frequenle, com grandes intermitcncias, em que parecia tci- completamente desapparecido ao menos das regiOes do meio da Europa, sendo unicamen- te visivel na Groclandia. As epochas em que a luz polar apparecera com maior intcnsidade forani a 9." de oil .i 603; a 12.' de 823 a 887 (sessenta e quatro annos); a 22' de 1500 a 1588 (oitenta e oiio ' I'analia — Lib, I, v, 521, e segg. 222 aunos. c\v. quo n mni-iiuum fora enlrc os annos dc Vm a i;i88); c. a 24." dc 1707 a 1788 ou 17flO (dc oitcuta c uiij annos, scndo o ma.rimum por \l'i{)).=zVeja-st l'i>stitut. 1.'" Seel. .Y. 1082, sepl. ISoi. OLEO l)!i IIGADOS DE BACALHAl!. Os osl'orros praprep;ados por todos on cliiiiros pani ohslar aos terriveis cH'iMios das molestias tuhcrciilosas dos pulniOcs, Ihos teem I'eito lanc;ar niao dos dilVereiUes meios ate hojc iiiiapiiiados para conseguir urn tal fim. 0 oieo de ligados de liacalhaii esta u'este caso, V. julgaiiios de bastaiite interesse as considcrai'Ocs que a cerca d'oste mcio tliera- peutic'o 0 Dr. Williams expeiideu n'um artigo puhlicado no jornal do mcdicina de Londres. 0 oleo de ligados dc l)a(alliau administrado pcio Dr. AN'illiams. em mais de 400 rasos dc molestias tuberculosas puhnonares foi seguido dc rcsiiltados os mais lisonjeiros. De 234 casos ([ue apontou no seu diario notou que apenas lioiive 9 em que o oleo produziu mau elTeito, c 19 em quo a sua accao i'oi indilTerente: nos rcstantes o seu uso foi seguido do notavel .iprovcitamento. A poquena por(;ao dc iodo que enira na composirao do oleo de figados de bacalliau', a observarao de que os docntcs iiao cxperi- nientam com a administracao do iodo, em varias combinacOes, mudanfas seniclhantes as que se seguera do uso do oleo, teem levado 0 Dr. Yiilliams a negar a influencia do iodo no curalivo , e a attribuir tal eU'eito a uma virludc especial c privativa do oleo de ligados dc bacalhau. '■ Propricdadcs nutritivas Ibe sao tambem assigaadas, e reconbocidas por todos os pra- ticos, nao sc liniitando eslas a uma simples dcposieao de gordiira no tecido adiposo, mas augmcnlando sciisivel c rapidamenlc a forra c actividado museulares, o niellioraudo a cdr das faces e labios, indicio d'um intujncscimen- to de vasos com mais c mellior sanguc. As analyses d'csie liquido n'um caso de plubisica, tratado pclo oleo dc ligado dc bacalliau mos- traram um notavel augmeuto nos princijiios auimacs especialmenlc na albumina; a fibri- ua, geralmcnte abuiidante nos pblbisicos loi ' Se^iiiulu Girardin e Preiwser em cad,i Iiir(» d'ulc) entram api-ii.Ts 1.t centijjrurama.^ d'iodurcln de pofassin. ^ Eala upinirio de Williams niio <■ segiiida por todog; al^uin ha para os quaes a grande divi.sao em t{\iK o iodureto se eucontra, favoreceiido a sua absor]K;rio i)e|o.s t»-cidos, e a causa efliciente duii efTeitus. uttribuidos ao ulco. OulroR afGrmao que o oleo noo sendu eliminado da ecouomia com tanta facilidade como as outras prepa- ra<;ops soliiveis d'iodo, a arrrio d'e~te etemente l'c toriia a?^^m mais lenta e regular. — rciluzida a ordinaria proporcao. A. gordura nenhum augmenio solTrcu. Se cstes rcsiiltados tbrem confirmados por subsoqucntes observacoes nao diividaremos altirmar que o oleo de ligado dc bacalbau .sera ainda lentado conio nutricnte de todas as tcxturas; pois (|ue o augmeuto do principio albuminoso, iniporta o de um dos mais neces- saries a uulrirao, ]ior isso (jueco ((uc sc acha mais disseniiuado na economia animal. Nao deixa porcm dc scr objecto de'duvida sc a um trabalho intimo cntrc a albumina, c libi;ina, ou a uma mcnor pcrda dc principios albunii- nosos no acto ri-spiratorio se dcve attribuir tal augmenio dc niitrii,'ao. A gordura rcprcscuta um imporlante papol no proccsso nutritivo, qucr formando as cel- lulas pclo podcr dc coagular a albumina em loruo de si, como suppOe Acberson de Ber- lin, qucr originando as molceulas centracs dos granules dcmentares das texturas, como opinao outros. 0 oleo de figados de ba- calbau nao suppre a gordura ondc d'ella se carece, mas torna-a de melbor especie, mais fluida, c divisivcl, menos sujcita a mudancas c mais apta para scr absorvida para o intimo dos orgaos, oH'crerendo no chylo uma delicada base molecular, c materia para um melbor liquido nutritivo. A ac(;ao bcnelica do oleo torna-se assim mais notavel nos periodos de molestias tu- berculosas cm que os depositos abundam em gordura. Um dos mais notaveis cITcitos do oleo de ligados de bacalbau em certos casos de pblbisica no scgundo ou terceiro grao, ou em molestias cscropbulosas com grande sup- puracao, e o prompto desapparecimento dos suores, e outros symptomas caractcristieos da febrc hectica. .\iuda que csle plicnomcno seja attribuido por alguns auctorcs ao podcr nutritivo do oleo de ligado de bacalbau, julga o Dr. Wil- liams que sc pode explicar por uma quebra na insalubre sujipuracao excitada em torno dos tubcrculos amolecidos e cscavados Esta diminuicao de siippiiracao e devida a mcnor oxidacao dos atoinos exsudados, a cuja ultra- oxidacao attribuc Williams a sup|)uracao. A prcscuca d'lima materia lao combustivel como 0 oleo obsta a esta ultra-oxidacao. e por conscguinte aos pbcnomcnos suppuratorios, prevenindo d'cste raodo a degencracao dos corpusculos no cstado plastico dos globule? purulcntos. Se sc provar que o oleo dc figado de ba- calhau aparta o cxcesso de fibriua no sangue dos pblbisicos, d'accordo vae esta explicacao dc ^N illiams com a sua doutrina a cerca da I'ormarao da fibriua. que clle faz provir d'uma oxidacao da albumina, pois que o oli'O im- pedindo esta oxidarao diminue a teudencia para os depositos inilammatorios. 0 oleo dc ligado de bacalhau raras veze* 223 perturba o csloraago o os inlestinos, on altera as I'unccOes hepalicas. Nisto csta cm op- posicao com os oulros olcos e Korduras; — porque OS olcos vcgetacs orilinariamcnte teem avirtude piirgativa, e os d'origcm animal tor- nam-se rancidos causando acidez nas vias di- gcstivas, ata(Hies hiliosos, easvezesa icliricia. is funcfocs clix iopocticas, e a acrao do figado sao de tal modo mclhoradas, que cm algiins CBsos aprescntados na pratica do Dr. Wil- liams 0 appetite c o poder digestivo foram restaurados c os docntes habilitados a tomar maior poriao d'alimenlos do que a ordinaria. Esta inlluenria peptica e de rerto devida a algum principio bilioso contido no oleo ; favorefcndo-sc d'cst'arte a divisibilidade no processo da digestao, epromovendo-se a natu- ral secrccao do figado. Durante a administrarao do oleo de figado de bacalbau tcm-se notado que a bile corre livre e uniformemente; o volume do (igado augmenta scm sc notar moleza alguma ou outro signal d'alleraffio. Diz o Dr. Williams que isto parece scr uma cspecie de hypcr- irophia causada pcio oleo que augmenta o volume c quantidade das cellulas hepaiicas, e suppre ao raesmo tempo uma materia mais apta para a seiretao biliar, por quanto ja contem alguns elemcntos que serviram para o mesrao uso no ligado do pcixe, ainda que a uma tempcratura mais baixa e por conseguinte menos lavoravcl a actividade do processo. Estas obscrvacocs nao (icaram cstcreis. 0 Dr. Williams emprcgou o oleo de ligado de bacalhau em varias molestias do ligado, cara- cterisadas por diminuicao ou alteracao dos productos segregados : notou que o scu uso era scguido dos mais satisfactorios resultados, principalmcnte n'um caso de formacao de calculos hepaticos cjue tinbam resistido a todas as formas de tratamento. Ainda que ulteriores observacoes scjam neccssarias para delerniinar precisflmente a extensao que se pode dar ao uso d'este agente therapeutico nas molestias tuberculosas pul- monarcs, julgamos comtudo que os casos ja cilados poderao servir d'incentivo para investi- gacOes mais profundas. F. A. ALVES. GR.4VIDEZ EXTRA-UTEUIN.\ DE 16 ANNOS. Sao pouco vulgares as gcstafoes extra-ute- rinas, e ainda menos as que nao tocam um termo fatal logo ao fim dos 9 mezes ou pouco depois. Esta gravidez de 10 annos da-se n'uma mulher casada'ba 2S annos e com Ki de edade. Vive na Serra do Monro, concelbo de Cbao de Couce, e chama-se Maria Fran- cisra. Obscrvci-a a primcira \C2 cm marco de 184o, e repeti a obscrvacao em julbo passado. D'ambas as vezes encontrei no ventre uni corpo elliptico, ou antes com a forma d'um rim, com cinco pollegadas no scu maior dia- metro, dure, bolcado, c tao movel, ipie facil- mente o liz pcrcorrer toda a cavidadc abdomi- nal; occupando a rcgiao bypogastriea, aiguni dos hypocondrios etc., segundo a posijao da mulber, c obodecendo sempre ao proprio peso. A mulher leve um parlo regular no prr- meiro anno do scu casamenlo; e passados annos, em outubro de 1S38, julgou tcr con- ccbido segiinda vez. Trez mezes depois ap- ])arcceu-lbe uma metrorrhagia, acompauhada de violentas dores, que logo se modilicarani, dcmorando-se a bemorrhagia por mais de, sete scmanas. Este incidente nenhuma descon- lianca Ihe produziu, por ver que na progres- siva elevacao do ventre, nos movimentos do feto, na intumesccncia dns pcitos, e em ludo 0 mais, se tinbam manifestado todos os pbc- nomenos d'uma gravidez ordinaria. Fez o enxoval; e, no lim do tempo, quando o c.spe- rava, appareccram as dores em tudo semc- Ihantes as do primeiro parto. A parteira, surprebendida com a demora, custou-Ihe a convencer-se de que eram frustrados os sens trabalhos, e que d'esta vez nao teria a satisAic- gao de aparar a crianca. Logo no 1.° dia reappareceu a metrorrhagia; ao 3.° dia cxtra- vasou-se o leitc, e ao 8.° scccou de todo. As dores foram abrandando pouco e pouco ; 8 0 volume do ventre, que diminuia succes- sivamente, ficou no lim de seis scmanas, quando deixou de correr o sangue, conio um ventre de mcia gravidez. Em 1845 ainda tinha este volume, mas acbei-o menos clcvado a ultima vez que o obscrvci. Deixou de scniir OS movimentos do fcto desde os primciros dias d'aquclle trabalho. Passado pouco tempo rcgularisou-se-lhe a menstruacao, que so dcsappareceu na edade compctcnte. Ficou soU'rcndo babilualmcnte dores no ventre, que pouco a incommodavam ; mas que uma ou outra vez subiam de ponio, so com 0 bar, com uma volta na cama, e sempre que tentava services pesados. De 1843 para cii tcm solTrido muito menos, e ja ha annos que se entrcga a toda a casta de services duma mulher do campo. Esta gravidez extra-uterina parece das abdominaes primitivas; e tudo leva a crer que 0 fcto, tcndo morrido no lim do tempo da gestacao ordinaria, e involvido nas pro- prias membranas ou n'um kysto de no\a formacao, se conserva mumificado, ou todo convertido em substancia ossea e cretacca. Neste estado pode conscrvar-se indclinida- mente, sem comproraetler a vida, nem mcsnio prejudicar a saude da mulber. A. A. Ds. COSTA SIMUES. 224 OUSEU\ AtOES METEOROLOGICAS. FEITAS NO GABIXETE DE I'HYSICA DA UNIVEKSIDADE LE COIMBRA. AllQo lie 1HJ4 PresiSo at llos|iherica ao nieio diit K.slddu hygromelrico da = 3 — '-J .itinuspliera au meiu dia _2 c (0 Ettado do cio f do Me 2 lie Alliira l.a- Tcnjao do PressSo du i Qiianlid, dc A:;.J»lo -J — *" runietrica a 0.« ci-nlisr. vapor aqaoto GuDtido no »t ar 8eccu - _w OS vapor conlido cubico de at ? 5 ~ o 11 tempo. Dias Ur.ici= eeiilt^'. Milhmelrus Milliraelrit Uillimelros Grammas I 23 749,153 13,791 735,362 0,7103 13,05 N Nublado. Bom tempo. ■0 22 ;5i,20l 14,044 738,157 0,7233 13,80 N', Clar. elimp. T. seren. :i 21 752,06.) 11,818 740,251 0,04.12 11,05 N. O mesmo. O me.^smo. •I 2i 751,600 13 015 738,051 0.0703 12,79 N. O mcemo, O mesmo. 5 22 750,396 14,255 736,141 0,7342 14,01 N. Cliuva. Vento. 6 21 "50,518 12,364 738,156 0 6749 12,19 N. Nublado Bum tempo. 7 22 749,153 12,067 737,08'j 0,0215 11,86 E. Nublado Bom tempo. 8 20 748, 6B5 12,744 735,941 0,7361 12,61 E. CInr. e limp. B. temp. 9 21 748,614 13,343 735,271 0,7285 13,16 E. O mesmo. O mesmo. 10 23 752,383 14 058 738,325 0 6832 13,77 N. O mesmo. O mesmo. 11 23 753,450 14,0511 739,392 0,6832 13,77 N. Cbuva. Temp, venloso. 12 21 751, 7aa 13,728 738,060 0,7495 13,54 O. Nublado Bom tempo. 13 21 749,681 13,944 733,737 0,7613 13,75 N. Claroelimp. Veutoso, 14 21 751,337 14,329 737,028 0,7823 14,13 O. Claro elimp. Ventoso. 15 21 754,355 10,089 743,406 0,5945 10,74 N. Claroe limp. B. temp a ^^ 21 753,083 12,277 740,1108 0,6703 12,10 N. Encuberlo T. \entofo. t '^ 22 751.693 13,986 737,607 0,7203 13,74 O. Nublado Bum tempo. 1 18 23 751,409 14,982 736,487 0,7281 14.67 O. Claroelimp. T. seren. 1!) 24 751,957 13,601 738,356 0,6238 13,28 SE. Claro e limpu B. temp. 20 25 750,230 13,909 736,321 0,6024 13,53 S. O mesmo. O mesmo 31 25 751.323 15,941 735,382 0,6903 13,31 NO. O mesmo. O mesmo. 2« 25 751,831 16 631 735,200 0,T2O2 16,18 NO. Ciar. e hmp. Ventuso. 23 24 752,311 14,357 737,654 0,6CT6 14,21 NO O mesmo. O mesmo. S4 22 752,963 ll,l!85 741,078 0,0931 11,68 NO. O mesmo. 0 me^mo. 23 25 754,067 13,193 740,874 0,5714 * 12,83 E. O mesmo. O mesmo. 26 23 752,339 11,832 740,507 0,S904 11,31 E. O mesmo, O mesmo. 27 27 751,083 15,378 T35,T05 0,5942 14,80 N. Clar, e limj). T. seren. 28 26 751,205 14,U20 736,385 0,6061 14,37 E. O mesmo. O mesmo. 29 26 753,743 12,243 738,502 0,6234 14,78 E. Clar. elimp. B. temp. 30 26 752,831 14,913 73T.968 0,6099 14,46 E. O uicsmo. O mesmu. 31 2a 752,231 10,985 741,24« 0,3939 10,58 N. O mesmo. O mesmi. nieilia ) du mez \ 23,12 751 695 0,6646 to S Taiiji eralura Prcssao atmospkerica Urdu de hnmidade do ar ^ Vciiloi prcdomifiauUs « Maxima absul. 28 Maj.absol. 754,067 Maxima abicd. 0,7823 Minima . ... 20 Minimi . . 743,614 Minima . . . 0,3939 N. e E. M.ixima\ arinr. 8 Max. excur . . 5,453 Max. varia;. . 0,3884 Coiin bra 1." de Setembro de 1854. O Demuiisir iilor da FHciil.lade de PI iloKojthia, Manoet dos Sc HlOS P 'rei'ra Jar dim. &&9 itiit0, • Uii'> iOi ■J oir«iiIIi .lORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. aoioc, j.u- 'jhr.lAioS ?■()(] h f:oy:-jl torin. [f -.b ioif ■!■ linn ■■! ^ .\U OUi • 4ao'j Qii Klin > 9 ,Gh>nfi{IoD/t> loYBJaaJ/' nvnol if Satidade ! gusto amargo de infelizes , w Que me estAs repassando o intimo peito *i Com dur ^ (I'lc eg seios d'alma dilacera ! » Gabbbtt — Camies. O IxsTiTUTo DE CoiMBRA. acaba de perder o seu maior omameiito — o mais illustrc e distincto dos seus SociosHo- norarios- o Sr, Visconde d' Almeida Garrett!!! Engenho sublime, geuio raro e portentoso, Joao Bapti- sta d' Almeida Garrett fora como poeta, como romancista , e como orador politico um dos homens xnais erainentes d'este seculo; e o primeiro, sem duvida, dos nossos poetas, depois de Cam5es. Vol. III. De^kmbjio lu — 183i. NcM. 18. ^-^A^^,^^^^^-^- 226 O theatre nacional Ihedeveu a sua regeneracao: ou antes foi elle o creador d'esse theatro moderno, que o nosso illustre Consocio immortalisara coni o seu Gil Vicente, e Fr. Luiz de Sousa. Na preciosa colleccao das suas obras poeticas^ o illustre Cantor de Camoes legou a posteridade um perenne niouu- mento das sublimes iuspiracoes, profundos talentos, e in- contestavel excellencia, e elevacao de espirito, que fizera do nosso grande Poeta o digno emulo dos maiores engenhos, que a Europa adniirara desde Milton, e Shakspeare, at6 Byron e Lamartine. Romancista conceituoso , do mais fino e polido gosto; orador consi^mmado nas lides da tribuna, o Visconde d'Al- 3IEIDA Garrett terminou a sua brilhante carreira ao cabo de longa e tornaentosa enfermidade , deixando no estadio das letras patrias um Nome, que as maiores glorias littera- rias nao poderao nunca eclipsar. Nos Annaes do Instituto, que teve a fortuua de contal-o no numero dos seus Socios, flcara elle sempre gravado em indeleveis characteres, como o seu maior e mais glorioso tropheo. II Em prezaila memoiia u Vivjra para sempre eternamenle, a lua gloria, p GiBBETT — Flores »em Fructo. .oi-io8 ' r-\txun omoj .cJ'Jou of ■fi;nr srrorrmd 227 CONSELOO SUPERIOR DE INSTRUCQlO PUBLICA.. CO.NFEBENCIA GEBAL DE 31 d'oUTCBBO DE 1854. Abriu a sessao o snr. vice-reitor e vice-presideatc Jose Ernesto de Carvallio e K.ego, com o seguuite dis- oureo: Senhores! — Em Abril passado live, pela primeira vez, a satisfaccao de ver reunido nestc mesmo logar o Conselho Superior d'ln- Etrucfao Publica em confercncia geral or- dinaria, na qual so apresentaram os relatorios compleraentares, relatives ao anno iectivo de 1852 para 1853, e o mais que decorrera ate cssa epocha. Iloje obedecendo a lei, ainda me cabe a honra de vos annunciar a abertura desta conferencia tarabem ordinaria, ordcna- da pelo art. 21 do regulamento de 10 de novembro de 1845, cm quo vao ler-se os relatorios do anno Icclivo iindo. Comparando o estado presente da Instruc- fSo Publica entre nos com o passado, e com 0 das Nagocs mais civilisadas, se nao acom- panhamos a estas com passo cgnal, como era de desejar, podemos ter a satisfaccao de que as seguimos de perto. Ninguem pode ja des- conhecer o notavel melhoramento da Instruc- 5ao Primaria, quanto se tem alargado a esphcra do ensino, e quanto se ha melhora- do sen methodo. Se Portugal nao possue ainda tantas d'estas escholas, quantas de- manda a sua populacao, o numero d'cllas Val todavia crescendo progressivamente. Nao e menos lisongeiro o estado da In- Btruccao Secundaria ; a creaf ao nos Lyceus de Lisboa, Coinibra e Porto das cadciras de arithmetica, algebra clementar, gcometria synthetica elementar, principios de trigo- Dometria plana, e geographia mathematica; e de principios de pbysica e chymica, e in- troducfao a historia natural dos tres reinos augmentam e quasi completam a sua esphera. A. sabia e salutar disposijao, que prohibe o ensino particular a lodos os professores pu- blicos de quaesquer escholas ou estabeleci- mentos ha de contribuir ainda mais para o melhoramento e perfeiyao do ensino publico. A Instruccao Superior tem tambem me- Ihorado consideravelmente nestes ultimos an- Dos; 0 esmero com que os conseihos de todas as Faculdades da Universidade tem escolhido bons compendios, que estejam a par da sci- encia; a preferencja que se tem dado aos melhores methodos de ensino, provados pcla experiencia ; a melhor distribuijao de cadeiras e combinafao de disciplinas, tudo tem con- tribuido para o seu aperfeijoamento. Os con- seihos das outras escholas separadas da uni- versidade lera empregado eguaes esforcos para o mesmo fim. A creacao do curso ad- ministrativo, em que se adquiram as babilita- fSes indispensaveis para a carreira da ad- miaistrafao geral, e que j4 se acha em exercicio, tonia mais ample a Instruc^So Su- perior. 0 regulamento para se por ji em practica a ultima lei dos concursos, para o provimento dos logares do magisterio, ha de concorrer efficazmente para o seu progres- sivo engrandecimento e esplendor. 0 Conselho Superior da sua parte nao tern cessado de dar, pelo modo que Ihe parece melhor, impulso convenientc a todos OS raraos d'lnstrucfao; e vai dar-vos conheci- mento d'algumas diligencias que fez nestc pequeno periodo. Dcsejando porera soccorrer- se a todas as illustrafoes, aproveita esta oc- casiao de reuniao geral para convidar todos OS sabios do Paiz, a que na forma do art. 22 do nosso regulamento aprescntem suas memorias ou requerimentos, lendentes a proraover os melhoramentos dos estudos, ou a declarar os verdadeiros obstaculos contra 0 seu progresso; e a proper as providencias mais proprias para se obterem os bcncficios d'uma educacao nacional e moral, conforme as necessidades do seculo. 0 snr. Secretario da 1.' Secjao tem a palavra para ler o seu relatorio. ' miAERSIDADE DE COIMBRA-PROGRAMIIAS. FACULDADE DE DIREITO. 18a3— ISoi. 2." ANNO. — 5.* CADEIRA. CDRSO DE DPREITO PCBLICO CNITERSAL ; DIREITO PCBLIOO PORTUOOEZ ; raiNciPios de potiTici ; E scie.nci,i db LE(nSLA<;AO. Lenle — Dr. Vicente Jose de Sei^a Almeida e Sitva. COMPE!^DIO — I.- A MACAREL, ELEMENTS DE DROIT POLI- TIQUE, COIMBRE I8W; — E CARTA CONSTITUCIOMAL PORTtOUEZA DE 1026, E ACTO ADDICIO\AL, COIUBBA 18.10. No(;5o, divisSo, fontes , e siibsidios do Direito Publico Universal. Kaini enlre eJla sciencia e outrns , que dizem mais particidarmenlc respeito a vida hiimann, e ao desin- voMmenlo individunl e social do homem. Rcspeclivaj proprieclades de todag estas «ciencia8, rasoes em que eilos cnnvpem, e por onde diversiOcam do Direito Publico Universal ; e islo mais amplamenle em relaijao 4 Polilica, visto ser a sciencia inlennedia enlre o Direito Publico Philo!iophico e o Direito Publico Posilivo. Necessidade e insienes vaiilo^ens do estudo d'esle Di- reito ; o muiti que d'elle depende o bem da Egreja e do Eslado. Origem , progressos , e estado actual da Sciencia, Defini(;5o, origem , 'fim, effeitos da eociedade civil; Iheorias das dilTerentes escholas aobro a materia , — juizo critico It cerca de cada uma d'ellas. Condi^oes d'uma boa conililuiijSo polilica em geral. Breve nolicia hislorica da roiisliliiii;iio polilica portugue- >a desde o principio da roonarchia ale a epocha presente. Sobcrania, sua origem, exercicio, e allribitlos; theo. rias das diHerentes escholas & cerca da materia. Divisao dos governos ; dos goiernos republicanos ; do« governos monarcbicos ; dos goiernos mixtos. ' Os relatorios de cada uma das Sec5Jle9 deiiam de ser aqui publicados, por isso que tem de publicar- se em tempo competent* o relatorio annual io inatru* ^0 publica. 228 BoDtlade intrinseca doi goffrnoi, Gnraoljds iuciaes DivtsJo du« piidere* politicos; leu fundaroento ; poder I^iilativo, |iuUer modtrador , poder executivu , poder Judicial. EleniCDtos da poder le£:iclativo ; sua orj;aniin(;ito ; suns atlnbrri^Ses Poder moderador ; suas allribiii.;5eg. Ori^a- uiia^Ao do fiuder exfciitivo c siias altrihiii^Scs. Organi* la^ao t\o |>od"T judicial ; etpmentus da aticturtdade jiidi- cial. Pas caii'^as que corroiii|>t-iu e dissulvem os governo*, Daj re\olin;5»*s ; (Ihs reaci;ft'S. Nus prelf-crSei uraes sejjue o Professor a ordem dns materias ado|i(;ida p<.r m. micarul, aprovcitando a con- nexao das dontrin^iB para Iruclar do Direito Purlii;uei, dos Priucipius de Pulilica , e Srieiicia de Lef,n»l«);Ho , cilando in» prjncipio de c;*du capitulo os publicishis taiito nacionaes , como extraiigfjrus , tpic traclam uielhor a materia. 2." ANNO. — 6.» CADEIRA. Cl'HSO D'ECONOMrA POLITICA B DA THBORIA DA ESTlDISTICA. Lenle— /Jr. Adrido Pereira Forjaz de Sumpaio* C0.MPE^DIO — A. p. FORJAZ DE S«MPAIO, RLKMEST08 D'ecoNOMIA PoLlTICA, CUIMBHA 1 8 J* ; B PRIM&IHnK ELEMENTOS DA THBORIA D.V E:iTAbI8TICA , COIMBUA 1852. l.» PARTE. ECONOMIA POLITICA. Ksia primeira parte do curso comprcbendera todas as li^oes do snno leclivo, menus as nitiniai qniiiie, as 'iiiacs lenlo resr-rvadas para a 2.» parte — Th«oria daEstadisii- ca , — Jiniitando-s** o Professor aj lU'^Ses niais ^eracs e aos prinripius mais fnndainenlaea por causa da estreiteaa do tempo , e niclhodo do eiisino ; sfgundo o qual iim iinico aniuj lectivo , de poiico mais de cem tn^ofi , e deslinado para a exposi^iio e esliido de tiio vastus e im- porlautes (pjehtoes , ecoDouiicas e ftociaes. introdi'c<;ao. 1.° No^OfS d*utilidade , de valor , e de riqupza. — 2. No^5o d'Eronoinia Pulitica, i»iias di\i.-«oe», sim especiali- dade como scit-nria , sua rela(;,u) cem as outras scieiicias juridicas e polilicas. — 3." IJlilida-ie d.» aeu ^'^^lidl< , e rediiiiiD de sua hi«turia , nuiiiia dus kj^lvmas pi iiuipaes , biljlioirrnphia. IV. IS. O professor adopta a classifica^So d')» ecouo- mislMS allemJtea cm Ihforia da fconoiiiia na(-ion:-nda. THRORFA DA ECOMHIIA DA6 nAI.UUS Da produrqiio : — 1." N rG. s ;i;crur.*s a c^rca dus acen- \fs e instriMiienlo* de produ»(;au ; « cm ej^penal — das for(;.iB naluiat-s, da iiiiinstria, e d<>s c:ipilae9, 2.° Do api-rfei^oaniento da produrrau, c de sua* rau* sas proAJmas 3." Da cirrnlaijilo , rousidfrada como ciiiulii;iio «la pro- ducij-ao: — noroi-s tjerafs d** Mia iialureia e iuiporUBcta ; — dos pre9o^ ; — do iiiim'Tarm , — il.t creditu Na rtpu- si^ao da naliircza e elTciUis r otxii- par-se-lia, rom a [)uS!.ivp| e\l.*n.sao <; jniiivi.liia(;3u , dos vi^naes rcpresenlativos , espfcialm<'nl.e ilas lelras e nflasi do ttHucu ; dos entuntros ; do cainbiu ; e dus baticos , indiislrj.ips e tt-rrilnriaes. Ufi (iistnbiii^no . — o qrie sfja ; — sua forma primiti»a pnr a9(iooia<;ao e raleio , — sua forma aperfeitjuada por estipulrt);ruj ; — circunistaiicias ajfra^-s (pie detfrminam o» salarios ; — os interesseit dus c^pitats ; — a reoda das U-r- ras ; — e os lucros das emj resas. Do conaumo — em yerai ; — e da rela^aq eolre a pro- dui'cau e o coiisumo improduclivo ; .— e cntre os consu- mos produclno e imprndm Iim Em supplemenio a Ihcorra da dislTibui(;5o, o Pro/essor evpora as theorias {\ efxcx do principin da po\oa(jrju; — da iuiportancia das m'irhinaSf consiileradas coni relat.'^io a di^lribuj^lo ; — e da ii>ct'(i.>ii|aJe e alcance das assucia- <:flei, livre* e naluraei , enlre os industriaei, para o pro- gressivo melhorameido de sua condu^rto moral e materia!. THEORIl DA POLICIA EdiNOMICA. 1.* Das rela^Ses do eslado com a economii da na^So; — Do^oes fundamenlaes. de que se denva o prinripio da liberdade industrial, e da insfiec^ao policial ; — da inter* vein;.1.i , a que o eslado ^ ol-rifrado ; — da intervention que a Iheona repruva: —em especial ri» ; — e das pmvidencias reli^ti^ai a cirndii^So, moe* da*em , papel-mueda ,6 — prohibi^(>8 c restricrdcs com* mrrciaes. t. Da ecumjmia do entado em tjeral ; — dos rendtmen^ tos pnldicos ; — dos iiupostos , cua iiahireza e e.-pecies ; qual a maicria colkTla\ el ; (jimcs os prinplpfos que deveui dflerniinar a seleri^riu dos iuiposlos ; de sua cobraiicn por adiiiitii*lrrt<;aij e arr'-iidaiiieiito ; — ii» « dediiC(;oes das series dos daros cada uma, a primeira pari^ or^raiiisrir o pro]- cto de re^Milamenlo ilus examcit prepara- lorio^i, e a seL'onda para prupOr ai cuUM-iiientes provi- dencias disriplMiares e admini>-lrativas ; e ftiram nomeadoi {>ara compor a priiiu'ira cummiksao, srodo em ambai eleito um luembm de cada fat-uldade, us duuclores Fran* CISCO Antonio Rodrignes, Vicenlr Ferrer Nilo, Ftorencio Peres Fiirtailo, Joaqiiini fion(;ulves M-imt'tie, ejt.se Alaria de Abreu ; e para a seirimila os doucliires Anluiiio Bel» larmiiio da Foiiseca, Fridenco de Azfvedo Faro e No* rnnha, Francisco Feniandcs Costa, Jose Teiteira de Qiifin.z, e Hf-nrique do Coulo de Aliiieiila. Lofju que as respecli\as conimis.'Srj. lenham prompto* oa sens trabalhus reunir-se-ha iiovamenle o Clau.-lro rtca? demicx para disculir e vular os coinprteulfs remilamen- tus, a flm de serem siiumeltidus a appruvit^ao duGovetDo. FACULDADE DE PHJLOSOPHIA. O Cuisfllioda Frtcutdade de Pliiloi-i.pliia fez lima impi>r- lante refornia no piano dot- sens eslodus, jmra cumerar a ler executj.'to, parte, dcodf j.ij u parle no futuro aimo lee? livo. Frain ha muilo couheciilos ns crii^-s incnn^enienles de inl.-rroniper o curso ile I'hyniira 'in 1." anno com o rtft Physica ito 2 ", vindo a concluir no 3 ** o esludo de Cliymicat sob a direi-c;l«» de divcrsus professores. Pur oiilro lado a Phjsjca mal podia ensinarso com provejtu a alumnus, que das muthem^dicHS puras pnjisui.iiU apenns a (ieometria, e os primeiros elementos d'AlEjebra? Por vezes o Conselliu Iraclara do prover conveuieotef meiile subre esle importaiite objedo, tk; que uiuilo depeil* dia o mcllior npruvrilamenit) dus alumnus ; mas sumpr^ se Ihe oppiinha a completa falla de estuilos preparatorios dt'S principios de Pliysica e Chymica, e IntrodiiC(;So a Hi'turia natural dos trcs reiuos, e da (jcoiik Iria, cum qitj 229 oa aliimnoB eram ndmiUidus /i nialrloula no piimsiro anno Inlufii'|tliico ; preparnlorios sem os tjiiucs ■ mill podiii erilr.tr-se no pmrumlo fonlierinifiito do* di\erst»9 rnmoB das scirni'ias physicas, e parlicul»rmenle da Chymica or^^anica e da Pljysica, A lei de 12 de a;;ofctM iillimo, creando cadriras de Introduci;ao a Hi^loria iialural, c lurnandu uhrii^alurio esle prepnraliirio, e o da Gcomelria para a primoira ma- IrJcula era (odoa os cursos de liinlruc^^io sitptrior, hrtbili- tuii a Factddade ile Pliilosulia para dar ous seus eshidofl itnia nova e niais oiivenifnte di8posi(,'So. A Cliyraiia (pe ale aqui se ensina^a no I.^e 3.** anno, BfrA lida no I,** e '2.** anno em curso hiennal reiii lo por doii proressores ; desle modo o ensino sera niais regular, e tiniforme. c no niesmo Ifnipu u)> Htiiniiius, li\tes do esludo mais Iraosceink'iile e difficil da Physica, poder3o do. « Se dizes que o leao e urn asno, vae-llie por um rabreslo»; assim se expressa um proverbio oriental de freqiitnte applicajao. Ainda (|ue possuem um sangue ardeiile e uma linguagem hypcrboiica, OS arabes exigem que a bravura se arme rom a dignidade do silencio de (|ue fazem tanlo appreco. Em relacao a esle objecto, iiada Ibes veiu das iiacnes que combateram no tempo do Cid, assim como no que respeila aos combates individuacs, que entre eiles sao desconhecidos. Uma tradicao que taivez re- monte ale as cruzadas, diz que oulr'ora chel'es illustres se baterani cm combate singular; porem ninguera depara nas tribus com homem antigo que se recorde de ouvir fallar de se- melbante facto. Qualquer (jue e offendido, procura vingar-se, como era costume no seculo XVI, \)0T via do assassiuio. Encontram-se conscieiicias largas e condescendentcs que por modico preeo, descartam um individuo do sen inimigo. Com tudo, quem e mais avaro do euro que da vida, quem e prompto em ferir e demorado era abrir a bolsa, espreita a occasiao de se lancar sobre oque o injuriou, e mala-o ou e morto; se perece, Icga as mais das vezes a outrem essa divida de sangue, porque, apezar de nao ser favorecida pelo duello, nem por isso a vinganca e menos ef- ficaz e llorescente nos arabes. Transmitle-se de geracao cm geracao. La se encontram essas pendencias de racas, que outr'ora tingiram de sangue as ruas das cidades italianas, e ainda hoje ensanguentam o solo de uma illia franceza. As causas mais geraes da vindicta arabe sao questoes a cerca de aguas, pastes, nuircos, 0 rapto de uma joven esposa ou de uma donzella, o assassiuato de um marido zeluso, de um rival preferido, de uma mullu'r ipie nao quiz dar o sim, (iuaes(iuer rivalidades entre os cliefes, cujo parlido lomam primeiro OS parentes, depois os amigos, os clientes, a Iribu toda, e por lim as tribus alliadas. I'or isso niesmo que o duello nao e conliecido entre os arabes, sueccde que alii as conlen- das individuaes lerminam pelo assassinio, e os odios continuamente alimentados eternisam- se. E de notar que pelo contrario a vindicta tendc a desapparceer dos costumes de um povo onde, como cm Corsega e Italia, csta introduzido o duello. Nisto fazia o duello um immense service a sociedade arabe, porijue substituiria o liomicidio feito de enibuscada, pelo combate leal, e lace a face. Se o duello ianea em lucto algumas familias, ao menos nao llies lega, como a vindicta, o duvidoso ponto de honra de eternas rcpresalias. A vindicta pois e individual ou gcral con- forme sao individuaes ou geraes os interes- ses lesados. Se por um motive ([ualquer houve morte de homem em uma iribu, cau-. sada pelo chefc, ou ainda por um subalterno da tribu vizinha, pagando o homicida a dia. [0 preco do sangue) aos herdeiros da vielima, lica 0 negocio legalmente concluido. A dia e 0 Wekri/eld dos Allemaes, com a dilTercnja que, alem do character de Icgalidade lem, entre OS arabes, desde sua origem, um character religiose. Se dermos credito aos tolbas, esta pena remonta ao avd de Mohamed, Abd-el-Metta- leb, e loi a causa indirecta do nascimenio do propheta. Abd-el-.Mettaleb, chel'e da tribu dos. Koreischitos, nao tinha lilbos, e um dia des- esperado dirigiu a Dens esta supplica. « Sc- nhor, se me derdes dous lilhos varoes, juro immolar-vos um delles em accao de grajaso Ouviii-o Deus, c fel-o duas vezes pae. Abd- el-Mettaleb, liel ao veto que (izera, lancou sorles para ver qual havia de ser a victiraa, e a sorte caiu em Abd-Allah; mas levan- tando-se a tribu contra este saerilicio, foi decidido pelos chefes que em logar de Abd-AJ- lah, se olferecessom dez camellos, que de novo se consultasse a sorte ate Ibe ser favoravel, e que de cada vez que fosse advcrsa, se jun- ctassem mais dez camellos aos primciros. So na undecima prova foi Abd-Allah resgalado, e em vez delle immolaram-se cem camellos. Algum tempo depois, manifestou Deus que acolliera bera esta substituicao, porque de Abd-Allah feznascer Mohamed, seu propheta e desde esta epocha licou a dia, o ])reco do sangue de um arabe, taxada cm cem camel los. Todavia este prcfo clevado soffre modi- licacoes segundo as circumslancias. Quasi que nao ha excmpio de homicida que pagasse a diu e soffresse outro genero de castigo: os parentes do morto, c ate sens lilhos accommodam-se voluntariamente com tal sa- tisfaceao; mas see criminoso nao pode pagar, ou se 0 governo julga convenienle avocar a si a causa, enlao e imposta a pena de laliao; olbo por ollio, dente por deiite, vida por vida. U segiiinte facto succedido em Mascara no anno de 1837, mostrara como se alii applica a pena de taliao cm todo o seu rigor. Estavam duas criancas a bulbar no meio da rua, cis (|ue acodem os paes, travam-se de razoes, das injurias passam as ameacas, animam-se pouco e pouco, e por dm um delles arranca a faca e fere o seu adversario, ([ue logo cae morto. Tinha cinco feridas, duas no peito, duas no venire e uma nas costas. lima multidao de pcssoas havia corrido para alii vindo tambem alguns ckaouclif: que se apoderaram do criminoso, e o conduziram a casa do hakein da cidade. Os aoulumas reuiiiram-se logo e constiluiram-se em tri- bunal. Em menos de meia bora forara in- 231 quiridas as Icstomunhas e o culpado condem- nado a soffrer a pcna do taliaoexeeutada pelo irniao da victima. A. uiii signal do cadi, dous cliaouchs amarrarara-lhc os pulsos com uni lajo em alfa, collocando-so um a dircila outro a esquerda, e preeedidos do executor, con- duziram-no a praca do mercado, onde ja estavam amonloados dous ou tres mil arabes. 0 terruos da sentenca eram que, o lioniicida devia morrer com tantos golpes quanlos havia dado, e rccebel-os nos mesmos sitios em que os havia rccohido a sua viclinia. •Quando tiido eslava preparado, o excculor e 0 condeniiiado dcntro de um circuio, o pri- meiro com uma faca na mfio, o srguiido lian- quillo e como que iiidin'ereiite ao que ia suc- ceder, um chuoiuh IcvaiUou o seu basiao: era o signal. 0 executor lanrou-se logo ao pacienle e feriu-o, prinieiro no iado direilo, depois no esquerdo, mas som offender o cora- jao scgundo parecia, porqne o desgracado gritava: « Fere! fere! mas nao crfias que me niatas; so Ucus pode matar! » Comtudo 0 supplicio continuava com furor, e 0 suppliciado, cujas entranhas saiam com jorros de sangue das duas novas feridas que recebera no ventre, continuava a injuriar o algoz. Faltava o ultimo goipe: o ferido voltou-se ejle mesmo, e a lamina da faca mergulbou-se- Ihe toda nos rins. Yacillou; mas nao caiu. « Basta, basla, » gritou o povo, « die dcu so cinco facadas, nao develuvar mais. » Deleito a execucao estava lerminada, e o Iriste que acabava de soffrel-a ainda pode chogar a casa per sen pe. 0 medico do consuiado, M. Var- nier, chegou alii quasi no mesmo instante, e em quanto atava as feridas; a Ob! peco-te, dizia 0 doente, que me cures! Dizcni que es um grande medico, da provas disso, eura-me para que eu possa matar aquelle cao! » Mas todos OS esforcos foram inuteis, naquclla mesma noite o desgracado expirou. Cunlinua, EXPOSir.OES DE ANIMAES DOiMESTICOS. As exposicoes que ti^'eram logar nos divcrsns districlos do reino, deveni necossarianicnlc cliamar a attencao da Administracao pubiica sobre o estado actual da nossa prnduccao pe- cuaria. Em todas eilas se couheceu, quao distantes estao os nossos animaes domeslicos daquelie estado de perfeicao, a que teem chegado os d'outras nacOes, em condicOes topographicas mais desfavoraveis. Nestas ex- posicoes nao despontou uma idea de pro- gresso, ncm ao menos concorreram exempla- res de todas as nossas racas; e dos animaes cxpostos a maior parte erao vulgares e tao inferiores, que estavam bem longe de tocarcm o grau de perfeicao, a que devem ser elevado^. Por tanio a experiencia mostrou, que as exposicoes, mandadas fazer pelo decreto do l(i de dezembro de 18o2 e respeclivo rcgula- mento de 2 de marco do corrente ann.o, serao ineflicazes, em quanto se nao determi- nar o objecto que deve ser premiado, e se nao indicarem o* meios de o produzir. Nas nossas exposicoes nao appareceram esses modelos, que excitam a emulacao e o zelo dos creadores, fazendo nasccr o desejo de os imilar e re- produzir, e dando a todos uma idea exacta dos typos mais perfeitos e das Iransforma- cocs, que exigem as nossas racas, para se cons("guir o seu mciboranienlo. Estas van- tagens das exposicoes nao as tenios colliido, jKir(|ue nao appareceram taes modelos; e nao appareceriim, porque um programnia os nao pediu: pois conliamos em que alguns dos nossos criadores, levados do estiniulo do pre- niio. da estima dos sens concidadaos, e do amor da |)atria, tentariam satisfazer a esse pedido, insiruindo por esta forma os sens viziuhos, e OS concurrcntes a exposicao do seu districto '. Em lim, o ensino, dilTundido entre os cria- dores por meio das exposicoes, nao dara com- plete resultado, em quanto se nao divulgarcm OS principios, que dominam a ]iroduccao ani- mal, procurando coordenar os factos da expe- riencia com estcs principios: o que so podera conseguir-se, quando o piano, pelo ([ual se organizarem os progranimas de cada exposi- cao, assentar sobre doutrina verdadeira, que possa esclarecer e dirigir a produccao animal, proniovendo o desinvolvimento dos typos mais perfeitos, e julgando devidamente o valor dos mellioramentos realizados. Ao passo que em Franca se discute porfiada- mente sobre a mellior base dos progranimas para as exposicoes; entre nos cone liulo it revelia, por isso taes teem side os resultados. Se a(|Hella nacao adoptou em grande parte as practicas da Inglaterra, porque esta a precedera na rcforma da sua industria pecua- ria, por que moti\o se nao adoptarao entre nus as practicas das nacOes civilizadas, ou os factos julgados que estiverem mais em relacao com as circumstancias pecuiiares dos criadores, e com as nossas condicOes topograjibicas? Desenganemo-nos, que nesta ejwcba, toda de reformas e de movimento, eslucionar e. cnrelliecer, e parcir e morrer jiara a civilisa- rao (jue incessantemente caminba. A proporcao que as necessidades mudam e augmentam, os productos devem modilicar-se e multiplicar-se; e por isso necessario que o productor anteveja o pedido do consumidor, por(|ue (i'tarde esperal-o, niio basta produzir, e necessario especular. Diversos systemas se offerecem para a orga- nisajao dos programmas das exjiosicoes, mas ' Sobre a necessidade desles programmas ^ eja-se pag. 199 do g.° vol, deste Jornal. — Meios tte prornoi't-r a jfiuttiplica^ao c o melhoramtnto dos animaes donttstlros. 232 Indos dies poilom rcdiizir-sc a Ire?: formnhr n ))iogrnmma .lobie o eslailn artual da proiliic- (I'lo iiiiinial, s("guin(lo csrniiuiliisnmciili' a sua inaivlia, scni llic lazer a mais \c\o, corri'crai); — ei(i)llier o Ijijio mnis perfeilo piirii cadii especie, sem sc iinporlar com as resistnicias i|iic a prodiicrao curDiilrar; — em liiii, (iilo- jitiir o.s iijjins mais perfeilD.i c i/ne mi'lhor •^iili.tl'(ii;nm (i\ >u'(rx.\idii(les da eporlui e as con- diiiics d(i produca'tn. , 0 piimriio xii-ilcnia siippoe, (|ue o inlnressc iii(li\ iiliKil e 0 mclliur jriiia para se aleaiiear II inelliiiraiiiento ilos aiiiiiiaes domesticos; (pre I'sles sao iiecessariameiilo o que deviatii sor, e (pie nao podcm ser senao o resullado de lodas as condiiOcs agricolas c economicas, u(i meio das (piaes foram criados. A adopeao deste systenia c a gloriliearao do v/(/ Grandeza e Jormas est'io suborilinadM ao df.'stino do unimal; por isso deve inlender-se que suo mais perfeilas as que iiidioarein mais aptiduo para saltsfazer ao peiieru d« i*ervi(;u ou de produc^ito que Kft exige do animal. 233 e que mclhor pode modificar a organizarao c 0 modo do viver dos animacs vm ordem fl tornal-os mais aptos para salisfazercm as necessidades que o progresso da civilisafao multiplica cada vez mais. 0 estudo experimental da cconomia animal nos ensina, que, variando os seus modilica- dores, podemns arhitiariamente exaltar a actividade d'unia funcrao, e augmentar o volume do orgam que a cxeice: a maior energia e volume dos inslrumentos piiysio- logicos dii logar a maior (juanlidade de pro- duclos ou rendinu'uto da maciiina animal. Esta verdade piide liaver-se conio demonstra- da a respeito da secrecao do leite, da produc- fao da carne, da gordura, da Ian, da forca, daagillidade ele. lm|)ellindo a macliina animal para esta especiulizucw) , pelo augmenlo de energia cm cerlos c delerminados orgaos, rompe-sc o equilihrio physiologieo, para que (ende o principio da vida, e nas primeiras edades, em que elle eslii em oseillarao, dirigin- .do-se com maior intcnsidadc ora para um ora para outro orgam; c se lor allrahido para nm, mais faciimente sc concentra nelle para multi- plicar a actividade do sen crescimento e da sua funccao, diniinuindo e suhordinando ale a dos outros organs: assini como, diniinuindo ou abolindo uma I'unccao, .se suspende o cre.s- cimento do orgam (jue a cxeree, e se vai augmentar a actividade d'outras funccoes. Estas disposicoes physioiogicas muito concor- rcm para o honi resultado da eapecializucun, dando-nos aseguranea de que a macliina ani- mal se accommoda aos dcseuhos que o cria- dor Hie iniprinie. Porfanio, sendo econoniicanientc vantajoso, e physiologicamente possivcl realizar a cspe- cializacao dos animaes, e qucrcndo por ella determiuar a sua pcrfeicao, devemos escolher OS generos de servico e de produccao, que mais convem exigir de cada uma das nossas especies de animaes domesticos; c a reuniao das qualidades, que intiiram a maior aplidao para tal ou la! genero de ser\ieo ou de pro- duccao, deve cliaracterizar cada um dos ty[)Os mais perfeilos: mas esles lypos acliam-se descriptos nas Zooteclinias ', bem como estao ja indicados os principaes proce'ssos de os ohter; e tambem nao e este o logar para tiac- (ar objectos de lao graiide ex'tensao. . Qs programnias devem. nece.'^sariamentc ser privatjvos.a cada um dos distrietos, e deve aitida atlender-se as circumstancias parlicu- lares das localidades mais notaveis, recomeii- dando OS lypos maisperleitos e que mais facil e economicamcntc se possam cj-iar \ ■■ - . ' Veja-.'ie Hygione e Zootcclinia Ao'Cur'so'completo lie y.uaiatiictt damestica —i ■iro^ioi vol. em U.» Cuimtira 1854. ■■ ;i :.-. _f ■ • . ■ - O sr. Cardoso, Vcterinario nesia cidaiie, fi.i lalvez « primeiro, que lenlou fazcr ■ o iir.)gi»i|iinji,_pai'a..a3 | 0 rriador a vista dos pedidos quo se Ihe fazem no programma, nao liesitara em escollier 0 typo, e determiuar o genero de servico ou de producfao para que deve preparar os seus animaes, principaimente se elleinvestigar 0 estado das racas da locaiidade, se consultar a sua posifao agricola e commercial, em (im se elle conbecer as condicdes que deve fazer realizar a macliina animal, alim de que satis- faca ao destino que tem em vista; com estes dados se dirige ao luluro com conlianca nos seus recursos. Neste systema sao os e'x- positores que classilicam os seus produetos na calegoria em que devem eoncorrer, por isso que sao elles ([ue mellior sabem o typo, que escolherara para conforniarem os sens animaes: mas as decisoes do jury Ihes fazem conbecer ate que ponto satisiizeram ao pro- blema, que Ibes foi prnposto. Ojury, que devequalilicar osanimaesdignos dc premio, sendo esclarecido pelas dcclara- coes dos expositores a cerca dos meios que elles empregaram, e comparando o producto que se Ibe aprcsenta com o typo determinado no programma, pode julgar com conbecimento de causa. As exposicoes, feitas por esta forma, mo- stram a Auctoridade quaes sao as condicoes agTicolas que sc teem melhorado e quaes as ra^as de animaes que seaperfeieoaram ; ccom estes dados e que ella pode diri'gir a industria pecuaria. Por este modo as exposicoes terao a sua verdadeira signilicacao, sendo um nieio de iustruccao e emulacao para o productor dando ao jury meios de fazer inteira justicai e sendo para a Auctoridade administiativa a bussola por onde pode saber o rumo que leva a produceao pecuaria. As Sociedades reaes de Agricultura da In- glaterra, Irlanda c Escossia recommendam com especialidade os typos mais perfeitos, por isso Ibes destiuam sempre grandcs premios: assrm a Sociedadc real de Agricullura dc Inglalerra destinou ullimamente a sonima de 1811 libr. ster. para cada uma das tres racas mais perfeilas, e somente 70 libr. para todas as outras racas da especie bovina ; e votou '120 lib.-, ster. para as 2 racas — DiMeij e SouUidown e apenas 30 para as outras racas da especie .Oviua, etc. Nos programmas da todas as sociedades agricolas, que teem dado 0 maior desiuvolvimcnto a produceao animal, se manifesla grande empenbo em gcniTalizar os typos mais perfeitos, mas sempre d'accordo com OS dados pliysiologicos e agricolas. Em couformidade com estes faclos (izemos as Ijrccedeutes renevoes a cerca dos program- mas, para as exposicoes. Continim. j. f. m. PI.XTO. exposi(;ups do seu dislriclo. Veja-ie paj-. J9U d« 3.« .Volume dc-ste Jorual^ 234 ADDITAMENTO A GEOBIETRIA DE LEGENDRE POBMCIAS FC5DiMBSTAES DA TBIGONOJIETRIA tlECriUNEA. Ainsi Us proposiliont Jondamcntales de la gt'ometrie >i Ttduisfnty pour aiitsi dire, accUe-ci Sfu/e, que leztrianglti e^/uiangtea out Iturs c6lc» homologues projwrtiontuh. Lboe.mirb. I.iv. 3.° |>ru|i. 23. Baixando do vertice yl sobre a base BC a perpendicular Ap os Iriangulos A Dp, ApC djio pelo citado llieoreraa de Legendre, Liv. 3.° prop. 18, a sen B = 6sen^:/: a sen C=c sen /^: c sen i? = 6 sen C , (0. Neste systenia deequajoes unia dellas e cnnsequcncia necessaria das oulras duas. Resol- veiido OS triangiilos reclaiigiilos AUp e pAC, islo e, tirando os valores de Bp, e Cpf (t.) acha-se a^^c cos B-\-h cos C; e por i^so , procedendo semellianleiuenle, conchiimos a =c cos B -\-b cos C; b=^ a cos C-\-c cos y} ; c=a cos Z? -{- 6 cos yl. (&) As cciua^oes (p) mostram que u y^s projecrocs dos dous lados de iim triaiigulo sobrc o iercciio (produzido se necessario for) sdo eguoes no tcrceiro lado. )> Veja-se Franc. Trig. n.° 212X11. Subslituindo em o:=6 cos C+ccos B os valores de 6 e c liradoi do a sen B;=z6 sen ^, a sen B cos C a sen C cos B fl sen C=^c sen .^, fica a = : H ,* ben ./i sen .r-i ou sen (B + C)=sen Z? cos C+sen Ccos jB (-j) , Se na inesma equa^ao a:=6co3 C + c cos B escrevermos por b o valor (g) /j=:a cos C^c coiji, acliaremos fl=j(a cos C-\-c co dados OS tres angulos de um triauguio nao podemos construir um detenninado trianguln ; ficain porlanlo reduzidas as conslrucgoes as liypolheses dos problemos 7°, 8.*, 9.°, 10.°ell.°, da citadu Geom. de Leg. Liv. 2°. Islo mesiiio se couclue da analyse, ou se lomern (a), ou (?) , tou)o fundauienlo da Trigonomelria. As eqiiaijoes (a) represenlam unicamente duas equfu;oes dislinctas enlre cmco quanlidudes ; porque nma qualquer de entre estas equagoes resulta da nuillipliragao , e convenionlemenle ordeuada , das oulras duas; e it =./^ + i? + C As equagoes (;) lambem se reduzem unicamente a duas equagoes dislinctas enlre ci?ico puanlidades. E coui effeilo, tome-se (j) como principio fundamental: (a), (p), (7), {S), U), !ao, oomo vimos , corollaries de (j;): ora a terceira equagao (;;) e '=a''4-6'+2(i6 cos (y^+ /i) = a^ + 6^4-,2a6 co5y:/co3i? — 2a6 sen^seni?: mas (»} a sen fi = 6 sen .//,! logo c''=a*-)- 6^-)-2a6 cos j4cos B — 26^sen*^; ou c^^^a^ — 6^+ 2 6 cos ./^ fa cos Zi -f 6 cos ^] ou (p)t^ = a' — 6^+26ccos.^: isto <■' , " =6^ + c^— 26 c cos y^, que e a primeira equagdo (;;) Logo; Tanlo as equagoes (a), com as equagoes (5), represenlam um systema de duas equa- foci dislinctas entre c\nco quantidades , e por isso (Francoevr Algebra Elemenlir n.° 12.3) fiao se pode resolver um trialigulo , seni que os dados sejapi tres dislinclos; islo e, sent que, entre os dados em nuniero de tres, entre um lado pelo menos. Os ires angulos ndo Matiffazem . Ve-se, pelo contrario , que, dados oslres lados, aresolugao dotriangulo e'determinada ; porque (a), ou (j;) , formam systemas de duas equajoes em que enlram os tres lades, e dons angulos. BCFIKO OCEBf A OSORIO. 236 f • 2= - ^31 S c^ c. C-; JO cr. rt — Co o E^islhiiU. Eiriruram. f fj , 'O' iS 01 Sit I ram. ^lurrrriiiii O to o KxJStK Eii'rarani. Sairain. Morrerara. CO E\i&ten). Etisliiira. Enlraram. Murrerani. Evistem. Exisliani. Eiitraiani. Murrerani E\i>^lem. E\;sliam. Enlraram. Sai'ram. Murrerani. I Exislein. it. to 10 to 10 ■■.■«)* Exibtiaili. Enlraram. Sairam. CO Morrcram. Exislem. ?: ■b 5- o ,5 3 3 3 =5 3 a e; o o a. -1 "^ I ^r:=3, = 2" ' a I -■ ^ » 3 3 - il, 3 -: = .'f;+! ft . C 3 !i» r _ ? .^ 5 "' = "3 tT = • - 3 2 rr S 3 cr r. r- - ^' ^ - ^ 2 n " r' <» ft - :i. C^ r- — £ 5. 3; c. a; ^ •': ^ ? .-. 3 c - o c 3 - ^ C5 T ^ • ■!.-■■ o ^3 IC IC C: •*;>■ C •vl 1-:^ C^ --0 i^ t^. ^ U- iOj 'X Ti> o: ' OS Cj: lO -* o — ■fs* •-»■ ^-^ O O lO 1^ — Oi H- O O lo ^ ii^ fe-^ es^ ^ es> t^4 fe-j to i^- K) Ct lO O O O a gB3333B35S-. ' c = 2 3 5 = 3 II S = 5 ■'■ 3 I - • = a- '• 2 o 2 -■ = ; — . .r. -■ : rr = ^='"23^-. 5.3H.- ' 3 o S5 ib o S" o 5" a. Ml. ►- — I© *• IO — O K>ot:OtOG)«C— .lOWCn i^ O ."* i'= CT 4^ 'O W Ot O X Cs JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. IXSTITUTO DE COIMBRA. SessifO soltmne de 17 de dezembro de 1854. Liila e approvada a acta da sessao antecedente, o «nr. Slicretario Jacintho Antonio de Sousa I'assou a ler o Helatorio annual da gerencia litteraria e adminis- trativa da Direc^ao; e apresenton tambem asrespecti- vas conta-s, j;t vistas e approvadas pela Direc^ao, e que eijualmente foram approvadas pelo Institiito, man- dando-se imprimir tanto o Relatorio, como as contas; Da conformidade do ^. 2.° do art.'' 4.'^ do Regulamento provisorio. Leram-se depois os nomes dos novos Socios Hono- rarios, Effectivos, e Correspondentes, que haviam sido eleitos em atten^ao ao seu distincto merecimento, e aos services lilterarios, que muitos d'elles haviam pres- tado ao Instituto. Em se^uida procedeu-se a clei^uo da Direc9So para o seguintc biennia. As Classes procederam tambom a elei^ao dos respe- cljvos Directores, Secretarios, e Vice-S»'cretarios. O Si^cretario, J. Alves de Sousa. RELATORIO. Senhorcs! — Ila dous annosouvisles o que, na sessao solemnc d'al)crtiira, leu era vossa presenca um digno socio ([ue occnpava este logar. 0 Instiliilo acahava entiio d'acordar de um d'esses pcriodos de lelliargo, cm que tantas vezes tern caido; mas acordara com muita vida. Uma reforma adequada a al(a missao que tinha de cumprir, os sollicitos esforros de mui- tos de scus lienemeritos menibros deram vigor e alento a esla instiluicao. E a direccao actual viu desinvolver-se em todos os seus orgaos priii- cipaes a vida vicejante do Instituto. As com- missoes, as classes, o jornal, o g;il)inete de leitura, a sociedade toda estava aiiiniada de um movimento cnthusiaslico. Sabcis, seniiores, ([ue sob a dirccrao que hpje vein dai-vos eonta da sua gerencia, forani feilos OS regulamentos do Instituto, do galiine- te, e dos curses de leitura ; foram designados em cada uma das classes varios assuniptos para discussocs, mcmorias e cursos de leitura ; foram distribuidos muitos elogios funebres dos socios linados, dos quaes, e com pezar o dize- mos, apenas um so foi apresentado e lido pelo digno socio o sr. Jeronymo Jose de Mello, cm sessao de 20 de fevcreiro de 1853. Vol. III. Janbiho 1.°- Sabeis que os socios, cujos nomes aqui mencionamos com saudade, os snrs. Joao Baptista da Silva Ferrao, Levy Maria Jordao, e Jose Julio d'Oliveira Pinto, lizeram trcs cursos de leitura sobre tres importantissimos objectos — Deduccuo do priyicipio da enlidade — JtelacOes do espirilo e do corpo — Liherdade de cominenio; e que cstes cursos, bcm como as discussoes publicas que tiveram as classes, deram logar a muitas sessOes extraordinaria- mente concorridas pclos socios, pela academia, e ate pelas auctoridades academicas e civis. Foi uma epocha de esplendor para o Insti- tuto, mas que passou infelizmente. Era activa em dcmazia; nascera do cnthusiasmo; e este estado do espirito nao pode durar muito. Dos socios que nutriam esta inestimavel disposifao tao proiieua a vida interna da sociedade, uns, coucluidos OS seus estudos, ausentaram-se de Coimbra para scmpre, outros foram-nos se- questrados pela politica que os chamou a representacao nacional. Ncstas circumstaucias compreliendeis bem, senhores, quae grandes difliculdades tinha a direccao que veucer. As sessoes publicas do Instituto e das classes tornarani-se impos- siveis, porque a maior parte dos socios que restavani nao coucorriam a ellas — foi forcoso deixar reinar nessas salas o silencio; mas restava um jornal para dirigir material e intellectualmente, restava um gabinetc de leitura para fornecer de jornaes, uma biblio- theca para enclicr de livros. A direccao, auxiliada com o extremado zelo de alguns poucos socios e pessoas cstranbas ao Instituto, procurou melliorar estes estabelecj- mentos. Tornoii gratuita a administracao do . jornal, inciimbindo-a ao vosso secretario, que a exerce ha dous annos; e desta sorte eco- nomisou neste espaco de tempo 108^000 rs. , l{e(|uereu ao governo dc S. Majestade para : que a composicao e imprcssao do jornal fosse: por conta do Estado, e se Ihe concedessc a casa da qual o Institute pagava renda a Aca- demia dramaiica. A portaria de 5 de septeni- bro de 1833 deferiu favoravelmente a esta pre- tencao, e vein economisar annualmente mais ISO^OOO reis na composicao e impressao do jornal, e 24^000 reis na rcnda da casa. Diminuidas assim as despcsas do Instituto, era uma conscquencia olTerecer mais algumas -18oS. Num. 19. 238 vanlagens aos seus contribuinles: foi o que fez a direccao em sessao de oulubro de 1853. Abaixou a quota mensal dos socios, mandou augmeiitar de vez cm quando o numcro das paginas do jornal, que desdc logo foi rcmot- tido franco de porte aos assignanles; e orde- nou consideraTcis melhorameiitos na casa que serve de gabinele de leiliira, bom como a as- signatura demais alguns jornacs cstrangeiros. Quizeramos fazcr aqui distincla mencao de todas as pessoas que leem auxiliado a direccao em sua ardua tarefa, ja coliaborando no jornal, ja offereccndo as suas obras a bibliotbcca, jii enriquecendo o gabinete com o donative de um jornal francez, e d'um cxccllcntc niappa da guerra do oricnte; porem os nomcs destas pessoas, afora uma a quem occulta a modcstia, ja OS conheceis pelo jornal. Com as obras offerecidas ao Institute, e com as colleccoes dos jornaes mais importantcs comeja a fundar-se a biblioiheca, estabclcci- menlo annexe ao gabinete de leitura. A direc- fSo tem desejado fazer no Instituto uma bi- bliotheca como determinam os eslatutos; e dos varies meios, por que sc isto pode eon- seguir em Coimbra, apenas tcm podido teutar aquelle, aguardando occasiao opportuna para alcangar alguns livros dos extinctos conven- tos, que teem andado por ahi a rodo, a extra- viarem-se, a perderem-se inutilmente. Tendes de nomear hoje uma nova direcfao, que recebera da actual o jnrnal — Instituto com 0 18° numcro do 3.° volume ja publicado; um gabinete tornado assiis decente e agasa- Ihado, e recebendo 03 jornaes nacionaes e es- tiangiiros; um embryao de bibliotheca com 9G volumes; um volume das memo.-ias do Instituto, cuja impressao esta baftante adiantada; uma dotafao do govcrno, que assim se Ihe podc cha- mar, equivalonte a 171^000 reisannuaes, um saldo em cofre de 55^520 rcis, como vereis das contas que submettemos ao vosso examc. De todos estes objectos o que certamente mais carece da vossa sollicitude e o jnrnal, porque delle depcnde a existoncia dos outros estahclecinientos, a vida real da sociedade. .V sua impressao por conta do Estado foi concc- dida com a condicao de se reservarem quatro paginas para objectos do conselho superior e das facuidades acadcmicas. A direccao pro- f'ltnla d- r.-. si RECEITA. Dinhi-iro rec^liiilo peln sr. Jonqnim A. Si- mUes lie Carvalhu. i|,i ev-ailiuinislrador Juaiiiiira Marlins ilc- Curvalbu, nm . . . Suiiinia 7511015 curou converter esta obriga^ao n'uma verda- deira vantagem, estreitando o mais possivel as relajOes do Instituto com aquelles estabeleci- mentos scienlilicos. Por intcrvenyao do prelado da universi- dade consoguiu que em quasi todas as facui- dades acadcmicas fossem nomeadas commis- soes para colligircra e reverem trabalhos ja feitos, ou fazcrem-nos de novo, a lim de que n'essas quatro paginas avultasse materia de reconhecida imporlancia. Era uma especie de compromisso demutuo auxilio que a direccao procurava crear cntrc as Ires mais respeita- veis corporacoes littcrarias de Coimbra. De mutuo auxilio, dizemol-o com intencao: sc a redaccao do Instituto pode receber das facui- dades acadcmicas e do conselho superior um poderoso contingcnle, e tamhcm certo que muitos artigos que dalli recebcmos, ainda nao teriam visto a luz publica tao dcsalTron- tadaraente, sc o Institute nao existisse; e ningucm pode hoje questionar quanto importa a essas corpoiarrK's darom a maior publici- dade aos sous trabalhos. E mister, todavia, confessar, que embora 0 nosso jornal se tenha oecupado de objectos importantes, embora rcceba todos esses feudos preciosos, o maior trabalho, o fundo da redac- fao, e toda a direcjao material teem pesado sobre alguns poucos socios que por si sos, ou nao teem forcas, ou nao teem tempo livre de outras occupajoes obrigatorias, para ele- var aquella publica^ao ao que ella pode ser. Ila certamente uma causa geral que pro- duz entre nos cste phcnomeno notavel — uma immensa desproporfao enlre o nuniero d»g jornaes litterarios e o dos jornacs politicos; mas alcm dessa, militam em Coimbra outras cspcciacs, que impcdcm que o Instituto pros- pcre e seja, como devia de scr, um dos pri- meiros jornaes litterarios e scienlilicos. Convcm, senhores, convcm muilo que a sociedade que se ufana de ler no sen gremio as maiores notabilidades littcrarias do paiz, que nasceu e vive aqui, na terra das Icttras, 0 Instituto de Coimbra, a que essas notabili- dades se honram de pertenccr, rcconlicc.i sua nobre missao, e se esforce pcla cumprir. O Sccrclario, JACINTIIO .4. DE SuliSA. . T/icsniire }•■! J .-/ Sinins df ('nrrii'lin DESi'IiiiA. 7,1^013 t]st<'»rina c ttzeilf jmrn sciisueii nuclurnHj ttu JnsUltilii, rcU Au sr. Ailriau Fui j iz |)ur viiiia^ il S|'*-s>ia ((lie fez, rt'i8 , P-T inn tinlfiro de melal aniar»-l|o .... Um mez de eralificri^ao ao ex atlniiiii»ilrador Au livreiro Moru pela wssiguttlura de j-'f- naci franC' ze« feila pelu ^r. Forj.iz, ret* Por duie tMiDf&lrid da rendu di> Gubincle, reis Somnia Ueia ^-^;^^.-^^ >N^ 239 O CO r> o 0> O O •(>. CO i^ O -4 » o O O t/» o o W%*^^N, ? a. s o a. a. VI -3 a. s o a. ? I o O «) '1. i = 2 r » " » c- i.^ 3 3 r = _ -. t i n I Z"k''- — w 3 3 -■ o S. 2 =■ !r = o i ' -, 3 T9 » o ^ 2 " „ S o ff „ -• 3 11 ' w s-s; w^ "0-0 . n * . O •= • £.3 2-5 ■^ = ; ™ =■ t r- ?■ :« -c .i. =, :-5 c J « -. — K O ft 7 = C •^- -i:=^-- r = T =; =■ s p — =. 3 - -3 e as ^ » r; T ft B S" "^ s — 2. r = -■ o » S, Da. ■2 S" ». o S" ' " '■ = n » ^ 3 iri o - • 9 !>.• = 8 ■^• 3 I--" en ™ S 03 o m TJi a a. to o a. a. to a o a. S •■ M U -J o l« b> ^ 03 M 09 to B« *&» to -4 mo DIRECCA.0 DO INSTITUTO DE COIMBRA. I :eita em sessao solemne de 17 de hezembro D£ 1834. Presidente. ifrancisco Jos6 Duarte Nazareth. : Vice-Presidente. Francisco de Castro Freire. . I i I ■ " Secretarios. Jacintho Antonio de Sousa. Joaquim Alvcs dc Sousa. 1^1 Thesoiireiro. Jose Ferreira de Macedo Pinto. DIIIECTORES DO GABINETE DE LEITURA. Nomcados em sessao da Direccao de 23 dc dezembro. Raymiindo Venancio Rodrigucs. Manoel dos Santos Pereira Jardim. D. Francisco de Sousa e Holstein. COUMISSAO BEDACTOnA. A Coinissao' Redactors" do Jornal do Insti- tuto, nomeada na niesma sessao, para servir ate se proceder a deliniliva elcicao nas Clas- ses, ficou coraposta dos Directores, Seerctarios e Yice-Secrelarios das tres classes, e dos dois Secretaries do Institute. ^ COMMISS.VO REVISORA. Francisco de Castro Freiro, Henrique O'Neill. Jacintho Antonio de Sousa. RELAC.AO NOMINAL DOS SOCIOS HO.VORA- EIOS, EFFECTIVOS E CORRESPONDEN- TES DO INSTITUTO DE COIMBRA. " J SOCIOS UONORAKIOS. Cardcal Patriarcha dc Lisboa, D. Gitilherme Henriques dc Carvalho. Cardcal Arcebispo Priraaz, I>. Pedro Paulo de Fifjueiredo da C'unlia e Mello. Duque de Saldanlm, Joao Carlos de Sal- danha de Oliveira e Daun. Arcebiitpo de Mytelcne, B. Domingos. Joie de Sousa Muijulhdcs. Condc de Lavradio, D. Francisco de Al- meida. Conde A. Raczynsky. Visconde daCarreira, Luiz Antonio d'Abreu e Lima. Visconde de Sa da Bandcira, Bernardo de Sd Noyueira. Visconde dc Santarom, Manoel Francisco de Barros e Souza de Mesquita de Macedo Leildo e Carcalliosa. Alexandre llerculano. Antonio Jose d'Avila. Antonio Feliciano de Castilho. H. ShoelTer. Jose Fgnacio Roquete. Jose Joaqfiim Rudrigucs dc Bastos. Jose da Silva Tavarcs. Jose Freire dc Serpa Pimcntel. SOCIOS EFFECTIVOS. CLASSE DE SCIENCIAS MORAES E SOCIAES. Director. Miguel Ribeiro d'Almeida e Vasconcellos. Secretario. Adriano de Abreu Cardoso Machado. Vice-Secrelario. Manoel Bernardo de Sousa Ennes. Adriao Pereira Forjaz de Sampaio. Alexandre de Meyrelies do Canto e Castro. Agoslinlio de Ornellas de Vasconcellos Esmcraldo e Moura. Antonio Ayres de Gouvea. Antonio Bernardino d(! Menezes. Antonio Corrca Caldeira. Augusto Cesar Barjona de Freitas. Basilic Alberto de Sousa Pinto. Bernardino Joaquim da Silva Carniiiro. Bernardo de Serpa Pinientel. Duarte Gustavo Nogucira Soares. Francisco Antonio Diniz. Francisco Antonio Rodriguez dc .\zevedo. Francisco Jose Duarte Nazareth. D. Francisco de Sousa e llolstein. Francisco Augusto Furtado de .Mesquita. Frederico de Azevedo Faro e Noronha. Jacinth* Antonio de Sousa. Jciao Chrysostomo d'Aniorini Pessoa. Joaquim Alves Pereira. Joaquim ,\lves de Sousa. Joaquim Maria Rodriguez de Brilo. Jose .\dolplio Trony. Jo.se Ernesto dc Carvalho e Rego. -Jose Maria de Atircu. Jose Maximo da Silva Rebello. Justine Antonio de Freitas. Luiz Cactano Lobe. Manoel Eduardo da Motta Vciga. 241 Manoel de Scrpa Machado. ManocI dos Santos Pereira jardiin. Sebastiao Jose de Carvalho. Vicente Ferrer Nello Paiva. Vicente Jose d' Almeida Seica. CLASSE DE SCIENCIAS PUVSICO-MATIIEMMIC \ S . Director. Uodrigo Ribeiro de Sousa Pinto. Seaelario. Antonio Augusto da Costa Siinoes. Vice-Secretario. Mathias de Carvaliio e Vasconcellos. Albino Aiiguslo Giraldes. Antonio de Carvaliio Coulinho. Antonio Joafjiiini Darjona. Antonio Joaqnini Uibeiro Gomes de Abreu. Antonio Jose Tcixeira. Antonio Liiiz Fcrn^ra Girao. Callisto Ignacio d' Almeida Ferraz, Florencio Mago Barreto Feio. Francisco Antonio Alvcs. Francisco de Caslro Freire. Francisco Pereira de Torres Coelho. Jacintho Antonio de Sousa. Jeronymo Jose de Mello. Joiio Alberto Perciia de Azevedo. Joao Antonio de Sousa Doria. Joaquim Augusto SimOes de Carvalbo. Jose Ferreira de Macedo Pinto. Jose Maria de Abreu. Jose Pereira da Costa Cardoso. Jose Teixeira de Queiroz. Luiz Albano d'Andrade Moraes. Manoel Maria Correa. Manoel dos Santos Pereira Jardim, Miguel ieite Ferreira Lcao. Raymundo Venancio Rodrigues. Roque J. Fernandes Thoniaz. Thoiuaz Autonio de Oliveira Lobo. CL.4SSE DE LITTEUATUBA, BELLAS LpTBAS £ BELLAS AJITES, Director. Jose Maria de Abreu. Secret aria. Antonio Ayres dc Gouvea. Vice-Secretario. Joaquim Simoes da Silva Ferraz. Adriano de Abrou Cardoso Machado. Adriao Pereira Forjaz de Sanipaio. Alexandre Meyrelles dc Canto e Castro. Antonio Augusto da Costa Simoes. Antonio Bernardino de Menezes. .\nlonio de Carvaliio Coutinho. Anionio Correa Caldeira. Antonio Florencio Sarmento. Antonio Joaquim Ribeiro Gomes dc .\1)rcu. Antonio Luiz Ferreira Girao Antonio Nunes de Carvaliio. Antonio Xavier dc Sonsa Montciro. Bernardino Joaquim da Silva Carneiro. Florencio Mago Barreto Feio. Francisio Antonio Diniz. Francisco dc Castro Freire, Francis£0 Jose Duarte ^Jazareth- Henrique O'Neill. Jacintho Antonio de Sousa. Joao Anionio de Sousa Doria. Joaquim Alves de Sousa. Joaquim Augusto Simoes de Carvalho. Jose Adolpho Trony. Jose Maria da Silva Leal. Jose de Menezes Parreira. Jose Teixeira de Queiroz. Luiz Albano d'Andrade Moraes, Miguel Leite Ferreira Leao. Miguel Ribeiro d'Alnieida VasconccUos. Rodrigo Ribeiro de Sousa Pinto. Vicente Ferrer Nelto Paiva. SOCIOS CORRESPONDENTES.' CLASSE DE SCIENCIAS MOBAES E SOCIAES. 0 Benefic'iado Francisco Raphael da Silveira Malhao, em Ohidos. Guilbermino Auguslo, em Villa Real. Joao Baptista da Silva Ferrao de Carvalho Martens, en Lisboa. Joao da Cunha jN'eves de Carvalho, em Lisboa. Joaquim Januario de Sousa Torres e Al- meida, em Braga. Jose Julio de Oliveira Pinto. Jose Joaquim dos Reis e Vanconcellos, em Lisboa. Levy Maria Jordao, em Lisboa. Luiz Jose de VasconccUos Azevedo e Silva Carvajal, em Lisboa. * Sao unicamente considerados socios correspoiidentes, OS que teem salisfeito as seguiotes disposi^oes dus Esta- tutos. M .4rt. 13. Ao3 correspondentes inciimbe: 1,° « Dar conta annualmente ao Ini^tituto dostrabalhos u scientificos, litterarios e artisticus, que no decurso do « anno tiouverera feito. 2.° " Remetter no fim de cada dois annos uma memoria « original para ser publtcada pelo Institnto. u ^rt. 15. Dei.\arilo de perlencer ao Institute ossocioi, que faltarem us disposi^Ses d'estes Estatntos. n 242 CLASSli 111; SCIKNCUS PIlVSICO-MATilEMATICAS. Aiiloriiu Fi'iTcira ilo Maccdo Piiilo, no Poiio. Antonio .Maria Itarlinsa, em Lisbon. Bernardino Antonio Gomes, em Lisboa. Carlos lUlieiro. Daniel Aiigiisto da Silva; cm Lisbon. Francisco Antonio Rodriguez dc Gusmao, PHI Aljiedrinha. Franeisro Jose da Cunl)a Vianna, em Lisbon. Joa(]uini de Sancla Clara Sousa Pinio, no Porto. Jose Francisco da Silva Pinto, na Louzd. Jose Fructiioso Avres de Gouvea Osorio, no Porto. Jose Joaquira da Silva Pereira Caidas, em Brtiga. Jose Viclorino Damasio, em Lisbon. D/ ^^■el\vicllt, em Anyoln. CLASSE DE LiriERATURA BELUS LETllAS E AllTES. Alexandre Magno de Casiilho, em Lisbon. Aniandio Tnde Barrelo Feio, no Porto. Antonio de Serpa, eia Li.ibon. Antonio Xavier Rodrigucs Cordciro, em Leiria. Francisco Antonio Rodriguez de Gusmao, (m Alpedrinlia. Guilhermino Angiislo, em ViUa-Benl. Joao Daptista da Silva Ferrao de Carvalho Martens, em Lisbon. Joao da Ciinha Neves e Carvalho, em Lisbon. Joao de .Lcmos Sci.vas Castello-Branco, em Lisbon. Joaquim Januario de Sousa Torres e Al- meida, em Brnijn. Joaqnini Lopes Carreira de Mello, em Lisbon. Jose Fructuoso Ayres de Gonvca 0^orio, no Porto. Jose Joa(|uim da Silva Pereira, em Bragn. Jose Julio de Olivcira Pinto. Jose Tavares de Maccdo, em. Lisbon. Levy Maria Jordao, em Lisbon. Luiz Aiiguslo Rebello da Silya, em Lisbon. Luiz Bravo d'Alireu e Lima, pm Vinnnn. Marcelliano Ribeiro de Mendonca, no Ftin- chal. DIRECg.iO DO INSriTUTO. Sessau de IG ilt dtzembro de 183-1. Foi encarregailo o Sucio Correspondente, o .snr. .MarceMiauo llilitiro de iMeiidfiii;a, do ,elugio ;funel)re do Socio Hunorariu fellecido, o sur. yiiicoiide. d'Almeida tiarrett. Foram approvadas dofiiiiliv.anieulij ai di(I(;reptes yro- ;postas para aadmusao de alsuas novo^ S«cio,'i. Discutiram-se e |ipprovj|ra)i|-.s«.as cpola-i :da gerencia administrativa J^ Dirccsu,(^,.,fqrftjp^«n) jifcspjiles a as- :^emblea geral. ' i ^fanilou-.xe jitildu'ar ho Joriiai lio Iiivlitnto do I.'' de Janeiro, a Helai;iio nominal de lodos os .Sucios Ho- norarios, K(Tecli\o8, e ("orrespondenlcs, de liiit acttial- raenle .se couipoe o Iii^itituto. Sessdo de 2.') de dtxemhro. A nova Direc^ao dcpois do installada procedeu ii nnmcai;ilo dcs tres Direetores do (iabinete de I.eiliira, e da CunimissSo revisora do Jornal. Foi nomeada tara- liem tinia Commiss.no provisoria | ara a reilaC(;ilo do hislilutOy composia dos snr.' .Miitiiel Uibeiro de Al- meida e Vasconcellos, Kodrigo Uilieiro de Sousa Pinto, e Jose Maria ile .Vlireu, Direclore* das Ires Classes; dos dois Secrelarios do Inslilulo, os srs. Jacinllio Antonio de Sousa, e J«'aipiim Alves de Sousa, e dos Secrelarios e Vice-Secretarios das Classes, os snr." .\driano de .\breil Cardoso Macliado, .M. Bernardo de Sousa Knnes, A. Ayres de fiouvea, J. S. da Silva Ferraz, A. A. da Costa Sinioes, e Mathias de (^ar^alho, commissao que sob a presidencia de um dus Directores das Classes, por lurno, entrara logo em exercicio, e continuara os sens traba- Ihos ate se proceder dcGnitivamenle as compelenles elei- 4;5es. Seestio de 26 de d ezunbrn. Foi encarregado do expedienle lillerario do Instilnio o sccretario J. Alves de Sousa, e do do contabilidade o sr. serretario Jacintho Antonio de Sousa. Foi auctorisado o Tfiesoureiro j ara, de combina^?io com o Secrelario de contabilidade, toniar as provideneias necessarias para regular as cuntas dc receita e desjiesa, devendo o Thesoureiro preslal-as a 0irec(;ao lodos os trimestres. Resolveu-se, que quanto antes se convocassem ad differenles Classes para se designarem os competentes pontos para assum])lo de discussijo, memorias e cursoa lie leitura. O Secrelario, J. Atves de S'JllSfty INSTITUTO DE COIMBRA. Sessdo de 31 de dezembro de 1854. Convocou-se extraordinariamente o Instituto e foi presidido pelo sr. vice-presidenle Francisco de Castro Freire, que declarou ser o objet-to daquella sessao plena deferir ao retpierimenlo que Ihe fizeram alguns socios das dilTerentes classes — que a Sociedade auxiliasse as conimissops creadas com o generoso inluilo de erigir um monumento ao fal<\»cido vitconde d'Almeida Garrett, socio honorario do Instituto, ecutir-se de improviso tantos, e tao diversos assuinptns; resolveu-se \.° que se elegessem conimissSes para dos pontos existentes e de outros que fOBsem apresentadoB pelos socios, esculherem os que mais proprios julfiassem jara as discussoes e memorias, daiido sobre dies os sens jarcceres; 2.^* que as commissQes se limitassem em sens pareceres a emittir juizo a respeito dos pontos, que houvesseui escolhido, sem fazerem men- ffio dos outros, ficando salvo aos socios, que julgassem Com esle silcncin prejudicados os interesses da sciencia, o direito de provocar na classe a discussao sobre os pontos omittidus pelas cummissijes; 3." que os socios que houvessem de apreseutar aUuns pontos, os dirii^issem ao secretario da classe para este o s distribuir pelas com- missoes a que perlencerein, sem referir o nume dos socios que OS appresenlaraiu; i.^ que as commissoes para tra- clarem d'este objrclo, fusseni a? mesmas que na forma do regulamento deviam de ser eleitas u'esta sessao; 5." que eslas commissoes constassem de tres membros cada uma. Procedendo a nomea^ao das commissCes, foram eleilos: Para a commissao de sciencias moraes, os snrs. Juaquim Alves de Sousa, e .\nlonio Ayres de Gouvea, e Maaoel Eduardo da Motta Veiga. Para a commissao de jurisprudencla, os srs. Joaquim Maria Rodrigues de Brito, .Alexandre Meirelles do Canto, e Jose Adulpho Trony : Para a commissao de sciencias economicas e adminis- trativas, os srs. .Adriao Pereira Korjaz de Sampaio, Bernardo deSerpa Pimentel, e Jacintho .Antonio de Sousa. O sr. Presidente levantou a sessito, era meia hora depois do meio dia. ilando para ordem do dia da seguinte sessao — Pareceres das commissoes sobre os pontos. O Secretario, I Adriano d\ibr€u Cardoso Machado. CLASSE DE LITTERATURA. Sessao de 30 de dezembro 485i. O sr. J. M. de Abreu, Director da Classe, abrindo a sessao, motivou csta rcUniSo, moslrando a ncces- sidadc de se aprescnlarem ponlos para memorias e discussoes que dcssem lustre a corporaciio quer docentc quer discenle, por issu que muito para a ^onrar cram bem claburadas memorias e brilhan- les discussoes, como as que, dois annos ha, se travaram crudilas e instructiras sobrcmancira para esta mocidade que se vota a carrcira das Ictras. — Em scguida t;on\ldou os presenlcs socios a remcllcrcm ao Sccretaiio da classe os ponlos que Ihes aprouvesse, para, conjunclamcntc com os ja cxislcntcs de ha dois annos, sercm remettidos as respccti^as romniissdcs cm quo esta dividida a classe. 0 sr. Suusa I'into ponderou a gra\idadc e maxima allcnrao, com que as commissoes deviant proccdcr na revisao dos pontos ja consignados no Instiluto. 0 sr. Castro Freire, concordando com o anlc- cedcntc orador, disse f\uc potilos podia haver, qu* por concurso de circumstancias, scndo nuiitfj para apprcciar ha dois annos, se apresenlariam hoje sem inleresse, c que por esses deviam dc cortar as commissoes. 0 sr. Presidente c o sr. Adriano Machadn roboraram com alguns argumentos este incidenle cxplicalivo, e findo die passou-sc a nomcar as duas commissoes — de Litteratura, — e de Ilellas- letras — ficando addiada sob proposta, approvada, do sr. Castro Freire, a eleicao da commissao de — Bcllas-artes. Foram nomcados para a commissao de liltera- lura : Yepes. Appendix do torn. 3." Escrijil. 17: ■* t( Nos Arnnlplius Episcopus Astoricen.sis sedis ordina- vimus pro consecralionis officio ,\bbHlem nomine Genna- diuni, dedimns que ei Reiulam observationis sanctip vita" et oninem doctrinam deifieam constilutam in Regula beati Benedicti, quani eis obseruandani tra- didimus, cum cunctis, sibi subieclis monacliis relinen- dam initi^^iuius : lianc iure monastico ol)seniare elr^i- mus...." — Yepes. Appendix do torn. 2." Escript. 14. * Os doadores, depois de terera referidj a duacjao ao alibade do mosteiro, accrescentam — » y es nuestra voUintad. que tenfra cuydado del dicho ^lonasterio, y le rija, y lia^a guardar la vida monastica conforme la repla de San Benito •• — Yepes. torn 3.°cenluria 3.' cap. S folli. 169. 11 Vidumus nanque, et ordinamus, quod Rejula Pan- cti Benedicti qua; utique per inclytos Monachos < luuja- censes ad nostras Ecclesias recenter adnenisse perliibetur, in universis ncstrac dilionis finilius denote, ac benigne prout ciivenit, hospitetur, el fanealur ....>. Chronica dos Krera.de Sand. Agost. — torn, c part. 8.' liv. 4." til. 3."§. 12. e outro privilegio de D. Sanebo Ramircs, llci d'Aragao, ao Mosteiro de S. Salvador de Leire (Navarra) no anno de Christo de 1070'. N'cslcs privilegios, dizcndo-se que a orQem' de S. Bento vicra do Mosteiro de Chine para cstes silios, parcce moslrar-se que so dcpois d'esla reforma sc estabclcceram na ilcspanha OS monges bcnedictinos; mas, vendo-se por outro lado a riarcza com que os outros documentos apoutados mostram a opiniao con- Iraria, parcce nao haver outro mcio de sair d'esta contradiccao, talvez apparcntc, a nao ser a lembranca de que, tendo sido a rcfor- marao dc Chine uma reforma tao capital da rcgra dc S. Bento, c tendo feito de certo niodo esquecer a primitiva instituicao da ordem bcncdictina, pclo credito e vu'lto que toinou cm toda a Christandadc, e por tcr sido abracada em todos os mostciros bcnedictinos, |)ode crcr-se que, marcando csta reforma uma nova era na ordcm dc S. Bento, o mosteiro de Clime fosse considcrado como a Ibute da ordem bcncdictina para todos os mostciros que a abraearam, ainda mcsmo para aqucllcs que antcriormcnlc ohscrvassem a primitiva rcgra de S. Bento. Se d'cste modo podcr salvar-se a contradiccao d'aquelles documentos, podera admitlir-se a cxislencia dos monges bcnedictinos na Ilcspanha antes de 910^; mas ainda assini, mostrada a pos- sibilidade dc tcr sido benedictina a primitiva ordem rcligiosa do Mosteiro da Vaccarica, nao podc alliriuar-se que o fora, por falta dc documentos que dircctamentc o provcm, c ainda mesmo pcla obscnridade historica da sua fundacao e sua cxislencia ,nte ao (im do seculo 10. Ainda na epocba do melhor conhc- cimento do Mosteiro da Vaccarifa, dos prin- cipios do seculo 11 em diantc, nao aclici provas directas de ser entao de S. Bento o -Mosteiro da Vaccarica; mas app.ircce, em muitos documentos d'esta epocba, o chcfe da corporarao com o traclamcnto dc abi}ade, de prior, e de prcposito; e a rcgra do mosteiro, ' .; Nunc i,?itur ofjo liumitlimus scruurum Dei feniu djno Dei Panclius Uex Munasterium Sanctis Saluatoris de Leire corroboro Alibali Panctio etc. talia priuiieria, pr.Tcepla, et decreta, et libertales, q\iai>a liabet ( lu- niacense JNlonasterium, de cujus Sanctissimo foitle Onto Beacti Benedicti in his parlibus prius eraana'.'it, " ■ — Cliron. dos Erem. de Sanct. Af-'ost. — l;jnl, e j'art. 2.« liv. 4.» tit. 3.» §. 12. -^ I'undndo no me.srao principio de nao tercm cnlrado OS Iienedictinos na Hespanha senilo depois dc 910, _Fr. Herniene;?*! lo de S. Paulo diz, que o Mo.steiro dr; T..or\rio fora da sua ordem (Monaclialo Belhelmilico ou Mo- nachato Jeroniminiano") ate ao anno de 1000 (Chron. dosCarm. Descal^os. torn. 2." li\'. 4.^* cap. 15.° — pair. 05). O auctor pretende que tanto este de Lor\ao, conio todos OS mais da Ilcspanha, e por C4>nse'.:uinte o da \ :tr- cari(;a, fossem da sua ordem afe aquella ep.icha. Etn vista do desinvolvimento que tcnho dado a esta questiio, e da nenhunia importancia que a citada chronica d.i n esta asser<;ao de Fr. Hermeneirildo, poss.t a talvez repit- tar como simples conjectura, que nao ni'^nc-' ''xuiKe B"rio. 216 J t.,i..,,.,-ft 1] (lenomiii.ula rcgra sancta, {I'onde inferiram os ( liioiiijitas, 0 luodcriKimciUe os srs. Ydlio dc Barbosa, t> Mif^iicl Hiliciro', quo n'csia ii'oi'ha i-ra do S. Bt'iili) a ordeiii roligiosa dos r.i(m|:;cs (la Yaccai-ica; rofuroando o snr. Yollio dc Barbosa a sua o[iiniao com uma espcoio de profissao, conrormo a regra de S. Benlo, fcila pclo presbytero Uaiulull'o e o mongc Tcdro, iriui\a oscriptura de conipra c veiula ao ali- hado Todiklo . Nao soi ale quo poiito podoromos conliar u'estes fundameiilos. Os tiliilos de abhade, prior c prcposito liveram applieacao, seguiido OS diccionarios, quo pude tonsullar, a dif- ferontes dignidados das corporaoOes religiosas indisliiiclamentc, c algiins a parocbos do cerlas ogrejas, c a dilTerentes cargos civis, e ale a poslos mililares. 0 traclamonlo de abbade, -seguudo Fr. Aulouio da Piirilicarao, nao era extlusivo da ordom de S. Benlo, porlenoendo Cgualmeule na primiliva as anligas ordens de S. Basilio e Sanclo Agosiinbo'. E, sc no concilio de Conslanlinophi, em iiS, assigna- ram vinlc c ires abbades, como assevera a Bibliolheca do homem d'eslado e do cidadao', nao foraiu de certo dos monges benedictinos, cuja ordem u'csta epocba ainda nao era instiluida'. 0 lilulo de prior compelia em alguns convenlos ao primeiro director do mosleiro, e n'oulros ao diroclor immcdialo; mas apparecia este tractamentonas dilTeronles ordens de S. Basilio, Sancto Agoslinbo, S. Benlo, S. Joronymo, nas ordens mililares de S. Tiago, Calalrava, Aicanlra, etc. compelia cgualmenle aos cabocas dos consulados esta- lielccidos era Andaiuzia, Lima c Mexico, encarregados de bis Flotas ij Galcones e o niais (lue dizia respeito ao commercio da India'. Tamiiem se ebamavam priorcs os primeiros magistrados de muitas cidades da Croacia c Daiiiiacia, havondo aleni d'isso, n'aqueiies lenipos anligos, difl'erenles cargos civis com otiuiio do jirior '. 0 Iraclamcnlo de preposilo, nos mosleiros de difl'erenles ordens, dava-se anligauienle como tilulo do dignida- de, immodialo ao de abi)ade, o era tambem assim designada uma dignidade ecclesiaslica nas calbodraes; mas compelia alera d'isso cnlro OS romanos a differentas cargos civis e * Memoriae citadas d'esles dous auclores. '' Livro Preto — fulli. 81 v. Vem copiada na Memaria Mir-lorica do Mo?teiru de Leqa — dociimeoto n.** 3. * Chronica d'>s Krem. de Sanct. Agostinho — torn, e liarl. 2.» — ad;li(;riii — J. -1. * Dictionnairc Uiiiverscl des sciences morale, econo- niiqiie, ])ulitindo conhecidos os fins Srandiosos do encarjro que Ihe Tii ineumbido, beni omo as suas inten^oes a cerca dos deveres que elle Ihe impoe, o paiz Ihe preslara o auxilio franco e decidido com que a mesma coramissao conlou ao acceitar uma responsabilj- iladp, superior aos meios proprioa de que poderia dispor, a fini de corresponder a confian(;a com^ que foi honrada pel J governo de Sua Majcstade. .A. exposi^ao universal de Paris sera, assim como foi a exposi^Jio universal de Londres, uma exposi^lo geral do e-tadodacivilisarao do muudo, representado pel >s recurs.)S que as na^oea possuem no sul i e no trabalho. A c )mmissao, depois de ler cxaminado os docunipntos que tp:n recebido dacommissau imperial de Franca, pode asejurar ao paiz, que o character peculiar eimporlaiiteda sulnnne exposi^ao para que o convida — e o de uma ver- (ladeira represenlacjao d'csses grandes recursos, qtii- resul- lam d J a^rupamenlo dc iiraa variedade inilnita de pr-idu- etos naturaes, e da poderosa acr^ao das tao variadas for^as d > trabalho. A cxpjsi(;.'io de Paris representara, por esta firma, o? elementus essenciaes da vlda e do poder, que ao pre-iente constituem e fi>rtalccein as nacionalidades. — Exis^te portanti> uma difTeienra capital e palentc a todas as intelligencias entre as cxposi<;ries universacs, a que a com- missao se refere, e as exposi<;ues nacionaes ou locaes, que eram conhecidas, antes da exposi^ao de Londres. Os productos que se nito ndmittera, por communs e deuiasia- damente conhecidos nas exposi^des de cada paiz, aquelles para que se nao volta a allen^uo dos seus pruprios pos- suidores ou productores, podem ser o .objecto de serio estudo do sabio, na exposi^ao dos productos do mundo, causando ale novidade a muitas das pessoas que ahl concorrem para comjiarar, nao os productos de uma mesma na^ao, mas os de quantas concorreram a expor o e^tado da sua industria. A commissilo julga indispensavel que o paiz, possuido corapletamente d'estas ideas, se nao tenha por impossibili- tado de acceitar o couvite honroso, que a Frantja Ihe diri- giu, (xqiie a mesma commusilo tem a bonra de, por este nieio, inais aulhenticamente levar ao seu conhecimenlo. A corumissilo, fallando ao paiz a linfjuagem da verdade, intende ser i^ssivel que Portugal fi^^ure honrosamenle na expusi^So de Paris, e esta sua opiniao (• con-requencia de um estudj previo e demorado a cerca dos meios que temos para que assim aconte^a. A coramissao nfto assevera, queremettera para Fran<;a primores de goslo, ncm phantasias do geiiio; mas confia que a industria Ihe fornecera primores de trabalho, e opti- masapphca^oesde inventos uleis; nao pensa cm fazer de- mnn^trar em Paris os prodigios da sciencia e do capital ap- plicadns a ngricultura ; mas tem a cerleza de que o paiz Ihe pmle facililar os meios de formar uma das mais valjosas e appreciaveis collec^oes de productos agric das que se pos- sam admirar em Paris. Nao exporemos iuventos que re- viducituuMn a indu>tria, ou deemjuma ni.va direc(;ao ao commercio ; mas nuo nos ser.'i diflicll pruvar, (pie emprega- mos cjm vanlagem e discri^ao as inven<;i^es impi.)rtantes, que o geuio das nn(;oes mais adiantadas tem posto ao servi^o da iutelligencia e do trabalho. A commissao intende, que, firmes na for^a danossa von- tade, devemos serniudestos nos nossos desejos, niloqueren- do oada exjwsitor julgar-se desde logo com direilo a um preniio. Figurar n'aquella exposi^ao, estar habilitado para ler um logar em que o seu nome se inscreva ao lado de um prodiiclo, em lao majestosa reuniao dos tropheus memo- raveisdas victorias do lalento e da vontade — eja mais do que um preraio, e um litulo que ennobrece, porque signi- lica que o expositor e util a humanidade, e que sabe hon- rar o nome da na^ao a que pertence. E bastam poucos exemplos para esclarecimento da idea fundamental de todos OS trabalhos da commiss5o. Uma medida de trigo portuguez sobre um apparador marchetado de compoM- ^oes, que se confundam com o metal, com a tartaruga, e com o esmalte, ao pe das sedas maravilhosas de LySo, cercada dos bronzes em que o gosto do desenbo se manifes- ta em caprichos phantasticos, siguifica para o economista um ponto serio de estudo, dizendo-lhe que Portugal produx cereaes para o seu consumo, e que ja tem ido pur vezes alimentar os mercados famintos da Europa, elle que ahi levuu o ouro das minas de um imperio, jxirque nao tinha trabalho para dar em troca do pao deque se klimentava, e porque havia julgado que esse ouro, capital que se consume e acaba, podia substituir o capital do trabalho, que e indestructivel, sobrevivendo a uma gera^ao para enriquecer a que se Ihe se^ue. Essa mesma medida e a sua significacao economica explicaria como existindo em Portugal, no anno de 1835, umasu mnrliina de vapor da for^a de dezeseis cavailos ; ja ao presente existem setenta c )ra a fjrt^a de novecentos oilenta e nove ca\ alios. Istoe, a agricultura, augmentandj o alimento da vida, achou cju-unijsno trabalho fabril, que ao ladu d-i seu incremento se f ji de>inv.dvendo, e a povoaijao industrial, crescendo apresentou o incentivo efficaz a producqao agricola, ^^jjual foi dand > valores a terras que o nao tinham. E assim, per- dido o Brasil pela politica, acabado o munopolio dos ge- neris c.d»Miiae.-i pelas rev. lu^oes do coramercio, as minas (le ouro, que haviamos perdido, foram novamenle acbadas |>el> arad ) na terra que a inercia tinha deixado inculta, pelo bfa<;o nj tear que se deixava apodrecer no ocio, e, finalmente, pelagera^au em queestamos, n'essjis culumnas de vapor que parecem destinadas a guiar o homem a uma era, em que a intelligencia quebre na terra o ultimo annel da cadeia que a prende a servidao. Similhantementc um frasco de vinho do Douro sighificara, ao laib) dos primorea do arte de Se\ res, uma proerainencia commercial de tal ordem, um privilegio natural tao importante, que n5o pode ser disputavel, nem disputado. E sendu a sua apparencia bem modesta ao lado de um d'esses gigantes de ferro, que, depois de aquecidos pelo vapor, vao, com a for^'a de qui- nhL^tos ou setecentos cavailos, p6r em movimento uma das tanlas povua^oes induslriaes, que se admiram era Inglaterra; os valores produzidos por essas machinas col- lossaes nao excede os que tem produzido em Portugal o liquido d'esse frasco. Uma das laranjas que se produsem nas povoa^ues que ficam nas abas de Li^boa, ou das que enritpipcem a nnssa ilha de S. Miguel, dara idea dcavulta- doscapitaes, aiiida que Oque mal escondida cDtre os varia* 251 dos e lindoa artefactos da bijouteria franceM. Um frasco toZl\T: "■" ™"™'"'"J" 1«'» "egociante iZvZ- a, a, IZclT'" ""'" """" "'■""' " **'''""".- ■'-"" cajiiiai, e prcfenra o seu cxame ao de muiti.s nr,.,i„„i que, i primeira visla, p„s,am parecer mr^dlnn H r "' A commi,s3o observaru, que alem dos product que sao »R .ncavcs ,,el , caj.ilal ,,„e representam, ^ mZr consi '.rer,::';'::'""'^'"'"'" " '■'''^' -^ "■- "-""-- p-a : v.r ' ^ "™'" **■'" '^■^•"ra-a.;aj, o que Ihe dl um V.1 ,r mu„o superior ao que habiu,al,ueme Ihe a b trTJ - E e,te valor de aovidade, p„r um capricho da moda pAe-set„r„ar em um imporlanle valor cimmcrcial Des-' eendo^a exem,,|,s, bastani nolar, que as nossas e e"l- que a s.mdl.an^a de laj.ete em l».laterra, sao em For n^^in^..asseU„ados,aqueasrh;:::^a'rw! etadmirada, qua„a„ se sabe que ella representa o traba Iho morahsa. or da familia, e que resul.a do .^^raro com qm,- a povoa^-ao laboriosa, das u.ais povoadas terras dePor t^al, se eutrega ao rude, mas sanlo mister do trabalho n„ horasem quehabitualmente se descausa ou se caminha' Aquel es tecd.s grosseiros, que veMem os povos que "e exlendem em volla da serra da Estrella, serL vktos com prazer June o ao mais primoroso arlefac a, em que o "ea" mechaa,co transforma a la de Saxouia, por'que a m d"es e d1 err'",''' «'"'"^' """= '*" " I-Wmun.o do pob e C evidaT "'V^'""'^' I-dend.. srf a.sim darcon-' TltjeT'^ "' ''''""''' <"'« - '" " "" •'-Sa-'™, A commissao iria mais 1 mw n'eslas sua.s eypm.rn- dari../ r "»«>'l"rito de lodos muitas ideas de util" dade e de ,a or que se ligam a lantos dos nossos ,,roduc o que a sua vuiiar.dade nos faz j,', desconhecer. '""""='"'' A commissao charaa mui [.articularmenle a attencao do rcctbidTT""' -"i'^""'^ d-^ "mmunica^Ses que , em rcccbido da commissao mrerial i . ■,.,. i„™ i conhecimenlo do paiz- ^ '—-^a, tem a levar ao c^^^l -r " •T''"'' •'*' """ MajP-tade nomeado uma .'-OS por.u,ue.es da a^icuur ^ri:^s;^:^n^^''- lar^^res^oflr' ''"' ^''"''"^^*'' ^ fo^ar uma commissSo 'ude d-esir,x,„vrier '"■"'' ""'"'":^'>^ eqiie em vir- 1 liELATORIO A>'.M'AL. 1848—1849. Senhora: Nao obstante terem ccssado, ou em parte diminuido, as causas principacs, que nos ultimos annos desgrafadaniente en- torpeceram o andamento e progresso dos dif- ferentes lanios da piiblica administracao: nao pode todavia estc conselho superior de ins- trucrao publica lisongear-se ainda de que o scu Relalorio geral, correspondente ao anno lectivo que acaba de findar, seja tao completo c apresentc uni quadro tao satisfactorio, couio seria para desejar, e como por ccrto sc alcan- caria, sc para isso bastassera uniramentc o auxilio eflicaz do Govcrno de Vossa Majestade e 0 zSlo e constante empenho com que o mesmo conselho se dedica ao curaprimenlo, da alta e dillifil missao, que Vossa Majestade, se digHOu incumbir-lbe. Porem, Senhora, os effeitos dessas causas desastrosas, posto que vac felizmcnte decres- cendo, sentcni-sc e hao-de fazer-se ainda longamente sentir. A esses effeitos accrescem as resistencias que enconlram serapre todas as reformas e mclhoramentos, e que a cx- periencia tern mostrado, que se nao vencem nunca por uma maneira proveitosa, scni a ajuda do tempo, e sem esforcos continuos c ao mesmo tempo bem medilados. Finalmentc OS auxilios, de ([ue este conselho tinha a es- pcranca, e mesmo o direito, de se ver rodea- do, e desajudado dos quaes pnuco e mai pode caminhar, sao por liora muito escassos, e teem dcixado o conselho quasi que entrcgue aos seus liraitados rccursos. j A pezar disso este conselho nao esraorece. Se nao pode fazer ludo quanlo descjava, tem p consciencia de ter feito o mais que pode; fi aniraado com a approvacao que a Vossa jMajestade, mereceram os seus trabalhos, e torn OS louvorcs que foi servida dirigir-Ihe pa portaria de 10 de agosto do corrcnte an- no, ardendo, se e possivel, em mais zi^lo e )erseverando sempre: tem toda a confianca lue as faitas, alius menorcs comparativa- Yoi. m. mente com os annos prccedentcs, que ainda tornam incomplete o presenle Relalorio, hao- de em breve desapparecer ; e que os ramos definhados da instruccao publica, onde prin- cipalmente se nota a I'alta de progresso, — com a protecfao valiosa do Governo de Vos- sa Majestade, com o melhoramento progres- sivo das nossas financas, com a continuacao da ordem e soccgo piiblico, e com os esfor- cos incessantes deste conselho, coadjuvado pelos corpos scientificos e pelos sabios amantes da patria, — hao-de robustecer e desinvolver- se vicosamente de anno para anno. 0 Relatorio, que o conselho tem a honra de elevar agora a presenca de Vossa Majesta- de, em cumprimento do que determina o art. 40 do decreto de 10 de novembro de 1845, imperfeito pelos motives mencionados, mas elaborado tao (ielmente quanto foi possivel, sera dividido, como os anteriores, em cinco partes correspondentes as divisoes que mui naturalmente se offorecera. 1." administracao central da instruccao publica — °2." instruccao primaria — 3.' instruccao secundaria — 4.' in- struccao superior — S." couclusao geral. 1." PARTE. Administracao central. A direccao central regimento e inspccfao geral de todo o ensino e educacao publica, com as unicas excepfOes das escholas depen- dentes dos ministerios da guerra e marinha, e dos seminarios eclesiasticos, foi desde 20 de septembro de 1844 confiado por V. M. a este conselho superior d'instruccao publica- Sao sete actualmente os vogaes ordinarios do conselho, em consequencia do logar que se acha vago. 0 nuraero dos vogaes extraordi- narios e de 40 residindo em Coimbra 24 e estando ausentes 16. V. M. foi servida ul- limamente nomear os empregados que fal- tavara para preencher o quadro interino da secretaria; tendo porem uni dos agraciados pcdido a V. M. a sua exoneracao, acha-se ainda vago um logar, que o conselho mandou por a concurso na forma da lei. A secretaria tem satisfeito bem e regularmenlc o servico que Ihe tem sido encarregado; e posto que J.iXBlBO 11)— 18S5. Ndm. 20. 254 so acho ainJii iiiiiito sohrecarrogada com tni- balho.s com tiido aclia o coaselho (iiio, sciuio provido 0 logar vago, torii o qiiadro siifli- ciente do ompicgados para satisfazcr cm liieve as exigoncias acliiaos. Em coiise(|Ucncia da apinovacao ([uc Y. M. foi servida dar para a cnllooarao dn coii- sellio no cxtinclo collt'gio dos Paiilislas, c da auclorisacao da ipianlia dc 2(10^ rs. para sc t'azor a mudanra jtara aquellc rollegio, que se acliava arreiidado a urn particular, c cujo arrendamcnto acabou no mcz de seplenihni, tracta o conscllio do nuidar ])ara alii quanlo antes a sua sccretaria, tondo j.i fcito as suas sessocs ordinarias no mesmo edilicio. Durante o ultimo anno lectivo tiveram logar pela primeira vez, nos mezes de aliril c ou- lubro, as duas conferencias ordinarias do conselho geral, na conformidade do que de- terniina o art. 21 do Regulamento do mesmo conselho. E a pezar da falta permanentc de um vogal ordinario, cujo logar se aclia vago, e que V. M. nao se dignou ainda prover, c das faltas temporarias porem motivadas de alguns dos outros vogaes tambem ordinarios, fizeram-se regularmente, como consta da copia das suas actas remettidas mensalmente a y. M., as conferencias do conselho ordi- nario, Jiem conio as das suas tres seccoes. Em ambas as conferencias do conselho geral foram lidos pelos Sccretarios das tres seccoes OS sens respectivos Rolatorios; e cm ambas dedararam os vogaes extraordinarios, u queni tinlia sido encarrcgada a cnnfeccao de programas, inslfuccocs e compondins para 0 ensino, que ja tinham prompta parte destes seus trahalhos, e que esperavum na reuniao seguinte a ultima dc outubro ou mesmo an- tes, apresental-oscompletos. Precisaudo obras dcste genero dc muita meditacao, e succe- dendo que os vogaes, a quem foram encar- regadas, teem sido distrahidos para outros trahalhos litterarios, que a lei Ihes incumbe, aclia 0 conselho que se Ihes deve relevar esta demora, c espera que estcs vogaes pro- turarao satisfazcr quanto antes as conunis- socs que Ihes tem sido cncarrcgadas pelo raesuio conselho. E como nestas conferencias geraes sc nao aprcsentasscm niemorias ou requerinicntos lendenlcs a prouiovcr os mclhoranicnlos na instruccao publica, ou para remover us obs- taculos ([UC se fqqiocm ao sen progresso; foram convidados, na confercncia geral de a!iril, os vogaes cxtraordiuarios para dirigirem as suas mcditacues para a maneira inais conveniente de organizar um curso ccouomico-admiuis- trativo na universidade, e para a analyse das alteracoes c reforraas nas leis de instruccao, propostas a Camara dos srs. Deputados' na ultima scssao legislativa. E como tambem na confercncia geral dc outubro nenhuns traha- lhos apparecesscm nest? scatido, decidiu o conselho que se nomeassc uma commissao de vogaes cxtraordiuarios, cscolhidos na facul- dade de. direilo e nas tres de scicncias na- luracs, para trahalharem na confcccao do projecto da nova faculilade dc scicncias eco- nomicas c admiuislrativas; procurando o con- selho obter por este meio mais eleinentos para nicllior dcsemjienho. do (|ue a este rcs- pcito Ihc loi dcterniinado |ior Y. .M. na por- taria de It) dc agosto do prcsente anno. Nas conferencias ordinarias o conselho nao so deu sohicao prompta ao sen numcroso (!\[)cdienlc c as — ISl — consultas cpie por Y. M. llics foram jiroposlas, mas tambem prc- cncheu e cumpriu os devcrcs e attribuicocs ([UC a lei Ihe impoe pela forma seguinte. §. 1." DirecrCw central. 1." A lim de promover o aperfeicoaniento dos cstudos disciitiu e clevou a prcsenca de V. M. em data de 20 de junlio de ISW o projecto de regulamento e jirogramma para OS exames de habilitacao para a primeira matricula na universidade. 2." Em circular dirigida a todos os com- missarios dos cstudos e reilorcs dos lyccus detcrminou, em cxecucao intcrina do que se aclia disposto no art. 08 — § nnico do de- creto de 20 de septcmbro de ISii, que sc nao adniitta a matricula, ncm a frcquencia, neni aos primeiros exames da instruccao se- cundaria, alumnos alguns que se nao nio.s- trem dcvidamente liabilitados com os conhcci- menlos de todas as disciplinas que formam o objccto da instruccao priniaria; para que nao aconlcca cxporcm-se temerariamente a frc- quentar a instruccao secundaria, e muito mcuos a superior, sem possnirem os indis- peusavcis conhecimcntos da primaria. Para prova desta hahililacao, c cm quanto se nao regula o modo por que sc hao-dc fazer os competentcs exames nas escholas pnlilicas de instruccao j)rimaria, exigiu que estcs exames se lizcssem nos lyccus, pelo mesmo modo por ([ue se fazcm os exames das discijdinas que nelles sc cnsinani, c segundo o programme que se Ihe remcttcu para esse fim. 3." Encarregou a alguns dos seus mcrabras e ja ap|irovou a confcccao de alguns pro- grammas jiara o concurso aos premios esta- i helecidos a favor de quem aprcscntar catc- | cismos com nococs clemcntares dc chymica, de agricullura, e dc geomctria e mechanica, apropriados as escholas de instruccao pri- maria do 2.° grau. i." Approvou durante o ultimo anno para podcrem ser adoptadas inlerinamente nas escholas publicas as obras scguintcs, ja im- pressas. 0 Bom Mciiino, editor Eslevam Xavicr da Cunha. llistoria dc Portugal ale cl-rci D. Duarte V I 255 por Joao Fcliz Pereira. Priineiras nor.oes d'algobra jiara uso dos lycuiis jicld d.' Ja- cottw Luiz Sarmc'iito — Traclado do voisilica- fao por .\iiloiiio Fi'liciaiio du Caslillio — Novo e facilliiiio nictliodo para cusinar a lor em poucas licOcs ])elo lucsmo aiictor — e mandoii imprimir dupois d(! approvado em conrormi- dade com o art. 107 do decrelo dc 20 dc se- plembio de 18ii o compeiidio de arillimeliia olTcrctido pclo lento siibslitulo da I'aculdade dc malhomatica Uulino Giierra Osorio, o ciija confeceao lliehavia sidoencarregada, na qua- lidade do siibstituto CNtraordinario da raesma faculdado. f,B.° Cniilinuou a fazer todos os esforcos para colloear todas as oscholas em cdilicios publicos. Em qiianlo as csehobis do cnsino primario, das (piaes lOii!) ainda seacbam por colloear devidamcnte, grandos enibaracos ea- controu na falta daiiuollos cdificios em mni- tos concelbos, e na falla de rocursos dos mu- nici|iios em outros. Yossa Majostade foi servida, cm rcsolucao de consuba desto consellio superior do 3 d'al)rii de 18i(>, mandar expedir oflicio ao ministorio da fazenda para por a dispnsirao do nii- uisterio do reino os edifieios publicos, que, na mencionada cnnsulla, se julgavam nccossarios para a coliocacao das cscbulaspublicasnosdif- ierentes districlos do rcino, seguindo as in- formacOcs havidas dos respeclivos govcrna- dores civis; porcm ate agora ainda o con- sclho nao recebeu rcsolucao alguma a esto rospeilo. A pezar disto nao dcsiste do sou cmpenbo, ])om certo de que e necessario que seja completamentc satisfeito, para que so possa obler uma inspeccao sovcra sobro o metbodn c ]iracticas de cnsino dos mostres e sobre a parte economica das escholas. Em (luanlo aos lyceus, consoguiu-sc que fosse deslinado, por docreto do 2fl de fevereiro de 1849, 0 seminario da cidade de Faro para a coliocacao do lyceu d'aquollc districio; c acham-sc cxpedidas as ordens nccossarias as respectivas anctoridades para que se vc- ritiquc esta coliocacao. Por decreto de 10 de Janeiro foi (ambem deslinado para a colloca- rao do lyceu do Leiria o seminario d'aquella cidade. Pondem consultas sobro a coliocacao do lyceu de Portalogre, ou no edificio do se- minario, ou no do exlincto convento dos Agostinbos-dcscalcos. 0 conselbo reconbece, que a actual colloca- jao das cscbolas tanto do ensino primario, como das delalim, necessita em grando [larle jde rcforma; c por isso tcm instado com os 1 governadores civis, para que, nas reuniOes jgcraes das junctas dc districio, ou\ido tam- jbcm 0 pareccr das camaras municipacs, se |tractc cdiscula esic importanle objeclo, oqual |s6 piidc ser bora rosolvido pelo conbecimento das necessidades e circumstancias das respe- ctivas localidadcs. consideradas principalmcn- to debaixo do ponto dc \ista da sua geograpbia jiliysica. .Vpenas pori'm o govornador civil de Viseu no sou bcm traballiado relatorio, que ha pouco romoitou ao conselbo, satisfez a osta cxigencia por uma maiieira que mcreceu a approvacao do conselbo, c (juc dou logar a resolver-so, quo se consultasse a Y. M. a esle respcito na forma por ellc proposta. 0." Tendo 0 commissario dos esludos de Evora, cujns esforcos pela publica instruccao e louvavcl descmpenho do suas obrigacoes esto conselbo deve citar com elogio a V. M., — offorecido um projeclo do rcgularaento para associacOes de bonolicencia, acbou-o o conse- lbo tao conforme com o ospirito do art. 28 do decreto de 10 de septombro de 1843, e tao cuidadoftamontc pensado, <]uc nao duvi- dou jiropol-D ii soberana approvacao dc Y. M. "." A lim de cumprir com a obrigacao do promovor as associacOes e ostabolocimentos das salas de asylo da infancia desvaiida, clc- vou a presenca de Y'. M. uma roprescntacao documontada, em que o conselbo da dircc- cao da sociodade de benoticencia do Coimbra para asylo da infancia sollicitou do governo de Y. M. a concessao do um edificio do esta- do para local jiermancnlo do cslabelecimento, e 0 ordenado para uma mostra. 0 conselbo pelo conbecimento que tinba das difficulda- dcs, por que passou aquelle estabelecimento para poder por muito tempo subsistir quasi milagrosamonlo ate chcgar a um estado, sc nao dc prosperidado, ao mcnos de alguma solidez, e attendendo ao zclo das pessoas por quern e dirigido, e ao bom mctbodo por que alii sc da o ensino, nao besitou em inculcal-o a Y. M. como digno do sor protegido e ani- parado pelo governo como um nieio impor- tanle da cducacao das classes pobrcs nao so no interesso especial de Coimbra, mas na goral de todo o paiz. E dc novo torna aqui a manifestar a sua opiniao, de que sera con- vcniente que o governo do Y. M. Ihc con- ceda 0 modesto cdilicio pedido, fazendo con- lirmar a concessao pelo poder legislative, se for necessario, c cxpedindo alguma provi- dencia para que alii so conserve o estabeleci- mento ato se vcrilicar aquella concessao. Em quanlo porem ao ordenado pedido para uma das mostras, o conselbo em attciicao ii pol)reza actual do thcsouro, nao s^anima, como eutao se nao aniniou, a propol-(i, a pezar dos muitos desejos quo Ihe assislem de que se Ihe con- coda esto auxilio, para o qual alias julgue auclorizado o governo de V. M., consideran- do-se como uma creacao de escbola de me- ninas. 8." Conbecendo a nccessidade que ha da immediata publicacao de jornacs scientificos nos tcrmos do art. 109 do decreto de 20 de septembro de 1844, e avaliando ao mesmo tempo as muitas difficuldades que se tcm en- contrado em levar a effeito a sua redaccao e 256 lunnuteni'ao, fez no Cm do anno leclivo pro- |)Ostas icndeutcs a auxiliar e inspeccionar uma cniprcsa que se propue croar um jornal naqiielle sontido, f que se coni[)ronietle a por a disposjrai) do couselho iiiua parte do mosmo jornal. Tcudo-se intorrom|)ido duranlo as fcrias acadeiiiicas as ncgociatOes enceladas para que osle meio se ievasse a effcito, vai i< conselho de novo trailar do as coiicliiir. E se por eslo niodo nao poder obter o que tanto descja, procurara por oulro arbitrio chi'gar a rcalizacao de uma medida tao justa- menle reclamada. 9." Em (!\eciirao da portaria de 10 de agoslo de 1849 examiuou com attcncao os Relatorios, consnltas e representaroes, que a- corapauharam a niesma portaria; e tendo re- con>idorado tudo em vista dos csclarecimentos c re(lamai;oes alii nieucionadas, ja consiiltnu de novo a V. M. sobre os seguinles objectos: Rcgulamcnlo para as escholas de instrucrao primaria (i." grau), dicto para provimcnto das cadeiras da instruceao secundaria; dicto para as cscliolas medico-cirurgicas insulares e para as viajma c uma peca (jue reprcsenta a iiisloria de D. Rodrigo c Florinda, a invasao dos inoi'.ros, e por lim a rcstauracao da monar- (hia chrjsta debaixo do poder de Pelagio; 0 Primer reij dc Espana pinta os primeiros trium- phos da ilespauha chrisla. As conlestacoes entre Sanclio, o bruro, c suas irmas, o as- ■sassinato do rci, e alguns Iracos da historia do Cid, sao o assumpto das Almciuis de Toro. k rivalidude de Pedro, o justiceiro, e de ricnrique de Translamara ligura no drama — Cierlo i>or lo Diidoso. No MiUnjro por los Celos apparece em scena a i|ueda de Alvaro (!c Luna no tempo de .loao 11. 0 Piedoso Aranonez e a hisieria de Carlos dc Yiaiia, de sua; revoltas c de sua morlo, depois da qual Fernando, o cutlwliro, licara lierdeiro do reino de Aragao. No Mejor mozo de Espann \(:-se preconizada a futura graudeza de Fernando e Izabel. 0 i\iiccii Muiidn dis- cubierlo por CItrisluhul Colon e a maravilho- sa coiupiista do grande navegante genovcz. Em lim a viiorin del muniucs df Simla Cruz e consagrada a um feito d'armas, cm que 0 projirio Loj)es de Vega ligurara na sua mocidade. Els aqiii os iirisicipaes dramas historieos, cm (juo esle auclor procurara (Tuar com as I'ormas pooticas os grandcs feilos da historia do nunulo desde o periodo romauo c guthico ate a lucta emprehcndida para a expulsao dos mouros para alem dos mares, c dasde esta cpocha ale ao [irincipio da unidade moder- na. .\. illusao e lin-il no meio dc tantos a.s- suinptos brilhantes, de tantas aventuras ro- manescas, dc tantas pcripecias extravagan- tes, ([ue adultcram as vezes a singela nia- jeslade da historia. Intrigas aniorosas, prin- cezns lancadas em mcdonhos calaboucos, dcs- cobertas, surprezas, tudo cm iim quauio .sc presta ao orgulho dos scntimentos cavallei- rcscos formam o fuado d'aquellas pccas, ein que avultam mais as bellezas de segunda ordeni, do que esses tragos sublimes do genio, « que por si so formam uma Illiada. >> Lopes de Vega sacrilicara muitas vezes ao gosto do seu paiz e do sen seculo a grandeza do drama, e nem sempre clevara a liistoria a altura d'i poesia. 0 gosto favorilo do romance predomina largamcnle em todos os pretendidos dramas historieos desle auctor, cujo vasto e fecundo engenho nao podia couter-se nos limites da historia patria. Assim a lula entro I'.odolpho de llabsUourg e Oitocar rei de Bohemia foj 0 assumpto do Imperial de Ollion. 0 rci sin regno reprcsenta a anarchia da llungria antes de Mathias Corviii. 0 gran dunuc de Moscovia versa sobre um ponto de que lambem se oc-r cnpara Scliillcr, Ponchkinc, e modernamenle Prosper de Merime. 0 castigo sin vengama pinta 0 tragico cpisodio da coric de Ferrara, que Byron illustrara na Parisimiu. A PonceU III de Orleiins, e el valiciile Jacotin, que in- I'elizmente se pcrderam, pcrtenciam a historia de Franca. No meio, pnrem, de tantos c tjio transccn- denies assumptos Lopes de Vega nao possuira 0 verdadeiro drama historico. Uespresando a realidade dos faclos, a uatureza, o caracter, e OS habilos das diversas nacionalidades, c nem se quer prcscrutando o espirito, e as inclinacoes de cada jjovo, e de cada cpocha, Lopes de Vega so procurara ornar os seus quadros com um ccm numero de enredos, amorosas intrigas, e cavaleirescas aventuras, Iransformando os grandcs feitos da historia contcmporauca em lendas fabulosas. 259 Ob romances, as aventuras e surprcsas, nio- Vimento nos factos, rapidez no diaiogo eis aqui as feiroes caracleristicas dcste theatre em que a varieiladc e o maravilhoso das pcri- pecias cauj^a a primeira vista uma complcta illusao. Os dramas, porera, que teem jmr objecto a tyraniiia e barbaridadc da socieda- de feudal sao as obras piimas deste auctor. Lopes de Vega possuia como ninguera o in- limo scgredo da vida. 0 grito das paixoes arrancado do coracao e do iiindo das entra- iilias das victiraas da bnitalidade dos senhorcs feudaes, rcsoa admiravelraente no meio dos inais cnmplicados enrcdos. <) honrado Iler- inano, comparado ao Horace de Cornciile, a jiesar da distancia que vai da tragedia ao drama romanesco, aprcsenta ate nos mais pequenos lances da vida intima inspirarOes verdadeiramente sublimes. Quando a Julia de Lopes de Vega, vciido cntrar seu ir- mao carrcgado com os despojos ;do proprio amante, Ihe grita no I'uror da suprema deses- peracao «a tua victoria nao esta complcta, e mister, que me assassines tambem — cu sou Curiacio, eu o sou (Yo soy Curiacio, yo soyJ.> esta expressao sublime da mais pungente dor faz esquecer outros defeitos do auctor. Cora Cstas tao vivas cores, com a cloquente c ar- tebatadora linguagem da paixao e do interes- se que Lopes de Vega com tanla lelicidade manejava, os seus quadros nao podiam deixar do ser admirados como urn primor d'arte. As ?uas comcdias sobre tudo sao acabados mo- delos do mais iino gosto, e apurada elcgan- cia, em que a phantasia de Shakspeare se acha estreitanicnte unida com o iateressc dos mais engenhosos enrcdos, e das mais curiosas aventuras. 0 gcnio, porcm, de Lopes de Voga nao crea- ra so dramas e comedias, fundara lambera uma notavel esehola de pocsia, e este e talvez 0 niaior hrazao da sua gloria liltcraria. Em todos OS thcatros da Europa a sua in- fluencia fora iilimitada. Doscartcs-dizia dai-me a materia, e o movimento, e eu vos darei urn mundo. k materia e o movimento eis o que Lopes de Vega deu ao drama. Aos sous suc- cessores competia a creacao do tlieatro nio- derno; e foi sobre ai a cscrever — 50 a contar — -27 esludam grammatica ingleza — 30 gcograiihia — 4 linguas modernas — i linguas auligas — 3 mathcmaticas — a desenho — 10 nuisica. 0 numero de escholas normaes deslinadas a furmar mestrcs tem aiiguientado muito ha nns annos. Coniani-se hoje 40, que recehcni (|uasi todas subveucoes do estado, e podem admittir uns 2:000 alumnos. .\le poucos annos antes o governo nao exercia accao alguma sobre as escholas fossem particulares, ou publicas sustentadas pela fa- zcnda, taxas locaes, fundacOes, ou cotisacoes voluntarias: mas ha dose annos o governo organisou um systema de fiscalisacao sobre as que recebem subvencao do eslado, e assim se subjeitam ajsua inspeccao. Comprehciide hoje esse systema 4000 escholas, em que produz rc,-ullados excellentes. Os fundos emprcgados 261 nessa dcspesa suhirara no anno antccedente a 3,750:000 francos; e foram dcstinados anie- Ihoramento de ediiicios oscliolaros, ordcnados de mcstres, ac(iuisicao dc livros, modtMos, fi- guras, e outros objectos de cnsino. E convcni saber que as contas relativas ao cmprego dcslas sommas, c os rchUorios dos inspectores sao siibmettidos ao parlamento, e publicas restos dissipou. . . ! Porque tao breve So ardenle imaginar me recendeste, Mimosa flor de menlirosa esp'ran^a?! 1 II Ai ! flor, como eras formnsa ! Tenho saudades! — Que mal Ha jii nisto, se eras rusa Uue desfolhuu no rosalr! Tambem c crime a aaudade i Tambem a razao persuade A tollier a liberdade Nisto mesmo ao cora^ao ? Do que foi, do que nao era , Do que eii sonliei, da chimera, Cuidei ([Ue , ao meiios, pudera Ter cii saudades . . . pois nao ? Foi, bera sei, foi luz de eslrella Nas ondas a sciiitillar, Veiu nuvem desfazcl-a E ficou sem biz o mar; Mais ainda ; foi somente Delirio d'accesa mente Que uma sombra, de repente. Mal desenha e ve correr ; Mas se essa visao foi linda , Se, embora falsa, e ja finda, Nao posso adoral-a ainda, Ter pena de a ja nao ver ? Criei tudo ! Fiz a imag:em D'um ser sem elle existir ; Fingi-Hie vida e lin^uagera D'um jii supposto sentir! Namorado da pintura, Juntei loucura a loucura, E aos pes da aerea %ura Puz d'alma o riso e a dor; Sem ver, sem ouvir, julgava Que era vivo o que eu pintava. Que era ella que fallava Quando eu Ihe dizia — amor. Como com azas no tempio Os anjos pintados vi, Com este anjo aquelle exem])lo , Enthusiasmado, segui ; Quiz-lhe azas. , . mas per dal-a- . . . Que aein \io&if.o .^nFjVlC~'FC' sen (b — i) r sen(e4-j) r oil ■ — = J ~ ? : — = y sen I a — r sen > r — f Desenvolvendo sen (9 — i) e sen (9 + ') «'" senos e cosenos de t ei • depois eliminaiido cot i' e finalmenle resolvendo a equagao resiiltante em ordem a/; leremos, usando dos signaes superiores, j^ •^'^'■^"2 (c/+r) cos i±r) ''^^' D'onde rcsiilta, que lodns os raios emillidos de O, e iiicidenles nos poiilos da circum- ferencia da base do sector e^plierico doscriplo pela revohi^ao de A CM a roda de A C, se reunem no n)e.-nio foco F. 2. Differeiiciando a equajao (1) em ordoin a/e 0, resulta S 9 [ii {ii + '■) CO 6 ± rj' \ r) sen 0 (^2) O signal desta exprossao inostra que o f.'Co se apprnxiinarii do espeliio quando M se afastar de A. Oseu valor mostra, que a variag.'io sera <-u) geral pequeiia da ordem de i 6, se o angulo g for considoravel ; e pcquena da segunda ord^.n , se o angulo 9 for tambem pequeno da priineira. D'onde resulta que as iinagens f>rmada3 pelos raios, que ficam muilo proxiinos do eixo dn espeliio, devein ser muito mais vivas e distinctas. 3. Se na formula (l)suppn7.ermos 9 uiuito peqm-no da primeira ordem, de sorte que n superficie do espeliio seja uina pequena por5So d'espliera, toreuios cos 9 =; 1 , e Estas eqiia^oes moslram que: para (i = o e'/nullo; desde d = oa.\.6 (ir= _r e/negatlvo e crescente, e o seu crescimenlo cada vez mais rapido ; para d infinilamente approximado de -r e /" negative einfinito; desde d=.—raX& d=oo ef positive e decrescente, e o seu de- 2 2 , 1 , . crescimento cada vez mais vagaroso; e finalmente para d= 00 ef=:-r. O que diioseguiiite quadro: * As Ggura3 gerSo publicadas 00 Gm d'cstes apontamealoi. 265 -o /■ =0 1 neg. e cresc. pos. e decresc. _l 4. Se no caso de ser o espelho convexo (fig. 2 ) fizermos urn raciocinio semcllianle acharemosas mesmas formulas, que acbamos para os espcHios eoncavos, com lantoqiie neslas se mude r e — r: adverlindo poreni, que aciticlla mudan^a faz coutar os def positives para a parte canvexa, de A para O; e que por isso , se quizerrnos coiilar 05/ posilivos para a parte coiicava , como rvos espellios eoncavos, sera necossario mudar tainlx-ni o si>;iial de /. Teremos assim, em logar das forimilas (I), (2), (3), (1) com os signaes sup?riores, as mesmas lormulas com os signaes inferiorcs. £, para asdiversas dislancias, a f6rmula (3) daru o quadro seguinle ; I r. convexn , r o .y,u.]o par:t L "li!u°das do po.uo luminoso no espelho co„cavo dcsde o luNn.lo ale rj .nudando nelles ^- ,i; nnrias focaes era dislancias do ponlo Imimio^o, e lnver^a^lentc. " '^ S d pois da etlex^o foren. (f,g. 3, .l/.V, , M N>, JVI N," .. . . os raios lam.nosos cor- responden es is dUlancias desde ,/ = o aie ,/= .. ; o M N, MJ^', MN"..o, so.s prolonga- mentos vo.se que, ao passo q.c a di.la-.cia do porto lumino.o no e.p.lho cot.cavo vana T T. I'n.nL a recla N N. sira no seiitido jV A' A'" . . .om toinn d'urn eixo perpendicular desde o ale co , a recia iv m, ^mu m ^ Hesorlp ncie itp em 7U ao piano da figura, lo(nando as po,i(,oes M N,,J\< A/, ^\" A/ .., ^'^ ^orie que ale , ,o.k--.o A" A'" o prol.m-amenlo JV/ A' W do raio, e depois o mesmo raio ;17yV,(0 >encon. tra o eixo. Percebe-se assiin clarameiite que a solu(,'ao de conlinuidade, que o valor de / opioscnla na passagem ded<|r para c/>-r, ainda corresponde ao movimento conlinuo da recla A' AT, a roda do ponlo Jl/. _ 7 A doutrina dos numeros l." e 2.° mostra qual c a condirao necessaria para q„e ns raio5 retlectidos se reunain em nm so ponlo do ci:;o que passa pelo ponlo luminoso. Mas para tornar mais sensivel geometricamenlo em que consisle esla condirfio, farcmos as considera^oes seguinles: - ,. ,, .•/-... Seiam N Aj\ (fig- 4) o corlc crrlral d uma por(;:io d espelho espherico, Co centre da eipliera e O um ponlo luminoso, collocado na dislancia 0^ = d da exlreuiidade do diametr'o que por elle passa. E sejam ? as eouacoes do circulo NAN, e d'uma ellipse de que este circulo seja osculador, e que Icnba O por foco. fi sabido que os raios luminosos emiltidos do ponlo O, reflectindo-se na ellipse, irfio rcunir-se no oulro foco F. Ora as coiidigoes de ser o circulo osculador, c de ser O uin dos focos, dao (Franc. Malh. pur. n." 775 II) T=^—, ^F = c=2w — (?, »n'=re' + (»n— c).' m Eliiiiinando pois can enlre estas Ires equagoes, resulla »n = — T , donde yf jK=c = --- , que concorda com a formula (3). . Mas se dcsprezarmos a:*, isto e' , se considerarmos a pequena por(,;io de curva coui- mura ao circulo e a ellipse, que se osculam , a equajao, que nesta parte pertenco a amhas as curvas, sera y'^ =.'2,rx: logo , com lanto que se tome so uma porfHo de suporficie da espliera tHo pequena , que se possa considerar como perteocente ao ellipsoide de revolujao osculador, os raios, que par- tem de O, reunir-se-bao em F. Se 05 raios luminosos forem parallelos ao eixo, isto e, se o ponlo O estiver a uma dislancia infmila de A, a ellipse lornar-se-lia em parabola, e c reduzir-so-lia a-r. E com effeito o que deve aconlecer; porque na parabola os raios parallelos ao eixo reunem-se no foco, c a comparagao de ?/^ = 2ra: com y^ =p x da p = -lc=2r, e por conseguinte 1 8. £m quanlo a grandeza das imagens, seja PQP' (fig. 5) um objecto circular con- centrico ao espelho concavo BAB': a imagem sera um arco pqp' tambem concentrico. E cbamando O a grandeza do objeclo PQP', e I a da imagem J><]p'i sera: o ca r—W 267 Se tV>r pqp' o objecta, o PQ,P> a. ioiagem , leremos ainda O Cq d — r T — d' Porta/)[o, em quanto fur 2rf>ra imdgem seril inverlicia, e teretnos: / f—r r •' 8d (2a! — r)-" (5). ror onde se ve que, desde a distancia iiifinila do olyeclo ale amelade do semieixo, a linagein y, foiinada ])or iim espellio concave, eresce quando diminue a distancia do objeclo ao espellio, sondo: iiifiiiitanieiue pequena para d= oo ; egual ao objeclo para(Z = r; e in- finila para d=-r. Para 2 J rficic nos ponlos d'incidencia , e que se confundem com ella nas visinhanjas d'esses ponlos. A equai^ao do piano tangenle a superficie proposta, combiiiada com as Icis da reflejifio nas superficies planas e com a posicao do ponlo luniiuoso, u.ira as posi^oer succc«- sivas dos raio? refleciidos, e por conseguinle as suas intersec^ocs consti.utivas. 268 OBSEUVACOES METEOUOLOGICAS FEITAS NO GABl.N'ETE DE PHYSICA DA UMVEIISIDADE DE COIMCUA. Anno lie 1834 Pressao atmoK|>herica ao meio dia Esrado bygroniptrico da atuiosphera a0|mejuilitt "^ O Met <\e Oiilubni HI t o a^ H 5 H Altiira bnro- niftricaaO." Tcnffio do va- por aqtioso con- tuio no av. Pressao do ar secco -3-3 o "s Quaol.d.nJc Je tj. por 3qao*o cooliiio Km Mm metro cu- lico dc ar. Dias "';'"' MNl.melros ceiilii.'. Millimelrus Millinielros Grammas. 1 22 753,349 14,449 7311,900 0,7022 14,15 NO. 2 23 752,841 15,465 737,376 0,7516 15,15 s. 3 S4 755,842 13,591 742,251 0,7 13,36 NO. 4 21 755,601 14,466 741,138 0,7898 14,26 NO. 5 20 753,918 13,073 740,845 0,7551 12,93 N. 6 21 746,552 14,049 732,503 0,7670 13,85 N. 7 19 740,667 11,714 728,953 0,7192 11.63 S. 8 19 745,982 11,869 743,113 0,7287 11,78 s. 9 19 754,243 13,406 740,837 0,8231 13,31 so. 10 17 757,374 12,144 745,230 0,8394 12,14 s. 11 18 759,783 12 428 747,355 0,8095 12,38 o. 12 17 756,096 9,823 746,273 0,6790 9,82 E. 13 16 756,219 8,218 748,001 0,6030 8,24 E. 14 15 756,343 7,893 748,449 0,6149 7,94, E. 15 16 756,219 8,421 747,798 0,6179 8,45 SO. 16 16 756,269 8,855 747,414 0 6497 8,88 SO. 17 17 748,377 11,639 736,739 0,8041 11,63 o. 18 15 746,974 9,006 737,968 0,7016 9,06 s. 19 li 747,603 9,103 738,500 0,7532 9,19 so. 20 14 751,145 8,989 742,156 0,7437 9,03 so. 21 14,5 752,100 8,425 743,675 0,6738 81,80 N. 23 15.5 754,369 11,086 743,278 0,8378 11,14 N. 23 16,5 75i,a04 12,371 742,533 0,8808 12,39 N. 24 18 753,407 13,028 740,379 0,S4ti6 12,98 so. 25 20 750,667 12,718 737,849 0,7340 12,58 o. 26 16 757,439 11,214 746,275 0,8228 11,25 N. 27 14 754,812 9,233 735,579 0,7639 9,32 N. 28 13 753,112 8,469 749,643 0,7444 8,58 N. 29 J 3,5 736,527 7,6'12 748,845 0,6518 7,77 S. 30 15 755,087 9,9o2 745.125 0,7761 10,03 SO, 31 15 757,612 10,218 747,394 0,7960 10,28 so. lio mez $ 17,19 753,757, 0,7447 N Teinperatiira Prosao Hi mospherica Grdit de humidade do ar -3 Maxima absol. . . 23^ Maxima absol. . 759,783 Maxima absol 0,8806 E .... 740,667 M El] Maxima vari.irao . 10° Maxima excur; io .. 19,116 Maxima variaijao 0,2776 Coiu bra 1.° de Novembro de 1854. O Demonslrador da Faciildade de Pbilosophia, iitt noel dot Santoi Pereira Jardim. ,{OJi>AL St IKiNTISK O K J.ITTEIIA JIK). CONSELflU SI I'KRIOR I)E INSTRlCCACl PUBLICA. ilKHlORKl ANM U,. ISiS — ISilt. Cfinliitiiad'* de jiu^'. "iol . 2.' parti:. fiiiinician priiiidiin. A inslnicfao priniaria iia sua ;!Olii:ii or- ganisacao, comprcliciKh' unia pscliola nnrnial om Lisboa, oscliolas d'cn^ino mudio o s'lnul- taneo pagas pclo Esiadn; pscholas pagas por corporarOes, on por lega(lo>; e oscliolas par- ticularcs. As cscholas uormaes, psscs \iveiios oiidc sc criam os eihicadorcs p nipstros do povo, e que tern iiipiccido das napops, oiidp seria- meiite sp tuida da inslrncrao piihlita, o mais desvolado iiit<'rcssr, sao parliculaniipntp piilrp DOS, em c'onspqiipncia da falla de ponlipci- mentos pedagogicos, os estabplpcinipntos dondn deve sair a rpgpnpracao do onsiiio priinario. quasi gpralniPiilp reduzido aos spus primoiros e infornies rudimcntos. K para laniciilar qiiP as iiecessidades pu- blicas tcnliam ohiigado o governo de V. M. a limitar por era estes pstabolpcinipntos a uma so pschola na capital do roino, c que essa mesma, nao tendo podido atp agora func- tionar, seja urn niotivo para constituir o con- sellio na nccessidade de por raais tempo ainda admittir temporariamente ao ensiiio, meslres sem as liahililacocs sudicipiites. e que apenas poderiam servir em escholas de freguezia ruracs inferiores as do l." grau. A pschola normal de Lisboa, cujo regula- menlo foi publicado pelo governo de Y. M. em 24 de dezcmbro de 1818, tern um profes- sor nonieado por decreto de 17 de marco de 1848, Francisco Julio Caldas Aulete; e a- chando-se concluido o edilicio, juncto a casa pia de Belem, como V. M. se dignou com- municar ao conselho superior, em portaria de 22 de maio de 1848, nao tem depois o Vol. III. Fevereuio 1 coiiseliio >abido do cslado cm que .se aclia aquella pscbola, ucm dos irabalhos que forani cominettidos ao sen professor, juuctamentc com 0 da casa pia, Francisco Anionio de Michel- lis; e nao tendo ainda sido resolvida a cou- sulla do 1." de jullio de 1848, sohre o pro- jecto do regulamento aprcsenlado pelo pro- fessor Aulete, nao pode esto conselho dizer cousa alguma sobre o estado d'esta eschola. Ha no continente e llhas 1:109 escholas de ensino primario, sendo 1:123 para meninos, e 4(i para mcninas, as quaes cstao distribui- das pelos dilferentes dislrictos como se v6 no majipa. Nas 1:110 que ha no continente, segue-sc 0 methodo de ensino simultaneo em 1:039, e d'pstas para meninos, estao providas vitalicia- menle 70"), temporariamente 2ol, vagas e a concurso 89, e rcservadas 11; e para me- niiias, estao providas, vilaliciamente 39, c 2 vagas e a concurso. Das 10, para meninos, em que e spguido o methodo d'ensino mutuo, estao 12 providas vitaliciamente, 1 a con- curco e 3 reservadas. Dos 300 ma{ipas das escholas do continente cntrados na secretaria ate esta data ve-se, que o |numero dos a- lumnos, que no ultimo anno lectivo frequen- taram as escholas a que se referem, sobe a 33:113, bavendo um excesso de 2:933 sobre 0 numero apurado no anno precedente. Das llhas, d'ondc faltam a maior parte dos relatorios dos commissarios e dos mappas dos profpssores, apenas consta, que as 28 cadeiras dos dislrictos de Angra, Funchal e Horta foram frcquentadas por 1:522 alumnos. As escholas em exercicio pagas por legados sao no continente 13, e acham-se providas. Por 3 mappas remettidos consta que foram frc- quentadas por 148 alumnos. Nas llhas ha 28 escholas pagas pelas caniaras municipaes; 3 pagas pelo thesouro e junctas de paroehia, e 19 pelas junctas de paroehia e confraria. Alumnos 2402. 0 conselho procura ir vencendo a resis- tencia, que sens delegados tem enconlrado em obrigar os profcssorcs das escholas par- liculares de ensino primario a habilitarem-se com as competentes certidoes de capacidade, na conformidade do que determina o decreto de 20 de septembro de 1844. No anno Cndo habilitaram-sc legalmenle 11 individuos do 1853. NcM. 21. 270 sexo mnsciilino c 2 do fcniinino. E a ppzar de toilas as (iiligencias, apeiias sc ohtivcram I'.! inappas dos alumnos que fre(iucntaram simi- IhaiUcs aulas era numero de '.MO. E pois 0 iiumcio lolal dos alumnos, que, segundo os mappas rcccbidos, frcquenlaram diirantt! o ultimo anno lertivo as escholas do ensino primario, de 37:i)8o; o numero poreni dos individuos, que no niesmo anno sc ap- pliearam a esle ramo do ensino, podc elevar- se sem exapgeiarao a 70:000, que cm relarao a populaiao actual, coniputada em :};412:oOO, almas da cm resultado a pioporcao de l:'iS7. A rclacSo do numero das escholas publicas para o das frcguezias em todo o reiiio esla na proporrao de 1:3,3. 0 ensino primario acha-sc actualmente conliado a 1:183 professores, contando os ajudanles das escholas de ensino niutuo, e OS substitulos dos professores d'ensino simul- laneo. A verba volada para os ordenados d'estcs professores no conlinente e Ilhas, a- balendo os impostos da lei de lOd'agosto de 1818 6 de 07:101^170 rs, c esta despesa cm relacao a 37:i)8S alumnos das escholas cor- rcsponde a despesa annual de 2:S8S por cada alunino. E, Senhora, na instruccao primaria princi- palmente que o quadro apresentado a V. M. por cste conselho, esta bem longe de ser a- inda tao lisongeiro coino sc dcseja, e como o pcde 0 estado actual da civilisacao. N'este quadro dejiara-se logo com tres ])0- dcrosos olistacuios ao j)rogresso e propaga- cao d'estc pnnto fundamental de tuda a in- struccao, esao: a insufliciencia dcgrande nu- mero de professores, o diminuto numero de escholas publicas, e a ponca afiluencia de alumnos a muitas deltas. A insufiiciencia dus professores, com a •lual em parte tem sido necessario coudes- ccnder, nao pode ser remediada radicalmentc, senao pela organisacao das escholas norniaes; e n'um future niais proximo, apcnas poderao conceber-se algumas esperancas mais lison- geiras a este respeito, se, melhorando o esia- do do thesouro publico a ponto de vencer-se 0 alraso fatal cm que se acham os pagamen- tos dos .servidores do Estado, pod6r oll'ereccr- sfi nma [lerspectiva melhor, (jne convide aos concursos para as cadciras d'esia parte do ensino o|)positores mais habilitados. Da rcia- cao, em que esla o nnmero das escholas com 0 das frcguezias, deprebende-se hem que cstc numero nao satisfaz as necessidades do Paiz. E na vcrdade, sendo a parte mais elementar do ensino primario, isto e, aquelta parte que se limila ao ensino dos principios moraes e rcligiosos, de ler, escrever, c contar, uma das necessidades mais geraes abs individuos de todas as condicoes, tanto para o inleresse do Estado, como para o .spxt projnio, em quauto a nao virmos propagada por todas as povoa- coes, de modo que ao lado de cada ogreja parochial baja sempre, pelo mcnos. uma es- chnla d'esia calcgoria, poderemas dizcr que nos falla o alicerce mais seguro da muralisa- cao e civilisacao do povo, e jjor conseguinle 0 fundaniento de quaesquer melhoramentcs que se cmprchenderera para felicilar a na- cao Na impossibilidade em que se acha actual- mente 0 governo de V. M. de augmcnlar o nuHiero das escholas com os recursos do the- souro, tem 0 conselho a salisfaccao de dizer a V. M. (pie mui'.o se poderia, a pezar disso, fazer n'este sentido, sc as aucloridadcs admi- iiistrativas e os commissaries d'eslndos imitas- seni 0 goNcrnador civil de ISraganea c o commissario d'estndos d'Evora, nos nieios de propagar a instruccao por elles jii ensaia- dos com successo. 0 governador civil de Bra- ganca, z(doso pelo progresso da instruccao po])ular, dirigio-se aos sens adoiinistradores e iis camaras municipaes, pedindo-liies os es- darecinientos necessaries para se reconhecer a possihilidade de augmcntar o numero das escholas pelos meios apontados no art. 9. do decreto de 20 de septembro de 1844, e instando com aqucllas camaras, com as jun- ctas de parochia e irmandades, obteve em re- sultado do sen zelo, que se creassem 3S cadciras, sendo dnas pagas pelas camaras, 4 pelas jnnctas de parochia, 0 pelas confra- rias, e 23 regidas gratuitanuMite pelos paro- cbos. 0\ala que este exempio seja seguido, e que todas as aucloridadcs administralivas e os paracbos lonicin a pcilo fazer reconhecer aos povos a iniporiancia da instruccao, porque reconbecida esta necessidade acontccera como no districio de Braganca, c como e.-lii acon- teccudo cm ((nasi todo o Reino com outra necessidade que caminha a par da jjrimeira, mas lioje geralmeutc reconbecida, e (]ue por isso todos se emj)cnham em que seja satisl'eila, a do melhoramcnto das vi.is de communica- cao. Ovalil que haja o maior cuidado na educa- cao e nas habilitacoes do nosso dero, porque eiitao OS dignos jiarocbos do dislricto de Bra- ganca tcrao nuiilos imiladores; e na verdade ninguem melhor do que os parochos poderia nas frequcncias ruraes mcuiuliir-se do ensino primario clcmciilar; elles a iiiiem esla in-- cnnihida a educacao religiosa do povo, acha- riam na parte comidcuientar do ensino das [irimciras Iclras uma das occupacues mais cm harmonia com o sen sagrado minislerio, nao. se achando felizmenle no nosso paiz, como- aconlecc cm quasi todos os oulros, embaraca- .dos com as collisoes, de diversas crencas: religiosas. 0 commissario dos cstudos d'Evora com 0 seu projeclo de associacocs do beucli- ccncia dirigida para o ensino das cla.sse* pobrcs, que ha pouco foi por V. M. njiprn- •^ 5S 271 vado, al/riu um outro raniiulio, pelo (luul, sendo di'vidanicnle coadjuvado polas atictori- dados, devo tainlii'm coiisegiiii- o augiiicnto e jirojiagarao da iiislriK'<;ao primaria. N'aqucllo projccto prcndc-so o i-eiilimciito dc Iniiiiaiii- dade e bencliceiu-ia das pussuas priiiripaes e infliicntes com os lial)ilos rcligiosos dos povos, I! cunvida-se o clei'o, v princi|ialiiienl(' os pa- rochos a toniar [larte acliva iiesta ohra de caridadu e civilisaciio. Com taos clciiicnlos lia luolivo para espcrar ([».> esla luiitativa jiroduzira os rosiiltados quo sou auctor Icvc (!m vista, e que segundo jiarlicipa no seu relalorio j.i vo oni parle coroados no concellio do Alandroal, aonde o adiiiinistiador do con- cellio, 0 paroclio e o prol'essor d'aquella villa tern tornado muilo a peilo promovcr por aqucl- Ic nicio 0 auginenlo da inslruccao primaria. A poiica allliioncia dos alumnos a algumas das cscliolas piiblicas o molivada em ])arle peio estado de ignoraniia cm que ainda jaz grande jioreau da I'amilia porliigiieza, e cm parte pela miseria das classes operarias. Para veneer a primeira causa, intende o consellio que os melliores raeios sao os ja apontados da persuasao e do exempio, nao se devendo recorrer aos coercivos, senao de- pois de e\liauridos os primeiros. Tambem con- correra para este fim, c conjunctamente para desperlar o zeio dos mestres, tornar ellectivo 0 disposto no arligo 2(J, §. unico do decreto dc 20 de septemliro, dando a graliticaciio de 10^000 rs. aos prolessores que no espaco de dois aunos dercm promptos nos cxaraes an- nuaes o uumero de discipulos marcados no mesmo g. As associacoes de benelicencia remcdiarao, em parte, a miseria das classes operarias; e para que a iustruccao dos alumnos saidos d'eslas classes po.-.sa combinar-se com o au- xilio que OS seus paes d'elles exigeni nos sens traballios, c principalmenic no servico de a- gricultura, ja o conselho providenciou per- mittindo que algaus prolessores possam esco- Iher horas d'aula mais accommodadas a cstas circumstancias. Alem dos obstaculos mencionados, tornava- se iiotavel a falta de um regulamento geral das escliolas de ensino jirimario, principal- niente para mcninos. Porem tendo V. M. achado convenientc remctter ao conselho su- perior, com a portaria de i'j d'agosto ultimo, entre oulros, o regulamento sobre este objeclo que 0 conselho lizera subir a preseuca de Y. M. em consulta de 24 de Janeiro de 1843, a fim de viir se ueccessitava de algumas raodiii- cacoes, e addicionamcntos aconselhados pela experiencia do tempo decorrido desde a sua organisacao, ja o conselho se occupou, como ua jirimeira parle d'este relatorio lica dicto, d'este objeclo, fazendo sobre elle subir nova consulta; e espera que, dignando-sc Y. M. resolver o que julgar mclhor a este respello. cessani a falta mencionada, e com clla a ir- regularidade lao ]irejudicial no ensino publico. Em conclusao, S(Mihora, se csta parle l5o esseiicial da inslruccao esta ainda longe, de adingir ao lermo desejado, e innegavel que n'ella temos f'eilo progresses, principalmcnlc so a compararmos com o eslado em que se achava em periodos nao muito remotos. Co- nliecidos os obstaculos ([ue amda a embara- cam no seu desinvolvimcnto, c apontados alguns remedios para vencel-os, tem o conse- lho toda a conlianca que o governo de Y. M. lao sollicito pela illustracao e prosperidadc publica, dara pelos meios que a sua inlcl- ligencia e patriotismo Ihe hao-dc suggerir um impulso forte a inslruccao primaria, contem- plando a sua perfeita organisacao como a primeira necessidade do paiz, e de ciija sa- lisfaccao scimenle poderao derivar-se os ele- nientos rcgencradores que hao de erguer-nos do nosso estado actual de proslracao e dc- cadcncia. Contim'ta. UELArOES ENTRE AS ESCnOLAS SCPERIOIIES DE UESPA>UA E PORTIGAI.. Os curiosos da nossa hisloria litteraria es- la rao lembrados da correspondencia que cm 18:J2 se principiou a entabojar entre a nni- versidade dc Coimbra c a central de Madrid ; por(iue este acontcciraenlo, provocado pelu zelo d'um dos nossos mais dislinclos profes- sores, 0 sr. Yicente Ferrer, e lao importanle para o progrcsso das nossas lelras, que mal se desculparia aquclle que o ignorasse. Ila, porem, hoje, quem, nao contenle com isso, quer que se estabelecam mais eslreitas relacoes, nao so entre as duas universidades, senao lambem ienlrc todas as de Ilespanha c as escholas superiores de Coimbra e Lisboa, formando entre ellas uma nniao tal, que os estudos comecados n'umas possam nas outras ser conliuuados, scm differcnca d'eschola ou de nacao. Este peusamento, apresentado primeiro nas cortes dc Uespanha era sessao de 14 de dezembro do anno passado pcio sr. deputado Bertemati, foi logo no dia seguinle reprodu- zido pcIo Adelante, jornal politico de Madrid, c com tal empenho, que nao so se encarrega de propagar pela sua patria esta idea, mas convida a imprensa de Coimbra e Lisboa a que aconsclhe a sua adopcao em Portugal. 0 Iiislilulo nao se julgaria comprehendido n'este convite geral, se o nao livesse recebido parlicular da redaccao do Adelante, porquc ^)79. 0 pcriodico dc Madrid, r antes d'olle, o i-r. ItertciiuUi coiisideraram a «nino nniversidiiia siinplcsmt'iilc conio uni do olos. inedios dc lima uiiuin diiradcra y inovcchosa para ani- bos piiehlos'i, isto e, encararaui-ua >ul)oi- dinada a iiraa (lueslao p«lilua (pie pode dar materia para imii clociueiites discursos, mas que nao pode ter cabida ii'um joniai exclu- sivaraciite littorario, como este. Julgando, porem do nosdii!>. Se t*iii tudos os Ifinpos trni sido uma precisao dajiivcntude aciilliirad'c^le instincto, hoje i.^ ella, mais que minca. de absuluta indis- peDsahilidade. Bern sabe V. quiio puucos jjaes e niaes, nos tempos cm que vivemos, podem r tpierem (omar subre si a inslriic- <;ao religiosa df sons fiUios. Essa, deixam-na quasi por in- tPiro acargo do profesj^or do ensiiio primario. Ora, se este OS nao ensina a respeitarem a reli^iao, como nao haja no lyccu cadeira atg^iima que llies de tal eiisino, elles stirau da escliula para o lyccu, do Itoeu para a socicdade na mais crassa ignurancia das ^erdades que dizem resjieito a Deos, a fe, e as cousas da outra vida. A qnanlo?: periiros os nao expora no mundo lao funesta iijnorancia! Que esperanra poden'i alental-us em meio dos trabaitios da vida! Que podera esperar do taes liomens a socicdade ! . . . Bern sei (pie philoso]ilios de certa eschola pretendeni" queoensino reiigioso deve scr pura e exclusivaaltribuit^ao do clero." — Nao creia em tal, sr. Professor. Bern longe de assentir a uma doulriua que esla cm manifesta opposi- ^ao com a lei, fa^a po^capacita^-^e de (jue em nossos costu- mes presentes, no estado actual de nossas inslilui^oes ha considera^oesespcciacs desobra, que requerem na eschola uni ensino reliijioso mais succulento e profundo tpie nunca. Quanto mais livres furem as institiii^oes de um povo, e quanto mais adianlada a civili-^at^ao que as tenha prodiizi- do, tantomais puros reclamam ellas os costumes; eos costu- mes SI) sao puriis quando teem por alicerce fortes convicf^oes religiosas. Ora con\'ic(;(jes d'eslas sao effeito — on de unia fe espontanea, ing:euua, primitiva, que ja hoje e mui rara, — ou de uma iustrucijao conscienciosa e completa. — O cspirito do seculo apoiita com itreferencia para esta seguu- da fonte. E se, p'tr uutro lado, elle tern — para assim dizer — ^lepurado a fe em nossa uatiireza immortal, esseacialmente moral e religiosa; se conhece ([ue na humanidade ha um senlimento poderoso, vivacissimo, o mais sublime de todos, que »' o scntimenio religiose; porq\ie motivo lia de a S'>pie- dadedeixar sem cultura este sentimenlo ? Porque nao hride amparal-o, prolegel-o, Irazel-o quanto antes ao estado de florescencia e fructifica<;ao? Porque nao hade tirar d'elle todas as vanLagens que contem, assim para o indiA iduo como para o estado, nesta como na otitra vida? A ediica^ao da e^reja por si so nao piide fazer tal. O mmistro do allar falla em nome da fi' ; o instituidor pubb- co, cm nome da razau. Ora as condi(;5es da vida presente sao taes, que so em mune da razao e (jue o espirito hade curvar-se e prestar ouvidos as palavras da fe. Por isso diz MnL^deSlael — «Ninguera d'oravanle podera remo^ar a ura^a humaiia, senao fazendo-a turnar u religlao pela phi- ulusuphia, oao senlimento pela razau.^ A par do ensino religioso o sr. Ribeiro de Mendonca reconuuendava n'outra circular o ensino moral, expondo aos professores a ri- gorosa olirigacao, que tcm, de auctorizar esle eusino pelo nieio dirccto, que e o preceito^ e peio indirecto, que e o eiemplo. * Veja-se o Semnnario oJjtHal do Funchal, n." 23 de 7 de outubro de 1854. <) horaem. diz o tHll^l^e commissario, e ura ^er social e perfectivt'l. Como si-r social precisa p6r-sc em harmonia de ideas, de sentimenlos, ilcacivies com sens semelhantos, morniente com atpielles qui' tenha mui?- ao pi';des:, e (|ue ;;oziMn asiMis olho» de maior auctoridade, Cumo ser perfec- tive!, e de conliniit: propellido pur um muviuiento secreto para e^'ualar qiianlo (■■.leja acima d'elh', para rivalisar com faculiladeseforeas cpu' Ihe parei^am snperioros assuas, uma vezijue nansejainsupperavel adistancia (luea-fsepara. Esta dn|)lirada teudciicia e direccjao de nossa nalureza e a (jue sc manifesta em nos pelo instincto da iinitarao. A auctoridade, islo<', anctoridadr mnrul {i\uv e a deque acpii se Iracta) e a preponderancia (|ue talvez tem em nos- sas resolu^Hespeisoa que leidiamos em conla de malsnvnn- tajada ([ue nds, em j»rudencia, probidade, e bcnevolencia para coninosco — iJJiiraiite os primeiros annus da \ida,'t ■uiiz Reid,.4a auctoridade i' o nosso unico director: e bom lit- (pie assim seja. A nao ser esta dis]iosi(;;"!o natural que 'Uios faz crer implicilamente em ludi) (luantu nos diL'am a^ iipessoas com quem convivenios, seriamos absolutamente 'tiucapazes de ensino, e aperfei<;oamenlo ulterior, '> Ja d'aqui se \^ como se prendeni e I';ram enlre si as con- di(;ries da effieacia do e\tMU| lo, cnn^-iiierado como mi*io de educa^ao moral. A aueloi idade accorda o des»?jo de aper- fei(;oam<'nh» individual ; o instinclode imllaijrio reali^a esle desejo: nem o instincto scm a auctoriilade poderia dcsin* volver-se, nem esta sem o iiislincto cdificar. Eis aqui como o digno commissario dos esludos no Funchal tem sahido comprehcndcr beni a sna missjio, aconscliiamlo e dirigindo OS professores cm todos os objeclos de que mais parlicularmente depende o aproveila- uhmUo dos alumuos, o a[)crfcicoamento do ensino, e o credito das escholas. N'outros poutos discipliuares o sr. Ribeiro de Mendonca tem entendido com egual zclo e diligencia. 0 regulamento da secretaria do commissariado dos estudos, as circularcs diri- gidas aos professores, exigindo-lbes o cumpri- mento das diversas obrigacocs (^ue liies sao impostas pclos regulamentos, e que nunca linham sido ievadas a practica, e as providen- cias sobre livros, mohilia, c mais objectos, que nas escholas bem policiadas se requerem, sao um testemunho claro da superior intel- ligencia e dedicacao d'aquelle bcneuierito com- missario. e abonam o actual systenia de in- speccao, quando conliado a maos habeis e sin- ceramente dedicadas pela causa do ensino publico, e da educa^ao nacional. X. FRXGMENTO. DA TRADUrrXo DO IV LIVRO DA ENEIDA POR Monoel Matthias Vieiva Fialho dc Mendoncci' Oh Ceiis! mentiram De lonffGs dias esperan^as fautta=, E dura^&o de ilor ttdlieu mil friictos! BOCAGE. Pareceu-nos que fariamos bom service d lit- teratura nacional, c sati^fariamos os desejos 275 (le rauitos dos scus amaJores, reimprimindo no nosso jornal cslc fragnioiilo do uma tra- duccao da opopea do Yirgilio, a qiial, se fosse levada ao cabo, scria per Ventura, pcia sua (idelidade jioelicn, pfcla sua concisao quasi laliua, e pela harmoiiia nao iiUiMronipida dos scus versus, a prinieira cm merecimenio dc quantas se teem publicado nao so entre nos, mas ainda nas liiiguas cstraiilias. Foi uo auuo do l.SH c uo niui accrcditado jornal poituguez, iniprcsso cm Londrcs, o In- vesliijudor, que viu a luz publica csta exccl- lente produccao (loctica. Mas na passagom ra- pida e iniprcvista dos grandes aconlccimcntos de nossos dias, 1S14 e para nos como que a data de um seculo renioto; c o Invexli/jiulor, sumido noprimeiro alvoreecr da nossa cpoclia jornalislica, poucos haveia lioje que o conhe- cam. Assim esla rcinipressao no tempo pre- scnte pode reputar-se uma publicajao verda- dciiamente nova. Na introduccao que no Iiioestigador prece- dia este fragmento, e que cm scguida vae Iranscripta, da-se uma noticia biographica do seu auctor. Scja porem permitlido a raao da amizade iiel o accrcscentar algumas linhas a lao intcressante noticia. ManocI Mattiiias deixou por sua morle, ainda em teura edade, um lilho unico do mesmo nome, sobre o qua! se lixarani todos OS cuidados da mais assidua educacao por parte da sua magoada mac, senbora icspeila- v«;l c bem conbecida nesta cidade de Coim- bra, 0 cujos talentos, nao vulgares no scu sexo, sac apcnas excedidos pela sua muita piedade o virtudcs. Abencoou Deus os desve- los maternos, fruclilicando-os no filbo com ^entimeutos nunca desmentidos de solida e fervcnte rcligiao, com extremos de amor filial, p com rapido e brilhanle adiantamento nos .estudos a que se dcdieou. Manoel Matthias Yieira, bibo, cursou a faculdade de mathema- tica dcsta universidade, na qual se formou e loi repeteute, tornando-se uella distincto pe- lo seu procedcr e pclos seus talentos, sendo premiado cm todos os annos. Foi tambem um estudaute distincto na faculdade de philo- sophia. Um novo golpe estava porem reservado ainda para retalhar o coracao da pobre mae. 0 lilho unico morreu no dia 29 d'abril de 1834, aos 25 annos d'edade! Jaz na capella do exlinclo collegio de Sancta Rita desta ci- dade. Na dupla »iuvez de um lal esposo e de urn tal blbo, qual seria a dor da viuva fiel c da mSe extreraosa?! Repetiremos aqui o que Ihe diziamos n'um anniversario da morte do lilho: A. dor que o coracao hoje te punge, Qiicm pode avalial-a? — Tem mysterios Ai)S coracocs de mae so revelados Niio ha na terra balssjuo que a adoce; Deus, Deus somente confortar-te pode: Gralo ascinzas do aniigo, tristes lagrimas IJoje lis tuas uni; e orei por ellc! F. INTRODUCClO. «Na minha opiniao, diz Mad. de Stael na sua bella obra da Allcmanba, failando dc Klopstock, todos OS homens cumpririam di- gnamcnte com os deveres da vida, se cm (]uul(!uer goncro que fosse, procurasscm as- sigiialar a sua passagem sobrc a terra pela cnipresa de algum nobre objecto ou de algu- ma grande idea. E com eficito ja uma honro^ sa prova dc character, o dirigir para um unico lim OS raios disperses das suas faculdades, e OS resullados de todos os seus trabalhos.» Neste caso devemos considerar o auclor deste Fragmento. Eraprehendondo uma obra de tanto IraJialho e honra, nao so pessoal, mas para a sua mesma patria, tem direito a raerecer a gratidao nao so daquelles que o conheceram, porem de quantos lerem esles restos dos pro- ductos do seu iutcndimento. Ate mesmo nos parece, que a circumstancia de haver sido cortado em flor, e de haver como o cysae completado a carreira da vida no meio das harmonias do seu canto, deve concorrer nnii- to mais para estiniarmos a sua mcmoria, t: bonrarmos seus escriptos. Em ccnsequeucia destes priucipios, e por sahermos quanto a certas pessoas sera grata csta nossa publica- cao, com muito gosto a vamos fazcr, dando previamcnte uma breve idea do auctor, e dos seus trabalbos littcrarios. Manoel Matbias Vieira Fialbo de Mendon- ca, nasceu era Cabanas de Torres, termo da villa de Alemquer. Seu pac foi o dr. Manoel Vieira de Mendonca, que seguiu a JJagistra- tura, e que, sendo despachado juiz de crime da Babia, levou comsigo seu lilho, de edade de seis annos. Di^pois dc haver alii servido OS logares de juiz do crime e corrcgcdor, arnda que Ihe coubesse entao ser desembar- gador do Porto, como se achasse ja adiantado em annos, e nao se quizesse cxpor aos novos incommodos de viagcra, preferiu ticar na America, viveado como particular ale a sua morte. Os prinieiros estudos de ManocI Matthias foram por consequencia na Babia, onde teve por mestre Jose Francisco Cardoso, auctor do Canto de Tripoli; e e muito para louvar que nunca se esqueceu dos disvelos, com que o educara, porque con.servou sempre por clle mui singular aflecto e estimacao. Nos seus primeiros annos compoz Farias oliras, ainda incorrectas por falta dc espc- 276 rioiuia, mas que jii annunciavam lorra de tiilenlo; estas foraiii iim drama f^alanto, com- imsirao orif^iiial; pinlai'os do traduccOcs das SToryicas de Virgilio, e varias outras cnii^as tjuc luinea se imprimiram. 0 scgundo tomo das suas Rimas, ainda mo auetor o conliecia, arrcpondido dc o liaver lao cedo publicado. 11a com tudo nellc cousas excellentes, c cnlrc eilas apontarem- o.'- a traduecao do primciro canto do Heine- (lio do Amor, de Ovidio; a carta de Sapho, em que ba mui bcllos versos; as odes a guer- ra, e a sua ailcza real o principe regente; c as caiilatas de J. B. Itousscau. A traduecao da Eneida de Virgilio deve-sc contar como um dos mais distinctos dc lodos OS scus traballios littcrarios; infelizmcnte se perderam na invasao franccza os tres pri- meiros livros com a maior parte da sua livra- ria, e quasi toda a sua casa. Nem se qucr podeudo, como Camoes, salvar no meio da dcsgrafa os fructos do seu intendimento, ncm como Bocagc reslaural-os — cow opromjito uu- xilio (1(1 fiel viemoria, — porquc a morlc Iho impediu, restou-lbc so cstc fragmcnto do iv livro, quo foi acbado outre ruinas, precur- soras ainda de outra mais fatal, — a morle do auetor. — Vc-sc pois, que circumstancias tao notavcis dcvem fazcr mui circiinispcctos OS leitorcs, quando hajani de censurar ([uaes- (|iii'r imperfcicocs que nelle so cu'^ontrcni. Ncsli" mcsmo dcsastre so llie perderam oulras muitas obras, tanto originaes como Iraduzi- das, (]ue muito bonrariam a sua mcmoria ; [inrquc neilas de ccrlo havia algiinias dc um nuii reb'vante merecimento. Manoel Matthias formou-se (inaimenlc em leis no mcz de jullio de 1807, c casou-sc no anno segiiintc. AV?o iiuercudo, como die dizia, senuo servir o sen principe, tanto (|uc viu Portugal occu])ado, c dominado por tro- pas cstrangeiras, largou o seu antigo dcsignio de scgiiir a magistralura, c foi cstabelecer-se cm Santarem como advogado, rcgeiido ao mcsmo tempo uina cadcira de latim. Entrando cm uma carrcira nova, todas as suas facuidades se voltaram para hem a descmpeniiar. Applicou-sc absolutamcnte a le- gislacao patria, e nisto gastou tanto cabedal de saude, que bem se pode dizer, que foi uma das causae da sua morte prematura. Os sous motives cram mui nobres; pon|uc desti- nandn-sc a dirigir os scus concidadaos em todos OS sens embaracos e contendas civis, julgava ter contrahido um dever sagrado de .se constiluir capaz dc bem os aconselhar c conduzir: e na verdade a recordacao de tao virtuosos scntimentos deve fazer-nos mui sau- do.sa a sua mcmoria. 0 resultado dc todos cstes trabalhos foi a composicao dc um Diccionario Juridico, (juc deixou quasi acabado; c que certamcnte com mais aiguns mczcs dc vida teria deixado com- pleto, ])orque ja mui doente nao ])odia ven- cer-se de nao Ihc consagrar aiguns momen- tos, chamando a esta vioienta applicacao ura gosloso entrctcnimento. Existe ainda do mcsmo auetor um Canto Ileroico, dedicado aos portuguezcs na grandc epocha da restauracao, o ([ual foi imprcsso em Coimbra por ordem de qucm entao a go- vernava. Outra obra tambeni de grande mo- meiito, que cmprcbcndcu, c a traihicciio do Saliustio, (|uc prineipiou, quando cstava refu- giado em Lisboa na invasao de Massena; mas della apeiias restam fragmentos, escriptos com tudo com tanta clegancia, que tem merecido OS louvores dos intcHigentes. Eis aqui pois como empregou Manoel Ma- ihias 0 curto pcriodo da vida, que na reali- dadc abbreviou peio iiuansavel espirito que tinha para trabalbar e instruir-se. Uma fcbre hectica, consequencia destes dilTcrentcs cstu- dos immodcrados o levou em Iim a sepultura na florente edade de trinta c tres annos, aca- 277 bando OS sous Hiiis, cm Coiml)r.i. ik uoite de li de abril Je 1813, 9 lioras Ja cuidado morlal magoa a Dido, Fogo devorador, fcrida occulta Nutrc donlro de si' na menle pinta De Eneas o \alor, nolireza, e fama; Gravou uo coracao feicoes, palavras, D'eilas a imagein Ihe al'ugenla o somno. Mai c'o'a Plicbca luz aurora nova Dos ccos al'iigpntiira liumidas sombras Pela terra esparzindo o claro dia, Victinia da ])ai\ao, dclirio toda, Co'a lida irma d'esta arte desaiiafa. «Anna, i)arbaros sonbos me borrorizani ! . . "Que extrangeii'o pousou em nossos dimas? «Que geslo! (pie valor! que lieroicidade! "Crcio, cnao creio em vao, deuninumc e prole: «As almas baixas o temor denionstra. "Eneas arrostou perigos, fados, iMilgiierras cnii)relieiideu, (indou mil gucrras. "Ab! so immo\cl tencao me nao vedasse, I'Sc laros conjugaes me fosscm gratos, 'iSe em odio nao tivesse o toro, as laxas, "Desde que. nic; illudiu, desde que a morfc "No men prinieiro amor Irustrou mens goslos; "Seria esla all'eicao meu so delicto. ■ Eu t'o confesso, irma: desde que o sangue, ■ 0 sangue de Sicbeu, do infausto csposo, 'Vertido polo iniiao tingiu meus lares; "So elle, amada irma, so pode Eneas "Fazer doce imprcssfio em meus scntidos, . Dado Ihe seja unir-seao i)l)rvgiu esposo, .. I'ju dote Ihe reeebe os T\ rios reinos, nLin povo formcm so Trojanos, Tyrios, (.Com podercs egnacs n'ell;; imperemos. - Com tal simulaeao falou Saturnia: Quer na Libia reler da Italia o rcino. Venus prcsenlc-a, e diz: ..Quern pode insano "Os tens dons desprezar, querer tens odios? ..Possa a forluna prosperar tens volos! «.Mas 03 I'ados ignoro; se apraz a Jove (.Que a mesma plaga habitcm, queseenlaccm, (.Que reja a mesma lei Troianos, Tyrios. (.Com preccs tenlear do esposo a menle <-k ti so cumpre: scguirei teuspassos. » ..Tua soria hei dc ser no mesmo empeulio, (.Saturnia Ihc lornou atteuta adverte, ,.Qual lim disponho a urn proximo successo. (..\. miserrima Dido, o heroc troyano ...V pomposa raeada eslao dispostos, ..Apcnas de Tita'o snrgiiido a fronle ..As terras aelarar e'os seus I'ulgijrcs. ((Quando tremuhi rede orlar as selvas, ('Sobrc dies soltarei chuveiros, nevoas, (.0 polo atroarao trovoes medonhos, (rNos ares soltarei da noite as somhras. (.Mai for ua escuridao di-persa a turba, (.()s dois abrigara propieia gruta; cUvmen alli sera, serei com dies. (.Se teus votos sao taes, consorcio cstavd (.Ao Troyano a dara, sera so delle.a Cvthereia annuin de Juno as preccs, Dos'ardis que entrev(i surri-se a Deusa. Continua. MOSTEIllO DA VACCARICA. C'.jiilinuad.) de |iag. 246. O segundo fundamento, a dcnominacao de ..Uegra Sancta" eomo exdusiva da regra de S. llcnto, 0 uuieo de imporlancia para o sr. Miguel Kihoiro, mereeo, e verdade, mais' cousideravao, mas assim me.smo ainda me deixa algunias duvidas, quo dcsejara vcr dissipadas. 0 Dieionarifl de Du-Cange tem eonio syno- nymos regra saucta e regra de S. Uento, I'uu- dando-se ua auctoridade de varios auctore?, que. por oecasiao de fallarcm ua regra de S. lleiito, a deuouiinaram regra saneta ' ; e o Diccionario Universal, iuipresso por ordem dc .Miinseigncur Prince Souveraiu de Dombes, tambem diz (juc alguns auctorcs tcmchamado ri'f',ra saneta a regra dc S. Bento'. .Mas n(j Dieeiouario da Aeadeniia Franecza ', no Dic- cionario da Aeadeniia Uespanhola \ no Diccio- nario Liniversal das scieucias ecclesiastieas ', e u'onlros (pie pude eonsullar, a palavra-rcgra — applicada ao regimcnto do ser\i(;o dos cun- vciitos, tern uiua signiiieaeao comiiuim iis dif- lereules ordcus rcligiosas, trazcudo-se para cxem|dos a ordem de S. Uento, e indistiiieta- uieiite as outras ordens rcligiosas, .seni nunca se I'allar em regra saneta. Este ultimo adjectivo, (juc, nos docunientos jii meucionados do Livro Preto, se acba ligado a regra do .Mosteiro da Vaccarica, tambem alli se encontra qualilicando as localidades d'este mosteiro e do de Leca, tratando-os como logares sanctos'. E nos mcsnios docu- nientos do Livro Preto uao so i'alla da regra saucta d'um modo tao iuvariavd, ([ue possa desigiuir a regra ou ordem do Mosteiro da Yaecari(;a ; luas adopta-se igualmente a expres- sao de vida sa.icta, de vida mouastica, etc., para se expriiuir talvez a moralidade, a linha de condueta. ou regra dos nionges . ' GI.^.(sar"nnn ml scriplores media' el infiinrr latini- tatis. .Viit.^r.'('ar..|.iOiifreisnc, D^'niinoDiiCarifie — Ilegiila Saiiela, eadeni. (piu' S. BenedicU Ke;iiila Saiic- toriini |ialriim. S S. Benedicti scilicet et C.iluiiibani. ■( Dicci.inaire Universel Fran(;ais el Latin — iinprimt' par ordre de A. A. S. Munsei;,'neiir Prince S..iinerainde OMinbcs — 17'il. La Uegle de Saint l^jiioit, (pie (pielipies Aiileurs ont appdl.'e Ile^Ie Saint. ■* Nunveail D.cci.inairede I'Acadeini.' Francaise — 171H . . . (in appelle a.o.si, Rejrle, les Slaluts (pie le> Ileli^iienx d'lineOrdre sDiil .dili^ezd'abserver. I^a lte;;ledeS. Bazile. ia Ile):Ie deSainl Angnstin, la Regie de S Benoisl, laRefifle de S. I'"ran(;uis. * Dicciuuaria de la Lensoa Castellana .... compiiesto p.ir 1.1 R. Aca.l.'inirt Ile-ipa'ola — ITM — Re^la se llama tainbien la le) iiuivei'^al, (pie C'.niprehende lu snbstuncial (pie debe i^bservar iln cuerpo relifti.iso. ^ Dicciunaire Lniversel, diigmatiipie, caiioniqiie, his- tori(iue, geo;:rali'pie, el cIir.inoK.gi.pie des sciences ec- clesiastiinies . . . .par le R. P. Richard — ITIil — Regies in.inasli.pies, se dit des Ijix qui sout observ(5es dans les dif- ferents urdres R./lisjieiix. * Ego aiicila christi vita domna coguomento trastina .... concedo ail ijisHm I.iciim sancliiin, et fratribus qui ibi perseveraverint medietatem integram .... Anno 103S. Livro Pret.j fulli. (J6 v. . . . Ego . . . didaciisdaildiz . . . teot.i et conced.iad ipsum locum sanctum, et vobis tudeildo abbati, el fratrilms ve«- tris, ipii ibi liabitanles fuerinl . . de villa mea nominala, quani niincupanl leoveriz . . 1034. Livro Preto — folh. 9* V ■■ja-se jia^'. iTJ' — not. da 8." ciA. 279 Tenilo pois d'um lado as auctoridades de Uu-Cange e dc Souvcrain de Dombos, que tomam como rogia sancla a rogra de S. Bento, e tendo por oiitro lado a omissao dos outros dii'fionarios a cste respeito, c a cnnsi- derariio de que nos documentos do Livro Prelo nao se enconlra so a expressao dc regra .sanc- la, mas lamhem a de vida sancla, e ate a de logar sancto applicado ao logar do mosteiro; e, se altcndcrnids alera d'isso a que na pri- niitiva OS niosteiros se regiani apenas por iusliuceOes voiaes de seus insliluidores, co- mecando a adoptar-se a regra escripla nas dill'erentes ordens religiosas so dcpois da insliluicao da regra de S. Benlo'; se alten- dernios linalniente a que csla regra nao tinlia nenlium lilulo que llii' conl'erisse a denoiiiina- cao prceisa de regra saneta : podera algueni indinar-se a que a expressao de regra sane- la, applicada a ordeni de S. Bento, nao era a designacao precisa da respectiva regra, mas scrviria para cxprimir o bom comporlamcnlo dos monges, ou a sua vida sancla, nos nios- teiros cxcniplarcs ou n'aqueiles logares sanc- tos; c que estas cxpressoes, por vaidade ou imilacao, se deveriam propagar nas oulras ordens religiosas, que. nao leriam em menor conta 0 comportamento dos seus moiiges, a regra que os dirigia no caminlio da sanctida- de, ou a sua regra saneta. 0 oulro iundamento, dc que falla o sr. Vclho de Barbosa, isto (i, a escriptura de compra c venda, em que o prcsbytero Bandullo c o monge Pedro, exprinieni o seu respeito ao abbade Todeildo d'um modo semclbante a Corniula da [irolissao recommendada na regra lie S. Bento, tera menos importaneia, lalvez, sc atlendermos a que forani modeiadas pela legra de S. Benlo as regras cscriptas das oiitras ordens anligas, e que a formula do juramcnlo das prolissoes deveria ser urn dos pontes mcMos allerados nas differentcs regras. Na impossi!)ilidadc de I'oruiar opiniao segiira a este respeito, entrego lodas estas cousidera- eoes a judieiosa critiea das pcssoas comi)eten- los. Mas, se ainda subsiste a forea dos fun- danientos com que unanimemente se tern re- pulado de .S. Bento a ordem dos monges da Vaccariea, eneonlra-se a deiuonstracao n'unia grandc ])arte d'aqiieiles docunieutos do Livro I'reto de todo o seculo XI. Km ([uinze doeii- iiientos achei o preiado da Vaccariea com o IratanK'ntn de abbade; com o tralamenlo de prior em dous; e com o tilulo de preposilo cm seis. X regra do mosleiro, o comjiortamento dos monges, ou a sanctidade da sua vida elaustral e a sanctidade da propria localidade do mosleiro, acbei-as meneionalas em quatorze documentos designadas com cxpressoes— regra ' DIcciiHinHirc Viiiversnl, ilDp^maliqiio, cannniqiie.his- luriitiie, jL'DirrspiiiqHe et chronuloffiiine reposilus ( uiii da Vaccari<;a e ontro de Leca) . . . 1055 — foIli. 54 \ . . . . monaclios. el ad fratres qui \ilam sanclam | erseir- raverinl . . . 1078 — fulh, 44 v. . . . Ejo Eseineo friirlunio prolis pariter cum umtc una siizana . . .jubeniiis per leauiis prejosili nostri, vel (htmii. jielro abbali . . . iinum mulinum cum sua varzena . . . pro i,M!bernatione fratrum vel sornrum qui in ordine sitiiclo perseveraverint .... 1079 — folh. 50 v. . . . Hoc placitum confirmare inter se elep-ernnt zoleime pbr cilicet prior vaccariec cenobii sancti vincenfii. et ^'uiinus presbyter .... predict! priorisde ncisterio de leya vocabulo . . .1091 — folh. 84 v. . . . eRO raniinis vaccarienjii |iriur c uifirinn. fjn eidi david filiiis prior leze cesobii confirnio . . . 1(HI3 — f"lii. C5. 280 A tibjcuridado da >ua |ii>hii'ia atf an lim do scculo X nao iios pcrmiUc saber jp logo iia sua instiluijao I'oi iiiosloiro d'esia iialiiic'/.a. Dosde 1003 ale lOSIi'vem moncionados os I'radcj c frciras da Vaccarira cm varias doa- focs e outros dociinicnios do Livro Prclo ; domic se podc colligir qiic lora mosloiio du[)l('\ jior Indo esle scculo ale a sua I'xlincrao; nao so por teioni deroirido apcnas oito anuos de lOiST) alt' 10',)'i, M>ni apjiarcciT nouliuni docu- iiiculo I'lu conlrario; mas aiiida ponjuc a aholirao dos mosti'iros duplicos toni unia data nniito posterior ' . C'ontinua a. a. da costa SIMOES. Cotij. etn long. 2 0 i -"lOi'SO'S « c ; 7. IS. 11,4 Re? 7.19.39,6 Jdiivimentot hor. em long. « + 4' 33 ? + 3,12 / + 1,97 rtiff. lie lii(. J — /— 28'0 r_;_ 0,2 ^<— 2+30,3 Mov . hor. cm lul . + 0'383 + 0,000 ■f 0,H)14 ASTRONO.MIA. No dia 7 do fevcrciro ha de observar-se um d'aqucllcs phonomenos, que Lalaude eluuna f/randes conjunct-ucf Jos plinicliis, e que, sem influencia alguma sobre a lerra e sous hal)i- tantes, devc com tudo despertar a allencao dos curiosos. Sao as conjunrcoes dos tres pla- nelas, Mercurio, Venus, e Marie, dois a dois, 0 a pequcnas dislaneias iins dos oulros. 0 ealculo, feito por um dos collaboradorcs da Ephemeride de Coimbra, da os seguintes lenipos das conjunccoes verdadeiras dos Ires astros, as respeclivas difiereneas de latiludes, 0 OS movimenlos liorarios: ' . . . . Adicimus ibidem doniine ,id*ipi^ii)s sacro snnc- liiiu . . . et venerahilem tenipliiiii, (jui sunt pni velatiiinf siTvorum, vel ancilaniin . . , Anno Io03 — I.i\ . Pr. I.dli. til! (ja citado). . . . Vobis tndengildu abbali i-l fratribus el suroribiis habilantes in monasterio vaccariza . . . lo'il — folh. Ti v. ya citado). . . .damus. . . iit tolerantiaSit fralribusetsororibusibi prcseverantes . . . 1034 — fuhl. U6 i . (j:'i eitado). . . . qui sunt pro velaniine servoruni vel aacilarum ilei . . . lO-H— folh. 62. . . . utladse.'voruni\clancilarum dei . . . 1043 — folli. till, (ji citado). . . . .\diciraus ibidem domine ad ip.«iiis sacrosanctnin lel vcnerabileni templum qui .sunt per volamcn nervorum vel ancilarum deo de servitio . . . 1047 — folh. 64. (ji eilado). . . . E«;o unisco . . . vobis todeogildo abl)atti et fralribu i:t Mororibushabitanle.'. in monasterio vaccariza concedimua vubii 1032 — folh. Ti V. . . . pro sobernatione fratrum vel sororuni qui in nomine sancio perscveraverint 1079 — ftlh. 50 v. . . . ut habeant et pos.sideant fratres et sorores (|ui ipsum locum sanctum oblinucrint 1086 — folh. 40 v. ^ In nullo loco nionachos et monachas permitim uno monasterium habitare; sed nee ea, qua' duplia vocant. El si quod tale est ; reliftiosns episcopus mulieres quidi m in «llo loco manere sludeal; nionachos aub' aliud monaste- rium edificare coRat. Si autem plurima sint talia nionns- teria : separetur in aliis monasteriis nionacha-, el in nliia mouachi : res autem, qua* habent communes, secundum joraeis competencia dislribuantur. — Decrctum Graliani — Ligdviii 1584. Itigorosamenle a observaeao em tini logar exige a passagem das conjunccoes verdadei- ras |)ara as a]ipareiites; mas a corrcccao e aqui de pouca iiniiorlancia , por .serem pc- quenas as jiarallaxes dos iros astros. Procurando com esles elcmentos as epochas das miiiinias dislaneias, acbam-se, com dil- I'ereni'a de poucos minulos, as inesnias tpie as das conjunccoes, nienos em quanlo a -. c ?. para os quaes c proximamente Ejioeha da min. disl. 7'' 12 ' 41' Min. disl. 29 0. •Mlendendo pois a estcs valores; aos movi- menlos liorarios dos tres astros; aos tempos medios, ti''23' da tarde e 7' iJ2' da manlia, do seu occaso no dia 7 c nascimento no dia 8; e aos tempos, o 24' da tarde e 7''4' da ma- nhii, do occaso e nascimento do Sol nos mesmos dias: v6-se que, principalmenle ao anoilecer do dia 7, e ainda ao anoilecer do dia 8, .se poderao observar os tres astros a muito pe- quenas dislaneias nns dos outros. Na astroiiomia de Lalande cilam-se nniilos desles iilieiiomeiios, como foram : a approxi- maeao, que, scgundo os livros chins, tivera logar entre alguns ]>lanetas iniiilo antes da nossa era; a de Mercurio, Venus, e Marie. i|ue se viaiu ao mesmo tempo no canipo do lelescopio, em 17 de marco de 172o; e a de Venus. Marie, e Jupilcr, que dislavam ape- nas um grau uus dos oulros, em 23 de dc- zembro de 17G0. MAIS OBP.AS OFFEHECIDAS A IIIBLIOTHECA PO INSTITUTO. Memoria da vida c escriptos do rev. sr. Jose Vicente Gomes de Moura, por F. A. Ro- drif/ues de Giismun. Noticias d'alguus cases da molcstia de Bright, observados no hospital de S. Josij, c resumo das doulrinas mais modernas a cerca i desla doenca — trabalho apresenlado a Aca- deniia Real dasSciencias deLisboa pelo socio Dr. Bernuidino AnUmio Gomes. Documentos olliciaes da commissao central porlugueza para a exposicao universal de IS 1)0, e systeina de elassilicacao, publicado na conformidadc do art. IC do reguiaraenlo geral. JORINAL SCIENTIFICO E LlTTEllARIO. CONSELHO SUPKRIOH DE 1NSTUI'C(>0 rUBLlCA. IIEL.VTOUIO ANM AL. 1858 — 184!). CoiiUiiiiiido (le j>a^. ill. 3.' PARTE. Jnslntecao secundaria. Coniprchcndc cslc ranio (k' instrucrao os lyccus c escholas annexas ; c as escholas de instruccao especial. g. 1.° Lyreits e escholas (inncras. Com a iinica cxccprao do lyccu de Viana de Castello, cuja nrganisacao sc acliou, por ora, iuopi)ortuna, acliam-se conslituidos efuiie- cionando rnniplclamoiUe, ou em parte, lodos OS lyeeus do contiiii'iilc do reino; e lodos t-ol- locados em edificios pnblicos, excepio os dc \veiro, lieja, Castello Ilraiuo, Giiarda e Vil- la Heal. Nas illias I'oi elevado, por carta de lei de 12 de jiinlio do corrente anno, a calegoria dos niaiores, o lyceu do Funclial, qiii^ se acha laniliem runccioiiando, lieni conio os oulros das illias. 0 lyceii do Funclial esta collocado no antigo convento dos Jesuilas, vulgiiinicn- tc cliamado jiateo dos esliidos; ignora |)Oi-em 0 consellio se us outros lyeeus se acliani colioea- dos em edilicios pulilicos. Segundo se \e do majipa ''l.°), e no conti- nente o niiniero das cadeiras dos lyeeus de 100, eslando d'estas 82 providas vitalicia- nienle, 1 leniporariamenle, vagas a eoncurso \i, e reservadas j. 0 numeio dos aluninos, ((uc as lre(|uenlaram no anno lectivo ultimo, c de 1:802. 0 numero das escholas annexas e de S3, das quaes sao deslinadas ao ensino da lingua latina 80; 1 ao eurso biennal de |ihilosoiiliia e aiitlimetica, c 2 ao de tlieologia moral e dogmalica; acliando-se 7!l pro\idas vitalicia- niente, e I lemporariamente. 0 numero dos alumnos, ([uc as frequentaram no anno Undo, e de 964. Vol. III. Feneueibo 13 0 numero das cadeiras dos lyeeus e escho- las annexas nas ilhas, e de 23. Em consc- qncncia porem da falta dos relatorios respec- tivos e rcmessa dos mappas, apenas se sain; que em Angra e Funclial foi o numero, dos ijue as frequentaram, de 196. — 0 numero total dos alumnos, que consta tercm frequen- lado no ultimo anno os lyeeus e escholas publicas annexas, foi, por tanto, dc 2:962, OS quaes se achara classilicados por districtos no mappa. No precedente anno lectivo de 1848 — 1849 fora este numero dc 2:098; houve por tanto 0 excesso dc 864 a favor do ultimo anno. A pezar de repetidas instancias, nao sc tern podido ainda conseguir que todos os profe.s- sores parliculares do ensino sccundario se habililem na conformidade da lei. Dos esfor- cos empregados neste scntido por alguns dos delegados do eonselho, notando-se, entre el- les, OS commissarios d'esludos d'Evora e Faro, apenas tem resultado o terem-se habilitado com exame dc capacidade para o ensino par- ticular 14 piofe.ssores de latim; 3 de francez; 1 de inglez; 4 de philosophia racional c mo- ral, c 1 dc rhetorica. E pois 0 numero total dc 29, numero in- signilicantissimo, comparado com o d'aquellcs, (|ue, segundo e sahido, sc encontram por todo 0 reino eil-'inaudo particularmente sem hahi- litacOes. 6 eonselho nao cessa de exigir toda a vigilancia neste sentida, c cspera que V. M. se dignara coadjuval-o, rccommendando aos governadores civis, que procurem por todos os meios ])6r um termo a este contrabando lit- terario, nao menos nocivo do que esse ([uc se faz a despeito das nossas alfandegas. Ainda ha pouco o eonselho olliciou ao go- vernador civil de Evora para que mandasse autuar e entregar ao poder judiciario alguns individuos que se tem rccusado a ensinar sem as devidas habilitacoes, estando certo que so jior alguns cxemplos dc scveridade, preccdi- dos de previas exhorlacoes dos governadores civis, se podera Icvar, nesta parte, a lei a execucao. Nao tendo pois, por este niolivo, sido pos- sivel obter os mappas dos alumnos, que fre- quentaram as escholas paiticulares do ensino sccundario, tujo numero, ha todos os dados, _1855. Num. 22. „ei^^ /^^'^7^'S^.a^ '^ — ■*;^'^^^i^:2gi-^ 282 para fazor subir a muito mais, que o das csiliolas puhlitas, falla a base indispeusavel para n'clla se asscnlar a rslatisliia actual, e couii)arativa nesta parte do iiislrurrao; c por isso quaes(]uor rcsulladns, que |jor agora se prctendercm lirar de I'lomontos tao esoassos, scriam sunimaiiioulo prohloniaticos, c inuteis por coHseguinte. Todas as cadeiras dos lyceus e osdiolas annexas, no I'ontinciito e illias, sac pagas pcio cstado; oxisliudo apciias ciu pxorcicio unia cadeira de latim em Fronteira, paga por lega- do, e unia sem exorcicio cm Moncao. A despesa votada para esta verba no ultimo orcamcnto, abatidos os im])Oslos da lei de 26'd'agosto de 1848, e de !)0,017§i20 reis, quantia donde sc dove dcsconlar a impor- tancia das cadeiras vagas, e a das propinas das matriculas, na iiuantia approximada de 3:(IOO$000 reis. 0 conselho tern a salisfacgao de poder dizor a V. M. que, segundo o que ha podido cbegar ao scu conhecimento, todos os professores publicos enipregados uesta parte do ensino, salvas pequenas exccpcoes, possuem as quali- dades moraes c litterarias (pie sc tornam in- dispensaveis para o bom descmpenho de scu importante ministerio. Mas por outra parte sente tambcm dizer a V. M., ([ue esta na persuasao de que o excesso nunierico dos alnmnos, que no anno preterito concorrerara as aulas dos lyceus, nao pignifica um passo niais, andado no melhoramcuto d'estes esla- bclecimentos; c que nao de|)endcu da maior importancia, que por ora sc llies va ligando, porem sim de circumsiancias mcramenle ac- cidcntaes. Da maior parte dos relatorios dos conselhos dos lyceus, consta que o aiirovcitameuto dos alumnos nao corrcspondeu a este augmenlo, e quasi todas as uoticias, que vao chcgando, conlirmam esta opiniao, senilo Concordes em dizer, que no anno lectivo (|ue principia, al- Duiram muito mcnos alumnos as matriculas. — Esta I'alta dc a])ro\citamento, e de alflucn- cia iis aulas ]ml)licas, julga-se, e com I'unda- mento, que sao dcvidas em grandc parte a nullidade, cm que sao tidas por ora as habi- litacoes dos lyceus. E com elTeito, cm (juanto o curso regular, e complcto das disciplinas cnsinadas n'estes cstabelecimcntos, nao for exigido como pre- paratorio indispensavel jtara a admissao na univcrsidade, c em todas as escholas supe- riorcs; em quanto este corso nao lor babili- tacao necessaiia, para a maior parte doscargos lucralivos do cstado; em (pianto as augustas, c vencrandas funccOcs do sacerdocio, f'orem coDiiadasa Individ uos igiiorantes dosprimeiros rudimeutos das bumanidadcs; em quanto sc consentir o tralico, cm ([ue vergonhosamente fc mercadcja as [lortas. quasi, de todos os lyceus para apromiilar alumnus no mcnor leiit- po possivel; nunca poderao prosperar laes cstabelecimcntos, antes, a nao si' acudir com remedio i)rompto, sera a sua decadcucia pro- gressiva, e OS reduzira cm pouco lem|)o a nul- li(lad<', tornando-se infructuoso o cmpcnho com (pie V. J[. tao desveladameiile piocurou rcsuscitar o estiulo, enlrc uos amortccido, das boas Ictras. — (lontiuna a scr reclamada, por parte de alguns conselbos dos lyceus, a crea* (;ao das cadeiras elcmentarcs dc sciencias na- tural's, com as suas applicacoes as artes c a indiistria, dcterminada no artigo 4!) do dc- creto de iU de septembro. Este conselho re- conlicce a necessidade de dilatar a esphcra do ensino sccundario, c de addicionar aos estudos classicos, por cujo progrcsso .se affcr- rem os diirercnlcs grans da polidez das na(;oes, OS estudos industriaes e economicos, cuja pro- ]iagacao as tornam mais intclligenles eactivas iios sens apcrfci(;oamentos materiacs. E se e certo, como jii o conselho tevc a honra dc expcjr a Y. M., n'um dos sens pre- ccdentes relatorios, que cumpre ncstas creacocs caminliar prudcntemente, jiara nao ir edifi- car no deserto, intende tambcm o conselho, que esta prudencia nao se deve lornar era inercia, agora priiicipalmente que se vai desinvolvendo entre nos um genio cmprchen- dcdor c aclivo; e que .sera hom comci'ar o ensaio d'estes estudos, onde sao mais rccla- mados. Talvez mcsmo fosse possivcl comecar sem grandc p(5so para o thesouro, convidan- do, ]ior racio de gratiiieacOcs, os professores dc alguns d'esses lyceus, que se niostrasscm habililados, a fazer cstcs cursos diias ou ires vezcs na semana, ea boras taes que podessem aprovcitar as classes industriaes. Tambcm os conselhos dos lyceus dc Faro c E\oia reprcsentam contra a uniao do ensino, em uma so cadeira, do Iranceze ingicz, uniao ii (|ual julgam dcvida a I'alta dc opposilores a eslas cadeiras. Sobre estas e outras recla- ukk.m'h's (|uer o conselho meditar, c so as julgar alteiidiveis, levani ii presen(;a de V. M. 0 scu pareccr snbre ellas. — Torna-si^ cada vcz mais urgente a coufec(;ao do regulamento dos lyceus, objccto ([ue tcm sido tornado muito cm coiita [lelo conselho, e (pic nao tem pro- gredido, por isso que os conselhos dos lyceus de Lisboa c Porto, aos quaes, hem como aos outros lyceus maiores, sc exigiu, ha muito tempo, 0 sen pareccr sobre este negocio, ainda nao satislizeram li cxigencia. 0 conselho insta para ipie seja satisl'eita, e cspeia aprcsentar a V. M. este Irabalho, por todo o anno le- ctivo. Innunicraveis teem sido os requcrimenlos dc camaras niuuicipacs, pcdindo a Y. M. que mande por a concurso niuitas das aulas de lingua latiiia, que, se acham por proviir. 0 conselho cspera, que por parte de todos os governadorcs civis, Ihe sejam rcmettidos os parcecrcs das junctas de disiricto si'ibre este 283 objecto, para cm vista d'cllcs propor a V. M. o piano gcral da collocarao d'estas esciiolas, que naodevcm, cm casoalguni, exccdcr o luimcro das cento e vinte, deterraiiiadas noarligo l!iO do decrelo dc 20 dc seplembro de 18i4. , §. 2." Escholas de imlrucrao especial. A acadeuiia dc bellas artcs de Lisboa foi t'requentada cm todas as suas aulas, no anno lectivo dc 1848- — 1849 por 213 alumnos, sendo ordinaries 48, voluntaries 89 e das classes fabris, "8. A acadcmia de bellas arlcs do Porto foi frcqucnlada por 109 discipulos, sendo ordina- rios 60, e voluntaries 49. No anno lectivo de 1847 — 1848 tinha side frequentada por 139 alumnos. Importam as verbas das despezas com estas duas academias na somma de 10:908^030. 0 consclho attendeu ii justa requisicao fcita pelo vice-inspector da academia das bellas artcs de Lisboa fazendo acompanhar este re- latorio d'uma proposta de lei para que o go- verno de V. M. seja auctorisado para mandar comprar em Roma uma colleccao dos melho- res modelos em gesso, das estatuas, e bustos dos antigos. A academia do Porto, alem d'outras recla- macoes que o conselho loniara na devida consideracao, queixa-se de novo, de nao ter um edilieio proprio, vendo-se obrigada a ter as suas aulas dispersas cm dois cdilicios rauilo distantes. 0 inconveniente de similhante esta- do e obvio: e se e certo, como se allega, que este inconveniente c devido a falta do cum- primento de um contracto, feito pela camara da cidade do Porto com o govcrno de Y. M., parece ao consclho que a camara deve scr compcllida a cumprir aquelle contracto. S.° 3." Entabelecimentos annexos. Bibliotbeca deBraga. 0 bibliothecario par- ticipa, em officio de 30 dc scptcmbro ultimo, que 0 salao destinado para collocacSo da bi- bliotbeca, e ondc de ba nuiito sao redamadas obras indispcnsaveis, para que possa terlogar aquella collocacao, fora visitado pelo gover- nador civil do districto, pelo vice-presidente da camara municipal, c por um Major d'cn- gcnharia, rcsidente n'aquclla cidade, que alii se dirigiram afim de dar impulse aquellas obras, que elle espera continuar muito cm breve. Bibliotbeca publica da cidade do Porto — No anno findo de 1848 — 1849 foi esta biblio- tbeca frequentada por 2:013 Icitores, e visita- da por 518 pessoas, sendo 401 horaens, e 117 icnhoras. Imprensa Nacional de Lisboa. Esta of- ficina, que pelos seus melboramentos progre,'*- sivos, conseguiu collocar-.se a par dos melhores estabelecimentos extrangeiros d'este genero, e que devera servir de modiMo aos nacionaes, continua, gracas ao zfilo do scu director, a veneer alguns erabaracos Dnanceiros, que linbam impedido, ale agora, a sua complcia prosperidade. Continua. DSIVEBSIOADE DE COllIBRA-PROCRAMAS. FACULDADE DE DIREITO. 1853—1854, 3." ANNO. — 7.» CADEIRA. OIREITO lOMI.MSTRlTIVO POHTUOUEJ E PRIXCIPIUS D^ ADMIN 16TfiA(,'Io. Lente Siibslilulo — Dr. Bernardo de Serpa Pimentel. C05IPE5DI0 — CODKiO IDMIMSTHATITO PORTDGUE/. , COIMBHI 1849. PARTE 1.* Conic(;»renio9 por eslio^nr rapidamenle um ligeiro T^i- ilro lie luilas as sciencias juridicas, em que no sen com- plr»sSo Publira, instiluic;5o indispensavel para a rralizai;i5o do Direilo Adrainislrf livo, u logi-r que llie per- lince e'litre as divetsas insliliii(;5es sociaes. Com este in- luilu se ha delraclar dos dinVrenles pndi-res do Eslado , se^'iMido a nossa orpranizai^ao politica fundada na Carta Coiisliliicional de S9 d'Abril de 1U26: do poder lejjisla- li\o, Jdo nii'derador , do judicial e do execnlivo; e esle iillimo srindil-o-hemos , separando as duas paries de que se conipije, Pohlica e Adminislra^So ; e deixando de parte acpi.lla, d'esla espccialuienle nos havcmus do occu- par, moslrando a pobi<;iio que llic cimpcle. ja era lela- qao aqueH'oulra parte do poder exerutivo , ja em rclai;ao ao poder le^'islalivo , ja ao nioderador , ji ao judicial , lendo era vista o salutar principio da separai;5o e inde- pcndi-ncia dos poderes polilicos , e mi nrionaudo ta mbem a diversa maneira, por que se achavara confusamente or- sanizados i.s r.feridos poderes, duranle o retrinieii politico anterior a Caria Conslitucional. Notaremos ainda , que exi»le na sociedade civil, alem dos poderes polilicos, oMlro poder, d'aquelles srparado e indeprndeule , o po- der espirilual, da compelencia das respeclivas auclorida- dcs ecclcsiasticas, ao qiial lodavia andani annexas allri- buii;oes, que, Iranspondo as raias do que e meramenle espirilual , enlram mais on nienos pelo dominio temporal ; que ninnetosas e importanles relai;Si-s se d'lo por lanto enire o Eslado e a Ejreja , provenienles ja da diversa nalureia dos dous poderes, ja religiiio do Eslado somenle a Calholic»-Apo»tol.ua, [larle d'eshis rela- coes exltriures dii K|;rdtrre> que a ceffiuii ou ineio tin suriedailc ciul, deniar- rodo poi tudus OS lados u catupo da ^ciencia ndmiiiivtra- liwi , e coiirruiiladu nun os lerrcooi lt'inilrc»ph«*s dss oti» tras sciKDci'-s , laiic;arenioi a viala para u interior, para firmannui os ptinci|ii.iii de Adminislra<;iio que rutislilin-m a lm?c ilV'stu ^ciencia , (raclannuji da ri'ntriilii:t(;au adnir- nislralita, c pvpIiiMriiU'S cm fim a or^rnnitHrao il'aqut'll»s jioderes, lrai;iVu piihtica, aatim activa , conm runiulliva . dfliln-rativa e conlfneiu>a ; e espfrifiliuenle Uaclaremus dos luinislerios e serreUriiis iTI^lailn, do conselho de niinislros e sen presideiilej e do consellio d'K^tadu, e beu aaeim do Rfi. PARTE S.» Or2;anizftdo o puder cenlral , era quern resjile o pen?a- niento , que dniuina loda a adiainislrarao publica , pas- saremos a dcBrnvolver os mais impoitantfs assuiuplus ada]ini>trativu9 , a que se din^'e aqut-lle pensaiuenlo , e a examlnar a ori;iiniza<;:"So de *arias repaftl<;6(*s pnldii-as , que lecm a sen. cargo al^nm ramo especial de ser\i^o adininistralivo, que pur dcmandar fouhecimenlos U'cliui- cos, ou por outros resju-'ilus , carece de ser ilesempeuha- do por rerta ordeiu de funccionarioH , que conslilue iiuia classe a parte dus deniai* funccionarios adiuinislraljvns. D'cstes assiimpio* ircmoslruclando succ-ssivamenle , bem como d-is respeclivas repurli<;oeii publicas ; porem, coiuo alguns d'elles eetiloeiilre 8i iuliuiauieate ligadus e uoiJos, e a rcppeilo de outros appareceui mais deslij,'ados, oii inleirameiite descomiexo*, fareinus diversas sec(;ocs, pelas quaes osiremos distribaiudo , segundo as indiou(;ot:s aimu- tadas. Na 1.* scci;ao se ha de Irac'ar do* bens publicos: sua naUireza; diffrreules especies ; characleree que os diblia- ptiem dos bens do douiiuiu do Estado , e de todus us bens dislrictaes, municipals e parui hues ; maneira por (pie divcrsos beiia adquirem ou perdeni a nalureza de bens publicos ; attribuit;oes das auituridades em rela<;ao a sua conservaq^o e melhorauunto ; e eui ^'cral das oi-ras pu- blicas ; da or-;»niza(;ao das reparti^-oes do Ksludo espe- cialmenlc iucumlndiifl d'cste rauio de servii^o , e em lim da e\propriii(;ao por molivo .le utilidade puidica. A set-^ilo 2.* coinpreheiidt-ra tres di\eri'os lapilulos , relativos aos bens do douiiuio do Kslatlo , sens rendimen- los , e reparli<;oes pNldicas , que IJie ilizem re>peilo. No 1." capiluhi s^ ha de rxpor a iiatureza ilos referi- dos liens, sua cliissiGca<;ao e \ariadas d'li.iuiluaroc-s , e modos d*adqnisi(;ao c alituacjao ; apresciitaiidu iiau so o jiystema da lei;isUH;ao actual, mas lauiliem aa muil.is difie- reu^as da anlijra Iej;i^la(;i'tu. No 2." capilulo destinamos Iractar dos rendimenlua publico?, que fazendo parte do th^souro publico nai iu- un! , constttiicm a receita do IC-itado . nieucionaremoa as diversas fuiiL^ d'e^les r«-ndimento3 , com- (;ando p^-la mais im|)urtante d.- tudas, os iiupu.sl..s e cont(ibuii;oes pul.lii-as; Iractaremus la- do, df ciija aJmiuistra(;A'» trurtujemos u'ote loi,'ar, bt-m como do ipiaesriuer capilais prodiitlivos , ipie pertt-nram tambcm ao dominio do Estado. Mencionarenios ainda uma 3.*fonle, poslo que extraordinaria da receita putilica , OS empreslimos e suppriuieidos teitos oo Govcruo ; e vi^lo que toda a abundauria d'esta nsfcenle depeude iio credi- to publico, tambpin d'este nos b«\emos de uccupar , bi-m como dus cstat^elccimenlos respecti\os , r^peci.ilmenle da junrla do credito publico, e didiauco de Portugal. O capilulo 3.° e det-tinado para as diveraas iiucti'rida- dcs e r(*parlii;oe3 fisi-aes , (pie tern a scu carj,^o a perce- p^ao , L^uarda e ap[dica<;ao dos diuheiros puldicos , sua cscri pIura(;!io, couUl)ilidade e fiscalizn^ao. E.>;pecialmenle Iractareipos d^i or^'aniza^So e atlribui";oes do Iribunal do thesoiiro publico e tribunal de coiitas ; Ijem cumo das re- parlicoe? de rizenda lii-s di>(ricIo8 admini.'lratlMif , f-icri- \i1e3 de faze n 'I a , rerebedorcs dos roncelhos c alfaiidf^at maiorrs e menures. A st-rrao 3.* rouipreliendera as allribui<;ofa da Adinl- ni<[rar'io cm rela);rio an dnminio cidteclivo , *■ no d'»nii« ni'i particular, e as inslitiMi;5t-s Icndenlrs a deKiiiV'dier us ipi(fress<-8 nial'*riais do paiz . (••ipecialmcnU' ipitido u a^ricullnra, commi-rcio • iutluslria ; Im-ui como a b-gjrilii- i;riu r duulrina relativari a propri'-dadr litloraria , propne- dad'" indiiN rial , aos p»-sos ,e mcdidas , e a moeda. I*ara a sccrao 4 '"^ resrr\.imns uiitrw dnt-rso e iuiportan- t'ssillio oliji't In : alii l--liciou iRlos Iractar da educarao, e da liour(ici-iii-ia publica: das ei»cliolas, cidlc^rios , asylos, 0 main cstabt-liTimeiitos publicus c parliciilarcs rebdivos a cada iim d'csses ol'jcclos ; das iep»i ticoi-s piddicas fiipicialiu'iiio incuiiibidas da direci;ao de (piahpiir ircntes raiuos de scriiro; e cm i^'eial das pri'\ idcncias e in.-tilni- <;ocs ronsaf:radas ao proi;fe>so inli Ilcctunl e ui'iral (U suri''d,ide, e da^ Hllribtiirorg, que, soiire taes assumptos, ^erabnenle compctem a AdmiiiiHlracau publica. A seci;a.i 5 " cabc a l*olicia eiu :;eral , e em n.ipecial a cpie e rclaiiva ;'i S'^'uranra '\o E>taili) , a pntlectjao do« ridadilos , e ii snude publica; e se::uidauieut>' Iraclaremos da rtema d"e>ta nri:auiZ!i(;So e a furiim de iiownut do Esiadi>, e em fim das iiarautias que Psta or^anizaciio admilt**, ja em favor da ordi-m e da liber- dade publica , ja d"S cidadilos sul-jeitos ao s-rviijo mill- tar, ja dos (pie ef^ccti^aulcute professam a carrcira daa arm as. PARTE 3.» R'-slum-nos para a 3* parte alg^iins poutos de Admi- nisira(;ao ^eral, q-ie nao carecem de Iuhl^o desinvohimen- lo , e at(!'ai d'tsito loda a Adintnistrai;ao local, e ainlra(;iio conlenciosa. Para mais facihupnle nos dc- sempenharmos d*estu ultima parte da nos.ia tarofn , (oma- remos put gnia o Codi;'o Administralivo de 18 de Mar^o de IH4'j!; e lomando na mao o Oo das doutrlnas , que elle uosa|>reseuta , segiiil-o hemus ale o fim, mas de modo que \amos ao niesino lenipo, ora coiiftontaudo as suas dl- sposi^'Ofs com OS \erdaiIeiros priucipi.is da scieiicia Admi- nislraliva ; ota encliendo as lacunas qu** eucuntrnrn»os , ja ajundando-lhe as prondencias da Icjrislac.'ao ulterior, ja em lim fazi-ndo brev<.-8 dii.'re9s5es, aqiii e ali^m, jxlos as^unqilos admiuistrativos de que em varios arljgos do Codigo se faz expffssa men^ao , para assim liiiarn os a parte otjcctivada .■\dmlui^t^a^:^o com a purle subjiTtiva , de qiie efi])(;cialiuente se occupuu o referido Codiiro, que nada mais com|ireliende do que a orgaiMza(;ao e indicii- ^ao das allribiii(;("»f*H daa auctoridades e corjius ad'miiiislra- tivdS locaes. E-ise fio de doutriii.is , (pie, ^.ll^a a uiodifi- ca(;ao c exciirsoes indicadan , ha\cmus dc scjL'uir , e o se- t:ointe : Ci>nie(,M o titulu l.^pela iugaiiiza<;ao adminislni* Ina , ciMnprelieiidcndo a divjt>ao do leriiloriu e o pessual da AtI(inui»lra(;ao. O 2.' tracla da forma(;rio e altriliui- ^oes d.ts corpus atlmis rativ..s: das camaras muiiicipaes , sua urgaiit/ji,-au , eleiiures e (de?i\eis, recen»eanieuto , elei(;ao , reunioe« e deli^erai^ocji ; altril>hi(;ufs (jue llic (tompclcm , despcsa , receita. ursamt-nto e conlaI)ilidade do niunicjjiio; do coiicelho municipal, do escrivilu da camaia, e do llu>ourerro i!o conselho; e pur ullimo ttan jimctas geraes de| ili>Iriclo , sua ori;aniza(;ao , eIei(;Ho, reirnioes, deliberiM.'ot-g , e MUribui«;o'-s r> speclivas. U n»- siimpto do titulo 3." srio OS ma.'istrailog ailinliiistrutivos : no ca})ilido 1.", governadnr civil e secretario geral ; no '2.**, adiitinislradur i\ij concidlio e seus olTiciaes. O tihilo 4.** sob a inscrip(;ao — Oua Triijiinacs Adniinistrativos , — occupase operias ciuu a orcaTiiz.i(;ao e alt(itiui(;oe9 do conselho de dislricto, mencionando , alt-m das allribui- (;o''s contenciosas , as d(diberativa8 e as nit^ramenle con- sullivas, ao que (emos de nccrescentar ludo o que per* tcuce ao contenrioso administralivo, e roiiniclos de juriii* dic^ao das aiicloridades adminislrativns enlre si , e com as (io poilf-r judicial. O titulo 5. J lem pur olijelo a Admi- nistracao parocliiiil, e Iracla especialmente das jimclaf de parochia e sen pscri\So e Ihesoureiro, e do regcdof de parochia e seus odiciaes. O tilulo 6.' estabelcce algu- mas prov idcnciaa espcciaea |»ara as ilbas ailj icentes. O 285 litiilo 7/ contem iliversa* ilisiJOba.uns ^craos. O tilulo 8. , (li3|K>sir5e8 penfin.-!, E u litii!o U." em fim Iracla dos r-niQlumenlos tlus fiinccionarJui ailiiiiiiiblrulivus. INSTRLCgA.0 PIUMAHIA. Os progresses da rivilisarao teem fcito con- vergir em toda a parte as main serias attcn- coes para uiu ramo de instrucfao publica fao pouco atleiidido nos seculos passados. A instrucrao primaria e a vcrdadeira instruc- (• ien — cm bien. Chamam-sc diphthongos ossps grupos; c 0 som nao se divide no solelrar phonico. As consoantes divide-as em simples, rom- postas. e consoantes diphtliongos. Chama rom- postas — ch, gn, ill — (mouehc, montagno, iille). Consoantes diphthongos sao — hi, el, fl, gl, — elo. A letra x 6 iima consoante diphtongn equivalenle a — rs, on — gz. Fallando das syllahas diz; no conhccimen- 10 dellas esta a sciencia da leitura. Lemos por syllabas, assim como |)0r syllabas fallamos. A syllaba e I'ormada de um ou dois elementos; qiiando de uni, e este sempre vogal; de dois e um vogal, outro consoante. Tanto o clemen- 10 vogal como o consoante podem ser simples, compostos. ou diphtiiiingos. 0 elemento con- soante pode preeeder, ou seguir a vogal. 0 1." curso do methodo de leitura compre- hcnde doze licoes repartidas por Ires classes. A 1.° licao da 1.' classe contem exercicios siobre vogaes e consoantes simples, compre- hendendo quatro letras somente: a, e, i, p. As syllabas pa, pe, pi, sao formadas destas h?tras: e dellas as palavras: papa, pape, pipe, etc. Assim se poupa ao alumno o enfado de apprender o alphabcto inteiro sem Ihe ligar idea. Mas licoes seguintes segue-se a mesma .jectos, tcDi, a arbitrio Do im|)io dessoce^o Desaiui'arar esta alma? ! Mais de sentir nao tenho Esse encanto que enleva ? .' Transpuz d'amar a quadra?! FbaKCKCO MlNOEL. nao Ihe devemos dar tanta importancia que se tornem 0 unico alvo do poeta. \ poesia ntio Icni SI) por lim impressionar mais ou menos agradavehnente 0 ouvido, mas deve insinuar- se na alma, 0 inspirar nos que ouvem as paixt-jcs c OS sentimentos do poeta, isto e, acordar cm nos scnsacOcs, ((uc, ou por Icr- mos lima imaginatao menos brilliante, ou um sentimcnto menos delicado, ou linalmente por nao estarmos nas circumslancias t|ue 0 poeta dcscrcvo, nao tinliamos scnlido. Para i.'-lo t! ucccssario que a poesia csciipla seja livre e llcxivel para se amoldar a poesia sentida. A pczar disto a rima tern sido de todos os tempos; mas parcce indicar quasi sempri: uma epocha de diMadencia na lilleratura. — uQuaiuio 0 goslo e a dclicadeza (juc resullava de ouvir, c de I'allar a lingua lalina, diz M. Canlu, comecou a embotar-se, nao se atten- dcu scn.io aos sons, como se \v em certos auctores e nos hymnos da egrcja, faccis para 0 canto, mas rebeldes A prosodia.u — Estc llagello. porem, vcni de mais longc; nao so era conhccido dos classicos grcgos c latinos, que ainda assim punham todo 0 cuidado em evilal-o, mas tambem dos arabes, e ate so aflirma ([ue 0 livro dc Job no stni original era uma poesia rimada. Seja porcm como for, e certo que os grandes niodclos da anti- guidade seguiram so a naturcza, c nao se prenderam com palavras lerminadas no mesmo som. Nao sabenios so todas as linguas se pndera libertar da rima. A franceza, a pezar de M. de Voltaire dizer na sua arte poetica que os versos precisam, para tercm harmonia, tla que llic I! dada pela repelicao dos mesmos sons, tcni por si e contra a rima, cntre outros, Feneloa c Mercicr. Nas dcmais, onde a transposicao e mais facil, pode e tem-se dispensado a rima. Muitos dos bons poetas ingiezes cscreverani, e cscrevem em verso solto, e nem conheciam a rima antes de li/iO, epocha em ipie foi in- troduzida por LijJfjate. Os hespanhoes e italia- nos escrcveni cm verso solto, e nos podemos prescindir inteiramenle dos consoantcs. Ncsta opiniao podemos eiiganar-nos, mas engana- mo-nos cm muito boa comi)anbia; t'ilinlo, 0 campeao da lingua portugueza, dclcstava a rima, eacbava que era uma cousa prejudicial. Os seus onze volumes estiio clicios de excel- lentcs versos, c so uma ou outra poesia de menos vulto t; rimada, e elle mesmo diz, que as escrev^ra para contentar a todos. A. GIRAO. 289 MEC'K-OIiOC^IOc Mais urn anjo vooii da terra a corle celes- tial! Grande c sui)iinie ideia e esta, com que a religiao sancia vein niitif,'ar as an- gustias da faniilia cntregiie ao iuto e a dor; e um balsainn divino, que Deos, por sua iuli- iiita liondade, derrama snl)re as I'eridas aher- tas pela saudade consuniidora. 0 pranto e a conslcrnarao exlinguiriani a vida, se a reli- giao, no nieio de tanla amargura, nao prc- slassc conlorlo dc esperanca e eonsolaeao. Mais um anjo voou da terra ii corte celes- tial! Esle acontecimenlo giorioso nos faslos da etcrnidade, mas deploravcl na lusloria d'unia fumilia, teve logar no dia IS do mez passado, pelas scis horas de tarde. A morte, por insondaveis designios do Allissimo, des- c^rregou o goipe, e a E\m.' Sr." D. Maria da Victoria Osorio Cahral Pereira de Menezes deixou de existir entrc nos. Era uma planta de grandcs csperancas, que foi cortada pela fouec do segador, no verdor dc scus dias ; viu o niundo mas nao o conheccu ; seu espirifo revcstiu-se das formas humanas, so para sc fazer admirar. Nem a elevada intelligencia dos facullativos, ncm a assiduidade e esmero no tratameuto, nem mcios alguns dc salvacao poderam debcl- iar agravidade eprogresso do nial; nesta luta cntre a vida e a morte, a medicina sentiu a f'raqueza dc scus rccursos, c a filiia mais nova do Exm.° sr. Antonio Maria Osorio Cabral e da Exra." sr.° D. Maria da Conceieao Pereira de Menezes, cxlialou o ultimo suspiro na vespera do seu decimo quarto natalicio. Sua alma pura. . . pura. . . como um anjo, pubiu gloriosa ao seio do Eteruo: sini, como um anjo.... d'outras pcssoas seria tenierida- de dizel-o, mas da Senliora D. Maria da Victo- ria seria tcmcridade duvidal-o. Suas facul- dades intellectuaes haviam manit'estado um desenvolvimento admiravcl e preraaturo; suas virtudes rcligiosas e moraes faziam-se notar pela perfcicao e (irmesa, que so por muitos annos de provas se pode adquirir. 0 juiso, a prudencia, a caridade, e todos os mais dotes que, no mcio das procellas da vida, podem fazer um ente feliz, e util aos outros, revestiam este anjo. A morte roubou-nos este thesouro, onde se achavam encerradas tao prcciosas virtudes. Sua alma Candida. . . . essa faisca da divin- dadc, subiu radiante ao centre donde tinha dimanado. « • VICTORIA LIADA. AEXM.^SR.^D. MtRiA DA CONCEH, \o PERFTRA DE MENEZES. I. S('pro de morte, ein Itia aurora aiuda. Victoria linda, desbotuu-tp a cor; Voz do Senhor a ontra vida infinda, Victoria linda, te chamuu em flur ! Xascida ;i sombra de forraoso rodro , Onde Dom Pedro mciga Ig:nezaniou, Como choroii a morl.i If^iiez Dora Pedro . Ao pe do cedro tua niae chorou. Fonte de lag:rimas e amor chamada Viu-te embalada na liia infancia ahi ; Do Ceu aqui lii vinhas ja fadada A ser chorada neste amor por ti. Vento da tarde te levou sem cnsto, Qual tenro arbu^to sem raiz no jn' ; Mas vacs co'a fi' enraizar sem suslo, Do throno augusto do teu Deiis ao pe. Como arribada d'oulra praia a beira, Ave estrangeira que por ca gemeu, Do patrio ceu a suspirar fagueira N'aza ligeira remontaste ao Ceii. Anjo da morte a derradeira hora Na torre agora enas negra pena, Toda a outra e mais pequena, K se Deus nao a condemna Deixem a pena (>enar; Se nos leva todo o riso , Se is vezes leva o juiao, Do gosado paraizo Vossa a satidade Gear. Chora, chora, alma pungida, Pobre miie, se alivio e teu; Intendo-te a dor sentida Que l>era perto a vi ja eu; TambfUi do filha formosa Vi na face meliiidrosa Desbotar nascenle rosa, K a raurle em torno a rugir; Da sepuitura aos regelos Vi-lhe OS pes ir a descel-os, Quando Deus pelos cabeUoS A suspendeu de cahir. Tu foste mais desgra^da, Rola viuva, bem sei ; Choras na campa fechada, \a campa aberta eu chorei; Mas nessa magoa que eu tluhs A Ina bem se adevinha, K por isso acceita a minha Que comtigo chorar vera ! Ah! dize , como eu dissera, Se e anjo do Ceu . . . podera , Vivendo como vivera, Sqt anjo depois tambem. HI. Mu< lii ^■ac . . , oh ! la jaz . . . inda fumegam Mai extinctos brandSes! . . . A^ora em voUa os crepes se despregam . , . E das sanclas can^oes yo8 ja desertos muros da capella, So re-;ta o echo a suspirar por ella! Quatorio primavera^ .' .... Falta um dia . . . Dia do aeu nalal I . . Ai 1 mas nesse . . . infeliz! ... a mtie fazirt Da filha o funeral ! E em vez de fesla em honra da donzella. So resta o echo a suspirar por ella! Senhor! Senhor ! Xao linhas lu mais anjos? Tao de pressa, Senhor? ! P de Maio de 1853. -Euterpe — por Uiiid em 8 de iio- vemliro de 1833. • Amphitrite — por Marlli em I, e por (lliacornae em 3, de Marro de 18oi. • Bcllona — por Luther em 1 de mar- fo de ISj'i. ■ Urania — por Hind em 22 de jiilho de 1834. ■ Euphrosina — por Ferguson em 2 de setembro de 1834. ■Pomona — por Goidschmidt em 20 d'oulubro de 183i. ■Polymnia — por Cbacornac em 28 d'oulubro de 1834. Ve-se pois que, neste ramo, os trabalhos 4o.< aslronomos em Italia, Franca, Ailema- uha. Inglaterra e Estados-Unidos, nao foram letribuidos com menos absndante colheita nos annos de 1833 e 1834, do que o haviam sido iia maior parte dosannos precedenles. N.' 20 N." 30 ^r 31 K." 32 IN.' 33 BIBLIOGRAPHIA. O Aniiiro dosMeninos, parte 1.", extrahida principal- juoiile do Der Deutscher Kinderfreiind de Mr. Wilinsen, ordenada pelos cuidadus do ill."'*' sr. M. A. Coelho da Rocha, Lente calhedralico da faculdade dedireitoda Cni- versidade, menibro do Conselho superior d'inslruc^ao pu- biica, etc, eapprovadapelo mesmo Conselho superior para iizo das eschulas, — segiinda edicao — Coimbra, 1853, J. ina.° O Aniigo dos JMeninos, parte sepunda, ou Manual de principios elementarissimos de;;enp:raphia,2:eral, ctioro;jra- phiac historiade Portugal, !^rammatica,arithmetica, dou- Irinachrista, hisloria sagrada, e moral practica e reli^'iosa, coordenailo e publicadt* para uzo das escholas e exanies d'instruc^aojjrimaria, por A. Forjaz, eapprovadopelo Con- selho superior. Coiinbra 1H54, 1 in H.*^ O Ami?o dos meninos, introduc^ao, comprehendentM uni ahcedario de loilura e numera^ao, e uns primeirus exercicios de leilura; e ne^tes o pequeno catecismo das dioeeses de Colmbra. Vizcu, Lamego, Bragaut^a, etc., e tudo em raracteres variados, por A. Forjaz. Primeira e sppinda edi^ao, 1854, 1 in 8." (.'alecisrao de doulriiia christit da diocese de Coimbra, adoplado pelu Excell.™" e Revd.""*" senhor Arcebispo Bispo Conde (eposteriormente pelos Kx.™"* eRevd."'"*' srs. Bispos de Hragan^a, Bfja, Vizeu e Lamego), Iff54, 1 in 12; e — «» rt'zumo do mesmo, primeira esegundaedi^ao, 1854, 1 in :vi. - Em lodos OS pafzes encomenda-se a amizade, lizongeira f benevola, o dar noticia das no^as publicaf^Ces, com ipie n liomem de lelras enlendeu dever concorrer para a il- lii.-lra^rio deseus conlerraueos, senaodomundo. Em muit"s b:l lambem jornae?, que,pelo interesse geral, tnmam sobre ^i » mui util, mas melindroza tarefa, da critica literaria, iulnuetendo, com pausada leitura e reflexao, a um exame rlgurozo essas me»ma« publira^ocs. A criltca literaria. verdadciramente fal, vae atrazada cutre n-ji. \ao temesjornaes bibliojrraphicos. Alcum tti- eiUificoapeoas vegeta. Epor von turn que as^im sefiimclhor p.»r emquanto. Sao tao poucos, absolutnuuMiti' falaudn, Iportpif em relaratj a tempos passadits s'lo ja muitus"), os escriptos que saem dos nossos prelos. qnr fura para recear d'uma crilica severa oaugmciitar mais um estiVAo a tnntos ipiefazem descoro^oar enire nos a lodo ocscriptur, que nao sfjii jMiro romancista, ou antes, bom ou nuin. traduetor de novelas. O editor d'umas da- '• entendeii |iort^m (pie, a nao obfcr lima cir- cumstanciada cpnsura, era mellior eserever elle, .suscitan- do taU i-z por isso mesmo a occasiao da critica, que dezeja para m*-lhorar o.> sens trabalhos. O nonie do princi|'al colaborador do primeiri), as appro- vatM^i's de todos peb> t'onsi-Iho superior; e naipieiles, que, por sua materia, mais irapor tarn ao beiueiiillustrat^ao geral, OS catecismos, a adop<;ao, que dos uiesmos teui sido feita por alguus dos prelados da egreja porluguf-za, manifestam haver ncstas pul)Iicai;oes um inlert'sst- vcrdadeiro e solido, cuji* conceit** galar(b'jaa todos os que tomaram parte nellas; e em especial nus anima a nos a darmos conta ao publico do seu ctHileudo. O nonie do sr. Coelho da Rocha sera sempre saudoso na Cniversidade, Era um sabio. Era maisainda. um phijoso- pho chri-stao, exemplar como sacfrdote. modcsto, d'vim tracio singelo e facil, despido de toda a fatuidadc e pedan* laria, (|ue lanlas vezesassombra e escuruce os mais profun- dos conbecimentos nas artes ou nas sciencias. Membro do Conselho superior, foi naturalmeatc con- duzido, no meioeapezar de seus profundos e incessantes trabalhos juridicos e historicos, ain\esligar de ipie modo a inslruc^ao ]>rimaria. fiindaniento de toda a oulra, cresce e vigora uos pai'zes mais cuUos da Europa. O grande juris- consullo nliif se dedignava de ter na sua bibliotheca e de constiltar e ler algnns e muilos dos lirn'nhos, pueris na Torma, mas adultos na sa moral e variados conbecimentos, (|ue por M se publicam e consomem com profuzao para U30 dos mcninos. D*-animailo da poUtica, por que conhecera a fundo o vao dos parlido.*, e a immoralidade de sens combates am* biciosos, soubede-jprender-se jiara sempre da rede, em que um inslante se embara^ara ; e, t.»do entregue ao desem- peidio de suas ardua'i func^Oes, reparlia o tempo entre a jurisprudencia e oscuidados j)ela inslruc^iio publica, qimn- do a inPvoravL'l inorle. precedida por umadas mais terriveis enf(Tmidade.s, veio cortar ofio d'uma exislencia tao util as letras e a humanidade. Uuem (piizcr ffrmar exacla Idea da dedica<;ao e pacien- cia, a toda a |'rova, dosr. Coelho da Roclia, nos trabalhos, a que se pn>j)tNiha, saiba o como era feitaa primeira parte do amigo dos meninos. Lf'ra elle ein V. Cousin, que o livro Kinderfreund de Mr. Wilm.sen eia um dos mais uzailos nas cscludas |>ri- mariasda Allomanha; eque por toda a parte seencontrava debaixo do bra(;o dos alumnus, que caminharam para a eschola. Moven-lhe a curiosidade de ver esse livro a boa infornia^iio, (pie por este modo alcan^ara delle. Masosr. C. da Rocha ign^rava a lingua allema ; e jmra traduzil-o nao tinffa oiitro meio senao o auxillo de pes.soa. cujo por- tnguez careria as ^ezes de nova lradiici;fio em linguagelii corrente para que podesse bem cinnprehender-se. Todavin o livro veio, leu-se, e a traduc(;iio l«'ve principio. Com que jaciencia! Que enfado para qualquer outrol enfado, qnajquer (pie fosse o livro, embora o mais primo- roso escripto d'iim Savigny, inapreciavel para um Jcto! E (1 livn* (»ra dt." meninos, pueril na forma, singelo na substan- cia; qual cunvintia [ara as escholas', mas qual em regra afasta os homens costumados a ler e meditar Hvros de sci- encias ! Passaram-nos pelas maoe os cadernos em borrao. Conhe' C'-uios por vezes (pie o sr. C. da Rocha havia sido mais que tradurtor; liam-se nelles murtos periodos. todos .wus. \aopodcuios recordar-nossenj comnioi^aodolegado.quc 293 recebemos dc vivn voz, qiiarulu a inorte jii era |»ru\imn ; legado llie cliain^mos, por que n era para uos, anU'S coino iireceito, a que nao deviamos faitar. Tudavia a sua dcliea- deza limitara-se auma recuniendarao. a urn dczrjn, deque nl^uem nproveitasse esses sens trahallins priiicipiadus. Do extenso livro de Mr. Wilmsen apenas cslava Irasla- dada lima parte, c es. trahalho. Sens liL-rdeirns, sabednres da sua ^ontaib-, ofTerorcram- nns n manuseripto. Aceeitamos com a condif^rm dt- ht para o As)Io da infancia, (pie tivt^ra a liorira df onlar em o numero de seus fundadures, e diiraiiti- <» efpat;") dc ] 1{ annos ncentail'>eoiii:il;riins coQtos de Schmid, e cum iimas imii breves nn(;ues de dese- nho linear freometrico, faceis decunipndiemler-se, e uteisa todas as classes. No manuseripto ha\iau us ])rincipios, niiocoiiclnidos. dc doutrina clirista e de jrrammalica. Knleudemos qui- era tan conveiiiente realisar o lu-usamento do sr. ('. da Kivel. e d<- modo i|ue OS pais, conipratulu urn su. ahi eucontrasseni | ara seus lilhos lodo o quadrn do que deve aprender->e na esciiola; enmo iadispensa\el fazel-ocoma mator reflexiio. mormeiite na parte reb^'iosa. IC por isso reserv.mios para ou1rs phenomenos os mais vul;:ares, e da natureza, sensivel e patpavel, dos otyectos que nos cercao, attrae aattent^Tio dos meninos, e sem esfor^o os ol>rii.'a a retlectir. e como a advi- nharem o que de couzas elb-s pro|irios sal)em, sem o pensar. Destes objectos materlaes o alitor sobe, na mesma sec- ijiio, aos moraes e intellecluaes, sem alterar a mesnia constante singeleza d'cst^lo, e clareza d'ideas, occeshivel aos ahimnos. Qiier, por expmpl->, fazer sentir. se nos e licito dizel-o »v>ini. a existencia em nilsd'um esjiirito, do ipial o c.irpo nrio r senao um instruniento; enliioo A. , depoisde uioslrar, em bre\es linhas, ronio os S4'nliib)S nos dao conlu'cinienlo das cinisas externas, accrescenla b)go : jMas obser^o. que nao <■ su nos mens menibros que exihte a eauza destes movimentos. Os ouvidos nruiouvom por si so; por rar-me do ipieapreiidi honleni naeschobi, do que comi anlehon- tem. e do btgar. aoude estive, h;t muilns dias. I'o.sso re- preientar-rae a ft.^iira d'uma arvore, enle. como se a esUvesse vendo, a fjgura de men pai, de minha iniie, lie meus irmaos, api'zar de os nao ver a^ora. Posso lembrar-me, e imaj^inar ludo isto, sem empregar nem a cabeea, nem as maos, nem os pes, ncra o.^ oin idos, nem os (tlhos, nem outro allium membro. Queni e pois que me lembra e representa estas couzas ? jfe a minha alma; nao a vejo, mas ella existe em mini: percebo-a pela memoria, pela iniagina<;ao, pelos sentidus." Se o A. pretende inslruir ns nieninos a cerca das ideas abstractas do inipossirel ^ do nercssarif), »b» indiff'ere/ite, i\ufim. eis ahi como elle sefaz eiilender facil esua\emente. — •'• rhama-se impossivel aquilln que nao se pddi: fiizi-r. A^sim <■ irnji<»ssi\ri ipie uin meiiino apreuda, se nao e.-ti\er atteuto, E iuipuvsivil que o lume nao rpieime, (pn- u un^rto lonie a viver, que uma pessoa de um salto para a lua." No fini desta belbi seceao, iIel)aixo do tilulo de — ptr- gunlan rariadaa, o meslre e condiizido a in\estij:ar. eon- versando, se as sini^elas no(;oes aniecedentes peui-lrarao no entertdimento e na memoria dos jo\ens leitores. Por exmi- plo : — 'lOas eousas, que conheceis, aponlai-meas que '■h't feilas de b-rro. — (b' la, — d'altrodao clc." Mais adiante : - — ut^uando si- diz ijue e dia r Onde rsl.i n stil. (piaudo o c«'o esta coberto cb* nuvensr K onde cstil file de noiti;.'" Muis adiante: Kemulai agora asseguintes I)roposiroes. Uiieni niio esta na eschola enm altenrao. naibi , . . e lieu 11 m . . . Na agua vi\em os . . . Xoar vivem os .... A tinin »■ as pennas servem para . . , as agulhas para .... etc. clc- Se o eiisino da leitura devc apenas consislir em inslririr OS meninos np processo, mais ou menos mecanico. (b* lit'ar OS elcmentos f-^criplos da pnlavra, sem fazer retlectir rm seutido dessa palavra, toda esta primoro>a sec^'io e inilil- fereute,e lanto valadoplal-a para leitura cor rente na-se-^clm- las, cnmo um qiiabpier outro allarraljio. Mas ye a irislriic- rao priuiaria tem de dirigir-se principalmento ai* enteiidi- mento, e somente dejiois a memoria, como entendemos ; si- Ihe perti-nce, d'obriga<;ao ngorosa, de pb-na responsabili- dade perante Deos e perante o niundo. fazer sua^eiiu-nle de^envolver as mats nobres faculdades da alma, e allrair a infancia a reflexao eaoestudo, sem constrangimento. pur gosto, jKtr emulaijao eporhaluto, ah! nesse enso nenliiini mestre jias^e de corrida a 1 .'^ sec(;aodo Amigo dos meninos, Lei-a. e relei-a muitns vezes, pausadamente. eenlremeada de perguntas e resposlas, naturnes, como em coiner>a, nTio obrigatorias, c impostas pebi auetoridade, Temos que e>le primeiro capitulo da ohra de l\Ir A\ ihn- sen, so por si, justifica a acertada escolha do sr. ('. il;r Rocha. Os ot)jectos das sec^oes segunda e lerceira, e a maneiiu por que saodesempenhados, attrae naturalniente a curiosj- dade dos meninos; e satisfazendo-a, deixa-llie na ;ilma a< mais puras c Airtuosas impres>-oes. No manuscrilo lia\ ia alguns excerptos das niiiitas, e niui \ariadas, e edificaliwi"' scenas, (pie se eneontram na leitura ibi Biblia, e tpie laiil-i instruem e e-^clarecem, como dtleiliio a quein as b'. Ttula- via pareceram-nos incoinpletus, e ipie preeisa\am d'uiii trabaiho mais d'espa^o. que por entao nos era im])ossi\»I enijireheneb^r ; e do tpial nos desvia^a a considerarao Ue (pie. neste ptinto. j.'i as e>chula> po>>viiiani iini Ii\ n* d'oitn.. iuiiuila\el, fi'ito ciTlameiile por qiu-ni nrm m'> niuito >abi;i (bi-i c lusas .sairrada-*, mas taiiibem nada menus do uiodo d.- falbir cjm aserian(;as, e interessabas, — a Ilibii/i da in- fancia de Ntiirlieux. O^a/ftnrft.' pcrdido, o — innrangvriro, o — i)i i/s rshi em toda a parte, o — nienino esnialfr^ que iiiscrimos, \cr- leiido-os de Schmi'It e outros, tem (amanlia naturabd;!- de e iTio lina niorabdade. (pie tius parece juslilicada suhej;i. niente a sua adniissao neste excellente li\ ro. A s(:-c<;ao 4.^ — hislorin natural — ('■ e.^cripla com n mesmo gosto apurado, e segura experiencia do genio .!..> meninos. STio breves uo(;oes a cerca dos Ires reiiios. nui- cluirubi com oulras — da terra e dc sens /lalfitantes : .■ todas ellas enlremeadas com al-^iimaa miii a]>r' prlada- hi>torietas. agrada\eis e inslructnas. Na sfC(;ao j.^ procuramos imilar o eslibi de Mr. A\ jhu- sen ; e as no(;oes geraes. actuupanhada-i das conqieteiilo figiiras, accrescenlanios uma C(dle(;ao de pc(iuenslrou I^em, (pianlo e apreciaiel a gloria, tpie n^t . engeilou em Hespanba .Martinez de la lloza, e na ilaha Cesar Cantu. a d'escrc\er |m.Ta o? meninos. Cnutinna. A. FOKJAZ. 294 ESTATISTICA PATHOLOGICA. DOS HOSPITAES DA UMVERSIDADF. 1 nOMENS. EKFERSUBIAS DE MCILESTIAS INTEBNA9 — THIllESTBK DE OUTIBRO A DRZEMBRODK 1831. 1 £DADKS J si i s i S MOLESTiAS. ^ m vc 11 3 6 6 Sit c2 ti 2 9 3 3 17 " « 18 5»J Febre pislrica ,. >i )> pneumonia „ n o M 2 „ S » ;» Otite . ... 1 1 " 1 I " 1 »> n Ottte Obstriicgao do bago .... „ 1) » Erysipila na face ., 1 11 1, 1 11 „ I 1 1 1 I ';'; " 1 8 I •» " Tympauite " " Obstruc^iiO do bngo ] 11 ,1 1 >i „ I » " Obslruc^ao dojigndo 1 11 1 n 11 1 J 13 Febfe inteniiitlL'nte . . 8 3-1 SI 1 6G 4 o 70 r n Pneumonia n » pneumonia — atcite .... M „ 11 1 11 11 1 t» •. Otite » 1, 1 1 ,1 1 " n Bronchile 3 1 9 .1 „ 9 »> }■> lironcfiite — ascitc — anasarca - M „ „ I 11 „ 1 « ij Paraplegia M 1, ,1 1 1 1 H '■> Ascite — anasarca » „ ] 1 11 1 2 » » Ascite — Obstrucgao do ba^o . ,: 1 11 1 1 11 2 » • Anasarca • ) „ ] 2 11 11 2 n n Edcmacia nas extremidadet infe- rioret n I i; 2 11 11 2 » »i Diarrhea M 1 „ I n 1, n u Obslrucqao do ba^o , , . . 7 9 11 13 4 11 17 » tf Ohsiruc^ilo do bago — ascite ^^ anasarca » 1 fi 11 1 11 11 » n Obstrticqao do ba^o —vermes in- Ifstinaea " 1 „ 11 ,1 1 11 » » Vermes inttatinaes .... .. 1 „ 11 1 11 11 " « L'lcrra atonicas nas eatretntda'lea infer ores ti ] M » 1 11 n 18 Febre interniiltentc ga&Uica . >. 4 6 1 10 1 11 11 n n n Bronchite 11 „ 1 ., 1 •1 11 " » " Broi'chite — rbeumatismo uriiritiar chronica . 11 ,. 1 r I 11 ■1 m f. n Kdtmacia nas extreniida- dts inftriores , - 11 ,. „ 1 1 11 11 " t; n Obstrucgdo do ftgado — ictenca I) „ 1 „ 1 11 11 »» »i '» Obstruo^do do ba^o , . 11 ki 1. 11 1 1 ■1 w " M f ermcs inttslino($ 11 , 1 1 11 11 3 Angina „ 'i I „ 3 u „ I .1 1 1 13 3 13 1 '•'■ « % " .ttfite — anasarca — febre intermittrnte . " 1 li 1 1 " I « C^tlrile 1 1 2 J „ 1 1 (J 3 I i 'i F.iilcnle 4 Opl.[alniia 5 Er}sij>ela nas orellids » nas exltcniirlades inforiores " nns e.\tremi(Ia(leg inferiores — brouchife 1. 1 • " t. 1 1, M 2 Rho'inialismo mnsrular „ 2 2 ,. „ " 1 1 i i 4 1 1 5 Klu-iimalisnio arlicular chrunico 7 Brunchile " 'i 2 1 3 1 1 ;; » Rhenmatismo articular chronica .... » Obatruc^do do baqo 11 2 1. 1. 1 1 „ " ■■ 1 1 " 1 1 " " n Rhevnintismo articular chronica .... » Ascile — pneumonia „ „ 1 „ „ „ 1 1 1 3 1 3 2 " " Obsiruoqno do bo^o I Mania " 1 4 '■ 3 1 1 " 7 Ciaslralgia i» Rheumatismo muscular " " 1 1' 1 *• " 295 MOKESTIAS I^ileinitcm nnt rxtrem%daiie$ infcrtores rermet intettinara 1 FIrmipltffit Par;ipli-i;m iti('oin)iU'lii TiKira pulmoimr AstitP n Pueiimonia n Bruncfiti* n .-tntiiarca « ^^' I'lui » Ohntnic^uo ffo hoQO Hjdrottiorax — ^^ctt *f j-ticile ()Kir insufieieiicia de \;ihutHii) AllHsarra Dinrrlica .- Siirampo . . K'-rartutJiia Jrleririn •*. Il.'icliiltsnm Hypfrlrophi;! iln cdraijHu , •■ . Olislrurrrm
  • li.iro .,.,.....,. C'tiirro do fsli'Hia^'t) Alliijininitria — Typl^o 'I'ifira Mutt'AtJus nau cUffSiricaJiis (cincu cr.trarani moribunJuti) ^H 41 217 : 45 1 1 1 1 3 11 305 Motiineiito Exi-itiam Rntruram S'liram Falleccraiu lieh(;ai) dog fallt'cidus para 06 eiilrados I |>ara us saidos jiara tudus os Iratadus (cxUlciites e fntradus). Morimenlo de toflas at euffrmarias ths fiospitiies fla iinivertitiade em totlo o trinuslre. Kxibliaiu Eiilraratn Sairam FalteCL-ratu [tclac^'au dos fatlccidus para us t-idradus para os gajdus para Indus ds Iratadus (exislenlns e i Iradus) //«// li3 4ia 59 1:8,3 1:10,3 Oulubro !\ovembro Dezemliru Trinuslre 60 131 91 12 1:10 9 1:7,5 1:15,9 MtdhcTis 78 263 2-'0 38 1:7 1:5,7 1:9,3 88 119 9 J 10 1:6 6 1:5,1 1.11.5 97 87 89 13 1:0.6 1:6,8 1:14,3 ihmi-tls 14 8 Midktrei 10 1 0 0 337 272 43 1:7 8 1:6,3 1:9,2 Tudoi Ohsertaruet tin Itoroliigicat. Medin (TemperuUira aliuospherica ao Dicio dia , C-VItiira Imrometrica a 0.° Ccnl , Vcrdus preduminantos . 763 640 104 1:7,3 1 6,1 1.9,5 Oiituhio 17,19 cent. mil 753, 757 E. SSE. e SE. Instilulo Vul. 3, N." iO. 296 Ainila n'cste trimostic iifio aiipam-pu urn so ciiso de fehre intiMniillcnU', cm (jiie licasse (lomonstrada a iiioflicacia do sullato dc (|ui- iiini). Quatro dos dooiiles iiCio airaih-i iiao so (Icnioraram no hospital o toiiipo iiccfssaiio para so a\aliar o cllcito do aiiU'poiiodico. o todos OS niais so ciiiaram da I'ebro inlonnit- loiilo, apparoooiido aiiida alguns d'oslcs na casa dos nao ouiados, per nao so lor ooniplo- lado a fiira das moloslias t\w' vioiam ooni- plicar a fohro. I'oi viiliiiia dostas ooniplica- (■("ios 0 dooiito (|M0 ajipaiToo na oasa dos I'al- looidos. \ niorlaliilado nas piiounionias foi piando, o nao adniiiaxa ipio fosso niaior ainda, por- (pio, dos 17 pnoiunonioos ontrados no liispi- lal. "lu oiilioii oom 3 dias dc molostia, olnoo com i dias, (|ualio com ii, uui com 7, tics coin 8. 0 urn coi\i I 0! \ Dii'ccloria dos hospilacs n\inca dci\mi dc vocollicr OS doontos dc pneumonia, por muila ponuria que > isso no ostahclccimonto; mas 0 ccilo ([uc, levada por osta pcnuria a fechar a porta a muilos doontos, e conhoclda por loda jiarto osta diliculdado nascntradas, mui- tos dcs^racados, (|uc alias tiriani procnrado os rocnrsos do hospital no principio dc suas nio- lostias, so alii apparcccm (piando jii nao tem rcniodio. No nicu onlcnder a rigorosa ditlicul- dado na acccitacao dos doontos 6 um desscr- \ico na Uiroctoria dos hospitaos, (|uo alguoni ]iodcra juflilicar com os apnros da casa, mas (|uo tom a posada rosponsahilidadc dc nuiilas viclimas da tlassc mais dcsgracada, quo nao ]iodo nom sahe quoixar-sc. Xao continiio a puiilicacao desta osUUisti- ca. porqno doi\ci do scr ciinico dos liospilacs. A. \. DA COST.k SIMOES. dirocfao da classe dentro de 15 dias, e quo em egual espaco de tempo as commissoes da- riam a cerca dessos pontos o sou parccor. 0 socrctario da classp, Antunio A. (hi C. SimOea. ci.AssE i)i:sr.i£>riAS piiysico-matiie.maticas. Pri'siilriilc II sr. Roilrign RtOvlro de Sottsa Ptnlo. \ 18 do Janeiro dc 1 800 reunir-sc osta classe e na forma do rcgulamento nomcou: P.ira a commissao do scicncias malho- maticas. os srs. Florencio Mago Barrolo I'cio, Francisco Pereira Torres Coelho 0 \iiLonio Jose Toixcira. Para a commissao de scicncias physicas, OS srs. lloque Joaquim Fcrnandcs Thoniaz, .loa(iuim Auguslo Simoes de Carvalho c Antonio de Carvalho Coutinho. Para a commissao de scicncias mcdicas, (IS srs. Jcronymo Jose de Mollo, Joao Antonio do Sousa Uoria, e Francisco Antonio Alves. l)ptorminou-se que os pontos jjara cursos, mcmorias c discussoc? fosscm rcmetlidos a (;O.M.MISSAO CK.NTR.VI. EXPOSIC.VO IMVFUSAL DE PAltlS. U ISO. A cinilmUsiiii renlrjil parii a <'xposi(;iii> iiiiiMT.siil de Paris, (li-?,fjti.su (11* [ircstnr ticis srs. t'xposi tores lodus us esclarecillU'lltiis, lellilrntes a fazer represetltar dr\ idanU'U- tc n^aqiirlla granite rciiiii.HO o riosso paiz, lem a Ii(U\ra tie advlrtir a todos a'luelles senIiori;s, ipie liu" teem diri^Ido alfiumas diividas snlirr os prodnclos a;;rlculas, (jiie podem ser adinittidos a niesina expo.si^.ao, e sobre o modo por que deM'm ser feltjis as remessas, o segiiinte; 1.** Uiie entre todos os prodiietos a^ricola.^. teriin nuilor aecei lai;.'io os que fazem ja, ou podem vir a fazer ohjecto do conimerclo, sem com ludo excluir os que teem na pro|)rIa localldade uma a|)plIca^iio restricta. m." Que as remessas de cereaes, ou deoutras ([uaesqiier sementes miudas, devem ser feltas a commissao central, ou as commissoes dos distrlelos, cm >oIumes que nao excedam a uma quarta de cada <{ualidade dilTerente em saccos, cai\as, ou Trascos, com as competentes desijrua- (;ues de nome, pre(;o, e mais indIca(;oes convenientes. .1." Que das er\itluts, fa^as, feijoes, jrr.'ios de l)ico. r mais lef,'unii's, ainetuloas. avel.'is, castanhas. etc., etc., remettam Milinnrs ipie n,no sejam siiperiores a UQia qtiar- ta, para cada (ptalidade diversa. 4.° Que, pel(>,ipie loca aos tulierculoSj raizes, cebolas, etc., etc., a remessa nao iteve'exceder aquairo arraleis de cadaespecie, seudo acondiclonados de modo (pie ctie- puem sem alterac.Vi ao sen destiiuj. 5.° Que as azeilonas e oulra>^ qiiaesquer conservjts de- vem ser remeltiilas e(n fraseos devidro, on potes de loii- (;a, tieni arrolliados e tac(ados, u.ho df\eudo jiesar cada volume mais de quatro arraleis. G ° *iue o \ inlio deve ser remellulo em jrarrafas ordl- narias do eommercio. e cada remessa ni*io de\e conter mais de sets ^'arrata- da inesma qualldade. nem menus de ipiatro. 7." Que II azeite diM e ser taniliem remeltido em ^ar- ralas brancas de mela caiuida, poiK-o mais ou menus, « cada remessa niio (Ic*c c. inter mais de duas irarrafas (In me ma (pi.itidftde. W." Que as remessas de met, de assucar. de eera. de commas, rezina*. feculas, litiras. cascas e outros prodii- ctiis varios. n.io di-vem evceder em peso a (piairo arraleis. e devem \\v liem (te ludicionadas. 9." Flnatineiite. que a commissao deseja e pede (pie todi»s OS srs. evposilores ra(;am acompanliar as suas re- ines.-as do inal>.r nuinero de e^etareelnienlos que Ities for jHissivet atiaiiijir. relatiMis a>is sens pniiiitetos. inencio- nando, com e>|, os pos de sapatos sao outros tautos typos incluidos ua dcnominacao geral de carbonio. A madei- ra contera em geral !i2 por cento de carbo- nio: durante a sua carbonisacao abandona cm formas diversas o bydrogenio, o oxygenic, que entraai na sua composicao e, se a ope- racao lor bem feita, com 100 Kilogrammas de madeira teremos Hi de carvao. Nas artes nao produz mais (jue IG a 17 ^ por cento de car- vao; por que a teraperatura e levada ao ru- bro, c assim os produclos gazosos explicam a perda enorme. Seni preciso elevar ao rubro o pau para o carbonisar? ^iio; e a expcriencla 0 pro\a. Iviucaudo mercurio eui uma retorla, e pondo sobie ellc um pedaeo dc madeira, levado 0 mercurio a ebulliciio, que aconlece ua temperalura de 3oO graus, a madeira sera car])ouisada. Logo nao e necessaria a tempe- ralura a rubro. Este facto e de alia impor- tancia para a bygiene, e scgurauca publica : OS arcbitctos devem ter delle coubecimenlo para a disposicao das traves, e emmadeira- mento dos edilicios: a eslabilidade dcstes , o a vida dos individuos podem ser ameafadas pelo desenvol'. imento de gazes deleterios re- sultantes da escandecencia, distillacao ou car- bonisacao da madeira. O diamante acba-se nos lerrenos de allu- viao produzidos pela dccomposicao das roclias scliisto-argilb)sas. Apresentam-se em formas di- versas, verdiis, azues, amarellos, negros c rozas. Os iiicoiorcs sao, como se sabe, os mais estimados. Davy foi o primeiro que mostrou pida com])ustao directa svr o diamentc o typo cbimieo do car!)onio. Newton o havia pre- visto estudaudo as propriedades opticas delle. Trausl'ormar o caxvao em diam;i;^ie c ciues^ao fn. que muiio ha preoeupado os pbysicos e cbi- micos. Alguns julgaram (|ue baslaria fazel-o supporlar uma tem|)eratura mui elevada, e uma pressao consideravei para oilier o dia- nuiiite. Foi sempre iliiulida a sua esperanca. I llimameiiie ba |)i)Uco* mezes .Mr. Despretz alcancou nm resullado notavel submetleudi) aos polos de uma bateria forte o carvao puro do assucar candi. Pela inlluencia da accao lenta da electricidade depositou-sc nos lies conduclores um [i.') negro e branco, em que reconbeceram phy^icos e mineralogistas, lodas as propriedades do diamante. Eis ahi resol- vida nuia parte do prohlema. Juncio ao diamante secollocam a graphite, e a plonihagina. A graphite e o producio arti- licial de alia I'usao. Nas labricas de liindicao mistura-se o carvao com o I'erro, estando este eiu I'usao, e na rel'rigcracao abandona este al- giinia i)orc5o de carvao, que se condeusa cm laminas negras, e brillianles: e a graphite. A lilombagina, chamada pelovulgo injustament(! mina de chumbo, e empregada na confeicao dos lapis por causa da propriedade que tern, como oulros carvoes, de dar Iracos no papel. Desde que se fabrica em grande escala o gaz de illumiuacao, os pbysicos e os chymicos estao dc posse de um dos produdos dcsta industria: 6 um carvao puro, mui compacto, sonoro e brilbante. Elevado a alta tempera- tura, e como todo o carvao, mui bom condu- ctor da electricidade; e por isso se cmprega na composicao das pilhas. Encontra-se mais depois da distillacao nas retortas do gaz o coke; c mui consideravel se tern tornado o sen consumo. Curapre lodavia dizer que nem lodo 0 coke do commercio vem das ofticinas de gaz; em algumas localidades se opera a car- bonisacao do carvao, como a da knha. 0 coke ardcndo produz mais calor que a lonlia mais dura, dado o mesmo volume. Apaga-se facilmente, nao scndo alimentado por uma corrcnte de ar; porque menos poroso que a lenha olTerete menos superlicic ao ar. Assim n seu podor conductor para o calorico exige ar constantemente renovado para poder arder. 0 mesmo acontecc ao carvao da lenha, (juando muilo calcinado tern perdido a sua porosida- dc; nao podc arder sem rapida corrcnte dear. Os pos dc sapatos sao o resullado da com- buslao incomplela dos gazes carbonados. Basta \er uma luz, que arde mal, e recollier uum corpo IVio 0 fumo, que lanca, jiara ohier um residue negro coniposto dc carvao muilo divi- dido. Todo o mundo conhccc os uses dos p;is de sapatos : servem para a tiiila da China ; a da iniprensa ; para I'azer os lapis de desenho, etc. 0 carvao animal provcm da calcinacao dos ossos cm vasos fechados. E uma mislura de carvao muilo lino e de saes calcareos. Deste carvao iaz boje grande uso a industria. Um exemplo provara a sua ulilidade. Eni I'SVi c ISll uao .podia produzir-se assucar por lue- ! o;.;.,,','. •200 ■Hos lie 10 franros a libra: sn enipiTgassem n carvao animal para dcsombai-arar o succo (la l)c(aiTal)a das suhstanrias cslranlias, ou roloianlps, podrriam prodiizil-o, (.•omo lioji', 2o on 30 fentesinios a lihra. Alguns dos carvfK's, que tenios nicnciona- do gozara da prerogativa de descorar, e desinreilar as substancias, com que so poem em contaclo. Onira prnpiiedadc muito nolavol consisie na absorprao dos gazes. Tomc-se um rarvao em braza, apague-se na tina de mcrrnrio, c faca-se depois passar por um vaso de ammoniaco, vcr-se-ha o nier- curio da tina subir pouco e pouco no vaso do ammoniaro; o que prova quo o gaz sc condensou no carvao; e com effeito dclle sc p(ide cxlialiir. Ncsta expcricncia um volume de cai'van absorve 00 volumes de ammoniaco. EsiP mesmn ^olume podia condensar cm sens poi'os So volumes de gaz cblorliydrico, 'iU de gaz sulphui'oso. 'Mi de acido carbnnico, 0 de oNvgonio, 7 { de azote, 1 \ de bydrngcnio. Po- deria ainda mostrar que quanto mais csohivel ii'agua uiu gaz, mais e absorvido pelo carvao. Em lodos estes cases nao e uma conibinacao, e condcnsacao o que se opera. 0 gaz carbo- nico tern siJo assim condensado a ponto de se tornar parte liquido. Esta proprii'dade de condensacao nos con- duz naturalmenle as applicacocs, que a pra- ctica pode aproveilar para descorar liquidos. 0 poder desinfectancte do carvao csta em relacao com a sua propriedade descoloraiitc. As aguas mcnos potaveis, nauseosas ate pelo seu man clieiro, como sao as dos pantanos, serao conipletamente desinfcctadas depois de repetidas liltracoes. Pode tirar-se as substan- cias amargas o seu caracler especial, fazen- do-as passar porum liltro de carvao animal: o abfinlbo, a quina, nao resistem a csta prova. Finalmentc quando o carvao e muito com- bustivel, e rcduzido a pulverisacao tal que o po toma 0 nivel de um li(]uido, nao se dei- xara som perigo em contacto com o ar. Nal- gumas fabricas de polvora para piilverisar o carvao aquelle ponto emprcga-se um processo que algumas vezes tern compromettido a vida dosobrciros. Mctte-se ocarvao c balas do bronze num tonel, imprimc-se-Ihe um movimento de rotacao rapida; e pouco a pouco o carvao sc reduz a um p6 impalpavel. Se neste estado se J- abre o tonci, e espaiha o conteudo no cbao eleva-se a temperatura a fiO, 100, 300 graus, e 0 carvao espontaneamente se inflama. Pode todavia cvitar-se o perigo misturando o en- xofrc com o carvao era quanto este se pul- verisa. 0 carvao muito fino, que se lira das torcidas das luzes, pode tambem indamar-se ao con- taclo do ar; assim aconteccu muitas vezes, quando se usava de luzes de azeite nos thea- tros, deixando juntos os raorroes por dcscuido. M. EXPOSICAO DE AN1M.\ES DOMESTICOS. Continn.-ulo (If paj;. 2(i2. 0 apuraniento das dilTi'rentes racas caval- larcs tem avtiltada imporlancia em o nosso paiz, que se presta com ^anlagem a criacao dellas, vista a variedade de suas condifoes to- pograptiicas; mas a indusiria do gado caval- lar nao pode progredir sem que o criadoraprecic dcvidamente ascircumstancias, (jue deven\ rea- lisar-se ua criacao e ediicacao de cada raca'. A especie cavallar olTerece um so genero de produccao, o scrvico; lodavia e lao variado este service, e sao lao diversos os individuos dessa especie, que se torna diflicil determinar OS typos mais perfeilos que ella coniprebcn- de "actualmenle. Analysando as condicoes geraes em que se emprega o cavallo, uola-sc que todas exigem um esforco mecbanico maior ou menor, e durante mais ou nienos espaco de tempo, esforco mulliplo, por que e diverso 0 servico para (juc o cavallo e destinado: a forca e a velocidade pelo hulo dynamico, e a corpiilenria e a energia pelo -lado organico, conslituem as principaes qualidades do caval- lo. A corpulencia e a forca no seu maior des- involvimento conslituem a aptidao do ca- Kcillo de tiro pesado; a energia e a velocidade no mais elevado grau conslituem a aptidao do cavallo corredor; lodavia entre esles lypos exlrcmos encontram-se outros muilos, lanto de liro, como de sella, cbaraclcrizados pelo maior ou menor grau de corpulencia, de esta- lura, de forca, de agilidade, de coragera, de docilidade, de belleza, etc. ' Cacallo de tiro. Este lypo pode subdividir- se em cavallo de tiro pesado, de tiro ligeiro, e de tiro de liixo. Scndo constanle em lodos elles a aptidao para o servico de tiro, a con- formacao e qualidades da macbina equestre podem variar por forma que, na escolba do primeiro, deslinado a arrastar pesados fardos, se procure a corpulencia e a forca, embora sua andadura seja lenla: na do segundo, de- stinado ao servico das diligencias, dos cor- reiosclc, mereca preferencia a forca e agili- dade para que a sua andadura seja rapida, sem com ludo deixar de ter conformacao robusla: na do lerceiro em lim, se evija belleza, agili- dade, brio e regularidade nos movimentos, por(|uc 0 servico dos trens de luxo nem e pesado nem continuado. Cavallo de sella. Este typo pode subdivi- dir-se nos seguiules: cavallo de Jornada ou de .iervico militar, que exigc conformacao ro- busla, mais forca do que agilidade, mais ro- bustez do que belleza, fazendo a Iransicao do cavallo de sella para o de liro; cavallo de ' Veja-se a de.-cripruo dos tUfferentes typits na Zou- Icchnia tlo cavallo ^Curs» comjilelu de Zuoialrica du- mcbtica. Vfel. 2.") 300 pa.tieio. que dcve ser de todos o mais hollo, iigil, docil, c hrioso; carallo corredor. qui' drve liT a confonnacao c as qualidades i(iie iiiais I'acililaiii a carrcira, emboia vao d'cn- coiilro a hidk'/.,! c roliuslez; ciivallo de cnrya, . outra variedadi", cm quo a helleza v a agilida- (le se doviMU siil)joitar a forca c roliustci!, e\i- j;iiido por issii uuia (■onroriunc'ao especial, (iiic 0 dispoe |)ai'a suppoi'tar ^raiides ])esos solii'c 0 dorso, c ti'anspiirlal-os a i^raiide di^laiicia. A dilYereiiia iia l'^laUl^a pode tamheiii dar loijai' a varii'dados nuiito esliiuadas, e ate ualpumas localidades as /■,((•(/< o os (jairanos sao pri'leriveis aus ia\ alios de marca. 0 cavallo de dous deslinos, isto c, com a|ilidao |)ara servico de sella e dc tiro, e lueiios pioprio para (juahiuer delles, do quo sondo exclusivamoulo cuiiroimado para urn so goiioro de servieo. Cada gonero de servieo exige unia certa conrorniacao organica, que o eriador procura conseguir por iiieio da especializacao da ma- chiua cquestro, (azendo coneorrcr na produe- cao do cavallo o complexo das condicoes, que mcllior satisfazom a esse iutuito; so por este meio se conscguem animaes que Iraballii'm nuiito sem se arruinar: quando as suas (|ua- lidades estao cm opposicao com o genero do servieo para que sao destinados, trahalliam sempre coutrafoitos, doiulo rezulla arriiiua- rem-se em pouco tempo, fazondo niais sor\ ieo. Os typos mencionados coniproliemlem todos OS servicos para que a especie cavallar pode ser destinada, e todas as condicoes de sua produecao; mas iniiiorta quo o eriador esco- Iha, para conlormar os sous animaes, o typo quo for de mais ecounmica produecao e mais rendoso ; loudo sempre em vista, que as bestas darao tanto maior rendimonlo, quanlo mais aporfeicoadas cstiverem cm relacao ao sou destino. As condicoes peculiares das variadas loca- calidadcs do nosso paiz pormitlem a criacao dc todos estes typos do cavallo, e nao so em quantidade sudicionte para satisf'azer as nossas nocessidadcs, nuis ate para os exportarmos, tiraudo grando interesse deste geuero de in- dustria, e deixando de gastar as avultadas sommas que annualmonte pagamos aos ex- trangeiros pela compra de cavallos. Todavia para se conseguir cste resultado, e necessario que cada eriador conhoea as cireumstancias especiaes da sua localidado, o estado em que estao as nossas racas, e os meios que dcve cmpregar para as melhorar: e tambeni neces- sario que 0 governo dosvie alguns tropocos, ([ue embaracam o melboramenlo da gadaria, abolindo os paslos communs, mandando caslrar todos OS cavallos que nao lorem escolhidos para cobricao, e I'acultando aos lavradores garanhoes de boa raca. No estado actual seria um processo demo- rado 0 rcgencrar todas as nossas racas caval- lares por meio do cavallo arabe, transmiitin- do-llios docilidade, energia c outras qualidades de que tanto careceni, e apnq)rial-as aos dil- ferontes goneros de servieo: lora talvoz mais jiromplo rogonorar somenlc as molbores ra(,'as por meio de garanbOos extrangoiros ja aper- /'eicoados, ou acclinuitar as ravas que boje se conlieconi mais pcrloilas. So lizessomos a devida applicacao dos pre- ceitos zootccbnicos, poderiamos criar nos valles c planices, abundantes em agua, lao bons cavallos de tiro, como os (|ue actualmcn- te se oble(!m cm Franca, Inglaterra e Alle- manlia; nas planicois onxulas leriaiuos caval- los de sella e de tiro ligeiro; nas localidades pouio moutaiibosas e forleis em pastos, cria- riamos cavallos corrodores, tao bons como os iiiglezos, c dc jiassoio, tao Ixdios coiuo os an- daluzos; nas localidades montanliosas alcan- cariamos bons garranos c facas para servico dc sella ou de albarda; em lim polo systenia de estabulacao podiamos obler bons cavallos em ([ual(|uer localidado e para qualijuor desti- no. sem dopendencia das condicoes do clima. As racas do cavallo corrcdor e de pas- seio douuindam condicoes particulares na sua produecao: cada um destes typos lem exigen- cias privalivas no seu desinvolvimento, e carece d'uma criacao e oducaeao jjarticular, para se obterom com as qualidades quo os dis- linguem. A produecao do cavallo de tiro e mais fa- eil 0 economica, e nao exigo tantos cuidados; todavia dcmanda tambem um processo par- ticular. 0 cavallo dc sella, tanto juira Jornada, co- mo para servico militar, app-oxima-se, na sua priiduccao, do cavallo do tiro, c pode criar-se dcbaixo das mosmas condicoes, varinndo-lbe um ])ouco a educacao e o regimen alimentar, depois dc eerla cdade. A escollia dc eguas I'antis e dc licllos gara- nbOos, possuindo em elevado grau as quali- dades 0 aptidiio que se pretcndcm obtor n'u- ma raca, e um dos objectos a que muito dove attcnder o eriador que descja ter bons potros; mas estes nao podem dar bons cavallos, so nao foroni criados conveniontemento polo rc- giiueu alimentar que Ibcs couvcm, e niio li- verem a educacao quo requer o seu dosiino. A espocie asinina pode ser empregada no servico do sella c no de tiro, e por isso se distribue nos lypos que rd'erinios a respcito da especie cavallar; todavia no servico de carga e de sella e que mais se emprega em 0 nosso paiz. 0 gado muar e mais espocial- mento destinado para servieo de tiro ou de carga, mas pode egualmcntc conlormar-se para (jualquer dos outros servicos referidos. Tanto as muares eymiricas como as asueiras dependcm da juncciSo de duas especies — a cavallar e a asinina, c por isso o seu dosia- volvimcnlo esta subordinado a pcrfcicao d'es- 301 las; sciii bons progeiiitores iiao e possivcl obler boas nuiarcs, postoque as ciiem e edu- qucm scgundo os prcccitos da ZootL-chnia. Os programinas para as exposiroos devem exigir cm cada localidadc os typos mais pcr- I'eitos, e de mais cconomica producriio. St^ a Auotoridade dostiiiar os ]iremios dL- maior valor para os cavailos melhor coiiCormados e cducados para o scrviro dc tiro ligciro, e maiular garaniiocs das melhores raras de tiro para o campo de Coimbra, \lemtcjo, Miran- della CMa\os, etc., passados ([uatro on (/inco aniios, pndcia escolher, iicstas localidades, bons fa\ alios de tiro, para o serviro das dcligentias, sujieriorcs aos cxtrangeiros; por- que, em estando aeeiiuiatados, sao mais diira- veis, fazem mellior servico, e nao exigem tall- ies cuidados no sou regimen. CoiltilHia 1. K. DE MACEDO PINTO. 0 DUQUE DE COIMBRA ESegentc tl© rojno. Enire os liomcns illustres que no seculo XV engrandeceram o nosso reino, e ilhislra- ram a nossa historia, devcrcmos rontar sem diivida alguma o infante D. Pedro, diiquc de Coimbra e regenle do reino na menoridade dc sen solirinlio D. Afl'onso V. Foi este prin- cipe lilbo do esclarec-ido rei D. Joao I, e ir- mao do infante I). lienri([ue, cuja memoria pcrnunu'cera nos I'astos portnguezes em quanto (lurar esta naeao. 0 seu caraeler Ibano, e lioas quaiidades revelam-se elaramente em lodos OS docunientos, que de tao eselareeido priufipe eneontramos eoni frequeneia, e de que mais adiaiite nos bavemos de oceupar. As gncrras que por tantos annos suslenta- raos sempre victoriosos contra os Almubades, tcrminadas na Peninsula com o seu aniquilla- mento passaram-se para Africa, tbeatro de nao nienor gloria para o nome portuguez. Tanger, Ceuta, Arziia c Tetuao foram o comeco das fonquistas que maistardo unidas a coroa por- tugueza lizeram depois conhecer o nuindo, dcsde 0 Tejo ale alem do Ganges, e dacjui ao Amaznnas e Rio da Praia, passando ainda ate ao estreito, que com sen nome nos rccor- da 0 seu primeiro descubridor Fernao de Ma- galliaes. Difl'erentes nacoes, divcrsas cidades e va- riadas linguas obcdcciani ans pnrtuguezes , e ao nome so de um AR'onso d'Albuqui'r(jue tremiara os idolos dosPagodes cabindo desmo- ronados, e submeltiam-se Iribatarios os reinos do Indostao, Goa, Malaca e Ormuz. 0 Filbo de Deus era adorado, c junto a Cruz dohravam o joelho lantas nacoes, e povos barbaros. Cumpriam-se agora as promessas, (pie tantos annos antes havia o Eterno revela- do ao primeiro Affouso nos ca,nipos d Ouriquc. Cercado de sabios, e sabio elle mesmo, institue o infante I). IIenri([ue, uuia cschola cm Sagres, e com as luzes que esta cspaiha ii beira-mar enxcrga ao largo aquellas terras d'Africa, que depois faz unir a coroa portu- gueza. 0 seciilo XY sc por uni lado cngran- dece 0 nome portuguez, servindo d'assombro as mais poderosas nacoes, que actualmente teni na niao o tiel da balanca europea; nao o engrandece menos pelo lado da civilisacao, cultura das lelras c instruccao, que o fez eleiar a gloria a (pie era possivel subir, com 0 esmerado ensino das mais precisas e neces- sarias scjencias, que eomportava o cspirito iiinnano naquellas eras. Escassos, e apoucados cram ainda na<[nelle tempo OS coniiecimenlos da navegacao, e nao podiam ospilotos afastar-sc das costas, guian- do por cllas o rumo das suas viagens. .\per- feii'o.ido nesta escliola, e com a descoberta do (innel (jniduado, (|ue dizem superior ao astrolabio, o nosso celei)re luatbematico Pe- dro Nunes faz-nos conhecer todas as eostas occidentacs d'Africa, e mais larde dobrar o cabo tormentoso: raas antes deste, e com me- nores conhecimentos nauticos, e mais imper- feitos instrumentos, passam os nossos nave-^ ganles aquelle temivel cabo, que por ninguem ate- atiueiie tempo o podcr transpor Ihc poze- ram o nome de — Nam — parecendo com elle indicar-se aos navegantes, que dalli nao sur- dissem mais avanle: com os mesmos meios, e com as mesnias imperfeicGes dobra Gil Eanes, natural de Lagos, em li30 o cabo Bojador, fa(;anlia tao grande e maravilbosa naquelles rudes scculos, que os anligos escriptores nos- sos tiveram para si, como egual aos trabalhos d'llerculcs, expressao, que se hoje achamos exagcrada, nao o era certo naquelle tempo' ! Em liiO, Nuno Trislao, e Anlao Goncai- vcs cliegam ao cabo branco, descobrindo novas terras e clinias ate aos 14" c 48' de latit. N. As viagens sc continuam c proseguem com denodo, e quando o Yeneziano Luiz Cada- mosto se embarcou. para ir, com licenca do infante regente D. Pedro, ua carevela de qne era patrao Vicente Dias de Lagos, ja os por- tnguezes tinbam devassado a([uelles mares ([w. elle agora sulcava em '14io pcia primeira vez! gloria, que alguns invejosos nos ((uizc- ram tirar no seculo actual, e que com discre- ta, e mui judiciosa critica reivindicou o sr. visconde de Santarem na memoria sobre a prioridadc das descobertas portuguezas na Africa occidental. Finalmente Bartholomeu Dias cm 148C sa- bindo do Tejo com outro companheiro do- bram o cabo das Tormentas, onde mais tarde Vasco da Gama ouvira aquelle terrivel pro- ' jSiav(>s:acHO tSo temero.«a. tSo clieia de jierit'os. . . . rjur tie dc^atinada e luiicfi Ihe fui poslo o iiunie jiL-i«'S estran^iifos. SyiB. J'id. do .trceh. lir. 4. ™;a :i. 302- gnostico das desvciUuras, cjue havia do tor a = liriiiuir(i armada qiir fizesse paxsut/cin jxtr tdo in.si)f(ridus oh(/((,s', =tiido isto dmido ao di>sv('llado ciiipfulio com que os illuslri's iillios di'Irei L). Joao 1 pioiuovcram a I'dicidadi' o iiislruccao em lodo o reiiio. Ao mesmo passo [lorciii, que por loda a cosla afiicana e illias adjaceiiles era coiihe- eida a liui;na, c lespeitado o uome portuguez, e se iaui alonganiio as coiKiuislas por um iiKido mara\ illioso, o eslado inlerior do reino iiao era iiuictivo; a vida iulelloclual, eoulor- lada com o amor da patria e iiohro gloria do seu iioiue, llorescia em todo o gonero depreii- ilas, dando-nos um dos nossos filulos mais lionrados com iiue haviam de ennobrocer-se as I'uluras geraeoes. D. Diiiiz tiiilia I'uiulado a univerjidade cm Lisboa, chauiando a clla prolessores os mais habilitados para o magislerio, c scmprc pro- vidcnciaudo sobrc os mcios do obler deHa melliores recursos, mudou-a para Coimbra. Tinba-a au\iliado com muitos privilcgios e dotacoes, que sens successores ampliaram, c Coram coiilirmando. D. Joao I desassonilirado das giicrras de Caslclla e das afanosas lidas cm que com cllas se acbava cinolto, augmeu- tou quauto podia o esplendor da reiigiao, e protcgou as lelras como foale da moral dos povos, e da prosperidade da iiacao. 0 mcsmo I'avor ambas experiuientaram nos reinados sc- guiutes; e desde o seculo XIV por diaule as letras e bellas artes llorescoram abrigadas a sombra dos reis e principes portuguczes, o mais que era possi\ el em seculo de tanla ignorancia. Molivos que iiao podemos descortinar alravez do silcncio que guardam as cbroiiicas, e dos mysterios de taiitos seculos, lizcram reverter a Li'sboa a universidadc no reiuado de- D. Af- I'onso IV, e no niesmo rcinado tornar a voltar a Coimbra, como que com este faeto se iu- dicasse a todos ser Coimbra o logar, e terra propria para este cstabelecimeiUo. Yemol-a dopois tornar para Lisboa no rcinado d'eirei D. Fernando, para commodidade dos lentes que de fora do reino mandara vir para o magisle- rio publico, e naquella cidade conlinuar ate ([ue D. ,loao III a mudou, e delinitivamenle cslabelcceu nesta cidade oadc ora exisle'. Destc sinifdes e singelo esboco clararaento se moslra o desveio com ([ue os reis conlcmpla- ram sempre uma corporacao <[ue tanio lustre deu ao reino, e em ((ue a gloria portugueza subiu ao cumc; sendo sens profcssores uao so nellc conhecidos, mas em todas as iini- versidades da Europa onde exerceram o ma- gisterio publico muitos de sous digaos mes- tres. Salamanca, Montpelier, Padua e Turin ainda lioje podem attestar a celebridade dos doulorcs portuguczes, e darcm um claro leste- munlio do progresso da civilisacao, da pros- ' Vej. ollviil. du Inslit. mem. hist, da univ.;j>elo sr. Dr. J. JI. d'Abrcu. pcridade das scioncias no nosso reino, c do conceilo em que Portugal era tido ])or toda a parte'. Eu niio couhoco neubuma outra nacao ((ue nos curtos limiles do seu territo- rio teulia podidn encerrar tao grande gloria, e emparelliar com as mais poderosas! Acliava-se, como jii vimos, a universtdado estabelecida em Lisboa, e esta cidade, (jue linlia sido destinada para os esludos superio- res, acbando-se situada longe do centre do reino toruava dillicultoso o esludo aos alumnos das provincias, pela distancia em que dcll.i se acbavam, alem do inconveniente das despe- sas, que era indispeHsa\el I'azer para nella manter os cscbolares com tresdobrado custo do que Idra mister em outra parte do reino mais central. Niio podiam tao grandes descon- veniencias escapar a penetracao do infante regente U. Pedro, e querendo remediar este mal, e cspalbar quanto possivel as luzes por todo 0 reino, traclou de procurar os meios (jue mais ade(iuados Ibe pareceram para nesta cidade fundar uma universidade de estudos geraes de tbeologia, bistoria, direito, etc. : e ])orque nao podia so com suas rendas Icvar ao complemeuto tao luminoso pensamento.s escreveu as corporacnes ecclesiasticas e bispos do reino, para o auxiliarem em tao brilbante cmpresa. Era neste tempo (liiC) bispo de Coimbra I). Luiz Coulinbo, irmao de D. Fer- nando Coulinlio, tamliem bispo, que della linlia sido anteriormente, e ambos tillios dft 2." marecbal do reino D. Goncalo Vasqnes Coutiulio. Este bispo D. Luiz, amigo intimo do regente. e seu iiel companbeiro ate a morle, na infeliz Jornada d'Allarrobeira, promoveu com todo o desveio, e auxiliou quanto poude as vistas do regente, aleancando uma dotacSo para esla nova I'undacao da universidade em Coimbra; e 0 cabido da mesma cidade junto com a collegiada de S. Pedro, padrociros da egreja d'Almelaguez, duas leguas ao sul desta cida- de, cederam do padroado e rendas da mesma egreja para (icar unida e encorporada na universidade, e dos seus rendinientos se pa- gar aos lentes e mais ofliciaes d'ella, com a condicao porem de nesles estudos se cnsinar direito canonico e civil, e a universidade per- manecer nesta cidade; por (jue laltando-sc iiquella condicao, ou mudando-sea universida- de, 0 contracto seria de nenbum elTcito. No que tudo convieram. — «Consirando (|uanto a storia das lelras be necessaria, e proveilosa coisa a todos e singularmente as pessoas eccle- siasticas"— e acbando-se certos tambem da — ((grande vontade que ba o muito illustre, e mui virtuoso principe o sr. inl'ante D. Pe- dro titer, e curador d'eirei nosso senlior c rregcdor por ell destes rregnos. » — Tudo isto loi ordenado, e passado a escriptura pu- ' Vej. ol vul. du Inslit. J'ag. 178, 303 hlica cm 24 de main dc HiG, e no mcsmo a o ])olo, Coiiscios de tanjo nial os ecus trovojam, E no cume do monte as nympbas gcmem. Oil momcnto de borror! (u so lu'foste r.ausa dos males sous, da morle sua! Ncm decoro^ nem fania abalam Dido, ISao qucr liirlivo aiuor; ([uor so consorcjo, O noiiic do bymencu paleia a culpa. Por iflda a e.vtensa Lyl)ia a fania \6a : Monsiro nao vaga mais veIoz do (jue ella. Da-llio forcas e vida, o movimenlo, Alguin tanlo ao nascer a acanlia o medo; Cresco . . . ale que ncs ecus suiiiiiido a fronle, Firma a I'ronle uos cons, na terra as plaulas. Dizem quo a Terra dove o nascimenlo (Juando dos numcs quiz vingar-so a Terra, Porquc Cico, porque Encclado abismarara: Ajuda-se das jizas o das plantas, iSos gyros sens o monslro ingonle c borrondo: QuanUts plumas a veslem iqiie portcnto!; Tantas as linguas, tanlos os ouvidos, Taiitas as boccas s5o, e os olbos tantos, Quo velam scni cossar, quo se nao ccrram Do socegadi) sonnio ao doco peso. Em quanlo a nolle reina, croiiiam sombras, Vda enlre a terra e ecus rangeudo asazas; Em (|uanto o sol da luz, alerla pousa Em sublime algoroz, em torre allisa, Espalliando o terror de povo cm povo. .VITorrada a liccao, ((uanto a verdado, .^ssoallia liccoos, verdados, crros. '•"olgava 0 monstro de cspalliar nas terras 0 Icilo e por I'azer, com rumor vario; Quo Eneas aporloii, quo e (eucro sanguc. Quo anceia a bclla Dido uuir-so ao Toucro. Quo 0 longobyuverno os viu luilrindoamorcs, No lu\o, na paixao, no es([ucciniento Dos scus ostados. Vozes lacs derrama 0 niimou malfeilor de bocca em bocca. Ja do larbas ao rcino cstonde os voos, Exacerba-lbo o ardor, Hie dobra a raiva. U'iianion, da (Jaramanlido Ibi jirolo Esio roi; crigiu no vaslo imporio Allares cento a Jove, em tomjtlos cento; Nas aras niyica cxpiram sacrus lumes, Aos cullos da Dcidade oternos velam ; Yictimas scnipre em sangue a terra ensopam, E lloridos festocs das portas pondcm. Som lino, e no furor da aiuarga nova, E I'ama que ante as aras e auto os numcs Alcando aos ecus as raaos, dest'arte orara : »0!i jove omnipolente, que rocebes "As que cntre os loros, e os foslins te olTerla "Leneas libacoes a maura goule, uNao vi^ isto? nao vos? ob jiadre! oh nume! «Teus raios medos vaos aomundo inspiram? «Tu vibras som destino acrios logos "Nas azas do trovao? Temor-to e sonho? <• Mnlbor, quo deslorrada em meus ostados I'Couiprou tenue porcao de praia e campos, "Que me dove a cidade, o dove as terras "Glide iavra, oude impera, onde legisla, I'Kojcila a ffluilm mao? e aoollie Eneas? «E oTeucron; senhor sou? roubou-ma oToiic ro? "Urn Paris, uui cobarde, a ipie nao peja "0 Meonio galero atar na barba, "Trazer de essoncias rescendcnle a coma! "Aquem scmiviril cortejo adula! . . . »Eeu, por que cm Icmplos teu'; cmnulo offrend;is, "Do prole lua em vao me illusira a lama?" larbas desla arte orou co'as uiaos nas aras ; 0 omnipoteiito ouviu do lillio as preecs. Os ollios vol\o 0 deus aos rogios pacos. Alii do mcliior lama desluiubrados Os dois amaiitos vo; Slercurio cbanio, E desla arte Hie falla : <((;6rre, voa "Sobre as azas dos zephyros, 6 lilbo; " Vcioz por entro os arcs to desliza : "Dizo ao troyauo chefo, (|uc so anlollic «A.s cidades que o lado llic destina, "Longe de repousar nas tyrias plagas: ■ Tal me nao [iroiuetleu, nem tal o intouto ■ Da bella Venus I'oi, quando cnire os Grcgo* 305 (il'ma voz, e outra vpz, da niortc o salva. nQiic da gucrreira Italia orcupft o llirono, "Terra de heroes, de reis feciiiula palria; «Que da troiana eslirpc o Iroiico seja, «A quern o iimnde iiileiro as leis aeatc, <(0s seus destinos sao. Dc gloria tanta oSe abrazal-o nao podc o qiiadro illustre, «Sc sen proprio esi)lendor nao vale as lidas, oTenta ao liliio rouliar da Itiilia o reino? '(Entre imiga nacao que h''} que espera? "Nao v6 lavinio campo? ausonia prole? «Navegue. Eismcu querer; nieu niandoeeste.n Disse. Obedece o Deus de Jove ao niaudo; Aureos talares aecommoda as plantas, Semprc em rapido voo as azas d'elles 0 levam sobre o mar, ou sobrc as terras: Empolga 0 caduceu, com elle as almas Ao tarlaro conduz, ou d'elle as lira; Com elle os somuos da, e\pelle os somnos, Dos oliios dos mortaes; no ponto extremo Com elle extingue a luz, com elle alToito As nevoas alravessa, acoita os mares. CoiUinua. COSTUMES ARABES. A NOBREZA NO DESEKTO. ContinuaJo de pag. 231. Falliivamos da vindicta. Se o homicida e algum maioral da tenda, tao poderoso que infunda respeilo a trihn, e se nega o prcco do sangue, cedo ou tarde o paga com a \ ida (|ue, em se nao t'azendo justica, e reelamada pela vindicta ; mas tambem dalii nasce a guerra, como dissenios. Numerosos exemplos de vindicta podcriamos citar: o que se vae ler, tirade dos costumes de uma tribu do Sahara, os chamba, e de uma povoacao do grande deserlo, ostouareg, separados uns dos OLilros pelo espaco de duzentas Icguas, dara idea exacta desse odio obstinado, dessa sede dc vinganca ([ue se traduz sempre pelos mesmos actos de violencia. Um troeo dos chamba, capitaneado por Ben-.Mansour, cbefe d'Ouergla, surprehendeu, junclo do Djebcl-Batcn, alguns touareg que vinham ao Oiied-Mia dar de beber aos seus camellos, e commandava-os Kheddache, chele do Djebel-Hoggar. Odio implacavel, cuja ori- gem e desconbecida, tao antigo e elle, traz OS chamba em guerra com os touareg, alcni de que estes andam em perpetua vindicta com as tribus do Sahara, ou porque sao berberes e niSo arabes, ou porcjue impoem as caravanas do Soudan um dircito de passagem. Travou-»e enlrc riles, e sem preliminares, um combale encarnicado: os touareg I'oram postos em fuga, deixando dez dos seus, mortos no campo, um dos quaes era o seu cbefe cujo coi'po decapitado cncoutraram passados dias: a cabeca levara-a c expozera-a Ben-Mansour, como tropheo, era unia das portas do Ouergla. A nova dostc successo cobriu de luto os habi- lantes de Djebel-Uoggar, e os levou a fazereiu etc juramento solemne: »A minha tenda sejas destrnida, se kheddache nao lor vingado." Kheddache deixara uma viuva f-ormosissima por nome Fetoum, e um lilbo aiiida infante. Segundo 0 costume, Fetoura licava governando com 0 conselho dos grandes, em ([uanto seu lilho nao chegasse a edade do poder. Um dia cstavam os grandes reunidos em sua tenda; (iMeus irmaos, Ibes diz ella, acjuelle de vos que me trouxer a cabeca de Ben-JLinsoup, ter-me-ha por esposa», e em a noite desse mesmo dia todos os jovens da montaiiha, ar- mados em guerra, vieram dizer-lhe: «Amauha partiremos com nossos servos em procura do teu presente de nupcias.» E de feit«>, ao al- vorecer da madrugada, trezentos tauareg, commandados por Ould-Biska, primo de Khed- dache, marcbavam na direccao do norte. Ao cabir do sol, quando ja tomavam posicao para fazer alto, viram correr sabre a sua retaguarda dez camellos montados, entre os quaes se distinguia um mais ligeiro e rieaniente ajaeza- do ; era o de Fetoum ; e Fetoum vinha reunir-se a este pequeno exercito que a recebeu com acclamacoes de regozijo, porque, e ccrto era a intencao della, pareeia querer aconipa- nbal-o para mais promptamente cumprir a sua promessa. Era no mez de niaio: estavam as barrocas cheias d'agna, as areas juncadas de relva; a estaciio fa\ orccia : ao I'azer alto no oitavo dia de marcha, aununciaram os Ijatedores que um forte troco dos chamba, commandado por Ben-Mansour, dirigia seus rebanhos para as pastagens do Oued-Nessa; porem os chamba logo percebftram a aproximacao dos touareg e cortaram rapidamente para o norte, procu- rando alcancar o Oued-Mezab. Descoberto este movimento, com marcha forfada de um dia e uma nolle foram os touareg embuscar- se em barrocas e brenhas a poucas leguas de seus iniraigos que de tat nao deram fe. Alii passaram o dia. Ao anoitocer desceram a planicie, e seria meia noite ipiando o latido dos caes descobriu o aduar que procura\am. Em um memento Ould-Biska da o signal, e OS cavalleiros, levantando o grito de guerra, cahcm sobre os chamba, dos quaes apenas es- capam cinco ou seis. Um destes e perseguido por Ould-Biska que o fere nos rius com um golpe da sua comprida laufa. Levado por seu camello, o desgraeado chamba, vacillante, forcejando por segurar-se na sella, ainda da alguns passos, mas em breve se abate 306 (• vai rolav sol>rc a area, dosprcndendo de si uma criaiira do sete a oito annos quo trazia ofi'ulta (lehaiNO do alhcrnoz. — »Ben-^lansour! BiMi-Maiisniir! (^onhocps Bcn->!ansoiir?» P(M-i;iiiilon Onlil-liiska acriaii- ra, que poniuuiecia traiuiuilia jiinclo do cada- ver. ((Era nuni pae, cit-o-ahi! Cliegava entao Fctoiiin segnida, cercada, comprimida por urn grupo do touarog. — Malei-o ou! exrlaniou Ould-Biska. — A iniiiha palavra sera cimipiida — re^pondeu Potoum — mas laiioa mao desse punhal, n vae acalmr do rasgar o corpo do maldicto; arranca-lhe o corarao v dcita-o aos caos. Em qiianto Ould-Biska, joclho cm terra, curvado sohre o cadaver, cxecutava est a ordom, Feloum. cujos labios sc viam contra- liidos e aiiitados por um tremor nervoso, cevava-sc avidameitte iiesle horrivel espe- rtaculo. Torminado a atroz refeicao dos sloii- (jui (caes g;algos), Feloum, sntisfeita a vin- ganra, nao curaiido dos despojos que os seus amontoavam, nem dos rebauhos que dies andavam a reunir, moulou lo^o em seu ma- liari, e deu o signal para a relirada. 0 lillio do Ben-Mansour nao o mataram, mas aban- donaram-no, c alii estove o infeliz dous dias a chorar com fome, sede, e calor, ate que deram com eilc alguns pastores e o condu- ziram a Oucrgla onde existia ainda em 1845. Assim([ue os caes dos touareg comeram o coracao do chcfe dos chami)a, mas lambem entre e^tes dous povos havera sempre guarra implacavel. Coiitinua. BIBUOGRAPHIA. Cunlinuado ile pa^. 293. INIiiii p:ra(io \ainos contimiar o arti^o que com aqiieUe tilulo principiitmos em o n." 'i'i do In^slituto; porque, ha- venJo agora ili; falar de trabalhos inteiraniente proprjos, avullam-nus ao pen.sameiilo todas as dlfficuldades da eni- presa; e pur que tambein, para satisfazer ao promeitidu, t* fnrra que uma onlra vez levautemos a voz neste jornal a favur do inethodo portuguez, coinbatido per um dos nossos niais iUut-ires e assidaos collaboradflres, Ahi esl.i, no mesruo n." a pas?. '2iio, debaixo do titiilo — Instrifr^fio piimaria, — o niesmo campeao fuhninando iiovnmentn a[in'il:i invcnrao on introdiic^ao (que importa Ijso?). que iius prL'zamos de recdihecer por excellenle; e I'm favor da qiial, e em harmonia cjm eUa havemos publi- cado primeira, segumla, e terceira edi^oesd'um — I^ovo fibcedario ^ indicio este, com o das tres ou quatro que se tern feito do mesmo mctliodo portuiruez, de que a reforma |jroirride, e^nriha terreno, apezar de sens anta^onistas. 'i'emos por coiisa decidida, que nao ha seiiao venta,:^ens na ilii-cussao d'um quabjiier ponto literario, porque, na Incta, estuda->e mais profundamenle a materia, palpam-se rnelhor as diffirublades, e esclarece-se em Dm a verdado. Mas esta quebtao tern tornado uma forma tao singular ; a paixao, e o caj)richo, parecem ter nsurpado com lamanho azedume o Ios;ar. que nao e dado seniio a rellexao impar- cial ; que, au locar ainda levemente nest«s pontos, ficilmus jiressenlirlo o subreiBlt'e do leitor. e o seu justo receio pela con^erva^ao da honeslidade d'um jornal l3lo Hizmenle cx- clusivo das scieucias e da lileratura, como e o Instiluto. A b- pon'm d'lioniem de bom, e com o trstimunho anterior de ludo (pianio, subre quabpier assuuipio, liavenios e,-;cript.>. ousamos prometler, que nao seremos nos ipn- a manchare- mos por via desta, ou de qualquer oiitra quentrio. Como o que ib;ixanuw dicto, prende diredamente com a — Intro(hir(;ih) an .tiitign dos Mininns — , u'.na da-^ pul)lioa(;oes de que ums propozcmn-; dar nt>lii'ia. vamit*^ a principiar purelbi, embora, nn ordein dos traballiosaponta- dus em prineipio, tivesse o primeiro lofrar o Manual. K*la Intriuhic^no conteni quatro lartcs: — i^ 1." e um abcednrio t\r ttititra ; — a ii " pudcremos chainar tambem aliccdari'j de niiineraQao ; — a .'i." sao uns pn'mdros e.vcr- rict'js dr fefhtra; — e a 4.", conlinua(;So desta, eo p^que- no catecisiuo da di.icese. A 1." e a *.' parte, I)em como aliiumas pajrinas da ii." cont*?m a reproduci^-ao dos Abcedaiins novos para uao do a.fj/io da iiiffinria, publicados em 11)51. Esta nrt preio, mui reiormada, uma ■3.''' ediriio da ftilro' durriio, que vem a ser a 'i.^ dos releridos abeetUirios. J. Rstds nao conlem mais de novo numeros, em dezaseto pairinajide letras,— palavras, — e phrases. A di.sposii;HO das b'tras, a elassilica^ao das mesmas, tudo o sin^elissimo cou- lexto desle alu'edario e baseado no s) sterna (b) sr. Castilh'i : o qual, apenas approvado ptio Cmistlho Superi')}'^ e antes mesmo que mis o lessemos, nos ha\ ia siib) mui inculcado pur um dos mats bvnemeritos e consrrririnsos ivjyac! de.'isf Cansflhoj para o fazermus. expcrimentar ua eschola do as} b:). O 1.^ numero contem as seis vogaes, com os seus nomes na phraseologia muemouica do sr. Caslilho, a qual por experiencia ja sabemos que se grava admiravelmeiite na mcmoria ; e que serve tanto, senao melhor. do (pie as an- tigas denoraina^-oes, para, no dictado do escrevcr, se ma- nifestarem, au que escreve, os characteres de que ha de usar. Todas as vofjaes, majusculas e minusculas, vao em cha- racteres redondos e inglezes, repetidos, afim de que os meniaos possam, desde logo, ir apprendendo uma e o\itra leitura, imj)ressa e manuscripta. E esse piano conlinuamos inalteravelmente em os numeros seguintes, compo^tos de letras, palavras, e phrases, em ambos os characteres. As vogaes seguem-seo que chamamos, comosr. Castilho, sons oraes on puros ; e contem as modifica^-5es dos val6res das vogaes, que podem sii^'nificar-se pclos accentos, e pelas mesmas vogaes nao accentuadas. Conclue o primeiro nu- mero com as poucas palavras ja susceptiveis de se fornia- rein somenle de vogaes, como ai! ui! cu, o tiio e a aiu^ tu ia ao aio, etc. Debaixo do titulo — Exercirios^ ao cabo deste numero, ou primeira li(;iio, iiidicamos o processo que nos parecen deverseguir o professor, quando intenda convlr-lhe mais emjiregar o abcedario, do que o puro melhodo portuguez, ou combinar um e outro. O 1 ." diz : — ■" De])ois d'algum exercicio de divisao de wpalavras em syllibas, e de^^las em rlementns phtmicos, e ittamhem de leitura auricular, — repetir o val»ir das vogaes. O 2.° — » Dizer o valor de cada vogal, de que se com- «poem as palavras. e Ugar esse valor em s) Uaba^i naturaes. tiCome^ar a cantar ou recitar as regras dos valores, e a conhecer como se a])[ Jicam. Ve-se pois que persistimos na eminente conveniencia do grande trabalho, rigorosamente analytico, do melhodo jwr- luguez, da decomposi^-ilo da palavra, feita em coro e a compasso, jtelos meninos; cousa, a ipial, como a leilura auricular, podera ser reputada por incomprehenslvel, ou nimiaraente penosa e moedora para os meninos, por quem (pier que OS conhe^a tao somente de longe, ou haja preten- (lido estudar a eschtda no silencio e rccolhimento do gabi- ncte, enlre as grandes e Iranscendenles cdvras dossabios; mas *pie, para os que forem vlsitar uma e rauilasvezes a<|uella, se moslrara claramente ser tao facil de compfc- hender e exercitar, como a)irazivd egraciosa, e, em sens ctTeitos ultenores, averdadeira — viaftrrta — daUitura, com') Ihe cUamou com toda a razao o sr. Castilho. 307 NVsta parte permitta-se-nos observar. que o A. do art., a qiiL' em priiicipio alliiiJiraos, nos caiisou a iiiaior lias sur- prczas 111) cjuo e.^crt-veu a pa^. 2H5. — uQiicrer pois-qne .( tia (iroimncia singular ilit lulra Suisse a proiiuncia da jia- .* !avra, era tiuerer o impossivel ! ! E todavia esse impossivel faz-se constante. prompta, e facilimamente nas escholas dv> methudo purtiiguez, cmiio temos obscrvado e pxperhuuiilado muitas vezes no asylo da infancia; e nao so a respeitu de nojiies d'objectos cominuns, mas d'oiilfos inleiramejite desconhecidos dos alumnos, conio OS de cidades e paizes estran^'eirus. E se o ilhislre A. ilo arligose tiveiisediidoaoincommodo do bem observar practieaiiiente o comose devem fazer soar, se^nndo o melhudu, cada uma das cons-iautcs (o qtie nau e siisceptivol de se eserev^r), e taiilu melhur qiianto mais se di-'r de mao a todaa (:'Xao;^era(;a(j; temosque llieacuiitecena o mesiiio, que iia nieUior boa le asseveiaiuus nos acontecera a ]irincipio. Lendo e relondo o melhodo, e ajipHcando, com elle, a palavra — porta — , coiuiuimos, com o nossa collejiia, por aqut;l!a inipos.-iliilidade; mas desde que ouvinios p(jr em obra a theoria, e fazer soar devidamentc as consoatites, segundo o ensino do sr, Casfilho, iiin conio veo, que nos toUiia a \ista, rasjou-se diante de nussosolhos, e adiHicui- dadedesapparecen para se.mpre. Eiu contraposi^ao ao que airirnia, e nos accreditamos. o A. do arl. ha\ cr ubservado nos mehtres assisleutesao curso normal.] odeni OS asseverar-llie, que, nos examesdosmesmos nieslres dilficiluiente appareccu algum, dos mais rudes, (alguus. I oucos em verdade, niai^que rudes), que nao Ira- duzisseeni palavra, prom pta e imnn-'diata men te,os sons que se Jhe enviavum, por differenles pe.ssoas, sem a mais peque- na indica^-rio anterior. E que muilo, se os meninos fazem esse mi la ire ! Sentimosserraosfor^ados pelo A. adizer-Iheque as suas mesmas palavras provam contraproducentemente. Quern duvida deque, assimcomo Wraimpossivel extrahir, por via dos sons ouv'idos, a palavra biblos^ expressando pelo nome proprio cada urn de sens elomentos, na lingua grega; da mesma (urma e absolutaraente superior as humanas lor^as lirar a palavra — chajit'ii — dijs elemeiitus c, li, a, p, e, u, como sp inculca que pretenda o melhudo portuguez, se|ia- rando o (pie elle ajuucta, eJfazendo soar a aniiga o que elle transforma em cimo s5pros e quasi sons indiziveis ! ? Qaando, em ieiliica auricular, (na qual e evidenteque figuram somente os \alores usuaes dos caracteres, e nao a fi5r-nia destes), quizernios que os alumnos nos digam — ifjiapifu., certaraenle niuguem llies dira — c, h, a, p, e, u, — mas sim — .r {\alor da articuIa(;ao cumposla f/(,). B, /;, in {on — (',«*• Da mesma sorte em chfirlnlno: e ^ntao o alumno — dij a sent difjlcvldadc a palavra^ fjue OS sens elc/ncnt^)S combiiiadus representani (palavras do Qiesmo art.) ! ! '_, Se em seguida o professor mandar, como deve. deconi- bor em syllabas, e estas nos sous elementps; o alumno respondefa talvez que o primeiro elemento e a ^ — tisoirti, 9 X, a s'egunda a arvore etc.; e aquelle Uie eiisiiiara que, segundu o raodo dVscrcver, nao e o x, mas e o rh o primeirp eleniento da palavra chapi'v, com o mesnio Valor, conjo ja aprendpra. Mas, se com elVcito o aUimno nuo pude ligar ele- m.entos, mas unicamente syllubas, ou •) suletrar sillabiro da velha eseluda; que s\llabas ha (perguntaremos nos) nas palavras chapeu e chaitaliio, parlidas, como . quer 0 art. em X, fl, pj ('«; e X, -ar, la, tao. ? ! A id^a de apprender a ler palavras, quazi desde a I.^ li^ao, (Tolgamos de o ler ahi), e approvada por M. Michi-l, ciija obra nao vimos. Seus svllabarios, inculcados no art.", tenio-los por autiquados e inuteis cm nossa terra, aunde nao ha carlilha ou abc, velho on novo, que nao condemne OS pobres meninos a fazerem uma longa e asjjerissinia fiajem desde o 6 e a — bd, e o b-r-d-o — bnlo ale as eSti- rndas palavras — constitudonalidade e, misericordiosis- isniamente^ etc. Os nossos abcedarios continuam, dasf vogaes em diante, eom as consoanles — M. N. L. R. o n.** ti.": — B. P. D. tv.f. y. o n.o 3.0: — Q. K. C. C. S. o n.« 4.°: -Z. \". J. G. 11. n a." 5.": — sons nazaladoe 8imi)lices ecom- postos, o n.« 6.": — Ch. Lii. NU. Ph. no n." 7.*: — al- gous, mui poucos,:exemplos de consoantes dobradas, no n." H.": — e como parte coniplementar uma variada col- lec(;a(j d'abcedario.s, pcia aiUiga ordem, em o n." y.'* Em todos OS n."*, menos no ultimo, »fgue-se o piano do 1 .^ 0-* characteres sao variados. Nenhumas syllabas error facilidade, a l^r uns e ou- tros characteres, redundos e manuscriptos. Em assumptosde3taordemcr^mosqueomol!iorargumen- toeudaexperienciu.osfactos bem verificadose apreciados, e repetidus por um tempo bastante jiara devidamentc se julgarem. Portanto, se estes abcedarios valem alguma cousa, so supprem bem us longos syllabarios, se se amoldam a todos OS methudos, e se sao susceptiveis do fructlGcar, sAb a intelligente apjilica^ao d'um professor cuidaduso, nao a devomus dizer nm a priori; que o digam esses. mesmoa professores pelos laclos. Pela nossa parte, limitamo-nos a asse:verar, que desdo 1^5] nao ha syllabarios na eschola do asylo; — que as camadas de meninot desse edosseguintes annos teemappren- dido a i^r em menor tempo, as meninas ^ratutfassem mais ensino que o oral do methodo portiiguez; e os meninos gra- luitos, e OS pensiunistas, ]relo me.smo melhodo, auxiliadgi com o uso de tabellas inteiramente conformes aos abceda- rios, l.^e2.''edi(;ao. Tres para quatro annos d'experiencia tem Jilguma importancia; e 6 por isso tpie aguardaremos razoes mais fortes, ejuizos menos apaixunados, para mo- dilicar ou abaudunar inteiramente, se for possivel, a nossa intima cnnvic(;ao da excellencia do methodo porluguez, » da absolula desnccessidade e inconvenlencia das li^Oes de syllabarios. Nem o puro methodo portuguejs, com todos os seus suc- cessivos aperfei^oamentos, nemos nossos abcedarios, nem outro qualquer jirocesso pude produzir o milagre, segundo inlendemos, de habjlitar os alumnos para lerera prompta e correnlemenle, apenas conliecidos tw characteres. l^^a e serds mestre e em ludo a pura verdade. A excellencia do methodo esta em fazer veneer, no menor tempo possivel e com facilidade e gosto, a primeira Jornada. No termo delJa p alumno sabera conhecer asletras, seusvalOres, combinal- os, e extrahir delles, por assim dizer, a palavra formada e significante. O (pie se segue, -(^ obra do tempo. ^ E as liguras, e d canto, e as historietas, e o rithmo, e a analyse da palavra formada, e o movimento das palmas e dopasseio, els o grande e fecundameio por que se obtem orimdealiaixareaiilanarocaminho,c.7Tivertendo-od'arida, pedregoza, e alcantilada encosta, era alegre e vistosa ala^ tiK^da, tapizada derverde relva, e animada pelo gorgeio dos pas.'arinhos. E^tas conquistas do genio, bemfazejo da humanidade, temos para nos, que ahisluria as regislrara, perdoando por ellas a fraqueza do homcm o ((ue e do bomera; e discrinii- iiandiiaexaggera^uoajiaixonadadoqueeoiropurodesolida e permanente utiUdade. Uma ultima palavra a ci:rca dos Abcedarios. Publieamos OS primeiros tao ^mcnte com o intuito no melhor ensino do asylo. O public6 acceitoii-ns. Quando, no anno proximo, demos a Inz a primeira edi^ao^:cuwMC!;:v%*.«9^' "v^-^a *-^mlc _ •■•V^^.^JVtVKt.y 308 IT. -4 S CO ^ *- I e n> ? ^ a o OS o Exi^l^ Ciitniram. Sairani. Morrerum. (0 E\is|,.|i ExIsU.'iin. En ra Morrernm. i Eviilem. Eusli, Eiilraraiii. Saira Murreram. Exislem. Exiiitiam. Entraram. Murreram. Exislfm. Existiam. Enlrarani. Sairam. G 2; Morreram. Exislem. Existiam. Eolraram. C SI o o Sairan O o to Murreram. Exi>lcm. to fc-< f* f^ T o re ': B 2 5 3 5 3 ^ Q. a. -a c =. 5 e c g =. n 3 ; _ - fi = = o ^ oq — 1 i^ " T '^ => 3i=ss^=5^:^ O .- Q* ^ ^3 ' ^ = w> _. i^ Z. o So n. , .- S' a. "«s ,«_ fes. o w G-r O ^i — c. la O li) W O M — O IS fe-J ts; lit* e-j fe, fr, &i g,, O O lO O ^I lO o o O tit O O O O O' o t) > c^ ^ CI. ^ a. c c- fB'^i^f^Q^jjf^ a % BB3333BB n n rb fb ft 5 3 3 B B r; aq T c n _ a. ^ i; 03 3 ;:• s §1 3 = IX c "> , 5 a. « H.' ^ o a? n o n T- o c o U B B 3 S O 3 fi» 6) -I a. » c/i a, a» ; CL '^ 3 f* k 2 I 1 3 ■ m m ~ 02 » c "^ O ■ 3 "• 5 a •^ M 2 3 do.-! O C/3 Q a. J* s o 2 bl 09 = £- 3- a CO © Jn0titttt0> JOKINAL StIE^TIl ICO E LITTERARIO. CONSELHO SUPERIOH DE INSTRUCCA.0 PUBLIC A. REI.ATOniO ANNLAL. 1848 — 18i!). Conliniiado de pag. 283. 4.' PARTE. Instruccao superior. Os estabelecimentos dc instruccSo superior, que se acham debaixo da inspeccao do con- selho superior de instruccao publica sao: a uni- versidade deCoimbra, aacadomia polytechnica do Porto, e as escbolas medico-cirurgicas de Lisboa, Porto, e Funchal. §.° 1.° Universidade. No anno lectivo de 1848 para 1849 foi frequentada a universidade per 828 estu- dantes dos quaes 116 cursaram a faculdade de theolof^ia, 1)42 a de direito, 33 a de me- dicina, 111 a dc mathematica, e 122 a de philosopbia. A despesa votada no orcaniento ultimo para a universidade imporla cm 61:902^750 reis, de cuja quantia deduzindo OS ordenados de cadeiras e outros logares rvagos, bera como o iraporte de matriculas, 'cartas de formalura, actos grandes, iniposto.s addicionaes c seilo de cartas, tudo no valor muito approximado de 26:000^000, resta a quantia que effeciivamente tinha a desem- bolsar o thesouro, se pagasse em dia, de 35:902^730 rcis, que repartida pelos 828 esludantes da a despesa annual de 43^360 reis a cada esludante. Da inspeccao do numero de estudantes, que no ultimo anno frequentaram as diversas faculdades univer- sitarias, reconhece-se, que continua ainda a «er frequentada em maior concurrencia a faculdade de direito, como aquella que ainda sejulgaolTerecermaisexpectativadecmprcgos, ou dar mais proveito aos filhos das familias abastadas que pretendem adquirir juncta- mente com um grau mais subido de instruc- cao, OS conheciraentos necessaries para me- Ihor dirigirem os negoeios de suas casas. Vol. III. Mabco 13 Nota-se porem ao mesrao tempo, que esta afHuencia comeca, era parte, a ser distrahida para os estudos theologicos, ainda ba poucos annos quasi de todo abandonados; sendo isto principalmente dcvido a practica hoje felizmente seguida de se provercm todas as egrejas vagas por meio de concursos. E esta mais uma prova de que para animar os dif- ferentes ramos das artes e das siencias, c. forcoso ou tornar sensiveis os recursos pra- ctices que se adquirem no sen estudo, ou a- presental-os, proporcional e convenicnteraen- te, como babilitacoes indispensaveis nas di- versas escalas doscargos publicos. Alias suc- cedera como nas faculdades de matbematica e pbilosophia, onde, por uma parte o pouco desinvolvimento que tem tido, por ora, o ensino practice e util d'estas sciencias, e por outra parte as poucas babilitacoes, que actual- mente oilerecem, reduzidas quasi unieamente as do magisterio, fazem com que o numero dos sens alumnos seja assas diminuto. A faculdade de mcdicina, apezar do mais subido credito, de que gozam os alumnos, que n'ella se formani, nao so em compara- cao com OS alumnos das escbolas medico- cirurgicas do reino, mas mesmo com os das escbolas estrangeiras, e tambcm muito pouco frequentada, em conscquencia da brevidade e facilidade com que se estao babilitando alumnos n'aquellas nossas escbolas cirur- gicas; os quaes pelo demasiado desinvolvi- mento, que as mesmas se tem dado, pre- tendem competir com os da universidade. Este conselbo superior, reconhccendo que ja tem decorrido um espaco de tempo suf- liciente, durante o qual se podera ter ava- liado OS effeitos practices da novissima re- forma litteraria, decidiu dirigir a tedos os cerpos scientilicos uma portaria circular, com data de 20 de julbo de corrente anno, re- commendando-lhes que nes .seus relatorios do anno findo indicassem o que a experiencia Ibes tivesse suggerido sebre a execucao da mesma reforma, e sobre os meios de a mo- difiear na parte que intendessem precisava de ser altcrada. E come a maior parte d'estes cerpos nao podesscm satisfazer no prazo in- dicado a([uella recommendacao, por falta de tempo sufficiente para tractarcm madura- mente de negocio tao ponderese, e declaras- -1855. Num. 24. ^-^^^^^^^^^^"^^^^-^^^^^ 310 sera, a6 raesmo leiapo.que prorarariam faz^l- 0 c com a possivcl l)re\ iciadc ; por isso o conselho aguanla a rcmcssa de todos os Irabnilios, sohre esle objecto, para os toiitar na devida conta. Dos relalorios enviados pelas dilTcrcntcs faculdades, conlu'tcu o conselho qiic todas ellas se dcdicam com o maior zcMo ao apcr- I'eicoanuMito do cnsino, c a coiiservarao e cngraiideciiiiento dos cstalu'lccimcntos scicn- tilicos (|iie llu's sao conllados. A. faculdade dc Iheologia iifana-se, com razao, da regiilaiidade e desinvolvjnieiilo que tiverani os estiidos iheiilngicos, e da cou- correucia e aproveitauieulo dos aluiiinos no ultimo anuo leclivo, sendo este, em ludo superior a lodos os dccorridos desde IS'.ti. Ensaiaiido, pela primeira vez, os novos coin- pendios que ha\ia adoptado no anno leclivo de ISio para ISiG, reconlieceu ijuc inuito se lucrara no cnsino fcito per olles. 0 coDseliio da faculdade dc medicina da conta de que adoplara para compendio na cadeira dc partes c nioleslias de pucrpcras c reccranascidos, o trmtado •praclico da arte de partos de Mr. Chaily. ExpOe a ncccssidade urgcnte de completar' 0 quadro do seu pessoal com os logares de um demonstrador e trcs ajudaules de cliuica — dii parte dc que cuidando em dar o pos- sivcl desinvolvimcuto as applicacoes da sci- encia, nomeara em 3 de novcmbro de 1848 um dos scus membros para t'azer parte da commissao creada para organisajao das ins- Iruccoes afim de prevenir o cholera mwbus c seus desinvolvlmentos n'esta cidade, e que em conselho de 3 de novcmbro do mesmo anno nomeara oulra commissao composta dc trcs membros, a qual dcpois addicionara mais dois, a fim dc eusaiarem o as,^(icu no Iracta- mento dos doentes do hospital dos lazaros. Lamonta a falta de subsidies de que se rcsentem os hospitacs e mais cslabelcci- mentos annexos ii laculdade, bem como a sua pequena capacidadc nao so era rclacao ao numcro e di\isao dos doentes nos hospi- laes, raas ate a maior CYlensao do ensino, sendo causa de que nao so podesse ainda obter um gabinctc proprio e com luz suf- liciente cm que o demonstrador de analomia pos5a I'azer as demonstraroes de analomia transcciidentc. — Finalmente em conselho dc -\i de julho d'cste anno nomeou uraa com- missao para dar o scu parccer sobre a con- veniencia da mudanca dc todos os seus cs- tabelecimentos para os collegios de S. Bcnlo V, S. Jcronymo. 0 conselho da faculdade de mathematica rcelama lambem como ncccssidade urgcnte 0 provimento das cadciras vagas na lacul- dade. Da conta de que Ihe lora oflerecido pdo opposilor da faculdade o D/ Jacomc Luiz Sarmeuio um manuscriplo intilulado — niethodo do cakulo das distancia.i hinares, do qual sc lez mencao no livro dos asscnta- mcntos da faculdade, e que se mandou cor- rcr por todos os vogaes para d'ellc se fazcr 0 devido juizo. Incumbiu a unia commissao 0 examc de uma obra manuscripla, que de- bai\o do titulo de — romjilenieiilo de rjeometria (le.'irrl plica de I'^ourcij — Idra feita e olTerccida pclo lenle da laculdade o D/ llodrigo Hibeiro de Sousa Piulo.- — -Tanlo no rclatorio, como em resposta a uma reciuisicao do jirelado da uuivcrsidade, cxpoe ([ue e de ncccssidade absolula, para que o observatorio deCoirabta possa ser util a sciencia, e n'elle sc cooperar l)ara o apcrfcicoanicnto da astrononiia com OS observatorios mais accrcditados, ([ue elle soja pro\ido dos seguinles inslrumenlos — um circulo mural — um instrnmcnlo de pas- sagem de maior forca e dimcnsocs que o actual=um telescopio de forca=um ocnlo niunido de compctcnlc micromclro. 0 conselho superior reconhecendo que todos esles inslrumenlos sao indispensaveis para se podcrem I'azer as observacocs com exactidao c com a neccssaria rcgularidade, c que e neccssario eollocar este cstabcleci- mento cm cslado dc grangcar pelas suas observacocs a mesma celebridadc que Ihe grangeou no muudo scienlilico a organisa- cao das suas cphemerides, nao duvida em execucao com o detcrmiuado na portaria do minislerio do reino de fazcr acompanhar cste rclatorio dc um projcclo de lei para que o govcrno de Y. M. seja auctorisado a mandar eomprar os inslruraentos pedidos. Torna-se tambem urgentissimo, nao so para o aper- fcicoamcnto dos estudos mathcmalicos, como tambem para os philosopbicos c medicos, que se organise dclinilivamenle a aula de desenho dc mode que possa prccnchcr OS lins para que fora creada nos estatutos dc 1772, c para isso cspera o conselho que o governo dc V. M. se dignara dc rcsolver com a brevidade possivcl sobre o prograra- ma que o mesmo conselho submetleu a regia approvacao de V. M. na consulta para o provimento d'aquelia cadeira cm um profes- sor que possa salisfazcr a todas as cxigencias dos cstalulos e da lei de '20 dc septcmbro dc 18i4. 0 couselbo da faculdade dc philosophia da conta, dc que procurando remover os inr convcnienles que a experiencia dos aflBOiS precedenlcs havia dcmouslrado cxistirem na distribuicao das materias do cnsino, c usan- do da permissao ([uc a lei Ihe offerece, fizera antes da abcrtura das aulas, as seguialos alleracocs: Que no primeiro anno se Idsse toda a chymica inorganica, para no segundo se dar maior desinvolvimento ao cstudo da philosophia chymica e da pbysica : Que a cadeira de zoologia fosse lida no 3.° anno, coniuuctamcnte com a do chvmica organica, ^^5^^^^ 311 c que a do mincralogia passassc para o 1.°, a lira de <|ue sc nao coIlfclis^(! o grau de baeharel, sem o estudo coinplclo du toda a historia iialiiral, v. (|ue [Jura toriiar coiiipleto o curso di; applicaroes, so jiiuctasso a cadcira de agricultura c oconomia rural o eiisino do technologia quo ale agora so lia no 'i.° Para liarmonisar o (.'iisino das diversas discipliuas, cncarrcgou ao ionle subslituto, D/ Pedro Noilicrto Corroa a coTifecvao do um cloiitlio de liolaiiica, o qiial a((uelle lento apprescntou o corre iniprcsso. Tends acecitado o olToroeinionto dos lentcs substitutos Honri(iuu do Couto e Almeida Valle, c Jose Maria de Abreu para proee- derem ao novo arranjamenlo e classilioaeao do gabinete zoologico, e havendo-se-llie de- signado para base o uilinio metbodo de Mr. Cuvier, lem o eonselbo da faculdade a satis- J'accao de ver ua congregaeao de \isita, que a 1." parte de tao iniportanle lrat)allio liavia side satislaetoriamente desempenbada pelos referidos lentes. Nomeou nma comniissao para examinar um compendio de bolunica offerecido pelo lento suhstituto o D.' Pedro Norberto Correa. Discutiu e approvou o novo piano que deve segiiir-se na adniinislracao ccononiica e scicnlilica das cercas destinadas para o esliido da agricultura practiea. A lim do enriqueeer o jardim botauico e o sou res- pectivo gabinete, sollieitou directaniente do governo de V. M. na sua represenlacao de 26 d'abril ultimo o Uerbario Portuguez, ar- ranjado por um distiucto botanicoestrangciro, para cuja conipra ja o niesmo governo de V. M. fora auctorisado por lei; pediu por intcrvencao do prelado da universidade, que 0 cclebrc bolanico o D.' Welwetseb, a ([uem 0 jardim botanico deve muitas c importantes acquisieoes de scnientes, I'osse commissiona- do para remetter os produelos botanicos, que obtivesse na sua proxima viagem as eostas orientaes da Africa; e linalmente redigiu as instruccdes que pelo governo de V. M. devem ser enviadas as anctoridades do ullramar, afira de remettercm tanto para o jardim como para o muscu da universidade produelos dos tres reiiios da natureza. N'este seu relatorio eniitte lambera os sens votos para que se realise o [lensamento de se converterein em hospitaes os collegios de S. Bento e S. Jerouymo, augmenlando-se o museu com parte do actual da conceicao, onde poderiam col- locar sc as colleccoes de historia natural, ja muilo apertadas nas salas do museu. Final- mente faz sentir a necessidade de se provercm OS logares vagos de demonstradores. Dos relatorios dos directores do outros es- tabeleeimentos annexes a universidade, ve-se que se tracla com zelo da sua consorvacao c augmento. E para desejar que, logo que as forcas do thcsouro o pcrmittam, se destine alguma quantia, maior ou menor, para a compra das obras novas para a biblioibeca, aonde por agora apenas sc vao compraudo alguns |)0ucfis jornaes litterarius. em resultado de uma pequena econoniia. Na typograpliia da universidade vao-se substituiiido alguns prelos de jiau, loscos e imperleilos, por outros de ferro de uso mo- derno ; coniprou-se uma prensa litliograpbica, (|ue uao liavia, e espcra-sc que no corrente anuo lectivo .se exerca na oilicina esta arte preciosa. Vai cncommendar-se, u cntra no I'liluro orcamento, uma prensa bydraulica, de cuja macliina, alias dispendiosa, muito depende a perl'eicao typographica. Sollicita-se a auctorisaoao do governo de V. M. jiara que da oilicina nacioual de Lishoa sc niande um ollicial de rcconbecido mcrilo, para in- Iroduzir n'esta typograpliia os bous usos c aperieicoanientos, de que realmente ainda carece. i?." 2.° Acadcmia polytbechnica do Porto. Pelo relatorio enviado pelo director da mesma academia, ve-se que foi o anno lccti\o ultimo muito regular e de aproveitamento. Frequentaram a academia nas 11 cadeiras do que se compoe 145 cstudantes contados pelas matriculas, e 72 contados individual- meute. Alera d'estes frequentaram mais a academia 48 cstudantes ouvinles. A despesa com este estabclecimenlo e de 0:51)0^970, da qual dcduzindo o importe das matriculas no valor de 348^000 rs. resta a quantia de 9:242^070 rs. que dividida pelos 72 cstudantes eleva a despesa, que cada um d'elles casta ao tbesouro, a 128^374. 0 consellio da academia torna a instar jicla concessao do extincto couvcuto dos Carmelitas do Porto, para a qual j.i o governo de V. M. foi auctorisado, alim de alii se es- tabelecer o jardim botanico para uso da a- cademia ; e este eonselbo superior iutcndc que muito conviria que a dicta concessao se verilicasse quanto antes. Aponta alem disso como causas que ob- stam ao progresso e mcllioramento da mesma academia a falta nao so de execucao de muitos arligos da lei de 20 de septembro, mas tam- bem de algumas refornias que se tornam ur- gentes. 0 eonselbo superior, desejando me- dilar pausadamente sobre as exigencias do eonselbo da academia, nao se dcscuidara de as altender convenienleuiente, elevando a prcsenca de V. .M. o seu juizo sobre ellas. g." 3.° Escbola mcdico-cirurgica do Porto. 0 service aiademico do anno lectivo bndo Ibi feito' lambera com bastanle regularidadc nas 9 cadeiras, de que se compoe aquella escbola. Matricularam-se 31 estudantes dos quaes um perdeu o anno. Na escbola de pbarmacia bouve um so malricuiado, e no eurso de par- teiras terminaram o curso biennal c lecbaram matricula 3. 312 Era virtude da iiidicafao feita na circular do con^^clho superior d'inslruccao publica a- preseutou o eonsolho da osciioia alguuias medidas, que julga se devem adoptar na actual organisacao; as quaes tarabcm cste conselho lomani na dovida conta. §." 4." Esetiolas medico-cirurgicas de Lisboa e Funchal. Nao foi prescnte ainda a este conscliio, por parte das escholas medico-cirurgicas de Lisboa e Funchal, o seu relatorio do anno lindo. Cuntinua. INSTRUCCA.0 PRIMARIA. Reuniu-se a 2o de setembro de 18iii urn coii'^resso pedagogico cm Altenbourg, com o dcsignado lim do apreciar os rcsultados de varios mcliiodos c processes de ensino, livros elemenlares e objectos materiaes das escholas da instrucrao primaria. Ilouve no mesmo anno cm Londres uma cxposicao pedagogica no mesmo genero. Na proxinia exposicao universal de Paris, la ha logar reservado' para os raeios da propagacao da instruccao primaria. Animados por exemplos, tao dignos de se- rem imitados, resolvemos dar noticia ao pu- blico de um novo methodo de leitura eitscri- pta de L. C. Michel, eusaiado com felicissimos resultados cm niuitas escholas de Franca, e ja adoptado para ensino era ires escholas nor- maes. Quanlo o permillia a estreiteza das eolumnas de um jornal resumiraos os pontos cardeaes do melbodo. Julgiimol-o philosophico pordiri- gir 0 estudo do simples ao composto; por se- parar o normal da lingua das suas aberra- coes, e anonialias; e mais que tudo pela dc- duccao rigorosa tendo o seu ponto de jiarti- da na eslruclura da lingua, e rclacoes de expressao phonica, e graphica. Exprimimos um desejo ajienas do que esse novo methodo fosse cnsaiado entre nos, sem deprimir, re- baixar, nem ao menos avaliar neuhum dos methodos hoje niilitantcs no paiz. Foi era on. ° de I I'l de levereiro, e neste jornal a pag. 283, que foram lancadas essas poucas linhas, tendo para nos que na imitacao do exemplo dado por naroes mui esclarecidas alfuni servico larianios as lelras patrias, em especial ao r'amo de instruccao, para que hoje convergera as attencoes do mundo civilisado. E logo no seguinte n.° do 1.° de marco ap- parece estampado um artigo dizendo mui rasgadamente o seu A. que vue Iceuntar a voz (fortunam Priami cantabo. .) em favor do me- thodo portuguez comlmlido por nos, e novamen- le fulminiido em o n." desle jornal a pay. 28i).' e remain protestundo que nao ahandona as suas coneiecoes sem que veja razoes mais fortes, e juizos menos apaijronados! Pareceu-nos tudo um sonho. Se nao Ibra a nossa boa fe accre- ditavamns que sc quiz imaginar um crime, e arrojal-o sobre nos. Yenba a publico o pe- riodo, a phrazc, a palavra que possa ministrar 0 i'undamenio jirovado as asscrcOes infunda- das do A. do arlign alludido. E certo que acostumados a respeitar a inlclligencia, e nao a vonlade; c ameslrados ])ela experien- cia cm nao crer Icvianos cm milagres dos ho- mens, c do seculo, em que a ])czar da illustra- cao, e do ])rogresso ainda ap])arecem Caglio- stros do magnetismo, bonieopalhia, e outras novas magias de igual jaez, nao ousamos por ora clogiar um methodo problematico, sujcito ainda as |(rovas publicas. Alguns fiictos tere- mos apoutado dos muilos que ha, c oflicial- mentc coustam, em dcsabono do methodo dicto porlufjuez. Talvez mesmo tenhamos combatido (nao nos recordamo.'i) algum principio da sua parte philosophica ; e |ior este lado olTerece elle grande preza aos seus adversaries. Sera este procediniento sempre usado entre homens de lelras, (piando se trata de sanccionar al- gum descobrimento, prova do juizo apaixona- do? Recommondar outro descobrimento no mesnu) genero para se ensaiar, e devidamen- te appreciar, sera fulminar os que o preccdc- ram? Sera; mas nao invejanios a logiea em que asseuta o raciocinio. Creia o illustre A. do art." no seu perfilhado methodo: nao abandone, robusteca as suas conviccOes: veja se pode grangear factos que destruara as opinioes dos homens compelentes ; veja sc a Franca o galardoa na proxima ex- posicao, e seremos o priraeiro a render-lhc Iributo de horaenagem. Mas pedindo venia a sua musa que tarn bella e radiosa sabe converter akanliladas encostus em alegres vistosas alamedas, tapica- da.s de relva, animadas do yorfjein dos pas- sarinlios, permitta o A. do art." que descendo dessas elcvadas rcgioes da poeaia, tao accom- modada a instruccao da infancia, ao prosaico, positive, e real, Ihe digamos que nao cora- jirehcndeu o methodo (juc desadora. Seria nossa a culpa por brevidade, ou vicio ds exposicao; mas devera inlcirar-so do objecto antes de Ihe fulminar tremendo anathema, consultando o original, ou exigiudo explica- cocs. 0 juiz imparcial assim precede: nem sombras de paixao deve abrigar. Come se achava auctorisado e illustre A. do art." para ter jior antiquados e inuteis em nosm terra os syllaliarios de Michel? 0 autor do systema pjionico nao recorre, e verdade, .is cxtravagaiites denominacoes de tesoira, arvoro, mandriae, ferneiro nas denominacoes das letras, e seus variados sons: nao precisa de mncmouicas tao excentricas: vae mais ao natural. Estabclece a dislinccao entre vogacs simidi's cvegaes compostas, sonde ISaotodo; 313 divide as consoanles em >imi)li'c, compostas, c consoantcs diphtongos. Figurando ua leitura as letras [lor grupos, e nao isoladamcnte, os sons vocaes e oraes sao expi-imidos por giupos, c nao por letras; eslas figuram singulisrmenle na iinguagcni graphiea; assim que os elemen- tos na linguagem phonica sao as syllahas, na graphiea as letras. Faz parte cssencial do mesmo nietliodo o ronlieeiniento dos eqiiiva- !entes na leilura, oousa que imiilo cselarece, e abrevia o estudo de ler, e escrever. A.S letras teem um nome, e um valor; duas cousas perfeitamente distinclas. Ler e fallar palavras cscriptas; e n6s> fallanios per syl- labas, e nao por letras. Eis ahi os dois prin- cipios fundamenlaes em que assenta o edifi- cio do novo niethodo. Fundando-se ncstas bases, o sen abecedario, ou syllabario, que tera com todos os syllabarios de outros mc- thodos absolutamente diversos? E quem nos auctorisara a dizer que o publico dispcnsa o syllabario tie Mr. Michel, e accita as emana- (oes do melhodo portuguez? .\onde esta esse publico? Esle sim que se podera dizer juizo apaixonado. Uma voz da consciencia escapou ao A., do art." e essa acceitamos nos. Em assumplos desta ordem o mellior anjiimento ^ a expe- riencia. Nao o dignmos nos, que o digam os professores pelos factos. Teem muito poderio estas phrases: representam a verdade era toda a singelleza; nao martellemos o nosso juizo; deixeraos fallar a experiencia. Nao de- cida 0 illustre A. do artigo laudativo com sacu- dido ademan do methodo de Michel sera que dclle tenha conheciraento perfeito; e ouca o que delle esta dizendo a iraprensa litteraria da Franca. Do melhodo dido portuguez pode, querendo, saber os resultados obtidos era quasi lodo o paiz. Os professores teem ja fallado delle afouta, e miudamente. E pos- sivel que a boa execueao desse methodo es- teja reservada somente a algum espirito pri- vilegiado. Se assira e, nao serve. Mas creia firmissimamente que, aguardando as sabias lifoes da experiencia, nao prescrcveriamos ja a adopcao de ura nem de oulro. M. LITTEIIATUR.^ DRAMATICA HESPANHOIA E SELS HISTORIADORES ' . Continiiadu dc pay. S5fl. I. A nova geracao que succedera a Lopes de Vcga,|e a frente da qual se achava Calderon, seu pfimeiro representante, aspirava visivel- raente a um ideal mais perfeito. Calderon e 0 complete epilogo da meia edade hespanhola : ' Km o.< X.'» 17 e SO deete jornal. possuiudo 0 espirito romaucsco e religioso lui mais elevada expressSo, rcvela em .>;uas obras maior vigor, mais arte e siibliniidade, do que Lopes de Vega, e lodavia Calderon nao ehegara a transpor os liraites, cm (jue se circumscrc- vera Joao del Ensina. Os dramas de Lopes sao muitas vezes de- raasiado superlici;:es; os de Calderon pelo contrario tecra o cunho dc ura pcnsamenlo mais grave e profundo. Os cuius de Lopes sao rapsodias escholasticas, as vezes sem goslo, sera critica; os de Calderon, ainda que re- cheados de extravagancias, deshinibravam os expectadores pelas suas maravilhosas visoes. , Apesar, porem, desta inconlestavel superiori- dade, Calderon nao soubera inaugurar, conio Shakspeare, um theatre verdadeiramentc novo, que representasse a epocha era que vivera. Shakspeare e raoderno como Corneille Racine, Pascal, e Bossuet. Calderon foi o ultimo, e, como Dante, o mais raaravilhoso dos poelas da meia edade. E todavia entre o poeta florentiuo e o hespanhol medearam quatro seculos, e que seculos! que movimen- to nos espiritos! que transformacao na huma- nidadel Assim esta decidida piedileccao de Calderon pela meia edade, sincera, como era, passiira a ser um systema, de cuja poderosa influencia elle nao podia ja isentar-se. Sismondi cbamava ao auctor do principe Constant — «o poeta da iuquisicao. » Taillandier diz, talvez com mais propriedade, que elle era — «o typo da meia edade arlificialmente reproduzida.i) E de feito nos autos de Calderon nao ba aquella ingenua e encantadora expres- sao do catholicismo, que sobresae grave e solemne ate nas mais supersliciosas Icndas populares; pelo contrario transluz alii, a cada passo, a inspirafao contrafeita, o pensamento reservado da polemica no poeta dominado pelas ideas do seculo XIII, e escrevendo os sous dramas sob a impressao da reforma que iizera o concilio de Trento. A meia edade, diz Jose de Maistre, tinha uma mythologia christa propria e cbeia de encantos ainda em sua singeleza: em Calde- ron esta mythologia 6 ficticia. A devocao do seculo XIII cliegava alguma vez a ser pa- ganisrao; mas a candura dos espiritos com- pensava aquelle involuntario defeito : no grande poeta hespanhol, pelo contrario, o pa- ganismo nascia da profunda rellexao. Quando a par do drama singular da devocao a cruz, e das tenebrosas aventuras do purgatorio de S. Patricio se le uma pagina de Bossuet, Bourdaloue, Fenelon, ou Malebranche, facil- mente se aprecia, quanto o cbrislianjsmo do pensamento moderno dista dessa meia edade de pura phantasia. N'aquelles e n'outros drama** do poeta hespanhol sobresae um fundo de grosseiro materialismo, raal disfarcado sob o brilhante mysticismo de linguagera e d'imagi- nacao; c lodavia Calderoij escrevcu tanibem 314 0 ■primife Constant, uoia das mais sublimes i'rcaj,'Ocs (la poesia rcligiosa, alein d'outras peras, autos sacramentues, c eomedias dioinas, cm que a exaltarao da fc parecc Iransligurar a humanidade, envolvcr o ecu c a terra, o diviuo 0 0 profano! Esta lula involuulariu entre 0 verdadciro e o falso, entrc as supcrstii-Oes da mcia edado arlilieial, c as siiiceras inspira- eoes do ihrislianismo espiritualista, de quo ha tantos exemplos uo tliealro de Caldcroii, era, l)or certo. esludo diguo de urn historiador pliilosoplio Ao passo, porem, (jue o auctor do principe CoHslant so deixava dominar por aciuellas arrojadas inspirafucs, Tirso de Molina, Moreto, Hojas, e priiuipalmeule Alarcao, seguindo os progresses da civilisarao nioderiia, coniecavam a brilhar pela superior illustraeao e beni euteu- dida liberdade de seus escriptos, presagio I'eiiz de mellior cdadc '. Esles sym()tomas, porem, de vida e niovimeulo intellectual erani pas- sagciros. 0 despotismo e a inquisiiao de- ^iam em breve de produzir seus Iruetos. Os uiestres da arte nao acbavam eutao na cou- scicneia gerai o apoio do que o poeta dra- matico havia mister, c ale no momcnto em que a primeira aurora do rcuascimcnto as- soniava no liorisoute, uni pcriodo de uiorte eomcfiiva ja a reinar. E todavia quantos germes de vida nao possuia a Ilespanlui uo scculo XYl e XYll? Poruiu ladn a esehola dos pensadores mysticos, a cscbola de S." Thereza, Fr. Luiz de Leao, e Fr. Luiz de Granada, urn dos mais notaveis griiposqueapresenta a liistoria litteraria d'este paiz'. Por outro lado o cspirilo vigoroso e '■ O 3." volume (la olira dc Scliack, consa^rado pnuci|ialnienle a analyse dus trabalhus de t'alderon, e:,cede todas a< memorias (lublicadas sobre este auclur. Antes desta publica^rio o Irabalho mais digno de coa- s:iUar-se a esle respeito fura dado, i luz em lU'i'i pur \ alei^tiu Schmidl luis Aimules de I'ienne, e reproduzidf) quasi na sua intejra por llosenkranz na interessante hisloire de In pnesie (IlaUe 103;!). Os autos sacramen- tn^s^ e an eomedim; dieinna raai'; inijiorlantes, forani tradiizidas com o maiur inimur pelo liarao d'Eicliendorf. !M. Harlzenbnsch publicmi tambem na bibliulkeca de eutores espamlea a mais complela edi<;rio, tpie hoje possiiimos das eomedias de Calderon. O raesmo aiictor p.iiblica n'ai|Mella Jlibliulhera iiraa e\cellente edii;ao dm oliras de Alarcao, que Ferdinand Deniz fizera co- nhecido nas suas ckroni^ues rhcriileresqiies )iela mni en;;enhosa traduci;ao do Tisserand de Sigoi-ie. Alarcao. Jloreto. Tirso de I\I(dina, llojas, Soils, e Cliristoval s.lo lambem devidamente apreciados na historia do li'.eatro he.spanliol de Frederic de Schaclc. I'r. Luiz de Leao fora jireso e perseguido pela inqnisi(;ao, lalvez porque em suas obraa se manifestava o espiritualismo, (pie aos olhos d'aipielle tribunal i as- sava como urn crime contra a auctoridade relisiosa! Tal era a oppressao, sob a q.ial no reinado de Filippe U jaziam as letras, e o.s seus cultores., oppres.iao que i:ievitavelincute devia dar em resultado a destruiy-io de 1. dos OS cljnienlos de vida e desenvolvimento intel- lectual n'aquella epochn de vcrdadelra decadencia para a litteratura Hespaliholn. Os liymnoa de Luiz de Leao forani tradusidos com rauito primor jior Scliliiler eStorck. encantador do aurlor do D. Qui.xote, (|ue, uiiiudo 0 mais fino bom senso ao sentimento das mais uobres Iradii.oes uacioiiaes, dura o primeiro passo para a trausformavao doespirita publico, que devia operar-se n'aquelle paiz. Cervantes e inconlestavelmeute o mais cmi- nentc cscriptor hespanhol uo seculo XVH: conscrvando illesas as tradii.'oes nacionaes jiossuia verdadeiramente o espirito moderno, e sabia desatar os lacos da infancia, comc- fando nova vida. Ninguem como elle julgara 0 tbeatro conlemporaneo com lanla inipar- cialidade e clevaeao de pensaiuenlo. ludican- do a lei da unidadc a Lopes de Yega, acon- selhava-o a meditar mais largamejite as suas ]ief as ; e, como se previra os erros de Calderon^ condemuiira as invencoes dc niilagrcs, que sobre a scena desliguravam a religiao. Cervantes forma va uuia elevada idea da poesia e conhecia perfeitamcnte o caracter varouil que Ibe cum- pria tomar, o ministerio sagrado, ([ue ella devia dcscmpenbar. ((Apoesia, dizia aquelledistinclo escriptor, e, na minlia opiniao, similbaule a uma joven dc tenra edade, dotada de pcrcgrina. I'oruiosura, a quem outras muilas jovens ata- viam com todo o primor e riqueza ; estas jovens sao todas as outras sciencias, de que a poesia deve aprovcitar-se, e todas devcm ser por clla engrandecidas. » E corto a litterratura hespanhola podia ter produzido, depois de Calderon, outras obras dc mais siibido preco, se, seguindo as inspi- rafOes dc Cervantes, se associasse a verdade, a philosopbia e a scicncia, donde devia rccebcr todo o brilho e esplendor. Inl'elizmentc nao aconteceu assira. A meia edade ficticia, que o genio de Calderon susten- tiira, desapparecera com este grande poeta, e coin elle tambem succumbira essa litteratura. hespanhola, que, ate enlao, gozara de racre.cida celebridadc. Continua. J. M. DP. .\BREU. FllAGMENTO DA TRADUCg.iO DO IV LIVRO DA ENFJDA pou ifanocl Matthias Vicira Fialho de Mendonia. Continuado de pag. 231. Ja voa, enxerga ja o oxcelso pico. Do duro Atlante as ingrenies eucoslas, D'Allanle, oni cuja fronte os ecus cscoram,, De dcusa mala, e corracoes croada, Sempre df.s clnivas, c aqui'.oes batida. Escarchas sobre os hombros se amonloam, liios das fauces com fragoi: dcspeiiho, 31 TofeiJa cm polos pernio a liorrivc-1 balrba. Cyllenio aqiii, libra iidn-sc iias azas, Uiii jrDiico sc (Ictciii: d'alli d'um seillo Sobre as ondas o Dens so prccipila : Qual are, que girando escolbos, praias, Voa rente do mar, buscaiido a presa; Tal cntre a terra e ecus voara o Nume, Quando do mnnte avito ao mar swltando Voa ao longo das lybicas areias. Ondc Carthago foi mal lirma as plantas, \o Tciicro T(^ I'liiulando ini[>erio novo: Pendente ao ladn tern brilhante espada Dc jaspides coberla ; aos bombros jiende De purpura de Tyro o regio manto, Dc espleudido Aiigor da c(5r das chnmmas. De Dido uiimo foi, de Dido a dextra Os Iwrdados subtis trafou na tella. 0 nunie o interrompeu: «Cidadc eNcolsa ttlnteulas construir? fundar Carthago? (cPrC'so cm femineo amor de ti nao ciiras, nDe ten reino e tens fados esquecido? It A. ti me envia o Deus que os deuzes rege, ciQue a um leve aceno abata os ecus e a terra ; uNuncio da sua voz eumpri seu niando. »Que fazes? com que intenio, e que esperancas, frConsoraes o ocio ten na lybia terra? oSe nao te abraza ja da gloria o quadro, «Se tcu proprio cxplendor nao vale as lidas; «Nao, nao prives lulo e a prole d'elle eDa esperanra de alcar da Italia o throne TiNo proniettido imperio.» Assim fallava: ^0 fallar foi perdeudo a humana forma, E cm tenue virarSo desfez-se aos olhos. Eneas co'a visao pasmou, ralou-sc, Pegou-sc a vnz na I'auce, hirtou-se a coma: Artie jii por fugir da plaga amiga, Mionito co'a voz do Deus que o manda. Desgracado amador! com que rodeios, Com que expressoes diras a anciosa amante, Que be forjoso o partir? De tal discurso Qual ha de o exordio ser? Tacs pensamentos Seu agitado cspiriio dividem; Agora este Ihe apraz, aquelle agora, De projecto cm i>rojecto a mente o leva, Scm nenbnm prcfcrir por todos vaga : Em tal pcrplexidndc assim resolve. Chama Sergesto, Mcnesiheu, Cloantho, Manda a frota esquipar, manda que os socios Em armas sobre as praias sc apresentem, Que do impcrado a presto a causa occultcm. Em quanto ignora Dido os seus projeclos, Em tanto elle tentcia, cm tanto cspreita Suave occasiao, subtis maneiras, Que de Eliza no peito Ihe disponham Ao iacrimoso adeus bcnigno acccsso. Subito a voz do chefe os socios correm, E todos a porfia o mando exerc^m. Tcrnos amantes illudir quem pode! Dido 0 apreslo prcve, presente os dolo*, Temot''eii nao Ihe alTasta a scguranca: I'mpia fama Ihe diz (jue a? naus sq aprestam, 5 Exacerltando o amor Ihe diz ([uc pafleiii : ', Arde Dido, scm tino cirante vaga, Qual a bachanle cm tricnnaes orgias, Meno.indo a Lieu, Lieu bradando, Do Cytheron nocturno acode aos brados; E desfa arte primciro o amante Incrcpa. "Crime tao negro, o pcriido, csperavas sOccultar? . . . c fugir-nic? c nao le prendc uNosso amor, fe jura da e minha morte? "Moric cruel, que a iufausla Dido aguarda ! . . . "As naus aprcslas na bybcrnosa ([uadra? uYiiis arrostar c'os aquilloes, co'as ondas? «0h cruel! que farias nao buscando "Ignotos lares, estrangciras terras: iiTroia loras buscar cnlre as procellas? iTu fugiras de mim? . . . por cstes prantos nPela dextra te rogo que me has dado «(Ja que por nada raais rogar-te posso) «Pelo nosso hymeneu tao malogrado; «Se amor to mereci, sc liz tens gostos, «Se inda em teu coraeao me valem prcces, ietos merecem ser elogiados, quando se dirigem a fins honestos, c ao eugrandecimeuto da uacao, certo que muita gloria cabe a elrei D. Alfon- so V proscguindo no pensamcnto civilisador do duque de Coimbra, digno de ser lastimado por tao desgracado lim, lendo sido viclima do desvario de ruins ambicOes, e mal cabidos caprichos, que terminaram com a sua apolo- gia, dando-.se o louvor devido a suas virtu- des e abrandando o anirao d'elrei com a re- vogacao das sevcras proscripcOes, que com estas occorrencias tiveram logar infelizmente neste reino, com tao desastrada guerra civil. A sua memoria sera lembrada sempre por todos OS qucsouberem o desvelo que tinha, e 0 apreco que fazia do augmenlo do reino, e da sua prosperidade, e quanta era a araabilidade ' Vej. a memoria cit. vol. 2 do Instit. n." 15. com que tractava os proprios subditos, ainda dentro dos limites de suas altribuicoes e prero- gativas de regente. Ao cabido desta cidade de Coimbra tractou sempre com demonstracoes da maior urbanidade. Em carta de 3 dedezembro de 1413, cscripta da cidade d'Evora, e em que elle se dedara — regedot com a ajiida de Deus Defensor por sen Sr. Elrei de seus regnos, e senliorios — felicitando o cabido llie diz — que lite envia muito suudar como dquelles cujo r«- gimento virluosamenle queria rer aecrescen- tado — e eontinuando sobre o objecto da sua rccommendayao accresccnta — quanta ao que me escrevestes sobre a coonesia de Gil Este- ves, capelldo d'elrei meu senhor de que o ora proveu a sr.' ruiiiha minha filha por podei- do indullo que Ihe o Padre sunlo nosso senhor outorgou pedindo-me que vos enviasse o dito indullo, ou traslado delle, por vos ser neces- sario, por algumus razOes que me escrevestes, eu vol-o envio pelo dito Gil Esteves, etc. — acba-se assignada pelo rcgente mas so com 0 titulo — infante 1). Pedro. Em outra carta passada na mesma cidade cm 21 de marfo de 1444, depois do mesrao formulario acima diz esle principe: — Faco- vos saber que a sr.' infanta minha muito presnda, e amada mulher me escreveu como vos falldra sobre a egreja de Castelldos para Pero Goncalves meu creado e capelldo, e que vos Ihe respondestes que me tinheis outorga- da esta egreja para quern me prouves.9e, e que se vos eu escrevesse que a desseis ao dito Pero Goncalves, que vos prazia dello. E rf-e vos tao boa vontade lerdes a cerca desto eu vol-o agradeco muito e tenho em servico, e por que do dito Pero Goncalves tenho grande carrego como he razom assim por ser men creado como por o iervico que me faz eu vos rogo e encommendo que por minha comtem- plucom vos prazu pois tao bom desejo em esta tendes que o pouhaes em f\m dando a dita egreja ao dito Pero Goncahes o qual delta he bem mcrecedor e proccdenle. Finalmente certos que muito vol-o gradecerei. Escripla em a cidade d'Evora etc. Infante D. Pedro — Aos bonrados, e Onestos Dayilo e Cabido da Se de Coimbra. As expressOes tao cheias d'aCfabilidade e delicadeza, como se leem neste documento te- riam a magia de nao so grangear uma agra- detida eorrespondencia para com a vontade do principe, se nao tambem a de se Ihe votar uma constante dedicacao, sacrificando-se por die a propria I'azenda e vida ! Mas como e varia e cambiante a aura bran^ da da corte; ordem do muudo, e como sao debeis e apoucados os lacos com que a poli- tica nos prende! Este Pero Goncalves tatO cstremado do principe, seu tao tiel scrvidor, e companheiro ainda na bataiha d'Alfarrobei- ra, decahido da privanca daquelle, que tan- to 0 protegia nao poude veneer os effcitos da 317 icacfao politica, que cm seguida comejou, c por isso foi posto fora da egreja, em que tinlia sido apresenlado, dando-se por vaga, e apresentando-se de novo em Martim Gon- jalves valido c apaniguado d'elrei D. Affonso V, julgada vaga por ter o outro seguido o parlido do infante agora aioimado reo de losa-magestade ! Assim se conhece da carta regia de 8 de julho de 1449 em queD. AEfonso diz — « Con- i: OVl';=i »i'j CARTA DE DOACAO A CNIVERSIDADE. In Tiomine domini amen. A quantos esta carta dc perpetua doaconi e outorgamento virem. Nos dignidades e Ca- bido da See de Coimbra cbamados singular- 318 nu'nte para o ado soguinlc a Cabido c Cahi- (lo lazcudo scfjiindc) nosso costume, e nos prior 0 cliantre c hcncliiiados da Igrcja dc sam podro d'almcdiiia lazcmot; sal)er, que tousi- rando nos iiuanto a storia das Inlras hi' iiti- (cssaria e provi'ilosa (H)usa a todos c siiif,Mi- larmente aas pi'ssoas cdesiasticas (pic liao dc rrcger c encaniinhar si mcsmos e outros a salxT guardar os maiidainenlos dc Dcos c Hsnr dc virUidos, sendo nos cerlos da f,'rande voiitade que ha o mui ilhistre o mui virtuoso Principe 0 sr. Inl'anlc D. Pedro dcsta niccsma cidadc tutor c curador d'EIRci nosso sr. e ciirador c rrcgcdor por ell dcstcs rrcgnos dc a ennohrcccr dccorar c acrrcsccntar c mc- Ihorar mandando aas suas proprias dospcsas lazor cstrcuiadas e sclentes scolas e cstudo jiceral dc todas as artcs scicuciaacs para so- porlaniento e govcrnanca das quaaes som ncccssarias rrcndas certas suhlicicntes para salariar os doulorcs e luais Lcntcs e os outros ofliciacs e para soportar os carrcgos do studo V. univcrsidadc dos studantes para a ([ual fousa 0 dito sr. rrcgcntc logo primciro que outrem conicfou dc o dotar assignando-Ihe para scmprc hunia hoa c grande canlidadc dc renda das suas proprias terras mandando- nos alincadamcnte e graciosa rrogar c rre- querer que nos outrosi que do dito studo, e Iructo das scienpias aviamos seer quinhociros quizesscnios fazer para esto alguma ajuda de rrcnda perpetua, c depois dos rrazoaraentosque sohrello ouYcmos todos acordadanicntc sem contradicora sentimos e ouvenios por hem dc outorg-ar' a apropriar e dar ao dito studo (|uanto dc dircito podemos o padroado da Igreja de Santiago d'almahigucz. 0 qual pa- droado c dcrcito dc aprcsenlar pcrtcnce a nos c ao prior chantre e eolegio da Igreja dc sam pedro dc almedina dc conccnsu c de pernieo c assim cstamos dc posse pacilica scu quasi dc aprescnUir. E dc feito por aque- sta prczcntc nos todos apreciamos c damos ao dito studo todo o nosso dircito do dito padroado c o tiramos e demetimos de nos de lal mancira que qnando quer que acontccer il' a dita Egreja vagar por morte ou rrcnun- ciacom d'alvaro paacz que ora della he prior ao qua! nora entendemos por aquesta doarom c outorgamcnto fazer algum prejuizo que' as rrcndas todas della que ora ao prior pertcncem ferao e pcrtcnccrao ao dito studo c Ihc scrao ancxas por virtude desse nosso outorgamcnto o qual fazenios afora a tcrea (|ue hy lia o cabidoo a qual o dito cahidoo .FIBMACAO DO li.° DE COIMBBA. D. Luiz Coulinlio por raercAe de Deos c da Sania Igrcja de rroma bispo de Coiml)ra con- liraiido as cousas e razOoes conllieudas cm a suso dita doat'om screm verdadeiras e legiti- nias Inclinado aos justos rcqrymcnlos do suso nomcado niuy yllustrc principc e Sr- Infante dom pcdro, c dos padroeiros fazcmos a doafom C outorgamento com dczcjo esse lucesino que CY do tlicsouro Iiicomparavcl da scicncia scr acicsccutado cm esta cidade e rregno rralili- comos aprovamos e avemos por boa a dila doacom e de conscntimcnlo e hencplacito de nosso Cabido quanto com dircito podcmos ancxamos unimos c ajuntamos as rrciidas da dita Igrcja de Santiago dalmalagiiez que ao prior ou priorcs pertecnciao e agora ainda pcrtcncem aa L'niversidadc do dito studo com as condicoocs c clausulas contbeudas e cxprcs- sas em a suso dita carta dc-doacom e outur- gamcnto c per outra guisa nom rescrvando mais e taxaudo para convinbavel e onesto soportamento do Vigairo ou vigairos que por tempo siam era a dita Igrcja de Santiago perpctuos e para ellcs tcreni dc que pagucm as procuracocs c conlirmacora e suportc todol- los ciicarrcgos da dita egrcja de Santiago a que 0 prior ou priorcs dc dircito erao Ihcudos E esso mcesrao a pagar aquelle pao mcado aa Igrcja de sara pedro segundo o prior ora paga a Icrca parte de todo o que rrendcr a dita Igrcja ou rendcria ao prior se by ouves- se como ora ba e mais todo pec do altar. E as outras duas partes da renda I'azcndo tres partes daquello que ao prior pcrtence (iijucm c sejao uuidas e apricadas ao studo o qual as aja yscntas e livres e as possa mandar arrcndar ou apaniiar como sua propia rrenda. Em tes- Icraunbo das quaacs cousas niandamos scr i'cita esta carta seciada do nosso sccio pen- dente dada cu na cidade de coimbra a vinte c quatro dias do mcz de maio era do nasci- mento dc nosso Snr. Jesu xp.° dc mil qualro centcs quarenta e scis annos. Acham-se e^tes ducumeiitos na pav. 1. R. 1. m. 2. n.» 2y. (Archirn da Callindral.) M. R. u'lLMEIDA 1! VASCONt'EIXOS. EXPOSICAO DE ANUIAES DO.MESTICOS. C'uniiiiiiaMo tie pag. 209. k especie ovdhum, scndo a que mcihor sc jircsta as moditicacocs que se ibe iniprimcm, 1 (.imprcliciide por isso maior numcro dc racas, (|ue 0 capric.ho do bomeni niultipiica e dcs\ia cada vez mais do sen typo primitive. A. producfao de la c a de caruc constitucm as principacs aplidoes para as quaes se devcm conformar os animaes ovinos, por que a pro- duccao do leitc c secundaria: todavia sao tao imporlantcs aquellas duas aptidocs, ([ue nao convcra conformar uma raca exclusiva- mcnlc para uma dellas. Qualqucr que seja a cspeculacao que sc qucira fazcr a respeito dcstcs animaes, e for- coso consideral-os como productores dc la e dc carnc, cmbora se attenda particularnicntc a ([uantidade ou qualidade dura so dcstcs objectos: assim se os animaes ovinos forcm destinados para produzir boa la, devcpromo- ver-se que o crescimcnto scja precoce e a cn- gorda facil, sem prejudicar a natureza da la (jue se prclcnde obtcr: e do mcsmo nindo, se forcm destinados para consummo convcm altcnder tambcm A qualidade da la, no (|uc for compativcl com o principal destine do animal. importa porcm advcrlir, que, cntre a pro- duccao de la fina e a dc boa came, existc alguma incorapalibilidade physiologica e eco- nomiea ; por isso e necessario distinguir bem cstes dous gencros de produccao, que depen- dcm de difYcrentes condicocs dc organizacao, c que cxigem diversas circumstancias na cria- cao dos animaes. N'um caso o criador dcve cuidar da aplidao lanigcra, ainda que a carne scja de inferior qualidade, e no outro dcve cmprcgar os meios de obtcr animaes que pro- duzam boa carne, ainda que a la seja me- dia na. Por tanto 6 necessario conformar dous typos oppostos para satisfazcrcm cada um a sua aptidao; todavia cntrc estes dous typos sc cncontram outros muitos, em que predo- mina mais oa menos a produccao da la ou a da carnc ou algunias qualidadcs dcstcs obje- ctos, nao se podcndo ainda ol)ler constante n'uma raca o cquilibrio dcstas duas aplidoes. Podcmns toniar para typo de produccao dc 13 fina c carnc mediocre a raca merina; dc boa carnc c la mediocre a raca de Sotillt-Down : dc la comprida, carne soffrivcl e crescimcnto [irccocc a raca dc Pislileij; dc la lina c facil cngorda a raca dc Mumhamp; dc boa carne, crescimcnto precoce e la solfrivel, a raca aperfeiroada de Glocester; Ac boa carnc e muila la dc linura mcdiana a raca de Uol- lunda etc. ' E pouco c de inferior qualidade o nosso gado ovino: os rcbanb.os dc Tras-os-nion!es, da scrra da Estrclla, do Alenitejn etc., pcr- tcncem todos a raca conimum de la curta e grosscira, e carne de inferior qualidade; as pcqucnas varicdades que se encontram no * Vpj.n-so Zontectmia dos animafs oviiio^. (Cui.-o r.iii;- I leto lie Zooiatria vol. S.*") 320 iios. mais para a crian^;a, do que a inalteravel repeti^iio da mesma cou:!'a por largo tempo. Duvidamos de : bolinhas do contador raechanico, e muitos outros analogos. (pie OS directorios das casas d'asylo da Franca e da Belgica ensinam, abrem ocaminho prompta e siiaveraente para a intelligencia e conhecimento dos caracteres numericos, dependendo todo o proveito da execurao da boa vontade, engenho e cuidado do professor, sem o que nao ha mellio- do, nem regtilamento que valba. Nos nossos elementos de numera(;ao damos cnmo pri- raeiro exercicio : — u ensinafj com auxilio dos dedos, uu 322 u por qimlqii^r oulrft f<5nnft jtiBgela, a fazer itU^a das | (i unidades : ?> e o 2." — « ensinar a If^r e conbcccr os rui- (i mcros, por sua ordora, jiela invorsa, e saUeados : •' r t na nrdem — 1, S, 3, 4, 5, 0, 7, 8,0, 0 — dirA ^ wm ; .- lofi;n — e mai-t um — suo rfyt'.v, c apoiilarA o se^uiidn, A I'Mlura das dezonas simples, e compostas ; a dn^ rnntiMias, inilharos, otc, r diri^ida pela raais ripirosu aDalysp dns clenifntos ; e a exp'jrif acta tins t^m mostrado qnao faril i- a qiial'pier monitor, ou monitora, o desem- prahnr c-sa dirrc^'ao. (Jiiaiid.i, por cxemplo, no 3." nmnero — dezenns com- fiostas^-. o monilor apontar n nuraero — 11, e o ler, cm sesuida n 10 com a addi<;ao da imidadc ; dever/i repe- til-o d'oiitra forma, toniatido individualineutc us cara- etc'res, da dircila para ae^ipn-rda; a saher, — uma tiiii- dade — uni^ v uma dfzeiia ~-dvz, \o^o sao — onzt\ Xuo tiifL'mos mais .vobre esta parte da Inirodnr^do, >e nao quf. desde 1849, o fiisino da niim<'rac;i"io, no asvio da iiifancia , i? feito, ao par com o da leitura, sobre tabfias analojras a eslas brevissimas no{;oes, e com excel- h'liU's resultadus. As imiicatNles do melhodo portiifinez sobre a mnemo- •siiic das fiiruras numericas iiilo nos n?radam j>or nbscn- ra^, e al;;iimas ate por ioconvcnientes. O ensino da nii- mera^ao arabica parece-nos escusado. Quando se faz jnister conhectd-o, na idade mais crescida, e facilimo o aprendtl-a, scm que se haja tomado um qualquer cspa- Qo, na julancia, para esse aprcndizado. III. \o pequcuo proloj^o a — Introdncrdo dixemos a cer- ca dos — Priiiuiros Ererririos : t^Os primeiros exercl- ii cios dizem de si. Sao formulas doutrinaes, contendo u a Santa o pura moral do Evan^jplho; jiequf^nas e deli- •i cadas histnrietas, extraidas d'al-Tuns optimos escripto- (- res eslranfri;iros. ^» Bastara pelo cpie respeita as primeiras folha-; desta .secrao. Quern qner que for accostumavio a lidar e pra- rticar com os meninos, facilniente rcctmlieccru quantos atraclivos, e boas lii;oes de prompta compreht-nsao abi en- contrarao os jtcfpienos leitores nos sing:elos e tocantes <[uadrosinlio^ do amor maternal, dos ciiidados paternos, s innocentes coratjoe^; dos sens num^rosos bene- ficiados. Assim como o abcedario, todos estes exercicios sao variados nos caracteres; al^iimas linhas nos redon- dos, outros nos italicos, muitas uos cursivos, e aljriimas no gothico. Contiivia. \. FORJAZ. MAIS OBUAS OFFERECIDAS A BIBLIOTUECA DO INSTITITO. DESCRip<;Io DA SESSAO soLEMNE qiic tcvc logar 110 collogio de N. Senhora ila Conccicao em 8 de tlczembro de 1854 por Joaquim Lopes Carreira (h Mello, (lirecLor do dilu collegio e socio cor- respondeute do Snstituto dcCoimi)ra. COMPENDIO DK GEOGBAPHIA E ( HRO.NOLOGIA para uso das oscholas. 1 \ol. pelo mesmo auctor. BREVE BESUMO DOS PBIVILEGIOS DA >OBREZA : 1 .° dos profcssores publicos: 2," dos mestres dos principes: 3.** dos aios dos mesmos scniiores, dc- dicadu a S. M. F. Elrci o Sr. D. Pedro V. par Francisco An(o7iio iyartins Bastos. ELKMFNTOS DO PitocEsso CIVIL 2." odiijiio' cor- rrcta e muito auf^iiu'nl.ula por Francisco Jose Duartc Muzarcth, Icule cathcdralico ila faculda- dv do dirt'ito, dcpulado as cortcs, c socio do Insli- tiito do ('nimi)ra. -"^-'S QUADUATruA DO ciBCULo por Ilcnviqucs Martins Pcrcira, coronel de engenheiros. DissEKTATio i.NAiGruALis do pcrfoct iiino ( hrist 13- na rclif^'iosus, quaui rt'ciLal)at ac pniinigiiabal £m- manucl EduarUus da Motta Vciga, >ogoES tiKRAES ni-ciiiMicA PRACTicA, traduzidos 0 cuordcnados por Joaquitn de Sancta Clara Sniisa Pinto ERRATAS.— N." 19. Lin/i . Col. Pag. Erros. Eiiieiidas 245 I.' 12 primnira ultima. » 14 vj veilo Ovitil... „ .. lU 1110 7110 n " a 19lt 898 246 £2 a 2ft — Este arpumento perde a forra, sabendo-se que os Abbades, ou Ohefes de Mosteiro, assit;naram este concilio com a denomina^ao de Archymandritas, como pode ver-se na coUec(;ao de concilioSj de Labbei. N." 20. Ptig. Cal. Lin ft. Emendas. 257 ^^ 3 lea-se — (Conlinuado de pair. S19.) 267 n«i fim |ea-se — Continua. r. r. i»e sois\ pinto. N." 21. E men das. Pfif}. Col. Linh. J^rros. £7.1 2.* fi evilar visilar. 2liO 1.* 8 — da palavra — extinc^ao — por diantp, dere /f/'-se ^ exlinc^ao, por terem decor- rido apenas oito annos de 10J16 a 1094, c nao apparecer nenhuni ducuinento em con- trari<». E verdade que os mosleiros duplices j n>Cj (a) deiitro dos limilcs » p dc X, sendopo valor dex, que faz ^ = 1} =. C. 'roiiiiuuio uiii valor a do a;, coinpreliendido «utre ot, p, e depoii oulros, que gradual e succeibivametile se vao approximaiido de p, V, acliareiiioi yl B ^ ^< B' ^" B" ^ -r;>f-,> i ', TV ^Jv > ' '• -flu '* 7^ > 1 ' Se for 6 W urn valor de x , niul proxiuin , de p, a reliirao sera poiico dilTorenle da uiiidade, e— 7— -ainda menos differente o sera (tf) : de sorte que, loinando esle poiito de parlida, podomos eserever ^4+' (') ■ieiido S uma quanlidade positiva epequena, que ira diminuindo, sem nunca seloniar nulla, ao passo que x se for approxitnandn de p. Teinos pois (b) que duas quanlidades variaveis passando por lodoa os estados successivos de grandeza, se conservaui constanlemeiile en-uaes : logo ellas tern o mesmo liinite j porquc a mesma grandeza nao pode approxiiiiar-se ao (H \ n ■T7 + ^ ) e TT, logo, se nos soubeimos que o litmlc rft — = 1 , concluiremos Inn : — =^ i. = lim : ■— : M g. Sejam AJO, e M' O langenles a ruiva PM M', em JMeMi; MO — m, .\J / > e por coiijoipieiicia (I. c ) I liwiU de-= I (2) t)ra o tiiangulo J\IM' C dd on c' =r j' (r' + J"'') + termot com poloicias tie e superiores d scgunda : logo ■; c com Ulo acliainos limilc Jc-=^ — -• c si -____, = 1, oil s'z:r J/-7-— rr- 3. A superfieie CMOM' e egual a^rr^ ^eii 6 + -c in sen p= /^ (Francocur Trigmi n.' 364. V. 2,'')5 e a do iriangulo CMM = a~-rr^ sen « r mas /'>i>Q; P r?i sen pi 1/ r= +)•" + , 0 p f>ra — =l-j — de donde limite det- — 1 rr,{l — ~ + m) « 6 2 2 2 Logo limttcdc-^=l mas — ■=: ^ , por consegnlrile O u 1 ,, s' , ^iW<« rfe — = -I— =: 1 ; oil e' =- »•' U 1 , 3 — 3 3 (D aug^a^iu^© 9 JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. QUARTO VOLUME. COiniBRA niPRENSA DX UNIVERSID/VDE. 1836. INDICE ALPHABETICO DO QUARTO V0LU3IE DO IIVSTITUTO* A ^""^ x\chromatismo 179 A^ricultura (A) ilos Carthag:inezes 285 Annuncios em Inglaterra 220 Arredores de Coimbra 157 Banhos de Luso 61 , 70, 102 Bibliofcraphia 23,98, 100, 135, 169,201, 226, 238,274 Biologia(estudos preliminares) 21, 35, 50 Bussaco (O) 139 Carla do Sr. A. Herculaao 195 » do Sr. M. R. de Vasconcellos 247 Cerca do Bussaco 32, 45 Chimica Lecal 10, 55, 69, 81, 120, 188, 258, 267 Cidade de Deos 109 Collegio de S. Bento 1 33 Conselho superior de I. P. (f. Relatorios.) .... Costumes academicos nas universidades Alleraas 260 Curso commercial 146 Despachos de inslruc^uo publica 12, 24, 63, 85, 99 124,147. 159, 171, 177,203,226,239, 251,275,288 Dioptrica (lentes esphericas.) 25 Ensaio sobre os principios de mecbanica(J. A. da Cunha) 212, 222, 236 Ensino industrial na eschola primaria 209 Epochas do nascimento e morte de J. C 96 Estabelecimento pecuario em Coimbra 57 Estatistica do hospital dos Arcos de Val de VeZ 37 " da Universidade de Coimbra*. .. 107, 190 Estudos philologicos 95, 48 Ferimento por arma de fogo 284 Harem (O) 83 Indices de refrac^uo 167 Instituto de Coimbra 173 Introduc^ilo 1 Instruc^ao primaria 53 )' O passado e o future 256 w Resposta ao sr. A. F. de Castilho . . . 279 Juizo sobre a Eneida Brasileira 231 Lexicon Grego-Ialino 142 Lusiadas (Os) traduc^ao franceza do Duque de Palniella 116, 127, 250 Luz (A) artiGcial 287 Lyceu de Coimbra 201 Mappas dos hospitaes da universidade de Coim- bra 40, 1 48, 227 Pag. Marmier (X) 214, 272 Memorias do Instituto de Coimbra 275 Memoria sobre a revolu^iio que tirou a corfia a D. Sancho II ... 153, 185, 198, 208, 218, 232 Methodo do ensino parallelo, 243, 253, 26« Mosteiro de Santa Clara de Coimbra .^0 " da Vacari^a 15 Musiea(A) 122 Neerlandia (A) e a vida Holandeza 287 Nolicias litterarias e scientificas 159, 170, 177, 191, 202, 215, 225, 238, 251, 263 Nova escala thermometrica 129, 156 Obras de Longchamps 80 " offerecidas ao Instituto 12, 171 Observa^oes meteorologicas 64, 76, 136, 160, 172. 178, 192, 204, 216, 228, 240, 252, 264, 276 Observations sur la decuuverte d'un lac dans I'Afriqur (V. de Santarem) 234 Optica 25, 72, 167, 179, 203 Poesia Slava moderna 5, 18 Primeiras linhas d'hermeneulica juridica 11 Programmas das Faculdades 3, 13, 29 Relatorio do administrador de Mangiialde .... 241 " du conimissario dos estudos do Funcbal 91, 101, 113, 125 » » » em Lisboa 137, 149, 161, 173 It t> » do mesmo sobre a Mnemonica 265 277 » " » do Conselho Superior de I. P. 2, 41, 65, 77, 89, 193, 206, 217, 229 )j M » nas sec^oes 181, 205 n » » dafaculdadede mathematica 163 Rima (A) na poesia moderna 8, 19 Salsugem do mar 94 Selectasinha classica 4 Sinos (Os) 68, 165, 223, 271 Telegraphia electrica 44, 110, 118, 141 Theoria das parallelas 86 Tribunaes Inglezes 176 Tumulo do bispo D. Tiburcio 31 Universidade de Coimbra 107, 19(t )> de Finlandia 131, 144 Vestigios da vida nas Gtleiras 262 Visila a Serra da Estrella.. 95, 104, 128, 145, 158 COLLABORADORES DO IV VOLUME DO LXSTITUTO. Adriao Pereira Forjaz. Agostinho de Ornellas de Vasconcellos. Alexandre Herculano. Antonio Alves Pereira. Antonio Augusto da Costa Sitnoes. Antonio Cardoso Borgcs de Figuciredo. Antonio Ignacio Coelho de Moraes. Francisco Antonio Alves. Francisco A. Rodrigues de Gusmao. Francisco de Castro Freire. (iaspar Uibciro de Vasconcellos. Henrique O'Neill. Ignacio Rodrigues da Costa Duarte. Jacintho Antonio de Sousa. Jeronymo Jose de Mello. Jos6 Ferreira de Macedo Pinto. Jos6 Maria de Abreu. Marcelliano Ribeiro de Mendonca Marquez de Sousa Ilolstein. Miguel Ribeiro de Vasconcellos. Rodrigo Ribeiro de Sousa Pinto Rufino Guerra Ozorio. €) JnotittttiJ, JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. INTRODUCE VO. Comeca o quarto anno da publicafao do INSTITUTO, jornal, que, ha tres annos, tem resistido ao mau fado de todos os jornaes lil- tcrarios dc Coimbra, atii aqui publicados — o de nao passarem do primeiro anno. E com ludo parece, que, em Coimbra, melhor do que em outra qualqunr cidadc de Portu- gal, podia c devia (lorescor ura jornal d'este genero; Coimbra, que possue o Conselho superior de instrucfao piiblica, uma univer- sidade, que consta de cinco faculdades, com- prehendendo, ao menos em programma, o ensino universal, e uns mil e tantos mofos na flor dos annos, e isto tudo n'uma epocha, em que, seja dicta a verdade, parece que as letras querem renascer de veras entre n6s. Qual sera a causa d'esta, d primeira vista, inexplicavel contradiccao? Longe de nos o acceitarmos a pouco airosa comparafao que se fez das universidades com as fabricas de loufa, que, sempre rodeadas deinutilrefugo, enviam para longe as primorosas obras que decontinuo produzem. Vejamos se podemos descobrir alguma causa a este mal, porque o i', e grande, e se haverS algum remedio pos- sivel, que possamos indicar. Comecaremos pelo fim. Porque 6 que n'uma cidade, onde ha mil e tantos raofos, a fldr da mocidade portugueza, frequentando, muitos ' com aproveitamento, e alguns com distincfao, asdifferentes aulas d'umauniver- sidade, porque nao ha de ahi prosperar um, e at6 muitos jornaes scientificos e litterarios? A causa nao est& na falta de vontade; nem na carencia de talentos, nem mesmo na escacez de meios pecuniarios : pois os jor- naes litterarios de Coimbra nao teem mor- rido k mingua de assignantes; alguns talen- tos n'elles se estrearam, e nunca houve em Coimbra tanta apparifao e desapparifuo de jornaes litterarios, como nestes ultimos tempos. Ha pois a forca e a vontade ; falta a boa direcrao. Expliquemo-nos. Julgamos Vol. lY. AbriiI- que jornaes como o institcto, s5o sobre tudo chamados a espalhar conhecimentos. Quem diz espalhar, diz dividir; diz tambem dar uma f6rma adequada a essas verdades, a esses raios da sciencia, para que cheguem a todas as intelligencias e illuminem todos os olhos; porque um jornal d'este genero, nao deve ser uma collecfao de monographias. Para esse fim 6 necessario certamente sciencia, por6m ainda com uma sciencia limitada s«^ pode fazer grandes services, possuindo a fir- ma, isto 6, 0 estjlo, o habito de escrever, a ordem e clareza de expressao. Esta forma 6 que falta ,1 maior parte dos mofos, ainda os mais estudiosos, e falta-lhes, porque os nao ensiharam, quando cumpria ; porque nao ha nem nos collegios, nem nos lyceus, nem em parte alguma de Portugal, que se saiba, uma aula de litteratura portu- gueza, que mercfa tal nome. Por isso se perde tanta forfa, tanta seiva de mocidade, que se pode assim comparar, obrigada a mostrar a vida, que a anima, por meio d'es- sas pubiicafoes informes e sempre epheme- ras, de que fallSmos, a uma terra fertil, que por nao cultivada, produz magnificas urti- gas esuberbos cardos, servindo s6 para aba- far alguma planta mais util, que, por acaso, entre elles germine. Em quanlo ks cinco faculdades da univer- sidade, cujos lentes em grande parte sao so- cios do LNSTiTUTO de Coimbra; a de mathe- matica bastante tem ajudado a publicafao d'este jornal ; a de direito tambem o tem auxiliado, assim como a de philosophia; a de medicina menos; a de theologia nada. Avaliamos o grande onus, que pesa sobre os hombros dos sabios professores da universi- dade, com tudo tambem aqui os quizeramos ver a todos h frente da mocidade, dirigindo-a n'estas lides scientificas, e nao s6n'um jornal senao em cinco. Do Conselho superior de instruccSo pii- blica nadadiremos: os leitores do institito teem sem duvida apreciado as immensas vantagens, que o jornal e o publico teem 18'J3. Nca. 1. tirado da publicafio de relatorios, que, fican- do ineditos, davam raotivo a infundadas ac- cusacoes contra aquella respeitavel corpora- rao. Somos progressistas na alma, e accredi- tamos firmeraente no future. De cousas pe- quenas nascem grandes cousas , havendo aptidao e boa vontade. Esperamos, que cssa boa vontade, esse amor pelo verdadeiro pro- gresso, que nao p6de existir sem a sciencia, juncte, em torno do institdto de Coimbra, todos esses talentosos mofos, que, ajudados pelos conselhos e exemplos de sens sabios inestrcs, alcancem pela sua perseveranja as habilitafoes, que Ihes faltavam, quandoentra- ram nos cstudos superiores; tornando assim 0 UfSTiTUTO ura jornal modelo, digno do nome, que tern, e da sociedade, a que per- CONSELUO SUPERIOR DE INSTRUCClO PUBLIC A. KELATOBIO ANNUAL. 1848—1849. C'untiDuado Je pag 314 do 3." Tol. B.' PARTE. Concltisao geral. A administracao central incumbida ao Con- selho superior niSo se fez com a rcgularidade, que 0 mesmo Cousclho desejava, per nao ter sido geralinente coadjuvado pelos seus delega- dos; porem o Conselho, contando com as ef- licazcs reconimendacoes do governo de V. M. a este respeito, e com a reileracao dos seus proprios esforcos, e&pera, que este estado ha de melhorar progressivamente. Em quanto a inspeccao e necessario procurar meios de tornar effeclivas as visilas regulares dos com- missarios, e dos seus sub-delegados, recom- mendadas no art. 101 do decreto de 20 de septembro de 1844. A instruccao priraaria e o ramo do ensino puhJico, que mais definhado se acha, e que mais exige a contemplacao do ffoverno de V. M. Insta a creacao das eschoias normaes; a regularidade dos pagamenlos dos diminutos ordcnados dos professores ; e o augmento das eschoias, quando nfio seja pelos rccursos do lliesnuro, ao menos pelos das camaras mu- nicipaes, junctas de parochia, misericordias, confrarias, e oulras associafoes de benefi- cencia. A instTaccao sccondaria n5o precisa de maior numero dc esludos classicos, porem sim de se tornarem monos superliciaes. E necessario alem disso dilalar a espliera desta parte de ensino, no sentido das disciplinas, e sciencias induslriaes. A instruccao superior, cm quanto a au- gmento de esludos, apeiias carece na Uni- versidade da faculdade de sciencias economico- administrativas, para os elemcnlos de cuja organisafao ja se estii trabalhando na Facul- dade de direito, e nas de sciencias naturaes. Talvcz para maior apcrfeicoamento e utilidade das sciencias, e mesmo para economia do thesouro publico, conviesse rcduzir todos OS estabck'cimentos de instruccao superior a um so, a Universidade, concentrando-se em Coimbra todos os esludos theoricos no seu maior grau de dcsinvolvimento, e annexan- do-llic aqui, na capital e nas outras terras populosas, scgundo melhor conviesse, os es- tudos de applicacSo com os seus estabeleci- raentos devidamente organisados para a maior perfeicao do ensino practico eulil dasmesmas sciencias. Esta idea e a sua opportunidade submette 0 Conselho respeitosamente, bcm como todas as outras lanyadas neste relatorio, a sobcrana consideracao de V. M., bcm certo, de que o animo maternal de Y. M. sollicito pelo pro- gresso da instruccao publica dos seus sub- ditos, resolvera o que for mais justo sobre tao importante objccto. Coimbra em conselho de 30 de novembro de 1849. Jose Machado d Abreu, vice-rcilor, viee-presidente — e assignado por todos o-s vogaes. Proposta de lei. E 0 governo auctorisado a dispcnder a quantia necessaria a lim dc mandar comprar para uso do observatorio da Universidade de Coimbra os seguintes inslrumentos: Um in- slrumeuto de passagera de maior forca c maiores diraensoes do que o que existe actual- mcnte no observatorio — um Circular mural — um Telescopio de forca — ura oculo muni- do do compelente micrometro. E 0 governo auctorisado a dispender ate a quantia de seis centos mil rs. para por a disposicao do ministro portuguez na corte de Roma, a iim de comprar uma collccfao dos melhores modclos em gesso, das estatuas e bustos antigos para uso da academia da« bcllas artes de Lisboa. $ CmERSIDADE M COIHBRJ— PROCRABMilS. FACVLDADE DE DIREITO. 18S3— 1854. 3." e 4.» ANNO — 8 ' e 10.» CADEIRAS. l!iSTlTt;l(;oB« DC niHEITCl ECCLESIASTICO, riELlCO, PAR- TiciLAK I. i>oaiU(iUEz (curso liltnnalj. r-cn ft L-nles } '^•■- Fraiiciiro Furreira dt Cajvaltio. ( Dr. Joiiode Sande (Ic Maijalliiiis Alexia Salema tOMPEXDIO 7— GMEINEllt, INSTlTlTroStS JDRrs ECCLE- • IISTICI, CONI.MBHrCAE 1 850 i — K CiVlLLA H ] I , I^ST1• TITIONES JURIS CA^O.^ICI, CU.VIMBHICAB J81C. As li(;8es s5o ordenaclas e ss materias explicadns pelo niellioilo •ynlhelico — ilsmonslralivo r(jin|)emliano, nian- «IaJo oLfervar pelos Eslaliilus da Uiiiveisidade de 1772, ■B que peilo da collrr^o de Isidoio Mcrcador , ea. ra- Eao das jio\a« luasimns, coui que veiu allerar o Direilo canoiiico primili\o ; l.em como uma nolicia litteraria, e liibliographiia do Hireito ranonico, assim commura, Cunio parlu-iilar da E^rreja liisitana Trada-se, em singular , da cunsliluii-ao e organisarao da .ociedade ecclesiaslica ; das qoalidailes especiaei , que a dHliurtiera das outras sociedades ; das faculdades , que Ihe comprl-m ; d.s raembros, de que ella se coni|iOe ; das pessons.que form.im a hirrarctiia erclesia.lica, e dos «eus direilos eobrig;i,;o..s, scgiindo o gran, que cada uma na raesma ocniO — M. A. C. DAROCMA, IXSTITUII.OES DB DIRBITO CIVIL PORTl'GUEZ , COI.MBRA 1852. NVsIas Institui^fies se propi^n o digno professor irailar o svslema , e piano geral do accredilado il/anuri de Droit Roiitain de v. .mackeldei , professor da Uiiiversidade de Bonn : comr<;ando a sua obra por uma breve introduc^ao ao estudo do Direito civil porluguez, onde se conl^m as no^oes geraes e hisloricas sobre as leis e fonles do Direilo; e que corresponde aos litulos do Digeslo — de jtistilia et jure — , e — de legibui. Depois divide, como aquelle , as suas Insliluijoes em iliias paries, uma geral , c outra especial : na parte geral colloca o que se pdde chamar a technologia da Sciencia, islo e , as deGnii;oes coramiins , e principios mait geraes , lie que continiiadamenle tera de se fazer uso , e applica- i;io na parte especial:— e esla divide-a em tres livros , com atten(;ao aos tres elementos do direito, —petsoas, cousas, e aclos Jiiridicos. No li\ro 1." Iracla dos direitos, e obriga^Ses , que derivam dos diversus eslados das pessoas ; toniando por^m so em considera^ao os jirincipaes d'esses etlados ; « sub- divide 0 livro em seis sec^'Ses. Na 1.^, considera as pessoas. em quanlo ao estado de cidade; — porliiguezes, e etttangeiros. Na 2.', e 3.*, em quanto ao eslado de familia ; — conjuges , paes, c fllhos. Na 4.*, em quanto ao estado de parentesco Na 5,*, em quanto ao eslado de incajtacidade para se reger ; — meiiores e iiiterdictos. E (inalniente na 6.*, Jem quanto ao estado de ausenles. No livro 2." tracla dos direitos cousiderailos com rela^ao ao objecio , sobre que versam , — as cousas : e debaixo d'esle poiilo de visla , tracla principalmenle dos direitos, que se exercera sobre o uso, disposiijao, e posse de uma cousa ; OS qiiais os JCtos. romanos enumeravam nas diffe- rent<-8 especies de ^u* in re, e que oaiictor, seguindo os raodcriios , comprehende na expressito geral de proprieda* de ; accrescentando ahi os modos dendquirir, quando pro- vcm immediatamente da disposii;ao da lei ; e reservando para o livro 3.'^ fallar da sua oulra causa elDciente e im- medinla, os actus juriditios. Subdivide o livro 2.° era nove sec^oes. Na 1.*, tracla da propriedade em geral. Na 2.*, dos modos de a adqui- rir em virtiide da mrsma, Na 3.*, da posse e prescrip93o. Na 4.*, da propriedade coinmum. Na 5.*, tracla da pri- nieira especie de propriedaile limilada, os vinculos. Na 6.*, da empbyteuse. Na 7.*, das servidoes. Na 8.', do usofriiclo, Na 9 *, do penhor e hypolheca. No livro 3.° Iracla dos direitos e obriga^oes , em quanto aos aclos juridicos, reduzindo estes a diias clas- ses principaes : 1.' dos aclos ou dis|iosii;Ses de ultima vonlade, ou cau»n mortis: 2.* dos aclos inter vivos; a que principalmenle pertencem os contraclos. Subdivide o livro 3.° em seis secijoes. Na I,*, tracla das dis|iosii;5es de ultima vonlade. Na 2.", dos contraclos em geral. Na 3.*, dos cunlractos gratuitos, Na 4.^, dos onerosos. Na 5.*, dos alcatoiios. Na 6.% Onalmente dot accesiorioc. E esiR a base , que o aiirlor aJo|itou p.ira a diitribui- Vuo 1,'oral lias iloiitiinns do Direilo Ciiil Porluguez ; com vxcIiui\o (lorum dug que duein respeilo au Proceito^ <]\k: |"ir l-'i perlenccra a caileirn de Jiiris|iriidt;iicia Kurninlaria e Eiiremalii-a : e e tarulttfin se^iindo csla mesmn liase , e por Mia mesma ordcnl , i|ue , com aliriimas altcia^ors , coslumamus por ora re);ular as |ireleri;ocs a nosius ouvin- le», pelo mi'lliodo S)nlh«'lico dcmunslralivu, oa coufor- luidade dos Etlallilos dVsU Unheraidade. 4.» ANNO. — li ' CADEIRA. DtKItlTO COMMBRCI.IL & M4HITIMO. COMPENDIO — CODIGO COMMERCIAL POHTl'GCEa, CUIMBRA U151. Lcnie — B«riw de Sanct' lago de Lordelh. Do COMMBRCIO l>B TBRRA, I. Inlroduc(;3o. Noqoei i,'erafs de Commercio, considi-ra- do dctiaixo de diversas rela(;Bes, especialinenle em rpianlo :'i8 leis , que regem as siius tiansac^aes , e a Jurispruden- rja commercial. Breve notlcia hislorica da legislB<;aa porlustipia sohrp Commercio, aalerior an Codigo do Senior D. Pedro 4° — Id^a geral d'esle Codijo. Ados commerciaes — mercados — feiras — praijas de Commercio. Comniercianles em geral , e siias diversas especies Dos commissarios — consiiiiialarios — canibislas , e banqueiros — empresarioi, es|iecialmente de Iransportes ; rr'coveirus Empreirados commerciaes ; feilores , jiiardalivrus , cai- xeiros — cofretorcs de prai-a , e iiiterprelcs de naiios Obrigacjoes e ileveres commons a lodos os que jirufes- tam Commercio em gtral — escriplnra(;3o, e correspon- dencia niercantil — re-i,lo pul)l]co do Commercio prcEta^iio de contas. U. Naliircza , forraacjSo , e elTeilos das obrigai;oes enire coramprci»nle — muluo mercanlil, e jiiros commerciaes. Commodato — depositor penlior. Mandalo mercanlil — commissao — consigna^iio. Fiant^as commerciaes. Compra e venda mercanlil — escombio on Iroca mer- canlil— loca^Soe condiic<;,1o mercanlil — empreiladas Conlracio, e lelras de camliio — bilheles a domicilio e ordem — lelras .le terra — ordeiis — livrancas — cheques' Cartas de credilo. AssocinijSes commerciaes. Socied.-\des mercanlis. Modos, por que «e dissolvem , e se dislingiem as obrigaijOes commerciaes. Indemniza^Oes por inexecujao dos eonlractos e obri- gai;3e8 mercanlis III. Quebras — rehabilila^Bcs dos fallidos — raoralorias. Do COMniEHCIO IHIRIT7MO. Breviesima nolicia Inslorica das rollccijOes d'usos, costu- mes, e leis sobre Commercio Maritim o dos povos mais commerciaes aniigos , e modernos. Das embarca<;5e8. Dos douos de navies — parceria ma- ritima, e compart, s — caixas. Capitr.o , contra-mestre — pilolo. Ajusle esoldadas dos oHiciaps, e geiiles de Iripll- la^Bo, sens direitos e obriga,;6es. Frelamenlos — conhe- cimcntos. Principaes accidenles , antes e depois de comecada a viagem, de que resullem direitos e obriga(;oes. — \lm\. joav'So — encalhc, c vara(;ao — naufra?io, e fragmcntos naufrasos — alijaraenlos — a rrestus — prezas Arribadas^ Cunlracio, de risco , i grossa avenlura, tollomri/i. Seguros. Avarias, Extioc^ao das obrigavSes em materia de Direito Ma- ritimo. A'. B. Sobre pontes raais iroporlanlcs de cada uma destaa nialerias , especialmenle u cerca d'aclos , que sejom pracllcados no nosio paii para terem execiirSo era paizes exirangeiros , ou vice versa, »e dara nolicia da legislat^ilo exirangeira dos psizes priunpaes, com cpiem o iiossu tern mais freqiientes reiaroes cuminerciaeSf quan* do a legi para o Orientc. Os roman- ces e idyllios popularcs slovacos sao aiuda Ijoje de imiito niimo, e as vezes chegam a rivalisar com os dos Servios. Kolar pubiicou uma colleccao d'ellcs em dois grosses volumes. Citaremos aqui, para e\cmplo, urn d'estes ro- mances slovacos: os Amanles pobres; que ti- ramos das Melndius sliiras (iSlnwische Mclo- dien), traduzidas por Sicglricd Kapper. (t Nada possuo debaixo do sol. Nao tenho prados, cm que me assente, nem casas que me abrigucm. E lii tambcm, i's um pobre or- phao abandonado, sem pacs, sem familia; mas eu te aperto nos mcus braces; nieus olhos lecm nos tens olbos; meu coracao pul- sa juncto ao tea coracao, interroga-le, e rece- be uraa resposta de amor. Os mens brafos to cingem — ob! os meus olbos, os mens labios, 0 meu coracao te dizem: Alegra-te que na llungria ha ainda quem seja mais pobre do que nos. » 0 canto bohemio ja niio tern esta frescura dos idyllios slovacos; nao queremos com tudo dizer com isto que lallc aos poetas bohemios conteniporaneos o desejo de avivar o seu estro ao sopro dofjoii.slo. Um graiide numero d'clles procurara inspirar-se do (jouslo naeional, mas e um goHslo de mais reccnle data e ja alterado. E assira, que a todas as poesias tcheques nio- dernas, tunlo popularcs come academicas, falta virilidade e hcroisnio. Nao tern re- lacao alguma com as rapsodias historicas e nacionaes d'outros tempos. Essencialmente lyrica, ainda mesnio nas epopeas, como a Slavy Dcera, logo que pretende tomar o torn serio das rapsodias slavas, a poegia Icbeque lorna-se erapolada, da saltos, sem gradacao nos pensaraentos, por maneira que al'adiga o Icl-a. Em parte alguma da Europa se v6 como em Praga tao dcsinvolvido o espirito do negocio e da industria, as especulacoes da bolsa e dos eaminlios de ferro, os calculos commer- ciaes. Nao admira por isso que a inspiracao natural nao se encontre tambem em parte al- guma em tanta decadencia como na Bohemia. Adorador da sua nacionalidade por systema, 0 Tchekh ja nao sente em si os anligos trans- portes da sua raca. 0 rjoiislo e para elle um monumento do passado; contenta-se com ro- deal-o de respeito, e se Ihe acontece tirar ainda sons melodiosos e sentidos, como os sons, que os antigos sacerdotes sabiam tirar dos seus idolos de pedra, e sempre debaixo da condicao de resumir algumas estrophes, e de apanhar no voo, para assim dizer, uma inspiracao fugitiva. Sera um pouco arriscado asseverar, que as populacoes polacas vivem n'uma athmosphera poetica mais pura do que essa, que respiram OS Bohemios. 0 lidalgo polaco e um latino, um Irancez do Yistula, mas a plebe conser- vou-se slava. E e por isso que clla canla muito mais do que o Bohemio. A. Polonia conhece duas espccics diversas de cancoes popularcs: as krakoviakas e as koloniyikas. A. krokui'idka compoe-se (|uando muilo de duas ou trcs estrophes, c ordinariameute nao con- teem mais do que trcs ou ([uatro versos. E um sini])los capricho, um iniproviso, que o camponcz de Mazovia atira de passagcm ao echo das Horcstas para manifestar a sua alc- gria, ou para se distrahir d'algum accesso de tristeza. Eis aqui alguns exemplos que nos fornece o sahio Visznievski: « 0 prado esta triste sem o rouxinol, c eu entrisiei_o-me longe de meus paes. k arvore desl'olliada secca-se, o peixc fora d'agua mor- re, e o meu coracao mirra-se no meio d'eslra- nhos. « Por que e que ja nao lavraes, 6 meus bois, braneos da pocira? 0 minha mocidade, por que assim caminhas triste? Meus boif cinzentos, de mais ja tendes lavrado, e tu, minha mocidade, tempo de mais j;i tens per- dido. Ao longo da estrada, rebentou uma enfia- da de tortulhos. As raparigas, que passam pela estrada, zombam de Janek. Janek nao sabe lavrar; Janek nem sabe cavar, ncm brincar com as raparigas. A pobre orpha, ccilando o linho alheio, conta ao hosque verdcjante o seu triste desti- ne. Nao tenho familia; mas tu, Deus do ecu! tu me serves ainda de pae, e tu me recolhe- ras na tua morada celeste; c tu, 6 terra ne- gra, tu me serves ainda de mae, e tu me abriras o leu seio. — A dura terra enterne- ceu-se, e respende-Ihe: Animo, minha filha, ve se 0 munde te consola, porque cstas mi- nhas enlranhas sao muito I'rias, e os tens cncantos dentro dcllas depressa se murcha- riani. » Os aldeoes ruthenios da Galicia compoe, com 0 nome de kolomyiko, cancoes de um cunlio dili'erente, mais extensas, mais livres, mais synibolicas, e ende respira uma imagi- nacao mais florida, mais oriental. Asscmc- Iham-se por isso muito mais as piesiuis cosa- cas e servias. Nellas se v6 transparccer com mais forca a vida do municipio, a vida da familia : « Ao pe de uma choupana alvcjantc ha tres jardins de vcrdura: n'um d'ellos trina o rou- xinol meigas cancoes; no outro, e cueo solta gritos lastimosos; no terceire, uma carinhosa mae diz baixinho ao seu tilho casado de ha pouco: — Meu filho qual das cousas ca no mundo e mais grata ao ten coracao. E a tua nova esposa, a tua sogra, ou a tua propria mae? — A minha esposa entorna docura na minh'alma quando estamos em cemjileta har- monia. .V minha sogra agrada-me, quando me nao importuna; mas tu, o mae que me trouxestc uas tuas entranhas, c que me deste 8 a Iii7. no nioio dp dores para depois me ali- luenlarcs com o ten k'itc de dia c dt' nolle, tu so, 0 minlia qiiprida niae, es em todo o tempo 0 suave attractive do meu corarao. Continua. A. RIMA NA. POESIA MODERNA. Dcstinada a sensibilisar, a commover, a pocsia so conspguira o seu flm dando as phrases, de que reveslc as paixoes e seutiiueutos, que exprime, toda a harmonia, toda a melodia pos- siveis na linguagera fallada. Poesia coniplela, vcrdadeira poesia, como arte, so o e aquella, era que o som das palavras, o elemcnto sen- sivel, longe dc Hear iuforme, apparece re- gulado e dirigido pelos principios da har- monia. A sensaeao agradavel, que provcra da regularidade e ordem inlroduzidas pela arte nos sons disperses da linguagem, para d'clles I'ormar urn todo melodioso, e, sem questao aiguma, um elemento essencial da poesia. Se a prosa versitieada se hade chaniar verso c nao poesia, a expressao dideas, de pen- samentos poeticos n'uma linguagem prosaica, nao e niais do que prosa poetica. Harmonia e melodia, eis as duas quaiida- des que deve possuir o verso para actuar agradavelmente sobrc os senlidos, nao a har- monia propriamente dicta, a sensacao produ- zida por sons coexislentes, porque esses sons nao podcm dar-se na linguagem fallada; mas a harmonia imilativa, que tem por base uma relayao d'egualdadc, entrc a impressao feila pelo objecto que a palavra signilica, c os sons articulados, de que ella se compOe. 0 mais iniportanle elemento musical da versificarao c a melodia, c a impressao pro- duzida por sons, que se succedem guardando entre si taes relacOes, que conciliem a unida- de com a variedade. Dous sao os svstemas principaes que ornara a aiccao poetica com esta qualidade musical, systemas intimamente ligados com a pro.sodia, qucr ella se basee sobre a variabiiidade da duracao das syl- labas, qucr tenha o seu principio no accento, que manifesta a signilicacao d'ellas. Quando a prosodia d'uma lingua se fundamenta na quantidade das syllabas, o systema mais ac- commodado a indole d'essa lingua, o unico pro- prio para tornar melodiosa a forma material da sua poesia, e a versificacSo rythmica, que se funda no principio prosodico da quantida- de, e faz consistir toda a melodia do verso na disposifao harmonica das syllabas longas e breves, e dos pes por ellas formados. Mas aas linguas, em que fallece esse elemento, nas linguas, cujas syllabas nao tem relafocs lixas de quantidade, e impossivel deixar de fundamcntar sobre outros principios a bel- leza material da expressao poetica. « Quando o scnlido espiriluhl, diz Hegel, se apodera das syllabas radicaes e se com- bina com ellas, a ponto de formar uma uni- dadc compacta tem outro desinvoivimento organico, o unico elemento material e sen- si\cl, que se pode manter livrc e indepen- dcnle, ao mesmo tempo, da niedida do tempo e da accentuacao dos radicaes e o som mesmo das syllabas.)) Mas para haver melodia nos sons diversos das syllabas e mister, que, d'in- volta com sons diflTerentes, se reproduza um som sujeito a lei d'uma repetiiao unil'orme, o qual se torne preponderante por meio dessa repeticao e assim introduza unidade na va- riedade. Esta reproducrao ([uer das mesmas letras, quer das mesmas syllabas, e ate as vczes das mesmas palavras, e que constitue 0 segundo systema de melodia, cujos modes sao a alliteracao, a assonancia e a rima. A lingua grega e a latina, principal- mente aquella, possuiam uma prosodia ba- seada na quantidade das syllabas: a esta prosodia devia necessariamente corresponder 0 systema de versificafao rythmica, e foi a que sem excepeao empregaram os poetas ne- taveis das epochas mais brilhautes da littera- tura d'a(iuelles povos. A indole ditferente das linguas niodernas, nas quaes es elementos que constituiram a melodia dos versos an- tigos nao tem a mesma forca, exige outro sys- tema de versilicacao. Como nellas e accento estii ligado com o scntido principal, estacom- binacao dos dous elementos espiritual c ma- terial torna niui pouco sensiveis as differen- cas da duracao das syllabas, as variacOes da sua quantidade. Daqui o nao cxistirem nas linguas niodernas syllabas breves nem syl- labas longas, salva a pcquena raodilicacao, que Ihes advem da maior ou menor velocida- de da pronuncia, niodificacao tao leve, que sobre ella se nao pode fundar um systema de metrilicacao. A prosodia das linguas nioder- nas tem e seu principio, nile na quantidade, mas no accento, e por isso o som das syllabas e 0 unico elemento de melodia que, sujeito a lei d'uma repeticao uniformc, pode nestes idiomas servir para dar as concepcoes e ideas peeticas a belleza sensivel, que Ihes 6 indis- pensavel. « Nos verses gregos, diz Benloew, nao era 0 tode, que determinava as partes, eram as partes, que, tendoum valor absolute pela sua quantidade prosodica, se combinavam n'um todo harmonico. Nao sendo o rythmo do verso outra cousa mais que esta corabinapao, terminar o verso era interromper a serie das syllabas, dos valores prosodicos absolutes, para dar ao ultimo um valor relative (syllabu anceps hiatus). Nas linguas modernas, em que I as syllabas, que compdcm o verso, teem quasi lodas um valor relativo e variavel, terminar 0 verso 6 dar a ultima syllaba um valor ab- soluto c invariavcl. » 0 verso antigo composto d'elemenlos materialmente appreciavcis, me- lodiosos por si mesmos, tinha meiodia em cada uraa de suas partes; o verso moderno, eoraposlo d'elementos, cujo principal valor vem da idea que representam, e quasi sem raelodia sensivel, que Ibe seja inherente, lera o seu principio de meiodia, a sua unidade na rima, na repetirao do som das syllabas. A. historia da lilteratura da edade media confirma o principio, que deixo eslabelecido. A rima nasceu, quando a decadencia da lin- gua latina fez perder o uso de medir exacta- mente as syllabas, e deslruiu a meiodia dos versos antigos. Fez-se entao sentir a necessi- didade d'outra combinacao, que desse em re- sultado tornar harnioniosa a forma material da poesia, e a rima, principio d'unidade necessario no meio da variedado dos sons, que compunbam o verso, meiodia mais ap- propriada a accentuacao das novas linguas, comecou a ser empregada pelos poetas. Percorrendo os escriptos dos numerosos poetas dos primeiros seculos da edade media, logo apos a queda do imperio do occidente, cncontram-se provas irrecusaveis de que o uso da rima fni devido a necessidade de dar meiodia a versilicacao. A. transioao do systema rythmico para a consonancia foi gradual, a medida exacta das syllabas perdcu-se pouco e pouco, ale desapparecer totalmente, dando logar a rima. Pode seguir-se a desorganisa- fao gradual do rytbmo antigo nas composi- coes poeticas do tempo. Um exemplo bem sensivel da pcrda dos verdadeiros principles da meiodia do verso antigo sao os seguintes versos do poeta Commodiano, autor que viveu no seculo HI. Saturniig que senex pi dens quando senescit Nee diviniis erat sed deum sese dicebat. 0 dislico seguinle e tambem curioso: Tot reum criminibus parricidam quoquc futurum Ex aiictorilate vestra contulibtis in altum Breve se esqueceram de todo as regras da medicao das syllabas, e se destruiu a versi- ficacao rythmica, cuja meiodia se nao ac- comodava, nem com a accentuacao das novas linguas, nem com a accentuacao corrupta do latim, vindo a rima coordcnar o cbaos des- harraonioso, que formavam as syllabas sem principio algum de meiodia, que as ligasse. Comtudo 0 uso da consonancia final dos versos, como elementos de raelodia, nao foi uma creacao da littcratura da edade media. Os llebreos rimaram, e rimam em geral os povos orientaes. As priraeiras composijoes poeticas dos gregos e dos latinos offerccem exemplos do uso da rima, uso depois aban- donajo, ((iiando estes povos, conhecendo mc- Ihor a prosodia das saas linguas e a raelodiij mais propria da sua versificafao, a basearam na quantidade das syllabas. Esla innovafao originaria da Grecia introduziu-se na littera- tura latina pelos fins do sexto seculo de Ro- ma, e substituiu a rima, ate entao geralmente usada, e de que ainda nos texlos das doze ta- boas seencontram vestigios, bem eorao em al- guns versos do poeta Ennio. Mas nas obras dos seculos mais florescentcs das letras latinas a rima desappareceu de todo, substituida pela vcrsificacao rytbmica, e, se por accidente, a- chamos nas obras d'Ovidio c d'Horacio con- sonancia final cntre alguns versos, 6 tao rara, quo so ao acaso pode ser attribuida; al6m de que, a meiodia da versificacao latina era, depois da introduccao do systema grego, fundada sobre o principio da quantidade e nunca sobre a consonancia. Depois da invasao dos barbaros e da cor- rupcao das linguas antigas cuja accentuacao foi mudada, a rima reappareceu, tanto nas poesias latinas, como nas das novas linguas das nacOes d'origem germanica, em cuja lit- teratura ja existia o germen do novo systema de versificacao, e se notava, como o attesta Hegel, lima tendencia manifesta para regula- risar o som das syllabas, submettendo-o a lei duma repelicao uniforme. Estas foram as causas da introduc^'ao da rima na poesia moderna da Europa. A opiniao, que attribuc a litteratura dos arabes o ter importado na Europa este novo systema de meiodia nao tem I'undamenlo algum. Os escriptores arabes, que florcsceram antes da invasao da Peninsula pelos Mabometanos, foram inteiramente estra- nhos ao movimenlo litterario do Occidente, e OS que se tornaram celebres depois da con- quisla sarracena foram muito posteriores a ap- parifao da rima, quer nas poesias latinas, quer nas composicoes escriptas nas linguas das nacoes, que se estabeleceram sobre as ruinas do imperio Romano. Os primeiros escriptos da meia idade em que se dcscobrem vestigios da rima , sao as obras dos auctores ecclesiasticos dos primeiros seculos do christianismo. No hymno de Santo Ambrosio, diz Hegel, ja a prosodia e regulada pelo accento da pro- nuncia e deixa apparecer a rima. A priineira obra de Santo Agostinho contra os donatistas e quasi um canto rimado. £ tambeni rimado um epigramma do papa Damaso, escripto nos fins do seculo IV. Muratori nas Antigui- dadcs Italicas faz mengao d'uma poesia do 6.° seculo era disticos rimados. Todos estes exemplos do uso da rima sao anteriores a invasao serracena na Hespanha, e ao conheci- mento das letras arabes na Europa. Este uso de rimar tornou-se geral na lit- teratura dos povos do Occidente, e apparcce 10 em lodo"; os poetas notaveis ate o scoulo XV, que cscrovpram cm latim, ou n'alguma das lingua? inodernas. No pcriodo da renasren- ra, cpoctia, cm que a arte antiga tornando- sr conhccida na Europa atlrahiu a attencan dc todas as inielligoncias do tempo, e exer- cPTi sobre o desinvolvimento artistiro do Occidente lao podeiosa inlluencia, a leitnra dos versos sublimes dos gregos c dos latinos, tornando mais couherida a prosodia d'aquel- las antigas linguas, fez proscrcver a rima das poesias latinas, e empregar de novo a TersiticavSo rythmica, de que fizerani um uso tao feliz Vida o Sannazaro. Mas na poesia das linguas modernas a rima, elemenlo im- portantc da melodia do verso, unidade prin- cipal do lodo que cile forma, conservou-se e foi usada pelos grandes poetas, que entao lloresceram. Mais tarde, quando a adrairafao pela arte antiga chegou ao sou apogcu, algumas ten- lativas se lizeram, ja para introduzir na versi- ■ficafSo moderna o systema antigo dos pes e das syllabas longas c breves, lentativas, que nuuca forara coroadas de bom resultado, pois desconheccram a ligacao intiraa, que exisle entre a prosodia c a versilicafao d'uma lingua, ja para libertar os versos da rima sujeitando-os, era quanto ao mais, as regras da prosodia moderna. Estes versos, ordina- •riaraenlc denominados versos soltos, come- faram entao a apparecer na poesia de algu- mas nacoes da Europa, sendo ainda hoje cmpregados por muitos escriptores. E porem ctrto, que so cm certos generos de poesia so pode fazer uso do verso solto, acrescendo, que nem todas as linguas sao proprias para .sc emanciparem da rima. A grande variedadc dos sons diflicilmente dcixara de produzir durcza e dissonancia no verso, se nolle nao introduzir um eiemento d'unidade, que, sem cahir na monotonia, dfia phrase toda a melodia possivel, conciiiando a unidade com a variedade. Esse eiemento d'unidade 6 a consonancia final d'um ou mais versos, e a rima. Por mais suave que seja um som, por si so, nao pode produzir melodia, mas quando 'dc periodo em periodo se reproduz, d'invol- ta com outros sons differentes, combina-se Com a variedade d'estes uma cerla unidade, que contribue, para que seja mais grata ao ouvido a impressao feita por todos. Nas lin- guas modernas, o principal eiemento sensivel, a que p6de rccorrer a arte, para tornar me- lodiosa a versificafao, eo som das syllabas, e esse som, para sobrcsahir, para cbamar a at- tencao, dcve estar sujeito a ki d'uma repeti- f3o uniformc. Daqui a importancia da rima ■para a melodia do verso, para o augraento da belleza material da dicjao poetica. Conlinua. 1. Dii 0RNE1.LAS. CIIIMICA LEGAL. Analyse cl'uns rrn^-menloi de .«ubslancia liranea achados no I'stoinaito; analyse Jci luesnio estomaj;o e d'um liiiuido !■ mai* subslanrias que se linliam enrontrado nVsta viscera, mandadas de Villa Cova, jiilgado de Fragoas. Acredita-sc geralmente, que as analyses toxicologicas cxigcm sempre tantos apparc- Ihos e reagentcs, e que sao tao complicados os sens processes, que nao e possivel fazel-as sem OS recursosd'um i)om iaboratorio chimico. N'aiguns cases cverdade tudo isto, e e pouco tndo 0 que se disser da exlrema dil'liculdade, Jn^tittttxr^ JORINAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. IISIVEBSIDADE DE COIMBRA-PROGBAMMAS. FACUtDADE DE DIREITO. 1853—1854. S." ANNO — I.i.» CADEIRA. DFREITO CRr.yiNAL POKTCfiUEK. Lciile — Dr. Basilio Alberto de Soma Pinto. CnMPE.\Dro — ►PASCHAI.IS .1. MELLri , LIB SING, DE JURE CKI.^ItWLI, CONIMBRICAE 1853;— E CODIGO PENAI, PUltTUtiL'BZ , COllIBRV 1853. As iloiilriiias do Cora|)endln seiao acconimodailas as disi)osi(^Oes du nolo Codijio penal jmrtui^'uez , ' e colli;,'i- das e exj)licadas pelo niellioiio synthelico-deaionstralivo. foiupen-liario , ordenado iios Eslalulos da Uiii\ersidade L. S, Til. 3, C8|]. 1, ^S^V 18 — is!. Em desenipenlio dVste methiido , comcrarilo as ii^ues jielas no^oos preliminares do esliido do Direito criminal , dando-se nnia idea d'cste Direito, ilo lojar , qne occupa na arvore !;eoealogica do Direilo, da ena importancia , e da sua historia , lanto anli^a. como moderna ; lanlo geral , como particular de Porlnjal. Depois d'estas noi;oes preliminares, segnir-selia a exposi(;5o dos principios geraes do Dirt-ilo criminal , comprellen'lidos no 1." litnlo do referido com[)endio , e Da pane geral do niencionado cutligo , relativos aoa cri- mes , delictos , e cunlraven(;oes , sua nalureza . gra\ iila- de, e moralidade: — aos prcparalorios , e lentaliias do crime, e crime fruslrado : — aos delinqoenles , auclores, c complices do delicto: — as circumstancias allcnuantes, ajsravantes, ejnstiDcativas: — as penas, suns qnalidatica , effeitos, propor^So, applica<;iio e execucau : — ;i tespon- sabilldade civil , extincrao dos crimes e penas. Passando depois a parte especial do conipendio, e do codigo, serao applicados aquelles principios a cada ura dos crimes, delictos e contravencoes , classifioados pela sua nalureza, gravidade, e moralidade : assignando a rada um a pena correspondenle tanto na aniiga l-u'isla- i;ao , como em o novo codigo penal , r«zendo-se a com- j)ara9ao d'essas penas com as que so aclium estabelecidas nas Iegisla(;oes d'outras na^oes , e inlerpondu um Jnizo jnodesto sobre as suas vanlagens e defcitus. No estudo das noijBes preliminares , em i|imnlo u liislo- ria antiga , servir-nos-bemos das nulicias, que d'ellas no da ALBERT DU BOYS , Hisloire du IJroil Crimincl ti(;ii, a rel«rao coinincrrinl deLislmtt, us triliniines comiuerriuea ilu |iriineira ii)slunci« , e arbilrus comiiiiT- ckics. Dada assim a inaleria da urc^niiisarito judicinria , pHs- .«a-se loi:o a Iraclnr do |irort>so Pin :;eral , e fiia divijao cm ({irnntn a forma, em ordinario , .^ummario , snmtiiaris- *irao , e CYecutivo , fjizeiuio-se ^er <|uiihs pSi* as causae , <|iie suo siijf-ilas a cada utnn d'esliis di»ersns furmas de I'focesso, e a razau d'isto. I'alla-Sf tnn.ltom da divisSo do jirocesso , (luanlo an s^ii fim, nm (•i\tl , e criminal , lazeti- du , tynlo das prinripaes , romo jniz , aulur , reu e escii\iio. cumo das ffcuudarins , como accet-sur, advoirado, procurador , tlufeiistir , e excusadur, faaendo-pe ver, quaes as lialiilila<;t)es. cpiacs os direiloSj e quaes us deveres-de cada uma d'c-ilus pcssoa;!. Em sepuido se expTte a importaute lu.'ihTia lancia desde a ritn^ao ate a senlen^a. £xpoe-se a dculriua da cila);HO, dus mo'lns, por cpie se faz, dos sens elVfitos jinidicus, e da inslaiicia : f.izpudo-se \er cumo ella Cume^a , se snspeiide, e acaba ; Item como se Iracta (las inlrma^ops. t'alla-se depnis das andiencias , mosfran- do-se adiflpHMi^a, qire iia das ordinarias as geraos , e Has ordinarias, a dilTeren^a il'audiencia de expodicale , e de julgameiilo , e os oIijl'cIus perteucenles a raila uma d'ellas: da dislriliuic^'au (I;is aci^wes pflos escri\iies ; e depois e\poe-se a duiitrina das ferias. Come^n-se de[pois a I'ailar do processo poraute os juizes arliitros, do prurcs- so peraute os juizes de paz , fazcudo-se ver ao mesmo tempo, quaes sao as causas sujeilas io juiao da concilia- i;So , e quaes oxceptuaclas^ e quaes os oifeilus da cilacao para a concilia^ao, e quaes tis da coiiciliaqao ; do pro- cesso peranle os juizes elrjdis, lanlo uas causas , qrje cabem na fiiia al^ada , como nas causas sobre coimas e IransLTCs^opii, que sao excedeul'-* a sua alcada, e recnrsos qiiM lia ; do processo [)eranlo u jiiJz ordluaiio , nas causas , que cabem na sua ul(;ada. Acabadas eshis malerias. p;is-a a fallarse do processo civil orduiario , o qual lem libellu, contrariedade , replica e treplica ; ensinando-se o luodo de formar estes arlicubidos , e o que de\e)n conler , bem como as formulas res])ecli\as a rada um d'ldles . e e^'oal- meute os termos , que ha a s'-t.Miir ui) proC'sso para o ofTe- recimculo c recebimeulo tb^s mesuios aiiicnlados ; e an niesnu> lempo a maneira e uiudo de ftirmar as excepcoes em geral, e parliciilarmento a excepcao declinaloria /or/ , e a de suspei^iio , e o processo especial de cada uma d'eslas: ensiua-se a maleria da auluria e reconven(;iio , fazenilo-se ver os casos em que lem lo:::nr, e qua! o sen jirocesso. Depois cumeca a inqiorlanle materia das pru\as eni ireral e em especial, falbindose da pruva por conQs- sao da porle . por juramenio , por Inslrumeatos , por Icslemuuhas, por presumpcfies , arbilrameutos , exames , e visturias ; em seirujda se ensiua a doiitrina da coriclu- SHO c do jidi^amenlo com inter\en<;rin lio jury , o seni elle, e as formulas rpspecti\a8 a ludo o sobrediclo; p itepuis se Irarla da maleria da spulen^a , buas dilTerenles espcries, definili\a e interlocutoria, e esta niera e mixla , e OS elTeilos de cada uma d'ellas; bem como se expoe a doolrina das ciistag e uudrta. Exjmslo isto , Iracta-se depois dos recursos em geral , tanlu ordinaries, como extraordinarK'S. Come»;a-se pelo pecurso de embargos as seulen^as , que cabem na a!(;8da , t* so exp<5e a forma do processo il'esle recurso : o meaiiio hp faz a reppeilo do recurso da appellacao e d'o da revisia , OS quaes todos Sao recursos coiilra as seBten(;as deliiiili- ^as. Falla-se depois dus recursos contra as setilcn^as inter- locutorias, como sao o airgravo de pe(i(;ao , iuslrumcnio, e no ante do processo : e por fim tracta-se da maleria dos recursos extraordinarios, que s3o os recursos a cor<^a y lonlliclos dc jnrisdic(;ao , e queixa immediata ao sobe- taiio. AcabaUa aesim a doiilriiia do processo civil ordinasio, expoe-se em ;;cral a doUlrina ilo prccfsso >i.mmario . V do aunimaii'simo , e execulivo, leudo em vi.-la a leirisla- rlSo da Itejorma, e o Manital do Proctsso Civil do Sh. coniKA TiiM.ES, no fiiiv, ohde falla de ililTerentes proceo- pt'8 dVsla nathreza: e e foreosn se^^uir esle piano, porque uao ha compcndin ndnpladn pela Cnu?re:.'aran para isto. K\poe-sp ot lornns or siios lermiuos cum omnibus preslatiiinibus suis — Liv. Pr. — lolii. (11. ■'-... e<^u domiiie ancila tua ffodo . . . adicimiis .... mcdicanu-nta de ecclesia que sila est in \ illas prenemina- las. hie sunt pedi'oso, et maniose, et scajianes, et villa cidi . . . Liv. Pr. — folh. fi8. •* . , . damns vobis ipsilm monaslenum cum domiis domorum. vel in corcis suis [lomares per areaiieum euares, saltos. terras riiptas vel inruptas petras mobiles ved iino- biles, aquis aipiorum, exitus vel regressus . . . Li\ . Pr. — lolh. B? v.». "• . . . E^o froiula prols fliindisalvi miinionis eiro supra nominatils .... facimus seriem testamenti ad mouasterium di* \accariza villa nominata que vocilant A'illa nova siiburliio cidiiultrie jiixia monteni buzacho ad rio de .\ii^'arna . . . concedimus illam per siios lerrainos antiipios cum omnibus suis prestationibus ipian- tum iu villa potueritis invenirc pomares Hectares arbores fruetuo-sas Ael infructuosas terras ruplas vel inniplas . . . Livro Prelo — fglh. 35 v.". "... Ob inde ejio tula domna (diz ipie faz doacao ao RIo8teiro da Vaccarii-a do M?i:iiirite. ) ... Id sunt mediela- tem de parabdla ad mtesrrum. et medietalem de aboimi. medietatein de salas, vel villa de sancto martino ipianto iliidem potuerint invenire. et ilud monaslerinm de severi iute^'ro cum cnnctis ajunctioniliiis. et peslalionibus suis . . l.i>. I'r. — folli. Do. ' Et'o saudiuct liel.a" pariler cum uxore mea sratiosa 1021, a doacao do Mosteiro de Leca com todas as suas pertencas do varias povoacoes, e miiitas herdades, cjirejas, paramentos, etc.. por 1). Unisco Mendes e sen lillio Oseredo Tritilcsindes '. Em 1017, outra doacao muito avtiltada de ogrejas, jiropriedades e muitas povoacoes, que lez Hc.sfinondiis prolix Mniifi'hr el Ba.sidinw '. Em lOSO, a doacao ([ue Fez o Duque U. Sisiiando da povoacao d'ilorta''; e . . . placiiit nobis . . . iit faceremiis vobis andrias abliali et fratrilius vestris in monasterio ipiod vocitant vaccariza . . . I'acimusvobis le.vlum scripture lirmitatis de villa nostraiine vocitant livira in territorio colimbriensi , et de alia villa que clicunt lazaro . . . cum cpiantum preslilum hominisest . . . Et ipsa liereditas dividit ab orienlale parte cum viUarino el ad meridiem per ipsiim montem usque vertit ad ilium ro;;io quem vocitant saniia, ab aquilone parte ubi vertit se ilia livira in lliimen certome, ad occidentalem partem per iilii dicimt mamoa rasa ubi est ilia heremita que vocitant .sancli rumani et dividit per ipsam serram ad portiiiii auruo et vertit in lliiraine certome per ubi concludent no- stras hereditates et ipsas liereditates desii|ier taxatas fir- miler habeatis et possidiatis in perpetiium . . . Liv. Pr. — lolh. 44. "... Ejro unisoo |irolis menendi el palrina . . . vobis todeojrildo aldiati et fratribus et sororibus habitantes in inonaslerio vaccariza concedimus voljis .... raonaste- riiim de leza cum cnnctis adjeQlionibus suis et prestatio- nibus . . . et eso unisco cum filio meo oseredo villa de aeprelanes ab inlefjra cum sua varzena . . . hereditates que jaceut in patrocello et in saltarios tarn de audeiigo ipiam etiam in nostras cartas resonat el de villa necarie- de medietalem integram et de ilia alia media II actaba* una de recemondo et alia de afffivido hereditate de mala ilu ill i|isa villa idem in ipsa villa hereditate que fuit de donino vllifons in rejro, qui discurrit in ecclesia sancti michaelis, sicut illos partimus et demarcamils cum nostras heredes. Sic firmamiis istos, qiiomodo illos alios cum suos cazales (|iios in nostras cartas et in nostros invenlarios referiinl iibique illos potiierimiis inveuire cum nostros sapitores, et sicuti ecclesia firmamus ipsam sancti michaelis quia est testata Integra ad sanctum ^■icenlem pro directo testa- 17 podcia ainda csclarcccr cste jionlo duvidoso a queni, com o estudo no propn'o local, poder tradiizir os nonies ja perdidos das Ibntes, rilieiros c monies, que alll se mencionnm. 0 toiu mysleiioso, com que fallam os hahilantes da Vaccarica n'um sitio chamado os Fieis de Dcus, ja I'ora da villa a IS E.. I'aria Icmlirar, (|uc algtim convento n'aquellc ponlo Icria sido 0 logar do marlyrio dos Eremitas, do que falla a chronica de Sanclo Agostinho, se alguni itredilo merecesse aquella noticia'. A aridez do teneno faz lepellir a idea da construccao d'um mosteiro nesl(; local, como ja notou o sr. Miguel Uibeiro; e os inJicios tendem a raoslrar, que houvc alii apenas uni simples cruzeiro, ou cousa similhante, juncto do qual OS tieis, que passavam, tivessem accumulado OS monies de pedras, que por alii se tern en- contrado, segundo a usanca das devocOcs antigas. E do mesmo parecer o sr. Descmhar- gador .loao da Cunha Neves de Caivalho, com quern f'allei em Lisboa a cste respeito em 1851 ; e a sua opiuiao e de muito peso, pclos sous conhecimentos archeologicos, e pelo es- tudo, que fez nesta localidade, em todo o tempo que alli residiu, na quinta de Boufcl- la ou Gesteira '. Qualquer que Tosse o local do antigo Mosteiro da Vaccarica, a sua egreja de S. Vicente, de- ])ois da extinccao do mosteiro, diz Fr. Antonio da Purilicacao, que licou sendo a egreja pa- rochial da freguezia da Vaccarica, e a matriz de mais duas parochias, que nesta epocha lamheni se levantaram naquelles sitios, uma cm Luso c oulra na Panipilhosa. Todas tres licaram parochiadas por clcrigos seculares, cada um dos quaes tinlia por congrua os raeios dizimos da sua freguezia. Assim se conservou por nuiitos annos a egreja da Vaccarica; e em 1j37, com auclo- rjsacao d'um Breve de Paulo 4.", de 22 de njento, et non invenimus in eo, quod aliquam partem liabeat laurbanum ad hereditandum. Liv, Pr. fulh. 43 v. ' Vej. pag. 193 nut. 3. ^ Na verga d'ura portao de pateo, juncto ao adro da Ks;reja, ve-se um letreiro tosco, aberto a sinzel, parecendo Jizer — 475 annos. Esta ultima palavra esta escripla com um sd-n-,- e entre ella e os al^arismos tia um cora^ao atra- vessado por uma setta. A primeira letra d'algarismo fiirma com OS dous raraos um angulo recto, sendo o horizontal um pouco mais curto ; e por cima do ramo vertical v^-se uma tispecie de accento a^nido. Este accento podera ptlr em duvida se a inscrip^ao e 475, 175 ou 1475. Em qualquer dos casos parece-me sem valor esta inscrip^ao, porque a epocha de 175 e inteiramente alheia as noticias que ha do Mosteiro da Vaccari(;a ; a de 1475 cae entre a extinccao do convento e a sua doa^ao feita aos Eremitas de Nossa Sr.* da Gra^a; e, se a de 475 poderia approximar-se da epocha em que alpuem juli;ou ter-se fundado o mos- teiro (vej. pajr. 193) a pcrfeita conserva^ao da pedra (calcareo das pedreiras de Ilhastro ou An<;a), assim exposta a ac^ao do tempo, nao permitte a suspeita de que esta inscrip9ao fora contemporanea do facto que represeo- taria , nem mesmo dos primeiros seculos depois d'este facto. Ainda podera julgarse, que esta inscrip9ao teria sido copiada d'outra pedra ; mas nSo vejo fundamento nem indicios, que posjjo dar alguqia probabilidade a eeta simples conjeclura. ahril do mesmo anno, foi doada, com as duas filiaes e os respectivos mcios dizimos, aos eremitas de Nossa Scnhora da Graca deCoim- bra, pelo IJispo D. .loao Soares, como reconhe- cimento de ter rccchido d'esla ordem a sua educacao religiosa ' . 0 reitor do collegio da Graca llcou sendo 0 prior collado da egreja da Vaccarica, e as ftinccoes parochiaes exercidas por um encom- mendado com a denominacao de vigario, nomeado em cajjitulo entre os mesmos regula- tes e conlirmado pelo ordinario. Tinha um coadjuctor secular nomeado pelo reitor, e lamhem conlirmado pelo ordinario. A mesma noraeacao tinha logar a respeito dos curas seculares, que parochiavam as egrejas liliacs de Luso e Panipilhosa '. 0 vigario da Vaccarica tinha alem do pe d'altar, a casa e o rendimenlo dos bons pas- saes, oitenta mil reis do collegio; e o coadjuc- tor unicamente casa de residencia e setenta mil reis. 0 cura de Luso tinha quarcnta mil reis; e 0 da Panipilhosa oitenta mil reis; tudo cm melal '. Em 1831, pela abolicao dos dizimos e ex- tinccao das casas religiosas, desligaram-se aqucllas tres egrejas, e a boa vivenda, casas e quinta, que constiluiam os passaes da Vac- rarica, foram incorporados nos bens nacio- naes, e vendidos ao sr. Manoel Ferreira d'Azevedo, da Mealhada, em 11 de feverciro de ISii, por dous contos oitocenlos e um mil reis, entrando nesta quantia novecentos trinta e tres mil e setecentos reis em metal, e 0 mais em papeis de credito. 0 ultimo vigario regular da Vaccarica, que eslava na egreja cm 1834, e que alli se con- servou, como secular encommendado, ate ju- nho de 1833, foi o sr. Fr. Jose de Menezes. Seguirara-se parochos, que a.ssignavam os as- sentos da egreja como parochos interinos, o sr. P." Constantino Joa([uim de Oliveira ate 2 de fevereiro de 1830, o sr. P.' Jose Vieira de Mello desde cste dia ate 13 de abril do mesmo anno, e depois, o sr. V.' Joaquim Duarte de Mattos atti 3 de julho de 1837. Seguiu-se um intervallo de mais de 3 annos, em que esta egreja esteve sem parocho. Nesta epocha os freguezes da Vaccarica quasi todos ' Chronica dos Eremitas de Sanclo Agoslinho — torn. e part. I." livro 1." titulo 8." v^.° 5.° — Diz, que este breve se acha no Cartorio da Graqa; mas quern o quizer ver, so por casualidade o podera encontrar. Procurando no governo civil de Coimbra aquelle breve e outras no- ticias, achei, em logar do interessante Cartorio da Gra^a de 1834, uns poucos de masses de papeis sem ordem. que apenas occupavam tres ou quatro palmos ao canto d'uma estante. * Chronica dos Eremitas de Sancto Agostinho — logar citado. - Os documentos d'estas noticias deveriam estar em outro tempo no cartorio da Gra^a. Ainda bem queja sao noticias contemporanea^. 18 se confessavam e desobrigavani nas egrejas \izinhas; c ulgiins servicos demaior urgencia eraiii leilos allemadamcnle jior dilTeieiitcs clerigos da Ircguozia ; iiriiuipaliiu'iiU' pcio sr. P." Victoiiiio Vioira de Mi'llo, (|iic fez a inaior parte dcslo scrvico, o sr. P.' Conslaii- lino Joa(iiiiiM do Olivcira, e o sr. P." Joa- iiuim Diiarte de Matlos. Em 22 de novenil)ro de 18'i0 acal)ou esta irregularidade, loinaii- do posse de vigariu eneoiniiieiidado o sr. P." .Vntouio Correa da Foiiseea, ([iie seiviu ate 1847. Neste aniio, a 23 de iiovembro, foi collado nesta egreja o actual paroclio o sr. P.' Yit'toriiio Vieira de Mello, (prirao d'aqiiel- le), que tciu de congrua duzeutos mil reis, enlrando nesta quaiitia sesscnta uiil reis que llie arbitraram de pe d'ailar'. No processo da collaeao ainda veni considerado como \igario; mas da-sc-lhe gcrnlmeute a denonii- uacao de prior, que ja conipetia ao reitor da • iraea na qualidade dc paroclio collado na mesma egreja. A. .*. DA COSTA SIMOES. POESIA SLA.YA -MODERNA. Continuado de pag. U. ElemeiUarcs e aranbadas, como sao, estas duas especies de cancoes populares coiisti- tuem as unicas ruinas, que ainda restam do antigo genio uacioiial poetico. Tudo quanio nao for krakoHnka ou koloiiujiku nao tern eii- trada na cboupana do povo, nem Iraz o cunbo espontaneo do genio pobuo. Poesia, que lor exclusivamente privativa dos pacos dos senbo- res, em paiz algum pode intitular-se popular; sera talvez muito bella, porem a sua accao decisiva sobre as massas e quasi nulla. E 0 I'ructo d'esl'orros individuaes, de talentos isolados, e a poesia cosmopolita. Por muito sublimes que sejam, e em virtude mesmo da sua sublimidade, Krasiiiski, Mickievicz, Slo- \acki, nao podem scr seguidos nos seus voos scuiio por urn numero diminuto d'espirilos escolbidos. 0 povo, esse nao os corapreben- de, por que naquellas lyras nao ha uma so corda, que Ihe vibre ossons dogouslo. Quasi sempre impalpaveis para o vulgo, andam pairando nas abstraccoes, no absoluto. Em- balam-se nos sonbos do occidente. Nao queremos dizer com islo, que o espirilo da Polonia nao possua instinctos maravilbosa- niente slavos e conf'ormes com as crcncas do ijouslo. 0 latinismo so conseguiu desnaciona- lisar as classes elevadas. 0 povo baixo ficou 0 que era, c melhor (|uc os seus proprios ' O Parocho de Liiso tem 125^000 reis, rontan4lo de pe d'altar 50^000 reis; e o da Pampilhosa JOO^OOO reis, eiitrando 14!$000 reisdep^ d'altar. magnates comprehcnderia as rbapsodias ser- vias, se Ib'as traduzissem ; porem o mesmo turbilbao d'iunovaeoes e cosmopolitisnio, que revolveu a llussia , arrasta tambcm a Polo- nia. E eis a razao jioniue, ate hoje, apeaas produziu dnis bomeus, (|ue souberam desen- Iranluir do I'undo das velbas llorestas lekbitas I) (/ousle de seus avos, e dar-lb(! a forma de uma poesia nova, admiravel rellexo da vida slava. Estes dois homens sao Kasimiro Brn- dzinski e Uohdan Zaieski. 0 primeiro, lilho das provincias exclusivamente latinas da Po- lonia, apenas tem podido, e verdade, ideali- sar a krakoviaca. Mas ao mcnos elevou-a a uuia perl'eican de forma, a uma graca d'cstilo, a uma candura de pensamentos, a que nem ainda de leve poderam attingir os nebulosos romantii'os, (|ue Ibe succederam, scm exceptuar 0 proprio Michiovicz. Em (pianto a Bohdan ZaIeski, naseido cm mais favoraveis condi- cocs de desinvolvimento poetico, caminhando livre, como o lilho da naturcza, por meio dos steppes illimitados da sua querida Ukrania, pikle encontrar alii toda a frescura d'inspi- racao e toda a independencia slava. Reuno a transpareucia, a lim[iidez de forma dos antigos lyricos gregos a originalidade da sua raca. E um digno rival de Subbotitj, de Sta- nko-Vraz e dos classicos servios mais puros. Desgracadamente um e\ilio muito prolougado, uma sequestracao comideta doambienle e dos costumes slavos ondo embalava a sua vida, acabaram por lancar Zaieski na poesia oc- cidental, que elle, por tim alliou aos extasis niessianicos, mas as suas duiiikus ukranias e OS seus cantos galicios, licam sendo pelo menos um tbcRouro rcservado para o futuro da Po- lonia. Em vao prelende a chusma dos imita- dores desligurar o modclo, desnatural-o, ac- carretar-lbe o ridiculo; a obra do meslre persiste, e como o germc fecundo cscondido debaixo da neve, espera para produzir o fru- cto, dias mais quentes, mais creadores que os nossos. Em summa, a influencia ate agora exercida pelo yoitslo sobre cada uma das quatro litte- raturas slavas e muito diversa. Os Polacos fazem todos os esforcos para reanimal-a, mas OS seus maiores poctas ainda nao a souberam comprehender. E certo, que elles reanimam com um raro amor filial o culto das tradi- coes da mae patria, mas param nas tradicocs ja corrompidas, sem se alToitarem a rcmontar ate as origens slavas, ate as verdadeiras dziady da Polonia; e assim nada mais fazem do que girar num circulo vicioso. Pelo que respeita aos Bobemios, estes rcconbecendo-se incapazes de ressuscitar o yuuslo, cmbalsa- mani-no piedosamente como iima mumia. Mais diloso, 0 povo moscovita ainda escuta com paixao o sen yousle, embora as musas aristo- craticas de Pelersburgo se obstmcm em desdenhal-o; mas entre as suas maos sarca- 19 I stii'as nao passa dc iinia bonccn, ilr* (|iio so servcm para diverlir as creaiiras c caplar a gcnte do povo. Em toda a Slavia somcnte os poetas illyrios servios tomarain o yoiislo a scrio. Em quanto que as outras lilicraluras slavas comcraram pelo lim, pcio cosmopoli- tismo, j)ara vollarcm mais lardc, coxcaiido e jii fatigados, as suas origens c ii infaiuia (!a poesia ; a lilteratura illyrio-servia line o 1)0111 senso de comerar pelo principio. toiiiaii- do por ponto de partida o espirito de raea, e iniitando os antigos Gregos, os quaes ao passo que se iam desinvolvendo, iiunca dci- xaiam perdcr de vista o (jue era o sen (jouslo d'clles, — a poesia liomeriia. D'tste despertar de raca enlre os Slaves, do que nos parece tcr indicado suflicientcs testoniunlios, queremos por agora lirar unica- mente unia conclusao: voni a ser, que uma litteralura liassica e viva emanada dos ijonf;- lars, que se constiluisse num povo podcroso nos limites da Europa e da Asia, c que tives- sc urn largo desinvolvimeuto, invoslida de res- peilo no interior, forte pela propaganda no ex- terior, tornar-se-hia o vehiculo o mais agrada- vei e ao niesmo tempo o mais poderoso d'um progresso pacifioo eutre povos todos (illios do Oriente. Basta com elTeito a compararao mais superficial para patenlear a singular scme- liianca, que tem as picsnas dos gonslnrs com as poesias persicas, indias, tataras, e ate com OS poemas dos mandarins chinczes; so com a dilforenca que as pie.tnas slavas teem urn sopro d'lieroismo e d'abnegacao chrisla, que faita as poesias asiaticas; e dcliaixo deste aspecto, sao o ponto de passagem entre as velhas litteraturas panteisticas do Orien- Ic, e as litteraturas christas moderiias. 0 ijoiisli) niio alcancaria cxercer mais do que uma inllucncia muitc secundaria sobre as sociedades occidcntacs; mas, lornamos a re- petil-o, pode servir para auxiliar as povoa- coes do Oriente nas suas tendeucias para as reformas prudeutes, que podem sos assegu- rar a sua emancipacao. Tal e o fito para onde convem hoje, que se dirijam as littera- turas slavas inspirando-sc do (jouslo; e se ellas 0 conseguem, muito bem mcreccrao tan- lo da Eurojia como do Oriente. \^r. ROBERT, ua Revista dos dots mundos.) A RIM A NA POEZIA MODERN A. Continiiado de jiaj. 23B. A scnsacao agradavel, que causa o verso quando 0 adorna a rima, nao e a unica van- tagoni, que d'esta provem a vcrsificacao. Em linguas tao fracamente accentuadas, como as modernas, a repeticao dos mesmos sons torna mais saliente a terminacao do rylhmo, pouco sensivel pela ijicerleza das suas longas e breves; laz-nos mais lacilraente conliccer, que 0 verso acabou. A riina produz no verso o mesmo cITcito, que a repeticao do rythnio causa no poema : da-lbe unidade, cstreita os lacos, que prendem as suas differentes partes. A reuniiio de sons similhantes excita o sen- (imeiito musical, dispoe o ouvido a perceher a relacfio das outras syllabas e o cspirito, a comprehender o encadeamento das ideas. A rima auxilia lambem a memoria, a conso- nancia, que a conslilue, da a intelligencia urn meio facil de recobrar o lio das ideas, e e uma vantagem incontestavel facilitar o traba- Iho da rcminiscencia, e para os bons versos, mais uma boa qualidade o nao ser difficil rciiiiullunoaiiii'iilc sobre a iiiuifjiiiacao e os sen- tidos, possucm no mais elevado grao o podiT de commoM'r, de scnsiliilisar, lim priiuipal da ])0esia. E a dilliciildade veiu'ida e mais iim luorecimcnto para o vorso, e jjara o jioela. 0 cscravo, quo a cuslo arrasta as cadoas, quo o algomam, nao surprolioiido iiinguoni, mas adniirara a todos, so com tal arto dislaroar o incommodo o poiui ([ue llio cnusam, (]uo mais parocam ornal-o ([uo prondol-o. Que a rima nao sulToca iiom tyraiiiza o pensamenio, at- teslam-no os magnilicos vorsos de Ariosto, lie tamOos, de Tasso, de Violor Hugo, e de niuitos grandes poolas (jue limaram, som ([uc d'alii provicssem defeitos, senao maiores bel- lezas as suas poesias. Daqui nao pode deduzii-se que a lima, que a forma scja o principal e a idea o accessorio; peio contrario. Veneer a difliculdade da rima 0 0 que 0 poeta dove ter em vista, mas sem nunca liie sacrificar um grande scntimenlo ou uma bella imagom. A idea dove dirigir, a rima, como diz Boiloau, ol)edecor conic escrava. Conseguir conciiiar o ornamcnto da forma com a magestade eenergia da idea, niio e lao diflicil como parcce. Os inconvenientes da rima, diz o abbadc d'Olivet, tao sensiveis nas obras d'um mau poeta, convcrtem-sc em bellezas nas maos d'um bomem do genio. Alem de que e de summa difliculdade evitar nos versos soltos dureza e desbarmonia. Nos versos do CamOes, e da D. Branca sente-se que as gracas e enfeitcs da rima nao venbani realcar o bello do pensamenio as vezes dimi- nuido pela dureza da forma, ao passo que so adniira nos versos do sr. Joao de Lenios a felicidade com que a suave mclodia da versi- ficacao sc casa com a expressao forte e e\a- cta da idea. Neni se pode imputar a rima o pur a pocsia ao alcance dos maus poetas. Rimar bera, il- ludir a difliculdade, Irazer os consoanles com tal naturalidade, que pareca que a(iuelle e 0 unico modn porque se poderia exprimir o pensamenio do poeta, e urn trabalbo superior as forcas de quem nao Icni talento natural, habilidade para a poesia. 0 abbade Dubos, nas suas Reflexoes triticas sobre a poesia, sustenta que e impossivel deixar de consi- derar o trabalho de rimar como a mais baixa das funccoes da raecbanica poetica. Outro tanto se deve entao dizer da syllaba, e dos pes dos versos d'Uomero e de Yirgilio, e das construcocs, lao cuidadosamente elaboradas, ([ue OS antigos scriptores julgaram tao impor- tantes nos sens discursos, como a ligacao c ordera das ideas. Nao concluirei d'o que levo dito, que os versos soltos da lilleratura de todos os povos modernos sejam, como quer Voltaire, prosa sem medida alguma, so dislincla da prosa ordinaria per certo numero de syllabas eguaes c monotonas, que, por convencao, se denomi- nani verso X consonancia, a repeticiio uni- forme dos sous nao e semprees.sencial a poesia. Quanto mais graudeza, iuteresse, e vigor tcm um pensamenio, mais diminue d im- portancia o roalce, que a rima da ao verso; ijuanto mais energicas e tocanles sao as ideas I'xprimidas, menos valor se da a forma ma- terial, (jue as revesle: o interesse que a nar- racao inspira nao consenle roparar na liar- monia da pbrase, ou na melodia dos sous. Por isso e que em algumas linguas, cuja ac- cenluacao, mais pronuuciada, mais dislincla do sentido, introduz no verso alguma melodia, se bem quo pouco sensivel, a poesia se tern [>or vezes liberlado dos grilboes dourados da rima. Mas os versos soltos das linguas mo- deruas, da allema mesma que, pela sua indole, forma, para assim dizer, a Iransicao enlre as linguas antigas e as modernas, estao longe d'imilar a melodia da versiticacao antiga; antes diHicilmente cvitam cabir na desliar- monia e na dureza. Segundo Benloew as tentativas ale boje feilas, para liberlar da rima as poesias be.s- panholas e ilalianas, teem sido infelizes. Na poesia franceza a rima e indispensavel. Ver- dade e que Scoppa c Mablin sustcntaram, que a lingua franceza se piestava como as outras a imitar os versos antigos, e quo, so ate entao se nao tinliiio feito versos sollos cm francez, isso devia ser altribuido. on a falta d'inlelligencia dos poetas, ou a sua pre- guica, que recuava diante d'algumas dillicul- (iades. Mas esta opiniao, alem deconlraria ao pensar de crilicos laes como Boileau e Voltaire, nao se funda sobre um so exempio de bons versos francezcs niio rimados. 0 tretho se- guinte traduzido por Voltaire, da Merope de Maflei e, a meu ver, prova sufficiente de quao pouco propria e para se liberlar da rima a versilicacao franceza. Je me souviens encore de celte pompe aiigusle Qui jadis en ces lieiix marqua les premiers jours Dm regne de Ctiresphonte. Ah le prand appareil ! II n'est pas aujourd'hui de semblables spectacles : Plus de cent animaux y furent immol^s; Tons les pretres brillaient, et les gens ^Mollis Voyaient Tor e I'argent partout etinceler. Nao foi mais feliz o celebrc ministro Turgot na sua tenlativa de traduccao da Encida em versos hexametros regulados pelos principios da versilicacao latina. E como imaginar, que uma nacao, que pos- sue, tanto como outra qualquer, o senlimento do bello, se enganasse por tanto tempo sobre 0 genio da sua lingua, a ponto de rimar sempre, podendo, sem esse constrangimenio ter versos harmoniosos? Naquellas linguas cuja accenluacao mais sensivel, menos confundida com a significa- cao, perraitte, para cxprimir affectos fortes, 21 (I uso do verso «olto, essa libcrdadc so pode oxtfiidcr-se ao vcrsoi ile mais do nove syl- labas; porque so nesses versos, que reunem uni mnior niimero de pausas e d'accentos, podc iiaver uma tal on qiial mclodia, que nao seja a provenieiite da rima; melodia pouco sensivel na verdade, mas que nao e urn de- feilo, quando a idea e hastanle forte por si mesnia para prender a attencao. Nao acon- leco porem assim nos versos mcnores, onde o pequeno numero dos accenlos c pausas torna indispensavel a rima para cvitar que os versos se confundam com a prosa. Esta regra de goslo seguiram-na todos os bons poetas. E lacil accunuiiar os exenipios. Milton, que I'screvcu em verso soito o seu niagnilico poe- ma 0 Paraiso fjerdido, rimou il Ponseroso escripto em verso menor. Pope c Byron so dei- xaram as vezes de rimar versos d'onze syi- labas. Na nnssa litteratura, Garrao inimigo declarado da rima, quando, na sua bclla ran- tata de Dido, passa do verso maior para o dc quatro syilabas, rima, por que scni isso olTen- (ieria o ouvido. E inutil insislir sobre este ponto: pode assegurar-se que a universalida- de dos poetas, salva uma ou outra infeliz lentativa de Francisco Manoel, seguiram, como regra invariavel, o liberlar da rima tao s6- mente o verso maior de novo syilabas, quan- do neile se exprimem assumptos tao grandcs, que podem prescindir do ornato loucao e de- licado das consonancias. A. deORNELLAS. ESTLUOS PRELIMINARES DE BIOLOGU. I.= PARTE. Definicdo de phijsioloyia: hisloria e impnr- tancia d'esla sciencia. I. 0 estudo do organismo e dos seus dif- I'erentes actos e um dos mais iranscen- dentes e necessarios ao homem, que no mun- do se encarrega da missao mais nobre de- pois do servico dos altares, ao homem que, como diz Huiland, se pode chamar o sacer- dote do fogo sagrado da vida, o seubor das forcas occultas da natureza. Todo o medico, dizia Hippocrates, deve estudar a natureza humana. 0 medico nao pode conhecer o estado anor- mal do ser organisado, objecto dos seus es- tudos e cuidados, sem que tenha um perfeito c cabal conhecimento d'este individuo no «stado normal ou physiologico. 0 cnle vivo consta de diversas partes; estas sao dotadas dc dilTerentes propriedades; entram em exercicio ou funccionam segundo certas e determinadas leis. A sciencia, que se occupa do conbecimento d'estas proprieda- des, d'cstas I'uncOes c das suas leis regula- doras, tonia o nomc de physiologia. Algiins auctorcs teem procurado subsliluir a palavra pinj.siolrxjia o termo biolorjia como •mais proprio. Physiologia indica estudo da natureza, e sendo esla o complexo dos seres que conipoem o universe ou natura naturata, ou por outra o complexo de corpos que Deus creoH, concluem que a expressao physiologia comprehende mais do que o dctinido. Assim devia ser, se a palavra natureza ti- vcsse uiiicamente esta significacao. 0 vocabulo natureza deriva d'uma pahnra chaldaica que signilica — fogo: era o cati- dum innatum considerado pelos antigos como origem da vida, e causa de todas as cousas. Nos Gregos a palavra natureza deriva de tfjoi; do verbo grego ipuo, eu produzo. D'cstc modo a natureza era para elles uma causa activa, e productora e o objecto continuo d'um culto especial. A palavra natureza tambem se emprega para exprimir a ordem pcrpetua, que preside ao mo\iiiiento do universo. A idea, que os Gregos Ihc ligavam. d'uma causa activa e pro- ductora, fez com que Hippocrates designasse pelo termo natureza tpuci? a causa, que pre- side a todos OS movimentos organicos e vi- laes, — 0 principio animador do ente vivo. Com 0 mesnio lim imaginou Crollio o seu astrum internum; Miguel Alherli o principium energoumenon; Van Ilclmont o arclieo. Estas consideracues, signilicar a expressao natureza tamhcm a esscncia intima d'uma cousa, fazeni adoplar como exacta a palavra physiologia para designar a sciencia, que se occupa da causa, que preside aos phenomenos da vida, e que estuda a essencia intima dos corpos organisados. Pelo que acabamos de dizer se pode ado- plar nao so 0 termo physiologia, mas tam- bem a idea de a delinir sciencia da natureza como se exprime Burdach, um dos mais celebres physiologislas dos tempos moder- nos. 0 ente vivo pode achar-se em dois estados mui distinctos, saudc c doenca: a ambos se estende o dominio da physiologia : e d'ahi vem a divisao de physiologia em normal ou hijcjienica, e anormal ou patholoyica. A phv- siologia tambem se divide cm (jeral e es- pecial. A primeira e aquella que, sem fazer applicacao a especie alguma determinada de seres, tracta d'um modo phylosophico e ahs- tracto dos phenomenos da vida. 0 contrario d'isto e a physiologia especial. Relativamente ao mesmo individuo a phy- siologia tambem se pode dividir em geral c 9Q especial, boguudo sc occupa ela pelle. 0 moviraento do sangue e o prin- cipio essencial da vida : a sua cslagnacao nas veias determina o somno, e sua expan- sao acliva cutretem a vigilia. A saude con- sislc no eciuilibrio das qualidades primarias taes como o calor, o frio, o sccco, o humido, o amargo, o ddce; o predominio de uma d'estas qualidades produz a doenca. Empedode rc- conhece uma grande analogia entre o ovo dos animaes, e as scmentes das planlas. Ad- miltia ja que o feto tirava a sua nutriccao do cordao umbilical. A inspiracao e expira- cao Ibe parecem depcndcr d'um fluxo e re- lluxo alternado do ar nos vasos. que van as diversas partes do corpo. Democrito explicou pela diversidade de or- ganisacao a variedade de costumes e haliilos dos animaes. Conheceu a importancia da bile na digeslao. Os orgaos dos sentidos sao como espelhos, onde se pintara os objeetos. Todas as sensacocs, cujo numero se nao pode iixar rcduzem-se a do tacto. Anaxagoras sustenlava, que o corpo do in- dividuo era composto de partes homogeneas, que se reparam, apropriando-se i)or uma es- pecie d'allinidade das substancias idcniicas, que cncoutram nos alimeutos. Os corpos do- tados de sentimento sao compostos d'elemcn- tos sensiveis. A perfeicao das maos e a causa da superioridade do homem sobre os outros animaes. Diogenes d'Apollonia julgava, que o ar era 0 principio da intelligcncia do homem. e necessario ii cxistencia de todos os animaes: 0 ventriculo esquerdo do eoracao leva-o por meio dos \asos a toda a parte do corpo onde se mistura com o sangue. Foi Hippocrates obomem, que prestou gran- dcs servicos a arte de curar. A pbysiologia Ihe deve tambem niuitos principios, que con- correram para o seu aperfeicoamento. Hippocrates admittia um principio simples nu ^ua cssencia, nuiltipio nos seus elTeitos, 23 e que presidia aos phenomcnns vitacs, o, Ihes iJava origcm. Era cste principio, que die chu- mava ?uii; (natureza); e esse agenlc que nos i;liaiiianios hoje principio vital. Condiiua. ALVES. I TR\CTADO PRA.CTICO DE P.VRTOS POn U. PEDRO GO^ZALES VELASCO, V D. JOSE DIAS BEMTO. Mtt.seii Dupnijircn de Paris por D. Pedro Benito. Impressas cm Madrid, c publicadas cm 18o4 as duas excellentes obras, que annun- ciamos, derani eiilrada iia livraiia da univer- sidade de Coimbia um exemplar de cada uma d'eilas em cdieao nilidissima e luxosas eiica- deruai'Oes, rcmetlidos polo nosso Govenio, a quern scus auclores generosamente os oU'er- taram. Fez 0 sr. Velasco um serviro importante a arte nhstetrioia na fom[)i!acao das vordades doutriiiaes, ((uc liie respeitam, nvligidas em eslylo aphoristico com a ciareza e concisao, que liie competem; exemplilicandn-as na par- te practiea com bellas estampas illuminadas, em quo se acliam representadas as pbases da evolucao do germc, dcsde o dia 18 da fecun- darao ate an parlo; e as variadas posicoes do leto no parlo natural, nao natural, e diflicil : e dcu niais realce a sua obra, juiictando-llie em appendice uma colleccao de objcrvacocs de partos difliceis colhidas no sou paiz e no estrangeiro. E summamente inleressantc o atlas de estampas, que enriijuece a obra. Nesta parte a sciencia colhcu grandcs auxilios da arte; e da sciencia bem mereccu o sr. Velasco. Do rico Museu Dupuytren, que a Mr. Or- (ila dcve (|uasi toda a sua existencia, faltava 0 conbecimento exacto, e circumstanciado a quem nao lem visitado aquelle eslabelecimen- 10 grandioso. Teve o sr. Velasco um pensa- mento feliz, quando cmprebendeu a descri- pcao bistorica dos objectos, que encerra cada uma das reparticOes d'aquelle conservalorio de anatomia patbologica ; e pelo conbecimen- to, que d'clle temos, parece-nos dignamente desempenbada a idea do sr. Velasco. E bera soube aproveilar ensejo o auctor da obra, dando por essa occasiao conbecimento ao publico de alguns museus publicos e particu- lares mais notavcis da Franca, Inglaterra e Hespanba. Qualqucr das obras do sr. Velasco mcrece ser lida. e csliidada. Cremos que escrevendo assim e que sc lazcm servicos reaes as scicn- cias, e as arles. 0 sr. Velasco comprebendeu porfeitamenle o caracter da epocba em que vive, e respira o ar do seu seculo. M. BIBL10GRAPIII.\. Conlinu.-ido dc pai:. 307 do 3.° vol. Os Catecismos. A 1." edicjiio da IntroducrJio ao AmiKo dos Menino*. terminava pelt) peqiteno catecismo de doutriiia chrisljl da diocese. A ^.'', ja concluida, contem, depois do catecismo, al;runs apologos escolhidos de Bticafre e Ma- Ihao, conservando-se a mesma alterna(;ao de caracteres, redondos, ilalicos e cursives. D'estes ijriraeiros exercicios dp leitura a parte princi- pal e certameute, nao tanto por sua exlensao, como pelii materia e forma, o petjueno catecismo; do (pml se teni feito desde o anno proximo, em que saiu a luz, quatro edicjoes, duas como numero 1." dos LiiYinhos itof/ovo, a 20 reis, e duas como parte da lntroduc(;ao. Adoplaram-no, como mui excellente para o ensint) — ac- crescenta-se, que a experiencia havia mostrado ser diflicil 24 til- ili'corar r unteniler o mciimo ultimo catecismo tie MiT. Afrc ; •' qiif, h iiiataucia? do cIt;ro, e dt'|)uis dc li.iiis annos d'i*!-ludos c consnltas, se piiblicavam t' adota- vam OS novos catocismos. coino — x texto mais breve, -siti^t'lo e claro do tpu' n antecL-dfiite. » Na tradiior.ru), ([Ui* emprecndcmos, d'cstes cathecis- mos livfino.-i a luaiur cautela em evitar imo so on jialicis- mo--i, luas t(js omitUmos a ri'iR-Urao. Quern qucr (pic rulcjar o mosmo tevlo fraiicez com o portu{;uez, facil- meutr descubrira, qui- fizeuiQS mais alj^uma cousa, com- plelaiido-o com aljruns arlij^os, que faltam nos calecis- mos de Paris, r se encontram em todus os portujjuczes ; a saber a explica<;ao do — persiirnar, — a Ictra dos^ arti^os da fe — das obras de misericordia, etc. O catecismo maior faz parte do — Manual de piin- I ipio.-i e!emtntarissi/tf)s. — Segue-se-Ihe outro — d'Histrj- ria sagrada, cnncebido no mesmo peusamento de clare- za, simplicidade, doulrina subsitancial, e facil de tomar dem emoria. Miiu ou bom, como obra purameute nossa, a respoiisabihdade iiao recaliira em mais niiiiruom. Ti'mol-o por iiiteiramentL- orlodovo, exaclo nos factos, e facilimo d'aprender. Knrarecer a suma cunveniencia de ser liiio e estiidado nas escholas parece-nos escusado ; por que nin^uem ha (pie possa nej?ar em boa fe a liga^-ao lao necessaria, coma admiravel, da historia da religmo com a sua doutrina. O Manual comjireende mais as primeiras no^oes de fjtographia. quaes um menino piide e deve ajirender xobre os mappas, escriptas a maneira dos trabalhos ana- logos francezes, isto e, com bre^ es inlerrofiatorios, d'esjia- (;o a esparo, (pie o mestre deve fazer, subre us mesmos mappas. Kste piano <■ o mesmo que se?iitmos. em mais araida escala, na — Geographia da infaucia^ publicada em 1B50, e cuja 2." edi^ao, muito meltiorada. esta no prclo. \au so e possivel, e facilimo, e mais ainda i? soljre- moilo deleilavel e instructi\o para os meninos, este estu- (in sobre OS mappas ; o qual, diricrido como indicaraos, p'jde ate ser tornado como desenfadu e rccrea^ao. A jeosraphia se^ue-se uma brevissima — Hi.-^t'jn'n de Portugal, entretecida dos factos mats notaveis , aponta- i\os em proza , e feitos mais salientes, sempre que e pos- sivel, com a divina poezia do nosso CamOes. Com espe- cial cuidado entregamos ao pequeno leitor o fio de nossas ?;loriosas descobertas, dos quaes os rezuminhos anteriur- mente conhecidos nao se occupavam siifTicientemente. Fizeinos rani saliente, em cada ^rande cjiocha, o facto ou factos principaes. que a di tinguem, ora pela gloria e en;:randecimento, ora jiela desgra^a e pelo abatimento. Estas mesmas notas fundamentaes com 09 nomes, ape- lidos, e tempo de g:overno de cada rei, ou reg'ente, con- jitituem no fim do compendio, um mappa ; o qual muito pode ajudar a memoria , e recordai^ao do encadeamento drts successos. Curamos, na gramatica que se segue a historia, d'amoldar ao genio e ao gosto dos meninos as mais ari- das nocoes da gramatica geral, e em especial da por- tu!^ueza, sendo o nosso grande desideratum ^ que os que apreudessera por ella. e conforme o melhodu da ci>n- versa^ao amena entre o mestre e o disci])ulo, nao ficas- si*m com o ledio e ate rancor a estes estudos, que nos tleixaram os nossos primeiros annos litterarios. De duas immensas vantagens, que resuUam do estu- do do nosso compendiosinho, podemos dar o mais seguro tostemunho, fundado em experiencia; — 1.** que e possivel aprender 0 maii essencial da gramatica a conversar, e passear, sem impor tarefa, nem sujeitar os meninos a nia- caquearem os grander, sentando-se grave e fastidiosamente a uma raezapara introduzirem, coraoamartelo, na«caheras om-a-. que Dio comprehendera; "2. "que Ihes e facilimo en- trar no estudo do francez e do lalim, e dt- qualquer outra lingua, aualvzando pnunptameiite quabpicr plirazc, ;enao desde hora «', an menos desde (pie com- plelou o estudo dos vurbos regulare-.. As regras princi- pals da sintaxe adipiirio-as briucaiido ; as esjiCciaes da linsna tomal-as-ha pouco a pouco. As no<;5es d'arithmeljca, que nuo sao senile a repro- thi^ao melhtirada da -- ArUhmrtica da injancia^ publi- cada em 1H50 pfla 1.* vez, e ao presente no prelo em 3." edi(;ao, silo escriptas debaixo do mesmo sistema, levando o meaino desde o cinliecimenlo dos numeros ate as pro- ]ior^*oes. A — Moral practica e rfUgiosa — , (pie fecI:H 0 vo- lume, e -(/— r)cos6, 0.1/ sen e OM OC OC sen O JJ i\ d + r d -{■ r FM FM' FC sen 6 ' f~r n(f—r)' FC ienCMf' c por consegninle ^d + r)'' + r' — 2r (d + r) coi»_ (d + ry (/— rj^+r' 4- 2r (/—;■) cos 6 ri^(/— r)=' '^ ^' 12. No c.Tso de ser 6 iniiilo peqiieno de prinieira ordem , esta equaj/io reduz-se a n dr •/ = (n — l)d — /■ ■••■(-)/ ;i (]ii;il se pode tainliem dar a forma mais symmetrica 7,+/ = "-^ » 1.3. Como a le! de refracf-ao dii somente unia relajHo enlre os senos dos angulos d'in. cidencia e de refrac^iio , I'lca duvjdoso se o raio, depois de incidir na superlicie AM, deve todiar a direcgao J\I F , se a J\J F' j e por isso a eqiiaj.'io (1) e do segundo gran. Devendo porem o raio, no caso de iiaver refrac^ao , penetrar no mcio (Q), e necessario, que, em virlude das ac^oes dos dois meios, elle encontre o eixo OF, on para ca docentro, ou para ide'in do ponlo T, oiide a tangente ao circnlo cm Al encontra o mesnio eixo. Logo deve ser f f pobitivo , e f — )■ >o; ou / negalivo, e — /+ r > . Foi por isso, que nao aproveitamos COs 0 o outre signal do radical, quando deduzimos a equa^fio (2): e com effeito este signal daria ndi- ]= r— , que e senipre posUivo e < r. •' (n + l)a(-f »■' ' ^ ' 14. Se dit'l'erenciarmos a equagao (1) em ordem a/e 5, acliaremos , attendendo -X inesn)a equajfio , */_ if—rf sen e [ry- (/— ?-) + rf+r] F6~ {.d +/■) [{f—r)co% 9 + »-J Por onde se ve, que, em geral, para angulos a infinitesimos as variagoes cJ/serito in- finilameule mais peqiienas do •)' + >■' — g>-(;' + r) COS 6^ (/' + '■)" (/— '■) ^ + r " + 2 ,• {f— r) COS 9 " « ' (/— /•)" ' 1 n 71 — 1 equajoes , que coinparadas coin (1) e (3) d.^o d=f. Dondc rejiilla, que o raio biiniiioso refracto O M F, se relrocedesse pela direcj'io FJJ, iria cnconlrar o eixo no poiilo O, isto <■' , que o foco e o objecto sfio leciprocaiiierite objccto e foco urn do outro, ou que os poiitos O e F sac /ocos conjugados. 17. Lcntes compostas. Snpponhamos ajjora a lenle bi-convexa (fig. 9)]; en, — , , as razues dos senos dos angulos de incidencia e de refrac5ao na entrada e saliida da leiile em M c ^1 (fig. 9). Os raios refrattados pela leute na entrada viriani reuiiir-se no poiilo P , que, fazendo AP-=.x, e suppondo o infiiiitesirno, se acliaria pela formula (.3) 1 n n — 1 d+'^- -• " X r Mas a face Q ^M' Q,' da lente faz experimentar ao raio na saliida uma refrac(;'io , em virlude da qual elle corta o eixo no foco F ; logo, se o raio relrocedesse pela direc<,"ao F M', toniaria a direc(,\'io AI' J]/, e per conseguiiite seria /' o seu foco. Applicando pois aequajfio (3), e altendendo a que nella se deve toinar enlao como negaliva a recla ^' P , que na equajao preccdenle se lomou como positiva, teremos, fazendo A' F = x', e cliamando e a espessura da lente, 1 „' ,i' _ 1 ic' X — c r' Fiiialnieuie cliininando x entre eslas duas equacoes, teremos a distancia focal r' ^ 7ir'd — (n — l)ed-\-r(> n'— 1) ^nr,l — {n — l)(:(/ + r(\ + n' r' ^ (n — 1) d — rl Se o raio passa do ar para a lente, e da lente para o inesmo ar, e k =rn' ; e ■ic nesse caso se despreza a espessura da lente, e se chama/ a distancia focal principal. tenit 1 1 1 ?j— 1 n- x'^d~f~ r +' . 18. l']m geral supponliamos um ponto collocado no eixo cominum de muitas limtes convexo — concavas (fig. 10), ciijos raios sao r , i\ , ?■.,•■..-. ; separadas as siiperficiei iinias das onlras pelas espessiiras c , e,, ; e taes que nas passageiis successivas -.. _'!« — 11^ — \ (7), H. — 1 -f-i— c,_, s, J-,- entre as quaes eliminando as a — 1 quantidades z, , %,, ~-.^, ■ ■ ■ ^i-i j acbaremos iima equaCj'ao final em zi, que fara conliecer a distancia da ultima jente ao foco. Por exeinpio, fazendo i = 2, ?ij = — ^, e suppondo r, negativo, estas ecjuagoes dao 1 ?l, ?!, — 1 •— 1 que s/io , como devcm ser, as dadas no n." 17 para uma lenle biconvexa. % ]9. Podemos nas equagoes (7) usar dos indices de refrac^'ao »«, , '"^ , '"3 ? • • • de lodas as lentes na passageiii do ar para ellas , isto e, substituiv em logar do n^ , n^ , n^ , . . ;is expressoes n^^^m^, n^=z^, n^ = — 5 , . . . n;= -; o que transforma aqiiellas equa(;nes cm •m. TO, m, — 1 • — —^^~— ^1 »". TO^ _ m^ — m^ *2 »". '"? ?»3 — 'W, »/!. r_^ , ™ ■— I TO ;— I »" i— 3 Sj-. — e._. :l_ + - = (8), (9). 28 que sommadas, e tomando o indice , desde o limite inferior ale o superior, dao Tcrenios pois, usando das cqiiagoes (7) on (0), a distancia focal para um numero i de lenles dc faces convcxas para o objecro ; e qiiando al^iimas das faces se lornarein concavas ou planas, fare.uos negalivos ou infinilos os raios respeclivos. Qiiando se desprezarem as espessuras das ientes, desappareceru o sornmatorio, que entra no priraeiro meinbro da equa- ?ao (9) ; e esta equa^ao dani immediatameiite a dislancia focal z, . Siipponlianios, por exeiiiplo, (pie o sysleiiia se coinpoe de dois vidros, um biconvexo, e o oulro concavo-convexo, ajiislaiido-se a segunda face do primeiro com a primeira face do segjiiiido (fifr. 12). Nesle caso sac r, , r^ , uegativos, ew, = l. Desprezando pois aespessura da lente, a formida (!)) dara 1 1^,„,„1 ,„,-,n m,-l d ^s ■>-, ■>■, »-. E no caso de ser plana a uUima supcrficie, ou r^ infinilo, 1 1 TO , — 1 TO I — ?;i . Adianle verenios, que esle systema e o, que se emprega na construcgfio das lenles acliromaticas ; e por isso mencionamos aqui a formula respecUva. 20. Se o angulo do raio incidente com o eixo nao fosse muilo pequeno, applicariarnos successivamente a cada Icnte, em logar da equa^ao (3), a equa^ao (1), semelliantemenle ao que fizemos nos numeros 17 e 18 ; mas em cada uma dellas subsliluiriainos por o o sen valor, ou ajuntariatnos ao systema d'equa^cies assim formado as reIai,'oes, que na figura ligam os re- speclivos 6 com as oulias quantidades. Por exeniplo na lenle biconvexa (fig. 9), fazendo C M P—C P M=i/, leriamos o systema d'equagoes (1) applicadas ds duas laces, e as relagoes deduzidas dos Iriangulos MC P, AVC'P, (d + r)^ + r^ — 2»- (d + r)cos ^ _ {d^r)'' {z — r)'^4- r^ -f 2r (^i; — r) cos 9 n'- \% — r)'-' 1 > •="'.^'0.'/ ,_2r 11 sen(0'+P) -. + r' _ e . r^^'^^-a-^^-^' sen/> =—F~' > ^"^ (:.' + 7-') ^ + ,■' ^ — 2 r' (::' + r') cos 9' (i' + r') {—:. + « — »■') ■= + r' ^ + 2 r' (— ^ -f t — r' ; cos e' n' ^ (— x + e — r') ^/ as quaes dai iain conseculivamenle ti, y, P, e', ::'. No caso de ser e muilo pequeno de primeira ordem , as ei|ua<,'6es segunda, lerceiia e quanta, moslram, que s.'io da mesma ordeni y, P , 0' '• conseguinlemente a primeira e quinla das niesmas equagoes reduzir-se-lifio as duas do 11. ° 17. 21. Differenciaiido as equayoes (11) em ordem a 6, teriamos cinco equagoes, que dariam »-. Sti SP S6' S%' consecut;vameme _ , _£ , . — ., — . *6 * a J 6 .J 6 Si i ■' A expressao de _J1 e a medida da ahtrra(-ao d' csphericidade , islo e, da dispers.'io dos pontos, onde os raios huiiinosos, depois de refractos, encontram o eixo; e por isso, quaiido se construem as lenles coinpostas, deve determinar-sc ao menos um dos raios, por exempio r' , pela condirao de ser — 1 minimo , islo e, deve satisfazer-se a condicfio 1- = o. As Ientes, cujos raios e dimensoes sfio delerminadas, de modo que nellas nfio seja sensjvel a al>erra(;iio d'espliericidade , chamam-se aplanaticas. Ha oulro defeito , deque adiante Iractaremos , proveniente da dispersuo das cores, de que se compoe o raio branco, devida a diversa refrangibilidade d'eslas. As lenles, nas quaes elle e corrigido, cliamarn-se acliromaticas. © Jnstitiitit) JORINAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. lJJilVERSIDADEDEC0IllB8A-PR0GR4HMAS. FACULDADE DE DIREITO. 1853—1854. 5." ANNO. — 15.* CADEIRA. DF PlUELECTIOMBt'S HERME.NEUTTCIS , AKALITICIS, ET DIPLOMATICIS. ProTessor — D- Emmanuel de Serpa Macha'io. Suae ni:ijedlutis a coiisiliis, dignusqtic regui jiar. Triplex est oI)jecliim sindii e! diisciplinae h"jiis cathe- drae, quod m IribiiB partibus recte dislrtbiiilur ; qiiariim in prima de Herraeneiilica aiit polins de re Hernieneulica agiliir ; in SfCiiiiJa de e\ercitaliune ipsitis artis el scien- tiae, et applicatione siilisiilionini , senlenliiirnin , et rrgu- larmn ipsiiis artis ad leges ob\eiiienles , qiiibus regitiir Lmilaiiia nostra, el corpus Juris Lusitani conslituur.l ; nc it) terlia et poslrema parte de re diploniatira , tarn penerali (piam speriali el domeslira apiid nus rognila , Liisitaiiiaeqne \ iiidicala : et in tribns irs parliixis sen tilulis omne islius aunl stiidium , nd nostrum onTiciuni attin-Tis . al'sohilur. Duchina aulem uninscujueque liluli in varia dislriluii- Itir capita; ii«m [irini/i pars, si\'e Iituliis, octo conliiiet capita ; quornm in primo Iradere opurtel Aeras iiuliones aitis, vel scientine Hermenenlicae , lam generalis, (piam Bpecirtlis , el juris, el quaedam adjtciam de illius vuca- buli elyniolo^ia, usu et dcrivaiione. Caput secundum sil)i tjndical defiiiitionem inlerpretJilioiiis , ipsinsque divisio- iiem (am a veleribus, quain a rerenlioribus si-riploribiis lactura. ][) caplte lertio liisloria artis el scienliae Herine- neuticae Iradititr. Quarto in rajiile ralinnem dabimus de libris el scriplnrilms, qui rem hermeneiiticam , vel generaliler, rel prout arleni etscietilium Iractavere. Dein- de quinto In capile snlisidja Hermcrieulicae brevitpr, sed sigillatim exponentur, et singuli parraphi sunm quodque eubsidiiim sibi vindicabuut , prout ampliludo doclrinae puslulet. In sexto canones et sentenliae Hfrmeneulicae tradentur, et quamquani alii et aliae promiscue, et minus accurate usurpabuntur, altanien de allerutris pro re nala loquar, servata eoruni diO'- reulia el dislinctione. Sequi- Inr in capile septimo solutio dnliiorum el cuntro\ersia- min J quae oriri possiint in aliqua doctuna anleccdentium fapitum, quae gpecialem explanalionfiu requirunl. Ac landem in octa\o capite iliaui milhoiju'u , quam adlii- bere opo^l^'t in unaquaque parte Imjus durlrina**. Sed sin!*nla capita aljquas adiiolaljuues tl obsenatiunes de^t- deranl, quas el dottniia t-l exemplis pro re nala exor- nabjmus. Ecce pro2:ramnia eliodfx (uimacopusmli parti?. Nunc venianius in secunitani , qua, nt niiper fxpn.suinius , excr- fiUnlur siibsidia , senleiiliae, el regulae llerniencuticac Juris , et appbcantur singulis le^ibus ob\enienlilui9 , qui- bns resimur. Qnum aiileui Lusitanae leges vel ?int inter- Vol. IY. Maio 1 - nae el dumeslirae, vel adventiliae, in illis anle eas exer- cilaliones iucipi'-mus. Jus Aero inlernum el dooieslicnm est tarn scriplum quam non sciplum et consueludiiiarium, et illud anteire debet. Sed jus scriplum aul invenilur collectuin put>lira aurlor title, ^eluti Cudex Philippinus, Codex Coinmercii, Codex Judicialis, Code\ leguui lunda- menlalium, vel sollicitudiue pfivala elaboraluin , veluli colleclio legum edila in offi'ina Viccnlina , alia siibse- qiu-ns al) enierito nia;;istr»tu I'omposila Delaado , et Ipsa le;;un) mililarium rolleclii) , jampridem a Vicenlio Jose- plio Ferreira Cardnso editta, sed alii el aliae, codices. et collertiones , c<-nlinenl jus publicum et jus priv.itum ; et hoc jus privalum compleclitur el jus civile el crimi- iiale , quurum illud ^eI aif jutlifiuni , vel ad officium nia- eistraluuni , lel ad cummerciuni et jiuliciam relpublicae, et eliam ad jura clvium et oblisatitmes , quae oriunlur ex conventiuiiibus , ex quasi conlractibus , ex legibus , vel sub nomine jiirinm rcaliuni \enire ?olent . spectanl. At vero in sin2;uli9 pro^inriis tanlne jurispnidenliae adpare- bunt exercilalion'-s Hermeneulicae , quae viam aperiant tiruriibue. ut pus^int , drtla opera et occasione paribus Icgibus scifnliaiu exe^eticam cl hermcneuticam suis \iri- bits et studio ft-liciliT exerrtre. Elenrhus aulem to tins hujiis doclrinae non aniecedit , sed subsequitur illara secundam hujus opnsculi partem ; nam numerus legum interprtlandanim maxime a ralione lemporum pendet. Siibjicere aulcm opurlet , tliio es-e media eniirleandi juris exegeticc ; aliud |pre\'e , arclum , el corapendiosiim , aliud acroamaticum anq)lissimum , et \eluti in niodum disseilatiouis, De hoc parce , de illo uberrime uleraur, Maleriam praebcl lertiae hujus opusculi parti , el hnjus cathedrae studii . secundum Arademiae in^tituta, res di- plomalit-a, maxime Lusilana quae nos rationcm cognos- ct*ndi genuilalem publicomm dociimenlorum veleruni, et disliniliunem inter verus el suppusilos, dubiae incertae- que vocis. Qrnim aniem varia el di^prsa sinl media rt arfiriimciila ad oblinendani intaiila re\eritalem, (piodcum- que medium singuliim caput const il nit, Priniiini liuruni capihim Paleolugiam continebit , scilicet metliodum judi- caiidi de geuuitale documenlorum secundum liuguani , qua scripla fuere , tl capite in hoc cadit investigatio iiliomaiis, dicendi et seribendi generis, et orlhograpliia documenlorum. Caput secundum ad Paleographlam alii- net, nam lilterae, eorumiiue furma liocnmentorum verila- lem leslanliir. Caput tertium refertur ad exainen maleriae subjecli^ae documenlorum, vclnli Ii;;ni , lapidis, melallo- rum , eburis, buxi, mall liau)niae , quercus , papyri, membranae , nee non attramenli , sive roniniunis, sivp a?iri , ac aliorum coiorum, ac denique quod nttinel ad scripturae instrumenta, scilicet caelum, calamiim , pini- cillum. Caput quartum ad documenlorum formam me- chanicam maxime special , id esl , ad versiim , marginem, verborum divisiuneni, parrapbum , inlerpimctionem , ac- cenlum. Capite in qtiinio de formulis asilur , quae pertinenl ad notarios , at! Ifstes , ad dies adscriplns , ad sigillum \el signum, ar ad divisionem documenlorum per litleras A B C. Capul sexlum ad chirographa , snl)Scriplion no seu Portugal glnriitso e iilvstrado — \A\. 4.° — pag. 309; vimol-o muitas vezes no euro debaixo da egreia do novo mosteiro, ao lado direito, cercado ile lazes e (lures nos dias feslivos da Rainlia Saneta. ■^ A freguezia de S. Cucufate, confinava com a de S. Barlholomeu, e exiendia-se ate ao rio da parte do nascente; boje nem apparecem vesti}rios da epreja, nem das casas dos freguezes. — A infanta D. Branca fiindnii em 12'£7 o coJiveiHo de S. Damingos, que ficava nesta fi'e(;uezia. O roiweftto de Sanrta .tuna fui fundado em 1174; ode .S. Franchfo fui fnndadn pelo infante D. Pedro, Dlho de D. Sancho I, em 1247 para 1248, segun- do a melhor opiniao. ^ Ja era tempo da Hainha Saneta amea(;arao mosteiro o rio com uma esi'antusa enclienle, que foi causa de mandar fazer iima tribuna alta, e collocar nella o seu tu nulo, El-Rei D. Manoel curoi'adecido d'aquelies des- Requereram a I). Joiio IV, qtie, assim como liavia reslaurado o reino do doniinio de Cas- lella, Ibcs restaurasse tambcin a babilarao, livraiuio-as da tyrannia do Mondego. Dcreriu-llies el-rei, niandou edilicar novo mosteiro, eucommcudando o cuidado da obra a 1). Antonio Luiz de Menezcs, Conde de Canlanbedc, depois Marquez de JIarialva, e a planta do edilicio ao engenbeiro mor do Reino, Fr. Joao Turriauo, monge bencdic- tino ' . No monte da esperanea, a 3 de julho dc 1049, se lancou a primeira pedra; e com quanio, dcsde esse dia, se trabalhasse con- tiniiadamente na obra, so ao cabo de 2S aniios se concluiu o mosteiro^. Real por tao cximio fuiidador, iifio o c men OS pela traca, e grandcza. Tcm dois vislosos mirantes, cada um em seu extremo, olbaiido ambos para a cidadc. Um portico sumptuoso corresponde ao d'lim e\lenso paleo, onde se conserva ainda, li\a no solo, uma grande cadca de ferro, inulil monumcnto do anligo privilegio dc Coulo \ 0 lempio e magnilico, de arebileclura ro- niana ; os retabolos dos altares rcprescutani, cm nu'io relcvo, os factos principaes da vida da Rainba Sancla. Em 2(i de junbo de Ifl'.Ki 0 sagrou com grande solomnidade o bispo d(( Coimlira, D. Joao de Mello*. Com quanto so acbasse ainda por coucluir em 11)77, i)orque o estava ja a esse tempo 0 mosteiro, accordoii-se, se tizesse a transla- dacao da Saucta, e das freiras no dia 29 d'ou- tubro d'aquelle anno '. EIrei D. Pedro II., cnlao prineipe regente, tomou singularmente a peito o celebrar esta I'unccao com toda a pompa e majestado. commodos, intentou mudar d'alli o mosteiro; mas comu ainda enlao u damno, que se padecia, era menor do que ao dejjois se seguin, nau qiiizeram as religiosas deixar o ber^o, em que a Rainha Sancla as creara. — Vid. Portugal gloriQSO — pag. 317. ' Fr. Joao Turriano, filho do Arcliilecto Leonardo Turrianu, entrou na ordem dos benedictinos era 1629, na edade de la annos; foi nomeado professor de mathe- matica na universidatle de Coimbra por El-liei D. Joao IV', e, alem da conslruc(;ao do !Musteiru de Sancla Clara, dirigin a das capellas jirincipaes das Ses de V izeu, e de Leiria, e os trabalhu^ das furtifica^o<'S do reino, etc. — Morreu em 1679 — vide dictiuniiaire tiistoricO' ttrtiatique du Portugal — Par le Comte A. Raczynskj. ^ Foi Manoel de Saldanha, reitur da L'niveriidade, e que morreu bispo eleitode Coimbra, que lanijou a primeira pedra. ajudado pelu Duutor Fr. Manuel da Ascensao» abbade do cullegio de S. Benlo. ' Os mostciros, que se denominavam coutos, alem d'outros privilegios e exemp(;oes, erani cumu azylos, onde podiam acolher-se os criniinosos, na certeza de nao po- derera ser ahi perseguidos ])or quaesquer justifjas. "* Vid. Port, glorioso e illuslradtt. "• Preveniu-se uma casa grande, que servisse d'egreja, e euro, dividida pel»> meio. O bispo de Coimbra, D. Vr. Alvaro de S. Buaventura, julguu u mosteiro em forma de clausura, e obrigado das legitimas queixas, e supplicas das freiras, permittiu a lraslada(;ao. O templo, so pas- sados 19 annos, ^ que recebeu o corpo da Saneta, proce- dendu-se a segunda traslada<;rio com tanla pumpa, e majniDcencia, conio na primeira. 31 Mandou a Coimhra a Iraclar de sens aprcstos 0 consellieiro d'Estado, Marquez d'Ariouchcs, c 0 Yisconde D. Diogo de Lima, com o se- cretario Roqiie Monteiro Paim; e cm scguida OS titulares necessarios para levar as varas do Pallio c borlas do giuao, que com outras iill'aias preciosas offerewra para servico da Sancta '. Oito Bispos', a Clerczia regular e secular, selenla e duas Freiras, todas as Irmandades, c, Conl'rarias, a Corporacao da Universidade, as Auctoridadcs civis, a Camara, etc. com- pozeram este solemnissimo Prestilo\ e para o ver, evenerar a Sancta, concorreram das va- rias provincias do rcino innuraeraveispessoas. For trez dias se abrazou a cidade cm lu- minarias, e o ecu com fogo de varias vistas; por mais tempo duraram as justas, os concer- tos dc musica, as dancas, e outros generos (le divertimentos, usados naquellas eras, e line seria loiigo memorar. Bous tempos cram a(]uelles, em que os Por- liiguezes, por tao dill'erentes modes, tesle- iiuinhavam sua veneracao a Piainha Sancta. Ao presente, apenas meia duzia de clerigos (a quem por escarneo denominam o cabido ' Foram estes titulares o Marquez das Minas, Conde lie Fi;;i]eird, Conde da Feira, Conde Barao, Conde de Sjure, Conde de Sancta Cruz, Conde de Aveiras, e Vis- conde D. Diof;o de Lima, que levarara as oito varas do fiallio, vestidoscom osniantos, cada mn de sua cavallaria. O Marquez d'Arronelies levou o Guiao, sen fliho, Antonio Uozendo de Soiiza o eordiio da parte esquerda, e o Conde da Ponte o outro cordao da parte direita. ■* O Bispo Conde, os de Pernambuco, Lamego, Vizeu, Porto, Portalcgre, e Miranda foram os avisados; compa- rcceram ])orcm alem d'estes., os bispos de Tarf,^a, e S. Tliome. — Estas, e muitas outras particularidadcs podem M:r-se na Rtlarito histnrica da seguiidajrasladardo de S. Izafiel, Rainha de Purtugal^ — J677- — jiutdicada na rcvisla litteraria dt Parlif — -vtd. VII. ■' Determinara a Rainha Sancta em sen tcstamento. que OS ossos da Infanta D. Izabel, sua Neta, filha d'El-ltei 1). Affonso 1\' e da Haiiilia I). Beatriz, descan^assf.'m juncto dos sens. Por isso no dia 30 d'outubro, ininiediato ao da trasladac^iio da Sancta, se procedeu a da Infanta. Abriu-seo t\imnlode pedra,em quese acbava, na presen(;a de Roque Monteiro Paim, e dos Bispos de Coinibra, Rliranda, Targa, Lamego, Pernambuco, e S. Ttionie; este ultimo tirou d'um cai\ito de madeira, que se aclia^a dentro, os ossos da Infiinta; limpou-os, e envolveu-os em uma toaiha de tiolanda ; e depots de os metter em um caixao forrado de tela de jasmin) encarnada, com ferrajie, c pregaria dourada, pegaram nelle, e o conduziram ao novo niosteiro o Marquez de Arronches, e o das Minas, sejuindo-se diante a religiao de S. F'rancisco, e acom- panliando-o os bispos com toclias accesas, e os condes, que vieram assistir a trasladai^.lo da Hainlia Sancta. A luadre ,\l>badeca, escri^a, e discretas, e a mais com- inunidade o esperavam com cruz al^ada e toctias accesas, e o levaram. depois das declarai;oes do costume, para o coro do mosteiro, onde Ihe fizerara o officio da Egreja com loda a soleranidade. — E d'esta princeza o tnmnlo, do lado direito, que, ao presente, se acha no fundo do templo. — Os AA., {[ue descrevem esta solemnidade, nao fazem men^ao da traslada(;rio da outra princeza, que occupa o tumulo correspondente ao da infanta D. Izabel, no lado esquerdo do templo; cremos, (pie e da Infanta D. Maria, fillia d'El-Rei D. Pedro 1.°, casada com D. Fernando, Infante de Aragiio. — Vide mappa dt Portugal — por Joao Baptista de Castro — jag. 390. da Se Cathedral de Coimbra) vao todos os annos proccssioiialmente ao Mosleirn de Sanclii Clara ceiebrar uma missa no altar da Bainha Sancta, no dia 2!) d'outubro. A camara municipal coslumava acompa- nhar o cabido; porem desde 1834 tem deixado de cumprir este picdoso dever '. R. DE GUSMAO. TUMULO DO BISPO DE COIMBRA D. TIBURCIO. yuus vous arrHez devani cc lomtieau poudreux, sur le /jufl est eouchee lafigure (ji)tkique de cet Evt^que, rf- v^tu de ses habits poiitifi- eauxy les viaiiis jointes, les yenx ftrmes. chateaubria:vd. Embebido na parcde, juncto da sacbristia da vcllia calbedral', esta o majestoso vulto do prelado conimbricense, rcvestido de habi- tos ponlilicaes e mitrado, na devota poslura, que dcscrcve o A. do yenio do chrislianismo ' . Inspira religioso respeilo a estatua collossal de ]iedra amarellada, debaixo d'um arco simples, cavado no muro antigo; convida porem a mais seria meditaciio a jazida d'este bispo na calbedral, que regera, ao pe de seus predecessores, com todas as insignias do pon- tilicado. Acbarani suas cinzas decoroso agazalho sob as abobedas do templo, em que exercera as funccOes do sacerdocio, em toda a plenitude do poder, e rodeado dos esplendores da pom- pa religiosa. Em paiz estranho, na Se de Toledo, repousa ao contrario, sob uma campa rasa, sem em- blema que denuucie a majestade, nem epita- pliio que rccorde o nomc \ o monarcba por- tuguez, a quem, subdito desleal, ajudara a privar da coroa, e impellira para o exilio\ Cerrando os olhos longe da patria, Sancbo volvia-os para ella com saudade, e pedia alguns palmos de terra no reino de que fora senbor, para dormir o loogo sonuio da morte ' Tem resa propria no breviario romano a traslada^ao da Rainha Sancta, e no seu dia, 29 d'Out\ibro, ainda costumam le\ar-lhe uma gallinhabranca algumas piedosas aldeas, em reconhecimento de recuperarem pela sua in- tercessao o leite ja secco. Na vespera, e dia 4 de julho, em que se cidebra a sua fesla, vai a Cori)ora<;rio da Uni- versidade em Prestito ao mosteiro assistir a esta functjrio. ^ O P. Antonio Carvalho da Costa, fallando d'este bispo na sua ehorographia pnrtugueza — Tomo segundo — cap. 1. — pag. 8, diz, que estti sepiiltado na capella niiir na parede earn um arco da parte di evangelho. Enganou- se; nem na capella mor existe al^um tumulo, nem ha vestigios de que uella estivesse. ^ Genie du chrislianisme — Tome VII , pag. 10.i (Sixieme edition). ■" Elogios historicos dos senhores reis de Portugal, escriplos por Fr. Bernardo de Brito, pag. 35. ■' No concilio celel)rado em Leao de Frani;a no anno de 1245 sob Innocencio IV, requereu o bispo D. Tiburcio, e D. Joao Egas, por parte do estado ecclesiaslico, fosse 32 juncto das cinzas palernas; a verba poreni de seu testamento, pela qual semandava sepultar em Alcobara, nao se cunipriu, como devdra. Delialdi! preliMiderani os nionges, que se Ihes cnlrefjassc o cadaver do Principe por- luguez; dohaldc o ordcnoii o proprio liinocen- cio IV ao prelado Toledaiio. Nem vivo, neni morto Sanclio II dcvia toriiar a traiispdr as fronleiras dc Portugal '. Lamenlemos a fatal ignorancia d'aqucllas rudes cdades, era (jue unia politica desar- razoada auctorisava tao escandalosos proce- ■ dimeiitos; e vejaraos o conlraste suldinic, (jue lies olTerecc o Hispo e o Alcaide de Coimltra, naquella famosa cjiociia. D. Tiburcio, uiiuistro d'uma religiiio de paz e caridade, corre a Leao a accusar seu legitimo sobcrano perante uni juiz eslrau- gciro'': pede ao Papa lunocencio IV deponlia o principe, que consumira os mais belios dias da mocidade em combatcr os ininiigos da Fe. D. Martini dc Freitas, creado entrc os rancores das batalhas, consultando sonientc OS brios de cavalteiro, e os dictamcs dc liel vassallo, defende o castcllo, que Ihe conliara 0 seu rei, e so o enlrega ao irmao, dcpois de ccrlificar-se, com os proprios oihos, na antiga capital da Ilespanba. que era linado 0 senlior, a qiiem tizera preito, e mcnagem. Parando em frcnte do tumulo dc D. Tiburcio, apcrla-sc-nos o coracao, ao recordarmo-nos das anguslias, com que amargurara os dias d'aquelle desditoso monarcha; divisando as venerandas reliquias do vetusto castcllo^, dilata-se-nos suavenicnte o jieilo, na comlcm- placao das mudas testemunhas do prodigio de lealdade de Martini dc Freitas. Que interessante licao iiosolTerece a bistoria dos dous personagens! B. DE GUSMAO. CEKCA DE BLSSACO. ' Mata e edificios. A conbccida mata de Bussaco, com o extin- cto conveiilo dos Carmelitas descalcos, occupa, iia cxtreniidade N. da scrra do mesnio nome, Sua Sauclidade servida de privar da administra<;uo do reino a el-rei D. Sanctio, e 8ubstttuir-lhe no governo d'elle a s!'u irmrto D. AfTonso, conde de Bolonha, a cnja peti^uo aimuiu o sunimo ])onti(ice, ' Hisloria de Portugal por A. Herculano. — Tomo segundo — paj. 430. -* PorlugueEe8nosconciliosg:eraes. Por Antonio Pereira lie Figiieiredo — pag. .'13. ■• Veja-se a descrip^'iio d'este monumento, que publi- ci'tmos na revista universal f^sbonense — Tom. I. ■* Tem-se querido achar a etymologia de Bussaco na I alavra — Boral — cnui que (ienominavam um negro malvado, que se diz ter vivido nesta mata; na inversao das palavras — saco-bus — cum ipie respondia umdevolo, lias vizinhanras de Bussaco. a (piem Ihe pergiintava o provelto lias suas visitas a niata, como inciilcando o silen- cio — bus — que '■aca^a ou ajirendia a giiardar naquella a parte mais elevada da sua cncosta occi- dental. 0 niuro, que a circunda, pcrcorre uma nxtensao dc 17:i'J0 palnios, e acha-se dividida em duas partes quasi cguacs pela rua, ([ue vai da Portaria a Porta de Sula, tendo 0 muro da parte iuierior 8:030 palnios e o da parte superior 8:300 '. Assente no conce- llio da .Mealliada, foi prinieiro do districio de C.oinibra; mas, pela nova divisao territorial de HI de dezcmbro de 18o'.{, licou pertcucendo ao districto d'Avciro. Nao acbci nolicias do principio d'csta mala ; e do crcr, ([ue osprimeiros ermitacsd'a(|uclle dcscrlo ja para alii I'osscm attrabidos ])ela soli- dao d'aipicllas sombrias brcnhas, i)iirciu nem ap|iro\iniadaiuentc Ihe posso marcar o sen coiiieco, i]cla inccrteza, (|iic vejo em liido oquo diziMu OS clironistas d'esses antigos ermitaes. Sabemos (juc os frades carmelitas, poucos annos dcpois da I'undacao do seu convcnto", levantaram os muros da cerca no terreno, ([ik^ acliaram coberlo dc arvoredo; e ja enlao alli avullavam nunierosos e grandes carvallios, como se collige d'uni interessante poema de 103i, que dcvemos a nossa illustre poetiza D. licruarda Fcrreira de Lacerda '. Mas e de crcr, que a mata estivcssc n'csta epoclia iiiui- to menos I'ccbada, porquc a nle.•^ma pcuna achou assumpto, para uma elegante ipiadra lalina, em rocbedos cscalvados', (lue lioje se acliam cobertos dc arbustos c raniagem. sididao; e tanibom se tern querido derivar do nome — siiblaco, que os primeiros Monges Benedictim.s da V^ac- carli;a teriam dado aquella serra, jii entito sitio de peni- tencia, por analogia com o deserto de sublaco na Italia, onde S. Bento, na conhecida cova de sublaco, vivera tres annos fora do muudo em penitencia austera. Tendo na de\ida conta estes arbitrios etymologicos, achei mais razoavel guiar-me pelos escriptos antigos subrea orthogra- pliia da palavra; e tendo acliado — liuzaco — no Livro I*rcto, em documentos do seculo 11.'*; — Bussaco — na Benedicliua Liisitana escripta em 1644, e — Bussaco — na Chronica dos Carmelitas Descali^os de 1721, prefcri — Bussaco — a Bu^aco, seguindo neste arbitrio a ortho- graphia geralmente adoptada nas correspondencias parti- culares, na imprensa periodica, e nas pe^-as ulliciaes; sem com tudo desconhecer que poderia escrevcr — Bu^aco — com o bom fundamento da auctoridade de D. Bernarda I'Vrreira de Lacerda, e do Sr. Adriao Pereira Korjaj de Sam[iaio, ' Estas medidas foram liradas em 1853 pelo sr. JoSo Bajitista Kerreira. da Mealhada. -* Vej. noiitro logar dVsla mem. ■* Con ni'^ras sombras de roliles Que alli son grandes, y mitchos Llenos de barbas por viejos, Y en las cabe^as tan juntos Que no sufren los traspasse Kl planeta rubicundo. Ell liigar de grama siemUran El sui-lo giiijarros duros, Pardos, azuk's, y negrus Que el tiepo cubrio de musgo. Sihdattes tie Bi/t^aco por Uotiu Btritantd Fn-rnra de Lacerda — 1G34. ^ Siijier riipes tiias (iarrulantes aves Cantitant suaves Cantilenas suas. (Idem.) 33 Os ccdros fiigantcs , ja sobrancciros aos carvallios anligos, conta Fr. Joao do Sacra- mento', que toram niaiidados vir dos Azo- res ' , c priim'irainenle ))laiitados jiiiiclo a orniida do S. Jose, pelo lleilor da I'niversi- (la'lc Maiioel de Saldanlia, que fundou aquel- la ermida cm Itiili. Ao priiuciro cedro dc Bussaco, ao proge- nitor de quantos alii se teem criado, consa- grou 0 sr. Jose Frcire uni Ireclio poetico de muito merccimento, que o sr. Adriao Forjaz applicou ao respeitavel cedro, que se encon- ira pouco adiaute da ermida de Sancta Tlie- reza"', ua rua que vai do convcnlo a Porta de Sula. Aiguem se teni lemhrado de trihular csta homenagem ao cedro, que se ve na rua do Ilorto com ii palmos de circumferencia. Mas Fr. Lcao dc S. Tliomaz, e Fr. Joao do Sacramento, parcce tcrcm rcsolvido a questao, dizendo ([ue os |)rimeiros ccdros dc Bussaco I'orani plantadus juncto a capcila de .S. Josc'; e 0 primeiro aiictor, tendo escripto cm IGol, deve juigar-se coutemporaneo do facto. 0 souto de ca.'-tanliciros, que se ve pcrto ;.ivento n'esta memoria do sr. Forjaz, de IBTiO; na Chronica dos CarraelitasDescalqus.de 1721; e nas SoUdadesde Bussaco de U. Bernarda Ferreira de Lacerda, de 1634. ■* Benedictina Lusitana — torn. 2.° — trat. 1. — parte *.' — cap. 17. Chronica dus Carmelitat Descil^oa — (logar cil.) de ermidas no Bussaco, ja dos primeiros tem- pos da era clirista, onde diz, ([ucvivcram cm pcnitencia os eremitas carmelitanos, que n'e.'-- sa epocha tinbam vindo das visinbancas de Toledo', e menciona tambem outras ermidas como depcndencias do Mostciro da Yaccarifa entre os seculos VI c XI'; mas esta noticia tciu apenas o valor d'uiua simples asscrcao , scni documcnlos nem auctoridade contcmpo- ranca, cm que se funde. Fr. Leao de S. Tlio- maz da noticia d'um pequeno mosteiro uo cimo da montanlia, perto da chamada Cruz Alta, filial do .Mosteiro daVaccarica, com in- vocacao de Sancta Eufemia, cujas ruinas aproveitou o Heitor da l'ni\crsidade Maitoel de .Saldanha, para mandar construir em l(i48 0 baluarte e amcias sobre que assenta aqucl- la cruz \ Podem (icar algumas duvidas sobre a existcncia d'csle mosteiro no tempo dos monges da Vaccarica, c como filial do scu convento; mas nao devcmos duvidar, ([ue, an- tes d'esia obra de .Manoel de Saldanlia, havia alii perto um mosteiro em ruinas, jiorque o venios noliciado por um auctor contempora- neo'. .V Chronica dos Carmclitas Descalcos nao falla d'cste mosteiro; mas, referiudo-sc as ermidas d'aquelle tempo, menciona os vcsli- gios d'uma ermida de Sancta Eufemia (resto do mosteiro, provavelmente), e d'outra de S. Silvestre ; accrescentando, que as suas inia- gens, ja de ha muito tinham side traslada- das para as povoacOes vizinhas: a da Sancta para unia ermida da Lamcira de Sancta Eu- femia, e a de S. Silvestre para Luso, onde por muito tempo se venerou por scu orago'. A historia do convento carmelita, c das ermidas, que vemos na mata, satisfaz muito mais pcia sua minuciosidade e maior exaclidao. Fr. Thomaz de S. Cyrillo, cscolbido pelo provincial dos carmclitas dcscalcos para fun- dador e prelado d'este convento, partiu d'A- veiro para Bussaco a 2'J de junho de 1G2S, junctamente com Fr. Jofio Baptista e Alberto da Yirgem. Chegaram a Luso no mesmo dia ; e a 2o de julbo Ihe apparcceram para o coadjuvar Fr. Antonio do Espirito Sancto, Fr. Bcnto dos Martyres, e o pedreiro Antonio das Chagas \ Comccaram a edificacao a 7 d'Agoslo. Ve- neraram pela primeira vez o Sanctissinio a ' Vej. n'oulro lojj. d'esia mem. ^ Chronica dos Carmclitas Descalcos — torn. 2.", livr. 4.°, cap. 15. ■* Benediclina Lusitana — (lo;?ar citado"). ' F.' Leiio de S. Thomaz (^Bened. Lus. ) da esta noticia em 1651. '' Chronica dos Carmclitas DeBCal<;os — torn. 2.". livr. 4.°, cap. 15. A invocaosse tao duradoura d'esta cidade pelos Infieis deixaria de apa^ar os vestijrios d'estes mo- numentos da christandade. Chatea'.ibriand e Laniartine dizem o seguinte — .. J — Souvenirs, Impressions, Pensees et Paysa^es penilant un voyage en Orient . . . par A. De T.amartine — tuui. 'i.""= - Chronica dos Carmelilas Descalt;os — torn. 2." — liv. 4.» — cap. 21 * Nas paredes da primeira erniida da paixao le-se o yefruinte ^=i< Estas dez ermidas nuindou fazer o III.""* Sr, 1. I). Joao de iVIelio, Bispo Conde, na era de 1694. '» Meniorias de Bussaco — part, 'i.^ — ^.° i." ^ Catal'igo manuscripto dos Bispos de Coinibra. ermida.^ d'habilacao ou de penitencia, veni mcncionadas com os seas fundadores na Chro- nica dos Carmelilas Descalros, mas so a quatro se dcsigna data da sua fuiidacao. A eniiiila do S. Jose, Itiudada cm Itiii polo lli'ilor Manoel do Saldanha. ' A ormida do Sanrto Siqutlchro, fundada em 101(1 polo luosmo Heilor, em memoria delluy b'ertiandos de Saldanha. h. erniida de Nossa Senhora da Expecta- cao, fundada em 1047 por D. Joanne .Mendcs de Tavora, Bispo do Coimbra, e lilho dos Coii- dos do S. Joao. A ormida de S. Joao Baplisla em 165il jior .\ntonio de Saldanha do Conseiho de g (iiierra de El-Itei D. Joao 4.°, Governador da Torre de Bolem, c .\loaiilo Mor do Villa-Ueal. ,V ormida do Snncla Thoroza, fundada por Bonlo Percira do Mello, Deao da Se de Coimbra. A ormida doS.EIias, porAntonioPiutoBnllo. .\ ermida do Nossa Souhora da Coiu'oir.ui, por D. Uodrigo de Mello, irniao do Marquoz de Forroira. A ermida de S. Miguel, fundada polo li- cenciadn .\ntonio YazProlo, priordo Eroyxodo. A ormida do S.inotissimo Sacramoulo por 1). Marianna Cardeues, Duqueza do Torres Novas. A ermida do Nossa Senhora d'Assumpcao, fundada por Diogo Lopes de Sonsa. .V ermida do Calvario, pelo bispo D. Joao do Mello. Tamhem afjui se pode menctonar a ermi- da do Sanoto Aniao, que nao e de hahitacao nom do passos, e quo foi fundada pelo Ueitor da Univorsidade, Manool de Saldanha. "' No sitio da Cruz Alia, quo so vi? na parte mais olovada da mala, coroando o cunio da montanha, diz-se que um piloto levantara primeiro, cm tempos anligos, uma grando crnz do madeira em memoria de ter avistado de luui longc esta parte da terra, andando pordido no Oceano. Dostrtiida com o andar dos tempos, foi esta cruz suhstituida j)or outra, quo d'uni alto cyproslo mandou fazor Francisco For- roira (li? Miranda, morador ua Graciosa. Esto grando Icnho foi derribado por nni raio em lUliJ; e a 14 do Soptembro do 1G48 foi erogida cm sou logar, pelo ja referido Heilor da Univcrsidadi' Manoel de Saldanha, a primeira cruz de pi'dra com 10 a 20 palmos d'altura, sobro um baluarto ccrcado de ameias, ' No interior da capella de S. Jose, ve-se uma lapida que diz o sefjuinle : it IVIanoel de Saldanha . . . mandoii ti fazer esta erniida com os Passos da Paixilo que d'cila " come<;am. " . . l(>-t4. i\Ia: se pdde conciliar esta inscripcjao com a noticia que da a Chronica de terein sido encerrados em ermidaji todos OS Passos pelo Bispo D. Joao de Mello . . . Pel » menos pode colliKir-se que estes dous Bispos furam tui fundadores das cajjellas dos Passos. ■^ Chronica dos Carmelilas L)escal9os torn. S.° — H^'- 4." — cap. 19. » e ao. 35 que mandou constiuir das ruinas do Mosteiro de Sancla Eufcmia, de que ja fallei. ' Urn outro raio, ou acfuo do Icnipo, pouco antes de 18'M, tinlia feito rachar os biafos d'esta primeira cruz de rantaria; c, acaba- da de quebrar, foi depois rcconslruida pclo govcrno civil de Coimbra cm IS'il. A ultima obra, que tizcram os rdigiosos no Bussaco, foi a rei'dilicacao da portaria da mata, cm 18H1, n'a(|uclle gosto singular de (juinaes toscos c grossciros cmbreciiados, que sc ve tcr guindo toda a construccao do con- vento e erniidas; c linliam cm couslruccao a fonte de Sancla Tiiereza. Contiutia. A. A. DA COSTA SIftlOES. ESTUDOS PRELIMINAHES DE BIOLOGIA. !.■ PARTE. JJefiniedo de pliijsiolo(/ia: historia e impnr- lanaa d esia sciencia. I. Continuado de pag. 23. A. nalureza era formadora, conservadora, 0!i meditatriz. 0 principio vital e tambcm forniador, couservador, e a forca mcdicatriz e um dos seus modes d'accao. Hippocrates conbecia jii osinconvcnicntcs da suppressao de Iranspiracao ; ja antevia aiguns phenomenos da circulacao sanguinea. Segun- do elle todas as veias commuiiicam entre si, e 0 sangue e alternadamente levado do ccntro para a circunil'crencia, e vice-versa; o calor animal e enlrctido unicamente pelas Icis da vida. Reconlieccu qual o encadeamento que existe entre as nossas funccoes, considcrando cada uma d'ellas corao o liin c principio dos actos, cuja rcuniao constitue a vida. Hippo- crates conjecturava, que o chylo era absorvi- do pelas porosidadcs das carnes ou pelo tecido cellular. D'este resumo das principaes ideas de Hip- pocrates sobre a sciencia da vida, se ve que muitos principios estao em harmonia com as opinioes actualmentc dominantes, fcitas algu- raas pequenas modilicacOes. Todos concordam boje na vida indepcnden- te de cada um dos orgaos concorrendo para uma vida geral: o pae da medicina ja assim 0 julgava. 0 calor animal e produzido se nao unicamente pelas leis da vida, como julgava 0 divino vclbo de Cos, comtudo o [irincipio vital muito concorre para a lempcratura, ale ccrto modo independente, dos seres vivos. Hippocrates tinalmentc conheccu que ba nos ' Benedictina Lusitana — torn. 2.° — Irat. l." — part. 4."— cap. 17." Chronica dos Carmelitas Descal(;o3 torn. 2.°, liv. 2.°, cap. 22. A Benedictina da-lhe 20 palmos d'nltura, e a Chronica 16. SKrcs organisados uma causa desconUetidu, que preside, e que nada tern de conijauni com as lorcas gcraes da materia. JSSo Itu senan uin aliinenlo, mas ha muitas espen-es d'alimeiilos, dizia Hipjmcrales. As tendeucia.s da |)bysiologia moderna para abi se dirigeni : a piotcina e talvez a unica base alimentar. Isto porem nao quer dizer, que todas as ideas physiologicas d'llippocrales tinbam o cunbo da cxactidao. Scgundo elle o espirito babita nas arterias; o semen vem da cabeca a cspi- nbal medulla e d'abi aos rins. 0 espirito e levado pelas nariuas ao cerehro, d'abi ao cs- touiago, e depois aos jjulmoes. Aristoteles preslou grandes servicos a pliy- siologia, creou a sciencia mais jiropria para o seuprogresso — a anatomia com|iarada. Entre OS resultados dos seus trabalbos devemos nolar OS seguiutes. A materia alimentar sabe dos poros, edosvasos, solidilica-se, e transforma- se em came. A parte essencial de todo o animal e o orgao encarregado da digestao. 0 coracao forma-se antes do cerebro, e naquclle, reside um calor essencial que faz ferver o san- gue e produz o seu movimento. 0 numerodas pulsacoes nao e egual ao das expiracOes. Erasistrato pretendeu, que as arterias nao conk-m scnao espiritos, e que a inllamma- cao e produzida pela peuetracao do saugiif nos vasos dos espiritos. Os nervos nascem do cerebro e da medulla. Conbeceu as valvulas do coracao c seu uso. As arterias pulsani por- que 0 coracao se esvasia, e leva o espirito. Altribue a digestao a conlraccao do estomago. Finalmcnte recoubece a retaxacao e contrac- cao dos musculos em accao. Heropbilo fez muitas indagacoes sobre o pulso, quefazia de|ien'ier d'uma forca, que se communica do coracao as tunicas das arterias. Galcno, medico de Marco Aurelio, que vi^ vcu pelos annos 13 depois de J. C. con.si- derava os corpos constituidos por eleraentos tao delicados e tao simples, que esca])am aos sentidos, e a razao. Oselementos secundarios, unicos que podemos apreciar sao o logo, a agua, 0 ar e a terra. A cada um d'elles cor- responde sua qualidade propria: o logo e quente; o ar frio; a agua liumida; a terra secca. Da combinacao dos elemenlos, das suas qualidades resullam productos em virlude dos quaes cada ser tem seu temperaniento e cada particula sua accao propria. Ha quatro luimores, como ja tinba admilidn Hippocrates, o sangue, a piluita, a bile, a atrabile. No figado fabrica-se o sangue; abi sejiaram-se d'este fluido vapores subtis {es- piritos naturacs). Estes transportados ao coracao misturam-se com o sangue e tornam-se espiritos vitacs: levados ao cerebro tornam-se espiritos animaes. 0 ligado e pois a sede das fucuhlades naturaes; o coracao, das vitaes; e 0 cerebro, das animaes. 0 cerebro e o orgao da intelligeacia: nervos especiacs sao des- 36 liufidos ao scnlimento, c ao movimpnlo, Ga- leno conlieccii granilo parte dos phennnionns da circularao. Sabia que as aiterias sao olioias de sangiie; que o corarao imiu'lle o saiigiie para todas as partes do corpo, ondo e levado pelas arte^ia^:, e d'oiule e trazido pelas veias: que exisle uma comiminieaeao entre as e\- treniidades d'estas diias ordeiis de vasos. \l- Iriliiiia ao ligado a I'linerao da formariio do sangue, e supimnha, que d'alii tomavaiu ori- gcm as veias. I'oi scm diivida esle niodo de pensar, que (> impediu de reeonheicr a eireiilarao pul- iiionar. (ialeno julgava, que o ventrieulo es- querdo nao reeehia dos pulmoes, senao ar, era depois com o sangue levado a todas as partes do eorpo. Galeno de^eobriu nos mus- eulos uma propriedade tonica, c uma cou- tractilidade : o pulmao segue o movimento ilo peito, e nao e a causa desse movimento. I'rovou que a ourina nao ciiega a beviga se- nao por meio dos ureteres, pois que ligando estes, aquella nao se encbe. Depois de (iaieno a mcdicina cahiu num profundo csqueeimento e com eila a physio- logia. So no seculo XYI e que se sentiu a importaucia dos conhecimenlos anatoniicos; loi so entao que a pbysiologia pode ser cui- tivada. Nasceu n'esla epocba a pbysiologia modcrna. No seculo XVI a pbysiologia fez poucos progressos, mas prepararam-se enlao as grandes descuberlas do seculo seguinte. Os medicos occidenlaes acabavani de sacudir o jugo litterario dos Arabes. A pbysiologia e a auatomia de Galeno foram abracadas com enlbnsiasmo, ate (jue apparcceu Paracclso a combater o gdlenismo. Fabricio d'Aquapendente dedicou-sc ao es- ludo anatomieo dos animaes, com o lim de comparar cada orgao com o sou corrcspon- ilente na especie luimana. As vantagens, que islo trouxe a pbysiologia I'oram por extrcmo grandes. 0 seculo XVII c mui notavel. 0 sen principio foi illustrado por duas descu- lierlas, que bastani para o tornar niemoravel. Eustachio linba descripto o canal tboracico, que descubriu no cavallo: esta descuherla bavia lieado esleril, porque nao se conhcciam OS vasos cbylil'eros. Em 1022 Gaspar d'Azelli l)rofessor de Pavia, encontrou esles vasos. ICm 1C28 Harvey publicou uma ibeoria com- ]>leta da cireuhicao, que elle ja tinba conccbi- do em I()lfi ou 1018. A iirimeira descuberia t'oi deviila an acaso; a segiinda foi resultado da induccao directa, a que Harvey foi levado, rellcctindo sobre o uso das val\ ula das veias. Em lOi" Pecquet descobre o reservatorio do chylo, cujo trajeelo foi depois cnnbecido. Em 1052 Van Horn mostrou que uma Jigadura feita no canal tboracico obstava ii subida dos li(]uidos brancos, e a sua chegada as veias. Os lymphaticos i'oram depois descubertos por Bartholin, e Olaiis Rudbecke. Nestc mesmo seculo Kepler mostrou, que o ebrislallino e uma lente, cujo loco se acha na retina: que para ver a dilTerentes dislan- cias 0 olbo sollVe uma mudanca interior cujo agente c o corpo ciliar. Jacques Muller fez notar, que durante a contraccao, os musculos augiuentam em cspessura. Schneider fez um trabalbo importante sobre os nervos do ol- fato, c a mucosa nasal, que tomou o sen nome. (ilisson reconhecia ja a irritabilidade, e collocava os niovinientos musculares na de- peiidencia d'esta ])ropriedadi'. Willis elas- silicava OS nervos encepbalicos. Bohn indi- cava 0 trajecto da bilis. Wissong de|)arando com o canal panerea- tieo fez descobrir um novo li(|uido. 0 acto da geracao foi estudado com cuidado. 0 nii- croscopio veiu neste seculo enri(|ueccr a ob- servacao com um nieio precioso. 0 empregn d'este instrumento fez conbeccr a existencia dos globulos sanguineos nas correnles capil- lares, a existencia dos animalculos sperma- ticos, facto curioso na bistoria da geracao. Duverney deu algumas luzes sobre a forma- cao e nutricao dos ossos. Foi entao que nasceu a idea da transfusao do sangue, idea de curta duracao. As doutrinas physiologieas mais notaveis d'este seculo foram diversas e variadas. Van Ilelmont adniittia uma anheo, especie de principio intelligente, que tern a sua scde no orilicio cardiaco do eslomago, cncarregado da direccao suprema da raachina animal. Infe- riores a este baviam arc/if'os secundarias, pre- sidindo ii accilo de cada orgiio, e produzindo por meio de fermentos ou certas operacOes cbimicas, todos os phenomenos vitacs. Sylvio reduziu todos os phenomenos da vida a actos purameule cbimicos. Foi entao que nasceu a escbola mecanica com a pretencao deexplicar OS actos vitacs por accoes puramente phy- sicas. Bernard suslenia que o figado e encarrcga- do d'unia secreeao sacharina. Experiencias tercssantes teem mostrado a induencia do pneumo-gastrico sobre a digestao, e a forma- cao do succo gaslricn. Os diversos niovinien- tos do conducto digeslivo e o mccanismo do vomito. teem cbamado a attencao dos pliy- siologistas. A absorpcao tcni sido objecto de miiitos trabalhos, em (|ue tomaram parte Ma- gendie e outros .V nutricao foi eselarecida por trabalhos microscopicos, quanto a circu- larao caiiiilar. A respiracao teni sido consi- derada na sua parte mecbanica e na sua parte chimica. Tem-se demonstrado a dependencia, em que o calor animal esta do systema nervo- so. Savart e Muller teem estudado a andicao. No nosso seculo appareceu Burdach, da escbola allema, renovando as ideas subtis da aniiga pbilosopbia grcga, e procurando penetrar ate a rssencia das coiisas. iSup- pOe elle que 'a forca universal, a alma do 37 mundo ou Deus, prodiiz manifestando-se, on realisandose todos os corpos da naturcza. 0 horaem e a realisa^ao mais perfeila d'esta Ibrca. A forra universal c a idea, ou o infi- nilo; a materia e o finito. Toda a existencia resulta da aocao da idea sohrc a materia. 0 homem seria a imatrcm ou arealisacao com- pleta d'este infiuito, que e Deus, ou natura nainrans. Do pequeno esboco historico que acabamos de traear, ve-se, qual tern sido o progresso d'uma sciencia quasi ignorada nos tempos aiUigos a pezar da sua extrema importaucia. Continiia. ALVES. ESTATISTICA DO HOSPITAL DOS ARCOS DE VAL-DE-VEZ EM 1854. Mohsiina AliCfSSU (1« co.\:i .... A'lcnilfs Alioiiarjio iiH nl.i] . , . . Amenorrlica Anasarca Apeilo aurtico A(M.|.Iexia pnlnionar . . . AscilfS — Hiiasitrca .^eiifisu- niii piiininii.ir .... Asriles — ci^ro^e tlu G^;ntu(r) Asnia ... Asnia svpliiliiicii (?) l!e\i:ia!. n.nflijprili s Rlr-imrrhpa Miliil.Ju'a Bruii. hjks airiida . •> « iirunira Cl.Ior.se .... " [lur t'xre^sna mens- liiia^;M) Coiijiiiiiii iles 5('.s JJiarrhta clirHijica . . . . " »» anafatca . » " tracheitis — pstomaliles ulcerosa . . Dures (.s(eur()p;is , . . . Kmliataru inl'slinal . . Krysipela ila fHce . . . . Escrufiilas Kspinha \etilosa ( no fcinn) Ksli'niatiles iilctrusa nu-rcurial Ffhre ejilieinfra . . . , '• intetuiiUiRle sinipl' s " " aMile.-- — e (Jpniacia das exlrtrmida Jcs iuf.-riures . . , . » iiiterniitenle — sjileniles^ »• » pnfiiiininia » remittenle — gaslro- spleniles — ascites , " lyphnjde Kefi'las Ct-ntusas .... F'Timenlo por arma tie fugu Fleim'to rractiira das custellas . . . ^ I „ I .. 4 » J .. Q " 3 I 1 J I 1 1 1 1 2 .. 2 i " 3 1 >. =* 1 •■ 5 ' ,, 1 ! 1 5 t 3 I 1 1 I ■. 2 .» 5 >. 2 « 3 '• 1 „ 2 " 8 ,J 1 .. 1 " i „ 1 1 'i ., 7 n 1 „ 3 " I «l U6 Molest ias srites Transporte . P'ractura complicada . !i cuniuiinutiva Gaslralgia ... Gaslrites ocuda . (Jasirites fhrouica . IIeiiiij>l'*;;ia inconiplela He|i;diles chronica — — anasarca HiM.ria riyilrwCL-llft H)dr..lliurax iiiipttiiro Inlerjit's ai;nifa KTalilcs — ccIr<»|non . Keralit'S ulciroza — htruM da i-is Li)iii)io^o Liipia Mi-lrorrliagia Nerrtisf syphilitica du isrhiun PiiiiHritio Ptiiuiosid Plcitrodinia ...... Pnetmionites agnda ') jiii^iida — intermit- lelites — splenites. Piirpiira Qiieiniailnra ( 4." gran de Depiiylren") Rheiiuiidisnio airiiilo »i chr-inico . . Serain|ielo S|>leNdfs — ascites .... Triiia Treimira nervo:?a ( larlo di- reito) Tmha Tisica '• cscrofiilas . . . , Tynipanilrs L'lcera atunica M esfrofiiK.8a .... '» herpelira .... Vuniilo nefvoso .... 1 I II t I 1 I 97 I 43 154 Foram tractados 15i Existiam 12 Entraram 142 Sahiram 138 Morreram 9 Ficaram 7 ■Proporrao dos faliecidoscom osque I'oram tractados 1:17, 11 Alguns dos doentes, que morreram, vieram d'um Hospital vizinho em estado muito proximo a mortc. Se isto nao fosse, mais I'avoravcl seria a proporcao dos raorlos com os tractados. 0 regulameuto d'este Hospital limita o numero de camas a nove ; com tudo poucos sao os dias, em que ha so os nove doentes; e muito menos aquelles, em que ha menos. Segundo o regu- lameuto nao sao admittidas ccrtas molestias. 38 Aindd que iiSo houvc n'estc Hospital ne- nhum caso cxlraordinario, lodavia farci al- gumas reflcxoes a c^rca do que houve dv mais notavol. Apojjle.ria pulmonar. A viclima d'csia mo- lestia foi uma mullicr, que por vozes linlia lidn congostOcs pulmonaros. Oiiaiido cntrou uo Hospital aprcseutava, alem dos symptomas caraclcristicos da apoplexia do pulmao, uma anasarca. Com Sangrias ercvulsivos live a fc- llcidadc do ver nudhorar a docnlc d'uma mok'slia tao morlifcra. Passados dias, jul- gando-sc a doenlc curada, me pediu para llie daralta; poriim, como a nao considorava restai)cllofi(la, naoconsenti. Continuou a prs- sar todo esle dia som mais aigum incomniodo: ;i noite ecoii rom ai)pclite. I'olas tres horas da madrugada do dia spguinle a doente visinha a viu sentar na cama, e sorvir-se do urinol, t'azcndo lodos os niovimcntos necessarios scm I) raenor indicio dc cstar mais incommoda- da; conlinuou a dormir; e, scriam cinco c meia da maniia, a nipsma visinha scntiu, que ella tinha como wnti dilJinddade em expec- torar; cliamou, e, como liie uao respoudeu, avisou OS iiifermeiros, que acudiram im- mediatamente, e acharam a doente sem falla, com OS olhos fecliados e beioos um jjouco lividos; applicaram-liio alguns rcrulsivos, poriim apenas durou alguns minutos. A.ttcndcndo aos seus padecimentos, e a ra- pidez da morte, parece-me, que clla foi victima d'tim novo atacjuc d'a[ioplexia do pulmao. A autopsia me seria de hastante utilidade para verilicar o diagnostico; infelizmcnte, porem, nao me e possive! na actualidadc fa- zer aiitopsias nos cadaveres do Hospital. Asma sijpliiliticn. A liistoria do doente me Icvou a diognosticar — asma syphilitica; e, se OS resultados da Iherapoutica servcm para tonfirmar o diagnostico, n'csle doente foi clle fonfirmado pela therapeutica eniprcgada. Ti- nha a voz tao altcrada, que quasi eslava aphouico, o quo de certo era uma consequencia d'ulceras, que tivera na glotis. Estc caso lavorece as ideas do D.'Lagneau, fdho docc- lehre syphijiografo do mcsmo nome. Com tiido fiquei ainda duvidoso a cerca do diagnostico. Bexitjas conjlnenles. Um dos doentes de liexigas foi iractado so com dicta. E na ver- dade, que outra cousa mais dove fazer o medico nas febres eruptivas simples e regiila- res do que vigiar a marcha da molestia para tie prompio rcmcdiar alguma complicacao, rcgularizar a successao dos symptomas, em- pregaudo entao os niedicamcutos conveuien- tes? Por isso, certo de que nao podia alterar a marcha da molestia, pois que os phenome- nos morbosos deviam neccssariamente seguir- .se, limitei o tractaniento so ii diela. 0 oulro doente foi tractado apenas com uma infusao de llores de l)orragem. Cwrose do figado. Senti nao fazer autopsia, que n'este caso era nccessaria para veri- licar 0 diagnostico ainda tao obscuro, apczar dos trabalhos, que ultimamentc se tern feito sobre esta molestia. I'ebre iiUeniiiltente. Tive occasiao de con- tinuar a observar os bons cfl'eitos dos vomi- tories nas intermittentes; mcsmo nas que li- nham levcs indicios de saburras gaslricas. Tive cases de nao ser ncccssario empregar 0 sulplialo dequinino; oquallenho empregado cm dissolucao, bastando-me sctc a nove graos, dados no intervallo, em dozes fraccionadas, segundo aconseiha Bricpiet. ' Fcbre tijplioidc. Tive uoanno dc ISoi muito poucos casos de fchrc typhoide. No primeiro periodo d'esta grave molestia emprego na maioria dos casos os cvacuantos iutestinaes, para que as fezes domoradas nos intestinos nao aggravera a situacao do doente, qucr pela sua accao local em orgaos, (jue em taes mo- Icstias solTrem; quer pela sua accao geral no sangue, cm consequencia da obsorpcao, que tcm logar nos iutestinos, introduziudo no sangue principios, que concorrerao a mais o alterar, scndu talvcz a alteracao do sangue a causa da febrc typhoide. Quando ha len- dcncia para a adynamia, ou esta se esta- belece, nao tenho duvida na applicaciio cau- tcloza dos tonicos; mcsmo nos cases, em que supponho alguma iullamacao intestinal; guian- do-me ai[ui pelos mcsmos principios que nos levam a iguaes applicacOes n'uma in- flamacao externa, em doentes enfraquecidos pela idade, ou por longos padecimentos. Se para dilTerencar o typho da febre ty- phoide, fosse para nos sufliciente nao existi- reni dores abdominaes, exhalar o doente o cheiro a ratos, a que Landousy da rauita im- portancia, etc. diriamos, que o doente, que nos morreu de febre typhoide, fora victima d'um typho. Eraumidiota; os symptomas- que mais prcdorainaram, foram os ataxicos; cxisiia 0 cheiro a ratos era um grau in- suportavel I Graslrtilfjia. Empreguei cm alguns casos 0 carvao vegetal (carvao de choupo), segundo 0 conselho de Bellvo; e obtive bons resul- tados. Ha 0 inconveniente de ser de dillicil admiuistracao pela repugnancia, que tem os doentes em tomarem uma tao grandc doze, como a aconsclhada por Bellvo; nao bastante, rontinuarei a fazer uzo d'elle em casos simi- Ihantes. Tem a vantagem, na medicina dos pobres, de ser um medicamenlo barato, e por tanto digno de toda a attencao dos nossos practices. Aproveito esta occasiao para dizer, que em um caso de vomito nervozo, que houve no Hospital no anno de 18o3, o carvao foi eflicacissimo. Gaslriles. Nos casos, que ohservei no Hos- I N'este anno de 1R55 principiei ja com os ensaios da santonin:i na« intermittentes. e esjjero dar na eslatiilica, que fizer ci'c^te anno, os restiUado-* que obtiif r. 39 pital. eontinuci a vcrificar o que por muitos practifos tem sido nolado — lingua humida, cor natural ou com cnduilo esbranquirado, cs- palniada. A lingua nem scmpre e o cspelho do esloinago; poniue, em casos d'inllamacao, appresenta-se como acabo de dizer; e, em casos de febres conlinuas graves scm irrita- fao no estomago, muilas vczes se encontra secca, vermeiha, grossa e eslreila etc. Hepatites. Nas iiepatites e splenites chro- nicas, o cniplaslo mercurial teve uma iuflueu- cia muilo saliitar. Aperlo aortico. Attenilondo a naturcza do som, que pcla auscuitaeao se ouvia no cora- cao; ao tempo e ao iogar, era que se lornava raais intenso, diagnostiquei, aperto aortico. Alem desta iezao, havia alguma hypartro- phia excentrica no ventricuio esquordo, o que estii em liarraonia com a opiniao de Beau, e estatislica de Gairdncr. N'este caso, a hypertropliia, longe de scr uma Iezao, que augmenlava a gravidade do padecimento, era polo contrario uma modilicaiao providencial nas paredes musculares do ventricuio, ([ue diminuia o emiiaraco, (pic na circulacao devia prodiizir o aiicrto aortico. E digna de toda a attencao dos [iracticos esta coincidencia da iiypertropliia do ventricuio esqucrdo com as afteracoes das suas aberturas e das valvulas, que as guarnecem. Pneumonites. Tenbo notado os bons resul- tados do metbodo de Gendrin no tratamento d'esta grave molestia. Nao posso com tudo deixar de notar, que estava um pouco pre- venido contra os causticos, visto que Luis, practice de tanla auctoridade, os niio consi- derava proveitosos. Todavia a observacao me tem raostrado os bons resultados da sua applicacao. Tenho egualmente empregado o emetico desde o principio da molestia nos individuos, (jue, pela edade ou outros pa- decimentos, nao estavam nas circumstancias de serem abundantemente sangrados. Nunca porem empreguei o emetico em alias dozes, e nem por isso os resultados deixaram de corresponder aos mens desejos. Nao ob- stante saber, que a pneumonia e uma das molestias, em que mais abundantemente se pode sangrar o doente, com tudo nao sou muito prodigo nas sangrias. E tal porem o seu elTeito, que por ora nao tenho o valdr de seguir o conselho d'alguns medicos Al- lemaes, quo pretendem mostrar por meio de estatislicas o pouco clleito das sangrias, acon- selbando a cxpectacao como o methodo mais proficuo. Em Franca mesmo se esta dando importancia as provas, que se vao colhendo para mostrar a vantagem da expectacao como methodo de tractamento na pneumonites. Nao me admirarei por tanto se souber de alguraas pneumonites tracladas pelo methodo expectan- te, methodo que em algumas molestias da grandes resultados. Blieumalismo agtido. 0 doente foi tractado unicamcntc pelo nitro em alias dozes. Este tractamento tem-me sido muito proveitoso. 0 rheumatismo foi polyarticular; porem o estado local das articulacOes nao correspondia as dorcs, havia pouca inchacao e pouco rubor. Existiria em maior grau o elemcnto rheu- matico, do que o inflamatorio? I'isica. Dus remedies emprrgados na tisica e 0 oleo dos ligados de bacalliau aquolle, em que mais conlianca tenho tido para conheccr OS seus bons resultados, basta ver a maior nutrirao, que adquirem os doentes, quo d'elle lazem uzo ; diz Hiot'rey que ha um verdadeiro autagonismo entre a gordura e o tuberculo. Nao seni porem, esta appurencia de mili-iecld uma conse(iuencia do excesso das subslancias gordas superior a quantidadc, que pode entdo ser ([ueimada pelo oxigenio inspirado? Todos OS practices conhecem a repugnancia da maior parte dos doentes em tomarem o oleo: a sua adminislracae em capsulas, ainda que dimi- nue 0 seu mau cheiro quando u tomado, nao e diminue nos arrotos, que sc tornam insup- portaveis aos doentes. De mais esta maneira de administrar o oleo so conviria nos casos, em que fosse sufliciente pequena quantidade d'elle. Estes inconvenientes clinices me leva- ram mais dcprcssa a eiisaiar o tratamento, aconselhado per alguns medicos, mas pre- cenizado principalraente por Briciieteau, que entre todos os methodos de tractamento cm- pregados ate hoje na tisica, aciiicllc que Ihe mcrece maior cenfianca pelos, resultados que d'elle tem ebtide, e e tractamento pelo emetico. Deis dos tisices cm 1.° grau, foram tracta- dos pelo emetico em pequenas dozes; e os resultados feram taes, que me animam a con- tinuar este methodo de tractamento. Voiiiito nervozo. 0 doente quando se me appresentou vinha em tal magreza, e com a physionemia tao altcrada, que a primeira vista julguei, que teria a tractar um cancro do estomago. Depois de exame, que liz, o men diagnostico foi, vemito nervoso, causadepela ma c insufficientc alimentacao. Julguei, poi.s, que, alimentando convenientemente o doente, a molestia devia cessar; e que o doente se res- tabeleceria mesmo da tal ou qual alteracae intellectual, que as vezestinha, ainda que em grau muito diminuto, c notada pelo mesmo doente. 0 doente curou-se e nutrio sem tomar mcdicamente. Era este um caso, que, talvez, ucredilasse qualquer tractamento, que se Ihe lizesse.' A simples dieta, sem medicamcnlos, cura muitos doentes. A. A PEBEIRA. ' As atten^oes estao a^ora voUadas para a Heliciiia. Df-'iis queira que nao tenha a sorte d'outros medicamen- tos, que se tem inculcado com egual ou maior entiisias- mo para o tractamento d'esta molestia. 40 % >i « CO >9 -4 CO iO »0 10 cs c c 5" S-li, '^ wj 5 CO Exislinin. Morrerara. Evisteni. Gxistiam. Enlrnram. Sahiram. Morrerara. Exisleni. Evieti.ini. Enlraram. Sahiram. Mofrerani. Exislem. Evisliam. Enlraram. Sahiram. Morroram- Exislem. Existiam. Entraram. Sal.iram. Morreram, Exislem. Exisham. Ealraram. Sahiram. Murreram. Exislem. ^ a. a. c^ a. ^. c ri n f9 n n rz a a 3 3 s 2 a. Q. Ci.rs CL. c^ HIES 335; o :^ CI. c ' B 1 ■ •r =^ t) 3 0.0 n — — ; - ^ -."3 a. : 3 = C- w> ^ Ot -- 3 G. n TS n £^. C a. . ™ _ ,^ rr" :=3 (^■^ ^^ O a: Cs O lo GC >-*. O W — O ic^ a: Crt o to o 10 --I o o to— -0000 ot 00 a=ooooocrtOo t: > CL.c:LC-Ci.a.a.a.cci.a. 3 3 3 CJ ftJ CI. — ' 1^ (^ '^ , = ° " c" B 5 3 ■ — -^ - era ■; c 2. " '^ -S go — B B a 0 CO a. n 0 0 -r! 3 0 a 0 c u Z3 3 0 < B 0 0 W cr c- n 0 i- = 0 0 3 f» 3 rt> 0 a r.1 n U5 " 2 = " =■ . Op o 2. s =■ O o I^ (^ ^ 5/3 ^ ^') ns =^ 0 a ^ M. 1-^ ^ ci: ^s< to w Ot o lo 30 -J 10 C «^ t*3 t^ CO O W 10 03 C. ii^ C- CfT Ci OC Od OOO0EW0:O:^IWO fe-* i) Jnstitttt0, .50R1NAL SCIENTII HO l] UTTERARIO. C0.\SEl!10 Sl^PERlOR BE llTRlXCiO PL'BliCA. REL.VTORIO A.\iM AL. 1849—1830. Ao conselho superior d'instruccao piiblica incunibe, na conformidade do artigo 40 do decreto de 10 de novcmbro de 1845, Icvar a augusta prescnca de Y. M. o relatorio geral da insiruccao piiblica, durante o anno lecti- vo findo de 1849 a 18S0. 0 conselbo na ex- posicao do estado da instruceao, e das pro- videncias condurentes ao seu progresso, e melhoramento, sera franco e leal; e conscio, de que, nestc trabalho, nao pode deixar de haver faltas e imperfcicoes, respeitosamente supplica a V. M. a graca de benignamente releval-as. Este relatorio, em observancia da portaria circular do 1.° d'oulubro do corrente anno, sera dividido em cinco partes; 1/ direccao e inspeccao; 2.' insiruccao primaria; 3." instrucfao secundaria; 4/ instruceao especial; S." instruceao superior. PARTE 1.' Direccao e inspeccao. A intendencia e direccao da instruceao , nao comprehendeudo a acaderaia polytechni- ca, e a eschola naval de Lisboa, e os semi- narios episcopaes, esta commettida a este conselho superior, que se compOe de oito vo- gaes ordinaries, presididos pelo prelado da universidadc, e dos vogaes extraordinarios todos distribuidos nas trez seccOcs — primaria — secundaria — e superior. Nao houvc outra alteracao no pessoal do conselho, senao a ausencia d'um dos vogaes em commissao gratuita, o Dr. Jose de Sa Ferreira dos Sanctos Valle; — o provimento d'outro, cujo logar estava vago, na pessoa do Dr. Jose Manoel de Lemos; e o falleciraento d'outro, 0 Dr. Manoel Antonio Coelho da Rocha, cuja perda o conselho deplora; o qual existe ainda vago. Vol. IY. 0 pcssoal provisorio da secretaria compoe- se do secrelario geral, do official maior, e de quatro oQiciaes ordinarios, sondo. por decre- to de 14 de maio ultimo, provido um, cujo logar se acbava vago, e d'um continuo e d'um porteiro. A secretaria tern desempenhado com intel- ligencia, rcgularidade e zelo lodo o service, que pelo conselho Ihe tern sido ordenado. No mez d'abril do anno lectivo lindo nao pode ter logar, na conformidade do art. '21 do regiilamento d'este conselho, a conferencia ordinaria do conselho geral, por falta de re- latorios e mappas estatisticos, e d'alguns vo- gaes ordinarios, com causa justiticaJa, como tudo foi prc'-ente a V. M. A pezar d'isso lizeram-se regularmente as conferencias do conselho ordinario, e nao me- nos as das suas respectivas seccoes, como consta da copia das aclas, enviadas mensal- mente a V. M. Em 31 d'outubro ultimo, celebrou-se a con- ferencia ordinaria do conselho geral, lendo cada um dos secretaries o relatorio da sua respectiva seccao; antes porem de se fechar a sessgo, e vice-presidcnte do conselho con- vidou todos OS vogaes extraordinarios, e os sabios, que estavam presentes, a coadjuvar e conselho, apresentande momorias, projectos, ou qiiaesquer outras pecas litterarias, que tivessem ehiborade, para serem lidas, e toma- das em consideracao : nenhuma memoria, ou qualquer outra produccao foi apresentada ae conselho. Os vogaes extraordinarios, encarregados de pregrammas, compendios e regulamentos para 0 ensino, nem todos pederam ainda apre- scntar os Irabalbos, que Ihes foram distribui- dos, por estarem ligados a obrigacoes acade- micas, que exigem loda a sua attencao. E carecendo obras d'esta natureza de rauita meditacSo e reflexae, entende o conselho que merece ser desculpada a demora de sens au- ctores, na cenclusao e entrega dos referidos trabalhos. A commissao dos vogaes extraordinarios, nomeada per este conselho, na conferencia ordinaria do conselho geral d'outubro do anno passado, para confeceionar o projecto da nova faculdade, oa curso de scicncias . ecenomicas e administrativas, na cenformi- Maio 13 — 18oj. Ndm. 4. V-d (lade da poilaria do minislorio do rcinn de 10 d'agoslo do anno lindo, satisfoz poiilual- menle o Iraballio, dc (]uc Ibi incumbida. Ak'm d'uni numoroso expcdientc da sccrc- laria para aliertiira de coiu'iirsos, inl'orma- ('oes, partii'ipaioes officiaes, e cerliddes para 0 eiisino particular, o conselbo iias suas ron- fereiu'ias ordiiiarias, nao so resolvcii, e c\- ppdiu uma imiltiplicidade de ncgocios, mas lanibom olovoii a real prcscnca de V. M. riMiio e oitPiila e quatro cousultas, sohre olijcetos de interesse ijeral e particular; e lizongea-se de ter e»i dia os sous niuitos e variados trahallios. Durante o ultimo anno lectivo, o consellio approvou para serein inseridas na colleccao dos livros elenientares, que niais accomnio- dados teni parecido a capacidade dos nicni- nos, alguinas oliras, lanto na inslrucciio pri- maria, como na secundaria, constantes do luappan." 3, avultando entrecllas a — Icitura repentina — d' Antonio Feliciano de Castillio. Por iuforniaeOes sobre o ensaio d'este metbo- do, procura o conselbo averiguar, se o elTeito responde, ao que proraette o seu auctor; c acredila, que algunias pessoas zelosas do pro- gresso da instrucrao, llie hao de comiuunicar, 0 que acbarcm sobre esse ractbodo ; a fim de que se cure de o generalisar, verificado (pie seja 0 seu proveito. INao contente ainda com tantos livros, por desejar eseolber os mclbo- res, 0 conselbo approvou e levou a real pre- senca de Y. M., programmas para compen- dios sobre agricnitura, mecbanica, pbisica e chimica com appllca(;ao ;is artes, propondo premios a ((uem os lizer com mais erudicao, clareza e prccisao. 0 conselbo na conforraidade da portaria do ministerio do reino de 10 d'agosto do anno preterite, rcconsiderou, c quasi refundiu os projectos sobre as jubilaeoes de lodos os pro- I'essores, c sobre os descontos e os ordenados, e OS fez depois subir a augusta presenca de V. M., para serem tornados na consideracao, ([uc merecercm. Ofliciou a todos os corpos scientificos exigindo o cumpriniento dos arti- gos 2, 3, 6 4, do §. a da rel'erida portaria, para que expozessera os tnclboramentos e nc- cessidades dos sens cstabclctimentos. 0 mesmo conselbo modilicou e considera como seu, o projecto discutido no claustro pleuo da universidade, a cerca da creacao e organisacao d'um curso de sciencias economi- cas e administrativas, (jue teni a bonra de submctter a approvacao de V. M., e vai ap- penso a este relatorio. 0 projecto, Senbora, modificado quanto ao numero das disciplinas, e a duracao do tempo, em que deveni ser apprendidas, lia deattrabir muita gente opbia, a fim de se ircm babilitando [lara as siibseqnentes disciplinas. Tambem o conselbo orgaiiisou, discutiu, 0 approvou o projecto para regular a lei de 25 do juHio ultimo, bem como o jirogramnia, (jue 0 aconipanba. Sendo indispensavel para uma boa inspec- (.■ao sobre o metbodo e practica do ensin(» dos professores, que as escbolas publicas sejam collocadas em edilicios do Estado, tcni este conselbo o desgosto de I'azer saber a Y. M., que, a pezar de todos os sens esforcos, ainda nao p(jde conseguir a collocacao de todos. Todavia o conselbo nao desiste do seu emiienbo, e instara, quanto em si couber, para ([ue se execute a resolui;ao, (|ue Y. M. i'oi servida dar a consulta do mesmo conselbo de ;{ d'abril de 18i0, mandando ao ministe- rio da fazenda, que pozesse a disposicao do ministerio do reino, os edilicios pulilicos, para collocar as escbolas publicas nos differentes districtos do reino, segundo as inromiacoes obtidas dos respectivos governadores civis. Para que a inspeccao das escbolas e esta- belecimentos litterariosseja regular e completa, deve ser feita pelo commissario dos esludos, e, nao podendoestes, por sub-delegados, esco- Ibidos d'entre pessoas doladas de virtudcs, intelligeucia, e zcdo pelo bem publico. Por esles s(Jmcnte q. que os comnussarios podem ser bem informados dos servi(;os dos profes- sores respectivos, do numero dos discipulos, que verdadeiramentc fre(iuentam as escbolas, dos que de cada uma d'ellas sabeni promplos, em cada um dos annos, de (juaes sejara as- povoacOes, que podem commodamente fazer concorrer ahrmnos as escbolas estabelccidas, e mnitas outras particularidades, que devem encber os mappas, que annualmente biiode ser apresentados a este conselbo superior. Sem esles sub-delegados, nao e moralmentc possivel, que a laes miudezas possam dar satisfac(;ao oscoramissarios. Os services d'estes sub-delegados deverao ser tomados na devida considera(;ao, quando forem feitos de perfeito acci'irdo com os dos commissarios dos estudos, a quern sao subordinados; e para que o con- selbo possa exigir d'clles bom c constanle desempenbo. Pediram-se informacoes aos commissarios dos estudos sobre as pessoas idoneas, que bouvessemos nos sens dislriclos, para o desem- penbo d'este cargo: d'alguns ja o conselbo as tem recebido; mas como ainda nao cbegaram de todos, reserva-se para proper a V. M. a nomeacao dos que julgar, que podem desem- peuliar a(iuelle euqirego. Nem todos os delegados d'este conselho satisfizeram ao que sao legalmente obrigados, enviando no tempo marcado, os sens relato- rios e os mappas dos professores publicos e particulares; e por isso na conformidade do 43 art. 7, da portaria do ministerio do rcino do 10 d'agoslo de 1848, o consclho leva ao conhecimento de V. M., quo dcixarani dc remetter os relatorios parciaos os romniis- sarios dos estudos de Aveiro — Portalpi,'re — Santarem — Aiigra do Heroismo — Fiinchal — Uorta — Ponta Uclgada: — o reitor do lyceu iiacional do Porlo: — os govcrnadores civis dos districtos de Aveiro — Beja — Itraga — Coimbra — Evora — Guarda — Leiria — Lishoa — Portalogre — Porto — Sanlarem — Villa Keal — Yizeu — Angra do Ueroismo — Ponta Del- gada. PARTE 2/ fnstriicmo frimariu. Este raeio de ci\ilisapao, inteiramente 11- gado iis prinu'iras nccessidades do paiz, e ao desinvolvimcnto de todos os interesses so- cjaes, merece ser dilTiindido per loda a par- te; sem elle nao pode haver moral piiblica, base da seguranca dos Estados; c a mais lir- nie escora da lei ; e unia necessidadc por to- dos sentida. Na sua actual organisacijo, comprehcndc: tima eschola normal em Lisboa ; — escholas d'ensino muluo e simultaneo, pagas pela na- cao; — escholas pagas por corporacOes, ou legados; — e escholas particulares. Escholas d'ensino simultaneo pagas pelo ihesouro sao no continente 1:116, pertencen- do ao sexo feminino 41; pagas por legados 13; d'ensino muluo 13; e uma eschola nor- jnal em Liehoa, que ainda nao funcciona : os professores hahiliiados pelo conselho para ensino particular sao 71. Nas llhas ha 32, das quaes sao S de me- ninas, com mais 3 de eusjno mutuo, alem das pagas pelascamaras municipaes. Sommam todas 1:168. Achani-sc vagas 64, reservadas la. Segundo os mappas entrados na secretaria do conselho foram as escholas, a que o thc- souro paga, frequentadas por meninos 37:890, por meninas 1:911. As pagas por legados tiveram meninos 137, e pelas camaras — meninos 834, e meninas 961. As particulares concorreram meninos 724, e meninas 352. D'onde resulta o numero total d'alumnos 37:890. e d'aluranas 1:911 nas pagas pelo thesouro (Mappas n." 4 c 5). Por faltarem ainda outros mappas nao pode 0 conselho dar, agora, por inteiro o numero, nem por conseguinte comparal-o exactamente com OS dos annos anteriores. Com tudo por um calculo approximado a vista dos mappas, que faltam ainda, parece subir o numero d'est€ ultimo anno a mais de 70:000 alumnos, a que haviam chegado no anno anterior, o qual em relacao a populacao actual de 3:622:964 — da em resultado a proporcao de 1 : 52. (Mappa n." 6V A relacao do numero das escholas ])iiblicas para o das freguozias em todo 0 rcino cstii na proporcao de 1 : 3,B- Eslao siippcnsoj: 3 prol'essores; vigiados 41: advertidos 41. Sao de provimciilo vita- licio 722; tcmporarios ;i37; com substitute por inipcdimcnlo 44; r('(|ucrcni jubilacfin 12. .Se 0 conselho quizesse, pelo numero das escholas publicas, apreciar o estado da insiruc- cao priniaria, achal-a-ia por cerlo niuito ahaixo do grau de perteicao, a que a teni clevado as nacOes mais ilUistradas e adianta- das na civilisacao, nas sciencias, e nas artes; con.sola-o poreni a consideracao do quanto ha crescido o numero das escholas primarias, nos setenta e oito annos decorrides desde 1772, que, sendo enlao dc 400 foram dopois successivanicnte subindo de modo, que o thesouro paga hoje no continente do reino a 1:116 escholas d'ensino simultaneo, e nas ilhas a 52, alem das que siio alii sustentadas pelas camaras municipaes. Escasso e todavia este numero comparado com a populacao por- tugueza. Muitas freguezias estao ainda priva- das d'estc genero d'instruccao, e para o alcancarem e forcoso confessar, que o conse- lho (em fcito convidar confrarias, junctas de parochia, c camaras municipaes a contribuir com os sobejos de suas rendas, para a mauu- tencao de professores ; visto que sao hoje tao minguadas as posses do thesouro. Prestando aquellas eorporacoes uma parte, outra o the- souro, com este reciproco auxilio, viriam a formar-se umas como escholas mixtas, quaes ja se tem constituido nas ilhas. No continen- te, posto que nao tenha sido tao feliz o resul- tado dos esforcos do conselho, com tudo ja alii conseguiu o crearem-se no districto de Bragaiica, niedianle o zelo e patriotismo do governador civil, cadeiras pagas pelas cama- ras, junctas de parochia c confrarias: sendo 23 regidas gratuitamente pelos parochos. Espera o conselho, que outros govcrnadores civis imitem este nobre exemplo, e nao cessa de investigar outros meios de augmentar o numero de cadeiras, sem gravame do thesou- ro. Mas ainda mesmo das escholas existentes muitas estao vagas, a pezar de reiterados concursos, derivando-se assim d'uma mesma fonte, todos os males, que padece a instruccao piiblica. Tao pequenos e mal pages sao os ordenados dos professores d'instruccao pri- niaria, pelas circumstancias dos tempos, que nao e de admirar, que elles abandonem as suas cadeiras, e nao queirara outros concorrer a ellas. D'alli nasce tambem, ordinariamente, 0 pouco zelo d'alguns professores no ensino; a necessidade de prover outros menos ido- neos, de maneira que, se em um e outro ponto 0 conselho usasse do rigor devido, fechada estaria a maior parte das escholas. D'alli vem ainda em parte um novo mal para a instruccao; porque sendo o exercicio dos 44 professores cm suas proprias casas, mais dif- ficil ?e torna a inspcccao nao so sobre o desempenlio do servico, e o methodo do on- sino, mas tambem sobre os costumes e exem- plos, que em alguns nao serao, os que dcvem adornar os eduradores, principalmente os das primeiras edades. 0 conscllio para veneer este (litlicil estorvo, nao se tern poupado ao trabalbo; e com (luanto nao baja podido re- movel-o inleiramente, csforca-se em o ir pnu- co a poiieo desviando. Tambem o consi'Hio lamenta que, nos mcsmos logarcs onde ha escholas, alguns paes |)rivem seus lilbos do ensino, tcndo-os sempre occupados nos tra- balhos campestres; que outros por desleixu, ou miscria, nao os mandem ii eschola; e que alguns para exeniptal-os dos cargos publicos, queiram conserval-os em perpetua e crassa ignoraneia. A lim de remodiar estes males, tern egual- raente o conselho permitlido a alguns profes- sores 0 exercicio das aulas cm boras compa- tiveis com o servico da agricultura, reconi- mendando aos parochos que facara ver ao povo as vantagens da instrucciio; e procu- rado conslituir associarOes do beneficencia, que preslem soccorro aos meninos, que por sua niuita pohreza nao podem concorrer as escholas. Pelo que respeita a este ultimo recurso, ja foi approvado o regulamento para a asso- eiacao de beneliccncia no districto administra- tivo d'Evora, e tendo subido cm consulta dc 21 de dezembro de 1849 o mesmo regula- mento com ascmendas, que julgou necessario I'azerem-se, espera o conselho a approvacao do governo de V. M. para o generalisar aos outros distrlctos do reino. Alem d'estas, e de muitas outras providen- eias, dadas ou propostas ao illustrado governo de V. M., lendentes a propagar e nielhorar a instruccao primaria, prompto foi o conse- lho em organisar o regulamento d'estas escho- las, suhmettendo-o a approvacao de V. M. em Janeiro de JS'io. E sendo devolvido ao conselho cm agosto de 1840, a lim dc sof- I'rer as modilicacoes ou additamentos, que a experiencia tivesse niostrado convenientes, muito ha jii, que elle o fez novamente subir a consideracao de V. JI. com as alteracoes, que pareceram uteis ou necessarias. Com a mesma promptidao, logo que che- gou 0 praso prescriplo na lei, para as jubi- lacoes e aposentacoes dos professores de todas as classes, o conselho fez subir a approvacao do governo de V. M. o competenle regula- mento, no qual procurou conciliar as neces- sidades do ensino com as individuaes de cada professor. 0 estado moral c litlerario vai era pro- gresso era alguns districtos; esta estacionario em outros, e em quasi lodos o estado mate- rial das escholas e pouco satisfaetorio. Os coramissarios dos estudos, e alguns governadores civis, era seps relatorios lera- bram: 1.° o prompto e regular pagamento dos ordenados dos professores, afim de cum- prirem as suas obrigacoes com mais zelo e vontade, e concorrerem as cadeiras vagas: 2.° a creacao das escholas normaes, afora a At'. Lisboa, juncto dos grandes lyceus, onde, coino em outros tanlos viveiros se criem os educadorcs e mestrcs do povo, que um dia deveni occupar dignaniente as cadeiras de instruccao: 3." a multiplicacao de cadeiras de ensino primario tanio para meninos, co- mo para meninas, principniniente para estas, que se acham assaz desfavorecidas: 4.° em lim a transferencia d'algumas escholas para niaiores e mais commodas povoacocs. As escholas d'inslruccao primaria, pagas pelo thesouro, achara-se di^tribuidas pelas provincias do reino na conformidade do mappa n.° 0. Por elle se mostra que ellas nao estao na prnporcao da sua populacao, por isso que ha muitas freguezias que se acham privadas d'este ensino; e tomando por exem- plo 0 districto d'Evora que consta de 112 freguezias, separadas entre si, por duas e mais ieguas, sabe-se que ha para cima de 82 sem este ramo d'instrucrao; e pois de urgen- tissima necessidade crear mais cadeiras; e sendo estas, com as actuaes, bem distribui- das, e collocadas, ter-se-ha egualraente sa- tisfeito as exigencias que de todos os pontes do reino se tem feito a este conselho. A instruccao primaria custou ao thesou- ro !)7:l(i'i^r70 reis. Em conclusao, Senhora ! tal e o estado actual da instruccao primaria, que com a proteccao do sabio governo de V. M., com a serenidade dos tempos, e com os esforcos das auctoridades, espera este conselho, que ira progressiva mcnte melhorando. CoiUini'ta, TELEGRAPIIIA ELECTRICA. Origem da lcle(jra^hia cleclrica. I. Os jiriniciros cnsaios de telegraphia ele- ctrica datani de 1774. Vinte e quatro fios metallicos correspondentes as vinte e quatro letras do alphabeto, e uma raachina electrica ordinaria, collocada em cada uma das extre- midades da liuha, consLituiam unicamente o apparelho do todo este processo. Para indicar na cxtremidade opposia a letra, com que se queria fornuir uma palavra qualquer, punha- sc cm communicacao a machina, carregada, com 0 fio correspondenle a essa letra; a com- 45 mocao, que o fio experiraentava reproduzia-se na outra extremidade, e iadicava por conse- (juencia tal ou tal letra. Vinte aniios depois Reiser aperfeiroou este longo e dispendioso proccsso, subsliluindo pela faisca a commocao electrica. As letras eram abertas em cobre, c collocadas sobrc uma mesa de vidro nas duas eslacoes extre- raas, e a descarga d'uma niachina electrica, correndo toda a linba, produsia uma faisca sobre a Ictra locada. Estas tentativas, porem, que nao haviara escapado ii ingenhosa per- spicacia do celebre Franiilin, nao tiveram se- guimento, ate que Oersted demonstrou a ac- fao directriz, que uma corrente fixa exercc, a distancia, sobrc uma agulba magnetisada movel. Em 1811 Soemmering inventou um lelegra- pho, servindo-se da decomposigao da agua pela pilha. Em 1820 Ampere lancou mao d'outro pro- cesso, dirigindo uma corrente electrica sobre tantas agulhas magnctisadas, e tantos lios, quantas eram as letras do alpbabcto. « Pondo successivamente em coramunicacao com a pi- lha estes conductores, dizia Ampere, podia estabelecer-se uma correspondencia lelegra- phica entre dois pontos distantes lao prompta como a palavra ou a escripta. » Enlretanto a telegrapbia electrica licara estacionaria por vinte annos, sem que d'ella se fizesse applica- cao alguma importante, ale que em 1837 Steinheil em Munich, e Wbeatstone em Lon- dres construiram telegraphos electricos com um pequeno numero de lios raetallicos obran- do cada um sobre uma aguiha magnetisada, e fazendo-a mover sobre um quadrante por meio d'um apparelho electro-magnetico. Morse em 1838 simpiilicou este apparelho empregando os electro-imans por urn systema mui ingenhoso, porem o apparelho mais geralmente usado hoje e o de Wbeatstone, que Breguet e Froment tem aperfeicoado mui to. Assira a telegrapbia electrica vai geral- mente substituindo a telegrapbia aeria, a quern leva ineontestavel vantagem, tanto pela regu- laridade das coramunicacoes quer de dia, quer de noite, e independentemente do estado da atmosphera, como pela espantosa oelerida- de com que no espaco d'alguns segundos se transmittem as noticias de um a outro polo do mundo. A velocidade das correntcs elec- tricas, empregando como conductor um tio de ferro, e de 2o:000 Icguas per scgundo, e com um fio de cobre 45:000 leguas! Esta velocidade pode comparar-se a da luz que chega do sol a terra era oito minutos e trcze segundos, correndo no espaco 80:000 leguas por segundo. Uma bala d'artilheria corre 900 metros ' per segundo, de maneira que, continuando sempre com a niesma velocidade gastaria trinta boras em pereorrer o osparo, que a electricidade corre u'um si'gundo. E verdade que a telegrapbia electrica esta suJL'ifa a alguns inconvenienlrs, c|ue toda- via nao e diflicil rcmediar. Os (ios metallicos, que scrvem para a transmissao das noticias, sao muito bons conductores da electricidade, c OS bus que se emprcgam nos para-raios sao por isso similhantes iiquclles, e nao seria rare acontecer, que os einpregados no scrvico dos telegraphos, iios dois i)ontos extremes da linba, fossem victimas de alguma descarga electrica na occasiao de grandes trovoadas. Para evitar, porem, este perigo Froment csta- beleceu, que na casa onde se reccbem e transmittem as noticias deve entrar so um fio de meio millimctro de diametro, e nao o de qnatro millimetros e meio, que reina em toda a linba; alcra d'isto, como a electricidade alniosplierica e attrabida pelas pontas, e a mngnctica, de que se laz uso no telegrapbo, so etUi siijcita a influencia do conlacto, basta para afasiar completaniente a electricidade atmospherica collocar adiante de cada estaciio d'um e outro lado uma serie de conductores. que nao tocjuem no lio, mas que se aproximem d'clle ale a distancia d'um milliraetro, e communicando com o lerreno, porque d'este modo a electricidade atmospherica, se fosse conduzida pelos lios, passaria toda para os conductores, e a electricidade do elcctro-iman continuaria a circular ale ao apparelho da respectiva eslacao, por isso que ficava iscnta do conlacto. Tomadas estas precaucoes, ainda que uma pcquena parte de iluido electrico chcgue ale ao apparelho da eslacao, ja nao pode dar logar a alguma explosao perigosa, e apenas interrompcra momenlaneamente a cxpedicao das noticias; e a este mcsmo in- convenienle se pode obviar, augmentando a corrente da pilha ate lornal-a superior a cor- rente perturbadora. Nao ha por consequencia hoje perigo nem inconveniente algum na adopcao da telegra- pbia electrica, cujo uso se vai por isso genera- lisando em toda a Europa, e na America. Conliniia. CEKCA DE BUSS AGO. Ermitaes, Hospedes, e Desterrados, Tem-se fallado de ermitaes em Bussaco antes da era de Christo; e ate se tem dicto, que alguns obreiros da Torre de Babel vie- ram acabar penitentes neste retire, c que seguiram o sen exemplo alguns Essenos e Recabitos do Instituto Prophetico ou do Car- nielo. vindos com os Hebreos que Nabucbo- donosor tinha feito passar da Babilonia para 16 a Hespanlia. Tem-.«r clicin fpinlmenle, <]iic, loiio (lepois de Christo, piocuraram o dcscrto na ermida do Sancto Sepulchro, logo acima do Calvario ' ; tradicao, cuja imporlancia nao se pode medir, poniue nao sabemos a epocha do facto a (jue se refcrc. Uesde que acabou o Mosleiro da Yaccari(;a em 1094 ' ate a doacao da sua Egreja ao Coilegio da Graea cm loo7 *, nao ha noticia dos ermitacs, que substituiram cm Bussaco os bubuleuces; mas logo depois urn graciano, i|ue foi viver n'a(iuel!a Yilla, e cujo nome se pcrdeu, tornon-se muito salicnte, segiindo conta Fr. Joao do Sacramento, pela devocao, com que subia a serra todas as sextas fei'ras, para commcmorar a paixao do redamptor, licando uas erniidas noutes inteiras, absorto na contemplacao das tragicas scenas de Je- ruzalcm ■. Seguiram-se outros devotos scm nolabilidadc, (|ue foram snecessivamente con- servando o prestigio religioso naquellc rctiro, ate a fundacao do convento dos carmclitas descalcos. Era quanto durou cstc convento desde 1030 ate 1834, ' sempre os religiosos cumpriram ' Chronica Jos CarmelUas Descalras tomo 2 ' liv 4.° — cap. 15. » -• rhronkii do* rarmelitas Descalcos (logar citado.) ^ Vej. paE. 80 e 81. ' Vej. a nola l^pa;;. 73. • Vej. pag. a I. ' Vej. pa;. Gfi. ' Chronica dos Carmclitas Descalcos — (lopar citado.) ' Vpja-se pag. 104. OS deveri's da wda ermitica da sua I'fgra, nas capellas de pcnitencia ja mencionadas. Depois da exlinccao das cor|)nrai;oes reiigiosas, nao ,sei de ningueni, que alii se tenha dado aquelles sanclos exercicios. Em todo 0 tempo dos religiosos carmclitas, por vezcs se rccolheram ao sen deserlo, entre outros, OS Bispos deCnimbra D. JoaoManoel, I). Joanne Mendes de Tavora, D. Joao de .Mi'llo, 1). .Vntonio de Snusa e Yasconccllos; c 0 I'.ispo Eleito de Yizeu e Beitor da Universi- dade .Maiioel de Saldanlia, etc. Jii antes de 1S34 visitavam Bussaco ninitas pessoas dc notabilidade, uacionaes e esirangeiras, que passavam na sua visinhan- ca ; mas, depois de aberta a clausura, torna- lani-se mais frequcntes estas visitas; e a 28 d'abril de 1832 almocaram no convento de Bussaco a Sr*. D. Maria II, e o Sr. D- Fernando com os dous lillios mais vcllios, o Sr. D. Pedro V., enlao I'rincipe Uegente, c o Sr. Infante D. Luiz. Bussaco e visitado em todo o anno, e. principalmenle no verao, por numerosas fa- inilias e ranchos de camponezes; mas o dia de Nossa Senhora d'Assumpciio, tem-se con- vertido, ha poucos annos, em dia de folgue- do p romaria. A concurrencia neste dia tem augmentado successivamente; e o anno pas- sado jii se calculon em loOO pessoas. Tambem este dcscrto serviu de desterro aos Infantes D. Antonio c D. Jose, (Meninos de Palhava), lilbos naturaes d'el-rei D. Joao v., desde 1760 ate a morte de cl-rei U. Jose cm 1777, por dissidencias que li- veram com o Marquez de Pombal; cm 1794 e 1701), a alguns padres penitenciados pelo Sancto Oflicio; ao Bispo de Braganca D. Antonio Luiz da Yeiga, por ordem da Begen- cia do Beino, desde 1814 ate 1818; pelas nossas dissensocs politicas, ao Cardeal Pa- triarcha D. Carlos, era 18*21 ; ao Arcebispo de Braga D. Fr. Miguel da Madre de Dens, e ao Bispo de Pinhcl U. Bernardo, cm 1823 '; e nltimamente, desde outubro dc 1820 ate fevereiro de 1832, ao Prior de Monsarras, Joaquim Placido Galvao Palma. Devo aqui mencionar o dia 27 de scptem- bro de 1810, que den notabilidade a Serra de Bussaco por todo o niundo politico, pela conhe- cida bataiha cnire os Francczes e o exercito Luso-Anglo, de que se acha uma descripcao curiosa nas Mcmorias de Bussaco do sr. Forjaz, e noutra memoria transcripla era ISlti na Bedaccao Patriotica n.° SO. E nao e menos glorioso para o nome dc Bussaco o anno de 1853, eni que esta serra ficou sendo conheci- da no mundo scientifico pela publicacao, que fez a Sociedade Geologica de Londres, de uma intercssante memoria sobre os Irabalhos geo- logicos do sr. Carlos Biheiro, quando diripia ' Mcmorias de Bussuco — pari, 'i J. 10. 47 as pesquizas da haeia carbonifera no sope occidental da serra ' ; memoria, que se acha ornada com niuitas gravuras de fosseis do Bussaco, e entie estes alguns gcneros e muitas cspci ies dedicadas ao sr. Carlos Ribpiro, como seu descobridor, incrocendo particular niencao 0 novo gonero — Ribciria plinladiformis — em cuja denominacao a Sociedadc Gcologica de Londres quiz dar urn testemunbo da eleva- da consideracao, que Ibe niercceu o geologo portuguez '. Tambom se podem archivar como lactos historicos da scrra de Bussaco o corte cm ziguizagnes, que ha dous annos sc fez na montanha, para a estrada entre aMealliada e Vizou, cujos trabalhos I'oram dirigidos pelo sr. Vasconcellos, e o edilicio dos banhos de Luso, que se acha em construccao por uma soeiedade, que toniou a obra por cmpreza a camara municipal da Mealhada. Possuidores de Bussaco. K mesma obscuridade, que aehei sobrc os principios da mata de Bussaco, encontra-se tarabem sobre os sens priniitivos possuidores; ' Em Sancta Christina abriram-se dous po(;ns, sendo uiii obliqiiu de 170 palmos e outro vertical de 50 palmos. Eii\ Sazes urn vertical de '200 palmos. E em Valluiigo urn tambem vertical de 200 palmos ; e do fundo para baixo mais 420 jialmos de furo de sonda. Come^aram on trabalhos em Janeiro de 1850, e suspenderam-se em Novembro de 1852. ^ Fosseis descouhecidos em geologia, e descobertos pcio sr. Carlos Ribeiro na Serra de Bussaco, com a in- dicacito dos auctores que os classificaram. Dithyrocaris? longicauda Sharpe; especie nova. Ogygia? glabrala Salter; esp. n. Beyrichia Biisacenssis Jones; esp. n. Simplex Jones; esp. n. Disteichia reticulata Sharpe; genero novo e esp. n. Synocladia Lu-sitanica Sharpe; esp. n. 11} pnoides Sharpe; esp. n. Pecopteris leptophylla Hunburj ;esp. n. Ostis Ribeiro Sharpe; e.sp. n. Exornata Sharpe; esp. n. BussacensisSharpe; esp. n. Mundoe Sharpe; esp. n. Porambonites lima Sharpe; esp. n. Ribeiro Sharpe; esp. n. Leptasna Beirensis Sharpe ; esp. n. Ignava Sharjje ; esp. a. Dolabra Lusitanica Sharpe; esp. n. Xucula Costai Sharpe; esp. n. Ciae Sharpe; esp. n. Ribeiro Sharpe; esp. n. Ezquerra: Sharpe; esp. n. Leda Escossura: Sharpe; esp. n. Nucula Maestri Sharpe; es]). n. Eschvvegii Sharpe; esp. n. Beirensis Sharpe ; esp. n. Bussacensis Sharpe; esp. n. Modiolopsiseleganlulus Sharpe ; esp. n. Cypricardia Beirensis Sharpe; esp. n. Ribeiria pholadiformis Sharpe; gen. n. e esj'. n. Pleurotomaria Bussacensis Sharpe; esp. n. Theca Beiren.sis Sharpe; esp. n. On the Carboniferous and Silurian Formations of the neighbourhood of Bussaco in Portugal. By Senhor Carlos Ribeiro. With Notes and a Description of the animal remains, by Daniel Charpe. etc. no entanlo aqui pode apanhar-.=;e o iio das probabilidades em cpocha muilo maisreniola. Num inViSii'tario dos iiens e iogares do con- vento da Vaccarica, feilo cm 106i ', encon- trei mcncionados trcz Iogares do sope da ser- ra— Luso, Sancta Christina e Varzeas — o que parece inculcar, que esle sitio da mata cntao Ihe pertencia, por se achar nas mesmas vertentcs. Se cste inventario, e o que nos diz Fr. Leao de S. Tboraaz do Mosteiro de Sancta Eufcmia de Bussaco, como filial do Convcnlo da Vaccarica'', podcm mostrar, que a mata perlenccu aos Monges Bubulences, 6 de crer que a sua actjuisifao fosse anterior ao seculo XI, por nao constar das escripturas do Livro Preto, de conipras, trocas e doacOcs das pro- priedadcs d'cstes monges, cujas datas alcan- fam a 1002. Como pcrtenca do Mosteiro da Vaccarica, passou a mata de Bussaco a Se do Coimbra em 109i, pela doacao fcita por D. Raimundo, de todos OS bens d'este mosteiro ao Bispo D. Cresconio". Depois em 11 de maio de 1028, foi doada pelo Bispo D. Joao Manoel aos carmelitas dcscalcos, que cntao procuravam 0 local apropriado para uma casa de solidao e penitencia, que devia ter a sua provincia de Portugal, ja desmembrada da de Castella. Esta doacao foi conlirmada por breve do Papa Urbano VIII de 8 de fevereiro de 1629, que auctorisou a permutacao d'esta mata, avaliada em (cnto e oitenta mil reis, por outros bens ([ue 0 Bispo comprou para a Mitra no valnr de cento e oitenta e sete mil reis''. Os carmelitas descalcos construiram o scu convento na mata, como vimos, e alii vivcram ate 1834. Neste anno, pela extinccao das ordens religiosas, passou a mata de Bussaco a fazenda nacional, onde se conserva actual- mentc. Abertas as portas da clausura, foi immensa a concurrencia dos visitadores, que alii afHuiram de toda a parte; e o dcsleixo da.s aucloridadcs, nos primeiros an'nos, deu iogar a grandes estragos na mata e ermidas. 0 ultimo prior do convento, Fr. Antonio dc Sancta Luzia, e mais quatro religiosos (|ui; alii ficaram, Fr. Antonio dc S. Tbomaz d'.\(iui- no, Fr. Joao da Cruz, Fr. Bernardo de Sancto Antonio, e Fr. Antonio da Expectacao, ar- rcndaram depois os pcquenos pedacos de ter- ra culta, que ba juncto do convento; c em julho de 1837, por uma portaria do .Vdminis-' ' Livro Preto— foi. 36." ^ V.'j. pag. 80 e 81. ^ Veja-se pag. 21 e 22. * Chronica dos Carmelitas Descal(;.os — lomo 2." — tiv. 4." — cap. 11." Nas Memorias de Bu^aco do ^r. Forja'i attribue-se esta doa^3o, por equivoco, ao Bispo D. Joao de Mello ; mas nas differentes pe^as do processo, copiadas na chronica, vem claramente designado o nome de D. Joao Manuel, Bispo de Coimbra, e Arcebispo Eleito de Lisboa. 48 irador a,cra\ o sr. Manoel Joaquim Fernandcs Thomaz, foi o P.' Prior cucarrcgado da giiarda especial do coBveiito e luata, f9;|4i^'^'<'J'' 1"^'^ Admiiiislrador do Coucelho. Eiu 1838, por sollicitacoes do \alioso prol.ctor d'estc monu- mcnto nacional, o sr. Mauo''! de Si-rpa iMa- fhado, baixou do governo a Portaria do pri- meiro do dozembro, que alliviou os padres d'aquella rcnda, como reeompensa da vigilaiuia da mala, e do cncargo d'aiguiis reparos no muro da cerea. Ultimamcnte o Go\eriuidor Civil 0 sr. Tliomaz d'Atiuiuo Martins da Cruz, visitando aquelle sitio no verao de ISiiO, pro- videneiou sobre a policia da mala, nuuulan- do para alii uma guarda permaueiite de ve- terauos d'A.veiro, e sujeitando a approvaeao do goveruo urn regulamento a eslc respeito com daUi de 12 de septembro de ISiJO. Dos religiosos, que alii liearam em 183i, apcnas so couserva o sr. Fr. Antonio de S. Thomaz d'AquiuQ. A. A. D* COSTA SIM6ES. ESTUDOS PHILOLOGICOS. I. Glotsario das palavras « phrases da lingua fran- ceza, que por detcuido, ignnrancia, ou neccssi- dade »e tern introduzido na locucan portugucza moderna. com n juizo critico das que sao ado- ptaveis nella. Pur D. Fr. Francisco dc S. Liiiz. 0 cardeal Saraiva, tomando parte nos ac- contecimentos mais notaveis da epocha, gran- geou um logar distincto em iiossos fastos con- temporantos; publieando as obras inimorlaes, que attestam a vastidao de seus conheeimen- tos, aleancou mais honrosa nomeada, c direilo indisputavel a gratidao de todos os amigos das iettras portuguezas. Sob a triplice consideracao de estadista, pontitjce, e litterato, pode ser olhado, a luz da historia, o magestoso vulto d'este respeita- vcl personagem ; importante materia para sisudo examc presta ao estudioso qual(|uer das tres phazes d'uma vida tao longa, e bem lograda; deixando a outras pennas a avalia- cao das duas primeiras, tocaremos na ultima, que, se, aos olhos do vulgo, e de somenos monta, aos do phjlologo e de mor valia. Desesejs annos haviam decorrido apos a primeira metade do seculo dezoito, quando em Ponte de Lima abriu os olhos a luz do dia Francisco Justiniano Saraiva. Pelos patrioticos esforcos dos incansaveis arcades principiava entao a levantar-se nossa decadenle littcratura do abalimento deplora- vel, era que jazia ha annos. Pedro Antonio Correa Garcao, Francisco Dias Gomes, Domingos dos Reis Quita, Antonio Diniz da Cruz, Francisco Jose Freire, prece- didos pelo abbade Luiz Antonio Verney, haviam ja lan^'ado bases solidas a rcstauracao do bom gosto [lelo profundo e aturado estudo dos dassicos naciouaes. Este poderoso impulso dado as nossas Iet- tras eontiuuou-o lervorosa a aeademia real das sciencias, que nao so herdara os brios da arcadia, mas recebera em .sen gremio os mais distinctos membros d'esta sociedade. Quando o joven Saraiva, guiado pela pieda- de, ou iiioviilo pelo inslincto, (|ue leva para a solidau os espiritos meditativos, vesliu a cogula bencdictina, coutava a aeademia dous annos d'existencia, e doze apenas haviam decorrido, ((ue, de|)ois de o ter por trabalhos litlerarios premiado, a si mesma se honrou. inscrevendo-o no catalogo dos seus socios. Em 1794 comeca para Fr. Francisco de S. Luiz a sua vida de litterato. As distinccoes, que grangeara na ordem, os triumphos, que obtivera na Universidadc, I'oram apenas sim- plices pro\ancas, por que devia passar o nobre donzel, antes de ser admittido a prolissao de eavalleiro nesta inclita railicia. Se a aeademia acudiu diligenle a aproveitar 0 prestimo do Doutor S. Luiz, nao Ihe em- bargando o passo a consideracao de seus poucos annos, que ainda niio chegavam aos trinta, 0 novo socio correspondeu plenamcnte a tama- nha confianca, desempenhando com zelo os novos encargos, que coutrahira. Fora por esta corporacao proposto no pro- gramma de 1810, na classe de littcratura portugueza, como primeiro assumpto, a com- posicao de um glo-ssurio ou catalogo de palavras e pliruses, em que 6e mostrasse com locla a individuacuo as que eram proprias da lingua [runceza, e ([tie por descuido ou ignorancia se linltain introduzido na locucdo portugueza mo- derna, contra o antigo e bom uso, e principal- mente as que fossem contra o genio da tiossa lingua, e como taes inadoptaveis nella. De tanlos acadeniicos insignes, que entao compunham esta conspicua sociedade, nenhum ousou occupar-se de tam cspinhosa empreza ; commetteu-a S. Luiz. Em 1817 apresentou a sua raemoria com 0 titulo, que serve de epigraphe a este trabalho, ol/ru por certo de muito estudo. e critica, como, ainda antes de publicada, a couceituou o eximio secretario da aeademia, Jose Bonifacio de Andrade. Com grande sisudeza e precato impoz a aeademia no programma a obrigacao de trac- tar somente dos gallicismos, que na locucao portugueza moderna se houvessem introduzido; porque avultado numero de vocabulos pura- raente francezes se haviam incorporado na locucao antiga, achando-se naturalizados e legitimados pela veneranda auctoridade de escriptores de grande tomo. 0 conde D. Henrique, e os cavalleiros fran- cezes, que successivamente vieram estabele- cer-se cm Portugal, nao so augmentaram o i9 patrimonio de nossa lingua, mas alteraram e adocaram a sua proniincia, expcllindo as gut- turaes, e aspiracoes, que as linguas golhica e arabica tinham introduzido nos idiomas d'llespanha. Para se mostrar quam vulgar era o uso da lingua franccza na corlc do scnhor D. Joao I, e seus fdhos, basta ver as divisas de cada urn d'elics, que se acbara no convcnlo da Latalha: sao todas cm fiancez. A do sonhor Rci D. Joao e: 11 me plait pour bien ; a de D. Pedro: Desir ; a dc D. Henrique: Taknl dc bien [aire; a dc D. Joao: J'ai bien raison; a dc D. Fernando: Le bien me plait. Circunifcripto pois o catalcgo a exposirao s6mcntc das palavras, e phrazes I'rancczas, que so liuham ir.troduzido na nossa linguagim moderna, era lorcoso li\ar a epoclia, donde devia coniecar o cxame; com loda a razao a principiou a conlar o A. da Mcmoria do prin- cipio do scculo Will ctm o reinado do scnhor D. Joao V. Foi, cm verdade, neslc tempo que fomccou a reslauracao da nossa litlera- tura, e consequcutenienle o csludo, efrequente licao dos livros francczcs. Scguiu-se depois essa cspantosa ailuviao dc escriptos bastardos, em que se acha desligurada a nativa formosura da lingua de Camties, e Yieira. Scndo porcni lac gcral, por desgraca, a adopcao de palavras novas, sem reconhecida neccssidade, uem gencro algum dc convc- niencia, que a juslitiquc, ha todavia escrupu- losos, que, pcccando pelo excesso opposto, sentenccam por vozcs novas, algumas, que tern ja scculos de antiguidade. Seriamos scbrcmancira diffusos, se nien- cionassemos todas as palavras, que, logrando ja ha muilo os foros de portuguczas, sao todavia taxadas dc mcnos casticas. Nao e porem maraviiha, que pessoas pouco versadas na leitura dc nossos elassicos rojeitcm, por cstranhas, tacs palavras, quando o pro- prio S. Luiz, com profundo conhccimento de nossos bonissinioscscriptores, condcmna, como novas e desauctorisadas, algumas, (|ue havc- mos por antigas, e dignas de reconimcndacao, deixando alias de inscrever no glossario outras, que, cm nosso conceilo, alii tinham mui digno cahimento. Notar a discordancia entre a opiniao d'este insignissimo critico, e a nossa, expondo os reparos, que nos icm suggerido o nosso cstudo, e 0 principal proposito, que tenios em vista iieste escripto. Bern conhecemos uosso pouco valor, para querer hombrear com o primeiro littcralo por- lugucz de nossos dias, e ainda nuiito menus para ampliar um trabalho, que so elle ouzou emprehender; afl'oulamo-nos todavia a puLiirir estas lucubracOcs, porque podcm, por \enti:ra, suscitar em qucm possua mor cabcdal de conhe- cimentos vontade de perfazer lao proficua obra, e, quando raais nao seja, damos, por cste niodo, um teslimunho solemnc do fcrvoroso dczcjo, que nos anima, de que a nossa lingua se restitua sua natural bclleza e formosura, desempccando-a dos alavios, e modes cstran- gciros, corn que, pretendendo arreial-a, lanto a tcm dcsligurado. A — Abstracao : Alstracao feita e gallicismo de construccao ; deve dizer-se : fazeiulo abslrac- cao, prescindivdo, ou abstrahindo de, etc. Adiado {Ajonrne): signilica rigorosamente (dia) pref.io, (dia) aprazado; no senlido de espaeado, Iransferido, e gallicismo desneces- sario, na opiniao d'um escriptor moderno; nao nos parcce todavia rasoavel a cxclusao de adia- do, nesta ultima accepcao, admittindo-se o verbo udiar, aprazar dia para ahjiima accBo, cuja Icgitimidade ningucm conlesla ; admittido 0 verho, e lorcoso adniittir o participio. Al'cres (A/f'aires) : vcm no Cancioneiro dc Rcscndc, scgundo Moracs. Fazeres, plural de fazer substantivado, acha-se cm Gil Vicente — Barca 1." « Porque cm todos teus fazeres per malicia nao arraste. » Affazeres ii vocabulo mui vulgar nao so na provincia de Entre Douro e Minho, mas nas duas Beiras. Argcm [Argent): no sentido de dinheiro (no nosso povo e usual a phrase chula de I'ar- gem) vcm no Cancioneiro fol. 158 v., e em Gil Vicente — Serra de Estrella: oArrenego cu do argem, que me vcm dar tormento.x Asccndente (Ascendant): no sentido de pre- dominio, superioridude, imperio, influenciu, e condcmnado pelo A. da Mcmoria, e per- mittido por um critico moderno, por se usar na lingua castclhana. Avalancba (Aealanche): «0 que seria, se a cruz redcmptora, rcunindo as rcliquias da ci\ilisafao roniana, nao apparecesse mais tarde, como unico dique possi\el, para suster essas avalanclias do harbaros, que dcspren- dcndo-se do norte, cahiram sobre o mundo romano ja cm ruinas?" Condcmnamos o uso d'este vocabulo, que na lingua Iranccza, d'onde um escriptor moderno o pretcndcu trazer a nossa, significa massa de neve, que rola das montanhas. Nada perderia a expressao da sua energia metapborica, e fallava com propric- dade se dicesse: » 0 que seria, se a cruz rederaptora, rcunindo as rcliquias da civilisa- cao roniana, nao apparecesse mais tarde, como unico dique possivel, para suster essas torren- tes de harbaros, que precipitando-se do norte, alagarum o mundo romano ja cm ruinas? » B — Blusa (Blouse) : E vocabulo muito usado nas traduccOes dos romances; rcputamol-o desnecessario. C — Carnagem (Carnage): no sentido de malanea e vocabulo reprovado pelo A. da Mcmoria ; achamol-o porem em Garcao — obras poeticas — Soneto XXXIV: Entao OS encalmados scgadores Lancam por terra os esquadroes vijosos : Da carnagem cruel nenhum se salva. 50 HoiTorosa carnmjem disse tami)cta Joao Pedro Riboiro nas siias rejlrroes historicax — parte 1. pag. I3i. Por carniraria exprimom pommiiniciilo os nossos classicos a idoa de matam-a, moitan- dade. Yioira — sennOes — torn. 2." — pag. 17;> diz: "Noincio dodestroro, ou carniruriii, ([iic ia fazendo a pcstc de David no iiial rontado povo de Israel. « De carnira, no mesmo .';en- tido deraatanra, iisnu Francisco de Sa de Me- nezes na eleijiu a morle do principe D. Joao : Fez Moyses, fez Samuel justa carnica. Em nossos antigos escriptores (arnagem signilicava provisao de carnes: « leita aguada, c carnai/em," diz Castanheda — kistoria do descobrimenlo, e conquisla da India — liv. 1. cap. III. Barrcs^rffc. Liv. 1. cap. II tarabem diz; « te tornar a Ilha das gracas pera I'azer sua carnagem. « Chanibre {Rohe de chambre\ : vestido caseiro, t'raldado ate abaixo dos joeibos. Ja vem em Moraes, e e vocabulo mui usado de Tolentino — ohras poelicas — torn. 1. — Soneto LIII. : Com bengala na mao, chambre tracado. E no memorial ao excellentissimo senhor D. Diogo de Noronba — pag. 117: Que cm longo chambre cmbrulhado. Antonio Diniz da Cruz e Silva tambem diz no seu poema — 0 Hijssope — Canto 1: A tempo, que de chambre, e de chinellas Pela comprida sala passeava. Cocar (Cocarde): E reprovado pelo A. da Meraoria o uso d'cstc vocabulo; porem Bernar- des emprcga-o na nova floresta — torn. 1. pag. 177 : «Da Africa as pennas dos Avestruz para OS cocares de piumas . . . » — -Diniz tambem usad'este vocabulo na Odea. Ileitor da Silveira — Anilistropbe 2: Ante OS muros de Pergamo guerreira Hcitor se aprcsentava: Treme o crespo cAcar sobre a viseira, Que OS ventos acoitava. Contintia. ' r. de GUSMAO. ESTUDOS PRELIMINARES DE BIOLOGIA. III. A Medicina it a physiolopia dos corpos organisados applicada a conserva^ao e restabelecimenlo da saude. (reil.) Sans Physioloffie, pas de iVledecine. giktrac. Grandes e mui vaiiosos sao os auxilios, que a pbysiologia presta a arte de curar. Depois que tomou o caracter de verdadeira seieucia, as ideas physiologicas dominanles nas divcrsas epochas teem servido de base aos diflercntes systenias patbologicos. Dando lli])[iocrates grande iniportancia a nnlurczn inedicutriz, a sua tiii'nipeutica era expecianle. on tcmlente a dirigir esta forca. Boe Syhio, sustenlando que lodos os aclos vitaes se roduzem a oporacoes cbimicas; que a efl'ervescencia dos bumores e sua fermenta- cao explicani as diversas funccoes; que os aii- mentos lermentam no estomago debaixo da inlluencia do sucro gastrico; que o succo pan- ireatico e a iiilis dao Ingar a uni novo trabalbo, a nni desinvolvimento de gazes, que niuito con- tribue para aperfeicoara digestao; quco movi- meiilo do sangue no coracao e devido a unia ef- f'ervescencia ahi produzida pelo enconlro d'um .sal volatil da bilis com um acido temperante da lympba; lancou as bases de um novo systenia pathologico c tberapeutico. Todas as molestias erao entao occasionadas pelos pro- ductos anormaes das divcrsas combinacoes, e OS preparados chimicos mais cnergicos admnistravam-se temerariamente com o lim de curar. A idea de explicar pela chimica os phe- nomenos dos seres organicos succedeu o iatro mechanismo, assim chamado porque se basea no principio de que o corpo e nma macbina animal. Para o seu estabelecimenio concorreu Descartes que explicava as secrecoes pelas di- versas formas de moleculas, e as funccoes de re- lacao por um movimento vibralorio, ([ue, susci- tado em os nervos pelas impressOes evteriores, c propagado a glandula pineal, se dirigia as (ibras do cerebro, onde deixava vestigios ma- teriaes. Nesta theoria physiologica os alimenlos introduzidos no estomago experimentani uma trituracao, que os reduz a particulas tenuis- simas; o apparelbo circniatorio c, conside- rado conio uma macbina bydraulica, reprcsen- tando 0 coracao uma bomba aspirante e pre- mente; o calor animal foi attribuido exclu- sivamcnle ao altrito dos globulos sanguineos entre si e contra as paredcs dos vasos que OS contem, e cbegou-se ate a calcular em 180:000 libras a forca contract!! do cora- cao 1 ! No tempo em que dominivam estas ideas 0 celebre Boerhaave explicava (|uasi fodos os symptomas das molestias si-gundo os prin- cipios da mechanica. Alteracao de cohesao da libra elementar, perturbacoes no movimento e ([ualidades dos liquidos, assim como a oblite- racao dos vasos, eis as unicas causas das molestias. Eraissoes sanguineas, e evacuantes de todas as especies eram empregadas como para diminuir a rigidez da libra, ou des- obstruir os vasos. StabI reconhecendo os abusos das oscholas cbimicas e mecanicas, deu grande impor- tancia ao ostudo dos phenomenos vitaes. Os 51 aelos vitaos tinham por causa um principio inU'lligenle c dolado J'uiiias inlluoncia seniprc bi'iielica. Este priiuipio era a alma. As doencas erani rcac<;oes salutares, e a niedicina ri'du- zia-se ao simples papel d'expectarao, papel algumas \ czcs hem ]>ernieioso, ]ioslo que noii- Iras scja o qiie se deve seguir. A csta seita segiiiu-se o solidismo, suslen- laudo que as molestias se davam unicamente nos solidos. Brown era uni graiide del'ensor d'estc systema: admittia no organisnio uma luiica propricdade a excilabilidade, em vir- tudc da ((ual os nossos orgaos respondeni aos esiimulos. A aecao dos incitanles snbrc a ONtilabilidade dos orgaos produz a vida. A propriedade da exeitabilidade era susceptivel so d'augmenlo e diniinuieao: o cxcesso de forea era a sthenia, o de fraqueza, ustlie- nia. As molestias per fraqueza eram as niais numerosas; e d'abi se seguia o abuse dos estimulanles. Brown nao dava imporlantia ao eslado local. Toda a afl'eccao era uma alteracao geral. Broussais em 1810 Janca as bases d'uma nova doutrina que denomina physiologica. Dii toda a iniportancia as lesOes materiaes, porque scgundo elle o principio vital jamais pode ser all'cctado ou alterado primarianiente. Esta doutriua mereceria mais o noma de anatomica ou organica. Broussais julga que todos os pbcnoraenos da vida depcndcm principalmente da irritabiiidade, que tern sua sede nos orgaos dos sentidos e nos tecidos. A existencia desse phenomeno, nao se manifesta senao debaixo da influencia dos irritantcs, e d'abi resulta a irrilacao. E necessario porem que os ir- rilantes acluem numa medida conveniente. Se I'orem mui fortes na sua accao determinam uni estado especial que Broussais chama par- ticularmente irritacau; So actuani mui I'raca- niente produzem a JebilidaJe, asthenia oit subir- ritacuo. Broussais partindo da idea de maior frequencia das molestias stbenicas dirigia a sua therapeutica seguudo eslcs principios. A doutrina de Broussais prestou grandes servieos a arte de curar; deu origem material a muitas molestias, e desviou a medicina do caminho puramente vitalista, que havia toma- do. 0 objecto, que deve prcnder todas as atten- cocs d'um medico practico, e a sciencia do diagnostico. Este e uma sciencia, que, como muito bem dizia Lnuiz, occupa o primeiro logar entre todas as paries da arte de curar, e e ao mcsmo tempo a mais util e a mais dif- ficil. Sem um diagnostico exacto e precise a practica e muitas vezes inliel. Medkus suf- ficiem ad morbum cognoscendum, sufficiens ad curaiidum, diz Baglivi. E a physiologia 6 que devemos recorrer para fazer um bom diagnos- tico. Os nossos orgaos podem manifestar os seus soffrimentos, por uma dor, por uma alteracao nas suas funccocs, ou em conscquencia das relacoes suiipalliicas com outros orgaos. A dor e uma modilicacao da seusibilidade; e neces- sario conbecer esta propriedade no estado do saude para avaliarmos as modilicacoes, que constiliiem o eslado morbido. Os nossos or- gaos nao sentem tcdos do niesmo modo, e necessario reconhecer o Ivpo, que Ibes e na- tural. Para avaliarmos cm queconsistem as altera- cOes d'uma qualquer lunccao e necessario conbecer o modo, por que o orgao entra em exercicio no estado de saude. Nem sempre as alteraeOes funccionaes se manifestam por phenomenos diretlos; e ne- cessario recorrer a observajao dos produ- ctos d'estas funccoes, ou a algum symptoma especial, que a perturbaijao da lunccao possa produzir. A pbysiologia leva-nos ao conhecimento da scnsibilidade propria de cada orgao, fornece- nos i'sclarecimentos sobre o exercicio dos orgaos e seus resultados, mostra-nos a sym- pathia que os liga, e por isso e mui util para 0 diagnostico. Se a agricultura considerada como sciencia. tern por base o conhecimento das condicoes da vida dos vcgetaes, da origem dos seus elementos, das fontes da sua alimentacao, os principios da physiologia vegetal serao sem duvida da maxima importancia, porque nos forneccrao os meios de obter n'uma certa e determinada area de terreno a maior somma de substancias alimentares destinadas ao ho- mem e aos animaes. A economia animal necessita de cerla por- cao de chlorureto de sodio, e isto tem dado logar a considerar como beneiica a influ- encia do sal marinho na alimentacao dos gados. As experiencias de Boussigault sao concludendes, e conlirmam as indicacoos theo- ricas. A physiologia presta tanibcm valiosos ser- vices a zoothechnia. Immensa e sem duvida alguma a importancia de boas racas d'animaes dcstinados aos nuiitos e variados uses da vida. Estas obteem-se pele crusamento d'individuos d'especies diflerentes; — idequcna porcao, em que lancamos acido sulphydrico. Segiiiiido com estc reagente o mesmo systema de compara- cao, vimos appareccr immedialanii'iile a cor amarello canario, e exaclamente similhante, itos dois liquidos da materia suspeita e do acido arsenioso; apparccendo tambcm imme- dialamente no liquido do tartarato de anti- monio e de potassa, uma cor avinhada ou antes d'um amarello avinliado. Estes li(]uidos, deixando sobrc o liltro nodoas amarelladas, sujeitiimol-as ao ammoniaco c acido chlorhy- drico; e, nao permiltindo a pequena porjao dc materia uma apreciacao hem dara dos caracteres dilTerenciaes enlre o arsenico e o antimonio, apenas podemos notar, que os trez residues, tratados separadamcnie por a(inelles dois rcagcntes, desappareciam do liltro; mas que este desapparecimcnto linha sido mais prompto com o ammoniaco no rcsiduo proce- dente da materia suspeita e do arsenico, e mais dcmorado com o acido chlorhydricO'; acontecendo o inverso ao residuo proveniente do tarlaro emetico. Os caracteres physicos das manchas, e ain- da as reaccoes chimicas, a que as sujeitamos, deixam diividas, se estas manchas seriam de arsenico ou de antimonio. E certo que nou- tras experiencias, que temos fcito com acido arsenioso e tartaro emetico, so eHi agua distillada, ou de mistura com materias ani- maes, nunca aehamos tanta confusao nos ca- racteres physicos das manchas, c no resulta- do das reaccoes, a que as sujeitamos nesta analyse, e isto nos fez lembrar, se nesta con- fusao, ou distinccao menos caractoristica, cn- tre as manchas do arsenico e as do antimo- nio, possa figurar o acido acetico do oxymel, OH algum ouiro principio de todo o medica- mento, d'um modo que a sciencia ainda nao tcnha determinado. A pezar de tudo isto, a distinccao physi- ca cntrc os anneis proveniontes da materia suspeita c os do antimonio, a par da simi- Ihanca dos primciros com os obtidos por ineio do acido arsenioso; a coherencia, que tambem se achou nas reaccoes chimicas, a que podemcs sujeitar os mesraos anncis; o rcsultado, que nos deu o unico reagente, que podemos empregar no liquido; e a ponderosa consideracao de que alguraas colheres da ma- 57 leria suspeita loram suflicienles para malar uin adulto, apena?; afl'eclado d'unia lii,'eira c'sqiiinencia, o l.ambi'in a sua mullicr, que se achava de perfeila saude: tudo isto iios Icvou a concluir que a nialoria suspeita se achava enveneiiada com arscnico, c em quaiUidade l)astante para produzir a morte por envene- iiameiUo, na dose de algumas collieres. Nao dei\aremos com ludo esla conclusao com toda a forca, (|ue Ihe dariamos. se as provas, cm que sc funda podessem reforcar-se com outros processos, a que nao podemos sujeitar a ma- teria suspeita, por se ter consumido toda, sem ao nienos Ihe podcrmos f,'uardar uma pe- (|uena porcao para scfiuuda analyse, que os triJHinacs ))oderiani cxigir. Coriliiiua. A. A. DA COSTA SIIVIOES. 0RGAM5ACA0 D IM ESTADELECIMENTO PE- CLAIUO NO DISTRICTO DE COIMBRA. «HIcins que dcrem cmpregar-se para o progressivn ■melliiiramcnlo da indvstria pcctiaria.n (Pro- prumma ila Assoc. Agric. 1." sercSo, 1." parte, 2.° quesito.) 0 meio, que mais efGcazmentc pode reali- sar 0 progressiva melhoramerUo da indnstria pecuaria, consiste em olferocer aos iavrado- res para a cohricao das femeas cruadciras os typos das raeihores racas d'aniniaes domcsti- cos. A cullura de prados artiliciaes, que I'or- necam ahundantc c variada base aiiuien- ticia, e neccssaria para a creacao dos ani- maes; porcm, em quanto a sua reproduccao nao (or convenientcmente aperfeicoada por meio do cruzamento e do caslicamento por seieccao, a produccao pecuaria nao podc prosperar. A utilidade d'um cstabelecimento pecuario, que reuuisse os typos das raeihores racas dos animacs domesticos, nao carece de ser de- monstrada ; porque e geraimente sabido, que sem pcrmanencia no cniprego dos modifica- dorcs, lanlo externos, conio inherentes aos animaes, nao e possivel niclhorar as suas dif- fercntes racas, c que a multiplicacao e mc- Ihoramentos dos animaes domesticos consti- tuem 0 elemento mais productive da riqueza agricola. Tambem nao sera precise inculcar a neces- sidade do rel'erido estabclecimeuto, por isso que de solicjo a nianil'esta o estado actual da nossa produccao pecuaria, que, dirigida ainda pelo systema pustorit, carece de com|)lcta re- forraa; e, ainda que o paiz olTereca excellcn- tes condicOes topographicas para a levar a effeito, todavia a accpiisicao dos animaes ne- eessarios para padreacao e niuito dispendiosa, e. nao cstii ao alcance da maior parte dos nossos lavradores. Bern conhcccmos que os apoucados reudi- mpntos dos municipios nao sao conipaliveis com a organisacao d'uma vasta e couiplctu pecuaria ; por isso, altendendo as exigen- cias da scicncia e as condicOes economi- cas, propomos somente a conipra d'aniniaes do sexo niasculino os mais necessaries para a reproduccao das raeihores racas: e preleri- mos ate distribuil-os por divcrsos lavradores, por ser raenos dispendioso, do que pensai-os li custa do cstabelecimento ' . Tambcra em attcncao a consideracoes cconoraicas julga- raos, que nao sera possivel fazer acquisicao dos typos respectivos a cada uraa das dilTe- rcntes especics d'animaesdomcsticos, e por issn recommendamos que se coraprcm em primeiro logar OS animaes monodactylos, que o lavra- dor tem maior difllculdade em obler. Todos cstes niotivos nos conduziram a ela- borar o seguinte projecto ])ara a organisacao d'um estabelecimento pecuario, que compre- hendesse uma eoUcccao d'aniniaes domesticos do sexo niasculino, e em numero sullicicnte para cohrirem as femeas creadeiras, pcrten- centes a este districto, com o lira de que os melhoramentos obtidos por este meio fosscm progressives. Projecto para a orrjanisacdo d'um estabeleci- mento pecuario no districto de Coimbra''-. Art. 1.° Crcar-sc-ha no districto dc Coim- bra um estabelecimento pecuario, destinado a aperfeicoar os animaes domesticos, e sera denomiuado pecuaria de Coimbra. §. 1.° Este estabelecimento deve possuir OS raeihores typos de todas as boas racas d'aniniaes domesticos, que tenham mais per- manencia na sua conformacao e qualidadcs. §. 2." A caudelaria, que coniprebende a parte da pecuaria relativa aos animaes mo- nodactylos, sera coniposta de trez garanhoes de tiro, dous normandos, e um hanovcriano; trez dc sella, urn arabe, ouiro anduluz e um outro inijlez (corredor) ; e dous jumentos, ura arabe, e outro, ou toscano ou castelltano, sendo alguni delles de mediana e o outro de grande estatura. §. 3.° Quando as circumstancias economi- cas 0 permittirem, o director do estabeleci- mento I'ara a proposta para a escolha dos ani- maes das outras especies doinesticas. §. 4.° Podeni augmentar-se o numero dos animaes de qualqucr das especies doniesticas, ' Na cntulelaria tie Bragan(;a sao os animaes pensadus pur coiila do estabek'Cimeulo, arrematando ella ou com- prando o pensn. ^ Tendo confeccionado este projecto por me haver sido encarregado em conferencia da 1.^ secrtlo da Associariio Agricola, e Dao tendo havido outra reuniao da referida seci;5o, residvi publieal-o por este modo. com o fira de chaniar a attenrao da Jiincla geral deste districto sobre ol>jeclo de tanta iraporlancia. 58 quando as nocossidadcs da reprodncyao pe- cuiiria do dislricto assim o exigircm. Art. i.° Hiivoni um director encarrogado de dirigir oste estahcU'ciraouto, de fazer aii- nualmcnte o sou orramcnto, e um relatorio do cslado de dcsiuvolvimcnto da industria pccuaria do dislricto, e de propor as medidas, que convcni adoptar para o seu progressivo sporfeiroamcnto. Art. 3." llaver;i um carlorario encarroga- do de toda a oscrii)luracao administrativa do cstiilielccimento c dos assentos genealogicos dos animaes, e de (luacsquor oulros que liic forcm ordenados polo director. g. unico. 0 carlorario sera o substituto do director nos sous impedimentos. Art. 4.° llavcra um thesoureiro encarro- gado de guardar, recebcr e dispendcr os I'un- dos do estabelecimento na conformidade das ordeus processadas i>clo cartorario, e assigna- das pclo director, e nos impedimentos d'estc, pelo presidcnte da camara de Coirabra. §. 1.° 0 tbesoureiro fara todos os annos uma conta corrente da receita e despeza do estabelecimento, que lemetlera ao director para .'•er presente ii Juncta geral do districto ate ao fim de_dczcml)ro. §. 2.° Prestara lianca legal d'uma quantia correspondcnte ao numcrario por que tern de ser responsavel. §. 3.° 0 seu livro de receita e despeza sera rubricado pelo director. Art. Ei." Ilavera os alumadores necessaries para o service do estabelecimento, os quaes, alem das obrigacoes que Ibcs sao proprias, farao todo o mais servico que Ihes for ordenado pelo director. Art. 6.° A Juncta geral do districto, de- pois de approvar o orcamento das despezas do estabelecimento pecuario, fara uma dcr- rama da importancia d'estas por todas as ca- niaras, na razao do niaior proveito, que cada municipio possa tirar da industria pecuaria, e fara cntrar oste rcndiraento no cofre do estabelecimento ate ao 1." de Janeiro de cada anno '. Art. 7.° Eda competencia da Jancta geral do districto: 1.° nomear o director, o carto- rario e o tbesoureiro da pecuaria de Coimbra: 2.° tomar contas a este ultimo: 3.° approvar OS regulamenlos propostos pelo director: 4.° rstabelecor as posturas, que julgar conveni- entes para o desinvolviniento da industria pecuaria, tomando em consideracao as re- flexoes. que o director apresenlar nos seus rclatorios: 8.° auctorizar e niandar fazer as compras dos animaes, ouvindo o pareeer do director. Art. 8.° Ascamarasmunieipaes, cadauma no seu municipio, incumbe: 1.° fiscalisar o l)om tractamento dos animaes e a inteira ' A juncta peral do districto tie Bra^antja, arbitrou .tOOj^OOO reie annuaes jiara despezas da sua caudclaria. exccucao do regularacnto da pecuaria : 2." propor a Juncta geral do dislricto as pro- vidcncias que julgarem necessarias para pro- mover 0 mcHioramento dos animaes domesti- cos. Art. 9.° Os animaes serao distribuidos pe- las localidades, que Ihes forem mais apropria- das, c em que liouverem de ser empregados no servico da cobricao. Art. 10.° Aspessoas, quequizcremsuslen- tar (lualquerdos animaes, nao tendo bens de raiz, darao uma lianca cgual ao vator dos animaes. S. 1.° Serao preferidos OS lavradores, que tiverem de sua lavra forragens e cercaes para OS sustentar. §. 2.° Por proposta do director, approvada no conselho de districto, se poderii dar uma gratilicacao a quem sustentar qualquer animal, (piando nao bouver quem o pense pelo servico ou rendimento que elle produzir. Art. 11." A camara da localidade, em que houverem dc residir um ou mais animaes da pecuaria, fara uma lista triplice dos pcrten- dentes que os querem ter, c iuformara o direc- tor, cm carta conlidencial, a cerca das van- lagens e iuconvenientes dc cada um dos prc- tendcntes. Art. 12.° 0 director delerminara o local, em (lue deve residir cada animal, e nomeara d'entre as pessoas designadas pela camara a que 0 deve ter. §. unico. Esta pessoa nao jiodera ser mcra- bro da camara, nem empregado da pecuaria, nem o administrador do concelbo. Art. 13.° As pessoas, a quem fur conllado quahiuer animal, sao obrigadas: 1." a pen- sal-o e educal-o conforme as determinacoes do regulamento da pecuaria: 2." a ter os animaes cm disponibilidade para o servico, que elles houverem de fazer nas epochas da cobricao: 3." a leval-os a inspeccao do director dc trez cm trez mezes, ou quando cxtraor- dinariamente cllc o ordenar. Art. 14." As pessoas, a quem for confiado um animal, poderao empregal-o no seu servico e ulilisar-se do seu rendimento, no que for compalivel com as disposicoes dos regulamen- los do estabelecimento pecuario. §. unico. Nao sao obrigados a sustentar o animal, (juando elle, por niotivo de servico da cobricao, estiver fora da sua localidade na distancia de mais de 2 leguas. Entao fica a sua snstcntacao a cargo do municipio onde elle residir. Art. lii.° Todo e qualquer individuo, que pagar contribuicoes neste districto, tern direito a exigir gratuitamente cobricao para as femeas creadeiras, que elle possuir '. * Na caudclaria de Bragant^a paga-se j>or cada femea 1^920, e 2i0 rei.* ao alumador. Sao rejeitadas as egiias que tcm menos dc 51 pol- legadas. §. 1.° Todo 0 individuo, qao nao estiver nas circurastancias d'este arligo, pagara por rada fcmea a quantia determinada no regula- mento; e se illudir esla disposicao, obtendo indevidainente que as suas femcas creadeiras sejam cobcrtas gratuitamente, pagara o dobro, sendo nittade para queni o denuiiciar . §. 2.° Todo cstc rendimento entrara no col're da pecuaria. Coinibra 9 d'abril de ISSa. M. P. ESTUDOS PIIILOLOGICOS. I. Glossario das palavras e phrases da lingua fran- ceza, que por deacuido, ignorancia, ou necessi- dade se tern introduzidu na locucao purtugucza modcrna, com o juizo crilico das que sao ado- plareis nella. Por D. Fr. Francisco de S. Luiz. Continuado de pag. 50'. Compor(ar-se (.?e comporler). Na accepcao de nunleriir-se, ser so/frido, occorre cm Gil Vicente na tragicomedia — Serra da Eslrella:» E cada um se eomporte, dando gracas infiuitas a Deus. » Na accepcao de proceder nao tem auctoridade classica cm nosso idioma, segundo observa o A. da Memoria; neste sentido o emprega todavia o capitao Manoe! dc Sousa na sua traduccao da Ilistoria de Theodosio o yrande (hisloire de Tbcodose le grand — Par Monsieur Fliichier) — Liv. 1, n.° 63: " ultima- mente se comportava com tanta prudencia e moderacao, que parecia, que Fritigorne era um principe romano, eValente um barbaro.D 0 crudito A. da traduccao da Biblia em i.° — torn. 3.° pag. lOo, tarabem usou d'este vocabulo no mesmo sentido. Confeccao — Coufeccionar [Confection — con- fectioner). E frequente o uso d'cstas palavras no sentido de composicdo, organisacdo, fazer, compdr. Em documento cxpedido por urn tribunal respeitavel se le: «Torna-se cada vez mais urgente a confeccao do rcgnlamento dos lyceus. » E galiicismo desnecessario, e inadmissivel. Consignar [Consigner). No sentido de contar referir, mencionar, registrar, determinar, d galiicismo imperdoavel, e todavia nuii fre- ([uente. Conlra-senso [Contre-sens). Isto c, par- voice, necedade, desarresoamento, desproposito, etc. e galiicismo desnecessario. Costume [Costume). No sentido de vestido, habito, ou traje, e reprovado pelo A. da Memoria; usou porem d'este vocabulo, nesta accepcao, Antonio de Souza de Macedo na sua obra — Eva e Ace — parte primeira — cap. XIII — n.° 7. oHeliogabalos querem hoje ser quasi todos OS homens, gastam mais que elle a proporjam da possibilidade de cada um; muitos mais gastam so em vestidos do que tem de renda, no mais se sustentam com tracas, que nao sao para envpjar. Ninguem accitara hoje a merce, que Deus fez aos Israelitas nos qua- renta annos que andaram no deserlo, e aos sete niocos sanctos, que chamanios dormentes nos 373 annos (ou perto de 200 segundo outros authores), que estiveram em unia cova, nao se rompendo a uns, nem a outros o vestido, e caicado cm todos aquelles tempos. Todos querem costumes novos, peto menos cada anno. >i 0 Chantre d'Evora, 3fanoel Sererim de Faria, tambem usou d'este vocabulo no sen- tido de trnjo, hahito, no seu discuno lY. sobre a origem, e grande antiguidade das vestes, que vsa por habito ecclesiastico o clero de Por- tugal [varios discursos politicos — Tom. Ill, pag. 103 niih.): cEste grande zelo, que boje resplandece no senhor Cardeal Infante D. Fernando, e mui justo, que seja imitado de todos os pre- lados de Portugal; pois lloreceu tanto em seus antecessores, que nunca permittiram aos seus clerigos alterarem alguma cousa nos costumes ecclesrasticos antigos. E sendo notados todos OS Portugnezes de mudarera com facilidade 0 trajo, e de serem mais affeicoados ao es- trangeiro, que ao proprio, comtudo a vigi- lancia, e sancto zelo dos Bispos fez perraanecer sempre nos clerigos Portuguezes um mesmo costume, des da primitiva Igreja ate gora, conservando por tanlos seculos o habito que rccebcram da Egreja Itomana. » Cotisar [Cotiser). Repartir o que a cada um corresponde ; entrar por cabeca cm gasto voluntario; e galiicismo admissivel na opiniao d'um critico moderno, por nao haver palavra, que exprima esta idea, e por ter analogia em quota. A nos parece-nos desnecessario; porque temos fintar e fintar-se, contribuir de raotu proprio, cspontaneamente; v. gr. « alguns patriotas sc lintaram para desafroutareni a na- cao, crigindo-Ihe um monumento (Moraes). » E tenios, alem d'esta palavra, uma e.xpres- sao classica: entrar ao escote, dc que, entrc outros, usou Sa de Miranda — Yilhalpandos — acto 3.", scena 3." « pois havemos de entrar ao escote. » D — Debutar [Debuter): e frequente o uso d'este verbo, para desigoar a primeira re- presentacao d'um actor no theatre; acha- niol-o desnecessario, e inadmissivel; porque tcmos estrear-se; e podemos por outros modos cxpor esta idea, v. gr. encetar a vida de actor, appurecer pela primeira ff: na scena, etc. Desapontado [Desappointe) : com a signi- ficacao de cnganado, logrado, frustrado em suas vistas ou dezejos, surprehendido, e gal- iicismo injustiticavel. 60 Diogo Bcrnardes Descspcro {Dcsespoir): eslar ao, ou em desespero (rlre au dexespoir), em vez dc cstar incomolavd, (i gallirismo frrosseiro. £ — Eiitrelcnimunlo {£iilre[enement): com n siguiticavrio Jo cuidado, dcspeza, para con- servar algiima cousa cm ])Oiii eslado; de con- versarau, ivnfcrenciu, (i gallicisnio esciisado. F — Faiiado {Fane): fum a sigiiilicacao de inurcfiaJo, munlio, que pcrdeu a fnwcura, e gallicibino desiicccssario. Favorilo [Fuiiori): iiao condemua o A. da Memori'a esle vocabiilo, visto que torn a seu favor a aiuloridade de Jorge Ferrcira na Com. Ulisip. (Moracs); acoiisellia porem, que nos nao esquecaraos absohitamenlc dos iiossos hons vocabulos miinoso, favorecido, aceito, valido, etc. E sendo os excmplos o luais adequado mcio de conlirmar esta doiilrina, porqiie os oiuiltiu o A. da Meinoria, titarc- mos algiins, que vem mui a proposito, c seja 0 primeiro de Fr. Luiz de Sousa — Vida do Arcebispo — Liv. lY. cap. XXX: « Por(iue quantos mais feitios fazia o muiulo polo ale- vanlar em liouras, rendas, e eslado, lazeiido- 0 mimoso dos Papas, facorecido dos Ilcis e Priiicipes, estimado c reverenciado do j)ovo ; tanto mais, etc. » — E Doulra parte — Liv. V. cap. U: ic Entrando pola cella foi logo conliecido do Arcebispo, que era dos seus nceilos, c disse-lhc, etc. »- — Lima — pag. 242 disse: Dc Lusitania as miisas mais formosas Vos dcvoni, a la! eonia, eteriio canto: Que sera, so ile vos forem mimosas? Caraocs, fallando de D. Sancho II, disse: Dc govcrnar o rcino, que oulro pedc, Per causa dos privados foi piivado. (Lus. I.I. 91\ E Bocage — Aren^o e Argira — ; So c(uniielc cssa gloria aos meus mimosas, So all, meu vatido, a ti somenle. Fraque {Fruc ou Fraque): nao se acha este vocabulo no diccionario de Moraes (Terceira cdicao), usa porem d'elle Tolentino — Obrus pneticas — Siityra — os amantes : Busca alpum novel basbaque, Que ])or pohro nao sahia, Mas ja niellc o bairro a saquc, Dcpois que engenhosa tia Lhe armou dc uma saia um fraque. Fuzil {Fu.sil): E vocabulo jiistamenle re- provado jielo A. da Mcmoria no sentido de cspinfjurdu; usou porem d'elle Tolentino — Obras poelieas — Soneto XXVIII: Que tcm que ver fuzil, que nao mala. G — Gaiopim (Galopiii). Nao vem no dic- cionario de Moraes (terceira cdicao) este vo- cabulo, dc que usa Tolentino — Obras poetieas — memorial a Sua Altcza: Antes que cntre vis scquazts, Sendo viclima irrisoria De mil galupins xorazes, Em Idgnrde palmatcjria, Dc co'bordao nos rapazcs. L — Languir {Laiujuir): nao sc aclia no diccionario de .Moraes (terceira cdicao), que traz Inntjne derivado dc languir, que nao se usa (dizcllel); vem do I'rancez /(»ir/iu>, ou primitivamente de lanf/ncrc: umore lanyueo, (liz a esposa dos cantores. Tcm boas auclori- dades cm pocsia; alem da citada pelo A. da mcmoria, ha a de El|)ino Nanacriense — Tom. Ill, pag. 203: Ti'isle languia O dcus d'amor. AH'euo Cyntiiio iDomir.sos Maxiniiano Tor- res) lambem diz no i;oneto LX: Languc a Uislc em esleril rocha alpina. E Francisco Manocl — Tom. XI — pag. 8S: Deita a vista sagaz c carraneuda Aos ermos, ondc lanijuc o pal.'idina. J\I — -.Merccer: Merccer bem do paiz em lo- gar de ser, fuzer-se bcnemerilo da putria, e gallicismo desnecessario. Mobilisar [Mobiliser): Mobilisar o exercito e exjiressao, hoje cm dia, mui usada; nao nos parece porem necessaria; pode dizer-se: por 0 exercito cm pe de ijuerra, chumar as armas a reserva, reunir os soldados licencia- dos, completar a exercito, etc. Montar {Monler): Montado (Monte): Em escripto mui conliecido achamos a seguinte [)lirase: «Aeschola nao esta, ncm nuncaesteve montada para esludos Iranscendentes. » E um gallicismo intoleravel; deveria dizer: «A es- cliola nao foi constituida para estudos Irans- cendentes, nem hoje cm dia, por falta de organisacao adequada, pode entregar-se a dies. „ 0 — Obsoleto i Obsolete : Antiquado, des- ii.vr/(/o. Este vocabulo falla no diccionario de Moraes ^ terceira cdicao i, tern comtudo boa origcm no latim obsoletus, e pode admittir-se na lingua. P — Palpitante {Palpitant): Palpilante de inlcresse, em logar de muito intere.ssante, de f/raiidc momento, de (jrande tomo, de snmma iinporlancia, c gallicismo grossciro. Partido: Tirar parlido em vcz de tirar proveito, aproveitar-se, 6 gallicismo inadimis- sivcl. Pedante (Pedant): Moraes niio abona o uso d'estc vocabulo com a devida auctoridade; emprcgou-o porem Garcao na sua bem conhe- cida salyra II : Vejo Pedantes Trepados cm cadeiras, dcscompondo etc. CI Percorrer. Bern que se nao ache no dic- cionario de Moraes (terceira edicao), tern com- tudo a seu favor uma auctoridado respoitavel. Leonel da Costa iia vida dc Tcrentio, que verteu emportuguez, c poz a frentc dequatro comedias d'csteauctor, diz: « scndo (Terencio) convidado, que se sentasse a ella (meza), ceou juntamente com elle : e, acabada a cea, foi percorrcndu pclas niais (comedias) nao sem grande admiracao de Cerio. » Precoee [Prkoce). Fructo precoce, cresci- mento precoce, prazeres precoces, se escrevc por ahi commumente. Posto que muito usada, achamos desnecessaria csta palavra, porque temos prematuro, tempordo, antecipado. Sousa — Anays de D. JoCio III — Liv. III. cap. YII. pag. 14'J diz: « Foy se o cativo mais rico de baiTCtes que dc companiieyros, mas alegrc polla liberdade que lao tempordo alcancara. " E noutro logar da mesma obra — Liv. 1. cap. III. m- br,i Allnra barome- trica 0 0." da fs- cata cenligrada TenFao do va- por contido no ar. Pressiio do ar SfCCO (irull d'linnii- dade doar, r<-'- presenUndo por 1 o ealadi) de salurai^iio QuimiJadc Je va- por coDtiJo em Mm metro cubico d'ar. Dias Gfiius IMillimetros Millinietros Millimelros Grammas. 1 15,3 759,623 11,407 748,216 0,87 11,466 s. 2 16 756,331 10,159 746,179 0,75 10,187 s. 3 16,5 758,428 10,339 748,089 0,74 10,356 o. 4 15,5 758,352 9,173 749,174 0,70 9,225 SE. 5 15 757,377 8,254 749,123 0,65 8,311 E. 6 15,5 756,920 7,998 748,922 0,61 8,039 E. 7 14 756,823 6,668 750,155 0,56 7.047 E. 8 14,5 756,745 6,395 750,350 0,52 6,451 E. 9 14 754,375 6,787 747,588 0,57 6,847 S. 10 13,5 758,123 5,880 752,243 0,51 5,952 E. 11 12,5 760,488 5,294 755,194 0,49 5,377 E. 12 12,5 760,125 6,050 754,075 0,36 6,145 S. 13 12,5 758,382 7,779 750,603 0,72 7,901 S. 14 12 755,456 8,679 746,777 0,83 8,831 s. 15 12 754,875 8,888 745,907 0,85 9,043 s. 16 12,5 740,412 9,183 731,229 0,85 9,327 o. 17 12,5 746,753 9,832 736,921 0,91 9,985 o. 18 12 750,571 9,097 741,474 0,87 9,240 N. 19 11,5 743,436 9,007 739,429 0,89 9,181 s. SO 10,5 749,046 7,295 741,751 0,77 7,456 N. 21 8,5 749,808 5,887 743,921 0,71 6,065 E. 22 8,5 750,316 6,052 744,264 0,73 6,235 S. 23 10,5 736,600 8,432 728,108 0,89 8,618 o. 21 9,5 748,257 7,978 740,279 0,90 8,189 s. 25 9 744,728 7,802 730,926 0,91 8,023 s. 26 9 750,062 7,545 742,517 0,U8 7,758 o. 27 8 748,792 7,376 741,416 0,92 7,612 N. 28 9,5 759,324 7,535 751,789 0,85 7,735 N. 29 8° 763,270 6,975 756.295 0,87 7,198 S. 30 9° 761,572 7,802 753,770 0,91 8,023 S. media > do mez \ 12" 753,679 7,918 0,76 B Te uperatura PressSo almospherica Gran d^humidade do ar o n E Ma lima absol. . 16°, 5 . . 8° mm Maxima absol. . , . 763,270 Minima - . 736 600 Maxima absol 0 92 Minima 0 49 Maxima variaruo 8°, 5 Maxima excuri;ao . . 26,670 Maxima raria^So .... 0,43 2« Coiin bra 1." de Dezembro de 18. •4. Antonio Sanche$ GoulSo, Direct or do Gabinete de Physica. ® Jnj0ititttt0) JORNAL SCIENTIIICO E LITTERARIO. mmm superior de mimM PisufA. RELATORIO AN\IAL. 1849—1850. Continuado dc pag. 44. PARTE 3." Fnstrucrao secundaria. E.sita instruccao, de que nao podeni dispen- sar-se os horaens, que oocupam os priraeiros logares da sociedade, ou que abraram profis- soes livres d'uma ordem mais elevada, com- poe-sc dos principios da razao , e do gosto, do conheciraento das linguas sabias, da histo- rra, da litteratura nacional, e das sciencias exactas c naturacs, applicadas asartes; o seu cstudo varia neccssariamente, segundo o pro- gresso da civilisacao. Na sua actual organisarao, comprcliondc os lycous e cscholas annexas; as cscholas parti- culares, e as eschoias d'instrucrao e.special. Nao contando o lyceu de Viana do Castcl- lo, cuja organisacao o conselho entende ser, por ora, desnecessaria, fiinccionaram no anno Icclivo iindo, conipletamentc, ou em parte, lodos OS lyceus do continente, collocados em edilicios publinos, a cxcepcao dos d'Aveiro, )!eja, Castello-Branco, Guarda c Villa-Real. Estao vagas nos mesnios lyceus as cadciras : a.' c 6.' no d'Aveiro; 1.' e 2.' no de Beja ; a de grego no de Braga ; 3.' e 4." do de Bra- ganca ; 3.' no de Casteilo-Bianco: 3."nosde Santarem e Villa Real. Acham-se a concurso a subslituirao de francez e inglez, no de Coirabra ; a 1 .' c francez c inglez no d'Evora ; 3." e 4." nos da Guarda, Faro, Leiria, e Portalegre; e as substituicoes das 4.", e das 5." e 6.", no de Lisboa. Estao reservadas as 5." e 6." de Beja, e a 6.* da Guarda. 0 numero das eschoias annexas aos lyceus e actualraente no continente 81, das quaes 74 sao destinadas ao ensino da lingua latina ; 8." ao de theologia moral e dogmatica; e 1.' ao de philosophia racional e moral, arithme- lica e geometria. 0 numero das eschoias anne.xas nas ilhas e de 11. No anno leclivo de 1848 a 1849 forara frequentadas por 2:886 alumnos. Vol. IV. Jw:^no 15 Os lyceus c eschoias annexas do continente foram frequentadas por 2:780 alumnos se- gundo consla dos relatorios c mappas entra- (los na secretaria d'este conselho superior (Mappa n ° 7 e 8). A ppzar das cnnlinuadas diligeneias do conselho, c das suas representacoes ao govcr- no de V. M. sobre este objecto, nao tem sido possivel conseguir-se, que todos os' pro- fessores particulares d'instruccao secundaria, se habilitem na conformidade das leis; nem mesmo que os poucos habilitados d^cm con- tas do numero e approveitamenlo dos seus discipulos. Os unices delegados do conselho, que teni empregado louvaveis esforcos ncste sentido, sao os commissarios dos estudos d'Evora, e Faro, e o governador civil do districto do Porto. Em quanto se nao obtiverem os mappas dos alumnos, que frequentaram as eschoias particulares, cujo numero e sem duvida mui- to superior ao dos que frequentam as piibli- cas, faltam os dados necessarios, para nelles asscntar a eslatistica actual, e comparativa d'esta parte da instruccio. Todas as cadeiras dos lyceus e eschola> annexas no continente e ilhas, sao pagas pelo the.'iouro; existe apenas em exercicio uma cadeira de latim em Fronteira paga por Ifga- do, e uma sera exercicio em Moncao. Quanto ao merito dos prol'essores empre- gados nesta parte do cnsino, pode o conse- lho, pelas informacoes que tem chegado a(v seu conhecinienlo, annunciar a V. M., que sao todos, salvas pequeuas excepcoes, dotados de quaiidades raoraes e litterarias, que se exigem para o desenipenho de tao importan- tes cargos procurando satisfazer a honrosa missao, que na sociedade Ihe csta conGada. Dos relatorios, que ao conselho tem chega- gado, deprehende-se porem, que o approvei- tamenlo dos alumnos nao corresponde ao zelo dos professores, e que diminue a frequen- cia dos lyceus. No relatorio geral d'este conselho, dirigido a Y. M. no anno preterito, teve o mesmo conselho a honra de expor a V. M., as prin- cipaes causas, a que julga devido este estado pouco .satisfactorio ; e d'apontar, ao mesmo tempo, alguns remedies que muito concorre- rao para mclhoral-o. E foi por isso que o -1853. NtM. 6. ()« racsmo fonsi'Ih;) \i.u. am a mtrior .sartJisfw- rao, altendidus, mi portaiia circular 3o nii- iii'>lerio dos ncgocios crclcsiasticos edcjiistica de io dv septcmbro uUimo, as suas rcllexOcs sobre as habilitacoes lilli'rarias, que devem exigir-se aos sujcitos que so dcsliuam as I'unc- coes sacerdotaes; dcterminando-se na cilada porlaria que cm nonhunia das dioceses do coiitincnte c ilbas scja admittido a ordcns sacras ordinaiido algum, scm nioslrar liabili- tafao nos esludos de lalini, rhcloiica, e pbi- losophia racional c moral, por exame c appro- va);ao nos lyceus. K instruccao secundaria nao precisa dc niais estudos classicos, do que actualnionte tern ; e nccessario porem que cstes se loruem mcnos superliciaes. Tenciona o conselho in- troduzir no regulaniento dos lyceus, ((ue bre- vemcnle espcra levar a approvacao de V, M., practicas saudaveis que reguleni a ordcm nesles estudos; os quaes lioje se fazem, pela raaior parte com ^jrecipitacao. Todavia c de conveniencia crcar-se, no lyceu nacional de Coinibra, a cadeira d'arithmetica c geometria, e priraeiras Nocoes d'Algebra ate as cqiiarfies do 2." grau, nao so para complemenlo do curso d'aquelle lyceu, mas tambcm para sercra obrigados a sua frequencia, e exames, todos OS aJuninos que sc destinarem a froquentar 05 estudos superiorcs da universidade. As razoes que se allegam na consulta, que este consellio faz subir ii presenca de V. M.. com 0 projecto de lei para a creacao d'um curso de scienc'as economicas c adniinistra- livas, parecem attendiveis, e com a creacao da referida cadeira, se satisfara as conve- niencias do ensino, que tem sido por tantas vezes levadas ao conhecimeulo do governo de V. M., pelo prelado da universidade, (|ue c tarabem o rcitor d'aquelle estabcleciracnto. 0 conselho conhece lanibem a necessidade dc ir dilatando a csphcra do ensino secun- dario, e ensaiando, onde mais reclamados foreni, os estudos economicos e industriaes. iSeste sentido, tenciona f;izer algumas pro- postas ao governo de V. M., a (im de ir ■cncetando esle caminho, seni grande despeza do Ihesouro, em benelicio das classes opera- rias, conforme a idfia suscitada no rclatorio do anno passado. Como 0 governo dc V. M., p6dc, pelo art. 06 do decreto de 20 de septembro do 1844, cstabelccer cadeiras de latim nas 120 povoa- cOes raaiores, distantes das capilaes dos dislri- ctos; 0 conselho para salisfazer a um grande numero de rcquerimentos de diversas cama- ras niunicipaes pedindo aquellas cadeiras, forniou sobre as informacoes que pode obter dos sous delcgados, o piano da sua dislri- huicao, que ja subnietteu .-i consideracao dc V. M. Neste piano porem nao comprchendeu todas as 120, de que tracta o citado art. do decrelo de 20 dc septpmbro de 1844, porque a disptisicuo d'elle t permissiva, e nao obri- galoria ; e a concenlrafSo dos estudos do ensi- no secundario nos lyceus, e mais provcitosa, do (juc a miilliplicavao de cadeiras fora do"; iiiesnuis lyceus; principalnii'nte nao havcndo esperanca de serem freiiu(tntadas, c exigindo 0 estado do thesouro a nvaior cconomia. Ainda que o conselho ja declarou a V. M., (Hie julgava por conveniente sobre-estar na organisacao do lyceu de Yiana do Castello, com lodas as cadeiras, (pie cxigc no seu rclatorio o govcrnador civil d'aquelle distri- cto ; com tudo nao duvida instar para que, resiiiuindo a fazenda piibliea os bons que portenceram aos exlinctos Nerys, bens que se acham onerados cum um legado, que os obri- gava a sustentar aulas de latim, e outras disciplinas, possa o mesmo conselho fazcr prover as cadeiras dc grammatica latina e de logica da villa de Moncao, dando d'esta forma a cste districto, mais instrucciXo secun- daria, do que actualmente tem. Tendo a camara municipal do districto d'Angra do Ileroismo supplicado a V. M. a graca'da creacao d'uraa cadeira de nautica, foi 0 conselho superior encarregado de for- mar um projecto de lei auctorisando aquella creacao, a fim de ser apresentado as came- ras legislatives; c tendo o niesmo conselho ouvido sobre este objecto a seccao de malhe- matica da academia polytechnica do Porto, organisou sobre o programma cnviado pela mesma seccao, o referido projecto de lei, que acompanliou a sua consulta de 19 de feve- reiro do corrcnte anno. Finalmente o conselho tem feito quanto. cahe nas suas forcas, para que a instrucfao secundaria chegue ao estado de dilTusao e perfeicao, a que deseja vel-a elevada. A instruccao secundaria custou ao thesoura 62:221^10. PARTE 4.' Instruccao especial. A academia de bellas artes de Lisboa I'oi frequentada em todas as suas aulas no anno lectivo de 1848 — 1849 por21S alumnos, c no 1849—1850 somente por 250 (Mappa n." 9), 0 governo de V. M., cm consequencia d'uma consulta d'estc conselho superior, ja .se acha auctorisado para mandar comprar em Roma, uraa colleccao dos melhores modclos em gesso, das estatuas e bustos antigos, a qual bavia sido pela academia justamente requisitada. A mesuia academia pedc no seu rclatorio de 24 de septembro do anno preterito, ela- borado sobre os artigos 2, 3 c 4, §. 5 da portaria de 10 d'agoslo do mesmo anno, que, na conformidade da portaria de 21 d'agosto de 1847, Ihe scja restituida a parte do esla- belecimento, que se acha ainda occupada por 67 dous corpos railitarcs, a Oni de. que possa cumprir o que deve, na parte que respeita a scssao e a cxposiflo piiblica, que, ha dois triennios, tern deixado de celohrar, e para a qual tern preparado, e continua a elahoiar varias producfOes. Expoe a falla d'um rc- gulamenlo especial para os artistas a;;{;rcga- dos, conio meio de atalhar coiitliclos, c pro- curar o soccgo, e regularidado que dove rci- nar cm cstabelecimoiito d'esta naturcza; sen- do necessario delinir as abrigacoes d'aquclles cmpregados. Propoe varias providoncias que vinliam, pela maior jiarfe iiicluidas no projeclo de reforma dos estatutos, sobre tuja utilidadc o neccssidade V. M. foi scrvida mandar, por portaria do ministerio doreino, de 13 d'abril de 1849, que o conselbo superior consultasse 0 que se Ihe on'erecesse; c o mesnio conselbo em consulta do 1.° de marco, que levou a augusta presenca de V. M., eniitliu a sua opiniao, que agora confirma. 0 orjaraento d'esta academia no anno eco- nomico de 18i9 a 1850 importou era reis 12:163^530. A academia Portuense de bellas artes em 1848 a 1849 tevc 109 aluninos, e no anno lectivo (indo 90 (Mappa n." 9). A mesma aca- demia em officio de 13 de novembro de 1849, baseado sobre os arlt- 2, 3 e 4, §. 5 da portaria de 10 d'agosto do referido anno, pondera: 1.° Que nao tendo a caniara municipal do Porto satisfcilo a,o conlratlo, que lizcra com o governo de V. M., de construir urn ediii- cio em parte da cSrca do extincto convento de Sanclo Antonio da mesma eidade, com a capacidade sufficiente para todas as aulas da referida academia, e mostrando depois a ex- perieneia os grandes inconvenientes, que occasionaria aquelle local, por sua excentrici- dade e humidade, Ihe seja concedida a cerca do extincto convento dos Carmelitas descal- 50S, cujo local saUsfaria a todas as condifoes essenciaes a um estabelecimenlo d'esta na- tureza: 2.° que quando nao seja possivel levar a effeito um tal projecto, e d'absoluta neccssidade a construccao das sallas precisas para as aulas noclurnas, ordenadas pela lei da academia; visto ser um dos objectos prin- cipaes da mesma lei, appJicar 0 estudo das bellas artes a practica das artes fabris ; assini como a construccao d'uma aula do mi: 3." que e precise prover a academia de estampas historiadas, de bons gAssos, de livros classicos de bellas artes, e de quanto com ellas tem relacao immediata: 4." que para occorrer a estas precisoes bastaria a quanlia de l:000p00: 5.° finalmente que sendo as au- las a grandes distancias umas de manha, outras de larde, e algumas de noito, e neces- sario mais um guarda. 0 conselbo superior confia era que 0 go- Tcrno de V. M., nao perdera de vista 0 auginento c pro>pcridade do estabeiecimento de bellas artes da segunda eidade do reino, mas nao se confornia com a indicafao da ccrca dos extinctos Carmelitas descalcos para a constriKcfio do cdilicio da referida acade- mia, no caso de a camara municipal haver de reulisar 0 seu contratto; porque V. M. ja se dignou destiuar aquclla cerca, para o horto bolanico da acadcuiia polytrclinica , que d'clle tanto carece, e lao perto Ihe lira. Jit foram presenles a esto cousclho os rela- torios da bii)liothcca nacional de Lisboa, e das bibliothecas de Braga, Evora e Porto. A hihiiolhi'ca nacional de Lisboa vai au- gmcnlaudo o nuniero dos seus volumes, nao so com OS subsidies do governo, mas tambeni com ofl'crtas particulares. Tem actualmenlc 95:149 volumes. Foram adquirida.s no anno de 1849 — obras 345, volumes 483. Os catalo- gos sao manuscriptos; so 0 das Biblias e 0 das obras paleolypicas das collecfocs Bodo- niana, Elzeveriana, c d'outras obras magi- straes, foram inipressos no rclatorio da refe- rida bibliotbcca de 1844. Alcm dos volumes classificados , possue tam- bem a mesma bibliolbeca 9G0 volumes d'obras paleotypicas, e490 descicnciasarcheologicas. Em todos OS raezes do anno de 1849 bou- ve grande concorrencia de leitores em todos OS ramos d'inslruccao. Na bibliotbeca de Braga continuara as obras, que se lornam indispensavcis para a collocacao dos livros. A bibliotiieca d'Evora possue 26:000 volu- mes, dos quaes ainda tem por classificar os que pertenccram aos extinclos conventos, e que ainda se acham amontoados cm salas da bibliothcca, por nao haver espa^o onde se collo(iuem. Na bibliotbeca Portuense progridoni roui grande actividade os trabalhos por part- da caniara municipal, conio admiiiistradnra d'aquelle estabeiecimento, de niaueira qiir em pouco tempo serao collocadas as obras, (|iie inda estao por separar, nos corrcdores superiores do edilicio, corredores em que a cstreitcza e falla de luz estorvam um dcsin- volvimento mais rapido. A mesma camara, alem da applicacao d," fundos para os refcridos trabalhos de augmen- to local, tem apjilicado lambem algumas quantias para compra de livros do litleratura moderna franccza, de que inteiramenle havia carencia na bibliotbeca, e que fazia com que a frequencia dos leilores que os procuravam restrictamente, fosse por isso como que afu- gentada. Alum d'isto, tem a camara formado 0 pro- jecto d'cstabelecer uma colleccao d'obras c'e- mentares d'arles, officios c industria, para que OS artislas c operarios possam approve!- tar-se dos conheciraculos difTur.didos naqucl- las obras. 68 No ultimo (iimestrc tic 1849, e nos Iroz prinieiros do ISoO, foi a bibliotlieca frcqiien- tada por 2:S74 leilores, e durante o mesmo periodo visitada por oi2 pessoas d'amhos os sexes. Do rclatorio do administrador gcral da irapreusa uacional de Lishoa, ve-se que aqucl- le importante estabelecimento, ja muito acrc- ditado, continiia cm progressives mclhora- mentos econoraicos e raateriaes. Esta-se cons- truiiido pelos operarios da casa uiu [irelo lithograpiiito de grande dimensao, segunilo 0 systema modernissimo, a imitaeao d'um que veiu de Franca, e que se espera licara ainda mais bem acabado do que o inodolo. Foi cscriplurado por diminuto preco urn lial)il artista francez para dirigir os trabalhos da fundicao dos typos nos quaes tern introduzido cousideraveis mclhoramentos; c que mais se obrigou a ensinar trcz fundidores portnguczcs, ainda mocos e que apresentam as melhores (lisposiciies para aquella arte. 0 zelo do administrador, a traves de grandes difficuldades financeiras, e digno de elogios, e raerece ser apontado para servir d'exempio e incentivo a lodos os directores dos estabe- lecimentos piiblicos. 0 conselho superior nada pode dizer, este anno, a cerca do conservatorio real de Lisboa, e das escholas nelle creadas, nem mesnio da inspeccao dos theatres, porque nao Ihe foram remettides os cempetentes relatorios. A instruccao especial custou ao thesouro 21:9ia^450'reis. Continua. OS SINOS. A origera dos sines, os sens diverses uses, censtituem uma Listeria que varias vezes despertou a allencae dos erudites. Desde 1495 ate ao secule actual escreve- ram-se quasi quarenta tractades sebre este objecto: o mais conhecide c e de Magio, De Tintinnabulis. 0 auctor, d'origem italiana, era juiz civil ae service dos Venczianes em Candia, quando esta cidade foi sitiada pelos turces era 1571. Tendo side feito prisio- neiro temou come passatempo, escrever este livro, que nos conserveu o scu nome. Os estudes a que teve de entregar-se, nao erani OS mais proprios para caplar as sympathias dos habitantes d'um paiz, em que os sines sao censiderados come e symbolo d'unia re- ligiao inipia, e por isse recebeu em recom- pensa ser decapilado por ordem d'um pacha. As preduccoes da litteratura brilannica re- lativamenle aes sines reduzem-se, pela mjiier parte, a arte de sineiro, arte que os in- glezes sempre eultivaram com predileccae. Era tal o enthusiasme das classes, ainda das mais elevadas, a este rc-peito, que o Dr. Tres- ham, no tempo da rainha Maria, dizia que o unico meio que havia para attraliir os estudan- tes d'Oxferd a missa, era prometter-lhes que trabailuiria o carrilhao da universidade, o meihor de tedes d'lnglalerra. Estamos acestumades desde a iufancia a ouvir 0 sine fallar per si mesmo. A sua voz retinc por entre o lumultuar das nossas po- pulosas cidades, ou paira melodiosamente sebre os nossos tranquillos campos. 0 sine 6 a Jinguagem do tempo, que sem isse pas- saria desaiicrceliido por sobre nos, silencieso come as nuvcns, e sem que cuidasseraos no seu perpeluo I'ugir. E 0 sine, que alegremente nos annuncia as festas, OS casamentos, os baptizades, e e tam- bom clle, que nes notitica a passagem d'unia alma do mundo para a clernidadc. Do alto dos campanarios cliama a casa de Deus os habitantes dos campes, que ainda depois da niorte dermem o somno cterno nao longe do silie aonde vibra a sua voz bem conhecida. 0 som do sine desperta em nos mil ideas associadas, rail recordacoes do passado. 0 seu use entre as nacoes civilisadas, data da mais reniota antiguidade. 11a quasi 14 secules que sao cmpregados pela Egreja, e ja eram conhecides pelos antigos, antes da era christa. Applicados ao service do christianismo, acom- panharara cora o sera a luz que e\clareceu OS pagaos; e hoje que o christianismo tern penetrado ate as mais remotas regioes da terra, pode dizer-se que nao ha dia nem minute era que a melodia dos sines se nao eleve ate os ceus, como homenagem que a terra tributa ao seu Creader. Secules antes que o sine annunciassc do alto do vencrando campanario gothice, que tambem toraava parte nos accontecimentos d'este mundo, usarani-se pequenos sinos e campainhas. lira patriarcha oriental do seculo XII cita um escritor, que seriamente attri- bue a Tubal-Cain, fameso ferreiro, a primeira transformacao de metal sonoro em uma espe- cie de sineta, de que Nee se servia para cha- mar ao trabalho es ebreires occupados na construccae da area. Os bisteriaderes de imaginacao menos viva, contentam-sc em ce- mecar per aquelles guisos d'ouro, (|ue, diz o E.xodo, havia nas vestes do summe sacerdete. a imitacao do que era usado nas vestimentas des antigos reis da Persia; eu por aquellas campainhas de bronze, cuja apparencia indica serem destinadas a servir d'ernates aos car- res e aes arnezes des cavalles, e de que M. Layard achou tae grande quantidade numa das sallas do palacio de Nemrod. A analyse d'estas campainhas mostra, que conlinham dez partes de cobre c uma d'estanho que, se pro- vinha, cemo e prevavel, da Phenicia, e muito possivel que teuha side exportado da Gran- Bretanha, ha trez mil annos. As campainhas, cntro os gregos, eram em- 69 pregadas nos acamparaentos e nas guarni- 5oes ; suspendiam-se aos carros iriumpliaes; usavam-se no mercado do peixe cm Atlicnas; chamavam os convidados aos banqucles, pie- cediam os prestitos funebres, e seiviam para algunias cerimonias rcligiosas. Quando os malfcitores iam para o supplicio Icvavam unia campainha pendurada ao pcscoco, « para evitar, diz Zonaras, que as pessoas lionradas fossem manchadas pelo seu contacto. » E inais verosimil que este aso tivesse por fim altrahir a attencao do povo sohre o criminoso c ag- gravar assim o seu supplicio. Daqui vein pro- vavelmcnte o costume, que existia entre os Romanes, de collocar no carro do imperador unia campainha e um mangoal, aviso tacilo das miserias da humanidade e antidote do orguiiio. E inutil recapilular todos os uses, que tinham os sinos cm Roma. Annunciavara nos logares publicos as boras do banho e as dos negocios, e attendendo a insufficiencia dos recursos de que dispunbam os antigos para mcdir o tempo, e de suppor que os sinos tivessem entaomuito maioriniportancia do que hoje. Os Romanes opulentos empregaram-nos para convocar a sua familia « cxactamente como hoje, diz Magio, que escrevia cerca de 1B70; a criadagera dos nobres e dos Car- deaes de Roma c ehamada para o jantar e para a cea por um sino suspense na parte mais elevada do edilicio, em ordera a ser ouvido nao so do interior da casa, mas tam- bem do exterior. » A. seguinte expressao de Macbeth « vae dizer a tua senhora que de uma martelada no sino quando a minha i)ebida estiver prom- pta » indica, que os sinos, cntao empregados na Inglaterra, deviam ser maiores, que as campainhas de mao, usadas peios gregos. Mas no tempo d'Izabel, a trompa ainda existia .suspensa por fora da porta principal e exercia uma grande parte das funccoes, que mais tarde se corametteram ao sino. Existe no paleo do Castelio de Penhurst um sino de grandes dimensoes suspense a um caixilho de madeira e com esta inscripcao, « Roberto, conde de Leicester — 1649. » A trompa jd entao estava completamente abandonada. 0 desuso das campainhas de mao foi um dos signaes visiveis da decadencia do antigo syste- ma aristocratico. A moda actual de collocar campainhas nos quartos e muito moderna em Inglaterra, porque nao ha d'ella vestigios alguDs nos antigos castellos da nobreza ingleza, ainda na epocha, tao recente, da Rainha Anna. 0 defuncto Duque de Northumberland foi o primeiro que permittiu que se furassem as pa- redes do seu castelio de Alnioick para la se porem campainhas. Cada quarto tinha o seu criado em vez de uma campainha. 0 castelio de Holkham, comejado em 1734 e acabado cm 1760, nao as tinha, e foi o conde que, ha alguns annos, as mandou por. Forani necessaries niuitos seculos, como se ve, para levar os homens a rcalisar a idea tao simples de fazer soar uma campainha na direccao horizontal por meio d'uraa mola e d'ura arame. Continiia, CHIMICA LEGAL. Analyse do eslomugo c figado de Theresa de Jesus, criada do sr. Jlento Kodrigues Cvrr/a, d'esta cidade de Cuimbra, e duns fragmenlos de sul- stancia branca encontrados no mesmo estomago. Os fragmenlos de subslancia branca foram fervidos por mais d'uma bora cm agua distil- lada, e o liquido, depois de liJtrado, guar- dou-sc com a designacao — a. Uma porcao do estomago foi carbonisado com acido sulphurico.'ocarvao foi humcdccido com acido azotico; depois d'evaporado ate 4 seccura, foi fervido em agua dislijiada por mais d'uma bora; e, depois defiltrado, guar- dou-se com a designafao — b. Outra porfao do estomago foi fervida em agua distillada, c o liquido filtrado, e guar- dou-se com a designacao — -c. Uma porcao de figado carbonisou-se como a primeira porjao do estomago, e p6z-se ao liquido a designacao — d. Outra porcao do figado foi fervida em agua distillada, eo liquido, depois de filtrado, ficou com a designacao — e. 0 alcool evaporou-se; ferveu-se o residuo em agua distil!f.da; liltrou-se, e guardou-se com a designacao — f. Sujeitando cstes seis liquidos ao apparelho dc Marsh, e comeeando pclo liquido — f — conhecemos que o alcool cmprcgado nos fras- cos nao tinha arsenico, por nao ter moslrado, na porcellana, nem no tubo do apparelho, o menor indicio d'este veneno. Os outros cinco liquidos mostraram no tubo os anneis arseni- caes, ainda que pouco caracteristicos, e pro- duzirara na porcellana numcrosas e grandes manchas com brilho ractallico. A chanima do apparelho, cahindo em uma dissolucao de sulphate dc cebre ammoniacal produziu a cor verde — arsenito de cobre. 0 gaz do apparelho, raergulbado cm uma dissolucao alcoolica de potassa caustica, nao a turvou. Recebida a chamma do apparelho em um tu- bo aberto nas duas cxtremidades e inclinado, produziu um annel arsenical muito caracte- ristico. Um bocado de porcellana humedecida com uma dissolucao de azotato de prata ammonia- cal, e collocada cousa d'uma pollegada aclma 70 da rhaninia do apparelho, mostrou a c6r ama- rella do arseuito de prata. Etposla uma golla d'agua dislillada em unia vara de vidro aciraa do appart'llio, e niislii- rando-a depois com um crystal de azolalo de prata ammoiiiacal, mostrou no crystal a cor amarella do arsenito de prata. As mandias da porcellana desappareceram com a chamma do hydrogenco, com os vapo- res doeliloro, c com osvapores do pliosplioro. Dissolveraiii-sc com o acido azotico a frio, com 0 hypoclilorito polassico, e com o chlo- rurelo de soda. A dissoiucao azotica evaporada ate a sec- cura a um calor brando, e Iractada pelo azo- tato de prata ammoniacal, deu o rubro cor de tijolo do arseiiiato do prata. 0 residue da dissnhirao azolica das man- chas, tractado pelo sulpliydrato aramoninco, deu a cor do araarello canario do sulpbureto de arsenico. A dissoiucao azotica das manehas com ai- gumas goltas de acido suiphuroso, sujeita a accao do acido sulphydrico, deu um preci- pitado amareiio. 0 residuo da dissoiucao azotica das man- ehas, tractado poragua distillada ligeiramcnte aciduiada com acido chiorhydrico, c sujeito depois a uma corrente de acido sulphydrico, deu um prccipitado amareiio abundaiite. As manehas sujeitas aos vapores do iodo tomaram a cor do cidra do iodurelo de ar- senico, que se volalilisou a um calor brando. Sujeitando os se.is liquidos a varios rea- gentes appropriados para dcscobrir o arseni- co, apenas o mostraram no liijuido — a — o sulphato de cobre ammoniacal com um prcci- pitado verde de arsenito de cobre; a agua de cal com um precipitad^t branco do arse- nito de cal ; e o acido sulphydrico com o precipitado amareiio de sulpbureto de ar- senico. De todos estes processes, o em vista dos symptomas, que precedcram a morte e das lezOes, que se encontrarara no cadaver, con- rluimos, que cram de arsenico os fragraentos de substancia branca enconlrados no esto- mago; que o niesmo veneno, encontrado no cstomago e no figado, moslrava que tinha entrado em circulacao com o sangue; c a quanlidade d'este veueno mostrava, tambcm, que tinba sido bastante, para produzira nior- te por envenenamenlo. Esta conclusao toruou desnecessaria a ana- lyse dos rins c dos inlestinos delgados e grosses, que se achavam nos outros ires fras- cos. Uma parte, da substancia branca e visccras analysadas, beam guardadas em frascos ciii- tados e lacrados com o sinele do presidentc da commissao, c rubricado pelo mesmo pre- sidentc. i. A. Dl COSTA SIMOES. REGULAMENTO DOS BANIIOS DE LUSO. Coolinuado dc puR. 63. Director. Art. 16.° 0 Director dos banbos sera no- meado peia Direccao da Sociedade d'entre os sous vogaes. Este Director podcra dclegar os sens poderes cm um Banhista de sua conlian^a, que 0 subslituira na sua ausencia; e csla nomeacao sera conlirmada pela Uireccao da Sociedade. Art. 17.° Compete ao Director dos banhos lazer cumprircsteRegulamento, e em especial : 1.° Fiscalisar a adniinistrat:ao econoraica do (>stabelecimento, evitando o desleixo e pre- varicacoes no pagamenlo da taxa dos bunhos'. 2." Evitar ou reprimir as irrcgularidades do service do Banheiro e Servcnles. 3.° Designar as banheiras destinadas a molestias conlagiusas c ascorosas, c as que forem destinadas a banhos de pobres e de precos dillerentes. 4. " Designar o servico dos banhos segun- do a inscriju-ao dos Banhistas, por meio de lislas ou tabelias, conforme e disposto nos artt. 13.° e li.» S." Providenciar de prompto sobrc quai- quer precisiio ou occurreneia no estabeleci- mento, daudo parte a Direccao da Sociedade das niedidas adoptadas. 0." Mandar ao Sccrelario da Direccao, ate 0 dia 20 de Dezembro, um relaiorio do servi- ce do estabelecimento, em que se mcncioncm as difliculdades, que se encontrarara na exe- cucao d'este Regulamcnto, os meies de as remediar, etc. ; mencionando em seguida n movimcnto des Banhistas, com o rendimento dos banbos, ministrado pelo Fiel, e a esta- tistiea patholcgica des Cliuices do estabeleci- mento, de que tracla o art. 28.° §. unko. Estes relateries do Director se- rao copiados todos os annos pelo Secrelario cm um livro apropriado. Fiel. Art. 18.° 0 Fiel dos banhos sera nomea- do pela Direccao da Sociedade. Art. l'J.° Ao Fiel dos banhos compete : 1." Dar aos Banhistas asseiibascorrespon- dciiles aos banhos, que quizerem tomar, co- brando d'ellcs a importaneia respectiva. 3." Inscrever no livre do registo, segun- do 0 medelo n.° 1, o nomc, sexo, residen- cia, edade, estado e prolissao de todos os Banhistas, nao so dos chefes de familia, mas ainda de todos os lilhos e mais familiares; declarando-se tambem, se tomam banhos com lins hygienicos, ou a molestia que padeccm, e 0 sen resultado depois dos banhos, quando seja possivcl; e declarando linalmeute o na- mcro de scnhas, que forem compradas, e a sua iniportaiuia. 0 rcgisto dos pobres sera fcilo I'll! urn livro separado, c cm ludo seme- Ihaiito ao regislo dos Banliistas nao pobres, incluindo o numero das sentias, ^110 se Ihes forcni dando, c a sua iniporlancia como se fosseni pagas. 3.* Orgaiiisar com 0 Banheiro as listas ou labellas da vez 011 bora do baiiho, confor- me 0 disposto iios artt. 111." e l'i.° 4.' Dar contas ao Direclor, dc oito era oito dias, do nuraero de scubas rccebidas e vendidas, e cm relacao com as cnconlradas dentro da caixa, no acto da sua abertura, conforrae os art. 11.' e 12." B.* Dar ao Director dos banlios, ate lii de Dezcmbro, um mappa do movimento dos Banhistas com 0 rciidimento dos l)anhos. 6." Mandar ao Tbesourciro da Soeiedade, ate 15 de Dezcmbro de cada anno, 0 livro do registo e contas, com 0 scu relalorio e conia geral. Estes livros serao arcbivados naSecre- taria da Soeiedade. 7.* Patentear cm sua casa, durante a •luadra dos banhos, 0 livro do rcgisto e con- tas, a todos OS Vogaes da Camara Municipal da Mealhada, e a todos os Accionistas da Soeiedade, dando-iiies, verbaluiente ou por escripto, os csclarecimentos dc que precisarcm. 8." Patentear aos Medicos do estabcleci- raento 0 livro do rcgisto, e minislrar-lhcs to- dos os esclarecimentos ao seu alcance, de que precisarem para a estatistica palbologica, que tern defazer, sogundo 0 disposto no art. 28.° £anheiro. Art. 20.' 0 Banheiro sera nomcado pela Direccao; e a Assemblf'a Geral dos Accioni'stas marcara 0 maximo do seu ordenado, delc- gando na Direccao 0 seu ajusle delinitivo (Estatutos da Soeiedade art. 8.°). Art. 21." E da obrigaciio do Banheiro: 1." Organisar com 0 fiel as listas ou la- bellas, de quo tractam 03 artt. 13.° e 14.°, affixal-as no cstabclccimeato, e regular por ellas 0 service dos banhos. 2.° Recebcr dos Banhistas as compelen- tes senhas, conforme 0 disposto no art. 11.° 3." Despejar e lavar cada banhcira que acaisa de servir, guardando a chavc ' — 2/-=:i — L : eem quanto a co, f Em quanto ao campo , temos ainda — - = — = r; e consegumiemenle o limite do ob CO & . «.* campo e -p— — . 97. Nos teiescopios catadioptricos ha, como nos dioptricos, o inconveniente da aber- ragao d'esphericidade ; mas nao lia o da aberracao de refrangibilidade. Com effeilo o raio luminoso , logo que chega a t.io pequena dislancia do espelbo que entre nos limites da actividade d'esle, refrange-se, e decompoe-se; mas como depois da retlexfio des( rcve uma trajecloria similhanle a primeira, ate passar os limites da actividade, recompoe-sc, e sahe branco como linha entrado. Por este motivo principalmenle tiveram grande uso aquelles teiescopios, em quanto os dioptricos nno se fizeram acliromalicos, a pezar do seu pequeno campo, da difficuldade de observar com elles, e da facilidade com que se embaciam e eslragam. 74 2!?. Lunetci de GcdiUu. Nesto. lunela, cliainanda Fe^ as dislaiicias focae5 da Icnli" objcctiva e da ocular, a acnplificajao t; h~ 9' Km qiianlo ao campo : como elle depcnde da abertiira da pupilla, cliatiiaiido « r> diametto d'esta, e D a dislancia das duas leiites, e o campo = -7^ -r. J J sen r 2!). Lunela astronomica. Nesta luneta c evidcnlemenle a amplifica^rio K_ F V. chamando i o diamctro da secjao focal, o liniilc do campo o ^'si-n I' 36. J\'Iicroscopio simples. Sendo O A' = 8 poll, a meiior dislancia ti que se pode ver dislinctamente um objecto com a vista desarmada; c A'o^y a dislancia focal, em que s«' colloca oobjccto para se ver peialente, cujo centro e /iT: lemos evidcntemeiite a amplifica^rio b ICo a 3 f" BKO~ BKO ;-il. Microscopio composto. Seja D a di>lancia A' Ldas duas Icnlcs; O L~i a disl-mcia ao objeclo, na qiial e necessario collocar o microscopio, para que a imaf^em de O se forme no foco principal o da lento ocular K ; e/, ip, as dislancias focacs das duas leiites. A figura BKO i L p BKO SP"" logo a amplifica(;ao c L n + i' bKo D—,f' a. D^t' IKo {D — ,). 8p»i' Se qiiizermos expriuiir D iias dialancias focaes das duas Icntus , tereriio? iis cqiia5ac* ^ T III 33. Quando nas lunelas ou microscopios se usa de oculares composlos , o problema de conhccer a amplificagao resolve-se ainda peH combina^ao de triangulos, em que entram as posigoes dos focos do objective, e dos componenles do ocular. Siipponhamos por exempio, que o ocular e nefjalivo, composto de duas lenlcs con. vexo-planas cujas convexidades eslao voltadas para o objecto; que o' e o foco da lenle A"; 75 e qoe o olijccto O B, que pela refrac^ao no objeclivo L se pinlaria em 06, vein pinUr-se em o' li' pela seyunda refracgao. na lenle /. Os Iriangulos da figiira dao hJo Lo BLO Jo' b'tC b'J 0' Jo' Ko b'Ko' Lo Jo BLO Jo. Ko< logo a amplifica^rio e Rejam F=Lo, f a distancia focal da lenle J, 9 — Ko' a da lenle A', (-• D a dislancia KJ das lenles do ocular. Conio os raios emiuidos de 0' iriani reuriir-se oni o; dando a oJ o signal nt-galivo, por considerarmos na formula dos focos conio posiliva a mesma recla para o lado esquerdo da lenle /, sera -=: — — —j. rercmos pois Lo=.F,Jo'=D-„Jo=I^=£^2^ Ko'=, f— O'J J + If— IJ o 4 Mel dc Deiem- bro Dias .■) 4 5 6 7 8 9 10 U 12 13 14 15 16 17 18 1 Justitwta, JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. mum SUPERIOR de mmm mm. RELATORIO AXIVIAL. 1849— 1830. Continiiado de pag. G*). PARTE o.' Instruceao superior. Esta instruceao chamada professional, di- vcrsilica eonforme as dilTerentes iirolissues; c lera por objecto fazer profundar aos alumnos, que as abracara, todos os estudos, que com clla tern relacao. Suppoem ja ura fundo de eonhecimenlos, dado tanto pela instruceao primaria, como pela instruceao secundaria. A instruceao superior pertence, na confor- ipidadc do decreto de 20 de septerabro de 1844, auniversidade, a academia polytcchni- ca do Porto, e as eseliolas Medieo-Chirurgicas de Lisboa, Porto e Funchai. Segundo o relatorio da univcrsidade, o lyeeu nacional de Coimbra (seccao da uni- vcrsidade) custou ao thesouro somente no anno economico de 184'J a 1830 reis 3:322^008, com OS quaes o thesouro proven de raeios do subsistencia a 13 professores e substitutes, incluindo um jubilado, que ainda faz servico especial, e um bedel; e deu instruceao a 131 alumnos, cada um dos quaes custou ao the- souro 23^323 reis e pagou por livros e ma- trieulas 2^833 reis, sommando as duas ver- bas 26^180 reis. Dos 131 alumnos que frequentaram o lyceu, d'alguns repetcntes, e d'annos anteriores, e de muitos que vieram de fora, lizeram-se em outubro de 1849, e julho de 1830 — 1223 exames preparatories perante os jurys uni- versitarios, nos quaes foram approvados ne- mine discrepante 649 — simpUciter 312 — reprovados 264. Tao grande numero de reprovados e meio reprovados, nao significa rigor demasiado nos exames; significa, que fiados na approvacao simpUciter, animam-se aos exames, muito mal preparados. Para ebrigar os alumnos, que se destinam Vol. IY. Jllho 1 as sciencias superiores, a hem estudar os preparatories, e conveniente vollar ii appro- vacao por unanimidade, revogando-se nesla |ia'rte o art. 69, §. nnico do decreto de 20 de septcmbro de 1844. Para prevenir os funestissiraos prejuizos, que resullam aos alumnos, aos paes, e ao publico, do ensino particular, feito, muitas vezes, por raestres pouco habilitados, e in- dispensavel que se tonne a obscrvancia rigo- rosa dos cstatutos de 1772 liv. 2, tit. 1, cap. 2 ; que se obriguem todas as auctoridades administrativas, e de policia a fazer cumprir OS artt. 83 e seguintes do decreto de 20 de septerabro de 1844, e que finalmente se pro- hiba expressa e rigorosamente a todos os pro- fessores publicos, e proprietaries ou substi- tutos, que houvcrem de ser examinadores d'algumas disciplinas, quacsquer que forem, ensinar particularmente essa, ou qualquer outra disciplina preparatoria ; sob pena de ser logo privado da cadeira ou subslituicao. Assini como pelos cstatutos liv. 1, tit. 4, cap. 3, §. 37, e liv. 3, p. 2." tit. 2. cap. 4, §. 3, OS esludantes reprovados trez vezes na univcrsidade nao sao mais admittidos a outro exame d'a(iuellas disciplinas, da mesma sorle se deve fazer exlensiva a todos os exames d'instruccao secundaria, e preparatories, aquella disposicao dos cstatutos. Sendo a instruceao primaria a base da se- cundaria, e esta base da superior, e devendo quanto se ensina na precedente estar em har- nionia com a que ha de ensinar-se na seguin- te, e de absoluta necessidade que os coni- pendios, pelos quaes devem Icr-se as disci- plinas do ensino publico, sejam, como esta determinado pelo art. 1G7 do decreto de 20 de septembro de 1844, propostos pelos pro- fessores, c approvados pelos conselhos das respectivas escholas; mas que estcs nao pos- sam fazer uso d'elles, sem participar ao con- selho superior d'instruccao piiblica, a Cm de regular as laxas e mais condicoes, a que os auctores dos compendios deverao ficar sujei- tos, na forma do §. 2, art. 3, §. unico, art. 137 do mesmo decreto; (icando todavia livre aos mestres, e aos discipulos usar de quaes- quer outros approvados pelo conselho supe- rior, ou pelos conselhos das escholas, com tanto que nos exames publicos, hajara de dar —1833. Num. 7. '8 louta (Jos compendios legacs, e moslrar que us sabeni. Pelo que pertence a universidade c escho- las do ensiiio superior, dcvem todos os eon- selhos das faculdadcs e das escliolas regular- se, quanlo possivel seja, pclos estalutos liv. 1, tit. 6, cap. 1, §. 8 e seguintes, liv. 2, lit. 3, cap. 1, §. 20, e liv. 3, p. 1, tit. 2, cap. 2, §. 3, quando iiouverera do dcliberar sobrc a adopcao de compendios ; iiao tciido as suas resolucoes execucao, em quaiito nao I'orcm tontirmadas pelo conselho superior, a ([uem serao logo eiiviadas para se execHitar o disposlo no reguianiento de 10 de novembro dc 1845 art. 27, n.° i e 6, c decrcto de iO de septem- bro de 18i'(,.art. 3, §. unico, e art. 1G7, tj. tinico. Nao dependendo o ensino na instruccao secundaria somentc de nielhoraraentos matc- riaes, pelos quaes incessantemente se clama, mas d'outras causas, c entre ellas, avultando como principal, o methodo do ensino, con- vem que se facam reconsiderar as respectivas instruccoes, horas, e metliodos d'ensino, e se trade de aperfeicoal-os, e lazcl-os geraes e communs a todas as escholas do reino. Exigindo a boa ordem no estudo das disci- plinas, que os aiumnos nao frequenlem as posteriores, sem se mostrarem habiiitados com sulTiciente conhecimento das prccedentes, deve ser inteiramente abolida a ciasse de estudanles voluntaries, revogando-se o que, a respeito de tal ciasse, se diz nos artt. CO, 07 e 68 do decreto dc 20 de septembro dc 1844; mas conservada somentc uas faculda- dcs de mathcmatica e de philosophia para o lira indicado nos eslatutos liv. 3, p. 2, tit. 2, cap. §. 8, e para o efl'eito de nao serem obri- gados a fazer acto no (im do anno, e pode- rem, quando tenham sido babililados para o fazer, espacal-o para quando liajam prol'un- dado, e esludado melhor as materias; nao Ihes sendo permittido niatricular-se nos annos seguintes, sem terem feito ado das discipli- nas dos annos anteriorcs ; e apprescntado certidao dc todos os preparatorios indispen- saveig a respectiva facublade. Sendo os estudos encadeados pela ordem natural, e dependentes niuitas vezes uns dos outros, e sendo o conhecimento das discipli- nas preparatorias precise para o estudo das sciencias superiores, sem excluir mesmo as iinguas grega e hebraica naqucllasfaculdades, para que se exige, nao dcvem os aiumnos ser admittidos a esludar as disciplinas dos annos posteriores, sem exame dos annos preceden- les, e a cursar as faculdades, sem dar conta, antes d'entrar nesses estudos, de todos aqucl- les que sao considerados como preparatorios. Tendo apparecido em julho do anno passa- do urn exame falso em latinidade, sem que se podesse descobrir o seu auctor, e devendo prevenir-se laes falsidades, seria muiio con- vfniente que todos os aiumnos, que vierem fazer exaraes preparatorios no lyceu de Coim- bra, e frcquental-o, ou a universidade, sejam obrigados na conforraidade dos cstatutos liv. 2, tit. 1, cap. 2, §. 2, a appresentar certidao passada por cada um dos mestres que os instruiram em cada uma das disciplinas, de que pretendem fazer exame, e alem d'este documento, e d'identidade na forma das clau- sulas exigidas pelo prclado da universidade no seu relatorio. 0 conselho superior era vista de tao salu- tares, justas e acerladas providencias, espera que V. M. nao so se dignara acolhel-as bene- volamente, mas tambem dar-lhes a sua real approvacao. No anno lectivo de 1S48 a 1849 fre- quentaram a universidade de Coira- bra, aiumnos 828 No anno lectivo de 1849 a 1850 frcq. 884 Diffcrenfa para mais ... 56 Fizeram acto 881; foram approvados ne- mine discreimnte 793, simpliciter 01, repro- vados 27. Custou toda a despesa da universidade ol:93i)|l699 reis liquidos de tudo ; mas aba- tendo-se 23:309^904 reis, que os aiumnos pagaram por livros, matriculas, c cartas de formaturas, custou ao thesouro em todo o anno lectivo 26:SCS|i693 reis. Com essa quantia proveu de raeios de subsistencia a 08 mestres, e a 49 empregados, c deu instruc- cao superior a 884 aiumnos, e mais lo de musica. Soccorrcu nos hospitaes a 2:532 doentes; alem de varies jornaleiros, serven- tes, e operarios, que forani pages pelos diver- sos estabelecimentos, c cntraram na verba do expediente. Custou cada um dos 884 aiumnos da uni- versidade a sous pacs, por livros, matricu- las, e cartas de formatura 28^099 reis, e aa the.^ouro 29^798 reis: total 58^497 reis. Cada alumno de musica custou ao thesouro 14^910 reis. Coraparando agora o que cusla ao thesouro a instruccao de cada alumno das escholas d'ins- truccao superior de Lisboa e Porto com o que custa a da universidade, ve-se que a da uni- versidade custa menos d'ametadc. Frcqucntarani a academia poiytechnica do Porto 103 aiumnos, custando cada um ao tiicsouro 93^115, contados individuaimente. A. eschola medico-chirurgica de Lisboa foi frequculada por 40 aiumnos, cada um dos quaes custou ao thesouro 188^075 reis con- tados individuaimente. A eschola medico-chirurgica do Porto foi frequentada por 35 aiumnos, cada um dos quaes custou ao thesouro 223^670 reis, con- tados individuaimente. Os relatorios das diversas faculdades e escho- las superiores fizeram couhecer a este conselho 79 que OS sous membi'os se esincrara no apei feiroa- mento do ensino dos dilTercnles ramos das scieiicias, que Ihe estao confiados, c a con- scrvacao e o engrandecimento dos seus esta- belecimenlos. Na faculdade dc theologia o numcro dos alumnos tern augmcntado, c niaior seria, su •iquelle era cujas dioceses nao ha seminaries, fossem obrigados a estudar a theologia, ou na universidade, ou nos outros seminarios niais proxiraos, o que muito conviria. 0 quadro dos lentes cathedraticos effectives esta rcduzido a quatro, um dos quaes nao faz servifo ha muitos annos por doente c avancada edade; e a quatro substitutes ordi- naries, que tern feito todo o serviro, come effectives sem gratilicacao alguma. E por esta causa que e conselho da mesma faculdade se lisengea de ler cuniprido os scus dcveres, promovido o progresso da sciencia theologica, com grande approveitaraento dos alumnos, e banido a dialectica escholastica, conio o re- commenda o estatuto. A. faculdade de direito no seu relatorio, da conta de que a commissao, nomeada pelo conselho da mesma faculdade, elaborara o pro- jecto para a erganisacao d'uma faculdade ou curso de sciencias economicas e administrati- vas, 0 qual foi depois discutido em claustro pie- no, come ja fica raencionado neste relatorio, que outra commissao se encarregara de con- feccionar o projeclo da reforma littcraria de 1844 c 1845, que tambem ja comecou a ser discutido em claustro pleno; e que linalmente a erganisacao do cadastre topographico fora addiada por uma resolucao do conselho, era consequencia d'haver adoecido gravemente um des membros da respectiva commissao. 0 conselho da faculdade de medicina, no seu relatorio, lamenta a falta d'um demon- strader dc materia medica, e d'um ajudan- te no hospital de molestias de pelle ; faz scn- tir a urgente necessidade de se transferir e hospital da Conceicao para o edificio des ex- tinctos Benedictines, ende se podem accora- modar os muitos doentes que diariamente affluem aos hospitaes da universidade, sem que per falta d'espaco estejam os corredores cheios de camas, e as enfermarias tenham mais doentes do que os que nellas devem permanecer segundo os preceitos hygienicos, come succede actualmente no hospital da Conceicao: pondera que o cirurgiae nao pode Iractar da parte cirurgica, e da parte fiscal ao mesme tempo, por que as boras do cura- tive em todos os dias se encontram com ou- tras, era que a fiscalisacao e indispensavel : queixa-se de que sao pouces os empregados acluaes no servico das enfermarias, e com pequcnos ordenados, e que apenas habilita- dos na cirurgia ministranle, deixam os seus empregos, para irem a outra parte tentar me- Jhor fortuna. Para que as enfermarias dos hospitaes se- jam bcm scrvidas, e os povos ruraes tenham. por modico preco, quem Ihes prcstc os pri- meiros soccorros em suas molestias; cntende 0 conselho superior, que se deve tomar em consideracae, se convira restabelecer os ri- rurgiocs niinislrantes. Lembra o conselho da mesma faculdade, que nao e possivel com a dotacao estabeleci- da para 120 doentes, curar e suslentar 237 come na actualidade. Tendo attencao a administracao dos bens dos hospitaes, c aos recursos que d'elles se podem tirar em proveito de tao uteis eslabe- lecimentos; parece ao conselho, que devera ser tomada na consideracae, (jue merecer, a preposta do prelado da universidade, sebre a creacae d'uma commissao mixta, formada d'um lente da faculdade da medicina no- meado pelo conselho da mesma faculdade, d'um cidadae probo e intelligente, nomeado pela camara municipal de Coimbra, e d'eu- tro nas mesmas circumstancias, cleito pela mesa administradora da sancta casa da mi- sericordia da mesma cidade. Tambem o conselho da faculdade de medi- cina representa que o dispensatorio pharma- ceutico neccssita d'alguns utcnsilios, e bem assim de varies instrumentos os gabineles de anatomia, de medicina operatoria, e arte obstetricia. Do relatorio da faculdade de matheraatiea ve-se, que o govcrno de V. M. foi auctorisa- de, per carta de lei de 23 d'abril de corrente anno, a mandar comprar para o observatorio da mesma faculdade, os instrumentos de que mais carecia, e ja este conselho superior, em consulta de 17 de septembro ultimo, indicou ao governo de V. M. o modo come se pode- riam adquirir com proveito da fazenda piibli- ca. 0 conselho da referida faculdade deu as providencias necessarias para os exames de practiea, que devem tor logar no 4.° anno, e que foram aprovados pelo governo de V. M. era portaria de 24 d'abril do sobrediclo anno, cm quanto a experiencia nao mestrar as alteracoes que conviriam fazer-se. 0 professor intcrino da aula de desenho annexa a mesma faculdade, no seu relatorio da conta do aproveitamento, e hem compor- tamente dos seus di^cipulos, e requisita alguns objectos indispensaveis ao ensino d'aquclia arte. 0 provimento definitive d'esta cadeira acha-se a concurse perante a academia das bellas artes de Lisboa, cenfornie as regias erdens de V. M. ; e e conselho espera que a vista dos programmas publicados no Diario do Governo possam haver concorrentes, entre os quaes se escoiha o mais habilitado, para desempenhar com dignidade a referida ca- deira. A faculdade de philosophia tern curado cam 80 zelo Ja scienc'ia, e Jos estabelecimontos a scu cargo. Nao sc limitou ao rigoroso desempe- nlio das funccOcs do magislerio, raas para maior aperl'eiroamenlo da scieiicia formou Elenchos das malerias d'ensino; naquelles ramos porcni, luja extensao e doraasiadaracn- te longa para ser lida em uiu anno leclivo, discutiu a imporlaiuia rclaliva das materias, e conteci'ionou programmas. Insta pelo despa- cho dos dciuoiislradiiri's para as demonslra- cOes das respoilivas cadi'iras, c para os pxa- mcs d« practica, que liao do ter logar no bimestre do correnle anno lectivo, depois que OS alunmos livorem satislVito as provas oraes. Os sous estabolocimcntos, leiu sido objecto dos maiores disvolos; e o por isso que o consolho da mesma i'aculdade, no sen relato- rio lundado nos artt. 2, 3 o 4, g. 3 da por- taria do 10 d'agosto de 1349, propoe: 1." Que se complete no lalioratorio chi- mico a collecrao dos corpos simplices, e que se proveja esle estabeiecimento, d'alguns inslrumentos, macbiuas e utcnsilios, que ain- da Ihes fallam, para se podcrem fazer alguns ensaios e processes, espocialiuenle do cbimi- ca organica : 2.° Que 0 gabinele dc pbysica,. abundan- do em niachinas antigas e modcrnas, neces- sila ainda de alguns aparelbos, e instrumcn- los de modernissima invoneao; que inuito contribuirao para o collocar a par do estado actual da sciencia, e fazer prosperar na uni- versidade o ensino da pbysica experiinenlah 3.° Que 0 gabinete de zoologia seja enrl- quecido de exomplaros da maior parte das especies exoticas; de nuiitos gcneros e I'ami- lias inteiras dos vertebrados, c inverlebrados, (; da Fauna da Nova Holianda, tao rica e variada, eomo singularmente interessante: i." Que se crie para o referido gabinete ura iogar deproparador, que se dediquecxclu- sivamente ao servico das prepararoes, e nao seja ao incsrao tempo })reparador e guarda, corao actualmenle accontece, do que rosulta nao poder desempenliar eabalmente ambos OS encargos, com manifesto perjuizo do esta- belociraonlo; c que alom do preparador e do guarda, e tambom nccessario ([ue baja, pelo nieiios, um ajudantc que, amestrado com as licues da exporiencia, possa, na sua falta, substituil-os com dignidade: 5.° Que se amplie o museu, annexando Ihe algumas casas do bospital contiguo, alim de haver espaco necessario para a collocarao regular e metbodica das especies, que ac- creseerem; o que se pode conseguir facilnien- tc, ordenando V. M. que o referido hospital se raude para o vasto e magnilico edificio dos extinctos Benedictinos: C.° Que 0 meio mais proprio, e conve- niente de enriquecer cste e os mais estabe- lecimentos d'hisloria natural, e, scm duvi- da, 0 melhodo de fazer viagens scicntificas dentro e fora do reino; pois so assim sc po- derao obtcr, c recolbor ao museu coUeccocs conipletas dos troz reinos da natureza, tao necessarias as dcmonstracoes: 7.° Que a colloccao dc mincralogia, sen- do, d'enlre todas, as colleccOes do museu de historia natural, a molhor c mais corapleta, e careccndo aponas d'alguns corpos simpli- ces, e d'alguns generos c especies, pode, com ])equona dospesa, complelar-se inleiramente ; 0 bom assini a colloccao do geognosia, que ja e de grando valor: 8/' Quo para a|>orroicoar o cstudo dc geo- logia, e indispensavel uma colloccao de fos- seis caractcristicos dos divorsos tcrrenos, assim como na parte monlanliislica, uma outra coUeccao de todos os inodolos dc nia- cliiMas, e instrumonlos [lara auxiliar a intei- ligoncia dos ahimnos, e para a porfcicao dos methodos dc exploracao : 9.° Quo 0 jardim botanico, alom da estufa tompcrada, que ba rauito tempo possue, ne- cossita d'outras duas, uma quenlc e outra fria ; de colleccOes de llerbrarios, e de estampas coloridas, e bora ao vivo desenhadas, e da conclusao d'algumas obras comecadas naquel- le estabeiecimento: 10.° Que 0 estabeiecimento d'agricultura torn precisao d'um guarda, d'algumas obras, d'instrumentos e macliinas apropriadas para as oporacoes, e procossos agronomicos, e principalmcnte dc modelos, que sirvam, nao somontc para as demonslracocs na aula, mas tambom jiara vulgarisar o seu uso ontrc os proprietaries e os artistas: 11.° Que fiualmento, ostando o ensino technologico annexe a cadeira d'agricultura, e do grande importancia a acquisicao de modolos e macbinas para instruccao dos alumnos. 0 conselho superior cspera quo o governo de V. M., tomani em consideracao todas as cxigencias feitas polo consolho da faculdade de pbilosopbia, quo nao se propoe se nao o auginonto, crcdito, e prosperidade dos esta- belecimentos, que Ibe estao confiados. Conti'ti'ta. OBR.VS DE M. LONGCH.\.MPS OFrEKECIDAS PELO A. A IMVERSIDADE DE COIMBBA. 0 sabio naturalista M. Edm. do Selys Lon- gchamps, um dos mais distinctos Membros d'Acadomia real das scieucias de Bruxellas, acaba dc olTerocer a universidade de Coimbra, por intervencao do Ex."'° sr. Conselheiro d'Estado Antonio Jose d'Avila, uma coUeccao das suas obras sobre divorsos assumptos zoo- logicos, que M. Longchanips teni tractado 81 Luin a superior inlelligencia, que o distingue, « que da aos scus escriptos mereeida cele- bridadc; a universidade de Coiml)ra iiao podia portanlo deixar de recebcr com espe- cial reconliecimento a lionrosa offcrta do il- lustrc uaturalista, niandando coilocar na sua bibliotlieca aquella importante collcccao, para ser alii consuitada pcias pessoas conipctentes. A colleccao de Mr. Longchamps comprc- liciide as obras seguintes: Monoyraphic des Libdlulidees d' Europe. 1 vol. 8." com cstampas. 1840. Uevue des Odonales, on LibeUuks d' Europe. 1 vol. 8.° com cstampas. ISiJO. Esta scgunda obra e o compleraenio da primeira, e contera as correccocs c addicocs, que dez annos de successivas obscivacoes tornavam indispen.savcis pan completar os primeiros estudos, que o A. lizcra sobrc esta importante parte da entomologia. A monographia das Libellinlias couipre- beude os caractcres e a synonimia dos geiicros; as observacoes sobre os caracleres especificos de cada grupo ; a exacta descripcao das cspecies de cada seccao; suas variedades, e costumes, e uma sijnopsis em latim com uma tabella analytica dos generos e das piirases cspecilicas; de maneira que de todas as me- niorias publicadas sobre a familia das Libel- linbas (Odonatadc Fabr.) a de M. Longchamps (i a unica, que pbde considerar-se conio a mais completa, c que comprehende a concor- dancia e synonimia de todas as outras. Na Revista das Libellinhas o A. reuniu aos seus proprios traballios e observacoes as do Dr. Hagen de Koenigsberg sobre dilTerentes pontes da anatomia e physiologia dos in- dividuos d'esta familia, e sobre as Libellinhas fosseis. Faune Beige \." parlie. 1 vol. 8." 18i2 com estampas, comprebcndendo a indicacao methodica de todas as especies de Yertebra- dos ate af|ui observados na Belgica ; os logares era que ordinariamenle ellas babitam ; a epocha do anno, era que aparecera as especies de ar- ribacao; algumas observacoes eriticas sobre pontes duvidosos da sciencia; as variedades iocaes, ea synonimia; era lira as especies observadas nos paizes mais visinhos alera da fronteira. Esta obra teni portanlo a duplicada van- tagem de fazer conhecer aos naturaes d'aquel- le paiz a riqueza animal que possuem, e de au.\iliar o estudo da geographia zoologica em geral. Observations sur les phenomenes periodiques du regne animal et partindierment sut les migrations des oiseaux en Belgique, 1 vol. fol. 1848. Esta memoria contem importantes observa- coes sobre as diversas causas e circumstancias d'aquellas emigracoes, e sobre o estabeleci- jneDto de um calendario zootogico. Sur le C'alendrier de Faune en Belgique. I fol. I8o2. Birapitulalion des hijhrides observes dans la famille des Anatidees. 1 fol. Enumeration des Insectes Lepidopteres de la Belgique. 1 fol. 1844. Sur les oiseuux nmericains admis dans In Faune Enropeenne. 1 fol. 1846. Essai Monografique sur les campaqnols. I fol. 1830. Eludes de M icromammulogie , Remie des Musaraignes, des Bats, et des Cumpagnnls. siiirie d'un Jnde.v methodique des Mummiferes d'Europe. 1 vol. 8.° com estampas 1830. Debaixo do nome de micromammulogia o A. eoiuprehenile o estudo das trez ordcns Ao> mamraaes os cheiropteros, insectiveros, c roc- dores, que contem as es(iecies mais pequenas d'a(|uella classe. Os antigos naturalislas oc- cupavam-se principalniente dos grandes qua- drupcdcs. Das trez ordcns dos pequenos mam- niaes, de que o k. tracta n'esta obra, apenas vinte especies sao mcncionadas nas primeira.s edicoes de Bull'on e Linneo; e hoje Long- champs cita cento e tantas cspecies; assim e este um trabalho novo e mui importante que raerece ser lido com niuita attencao. 0 Index methodicus europaeorum mamma- Hum, com que o A. tcrmiua aquella mono- graphia, e tambem niui util, porque satisfaz a uma necessidade da sciencia, reunindo, do mesnio niodo, que Temminch lizera em rela- cao as .\ves, lodos os niamaes da Europa n'uma so obra. Distribuilion Geographique des campagnoi; en Europe 1847. Memoria publicada na Beinie Zoologique. Note sur quelques petits mammi feres du midi de France. Memoria publicada na Bevue Zoologique de maio de 1843. Todas estas obras, cuja leitura recomenda- mos, se podem consultar hoje na Bibliotlieca da universidade. J. M. DE ABREU. CHIMICA LEGAL. Anabjse de pao, fermento, e farinha, manda- dos de Travanca de S. Thomi, julgado do Carregal. AN.\LYSE DO PAO. Fizemos ferver por mais de uma bora um pouco de pao era agua dislillada, e deixamos outra porjao a maeerar em agua fria por mais de oito dias. Estes liquidos, depois de filtra- dos, foram postos de parte com as designacww a para o primeiro e b para o segutido. 82 Ouira pant do pSo foi sujeita a ebullirao cm agiia distillada, com potassa caustica, na razao de ccni partes dc materia suspeita para uma parte de polassa. Estaiido a agiia quasi evaporada, junctamos-lhe viiite e qualro par- tes de acido suirurico conceiitrado. 0 pao foi-se carbouisaiido poiico e pouco ate se re- duzir a iim rarvao (riavel; que, depois de pulverisado, foi sujeito a ebuiiicao em agua distillada por mais d'uma liora. Este liquido lillrou-se, e p6z-se dc parte com a designa- i.ao c. Uma outra parte do pao, com uui sexto do seu peso d'acido sulfurico, foi aquccido pouco e pouco, e pouio e pouco a subslancia orga- iiica se foi carbonisando. I'or cima d'estc car\ao depois de frio, deitamos muitas got- tas d'acido azotico, evaporamol-o ate a sec- cura, e o carvao secco depois de pulverisado loi sujeito a ebuiiicao em agua distillada por uiais de uiua bora. Este liquido, lillrado, foi posto de parte com a designacao d. Empreyo doi reayeiites sem o aparellio dc Marsli. De todos os reagcntes empregados, so 0 azotato de prata e o acido sullhydrico poderam mostrar, cm alguus dos quatro li(|ui- dos guardados, pequenos indicios da existen- cia do arsenico; uias tao leves, e tao pouco accessiveis a sua verilicacao por outros rca- gentes, que tivemos por mais seguro despre- 7.al-os. Nas outras aualyses, do fermento e lariuha, que havemos de descrever, uao nien- cionamos este emprego de reagentes, porque la iiem ao meiios derani estes fracos indi- cios. Analyse no apparelho de 3larsh. Todos OS liquidos com as designacoes a, b, c, e d foram sajeilos ao aparelbo de Marsh. Este apparelho, montado scgundo as modificacoes adoptadas pda commissao do iustituto de Franca, trabalhou em branco por mais dc meia hora, sem (|ue apparecesse, no tubo ou na porcellana, o menor indicio de impurcza do zinco ou do acido sulfurico. Eusaiaraos cada uni d'estes liquidos em separado, veri- ficando scmpre em cada ensaio a pureza dos reagentes. Comcrando pelo liquido a, lancamol-o no apparelho, e logo em seguida appareceram na porcellana muitas mancbas que foram guardadas. Pouco c pouco foi dirai- uuindo a grandcza d'estas mancbas ale nao apparecerem mais, a pezar das differentes di- mensOes que lizemos dar a chamma. JS'este estado, lancamos-lhe mais liquido suspeito, e as mancbas appareceram segunda vez. 0 mesmo phenomeno se repetiu todas as vezes que juuctamos novas porcoes dc liquidos quan- do 0 apparelho tinha dcixado dc produzir manchas. Os anneis, que procunimos no tubo com a lampada de alcool, umas vezes nao appareciam , e outras vezes manifesta- vam-se apenas por uma ligeira sombra, e nunca bem caraclehsticos; nao deixando dc eslorvar os anneis dc churabn, a que da; a logar a inipureza do vidro. Por estes moti- vos assentamos emdesprezar este meio d'ana- lyse. Analii.ie da chamma do apparelho dc Marsh e das manchas da porcellana. Collocando ho- risontalmente sobre a chama do apparelho de .Marsh, a dislancia de meia polegada, urn bocado de ])orcellana bumcdecida com uma dissolucao de azotato dc prata ammoniacal, appareccu, na orla da dissolucao, a cor ama- rella do arsenito de prata, ainda ([ue pouco pronunciada. Ik-cebida a chamma em uma dis- solucao de sull'ato de cobrc ammoniacal, ap- pareceu em alguns pontos o verde proprio do arsenito de cobre. Dirigido o gaz do appiv- rclho a uma dissolucao alcoolica dc potassa, nao houve turvacao do liciuido. Todas as mancbas da i)orccilana olfereciam a cur aloi- rada c o brilho mctalico das manchas arseni- cacs ; e, expostas as dill'erentes reaccocs, deram OS resullados seguintes. 1." Desapparcceram instautancamente com a chamma do dydrogcneo. i.° 0 mesmo desapparecimcnto prompto com OS vapores do chloro. 3.° Os vapores do phosphoro, em bocados em uma capsula, as lizeram desapparecer pas- sadas duas boras pouco mais ou menos ; e. expostas depois ao acido sulphydrico, deixou- se vcr, ainda que a custo, a cor amarella do sulfurcto de ar.senico. 4." Os vapores do iodo fizeram-Ihe tomar a cor de cidra ^iodureto darsenico . Expostas depois a urn calor brando, desapparcceram com promptidao; e tornaram a apparecer, ainda ligeiramente, pcla accao do acido sull- hydrico. ii." Dissolveram-se com o acido iodbydri- co, deixando pela evaporacao um residue amarellado. ti.° 0 hypochlorito dc cal, actuando sobre as manchas por dez minutos, dissolveu-as em grande parte. 7." A dissolucao ou desaparecimento das manchas foi prompto c completo com o acido azotico a frio. 8." A dissolucao azotica, evaporada ate ii seccura a um calor brando. e o residue tra- ctado ])or um pcqucno crista! de azotato de prata ammoniacal e uma gotta d'agua distil- lada, tomou a cor atijolada do arsenito de prata. 0.° 0 mesmo residue da dissolucao azoti- ca, sendo tractado pelo acido sullhydrico, deu uma sombra amarellada de sulfureto de ar- senico. Concluida a analyse d'estc liquido a, e da chamma e manchas respectivas, passamos a ensaiar o liquido b, e cm seguida os liqui- dos c e d. Todos produzirara manchas na porcellana, siniilhantes as do liquido d; apparccendo os phenoraeuos no trabaliio do 83 apparclho de Marsh do modo como foram notados no primciro ensaio. As reaccocs, a que sujeitamos a charama do appari'lho e as manchas, nos ensaios dos ultimos trez liquidos, tambem derain resultados similliantcs aos da chamma c manchas provenic.ntcs do liquido que primeiro tinha side analysado. ANALYSE BO FERMENTO. Preparamos, com o fermento, quatro liqui- dos pelos mesmos processes empregados na preparacao dos liquidos a, b, c c d na analyse do pao, e designamol-os com as mesmas qua- tro letras. Analyse no appurelho de Marsh. Os qua- tro liquidos, ensaiados scparadamente no ap- pareiho de Marsh, nao produziram anncis no lubo nem manchas na porceliana; a exccprao do liquido c, que apenas fez appareccr duas manchas muito pequenas e mal caracterisa- das. As suspeitas, que cstas duas manchas lize- zeram crear, levaram-nos a repctir noutra porcao de fermento os dois processos para ohtermos novas porcOes dos liquidos bee; e, sujeitando estcs liquidos ao apparelho dc Marsh, ohtivemos com o liquido b muitas man- chas em tudo similhantcs as que tinha dado a analyse do pao; e, com o liquido c, outras manchas, ainda que menos numerosas, tam- hem similhanles as primeiras. A analyse de todas estas manchas deu resultados similhan- les aos que tinham dado as manchas do pao. ANALYSE DA FARINUA. Repetimos na farinha os mesmos processos empregados no pao c fermento, para a pre- paracao dos quatro liquidos a, b, c G d. Analyse no apparelhu de Marsh. — Ensaia- mos OS quatro liquidos no apparelho de Marsh ; e, a pezar de ternios variado as condicoes da chamma cm cada ura d'estes quatro en- saios, que fizcraos em separado, nunca nos appareceu o menor indicio de anneis arseni- caes nos tubes nem manchas na porceliana. Repetimos noutra porciio de farinha o proces- so empregado para se obter o liquido c; e, repetindo o ensaio d'este novo liquido no apparelho de Marsh, assim como d'outras por- cOes dos liquidos a, b a d, que ainda resta- vara, sempre tivemos o mesmo resultado. Ape- nas 0 liquido c, ultimamente preparado, deu por uma so vez na porceliana uma pequena sombra sobre o pardo e seni brilho. Esta mancha que, pela sua pequenez e por ser unica, nao sc prestou a uma analyse minuciosa, nao tendo os caracteres physicos das manchas arsenicaes, nao se tendo dis- solvido no acido azotico, no acido chlorhydrico, nem no ammoniaco, g tendo-se volalilizado, ainda que lentamcnte, com a chamma do hydro- genco, deixou-nos inclinados a que fosse pro- duzida para materias organicas, ou por estas subslancias e cnxofrc. 0 apparecimento d'esta sombra ou pequena mancha aiuda nos levou a ensaiar outra por- cao de farinha. Preparamos com ella, segunda vez, 0 liquido a, e pcla terceira vez o liquido f, mas promovendo a carbonisacao dentro d'uma retorta com o collo mergulhado emagua distillada, e aprovcitando esta agua para cima do lillro. Sujeitfimol-os nova mente ao appa- relho de Marsh, mas nada appareceu que (izesse lembrar aquella sombra, manchas, on cousa similhante. CONCLUSOES. De todos OS processos d'analysc que temos descripto, concluimos : 1.° Que todo 0 pao analysado sc achava cnvenenado com arsenico. 2.° Que havia arsenico cm parte do fer- mento analysado, e que outra parte o nao continba, achando-se d'este modo descgual- mente distribuido por todo o fermento que nos foi cntregue 3.° Que a porcao de farinha analysada nao tinha arsenico. A. A. DA COSTA SIMOES. 0 HAREM ' A palavra harem significa um logar reser- vado, e consagrado a algum objecto digno de especial veneracao. Assim os arabes chamam a cidade sancta de Medina liaremi nebevi (o sanctuario do propheta). Na linguagem corren- te dii-se aquelle nome as casas, em que habitam as mulberes inteiramcnte separadas do resto da familia, como no antigo gyneceu dos Gregos; as ideas religiosas, porem, que no Oriente se ligani as relacoes do homem com a mulher, dao ao harem um caracter especial. 0 harem do sullao faz parte do seu palacio, com 0 qual communica por duas porlas de bronze dourado. Escravos negros cstao dia e noute de guarda a estas portas, por onde nin- gucm pode entrar sem ordem expressa do soberano. ' ExtrahiJo da iiiteressante obra — La Turqiiir actuel- le, que M. Ubicini acaba dedar i Inz. Si De lados os Uaruaiiliiis o sulirio c o unico i|iic pode com razao ((iu'i\ar-so da dcscgual- (iade das coiidiijoes. Ao luesino tempo o pri- lueiro e o ullinio do todo!;, sucllf esta pii\ad() do diieilo di' coiUrahir uni casaiiH'iito Irgal. A lei que lonicdc (nuitio imilliorL's Icgitimas a todo 0 iioiilP, qui! as |indcr sustciitar, coii- deuiua o sullilo a ler coiuuliiiias cm vez do csposas; per isso o povo lallando do sultao desigiia-o sompro com o liliilu u do lillio da escrava. " Este I'osliinio, recel)ido coiiio maxima do Eslado, romoula ao tompo dopiimoiro lliiaim (1047). Ate osta epoolia os siiltoos ottoiiiaiios podiam oonlraliir logitimo malrimonio. Algiins d'ollos esposaram luulhores chrislas. E tradic- (.•ao coustantc que a mac do conquistador de Constanlinopla I'oia uma princcza francoza, que cstivora justa para casar com o impcra- dor grego Joao Paloologo, quaiido o navio, que a transportava, cahira em podor do aimiranlo Saroudji-pacha, a quern Mourard II cedera as joias e thesouros, que constituiam o dote d'aquella princcza, ficando em troco com a l)eila captiva. Seduzido pelos (Micantos do scu espirito Mourard vciu a esposar a priucoza, de quern houve Mahomet II. Affirma-so tfiiiil)om, que a mae de Mahmoud, a qual morrera em 181G, era I'ranceza. As mullieres que occupam o liarem sao di\ididas em cinco categorias, segundo a sua jcrarcliia e a naturoza das suas I'unccoes. As primeiras em dignidade tern o titulo de Cddinas por corrupcao do vocuIjuIo Khatoun, que 6 0 titulo proprio das mullicros perten- centes a nobreza na Turquia. 0 numero legal das Cadiuas e de sete, c gozam das mesmas prerogalivas das antigas sultanas. Tauto as cadinas corao as outras mullieres do harem perdom os nomes, c sao dosignadas numericamcnte, primoira dania, segunda, tor- ceira, quarla dama etc. (KItaloun birindji, Khatoun ikindji etc.) A cadiua primeira tern, segundo dizeni, vinte oito annos, o d'alta pstatura, mas feicoos vulgares; o sultao houve d'eila 0 seu primeiro lillio, e, segundo as Icis, compete-lhc por isso a eatcgoria de iniperatriz. A cadina segunda 6 de pec|ucna cstatura, cabcllos louros, mui viva e interessanle: a Icrceira e uma Ibrmosa circassiana, que so dcu a luz uma princcza: a qmrta c de uma rara helleza, mas infecunda: a (]uinta c trigueira com olhos azues : a sexla foi comprada em Salonica; e loura, e mui encantadora: a seplima e uma helleza circassianna, hem apes- soada; o seu rosto c radioso corao o da lua, e OS sous olhos sao similhantes aos das houris. A esta brilhante pleiada segue-se lim grope de cincoenta a sessenta pequenos planetas. Sao as odaliscas [odalytj). Eslas tfiem a seu cargo todo o scrvico domestieo do sultao; sao as suas giiarda-roupas, servem-no a mcza. lavam-uo, vestom-no, e licam de vigia a ca- liecoira do leito em (|uanto elle repou.sa. Algumas das odaliscas c\crccm I'unccoes mais in\ojadas. e gozam dos favores do .seu senhor como as cadinas; mas noui por isso a escrava lioiirada com o titulo de I'avorita [ikfiil] dcixa do viver com as suas com]ianlieiras, e so [lassa a categoria de cadina, quando csia gravida. 0 titulo de sultana so e concedido as lilhas nu irmas do Grao senhor. .V mac d'oste tern o tiliilo de Vulidi'-Sultnn (sultana mae) e oc- ou])a 0 primeiro logar no imperio a baixo do Grilo senhor. 0 numero das odaliscas e illimilado, e dopende do gosto ou capricho dos sultoes. Mourard IV teve mais de trezcntas, de ([uem houve cento e trinta lilhos; porem, desdc Mahmoud I os sultoes estabeleceram nestc ponto certos limites, nao so por economia, mas tambem em attencao a opiniao piiblica, que na Tur([uia e mais poderosa, do que geralmentc se acredita. As Oustas sao inferiores as odaliscas, c fazem o servico particular da sultana mae, das cadinas e dos lilhos do sultao. Estas dilTerontes classes conslituem um pes- soal de trezentas a quatrocentas mulheres pela maior parte da Circassia, e d'outros pnnlos do Caucaso; quasi todas ellas ignoram a familia e a patria, que as vira nascer. As que nao sao designadas polo titulo do servico que Ihcs esta destinado no harem, teem urn sobrenome allusivo as suas qualidades moraes, ou aos sens dotes physicos. Hayati (que da a vida) ; Safaiji (que busca o prazer) : Nourisabak (aurora): Gxdbahar (rosa da primavera) etc. A excepcao das cadinas, as outras mulheres do harem obedeccm todas a uma governante designada pelo sultao d'entre as antigas fa- voritas, que, em signal de auctoridade, usa de um bastao guarnecido com laminas de prata. E esta de certo uma auctoridade bem difficil d'exercer. As odaliscas nao gozam, como as cadinas, de privilegios legaes, mas supprem esta falta pelos mais astuciosos meios, e com intrigas, e enredos que a sua imaginacao Ihe suggere para obterem o favor do sultao, que e 0 unico objecto de todas as suas ambicoes. 0 proprio sultao, « este poderoso Assuero , » cuja afToioao disputam mil bellezas, c involvido naqucllas intrigas e torn muitas vezes d'oc- cultar OS alTectos do seu coracao, e cons- pirar em segredo para nao traliir o objecto das suas mais intimas inclinacoes; taes sao as regras ou os costumes do harem, onde um d'esses myslerios amorosos revelado produz uma completa revolueao, que nao raro ler- mina tragicaraente, e mais d'uma favorita tem cxpiado pela sna indiscripcao, victima do vcneno, ou amargurada por outros lor- mentos, a passageira felicidade d€ que gozava. 85 Juiz sera appellarao nestcs raelindrosos con- flictos, a governante proniincia a sentenca, que 0 Kislar-aga faz executar. Contam-si; muitos casos de odaliscas que morreram victimas do ciiime das cadinas. 0 sultao Mahnioud tinha no seu harem uma jovcn cscrava, que Ihe inspirara uma violenta paixao. Cliamava-se clla Zcineb. Per seu rps[)eilo o sultao desprcza\a lodas as ca- dinas, posto que olle tinha a cautella de so Ihe fallar as esiondidas, ou pelo receio de exp61-a ao ciunie das suas rivaes, ou por que se queria iivrar das qucixas e accusacOes das cadinas. Zcinch pcia sua parte occultava tarahcm a sua felicidade, o que nao era vulgar entre as da sua chisse. Uma cadina, porem, que por muito tempo vivera na illusao de raerecer exclusivamente as afl'eicOes do sultao, pode descobrir o segredo dos dois amantes. OITendida raais no seu orgulho do que na sua ternura, rompeu cm violentas injurias contra a pobrc escrava, e no furor do seu despeito ordcnou aos eunuchos que a aroitas- sem. Zeiueb recuando um passo, e levantando a cabera com nohre altivez, diz aos eunuchos: « Suspendei: no meu seio trago um sultao. » Immediatamente todos se prostraram diante d'elhi beijando respoitosamenle a fimbria do seu vestido. A cadina no auge da sua colera toma um vaso cheio d'agua a ferver para ar- remecal-o aos olhos da sua rival no momento em que o sultao, ouvindo este alarido, entrava no aposento, onde csta scena se passava. Zeineb tremula, e lavada em lagrimas lanca- se-lhe aos pes; e o sultao tomou-a em sens bracos. A profunda commocao que Zeincb experi- menlara fdra-llie fatal; algunias semanas de- pois cxpirava ella, dando a luz uma menina, que seu pae idolatrava, e que na edade de onze annos loi desgracadaraente victima do in- cendio, que em 1810 consumiu uma parte do harem. As cadinas teem, cada uma, um aposento e um banho separado. As odaliscas hahitam pequenas cellas, ornadas com pcrfeita unilbr- midade e cujas portas dao todas para uma grande sala redonda com magnilicos espelhos nos intcrvallos das janellas. Este salao e a ponto de reuniao, a assemblea e o forum d'este povo feminino. Os cuidados do touca- dor absorvem todas as attencoes nesta as- semblea durante o dia. A. noule a cadina ou a favorita, que o sultao deslina recolhe-se com clle aos sens aposentos. Na primavera o sultao deixa o seu palacio d'inverno, e todo o harem o acompanha para a nova resideneia. As cadinas quasi nunca fallam com mulhe- res estranhas ao harem, excepto com algumas antigas escravas do harem, que estao forras, e se acham casadas na cidade, ou com algu- mas mulheres velhas, que vao vender objectos de luxo com recomendacao d'uma sultana, ou d'alguma dama nobre. J. M. DE ABREU. RELACAO Dos individuos nomeados para os seguintes logarcs d'instrnci'ao piiblica, por despachos do Conse- Iho superior d'instruci-uo publica desde o 1 .° ate 0 dia IS do mez de jiinho, e Item assim por decrelos e portarias do Governo, communicadas an mesmo Conselho superior no indicado pe- riodo. INSTIinC(XO PBIHARIA. Antonio Jose Alvcs Teixeira de Magalhaes, para professor temporario da cadeira de Athey, districto de Villa-Real. Antonio Percira de Carvalho, para a dc Villa Ruiva, districlo de Beja. Candido Maximiano Xavier de Noronha, para a de Formoselhe, districlo de Coimbra. Jose Bcnto da Gama Lameira , para a de Assumar, districto de Sanlarem. Jose Maria Xavier Malheiro, para a de San- fins, districto de Villa-Real. Jose da Rosa Themudo, para a de Alpalhao, districto de Porlalcgre. Sebastiao Jose Teixeira Pinto, para a de Val- Passos, districto de Villa-Real. Caelano Antonio Fernandes, para a de Rcbor- does, districto de Viana. Francisco dos Rcis Oliveira, para a de Villa do Bispo, districto de Faro. Joaquim Avelino Barbosa, para a de Monte de Caparica, districto de Lisboa. Joaquim Elysiario Ferrcira, para a de Ericei- ra, districto de Lisboa. Luiz Jacintho Percira, para a de Villa-Franca do Campo, districto de Ponta Delgada. Maria Libania Fagundes, para mcstra tcmpo- raria da eschola dc meninas da Villa da Praia da Victoria. INSTHUCgiO SECDNDABIA. Bento Alvcs Pereira de Moura, para Profes- sor temporario da cadeira de latim de Villa-No- va de Famalicao, districto de Beja, por portaria de 12 d'abril proximo passado. Joaquim ManocI Fernandes Braga, professor da quarta cadeira do lyceu nacional de Ponta Delgada, para professor da terceira cadeira, para as reger cm curso biennal, por decrcto de 36 de maio ultimo. INSTRCCfAO SUPER lOR. Thomaz dc Carvalbo, para lentc proprietario da primeira cadeira da eschola medico-chirurgica de Lisboa, por decreto de 30 dc maio ultimo. 86 APONTAMENTOS SOBRE A THEORIA DAS PARALLELAS. ADVERTENCIA. Usamos dos Elenieiitos de Geoiiictria d'Eiiclides, piiUlicadob pela iuiprensa da uiii- versidade em 1846: na definijiio porem de parallelas suhenteiidemos suppriiiiida a phrase on cquidt$tante$, (vid. def. 3d do 1.° Liv.), porque iiao t; d'Eiiclides. Dcvciii U'r-se as rcfc. rencias ao Legendre na duodecimo edigdo da sua gcometria, impressa em Paris, em 182."!. Lemma I. ji recta, que une as extremidades de duas rectus eguaes c perpendicnlares a uma i/uarla recta , fa% angxdos eguaes com as dictas perpendicnlares. Fig. I. \ ^ n Sejam (Fig. 1) BC e AD eguaes e perpendiculares a CD , tire-se AB: digo que os angulos DAB e ABC sao eguaes. Pelo ponto G raeio de DC, esleja tirada a recta GE perpen- '^ dicular a DC, e as rectas BG e AG. A perpeudicular EG esla denlro do angulo AGB (Leg. liv. 1 prop. 21). n f. r. Nos triangulos ADG e GBC temos AD=BC; DG = GC, e 05 angulos em D e C eguaes: logo (Leg. liv. 1, prop. 6), os triangulos ADG e BCG sao eguaes, e por isso e DAG:=CBG, e DGA = CGB, sendo tambem AG=sBG: ora como AG = BG, «egue-se (Leg. liv. 1, prop. 12) que e GAE:?=GBE : por conseguinle as duas egualdades GAB = GBA, ej DAG = CBG, dao GAB + DAG = GBA + CBG ; ou DAB = ABC. coROL. Sendo DGE = CGE, DGA;:;=CGB, sera AGEsssEGB: ora os triangulos AGE e EGB tern AG = GB, GE coramum, e os angulos AGE e EGB eguaes: logo AEss EB, o 03 angulos AEG e BEG sao rectos. scHOi.io. Construidas as rectas DC, DA, BC, debaixo das condigoes do presenle lemma, se quizermos baixar de B ou de A uma perpendicular sobre GE, produrida, em logar de procedermos na conformidade do que se le em Leg. (liv. 2.° probl. 3), bastard unir OS pontos B e A por uma linlia recta. Sabe-se (Leg. liv. I, prop. 16), que d um ponto dado, fora d'uma recta, se nao pode tirar aenao uma perpendicular a recta. 1^ Lemma IL As rectas (Fig. I) AD , EG , BC sdo eguaes. Porque se assim nSo fora, verificar-se-hia uroa das desegualdades Fig. II. seCH = l.» EG>BC:2.' EG BC. Snp- ponha-se AEBCGD (Fig. II) construida,como Fig. I : produzam-se em direitura do si nies- mas as rectas DC e CB; tome-se CC'=sDC; m C estpja C'B' perpendicular a CC, e egual a BC; tire-se BB', e G'E' perpendicu- lar ao ineio de CC'. fi facil de ver que E'G' = EG, e BC em tudo egual a AC. r: f< Qi '(f Por quanto admitlimos que EG>BC, tome; EG = E'G'. Designe-se um ponto I acima de H , e lirem-se EH, EI, E'H, E'l. 87 Oi quadriialeros EGCH e HCG'E' sao eguaes por construcgao ; e a tambem (Lem. I) GEH=EHU, CriE'=G'E'H, e pela egualdade dos quadrilateros, EHC = CHE', e KH=E'H: logo EHI=:E'HI, comosupplemenlos d'angulos eguaes. Sendo pois EH=E'H, HI commiim aos triangulos EHI e E'HI, e o angiilo EHI = E'HI serao os triangulos liHl e E'lll eguaes: era EI + E'l > EH + HE' (Leg. liv. 4, prop. 9); logo EI > EH. Por conse(iuencia o pe da perpendicular haixada de E sobre CL iiao pode estar para cima de H (Leg. liv. 1 prop. 16): o dicto pe tambem n.io pode estar eni H, porque EHC=HEG, e HEG e obluso : tambem nao pode eslar o pe da perpendicular para baixo de H, por exempio, em I', alias o iriangulo HEl' teria dous angulos maiores que dous rectos, o que e impossivel (Eucl. liv. l." prop. 17). Por lanto , se EG > BC , do ponto E nao se pode tirar uma perpendicular a CL ; o que e falso (Lem, 1 scholio,ou Eucl. liv, I, probl. 12). Logo BC nao e menor do que EG. Supponlia-se BC>EG. Feita a precedenle construc^ao (Fig. II), tome-se CH'r^EG; para baixo de H' tome-se um ponto T ; tirem-se EH'jEI', E'H', E'l'. Demonstra-se come acima fizemos , que EI'>EH': logo a perpendicular, baixada de E sobre CL , nao passa para baixo de H'; e como GEH' e agudo, sera EH'C agudo , logo a perpendicular, de que faliamoi, iifio passa por H'; mas, sendo EII'C agudo, EU'L e obtuso , por isso (Eucl. liv. I, pnip. 17) a dicta perpendicular nao corta CL para cima de H'. Logo sendo BC maior do que EG nfio se podera tirar por E uma perpendicular a CL, o que e falso : (Lem. I. scholio) : e por isso BC nao e maior do que EG. Concluiuios pois que nfio e BC maior ncm menor que EG; logo BC:=EG. CoKOL. I. Os angulos (Fig. I) em A e B sdo rectos. Os triangulos GEB e BGC s.'io rectangulos um em E outro em C; lem a raesma liypotlienuse BG : e EG := BC : logo sao eguaes (Leg. liv. 1, prop. 18); e por conseguinte EBG=BGC; EGB=GBC; e por isso EGB + BGC = GBC + GBE = EGC = a um recto. CouoL. II. Os irez angulos do Iriangulo reetangitlo eguivalem a dous rectos. Porque EBG=BGC : logo BEG+EGB + EBG=BEG-|- EGB+BGC=BEG + EGC= a dous rectos. CoROL. III. Os trez angulos d'um Iriangulo qnalquer eguivalem a dous rectos. lug. III. Seja o Iriangulo ABC (Fig. Ill) oblusangulo, e B o angulo obtuso: a perpendicular baixada de B sobre AC caLira (Eucl. liv. 1 prop. 17) dentro dos ponlos AeC: tire-se, e seja BP. Os seis angulos do3 triangulos ABP e BPC valem quatro rectos: tirando OS angulos P, ficara A+B + Ci^ia dous rectos. Se o triangulo (Fig. IV) e acutangulo a perpendicular, baixada de A sobre BC, cahira em BC, e concluiremos , como preeedente- mente A + B-fC = a dous rectos. CoROL. IV. Os quatro angulos do quadrilalero equivalem a quatro rectos. Porque o quadrilatero se divide em dous triangulos, C por meio da diagonal. CouoL. V. EB (Fig. 1) e metade de DC. CoROL. VI. j1 diagonal (Fig. 1) DB e dividida ao meio por EG. Porque EB=:DG: DOG — EOB; DGO = OEB; logo (corol. II) EBO = OpG e porlanto (Leg. liv. I, prop. 7) DO = OB ; e tambem OG = OE. E assim a perpendicu- lar MN ao meio de AD passa tambem pelo ponto O. E como per um ponto se nao pode tirar mais do que uma perpendicular a uma recta, segue-se que a perpendicular baixada do meio da diagonal sobre o lado do reclangulo divide esse lado ao meio. (Leg. liv. I prop. lo). Advertiremos mais que por ser OG=:OE, e 2 OG = AD, e por isso MO = DG. 88 Thcorcma . Ou axioina duodecimo do priineiro livro dn Geniiictria d' Eudidca. LI se uma liaha recta, encoiitrwido-se cotii oulri'o o oslado proNoiite da insli-iiocao pi'iblira e pai-li<'9ilar 1 S55. SECCAO 1.' Eslado presenle das Escholas. k ordeni e dareza da materia pcdcm que esta seccao, a subdivida cu em tanlos capi- tulos, quantos forera os ramos de inslruccao, «iue aqui se cultivam. Tacs sao: 1," Inslruccao elcmentar. %." Inslruccao primaria. li." Inslruccao secundaria. •i.' Inslruccao especial ou superior. CAPITUIO I. Instruciao elemenlar. Debaixo d'esta rubrica tractarei de varies «stabcleciuienlos que aqui lia ; dos quaes uns sao manlidos pebi caridade piiblica, oulros pela phiiantrophia particular, e oulros pelos paes dos alumnos que os fre(|uentani. Tern iogar entre os primeiros a Escholu da infancia desvalida. fundacao do illuslre Luiz da Silva Mousinho d'Albuquerque, quando aqui foi prefeilo, e governador militar da pro- vincia. Durante a adminislracao d'cste cavaiheiro, ainstituicao, que elle creara, medrou e llore- ceu consideravelmente; porque as subscri- pcOes c donativos d uma associacao, por elic fundada para a prolege(, davam de ssbejo para alimcnlacao e ensino do avullado nume- ro de creani.-as. A escbola cliegou a contar 180 alumnos de anibos os pe\os. Logo poi'cra ([ue Mousinbo dei\ou o gover- no da ijlia, a escbola da inl'ancia comccou a dccaliir, a associacao que a protegia a enfra- quecer, as subscripcoes a diniinuir, o zcio das seuboras inspecloras a arrcl'ccer : cm iim a escbola loi progressivanicnte delinbando, ale 0 ponto em que ora se acba, reduzida, ([uando muito, a (|uarenta alumnos de ambos OS sexos. Eulram csles no ostabelecimenlo as 10 lio- ras da nianba; apprcndem ale ao meio dia OS primeiros elemenlos de icitura e doulrina cbrisla; a csla bora teem uma mesquinba refeicao; e as quatro da tarde voltam para suas casas. 0 elTectivo das subscripcoes esla reduzido a mensalidade de reis IbSOOO. A despesa com salarios dos empregados c alimentacao das creancas monta de rcis2j^000 a SO^frOO por mcz. Se nao fossem alguns donativos, principalraente decxtrangeiros, jadeba mui- to leriu perecido a fundacao do illuslre Mou- sinbo. Pelo molde d'esta. ba aqui outra escbola mantida pela mensalidade de reis !J0O. que pagani a mestra os paes dos alumnos. Sao csles creancas de trez a seis annos de edade, e de ambos os sexos, que alii vao apprenderos primeiros rudimenlos de escripla, leilura e doulrina cbrisla ; mas apenas teem adquirido babitos de sujcicao, e levc tinctura de lacs materias, logo os paes as tiram d'esta escbola, e as mandam para outras, onde so Ibes de mais a fundo um curso de ensino primario. A mestra d'esta escbola e uma pobrc mu- Iber de meia edade, solieira, extremaracntc nervosa , mas d'unia paciencia seni egual para levar com certo geito as creancas. Ne- nliuma outra cousa tern de (|ue viva, senao OS proventos da sua escbola; e porem de animo lao despondenle, ((ue prefere despedir OS alumnos e morrer de fome, a fazer uni exame publico. Espero todavia que ha (]'■■ resignar-se a exigencia da lei, uma vez que 0 exame nao passe alem das materias que cusina. Ha nos suburbios d'esta cidadc crescido numero de escbolas clemenlares, mantidas pela pbilanthropia de exlrangeiros de diver- sas communhoes. No sitio da Pontinba, fre- guezia de S. Pedro, ha uma escbola de mcni- nas. sustcntada por uma senhora ingleza (M."nope) da communhao catholica romana. Nas freguezias de Sancto Antonio e S. Mar- tinbo ha nove escholas, subsidiadas por va- ries exlrangeiros proteslantes, cujos nomes ignoro. 92 •0 pnsiiio em toilas eslas cscholas c miiitis- simo elementar; nao. passa das disciplinas dc ler, escreoer, contiir, dotttrimi, e moral cliristd. Ha ])Orem qiicm diga que cllas sao pcrnirio- sas a mocidade, por serem mantidas por apa- nig;uados do 1)."' Kalley, com o iiUuito do dar voga as doulriiias hereticas que clle acjui andou pregando ale 1840. Nao posso asseverar sc tal informarao e bpHi fiindada. 0 que sei e que tenlio visilado alsnnias d'estas eseholas; e tanto pelo que \i, I'ouio pelo (jue lue declararam nieslres e discipuios medianle rigoroso interrogatorio ([ue llies liz, iiao posso alliruiar que seja con- traria aos dogmas de nossa sancta religiao a doulrina que nellas se ensina. Isto nao oljstanle, liz saber aos mestrcs e uieslias que nao podiam conlinuar a exercer o magislerio, se nao tivessem titulo do capa- lidade; e para ifso era indispensavel (jue se liabililassera peranle a auctoridade comi>cten- le, provando sua capacidade moral por docu- menlos, e a litteraria por examc. A pedido d'elles dei-lhes o praso de CO dias para se apromptarem. CAPITUf.O II. Instrucfao primaria. Dehaixo d'este litulo tenlio de coniprehen- der trez especies de escholas: 1." Escholas parlicularcs; 2.° Escholas municipaes; ■J." Escholas piihlicas. ARTKJO 1." Escholas parlicidures. Ha neste districto escholas primarias par- ticulares, algumas das quaes estao cm niejhor pe que as piihlicas. A eschola de meninos de Auguslo Francisco Correa, e Julio da Silva Carvalho, a deEleziario Joaquim de Sousa, c a eschola de meninas de Adelaide Amelia Pereira, pouco deixam que desejar era ponlos de perleicao. Cousa notavel! 0 ensino particular neste districto e, em geral, mais concorrido que o publico. Os prol'essores partieulares nao sao raais habeis, que os das escholas do cstado; mas eslas, pelo menos na cidade, sao menos irequentadas, que as partieulares. Todo o pae de familias, que pode dispor de quaes- quer meios, prefere pagar mensalmente reis SOO a 1^000 pela educacao do seu lilho, a inandal-o para a eschola piiblica, onde nao paga nada. A razao d'isto, cm alguns e vaidade, Nao querem misturar na eschola piiblica os sens com OS filhos dos pobres, temendo que os maus babitos d'estes viio pcrigosamenle inlluir na educacao d'a(iuelles. Mas o que em todos mais contribuc para este resultado, e a falsa persuasao em que estao, de (iiie o mestre particular ha de ser neccssariamcnte raais zeloso pelo adiantamento dos alumnos, por isso que os seus interesses estao na razaa di recta da repulacao da sua eschola. Entendo que ii inspeccao superior das escholas incumhe fazer (juanto possa jiara destruir este preconceilo; e para isto e mister elevar as escholas piihlicas a tal ponto de regularidade e perleicao, (jue fwra todas as classes da sociedade sejani estas as preferi- veis. 0 ensino publico e o que jxide recehcr mais directamente o impulse da auctoridade; por elle e que esta ha de inlluir nas O|)ini0es, habitos, e caracter moral do povo. Oxalii que elle chegue a tal grau de excellencia entre nos, que era breve tenhara de lechar-se, per I'alta de atumnos, todas as escholas partieu- lares ! Os professores e mestras das escholas d'csta classe, illudem, o mais que podem, a neces- sidade de I'azer exame; e para que a auctori- dade inspectora haja do I'echar os olhos a esta falta, ou recusam enviar-lhc os mappas de frequencia, ou fazem n contrario do ([ue pra- cticam OS professores piihlicas : — ao passo que estes exaggeram a fre([uencia das respectivas escholas, — aquclles minguam exccssivaniente a frequencia das suas. Comeco a persuadir- me que os meios de suasiio, que tcnho em- pregado, nao sao sudicicntes ])ara conipellir OS professores partieulares a se hahililarcm para o magisterio na forma da lei. Continita. OS SINOS. Conliniiado de pag. 69. Ainda nao acahamos, porem, de fallar da antiga Roma, onde era uso pcndurar cam- painhas ao pescoco dos cavallos, costume que ainda subsiste em algumas partes do conti- nente, e (jue, nao ha muito, era quasi uni- versal em Inglaterra. Em noites escuras e nos caminhos estreitos tinha este uso um tim prac- tice rauilo importaute — avisar os cavalleiros ou OS carreiros da sua mutua approximaeao, e evitar uma collisao onde nao havia bastante espaco para passarem a par dous cavallos ou dous carros. 0 mellioramento das estradas acabou com este costume. Os Romanes tarabem punham campainhas ou chocalhos nos seus rebanhos, com o fini, diz Strabao, d'afugentar as feras. « Se alguem, diz Justiniano, nas suas leis ruraes, tirar o chocalho a um boi ou a um carneiro, seja, depois de convicto 93 do crime, aooitado como um ladrao; c sc o animal se pcrder, spja oi)rigado a indcmnisar 0 proprietario. » Magio diz-nos que os pasto- res do seu tempo observavam ainda esto costume, « nao tanto, » contimia eile, « para afugentaranimaesdamninhos, como para achar 0 gado extraviado. » Ahi esta, com effeito, a principal utilidadedas campainhas, ainda hojc empregadas principairaentc na Escossia, onde cada rebanho tem um indicador d'esle genero, com a ajuda do qual o pastor pode procurar OS animaes que se Ihe perderam na neve. 0 Os pastores tambcm acreditam, diz Magio, que aos rebanhos apraz o sora das campai- nhas, assim como o da flauta, e que o prazer, que d'ahi derivam, os faz engordar. » Esta idea e ate certo ponto confirmada por Southey, que diz, fallando dos rebanhos dos Aipes, que tinha visto na sua mocidade: — caminham com visivel orgulho e satisfaccao quando fa- zem resoar as campainhas. Se privam a vac- ca principal da campainha grande que traz, mostra-se logo mui sensivel a esta humiliarao, entra a mugir, nao come e delinha-se; a feliz rival que a substituiu em tal distinccao torna-sc 0 objecto do sou odio e da sua vinganca. As campainhas conhecidas de ha tanto tempo na antiguidade paga erani niais or- dinariamente de bronze, mas as vezes tambem de prata e ate d'ouro. Aos ehristaos e que e devido o augmento de volume que depois se llies deu e que hoje teem os sinos. Quando 0 cullo do verdadeiro Deus havia mister de se esconder nas cavernas soJitarias, e nos covis das feras, no tempo das proscripcoes dos pagaos, mais crueis que as proprias feras, som algum revelava aos perseguidores do christianismo os logares onde se eelebravam OS mysterios d'este culto; logo, porcm, que cessaram as perseguicoes, e os louvorcs do Omnipotente se elevaram com o incenso em lemplos majestosos, adornados de todos os ac- cessories que podia imaginar a devocao dos fieis, OS sinos appareceram e tomaram parte nas solemnidades da religiao. Alguns autores attribuem a sua introduccao (an. Dom. 400) a Paulino, bispo de Nola na Campania, e con- temporaneo de S. Jeronymo ; mas o silencio d'este prelado acerca das campainhas e do campanario, em uma carta em que faz uraa descripcao minuciosa da sua egreja, e um argumenlo forte contra esta opiniao, e ainda mais porque se nao acha allusao alguma a este respeito nos escriptores contemporaneos ou pouco postcriores. So depois do anno SOO, segundo Hospianus, e que os sinos, que elle chama campanae, foram empregados pela egreja. « Os sinos maiores, diz Magio, cha- mam-se campanae, porque na Campania e que OS fundidores exercem esta tao util industria ; » d'aqui provem egualmcnte o nome de cam- panario que se da as torres onde elles se sus- pendem. A cidade de Nola e tambem prova- velmente a origem da palavra iwlae, que designava certas campainhas pequenas sus- pensas a um caixilho, e (juc se locavam du- rante 0 officio. Os ecdesiasticos nomades nao podiam deixar de trazer para Inglaterra algumas amostras d'estas ultimas campainhas, pouco depois do comecarem a ser applicadas em Italia as cerimonias do culto; por isso parece que as campainhas portateis d'altar foram as que primciro se conhoceram nas Ilhas Bri- tannicas. Mas o sino pesado, de sous graves, foi iiitroduzido pclos Anglo-SaxOes em epocha assaz remola. Foi este um dos objectos que. no reinado d'Egfrid, Benedicto, abbade de Weremouth e de Jarrow, trouxe d'ltalia para adornar a sua egreja ; e pela mesma epocha (an. Dom. 680) era o que, confornie diz Bedo, chamava ao coro as monjas do convento dc Sancla Hilda. Pensam alguns antiquaries que a idea do campanario foi originada pela de col- locar 0 sino a maior altura, para ser ouvido mais longe. Durante muitos seculos as fundicoes dos sinos eram nos conventos e casas religiosas, e as operacOes cram alii dirigidas pelos ab- hades, priorcs, e muitas vezes pelos proprios bispos. Todo o tempo que a fundicao teve logar nos mosteiros acompanhavam-na de cerimo- nias, que Ihe imprimiam um character reli- giose. Os monjes infileirados em redor da fornalha entoavam o psalmo CL, e rogavam a Deus que dcrramasse as suas bencaos sobre 0 metal fundido, cm honra do Sancto a qucra a obra era dodicada ' . Em uma vida de Carlos Magno, citada por Magio, menciona-fe pela primeira vez a fun- dicao dos sinos nos mosteiros. Diz o auctor d'esta obra, que um frade do mosteiro de Sao Gall, insigne nesta arte, fez um sino, cujo som foi muilo admirado do Iraperador. « Senhor, Ihe disse entao o frade, ordenai que se me traga uma grande quantidade de cobre, que cu purifiearei no fogo ; e mandai- me tambem dar prata em vez d'estanbo — pouco mais ou menos 100 libras — e fundir- vos-hei um sino ao pe do qual este parecera mudo. » Magio queixa-se de que os principes do seu tempo eram mais avarentos do que OS d'outrora, nao querendo fornecer o metal necessario para dar aos sinos um som argen- tine. Com tudo parece que a idea, geralmente espalhada das vantagens de introduzir prata nos sinos nao e senao um erro vulgar. « Ha pessoas,!) dizumescriptorbeminformado, nque asseveram que, para lornar o som do metal do sino mais harmonioso, e mister ligal-o com uma pouca de prata, como se vos dissessem que um pouco de assucar adoca uma chicara * Ninguem ignora que Schilier fez sobre esle as* sumpto um bello poema lyriroinlilulado: A Fundi^uo Ja iino. 94 de fhd oil um copo Jo \iiilio (luoiilo. E uiii eugano. A intrddui'rao da piata, scndo oiu grandi' (luanlidadc. prodiiz o pfleito opiioslo, porqiu^ a ])iala, pcla sua naluroza, nao pode produzir com o cobre uina liga dura, quebra- dica, deiisa c vibraiile que se cliaiua metal j de sine. ExistBiii sem duvida diversos ingrc- dientes que um iiabil fundidor emprcga para ! melhorar a sua composioao; mas sao segredfls do oflii'io, e oada lundidor torn os seus. > Alem d'islo nada nos auctorisa asuppor que, a nao scr o coslunn; de lanrar no ladinho, como Iributo, algumas moedas, os nossos an- lepassados lizessem mais uso da piala, do que nos fiizemos, na fundicao dos sinos. O rol das maleriasentiegues, no anno 3(i do reinado de Henrique 111 (li52), para o lahrico de Irez sinos destinados a egreja do casteilo de Dover mostra-nos qua! era cm Inglalerra, ba 000 annos, a eomposieao d'esia Hga: um sino veibo, l,OuO libras de cobre e jOO d'estanlio. A mistura nao secompunba, por lanto senao d'uni ponco mais de duas partes de cobre e lima d'estanho; o sysiema moderno so diiTere do antigo em admitlir trez paries de cobre. Continua. SALSUGEiM DA AGUA DO MAR. iNiima das ultimas reuniOes do Inslituto Canadense M. Ciiapnian, i)roressor da univer- jidade de Toronto, apresentou uina impor- tante memoria sobre « a salsugem da agua do mar. » 0 A. suppOe, (|uc o mar Idra salgado desde a sua origem, e analysa depois as opiniOes eniitlidas ale ao presente para explicar a utilidade, que d'esta condicao da agua do mar pode rcsullar. A opiniao dos que pretendem que a salsu- gem do mar tern por lim evitar a corrupciio (I'aquella agua, parece insustentavel por mui- tas razoes, mas principalmente porque as imniundicias organicas numa imniensa por- cao d'agua em movimento, quer scja doce, <|uer salgada desappareceui completaraenle p se dissolvem com tal rapidcz, que parece seria necessario um agente especial para suspender a total aniquilarao da materia organisada em sua oscilacao linal eutre o muudo organico e inorganico. Chapman recorda as myriades de legiues de seres microscopicos, que existem cm grande abundancia na maior parte das aguas, c que parecem particularmente desti- nados, segundo Owen, para alimentar-se da materia i|uasi nao organica espalhada nas diversas zonas de habitacao, e lazel-a entrar novamente na cadea animal. Esles seres de- voram-se uns aos outros, e mantem assim a lirculacao da materia organica, fazendo-lhe percorrcr as diversas cscalas da animalidade. Dado porem que nao se julguem admissivcis cstas explica^oes, dcvemos pelo mcnos consi- derar os infasorios, os foraminiferos, e mui- los lypos mais elevados como destinados para absorver a materia cm esiado de decomposi- cao, e opp6r-se a sua accumulaciio cm gran- des porcocs. 0 A. d'aquella memoria demonstra tam- bem, que em muitas circumstancias a (juan- tidade de materia salina, que exisle no mar, nao e sufficiente para suspender a decompo- sicao. Oulros pretendem que a .salsugem do mar tem por lim toruar as suas aguas mais den- sas, e, abaixando o scu ponlo de congelacao, oppur-se a que ellas se gelem, excepto nas pro- ximidades dos polos. Esta opiniao pode adrait- tir-se ate cerlo ponto; mas nao resolve o imporlanle problema da salsugem do mar. 0 ponlo de congelacao da agua do mar e uni- camente inl'erior dois graus ao da agua doce; e com a actual distribnicao das terras e das aguas, e raenos ainda com a das precedenles epocbas geologicas, certo nao teria occorrido pbenomeno alguni importante, se a agua do mar fosse, em vez de salgada, doce. Quanto as partes habitaveis do globo tal diflerenca nao tern quasi valor. M. Chapman considera esta questao de um modo novo, e diverso dos outros jihysicos. E opiniao sua que a salsugem do mar tern por fim principal « regular a evaporaciio >■ e op- p(jr-se a ([ue csle pbenomeno se de>involva em grande escala sob a intluencia de causas perturbadoras, que poderiam manifestar-seem diversas epocbas. Us diirerenles liquidos de- baixo da mesma pressao almospherica teem pontos de ebullicao mui diversos; as dissolu- cOes Salinas evaporam-se mais Icntamente, que as dissolucoes fracas, e estas mais lenta- mente que a agua pura. A agua do mar con- tem, termo medio, 'i j por 100 de materias solidas, das quaes "2,0 por 100 consistem em cblorureto de sodio. Chapman fazendo diver- sas ohservacocs .sobre a evaporacao de eguaes. porcOes, em peso d'agua da chuva, c d'agua contendo i,0 por 100 de sal, achou que a agua pura perdera em relacao a dissolucao salina no espajo de 24 boras 0,54 por 100; ao caho de 48 boras 1,05 por 100, e depois de 02 boras 1,40 por 100, e assim por dian- le, proseguindo por 0 dias consecutivos nas suas experiencias. A salsugem do mar entra portanto na ordem dos phenomenos d'equilibrio, e e uma d'estas admiraveis disposicOes d'barmonia das forras, (jue a natureza nos patentea em todas as suas partes. Assim, dadas as mesmas circumstancias, se por qualquer causa accidental e terapora- ria a proporcao da materia salina na agua do mar for superior ao seu valor normal, a 95 e\apora5ao tera enlao logar cm ciuantidadcs huccessivamentc mais pcquenas. Se pelo con- Irario a porcao da materia salina diminue pelo accrcseimo de agua pura em grande quantidade, o poder evaporalorio augmenlara progressivamente ate se restabeleecr o equili- brio em ambos os casos. 0 A. termina a sua memoria ponderando, que esle principio poderia la near alguma no- va luz sobre a distribuicao geographica dos lagos d'agua doce, e d'agua salgada, que actualmente existem a supcrlicie do globo. A. L'MA VISITA A SERRA DA ESTRELLA. Manoel de Faria e Sousa, fallando desta elevada moutanha, e do seu encadeamenlo secundario com as principaes do contincnte, diz: « que a natureza formara ocorpo da ter- ra com um espinhaco de monies, que teem a sua origem no monte Tauro, dividindo este o mundo com os seus bracos, que deixa para todas as partes, os quaes tomam difl'erentes nomes segundo as linguas das gentes aonde caheni. Chama-se Tauro aonde mais sccleva, aonde divide a Pamphilia e Silicia, provin- cias da Armenia menor; Caucaso e Parapo- neso em diversas rcgiOes da India. Dos seus ramos uns se chaniam Caspios, outros Rifeos, Iperboreos outros. Na Africa toma o nome de monte Atlante; aonde divide a Germania da Italia tcm o nome de Alpes; o de Apeni- nos entrando na Italia, e entre a Franca e Hespanha toma o nome de Pyrenees. D'estes ultinios sahem por toda a Hespanha muitos bracos com varies uomes; em uma parte Idu- bedas, cm outra Orospedas, os quaes cingem e cortara estes reinos tortuosamente. Em Por- tugal entram alguns raraos pela villa de Cha- ves na provincia de Tras-os-montes e alguns dividem a de Entre-Douro-e-Minho entrando para alii do reino de Leao. Em fim outro ramo que precede das montanhas de Idube- lia, c que passa por Bonilla e Bejar faz pouco adiante a sua entrada pela cidade da Guarda, donde em (im resulta entre outros a serra de Estrclla a que antigamenle se dava o nome de Erminio maior. » Segundo Antillon as montanhas da penin- sula, que comecam para oeste do rio Ebro, e a que por esta sua opiniao propoz que se Ihes dessc 0 nome de cordilheira Iberica, desta- cam uma das suas cadeas secundarias, que atravessando a peninsula de oriente a occi- dente forma a separacao das bacias dos rios Tejo e Douro. A serra da Estrella formada pela mesma cadea secundaria, estende-se desde a cidade da Guarda ate a extremidade do cabo da Roca ao norte da foz do rio Tejo, aonde tcm o nome de serra de Cintra. A serra de Estrella, composla principal- mente derochas graniticas, apparece denovo ligurada dc granito juncto de Cintra. Em al- guns logares o granito acha-sc niisturado era algumas caraadas comschisto, cuja mistura se assemelha ao mica-schisto. 0 grez-scbistoso e de diversas cores cobre o granito e as rochas schistosas. Humboldt suppSe que as mon- tanhas de basalto das ilhas Canarias sao uma continuacSo de algumas das nossas, porque ainda que no continente se nao encontram vestigios alguns de vulcoes extinctos, toda- via as fontes thermaes de alia tcmperalura apparecem nas rochas graniticas. A vista de muitos logares elevados, que da serra se disfructa, varia segundo as diversas estacoes do anno. Ate marco esta quasi sempre coberta de neve, a qual ainda que por esse tempo comeca a derreter-se, assim mesmo em alguns sitios em agosto ainda apparece gelada e compacla. Isto mesmo refere Manoel de Fa- ria. A serra cm alguns pontos culminantcs e tao elevada, c alii a tcmperalura athmospherica e tao baixa me; mo na cpoca dos mais intensos calores do esiio, que Link supp5e-lhes 7000 a 8000 pes de altura acima do nivel do mar. Masestaavaliacaoeexagerada. Biol, suppondo que a monlanha de Mongo na Hespanha pcr- to do mar mediterraneo, e que se avisla dc "20 leguas de distancia, para a parte do mar lem so 727 metres de altura, da para a serra de Estrella umu elevacao menor que 7000 ou 8000 pes, porque, se, comodizem, dos logares mais alios da serra se avistam as cercanias da Figueira, ou talvez a foz do rio Mondego, a distancia nae e maior que 20 leguas e ainda que as nessas sae maiores que as francezas, essa differenca nao compensa a que vai de 727 metres a' 7000 ou8000 pes; e suppondo para conciliar a opiniao de Link que com oculos de grande alcance sc chegasse a desco- brir parte de mar da Figueira, nao seria por isso menos destituide de fundamento o cakulo d'este .\.. No Mappamundi de Dul'our de ISi'J vein dcsignada a serra do Malliae (ou do Mara-o provavelmente) com 1800 metres de eleva- cao: ora 7000 pes equivalc a 2300 metres, per tanlo a altura da serra de Estrella segundo Link, ainda e muite maior que a do Malhao, segundo Dufour, que nem ao menos menciona a serra de Estrella no sobredicto mappa. Segundo Urculu e Balbi a altura maior da serra de Estrella nao e inferior a 1077 tocsas. A obra Um milhao de factos, e M. Julia de Fontcnelle no seu manual de physica divcr- lida dao para a me.sma altura 1700 melro^, medida metade menor que a anlecedenle. Talvez que a falta de exactidao na cstima- tiva de Link, a respeilo dos logares mais ele- vados da serra, nascesse dc se haver perdido 96 cm uma das siias cxcursoes pela serra, e em que, scgundo clle mcsmo miudamenle referc, passou grande;; pcrigos e Irabalhos no tempo da estarao invernosa por se aiastar casual- mente do sen guia, e pelos despenhadciros de que inscienlemente se aproximou, nao po- dcndo distinguir os mcsmos logares porque uoutro tempo ja liavia passado por se acha- rem robertos de neve de muita allura. Mas 0 fundamento da sua cstimativa e tao pouco digno de attencao, que decidiu-se a dar-lhe a referida altura attendendo a sua posieao geographica e a baixa temperatura, que alii experimentou era dilTerentes vezes e compa- rativaraente cmdiversos tempos do anno. Com elTeito esla mesma altura nao differe muito da que da o auetor do artigo — racleorologia e physica do globo — do livro — urn milhdo de factos na latitude de 47 " em os Pyreneos para limite inferior das neves perpetuas. Este iimite e de 2730 metros. Por consequencia em quanto se nao lize- rem medidas geodesicas e observacoes baro- metricas que merecam maior coniianra nao pode emittir-se a este respeito uma opiniao segura. Contitiua. EPOCAS DO NASCIMENTO E DE JESUS CHRISTQ. MQRTE Acritiea, que, ha dois seculos, tao rapidos progresses tern feito no estadio das letras, era ainda na primeira deoada d'este seculo quasi complclaniente cstranha ao estudo dos mo^ numentos. Os antiquaries, cmpenhados mais em colligir essas antigas reliquias, do que apu- rados em interprelal-as, nao as examinavam em relarao ao espirito da cpoca, ou do povo a que pertencerara; nem procuravam tirar da observacao da sua cdadc, estilo c disposirao as naturaes rclacoes desses monumentos com 0 grau de civilisarao, e aperfeicoamento mo- ral e industrial das nacpcs, que os possuiam; da arte que ps vira nascer; dos habitos em tim e das tendencias das geraooes que no voiver dos tempos se foram succedendo. Felizmenle hoje os antiquaries nao seguem OS preceitos da critica com raenos rigor dos que OS historiadores e litteratos. De todos os ranios, porem, da archeologia, a numismatica c a que roaiores progresses tem feito nesta Dova via, que tantos resultades utejs tem ja produzide. Uma obra recentemente publicada por M. Saulcy sobre a « numismatica judaica ' » escla- * M. F. de Saulcy. Recherches sur la numismatiqne jniiaiguc. Paris 1854. 4.'* rcccndo niuilas qucstocs imporlantesacerca do cstado de adiantamcnto das artes entre os liebreus cm epecas muito anteriores as que Mayer e eutros antiquaries Ihes assignavam '; oflerecc tambem sobre outros pontes de maior memento relatives aqueila nacao, documentos que lanram muita luz sobre a sua historia po- litica e religiesa, e que pareciam inteiramentc alhcies dos cstudos numismaticos: e com tudo e nas proprias meedas cunhadas em diversas epecas, e nas suas Icgendas que um profundo c sabie investigador cemo Saulcy pode aehar 0 tio e as prevas d'essas grandes lulas, que o amor da libcrdade e o espirito de nacionali- dadc lizera nascer 'naquelle povo guerreiro, era vencide ora venceder; e verificar a data e duracao do cada reinado. Algumas observacoes criticas de Alfredo Maury sobre esta ultima parte dos trabalhos de Saulcy deram logar as judiciosas reflexoes, que este A. desenvolveu 'numa carta que ultimanente publiciira ■" sobre as datas do naseimento e merte de i. C, da qual resu- raidamentc damos aqui nelicia. Sobre este mesme ponto, sempre muito controvertide, publicou-se tambem ja no de- curse do corrente anno uma outra obra ■" era que 0 A., fundando-se 'numa interpretacao de uma passagem do Exedo, contraria as opinioes de Saulcy sobre e dia da merte de J. C, mas as provas, em que Saulcy se aue- lorisa, refutam a hypolbese de Luttereth, de que 'neutra occasiao nos eccoparcmos. A paixao de Jesus Chrisle tevc logar, se- gundo S. Marcos', n» sexta feira, em cuja noite comecava a paschea dos judeus, que sempre cahia a 14 do mez de nisan. Nos an- nes proximos a epocha em que, segnndo todas as probabilidades devia ter tide logar aquelle accontecimento, ba um anno so, cm que o dia 14 do nisan cabiu 'nama sexta feira: foi 0 anno de 33 da nossa era; 6 a sexta feira 14 de nisan correspende ao dia 3 d'abril do nosse cailendario. Por esta censideracae o naseimento de J. C. devia preceder e primeiro anno da nossa era, o que esta de accordo com a tradicao christa que diz, que J. C. vivera 33 annos e trez mezes, e por consequencia o se« nas- eimento devia ter logar a 2S de dezembro do anno immedialamente anterior ao primeiro da nossa era. E os Evangelhes contirmam esta tradicao. ' Sefundo Bayer as moedas mai.s antigamenle cunha- das entre os Judeos datavam do anno 140 antes da era chrisla, cm que Aniiocho VII concedera este privilegio a Simao irmao de Judas Machabeo. Saulcy encontrou 'nalgumas moedas os nomes de Jonathan antecessor de Simao e Judas Machabeo, o que ju antes observara B^rtheleniy. -■ L' Athenaeum Fran^. juin 1855. ' Henri Lutteroth. Le jour de la preparation: Let- ire sur la chronologie pascale. Paris 1855. 8.° * S. Marc. XV, 44. 97 Quando J. C. foi baptizado por S. Joao, entrava no seu trigesimo anno ' ; e S. Joao comerara a sua missao no decimo quinlo anno de Tiberio^. Ora Augusto morreu no niez d'agosto do anno decimo quarto da era christa, e o primeiro anno de liberie comera nesta niesnia data, por conseguintc o seu de- cimo (juinto anno comeiava em agosto do anno de 28 e aeabava em egual mez do anno de 29; o baptismo de J. C. tevc por tanto logar posteriormente a agosto de 28, pois que elle conieeava entao o seu trigesimo anno; eontando por tanto de 29 para traz, cbega-se ate um anno antes da nossa era para prefazer os 30 annos de idade de Christo quando fora baptisado. Por outro lado S. Joao no seu Evangelho diz, que entre o baptismo de J. C. e a sua pai\ao so medearam quatro paschoas, de que a quarta comecara no dia da sua morte; por- | tanto tendo elle expirado na sexta feira 3 de abril de 33, as quatro paschoas sao as dos an- nos de 33, 32, 31 e 30; por consequencia posteriormente a paschoa de 29, e antes da de 30 e que teve logar o baptismo, que segundo a tradicao fora celebrado a 6 de Janeiro do anno de 30. A tradicao, e os factos historicos estao por tanto de accordo sobre a epoeha do nascimento e morte de Jesus Cbristo. Nao pode, porem dizer-se outro tanto a respeito da existencia de Herodes o grande na epoca do nascimento de J. C. A Herodes succeddra seu tiiho Archelau, que ficou scnbor de Jerusalem, com a promessa do titulo de rei, em quanto que llerodes Antipas era te- trarca de Galilea. Ora existem medalhas deste principe cunhadas em Teberiade no quadrage-, simo terceiro anno do seu reinado com o titulo de Caius Caligula, t. provavel a priori que 0 tetrarca por lisonja tisesse cunhar estas moedas, quando Caligula subio ao throno; e como liberie morreu no fini de marco de 38, 6 Caligula foi assassinado a 24 de Janeiro de 41, eontando 43 annos atraz de 38, a data da morte de llerodes o grande corresponde ao quinto anno antes do comeco da era christa. Se, considerando a questao pelo lado raenos favoravel, cm logar de suppormos que as medalhas foram cunhadas, quando Caligula subira ao throno, admittirmos que tivessem sido cunhadas no ultimo anno do seu reinado, isto e no anno 40 da era chrisla, o primeiro anno do reinado do tetrarca Herodes viria ainda acoincidir com o 3." antes da era christa. Porem, segundo Jose na sua historia judaica, Herodes Antipas fora deposto pouco depois da elevacao ao throno de Caligula; e portan- to forcoso, recorrer a primeira hypothese de que 0 quadragesimo terceiro anno do tetrarca ' S. Luc. Ill, 23. '■' S. Luc. III. 1. fora 0 primeiro de Caligula, e em caso alguni J. C. podia ter nascido durante o reinado de Herodes o grande, mas sim durante o go- verno do ethnarca Archelau, o que se con- lirma pelas moedas cunhadas no tempo d'este principe, que todas sem excepcan tern o nome de Herodes, mas seguido do titulo de Ethnar- ca, de que so usou este priucipe da familia idumea, por conseijuencia o Herodes mencio- nado nos Evangellios e Herodes Archelau, e nao Herodes o grande. Fundada, como parece, esta opiniao nos testemunbos historicos e nos monumentos nu- mismaticos, ofl'erece todavia uma grave dif- liculdade: S. Matbeus diz expressaraente que Jose e Maria com seu Filho se conservaram no Egypto ate a morte de Herodes, e referin- do como um Anjo annunciara a Jose a morte d'aquelle principe, acrescenta as seguintes palavras, « que sabendo o esposo de Maria que Archelau succedera a seu pae Herodes no throno de Juda, se retirara para a Gallilea, receoso de voltar a Israel ' . » E porem certo que 0 nome de Herodes e applicado nos livros sagrados 'numa accepcao vaga, e gcral, e Archelau foi como seu pae designado com o nome de Herodes; e por outro lado e digno de notar-se que S. Lucas, S. Joao e S. Marcos nao fazem mencao da residencia de Jose e de Maria com seu Filbo no Egypto. Outra difliculdade que se encontra na re- solucao d'este ponto e relativaraente ao re- censeamento feito por Quirinio por ordem dos romanos. « Por causa deste primeiro recenseamento, diz S. Lucas, Jose e Maria, ([ue estava pejada, foram obrigados a ir de Nazareth a Belem para serem inscriptos na propria cidade d'onde eram naturaes*. « Segundo o texto sa- grado Quirinio era prefeito da Syria ; por outro lado Jose, historiador dos judeus, diz que 0 recenseamento se verificara somente depois que Archalau fora deposto, na oc- casiao em que a Judea, reduzida a provin- cia romana, fora reunida a prefeitura da Syria. Um procurador da Judea fora mandado por Augusto com Quirinio: cliamava-se elle Copo- nio, e era membro da ordem equestre. Qui- rinio era senador. Este recenseamento, que dera logar a se- dicoes e graves extorsoes entre o povo hebreu, verilicou-se, diz o mesmo historiador, no tri- gesimo septimo anno da era acciaca, que cor- responde ao 7.° anno da era christa; ha por- tanto uma completa discordancia entre a nar- racao de Jose, e o que refere S. Lucas no seu Evangelho. Acaso no texto do escriptor sagrado fora posteriormente accrescentada a narracao d'a- ' S. Math. II. 14 e segg. 2 S. Luc. II. 1 e segf. 98 ijiiclle liUal rtHcnseanu'iito? Nuo ousanuis dizcl-o. E poreiu evidcnto, que se J. C. nasceu em Bclera por occasiao do referido lecenscamoiilo no "." anno da era christa. e tendo padorido a sua paixao e morte no anno de 'i'.i, como esla malliemalicamente provado, tinha apenas 2(1 aniios qiiando mor- rcu, c nao era cutrado no trif;esimo anno (jiiando rcoelieu o baptismo. Mem d» que sc -■■e admitlir aijuella data para o nasrimento do Christo 1^0 anno 7.°), c se, de accordo com a tradieao ijeralmente receliida, .1. C. tinha, quando niorreu. mais de 'A'i annos, viria este i-ucresso a ter logarcm 40, o(iiie e manifesla- raente incxaelo. pois que ja a esse tempo havia mais de dois annos que Pilatos tinha sido dimit- tidoe desterrado. Tiberio tinha lambem mor- rido no tim de marco de ;)S ; c Maryllus, se- gundo successor de Pihitus, era procurador da Judea por Caligula. Em lim seJ. C. tivesse nascido durante o recenscamento de Quirinio, que so teve principio dcpois da expulsao de Ilerodes \rchelau, todos os factos positivos acerca do scu nascimento seriam, historica- mente faliando, impossiveis. 0 recenscamento que Augusto mandara fazer era das propriedades, segundo ret'ere o liistoriador Jose, e parece niio haver motivo para que Jose e Maria, pobres dos bens da Ibrtuna, fossem ohrigados a ir recensear-se a Belem, onde nada possuiam. E mais pro- vavel que urn recenscamento de pcssoas por tribus ou familias, e ao ([ual por consequen- ria Jose e Maria deviam sujoilar-se, tivesse logar pclo tempo do nascimento de Christo, e que este acto de administracao puramente judaica, e proprio para excitar a nacionali- dade do povo hehreu e cstrcitar os lacos de farailia, fosse dill'erente do de Quirinio, que devia ter um lim politico mui diverso, por- que se tractava de incorporar no imperio dos Cesares um paiz, cujos habitantes eram sohre- raaneira hoslis ao jugo da dominacao roinana. Cumpre tambem obscrvar, que o Evangcllio de S. Lucas aprescnta vestigios de uma pri- initi\a redaccao seiuitica, que hoje nao jios- suinios, e era possivel que o traductor grego nioditicasse o texto original, introduzindo nelio, sem mclhores fundainentos factos, <|ue nao estao em barmonia com o theor dos outros Eviingelhos, c que clle achara talvcz lonsignados nalguma glosa marginal. Parece ]iortanto provado. que J. C. nas- cera a 2u de dezembro do anno que pre- cedeu o primeiro da era christa, reinando cntao 0 ethnarca Herodes Archelau; que sof- frera a sagrada paixao a 3 d'abril do anno de 33, e que e respeitavel atradicao de([ueJ. C. vivera 33 annos e trez mezes, pois que entre So de dezembro, dia do sen nascimento ate 3 d'abril de 33, em que expirara, vao exacta- mente trinta e trez annos, trez mezes e oito dias. J. M. DE ABREU. IMDLIOGUAPUIA. Gcuchkhtc (lev Piidagnfiil,. Historia da Peda;;os:ia. STnuC(iO SECU.NDiRIA. Jose Joaquim Manso Prcto, para professor da Cadeira de Arillimctica, Algebra elemcntar, Geu- mctria Synthclica elemcntar c principios dcTrigo- nometria plana, c Geographia Mathematica no Lyccu de Coimbra por decrelo de 4 do prescnlc mez. IIVIPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Lcgislnriio Porlii$;aoza. quo «e veiiilo na mcNma InipreiiNa, cujosi precos roram reiluzirtOK cm II d'Abril tie 1855. PRECO Assentos das Casas da Supplicacao e do Civel, 4.° Colleccao dc Cartas dc Lei, Dccretos, etc., das Cortes Geraes, Extraordinarias e Constituintes, dc 26 de Janeiro dc 1821 ate 20 de Novembro de 1822, 4." .. Colleccao chronologica de Leis Exlravagantes, posteriores a nova Compilacao das Ordenacocs do Reino, publicadas em 1603, desde cstc anno ale o de 1761, conformc as CoUcccoes Yiccntinas e seu Appendix, as quaes accrcsceram as compiladas por F. da C. Franca em suas Addifoes e Appendix, 4.°, 6 vol., com 0 index ; Colleccao chronologica de Leis, Alvaras, Dccretos, etc. de Junho de 1823 ate Junho dc 1828, 5 vol. 4.° Colleccao chronologica de Leis, Alvaras, Dccretos, etc. de Julho de 1828 a Junho dc 1831, S vol. 4." Correa (Francisco) — Colleccao de Leis e Provisoes d'ElRci D. Scbasliao, reimprcs- sas porordem chronologica, e com a numeracao de §§, que em algumas faltava; seguidas de mais algumas Leis, Rcgimentos e Provisoes do mesmo Reinado, etc., c com a Lei da Rcformacao da Juslica por Philippe II. de 27 de Julho de 1582, 2 vol. 4.°, com o l.» e 2." Appendix' Eslatutos da Universidade de Coimbra, 3 vol. 8." Eslatutos da Universidade de Coimbra, 3 vol. 4.°. . . , , Leao — Leis Ejtravagantes, 4.° Ordenacoes do Senhor Rei D. Affonso V., S vol. 4.° Ordenacocs do Senhor Rei D. Manoel, 4 vol. 4.°, com o Repertorio And go Actual 1^580 1^200 1^440 700 6^660 2^400 2^260 800 1^230 400 1^20 600 ipoo 600 ipoo 900 1^100 SOO 4$000 1^500 3^000 1^200 €) Jnotitttta^ JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. BELATORIO fttolirc o rNtnilo prewonlr da iciMlrurrfio pi'iltlirn o parliriilnr luarro do 1 »55. Continuj^do de pag. 92. ABTIGO 2.° Esiholai municipaes. Poslo que aos olhos da lei as escholas mu- nicipaes sejam parliculares, d«i-lhes lodavia aquclia denoniinacao, para assim as dislin- guir das que sao niantidas pelos paes dos alumnos, ou pelos subsidies da philanthropia individual. Quasi todas as raniaras municipaes d'cste districlo, a inslancias do govcrnador civil Jose Silvestre llibeiio, tjnham creado eseholas de ua\e outro sexo nas mais populosas freguezias dos respectivos concellios. Mas taes eschoks iiunca tiveram uma organisacao regular. A ireacao d'ellas I'oi mais urn acto de condcscen- (lencia da parte dos vereadores para com os desejos, alias louvaveis, d'aquclla auctoridade, do que resultado de con\icrao que tivcssera da necessidadc e conveniencia de taes insti- tuicoes. Que resultou d'aqui? Apenas saliira da go- vernanca aquellc cavallieiro, como jii, por outro lado, comecassem de escasscar os ren- dinientos das Tiuinicipalidades, logo se foram esberoando ecaliindo taes eseholas. Acaraara da villa de Sancta Cruz, que tinha uma eschola priniaria uoCaniro, outra em Gaula, outra na (Jamacha, supprimiu-as todas. A da Calheta, que mantinlia uma eschola no Arco da Calhe- ta, e outra aa l-"aja da Ovelha, supprimi«-as ambas. Outras ha, queainda nao supprimiram t'scbolas que houvessera creado; mas ha muitos mczos que nao pagam aos respectivos mestres e mestras. A caniara do Funchal, por exemplo, ainda conserva onze eseholas de mcninas e cinco de rapazes; mas deve a cada um dos profossores e mestras dez raezes de ordenado. Posso assegurar a V. Excellencia que as mestras das eseholas de meninas d'este con- celho s»o, era gcral, de rcconhecida aptidao, YoL. lY. Agosto 1 - e a perder de vista mais habeis, que 'os pro-:. fessores da sua classe. Taes eseholas tern consideravclmente con- tribuido para o melhoramento da condifao physica e moral das povoacoes ruraes. Em freguezias, onde ha dez annos atraz so as- sistiam com livro a missa pessoas cxtranhas a cllas, hoje e rara a donzelinha que nao lea pelo scu (I Manua! de missa » as rezas do servico divino. Os trabalhos d'agulha que se ensinam nestas eseholas, e que sao aqui bem pagos pelos extrangeiros, tem deparado as cducandas uma industria Incraliva e civilisa- dora, cujo exercicio as obriga a viverem com mor limpeza e reealo. E as que ehegam a casar, sao, era geral, melhores esposas e maes de familias, cuidara niais do arranjo da casa, c educam os filhos com mais esmfiro e vanta^em para elles e para ellas. E de lamentar que o mau estado das finan- cas da camara d'esta cidade Ihe tenha inspi- rado a idt^a de ir supprimindo as eseholas de meninas, cujas cadeiras forem vagando. ABTIGO 3." Eseholas publicas. Das quatorze eseholas publicas que aqui ha, as que eslao em melhor pe, sao — a de meninas, de Alaria Emilia Cunha, — a de nieninos de Egidio Francisco de Sequeira, — e a de Luiz Correa da Silva Aeciaioli. Todas as mais, segundo informacoesque tenho, estao no mais deploravel estado de frequencia e disciplina. A falta d'uma auctoridade superior e espe- cial que vigiasse, sem distraccao, pelo desin- volvimento d'este ranio de servico, fez com que OS professores primarios, 'deixados a si, tenham contrahido o habito de tomarem por unico regulamento o sen arbitrio, e nao pro- moverem com a devida pontualidade o zelo e adianlamento dos discipulos. Da prova da verdade d'esta assercao o estado, em que achei as eseholas piiblicas, quando tomei conta da inspeccao immediata d'ellas. 0 regulamento geral d'estasescholas,achei-o bem guardado na carteira de cada profes- sor; mas em quasi nenhuma vi executadas as prescripeo^s do regulamento. -ISbS. ' NoM. 9. •^t. 102 uma so sespao por Em lal eschola bavia (Jia. ao passo que cm oulras liavia duas. \s horas lectivas da sessao da maiilia iiao cram as do regulamento; variavani diima para outra eschola, ao arbilrio do iirol'cssor. Todo 0 professor, que tivesse tine I'azer lora da sede da sua escliida, enleiidia-se talvez com 0 respectivo adminislrador do coiicclho, lecliava a eschola, e ia para oiide o cliama- vam OS scus negocios. 0 ensino religioso, principalmente, estava om completo abandono em quasi todas as escholas. Os prol'essores mais pontuaes limi- tavam-se a ensinar de cor alguiiias das rezas e oracOes, que a egreja tcui adniitlido para uso dos Ceis; mas, a mingua dc explicacOcs, pouco ou nada ciiteudiam os discipiilos. Por falla dc livros, nenhum e\])licava, na vespe- ra de duniingo ou dia saiu'lilieado, a epislola e cvaugclho da missa do dia soguiiile; ne- nhum abria e encerrava os irabalhos escho- lares peia retilacao das oracOes indicadas no regulamento; nenhum aconip:inha\a os alu- mnos a missa. 0 ensino theorico dos prineipios da moral nao estava era melhor estado. Achei-o redu- zido a mero exercicio de memoria, cm que a intelligencia dos alumnos tomava pequena parte, nenhuraa o coracao. Todo o trabaliio do professor consistia cm marcar no « Manual» com dois signaes de lapis urn trecho, e dizer ao aiumno: « Traga d'mjui ate aqui. » Ao dia seguinte voltava o alui>jno, c repetia o Irccho decorado, as raais das vezes sem enlender a signiticacao das palavras que proferia ! Quanto a divisao da eschola em classes, ne- nhum professor a tinha feito em harinonia com 0 disposto no arligo 30 do dccr nao os acredile o conselho supe- rior. A falla dc livnis condemnava-os a seguir, com rarissimas excep^Oes, o nielho Jo indivi- dual. Eis a(iui. Ex."" Senhor, o eslado pouco sa- lisfaloiio eai (pie achci as escholas ([ue tenho visilado, isto e, as melhores do districto. As das frcguezias ruraes. tenciono visital-as no niez d'agosto, unica epoca do aauo, chi que posso sahir da cidade, sem jirejuizo de mi- nhas ohrigacocs de professor. Mas nao e pre- ciiO que eu laca esla visita para saber que as escholas do campo eslao em peior estado, que as urbanas; ponpie a lodas as incoitve- niencias, de que eslas solfreni, accresce para aqucllas a falla de mobtlia propria, vislo que nenhuaia canwra municipal at« hoje tem dadd cuoiprimenlo a disposicao dos arligos l."ei." do decrelo de 20 de dezembro de ISoO, rela- livamenle ao cusleanienlo da.* escholas piibli- cas dos respeclivos concc4hos. CAPITUI.O HI. Inslruccuo scrundaria. Neste capilulo tenho de hosquejar a histo>- ria de varios estabelecimentos (pie tenho visi- tado; — uns puhlicos, — outros particulares. Isso me aconselha subdivtdil-o nos subse- quentes artigos. AKTKiO 1.° Eschutas partieulares. Ha nesta cidade i]ualro escholas particula- res de ensino secundario: - — duas da lingua iugleza, — uma da lingua franceza, — e outra de varios ramos de instrucfao secundaria, que adiante especihcarei. A priineira (J'eslas escholas e ura pequeno cslabclecimenlo, empresa de um ce/to John Olivier Small, que a troco da mensalidade de rCis 1^000 ensina practieamente a lingaa 103 ingleza a scte ahiinnos, que nao qiiprcm frc- qiienlar a aula imhlica, nem podcm pagar ouira particular niellior. 0 ensino liniita-se a — ler, traduzir, e I'azer exercicios sobre as re- gras da etymologia e syntaxe lodos os dias, — e verier do portuguez para o inglez, e pra- clicar conversarao iim dia sim outro nao. Era breve I'arei habilitar o professor. A scgunda d'estas escholas e de mais al- guma forca, que a primeira. Frequenlani-a vinte e seis alumnos, quasi todos porlugue- zes, cujos paes alii os mandam procurar o coiiliecinieulo praclico da lingua ingleza, a troco d'unia niensalidade de reis 2§>000. 0 professor, que e Mr. George Williams, tern muito zelo [)elo adiantamento dos alumnos; da-lhes, afora o conlieeimento da lingua in- gleza, boas noeOes da geograpbia e da csphe- ra ; tem exames piiblieus lodos os annos; e o dia da dislribuieao dos premios e uma ver- dadeira fesla para os alumnos esuas familias. M. Alex. Maurice Duval e o professor da tcrceira eschola — mode- to estabeleeimento, frequentado por quinze alumnos, que, das trez as cinco da tarde em dias alternado.s, alii vao aprender a lingua franceza. Duval, que e 0 unico mestre, e bom niestre, e goza, co- nio liomem, dos melhores creditos. 0 sen rae- tbodo e mais practico, do que tlieorico; co- nliece melhor o Diccionario, que a gramma- tica da lingua; nao leva o ensino d'ella ate a parte litteraria. Assim mesmo salisfaz os desejos dos alumnos, que, cstudando com elle, tudo 0 que buscam e o conhecimento practice c familiar da lingua. A ultima d'estas escholas, dcnominadas CoUerje at schoul, eorresponde perfeitameute a denomiuacao que tem-, Nao e um collegio; mas e uma escliola, onde se ensinam — as linguas ingleza, franceza, latina e grega, — arilhmetica, geonietria e algebra, — hisloria, geograpbia e descnbo. O mestre de desenbo e um inglez (M.' Cree); o de francez e M. Duval; e lodos os mais ramos de instruccao siio perfeitaraenle ensinados peloR."'" Alexander J. D. Dorsey, antigo professor de eschola su- perior de Gla.'^gow, que veiu residir ncsie paiz por amor de sua saude. Esta traclando de Lal)iliiar-se para haver o competcnte titulo de auctorisacao. £ pcssoa tao qualilicada, e de tao recoubecida aptidao e talenio para o cnsiuo, que tenho em conla de nao pequena vantagem para a instruccao piiblica d'este paiz a boa vonlade, com que se ha prestado a ser membro da associacao de conferencias s6bre o eiisino primario. cujos eslatutos pen- dem da approvacao do governo dc S. Mage.s- Jade. A eschola collegiul e presentemente fre- quentada por deze.seis alumnos, quinze in- glezes, e so um portuguez. Dao a razao de tao escassa frequencia— o alto preco do hono- rario do professor, — e o ajuste que com elle lizeram os paes dos alumnos inglezes, cora- {irometlendo-se a llie .segurarem cerla somma de libras com a condicao de elle nao acceitar maior numero de discipulos. ARTIGO 2.° E-ichulas publicas. (Lyceu.) As unicas escholas publicas de ensino sr- cundario que a qui ha, siio as que formam o Ii/ceu nacioiial d'esta cidade, a .saber: — nma aula das linguas porlugueza e latina, — outra das linguas ingleza e franceza, — outra de arilhmetica, georaetria e algebra, — outra de pbilosopbia racional e moral e principles de direito natural, — outra de oratoria, poetica e lilleratura, — outra tlnalmente de hisloria, geograpbia e chronologia. E professor da primeira d'estas aulas o sr. Francisco d'Andrade, cujo zelo pelo adian- tamento dos alumnos c superior a todo o elogio. Tendo iraduzido, e accommodado a lingua vernacula o eximio e bcm conbecido mellmlo de Arnold para o ensino da latina, tenia introduzil-o na sua aula. Contemplo nesla innovacao um grande melboramento; porque so ella podera remover um inconve- niente que ate agora tfim sempre apresen- tado OS exames. Os alumnos que concorriam a exame, posto demonstrassem assaz de pro- liciencia na parte Iheorica das duas linguas, posto vertessem com facilidade e elegancia o latim em portuguez; em se Ibes dando um treclio portuguez para o porem em latim, gaslavam muito tempo na versao, e a final sahia uma cousa que nao era latim nem portu- guez. Guiados porem pelo melhodo d'Arnold, e pelo consciencioso esludo, que tem d'elle feito 0 professor, ja comecam de compor em lalira com facilidade e correccao. Quanlo ao mais que conviria dizer a respeito d'esta aula, reliro-me ao que live a bonra de expender no meu relalorio de 1832 CAPITULO IV. Instruccao especial ou superior. Neste capitulo vou tractar de dois estabele- cimentos que, posto nao estarem comprehen- didos na esphera de minhas attribuicoes, co- mo vao mencionados na estadistica litteraria (mappa junto sob n.° 1) devem ter neste re- lalorio a sua hisloria: taes sao o seminario ecclesiaslico, e a eschola medico-cirurgica. ARTIGO 1.° Seminario ecclesiaslico. 0 seminario de Nossa Senhora do Bom Despacho, que 'noutro tempo foi um rico esia- 104 helccimenlo Je educacSo i> iiislriici-iio ccclo- siaslica, acha-so hojc, quasi reiluzido a mise- ravcl condioao do hospedaria do,-; educandos que se destinam ao serviro egreja. \s unicas aulas que netle ha, sao — uma de musica, frequenlada por treze alumnos, cujo professor tem o ordenado de reis (iO|,OOfl per annum; — outra de caiilo-cliao, fre(iULMi- tada por vinle e quatro alumnos, cujo profes- sor e 0 padre vice-reitor, que porcste serviro tern uma graliticavao de reis oO^OOO au- nuaes; — outra de theologia moral, frequen- lada por dez alumnos, cujo professor pereehe uma gratifieaeao de reis iOU^OOO, paga pelo cofre do rendiniento da bulla. A.s liunianida- des, vao aprendel-as ao lyceu os educandos; OS quaes sao so treze, doze cliamados do nn- mero, e urn pensionista, que paga ao estabe- lecimento uma raensalidade de reis C^OOO. As fontes da receita d'este estabelecimento sao — uma prestacao de reis lO'.miO liqui- dos, que niensalmente Ihe paga a fazeada piibliea, — e o rendimento de varias proprie- dades que possue por tilulo de doacao. Em quanto a administracao d'estiis rendas foi severa, sempre deram de sobejo para suslen- tacao e ensino dos alumnos, e sempre lica- ra'm crescidas alcas de urn para oiUro anno. A.ctualmente porem, ja em razao de mas administracoes, ja por effeito da dimlnuicao do rendimento das propriedadcs, o estado economico do estabelecimento nao e prospero. Estou persuadido que os recursos de que ainda dispoe esta casa, scriam sudicientes. quando bem administrados, para collocal-a em melhor pc, e niais em liarnvonia com os fins de sua inslituicao. ARTIUO i." Eschola medieo-cirurgica. Este estabelecimento foi aqiii inslafado no hospital da misericordia d'csta cidade, no dia 2 de maio de 1837, em virtude das dispo- sicoes do decreto de 29 de dczenibro de 183G. Compoe-se de duas cadciras: — uma de analomia, operacoes cirurgicas, arte obstrc- licia e clinica cirurgica, cujo professor c o D." Antonio da Luz Pitta; e outra de patho- logia, materia medica, therapeutica e clinica medica, cujo professor e o D.°' Juvenal Ho- norio d'Ornellas. A primeira cadeira tem urn ajudante deraonstrador, cujo logar csla vago por obito do D." Antonio Alves da Silva, e interinamente o exerce Francisco de Paula Drolha. 0 boticario do hospital tambem e deraonstrador de pharmacia. Estes quatro funccionarios formam um conselho, que tem 0 govcrno da eschola, c confere aos alumnos que completarem o curso, cartas de licencia- dos meuores, em virtude das quaes podem exercer a mcdicina e cirnrgia onde nao hou- ver professor mais graduado. (> curso da eschola e de (juatro annos. Os alumnos sao ohrigados a frequentar todas as aulas; mas no finx do anno leclivo so fazeni exame nas disciplinas designadas |iara o estu- do ol)rigado d'clle. Matricularam-se este anno septe alumnos. UMA VISITA A SERRA D ESTRELLA. Continuado de jiag. 96. Quando a neve da serra acaba de der- reter-se, coineca esta a apresentar, a quern a observa de mais perlo, uma vista mui encan- tadora nas graiides [danicies e encostas quo a rodeam, cobortas de veccjantes pastagens e dc algumas arvorcs, separadas niuitas vezcs umas das outras por escarpadas rochas e passos diflSceis. Caniinhant55. Faculdades, Distinctas. de bom pnr unanimid. de bom por maioria. rff sufficient. por maior. rfpteprovai;. em proced. Totaes. Theologia Direito 6 16 5 4 2 4 19 4 « 2 3 19 « K 8 1 14 « « 3 « s « ft « 14 73 9 4 13 Medicina Matheniatica 'Philosophia Totaes 33 29 30 18 5 llo As faculdades de theologia, direito, mathe- matica e philosophia conlirmaram os seguintes premios pecuniarios, e as honras do acce.mt aos estudantes mais distinctos por seu talento e applicacao. A faculdade de medicina ainda nao conferiu os premios aos seus aluranos no anno lectivo findo. Premios e accessit conferidos pclas facul dades academicas. Faculdades. Accessit. Premios. Theologia Direito 8 7 9 8 9 13 7 8 Mathematica Philosophia Total 32 37 108 'Nestc lectivo (k'fenrteram ronclusSes ma- gnas novc caiulidalos ao (trail de doutor, e tiverani para ohjecto das siias DisscrlarOes inaugtiraes os scguintes assuinptos; TUEOLOGIA. S. Mallhaeus rap. XXVIII, vv. 10^20. Magislerium aiilhcnlicum. a Christo Domino in ecdosia inslilutuin, infaliliilitalis pracrogaliva gaudct. 2.° Epistola S. Pauli ad Roraanos cap. II, vv. 12 — 16. Traditionalismi syslcma rcjicicndun}. 3.° S. Pauli ad Thessalonicenses. Ep. II, cap. II, V. 14. Traditionis Divinae dogmalicae, a Sacra Scri- plura dislinctae, e^istunt, ct necessariae sunt. Epistola S. Pauli ad Galatas. Cap. I, vv, (j — 12. Christiana Rcligio ita perfecta, ut tcmporis successu pcrfcctior fieri nequoat, FACILDADE DE DIREITO. 1." Da liniilac5o da propriedadc pcla constituicao da cmphyteiise; c dos mcios adcquados para a reformar em Portugal scm lesao dos dircitos adquiridns. 2.° Por diroito portuguez o erro sera causa dc nuUidadc do acto cm que intcr\eiu? 3.° Sera nocessaria o conscrvar,ao dos c\orcilos pcrmanontes? E ncsle caso convira cmpregal-os nas obras publicas? MATHEMATICV. De allractione sphocroidiim a spboera parum aberrantium. Quaonam melhodus ad telliiris magnilu(1incm. figuramque detegeHdam caclcris pracferenda sit? Em niodicina e phiiosophia niio se defende- ram theses 'iieste anno lectivo, o iiao houvc por isso dissertacoi's inaiif^uraes. Eslas impri- incm-se nas I'acukladcs detheologia e dircilo, e ultimameiitc resoheu a laculdado de phiio- sophia , que sc iinprimisseiii em portuguez as suas disscrlaoOes inauguraes. Seria muito convenientc (]ue em niedicinu c matiiematica Be lizcsse outro tanto. Na conformidade da lei de 19 do agosto de 18o3, que restabelcceu na Universidadc o systema dos cnncursos para o provinienlo dos jogarcs do magisterio, teve logar durante o anno lectivo a habilitacao de doze candidatos, sendo dois cm Iheologia; cinco cm direito; dois cm incdicina; dois cm matheniatica e um cm Phiiosophia. Ficaram excluidos dois candidatos, e prctcridos dois. A dcspesa com n pessoal da nniversidado c Lyceu foi 40:()0S^3i;). Nosostahclecinientos annexos a Universidadc, nao cntrando a im« prensa, dispcndcii-se a quantia dc ■):S 'i3^063; no Lyceu 13i|,000; cnos hospitaes 4:"',)o§3iiJ. A importancia dos rendimentos da Univer- sidadc provenienle das matriculas e niais pro- pinas foi a scguinte; loiO Matriculas da Universidado 18:6o9^o92 383 Dictas do Lyceu 430^60t> 08 Cartas de formatura e dou- toramenlo I;i28§8i() 5 do Ivceu 6^6i;i 0 que da a somma de .. .. 20:oio^063 Foi 0 rendimenlo da imprensa da universi- dadc'ncsteanuocconoinico de rs. 10:o73|iS31 . Nos ullimos cinco annos antcriores o ren- dimento d'este estabelecimento foi o scguinte: lSi9— 1830 0:890^998 18o0— 1831 G:it)'499r) 1831—1832....... 7:286^383 1832—1833 6:"87$632 1833— 18o'i 8:183^991' 0 rcndimcuto por tanto da imprensa no anno economico lindo teve o augmenlo em relacao ao termo medio dos ultimos cinco annos ; 7: 122^844) da quantia de 3:430^987 ; e comiiarado com os annos da 1849, 1830, e 1852 sobe esse augnicnto a 3:785^179. ^ Em nuvembro d'este anno come(;ou a funccionar a commissSo de rcfurma e nielhorainento) da im|ireDM, adoplaiido-se desde logo um novo sjslema de contabilc- dade t; li:iCaliba^ao. 109 E:Knntc« prepnrnloi iort Citt de Dteit de Saint Juguxtin, nouvelle tra- duction avec une introduction et des notes, jiar Emile Saisset. Paris 1853, 4 vol. in Iti. licoes de S. Ambrosio. As doutrinas spiri- liialistas do pliilosopbo grcgo, a Escriptura sa- grada interpretada por Ambrosio dominaram comploiumente a sua alma, avida serapre dc conhecer a verdado. Agostinho contava trinta annos quando foi baptisado; abrarou depois o estado ecclesias- lico, e I'oi eleito bispo de llippona. Um con- stante e assiduo estudo, de (jue tantos raonu- mentos nos deixou era seus prcviasos escriptos, era 0 objccto de todas as suas occnpacoes no tempo, que Ihe sobrava dos cuidados e obriga- cOes do seu ministerio pastoral. Scmpre incansavel em sustentar a pureza da religiao, comlialoii \ igorosami'nte os ma- nicheos, que ncgavam a e\istencia dc Decs; OS pciagiaiios, inimigos da Graca; e os dona- listas d'Africa, que anieaoavam a egieja dc um scisma nacional e religioso. 'Noulras obras desitivolveu 0 sabio bispo de llippona os dogmas da religiao, procurando sempre con- vencer os philasophos, e conl'undir os idola- tras. A Cidade de Deus e por assim dizcr 0 cpilogo d'csles longos e variados trabalhos: 0 supre- mo e mais elevado esforco do genio sublime de S. Agostinho. Apos trez seculos de terriveis perscguicoes 0 triiimpho de Constantino loi tambem 0 trium- pbo do Christianismo. A verdade vencera, em fim, gracas a palavra divinamente inspi- rada dos apostolos, ao zelo dos bispos, e ao sangue dos martyres: os proprios barbaros comecavam a converter-se, porem os templos dos falsos deuses ainda se conservavam em todo 0 imperio, e eram frequentados pela niullidao, ([ue alii concorria para assistir aos sacrificios; e 0 paganismo, nao scndo ja, como nao era, a religiao dominante, gozava comtudo uma parte do seu antigo presligio aos olhos do povo rude e iguorantc. As cala- no midadcs publicas imputavam-sc muitas vczos aos christaos. Os (Icusos vollavam-sc. spyiindn tituindo assim 0 reservatorio d'este Ihiido; pelos lios de I'erro a electricidade corre 'num segundo ) 01 7(111 kilom. e chega portanto a Cintra no mesmo memento em que se estabelece a cor- rente na estacao central de Li^boa. Na esta- cao para onde e dirigida a corrente deve ha- ver nm receptor d'electricidade, quo e um cylindro electro-magnetico coberlo por nm lio metalico envolvido em seda : em quanto a electricidade passa atraves os lios d'aijuelle cylindro receptor, adquire elle a propriedade de attrabir o lerro. e a alavanca d'aco, de que jii I'allamos, adbere a extremidade do mesmo receptor; quando porem a corrente cessa, 0 receptor nao atlrabe o ferro, e a alavanca volla ii sua primlliva posicao em virtude da mola, que tern; se se renova a corrente ele- ctrica a alavanca torna a adberir ii extremi- dade do receptor, e assim continuarii succes- sivamente 'num movimento de eaivem, eomo um dedo que o operador move para a direita, ou para a esquerda, segundo deixa pa.ssar a corrente, ou a interrompe. Se este movi- mento de vaivem se transforma em movimen- to circular, o que e muito simples, a cada Ill niovimcnto da alavanca, um ponteiro eollo- cado sobrc um quadrantc marcara 'iicllo a di- rcita, ou a csquerda uma das lelras do aljiha- Lcto alii pscriplas. A. correutu luagnetica pode alternativamen- te passar, ou suspender-so a cada instante ; a alavanca jior consequcncia sera tambcni I altiTiiativa e instanlaneaniente atlraliida pelo ' receptor, ou rcpcllida, c o jionlciro, que ella move, ex[ieriiiieiUara as mesnias alternalivas, e se fixara sohre unia letra do (luadrante em quanto a correute nilo for iuterronipida, ou passara successivamente sohre oulras letras pela allernaliva da correute a vontade do operador, ate se fixar 'naquella que elle (|upr designar na cslacao, para oiide transmitte uui despaclio. Quer per exemplo transniittir-se a letra A dc Lishoa para as Necessidades, estaudo os jionteiros no signal de repouso, que e indi- cado sohre o quadrante por uma cruz, o em- prcgado 'neste servico na estacao da capital dirige o ponteiro que tem uma pequena ma- nivcla, sohre a letra .1, deixando passar a corrente clectrica do reservatorio, e interrom- pendo-a logo depois, a petiuena alavanca do apparelho da estacao das Necessidades e instantaneamente attraliida pelo respective receptor, e por este movimento, que se cora- munica ao ponteiro este passa uma divisao do (|uadraute e vai lixar-se a vista do ohser- vador sohre a letra A. Se, cm vez da primei- ra, quer transmittir-se a tereeira letra do alpliahelo, o empregado, ([ue transmitte o despacho marca sohre o seu (juadrante a letra Ccom 0 ponteiro, e deixa allernadamenic pas- sar trcz vezes a corrente clectrica, e outias lantas a suspende. A cada impulse da corrente 0 ponteiro do quadrante da estacao opposta passa de uma letra para a seguinte ate quo se fixa ua letra C, que era a tereeira, que se queria Iransmittir. Para communicar a letra // seria preciso imprirair a alavanca um mo- vimento tantas vezes interiompido quantas sao as letras que o ponteiro deve corrcr suc- cessivamente ate se lixar 'naquella letra, e portanto a corrente clectrica teria de iuter- romper-se vinte e trez vezes. Se 0 ponteiro do aparelho da eslacao de Lishoa, por exemplo, em logar de partir do signal de repouso, partir de uma letra qual- quer, o uumero das pancadas que elle ha de dar sera egual ao numero de divisoes, que separam esta letra da seguinte, girando sem- prc no mesmo sentido. Se de Lishoa para as Necessidades se quizer transmillir pelo tele- grapho electrico a palavra VE.\/iZA, o pon- teiro do apparelho de Lishoa hatera successi- vamente vinte e duas pancadas, partindo do ponto de repouso para indicar o V, em cuja I tra primeiro se fixa; depois, partindo de V para E, nove, d'ii' para A', nove; de A' para 0 segundo E, dezasele pancadas, etc. Todo 0 machinismo per tanto sc reduz a deixar passar a corrente magnetica pelos fios e a sus[ieiidel-a alternalivamente ate que em vir- tude d'essa allernativa de movimento e re- pouso, que a alavanca por tal molivo experi- menla, e (]ue faz passar o ponteiro de uma para outra letra do quadrante, elle se suspen- de na letra que se quer transmittir por tanto tcm[io, quanto necessario for para ella ser notada na respectiva estacao, ([ue e ordina- riamente a quiula jiarte d'um segundo. Eis-a(iui eui summa eomo se I'az uso do telegraplio electrico. 0 modo por que estes phenomenos sao produzidos e tamhem digno de attencao. Todos OS telegraphos electricos de qua- drante, a excepcilo dos de Froment, e Sie- mens, tern um machinismo de relojo que da impulso ao ponteiro que reccbe, ou transmit- te um signal ou uma letra. 0 ponteiro e so- licitado scmpre para mover-se; a electricidade produz um unico ellcito interrompendo o mo- vimento do apparelho, ou deixando-o livre. Nos Iclcgraplios de Froment e a electricidade que I'az mover o ponteiro, ou que o suspen- de, s(m recorrer aquclle mechanismo muito mais complicado, e so quando a distancia das linlias telegraphicas emui grandc, e que elle lanca mao de uma roda auxiliar. A corrente e eslahelecida entre os dois fios mctalicos por uma pilha: pelo fio a a cor- rente vai de Lishoa a Cinlra, e pelo fio h volta de Cintra a Lishoa; porem, antes de se por em communicacao com estes dois pontos, 0 machinismo do apparelho exige, que o fluido passe por duas hastes metalicas entre as quaes gira uma roda dentada, que faz mover o pon- teiro indicador das letras do quadrante, a fim de poder alternativamente pol-a em movimen- to, ou fazcl-a parar; aquellas hastes metalicas, terminam superioiuienle em forma de concha, de modn que podem tocar um dente da roda, ou achar-se entre dois sem contacto com eltes. Em quanto extstir o contacto entre a haste metalica e um denle da roda, o fluido passara de Lishoa para Ciutra por exemplo; quando, porem, a concha da haste metalica esta entre dois dentes da roda, nao ha contacto nem por consequencia commuuicacao da electricidade com ella, e a corrente lica interrompida, como se cortasse o lio conductor, e entao o ponteiro nao passa da letra (|ue se quer in- dicar ate novamente se por em movimento a roda. Nas communicacoes usuaes desnecessario e indicar todas as letras, c ha eertos signaes de convencao para exprimir uma phrase comple- la. Nas eslacoes dos caminhos de ferro faz-se aviso do momento da chegiida, ou partida dos wagons por uma badalada de uma sineta posta em communicacao com os fios do appa- relho eiectra-magnetico, c tambcm se usa d'cste 112 sifjnal para chamar a attenfiio dos oniprpga- dos do lima cslarao, (|iiaiido se llies qiicr transiuillir i|iial(|uer iioticia, cvitando-so as- sini, que dies se vcjani forrados a I'star oni conslanto observarao a loda a liora do dia, oil da iioite ii espcia do movimoiUo do rospi'- ili\o ponleiro. A sinota lonliiiiia a torar ale que 0 rospeclivo einpregado a faz ])arar, subtrahindo-a a iiilluoiuia da corrente, mas ao mesiiio tempo diiige a corrente para a siiieta da estarao opposta, fazendo-a assim tocar para advertir aos rcspcctivos eiiiprcga- dos qiie estii prcvenido para reccber a cam- niiinicaeao. Os telegrapbos dc quadrantc com roda den- lada spgundo o machinismo de relojoaria, c (jue sao mo\ idos pi'lo electro uiagnelismo iiao li^m tanta rapidcz nas communicacoes, coiiio OS dc simples vaivem. por(iiie iios de movimen- to dc rotacao o pontciro para passar d'unia letra a outra tem dc iiercorrcr, termo medio, lima semicircumfrciicia, e c este uni incon- vcnicnte, que ale hoje se nao tern podido evitar. Continua, REGUL\MENTO DOS BANHOS PE LUSO. Conthlu^do de paj. 71. Serveiites. Art. 23. ° 0 numcro dos Serventes dc ambos os scxos, a sua iiomencao, e o scu ajustc, serao conliados a Direccao, e propostos pcio Director dos banhos. Art. 20.° Os Servciitcs dos banhos fazem 0 servico de lavagein c lini])cza do cstaiieic- ciniento. eo niais scrviro |atisticos dos ciTeitos niedicinaes das aguas dc Liiso, e em qnaiito a Sociedade nao podcr gralilicar urn Medico do estabeiecimento, a Diri'crao acccjta com rceonbecimento o ser- vico graliiiio offerecido por ciiico Medicos da vizinbanca, que distribuirjio cntre si e.ste .•^ervico dc modo, que durante a quadra dos banbos, o estabebHimento seja vizitado j)or uni d'cllcs, pelo nienos, uma vez por semana. Art. 28.° Os Medicos, durante a vizita do estabeiecimento de que tracta o art. ante- cedeute, irao tiraudo apontamcnlos do livro do rcgislo, das inforniacries do Fid c Ba- nhciro, e do cName dos proprios doentes. Com estes apontamcnlos formarao em confc- rcncia uma cstatistica mcdica de todos os Banbistas, que usarem de banbos e aguas ncsta ([uadra, acoinpanbada de lodas as reflexoes que julgarcm convenienlcs, e remct- terao esta cstatistica ao Director dos banbos ate ao dia 15 de Dezembro. para ((ue cslc a (iossa iiicorporar no sou rdatorio. Pirccr.So da Sociedade. Art. 29," 0 Sccrclario da Direccao da Sociedade lancara todos annos em um livro apropriado, o invcntario de todos os nioveis e utcnsilios do cstabek'ciniento; e mandara ao Baiibeiro uma ciipia d'este invcntario, que 0 tome responsavcl por aquelles oi)ject,os. Art. 30.° Finda a quadra (his banhos, 0 Tbesourciro com a Direccao da Sociedade organisarSo as contas do estai)e1ecimento, c as sujeitarao a approvacao da Assemblca Geral dos Accionistas no 1.° de Janeiro, e scguidamente da Camara Municipal; c logo que sejam approvadas, abrir-su-ha o paga- mento das juros dc ii por cento dc todo o capital empregado; e tambem o pagamento de parte do mcsnio capital, ua proporcao da ([uantia que sobrar de todas as despezas do estabeiecimento. §. uiiico. Este pagnmento tera logar cm Coimbra, na Mealhada, e cm Anadia, para os .Accionistas dos Concelhos respectivos. Art. 31." 0 primciro anno de juros de todo 0 fiindo da Sociedade deve considcrar- se vencido no 1." de Janeiro de 1S30, caicu- lando-se que o prcjuizo das primciras quotas licara pouco mais ou menos compensado com 0 benelieio das ultimas. Nos annos scguinte.s continuani, scndo o 1.° de Janeiro o dia do vcBcimcnto dos juros, que serao pagos pcIo rendimcnto dos baniio^ da quadra anterior. Art. 32." Scrii reservado, na Tbcsouraria da Sociedade, a (|uantia que for orcada jiara as despezas indispensavcis no estabeiecimento ate ao principio da seguinle (piadra de banbos. Art. 33.° A Direccao da Sociedade soli- citaia das Auctoridadcs Adniinistrarivas e Ecclesiasticas dos Districtos e Bispados de Coimbra, Aveiro, Yiseu e Leiria, a publica- cao ii missa conventual, e nos logares mais publicos de todas as Parochias, d'uma Circu- lar em que a Direccao aunuucic a aberlura do novo cstabecimenlo, dando conbccimenlo dosartt. 2.°, 3.°, 7.° e 8." d'este Rcgulamento. Approvado em Scssao da Assemblea Geral dos Accionistas da Sociedade para o mellin- ramento dos Banhos dc Luso, de C de Maio de ISJiiJ. O Vice-Presidcntc, Francisco de Castro Freire. O Sccretario, Antoniv Auguslo da Cusia Simoes. ® JuiStittttir, .lOllISAL SCIEINTIFICO E LTTTERARIO. RELATORIO I>t'ibli!-a «> sKiatia-iilai* <9o nislriclu a E como viesse eu no conhccimento, pelas respostas que obiive, de que o desinvolvi- mento d'este ramo de cnsino carecia princi- palmente de uniformidade na practica, e coadjuvaeao dos cbcfes de familias, cuja ne- gligencia era parte para que os alumnos dei- xassera de acompanhar a missa o respectivo — 1853. NiM. 10. 114 professor, rcdigi — para os prol'essores o pro- vimento de IS de dozembro ultimo, pul)licado no n." 33 do « Semanario Official, » — e para OS paes dos alumnos a allocurnn publicada no mcsmo niiniero do « Semanario, » e depois impressa cm separado para llies ser cnviada officialmenle. g. 0. Tendo eu porem muito cm vista o que dispoe oart. 21.° do cilado decrelo, rcla- tivamcntc a clausula da approvacao de que carece a traduccao da Bihlia, por oiidc liaja de fazer-se na escliola a leitura e explicacao do cvangclho, nao tractei de dar execucao ao mencionado provimento, sera primeiro obler do prelado diocesano, approvacao ii tradiu-rao do Novo Teslamenlo pclo Padre Antonio Pereira de Figueiredo, publicada cm Londrcs em 18i7, da qual ja eu tinha para as escholas BOO exeraplares. Mas, como sua Exccllencia reverendissima se nao dignasse acceder ao meu requerimen- lo, vi-me na precisao de reservar para nielhor ensejo a execucao da referida providencia. De ludo 0 que se ba passado a este respeito, dei conta era separado ao conselho superior d'instruccao piiblica. §. 0.° Com 0 intuito de melhorar o me- Ihodo que seguiam os professores no cnsino dos principios da moral, dirigi-lbes as circu- res n." 10, 11, 20 e 33, publicadas nos n.°' 25, 27, 29 e 32 do « Semanario Official, » as quaes formam uraa especie de comraentario a doutrina dos artigos 17 e 33 do decreto regulamentar de 20 de dezcmbro de 1830. Tenho a satisfaccao de dizer a V. Exc.' que esse nao foi trabalho de todo pcrdido. Pro- fessores ha que, poslo nao tcnham ainda pres- cindindo do auxilio da memoria no ensino da moral, ja comecara de robustccel-o com explicacoes c anedoctas, que sobreraodo faci- litara a inteliigencia dos trechos decorados. §. 7. Afim de poder devidamente aprc- ciar, em face do art. 30." do decreto de 20 dezcmbro de 1830, o arranjo economico das escholas pelo que toca a divisao d'ellas em classes, dirigi aos professores a circular n.° 46 publicada no n." 39 do « Semanario Offi- cial. « E como pelas respostas tivessc cu o desgosto lie saber que so duas escholas tinham regu- lamento interno, e que a divisao de todas as outras em classes era, sobre arbitraria , tao irregular, que nao estendia o ensiuo a todas as materias, nera economisava o tempo lecti- vo a bem d'elle; de piano recoiibeci a in- dispensabilidade de prevalecer-me da facul- dade conferida pelo art. 31.° do citado decre- to, para dar a todas as escholas piiblicas do districto uma organisacao uniforme e em har- monia com as condicoes da regra do supra ritado art. 30.° §. 8.° Mas para dividir uma eschola em classes scgundo o methodu nuituo, simulla- neo, on mixto, a primeira de todas as condi- coes e ter livros uniformes e adequados aos exercicios de cada uma ; porque, se cada alumno tivcr um livro dilTereiite, ou nao liver nenhum, como podera o decuriao ou profes- sor dar a todos a niesma licao? Impossivel. Ora sendo este o cstado de quasi todas as escholas piiblicas, qua.>-i exclusivamente frc- (jucntadas por lilbos de pobres , facil era de verque oque mais urgia era dar aos alumnos livros e os denials utensilios escholares in- dispensaveis para a organizacao economica d'ellas. Para isto recorri a caridade piiblica. E tendo dirigido a nacionacs e txtrangciros o appello publicado no n." 27 do « Semanario Official, » live a satisfaccao de vercoroada esta providencia pela sympatliia de todas as clas- ses da sociedade. 0 producto da subscripcao ja passa de riiis 200^000. Uma senbora in- gleza (Lady Balfour) teve a benignidade de tomar a sua conta o fornecimento de mappas geographicos e outros utensilios escholares, que eu tivesse de mandar vir de Inglaterra. Outra senbora natural d'este paiz (a ex.'°°D. Julia de Franca Netto) dando um concerto a beneticio dos pobres, do producto d'elle reservou para as escholas a quantia de reis 40^000. Com taes adjutorios, dentro em pou- co terei a satisfaccao de ver todas as escholas piiblicas fornecidas dos livros e utensilios necessarios para sua melbor organisagao. §. 9." Em quanto este anhelado momen- lo nao chega, ja so, ja em conferencia com os professores que tenho em conta de mais en- tendidos, vou emprcgando o tempo na redac- cao e coordenacao de um manual ou direcio- rio para as escholas, feito — para assim dizer — com lal elasticidade, que, seni prejuizo da unidadc que deve reiuar era todas, possa fa- cilmentc accommodar-se as circumstancias especiaes de cada uma. A esta condifao ha de satisfazer o directo- rio, espero eu, fazendo lixo o numero das classes, mas variando o das subdivisoes de cada uma d'estas, ao sabor da fie([uencia da rcspcctiva eschola. Logo que esteja concliiido este trabalho, dar-lhe-hei a forma do provi- mento, e suhmettel-o-hei a sanccao do conse- lho superior. §. 10." Pela confrontacao dos mappas de frc([uencia das escholas com a esladistica da povoacao de cada frcgiiezia, pude logo presu- mir (|ue, ainda adniittidas como rigorosa- mente exactas as indicacoes dos primeiros. tal frequencia eslava muito aquem do que devia ser em uma povoacao do cento e tantas mil almas. Pelo mappa juncto sob n.° 1 vera V. Exc' demoustrada a verdade d'esta assercao. 'Num ' districto, onde ao presenle ha 17,836 crean- cas em edade de aprender (dos seis aos qua- torze annos;, apenas 2:313 frequentam cstho- 115 las piiblicas, municipaes e particulares! Todas as mais vegetani na ignoraneia vm que nascc- ram, estranhas e inaccessiveis aos benelicios da civilisarao! Isto faz piesentir a neccssidade que have- ra do recorrer-se a meios conipulsoiios, (de- pois de exhauslos os de persiiasao) para obri- gar OS paes de I'amilia a darem eduiarao a seus lillios. E visto que para a prolicuidade d'aquelles meios, releva que a auctoridade inspectora das cscholas sailia quaes sao, era cada localidade, os cliefes de familia que cuniprcm ou deixara de cumprir com a obri- garao que a cste respeilo llies impoe a iiatu- reza e a sociedade, traitei imniediatamente de colligir os clemcntos de que prccisava para a confeccao do rccenseamenlo da populacao educanda. Este trabalho ja esta feito era grande par- te; ja estao consignados 'nam livro especial 0 nome, profissdo e moradia de cada chefe de lamilia educanda, o nome e edade do filho ou filha que tenha, com designagao da eschola que frcquenta. 0 niappa junto sob n.° 2 e a synlbese do livro do recenseamento, rccensea- mento que ja estaria de todo concluido, se eu tivesse alguem que me coadjuvassc em trabalhos d'esta natureza. SECCAO 3." Synapse das medidas que requerem a inter- vencdo de auctoridade superior. Tenho de apontar 'nesta seocao divcrsas providencias, a cada uraa das (juaes consa- grarei um dos seguintes capilulos. CAPITCLO I. Tempo leciivo. Kespondendo a circular n.° yo publicada no n.° 42 do « Seraanario Official," todos os professores das cscholas ruraes toncordam na conveniencia de se reduzirem, 'nestas cscho- las, as duas sessoes diarias a unia so. II Se bem que o decrcto de '20 de septcm- bro de 1844," dizem os professores, ((per- il raitte, no artigo 42, que os paes de farailia (( mandera a eschola unia so vcz por dia aquel- (( les de seus lilbos de cujo trabalho carecam, (( com tudo do exercicio d'esta faculdade so (( podera resultar atrazo para esles, e desor- <( dem para o resto da eschola. Alumnos que « so tenham uraa licao diaria, nao podem « seguir de par com outros que tfim duas. (( Mas, como sempre hao de fazer parte de (( aigunia classc (caso se nao queira que in- « teiramente percam a licao a que faltarani) « todos OS dias terao de descer de uma para (( outra classe inferior, o que forcosamente (( ha de oecasionar confusao nos trabalhos (( das classes. » Fundados 'nestas ponderacoes, entendem os professores, que para as cscholas ruraes, o melhor e que tenham uma so sessao diaria, de cinco horas consecutivas, havendo cntre cada duas uma bora de recreio. E confesso a V. Exc' que, para me eu conformar com esta opiniao, basta reflectir como esta derramada nos campos d'esta ilba a populacao. Para os educandos confluirem a um ponto de cada frcguczia, por mais central que seja, tem de fazer grandes jornadas por maus e perigosos eaminbos; gastam muito tempo em idas e voltas de casa para a escbola, e da eschola para casa; tempo que e inteiramente pcrdido para elles e para os paes, cujos trabalhos por Ventura nao dispcnsem a sua coadjuvacao. Por todas estas razoes parece-me que, para se conciliarem melhor os interesses da agri- cultura com os da instruccao das povoacoes ruraes, e conveniente alterar a disposicao do art. 7.° do decreto de 20 de dezerabro de 1850, e commetter ao prudente arbitrio dos commissarios dos estudos a reducgao das duas sessoes a uma so, 'naquellas localidades, onde a dispersao da povoacao, e os interes- ses agricolas dos paes dos alumnos assim o requeiram. capitulo II. Ordenado dos professores. 0 maior de todos os obstaculos ao desin- volvimento da instruccao primaria, nas cscho- las ruraes d'este districto, e a incapacidadc dos professores; e — seja qual for a inspec- eao que se Ibes ponba, e a disciplina que 'nellas se estabeleja, — cssa capacidade con- linuara a ser a mesma, emquanto forem , como ao presente, tao escassos e mesquinbos OS ordenados de taes professores. Quem ha ahi, que sentindo-se com quai- quer prestimo natural ou adquirido, queira, a troco da mensalidade de reis 6 a 8^000, votar-se ao improbo mister da regencia de uma eschola rural? So busca esta carreira, quem nao tem fe em si, nem melhorcs espe- rancas em qualquer outra. E confesso a V. Exc." que quando contempio a exiguidade dos ordenados d'esta classe de professores, quasi que tenho remorses de exigir d'elles accrto, pontualidade e zcio no desempenho de suas obrigacoes. 'Numa terra cara, como esta e, e cujos lavradores, de pobres que sao, mal podem ter generosidade alguma para com os mestres de seus filbos, dar reis 8^030 por mez a um pro- fessor d'ensino primario, mais e querer entre- ter e illudir, que educar os filhos do povo; porque OS professores, sobre nao terem a 116 necessaria aptidao para o ensino, por forra liao (le lanrar mao dc qualquer oiitro sorviro, que llie> di'parc os meins de sul)sisteiu'ia, que 0 niagislerio per si so Ihes nao da. Parece-me porta n to que, em alteneao as circumstancias d'esia Incalidade, fdra de suni- ina couvonienria dislinguir a lei trez espccies de escliolas priuiarias: — as da cidade, — as das villas ou raberas de concelhos, — c as das freguezias ruraes. Os prol'essnres das primeiras cstao suflieien- temeiue retrilniiilos, percebendo eada uni d'ellcs rcis 18|,a'.IO por mez. So o nao csta a mestra da escbola de meninas, que, regen- do a luais frequeiUada de todas as escliolas piiblicas, so percebe a mensalidade de ri-is (i^llt;; com a gralilicarao de reis 20^000 per annum. Os das eseholas das villas devem, a meu ver, tcr um ordenado polo Ibcsouro na inipor- tancia liipiida de reis 'J^OOO por raez, e niais uma gratilica(,'ao municipal de reis 10 a yO^OOU per annum, segundo a frequencia efi'ectiva da escbola. Se esia tiver ma is de :!0 aluninos, o professor tera direito ao mi- nimo da gralilicarao. Se porem tiver mais dc cem, tera direito ao maximo. A camara que tem interessc em pagar o menos possi- vel, sera o melhor fiscal da elTectiva frequen- cia da cschola. Os professores das eseholas ruraes nao de- vem ler mcnos de 9^000 reis liquidos, sem gratificacao municipal. A dilTerenca dos orde- nados dos professores d'estas duas classes e analoga a dilTerenca das habilitacijcs e traba- Ihos de cada um. Os das eseholas ruraes so terao de enst- nar, 'numa unica sessao diaria, ler, escrever, contar e doutrina christa. Os das escliolas das villas terao obrigacao de cnsinar, em dnas sessoes, afora aquellas materias maisdesinvol- vidas, gramatica, geograpbia e historia por- tugueza, e principias de moral o ci\ilidade. Contimia. OS LUSIADAS, Traducrao franccza. Meu aniigo. — Apezar de me aehar aqui no remanso das ferias, que tao liem sabe aos estudantcs, nao me esqueco do meu amigo e do nosso Instituto, ideas para mini associa- das. Revolvendo oiitro dia antigos papcis de meu Pae, deparei com o inanuscriplo origi- nal da traduccao dos Lusiadas, que julgava perdida. Fiquei contentissinio, como pode imaginar. A maior parte d'esta traduccao e inedita, e no que foi publicado, restava fazer alguinas corrcccoes que do aulograplio se ve tcrem sido aconselhadas por M.""" de Stael Ksta descoberta foi um liom acbado para mini, e creio (]ue para o Inslilulo. principaliuenle iiesia opocha, em (]He seiupre foi dillicil aciuir materia para um jornal scientilico c litlerarin, publicado em (loimbra. Parcco-me ((ue iaco um scrvico a esse jor- nal e lambeiu a niemoria de meu Pae, publi- caudo estes fragmeutos, (jue podcm fazer con- siderar o seu auctor debaivo de um aspeclo em (|iie e pouco conbecido. Foi o Visconde d Almeida Garrett quem me suscilou cste pensamento, cscrevendo o que segue: « 0 leitor folgara, creio eu, de acbar aqui uma nota dfis traduccOes (dos Lusiadasj de que pude acliar memoria, ou examinei eu proprio « A traduccao era verso francez do sr. Dii- qne (le Palmella, ipie os particiilares amigos do illustre auctor sabcni eslar nniito mais adiantada, posto que d'ella so apparecessom amostras no Invest igailDr purlui/nez em Lon- dres de 1813. — Posso dar teslemuulio do muito que admirei algumas das mais bellas e mais dilliceis passagens dos Lusiadas, quan- do 0 nobre poeta (espero que se nao offeiida do nome) me fez a honra de m'as ler, ha onze para doze annos em Londres. » Esla traduccao foi cscripta nos primeiros annos d'este seculo. Preparava-se cntao o que chaniamos a invasao dos Francezes: esta- vamos em vesperas de perder a nossa nacio- nalidade, e ameacados de constiluir mais um departamento daquelle inimenso iniperio que aspirava a egualar o dos Cesares. 'Nestas cir- cunstancias emprehendeu meu Pae o penoso e dillicil trabalho de traduzir os Lusiadas em verso francez, trabalho que por ykta- era ani- /;" mado pelo nobre desejo de tornar conbecido dos nossos futuros dominadores os altos fei- tos do povo que pretendiam avassalar. Acerca do merecimento da obra nada direi: lillio do auctor, fora suspcito o meu juizo; allieio ii poesia, julgo-me inbabil para o fazer. .V publicacao de parte d'este trabalho no Invcalifjador porluijiiez, com a carta quo a precede, escripta [lor meu Pae; o nome do auctor, c o testemunbo de Garrett, serao as unicas rcconimendacoes que a accompanbem. Adeus, meu amigo, continuarci a ver se posso prestar mais algum service a redacrao d'csse jornal. | Lisboa, 27 de junho de ISiio. D. Franei^o de Soitsa e Holstem. Carta ao«» re^lacloi-ew ilo Invo»«iarad«r pordigiiex eiia Iimlalcrta. Sr.' redactores do Investigador. Ja que Y. assim o querem, tenho a honra dc Ihes lemet- ter alguns fragmentos d'unia traduccao fran- 117 ccza dos Luziadas ; lisongeando-rae que o il- lustre nome de Camoes seja um passaporte sufTiciente para fazer perdoar a sua insercao nura periodico porluguez. Ha perto de oito annos que esta traduccao foi principiada, e lendo-me as circunistancias pouco depois obrigado a interromper o nicu Irabalho, assenlo que ja agora nao terei ani- ' mo para o conlinuar e levar ao iim. Nao e necessario muito conlieciniento da lingua e da poezia franceza, para avaliar, nao digo a difficuldade, mas a tcmeridade ,d'uma empreza tal como a da Iraduccao de lode o poema de CaniOos. Traduzir o mais harnio- nioso dos poetas niodernos, e traduzil-o de uma lingua rica esonora, para outra infinita- menle niais pobrc, secca e aperriada per pre- ceilos miudos e rigorosos; e intentar o copiar com urn lapis preto uma pintura adornada das mais vivas cores; ou querer seguir a I'orra de remos um navio que corre a toda a vella. D'essa verdade me persuadi ainda mais, agora que tornei a 14r de sangue frio o nianuscripto que ha annos jtinlia esquecido, e abandonando a idea de o proseguir, resolvo-me a expor (nao sem um justo receio) ao juizo do publico estes primeiros cnsaios. A lama d'um poema tal como o de Camoes nao podia ficar encerrada na sua patria; e com elleito nao ha lingua culta, em que nao esteja traduzido, nem pessoa medeanamente instruida na Europa que o nao tenha lido. Porem desgraoadamente poucos cstrangeiros se aeham no caso de o ter lido no original; c certamente Camoes d'eiitre os grandes poetas e um dos que raais pcrdcnj em ser traduzidos. P6de-se, sem faltar ao rcspeito que llie e devido, nera participar da heresia litteraria d'alguns nossos comtemporaneos, asseverar que o pri- raeiro merecimeuto de Camoes e o da diccao ou do cstyio, e por confoquencia aquelle que me- nos se pode atlingir na traduccao. A melodia natural de que sao dotados os scus versos, a >umma abundancia e lluidez, com que elles Ihe corriam, dcrani logar a que se precalasse menos dos det'eilos inseparaveis d'aquellas qualidades; quero dizer, as negligencias no piano, eas vezes a repelicao dasmesmas ideas, variadas porem sempre, e verdade, com uma inexbaurivel riqueza de expressOes. Finalmen- le essa raesma lacilidade que so se pode com- parar a de Ovidio e Ariosto, o induz a pas- sar conlinuadamente do estylo mais sublime da epopea, para o d'uma narracao raais sin- geli e quasi familiar, e ate mcsmo para o torn jocoso a que mais d'uma vez se entre- ga. A nada se Ihe nega a musa, e Camoes mais inspirado do que qualquer outro poeta nao recusa nenhum dos seus dons. D'ahi nascem as maiores bellezas, d'ahi se originam lambem alguns defeilos. Mas os defeitos ap- parecem lodos na traduccao era quanto muilas das bellezas nao pndoni traduzir-se; e o leitor estrangeiro prevenido pela justa admiracao que Ihe inspiraram, nao se lembra que esta lendo na traduccao a raesraa rausica, porem que nao pode ouvir o som do mesrao inslru- mento. Se e diflicil o traduzir os Luziadas em qual- quer lingua, a maior difliculdade e talvez o Iraduzil-a em francez; porquo a poesia fran- ceza e a mais limitada e a menos ousada de todas. Por isso nao se presta ao genio das poesias estrangeiras : e todos sabeni que De- lille foi 0 primeiro que conseguiu traduzir, com applauso, em verso francez alguns dos poetas epicos das outras nacoes. Estas relle- xOes e muitas outras dcviam ter-me acobar- dado. Porem deixei-me levar do desejo de contribuir, por quanto as minhas forcas ra'o permittirem, a elevar mais um monumento a racmoria do nosso grande Yate; do unico poeta portuguez, cuja gloria, como disse um auctor illustre do nosso tempo, nao e so na- cional mas europAa. Dar-me-hia por summamente satisfeito se estes ensaios de traduccao, posto que debeis e imperfeitos, podessem dar a conhecer aos cstrangeiros, que os lerem, alguma d'entre as immensas bellezas de que abunda o nosso poema; o qual ate agora tem servido, e ver- dade, d'assurapto a rauilos elogios, porem tarabera a outras tantas calumnias, para os ([ue 0 nao conhecem. Nao e este o logar de entrar numa disser- tacao, ((ue prolongaria cxtreraamenle esta car- ta, sobre as numerosas criticas que tern en- contrado os Luziadas. Porem nao posso deixar de observar que a principal d'entre ellas, tem recahido sempre sobre a mistura do chri- stianismo com a mythologia paga, e nao se pode negar que esta eritica seja muito funda- da. Coraludo, lendo com attencao os Luzia- das, observa-sc facilmente que nao nasce d'ahi uma verdadeira discordancia; o espirito do poema como o do poeta e todo cbristao, e o uso que elle faz das liccocs mythologicas nao e senao um mero ornato, um jogo da phanlazia. de que Camoes, cbeio da licao classica dos poetas antigos, e nao achando ainda modelo por onde se guiar na poesia chrisla e nioder- na, julgou nao poder prescindir. Mas v6-se para assim dizer, que toda essa parte do poema nao e seria ; e que serve como duma especie de moldura, em que se julgou obrigado a en- cerrar o seu formoso painel. A unidade do interesse dos Luziadas consiste principalmente no sentimento patriotico que anima ludo. O titulo mesmo o prova. A gloria nacional dos Portuguezes e o espirito cavalleiroso d'aquel- les tempos, reproduzem-se debaixo de todas as formas que pode inventar a imaginacao do poeta. Talvez em nenhum poema desde os de Homero, se ache um colorido historico e nacional tao forte como no de Camoes. Resta-me so agora a accrescentar que me 118 julguei obrigado, nos fragmenlos mesraos que traduzi, a oniittir niuitas oilavas, que ou por sereni mais fracas ou por conterem alguma repeticao d'idCas, desesperei de poder tradu- zir loleravelnicnle. Pela mesma razao procu- re!, alguraa vez, extraliir d'uma so oitava o sentido de duas ou trez, Obscrvarei tanibeiu que 0 metro que adoplei, e que e o do origi- nal, sendo inteiraracnte novo iia pocsia fran- ceza augmenta sobre mancira a dillieuidade ; porque e preciso, na lingua em que ha mais pobreza de cousoantcs acbar Irez rimas agu- das, e trez graves era cada oitava. Porem estas observacues pouco devem importar aos leitores, pois o mereciraenlo do poeta nao con- siste em ter vencido dilliculdades, mas em ter produzido bellezas. S. Continiia, TELEGRAPHIA ELECTRICA. Continuado de paj. 112. III. Telegraphos electrkos francezes. ToIeKi'apbos rtc Brrt;net. Os telegraphos electricos primeiro e mais geralmente empre- gados em Franca foram os de Breguct. A sua construccao diversifica um pouco, segundo elles sao destinados para o seryico do estado, ou para os caminhos de ferro; ambos porem tern de commum o serem de quadrante, e seguirem em geral o processo que indicamos precedcntemente. 0 principio e o raesnio: tem todos um receptor electro magnetico, que adquire a propriedade de attrahir o lerro, quando a corrente eiectrica passa pelos lios d'elle; e iima alavanca d'aco, que em virttide da molla que tora, torna a sua posifao iiiicial, logo que a corrente eiectrica e interrompida; 0 apparelho porem traballia com rndas de relogiaria, e os signaes sao did'erentes. Telcs>'a|>ho«> parn o Men iro do cnI n " operar com ambas as niaos. A manivela, de que se serve o operador, entra 'num disco ^_ dividido em oito partes eguaes, o qual trans- , flj mille OS sous oito movimentos ao receptor ■''™' por meio d'um jogo de alavanca^: quando a manivela passa d'uma a outra divisao, o lio j do receptor e posto em conimunicacao com I a pilha, c logo se transmitte a extremidade da linha o signal dado. Percorrendo com a manivela as oito divisoes do disco o encar- regado d'lima conimunicacao telegraphica faz tomar a alidada do receptor oito diffcrentes posicoes, que, combinadas com as oito posiroes da outra alidada, da sessenta e qimtro signaes, como ja dissemos. Cada movimento da roda produz por tanio um signal. Quando a ala- vanca toca o lio que comnuinica com a pilha a roda passa um meio dente e faz um signal, quando a corrente ccssa a alavanca volta a sua posicao ordinaria pela mola que tem, a roda pass^a ainda um meio dcnle, e a alidada 119 marca urn novo signal, de modo que neste apparelho aproveitam-se lodos os niovimen- tos. « Este telegrapho, diz o seu A., tern a vantagem de fazer signaes raui distinctos, e miii segiiro, e pode mover-se eon) grande rapidez. Empregados ha, que 'num ininuto fazem duzentos e quarenta signaes, o que corresponde a cineoenla palavras. Para se obter este resultado e preciso que os appare- Ihos sejara capazes de fazer trez mil signaes por niinuto movcndo a manivela continua- mentc. » Apezar d'eslas vantagens lao incuieadas pelo A., OS telcgraphos electricos segundo esle syslenia estao lioje gcralmente abando- nados. Em Franca, onde elies tinbani sido adoptados «m lodas as reparli{oes piiblicas, porqae, reproduzindo os signaes usados nos telegraphos aereos, nao alteravam o antigo expediente d'este ramo do servico adminislra- livo, e conservavam o segredo das noticias, esta reconhecido, que o systema de Breguet nos telegraphos do eslado e mais dispendioso porque necessita de dois tics e dum ap- parelho dobrado; e raais trabalhoso para os empregados, que tem de operar com ambas as maos ao mesmo tempo para transraitlir o mais simples signal, e aleni disso pode dar logar a graves enganos pela troca de quai- quer signal, o que e mui facil de accontecer na rapidez com que elles devem serfeitos. E por estas razoes a administracao dos te- legraphos em Franca tracta de substituir estes telegraphos pelos de teclado de Froment de que adiante fallaremos. TelCKi'npIios pnra os catntnltos de fcrro. Nos telegraphos construidos para o servico dos earainhos deferro, Breguet eniprega a pilha de Daniell de vinte oito pares, ainda que so com quatorze pode transmiltir um despacho a trinta ou quarenta leguas de distancia. Sao estes telegraphos de letras, e nao de signaes. 0 apparelho receptor nao differe do que descrievemos no §. 11, unieamente alem das letras gravadas na circunilerencia exterior do quadrante, teni este vinlu ciuco algarismos abertos na circuraferencia interior. 0 mecha- nismo interior consta d'um tanilior com moias, que fazem andar unia roda de relogiaria. Todo 0 mais processo e como no telegrapho de signaes. 0 quadrante do apparelho manipulador tern letras e algarismos gravados na sua cir- curaferencia conio no apparelho receptor. A manivela pode correr todos os pontes da cir- curaferencia pondo em movimento uma roda regularmente sinuosa, que, tocando n'alavan- ca, faz allernativamente passar a corrente electrica, e suspendel-a, eem cada movimento d'alavanca o ponteiro passa d'uraa para outra letra. Os fios que transmittem a corrente electrica nos telegraphos de Fran?a e d'outros paizes sao collocados sobre postes a prumo de altura de seis a nove metres acima da superficie do terrene e a distancia de BO a 60 metres, e cravados na terra pelo menos dois metres. Os postes sao injectados com sulfate do cobre, para durarem mais tempo, e que Ihes da a cor verde, que apresentam. Sobre cada prumo ha um pcqueno apparelho de porcellana em forma de sine para segurar o (io e o isolar; eniprega-se a porcellana por serraau conductor da eleclricidade: uma pequcna forquiiha de ferro soldado no apparelho de porcellana sustenta o fio. Os lies gcralmente usados sao de ferro galvanisado de 4 melimetros de diametro; quando elles passam debaixo d'algura subter- raneo, cobrem-se com uma camada de gulta percha, ou introduzem-se 'num tubo de chumbo para evitar a humidade, que ataca o ferro. Nos paizes era que os postes sao substituidos por canos subterraneos os fios devem ser duplioados ou triplicados e cada um de per si involvido em gutta-percha. Telegrapho or Ilabeneck, que lizeram conliecido o talento de Beethoven, e as obras primas da musica instrumental, tern lancado no publico unia variedade de conbcrimenlos e de formas divorsas, que apnrando-Ilie o gosto, o tem tornado mais severo, e cxigente na apreciacao dos talentos e produccoes musicaes; e cis aqui porque os curiosos da arte encontram hnje menos favor nos concertos, que vao sendo cada anno menos frequentados, ao mesmo passo que o estudo da arte progridc, c que o numero e (jualidade cos artistas distinctos em todos os ramos de musica vocal c instrumental attesta 0 subido grau de perfeirao que ella lem alcan- cado era Franca e noutros paizes. Podera cilar-se entre os cantores francezcs Garat, Martin. Ponchard, Nourrit, Levasseur e Du- prcz; na ordem das cantoras Branchu, Damo- reau, Falcon; no thcatro italiano Crivelli, Garcia, David, Rubini, Mario, Pellegrini, Galli, Zucchclli, Lablache; entre as cantoras Barilli, Catalani, Pasta, Sontag, Malibran, Grisi, Persiani, e Alboni. Os violonistas, que tantas relacoes de pa- rentesco ligam aos cantores, nao tiim sido menos numerosos: Viotti, Bode, Lafont, Bail- lot, e Paganini s3o £rtistas de primeira or- dem, a que so podera comparar-se como pia- nistas Sleibeit, Dussek, llerz, Listz e Thai- be rg. 0 estudo do pcqueno rabecao, e dos diffe- rentes instrumentos de sopro tem feito as- signalados progresses. A tbeoria e a historia da musica tem sido tractada magistralmente por Choron, Perne, e principaimente por Fetis, distinctos e eruditos escriptores, que, cstudando os raonumentos das epochas ante- riores, t6m mostrado a relacao das formas contemporaneas com esses antigos modclos. No meio porem d'este brilhante concurso de intelligencias superiores, de artistas de relevantc merilo, de talentos raros, cujas sublimes produccoes e primorosa execujao enlevam o espirito e arrebatam a attencao , uni grande numero de curiosos, sera gosto, nem arte, tera invadido os dominios da mu- sica, e, animados pelos mal entendidos ap- plausos da imprensa periodica, tem querido impdr ao publico como obras primas da arte as suas mesquinhas composicoes, nao sendo mais felizes na execucao das pecas dos me- Ihores auctores, de sorte que nao raro accon- tece nos grandes concertos ouvir ou raas com- posicoes, ou excellentes rausicas mal desem- penhadas por simples curiosos, que uma ephemera reputacao apregoa como artistas consummados, e por ventura corao genios transcendentes. Tal e 0 resultado da falsa aprcciac.io das obras artisticas feita por escriptores ou estra- nhos a arte, e que exprimem so a sensafiio que experimenlaram, ou a do publico, tao pouco entendido como elles; ou dos que, tendo al- guns conhecimentos da musica, fallam dos auctores e das suas composicoes, como se foram grandes sabedores, exaltando-os, ou deprimindo-os segundo a sua ])hantasia, ou OS seus interesses. E este abuse, de que desde 1830 a imprensa periodica em geral lem dado 0 pernicioso exemplo, conduz inevitavelraen- te a decadencia da arte. Entretanio d'estas duas classes de pseudo-criticos a menos peri- gosa, e de certo a raais conscienciosa, e a d'aquelles, que se limitam a exprimir as sen- sacoes que Ihes causara a execucao de uma peca de musica, ou o elfeito que produzira na maioria dos expecladores. A sensacao e um facto, cujo valor e mister averiguar, e cuja causa e neeessario desco- brir ; mas para achar a causa e assignar o valor do efl'eito que produz uma peca de mu- 123 sica, nao basta saber musica, e precise co- nhecer o « passado da arte » porque elle in- flue, e prepondera sobre as nossas aegOes como uma atmosphera moral, que nos cerca desde que abrimos os ollios a luz da razao ; e se, como diz Leibnitz, o conbecimento das obras priraas reconbccidas taes, e a sua tra- dicao « sao os ciemenlos de que se compOe 0 progresso do future era todas as cousas, » esta tradicao e absolutaraciUc necessaria para julgar as obras da arte musical. A musica e de todas as artcs a que mais profundaraente nos toca, dirigiudo-se primei- ro a nossa sensibilidade physica antes de transformar-se 'num senlimento d'aluia; so ella tem o condao de penetrar ate ao niais intimo da vida; e aquelle que nao csliver bem ao facto dos termos de comparacao e dos principios, (jue explicam o seu valor, podera ficar arrebalado pela primeira nota nova, que ouvir; mas scm aquellas disposicoes, dilficil, se nao impossivel, e ciassilicar as nossas sen- sacoes era relacao a musica, e assignar-lbes 0 compctente logar na ordem dos conbeci- mentos, ponpie de todas as sensaeoes as raais difficeis de ciassilicar sao as que em nos ex- cita a musica. Vaga em seu objecto, quasi tao rapida co- mo a luz, a musica nao deixa apos de si no espirito ligacao alguraa que Ibe permitta medir a sua prolundeza e verdade. L'm antigo escri- plor notara, que se dizia « que os olhos me- reciam mais conlianca, que os ouvidos, no que nao punha duvida, mas que sobre ludo era mais dillicil de os persuadir, e que para convencel-os era necessario um maior grau de evidcncia. Os olhos beam litos sobre um objecto; mas as palavras que soam aos ouvi- dos cadentes e barmoniosas podem scduzii-os e desvairal-os. » Estas palavras resumem precisamente a questao, que em sens problemas Aristotelcs propozera. "Porque, dizia elle, so as sensa- eoes do ouvido produzem uma impressao mo- ral, era quanto a vista, oolfato, e ogosto nao produzem um Lai efl'eilo? n Esta questao pby- siologica e psycbologica foi o assumpto da notavel obra de Lessing, o Liiocoon. Todavia a musica, como todas as outras ar- tes, tem seus principios, e suas leis tanto na ordem mcllodiosa, ou da successao, como na da simultaneidade ou d'barmonia. Mas onde poderao cncontrar-se estes prijicipios de uraa arte tao fugitiva, eque tao niysteriosa parece? Duas sao as fontes que Hies dao origem: pri- meiramente a tradicao, a bistoria dos proces- ses e das formas, que nos tern prccedido, e o estudo dos monuraentos: depois a natureza humana, invariavel na sua essencia. A litte- ratura, a poesia e todas as outras arles nao foram buscar 'noulras fontes a sua filiacao, e OS tiliilos que as nobilitam. A psycbologia e a historia, isto e, o estudo das nossas faculda- des, e dos factos externos, que sao o resulta- do do seu desinvolvimento no tempo, e no espaco, sao os verdadeiros mananciaes dos conhecimentos, onde a arte musical foi tam- bem buscar os principios per onde se rege. Onde existem, porera esses monumentos da arte musical, (jue e indispensavel tonhecer para avaiiarmos com exactidao as composi- coes conteraporaneas? Os muzeus, as biblio- thecas, e as eseliolas possueni os mais pre- ciosos e admiraveis monumentos, as obras priraas da piniura, da escullura e da poesia. lla curses piiblicos consagrados ao ensino dos diversos ranios da litteratura e das bellas artes, da sua bistoria, e dos seus monumen- tos; e a comparacao cntre as raodernas pro- duccOes, e esses primores d'arte, que a antigui- dade nos legara, corrige os erros gro.sseiros de uma critica ignorante ou parcial, que ora condenina, ora exaica as obras dos auctores conteraporaneos, A tradiciSo da musica moderna compoe-se da reuniao de duas grandes escholas, que sao a expressao de duas racas de genios muito dilTerentes: a eschola italiana, e a alleraa. Por Cimarosa, Rossini, Jomelli, Scarlatti e Caris- simi sobe-se ate ao Ihrono de Palestrina, que termina a meia edade; por Gumpeltzbeimer, Ilasler, Keyser, Sebastiao Bacb, Ilaendel, Haydn, Mozart, Beethoven, Weber, Schulbert e Mendelssohn desce-se ate Meyerbeer, que domina o confluente d'estes dois grandes rios. Anteriormente a Palestrina, desde o fim do seculo XIV ate a segunda metade do seculo XVI uma numerosa familia de contrapontistas belgas, de que o mais celebre fdra Jozquin Despres , occupa um logar importante na historia da musica, durante esta cpocha; pbenomeno notavel ainda nao sulScientemen- te explicado. Entre a eschola allema e a ita- liana, as unicas que sao autochthonas, e ver- dadeiraraente originaes, tem logar a de Fran- ca, cujo genio cssencialmente dramatico so tem procurado 'naciuellas duas grandes escho- las as inspiracots rausicaes, que serviam aos seus instinctos; e e por isto que a eschola franceza se aproxima raais da italiana que d'allenia, e os seus trabalhos sao uni syncre- lismo um tanto parcial do genio do Norte e do Mcio dia. Se estas ideas, que apenas enunciamos aqui, fossem professadas em curses publicos, cuja necessidade e de todo o ponto reconhe- ci(ia, uma falsa critica nao faria publicar diariamente os mais grosseiros erros sobre as diversas composicoes da arte musical. A intervencao dos compositores de rausicu na imprensa jornalistica tem concorrido tam- bem, era nao peguena escala, para desauclo- risar a critica moderna. L'm musico dotado dos conhecimentos e da instruccao necessa- ria para expressar convenientemente o seu juizo sobre (jualquer coraposicao, ou acerca 124: da sua oxecuvao. (iiflicilmcnlc o podcria fazer coin a imparcialidadc, (iiie iima sevora critka exige. porqiie pola mcsma natuieza das toii- sas 0 artisla creador k soiiipie cxclusivo, c iiao da valor senao a forma, que e a cxprcs- siio da sua individualidade. « Eu nao goslo sciiao da minlia nuisica, dizia ingciiuaincnU' GiTtry, porquc e obra miiiha. » 0 inlinio pensamcnto do todos os compositores e cstc; (' (]uanto maior lor o si'u talcnlo, em mais suhido prcro hao de tor n I'rurlo das suas liicubraroes. \ hisloria a cada passo apresen- la cxi'inplos de injuslissiiuas i-riticas dos mais distiiictos arlistas contra os contemporaiieos seus emulos, \ prnposito de iiin quadro de Ticic-no dizia Miguel Aiigelo: « E grando ]jena quo niio liouvcsse cm Veneza quern soiiliesse desenliar. » Com egiial iiijustiea lieellmvon Iralou Rossini; e Maendol dissi- .< cjuc (lIuiU nao saliia mais musira, que oseu cosinlieiro. » « 0 verdadeiro artista apaixonado pela sua arte, dizia Stendhal na hixtoria ihi finturu italiana , e essencialmente intoleranle e se tivesse na sua mao a aucloridade, scria um despota. » h. qualidado opposta e a que preci- fiamonte constilue a verdadeira critica. A im- pcrsonalidade, a aplidao para compreheader e admirar as obras diversas dos divcrsos ge- nios, assignando-llie o logar que Hies compete no grande livro da vida, tal (i o verdadeiro caracter da critica, como a exercerara Schle- gel, Grimm e Diderot; e sem estes elementos a critica da musira moderna longe do apcr- feicoar a arte, ecorrigir as suas impeneieocs,' concorreni para a sua decadencia. A. RELACAO Uos individuos nomrados para os se(]>iliiti's Ingarrs il'instruccaa publica. por drspaclws do Coitsr- Ihn superior d'inslrucfuo piiblicn dcsde o dia 13 all' an fun de jiilho, e bem asiiin por decrelos e portarias do Ooverno, communicadas ao mesmo Consdho superior no indicado periudo. i.\sTniir.(;AO pnuiiiiiA. Joaqiiim Lourciro ScrraiKi, para profossiir ti-mporario da cadeira d'Olhalvo, dislricto de l,isboa. Antonio dc Gouvea c Silva, para a de Vclla, (lisiricto (la Guarda. Jd.ao Caelano Percira de Sousa Pinto, para a de I.oures, dislricto de Lisboa. Joao JIamiel da Conceirao, para a de Alfun- d.To, dislricto de Beja. .loaqiiira Pedro Teixcira, para a d'AIdea de (iiiies, dislricto de Faro. Jose Joaquim Ferroira, para a de Canas de Sabugosa, districio do Viseu. Manuel Maria do Conto Albuquerque eCunha, para a ilc Gradil, dislricto de Lisboa. I.uiz Gaudcncio d'Almeida Benevides, para professor snbslitiito da de Boucas em quanto du- rar o inipedimenlo do proprielario. Jose Uiiherlo dos Reis, para professor vitali- cio da de Contevel, dislricto de Saiitarcm, por decrclu dc 11 dejulho. I.NSTRDCt.iO SECUNDARIA. Jose Joaquim Fcrrcira Guimaraos, para pro- fess'.r vilalicio da eadeira dc Arithmelica. Alge- bra F.l( inenlar, Georaetria .Syiilbelica Klementar 0 Principios de Trigonomctria Plana e Geographia Matbemnlica do Lyceu nacional do Porto, por de- creto de IH de jnlho. Antonio Auguslo de Figueircdo Andrade e Silva, para professor temporario da cadeira de I.atim d'Idanha a Nova, dislricto dc Castello-Bran- co, por porluria de '2'.i de julho. Bcspachos dictos desde o 4.° ate o dia fS d'Ai/osto. INSTRCC(AO PRIMARIA. Domlngos do Carmo e Rego, para professor temporario da cadeira dc Colmcas, distrieto dc Leiria. Jose Bernardo de .\yres, para a da Villa de Terrcira, districio de Beja. Jose Dias de Mesquita, para a de S. Joao do Brito, dislricto de Braga. Luiz Manuel dc Sa Vilhegas, para a dc Chaves, districio de Villa Real. Rodrigo Teixcira Pinto de Sonza, para a de ,\lvacoes do Corgo. Jose Pircs das Neves, para a de Silvares, distrieto de Caslellu-Branco. Jose Candido da Silva, para professor vilalicio da cadeira de S. Marliiiho do Porto, districio de Leiria, Klorcncio de Sonza Sanlos, para a de Gallcgos, dislriclo do Porto. Fernando Maria Percira Machado, para a dc .Sandomil, distrieto da Guarda. Alaria Emilia da Cunha, para mcsira de mc- nin^ do Fiuichal. IXSTBCCflO seccndahia. Joaquim Freire de Macedo, para subslilulo das cadeiras S.^ c 6." do lyceu nacional de Lisboa. ALMANACK DE I'ORTL'GAL. Para o anno dc 1855 pelo sr. Luiz Tr/ivnssos f'aldez. O Alniiinack de Portug:al que o sr. Yaldez den a luz ne presente anno, e sf;};uramente a obra mais cumjdeta (|ue neste genero se tern publicado entre nos. Os antiijus Almanacks, de que o ultimo foi o de 1825, I'^ta^am mui lonj^e de abraiifjer as muitas ciiriosas noli- cias que se encontram no do sr. Valdez. E um livro mui util e interessante, e de que repeti- das vezes «' necessario fazer uso; e seru muito para dese- jai" (pie 0 A. nao desanime , proseguindo n«ts aiinos se- jjuinles csta irajjortante publicarao. Orf poucnse\<'mplares (jue restam d'este edicV acham- se a venda na loja da im|trensa da uiiiversidade por 50O reis. ? njstititta) .lORISAL SCIElNTinCO E LITTERARIO. RELATORIO Solti'c o cMtailo prcMcnip (la insiSi'iccrsio pi^blira o partiJ-iiEai- do (>if>lD->c-)o u-— '■^*^.- .-^ii"-*' Em toda a freguezia rural, que reunir mais de 200 creancas em edade de appreiider, ha- vera uma eschola elementar para meninos, cujo professor so lera ohrigacao de ensinar, 'numa sessao diaria, a ler, escrevcr, contar, doutrina e moral christa. Ora as unicas fre- guezias ruraes , que fora do concelho do Funchal, estao 'nestas condicoes, sao, como se ve do mappa n.° 2, dezoito. A despeza, que tera de fazer o Ihesouro com as respectivas escholas, sera a de reis l:94i^000 per an- num. A despeza, que presentemente faz o thcsou- ro com as quatorze mas escholas que existem, orca pela quantia liquida de reis l:66o^3i0. Subtrahida que seja esla quanlia, da impor- tancia total de reis 4:224^160, que tera de Vol. IV. Setembro 1.° custar 0 systenia d'escholas priniarias, (jiie tenho a honra dc propdr; segue-se que urn modico augmento de despeza, na importancia de reis 2:bS8^820, seria sutliciente para do- tar este paiz com um mais perfeito systema de escholas, a saber: Uma do 2." grau para meninos, que fara tambcm as vezes de eschola modelo ou normal . . 222|i080 Uma nocturna para adultos . . 222^080 Uma do 1.° grau para meninas 1( Oito escholas do 1.° grau para meninos Oito dictas elementares para me- ninas 864^000 Dezoito dictas elementares para as freguezias ruraes, que reuni- rem mais de 200 educandos . 1:944^000 Sao, ao todo, 37 escholas, que custam ao thesouro 4:224^160 Case porem os apuros do thesouro nao permittam realisar desde ja oste accrescimo de despeza, sera forca supprimir as oito escholas elementares de meninas, ou por a cargo das respectivas municipalidades a despeza com os ordenados das mestras. Em todo o caso, sao 864^000 reis, que deduzidos da importancia de reis 2:ao8^820, reduzem o accrescimo de despeza para o estado a insignificante quan- tia de reis 1:694^820. Afora a insignificancia do angmento de despeza para o systema de escholas priniarias que tenho a honra de proper, ainda outra razao ha para que o governo de Sua Majesta- de nao denegue a este paiz a creacao de mais 23 escholas: — essa razao e a cquidade, que 0 governo como pae commum deve ter para com todas as povoacOes do reino, segun- do a grandeza e importancia politica e eco- nomica de cada uma. No continente do reino nao ha nenhum dislricto administrativo, por mais pequeno e obscuro que seja, que nao tenha mais de quarenta escholas priniarias. E ao passo que 0 districto de Yiseu conta 120, o populoso districto do Funchal, cuja capital e a tercei- ra cidade do reino, nao tern mais que 14 escholas priniarias — apenas cinco escholas — 1853. Num. 11. 126 mais, que o obscure districlo da Ilorta! . . . A injustica salta aos olhos. No coiitinenle do reino, para unia povoa- eao de 3.412;500 almas, ha 1;11G escliolas priniarias. No dislricto do Funchal, jiara uma povoariio dc 10i);000 almas, ha so 14 escholas piihlicas! Sc o quo a justica |)odc e que 0 governo cuide eyuidmenle da institic- cao primaria de todas as povoacoes, a relarao que ha enlre a povoarao do (•ontinente do reino, e a d'este dislricto administralivo, exige que nelle haja nada menos que V.) escholas — numero superior ao do syslenia de escholas que proponho. CAPITULO IV. Custeamento das escholas. Em vao teria o estado I'eito um esforro para crear 37 escholas onde ate agora so havia 11', se por outro lado nao provcsse acerca dos meios requeridos pelo custeamento d'ellas. Crear uma eschoJa nao e so pagar o ordenado do professor; e alem disso, estabe- lecer um local proprio para ella; 6 fornecer este local da raobilia e utensilios indispcnsa- veis para os diversos exercicios escholares. Eis-acjui uma nova verba de despeza ; se o estado a nao pode tomar a sua conta, releva que a ponha, de um modo elBcaz, a cargo das respectivas municipalidades, Ja a este respcito alguma cousa fizera, no capitulo 1.°, 0 decreto regulamentar de 20 de dezembro de 1830; mas fizera-o d'um mo- do tao equivoco, e — para assim dizer — meti- ruloso, que nenhuma municipalidade tem lo- mado taes provisoes cm conta de preceptivas; nenhuma tem d'ellas induzido obrigacao, em que esteja, de fornecer as escholas piihlicas do respectivo concelho, casa, mobilia, e mais utensilios de que carecam para o servico escholar. Entendo portanlo, que a doutrina do ci- lado capitulo, cumpre enuncial-a de um mo- do mais positivo, elaro, e terminante, para que d'uma vez se ni|ue entoudendo ras jusqu'aux rives d'Asie. 19. Deja Gama, sui\i de ses fiers compagnons, Du paisibic Ocean parcourt I'immense espace, Le Zephyr, succudant aux fougueux Aquilons, Des voiles mollement arrondit la surface; La mer au ilevant d'eux entr'ouvrant ses sillons Par ses notsecumants prolonge au loin leur trace; Le nouvel Ocean n'avait jusqnes alors Vu, que les seuls Tritons errer pres de ses bords. Cantinua, UMA YISITA A SERRA DA ESTRELLA. Coutinuado tie paj. 10(5. Como e possivc! que as liigoas, que estao quasi nos pontes mais altos da scrra e esta em tao prandc altura arima do nivel do mar se commuiiiquem com ellc? A higoa comprida e um vasto rcscrvalorio Av agua, formado pola neve que se vai dorre- | tendo, e que para alii conflue de muitos pon- tos ; por alguns iiascentes que lalvez borbulhera do fundo da lagoa ; por uma poquena correntc d'agua que eperenne aleem tempo dceslio, e 129 pelas abundantissimas cliuvas, era que muitas vezes se resolvem as trovoadas cm lodo o anuo, e que alii sao medonlias e muito IVe- quentes. 0 liigar e a perspectiva d'este grande lago e verdadeirani(.'nte magustosa e CDcantadora. Ca]iiinlia-sc para ellu de k'ste, desceiido ura declivio jiouco oliliqiio, mas de mau iiiso, por ser todo furmado por uma pedieira gra- iiitica apertada e quasi como urn couliiiuo lagedo. Esta ladeira, quu em muitas partes so termina jiinclo as aguas do lago, tem cm algiins sitios pequciios degraus e outras pas- sageus difliceis, mesmo na primavera, pela graiidc qiianlidadc de gelos, que se consoli- dam com as pcdras, c poi- onde assim raesmo e necessario aliiir caminho. Aiuda no mcz d a- gosto apaiecciu cm mais de um sitio alguns restos dos gelos do invcrno. D'aqui se ve que por estc iado de oesle loda a agua que sai da neve cm toda a extensao do mesmo declivio e directamcnle trans[iortada para a lagoa coniprida. Esta, porem nao comeca a ser visivel dcsde o principio da ladeira, porque fica um pouco jiara o sul. A. lagoa podera ter em todo o scu ecmprimcnto meia legua de extensao, e a sua niaior largura em algiimas partes equivale a um tiro de lunda Jjcm I'eito. Do Iado do norte a margera e montanhosa e summameiite escabrosa, e os sens contornos desonhados sobre a superlicie das aguas tran- quillas do lago deixam vcr lambem muitas rochas de diflicii accesso. Passando poicm paraamargem es(]uerda da pequena corrente, que disscmos conllue para a lagoa cumprida, e subindo pela mesma margem, depois de passar alguns degraus cavados na rocba, tendo-se andado meio quarto de legua pouco mais ou iiienos, clicga-se as bordas da lagoa escura. Esta e de I'orma conica, e de lodas as paries formada de lagedo conpacto, tendo tambem em toda a sua cireuml'erencia a mesma curvatiira e o mesmo declivio para dentro, posto nao tenba a mesma altiira. 0 nive! das suas aguas sera 'numas partes de duas varas e 'noutras de trcz, mas num sitio principalmcnte, que e o mais proximo da lagoa coniprida, ])ode d'alli lirar-se agua commodamente com o braco, e como se sabe que as aguas d'esta lagoa se descarregam na lagoa coniprida, e tambem certo, que e por esse mesmo sitio que este segundo lago se lanca no primciro, quaudo as suas aguas tem crescido pelas cbuvas e neves a ponto de subircm o nivel na parte mais baixa da sua margem. Como porem nao lica dominada por elevacao alguma de terreno, nem a agua das cbuvas para alii pode concorrerdc muito longe; nem tambem esta poderia conservar-se em tanta allura, qual a que pelo declivio das suas margcns ou paredes interiores, e pelo diametro na sua maior base, este lago prova- velmente tem, e de crer que algum nascente pequeno alii borbnlhara do fundo, concorrendo com 0 seu cabedal para rompensar a evapo- racao diaria da superlicie do mesmo lago. Ainda que attravessaraos o caminbo que da lagiia coniprida vai ate esta por um cal- moso dia de agosto do anno lindo, a bora mui adiantada da manba, gozavamos um Iresco delicioso, como 'numa formosa manba de primavera; 'ualgumas encostas, porem, a calma incomodava-uos bastante, por que ccssava alii a viracao da serra. Em muilos logares ha ecbos multiplos muito notaveis, que repetem depois de quatro ou cinco segundos uma detonacao de t'uzil, e de entao por diante ouvc-se um som de tal sorte prolongado e repetido sem intervallo, que se assemelba pcrfeitamente ao estampido ipie acompanba o raio quando nao e esperado, e a sua tal ou qual proxiniidade nos assusta. Ve-se pois que o nivel das aguas da lagoa escura esta mais alto que o da lagoa com- prida; quanto ao nivel das aguas correntes d'uma pequena ribeira, e dominado por uma margem montanbosa. A lag6a coniprida tambem se descarrega por um despenbadciro que fica a oeste, e que dii origem ao rio Alva. Ua outra lagoa ainda menos notavel que a escura, mas que a tradicao consagrou, sup- pondo que 'nella fora albgada S. Antonina, e que por isso conserva o nonie de lagoa da piuxao, que com tudo se mudou no noma de lagoa do Pachao. D'esta nasce o ribeiro da Candieira que nao longe da villa de Manteigas se preci|iita d'um elevado rocbedo lormando uma vistosa cascata. A lagoa do Pachao tem a mesma extensao, pouco mais ou menos, que a lagoa escura que pode ser attravessada diametralmente por um tiro de pedra; e menos elevada, e estii cercada por um prado para onde corre um pequeno regato de agua. Alencionaremos tambem outro sitio conhe- cido pelo nome de Covao das Vaccas nao longe das lagoas que descrevenios; eumvaslo plaino, que se termina 'numa escarpada mon- tanha, da base da ((ual sai o rio de L'nbaes, que corre na direccao de sul, tomando desde logo 0 nome da villa por onde vai passar. Ciinlinuu. u. R. DE VASCONC'ELLOS. NOVA ESCALA THERKIOMETRICA. Na sessao d'academia das sciencias de Paris de 23 de julho ultimo, M. Walferdin apre- sentou a seguinte memoria sobre as difl'eren- tes escalas thermometricas, hoje adoptadas, na qual propOe uma nova escala, a que deu 0 nome de ietrucentigruda, por ser di- vidida em 400 graus. 130 « Das numerosas escalas thermonietricas inventadas pclos physicos ha cento e eincociita annos, trez unicamente estao hoje em uso. A de Faliroiiheit, geralmente emprcgada cm Inglalerra c nos Eslados-Unidos: a de Hcaii- niur, ainda actualmenle usada na parte me- ridional d'Allemanha, na Uusia, Hesjiaiilia, em aigumas partes da Italia, e na America meridional; e a cscala de Celsius modiliiada por Stroemer, ou antes de Christin, chamada cenligrada, e adoptada era Franea e no norte d'Allemanha. A temperatnra do gelo fundente, e a do vapor da agua a ferver debaixo da pressao normal dc 700°"° de mereurio sao os rfois- pontos fixos adoptados cm cada uma d'a(]ii('l- las tres escalas, c o espaco comprehendido entre estes dois pontos fij-oa, dividido em 101) e em 8U partes nas escalas centigrada c de Reaumur, e em 180 na de Fahrenheit. I'm d'estes pontos fixos, a temperatnra do gelo fundente, serve ao mesmo tempo de ponin dc partida, isto e de zero, nas escalas centigra- da e de Reaumur. Na escala de Fahrenheit 0 ponto fij'o c 0 niesnio, mas em vez d'este Ihe servir de ponto de purtida, como 'na([Hel- las, a teniperatura do gelo fundente cor- responde 'nella a 32.°, de modo que o zero de Fahrenheit desce muito mais abaixo que nas outras duas escallas, e e egual a — 17,78 C. e — 14,17 R. A discordancia d'estas trez escalas, discor- dancia tal, que a teniperatura media de Paris 10", 8 C. se traduz por 8", 04 R. e !)1°,4 F. ; e 0 calor do sangue humano de 37° a 38° C.e = 29°,6 a 30", 4 R. e'JS-.G a !00",4 F., traz comsigo na practica graves incon- venientes, geralmente reconhecidos quando se tracta de comparar as indicacoos das diversas escalas, usadas pelos dilTerentes auctores. A uniao portanto das escalas de Fahrenheit, Reaumur, e centigrada 'num dado ponto, que permittisse comparar direclamente as in- dicacoes actuaes de cada uma d'ellas, e o desideratum da sciencia. Examinemos resumidamcnte as vantagens e inconvenicntes d'estas trez pscalas thermo- metricas. Desde que o espaco comprehendido entre a teniperatura do gelo fundente e a da agua a ferver foi dividida em 100 partes, a escala de Reaumur, onde este espaco esta dividido em 80 partes, tende evidentemenle a trans- formar-se pouco a pouco em centigrada. As inslantes reclaniacoes de Arago a este respeito, e 0 exempio de Ilumhold c Berselius, hao de eoncorrer poderosamente para que a Allenia- nha c outros paizes abandonem aquella escala, que ja nao ha razao sufliciente para se con- servar. Outro tanto nao pode dizer-se da escala Fahrenheit. Ainda que ha mais de um scculo se comecou a usar em Franca e no norte d'Allemanha a escala centesimal; era Inglaler- ra e ella systematicaraentc repellida. 'Neste paiz 0 Iherniometro de Farhenheit continua cxdusivamente em uso, nao sem lundamento. Os physicos inglezes reconhecem que a divisao do espaco comprehendido entre os dois pontos fixos do gelo fundente e da agua a ferver cm 180 paries, em logar de 100 nao teni a menor vanlagem; este nuniero e muito suhido, e nao se presta por isso facilmente ao dcsin- volvimcnto especial dos valores, (|ue ropresen- ta ; e principalmcnto cm relacao as tempera- luras acima da agua a ferver tern graves in- convenicntes, pois que :200° C. = 3'.)2." F. e 300" C.=.'i7"2" F.; ncm se conserva tamhem aciuclla escala, poripie, sendo o gniu de F. mais |ici[ueno que 0 centesimal, hastaria dividil-o por metade para ohter uma fracciio sutliciente de gniu ; jiois que a facilidade com (pie se fraccioua (|uer sim[ilesnient(' li vista, quer com oauxilio d uma lente o espaco comprehendido entre cada divisao d'uma cscala arhitraria, ou entre cada gran centesimal, em decimos, dii ordinariamente um resultado mais exacto. 0 verdadeiro motivo da preferencia, que ainda hoje goza em Inglaterra a escala Fahren- heit, e a jjosicao do sen zero. Este. achando- se collocado a 32° abaixo da teniperatura do gelo fundente, a — 17,°78 C, dispensa nas ohservacoes meteorologicas, por exempio, os signaes positivos e negativos nos seis nieses do anno, em que a temperatnra do ar alnios- pherico pode oscillar acima ou abaixo do zero (gelo fundente.) A posiciio por tanto do zero na escala F. ten) uma incontestavel vantagem, que ainda nao foi devidamento apreciada pelos parti- dislas das escalas de Reaumur, e Centigrada. Esta vantagem e tal, (jue em Inglaterra as ohservacoes meteorologicas sao niuitas vezes feitas sem scr nescessario recorrer aos signaes negativos, e sem nunca enipregar os positi- vos. Nas outras escalas, em ([ue o zero cor- responde a teniperatura do gelo fundente, nao se da aquella vantagem. A nccessidade de recorrer aos signaes ne- gativos e positivos na applicacao dos instru- mentos thermometricos centigrados ou de Re- aumur olTerece muito maiorcs inconvenicntes, do que geralmente se julga. Os practices no trahalho das ohservacoes meteorologicas co- nhecem por experiencia com que facilidade, quando a temperatnra atmosplierica oscilla proximo do zero, se le c escreve o signal + em logar do signal — , e vice versa. Na aprecia- cao das fraccoes decimaes dc grau em serie ascendente acima do zero, e de.scendente a haixo de zero outros muitos erros se podem facilmente introduzir. Os observadores, ainda OS mais exercitados, tomam niuitas vezes inadvertidamente uns signaes por outros nas oscillacoes de teniperatura proxima ao zero de gelo fundente; e quando estes erros tem sido 131 ( corrigidos nas observacoes, facilmente se re- produzera, quando ellas se transcrcvem nos quadros nieleorologieos. Para obtcr as medias thermoraetricas e necessario separar, para as sommar, as indicacoes que teiu o signal + das quo tern o — , mas na escala F. nuii raras vezes (i necessario empregar este processo. E por conseguinle evidentc a vista dos quadros meleorologicos, que durante o semestre, em que a leniperatura da atmospiiera pode oscil- lar baixo, ou a rima do zero centigrade, o uso da escala F. evita muitos erros que lacil- meute podem dar nas outras escalas. A sup- pressao do signal -r, ultiniameute adoptada nas taboas das observacoes mcteoroiogicas, feitas segundo a escala ceiitigrada, a iniita- cao das (|ue sao ordenadas pela escala F., nao evita os erros que pelo systema opposto sao niui frequentes nas escalas centigrada, ou de Reaumur, porque 'naquolle caso a ommissao involuntaria, mas napractica muitolrequente, do signal — ,cquivale aindicacao dosignal-)-, e induz por isso nos mesmos enganos. Assim 0 que e 'neste caso sem inconve- nientes para a escala F., em que o zero csta mais abaixo do que a temperatura do gelo fuudente, tem-nos niui graves para a escala centigrada, e tanto que, se nos servirmos de uma escala, em que o zero estiver a tempera- tura do gelo fundente, sera necessario con- servar pelo menos em seis mezes do anno, alem dos signacs — , os signaes -)- ate perto de 12 ou 15 graus. A temperatura porem do gelo fundente, toraada como ponto de partida d'uma escala tlierraonictrica, c a necessidade de empregar signacs posilivos e negatives, apresenta um inconvenientc ainda maior. Alinguagem scicn- tifica, que tern consagrado o signal + e — a distinccao das temperaturas inleriores ou superiorcs a do gelo fuudente, tornado como zero, tem introduzido na liuguagem vulgar um dado completamemte falso. Os graus cen- tigrados por exemplo inferiores a temperatura do gelo fundente sao ordinariamente designa- dos como graus de frio, e os superiores como graus de calor. No inverno, quando a tem- peratura estii a '6°C. abaixo de zero, diz-se geralmente que o frio esta a o° corao se — 5° ou 5° C. de frio per exemplo nao fossem mais quentes que — G°C., ou para fallar a mesma linguagem, que 0° de frio. Objecta-sc, e verdade, a falla d'um zero absoluto, que e impossivcl fi\ar. 0 zero, que eguala a tem- peratura do gelo fundente, e puramente eon- vencional, mas nem por isso clle apresenta menos inconvenientes na applicacao das escalas centigrada e de Reaumur, inconvenientes de que ale certo ponto esti exempta a escala de Fahrenheit. Da comparacao das escalas de Fahrenheit e centigrada, e da posicao do zero em ambas ellas resulta uma anomalia ainda mais sin- gular, porque se chega a resultados nao so dillerentes, mas directamente oppostos; de- baixo d'uma mesma temperatura os graus centigrados de frio correspondem cxactamen- te a graus de calor de F. Por exemplo: — 3.° C. ou 5 graus de frio C. = + 23' F. ou i'i graus de calor de Fahrenheit. — ire. ou lO" dictos = +14"ou li" id. — IS'C. ou l!j" dictos = +E)" ou li" id. Termino aqui a critica das escalas thernio- metricas hoje usadas, acrescentando todavia, que se a escala F. e preferivel a centigrada unicamente quanto a designacao das tempe- raturas inferiores ao zero (gelo fundente), e todavia hoje insufficienle para a indicaeao das haixas temperaturas atmosphericas ; alem disso 0 sen zero nao e um ponio lixo, como 0 do gelo fundente, ou da agua a ferver. Foi elle originariamente adoptado, porque era o minimo da temperatura atiiiospherica observada em ITOU, que Fahrenheit repro- duziu artiiicialmente por meio d'uma mistura frigorifera ; e o proprio Fahrenheit reconhecia a incerteza d'aqutlle zero, declarando que nao era o mesmo no verao, que no inverno. Assim 0 zero Fahrenheit e um ponto cal- culado, mas nao observado. » Continua. UNIVERSIDADE DE FINLANDIA. As condicoes para a admissao dos escho- lares na universidade de Finlandia nao sao niui rigorosas. Os candidates sao obrigados a apresentar um attestado de moralidade e ca- pacidade passado pelo chefe da eschola, onde ciirsaram os seus estudos preparatorios; e a fazer um exanie oral perante uma commissao composta do decano da faculdade de theolo- gia e dois adjunctos, nomeados annualmente |iclo consistorio. Oexame versa sobre a histo- ria da egreja, principios do christianismo , logica, moral, arithmetica, geometria, histo- ria, geographia e litteratura. Findos os exa- mes, proccde-se a votacao, e so sao admitti- dos OS candidalos, que obtcm uma das trez seguintes qualilicacoes : approbatur, approba- lur rum taude, ou lamhitur. A propina pelo exame e matricula importa em vinte e dous rublos, quasi quatro mil reis. Os candidates, que tem frequentado os seus estudos nos gymnasios e universidades da Russia, siio dispensados d'cste exame, e para a sua admissao basta apresentar os respectivos diplomas; poucos candidates, porem, 'nestas circumstancias concorrem a llelsingfors. Em tempos antigos os candidates que pre- tendiam matricular-se na universidade de Finlandia tinham de passar por certas provas mais comicas e burlescas, do que difliceis. « No dia destinado para a matricula todos OS aspirantes ao titulo de estudantes reuniam- 132 se 'iiiima sala com urn dos cmpregados da univcrsidade, que era o dcpnsitario, no raeio dc lima multidao dc expectadores, que os in- vest i a in. Enfiiscavam-lhi's os rostos, prendiani-llies nos cliapeos dcsabados niniprulas orollias, c thifrcs; punhani-llics dois grandes iiigodcs retrocidos, ou dois denies de cocliino, (|iie elles seguravam nos cantos da bocca, conio iim cacliiinbo, e vesliam-llies cumpridas la- pas pretas: niascarados assim os candidalos, 0 deposilarin, tcndo ua niao iini cumpridi) l)aslao com uma liaclia na ponta lazia-os sabir da sala, levaiido-os deantc de si couio uma maiiada de bois nu uma recua do juukmiIos ate fi sala principal da univcrsidade, onde iim numeroso concurso os esperava para as- sislir a esle acto snlemne. 0 depositai'io dispuuha-os em ciiculo, depnis de os tcr mo- dido e alinliado com o sen bastao, como urn sarjento com a sua alabarda mode os solda- dospara os mcUer ualileira; I'azia-ibes enlao muitas caranlonbas, c prolundas rovorencias, sera liies dizer palavra; passava depois a chasqueal-os pelomodo ridicubi edescomposto com que se aprcsenUivani trajados, e, toraando um torn serio, comecava a disscrtar sobre os vicios e defeitos da mocidade, mosirando quanlo era necessario dar-lhe corroccao, e castigo, e limal-a pelo eslndo das bellas le- tras. Trocando outra vez o serio pelo bur- lesco, ou antes polo tragicomico, o deposita- rio acadomico propunha aos candidates diver- sas queslOes, a que deviam resiionder; poiem OS denies posticos, que tinbam ua bocca , os cmbaracavam do fallar dara e inlelligivel- monlo, fazendo-os gruuliir como os porcos, o que elleaproveitava. para Ihos pdr as aleunlias, que hem Hie pareeia, dando-llies nas costas ao do love com o baslao, e esbofeleando-os com as luvas, ao mcsmo tempo que Ibes diri- gia uma scvera adraoostacao; os denies dizia eile, siguiiicavam a intcniporanca, e a devas- sidao dos mancobos, a quom os excessos das comidas e bebidas, tornavam obtuso o enlon- (limenlo. Tirava depois d'nm saco, uma esjje- cie de bolsa, a maneira das dos poliliquoi- ros, e de denlro d'ella umas tonazcs de ma- deira, que se estendiam ou cncurtavam a von- tade, era forma de ziguozague, com que Hies aiiorlava o poscoco, sacudindo-ilies a caboca ate que os denies poslicos Hies sajlavam fora da bocca, e ao mesmo passo Ibes dizia, que se cllcs fossem doceis, e pozessem diligoncia em seguir com proveito as licOcs da universida- dc, abandonariam a inclinacao, que linbam para a inlcmperanca eglolonaria, assim como agora deixavam cahir aquolles denies: ar- rancava-Ihes depois as grandes orelbas, que cstavam prezas ao cbapoo, declarando-llios, or seis mozos usariam dc capas prelas cumpridas, como as que 'neste dia de provacao trajavam; e que todos os dias iriam olTerecer, cada um aos esludaules da nacCto onde fossem reccbidos, os sous services, obe- decendo em tudo submissamenle ao que por elles llics fosse ordenado, e que solfreriam resignadameule os motejos e zombarias que elles Ibes lizessem, o que se cliamava as pe- nnies. » A maior parte dos estudanles da universi- dade do Holsingfors sao pobres, mas passam vida bonosta e folgaza. Us mantimontos e as casas de alugucl sao baralas na capital da Finlandia, e as morcadorias vendeni-se por niodico proco, de maneira que os escholares suslonlam-^e com po(|ucnas mesadas; e ver- dade (jue nao campcam nas grandes festas como OS esludanles de Paris, ou dc llepanba, nom IVe(|uonlani os brilbanles saraus ou os laulos fostins; mas no sen bairro /rtirno vivera alogromonle, e nao raro as doces affcicoes do amor voni amenisar a aridez dos estudos, e os amargorcs da vida cm muilos d'aquelles corarOes de mancel-.os, embaliidos polos dou- rados sonhos de um luluro mais esporancoso, 0 typo do estudanle linlandez e nuiilo pare- cido com o do esludanlc allemao; indilierente e desloixado; como elle, desinvollo e impre- vidente. iSo fim de cada Irinieslre, quando recebem as corapelontos mezadas, c um dia de fosla para cada escbolar; os amigos e con- disoipulos sao logo convidados: os cliarutos, o cbii, o poncbe, e cbampagne siio servidos com profusao, e 'nislo se vao os rubles da mesa- da , mas 0 prazer de um dia de folguedos c de boa camaradagcm compensa-os dos apuros dos dias seguinlos. Enlrcgam-se novamente aos sous estudos som pesar nom cuidado al- gum, esperando resignadamenle que a forlu- ua OS torno a favorocer para repelir aquelle pas- salenipo com os sens collogas, e gozar d'aquel- 133 his horas de oompleta dissipacao. E 'nesta eontinua alternativa de dias ora laboriosos, TOelanchoiicos e solitarios, ora de perfeila ale- gria, complcla cxemprao, e d'lim farniente, que causaria inveja ao syl»aritismo do inais dcsal- mado lazzaroni, passam a vida os estudantes de Hclsiiigfors! Oscstudaffltcs (inlandezes frwiuontam poiico as sociedades, mas nas feslas e divertimentos pubiicos sao sempre os primeiros. Desde o principio de tnaJopcrconeiu clicsosarrabaldes dacidadc, celehrando abella estacao dasflores com diversos folguedos, descantes, e saiulcs. Nos passeios, iios tbeatros, e nos concertos sao ciies os que mais applaiulem os adores, que dao vida e cnlluisiasmo a todas essas reunioes. Algumas vezes accontece dar-se en- tre ellcs alguma rixa, que perlurba a boa ■ordem publica, mas lofjo que alguni dos prn- fessores, por. qui'm elies tern niais sym])alliia, OS adverte, sciii difliculdade vnltam aos seus pacilicos babitos com admiravel doeilidade. Os esludant^s de Uelsiiigfors eslao dividi- dos, como OS de Upsal e de Lund, em niuilas classes, ou naroes. Cada iwrm tem uni local proprio para a sua bibliotheca, musicas, e instrunientos; onde os respectivos membros vao ler, tocar, ou discutir algumas questOes iitterarias ou scientificas de maior iiiteresse, para se habituarem a argumentar e fallar em publico. Cada nacao elege entre os professo- rcs da universidade um inspector, que a toma sob sua proteccao, c a esclarece e aconsellia com as suas luzes. Ura decidido espirito de corpo reina entre eslas nncoes a ponto, que dcgenera as vezes em rivalidadc, mas nunca cbega a romper em desagradaveis coiillictos. Todas as nutOei coiebrara 'num determinado dia a sua testa annual com «m grande ban- quete, a que assiste o reitor da universida- de, 0 processor inspector, e todos os mem- bros da nacao. Lera-se poesias, recitam-se composicoes em prosa, e i'azem-se brindes ii universidade, aos sens cheles, e aos lacos de sympathia e de honra que unem entre si to- dos OS membros da namo. Estas naroes tem privilegios inviolnveis. Um dos principaes e o poderem admittir ou recusar livreniente os estudantes, que se pretendom incorporar no seu seio, sem te- reni obrigacao de dar os motivos da admis- sao ou recusa. Resulta d'aqui que um can- didate, que, dirigindo-se successivamente a cada nacao, fosse por todas recusado, nao poderia ser recebido na universidade, ou ao menos seria nella um verdadeiro parasita, que nao dependendo senao das auctoridades superiores, por cuja ordeni, a despeito das naroes, fora admittido, ver-se-bia na trisle necessidade de passar uma vida isolada, sem- pre exposto as perseguicoes e aos odios dos outros escholares, o que mais cedo ou mais larde o forcaria a abandonar a universidade. Para obviar a cstes fnconvenientes, os chefes da universidade, ou approvam e confirmam as recusas das naroes, ou procuram amiga- velmente resolver a nacao a revogar a sua primeira decisao. Um caso d'estcs teve logar em ISi'i com um estudante, que fora da uni- versidade de S. Petersbourg. Ccnitinua. COLLEGIO DE S. BENTO. No dia 23 de agosto celebrou-se 'nestc col- legio a primeira dislribuicao solemne dos premios conferiilos aos alumnos, que no de- curso do anno leclivo Undo se distinguirara mais por seu talento e superior aproveita- mento nas diversas aulas. 0 digno director d'este respeitavel estabe- lecimento litterario celebrou missa no ma- gnilico lemplo do collegio, que ellc tem restau- rado, assim como todo o edificio, do ruinoso estado em que se achava, assistindo aqueile acto religiose todos os collegiaes com o seu uniforme, os professores do collegio, lentes doulores, e outras muitas pessoas, que tendo sido prevenidas d'esta funccao, quizeram tornal-a mais luzida com a sua assistencia. Da egreja se dirigiram todos para uma espacosa sala do collegio, a qual so achava ornada com ricas armacoes e festoes de flores, havendo logares reservados para o director, e professores do collegio, para os alumnos pre- miandos, e para os hospedes; uma banda de muzica tocava dentro da sala diversas pecas. 0 sr. Dr. Joao Antonio de Sousa Doria, profes- sor de Ilistoria no lyceu d'esta cidade, subiu entao a cadeira, (|ue estava preparada ao topo da sala, e leu o discurso, que publicamos aqui, eque menciona com o merecido louvor OS importantissimos services, que na funda- cao e bom governo d'este mui util estabele- cimento tem prestado o seu beuemerito fun- dador e director, o sr. Manuel Xavier Pinto llomem. Collocado 'numa das mais bellas e piio- rescas situncOes da cidade ; desl'ructando de um lado o magnilico passeio do jardini e eschola botanica ; e gozando de outio lado a deliciosa vista do Mondcgo com suas apra- siveis e encanladoras margens, a ponte, e o montc da Esjjeranca com o grandiose con- vento de Santa Clara, que Hie Ilea fronteiro 0 collegio de S. Benio e uma das mais sau- daveis e lindas babitacoes de Coimbra. 0 edificio, ainda que nao acabado, e um dos melliores, e mais grandiosos da cidade, e as obras que 'nelle tem feito o seu digno dire- rector a custa de avultadissimas despezas tor- nam-o o mais commodo e asado para habita- cao, e exercicios litterarios dos collegiaes que alii siio tractados com lodo o desvelamento e exemplar cuidado. 134 A >educa^o moral, religiosa. e litteraria (los collegiaes nao pudc scr niais apurada e proveitosa. Uma perfoita rogulariJado em in- dos OS exercioios, austiMa vigilaucia, e assi- (liiidade uas aulas t'azoiii, (|ue aluinuos d'este colli'gio sejaui cnulu'fidos por sua boa nio- ligerafSo, exemplar jiroceiiiimnito, e soiida iiistniceao nos esludos preparatoi'ios, que sao alii eiisinado!; por lialjeis professores. 0 furso (ie Ilumanidudes 'neste eollegio eomprehende lalim, francez, iiiglez, logica, rliclorica e geographia, iiilroduecao a liislo- ria iialural dos trez rciiios, arillimeliea e geoinetria. Para os alumuos ainda nao iial)i- litados para frequentar as clas^ses dc lalim, ou fraiuez lia uma aula de insUuccilo prima- ria eorrcspoiideule as do 2." grau cstabele- cidas na lei de lSi4, e na qual sc habililam competentemcnte os collegiaes. Tudo concorre portanlo para este eollegio de Ilumauidades ser um dos melhores do leino, e que mais rclevaules servicos presta a educacao moral e litlcraria da mocidade estu- diosa. e que por isso muito contribue para o progresso dos estudos superiores, que so po- derao apert'eicoar-se, quando os alumuos, que OS cursarem, possuirem os solidos conheci- nientos de todos os ramos das lelras huma- nas, e os elemeiitos das scieucias physicas e naturaes, e que a estas indispensaveis habili- tacoes junctarem o habito, e o amor, que d'elle nasce, ao csludo, a composlura de costumes, e as boas disposicOes moraes, que inspiram os mais uobres e geuerosos senli- mentos. E taes sao as condieoes que o eollegio de S. Bento, em Coimbra, realisa com grande proveilo das lelras, e lionra dos scus cuilores. J. M. DE ABREU. DISCURSO nec'llado no rollesio dc H. Bpnio no ncio do sc ronrrrirem ttolcmnenien- te ON promioK ao» Nen** alisninoM no dia 33 de aeoMlo lic I S55, pelo Dr. •). A. de ISouKa Uoria. Cheio de regozijo e verdadciro prazer venbo iinnunciar-\os, jovcus aiumnos do eollegio de S Benlo, (|uc o dignissimo direclor d'este estabelecimenlo sob o consciencioso voto de \osso3 meslres, resolvcugalardoar as faJigas, premiar o merito, e recoubecer por um modo tao poraposo a assiduidade e distinclo apro- veitanienlo d'alguns de vossos corapaubeiros. Quando as lionras assentam sobre o reeo- nhecido merecimeulo, quando os louvores sao a expressao da \erdeira lionra, dislinguir o nicrilo onde ella existe, e uma ac(;ao sempre agradavel; ouvir nao mcnlidos louvores, e sempre gosloso a uma alma bem formada. Sim, jovens aiumnos, este dia festival para vbs outros, dia em que vao ser preraiados e distinclos alguus de vossos collegas, offerecc uma prova inequivoca, do que acabo de di- zcr. Com etleilo como nao ha de irasbordar d alegria o mui digno director deste Collegio ao eonlerir dislincyOes aos sens aiumnos?! Como podereis vos todos, jovens collegiaes e mais Senhores, que meouvis, deixarde lomar paiie ni'slas lionras, que iao euijiiuilicamente se e\]iriiuem com a distribuicao de preniios e diplomas dc merito?! Vai por seis annos ([ue existe esle collegio sob a direccao litteraria e economica do illuslris- simo sr. Manuel Xavier Pinto Ilomem ; os cinco annos primeiros 'num local dilVerenle do d'ho- je. Mais acanbado, e cm posicao menos liygie- nica, 0 edilicio de S. Francisco da Ponle nao oll'erecia as commodidades necessarias a um bom eollegio d'educacao. Mas o sr. Manuel Xavier Pinto Homem com uma vontade firme su])erou obstaculos, que fariam socobrar (|ual- (|uer outro, e mudou o sen collegio para csla I'ormosa casa. Vos todos bem o vedes, desdc agoslo passado o digno direclor nao se tern poupado a sacrilJcios, a cuidados e despezas ])ara levar ao cabo o seu piano. Senhores, pelo lado litterario nada falla j)ara o ensino da instruceao primaria c secundaria; pelo lado material', pouco resta para o editleio ticar com lodas as commodidades para os collegiaes; pelo lado regulamentar e policial 0 collegio de S. Bento pbde servir dc niodelo para um bom collegio d'educacao. A estatistica geral dos exames dos aiumnos do aniigo collegio de S. Francisco, c hoje de S. Bento, falla mais expressiva do que eu o podia fazer; e o elogio mais complete da boa direccao, que tern presidido aos seus estudos. E crescido o numero das approvacoes plenas, incomparavclmente menor o das simples apro- vacoes, e uiiii diminuto o das reprovacoes. Contam-sc na 1.' ordem 40a exames; na 2.' 70; e na 3.' 40. Bem simples e a explicacao de tao satisfactorio resultado, resullado tao honroso para o collegio; achal-a-heis, Senho- res, no bom regimen intcrno, na assidua ap- plicacao dos aiumnos, que a(iui tem cursado OS seus estudos, e na boa escoiha dos seus professores, I'eita nos annos iindos. Nao desista pois o digno direclor da em- preza, que comecou, e a patria Ihe rendera louvores jiela boca dos paes e lutores, que para aqui mandarem seus lilhos ou pupillos. Perdoai-me, jovens aiumnos, por me ter desviado um pouco do meu proposilo : se o liz, foi so porque esles louvores prendem com OS vossos. Vos ides ouvir os nomes dos que mais se distinguiram pelo seu bom eomporla- mento denlro do collegio e pelo seu aprovei- taraento no csludo. .lovens aiumnos, deveis lixar bem esles nomes na vossa niemoria, por- que a dies viriio associar-se ideas, que de- vem desperlar cm vos desejos d'imitar vossos companheiros. (Foram lidos os nomes dos ulimnos premiados.) 135 S5o estes os alumnos premiados em virtude da confcrencia que leve logar cntrc o vosso benenierito director e os professores respccli- vo. Nao sao premies Tilhos do patronato, sao premios bcm merecidos. Assim cumpriu o dignissinio director com o art. 50." do Novo Regulamenlo. Bern scnsivel e a falla d'alguns dos pre- miados e distinctos; auscntes nesta occasiao, ser-lhes-iia iransmittida a notieia das honras que hojc reccbem. Approximai-vos agora, vos outros, para quem esta festa foi deslinada: vindc receber da mao do vosso director as insignias e di- plomas lionoriticos, que tao hem merecestcs. {Seguiu-se a dislrihuirao dos premios e diplo- mas.) Agora 'so me resta propor-vos a vos todos, jovens alumnos, como exempio dignos d'imi- tar estes mancebos. Sirvam as honras, (|ue elles acabam de receber, de estimulo e incen- tivo, que vos obrigue a ostudar. Oxala que no fuluro anno lectivo os alumnos internos, que cursarem as aulas d'este collegio, nao desiizem da senda dos noventa e oito que este Jassado o frequcntarani. Se forem dignos das onras, que vos hoje recebeis, como vos igual- mente as receberao. Disse. BELACAO DOS ALUMNOS DO COLLEGIO DE S. BENTO PREMIADOS NO ANNO LECTIVO DE 1834 ISEiS. Latim. Antonio Fialho Machado — 2." premio — medalha de prata. Latinidade. Paulo de Mendon^a Falcao — 1.° premio — medalha de ouro. JoSo Pacheco Alves de Resende — 2.° premio — meda- lha de prata. Julio Auguato Heiiriques — 1." accessit. Manuel Pires Marques — 2.* acccessit. Casimiro Antonio Fernandes — 3.° accessit. Jos^ de Sa Coutinho — 1.' distinci^ilo. Paulo de Mendoni;a Falc3o — 1." premio — medalha de ouro. Antonio Julio Queiroz — 2.° premio — medalha de prata. Pedro Ignacio Lopes — 1," accessit. Julio Augusto Henriques — 2.® accessit. Jose de Sa Coutinho — 1." distinc(;ao. Casimiro Antonio Fernandes — 2." distinc^ao. Luiz Antonio Vellez Andresson— 3.' distinccao. Rhetorica. Jose Luiz Champalimaud DulTe — 2." premio — me- dalha de prata. Manuel NicoIaud'.\brcuCastello Branco — 1. "accessit. Geornetria, Pedro Ignacio Lopes — 1." premio — medalha de ouro. Joaquim dWlmeida Peres — 2," premio — medalha de prata. Inlrodur^iio a. Historia A'atural. Julio Augusto Henriques — I.° preraio — medalha de ouro. Franeez. Jos(* de Campos Paes — 1.° accessit. Augusto de Carvalho Vasques de Mesquita — 2.° ac- cessit. Julio Augusto Henriques — 3.° acce.ssit. Instruc^do primaria. Pedro Maria d'Alcantara Hennah — 2. "premio — me- dalha de prata. ALfMNOS EXTERNOS. L.tiiim. David Nicolau de Sousa Leitao — 1.° accessit. Latinidade. Luiz Guedes Coutinho Garrido — 1.° accessit. Antonio ftlanuel Taborda — 2.° accessit. Geornetria e Introduc^do. Joaquim Machado Cabral e Castro — 1.' distinccao. Logica. Antonio Maria d'Almeida — 1.' distinccao. IMPRENSA DA UNiVERSIDADE DE COIMBRA. Obras, cujos preroH foraui ullimameiite retluzirtos. CompendioHistoricodoestadoda Universid. deCoimbra no tempo dos Jesuitas, Lisboa 1 77 1, 4." A me.^ma obra em 8.° 1772 Andrada — Chronica d'ElRei D. Joao IH, Coimb. 1796, 4.°, 4 vol Damiaode Goes — Chronicasd'ElRei D. Manoel edo principe D. Joao, Coimbra 1790, 3 vol. 4." Opuscula quae in Hisjiania illustrata continentur, Conimbr. 1791,8." Garcia de Resende — Chrouica d'ElRei D. Joao II, Coimb. 1798 4." Qfiorii Hieronymi — Opera, Conimbr. 10 vol. 8." De rebus Emmanuelis, Conimbr. 1791, 3 vol. 8." — — De gloria et nobilitate civili et christianae 1792, 2 vol. 8." De Justitia, Conimb. 1793, 2 vol. 8." — — •- De regis institutione et disciplina, 1794, 2 vol. 8." ^ De vera sapieatia, 1794, 2 vol. 8." Legislaciio Academica desde os Estatutos de 1772 ate 1830 inclusive, pelo Dr. Jose Maria de Abreu, Coimb. 1851, 4." desde 1851 ate ao fim de 1854 pelo mesmo, 1854, 4." sobre Instruccao primaria, secundaria e superior, ordenada pelo Conselho Superior desde 1836 ate 1851. Coimb. 1851, 4." PRECO .iiitigo I .Ictual 1^000 500 1 11800 400 500 2,11930 l|i200 500 500 480 250 600 300 1^200 960 160 400 1^80(1 80(1 300 300 300 lOO 36(1 180 480 136 OBSERVaCOES METKOUOUXJICAS. IKITAS \0 (iAIil.XUTE 1)E I'UVSICA DA LMVEllSIDADE 1)E COlMliKA. Anno'le J, o 1 n 1 = e 1 si g s 1 Piessilu t tmo*|'I»erica ao ueio di.i Estudo liy^runielrieo da almos- phi^ra ao ineio dia § = X 5 Janeiro Alltira linniiui'- Cilia cenli^THila pur aqnusii cun- liilo iij ar Pies.s.1., do ar SMCU (irau iriinnii- daile do ar, re- |ireiifnl undo pur 1 o e,lado de salnrarfiK Qi,iinti,]nfli, dc va- por coDlkdo cm mm metro cubico d'ar. Diis (iriiij» rf nil:;. MilliQietrus iMilliniPlrus Millin)t-lrus Grunimas I e.s 764,00'J 4,490 759.519 0 62 4,658 E. 'i 7,5 759 056 4,7i8 754.328 0,61 4,0«8 N. 3 8 756,66 1! 5,131 751,531 0,64 5,295 SE. 4 7,5 757,267 5,271 751,993 0,63 5,449 SE. 5 7 759,320 4,945 754,375 0,66 5,121 SE. 6 r, 761, 5i2 4,ei)9 75l',,833 0 67 4,874 E. 7 G 762,537 4,619 757,918 0,66 4.U01 E. 8 7 702,060 4,870 757,190 065 5,043 E. 9 7,5 761,445 4 961 7.^,6,484 0,64 5,129 E. 10 7,5 758,904 4,961 753,943 0 64 5,129 E. U 8 756,357 5,291 751,066 0,66 5,460 S. 12 8,5 754,6i2 5,555 749,067 0,67 5,723 S. 13 9,5 755,335 5,939 749,396 0,67 6,096 s. 14 10 753,9114 6,232 747,752 0,68 C,3I16 s. 15 10 753,883 6,324 747,559 0,69 0,41)0 s. Ifi 10 752,666 6, WO 7J6,52fi 0,67 fi,i'J2 s. 17 8 747,326 5,532 741,794 0,69 5,7119 s. 18 fi 744,774 4,899 739.875 0,70 5,092 s. I!) ■»,5 747,402 4,482 742,920 0,71 4.684 N. 20 * 753,897 4,451 749.446 0,73 4,1160 s. 21 5,5 755, -193 5,275 750,218 0,78 5,493 NO. 23 6 755,330 5,668 749,662 0,81 5,1191 NO. 23 6,5 749,434 5,431 74;, 003 0,75 5.635 E. 24 8.5 748 9iC 5,GJ9 743,277 0,78 .>,i:G1 s. 25 6 750,357 5,5;;8 744,829 0,79 5. 746 S. ! .6 7 744,300 5,993 7311,307 0,80 6,207 s. 27 8.5 743,969 6,7911 737.171 0,82 7,003 s. 28 8,5 746,252 7,213 739,039 0,117 7,4111 s. 29 11 742.910 8,715 734,195 0,89 c,au9 SE 30 12 742,284 9,411 732.873 0,90 9,576 S. 31 13 749,212 9,711 739,501 0,87 9,841! s. int-tliii } do nipz S 7°, 72 1 753.271 0,72 H a Temjteratura PrcssSo a tnwspherlca Grail d^humitlaile (h ar Q ■S Maxima absoliila . . 13° Minima 4" Maxima varia<;iio , . 9" mm ta . . 764,009 ltd S Minima . . . . IMaxima excurs . . . 742,284 HO . . 21,725 ■3 ^ Maxima varia(;5o .*. . . 0,29 1^ Cuimbrn, I." de Fevereiro tJe 1855. Antonio Sanches CouIitOj Director do GaLiuele de Phjsica. i) JuiSititttt^) .lORlNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. RELATORIO itoliro o CNlado fin iiiNlnirrrin prinia- ria e Npctindaria. pi'iblica t- parlirii- lar. elleza> naturaes, com todas estas favoraveis disposi- coes, que em nenhum outro ponto do reino se encontram, e que muitos paizi's nao tem a fortuna de possuir, o Bucaco, dizemos, ahi esta em compieto abaudono, e ainda mal, que fora so o abandono, que ao menos tivera aiguns an-jios mais de existencia; c talvez apos de nos viesse uma geracao, que, para salvar a vergonha da que a precedera, inlen- tentasse restaurar este vencraudo mohumen- to, levantado em mais rudes tempos, pela picdade dos fdhos do Carmello, que n'esta aprasivel solidiio vinham refugiar-.se do buli- cio do seculo, para a sos se entregarem a 140 IJiaolu'a doj raais austeros excrcicios religio- ^os, c que cuidadosamcnto se csmeravam na conservarao e augmcnto d'este scu tao qiie- rido ermo, como se foram grandes e cxperi- raentados agronoraos d'alguma dessas gran- jas raodclos, ou dessos pomposos iustitulos agricolas, que por ahi vemos tao inculcados. 0 Buraco, porem, nao esta so em abaiido- no; esia entregue a um conipleto vandalismo, que em pouios annos ameara de ronverter cm searas de milho os plainos e encostas, que 0 niaeliado deslruidor vai desassombraudo das fiondosas arvores, que erani a sua me- liior riqueza, e o sen mais bello ornato. Os autigos possuidores do Bucaco cultivavam ape- nas juiu'to ao edilitio do convenlo uma peque- iia horla. Nao havia acjui nem abcgoaria, iiem service de lavoura, (|uc exeusado era elle, on- de 0 terreno era todo de copado arvoredo. Ilojc ao contrario o casciro ou fcitor, que de [ado aqui govcrna, susteiUa uma juncta de liois " para t'azer as suas lavouras noBu(;aco,» I' vai arroteando o terreno, tomo se fora um liaidio, sem niiiguem Ihe pedir eonlas desse desbarato! Os mais copados eedros, carva- llios magnilicos, sobreiros e outras das melho- rcs arvores vao lodos os dias desapparccendo. Com algunias topamos nos, esle anno, roladas no chao, e d'outras vimos os pes, que moslra- \Am ter sido corlados recentemente, ao passo que se nao tem posto o machado nos grandes pinheiros e 'noutras arvores, ja seccas ecarco- juidas, que em sua queda cminente amearam derribar as que ihe ficara cm torno; porque eilas 50 dao trai)alho para se cortarcm, e nao rendem. Aigumas dessas arvores seculares, derribadas pelos vendavacs, ou fulminadas jielo raio, la jazem, ha annos, por terra, ar- rastando comsigo na sua queda muitas deze- nas d'arvores, com que tem augmenlado as fiarczas da mata, c inlerrompido a fresca e aprasivel sombra dos mais belles passeios. 0 interior da mata esta reduzido a um cerrado matagal. Nunca mais se tornou a plantar alii uma so arvore, nera se quer a limpar as que existiam, ou tem nascido ao acaso. As melbores ruas da mata, a exccpcao da que vai da portaria ao convento, e d'ahi a porta de Sula, estao quasi de todo obstrui- das, 'nalgumas o transito e j.i impossivel; e d'outras ate os vestigios se perdcram! As cbuvas tem-lhes cavado o pavimento, desmo- ronado os socalcos, e derribado as escada- rias pelo indesculpavel dejmazelo, de Ihes nao abrir os desaguadouros. As fontes, que tao bellas corriam em diffe- rentes pontos, c que tao amenos e aprasiveis laziam os sitios, onde o suave mermurio de suas aguas Vonvidava a meditaoao e ao mais intimo rccolbimento d'alma, jade todo desapaceram, restando apenas nos destruidos canos, por on- de cram encaminbadas com engenhosa traya, escBfos vestigios da sua existencia. Das capel- linhas e cremiterios c.icusado e fallar. Aigu- mas dellas sao ja um montao de ruinas; 'nou- tras as silvas tocam ale a ventana do antigo campanario, que, nas boras mortas esilencio- sas da noite, correspondia, grave e solemnc, ao dobre do sino, que no convenlo chamava OS religiosos a oracao matinal. Em todas os estragos e ruinas, que a mao do tempo e a niao ainda mais barbara dos reformadores de machado tem causado, sao cada vez raaiores. Apenas os telbados do convento e da porta- ria foram ha pouco rcparados ii custa de madeira, que da mata se vcndeu com aucto- risacao do governo, mas sem as devidas pre- caucoes para evitar o destroco da mata! Nao exageramos o quadro, nem carrcga- mos 0 pincel : exprimimos sinecramente a dolo- rosa impressao, (jue nos causoii ver em lasti- moso abandono, e traclado com tanto desprezo um dos nossos mais bellos monumcntos, tao rico em primores c galas da natureza, que nem loda a arte e riqueza, por mui subida que seja, pode se quer rastejar. Custa ver em poucos annos destruir uma obra monumental de seculos, que de maos piedosas tao aprirao- rada recebemos, nos « os filbos queridos da civilisacao » para vel-a acabar tao barbara e brutalmente. De feito o Bugaco esta hoje como um dos- ses antigos sola res d'alguma familia nobre, cujo solarengo so cura de grangear a terra para lucrar em seus fructos, deixando cahir em ruina ou desbaratando os jardins, vergeis e arvoredos, para correr por dies livremente a rclba do arado. 0 solarengo, |)oreni, rendia vassagem, e pagava ccrtos direitos ao scnhor do solar : o caseiro do Bucaco grangeia so para si; poe e dispoc como proprietario de tudo, aluga as hospedarias, e casas do convento as faniilias, que para aqui vem passar o verao; collie OS fructos; vende as madeiras, como e quando Ihe apraz; e nem renda nem tributes paga desta propriedade, que so para este fira se considera como « monumcnto nacional!» 0 governo oonliara primeiro a administra- fao do Bucaco ao seu ultimo prior, conce- dendo-lhe, como unica retribuifao deste nao pequeno service, os fructos que alii celhesse, para sua parca sustentacao. Falleceu elle, passados alguns annos, e a adminislracao do Bucaco passou as maos menos vigorosas de um outro respeitavel aneiao, antigo morador d'esta casa. 0 amor d'aquelle ermo, onde elle passara em austeros exercicios alguns dos mais formosos dias da sua mocidade; o sentimento intimo da sua consciencia, que Ihe dizia, que um lilho do Bucaco nao devia recusar a mae querida os seus derradeiros services; esse entranhavel affecto que invencivelmente nos liga as pessoas e aos logares, onde primeiro abrimos es olhos a luz da razao, tudo venceu no animo de bom religiose a natural e jusla repugnancia de tomar sobre seus hombros. 141 vergados ja pelo peso dos annos, um encargo, liilosopliia racional e moral, no real collcgio das Artes; mas a coadjuva- cao d'este mesnio foi de poiica duracao, por- que 0 cbamou para Lisboa o exercicio da cadeira, que elle tinlia escolbido: foi entao convidado para coadjuvar naqucllc trabalbo oulro eremila da mesma ordem, que nao era professor, qual foi Fr. Joao do Carmo. Ainda que dcstituido do auxilio dos dois professores mais habcis, o lente de Exegetica nao afrouxou na emprcza, e no anno dc 183i, apezar das interrupcoes motivadas pela guer- ra linha Icvado a impressao do Lexicon Gre- go-Latino ao fim da Ictra k, e principio do A, formando ja ura volume de 13o folhas de impressao com 539 paginas. Por motivo.s, que 0 publico nao ignora, o Diccionario (icon 'nestes termos desde o anno de 1834 ate o de 1839. Foi cm 14 d'agosto d'este anno que a Augusta Kainha a Sr.° D. Maria II de saudosa mcmoria, concedcu a jubilacao ao sr. Jose Vicente Gomes de Moura, e deler- minou, que elle continuassc a edicao do Dic- cionario. Conlava ja cste veneravel anciSo mais de 70 annos d'edade, mas a Divina Providencia extendeu-lbe ainda os dias da vida por tanlo cspaco, quanto foi bastante para elle concluir a parte Uermeneutica do Diccionario, levando-a desde a foiha 136 ate a folba 295, desde pag. 540 ate 1181, desde 0 A ale 0 n. No 1.° de marco de 1854 apagou-se eslc brilhante luminar das sciencias; as letras perdcram um dos seus maiores cultivadores; as humanidades um dos seus mais ingigne.s professores; c ate as musas perdcram um vale, que sabia cantar em verso latino e portuguez. Falleceu na sua casa d'Abraveia, da freguezia de Sancto Andre de Poiarcs, do bispado de Coimbra, contando mais de 80 annos d'edade, o sabio varao, que foi a bon- ra da sua patria, e ura dos insignes orna- nienlos da Lusa Atbenas, a qual na longa carreira do sen magisterio, por espaco de mais de 40 annos prestou services de grande valor, ensinando e cscrevcndo. 0 digno prelado da Universidade Icvou en- tao ao soberano conbecimento d'Elltei Re- gente em nome d'ElUei, o Sr. D. Pedro Y, i» fallecimento d'aquelle dislincto professor, e a necessidade que bavia de continuar, c levar ao bm a edicao do Lexicon Grcgo-Latino, c porque fallavam ainda intciras as duas par- tes, Analytica e Syntbetica. Foi tao benignamenlc acolhida esta repre- sentacao, que por uma porlaria de 17 de junlio do mesmo anno dctcrminou Elllci Rc- genle, que o actual professor de grego do lyccu nacional de Coimbra Anlonio Ignacio Coellio de Moraes fosse encarrcgado da con- linuacao do Diccionario. Em virlude d'esln sabia detcrminacao logo no mez de jullio do dido anno sc deu principio na imprensa da Universidade a impressao da parte Analytica, c continuando-se sem interrupcao iioiavel, acba-se hoje no fim da lelra a com 24 follias d'iniprensa, e 9G paginas. Com quanto a parte Uermeneutica sabis.se jii mclborada com alguns addilanicntos, im- 144 porta ciiliclanto a(l\c'ilii. que dcidc o anno IS30, cm que a edirao foi tomerada , ale o prcsente dc 18ilo lem corrido 2o annos, e que ncste esparn dc tempo nao so sahiram a Ihz edieOes d'llfdcriro mais aciescPiUadas, como a dc Piiiger, e I'assov em l.('i[)sitk em 182S, repetida em Roma cm is:i2, senao tamhem os sabios Helleiiistas da Franca, co- mo J. Planclic, c C. Alexandre, insjicctor geral da univcrsidade dc Paris, pul>licarani ])ara uso das cscliolas novos Diccionarios Grcgos-Francczcs, manuacs niuito acrcsccn- lados com urn grande numero de vocahulos. Comparada pois com elle a nossa cdicao d'a- quclla parte, e evidcnle (jue nao pode corrcr parclhas, c que o zelo pelo adiantamcnlo do estudo dogregocntreuos, demauda iiucsellie faca urn Ajjpcndix para nao licar iiilcrior. Bem conlicceu csla nccessidade o fallecido professor Jose Vicente Gomes de Moura, o qual tendo a vista as edicoes d'Uederico de 1832, e a de Planche de I8'39, deixou come- cado este Irabalho, que levou ate a letra a, c palavra ^r.f.Mvreo, contando ate aqui 'o-.d'i'-i vocabulos. 0 actual professor encarrcgado da continuafSo auxiliado pelo Diccionario de C. Alexandre de 1848, da ultima cdicao dc Planche de 1852, e d'outros mais, comecou dc novo aquelle traballio, e tendo chegado com elle ao iim da letra E conta ja l'J:00O vocabulos. Eis aqui o estado, em que se acham os irabalhos rclalivos, edicao do Lexicon Grego- Latino. Setembro dc 1855 C. JI. UNIVERSIDADE DE FINLANDIA. Conlinuado de pag. 133. Os magisterios e doutoramenlos sao uma das maiores solemnidades, ([ue a Univcrsidade de Finlandia celebra de trez em trez annos. Antigamente os cscholarcs rcpresentavam 'neste dia uma comedia moral, analoga as circumstancias ; e o rcitor era obrigado pelos estatulos a dar um grande jantar, que unica- mente devia conslar dc seis pratos, alem da manteiga e presunto; a sobremeza scrvia-sc somente queijo, cerveja de Finlandia, e vinhos dc Franca. 0 rcitor podia, quercndo, convi- dar OS impressores e encadcrnadores da cida- de ; porem pessoa alguma do sexo feniinino, nem niesmo as esposas dos professores, eram admittidas a este jantar, que nao devia passar da meia noite. Esta clausula faria suspeitar da sobriedade dos cscholarcs 'nestes festins, mas de feito parece, que sempre 'nclles sc guardava a melhor ordem. D'estas antigas practicas boje somente se conserva o primitivo ceremonial dos magiste- rios c doutoramenlos. 0 professor Grot relerc do modo seguinlc uma d'eslas solemnidades, (pic I'ui celelirada cm 18i0: « Foram deslinados ([uatro dins para os doutoramenlos nas quatro f;iculdad('S. Todo 0 corpo acadcmico se dirigiu proccssional- mcnte, indo dois a dois, para a cgrcja de S. Nicolau. Durante o transito tocavam as mu- sicas, davam-se vivas, e salvavam as lorres. (;iicgado 0 prcstito a cgrcja, os candidatos collucaram-se em torno do pulpito, no ([ual 0 i]rofcssor, ([ue bavia de cotifcrir os graus, rccilou um discurso apropriado ao objeclo. Findo elle um dos membros da Univcrsidade pro|)6z uma queslao sciculilica ao primeiro candidato, que rcspondcu sobre ella, e o mcsmo se practicou com os outros candida- tos. Concluida esta parte d'esle acto solcmne, leu-se em latim a formula do juramento, que lodos OS candidatos prcstaram, pondo a mao sobre 0 sceplro ou massa, que os bcdcis Ihc aprcsentavam. Entao comecou a ccremonia da promocao dos doutorcs. 0 professor, que coulcria o grau, cobriu-se com o sen barrele doutoral, dcpois poz o mesmo barrele na ca- bcca de cada um dos candidates, e no mesmo inslanle lodos os doutorcs, que se achavam preseules, cobriram-se com os scus barretes pretos, azues ou encarnados, conforme as faculdades. 0 mesmo professor metteu um annel d'ouro no dcdo a cada um dos novos elcitos, como symbolo da sua uniao com a sciencia; deu depois aos doutorcs thcologos um exemplar da biblia, e aos oulros uma espada, e iinalmenle enlregou-lhes os sens diplomas universitarios. Durante a distribui- fgo das insignias doutoracs tocavfi a rausica denlro da egreja, e a artilheria salvava nas lorres da cidade. Acabada esta ccremonia, o ultimo candidalo recilon um discurso, agra- dccendo a lodos os circumslanles, c em par- ticular as senhoras, a honra ([uc Ibes fizeram de assistir a esle acto. » A collacao dos mesircs, ou os magisterios, ainda c mais solcmne que os doutoramenlos, ou pelo menos 6 festejada com mais enlhu- siasmo pela circumslancia de ser esle o pri- meiro premio dos Irabalhos c fadigas littcra- rias de mancebos no verdor dos annos, c que por isso sao objeclo de lerno amor, e das mais caras esperancas das suas familias, que OS veem elevados aquelle primeiro grau aca- dcmico a cusla de graves sacrilicios e inces- sanles cuidados. 0 ceremonial dos magiste- rios e 0 mesmo que o dos doutoramenlos, so com a differenca, que em logar do barrele doutoral Ihes poem na cabeca uma coroa de louro, que os novos meslres Irazem lodo este dia passeando pela ruas com o chapeu na mao. k nolle a cidade da-lhes um baile muito lusido, onde elles apparecem com as suas coroas na cabeca, recebendo alii novos applauses. 145 Antes da funcrao dos magistcrios os raa- gislrandos costuraam desde tempos antigos convidar a mais nobre e mais foiniosa don- zela da cidade, para Ihcs tecer com suas ni- veas raaos as coroas, com que hao do ser laureados. No dia da collafao dos magistcrios OS novos mestres offerecem-ihe cm nome de todos um rico presente. E tambem costume aprescntar-se clia no baile com uma grinalda de louro no vestido. Em 1C43 celcbrou a universidade de Fin- landia pela primeira vez a funccao dos ma- gistcrios. Seguindo o espirito de austera mo- ral, que distinguia o scu ensino, o consisto- rio academico admittiu as provas, mas nao quiz conferir o grau a muitos candidatos de lelevante raeiito litterario, porque os nao achara correntes in vita el moribus. Urn estu- dante, que, por desgraca sua, fazia versos, foi intimado para abandonar esta « lingua- gem inutil » e prohibido de andar recitando pela cidade estancias e rimas, que acrcdita- vam pouco a academia. 0 crime de feiticeria era punido nos escholares com muito maior severidade! Em 1601 foi accusado de feiti- ceria um. As provas da accusacao faltavam; nunca o tinhara visto practicar um maleli- cio; nem no seu aposento se Ihe encontrara livro algum de magia, ou cifra cabalistica ; mas cram tantos os progresses, que elle tinha feito nas sciencias orientaes, e ensinara em tao curto espaco o latim a um seu condisci- pulo, que se suppunha, que laes maravilhas eram obra de algum pacto, que o pobre escho- lar fizera com o diabo, e por isso o consisto- rio, presidido pelo bispo dioccsano, sem escrupulo o condemnou a morte.jde que, nao sem grande difficuldade, o salvou a valiosa proteccao do conde de Brahe, dando-se-lhe por expiada a culpa com o tempo, que sof- frfira de prisao, e a vergonha da sentenca, que 0 condemnara. Nove annos dcpois outro escholar, accusado do raesmo crime, foi so- mente riscado para sempre da universidade- Estes antigos prejuizos acabaram; e oscur- sos e habilitacoes scientificas que 'nesta uni- versidade se exigem para obter o grau de magisler sao rigorosissimas. Eis-aqui o pro- gramma das materias que fazem objecto dos exames para aquelle grau. Geometria, arithmetica, algebra, trigonome- tria plana e sphcrica, .seccOes conicas, theo- ria das curvas, calculo diflerencial e integral; physica de Neumann, astronomia, chiniica organica e inorganica, e analyse; mineralo- gia ; a encyclopedia d'Hegel ; bistoria natural, liistoria universal de Beker, e uma historia particular; latinidade; os pocmas de Iloraero, um livro d'Herodoto, um de Tliucydides, duas tragedias de Sophocles, os versos de Ana- creonte, as odes de Pindaro, o Anabasis de Xenophonte; os principios das linguas hebrai- ca, arabe, e pcrsiana ; e para explicacao os dez pequenos prophetas, quarenta psalmos, Genesis; oAlcorao, as fabulas de Loeman ; o Scbah-Naraek ; a historia da Russia, e a lin- gua russa; a historia e litteratura antiga e moderna. 0 exame sobre estes diversos ramos da fa- culdade de philosophia dura mez e meio ate dois mezes, durante os quaes os estudanles fazem dois ou trez exames por semana: para ser admittido ao grau de mestre 6 necessa- rio obter em cada um dos diversos assumptos do programma uma das trez qualilicacoes seguintes approbatur, approbatur cum la'ude, ou laudatur: a reprovacao em qualquer das materias de um exame exclue o candidato do magisterio. 0 exame escripto precede o exa- me oral, e consiste em dois exercicios lati- nos ; 0 primeiro tem por fim fazer conhecer 0 estilo do candidato, e o segundo o desin- volvimento que elle sabe dar aos sens pensa- mentos, e a ordem e raethodo com que tracta 0 assumpto: sobre este exame recaem as raesmas votacoes que nos exames oraes. Nao se concede dispensa alguma das disciplinas d'estes exames, excepto das linguas erientaes que nao 6 difficil d'obter, principalmente mostrando-se os candidatos muito habilitados na lingua russa. ' J, M. DB ABREU. UMA YISITA A SERRA DESTRELLA. Continuado de pag. 129, VEGETAES MAIS NOTAVEIS DA SERBA d'eSTRELLA. 0 conde' de Hoffomansegg na viagem que fez a Portugal, redigida por Link, impressa em Paris em 1805, refere ter encontrado 'neste reino 1832 especies de plantas ordina- rias, 572 especies de plantas cryptogamicas. 0 douctor Friderico Arth. Wehvitsch, vindo depois a Cfia em 1848, notou as seguintes especies, indigenas dos arredores da serra. Saxifraga. (Califraga de Bento Pereira?) S. spalhularis de Brolcro; (Saxifraga alba de Valmont?) nSaxifraga.segundoCalcpino: Adianlum nigrum aut lierba bipincllae similis, folio tantum minore ac magis scrrato, et minime piloso, quam vulgus Parvum Acus Pasloris vocal; Graeci Empetron. Ita dictum est quod calculos in corpore frangat, vel quia in locis saxosis, cum cnascatur, saxa ipsa frangit, dumcrescit. » Plin. 1.22,C.21. Calculos e corpore mire pcUit, frangilque, utique nigrum; qua de causa potius quam quod in saxis nasce- relur, a nostris saxifragus, a, um. ' V. a obra L'empereiir Aleianire II, por JI. Li'oii- son le Due. Pari*. I!j55. m 18." 1 16 PtANT.i«o: Artioglonum , PlaiUam. Tanfliageiii. rimuee cm uiaiii, dissomiM.i em agoslo. a Sic ilicia i/uia ptantac pedum similis est. As siias lolhiis sao amargas ailstringeiitcs, vuliiL'rarins e I'l'brifugas. A gentc dc tampci iisa ila scmenle 'Irjla plaiUa coiilra as dianlieas, c as miilhcrcs I'ligiilcm-a n)m iiiii civo para proM'iiir o alxirto. /'. siibulata ik' l.iii. lincnnlra-sc no M.illiaii da soria. Auknahu. A, laricifolia dc Brot. Encoulra-sc no Malliao da siTra. A- letraguclra. Eiicoiilra-sc no Sabuguciro, |)i>\oacii() da sena. A. montanii dv I. in. EiU'ontia-se cm Aldca da scrra. Cakdajiijje. Canliiminc: Crcssnii rles prh. Mbstrari) aquati- <"o ; Agriles ; Aj^riucs. C. Uerminii dc Ilnlj'munscgg. Eiiconlra-se nos Canlnros. JiNCis. Jortr, Jinii'o. J. si/uavrosus d«l,in, muilo vulgar. Encontra- sc no Malhao da serra. -^ar. p c/«(ms. Encuutra-sc no Sabu- guciri). J. uUginosus, Ilolh. Encontra-se na lagoa com- prida. Nardis, Nari, Nardo. N- stricta dc Lin., muilo vulgar. Encontra-se no Malliao — . =■•^3 2 - B - w lO o 4«^ o» O: U Iw *« O^ o ■fei ^ fc-J M CO «D *- c tn o «< ^ OJ to — O O ^ Oi — ^ i-o cc, £^ Uo e>3 ^ Sci s^ ^^ O > B353333 ' § i a. n 01 cj tu 53 o rs « o ® ^ o 3 5 3 o a => 5 •O — , = J*, rt ci 6> E" o "is =»■ =, =^ = o 2 ui » 2 ft O (A 2. a. 2. » 3. w> IT SSCL 5 ^ c • 3 g - = & o' ^. 2. 3 3 2 r> s '^ i ^3 2 g w 5 c.- z-° ^ o; n =» c =" o o' O- Q. n o a. o Si- 5 bi- ^* .^i 4i, 1^ CO •^KJO ►^ tOQC4«MCOC(i OOOW0:OOO--IWOf' s CO ® JuiStitttta, JORTNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. RELATORIO ijolirc o eslado da instrucc-fio prima- ria c secundaria, piiblica e parlie-u- lar. do Districlo adininiNlrativo de Kiisboa. em marco dc 1 S55. Continuado de j>ag. 139. Ordenados dos professores. Sao sem diivida de muila vantagem as vi- sitas as escholas publicas d'instnicrao priraa- ria e secundaria, porem este nicio, e quaes- quer outros, de que se lance mao, nunca pro- duzirao rcsultados estaveis e do alcance que devem prelender-se, emqoianto os ordenados dos professores forcni) os'qiic sao. E 'precise que 0 professor obtenhapelo' seu officio raeios sufficientes de decentc sustentacao. Nao sen- do assim ver-se-ha exposto de conlinuo a ter- rivel tentacao de prevaricar; e niuitas vezes ver-se-ha obrigado pela necessidade, corao in- felizraente todos os dias esta accontecendo, a faltar ao seu dever, roubando aos discipulos 0 tempo e cuidado, que do direito Ihes per- tence, ou exigindo remuneracOes, que nao estao estes obrigados a pagar, para haver aquelle d'esta sorte a subsistencia que o estado Ihe deve, mas Ihe nega. E aonde o fiscal da lei lao barbaro, que fosse com pro- fessores de tao triste condicao nimiamente rigoroso? Teria coragem de vel-os, para as- sim nao ser, extenuados de fadiga, e, sobre tao laborioso viver, delinhando na miseria, acabar a fome? Por honra da humanidade, e ainda bem, nao se encontrara. Mas padece 0 service, a lei nao se curapre, a mocidade perde, e os paes de familia sao prejudica- dos. Senhor, de nada aproveita multiplicar disci- plinas litterarias, crear estabeiecinientos aon- de se ensine, aperfeicoar os methodos, e exhortar e persuadir a mocidade a (|ue se applique, se os respectivos professores nao forem postos era circumstancias de se dedica- rem exclusivamente com desvelo e esctrupulo ao desempenho do seu ministerio tao transceii- dente. Dc que serve fazer tao cstrondoso ar- ruido com a instruccao piiblica, se falleceni OS professores com as condicoes indispensa- veis para a transmillir? E nao sera a princi- pal d'essas condifoes o haverem elles pela propria proUssao o precise com algunia, cm- bora minima, commodidade? E uma irouia atroz. E islo verdade a respeito dc todos os pro- fessores de instrucgao priraaria e secundaria, porem ainda e raais rigorosamente verdade, se posso assim explicar-me, a respeito d'a- quelles que tem de residir nas cidades de Lisboa ou Porto, onde ludo e incorapara- velmente mais caro que nas outras terras do rcino. As observacoes, que apenas indico,- e as infinitas e ponderosissimas considcracoes, a que dao logar, tern sido reQectidas por mais de uma vez, e em epochas dilTerentes; e fo- ram ellas que moveram a caniara dos senho- res deputados na sessao Icgislativa de 1843, a elevar o ordenado dos professores dos lyceus nacionaes de Lisboa e Porto a quinhentos mil reis (500^000); assim como foram ellas que fizeram sanccionar as disposicoes do capitulo 4.", art. i'i do decreto de 20 de setembro de 1S44, que estabelece aos professores d'instruc- cao primaria de Lisboa, Porto e Funchal, o ordenado annual de cento e cincoenta mil reis (130^000), e 0 de cem mil reis (100|,nOO) nas outras terras do reino. Porem raau fado nosso quiz, que nem a primeira provisao fosse convertida em lei, nem a lei, que prescreve a scgunda, fosse ate hoje executada! E com- tudo e certo, que nao sao ainda aquelles meios os indispensaveis para a subsistencia dos professores que sao obrigados a residir em Lisboa, porque na realidade em Lisboa e impossivel que so com taes ordenados os pro- fessores possam viver, sequer, com modesto decoro. Pretende-se melhorar a instruccao pii- blica, generalisando-a, e aperfeicoando-a? Pois bcm comece-se pelo principio, e chame de modo especial a attencao de V. M. a instruccao primaria e secundaria. 0 meio, que proponho concorrera quanto e possivel para que se tor- nem ambas practicamente, o que para pro- veito da causa piiblica, e precise que seja uma e outra. Vol. IV. OliTUBRO 1." — 1853. Nlm. 13. 150 Edificios piiblicos para as excliolas pMica" de inslruccao primaria e secundaria. Soja-nii' iH'i-mitlido agora ponderar imiito rcspeitosameiite a V. M. a cjiaude conreitieii- cia, on antes direi molhor, a inslunte ncces- sidade di' que seja dada immediata e inleira e\cciK;ao ao art. I, g. unico, e ao art. 2, do dccroto dc 20 de dezcmltro de 18;j(). Foram providcntemcnte ordonadas as disposicOes alii ])rescriptas confornie a doiitrina consignada no decri'to dc 20 de selembro de ISii art. 0. Com vao |)rete\to de que nao ha em algumas partes ediiieios puhlieos em disponibilidade a lei nao leni sido eumprida, como se, a nao e\istireni disponiveis taes ediiieios, nao de- vessc entender-se, que impendia a auctori- dadc local a ohrigaeiio de promplilieal-os! E com i|ue motivo justilicado lerao deixado as camaras raunicipaes de cumprir o que no citado art. 2 sc Ihes dctermina? Nenhum se allega ; porcm e verdade que nao tern sido cuniprido. Comtudo so d'esta sorlc se podera acabar com a praclica abusiva de receberem os pro- fcssorcs d'iustruccao primaria algum subsidio pecuniario dos sens discipulos, seja qual lor 0 pretexto. Esla ma practica deixa incomplete 0 pensamento, ou antes frauda o dever, que obriga o estado, de dar gratuitamente a inslruccao indispensavel, a primaria, a todas as classes da sociedade, e a todos os indivi- duos por mais pobrcs e desvalidos, que pos- sao considerar-se. Mas nao e possivel impdr elTectivamGnte aos professores pena efficaz, por nao observarem a este respeito com rigor a disposicao legal, quando se rellecte, quao diminuto, coraparado com o difficil e laborioso trabalho, a que os sujeita o tiel deserapenho dos seus dcveres, e o ordenado dos professo- res da inslruccao primaria. Esta reflexao ga- nha forca incoutestavel, (juando se considera i|ue OS professores tao miseravelmente retri- buidos lem de ahigar, a sua custa, casa assas espacosa para a propria residencia, e para admittir consideravel numero de aluranos, aos quaes deve proporcionar coramodidades para mellior aproveitameuto do ensino, para boa policia, e para tudo quanto e necessario nao so a primeira inslruccao mas tambera a primeira educacao moral da mocidade, a qual, por isso que nos primciros annos da vida, e na cpocha em que as impressoes de toda a casta se Ihe gravam de modo indelevel, pre- cisa de ser dirigida com cantelas, prudencia e vigilancia de lodo o ponlo impracticaveis nos locaes onde agora geralmente einstruida. Accrescc que se deve atlender a que os professores estSo a todo a instantc na neces- sidade de cercear os sens tao mesquinhos ordenados para coniprar tinla, papcl, pennas, taboadas, compcudio de doutrina christa, e ale oulros livros a grandc uumero de discipu- los. A nao 0 fazerem assini, veriam as cseholas quasi desertas, sendo certo (|ue os lillios das lamilias mais polin;s dos infclizes ,operarios, e de outros muilos desfavorecidos da forluna, olilendo a cuslo licenca dos paes para fre- (|uenlar as cseholas declaram carecer de to- dos e quaesquer meios pecuniarios por onde possam haver aquelles objeclos, alias absolu- tamente precisos para adquirirem a inslruc- cao que procuraui. E todavia, Senhor, tenho a satisfaccao de poder allirmar a V. M., ([ue, na maxima ])arte, os professores piiblicos de inslruccao primaria assim oeslao practicando, mais ou mcnos extensamente scgundo os ex- Iremos da sua caridade, mas de modo, que dexem a clla muilos alumnos nao licarem pri- vados lolalmenle de ensino e educacao. Mas sobre as razoes acima ponderadas para juslilicar a necessidadc da collocacao das escholas em ediiieios eslranbos a habilacao do professor; ainda accresce oulra, que deve segundo entendo, merecer grande allencao; e e, que nao e possivel lisealisar a rigorosa observancia das boras deslinadas para o en- sino, sendo as escholas no mesmo edilicio, onde 0 professor habila. Se nao me engano, achara V. M., que to- das estas consideracocs dao mais que sobejo fundamento ao projeeto de decrelo, que tenho a honra de elevar a presenca de V. M. Estou convencido inlimamenle de que da sua ado- pcao deve provir grande vantagem para a inslruccao, educacao, e mais largo aprovei- tamcnto dos alumnos de todas as classes, e especialmenle das menos abastadas, por Ven- tura as mais dignas de contemplacao, ate por serera as que mais avultam na sociedade. Entao ser-mc-ha obrigacao impreterivel ser inexoravel na liscalisacao da Lei: boje o ex- cesso de rigor produziria resullados contra-, rios aos que pretende^a raesma lei. Mndanca da 3." seccao do lijceu para dentro do concelho e das portas da capital. Cumpre-me chamar a allencao de V. M. para o local onde se acha estabelecida uma das quatro seccoes do lyceu d'esle districto, a secfao occidental, pois rcquer o melhor service publico, e o aproveilamento lilterario e moral de maior numero de alumnos, que seja removida d'onde csta para ponto mais apropriado dentro das portas da capital . Nao me deterei disserlaudo com largueza acerca d'esse objecto, porque nao sao corri- dos muilos dias, depois (|ue live a honra de elevar ao conheeimento de V. M. a repre- sentacao dos professores proprietarios e substi- tutos da referida seccao, cm quo pedem a lembrada mudanca. Fiz e faco niinha inleira- mentc, como live cnlao a honra de dizer a V. M. pelo conselho superior, aquella repre- 151 sentarao, porquc ?ao cabaes c inconteslaveis as razors, (|ue Ihc servom .' lias Irez primt'iras seccOes d'estc lyceu. Sera esla op[iortuiia occasiao di' inlroduzir uma iniiovariio de vaiUagem eerta para o ensiiio. As niatprias da 5.' e ti." cadeiras sao de iiiuito dixersa iiatureza, c cada uma d'ellas (onlem grande miniero de especialidadei;, d'oiide i)rocede, nao ser facil aehar linmem assas proluiido eui todas ellas. E d'acjui (|ue lem provindo a dilliculdade de apresentar-se caiulidato a esta subslituicao, c a conscquen- te precisao de aproveitar o que apparecer, einbora nao seja qual se carecia. Creando-se o logar que propoulio, poderao ser discrimi- nadas estas cadeiras, e dos dous profc&sores >im fiear subslilulo da o." e oulro da 0." ca- deira, e amijos com exercicio nas trez primci- ras seccoes do lyceu, optando o substilulo actual por aquella das duas cadeiras, ([uc inais Hie convier. Esta resolucao ba de ser de prompta vantageni para o ensino, e cada urn dos professores substitutes licara com trez ca- deiras a seu cargo como succede ao da i.' Creacdo d'uma cadeira de religido. De grandc estranheza, Senhor, deve ser para todo o homera sisudo, que, sendo a ne- cessidade da religiao uma verdade axiomati- ca, pois que nao pode dcixar de considerar- se a religiao corao base essencial da socieda- de bem ordenada, por isso que sem religiao nao ha costumes, e sem costumes as leis civis nada valem, que, dizia cu, tendo nos tao grande numero de aulas, onde sao ensi- nados objectos sem conto, nao tenharaos nera sequer uma so, em que seja ensinada de mo- do proveitoso a mocidade a sancta Religiao que prol'essaraos. E ccrto que o ensino da doutrina christa esta consignado nas materias obrigatorias da inslruccaoprimaria; que se tracta alguma cousa com refercneia a tao alto assumpto ua aula de philosophia racional e moral; e que tambem na Universidade de Coimbra ba um curso complcto da sagrada tbeologia. Entretanto, Senhor, serao de sobejo brevissimas conside- racoes para cvidenciar, que nao cstasupprida a cadeira que proponlio, cuja necessidade reputo indisputavel. 0 ensino da doutrina christa nas escholas primarias, e as explicacOes que o acompa- nham, e feito em tempo, no qual a mocidade, por falta de habilitacOes, por carecer ainda de sufljciente desinvolvimento intellectual, e pela multiplicidade das materias de que se oecupa a.instrucra())irimiiria, nada aproveila. Este ensino reduz-se enlao para a mocidade a um acto puramcnte mechanico, a tomar de cor algumas formulas, cujo seulido ignora, c algumas cbamadas cxplicacocs, que nao com- jireliendc. Na aula de pliilosojihia riiciondl e moral i- pouco 0 tempo destiuado aos assumptos que Ibe silo ])roprios ; tracta-se, e nao ])ode dcixar de Iractar-se, superlicialissimamente do que respeita a Religiao. Carcce-se de muito mais, como para V. M. nao podc deixar de ser cvidcnte. E tauto assim, (jue nos gymnasios da Prussia, onde tambem ba cadeiras de jibilosopbia racional e moral, nem jior isso se prescinde da cadeira de Iteliijido Christa. Antes pelo conlrario os alumnos do gymna- sio, seja qual for a aula cm que loram matri- culados, tern de I'requenlar a de Religiao Cbrista, que por tal motivo esta distribuida pelos dias da semana, tomando o professor dilfercntes assumptos em harmouia com o grau de capacidade e alcance dos alumnos, quo 0 escutam. Os estudos Iheologicos da Universidade, pela sua transcendencia requerem applicacac, que nao podem dar-lbes geralmente os indi- viduos, que nao se dedicam a vida cccle- siastica. Assim que, o grande numero, a maxima parte dos cidadaos iguoram completamente a Religiao que professam. Custa, mas nao ha senao assim confessal-o, porquc a verdade e esta. Ignorada a tal ponto a Religiao, dcsco- nhecidas as razoes que nos obrigam na cons- ciencia ao fiel desempenbo dos deveres so- ciaes, sera maravilha que tao mal se cor^ responda ao titulo de que todavia se prcten- defazergala; e que de tantos crimes, tor- pezas, e miserias, se veja icado o pobre Portugal? Eouve em passados tempos outros meios de obviar, ao menos em parte, a mal tao perigoso : hoje nao pode haver senao o do ensino. E por tanto de absoluta necessi- dade crcar uma cadeira, que devera ser con- siderada habilitacao indispensavel para a instruccao superior, na qual se expliquem methodica, breve, e solidamente os funda- mentos da Religiao Catholica Apostolica Ro- mana, (jue felizmente professamos; se estahe- Iccam OS sens dogmas; se explanem as suas doutriuas; se deduzam as obrigacOes sociaes, a que sujeita todos os cidadaos; e se dcmonstre a vantagem practica da cxacta observancia da sua moral divina. Senhor! a creacao da cadeira que proponho sera um novo padrao de gloria para V. M., e as geracoes por vir, saboreando os fructos, que sem I'alta bao de rccolber, bem dirao a memoria de V. M.! Convencido de que^ fazendo esta proposta cumpro um dever sagrado, que me e imposto niio menos pelas razoes especiaes do estado ecclesiastico, do qual me bonro, do que pelas da sincera devocao, que dedico ao nieu paiz; e, julgando desnecessaria, por facil, mai.s larga demonstracao dos motivos da conve- 153 niencia, ou antes nrrossidadc dc sc adnplar a providcncia que tenho arabadn de suf^serir, supplico, pelo hem da rausa piihlica, a V. M., que se digne dar-lhe a sua real approvarao. Continua. MEMORIA HISTORICA E CRITICA Sobre a i-cvolucao ) Tudo isto e relativo ao bispo D. Pedro, e tudo pelas dictas testimunhas presen- ciado. ■■ " Et bona ipsius (episcopi) erant occupala per re- gem i- ibid, et fuit tunc exul ab ecclesia sua per 7"° no annos. » Jura o mestre escbola ibid. ' A Bulla d'Innoc. i! datada 7. Kal. mart. Ponlificat. XIV, t2'2 de fev. de 1'2I2). Nao podia por tanto ser dirigida a Sancho I que ju era fallecido. CouQra-se a not. V ao torn. 2, da Hist, de Port. 1." edi^.. etc. A Integra desta Bulla acha-se no nieu Catalago dos bispos de Coimbra, ainda ua Acad. R. ro imputou a D. Sancbo os desaguizados, de que 0 bispo D. Pedro se queixava a este Papa; mas, alem da pouca conliaufa, que merece este A. que se cngana com muita iVcquencia, e tem I'eito enganar outros ', a ItuUa em que Innocencio 111 admoesta o rei, sendo datada oiize mezes depois da morte de 1). Sancho', a nenluim outro podia ser dirigida senao a .MlVmso II, que entao ja era rcconbecido rei, e successor de seu pae Sancbo I. E por isso i|ue 0 citado A. se equivocara, acreditando ter sido esta de.savenca com este rei, e nao com All'onso II. A inqiiiricao porem nos tirara loila a duvida, se ainda alguma restasse, ma- nifi'slandii-nos de um niodo mais claro, que estes aggravos foram practicados por Alfonso II, logo nos principios do seu reinado, e nao por seu pae com o qual, pondo de parte al- gumas insignilicanles discordias e contesta- coes, tenlio para mini, a vista dos documentos, se dera bem este prelado; nasccndo aquella confusao da falta cbronologica dos documen- tos, por se acliar a maior parte d'elles sem datas, como notou o referido A. ; e outros, ate'gora ineditos, como o da ini|uiricao, ([ue me tem servido de guia. III. Tinham finalmente calmado um pouco as dissensoes cntre o rei e o bispo ; e dobre ou sinceramente AHonso II liavia-se deelarado amigo e protector d'elle, c dos mais prclados do reino, para o que no 1." de dezembro de 1217, concedeu por carta patente, sellada com 0 sello de chumbo^, a se de Coimbra e ao seu bispo a sua proteccao e amparo, de- clarando-se por muito seu amigo e bemleitor com tal extremo d'affecto, que nunca a ambos tivera seu pae e avo, para defender, amparar e beneficiar a egreja Conimbricense, por cujo motivo nao so os tomava dcbaixo da sua pro- teccSo individualmente, senao tambem todos OS sens coutos, bens e herdades, reputando por seus inimigos todos os que coutraviessem esta sua disposicao, assini como impondo-lhes uma muita de rail maravedis, se por qual- ([uer forma contrariassem esta sua determi- nacao*. Pela outra carta patente egualmentc ' Vejam-se os capp. 1.° e 2." do men Calal. dos bispos de Coimbra, impr. nas Mem. d'Acad. R. das Scienc. Lui- boa 1854. ^ D. Sancho falleceu em 26 de mar^o de 1211. A bulla de Innocencio, sendo dalada de 22 de fevereiro de 1212, (anno 14° do seu pontif. ) censurando o procedi- mento do rei, nao podia ser dirigida seniio a D. Affonso II. como jil disse. ^ Este documento original, e o outro abaixo citado, foram remettidos para a Academia real por portaria do governo, com os outros pertenceutes aos seculos XII e XIII, e o cartorio da cathedral ficoua.. Martinho. — Cunha. Hist. Eccl. de Braga p. i. cnji. 22. Peres, e outros mais que 'nella nomea, doava a referida Se estes dizimos para ler parte nas suas oracfles, e sua menioria 'nella ser lem- brada. Estas palavras parece indicarem mais influeneia e pedido estranho, do que resulta- do da boa vontade, que para tal lim Ihe dispozcsse o animo. Mas, ou fosse que elrei, cedendo a intercessao dc sous validos, lizesse tal concessao, ou fosse que astutamentc qui- zesse attrahir ao seu parlido os bispos, que 'neste tempo se achavam com elle divorcia- dos, D. Pedro Soares nao recoiheu ao reino, e continuou a desavenca, em que estava, as- sim como a de outros prclados. 0 primaz dc Braga, que por este tempo se tinha retirado do reino, e procurava na cdrte dc lloma rcmedio aos aggravos, que elrei Ihe fazia, e com que o ave.\ava, achava-se sera rendas por causa do scquestro que era todos OS sens rendimenlos se havia feito pela sua ausencia, e desavenca com o rei; e por esta causa obteve Estevam Soares, que pela Data- ria sc expedisse Bulla aos prelados do reino para por dies ser soccorrido '. 'Nesta se com- prebendia tambem D. Pedro Soares, ([ue na mesiua conlribuicao dcvia ser quinhoeiro, mas como 'neste tempo elle tinha as suas rendas em egual sequestro, mal podia acudir as suas ordinarias despezas, e nem por conse- quencia soccorrer o primaz, failecendo-lhe os meios: nada por tanto deu % e por csle mo- livo solfreu uma reprehensao do Papa, alem das censuras do primaz '. Na Ilistoria dc Portugal diz-se, que entre 05 cortezaos mais odiosos ao primaz era mestre Vicente (deao de Lisboa, e depois bispo da Guarda), e o bispo de Coimbra, que na sua adhesao a parcialidade do rei nao so se esqui- vara a contribuir para a siisleiitacuo do urce- bispo, mas ate desprezara as censuras do me- tropolitano *, dcixando de concorrer para a pretensao do arccbispo. Para isto provar se serve o sr. Ilerculano da Bulla de 10 de junho de 1222, remettida aos abbades de Cella Nova e Osseira, encarregando-os de se dirigirem ii presenca d'AITonso II, c Ihe intimarem que affastasse de si o bispo de Coimbra, o chan- tre do Porto, e 0 deao de Lisboa. Quanto ao bispo dc Coimbra nao mc parece exacta esta narrajao. 0 rei tinha-Ihe feito sequestro; e amurado por estemotivo, procurava D. Pedro obter regresso ao reino, achando-se ainda dentro do tempo dos sete a oito annos em que csteve d'elle ausente, e que referem as testemunhas da inquiricao ja mencionadas \ 6 por tanto nao podia die ser mandado ex- ' A.Hercul. Hist, de Port, vida de D. AJfonso. ' Vej. acima a pas. 154, col. 1.", not. I." ' A. Hercul. Hist. dePort. torn. II, liv. 4.° pag. 249, attribne este facto a outras causas, que me nao parecein exacfas. ' Id ibid. ' Vej. a pag. 154, col. l.», not. 2. 1 56 pulsar (la corlo, por 'nella se nao achar, ncm tao pouco receher rensura por nao contribuir para a sustentarao do nietropolila, iiaila Icn- do, nem recohcndo das roadas do bispado (1 quia episcojms fere nil percipiehnt de episeo- palu, » coiiio sc 111 iia citada iiiqiiirirao, e jurani as siias tcstimiiiihas. Sc ellc pois sc achava nesta siluaran, como liavia (le con- corrcr com sua (juola para o nietropolila? Cotttiniia. «. r. de VASCONC'ELLOS. NOVA ESCALA THERfflOMETRICA. Continuailo de pa^. 131. " Tomiimos para pxrnipio da discordancia das actuaes cscalas Ihermomctriias a applioa- rao d'cUas a alguns factos mcieorologicos, onde se \i, que o priucipal c lalvez unico obsta- culo para scr adoptada gcralmente a escaia ccntigrada' e a posirao do seu zero. Uma modificaoao portanto 'nesta escaia e Instantemcntc rcclamada pclos niclrorolo- gistas, alini de cvitar as nunierosas causas d'crro, que temos referido. Cumpre-nos cxa- minar agora se sera possivel fazer csla mo- dificacao, conservando rigorosamente ao grao centesimal o seu actual valor, eiiao alterando as numerosas applicaf ocs do calculo e da obser- vacao, cuja base e o mesrao grau centesimal. Dulong e Petit demonstraram, que de '3()° a + 100° 0 thermometro de mcrcurio ca- minhava de accordo com o thermometro d'ar, o que e confirmado pclas recentes observai-oes de Regnault. Os dois primeiros physicos de- monstraram tambem, que o ponto do ebui- licao do mercurio e a 360° da sua propria escaia, ou segundo Regnault, a 300°, a. Por outro lado Pouiilet reconheceu que este metal se eongela a — 40°, S C, ou a — 41° segundo Person. Diversas series de observacoes, que todavia nao podem considerar-se absolula- mente rigorosas, porque a maneira, por que se contrae o mercurio no momcnto da sua con- gelajao, dilliciimente deixa determinar com precisao a sua temperalura, me derara em resultado — 40,°o — 40,"0 — 40,°7 C. Por tanto, assim como pode admitlir-se com Dulong, Petit, e Regnault, que 360° c o ponto de ebullicao do mercurio, tambem pode cgualmente admiltir-se que a sua completa fusao tem logar a — 40.° E por conseguinte, como o tinha previslo Dulong, e no limite de 400° da sua propria escaia, que o mercurio, unico metal fusivcl a temperatura ordinaria; o melhor liquido Ihermometrico, mais geralmente usado; e que se emprega na construccao dos nossos llier- niometros mais perfcitos, passa do estado de completa fusao ao sou ponto de ebullicao. Levando por consequencia cm conta a dif- t'erenca, que vai entre o thermometro de mercurio, e o d'ar desde + lOO", segundo as observacoes de Dulong, Petit, e Regnault, as indicacOes do thermometro dc mercurio, que ri'presentam por scus vaioros numericos o augmento real da energia c (juantidade de calor, podem, posto queosponlos extremes dc fusao e ebullicao deste nu'tal nao scjam consi- dcrados como ponlus fixux, servir dc |)onlo de partida c divisao a uma escaia de 400", que abrange lodas as temperaluras, que o mercu- rio pode experimentar no estado li(|uido. E por consequencia possivel cslabeleccr uma escaia tetra-ccntigrada, ou de 400", cujo zero scja collocado a tenii)eratura da completa fusao do mercurio, e na qual, conscrvados rigorosa- mente OS dois ponlos fixos, a temperatura do gelo fundente corresponda a 40" T C. e a do vapor da agua a ferver debaixo de 700 mili- metros de mcrcurio a 140° T C, e linalraente 0 ponto de ebullicao do mercurio a 400° TC. A introduccao da palavra Utra-cenli(jrada niio indica mudanca alguma no valor dos graus da escaia centesimal, porque hii sempre 100° entre a temperatura do gelo fundente e a da agua a ferver. Esta nova denominafao, porem, era indispensavel para fazer ver, que a notacao das temperaturas parte de um ponto 40° mais baixo, (pic o zero do gelo fundente. Por consequencia, a excepcao da mudanca do seu zero, a escaia ccntigrada conserva-se exac- tamentc a mesma em todos os pontes, e a unica alteraciio, quee mister introduzir 'nella, limita- se ao addicionamento da cifra 40, sem fracfao alguma, em lodas as indicacOes superiores ao zero da escaia centesimal. A simples mudanca do zero desta escaia permitle nolar todas as indicacOes de temperatura abaixo do gelo fun- dente, que 0 mercurio pode apresentar antes de congelar-se, sem que seja necessario usar algum dos signaes positives, ou negatives, que actualmeute sao indispensaveis. Deve notar-se, que os primeiros 100 graus da escaia tetra-centiyrada comprchendem, com excepcao d'um pequcno nuiuero de casos, em que o thermometro dc mcrcurio deixa de apresentar as suas indicacOes, os limitcs extre- mes da temperatura da atmosphera a superficie da terra nos nossos climas di' — 10° C a mais 60 C, ou de 40° a 140° F., e que assim consti- tuem 0 thermometro meteorologico propria- mente dicto, sem ser necessario, tanto quanto pode empregar-se o thermometro de mercurio, recorrer aos signaes + e — , que diio logar aos erros, que jii notamos. Por meio da escaia telra-cenligroda os signaes negativos devem empregar unicamente nos casos mui raros, em que, nao podendo usar-se o thermometro de mercurio, e preciso recorrer ao de alcool, (|ue principia a dar as indicacOes da temperatura abaixo do zero da escaia de mercurio. » 157 Concluindo a leitura d'esia memoria, M. Walfcrdia apresriUou a acadcniia uni thcrmo- iiietro de iiaTCurio dividido nos 400 graos, <]ue tonstiluom a oscala lelra-centiyrada, com uma lamina de metal, onde se via a relacao entre esla c as outras Irez escalas tliermo- metricas; e iim outro tlierniomctro lelra-cen- tifjrado ou de 400 graus. Apresentou tanibem mais dois tliermometios de mcriurio, um dividido desdc zero Hte 140 graos telra-cen- tigrados, ((ue eo ponio dechullicao daagua; c outro desde zero ate 100 graos, (jue e o tliermometro iiieteorologico [iropriamenle diclo. Walferdin declaroii a academia, que por mui longa experiencia havia conhccido as vantageiis da mndilicarfio, i|ue introduzira na escala eentigrada, e ([ue o rcsultado das suas nao interrorapidas observacOes o conlirmara picnamente na superioridade deste tliermo- metro sobre os fundados 'noutras escalas. Alem de que para verilkar quaesquer casos duvidosos nas observacoes meleorologicas, e indispensavel usar d'uma escala tliermometrica ao niesmo tempo ascendeute e descendente, e por isso Babinel collocava sempre a par do thcrmomelro cenligrado o de Fahrenheit para confrontar as nolacoes de temperaturas in- feriores ao zero (gelo fundente); processo este que ofl'ereec graves incouvenientes, como aquclle pbysico reconhecera, e que se evita- vam completamente por meio da escala telra- centigrada, que dispensa o iiso dos dois instru- menlos e evita quaesquer erros, que por aqucl- le meio podiam cscapar. Desde o primeiro de dezcmbro do corrente anno a escala telra-centigrada foi adoptada com a conbecida vanlagem pelos distinclos meteorologistas Berigny e Rycbard de Sedan no observatorio de Versailles. A. ARREDORES DE COIMBRA. Valle fie CozcIIias. Kis desro no f'alle . . , . Que sce/ta encantad'ira ! Alfeso Cynthiu. Depois de contemplar de Monte-Arroio ' a formosa Quinta da ItiheUa, e os majestosos cyprestes, que a circumdam, tao celebrados ' Mons rtthens, Monte ruivo^ e (corruptoo vocabiilo) Monte'roio, ou Montt^Arrait^ se denomina cm uma tluat^au dc D. I\Iendo a D. JoeIo Theolonio, Prior segundo do mosteiro de Sancta Cniz de Coimbra, fallecido a '29 ii'outiibro de 1181. — Chron. dos conegos regr. de S. Agostinho. Liv. IX. cap. VII. pag. 206. pelo cximio botanico Heinrich Link ' ; dp admirar o sumptuoso aqueducto de S. Sebas- tiao, 0 magnilico zimhorio da cathedral, e 0 real collegio das Artes, dirigem-se nalural- mente os olhos ao bosque dos jesuitas, povoado de annosos cedros e loureiros-", e descancani depois, com inell'avel complacencia, no ve- nerando mosleiro de Sancta Cruz, nas vizinhas hortas e pomares ' . Que multidao de idias nao affluia ao nosso cspirito a vista d'estes monumentos famosos! Parecia-nos divisar, alem, alguns dos suc- eessorcs de Francisco Xavier, passeando em silencio; figurava-sc-nos ver aqui o padre Theotonio, e Affonso Henriques em conversa- cao animada ■". E logo nos occorriam as sanguinosas, c hem feridas batalbas contra a mourisma, ganhas pela valentia do Principe, e piedosas preces do bom Prior'; lembravam-nos tani- bem as gloriosas conquistas do Oriente, fa- vorecidas pelos trabalhos sobre humanos do grande Apostolo das Indias'. E d'estas cogitafoes nos dispertaram, muitas vezes, OS longinquos aceentos de uma suave psalmodia. Tarn grato iraaginar nao ha hoje suscital-o 0 aspecto das frondosas allamedas, a vista do cenobio antigo. A proscripcao dos filhos de Loyola seguiu-se a expulsao dos filhos de Agostinho. Calarani-se as harraonias saudosas dos orgaos dc Sancta Cruz de Coimbra; ja se nao ouvem os canticos maviosos dos seus conegos regrantes! Esquecamo-nos poreni dos erros dos homcns, perdoemos-lhes as demasias e injusticas, con- templando as ponipas de uma paisagemesplen- dida'. Descamos do monte, penetreraos em Cozelhas. ' Voyage en Portugal. Tom. 1. pag. 401. Tom. i. pag. 98. -' « Si I'on desire voir les lauriers des Indes, de G5a (Laiirus Iiiilica) dans toute leur magniflcence, c'est ici qu'on doit se rendre. » Link — Tom. 1. pag. 379. ' Poucas cidades lia, que offereram, aos ollios tarn variados e formosos qiiadros, como Coinil)ra ; por qual- quer lado, que seja olliada exteriormente, apresenta um panorama encantador. * No profundo vaUe de Monlarroyo muilas vezes pas- seavam esles dois varoes, o rei, e o frade, mcditando, e conversando do ceu e da terra! — A. Port. ' 1' Tinha El-rei D. AfTonso Henriques tanta fe, e confian^a nas oraijiies do Prior S. Theotonio, que jamais commetleu empreza alguma, sem primeiro llie dar conta da fac^ao, que delerminava fazer, pedindo-llie roga.s.5e a Deos por elle e sen exercito. " Chron. citada Liv. I.\. cap. 11. pag. 177. ' Viil. Histun'a (la riiia dc Francisco de Xavier, e do que fizeram na India os mais rdigiosos da compniihia de Jesus. — Pelo P. Jouo de Lucena. '■ Les vallees pres de Cofrabre, qui se dirigerit en parlie vers la valine principale, sont arros(!es par le Mondego, et portent de noms particuliers; par exemple I'nl de Cuzel/ias. La vegetation y est tres-riche, el le Mondego embellit la belle flore de ce pays, par beancoup de plantes, qui proviennent des mont-igncs elevees. ■' — Link, obra cit. Tom., pag. 91. 158 oil! como surge majcslosa, e bella (loiii viro (la creacao, a iiatureza No solilario valle ' I Qucra iiodoiii (lescrever a formosUra d'estes prados, d'oslas iol\as tarn mimosas, csnial- tadas do varius floros, iias (|iuu's nao sahercis, que mais vos dcleile, se a vivcza da sua ror. sc a lindcza do sua ligura ou a suavidado do sou clieiro? Vcreis com sincera Adrairajao 0 fruclo, a flor, o aroma, o sol que os gera, E esla vivaz, vehemento natureza, Toda do logo e luz, Que ama iucessante, de amor nao canca, E conlinua produz Nos fructos 0 prazer, na flor a csp'ranra '. Tudo quanlo pode cnlcvar a alma, arrcba- lar a imaglnacao, encender o cntliuziasmo, se encontra 'nestc amcno e fertii sitio '. R. DE gusmAo. UMA VISITA. A SERILV D'ESTRELLA. VEGETAES MAIS NOTAVEIS DA SERRA DESTRELLA. Continuailo de jiag. 146. Thlaspi. Atysson. Mostardeira brava, crva scmc- Ihanle a Bulsa de pastor. T [Montanum de Brol. ?) EncouUa-se nos Cantaros. Deanthos. Alecrim. D. Itisitanus? Encoiitra-se nos Cantaros. Blnil'M. yavet. Nabo sdvestrc. B. jlexuosnm de Brot. Encontra-se na rua dos Mercadorcs. POTAMOCETON. t,pi U'eau. Erva, que naseedeiUro il'agua, de folhas scmelhantes a selga brava. Selga brava. P. natans p. Encontra-se na lagoa comprida. Narcissus. Narrisse. Lirio Vcrmclho; Junquilho. N. pseudo-narcissus. Encontra-se no valle da Candieira. Link afTirma ter visto trez cspecies de lirio em flornrao na serra cm 31 de maio, alguns dos quaes tinham aberto passagem atra\(;s da neve. N. minor. Encontra-se no Malhao da serra. Pedicciarjs. Pedicttlaire. Erva Piolhcira. I', lusitanica. Encontra-se na lagoa do Paehao. ' A. Herculano. Poesias. ^ Garrett. ■■ A Ribeira de Cozelhas e urn dos sitios mais ferteis que ha na redondeza da cidade; parte d'a-suafeoundidade nasce das enchenles que o Monde^^o faz para ella. e cada alqueire de miUio, que se Ihe semea, prodiiz ordinaria- mente cincoenla. — Ensaio d'uma discripr/io physica e economica de Cninibra e sens arredores (iMem. Econ. da Acad. R. das Scienc. de LisbOa. Tom. 1;. Crocis. Carlhame; Siifran. Acafrao. C. serotinus. Encimlra-se no Malhao da serra. Genista. Giesla. G. tusiliinira'.' Genet du I'lirtuijal de Linn. Encontra-se no Canlaru Gordo. G. polygalaefolia de Brot. Encontra-se no Canlaro (iordo. SoRRis. Sorhin- ; Oirni/cr. .Sorvcira. S (lueuparias. Traniascira. Enconlra-sc no Cantaro (iordo. Alchimiiia; Psadum; LeimtnpoUium \ Planla leo- his. Pied de lion ; Peree perre. A. alpina de Linn.? Encontra-se no Cantaro Gordo. Avia; Senccio. A. cacspitosa. Encontra-se na lagoa redonda. Digitalis. l)ior decreto de IB d'agoslo ultimo. JIalhias Pereira d'Oliveira, para a de Lobelhe districto de Viseu, por decreto dt- 22 d'a^osto ultimo, Jose Maria d'Andrade, para a de Maceira-Dao, per decreto de 22 d'agusto ultimo. Antonio Albino, para a de Mangualde, por decreto de 22 d'agosto ultimo. INSTRCC^'AO SECDXDARIA. Annibal Achiies Martins, para o officio de Perilo Palet^grapho, por decreto de IfJ d'agosto ultimo. Eleulerio ('olla(;o Mimoso, para professor da 1.* e 2.^ radeiras de Liceu Nacional de Faro, por decreto de 22 d'agosto ultimo. rNSTRUC(;AO SUPERIOR. Oi doutores Antonio Jose Marques Corr^a Caldeira para 1." substituto ordinario. — Antonio J^uiz de Souza Henriques Secco, para 2." substituto ordinario,— Joaqnim Maria Rodrigues de Brito, para 3." substituto ordinariu, — e Adriano d'Abreu Cardoso Machado, para 4.^ substitute ordinario da faculdade dp direilo da Universidade, por decreto de 22 d'agosto uUJino. PUBLlCAgOES LITTERflRias. S.iliiu a luz o nicriiinnrio Grrgn-Lntino ile Benja- min Heilerico, pars uso dos que se dedicam ao esliiilii Ja Linirna Grega, l.» edi^So de Coimhra, jjelo Dr. Antonio Sosi Lopes de Aloraes, e .lose Vicente Gomes de Jloura: Parte Hermenentica, 2 vol. 4."' — :^5aou. F.stHo no prelo as Partes Analytica e Sjnilielica, por Antonio I^'n.-ioio Coellio de Moraes, professor lie GreRo no lyceu de Coimbra, e .V. do com|icnilio ile Grammatica Grefra. \ [larle Analytica arha-se ja no fim do K. 160 OBSERVACOES METEOROLOGICAS . FEITAS NO GABINETE DE PHYSICA DA UMVEIISIDADE DE COIMBRA. AnDoile 1833 = a H = 1 PressSo e Imospherica ao mi-io dia l^stadu hycrijiin-lrrco da atinos- pht-ru ao iiieio ilia 3 c 0 w Met de Feve- reiro Alliira barome- trica n 0° da es- calacenlisrada Tensjio (lu ML- por aquosi) con- tido no ar Pre^sSn do ar sccco (irau d'hilmi- daor cooinio i-oiuoi metro cubico d'ar. Dias ccnliR. Mitlimelros Millioietros Millinielros saliira(;ao Gnimmas d g 1 13 749,748 10,157 739,591 0 91 10,29!1 s. 2 12 747,081 9,097 737,934 0,87 9,256 s. 3 11,5 746,634 8,197 738,437 0,81 8,355 s. 4 10,5 742,952 7,484 735,468 0,79 7,635 s. 5 10 741,085 7,332 734,653 0,80 7,513 s. 6 10 740,984 7,882 733,102 0,86 8,077 o. 7 10 740,477 7,240 733,237 0,79 7.419 so. 8 10 738,703 7,790 730,913 0 85 7,982 s. 9 9 744,866 7,459 737,407 087 7,670 s. 10 10 737,164 7,973 729,191 0,87 8,170 s. 11 10 735,506 7,973 727,543 0,87 8,170 s. 12 9,5 734,197 7,712 726,485 0,87 7,910 s. 13 10 729,055 7,607 721,458 0,83 7,795 s. 14 9,5 743,073 7,269 735,804 0,82 7,462 E. 15 8 745,791 6,173 739,618 0,77 6,370 s. 16 9 743,133 7,717 735,416 0,90 7,935 0. 17 10,5 742,922 8,432 734,490 0,89 8.625 0. 18 11 746,695 8,323 738,372 0,85 8,498 o. 19 12 745,813 8,679 737,134 0,83 8,831 o. 20 12,5 745,247 8,859 736,388 0,82 8,998 s. 21 a 745,931 8,323 737,608 0,85 8,479 E. £2 11 746,695 6,854 739,841 0,70 6,999 N. 23 10 753,410 6,874 746,536 0,75 7,044 N. 24 11,5 757,538 7,590 749,948 0,75 7,736 O. 25 12 756,208 9,411 746,797 0,90 9.576 N. 26 11 759,828 8,519 751,309 0,87 8,693 N. 27 12 760,516 8,888 751,628 0,K5 9 043 N. 28 11 755,570 8,734 746,836 0,U0 8,918 N. inedirt ) do mez ^ 10°, 613 7447^62 0,83 5 s Temperattira Pressfio atmospherica Cran d'humidade do ar o mm ■~ • Maximo 0 91 Minima 729 065 Minirao 0.70 a. Maximii lariarao . , 5° Maxima excuraao . . 31,451 IVEaxima varia^uo .... 0,21 >4. Coin bra, 1.° lie Marro de 1855 Antonio Sttnchcs Goultto^ Direc tor do Gabiiiele de Physica. ^^ ® Jn0titttt0, JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. RELATORIO Sioltro o c»(a% i ij a " " 5.° Total 3 )i „ 3 " " 131 36 46 3a 8 3 1 Teve 0 conselho a satislacao de distribuir, cm resultado da boa frequencia das aulas e dos actos distinctos, partidos, premios, acces- sit e distinccOes, cm todos os annos do curso mathemalico aos estudantes scguintes: 1.° AKNO. Jose Christiano A^ill . . Ipgrtidos. Alvaro Kopcke de Barbosa Ayalla j Fernando Maria Garcia da Silva l.°Accessit. Antonio Eugenie Ribeiro d'Al- meida 2.° dicto. Joao Ignacio do Palrocinio Costa eSitra 3." dicto. Jose Ferreira de Lacerda . . . Distinccao. 2.° ANNO. Antonio dos Sanctos Viegas Ju-") nior '-Partidos. Eduardo Augusto d'Oliveira Lobo ) Jose Carlos Lopes Junior . . . l.°Premio Lourenco Antonio de Carvalho 2.° dicto Fernando Augusto d'Andrade Pimentel e Mello Accessit. Miguel Archanjo Marques Lobo].jjjgj,jjj.ggg_ Barao de Pomheiro ) 164 Adolfo Ferreira cie Lourciro . Aiilouio Joaquim de Cainpi Majtalbaes OS >• i Accessit. Antonio Pinto dc Magalhaes Aguiar l.°Premio. Eduardo Pinto da Cuniia ... 2.° dicto. b.° ANNO. .lose Percira da Costa Cardosol „ T,, . . ■ ,■,.,• ■ , I f'Prcmios. Thom.iz Antonio u Oliveira Loho ) Liiiz Pinto de .Mcsquita Carvallio Accessit. Foraiu dcfcndidas conclusoes magnas pelos repetentes Manoel Maria Corrca, e Antonio .lose Teixeira, sendo estes aclos presididos pelo scgundo lente da faculdadc Francisco de Castro Freire, na auzencia, cm cortes, do lente de prima, par do reiuo. 0 repctcnte Antonio Jose Teixeira tomou snbsequontemente o grau de licenceado, c tendo exposto a congregarao da facuWade''S sua falta de meios para tomar o grau de doutor, decidiu a facuidade unanimemente levar a presenca de Sua Magestade a pcrten- rao do suppiicante para se Ihe conccder ca- pello gratuito, do qnai a I'aculdade o achou digno pelo sen distincto mcrilo litterario, e era attencao nao so a allegada falta de meios, mas ainda pcia necessidade da ac(|uisicao de doutores, que possam concorrer aos logares que vagarcm na I'aculdade. 0 conselho, em execucao da carta de lei de 19 de agosto de 1833, e decreto regulamen- tar de 27 de setembro de 18Si, pdz a con- curso as duas substituicoes extraordinarias da facuidade, e em resultado d'este concurso foram propostos a S. M., e por S. M. despa- cbados, OS doutores Luiz Albano 4'Andrade Moraes, para a 1.°, e Francisco Pcreira do Torres Coelbo, para a 2." Tendo sido presente ao conselho a portaria do governo de S. M. de 1833 de 2(i de ju- nho ultimo, que cliama a altencao das I'acul- dadcs universitarias sobre as disposicues da carta de lei de 12 do niesnio mcz, relativas a passagem dos Icntes substitutos extraordi- narios* a classe de ordinarios, etlWrideu o mesmo conselho que devia consullar a S. M. mostrando a urgencia que ha de sc dispensar 0 tyrocinio dos dois annos de servico aos acluaes substitutos extraordinarios, a fim de poder serprovida a i." substituirao vaga, de iia muito, no quadro da facuidade. Tendo S. M. rcsolvido favoravelmcnte esta consul- ta, propoz 0 conselho a S. M. para 4.° lente fuhstituto da facuidade o 1.° subtituto extraor- dinario Luiz Albano d'Andrade Moraes. Os progranimas do ensino nos dilTerentes annos da facuidade foram descmpeuhados pcla forma por que haviam sido approvados. Na 6.° cadeira cm que os alumnos tiveram de estudar a Mechanica dos /liiidos, que no no anno anterior, se niio explicara na respe- ctiva cadeira pelas causas gcraes de que se deu conta nos precedentes relalorios, deram- se todavia as seguintcs doutriuas do scu pro- gramma nas duas ultimas epochas do anno lectivo, a saber; Topoijraphia e geodoiin — e de mechanica applicada as partes seguintcs: 1.' Hesistencia dos corpos solidos aos es- forcos que tcndem a produzir o esmagamen- lo, e aos esforcos dirigidos no sentido longi- tudinal que tendem a produzir extensoes e ruptura : — resistencia de um corpo prisma- tico a llexao e a fractura produzida por esfor- cos dirigidos perpendicularmcnle ao compri- niento do corpo: — nocOes sobre as thcorias de resistencia a fractura prnposlas por Gali- leu, e por Mariotte e Leibnitz; e advertencia no caso de ser o solido prismatico de pequeno comprimento: — resistencia de um corpo pris- matico a torsao e a fractura causada pela torsao: — experiencias relativas aos materiaes empregados nas construccOes, e maximos esforcos a que podem ser exposlos com se- guranca. 2." Equilibrio e resistencia dos massicos forraados de malerias adherentes, quando a superlicie superior e carregada jjor um peso qualqucr, ou quando a resistencia se exerce contra uma das faces lateracs: casos em que a ruptura se opera por escorregamento ou por derribamenlo, e em que as pressocs exer- cidas sobre o massico tendem a causar o esma- garaento: — ligura do massico d'egual resisten- cia a fractura por esmagamento: — muros de revestimentos vulgo succalcos ou cortinas, que sustentam o impulse das terras e das aguas: — estabelecimento dos alicerces, quando os muros sao construidos sobre terrenes com- pressiveis: — avaliacao do peso especilico, do attrilo e da cohesao: — experiencias sobre a resistencia dos massicos; e com relacao a diversa ipialidade de terras, ou no estado natural, ou reccm-bulidas, ou ensopaveis. 3." Equilibrio e estabelecimento das abo- badas: — condicocs que devem verilicar-se no equilibrio d'uma reuniiio de aduellas, se- gundo OS dilTerentes casos de applicacao das forcas: — principacs experiencias e observa- yoes rclatiTas ao equilibrio das abobadas: — equilibrio das abobadas cylindricas, das de zimborio, de arco de dauslro e de arcsta: — uso dos tirantes e cintas de ferro para con- solidar esta especie do construccoes : — cal- culos rolativos ao estabelecimento das abo- badas. A maior parte das sobredictas doutrinas de Mechanica applicada foram explicadas a pri- nu'ira vez 'naquella cadeira e na universida- dc. Pcla ausencia em cortes do lente proprie- 165 lario de cadcira, foi regida pelo lente subsli- tuto 0 Dr. Florencio Ma^o Barreto Feio. Tendo sido olTerccida ao conselho a segun- da parte da Astronomia Phi/sica romposta pelo vogal 0 Dr. R. R. de Sousa Piiilo, foi esta segunda parte approvada, como ja o tinlia sido a primeira, decidindo o conselho que per conveniencia do ensino deviani ser desde Jii mandadas imprimir c adoptadas para com- pendio as duas partes assim approvadas da dicta obra. Durante o anno lectivo ficou prompla no edilicio do nuiseu unia aula privativa da fa- culdade de niatlieniatica, onde tiveram exer- cicio as aulas do 3." anno da mesraa fiuul- dade. Alii, e na sala contigua loram colloca- das as antigas machinas pertencentes ii ra- deira de hydraulica, que se niandaram pdr cm arranjo e pintar. Tambem ficaram promptas e arranjadas duas salas no edilicio do antigo hospital da Conceicao, para uso da aula de desenho, ha- vendo-se construido 'numa d'ellas unia gran- tie claraboia, d'onde dimana a luz neccssaria e conveniente para os exercicios practices do desenho. Decidiu-se tambem que a aula da faculda- de, existente nos geraes da universidade se arranjasse em amphitheatro pela forma das aulas do museu. Em eongregacao de 14 de junho resolveu 0 conselho elevar a presenja de S. M. uma consuita, na qual, expondo o quanto e aca- nhado o actual edilicio do observalorio para satisfazer a todas as exigencias, a que as observacOes, que alii vao encetar-se com os novos instrumentos, podem dar logar, pede a S. M. se digne conceder-lhe apenas a parte do 1." andar e lojas correspondentes do colle- g'o de S. Pedro, que sirvam para casa de habitacao do porteiro, para quarto de descan- SO e estudo dos observadores, e para estabe- lecimento de mais uma aula para o servico da faculdade. Tendo o exm.° Prelado da universidade declarado em uma reuniao da maioria dos membros da faculdade, que teve logar em 20 d'agosto ultimo, que o Dr. Antonino Jose Rodrigues Vidal estava resolvido a entrar 'numa composicao relativamente a obra que anda fazendo nas casas fronteiras a das obser- vacoes, sobre a qual eslava pendente questao por parte da fazenda piiblica e da Universi- dade; e que por isso julgava conveniente ouvir a faculdade sobre cste objecto: decidiu a faculdade responder a S. Ex.% que nada tinha a dizer sobre o objecto da composicao a que se julgava completamente estranha, e que unicamente nao duvidaria, na qualidade de perito, declarar ate que ponto as obras do Dr. Antonino prejudieavam as observacOes. Com 0 assentimento de S. Ex.", e so para o fim d'aquella declaracao, a Faculdade nomeou uma commissao, coniposta dos Drs. Raymun- do Vcnancio Rodrigues, Rufino (iucrra Osoriu e Francisco Pereira Torres Coellio. os quaes na reuniao seguinte, do dia il, doram o seu parecer, que foi unanimeniente approvado, e (|ue consistia em declarar, que licando o 2." andar das casas de que se Iracta, pertencen- tes ao Dr. Antonino, com 12 painios de pe (lireito, e com a allura de 7 palnios coiitados da cama do forro do dicto 2." andar ate ao espigao do telhado, e o telhado com 4 verten- tes, a casa do Dr. Antonino nao prejudica as observacOes astronomicas. OS SINOS. Conlinuadu de pag. 94. Ha quern attrihua a superioridadc, que as antigas carapainhas e os sinos tinham sobre os de fabrica mais recente, a influencia da atmospbera durante os seculos (pie passaram; ha porem quem julgue isso devido ao lume de lenlia que, como se sabe, e melhor que o do carvao para fundir o metal. Mas outra e talvez a causa. Se a quantidade de metal nao estiver na proporcao conveniente com o calibre do sino, esle perderii o seu poder de soar, que sera duro e scraelhante ao de ferro. Se por exempio se quizesse obter a nota mi de uma (piantidade de metal so propria para dar fa, 'nesle easo o fa scria prcferivel ao mi. Ora nos sinos antigos emprcgava-se para qualquer nota maior quantidade de metal do (|uelloj(^ quese procura harmonisaracconomia com a bondade dos productos. 0 sino tenor da cathedral de Rochester peza 28 quinlaes; mas hoje alcancar-se-hia o seu fa com muito menos metal, sacrificando porem a qualidade do som. Os fabricantes actuaes sao incontesta- velmente superiores tanto era habilidade corao em pericia aos d'outrora. Este ramo de industria era exercido em Inglaterra no principio do seculo XIY por uma classe especial de artistas. Tendo-se partido em 1313 o sino da Abbadia de Crokes- dan, no Staffordshire, mestre Henrique Miguel de Lichfit'ld com os seus officiaes trahalhou em 0 rclundir desde a oitava da Trindade ate ii testa da Nalividade de N. S. A opera- cao nao teve bora resultado, apezar do tempo que com ella se erapregara: foi mister comeral-a de novo, o que levou mais dois raezcs de tra- balho'. Um dos sinos destinados para o carrilhao da Egreja do Vendome, foi fundido com lania felicidade, que produziu precisamente a uota I £ de crer que mestre H. Miguel tives.«e rauito que apr^nder com os nossos fundidores modernos. 166 tjiie sedcsejava obtcr. Este l)om resultado, diz (liiom prcsenciou aqiiella 0])era<;ao, foi al- trilniiilo a uuia moeda de prata lanrada pelo bispo na lifja cm cl)iilirao; mas um lundidor, a (jiicm se ri'foriu osli- laclo. insist;' em que as mocdas do prata, (luaesquer que sejam, so sei'vcm paia onrii|ue('cr os ixilsos do mesire e dos seus ollioiaes, porque a prata precipita-se no lundo do tadinlio, e nao pode toniar-se parte integranle do instrumento sonoro. NSo depende so da i)6a qualidade das ma- terias emprei;adas no I'alirico d'um sino a sua sonoridadc, tainbem da sua forma c da pro- porcao entrc as suas dilVcrentes partes. Ligeiros dcloitos de som podem scr corrigidos depois da l'undii;ao. Se succeder, |)or exenipio, que a nota seja niuilo aguda, adeigaca-se o sino com 0 lorno; sc for demasiado grave, diminue- se.-lbe proporeionaimrnte o diametro rercean- do-se-lhe o bordo. Nao podemos ailirmar que estes meios fosscm conhecidos dos antigos fundidores, que talvez tivessem de se conten- tar com o resultado da primeira fundieao. Em liG3 era tal a iraporlaneia, (|ue em Jngiaterra tinha adquirido a fabriraeao dos sinos pequenos, que se prohibiu que fosscm importados 'neste paiz, porque os I'abricantes (]uei\aram-se ao rei em pleno parlamento do prejuizo que essa importacao Ihes causava. Os sinos grandes estavam inais desimpedidos da coucurrencia estrangeira, porque o sen enornu> pezo augmentava eonsideravelmente as despezas do iransporte. E de crer que os fundidores de Bristol fossem celebres no seculo XV. Anteriormcnte a 10S4, Abraham Rudall, de Gloucester, tinlia clevado a arte a um alto grau do perfeicao. Os seus descen- deulcs continuaram a cxcrccro niesmo mister, I', em 177i, a familia Rudall tinlia fundido 0 grandissimo numero de 3o'.)4 sinos. 'Nesla fundicao e que se fabricaram alguns dos mais affamados carrilliOes do oeste da Inglaterra, alcm de muitos outros para diversas partes do mesmo paiz. Taes sao os de Alle SainU, de ruUiiim, e em Londres os de .S'. Dumian, S. Bride e de S. Murlinho dus Campos. Os sinos da egreja da Universidade de Cambridge, (|ue Handel tanto adrairou, foram fundidos em S. Ncot, cerca de 17:J0. Mess, Mears, suc- cessores de Kudall, em Gloucester, e que tamhera tern um immenso estabelecim^uto em Londres, labricam cada anno muitos centena- res de sinos e e frequente ver ao mesmo tempo nas suas olVicinas 'M) tonelladas em I'usao. 0 grandc numero de egrejas que se tern construido 'ncstes ultimos tempos, e o louvavel impulso que se \ae dando a restauracao com- pleta dos antigos edificios rcligiosos, elevaram este ramo de industria a um grau de prospe- ridade d'antes dcsconliecido. Muitos dos campanarios de construccao mo- derna tem todavia um defeito, e nao pe([ueno, 0 serem de unia construccao tao Jigeira que nao podem supporlar o jogo de um carrilhao completo. Em 1810, o cam|)anario da egreja de S. Nicolau em Liverpool abateu na oc- casiao cm que os licis se reuniram para o servico divino. Esta catastrophe, que causou a morie de i'i pessoas, foi era parte motivada pela vibracao dos sinos. Acabada a fundicao do sino, seguia-se 0 sen liaptisado, em que se observavam as mesmas ceremonias, quo no baiitismo das creancas. Era Icvado a pia baptismal, davam- se-lhe padrinhos e madrinhas, era aspergiilo com a agua bcnta, ungido com os sagrados oleos, e linalmente reveslido com a facha i)ranca, que oscatholicos davam as creancas no lim da ccrcnionia. como symbolo da innocencia. As gallas que 'nestas ceremonias se eniprc- gavam eram sumjituosas. Faziam-se festas magnilicas, e nuii pc([uenas aldeas gasta- vam mais do 100 escudos de ouro, para soleni- nisar o baptismo dos seus sinos. Esta usanoa e ate de uma remota antiguidade: Alcoin ja dizia que nao se deve achar cstranho, que OS sinos sejam bcntos c ungidos e que se Ihe de um nome. Poderiaaios citar aqui numo- rosos exeniplos, mas pouparcmos aos nossos leitores uma enumeracao que nao agradaria provavelmente senao a algum antiquario: so diremos que este costume subsistiu em Ingla- terra ate a reforma. (' Quando se emprega a palavra baptismo, diz Magio, nao se quer dizer quo os sinos sao baptisados com aquelie baptismo que traz comsigo remissao dos peccados; mas simples- raente pretende-se indicar, que na bencao dos sinos sao usadas as mesmas cerimonias que no baptismo das creancas. » Esta obser- vacao, superflua como explicacao, e insuf- liciente como justilicaoao. « Nao se baptisam OS sinos para os remir dos seus peccados, diz Southey, porque o peccado original d'um sino nao pode ser se nao alguma racha, ou defeito de torn, e nao e o jwdre que se encarrega de ihe dar o remedio. « 0 que na verdade sc pode considerar profano c indecoroso 'nesta ce- remonia e ap[)licacao das forraas d'um Sacra- mento a um objecto, era quo se nao podia dar relacao alguma entre o signal externo e visivel e o elVeito interno e invisivel. Os protestantes, quando se suppriraiu esta ceri- monia catholica, comecaram a praticar os excesses contrarios; c uma practica supersti- ciosa foi substituida por indecentes orgias. White, de Selborne, falhndo da festa que teve logar na sua villa, era 173S, por oc- casiao da inauguracao d'ura novo carrilhao, diz que um dos sinos foi virado com a bocca para cima e cheio de punch. NiSo podemos deixar de lamentar esta practica, ainda hoje usada, que associa na mcnte dos parochianos duas ideas tao heterogencas — siuos do servifo divino, e embriaguez. Coiitinuo. I 167 INDICES DE REFRACCAO. Continuado de pag. 75. 37. Seja SjM mil raio luiiiinoso, existeiUe em uni piano perpendicular ao eixo do prisma B^ C, que se refraiige em J\J e AV na enlrada e saliida do niesmo prisma. Chamemos i,x,x',e, OS angulos que as partes d'esle raio refraclo fazem com as normaes M N, M' JS' ; e S o desvio do rair luniinoso, isto e, o angulo L K S que a sua ultima direc^ao J\V O faz eonj a prlmeira S.M. A figura da i=k-MR—x + KM'R — x'=i + c — x — x',x + x'=l80°—R=^a. Teremos pois as seguintes equa5oes (f = i + e — a,x-\- x' = 0, n sen x = sen i, n sen a;' = sen e (1 ) 38. O angulo ?' deve ser conliecido pela posi9ao do prisma ; os angulos fC O S e K SO, de que se compoeni i= K O S-\- fi' SO, podem determinar-se, o primeiro observando-o com o circulo repetidor ou com outro inslrumenlo de medir angulos, e o segundo, que nao sera sensivel quando for So sol ou outro objec'to m'uilo dislante, deduzindo-o das posijoes dadas de S, j\l, O ; e o angulo diodro a, que se cliama refrangente, pode medir-se com um goniomatro. Por conseguinle as eqiiagoes (1), nas quaes ficam sendo incognitas x,x',e,n, podem servir para delerminar os indices de refrac^ao dos solidos, com os quaes se tizerem os prismas, e dos tluidos e gazes contidos em caixas prismaticas, feitas com solidos, cujos indices sfio coiiliecidos, applicando-as na passagem por cada um dos prismas do involucro e da substancia, sujeita a experiencia, que o raio luminoso alravessa. Em quanio porem ans gazes cumpre adverlir que e necessario atlender a sua densidade no tempo da experiencia; e por isso costunia adaptar-se ao tubo um barometro, cujo ramo aberto communica com o interior d'eiie ; e um thermometro, que, para nao occiipar a capacida- de do tubo, se poe em conlacto com as suas paredes. 39. As equagoes (1) dao ji sen x = sen i, n sen [a — a;) = sen (^ + a — i), das quaes se tira sen X ■\- sen {a — x) sen i + sen (J + a — «') sen X — sea (a — x) sent — seii(J'-l- a — ?')' 1 ' 1 , tang -a tang 5(0 + *) lang(a;_-a) tang [i— 5(0 + *)] Teremos pois n pelas equajoes ' sen I 1 tang-alang[; — - (a + *)] tang (x — - a) = , n = (2). tang -(a + J) ' Quando t:=o, as formulas (2) nao sao applicareis j porque enlSo e i = o, e » vem debaixo da (o'rma „• Mas , coma e z = a — x' , serve o systema tang Ung j(a + ,J) 168 Ou tambem, eliminando logo x entre as diias primeiras eqiiagoes (I), iransfor- inando em soninias e dilTeren^as de cosenos d'arcos ou seiiiiarcos as exprcssoos de sen »(^+a — ;■) — cos^( e 2 sen i sen (*+a — i), e decompondo em faclores, resulla immo- diatamente ,j2 _ -^ _ [(cos (I— COS ($ + „)] [(cos a + cm f^ +a — 2 i)] 4 sen - J sen (a + - j.) cos ( - ,f — 2);cos (- ^ + „ _ i) (Vej. Biot Pl)is. Math, lomo 3." ). 40. Pode determinar-se n seiii inedir o angido i , procurando a expressno do niiiiiino valor de S em funcgao de n ; porque, fazcndo volver o prisma etn torno d'uma recta paral- lela ao seu ei.xo, sera facil acliar a posi^ao em que o desvio e ininimo, e observal-o. Oraa ultima expressao differenciada porlogarilhmos dii, em virludeda condicao— :=o, U I tang(i.-,) + .ang(l, + ._0^ ^-" (^ -"^^ + "^ ^„^ cos (^* — »■) cos {-S +a—i) logo * — 2!-f 0 = 0, ou t = £, c ,,» , _[coia — cos(^ + a)](I+rosa) ^_ (1 + cos n) [1 — cos (J + «)] sen - (S + a) q"e da „ — — ::: ^3^_ sen — a a 41. Tambem se pode observar o angulo S correspondenlo a incidcncia, para a qua! d raio luminoso comeja a deixar de tefrangir-se, e se retlecte todo. Entfio e ei=S-{-a—i — 90% e por conseguinte 4 sen^ (- S +o) sen ^ -i "* — 1 = ^ — (4). sen 'a ' 42. Mostra a e.xperiencia, e resulta da tlieoria da refrac^ao, que a expressao it ^ — 1 \ ^a 1 e, paracadacorpo, proporcional asuadensidadej, ou que econstante ^ aexpressfio =;P. , .,, ■■■ ! D'onde resulta que, deterniinado o indice Ji de refracjao d'um corpo elasticu em cerlo grau de densidade j, immediatamente se acliarii o seu indice n', correspondcnle ao grau de densidade c'j pela formula J nl^- 1 + L(„-_|). E portanto, se conseguirmos reduzir um corpo elastico a tal estado de densidade ; que re- fracte tanto como a atmosphera, entao, chamando n o indice actual da almospliera, esta formula dara o indice n' do mesnio corpo, quando a sua densidade fdr {'. n^ 1 * Os FrancCTes chamam fuUunct rtfriogmU a sxprcMSo n*^l, e pmivoir rtfringent a expressSo . Talvez possamos chamar sem improprieilade e primeira fodtr refrangente ; e a segunila tirtude refrangtnte , ou capacidade re/rangtntt. Co'Uiiiiia. 1G9 BIBLIOGRAPHIA. Pro fiiloIiSNinio Rrso, Pofro qiifnlo in l^utiilniiiini Noliiiin ^alnlilio cJiin C('t'L.V fcli- riler evot-lo, el |>i'0 .%iiuii!i>ln ipNiuK Elligie in niaximo C'oniiuItrirenNiM Acaflcniiae Uyinna#>io lum raiiNto ■ naugurala Oi-nlio alt A. t'ardosio Itorses < J. M. DE ABREU. XOTICIAS LITTERARIAS E SCIENTIFICAS. ILJ»iisll«<«. Scgundo o ullimu receusoamonto foilo nos Eslados Liiidus, cxisliam alii mil duzentas c dczesete liiljliulhccas. coiitendo uni milhao quatro- centus c quarcnta e suis mil c quinze \olumes. Este numero, ainda que ja mui avultadu, torn duplicado iluranle o anno decorrido dcpois d'aquel- Ic recenseamento. «;ovBlS3(^» t:i5E»^3: O numero das folhas dos (livcrsos pcriodicos que sao selladas diaria- mcnte para screm distriliuidas aos sous assignan- tcs, e de 89:879. So do Times sao selladas diaria- mente S8:80G folhas; do Morning Ad\ertiser 6:632; os outros jornaes regulam dc 500 ale mil folhas por dia. Nos semanarios ha a mesma dcspropor^ao que nos jcirnaes quotidianos- Da Illustralcd London iYerisao selladas 130:305 folhas de cada numero ; do AVirs of tiie iPorW 110:999; do Lht/ifs Wcckh/ News , 96:826; do Wcckbj Times 76:686; do WceMy Dispatch 40:09}.; do Exnmincr 4:88t; do Economist 4:173; G«orrfi«H 4:000; CrjVic 3. -750; Atlicnacum 3:119; SpcctiUor ■2:93o ; Leader 1:396; Juhn Bull 1:667; Literary Gazette 500. Cunipre observar que muitas d'cstas publica- coes litlerarias e scientificas, eomo o Atlicnueum, u Critic, a Literary Gazette e outros tem grandes edieoes nao selladas. 0 Athenaeum por cxcmplo tira perto dc 15:000 excmplares. CojugeEaTiSo «8o tSjia- Xpsro. Desde o anno de 401 ate hojc esle mar tem gelado 18 vezcs, scndo as duas ultimas em 1823, e 1849. ^'ovo C'oTneln. dc Florcnca a 3, junho ultimo. Foi observado no observatorio e em Bcrlim e Paris a 4 de Estalistira ln. Publi- cpm-se actiialmenle em Cons tan tiriupla os scg;uiiiles jornaes : O Taqvim-i-voqiia'i (Jornal dos Factos) 6 o jioriodico official, em lingua lurca: publica-se extraordinariamenle. O Djf-idfi-i'Iiat'adis (Resumo de J\'oticins) em lin- gua turca ; publica-se duas vezes por semana. Dois jornaes francezes, o Jnurunl de Constanttnnple, e a I*resse d'Orit/it, que sc puhlicam ks scgundas l- 0e\tas foiras. Um Jornal grego, o Telcgraphns tmt Bosphnrou (Te- iegrapho do Jiasphuro); publica-se aos sabljados. O Medjmoua-i-Hacadis (A C^'llecgao de IWtirias)^ jornal turco, impresso em caracteres armenios, publica- se aos sabbados. Urn diario armenio o Macis (Mrinte Ararat)^ que sai is quuittts Teiras. O Anadalu (O On'ente), jornal turco, impresso em ^laracteres jrregos, publica-se aos sabbados. O Akbhar-i-Co/istanti/iiiic (As iVovidftdcs de C'/iis- tantiiiop'la)^ jornal hebdomadario em caraclcresarmenios. O Avtdaper (O Mensageiro)^ jornal armenio, que se .publica de 15 em 15 dias, as quartas feiras. O Asdjid. Arevt'lian (A Peqiiena Estrella do Orien- ie), Revista raensal armenia, litteraria e scientifica. O DJen'da-i-Dtone (Resumo Universal), c uma Re- vista turca moral, religiosa e litteraria, que se publica todas as quinzenas. Ardzui-f'asbmiragan {A Agnin de J'nshoitr, anti^a provincia de Van) ; Revista mensal armenia de moral e litteraltira. Tzarigradski-festnik (O Mensageiro de Consta/iti- nopla^ semanario bulgaro. Esta, annunciada a pnblica(;ao de urn jornal arabe 'Com o titulo de Ddjeridet-iil-hnvadis, que sera uma traducqao do jornal turco o Djeridc-i-havad is . Um semanario hispano-judaico, o Hor-IsraH {A L.uz de Israel), impresso em caracteres hebraicos, publica-se fis sexlas feiras. El Maladero, la Fuente de scieucia, Revista illustra- da hespanhola, que se publica mensalmente. De todos estes jornaes o Taqcim-i-faqual ^ o nnico official. Todos os outros estao sujeitos a censura ])revla, que i por extremo indulgente com a imprensa periodica, e nem o governo inlervem na direc^iio politica ou admi- nistrativa dos diversos jornaes, que gozam de mui aui- pla Itberdade. REUCAO Dos indhiduos vomeados para di/ferenfes logares d'instruCQao publica por despachos do Consclho superior d'inslruc(ao publica desde o dia 1'6 aU ao fim de setembro, e bem assim por decrc- tos e porlarias do Governo, communicados ao mesmo Consclho superior no indicado pcriodo. IiNSTROC{AO PRUUARU. Anlonio Joaquim d'Oliveira, para professor per trez annosda cadeira d'Abbadim, districto de Braga. Jose Francisco Carreira, para a de Maiorga, districto de Leiria. Thomaz Antonio de Sequeira, para a de Sancta Maria dos Anjos, districto de Braja. tI 679 i"^""-: 578 . ilespanha ^gg Sardcnba 3gY i'"^'\ .■.■:.■:.■.:.■: lei i fsyp'" 144 „ auecia jgi America do Sul gg Panama gg Binamarca g^ Portugal .',,' 72 " A''™^ 40 RELACAO Dosmilanduos nomeados para differentes logarc d instrucrao piiblica por dvspachos do Comelhn superior dinstrucfao publica dcsde o dia I ' ale 1o d'outubro. INSTRDCglO PBIMAHIA. Antonio da Cruz Araujo e Moura, para pro- fessor temporario da cadcira de Sobrcposla dislri- oto de Braga. Aiilonio dos Santos Ferreira, para a do Bar- reiro, dislricto do Lisboa. Joiio Gomes Barroquinho, para a de S. Braz da Granja, districto dc Lisboa. Francisco Pereira Soares da Motta. para a de Villa-Boa de Quires, dislricto do Porto. Maria Angelica da Cosla Soulo-Maior, para mcstra temporaria da eschola de meninas de Villa Franca de Xira. irs 1 OBSERVACOES METEOROLOGICAS . FEITAS NO GABIXETE DE I'UVSICA | DA L'MVEKSIDADE DE COIMBUA. Anno tie 1835 = « _ o H 5 S Pressao atmospherica ao ineio dia Kstddu hy^Toiiielricu da alniospliera ho nieio din ■^ 'o z o = c ICslado rio cfn e do tempo 00 meio dia. Mej lie Ahnl Altura bBio> melrica * o" tliciciliceii- ligradt. Tfn.io do «apot nqugio c^dtidouo ar Press5o do ar seccu Gnu J'humi- il . de t do niea \ 13,5 753,008 0,77 s TeinperaUn-a Pressao at inospherifa (iriiu (ritttii ida.-le eh tir ^ oim I'tiilos dominant. s Max. absol. 15", 5 .Max. absu 1. 759,391 Maximo . . . . 0,83 n Min. aLsol. 11" Minima. . . 746,971 .Minimo . . . . 0,63 NO e E. Max. var. 4",5 Max. excur s. 12,420 Maxim.i ta ia;. 0, IH Coitu bra, 1." de Maio de 18 55. Jnio 110 Sanches Goultio, Dir( dor do Oal inele dt Pliysica. DO ACIIUOMATISMO. Cunlinuadu de pag. 16S. 43. Vcjamiis =e e possivel corrijfir a dispersao dos eleiiientos do raio liitninojo, resti- luindo-llies o parallflisriio, por iiieio de doii prisma;. Se considcrariiios ansnios d'incideiicia lao peqiienos, que sen!, sen x, sen (a — a?), sene, scjam seiisivoliiienle pioporcioiiaes aos aicos, as equajoes (1) darao i'=(n — Ija. E se o raio luniMioso, di'pois de saliir do priaieiro prisma, encontrar outro, cujo vertice e^teja col- locadfi iiiversameiile do priiiic-iro, leremos o desvio final D :=(n — l)(i — (n' — I) a' (5). Cliamaiido pnis v„ e n, ni indices de rcl'iac^ao de dois elemeiUos luininosos, por exempio do vjolelc e di> encarnado, para que esles elcmentos se tornem parulleios, deverao ser eguaes OS seus desvios />„ = ;«. — l)a — (7,', — l) a, D.^[n',— l)a~(n',— l)a<; n' V, — V, o que da a n\, — « , O acliromalismo so poderta ser perfeilo, se as subslancias dos dois prismas fos- n no sem taes que a rclagio ^ entre as dispersoes dellas fosse a mesma para todos os elementos do raio luminoso. Nao sendo isso possivel, procura-se ao menos recoiTip6r os ele- menlos exlreinos. 44. Newlon, em resultado das experiencias que fez, suppunha que, se o achromalismo linlia logar, o raio branco emergenle saliia parallelo ao immergente, isto ^, que nao podia liaver achromalismo sein que o desvio fosse nullo. A expcriencia de Newton equival a suppor que, se for Lf^^D,, tambem sera D, = Dt^^o , e por conseguinte ' V, — 1 TJj — 1 Vy — n'„ w„ — 1 n', — 1 ii', — 1 n', — l' J). — n', 71. — 1 n', — 1' No enlretanto este resultado, que Dollond apresentou a Euler ccmo objecgao contra a ulilidade das suas formulas do acliromatismo, foi depois reconliecido como erroneo pelo rnesmo Dnilnnd. [•', consultando uma tal)ella moderna de indices de refracjao dos elementos do raio luminoso para as diversas subslancias, ve-se que ha differentes combinagoes d'ellas propria? para dar o achromalismo. As primeiras d'estas subslancias, de que usou Dollond, foram o flint-glass e o crown-glass. 45. Passemos ao achromalismo nas lentes, em virlude do qual os elementos luminosos; se devem reunir no mesmo foco. Em duas lenles de faces convexas para o objecto, supposlo o objecto inljnitamente distante, e chamando x a dislancia focal, teriamos (n.° 19) Por tanlo o achromalisino de dois elementos, por exempio do violele e do encarnado, da J- = J- (r>. -r.) (i - ^) + in'. - .' ) (2. _ 2_) = „, * Corao, na mesiua hypolhese de peqiienos anffiilos d'incidenciaf e chamando r an^ulo de refrac^So, a refrac^ao d'ura raio (piahpter e * — r = (« — 1) r, a codcIusSo de Newlon equival a suppur t — t' r, i' — r'„ r'f i — r/ rl~~ i' — t\ • r7' Por tantu jiiigBoios inexacio suppor, como fazem al^uns auctorea de phjrsica, que o resultado da ejperieticia de Newton equi\ul a I — ry I — 1' V r V — ■ rv « — ?> 1 =^ —, r , ou a — = « — r, 1— r' ' r-— r, t — r. (la qiial se lira II = ISO liic ^/.; — /,',!- li" ^R — h' J ^>., -«/./ Se as duas lenles t'oniiaiciii uma de ijii.itio \iJros, dos (jiiues o [iriiru'lro >fja convexo , e OS oiitroi ^ejam concavos; teiido os dois do iikIo raids e;,'iiai-s para sl- iijii^lari'in : a formula precedenle sera — ( li -'r k' I (,'■. — I'ti -.- li I' 46. Ve-se pois, que o problema do acliromalismo e indeterminado ; mas, como nas cqua^oes dos feces se suppoz oconciirsodos raios no mestno ponto doeixi, isiiip, se siippozerain as superficies das lenles infiiiilesiinas a respeito das espheras respeclivas, resulla da iiiexaclidao d'esta hypotliese umadupla intluencia d'eila no resullado final: poripie o n.'io ser iurtnilesitna a superficio d'uma lente produz urn erro no calculo dos focos por formulas que a suppoe tal; eo erro dofoco d'uma leiile intlue^no da seguinle. Doiide resulla que,'para desUuir ou atenuara aberracaod'espbericidade, seria necessario substiluir succossivamenleasexpressoes de 7- e r;-^ liradas da equa^ao (1) do n.° 11, e egualar a zero, ou ao menos fazer minima, a variagiio final que d'essaa Variagoes parliculares resullaria para o foco. Alem d'isso, quaiido as lenles se applicam aos oculos, ba limites, eiitre os quaes conrem que se escolba a grandeza focal x; e, escolbida ella, aexpressao de ar e mais uma condigao, a que os raios devem salisfazer. Assira, querendo que os raios dos trez priineiros vidros da lenle sejarii eguaes, e que a distancia focal lenba uma grandeza a, as formulas „ -, {n\~7,'.\ R 1 _ %i, — r><,— \ v',— \ ~ /-. — »'. -2 (>», — ,/./ u~ It '*' R'" deterrainarao i?'" e R. Por exempio, em uma lenle decrown n.° 9 e tliiit n.° 13, se quizermos que a distancia focal soja 2™, 22, teremos, comparando os elementos primeiro e septimn, n, = 1,646660 n'. = 1,671062 n, = 1,535332 «', = 1,627749, 47. Cumpre nolar que as suppostas equa(;oes I v' — 1 . - I n,— i = .1 do 11.° 44 dariam (u.° 45) 1 f 1 I /I \ \} _ = l„.- 1). |- _ - + ./ (^^ _ —y. : exptessoes que so poderiam ser eguaes quando o (ossem v, en,, o que nfio pode ser; ou quando fossem nuUos — e — , islo e, quando a direegao final de cada uni dos elementos fosse parallela a primitiva. 'Nesla bypolhese serla pois o acbromatismo incompativcl com o desvio dos raios; o que concorda com oque se disse no n.° 44. E assim devia acconlecer, porque as leutes podeiii considerar-se como prismas de faces infinilamenle pcquenas. R. B. DE SOlZi PINTO. ® Jn0tituta, .lORlNAL SCIENTIFICO E TJTTERAIIIO. EXPEDIENTE. A.ssigna-se cstc Jornal em Coimbia no Ga- Ijinetc do fnslilulo; em Lishoa na livraria Jo sr. Cobellos, rua Augusta n." 2 ; no Porto na do sr. Jacintho A.. Pinlo da Silva, rua das Hortas n." 14i; em Evora na do sr. V. J. da Gama, collegio de S. Paulo; no Pezo da Re- gua na do sr. M. Mendcs Osorio. Toda a corrcspondencia franca de porte sera dirigida — A' liedamio do tnsliiiiio. Coimbra. Prcco, adiantado, por anno, ou 24 nuraoros, francos de porte 1^440 Por semestre, ou 12 numeros, dictos 800 Avulso 100 Para os srs. Assignantes os numeros, que Ihes faltarera d'este 4.° volume se- rao pcio mcsmo prcco d'assignalura an- nual, ou cada um CO Os exemplares que restara dos volu- mes I, II elll d'este Jornal vendem-se, cada um, por 1$200 tmim SUPERIOR DE ICTRUCCAO PljBLlCA. CONFERENCIA ORDINARIA DO CONSELHO GERAL EM 30 DE OUTUBRO DE 1865. Relalorio ila 1.* scceuo. Senhores: Para encher a obrigacao que Ihe irapoe a lei, vem a primeira seccao do conselho superior de instrucrao piiblica dar conta do estado da nossa instrucfao primaria no anno escholar findo. Sem descermos, po- rem, a particularidadcs alheas da occasiao; e sem nos deterraos no desenho d'um quadro, ja de ha muito, aos olhos de todos hem pa- tente; sera este relalorio quasi somenic cir- cumscriplo na substancia do movimento da nossa administrarao litteraria, desde a ultima conferencia geral ate hoje. Assim pelo pro- prio conhecimento de toda a gente, como pelas miudas eontas, que haveraos dado or- dinariamente, duas vezes por anno, ningucm pode ignorar ja as phases, que esta parte Vol. IV. NovEMBBO 18- da piihlica instruccao tem suciessivamcntc apresentado ; ninguem de boa I'ti nogar o incremento que cm nossos dias ella tem fon- seguido. E, de feito, quer se olhc a multi- plicarao das escholas, quer ao alargamcnlii da esphera do ensino, ([uer a posse de -fon- vcnionics livros elementares, quer ainda a facilidade do methodo — fuudanicntos princi- paes sobre que releva assentar o grande edi- ticio da instrucrao; em tudo isto se vai ma- nifestando um progresso real; scndo cvidentc que, 'nesta parte, o estado da instrucrao d hoje muito maisagradavel, do que outr'ora foi. Mas tambera e certo, que este tao precio- so ramo nao tem ainda 'nesta nossa terra florecido e fructiticado, quanto descjamos, e quanto e mister, para que a civilisaeao por- tugueza se eleve ao devido grau, e para que possa hem emparelhar-se com a das outras nacoes cultas. Se, apostado a aplainar a in- fancia o caminho para a sua cultura intelle- ctual e moral, tem este conselho para isso empregado todos os raeios, todos os esforcos, todas as providencias, que em si cabem; se se nao ba poupado, nolle e dia, a pcsadas fadigas, que umas as outras se akancam sem- pre: innegavel e, todavia, que nniitas e gra- ves difficuldades embargam ainda o passo ao melhoramento desejado; nem elle, todos o sa- hem, podera jamais conseguir-se, sem o con- curso harraonico de varias eircumstancias, sobremodo difliceis de reunir. Tendo percorrido mui rapidanicnte, no curto espaco de tempo que nos fora dado, os relalorios parciaes, que alguns commissarios dos esludos ate hoje enviaram a sccretaria, achamos que, no anno findo, o estado geral da instruccao primaria, com quanlo nao fos- se menos hem assomhrado, ([ue nos annos anlcriores, sentiu ainda muitas d'aqucllas ne- cessidades, que nos relalorios anlccedenlcs bavcmos indicado ; e cujos remcdios nao po- deram produzir, ainda, um I'ructo plenamente salutar. Senle-se, e por muito tempo se sen- tira, apcsar de cada dia se irem creando no- vas cadeiras, a necessidade, sem diivida a maior de todas, de diffundir mais a instruc- cao, pelo menos em alguns districtos, onde muitas freguezias acham fechada ainda esta primeira porta para a civilisaeao dos povos. (Onde por ventura a falta d'escbolas e maij 1855. Nua. 10. 182 scnsivel, como rcpresenta o commissario, e no I populoso districto do Funchal, que so possue 14 escholas priniarias; quando elle pierisa, ao menos, de 37). Para aiiulir a csta pri- nioira necessidade, que mcios o conscllio tp- iilia eiiiprc'gado e proposto ao Uovprno dc S. M. em lodos os relatorios o inniimcravcis consullas, superfluo li ropelil-o agora, depnis dc lantas vezes o liavernios aqui relaUulo. \ssim deixaremos agora eiu sileiieio o ciiiila- ddso em])eiilio, com que o eonsellio lia couvi- dado OS municipios, c as parocliias e as con- I'rarias, a contriliuireni com o que possain para ajudar o tliesouro na susteiilaeao dos professores. Nao diremos 'neste rclalorio os esforcos, que elle tern t'eito para promover associacoes de beneficencia, que prestom soc- corro as criancas, que por sua pobreza nao podem cursar as escliolas piiblicas. E, se d'este segundo nieio se ha colbido muilo cscas- so I'ructo, pelo primeiro varias freguezias lo- gram ja o benelicio da inslruccao. lias, para que 0 resultado podesse responder conipleia- mente aos nossos descjos e cuidados, fora necessario que alguns d'aquelles corpos ti- vessem maiorcs posses, e que outros fossem animados de maior zcio e palriotismo. A par d'esla primeira necessidade, lamen- ta-se a falta de professores idoneos; 'numa grande parte dos exislentes se conhece a in- tapacidade, 'noutra a negligencia — dois gra- ves estorvos, que encontra o desinvolvinieiito da instruccao primaria. Poderia romover-se 0 primeiro obstacuio com o estabeiecimento das escholas normaes, que ainda nao pdde levar-se a cabo; e dando-se aos professores ordenados mais avultados, o que tambom e de manifcsta difliculdade. Pode, como tcmos varias vezes dido, diminuir-se aqueile segun- do mal por meio d'unia inspeccao regular, continuada e vigilante, a qua! nao podem bem desempenhar os commissarios. Fora tam- bem de summa conveniencia, (como lembra 0 sobrediclo commissario do Funchal) que a lei distinguisse trcz classes d'cscholas — de (•idade, de concelho, e ruraes; — variando a habilitacao, o trabalho, e, por conseguinte, o ordenado dos professores; havendo porem uni- forniidade d'cnsino em cada classe. Outra necessidade, que nao pode remediar- se ainda, c a de cdilicios jmblicos para as escholas, cujo exercicio se faz, pela maior parte, nas proprias casas dos professores: fal- ta esta, que as camaras municipaes nao tern querido desviar; havendo muitas, que uem sequer fornecem aos professores os moveis e utensilios indispensaveis. Notam mais alguns relatorios a falta de frequencia, ainda em escholas regidas por bons professores; e nasce ella ja do desleixamento, ja da repugnancia dos paes ou chefes de familia, maiormente dos que nao querem arredar os filhos dos traba- Ihos campestres e d'outros servicos raechani- cos. — Nao lendo ousado ainda lanjar mao dos mcios compulsorios prescriptos na lei, tem 0 couselho reconinicndado aos parochos OS meios suasorios, e por outra jiarle aucto- risado os commissarios a variar as boras dos exercicios cscholares, sogundo as necessida- des e conveniencias locaes. Sendo mui copiosa a colleccao de livros elementares, approvados por este tribunal, e cuja lisla vni crescendo cada anno, escaceam aos meninos pobres os meios de haver esses livros; d'ondc resulta o aicazamenlo do ensino, ate mesmo por(|ue a falla de unidade nos compendios cmpcce a simullaneidade do ensino. Tainbem esta ne- cessidade deveria achar remcdio nos munici- pios, nas parochias, e na caridade piiblica. Finalmente acha-.se ainda a falta d'um syslema d'cnsino mais perfeito, mais regular e uniforme; porque, se qualqucr dos melho- dos ate hoje seguidos — o simullaneo, o rau- tuo, e 0 mixto, — leva muita vantagem aos d'oulras eras; nao ha duvida que muito se pude melborar e aperfeicoar o systema. E c isto 0 em que tambem os cuidados do conselho tem posto a mira. E porque digamos ludo em resumo, quatro sao as necessidades urgentes, a que de prompto convem acudir — crear escho- las normaes para formar mestres; melborar OS vencimentos dos professores; organisar um systema de inspeccao regular; uniformar nas classes OS livros d'estudo. Feita esta conquista, e collocada uma eschola juncto ao campana- rio de cada parocbia, maior desinvolvimento se podera dar a este ramo de instruccao, in- troduzindo-lhe o ensino practice elementar em sciencias industriaes, niormente da agri- cultura, a exempio dos povos mais illustrados da Europa. Do methodo repentino, dicfo portuguez, nao pode o conselho ainda formar juizo cabal e seguro. Com (|uanto a maioria dos factos o condemne, e os cnsaios feitos era trcz escho- las do concelho de Coimbra Ihe sejam desfa- voraveis todos; quer o conselho ainda conce- der ao tempo o que razoavelmente Ihe nao pude negar; tendo em attencao o imperio do liabito dos metliodos antigos, a reluctancia do povo contra tudo o que e innovacao; e, mais que tudo, a animadversao que stiscitaria a indiscricao dc quercr fundar a fortuna do novo methodo sobrc a ruina total dos outros. 0 resumo historico dos factos e resultado d'ensaios por dilTerentes pontes do paiz, ele- vado ullimamente ao soberano conhccimen- to de S. M., por si falla; e mais alto, do que 0 podera I'azer este relalorio. Apparece agora oulro methodo novo de cnsinar a ler e escrever, proposto pelo ja mencionado commissario dos estudos do Funchal; que parecc muito ingcnhoso, filbo de muito estu- do e seria observacao, assim da marcha no desinvolvimento do espirito humano, como dos methodos de ensino ate agora seguidos. 183 0 conselho aguarda as tabellas practicas d'este methodo, para o fazcr cnsaiar convcnienlc- nienle, e apreciar sens resultados. Daremos agora o resumo dos trabalhos da sccfao 'neste anno. Di'[iois da rclarao dos livros elementares, publkada em outuhro de 1864, e estanipada no Diario do Governo de 4 de Janeiro do correiite anno, loram por csle tribunal approvados os seguinles: — Florilei/io Ctassico, por Pedro Diniz; — 0 Amiga dos Meninos (parte 2.°), por Adriao Forjaz; — Calhecismo da Diocese de Coimbra, pelo mesmo auctor; — Selectazinlia Classica, pelo GOffiiiiiiJ-' sario d'Angra; — Resumn da Doutrina Chrislu, pelo professor de instruccao primaria, Joaquim Rodrigues Loureiro. Foram creadas, 'neste anno, niais 67 escho- las, sendo para o sexo masculino 89, para o feminino 8. Por onde o numero das cadeiras piiblicas no contincnte e ilhas e hoje de — 1:266; das quaes, segundo os niappas re- cebidos, foram 1:029 frequentadas por 30:501 aluninos ; sendo do sexo masculino, pelo ensino simultaneo 46: 2 IS, e [lelo mutuo 1:660; do feminino 2:626. Faltando-nos porem ainda rauitos mappas estatistieos ; e, tendo recebido sbmentelOrclatorios, d'entreos21, quedCTOnv entrar na sccretaria, nao e possivel apresentar exactamente o numero dos alumnos. Ja se ve comtudo que excede muito a 60:000, e que e superior ao do anno antecedente. Dasescbolas particulares, denominadas — de academias, asijlos, collegios, instilutos, lyceus, mmiicipios, de juncta de parochias, de confrarias, de le- gados, aiem das pagas pelos chefes de fami- lias, foram no anno passado, segundo os map- pas cnlao recebidos, frequentadas 737 por 19:989 alumnos; pertenoendo ao sexo feminino 7:797 : pelos mappas rccolhidos no eorrente anno, teraos ainda so 430 escholas, frequen- tadas por 16:879 alumnos, sendo do sexo feminino 3.448. Expediram-se pela secretaria, sobre varios objectos, como — crearao e transfereneia de cadeiras; transferencias, jubilacoes, aposenta- coes, continuacoes com o terco raais do ordena- do, reintegracoes, exonerac oes e demissSes de professores ; sobre methodo d'ensino ; sobre edi- (icios piiblicos para as escholas, e outros raais objectos, 119 consultas. Despachos para pro- vimentos temporarios e para titulos de capa- cidade 203 ; ordens cm portarias, officios c editaes 2:143 ; em cujo numero entram duas portarias circulares, uma aos governadores civis, para intimar todos os professores publicos e particulares, para enviarem os mappas da frequencia dos alumnos, sob pena de suspcnsao de vencimentos : outra aos commissarios dos estudos, sobre a formacao do jury nos exames de instruccao primaria, como preparatorio para a secundaria, feitos perante os mesmos commissarios , segundo o art." IS, §. unico, do decreto de 20 de dezembro de 18S0. E, por csta substancia do pxpcdientc se podera i'ormar alguma idi^a das ladigas do conselho, que continiia a desvelar-sc no mclhoramento da instruccao piiblica, sob a protcccao do il- lustrado govcrno de S. M. UeDatorio e ad doinura episcopi, si se movent falco capiet earn — (Jur. o Chantre de Coimbra ibid). •■ Sr. A. Herculano. Hist.|de Port, na vida de D. Affonso. que acharem-se eslas cathedraes providas dc pastor, como ja advertiu Joao Pedro Ribciro, sabemos, que Eslevao Soares se achava 'neste tempo ausenle, e em grande opposicao com o inonarcha, apparecendo nao obstante, seu nomc entre os conlirnianles, signal cvidcnte dc (|ue 'nesle documento se nao podc offerecer a as- signatura de U. Pedro Soeiro como prova da sua CNistencia 'neste reino. Accresce ainda a cste argumenlo outro de nao menor iinpor- lancia; por(|ue sendo aquclla carta patenle pas- sada cm Santarcni em se\ta fcira da paixao do a-nno-ja referido, e lendo-se 'nella o signal de todos OS bispos do reino, conlirniando a mesma doacao, nao e possivel imaginar que todos se achassem 'naquella cdrte em um lal dia, aiiandonando suas cgrejas, e as ohrigacoes da celehracao dos oflicios divinos na semana sancta, jiara fazerem eorte ao rei, com quem muitos se acliavam divorciados, sendo um d'cstes 0 bispo de Coimbra! Em 121ft ua carta de confirmacao do coilo de Gondomar ao hispo do Porto, D. Martinho, nao appareee a assignatura de D. Pedro, no documenlo que offerece Cunha na sua histo- ria ' , 0, que me conlirma a ausenci;' delle ; e nos differenles instrumentos existentes no cartorio da mesma cathedral nao se encontra algum em que elle (igura como hispo e pre- lado d'esta cgreja senao depois do fallecimcnto do rei, d'ondc parece poder concluir-se, quesd depois d'esta cpocha clle se lecolhera ao reino, achando-se ja 'nolle serenada a tempestade com as pazes e concordia feita por esta oc- casiao com OS prelados do reino; depois de cujo tempo elle do novo comeca a enlrar em scena, e de adversario pertinaz, que ate alii fora ao rei e seus ministros, passara a cntrar na pri- vanca do novo inonarcha, e a tomar quinhao em suas leviandades, que Ihe grangearam serios desgostos, que tiveram lim com a re- nuncia da luitra, e pouco depois com a morte ~. Ratificaremos ainda um facto, que escapou a analyse critica do Sr. Herculano na citada hisloria. "Diz este A. que fora provavelmente « Joao de Abbeville (cardeal bispo, Sabinense) « quem jiersuadiu o relho hispo de Coimbra 0 1). Pedro, que irocara o espirito de revolta II contra o podcr civil 'numa subscrviencia « cega a vonlade de Afl'onso II, a ir depor o (I baculo pastoral aos pes de Gregorio IX, of- I. ferecendo-se assim ao castigo por haver « trahido a causa da cgreja deixando (I a curia Roniana o prazer de levar mais ' Cunha — Calalogo dos bispos do Porto, p. 8. cap. 8, pag. 52. . ^ Illudido. talvez, com esta mudan;a, e submissHo ao novo rei, entendera o sr. Herculano, esta subserviencia do bispo nao a Sancho 11, mas ao pai. V. o cil. A. no logar abaixo mencionadu. ^87 n longe sua tardia vinganca, porque depois de « 1229, nao encontrara (o A..) diploma algum, " em que D. Pedro figure. ' » Esta critica, um pouco severa para aquoilcs, contra quem e dirigida, se por um lado indica maiquerenra aos censurados, patenlea-nos por oulro o enganoque 'ncsta historia tivera o A., engano, porcm, atlenuado pcia falta de documentos que eile coiilessa nao enconlrara, c dos quaes nao era possivci ler nolicia antes da sua visita aos cartorios do reino. Nao I'oi pois a Irairao a cgroja, que fez renunciar o episcopado oo ve!lio"T)l\j)o dc Coimbva, como aflirma graeiosainenle a(nieile A. ; ao contrario D. Pedro, senipre adversa- rio d'AITonso II, nao sc ligou nunca a sua politica, e por esta causa se saiiiu do reino, receando as cousequencias da sua pouca con- descendencia com a vontade do rei. " Nao I'oi 0 bispo Sahincnse quem o aconselliou a ir ilepdr iias maos de Gregorio IX o annci pastoral; porque, tendo este bispo lerniinado a sua Icgacao em Portugal o ma is tarde em 1230, e tendo logo saliido do reino, nao podia dar-lhe tal alvitre em 1233 para 'ncste anno renunciar, acliando-se o cardeal Joao d'Ablio- ville ja fora d'elle trez annos antes • : nem I'oi lao pouco 0 prazer dc levar a curia Romana mats longe sua tardia vinganca, quem fez com que 0 pontilice corrigisse, como devia, os ex- cesses d'este prelado. D. Pedro mereccu o castigo, que recebeu, pelos desatinos com que perseguiu todo o sen clero, e attentou contra a jurisdicfao do papa; obrigando por todos os modos e nieios a sua disposicao, e ate mesmo recomendando a seus apaniguados nao fazerem cabedal da seatenfa de interdicto, em que o reino se achava poslo pelos juizes delcgndos, que entao conheciani da questao, que corria entre o rci c o bispo de Lisboa ; cbogando ao excesso de ameafaruns, e privar oulros de seus beneficios; mandando sequestrar seus bens, e fazendo-os andar por esta causa amurados, e ausentes de suas casas. Assira sc le com elTeito na carta de Gregorio IX, dirigida ao arcebispo de Braga, de que se fez um capitulo nas decrctaes do mesmo papa, cujas cuipas lodas o proprio bispo con- fessara na presenca de Gregorio IX'. Estas pois foram as causus pelas quaes o bispo, sendo cliamado a Roma, para d'ellas dar coma ao ponlilice, se vio obrigado a re- nunciar logo a milra, victima dos e\cessos.a_ ' Sr. A. Ilerculalio. Hist. cit. pag. 296 e not. IV. ^ Propter titnorem regis. — Dizem as testemuubas da ia(luirirno cit. ibid. " O cit. A. torn. 2. not. XX. sobre a lega^ao do bispo Sabinense. * « . . inducere monitis et flectere minis ac terroribus ad violandam interdicti sententiam niiUa potuit ralione, jiost atroces injurias aniissionem bunoruin, spoliationem paren- tiim . . . coejrit miserabililer exulare .... quoe omnia idem Episcopus in nostra et tratrum nostrorum presentia publico cognovit. " — Cap. Tanta fin '1^ de excessib. praelator. que 0 inicitara a privanfa com Sancho II, dc quem aquelle prelado se tornara valido, para com sua ajuda practicar todos esses desaguisa- dos, que Ihe grangearani tantos desgoslos, e pouco tempo depois a morte (meio anno, com pouca diflerenca). Nao andou tambem melhor informado o citado A., suppondo auscnle de Coimbia o bispo desde 12211, pois que em 1231 e nos dois scguintes annos ainda clle permanecia 'nesla cidade ', cpocba cm que os desvios das regras canonicas o lizeram caliir no desagrado da Curia, levando-oii correccao devida. Isto pois previamente nolado, conti- nuaremos o nosso trabalbo, e seguircmos a interrompida cadea d'estes successos. VI. 0 premature fallecimento d'AfPonso II ^os 37 annos d'idadc, com a nienoridade dos principes, deixava o reino em uma crise ter- rivel ! As discordias com o estado ccclesiastico ; as desavencas c.u os barOes c ricos-lioniens do reino; as contestacocs por causa dos direi- tos, e prerogalivas d'uns e oulros, que em breve deviam clevar-se a ponto mais alto; com a ausencia c se(|ucstro dos bispos, que na corte de Roma procnravam remedio aos aggravos que o rei Ihcs lizera, e que se tor- navam agora mais publicos com as rcpetidas quoixas em uma cdrtc, que cm tal tempo tinlia na mao o liel da balanea politica, deixa- vam 0 tbrono do grande AlTonso cercado d'espinhos, que so um niui discreto consclho, e precatado governo podia cviiar. Mancebo inexperiente e fcm tocar a idade de revora, tinha o principe de soffrer o governo da re- gencia ate ser dedarado maior ; e como AH'onso II bavia dciiado o governo do reino durante todo este tempo aos ricos homcns e mais magnates, de (|uem se lembrara na sua ultima vontade, a mesma politica I'oi conlinuando o mesmo estado d'agitacao interior em que o reino estava, ate (jue o novo rei tomou sobre si a direccao dos negocios, e o governo do reino '. L'ma no\a ejiocba comecava a marcar o reinado do novo rei ; e a uma cnergica e ' Do primeiro e testeniunho a carta de transac<;iio que emjiillio di' 1S31 eile fiiz com a rainlia D. Thercza c sua irm.'i I). Saiiciia, aliijadet^a ile I^urvao, sobre as ejrrejas de Holao, Serpins e ontras(G. B. R. I. M. 2. n." lu.) Do sesuiido e testemunho a cit. inqiiiri<;iio, que o di'i por presente em H de se|>tembro de 12.'i2, dia em que veiu fazer iiontilicHl a Se, sem embargo do interdicto. U'onde se deixa ciaramente ver, que nao foi a snbserviencia cega k vontade dWHonso 11 quem Ihe |>roduzni tamanliu desgosto, mas sim a viola(;ao do interdicto, e os faclos acima notados. - « Sem ctiefe supremo, que os contivesse, cada um dos Prelados, dos Cortezaos, e dos Baroes das Pru\ incias era levado naturalmente a jiretender para ki a summa pre- ponderancia, e a lan<;ar mao dos variados elementos de desordem .... Suscitaram-se rivalidades entre os mais notaveisricos-homens.ii — Hist. cit. dePort. torn. 2, pag. 272. IS8 scvpra administrai-iio seguira-se outra niais hiaiida e coiiciliadora. As nuvoiis temerosas, (|ue tinham ate alii assumhrado o horizoule, liaviani-se dissipado; c a tempesladc, parocora Micceder a bonanra ' . 0 hispo de Coiml)ra, (lue lia pouco viranios avcxado, c pcrscf^uido coiiio advorsario do AITonso II, c sens ininistros, iro- cando odios antigos polo favor da corto, o adhosao aos sonlinieiitos do roi ; de iiiinilgo qui" lura, liiilia ontiado ua sua |)iivaiii;a o \alimciilo: os oiilros prolados o liaroos, era mais alagadns, esiiuociaiu sous agiislauionlos ; 0 a guorra coiilra os moiros prnscguia dila- tando mais os all'ozes do roino. Esta siluariio oiiti'otanto iiao dcvia infoliznieute olTorooor longa durarao: as nuvons om lirove loldarani 0 liorizanto. a tonipcstado roiii[iini; a anihioao 0 OS capriclios proprios da barlnuidado d'aquol- la era, invidaram o rosto. 0 socego e a [kiz, ipio ])aroc(;ra caractoiisar o principio do roinado de Sancho, loi sul)stituido por uma desciilVoada soltura, e omnimoda licciifa. A guerra civil, OS roubos, c as moites esteiidiam-se por loda a parte; a justica nao se adminisirava! I)c- balde os queixosos representavam ao rei, pcdindo remedio a sous aggravos: em vao se rociainava dos ministros sorcorro coiilra a prepotoncia e soberba dos validos, para ata- Ihar a taiUos males ; lodes vollavam som (lererimcnto, e cada qua! se prooatava oomo podia em meio de tamanba desordem, se linba por ventura de fazer Jornada, ou de alravcssar algumas terras, ou proviiu'ias do rcino'. Foi o que accontoceu a varias pes- soas, cuja posicao os devera affianoar de tao graves accontecimcntos, se o rei ou sous ministros dol'orisscm as queixas, c represon- tacocs que muilos llies faziam scm iiuo, se Ibes desse remedio algum • : c assim foi progrc- dindo cste estado quasi por iii annos. ' Em toda esta noticia seguirenios com confianc^a a Hi>loria do A. cil., se^nros cum os dociinientos em ijue se fliuda, e supposii;oes que faz, nao devendo desprczar .supposii;.Ho de sugeito. em qiicm reconht^cemos saber e Kravidade. -' Assim 0 acliainos consignado na cit. mqniri^ao (G. I'i. R. 2- M. 2. n.° 431 — quod erat lai;s turliatio el giiera iti regno (piod interflcirliantor clerici et laici ahltates et alii religiosi : et [aiici aiit [iiiUi erant aiisi ire tiiliiis per regniira . . . . et midte treuge fracle (sic.') et niiilti spoliati bonis siiis, et scit hoc quia per predictum ten/pus f'liit /irest^iis et absens paiicis vicibus ad civitalem roderici et ad ilnaium infantissarum et ad franciam et quando ledibat ad regnum invrnit in deterius. .=-Jura assim o deao C'iV'lati'nse (Cidade Rodrigo) e com elle sjio miani- mes o resto das testemuidias toilas coevas, e todas teste- iniinUasde \ ista. Outras, cspccificaiido niais estes factos, dizeni (pie entre os rotiltados e presos fiira o dianceller d'AfTon^o II, ftleslre Vicente, depois bis)io da Ciiiarda, o deao do Porto, o chantre de Coimbra, Fernao Gomes, eonego ua mesma Se, Uarcia Fernandes, Templario, e outros que foram captivos, e que dej.ois se reiuJram com dinheiro seu, e outros que foram mortos ; o que diirou ))i)r espaijo de 15 a 20 alinos, ciijos tlictos nao refiro por evitar o latim barbaro, em que se acUa escripto o docu- mento, em que tudo isto se refere. ^ : zinco ou das que as vezcs produz a materia organica dentro do apparelbo, pozemos de lado as suspeitas do cnvenonanicnto pelo ar- scnico, e iraUinios de procurar outros venenns com 0 mesmo resultado. Com estas vistas cni- pregiimos, para odcscohrimenlo dos compostos deantimonio, apotassa, oammoniaco, a agua de cal, 0 chlorureto de platina, o acido sul- pbydrico e 0 sulpbydrato ammoniaco. Para os compostos de chumbo empregamos 190 a polassa, 0 iodurclo dc potassio, o acido sul- |)liydrico c 0 sul|iliydiato ammoniaco. Para lis compostos dc cobrc eiiiprcganios o arseiiico, a potassa, o acido siilplijdrico, o siilpliydrato aniiiioiiiaco, o cyaiiurelo amarello dc polassa c I'ei'i'O, e 0 arseniato dc potassa, uma lamina dc lerro, e uina agullia siispeiisa num cahcio, segiindo a lecomiiicndacao dc Boiitigny. Para os composlos dc nicrcurio emprcgamos a potassa, o iodurclo dc potassio, cyamireto amarello dc polassa c dc fcrro (I'crro cjaiiurelo potassico), carboiiato potassico, carbonato am- uioiiiaro, ammoniaco, acido sulpliydrico, sul- |iliydrato ammoniaco e azotato de prata. Em- prcgamos as laminas de cobrc e de zinco, e lizemos acinar sobrc o liquido uma pilha de Smilluon, composla de euro e cobrc segiindo a rccommcndacao dc Briand, e outra composla dc ouro c ziuco, aconselhada pcio sr. Candido Albino. Tivemos niais uma prova de que nao existia na materia suspeita nenhum dos vencnos mcia- licDs; rccordando-nos deque 0 li(|nidof, qnan- do sujeilo a accao da pillui de Daniel com as vistas no descobrinicnlo do arscnico, nao tinlia mostrado ncnbnm dos metacs rcduzidos na supcrlicie da platina; c aleni d'isso, sujcilando 0 nicsmo liquido a uma correnlc dc acido sulpliydrico, como se linlia feito ao liquido d. tamlicm nao appareceu nenlium metal no estado dc sulpliurclo, como leria accontccido se bouvosse na materia suspeita algum vcneno mctalico. 'Di' lodos estes |)rocessos concluimos, (pie no estomago e intestinos analysados, n;io bavia arscnico, nein algum outro vcneno da classe dos vencnos mctalicos. Por esta conclusao julgiimos desnecessaria a analyse do alcool cmpregado ua conserva- ciio d'aquellas visceras. Colmbra, 4 d'abril de 1855. Continua. UNIVERSIDADE DE COIMBRA. EslatliNlica dos eKtndaniCN niatririaladoV nat* cineo Faruldadcs, e no cui-NO artmiiiiNli-ativo iniv<'i'N>lario |>ai'a a luatricula ■laM Facultlndes acaflciuit-aN. Disciplinas. Apprt Nem. disc. vados [ Simpliciter. j Totaes. Latinidadc drego 60 7 5 72 3 44 50 36 31 6 17 1 » H 23 G 11 34 2 CO )) IJ 38 14 3 7 23 » 137 7 6 110 5 81 39 54 88 8 llebraico Franccz ln""lez Pbilosophia racional e moral, etc Oratoria poetica e litteralura Hisloria, chronologia e geographia Airilbmetica, gcomctria, etc Inlroduccao a hisloria natural Totaes 316 94 143 553 191 NOTICIAS LITTERURIftS E SCIENTIFICAS. Imprenwa pei'iorc o fului-o do s;lobo. M Jobard, csludando a causa d'cste phcnomeno e a sua inDucncia sobre o futuro do globo, apresen- la as scguiutcs consideraroes: « Laneando area ou oulro corpo solido 'num vaso cheio d'agua, o liquido cleva-se ate trans- bordar. E todavia — cousa singular — o mar, para onde lantos rios accarrclam conlinuamente muitos milhues de metros cubicos dc areas, calhaos, e terras, nao transborda nunca do scu leito. Uiz-se, e verdade, que as aguas a superficie dos mares se estao continuamcntetrausformando em vapores, OS quaes condensando-se vem a cair sobre os con- tineutcs em chuvas ou lorrcutes, que cngrossando OS rios voltam ao reservatorio commum d'onde sahiram; mas e sem duvida ncccssario, para que as aguas do mar nao transbordem, que se perca uma porr,"io cgualaoesparooccupado pelas materias solidas, que as arterias lluviacs arrojam ao mar, dcsdc que existcm essas corrcntes, alias o nivcl dos mares sc clevaria constantemente c acabaria por submcrgir os continentes. Aquella hypothese, portanlo, de que o mar perde por um ladu, oquc pcio outro ganha, c tao insuniciente para explicar 0 phenomeno da permancucia do nivcl dos mares, que ate se tem prelcndido, que as madrepuras e divcrsas conchas concorriam para a climinarao da agua diis mares, como sea parte liquida, quecllas podiam alojar no scu organismo, nao oceupasse quasi tauto logar d'uma. como d'outra forma. « 0 continuo augmento dos gclos polares parcce antes ser a vcrdadeira causa da Iciita desnivela- cao dos marcs; porque uma parte dos vapores, que se levantam da terra, e transportada pelos ventos para as regioes frias, ondc se dcpositam em gclos elernos, que so nas epocas diluvianas entram em circulacao, destruindo entao a hydro- graphia do globo, e submcrgindo os scus habi- tantes. « Os calores do estio podem dcrretcr os frocos dos clevados crucheus dos gclos polares, mas csta acciio e lao poucu jiodcrosa, que esses mesmos gclos vao sempre ganliando lerreno, como observou Dumont d'Urvillc, que du\ida\a que os primciros navcgantcs tivessem podido aproximar-sc tanto dos pidos, como indica o scu itincrario, pois que OS in(]ntes de gelo tem avancado hoje para o cquador mais de duzcntas leguas. " A incessante accumulacao das neves nas re- gioes polares vira a prceneher iis achatamcntos do globo, rcstiluindo-lhc a sua forma geomelrica, v muilando as rclaeoes de gravidadc, c por conse- qiicncia o scu piano dc rotacao. Nao e por tanto I'ura dc proposito ]irever, que o cquador Icnla ou subitamentc tomar.i o logar dc mcridiano ; e que o sol derrelcra os gclos eternos dos polos, tornando cultivavcis aquellcs vastos tractos de terra. Este futuro calaclysmo nao seria de cerlo o primeiro, pois que o Iransportc das rochas cr- raticas, as frequentes mudaneas nos Icitos dos mares, e a ausencia dc fosseis humanos nas nos- sas latitudes, sao notaveis indicios da existencia de taes phenomenos em epocas anteriores.u PUBLICAQOES LITTERARIAS. ILLUSTRAgAo Luso-Braxileira. Jornal universal, collaborado por muitos littera- tos distinctos, e publicado pelo editor do Pano- rama, A. J. F. Lopes. O piano da Illustraciio Luso-Brazileira e egual ao das publicacoes similhantcs, que actualmente saem na Europa, guardadas as dcvidas proporcoes. A lllustraQUO Luso-Urazilcira sahira todos os sabl^ados. Cada numero contera 8 pagiuas ou 24 columnas cm formato egual ao das outras similhan- tcs Illustracoes, c sera ornado dc grandc numcro de gravuras exccutadas sob a direccao do nosso exccllente gravador o sr. Jose Maria Baplista Coelho. Tomam-seassignaturas por trimestrcs, scmcstres c annos : Precos cm Lisboa . ( Anno 3^600 , ■' Scmestre. . 1^920 (_Trimcstrc . 1^000 IVas Provincias (Recebcudo os n.°* em casa f Anno .... 3|^800 dos srs. corrcspondentes) (_Semestre. . 2^^000 (Recebcudo /'raHfo pelo cor- | Anno .... 4|,00() rcUTj IScmestre. . 2^100 Todas as assignaturas sao pagas adiantadas. Todas as pcssoas das provincias, que desejarcm subscrcver paracstc semanario, podcrao dirigir-sc aos corrcspondentes do Panorama, ou ao editor cm Lisboa, remettcndo pelo seguro do corrcio uma ordcm da importancia da assignalura. Em consequencia dos prcparativos a que tcmos de procedcr para assegurar a rcgularidadc d'uma publicacao tao imporlantc, o primeiro numcro sahira no primeiro sabbado do mcz dc Janeiro I proximo. 192 OBSERVACOES XIIiTEOllOI.OGICAS, FEU AS NO GABI.NETE DE PllVSICA DA UMVEKSIDADE VE COIMBUA. Anno lie 18S5 .M^» lie On, 3 4 5 S 7 8 9 10 11 13 13 14 15 IG 17 18 19 20 21 1. ■— l-.'llliU' 1j 1.1 14 U l:i 13 13 14 14 15 15,5 15 5 15 15,5 15,5 14,5 14 15 Pfe:>»ilu ntmo.iiilierica ao iiifiu dia Altutn baio* raetiica a o' .14 cicala cca- tigrada. U,°78 7<8,744 741,144 738,3^3 739,135 747, 7iU 75li,.'>9l 759,886 759,003 759,509 757, aCB 757,551 755,778 757,613! 756,944 754,765 755,141 756,9(6 755,534 753,lili 7.i!i,544 75i,U39 753,304 75i,3i4 750.2o3 745,85'i 7 49,3«i 750,141 745,1174 744,94+ 741,3'Jj 749,504 Millimeli Pressrio tlu ar atjcco Esldtlii hy^riiiiM-lrii-i. (Im aln)u>[>lii-rH iiu mt-iuilia 751,603° Tfmjieratura M;i\. altsul. . 16" Mill. iiLsul. . 13" Mux. var. . . 3° 9,'2;0 9,778 9,407 9,!:88 8,371 7,9i5 8,595 8,li93 8,455 8,762 9,178 9,441 9,397 9,834 9,834 8,731 8,693 9,905 9,524 9,397 9,143 9,010 9,016 9,524 9,524 10,2i;7 10,423 10 558 9,778 8,381 8,127 739,474 731,366 729,576. 729 847 739,349 7+8,666 751,291 750,310 751,054 749.104 748,373 746,337 748,215 747,110 744,931 746,410 748, iU3 745,629 744,288 743,117 742.896 744,21)8 743,528 740,739 73(i,332 739,095 739,718 734,516 735,106 733,014 741,317 Grau d'bumi- iladt do .,r, rc)imenlandQ por 1 ,1 eJla- do de satura- fjii, Pressuo aimospherira mm •Max. ahsol. 759,88'; Minima absol. 738,983 Max. excurs. 20,903 0,73 0,77 0,79 0,78 0.7,j 0,71 0,77 0,73 0,71 0 69 0^70 0,72 0,74 0,75 0,75 0,71 0,73 0,78 0,75 0,74 0,72 0,71 0,71 0,75 0,75 0,76 0,77 0.711 0,77 0 66 0,64 QuanliJ. de *apor coiilido cm um mclru iiibicu d'ar 0,73 9, .•'34 9,845 9,305 9,384 8,487 8,035 8.714 8.783 8.513 8,822 9,226 9,490 9,462 9,885 9,885 8,1107 8,783 9,973 9.590 9,-162 9,206 9,078 9 078 9 590 9 590 10,32'S 10,458 10,594 9,845 8,439 8,183 (iraii d'humiiiade do or Maximo .... 0,79 .Miniiuo .... 0,64 ftlaxima variai;. 0,15 N. O. s. N. NO N. .SO. N. N. N. N. N. N. N. N. N. N. O. N. N. N. N. N. S. s. *:_ S. o. so N. N. i'Hiado do ri^u r ilo U'liijio no meio din. Kncnkiertu. B. teni|io. Nulilado. Bum leni|)u. Knriilierto. T. clitivost, Niilitailii. B'l.n lempu. b^nculiiTi. Bum lempo. Claruelimjio B. U-mfi. Nnlij.ulj, Bum t^mpo. Lini|i. Cl.ir. e limp. B. Irmp. O mesmo. O mpsnio. Encnbert. Bum temp. Nilbl.idu. Buralempii. O niesmn. O mesmo. Encnbert. Bora tempo. O mesmu. O me.»aiicUo II. i>ai-a a ilar ao roncle dc Bolontaa, ttca Iriuiio. Contmuado de pag;. 188. VII. Nao era so nos prelados c no clero, que tamanhas malfeitorias secommettiara. Os ricos homens, governadores de districtos, templa- rios, eordenspoderosasarmavam-se unscontra OS outros: as classes todas do reino mais ou 199 menos solTriara os inconvenientes, e males de tao lastimoso eslado. Os passageiros, se nao se precatavam contra sirailhantes excesses, erara sem piedade mortos ou desvalijados, como ac- conteceu ao mestre Yicenle, bispo da Guarda, ao chantre de Braga, que dcpois foi arcebispo da mesma cidadc, c oiitros, como ja vimos; 0 horizoute politico mostrava-se tao temeroso e carregado, que am('a(;ava temporal dcsfeito, tudo quereiulo destruir: a desordcm, ea coii- fusao cspaliiava-se por todos os angulos do reino'. Alguns, descjando fuzer justica, e ac- cudir aos oppriraidos, moviaiii-sc com a gente, que podiam, contra os cavalleiros, ateando d'um modoindelinidoa dcsordera, alimentando as querellas, e dando occasiao a que outros tomassem sua deleza, e multiplicassem os ag- gravos a ponto, de serem os proprios estranlios, OS que, usando da lorca, se intromettiani as vezes nas discordias particulares, usurpando bens, queliies nao pertunciam . Se ajunctarmos a tao Idbrego quadro uiiia particular circum- stancia, pela qual ia D. Sancbo descaliindo da graca e estima de toda a sua nobreza, teremos pintado, ou descripto o estado interior do reino era tao desventurada epoclia ! Fora do costume, e antigos estilos do reino ua concessao das gracas, que o rei fazia, serem sempre coulir- madas pelos ricos homens, e prelados do reino as cartas de taes merces, como se se quizesse com esta assignatura dar a entender, que, ainda que a vontade do rei 'nellas tinha a preponderancia, nao era clla com tudo tao ef- licaz, que nao podessc ser contrariada por seus barOes e prelados. Novos usos, porem, se comecavam a iutroduzir, acrescentando-se no fim d'estas cartas patentes a formula «de con- sentimenlo e auctoridade de metis proceres e mag- nates ' . (« Este novo formulario fazia descon- tentar a aristocracia, tornando-a avessa aos inleresses do rei, que pouco a pouco perdia * "Se^iiros da impunidade os senhores de Honras adqui- ridas bem ou mat . . . quaudo os exactores da fazenda pre- tendiani enlrar 'nesses logares defesos .... e.s)jancavam- nos, mutilavam os pes ou as maos, e cheffavara a arrasta-los a Cauda dos cavaUos em roda do silio vedado. Bastava que um villao da herdade .... oude quaUpier nobre }tre- tendia apoderar-.se das coutribuii,'oes, recusasse paga-las, invocando o seuhorio real, |iara ser morto. » Ilisl de Portng. Tom. II. ]ia|?. .344. Assioi descreve o A. o estado interior do reino; estado (pie desde ja notamos ao leitor, para dVlle nos servimos mais adiante. •^ " As vezes os governadores de districto, os ricos homens irritados com os espancamentos dos exactores, moviam-se para punir os cavalleiros, masestes compravam com euro a impunidade . . . chefrou o excesso a ponto de se apoderar o infante de Molina, irmiio de Fernando III, do Castello d'Alva, d'accordo com seus habitantes. •> Id. ibid. pag. .345. ^ De consensu et auctorilate raeorum procerum et ma- gnatum, como se le na doa^ilo de Cacella em 1240, e na de Tavira em 1244. (Id. pag. 368 e not. XXIII.) " Estes estilos de chancellaria guardados desde que Por- tugal existia . . . pelo que tocava a merces de terras . . . foram completamente alterados logo que Sancho so rodeou da sua turbuleala cdrte de m09O8 cavalleiros. » (O mesmo no logar cit.). 0 apoio, que encontrava 'naquelle brafo; que agora via com desprazer os novos usos, que se queriam introduSir na concessao de taes mercte. Se ainda acrescenlarmos a este mesmo (|uadro os escrupulos de eonsciencia, origina- dos dos interdictos, era que por varias vezes incorrcu o reino por causa das desintelligen- cias, que por diversas occasiops tiveram logar enlrc os prelados d'elle, desde o tempo das discordias do bispo de Lisboa, Soeiro, com D. .Sancho, por este se apossar das cgrejas e des- prezar a.s immunidades ecclcsiasticas, teremos bem desenhado as phases de todo o reinado d'este infeliz monarcha , que, mostrando-se forte, e energico na guerra, era brando, e indolente na paz, e apoucado d'animo para center desordens, c fazer respeitar as leis, e estilos do reino , que todos (]uebi-antavara , coiuo queriam, seguros da impunidade. VIII. Ja acima mostriimos, quaes (uram os molivos rasoados, por queGregorio IX, tendo chaniado a curia o vellto bispo de Coimbra D. Pedro, o obrigara a renunciar a mitra, e submetter-se voluntario ao castigo, que o papa Ihe quizesse dar; sera que em tudo isto interviesse com seu couselho , ou preponderancia o legado Joao d'Abbeville, bispo Sabinense. Pelo menos e 0 que se deprehende claramente dos docu- raenlos, ate'gora ineditos, que nos vao servindo de guia no decurso d'e;ta narrativa. Com ef- feito tao desasisado procedimento fora sempre censuravel em toda e'qualquer occasiao, que se olTerecesse; mas muilo mais ainda 'numa epocha, cm que a curia Romana, eutendendo ser-lhe conveniente usar da plenitude do poder jiapal, nao so estendiasua correccao ao clero, senao tamhem coarctava, e ameacava ainda a corte e poder dos Cesares. Foi por tanto em 1233 que, renunciada por elle a niitra episcopal, e resignado ao castigo merecido por tantos desatinos ; no descahi- mento de animo, e abatimento de espirito, que por isto devia experinientar, D. Pedro Soeiro falleccu, deixando campo aberlo aos dcscontentes, para reagirem contra a ordcm estabelecida, que, como addido ao rei, e seu privado, com denodo sustentara '. Por seu fal- lecimento (dezembro de 1'233) novas discor- dias se suscitaram na diocese. 0 cabido da cathedral, a quem 'naquelle tempo pertencia a eleicao dos bispos, levado da intriga, ou par- cialidade, separou-se cm dois bandos, e cada um nomcou seu bispo, dando era resultado ' Isto mesmo conijrraam as lestemnohas da cit. io- quiri^ao que 'neste particular dizem >< quod dicta guerra erat inter regem et barones^ et inter alios de regno et inter barones ad invicem et audivit quod magister Vincentius, . . . fuit spoliatus, el vidit duci captos can- torem coliml)riensem et Suerium geraldi canonicum per Martinum dictum bonafe. n (Ibid. Testemunha 7.'). 200 qucbra da disciplina eeclcsiaslica, cxcmplo dc amhicocs scnipro funcslOs e occasioos de le- tigios e dissenrr)psonlr(\ cnrporaffto, quo dovora sempre estar uiiida' cm lapos do tVaternidadc. Nao podemos ajudar-nos dc docunu'rilos, por ([ue conste o nouie dos novos oleitos, ni'ni nicsmo fora prcriso ao nosso inlonto. Basta so nolar, i\w, quacsquer quo dies fossoni, a sua oloioao I'oi iiuii disputada, o ambos os fonlendores soguiram sous procossos, e acniu- panharam o negocio da cloicao a ouria Melro- politana ', para onde I'dra levado, ate quo, avocada a causa para a corlo do Roma por Gregorio IX, ambos foram mandados pessoal- mente romparoccr 'nella (lara rcnunciarem ao diroito, quo por vonUira tivosscm a mitra Conimbrioonso, dando om rosultado a nomea- lao ponlilicia do successor de D. Pedro para a roferida catbedral na pessoa de mestre Tiburcio, tbesoureiro na se de Palencia. Este prolado, om quern nao podemos doixar de suppor sciencia, pela designacao de mestre, que Ibe da Gregorio IX, era homem austero de costumes e tempera rija ; severo talvez em demasia : e ou fossem estas qualidades pes- soaes, ou fossem outras manhas e partes mais que 'nolle concorriam, foi o escolbido pcio papa em lao apuradas circumslancias. Sabia mestre Tiburcio as dilliculdades que tinlia a sobrcpujar; os abusos que cstavam intro- duzidos na adrainistracao da justica ; os po- rigos que tinha a veneer, e os trabalbos em que se vira sou antecessor pohi nimia condes- cendencia, ou antes 3«bscrviencia a vontade do rei, que o obrigara a'"practicar exccssos, e demasias, que Ibc I'orani tao I'uncstas! A vista de taos precodontes , bem podemos conjoc- turar, que D. Tiburcio, ja d'antes havido por homem de timorata conscioncia, e de quali- dades que 0 faziam digno de recommendacao , nao deixaria de participar dos dissabores c desenganos do principe; e que, ainda sem incitaniento, se determinaria a trocar tao alto emprcgo e tao grande bonra por estado mais socegado, e vida mais livre de tao agras amo- finacoes, c por isso na intjuiricao dizem as tcstemunbas, que olio ronunciara a oleicao Ijontificia, e ate jurara nao vir tomar conta do govorno episcopal ' ; sonde forcoso ao pon- tifice absolvo-lo do juramento, e, conslrangido sob pena d'obediencia, oliriga-lo a accoitar tao ' Bull. deGrej.IX. Cum super dtinbvs. 8.° Id. Sept. Pont, anno 8." (Setembro fi de 1235) . . . personaliler ad sedem aposlolicam ipsi electi accessissent . . . taniiem post concertatiunem diutiiiam jus ,si quod habebant libere resignarunl (Gav. dos papeis do bis|ado a." 227). ' . . . Undo dileclum filiura masislrum Tiburcium Palentinum sacristam de quo multa comendatione di^iiia muUis referentibus . . . qiiibus ^'fidem potuimus merjto adhibere. Id. ibid. " Assim o juram iiniformemente as testemunhas na cit. inquiricjao. Entre ellss o clianlre diz i.audivil quod domnus Tiburcius renunciavit provision! de se facte et juravit quod non veniret ad ecclesiam suam » (G. 13, R. 2. M. 1.). pesado cargo ' em tao arduas circumslancias. Ao caractcr penetrante, e procatado de D. Tiburcio niuito menos baslara ainda para evitar as ondas e tompostade d'este novo omprego, contentando-se com o do sogunda ordem, em que ja se acbava ; nao ousando, porom, con- trariar a vontade do ponlilice, loi dissimti- ladamente rotardando sua vinda para o bis- pado , para nao ser 'nolle coiilirniado , de modo que, desde a sua nomoacao om 123o, o acbamos semiTo dosignado por oleito ate 1243, de cuja e|ioolia om diante se conieca a intitu- lar bispo Conimbricense ' . Na verdade quem se escusa d'eniprego, pelo qual tanta parte se diz tomara na rcvolucao contra Sanobo II, c se ve obrigado a aceital-o renitente e conxtran- gido, segundo o toslomunbo de Gregorio IX, parece-me estar bem longe de jiremeditar os accontecimentos, que, alguns annos dopois, tiveram logar com a deposicao d'aquelle rci ! Parece-me egualmente estar bem longe de pensar, (|uo bavia ser um dos juizes, que mais adiante bavia de vir executar a bulla Grandi non imnierilo, se os successos o nao fossem chamando pouco a pouco a ser instrumento auxiliar do dosfecho d'aquelle drama , que, por sua niarcba progressiva, se ia tornando inovitavol. Fdra com ed'eito estranba mara- vilba, que um reinado tao tempestuoso, e tao clioio de crimes; um govorno tao farto de attentadns, e coalhado de injusticas, podesse consorvar-se (irme sobre a diuturna paciencia de subditos voxados, e oppriinidos com tao extraordinarias violencias, e com as calami- dades piihlicas, que dilaceravam o reino, e quobravam os elos da cadoia social ! Lisboa, Coimbra, Porto e Braga ardiam com as discor- dias, que lavravam por todo o seu districto. Os sens prelados, se por vcntura dofendiam sous direitos e prerogativas, malquistavam-se com 0 rei: se ao conlrario se uniam a sua politica, sou procedimento era estranbado pela corte de Roma, como accontecera ao bispo D. Pedro. K A vordade porem e (diz o sr. A. « Ilorculano) (pie esto novo aspecto do inter- « minavel combate entre o sacerdocio e o poder (( civil .... provinha do conjunoto de circum- « stancias, quo facilitava aos bispos os meios " de ganhar contra a coroa unia decisiva bata- Iha ' » Nao sei como, do (|uc atogora tomos exposto, se possa tirar tal conclusao ! Molhor dissera, (|iie esle conjtincto de circunistuncias 'naquclle tempo facililam. nao aos bispos, mas as classes todas do reino, aquillo, que seis seculos depois, e em tempos que se dizem de ^ «... licet renitenlem non modicum et invitum in episcopum providimiis assumeudum firmam tiabentes fiduciam quod sub ejus re^imine resurffere debeat . , . ecclesia memorata. " Bulla cit. de Greg. IX. ibid. ■^ "No catalo^o dos bispos de Coimbra impresso, e nao publicado ainda pela Acad. R. das sciencias de Lisboa, par docuraentos se acha provado o que refere o textu. ■■ Sr. A. Herculano. Hist. cit. pap. 378. 201 civilisajao, se charaa demonstracao popular, e de que infelizmenle temos visto tantos exem- plos, e observado tantas phases nas revolu- coes que com assorabro temos presenciado em toda a Europa ! . ... Podera alguem pcnsar no seculo XIX, que tao desinvolla anarchia podesse subsislir ; e qualquer governo manter-se cm meio de tao procclosa tormenta? A bistoria contemporanea respondora facilmente a esta pergiinla ! Continua. M. b. de VASCONCELLOS. LYCEU NACIONAL DE COIHIBRA. EslacIiHlira ', leia-se — )'. 204 OBSERVACOES METEOnOLOGICAS, FEU AS NO GABINETE I)E PllVSICA DA LiiMVEllSIDADE I)E COIMBRA. Anno lie 1H55 SI.-I .ie Jiinliu Uias 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 SO 21 «2 23 21 25 26 S7 28 29 30 meilia f do niez \ rt-nlii 14 14 13 14,5 16 16 17 16 16 17 18 17.5 16 17 17 17 16 16 17 18 ly 19 20 21 21 it 21 22 22 22 PressSo iitmotijilierica ao nicia dia AIt[ira bafo> nietrica a o*^ da eiceln cca- tigrada, Milliiuelrus 17,°7 7,)i,413 752, i59 755,325 757,674 751,413 751), 396 753,567 754,957 752,421 753,059 751, 9i3 751,9115 753,944 752,U08 752,300 754, H34 75S,217 761,746 759,138 754,983 751,801 753, Sia 755,730 754,848 755,007 755,481 755,608 755,738 755,484 755,789 TeniSo do vapor aqooio on Lido uo ar iMillinic(ru> 754,492" Temperatvra Maxiai. absol. 22° Miaima absol.' 13" Max. Vflria^ao 9° 9,201 9,430 9,050 9,690 10,627 10,934 10,354 10,fi56 10,196 10,795 11,156 10,1163 10,498 10,658 10,795 10,557 10,017 9,659 9,595 10,311 9,218 9,259 9,685 10,679 11,253 11,104 10,799 1I,3!I0 11,437 12,164 ar seccu \lillimi'lr< 743,209 742. 8i9 746,275 747, 98t 740,785 739,462 743,213 744,301 742,225 742,264 740,767 741,122 743,446 742,150 741,505 744,277 748,200 752,087 749.543 744,652 742,583 744,063 716,045 711,169 744.351 744,380 744 809 744,358 744,037 743,625 Estrtdit h)'gruinrlrici> du ahllospliera «o iilt-iudia Crau d'bumi- dede do ar, repmi-ntando por 1 o esla- do de satiira- fao. Pressao atmospherica mm Max. absol. 761,746 Min.absolut. 750,396 Max. excurs. 11,350 0 77 0,79 0.81 0,79 0,78 0,81 0,72 0,79 0,75 0,75 0,73 0,73 0,77 0,74 0,75 0,73 0,71 0,71 0,66 0,67 0,56 0,57 0,56 0,58 0,61 0,56 0,511 0,61 0,58 0,62 0,69 9,300 9,528 9,176 9,774 10,663 10.97 1 10.354 10.692 10,231 10,795 11,136 10,843 10,531 10,658 10,795 10,557 10,051 9 692 9,595 10,276 9,154 9.195 9,585 10,533 11,099 10,915 10, 6n 11,186 11,242 11,957 GTaii d' tiumidade do ar Maximo .... 0,81 .Minimo .... 0,56 Maxima varia^. 0,25 N. N. N. O NO. SO. N. NO. N. O. E. E. O. O. O. N. N. E. E. E. E. E N. E. E. E. E. N. N. N. KsiOffn do CPU f do tcntj/o uo mt'io dia. Nnblado. Bom tempo. O inesuio. O mr>.snio. O nirsiiio O mfsnlo. Clar. e limp. B, lump. O mesnio. O mesino. Eiiritlierlo. T. chuvuso Li^. niitdad. B. temp. O mesnio. O niesmo. Claro e lirapo B. temp. Nublado. O rat-smo. Eiiciiberlo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesaio. Nublado. T. variavcl. Encuberto. O mesmo. Lig. nul)lad. B. temp. O mesmo. O mesmo. Cl.ir. elirap. B. temp. O mesmo, O mesmo. O mesmo. O mesiuo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. LiJ,^ nuhl. B. tempo. (^1. e limp. B. tempo. O mesmo. O mesmo. O mesmo O mesmu. O mesmo. O mesmo. Niitdado. Bom tempo. O mesmo. O m'-smo. O me.'iiio. O mesmo. Vcntoi dominant. E. 8 N. Coimbra, 1.° de Julho de 1855. Antonio Sancli£s Goulao, Director do Gabinele de Physica. i) Jnstittttu, ■'.1 JORISAL SCIENTIFICO E LITTER ARIO. EXPEDIENTE. A.ssigna-?e este Jornal cm Coimbra no Ga- binete do Instituto; em Lisboa na livraria do sr. Cobellos, rua Augusta n.° 2; no Porto na do sr. Jacintho \. Pinto da Silva, rua das Hortas n.° 144; em Evora na do sr. V. J. da Gama, collegio de S. Paulo; no Pezo da Re- gua na do sr. M. Mendes Osorio. Toda a correspondencia franca de parte sera dirigida — A' Redacrdo do Institulo. Coimbra. Preoo, adiantado, per anno, ou 24 numeros, francos de parte 1^440 Porsemestre, oul2 numeros, dictos 800 Avulso 100 Para os srs. Assignantes os numeros, que Ihes faltarem d'este 4.° volume se- rao pelo mesmo pref o d'assignatura an- nual, ou cada um 60 Os exemplarcs que restam dos volu- mes 1, H elll d'este Jornal vendem-se, cada um, por 1^200 CONSELllO SliP..Rli)ll DE MUm PCBLICI. CONFERENCI.i GERAL DE 30 H'ot'Tl'BRO DE 1855. Di«rurNO do o.vni,° *>r. ron««eII>cii'0 vice-i'eilor e vi2'e<«i<(cule. Senhores! — Pela tercelra vez me fabe a distiucta honra de vos declarar aherta a sessao ordinaria da presente Conl'erencia geral, em que vao apresentar-se os relatorios do anno lectivo de 1834 a 1853. 0 exame e apreciacio dos relatorios, que ides ouvir, vos deixara convencidos de que 0 Conselho superior emprcga com desvelo c assiduidade os meios, de que pode dispor, para que todos os ramos de instruccao piiblica melhorcm progressivamentc, e se aproximem pelo caminho mais breve, ensinado peia expe- VoL. lY. Dezembro 13 riencia, que em tudo e a verdadeira mcstra, do grau de desinvolvimento e pcrfeicao, a que teni chegado entre as nacoes mais cultas da Europa. Para conseguir tao iraportante fim, e por vcnlura tao desejado de quem seriamentc preza a sabcdoria como gloria e grandeza a mais solida e bem fundada, o Conselbo superior tern aprovcitado as occasioes, que se Ihe offe- recem, de lornar accessivel a todas as clas- ses,quanto c possivel, a parte utii das scien- cias, tornando-as mcnos especulativas e abslractas, e fazendo convergir o ensino para as applicacoes mais frcquentes e proveitosas nos usos da vida industrial. D'cst'arte nao cessa de fazer as convcnientes rccommenda- foes aos commissarios dos cstudos, e a todos OS quo tern a direccao do ensino debaixo da supreraa inspeccao do mesmo Conselho. Com similhante intuito foram ordonados os programraas ullimamente publicados para o proviraento definitive das cadeiras de Geo- metria, e Principios do Physica e Chimica, e Introduccao a Ilistoria natural de novo creadas. Ainda assim o ensino publico ma! podera acompanhar enire nos a civilizarao moderna, e obter proficua rcgeneracao cncctada tao sabiamcnte e proseguida com tanlas vanta- gens nas duas grandes nacoes — a Franca e a Inglalerra. Sim, e mister confessal-o, o movi- mento geral e o progresso da nossa inslruccao piiblica neccssariamente ba de ser vagaroso sem 0 mutuo auxilio de todos ossabios do paiz. que 0 Conselbo tantas vezes tern convidado cm vao, para apresentarem memorias ou quaesquer trabalhos, lendentes a promover os nielhoramentos dos estudos, ou a declarar os vcrdadeiros obstaculos que diHicultam o seu progresso; e a propor profidencias efficazes ou mais proprias para se jconseguirem os bencficos effeitos d'uma educacao esclarccida e morigerada. Oxala que todos por uma vez se desenga- ncm, de que assim prestarao valiosos servi- ces a patria, concorrcndo por aquelle modo, conforme as suas forcas e talentos, para a grandiosa empreza da reformarao e aperfei- foamento do ensino publico. Tem a palavra o sr. Secrctario da 1." seccao. — 1853. Num. 18. 206 RELATORIO ANJfUAI,. 1850—1851. Continuado de pas. 195. PARTE SEGUNDA. Inslruccao primaria. Verdade 6, Senhora, que o ranio da instruc- (■ao primaria apparcce hojc entre nos mais desiiivolvido e mais vicoso, que nas passa- das eras. Afugeiitadas as trevas, e regene- rada a litteratura palria, Y. M. o sabe, cor- ria 0 anno de 1772; resoavam os cantos da nova arcadia; na lingua d'acjuelies nolires socios resurgia a phrase casta e o bom gosto quinhcntista ; e comtudo, 'numa epoclia de tania gloria para as nossas letras, e no pla- cido remanso da paz, nao possuia Portugal mais que 400 cadeiras d'instrucrao primaria. Foi dopois, c em tempos menos claros, que 0 numero d'cllas foi, pouco a pouco, crescen- do, de gcito, que temos hoje a fortuna de contar no continente 1:116 cadeiras piiblicas; as quaes, com 52 insulares, sobem a 1168, sem fallarmos nas escholas e collegios parti- culares. D'aquelle numero, s5o d'ensino si- multanco para o sexo masculino 1:064, para 0 femiuino 41; d'ensino mutuo 11; aleni d'estas esta creada, posto quo ainda nao em exercicio, uma eschola normal cm Lisboa. Sao 14 no continente as cadeiras pagas por legados, das quaes unia e de meninas: 23 as pagas pelas camaras municipaes, sendo de meninas 4; 19 as pagas pelas junctas de parochia e confrarias: collegios de educacao 2: escholas particulares regidas por professores hahilita- dos 82, seudo para meninos 02, para meni- nas 20. Das 52 cadeiras das iliias sao d'en- sino simultaneo para meninos 4i, para me- ninas 5; d'ensino mutuo 3; alem das pagas pelas camaras municipaes. Assira que as cadeiras piiblicas, pagas pelo cofre do esta- do, com as particulares, regidas por proles- sores auctorisados, fazem o total de 1:250. Acham-sc vagas no continente e nas ilhas 62; a concurso 46; reservadas 16 (mappa n.° 2). E, se por este quadro se ve que a inslruc- cao primaria se ha jii projiagado tanto, que nao estii por ventura mui longe do poder proporcionar-se com a das outras nacoes cul- tas, tambem e certo, que ao raesmo tempo se tern alargado nuiito mais a esphera do ensino e melhorado seu methodo. Yerdadei- ramente que, pondo em parallelo a sorte hodicrna d'este ramo com a que Ihe coube nos tempos antigos, e ainda em annos que de nds nao vao mui longe, vemos que entao eslava este ensino reduzido a simples leitura d'alguns manuscriptos, d'uma carliiha ou d'uni catbecisrao; aos grosseiros Iracos d'uma rude e informe escriplura e aos primeiros elementos da numerajao. Hoje tem-se feito entrar nas escholas do 1.° grau os jirincipios da grammalica, a historia sagrada , a ari- tbmetica mais desinvolvida , a caliigraphia apuraja; e nas do 2.° grau, rudimentos de theologia natural, de pliilosopbia moral, a geographia, a historia, a escripturacao, o desenbo linear. Entao bavia so umas breves iustrucyoes ])ara guia dos professores; hoje ha urn desinvolvido regulamento para estas escholas. Aposar d'isto, muitas necessidadcs 'nesta inslruccao scnte ainda hem \ivamenle o con- selho, sem que com os sens constanles csforcos tenha ate hoje podido dar-lhes eflicaz rcme- dio. 0 numero das cadeiras niio corre pare- llias com a populacao portugueza ; muitas freguezias acham fechada ainda esta primeira porta da civilizacao; nao a deixani franquear as minguadas forcas do Ihesouro; e d'esta fonte se derivam quasi todos os males, que solire a inslruccao em lodos os sens ramos. Muitas cadeiras primarias permanecera por nuiilo tempo vagas, a despeito de reiterados concursos; muitas sao abandonadas pelos pro- fessores, nao tanlo por serem tcnues, quanlo por virem lardios e desfalcados sens ordena- dos. Esfria-se o zelo em muitos professores: sao providos muitos menos idoneos; porquc mais habeis preferem empregos, deque tiram mais proveilo; tolerando-se os fracos, para ([ue a infancia nao fique tolalmente privada d'instruccao. Freguezias ha, onde a natural rudeza dos paes se vai perpetuaudo nos lilhos e netos; nao os mandando iis escbohis, uns por miseria, outros por dcslcixo; aquelles por quererem antes occup.il-os nos trabalhos cam- pestres; estes para por raeio da ignorancia OS exemplar dos encargos piiblicos. D'onde resulta o ser por uma parte muilo escaco o numero dosalumuos, por outra o nao chegar esse mesmo numero a collier o fructo dese- jado. Por isso e que, com quanlo por approxima- cao se calcule o numero dos alumnos em cerca de 70:000, muilo desemparclhado Ilea die com a niassa total da populacao. A esta longa ca- dea de necessidadcs tem |)rocurado acudir o conselho ; mas ha males que so os pode curar 0 tempo. Yalendo-se da disposicao do art. 3." do decreto de 20 de setembro de 1844, tem 0 conselho eonvidado muitos niunicipios, fre- guezias e confrarias, a contrihuir com os sobejos do que gastam com o culto e encar- gos pios, para crear cadeiras; dando aquel- les corpos uma parte, outra o ihesouro. Mas apenas ha podido conseguir por este meio urn pequeno numero d'ellas. Contiuiia na 207 investigacao d'outros meios; e na ultima con- ferencia geral designou uma extraordinaria, na qual os vogaes extraordinarios e outros individuos do corpo acadumico indiquem as medidas e providencias, que tiverem excogi- tado, para, sem gravar o thesouro, se aciidir aqiiella nccessidade. Tem promovido associa- foes de benelicencia para a prestacao de soc- corros aos ahininos, (|ue por sua pohreza deixam de frcquenlar as escholas piiblicas; mas so lima pode acliar, que fosse proposla a approvacao de V. M. Tem feito recommen- dar aos paroclios, que I'acam ver aos povos a necessidadc do cnsino e educacao da in- I'ancia. Tem perniitlido a mndanca das horas do exercicio escliolar nas terras, em que os meninos se dediiam mais aos servicos ruraes e mechanicos. Tem-se esforcado por que as camaras deem casa piiblica aos professores, para se facilitar a iuspeccao sobre o desem- penho do servigo e sobre os costumes que devem adornar os educadores, maiormente OS das tenras edades. Mas, com magua o confessa, pouco 'nesta parte lem conseguido. Alem da ja mencionada colleccao de livros elemcntares para cstas escbolas, tem o con- selho, como ja dissc, promovido a composi- cao d'oiitras; e, seudo um dos submcttidos ao seu juizo o novissimo metbodo da Leilxtra Repenlina do Dr. Castilho, niio quiz o conse- Iho iuterpor esse juizo, sem esperar o resul- lado da experiencia, que e a melbor prova da bondade de taes obras; e per isso encar- regou 0 commissario dos esludos de Lisboa, em 12 de outubro do anno passado, de obser- var e seguir em todo o seu desinvolvimenlo 0 ensaio, que o proprio auctor hia fazer d'esse metbodo, no collegio que abriu na capital; e ao voga! exlraordinario o Dr. Manuel Mar- ques Pires, para o lazer ensaiar na eschola primaria de Estarreja. 0 primeiro nao deu ainda conla, apesar de ser instado em officio de 15 d'outubro d'cste anno para dar as in- formacoes sobre o resultado practico d'aquel- le metbodo: eo segundo inlorma, que nao responde o proveito a pronicssa do auctor, que parece tamboni ja por si mesmo desen- ganado. Se poiem este livro parece inutil, muitos lenios ja, que assim na parte moral, como na litteraria, bem accommodados sao para o uso escbolar. Assim tivessemos nos bons professores! Mas e este o ramo da instruccao, que mais carece d'clles: rarissi- mos sao os idoneos ; nao so pela razao aciraa indicada, senao tambcm porfallarem as escbo- las normaes, em que elles se formera; e raui- e de lamentar que a unica, creada na capi- tal, nao tenha ainda podido funccionar. Acham-se substituidos por impedimentos 41 professores ; suspenses 2 ; advertidos, vigia- dos ou debaixo d'investigacao 48 ; foram jubi- lados 2 ; requerem a jubilacao 9 (mappa n.° 2). Importa a despeza da instruccao primaria no continenle e ilhas, segundo a verba vo- tada no ultimo orcamento em 99:777^280 reis. PARTE TERCEIHA. Instruccao secundaria. Mais agradavel apparece, Senhora, o qua- dro da instruccao secundaria, ou complemen- tar do desinvolvimento do espirito bumano; coniprebende ella nao so os estudos das hu- manidades e boas letras, babilitacao para as scieneias superiores; senao tambcm os co- nbecimentos philosophicos com applicacao as artes, para o desinvolvimenlo da industria nas suas diversas relacoes: dous objcctos, em verdade, importantissimos. Reconbecido e hoje 0 progresso e melboramento do primei- ro objecto, as humanidades e a litteratirra bella, assim no metbodo do ensino, que hoje e incoraparavelmente muito mais breve e lu- minoso, que o dos antigos, como no uso dos novos compendios, que todos os dias vem aflluindo era grande numero, e entrc os quaes varies ha de provado merecimento. Assim que, se nas escbolas seajunctasse aosprecei- tos tbeoricos mais alguma practica, veriamos subir era breve este ensino ao mais vivo esplendor. Observam-se os effeitos nas pro- duccoes do genio; e abi vemos a prova 'nessa mullidao d'escriptos, que nao so era tracta- dos didacticos, mas na eloquencia, na bisto- ria, e cm quasi todos os generos de discur- sos vao 'neste periodo illustrando a literattii- ra patria. Somente a poesia e que algunia cousa se resente do desfavor das Musas: ja se nao estarapa uma epopea ; quando no mesrao seculo XVII floreceram ainda cinco epicos. So apparecem curtas coniposicoos no genero epigramraatico, e no lyrico e drama- lico; escasso reflexo da luz antiga; falta or- dinariamente a inspiracao, e quasi que so para a realidade lende o seculo. No segundo objecto, porem, isto e, nos conhecimentos philosophicos indispensaveis jiara as scieneias naturaes, com applicacao as artes, corao a agricultura, ao conimercio, e em geral a industria, atrazada se acha ain- da cntre nos a instruccao secundaria. Para estes ramos industriaes, por certo que nos fallece ainda o desinvolvimento dos metho- dos e practicas, niuito ha seguidos nos povos illustrados, que nos antecedera 'neste genero d'instruccao; a qual ennobrecendo-os, ao mesrao tempo os ha enriquecido. Carccemos cgualmente de professores assaz bahilitados para este ensino, os quaes muito conviria que lossem receher d'outras nacoes os elementos de sua babilitacao. Culliva-se o ramo da instrucfSo secunda- ria nos lyceus, que devem considerar-se co- mo outros tantos centros litterarios; e em 208 tadeiras estabelecidas em localidades diver- sas, fora dos lyceus, mas a elles annexas c subordinadas. As cadeiras dentro e fora dos lyceus sobcm ao numero de 210, distribuidas nos conrelhos e districlos pelo modo constan- le do niappa n.° 3. Os lyceus, ja constituiilos, acham-se todos eollocados cm edilicios publi- cos, cxccptiiando somcnte os dc Avoiro o Villa Real; e nao so os cinco lyceus maiorcs do contincnte, que sao os de Lisboa, Coim- bra, Porlo, Brajta e Evoia, tein em exercicio regular lodas as cadeiras de que a lei os compoz; mas lanibem em todos os demais poucas restam a prover-se. Nas illias esla ja lanibem funccionando em todas as cadeiras 0 lyceu do Funclial, equiparado aos lyceus maiores pela lei de 12 de junho 1849: os outros lyceus vao conslituindo-se pouco a pouco (mappa n." 4). Os prolessores, encarregados do ensino se- cundario, salvas poucas exeepcoes, possuem as qualidades moraes e litterarias, indispen- saveis para o bom desempeiilio de seu im- porlante ministerio. Os poucos, que se tern desviado dos seus deveres, tem o conselho procurado chamal-os a direilura, per mcio de advertencias e roprehcnsOes salutares, nos termos que a lei prescrcve. Mas apesar do zelo e ponctualidade da maior parte dos professorcs, observa-se todavia que nem a affluencia dos alumnos, nem o seu aproveita- mento e notavel. Fogem os alumnos da poli- cia e regularidade d'estes estabelecimentos publicos para a indulgencia das aulas parlicu- lares; contra o que ja no relatorio anterior, este tribunal propoz a sabia consideracao de V. M. alguraas providencias que julgou in- dispensaveis, c que niuito dcseja ver realisa- das. Os lyceus niais frequentados siSo ordina- riamente os de Lisboa, Coimbra e Braga. No continente cursaram as 100 escbolas dos lyceus no anno lectivo anlcriormente findo l:Ho(). E nas 82 escholas annexas aos lyceus 1:078. Nas ilbas 340 (mappa n." 4 eo). Do ultimo anno lectivo pela ja niencionada falta de mappas e relatorios pareiaes, nao pode neste relatorio dar-se o numero exacto de alumnos. Muitos, como dicto lica, entregam- se a professores particulares; a maior parte dos quaes carecc de titulo de cnpnciilade, apesar de rcpctidas circulares, expedidas a todos OS governadores civis (sendo a ultima em 30 de setembro ultimoj, ordenando-lhes dc novo que procedani as niais c\actas avc- riguacoes a tal respeito, e (|ue intimem, com pena de suspcnstio, os ainda nao hahilitados, para que se liabilitem moral e litterariamen- le. E esta uraa das necessidades, que tanibcm solTre a instrucciio priraaria, e que tarde se podera remediar perfeitamentc. Tendo ouvido os consellios dos cinco ly- ceus maiores, o conselbo superior occupa-se actualmente do projecto do rcgulamenlo dos lyceus, para o submetter em breve a appro- vayao de V. M. 'Neste regulamenlo espera o conselho introduzir algumas practicas sauda- veis, que regulem a ordem dos esludos, c que OS lornora proveitosos, por arte os alumnos se demorem 'nclles; sendo que nao se ganlia tanto em extender a superlicie dos cstudos, quanto em dar-llies forca e prol'undeza. 0 conselho em lim, meditando nas providencias de poder banir a anarcliia, que, ha muito, dcsune este ramo d'ensino, excogita os meios de estabelecer a uniformidade de doutrina e methodo nas escholas piihlicas e particula- res. Importa a despeza da Instruccao secun- daria, segundo oorcamento, em 63:221^310. CoiUitiua. MEMORIA HISTORICA E CRITICA Sobrc a rovoluruo que cm lS4e lirou a coroa a n. Kanrlio 11. para a dar ao contlc dc Boloiiha. sea irniao. Continuado de pag. SOI. IX. Ja acima notamos como nao era so entre a coroa e os prelados, que se continuavam as desavencas : os seculares achavam-sc na mesma situacao, e as lides suscitadas entre os baroes, 0 povo, e as classes poderosas cspalhavam o terror e a desolacao [lor toda a parte. Se o govcrno attcndesse entao ao seu devcr, c pro- curasse atalhar tao grande calaraidade, certo que a tempeslade se espalhara, e nao lora de recear; porcm a imbecilidade govcrnaliva, a falta de energia do rei, ou sous niinistros, a seguranca d'impunidade que linham os mal- fcitores, foram accumulando mais e mais as causas da revolucao, ate seu rom|)imento. A. um estado tao alllictivo, a uma tao angus- liada posicao, remedio nenhuni se dava, ou por(|ue nao havia lorca sudicientc para obstar ao mal, ou porque nao havia vontade, nem resolucao para cohihir os excessos dos prin- cipaes nobres e poderosos, que 'nelles tao determinadamente hguravam; parece, que o unico inslincto do governo, em tao agitada epocha, se limitava apenas a conservacao dos logares e empregos no conselho do rei! Raras vezes mostra a experiencia nos homens d'estado prudencia tal, que os leve a emendar aquillo que uma vez entenderam dever jiracticar no exercicio de suas funcvoes, e no mencio de seus empregos. Foi exactamente o (|ue acconteccu 'nesta occasiao. Malquistado com os prelados e baroes do reino, em vcz de atalhar a desuniao e congracar os bandos, em que o reino es achava, D. Sancho deixou correr a causa a 209 revelia; os aggravos foram conlinuando e as qiieixas ii r6rlc de Roma, segundo o uso d'a- quelle tempo, invidarani o restante'. Tao cheias do jiistica cram as pcrlenrOes dos bispos 'nesta occnsiao, c cspocialmente as do bispo do Porlo, que os proprios corlezaos, aquelles mcsmos qnc mais avOssos llie dcviam ser, cram OS primoirus a dcsapprovar as dcsinlclligcncias do rei com os prelados, pclo rcccio (]uetinliam de taps coiitendas. Assim veiiins o alferes-niof Martim Amies, o clianeelltT Duraudo Froyaz, 0 senhor de Sovcrosa, e sous lillios, entre os •[uacs ligiiia o proprio Mailim Gil, a qiicm a[)- ])ellidaram Boa-fe e quo, como intiiuamente ligado a politica do rci, jamais o dcsamparou, tendo sido o general de siias tropa? ale a sua saida do rcino, assim vemos, digo, interviiem todos a favor do dicto hispo do Porlo para terminar csta conlcnda. Nao era menos justa a pertencao do bispo de Coimbra D. Tiburcio. Deixara Afl'onso II a sua Se sole mil maravedis, para com csta quanlia so fazcr o elauslro, que ainda hoje se ve, iiiiido ii Iniprensa da Universidade, e con- tiguo a mesma catbedral, para depois de con- cluida a obra, com o resto se comprarera propriedades para fundos. Este dinlieiro tinha sido enlrcgue ou depo- sitado na mao do prior do Hospital. Demorado alii ou pela ausencia do bispo Soeiro, de que ja dei nolicia, ou pclas desintelligencias que este nicsmo bispo teve depois com o sou cabido e clero da diocese, nao tinha sido cntregue ainda, e ficara ao successor o dircito de o reclamar da ordera Jerosolimitana. 0 rei, que pouco alTeicoado se mostrava a D. Tiburcio, que scmpre traclou com severidade'', cmbargou na mao do dicto prior a rel'erida somma, e nao consentiu que Ihe I'osse entregue. Foi por esta occasiao, que, nao jiodendo nada obter do rei, o bispo recorreu a Homa, e Innocencio IV, que liavia pouco tempo tinba sido elevado a cadeira pontilicia, expediu ao bispo eleito de Samora eao abbade do convenlo de Pelleis, da ordem de Cister, na mesma diocese a bulla, Sua nobis datada V. Id. .lul. Pont. an. I (1243), pela qual os mandava conbecer d'esta causa, achando tao extraordinario o procedimeuto do rei em impedir a entrega do diubeiro, e parecendo-Ihe cousa tao improvavel, que mal se poderia acrcditar de principe catliolico ; c Ihes mandava alem d'isto que o obrigsssem com censuras ate que ievantasse o embargo ' «0s instigadorea d'essa politioa deploravel, o que fazem e condiisir oa iirincipes a uma sitiia9ao tremenda, em que ou hao de ef,niaf:ai , ou ser esma^Mdos. " Hist, de Portug. loin. H, paj;. 353. * Martinum dictum bona-fe^ diz o chantre de Coim- bra na cit. inquiri^ao. Ibid. Os outros factos sao referidos na cit. Hist, de Portug. ^ Sao as testemunlias da citada inquirii^ao, as que provam esla sua ma vontade, porque o chantre jura, sendo perguntado se o rei o estimava — que ai5 uma vez presen- cidra tratal-o bem. Ibid. e fosse entregue ao bispo este dinheiro'. Mas assim mesmo o nao foi, e S() se vcrilicou a entrega alguns annos depois, sendo bispo D. Egas Fafes. Injusticas tao ni.mifestas, e tiio mal enton- didos caprichos esfiiavam de lodo os aninios. e alfastavaiu longe do liirouo acjuclb's, que niaior interessc tinbam em eslar ligados com ellc, e eram os piccursores da rcvolucao que breve devia rcbonlar auxiliada por tantos e tao graves dcscomedimentos. — « Os erros dos que « governam, diz o cilado A., influem quasi <' semprc mais ou menos nas revolucoes, que « dcrribam os tbronos e nuidam as dynaslias: « cnibora essas revolucoes parecani ter nascido « de causas puranicnte fortuitas, das intrigas « d'arabiciosos, das innovacoes ou da violcncia " das paixOesi)-. Estes erros, pois, crcaram os doscontcntes; estes a rcvolucao, <[ue nao podcra sem grande injuslica ser impulada sonicnte ao clero, quando nos virmos toniarem 'nella parte os secularcs, pelo conjuncto das circum- stancias referidas jii, no bm do n.° Y d'esta mcmoria, e que continuaremos a dcsinvolver. Se pois OS erros dos ijoveriumles influem nas revolurSes que derriham os tlironos e mudum as dynaslias, quem podcra admirar-sc da prcsente rcvolucao, seguindo a marcha pro- gressiva dos accontecimentos e o desinvolvi- mento rapido que agora Ihe davam os clcmen- tos que breve a dcviam constituir? Que estra- nheza podera causar a commocao no reino em taes circumstancias? Conlinita. m. n. de VASCONCELLOS. ENSINO INDUSTRIAL NA ESCHOLA PRIiARIA. No seculo, era que vivcmos, tudo vae to- mando um caracter positivo e practico. Ma- terialisar ideas parcce ser o tim de todo o cstudo, 0 cunbo da perl'ectibilidadc do cspi- rito bumano. Acabou de todo a rschola pcri- patctica. A abstraccao, a idealidade pura fo- ram subslituidas pela realidade objectiva. A tendencia cm todos os raraos de ensino e para a applicaciio practica. Tempo inutil outr'ora consummido em questoes cspeculati- vas emprega-se hoje na parte util das scien- cias. * Bulla Sua iinbis — dada Agnanie V. Id. Jul. Ponlif. aa. I. — quod vix credere possumus. — ibid. ^ .4. cit. pag. 337. — Como este A. attribue so ao estado ecclesiastico esta revolu^ao, que considero d'outro modo ; muito de preposito me tenho servido dos seu* argumentos para d'elles tirar differente concliisiio: e como as suas rasOes nao podem ser suspeitas ao leitor. que as hade julgar iraparcialmente, ficara d'esta sorte habilitado a apreciar sua valia, podendo d'ellas tirar u conclusiia, que Ihe parecer mais proxima da verdade. 210 Nenlium paiz teni 'neste gcnero conscguido tanlo, como a liiglaterra uos ullimos irez aiinos. Por imiito tempo iiilcrior nos meios publicos de eiisiiio a outras iiacOes, (|ue em materia de organisacao social a imitaram. eoiila lioje uni iiuiiiero cspaiUoso de cseiioias pdinilares iiulusiriaes. A Franea ainda privada d'csse genero de iiistituieOes populares, que mais (|ue tiidu toiieorrc para viilgarisar os coiilietiiiieiilos iilcis, eslbrea-se por dilTuiidil-os por meio de periodicos de i'acil cireiilaefio, e liaixo proco, e pelo cnsino uas escholas primarias elemeii- tares. Daremos uma amostra d'essas lirocs, por que !-e faca idea do espirilo e do methodo de ensino: e oxala que eiitre nos se ache qucm deseje imitar aqueila practical M. Miguel, teu pae e rendeiro: poderas dizer-me quantos hectares semeou elle este auno? D. Semeou trez de ccnteio e scis de aveia. — E quantos hectares de terra aravei tcm a fazcnda de teu pae? — Tern trinla. — -Restam pois vinte cm pousio, e que servem so para pastagem: nao e isso dema- siado? — Para podermos cultivar maior porcao de terreno, precisavamos de maior quantidade de estrame; para fazer mais estrumc era preciso mais gado; e os nossos prados nao dao forragem para mais gado do que o que tcmos. — Que gado tendes vos? — Quatro hois, duas vaccas, duas vitellas, uma egua com scu poldro, cem carneiros, duas eabras, e duas porcas. — Pois, Miguel, eu conheco 'noutros de- partamcnlos fazendas de trinta hectares, que tem dohrado gado, e cultivam terra dohrada. — Sera porque estejam essas iazendas em bom paiz, em terras de trigo. Aqui teraos haldios, terras frias, que necessitam muito estrume, e que retem a agua, como uma hilha. — As plantas, que nascem naluralmente em qualquer terra iudicam com certeza a na- tureza d'ella, mcu auiigo; ora as terras, de ([ue vos fallo, produzem naturalmcnte, como as vossas , juncos, giestas e urzes: a agua licava oulr'ora 'iiellas cm todos os baixios; e OS habitantes tinham as fehres, que nuiitas vezes ha 'neste concelho: alii nao havia mar- ne; em fim cram terras cxactamente como as vossas, ate que urn estrangeiro veiu com- prar uma fazenda 'neste paiz, e por em pra- ctice trez ou quatro processes, que os outros visinhos adoptaram depois que com sens olhos viram experimental-os; trez ou quatro pro- cessos que te faremos conhecer, se o deseja- res. — Fazieis-nos ricos, senhor, se nos ensi- nasseis meio de produzir amelade d'esses resultados, sem correr o risco de nos arrui- narmos, como aceontece com os que os livros eusinam. Dizem os nossos vellios que os li- vros de agricullura foram I'eitos para liomens, quo se tcm arruinado querendo cultivar por forma dilTercnle da nossa. — Podcm conhecer-se os meios de lertili- zar a terra, mens mcninos, e nao haver todas as (lualidades, toda a experiencia necessaria a uiu cultivador. Os homcns, de (lucm me I'allaes, nao tinham sido crcados no cam|)o; nao podiam levar a todas as suas explora- coes OS meios economicos, que vos aprcudeis, sem 0 sabcrdes, de o vcr fazer todos os dias. Alii esta a razao da perda de muitos culti- vadores que seguiram methodos alias excel- lentcs. 0 primciro meio, de que vou fallar, niio tem feito, que eu saiba, a ruina de uin- gucm, e tem feito de cbarnecas terras tao productivas como as de trigo. Vou conlar-vos a bistoria de um liomem que o iutroduziu 'num paiz semelhante ao vosso. Era um jornaleiro pobre , porque apenas possuia dois pequenos lerrenos de um liectar cada um, e outro de terra inculta de cineo hectares. Iloje e proprictario de bens (|ue nao tem menos de t'i hectares e de feracidade em primeira ordem. Nao era mais inlelligen- te que a nior parte de sens visinhos que tanto como elle desejavam augmenlar sens lucres e procurar a felicidade de suas faniilias; com a differcnca que em vez de se preoccupar de todos OS meios de ganhar, em vez de consi- derar na perda de uma especulacao, que ar- ruinou alguem, o que de ordinario so I'az perder tempo e causar ailliccOes, Boudin (tal era 0 seu nome) linha como rcgra invariavel nada emprchender que nao fosse justo, e Deus nao podesse approvar; e assim jioupava tempo era refle.xoes iuuteis. Fazci como elle; no lim de cada dia tereis feito mais ohserva- cOes proveitosas que outros 'num mcz. E uma so observacao boa pode ser a origcm de grandes hens. Bo\i(lin irahalhava algumas vezes com nm dono de furno de cal feito na extrcmidade da charneca a trez Uilometros da terra de trigo. Era 'ncsta ultima terra que se tirava a pedra para a cal. Tinha elle notado que era roda do forno, nos sitios ondc o acaso tinha levado alguns pedacos de cal, a herva era de cor mais carregada, e o centeio e aveia tinham um vigor extraordinario; e que alguns pes de trigo lilhos de graos misturados com a oulra semente eram vigorosos, e da- vam bellas espigas. Pensou 'nisto algum tem- po ; e foi depois ter com o dono do forno a pedir-Ihe os restos da cal, que ficavam era redor do forno. Leva-os, respondeu o dono; arabos lucramos. Boudin foi logo entender- se com 0 lavrador, que Ihe lavrava as terras; seis metres cubicos d'aquelles restos calcareos 211 foram espalhados em caniada sobre amelade de um terreno dc Boudin. Depois mandou dar uma lavra a lodo o lorreno, fel-o estru- luar; e ao raodo usual semeou cenleio na terra nao adubada com cal, e na outra adu- bada luetade cenleio, e melade Irigo. Decididamente Boudin li forca de pcnsar crrou 0 cakulo, diziam os visinhos. Esla la- zendo despezas para nao colber niais do (jiie nos; taivez menos; porque o Irigo acjui niin- ca se deu. A iinguagem poreni nuidou em breve: na terra caleada o cenleio I'oi o niais beilo do paiz; e o trigo como o das nielhores terras da visiniianca. Deu islo niuilo que fallar. Aigiins asseula- ram desde logo imilar Boudin: depois espan- taram-se das despezas de cal, que o dono ao depois queria vender, e do Iransportc; alem de que as niigallias da cal niio podiam cliegar para lodos. E seria a cal a que I'ez o milagre, on teria Boudin algum segredo? 'Neste esla- do de duvida resolveram esperar. Quanto a Boudin fez a conla das despezas, e dos sens lucres, metlendo cm conla as migalhas de cal, que o dono vendia dgpois a 10 francos o metro eubico, acliou que o oitavo de iiectar caleado, e semeado de Irigo Ibe rendera 30 francos liquidos , e assira 0 rendimento de todo o terreno foi clevado a 240 francos. 'Nesse tempo vendia-se o bectar de terra 'naquelle paiz por 320 francos. E nao se limilava a eslc todo o proveito: a aveia semeada produziu muitomeihor; e depois a erva foi mais forte e de mellior qualidade, que quando o lerreno andava em pousio. 0 professor d'aqueila povoacao era mofo estudioso e amigo de fazer bem. Miiitas vezes a tarde voltando Boudin do seu tra- balho 0 encontrava so passeando com urn livro na mao: algumas vezes o bavia inler- rogado para saber o por que de algumas cou- sas; e elle Ibe bavia respondido logo, ou trasido a resposla dias depois, sc algum estu- do a pergunta exigia. Assiin se eslabelecera entre os dous unia alfectuosa conlianca. Foi pois consullar o professor sobre a causa d'a- (|ue!les bons resullados. Nao meadmiro d'elles, respondeu o profcs- fessor. Da niuilo que em algiins silios de Inglaterra, onde a terra c muilo fria, usam OS cultivadores cobrir de cal os seus alquci- ves, e acbam-se bem com isso. Mas qual e a causa? como produz a cal esse elleito? poderia eu supprir esses residuos de cal com ella pura em menor quanlidade? e poderia dispensar o eslrume a operacao da cal? Nao vanios tao apressados, repeliu o pro- fessor; eu vou tractar de vos dizer como os sabios explicam a acjao da cal: e depois vos direi, ou antes vos comprcbendcrcis que a cal nao dispensa o estrumc. Nao vos direi, meus meninos, palavra por palavra o que o professor disse a Boudin para Ibe fazer comprebender como a cal dispoe a terra a produzir colheitas mais abundantes. Mas vos mesmos o advinbareis nas reflexoes (|ue vou fazer. Todos vos Icreis por divertimento semeado alguns graos de trigo em terra bem prepara- da. Nasce; comeca a crescer; e se enlao o arrancaes e levaes a balanca , peza niuilo menos do ipie no tempo da collieita clieio de espigas. D'onde vem pois esle pezo? d'onde veiu essa materia, quo.tanto o augmenta em alguns mezes? 0 trigo, disse um alumno, lira da terra 0 estruine que Ibe lancamos. E estaes bem cerlo, disse o meslre, i|ue nao pode vir dc outra origem: nao tendes ouvido dizer que em terra muito estrumada 0 trigo tern caules tam fracos, que ([uebrain ao menor sopro de vento? 0 eslrume nao da pois ao trigo tudo o que precLsa para bem produzir: oulras causas ba mister, que se nao acbam no eslrume. Mas o que? e como 0 havemos de saber? Se algum d'esses sabios, que fazem livros de agricullura, nos ensinar que subslancias sao essas que o trigo precisa ; e em que quan- lidade devem exislir na terra, nao julgas, Miguel, que nos faria um bom service? De cerlo, senbor; porque assim (icavamos sabendo o que baviamos de ajunctar ao terre- no pobre e esteril. Todos OS homens precisam uns dos outros, meu amigo: o jornaleiro do sabio; o sabio do jornaleiro. Assim quiz Deus que fosse, para haver razao dc nos amar-raos mutua- mcnte. M. SEC^.iO DE MATHE3IATICA. Proseguindo no empenho de reimprimir no Instilulo OS escriplos de rcconliecido mereci- niento, quo a incuria dos bomcns ou a vi- cissitude dos tempos tem tornado raros , apressamo-nos a publicar em seguida os opu.sculos de dois sabios porluguezes, que. pelo seu subido engenho, deixaram nonic illustre nao so na palria, mas ainda enlre os estranbos. E sao: um Ensaio sobre os princi- pios lie Meclianica do insigne nialbemalico, e lente 'ncsta nossa Universidade de Coini- bra 0 sr. Jose Anastacio da Cunlia ; e Notax (10 ensaio sobre os priiicipios de Mechanlca do nosso illustre e bem conhecido compatrio- la, ha poucos annos fallecido, Silvestre Pi- nbeiro Ferreira. 0 Ensaio sobre os priiicipios de Mechanica, obra posthuraa do seu auclor, era apenas um esboco de um iractado complelo de Mecha- 212 iiica, que o sr. Jose Anastacio projectava eserever; o que (lesgiaradamonle iiao pode realisar cm cdiiscciiicmia da sua morte pre- matura. Foi puljlicada em Lnndres, em ISOT. pclo eondc do Funcliiil, I). Doniingos, pos- suidor do manuscri[)to autliof;rapho, iia im- jireiisa de Cox, son, and Itaylis. As iSolas «f) A'h.s'hio foram iniprossas em Amsterdam , na offieina dc Belinfantc c eomp., no anno de 1808. I'ara esta reimpressao tivcmos dc scrvir- nos dc dnas copias nianuscriptas , porque , apesar das dilifjencias, nao pudemos alcancar OS opuscules impressos. Estamos poreni se- guros da (idclidadc das mesnias copias. I'. C. K. ENSAIO SOBRE PRINCIPIOS DE MECHAHICA, poll J. ANASTACIO DA CUNHA. Na maior parte dos innumeraveis livros, que se tcm escripto sohre a mechanica, tudo parccc facil ; c as chamadas demonstracOes dos mesmos poulos, que per fim se tern acliado escurissimos c mui ditlicultosos, principiam constanteracnte pelas costumadas lornuilas, il est clair ; il est evident ; il est visible ; il est palpable, etc. Mas vieram grandcs geome- tras, e grandcs philosophos, e quasi todos os principios fundamcntaes d'esta sciencia ap- parccerara ccreados de dilliculdades, d'onde rcbentaram muitas, mui rcniiidas, c ainda nao dccididas controvcrsias. Desde que os philosophos principiaram a co- nheeer os danuios (|uc resultam do abuso da metaphysica, c a desconfiar d'eila; desengana- dos, (|ue de cem dispulas, quem gera, mantem e propaga as nnventa e nnvc, e a cscurida- de e a equivoracao annexa a certos ternios al)stractos, eujos olijettos sao puramcnte inia- ginarios, meros cntes de raztio ; nu para f'al- lar mais ehiro, uns termos, que, a nao sc lomarem unicamenle eomo abhreviaroes das descripcOesprolixasdealgunsphenonu'nos, nao tern objeeto real : entraram a clamar, (]ue o erro esta em altribuir existencia, ou physica, ou mathematica , e analogias gcometricas a essas cntidades fantaslicas, vulgarmcnlc dcsi- gnadas pelas palavras, velocidade, movimento, forra, etc. Outra equivoracao, que me nao Icmbro de ter ainda acliado sufficientemente exposta , ainda que mui principal (talvez a mais prin- cipal) cntre as que tem dividido cm bandos e seilas OS mathematicos e cscandalisado cs prolanos; e a que precede de se nao dislin- guir, se o tractado de mechanica, a cfirca do qual se disputa, e puramcnte mathematico, ou sc tambem e physico. A Dynamica de Mr. d'Alembert, v. g., e puramcnte mathematica: a obra dos principios 6 physico-mathematica. 0 auctor de um tractado puramcnte mathe- matico, podc-se dizer que e um legislador, um creador; o auctor dc um traclado mathe- matico dc physica, e mere iiitcrpcirc c com- iiiciitador da nalureza A vcrdadc malhema- lica nao consislc senao na legiliiiiidade com que OS theoremas c as solucocs dos prolili'mas se dcrivam das deliiiicoes, pustuhidos e axio- mas; porem as delinicocs, [losiulados c axio- mas, podc-sc dizer que a nenhiima lei sao sujeitos. D'aqui vein (jue muitas coisas, que na ]iliysica sao c devcm ser objcctos de de- monslracao experimental, na mathematica nem devcm, ncm ordinariamente podcm scr de- nionstradas. E de qucrerem por nos tractados mathematicos como theoremas, o i|ue deviam por como delinicocs ou axiomas, e de teima- rem nos tractados physicos em demonstrar ma- thematicamenle o que so a expericncia pode provar , tcm resultado muito principalmcnte tantas altcrcacoes. Yerei sc exponho mais claramcnte o meu pensamcnto, cxemplilicando-o. Nos principios malhemiiticos de philosnphia natural nao ha dclinifdcs senao de nomes: nao ha axiomas ', nem postulados , nem xa,u.ga»!)fA£va ; ha leges mollis ensinadas pcla naturcza ; islo e, inda- gadas e conhrmadas pcla expericncia : o que a isto se segue, c que e tudo mathematico. £m lim o auctor dc um tractado mathematico de physica cum geomctra que resolve problemas propostos pcla naturcza: se omitte algum dos dados, sc os altera, se Ihcs subslitue outros, ja 0 problcnia que resolve, nao e o que se Ihe propoz ; ja o geomctra nao e, se nao o auctor de uma novella. Como auctor de uma novella se pode, por outra parte, considerar quem compoe um traclado puramcnte mathematico. Goza dos mesmos privilegios que se concedem pictori- bus ulqne poetis. Posso, v. g., inventar uma nova curva e dcmonstrar varias das suas propriedades. Posso escrcvcr um tractado d'optica, em que tome como hypothese, que a luz .se propaga nao em liiiha recta, mas cm linlia circular, ou cm qualquer outra linha. Posso compor uma mechanica, sup- pondo as leis do movimento que eu muito quizer. E se os mens theoremas c as minhas solucOes dos problemas forem Icgilimamen- te dcrivadas dos principios que cstabeleci, ninguem me podcra arguir de erro. Poderao sim ccnsurar-me dc ter indigna- mente abusado do precioso tempo, se essas bem ajustadas c talvez elegantes theorias se nao podcrcm applicar ii philosophia natural; se d'cllas nao podcr tirar o gcnero liumano ulilidade: e esta so consideracao e que pode e devc por limites ii imaginaciio do inventor. For isso 0 geomctra, que nao quizer incor- ' Tdmo esta polavra no sentido nail vulgar, isto e, propoiifSo em si mesmo eridente. 213 rer na censura de inutil, deve tomar, por principios ou hypotheses, nofoes conirauns, verdadcs de facto, que a natureza, que a experiencia ensinam: entao o physico mostran- do que os corpos naturaes sao (ou exacta ou proximamentc) dotados d'aqucllas mesnias pro- priedades, que o gcometra suppoz nos corpos ruathematicos, podera I'azcr uiua feliz applica- cao da theorica puramente niathoniatica a alguns assumptos pliysicos. Assim no livro dos principios as leis intitu- ladas do movimento, nao veni denionstradas geometricamcnte ; mas de serem reahnenle as leis que a natureza segue, da sir Isaac por liadora a mosma natureza : quero dizer, que as aljona com a expcriencia. Os auclores que depois teni eseripto sohre o niesmo as- sumpto (c alguns d'elles grandes geometras) tem-se cmpenhado era aciiar denionstracoes malhematicas d'aquellas leis , — porcm de- balde. Debaide ; e para fallar com propriedade, nem parallogisnios inathematicos se podera chaniar os que ofl'erecera conio denionstracoes; pois se fundani em principios ou subtilezas, que antes pertenoem ao qua chamam ontologia e cosmologia. A. inercia dos corpos, e a composicao e resolucao do movimento, teni sido principai- nicnte objecto das fadigas de alguns dos maiores geometras. Mas, se o tractado que escreveis e puramente mathematico, a inercia vae sempre incluida na hypothese. Todas as vezcs que era um theorema ou problema suppuzerdes o corpo quieto, quieto o tereis, porque assim o suppuzestes ; porque oulra coisa seria contra a supposicao. Se tendcs estabelecido algumas leis, segundo as quaes alguiua causa em certas circumstancias altera 0 estado de um corpo quieto ; e se na hypothese se indue a presenca d'essa causa e d'essas circumstancias, para algum determinado in- stante ; 'uesse instante se executara a mu- danca conforme as leis suppostas ; e nao por outra razao, senao porque qualquer outra coisa seria contra a supposicao. Similliante- mcnte se pode discorrer a cerca do corpo que se move. Assim, qucrer provar eiu um tra- ctado puramente mathematico a inercia dos cor[)Os, e querer provar o mesrao que se sup- poz ; e que denionstracoes se podem esperar de tao aijeometrica pertencao, que nao sejam illusorias ? A composicao do movimento nao pode entrar em um tractado puramente mathema- tico, se nao como hypothese, ou Xajigavojievov. Ha uma causa, 4 B razao ou motive, que , por si so , faria que um mo- vel , actualmente . — em A, descreves- ''• se uniformementc a recta AB, no tempo em que oulra causa, por si s6, Ihe faria descrever a recta AC: que ha de resultar d'eslas duas causas junctas ? Todos principiam inferindo, ou expressa ou tacitamente, que dc haver uma razao para que 0 movel descreva a recta AB, c no mesrao tempo outra razao para que descreva a recta AC; e de nao poder 0 movel descrever ambas as rectas a um tempo : se segue, que ha de descrever uma recta no piano BAC dentro do angulo BAC. E depois de dizerem, conlorme 0 costume, que isto e evidente, ou paljmcel , vae cada um, como pode, edilicando sobre este alicerce a sua demonstracao. — Que 0 movel nao ha de des- crever as rectas AB e AC no niesmo tempo, evidente e: mas 0 que deve resultar do con- flicto das duas causas contradictorias: se ha de descrever uma recta depois da outra ; se ha de descrever alguma outra linha ; e que linha ; e em que direccao ; se ha de hear parado; se se ha-de aniquilar ' ; translormar ; etc. etc. etc. ; quem 0 pode mostrar a priori? Ilallucina-nos, por uma parte aphisica, mos- trando-nos 0 que 'nestes casos succede nos corpos naturaes ; e por outra, a ambicao de dar a razao de tudo a todos ' ; ambicao, que nos leva a suppdr uma serie de denionstracoes inlinita, e por conseguinte inipossivel c absurda ; ou nos faz caliir no circulo logico. Facanios abstraccao do que achamos na natureza a cerca da composicao do movimen- to e comparemos 0 argumento acima com 0 seguinte. « 0 movel deve por uma razao acbar-se na recta AB ; por outra na recta AC: logo nao sahira do ponto A, que e 0 unico ponto conimum as duas notas. » Qual parecera mais evidente, ou mais hem fundado a um entendimento livre de preoccupacao ? 0 ultimo ao nienos assemelha-se niuilo a demonstracao da proposicao IX do 3." Liv. dos Elem. de Euclides. Mas vos (me dini ([uem propOe 0 outrij) nao mclteis na conta uma cir- cumstancia das mais essenciaes da hypothese; nao fallaes no movimento. — Isso remedea-se facilmente: dirci pois assim: « Deve mover-se na recta AB; tamheni na recta AC; logo mo- ver-se-ha no ponto A; e soniente no ponto A, pois so elle e comnium as duas rectas. » Se vos espanta um movimento sera mudanca de logar; dir-vos-liei que o movel se move no ponto A com 11 ma velocidade infinitamciile pe- (/HcHfl. Seainda esta resposla vos nao satisfaz, cont'esso, que nao sei como vos possa obrigar a adiniltil-a; nias reineter-vos-hei aos moder- nos analystas methaphysicos, os quaes profes- * O prande Euler nao acha outro meio de explicar a solu^ao de cerlo problema de mechanica, senao dizendu que o movel 'naquelle caso se aniquila. ■' O qtte tieu a raziio^ de tudo a todos. Verso assaz conhecido 'neste tempo. E de um soneto feito a morte do celebre conde de Ericeira. 214 sani explicnr similhanles noroos com a maiof facHidade. dareza e efidencia — Oh! Meta- physica ! Metaphysira ! sp todus bein ponde- rasseni quanlo es versatil ! Nao ; nem da inorcia dos I'orpos, neiii da tomposi^'ao, nem da comnuinic?i(;So do mo\i- racnlo, podem os homeiis dar oulra prova senao a evpericncia ; nem oulra razao, sonao a livre escollia do crcador. Em mil tractadn puranieiile iiialliemalit'o j;i ohscrvamos que e (reader o mesmo gco- melra que o conipoe. Em um trartado matlie- matit'o de pliysica, nada podera dizcr fom verdade, que nao seja legitiinamenle deriva- do das leis, a que o Ser Supremo sujeitou a nalureza. Pergunlcmos pois a nalurcza mosma quaes sao estas leis: perguntcmos-lho por via da expefiencia : mas com sinceridade, com docili- dade. Se clla mesnia nol-o nao ensinar; se clla mosma nos nao disser o seu segredo ; dehaldc martyrisaremos a imaginacao para que nol-o descubra. Deseiigancm-nos as IVe- neticas e fruslradas tcntativas de tanlos presu- niidos (e alguns na realidade grandes) enge- nhos, que aspirando a luua indcpendcncia alisurda, desprezando-se de aprender, cuida- ram (|ue tudo podiam adivinliar. Nao rac dcmorarei com outras questoes ; lacs como a Iheorica melhapliysica da com- niunicacao do movimenlo; a razao porque e, fdt=ih\ as forcas vivas de Leibnitz; etc. porque me parecem (e digo-o com toda a humildadequeposso) tolalmenteinuteis. Todas nasccm, e se niantem de altribuirem os au- clores sujcito rcalmcnte existenle aos nomes, velocidade , movimenlo, forca , etc. ([ue na realidade carccem de sujeito. Nns principles que proponho, denote com alguns d'esles nomes cerlaslinhas on numeros; — nao como realmente cxistcntes, nem aiiula come propercienacs a alguns entes realmente existentes, pois taes entes nao ha. — Eslas linhas ou numeros (mesmo na applicacao da mechanica mathematica ii pbiosophia natural) sao meros symbolos (e symbolos arbitrnrios), que depois de combinadns, ou desinvolvidos secundum urtem, denotam ou deterniinani, que relacao ha cntre os espacos descriplos em certos tempos, ou entre os tempos em que se dcscre- veram certos espacos. Escolhi estas linhas eu numeros e os sous nomes , de sorte , que mesmo com a signilicacao assim allerada , possam quadrar as excellentes lucubracoes geometricas c analylicas, com que grandes geonielras tem enriquecidoo mundo. — Assim (se 0 desejo me nao engana) (icara a mecha- nica mathematica , verdadciramente mathe- matica sem mistura ; c podera ajudar a pliilo- sophia natural a desviar-se da perigosa cora- panliia da melaphysica. Continua. X. MARMIER. 1' Ha dose annos, que eu alravessava pela seguiida vez a Laponia, parando em cada povo de Lapoes pescadores, em cada acampa- nienlo de Lapoes nomadas , e observando a jiliysionomia, e os costumes d'essas antigas povoacees, repellidas por uma raca con(|uista- dura para as scrras do norle, como os Indies para o dezerto. Ma quatro annos que, no caminho de Je- rusalem ao Mar-morto, eu tinha outio objecto dVstudo na pessoa d'um honesto salleador lU'diiino, que, mediante nm cento de francos, nie escoltava com doze homeiis do seu clan vagabundo. Ha trez annos que, no El-Arisch, nas pla- nices do Egypto, e alguns niezes depois na Argelia, para alem dos mures de Constanlina, eu assistia aos cxercicios ei|ueslres , as bri- Ihantes fantasias dos arabes , e>tes valentes lilhos do islamismo, vencidos algumas vezes, mas semprc indoniaveis. » Assim diz o erudite conservador da biblio- thcca de Sancta Genoveva cm Paris, iraduc- tor de Schiller e Goethe, delicieso narrador de suas incessantes e extensas viajens, proximo a enlrar em uma povoacao d'lroquczes no Canada. E nos, que temos a jjcito fazel-o mais conhecido da mocidade, curiosa de lei- luras amcnas e instruclivas, entendemos dever dar principle por aquelle pequeno trcclio, por isso que lacilnicnte se deprchende por elle quao rica messe de nolicias hao de encontrar nas suas — Lellres svr le Nord, Ihlande, la Ilollnnde, la liussie, I'Algerie, du Rliiii au!\'il, sur l'Aiiieri(pie, du Danube ou Caucase, etc., em poucos e pequcnos volumes, de preco com- mode. Nao e dado a nossa fraca e mui cancada penna o poder analysar e expor dignamente as bellezas do csiylo, o fundo de scntimento, a elevacae do pensamento, o complexo d'har- nionias, a curiosidade e viveza das imagens, 0 incanto das carlas de Mr. Marmier, cujas ultimas se aventajam sobre as jirinieiras d'um mode surprebendcnte. Extrahiremos uma ou oulra passageni, quanlo baste ao nosso iiituite; e nao sorao mister niuitas para juslilicar o nosso juizo. As cartas sobre a America ', sao endereca- das a uma senbora ; e por ventura esta ahi a explicacao do singular mime e delicadeza com que sao escriptas, mais poeticas que as anteriores, mas nao menos noticiosas, positi- vas e circumstanciadas, como se vera do seguinle primeiro trecho, que Irasladamos. « Formosa cousa sao todavia as descubertas da industria ! (Assim comeca a carta VII). Se alguma vez, na minha ignorancia, ouzei ' Paris laSl, 8 vol. io 18 (Bertrand). 215 fallar d'ellas em torn menos reverencioso, resolvi emendar-me; e d'ora em dianle in- clinar-me-hei com legitimo respeilo na pre- senca d'esta nova manifestafao do espirito humano. E se estaes curiosa de saber, qual raio de luz me descprrou os olhos ; como chcfjuei a fazer um serin exame de conscieiicia, e a reconhccer a minlia iiijustica, vou dizer-vo-lo. Esperava eu umas cartas da cara pallia, que um amigo liavia d'ir procurar para mini ao correio da New-Yorck, e mandar-me a Montreal. Cada manha via luzir estas cartas na minha esperanca ; e, apenas chegava o vapor, corria ao encontro do carteiro : mas o carteiro nao respoiidia a minha pergunta senao por um signal ncgativo com a cabeca, e continuava seu caminho sem fazer caso da minha decepcao. Tcndes esperado , no curso da vossa vida, algumas cartas deseja- das, e sabcis quao longo cntao parece o tempo d'um ao outro correio ; e como imaginamos toda a sortc de chimeras raais ou menos allli- ctivas. Dcpois de ter inutilmente imporlunado com as minhas perguntas quotidianas os honrados empregados do correio d'esta cidade, suspei- tado sua exactidao, creio ate que a sua pro- bidade, o melhor meio de por fim aos meus cuidados era evidentemenie escrever para New-Yorck, a saber se a minha recommcnda- cao tinha sido cxecutada. Mas d'aqui hi, iia perto de duzentas leguas, trez dias para ir, trez dias para voltar : em seis dias, facilmente se pode morrer scis vezes d'impaciencia. Um honrado cidadao de Montreal, tocado du minha aflliccao, e mostrando-me com o dedo um lio d'arame que me bahincava sobre a cabeca, ensinou-me um meio de correspondencia mais rapida. Dirigi-me ao escriptorio do teiegrapho electrico, aberto aos particulares como aos agentes do governo: pela somma d'um dollar expedi a minha peticao por este postilhao aerio, que uma crianca fazia mover diante de mini, pondo a mao era uma niola magica. 0 maraviliioso teiegrapho foi procurar o mcu amigo ao centro d'unia hospedaria de New- Yorck ; e trez horas depois voltava com a mesma intclligencia a procurar-me para me fazer saber, que as niinhas cartas me tinham sido expedidas ; mas que, teudo havido o esquecimento de as franquear, tinham pro- vavelniente licado na fronteira. Um novo signal do teiegrapho bastou para as reclamar era Burlington; e no seguinte dia pela manha chegavam-me pelo vapor. Eisaqui unsinventos, pelos quaes a physica realisa os sdnhos da poesia, umas niaravilhas que teriam conservado desperto o difficil suitao dos contos arabes, c salvado certamente, a milesinia segunda noite, a cabeca da enge- nhosa Scheherazad ! Continua. A. F. NOTICIAS UnERlRHS E SCIENTIFICAS. EflTeiloN flo raio. 0 doutor Boudin apresen- tou. a acadcmia de Paris, uma inlcressante me- moria siibre o raio. Diz cste medico francez ha- ver observado alguns individuos fulminados, que tinham iiu ciirpo imagcris exaclas de objeitus pro- ximos d'ellcs, na occasiao da descarga eleclrica. Ja Franklin rcl'crc, que estando nm hcimcm a porta de casa, em dia de Irovoada, se Ihe atliuii no peito o desenho da arvore fronteira, ondc ca- hira o raio, que o fulminou. Orioli falla de uma senhora, que apoz uma tempeslade, vira no pe debuchada a (lor, que tinha ii janclla, cm um vazo. Em 1825, succedou que no berganliin Uuen Serro, fuudiado na mar Adriatico. foi feri- do de raio um marinheiro, que se tinha senla- do juncto de um maslro : estava alii pendurada de um prego uma ferradnra de cavallo : exami- nado 0 cadaver, nao se Ihe encontrou feiimcnlo algum, senao a impressao exacta da ferradura. Quasi pelo mesmo tempo, foi fulminado, cm Zante, um marinheiro, em cujo peito se vio dcse- nhado o n.° 4i, que estava fixado no appardho do seu navio. 'Naquella mesma ilha, examinado 0 corpo de um rapaz morto de raio, descobri- ram-se-lhe, no hombro, varies circulos de diffc- renles diametros, conformes com os das moedas que trazia 'num embrulho, que ficou intacto. Eis ahi uma serie de factos immensamcnte curiosos. Alguns sabios prelendem ver 'nesle phe- nomeno uma cspecic de daguerreotipia ou pho- tographia natural. Nos' consideramol-os como amosira escassa dos riquissimos thesouros, rescr- vados pela natureza aos novos talentos, que hao de enriquecer a sciencia do homem. DeKapparccinienlodapopiiIarstonns iSlBa<« rtf ^atidiTicli. A populacao 'nestas ilhas tem diminuido 'numa progressao espantosa. Els 0 que se le a este respcito 'numa carta de um missionario, publicada no ultimo numero dos Aimaes da propagaj-tio da Fe. « Poderia dizer-se que os missionarios estiio aqui para assistir aos funeraes d'esta narao. \ proxima desapparicao do povo havano parece imi- nenle. i\o tempo de Cook exisliam 'nestas ilhas 300:000 habilaules: na cpocha da regenle Kahu- manu 150:00!); em 1836 108:000; em 1830 78:000; era 1854 somenle 71:000 habitantes!! Na historia do mundo uma deslruicao , como a que 1cm tido logar 'nesle archipelago, e sem exem- plo; e, se a desproporc.5o annual enlre a cifra dos obitos e dos nascimentos conlinuar na mesma escala, os nossos successores no apostolado, e lalvez mesmo alguns dos nossos contemporaneos tcrao de pregar o e>angeIho a novos coIonos.i> CORRESPONDENCIA. Recebcmos uma carta do nosso collega o sr. Miguel Ribeiro de Vasconcellos , em resposta a outra do sr. .\lcxandre Hcrculano, que publicii- mos no numero anteccdenle. Sera tambem publicada 'num dos proximos numeros. Os RR. 216 OBSERVACOIiS SlETIiOUOLOGlCAS, FEITAS !\Q GABl.NETE DE PIIYSICA DA LMVEllSIDAOE l)E COIMBUA. Anno tll com a morte c dispersao d'os que a tinham tentado, buscaram-se outros meios, que pare- ceram mais adequados, para conseguiro resul- tado ([ue se pretcndia. A allianca do clero com a nobreza, ambos queixosos, e ambos, ha muito, cm contestayoes porliadas com a corda, ligava agora naturalmente ura c outro em mais estrcilo laeo para reparar os ag- gravos, e desfazer as sem-razoes, que o governo nao queria, ou nao podia remediar. 'Neste estado as cousas caminliavam com passo mais accelerado , approxiraando o dcsenico do no d'este tcrrivcl dramma. Todos sabem corao 'na(|uella epocba a cdrlc de Iloma intervinha, d'ordinario, nas questoes nacionaes dos povos catliolicos, e como a piedade c veneracao ao pae commum dos iieis, fazia cntregar a decisao dos negocios mais difliceis e cmbaracados a curia Homana ' . Se este direito, ou prerogativa era justa, ou injusta, devida ou indevida, e objecto absolulamente albeio ao meu intento: seja-nos com tudo licito dizer, que era o direito publico geralmente admitlido enlre as nacoes da cbristandade. Se com effeito com- templarmos 'neste caso o pae commum dos Iieis, como um juiz de paz universal, charaando ao juizo concilialorio os conlendores, e pro- curando todos os meios pacilicos para termi- narem semestrepito as contendas, que se tern por Ventura suscilado entre os povos, certo que as lides luctuosas, que tern ensanguentado as paginas da bistoria nos seeulos modernos, teriam raaior nobreza, e seriam mais dignas do bomem, sendo decididas pelo raciocinio, e pela moral, do que pela forja das armas, e por meio de guerras assoladoras, em que milba- res d'horaens sao viclimas sacrificadas no altar dos caprichos, e vingancas parliculares, e as vezes no da inveja e ambicao ^ ! ' AffonsoII emseu lestamenlo encommendava ao poii.. tiDce o reino c Dittos como ao pae commum. A maior parte das doa^oes feitas a e^rejas e mosleiros, aiada pelos reis, eram todas conflrmadas por buUas, que se requeriam : e parece que nenhuma se considerava valida, nem livre da violencia, e usurpafjao dos poderosos, se na confirma- i^ao ponlificia se nao fulminasse excommunhao ao teme- rario, que leulasse ousadamente lan(;ar-lhe as milos. Isto e tao trivial que nao carece de provas. ^ Nao se juli^ue que intento i)ersuadir a renova^jlo de um tribunal, cuja existencia lioje e impossivel; mas elle serviria de remedio aos costumes descompostos, a unida- de de o|)inir»es, e a paa dos povos. O padre Francisco \axier, que como sancto venera a egreja, com o bordao de peregrine na man, e o breviario debaixo do bra(;o, fea mais serviijos a cort5a portugueza, do que um exercito; e porque os nao faria a c6rte de Koma ? Mas, se aquelle era o direito 'oaquellas eras, para que investir com tanta acrimonia a doutrina entaq re- cebida e professada em todas as escholas ? E para que in- vestil-a com tSo vagas e acerbas declama^oes ? Todos os reformadores dcsde Lutliero ate nos, presumem de nao ter corrompido, masapurado amoral; e, seguindo as ideas do seculo, declamam sem prova algum^ contra o dominio € arrogancia do rlero; contra o odioso jugo de Roma, cheio de superstiijSes e fanatismo, e iinalmente contra os dictaines da mais verdadeira e sublime philusophia. conio se fossem errados ou antes ridicuios prejuizos ! A bisto- ria poreni Ihes prova benj o contrario. 220 Similhantc- ronloiidas, decididas a fon.a das arraas, podcm provar maior dexteridadc, niclhor e niais alialisado talento no vencedor, mas nuiica a justica da causa, neni a scm- razao do veucido. Scja poreni conio for; nao tendo podido os prclados e barOcs do rcino levar ao cabo scu intcnto, neni obter por estes nieios a reparacao dos aggravos, que com dies enlendiam grangear, rcstava-lhes o re- curso a curia Romana segundo a disciplina do tempo. Foi o (|ue arconteceu. Dois annos quasi liavia ja, que ao solio pon- tilicio linha sido elevado o cardeal Sinibaldo, (|ue tomou o nome dc Iniiocencio IV. Esie pontilice, que podemos dizer ter succedido a Gregorio IX, por que Ccleslino IV apenas viveu dezoito dias depois de eleito, seguiii a politica de Gregorio IX, continuando a guer- ra com o imperador Frederico II, que aquelle tinha comefado. E por que ja desde HiO premeditara Gregorio IX ceiebrar um conci- iio em Roma, cuja convocacao se malograra por causa da guerra, que coraeciira em 1211, Innocencio IV tinha agora occasiao de iiitiniar 0 desejado inlento d'este pontifice. Foi exa- ctamenle o que fez; e cm Janeiro de 12ii) expediu Innocencio IV a bulla convocaloria para o concilio de Lyao. Mas em quanto isto passava em Roma, vejamos os successes de Portugal, quanto se podem saber em meio da grande falta, que temos, de documenlos nos trez annos antecedcntes. Continua. m. r. pe VASCONCELLOS. OS ANNUNCIOS EM INGLATERRA. 0 jornalismo d'esta nacao, que e hoje um dos mais importantes da Europa, data apenas de 1622. Houvera antes, e verdade, o jornal English Mercury, mas esta gazetta, que nao apparecia regularmcnte, acabou, apenas ces- sara a causa, que Ihe dera origem, tendo visto a luz piiblica em lbS8, quando a armada hespanhola entrara o canal inglcz. Medida de policia, Ihe chama D'Israeli ', tendenle a prevcnir o perigo, que 'naquella cpocha de anxiedade e de inquietacao geral, poderiam causar as falsas noticias. Tambem em Veneza houve, no principio do scculo XYII, um jornal ou cousa similhantc, mandado publicar pelo governo, o qual continha os actos ofBciaes da serenissima republica \ Porcm o primciro jor- ' Curiosities of lilerature. 1." serie. l."vul, ^ Da pequena nioeda lie prala chamada gazetta, custo do jornal veneziano, deriva Menage e com elle L. Du Bois e D'Israelli a etjmologia de gazetta; aCTaslando-se assira da opiiliSu dos que a faaem derivar ilo catingaza (lliezouro); ou do italiano yaiso (pi^ga); elymologias que Du Bois rejeila, a primeira por deniasiado polida, ea •egunda por deinafiaUo insoleute. nal regular c periodico foi sem duvida o W'cekeUj News'. Nao obstante limitar-sc a algumas noticias estrangeiras. dcstiluido din- lerese conic era, foi todavia o precursor do Times, do Illustrated London News, do Mor- ninij Chronicle, e de tantos outros, em que hoje abunda a imprcnsa periodica ingleza. Nao continha annuncios alguns. Trinta annos depois apparcce o que abaixo transcrevemos, e ([ue tai\ez se possa dizer o primciro annuncio « Irenotlia Grnlulatoria : « pocma heroico e panegyrico a ccrca da rc- « cente chegada dc niylord (icueral. Londres, 10u2. » Desde entao conicfa a geni'ralizar-se 0 uzo de annunciar publicacOcs lilterarias, que pareciam pleitear entre si qual se aprescn- taria com litulo mais ridiculo «A medulla do Bvangelho- Altjuni suspiros dn inferno- Gemi- dos d um precito etc. etc. » Rcclaniam-sc pretos e pretas fugidos a sens senbores, com a cir- cumstancia aggravante de Ihcs terem roubado alguraa cousa; c e de notar que, entre os signaes que se davam dos lugitivos, apparecc quasi senipre o de terem o rosto crivado de bexigas. Instrue-se o publico da introduccao do cha em Inglalerra, como se \i no Mercurius polilicus de 30 de septerahro de lOliS. « Aquel- « la excellente bebida chineza approvada por « todos OS medicos e que os chinos denomi- « nam Tcha , e outros povos Tay ou Tee , « vende-se no cafe da cabeia da Sultana. » A restauracao, porem, fez iutroiluzir novo geuero d'annuncios. Carlos II, voltando ao throno dos seus maiores, transportou para o seu paiz as idias (quasi que ia dizer os vicios) da eurte do seu illustre hospede Luiz XIV. Viu-se entao em Inglaterra o que ate alii nunca se vira ; o mais explendido fausto, o mais frenetico luxo; acabara a simplicida- de, que Cromwell introduzira, e de que elle era o proprio, que dava o exemplo; nao se cuidara seuao em festas, banquetes, e galas; banira-se aquella rigidez de costumes, que fora um dos characteres dislinctivos da epocha do protectorado, e adoptara-se a etiqueta e cerimonial da curte franceza. Os annuncios d'aquelle tempo sao outros tantos fieis thermo- metros, que marcam a mudanca dos costumes. Enchem-se as columnas dos Mercurius publicus, d'antes Mercurius polilicus, d'annuncios de caes perdidos, de objcctos de luxo extraviados, de novas invcnjoes de bijoutarias e perfuma- rias, de que entao se fazia um uso desregrado em Inglalerra. Por exemplo em o News de 4 de fevereiro de 1663 certo Jorje Grey, bar- beiro e fabricante dc cabelleiras , otferece 10 * Nao se pode mencionnr como jornal as Acta diurnia, que Junio Ruslico redigia no reinado de Nero. Eslas acta naoexistem; taosunieutesabemospurTacito, ipie as liavia. E natural que nao fo.>isem, senio unia chronica escripla por Jiinio Ruslico, paraagradarao imperador. Xacauhada liberdade d'iinprensa concedida pelo t'ezar, justifica a nussa opiniuo. 221 iJicllings por cada onja de cabello louro, e fi a 7 por egual quanlia dos de diflerente < or. No nicsmo jornal de 4 de agosto de 1684 : « Perdeu-se perto de Drury Lane um retrato 0 dc senhora encasloado era ouro, trez chavcs, (>n(o « < aKan. Acombustao do gaz hydrogenio puro prodiiz so a humidade prccisa para o ar rcspiravel, e n,io sao por isso necessariss chamines; pelo contrario o gaz carburetado produz uma fuligcm, quecobre os moTcis, e as paredes; e vaporcs sulfurosos, que atacam a respira^ao, e embaciam os metacs pre- ciosos, e por isso torna-se indispensavcl o uso dc chamines para evilar csles inconvcnientcs. O gaz hydrogenio puro dcsinvolve mais calor queo hydrogenio carburetado, eepor consequcncia tambem preferivel nas cosinhas ; mas nao e tao brilhante para a illuminacao como este ultimo ; para Ihe fazer porem adquirir aqiiella proprie- dade, basta fazer passar uma parte do hydrogenio puro atravez uma caixa de carburetos. Nas expe- riencias fcitas por Jobard perante a acadcmia das sciencias de Bruxellas reconheccu-se, que um mcsmo bico de gaz puro, cuja luz corrcspondia .i de 7 bugias, passando pelos carburetos augmen- tava a ponto de corresponder a luz de 36 bugias. Empregando por tanto este gaz economisa-sc a despesa dos fogoes, da lenha, carvao, e azeite, que nao sao necessaries para aquecer ncm illumi- 226 luir <) iiUerior das casas, o quo, rcunido a vanta- gem de nao ser nocivo .i sntide, o lorna muito prcl'erivcl ao gaz cxtrahido do carvao mineral. .treirolillin. Mr. Chaudron-Junot, de sele annos dc iKTse\cran(p trahalho, tirou cm resul- tado unia inipdrlantissima applicacao da eloctri- lidadc — exliahiii das Kansas, ale agora conside- radas cstcreis e irreductiveis, ractacs novos, cujas propriedadcs os collocam enlre os denominados nohrcs. Esses corpos que mal conheciamos no ostado de purcza, nao tinliam, nem podiam ler uso Da induslria ou nas artes liberaes: a desco- berla de Mr. Ch. Junot, proporcionou-lhes csle dupio emprego. Conscguiu roduzir oito espccies diffcrcntes, qucsiio: o chromo, o tungsteno. o molybdeno.^o litann, o urano, o silicio, o magne- sioeoahimiiiio, que dotodos 6 o menos prceioso. As ligas que fez com os seis primeiros cha- mou argirolilha {a prata de pedra); e ^ de notar que na sua prepararan enlra como parte princi- pal 0 silicio, que Mr. Ch. Junot extrai do quar- Izo, da area, c ate das pedras das caleadas. Nao Ihc falta pois materia prima. X argirolitha pode servir ja para os dcpositos galvanicos, ja para OS differenlcs artefactos que fabricam os ourives. A obra feita com csta liga c innocente, aprcsenla um brilho superior ao da prata, c custa infii i- tamente menos do que esta. A imaginacao confundc-se a vista dc tacs re- sultados, cuja novidade vein surprehender o espi- nlo. Renectindo porera que todas essas divcrsas gangas, como que cspnihadas com tanta profusao sobre o globo, para indicar a sua utilidade, sao composlas dcoxigenio e de metaes, podia prevcr- sc quo OS haviamos de chegar a separar do oxi- geno, com que estavam combinados. A electrici- dade applicada resoheu o problema. Assim e que lima dcscoberla da o scu conligente para novas descobertas, que antes cram impossiveis. REL.i^CA.0 JJos individuns nnmrados para os scguinles logarex d'instrucfao publico, dcsde o dia 4.° ate to de noveinbro, par dcspachos do Conselho superior d'instrucfat pithlicii, e dreretos do Governo com- miinicados ao mesmo Conselho superior no indi- cado periodo. INSTBDC(iO PRIUIRIA. Andre Barata, para professor lemporario da cadeira dc Margeni, districto de Porlalegre- Antonio Rodriguos Silva, para dicto de Sel- lir de Maltos, districto dc Leiria. Joao Goijies Ferreira, para dicto de Carmoes, districto dc l.isbiia, Joaquini l.ii[ics da Cruz Correa Pimentel, para dicto de Sao Miguel dcMachede, districto d'Evora. Manuel Josp Ferreira, para dicto de Caran- gucjeira, districto de i.ciria. Mainiol Vaz Rczio, para dicto de Pontc de Siir, districto de Portalegre. Fernando Maria Percira deMacedo, para dicto dc Vera Cruz, districto d'Evora, Francisco dc Paula Sarmento, para dicto de Avciras de Cima, districto dc Lisboa, Henrique Jose Aniuncs, para dicto dc Para- nhos de Baixo, districto da Guarda. Manuel Dias da Silva, para dicto de Fcrmcn- lellos, districto d'Avciro. Jos(5 da Costa Nogucira, para professor subsli- tuto da dc dc Santar, districto de Viscu. Manuel Nunes da Gucrra, para a dicta dc Cedavim, districto da Guarda. INSTRUCCAO SUPERIOR. Manuel Maria da Costa Leile, para sccrclario da Eschola Medico Cirurgica do Porto. Luiz Antonio Pereira da Silva, para lente catliedratico da 2.* cadeira da mesma Eschola. 0 Dr. Jacomc Luiz Sarmento dc Vasconccl- los, para o logar dc 3.° astronomo do Obscrva- lorio da Univcrsidadc. BIBLIOGRAPHIA. Ewlndos Kobre oh Prinioiron Kle- mcnloit an Tliooria . o CO >0 CO ^ i ri - CO 55 : ^ o Si. o td to Existi: Enlraram. Sab i ram. Murreram. Exist**!!). Evislinni. Enlraram. Sjihiram. M.,r '^ E.visle Evtsli Enlraram. Satiirain. Murreram. Evislem. ExisliBQi. Enlraram. Morreram. E\rste Existii Enlraram. Sahiram. Morreram. Exislem. Exisliara. Eolraram. So hi ram. c a. a o a o n. ^ ~ ~ c- ^^E.'il BsaBBesg o S- B-.'S ^ 9- £^ a. Q. X o- C O - i> O I? " ? - = s §■ >= S tj 3 ° £ ^ - 2 -S 2" n c - ^ — ■ — - -3 n ^ SB P — Ci_ D o •g " 0, " 5 ■ o > re : T 1 CO 10 01 01 I'll ^ O! C/t w fe>^ ^ e-^ 0 CO 0 <^ c« 0 Zji i-» K> O — 00 50 O — (S f" tj O M 10 O O 0 OtOOOOCOO C- ^ Ct £^ ^ ^ J; re re /^ fB ^ B 5 5 e S 2 S 3 C > ■o :? 2. " S re c ■= »> —"3 3 :r. to re (A. re re re re re H 35 3 3 3 3 0 3 5 ■*-- m O. * - *• Cl 12. S ^' C CD ^ ?3 ?3 a o Co a. C/3 g o fe; gSre S. 2 S re . x"^- => : 2. ST Oq.: 3- re fe< o , re -o O P ■ B ^ o§ ■ y " 3 S ' re u • _ 1 •^ re ^ 3- . re |.g-° ; o- -> ss " : 3 Q. s' "^ ■ o re 03 • ^■^ 2 re . " ^ re' = • trt -" r: a. • 4*^ O 0) re ' I b M. h* (o or *«. , ^0,C 10 *. ti> — o 10 r=^ Oc C/T ^iS. a , >°C^ '^ *• tl' — O 10 0 C5 lO 0 O tc C5 cc olJ;- -^ O O -^ to = QO i-, « -- ( ^ o a CO en 228 OKStUVACOLS METEOUOLOOICAS . FEITAS NO GABIXETE DE PIIYSICA 1 DA LMVEUSIDAOE DE COIMUKA. 1 ^ : ,. 1 Ksladu bvKrunielncu (111 iK'spiieriCA ao nieiu ilia 1 1US5 3 '^ .2 s Ellado rf» tfu r do Allufn bato- Teniio .)o Pressjlo du OrBu (fhumi- Qaanljd. de ^ yUz -le = T.H 1 metrkca a o' «por .qua.o ^^ g^^^, dade do ar, tr[>rcicn(ando em um metro ^1 teiUjio ao ineio dia. H = = lie'«l'- por i o cila- rubico (i'ar do de laliira. Jio. Dias dMihir. iMilliinetros Milllm<'lri» Millim-lrus Grammaii 1 24 752,707 14,343 738,364 0,646 14,005 N. Niihlailu. BuQilemiiu. 2 22 752,294 13,190 739,104 0,671 12,966 N. O iiipsmo. O mcsino. 3 23 752,172 13,270 738,902 0,635 13,001 N. O mesino. O mesrao. 4 2J 752,576 13,623 738,933 0,652 13,346 N. O niesino. O iiic»rao 5 24 752,960 14,084 738,876 0,635 13,752 N. O mciDio. O mestno. 6 24 752,960 13,691 739,269 0,617 13,388 N. O inesmo. O mesmo. 7 23 753,487 13,764 739, :«3 0,659 13,485 N. O mesiuo. O luesmo. 8 22 753,711 13,230 740,481 0,673 13,005 N. O meamo. O mesmo. 9 25 751,824 13,532 738,292 0,575 13,168 E. O mc*nio. O meiiiio. 10 29 754,621 16 596 738,025 0,557 15,935 E. Clar.elinip. O raesino. 11 27 7.i2,592 15 324 737,068 0,586 13,005 N. O m' snio. O mesmo. 12 28 753,480 14,563 738,917 0,518 14,030 N. O nie»iuo. O meaino. 13 28 748,929 14,985 733,944 0,533 14,437 E. 0 mearao. O mestno. U 28 751,609 15.906 735,703 0,566 15,324 N. O mesmo. O meimo. 15 29 733.357 16.762 7.16,593 0,563 16,095 N. O mesmo. O mesmo. 16 28 753,733 16,109 737,624 0,573 13,519 N. O mesmo. O mesmo. i: 27 754,302 16,332 738,030 0,616 15,787 N. O mesmo. O mesmo. 18 27 75^,349 14,995 737,351 0,566 14,494 N. O mesmo. O mesmo. 19 27 752 844 15,392 737,432 0,5B1 14,878 N. O meimo. O inesmo. 20 27 754,(16'! 15,162 739,706 0,572 14,656 N. O mesmo. O niesroo. 21 28 753,4 0 16,249 737,231 0,578 15,654 N. O rafsmo. O mesmo 22 29 751,139 16,524 735,215 0,535 15,866 N. Nublado. O mesmo. 23 24 749,948 14,975 734,973 0,675 14,622 N. O mesmo. O m»!1 0,710 13,728 N. O mesmo. O mesmo. 28 22 754,217 13,943 740,274 0,709 13,706 N. () mesmo. O mesmo. 2 'J 23 7.^,348 14,521 739,827 0,695 \i,*i6 N. Clor.elimp Omwmo. 30 22 754,97 7 14 161 740,816 0,720 13,920 O. Nuljlailo. O mesmo. 31 23 752. 8i9 14,401 738,428 0,689 14,109 O. O mesmo. O mesmo. iiifiliit ; tin mfH ^ 25,»03 ' 732,796 0,626 i To: iftfralura l*re$spo atmospherica iiran d'humidaile do or Fentot dominant Maxim >l.,iul. 29° Max. iil'sol. 754,977 Maiimo .... 0,720 n N. e E. s MIniiiia alsol. 22° Min.nlnulijt. 7-18, 9i<) .Minimo .... 0,518 a M.iV. va iac;S.) 7° Max. exriirs. 6,048 Maxima varia^. 0,202 Culm jra, 1." il i St^pleuibru de 1835. \« di f'ateOTt Mat III ( t$ de Carral cellos. I.enI e Subsl Into d.- Pli ysica. 1 ® Jnjsititttt0, .lOKNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. co\SELiio si'PERioa DE mm[U RELATORIO AXNl'AL. 1850—1851. Cuntinuadu de pog. 218. PARTE QUINTA. Instrucrao superior. Resta agora, Senhora, levar esle relatorio a exposifao do que pertence ao eslado do ultimo degrau na cscala dos conheciraentos humanos, e que e corao o mais alto andar no amplo edificio litlerario. A elle servem de base a instruccao priniaria e secundaria; to- cando estas os diversos pontos da superficie das sciencias, cujos arcanos penetra ou pro- funda a instrucfao superior. E, se pela soii- dez do fundamento se ha de apreciar a fir- nieza do edificio; se entre a litteratura e as sciencias existe uma intima allianca, um estreito parentesco; claro e que as phases ou naturaes revolucoes de abjeccao, ou esplen- dor, que olTerecerem as letras, essas mesmas na generalidade sentirao forfosamente as sciencias. Assim se ohserva, que o progressi- vo melhoraniento, que entre nos, como dicto e, tem, 'nestes ultimos, adquirido os dous pri- meiros raraos d'instruceao, e acorapanhado do aperfeifoamento da instruccao superior. Mas no niesmo aperfeiroaraento ha graus, ha va- riacoes, em que mil circumstancias a cada passo induem. Isto se vera lancando os olhos pelos diversos centros seientiHcos, em que superintende o tribunal do Conselho superior d'instruceao piiblica; os quaes sao — a Uni- versidade, a Academia polytechnica do Porto, e as trez escholas raedico-cirurgicas de Lis- boa, Porto e Funchal. Entre estes estabelecimentos scientiflcos brilha, como a lua entre os menores astros, 0 luminoso centro da Universidade; a qual, tendo sempre desde a sua inslituicao, por Vol. IV. Janeiro 15 acertadas reformas, engrandccido cada vez mais sen lustre, hoje, apesar da pouca sere- nidade dos tempos, clar^a com mui vivo esplendor. Scgundo o respectivo relatorio, em todas as funcfoes acadcmicas correu com a devida regularidade o anno lectivo lindo ; sendo todavia um pouco mais curto, por aquellas circumstancias piiblicas, que move- ram 0 real animo de V. M., assim a ordenar que as aulas terminassem mais cedo, como a dispensar dos actos os alumnos. Todas as faculdades deram provas de que com o maior zclo e ponctualidade se dedicam a aperfei- foar 0 ensino, e a conservar e engrandecer este nobiiissimo estabelecimento. Istoattestam 0 aproveitamcnto dos alumnos; a vantagem do ensino, regulado por compendios, que de novo se tem adoptado em harmonia com o cstado actual das sciencias, a composicao d'outros, que 'ncste mesmo anno vieram a lume, e ja 'neste relatorio foram menciona- dos, alera d'aquelles de que nos reiatorios anteriores se fez honrosa memoria; as mu- dancas feitas na distribuicao das materias pelos diversos annos de cada Faculdade, e outros muilos servijos louvavelmente desem- penhados. Entre estes trabalhos lustram os que vao a indicar-se; c sao elles — a discus- sao em claustro pleno sobre a reforma dos estudos superiores, cujo projeclo subiu ja ao governo de V. M.; — o projecto de reforma da Icgislacao academica ; — parecer sobre o modo de julgar os servicos dos substitutos, oppositores e addidos — sobre as taxas dos livros das aulas, etc. Mas, se pela rapida c simples relafao d'a- quelles servicos, alem d'outros muitos que seria mui longo enumerar, se raanifesta o zelo e diligencia de todas as faculdades, epor con- seguinte a florescencia do corpo universitario ; por aili se conhecem ao mesrao tempo algu- raas necessidades geraes, que pelas projecta- das reformas importa remediar. Ha porem ainda outras necessidades peculiares a cada uma das Faculdades. Na de Theoiogia se reco- nhece necessario que a bibliothcca seja for- necida de mais algumas obras theologicas, recentemente publicadas, cuja leilura se tor- na indispensavel aos alumnos da Faculdade. Na de Dircito muito releva organizar-se o curso de sciencias economico-administrativas, -1856. Num. 20. 230 sobro que ja este CoDselho superior fez subir ;i real presen^a dc V. M. o prujecto iniu a coiisulta de S de noveml)ro do ISiiO. Na de Mcdieiiia alein do que nos relatorios anlerio- rcs se I'ez jireseiite a V. M., earece odispeii- satorio pharniaceutico d'aiguiis uteiisilios; Iieiii conio de varki> instrunientos os gabiiielcs d'anatomia, de luedii-ina operaloria e d'arle olisli'tricia. Na de Mathematiea sao laiuliem iieeessarios diversos instrunientos para o oljservatorio astronomieo, cuja compra eon- viria que fosse feita por uni ou dous lentcs, aeomj)anliados d'lini iiabil artista. Ma dc Piii- lojopliia rcsta eompletar-se, no iaboratoiio cliimieo, a eolleeeao dos corpos sinipliees, supprir a falta das niachinas e utensiiios: assim conio no gabinete de zoologia a falta d'exenipiares de muitas espeeies exotieas : resla em liin, er.nio meio mais geitoso para cnrii|uecer cstc e os demais cslaiielecinieutos de bistoria natural, o por em practiea o me- tbodo das \iageus sciciitilieas, dentro c fora do reino, afim de se obter colleceoes eomple- t;is dos trez reinos da natureza ; couio ja este Conselho superior teve a iionra de pro- por a Y. M. nas cousultas dc 20 de fevereiro dc 1840, e 0 de novembro de 1819. Foi frequeiUada a Universidade, no anno eseliolar iindo, por 890 alumnos, contados pelas matricuias; havendo sido no anno an- terior 88i: dilTerenea para niais 15. Indivi- dualmcnle foram 7()0. Toda a despeza da Universidade e estabeleeimentos annexes foi de aG:2G5^185 reis liquidos de impostos. Deduzida porem a importancia das matiicu- las, cartas de formatura, compendios e nuiis propinas pagas pclos alumnos, liea a despeza eiVectiva do thesouro reduzida a 20:097^738 reis. Vindo agora aos outros estabeleeimentos scientificos, cuja inspeccao esta egualmente conliada ao Conselbo, menos agradavel appa- rece 'nelles o estado da instruccao. Na Aca- dcmia polytechnica do Porto, segundo se ve do scu relatorio foi irregular a frequencia; abrindo-se mais tarde as aulas por causa dos contursos as substituifoes das seccoes de Matbematica c Philosophia, e terminando mais cedo o anno pelo perdao d'acto. Aflirma comtudo a .Vcademia o aproveitaraento lit- terario dos alumnos ; os quaes, contados in- dividualmcnte foram sonicntc 9.2, cnlrando ueste numero 38 ouvintes. Continnam as causas do atrazo d'este estabelecimento, pon- deradas jii 'noutros relatorios. E no sentir da Academia eutre outras necessidades, a falta d'um jardim botanico e experimental ; a falta de simplicidade no curso de pilota- gem; a falta de instrunientos physicos; a falta dc cadeira para o ensino do curso de construccoes: tudo isto necessariamente con- cone para que d'esta Academia sc nao co- Iham OS fructos, que poderiam esperar-se. A sua despeza annnal, deduzidos os impostos, anda pela (piantia de 9:i3S^8I0 reis. Da escbola medico-eirurgica de Lisboa, pela falta do competenle relatorio, nao sabe 0 Conscllio ainda (jual foi no anno Undo n estado da instruccao. No anno anterior havia ella sido frequentada per 40 alumnos; per- tencendo a escbola de pliarmacia unicamen- te ^; e a de parleiras 8. Na parte material do estabelecimento, earece elle, na opiniao da escbola, de se melliorarem os seus difle- rentes estabeleeimentos parliculares, para que se possa obter o progresso tbeorico e pra- ctice das sciencias. A despeza ell'ectiva d'esta eschola, no anno anterior ao ultimo, imporla na (piantia de 0:008^090 reis. A escbola medieo-cirurgica do Porlo foi no anno findo frequentada por il.'i ahimnos. Teve a escliola inedica li8 doentes; a cirurgica 97: lize- ram-se 16 opcracoes cirnrgicas mais nolaveis, com a perda de so dous iiidividuos. Teni o conselbo da escbola exigido dos alumnos a repeticao da frequencia das cadeiras d'ana- tomia no 2." anno preseri[ita no regulamento de io de junbo de 182o, mas omittida na lei de 20 de septembro de 1844. Os exanies dos alumnos tem sido regulados pelos esta- tutos da Universidade. Estas niedidas extra- legaes, que a escbola julga vantajosas para 0 adiantamento oii irinno. Cuntiuuado de pa;^. 2^0. XI. Jii vimos (pjal era o cstado deploravel do reiiio principalmente na ultima decada do reinado de Sancbo II. Aos motives de des- goslo que causava a imbecilidade e indolencia do rei, outro novo se levaiitava com o casa- menlo, (jue elle lizera com D. Mecia Lopes de Ilaro, sua parcnta. Este casameuto dava oc- casiao a nova perturbacao e novos procedi- menlos da curia de Uoma c dos prelados do reino para a separacao dos conjuges, por causa do parentesco que entre ambos liavia, e t'alta de dispensa matrimonial. Uepresentando a fabiila do Edipo, condemnado a uma negra fatalidade, parece ter sido Saucho fascinado a um ponto tal, ijue, desprczando adraocsta- coes, e nao I'azendo cabedal do parerer de sens mais inlimos conselliciros, deixou lavrar 0 incendio para depois mais o nao poder apa- gar. Os prelados do reino, entre os quaes devemos contar o bispo de Lisboa, que, ja ao tempo do chamamento para o concilio de Roma por Gregorio IX se achava rcsidente na curia, 0 bispo do Porto , o arcebispo de Braga , e mestre Tiburcio bispo eleito de Coimbra, todos partiram , conforme a carta de convocacflo , para assistirem ao concilio, que em Uoma devia I celebrar-se ; mas, como por causa da gucrra com Frederico II se nao podesse ajunctar este concilio, alguns dos prelados nao chegaram a Roma. Assim acconteceu a U. Tiburcio, eleito de Coimbra, que, tendo para alii partido a ID de novembro de 12i0, cbegou a Palencia, sua patria, e, constando-liie do desbarato da armada e prisao dos prelados, que 'nella lam, nao passou mais avanle, e voltou nos fins de julbo para a sua egreja '. Aqui se conservou D. Tiburcio, e foi durante este tempo que teve logar a intimacao do eleito de Camora, ' O prior do S. Bartholomeu que depois foi thesou- reiro d'esta se. e vifiario do bispo, jura na citada inque- ri(;.^o, que D. Tiburcio Bra charaado a Roiua por Gregorio IX, e partira para alii a 10 de novembro de 1*240, vol- tando nos fins de jiillio do anno seguinte sem chegar ao destino para que tinha sallido. <* Dixit quod T. episcopus prima vice fuit Tocatus a " domino (Jregorio ad curiam Romanam (juando prelati u fuerunt capti et tunc ivit usque ad Palentinam civita- u tem, et ibi and ito quod erant prelati capti, non ivit ultra, « stetit in Castella toto tempore, uit iter? 11 dixit quod in vigilia beali Martini, et hoc vidit et 11 publice dicebatur. " 233 para que o rci fizesse entrogar a s6 de Coimbra o dinheiro, que a ella deixara seu pae Affonso II, de que ja dei notiiia. Ja a este tempo a corte de Roma estava sabedora do que se passava. Nao so os comis- sarios, que Iniiocencio IV mandara, o haviam ja inforniado, se nao tambem os prelados, (jue 'naquelle tomiio passavam a curia, e alii con- corriam com liequencia, haviam de ter dado parte de tudo ao ponlilice, que precalado toraava entao a seu cuidado melliorar a sorle do reino. Em maio de 1245 niandava lu- noccncio expedir bulla aos bispos do Porlo, c Coiuibra, e ao prior dos Domiiiicos para admoeslarem Saucbo II, para se abster do com- portanieiUo, ([ue ate alii tinba tido; por cobro nos abusosque havia deixado correr com tan- ta soltura, e remediar os males, que allligiam a uacao, e\horlando-o a emenda e reparacao de tantos aggravos. Que raeios elles empre- garam i)ara conseguir este iim, que resposta tivcram do rei, e ouUas mais circumstancias accessorias, nao sabemos, nem mesmo importa ao nosso objocto, que todo se dirige a mostrar, que tal revolucao nao fora so feita peia insolen- cia dos ecclcciasticos e sua extraordinaria pre- potencia, mas que 'nella tomaram parte todas as mais classes da socicdade, como temos visto nas revolucoes, que tao I'requenles tern sido ha meio seculo para ca '. Em maio (1245) partiram os prelados, que no reino ainda estavam ; entre os quaes conto D. Tiburcio, para assistir ao coucilio, a que tinhani sido chamados por Innocencio IV , e , chegados a Lyao , deram parte do que haviam passado com Sancho II, e do nenhum resultado, que delle tinham obtido, continuando tudo no mesmo estado deplora- vel, em que o reino se acbava na parte adnii- nistrativa e judicial. Era a ultima tentativa , que a corte de Ilonia fazia, para evitar que Sancho se precipitasse no fojo em que dcfgra- cadamente cabiu. Se alguem ([uer ver 'nestc desenlace revolucao d'ante mao preparada, nao comprehendo , como tal se possa inCerir do que temos exposto. Em todo este acconte- cimento, nao podemos deixar de notar esta cega fatalidade, que muitas vezes nos acompa- nha ; este destinn da providencia que nos nao deixa ver o prccipicio, a cuja borda estamos, ale que finalmente iielle cabimos. Foi exac- ' MelloFreire no vj, XLVII da siiaHistoria dedireito, (" era outrcis iogares paralleios diz, fallando d'esla catas- trophe « fnisse in priiiiis nimiam ecclesiasticurura poteii- « tiam, et superstilionum . . . quod rex . . . eorum vio- «i lentias reprimeret cnrri/ptissimos mores emendaret " etc. Isto diz de todos os eccle.«iasticos, e falando dos seculares diz ti (piorundara nubiliuni. " Comparem-se com esta outras similhautes tiradas parallelas. e veremos qual sera o espirito de partido, com que este X. escreve. NaHistoria de Portugalosr. A. Herculano. naosdchama prelados turljulentos a todos os d'este reino ; sen3o ainda conspiradores etc. pag. 394 not. 3, 1." edi^. Mas estas sao as ideas do seculo, que so no clero quer ver os con- spiradores. e so 'nelle os crimes .' tamcnte o que accontcceu a este rei ! Despre- zando as admoestacoes, nao daudo ouvido as queixas, nao reparando os aggravos ; confir- mava U. Sancho as informacues, (|iie ja na curia constavam ; e agora de novo inforniado pidos prelados, pormuitos dos nobres e mag- nates do reino, que alii concorreram, levando cartas e representafoes por parte de nobreza, e pela de diversas corporacOes, e militares ', Innocencio IV pela bulla Grandi, non im- merito enviava o conde de Bolonba a Portu- gal, como governador, e pessoa a quem com- petia a administracao do reino, sendo succes- sor de seu irmao, se este morresse s(mu lilhos; nao sendo de sua intencao prival-o da coroa, nem tirar a successao a seu lilho legitimo, se 0 tivesse, mas somenle para atalhar os males, que corriam com grande soltura, pclo reino; administrar a justica e punir os delin(|uentes, restabelecendo a ordem, e tranquillidade em todo elle '. Pelos lins d'este anno cntrou D. Tiburcio com 0 conde de Bolonba, desenburcando em Lisboa, sem resistencia : e cm 4 d'abril do seguinte anno um e outro entraram em Leiria onde foram festejados, recebendo de todos bom gasalbado \ Algum tempo se demorou nesta villa 0 conde de Bolonha com seu companheiro D. Tiburcio, em cujo tempo coraecou este bispo as graves questoes com os padres Cruzios, que 0 tolhiam de exercitar as ordeus episcopaes 'nesta villa de Leiria, que entao era do seu bispado. Desta epoca em diante acho este pre- lado enipregado no governo da diocese, tendo- se passado a Monte-Mor, onde se acbava a raiuha D. Thereza; e onde assistira i'alto de meios, pelo sequestro em que tinha as rendas. 0 arcebispo de Braga D. Joao Egas achava-se em Ohidos\ lalvez nao quercndo desamparar 0 conde, em cujo service viera; e d'esta villa data elle uma sentenca, conlirmaudo certa de- cisao dada a D. Tiburcio sobre a qucslao que teve em Leiria com os padres de Sancta Cruz •. Tanlo que D. Sancho soube que o bispo de Coimbra vinha executor do mandado apos- tolico, fez-lhe sequestrar todas as rendas, tomar celleiro e casas de residencia, assim como as de todo 0 cabido, que egualmeute se recolheu foragido a Monte-Mor. D'estes reudimentos dispunha Gomes Eanes Portocarreiro, a quem por mofa chamavara o bispo de Coimbra, se- ' . . . Communitalum baronum , militum ac etiam noljilium dommorum. Cap. Grand. Deer, de suplenda neu'l. pral. in 6.° - ]d. ibid. ^ Doc. mandado fazer por D. Tiburcio em Leiria IV. Non. April. Era 1284.—" T. dei gratia Collimbrien- sis episcopus cum domino comite Bolonie de mandato apostolico incedentes ad villam de Leirena ve- nioius . . . et cum idem comes ... a toto populo ejusdem loci fuisset receptus — etc. Gav. do bispado n.° 227. * Ibid. > Dat. apud. Obidos IV. Kal. Jul. E. 1284. J. pro- missione divina arcbiepiscopus Bracar. Assim se intitula 'nesta data. Ibid. 234 gundo ilepSem as tcsteniunluis , c por elle foram adminlslrados ate a saliida dc Sanclio para Toledo. 'Ncsta ultima villa fallecou depois D. Tiburcio a 21 de novembro de 124(), e poucos dias depois tcve iogar 'iiella a eleioao de mestre Domingos, e nao Durando, como cm alguus catalogos se lt\, que em Leiria I'oi (Onlirmado pelo primaz' , que ou tinha mudado de Ohidos para aquclia \illa, ou linha para l.-i ido por alguni outro motivo, que se ignora. Se pois segiiirmos os passos dados por D. Tihuriio durante esta revohirao, vcromos 'nei- le deterniiiiado ajmlogista do governo do conde, e ainda deeidido parlidario do seu Iriunipho sobre o irniao ; luas nao poderemos taxal-o de turlmlfiilo e conxjiirador, nem de lautor de pianos tenel)rosos para destruir o governo de Saucho, como i)or alguem tern sido acoiniado. Venios OS prelados e baroes do reino irritados contra os aggravos, que entendiam deverem ser reparados, procurarem todos os meios de sahir da situarao, em que se aehavam, scm o poderem conseguir, e na presenca de tantos males, e de tantas calamidades, ser so a mu- danca da administracao do reino o unico re- raed'io. que poderia dar-se a descompostura, era que se acbava, c o unico modo de sabir facilmente dc lerreno tao minado pelos dcscon- certos da sua govcrnacao, e tao mal seguro. Como 0 desprezo monstruoso de toda a boa ordem foi senipre a divisa de Saiicho II, ao menos nos ultimos annos do sen reinado, e o breve apostclico, nao o privando do reino, nem a elle nem a seu legilimo bcrdeiro, se por Ventura o tivesse, fora 'ueste caso o recurso aos tres cslados do reino o unico interprete de tao criticos momentos, e talvcz o unico mcio de salvacao, mas nem ainda assim se fez, e sera embargo dos adherentcs e dos auxi- iiares que a favor de Sancho tercavam para 0 salvar, a sua cauza foi-lhe avessa, e a forca das circuraslancias a decidiu nao sem con- testacoes. D.' Sancho com sua irabecilidadc, repouso ' Por morledeD. Tiburcio foi eleito mestre Domingos, liispo desta se, pelo cabido, que entao estava reunido 'na- quella villa. Na Historia de Portugal citada liv. V. pag. 413 chama-se-lhe Durando: isto por^m foi engaiio ; por c|ue em toda a serie chronob)gica dos bispos de Coimbra nao aparece um so com tal nome, ao menos que por documeiitos se pussa provar, posto que assim se fa(;a men(;i;o em alguns cattialogos menos exactos. Que fora mestre Domingos o eleito, consta claramenle da citada inquiri^ao em que as proprias testemunhas que oelegeram assim o juram — magister dominicus electiis P'st mortem domni Tibmcii. — Se elle port'm seguiu a politica de seu antecessor, [larece natural, porque as mesmas teste- munhas juram que elle nao podia vir a Coimbra com receio do rei — sine periciilo caiitionis.—O arcebispo primaz o confirmou logo em Leiria, para onde |)artira depois da eleioao capitular, como afirmam as mesraas testemunhas. Parece-me ser este bispo, aquelle conego que assigna com esta disignagao na doa(;ao, e divisao das rendas do bispado pelo bispo D. Pedro Soeiro , e cabido em 1210. Documento na Gav. 12, R. 2, m. 1, n.» 35, em que se vi a assignatura — magister dominicus — immediata ao arcediago. e candura facilitou sua ruina, e dcu causa a revolucao, (|ue terminou o eslado lamentavel do reino, cobrindo-se com a loisa sepulchral, longc da patria, novohinlario asylo que csco- Ihcra Lameiitaremos a fatalidade ou antes cegueira, com que foi fascinado, para o coii- duzir a tao deploravcl situacao ; mas nao imputemos a coiijuracao nera a faccOes o que fora lilho do erro, e imprevideiicia com que governou, ou deixou goveruar ministros am- liiciosos, e mal avisados conselheiros, ou va- lidos, ([ue Ihe prepararam tao terrivcl catas- trophe. Do (;j'> tenlio exposto, lanto no (jue respeila a historia, como no que respeita a critica, ver-se-ha que o nieu tim era ser francamente imparcial. Serito as minhas obscrvacoes justas? l)e('idain-o os outros a vista do ipie (ica pondcrado. Nenhum proveito, ncnhnma gloria prociu'o niais, do <|ue levar a mais alto, mas devido ponto, a estima do nosso clero, sempre docslado por sens apostados antagonistas : e por isso concluirei com os seguintes versos de Ovidio. Caniiiiiilnis qitnero miserant/n altliein renim : Preiiiii, si studi'i cmseqttur istii , sat est. M. R. DE VASCO.N CELLOS. P. S. J a a presento memoria estava escripta , (|uando ao .seu A. constou, que na redaccao do Instituto se achava uma carta do sr. Herculano contra os tres primeiros capitulos d'esta memoria. Nao se reputa seu A. nem se lisongea de ser infalivel no apurado exame que fez dos documenlos, de que se serviu; na diligencia que empregou, e nos juizos que inlcrpoz a cerca dos factos que rcferiu ; e 'neste caso vera tranquillo a sua censura, se for arguido de diligencia menos esmerada, ou de mal forniatlo discurso. Sua intencao foi so o amor da verdade, c 0 csclarecimento de succcssos menos hem .iprc- ciados atcgora. Se os enlendeu hem ou se os entendcu mal o leitor imparcial e sem pre- venjao o decidira. Nao deixara com tudo de responder iiquella missiva depois de publicada nas paginas d'este jornal. OBSERVATIONS SUR LA DECOUVERTE D'UN LAC DANS L'AFRIQUE AU SUD DE L'EQUATEUR. L'Athenwtm du 6 octobre a public un article sur la decouverte d'une mer interieure dans I'Afrique equatoriale. On y lit que M. Reb- mann, missionnaire a Mombas, venait d'en- voyer a M. le docteur Pelerraann une carte represcntant cette mer comrae occupant le 235 vastc espace situe entre I'equateur et le 10° de latilutle sud en longueur, et entre Ic 23" et le 30" Jc longitude est de Greenwich en largeiir, de nianiere que le lac Xijassa Ibrnie son evtremile sud-est. La decouverle s'ap])iiie sur les teraoignages concordants d'un grand nonibre de nalureU vivant dans le \oisinagc de la nier inlerieiire ou sur ses bonis." Jusqu'ii present la decouverle de .M. Reh- manii parait au docleur Petennann n'etre etahlie ijne dans ce sens qu'il n'y a qu'un seul grand lac dans rArri(iue meridionale : telle est la nouvclle qui nous est donnee. Mais depuis que nous eludions les cartes anciennes, et(iuun grand nonibre de ces prccieux monu- ments de la geographic sont sous nos ycu\, 11 est I'ort curieux au point de vue de I hi- CH. Dizem todos, e 0 mesrao vulgo , que o move! A correu maisy ou que andou niais de pressa, ou que e niais vcioz, ou que tem maior veloci- dade. Assim conforme a linsuagcm vulgar, tem maior vclocidade aqueile movel , que descrcve maior espafo em egual tempo. Sc- nielliantoraente se aeha, que segundo a lin- guagem vulgar, e mais veioz, aquolle movel que descieve egual esparo em menos tempo E em (im, chaniam vulgarmente mais veIoz aquelle movel, que descreve maior espato em menos tempo. Porem o mechanico reflectindo um pouco 'nestas expressoes nao pode dcixar de as achar vagas, e insullicientes para o que elle pre- lende. 0 que elle pretende e estaheler metliodos seguros e geraes para determinar as relaeoos, que ha entre espajos descriptos em certos tempos ; ou entre os tempos, em que se des- creveram certos espacos, e qualquer daquel- las expressoes, por quadrar a uma inlinidade de cases diversos, deixaria os problemas in- determinados. E isto por duas razoes: 1." por ()ue ainda que seja AG > CH, pode o movel A ter descripto algiima porcao de AG menor ((ue a porcao que no mesmo tempo descreve 6' em CI); e 'nesses logares seria C o mais veIoz ; e isto por infinitos modos: 2." poiqiie tambem sao inlinitos os modos (lorque ]jode ser A G > CU. Remedea-se tudo isto com a definicao V : mas esla detinijao podia ser diversa, e ter o mesmo prestimo, pelo que toca a precisao do dt calculo. Ponhamos v. g. v = --^ -. expressao de hem diversa que offerece a definicao V, e hem diversa da da linguagem vulgar ; pois con- forme esta expressao seria necessario dizex que quanto maior e o tempo cm que um movel descreve um espaco dado, maior e a sua velo- eidade. Porem que imporla? Quando, confor- mando-me a nova delinicao, digo que a veloci- dade de um movel e dupla da do outro , denoto o mesmo, que denotaria conformando- niea definicao V, quando dicesse, que a velo- cidade do primeiro e metade da do segundo ; de . . dt n , . por ser — o mverso de -r-. Para denolar a dt de propricdade dos corpos graves, em vez de dizer que a velocidade e directamente como 0 tempo, teria de dizer, que e inversamente como 0 tempo. Da mesraa sorte podiamos por d'"e d"e , dPe d'"e d'"e «' = asen. -— , ouc = log. -r-, etc. etc. Ua d"t " d"t mesma sorte que podiamos inventar novos nomes para as cores, para os vestidos, etc. etc. E 0 mesmo diseurso convem as definifoes da accelerajao, da quantidade de movimento, etc. etc. 4.° Pica desnccessaria a trabalhosa e escholastica distincjao entre velocidade ac- tual , e velocidade potencial. — E terdade que velocidade variavel, quantidade variavel, tomando-se estas palavras no sentido litteral, e absurdo : porem nao e assim que se devem entender: devem entender-se como vcm expli- cadas na delinifao I do Ensnio ' sohre os Principios do calculo jluxionario. 5.° Nao menos desnccessaria fica a indaga- fao, e a consideracao dos valores, ou das pro- porcoes do que chamam causas. Nas hypo- theses 11 e III muito de proposito evito a palavra causa, e digo antes molivo ou razao: por me parecer que estas ainda conservam intacta a sua vulgar significacao, que 'neste caso e so a segura : pois a da outra, adulte- rada pelos philosophos, tem-se feito um dos mais I'ecundos mananciaes de conl'usao, equi- vocos e contendas. Eu tomo sempre as palavras motivo, razao, ou causa no sentido niais popular. 0 homem geralmente depois de observar sufficientes vezes (isto e, tantas quantas a sua natureza competeni) que a repeticao de certo phenomeno (i sempre acompanhada da repetic5o de outro certo phenomeno, chama ao primeiro, causa do segundo; e ao segundo, elTcilo do primeiro; e e de facto, que fica persuadido de que sempre ao primeiro ha de aeompanhar o segundo, excepto no conflicto de outro phenomeno, que seja incompativel com aquella causa, ou coui aquelle elTeito. Nada mais necessita iiem pode saber o mechanico sobre este ponto. Se aquel- la conjuncrao (tanto a passada, que observou, como a futura que admitte) precede de con- nexdo, ou se succede, como a harmonia presta- bilita de Leibnitz ? se se deriva necessaria- mente da natureza dos phenoraenos conjun- clos, ou se poderia haver outras conjunccues diversas? — Que homem o sabe? Porem tam- bem, que necessidade tem o mechanico dc 0 saber? — E nao so o mechanico puramen- le mathematico , mas tambem o physico. A ' Esta ohra njlu existe. A definicao I do livra XV dn.s Princ. Mtith. do mesmo auetor e a seguinte. " Se uma expressau admittir mais de nra valor , quando outra expressSo admitte iim s6, chamar-se-ha esla constante. e aqudia variavel. » (Not. do E.) 238 sun natureza c a cxperiencia o forfam a crer, v. g., que ijuaUiuer fori)0, como os que (■onliecc, desce, (|uain)o nao aiha cnibaravo, descrevtMulo lo pes no primeiro I" purto da >uperlii-ie da terra ; e que na distancia, em queesUi a lu;i, desereveria 15 pes no primeiro 1 Isto nu'siiii) denota. coiiroriiie a iinguageni mais vulgar; dizeiido, v. g. ([ue a viziuliaiita da superlieie da terra e a eausa, motivo, mi razao, por (jue uin eorpo grave desereve Iti pes em o primeiro 1' ; que a distaiieia de (10 semidianietros da terra e a causa, motivo ou razao, por que urn eorpo grave desereve IK pes no primeiro 1 . Cr£ da mesnia sorle que ao plienomeno denotado pela palavra impulso, nu goipe, se segue moviinenlo unil'ormc : ensiiia-Ihe tamhem a expcrieneia (jue ao plie- nomeno denotado pela palavra prcssao se segue movimento similhanto ao dos corpos graves. Que mais llie 6 neeessario? Se urn eorpo reeehe dois golpes ao mesmo tempo diversamentc dirigidos , c motivo de duas velocidades constantes em direeeoes diversas: se um eorpo grave recebe ou no prineipio, ou em qualquer oulro instante da sua queda, um goIpe cm direcciio nao vertical, lia nm motivo para que o eorpo descreva accelleradamente wma recta, e outro motivo para que desereva oulra unirormemente : em (jualquer d'estes cases, ou cm rjualqiier outro semelhanle pode derivar das hypotheses II c III confirmadas . pela experiencia , o que deve succeder : e esfusa de martyrisar o cerehro (e martyrisal-o dehalde) com a indagacao, comtemplacao, etc, do (|ue chamani causas ejfidentes, ])roducentes, »fffl,jion«f!, etc. etc. (>." D'este modo nao poderao achar logar na verdadeira e sa mechanica , ou pura- mcnte mathemalica , ou tamhem physica , a queslao Leibnitziana sobre as forcas vivas e morlas; a queslan BernouiUiana sobre a equa- cao fdl = (h\ etc. etc. Ficani naturalmcnte de lora. fiOTIClAS LITTERflRiJS E SClENTIFICaS. 4 ia^ricsiDtiim ens Iitelnloi-s-n. 'Niira meeting agricola, ultimanienle celcbrado em In- glaterra, lord Stanlty (leclarmi, que cm todo o Rciiio UniJo ha\ia 77 milhots d'acrcs [geiras) de terra, dos quaes 47 milhues bem on mal cultivados; 15 milhfies, quo nSo eram susctpti\cis de cultura; (■ IS niilhoes, quo [jodiam cul[i\ar-se, mas que lie facto cstavam incultos ; ile maneira que cm Inglaterra so se agrieulta a qiiinta parte do ter- rono, e essa mesma niio e loda bem culti\ada. 0 mesmo agronomo disse, que o tcrrcno cul- ti\;ulo 'naquelle paiz poderia dar n triplo da sua produccao actual, se na cultura d'cUc se seguissem us principios o as praclicas da modcrna agricul- tura. E:Ntatllor termo medio em 100 dolars, scm nieneionar as nioljilias, e todos os mais olijerlos do servieo domcstico, a riqueza d'este paiz linha augmentado 'naquelle curto cspaco 668 milboes de dolars. (The Land and liuilding News.) BIBLIOGRAPHIA. Elcvliitn ^ Oledo. Joso Antonio d'Oliveira , para dicto de Bein- querencas. im.u .\ugusto Ferrcira Bemfeito, para dicto d'.XImcirim, districto de Sanlarem. Joiio Maria Ucliello I'ercira da Silva, para dido de Lordello, districto de Villa Keal. Thiago da Encarnacio Ferrcira, para dicto dc Azaruja, districto d'Evora Antonio RodriKues Fernandes, para dicto dc Dorncllas dc Caliril. districto de Viseu. Joaquim .\ntonio de Monra, para dicto da Varf;ea, districto de Castello-Branco. Manuel Ricardo da Siha Lamego, para dicto d'Obidos, districto de Lciria. Jose (^orrea Pinto Campos, para ajudantc da eschola d'ensino mulno de Coinibra. Maria Oililia Mendonca da Silvcira , para mcsnij teniporaria da eschola de mcninas de Villa Franca do Campo, districto de Poiita Dclgada. Elena .\ntonia Ferreira, para dicta de llhavo, district!) d'Aveiro. Antonio Pires da Costa, para professor vila- licio da cadeira dc Sopins por transfcrencia ila de Taveiro (ilccrcto de 20 dc novembro ultimo). Justino .\iitonio Soarcs da Costa, para dicto de Taveiro, por transfcrencia da de Mmite-Mor o Velho, districto dc Coimbra (decreto de 20 de novembro ultimo). Joaquim Jose l)ias Antunes, para dicto de Tortozcndo, districto de Castcllo-Branco. I.uiz Jose AnnesBaganha, para dicto dc .ilc.iccr do Sal, districto de Lisboa (decreto de 14 ite novembro ultimo). Francisco Duarte Ramos, para dicto dc Tina- Ihas. Joao Ferreira Callado, para dicto dc .\mirjes dc Baixo, districto de Santarem. Scliasti.ao d'.\lmeida Siniocs, para dicto das Fehres, districto de Colia! hyjjroujf iricii di* alinuspberu au lueio dia Mllliuu-trua 20,°0[0]{ 750,904 Tfinpfrattira Masim absol. 22° Minima aLsuI. 19" Max. \uria);rio 3" 740,190 735,839 732,408 734,309 739,480 737,446 737,786 737,170 736,181 737,194 740,547 739,657 737,724 737,126 739,124 739,175 742,7511 741,198 733,.108 740,364 735,763 736,247 737,258 739,404 738,951 736, 4H2 737,275 734,963 734,579 733,714 Gtau d'huiui- ilade do ar, repreienlando pur 1 o e,la- ilo de aatura- fio. Prcssao atmospherica Max. absol. 755,020 Min.absolut. 745,734 Max. excurs. 9,286 0,7 5-,: 0,742 0,716 0 741 0,709 0,760 0,6Bi 0,717 0,760 0,812 0,789 0,779 0,799 0,792 0,780 0,649 0.705 0,li8J 0,»10 0,1139 0,784 0,781 0,800 0,779 0,790 0,757 0,749 0,757 0,759 0,781 Quantid. de *a|}or contido em uni mctru cubico u'ar GraiuniHs 0,761 14,547 14,334 13,065 13,515 12,487 13,082 11.735 12,346 13,082 13,566 13,573 13,400 12,974 13,232 13,427 12,547 12,136 13,295 13,935 13,020 13,496 12,680 13,771 13,400 13,598 13,035 12,162 13,035 12,324 12,681 O. S. s. s. N. N. E. E. S. S. N. O. s. s. o. o. E. N. O. N. O. O. o. o. o. s. s. o. o. o. Grail d'hvmidade door Maximo .... 0,839 Minimo .... 0,649 Maxima variai;. 0,190 Kstado de cen r do tempo BO meto din. NnUladu. Hum lt.-H)|>o. O mesniu () nifsmo. O meaniu. () mesmo. O mesmo. O mesmo. O meamo. O uiesoiu. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. Gncubert. T. chuvoso. Nubtado. Bom tempo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O^mesmo ^.O mesmu. O mesmo. O mesmo. Encnbert. T. cbuvoso. Clar. eUin|). B. temp. Nubladu. O mesmo. O mesmo O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. O mesmo. Encubert. T. chuvoso. Nubladu. Bom tempo. Encubert. T. chuvoso. Nubladu. Bum tempo. Encubert. T. chuvoso. yentoa dominant O. e S. Cuiinbra, 1." de Oulubro ile 1855. ilathia) de Carcalho de fatconcellos , Lenle Subsliluto de PhjsicB. (D 3n0titttt(r, JORNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. COXSELHO MPERlOa DE IXSTRlCCiO PllBlICi Rclatorio do admini^iirndor ' niudo a cada uma, poz-sc a rir, como uma douda, por en- tondor que tinha com isso foiln tudn: m, por exompio, que sempre se donomiuara emme, tove depois do novo baptismo o nome de me. Egual sorte tiveram as oulias con>oantes f, I, n, r, s, X, etc., que os latinos diziam semivo- ijaes, e nos appellidavanios com os disyllabos e/fe, elle, (nne, erre, esse, chiz, etc. Rerao- vcu por6m esta innovacao a difficuldade? Nao ; addicionou-lhe outra niaior. Quando mais se empavonava a leitura re- penlina para requerer alvicaras pela desco- berta, veio a enconlrar 'nella as mais atrozes gonionias. Ja live o gosto de ouvir a um aposlolo d'estc metbodo snilctrar a palavra htma d'este modo — le-a-mc-a. E quanto mais ardia por que Ihe respondesscm os discipu- los « luma,» mais recalcitravam os . . . perros em ier sleamea, leamea.u 'Neste affogo, o apostolo era um martyr. A. dilliciildadc da solletrayao das consoantes continuou quasi precisaraente como era 'd'autes da innova- cao; tudo oque esta fez, foi crcar outra diffi- culdade. 0 iustincto philologico do povo, dando a ccrtas consoantes nomes dissyllabos, ([uizera signilicar com isso « que cada uma d'cstas tinha dill'erente valor, seguudo vicsse antes ou depois de vogal. » Assim chamando hiune, eime, elle, erre, esse, etc., a estes signaes m, n, I, r, s, etc. o pensamento do povo era indicar, que to antes de vogal val me, de- jiois val em; n antes de vogal val ne, depoi.'? val (n; I antes de vogal val lu, depois val el; r antes de vogal val re, depois val er; e assim a rcspeilo das mais. A leitura rcpentina, porem, reduzindo os noracs de taes consoantes a puros raonosylla- bos, como que supprimiu metade do valor de cada uma ; c quando acaso encontrou al- guma, posposta a vogal respectiva, ficou lon- ta, aparvalhada, d'olhos em alvo, sem saber como quadrar o valor que ora tinba a con- soante, com 0 novo nome que Ihe impozera. E na verdade: se I, por exemplo, so tem dc valor le, alto deve ler-se aleto; se in so val me, como se ha de Ier cm umbos, senao 247 Amebos? 0 que cstava, Dao cstava de todo mau. Quiz a leitura repenlina fazcl-o melhor: creou taes diiliculdades .... que a deveiu ter desengauado do erro em que cahira. Eis aqui inuito ao de leve dissecados os principacs erros que maculam e estcrilisam tanlo 0 mctliodo de solletracdo geralmcnte adoptado, como o da leitura repenlina, que coDspira contra elle. Estes erros sao : 1." Eusinar a ler, antes de ensinar a escrc- ver; 2.° Ensinar a 16r lettras, antes de o alumno saber l^r as syliabas; 3." Ensinar a \h syliabas por mcio da uniao das lettras, quando o erroneo valor d'estas jamais podera Icvar ao d'aquollas; 4.° Dar as semicogaes nonies analogos aos das outras consoantos, quando estas tem um valor unico, e aqucllas dois. 5." Dar as semivoqaes, quando pospostas a vogaes, vaiores arbitrarios, de que absolu- tamente nao dao idi^a algunia os novos no- nies que se Ihes deram. Cada um d'estes erros e um espectro de feia catadura, que se levanta diaute do espi- rito de uma creanra, e que, bem longe de abbreviar-lhe o tempo do tirocinio, eonsidera- velmente ihe protrahe o do martyrio; porque a intiniida, porque Ihe espanca a curiosidade e 0 amor proprio, ofl'usca-ihe o lume da ra- zao, contradiz-Ihe o senso commum, e assim Ihe toihe progredir no conhecimento das disciplinas, que cstao de guarda ao vestibulo do tempio da scicncia. Pobre e encantadora puericia! ... A que de penas e tormeutos te nao condcmna o or- guiho de ignorantes pedagogos! Dera-te Dcus uma razao para veres claro e direito, para discernircs o erro, eevital-o; ensiuam-te o absurdo! E nao contentes com te baverem entrevado o espirito mais do que o tinhas, atterram-te, magoam-te e martyrizam-te o corpo — para que!... para que pagues pelos erros de empiricos, que se mettem a guiar o que nao conhecem, por atalhos e viellas que nao sahem! Tamanha iniquidade revolta. 0 bem-estar da mocidade educanda vale hem a pena de pedirmos ao consciencioso estudo dos factosfundamentaes da linguagem, algum mclhodo mcuos irracional, mais algu- ma restea de luz, que haja de guial-a com facilidade e seguranca no conbecimento das disciplinas da escripta e leitura. Tambem queremos um methodo facil; mas como facil so pode ser o que for verdadeiro, e vcrdadei- ro 0 que se conformar com as Icis que regu- 1am 0 desinvolvimento da linguagem no seu ponto de vista mechanico, iuterrogucmos os factos fundamentacs d'ella ; facamos o estudo, analyse, e exposicao de taes factos ; e de- pois a deducyao fara o resto. Contintta. M. B. DE MENDONgA. CORRESPONDENCIA. AntiKOH Uotlaoloi'ost c Colleen*)- — Em 0 numero 17 do IV vol. do nosso periodi- co, do 1." do corrente, cncontra-se uma carta do sr. Alexandre Hercuiano, rcspondendo ao principioda minha Slemoria sobre a revolufSo de 1240. Naoesperava taoccdoesta correspon- dencia, mas como clla saiiiu a luz tao acelcra- damente, nao posso Hear indillerente depois de sua leitura. Se a sobredicta Memoria teve a dcsgi'iifa de atravessar dois reiuados tcmpes- tuosos, e de grande agilacao; tera eguaimente a desdita de sofi'rer sevcra e rigorosa critica ; e a pobre recem-nascida ver-se-ha conslrangida a defender-se, tao apoucada e desvalida, dos ataques de tao terrivel adversario. Paciencia! Quando d'ella nao tiraramos outro proveito, fora este bastante para nao darnios por balda- dos nossos trabalbos, vendo nas paginas do nos- so Institute estampado o nomc do sr. A. Her- cuiano. Nao deixarei com tudo de uotarja pre- viamcnte, que, dando-me o A. da corrcspon- dencia um tao salutar conseliio, extrahido do seu velho Quinliliano, se deixasse levar do ardor juveiiil para arguir logo a nascenca a Memoria, cuja publicacao apenas priiicipiava! Isto me faz crer, que, apezar de vcllio nas afa- uosas lidas littcrarias, nao conserva o sr. A Hercuiano o sangue frio, que deve ter, e qne Ihe recoraenda o seu ct/Ao rhetorico! Deixemos porem palavras ociosas, porque o tempo nao me sohra ; e ate mesmo para responder ao auc- tor da correspondencia, sobre os dois objcctos, que elle diz, Ihe tizerara imprcssao, precise re- tardar outros, em que estou mais fortemente cnlcado. Que possa o govcrno apossar-se dos titulos, e documentos do archive d'esta, c d'outras cathedraes do reino, mandados escrever para seu grangeio, ou uso particular, pagos com seu dinheiro para seu interesse , ou adrainis- trayao ecopomica de suas cathedraes; que possa tirar-lh'os involuntariamente, mandal-os arcbivar, e guardar a -seu livre arbitrio, por isso que nem ellas, nem cartorio nenhum do inv.ndo d'elles podem ser proprietarios e uma tao singular opiuiao, e de tao apostada realez;i, que, fura dos estados do SullaoBadur, rei de Cambaia, do Grao Chan, ou do Grao Senhor de Coustantiuopla, duvido haja A. que sustentc sirailhante paradoxo. Acostados a forja, c as revolufoes, que ha ja quasi um seculo tem abalado a Europa inteira, alguns escriplores modernos turhulentos, e facciosos t^m pro- pagado esta doutrina, para sens tins particu- lares, e para d'ella se ajudarem em occasiao opportuna. Mas que direito Ihes pode dar a forca, e que conscqucncias Ihes podem lorne- cer as revolucOes com que elles canonizam sua doutrina ? Sao outros tantos Bentos Jose 248 Lnhres, outrns tantnn apnstado.^ jexuitax cm st'utido inviTso do (jue diz o sr. llcrculano. Essa Alomanlia, ondi; primeiro corrcram tacs doiilrinas, e dondc so torn dcpois propajiado para dc.^.^raca da liiiniaiiidadc, IIk's da hojc 0 dosmi'iitido solciniu! com o dccrelo de '6 (lo noicmhio d'cslc anno, approvando, p (•onv(M- trndo cm lei a coiicordata da coitc do lioma com a de Vienna d'Auslria No goveruo al)soliito dc clrci D. Joao V. quiz a \cadeniia real d'llisloria vcr ccrlos docunicnlos dVstccar- lorio, e por um corrcio especial da secrctaria mandon clici pcdil-os para alii scrcm vision, c depoii rcvcrtcrcm ao scu loj^ar. No poverno dc sua neta a sr/ D. Maria I, ontro concin I'ni expcdido para Icvar do niesmo carlorio o livro dos accordaos do cabido, jiara na secrc- taria scr ra^pado o rcgisto da carta rejiia, pcia ijiial (lira suspeiiso o l)ispo D. .Miiiuel da An- nuMciacao, pcias desavcncas que cirei I). Jose 1 com ellc li\cra, e aclia-se este rcf^isto riscado, c ii margem resalvado com a assignatura do \isconde do Villa Nova da Cerveira , cntao minislro, e sccrctario d'estado. Islo faziam 'naquelle tempo os govcrnos, que liojc se chamani dcspoticos, e que I'azcm agora cs liberaes? Pode 0 auclor da corrcspondencia sustentar a opiniao que quizer a este respeito ; e so -sc acosta a opiniao de alguns lentes, c douto- resd'esta Universidade, que 'nella concordam, tambcm me posso acostar a de muitos outros, qued'clla discordam, e sustentam a contraria. Pode 0 sr. Ilercuiano dizer o ([ue quizer do pii secular, ou antes (para me scrvir da expres- sao de Walter Scott) do «p6 classico» dos docu- mentos d'esto cartorio, sc elles o nao tivcs- scni, e se bcm limpos fossem conduzidos para casa daigum dos meml)ros da niesma corpo- racao, certo nao teria o sr. Ilercuiano oc- casiao de notar a sua iaulilidade (para a fazcnda do cabido), ncm a sua boa ou ma conservacao apezar d'esto mcsmo po , que no^ proprios arcbivos de Lisboa e na sua jiropria livraria ba de encontrar sobre sens livros, como ainda aos mais prccatados accon- tece. '< 0 govcrno, (diz o A. da correspnnden- « cia ;) no seu zelo pcIa salvacao dos nossos " aminos moiiumentos , desbaratados no meio (' das luctas politicas, e nao menos pela i{jiio- « raiiria das corporaruM de mCio moria, entcn- « dcii que os dcvia niandar ir para Lislioa (os documcntos) a fim de serem salvos por este modo dc tao crassa ignorancia, e da sua imminenle dcstruicao : n mas a conservacao d'cstps mcsmos documcntos^ que excedcni o numcro dc scis centos, contando alguns mais de sele secuios dc duracao, de muilo I'acil lei- lura para os entcndi'dorcs, posto que cobcrtos dc po classico, parecc-nic dar solcmnc desmen- lido a tao sincjulur phrase . mostrando ji evi- ilcncia a scm-razao de tao apostada e ma! cabida censura a corporaciio de man morta, (|ue d'cllcs tcni sido scnbora ate a(iu(dla cpoclia ! Tera agora logar fazer aipii uma pccpiena obscrvacao accrca do zcio do sr. Ilercuiano, pela Acadcmia real, (piando no pcriodico a Scmana, dcclamava com tania dcterminacao contra a mesma Acadcmia por occasiao de certu coulestacao suscitada cnlre die e outro socio ' ! .V Acadcmia « (escrevia ellc) a dizer n a vcrdade e o arcopago mais inolVcnsivo " mais divcrtido (jue ba em todo o niundo. « Collectivas on individuaes, as censnras (|uc n sabem dalli uem sccpicr arranhan as-vic- « tinias etc. II Isto moslra-nos bcm o apou- cado da nossa condican, e a volubilidadc, e incunstancia dos juizos, qne t'azcmos ainda no centro do galiinctc, longe do bulicio do mundo ! ()uaiito ao scgundo ponto, o A. da Mcmoria quiz ser I'rancameiite imparcial, lanio no que rcspeiia ii liisloria, como no ipie rcspciia ;i critica, cicvando a maisallo, mas dc\ iilo ponto, as causas, (|uc prodiiziram a rcvolurao , que cncbcu de terror c lucto a patria no anno de 12'i(i. Tocando por incidcntc alguns factos ac'.'ontecidos alguns annos antes cnlrc o bispo dc Coimbra 1). Pedro, e os reis sens contcni- poraneos, entendcra o sr. Ilercuiano gravis- simo erro 7." Kal. Mart. 22, e niio 2:i do fevereiro como vem nas tabuas cbrnnologicas impressas cm Antuerpia Hlo, que tivc prcsen- tcs, quando porcngano escrevi 22, em vez dc 23. Nao me ser;i preciso para csta menlira cbronologica pedir a absoKicao do cardcal Antonelli, on do geral dos jesuitas! Aonde. elles a nao dcveriam dar, scria o cbamnr ao annoXIV, do pontilicado d'Innoc. Ill 1212, dcvendo ser 1211..! Posso, porem, consolar- me 'neste engauo com o proprio A. da cor- rcspondencia, que dos niesmos sc nao mosira excniplo, escrevendo cm principios dc novcm- bro, a carta a que respondo, edatando-a de 7 d'outubro, dia em que ainda nao cstava im- presso 0 n.° 13 do Instituto, (pio continha o principio da niinlia Mcmoria, por lor sahido com algum atrazo, muito depois d'esto dia. D'esta I'alta nao sei como o possa livrar o pro- pr 0 cardeal! Eis aqui como sao falivcis os nossos mais prccatados juizos! Concordo ; e convenho mcsmo (com fran- queza o digo) (pic os factos relVridos na bulla (ie Innoccncio III, dc 23 de leverciro de 1211, scjani altribuidos a Sancbo I; nao concordarci com tudo, cm que o bis|)0 D. Pedro sc tivessi; ligado a polilica de AH'onso 11 sujcitando-se a lima fC7« suh.serriencia a vonlade d'estc rci, a ponto lie o obrigar a ir dcpor nas maos ili- Gregorio IX o baculo pastoral, guiado pclos consclbos do cardcal .loao d'.Vbbcville. Uma e outra couza \ercis bcm rerulada na niinlia Mcmoria pelo dcpoimento de tcstemunbas cocvas, que pr(M'iiccaram. e com o bispo sof- I'reram os niaus trades d'Aflonso 11 (^conio I 1 249 ellas juram), escusando agora de reproduzir seus diclos 'nesta carta. Nao podemos deixar de reconhecer 'ncste dcpoimeiUo prohidado, e adequados coiiliocimcnlos iias suas teste- niunhas, sendo pessoas de saber, e que dao razao do seu dito, l)em difl'erenles dos outros em que o sr. llcrculano nao confia, por Ihes Bao reconhecer characleres de verdade, mas antes conlradiccoes. Na bulla de Ilonorio, que refereD. Rodrigo da Cunha, na Ilistoria ec- clesiastica de Braga, cm data de 10 de junbo de 122'2 , dirigida aos abbadcs de Osseira e Cella Nova, mandando e\pulsar da corte do rei 0 de3o de Lisboa, o do Porto, e o de Coimbra, nao se falla no liispo D. Pedro ou ao nienos nao 0 refere o citado Cunha, que chama D. Joao ao deao de Coiml)ra, sendo die entao D. Juliao, lilho do chancciler do mesmo rei, mestre Juliao, pessoa de muito valimento, e niui protegida de AITonso 11; o que faz preva- lecer a minha opiniao, e conlirma o depol- mento das tesleiuunhas na iuquiricao de que me servi. Alem de que as bullas, com que o sr. A. Herculano seajudouna sua correspon- dencia, carecem de rigorosa analyse, devendo ser vistas na sua Integra, c nao por extractos, para sobre ellas se poder formar juizo niais seguro. Nao me admira porem (seja-me licito retorquira forma do argumento que elle con- tra mim emprega) : nao me admira , digo , que 0 sr. llcrculano veja no bispo D. Pedro cega subserviencia a vontade do rei, quando viu tambem ser a sua reniincia resultado dos conselhos do cardeal, bispo Sabinense; assim corao viu na sua Ilistoria um D. Durando, bispo de Coimbra, que nunca houve 'nesta cathedral. Tendo lido com bastante reQexao o L.° V, da Ilistoria de Portugal, pareceu-me dcscobrir 'nelle aquelle espirilo de malquerenca contra 0 clero, que mencionei no n.° 1." da minha Memoria , incluindo tambem Mello Freire , como escriptor prevenido , e dominado do mesmo espirito, que pinta o clero 'naquelle seculo como devasso, immoral, insolcnte e turbulento; e, como tal, pareceu-me querer o sr. Herculano fazer-lhe tomar a parte mais activa e principal na catastrophe da deposi- cao do infeliz Saucho 11. Na verdade as ex- pressoes'scveras, e cheias d'amargor e ironia, de que se serve a paginas, 384, 383 e 388, do Tom. II, dareferida Ilistoria e outras paralel- las, em que Jemos — que a corte de Roma estava sempre prompta a sustentar o rigor da disci- plina, quando para fins politicos alguem in- teressava em promovcr diwrcios (entre os reis) : — parecendo cvidente que na deposicao do principe portuguez se daria um documento estrondoso da superioridade do poder ecclesi- astico sobre o civil, as conveniencias politicas dos conspiradores (prelados portuguezes) neces- .sariamente dcviam mover o coracao do pon- tifice para se apiedar dos males padecidos 'num reino que se reputa censual da se apos- tolica : — onde ate na propria eleicao do primaz D. Joao Egas, ja (o A.) via d'antemao o dedo di)s conspiradores — estasexpressoes, digo cheias de rancor, e severidade, davam-me um claro descngano d'essa mesma malquerenca, e pre- vencao (|ue Ihe attribui; mas o estimavel A. da correspondencia declarando agora o contra- rio na sua carta, e explicando o sentido em que escrevera aquelle livro, cujo pensaniento iiinguem melhor pode interpretar, faz com que desvie da sua responsabilidade as palavras, de que me servi na introduccao da minha me- moria, carregando so com ellas o doutor jMello Freire, a quem , reconhecendo scus vastos conhccimentos, e superior talenlo, nao posso deixar de taxar de espirito prevenido, e de ma vontade contra o clero , que ataca em deniasia. Nao posso ser taxado de fanatico, nem apaixonado do clero. Conheco tao hem, como 0 sr. Herculano, rauitos erros que elle tern comettido, e excessos em que tern cabido por- quea (|ualidadede ecclesiasticos nao os exem- pta dos defeitos e fragilidades hunianas ; mas conheco, egualmente, que para os apreciar e levantar ao ponlo devido, carecc o espirito de estar livre de prevencoes, e nossa alma de vivas emocoes em tal occasiao , para nao julgarmos seus actos por outros lantos crimes, e imnioralidadcs , e seu procedimento como lilho da ignorancia, e fanatismo; e, para os avaliarmos bem, devemos attender ao seculo em que viverani, e nao ao presente em que a moda tem feito prevalecer a dcclaniacao contra o clero, nao se Ihe relevando o mais levedefeito, como se nao fosse quinhoeiro no da fragilidade, e fraqueza humana ! Nao tive o menor incitamento para escrever a minha Memoria de que nem gloria, nem proveito espero. Foi meu principal inlcnto esclarecer, quanto minhas fracas forfas com- portam, a historia, fundado cm documcntos, que olTerecem algum interessc ao publico. Nao foi tambem meu animo atacar, nem ainda levemente o sr. Herculano, cujo merecimento sei muito bem apreciar. Se o Icilor se nao convencer do que 'nella disse, anibos ficare- mos satisfeitos, elle em formar sua opiniao a este respcito; eu era ter enipregado com todo 0 esmero desvelada diligencia , publicando algumas particularidades historicas, o que ninguem ate'gora (que eu saiba) tem feito. Publicando, amigos Redactores, esta carta no nosso periodico, I'areis um muito apreciavcl favor ao vosso Collega e araigo, M. B. DE VASCONCELLOS. Coimbra, 13 de dezcmbro de 1855. 250 OS LUSIADAS. Tradurcao franccin. Cuulinuailu dc paj. Via. LES LUSIADES. 20 Ainsi Ic PorUigais vogiiail sur I'oiidc amcrc, Tandis qu'obeissaiil au moiiarquc immortcl Mercure fond Ics airs de son aile Icgere, Et parcourt ct les mors, el la tcrre ct Ic ciel : Aussitot par ses soins dans la lirillanle sphere Se rassemble des Dioux Ic Senat elerncl; (I va pescr le sort de la Liisitanic, Et Oxer le dcstin des peiiples de I'Asic. 21 On les voit accourir du Icniple du Soleil, Et du palais brillant de la iiaissanle Aurore; Des rivagcs glaces qu'a son Iristc reveil L'astre pale du nord pour pen d'instants colore; Des bords occidenlaux oil d'lin rayon vermeil, Tout pres de son dcclin, Pbcbus se pare encore: Toutes les deites de la tcrre ct des cieux Remplissent en ce jour TOlympc radieux. 22 On distingue le Dieu qui lance le tonnerre A son front, a ses ycux si plcius dc majeste ; Si les mortels pouvaient en fixer la lumiere, lis deviendraient egaux a la divinite ! Son trune etincclant qu'un feu brillant eclaire Semble etre dans les cieux par Ics astres porte; La foudre est en ses mains, et I'Dlympc s'clonne De la vive splcndeur que jette sa couronne. 23 A peine dans ce jour les celestes parvis Peuvent-ils contenir cctte assemblee immense. Deja, scion Icurs rangs, tons Ics Dieux sont assis. Sur leurs trones, formes d'une pure substance, Brillent Ics diamants, les pcrlcs, les rubis. Tout parait en suspens, tout garde le silence; Lorsque la voix du Dieu qui rcgne dans Ic ciel Prononce ce discours auguste ct solemnel. 24 Immortels habitants de la vovile eloilce, Vous, dont la volonte sert dc regie aux humains. Pour vous, dc I'avenir, I'histuire est dcvoilee, Vous connaisscz du sort Ics dccrels souverains : La terre de Lusus est un jour appelee, Vous le savcz, ainsi I'ont voulu Ics destins, A surpasser en tout les grandeurs qu'on renomme D'Assyrie et de Perse, et de Grece, ct de Rome. 25 Deja vous avcz vu ses valcurcux soldats, Contre les Musulmans signalant Icur courage, Les vaincre, et les chasser, aprcs mille combats De tout I'heurcux jiays arrose par lo Tagc. Pendant longlcuips aiissi defendant leurs etats, Pes Caslillans j.iloux ils ont bra\e la rage, Kt trioniphanl du luimbrc, on \i( Ic Portugal Sortir toujours vainqueur dun combat inegal. 26 Je nc parlerai pas de leur antique gloirc, Lorsque Viriatus, vcngeur de I'univers. Sut a I'aigle de Home enlcver la vicloire Aux ycuxdumondcenlicr, qu'clleaccablail defers. Je tairai Ics exploits ct rillustre niemoirc l)u Komain qui chcz eux, aprcs la[it de revcrs, Fuyanl dc son pays les discordcs publiques, De la vcrtu de Hume apporta les rcliques. 27 Vous voyez aujourd'hui ce peuple dc hcros, Opposant aux dangers un courage intrtpidc. En des lieux inconnus, sur de frclcs vaisseaux, AITriinler les hasards de lOcean perfidc. Errant depuis longtemps sur ces irumenscs eaux, De climats enclimats, sanssecours et sans guide. Par de nouveaux clfjrts, sur le vasle clement II cbcrche les chemius des mers de I'Orient. 28 Dc ces hcros sortis de la Lusitanie Dans le Livrc fitcrncl les destins sont ccrits, Les rivagcs de I'lnde et la mer d'Arabie Longtemps a leur pouvoir doivcnt etre soumis. Dejii, pendant I'hivcr, la fortune ennemie Vicnt de leur susciter des travaux inlinis: II est juste qu'enfin cctte terrc inconnuc, But de taut de travaux, soit offerte a leur vue. 29 Ah! sans douleilest temps, que ses braves marins Trouvent dansquclque port un refuge tranquille, lis ont asscz lutle dans ces climats lointains Contre les fifs d'fiole et la mer indocile. Je veux que sans retard sur les bords Africains Leurs vaisseaux fatigues obtienncnt un asilc, Qu ils y puissent trouver du repos, du secours, Et de Icur long trajet ils repreudront le cours. 30, 31, et 32 Ainsi paria le Dieu ; mais les feux de I'envie Dans le ca>ur de Bacchus s'allument a I'inslant; De I'lnde, que son bras a jadis asservie, II se vantait encor d'etre scul conqucrant; A I'aspect des enfanls dc la Lusitanie Sun cceur, deja trouble, redoute en fremissant (Jue du triste Lethe I'ondc noire et fatalc Ne condamne a I'oubli sa marche triomphale. 33 Cependant en faveur des enfants de Lusus Un secret sentiment attcndrit Cytherec, Elle retrouve eu eux les antiques vertus De cctte nation, qu'cUc avait prcferee. Ileritiers des Romains, I'.Xfrique les a vus tgaler sur ses bords leur valeur cclebrce, Ils ont dc ces hcros le langngc et l.'S mtcurs, Et Venus des Latins croit voir les succcsseurs. 34 D'autres pressentiments, d'autrcs desirs encore Ont decide pour eux la mere dc I'Amour ; Que d'enccns elle attend d'un people qui I'adore! Quels triomphes nouNcaux dccorcront sa cour ! Et tandis que Bacchus, que la furcur dcvore, Craint de vcjir ses himncuis s'cclipicr en ce jour, Un espoir oppose dans Venus sc declare, Et du ciel agile la discorde s'empare. 251 3S C'esl ainsi que Boree cl Ics fiers aquilons Au sein de la fordt apporlcnt le ravage; Les arbres, arraches par d'affreux lourbillons, Ne peuvent rcsister a leur puissanle rage; Les torrents 6cumeiix traccnt de noirs sillons. On croit voir s'cbranler la monlagnc saiivage: Tout se rompt, lout mugil, tout s'ecroule, et Icscicux Derobent et leur vue et le jour h nos yeux. 36 De meme entre les Dicun Icdesordre s'augmentc; Mais bientot de Venus le formidaltle amant Se Icvc, son air sombre inspire I'epouvante, II lance sur les Dicux un regard mcnacant ; II aima de tout temps et I'audace cclalante Des enfants de Lusus et leur esprit vaillant ; La furcur de Bacchus le revolte et I'irrile, Et SOD glaive est I'appui de la belle Aphrodite. 37 II s'avance, on le voit relever d'un air fier De son casque pesant la brillante visiere; On tremble au seul aspect du bouclier de fer Que dun bras vigoureux il rejette en arriere : 11 marche d'un pas ferme, et fixant Jupiter, II adresse ces mots au maitre du tonnerre : L'Olyrape s'en ebranle, et Ton voit d'Apollon Palir pour un moment le celeste rayon. Continua. NOTICIAS LITTERARIAS. Appliraraoda eloctro-chlmla & sra- TUra e InipreNsuo. M. Becquerel apresentou a academia real das sciencias de Paris em 5 de novcmbro ultimo algumas amostras de gravuras feitas por Guiseppe Devincesvei, por meio d'um processo electro-chimico, que ellc, ha annos, lem ensaiado sobre a arte typographica, reproduzindo OS desenhos e characteres typographicos pela gra- vura em relevo. 0 zinco e o metal mais proprio para csta especie de gravura. Para este fim tomam-se laminas d'aquelle metal, granuladas com area pcneirada ; desenha-se sobre ellas com tinta e lapis lilho- grapbico. Feito o desenho, prepara-se a lamina, como se tivesse de servir para uma tiragem litho- graphica ; mette-se a lamina por um minuto 'numa dissolucao de noz de gaiha, lava-se depois em agua pura, e da-se-lhe uma demao com uma dissolucao pouco carregada de gomma arabica. Molha-se a lamina com uma esponja, e cobre-se o desenho com essencia de terebenlina ; e pas- sa-se-lhe por cima um cylindro lithographico com verniz , que cobre completamente todos os traces do desenho. Este verniz deve ter as qualidades seguintes: nao alterar o desenho ; adherir muito a lamina , e nao ser attacado pelos agentes chimicos, empre- gados na gravura. 0 verniz, a que chamam em, Inglaterra Brunswicl: black, misturado com essen- cia d'alfazema, c o melhor'. Estando secco o verniz, p6e-se a lamina de zinco cm communica- cao com outra de cobre a distancia de O^.OOS, 'numa dissolucao de sulfato de cobre a 15°, for- ' Este verniz e composlo de asphalto, oleo de linha9a fervldo, e terebenlina. mando d'este modo nm par voUaico. 0 acido sulfurico, que resulla da decomposirao do sulfato de cobre, dissolve todas as partes do zinco, que nao estao cobertas, isto e, os desenhos; e,segundo a qualidade d'elles, assim se da maior ou menor profundidade a gravura. Em geral a gravura dos desenhos a lapis opera-se em i ou 5 minutos, e a dos depena, em 7 ou 10. 0 sulfato de cobre nao ataca os mais delirados desenhos. A todos OS outros prorcssos, pelos quaes se reproduzem os desenhos, se pode applicar este methodo. Os desenhos feilos 'num papel , ou as impressoes das pcdras lilhogra|)hicas, e das laminas d'aco e cobre podem Irasladar-se para as laminas de zinco. As machinas de gravar produzem as cores uniformes tanto sobre o zinco como sobre as pcdras lilhographicas. Este processo e tambem applicavel aos characteres d'imprensa, de modo que, trasladando uma pngina d'um livro para uma lamina de zinco, obtem-se um verdadeiro slereotypo. Esle methodo de gravura dispensa por tanto a stereolypia ordinaria, porquc .1 medida que se vao imprimindo as paginas d'um livro, pudem trasladar-se logo sobre folhas mui delgadas de zinco, e d'estas sobre laminas mais grossas, para graval-as todas as vezes que se quizer fazer uma reimpressao, com grande cconomia de com- posicao e papel; pois que por este meio e desne- cessario lirar de qualquer obra grande numero de exemplarcs. Uma copia em folhas mui delgadas de zinco nao fica mais cara, que um exemplar impresso em papel de superior qualidade. Por este processo podem tambem trasladar-se para laminas metalicas as antigas impressoes no- taveis por alguma oircumstancia litteraria ou ar- tistica. RELACAO Dos individuos notneados para os seguintes logares d'inslruccao publica, por despachos do Conselhn superior d'instruccao publica, edecrctos do Go- verno desde o dia 16 ale ao fim de dezembro. INSTRDCflO PBIMiBIA. Joao Maria da Costa, para professor tempo- rario da cadeira de Carrazedo de Monte-Negro, districto de Villa Real. Luiz Candido Augusto de Mello, para dicio de Alijo. Manuel Maria Alves Motta, para dicto de Envendos, districto de Santarem. Manuel Maximo Teixeira Vaz, para dicto do Pezo da Regua, districto de Villa Real. Saturnino Antonio Abrantes, para dicto d'AI- dea Velha, districto da Guarda. Maria Jus6 Olympia, para mestra da eschola de meninas de Seple Rios, districto de Lisboa, por transferencia da de BemPica. Maria Silveria Pinto Rego, para dicta de Bemfica, por transferencia da de Septe Rios. I>STnUC?AO SECUNDABI*. Manuel de Azevedo Franco, para professor dc latinidade (2.*) da seccao occidental do lyceu na- cional de Lisboa. INSTBDCCXO SUPERIOR. Joao Mendes Arnaut, para substitute orilina- rio da seccao da eschola medico cirurgica do Porto. 252 OBSERVACOES METEOROLOGICAS , FEITAS NO GABINETE DE PHYSICA | DA UNIVEUSIDADE DE COIMBRA. Anno lie 11)35 a ■- a If! Pressiio atmtiapherica ao meio (lis Eslado hysroDielrico il» almospbera ao meio dia 3 » 2 -5 ' o I'i Eslado dt' eht s dt tempo ao'jneiQ dia. Mez .le Oulubro Altura hkiO' iii«tiica a Qo (ia cicala cen- ligrada. Trniao do vapor atjuoao cjQItdo no or PrcMJao do ar secco Grao d'kuisL. dado do a,, Tc^rcicoiaridu por I o efta- do dc latuts- fdo. Qnantid. de *.ipor conlido cut uin nictfo Dias liraiis t-entiir. MiUimelros Millimelros .Milliniftrus GrMmma!* 1 It} 749,137 13,361 735,776 0,870 13,316 o. Niiblado. Bom lemjm. 2 19 750,788 13,894 736 894 0,850 13,798 o. Eiicuberl. T. cimvoso. 3 19 751,647 14,548 737,099 0,1)90 14,448 o. Niiblado. Bora tempo. 4 19 749,263 14,221 735,047 0 870 14,322 o. O mesmo O mesmo. 5 18 744,578 13,668 730,910 0,890 13,622 s. Encnbert. T. chuvoso. 6 17,5 743,374 13,245 730,129 0890 13,221 s. O mesmo. 0 mesmo. 7 17 743,433 11,938 731,495 0,828 11,938 s. O nieumo. O mesmo. 8 17,5 743,473 12,947 730,526 0,870 12,924 s. O mesmo. O mesmo. 9 18 749,137 12,523 736 615 0,815 12,479 s. O mesmo. O mesmo. 10 16 750,496 12,373 738,123 0,914 12,415 s. Nublado. Horn tem^. 11 18 734,709 12,569 742,140 0,1118 12,526 s. Eitcubert. T. cimvoso. 12 18 752,176 13,602 738,574 0,885 13,556 s. O mesmo. O mesmo. 13 17 75^,539 12,835 738,704 0,890 12,835 s. O mesmo. O mesmo. 14 17 747,233 11,681 735,552 0,810 11,681 s. O mesmo. O mesmo. 15 18 752,175 10,443 741,733 0,679 10,407 o. O mesmo. O mesmo. 16 16 751,914 11,571 740,343 0,835 11,610 .N. O mesmo. O mesmo. 17 15 752,138 11,478 740,660 0,904 11,557 N. Nublrtdo. Bom tempo. 13 17 752,299 10,239 742,060 0,714 10,239 o. O mesmo. O mesmo. 19 15 755,077 10,794 744,283 0,850 10,867 E. Clar. eliiiip. B. temp. 20 15 757,107 8,635 748,472 0,079 9,230 E. O mesmo. O mesmo. 21 15 751,735 11,048 740,737 0,870 11,124 N. NuUIado. O mesmo. 22 16 750,801 12,318 738,483 0,912 12,360 N. O mesmo. O mesmo. 23 15,5 754,005 11,284 742,721 0,861 11,342 E. CI. e limp. O mesmo. 24 15 755,991 11,416 744,575 0,899 11,494 E. O mesnio. O inesmo. 25 14 753,782 10,360 743,422 0,870 10,468 S. Encubert. T, chuioBo. 26 13 751,521 9,264 742,257 0,850 9,392 S. O mesmo. O mesmo. 27 12,5 747,781 9,379 738,402 0,868 9,526 s. Nubladu.. Bom tempo. 28 13 748,095 9,813 738,283 0,908 9,983 NO. O mesmo, O mesmo. 29 12 747,841 9,307 738,534 0,890 9,470 NO O mcsmu. O mesmo. 30 12 746,827 9,236 737,591 0,883 9,897 NO. Encubert. T. chuvoso. 31 12 750,377 9,236 741,141 0,883 9,397 NO. O mesmo. O mesmo. IUeilt.1 > domez S 15'>,9 750,339 0,854 M a Tt iitperatm-a Prfssdo a tmospherica Gran d^himidode d» ar ^entas dominant ■a Maxim. ahsol. 19° Max. abs j|. 755,991 Maximo .... 0,914 S. • O. « Miniuia atsol. 12" Min. absol Jl. 743,374 Minimo .... 0,879 '2 I\I»X. \i ria(,'ao 7° Max. excii rs. 12,617 Maxima Faria^. 0,235 Cuia bra, 1." t e Nuvembro lie 1855. Math 'at de Carva the de f'niconcellos, Le nle Sub Iilutn d.- Phjslca. ® Jnsititttt^r^ JOllNAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. METHODO DO ENSIJiO PARflLELLO ESCRIPT.V E LEITl'RA. Continuado dc pa^. 247. HEC^'AO 11. Analyse dos (ados fitndumenlaes da lingtiar- geni no sen ponto de visla plionico e ortlio- graphico. A lingua que fallanios, mecha&icaniente considerada, e um systcnia de sons articula- dos, cada um dos quaes e o produclo com- plexo e indissoluvel de qnalro elemcntos, a saber — voz, articularuo, turn e quuntidade. Yoz e qualquer volume de ar aspirado , que, cm quanto jiassa dos pulmoes a bocca, e feito sonoro pcio orgao vocal. Esta passagem nao podc elVectuar-se ?em que 0 orgao se aclie 'numa posicao qualquer: 0 resultado d'esta posicao casual e ua voz uma modificacao inslantanca que a articiila, e uma articuhicuo. Quando o ar sahe dos pulmoes, faz vibrar ad libitum as cordas vocaes, que coroam os labios da giote : e segundo for maior ou rae- nor 0 grau de lensao d'estas cordas, assim o som sera um torn — alto ou agudo no primei- ro caso — baixo ou grave no segundo. Mas 0 ar nao pode fazer-se sonoro nem ser modificado pclas cordas vocaes ou qualquer outra parte do orgao, se nao dura, sc em sua emissao niio gasta mais ou menos tempo: gastando mais tempo, o som e longo — me- nos, e breve; — ora mais e ora menos, e commum ou racional: e 'nisto consiste a du- ragao ou quaniidade do som. Ora, como nao pode haver som articula- do — que nao trausite pelo orgao vocal, — que nao seja modilicado por este — que nao ponha em movimento de vibracao as cordas vocaes — e (|ue em tudo isto nao gasle uma parcella de tempo (jualquer, segue-se que lo- de 0 som articulado ha de necessariamentc reunir todos estes clementos — uma I'o:, uma articulacdo, certo torn, e certa quaniidade. Estes elemcntos sao tao essenciaes para a Vol. IY. Feveeeiro 13 formaeao de qualquer som, que o espirito, pcla aclividade de que e dotado, pode pensar em algum sem pensar nos oulros, — pode ale appropriar a cada um d'elles um sijmbolo, um signal de convenrCio; mas tudo isto e uma abstraccao do espirito. Em se passando da ordem ideal para a real, logo se topa com a impossibilidade de isolar qualquer d'estes elemcntos do concurso de todos os outros. Isto nao obstante; nao obstante o no cego que OS prende na individualidade de cada som, ha dois d'estes elcmentos que sao mais conspicuos no canto, e oulros dois que o sao mais na linguagem. Os prinieiros sao o lorn e quaniidade, que a musica designa por no- las; OS segundos sao a arliculacao e a voz, que a escriplura signiHca por Ultras. Mas tao iiidispensavel e a uniao dos qua- tro clementos em qualquer som articulado, que — nem o caulo pode lev nolas sem Ihes addicionar vozes e articulacoes, taes como do, re, mi, fa, sol. Id, si, em cujo logar vem collocar-se as syllabas da palavra canlada, — nem a linguagem pode /cV lettras , sem Ihes addir um torn e quaniidade qualquer. Ora, visto que o tom e quaniidade sao I clementos — para assim dizer — arbilrarios, e de mui secundaria imporlancia na lingua- gem, a escriplura nao os assignala. Os unices clementos para que ella tem lettras, sao as vozes e as articulacoes: — eslas, escreve-as com consoanles; — aquellas com vogaes. E assim como a indissoluvel uniao da arliculacao com a voz forma o som elementar da pala- vra, assim tambem a inlima combinagao da consoanle com a vogal forma a svllaba natu- ral, que e 0 syrabolo ou signal graphico d'aquelle som. Enlre os sons elemcntares que pode formar 0 orgao da falla, e o do ouvido perceber, o mais ligeiro e tenue de todos, o que — para assim dizer — resulla da inicial determinacao do orgao e o represenlado pcla syllaba natu- ral n he », composla da consoanle » h » signal da simples aspiracao, e da vogal « em deixo val che, em ejem- plo val iz, etc. Ate aqui, ainda nao sahimos do sensivel, do real, do concrete, porque ainda nao sahi- mos dos sons elementares, que o orgiio vocal pode formar, e o ouvido perceber. Se cITecti- vamente produzirmos um d'estes signaes que fallam ao ouvidn, ainda o alumno podera txaduzil-o por outro que falle aos olhos, e vice versa. Tanto 6 certo que todos elles sao cousas reaes. Mas 0 espirito humano, com quanto eslreie pelo eoncrclo, niin para 'nelle. Nao lia ver- dadeira scieneia para o espirito, em (pianlo nao sahe do conereto para o abstraeto, do niundo das realidades para o das ideas, do composlo para o simples; — em quanto, a lorca de comparar, decompor e generalisar [ados , nao chega ii posse dos priiicipius , isto e, ii Huidade da variedade de nuiilas pcr- cepfijes, ao typo commum de muilas indivi- (lualidades, ao quid iiicuncussum de loda a seieneia. Debaixo do peso dc tantos sigiiacs — uns ([ue fallam ao ouvido, c sao sons articulados, — outros (jue fallam aos olbos, e sao sylla- bas— a memoria do alumno pareee vergar e gemer. Nao sera possivel alivial-a de lama- nba carga? Nao sera possivel, confrontando todos esses signaes uns com outros, achar entre elles aigum elemenlo commum, algum prineipio dassilicador, que Ihes reduza con- sideravclmente o numero, sem notavel pre- juizo da verdade? Vejamol-o. Quanto aos sons elementares em si, cscu- sado e fazer a tentativa; porque niuguem pode dividil-os. Em se tractaudo de reduzir um som articulado a cada um dos seus ele- mentos integrantes, na ordem real toda a separacao e inipossivel. Mas na ideal, mas na abstrutta, sera a mesma cousa? Pareee-me que nao. Quem se der ao Irabalbo de inventariar os sons elementares de nossa lingua, para logo topara com um facto bem digno de reparo: — e que pode haver sons inteiramentc simi- lares, mas nao ha dois inteiramente differen- tes. 'Nesla, corao em todas as creaeOes da uatureza, vti-se observada a grandc lei da unidade na rariedade. Os sons elementares siio mnitos, sao variados; mas, por graude que seja a variedade d'ellcs, nao ha um so, que por um ou outro aspecto nao tenha sua tal ou qual sirailhanca com outro som elemenlar. Pode dizcr-se d'elles, o que das artes diz Uvidio: Fades non omnibus una. Nee diversa tamen, guiilem dccel esse sororum. Tomemos, por cxemplo, as palavras caso , casa. Compoe-se cada uma de dois sous ele- mentares. 0 primeiro d'ambas e inteiramente similar; podemos represental-o pelo mesmo signal, pela syllaba « ca». Mas o segundo da primeira, com quanto nao seja identico com 0 segundo da outra, nao e inteiramente dif- ferente. Se houvessemos de represental-os por um signal so, sacrilicariamos a differcuca que OS e.xtrcma ; se por dois signaes difl'erenles, estava sacrificada a similhanca. Que fazer pois? — E rcpresentar cada um d'aquelles sons — nao por um signal imico, como faria a escriptura syllahica, — senao por dois signaes 255 ao menos, os quaes variem em siias combina- eOes, como variam em seus olementos cada um d'aquellcs sons elemeiitarcs: e para isto — ponto csscncial — 6 decompor a sjjilaba em Icttras, (i suhslituir a csciiplura syltabka a escriptiira alpliiibetica. Para rcalisar csta decomposifao, tudo o que temos dc I'azer, e — redigir unia labua das syllabus naluraes de nnssa liiifiua, exarai- iiar atlonliimoiile os signacs quo 'nulla figu- ram, coiiiparal-os cntrc si; e onde qiier que encontrarnios dnis, trcz, q-salro ou mais per- feitamenle similares, e rcdiizil-os todos a um signal unico; mas, quanio aos diU'crentes, e conserval-os laes quaes. Assim lercmns redu- zido a talma d:\s syllabus natunies da lingua a dos eleiiienlos d'eslas syllabas ; assim lere- mos chogado ao alpliabcto. Ainda jjor outro piocesso poderemos chcgar ao mesnio rosullado. Ja saliemos que a syllaba muda « he » se compoe de elementos lao insignilicantes para 0 ouvido, que lalvez pode supprimil-os a esoriptura, scm alterofao sensivol da palavra fallada. Tomemos jiois a labua das syllabas naturaes; e onde (|ucr que acharmos um dos elementos d'aquella syllaba, imaginemos que elle la nao csta, supprimamol-o. Assim tere- mos feito unia abstracrno, c verdadc, mas uma abstracf-ao, que affastando-se o menos possivel das condicoes da realidade, dar-nos- ha 0 que procuramos — a decomposirao das syllabas em lettras. ou, niais exactamente, OS elementos de todas cllas. I'or quanto: Na primeira linha horisontal da labua aeba- mos eombinada com diversos signaes a con- soante « h ». Suppriraida que seja esla, o que fica em todas aquellas syllabas sao diversos signaes de vozes sem artkulwoes, sao as let- tras vogaes de nossa escriptura. Na segunda columna vertical deparamos ■ com diversos signaes em comliinacao com a vogal e. Supponliamos que esta e o »e mudo », e suppriuianiol-a. — 0 que fica? Ficam di- versos signaes de articuhuOes sem voz, ficam as comoanles sosinbas. Eis-aqui pois as duas classes de lettras — vogaes e consnantes — , de que forma o abece- dario ou alpluibetn mamtscri pto de que usa- mos. Este alpbabeto e o producto de uma abstraccao ; e um arlifiiio commodo, pelo qual substituimos a uma inimensa recua de signaes de sons elementares, o mui limitado numero de trinta e trez lettras; as quaes per si so nao signilicam cousa alguma real ou sensi- vel ; mas combinadas umas com outras repre- scmtam, com maior commodidade e percisao, atquellcs sons. Baslarao os trinta e trez signaes alphabe- ticos para symbolisarem os elementos de todas as syllabas, as vozes c articulacoes de todos OS sons elementares de nossa lingua? Por ouiros tcrmos — sera perfeito e cabal o nosso alphabeto? — Estii bem longe d'isso. E du- plicadamente imperfeito, — imperfeito por fal- ta-;~e imperfeito por excesso. E imperfeito por excesso, porque talvez tem mais de um signal para representar o mesmo elemcnto syllabico, a mesma voz ou articulacao. V. g. : ]iara significar a voz « i » tem dois signaes, um grego, outro latino. Para representar a articulajao « tj » nao tem menos dc quatro signaes q, c, k, ch ii grega Isto, por cerlo, lia de causar coulusao ; mas a quem? a quem nao eonbecer as analogias e etymologias da lingua, a (juem nao souber a ortograpbia d'ella. E imperl'eilo por falta, porque aleni de nao ter signaes para as articulacoes nli, Ih, para crescido numero de vozes so tem seis signaes distinctos. Temos seis vozes ubertas, quatro fechadas, seis mudas, e seis nasaes : mas para signaes de todas ellas, so nos da o alphabeto seis vogaes; as quaes podem toda- via distinguir-se entre si pelos accentos — cimimjlexo, agudo, e nasal, designando abso- luta falta de accento a voz muda. v. g. AmA- mos, aindinos, umuin. Mas, sem embargo de todas estas iniper- I'cicoes, 0 systema da escriptura alpbabetiea e, a perder de vista, superior ao da escriptura syllaliica, — ja em razao do admiravel artifi- cio com que designa, por limitado numero de signaes, a maxima parte das vozes e arti- culacoes de que se formam os sons elementa- res da lingua; ja pela rigorosa percisao com que assignaia os varies matizes de dilTerenca ou simiihanca, que acaso tenliam entre si aquelles sons: — o que a escriptura syllabica so poderia conseguir a custa de indelinido augmento no numero dos signaes. Esta feita a resenha dos factos fundamen- taes da linguagem: e fazendo-a, temos — para assim dizer — assistido a formacao, de- composicao e inearnacao do som arliculado: — temos visto como este se resolve em qua- tro elementos que sao voz, articulacao, lorn e (juanlidade: como os dois primeiros vera reunir-se na individualidade do som elementar, que a escriptura traduz na syllaba natural; e como esta se transforma em syllaba artifi- ciul, medianle a supjiressao dos elementos da mais fraca e tenue de todas as syllabas nalu- raes:— temos visto finalmente como, sahindo da ordem real para a ideal, o espirito chega a decompdr a syllaba em seus elementos, despresando as similhancas, fazendo so conta com as differencas, que acaso tenham entre si OS symbolos dos sons elementares; e estas differencas sao o que represenlam as lettras vogaes e consoantes, de que se compoe o nos- so alphabeto manuscripto — unico alphabeto, que deve conhecer o educando, em quanto nao souber 16r torrenlemente. Cwnd'nila. u. a. DE MEItDONCA^. 256 0 fmm 1 0 FnuRO u mimM nmm, Como que acordada do lethargo diulurno cm qiiL' tern jazido, csquocida do seculo, fora do niDvimcnto animado e progiessivo, inipri- niido [iida revolucao mais adniiravi'l do cspi- rilo da cpoclia, a nossa inslniccao priinaiia comcra allim a dar si^naes dc vida. (iiaiidfi niiiueio de cadeiras loi creado para wm e outro scxo no anno, que lindou : c, com (luanto inferior ainda as necessidadcs da ]inpnlai;rio, alarpou cm fim a esplicra da inslrnccao popnlar, e dcu-nos a espcranca liindada de mciliorampnlo progrcssivo, que lalvoz de prompto sc aicancas-ii; sem grava- nic da lazcnda puliiira, se fora licm acoliiido um pciisamcnio c\posto iia tempo 'neslo pe- riodico. 0 tempo, a reflexao, c mais ([iie ludo a cscasscz de recursos do estado , iiao dc por lim realisar aciuelia idea, unica possivcl, e conforme a nossa situacao. Couliadamente 0 espcramos. Mas nao basta crear escholas. Para isso nao se requer mais (|ue verbas no orcameulo. Realisar a instruccao do povo, como o exi- gem as condicoes da cpocha, c a nossa orga- nisacao poiilica e obra de mais elemcntos: carecc de bons professores, e concurrcncia de ahimnos. Bons professores 'num paiz, ondo a iilustra- cao (cm conqiiistado pouio, e o merccimenlo e procurado para emprcgos mcnos penosos, e mais lutralivos nao se podcm csperar sc- nao dc cscholas norma es. Ua unia apcnas organisada cm Bciem, (jue csla i)or estrear apesar de (igurar nos orcamentos desdc 184(i. Nao e por certo aquelle genero de eschoias normaes, o que mais nos agrada. Eschoias menos dispcndicsas, e mais produclivas, cm localidades, que inspircm e alcntem o cspi- rito modesto do ensino priniario, e nao o traus- viem com a fruirao de commodos e praieres, que mais nao apparccem na pequena e pobre aldea, sao realmcnie as que convera : mas, pois se organisou a dc Belem, e 'nella se po- dem aproveitar elemcntos, que offerece a casa pia, laslimamos que tanta seja a sua orfan- dade, que nem um alumno-mestre baja pro- duzido cm dez annos. A frcquencia das cscholas piiblicas cm nos- sa terra e tambem niuilo inferior a de outros paizcs. Cincoenta mil aiumnos, tcrmo medio, cm mil e duzcntas eschoias e cifra niuilo diminuta comparada a de outros paizes. K crivcl que a dislancia resultante do numero pcqucno das eschoias seja a causa principal da difliculdade na concurrcncia ; mas tambem se nao pode negar que o desleixo, a indifl'ereu- ca, e culposa avareza dos paes, c tutores, que prefereni utilisar o service da infancia em provcito seu, e prejuizo dos educandos con- corra mui podcrosameute para aquelle de- sastroso rcsultado. A lei, provendo de remedio contra esse abuse, prcscrcvc disposii'Ocs penacs, por ora intactas. K ohjecto mui grave e arriscado o eniprcgo dc medidas obrigalorias na frcquen- cia das cscholas. Dcsadoran\ taes nicdidas povos muito illustrados; combatc-as um di- reito sagrado da familia ; nao as fortilica a expericucia. Ainda nos paizcs, que as t()m Icgislado, recorre-sc a ellas como ultimo re- medio , depois de esgotados todos os outros meios. Mcios suaves, suasorios, e medidas coercivas iudircctas produziram scnipre ell'ci- to mais seguro; ponpic nao afugenlam, susci- tando horror a escbola. Tacs sao as considcraeOcs ([ue dcvcm occu- par a mente do Icgislador, do govcruo, e de quantos jindcm e devem intcressar-se pela sorte da instruccao primaria, a ([uc csta cstreilamentc ligada a libcrdade, a ordem, a scguranca c prospcridadc do ])aiz. Sao d'csta ordem os esludos (jue vcmos no cstrangciro , em quanto nos estamos csperdi- cando precioso tempo com disputas pura- mente escholaslicas. A larga e ja faslidiosa queslao entrc methodo simultaneo-mutuo, e simullanco collectivo, ou rcpentino, boje po- de reputar-se a queslao do — i — grcgo, e — i — romano. Fcliz a nacao se a resolver! Com I quo se alimenta boje essa famosa questao? a que nos pode ella conduzir? 0 methodo Ctisiillio ja csta conhccido; tem side experi- nientado; ba muitos professores Icgalmente hLibiliiados a practicarcm-no; sejam todos os aspirautcs ao magistcrio obrigados a dar pro- vas dc 0 cntcnderem; que mais (juerem delle? Dccrctal-o obrigatorio? Fora uma insania cm nossa bumilde opiniao; uma disposieiio Ibra da lei do sense commum; contraria as rcgras pi-dagogicas mais triviacs; embora seja elle mais pbilosophico, mais ameno, mais facil, mais perfeito, questao que nao inllue nos resultados practices. 0 conbecimento cabal dos metbodos e indispensavel ao professor; o uso delles no ensino e livre: cada qual usa do que mclhor Ihe parece; porque oonstran- gido 0 professor tornaria peer o melhor me- thodo. 0 progresso da instruccao primaria 6 boje avaliado por modo mui diverse. Esluda-se a facilidade nos processes para abreviar o ap- prendisado; cura-se do ensino intuitive no cxcrcicio de todas as disciplinas; recommcnda- se a abstencao de ideas abstraclas por impro- prias da edade; cultiva-se a instruccao das scicncias industriaes, niormente da agricul- tura priictica, preparando assim a gerafao, que nos sucecde, para as cxigencias do secu- lo, cm que vive; e mais que tudo se altende a cducacao moral para formar o corajao da infancia, e inocular-lhe os germes da virtu- de, e da vida social, a que se destina. E 'neste inluilo que nos comprazemos de trasladar os dous documcnlos, que seguem, 257 e esperamos nao sejara perdidos para a nossa hisloria litteraria conlemporanca. Circular aos srs. reilores a respeilo dn en.sino practico da agrkullura na.s e.icholas nor- naes primarias. St. reitor : o imperador, solicilo pelo bem estar das classes laboriosas, ppnsoii ([ue o cnsino practico de nococs agricolas e da lior- ticultura scria o complonieiilo necessario a iustruccao das cscliolas primarias. S. M. nao quiz lodavia que se adoptassem medidas geraes antes de verilicar por expe- nencias parciaes os resultados que liavia a esperar do ensino de tal nalureza. Nao quiz por isso que o orcamento do estado suppor- tasse as dcspezas das primeiras tentativas, e em 1832 dignou-se S. M. conceder do seu bolsinlio OS meios necessaries para aniniar al- guns mestres a darem a sens discipuios licOes practicas de agric\illura. Os ensaios executados por ordem de S. M. tiveram logar em varias eschoias de pontos dillerentes do imperio. No departamento da Mancha {canisy) cullivaram os alumnos com successo em um terreno de dez ares os legu- mes ordinarios do paiz. Na correze, trinta da eschola de Seilhac appiicaram-se a tralia- Ihos de horticullura, e o jiroducto da cultura em oito mezes cxcedeu vinte Irancos o pro- ducto de um anno de terreno siiniiliante. A eschola normal de Macon apresentou resulta- dos ainda mais signilicalivos: um terreno plantado de vinlia I'oi comprado era 1852-33, e posto a disposicao dos alumnos-niestres. Foi este terreno arroteado e semeado : itrinta e seis ares de terra deram 180 francos de producto liquido, approximadamente 300 fran- cos 0 hectare. Os relatorios que recebeu do anno de 33 — 34 attestam que os resultados foram superiores aos do anno antecedente. Estes factos, e outros que fora longo enu- merar, provam com loda a cvidencia a alta sabedoria do pensamento do imperador, e attestam e seu earacter eminentemente pra- ctico. Nao tenho precisao sr. reitor, de insislir para comvosco no que encerra de fecundo para o fuluro a idea do ensino das nocOes de agricultura nas eschoias primarias. Por ura lado este ensino deve ter por effeito propagar OS bons methodos de cultura, e levar algumas eschoias a estado de se sustenlarem de sens propfios recursos: por outro, que llie sobre- lev-a; o governo deve esperar o resultado im- portante de conservar enlre os mestres gostos simples e modeslos, e ligal-os por inleresses pesitivos ao solo das povoacoes, que Ihcs con- fiaram as eschoias. Seria pois do niaior inte- resse, sr. reitor, que os ensaios tentados em cilguBias loealidades se extendessem a lode o territorio. Ora c\\ sou levado a crer que o verdadeiro meio de alcancar um dia o resul- tado, que se deseja, e o substituir a tentativas locaes, e a esforcos puramente individuaes, um systema geral de ensino agricola nas eschoias normaes primarias. Oonstituido este ensino, os alumnos-mestres difl'undiriam pelos povos boas nocOes do agriciiltiira ; poderiam dar conselhos uteis aos paes de sous discipu- ios. D'este modo os mestres, eu o creio, en- trando mais na esphera que Ihes foi marcada, attraliiriarii mais consideracoes, e junctariam novos tilulos ans que ja Ihes deram a estima e rccoubecimento do paiz. De raais, e 'noutro ponto de vista, nao e natural pensar que a jovens habituados ao service do campo seria conveniente achar na' eschola normal as condicoes de uma vida activa; e consideracoes de ordera moral naff vi^m apoiar razoes tiradas de irtteresses de outro character? Convido-vos, sr. reitor, a- conimunicar-me as vossas observacoes sobre o projecto de organisacao do ensino regular da' agricultura nas eschoias normaes primarias da vo^sa reparticao, ministrando-me quanto julgardes proprio a esclarecer a questao. Niio vos limiteis ao exame no ponto de' vista tbeorico d'esta questao. Direis como o novo ensino se pode conciliar como o das outras disciplinas: e atlendereis a todas as circumstancias materiaes, que tornariam mais facil a projectada organisacao nas eschoias da vossa academia. As eschoias normaes da vossa jurisdicao tem todas algum campo ou jardim? no caso contrario, o aluguel ou acquisicao encontra- ria grandes obstaculos? tal, ou qual director estaria em termos de dirigir o novo ensino? Podcria o ensino confiar-se a um dos mestres adjunctos? Ou julgareis necessario buscar fora das eschoias o mestre em estado de applicar na sua simplicidade practica o pensamento da administracao, e nao seria necessario em tal caso provocar a derogacao do art. 8 do decreto de 24 de marco de 1831? Os conselhos ge- raes estarao dispostos a concorrer para as despezas, que resultam da creacao projectada? Todas estas questoes exigera o mais serio exa- me da vossa jiarte, e rogo-vos que o mais breve possivel me dels sobre ellas respostas precisas e practicas. Recebei. sr. reitor, a seguraiica da niinhai distincta consideracao. 0 ministro da instruccao piiblica, e dos cultos, U. Portoul. Eis-ahi o progresso, que invejamos para a' nossa instruccao primaria, vul'garisadas poi" raeio de um jornal especial as n'ocoes de agri- cultura practica, ac<;iomodadas a capacidade dos alumnos. Entre os protfessOS' digiios de elogio por facilitarera o ensino da instrtccao primaria merece muito honrosa menfS* 258 0 LMo-leitor, novo jogo para ensinar a ler rapidumente, e se>n trabalho, de Th. Le- brun, in,speclor de instruccdo primaria da academia de Paris. E composto 0 jogo de trez series, ou jogos distinctos, um para Icltras, oulro para sylla- l)as, e outro para phrazos, meltida eada serie 'mima caixa. Mr. Lehrun tendo notado a facilidade que OS meuinos tein cm apprender a ler por meio do jogo OS noveiita priim-iros numi^ros, apro- \eitou a observarjio ])ara applicar o jogo: 1." a leilura de lettras ; 2." a do palavras. Para islo prcparou os cartoes de lornia (]ue re- presentasseni lodas as leltras maiusculas e minusculas, outros syllabas, e os ullimos pe- qiienas plirazes. 0 meiiino brineando com este jogo de Idto appreude a ler dopois de estudada sem cuslo toda a seric de cartoes, e pode logo passar a leitura de livro. Ha 0 quer que seja no manejo dos cartoes, e no pronunclar alto das lettras, e palavras, que agrada a mobilidade da infancia, e ex- plica OS progressos d'este jogo que pode substituir nas famiiias o jogo ordinario do loto. D'estas innovacoes gostaraos nos. As maes de familia nao deixarao de utilisar o desco- brimento. Este sim, que merece o nome de ensino repenlino. M. CHIMICA LEGAL. Continuailo de pag. 190. Analyse das risceras do esludante Lazaro Tavares Alfonso e Cunhu; d'uma porcao de terra do silio em que se achou o eadarer; e d'umas tiras da balina do mesmo estudante. 0 estoraago e intestinos estavam conserva- dos em alcool, separados em i frascos com OS liquidos e outras materias, que estas visceras continham ; e achava-sc 'noutro I'rasco uma porcao de alcool, irmao do que .so tiuha eni- pregado nos dois primeiros. 'Noutro frasco estavam tiras da baliiia, em agua distillada; e 'noutro , mais tiras 'numa dissolucao de sulfato de soda. Ainda outra porciio de tiras da batiua foi guardada 'num embrulho de papel ; e 'noutro embrulho achava-se uma porcao de terra do Choupal, onde o cadaver tinha sido cncontrado. A commissao de periios foi encarregada de proeurar venenos nas visceras, e vestigios de sangue na terra e tiras da batina. Analyse do estomago e intestinos com as substan- cias encontradas nestes orgdos. Sujeitamos a ebullicao em agua distillada, pOr mais de uma bora, uma porcao das pa- redes do estomago e dos intestinos, com uma parte das substaucias (|ue conlinliaui ; lillra- mos, e guardiimos o li(|uido com a designa- fao a, para o sujcilarmos aos rcagenles. Outra pori;ao das mesmas subsiancias foi car- bouisada numa capsula de porccjana com acido suH'urico, bumcdccida com acidoazoiico, e toruada a soccar pciu cvaporacao, rcduzida a p6, e sujeito a ebullicao em agua dislillada por mais d'uma bora. Este liquido, lilliado, guardou-se com a desiguacao b. Outra jiorcao das mesmas subsiancias foi carbonisada pelo mesmo processo; so com a din'cronca de se ter operado 'numa rolorla com a cxlrcmidade do collo mergulbada em agua dislillada, que depois serviu para a ebullicao do carvao. Este liquido guardou-se com a dosignacao c. Mais duas porcoes das mesmas subsiancias I'oram carbonisadas com o mesmo acido sulfurico, tendo sido prcviamcnte tracladas o aquccidas com uma dissolucao conccnirada de jjotassa caustica. L'ma d'esias porcoes foi carbonisada em capsula de porcelar.a, e a outra em relorla ; e dos dois liquidos, que resultaram da ebulli- cao e liltracao das materias carbonisadas, o 1.° licou guardado com a designaciio d, e o 2." com a designacao e. Prcparados os cinco liquidos, passamos a sujeilal-os aos reagentcs. No apparelhc de Marsh nenhum dos cinco liquidos deu, na porcelana ou no tubo de \idro, 0 menor indicio de arsenico, nem mancbas ou anneis d'oulra natureza. So o liquido c fez appareccr na porcelana umas mancbas amarelladas, sem brilho e que desap- pareciam em grande parte s6 com o calor (jue bcava na porcellana, Jeixando perceber 0 cbeiro do enxofre. Estas mancbas, que desap- pareciam totalmenle quando exposlas a um calor brando, insoluveis pelo acido azolico a frio e pelo ammoniacc, c nao oM'croccudo os charactercsphysicos nem cliimicosdasnianchas de arsenico ou do sull'ureto de arsenico, re- conhecemos serem mancbas de enxofre, como as que se costumam formar, quando lem logar denlro do apparclho a formacao do acido sul- furoso, e seguidamente do acido sulpbydrico. Ainda com o lim de descobrirmos o arsenico, sujeitamos estes liquidos aos seguintes reagen- tes, sera que nos apparecesse o menor indicio d'este vcneno. — Azolalo de prala, azolato de prata ammoniacal, azolalo de cluimbo, sulfato de cobre, sulfato de cobre ammoniacal, agua de cal, acido sulpbydrico, e sulphydrato ammonico. Empregamos, alem disso, parte d'estes e 259 outros reagenles para o descobrimento dos venenos de antimonio, de chumbo, de cobre, e de mercurio. Para os venenos de antimonio, empregaraos a polassa, o ammoniaco, a agua de cal, o chiororeto de platina, o acido sulphydrico, e 0 sulpliydrato animonico. Para os venenos de chanibo empreganios a potassa, o iodiiroto de polassio, o atido sulpliydrico, e o sulphydrato animonico. Para os venenos de cobre empreganios o ammoniaco, a potassa, o acido sulpbydrico, 0 sulpliydrato amraonico, ocyanureto amarcl- lo de polassa e lerro, e o arseniato de potas- sa. Tambem empreganios nos liquidos previa- mente acidulados com acido sulfurico, unia lamina de lerro, e nma agulba suspensa 'num cabello, segundo o processo de Boutigny. Para os venenos de mercurio empregamos a potassa, iodureto de potassio, cyanureto amarcllo de polassa e ferro, carbonato po- tassico , carbonato ammonico, ammoniaco, acido sulphydrico, sulphydrato ammonico, e azotato de prata. Mergulhamos nos liiiuidos as laminas de cobre e de zinco; e empreganios tambem a pilha de Smithson lormada por ura annel d'ouro com uma lamina de cobre enro- lada em espira. Nenluim d'estcs reagenles e processes desco- brirani indicios dos venenos, que se procura- vam. Progredindo na mesma investigacao, recor- rcmos ainda ao processo de Malaguti e Sarzeaud, applicando-o nao so a investigacao do arsenico, a que o destinani estes auctores, mas lornando-o extensivo a todos os venenos melalicos. Para cste llni, aproveitamos o quo podia considerar-se communi entre este pro- cesso de Malaguti, e o processo aconselhado por Briand, paia a investigacao simullanea de todos OS venenos melalicos, do niodo se- guinte. Lanciinios uma porcao do estomago e in- testinos nunia retorta com egual peso de agua regia nascente, e favorecemos a destrui- cao da materia orgauica por mcio da himpada de alcool. A retorla communicava com um frasco vasio, constantemente refrigerado com agua; e em scguida havia oulro I'rasco com 0 I'undo coberto de agua distillada, onde mer- gulhava 0 lubo de communicaiao com o pri- nieiro. Do segundo frasco saliia um lubo de Welter, em cuja curvalura se achava agua distillada. Conipletada a destruicao de todas as niaterias organicas, menos as gorduras, estas se deixaram coagular pelo arrelecimenlo; separaram-se do liquido, que se poz de lado ; lavaram-se com a agua do apparelho, e tizeram- sefundirna mesma retorta, tendo-se montado 0 apparelho com outra agua. Coaguladas de novo , separaram-se da agua por mcio do titro e despresaram-se. Esta agua, com a agua rlegia que tinha destruido as substancias or- ganicas , misluraram-se e dividiram-se era duas partes , guardando-se uma d'ellas com a designacao a. k outra parte lancou-se na retorta do mesnio apparelho, e distillou-se ale se reduzir a vigesima parte, pouco niais ou menos. Despresado o residuo da distillacao, guar- dou-se, com a designacao 6, o liquido dislil- lado no prinieiro frasco, reunido com a agua do segundo e do lubo de Welter. Este liquido h sujeitou-se a uma corrente de acido sulphydrico durante niuilas boras, e dei\ou-se em repouso por mais de 48 boras, seni que aparecesse turvacao do liciuido, pe- licula , llocos, ou precipitado aniarello, que podcsse indicar a formacao do sull'ureto de arsenico a custa do chlorureto de arsenico, que deveria existir 'neste liquido, se houvesse arsenico na materia suspeita. 0 liquido «, depois de se Ihe ler junctado um pouco d'acido chlorliydrico, para o desem- baracar d'alguni composto nitroso que podes- se ainda ter ; e depois se ter aquecido, para Ihoexpellir algum chloro que ainda houvesse, sujeitou-se tambem a uma corrente de acido sulphydrico, sem que apparecesse nenhum sull'ureto metalico, conio deveria apparecer se houvesse na materia suspeita algum dos ve- nenos melalicos. 0 mesmo liquido, assim preparado, sujeitou- se a accao da Pilha de Daniel, com 2 placas de platina nos dois polos , e nao mostrou nenhum metal reduzido na superlicie da pla- tina. Para a investigacao d'alguns venenos orga- nicos mais estudados na dasse dos alcaloides, seguimos o processo de Stas, fundado na solu- bilidade, em alcool e agua, dos sacs acidos d'esles alcaloides, e na faciiidade de reliraros mesmos alcaloides d'estas dissolucues , tendo decomposlo os saes por meio de bicarbonatos alcalinos. Lavamos uma porcao de estomago e intes- linos no dobro do sen peso de alcool absoluto, junctamos-llie acido tartarico, lanramos tudo 'nura niatraz , e aquecemol-o a 73° centigra- dos. Depois de frio llltramos, lavamos o residuo com alcool concentrado, iizemos evaporar o liquido 'nuiiia temperalura de A'J". 0 residuo d'esta evaporacao foi tractado pela agua distil- lada e evaporado. 0 novo residuo foi de outra vez tractado com alcool, e evaporado, c ainda outra vez tractado por agua distillada. A este ultimo liquido jnnclou-se, 'num lubo de ensaios, o bicarbonato de palassa ate nao produzir efervescencia; misturou-se-lhe cinco Tezes 0 sen volume de ether; agitnu-se niuito; e deixou-se bear em repouso. No dia seguinte, decantou-se uma pequena porcao do ether , e deixou-se evaporar espontaneamenle 'numa capsula. Appareccu um residuo amarellado, sciu a forma de strias oleosas , nem chciro 260 aprrciavel com o calor da luiio. Esle residuo nao restituiu a cur azul ao papel do touraesol, iiem rcspondcii aos rcagiMites eiiipiepulos no descohrimunlo da slrycliniiui, da iiiorphiiia e d'outros alcaloidcs. I'or oiitro lado lomos irac- taiulo a dissohirao cllicrea, (jue so acliava no Uil)0 dc eusaio, poi' dissolucocs de potassa, altci'uadas com diluicOcs de acido sulfuiico, sogiindo as indicacoi's de Briand ; e. procii- raiido OS alcaloidcs no ullimo residuo, livemos 0 mesmo resuilado. Devenios porcra advcrlir (jue nao dauios per infalivel o rvstillado d'esle processo, por -ser esla a prinicira vez que o enipregamos, e por ([uo a cxperiencia que liwnios, a par do mesmo processo, com a slrichnina em visceras de hoi, nao conrcspondeu em tudo ao que tiiiliamos de esperar. De todo cslc traballio concluimos que nas malerias analysadas nao iiavia arsenico nem veucnos mclalicos, |)riiicij)aimcnle os de an- limonio, chumlio, cobre, emeicuiio: etambera concluimos, mas so com probabilidade, que nao tinham venenos organicos dos mais cstu- dados na classe dos alcaloidcs. Conlinua. a. a. da costa SIMOES. COSTUftlES nCADtrrtlCOS NAS UfJIVERSIDADES ALLEWfiS NOS SECULOS XVI E XVII. I. Nao vae longe o tempo, em quo a fama das cajoadas fazia entiar mais de um concur- rentc aos estudos de Coimbra, e choverem car- tas de recommendacao, e os caloiros entrarem na cidade, de noite, e tao encapotados como cousa de contrabando. Dizem que muitos se deixaram inipressionar d'csse terror, e regres- saram a terra natal, sem ao raenos transporem OS umbraes da porta ferrea. Um janiar ou cea paga aos veteranos, em (jue 0 caloiro servia a mesa ; a defcsa de umas theses improvisadas, sobre que o pa- decente era forcado a dizer uma multidao de parvoices ; a iguominiosa imposicao da avillau- te e sordida borla de barro ; ah! esiao, pouco mais ou menos, as penas que Ihe eram im- postas. Se 'nestas provas o caloiro dava algum signal de chiste e sagacidade, recebia o bur- lesco diploma do r/ruduni cnluuri, mas aiuda licava sujcito a ouvir muitos insultos, a res- ponder a quaesquer p-Tgnnlas. que Ihe fizes- sem OS veterarios, e a ser de.sapiedadamenta apupado, cm apparecendo nn Cukada ou na Ponie de Cui:nbra. Esse tempo de provarao nao se estendia. alcm do nalal, para os cstudaiiles malricula^ dos no prime iro anno, (jue se chamam notalos. e que, passada essa epocha , adquiriam o direito de oaf oar os matriculados no lyceu. Coucluido 0 primciroanno, licava o estud'ante, ipso facto, cacoador de caloiros, cabides ' , e novatos. em (|uanto que os de annos mais adiantados rcservavam para si o mais elevado mister de proti'ger, isto e, de livrar o corpo do caloiro de ijuaesquer maus trades, como canueloes c qnejandas gentilezas . K lora de duvida que similliantes usos revelam ci\ilisacao pouco adiantada ; mas tambem .se pode dizer que essa perseguicao tenqjoraria muitas vezes aproveitou ao caloiro ine.\|)eriente e neecssitado de tutela, (juando se abriam dianle d'elle tantas veredas coudu- centes a ruina physica e moral. Quantas vezes ao mancebo novamente chcgado a Coimbra nao assaltou o desejo de I'azer e\[iloracoes perniciosas, e pouco e pouco ir convertcndo em desordenada licenca a liberdade, que ad(|uiriu ao saliir da casa patcrna? Quantos d'esses que trajam o vestuario academico, mas que licam perpetuamente em preparatorios, ou no mesmo anno de uma faculdadc, nao foram, com fal- laz amizade , insinuar-lho os mysteries da espelunca, do lupanar e de todo o genero de perversao ? Porem o mancehn, conscio da sorte que o csperava, se os veteranos o encontrassem, so e transviado, prendia-se em casa com os seus livros, entregava-se ao pensaraento dos seu.s deveres e do seu fuluro, e, por gosto, ou por nao acliar outra cousa que I'azer, ia esiudan- do. Passado o tempo do noviciado, sentia-se possuido do amor a vida e prazeres intellec- tuaes. Era entiio menos facil perverler-se. II. Esses costumes academicos, di' que ainda lioje apparecem em Coimbra vestigios quasi apagados, derivam, mais ou menos, dos que existiam cm quasi todas as Ihiiversidadcs, nos seculos XVI e XVI!, nao obstante a op- posicao, que llies faziam as authoridades e as leis. As cacoadas nas Universidades a'llemas d'esse periodo, das quaes vamos dar breve noticia, consistiam em excessivas vexacoes, excrcidas sobre os estudantes que vinham cursar as aulas snperiores ; mas nao Hies des- cobrimos princi|)io que as authorise, a niio ser a barbaridade do tempo. Comecavam pela famosa deposicdo. Em 1071 , publicou-se em Slrasbnrgo um livro intitulado — Itilus deposilionis , ornado de varias gravuras, e contendo os promenores d'esla travessura escholastica. 0 caloiro de- nominado heanus , de liec-jaune , bico ama- < Intlividtius que trajam batina, mas que nao eslua matriculailus. ■* A ([uem desejar conliecer, por mimlo, o que eram as ca(;oada9 em Coimbra , recomraendamos-lhe o Palilo Mi^tricor 261 rollo, (termo Irazido de Pariz, e que signi- licava 0 niesmo que raposa), era considerado conio peeiis campi, alimaria que devia depur OS cornos. Dalii vcm a deposirdo adoptada cm lodas as Univcrsidades d'aquelle tempo, e d'alii paiece dcrivar o nome (|ue ainda lioje tfim OS estudantes do lyceu de Coimhra. Os caluii'os, que no aclo da deposirao erani chiimados bacclianlos, dirigiam-se em rehanho ao depositor , que os recebia com este cum- primento : — « Yenham , bacchantes, quero depor-vos os cornos, do modo niais sim[iles. » E logo llies ia cortando o cabello com uma cnorme tesoura , dizendo : — « Faco-te a honra de te desbastar o pello que trazes mui compri'Jo. » Seguia-se arrancar um denlc a cada um, o dente da malediccncia, para que I'ugissem da ealumnia, como do proprio de- monio ; linuu-llie as unhas Com uma grosa monstiuosa, para que fossem limpos de maos; lapar-llie os ouvidos com iiistrunientos pro- prios para isso {Kolben), alim de que os cer- rassem a discursos fatuos ; e destapar-lh'os, para que podessem ouvir as licoes de scus meslres, e instruir-se. Tcrminadas eftas ridiculas e brutas cere- nionias, dava o depositor beijaraao aos bac- chantes, e aspcrgindo-os com vi.ilio, dizia- Ihes: — « Descjc-vos a todos boa entrada em vosso novo estado. » Era entao o caioiro as- saitado de perguiitas buriescas, precedidas e seguidas do bofetoes a valer. I'or exemplo, o depositor, dando um bofctao no caioiro: — Tens mae? — Sim, senhor. — Outro bofetao. — Nao, senhor. — Animal ! Qucm te pariu? Pcr- guntava depois um veterano — Quantas pulgas tern um alqueire? — A. mim nao me ensinaram isso. — Outro, bofetao. — Nao sabes, lolo, que um alqueire nao tern pulgas? Assim apoquen- tavam o tiiste do caioiro, que ia d'alii matri- cular-se na faculdade das artes, em casa do decaiio, e prostar um solenine juramento, em prcsenca do reitor. E natural pensar que o caioiro tosquiado, desdentado, esbofeleado terminava o sen fa- dario, passando a classe de novalo, Fcder- burschen ou escrevenle, como llie chaniam os allemaes ; mas nao e assim. 0 peor tern elle de snilror ainda, no anno de sorvifo, dono- jniuado Pennaljahr, anno de escrevente. Verilicada a matricula , ol)rigavam-no a festejar a sua admissao na faculdade, com um brodio offerecido a todos os estudantes, e 'ncste mesmo feslim era o mesquinho entregue a qualquer vctorano, que o quizes«e tomar por famulo. Ahi licava pois o novate reduzido a condicao de criado, e com a obrigacao de tractar o vcierano de senhor, de o servir a mesa, de Ihe escovar o fato, de limpar o calcado, e o mais e, que veiu a generalisar-se 0 uso de exigirem dos novates, assim aban- donados, roupa branca, livros, dinheiro, e ate pesados e humilhantes services, nas orgias e divertimentos, que os veteranos tinhara na cidade e no campo. Eram tao notaveis essas vexafoes, que os professores, com o fim de as atenuar, muitas vezes assistiam as orgias academicas; e tor- nou-se objecto de diseussao entre a policia de Jena, quanio conviria aos novates que os len- tes admittissem , em suas proprias casas , as reuniocs dos estudantes. Acabado o anno de service , que uma requintada maldade lizera constar de um anno, seis mezes, seis seraanas, seis dias, seis boras e seis minutes , havia de e novato visitar todos OS estudantes, e a cada um, por sua vez, pedir absolvicao. Mas era mister mimo- seal-os com um novo brodio, em que se in- vestigava se o novato cumprira todas as suas obrigacoes : so entao Ihe era dada solemne- mente a absolvicao, em nome da SS. Trin- dade, e conferido o direito de trazer espada (jus gladii), ate alii absolutamente uegado. Soara era lim a hora, tao susjiirada, da. emancipacao do novato. Esta ultima cacoada elevara-o a classe de velerano: niuguem pode ja violentar a sua vontade, antes, pelo con- trario, e elle que, lembrado do que Ihe lizeram sofi'rer , comeca desde logo a exercer , sobre OS que vem de novo, injustas represalias. III. Diziamos que as authorid?des e as leis lizeram nao pequenos esforcos para desterrar estcs barbaros costumes; ce vcrdade. Frederico Guilherme de Brandenburgo ordenou expre'-- sami.'nte ao reitor e ao senado da Univcrsida- de de Koenigsberg, que usassem da maior severidade contra similiiantes abuses. A Uni- versidade de Heidelberg, annos depois, pro- mulgeu varies decretos sebre e mesmo objecto. Em 1GS4, 0 principe de Palalinado, Carlos Ludevico prehibiu, por lei, aos estudantes 0 contcndercm com os novates , secreta ou publicamente, nas ruas, nos botequins, ou nas aulas; mas so em 1072 fei declarada- menle banida a deposicao, licando salva aes novates a liberdade de prcferirem, se quizes- sem, e serem tractados more antiijuo, cousa sebre maneira curiosa. Todas essas providencias , pereni , pouco ou nenhum resultade tiveram. No lim do seculo XVIl. as Universidades de Jena, Wit- tenberg e Leipzig, em virtude de uma con- cerdata que lizeram, decretarara que os estu- dantes riscades, em qualquer academia, por causa de cacoadas, niio pederiara ser admit- tidos em nenhuma d'aquellas. Este exemplo fei seguido, pouco depois, j)elas Universidades de llelmstaedt, Gicssen, Altorf, Rostock, e Frankfort do Oder. Entao e que as Universi- dades da Allemanha deixaram de solTrer a eppressao d'esse hediondo pesadelo, debaixo 262 dc cuja inQueucia sc debateiara ])or lantos auiios. 0 rcmedio foi cHicaz, e o scu cIVeilo fcste- jaraui-iKi todos os prot'essores e aullioridadcs aeademiras. Itasta dizer quo o ndlor dc N\ it- tenboig proiuimioii em pultlico urn cloqucnti' discurso. em (iiu' dava graras a Providi'ucia por teroni acahado as cacoadas. Sc em aitij^o mais curioso do que cnulilo livesse cahimeiito a aprociaeao geral das leis univeisitarias da Allemanlia . haviamos de mostrar que as dos seiulus XVI o XVll poiieo dilVeiem das piomiilgadas anteriormente, nos seculos XIV e XV. Lmas o oulias prolii- biam orgias luis tabernas, pasquins, lumultos, indecencias de varies geiieros, jogos de dados, furtos elc. elc. Por consegiiinte os eoslumes dos estudantes permaueeeram quasi os mesiiios jior espaco de quatro seculos, seni que mcdi- das logislalivas akanrassem rerorniai-os. Islo I)rovinha, em parte, de que essas leis luuica erain executadas com rigor, aleiu de que as penas por ellas impostas, as mais das vezes, commutavara-se era insignilicaiUcs muiUis pe- cuniarias. As I'aiversidades de Leipzig, Straslnirgo, Rostock, Genelira, Basel, e Heidelberg eraiu as que, na manutencao dc uma diseiplina raais severa , levavam a palma as outras, acerca das quaes, de ha muito, se dizia que 0 estudants vindo rfe Tubiiirien sem mullier ; de Jena, sem que os ossos llie partissem ; de Uelmstaedt, sem que o corpo Ihe ferissem ; de Marburgo, mnntendo a stincla creueu; de ne- nhuma traz sciencia. iNiio se deve, porera, concluir do que lica dicto, que OS estudantes d'este tempo sahiam dos estudos totalmente pervertidos. A per- versidade dos maus teve seus annaes nos processes crimes ; mas era parte alguma estao registradas as virtudes e regular pro- ccder dos bons academicos. E se attendcr- mos ao graiide numero que entao I'requentava as Uiiiversidades ' , suppondo que ealre dez bons apenasse eucontraiiam Irez desalmados, nao faremos conjeotura niui di>taiite da ver- dade. Por outro lado esses costumes dos estudan- tes erara urn corollario fatal da barbaridade do tempo. A vida do estudante divide-so enlre o prazer e o estudo. Que dislraccao of- ferecia aquella sociedade uimiamente gros- seira e material? A rausica , apenas, e os autos dramaticos. Ora o estudante que ne- cessitava de recrcar o seu espirito cancado de longas lucubracOes, em taes circumstancias, era, digamol-o assim, convidado a esquadri- nhar gozos brulaes no tremedal da sensuali- dade. ' A rniversiilade ile Pmsa, rimOBtla em 1348, Jielu uiiperador Oarloa IV, n mais anliga ilas vinle e taotas i|wc hoje exislem na AUemanha, era, em 1409, fre^iiien- lada por A iiile mil eslmlanle«. E com tudo no meio d'essa rudcz c barba- ridade revelava-se, cm geral, nos cliaractcres, a natureza ingcnua e rcpassada de poesia. Nao I'oram |)oucos os vellins douloros, e os iiiucos dotados de exoellente coracao , que com|)arando o que havia de bom nos antigos costumes, com o relinado cyiiismo (|ue os vein substiluir, no lini do seculo XVII,' e princi|):ilmente no seculo XVIU, suspirarani com saudade pclos tempos, que passarara, e ja nao podiam voltar. Assim sac as cousas, assim sao os honiens. J. VESTIGIOS DA VIDA ANIIVIAL E VEGETAL NAS GELEIRflS '. A nere vcrmelha 6 uma das mais singulares provasda existencia de seres organicos uo meio dasestereis, edesoladas regioes cobertas pelas geleiras [ylaciers). Ha duas ospecies de neve rennelha ; uma, segundo a 'analyse d'Ehren- bcrg , compoe-se de matcrias inorganicas , taes como a massa de p6 vermelho, q'le durante a noite de 17 de feverciro de I80O cabira no monte S. Gothard, e sobre as cercanias pro- ximas, que era composta de espeeies divcrsas de terra misturadascom materias ferruginosas, e cinzas volcanicas: e provavel que 0 Vcsuvio, que estava entao era actividade, lancasse esta massa dez mil -pes acima do nivel do mar, e que 'nesta altura fosse arrastada pela grande corrente almospherica ate aos Alpes. Pela quantidade que alii cabira, pode calcular-se, quco ar transportara muilos milboes de quin- taes d'aquelle p6. Outra cspecie de i>eve ver- melha consisle em materias organicas, vegctaes e aniniacs. Primeiramente so sc linham desco- berto nella plantas microscopicase po vegetal; mas as ulliuias, e mais recenles observacoes de Shultlevvorth e de Lament, prior do grande S. Bernardo, provaram, que a massa d'aquella pretendida neve era composta de infusorios microscopicos. Karl Vogt, c Rougemonl con- lirmarim aquellas observacoes por uma scrie d'expericncias sobre a gcleira de Unteraar. Segundo Vogt, esta massa, que da as geleiras a cor rosada ou vermelbo-alaranjada, e que se transforma em cor de sangue, quando ca- minbamos sobre ella, e, pela niaior parte, composta de iul'usorios do gi'Doro—disceraea. A disceraea nieiilis no seu estado perfeito tem a forma de um ovo, coberta por um en- volucro transpa rente de materia siliciosa, e na parte agucada do corpo lem dous labios ala- ranjados, e lixados 'nelles trombas por meio ' Dfis ThicrU'btn der Alptnwdl. F. Tsecliuili. 1 vol. 8.** Leipzig. 263 das quaes este pequeno animal se move. Quaii- do elle esUi em repouso, estao ellas oncolhidas e invisiveis. Os imlividuos, que tern (orailo o seu completo (lesinvolviiiu'iilo, sao quasi opa- cos, de cor vernieliio-escuro : niultiplicam-se por divisao, gommos, e ovos. Segiiindo o pri- nieiro d'eslcs mcios, o aiiimalculo, couio lodos OS outi'os iiifusorios inreriores, diviJe-se em 2, i, iS partes, que se fornuuu no iavolucro foniinuiu. e que, ronipendo-o, se lornam in- dividuos p.'rl'eitos da sua especie. Na segun- da luaneira de mulliplicaeao, apparecem sohre dilTereiiles partes do cor|jo pcquciias boliias transparentes, que vao crescendo alesedesta- carem d'eilc. 0 gnnnuo deslncado e ao principio rcdondo ou oval , trausparente e sem movi- mento ; pouco a pouco fornia-sc 'nelle urn no, e comeca a apresentar a cor amarclla, que passa depois para vermelha : chegado a este estado, o novo animalculo nao dilVere do in- fusorio d'onde se deslacara. A geracao por ovos ainda nao esta bem vcrilicada ; Vogl, poreni, jnlga que os Protococcus do Slmltle- worlh sao verdadciros ovos de disceraca ni- valis. Ontros infusorios em menor quanti- dade, e vegetaes microscopicos I'azem parte da neve vermelha, que se produz ordinaria- mente sobre o nevado, que na Suissa ehaniam /tin, e que cobre algumas vczes as niontanhas por espaco de niuitas leguas. Nas geleiras de Unteraar, e do monte Bran- co da-se oulro pbcnomeuo ainda mais rayste- rioso. Na primavera rebcnla sobre as antigas geleiras, e abaixo da caraada de neve, que alii tern cahido durante o anno, uraa especie do cogumelo amarello, brilbante, interior- mente oco, e que, quando as neves se uer- retem, apparece mui vicoso. Pouco tempo de- pois dissolve-se esponlnneamcnte , transfor- niando-se em materia terrosa amarella, que rouba o oxygeno do gelo e o I'az lundir, de modo que no logar do cogumelo se forma um buraco de trez a vintc linlias de profundidade. Suppoe-se que este pbenomeno e organico ; 0 seu character porem nao e ainda bem ave- riguado. A.piilf/a das (jeleiras (Gletscherfloh, desoria (jlactaUs) que Desor descobriu sobre o monte Rosa, e que mais tarde Nicolet observara minuciosamcnte, e uma prova muito mais dccisiva da existencia de seres organicos nas geleiras. Aquelle pequeno insecto pertcnce a familia das poducellac : o seu tamanho nao excede dous millimetros, mas tem um grandc apparelbo para a mastigacao, e e por conse- queneia muito voraz, e por isso mais admira- Tcl e como elle pode viver no meio das gelei- ras, sem se saber de que se sustenta. A pulga das geleiras supporta o frio tao bem, (|ue pode scr uma e muitas vezes gelada, e desgelada sem perigo; pelo contrario um calor de 38.° centigrados mata este insecto. NOTICIAS LinERARIAS. O^ ('amintaOK >>'in. Os caminlios dc ferru, cxplorados na Russia, ciinipre- heiiilcm aclualmi'iUe uma cxtcnsrio de 1,030 kilo- molros ; estao em conslrucrTio 1,1)00 Idlomdros ; c em pnijectu 3,670 a maiiir parte d'estes ultimus lem sido esliidados somenle anno linhas cstra- tcgicas. A cxploracao dos i ,030 kilom. ja promptos f(ji feila ao principio por companhias , e aclia-sc hiije a cargo do Estado; e o estiido c exccucao dos Ira bathos est;i confiado a comraissao especial dos caminlios de ferro, nomcada pelo governo. Apczar da Russia ser um pai?, pela maior parte piano, ofTcrcce com ludo grandes ondula- cocs, prol'undos vales e um grande numcro dc pequeiios lagos, o que jiincto a inclinaeao dc meio por cento, ou 0,'"005 adoptada para os declivcs, e os grandes raios das curvas, tem dif- Ocullado muito os estudos, e cxccucao d'cstas 'linhas. As obras ja cxecutadas nao tern grandc impor- lancia. As pontes siio quasi todas de ladrilho, algumas de madeira, e muito poucas de fcrro fun- dido. As grandes ponies, que dao passagem sobre OS rios, tem pegoes de pedra, e sao fcitos de madeira, segiindo o systema americano de celosia. Estas obras foram feilas com muita impcrleicao, c acham-sc por isso lioje em man estado. So a linha de .S. I'etersbourgo a Zarslioe-Scio, na cxtencao de 30 l>ilom., c que ha dois carris. 0 material movol e do systema imericano, a cxceprSo da linha de Varsovia a Cracovia, que lem machinas belgas e allcmas, porem os coches e tvagons sao articulados. [Nouvelles Annal. de la construftiini.) CoTEEPcSia rrr«!»<»«:-o. Em 1409, os ccde- siaslicos pobres representaram, cm Londrts, uma comedia denominada — A Crea;uo do Miindn. Durou oito dias complelos o espcctaculo. Princi- piava por um prologo que, scgundo o gosto do tempo, era destinado a dar idea da peca. Conti- nha quarenta actos, e o dialogo compnnha-se dc discursos, que levavam, pelo menos, um quarto d'hora a rccitar. ERRATAS DO N." 111. 7*0*7. C,.l. Link. Erros. Emend as. 2:20 J.^not.2 4 Catingaza latim gaza 2'il id. 20 Rhinoctrontf' R/htn /serous Jd. id. 51 Rhinocerontes Rhonoserr.us 224 2 II Spelmen Speiman Id. id. 15 Cowerhill Tuwerhill Id. id. 41 Shoredilch Shoredilch Id. id. 52 Derwsbiirt? Dpwsbiiry Id. id. 55 M Black Fom » n Black Tom » 264 OBSERV.\COES METEOKOLOGIC.\S . FEITAS .NO GABI.VETE DE PHYSICA | DA UMVERSIDADE DE COIMIIUA. Anno lie lil.-.S Pit'ssao aliuo!'[therica »o nieio dia Ksl.ul.) hy;;romi-lrJci. da atniuKphera no nieiu di.i OS "c ■6 - .2 z "S i S h5 a ICstfi/'o do cnt r {^o Uinjio uo meio diii. M.7. ,1c Noveiii- liro Alluiii biio- metrica a o"* da cicali cca- tigrada. TtDlio do vapor nquo.o coDlido uo ar Press.'io »lu ar seCLu Gran d'humi- dade do ar, rcprescnlaiido por 1 o eila. do dc aatura- C.\o. Quantid. de vapor coQlido em nm metro cubico d'ar DiHS Uia.., Miilinu'lros Mlllinu'tru.- MilUm.lr.i." GrailHll.ls 1 12 752,853 9,997 742,256 0,966 10,172 NO. NiiUluilu. T. rhuvusu. 2 12 752,912 9,307 743,1,06 0,890 9,470 O. Nuliludu. Boiii leiiipvi. 3 11 755,062 8,644 746,418 0,11112 8,8i7 S. O nusmo O mfsmo. 4 10 766,301 8,4ti6 747,835 0,924 11,075 s. CI. e limp. Omesniu 5 10 7j6,. O luesiiio. 15 14 746,01.3 9,181 735,882 0,771 9 2'6 s. Nublado, O nifsniu. 16 14 743,49i 9, -107 734,0115 0,790 9,505 s O nifsmo. O nie>mu. 17 15 748,743 10,2:16 7311,457 0,810 10,356 o CI. e limp. O intsnio. 18 13 749,747 9,711 740,036 0,810 9,846 o. Nui litlu. O mesmu 19 13 749,747 10,180 739,567 0,912 10,3*1 % CI. e litiip. O luesiiio SO 12 753,164 9,307 743,1167 0,890 9,479 NO. Niiblailti. O mesmo. 21 13 749,341 10,793 7.:8,54li 0,967 111,942 O. Encuherl. T. cluivusu. ■ii 12 7^7,841 10,164 737,677 0,972 10,342 s. O luesm-i. O uit'siiiu. 23 12 74rt,5!3 111,2/7 736,346 0,978 10.405 s. O me.siiio O mesm.i. 24 12 746,573 9,937 7:'6,576 0,956 10 172 E. Niibladu. Bum l«-mpo. 1 ^^ 11 742,891 8,liT 734,764 0,8,0 8,298 N. O iu<*siiio. O nic-sDio. 26 10 747,272 7,240 740,032 0,790 7,419 s. CI. e liinj>. O uitsuio. 27 8 746,2'J8 6,333 739,9ii5 0,7M0 6, .■.36 S. NitMailo. O ntt-siiio. 28 9 749,879 7,631 742,248 0,890 7,848 s. U uiL-Biuo. O luesiuo. 2'.) 9 746,937 6,915 739,992 0,810 7,142 s. Eiiciibr-rt- T. .Iinvosu. 30 9 748,510 7,';;88 741,222 0,850 7,394 s. Niiblado. Kt>n]_,U-inpu. n»pili;i ^ do mi-z $ h lUlU 11»,5 g 74a, 641 0,876 1 ? Ttnijieroltira Prcssiw a tiiwspfier.ca firait d'lnimiiluile do ar 1 - \ f entof ilo'n'niitnt •3 Maxim ul'So). 15° ^Ii^liIll.l atsul. 7" .Max. alis Min. ahiuli A. 757,722 I. 712,891 Maximo .... 0,978 .Minirao .... 0,771 S. e O. 1 :2 Mux \ariat;-ti, j;" Mix. pxcu s, 14,831 Maxima variai;. 0,207 ) 1 Cuiu lira, I ." d»_- liizembtu lie 1865. 1 Math at de Cnri-oVio lie fasconcetlos , Le nle Sub sliliilu de Pliysica. ® Jn0tittitir^ JORINAL SCIEIVTIFICO E LITTERARIO. RELATORIO Do comniiMfiario i, a vogal respectiva passa a combiuar-se com a da syllaba anlecedente, na mesma emissao de som; e assim se forma de duas syllabas naturaes uma artificial, que e um dipbtongo. V. g. : Pd-hu, pa-ho, le-hi, que se escrevem artilicialmente pau, pao,'lei. Quando se ommitte o « e mudo, >i a con- soante que 0 modificava, passa a modilicar a vogal da syllaba antecedeute, a qual tica por isso composta de duas ou mais consoantes. V. g. : Hi-em-pe-la-ca-ve-le , tern sete syllabas naturaes, que a escriptura reduz a ([uatro d'este modo — implacavel. Feita esta explicacao previa, cumpre ap- presentar ao alumno diversas tabuas de syl- labas artificiaes, tanto as que resultam da suppressao da consoante «/(», como as pro- venientes da ommissao do « e mudo », que concorra com alguma das consoantes f, I, m, n, s, r, X, i: e em seguida, e o professor ensinar-lhe a escrever, apreciar e \er cada uma d'estas syllabas ; para o que procedera de modo analogo ao com que procediira a respeito das syllabas naturaes. So depois de o alumno saber escrever e ler todas as tabuas das syllabas naturaes e arti- litiaes, so entao e que se Ihe ha de ensinar a decompor a syllaba em lettras : para o que observar-se-ha o seguinte processo. Toma 0 professor na tabua das syllabas naturaes a primeira linba transversal, e a segunda vertical. Eliminaudo da primeira a consoante «hi>, fara ver ao alumno o que siio as vogues por si so ; e supprimindo na segunda o «e mudo», assim Ihe fara sentir 0 que sao as consoantes. Depois, com estas duas classes de lettras conslruira o abecedario ou alphabeto de lettra de mao, cujos signaes so representam os ele- mentos dos sons elementares da palavra, isto e, as differencas por que estes sons se exlre- mam uns dos outros. 270 Far-lhe-ha ver tambem como o alphabeto e imperfoito por falta; porque, havendo em nossa lingua dozoilo vozes cntre abertas, fe- chadas, vuidas e nasaes, para as representar so tem 0 alphabeto seis signaes disliiiclos; os quaes so poderao extreraar-sc uns dos outros por nicio dos accentos agudo , circumUcxo e nasal, designando absolula falta d'ellc a voz muda. Mostrar-lhe-ha egualmente como 6 imper- feito ])or excesso o alphabeto; porque para designar certo e determiiiado clomento de um som, tern mais de um signal. V. g. : para significar a voz «»'», tem o " t » latino e o (I y )i grego ; para significar a articulacao « q » tem as consoanto q, c, k, e cit a grega. Rematara cstas observacOes, fazendo-Ihe comprehender por que razao, apesar de tantas imperfeicOes, 6 a escriptura alphabetica tao superior a syllabica. Entao appresentar-lhe-ha uma rigorosa clas- sificacao de todos os character es alphabeticos : — primciro, a tiibua das vogaes com todos os seus valores pcrmanentes c aocidentaes em virtude dos accentos agudo, circumflexo e na- sal etc.; — depois a tiibua de todas as con- soantes, classiticadas em relacao a parte do orgao que actiia na produccao de cada uma, d'onde Ihes advem as denominacOes de la- biaes, denlaes, guturaes etc. Preparado o alumno com o conhecimento d'estes principles, dar-se-lhe-ha entao o pri- meiro livro (que ha de ser em lettra manus- cripla), para que o lea, e lendo-o adquira o hablto de applicar, com desembaraco e ac^r- to, aquelles principios ao acto da leitura. Acabada que seja em cada dia a licao de leitura, mandara o professor fechar o livro; e lendo elle mcsmo successivamente as pala- vras de cada sentenra, fara com que o alumno va oralmente decompondo — primeiro a sen- lenca em palavrcts, — depois a palavra em syllabas, — e por fim a syllaba em Ultras. Este sera o principal exercicio para ensinar- Ihe practicamente a orthographia da lingua. Quando o alumno souber escrever e Wr com tal proticiencia, que possa Ur qualquer trecho que se Ihe appresentar escripto, ou escrever qualquer outro que se Ihe dictar, so entao ciimpre dar-lhe conhecimento do alpha- beto de leltra redonda — conhecimento que facilmente conseguira pela simples confronta- cao de uns com outros characteres. Assim, o alumno vai depressa, porque vai do que co- nhece, para o que ignora, vai do mais facil, para o diflTieil. Logo que estiver tao familiarisado com a lettra redonda, que possa copiar em manus- cripto qualquer trecho que se Ihe appresentar impresso, passara a ler em livro de lettra redonda, como d'antes lia em livro de lettra de mao; e este facto niarcara a epocha em que a leitura tem de separar-se da escripta, cm que 0 primeiro tyrocinio do educando esta feito. D'aqui em diante continuara a ler e a escrever « separadamente » ; — a escrever, para fazer estudos de caUigraphia, e de redac- rdo, — a ler, para aprender a recitar prosa e verso, e a declamar conveuientemente. COIVCIiUSAO. A idea fundamental d'este methodo e ensi- sinar a ler ensinando a escrever, para apro- veitar, em benelicio da leitura, todo o esfor- co da intelligencia e attcncao que faca o educando, com o intuito de imitar os signaes graphicos que se Ihe apprcsentem. Por consequencia, sao condicoes essenciaes d'elle, as seguintes. 1.° — 0 unico abecedario de que deve usar 0 alumno, em quanto nao souber ifir corren- temcnte, e o do lettra de mao. 2.° — Usando d'este abecedario, deve apren- der, primeiro que tudo, a escrever e ler syl- labas naluraes, por serem estas os symbolos de sons elementares, que elle podeni desco- brir por si mesmo, fazendo a decomposicao da respectiva palavra. 3." — So depois de saber escrever e Idr syl- labas naturaes, e que ha de aprender a escre- ver e ler syllabas artificiaes; — o que facil- mente conseguira, raediante o conhecimento da origem e propriedades das duas especies d'ellas. 4.° — So quando souber escrever e ler toda a casta de syllabas de uso em nossa lingua, so entao e que se Ihe deve dar conhecimento das Ultras do alphabeto manuscripto pela de- composicao— nao dos sons elementares — se- nao das syllabas que os significam. S.° — Em sabendo escrever bem o que Ihe dictarem, e ler com desembaraco o que Ihe appresentarem escripto em leltra de mao, so entao e que deve estudar o abecedario de lettra redonda (ou qualquer outro que tenha gosto de saber) pelo simples exercicio de con- frontar os characteres do que conhece, com os do abecedario que ignora. 6.° — Uma vcz familiarisado com o abece- dario de lettra redonda, metta-se-lhe entao na mao o primeiro livro impresso, e por elle se exercite na leitura, jii lendo, ja copiando da lettra redonda para a manuscripta, ja iffiitando a lettra redonda. 7.° — So d'este ponto em diante e que de- vem separar-se, e ser para elle como distin- ctas, individualidades a parte, as disciplinas de ler e escrever. M. R. DE MENDONCA. 271 OS SINOS. Continuadu de pag. 224. Calcula-se ter havido em Inglaterra 80 carrilhoes de 10 sinos, 300 dc 8, aOO de 6, e 2o0 de 5 ; mas este caleulo e uma simples approximarao; os dados em que se basea sao muito indetorminados. Para lormar urn car- rilhao completo sao precisos 8 sinos, (|ue con- stituam a oilava ou escaila diatonica. Os ama- dores tem como ponto de capiiciio o executar grande variedade de mudunras ou variacoes, que augmentam em rapida progressao com o numero dos sinos. 0 quadro que segue mos- trara de que modo com Irez sinos se podem executar seis mudancas: 1 _ 2 _ 3 1 — 3 — 2 2 — 1 — 3 2 — 3 — 1 3 — 1 — 2 3 — 2 — 1 Com quatro sinos executar-se-hao quatro vezes seis ou 24; com cinco, cinco vezes vinte e qua- tro ou 120, etc. e com doze sinos, executam- se 479:001,600 combinafOes! Soutiiey, que muito se occupava das curiosidades d'esta arte, calculou que, dando-se duas badaladas por segundo ou 120 por minuto, eram precisos 91 annos para executar as variacoes de um carrilhao de 12 sinos ; 16,873 se o carrilhao fosse de 14 sinos; e 117,000 trillioes d'annos se fosse de 24 sinos. Na practica , porem , o movimento que se da a um carrilhao e duas vezes mais veloz do que 0 que serviu de base ao caleulo de Southey. Refere tambem este grande poeta que 8 mancebos de Birmingham executaram 14,224 variacoes em 8 horas e 43 minutos. Em 1618 appareceu um enlhusiasta, que de- dicou 473 paginas de uma obra a provar que a principal occupacao dos bemaventura- dos e tocar sinos; tanto podem as mysteriosas fascinacoes d'esta arte ! Posto que luenos enthusiasta , Southey pretende que o meio mais innocente de um homem fazer bulha no mundo, e tocar sinos. Esta observacao, todavia, nao e das mais exactas. D'ordinario os sinciros nao gozam de boa fama. As amizades contrahidas no cam- panario arrastam-os para a laverna, onde consomem os sens ganhos , e, facto niuitas vezes observado , o sineiro elimina-se da egreja, logo que para la tem chamado os fieis. Deixemos agora os carrilhoes para darmos uma lista dos maiores sinos que boje existem, ou que ainda ha pouco existiam. 0 sino grande de Moscow, cuja altura e6°50, diametro 6'°,80; cir- curaferencia 20°, 46 e sua maior Kil. d. espessura 0'",57, pesa . . . 201:266,40 Outrofundidoeml819p6sa . 81:273,60 0 sino da torre da egreja de Santo Ivo em Moscow (altura 6°, 38, diametro 8", 47 ; peso do Kil. d. badalo 1:911 Kil.) pesa . . . 87:978,20 Outro sino da mesnia egreja . 18:083,10 0 sino grande dc Pekim (altura 4"°, 40, diametro 3°', 93), pesa . 84:424,10 Outro em Nankim .... 22:676,70 Outro em Olmutz 18:184,70 0 sino grande da cathedral de Ruao, destruido em 1793 (altura a", 93, diametro 3", 33, pesa . . 18:141,20 Um sino de Vienna mandado fundir, em 1711, pcio Imperador Jose, com os canhOes abandona- dos pclos Turcos, quando levan- taram o cerco d'aquolla cidade (altura 3°", 04 , circumferencia 9"°, 42, peso do badalo 300 Kilos.) 17:981,83 0 Bordao de Nossa Senhora de Paris, alii collocado em 1680, (circumferencia 7", 60,) pesa . . 17:270,63 Um sino de Erfurth, ([ue se reputa composto do melhor me- tal de sinos boje existcntes (altura 3°', 10, diametro 2°, 80) . . . 13:968,63 Um dos sinos da Cathedral catho- lica de Montreal, fundido em 1847 13:714,78 0 « Great Peter » collocado na Se de York em 1843 .... 10:920,90 0 « Great Tom » de Oxford (diametro 2", 15, altura 2"°, 08) . 7:709,90 0 « Great Tom » de Lincoln re- fundido em 1833, com mais uma lonelada de metal 8:483,83. 0 bordao de S. Paulo (diame- tro 2", 73, peso do badalo 81 Kil. 90) 3:203,83. 0 mesmo antes de refundido . 3:740,40. 0 uBunstano de Cantorbery . 3:385, 33. Observa-se 'neste quadro quo o « Great Peter « de York, fundido depois do incendio de 1840, que destruiu o bello carrilhao da Cathedral, e o maior de todos os sinos do Reino Unido. Um sino e pago ordinariamente na razao de 6 guiucos por quintal, mas de certo este preco augmenta com as dimensoes, visto que o « Great Peter •> chegou a custar 2:000 libras pagas pclos bahilantes de York. 0 « Great Peter >i excedc muito cm tamanho 0 mais alto granadeiro da rainha de Inglater- ra, e sao precisos quinze homens para o por em movimento. Dizem que os dous « Toms » d'Oxford e de Lincoln, sao assim cbamados por onomatopea. 0 sino primitivo d'Oxford , que estava como 0 u Tom» actual, na torre do alpendre de Christcliurch, foi para alii trazido da Abbadia de Oseney, e baptisado com o nome de Maria, no principio do reinado de Maria Tudor. Presidiu a esta ceremonia o vice chanceller Tresham. «0h! doce harmonia ! » exclamou o enthusiasmado chanceller, a primeira vez que 272 estcsino o thamou para a missii, o Oh incan- tadora Maria qiiaiito me enlevam os tens mclodiosos sons! » Poreni esla iiiesiiia Maria, cujos sons cram lao mcloiliosos, foi rolunilida cm 1G8U, e agora tern nnia voz tao niascuiina conic 0 nome ' ; nom snns nulas sao I'xactas, nem o sou timl)ri! o musical. Todas as noitos, as 9 horas, da 101 badaladas, |)on|iic taiilos sao OS ponsionistas gratuitos do tolicgio. 0 sino grande ou bonh'io dc S. Paulo, uma das curiosiiladcs mais popularcs da calliodral, estil collocado na torre do moio dia ou do rologio, por cima dos dois siuos que dao os ([uartos. Tern a seguinte inscripeao. « Foz-mo liicardo Pliclp em ITlfi. » D'liora cm liora o uiartello do relogio bate alii as competentes pancadas ; mas o hadalo nao o toca senao l)ela morte ou funeral de pcssoa real , do hispo de Londres, do Dcao de S. Paulo, ou do Lord-Maire em exereicio. E inlundada a opiniiio dos que pretendem que este sino lora lundido com metal proveniente d'um « Great Tom « de Westminster, que estava collocado 'auma torre de relogio, outr'ora juncta da porta da grande salla , onde por cspacn de 400 anuos indicou as horas aos juizes d'ln- glaterra. Esse « Great Tom » de veneranda mcmoria, foi dado ou vcndido por Guilherme III ao Dcao e Capilulo de S. Paulo, e refiin- dido por um certo Wightman. Aos que \isita- vam a cathedral, era permittido, mcdiante unia pequciia retrihuicao, tocar 'naquelle sino com um martello de fcrro para Ihe ouvir o som. D'eslas esperiencias repetidas, resullou, cm hreve quebrar-se o sino, c Sir Christopher Wren encarregar Phelp de o substituir por um novo, com a condicao porem de se nao tirar o antigo, eniquanto se nao collocasse o (jue elle estava fazendo ; por.isso se pode dizer que este nao contem nem uma onca de metal do « Great Tom. » Com tudo o K Great Tom » vai agora ter quem faca as suasvezes; o relogio exterior do novo palacio de Westminster marcara as horas com um sino de quinze toneladas, que deixara a per- dcr dc vista o « Great Peter » do York. Continufr. X. MARPfllER. Continuado de pag. 315. « fisliii(,'uem-sc cUas, como annuneiam, e cum- prom, — pcla correccao dos tcxlos, — uniformi- dade d'ortographia, — systema das aiiolarocs, — l)clla cxccuciio typographica, — scguranca d'in- cadoriiacoes, — c modicidade (quasi incrivel) dc prccos. E como sc isto nao fosse sufficiente, c ainda diiplicada a publicacao, sahindo uma seric com as aiinotacocs cm franccz, c outra com ellas em latim. .4s ohras pur exempio dc Virgilio cnstam apcnas 2 fr., Tacito 3 fr., Sallustio 90 cent., Horacio 1 fr. 50 cent. ! Tamanha e a extraccao, o que qucr dizer, tanto sc cstuda 'naqiiellc paiz. dassico da civilisac,io c das Icttras, a lingua do Lacio, que os nossos pscudo-litteratos quasi sc lirezam d'ignorarl 0 conhccimcnto d'estas tao commodas cdicoes nos fez pcnsar na snmma conveniencia, que havcria em substiluir por ell.-s, com maior cconomia para OS aUimnos, os livros elcmentarcs que sc dao nos lyccus, nas aulas de lalinidade, c alguns nas de logica e dc rcthorica. Sao cstes cm geral pcssima- mentc impressos, e cheios d'crros typographicos ; c 0 que mais e, cxcluem do cnsino alguns dos melho- rcs auctorcs, dos quaes ncm ao menos ahi se cncon- tram alguns cxtractos. O maior, e por ccrto mui real mclhoramento da imprcnsa da Univcrsidadc nao podc jamais obter o resultado, de se poderem dar tao baratas as obras, ahi publicadas. Uepende isto da extcn- s.io do consumo, impossivcl d'allingir, em Portugal so, ao immenso dc Franca e paizes estrangeiros. Calculando sobrc os prccos notados no mappa da mcsma imprcnsa para os livros de que fal- lamos, c 0 das primeiras e principacs obras das collccciies d'Hachette c C.°, c manifesto, que com a cconomia d'nm tcrco os alumnos sc provcrao dc mclhorcs e mais variados exemplares da mais pura e gcnuina litteratura ; dc cujas obras os profcssores cscolhcriam a vontadc os melhores trcchos, passando d'uns a outros, como entcndes- sem , uma vcz que discorrcssem por todos ; e que OS alumnos, nos cxamcs, houvcsscm de ser mandados traduzir em qualqucr d'cllcs, Livio, Sallustio , Tacito , Cicero , Virgilio , Horacio, Ovidio, clc, c niio exclusivamcnte, como agora somcnte cm Livio c Virgilio. Entregamos cslas nossas lembrancas a pruden- Ic rellcxao d'aquclles a qucm cumprc tomar a primcira parte na restauracao dos bons estudos. Possuimos cxccllentcs professorcs; carcccmos, porcm, de grandes mclhoramentos nos mclhodos, e, cm harmonia com cstes, nos livros elementares. Qualqucr que comparar, por exempio, as gra- raalicasdcL'horaond, Dutrey etc., coma nossa tao volumosa e indigesta, que so por si e sufficiente para dcsgostar do cstudo do latim, far-nos-hia a justica dc acredilar que nao nos move ii ccnsura qualquer preconccito. Nao menos carecemos de dicciooarios capazes. Qua! ha ahi que possa mui 275 de longe comparar-se com o exccUcntissimo de Quicheral — Dictionnaire latin franfais? Se erramos em desejo de ver inelhor cultivada a lingua do Virgilio ; se u seiilimento que expe- rimeulamos pela comtemplar lao csquecida c dcsamparada, pode scr taxadu de fossil, gloria- mo-uos d'isso niesmo, porque fazemos causa com OS liUcratos dos paizcs mais cultus da Europa, onde nao so o lalira , mas o grego conliiiuam a merecer os mais profundos estudos. A. F. RELACAO Dos individuos nomeados para os seguintes logarcs d^instruc^ito pt'ihUca desde o dia I." ate 15 de jnneiro corre/ite cm vtrtude de despachos do Conselho superior d^instri/rrao publtca^ e decretos do (ioverno cominuni' cados ao mesino C.j?isel/iu no indicado periodu. INSTRrCt;AU FItlMARIA.. Antonio ile Sanipaio Marinho, para professor terapu- rario da cadeira de Cejiaes, districto de Braira. Guilherme Antonio da Costa, i)ara dicto de Villa Verde dos Francos, districto de Lisboa. Jose Thendoro Pacheco, para dicto das Capellas, districto de Ponta Del;;ada. Luiz Nunes Rudriijues, para professor vitalicio da cadeira da Villa de Oliveira de Frades, districto de Vizeu. (decreto de 26 de dezembro ultimo). INSTHUC^AO SECONDARIA. Francisco Martins d'Andrade, para professor da ca- deira de Numismatica da bibliotheca nacional de Lisboa, decreto de 26 de dezembro ultimo. Dicto de Janeiro ate ao fim. INSTROC^AO PRIMARIA. Adriano Rodri^ues Pereira, para professor por tempo de trez annos da cadeira de Avelans de Caminho, districto d'Aveiro. Antonio Dlas de Carvalho, para dicto de Santa Comba, districto da Guarda. Francisco Maximo de Souza, para dicto de Guiaes, districto de Villa Real. Gregorio Antonio da Silva, para dicta de Sancta Barbara, districto d'Anyra. Joaquim Antonio Ferraz Fontoura, para dicto de Seixal, districto de Lisboa. Jose Maria de Carvalhal Azevedo, para dicto de Villa da Calhela, districto d'Anj^ra. Thomaz Pereira Luiz, para dicto de Flamengos, dis- tricto da Horta. Agostinho Dias d'Amaral, para dicto de Pera de Mo^o, districto da Guarda. Carlos Aujfiisto Pinlo, para dicto de Moncliique, districto de Faro. Joao Cardozo de Figueiredo, para dicto de Matta de Lobos, districto da Guarda. Jos^ Joaquim da Silva, para dicto de Ribaldeira, districto de Lisboa. Jose Leocadiod'Oliveira, para dicto deArgea, distric- to de Santarem. Jose Maria de Gouvea Ozorio, para dicto de Mus- samedes, districto de Viseu. Manuel Antonio Durao, para dicto de Urros, distric- to de Brap:an9a. Miguel Joao Mestre, para dicto de Barrancos, distric- to de Beja. Anna Magna Moreira, para mestra por tempo de trez annos da eschola de nieninas de Guiniaraes. Maria Jose Pires, para dicto da Villa do Cartaxo. Pedro Baptista Gon^alves Macide, para professor Titalicio da cadeira da Fregueaia d'Ajuda de Lisboa, decreto de !S1 de Janeiro. IMSTRUC^AO SECUNDARIA. Ayres de Sa Pereira, para professor vitalicio da ca- deira de latira da villa de Cantanhede, districto de Coimbra, decreto de 15 de Janeiro. \ictorinu da Silva Araujo, para professor vitalicio da l.-" e 2." cadeiras do lyceu nacional de Leiria, decreto de '£3 de Janeiro. Dainazio Jacintho Fragozo, para professor vitalicio da cadeira de grego do lyceu nacional de Evora, decreto de 23 de Janeiro. Francisco Augusto Metrass, para substituto da cadeira de Pintura Historica da academia das bellas artes de Lisboa, decreto de 15 de Janeiro. Dicto ate 15 de fevereiro. IMSTKUC^'AO PRIMARIA Joaquim Manuel da Trindade, para professor tempo- rario da cadeira de Belmonte , districto de Castello- Branco. Jose Lopes Barbosa, para dicto de Silvalde, districto d'Aveiro. Jost: Pereira Lopes, para dicto dc Sancta Catharina, districto de Leiria. Severiano Jose Tavares, para dicto de Covilha. Antonio Juse Capello, para dicto de Castanheira, districto da Guarda. Jose Albino dos Reis Sabugal, para dicto de Bnri)a. districto d'Evora. Jose Antonio Pegado d'OIiveira, para dicto de Alpor- tel, districto de Faro. Jose Victorino de Souza Vilella, para dicto de Caii- dedo, districto de Villa-Real Alexandre Jose d'Almeida, para dicto de Vidigueira, districto de Beja. Manuel Joao d'OIiveira, para dicto de Marrancos, districto de Braga. INSTRUC^AO SECTJNDARIA Nuno Jose da Cruz, para professor vitalicio da cadeira de grammatica portugueza e latina do lyceu nacional de Coimbra. decreto de 29 de Janeiro ultimo. Joao Pinto da Silva, para continuo do Ijceu nacional do Porto, decreto de 30 de Janeiro ultimo. MEhiORIAS DO INSTITUTO DE COIiYIBRA. f'endein-se no gabinete do Iiistituto^ R. Largo — un loja de Mesquifa^ R. das Covas — na Ivja de Posseiiiis^ R, da Cal^ada, as seguintes: Apontamentos de trigonometria spherica por Rt»driiro de Sousa Pinto, lente de malhematica. Apontamentos d'optica pelo uiesmo auclor. i\Iemoria sobre integraes deOnidos ]»ur Rufino tiuona Ozoriu. lente de mathematica. Ajtontamentos sobre a theoria das parallelas jtrlu mesmo auctor. Fragmento da traduc^ao do 4." livro da Eneida jior Manuel Mathias Vieira Fiallio de Mendoiu;a. Estudos philologicos: glossario das palavras e phrase.« da lingua franceza, que por descuido, ignorancia. ou ne- cessidade se tem introduzido na locui^ao portugueza nio- derna, com o jiiizo criticu das que sao adujita\eis 'nella pelo cardial D. Francisco de S. Luiz, por Krancij^co Antonio de Gusmao. Apontamentos biographicos sobre o nosso insigne jioeta Luiz de Camoes, por Miguel Ribeiro de Vasconcellos. Memoria historica e critica. sobre a revolu^ao que em 1246 tirou a corda a D. Sancho IL pelo mesmo auctor. 276 OBSERVACOES METEOROLOGICAS , FEITAS i\0 GABI.XETE DE PHYSICA DA UiMVEKSlDADE DE COIMBllA. Anno (le 1335 » S i-.2 file PressISo Htmosphorica ao meio liin Kslfldo Ii}i,'roinelrico da atnio. Jn^titttta^ J ,i,pj.. JORINAL SCIENTIFICO E LITTERARIO. RELATORIO Do commissario dos estodoM do distri- cto administratjvo dc IiiNboa< eui 1 1 dc Janeiro de I S5«. Continuado de paj. 266. Passou-se a applicacao das formulas a con- jugacao dos vcrhos , e enlao acabou de ma- nifestar-sc o (lue para bem poucos poderia ainda admitlir duvida, isto e, que nao pode ensinar-se o que se ignora. 0 examinando apresentou unia formula para os verbos cm o, e fez applicacao as terminacoes da voz ou differenca activa d'alguns tempos do verbo Tm ; porem tornou-se cvidente que ignorava do modo mais complelo as varias classes dos verbos banjtonos, cireumflexos, cm (lu, e con- tractos ; e que nenhuma idea formava das di/ferencas d'esles verbos , pois que , mencio- nando a formula da activa, nao se fez cargo da passiva, e menos ainda da media, a qua! nem se quer fez allusao. Nao irei mais longe, que nao e necessario; e so accrescentarei, que, se o examinando tivesse algum conhecimento da lingua grega, . nao tentaria applicar ao seu estudo as formu- las mnemonicas. Estas siio bascadas em ana- lgias phonicas (permilta-so-me o grecismo); porem taes formulas, serapre difficultosas, tor- nam-se impossiveis cm relacao a lingua grega, que tern muitas terminacoes extensas, e muitos sons sem corrcspondencia na lingua portu- gueza. Alcm de ([ue. como e sabido, nao basta conheccr a terminarSo, mas tambcm, dc mais a mais, e prcciso cstar ao alcancc da fignra- tiva em todos os tempos para podcr conjugar OS verbos com exactidao e seguranca; e como mnemonisal-as? Omitto as difficuldades nas- cidas da varicdade dos dialeclos, e outras, todas inaccessiveis as formulas mnemonicas ; e ponho ponto aqui as observacoes relativas a esta parte do exame. Nao dirsi nuiilo pelo que respeita as provas apresentadas cm relacao a lingua franccza : e digo cm relacao a lingua franceza, porqiie, supposto 0 officio mencione a lingua ingleza, 0 examinando affirmou ser engano, pois que ignorava esta lingua, e nao Ihe fizera applica- cao das formulas mnemonicas. Vol.. lY. MarsoIB 0 examinando liraiton-se ii indicacao c ap- plicacao d'algumas formulas as conjugacoes dos verbos regularcs ; sem se occupar das prinu'iras regras da [ormacan dos pluraes nos nomes ; do feminino nos adjectivos ; do uso dos artigos ; das anomalias dc cada uma d'cstas regras : em fini nao se fez cargo do que pertence aos conhecimcntos rudimcntaes, por Gude e indispensavel , que, para progre- dircm com aproveitamento, principiem a ser iniciados os ([ue se dao ao estudo das linguas vivas. Alcm disto , as formulas do examinando sao insufBcientissimas para sc obter o lim per elle indicado ; porque sc refcrcm somente a alguns tempos dos verbos regulares , e de ncnbuma sorte aos irrcgulares ; sendo toda- via ccrto , como se sabe , que nascem d'estes grandes difficuldades, 'nesta c em todas as linguas, ate para os proprios nacionaes. E verdadc que o examinando offcrcceu uma cspecie de quadro mncmonico para se aprenderera os gencros dos substantivos com- muns ; porem sao tantas as exccpeocs (e nao foram tidas por clle cm nenhuma conta), e OS valores dados as terminacoes dos vocabulos francczes, comparado? com os equivalcntes da lingua portugueza, sao tao oppostos a recta pronunciacao, qne, longe dc ser util, seria muito nociva ao ensino d'esta lingua a adop- cao de lal melliodo. Sobre cstas brevissimas observacoes espe- ciaes, tenlio que nada mais e prcciso notar, porque para aqui tem cabal applicacao tudo quanto tica observado relativamente ao uso das formulas mnemonicas no ensino da lingua latina. Resulta do exposto que nem o examinando possue nenhuma das linguas, a'que prctendeu applicar as suas formulas mnemonicas ; nem e possivel, por via d'ellas, aprcnder nenhuma lingua, por mais sabida que seja dc (juem pretender dar-lhes similhante applicacao. Vejamos agora se o examinando no ensino mncmonico da geographia , e da botanica foi mais feliz, satisfazendo d'algum modo ao que se obrigara. Em quanto a geographia, e a historia espe- rava eu, e esperavam todos os membros do jury, que o examinando mostrasse que 'nestas disciplinas pode ser, ate certo ponto, d'alguma —1856. NcM. 24. 278 ^^^ ulilidade a applicafao das formulas mnemo- nicas. Nao succedeu assim. E porque , para que assim acontera, e precise ter d'ellas cabal conhecimento. Eis-ahi , resumida mas fielmeiitc , como o examinando coraprehende a sua imporlancia, 0 modo de a estudar, c por conseguintu o como convcm appiicar-ilie as formulas mne- monicas. Seguiulo o examinando; u 0 objeclo sobre todos diiliculloso e importanlc da geo- graphia , e marcar a posicao dos iogares ; e portanto tinha asscntado (o examinando) que devia empregar as suas formulas do modo que sc houvessem de decorar facilmeute noraes de cidades, promontories, rios, etc., com as suas respectivas latitudes e longitudes ; por quanto , conhecidas estas , logo no mappa se encontra o logar , que se procura ; sabc-se a zona , a que pertence etc. E islo o essencial em geographia , a qual vai a pouco mais ; porque a parte matliematica aprende-se (na opiniao do examinando!) em 24 horas, ten- do-se alguns conhccimentos de geometria » ! ! Extractei coA escrupulo a exposicao do examinando , e tenho como desnecessario observar que nao carece de commentario. Quem nao ve a inutilidade da geograpliia estudada mnemonicamente conforme as ideas do examinando ? E improbo o trabalho de tomar de cor as latitudes e longitudes de grande numero de Iogares ; mas , depois de vencido, iica-se na incerteza, e nao se obtem assignar de prompto a posijao do logar , que pretende achar-se, por isso que variam as longitudes conforme ao meridiano adoptado. E, alem d'isto, como salvar as imperfeicoes, e a discordancia dos diccionarios, e dos map- pas ? Em quanto porem a aflirmar o exami- nando, que 0 principal objecto da geographia e marcar as longitudes e as latitudes, des- presada inteiramente a parte politica e com- mercial ; e que se aprende em 24 horas a geographia mathematica, inclnindo a solucao dos respectivos problemas, e nao querer deixar duvidoso 0 juizo, que desde logo devera for- mar-se , de que verdadeiramente ignora a geographia. A liistoria ninguem dira que se comprehen- de 'num catalogo de nomes e de dalas, mais ou nienos extenso ; porque as datas e os nomes estao ligados a factos , e sem cstes nao pode haver signilicacao historica. Entretanto pelas formulas do examinando nao se pode conse- guir senao somente saber nomes e datas, e por tanto nao se pode aprender historia. Dizer mais sobre este assumpto, seria desper- dicar o tempo. Vamos a bolanica. 0 examinando faz con- sistir principalmente o estudo da botanica em saber-se de cor nma classilicacao inteira, com OS caracteres geraes de cada familia : apresen- ta, por exemplo, um discipulo exercitado a repetir os nomes de 194 familias, declarando a que classe c secjao perlcnecm ; mas esse discipulo nao diz, nem sabe quaes sao as partes de que se compOe uma planta , quaes as diversidades de cada uma d'essas paries , como se opera o sen successive desinvolvi- menlo, a que funccoes sao deslinadas, quando c come as exercem etc. etc. Um adulto consumiria mezcs d'estudo abor- recido para aprender de cor, mediante o me- thodo mncmonico, uma tal classilicacao ; a qual tedavia, apesar da Icnacidade da rae- moria das criancas, estas nao aprcndem sem muito tempo e trabalho. E que maier vanta- gcm tiraria esse adulto? Quando s'cstuda com seriedade algum ramo das sciencias naturaes, por mulliplicados que sejam os sens indivi- duos, a medida que s'invesliga a natureza e propriedades d'estes , vao-se fixando na me- meria os nomes, que es designam por maneira que, apresentado o indiyiduo, occorre logo necessariamente o nome. E claro pois que nao so nao vem proveito de sobrecarregar a me- moria com grande numero de palavras, a que nao se liga nenhuma idea, mas tambem que, posta em cxercicio exclusive a memoria, sem intervencao do raciocinio, dar-se-ia azo as pessoas menos reflectidas de sc contentarem de mcros nomes, como se podessem estes sup- prir a sciencia, da qua! nao ficariam pos- suindo nem se quer os rudimentos. Pode por Ventura conseguir-se, por via das formulas mnemonicas, o conhecimento apparatoso de variadas applicacoes, sem o qual com tudo existiram , e existem excellentes botanicos, geographos e astronomos ; porem nada mais pode conseguir-se: sendo fora de duvida que, so com aquelle vao conhecimento, a ninguem se podem conceder estas denominacocs, como succede ao examinando e aos sens discipulos. A respeito da astronomia, a qual o exami- nando tambem diz ter feito applicacao das suas formulas , e em que se tocou incidente- mente, so direi que pode elle, e podem os sens dis<:ipulos repetir os nomes de muitas constellafOes, e contar o numero das suas estrellas ; mas nao podem ir avante ; e isto de certo esta muito longe de poder chamar-se astronomia. 0 defeito vem da origem, e e inevitavel; porque, segundo desde o principio observei, na razao da existcncia e mechanismo das formulas , esta a de que , por ellas , nao podem senao repetir-se materialmen to certos sons, sem comprehender-lhes o valor, nem por conseguinte , saber dar-lhes propria ap- plicayao. Talvez e isto que o examinando, movido da evidencia confessou, asseverando: « Que 0 sen methodo niio se applicava as theorias , e que para cUas nao tinha formu- las». E verdade que accrescentou: « Que essas theorias pouco valem, e com duos ou tres licoes se explicam pelo methodo ordina- rio » : porem tenho para mim que o exami- nando, obrigadopelaconsciencia, quiz, 'neslas 279 ultimas palavras, dar justo fundamenlo, ate aos raais desraaliciados, para concluirem, sem tenior d'errar, que o seu mctliodo csta jul- gado. Tenho concluido, senhor, e do exposto V. M. pode inferir, ou cm que conta deve ser tida a assercao do examinando, mencionada no citado officio de 18 de junho, de que a utilidade do seu mctliodo e formulas esta pro- iiuiifiada, c altestada por pessoas de reconhe- cido saber, ou como podera ser avaliada a pioticicncia litteraria e scientifica d'essas al- ludidas pessoas. Entretanto e de razao adver- tir, que mera condescendencia leva algumas vezes homens superiores a serem indulgentes em demasia, sem preverem o abuso que se fara de palavras benevoias, que profcridas ou escriptas sera intencao, ou com intencao muito diversa, nao podem ser tomadas, sem desaire seu, com a que Ibes liga immodestamente a vaidade. Keraatarei declarando ser minha opiniao e do jury unanime comigo , que nao deve ser adoptado nas escholas piiblicas o processo e formulas mnemonicas, enipregadas por Antonio Pcreira Ferrea Aragao. Y. M. mandara o que for servido. Deos guarde a Y. M. Lyceu nacional de Lisboa, 11 de Janeiro de 1850. — Reitor, o conselheiro D. Jose Maria d' Almeida e Araiijo Corr^a de Lacerda. iNSTRUcgiio primaria. Besposta no sr. A. F. de Catttilho, ftcer- ra do niotbodo portognez, pela Asso- ciaruo dos professores do reino c ilbat), Julgamos d'interesse publico o conheci- raento do volo da Associacao dos professores, inslallada na capital acerca do merecimento do novo methodo de ensino em instruccao primaria denominado — methodo portuguez. A competencia dos juizes, o couhecimento practice dos resultados do methodo no ensino por espaco de mais cinco annos, a observa- cao pessoal do processo na practica do me- thodo, exercida pelo proprio auctor d'elle, a singeleza e naturalidade, que sobresaem na resposta escripta, abonam a imparcialidade de seus auctores, dao suprema auctoridade a sua voz, e resolvem uma qucstao enfadonha, de que teni vindo grandes males a instruc- cao mais necessaria. Prenotacao. Yamos publicar o officio dirigido pelo ex."" conselheiro A. Feliciano de Castilbo a Asso- ciacao dos professores, afim de os consultar acOrca de varies quesitos, em cuja solucao sc comprehende tudo que de mais importante rcspeita ao methodo, que primeiro seu A. chamou de leitura repenlina, e ao depois por- tui/urz. A razao d'osta publicacao e princi- palnicnte o desejo de satisfazer a certa an- xiedade que manifestou 'grande numero de pessoas, que se interessam sinceramenlc pela instruccao primaria; e em segundo logar, destniir a falsa opiniao que alguem adrede ba prctendido crear, de que os professores d'inslruecao primaria da capital carecem da necessaria aptidao, e desconfiam tanto de si e dajusta causa que sustentam, que se veera na neccssidade de soccorrer-se a injurias e doestos, em vez de empregar, com a pruden- cia e decoro proprio das funccoes tao graves do raagisterio e educacao da priraeira moci- dade, as armas do raciocinio. A qucstao esta tractada pelos merecimentos da ])ropria qucstao: a razao e a experiencia sao OS promptuarios, a que unicamente os professores houveram rccurso: a verdade esta pois com elles. A verdade triumphara. Srs. Professores. — 0 encargo, que a lei e 0 governo me impozeram, de propagar o en- sino priraario pelo methodo portuguez, obriga- me, assim como a propria consciencia, a em- pregar todos OS meios directos e indirectos, conduccntes a esse fim. De todos os imagi- naveis nenhum mais proprio, pela sua effica- cia, do que a publica manifestacao do juizo dos homens competentes na materia; e esses sois vbs, inquestionavelmente, srs. Professores associados na capital. Rogo-vos pois, em no- me do melhor servico de el-rei e do reino, pelos interesses grandes da civilisacao, com- prehendidos na instrucfao primaria, para realce da vossa, ainda nao bem avaliada pro- fissao, e para credito mesmo dos vossos no- raes, deputeis, desde ja, do vosso gremio, uraa commissao, escolhida e numerosa, para examinar e comparar, nos seus trabalhos, c nos seus productos, as escholas do methodo portuguez e as do anterior, a lira de que, sobre essa base positiva, e com os mais co- nhecimentos, queja por ventura hajaes adqui- rido, ou poderdes ainda adquirir, no assum- pto, formuleis, sera contemplacoes, a vossa sentenca honrada e imparcial, veneranda e inappellavel, segundo creio. Permitti-me srs. professores, suscitar-vos aqui alguns dos quesitos, sobre que me pare- ce indispensavel que a vossa commissao par- ticularise, muito attentamente, o seu exame e juizo: 1.° Qual dos dous ensinos e mais attraetivo"? 2.° Qual se perfaz em raenos tempo? 3.° Qual da fructo mais abundante e me- lhor? 4." Qual dos dous combina, mais efficaz- mente, a correccao da pronuncia e a refor- 280 ma da teriuinologia barbara da plebe? o ler expedilo, cntoado o intelligeiUe; e o escrever legivel, correilo o ponluado? 5." Qual dos dous sc accoinraoda luelhor iis exigencias pliysicas e inslinclivas da pue- ricia, ii sua natural iPiideucia para o movi- incnto, para o canlo, para o rillinio, para as \isualidadcs e imageus, para as narraeOes Claras e amenas, para as mueniouisajOes siu- gelas e ellicazes? ()." Qual dos dous nierece a palma, coiisi- derado sob o poiilo de vista moral: qual em- prega meuos rigor c mais amor? (Jual alVol- rda, em raaior grau, os discipulos ao mestre, 0 inostre aos discipulos, c todos ao traballio? (|ual dt've doi\ar nos aninios da niocidade maior tendencia, ou maior repugnaucia para OS livros, e para os estudos subsi'i[uciUes? 7.° Qual dos dous emprcga verdadeirameii- le 0 modo simultaneo, era lodo o rigor do tcrnio? e por lonseguinte, qual dos dous pro- mette melbor sal'ra para a cultura popular em grande? se as priuieiras impressoes exerccm algum iufluxo ao longo da vida, qual, pela mauifesta logica e patenle cncadeacao dos sens processos, educa raclbor os espiritos no- vels, para que depois nas sciencias, nas artos e no proprio regimen do viver practico, dis- corram com mais acerto; c nao deem, neiu acceitem palavras por ideas, e nuvens por castellos? 8.° Em qual dos dous sc poderao enxertar, com maior probabilidade de bom e\ito, os outros ramos do priraario ensino, que o esla- do tern razao para espcrar das escholas, alem do ler, escrever e contar, a saber: gramma- tica analytica, grammatica do entcndimento, e nao da memoria; logica practica; rheto- rica usual; dedaraacao elegante; nocoes, mas nocoes raciocinadas e intelligivcis, de religiao e de civilidade, de bygiene particular, de gymnastica; tiuturas iuiciaes de hisloria, e antegostos, pelo menos, dc encyclopedismo? 9.° Qual dos dous allianca mais policia, attencao e decencia as escbolas? 10.° Finalmonte, em qual dos dous se aper- feijoara melbor e crescera mais o professor primario aos olbos dos sous aluninos, no respeito das populacoes, na estima da sua propria consciencia, e no juizo da providen- cia, cujo e delegado sobre a terra? Srs. professorcs, para que estes quesitos, e OS mais que por venlura bajaes de fazer, possam ser respondidos com a sisuda gravi- dade, que tao momentosa questao nos esia pedindo a todos quantos sonios, releva, que as invetigacoes da commissao, honrada com a vossa escolba, recaiam para o melhodo por- turjuez em escbolas, em (|ue este se professe genuinamenle; e nao era escbolas, onde, ou 0 influxo de causas estranhas, ou a impericia do ensinante, bajam abastardado a pureza da doutrina. Para isso lendes, quasi as vossas portas, a eschola do Asylo da Infancia des- valida da rua dos Calafates. Para que e citar outras, se o que n'uma se consegue, evidente e que em todas se pode egualniente fazer e conseguir? cabendo porem advertir, que 'nesta mesma eschola ([uc vos aponto, e que a ne- nbuma outra cede vantagem, os resultados que se obteem, com sereni absolutameute mui notaveis, pouco sao, ou nada, comparados com 0 que seriani, se nas aulas dos asylos, como em todas as do rcino, nao bouvessc o deploravel e tcrribilissimo vicio organico e fundamental dc continuas missocs d'alumnos em todos osdias do anno; o que faz das nos- sas classes primarias outros tantos teares tie Penelope, ou cousa aiuda maisabsurda, e em todo 0 caso, niuito menos dcsculpavel. Por ultimo, OS trez opusculos, que lenho a bonra de vos cnviar, se a commissao os con- sultar, antes do delicado exanie (|uc solicito, alginua luz poderao por vontura dar-lhe para melbor se dirigir 'nesse trabalbo que, por novo, nao deixara de Ihe apresentar dilliculdades. Sao estes opusculos: Direclorio para os smho- res professores das escholas primarias pelo Methodo Porlngiiez; Ajiiste de contas com os adversarios do Melhodo Portuguez; e Felici- dade pelu instrticcdo. Depois de tudo isto, fico esperando da vossa sabedoria, do vosso amor patrio, e da vossa religiosidade, o veredicto de maior momento, e de mais largo alcance, que jamais bavereis pronunciado. Deus vos guarde, vos alumie, e vos ajude em vossos utilissimos trabalhos, srs. profes- sorcs associados. Lisboa, l!i dc oulubro de 1853. — 0 commissario geral de inslruccao primaria pelo melbodo portuguez no reino c ilbas, A. F. dc Caslillto. lllm." e Exm.° Sr. — k commissao eleita pe- la associacao dos professores d'cste reino, a pedido de V. ex.°. tem a bonra de dirigir-se a V. ex." era resposta a sua missiva de 15 d'outubro do anno preterito, com que v. ex." considera a pedagogia. A commissao cumpre o seu dever obedecen- do ao raandato da sua asscmblea geral, e ten- do na dcvida attencao o illustrado niodo, com que V. ex." procura esta comraissao, a raa- neira esclarecida, com que em seu muito sa- ber avalia o magisterio, a franqucza, com que espera nos juizos d'elle as allegacoes de compelcncia, que v. ex." reconliece 'nesta comraissao, e o ardente desejo, que a mesma comraissao tera de concorrer, por todos os modes, para o melboramento da educacao e instruccao piiblica. 0 que esta comraissao tem a dizer do me- thodo portiiijuez c fructo de sous estudos e experiencias, produzindo razoes, que vac sub- metter a consideracao de v. cx.° E iraparcial esta commissao. Nem raesmo 281 a nierecida dcforencia para com v. ex.' move a sua intcgi'idade, consciencia c juslica, que a dirigem. Nao e a scntenca inappellavcl, que v. ex." Ilio pede, (|uc clla apresenla, por llie pare- ccr inconvenienle, pois que v. ex.* consuUou .sobre a api'eciaeao do methodo porluyuez cor- poracoes respeitaveis, que e.stao para rcspon- der; c sini urn juizo, que olTerece a v. e.v." e ao publico, que a observa para tambem julgal-a sobre o transcendente objecto, que se discute nas familias raais respeitaveis da Litteratura. Avaliado na generalidade e na espccialida- de 0 methodo portiiguez, julga a commissao que nao convem ao publico por ser contra- rio a educacao, e as disposicoes da boa logica no objecto de que tractamos; nao pcrmittin- do policia possivel, nem descrevendo a ma- teria, motivo e tim da arte dc ler, pelos di- vcrsos e precisos oQicios das vozes e artieu- lacoes no emprogo da palavra, o que provara tractando da especialidade do niesmo methodo. K commissao pois, rel'oreada das razoes e das provas, que a propria experiencia Ihe tem subministrado, deduziu imparcialmente a se- guinte resposta aos 10 quesitos, que v. ex." otl'ereccu a sua altcncao. QUESITO I. Qiial dos dois eiisinos e mais attradivo. Parcce a primeira vista que o canto, os movimentos de marchar e palmcar, bcm como a variedadc da leitura, ou da posicao do corpo, deveriam ser um forte iacentivo para attrahir os discipulos a eschola, ao estudo, e a ura facil progresso; a razao lodavia, e a propria experiencia mostram evidenteniente o contrario. Todos sabcm que a monotonia, a I'requenle repeticao das mesmas accoes e sem- pre aborrecivel e fastidiosa, ate as pessoas adultas, por isso que a vontade no horaem e varia e de pouca duracao, independente- mente de quaesquer circumstancias de con- veniencia, ou desconvenicncia, quo possa haver. E se esta aversao ao I'requente costu- me de practicar as mesmas accoes, se esta mobilidade da vontade sao tao triviaes e tao inevitaveis nos adultos, com muita mais ra- zao se devem temer nas criancas, visto existir 'iiellas mais fraqueza de juizo. A experien- cia, que e o ficl espelho, onde, muitas vezes, se veera as illusoes de ostentosas theorias, e a experiencia, que nos prova a verdade d'esta proposicao. Ye-se que as criancas no meio dos brincos, dos folgucdos e divertimentos, que Ihes sao mais attractivos e agradavcis, mostram sempre certa volubilidade, que, pas- sados poucos dias, ou antes poucas boras, Ihes torna esses divertimentos enfadonhos e aborrccido.i. Ve-seegualmenle nosadullos, que 0 continuado hai)ito de practicar as mesmas accoes laz ([ue estas, de ordinario, scjam I'ei- tas mechaiiicamente, sem llics prestarem a mcnor attencao, nem sentirem por isso o mais Icve ]>razer; e se isto, iiiqucstionavel- mcnte, se da nas pessoas crescidas, e ainda mais natural aconlecer nas criancas, pois (juc ellas, como ja se disse, teem mais fra- queza de juizo. Segue-se d'aqui que as crian- cas, avesadas ao quotidiano palmear c canti- lena, muitas vezes dc necessidadc hao de cantar iiivoluntaria e mechanicamente, sem que esta cantilena liies inspire a menor im- pressao agradavel. Alem de que, se no cauto do methodo moderno se encontra attractive, muito mais se devc encontrar na cntoacao do antigo soletrar, pois que esta nao obriga as criancas a tao grande sujeicao, a qual sempre e rcpuguante a pucricia. E se 0 atlractivo do methodo niodcrno con- siste egualmente nas pinturas, deve notar-se que ellas, apezar de serem enlre nos, ha mui- to, conbecidas, por pouco tempo prendem a attencao das criancas; c que, segundo a pra- ctica e a opiniao dc pessoas insusj)eitas, com- petentes e emprcgadas no ensino pelo dicto methodo, confundem mais as criancas, e Ihes trazeni maior embaraco do que esclarecimen- to. (Yede a nota 1.") Alem d'isso, sendo fora de toda a diivida que os objectos, mesmo os que mais attrahem e satisfazem os olhos do espectador adulto, quando se Ihe ofl'erecem mui repelidas vezes sempre debaixo da mesma forma, hem ionge de Ihe serem apraziveis, tornam-se-lhe ([uasi constantemcnte indiffe- rentes, e ate importunes : o mesmo effeito devera produzir nas creancas a continuada vista das pinturas. Accresce tambem que o ensino pelo me- thodo moderno, alem de nao ser mais attra- ctive que 0 do methodo antigo, torna-se egual- mente insahibre aos discipulos, e insupporta- vel aos visinhos da eschola onde se cnsinar por tal methodo. E iusalubre, porque as crian- cas, quo sempre aproveitam a occasiao de se entregarem a turbulencia, tao propria da sua edade, nao se limitarao somenle a cantar; mas necessariamente hao de gritar, e a con- tinuacao d'esta gritaria, repetida todos os dias, sem diivida Ihes deve ser prejudicial, inhabilitando-as de certo modo, no future, para uma vida acliva e laboriosa. No caso porem de nao se dar tal gritaria, e se por Ventura o canto for suave, nao deixara com- tudo dc as tornar efl'euiinadas, e predispostas ao ocio e a molleza, o que muito se oppSe a robustez tao necessaria na puericia, como em qualqucr outra edade. E insupportavel aos visinhos, porque o canto, ou quotidiana gri- taria, infallivelmente, ha de ser muito incom- modativa, resuitando d'aqui o gravissimo in- conveniente, particularmente nas grandes ci- 282 (lades, (le nao ser facil encontrar-se casa para ("stabelecor a eschola, salvo so o governo a proniptilicar cm algiim ediiicio sou, o que por iiiuitas razOes nao podera levar-sc a elVeito. Em vista poitanlo do ((iio Ilea cxposto e demonslrado, a eommissao 6 do (larocer qiio o ensiiio polo methodo portur/ucz iiom li mais attrai'livo do (jue pciii antigo. ncm olVfrece meiios ohslaculos e dilliculdadcs iia pnictica do que elle. Continua. A LUZ ARTiFICiAL Fiiit lux. Que dilTerenca cnire as hollas descobertas de Fresne! e o trabalho nislico do homom de Virgilio, quo nos longos sade.i d'iiiveniij pro- lurava no amcujo de resinoso Icniii) com que se ahaniur ! Et quidani scros frftrtitrni ntl liniiifih ignes PeringUat,ferriiqiie facfs insiiicai actifj. Quanlo nao distam as arlias de pinhciro, com que ainda lioje se alumiam miseravois cabanas na Islandia e na Siiioria, do pbarol de pi'imeira ordom, collocado, sob a dircccao deMr. Keynaud, em torredegrnndoza natural, cntrc todas as maravilhas da cxposicao! Tudo prova, cumpre dizei-o, que o cstado piiysico domundo actual dacta de epoclia mui reconto. Da pequena quantidade de materiaes, que OS rios teem arrastado para o mar, c da que elles de la reccbem todos os annos, concluc-se que nao ha nuiitos soculos coniccou o sou curso a ser qual boje o vomos. As planlas e OS insectos nao tiveram ainda tempo para se dissemiaarem por todas as regioes, que devem occupar mais tardc. Todos os dias a natureza c a arte, sua rival, consoguem at- climatar novas especies , dcsconbecidas nos paizes ([ue, para o diante, liao-de povoar e enriqueccr. Porem as conquistas do ente, que se diz indc'liuidamcnte pcrfeclivol , e quo mostram, do modo mais frisante, que so po- demos chaniar vcllio o mundo, comparando-o com a curta duracao da uossa vida. Se considerarmos a existencia da terra em relacao as epoehas geologicas, poderernos dizer qucoperiodo hislorico apenas dacta dchontem. Ponderemos quao atrazadas cstavam , antes do seculo actual, as artes, e principalmcnte a da ilhiminacao, e tornar-se-ba evidente que 0 genero liumano nao tcvc tempo para fazer mais avanlajados progresses. E nao e mister metter em linba de conla as industrias excep- cionaes, que so aprovoitam a limitado numcro de pessoas, e nao possuem nenbum dos carac- leres que tornam a luz e o lunie quasi indis- pensaveis ao genero humane. Represenla-nos a mythologia Ceres a pro- curar sua lilba Proserpina a luz de dous pinhoiros inllauimados ; mas ninguem nos diz i|ual fosse a opocha, em que a combusiao das materias gnrdas e dos oleos sulistituiu a da madeira rosiuosa. Um grande passo na arte de alumiar foi, de certo, a invencao da nieclia ou torcida do lios, que ardem no mcio de um resorvalorio do substancia combusti- vel, aliniento da cbamma. X serra e o com- passo, instrumontos da indusiria e da scien- cia , atlribuem-se ao sobrinlio de Dedalo , Perdix, que, dizem, foi convortido em pcrdiz, cm tempos d'uma anliguidade pouco ro- uiota ; mas a quem devcaios a invoneiio da mocha, esse a[)parelho tao simples como util, agente cbimiio e pbysico ao mesmo tempo? Tambom ignoramos quem fosse o inventor da mocha iuvolvida em materia solida coni- bustivel, como a das tocbas c vclas de cera, de ceho ou do resina. 0 uso da resina na ilhuuinacao jiareoe muilo antigo. Virgilio descrcve-nos o traba- Ibador Irazcndo da cidado um bolo do resina, com (|ue de certo se la alumiar, e oin muitas cboupanas, cm vcz de cera ou sebo, ainda hoje se cmproga csta materia, muito menos cara, mas so capaz de produzir luz nuii fraca, e acompanbada de um coutiuuo cropitar, aloni do cbeiro desagradavel e infecto (|uo oxbala, quando nao ardo dcbaixo de uma chamino. Ao clarao dessa luminaria trabalbam as lian- deiras aldeas , que fazem entre si a despeza da tristc luz, (|ue , no dizer de um jjocta hospanbol, apenas serve para tornar a escu- riddo visivel. Como em todas as reuniocs sociaes, porem, a imaginacao tern alii o sou logar. Umas vezes passam-se os seroos a cantar cantigas popula- res , outras , uma vclha conla historias de ladroes. d'almas vindas do outro mundo, ou d'amantes inCelizos. 0 local presta-sc bem ao terror provocado por esses contos que, do forca, involvem apparicoes, scenas de ceniite- rio, ou manbas do dcnionio contrariadas por algum sancto bomem. Asantigas londas, sobre que a imaginacao activa dos nossos maiores se exercitou, tao pocamcnto, por espaco de alguns seculos, resam d'almas condemnadas, que vinbam rccomniendar aos sous amigos molhor proredor, (pie o deltas 'neste mundo, c que nao fossem seroar com as liaudeiras. A lamparina do cabcca redonda, apoiada sobre iima cspecie I'e castical, e nianida da conipetente torcida, ainda csta muilo em nso, e alumia tao mal como a vela de resina. Em compensacao e muito economica. " Porque rasao pergunta o velbo Slroposiades ao sen escravo na comedia das Nuvens, jiorquo acen- deste essa alampada, que bebe tanio azoito? » Eisahi uma censura, que se nao ]iode fazer iis nossas lamparinas d'estanbo ; mas tamhem que luz! Quantas d'ellas nao seriam uoces- 283 «itiias para produzir a luz d'um candieiro Cavcel ! E uin facto, hem vcrificado pcia expcricncia, que para ohtcr muita luz de iiiu coml)u.slivel (lualquer, r unipre lazel-o arder vivamciite. Jii iiao e 0 nicsmo cm relarao ao ralor, porquc a somina total de calor c sempre a mesma, (-■mljora o comlmstivel se consuma IciUa ou rajjidameiUe. Assim que , a vela que liver a mecha demasiado delgada , nao sera a (|ue ollereca mais vaiitagem. Durara mais tempo, e vcrdade, mas dara uma luz, cuja I'ruqueza nao sera compensada pela duracao. Siipponliamos que uma vela a arder dura nictade do tempo que outra : para haver c\acta compensacao hastaria quo aquella dessc uma luz duasvczes mais intensa do que esta. Mas 0 facto e que a intensidade da primeira aiuda e raaior que o dohro da seguuda, e por isso e melhor. Nao e mister dizer quantos milhoes custa hoje a illuminacao a gaz das priiicipacs cida- des da Europa. Os estahelecimentos de Cincin- nati destillam , por anno, quatro centos a i|uiiihentos mil porcos, cogazquedahi resulta V conhecido pelo cxquisilo nonie — /«: deporco, ■porkliijlit. Um kilogrumnia de velas de estea- rina ordinaria custa seis ou settc vezes o preco de um kilogramma de pao, c nao representa em valor venal, senao a luz que pode produzir. Concehc-se pois quanto importa achar uma medida, uma halanca, iim instruraento, que sirva para fazer a compiracao da intensidade real do duas luzes dadas. Lcmhrou-se algueni do coniparar a luz ar- lilicial com o hrilho da lua chcia, procurando, a que distancia de um papel hranco, devia (ollocar-se a luz d'uma vela, para que ahii!iiass(^ a papel como a lua. k luz do sol r.ao podia servir, porque e oitocentas mil vezes mais forte que a da lua, demasiado (Icslumhranle , e niui dillicil de fraccionar, I'm razao da excessiva pe([iiCDCZ dos oriticios, por onde fora necessario fazel-a passar. Sup- pondo a luz da lua cheia invariavel, que nao e assim, esperava-se podel-a tomar como lermo do com[)aracao, para avaliar as outras luzes tiradas dc materias gordas, dos hicos de gaz, ou da electricidade. Jnfelizmente a luz da lua e branca, a das velas e do gaz avernielhada, c a da cbamnia electrica, sensivelmente verde: ora OS olhos nao podem comparar duas luzes de cor diversa. (Js varies apparelhos photomelricos inven- lados com este intuito teem tido mais reputa- cao do que u>^o. por(|uc depenJem da existen- cia d'uma luz invariavel, (pie sirva de termo de comparacao, c e mui diflicil ohtel-a. Sir John llerschel, tao sabio oplico, como habil astronomo, ate cbogou a allirmar que nao podia achar-se essa luz bilola. Mr. liabinel, donde, na maior parte, extrabimos este arligo, propoc 0 seguinte processo. Fundindo, cm um cadinho ordinario , um quarto ou um oitavo de kilogramma de prata (ina, de sorte que lique sempre uma porcao de metal pop fundir, a fim de que a temperatura nao .se clevc acima do calor da prata em fusao ; a superficie do metal erradiara uma luz branca brilbante: cobrindo o cadinho de uma lamina de ])l;atina, com um orilicio circular de dez millimetres de diametro, teremos uma especic de disco, ((ue alumiara sempre com o mesmo brilho, dadas as mesraas circumstancias pbysi- cas. Esta idea, poreni, ainda nao foi realLsada experimentalniente. E tao notavel a desigual- dade das luzes vendidas pelo mesmo preco, que 0 uso de uma medida, posto que inexac'ta, olTerecera iraportantes vantagens aos consu- m id ores. AH'astarao-nos um pouco dos progressos da arte de produzir a luz. Corrcspondera esta digressao, se o leitor quizcr, a longa serie de sccnios em que esta arte licou cstacionaria. Ate 0 Iim do seculo passado nao havia il- luminacao brilhante, senao a dos lustres, dc grande numero de velas, que illuminavam as salas dos palacios, e custavam sommas ini- mcnsas. As placas ou serpentinas de duas a cinco velas tambem cram de uso universal. Mas nenhuma d'estas illumiuacoes de luxo era eflScaz. Os hurguezes, reduzidos a vela de cera ou de seho, desprezavara o azeite e os ignoheis e mal cheirosos caudieiros, quando 0 candieiro de corrente d'ar, de mecha eylin- drica e occa, e de diamine de vidro, deu a luz de azeite a superioridade que ainda agora eonserva. 0 inventor d'este candieiro foi Argant, e a e[)ocha da sua invencao, o anno de 1800. Algum tempo dcpois, certo Quinipict chamou seu o candieiro de Argant, e deu-lhe o seu nome ; foi o Americo Vespucio do Christovao Colombo da illuminacao. A assidua limpcza que exigiam os candieiros d'Argant, ([uasi ia compromettcndo a sua adopcao; mas o brilho admiravel da chamma venccu tudo, c quando depois Carcel, por um mecbanismo de relojoaria, regulou a quantidade de azeite. que deve ir banhando a mecha, pode dizer-sc que foi attingida a complcta perfeicao d'este mngnihco invento. Fdra injusto uao lazer mencao do candieiro , dito de modcrador , inventado por Franchot, c que sendo mais simples, produz, comtudo, clleito quasi egual ao do mecbanismo Carcel; mas uao entra em nosso proposilo demorarmo-nos com minuden- cias. Lucrecio pinta-nos, em versos pomposos, as douradas estatuas que empunham na mao direita lampadas ardentes, com que se alu- miam nocturnos festins : .... Aurea sunt jm-enum sitmilarhra per lutlfs T.fimpadas ignifeins mnnibus rctinentia dcxtih^ Lumina nocturms epulis ut snppediteutvr. 284 Taiubem nos tcmos elegantes cslaluas porta- liizes, que sustentani fatidiciros de corrente d'ar, tao brilhanles, conio os anligos nao po- diam imagiiiar. Ilomcro tern por incomparavel 0 rlaro logo flamejanle dos signaes telegraphicos, inandados fazer por ClyliMuiicstra ao longo da cosla , para que a preveuissem da chegada dc Agauicmuon; mas cram Ibgueiras, nao jii lanipadas ou tochas, que davam o signal. 0 nicsino se pode dizcr dos signaes de fogo, por via de que os sobera- iios da Persia tiubam, em poucas lioras, no- licias das extremidades de sou vasto impcrio. Erani verdadeiros telographos de noite, cuja descripoao liel, dada por Aristotelcs, moslra liem que os anligos conheciam c empregavani este mcthodo de correspondencias rapidas , com que, ordinariamenle, se bonra a Franca e 0 inventor Cbappe. De todos os fachos dc luz adoptados na antiguidade, o archotc de tics, euvolvidos era resina, e dos mais bri- lhanles ; mas a sua chamma nao e tao forte, como a de uma fogueira de lenha, e nao lembrara reunir muitos archotes, a fim de obtcr chamma de grande alcance lurainoso. Ciyntiiiuu. FERIMENTO POR ftRMA DE FOGO, COM PERDA DE DOIS TERgOS DO OSSO WAXILAR INFERIOR. .loaquim d'Almeida, filho dc Conceicao d'Almeida , natural de Labarrabos , creado rural, edade 13 annos , temperamento lym- phalico-nervoso, desenvohicao regular. No dia 29 de jullio ultimo, uma arma car- regada com chumbo de caca, disparou-se-Ihe nas maos e levou-lhe os dois tereos anterior e lateral esquerdo do osso maxillar inferior. Yimos 0 doente no dia 31 ja soccorrido pelosr. Pedro Jose Coelho Ferreira, cirurgiao, residente em S. Martinlio do Bispo, que tiuha conseguido limpar a fcrida de corpos extra- nlios, e sustar a heraorrhagia. 0 labio inferior achava-se quasi lodo des- iruido, restando apenas dois petjuenos re- talhos juncto as commissuras. Este estrago extendia-se inferiormeute ate ao osso ioide, tinha de largura trez pollegadas, e compre- bendia quasi todos os musculos das regioes sub-lingual, e supra-ioidea. Na regiao cor- rcspondcnte ao bordo inferior da metade es- querda da maxilla bavia uma solucao de cou- tinuidade, que parecia ter dado saida, a este lado da maxilla. D'esta apenas reslava o terco lateral direito com quatro denies molares, e do lado esquerdo o condilo e a apophyse co- ronoidea. 0 labio superior a lingua e os ma- xillarcs superiorcs nao tinham . Colum. Lib, I, C. I. ■■ Varron, De re rustica, L. I, C. I, 10. * <^ Verumtamen ul Cartha[;:inensem Magonera rusti- cutionis parentem maxime veneremur. » Colum. L. 1, C. I, 13. * « Nam el Mago Carlhaginensis et Hamilcar, quos secuti videnturgraecae gentis non obscuri scriptores Mna- ses atque Paxamus, turn demum nostri generis , . . . v Colum. L. XII, C. IV, S. nas obras dos outros agronomos carthaginezes. Por isto c que, recomendando Columella os diversos traclados d'economia rural dos auc- tores punicos, diz que elles devem ser cunhe- cidos dos cultivadores romanos, poslo que ahi se encontrem prineipios inapplicaveis. Tremellio, qiiei\audo-se dos niesnios crros, desculpa-os todavia pela difl'erenra que ha entre o solo e clima d'ltalia e d'Africa, cujas produccoes sao diversas. Reconhecido por tanto este character especial nas obras dos agronomos carthaginezes, facil- mente se compreliende, que os preceitos d'cstcs escriplores, que foram adoptados pelos aucto- res gregos e latinos em seus traclados d'agri- cultura eram egualmente applicaveis a Africa, 0 que, na falta do outros documentos, lanca algunia luz sobre a agricultura d'cste paiz. 'Naqnelles mesmos escriplores gregos c latinos se encontram lambem alguns processos agro- nomicos particularcs a Africa. E porem nuiilo para lamenlar, que se perdesse a versao latina de Magon ; porque esta importante obra nos daria pleno conhe- cimento da agricultura d'Africa e das practicas e processos usados, nao so na epoca da re- publica carthagineza, eposteriormentedebaixo da dominafao romana, mas tambem nos se- culos seguintes, pois que os arabes conserva- ram em todos os ramos muitas das practicas de sous antecessores e particularmente no qne toca a economia rural ! Se pelo menos se tivessem conservado as traduccoes, posto que em resumo, de Diniz d'Utica, e Diophane de Bithynia, encontrar- se-hia 'nellas a substaneia dos escriptos de Magon. 'Num tractado porem de agricultura eseripto, noseculoXll, pelo arabe Jahia-ebn- cl-A\vam , que foi traduzido em 1802 por D. Antonio Banqueri , e que 6 uma compi- lacao feita em relacao as condicOes do solo hespanhol, o A. cita um Cassio que, sem duvida, e o Cassius Dionysius Ulkensis tra- ductor de Magon ; e e mui provavel que Jabia-ebn-el-Awam, quando escreveu a sua obra em Sevilha, tivesse a mao o manuscripto de Cassius, que sera lalvez possivcl desco- ' A maior parte dos tractados de economia rural arabe sao compila^oes dos tractados de agricultura dos agronomos gre,:;os e latinos. Na Hespanha. onde a civilisatjao arabe chegou ao mais alto grau de esplendor, sao frequentes os vestigius da in- fluencia das ideas romanas, das suas leis, e da sua in* dustria. Pelo que respeita a agricultura, entre oritras obras, merece particular men^no um almanak arabe com- posto em Cordova no anno de 961 da nossa era, pelo bis])o Harib, filho de Zeyd, e dedicado ao Kalifa de Cordova Hakem, cognominado Alinostanser-Billah (que busca apoio em Deos). Para couhecer a dura^ao do anno solar, a fim de regular a ordem das esta(;oes e os trabalhos agri- colas, OS arabes serviam-se do anno solar e dos mezes syriacos ou copies ; na epoca, porem, dos ultimos Kalifas linham adoptado os mezes latinos , e 'neste almanak , que contem muitos preceitos e observa^Oes agricolas, faa- se sempre men^Ho dos mezes latinos, e das festas chrislas — Beynaud, Geograph. d'Jlioul/rda, T. I. 287 brir-3e ainda cntre os manuscriptos gregos d'alguraa das antigas bibliotliocas de Ilespa- nha , como no convento de S. Paulo, na corinthia, o doutor Fredegar Mone acaba de descobrir a setima parte da historia natural de Plinio o velho, desde o livro XI ate ao livro XV. A descoberta d'aquelle raanuscripto faria nao so conhecida a sciencia agricola 'naqucl- la epoca, mas apresentaria tambem a parte essencial das obras de Magon, em que se coniprehendia a summa dos conhecinientos agronomieos taes como entao eram practieados em Carthago, e como depois o foram nas provincias vizinhas, e ate em parte do con- tinente europeo. A NEERLANDIA E A VIDA HOLLANDEZA- 1. Formafao do territorio. — Inundacoes antigas e rccentes. — Enxugamento do logo de Harlem. Exists urn paiz, onde os rios correm, por assini dizer, suspensos sobre as cabecas dos seus habilantes ; onde cidades poderosas se erguem por baixo do nivel do mar, que as domina e comprime; onde porcoes de campos cultivados teem sido alternadamente invadidas, abandonadas, e tornadas a conquistar pelas aguas ; onde o curso natural dos rios tern prendido de novo illias antigas ao continente por um laco de area ; e onde (inalmente algumas partes do anligo continente, destrui- das e naufragadas, forraaram illias recentes : este paiz e a Hollanda. Em presenca de uma constituicao geographica tao singular, nao e motivo unico d'admiracao o ver que a Hol- landa , com um punhado de gente , podesse ganhar e manter a sua indepcndencia ; que sem pedreiras conseguisse levantar cidades e edificios magestosos ; e que construisse, quasi desprovida de matas, navios que disputaram OS mares a frotas respeitaveis : nem causa tao pouco 0 principal espanto observar que ella, desaliando a relha do arado para terras estereis e inundadas, fizesse das suas cidades grandes feiras de gado e celleiros abundantes. Nao por certo ; o que sobre tudo faz pasmar, e que um tal paiz cxista. 0 que interessa aqui ao viajante ainda mais que os acciden- tes do terreno , o caracler dos habitantes , a extensao e a prosperidade do territorio , e o mysterio de uma formacao e de um destino singular, que em parte se explicam pela na- tureza, e cm parte pela industria liumana. Liso e unido como um mar perfeitamente socegado, chamfrado por golfos e babias, en- trecortado de lagos interiores, banliado de rios, que se ramiticam era infinitos ribeiros, o solo de Hollanda parece ter sido o theatro de uma lucta entre a terrS t 5^ aguas. 0 actual estado d'estc paiz, especie de [ransac- cao entre os dois elementos, e uma conse- quencia evidente de causas particulares, e d'aconteeimentos curiosos, d'acontecimentos que alias nao sao tao antigos, como se poderia presumir. Quando a sciencia pretende remon- tar ao berco geologico das outras partes da Europa, ve-se obrigada a ir estudar niouu- mentos, sobre cuja interpretacao e muda a historia. 0 engenho do homem vae seguindo, atravcz dastrevas e dasruinas, olio dos acou- tecinientos que dcviani succeder-se sobre a terra nessas epochas em que o homem, se- gundo tudo nos leva a crer, estava ainda lora da ereajao. Aqui, na Hollanda, o espe- ctaeulo que se nos oflerece e mais singular, apresenta raaior novidade : esles golfos , os lagos, OS grupos d'ilhas, estes terrenos d'al- luviao que constituem provincias inteiras , tudo isto OS honiens virara nascer ; viram ja depois dos tempos historicos fecharem-se as bocas dos rios com os depositos senipre crcs- centes das areas ; viram as terras converter- se em aguas, e seccarem-se os mares inte- riores. Muitas das causas physicas por onde OS naturalistas querem explicar as antiquis- simas mudancas effectuadas na econoniia do gloho terrestre , — taes como os diluvios , os ventos, as mares, os movimentos do nivcl da terra e do mar, — eontinuaram em plena acti- vidade sobre o solo dos Paizes-Baixos ainda depois do estabelecimento das suas cidades. Muito tempo depois de ter ficado mais ou menos estacionaria a estructura do continen- te europeu , tern a Hollanda comecado , teiu seguido, e segue ainda hoje o curso das suas formacoes geographicas. E e por isso que a historia natural das variacoes do solo e re- vestida aqui d'uni interesse muito particular. Liga-se esta historia aos deslinos sociaes do povo que habita os Paizes-Baixos ; e a geolo- gia d'hontem e d'hoje, a geologia militante, e mesmo, ate certo ponto, a geologia politica. Ate hoje os viajantes e moralistas teem dado pouquissima importancia a reconstruccao do theatro physico onde vieram estabelecer-se as diversas civilisacoes da Europa. A data e a|natureza deste theatro, as condicOes, no meio das quaes elle se iorraou, nao sao todavia estranhas aos factos essenciaes das naciona- lidades. Os povos sao aquillo, que as inlluen- cias exteriores do paiz que habitam, deter- minam que elles sejam , aquillo que os fa- zcm |a agua, o|ceu ,6 a .terra. 0 valor d'estas causas topographicas sobe de ponto, quando uma nacao se acha coUocada em condicoes unicas de posicao entre o continente e o mar. A geographia d'este povo e entao o prefacio da sua historia, a raiz dos seus costumes, das suas instituicoes e do seu gcnio. Por documentos irrefragaveis , 6 possivel saber-se, o que foi a Hollanda originaria- 288 mente ; as »\ViJaancas por que tern passado cni vir'ude da acijao (los rios e do mar ; o cm que Ma se tornou outre as maos do honiPin, c 'ruima palavra, conio sc fez a llollanda. Quanto a arcao dns lios e poderosa e imiitas \ezes terrivci , ainda lia poiico tempo acalia de ser revclado pelas iiuindacOes que ariui- ^aram muitas das provincias neeriaiulezas ; e'ncste tlieatro de desastrcs recentes e que havemos de estudal-a. A acoao do mar podcrcmos obscrval-a iia regiao das dunas ; a do homcm, sobre todos OS pontos do territorid, c mais particulamien- te nos arredores da Harlem. I'or esta lurma, quern nos fnnierera os elementos da historia geograpliica da Hollanda , serao os proprios monumontos da natureza, aos quaes servirao de complemcnto outros documentos eompila- dos dc colleci-Oes scientificas, muito pouco conhecidas, que existem nos Paizes-Baixos. I. Em 18S1 foi nomeada unia commissao para cxplorar scientiticamente o solo da Neerlan- dia '. Esta commissao estabeleeeu a sua re- sidoncia em Barlem , celebrada pelos sous orgaos, pelo cerco sustentado em 1572 rontra OS hespanhocs, e pela bonra de ter dado o naseimento a Lourenco Coster, que e tido em llollanda como inventor da imprensa. Outro titulo havia para que Harlem mereces- se a prcferenoia da commissao : era a abun- dancia de documentos scientilicos que possue esta cidade, cujos habilantes tiveram sempre decidido gosto pelas colleccoes. E sabido que Harlem e a cidade das (lores. Alii vivem os dcscendentes d'esses I'amosos amadores de tu- lipas, que de uma cebola faziam dependcr toda a sua fortuua e o seu amor proprio. Hoje ja nao e urn furor, uma mania, mas 0 ainda um gosto, c dos mais delicados. Teem \ima arte conipleta de crear novas variedades, dc reunir as cores, de produzir ornatos arti- ficiaos , 'numa palavra d'inventar llores que a natureza nao tinha prcvisto. Ainda mesnio OS que nao sao cntendedores, e impossivel, no mez de maio, que deixem de ver seni in- teresse as ricas culturas de jacinthos e de lulipas lancadas por todo o terreno, e ate mesmo algunias vezes pela area das dunas, como um chaile da Persia ou de Cacbemira. Das colleccoes de flores nasccu ultimamente 0 gosto pelas colleccoes d'objectos artislicos e IS'ao se recebera assignaturas por menos de um semes- tre, pago a entrega do 1.° numero sendo no Purto, ou pago adiantado sendo fora do Porto. Para estas ultimas assignaturas, o junial sera enviado franco pelo pre^o acima marcado A correspondencia deve ser dirigida ao redactor do Jornal da Sociedade Agricola do Purto, franca de porte. Os annuncios relalivos a agricnltura recebem-se no escriptorio da typographia commercial, rua do Bello- monte n." 74, sendo previamenle pagos na razao de 40 reis per Iinha. Todos o& artigos extranhos a redac^So, que forem pu- blicadus no jornal, scrao asstgnados por sens auclores. V