HARVARD UNIVERSITY. LIBRARY OF THE MUSEUM OF COMPARATIVE ZOOLOGY. El PRA USD O O AE ME JORNAL DE CIENCIA TS, MS TA ERP ab Rn A SE 8 RR 1 AR ST S PUBLICADO SOB OS AUSPICIOS DA “ACADEMIA REAL DAS ODIENCIAS DE LISBOA SEGUNDA SÉRIE—TOMO IV - Dezembro de 1898 a Março de 1897 “ LISBOA TZPOGRAPHIA DA ACADEMIA. 1897 = tr Tp fo a SUE JORNAL DE SOIENGIAS do, PEDIA BAIAS af $ PISA E NATURAIS “PUBLICADO SOB OS AUSPICIOS RR o) SRBUNDAISÊRIE Tom. IN Dezembro, 1895— Num. XIII LISBOA TZPOGRAPHIA DA ACADEMIA 1895 e nos - x EN ay é q 4 ' k A y =s, quit de = ae “ge. mag re a absidios para a fauna da Ilha de Fernão do Pó —Vertebrados terrestres, por J. V. Barboza du Run EE Rael Reptiles et batraciens nouveaux ou peu connus de Ferrão do Pó, par J. V. Barboza du Botage er eis - nie antera Rima Sé — Aves de Benguella da RR A naico por ER Parto do du Botageil «ass noi no a É a Da a Upon da A da RSRS RE A Doninha da Ilha a S. Thomé, por B. du Bocage... ...... Sur le «Thyrophorella Thomensis», Greeff— Gastéropode terres- Ainda a Doninha de S. Thomé, por B. du Bocage. ......... | Crustaceos da Africa occidental portugueza, por Balthazar Oso- | Les poissons d'eau douce des íles du Golfe de Guinée, par Bal. tre muni d'un faux opercule à la charniere, par Albert Ale- candre:GUrrdR: é Esso o esse DO aca ia vo o ERRA Reptis e batrachios do norte de Portugal e Hospanha, por J. Bettencoum. Ferrera Sa Shao DE o sie o mate o lo o so Sur une espêce de Crapaud à ajouter à la faune herpétologique d'Angola, par J. V. Barboza du Bocage .....cccccacea Peixes e crustaceos da Ilha de Fernão do Pó e de Elobey, por Balthasar SOsorão levo. sis crato bala sie o ta ria O A 2 a A A thazamr Osorto nd Die a aiaio A aro Ea PRA NES RA Ra ES ei f my e) o : - REA esta ou SUE Si a ba cc am mo Po A 2 SL ND pa 1 18-06 o asa a AB A BL 5 59 SUBSÍDIOS PARA A FAUNA DA ILHA DE FERNÃO DO Pú — VERTEBRADOS TERRESTRES POR J. V. BARBOZA DU BOCAGE O sr. Francisco Newton, o bem conhecido explorador portuguez das ilhas de S. Thomé, do Principe e do Anno Bom, quiz ultimamente completar as suas investigações zoologicas no archipelago do golfo de Guiné visitando a ilha de Fernão do Pó. E do resultado d'esta visita que vamos succintamente informar o publico que se interessa por esta ordem de trabalhos, dando-lhe conta dos exemplares de mammiferos, “aves e reptis com que aquelle incansavel explorador acaba de enri- quecer as collecções africanas do Museu de Lisboa. E bem sabido que os nossos conhecimentos ácerca da fauna de Fernão do Pó datam do meiado do seculo actual e devem-se principal- mente aos viajantes inglezes Fraser, Thomson e Allen. Nos tempos modernos sómente nos occorre mencionar aqui a viagem áquella ilha de Don Amado Ossorio, que d'ali trouxe alguns specimens zoologicos * de que encontramos noticia nos Anales de la Sociedad Espaiola de — Historia Natural, em artigos publicados pelos distinctos zoologistas Don Francisco Martinez y Saez, Don Ventura Reys y Prosper e Don “Ignacio Bolivar ?. Comprehende-se pois que o sr. Newton, tão favorecido da sorte nas outras tres ilhas, desejasse tambem percorrer, embora rapida- mente, a de Fernão do Pó, na esperança de vêr coroadas as suas dili- '* gencias com a descoberta de algumas especies que houvessem esca- - pado aos seus predecessores. Os resultados que obteve vieram feliz- “mente confirmar esta esperança; como se verá não sómente d'esta nossa breve informação ácerca dos mammiferos, aves e reptis por elle colli- 1 V. Anales de la Sociedad Espanola de Historia Natural, xv, 1886, p. 339 e seguintes. 1 JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 sERIE— N.º XIII. 2 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS gidos, como do exame que fizeram de outras collecções os nossos col- legas e collaboradores Balthazar Osorio e Alberto Girard, de que egual- 8 EE q , de que es mente se dará noticia n'este jornal. Algumas semanas apenas poude o sr. Newton permanecer em Fernão do Pó, e no emtanto não sómente realisou uma penosá excur- são ao Pico de Santa Isabel, que tem a altitude de 3.300 metros, mas visitou muitas localidades interessantes, já no interior da ilha, já no littoral, taes como: Bahú, Bissé e Bassilé na base do Pico de Santa Isabel; este Pico; Natividad no interior; Mongola, S. Carlos, Bassapó no littoral. Cabe aqui mencionar que os excellentes resultados que o sr. Newton alcançou n'esta sua viagem devem-se principalmente ao exce- pcional acolhimento que recebeu das auctoridades hespanholas de Fer- não do Pó, que foram incansaveis em lhe assegurarem por todos os modos o bom exito da sua expedição scientifica. Não o acolheram só- mente com benevolencia, como quem apreciava os elevados intuitos da sua missão, prodigalisaram-lhe todas as attenções da mais esmerada cortesia, todos os requintes da mais franca e generosa hospitalidade. Permitta-se-nos, a tal respeito, transcrever uns trechos de uma communicação official que entendemos dever dirigir a S. Ex.º o Minis- tro da Marinha e Ultramar: «Limitar-me-hei a affirmar a V. Ex.? que da sua rapida excursão pela ilha de Fernão do Pó conseguiu o sr. Newton dotar o Museu de Lisboa com uma copiosa collecção de specimens zoologicos, de cujo exame se occupa o pessoal technico d'este estabelecimente scientifico com fundadas esperanças de que os resultados dos seus estudos não serão considerados menos interessantes para a sciencia do que o tem sido quanto tem já publicado ácerca da fauna de S. Thomé, do Prin- cipe e de Anno Bom. «Para o bom exito porém da visita a Fernão do Pó contribuiram efficazmente circumstancias que não podem ficar esquecidas, e que julgo dever levar ao conhecimento de V. Ex.º. Ao acolhimento que o nosso naturalista encontrou em Fernão do Pó, á franca e generosa hospitalidade que recebeu do Governador d'aquella possessão, Don José de la Puente y Bassava, official superior da armada hespanhola, à ca- valheirosa e bizarra coadjuvação que lhe prestou este benemerito offi- cial, ao concurso benevolo de todos os funccionarios publicos com quem manteve relações deve principalmente, repito, o sr. Newton o bom exito do seu emprehendimento. «Com effeito, o sr. Newton, que partira de S. Thomé em 25 de novembro do anno passado em um navio de guerra hespanhol e visi- tára de passagem as ilhas de Elobey e Corisco e o Rio Muni, aportou a Fernão do Pó no 1.º de dezembro, e a 17 d'este mez emprehendia PHYSICAS E NATURAES 3 a excursão ao Pico de Santa Isabel, outr'ora Pico Clarence, excursão difficil e penosa, que sómente poude realisar graças aos auxilios pres- tados pela auctoridade superior da ilha, que o fez acompanhar de um numeroso pessoal de obras publicas sob a direcção do alferes de navio Don José Maria Cheriguine, tomando a seu cargo exclusivo o forneci- mento de todo o material e viveres para a expedição e não consen- tindo que o sr. Newton contribuisse de qualquer modo para as despe- zas, aliás avultadas, d'esta excursão. Na sua visita a muitos outros pontos da ilha encontrou sempre o sr. Newton as mesmas facilidades e auxilios. . «Além do Governador de Fernão do Pó, de quem o sr. Newton recebeu um acolhimente tão benevolo e distincto, e do sr. Don José “Maria Cheriguine, que o acompanhou ao Pico de Santa Isabel e de- pois o reconduziu a S. Thomé na canhoneira «Salamandra», devo re- ferir ainda os nomes de dois funccionarios a quem o sr. Newton se confessa summamente reconhecido; são os srs. Don Felipe Moreno, engenheiro florestal, que muito contribuiu para a boa escolha e excel- lente organisação do pessoal que o acompanhou na digressão ao Pico de Santa Isabel, e Don Manuel Aguado, que commandava o navio que o transportou de S. Thomé a Fernão do Pó.» Das quatro ilhas do golfo de Guiné é Fernão do Pó a que possue uma fauna mais rica numericamente, o que era muito de prevêr em vista da sua maior. extensão territorial e grande proximidade do con- tinente. D'esta ultima circumstancia, porém, resulta que a sua fauna, no que respeita principalmente a certas classes de animaes, é menos distincta, menos bem caracterisada do que a de outras ilhas do mesmo archipelago. E o que lhe succede com relação aos mammiferos e aves, pertencentes a especies na maxima parte, senão na totalidade, identi- cas às que se encontram no continente fronteiro, que recebeu dos des- cobridores portuguezes o nome de Camarões; os reptis, porém, e os batrachios, principalmente estes, parecem ter ali representantes espe- ciaes, uns já anteriormente conhecidos, outros recentemente descober- tos pelo sr. Newton. Vamos apresentar a lista dos exemplares que o sr. Newton nos trouxe de Fernão do Pó e daremos em seguida as diagnoses de algu- mas especies que consideramos novas. 4 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS L—MAMMIFEROS 1. Colobus satanas, Waterh. Vieram tres pelles incompletas d'esta especie, que é commum em Fernão do Pó. Diz-nos o sr. Newton que ali observara mais duas es- pecies de macacos, uma mais pequena, com uma mancha regular azul clara sobre o nariz, e outra maior. A primeira deve ser o Cercopithecus Martini, Waterh., e a segunda o C. erythrotis, Waterh., já conhecidas. como habitantes desta ilha. 2. Otolicnus elegantulus (Le Comte). O. apicalis, Du Chaillu; Otogale pallida, Gray. Uma q adulta, em alcool. | Habit.: Bahú, na base do Pico de Santa Isabel. Diz-nos o sr. Newton que esta especie, de que conseguira outro: | exemplar em mau estado, exhala um cheiro particular a almiscar. Ci- ta-nos outra especie mais pequena, com pello d'um castanho escuro e que se alimenta de bananas. Deve ser o O. Allenii, descripto em 1857 - por Waterhowse em vista de um exemplar de Fernão do Pó. 3. Epomophorus monstrosus (Allen). Dois exemplares d e q em alcool, ambos de Mongola no littoral. Encontra-se geralmente sobre coqueiros (Newton). 4. Cynonicteris straminea (Geoffroy). Um d em alcool de Bissé nas faldas do Pico de Santa Isabel a 500 metros de altitude; outro exemplar das florestas de Natividad, no interior. «Encontra-se em muitos pontos da ilha. Alimenta-se dos fructos da Carica papaya e da Persea gratissima (Newton).» O. Phyllorhina fuliginosa, Temminck. Um exemplar incompleto, em mau estado, de Bassilé a 527 me- tros de altitude, nas faldas do Pico de Santa Isabel. Pertence á varie- dade de um vermelho alaranjado. 6. Crocidura sp.? Uma q em alcool de Bassapó, no littoral. Mais pequena que a (. aequatorialis, que habita a costa de Ca- PHYSICAS E NATURAES 5 marões, á qual se assemelha nas côres. Méde da extremidade do foei- E: nho à base da cauda 86 millim., e a cauda 36 millim. Necessita ser examinada mais de espaço. 7. Crocidura sp.? Dois exemplares em alcool trazidos do Pico de Santa Isabel a 1.500 metros de altitude. São muito mais pequenos que o precedente, E pois medem da extremidade do focinho à base da cauda apenas 41 millim. e a caud. 26. 8. Genetta pardina, var. poensis. Genetta poensis, Waterh. Uma pelle incompleta sem indicação precisa da localidade. — 9, Anomalurus Fraserii, Waterh. Dois exemplares d e q em alcool de Bassilé e outro exemplar — tambem em alcool de Bahú; localidades nas faldas do Pico de Santa E e ERR a de? SE o o CER no RC o DS DS dg = Isabel. Um feto em alcool de 8. Carlos, no littoral. «Não é vulgar. Corre com rapidez e salta facilmente de arvore para arvore vencendo grandes distancias. Chamam-lhe, os colonos hes- panhoes Ardilla voladora (Newton).» 10. Sciurus rufobrachiatus, Waterh. Um exemplar em alcool de Bissé, a pelle de outro de Mongola, no littoral. Ardilla dos colonos. 11. Sciurus pyrrhopus, Cuv. Dois exemplares de Mongola, no littoral. Ardilla dos colonos. 12. Sciurus poensis, A. Smith. Dois exemplares adultos, é e q, e um novo, do Pico de Santa Isa- bel a 1.000 e a 1.500 metros de altitude. - Trazem a indicação do nome indigena: Siká-ká. 13. Crycetomys gambianus, Waterh. A pelle do um d de Santa Thereza na punta de los Frayles. «Excessivamente abundante e fatal às plantações, que destroe. 1 V. Alston, P. Z. S., 1835, p. 95; Temminck, Esquisses Zoologigues, p. 168. 6 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Vive em grandes tocas que excava no solo. É habitante exclusivo da zona baixa, tendo por limite Bassilé a 527 metros de altitude onde é raro. Abunda perto da cidade e em todos os terrenos cultivados. E muito procurado para alimento, sobretudo pelos pretos de Accrá, Ca- labar e Serra Leoa (Newton).» 14. Dendrohyrax dorsalis (Fraser). Uma 9 em alcool de Bahú, no littoral. «Chamam-lhe os indigenas Naba. Muito abundante e exclusivo das florestas. Dizem os indigenas que este animal trepa ás arvores, onde se esconde durante o dia, descendo ao solo á noite. Perguntando a um Bubi como é que o animal trepava, respondeu-me que se agarrava com os dentes ás trepadeiras que se enroscam nas arvores, e descia, valendo-se tambem dos dentes, de cabeça para baixo. E muito pro- curado dos Bubis, que lhe apreciam muito a carne apesar do mau cheiro que exhala (Newton).» 15. Cephalophus melanorheus, Gray. Um exemplar de Bassilé e outro de Mongola. « Vulgarissimo na ilha desde o littoral até os pontos mais ele- vados, como são os campos de gramineas no Pico de Santa Isabel a 2.500 metros de altitude. Na zona media onde escasseiam as grami- neas, alimenta-se dos fructos sylvestres que encontram no chão; na zona baixa e alta vive de gramineas. E muito procurado pelos caça- deres Bubis que teem a carne em muito apreço; e em vista d'esta per- seguição e dos muitos caçadores que ha na ilha é de receiar que em breve desappareça esta especie (Newton).» 16. Manis tricuspis, Rafinesque. Um exemplar em alcool, em mau estado, colhido na Natividad, no interior da ilha. Conhecido dos indigeuas pelo nome de Shame, e dos colonos pe- los de Armadillo e Verguenza. «E abundante. O craneo d'este animal serve aos Bubis de amu- letto, e ás escamas attribuem propriedades medicinaes. Em Angola tam bem lhes vi dar egual applicação (Newton).» * X* X Além d'estes mammiferos diz-nos o sr. Newton que outros exis- tem na ilha de que não poude obter exemplares; taes como a Viverra civett a, conhecida em S. Thomé pelo nome de Lagaia ; duas especies de ratos, o Mus decumanus e o rato pequenos das casas; e uma espe- cie de antilope, conhecida dos colonos pelo nome de Venado e que di- PHYSICAS E NATURAES 7 zem estar confinada em pontos mais elevados da ilha, onde é rara. Do Manatim, Manatus senegalensis, vira fragmentos de um exemplar que viera naturalmente do continente fronteiro, arrastado para ali pe- las correntes. IL—AVES 1. Eurystomus gularis, Vieill. Uma q das florestas de Bissé na base do Pico de Santa Isabel. «Iris castanho escuro; bico amarello. Vive nas florestas, nas gran- des arvores. Tinha no estomago Cetonias e outros coleopteros de azas brilhantes. A ave exhala um cheiro desagradavel. Nome indigena Bopê (Newton).» 2. Ispidina leucogastra (Fraser). Um $ em alcool. De Fernão do Pó, sem designação de localidade. 3. Halcyon cyanoleuca (Vieill.). Um é das margens da Shark-River. «Iris castanho escuro. Nome indigena Chilié (Newton).» 4. Barbatula scolopacea (Temm.). Exemplar em alcool, em mau estado. Sem designação da locali- dade. 5. Ceuthmochares aeneus (Shelley). Uma g de Bissé, na base de Pico de Santa Isabel. «Iris côr de sangue, bico amarello-esverdeado, pés pretos. Habita nas florestas. Alimenta-se de insectos. Nome indigena Boésso-isso». 6. CGinnyris chloropygia (Jard.). Um é das faldas do Pico de Santa Isabel a 2.500 metros de al- titude. «Iris castanho escuro. Abundante (Newton).» 1. Cinnyris obscura (Jard.) Dois é 8 e uma q. De Bassilé. «Abundante em toda a ilha. Nome indigena Sé-tchui (Newton).» 8 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 8. Ginnyris hypodila (Jard,) Um Z em alcool da Natividad, a 59 metros de altitude. 9. Cinnyris oritis, Reichenow, Journ. f. Orn., 1892, p. 190 a 225. Um & das faldas do Pico de Santa Isabel. Rara. Concorda este exemplar nos seus caracteres com os de uma es- pecie de Camarões, (. oritis, cuja descripção recentemente publicou Reichenow: as regiões inferiores são, como n'esta, de um olivaceo amarellado, bem diferente da côr dominante nas especies já conheci- das que mais se lhe approximam, e na cabeça e garganta dominam os reflexos metallicos que este auctor deffiniu com propriedade pelas ex- pressões cosrulescente-chalybeis. 10. Diaphorophyia leucopygialis (Fraser). Um g adulto da Natividad e um joven de Bassilé. «Iris vermelho escuro; membrana palpebral roxa. Vive nas flo- restas. Nome indigena Jkoko (Newton).» 1I. Terpsiphone tricolor (Fraser). Dois d d e uma q de Bassapó. «Vulgar em outros pontos das ilhas. Tem um vôo curioso, irre- gular, voltando geralmente ao ponto d'onde partiu. Solta gritos estri- | dulos muito caracteristicos. Nome indigena Chivaro-obé (Newton).» 12. Cassinia Fraserii (Strickl.). Um exemplar é, outro sem designação de sexo. «Iris castanho escuro. E crepuscular. Vôo curioso, irregular. Poisa muita vez no chão sobre troncos de arvores derrubadas. Nome indi- gena Itchi-odi (Newton).» 13. Andropadus virens, Cassin. Tres exemplares adultos de Bissé, um joven de Bassilé. «lris côr de sepia. Habita as florestas. Abundante (Newton).» 14. Xenocichla albigularis, Sharpe, Cat. Birds B. Mus., v1, p. 103, pl. VII, fig. 1; Reichenow, Beitr. Fauna d. Togoland, p. 45. Um dg de Bissé. | 1 En dessus et les couvertures supérieures de la queue d'un vert-olivâtre; les joues d'un cendré de plomb. En dessous, la gorge, le milieu de abdomen et les sous-caudales d'un blanc légêrement teint de jaune, le reste gris. Rémiges à) E a E je PHYSICAS E NATURAES 9 15. Cossypha poensis (Strickl.). Um é de Bassapô. «Iris castanho. Alimenta-se de insectos. Nome indigena Ilawa-ula (Newton).» 16. Alethe castanea (Cassin). Um dg de Bassilé. «Iris .castanho-claro. Encontra-se nas florestas. Alimenta-se de formigas. Nome indigena Linó-si (Newton).» 17. Stiphrornis gabonensis, Sharpe, Cat. Birds B. Mus., v1, p. 174, pl. VI, fig. 2. Um q de Biss. «Iris castanho. Não é vulgar (Newton). » 18. Turdinus sp.? Um é de Bassilé. Muito semelhante ao T. gularis, Sharpe (Cat. Birds B. Mus., II, p. 543, pl. XIV), porém mais pequeno, de um pardo-avermelhado mais intenso por cima e com o branco da garganta mais distincto e melhor delimitado. Comprimento total 131 mm.; bico (culm.) 14 mm.; aza 68 mm.; cauda 49 mm.; tarso 23 mm. 19. Gorvus scapulatus, Daud. Um é de Mongola, no littoral. «Iris castanho muito escuro. Muito vulgar. Nome indigena Cáha (Newton). » 20. Nigrita luteifrons, Verreaux. Um é de Natividad: outro em mau estado sem designação de lo- calidade. 21. Nigrita canicapilla (Strickl.). Um & de Mongola. Iris amarello-sujo. brun-pÃle, lisérées d'olivâtre en déhors et de blanc en dédans. Queue d'un brun- roux uniforme. Bec noirâtre avec les bords et V'extrémité blanchãtres. Tarses d'un noir bleuátre. Iris chatain-clair. Longueur totale 170 mm.; bec (culm.) 16 mm.; aile 10 mm.:; queue 62 mm.; tarse 18 mm. 10 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 22. Hyphantornis collaris (Vieill.). Um q de Bassilé a 527 metros de altitude. 23. Malimbus rubricollis (Sw.). Um 9 de Bissé nas faldas do Pico de Santa Isabel a 500 metros de altitude. «Iris côr de barro escuro. Habita nas arvores altas das florestas do interior da ilha. Nome indigena Chalé-wila (Newton).» 24. Melanopteryx nigerrima (Vieill.). Um é de Bissé. «Iris amarello-desvanecido. Não é vulgar (Newton).» 25. Spermestes poensis (Fraser). Dois exemplares em alcool de Natividad. 26. Actitis hypoleucos (Linn.). Uma q de Mongola. «Nos arrosaes do littoral. Nome indigena Sikó-ki. (Newton).» * * * A esta lista temos a accrescentar algumas especies que o sr. Newton nos diz haver observado em Fernão do Pó. 1. Milvus aegyptius (Gm.) Observado em Mongola, no littoral. 2. Psittacus erythacus, L. Na bahia de 8. Carlos, na ilha de los Loros, onde criam. Abun- dante. 3. Corythax erythrolophus (Vieill.). Visto em Bassilé. 4. Turacus sp.? Uma especie de Turacus, provavelmente o T. Bujjoni (Fraser), de cujas pennas os indigenas se servem para ornar os chapeus, 4 PHYSICAS E NATURAES 1 5. Geryle rudis (Linn.). Encontrada no rio Mongola. 6. Chrysococcyx smaragdineus (Swains.). Muito vulgar. 7. Lamprocolius ignitus, Nordm. Diz-nos o sr. Newton ser a mesma especie de Lamprocolius que se encontra na ilha do Principe. 8. Onychognatus Hartlaubi, Gray. Suppõe o sr. Newton que pertenceriam ao O. fulgidus de S. Thomé um bando de aves que observara em Bassapó; é porém mais provavel que fossem do O. Hartlaubi, que se encontra effectivamente em Fer- não do Pó. 9. Treron calva (Temm.). 10 Butorides atricapillus (Afzel.). No Shark-River. 11. Ardea gularis, Bosc. “Em. Carlos e Conception, à beira-mar. 12. Bubulcus ibis (Linn.). Em Bassilé, nas terras cultivadas. 13. Numenius pheopus (Linn.). Em Mongola, no littoral. 14. Sterna sp.? 15. Lepturus candidus, Briss. 16. Sula fiber (Linn.). Esta especie e as duas precedentes em Biapá nos rochedos in- accessiveis do littoral. Abundante. 17. Anous stolidus, Linn. Vulgar na beira-mar. Da JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS III.—REPTIS E BATRÁCHIOS 1. Agama planiceps, Peters. 4. colonorum (lapsu) Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa. 2.2 sér., III, p. 272. Um exemplar de Bassilé, dois de Natividad, um quarto sem desi- gnação da localidade. Comparados com os exemplares que possue d'esta especie o Mu- seu de Lisboa, provenientes de varias localidades do Congo e d' Angola, nota-se nos de Fernão do Pó muito mais accentuadamente carinadas as escamas do dorso e mais desenvolvida a crista da nuca e collo. 2. Varanus niloticus Hasselq. Um exemplar adulto e dois jovens sem designação de localidade. à. Mabuia Raddonii, Gray. Um exemplar do Pico de Santa Isabel. 4. Lygosoma Fernandi (Burton). Um exemplar de Natividad, outro mais pequeno sem designação da localidade. Ambos pertencem a uma bonita variedade, notavel pe- “las malhas quadrangulares brancas sobre um fundo negro regularmente dispostas em series longitudinaes nos flancos e ventre. 9. Scelotes poensis, nova sp. Dois exemplares de Bissé, nas faldas do Pico de Santa Isabel. Não foi para nós pequena surpresa encontrarmos entre os reptis colligidos pelo sr. Newton em Fernão do Pó representantes de um ge- nero, largamente representado na Africa austral, em Madagascar e até nas ilhas Mascarenhas, mas que parecia extranho á fauna da Africa occidental. Na diagnose d'esta especie, que publicamos em outro lo- gar, se encontrarão, esperamos nós, as provas de que é bem distincta das já conhecidas. 6. Chamaeleon Owenii, Gray. | Um q de Bissé, uma 9 de Natividad. Nome indigena Tchobo. 1. Typhlops punctatus (Leach.), var. congestus. Um magnifico exemplar de Bassilé a 700 metros de altitude. PHYSICAS E NATURAES 13 8. Python Sebae (Gm .). Um exemplar novo das florestas de Bassilé. 9. Calabaria Reinhardtii (Schleg.). Um exemplar adulto de S. Carlos, no littoral; outro sem designa- ção de localidade. 10. Mizodon fuliginoides (Griinther). Um exemplar de S. Carlos, outro de Natividad. 11. Lycophidium capense (Smith). Dois exemplares de Natividad. 12. Hormonotus modestus (Dum. et Bibr.). Um exemplar de Natividad, outro sem designação de localidade. 13. Heterolepis poensis, Smith. Heterolepis bicarinatus, Martinez y Saez, Ann. de la Soc. Espaiola da Hist. Nat., 1886, p. 339. Um exemplar muito novo de 8. Carlos. 14. Philothamnus semivariegatus, Smith. Um exemplar de S. Carlos, outro sem designação de localidade. i5: e peidoplirys smaragdinus (Schleg.). Um exemplar adulto de 8. Carlos, outro de Natividad. 16. Hapsidophrys lineatus, Fischer. Um exemplar adulto sem designação de localidade. 17. Dryiophis Kirtlandii (Hallowell), var. typica. Um exemplar completamente adulto, sem designação de locali- dade. 18. Microsoma collare, Peters. Um exemplar sem designação de localidade. Perfeitamente identico este exemplar em todos os caracteres de 14 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS structura e côres a um exemplar de Cazengo de que publicamos a des- cripção, referindo-o a esta, especie, na Herpetologie d' Angola et Congo, p. 125, pl. XIV, fig. 1. À excepção do numero das post-orbitarias, que é de duas em vez de uma, assemelha-se bastante ao Polaemon Barthii, descripto e figurado por Jan (V. Icon. Gen. Livr., 15, pl. 1, fig. 3). 19. Dipsadoboa assimilis, Matschie, Sitz.-Ber. Ac, Berl., 1893, p. 113. Desta especie vieram dois exemplares, adulto e joven, ambos de Bassilé. Julgámos primeiro que fosse a D. unicolor, Giinth., comprehen- dida por Boulenger n'uma lista de reptis colligidos por Johnson no Rio d El-Rei, districto de Camarões (P. Z. 8., 1887, p. 564); no me- nor numero porém das labiaes, 8 em vez de 9, na cireumstancia de ter duas d'estas unicamente, a 4.º a 5.º, em contacto com o olho, e no numero das gastrostegas e urostegas assemelha-se inteiramente à especie descripta recentemente por Matschie. 20. Rana crassipes, Buchh. & Peters. Um exemplar adulto de Bassilé, outros adultos e jovens sem desi- gnação de localidades. 21 Rana Newtonii, Bocage, var. Um $g adulto de Bassapó, no littoral. 22. Phrynobatrachus plicatus (Giinther). Muitos exemplares sem designação de localidade. 23. Arthroleptis variabilis, Matschie, Sitz.-Ber. Ac. Berl., 1893, p. 173. Quatro exemplares, dois de Bissé, um do Pico de Santa Isabel a 2.000 metros de altitude, o quarto de Biapá no littoral. O sr. Matschie, por occasião de uma recente visita que fez ao Museu de Lisboa, reconheceu n'estes exemplares verdadeiros repre- sentantes da especie que descrevêra com a denominação de 4. varia- bilis, em vista de numerosos exemplares de Camarões e Togoland. 24. Tympanoceros Newtonii, Bocage, Jorn. Acad. Sc. de Lisboa, 2.º Ser. UU 1699, po 2): Dois exemplares de Bassilé, a 527 metros de altitude, encontra- dos sobre as hervas. PHYSICAS E NATURAES 15 25. Bufo tuberosus, Giinther. Dois exemplares adultos de Bassilé. O exemplar typo d'esta especie do Museu Britannico é tambem originario de Fernão do Pó. Em additamento a esta lista dá-nos o sr. Newton as seguintes in- formações: «O sr. Lynslager, que reside actualmente em Fernão do Pó, affir- mou-me que tem sido encontrada uma especie de crocodilo nas praias da ilha. Os ultimos individuos que appareceram foram mortos na Punta Fernanda, perto da foz do rio Consul. Pelas dimensões que lhes attri- buem deviam pertencer á especie vulgar, C. vulgaris, ou ao (!. cata- phractus, que se encontra com abundancia nos terrenos banhados pelo Niger. E provavel que estes animaes tivessem atravessado o canal que separa a ilha do continente voluntariamente ou arrastados por fortes correntes. Estas informações foram-me confirmadas por varios Bubis e colonos, que se referiram ao animal em inglez estropiado, chaman- do-lhe verry big lizard. «A Bitis arietans, que eu conheço bem, existe na ilha. Os Cru- manos de Natividad trouxeram-me um exemplar que media cerca de um metro, mas sem cabeça.» 16 ; JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS REPTILES ET BATRACIENS NOUVEAUX OU PEU CONNUS DE FERNÃO DO PÓ PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE 1. Scelotes poensis. Scelotes, nov. sp. Bocage, Jorn. Acad Sc. Lisboa, 2.2 ser., 111, 1895, p. 272. Corps long, étroit, cylindrique; la queue mésurant un peu plus de la moitié de la longueur du tronc. Museau obtus, légerement sail- lant; yeux petits, paupiere inférieure écailleuse; pas d'ouverture au- | riculaire; supéro-nasales en contact sur la ligne médiane et s'articulant de chaque côté à la 1º labiale; pas de pré-frontales; frontale un peu plus longue que large, de la longueur à peu-prês de Vinternasale, qui est assez developpée; trois sus-oculaires, dont la premiere est la plus grande; cinq supraciliaires; pas de fronto-pariétales; inter-pariétaie plus large et un peu plus longue que la frontale, à bord antérieur con- cave, à bords lateraux courts et divergents, à bords postérieurs longs se réunissant en angle aigu: la troisiême labiale touchant à Veil. Ecail- les disposées vers le milieu du tronc en 22 séries longitudinales. Qua- tre écailles pré-anales, celles du milieu les plus grandes. Pas de mem- bres. | D'un brun olivâtre, plus pâle en dessous; la tête d'une teinte oli- vâtre uniforme plus foncée; le tronc et la queue ornées de séries lon- gitudinales de petites taches noirâtres, disposées régulitrement sur chaque rangée d'écailles. Du bout du museau à Panus 78 millim.; la queue 43 millim. Deux individus, "un complet, Pautre à queue mutilée, de Bissé, dans la base du Pic de Santa Isabel. C'est la premitre espece du genre Scelotes recueille dans [ Afri- que occidentale. Elle paraít voisine du Sc. bicolor (Smith) du pays des Petits Namaquois, qui nous est à peine connu par les courtes des- criptions publiées par Smith et Boulenger!. Elle en differe cependant 1 V. Smith., II. S. Afr. Zool. Reptiles, App., p. 13 (Lithophilus bicolor); Boulenger, Cat. Liz. B. Mus, 11, p. 416. ) ; PHYSICAS E NATURAES Pi par la conformation du corps, cylindrique et non pas quadrangulaire, par les dimensions relatives du tronc et de la queue et par ses cou- leurs. 2. Dipsadoboa assimilis. Dipsadoboa assimilis, Matschie, Sitz.-Ber. d. Gesellsch. naturf. Fr. zu Berlin, 1898, p. 178. Deux individus de Bassilé, à 527 metros d'altitude. Nous constatons chez ces individus [ensemble de caracteres dont s'est servi M. Matschie pour distinguer cette espece de la D. unicolor, Giinther: huit labiales supérieures, au lieu de neuf, dont à peine deux, et non pas trois, les 4º et 5º, touchent à Pesil; 207 gastrosteges et 87 urosteges simples chez un, 213 gastroteges et 81 urostêges chez Pau- tre. Nous ajoutterons qu'ils ont la tête légerement aplatie et distincte du cou; le corps un peu comprimé; les écailles du tronc lisses, dispo- sées en 17 rangs, celles de la ligne médiane plus larges. Sauf les différences dejaã signalées, Pécaillure de la tête ne nous semble pas présenter rien de particulier qui puisse aider à distinguer cette espece de la D. unicolor: la narine est située entre deux plaques nasales; la pré-oculaire grande et concave touche à peine à la rostrale; les post-oculaires sont au nombre de deux et les temporales 1 4-2. Sous le rapport des couleurs nos deux individus différent de ceux décrits par M. Matschie et recueills à Bismarckburg par Kling et Biittner: ils sont d'un vert-olivâtre en dessus, plus pâle en dessous, tandis que ceux-ci séraient, d'aprês la description de M. Matschie, d'un brun-foncé (schwarzbrun) en dessus et d'une teinte plus claire en des- sous. > 3. Rana Newtonii, var. Rana Newtoni, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 13; Bedriaga, Inse tútuto, 2.2 ser., n.º 1, p. 499. Un seul individu mãle de Bassapó, dans le littoral. Cet individu ressemble beaucoup à ceux de la R. Newtonii de notre collection, rapportés par M. Newton de Jíle de St. Thomé; seulement nous remarquons que ses formes sont moins lourdes, les plis du dos plus marquês et disposés en séries longitudinales plus nom- breuses et les couleurs plus sombres; nous croyons cependant que ces différences permettraient tout au plus de le considérer comme appar- tenant à une variété de la R. Newtonii. Voici de reste ['énumeration sommaire de ses principaux caracteres: De la taille de la R. Newtonii, mais à formes moins trapues. Dents vomériennes disposées en deux petits groupes obliques et convergents, - en contact avec l'angle antérieur-interne des arriêre narines. Tête pres- que aussi longue que large, à museau arrondi et saillant; espace inter- orbitaire plus étroit que la paupiêre supérieure; tympan distinct, égal à 2/3 du diameétre de Peeil. Doigts modérés, le 1” égal au 2º, Pun et JORN. DE SCILNC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.º sERIE— N.º XIII 2 18 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS Vautre plus longs que le 4º, le 3º le plus long; orteils à palmure com- pléte, légerement échancrée; un petit tubercule ovalaire et comprimé au bord interne du métatarse. Des tubercules sous-articulaires bien distincts aux doigts et aux orteils. Peau des régions supérieures gra- nuleuse; des plis glanduleux interronpus disposées plus ou moins ré- gulitrement en cinq rangées longitudinales de chaque côté du dos; un pli glanduleux partant du bord postérieur de Vorbite et contornant le tympan, un autre au-dessous de Veil et paralléle au bord de la ma- choire supérieure; peau des régions infeérieures lisse. D'un cendré-noirâtre foncé en dessus; blanc sale en dessous. Une tache étroite noire entre les yeux; une bande noire partant de |'extré- mité du museau, bordant en dessous le canthus rostralis, traversant Veil et terminant en pointe sur Pangle de la machoire supérieure; le dos tacheté de noir; une tache allongée noire sur la partie postérieure et inféricure des flancs; des bandes transversales noires lisérées de blanchâtre sur la face externe des membres; la face postérieure des cuisses marquée d'un trait longitudinal blanc sur un fond noir. Les | bords des machoires noirs et sur ceux de la machoire inférieure de petites taches blanches régulierement espacées. Du bout du museau à Vanus 53 millim.; longueur de la tête 19; largeur de la tête 18; longueur du membre antérieur 32; de la main 13; du membre postérieur 109; du pied 48. 4. Arthroleptis variabilis. Arthroleptis variabilis, Matschie, Sitz.-Ber. d. Geselisch. naturf. zu Benin, 1893, p. 173; 4. dispar, Peters, Monatsb. Ac. Berlin, 1815, p. 210, pl. HI, figs. 1-8. Quatre individus rapportés par M. Newton de Fernão do Pó et recueillis: deux à Bissé dans la base du Pic de Santa Isabel, un sur ce Pic à 2.000 metres d'altitude, le quatriême à Bassapó dans le littoral. L'un de ces individus ressemble beaucoup à la figure 3 de Peters (Joc. cit.); tous les quatre ont été reconnus par M. Matschie comme appartenant à PA. variabilis, représenté dans les collections du Mu- séum de Berlin par une nombreuse série d'exemplaires et remarqua- ble par ses variations de couleurs. 5. Tympanoceros Newtonii, pl. T. Newtonii, Bocage, Jorn. Acad. Sc. de Lisboa, 2.º ser., 11x, 1895, p. 270. L'examen d'un deuxiême individu de cette espeêce rapporté de Fernão do Pó par M. Newton nous permet d'ajouter quelques détails à notre premitre description. Pour qu'on puisse mieux saisir les par- ticularités d'organisation de cette curieuse espêce nous les avons fait représenter dans la planche ci-jointe. Tate large; museau court et légerement tronqué; canthus rostra- lis distinct; région frénale concave. Pupille horisontale Langue étroite, libre et fendue en arriêre; sur sa face supérieure une petite pupille dans la partie antérieure de la ligne médiane. Dents vomériennes en deux petits groupes, situées au delá du niveau des arriere narines. PHYSICAS E NATURAES 19: Tympan grand, égal en diamêtre aux trois quarts de Pouverture pal- pébrale, avec un tubercule cylindrique implanté verticalement prês de son bord supérieure. Doigts libres, orteils réunis à la base par une petite palmure; le 1º” doigt plus court que le 2º et presque egal au 4º, le 3º le plus long; les trois premiers orteils augmentant graduellement en longueur, le 5º plus long que le 2º, le 4º le plus long; aux doigts et aux orteils des disques terminaux dilatés en travers et présentant une incision profonde sur le milieu de leur face supérieure. Un tuber- cule métatarsien petit et légeremente comprimé; des tubercules sus- articulaires assez developpés au doigts et aux orteils. Aux membres an- térieurs, sur la face dorsale de Particulation du métacarpien du pollex avec la 1º phalange une petite épine cornée on cartilagineuse implan- tée sur un gros tubercule. Le membre postérieur étendu le long du flanc, Particulation tibio-tarsienne dépasse de 4 a 5 millimêtres Vextré- mité du museau. Derniêres phalanges en T. Peau des parties supérieures granuleuse, un pli glanduleux com- mençant à l'angle postérieur de Pouverture palpébrale, contournant le tympan et terminant prês de l'insertion dn membre antérieur; plusieurs tubercules comprimés disposés longitudinalement sur le dos. Peau des régions inférieures lisse. Sur la face inférieure des cuisses une plaque saillante, à surface lisse, ayant la forme d'une ellipse allongée, mésu- rant 8 à 9 millimetres en longueur et 4 à 5 en largeur; cette plaque occupe à peu-prês le milieu de la cuisse. D'un bran olivâtre en dessus; la tête et le dos tachetés de noir; le tympan et son tubercule noirs: chez un de nos individus il y a une série de petits points blancs sur les bords antérieur et inférieur du tympan, et des points blancs disposées en lignes flexueuses sur les cô- tés du cou et sur les flancs. Les faces supérieures des membres sont ornées de taches transversales noires plus ou moins distinctes et de quelques points blancs, plus apparents sur la face postérieure des cuis- ses et la face inférieure du tarse. En dessous d'un blanc sãle, marbré de noirâtre sur [abdomen et la face inférieure des membre; la gorge et la partie antérieur de la poitrine noirâtres; les lêvres d'un noir plus profond. La face inférienre des mains et des pieds noirâtres. Les plaques des cuisses d'un blanc jaunâtre avec de légeêres marbrures brunâtres. Dimensions du plus grand do nos individus: Danboniidu museam à Fanuss. sois sa» .... 44 - millim. Logan QE sao AR RE ER Sono ts AD oro cunideila tele Dose. isso socos nie cede dA a O » Longueur du membre antérieur .................. Ea, » » dnimempre; posterior) cj. seara o sajolo is opa o e 14 » » ciento maine 1 -/8o o sala é apo Pos apa ço ro O » » DS JCUBOLL O due cito SB ce RR ER rg DA » Hauteur du tubercule du tympan..............c.... 13 0» Longueur de J'épine du pollex.................. ERA MONO ter Habitat: Bassilé, à 527 mêtres de altitude, sur les herbes. 2% 20 JORNAL DE SCIÊENCIAS MATHEMATICAS % * * Notre planche représente le Tympanoceros Newtonii, grand. nat., et quelques détails de son organisation: Fig. a—la tête (grand. nat.) pour laisser mieux voir la position du tubercule du tympan. b— la bouche (grand. nat.), la langue et son tubercule, les dents vomériennes. » c—les cuisses (grand. nat.) et la plaque. » d—la main en dessus (gross.). » ele pied en dessous (gross.). » ff'—le disque terminal des doigts en dessus et en dessous (gross.). » f'—la dernitre phalange des doigts et des orteils (gross.). » .. Iympanoceros Newtonii, Bocage. me ERES ar PHYSICAS E NATURAES 21 AVES DE BENGUELLA DA EXPLORAÇÃO ANCHIETA POR “e Vs BARBOZA DU BOCAGE São de Benguella as aves que ultimamente recebemos dr sr. An- chieta. Apesar de serem em pequeno numero, julgamol-as dignas de menção por haverem sido colhidas na zona littoral, a mais pobre do territorio angolense. 1. Falco minor, Bp. 9 Iris castanho; pés amareilos, côr de gemma de ovo. E o primeiro exemplar que recebemos d'esta especie ou raça me- ridional. Traz a indicação de femea, e as suas principaes dimensões são: comprimento tot. 350 millim.; da aza 280 millim.; da cauda 146 millim.; do tarso 46 millim.; do bico (culmen) 30 millim. Tinha no estomago peixes pequenos (Anchieta). 2. Polyboroides typicus, Smith. Bocage, Ornith. dº Angola, p. 1, à Iris pardo-escuro, face nua amarella. No estomago restos de saurios e ophidios (Anchieta). 3. Glaucidium perlatum (Vieill.). Bocage, Op. cit., p. 60. q Iris amarello-claro; pelle dos dedos amarello-sujo. Nome indigena: Quinculo (Anchieta). 4. Dendropicus cardinalis (Gm.). Bocage, Op. cit., p. 76. q Nome indigena: Manguma (Anchieta). 22 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 5. Merops superciliosus, Linn. Bocage, Op. cit., p. 37. ó juv. 6. Pogonorhynchus leucomelas (Bodd.). Bocage, Op. cit., p. 107. q Nome indigena: Cangongo (Anchieta). 1. Bucorax caffer (Schleg). Bocage, Op. cit., p. 111. O esqueleto completo de um adulto. Nome indigena: Pumumo, onomatopaico do seu canto. l 8. Scoptelus Anchietae, Bocage, Jorn. Acad. Sc. Lisboa, 2.º ser., II, p. 254. d. Os outros exemplares que temos d'esta especie são de Caconda. 9. Colius erythromelas (Vieill.). Bocage, Op. cit., p. 128. Dois d d. Iris pardo-escuro; */; posteriores da maxilla superior e 4 . . . p A . /3 da inferior carmezins; pés côr de rábano (Anchieta). 10. CGhrysococcyx cupreus (Bodd.). Bocage, Op. cit., p. 148. Um dg ad. e um jov. sem indicação de sexo. Iris encarnado no adulto e amarello no joven (Anchieta). 11. Ginnyris bifasciata (Shaw). Nectarinia bifasciata, Bocage, Op. cit., p. 168. ó Nome indigena: Canjonjo (Anchieta). 12. Pycnonotus nigricans (Vieill). Bocage, Op. cit. p. 242. 13. Grateropus gymnogenys, Hartl. Bocage, Op. cit., p. 253. à Iris amarello-claro, pés côr de ardosia (Anchieta). 14. Saxicola pileata (Gm.). Bocage, Op. cit., p. 272. 9 Iris, bico e pés pretos (Anchieta). + * 4 as - PHYSICAS E NATURAES 23 15. Passer arcuatus (Gm.). - Bocage, Op. cit., p. 363. q Iris côr de chocolate (Anchieta). 16. Passer diffusus, Smith. Bocage, Op. cit., p. 364. ó e 9 Nome indigena: Embolio (Anchieta). 17. Amadina erythrocephala (Linn.). Bocage, Op. cit., p. 352. 18. Granatina granatina (Linn.). ô Iris e rebordo palbebral encarnado; bico roseo-carmin; pés d'um pardo purpureo (Anchieta). 19. Hyphantornis xanthops, Hart]. Bocage, Op. cit., p. 327. Nome indigena: Genge (Anchieta). 20. Hyphantornis melanocephalus (Linn.). ô Iris amarello-esverdeado; bico preto; pés gridelim (Anchieta). 21. Pyrrhulauda verticalis, Smith. Bocage, Op. cit., p. 372. ô e q Iris castanho; bico corneo: pés da côr do bico (Anchieta). 22. Actitis hypoleucos (Linn.). Bocage, Op. eit., p. 405. 92 Nome indigena Tamnia-praia (Anchieta). 24 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS A DONINHA DA ILHA DE S. THOME N'um artigo publicado em 1884 pelo dr. R. Greeff ácerca da fauna das ilhas de S. Thomé e Rolas! lê-se o seguinte: «Foi d'um modo muito particular que eu tive conhecimento do terceiro mammifero terrestre indigena de S. Thomé, um Mustelideo. Ao abrir um certo numero de exemplares da grande serpente vene- nosa Naja haje, L., bastante vulgar na ilha, com o intuito de lhe es- tudar os orgãos de reproducção, encontrei no estomago d'um d'elles o esqueleto, em grande parte bem conservado, d'um pequeno Musteli- | deo, que pelo craneo e designadamente pelo apparelho dentario, ainda completo, bem como pelo resto do esqueleto, apresentava muitos pon- tos de contacto com a Mustela erminea, a nossa pequena doninha, ex- cedendo-a comtudo no tamanho, o que colloca a primeira, sob este ponto de vista, n'nma posição média entre as grandes e as pequenas doninhas. » Esta breve indicação ácerca da existencia de uma especie do ge- nero Putorius em S. Thomé encontra-se confirmada pelo sr. A. F. No- gueira n'um dos seus interessantes escriptos sobre as explorações agri- colas n'aquella ilha. Diz-nos o sr. Nogueira 2: «Das especies indigenas as mais notaveis que se encontram em S. Thomé, em mammiferos, são: o macaco, algumas especies de morcêgos, o carniceiro africano a que se dá o nome de gato d'algalia (Viverra civetta, L.), a doninha e muitos ratos. Estes são uma verdadeira praga para os caféeiros e cacoeiros, de cujos fructos destroem milhares de arrobas por anno.» Ficára pois conhecida, pelo menos desde 1384, a existencia na ilha de S. Thomé de uma doninha; porém dos seus caracteres até ao presente apenas se sabia o que nos diz Greeff, — que a considera maior do que o Putorius ermineus e intermediaria no tamanho ás grandes e pequenas doninhas. Para se chegar ao conhecimento exacto do que fosse este animal, representante n'um ponto isolado da Africa occiden- 1 Prof. dr. R. Greeff, Die Fauna der Guinea-Inseln S. Thomé und Rolas, Sitz.- Ber. der Gesellsch. zur Befórd. der gesammt. Naturwiss. zu Marburg, 1884, p. 44. 2 A. F. Nogueira, 4 Ilha de S. Thomé sob o ponto de vista da sua exploração agricola, 1885, p. 11. PHYSICAS E NATURAES 25 tal de um genero que parecia ter por limite geographico do seu habitat a parte mais septentrional d'aquelle continente, era indispensavel ad- quirir exemplares authenticos d'elle; tratei de o conseguir e para isso empreguei as maiores diligencias, baldadas durante annos, até que ul- timamente o sr. Francisco Newton poude alcançar um exemplar de que me remetteu, em fins do anno passado, a pelle com o craneo e ossos das extremidades. Posso portanto dar uma idéa mais exacta e completa do que seja a doninha de S. Thomé. E de um adulto o exemplar que tenho á vista; o estado da sua dentição e o desenvolvimento das cristas do craneo bem o demons- tram |. Nas dimensões não concorda com o que diz Greeff: da extremi- dade do focinho á base da cauda mede 180 millim., a cauda tem cerca de 90 millim. e o pé posterior 36 millim.; é sensivelmente mais pe- queno que um exemplar do P. ermineus, dos Alpes, da collecção do Museu. O comprimento da cabeça e tronco regula pelo de um exem- plar do P. vulgaris, de Portugal; mas n'este a cauda é mais curta e o pé mais pequeno. As côres da pelagem são: na parte superior e faces lateraes da cabeça, dorso e lados do tronco, faces anterior c externa dos membros e cauda um pardo acinzentado claro; na face inferior da cabeça, do pescoço e do tronco, e face interna dos membros branco puro sem mis- tura de amarello; a meio do ventre ha algumas malhas irregulares da «côr do dorso; os dedos nos membros anteriores são brancos; a extre- midade da cauda é de um pardo mais escuro, mas differente da côr negra que se nota na extremidade da cauda do P. ermineus e occupando muito menor espaço. Collocando o nosso exemplar de S. Thomé junto de outros do «P. ermineus, P. vulgaris e P. boccamella, mais se evidenceia a côr cin- zenta da pellagem, mui distincta do tom fulvo que apresentam, mais ou menos pronunciado, os exemplares d'estas especies. A cabeça ossea tem de comprimento 44 millim. e de largura ma- xima, entre as arcadas zygomaticas, 22 millim.; comparando-a às dos nossos exemplares do P. vulgaris, não encontro differença apreciavel entre uma e outras. A differença de côres e, principalmente, a differente relação que apresenta o exemplar de S. Thomé no comprimento da cauda para o do corpo, obstam a que me possa pronunciar a favor da sua identi- dade especifica com o P. vulgaris, sem que comtudo me pareça menos plausivel a conjectura de que a doninha de S. Thomé descenda de exemplares da especie de Portugal, introduzidos n'aquella ilha pelos colonos portuguezes n'uma epocha mais ou menos remota. Abstenho-me por agora de propôr para ella um nome distincto ; preciso primeiro obter outros exemplares que confirmem os caracteres 1 Este exemplar, foi colhido, segnndo informa o sr. Newton, em Santa Ade- lide, a 450 metros de altitude. E conhecida na ilha por Aldeluinha, manifesta cor- rupção de Doninha. 26 JORNAL DE SCIÊENCIAS MATHEMATICAS do que tenho presente. Espero conseguil-o em breve, comquanto não. seja isso empresa facil, attenta a repugnancia dos cultivadores de S. Thomé em consentirem que os privem de alguns exemplares de um animal que lhes presta grandes serviços, destruindo os ratos, que ali abundam e são o maior flagello da agricultura. x Quando me constou a existencia de uma doninha em S. Thomé, e pelo que d'ella dizia o dr. Greeff, julguei que fosse a verdadeira M. africana, descripta em tempos por Desmarest! em vista de um exemplar que E. Geoffroy Saint-Hilaire levára em 1808 do Gabinete da Ajuda para o Museu de Paris, exemplar considerado proveniente da Africa por ter essa vaga indicação na etiquetta que o acompanhava, mas cujo habitat exacto ficou sempre ignorado. O confronto porém do | exemplar de S. Thomé com a descripção de Desmarest não confirma aquella minha supposição. N'estes termos descreve Desmarest a M. africana: «Plus grande que la Belette vulgaire — dix pouces environ de longueur et sa queue n'en a gutere que sept. Tout le dessus de sa tête, de son cou et de son dos d'un fauve roussâtre. La partie externe des pattes de devant et les pattes postérieures presque entiêres sont de la même couleur. Les bords de la machoire supérieure, les joues jusqu'à la hauteur du milieu des oreilles, la machoire inférieure, le dessous du cou, le dedans des. pattes antérieures, le ventre et la partie interne des cuisses d'un jaune pãle séparé bien nettement de la couleur du dessus du corps. Le ven- tre présente dans son milieu une ligne longitudinale d'un fauve roussã- tre, assez étroite; la queue est aussi fauve; les poils dont elle est re- couverte sont beaucoup plus longs que ceux du corps, lesquels sont. presque ras.» A ser rigorosa esta descripção, as côres, a estatura e as dimen- sões relativas da cauda da M. africana, Desm., não concordam com o que se observa no exemplar da doninha de S. Thomé, que tenho presente, de modo que possa affirmar-se a sua identidade especifica. N'um recente artigo publicado pelo sr. Oldfield Thomas nos Pro- ceedings da Sociedade Zoologica de Londres? julga este sabio zoolo- gista que Putorius africanus, Desm., bem poderia ser uma doninha do Egypto, distincta do P. subpalmatus, Hempr. & Chr., que tambem ali vive, e identica ou semelhante a uma doninha descoberta em 1875 pelo sr. C. A. Wright na ilha de Malta. Bem quizera poder acceitar sem reserva a opinião de tão aucto- 1 Desmarest, N. Dict. d'H. N., t. x1x, 1818, p. 976; id., Mammalogie, 1820, p: 179. 2 O. Thomas, On the long-lost Puútorius africanus, Desm;, and its occurrence: in Malta — P. Z. S. L., 1895, p. 128. PHYSICAS E NATURAES 27 risado naturalista; porém além de não me parecer muito verosimil que no Gabinete da Ajuda, cujas colleeções se compunham quasi exclusi- vamente de exemplares zoologicos provenientes das colonias portu- guezas, existisse em 1808 uma doninha do Egypto, não se me figura que os caracteres attribuidos por Desmarest ao P. africanus concor- dem inteiramente com os dos exemplares do Egypto e Malta, que o sr. Thomas refere a esta especie. A um exemplar d do Egypto no Museu Britannico (conservado em alcool) dá o sr. O. Thomas as se- guintes dimensões: cabeça e tronco 260 milim., cauda 108 milim. Em duas femeas adultas do Museu de Berlim encontrou: cabeça e tronco 270 millim., cauda 90 millim. e 87 millim. N'um $ de Malta (mon- tado): cabeça e tronco 300 millim., cauda 105 millim. Em todos es- tes exemplares, pois, o comprimento da cauda representa apenas um terço do comprimento do tronco e cabeça reunidos ou excede o terço sem attingir a metade d'este comprimento, emquanto que Desmarest dá ao seu P. africanus dez pollegadas de comprimento da extremidade do focinho à base da cauda e sete pollegadas a esta ultima, que vem a ter portanto muito mais de metade, quasi dois terços, d'aquelle com- primento. Se o exemplar descripto por Desmarest faz ainda parte das col- lecções du Museu de Paris, seria muito para desejar que fosse de novo examinado e aceuradamente descripto. À attenção do consciencioso z00- logista e meu presado amigo, o dr. Oustalet, ouso lembrar o desem- penho d'esta facil tarefa com que se conseguiria elucidar o assumpto em litigio., B. pu Bocacr 28 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS SUR LE «THYROPHORELLA THOMENSIS », Greeff Gastéropode terrestre muni d'un faux opercule à charniêre PAR ALBERT ALEXANDRE GIRARD (Communication à " Académie Royale des Sciences de Lisbonne) Le genre Thyrophorella a été établi en 1882 par le dr. Richard Greeff (Zoologisch. Anzeig., 1882, s. 51T, und Sitzungsb. der Gesellsch. Naturw. zu Marburg, 1884, s. 51) pour un curieux mollusque terres- tre qu'il avait découvert dans les montagnes de Ile St. Thomé, pré- sentant des caractéres si spéciaux que selon lui on pouvait le considé- rer comme le représentant d'une famille distincte et même le regarder peut-être comme appartenant à un ordre particulier. Je crois utile de reproduire la description qu'il a donné de cette forme étrange et en- core si peu connue. «La particularité la plus essentielle de ce testacé remarquable, «dit M. Greeff, consiste d'abord en ce que Vouverture se ferme par un «opercule qui n'est pas, comme chez les Cyclostomacés, etc., uni à ['ani- «mal, mais qui est lié par une charniere à la coquille, à laquelle il appar- «tient exclusivement et uniquement. Par conséguent la coquille n'est pas cunivalve mais en réalité bivalve. Cette seconde partie du test, cette «porte de la coquille, qui se meut dans une espéce de charniêre, s'ou- «vre à ce qu'il parait quand elle est poussée par [extension de Vani- «mal et se referme, lors de sa rétraction, au moyen d'un ligament adhé- «rent à l'intérieur. «Pour le reste, la coquille est de même conformée d'une façon «três particuliere. Elle est sinistrorse, presque discoidé, mince, d'un «blanc luisant, translucide, recouverte surtout en dessus d'un épiderme «légêrement jaunâtre, à ombilic large, de sorte que les spires au nom- «bre de 3 à 314,2 sont visibles à Vintérieur. Les spires sont vivement «carénées, plates en dessus, uniformément convexes en dessous. Les PHYSICAS E NATURAES 29 «lignes d'accroissement forment de petits anneaux en arc sur la par- «tie plate supérieure de la spire et la suture est entourée d'une saillie «en crête étroite. Le contour du peristome de la coquille est en demi «cercle et le bord en est simple et tranchant. L'opercule lisse à Vin- «térieur, marqué à |extérieur par des stries en arc comme la coquille, «correspond exactement au contour de la bouche et est attaché à la «partie supérieure de celle-ci par une charniêre. Les stries en demi-cer- «cte de la coquille se continuent uniformément et exactement sur Voper- «cule, de sorte que ce dernier se présente comme s'ail était la continua- «tion directe de la partie supérieure de la coquille. A la loupe, on re- «connait par-ci par-lá des lignes droites, fines, un peu saillantes, tra- «versant les stries d'accroissement, qui représentent les cicatrices de «Vattache de Vopercule au bord supérieur de "ouverture dans les pé- «riodes antérieures de croissance. » En présence des caracteres un peu extraordinaires que M. Greeff assignait à cette coquille, sans être appuyés d'une figure et dont il ne donnait même pas les dimensions, plusieurs malacologistes entre autres MM. E. von Martens! et H. Crosse? se sont demandé si ce bivalve terrestre, comme le nommait M. Greeff, n'était pas plutôt le fourreau de quelque larve d'articulé ou quelque autre animal muni d'une appa- rence de coquille. La question a été éclaircie en partie par une breve communication de M. von Martens à la Société des Amis de [Histoire Naturelle à Berlin, restée un peu inaperçue, ou il a donné quelques dé- tails sur cette singuliere coquille que je trouve ainsi résumés dans les procês-verbaux de cette société:? «M. von Martens a montré un mollusque terrestre de Vile de «l Afrique occidentale, St. Thomé, le Thyrophorella, découvert par »le prof. Greeff, qui peut fermer sa coquille en courbant vers le bas «le bord supérieur. «On avait mis précédemment en doute que cet animal fut un gas- «téropode, mais il possede une radule à dent centrale tricuspidée, re- «marquablement petite, et des dents latérales à cuspides externes rap- «prochées de la base aux premieres dents, se relevant ensuite jus- «qu'à la 16º dent (formule 54-1-54), ce qui monire que cette espece «est voisine de quelques Zonitides. La coquille est sinistrorse d'un «blanc translucide, lisse, plane supérieurement, convexe et ombiliquée «en dessous.» Voici en résumé tout ce que Ion connaissait sur ce remarquable mollusque découvert par Greeff à la Roça Monte Café de 800-900 me- tres d'altitude sur le versant Nord du Pic 8.º Maria. Je Vavais depuis longtemps signalé à Vattention de M. Francisco Newton, Vinfatigable explorateur de St. Thomé mais, soit qu'il se trouve cantonné dans la région couverte de forêts qui entoure le Pic de S.“” Maria, solt ce qui me semble douteux qu'il lui ait passé inaperçu, il n'a jamais fait 1 Zoological Record, vol. x1x, 1882, p. 87. 2 Journ. de Conchyl., 1888, p. 29. ; 3 Sitz-Ber. der Gesellsc. Naturf. Freunde zu Berlin, Jahrg., 1886. s. 76. 30 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS partie de ses rombreux envois, mais tout récemment M. Newton en parcourant la région boisée du Macambrará à 1:000 metres dºalti- tude a enfin recueilli cing échantillons du Thyrophorella, dont un avec Panimal, sous les troncs d'arbres morts dans les lieux humides, et je me propose de donner quelques détails sur son organisation appuyés de figures, qui feront mieux connaitre cette forme si interessante. À mon vif regret cet échantillon unique est teliement contracté que je n'ai pu pousser [Vexamen que sur les organes génitaux et la langue, quoiqu'il en soit il me semble suffisant pour marquer la place dans la méthode à cette espece dont les affinités n'avaient pas été, il me semble, établies jusqu'à présent. Thyrophorella Thomensis, Greeff Mâchoire. — Mince, arquée, à plis nombreus obsolêtes. Radule.— La formule est: [(35 + 10) + 1 + (10 + 35)]110 La dent centrale est petite, tricuspidée, à cuspide moyenne assez grande. Les dents latérales sont bien plus allongées que la dent centrale et tricuspidées, au nombre de diz, passant insensiblement au marginales ; la cuspide interne três forte égale la cuspide moyenne et la cuspide ez- terne, tres courte, est à peine visible aux premitres latérales. Les dents marginales assez courtes sont tricuspidées, à cuspides longues, pointues, sub-égales. Coquille senestre, planorbiforme, légêrement convexe en dessus, lar- gement ombiliquée en dessous. Test mince, sub-transparent, un peu lui- sant, jaunítre, orné de stries fines, assez régulitres, fortement courbées em dessus em demi-cercle. Tours au nombre de trois, plans en dessus ou légerement concaves, s'accroissant rapidement, séparés par une suture profonde et ormés d'une carêne intéricure qui borde la suture. Dernier tour armé dºune forte carêne supérieure, convexe en dessous. Ouverture droite, demie-ovale, rectiligne em dessus. Peristome simple, tranchant ; bord supéricur prolongé en un lobe arrondi qui peut s'abaisser pour clore Vouverture. Coquille: log. tot. 21/2; diam. max. 8 mm. Appareil reproducteur.— 1) présente une grande analogie avec celui de quelques Nanina mais le vagim est proportionellement Diem plus court. Atjimités zoologiques.— Le Thyrophorella par sa radule à dent cen- trale petite et à dents marginales tricuspidées se rapproche des Steno- gyride, la forme des dents marginales Péloignant immédiatement des , Limacido et la dent centrale petite Pécartant aussi des Helicide. Mais PHYSICAS E NATURAES 31 si les affinités du Thyrophorella sont évidentes d'aprês la constitution de sa mâchoire et de sa radule, il s'éloigne des Stenogyride par la forme aplatie de sa coquille qui rappelle celle de quelques Nanina, et je crois en conséquence préférable de crêer pour ce singulier mollus- que, comme le pensait M. Greeff, une nouvelle famille Thyrophorel- lide. Observations.— Il est facile de saisir le mécanisme qui permet à ce mollusque de clore son ouverture. Les stries concentriques d'accrois- sement qui ornent la coquille en dessus étant concentriques au bord externe du lobe supérieur de [ouverture indiquent que Vaccroisse- ment se fait par le bord de ce lobe; la charniêre rectiligne du lobe se déplace donc avec la croissance de la coquille et il est facile de voir à un fort grossissement les positions successives occupées primi- tivement par la charnitre. Le lobe servant d'opercule est simplement relié à la coquille par 'épiderme de celle-ci et, à Vintérieur, le test est fracturé sur la ligne de charniére de maniére à permettre au lobe de s'appliquer exactement sur Pouverture. Ce lobe n'est nullement relié à Panimal et c'est 'épiderme de la coquille qui fonctionne ici comme tissu élastique, tendant à [appliquer sur Pouverture quand Vanimal se contracte. Cette particularité probablement en rapport avec le de- gré d'humidité du milieu ou vit ce mollusque est jusqu'à présent uni- que chez les Gastéropodes. Ce 15 mai 1895. 32 Fig. 1. » » JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS EXPLICATION DE LA PLANCHE Thyrophorella Thomensis, Greeff En marche d'aprês un croquis de M. Francisco Newton. Gr. nat. 2 — Coquille vue en dessus. Gross. 4 fois 3-— Coquille vue en dessous. Gross. 4 fois. 4-— Coquille vue de face. Gross. 4 fois. 5.— Coquille vue de profil. Gross. 4 fois. 6 — Radule: dent centrale et premiere latérale. Gross. 200 fois. 7. —30me et 31ºme dents de la radule (marginales). Gross. 200 fois. 8-— Appareil reproducteur. Grossi. 0. c., orifice commun: g.7., gaine du pénis; m., son muscle rétra- cteur; c. d., canal déférent; v., vagin; sp., spermathêque; u., uté- rus; g.a., glande albuminipare; c e., canal excréteur de la glande hermaphrodite; g.h., glande hermaphrodite cachée dans le foie. Nanina Thomensis, Dohrn 9.— Appareil reproducteur pour servir de terme de comparaison. Grossi. Mê- mes lettres; c. ep., cecum epididymaire. Dhyrophore la A lirard. PHYSICAS E NATURAES 33 REPTIS E BATRACHIOS DO NORTE DE PORTUGAL E HESPANHA POR J. BETTENCOURT FERREIRA Duas remessas de exemplares d'estes grupos feitas ultimamente pelo distincto herpetologista dr. Lopez Seone, trouxeram ao Museu de Lisboa especies que ainda não estavam representadas n'elle e con- junctamente algumas variedades interessantes de que damos conta em seguida. E preciso advertir que na primeira remessa, o sr. Seoane enviou exemplares da fauna herpetologica da Galliza (Coruiia e Ferrol) à ex- cepção dos de Madrid e Sevilha e de uma rã da Prussia, e que na se- gunda, mais e melhor fornecida, brindou o nosso Museu com represen- tantes de toda a herpetologia europea, comprehendendo fórmas novas ou modernamente estudadas pelo offerente e por differentes herpeto- logos de nome consagrado. A relação dos exemplares de Hespanha compõe-se das seguintes especies: A MPEIBTA SALAMANDRIDAE 1. Salamandra maculosa, Laur. Coruiia. 2. Molge (Pleurodeles) Waltli, Michah. Madrid. JORN. DE SCIENC. MAH. PHYS. E NAT.— 2,º seRE— N.º XIII 3 34. O: 11. 12 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS .« Chioglossa lusitanica, Boc. Coruiia. RANIDAE . Rana esculenta perezi, Seoane. Ferrol. . R. temporaria parvipalmata, Seoane. Ferrol. BUFONIDAE . Bufo calamita, Laur. Coruda. HYLIDAE . Hyla arborea (L.), (typ.). oca o RE BICA COLUBRIDAE .« Tropidonotus natrix astreptophorus, Seoane. Ferrol. - T. viperinus, Latr. Coruda. SGINCIDAE Anguis fragilis, L. Santiago. LACERTIDAE Lacerta muralis, Laur. Coruia. - L. Schreiberi, Seoane (L. viridis, var. Schreiberi, Bedr.). Coruia e Ferrol. / PHYSICAS E NATURAES 35 13. L. ocellata, Daud. Coruiia. 14. L. ocellata iberica, Seoane. Sevilha. A segunda collecção, que denominamos europea, é constituida por 204 exemplares, recommendaveis na sua grande maioria pelo in- teresse zoologico que dispertam e pela garantia de authenticidade, a que servem de signal os nomes de Schreiber, Boulenger, Camerano, Heron-Royer, Montandon, Lataste e Strauch, que colligiram muitos d'elles, sendo os restantes capturados pelo proprio dr. Seoane, que ainda n'estas ultimas explorações revela o mesmo zelo e enthusiasmo com que bem merece dos zoologistas. N'ºestas remessas consiste, pois, uma boa contribuição fornecida pelo distincto commissario regio do commercio, industria e agricultura, na Coruiia, e cujo valor scientifico se cifra em acompanhar de perto, com meticulosa observação, as variações das especies herpetologicas conhecidas, notando-lhe as modificações de caracteres que as vão suc- cessivamente desviando do typo especial. Assim a Rana esculenta perezi, Seoane, do norte de Hespanha, e que o auctor diz encontrar-se tambem no nosso paiz, é, pelo menos, segundo a descripção do mesmo, ! uma raça que diversifica sensi- velmente da R. esculenta, L. (R. viridis, Rôsel), que representa tal- vez uma subspecie ou variedade, e estabelece um termo de transição entre a rã vulgar do norte da Europa e a dos paizes meridionaes; approxima-se, ainda no dizer do sr. Seoane, da KR. esculenta fortis, Boulgr., da Prussia, e da R. esculenta latasti, Boulgr., do sul da Eu- ropa e da Algeria. A rã, como toda a especie de vasto habitat, é capaz de soffrer innumeras modificações que lhe imprimem diversa caracterisação, fiel comtudo ao seu typo linneano. A R. esculenta, no dizer de Fatio, ? va- ria muito nas dimensões e na côr, conforme as condições em que se encontra. Assim se apresenta menor nas aguas da Suissa, pobres de elementos nutritivos e cresce enormemente nas aguas mais abundan- tes e ricas do norte da Allemanha, por exemplo. Apresenta côres mais brilhantes e a epiderme menos maculada nas aguas mais limpas e illu- minadas, ao passo que é mais escura e mais provida de manchas na pelle, nas aguas turvas e sombreadas, à parte as differenças devidas ás estações e à epocha nupcial. Entre estes limites naturaes é difficil notar uma constante na eos 1! Seoane, on tow forms of. Rana from N. W. Spain in The Zoologist, maio 2 Fatio, Faune des Vert. de la Suisse, 111, 1872. 3% 36 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS variabilidade, que quasi se diria volubilidade, d'esta rã. A longa se- rie de variedades d'esta especie, apresentada por Schreiber !, expli- ca-se por essa qualidade e não é possivel, decerto, systematisal-as em volta de typos, que possam tornar-se especiaes. Entre as rãs enviadas com a designação particular de perezi pelo sr. Seoane e as que nos teem sido enviadas de outros pontos do paiz e que abundam no Museu de Lisboa, não nos foi possivel ainda, des- criminar um exemplar que caracterize definitivamente aquella varie- dade, que se nos afigura muito limitada ao norte da peninsula que habitamos, exactamente como diz o sr. Seoane na sua diagnose (N. W. de Hespanha), ou de uma dispersão muito pequena que não abrange a peninsula hispanica toda. Em geral, conforme a nossa observação, são ris de pequenas ou mediocres dimensões, de uma certa gracili- dade de proporções e de uma inconstancia de côres e desenhos, desde o cinzento claro até ao pardo anegrado, transitando pelos tons bron- zeos mais ou menos esverdeados das partes superiores, e pelos refle- xos mais ou menos amarellados que atravessam a alvura geralmente prateada das superficies inferiores. As palmuras são bem desenvol- vidas. As dimensões variam nos exemplares portuguezes entre 07,30 e 07,65 e rarissimos vezes attingem 0”,90 da extremidade do focinho ao orifício anal. Entre os exemplares colleccionados pelo sr. Isaac Newton, no norte de Portugal, encontramos um com o excepcional comprimento de 07,85. A dimensão correspondente, nas rãs no norte da Europa, pode ser, nas femeas, de 07,110, e 0”,099 nos machos (Berlim) (Fa- tio Em localidades muito diversas, em altitudes muito differentes, em climas os mais oppostos, a K. esculenta tende a manifestar o mais de- cidido poder de variação. Esta, porém, mantem-se principalmente nos caracteres superficiaes, quando muito affecta as dimensões, mas não ataca os caracteres morphologicos da especie. A respeito da Rana temporaria parvipalmata, de que o sr. Seoane tem enviado alguns exemplares para o Museu de Lisboa, diremos que as mensurações batrachometricas a que procedemos, juntamente com o estudo dos outros caracteres que formam a diagnose d'esta varie- dade, nos permittem affirmar que ella se relaciona intimamente com a R. iberica, Boulgr., de que apresenta as proporções com dois milli- metros de approximação, para mais ou para menos (cireumstancia in- dividual) para as maiores dimensões e de um millimetro para as me- nores. As medidas a que procedemos nos exemplares da collecção Seoane afastam a var. parvipalmata da R. fusca, cujas dimensões são em ge- ral maiores. As observações d'este herpetologista sobre a variação da palmura * Schreiber, Herpetologia Europaea, Brunswick, 1875. PHYSICAS E NATURAES 31 nas rãs e particularmente nas KR. temporariae, são muito bem dirigi- das, embora sobre um caracter tão mutavel seja difficil fundar distinc- ções, mesmo entre especies variedades menos proximas. Às variações da palmura da R. temporaria, passam-se nos limites das modificações sexuaes e das estações, e não permittem a fixidez da fórma parvipalmata. Antes de passarmos em revista outros grupos da collecção Seoane, diremos de passagem que os exemplares de Triton palmatus (Schn.), enviados pelo auctor, do Ferrol, parecem confirmar o resultado do nosso estudo sobre esta especie e a sua variedade,! que se pode considorar iberica, visto encontrar-se mais facilmente no norte de Portugal e Hespanha. Notâmos nos exemplares d'esta ultima especie os mesmos caracteres differenciaes, a mesma exiguidade de palmura, que nota- mos nos de Portugal, coincidindo com o pleno desenvolvimento ter- minal da cauda e a turgescencia do mamillo anal, indicando que os individuos capturados estavam perto, senão na propria epocha da re- producção. A palmura, ainda que attenuada, como nos exemplares portu- guezes, é um pouco mais visivel, e a fimbria digital é da mesma for- ma muito reduzida. Por todos os outros caracteres se assemelham completamente os palmatus de Portugal e Hespanha. As côres fun- damentaes e os desenhos são, porém, mais carregados. Predomina a, côr amarella tirante para alaranjada, mesmo no alcool, com maculas de um castanho intenso, na disposição typica. Nota-se a mesma pigmen- tação escura e confluente dos orgãos genitaes externos e das patas pos- teriores e palmuras. N'esta collecção distinguem-se egualmente os exemplares de La- certa Schreiberi (L. viridis Schreiberi et Gadowi) assim denominado de preferencia pelo dr. Seoane, embora a descripção tenha sido attri- buida ao sr. J. de Bedriaga, porque o estudo demorado d'esta espe- cie e correspondente variedade, nas suas differentes phases de desen- volvimento, foi feito pelo dr. Seoane, como se sabe pela publicação d'esse trabalho. 2 ; Insiste este auctor nos communicados que d'elle recebemos na prioridade e propriedade da denominação de Lacerta Schreiberi, cuja identificação, aliás, não deixa de pertencer-lhe, vindo o seu opusculo citado nos livros de herpetologia. Em primeiro logar no aprofundado estudo do sr. J. de Bedriaga sobre os Lacertidios 3 no qual se encontram extensamente descriptas todas as variedades de coloração e desenho que esta especie pode affe- ctar, precedidas e acompanhadas de uma completa synonymia, vem historiada e pormenorisada a creação das variedades discutidas pelo 1 Sur un urodele rare ou peu connu du Portugal, Jorn. Ac. Se. de Lisboa, n.º XII, 2.2 serie, 1895. na ? Seoane, Identidad de «Lacerta Schreiberi» (Bedriaga) y «Laeerta viridis, var. Gadowi» (Boulenger), Coruiia, 1884. 3 Bedriaga, Beitr. zu Kennt. der Lacertiden familie, Frankfurt a M. 1886. 38 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS dr. Seoane. Nºelle vem enunciada a notavel semelhança entre o Schrei- beri eo Gadowi, terminando pela enumeração das variedades de L. vi- ridis e caracteres principaes que as definem, sendo aquellas as pri- meiras e dando a entender o auctor, que essas duas fórmas viriam ainda a ser classificadas como unica, sob a denominação de Gadown. 4 Depois, Boulenger juntou effectivamonte, sob o nome de Schrei- ber estas duas variedades de L. viridis, Laur., de que mais tarde, o sr. Bedriaga fez a var. Gadowi, que descreveu no outro estudo inti- tulado Amphibiens et reptiles recueillis en Portugal, par M. Adolphe Moller.? Ainda n'este trabalho o dr. Bedriaga considera a var. Gadowi como exclusiva da peninsula iberica. Boulenger tambem assignala só- mente como habitat da var. Schreieri, Portugal e Hespanha. À recla- mação do dr. Seoane, decerto em parte justificada pelo seu valioso trabalho, conscienciosamente seguido e confirmado por observações sobre individuos vivos, pode acceitar-se, no ponto de vista das fórmas locaes, considerando o seu L. Schreiberi (L. viridis, Laur.; var. Schrei- beri, Boulgr.) como o representante do L. viridis na peninsula ibe- rica. Do phenomeno tão interessante da variação no L. viridis Schrei- beri, observado judiciosamente pelo dr. Seoane, démos nós tambem conta, ao publicar a nova lista resultante da revisão da collecção her- petologica de Portugal, no Museu de Lisboa ê. Um exemplar, ao que parece incompletamente adulto, mas muito proximo d'este estado, conserva ainda as manchas ocelares dos lados, como as descrevem os herpetologistas, principalmente Seoane e Be- driaga. Nenhum dos outros exemplares, adolescentes e adultos, e são já numerosos os que se acham no Museu, apresenta aquelle accidente, que pertence seguramente á caracteristica da juvenilidade. Por isso, julgamos ver n'este o verdadeiro representante da transição entre a var. Gadowi, descripta por Boulenger* e encontrada pelo sr. Gadow no Algarve, e a var. Schreiberi descripta detalhadamente nas suas me- nores modalidades, pelos drs. Seoane e Bedriaga. O mesmo facto impressionou os zoologos, tomando todos à pri- meira vista, e mesmo após minudente descripção, como variedades e até como especies distinctas, o que não passava afinal, e n'esta des- coberta cabe a primazia ao sr. Lopez Seoane, de successiva modifica- ção, coeva do desenvolvimento individual, n'uma especie assaz muta- vel, mas dentro de certos limites de edade, sexo e habitat, nos quaes a mudança dos caracteres exteriores de côr, desenho e dimensões se passa sempre com uma certa regularidade, para cada variedade bem circumscripta. 1 Es ist môglich das est spiter gelingen wird Uber ginge zwischen diesen beiden Formen zu finden und sie unten dem Namen Gadovi zu vereinigen (Be- driaga, loc. cit.) 2 O Instituto (separata), Coimbra, 1890. 3 Jorn. Sc. Lisboa, n.º VIII, 1892. 4 P. Z. 8. of. London, 1884, p. 438, pl. XKXVIII. PHYSICAS E NATURAES 39 "Mais tarde tanto Bedriaga como Boulenger reuniam as varieda- des ou subspecies creadas por um e outro, sobre o nome e a caracte- ristica de uma das fórmas descriptas. Hoje a fórma assignalada e descripta com tanto interesse pelo distincto herpetologista coruez, acha-se no catalogo do British Mu- seum, sob a auctoridade de um zoologista de nome respeitado, impli- cita na caracteristica da var. Schreiberi, a par da var. Gadowi, de- vendo realmente juntar-se-lhe, na designação taxonomica o nome do seu primeiro descobridor, o que, aliás, é de regra, na moderna no- menclatura zoologica. Eis a lista completa dos amphibios e reptis da collecção Seoane, doada ao Museu de Lisboa. AMPHIBIA URODELA SALAMANDRIDAE 1. Molge (Triton) teniatus (Schnd.). à q Inglaterra, Belgica, Paris (Seoane).. 2. M. palmatus (Schnd.). à Ferrol (Seoane). var. hispanica? n. var. Palmura reduzida, fimbria digital muito limitada e diminuindo progressivamente antes de chegar à extremidade dos dedos; filamento caudal bem conservado; bordeletes dorsaes; membrana dorsal pouco desenvolvida, crescendo para a cauda, onde é regularmente expan- dida. Côr fundamental amarella alaranjada, com maculas acastanha- das distinctas, formando series regulares nos bordos da cauda; mem- branas desta sem maculas; ventre de um amarello sujo de tom ala- ranjado no meio, com raros pontos côr de castanha, escura; cabeça e pescoço com as faixas caracteristicas, escuras; manchas marmoreadas do mesmo tom nos lados; patas posteriores e mamillo anal muito pi- gmentados. O sr. Seoane, no seu citado trabalho sobre o L. viridis, falou de uma especie nova de Triton, que denominou Alonsoi, designação que não permaneceu na sciencia, e que resuscitamos apenas, porque esta descoberta contém um traço historico para a determinação do T. pal- matus hispanico. 40 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS O sr. Seoane referiu-se a um urodéle raro nos riachos e fontes da Galliza e que se approxima muito do T. palmatus, de que differe, segundo este auctor, pelas palmuras rudimentares das extremidades abdominaes, ausencia de crista dorsal e menor comprimento de fila- mento caudal, cauda mais estreita e apresentando os mesmos dese- nhos e côres mais claras que o T. palmatus, distincto do Boscai pela falta de manchas escuras nos lados do ventre e pela existencia dos outros caracteres que o levam a collocar ao lado do T. palmatus. Esta diagnose não apparece nos livros classicos e a especie não figura actualmente nas listas enviadas pelo sr. Seoane, mas nas suas remessas encontramos tres exemplares que nos parecem representan- tes d'aquella variedade peninsular do T. palmatus, synonyma do Alon- soi do sr. Seoane, ao que nos parece. ? Este achado da especie e o seu registro litterario feitos pelo sabio herpetologista da Gralliza, veem dar nova confirmação ao nosso acerto com respeito á existencia do T. palmatus em Portugal, em via de va- riação, mas sem deixar de mostrar sufficientemente accentuados os caracteres genericos e especificos da fórma typica a que se refere. à. M. (Triton) vulgaris (L.) (T. teniatus (Schnd.). Palmuras exiguas, exemplares em geral emaciados ou endureci- dos e reduzidos no alcool; por isso é difficil saber a edade em que foram capturados. ó 9 Inglaterra, Paris, Belgica (Seoane). 4. M. (Triton) alpestris (Lau.). é q Paris, Belgica (Seoane). 5. M. (Triton) marmoratus (Latr.). à 9 Coruiia (Seoane). 6. M. (Triton) cristatus (Laur.). ô q Italia (Seoane). 1. M. (Triton) Montadoni, (Boulgr.). é q Valaquia (Montandon). 8. M. (Pelonectes) boscae (Lat.). 8 9 Galliza (Seoane). 9. M. (Pleurodeles) Waltli, (Michah.). à q Madrid (Seoane). PHYSICAS E NATURAES 41 10. Chioglossa lusitanica, Boc. é q Cabaiias, Coruiia (Seoane). eram 6 vivos, que duraram alguns dias. 11. Salamandra maculosa, Laur, à q Cabaiias (Seoane). 25 S. atra, Laur. Ilyria (Schreiber). ANURA RANIDAE 13. Rana esculenta perezi, Seoane. Galliza (Seoane). 14. R. esculenta fortis, Boulgr. Prussia (Boulanger). 15. R. temporaria parvipalmata, Seoane. Galliza (Seoane). 16. R. fusca, (Rósel). Piemonte (Camerano). 17. R. agilis, Thomas. Veneza (Camerano). HYLIDAE 18. Hyla arborea meridionalis, Bottger. Coruia (Seoane). 19. H. perezi, Boscá (H. arb. meridionalis). Sevilha (Seoane). - 20. H. perezi barytonus, Heron-Royer. 42 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS REPTILIA OPHIDIA 21. Vipera berus Seoanei, Lat. Galliza (Seoane). 22. Coclopeltis monspessulana (Herm.) (C. lacertina, Wagl.). Madrid (Seoane). 23. T. natrix (L.). Madrid (Seoane). 24. T. natrix astreptophorus, Seoane. Galliza (Seoane) (sem collar). A caracterização d'esta variedade pela ausencia da mancha bran- ca, extensa, no pescoço orlada de negro, região dorsal, não nos pa- rece fundamental, porque é proprio d'estas cobras, desvanecer-se-lhes o collar quando adultas e na senilidade, havendo exemplares em que este accidente de ornamentação, aliás um caracter especifico muito bom, é quasi obsoleto (Schreiber). 25. T. tessellatus (Laur.). Hungria (Schreiber). 26. T. viperinus (Latr.). Madrid, Galliza, Sevilha (Seoane). 27. Zamenis viridiflavus, Latr. Dalmacia (Schreiber). 28. Zamenis (Periops) hippocrepis (L.). Norte d'Africa (Gunther). 29. Rhinechis scalaris, (Schinz). Madrid (Seoane). 30. Coronella austriaca, Laur. ; Orense (Seoane). PHYSICAS E NATURAES A3 SAURIA 31. Anguis fragilis, L. Galliza (Seoane). - 32. Chalcides lineatus (Leuck.) (Seps chalcides, D. B.). Gralliza (Seoane). 33. Eremias velox (Pall.) Turkestan (Strauch). 34. Acanthodactylus lineo-maculatus, D. B. Argel (Lataste). 35. A. vulgaris, D. B. Badajoz (Seoane). 36. A. pardalis (Licht.) A. Bedriagai, Lat.). Argel (Lataste). 37. Psammodromus hispanicus, Fitz. Madrid (Secane). 38. Lacerta muralis, Laur. Madrid, Sevilha, Pyreneos (Seoane). 39. L. muralis Bocagei, Seoane. Segundo a opinião de Boulenger a variedade do Lacerta muralis, a que o sr. Seoane deu o nome de bocagei, em attenção ao illustre di- rector da Secção Zoologica do Museu de Lisboa, deve agrupar-se com as variedades rubriventris, Bp., flaviventris e cupreiventris, Massal, ras- quineti, corsica, flaviundata, erhardtii e persica, Bedr., e melisellensis, Braun, em volta da fórma typica, a cuja synonymia, pertence tambem a var. fusca, Bedr., que comprehende um numero illimitado d'aquellas variedades de coloração, que se tornam, por numerosas, insusceptiveis de systematisação verdadeira. Galliza (Seoane). 44 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 40. L. ocellata, Doud. L. occelata iberica, Seoane, Coruia (Seoane). E tambem uma variedade local que não está bem definida e cujo caracter differencial é, segundo este herpetologista: occipital pequena; escamas dorsaes ovaes e acuminadas; oito series bem desenvolvidas de placas ventraes; treze poros femoraes, em regra; Boulenger com- prehendeu esta fórma na synonymia do L. ocellata typico, apesar das semelhanças que parece ter com a var. pater, algeriana (L. pater, La- taste). Todos os exemplares enviados pelo sr. Seoane são de um desen- volvimento pleno, em estado de conservação perfeito. 41. L. Schreiberi, Seoane. L. viridis Schreiberi, Bedr.; L. viridis Gadowi, Boulgr.; L. viridis, Laur., var. Gadowi, Boulgr., Bedr.! Esta variedade acha-se representada por exemplares, de varias edades, pela maior parte do sexo feminino, com accentuadas differen- ças de coloração e de desenhos, que, pela disposição attenta da serie, se podem reduzir a dois typos, um de manchas ocelladas pretas e brancas, sobre um fundo egual verde de azebre, mais ou menos azu- lado e caracteristico da juvenilidade, e outro de um verde mais franco, semeado profundamente de manchas negras arredondadas de dimen- sões muito differentes, mais ou menos confluentes e grupadas em se- ries longitudinaes mais distinctas e com manchas maiores nas femeas, caracterisado o estado adulto. Representam estes exemplares muito bem a fórma, cuja desco- berta e estudo se deve justamente ao sr. dr. Lopes Seoane e a que nos referimos no começo d'esta noticia. Não pode evidenciar-se melhor do que n'estes exemplares a ca- pacidade de variação que faz apresentar, como especies distinctas, pha- ses do mesmo typo, que todavia são susceptiveis de se fixarem pela selecção e pela hereditariedade e produzirem as novas fórmas espe- ciaes a estudar. Quanto a nós o typo especifico seria representado pelo exemplar unico, que já descrevemos n'outro artigo? e em que, na fórma adulta, ou n'um estadio infinitamente proximo, se reconhece a caracteristica do L. Schreiberi, cujo principal elemento é a existencia de manchas azues esverdeadas e brancas, marginadas, de centro preto, que ordi- nariamente desapparecem na adolescencia. 1 Bedr., Amph e rept. rec. en Portugal par M. A. Moller — Instituto, Coim- bra, 1890. 2 Jorn. Ac. Sc. de Lisboa. PHYSICAS E NATURAES 45 Ao sr. Frederico Moller é o museu devedor de uma pequena col- lecção herpetologica, apartada das suas numerosas capturas, e de exem- plares muito escolhidos e bem conservados, alguns de muito valor para a caracterização de certas variedades peninsulares, entre os quaes fi- gura a Vipera berus nigra, cuja existencia em Portugal só muito re- centemente foi verificada por este distincto naturalista explorador e pelo sr. Augusto Nobre. Esta espeeie, que havia sido entrevista apenas por alguns viajan- tes zoologos, no norte do reino, acaba de ser posta em evidencia por estes dois naturalistas que conseguiram determiual-a scientificamente, descoberta a que nos referimos no nosso ultimo trabalho sobre herpe- tologia portugueza !. O exemplar com que nos brindou o sr. Moller é um novo da va- riedade negra, e que se apresenta typico quanto á disposição das pla- cas e escamas cephalicas, o que permitte submettel-o á diagnose da V. berus (L.). Apresenta as escamas da cabeça dispostas com certa regularidade. As do focinho acham-se n'uma serie curvilinea a um e outro lado da rostral, formando o canthus, e logo por detraz d'esta linha de esca- mas existem placas pequenas dispostas em corolla, com uma no meio e em seguida a este grupo uma placa sincipital, seguida de outras duas muito juntas entre si e de pequenas dimensões, na linha que une o meio das supra-orbitaes, que são mediocres. Uma serie apenas de escamas suboculares. Numerosas placasinhas extendem-se do vertex à nuca, fazendo a transição para as escamas enquilhadas do pescoço e tronco. São nove as labiaes, sendo a 4.2, a maior, a que fica por de- baixo do olho. As escamas dorsaes são dispostas em 21 ordens longi- tudinaes. Comprimento total 07 200. À superficie do corpo, com excepção apenas da extremidade cau- dal inferior, é negra carregada, levemente acinzentada nas margens das placas ventraes. À superficie inferior da ultima porção da cauda é amarella esbranquiçada. A descoberta d'esta curiosa especie em Portugal, vem com a V. berus Seoanei, de Hespanha, alimentar a hypothese philosophicamente acceitavel da existencia da fórma ammodytes, ou de rostral dividida, na peninsula hispanica, que a presença das outras fórmas torna neces- saria para a continuidade do encadeamento zoologico. Esta variedade correspondente á V. prester (L.) é bastante rara, mesmo nas regiões em que a Pelias berus é mais encontravel, como nas montanhas da Suissa. 1 Jorn. Ac. Se. de Lisboa, n.º XII, 1895. 46 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS N'esta pequena collecção do sr. Moller, devemos mencionar ainda um exemplar da Salamandra maculosa, Laur., que o sr. Bedriaga clas- sificou como uma variedade nova, a que deu o nome de molleri, mas cuja caracterisação não a deixa distinguir da fórma typica conhecida na Enropa, como já tivemos occasião de notar,! o que os ultimos exemplares enviados pelo sr. Moller confirmam plenamente, visto como é facil comparar estes com as descripções fornecidas por Fatio e Schrei- ber, as mais perfeitas, e verificar que a variação se limita a apresen- tar a fórma (9) de Schreiber ,2 na qual as manchas amarellas se reunem em duas faixas, pelo dorso até à cauda, emquanto as dos lados se con- servam separadas, como se vê no exemplar adulto que nos veiu do sr. Moller. | Comparado com outros exemplares da mesma especie, e da col- lecção portugueza, tambem não differe especificamente. As dimensões são, com approximação de millimetros, as que apresenta Fatio .º O resto da collecção offerecida pelo sr. Moller consta da seguinte lista : É 1. Molge (Pleurodeles) Waltli (Michah.). 2 exemplares, dos quaes um chegou vivo, em perfeito estado, ao Museu e assim se conserva. Coimbra. 2. Molge (Triton) marmoratus, Latr. Exemplares, em magnifico estado, muito bem caracterizados, 4 adultos e juv. Coimbra. 3. Rana iberica, Boulgr. Coimbra. 4. Pelodytes punctatus, Daud. Coimbra. 5. Bufo calamita, Laur. Serra da Estrella. 6. Alytes obstetricans Boscai, Lat. Exemplares apresentando distinctamente os desenhos. Coimbra. ! Jorn. Ac. Sc. de Lisboa, n.º XII, 1895. 2 Sehr., Herp. Europea, p. 15, 1872. * Fatio, Faun. Vert. de la Suisse, 111, 1872. PHYSICAS E NATURAES 1. Pelobates cultripes, Cuv. Coimbra. 8. Blanus cireneus (Vand.) Coimbra. 9. Lacerta muralis fusca, Bedr. Coimbra. 10. Tarentola mauritanica (L). 11- Golopeltis lacertina, Wagl. Coimbra. 12. Tropidonotus viperinus, Latr. var. bilineata (Bonap.). Coimbra. ERRATA PAG. LINHA ONDE SE LÊ 36 20 02 30 » 21 0m,65 » » 07,90 » 25 Ou 85 LEIA-SE 0m,030 0m 065 0m,090 0m.085 41 48 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS AINDA A DONINHA DE S. THOMÉ Em additamento á nossa breve noticia da doninha de S. Thomé, parece-nos conveniente transcrever as informações que obsequiosa- mente nos transmittiu o nosso amigo e insigne zoologista o dr. Ous- talet ácercea do exemplar typo do Putorius africanus (Desm.), que ainda se conserva nas opulentas colleeções do Museu de Paris. “«L'exemplaire type de la Mustela africana, Desm., existe en effet dans les collections du Muséum. Le plateau de Vanimal porte en des- sous les renseignements suivants: Type du Putorius africanus, Desm.; 1808 (et non 1818). Monté par L. L. fils (probablement Delalande fils). C'est en effet en 1808 que les collections rapportées de Lisbonne sont entrées au Muséum. «Le spécimen en question figure dans nos galéries sous le nom de Gymnopus africanus, Desm., sans localité. Il parait avoir été un peu étiré au montage:; ses dimensions sont: Longueur de la tête et du tronc réunis.... 34 centim. » della quever 2 ue c'est à dire plus de 7 pouces français, et encore la queue paraít un peu incompléte. «L'indication de Desmarest n'est pas exagerée, la queue n'est pas beaucoup plus courte que le tronc. La description donnée par cet auteur et que vous avez reproduit dans la note que vous avez bien voulu m'adresser est parfaitement exacte relativement aux couleurs du pelage de animal, et j'ai seulement une chose à ajoutter: Desmarest n'insiste peut-être pas assez sur la netteté de la bande qui suit la li- gne médiane du ventre et se détache fortement sur la teinte claire des parties inférieures. Cette ligne ou plutôt cette bande de la couleur du dos n'a d'ailleurs pas les poils sensiblement plus longs que ceux du reste du corps: «Les dimensions de animal ne concordent nullement avec celles du P. africanus d'Egypte et de Malte mesuré par M. O. Thomas (Proc. Zool. Soc., 1895, p. 130). Elles sont beaucoup plus fortes. » PHYSICAS E NATURAES 49 Estas interessantes informações veem confirmar o nosso parecer desfavoravel à presumida identidade especifica da grande doninha en- contrada no Egypto e em Malta e do P. africanus (Desm.). Tambem não favorecem a presumpção de que o exemplar levado para Paris em 1808 do Gabinete da Ajuda podesse ter sido importado de S. Thomé. Para que se possa porém formar uma idéia segura do que seja a doni- nha de S. Thomé e deffinir rigorosamente as suas relações com as es- pecies conhecidas da Europa e Africa, é-nos indispensavel maior co- pia de elementos de comparação, que empregamos a maior diligencia em alcançar. Existe em nosso poder o catalogo dos exemplares zoologicos do Gabinete da Ajuda que em 1808, por faltarem ao Museu de Historia Natural de Paris, foram pelo general Junot mandados pôr 4 disposição de Geofíroy Saint-Hilaire a fim de serem remettidos para França. Constou esta remessa de 65 especies de Mammiferos, representadas por 16 exemplares; 239 especies e 357 exemplares de Aves; 35 especies e 41 exemplares de Reptis; 89 especies e 100 exemplares de Peixes; 209 especies e 508 exemplares de Insectos; 5 especies e 12 exempla- res de Crustaceos; 272 especies e 468 exemplares de Molluscos; 10 exemplares de fosseis. ! Na lista dos Mammiferos figuram duas especies do genero Mus- tela, uma das quaes é sem duvida a M. africana, Desm., cuja proce- dencia ainda está por descobrir; entre os Reptis veem mencionadas duas especies de Scincus, e d'estas uma é o Euprepes Coctei, que os auctores da Hrpétologie Générale descreveram mais tarde sob esta de- signação, sem comtudo poderem indicar o seu habitat. Hoje porém sa- be-se que esta especie vive no Ilheo Branco do Archipelago de Cabo Verde, d'onde eram originarios o exemplar typo do Museu de Paris c bem assim tres outros exemplares que existem no Museu de Lis- boa, todos alli colligidos pelo naturalista Feijó em fins do seculo pas- sado. A descoberta da verdadeira patria do Euprepes Coctei ou, mais 1 Além das collecções zoologicas do Gabinete da Ajuda foram pela mesma occasião entregues a Geofiroy Saint-Hillaire e enviados para Paris os seguintes herbarios : I. Herbario de plantas do Brazil por Alex. Rodrigues Ferreira com 1.114 exemplares. II. Herbario de plantas do Brazil pelo dr. J. S. Velloso, com 129 plantas. II. Herbario de plantas do Brazil pelo P.e F. J. M. Velloso com 117 plantas. IV. Herbario de plantas de Angola por M. da Silva com 256 plantas. V. Herbario de plantas do Perú com 289 plantas. VI. Herbario de plantas de Cabo Verde por J. da Silva Feijó com 562 plantas. VII. Herbario de planias de Goa com 35 plantas. VIII. Herbario de plantas de Cochinchina com 88 plantas. IX. Herbario de plantas do Cabo da Boa Esperança por M. Macé com 83 plantas. X. Herbario de plantas da Suecia por Thunberg com 182 plantas. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYB. E NAT.— 2.2 SERIE— N.º XIII 4 50 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS propriamente, do Macroscincus Coctei, deve-se ás diligencias do nosso amigo o dr. Hopffer que conseguiu enviar-nos vivos alguns exempla- res d'essa interessante especie. Oxalá que de alguma das nossas possessões de álem-mar, d'onde persistimos em crer originaria a Mustela africana, nos possa vir a prova material de que nos não enganamos! B. pu Bocace PHYSICAS E NATURAES 51 SUR UNE ESPÉCE DE CRAPAUD À AJOUTER À LA FAUNE HERPÉTOLOGIQUE D'ANGOLA PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE Nous avons reçu il y a longtemps plusieurs spécimens d'un petit crapaud, recueillis par M. d'Anchieta au Dombe (Benguella), que nous avions pris d'abord pour de jeunes individus du Bufo regularis, lar- gement répandu dans tout le territoire d'Angola; mais un examen plus attentif vient de nous convaincre qu'ils appartiennent à une espeéce bien distincte du B. regularis et ressemblent beaucoup au B. angusti- ceps, mais sans présenter avec celui-ci une parfaite identité de cara- cteres. Nous les avons comparé soigneusement à un individu adulte du B. angusticeps, de Malesbourg: dans VAfrique australe, qui existe dans nos collections, et nous allons présenter le résultat de cet examen. Tous nos individus, dont le nombre s'éleve à dix-huit, sauf de lé- geres différences de taille, présentent une grande uniformité de con- formation et de couleurs. Voici Vindication sommaire de leurs princi- paux caracteres : Tête proportionellement étroite, présentant la forme d'un triangle à vertex arrondi; museau court, légérement acuminé; espace inter- orbitaire plan, un peu plus étroit que la paupiêre supérieure; tympan bien distinct, circulaire, ayant moins de la moitié du diametre de Vceil, fort raproché de celui-ci; l'espace entre les narines supérieur à la dis- tance de chacune d'elles au bord de la machoire; canthus rostralis arrondi, mais saillant. Langue longue et étroite. Parotides un peu dé- primées, allongées, larges et arrondies en avant, retrécies dans leur moitié postérieure, touchant presque à la paupiêre supérieure et en contact avec le tympan. Membres antérieures courts; doigts courts, le 1” dépassant à peine le 2º et égal au 4º, le 3º le plus long; un gros tubercule rond sur le milieu de la paume de la main et un autre, beau- * coup plus petit, sur la base du 1%” doigt. Membres postérieurs modé- rés; mis le long du flanc V'articulation tarso-métatarsienne dépasse ['an- 4% 52 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS gle antérieur de Veeil chez le mãle et touche à peine au bord antérieur du tympan chez la femelle; deux tubercules au métatarse, dont ['ex- terne est le plus grand; pas de Pli cutané sur le bord interne du mé- tatrrse. Les orteils sont réunis à la base par une petite palmure. Les tubercules articulaires, tant au doigts comme aux orteils, doubles ou en partie doubles et en partie simples. Peau des parties supérieures couvertes de tubercules inégaux, dont les plus gros couvrent les par- . ties postérieures et latérales du tronc et les faces externes des mem- bres; la face supérieure de la tête présente à peine quelques granula- tions éparses; la peau des régions inférieures est fortement granuleuse sur la partie postérieure de "abdomen et les faces inférieures et posté- rieures des cuisses et des bras, et lisse ou légerement rugueuse partout ailleurs. Chez quelques individus les tubercules du dos et des mem- bres portent de petites épines brunâtres. Nos spécimens présentent un mode de coloration uniforme: en dessus, sur un fond jaunâtre-pâle, ils sont variés de taches irrégulie- res d'un brun-cendré ou brun-rougeâtre-clair, plus ou moins confluen- . tes et disposées de manitre à former une petite bande transversale entre les eus et à laisser sur la nuque et au milieu du dos deux es- paces libres, ou domine la couleur jaunâtre du fond; sur les membres les taches prennent la disposition de bandes transversales mieux accen- tuées; aucune indication d'une bande ou ligne vertébrale. En dessous d'un jaune-pãle uniforme. Dimensions: Du bout du museau à Ianus....... é 38 millim. q 41 millm. Longueur de latête........ ENS te PIT), » 1 » Largeur de la tête........ NE ARMAS ço » 13 » Espace entre les narines....... 5) » 5) » Distance de la narine au bord de la machome p EPA doe ONA 2 » 2 » Longueur de la paupiêre supérieure. 4 » 4 » Espace inter-orbitaire ............ ONE OO 3.5 » Diametreidusiympan Do o 2 » 2 » Longueur de la parotide......... : 9 » 8 » Largeur maxima de la parotide .... 6 » 6 » Longueur du membre antérieur .... 21 » 22 » » du membre postérieur ... 41 » 41 » » de-la tibia... -..... Dodo 13 » 13 » Habitat: Comme nous Vavons dit ci-dessus, tous nos dix-huit in- dividus nous sont parvenus du Dombe, sur le littoral, au sud de Ben- guella, ou lespéce doit être assez commune; c'est la seule localité d' Angola d'oú nous l'ayons reçue jusqu'i présent. Malgré leur petite taille nous les tenons pour adultes, car ayant ouvert abdomen d'une femelle, prise au hasard, nous Pavons trouvé plein d'ceufs murs. Nous les avons comparé à un exemplaire du B. angusticeps, dont PHYSICAS E NATURAES 53 les caracteres de formes et de coloration se trouvent bien d'accord avec ceux de lindividu décrit par M. Boulenger dans son excellent écrit sur les crapauds des régions arctique et éthiopienne,! et les ré- sultats de cette comparaison nous semblent favorables à Vétablissement d'une nouvelle espece, voisine sans doute de I'espêce découverte par Smith dans PAfrique australe, mais ayant un facies bien distinct et des caracteres particuliers. En effet la |» est chez nos individus sensiblement plus étroite et d'un contour dr.érent; le museau plus proeminent et moins obtus; la forme des parotides, la même chez tous, et surtout leur position, sont en désaccord avec ce qne on observe chez le B. angusticeps; pas le moindre vestige de pli cutané au tarse; les doigts et les orteils portent toujours des tubercules sous-articulaires doubles, entremelés quelquefois à des tubercules simples; les tubercules de la peau sont proportion- nellement plus petits, ptus nombreux et moins disséminés, sans pores visibles, mais souvent épineux. Quant au mode de coloration, il nous suffira de signaler Pabsence de ligne ou bande claire dorsale et à ren- voyer le lecteur à ce que nous avons dit plus haut à ce sujet, sans accorder cependant aux différences que nous avons constaté plus de valeur qu'elles n'en méritent. Ce qui nous a frappé [attention c'est Pinvariabilité du dessin chez tous nos individus. En conclusion: nous nous croyons autorisé par ce que vient d'être exposé à inscrire dans nos catalogues le petit crapaud du Dombe sous un nom nouveau, celui de Bufo dombensis. 1 Boulenger, On the Palacontic and Asthiopian Species of Bufo, —P. £. 8. Lond., 1880, p. 564. 54 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS CRUSTACEOS DA AFRICA OCCIDENTAL PORTUGUEZA POR BALTHAZAR OSORIO A collecção de crustaceos africanos do Museu de Lisboa enrique- . ceu-se nos ultimos tempos com as seguintes especies, que embora conhe- cidas da Africa occidental, não o são todavia das regiões put foram colhidas e que n'este escripto se mencionam. É a Anchieta, o conhecidissimo explorador zoologico, e a H. Ba- rahona, um official de engenharia muito distincto e que tem desempe- nhado diversos cargos na Africa portugueza, que se devem estas acqui- sições recentes do Museu Nacional. 1. Micropisa violacea, A. Edw. Habitat: Benguella (Anchieta). 2. Thelphusa Anchietae, Capello. Habitat: Caconda (Anchieta). 3. Cardisoma armatum, Herklots. Habitat: Guiné (H. Barahona). 4. Gelasimus Tangeri, Eydoux. Habitat: (a) Mossamedes (Anchieta); (b) Guiné (H. Barahona). 5. Goniograpsus cruentatus, Latr. Habitat: (a) Guiné (H. Barahona): (b) Mossamedes. 6. Calappa rubroguttata, Herklots. Habitat: (a) Catumbella; (b) Sete Cannas (Guilherme Capello). PHYSICAS E NATURAES 5D PEIXES E CRUSTACEOS DA ILHA DE FERNÃO DO PÓ E DE ELOBEY POR BALTHAZAR OSORIO Deixo n'esta pagina os nomes dos peixes e crustaceos que 0 ex- plorador Francisco Newton colheu na ilha de Fernão do Pó. Foi por- tugueza a ilha, é hoje de uma nação amiga, como amigo foi recebido n'ella o nosso illustre compatriota; com o interesse e a sympathia que a nobre terra de Hespanha me merece, contribuo para o conhecimento da fauna de uma região em que ella deposita, sem duvida, as suas me- lhores esperanças. o ID Md Cc Peixes . Anthias furcifer, Cuv. et Val. . Serranus nigri, Gunth. Habitat: (a) S. Carlos; (b) Biapa. Lutjanus jocu, Cuv. et Val. - Lutjanus Maltzani, Steind. . Gerres melanopterus, Blkr. - Caranx carangus, Cuv. et Val. . Argyreiosus setipinnis, Mitch. . Argyreiosus vomer, L. Zeus vomer, L., Mus. Ad. Fred — Syst., 1, p. 454; Argyreiosus vomer, Lacep., Iv, p. 566-567; Agass. Spix. Pisc. Bras., p. 109, tab. 58; Cuv. et Val., Hist. nat. des Poiss., t. 1x, p. 177, pl. 255; Dekay, New York Faun. Fish., p. 124, pl. 75, fig. 238; Argyreiosus capillaris, Dekay, ibid., p. 125, pl. 27,fig. 82: Gunth., Cat. Fish., t. 11, p. 458. Esta especie, que era até aqui conhecida sómente das costas da 56 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS America temperada e tropical, foi colhida em Fernão do Pó pelo sr. F. Newton. Os nossos exemplares não pertencem caracteristicamente à espe- cie supra-mencionada, mas, pelas suas dimensões, pela existencia de uma mancha escura na linha lateral, julgo que são identicos aos que o professor Gunther estudou e que lhes pareceram ser ou individuos no- vos, ou talvez representantes de uma especie diversa (Young? ou sp. nov.? loc. cit.). Especie nova para a fauna do golfo de Guiné. 9. Trachinotus goreensis, Cuv. et Val. 10. Clinus nuchipinnis, Quoy et Gaim. 11. Glyphidodon saxatilis, L. 12. Poecilia spilargyreia, Dumer. Arch. Mus., x, 1861, p. 258; ? Haplochilus infrafasciatus, Gunth., t. vz, p. 3185. O nosso exemplar tinha uma côr uniforme; devemos todavia ac- crescentar que estava ha muito tempo em alcool. Habitat: Bassapó (littoral). 13. Ostracion quadricornis, L. Habitat: S. Carlos (littoral). 14. Chilomycterus antennatus, Cuv. Diodon antennatus, Cuv., Mem. Mus., 1818, p. 131; Chilomycterus antenmatus, Kaup., Wiegmann. Arch., 1855, p. 232; Gunth., Cat. Fish., t. vur, p. 311. Especie nova para a fauna do golfo de Guiné. Crustaceos 1. Micropisa violacea, A. Edw. Habitat: S. Carlos (littoral). 2. Panopeus Herbstii, Edw. Habitat: (a) S. Carlos (littoral): (b) Biapa. 3. Chlorodius (Leptodius) convexus, A. Edw. Habitat: Biapa. 10. PHYSICAS E NATURAES 57 . Epixanthus Helleri, A. Edw. Habitat: Mongola. . Neptunus diacanthus, Latr. Habitat: S. Carlos (littoral). . Gecarcinus ruricola, Edw. Habitat: Biapa. . Ocypoda Edwardsi, Osorio. Habitat: Mongola. - Gelasimus Tangeri, Eydoux. - Goniograpsus cruentatus, Latr. Habitat: (a) S. Carlos; (b) Mongola. Coenobita rugosus, Edw. Habitat: (a) S. Carlos; (b) Biapa; (c) Santa Isabel.. E realmente notavel que esta especie, que é americana, se encon- tre na parte mais elevada da ilha, no Pico de Santa Izabel. O pro- fessor Greeff tinha encontrado a mesma especie a 800” de altitude no Monte Café, na ilha de S. Thomé. Vl: Clibanarius vulgaris, Dana. Habitat: 8. Carlos (littoral). 12. Palaemon Olfersi, Wiegmann. Habitat: Biapa. 13. Palaemon Jamaicensis, Herbst. Habitat: Bassapó (littoral). 58 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Crustaceos da Ilha de Elobey 1. Panopeus Herbstii, Edw. 2. Chlorodius (Leptodius) convexus, A. Edw. 3. Goniograpsus cruentatus, Latr. 4. Porcellana speciosa, Dana. en do) PHYSICAS E NATURAES LES POISSONS D'EAU DOUCE DES ILES DU GOLFE DE GUINÉE PAR BALTHAZAR OSORIO Depuis bien des années existent au Muséum d'Histoire naturelle de Lisbonne des espêces de poissons recueillis par M. F. Newton à Pile de Saint Thomé et qu'y habitent ses fleuves et rivieres. Contrairement aux resultats obtenus par M. le prof. (ireeff, qu'y avait cueilli une seule espece de poisson d'eau douce, le Gobius Bus- tamantei, decripte par ce savant dans les Sitzungsberichte der Gesells- chaft zur Befórderung der gesammten Naturwissenschaften zu Marburg, M. Newton, en explorant les nombreux cours d'eau de cette íle, a ac- quis pour le Muséum un nombre considérable d'exemplaires et pour la science bien des espêces intéressantes comme on verra bientôt. Les íles, du Prince, d'Anno Bom et de Fernão do Pó furent visi- tées et explorées par M. Newton et il y a recueilli aussi beaucoup de poissons d'eau douce. L'étude et détermination de ces especes nous permit à ce mo- ment une vue d'ensemble sur la faune aquatique des íles du Golfe de Guinée aussi bien que constater combien les espêces d' Amerique y sont frequentes. Pour les crustacés terrestres, fluviatils et maritimes nous avions dit déja dans les notes publiées à ce journal, que des espéces d'Ame- rique se trouvent aux íles du Golfe de Guinée. Nous préparons sur ce sujet une note qui paraítra au prochain numero du Jornal de Sciencias Mathematicas Physicas e Naturaes, ou il sera question de la distribution geographique des crabes et poissons d'Afrique, étudiés par nous, et du classement de ces íles au point de vue zoologique. A cette note combien de faits interessants! Quatre especes des fleuves et des eaux douces de Amerique se trouvent aux fleuves et 60 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS lacs des íles du Golfe de Guinée. Ainsi, le Gobius soporator, Cuv. et Val, du Golfe du Mexique et de la Mediterranée se trouve à Saint Thomé; le Sycidium plumieri, Bl., que vive dans les fleuves ameri- cains, se trouve aux íles de Saint Thomé, d'Anno Bom et Fernando Pó. A Saint Thomé cette espêce monte à une hanteur considérable a 530m d'alt. L'Eleotris dormitatria, Cuv. et Val., poisson des eaux douces des iles du Mexique et de " Amerique, se trouve à lile de Fernando Pó. L'Eleotris gyrinus dont Vhabitat était jusqu'à ce jour les eaux douces de la Martinique, Saint Dominique, Mexique et Surinam fut trouvé à bien des fleuves à Saint Thomé, à lile du Prince, à Fernando Pó et au lac de lile d'Anno Bom, à une altitude de 220”. Ce dernier fait est, je pense, bien intéressant. Nous avions déjá mentionné un autre à peu-prês semblable. Le Gobius lanceolatus, poisson des eaux douces d' Amerique, tronvé au lac Jessimé à Dahomey;! mais à une altitude de 220", dans un lac, beaucoup d'individus d'une espêce d'eau douce d'Amerique, c'est à | faire penser. Je sais bien que les Gobius se servent de sa nageoire ventrale comme d'une espeêce de suçoir pour se maintenir aux pierres des lits des fleuves à cours rapide, comme les fleuves de Pile de Saint Thomé, et je vois aussi qu'ils montent tres haut dans les fleuves. Je sais aussi qu'un grande nombre des espêces des eaux douces des iles du Golfe de Guinée sont ou des Gobius ou appartienent à des genres prochains, Sycidium, Eleotris, dont les nageoires ventrales, dans les Sycidium entigrement semblables pour sa disposition à la ventrale des Gobius, serviront, peut-être, pour maintenir les individus qui vi- vent dans les fleuves à courant três forte. Une autre espêce qui n'est, à proprement parler, americaine mais qui a ses représentants aux mers tropicales d'Amerique, est le Peri- ophthalmus papilio, Bl. var. e Gunth. Elle vive à Saint Thomé, à Pile du Prince et à Fernando Pó. M. le prof. Giinther mentionne déjá au Cat. Brit. Fish. ce dernier habitat. Encore une espêce americaine, le Mugil brasihensis, Agass., fut trouvé à Saint Thomé. Elle était déjá connue, par les notes de Fº. Ca- pello, comme appartenant à la faune ichthyologique de V'Afrique oe- cidentale. Voici la liste compléte des espêces cueillies par. M. Newton et qui révele un petit nombre de faits três intéressants pour la science. Serranus aeneus, Geoffr. Lutjanus jocu, Cuv. et Val. » entactus, Blkr. Pristipoma bennettii, Lowe. Gerres melanopterus, Blkr. 1 Cet espêce fut envoyé aussi de Bissau ao Muséum de Lisbonne. PHYSICAS E NATURAES 61 Caranx carangus, Cuv. et Val. Gobius mendronti, Svg. » Bustamantei, Greeff. » — soporator, Cuv. et Val. Sycidium plumieri, Bl. Periophthalmus papilio, Bl. var. « Gunth. Eleotris gyrinus, Cuv. et Val. » dormitatris, Cuv. et Val. Mugil brasiliensis, Agass. Pocciliu spilargyreia, Dumér. Poissons de !Ile de Saint Thomé 1. Serranus aeneus, Geoffr. Nom ind.: Corvina preta. Habitat: Flenve Agua Grande. 2. Lutjanus eutactus, Blkr. Nom ind.: Corvina branca. Habitat: Fleuve Agua Grande. 3. Lutjanus jocu, Cuv. et Val. Nom ind.: Corvina preta do rio. Habitat: Fleuve S. Miguel. 4. Gobius Mendroni, Svg. Habitat: (a) Fleuve Quija; (b) Plage das Conchas. 5. Gobius Bustamantei, Greeff. à q. Le plus grand de nos individus un é mesurant 0",14. Les exemplaires recueillis par M. le prof. Greeff provenaient de- Fleuve do Ouro et du Fleuve Agua Grande. Habitat: Fleuve Quija. Alt. 520” 6. Gobius soporator, Cuv. et Val. Nom ind.: Charroco. Habitat: Fleuve Angolar. 62 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 7. Gobius sp.? 8. Gobius sp.? 9. Sycidium plumieri, Bl. Habitat: (a) Fleuve S. Miguel; (b) Fleuve Quija. Alt. 530"; (e) Portinho. Alt. 400”; (d) Fleuve Gamoella. Alt. 2009. La description de cet espêce donnée par Cuvier s'acorde parfaite- ment avec les caractêres de nos individus. Ils en différent non obstant par la relation des dimensions de V'anale avec la longueur totale. Elle y est comprise plus de neuf fois et demie et non plus de sept fois, comment dit Cuvier. 10. Periophthalmus papilio, Bl. Cet espêce fut déjà mentionné par nous dans ce journal (2.º ser., ni Vip 20): 11. Eleotris gyrinus, Cuv. et Val. Habitat: (a) Fleuve Quija; (b) Fleuve Angolar, Plage das Con- chas. Cet espêce fut recueill aussi par M. Newton au Lac de Daho- mey. Lac de Jessimé? 12. Mugil brasiliensis, Agass. Nom ind.: Tainha. Habitat: Rio Quija. Poissons de !VIle dºAnno Bom 1. Gobius Mendroni, Svg. 2. Sicydium plumieri, Bl. Nom ind.: Gatálasso. Habitat: (a) Fleuve Saint Pierre; (b) Riviêre Saint Jean. Les jeunes de cet espece, mesurant de quatre à cinq centimétres de longueur, n'ont pas la teinte uniforme des vieux individus. Ils ont aux flancs des larges bandes noirâtres, irrégulieres, separées par des raies jaunâtres d'un millimêtre, ou à peu-prês, de largeur. Cet espêce est vulgaire dans les cours d'eau que je viens de nommer. PHYSICAS E NATURAES 63 3. Eleotris gyrinus, Cuv. Nom ind.: Sogo. Habitat: Lac d'Anno Bom. Alt. 220. Vulgaire, suivant M. Newton. Il y sert pour Valimentation. Poissons de !'Ile du Prince 1. Lutjanus jocu, Cuv. et Val. Habitat: Fleuve Banzu (tout proche de "embouchure). A) - Pristipoma bennettii, Lowe. Habitat: Fleuve Banzu (tout proche de "embouchure). 3. Gerres melanopterus, Blkr. Habitat: Fleuve Banzu (tout proche de ]'embouchure). 4. Caranx carangus, Cuv. et Val. | Habitat: Fleuve Banzu (tout proche de "embouchure). 5. Periophthalmus koelreuteri, Pallas, var. «: Gunther. Habitat: Fleuve Papagaio. 6. Eleotris gyrinus, Cuv. et Val. Nom ind.: Charroco. Habitat: Fleuve Papagaio. Alt. 60”, 7. Clinus nuchipinnis, Quoy et Gaimard. Nous donnons ici cet espêce maritime trouvé à Praia Calabar par M. F. Newton. 64 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Poissons de Ile Fernando Pó 1. Sicydium plumieri, Bl. Nous avons reconnu dans les exemplaires de cet espece recueillis- à Pile de Fernando Pó, aussi bien que dans ceux des autres íles du Golfe de Guinée, que les rayons de la premiêre dorsale ne sont pas. prolongés, comme on dit dans les diagnoses de la même espêce, re- cueilie à I Amerique. Nous avons reconnu aussi, dans nos individus,. une bande noirâtre tout au long de [anale et qui n'est pas men- tionnée par Cuvier ni par Gunther. 2. Periophthalmus koelreuteri, Pallas, var. e, Gunther. Habitat: Biapa. 3. Eleotris gyrinus, Cuv. et Val. Habitat: Biapa. 4. Eleotris dormitatrix, Cuv. et Val. Habitat: S. Carlos (littoral). Cet espêce, nouvelle pour la faune d' Afrique occidentale, se trouve: dans les eaux douces des íles de " Amerique et du Mexique. 5. Poecilia spilargyreia, A. Dumer. Habitat: Fleuve Consul. PREÇO DESTE NUM. 500 RÉIS Acha-se à venda no Deposito de impressos da Academia. Ei A correspondencia deve ser dirigida, franca de porte, à Re- dacção do JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS, PHYSICAS e NA- | TURAES, na Academia Real das Sciencias de Lisboa, rua do Arco (a Jesus). | o “U Ó / ) | JORNAL D) NUA E rms SAS NT | o E E » “ACADEMIA REAL DAS SEIA DE LISBOA SEGUNDA SÉRIE Tom. IY— Maio, 1896 — Num. XIV LISBOA TZPOGRAPHIA DA ACADEMIA M- 1896 DD q VR E ave SPD Sã ia tis de algumas porieeties aê a voyage de M. le Ra Emil Holub, os E PNR PA LP A PNG PHYSICAS E NATURAES 65 REPTIS DE ALGUMAS POSSESSÕES PORTUGUEZAS D'AFRICA QUE EXISTEM NO MUSEU DE LISBOA POR J. V. BARBOZA DU BOCAGE As modestas collecções herpetologicas de que vamos dar noti- cia, recebidas de algumas das nossas possessões africanas, constam de exemplares que, durante o largo periodo de quasi trinta annos, temos conseguido reunir no Museu de Lisboa, graças à illustração e boa von- tade de alguns compatriotas, pela maior parte funccionarios do Estado, que n'aquellas remotas regiões quizeram prestar à sua patria mais este assignalado serviço, consagrando o tempo que lhes ficava livre do des- empenho de suas funcções officiaes a proveitosas investigações sobre as faunas locaes. A todos consagramos aqui o sincero testemunho do nosso reconhecimento, que é para muitos d'elles, infelizmente, apenas um justo preito de saudade à sua honrada memoria. Oxalá que esta nossa publicação possa servir de incentivo aos funccionarios do ultramar a que sigam agora e de futuro o exemplo “de seus predecessores, auxiliando as diligencias dos que continuarem a promover os progressos da zoologia no nosso paiz e o engrandeci- mento do Museu Zoologico. Assim se conseguirá aperfeiçoar e com- pletar a obra, por ventura ingloria, a que consagrámos a melhor parte da nossa existencia. I.-Reptis do Archipelago de Cabo Verde Consta apenas de nove especies a nossa collecção de reptis d'este archipelago, com quanto estejam n'ella representadas quasi todas as que hoje se conhecem d'esta procedencia. ! Em tão resumido numero 1 Lopes de Lima, nos seus Basaios sobre à statistica das possessões portugue- zas no Ultramar, dá algumas informações, assaz defficiêntes, ácerca da fauna do JORN. DE SCIENC. MAH. PHYS. E NAT.— 2.º sERIE— N.º XIV 5 66 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS avultam, porém, typos que se recommendam à attenção do zoologista pelo seu habitat especial e ainda por notaveis particularidades da sua organisação. Cumpre tambem observar que se não pode ter por com- pleta a exploração zoologica de toda esta região, pois nem todas as ilhas teem sido visitadas por naturalistas, nem se pode affirmar que não sejam ainda fructuosas novas investigações nas ilhas já explo- radas. | Das pessoas que nos favoreceram com os specimens que figuram nas nossas collecções faremos menção especial ao tratar de cada uma das especies que vamos enumerar; e tambem teremos occasião de ci- tar os nomes dos viajantes e naturalistas a quem se devem os exem- plares que nos consta existirem em alguns museus scientificos da Eu- ropa. 1. Thalassochelys caretta. Testudo caretta, Linn., Syst. Nat., 1, p. 351; Thalassochelys caretta, Boulen- ger, Cat. Chelon. B. M., 1889, p. 184. Um exemplar muito joven d'esta especie, colhido na ilha de 8. Vi- cente, e que d'ali nos foi recentemente enviado pelo governador geral de Cabo Verde, o nosso amigo Serpa Pinto, confirma a asserção de Lopes de Lima de que se criam Tartarugas n'aquelle archipelago. 2. Hemidactylus Bowvieri (est. I, fig. 2). Emydactylus Bouvieri, Bocourt, N. Arch. Mus. Paris, vr, 1870, Bull. p. 17; Hemidactylus Cessacii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. de Lisboa, Iv, 1873, p. 210; H. Bowvieri, Boulenger, Cat. Liz. B. M., 1, 1885, p. 118. Em 1873 descrevemos esta curiosa especie, exclusiva do archi- pelago de Cabo Verde, sob a denominação de H. Cessacii, por não ad- vertirmos que em 1870 a mencionara M. F. Bocourt dando-lhe o nome de H. Bouwvieri, nome que deve prevalecer por direito de prioridade. Parece-nos comtudo conveniente reproduzir aqui, com tenues modifi- cações, a nossa descripção: «Tête grande; museau acuminé; tronc et membres courts; orifi- ces auriculaires petits et ronds. Rostrale quadrangulaire avec un sillon médian; narines situées entre la rostrale, la 1º labiale et trois ou qua- archipelago de Cabo Verde. Diz que em todas as praias, principalmente das da ilha do Sal, se“eria grande quantidade de Tartarugas, e que se não encontram no ar chipelago serpentes, mas sim o Cágado, a Rãa e o Sapo, além do Lagarto vul- gar e da Lagartiza ordinaria (Lopes de Lima, Op. cit., 1, p. 28). Das tartarugas, que deverão ser a Chelone mydas ou a Thalassochelys careita, ou uma e outra, apenas temos no Museu um exemplar authentico d'esta ultima especie. Do Cágado, do Sapo e da Ráãa tambem nos faltam exemplares, se é que alli existem. Quanto ao Lagarto e à Lagartixa, cremos que ao Macroscincus Co- ctet, dos ilheos Branco e Raso, e às quatro especies conhecidas de genero Mabuia se podem applicar aquellas referencias de Lopes de Lima. Uma das quatro especies de Mabuia, M. Vaillantii, Boulenger, tambem não existe ainda no nosso Museu. A E quis ANS Sid ata DT Arad qa DD ' > 5 EA PHYSICAS E NATURAES 67 tre petites plaques; sept à huit labiales supérieures et six à sept labia- les inférieures; mentonniere triangulaire, enclavée entre la 1º paire de sous-labiales et la 1º paire de sous-mentales. Doigts libres, pouces bien developpés; trois et quatre lamelles sous-digitales aux membres an- térieurs, quatre et cing aux membres postérieurs. Tête et dos recou- verts de granulations, celles de la tête plus petites; face ventrale gar- nie de petites écailles à bord libre arrondi, disposées en séries régu- ligres; queue revêtue de verticilles d'écailles, celles du milieu de la face inférieure três grandes. Deux pores pré-anaux chez le mãle, qui porte aussi de chaque côté de la base de la queue un petit tubercule pointu. «La tête en dessus d'un brun-roux pãle, bordée sur les côtés et en arriere par une strie noirâtre, qui part de la narine, traverse Veil et se réunit sur la nuque à celle du côté opposé; le dos et la queue sont ornés de larges bandes transversales noirâtres à centre, plns ou moins étendu, d'une teinte pâle, roussâtre, et separées par des espaces d'un blanc-grisâtre ou fauves; un de nos individus porte sur le milieu du dos une bande longitudinale claire; parties inférieures d'un “blanc lavé de gris ou de roux. Monsueurtotale! = ser orla o ee So SraI 71 mm. » deslartêterd ea Ds ae 12 » Largeur de latête....... ES apa ap PA to di) onda iron O aroro ni rena 26 » » dus nes anda, Aire aço crops o alto PER 1200» » duo men posted siopnin se o apadas 15 » » de-la queue. ...... Enya raretade RENTE D) «Habitat: les íles de 8. Thiago, S. Vicente et Santo Antão.» E bem caracterisada esta especie pela bonita pintura do dorso. Por isso e por suas pequenas dimensões é facil distinguil-a das outras Osgas que se encontram no archipelago. Ácerca dos seus costumes nada sabemos. Os primeiros exemplares que obtivemos, typos do H. Cessacii, são provenientes da ilha de S. Thiago e foram-nos offerecidos em 1872 por M. de Cessac por occasião da sua visita a Lisboa em regresso das ilhas de Cabo Verde. Depois obtivemos outros specimens da mesma proveniencia pelo sr. Ferreira Borges, já fallecido, e da ilha de Santo Antão pelo nosso amigo o dr. Hopffer. São tambem originarios de S. Thiago os exemplares, que devem existir no Museu de Paris, descriptos por M. Bocourt, e d'alli trazi- dos por M. A. Bouvier, companheiro de M. de Cessae na excursão por ambos realisada ás ilhas de Cabo Verde pelos annos de 1869 e 1870. No Museu Britannico existem dois exemplares da ilha de S. Vi- cente, offerecidos áquelle estabelecimente pelo rev.ºº Lowe. 68 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 3. Hemidactylus Brookii. Hemidactylus Brookii, Gray, Zool. Erebus and Terror, pl. XV, fig. 2º Bou- lenger, Cat. Liz. B. M., 1, 1885, p. 128; H. verruculatus? Bocage; Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1867, p. 219. Referimos em duvida ao H. verruculatus, Cuv. (H. turcicus, L.) os primeiros exemplares d'esta osga que recebemos da ilha de S. Thia- go, agora porém não hesitamos em consideral-os identicos ao H. Brookia, assim designado por Gray, mas do qual sómente conseguimos formar uma idéa exacta pela descripção que publicou M. Boulenger na obra citada. Ao H. turcicus muito se assemelha com effeito esta especie, e será, facil a confusão quando se não attenda a que ha n'ella tuberculos dor- saes mais pequenos, menor numero de lamellas infra-digitaes e mais poros femoraes no macho. O H. Brookii, largamente disseminado pela costa occidental d'Africa, foi descoberto em 1866 por Leyguarde Pimenta na ilha de. S. Thiago, a unica do archipelago onde, ao que nos consta, tem sido encontrada. D'esta procedencia ha exemplares no Museu Britannico e bem assim de Fernão do Pó e de varias localidades da costa occiden- tal. Os nossos foram-nos offerecidos por Leyguarde Pimenta. 4. Tarentola Delalandii. Platydactylus Delalandii, D. & B., Erp. Gén., 111, p. 324; Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1, 1866, p. 42; Tarentola Delalandii, Boulenger, Cal. Taz. B. M., 1, 1885, p. 199. Esta osga, que é um habitante muito conhecido da Africa occi- dental e das ilhas da Madeira e Canarias, tem sido tambem encon- trada em varias ilhas do archipelago de Cabo Verde, onde parece ser abundante. Temos exemplares de S. Thiago offerecidos por Leyguarde Pimenta e Ferreira Borges, e de Santo Antão pelo dr. Hopffer. No Museu Britannico ha exemplares de S. Thiago e de 8. Vicente. 5. Tarentola gigas (est. I, fig. 1). Ascalabotes gigas, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v, 1875, p. 108; Tarentola gigas, Boulenger, Cat. Liz. B. M., 1, 1885, p. 200. «Espéce de grande taille, à formes trapues, se rapprochant par son écaillure de la T. Delalandii (D. & B.). «Tête grosse, épaisse en arriére; museau étroit et obtus. La ros- trale a la forme d'un parallelogramme allongé et porte un sillon ver- tical médian; dix labiales supérieures de forme quadrangulaire, dont les dimensions vont successivement décroissant en arriére; huit la- biales inféricures; mentonniêre longue, étroite et tronquée en arriere, ayant de chaque coté trois sous-mentales, quelquefois deux, en con- tact avec les trois premitres labiales inférieures. Bord antérieur de Porifice auriculaire non denticulé. Le partour de la narine est consti- PHYSICAS E NATURAES 69: tué par la rostrale, la 1º labiale et trois plaques nasales à peu-prês d'égales dimensions. «Le corps est garni en dessus de petites granulations et de tu- bercules non carénés, circulaires et convêxes; ces tubercules sont dis- posés sur le dos en dix-huit séries longitudinales. La queue, verticil- lée, est revêtue en dessus et sur les cotés de granulations et porte six séries longitudinales de tubercules, plus forts et d'une forme conique plas accentuée que ceux du dos. Le revêtement du dessous du corps est formé de petites écailles aplaties, dont les dimensions et les for- mes varient suivant les régions qu'elles protégent; les verticilles de la queue sont composés, à leur face inférieure, d'écailles quadrangulai- res ou héxagonales, disposées en rangs paralléles, et dont les dimen- sions augmentent de la base vers le bord de chaque verticille. Chez tous nos spécimens deux forts tubercules se font remarquer de chaque côté de la base de la queue, à sa face inférieure. «En dessus, d'un gris-brunâtre avec des taches d'un brun plus foncé, disposées en bandes transversales sur le tronc et la queue; sur le milicu du dos rêgne souvent une bande longitudinale plus claire; la tête en dessus est variée de taches et de lignes brunes; une petite raie fauve bordée de brun s'étend de la narine à Vceil; les labiales su- péricures et inférieures sont irrégulitrement tachetées de brun et quel- ques traits de cette couleur se montrent sur les côtés du cou et sur les flanes. Les régions inféricures d'un blanc jaunâtre sans taches. Eonsuenr totale im ipa ico Sela etie 236 mm. » dedlantetene cs so Raro lado e) od) argenr de la t6le es nie mote cjoloia 30 » Longueur du tronc........... cc... RS ra npio 125 » » duimemb: ant. pera stat afotiars 2 AB » duimembo posts ide oelo oras Re nte POTRO » de la queue... ins os os ERR Raf JS» «Habitat: Tlheo Raso.» Esta osga assemelha-se sem duvida à T. Delalandi, que se tem encontrado em varias ilhas do archipelago; porém bastará attender-se ás suas maiores dimensões e ao numero mais elevado das filas longi- tudinaes de tuberculos do dorso para que não possa confundir-se com ella. Parece habitar exclusivamente o Ilheo Raso, onde foi descoberta em 1874 pelo nosso amigo o dr. Hopífer, a quem devemos todos os exemplares d'esta especie que existem no Museu de Lisboa. 6. Mabuia Delalandii. Euprepes Delalandii, D. & B., Erp. Gén., p. 690; Bocage, Jorn. Ac. Se. Liso boa, 1, 1867, p. 44 e 2283; Ibid., v, 1875, p. 111; Mabuia Delalandii, Bou- lenger, Cat. Liz. B. M., ur, 1887, p. 158. Os auctores da Erpetologie Générale suppunham esta especie ori- ginaria do Cabo da Boa Esperança pela haverem encontrado nas col- “0 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS lecções zoologicas trazidas da Africa austral pelo celebre viajante De- lalande; porém hoje temos por assentado que clla sómente se encon- tra nas ilhas de Cabo Verde. Todos os nossos exemplares são da ilha de 8. Thiago, d'onde é muito natural que proviessem tambem os exem- plares typos do Museu de Paris; no Museu Britannico ha tambem exemplares da Ilha Brava. Os nossos specimens foram-nos oferecidos por Leyguarde Pimenta, Ferreira Borges e Anchieta. Existem no Museu Britannico exemplares de outra especie de Mabuia, tambem da ilha de S. Thiago, que não está ainda represen- tada nas nossas collecções. E a M. Vaillantii, Boulenger (Op. cit., p. 159, pl. VII), muito semelhante à M. Delalandii, pois tem como esta reunidas em placas simples tanto as fronto-parietaes como as parietaes e a inter-parietal; mas comtudo distincta por suas maiores dimensões, pelas côres, por differenças no numero e dimensões relativas de algu- mas outras placas cephalicas, e ainda por ter no tronco maior numero: de series longitudinaes de escamas. ! 7. Mabuia Stangeri. Euprepes Stangeri, Gray, Cat. Liz. B. M., 1845, p. 112; E. Hopyeri, Bo- cage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v, 1875. p. 110; Mabuia Stangeri, Boulenger, Cat. Liz. B. M., 1887, p. 157, pl. VI, fig. 2. Quer M. Boulenger que a especie de Cabo Verde a que demos. em 1875 o nome de KEuprepes Hopjeri seja identica à M. Stangeri (Gray). Em vista da sua descripção, publicada na nova edição do Ca- . talogue of Lizards in the British Museum, accreditamos que o seja; mas é certo que pela confrontação dos nossos exemplares com a des- eripção original de Gray ninguem chegaria a semelhante conclusão. Os exemplares typos da M. Stangeri são provenientes da-expedi- cão ao Niger, mas parecem não ter indicação precisa do seu habitat; ha, porém, no Museu Britannico exemplares da ilha de S. Vicente e do Ilheo Raso. M. Boulenger considera identico a esta especie o Euprepes poly- lepis, Peters, e por isso suppõe que o seu habitat se estende pela Africa occidental até Damaraland. Os nossos specimens são do Ilheo Raso e foram-nos offerecidos pelo dr. Hopffer. 1 Nas duas especies a côr fundamental é quasi identica, d'um pardo bron- zeado ou azeitonado; porém na M. Delalandii ha de cada lado do dorso, que é d'um castanho escuro uniforme, uma faixa longitudinal clara, emquanto que na M. Vaillantii ha, além das duas faixas lateraes claras, outra faixa longitudinal a meio do dorso, a qual se estende até à base da cauda. p PHYSICAS E NATURAES al 8. Mabuia fogoensis. Euprepes fogoensis, O'Saughn., Ann. & Mag. N. H., xi. 1874, p. 300; Ma- buia fogoensis, Boulenger, Cat. Liz. B. M., im, 1887, p. 157, pl. VI, fig. 1. 4 Das tres precedentes especies do genero Mabuia se distingue esta pelo maior numero de filas longitudinaes de escamas que lhe envol- vem o tronco e pelas menores dimensões d'estas escamas; com a M. Stangeri fôra facil confundil-a, à primeira vista, pela semelhança das córes.. São da ilha do Fogo os specimens typos do Museu Britannico e d'ahi lhes veiu o nome especifico. N'este Museu ha tambem exempla- plares da ilha de S. Vicente. Os nossos são da ilha de Santo Antão, offerecidos pelo dr. Hopffer. 9. Macroscincus Coctei (est. II). Euprepes Coctei, D. & B., Erp. Gén., v, p. 666; Macroscincus Coctei, Bocage, - P. Z. 8. Lond.. 1873, p. 708; id., Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1873, p. 295; Boulenger, Cat. Liz. B. M., 11, 1887, p. 149. D'esta curiosissima especie, cujo habitat foi por largos annos igno- rado, já tivemos occasião de dar n'outro logar uma minuciosa descri- pção, acompanhada de pormenores ácerca da sua mais recente desco- berta no ilheo Branco, que demora entre as ilhas de Santa Luzia e de S. Nicolau, mais proximo d'aquella. 1 Referimos então que no Museu de Lisboa existiam tres exempla- res do E. Coctei provenientes do Gabinete da Ajuda, como o speci- men typo de Dumeril e Bibron, e como este desprovidos de qualquer indicação ácerca da sua patria, servindo-nos estes exemplares apenas de incentivo a que sollicitassemos dos nossos correspondentes d'Africa as suas diligencias na descoberta d'este mysterioso animal. Dissemos tambem como afinal haviam sido coroados de exito os nossos esforços, graças ao dr. Hopifer, a quem a sciencia patria deve, além d'este assi- gnalado serviço, varias outras investigações interessantes ácerca da fauna do archipelago de Cabo Verde. Foi em 1873 que recebemos os primeiros exemplares vivos do Macroscincus Coctei, remettidos polo dr. Hopffer e capturados no ilheo Branco, a mesma localidade d'onde eram originarios, como tivemos ulteriormente occasião de verificar, os tres exemplares provenientes do Gabinete da Ajuda e o exemplar typo descripto por Dumeril e Bi- bron, os quaes haviam sido remettidos das ilhas de Cabo Verde em 1784 pelo naturalista João da Silva Feijó. 2 1 V. Jorn. Ac. Sc. Lisboa, Iv, 1873, p. 85 e seguintes. À 2 Tivemos a fortuna de descobrir, confundidas com outros papeis que vieram do Gabinete da Ajuda, cartas do uaturalista Feijó, escriptas de varias ilhas de Cabo Verde nos annos de 1784 e 1785, e juntamente relações de algumas das re- messas por elle effectuadas n'esses annos. N'uma d'estas relações, com data de 1784, veem mencionados dois Lagartos do Tlheo Branco juntamente com aves é zoophytos da mesma localidade. “2 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Dos tres exemplares que recebemos vivos, dois succumbiram ao cabo de alguns mezes, porém o terceiro, o maior de todos, viveu du- rante quasi quatro annos, alimentando-se exclusivamente de vegetaes, regimen que o exame dos dentes nos fizera presumir ser-lhes pecu- liar. Vive esta especie, conforme ulteriormente se averiguou, nos ilheos Branco e Raso, e é conhecida dos habitantes do archipelago pelo nome de Lagarto. Da sua carne se alimentam os pescadores indigenas que occasionalmente visitam aquelles ilheos inhabitados; por isso, porque a sua captura é facil e talvez tambem por ultimamente ser alvo da pre- seguição dos naturalistas, é de receiar que n'um praso mais ou menos curto venha a desapparecer. À maior parte dos nossos exemplares apresentam uma cauda de nova formação, mais curta e com um revestimento de escamas mais irregular, em consequencia de mutilações; que se devem talvez attri- buir á caça que lhe fazem os pescadores nas suas visitas aos ilheos. Figuram actualmente na nossa collecção doze exemplares do Ma- croscincus “octei: tres do Ilheo Branco, remettidos em 1784 ao Gabi- nete da Ajuda pelo naturalista Feijó; quatro d'esta mesma localidade que o dr. Hopffer nos offereceu em 1873; dois do Ilheo Raso tambem offerecidos pelo dr. Hopffer em 1874; emfim tres magnificos exempla- res vivos, egualmente do Ilheo Raso, que acaba de nos enviar de Cabo Verde o nosso celebre explorador Serpa Pinto, actualmente governa- dor d'aquella provincia ultramarina. Para melhor elucidação da nossa estampa julgamos conveniente transcrever para aqui, resumindo-a, a descripção que em 1873 pu- blicâmos d'esta especie. cTaille forte; tête courte et pyramidale, três renflée en dessous et en arriére de Vangle de la machoire; tronc large et déprimé; mem- bres courts et forts; doigts médiocres et légerement comprimés; queue assez developpée chez les individus qui [ont intacte, plus ou moins courte quand, par suite d'une mutilation, elle a été regénerée. «La tête est revêtue en dessus de plaques rugueuses chez les in- dividus adultes. La rostrale de forme triangulaire couvre Vextrémité obtuse du museau; au-dessus de son sommet deux supéro-nasales en contact; Vinter-nasale est assez developpée, plus large que longue; deux fronto-nasales en contact précedent la frontale, qui est hexago- nale et dont les bords latéraux sont plus étendus que les antérieurs et les postérieurs; les fronto-pariétales contigues laissent un angle ren- trant qui reçoit V'extrémité antérieure de Vinter-pariétale; celle-ci beau- coup plus petite que la frontale sépare complétement les pariétales; ces trois plaques sont bordées en arriere par deux plaques nuchales étroites. On compte. de chaque côté, quatre sus-oculaires, dont les in ça ts PHYSICAS E NATURAES 3 trois premiéres touchent à la frontale, et six sourciliéres. La nasale est oblongue et à bord postérieur arrondi, prês du quel s'ouvre la na- rine; elle est suívie d'une plaque fréno-nasale; au-dessous de Vceil une série de sept à huit plaques. Orifice auriculaire garni en avant de trois lobules arrondis. «Le tronc est revêtu d'écailles héxagonales, petites et carenées sur le dos et les flancs, plus grandes et lisses sur les régions inférieu- res, disposées en 108 à 112 séries longitudinales. Les écailles du dos et des flancs portent en général deux carênes, mais on trouve aussi quelques écailles à trois et à quatre carênes entremêlées aux autres. Les écailles de la queue plus developpées que celles du tronc et à trois carênes plus ou moins effacées. Une série d'écailles assez gran- des couvrele bord du cloaque. «Les parties supérieures présentent sur un fond gris-olivâtre des taches irrégulitres noirâtres; ces taches sont plus confluentes sur la face supérieure de la tête, sur le milieu du dos et sur la queue. Les régions inférieures d'un blanc jaunâtre avec quelques petites taches arrondis d'un brun foncé. «Dimensions d'un individu en alcool: Du bout du museau à Vextrémité de la queue. 570 mm. em sueurade la tetel So Sao sietago AO aro quis lada o o ns a le Monsueurade la queue. os aule cipa css 000 0200 0!» » duna sand ro pontos DACs DS TEOR qa » alude mao po ste. ses cbataço ano cre ep O «A la machoire supérieure je compte d'abord quatre dents anté- rieures coniques, légerement courbes, implantées sur le pré-maxillaire, suivies aprês un court intervalle de vingt-deux dents à couronne com- primée et dentelée sur les bords; en tout vingt-six dents de chaque côté. Chaque branche de la machoire inférieure porte également vingt- six dents; mais ceux-ci sont uniformes et ressemblent par la disposi- tion de leur couronne à ceux du maxillaire supérieur.» ! II. —KReptis da Guiné Portugueza A nossa collecção consta, como se verá, de exemplares encontra- dos na zona littoral da Guiné portugueza, limitrophe ou, para melhor dizer, encravada nas possessões francezas da Senegambia. 1 Le professeur Paul Gervais publia dans le .Jowrnal de Zoologie les figures três exactes de la tête osseuse et du systeme deniaire du Macroscincus Coctes (V. Journal de Zoologie, 111, 1874, pl. —). 14 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Às especies comprehendidas na presente lista representam uma parte, talvez insignificante, das que devem existir n'essa porção de territorio sujeito ao dominio de Portugal; mas a sua inferioridade nu- merica ainda mais se accentua se as compararmos ás que se diz exis- tirem na vasta região da Senegambia, mesmo não se acceitando por perfeitamente averiguado tudo quanto a tal respeito se acha publi- cado. Offerece pois a Guiné um vasto campo a futuras investigações é fazemos ardentes votos porque conterraneos nossos prosigam na hon- rosa tarefa de a explorarem em proveito da Sciencia. 1. Cinixys Belliana. Kinixys Belliana, Gray, Synops Rept., 1881, p. 69; Cinixys Belliana, Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 2; Boulenger, Cat. Chelon. B. M., p. 148. Um g adulto d'esta especie, oriundo da Guiné, foi-nos enviado de S. Vicente pelo nosso amigo Serpa Pinto. 2. Chelone mydas. Testudo mydas, Syst. Nat., 1, p. 350; Chelone mydas, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1, 1866, p. 41; Herp. d'Angola d& Congo, 1895, p. 6; Boulenger, Cat. Chelon. B. Mus., 1889, p. 180. Temos um exemplar adulto da costa da Guiné, que nos foi re- mettido vivo em 1866 por Leyguarde Pimenta. 3. Sternothaerus derbianus. Sternothaerus derbianus, Gray, Cat. Turt. B. M., 1844, p. 37; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, p. 41; Herp. d' Angola & Congo, 1995, p. 3; Bou- lenger, Cat. Chelon. B. M., 1889, p. 195. Dois exemplares, ambos de Bissáu: um offerecido por Leyguarde Pimenta, o outro por Ferreira Borges. Chegaram vivos a Lisboa e aqui viveram alguns mezes. Tivemos occasião de observar que não procuravam a agua, antes a evitavam, e mal os deixavam em liberdade iam esconder-se na terra em tocas que abriam com muita facilidade. 4. Grocodilus vulgaris. Crocodilus vulgaris, Cuv. Ann. Mus. Paris, x, 1807, p. 40, pl. 1 e 2; Bocage, Herp. d' Angola d Congo, 1895, p. 8. D'esta especie, abundante na (Guiné, temos um exemplar novo offerecido por Ferreira Borges. 5. Hemidactylus Brookii. Hemidactylus Brookii, Gray, Zool. Erebus & Terror, pl. XV, fig. 2; Boulen- ger, Cat. Liz. B. M., 1, 1885, p. 128. Esta osga, que tivemos já occasião de mencionar na lista prece- / PHYSICAS E NATURAES 75 dente dos reptis de Cabo Verde, está tambem representada no Museu por exemplares de Bissau e de Bolama, os primeiros enviados por Sá Nogueira, os segundos por Damasceno Isaac da Costa. 6. Lygodactylus gutturalis (est. I, fig. 3). Hemidactylus gutturalis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, Iv, 1873, p. 211; Lygo- dactylus gutturalis, Boulenger, Cat. Liz. B. M., 1, 1885, p. 161. D'esta pequena osga do genero Lygodactylus publicâmos em 1873 a seguinte descripção: | «Espece de petite taille, voisine do H. capensis, ayant comme celui-ci les pouces rudimentaires. Corps recouvert en dessus de peti- tes granulations uniformes; écailles yentrales petites et arrondies; der- riêre la mentonniere une paire de plaques sous-mentales; 7 labiales supérieures et autant de labiales inférieures; 4 à 5 paires de plaques sous-digitales aux membres antérieurs et postérieures; 6 à 8 pores pré-anaux chez le mãle. Teinte générale en dessus d'un gris brunâtre plus ou moins foncé, pointillé de brun; de chaque coté du dos deux séries de taches roussâtres liserées de noirâtre; en dessous d'un gris- roux clair; le menton orné de deux chevrons bruns concentriques, le plus extérieur parallele aux bords de la machoire inférieure et I'autre situé à une certaine distance en dedans. Quelques individus portent une petite tache brune entre les branches du chevron interne. Deux traits bruns, un partant de la narine, Vautre de Vextrémité du mu- seau, traversent longitudinalement la face latérale de la tête, le pre- mier par dessus Peel, Vautre par dessus les labiales supérieures, et finissent sur le cou à la hauteur de Vinsertion des membres antérieurs. Pupille circulaire. Done totale sc pan ro So a 15 mm. » denladieto paço una ES Da fara je 9 4 10» » CLERO REA 1 a uuaia a genes o ode cuba h a 20 » » denlafquene aa”. Pa DÃCS D Os specimens typos d'esta especie, colhidos em Bissau, foram-uos “ remeittidos em 1870 de Cabo Verde com outros reptis da mesma pro- * cedencia por R. de Sá Nogueira. 7. Agama colonorum. Agama colonorum, part., Daud., Rept., 111, p. 356; Boulenger, Cat. Liz. B. M.; 1, 1895, p. 356. Temos varios exemplares de Bissau e Bolama, enviados por Ley- guarde Pimenta, Sá Nogueira. G. Capello e Henrique Barahona. En- tre elles ha alguns, de ambas estas localidades, que pertencem á var. picticauda, Peters (V. Peters, Monatsb. Ak. Berl., 1871, p. 612 e 620). TÃO) JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 8. Varanus niloticus. Lacerta nilotica, L., Syst. Nat., 1, p. 369; Varanus saurus, Bocage, Jorn. Ac Lisboa, 1, 1886, p- 42; V. niloticus, Boulenger, Cat. Liz. B. M., 1, 1885, p. 817. É conhecido na Guiné, onde é mnito vulgar, pelo nome de Lim- guama. Os nossos exemplares são de Bissau e Bolama. Devemol-os ao Conselho Ultramarino e a Silverio Mendes Couceiro, Damasceno J. da Costa, H. Barahona e Santa-Clara. 9. Varanus exanthematicus. Lacerta exanthematica, Bosc., Act. Soc. H. N. de Paris, 1792, p. 25, pl. V, fig. 3; Varanus exanthematicus, Boulenger, Cat. Liz. B. M., m, 1885, p. 308. Menos abundante que o V. niloticus, o V. exanthematicus é assaz commum na Guiné, onde lhe dão o mesmo nome — Linguama. Os nos- . sos exemplares proveem das mesmas localidades que o primeiro, Bis- sau e Bolama, offerecidos por Silverio M. Couceiro e H. Barahona. 10. Mabuia Raddonii. Euprepes Raddoni, Gray, Cat. Liz. B. M., 1845, p. 112; E. gracilis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, Iv, 1872, p. 77; Mabuia Raddonii, Boulenger, Cat. Taz. R. M., 11, 1881, p. 165, pl. X. fig. 1. Existem apenas na nossa collecção dois exemplares d'esta espe- cie, adulto e joven, de Bissau, por. R. de Sá Nogueira. 11. Mabuia Perrotetii. Euprepes Perroteti, D. & B., Erp. Gén., v, p. 669; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lis- boa, 1v, 1872, p. 78; Mabuia Perrotetir, Boulenger, Cat. Liz. B. M., m1, 1887, p. 168. Deve ser esta especie muito mais abundante na Guiné do que a precedente, a julgarmos pelo grande numero de exemplares que della temos recebido de diversas localidades: de Bissau por Ley- guarde Pimenta, Silverio M. Couceiro e H. Barahona; de Bolama por Victor de Sá e H. Barahona; de Cacheu pelo dr. Hopífer. 12. Chamaeleon gracilis. Ch. gracilis, Hall., Jorn. Ac. Se. Philad., 1842, p. 324, pl. XVIII; Boulen- ger, Cat. Liz. B. M., mm, 1881, p. 448, pl. XXXIX, fig. 4 (a cabeça). É o unico cameleão que nos tem vindo da Guiné. Os nossos exemplares são de Cacheu e de Bissau; aquelles offerecidos por Ley- guarde Pimenta, estes por Ferreira Borges, Silverio M. Couceiro e H. Barahona. PHYSICAS E NATURAES q 13. Typhlops punctatus. Acontias punctatus, Leach in Bowdich Miss. Ashantee, 1819, p. 493; Typhlops punctatus, Boulenger, Cat. Snak. B. M., 1. 1893, p. 42. Ha na vossa collecção dois exemplares d'esta especie, um de Bis- sau por H. Capello, o outro de Bolama por H. Barahona; pertencem respectivamente ás variedades Escrichtii e lineolata. 14. Python Sebae. Coluber Sebae, Gm. Syst Nat.,1, p. 1118; Python Sebae, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1, 1866, p. 47; Boulenger, Cat. Snak. B. M., 1, 1893, p. 86. Dois exemplares, ambos novos, de Bissau, que devemos a Ley- guarde Pimenta. 15. Boodon lineatus. Boodon lineatum, D. & B., Erp. Gén., vir, p. 363; Boodon lineatus, Boulen- ger, Cat. Snak. B. M., 1, 1893, p. 332. : Temos exemplares de Bissau, Pimenta; de Cacheu, dr. Hopffer; ' e de Bolama, Victor de Sá e H. Barahona. 16. Lycophidium semicinctum, var. albomaculata. Lycophidium Horstocki, var. albomaculata, Steindachner, Sitz. Ak. Wien, 1870, p. 334; L. semicinctum, var. albomaculata, Boulenger, Cat. Snak. B. M., 1, 1898, p. 342. Esta variedade, muito bem caracterisada pela serie de malhas amarelladas que lhe ornam o dorso, é muito abundante na Guiné. Os nossos exemplares são provenientes de Bissau e de Bolama; os da pri- meira localidade por Ferreira Borges, Rodrigo da Costa, Sá Nogueira e Barahona; os da segunda por Damasceno Isaac da Costa e Barahona. N'um d'estes encontrámos no estomago um exemplar, ainda intacto, da Mabuia Perrotetii. 17. Heterolepis stenophthalmus. Heterolepis stenophthalmus, Moequard, Bull. Soc. Phil. (7), 1887, p. 16, pl. I, fig. 1; Simocephalus stenophthalmus, Boulenger, Cat. Snak. B. M. 1, 1893, p. 347. Esta rara especie, descripta ha poucos annos por Mocquard, está representada na nossa collecção por um exemplar de Bissau, offere- cido pelo Conselho Ultramarino. 8 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 18. Philothamnus irregularis. Coluber irregularis, Leach, mn Bowdich Miss. Ashantee, p. 494: Philothamnus irregularis, Bocage, Herp. d' Angola d& Congo, p. 85; Chlorophis irregula- ris, Boulenger, Cat. Snak. B. M.. 11, 1895, p. 96. Das tres especies de Philothamnus que temos recebido da Guiné parece ser esta a mais commum. Os nossos exemplares são de Bissau, Pimenta, e de Bolama, Barahona. 19. Philothamnus semivariegatus. Philothamnus semivariegatus, Smith, 1. 8. Afr. Zool. Rept., pl. 59 e 60; Bo- cage, Herp. d'Angola & Congo, p. 90; Boulenger, Cat. Snak. B. M., 11, 1895, p. 99. Dois exemplares de Bissau, ambos remettidos por Ferreira Borges, 20. Philothamnus ornatus. Philothamnus ornatus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, Iv, 1872, p. 80; Herp, d' Angola & Congo, 1885, p. 98, pl. XII, fig. 1; Chlorophis ornatus, Boulen- ger, Cat. Snak. B. M., 11, 1890, p. 93. Um dos typos d'esta especie, de Bissau, offerecido pelo dr, Hopffer. 21. Dasypeltis scabra. Coluber scabra, L., Mus. Ad. Fried., p. 36, pl. X, fig. 1; Dasypeltis scabra, Bocage, Herp. d' Angola d& Congo, p. 106. Um exemplar novo de Bissau por Leyguarde Pimenta. 22. Psammophis elegans. Coluber elegans, Shaw., Zool., p. 536; Psammophis elegans, Bocage, Jorn. Ae. Sc. Lisboa, 1, 1866, p. 49. Muito abundante na Guiné e largamente representada na nossa collecção por exemplares de Bissau e Bolama com que nos favoreçe- ram quasi todos os nossos correspondentes n'aquella possessão portu- gueza. 23. Psammophis sibilans. Coluber sibilans, L., Syst. Nat., 1, p. 383; Psammophis sibilans, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866. p 48; Herp. d' Angola & Congo, p. 114. Não menos abundante que a precedente. Encontrada em Bissau, Cacheu e Bolama. PHYSICAS E NATURAES 19 24. Coclopeltis lacertina. Natris lacertina, Wagl. & Spix, Serp. Bras., tab. 5; Coluber monspessulanaus, var. Neumayeri, Bp., Faun. Ital., pl. —. Consideramol-a rara na Guiné, porque apenas possuimos um exemplar que, em 1867, nos mandou Leyguarde Pimenta com a in- dicação de haver sido trazido da Guiné pelo viajante francez Bau- doin. | 25. Crotaphopeltis rufescens. Coluber rufescens, Gm., Syst. Nat., 1, p. 1094; Crotaphopeltis rufescens, Bo- cage, Herp. d' Angola d Congo, p. 122. Tres exemplares de Bissau por Leyguarde Pimenta, Ferreira Borges e Conselho Ultramarino; um de Cacheu pelo dr. Hopffer; to- dos jovens. 26. Dipsas Blandingii. Towicodryas Blandingii, Hall., Proc. Ae. Philad., 1845, p. 140; Dipsas Blan- dingii, Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 124. Um exemplar adulto de Bolama offerecido por H. Barahona. 27, Bucephalus capensis, var. viridis. Bucephalus capensis, var. viridis, Smith, Ill. S. Afr. Zool. Rept., pl. HI; Bo- cage, Herp. d' Angola & Congo, p. 121. Um exemplar de Bolama por H. Barahona. 28. Elapsoidea Giúntherii. Elapsoidea Grintherii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, p. 50 e 70; Herp. Angola & Congo, 129. Um dos typos da especie, offerecido por Leyguarde Pimenta, Pertence 4 var B. (loc. cit. p. 130), que está tambem representada na nossa collecção por um exemplar de Maconjo (Angola). 29. Naja nigricollis. Naja nigricollis, Reinhdt., Beskr. of nsgle nye Slang., p. 31; Bocage, Herp, d' Angola d& Congo, p. 135. Tres exemplares de Bolama por Victor de Sá e H. Barahona. 30. Dendraspis Jamesonii. Elaps Jamesonii, Trail, Trad. ingl. de Schleg. Phys. des Serp.; p. 179, pl. Il; Dendraspis Jamesonnii, Fischer, Neue Schlang. d. Hamb. Natwurh. Mus. 1856, tab. I; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, xr1, 1888, p. 140. Dois exemplares de Bolama por H. Barahona, e um de Bissau pelo Conselho Ultramarino. 80 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 31. Causus rhombeatus. Sepedon rhombeata, Licht., Verz. d. Doubl. Mus. Berl., 1823, p. 106; Cau- sus rhombeatus, Bocage, Herp. dº Angola & Congo, p. 145. É commnm na Guiné. Os nossos exemplares são de Cacheu, pelo dr. Hopffer, e de Bissau, por R. de Sá Nogueira e Ferreira Borges. 32. Rana occipitalis. Rana occipitalis, Griinth., Cat. Batr. Sal. B. M., 1858, p. 130, pl. XI; Bo- cage, Herp. d' Angola d Congo, p. 155. Tem sido encontrada em Bissau, d'onde recebemos exemplares por Leyguarde Pimenta, R. de Sá Nogueira e Ferreira Borges, e tambem de Bolama por H. Barahona. 33. Rana galamensis. R. galamensis, D. & B., Erp. gén., vir, p. 367; Boulenger, Cat. Batr. Sal. : B. M., 1882, p. 61. O unico exemplar que temos d'esta especie rara é de Bissau, ali encontrado em 1868 por Leyguarde Pimenta. 34. Rana oxyrhyncha. Rana oxyrhyncha (Sund.) Smith. Ill. S. Afr. Zool. Rept., pl. LXXVII, fig. 2: Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 159. Sómente temos exemplares de Bolama, por H. Barahona. 35. Rana mascareniensis. Rana mascareniensis, D. & B., Erp. Gén., vim, p. 350; Bocage, Herp. d'An- gola d Congo, p. 160. Varios exemplares de Bissau, Sá Nogueira, e de Bolama, Victor de Sá. 36. Rappia marmorata. Hyperolius marmoratus, Rapp., Arch. f. Naturg., 1842, p, 283, tab. 6; Rappia marmorata, Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 154. O exemplar unico que referimos a esta especie apresenta um de- senho muito caracteristico e diverso do que se observa nas variedades da R. marmorata que conhecemos: tem na face superior da cabeça, dorso e parte externa dos membros, com exclusão dos braços e coxas, sobre um fundo branco amarellado, grandes malhas d'um pardo ver- melho escuro, symetricas na cabeça e membros, menos regularmente dispostas no dorso; as regiões inferiores, os braços e-as coxas são d'nm amarello-desvanecido, quasi branco, por effeito sem duvida da acção do alcool. PHYSICAS E NATURAES 81 Veiu-nos de Bolama em 1880 com outros reptis alli colligidos por Damasceno Isaac da Costa. 36. Hylambates viridis. Hylambates viridis, Giinth., P. Z. S. Lond., 1868, p. 487; Boulenger, Cat. Batr. Sal. B. M., 1882, p. 134, pl. XII. fig. 5. Um exemplar de Bolama, enviado por Damasceno Isaac da Costa. 31. Hylambates cinnamomeus. Hylambates cinnamomens, Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 180. Varios exemplares de Bolama, offerecidos pelo Conselho Ultra- marino, todos de accordo nas côres e caracteres morphologicos com os exemplares de Angola typos da especie (Bocage, loc. cit., p. 180). 38. Bufo regularis. Bufo regularis, Reuss, Mus. Senckenb., 1, 1834, p. 60; Todos os nossos sapos da Guiné pertencem ao B. regularis. Te- mos exemplares de Cacheu, pelo dr. Hopffer, e de Bolama, por Victor de Sá, Damasceno Isaac da Costa e H. Barahona. III. -Reptis de Dahomé Em 1886, durante o ephemero protectorado de Portugal sobre o Dahomé, dirigiu-se para alli, da ilha de S. Thomé, o nosso bem conhe- cido explorador Francisco Newton com o fim de obter alguns exem- plares da fauna d'aquelle paiz, até então vedado a quaesquer investi- gações scientificas de viajantes e naturalistas. Apesar das difficulda- des e tropeços que este genero de trabalhos encontram sempre em povos barbaros e supersticiosos, conseguiu o sr. Newton colligir um certo numero de exemplares de reptis, dos quaes publicâmos uma lista n'este Jornal em fevereiro de 1887. Reproduzimos agora essa lista com tenues modificações. 1. Hemidactylus Brookii. Hemidactylus Brookii, Gray, Zool. Erebus & Terror, pl. XV, fig. 2; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1887, p. 193. Varios exemplares de Ajudá e um de Godomé. Chamam-lhe os indigenas Nhogué. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 sERIE— N.º XIV 6 82 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2. Hemidactylus stellatus. Hemidactylus stellatus, Boulenger, Cat. Liz. B. M., x, 1885, p- 130, pl. XII, dig ho Um exemplar, um d adulto, de Zomai, que deixou de ser men- cionado na nossa primeira lista por haver escapado ao nosso exame, confundido com os exemplares do H. Brookii. 1 Vive no interior das habitações. 3. Agama colonorum, var. picticauda. Agama picticauda, Peters, Monatsb. Ak. Berl., 1ST1, p. 412; Agama colono- rum, var. picticauda, Bocage, loc. cit., p. 494. Muitos exemplares de Ajudá e um de Abomey, que traz o nome indigena— Alotó-aderopó. 4. Varanus niloticus. Lacerta nilotica, L., Syst. Nat., 1, p. 369; Monitor saurus, Bocage, loc. cit., p. 194. Um exemplar novo de Ajudá. Nome indigena — Vê- Vê. 5. Lygosoma guineense. Euprepes guineensis, Peters, Monatsb. Ak. Berl., 1879, p. 713. pl. —, fig. 1; Bocage, loc. cit., p. 194. Um exemplar de Vodunken-Bamé. 6. Chamaeleon senegalensis. Chamaeleo senegalensis, Daud., Rept., Iv, p. 203; Bocage, loc. cit., p. 198. Dois exemplares de Ajudá. Nome indigena — Agamá. 1 Este exemplar condiz nos caracteres com os da diagnose de Boulenger (Loc. cit.); é porém um pouco maior. Assemelha-se-lhe perfeitamente na fórma e numero de series dos tuberculos dorsaes, uns côr de castanha e outros brancos, no numero e disposição das lamellas infra-digitaes, 4 a 5 no pollex, 7 a 8 no quarto dedo da mão, 6 a 7 uo quarto dedo do pé, e as da base dos dedos representadas apenas por pequenos tuberculos. O nosso exemplar é q e tem oito poros pré- anaes de cada lado, separados na linha mediana por um intervallo de tres esca- mas imperforadas. As suas principaes dimensões são: Da extremidade do focinho ao anus.......... RA 56 mm. Comprimentoida (cabeca CR ER Lareura dafecabeça: dB a a 14 » Comprimento do membro anterior.................. 10 » » do membro posterior... pe 25 » » da cauda (reproduzida). .............. 45 » à Ê : é 4 ! E PHYSICAS E NATURAES 83 “7. Typhlops punctatus. Acontias punctatus, Leach, in Bowdich Miss. Ashantée, 1819, p. 493; Typhlops Eschrichtii, Bocage, toc, cit., p. 195. Um exemplar da var. Escrichtii, de Ajudá. Nome indigena— Clibó. 8. Stenostoma brevicauda. Stenostoma brevicauda, Bocage, loc. cit., p. 194: Glauconia brevicauda, Bou- lenger, Cat. Snak. B. M., 1, 1893, p. 67 «Ressemble par Jécaillure de la tete au St. nigricans, Schleg.: mais sa queue est beaucoup plus courte, mésurant à peine en longueur deux fois son diametre à la base, et ses couleurs sont différentes: il est d'un brun-chocolat en dessus et blane-grisâtre en dessous. Lon- gueur totale 151 milim., de la queue 5; diametre du tronc 3.» Um exemplar que não traz indicação precisa da localidade onde foi colhido. Boulenger (loc. cit.) faz menção de um exemplar de Achanti que existe no Museu Britannico. 9. Grayia triangularis. Grayia triangularis, Hall., Proc. Ac. Philad., 1x, 1857, p. 67; Bocage, Loc. cit., p. 195. Um exemplar novo da Laguna de Ajudá. Nome indigena — Todam. 10. Scaphiophis albopunctatus. Scaphiophis albopunctatus, Peters, Monatsb. Ak. Berl., 1870, p. 645, pl. I, fig. 4; Bocage, toc. cit., p. 195. Um bello exemplar adulto de Dahomé, sem designação de locali- dade. Nome indigena — Kada. 11. Coronella regularis. Mizodon regularis, Fischer, Abh. Nat. Hamb., 111, 1856, p. 112, pl. III, fig. 3. Um exemplar de Dahomé, sem indicação da localidade. Asseme- lha-se muito na distribuição das côres á fig. 3.º da est. III, livr. 15, da Iconographie de Jan. 12. Philothamnus semivariegatus. Dendrophis (Philoth.) semivariegatus, Smith, II. S. Afr. Zool. Rept., pls. 59 e 60, fig. 1; Philothamnus Smithii, Bocage, boc. cit. p. 196. Dois exemplares de Ajudá. Nome indigena — Kada. 6 x 84 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 13. Dipsas Blandingii. Toxycodryas Blandingii, Hall., Proc. Ac. Philad., 1845, p. 140; Dipsas Blan- dingii, Bocage, loc. cit., p. 196. Dois exemplares adultos, um de grandes dimensões, de Ajudá. Tambem conhecem os indigenas esta especie pelo nome de Kada. 14. Atractaspis dahomeyensis. Atraciaspis dahomeyensis, Bocage, loc. cit., p. 196; Herp. d' Angola d Congo, p. 144. «Corps aplati en dessus et comprimé des deux côtés, à section quadrangulaire. Museau saillant, pointu, à bord aminci; une pré-ocu- laire; pas de post-oculaire distincte, elle est réunie à la sus-orbitaire; temporales 1-+3; cinq labiales supérieures, les 3º et 4º en contact avec Veil, la 1º fort petite; six labiales inférieures, celles de la 1º paire séparées I'une de Vautre par la mentonniére et la 1.º paire. de sous-mentales, la 3º égalant en longueur les 3º et 4º sus-labiales réunies. Ecailles disposées en 29 séries derriere la tête et en 31 séries vers le milieu du corps. Gastrostéges 240; analé simple. Urostêges 24, la 1º divisée, puis 5 simples, 13 divisées, 3 simples et les 2 derniê- res divisées. Longueur totale 490 millim., de la tête 15, de la queue 32; diametre au milieu du tronc 13. «D'un noir-bleuâtre luisant en dessus, tirant au brun en dessous, avec les bords des gastrotêges et des urostéges d'une teinte plus pãle.» Pela acção prolongada do alcool as côres teem perdido muito de intensidade, tornando-se mais avermelhadas. O typo d'esta especie, que nos parece bem caracterisada, é um exemplar unico enviado de Dahomé por Newton. Foi colhido em Zo- mai, onde os indigenas lhe chamam Zamdam. 15. Vipera arietans. Vipera arietans, Merr., Tent. Syst. Amphib., 1820, p. 152; Bitis arietans, Bo- cage, loc. cit., p. 197. Um exemplar novo de Ajudá. Nome indigena — Amomonu. IV. —-KReptis de Moçambique O que se sabe da fauna de Moçambique deve-se principalmente á viagem de exploração do dr. Wilhelm Peters, que de 1843 a 1847 percorreu uma parte dos territorios d'aquella nossa possessão, redu- zida hoje a menor area e limitada na sua natural expansão pela indo- mita cobiça de uma nação poderosa. Poucos annos depois do seu re- PHYSICAS E NATURAES 85 gresso a Berlim, em 1854, publicou o dr. Peters uma lista dos reptis que encontrara durante aquella sua viagem; porém sómente muito mais tarde, em 1882, é que veiu a lume o 3.º volume da sua magnifica obra Reise nach Mossambique, onde se encontram compendiados os resulta- dos das suas laboriosas investigações ácerca d'esta parte interessante da fauna de Moçambique. N'esse mesmo anno démos noticia n'este jornal de uma collecção de reptis de Angoche que fôra offerecida ao nosso Museu pelo governador d'aquelle districto, Alfredo Brandão de Castro Ferreri; ! e mais recentemente, em 1892, publicou o dr. Pfeffer no Jahrbuch der Hamburgischen Wissenschaftlichen Anstalten? um ar- tigo, onde veem mencionadas varias especies de reptis e amphibios encontradas pelo dr. F. Stuhlmann em Quelimane durante a visita que fizera áquella localidade em 1889. São estas as referencias bibliographicas que nos occorre apontar. A collecção de que vamos dar noticia comprehende todos os exem- plares da indicada proveniencia que existem no Museu de Lisboa, col- lecção bastante valiosa, comquanto não estejam ainda n'ella represen- tadas todas as especies já observadas dentro dos limites geographicos d'essa nossa possessão, nem viessem sempre os nossos exemplares acompanhados da indicação precisa da localidade onde haviam sido encontrados. | Ao lêrem-se os nomes dos que generosamente contribuiram para esta collecção, notar-se-ba qne alguns d'elles, por heroicos feitos d'ar- mas ou por serviços relevantes ao paiz n'aquellas remotas regides, al- çaram o indiscutivel direito de serem inscriptos no livro de oiro das nossas glorias nacionaes. Ninguem por certo nos taxará de exagge- rados ao lêr os nomes de Antonio Ennes, o previdente e energico Commissario Regio de Moçambique, do capitão de engenharia Freire d' Andrade, que tão brilhante papel desempenhou na gloriosa campa- nha em que tomou parte, do dr. Rodrigues Braga, o intrepido e des- vellado facultativo, que acompanhou por encargo da Cruz Vermelha a ultima expedição a Moçambique. Outros nomes despertarão no animo do leitor bem dolorosas re- cordações; são os de dois ofíiciaes portuguezes que em Moçambique, em epocha mais remota, opposeram debalde o seu valor ás hordas ini- migas, e, vencidos pelo numero ou pela traição, alli succumbiram na quadra mais esperançosa da vida; referimo-nos aos dois irmãos Anto- nio e Henrique Valdez, que juntos haviam partido do reino em 1868, mas não voltaram. 1 Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vir, 1882, p. 286. 2 Pfeffer, loc. cit., x, 1892, p. 71 e seguintes. 86 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS EMYDOSAURIOS 1. Crocodilus vulgaris. Crocodilus vulgaris, var. marginatus, Peters, Reise nach Mossambique, 11x, 1892, p. 19, pl. IV, fig. 4. Temos um exemplar, muito novo, de Quelimane, que nos foi offe- recido pelo nosso antigo collega e presado amigo Antonio Ennes. Pe- ters encontrou-o em muitas localidades: Senna e Tete, Costa de Que- rimba, Maravia e Lourenço Marques. Vive disseminado por toda a pro- vincia. SAURIOS 2. Hemidactylus mabouia. Hemidaclylus mabouia, Peters, loc. cit., p. 27, pl. V, fig. 3; Pfeffer, Jahrb. Hamb. Wiss. Anst., x, 1893, p. 12. A maior parte dos nossos exemplares não veem acompanhados da indicação das localidades onde foram colhidos, trazem apenas a nota de — Moçambique, e foram-nos offerecidos pelo physico-mór Ca- bral, Henrique Lima e J. E. d'Almeida Tovar; temos porém dois do Ibo, provenientes da viagem de Serpa Pinto e Cardoso em 1886. Tinha sido anteriormente encontrada esta especie nas seguintes localidades: Inhambane (Bianconi); Ilha de Moçambique e Anjuan (Pe- ters); Quelimane (Stuhlmann). 3. Agama colonorum. Agama colonorum, part., Daud., Rept., 111, p. 356; Bocage, loc. cit., p. 11. Uma 9 encontrada pelo dr. Rodrigues Braga no districto de Ma- nica, por occasião da sua viagem de Maceguece ao Save em 18093 como mem bro da Commissão de limites. E o primeiro exemplar encontrado em Moçambique. 4. Agama mosssambica. Agama mossambica, Peters, loc. cit., p. 38, pl. VII, ffg. 1; Pfeffer, loc. cit., p. 72. Dois exemplares: um de Mesuril, da viagem do dr. Peters; ou- tro provavelmente da Zambezia por Canto & Valdez. ! 1 Este exemplar e todos os que trazem a indicação dos offerentes Canto &. Valdez fazem parte de uma remessa de reptis de Moçambique effectuada em 1868 ! ! EA PHYSICAS E NATURAES 81 Peters encontrou-o em toda a região littoral comprehendida entre 7 e 20 graus de latitude austral, Stuhlmann em Moçambique. 5. Agama sSp.? Parece ser abundante em Lourenço Marques, d'onde temos quatro exemplares offerecidos por Francisco Quintas; e vive tambem no ser- tão de Manica e Sofala, pois temos um exemplar proveniente da via- gem de Macequece ao Save pelo dr. Rodrigues Braga. Não estão bem de accordo estes exemplares com a doscripção e figura publicadas por Peters da A. armata, que este auctor descobriu em Senna e Tete, nem se ajustam todos os seus caracteres aos dos exemplares de Angola que referimos a esta especie. ! Julgamos hoje que a 4. armata e outras suas congeneres africanas de escamas dor- saes heterogeneas, taes como a 4. aculeata e À. brachyura, carecem de ser mais attentamente estudadas e melhor discriminadas. 6. Stellio atricolis. Agama atricollis, Smith, Til. S. Afr. Zool. Rept., App.; p. 14; Stellio atricol- lis, Bocage, Herp. d' Angola d& Congo, p. 22. Um exemplar ainda novo d'esta especie fazia parte de uma pe- quena collecção de reptis offerecida por Henrique Lima, a qual trazia apenas a indicação de — Moçambique. Não faz d'ella menção Peters, mas sabe-se hoje que vive nos planaltos ao sul de Nyassa, onde a des- cobriu Alexander Whyte. ? Encontra-se abundantemente em Angola na região dos planaltos (V. Bocage, loc. cit.). 7. Varanus niloticus. Monitor saurus, Peters, loc. cit., p. 23, pl. IV! fig. 2. Um exemplar adulto de Quelimane (A. Ennes). Diz-nos o dr. Peters que existe espalhado por toda a provincia na proximidade dos rios. 8. Ichnotropis squamulosa. Ichnotropis squamulosa, Peters, loc. cit., p. 49, pl. VIII, fig. 2. Está representada na nossa collecção por um unico exemplar de Tete offerecido pelo dr. Peters; é a localidade mencionada por este zoologista no habitat d'esta especie. por Antonio do Canto e Castro e os dois irmãos Antonio e Henrique Travassos Valdez. 1 V. Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 19. 2 V. Giinther, P. Z. S. L., 1892, p. 555. 88 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 9. Gerrhosaurus flavigularis. Gerrhosaurus flavigularis, Peters, loc. cit., p. 57; Pfeffer, loc. cit., p. 14. Tres exemplares enviados em 1869 pelo physico-mor Cabral com a nota de Moçambique. Peters encontrou-o em Tete e Stuhlmann em Quelimane. 10. Mabuia margaritifer. Euprepes margaritifer, Peters, loc. cit., p. 64, pl. X, fig. 1. Um exemplar sem indicação da localidade por Henrique Lima. É de presumir que fosse colhido em algum ponto da Zambezia pois que Peters o dá como de Tete. 11. Mabuia striata. Euprepes striatus, Peters, loc. cit., p. 67. Temos um exemplar de Moçambique (Zambezia?) por Canto & Valdez, e outro da Beira por Albuquerque d'Orey. As localidades in- dicadas por Peters são: Ilha de Moçambique, Cabaceira e Quelimane. 12. Lygosoma Sundevallii. Eumeces Sundevallii, Peters, loc. cit.; p. 75; pl. XI, fig. 2; Lygosoma Sunde- vallii, Pfeffer, loc. cit., p. 15. - Muitos exemplares: um da Beira por Albuquerque d'Orey, outro da Ilha de Moçambique por Peters, os restantes sem designação pre- cisa da sua proveniencia por Almeida Tovar, physico-mór Cabral, Canto & Valdez. Abunda, segundo Peters, tanto na costa como no interior da provincia. 13. Ablepharus Wahlbergii. Ablepharus Wahlbergii, Peters, loc. cit.. p. 76, pl. VI, fig. 3; Pfeffer, loc. cit., p. 75. Peters encontrou-o em Inhambane, Stuhlmann em Quelimane; é provavel que o nosso exemplar, offerecido por Henrique Lima, seja de alguma d'estas localidades. 14. Scelotes arenicola. Herpetosaura arenicola, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vir, 1882. p. 287; Pe- ters, Loc. cit., p. 19, pl. XI, fig. 4epl. XHIA, fig. 4. Um exemplar de Angoche faz parte da interessante collecção en- viada d'aqualla localidade em 1881 por Alfredo Brandão de Castro Ferreri. Foi descoberto por Peters em Inhambane e Lourenço Marques. cosa PHYSICAS E NATURAES 89 15. Acontias meleagris. Acontias meleagris, Boulenger, Cat. Liz. B. Mus., 111, 1887, p. 427. Deve-se ao distinctissimo facultativo dr. Rodrigues Braga a des- coberta d'esta especie em Moçambique; encontrou-a durante a sua excursão de Macequece ao Save no interior de Sofala em 1892, fazendo parte da commissão portugueza de limites. De varios pontos da Africa austral, Cabo, Damaraland, etc., existem exemplares no Museu Bri- tannico (Boulenger, loc. cit.). 16. Acontias plumbeus. Acontias niger, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, virr, 1882, p. 2817; Acontias plumbeus, Peters, loc. cit., p. 81, pl. XII. Tres exemplares de Angoche, onde parece ser abundante, por Castro Ferreri. Bianconi, que publicou a primeira descripção d'esta especie, dá-a apenas como proveniente de Moçambique. ! Peters en- controu-a em Inhambane. 17. Typhlosaurus aurantiacus. Typhlosaurus aurantiacus, Peters, loc. cit., p. 83, pl. XIII, figs. 1-1 h. Vive em Inhambane e Lourenço Marques, onde foi encontrado por Peters, a quem devemos um exemplar colhido na primeira destas lo- calidades. 18. Chamaeleon dilepis. Chamaeleo dilepis, Peters, loc. cit., p, 21; Pfeffer, loc. cit., p. 15. A area de habitação d'esta especie pode dizer-se que abrange toda a provincia. Temos exemplares com a indicação geral de Moçam- bique, pelo physico-mor Cabral e por Canto & Valdez; de Tete, por Peters; de Lourenço Marques, por Francisco Quintas; do sertão de Sofala, entre Macequece e o Save, por Rodrigues Braga. Peters encon- trou este cameleão em toda a costa desde Cabo Delgado a Inhambane, em Tete e na Macanga; Stuhlmann em Quelimane. 19. Chamaeleon Melleri. Ensirostris Melleri, Gray, P. Z. S. L., 1864, p. 178, pl. XXXII; Chamaeleon Melleri, Boulenger, Cat. Liz. B. M., 11, 1887, p. 412. Um exemplar $, adulto, magnifico, em perfeito estado de conser- vação, que consideramos a joia de maior preço da nossa collecção. Foi-nos offerecido em 1869 pelo physico-mor Faustino Cabral, mas não trazia indicação alguma ácerca da localidade onde fôra encon- trado. 1 Bianconi, Spec. Zool. Mossamb. Rept., p. 35, pl. III. 90 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Não nos consta que d'esta especie se conhecesse até 1887 ou- tro exemplar além do que existia no Museu Britannico, typo da des- cripção original publicada por Gray em 1864, exemplar offerecido a esse Museu pelo dr. Meller e proveniente, segundo nos diz Boulen- ger, das montanhas do interior da Africa oriental (Boulenger, loc. cit.); em 1893, porém, o dr. Giinther encontrou esta especie em uma pe- quena collecção de reptis enviada por H. H. Johnston e composta de exemplares colhidos nos planaltos ao sul do Lago Nyassa (Giinther, Do AR SS RS DDS). OPHIDIOS 20. Typhlops braminus. Twyphlops braminus, Peters, loc. cit., p. 91. Um exemplar offerecido por Henrique Lima. Encontrou-o Peters no districto de Moçambique, na ilha d'este nome e na de Querimba, e em Inhambane. 21. Typhlops obtusus. Typhlops obtusus, Peters, loc. cit., p. 95. Um exemplar por Henrique Lima, provavelmente da Zambezia, porque Peters dá a esta especie por habitat as proximidades do rio Chire. 22. Typhlops mucruso. Typhlops mucruso, Peters, loc. cit., p. 95, pl. XIII, fig. 3. Um bello exemplar adulto, de grandes dimensões, offerecido em 1869 pelo dr. Vicente M. da Silveira; outro, joven, por F. d'Albu- querque d'Orey. Este ultimo é da Beira. Em Senna, Tete e na Ma canga a encontrou Peters. 23. Stenostoma scutifrons. ; Stenostoma scutifrons, Peters, loc. cit., p. 104, pl. XV, fig. 4. Um exemplar por Canto & Valdez que julgamos proveniente da Zambezia, talvez de Senna, onde foi descoberta por Peters. 24. Python natalensis. Python natalensis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vir, 1882, p. 288; Peters, toc. cit., p. 105. Faz parte da nossa collecção apenas um exemplar novo de An- PHYSICAS E NATURAES 914 goche por Castro Ferreri; porém esta especie é bastante vulgar em Moçambique e encontra-se muito disseminada por toda a provincia. 25. Mizodon olivaceus. Coronella olivacea, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vir, 1882, p. 287; Peters, loc. cit., p. 114, pl. XVII, fig. 1; Pfeffer, loc. cit., p. 19. São de Angoche, offerecidos por Castro Ferreri, dois exemplares d'esta especie da nossa collecção. Peters dá-a em Tete e Stuhlmann em Quelimane. 26. Ablabophis rufulus. Ablabophis rufulus, Boulenger, Cat. Snak. B. M., 1, 1893, p. 318. Figura pela primeira vez esta especie na fauna de Moçambique graças a dois exemplares offerecidos um por Henrique Lima sem pro- cedencia certa, outro de Lourenço Marques por F. Quintas. Ha no Museu Britannico exemplares de Pretoria e do Natal, além de outros pontos da Africa oriental (Boulenger, loc. cit.). 27. Boodon lineatus. Boodon quadrilineatum, Peters, loc. cit., p. 135. São numerosos os nossos exemplares e todos provenientes dos districtos de Moçambique e de Quelimane; devemos os d'esta ultima proveniencia a Antonio Ennes, os da primeira ao physico-mór Cabral, a Canto & Valdez e a Henrique Lima. 28. Ly cophidium capense. Lycophidium capense, Peters, loc. cit., p. 134. Tres exemplares, que consideramos provenientes da Zambezia, bem como todos os de varias outras especies que nos offereceu em 1871 Costa Soares. Infelizmente a maior parte dos specimens d'esta remessa chegaram ao Museu em pessimo estado por não ser sufficien- temente forte o alcool em que foram mandados. Em Tete descobriu outra especie o dr. Peters que ainda não ob- tivemos; é o L. semiannulis, (Peters, loc. cit., p. 135, pl. XVI, fig. 2). 29. Heterolepis nyassae. Simocephalus nyassae, Ginth., Ann. & Mag.. N. H., 1888 (1) p. 828; Bou- lenger, Cat. Snak. B. M., 1, 1893, p, 347, pl. XXIII, fig. 2. Era já conhecida esta especie como propria da região ao norte de Moçambique, pois fôra encontrada em Zanzibar e no lago Nyassa. O nosso exemplar não traz infelizmente indicação de localidade, mas é de presumir que fosse encontrado n'algum dos districtos do norte. De- vemol-o a Henrique Lima. | 92 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 30. Philothamnus irregularis. Philothamnus irregularis, Bocage, Herp. d'Angola d Congo, p. 85. Um exemplar de Moçambique, sem designação de localidade, por Tovar de Lemos. 31. Philothamnus irregularis, var. Gintherii. Philothamnus Giintheri, Pfeffer, loc. cit., p. 85, pl. I, figs. 3-5. Um exemplar adulto do Praso Boror, Quelimane, offerecido por Antonio Ennes. Harmonisam-se bem os seus caracteres com os do exemplar, tambem de Quelimane, descripto por Pfeffer sob a designa- ção de Ph. Giintheri. 32. Philothamnus neglectus. Philothamnus neglectus, Peters, loc. cit., p. 130, pl. XIX A, fig. 2; Pfeffer, toc. cit., p. 84. Temos exemplares de Moçambique por Henrique Lima, da Beira por Antonio Ennes, de Lourenço Marques por F. Quintas. Descoberto por Peters no Praso Boror e por Stuhlmann em Quelimane. 33. Philothamnus punctatus. Philothnmnus punctatus, Peters, loc. cit., p. 129, pl. XIX A, fíg. 1º Pfeffer, boc. cit., p. 83. A julgar pelo numero e procedencias dos nossos exemplares deve ser esta uma das cobras mais vulgares em toda a provincia. Temol-os de Moçambique, offerecidos por Canto & Valdez, physico-mór Cabral, Costa Soares e Henrique Lima; de Angoche por Castro Ferreri; do Praso Boror por A. Ennes; do sertão de Sofala pelo dr. Rodrigues Braga. A ilha de Querimba, Cabaceira e Boror são as localidades ci- tadas por Peters; Stuhlmann encontrou-a em Quelimane. 34. Coronella semiornata. Coronella semiornata, Peters, loc. cit., p. 116, pl. XVII, fig. 2. D'esta especie, que Peters descobriu em Tete, temos dois exem- plares, infelizmente em muito mau estado, enviados de Moçambique por Costa Soares. Ha no Museu Britannico um exemplar do Nyassa (Boulenger, Cat. Snak. B. M., 1, p. 359). 35. Prosymna Snndevallii. Temnorhynchus Sundevalkii, Smith., Ill. S. Afr. Zool. Rept., App. p. 17; T. frontalis (part.), Peters, Monatsb. Ak. Berl., 1867, p. 236, pl. —, fig. 2; Prosymna frontalis, Bocage. Jorn. Ac. Se. Lisboa, vir, p. 288. Um exemplar de Angoche por Castro Ferreri. Tem este exemplar duas internasaes em contacto, caracter consi- PHYSICAS E NATURAES 98 derado por Boulenger como exclusivo do P. Sundevallii; o numero e disposição dos temporaes é porém differente, 1 1-2 em vez de 2 +83, Nas côres assemelha-se ao P. meleagris, do qual é bem distincta no que respeita ás placas da cabeça. 36. Prosymna ambigua. Prosymna ambigua, Bocage, Jorn. Ac. Se. Sc. Lisboa, iv, p. 218; Herp. d' An- gola & Congo, p. 99, pl. XI, figs. 1,1 a-d; Ligonirostra Stuhlmanni, Pfeffer, toc. cit., p. 18, pl. I, figs. 8-10. Quatro exemplares, em mau estado, enviados de Moçambique por Costa Soares em 1871 e provavelmente colhidos em algum ponto da Zambezia. Ha no Museu Britannico um exemplar do Val do Chire (Boulenger, Cat. Snak. B. M., 1, p. 248). 31. Homalosoma variegatum. Homalosoma variegatum, Peters, loc. cit., p. 107, pl. XVI, fig. 1. Um exemplar de Lourenço Marques offerecido por F. Quintas. O typo da especie foi encontrado por Peters em Inhambane. 38. Dasypeltis scabra, Dasypeltis escabra, Peters, loc. cit., p. 120. Temos exemplares de Moçambique, pelo physico-mór Cabral; do Praso Boror, por Antonio Ennes; de Angoche, por Castro Ferreri. A estas localidades pode-se accrescentar: Tete (Peters), Inhambane (Bian- coni). 39. Rhamphiophis rostratus. Rhamphiophis rostratus, Peters, loc. cit., p. 124, pl. XIX, fig. 1. Um exemplar da Zambezia por Canto & Valdez. Encontrado por Peters em Mesuril, Quintangonha e Tete. 40. Psammophis subtaeniata. Psammophis sibilans, var. subtaeniata, Peters, loc. cit., p. 121. A collecção enviada por Canto & Valdez, que julgamos prove- niente na maxima parte da Zambezia, contém um exemplar d'esta es- pecie, que Peters diz habitar Boror e Tete. 41. Psammophis sibilans. — Psammophis sibilans, var. tettensis, Peter, loc. cit., p. 122. Dois exemplares, adulto e joven, recebidos com o precedente na mesma remessa de Canto & Valdez. Além d'esta variedade observada “em Tete, Peters encontrou outra, por elle designada pelo nome de mossambica, na ilha de Moçambique, Cabaceira e Mesuril. 94 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 42. Crotaphopeltis rufescens. Crotaphopeltis Kitamboeia, Peters, loc. cit., p. 126; Crotaphopeltis rufescens, Pfetrer, Loc. cit., p. 87. Os nossos exemplares são da ilha de Moçambique por Peters, de Angoche por Castro Ferreri; do sertão de Sofala, de Macequece ao Save, pelo dr. Rodrigues Braga. Peters tambem encontrou esta especie em Tete e Stuhlmann em Quelimane. 43. Dryiophis Kirtlandii. Thelotornis. Kirtlandii, Peters, loc. cit. p. 131, pl. XIX, fig. 2; Dryiophis Kirtlandii, Pfeffer, loc. cit., p. 86. Tres exemplares: um da Cabaceira pelo physico-mór Cabral; ou- tro de Manica por A. Ennes; o terceiro de Praso Boror tambem por A. Ennes. Encontrado por Peters na Cabaceira, em Querimba e em Senna e Tete; por Stuhlmann em Quelimane. 44. Bucephalus capensis. Bucephalus typus, Peters, loc. cit., p. 132; Pfeffer, loc. cit., p. 80. Pertencem os nossos exemplares à var. viridis e são provenien- tes de Moçambique, offerecidos por A. Ennes; de Angoche, por Castro Ferreri; de Umpungoana, perto de Manica, por Freire d' Andrade. Encontrado em Quelimane por Stuhlmann e em Tete por Peters. 45. Amblyodipsas microphthalma. Amblyodipsas microphthalma, Peters, loc. cit., p. 109. É provavelmente de Inhambane o nosso unico exemplor, a res- peito de cuja proveniencia não temos indicação alguma. E tambem de Inhambane o typo da especie descripta por Bianconi sob a designação de Calamaria microphthalma (Bianconi, Spec. Zool. Mossamb., VI, p. 94, tab. 12, fig. 1). 46. Calamelaps unicolor. Gana unicolor, Reinhdt., Besk. n. nye Slangeart., 1843, p. 256, pl. I, gs. 1-8. Um exemplar em mau estado por Costa Soares, sem designação precisa de localidade. Não a menciona Peters, nem a encontrou Pfeffer na collecção trazida de Quelimane por Stuhlmann. 47. Uriechis capensis. Uriechis capensis, Peters, loc. cit., p. 112. Dois exemplares de Moçambique, provavelmente da Zambezia, | PHYSICAS E NATURAES 95 por Costa Soares; um de Angoche, por Castro Ferreri. De Tete a trouxe Peters. 48. Naja nigricollis. Naja nigricollis, Peters, loc. cit., p. 138; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, viIz, p. 289. Um exemplar de Angoche por Castro Ferreri, outro do sertão de Sofala pelo dr. Rodrigues Braga, ambos jovens. Encontrou-a Peters em Senna e Tete. 49. Atractaspis Bibroni. Atractaspis Bibroni, Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 141; 2 Atractaspis irregularis, Pfeffer, loc. cit., p. 81. Um exemplar de Angoche, offerecido por Castro Ferreri, concorda nos seus principaes caracteres, morphologicos e de colorido, com os nossos exemplares de Angola por nós considerados como devendo con- stituir uma especie distincta do A. irregularis pelas razões que expô- sémos em outro logar (V. Herp. d'Angola d Congo, p. 141). | O exemplar referido por Pfeffer ao À. irregularis, e que talvez possa melhor referir-se a outra especie que em seguida mencionamos, o À. rostrata, Ginth., foi capturado por Stuhlmann em Quelimane. 50. Atractaspis rostrata. Atractaspis rostrata, Gunth., Ann. & Mag. N. H., 1868, (1), p. 18, pl. XIX, fig. 1; A. Bibroni, Peters, loc. cit., p. 142, pl. XIX, figs. 3, 3€. Um exemplar adulto, em muito mau estado, da collecção man- dada de Moçambique em 1871 por Costa Soares. Os seus caracteres, e principalmente a fórma da placa rostral, estão de accordo com os da breve descripção e da figura publicadas pelo dr. Griinther. 51. Causus rostratus. Causus rostratus, Giúnth., P. Z. S. L., 1864, p. 115, pl. XV; Bocage, Herp. d" Angola & Congo, p. 147; O. resimus, Bocage (non Peters), Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vir, p. 290. Pertence ao (. rostratus, como tivemos recentemente occasião de verificar pela comparação directa com um exemplar authentico desta especie, o exemplar de Angoche, de que tinhamos primeiro feito men- ção sob o nome de ('. resimus, quando publicâmos uma primeira rela- ção dos reptis enviados de Angoche por Castro Ferreri (Joc. cit.). 52. Vipera arietans. Bitis arietans, Peters, loc. cit., p. 145. Encontra-se em toda a provincia. Os nossos exemplares, offereci- 96 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS dos pelo physico-mór Cabral e por Henrique Lima, não trazem indica- ção de localidade; mas Peters cita muitas: Moçambique, Boror, Senna, Tete, Inhambane. BATRAÁCHIOS 53. Rana mascareniensis. Rana mossambica, Peters, loc. cit., p. 149, pl. XXII, fig. 1. Um exemplar de Moçambique por Canto & Valdez. Encontrou-a Peters em Cabaceira, Quelimane, Boror e Tete. 54. Rappia marmorata. Hyperolius taeniatus, Peters, loc. cit., p. 166, pl. XXII, fig. 7; Rappia mar- morata, Pfeffer, loc. cit., p. 94. Dois exemplares de Lourenço Marques por F. Quintas, da var. taeniata descoberta por Peters em Boror e Inhambane. Pfeffer encon- trou a R. marmorata em Quelimane. 5b. Rappia argus. Hyperolius argus, Peters, loc. cit., p. 164, pl. XXII, fig. 6. D'esta bonita especie, que Peters descobriu em Boror, temos exem- plares de Moçambique por Almeida Tovar e de Lourenço Marques por F. Quintas. Este ultimo é notavel por ser perfeitamente symetrico o desenho do dorso. 56. Rappia flavoviridis. Hyperolius flavoviridis, Peters, Loc. cit., p. 103, pl. XXII, figs. 4 e 5; Rappia Javoviridis, Pfeffer, loc. cit., p. 96. Temos dois exemplares de Lourenço Marques por F. Quintas; mas tem sido encontrada em varias outras localidades: Cabaceira, Boror e Tete (Peters); Quelimane (Stuhlmann). 57. Breviceps mossambicus. Breviceps mossambicus, Peters, loc. cit., p. 176, pl. XXV, fig. 2. Dois exemplares da ilha de Moçambique, um da viagem do dr. Peters, outro offerecido por Canto & Valdez. Encontrou-o tambem em Sennao dr. Peters. 58. Bufo regularis. Bufo regularis, Peters, loc. cit., p. 118; Pfeffer, loc. cis., p. 101. Esta especie, vulgar na Africa equatorial e austral, encontra-se por toda a parte em Moçambique. Temos exemplares sem designação PHYSICAS E NATURAES 97 de localidade offerecidos pelo physico-mór Cabral, outros de Lourenço Marques por F. Quintas e outros do Praso Boror por A. Ennes. 59. Xenopus Mullerii, Xenopus Mulleri, Peters, loc. cit., p. 180, pl. XXV, fig. 3; Pfoffer, Joc. cit., p. 102. Um exemplar da viagem do dr. Peters sem designação de locali- dade, tres exemplares novos de Lourenço Marques por F. Quintas. Vive bastante disseminado pela provincia de Moçambique: em Tete, Senna, Boror, Quelimane, Cabaceira, Mesuril (Peters e Stuhl- mann). Para que esta nossa publicação possa melhor satisfazer aos seus fins, julgamos conveniente addicionar-lhe uma lista das especies já co- nhecidas de Moçambique que se não encontram ainda representadas na nossa collecção, apontando com relação a cada uma d'ellas as lo- calidades onde teem sido observadas. CHELONIOS 1. Testudo pardalis. Senna e Tete (Peters, Reise n. Mossamb., p. 2). 2. Cinixys Belliana. Costa de Mesuril, Inhambane, Senna e Tete (Peters, Joc. cit.. p. 5)» 3. Pelomedusa galeata. Querimba, Loembo, Quelimane, Tete (Peters, loc. cit., p. 6). 4. Sternothaerus nigricans. Mesuril (Peters, loc. cit., p. 8). 5. Sternothaerus sinuatus. Mesuril, Tete, Quelimane e Inhambane (Peters, loc. cit.; p. 8). 6. Cycloderma frenatum. Zambeze (Peters, loc. cit., p. 14). JORN. DE SCIBNC. MATH, PHYS. E NAT.—2A seRIE— N.º XIV 7 98 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 1. Chelonia imbricata. Costa de Moçambique (Peters, loc. cit., p. 17). 8. Ch. mydas. Ilha de Moçambique e Querimba (Peters, loc. cit., p. 18). SAURIOS 9. Varanus albigularis. Quitangonha, Senna e Tete (Peters, Joc. cit., p. 27). 10. Pachydactylus punctatus. Senna e Tete (Peters, loc. cit., p. 26). 11. Lygodactylus capensis. Mocimboa, Boror e Tete (Peters, loc. cit., p. 28 — Hemid. capen- sis; Pfeffer, loc. cit., p. 12). 12. Lacerta tesselata. Praso Boror (Peters, loc. cit., p. 44). 13. Platysaurus torquatus. Tete (Peters, loc. cit., p. 52). 14. Gerrhosaurus validus. Tete (Peters, loc. cit., p. 58 — Gerrh. robustus). 15. Mabuia varia. Tete (Peters, loc. cit., p. 68 — Euprepes varius). 16. Mabuia lacertiformis. Boror (Peters, loc. cit., p. 10 — Euprepes lacertiformis). “17. Mabuia depressa. * “Tete (Peters, Joc. cit., p. TI — Euprepes depressus). 18. Ablepharus Boutoni. Ea SR Ilha de Moçambique, -Cabaceira, da eters, Joc, cit., Pe 7). É 19. 20. 21. 22, 25. 24. 25. 26. 21. 28. 30. PHYSICAS E NATURAES Herpetosaura inornata, var. mossambica. Inhambane (Peters, loc. cit., p. 81). Herpetosaura atra. Zambeze (Peters, loc. cit., p. 81). Amphisbena violacea. Inhambane, Lourenço Marques (Peters, Joc. cit., p. 85). Monopeltis sphenorhynchus. Inhambane (Peters, loc cit., p. 81). “ OPHIDIOS Typhlops tetensis. Tete (Peters, loc. cit., p. 92). T. mossambicus. Ilha de Moçambique (Peters, Joc. cit., p. 93). T. Fornasini. Inhambane, Lourenço Marques (Peters, loc. cit., p. 94). T. dinga. Tete, Senna, Chupanga (Peters, loc. cit., p. 98). T. Schlegelii. Inhambane (Peters, Joc. cit., p. 99). Stenostoma longicaudum. Tete (Peters, toc. cit., p. 102). . Stenostoma scutifrons. Senna (Peters, loc. cit., p. 104). Lycophidium semiannulis. Tete (Peters, loc. cit., p. 135). Tx 99 100 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 31. Philothamnus heterolepidotus. Quelimane (Pfeffer, loc. cit., p. 82). 32. Prosymna Janii. Inhambane (Peters, loc. cit., p. 106). 33. Psammophylax nototaenia. Senna (Peters, loc. cit., p. 118 — Tachymenis nototaenia). 34. Crotaphopeltis semiannulatus. Cabaceira (Peters, loc. cit., p. 127 — Telescopus semiannulatus).. 35. Psammophis punctulatus. Inhambane (Peters, loc. cit., p. 129). 36. Chamaetortus aulicus. Zambeze (Peters, loc. cit., p. 128). 91. Uriechis nigriceps. Tete e Inhambane (Peters, loc. cit., p. 111), 38. Uriechis lunulatus. Tete (Peters, loc. cit., p. 113). 39. Dendraspis angusticeps. Mesuril, Ilha de Moçambique (Peters, loc. cit., p. 136 — Dimophis: angusticeps). 40. Naja haje. Tete (Peters, loc. cit., p. 131). 41. Atractaspis irregularis. Quelimane (Pfeffer, loc. cit., p. 87). 42. Cyrtophis scutatus. Inhambane, Lourenço Marques (Peters, Joc. cit., p. 139). 43. Causus rhombeatus. Inhambane (Peters, loc. cit.; p. 144). 44, 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52, 53. 54. "* PHYSICAS E NATURAES 101 Vipera superciliaris. Querimba, Cabo Delgado (Peters, loc. cit., p. 144): Quelimane (Pteffer, loc. cit., p. 89). Vipera rhinoceros. Boror (Peters, loc. cit., p. 146 — Bitis rhinoceros). BATRACHIOS Rana oxyrhyncha. Quelimane e Boror (Peters, loc. cit., p. 147). R. trinodis. Quelimane (Pfeffer, Joc. cit., p. 90). R. aspersa. Moçambique, Boror, Tete (Peters, loc. cit., p. 152 — Pyxicepha- lus edulis); Quelimane (Pfeffer, loc. cit., p. 90). Phrynobatrachus natalensis. Tete (Peters, loc. cit., (p. 156). Megalixalus Fornasini. Inhambane, Boror (Peters, loc. cit,, p. 160). Rappia granulosa. Capanga (Peters, loc. cit., p. 161 — Hyperolius granulosus). R. flavoviridis. Cabaceira, Boror, Tete (Peters, Joc. cit., p. 161 — H. flavoviridis). R. concolor. Quelimane (Peters, loc. cit., p. 163 — H. concolor). R. marginata: Macanga (Peters, loc. cit., p. 165— E. marginatus). 102 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 55. R. platycephala. Quelimane (Pfeffer, loc. cit., p. 96). 56. R. variegata. Quelimane, Boror (Peters, loc. cit., p. 1617 — H. variegatus). 51. R. Salinae. Inhambane (Peters, Joc. cit., p. 169 —H. Salinae). 58. Chiromantis xerampelina. Senna e Tete (Peters, loc. cit., p. 170); Quelimane (Pfeffer, loc. cit. po 91). 59. Phrynomantis bifasciata. Tete, Inhambane (Peters, loc. cit., p. 172). 60. Hemisus marmoratus. Cabaceira, Boror (Peters, loc cit., p. 173). 61. H. sudanensis. Quelimane (Pfeffer. Joc. cit., p. 101). 62. Phrynopsis Boulengeri. Quelimane (Pfeffer, loc. cit., p. 99). Parece-nos ainda conveniente chamar a attenção de futuros ex- ploradores para algumas outras especies de Reptis e Batrachios mais recentemente encontradas em territorios que, ao tempo da viagem do dr. Peters, se achavam sob o dominio de Portugal e veem hoje desi- gnados nas cartas inglezas sob a denominação de Nyassaland. * E natural que estas especies, muitas d'ellas pelo menos, se en- contrem mais largamente disseminadas por varios pontos da provincia de Moçambique, que lhes offereçam condições analogas de existencia. ! V. Boulenger, On the state of our knowledge of Reptiles and Batrachians of British Central Africa— P. Z. S. L., 1891, p. 305. Giinther, Report on a Collection of Reptiles and Batrachians transmitted by H. H. Jonhston, from Nyassaland — P. Z. S. L., 1892, p. 555; ibid., 1898, p. 618. PHYSICAS E NATURAES 103 SAURIOS * 1. Pachydactylus Ossaughnessyi. Boulenger, Cat. Liz. B. M., 1, p. 122. * 2. Lygodactylus angularis. Giinther, P. Z. 8. L., 1392, p. 555, pl. XXXIII, fig. 1. 3. Agama Kirkii. Blgr., Cat. Liz. B. M., 1, p. 354. 4. Sepsina tetradactyla. Sepsina (Rhinoscincus) tetradactyla, Peters, Monatsb, Ac. Berl., 1874, p. 374. 5. Chamaeleon quilensis. Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 60, pl. VIII, fig. 3. * 6. Chamaeleon isabelinus. Gthr., P. Z. S. L., 1892, p. 556, pl. XY XIII, fig. 2. * 7. Rampholeon platiceps. Gthr., P. Z. S. L., 1892, p. 556, pl. XXXIV, fig. 1. * 8. Rampholeon brachyurus. Gthr., P. Z. 8. L., 1892, p. 557, pl. XXXIV, fig. 2. OPHIDIOS * 9. Homalosoma shiranum. Blgr., Cat. Snak. B. M., 11, p. 276, pl. XIII, fig. 1. * 10. Psammophylax variabilis. Gthr., P. Z. S. L., 1892, p. 557, pl. XXV. 11. Amphiophis angolensis. Bocage, Herp. d' Angola & Congo, p. 118, pl. XI, figs. 3-3 7. - 4 12. Calamelaps miolepis. Gthr., Ann. & Mag. N. H., 1888, (1), p. 328. 104 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS BATRAÁCHIOS x 13. Rana nyassae. Gthr., P. Z. S. L., 1892, p. 558. * 14. Rana Johnstonii. Gthr., P. Z. S. L., 1898, p. 620. 15. Arthroleptis macrodactyla. Blgr.. Cat. Batr. Sal. 1882, p. 117, pl. XI, fig. 5. 16. Rappia nasuta. Gthr., P. Z. 8. L., 1864, p. 482, pl. XXXIII, fig. 2. 17. Breviceps verrucosus. Rapp., Arch. f. Naturg., 1842, p. 289, pl. VI, fig. 5. Vão precedidas de um * os nomes das especies que até hoje só- mente teem sido encontradas na região do Nyassa. EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS Est. I— Fig. 1. Tarentola gigas (Ascalabotes gigas, Bocage). Fig. 2. Hemidactylus Bouvieri. Fig. 3. Lygodactylus gutturallis (Hemidactylus gutturalis, Bocage). Est. IL. — Macroscincus Coctei. STIVENLLNS H EMA SATALIVAIKAH S-SVITO SALOVIVOSY | “HIT LATA OTTAdVO QLsah SOCTYNH O BSANÓSVA dY ETHLIT Eid HO SINLONTEIS (OEL OA SOTEN HA 8 SENÓSVA LV HC'HAIT HLIT LH TAC OTIAdVD 'H PHYSICAS E NATURAES 105 MAMMIFEROS, AVES E REPTIS DA HANHA, NO SERTÃO DE BENGUELLA J. V. BARBOZA DU BOCAGE Prosegue José d'Anchieta nos seus trabalhos de exploração zoo- logica da provincia de Angola com o mesmo ardor com que os ence- tára ha quasi trinta annos; accommettem-no, uns após outros, os atta- ques da febre endemica, accentuam-se mais e mais os symptomas da anemia geral, affrontam-no de vez em quando desgostos e contrarie- dades, vão-se-lhe accumulando os annos, tudo debalde que José d'An- chieta a tudo resiste, de tudo triumpha graças á sua organisação pri- viligeada, graças sobretudo á sua indomita vontade, attributo caracte- ristico de um espirito superior. E da Hanha, no sertão de Benguella, que nos chegaram as suas ultimas remessas de exemplares zoologicos, colhidos em 1895 durante a estação das chuvas. Constam de treze especies de mammiferos, doze especies de aves e vinte e sete de reptis. Encontramos entre ellas apenas uma que nos parece nova para a sciencia, e de todas já tinha- mos exemplares colligidos pelo nosso explorador em outras localida- des da zona dos planaltos de Angola, que elle tem tão fructuosamente percorrido; mas deve notar-se que a estação das chuvas é a mais des- favoravel para este genero de pesquizas, e é de esperar que muito maiores resultados venha a alcançar-se da sua ulterior permanencia em um ponto que parece offerecer condições muito favoraveis á vida ani- mal em outras epochas do anno. Em confirmação do que acima dissemos não podemos resistir ao desejo de transcrever para aqui alguns periodos de uma carta de José d' Anchieta, em que se revelam bem os elevados dotes da sua alma e a sua grande illustração : — «OQ que me é necessario é seriamente cuidar, não pela rotina ba- nal mas a meu modo, na conservação de algumas forças que ainda me restam na minha edade e tendo passado tantos annos n'este clima. Cada vez me vae sendo mais necessario aproveitar o tempo que me pode restar. 106 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS «Devo authenticar pela photograpkia as vastissimas cavernas que aqui se encontram nas montanhas graniticas, tanto nas regiões inter- mediarias como nas mais elevadas. São cavernas de extensão maravi- lhosa, onde em tempo de guerra se refugia grande parte da popula- ção indigena, escondendo alli numerosas manadas de bois. «A existencia d'estas immensas cavernas parece scr até ao pre- sente um facto absolutamente desconhecido na Geographia Physica. d'estas regiões e interessa ao mesmo tempo á Geologia por serem ca- vernas vastissimas em terreno granitico.» MAMMIFEROS 1. Epomophorus Dobsonii, Bocage — Lima. Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1, 1829, p. 1, fig. 1; ibid. Recebemos agora um segundo exemplar, uma femea, d'esta curiosa especie que o sr. Anchieta descobriu em 1889 em Quin- dumbo, tambem no sertão de Benguella. Este exemplar é um pouco inferior em dimensões ao macho typo da: especie: comprimento total (cabeça e tronco) 155 mm.; cabeça 50; distancia da narina ao olho 21; do olho à orelha 13; orelha 22: antebraço 79; pollex 33; 3.º de-: do da aza (melac. 49, 1.º phal. 30, 2.º phal. 45) 1245 tibia 34; pé 22. Pelo aspecto geral e côres fôra facil confundil-o com o E. gambianus, porém as pregas do paladar, cujo desenho reproduzimos aqui, são tão caracteristicas que: é impossivel confundil-o com qualquer das especies c ngeneres. Os indigenas da Hanha dão-lhe o nome por que é tambem conhe- cido nos sertões d' Angola o E. gambianus. 2. Phyllorhina caffra (Sundev.) — Calundiriri. Bocage, loc. cit., p. 16. Dois exemplares, femeas, colhidos no interior de uma habitação. 3. Nycteris thebaica, Geoffir.— Calundiriri. Bocage, loc. cit., p. 11. Uma 9. Tem, como os exemplares de Quissange da nossa collec-. U - . . . PES ção, o 2.º premolar inferior mais desenvolvido e occupando normal- mente o seu logar na serie dentaria, caracter distinctivo. na opinião de Peters, da N. fuliginosa, de Moçambique. PHYSICAS E NATURAES , 107 4. Felis serval, Schreb. — Onjui. Bocage, loc, cit., p. 175. Uma femea adulta. A julgar pelo numero de exemplares que te- mos recebido de diversas localidades não deve ser raro nos planaltos do sertão. Este exemplar foi caçado, segundo nos refere o sr. An- chieta, durante o crepusculo da tarde e bem assim o da Genetta par- dina, que mencionamos em seguida. 5. Genetta pardina, Is. Geoffr. — Calucimba. Bocage, loc. cit., p. 177. Um exemplar adulto. 6. Sciurus Stangeri, Waterh. — Onguele. Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 sér., Ir, p. 1. Tinhamos já dois exemplares d'esta especie provenientes de An- gola, um de Cazengo, outro sem indicação de localidade; agora man- dou-nos o sr. Anchieta outros dois exemplares da Hanha, onde nos diz que é menos abundante do que o Sc. congicus. 1. Sciurus congicus, Kuhl — Cacinde. Bocage, loc. cit., p. 2. É de todas as especies do genero Sciurns a mais vulgar e abun- dante, sobretudo nos planaltos do interior de Benguella. 8. Euryotis irroratus, Brants. Bocage, loc. cit., p. 8. Vieram tres exemplares, o que nos faz suppôr que é vulgar na Hanha. 9. Mus microdon, Peters — Bando. Bocage, loc. cit., p. 13. LA . Varios exemplares. E muito abundante, segundo nos diz o sr. Anchieta, nos terrenos cultivados. 10. Mus nudipes, Peters — Hulo. Bocage, loc. cit., p. 14. 11. Pelomys fallax, Peters — Guelo. Bocage, loc. cit., p. 17. Varios exemplares. Diz-nos o sr. Anchieta que se encontra fre- quentemente pelos terrenos cultivados. 108 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 12. Georychus Mechowi, Peters — Nete. | Bocage, loc. cit., p. 18. | | Um exemplar novo. 15. Cephalophus malanorheus, Gray — Bele. Chephalophus Anchietae, Bocage, P. Z. 8. L., 1818, p. 743. | Uma femea nova. AVES 14. Milvus aegyptius (Gm.) — Bimbi. Bocage, Ornithologie d' Angola, p. 43. Um exemplar sem designação de sexo. Abundantissimo. 15. Elanus coeruleus (Desf.) — Kapamba-cacolo. Bocage, loc. cit., p. 44. Um & novo. «Iris pardo-olivaceo; bico preto; erra labios e pés amarello claro. Pouco abundante (Anchieta) IDE 16. Bubo lacteus (Temm.) — Kiuculo.' Bocage, loc. cit., p. 56. Um exemplar novo na phase de plumagem que descrevemos na Ornithologie d' Angola. «Iris escuro; cera e bico de um pardo esver- deado; dedos pardos. Abundante (Anchieta)». 17. Turtur semitorquatus (Rúpp.) — Ecuti. Bocage, loc. cit., p. 383. Uma q. «Faz muitos estragos nas plantações de milho. Muito abundante durante todo o anno (Anchieta)». 18. Mycteria senegalensis, Shaw — Humbo. Bocage, loc. oit., p. 452. Um é. «De arribação e pouco abundante. Encontrei-lhe no esto- mago peixes pequenos (Anchieta)». 19. Platalea tenuirostris, Temm.— Onguto. Bocage, loc. cit., p. 456. Uma 2. «Iris gridelim esbranquiçado; região frontal e facial, bem PHYSICAS E NATURAES 109 como o bico na face superior com pontos avermelhados sobre um fundo verde claro; pés de um vermelho claro. Ave de arribação e pouco abundante (Anchieta)». 20. Ibis aethiopica, (Lath.) Bocage, loc. cit., p. 459. Um exemplar sem designação de sexo. «De arribação em bandos pouco numerosos (Anchieta)». 21. Limnocorax niger (Gm.) Bocage, loc. cit., p. 481. Um &. «Iris e rebordo das palpebras carmezim; bico amarello- esverdeado; pés vermelho-coral vivo. Abundante e permanente. Tinha insectos no estomago (Anchieta)». 22. Plectropterus gambensis (Briss.) — Jaba. Bocage, loc. cit., p. 491. Um dg. Muito abundante, em bandos numerosos. Sustenta-se de peixes (Anchieta)». 25. Anas xanthorhyncha (Forst.) * Bocage, loc. cit., p. 500. Um é. «De arribação e pouco abundante (Anchieta)». 24, Nettion punctatum (Burch) Querquedula hottentota, Bocage, loc. cit., p. 503. Dois exemplares à e 9. «Abundante e sedentario. Come peixes (Anchieta)». - 25. Phalacrocorax africanus (Gm.) — Canjui. Graculus africanus, Bocage, loc. cit., p. 522. Uma q. Abundantissimo e, em parte, sedentario. id 410 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS REPTIS 26. Lygodactylus angolensis, nova sp. L. capensis, (part.) Bocage, Herp. d' Angola & Congo, 1895, p. 15. Dois exemplares machos encontrados nas paredes velhas de um curral. Diz-nos o sr. Anchieta que é pouco abundante. São identicos a outros exemplares do mesmo sexo que o sr. An- chieta colhera na Cahata e Galanga e que haviamos referido ao L. ca- pensis (loc. cit., p. 15). Agora, porém, comparando-os mais attenta- mente a exemplares d'esta ultima especie, recebidos de outras localida- des, encontramo-lhes differenças que nos parecem justificar a sua distinc- ção especifica, taes são: o numero de placas que circumscrevem as na- rinas, quatro em logar de tres; o numero um pouco superior de placas labiaes, 8 a 9 as superiores e 7 a 8 as inferiores; o numero mais ele- vado tambem de poros pré-anaes no macho, pois em todos os nossos exemplares encontramos 9 em vez de 5, que nos apresentam os nos- sos exemplares do L. capensis, capturados no Dombe e em Caconda. Nas côres e desenho das regiões superiores tambem differem: são de um pardo-azeitonado claro, com a parte superior da cabeça, tronco e cauda, bem como a face externa dos membros, ornadas de malhas re- dondas amarelladas, orladas do pardo, e com pequenos traços d'esta mesma côr. De cada lado da cabeça uma linha parda estende-se da ex- tremidade do focinho, atravez do olho, até proximo da inserção do membro anterior. As regiões inferiores de um branco-acinzentado. Comprimento total 71 mm.; comprimento da cabeça 9: largura da ca- beça 6; membro anterior 11; membro posterior 15; cauda 39. 27. Agama planiceps, Peters —Chicucubanda.! Bocage, loc. cit., p. 18. Varios exemplares, uns colhidos nas paredes e tectos das cuba- tas, onde abundam, outros no matto Vira aus frequentam menos. 28. Agama armata, Peters? Bocage, loc. cit., p. 19. Um & adulto, do qual nos diz o sr. Anchieta que apresentava em vida o dorso ornado de malhas symetricas escuras sobre um fundo en- carnado de minium levemente ocraceo, e tinha a cabeça de um azul 1 Acompanhamos os nomes scientificos das especies dos nomes indigenas que nos são indicados pelo nosso explorador, conservando-lhes a orthographia sonica por elle usada. PHYSICAS E NATURAES 111 de cobalto tão vivo como o Stellio atricollis. Teem os indigenas na conta de mortifera a mordedura d'este animal, attribuindo-lhe, de certo injustamente, a morte de bois e cães. Hesitamos hoje em referir ao 4. armata, descoberto por Peters em Moçambique, o Agama que se encontra abundantemente nos pla- naltos de Angola; parece-nos mesmo que melhor se ajustam os seus caracteres a outra especie da Africa austral, o 4. aculeata, a julgar pelas descripções que encontramos d'esta especie na Erpetologie (Yéné- rale e na 2.2 edição, publicada por M. Boulenger, do Catalogue of the Lizards in the British Museum. Inclinamo-nos tambem a que um exame mais completo de exem- plares de diversas procedencias poderá levar-nos a admittir especies ou variedades bem caracterisadas, que não podem justificadamente re- ferir-se nem ao typo de Moçambique, A. armata, nem ao typo do Cabo, À. aculeata, com quanto muito proximas de uma ou de outra. 29. Gerrhosaurus nigrolineatus, Hall. — Cangala. Bocage, 70c. cit., p. 35. -- Dois exemplares. «Não parece scr abundante n'esta localidade (Anchieta)». 30. Mabuia sulcata (Peters) — Camoselene. Bocage, loc. cit., p. 41. Cinco exemplares, tres dos qnaes da var. six-vittata. « Abundante, em companhia do A. planiceps, pelas paredes e tectos da cubatas (An- chieta)». 31 Mabuia striata (Peters). Bocage, loc. cit., p. 41. Tres sxemplares. 32. Mabuia varia (Peters). Bocage, toc. cit., p. 43. Dois exemplares. Refere o sr. Anchieta que aos Mabuias attribuem os indigenas propriedades medicinaes analogas ás de que gosava na antiga Materia medica o Scincus ojficinalis. 33. Sepsina angolensis, Bocage. Bocage, loc. cit., p. 53. | Um exemplar. Pouco abundante. 112 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 34. Chamaeleon dilepis,, Leach — Longairo. Bocage, loc. cti., p. 59. Varios exemplares. Abundante. 35. Typhlops punctatus, var. lineolatus (Jan) — Gimbololo. Um exemplar. Raro. Capturado por occasião d'uma cava. Pp y p 36. Python natalensis, Smith — Moma. Varios exemplares, um dos quaes capturado no momento em que procurava devorar uma pequena gazella (Cephalophus melanorheus). Abundante. 37. Helicops bicolor (Giinther) — Jaué. Bocage, loc. cit., p. 16. Um exemplar, mas diz-nos o sr. Anchieta que se encontra facil- mente onde ha agua. | 38. Boodon lineatus, var. angolensis, Bocage. Bocage, loc. cit, p. 19. Varios exemplares de diversas edades. «E pelos indigenas consi- derada muito venenosa (Anchieta)». 39. Lycophidium capense (Smith) — Luxiba. Bocage, loc. cit., p. 81. Um exemplar novo. 40. Philothamnus irregularis (Leach) — Nombo. Bocage, loc. cit., p. 85, Um exemplar. «Encontra-se pelas arvores e pelas hervas na pre- sente estação; sendo difficil de caçar pelo pouco que se distingue no meio da verdura (Anchieta)». 41. Philothamnus semivariegatus, Smith — Nombo. Bocage, loc. cit., p. 90. Um exemplar novo. 42. Rhagerhis tritaeniata, Giinther — Sonjolo. Bocage, loc. cit., p. 110. Um exemplar semi-adulto. Temos recebido esta especie de todas as localidades do sertão de Benguella visitadas pelo sr. Anchieta. PHYSICAS E NATURAES DES) 43. Psammophis sibilans (L.) — Suela. Bocage, loc. cit., p. 114. Varios exemplares. «Consideram-na perigosa os indigenas (An- chieta)». “44. Grotaphopeltis rufescens (Gm.). Bocage, loc. cit., p. 121. Um exemplar adulto. 45. Naja nigricollis, Reinhdt.— Cuiba. Bocage, loc. cit., p. 135. Dois exemplares, Licht. 46. Gausus rhombeatus. Bocage, loc. cit., p. 145. Um exemplar novo, encontrado n'uma plantação de canna de assucar. 41. Vipera arietans, Merr. — Buta. Bocage, loc. cit., p. 149. Muitos exemplares, que bem provam quanto é abundante n'aquella localidade. 48. Vipera rhinoceros, Schleg, — Bamba. Bocage, loc. cit., p. 149. Dois exemplares adultos. Escreve-nos o sr. Anchieta: «Serpente das mais venenosas, mas que raras vezes chega a morder. Abundante como a Buta (V. arie- tans) e semelhante em costumes, recolhe-se de dia por baixo do matto ou em covas no chão; é indblente na locomoção e pouco rapida nos movimentos de ataque. Do que d'ella conta o gentio pode inferir-se que á mordedura se segue rapidamente a inchação da parte mordida, invasão do tronco, hemorrhagias nas mucosas e tumefacção enorme da lingua que pende fóra da bocca, seguindo-se a morte após a mais horrorosa agonia». 49. Rappia marmorata (Rapp.). Bocage, loc. cit., p. 164. Quatro exemplares da var. insignis. JORN. DE SCIENC. MA'IH, PHYS. E NAT.—-2.2 sERIE— N.º XIV 8 ds = ES 114 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 50. Hylambates angolensis, Bocage. Bocage, loc. cit. p. 179, pl. XVII, figs. 1-1 a. Um exemplar semelhante aos que temos recebido de outros pon- tos do sertão de Benguella. 51. Bufo regularis, Reuss.— Kiúnbolo. Bocage, loc. cit., p. 185. Dois exemplares. Vulgar. 52. Xenopus Petersii, Bocage — Kimbolo. Bocage, loc. cit., p. 187. Dois exemplares. PIYSICAS E NATURAÉS 115 SUR QUELQUES REPTILES ET BATRACIENS AFRICAINS PROVENANT - DU VOYAGE DE M. LE DR. EMIL HOLUB PAR “o V. BARBOZA DU BOCAGE M. le dr. Emil Holub a généreusement disposé en faveur du Mu- séum de Lisbonne d'une partie des spécimens zoologiques recueillis dans le cours de son intéressant et fructueux voyage dans 1 Afrique australe. Ayant eu à m'occuper derniérement de la révision de nos collections herpétologiques africaines, j'ai du naturellement examiner les reptiles et batraciens donnés par Villustre voyageur autrichien, et c'est le résultat de cet examen qui fait le sujet du présent écrit. REPTILES 1. Pachydactylus capensis (Smith). Un individu adulte de Modder-River (Republique d'Orange). 2. Pachydactylus Bibroni, Smith. Deux individus de Colesberg, et un de Lorenz-River (Cap); un autre de Modder-River (Orange). 3. Agama Holubi, nova sp. Une femelle adulte recueillie à Modder-River (Etat-d'Orange). Tête courte, un peu déprimée; museau court et légerement ar- rondi. Narine percée sur une plaque bombée, située sur le canthus rostralis. Ecailles sus-céphaliques en partie lisses et plates, en partie coniques et pointues. Occipitale distincte des autres plaques. Seize 8% ba ds. 116 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS labiales supérieures. Tympan grand et à découvert. De nombreux bou- quets d'épines courtes et prismatiques autour de Vouverture auricu- laire et sur les côtés de la tête et du cou. Une petite crête nuchale peu distincte; pas de crête dorsale. Corps allongé et déprimé; dos revêtu de fort petites écailles rhomboidales, lisses ou à carênes effa- cées, mais surmontées d'une petite épine; parmi ces écailles il y en a d'autres plus grandes et armées d'une épine plus forte, irréguliere- ment éparses; écailles ventrales lisses, quadrangulaires, à peu-prês des mêmes dimensions que les dorsales, les écailles caudales et celles des faces externes des membres beaucoup plus grandes, fortement care- nées et mucronées. On compte 170 à 180 écailles autour du milieu du tronc. Queue plus longue que la tête et le tronc réunis. Membres courts; le membre postérieur mis le long du corps atteint à peine par son extrémité Vinsertion du membre antérieur. Les doigts courts; le 3º doigt un peu plus court que le 4º; les 3º et 4º orteils presque égaux; le 5º dépasse le 1º, qui est três court. En dessus varié sur un fond grisâtre de petites taches irrégulie- - res brunes et de quelques points blanes; sur la queue et les membres des taches transversales brunes régulitrement espacées. Régions infé- rieures d'un blanc-grisâtre sans taches. Dimensions: Longueur totale 190 mm.; longueur de la tête 24; largeur de la tête 21; longueur du tronc 65; du membre antérieur 39; du membre postérieur 56; de la queue 101. Le nombre, la petitesse et surtout la structure particulitre des écailles dorsales de cet individu nous semblent assez caractéristiques et nous amenent à le considérer comme le représentant d'une espece nouvelle. Nous avions pensé d'abord qu'il pourrait bien être identi- que à VA. micropholis, du Transvaal, que nous connaissons à peine d'aprês la description publiée par M. P. Matschie!; mais les caracte- res des écailles dorsales, en général lisses et toutes surmontées d'une petite épine relevée, et le nombre plus elevé des sus-labiales, 16 au lieu de 11, s'opposent à une telle assimilation. 4. Agama pulchella, nova sp. Un q adulte et deux jeunes de Modder-River (Orange). Tête grande, large en arriere, un peu déprimée; museau légê- rement arrondi. Narines percées dans une petite plaque convexe pla- cée sur le canthus rostralis. Ecailles du dessus de la tête en partie lisses, en partie tuberculeuses. Occipitale distincte. Treize labiales sn- périeures. Sur les côtés de la tête et du cou de nombreux bouquets d'épines prismatiques et allongées, Tympan grand et à decouvert; son pourtour garni de quelques épines, Crêtes nuchale et dorsale distin- * ctes; celle-ci se prolongeant jusqu'aux deux tiers de la queue. Corps LV. P. Matschie, Ueber eine lleine Sammlung von Reptilien und Amphibien aus Sid-Afrika (tivage à parte du Zoologischen Jahrbiichern, p. 607). NEM PHYSICAS E NATURAES 11% déprimé. Ecailles dorsales petites, héxagonales, fortement carênées et mucronées, entremelées à d'autres plus grandes disposées en ran- gées longitudinales sur la région vertebrale ou éparses, isolées ou par petits groupes. De chaque côté du dos un pli du tégument donne in- sertion à une série réguliere d'écailles épineuses. Les écailles des flancs sont fort petites et inférieures en dimensions aux écailles ventrales, qui portent chez l'adulte des carênes plus ou moins effacées. Les écailles de la queue et du dessus des membres dépassent beaucoup en dimen- sions les dorsales. Le nombre des séries d'écailles autour du tronc est de 130 à 140. Membres longs; le membre postérieur mis le long du corps touche par son extrémité à Vangle postérieur de Vceil. Doigts et orteils allongés; le 4º doigt est un peu plus long que le 3º; le 4º orteil est aussi plus long que le 3º, le 5º dépasse de beaucoup V'extré- mité du 1º. Une série de dix pores pré-anaux chez le mãle. L'adulte a le dos varié de taches irrégulieres noirâtres sur un fond gris-brun pâle et présente une large bande vertebrale d'un gris blanchâtre, qui se prolonge sur la premitre moitié de la queue; un certain uombre d'écailles d'un gris-blanchãâtre se détachent sur la cou- leur sombre du dos. Les faces supérieures de la tête, des membres et de la queue sont également tachetées de noir sur un fond plus clair. Les régions inférieures d'une teinte grisâtre présentent sur la face in- féricure de la tête et sur la poitrine un réseau à larges mailles d'un gris noirâtre ou bleuâtre. Du mode de coloration de Iadulte, mais seulement du mode de coloration, la figure de PA. Phillippsii, publiée par M. Boulenger, peut donner une idée assez exacte. ! La bande vertebrale claire ne se fait pas remarquer chez les deux jeunes. Ils sont en dessus d'un gris-noirâtre pâle avec de petites ta- ches noires et blanches; en dessous d'un blanc uniforme. Chez un de ces individus les petites taches blanches du dos forment par leur ré- union des lignes transversales. Dimensions du é adulte: longueur totale 168 mm.; de la tête 19; largeur de la tête 16; longueur du tronc 55; du membre antérieur 38; du membre postérieur 52; de la queue 94. Le plus grand de nos deux jeunes individus est à peine' long de 107 mm. 5. Zonurus polyzonus (Smith). Deux individus, à et 9, de Colesberg (Cap). 6. Eremias Burchellii, D. & B. Un individu de Modder-River (Orange). 7. Eremias namaquensis, D. & B. Un d de Modder-River (Orange). 2 V. Boulenger, Ann. d Mag. N, H., xvi, 1895 (2), p. 167. 118 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 8. Gerrhosaurus nigrolineatus, Hallow. Un 2 de Shoshong (pays des Bamanguatos). Cet individu se fait remarquer par sa tête relativemont petite et par son museau três court. Les pré-frontales sont en contact par leurs bords internes, comme c'est le cas chez le G. nigrolineatus, mais ces bords sont assez courts, au contraire de ce que [on observe chez tous nos individus, et ils sont assez nombreux, de cette espece. y 9. Caitia tetradactyla (Lacep.). Un individu adulte de Linokana (Transvaal). 10. Mabuia binotata, Bocage. Un individu adulte de Shoshong (Bamanguatos). 11. Mabuia trivittata (Cuv.). Un individu adulte et un jeune de Linokana (Transvaal). Le jeune est d'une teinte grisâtre uniforme sans les bandes lon- gitudinales claires sur le dos. 12. Mabuia sulcata, Peters. Un individu de Shoshong (Bamanguatos) de la var. sex-vittata. 13. Mabuia sp.? Un jeune individu de Shoshong (Bamanguatos). Cet individu ressemble à M. striata par son modo de coloration et présente même le dessous de la tête tacheté de noir, comme Pon observe chez quelques individus de cette espece; mais il en difere aussi par plusieurs détails: le nombre de ses rangées longitudinales d'écailles est plus élevé, 40 au lieu de 32 à 36; ses écailles dorsales sont rélativement plus petites et celles qui couvrent le milieu du dos ne sont pas bien supérieures en dimensions aux autres; enfin la forme de sa frontale est un peu différente, à bords antérienrs plus courts et réunis en angle obtus. 14. Acontias meleagris (L.). Deux individus du pays des Bechuanas. 15. Scelotes bipes (L.). Un individu adulte de Linokana (Transvaal). 16. Chamaeleon quilensis, Bocage. Un individu três jeune, en mauvais état, qui nous semble appar- tenir à cette espece, recueilli à Colesberg (Cap.). ! PR ma, AS Ta A q PHYSICAS E NATURAES 119 17. Typhlops Delalandii, Schleg. Un individu, âge moyen, de Shoshong (pays des Bamanguatos). 18. Prosymna Sundevallii (Smith.). — Un individu adulte de Harts-River (Transvaal). BATRACIENS 1. Rana fuscigula, D. & B. Deux individus de Colesberg (Cap). 2. Rappia sp.? Deux individus en três mauvais état de Panda-ma- Tenka (pays des Matebeles). 3. Bufo regularis, Reuss. Deux individus adultes, Iun du pays des Bechuanas, Pautre de Linokana (Transvaal). 4. Bufo angusticeps, Smith. Un individu adulte de Linokana (Transvaal). 5. Bufo tuberculosus, nova sp. Deux individus, adulte et jeune; le premier de Linokana (Trans- vaal), le second du pays des Bechuanas. Tête large et déprimée; museau court et arrondi. Narines plus rapprochées de I'ceil que du bout du museau, l'espace qui les sépare égal à leur distance au bord de la machoire. Espace inter-orbitaire plat, plus étroit que la longueur de la paupiêre supérieure. Tympan cir- culaire, bien distinct, d'un diamêtre égal à un peu plus de la moitié de la longueur de la paupiêre supérieure. Parotides saillantes, elliptiques, deux fois plus longues que larges, peu divergentes; elles touchent par leur extrémité antérieure à Veil et au tympan. Le tronc a trois fois la longueur de la tête. Les membres sont modérées. Aux membres anté- rieurs les doigts sont courts et forts; le 1º à peine un peu plus long que le 2º et égal au 4º, le 3º le plus long. Deux tubercules coniques sur la paume de la main, dont [externe est beaucoup plus fort que Vinterne. Le membre postérieur mis de long du tronc, les tubercules “ du métatarse touchent au tympan; le pli tarsal est bien distinct et oceupe toute V'étendue du tarse. Les orteils, plus grêles que les doigts, 120) JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS portent à leur base une petite palmure, qni se prolonge jusqu'a leurs extrémités sous la forme d'une bordure étroite. Des deux tuberenles du métatarse l'externe est conique et l'interne étroit et allongé. Les tubercules articulaires, tant aux doigts qu'aux orteils, simples et pro- eminents. La peau du dessus de la tête et du milieu du dos est couvexte de granulations et de tubercules arrondis; mais sur les côtés et la partie postérieure du dos, ainsi que sur la face externe des bras et des cuis- ses, ces tubercules prennent un développement considérable et présen- tent une forme plus allongée. La peau des régions inférieures est gra- nuleuse; mais ces granulations sont presque effacées sur la gorge et petites sur la poitrine et la partie antérieure de "abdomen, et assez developpées sur le bas-ventre et la face interne des cuisses, égalant presque en dimensions les tubercules du milieu du dos. Le mãle adulte est en dessus d'un cendré-olivátre pâle (dans ['al- cool) varié de quelques petites taches brunâtres, peu distinctes, sur les parotides et de taches transversales de la même couleur sur les membres. En dessous il est d'un blanc-jaunâtre sans taches. Le jeune présente sur un fond cendré-olivâtre des taches syme- triques brunes sur la tête et le tronc; les taches transversales des membres sont bien distinctes. Dimensions: Du bout du museau à [anus 60 mm.; longueur de la tête 18; largeur de la tête 23; distance de Veil à la narine 5; dis- tance de la narine au bout do museau 10; diametre du tympan 4; longueur de la paupitre supérieure 8,5; longueur du tronc 45; du membre antérieur 35; du membre postérieur 12. 6. Xenopus laevis (Daud.). Un jeune individu de Colesberg (Cap). CAS a 1 TURAES, na Academia Real das Sciencias de Ga n A — (a Jesus). a RR E “ol D ET adia Eu 0 | rum PIAS ENT PUBLICADO SOB 08 AUSPICIOS. + DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCAS DE LISBOA | “SEGUNDA SÉRIE Tom. IV— Outubro, 1898 — Num. XY LISBOA TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA “71896 Sobre a determinação de uma direcção fixa e sobre a de nação das latitudes sem a intervenção de observações as- - tronomicas, por João Maria d Almeida Lama ss aa Sur deux A ames d'Angola à alto héterogêne, par RA v. Barboza du Bocage. aorta ERAS Peixes de NE (terceiro appendice ao catalogo dos pei- E “xes de Portugal de Felix Capello), por Balthazar Coma á “Nota sobre algumas proposições de geometria, por ue Fre- ú derico d' Avillez (visconde do RE BUonEO): RR O “Sobre a area d'um bd RR Er o Frederico of d' Avillez (visconde do Reguengo).. “coro. eqeo o... ue Sobre um systema tri-tangente, por Jorge Frederico d' Avillez . (visconde do Kegutngo). css is suo o aceno e 'Reptis de Bolama, Guiné portugueza, colligidos pelo sr. Costa | Martins, chefe interino de saude no archipelago de Cabo- Verde, por J. V.-Barboza du Bocage-s 1 estas. sita “Aves d'Africa de que existem no Museu de Lisboa os exem- plares typicos, por J. V. Barboza du Bocage .........u pd > x, io San aa Se 164 pano Bo 106 um 15 11958 : Eu a aan PHYSICAS E NATURAES 121 SOBRE A DETERMINAÇÃO DE UMA DIRECÇÃO FIXA E SOBRE A DETERMINAÇÃO DAS LATITUDES SEM A INTERVENÇÃO DE OBSERVAÇÕES ASTRONOMICAS POR JOÃO MARIA DALMEIDA LIMA Capitão d'artilheria Sobre a determinação de uma direcção fixa O emprego do ferro na construcção dos navios modernos, e prin- cipalmente nos navios de guerra fortemente couraçados e providos de poderosa artilheria d'aço, veiu complicar notavelmente a determina- ção das direcções a bordo, por meio da agulha magnetica. Tem-se procurado corrigir o effeito variavel das massas de ferro do navio sobre a agulha, ora recorrendo a correcções tabulares, ora ao emprego de compensadores; sabe-se, porém, que esses meios estão bem longe de attingir a perfeição, em condições normaes do meio, e podem falhar completamente, quando o ferro do navio e a agulha te- nham sido submettidos a energicas acções electricas. Seria, pois, um problema de utilissima resolução, o de determi- nar uma direcção fixa a bordo, sem a intervenção (pelo menos exclu- siva) da agulha magnetica. Infelizmente, porém, a resolução d'esse problema apresenta gra- ves difficuldades na pratica, e estou longe de suppôr que os meios que proponho, as suppram completamente. São bem conhecidas as engenhosas disposições imaginadas por Foucault para evidenciar o movimento de rotação da terra; occupar- me-hei em 1.º logar do pião gyroscopio. Mostra a theoria d'este apparelho (Bour, 3.º fasciculo, pag. 208 e seguintes) e comprova-o a experiencia que: JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 SERIE— N.º XV. 9 122 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 1.º Se o eixo de rotação do toro é obrigado a conservar-se so- bre um plano horisontal, oscilla em torno do meridiano geographico. 2.º Se o plano, a que é obrigado o eixo, é o do meridiano geo- graphico, o eixo de rotação colloca-se parallelamente ao eixo de rota- ção da terra, e portanto a sua inclinação sobre o horisonte mede a latitude do logar. O simples ennunciado do primeiro d'estes principios mostra o par- tido que se pode tirar do pião gyroscopio para a determinação do NS geographico, a bordo dos navios; mas, uma dificuldade se apresenta na sua applicação à pratica, e é, o dar ao pião uma rotação sufficien- temente rapida e durante o tempo indispensavel ás operações, e por fórma a não impedir o livre movimento do eixo do toro. O meio que proponho, para resolver esta difficuldade, consiste no emprego de electro-imans circulares, imaginados por Gramme; o appa- relho que julgo dever realisar, em condições de exito possivel, o fim proposto, está representado em schema na fig. 1. E representa um electro-iman que desempenha um papel analogo ao dos inductores de uma machina dynamo; o toro T funcciona de im- duzido; o seu eixo de rotação apoia-se no inductor. Duas escovas e e €' assentam, como em qualquer motor electrico, sobre os collectores c e c'; essas escovas prendem-se tambem ao inductor. Um quadro Q, li- gado invariavelmente ao inductor, suspende-se, por meio de um coto- vello € munido de um pequeno cone de aço ou agatha, a um braço B, que tem na sua extremidade uma cavidade praticada em aço ou agatha, destinada a receber o cone de suspensão. E evidente que deve succeder com frequencia, que o cotovello €, em virtude do movimento de rotação do apparelho em torno da verti- cal, vá de encontro ao braço B, d'ahi a necessidade de dar ao braço um movimento de rotação em torno do ponto de suspensão 58. Com esse fim pode empregar-se a disposição esboçada na fig. 2. O braço B apoia-se sobre um disco munido de guias circulares R e R! com centro no ponto de suspensão S; o braço é munido de per- nos que entram n'essas ranhuras, e fixa-se a uma roda dentada D, que recebe movimento de rotação em torno de 8 por meio de um parafuso sem fim P. Superiormente deve estar collocado um segundo disco, tambem munido de ranhuras. A corrente deve entrar nas escovas por meio de dois fios muito flexiveis, analogos aos que se encontram no commercio, e que são for- mados por um feixe de fios muito finos; é claro que o operador deve dispôr as coisas de maneira, que os fios não offereçam resistencia apre- ciavel ao movimento do systema. Da analyse do apparelho, que acabo de descrever, resulta que na sua realisação pratica se podem apresentar duas difficuldades princi- paes. À primeira, e mais importante, deriva do attrito, provavelmente muito grande, que deve existir no ponto de apoio S, em cone do forte peso que forçosamente deve ter o apparelho. A segunda difficuldade provém da deterioração rapida dos extre- mos do eixo do toro, que deve ser animado d'uma grande velocidade. PHYSICAS E NATURAES 123 Deve comtudo notar-se, que os extremos do eixo podem ser facilmente substituídos por peças de sobrecellente, e que o apparelho só deve funccionar o numero de vezes indispensavel para verificar a declina- ção da agulha, porque, é claro, que seria inutil substituir completa- mente a agulha, tão simples e commoda na applicação quotidiana. Um outro systema de suspensão mais simples, é o que está indi- cado na fig. 3. Dois fios We W muito flexiveis, formados pela reunião de fios muito finos, suspendem o quadro Q, e ligam-se a um parafuso P de passo bastante curto. Quando se queira empregar o apparelho, deve destruir-se, por meio do parafuso P, qualquer tendencia á torsão, que se note na sus- pensão bifilar HH"; n'estas condições o eixo do toro deixa de ser for- gado pela suspensão, e portanto occupa no espaço a posição que oceu- paria, se fosse livre de se mover em torno de um eixo vertical. Os fios F e HF! podem tambem servir para conduzir a corrente; n'esse caso devem estar ligados a anneis a e a”, sobre os quaes escor- reguem escovas e e €' ligadas ao gerador de electricidade. Como pode succeder que o parafuso tenha um movimento verti- cal bastante sensivel, convém, que os porta escóvas m e m! possam deslocar-se verticalmente, o que se consegue por meio de uma ranhura praticada no porta-escova, e de um parafuso de pressão p ligado ao supporte. O parafuso P pode ser substituido por um cylindro bem justo na mortagem, e podendo fixar-se em qualquer posição por meio de um pa- rafuso de pressão; n'estas condições, é claro que os porta-escovas po- dem deixar de ser moveis. Sobre a questão da determinação de uma direcção fixa a bordo, proporei por ultimo o emprego de um solenoide ou talvez melhor, de um electro-iman de fórma apropriada, principalmente quando se receie uma alteração importante na distribuição do magnetismo da agulha, como frequentemente succede. Na fig. 4 está representado o modo, que me parece sufficiente, de realisar esta idéa. Um electro-iman 77! um pouco curvo, com o fim de fazer descer o centro de gravidade, apoia-se, por meio de um cone de platina, sobre uma pequena capsula c do mesmo metal; ao cone li- ga-se uma das extremidades do fio do electro-iman; o outro extremo deve ligar-se a um fio ou lamina de platina p, que se possa deslocar no interior de um vaso annelar T' contendo mercurio. Parece que esta disposição deve ter sobre a agulha magnetica or- dinaria a desvantagem (além da complicação) de uma menor sensibi- lidade, em consequencia do attrito da lamina de platina p contra o li- - quido; pode succeder, porém, que o effeito do attrito seja em grande parte compensado pela maior intensidade de magnetisação, por isso 9x 124 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS que se sabe serem os electro-imans muito mais poderosos que os ma- gnetes, em egualdade de peso. A fig. 5 representa uma outra disposição que exige, porém, uma horisontalidade perfeita, o que torna difficil o seu emprego. É claro que a tampa da caixa b deve ser munida de aberturas por onde se possa observar a posição da agulha, podendo mesmo ser substituida por uma simples travessa destinada a receber o supporte do eixo. À corrente entra no electro-iman pelas extremidades do eixo, que devem estar ligadas aos extremos do fio. Direi, por ultimo, que considero a agulha um apparelho de sim- plicidade insubstituível, e portanto o que acabo de propôr, tem apenas por fim fornecer um meio de precaver contra os desarranjos, extrema- mente perigosos, que se podem dar nas agulhas magneticas. Determinação das latitudes sem intervenção das observações astronomicas Comprehende-se que muitas vezes convenha determinar a latitude e que não seja possivel para isso recorrer ás observações astronomi- cas; o apparelho que proponho para resolver o problema, em taes con-: dições, funda-se no segundo principio ennunciado na pag. 122, e dif- fere pouco do que n'essa mesma pagina descrevi. Um systema formado por um toro e um electro-iman (fg. 6), per- feitamente identico ao da fig. 1, é movel em torno de um eixo hori- sontal O O!, apoiado sobre um arco metallico 8.8 de fórma apropriada; este arco deve poder mover-se em torno de um eixo vertical de ma- neira que o seu plano possa ser collocado em qualquer azimuth, o que se consegue adoptando as disposições usadas nas bussolas de inclina- ção, nas bussolas de tangentes, etc.; duas escovas e e «' assentam le- vemente sobre o eixo O 0'; estas escovas servem de polos de entrada e sahida da corrente que provém do gerador. Para empregar este apparelho, deve collocar-se o plano do qua- dro SS perpendicularmente ao plano do meridiano geographico, a fim de que o eixo de rotação do toro fique collocado n'esse plano. Quando a acção entre o inductor e o induzido determinar um mo- vimento sufficientemente rapido no toro em torno do seu eixo, este dis- pôr-se-ha parallelamente ao eixo da terra, e portanto o angulo d'aquelle eixo com o horisoute determinará a latitude geographica, como se con- clue da applicação do principio 2.º da pag. 122. As leituras podem ser feitas, ao modo ordinario, por meio de um PHYSICAS E NATURAES 125 circulo vertical graduado, sendo vantajoso collocar espelhos e e e' na extremidade do eixo, munidos de um traço (ou dois em cruz) parallelo aos traços do limbo. Do que disse relativamente aos apparelhos representados nas figs. 1 e 6, deprehende-se que o primeiro funccionna como uma bussola de declinação, e o segundo como uma bussola de inclinação. Parece que se poderiam reunir estes dois apparelhos n'um só, por fórma que, n'uma unica operação, se determinasse simultaneamente à latitude e a longitude. Para isso bastaria munir o quadro SS de dois pivots, collocados n'uma direcção perpendicular a O O, por fórma que o quadro SS se podesse mover livremente em torno de um eixo ver- tical; então é claro que o eixo do toro se poderia collocar em qual- quer direcção, e portanto quando o toro estivesse animado de movi- mento de rotação, o seu eixo collocar-se-hia parallelamente ao eixo da terra, e daria a latitude e o plano do meridiano. E, porém, muito para recear que, attendendo ao peso considera- vel do apparelho, a rotação do systema em torno do eixo vertical, se não effectue com a facilidade indispensavel, e portanto que o toro não consiga arrastar o plano do quadro para o plano do meridiano. Por ultimo indicarei um outro meio muito simples de determinar a latitude, mas que tem o importante defeito de não comportar grande exactidão; funda-se no principio da invariabilidade do plano de oscilla- ção do pendulo, demonstrado por Foucault. Conclue-se d'este principio que n'um logar de latitude ), o plano de oscillação do pendulo tem um movimento apparente de rotação em torno da vertical, de velocidade w==Q senA, sendo Q a velocidade de rotação da terra. Designando por T'o tempo de uma rotação completa da terra em torno do seu eixo, e por 7” o tempo de uma rotação com- pleta do plano de oscillação do pendulo em torno da vertical, será: 2x Im QuE Rel pus so T ST logo: Ip senA= —. Conclue-se d'esta formula que, para obter a latitude, basta deter- minar o tempo 7" de uma rotação completa do plano do pendulo, ou fracção conhecida d'essa rotação; quer dizer, basta conhecer o tempo que o plano do pendulo leva a deslocar-se de um numero dado de graus. 126 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS O defeito do processo está na difficuldade de medir exactamente a rotação do plano do pendulo. O apparelho destinado a essa medição, pode consistir simples- mente n'um pendulo de massa espherica, terminada inferiormente por um estylete, movendo-se superiormente a um plano circular graduado. Às graduações devem ser formadas por traços que partindo do centro terminem na cireumferencia, e distantes entre si de angulos conheci- dos, que para mais facilidade convém que sejam de 3º ou sub- multi- plos de 360º. Para fazer a determinação da latitude, o observador deve medir com um chronometro o tempo que o plano de oscillação do pendulo leva a percorrer a distancia entre dois ou mais traços. Para determinar, com mais rigor, a coincidencia do plano de oscillação com um dos tra- ços da graduação, podem empregar-se umas pequenas frestas verticaes, tendo ao centro e em coincidencia com o traço da graduação um fio vertical; convém que a fresta tenha muito approximadamente a lar- gura do estylete. Umas tabellas feitas de antemão podem dar os diffe- rentes valores À, correspondentes aos valores achados para 7”. Esta disposição seria susceptivel de determinações rigorosas, se fosse possivel prolongar, tanto quanto se quizesse, o tempo de oscilla- ção do pendulo; mas é exactamente isso o que não é possivel, ou pelo menos é muito difficil de conseguir. Em todo o caso, para prolongar quanto possivel aquelle tempo, convém que a massa do pendulo seja muito grande (para que a sua energia actual O seja) e que a sua superficie seja a menor possi- vel, a fim de diminuir a resistencia do meio; estas duas condições exi- gem que se empregue para massa do pendulo um corpo de grande densidade. ] Todos estes apparelhos teem a vantagem de serem de um em- prego simples e não exigirem aptidões, ou conhecimentos especiaes da parte do operador. Terminando devo declarar que não me convenço que os appare- lhos descriptos, representem uma realisação immediatamente applica- vel, dos principios que citei; o meu fim principal, n'este pequeno tra- balho, é mostrar que, com os recursos de que actualmente dispõe a sciencia, se pode admittir a possibilidade de resolver o importante pro- blema da determinação de uma direcção fixa sem o auxilio da bussola; e é evidente que trabalhos d'esta ordem, só no campo da experiencia podem ser ultimados. Lisboa, 31 de dezembro de 1892. * à cétte espéce (Jorn. Ac. Sc. de Lisboa, 1, 1867, p. 48). PHYSICAS E NATURAES 127% SUR DEUX AGAMES D'ANGOLA A ÉCAILLURE HRTÉROGÉNE PAR “e V. BARBOZA DU BOCAGE Les collections herpétologiques du Muséum de Lisbonne renfer- ment plusieurs échantillons de deux Agames à écaillure hétérogene provenant d'Angola, bien distincts tant par leurs caractéres comme par leur habitat. L'un de ces Agames se trouve largement répandu dans la région des hauts-plateaux; il a été recueilli au Duque de Bragança par Bayão et rencontré par Anchieta dans toutes les localités qu'il a visitées dans Vintérieur d'Angola. L'autre, au contraire, semble habiter exclusivement la région lit- torale, tous nos exemplaires étant originaires de Benguella, Catum- bella, Dombe et Mossamedes. De Vespêce des hauts-plateaux nous avions fait mention, sous le nom d'Agama armata, dans plusieurs de nos publications sur la faune d'Angola;! et, en effet, c'est de ['espece décrite et figurée par Peters sous ce nom qu'elle paraít se rapprocher davantage: mais aujourd'hui nous croyons plus sage de réserver notre opmion au sujet de leur identité, en attendant que nous puissions comparer nos échantillons d'Angola à des exemplaires authentiques de l'espece découverte par Peters à Senna et Tete, sur les bords du Zambeze. Quant à "Agame qui vit sur le littoral de Benguella et de Mossa- medes, nous [avons toujours considéré comme distinct de Pautre et três probablement aussi de tous les Agames connus, mais sans lui don- ner un nom nouveau, ce que nous osons faire maintenant. ? Les descriptions, qui vont suivre, de l'une et de Vautre de ces especes, serviront, nous l'espérons, à donner une idée plus complête 1 V. Bocage, Jorn. 4c. Sc. de Lisboa, vrr, 1879, p. 88; Ibid.., xr, 1887, p. 203; Ibid., 2.2 sér., 1v, 1896, p. 110; Hérpetologie d' Angola et du Congo, p. 19. Un indi- vidu du Duque de Bragança, que nous avions rapporté à 4. aculeata, appartient 2» 2 Herpétologie d' Angola et du Congo, pp. 21 et 22. 128 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS et plus exacte de leurs principaux caracteres et plaideront en même temps en faveur de notre maniére de voir actuelle. 1. ?Agama armata, Peters Tête sub-cordiforme, convexe, un peu déprimée entre les orbi- tes. Museau légerement obtus. Narines tubuleuses. Ecailles sus-cépha- liques en partie carénées, en partie tuberculeuses. Plaque occipitale bien distincte. Treize labiales supérieures. Tympan grand, découvert; le pourtour de Vorifice auriculaire garni d'épines fortes et compri- mées. Des bouquets de fortes épines sur les côtés de la tête et du cou. Tronc allongé et légerement déprimée. Crêtes nuchale et dorsale bien distinctes. Ecailles dorsales modérées, ou plutôt petites, carenées, entremêlées à d'autres plus grandes, plus fortement carénées et mu- cronées; celles-ci disposées ponr la plupart en trois ou quatre rangées longitudinales de chaque côté de la crête dorsale; la premiêre de ces rangées présente de chaque côté de la ligne vertebrale quelques sinuosités bien apparentes et symétriques; les autres sont disposées en lignes droi- tes. Ecailles ventrales à carênes plus ou moins effacées chez Vadulte. Membres médiocres: le membre postérieur porté le long du tronc atteint par son extrémité la région axillaire. Doigts courts, orteils modérés; les 3º et 4º doigts presque égaux; le 3º orteil un peu plus long que le 4º, le 5º dépassant à peine l'extrémité du 17. Queue longue, mé- surant pres de deux fois la distance de la région gulaire à anus. Une rangée de onze à treize póres pré-anaug chez le mále. Chez la plupart de nos individus les parties supérieures sont ta- chetées de brun ou de noir sur un fond fauve, grisâtre ou olivâtre; les taches du dos et du dessus de la queue sont disposés avec symé- trie de chaque côté de la ligne médiane ou forment des bandes trans- versales portant au centre une grande tache arrondie de la couleur du fond. En dessous d'une teinte plus pâle, sans taches. La gorge est chez quelques individus d'une teinte noirâtre ou bleuâtre, ou ornée de raies noires ou bleues. Chez un petit nombre de nos exemplaires les taches sont effacées de sorte qu'ils présentent un mode de coloration uniforme, plus pâle en dessous. Nous avons aussi deux individus d'un rouge-marron partout. Dimensions d'un É adulte: Longueur totale........... diese bio 3 aháialo FI coa » delatêtel coisa area rem ro ar ea PDR DD Largeur' de: lastête. sum eis miitis haja vaia colo to o polalo E RD Longheur dn tronc'i sol us quien ioa dio Sbt Ca O E » du membre antérieur........... 49 » » du membre postérieur.......... 65 » » de la queue ....... MP SAND ce L'arrangement régulier et symétrique des grandes écailles dor- sales en rangées longitudinales de chaque côté du dos, qu'on remar- PMs % a ear BASE VE PHYSICAS E NATURAES 129 que chez tous nos individus, et surtout la disposition sinueuse de la premiére de ces rangées aurait du, ce nous semble, frapper Vattention du dr. Peters, si une telle disposition se trouvait réellement chez les individus du Zambeze qui lui ont servi de types à son À. armata, et cependant on ne trouve aucune indication à cet égard ni dans la des- cription ni dans la figure de cette espéce. C'est pourquoi nous hésitons à rapporter nos individus d'Angola à VA. armata. | Une autre différence de quelque valeur que nous avons à signa- ler c'est le nombre des rangées de pores pré-anaux, deux, suivant Peters, chez le mãle de "4. armata, une seule chez tous nous mãles d'Angola. 2. Agama Anchietae Tête courte, large en arriére, convexe, sub-cordiforme, fort de- primée entre les yeux; museau court et obtus. Narines tubuleuses. Ecailles sus-céphaliques en général carénées. Plaque occipitale bien dis- tincte. Treize labiales supérieures. Tympan à découvert, pas d'épines sur les bords antérieur ct inférieur de ouverture auriculaire. Des bou- quets d'épines courtes et prismatiques sur les côtés de la tête et du cou. Tronc un peu déprimé. Une petite crête nuchale; la crête dor- sale remplacée par les carênes de la rangée vertebrale des écailles dor- sales. Ecailles dorsales carénées et mucronées; celles du milieu du dos plus grandes, disposées en séries longitudinales; sur les côtés du dos d'autres écailles plus grandes et plus fortement mucronées se trou- vent disseminées, isolées ou par petits groupes, sans former cepen- dant des séries longitudinales distinctes. Ecailles ventrales plus peti- tes que les dorsales, à carênes plus ou moins distinctes. Ecailles cau- dales plus grandes que les dorsales, carénées et mucronées. Membres moderés; le membre postérieur mis le long du corps atteint par son extrémité le tympan; doigts et orteils courts; le 3º doigt un peu plus long que le 4º: le 3º orteil également plus long que le 4º; le 5º or- teil n'atteignant pas Vextrémité du 1. Queue deux fois la longueur du tronc. Dix à douze pores pré-anaux chez le mãle. Le mode de coloration est variable: quelques individus sont d'un jaune plus ou moins vif et portent sur le dos quatre bandes transver- sales noires interrompues sur la ligne médiane par une tache de la couleur du fond; leur queue est ornée de demi-anneaux noirs. D'au- tres individus recueillis dans les mêmes localités ont des teintes uni- formes d'un brun olivâtre pâle. Dimensions d'un Q adulte: Eonstenri toe ss eso pato 5/00, 205 MM: » 018 NEAR rn LEU RI PRN CRE RAR AR O a center iasterer pm ae cao Vejo eae a QRO on ema duPtrone = eo e DS ess acao DO » du membre antérieur........... 42 » du membre postérieur.......... 54 » » dentanoueue o Amore fetais ia sjoio o LAW) 9 130 | JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Cette espêce est bien distincte de VA. aculeata, D. & B. Aprês avoir comparé nos exemplaires à un individu de cette espece, de VAfrique australe, don du Museum Britannique, que nous devons à Vextréme obligeance de M. Boulenger, nous ne pouvons avoir le moin- dre doute à cet égard. Il nous semble également impossible de la confondre avec aucune des autres especes d'Agames que nous connaissons. IE E MNA Pi SP SEA sore + ma o e io fa, Sa a o NS SR “a a oi E ss É: ts ;À Rr ap RA ad E JE E a « — pio Ca Ja TE ad dio Em dae Ain 0 CR, 5 Se R pd RES ' E adÉ Ir Sa A Ca 7 a? E cedo 1 STE ASAE De so Rap 0 va Mi ROS a Mme =p ESTE DISSER TRT IRIA TS TESS ss SIS T II SI ore rever tri Srcrer: emu CITSESITICTEICCESE Stem ertrrrtere HE ERR ELES Ria A ALA CERTERERCELI IEL ISE TIESTO TOSA PETIT rIse ns sister titto , PHYSICAS E NATURAES 131 PEIXES DE MATTOSINHOS (Terceiro appendice ao catalogo dos peixes de Portugal de Felix Capello) POR BALTHAZAR OSORIO Continuamos hoje a noticia das explorações maritimas do sr. Isaac Newton na costa de Mattosinhos, comprehendendo n'ella a narração dos factos colhidos directamente dos pescadores e relativos á pesca, as observações que constituem uma parte da sciencia que lhes é pe- culiar, a descripção de alguns apparelhos de pesca, e a classificação de muitos dos peixes obtidos n'aquella paragem. Como accentuámos n'uma nota publicada anteriormente, não deve desdenhar-se da sciencia popular, sobre tudo, quando faltarem conhe- cimentos e noções precisas que a substituam, tanto mais, que nella existe, como seria facil de demonstrar, muito de aproveitavel joeirado pela observação repetida atravez dos tempos; e d'ahi, o incluirmos nas paginas d'este jornal as breves noções que vão seguir-se e que dividi- remos em diversos capitulos. CAPITULO 1 Da epocha da desova, da pesca e dos costumes dos peixes Antonio (8.º;— Trigla pini, Gunth.— É pescado ao anzol e á rêde. Vive no fundo do mar na profundidade de 30 a 40 braças. Desova “de 8. Thiago por deante. E abundante até ao S. Miguel. Azevia. — Pescado 4 rêde. Vive no lodo. Desova nos mezes de 132 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATIUAS setembro e outubro. Quando apparece é signal de bom tempo e de muita sardinha. Agulha.— Creado no mar alto mas pescado na costa. É pescado de junho a agosto. Desova de junho a julho. Como do peixe precedente dizem os pescadores que quando ap- parece é signal de bom tempo e de muita sardinha. Alecrim (Peixe). — É creado nas pedras. Pesca-se só em agosto e setembro. Quando apparece é signal de bom tempo. Aranho ou Esquipio.— Apparece só no verão quando as aguas são claras. Como todos os pescadores da costa de Portugal, os de Mattosinhos, temem a picada produzida pelos espinhos da barbatana dorsal d'este peixe. O temor é justificado pois os espinhos são perfurados, são os canaes vectores de uma glandula que contém um liquido venenoso. Juntam elles porém um pormenor curioso e que deve ser quasi exacto, e é que quando o peixe: está morto e secco a picada é mais perigosa. As receitas para curar a dor, que é intensa, creio que é a primeira que se publicam: deve abrir-se uma faneca viva e metter n'ella o dedo picado, ou esfregar a parte picada com a cabeça do mesmo peixe, quei- mal-a com um lume ou mettel-a em agua a ferver. Tal é a therapeu- tica que elles usam e aconselham. Comprehende-se que algum d'estes remedios tenha efficacia, e aqui fica exposto para quem casualmente picado os quizer experimentar. Dado o habito que os pescadores teem de enterrar este peixe na areia, sendo aliás excellente alimento, e que todavia não apparece no mercado, mas que podia vender-se uma vez cortada a barbatana dorsal, julgamos util divulgal-a para que se tem valor, os que caminham descalços à beira mar e a desconhecem a pos- am experimentar. Entre as muitas crendices dos pescadores existe uma a respeito d'este peixe; dizem que a picada a que alludimos não doe quando a maré começa a encher mas que doe muito na vasante. Anjo (Peixe). — Corta muito a rede; é raro. Bom alimento. Abrota.— Vive nas pedras, em pedra nasce e na pedra morre di- zem os pescadores que para o apanharem perdem muitas vezes a linha. Desova duas vezes no anno entre os mezes de S.'º André e o Natal. E excellente para comer. Os pescadores não o vendem tal é o apreço em que o teem. Alvaro. — Semelhante ao cação. Creado na altura. Desova em maio. E comestivel e melhor de que a tintureira e de que o cação. Serve de isca para 0 congro. Basugo (Besugo?). —Creado na altura vem à praia de junho em ese sas PHYSICAS E NATURAES, 133 LA x x deante. E pescado à linha em meio fundo, e no fundo, à rede. Desova em março. E iscado com sardinha. Bico.— Semelhante à raia. Creado na altura. Desova em março. Chamam Patelos aos individuos novos d'esta especie. Peso maximo 15 kilogrammas. , Boga. — É creado na agua doce e vae para o mar quando é grande. É pescado com anzol muito pequeno servindo para isca as moscas ou sarrado da terra, minhocas. É tambem pescado em fundo de areia a 12 braças e mais. Signal ne muito peixe, mas quando apparece em grande abundancia é signal de chuva. E raro no inverno. Desova em maio. Badejo. — Em pequeno anda junto com a Faneca e outros peixes meudos (Chicharro, Peixão, etc.) em grande com a pescada e outros peixes grandes. Creado na altura. Pesca-se ao anzol e tambem com as redes de malhar e de arrasto. Apparece só no verão quando as aguas são quentes. Desova em maio. De um outro peixe que os pescadores chamam tambem Badejo ou Bacalhau, dizem que quando apparece é signal de bom tempo e que vem muito peixe á rede e à linha. E pescado no mar alto e às vezes na costa, de junho a S. Thiago. Bacalhau faneca.— Creado no mar em areia grossa (burgos). Pes- cado durante todo o anno entre as rochas Pontuado e Boa Nova. Desova em março. Barbo. — Peixe de agua doce. Morre em chegando á agua sal- gada. Desova em março. Beta.— Pescado junto à costa em aguas claras, e em tanto maior quantidade quanto mais vasa a maré. Serve para isca da pesca do Congro e do Roballo. Pescado de janeiro a outubro. Desova em março. Brucha ou Cascarra.— O pescador diz que tem má fé com este peixe. Quando o vê volta logo para terra pois não apanha coisa alguma. Apparece durante todo o anno. Vem á rede e ao anzol, na rocha Galle- guinha, no mar alto ou na costa. À pelle serve para lixa. Desova em março 1 a 11 ovos. Comprimento 4/» braça. Biqueirão ou Bocca torta. — Pescado à rede junto á costa. Desova em junho e julho. Pescado de junho a outubro. Em estando frio vae para o mar alto. Bonito. —É creado no mar alto. Apparece raramente. As lanchas que vão à pesca da pescada é que trazem algum. Quando apparece é signal de abundancia de pescada. Anda com a sardinha. Desova de março a abril. Pescado de S. Thiago a outubro. 134 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Cherne.— Creado no mar alto, no profundo a 100 e mais braças. Alimenta-se comendo as percebas que vem adherentes aos paus e ou- tros objectos fluctuantes. Vem ao anzol e á rede de malhar. E raro. Comprimento meia braça. E todo verde. Capatão.— Pescado na altura e junto á costa. O pescador tem muito cuidado com este peixe para não ser ferido por elle. Quando apparece é signal de muita sardinha e de bom tempo. Vem á rede e às vezes ao anzol. Desova em setembro ou outubro. Chicharro. —O pescador diz que o chicharro é a femea do cara- pau. Creado no mar alto em fundo de areia. Apparece de S. Thiago a setembro. Desova em março. E pescado à rede e ao anzol. Signal de bom tempo, de muito calor e de muita sardinha. Cavalla.— Apparece pelas aguas santhiagueiras. É signal de bom tempo. E apanhado na rede de malhar e á linha a 8 braças de pro-. fundidade. Desova de S. Thiago a outubro. Carapau.— E creado no mar alto. Apparece de junho a agosto. E signal de bom tempo. Cão (Peixe). — Chamam-lhe os pescadores peixe maldito e tal aver- são lhe teem que dizem ao pescal-o que se soubessem que estava na rede ou na linha cortavam tanto uma como outra e vinham para terra. E muito raro. E gostos. A pelle é mais dura que a do boi. Apparece no profundo, no mar largo, de S. Thiago em deante. Peso 30 kilogram- mas. Corvina.— Peixe do alto. Pesca-se no mar de Leixões na profun- didade de 14 braças. E apanhado á rede. Desova em outubro. Congro.— Entre os accidentes mais curiosos da pesca do congro contam os pescadores o seguinte, que a meu ver, vale o que foi nar- rado por S. A. R.o Principe de Monaco, relativo á vitalidade d'estes animaes, à Academia das Sciencias de Paris; uma vez lançado no barco os pescadores dão-lhe um golpe profundo no pescoço mas acon- tece-lhe por vezes, ainda ao fim de dez minutos, serem mordidos nas pernas pelo congro ferido tão gravemente. E o peixe mais temivel do mar. Na maré cheia approxima-se da terra mas afasta-se para quando desce. E apanhado durante todo o anno e em Mattosinhos vem pro- ximo das rochas, Costa, Caes, Galleguinha, Rato, Entrudo, ete. E creado no lodo. Desova do Natal a fevereiro. E pescado no es- pinhel ou com o bichouro, anzol grande amarrado a uma vara. Choupa.— E pescado à rede 4 beira mar e não no mar alto, de abril a maio. E abundante. Desova em março. Signal de pescada e de bom tempo. PHYSICAS E NATURAES 135 Caboz.— Anda junto com os outros peixes. Creado no lodo a meia legua da praia. Apparece de abril a maio. Caldeirão. — Creado na altura, apparece raramente na costa, porém quando apparece é signal de temporal proximo. E apanhado ao harpão; faz muitos estragos nas redes. Peso ma- ximo 70 e tantos kilogrammas. E tambem indicador de sardinha pois d'ella se alimenta. Cachorro. — Creado no mar alto. Desova na altura pelo S. Thiago e agosto. Apparece raramente na praia. E pescado á rede e ao anzol. Cação albairo. — Creado na altura. Em maio estando vento sul é abundante e estando norte é raro por ser peixe que anda a meia agua. Desova em maio. Cação. — Pescado à rede ou ao anzol na profundidade de 22 bra- ças no mar de Leixões, havendo vento sul ou sudoeste; o vento norte não é favoravel á pesca d'este peixe. E raro no inverno. Apparece em junho e julho e desova em março. Cascarda. — Individuo novo da especie designada com o nome vul- gar de Bruxa. Cachotte. — E creado na areia à beira mar, apparecendo só onde quebram as ondas. E pescado à rede e ao anzol. Desova de abril a setembro. Espadilha.— Pesca de abril a agosto com rede”de arrasto ou de armação por um fundo de oito braças. Enguia.— Creada no lodo, no rio, indo depois para o mar. Ha en- . . ? . / Es guias que attingem um peso consideravel não é pescada no mar alto mas junto á costa. À enguia pequena é denominada Traça; Tração, a grande. Enguia, enguião dá um nó no coração e a enguia dá um nó quando lhe dizem estas palavras, referem os pescadores. Espada ou Lirio. — É creado na altura é raro apparecer na costa. Quando apparece é signal de temporal. E sempre signal de muita sar- dinha pois a acompanha. Pescado em novembro na rede, raramente ao anzol em novembro a mais de 50 braças de profundidade. Tem uma braça de comprimento. Desova de novembro em deante. Gato (Peixe). —Creado á profundidade de 40 a 60 braças. Pes- cado com a rede de esmalhar pescada. Não é empregado na alimen- tação. Os pescadores derretem o figado ao sol e não ao lume e empre- 136 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS gam o oleo que delle provém em fricções contra o rheumatismo. Ap- parece de maio a dezembro. Goraz.— Pescado no alto na profundidade de 40 a 60 braças, na pedra; é raro encontrar-se no fundo de areia. E pescado com a rede e com o anzol. Os pescadores de Mattosinhos dizem que é o individuo: novo da especie designada com o nome vulgar de capatião, no que to- davia se enganam pois este ultimo peixe é uma especie diferente. . Gallo (Peixe). — Creado na altura, na pedra e na profundidade de 40 braças; vindo à costa conjunctamente com a sardinha. Pescado com qualquer rede ou anzol. Signal de bom tempo e de muita sardinha. Charroco.— Creado e pescado nas pedras á beira da costa. Pes- cado ao anzol quando a agua é clara. Serve exclusivamente para a pesca do congro. Desova em junho. Faneca. — Peixe creado na pedra na profundidade de 27 braças. Approxima-se da costa, de fevereiro em deante. E pescado na pedra com o anzol e na areia com a rede de arrasto ou ao gauritcho ser- vindo para isca a sardinha. E muito abundante e quando vem à costa é signal de bom tempo. Desova de junho a julho. O pescador tem-a como indicador de bom ou de mau tempo, di- zendo que lhe ensina a sua previsão. Aonde se encontrarem fanecas abundam os navegantes, lagostas, safios, raias, badejo. Ferrão.— Desova em maio. Linguado. —Creado só no lodo por todo o mar, na profundidade de 27 braças. E pescado com a rede sómente. Vem conjunctamente com o caranguejo e a faneca. Desova só em tempo de aguas quentes, de abril a agosto. Lampreia. — Creada no mar vem morrer ao rio Leça. É creada no lodo e desova em janeiro na altura de 40 braças. E pescada à rede de fevereiro a maio. Conservam-nas vivas dentro de barricas perfuradas, mettidas na agua. Quando apparece é signal de que não tarda a apparecer o savel. Uma velha lenda corre entre os pescadores ácerca da lampreia: dizem elles, que este peixe possue sete pelles. Lingueirão.— Creado na areia, na profundidade de 6 braças, e na areia vive mettido. Apparece tambem no rio Leça. Apanhado com a rede de arrasto; não vem ao anzol talvez por ter a bocca muito pequena. Quando a agua está mais quente dizem os pescadores que vem acima deixando o local em que vive habitualmente. Desova em março. PHYSICAS E NATURAES Bot Lucinda ou Lucinha.— Creado no mar alto na pedra, e tambem na costa. Pescado á rede e ao anzol. E raro. Larote. — Pescado todo o anno na costa e em pedra. Serve de isca para o congro. Desova em março. Iroga.— Parecida com as raias, creada na altura de 40 braças, nas pedras, apparecendo ás vezes na costa. Peixe bravo, dizem os pes- cadores; é preciso cautela para não ser ferido por elle. Cria na pedra na areia e no lodo. Desova em março. Latico, Lato, Pae da casa. — Os pescadores designam com este nome e ainda outros, a mesma especie, reservando todavia a primeira para os individuos novos e o ultimo para os adultos. Pescado na pedra á beira da costa ao anzol, não vem á rede. Apparece durante todo o anno. Moreia.— Conhecida tambem com o nome de cobra do matto. É creada na pedra à beira da costa e pescada unicamente ao anzol. Os pescadores acautelam-se muito das mordeduras dºeste peixe, pois di- zem que não tem cura. Quando o apanham esmagam-lhe a cabeça com uma pedra ou cortam-lhe o pescoço. Vive no fundo do mar alimentan- do-se dos outros peixes. Apparece raramente. Comprimento 4 palmos. Desova em janeiro. Maragota.— Creada na pedra perto da costa. Serve para isca para a pesca do congro. Apparece durante todo o anno. Pescado ao anzol com isca ou com o bichouro desprovido della. Melga.— É. pescada em todo o tempo á rede ou ao anzol, é toda- via mais abundante de junho ao Natal. Desova em fevereiro. Orelhão.— Naturalmente um mammifero e não um peixe, pois di- zem os pescadores que se parece com o Boto que é um cetaceo. Ao apparecer á tona de agua dizem que parece um barco à vela natural- mente pela fórma e dimensões das barbatanas a que chamam galhas. Mergulha para tornar á superficie algum tempo depois. Peixe bravo, difficil de apanhar. Não vindo ao anzol e raramente á rede. Alguns são apanhados sómente ao harpão. Dizem que desova em setembro. Orega ou Faião.— Pescado no fundo 4 rede e ao anzol em la- gedo. Sondam primeiro para saber se estão na pedra ou em areia, se estão em pedra não conseguem apanhal-o á rede o contrario do que acontece quando está no lagedo (pedra ladeira). ! De junho em deante é mais gostoso e melhor do que a raia. Em maio é bastante molle e menos gostoso. Desova em março. ! Não sei bem o que esta expressão significa. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 24 sERIE— N.º XV. 10 138 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Pica. — E creado no rio mas vae depois para o mar. Desova de março a maio. Pescado à rede e à linha junto, á costa, de abril a ju- lho. Signal de peixe miudo, tainha, sardinha, chicharro, peixão e fa- neca, pois anda sempre junto com estes peixes. Apparece só quando as aguas são claras. Quando apparece é signal de bom tempo. Lá Panadeira.— E pescado à rede enire 27 e 40 braças em pedra. Vem junto com o peixe de grandes dimensões. Desova de março a outubro. ! Prego (Peixe). — Creado no alto, apparece raramente na costa não é todavia abundante. Faz estragos nas redes. Quando apparece é signal de d'ahi a dois dias haver mau tempo costumando os pescado- res dizer quando o colhem, «temos volta de tempo». Desova de abril a setembro. 2 Papagaio. — Creado no alto na pedra, e na costa. E pouco abun- dante. Pescado á rede e ao anzol. Desova de junho a setembro. Pargo.— Creado na altura é pescado em todo o tempo, mas na costa raramente. Anda junto com outros peixes. E signal de bom tempo. Desova em abril. Papoula ou Alfarica.— Peixe creado no alto pescado de março a setembro. Vem junto só com o peixe grande. Não é gostoso. Pescada. — Creada no alto, na profundidade de 40 braças; anda junta com a sardinha e outro peixe. Na costa tambem apparece mas tem dimensões menores. Só de março em deante é que vem na rede de malhar, e as pequenas na rede de arrasto. Alimenta-se sómente de sardinha é quando tem o estomago em demasia cheio expelle as que ingeriu a mais ficando moida e pouco sa- borosa. Desova de março em deante. Truta. — Creada no rio, dizem os pescadores nas tocas das arvo- res marginaes. Desova em maio. Faneca espalmada ou esquia. — Corre o fado de noite e de dia, é ditado dos pescadores. Mugio ou Tainha.— Quando é pequeno dão-lhe o primeiro d'estes nomes e o segundo quando attinge maiores dimensões. Tambem lhe + 1 De março a outubro, deve entender-se, que o pescador não sabe bem em que epocha é a desova, pensando todavia que deve ficar comprehendida entre estes dois mezes, e não que a desova se faz durante um lapso de tempo tão con- sideravel. 2 Deve comprehender-se esta affirmativa como a da nota anterior. e ag io o Ca O E PD A PHYSICAS E NATURAES 139 chamam Marachumba. Creado no rio vae depois para o mar não se afastando da costa. É abundante quando as aguas são quentes e raro nas aguas frias. Quando está mau tempo vae para o fundo do mar e não apparece. Tramelga ou travadeira. — Creada no fundo do mar tanto na al- tura como na costa. Vem á linha e á rêde. E secca primeiro e esfol- lada, para servir de alimento. Desova em janeiro. Tintureira.— Peixe maldito e amaldiçoado, dizem os pescadores. Morde como um bicho da terra e come carne humana. Traça as rêdes “e corta as linhas. É creado na altura e apparece só em junho. Des- ova em fevereiro. Senhora (peixe). — E conhecido por ter um cabello (2?) na cabeça. Ratona ou Urge. — Dizem que não é isento de perigo o ferimento produzido pela espinha caudal, que teem o cuidado de lhe cortar ape- nas colhem este peixe. Desova em julho. Raia.— É creada na altura e no lodo, mas vem desovar á costa em maio. À raia denominoda larga, desova no fundo do mar mas os embryões patellinhos ou tapadôres vêm à superficie. Docorridos cinco ou sete dias vão outra vez para o fundo, onde o envolucro em que vi vem se rompe. Acontece então serem apanhadas com a rêde de ar- rasto e não ao anzol. Passados porém quatro ou cinco dias são colhi- das ao anzol. porque n'essa epocha já comem, sendo então preferiveis pelas suas qualidades alimentares á raia completamente desenvolvida. A raia é comestivel de junho em deante. Rodovalho. — Nascido e creado no lodo no alto. Apparece rara- mente na costa, e quando apparece é signal de mau tempo. E pescado à rêde e ao anzol. Desova em maio. FRoballo. — Chamam-lhe em pequeno cachote, é creado à beira das pedras e folga onde quebra o mar. E pescado á rêde e ao anzol. E mais abundante em maio e junho. Desova em março. Roda. — Creada no alto, anda fluctuando à tona d'agua. Em ge- ral é abandonado na praia, pois ninguem o quer. E raro. Quando ap- parece é signal de mau tempo. Alimenta-se de sardinha, Rei (peixe). — É raro. Creado no alto e em pedras. Apparece de tempos a tempos, sendo prenuncio de mau tempo. Attribuem-lhe bas- tante força, dizendo que com uma pancada com a cauda (badella) po- dem deitar abaixo um homem com o conhecimento perdido. | Ruivo ou Bebedo.—(Creado no lodo no mar alto, na profundidade 10 x 140 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS de quarenta braças, apparecendo na costa só quando ha bom tempo. Vem junto com o pilado (crustaceos), raias e outros peixes, quando as aguas vem á terra. É pescado ao anzol e à rêde de malhar, desde o S. João a setembro. E signal de bom tempo quando apparece. Des- ova em março. Alimenta-se de molluscos e crustaceos. Rato (peixe). — Pescado sómente à rêde e não ao anzol, cuja li- nha corta. Julgam signal de mau tempo o seu apparecimento. Nin- guem o compra e é consumido apenas pelos pescadores que lhe tiram completamente a pelle para o cosinharem. À picada produzida pelos aculeos das barbatanas dorsaes não originam outros incommodos além dos que podem ser despertados por qualquer instrumento perfurante. Desova de outubro a novembro. Robaco. — E a especie que os lavradores chamam Escalo Anda juntamente com a enguia, a truta e o barbo. Desova em maio. Ranhosa.— Peixe creado nas poças, à beira mar; as maiores attin- gindo as dimensões de uma sardinha. E pescado ao anzol e é sómente empregada como isca para a pesca do congro. Apparece durante todo o anno. Desova em março. Ramalhete. — Creado só na altura e em pedras. Pescado á rêde e muito raramente ao anzol. E parecido com a choupa e como este peixe, apparece de vez em quando. Desova em janeiro. Solho d'altura.— Creado na altura e na areia junto à pedra. Pes- cado só à rede. Desova em fevereiro. Solha.— Creado no rio em aguas quentes, (abril a julho) indo de- pois para o mar. E abundante e quando apparece é signal de bom tempo; vem com as aguas claras, quando são turvas enterra-se na areia. No rio é pescado á fisga quando as aguas estão baixas. Quando o rio é fundo colhem-se à rêde. Sarda.— Anda junta com a sardinha e outros peixes miudos. E creado no alto e tambem junto à costa, sendo porém a d'esta proce- dencia mais pequena. E mais abundante no verão do que no inverno. No verão anda á tona de agua e é pescada ao anzol, no inverno á rêde, pois vive então no fundo. Quando apparece é signal de bom tempo. Desova em abril. Samaronete ou Pimpão. — Pescado no rio, é raro no mar. Desova em março. Sapateiro. — Cria-se em todo o mar, tanto na altura como na costa. SE sos PHYSICAS E NATURAES 141 Pescado com as rêdes de arrasto e de malhar. Vem conjunctamente com a pescada. Desova em março. Saramco.— Peixe pequenissimo. Creado à beira mar na pedra. Savel. — Creado na altura. De março até maio, vem desovar aos rios. E pescado à rêde tanto no mar. como no rio. Alimenta-se apenas da babugem da agua e não dos outros peixes. Às vezes é pescado junto à praia na occasião de bom tempo, sobretudo se o mar estiver um pouco agitado, e dois dias antes de temporal. E a rêde de arrasto que se emprega na pesca d'este peixe quando a agua está clara; porém no rio, com agua barrenta, pesca-se com a rêde de esmalhar e a mesma se emprega tambem no mar. O estomago e as guelras são empregados como isca na pesca do congro. A venda d'este peixe é feita ao quinhão como a sardinha. Sabelha ou Saboga. — Creada no rio. Dizem os pescadores que ha duas qualidades de Sabelhas. Uma é mais grossa, e crescendo é o sa- vel; chamam a esta sabelha bota. A outra que fica sempre savelha é mais latenta, (mais fina). Apparecem ambas em fevereiro, quando não apparecem é signal que haverá n'esse anno pouco peixe. Dizem tam- bem que quando ha cheia no rio é o anno melhor para a pesca do Sa- vel e Savelha, porque a agua dôce vae pelo mar dentro buscar este peixe aonde elle é creado. A cheia do rio e a abundancia do savel parece que são dois factos intimamente ligados, dependentes um do outro. Serrão. — Creado no alto e em pedra, é pescado à rêde e ao an- zol, e durante todo o anno. Desova em março. Tem por habito seguir até á praia, onde o mar quebra, qualquer pedaço de madeira fluctuante coberta com os crustaceos vulgarmente denominados percebas, voltando depois, uma vez quebrada a onda, no- vamente para o mar. Sapo (peixe). — É creado no alto. É bom alimento mas para o co- - sinhar é preciso tirar-lhe primeiro a pelle, que é secca e dura. Anda junto com outros peixes grandes e é pescado sómente com a rêde de malhar. Desova em março. e 142 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS CAPITULO II | Dos nomes vulgares dos peixes No Catalogo de Peixes de Portugal de Felix Capello, está incluida uma lista dos nomes vulgares dos peixes, que habitam no nossos ma- res, ou visitam as nossas costas e rios. Foi colhida dos pescadores, principalmente dos de Setubal e do Algarve, e se é certo que a cada um d'estes nomes não corresponde uma especie determinada scientifi- camente, antes o estudo tem demonstrado que muitos designam a mes- ma, não é todavia inutil o seu conhecimento porque são indicações, muitas vezes seguras que podem conduzir a procurar especies de que os naturalistas não tenham ainda determinado. Pareceu-nos portanto interessante debaixo d'este ponto de vista, de novas explorações e pes- quizas, accrescentar a lista a que alludimos com as denominações vul- gares com que os pescadores de Mattosinhos designam alguns peixes e que são diversas das que Felix Capello menciona. Representam estes nomes especies a determinar? São nomes di- versos dados a especies já cenhecidas? Não podemos dizer afoitamento que qualquer d'estas hypotheses seja absolutamente verdadeira, antes nos inclinamos a crer que ambas são em parte exactas, mas por este facto não fica annulado, antes justificado em parte, o valor da sua pu- blicação. Os nomes a que nos referimos são os seguintes: Albairo. Collina. Arabota. Cascarda. Arião. Esquifão. Badejo ou Faneca, Espadilha. Badejo da Pedra. Enguia do lodo. Bico doce. Fura pao. Boca torta. Furavallo. Brucha. Faneca espalmada. Cão (peixe). Gato. Cachorra. Iroga. Caldeirão. Lagarto do mar. Camboz. Latico ou pae da casa. Capatão de cotula. Capatão de clina. Capatão dentão. Choupos. Linguado sapateiro. Larote. Marachona. Marachumba. E E 1 PHYSICAS E NATURAES 143 Maragota ou Lucinha. Ratona. Orelhão. Rubaca. Pagaio ou Papagaio do mar. Sabelha bota. Papoila ou cação papoila. Samaronete. Penadeira. Santo Antonio. Peixe escama ou breta. Saramco. Peixe sapo. Sardinha acha. Peixe viola. Sarda. Pimpão. Travadeira, Tamelga ou Tre- Ranhosa. medeira. Rapariga. Tintureira. * Raia macha. Viuva. Raia pinta. Por muito interessante que seja esta lista sob o aspecto que nós a considerâmos, não é o menos, sem duvida, conjunctamente com a que foi publicada por Capello, sob o ponto de vista do estudo da nossa lingua e das suas relações e origens, Sem querermos entrar n'um as- sumpto, um tanto ou quanto descabido n'esta noticia, diremos todavia que o estudo dos nomes vulgares dos animaes e plantas portuguezas, revelaria a meu vêr, aos que se dedicam ao estudo de philologia com- darada e da linguistica algumas surprezas. Assim, como simples indi- cação e justificação do nosso modo de vêr, diremos apenas o seguinte: os pescadores inglezes designam um peixe, o Lichia glaucas, Cuv. et Val., pelo nome de Albacore, e os pescadores portuguezes com o nome de Albacóra, uma outra especie o Thynnus brachypterus, Cav. et Val. Diversas especies são designadas em Inglaterra com um nome que é genuinamente portuguez Bonito; assim o Thynnus pelamys, Cuv, et Val., é chamado the bonito, o Thynnus brachypterus, Cuv. et Val., the belted bonito, e o Aumxis vulgaris, the plain bonito. Em Portugal uma especie dos peixes é sem duvida designada com este nome, pois se en- contra na lista de Capello a que por mais de uma vez temos alludido, mas não pude até agora saber qual a especie a que vulgarmente é dado este nome nas regiões exploradas por Capello. Numa lista dos peixes da Povoa de Varzim, estudados pelo sr. Dr. Lopes Vieira e publicada nos Annues de Sciencias Naturaes, em abril de 1894; encontramos que o nome de bonito é dado n'essa loca- lidade ao Pelamys sarda, Will. Em França, o numero dos nomes de peixes designados por pala- vras identicas ou quasi identicas aos termos portuguezes é ainda as- sim consideravel. As listas seguintes o demonstram, são denominações francezas. Anchova. Mero. Besugo. Muge. Boga. Sarda. Botta. Tenca. Cabos. Cabra. Donzella. 144 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Os que se approximam tanto e de uma maneira tão interessante das denominações portuguezas, são Bouca douça. Peis espasa. Cavail mari. Rascassou. Chicharou. Sarran. Estrangla-cat. Safio. Peis rei. Gatta d'arga. Correspondem a Bocca doce, Cavallo marinho, Chicharro, Esga- nagata, Peixe rei, Peixe espada, Fascasso, Serrano, Safio, Gata d' Al- galia. Este ultimo nome não é dado pelos portuguezes a um peixe certo, mas a um mammifero, que todavia nós fomos dos primeiros talvez a conhecer, pois se encontra este nome em muitos dos escriptores anti- gos que falam da fauna africana. Como se explica então este caso ex- tranho, ser dado a um peixe o nome reservado a determinado mam- mifero? A meu vêr a explicação é esta. O gato d'algalia não é um gato, não é um felideo, tem todavia alguma coisa no seu aspecto e nos seus caracteres que o faz parecer tal ás pessoas pouco instruidas. Por uma razão semelhante, por lon- ginquas parecenças, os pescadores chamam a alguns gatos squalos. Os gatos d'algalia são mosqueados de preto e o centro da mancha é mais claro e acinzentado como o tom geral do corpo. Justamente o squalo denominado gatto d'arga apresenta manchas côr de violetta escuro, com o ceutro mais claro sobre um fundo côr de cinza. Tal é, talvez, a razão do nome popular d'este peixe em Nice. Muitos dos nomes que acabamos de escrever são evidentemente provençaes e d'ahi a sua semelhança e identidade com os nomes por- tuguezes que designam especies conhecidas de peixes; outros, todavia, como Padre, Ratapenada, Russa e Verruga da mesma procedencia franceza, não encontrámos até agora que fossem empregados pelos nossos pescadores para designar esta ou aquella especie. Se do estudo do nome popular dos peixes que deixamos indicado, passassemos ao estudo dos nomes das aves, as surprezas não seriam menores. Ássim, por exemplo, encontramos uma ave, cujo nome por- tuguez é Dom Fafe. Um nome muito semelhante lhe dão os allemães, que lhe chamam Dumpfaff, talvez por ser a avesinha avermelhada, por ter na plumagem a côr usada pelo conego da cathedral, traduzindo as palavras allemãs. Tal é, muito rapidamente, apontada a sugestiva lição que deriva “do estudo dos nomes populares portuguezes d'alguns animaes. PHYSICAS E NATURAES 145 CAPITULO III Das rédes e outros engenhos da pesca Rêde de arrasto ou de Megiganga.— É feita de fio de Chelva ou da: Russia. Tem vinte e cinco braças de comprido e na extremidade um sacco de duas braças para onde vae o peixe. São precisos de qua- tro à seis homens para a lançar à agua e para a allar. Para ir ao fundo addicionam-lhe um pedaço de barro com dois orifícios a que chamam bolo. Em geral pertence a uma ou duas pessoas que recebem um terço | da pesca effectuada com ella. Os outros dois terços da pesca perten- cem à tripulação do barco, mas não integralmente, pois n'elles é ainda interessada a rêde. Custa a rêde quatro libras, e o barco, feito em Villa Chã, prom- pto a trabalhar, 205000 réis. Cambroeiro. — Rêde redonda parecida com o rupichel, (Vid. esta palavra) mas de malha mais estreita. E empregada para pescar o ca- marão, tanto no mar como no rio. Canga. — Especie de ancorote de pedra, collocada sobre uma ta- boa e segura por dois paus. À canga é pertença dos botes que vão á pesca do congro e da faneca e serve-lhes para ancorar em pedra; cos- tumam addicionar-lhe uma boia. Chinchorro ou de Pescaria. — Tem esta rêde comprimento de qua- renta braças por quatro de altura. No sacco da rêde existem fisgas, (Fisgas, especie de rêde de malha grande) e no calão (pau que segura a rêde e que tem proximamente uma braça de comprimento) mãos de corda (relos de corda) que servem para largar e aliar a rêde para den- tro do barco. . Réde de Carangueijo.— W semelhante á precedente mas de malha maior, servindo-lhe de chumbadeira uns bolos que podem comparar-se a uma telha com buracos. Os bolos revolvem a areia, levantam os ca- rangueijos que n'ella vivem enterrados. Os carangueijos trepam pelas malhas e por ultimo caiem dentro do sacco. E guarnecida de boccados de cortiça na parte superior. Chumbeira.— Rêde redonda guarnecida de chumbo em volta. É 146 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS deitada à agua, ou de terra ou de dentro de um barco, por uma só pessoa que a segura por uma corda que lhe fica na mão. Emprega-se só de noite, quando as aguas são claras, mas pode usar-se de noite quando as aguas são turvas. E feita de fio de ticum! que é o que dura mais na agua. Gaiola. — Rêde de arame zincado, com a fórma de uma caixa qua- drangular. Tem uma porta n'uma das faces para onde o peixe entra e por onde não pode depois sahir. A isca está collocada n'um ferro que fica no centro. Vae ao fundo pelo seu proprio peso, levando amarrada uma corda, a cuja extremidade se junta uma boia para indicar o sitio em que está mergulhada. E empregada pelos individuos da colonia ingleza residen- tes em Mattosinhos, para pescarem em pedra junto à costa. Ganhuço. — Parecido com o rapichel. É uma rêde collocada n'um arco de madeira redondo. Tem uma braça e serve ao pescador para. tirar o peixe da rêde grande para dentro do barco. A malha é pe- quena. E feita pelo pescador -de fio de cano (fio grosso que se em- prega na fabricação dos foguetes). Gauricho ou rêde de arco. — Compõe-se de um arco de ferro de oito palmos de cireumferencia, a que está preso a uma rêde de malha estreita, (malha de um dedo como a da sardinha). No arco estão duas travessas de ferro dispostas em cruz, é ahi que se amarra a isca que é sómente de sardinha. No fundo do sacco 2olloca-se um peso, ferro ou pedra, que serve para o fazer ir ao fundo. Pesca, no fundo de areia ou de pedra, todos os peixes. Custa a rêde e o arco 1:500 réis. Rêde de malhar. — É a unica rêde que se emprega na pesca da pescada. Tem vinte braças de comprimento e duas de largura. E feita pelos pescadores com fio fabricado á machina (fio da Russia). A ma- lha é quadrada e n'ella cabem tres dedos. Para ir ao fundo amarram- lhe pedras de braça em braça. E lançada ao mar, á tarde; se colhe peixe, volta para terra no dia seguinte, se não colhe ficam os tripulantes, 20 a 25 homens por cada barco, duas noites no mar, voltando depois para terra quer te- nham ou não apanhado peixe. A rêde, prompta para pescar, custa approximadamente 185000 réis. Os barcos, construidos na Povoa de Varzim custam com a vela e todos os pertences, promptos a navegar, quantia superior a 2003000 réis cada um. À ré do barco, onde sómente o mestre é quem governa, vão to- 1 Encontrei n'uma nota do livro O Guarany do notavel poeta brazileiro Alen- car, que o fio de ticum era empregado no Brazil na manufactura das rêdes. « ; 4 cd Tai Ada fa à PHYSICAS E NATURAES 147 dos os apetrechos para a pesca, cabos, rêdes, etc., e um Santo ou Santa sob uma rodoma de vidro, ao qual os pescadores se dirigem pe- dindo que lhe dê muito peixe. As promessas aos santos são em con- formidade da colheita que tiverem. Cada barco tem pintado no cos- tado o nome do Santo de que os tripulantes são mais devotos. Cada tripulante leva trez rêdes. O mestre leva mais duas e o ar- raes mais uma que lhes é devida por governarem o barco. Durante a noite, emquanto o resto da tripulação dorme, está to- davia um dos pescadores de vigia, mantendo aceso um pharol, para evitar que o barco seja submergido por algum navio que se lhe ap- proxime. O mestre tem um homem para o lada leme; chamam-lhe Soto. O producto da pesca é distribuido egualmente por todos, quando os tripulantes querem companha, quer dizer quando ajustam entre si que assim se faça a divisão. Uma vez allada a rêde e não trazendo peixe, mudam para outro mar, vão lançal-a n'outro ponto para tentarem sorte mais propicia. A pesca é só feita em pedra, no alto. Réde da pescada. — Rêde pequena de malha grande. Compõe-se de quarenta rêdes a que se fixam pedras. Quando estão todas juntas * dão-lhe o nome de caça. À rêde é allada, auxiliando-se os pescadores | com uma polé. Majueira. — E egual á rêde solheira, (Vid. esta palavra) cercada com albitana (malha grande). E amarrada por uma extremidade a uma estaca enterrada à beira mar; a outra ficando a uma grande distan- cia. Existe uma abertura, porta, por onde passa o barco para dentro da rêde para a poder percorrer em volta, emquanto um tripulante vae batendo no barco com um pau, para que o peixe que está captivo den- tro d'ella se prenda nas malhas. Ride rasca. — É feita de fio da Russia. A malha é de um palmo. Emprega-se para a pesca da raia, rodovalho e alguma pescada. Para ir ao fundo amarram-lhe pedras, “de quatro em quatro braças e cujo peso é de quatro a cinco libras. É feita pelos pescadores. Com esta rêde cada tripulante pesca para si; os companheiros que vão com elle, que são quinze ou dezeseis, e quando as suas rêdes nada teem apanhado, não costumam ajudal-o a tirar o peixe. Cada tripulante leva trez rêdes e o niestre que é o domno do barco mais outras tantas. O preço de cada rêde é de 3:000 réis e o do barco construido na Povoa de Varzim 80:000 a 90:000 réis. A pesca é feita em pedra e no alto. Rêde de sardinha ou rêde de peças. — A rêde de peça é mais fina “do que a rêde de quinhão. É de malhar de cincoenta a sessenta bra- ças. E feita pelo pescador ou vem de America, sendo a d'esta proce- 148 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS dencia fabricada á machina e destinada a pescar a sardinha nas aguas limpas e a qualquer hora do dia. À rêde americana de cincoenta a sessenta braças com o chumbo, emfim prompta para trabalhar custa sete libras. À que é feita na Povoa de Varzim é de fio mais grosso e só apa- nha a sardinha em agua grossa (agua turva?). À rêde poveira custa de 3:000 a 4:000 réis. O panno da rêde custa approximadamente réis 2250, sendo o resto para cordas, cortiça, etc. A rêde de peças é empregada só na areia e não na pedra. Na rêde de malhar só cabe um dedo na malha. Os barcos que empregam esta rêde são mais pequenos do que aquelles que levam a rêde da pescada. São feitos em Vianna do Castello e Villa Chã, perto de Villa do Conde e custam approximadamente 27:000 réis. Algumas das rêdes de peças são porém maiores do que as que ficam descriptas, teem sessenta braças de comprimento por dez de al- tura. São feitas de fio muito fino fabricado á machina. Chamam-lhe peças de Barcelona e custam em Hespanha dez duros e em Mottosi- nhos 16:000 réis. Tremalhos ou meios. — Emprega-se na pesca do savel. Tem de comprimento vinte e cinco braças. Nos mares empregam-se duas rê- des e nos rios apenas uma. Esta rêde não é encascada (tinta) puiga os peixes fogem d'ella não sendo branca. E feita de fio de Ticum e custa sete a oito libras. Fapichel. — Rêde amarrada a um pau em fórma de arco; serve para lavar a sardinha de cabeça ou escuchada. O poveiro chama-lhe ganha pão. O chalabar é uma especie de sacco como o rapichel mas é usado apenas pela rêde de armação. Solheira.— Tem regularmente de sessenta a oitenta braças de comprimento. E baixa, tendo apenas meia braça de altura. Compõe-se de trez partes; uma de malha estreita, onde cabem trez dedos no cen- tro (panno) e de cada lado uma de malha larga e a que chamam albi- tana. As malhas de albitana são de palmo. E na albitana que o peixe fica enmalhado. Apanha diversas es- pecies de peixes. Tem chumbo e cortiça. Facilmente se comprehende para que fim se empregam substancias de tão differente densidade. É feita com fio de Ticum ou á machina. É rêde de arrasto mas não demanda muita força para a levantar, basta o esforço de um só homem. Custa approximadamente 45:000 réis. Chamam tambem a estas xrêdes feiticeiras. Solheiras ou feiticeiras. — E usada na pesca da solha, isto é, de março a julho que é a epocha da sua maior abundancia. São rêdes muito trabalhosas pois os sargaços embaraçam-se muito b) n'ellas. ENS SE DP Vc NE EN a a ia e 2 E E DEE? a, CR ti Pol PHYSICAS E NATURAES 149 Pertencem a um ou dois pescadores que em geral pescam com ella auxiliados por um rapaz. * * Anzoes da pedra. — Braça e meia de linha de algodão a uma ex- tremidade da qual se prende uma corda de dois palmos de compri- mento; esta corda ata-se a uma pedra que na vasante é enterrada na areia ou prende-se a um buraco feito numa pedra. À extremidade li- vre da linha prende-se o anzol iscado de enguia, polvo ou marachumba. Quando a maré começa a vasar, em meia agua é que o peixe é apa- nhado. E principalmente de março em deante, quando as aguas são quentes que esta pesca é fructifera, sendo pouco productiva com as aguas frias, de inverno. Corrico.— Linha de algodão de vinte braças de comprimento, tendo presa a uma extremidade um pedaço de folha do feitio de um peixe. À elle estão presos trez anzoes empregados na pesca do ruivo não maiores que os que são usados na pesca da faneca e que não levam isca. A linha é solta do barco quando este vae à véla e quanto mais veloz fôr a sua carreira dizem os pescadores que mais peixe se atira à folha. Com o corrico pesca-se o roballo em agua clara. Este peixe anda a meia agua. Espinhel.— É composto de uma linha grossa de algodão, tendo de comprimento pouco mais de quarenta braças. De meia em meia braça pendem diversas linhas, estropos, presas à primeira. Cada uma d'estas tem um anzol de ruivo, faneca ou congro iscado com sardinha. A uma das extremidades da linha principal amarra-se um peso e ao meio outro, a extremidade livre tem uma boia de cortiça que serve de indicador. Quando a vae allar, o pescador vae munido de um bicheiro. (Vid. esta palavra) para fisgar os peixes grandes presos nos anzoes. O espi- nhel é lançado em fundo de areia ou de pedra. Pescar á rebulada ou a gorre.— Significam proximamente o mesmo estas duas expressões. Consiste a pesca em deitar da praia à agua, quando a maré está cheia uma linha com diversos anzoes iscados com sardinha. Emprega-se o mesmo processo no rio. Ao fim de algum tempo levantam ou puxam a linha para vêr se tem peixe. * * X* Batedor — Especie de colher de pau para escoar o barco. Bicheiro.— Anzol grande com barbela ligada a um pau de meia 150 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS braça de comprimento. Tambem se chama assim a um outro anzol sem barbela ligada a um pau de uma e meia braça, e que serve para fisgar os polvos nos buracos das pedras, emquanto o primeiro é destinado para fisgar principalmente os peixes de grandes dimensões. Poita. — Pedra com dois bicos que serve de ancorote ao barco que vae à pesca do congiro e à linha. E amarrada ao berguieiro, corda com rede entrançada para que a pedra a não corte. Oudre. - Boia de barril da rêde missiganga (rêde da pesca de linguados e peixe miudo). | Roceiro.— Corda para largar a rêde de missiganga. x * * De alguns termos e expressões empregadas pelos pescadores de Mattosinhos. Arriasso. — Significa fundo onde ha muito peixe. Atar a rêde.— Quer dizer concertal-a. Botar as rêdes no tendal. — Significa pôr as rêdes a seccar. Pescar a seijo.— Significa ficar de noite a pescar. Ripar a pedra. — Significa allar (levantar) a pedra que lhes serve de ancora. Tralhas. — Cordas das rêdes de pesca. Tirar a cocha ou desbolinhar. — Significa esticar o cabo para que não faça nós. Vamos ao secco.— Significa lançar os anzoes na areia para n'el- les apanharem marachumba ou polvo que lhes serve depois para isca do congro ou do robalo. PHYSICAS E NATURAES 151: CAPITULO IV Dos peixes de Mattosinhos Na lista dos peixes que adeante publicamos, vão mencionadas pela primeira vez especies que até ao presente não tinham sido men- cionadas em obra portugueza, ou encontradas nas costas de Portugal. Uma dessas especies é a meu vêr muito interessante. E uma especie de agua doce extremamente apreciada em França, e a que todos os que teem escripto sobre a ichthyologia das aguas fluviaes se referem com interesse, referimo-nos ao Gobius fluviatilis, Cuv. Tinha escapado até agora às investigações de illustres ichthyologistas, tanto nacionaes como extrangeiros, Steindachner, Gadow, Capello, Lopes Vieira, No- bre, etc. Foi encontrada ha pouco no rio Mattosinhos pelo sr. J. Newton. Accrescentamos ainda como dizemos, outras especies, porém ma- vitimas e mencionamos um grande numero de outras encontradas em Mattosinhos, e de uma ou outra localidade diversa das que são men- cionadas por F. Capello. Por outra parte, algumas correcções são fei- tas tambem ao catalogo a que nos reportamos e que justificarão este urtigo, se outros factos já mencionados não servirem para o defen- derem. Lista das especies 1. Serranus cabrilla, Linn. N. vul. Peixe Alecrim. Cat., p. 4. Habitat: Mattosinhos (Sem localidade no catalogo). 2. Mullus barbatus, Cuv. et Val. Cai, po Habitat: Mattosinhos. >. Cantharus lineatus, Gthr. Cat., p. 7. Habitat: Mattosinhos. 4. Box vulgaris, Cuv. et Val. 152 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS | Cat., p. 8. | Habitat: Mattosinhos (Sem localidade no catalogo). 5. Box salpa, Cuv. et Val. Cat., p. 8. Hatitat: Mattosinhos. 6. Sargus vulgaris, Guth. Cat., p. 8. Habitat; Mattosinhos. 7. Sargus annularis, L. Cat.; p. 8. Habitat: Mattosinhos. 8. Pagellus centrodontus, Cuv. et Val. Cat., p. 9. Habitat: Mattosinhos. 9. Pagellus acarne, Cuv. et Val. , Cat., p. 10. Habitat: Mattosinhos. 10. Scorpaena serofa, Cuyv. et Val. . Cat., p. 12. Habitat: Mattosinhos. (Um outro exemplar da costa de Portugal offerecido pelo sr. Infante D. Affonso. 11. Scorpaena ustulata, Cuv. Proc. Zool. Soe. 1840, p. 36; Gunth. Cat Fish. Brit. Mus. t. 11, p. 110; Mo- | reau. Poiss. Franc. Suppl. p. 26. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. 12. Trigla pini, Gunth. Cat., p. 13. Habitat: Mattosinhos. PHYSICAS E NATURAES 153 13. Scomber scomber, Cuv. et Val. Cat., p. 17. Habitat: Mattosinhos. 14. Centrolophus pompilus, Cuv. et Val. Cat , p. 20. Habitat: Mattosinhos. -15. Trachurus trachurus, L. Cat., p. 20. Habitat: Mattosinhos.. 16. Trachurus Cuvieri, Lowe. Trans. Zool. Soc. 1841, p. 183; Trachurus fallax, Capello Jorn. Se. Math., t. 1, n.º 1v. Carana Cuvieri, Steind., Sitz. Acad. Winens. Mar 1848, p. 34; Carana trachurus, Cuv. et Val., Hist Nat. des Poiss, t. 1x, p. 1, pl. CCXLVI. Habitat: Mattosinhos. No seu Catalogo, Capello, inscreve esta especie sob o nome de tra- churus fallax, e descreve-a como nova. Infelizmente a especie já era co- nhecida, tendo sido descripta pela primeira vez por Lowe. Este facto em nada desmerece o merito do nosso naturalista, pois que não só a gloria do seu nome ficou sufficientemente firmada, mas accresce tam- bem a circumstancia de outros naturalistas, e dos mais notaveis, a te- rem julgado semelhante ao trachurus trachurus, Gunther por exemplo, emquanto Capello a julgou diversa. Recentemente Mr. E. Moreau, no seu Manual d'ichthyologie Française, p. 262, cita os caracteres apon- tados por Capello, mas inscreve esta especie com a designação que lhe tinha sido dada primeiro por Lowe. Deve pois entender-se que todas as especies de Setubal e de Lis- boa, inscriptas no catalogo, com o nome de trachurus fallax perten- cem à especie Trachurus Cuvieri Lowe. 17. Gobius capito, Cuy. et Val. Cat., p. 28. Habitat: Mattosinhos. 18 Gobius fluviatitis, Bell. Gobio fluniatitis, Bell. pag. 820; Grunth, t. vir, p, 172, Cuv. et Val.;t. xvr, p- 300, pl. CCCCLXXXI; The Gudgeon, Yarr., t. 1, p. 383; Conch., t. Iv, p- 20; Gobio fluviati.is, Moreau. Poiss. de France, t..111, p. 386. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 sERIE— N.º XV. 11 154 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 19. Lophius piscatorius, Linn. : Cat., p. 24. Habitat: Mattosinhos. 20. Blennius gattorugine, Brinn. Cat., p. 24. Habitat: Mattosinhos. 21. Blennius pholis, Linn. | Cat., p. 24. Habitat: Lavadôres, (perto da Granja. 22. Blennius pavo, Risso. Cat., p. 24. Habitat: Mattosinhos. 23. Blennius tentacularis, Briinn. Cat., p. 25. Habitat: Mattosinhos. 24. Blennius galerita, Linn. Gunth., Cat. Fish. Brit. Mus., t. 111, p. 222. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. [59 ot - Mugil auratus, Risso. Cat., p. 26. Habitat: Mattosinhos. (A especie mencionada no Catalogo não traz indicação da localidade onde foi colhida). ' 26. Ammodytes lanceolatus, Lesano. Bullet. Soc. Philom., Paris, 1824, p. 140-141. Gunth., Cat. Fish. Brit. Mus., t. 1v, p. 384. Moreau, Poiss de France, t. 11, p. 211. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. tô =] « Labrus bergylta, Ascan. Cat., p. 21. Habitat: Mattosinhos. PHYSICAS E NATURAES 155 28. Ctenolabrus rupestris, Linn. Labrus rupetris, Linn. p. 478, e p. 27. Ctenolabrus rupestris, Cuv. et Val., t. xrrr, p. 223. Gunth., Cat. Fish. Brit. Mus.; t. Iv, p. 89. Moreau, Poiss. de France, t. 111, p. 134. Habitat: Mattosinhos. “Especie nova para a fauna de Portugal. 29. Gadus luscus, L. Cat., p. 30. Habitat: Mattosinhos. 30. Phycis mediterraneus, Delaroche. Cat., p. 31. Habitat: Mattosinhos. 31. Motella quinquecirrata, Cuv. Cat., p. 32. Habitat: Mattosinhos. 32. Raniceps trifurcus, Artedi. Já mencionámos esta especie no nosso segundo Appendice ao Ca- talogo dos Peixes de F. Capello, e se voltamos a referirmo-nos a ella é porque esta especie dada como muito rara por muitos ichthyologis- tas, parece ser relativamente abundante nas praias do norte de Por- tugal, pois temos recebido talvez uma dezena de exemplares de di- versas edades, todos enviados pelo sr. Newton. Encontrámos tambem um exemplar d'esta especie n'uma pequena collecção pertencente ao sr. Tait e que nos foi confiada para a estudarmos. 33. Rhombus maximus, Will. Cat., p, 32. Habitat: Mattosinhos. 394. Rhombus laevis, Rondel. Cat., p. 32. Habitat: Mattosinhos. 35. Pleurenectes flesus, Linn. Cat., p. 35. Habitat: Mattosinhos. 11 x 156 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS 36. Trutta marina, Duham. Peche, part. 2.º, not. 2, p. 200, pl. II, fig. 3. Salmo trutta, Bloch. pl. XXI. Pa- rio argenteus, Cuv. et Val., t. xx1, p. 294, pl. DCX VI. Salmo argenteus, Gunth., t. vr, p. 86. Trutta marina, Moreau, Poiss, de France, t. 111, p. 991. Habitat: Mattosinhos. Quando recebemos os exemplares d'esta especie, que nos foram enviados pelo sr. I. Newton, em julho de 1895 e que elle nos affir- mou que tinham sido colhidos no mar, e que os pescadores chamavam aos individuos novos d'esta especie relho, ficâmos um pouco surpre- hendidos porque encontrámos perfeita identidade entre os novos exem- plares que recebiamos e os que tinham sido classificados por Capello como pertencentes à especie Salmo levenensis, e outros que nós julgá- mos tambem pertencentes a esta especie, colhidos no rio Cavado e de que já haviamos dado noticia n'um numero d'este jornal. Visto que a especie de que recebiamos agora exemplares vinha do mar, exitamos em classifical-a como Salmo levenensis e procurámos averiguar como é que Felix Capello e eu tinhamos cahido n'um erro de determinação, se erro havia, pois o Salmo levenensis é no dizer dos ichthyologistas uma especie que não emigra. (Not migratory.! A nonmigratory species, inhabiting Loch Leven and other of southern Scotland and of the North of England).º | O que levou Capello a classificar como Salmo levenensis, especies que a meu vêr, não devem ter este nome, não sei dizel o, não poude averigual-o. Os exemplares estudados por Capello foram obtidos no mercado de Lisboa, e são naturalmente colhidos no mar como os exem- plares que nos enviou o sr. Newton. Admiro como um naturalista tão cauteloso e abalisado como era F. Capello, afiançasse que uma espe- cie que tem um habitat relativamente confinado, tinha sido colhido em Portugal. Pela minha parte diversas circumstancias concorreram para que eu classificasse como Salmo leverensis, especies que não devem ter este nome. Em primeiro logar os exemplares que eu recebi provinham de um rio, do Cavado, e podia dar-se o caso da especie encontrada na Inglaterra se ter confinado n'esse rio, por uma causa semelhante áquella que a confinou em determinadas regiões d'aquelle paiz, visto que até ha pouco eu não conhecia nem tinha noticia de que esta especie ti- vesse sido encontrada em qualquer outra região de Portugal. Em se- gundo logar o livro de que nos servimos para a classificação, foi a me- moria a que já alludimos de Samuel Garman, notavel ichthyologista americano, que apresenta como caracter d'esta especie as manchas em fórma de X, que não é apresentado como distinctivo de nenhuma das outras especies do genero Salmo, descriptas por elle. 1 Samuel Garman. The amertcan Salmon and Tront, p. 13. 2 Gunth. Cat. Fish. Brit. Mus., t. vi, p. 101. PHYSICAS E NATURAES 157 Em terceiro logar a comparação dos nossos exemplares com os que tinham sido classificados por Capello, cuja determinação julgâmos exacta. Ainda outras razões de somenos valor podiamos invocar, mas real- mente não vale a pena. No nosso entender a especie classificada como Salmo levenensis, Walk, deve ser substituida no catalogo pela especie Trutta marina, Duham. 37. Belone acus, Bp. Cat. p. 97, n.º 853. Faun. ital. fig. Gunth., Cat. Fish., t. vz, p. 251. Moreau. Poiss. de France, t. 111, p. 472. Habitat: Mattosinhos. Especie nova par a fauna de Portugal. 38. Exocoetus lineatus, Cuv. et Val. Cat., p. 36. Habitat: Mattosinhos. 39. Carassius auratus, L. Cat., p. 36. Habitat: (a) Ovar; (b) Rio de Leça da Palmeira; (c) Mattosinhos. 40. Barbus Bocagei, Steind. Cat., p. 31. Habitat: Mattosinhos. 41. Clupea alosa, Cuv. Cat., p. 39. Habitat: Mattosinhos. 42, Clupea finta, Cuv. Cat., p. 39. Habitat: Mattosinhos. 43. Orthagoriscus mola, Schneider. N. vulg. Orelhão. Cat., p. 41. Habitat: Mattosinhos. 158 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 44. Balistes capriscus, Gm. Cati., p- 41. Habitat: Mattosinhos. 45. Hippocampus guttulatus, Cuv. Cat., p. 42. Habitat: Mattosinhos. 46. Scillium canicula, Cuv. Cat., p. 43. Habitat: Mattosinhos. 47. Pristiurus Artedi, Risso. N. vulg. Cação Papoula. Cat., p. 44. Habitat: Mattosinhos. 48. Mustellus, vulgaris, Mull. et Henle. | Cat., p. 46. Habitat: Mattosinhos. | 49. Carcharias glaucus, Rondel. | Cat., p. 46. | Habitat: Mattosinhos. 50. Acanthias vulgaris, Risso. Cat., p. 41. Habitat: Mattosinhos. 51. Squatina vulgaris, Risso. Cat., p. 50. Habitat: Mattosinhos. 52. Raja asterias, Mull. et Henl. Cat., p. 52. Habitat: Mattosinhos. 55. 54. DA 56. bi. 58. PHYSICAS E NATURAES 159 Raja naevus, Mull. et Heul. Cat., p. 52. Habitat: Mattosinhos. Raja undulata. Cat., p. 51. Habitat: Mattosinhos. Raja Maderensis, Lowe. Habitat: Mattosinhos. Raja marginata, Lacep. 1v, p. 231. Mull. et Henl. Plagiost. p. 140. A. Dumer, t. 1, p. 568. Gunth., t. vir, p. 465. Moreau, Poiss. de France, t. 1, p. 416. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. Petromyzon fluviatilis, Linn. p. 394, sp. 2. Petromyzon argenteus, Couch., t. Iv, p. 400. Petromyzon fluvia- tilis, Cuv. Reg. an. 1817, t. 11, p. 118. Moreau, Poiss. de France, t. 111, p. 604. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. Sphyraena vulgaris, Cuv. et Val. t. 111, p. 327. Guich., Expl. Arg., p. 37. Gunth. Cat. Pish.; t. 1x, p. 334. Sphy- raena spet, Moreau, Poiss. de France, t. 111, p. 212. Habitat: Mattosinhos. Especie nova para a fauna de Portugal. ' Esta especie que Moreau diz ser bastante rara no Mediterraneo, parece que não é mais vulgar no Oceano Atlantico, sobretudo nas aguas que banham as costas occidentaes da Europa, pois Gunth ape- nas se refere a alguns exemplares colhidos na Europa, sem todavia designar precisamente o habitat. 160 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS NOTA SOBRE ALGUMAS PROPOSIÇÕES DE GEOMETRIA POR JORGE FREDERICO D AVILLEZ Visconde do Reguengo Sabe-se que, se uma recta de comprimento constante escorregar sobre duas rectas dadas, o logar geometrico dos pontos de encontro das perpendiculares ás mesmas rectas, tiradas pelos extremos da primeira, é um circulo. Vamos demonstrar uma proposição que é reciproca desta, e da qual podemos deduzir algumas consequencias importantes. Esta pro- posição pode ennunciar-se do seguinte modo: «E constante, a grandeza da recta que une os pés das perpendicula- ares tiradas de qualquer ponto duma circumferencia, sobre dois diame- «tros dados.» Sejam 4C e BD os dois diametros, e À o menor angulo que elles fórmam. Tiremos do ponto p, cuja posição é definida, por exemplo, pelo A . . . angulo py OB, as perpendiculares pa e pb sobre os dois diametros; va- mos provar que «b tem uma grandeza constante para os mesmos dia- metros, seja qual fôr a posição do ponto » sobre a circumferencia. Vemos immediatâmente que, representando Op por r e pÕB por a, é: (1) 0Oa==—reos(a +) ap=-rsen(a +) (3) (2) 0b==rcos« bp=-rsena (4) e temos portanto em virtude d'uma formula conhecida e das relações (1) e (2): ab="Vcos?a + cos?(a + )) + 2 cosa cos (a 2) cos À d'onde se tira, representando ab por 1; !==r sen À (5) PHYSICAS E NATURAES Tot D'aqui se conclue, ser a grandeza da recta ab independente da posição do ponto p sobre a circumferencia, e depender sómente do angulo que fórmam entre si os dois diametros considerados, o que comprova a proposição ennunciada. Se levantarmos em b4 meio de 0b, uma perpendicular ao diame- tro BD, temos evidentemente o ponto O' que é o meio do raio Op. Unindo O' com b e com a, teremos, como é facil de ver, O b= Diper. 2 Vemos, pois, que o ponto O” dista egualmente dos quatro pontos O, a, b, p; logo podemos ennunciar uma outra proposição dizendo que: «Se d'um ponto duma circumferencia tirarmos perpendiculares so- «bre dois diametros que formam entre si um ungulo determinado, por «aquelle ponto, pelo centro da circumferencia, e pelos pés das perpendi- «culares, podemos fazer passar uma outra circumferencia, cujo centro, «é o meio do raio da primeira, tirado para o ponto considerado. » Esta circumferencia cujo raio é metade do da primeira, é eviden- temente tangente áquella no ponto dado. A expressão /==r sen) mostra que no caso dos diametros serem perpendiculares, a recta | é egual ao lado do hexagono regular inscri- pto na circumferencia do raio r E este o caso em que a recta | tem a grandeza maxima. Se os dois diametros se confundissem, então a recta reduzir-se- hia um ponto. Se do mesmo ponto y tirassemos perpendiculares sobre dois ou- tros diametros quaesquer, é evidente que a mesma circumferencia Oapb passaria pelos pés d'aquellas perpendiculares, em vista do que já dissemos. Da figura tiram-se algumas conclusões importantes sobre o qua- drilatero inscripto, e podem-se demonstrar alguns theoremas d'essa theoria servindo-nos do que acima temos dito. Apresentaremos alguns exemplos. Com effeito, vê-se que ab. O p=? sen À e tambem Oabp==—r2senacos (a +) Ob cap=-r? cosa sen (a +). Sommando estas duas egualdades temos Oabp4- Obeap==r?senh “e portanto Oabp+ Obcap=-abe Op. 162 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Esta egualdade prova o primeiro theorema de Ptolomeu. Podemos tambem demonstrar a reciproca do terceiro theorema de: Ptolomeu (*), segundo o qual n'um quadrilatero inscripto a relação das diagonaes é egual à relação da somma dos productos dos lados que: terminam nos seus extremos. Com effeito, temos Op ip ab ysena e tambem se vê que apebp=-r?sena sen (x À) OacOb=-—r?cos a cos («+A) e sommando membro a membro apebp-- OasOb=-r?[sena sen (a ))— cosa cos (a += ))]. Tambem Oacap==—rê?sen («+ A) cos (a +-2) e Obebp==r? sena cos à e por conseguinte Oacap+- Opebp-r?[senacosa —sen (a + À) cos (2 + ))|. Logo simplificando vem apebp +Oac0Ob | 1 Oacap-0b-bp — senA e, portanto Op apebpl-Oac Ob ab Oacap+Ob-bp que era o que pretendiamos demonstrar. A area do quadrilatero é dada em funcção das diagonaes e dos lados pela formula conhecida de Dostor. No nosso caso teremos a ex- pressão seguinte em determinante sen À cos? (a 1-)) — sen? À 16424912 cos? (a + à) — sen? À senA Se imaginassemos que a circumferencia Oa pb rolasse no interior (*) Rouché e de Comberousse— Traité de Géometrie, t. 1, p. 148. PHYSICAS E NATURAES 163 da outra, o ponto p, que na posição da figura é o centro instantaneo de rotação, gerava um diametro do circulo fixo como sabemos. A expressão (5) dá-nos as funcções trigonometricas do angulo à expressas na grandeza constante |, pois é tambem e portanto 164 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATIUAS SOBRE A AREA D'UM TRIANGULO PARABOLICO POR JORGE FREDERICO D AVILLEZ Visconde do Reguengo N'uma nota publicada no Jornal de Sciencias Mathematicas e As- tronomicas, (*) provámos que, se dividirmos no mesmo numero de par- tes eguaes os tres lados d'um triangulo e tirarmos pelos pontos de di- visão de cada um dos lados perpendiculares sobre os outros dois, as rectas que unem dois a dois os pés d'essas perpendiculares envolvem tres parabolas tangentes entre si, duas a duas, nos vertices do trian- gulo. No caso do triangulo ser acutangulo, o triangulo parabolico for- mado pelos tres arcos de parabola é concavo em relação ao triangulo rectilineo dado. As tres parabolas P4, Pa, P3 devem passar pelos pon- l, m, n que dividem ao meio as rectas que unem o orthocentro H do triangulo aos meios dos lados, (**) e nós sabemos que a relação entre a area d'um segmento parabolico e a do triangulo formado pela sua corda e pelas tangentes às extremidades do arco parabolico é egual a 51 teremos portanto (E) area An B = area AH B 2 area BIC = area BHC 2 area CmAr— area CHA Representando por c a somma das areas dos tres segmentos para- (*) Sobre um theorema de geometria superior, vol. xrr, 1896, p. 137. (**) Idem. (*4*) Favaro — Géometrie de position, 1819, p. 212. PHYSICAS E NATURAES 165 bolicos, teremos 2 c— —S 3 e portanto a area do triangulo parabolico é 1 SEN Logo, podemos dizer que: as tres parabolas consideradas fórmam um triangule parabolico, cuja area é egual á terça parte da area do triangulo fundamental. Creio ser este o primeiro exemplo apresentado, do calculo exacto da area d'um triangulo parabolico. gulo p 166 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS SOBRE UM SISTEMA TRI-TANGENTE . POR JORGE FREDERICO D AVILLEZ Visconde do Reguengo Seja dada uma ellipse AB A4'B' e n'ella um ponto P. Tiremos por elle a normal á curva, que encontra o eixo menor n'um ponto O; o cireulo A, cujo raio é O'B', é tangente à ellipse no ponto B', logo TB será o diametro de outro circulo A' tangente exteriormente áquelle, e interiormente á ellipse no ponto B. Ao systema formado n'estas con- dições, chamaremos tri-tangente. Os dois circulos considerados gozam de algumas propriedades de que vamos tratar. Se o ponto P fôr dado pelas suas coordenadas polares OP e P ÔB que representaremos por p e q, podemos facilmente dar o valor de em funcção dos semi-eixos da ellipse e do angulo q. Escolhemos estas coordenadas para o estudo que vamos fazer, pois a posição do pé da normal, tirada n'um ponto qualquer da curva, é a mesma para os pontos symetricos em relação ao eixo menor da conica. Além d'isso consideraremos implicitos os signaes dos angulos e dos segmentos interceptados, o que não tem inconveniente, pois sabemos que, para os pontos da ellipse situados acima do eixo maior, o se- gmento O O! estará situado abaixo do mesmo eixo, e o contrario suc- cede aos pontos situados abaixo do eixo AA4'. No caso dos pontos coincidirem com as extremidades d'este eixo, a grandeza O O', redu- zir-se-hia ao ponto O. PHYSICAS E NATURAES 16% Teremos pois para determinar a posição do ponto P, (*) ab Va? cost -+b2 sen?q Ê A normal N, e a distancia OQ, serão dadas pelas expressões E (2) Vaz sen?) -b? cos? À b2 cos À Va? sen2x-+5? cos? sis RS USERS) nas quaes entra o angulo ), que a normal faz com o eixo menor da ellipse, e que é dado pela relação A figura mostra-nos que y + 0 0'= Neos À e portanto, substituindo os valores conhecidos, teremos a? — b2) cos À o pe Va? sen? 1-b? cos? ) expressão esta que tambem se encontra na nossa referida memoria, e «da qual se tira em virtude da relação (4) ooe a (a? — b?) e oro au) byVa2+Btgo O raio O'B' do primeiro circulo, será dado pela expressão r=b— 00! spt IS E e do mesmo modo, para calcular o raio —— do segundo circulo tere- (*) Para a deducção das formulas (1), (2), (3), (4), veja-se a nossa memoria “ «Sobre a representação da terra pelas projecções orthographicas orthogonaes, etc.» publicada no Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes, 1893. 168 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS mos evidentemente r'=b—r e será portanto E qi DUO Teremos pois 2 Va? bete?y—a(a2—b?) TT] —— ww —>———————— by 24 bite? a(a?—b?) ya ineo RR , r BRR) Vê-se portanto que: «Conhecido o raio TB' do circulo cujo cêntro é o pé da normal em «P e que é tangente interiormente á elipse em B', para achar o raio do «outro circulo do systema tri-tangente, basta marcur sobre BB' a partir «de T uma grandeza TO” egual á distancia entre o centro da ellipse e o «ponto em que a normal em P, corta o eixo menor da mesma conica.» Em virtude das formulas (6) e (7), vê-se tambem que: «A distancia OO” entre os centros dos dois circulos é egual ao «semi-eixo menor da ellipse dada.» * x Sabemos já quaes são as expressões dos raios dos dois circulos, e vemos que as suas grandezas dependem da posição do ponto consi- derado, de fórma que, quando este estiver collocado n'uma das extre- mididades do eixo maior, ha só um circulo cujo raio é r==b, e é en- tão 7'==0; no caso do ponto P estar situado em B ou B' não exis- tem os circulos. Tiremos uma tangente commum exterior aos circulos dados, a qual corta o prolongamento do eixo menor da ellipse n'um ponto V! e tiremos em P a tangente à ellipse, a qual cortará o mesmo eixo n'um ponto V; vamos calcular a grandeza VV'. O triangulo rectan- gulo O'T'V' dá-nos ro OOo ro OUVI d'onde se tira r—! b RI OU e, portanto, qe (8) pampa de RO Da figura tira-se pois E (9) = O'V' = E -s AR | PHYSICAS E NATURAES 169 No triangulo rectangulo O'PV vê-se tambem que N=0O'VcosA e, portanto, fo CER e o ER (10) cos A Teremos, pois, para valor da distancia procurada VV => 0! T2-+0! De om) O A (11) (r — r!) cos À na qual conhecemos todos os termos, dados pelas formulas (2), (6), (7). À tangente commum aos dois circulos no ponto T, está situada á distancia do centro da ellipse. Da figura tambem se tira immediatamente As distancias VB e V'B são tambem faceis de calcular. Com effeito, vê-se que: VB=O0O'V— OB VB=0'V'— O'B e, por conseguinte, N—(b +-r!) cos à VB EC e benReRd (14) e tambem 9 pl VB ro MRE, (15) r r * * * Tiremos uma tangente commum exterior aos dois circulos dados. O raio E d'um circulo, que toca esta recta e os dois circulos 4, N, será dado pela relação (*) 1 É 3! PE f (*) Bourget — Journal de Mathématiques, questão 9; Hue, no mesmo jornal, p. 60, 1877. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 SERIE— N.º XV. 2 1170 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS Tambem sabemos que, pelos pontos de tangencia 7! e t, e pelo ponto T, passa uma circumferencia cujo raio é meio proporcional en- tre os raios dos dois circulos dados. (*) D'este theorema tiramos pois para valor do raio da circumferen- cia mn pi Wir! ou, substituindo os valores conhecidos a(o aê (a? UP Rn Pia EEE 000. (16) (4? + Dê tg? 0) Sobre 0'0" como diametro descrevamos uma circumferencia O. Se tirarmos uma tangente commum exterior aos dois circulos À e Q, ella determina n'esta ultima circumferencia um ponto m, que deve es- tar situado sobre a tangente ao primeiro circulo no ponto T'(**): da mesma fórma, se tirarmos uma tangente commum aos dois circulos A! e Q, teremos tambem um ponto de tangencia d'este ultimo circulo, situado sobre a tangente ao primeiro no ponto 7, logo aquelle ponto será tambem m. Podemos pois ennunciar a seguinte proposição: «Uma tangente commum exterior aos dois circulos A e A!, é tam- bem tangente ao circulo O no ponto em que a tangente commum interior «aos mesmos circulos encontra a circumferencia Q.» A distancia Tm==Tm' é facil de calcular directamente. Com effeito vê-se que Tm =0'T.TO! d'onde se tira Tm=Vrr'. D'aqui se conelue pois que: «A corda mm” é egual ao diametro do circulo que passa pelos tres «pontos T,'T'.t.» (*) Este theorema foi publicado com ennunciados quasi identicos por Gob (EL Progresso Matemático, t. iv, p. 208, questão 205) e por Montesano (Nouvelles Anna- les de Mathématiques, questão 1380). Uma demonstração da primeira questão foi publicada pelo sr. Schiappa Monteiro no Progresso, e a da segunda nas Nouvelles Annales, 1882, pelo sr. Leblond. O ennunciado de Gob é mais completo, mas ignoramos a qual d'aquelles dois geometras pertence o theorema por direito de prioridade. Este theorema re- fere-se n “aquelles ennunciados ao caso de dois cireulos que se cortam em dois pon- tos, e então pelos pontos de tangencia e por aquelles dois pontos passam dois cir- culos eguaes que gosam da propriedade indicada; no nosso caso, porém, ha ape- nas um circulo, visto os dois dados serem tangentes entre si. (**) De Longchamps — Journal de Mathématiques Élementaires, questão 383, e o sr. Lavieuville, demonstrou este theorema no mesmo jornal, p. 238, 1891. PHYSICAS E NATURAES RE O raio da circumferencia tangente ás tres circumferencias A, A! e 9, é dado pela relação (*) 3! 1 3 Bd Ta na qual q” representa o raio da quarta circumferencia. D'aqui se tira ap 7 Pr: Ê — 9(r-rl) logo, substituindo os valores conhecidos, teremos para expressão do raio no ua? —b?) [03 a? [02 te?o — a (a? — 2) | (17) Shoe 23 (2 FU te20) RES a Comparando as expressões (16) e (17), vemos que e podemos dizer que; «O raio do circulo tangente aos tres circulos A, À!, Q é egual, ao «quociente, do quadrado do raio da circumferencia que passa pelos pon- «tos T', T e t, pelo eixo menor da ellipse dada (ou pelo dobro da somma dos dois raios).» A distancia do ponto Ta uma das tangentes exteriores pode-se calcular segundo um theorema do sr. Neuberg. (**) No nosso caso, a applicação d'este theorema dá-nos para valor d'aquella distancia iene a EE OLS) Da figura, tambem se tira directamente esta expressão. Com effeito, comparando os triangulos rectangulos TD V' e O"tV, teremos em virtude das formulas (8) e (15) 9gl2 RD Us QUASE br! q— gl! (*) Perrin — Journal de Mathématiques, questão 149. Veja-se tambem a de- monstração de Bucheron, p. 377 do mesmo jornal, 1879. **) Neuberg — Nouvellle Correspondance Mathêmatique, questão 35, e tam- bem p. 150, 1876. 12 x 172 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ou TD Qmr(r—r)42rl q! br! É c, como é b==r +-r!', teremos como pretendiamos Dm! pg! PE) == Comparando a expressão (18) com a relação = obtemos 9 o!2 if Podemos pois dizer que: «A distancia do ponto de tangencia dos circulos A, À! a uma tan- agente commum exterior, é equal ao quociente, do dobro do quadrado do «raio do circulo que passa pelos pontos 'T,'T',t, pelo semi-eixo da elhipse «dada (ou pela somma dos raios dos circulos dados).» Como já vimos é e, por conseguinte, PD==4.0!! e, portanto, «A distancia do ponto de tangencia dos circulos A, À! a uma tan- «gente commum exterior, é equal ao quadruplo do raio do circulo tan- «gente aos tres circulos A, À! e Q.» Já vimos qual a expressão que nos dá o segmento VV, interce- ptado sobre o eixo menor da ellipse, pela tangente á curva no ponto P e pela tangente commum exterior aos dois cireulos. Se, a posição de P fosse tal que tivessemos r==7', teriamos VV'=— o o que é evidente, pois a tangente commum aos dois circulos seria pa- rallela ao eixo menor da ellipse. Podemos obter os valores de p, 9,2, e N, que correspondem a este caso. PHYSICAS E NATURAES 173 Com efeito, sendo 7 ==7", teremos segundo as formulas (6) e (7) b2Va? | bite?y —2a(a?-—b?) d'onde se tira 6 LSa2bto Saiiê Ce CC uno b6 e tambem RJ 1 ST Substituindo estes valores nas formulas (1) e (2), teremos os va- lores correspondentes de p, e de N.. Se fizermos 4a*13b*-—8a2b?=H teremos ayVH Ui RT E RAE Da primeira d'estas expressões tira-se sen q, aVH V1— costy, aV/H > ———— = e DD D———— DD ——— ví — sen? q, b3 cos q, b3 e da segunda sena, VH VE cos? A, VH = == e DD D>>—— x ——, V1— sen2a, ab COS, ab D'estas expressões tiramos : 2H a vs sen'y = ———— sS“p=-———— HT ppraH UT EH H a? db? ape as sen cost), = : es ar pé rr a tH Teremos, pois, ab 1 EE RR H-H b8+ a? H 66 a2H 174 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS a? a a V EL H a? RH ab + H ou, ainda, substituindo o valor de H, VZas+U6-+3a2b!— 8aib? TE (0282) E aV4at [3h — Tab? A 2 (a2— Db?) í Estes são os valores que nos dão a grandeza do raio variavel da ellipse, e da normal, que correspondem ao caso de serem eguaes os circulos À e A”. A formula (9) dá-nos tambem O0'V'= oo, e o mesmo succede com a formula (15). Se, sobre B B' como diametro descrevermos uma circumferencia A", mo caso dos circulos eguaes, podemos achar o raio d'um quarto circulo tangente exteriormente aos circulos À e interiormente a A”. (É) O raio d'este circulo é dado no caso que consideramos pela ex- pressão Os theoremas de Bourget, de Gob-Montesano, de Perrin e de Neuberg, são tambem applicaveis a este caso em que, r=r". O primeiro dá-nos r Ra o segundo par o terceiro fi ps TR e o ultimo 0=r Às quatro proposições apresentadas por nós nas paginas 170, 171 e 172, são, tambem, evidentemente verdadeiras n'este caso. (*) Russo — Journal de Mathématigues Elementaires, questão 880; Yousson- fian, no mesmo jornal, p. 260, 1891. o Mal as PHYSICAS E NATURAES 115 Tanto as sete proposições que apresentamos, como as formulas que dão as propriedades metricas da figura e a consideração dos ca- sos particulares dos theoremas de Gob-Montesano, de Neuberg e de * Russo, cremos que são inteiramente novas. Finalmente como complemento d'este estudo, apresentaremos como questão proposta a determinação dos logares geometricos dos pontos Ue W, em que a tangente commum aos dois circulos encontra res- 2 pectivamente a tangente e a normal tiradas á ellipse no ponto P. 176 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Reptis de Bolama, Guinê portugueza, colligidos pelo sr. Costa Martins, chefe interino de saude no archipelago de Cabo-Verde RP GR LI DRE o, A collecção de reptis da, Guiné no Museu de Lisboa foi recente- mente augmentada com alguns exemplares de Bolama, oferecidos pelo sr. Costa Martins, a quem deixamos aqui consignado um publico tes- | temunho de reconhecimento. | Comquanto n'estes exemplares se encontrem apenas representa- das dez especies, um saurio e nove ophidios, tivemos a satisfação de deparar com duas especies que não conseguiramos ainda obter d'aquella procedencia. ! Vão marcadas com um x 1. Crocodilus vulgaris, Cuv. C. vulgaris, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisb., 2.2 sér., 1896, p. 14. Um exemplar muito novo. 2. Lycophidium semicinctum, D. & B, L. semicinctuu, var. albo-maculata, Steind.; Bocage, loc. cit., p. Ti. Muitos exemplares d'esta especie vulgarissima na Guiné. 3. Philothamnus irregularis (Leach). Ph. irregularis, Bocage, loc. cit., p. 18. Dois exemplares, adulto e novo. 4. + Hapsidophrys smaragdina (Boie). H. smaragdinus, Bocage, Herp. d' Angola, p. 96. Um exemplar adulto. 1 V. Reptis de algumas possessões portuguezas d'Africa— II. Reptis da Guiné (Joru. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 sé., Iv, 1896, p. 13. PHYSICAS E NATURAES 17% Segundo M. Boulenger!, o habitat d'esta especie estender-se-hia da Serra Leda ao Gabão; a presença, porém, d'este exemplar em Bo- lama mostra que ella se encontra mais ao norte, assim como outros exemplares de Cabinda e Casengo, no Museu de Lisboa, deixam vêr claramente que o limite sul da sua expansão vae, pelo menos, até o Quanza. Na ilha do Principe é bastante vulgar. 5. Dipsas Blandingii (Hallowell). D. Blandingii, Bocage, loc. cit., p. 19. Um exemplar adulto. Outro exemplar que possuimos da Guiné é tambem de Bolama. 6. Psammophis sibilans (L.). Ps. sibilans, var. C, Bocage, Herp. d' Angola, p. 116. Um exemplar adulto. 7. Bucephalus typus, Smith. B. capensis, var. viridis, Bocage, loc. cit., p. 19. Um exemplar adulio semelhante a outro que haviamos recebido de Bolama. 8. Dendraspis Jamesonii. D. Jamesonii, Fischer, Ab. Natur. Hamb., 111, 1856, p. 115, pl. I; Bocage, loc. cit.; p. 19. Um magnifico exemplar adulto, bem semelhante à figura citada de Fischer. M. Boulenger? é de pareeer que o Elaps Jamesonii, Trail, não é, como está geralmente admittido, o Dendraspis Jamesonii, Fischer, mas sim a especie a que o dr. Griinther denominou Dendraspis Wel- witschii, Fischer Dinophis fasciolatus e nós Dendraspis neglectus. Ora nós tambem consultámos a descripção insufficiente e a figura incorre- ctissima publicadas por Trail do seu Elaps Jamesonit, e d'esse exame resultou para nós a convicção de que descripção e figura não represen- tam fielmente nenhuma das duas especies, mas podem, com alguma boa vontade, ser applicaveis a qualquer d'ellas.? E d'aqui concluimos que é preferivel, para não augmentar a confusão na synonymia, man- tcr a opinião geralmente acceitte ácerca da identidade do E. Jame- sontit, Trail, e D. Jamesonii, Fischer. E certo porém que se a opinião de M. Boulenger tem por fun- damento o exame directo no exemplar typo do E. Jamesonii, que Trail 1 Boulenger, Catalogue of Snakes in the British Museum, 11, p. 108. 2 Boulenger, Op. cit., 111, pp. 435 e 436. 3 Trail, Trad. Ess. Phys. Serp. by Schlegel, 1843, p. 179, pl. II, figs. 19 e 20. 178 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS julgava proveniente da Amprica do sul, é essa opinião a que deverá prevalecer. ! 9. Naja nigricollis, Reinhdt. N. nigricollis, Bocage, loc. cit., p. 19. Dois exemplares, adulto e novo. x 10. Vipera arietans, Merrem. V. arietans, Bocage, Orn. dº Angola, p. 149. Dois exemplares novos d'esta especie vulgar e largamente disse- minada por toda a vasta região ethiopica. V. BARBOZA DU BOCAGE 1 V. Fischer, 4bh. Natur. Hamb., ur, pl. 1; Ginther, Ann. & Mag. N. H., xv,; 1865, p. 97, pl. III, fig. 4; Fischer Jahrb. Nat. Ver. Hamb,, 1885, p. 111, pl, “IV, fig. 10; Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, x1r, 1888, p. 141, figs.; Boulenger, Cat. Snakes B, Mus., 11, 1896, pp. 433 e 434. | | : A , PHYSICAS E NATURAES 179 Aves d'Africa de que existem no Museu de Lisboa os exemplares typicos A publicação de uma lista das especies ornithologicas d'Africa que se acham representadas nas collecções do Museu de Lisboa pelos exemplares typicos, parece-nos não dever ser absolutamente destituida de interesse para os que não são indifferentes aos progressos scienti- ficos do nosso paiz, e ao mesmo tempo offerece-nos ensejo de paten- tearmos o nosso agradecimento ás pessoas que nos teem auxiliado no empenho de dotarmos a nossa capital com um Museu Zoologico que a não envergonhasse. Às nossas collecções ornithologicas africanas são na maxima parte o resultado das diligencias dos nossos habeis exploradores Anchieta e Newton; mas para ellas teem tambem contribuido outras pessoas, algu- mas das quaes teremos agora occasião de mencionar. 1. Scops scapulatus. Scops seapulutus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, xr1, 1888, p. 229. Ilha de S. Thomé: Angolares, Francisco Newton. 2. Smilorhis Bocagii. Barbatula Bocagei, Sousa, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 158. Angola: Caconda, Anchieta. 3. Stactolaema Anchietae. Buccanodon Anchietae, Bocage, Proc. Z. S. Lond., 1869, p. 436, pl. XXIX. Angola: Caconda, Anchieta. 4. Tockus pallidirostris. Buceros pallidirostris, Finsch. & Hartl., Vog. Ost.-Afr., p. 871. Angola: Caconda, Anchieta. 180 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 5. Scoptelus Anchietae. 10. dio 12. 13. - Cypselus Toulsonii. - Caprimulgus Shelleyi. Scoptelus Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 11, 1893, p. 254. Angola: Caconda, Anchieta. Cypselus Toulsoni, Bocage, Orn. Angola, p. 158. Angola: Loanda, Toulson. Caprimulgus Shelleyi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vi, 1878, p. 266. Angola: Caconda, Anchieta. . Chaetura Anchietae. Chaetura Anchietae, Sousa, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, xrr, 1887, p. 105. Angola: Quissange, Anchieta. . Nectarinia Bocagii. Nectarinia Bocagii, Shelley, Mon. Nect., p. 21, pl. VI, fig. 2; Nect. nova sp.. Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 269. Angola: Caconda, Anchieta. Nectarinia thomensis. Nectarinia thomensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 148, Ilha de S. Thomé: S. Miguel, Francisco Newton. Cinnyris Oustaleti. Nectarinia Oustaleti, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 254. Angola: Caconda, Anchieta. Cinnyris ludovicensis. Nectarinia ludovicensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1868, p. 41. Angola: Biballa, Anchieta. Cyanomitra Newtonii. Nectarinia Newtonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1887, p. 250. Ilha de S. Thomé, sem designação de localidade, F. Newton e Moller. PHYSICAS E NATURAES 181 14. Anthothreptes Anchietae. Nectarinia Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vr, 1878, p. 206. Angola: Caconda, Anchieta. 15. Hirundo angolensis. Hirundo angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1868, p. 47. Angola: Huilla, Anchieta. 16. Hirundo nigrorufa. Hirundo nigrorufa, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vi, 187%, p. 158. Angola: Caconda, Anchieta. 17. Petrochelidon rufigula. Hirundo rufigula, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 256. Angola: Caconda, Anchieta. 18. Bradyornis murinus. Bradyornis murinus, Finsch & Hartl., Vôg. Ost.-Afr., p. 866; Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 11, 1870, p. 340. Angola: Caconda, Anchieta. 19. Bradyornis Sharpii. Bradyornis Sharpii, Bocage, Bull. Brit. Ornit. Union, xviir, 1894 p. xlrrr. Angola: Galanga, Anchieta. 20. Hyliota Barbozae. Hyliota Barbozae, Hartl., J. F. O., 1883, p. 329; H. rolacea, Bocage, Orn. d' Angola, p. 190. Angola: Caconda, Anchieta. 21. Elminia albicauda. Elminia albicauda, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 169. Angola: Caconda, Anchieta. 22. Muscicapa Finschi. Muscicapa Finschi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vt, 1878, p. 257. Angola: Caconda, Anchieta. 182 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 23. Platystira mentalis. Platystira mentalis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 256. Angola: Caconda, Anchieta. 24. Batis minulla. Platystira minulla, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v, 1874, p. 37; Batis mis nulla, Bocage, Orn. d' Angola, p. 199, pl. III. Angola: Biballa, Anchieta. 25. Terpsiphone Newtonii. Terpsiphone Newtonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 111, 1893, p. 17. Ilha d'Anno Bom, Newton. 26. Fiscus Capelli. 308 Fiscus Capelli, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vit, 1879, p. 98. Angola: Cassange, Capello & Ivens. 21. Fiscus Sousae. Lonius Sousae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 213. Angola: Caconda, Anchieta. 28. Fiscus Newtonii. Piscus Newtonit, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1891, p. 79. Ilha de S. Thomé: S. Miguel e Rio Quija, Newton. 29. Bocagia Anchietae. Telephonus Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 18T0, p. 844; Orn. d' Angola, pl. IV; Bocagia Anchietae, Shelley, Bull. Brit. Orn. Union, n.º XVIII, p. xlrri. Angola: Pungo-Andongo, Anchieta. 30. Crateropus Hartlaubi. Crateropus Harilaubi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1868, p. 48; idem, Orn. d' Angola, p. 252, pl. I, fig. 1. Angola: Huilla, Anchieta. 31. Andropadus minor. Andropadus minor, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vim, 1880, p. 55. Costa de Loango: Massabe, Lucan & Petit. 32. 35. 34. ED 36. 31. 38. 39, 40. PHYSICAS E NATURAES 183 Pyrrhurus multicolor. Criniger multicolor, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vrrr, 1880, p. 54; Pyrrhurus multicolor, Shelley, Birds of Africa, 1896, p. 64. Costa de Loango, Lucan & Petit. Amaurocichla Bocagii. Amaurccichla Bocagii, Sharpe, P. Z. S. L., 1892, p. 228, pl. XX, fig. 1. Ilha de S. Thomé: S. Miguel, Newton. Eremomela pulchra. Tricholwis pulchra, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vi, 1818, p. 257; Eremo- mela pulchra, Shelley, B. of Afr., 1896, p. 68. Angola: Caconda, Anchieta. Sylvietta ruficapilla. Sylvietta ruficapilla, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vir, 1877, p. 160. Angola: Caconda, Anchieta. Prinia Molleri. Prinia Molleri, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, xr, 1887, p. 251. Ilha de S. Thomé, Moller. Cisticola dispar. - Cisticola dispar, Sousa, Jorn. Ac. Se. Lisboa, xr, 1887, p. 106. Angola: Quissange e Caconda, Anchieta. Melocichla grandis. Cisticola grandis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vii, 1880, p. 56. Angola: Caconda, Anchieta. Cisticola modesta. Drymoica (Cisticola) modesta, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vir, 1880, p. 57. Costa de Loango, Lucan & Petit. Neocichla gutturalis. Crateropus gutturalis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1871, p. 272; Neo- cichla gutturalis, Bocage, Orn. d' Angola, p. 253, pl. I, fig. 1. Angola: Huilla, Anchieta. 184 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 41. Cossypha Bocagii. Cossypha Bocagii, Fisch. & Hartl., Vôg. Ost.-Afr., p. 284 (nota); Bocage, Orn. d' Angola, p. 259, pl. II. Angola: Biballa, Anchieta. 42. Cossypha subrufescens. Cossypha subrufescens, Bocage, P. Z. S. L., 1869, p. 436; C. Heuglini, Bo- cage (non Hartl.), Orn. d' Angola, p. 258. Angola: Caconda, Anchieta. 43. Monticola angolensis. Monticola angolensis, Sousa, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1r, 1888, p. 233: Petro- cinela brevipes, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1870, p. 342. Angola: Cunene e Caconda, Anchieta. 44. Parus rufiventris. Parus rufiventris, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vi, 18TT, p. 161; Orn. d' An- gola, p. 287, pl. X, fig. 1. Angola: Caconda, Anchieta. 45. Salpornis Salvadori. Hylypsornis Salvadori, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v1, 1878, p. 211; Orn. d' Angola, p. 289, pl. X, fig. 2. Angola: Caconda, Anchieta. 46. Anthus Bocagii. Anthus Bocagit, Nicholson, Ibis, 1884, p. 469: Anthus pallescens, Bocage, Orn. d' Angola, p. 294, pl. VIII, fig. 2. Angola: Humbe, Anchieta. 41. Zosterops griseo-virescens. Zosterops griseo-virescens, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 111, 1893, pl XVIII. Ilha d'Anno Bom, Newton. 48. Mirafra angolensis. Mirafra angolensis, Bocage, Orn. d' Angola, p. 560. Angola: Caconda, Anchieta. 49. (dj [9 55. E =] PHYSICAS E NATURAES 185 Serinus huillensis. Serinus huillensis, Sousa, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 2.º ser., 1, 1889, p. 40. Angola: Huilla, R. P.º Antunes. - Urobrachya Bocagii. Urobrachya Bocagii, Sharpe, Cat. Afr. Birds, p. 63; idem, Cat. B. Brit. Mus. xirr, p. 226, pl. IX. Angola: Duque de Bragança, Bayão. « Penthetria Hartlaubi. “Penthetria Harilaubi. Bocage, Orn. d' Angola, p. 341. Angola: Caconda, Anchieta. 2. Amblyospiza concolor. Amblyorpisa concolvr, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, xrr, 1888, p. 229. Ilha de S. Thomé: Angolares, Newton. . Estrilda thomensis. Estrelda thomensis, Sousa, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1r, 1888, p. 155. Ilha de S. Thomé, Moller. - Sharpia angolensis. Sharpia angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, vr, 1878, p. 258; Shelley, Ibis, 1887, pl. I, fig. 2. Angola: Caconda, Anchieta. Melanopteryx albinucha. Sycobius albinucha, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, v, 1876, p. 217. Angola: Quanza? . Othyphantes temporalis. Hyphantornis temporalis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vir, 1884, p. 244; Shelley, B. of Afr., p. 31. Angola: Caconda, Anchieta. . Pholidauges Verreauxii. Pholidauges Verreauxii, Bocage, in Finsch & Hartl., Vôg. Ost.-Afr., p. 867; idem, Orn. d' Angola, p. 314. Angola: Biballa, Anchieta. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 SERIE — N.º XV. 13 186 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 58. Lamprocolius acuticaudus. Lamprocolius acuticaudus, Bocage, Jorn. Ae. Sc. Lisboa, 11, 1870, p. Orn. d' Angola, p. 309, pl. VI. Angola: Huilla e Caconda, Anchieta. 59. Lamprotornis purpureus. Lamprotornis purpureus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1867, p. 334; Ora. d' Angola, p. 305, pl. VII. Angola: Capangombe, Anchieta. 60. Turtur ambiguus. Turtur ambiguus, Bocage, Orn. d' Angola, p. 386. Angola: Dombe e Rio Coroca, Anchieta. | 61. Golumba thomensis. Columba arquatria, var. thomensis, Bocage, Jurn. Ac. Sc. Lisboa, xt, 1888, p. 230 Ilha de S. Thomé: Angolares, Newton. . 62. Francolinus Finschii. Francolinus Finschi, Bocage, Orn. d' Angola, p. 406. Angola: Caconda, Anchieta. 63. Francolinus Hartlaubi. Francolinus Hartlaubi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 11, 1869, p. 350. Angola: Capangombe e Huilla, Anchieta. J V. BARBOZA DU BOCAGE PREÇO D'ESTE NUM. 500 REIS Acha-se à venda no Deposito de impressos da Academia. Patos A correspondencia deve ser dirigida, franca de porte, à Re- dacção do JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS, PHYsICAS e NA- TURAES, na Academia Real das Sciencias de Lisboa, rua do Arco (a Jesus). Ea | à PS =p 1a Asi Rai eira de 3 E e , ma da PES SGA, Comedia E de ASR sait a A Da GO aliam Ae 0) ada ar mts ' | ACADEMIA a DAS SCIENCIAS DE LISBOA ta meme DD | JORNAL DE SCTENCIAS MAY 14 1897 E MAMNNTAS, a MS a PUBLICADO SOB OS AUSPICIOS | — SEGUNDA SÉRIE Tom. IN — Março, 1897 — Num. XVI LISBOA TEPOGRAPEIA DA ACADEMIA 897 INDEX ' Mammiferos, reptis e batrachios d'Africa de que existem exem- RR Museu de Lisboa, por J. V. Barboza du Bo- CONES Cta =) Site jo Mia So a jo ca apo No SENNA CORA AR ENC : * Sobre a peçonha das serpentes e seus annidoios, por J. Bethen- Court Dorrema UE anais É ara aseiE Nie CARS Rn RARO é o assisto Sobre um «Hemidactylus» novo da ilha de Anno Bom, por JJ. er Bethencourt Fermetras cosas tea co casa MAY. 14. 1897 PHYSICAS E NATURAES 187 MAMMIFEROS, REPTIS E BATRACHIOS D'AFRICA DE QUE EXISTEM EXEMPLARES TYPICOS NO MUSEU DE LISBOA POR J. V. BARBOZA DU BOCAGE Não era minha tenção publicar por emquanto este modesto tra- balho, principalmente na parte que diz respeito aos Mammiferos. De- sejava primeiro submetter a novo exame parte dos materiaes de que me servira em anteriores publicações, conjunctamente com outros col- ligidos mais recentemente no sertão de Benguella pelo nosso explora- dor José d'Anchieta, e para justificação d'aquelle meu desejo bestar- me-ha accrescentar que a projectada revisão tinha quasi exclusiva- mente por objecto Chiropteros, Insectivoros e Roedores. Acontece po- rém que os meus olhos, presa de uma cruel enfermidade, se recusam a coadjuvar-me em tal empenho; já nem posso recorrer ao auxilio da lente, e dia a dia se me vae tornando mais dificil e penosa a leitura e a escripta. Tenho pois de abandonar o meu projecto e deverei d'ora ávante restringir os meus cuidados à conservação das nossas coilecções para que outrem as aproveite mais tarde em beneficio da sciencia. Oxalá que se não realisem as tristes apprehensões que n'este momento oppri- mem o men espirito em relação aos futuros destinos do nosso Museu Nacional! 1. — Mammiferos 1. Cercopithecus picturatus. O. picturatus, Mattoso, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 95; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 11; Sclater, P. Z. S., 1893, p. 257. Angola: Quipampala, major J. Fortunato Barreto. O sr. Selater (loc. cit.) julga que este exemplar deverá talvez JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 seRIE— N.º XVI. 14 188 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS pertencer ao C. melanogenys, Gray, especie tambem oriunda de An- gola. Hoje, em vista das descripções que publicaram d'esta especie os srs. Jentinck! e Sclater, inclinamo-nos tambem a essa opinião, mas precisariamos, para nos pronunciarmos de uma maneira decisiva a tal respeito, poder comparar o nosso exemplar a outro do (. melanogenys, infelizmente ausente das nossas colleeções. A outra especie, essa porém d'Africa oriental, o C. Schmidti, Sela- ter, se assemelha tambem o nosso exemplar; bastará porém attender a que no 0). Schmidti as faces são brancas, apeuas orladas inferiormente de negro, ao passo que no (. picturatus são quasi totalmente negras com um pequeno espaço branco entre o olho e a orelha, para que seja impossivel confundil-os. 2 Epomophorus Dobsonii. E. Dobsonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 1, fig.; Ibid., p. 14. Angola: Quindumbo, Anchieta. | O primeiro exemplar que recebemos d'esta especie muito inte- ressante foi colhido em Quindumbo, no sertão de Benguella, pelo sr. Anchieta; mas ultimamente este nosso explorador mandou-nos outro exemplar da Hanha, tambem no sertão de Benguella. 3. Phyllorhyna, n. sp. Ph. cajira, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1, 1889, p. 4º ibid., p. 16. Angola: Benguella, Catumbella, Fio Coroca, Capangombe, Gam- bos e Humbe, Anchieta; Congo, G. Capello. Distinguem-se estes exemplares de Angola e Congo dos de ou- tras proveniencias d'Africa por terem uma ferradura de maiores di- mensões e porque as duas pregas marginaes desta se estendem até quasi se tocarem na linha mediana da extremidade do focinho. O sr. dr. Matschie, porém, em carta com que ha pouco nos favoreceu, julga que estes ultimos exemplares é que pertencem à Ph. cafira, emquanto que os d'Angola e Congo são de uma especie inedita. Da comparação que acabamos de fazer. de uns e outros resulta para nós egual con- vicção. 4. Vesperus bicolor. V. bicolor, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1. 1889, p. 5; ibid., p. 18. Angola: Caconda, Anchieta. ! Jentinck, Notes Leyd. Mus., x, p. 11. 10. JE 12. 13. PHYSICAS E NATURAES 189 - Vesperugo pusillulus. V. pusillulus, Peters, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 111, 1870, p. 124; Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser. 1, 1889, p. 18. Angola: Costa de Loango, Anchieta. - Vespertilio Bocagii. V. Bocagei, Peters, loc. cit., p. 125; Bocage, loc. cit., p. 19. Angola: Duque de Bragança, Bayão. - Miniopterus Newtonii. M. Newtonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 198. Ilha de S. Thomé. - Nyctinomus angolensis. N. angolensis, Peters, loc. cit., p. 124; Bocage, loc. cit., p. 30. Angola: Toulson. « Macroscelides brachyurus. M. brachyurus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1x, 1882, p. 27; Bocage, ibid., 2.2 ser., 1, 1889, p. 24. Angola: Caconda, Anchieta. Crocidura Anchietae. C. Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 26. Angola: Caconda, Anchieta. Crocidura thomensis. C. thomensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1887, p. 212. Ilha de S. Thomé: Roça Minho, Newton. Crocidura nigricans. C. nigricans, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1, 1889, p. 28. Angola: Quindumbo, Anchieta. Crocidura bicolor. O. bicolor, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 29. Angola: Gambos, Anchieta. 14 x 490 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 14. Rhynchocyon Petersi. BR. Petersi, Bocage, Jorn, Ac. Sc. Lisboa, vir, 1879, p. 159. Africa oriental: Zamzibar? E. Deyrolle. 15. Herpestes angolensis. H. angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 11, 1890, p. 31; H. ichneumon, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1, 1889, p. 1758. Angola: Duque de Bragança, Bayão, Quissange, Anchieta. 16. Sciurus Bayonii. Se. Bayonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 11, 1890, p. 3. Angola: Duque de Bragança, Bayão. 17. Gerbillus validus. G. validus, Bocage, Jorn, Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 11, 1890, p. 6, pl. figs. 1,1 a. Angola: Ambaca, Quissange, Caconda, Fio Quando, Anchieta. 18. Euryotis Anchietae. E. Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1x, 1882, p. 16; ibid., 2.º ser., 1, 1889, p. 206; ibid., 2.2 ser., 11, 1890, p. 7. , 19. Mus Anchietae. M. Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 11, 1890, p. 11, pl. figs.. 3,34. Angola: Dondo, Anchietae. 20. Mus angolensis. M. angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 2.º ser., 11, 1890, p. 12. Angola: Capangombe, Anchieta. 21. Mus (Isomys) nudipes. - M. (Tsomys) nudipes, Peters, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 111, 1870, p. 126; Bocage, ibid., 2.º ser., 11, 1890, p. 14. Angola: Huilla, Anchieta. Além da Huilla encontra-se esta especie em Biballa e em todo. o sertão de Benguella. 22. Steatomys Bocagii. St. Bocagii, O. Thomas, Ann. & Mag. N. H., x, 1892 (2), p. 264; St. edulis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 2.2 ser., 11, 1890, p. 17. Angola: Caconda e Quindumbo, Anchieta. PHYSICAS E NATURAES 191 Ao mencionarmos esta especie n'uma publicação anterior, sob a designação de Steatomys edulis, haviamos notado que as dimensões dos nossos exemplares d' Angola eram sensivelmente superiores ás da especie descoberta por Peters em Moçambique; tambem observámos por essa occasião que a formula mammaria d'aquelles exemplares era 1—1-2--8, enão 1-—2-2=-10 indicada por Peters. Folgamos de vêr que um zoologista de tamanha competencia como o nosso amigo O. Thomas não hesita em considerar a especie d'An- gola distincta da de Moçambique e agradecemos-lhe cordialmente o haver-nos querido dedicar esta especie e ainda mais os termos extre- mamente amaveis e lisongeiros em que se refere à nossa pessoa. 25. Georychus sp.? Georychus sp.? Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1, 1890, pp. 215 e seg.; Ibid., 2.2 ser., 11, 1890, p. 19. D'entre os numerosos exemplares do genero Georychus colligi- “dos na maior parte pelo sr. Anchieta em varias localidades da provin- cia d'Angola destacam-se alguns que referimos sem a menor hesitação ao G. Mechowi, Peters, descoberto em Malange por von Mechow; esses são provenientes do sertão de Beénguella (Quissange, Quindumbo, ete.), e tambem temos um exemplar da mesma especie encontrado no Bihé pelos exploradores Capello e Ivens. Outros exemplares que o sr. Anchieta nos remettera da Huilla Julgámol-os pertencentes ao G. hottentotus, Less., ! determinação a que ainda nos inclinamos e que está de accordo com a opinião do sr. Jen- tinck ácerca de exemplares colligidos por van der Kellen n'esta mesma localidade. 2 Temos porém ainda exemplares mandados pelo sr. Anchieta de outros pontos e ácerca dos quaes tencionavamos pronunciar-nos com mais segurança depois de os havermos de novo examinado, o que in- felizmente não podemos fazer. Vem aqui a proposito observar que nos parece indispensavel uma revisão completa das especies d'este genero, que com denominações diversas, mas em parte mal caracterisadas, teem livre curso na scien- cia. Pomos desde já os nossos exemplares à disposição de qualquer dos nossos collegas que se queira encarregar d'esta difficil tarefa. 24. Hyrax Welwitschi. H. Welwitschi, Gray, Ann. & Mag. N. H., 1868 (1) p. 43; Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 186, pl. figs. 1, 1a; ibid., 1, 1890, p. 22. Angola: Mossamedes, Welwitsch (pelle em mau estado e craneo “do typo da especie); Benguella, Capangombe, Rio Chimba, Anchieta. 1 Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 sér., 1, p. 272. of 2 Jentinck, Mammals from Mossamedes — Notes from the Leyden Mus., 1x, 1887, p. 176. 192 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 25. Hyrax Bocagii. H. Bocagei, Gray, Ann. & Mag. N. H., ur, 1869, p. 243; Heterohyrax Bo- cagii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 1, 1889, p. 188, pl. figs. 2,24; ibid., 2.2 ser., 11, 1890, p. 22. Angola: Biballa, Capangombe, Huilla, Caconda, Quindumbo, An- chieta. 26. Hyrax Grayi. Dendrohyrax Grayi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1, 1889, p. 190; ibid., 2.2 ser., 11, 1890, p. 22. Angola: Quissange, Anchieta. Exemplar unico, que se distingue dos da especie precedente por ter a orbita completa como se observa nos exemplares do sub-genero Dendrohyrax. O sr. O. Thomas não attribue a esta caracter uma si- gnificação decisiva porqnanto refere haver encontrado orbitas comple- | tas num dos exemplares do H. Bocagii offerecidos pelo Museu de Lisboa ao de Londres, e deixa assim a questão pendente até que se averigue qual seja a sua formula mammaria, se 1-—2==6, formula do H. Bocagii e em geral dos sub-generos Hyras e Hoterohyrax, ou O—1==2, como se observa no sub-genero Dendrohyra. ! Se se reconhecessem ao H. Grayi fóros de boa especie, teriamos na fauna de Angola representados os tres sub-generos: Hyras, Hetero- hyras e Dendrohyrax, que nos parecem bem caracterisados. Sub-genero Hlyrax: Craneo mais curto, principalmente na parte posterior; a crista que limita a fossa temporal muito proxima, quasi em contacto, com a crista lambdoidea; orbita incompleta; formula mammaria | — 2=-6 (Hyrar Welwitscha). Sub-genero Heterohyrax: Craneo mais alongado, principalmente na parte posterior; crista temporal bastante afastada da crista lamb- doidea; orbita incompleta; formula mammaria 1 —2=-6 (Hyrax Bo- cagii). Sub-genero Dendrohgyras: Craneo mais alongado, principalmente na parte posterior; crista temporal afastada da crista lambdoidea; or- bita completa; formula mammaria O— 1-2 (Hyrasx Gray). 21. Hpiceros Petersi. ip. Pelersi, Bocage, P. Z. 8. L., 1878, p. 745; Zp. melampus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 11, 1890, p. 27. Angola: Capangombe e Huilla, Anchieta. t O. Thomas, P. Z. S. L., 1892, pp. 72 e 75. PHYSICAS E NATURAES 193 II. — Reptis 1. Hemidactylus Bocagii. H. Bocagiw, Boulenger, Cat. Liz. B. Mus., 1, 1885, p. 125; Bocage, Herp. d' Angola et du Congo, p. 11. Angola: Rio Coroca, Capangombe e Catumbella, Anchieta. Temos tambem exemplares desta especie de Cabinda (Anchicta) e do Duque de Bragança (Bayão). O Museu Britannico possue exem- plares do Gabão e d'Angola (Boulenger, Cat. Liz. B. Mus., 1, 1885, p. 125). 2. Hemidactylus benguellensis. H. benguellensis, Bocage, loc. cit., p. 12, pl. I, figs. 1,1 a, 10. Angola: Cahata, no sertão de Benguella, Anchieta. 3. Hemidactylus Bayonii. H. Bayonii, Bocage, loc. cit., p. 13, pl. I, figs. 2, 2a-d. Angola: Dondo, Bayão. 4. Hemidactylus Greeffii. H. Greefii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. (1. Ilha de S. Thomé: Greeff, F. Newton, A Moller. O typo da especie devemol-o ao dr. Greeff, de quem o haviamos recebido com a designação de H. mabowia, especie que tambem vive em S. Thomé e á qual na verdade se assemelha. 5. Hemidactylus Bouvieri. Hemydactylus Bowvieri, Bocourt, N. Arch. Mus. Paris, vr, 1870, Bull, p. 17; H. Cessacii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1873, p. 210; ibid., 2.2 ser., Iv, 1896, p. 66, est. 1, fig. 2. Archipelago de Cabo-Verde: ilha de S. Thiago, M. de Cessac. | | Encontra-se esta especie tambem na ilha de Santo Antão, d'onde o nosso collega e amigo dr. Hopffer nos enviou alguns exemplares. 6. Lygodactylus angolensis. L. capensis (part.), Bocage, Herp. d' Angola, p. 15; L. angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 11, 1896, p. 110. Angola: Galanga, Cahata e Hanha, no sertão de Benguella, An- chieta. 194 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 7. Lygodactylus gutturalis. Hemidactylus gutturalis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1v, 1873, p. 211; Ly- godactylus gulturalis, Bocage, ibid. 22 ser., 1v, 1896, p. 75, est. 1, fig. 9. Guiné portugueza: Bissau, R. de Sá Nogueira. 8. Tarentola gigas. Ascalabotes gigas, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, v, 1875, p. 108; ibid,, 2.º ser., Iv. 1896, p. 68. Archipelago de Cabo-Verde: Tlheo Faso, dr. Hopffer. Parece habitar exclusivamente o Ilheo Raso. Deve-se a sua des- coberta ao dr. Hopffer. | 9. Agama Anchietae. A. Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., Iv, 1896, p. 129. Angola: Dombe, Benguella, Catumbella, Anchieta; Mossamedes, Ca- pello & Ivens. 10. Agama Holubi. A. Holubi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2º ser., Iv, 1896, p. 115. Africa meridional: Modder-River, dr. Holub. 11. Agama pulcheila. A. pulchella, Bocage, loc. cit., p. 116. Africa meridional: Modder-River, dr. Holub. 12. Monopeltis Anchietae. Lepidosternum (Phractogonus) Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, Iv, 1878, p. 247, figs. 1-4: Monopeltis Anchietae, Bocage, Herp. d' Angola et du Congo, p. 28. Angola: Humbe, Anchieta. Exemplar unico. Não estão ainda representadas nas nossas collecções quatro espe- cies d'esto genero d'Angola e do Congo, para as quaes chamamos a attenção dos nossos exploradores: M. Welwitschi (Gray), descoberta por Welwitsch em Pungo-Andongo, de que existem dois exemplares no Museu Britannico; M. scalper (Giinth.), da qual ha tambem no Mu- seu Britannico um exemplar de Angola proveniente da viagem de Ca- meron, sem indicação da localidade onde foi encontrado; M. Guntheri, Bonlenger, do Congo (Museu Britannico); M. Boulengeri, Boettg., de Kinshassa, no Alto-Congo, descoberto por Ilesse (Museu de Franc- TONA 1 V. Boulenger, Cat. Liz. B. Mus., 11, pp. 456 e 457; Boettg., Ber. Senchenb. Ges. Frankf., 1881, p. 24. PHYSICAS E NATURAES 195 13. Scapteira reticulata. Se. reticulata, Bocage, Ann. & Mag. N. H., xx, 1867, p. 225; Herp. d' Angola e Congo, p. 32. Angola: Rio Coroca, Anchieta. 14. Pachyrynchus Anchietae. P. Anchietae, Bocage, Ann. & Mag. N. H., xx, 1867, p. 226; Herp. d' Angola, p: 33, pl. HI, figs. 1, 1la-d. Angola: Rio Coroca, Anchieta. "Um exemplar adulio, unico conhecido d'esta especie que deve ser muito rara. 15. Mabuia Bayonii. Euprepes Bayonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1872, p. 75; Mabuia Bayonii, Bocage, Herp. d' Angola, p. 38, pl. II, figs. 2, 2a-d. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Pelo que se tem até hoje observado extende-se o habitat desta especie pela região dos planaltos, de norte a sul, desde S. Salvador do Congo até a Huilla, e para leste até ao Cassange. 16. Mabuia Osorii. M. Osorii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 111, 1893, p. 47. Ilha de Anno-Bom, F. Newton. 17. Mabuia Petersii. Euprepes Petersii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1872, p. 74; Mabuia Pe- tersii, Bocage, Herp. d' Angola, p 42, pl. rv, figs. 1, la-—d. Angola: Duque de Bragança e Dondo, Bayão. Tem sido encontrada esta especie n'outras localidades d' Angola: em Quibuia, por Anchieta e em Pungo-Andongo por Welwitsch e von Homegyer. 18. Mabuia punctulata. Euprepes punctulatus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1872, p. 16; Mabuia punctulata, Bocage, Herp. w Angola, p. 44. Angola: Rio Coroca, Anchieta. 19. Mabuia chimbana. Euprepes ajfinis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1872, p. 17; Mabuia chim- bana, Boulenger, Cat. Liz. B. Mus., 111, 1877, p. 204. Angola: Rio Chimba, Anchieta. 196 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Encontrada tambem por Anchieta em Capangombe e Maconjo, e, ultimamente, em Quindumbo no sertão de Benguella. 20. Mabuia binotata. Euprepes binotatus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1867, p. 280, pl. HI, figs. 3, 34-b:; Mabuia binotata, Bocage, Herp. d' Angola, p. 46. Angola: Benguella, Catumbella e Dombe, Anchieta. 21. Lygosoma Ivensii. Euprepes Ivensii, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vir, 1879, p. 97, pl. V, figs. 1,1a-6. Angola: margens do Quanza e do Quando, Capello e Ivens. Temos tambem d'esta ultima localidade um exemplar colhido por Anchieta. 22. Lygosoma (Eumecia) Anchietae. Eumecia Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 111, 1870, pl. 1; Herp. d' An- gola, p. 50, pl. VI, figs. 1, lab. Angola: Huilla, Anchieta. E um habitante da zona dos planaltos. 23. Macroscincus Goctei. Euprepes Coctei, D. & B., Erp. Génér., v, p. 6C6; Macroscincus Coctei, Bo- cage, P. Z. 8. L., 1873, p. 103; Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1873, p. 295. Archipelago de Cabo-Varde: Tlheo Raso, tres exemplares envia- dos em 1784 para o Gabinete da Ajuda pelo naturalista J. da Silva Feijó. Fazia parte d'esta remessa o exemplar que os auctores da Erpé- tologie Générale descreveram sob a denominação de Kuprepes Coctei, ignorando comtudo qual fosse a sua procedencia, mas suspeitando que fosse originario d'Africa, no que se uão enganaram. Como é sabido, este exemplar fôra em 1808 para o Museu de Paris juntamente com varias collecções zoologicas, botanicas e mineralogicas pertencentes ao Gabinete da Ajuda e mandadas entregar para aquelle fim ao professor E. Geoffroy Saint-Hillaire pelo general Junot. ! 24. Ablepharus Cabindae. Ablepharus Cabindaes, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1867, p. 64; Herp. d' Angola, p. 51, pl. V, figs. 3, 3a-d. Congo: Cabinda, Anchieta. o 1 V. Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., Iv, 1895, p. 49, nota. | PHYSICAS E NATURAES 197 Os typos da especie são de Cabinda, mas possuimos tambem exemplares d'Angola encontrados no Dombe e em Capangombe por Anchieta, e em 8. Salvador pelo Rev.”º Bispo de Hymeria. 25. Scelotes poensis. Se. poensis, Bocage, Jorn. Ae. Sc. Lisboa, 2.º ser., 1v, 1895, p. 16. Ilha de Fernão do Pó: Bissé, na base do Pico ne Santa Isabel, F. Newton. Dois exemplares, dos quaes um tem a cauda incompleta. 26. Sepsina angolensis. S. angolensis, Bocage, Jorn, Ac. Sc. Lisboa, 1. 1867, p. 63, pl. 1, figs. 1,1 a-—d. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Encontrada por Anchieta em muitas localidades da zona dos pla- naltos. 27. Sepsina Copei. S. Copei, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, Iv, 1873, p. 212; Herp. d' Angola, p, 94, pl. VII, figs. 1, la-c. Angola: Dombe, Anchieta. O habitat d'esta especie parece ser mais circumscripto á zona litto- ral; os outros exemplares que temos são de Loanda (Bayão), Biballa (Anchieta) e Novo fRedondo (Botelho. 28. Sepsina (Dumerilia) Bayonii. Dumerilia Bayonii, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, p. 63; Herp. d' Angola, p. 55, pl. VII, figs. 2,2a-d. Angola: Loanda, Bayão. Além do exemplar typo da especie, em mau estado, temos dois exemplares provenientes da viagem de Welwitsch, sem designação de localidade. 29. Typhlacontias punctatissimus. T. punctatissimus, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1v, 1873, p. 213; Herp. d'An- gola, p. 56, pl. VII, figs. 3, 3a-b. Angola: Rio Coroca, Anchieta. Tambem foi encontrada por Capello e Ivens n'esta mesma locali- dade, d'onde são provenientes os tres unicos exemplares conhecidos d'esta especie. 198 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 30. Feylinia polylepis. F. Currori, var. polylepis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1887, pp. 180 e 198; Herp. d' Angola, p. 58. Ilha do Principe, F. Newton. Deve-se ao nosso explorador F. Newton a descoberta d'esta es- pecie na Ilha do Principe, onde parece ser commum. A fórma da ca- beça que se estreita muito na parte anterior e o numero maior de se- ries de escamas distinguem-n'a sufficientemente da F. Currori. 31. Chamaeleon quillensis. Ch. dilepis, var. quillensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, p. 60: Ch. parvilobus, Boulenger, Cat. Liz. B. Mus., ur, 1857, p. 449, pl. XXXIX, fig. 5; Ch. quillensis, Bocage, Herp. d' Angola, p. 60, pl. VIII, ftg. 3. Congo: Rio Quilo, Anchieta. Está representada no nosso Museu esta especie por exemplares de Maiumba (G. Capello) e de S. Salvador (Bispo de Hymeria). 32. Chamaeleon Anchietae. Ch. Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1v, 1872, p. 72, fig.; Herp. d' Angola, p. 62, pl. VIII, fig. 2. Angola: Huilla, Anchieta. Temos tambem exemplares do Lobungo colhidos por F. Newton. 33. Typhlops Anchietae. Via Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1286, p. 172; Herp. d' Angola, p. 68. Angola: Huilla, Anchieta. 34. Typhlops Boulengeri. T. Boulengeri, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 111, 1893, p. 117; Herp. d' Angola, p. 64. Angola: Quindumbo, no sertão de Benguella, Anchieta. 35. Typhlops humbo. T. humbo, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 171; Herp. d' Angola, p. 66. Angola: Quissange, no sertão de Benguella, Anchieta. M. Boulenger cita dois exemplares de Mpwapwa, Africa cen- tral, existentes no Museu Britannico (Boulenger, Cat. Snak. B. Mus., 1, p. 46). PHYSICAS E NATURAES 199 26. Typhlops Petersii. Orgyctrocephalus Petersii, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, Iv, 1873, p. 249; Herp. d' Angola, p. 68. Angola: Biballa e Caconda, Anchieta. 37. Typhlops hottentotus. T. hottentotus, Bocage, Herp. d' Angola, p. 69. Angola: Humbe, Anchieta. 38. Typhlops Newtonii. T. Newtonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2,2 ser., 11, 1891, p. 61. Ilha de S. Thomé: Tlheo das Rolas, Newton. 39. Stenostoma rostratum. St. rostratum, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 173; Herp. d'An- gola, p. 11. Angola: Humbe, Anchieta. x D'esta especie temos um só exemplar, mas o Museu Britannico possue outro tambem de Angola offerecido pelo explorador Cameron. 40. Stenostoma brevicauda. St. brevicauda, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, xr, 1887, p. 194. Dahomé, Newton; exemplar unico. Não traz este exemplar indicação de localidade, mas é provavel que fosse colhido em Abomey ou em Ajudá, localidades principalmente visitadas por Newton. 41. Stenostoma assimile. St. assimile, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 174. Africa central: Nilo Branco, M. Peteani de Steinberg. O mau estado de conservação d'este exemplar deixa-nos alguma incerteza quanto ao valor real dos seus caracteres especificos. 42. Python Anchietae. P. Anchielae, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x11, 1887, p. 87; Herp. d' Angola, p. 73, pl. IX, figs. 1, la-c. Angola: Catumbella, Anchieta. 200 " JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 43. Helicops bicolor. Limnophis bicolor, Giinther, Ann. d& Mag. N. H., xv, 1866, p. 96, pl. II, fig. C; Helicops bicolor, Boulenger, Cat. Snak. B. Mus., 1, 1893, p. 274; Bocage, Herp. d' Angola, p. 76. Angola: Duque de Bragança, Bayão. São tambem provenientes da remessa de Bayão do Duque de Bra- gança os dois typos da especie no Museu Britannico: porém Anchieta encontrou-a larga e abundantemente espalhada por toda a região dos planaltos que visitou. 44. Philothamnus angolensis. Ph. angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1x, 1882, p. 1; Ph. irregularis, var, angolensis, Bocage, Herp. d' Angola, p. 86, pl. IX, fig. 2a-c. Angola: Capangombe, Anchieta. 45. Philothamnus dorsalis. Leptophis dorsalis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1, 1866, pp. 48 e 69; Ph, dorsalis, Bocage, Herp. d' Angola, p. 92, pl. XIII, figs. 1, la-c. Angola: Loanda, Bayão; Congo, Cabinda, Anchieta. Habita tanto o littoral como sertão d' Angola. 46. Philothamnus ornatus. Ph. ornatus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1v, 1872, p. 80; Herp. d' Angola, p. 93, pl. XII, figs. 1, 1a-o. Guiné portugueza: Cacheu, dr. Hopffer; Angola: Huilla, An- chieta. 47. Philothamnus Girardi. Ph. Girardi, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 111, 1893. p. 47; Herp. d' Angola, p. 95. Ilha d'Anno Bom, F. Newton. Especie notavel pelo numero de filas de escamas que lhe cobrem o corpo, 13 em vez de 15, que se observa em todas as outras espe- cies do genero. 48. Grayia ornata. Macrophis ornatus, Bocage, Jorn. Ae. Sc. Lisboa, 1, 1866, pp. 47 e 67, pl.I, figs. 2, 2a-b. Angola: Duque de Braganca, Bayão. , ; PHYSICAS E NATURAES 201 49. Amphiophis angolensis. A. angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, Iv, 1812, p. 82; Herp. d' Angola, p- 118, pl. XI, figs. 3, 3a -—f. Angola: Dondo, Bayão. Encontrada em muitas localidades de Angola: Caconda, Quin- dumbo e Humbe, Anchieta; Pungo-Andongo, Welwitsch; Malange, von Hemeyer; Ambrizete, Hesse. Hesitamos em incluir com M. Boulenger esta especie no genero Psammophis porque nos parece que o seu apparelho dentario não con- corda perfeitamente com o das outras especies d'este genero. 50. Psammophis Bocagii. Ps. sibilans, var. A, Bocage, Herp. d'Angola, p. 115; Ps. Bocagii, Boulenger, Cat. Snak. B. M., 111, p. 161, pl. VIII, fig. 1. Angola: Rio Bengo e Catumbella, Anchieta. Além das duas mencionadas localidades Anchieta encontrou esta especie em Biballa e Maconjo e no Humbe. 51. Galamelaps polylepis. C. poliylepis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, Iv, 1813, p. 216; Herp. d' Angola p. 126. Angola: Dondo, Anchieta. Tambem a encontrou este nosso explorador em Quissange e no Humbe. De Casengo temos um exemplar offerecido por Alberto da Fonseca. E do Lago Nyassa o exemplar descripto pelo dr. Griinther e typo da sua Calamelaps miolepis. 52. Uriechis Bocagii. Ur. capensis (part.), Bocage, Herp. d' Angola, p. 128; Aparallactus Bocagii, Boulenger, Cat. Snak. B. Mus., 11, p. 259. Angola: Novo Redondo e Gambos, Anchieta. 53. Uriechis Guentherii. Ur. capensis (part.), Bocage, Herp. d' Angola, p. 128; Aparallactus Guen- therii, Boulenger, Cat. Snak. B. Mus., 11, p. 259. Angola: Quindumbo, Anchieta. 54. Uriechis punctatolineatus. Ur. capensis (part.), Bocage, Herp. d' Angola, p. 129; Aparallactus punctato- lineatus, Boulenger, Cat. Snak. B. Mus., 111, p. 261. Angola: Biballa, Anchieta. D'esta e das duas especies precedentes haviamos publicado bre- 202 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ves diagnoses com a indicação dos caracteres differenciaes que nos apresentavam os exemplares que tinhamos á vista comparados ao da Ur. capensis, typica representada por Jan (Icon. Gén., livr. 15, pl. 1, fig. 5). O receio de augmentarmos o numero das especies nominaes impoz-nos esse discreto alvitre; porém hoje cessa a nossa hesitação em presença de uma opinião tão auctorisada como a de M. Boulenger. ! Do. Elapsoidea Giuntherii. E. Giintheri, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, p. 70, pl. I, figs. 3,3 a-D; Herp. d Angola, p. 129, pl. XIV, figs. 3, 3a-c. Guiné: Bissau, Leyguarde Pimenta; Congo: Cabinda, Anchieta. Em Angola foi encontrada esta especie por Anchieta em Galanga, Caconda, Maconjo e nos Gambos. Da var. semiannulata enviou-nos de Caconda um exemplar aquelle nosso explorador, e temos outro exemplar da Huwilla offerecido pelo R. P.º Antunes. 26. Naja Anchietae. N. Anchietae, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vu, 1879, pp. 89 e 98; Herp. | LV Angola, p. 133, pl. XVI, figs. 2 a-c. Angola: Caconda, Anchieta. Foi tambem encontrada em Caconda por Capello e Ivens e por Anchieta no Rio Quando, na Huilla e no Humbe. II. — Batrachios 1. Rana ornatissima. BR. ornatissima, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, vii, 1879, pp. 89 e 98; Herp. d' Angola, p. 157, pl. XVI figs. 2, 2a-d, q Angola: Bihé, Capello e Ivens. Esta especie foi tambem encontrada pelo nosso explorador An- chieta na Galanga, sertão de Benguella, d'onde recebemos um exem- plar. Este e o typo, do Bihé, são os unicos exemplares até hoje conhe- cidos d'esta interessantissima especie. 1 Offerece-se-nos agora ensejo de rectificarmos um erro que nos escapou nas breves descripções dos nossos exemplares de Uriechis: attribuimos-lhe por lapso uma anal dividida e duplas wrostegas, quando a verdade é que uma e outras são sumples. Esta nossa inadvertencia fôra com razão apontada por M. Boulenger (Cat. Suak. B. Mus., 111, p. 259, nota). PHYSICAS E NATURAES 203 2. Rana angolensis. BR. angolensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa. 1, 1866, p. 54 e 73; Herp. d' An- gola, p. 158. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Abundante, espalhada pela zona dos planaltos no sertão d' Angola. 3. Rana Newtonii. BR. Newtonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, x1, 1886, p. 73. Ilha de S. Thomé: Rio da Agua Grande, Newton. Outros exemplares d'esta especie, colhidos na zona alta de S. Thomé, nos foram offerecidos pelo sr. A. Moller, bem conhecido e es- timado como um dos mais distinctos exploradores scientlficos desta ilha. Deve-se-lhe entre outras descobertas interessantes a confirmação da existencia em S. Thomé de uma cobra verde venenosa, a Dendras- pis Jamesonii, que se dizia haver sido ali encontrada por Weiss. 4. Rana subpunctata. R. subpunctata, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, pp. 54 e 73; Herp. dd Angola, p. 161. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Exemplar unico e macho. 5. Rappia Bocagii. Hhyperolius Bocagei, Steindachner, Novata, Amphib., 1867, p. 51, pl. V, fig. 11; Rappia Bocagii, Bocage. Herp. À Angola, p. 156. Angola: Duque de Bragança, Bayão. De S. Salvador do Congo nos enviou alguns exemplares o E.”º Bispo de Hymeria. 6. Rappia thomensis. Hhyperolius thomenris, Bocage, Jorn, Ac. Se. Lisboa, x1, 1886, p. 74. Ilha de S. Thomé: Roça Saudade e littoral, Newton. Está tambem representada esta especie n'uma pequena collecção de reptis e batrachios de S. Thomé offerecida pelo sr. A. Moller. 1. Rappia Toulsonii. Hyperolius Toulsonii, Bocage, P. Z. 8. L,, 1867, p. 845 fig. 3; R. Toulsonii, Bocage, Herp. d' Angola, p. 166. Angola: Loanda, Toulson. 1. Rappia plicifera. R. plicifera, Bocage, Herp. d' Angola, p. 167. Angola: Duque de Bragança, Bayão; Caconda, Anchieta. JORN. DE SCIENG. MATH. PHYS. E NAT— 2.2 sERIE— N.º XVI. 15 204 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ER 10. E 12. 14. 1: no 16. Rappia punctulata. R. punctulata, Bocage, Herp. d' Angola, p. 168. Angola: margens do Quanza, Banyures. Rappia nasuta. Hyperolius nasutus, Giinther, P. Z. 8. L., 1864, p. 482, pl. XXXIII, fig. 2; BR. nasuta, Bocage, Herp. dº Angota, p. 169. Angola: Duque de Bragança, Bayão; Huilla e Caconda, Anchieta. Rappia benguellensis. RB. benguellensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 111, 1898, p. 119; Herp. d' Angola, p. 169. Angola: Cahata, Anchiets. Rappia fuscigula. Hyperolius fuscigula, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, pp. 96 e 76; R. fuscigula, Bocage, Herp. dº Angola, p, 170. Angola: Duque de Bragança, Bayão. - Rappia tristis. Hyperolius tristis, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1, 1866, pp. DT e 76; KR. tris- tis, Bocage, Herp. d' Angola, p. 171, pl. XIX, fig. 2. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Rappia Steindachneri. Huperolius Steindachneri, Bocage, Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1, 1866, pp. 55 e 75; R. Steindachneri, Bocage, Herp. V Angola, p. 171, pl. XIX, figs. 3, 3a. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Rappia cinnamomeiventris. Hhyperolius cinnamomeiventris, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, "866, pp. 55 e 75; BR. cinnamomeiveniris, Bocage, Herp. d' Angola, p. 172, pl. XIX, fig. 1. Angola: Duque de Bragança, Bayão. Mandou-nos ultimamente o sr. Anchieta um exemplar da Hanha, sertão de Benguella. Rappia microps. Hyperolius microps, Ginther, P. Z. 8. L., 1864, p. 311, pl. RXVH, fig. 3; R. microps, Bocage, Herp. d' Angola, p. 173. Angola: Duque de Bragança, Bayão. PHYSICAS E NATURAES 205 Temos tambem exemplares das margens do Quanza (Banyures), do Rio Quando e de Cahata (Anchieta). 17. Hylambates viridis. H. viridis, Gunther, P. Z. 8. L., 1868, p. 481; Herp. d' Angola, p. 176. Angola: Duque de Bragança, Bayão. | 18. Hylambates Bocagii. Cstignatus Bocagei, Giinther. P. Z. 8 L., 1864, p. 481, pl. XXXIII, fig. 2; H. Bocagii, Borage, Herp. d Agola, p. 176. Angola: Duque Bragança, Bayão. 19. Hylambates Anchietae. H. Anchietae, Bocage. Jorn. Ac. Se. Lisboa, 1v, 1813, p. 226; Herp. d' An- gola, p. 111, pl. XIX, figs. 4, 4a. Angola: Huilla, Anchieta. ' Encontrado tambem por Anchieta em Caconda é Quindwumbo. 20. Hylambates marginatus. H. marginatus, Bocage, Herp. dAgola, p. 178. Angola: Quissange, Anchieta. 21. Hylambates angolensis. H. angolensis, Bocage, Herp. d' Angola, p. 179, pl. XVII, figs. 1, 1a. Angola: Caconda e em varias localidades do sertão de Benguella, Quissange, Quibula, Quindumbo e Cahata, Anchieta. 22. Hylambates cinnamomeus. H. cinnamomeus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser., 111, 1893, p. 120; Herp. d' Angola, p. 180. Angola: Quillengues, Anchieta. 23. Tympanoceros Newtonii. T. Newtonii, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., 111, 1895, p. 270; ibid., Iv. 1895, p. 18, pl. —. Ilha de Fernão do Pó: Bassilé, a 527” de altitude, Newton. 24. Bufo funereus. 6. funereus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 1, 1866, pp. 56 e TT; Herp. d' An- gola, p. 186; B. benguellensis, Boulenger, Cat. Batr. B. Mus. , 1882, p. 299 pl. XIX, fig. 3. Angola: Duque de Bragança, Bayão; Caconda, Anchieta. 15% 206 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 25. Bufo dombensis. B. dombensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser., Iv, 1895, pp. 51 e seg. 26. Bufo tuberculosus. B. tuberculosus, Bocage, Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.º ser. Iv, 1896, p. 119. Africa meridional: Linokana, Transwaal, e paiz dos Bechuanas, dr. E. Holub. 21. Xenopus Petersii. X. Petersi, Bocage, Herp. d' Angola, Pi 187. Angola: Dondo, Bayão. Abundante e muito espalhada pelo littoral e sertão d” ASA Te- mos exemplares de S. Salvador do Congo (Bispo de Hymeria), do Dombe e Cassange (Capello e Ivens), de Ambaca, Benguella, Catum- bella, Huilla e sertão de Benguella (Anchieta). 28. Dermophis thomensis. Siphonops thomensis, Bocage, Jorn. Ac. Sc. de Liseoa, Iv, 1878, p. 224. Ilha de S. Thomé: os exemplares de que me servi para a des- | cripção d'esta especie foram-me offerecidos em 1873 pelo sr. Craveiro Lopes, então governador de S. Thomé e Principe. Encontra-se esta especie muito dessiminada por varias localida- des da ilha de S. Thomé, e parece ser em algumas muito abundante em vista do grande numero de exemplares que temos recebido. Além dos exemplares que nos offereceu em 1873 o sr. Craveiro: Lopes, temos a mencionar outros que faziam parte de uma pequena collecção de reptis offerecida em 1879 pelo sr. Custodio de Borja, muitos exemplares provenientes da exploração zoologica do sr. F. Newton, colhidos em grande parte em Bindá, Batepá e na Roça Nova: Java, e finalmente alguns remettidos pelo sr. Almada Negreiros. PHYSICAS E NATURAES 201 MAMMIFEROS, AVES E REPTIS DA HANHA, NO SERTÃO DE BENGUELLA (Segunda lista!) POR J. Ve BARBOZA DU BOCAGE Muito havia a esperar da exploração zoologica da Hanha, mas infelizmente não poude o sr. José d'Anchieta supportar por mais tempo a influencia desfavoravel do clima e teve de retirar d'ali, por meiado do anno passado, para Caconda, onde actualmente prosegue nas suas fructuosas investigações, dominando pela vontade os desfallecimentos de um organismo assaz debilitado pela residencia de mais de trinta annos em Africa. A presente lista contém a enumeração das especies de mammi- feros, aves e reptis que encontrámos na 2.º e ultima remessa da Ha- nha, effectuada em abril do anno passado. 1. — Mammiferos 1. Phyllorhina, nov. sp. — Calundiriri. Ph cafira, Bocage, Jorn. Ac. Sc. de Lisboa, 2.º ser., 1, 1889, pp. 4 e 16; ibid, Iv, 1896, p. 106. Um exemplar d'esta especie, ácerca de cujos caracteres differen- ciaes com respeito à Ph. cafira, já nos temospronunciado. 2. Sciurus congicus, (Kuhl.) — Cacinde. Dois exemplares. Muito commum em toda a região dos planaltos. 1 V. Mammiferos, aves e reptis da Hanha (Jorn. Ac. Sc. Lisboa, 2.2 ser.; Iv, p. 105). 208 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 3. Pelomys fallax, Peters — Guélo. Fazia parte, como o anteccdente, da primeira remessa. 4. Mus sp. — Kendekende. Dois &2 que não tivemos ainda tempo de bem examinar. 5. Mus (Isomys) nudipes, Peters — Hulo. Tambem comprehendido na remessa anterior. 6. Georychus Mechowi, Peters — Nete. Figura esta especie, descoberta por von Mechow em Malange, nas remessas que nos tem feito o sr. Anchieta de quasi todas as localida- des por elle visitadas no sertão de Benguella. II. — Aves 1. Fionias fuscicollis (Kuhl.) — Kitimitim. «Iris pardo, pés arroxeados. Abundante em bandos numerosos (An- chieta)». 2. Geryle rudis (L.) — Muenelui. «Iris pardo-escuro. Frequente nos pantanos (Anchieta)». 3. Ispidina picta (Bodd.) — Nangolui. «Iris castanho (Anchieta)». 4. Halcyon chelicutensis (Stanl.) — Suluguangalui. «Iris pardo-escuro. No estomago coleopteros (Anchieta)». 5. Melanobucco torquatus (Dum.) — Ximuti. «Iris pardo-escuro. Alimenta-se de fructos sylvestres. Abundante, isolado ou aos pares (Anchieta». 6. Coccystes jacobinus (Rodd.) — Sassapia. «Iris pardo-escuro. Encontrei-lhe insectos no estomago (An- chieta)». j PHYSICAS E NATURAES 209 7. Centropus monachus, Rnpp.— Ucuco. «Iris carmim. No estomago borboletas. Frequente (Anchieta)». 8. Centropus nigrorufus (Cuv.) — Ucuco. «Iris pardo-escuro. Raro (Anchieta)». 9. Fiscus collaris (L.) — Canguecalonhe. «Iris pardo-escuro, pés côr de ardosia. Come moscas (Anchieta)». 10. Telephonus senegallus (L.) T. erytropterus, Bocage, Orn. d'Angola, p. 223. «Iris cinzento. Vulgar. Tem um canto harmonioso e aflautado (An- Chieta)». 11. Chlorophoneus gutturalis (Daud.) «Iris castanho. No estomago tinha insectos, principalmente gafa- uhotos. Vive nos mattos (Anchieta)». 12. Phyllostrophus capensis, Swains. — Txoco. «Iris pardo-avermelhado. Pouco abundaute (Anchieta)». 13. Cisticola sp. — Caningine. Dois exemplares por determinar. 14. Pyromelana xanthomelaena, Sharpe — Kindembire. «Iris pardo-escuro. No estomago sementes e insectos. Abundante (Anchieta). 15. Pyromelana flammiceps (Sw.). 16. Penthetria alhinotata (Cass.) — Kindenbere. «Iris pardo-escuro (Anchieta)». 17. Penthetria Hartlaubi, Bocage — Kimdenbere. «Iris escuro. Tinha no estomago sementes e formigas (Anchieta)». 18. Sycobrotus amaurocephalus, Cab. «Iris vermelho, pés côr de carne. Raro (Anchieta)». 210 - JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 19. Peristera tympanistria (Temm.) — Bobo. 20. Nycticorax griseus (L.) — Ximbelolui. clris vermelho. Vulgar (Anchieta)». 21. Limnocorax niger (Gm.) — Domboeira. «Iris e rebordo palpebral de um encarnado vivo, bico esverdeado claro, pés côr de rosa vivo. Abundante no Lutira (Anchieta)». 22. Nettapus auritus (Bodd.) «Iris castanho-escuro. Abundante. Alimenta-se de insectos (An- Chieta)». 23. Plotus Levaillanti, Licht. — Cangjaé. 24. Graculus africanus (Gm.) — Bunda-bunda). HI. — Reptis 1. Rhoptropus afer, Peters. Um exemplar adulto. Tinhamos exemplares d'esta especie do sul d'Angola, Rio Coroca e Capangombe; mas a sua descoberta na Hanha prova-nos que o seu habitat se estende mais para o norte pelos planaltos do sertão. 2. Varanus niloticus (L.) Um exemplar novo. 3. Dasypeltis scabra (L.) Dois exemplares da var. palmarum. 4. Atractaspis congica, Peters. Dois exemplares adultos. 5. Rana oxyrhyncha, Sundev. Tres exemplares. PHYSICAS E NATURAES 211 6. Rana porosissima, Steindach. Dois exemplares, ad. e jov. q. Rana tuberculosa, Boulenger. Tres exemplares. 8. Phrynobatrachus natalensis, (Gm.) Tres exemplares. 9. Rappia benguellensis, Bocage. Dois exemplares. 10. Rappia niamomeiventrie (Bocage). Um exemplar com as côres muito alteradas pela immersão no li- quido conservador. 11. Rappia concolor (Hall.) Dois exemplares com as côres tambem muito alteradas. 12. Rappia marmorata (Rapp.) Dois exemplares. 13. Hylambates angolensis, Bocage. Um exemplar. Temos a acerescentar a esta lista mais seis especies, já compre- hendidos na primeira remessa, e representadas n'esta por um exem- plar de cada uma: Mabuia striata (Peters). Boodon lineatus, D. & B., var. angolensis, Bocage. Rhagerhis tritaeniata, Grinther. Crotaphopeltis rufescens (Gm.) Causus 7 rhombeatus (Licht.) Vipera rhinoceros, Schleg:. 212 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS REPTIS DA INDIA NO MUSEU DE LISBOA POR J. BETHENCOURT FERREIRA Resultados da captura feita por differentes funccionarios que foram exercer cargos officiaes n'aquelle antigo padrão da gloria nacional, con- stituem estes exemplares uma valiosa e variada collecção que nos pa- rece merecer algum interesse scientifico, já pela curiosidade desta parte da fauna asiatica, já pela que offerecem certos exemplares que a representam no Museu de Lisboa, notaveis ou pelos habitos, ou pela -sua utilisação, ou pelas suas qualidades extraordinarias, como no caso das serpentes, cujo estudo de todos os tempos tem merecido a atten- ção de sabios e curiosos, affirmada n'uma extensa lista de monogra- phias, e cuja importancia de tal modo avulta para o publico, que os governos, especialmente o inglez, se teem visto forçados a promulgar energicas medidas, para a sua extincção, tal é a gravidade do facto da sua presença vulgar n'estas regiões e dos effeitos das suas agres- sões. Reservamos para quando tratarmos d'estes ophidios o relatorio re- sumido do que ha feito e estudado sobre o veneno dos toxodantes, assumpto que gosa actualmente da celebridade de profundas investi- gações, sobretudo em Inglaterra e França, onde 6 estudo da maneira de combater os terriveis effeitos das mordeduras d'estes animaes se elevou ao nivel de uma questão magna experimental de physiologia e therapeutica, que anda nos grandes centros scientificos a par dos mais importantes trabalhos biologicos. Figuram n'esta collecção alguns exemplares da India franceza, dadiva de Aubry Lecomte, e que não são dos menos interessantes d'esta, fauna colonial. É justo prestar aqui mais uma vez homenagem aos pre funccionarios que extra-officialmente coadjuvaram com a melhor von- tade e proficiente actividade a constituição d'esta collecção, cujo nu- cleo inicial foi um dos objectos de demorada e util applicação dos es- 3 q , 4 ; Pro ate de dra o ED PHYSICAS E NATURAES 213 forços do nosso director, para a formação de faunas coloniaes, que são das maiores riquezas do Museu Nacional. Deve-se grande parte da collecção herpetologica da India portu- gueza ao pharmaceutico do governo, Gomes Roberto, um dos princi- paes doadores que se tornou objectivo de reconhecimento, tanto da parte do illustre director da Secção Zoologica, como por parte dos poderes officiaes, que o galardoaram merecidamente, pelo zelo e boa technica manifestados por aquelle bemquisto funccionario, aos cuidados do qual a secção e o paiz devem uma interessante collecção de exemplares muito bem conservados e acompanhados de curiosas indicações. De- pois d'este benemerito funccionario é a F. Lourenço da Silva, tam- bem como aquelle, pharmaceutico distincto na mesma possessão, que se deve grande numero de exemplares que poude colligir n'uma visita a Damão, em commissão official. Posteriormente à data d'estes serviços que nos cabe agora assi- gnalar, devem ser mencionados os dos srs. general Tavares d'Almeida, dr. Fonseca Torrie, Sebastião da Costa Leal e Barcellos, os quaes se esmeraram em dotar a Secção Zoologica com os melhores exemplares da fauna indiana, sem esquecer particularidades de habitat e de habi- tos que muito importam ao conhecimento especial destes animaes. Damos em seguida a lista dos excerptos herpetologicos e da sua procedencia. DIA JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS “BATRACHIA ANURA RANIDAE 1. Rana cyanophlyctis, Schnd. R. cyanophlyctis, Schnd., Hist. Amph., 1, p. 137; Giinth., Rept. B. Z., p. 400; Boulgr., Batr. Sal., p. 17; Fauna B. I., p. 442; R. leschenaulti, D. B., Erp. gén., vim, p. 342. a) ad. juv. e gyrinos, India port., dr. Torrie. Nome vulgar. Man- ducos de rabo. bc) dq ad. India franceza, A. Lecomte. N. indig. Tamoul, To- rouclé ? 2. Rana tigrina, Daud. BR. tigrina, Daud., Hist. Rain, p. 64, pl. XX; Giinth., Rept. B. Z., p. 401; Boulgr., Cat. Bat. Sal., p. 26; Faun. B. IL, p. 449, f. 132; Rana brama, Lesson, Voy. Ind Or. Zool., p. 329, pl. VI. ab) ad. e juv. India port., Barcellos. >. Rana temporalis (Ginth.). Hhlorana temporalis, Ginth., Rept. B. I, p. 427, pl. XXVI, f. G; Rana tem- poralis, Boulgr., Cat. Batr. Sal., p. 63; Fauna B. T., p. 459. a b) ad. India port., Repartição de Saude. 4. Ixalus leucorrhinus, Martens. Ixalus leucorrhinus, Martens, Nomencl. Rept. Mus. Berol., p. 36; Boulgr., Cat. Batr. Sal., p. 98. Fauna B. I., p. 483; T. temporalis, Giinth., New Batr. P. Z. L., 1868, p. 480; Rept. B. 1., p. 434, pl. XXVI, f. E. a) Ceylão, Gerrard, 1873. 5. Rhacophorus maculatus (Gray). Hyla maculata, Gray, Il. Ind. Zool., pl. LXXXII, f. 1; Polypedates macu- latus, Ginth., Repi. B. 1., p. 428; Rhacophorus maculatus, Boulgr., Fauna B. 1., p. 415. ab) ad. India franceza, A. Lecomte. PHYSICAS E NATURAES 215 ENGYSTOMATIDAE 6. Callula pulchra, Gray. Calhila pulchra, Gray, Zool. Misc. p. 38; Callula pulchra, Griinth., Rept. B. T., p. 437; Boulgr., Cat. Batr. Sal., p. 110; Fauna B. I., p. 494. a) ad. Ceylão, Gerrard. BUFONIDAE 7. Bufo biporcatus, Gravenh. B. biporcatus, Gravenh., Delic. Mus. Zool. Vratisl., p. 53; Boulgr., Cat. Batr. Sal., p. 3811; Fauna B. E, p. 507. a) ad. India port., Barcellos. APODA C(ECILIDAE 8. Ichthyophis glutinosus (L.). Cecilia glutinosa, Lin., Syst. Nat., 1, p. 393; Epicrium glutinosum, Grimth., Rept. B I., p. 441; Ichthyophis glutinosus, Bonlgr., Cat. batr. grad., p. 89; “Fauna B. I., p. 515, f. 142. a b) adultos, Mahé, visconde d'Argougé (col. A. Lecomte). 216 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS REPTILIA CHELONIA TRIONYCHIDAE 1. Ghitra indica (Gray). Trionyx indicus, Gray, Syn. Rept., p. 41; Chitra indica, Giinth., Rept. Brig. Ind., p. 50; Gray, P. Z. L., 1864, p. 91. figs.; Boulgr., Cat. Chel. B. M., p. 264; idem. Fauna B. TI. p. 16. Carapaça incompleta, escudo superior mutilado — 1863, Gomes Roberto. N. vulg. Cansó. 2. Emyda vittata, Peters. E. vittata, Peters, Monatsb. Berlin Acad., 1854, p. 216; Grinth., Rept. B. 1, p. 46; Boulgr., Cat. Chel., p. 269; idem, Fauna B. LI., p. 17. Exemplar adulto que viveu algumas semanas no museu. Goa (da . viagem do sr. Infante D. Augusto, 1572). TESTUDINIDAE 3. Nicoria trijuga (Schweig.). Emyda trijuga, Schweig., Prod., p. 41; Giinth. Rept. B. T., p. 29; Nicoria tryuga, Boulgr., Cat. Chel., p. 121; Fauna B. LI. p. 27. a) ad. India port., dr. Torrie. b) Bengala? EMYDOSAURIA CROCODILIDAE 4, Gavialis gangeticus (Gmel.). Lacerta gangetica, Gmel., Syst. Nat.. 1, p. 1057; Gavialis gangeticus, Griinth., Rept. B. 1., p. 63; Boulgr., Cat. Chel., p. 215; Fauna B. 1., p. 3. Craneo, Ganges. PHYSICAS E NATURAES 217% 5. Crocodilus palustris, Less. C. palustris, Lesson, Voy. Ind. Or. Zool. Rept. p. 305; Griinth., Rept. B. LI, p. 61, pl. VIII, f. A; Boulgr., Fauna B. LI. p. 5. a) juv. India port., Barcellos. b) ad. secco, India port., Gomes Roberto. c) 12,50, India port., Gomes Roberto. d) 17.80, India port., F. L. da Silva SQUAMATA LACERTILIA GECKONIDAE 6. Gonatodes kandianus (Kelaart). Gymmodactylus kandianus, Kelaart, Prodr., 186; Giinth., Rept. B. L., p. 114; Gonatodes kandianus, Boulg., Cat. Liz. B. Mus., 1, p. 68; Fauna B. LI. p. li. a) Ceylão, Mus. de Berlim, 1869. 1. Hemidactylus frenatus, D. B. H. frenatus, D. B., Erp. Gén,, 111, p. 366; Giinth., Rept. B. Z., p. 108; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 120; Fauna B. T. p. 85. Pondichery, Aubry Lecomte, 1867. (H. javonicus, Fitz.). 8. H. triedrus (Daud.). Gecko triedrus, Daud., Hist. Rept., Iv, p. 155; Less., Voy. Ind. Or., p. 311, pl. V, fig. 1; Giinth. » Rept. B. T., p. 107; Boulgr., Cat. Liz, 1, p. 138; Fauna BE, "89. Loc.? dr. Giinther. 9. H. leschenaulti, D. B. H. leschenaulti, D. B., Erp. Gén., 111, p. 364; Giinth., Rept. B. L., p. 109; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 136; Fauna B. I., p. 91. é ad. Pondichery, A. Lecomte. 218 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 10. H. maculatus, D. B. Na H. maculatus, D. B., Erp. Gén., mm, p. 3598; Giinth., Rept. B. I., p. 107; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 132; Fauna B. LI. p. 88. a) 9 ad. Gomes Roberto, 1868. N. indig. Xaquenim. b) juv. India port. c) d pg ad. e juv. Torrie, 1881 (com o nome vulgar de Lagartixas). d) d ad. India port. 11. Gecko verticillatus, Laur. G. verticillatus, Laur., Syn. Rept., p. 44; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 183; Giinth., Rept. B. I., p. 102; Boulgr., Fama B. 1., p. 102. ab) à adultos India, Coinde, 1864. AGAMIDAE 12. Draco dussumieri, D. B. D. dussumieri, D. B., Erp. Gén., 1v, p. 456; Giinth., Rept. B. T., p. 125, pl. XIII, f. D; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 268; Fauna B. I., p. 113. N. indig. Pantó, Chirló ou Sirló. N. vulg. Camaleão d'azas ou La- garto alado. Dizia G. Roberto que era rarissimo, diurno e que vive ordinaria- mente em casal. O facto é que encontramos muitos exemplares na col- lecção indiana. Alimenta-se de insectos e folhas tenras. Abre as membranas lateraes quando passa de uma arvore para a outra e serve-se d'ellas como de pára-quedas; esta especie de vôo é executado de cima para baixo e acompanhado de um forte zum- bido. Vive em sociedade. a) 9 ad. Canacona, G. Roberto, 1864. b) ad. India port., dr. Torrie. cd) ad. Gôa, Tavares d' Almeida. ef gh) adultos, Novas Conquistas, Barcellos. 9) Mahé, visconde d'Argougé (col. A Lecomte). " 13. Calotes versicolor (Daud.). Agama versicolor, Daud., Rept., 111, p. 395, pl. XLIV; Balotes versicolor, D. B., Erp. Gén., iv, p. 405; Giinth., Rept. B. Z., p, 140; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 3921; Fauna B. LI, p. 135; fig. 42. a) ad. Pangim, G. Roberto (Chirló ou Sirló 2). b) adultos, India port., dr. Torrie, Barcellos. c) adultos, Gôa, com o nome de Camaliões (sic). d) ad. Gôa, Barcellos (Camaleão). e) juv. Gôa, Barcellos (Silo). E 2 PD ni PHYSICAS E NATURAES 219 f) ad. India port., Junta de Saude, 1888. 9) ad. India port., G. Roberto. h) India franceza, Mus. de Paris, 1859. 14. Calotes jubatus (D. B.). Bronchoeela jubata, D. B., Erp. Gén., 1v, p. 397; Ginth., Rept. B. I., p. 139; Calotes jubatus, Boulgr., Cat. Liz. 1, p. 318; Fauna B. I., p. 135. a) Bengala, Mus. de Paris, 1859. Sobre este exemplar o ex.Pº sr. prof. Barboza du Bocage escre- veu a seguinte nota: «Este exemplar differe sensivelmente do prece- deute, e tambem não concorda com o Bronchocella cristatella, da qual todavia se approxima mais. Eis a sua diagnose: «Crête cervicale assez élevée et composée d'écailles triangulaires à base fort large. Fcailes des côtés du tronc moitié plus petites que celles du ventre. Trois petites écailles comprimées faisant suite au bord superciliaire. On n'y trouve pas, comme chez le B. jubata, une serie de grosses écailles sur la région temporale du bord postérieur de Porbite à la partie supérieure du tympan. Tête, corps et extremités d'un vert bleuâtre uniforme; queue annelée de jaune (dans Palcool) en dessus. Régions supérieures d'une teinte plus claire. Cet individu, probablement de Pondichery, paraít appartenir à une espêce tout-à-fait distincte.» 15. Cophotis ceylanica, Peters. C. ceylanica, Peters, Monatsb. Acad Berl.. 1861, p. 1103; Giiunth., Rept. B. I., p. 132, pl. XIII, f. H; Boulgr., Cat. Liz., 1, p. 275; Fauna B. I, p. 118. a) Ceylão, dr. Peters, pelo barão Barth, 1876. CHAMAELEONTIDAE 16. Chamaeleon calcaratus, Merr. C. calcaratus, Merr., Tent., p. 162; Boulgr., Cat. Liz., rr, p. 445, pl. XXXIX, f. 2; Fauna B. I., p. 323, f. 66 e 67; Chamaeleon vulgaris, Giinth., Repí. B. I., p. 162. a) ad. mutilado na cauda, India, Conselho Ultramarino, 1867. b) juv. India franceza, À. Lecomte. N. indig. Tam-Patché- Ouo- nam. JORN. DE SCIENC. MAH. PHYS. E NAT.— 2.2 sERIE— N.º XVI 16 220 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS VARANIDAE a 17. Varanus bengalensis (Daud.). Tupimambis bengalensis, Daud., Rept., 111, p. 67; Varanus lunatus, Giinth., Rept. B. I., p. 66; pl. IX,f. C; V. dracaena, Giinth., loc. cit., p. 65, pl. IX, f. B; V. bengalensis, D. B., Erp. Gén., 111, p. 480; Bonlgr., Cat. Liz., 11, p. 310; Fauua B. I., p. 164, f. 50. a) ad. secco, em mau estado; nome indig. Talagoia, Gomes Ro- berto. bc) ad. e jnv. India port., G. Roberto. d) incompletamente ad. India port., L. da Silva. ef) juv. India port., dr. Torrie. g h) adultos, Gôa, Tavares d'Almeida (com o nome vulgar de Sape ou Talagoia). | A nota que acompanha a remessa diz que ha animaes como es- |. tes de duas qualidades, uma das quaes attinge maiores proporções que a outra. Habitam os muros velhos e as cavidades das rochas. São in- offensivos e faceis de domesticar. 1) adolescente, Gôa, T. d'Almeida. 3) ad. Gôa, Cabo de Rane, Barcellos (com o nome de Talagoia). Segundo a nota que acompanha o exemplar ha alguns de tama- nho consideravel. Os indigenas sustentam-se d'este animal. k) juv. India ingleza? dr. Ginther. 18. Varanus flavescens (Gray). Monitor flavescens, Gray, Grit. An. Kind., 1x, Lyn., p. 25; IW. Ind. Zool., 1x, pl. LXVII; Varanus flavescens, Giinth., Rept. B. I.,p. 65, pl. IX, f, A; Boulgr., Cat. Liz., 11, p. 309; Fauna B. 1., p. 169. a) Bengala, Museu de Paris (col. Lamare Picquot). 19. Varanus griseus (Daud.). Tupinambis griseus, Daud., Rept., vir, p. 352; Varanus griseus, Boulgr., Cat. Liz., 11, p. 306; Fauna B. T., p. 163. a) juv. Mahé, visconde d'Argougé (col. A. Lecomte). SCINCIDAE 20. Mabuia carinata (Schnd.). Seincus carinatus, Schnd., Hist. Amph., 11, p. 183; Euprepes rufescens, part. Giinth., Rept. B. 1., p. 79; Mabuia carinata, Boulgr., Cat. Liz., 111, p. 181; Fauna B. L., p. 189, fig. 16. abc) ad. India port., Barcellos. d) ad. Gôa, dr. Torrie (com o nome de Osga). PHYSICAS E NATURAES 221 21. Lygosoma albopunctatum (Gray). Riopa albopunctata, Gray, An. Mag. N. Hist., xvii, 1846, p. 430; Eumeces albopunctatus, Ginth., rept. B. I., p. 92; Lygosoma albopunctatum, Boulgr., Cat. Liz., 111, p. 309; Fauna B. 1., p. 208. a) ad. Pangim, G. Roberto. N. indig. Chirli ou Chirló. b) ad. Gôa, Faria Leal; em mau estado e com o nome vulgar de Cobra escorpião. cd) ad. e juv. India port., dr. Torrie. N. vulg. Cobra de quatro pés. OPHIDIA TYPHLOPIDAE 22. Typhlops braminus (Daud.). Eryo braminus, Daud., Repl., vir, p. 319; Typhlops braminus, Cuv., Rêgne Animal; D. B., Erp. Gén., vt, p. 309; Griinth., Rept. B. I., p. 175, pl XVI, f. I; Boulgr., Fauna B. I., p. 236. a) ad. India port., Lourenço da Silva. b) Damão, Lourenço da Silva. c) incompletamente ad. India port., Faria Leal. d) Gôa, Faria Leal. e) Pondichery, A. Lecomte. f) Pondichery, Mus. de Paris. 9) ad. Malaca, Mus. de Barlim, 1869. 23. T. mirus, Jan. T. mirus, Jan, Arch. Zool., 1, p. 185, Icon. Oph., p. 9 Giinth, Rept. B. 1., p. 176; Boulgr., Fauna B. I., IH proa. FEST DEN ur figos p. 240; Cat. Col. Sn., a) ad. India port., Junta de Saude. 24. T. acutus (D. B.). Onychocephalus acutus, D. B., Erp. Gén., vr, p. 333; Giinth., Rept. B. I,, p. na Typhlops acutus, Boulgr., Fauna B. I., p. 241; Cat. Sn. B. M.. 1, Pp. a) ad. India port., Junta de Saude. b) ad. grande, Gôa, Faria Leal. c) ad. India? Mus. de Paris, 1867. de) ad. e juv. Mahé, visconde d' Argougé (col. A. Lecomte). 16 » 1222 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS UROPELTIDAE 25. Rhinophis blythi, Kelaart. R. blythi, Kelaart, Prodr., 11, p. 14; part. Giinth., Rept. B. I., p. 186; Boulgr., Fauna B. LI. p. 251. a) Ceylão, Mus. de Berlim, 1869. 26. Silybura melanogaster (Gray). Mytilia (Crealia) melanogaster, Gray, P. Z. S., 1858, p. 264, fig. 5: Rhimophis melanogaster, Peters, Uropelt., p. 18, pl. II, f. 4; Jan, Icon. Ophid., p. 47, L. 9, pl. II, f. 4; Boulgr., Fauna B. I., p. 260. a) Ceylão, Mus. de Milão, 1869. BOIDAE 21. Gongylophis conicus (Schnd.) Boa conica, Sehnd., Hist. Amphib., 11, p. 268; Erxy conicus, D. B., Erp. gén., vi, p. 470; Gongylophis conicus, Giinth., Rept. B. T., p. 333; Boulgr., Fauna B. IL. p. 241, fig. 15. 8 a) ad. India port., G. Roberto. N. indig. Malund. b) ad. India port., dr. Torrie. c) juv. India, G. Roberto. d) juv. Gôa, Tavares d'Almeida. e) ad. Pangim, G. Roberto. Í) juv. Mahé, visconde d'Argougé (col. A. Lecomte). 28. Eryx johni, Russell. Boa johnii, Russell, Ind. Serp., 11, p. 18, pl. XVI e XVII, f 1; Erya johni, D. B., Erp. gén., vi, p. 458; Giinth., Rept. B. I., p. 334; Boulgr., Fauna B. LI. p. 248. a) ad. Pondichery, Mus. de Paris. PHYSICAS E NATURAES 223 COLUBRIDAE AGLYPHA 29. Lycodon aulicus (L.). Coluber aulicus, Lin., Syst. Nat., 1, p. 381; ae aulicus, Giúnth., Rept. EE, p- S10; Boulgr,, Fauna B. Jr po 294, £ - 94; Cat. Col. An. B. Mis. E p. 352. a a!) adultos, Pondá, G. Roberto. b c) Damão, F. L. da Silva. N. indig. Cobra mavier. ef) ad. Gôa, F. Leal. g h) juv. India port., Barcellos. 1) ad. Cabo de Rane, Barcellos. 3) ad. Gôa, dr. Torrie. k k') ad. India franceza, A. Lecomte. ! mn) adultos, India port., Barcellos. op q) adultos, India port., Junta de Saude. r) incompletamente ad. Gôa, F. Leal. s) ad. Gôa, F. Leal. tu) ad. e juv. India port., Junta de Saude. 30. Dryocalamus nympha (Daud.). Coluber nympha, Daud., Rept., vr, p, 244, pl. LXXV, f. 1; Odontomus nym- pha, D. B., Erp. gén., vm, p. 450; Giinth., Rept. B. I., p. 233; Hydropho- bus nympha, Boulgr., Fauna B. I., p. 288, f. 95; Dryocalamus nympha, Boulgr., Cat. Col. Sn. B. Mus., 1, p. 370. a) juv. Coromandel. b) juv. (muito pequeno e em mau estado de conservação), India franceza, A. Lecomte. Segundo Russel (Indian Serpents) tem o nome vulgar indigena de Kotla-Vyrien e grande numero d'estas cobras lhe foram mandadas sob o nome de Cobra monil, que pertence a uma serpente indica muito venenosa (?) e que é dado vulgarmente a varias serpentes da India (Rus- sel, Daudin). 31. Polyodontophis subpunctatus (D. B.). Oligodon subpunctatum, D. B., Erp. gén., vir, p. 58; Ablates humberti, Giinth., Rept. B. 1. p. 228; Polyodontophis subpunctatus, Boulgr., Fauna B. I., p. 303; Cat. Col. Sn. B. Mus. + 1, Pp. 186. a) ad. India port., G. Roberto. b) juv. Gôa, Barcellos, com o nome de Root meridolis e desi- gnada como vibora muito venenosa, provavelmente por confu- são. c) ad. Cabo de Rane, Barcellos. 224 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 32. Simotes arnensis (Shaw.). Coluber arnensis, Shaw., Zool., 111, p. 526; O. russeli, Daud., Rept., vr, p. 395, pl. LXXVI, f. 2; Simotes russeli, D. B., Erp. gén., vir, p. 628; Jan, Icon. Ophid., 11, pl. VI, f. 1; Giinth., Rept. B. I., p. 213; Simotes arnensis, Boulgr., Fauna B. LI. p. 314. a) juv. India port., G. Roberto (nome indig. Mandou). b) juv. Barcellos. c) ad. Gôa, dr. Torrie (com o nome de Cobra-manila). d) ad. Cabo de Rane, Barcellos (com o nome de manilla). e) ad. alterado no alcool (col. G. Roberto) sr. Perry. f) ad. India port., dr. Torrie. 9) ad. India franceza, A. Lecomte. 33. Simotes violaceus (Cantor). Coronella violacea, Cantor, P. Z. S., 1889, p. 50; Simotes swinhonis, Grinth., Rept. B. LI, p. 215, pl. XX, f. E; S. violaceis, Boulgr., Fauna B. LI, p. 302. a) ad. India port., Barcellos. b) ad. Gôa, Costa Leal, 1882. c) ad. India port. Junta de Saude. 34. Oligodon subgriseus, D. B. O. subgriseus, D. B., Erp. gén., vir, p. 59; Griinth., Rept. B. I., p. 207, pl. XIX, f F; Boulgr., Fauna B. I., p. 321; Simotes bimotatus, Jan, Icon. Ophid., 1x, pl. VI, f. 3. a) ad. India port., Junta de Saude. 35. O. subgriseus var. alternans, Boc. (inedita). Referivel ao typo descripto e representado pelos auctores, este | exemplar apresenta modificações sensiveis, que motivaram a descri- pção feita pelo sr. prof. Barboza du Bocage, suppondo-o typo de uma nova especie. Trata-se mais seguramente de uma variedade do O. subgriseus, D. B., correspondendo a este na fórma, numero e disposição das es- camas, mas differindo d'elle pelos desenhos do dorso, que constituem series transversaes de manchas rhomboidaes pequenas e pardas, liga- das umas ás outras, em zig-zags, alternadamente mais largas e accen- tuadas e mais estreitas e esbatidas, em numero de 54 ou 55, regular- mente espaçadas; as mais estreitas cobrem apenas meia escama, as mais largas não occupam mais de uma em largura. Na cauda estas riscas tornam-se menos distinctas. O resto do desenho é como no typo descripto pelos auctores, assim como a côr fundamental. a) juv., 07,14 de comprimente, Gôa, Faria Leal, 1864. PHYSICAS E NATURAES 225 36. Goluber helena, Daud. C. helena, Daud., Rept., vi, p. 277; Plagiodon helena, D. B., Erp. gén., vir, p: 170; Jan, Icon. Ophid., 20, pl. IV, f. 1; Cynophis helena, Griinth., Rept. B. L, p. 247; Coluber helena, Boulgr., Fauna B. L., p. 381. a) ad. India franceza? M. Beaujon (col. A. Lecomte). b) juv. em pessimo estado de conservação, India port., 1872. c) ad. Gôa, Tavares d'Almeida. N. indig. Sancfol. Vive nos mon- tes e sustenta-se de insectos, rãs e reptis. N. vulg. Cobra ma- nilla (2). j d) juv. Cabo de Rane, Barcellos, com o nome de Cobra manilha. 31. Coluber oxycephalus, Boie. C. oxycephalus, Boie, 1sis., 1827, p. 597; Gonyosoma oxycephalum, D. B., Erp. gén., vin p. 2133 Griinth., Rept. B. I., p. 294; Jan, Icon. Ophid., 31, pl. I; Coluber oxycephalus, Boulgr., Fauna B. L., p. 335. a) juv. Bandjermassing, dr. Griinther. 38. Zamenis mucosus (L.). “Coluber mucosus, Lin., I. N., 1, p. 388; Coryphodon blumenbacha, D. B., Erp. gén., vir, p. 184; Jan, Icon. Ophid., 24, pl. II, fig. 2-4; Ptyas mucosus, Giinth., Rept. B. I., p. 249; Zamenis mucosus, Boulgr., Fauna B. I., p. 324; Cat. Sn. B. Mus., 1, p. 385. a) ad. Damão, L. da Silva. N. indig. Daman. b) ad. Pangim, G. Roberto. N. indig. Divôlo ou Divoló. c) juv. Pangim, G. Roberto [com o nome de manilla e a indica- ção de muito venenosa (?)). d) Bengala, Mus. de Paris. 39. Z. fasciolatus (Shaw). Coluber fasciolatus, Shaw., Zool., 111, p. 528; Zamenis fasciolatus, Griinth., Remi, L., p. 294; Boulgr., Fauna B. T, p. 327; Cat. Col. Sn. B. Mus.,1, p. 404. a) ad. Pangim, G. Roberto. N. indig. Cobra Candeli ou Mani- lha (2). b) ad. Gôa, F. Leal. 40. Dendrophis pictus, Gmel. Coluber pictus, Gmel., Syst. Nat., 1, p. 1116; Dendrophis picta, D. B., Erp. gén., vi, p. 197; Gunth., Rept. B. L., p. 297; Jan, Icon. Oplud., 32, pl. I; Boulgr., Fauna B. I. p. 337, fig. 88. a) ad. Pondá, G. Roberto. N. indig. Nanató ou Pascó. b c) ad. Damão, F. L. da Silva. N. indig. Cobra Roncoi. d) juv. Gôa, F. Leal, com o nome de Rota mandoli (?). 226 41. JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS e) ad. India port., Barcellos. f 9) ad. e juv. Cuncolim, Barcellos. h) ad. Velim, Barcellos. tj k) ad. Gôa, Tavares d'Almeida. Vive nos arvoredos. Insecti- vora. Acomette os viandantes, mas não os offende. Mordedura sem importancia. | !) ad. India franceza, A. Lecomte. mn) juv. Gôa? dr. Torrie. o 7) ad. India port., Barcellos. q) ad. India port., G. Roberto. 7) ad. Comprado a Coinde, 1864. Tropidonotus piscator (Schnd.). Hydrus piscator, Schnd., Hist. Amph., 1, p. 247; Tropidonotus quincunciatus, Schleg., Phys. Serp., 11, p. 307, pl. XII, f. 405; D. B., Erp. gén.. vm, p 592; Giinth., Rept. B. IL, p. 260; T. piscator, Boulgr., Fauna B. I., p. 349, p. 100; Cut. Col. Sn. B. Mus., 1, p. 230. a) ad. India port., 1863. b) ad. Sinqueru, G. Roberto. N. indig. Emvalló. cd) juv. India port., G. Roberto. e) ad. India port., dr. Torrie. N. vulg. Alcatifa d'agua. f gh) adultos e juv. India franceza, A. Lecomte. 1) juv. Pangim, Barcellos. N. vulg. Cobra de rato (2). 5) ad. de grandes dimensões, Gôa, dr. Torrie, com o nome de Cobra veloz. Need kimno) adultas, Gôa, Barcellos, com o nome de Cobra d'agua. Amphibias, não venenosas. o!) ad. muito grande, Gôa, dr. Torrie. 7) ad. var. Gôa, Tavares d'Almeida. 42. T. stolatus (L.). Coluber stolatus, Linn., Syst. Nat., 1, p. 379; Tropidonotus stolatus, Sehlg., Phys. serp., p. 317; Giinth., Rept. B. I., p. 266; Amphiesma stolatum, D. B., Erp. gén., vm, p. 127; Tropidonotus stolatus, Boulgr., Fauna B. T., p. 348, p. 10; Cat. Sn. B. Mus., 1, p. 255. ab) ad. e juv. India port., F. Leal. N. vulg. vibora (2) e cobra caner nova. Rn c) ad. Damão, F. L. da Sllva. d e) juv. dr. Torrie, T. d'Almeida. f) ad. India port., Barcellos. ghº) juv. Gôa, Costa Leal. - 3 k) adultos, Pondá, Gomes Roberto. lm) ad. e juv. India franceza, A. Lecomte. PHYSICAS E NATURAES Pal RR 43. Macropisthodon plumbicolor (Cantor). Tropidonotus plumbicolor, Cantor, P. Z. S., 1889, p. 54; Griinth., Rept. B. I., p. 272; Boulgr., Fauna B. I. p. 351; Xenodon viridis, D. B., Erp. gén., vir, p. 163; Macropisthodon plumbicolor, Boulgr., Cat. Sn. B. M.,1, p. 267; a) juv. em mau estado, India port., F. L. da Silva. 44. Pseudoxenodon macrops (Blyth.). Tropidonotus macrops, Blyth., J. A. S. B., xxrm, 1855, p. 296; Griinth., Rept. B. I., p. 263; Xenodon macrophtalmus, Giinth., Cat. Col. Sn., p. 58; Tro- pidonotus macrophtalmus, Giinth., Rept. B. L., p. 262, pl. xxrr, f. C; Pseudo- genodon macrops, Boulgr., Fauna B. L., p. 340. a) ad. India port., Junta de Saude, 1388. 45. Helicops schistosus (Daud.). Coluber schistosus, Daud., Hist. Rept., vir, p. 132; Tropidonotus schistosus, Schl., Phys. Serp., 11, p. 919; D. B., Erp. gén., vi, 996; Atretium schisto- sum, Giinth.. Rept. B. T., p, 213; Helicops schistosus, Boulgr., Fauna B. T., p. 352; Cat. Col. Sn. B. M., p. 274. a) ad. India franceza, A. Lecomte. ACROCHORDINAE 46. Ghersydrus granulatus (Schnd.). Hydrus granulatus Schnd., Hist. Amph., 1, p. 243; Chersydrus granulatus, Giinth., Rept. B. I., p. 336; Boulgr., Fauna B. I., p. 356, f. 104. ab) adultos, Rio de Ariancoupou (Pondichery), A. Lecomte. N. vulg. Silé-Pambou. c) ad. India port., Junta de Saude. 228 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS OPISTHOGLYPHA DIPSANIDAE 47. Dipsas trigonata (Schnd.). Coluber trigonatus, Schnd., Bechst. Uebers. Lacép., 1v, p. 156; Dipsas irigo- nata, D. B., Erp. gén., vi, p. 1136; Giinth., Rept. B. I., p. 312; Jan, Icon. Ophad., p. 38, pl. III, f. 2; Boulgr., Fauna B. I., p. 358. a) ad. Gôa, Faria Leal. N. indig. Cobra caner. b) ad. Damão F. L. da Silva. N. indig. Porchy. c) juv. Sinquerin, G. Roberto. N. vulg. Alcatifa (2). d) ad. India port., Barcellos. e) ad. Pondichery, Mus. de Paris. f) ad. Velim, Barcellos (com o nome de Pascó). 48. Chrysopelea ornata (Shaw.). Coluber ornatus, Shaw., Zool., 111, p. 417; Chrysopelea ornata, D. B., Erp. gén., vir, p. 1042; Giinth., Rept. B. I., p. 298; Jan, Icon. Ophid., 33, pl. I, f. 1; Boulgr., Fauna B. I., p. 372. a) Cabo de Rane, Barcellos. N. vulg. Perxem ou Sancfolo. É con- siderada como muito venenosa. b) ad. Bandjermassing, dr. Giinther. c) ad. Gôa, T. d'Almeida (com o nome de alcatifa colorida, muito venenosa). 49. Dryophis prasinus, Boie. D. prasinus, Boie, Isis, 1827; Jan, Icon, Ophid., 33, pl. V,f.1; Tragops pra- sinus, D. B., Erp. gén., vi, p. 824; Giinth., Rept. B. I., p. 303; Boulgr.., Fauna B. L., p. 369; Cat. Snk. B. Mus., ui, p. 180. a) Bandjermassing, dr. Giinther. 50. Dryophis mycterizans (Daud.). Coluber mycterizans, Daud., Hist. Rept., vir, p. 9, pl. LXXXI, f. 1; Dryinus nasutus, D. B., Erp. gén., vir, p. 809; Passerita mycterizans, Giinth., Rept. B. I., p. 305; Dryophis mycterizans, Boulgr., Fauna B. L., p. 370, f. 108; Cat. Col. Sn. B. M., 11, p. 182. a b) adultos, Damão, F. L. da Silva. . c) ad. Sinquerim, G. Roberto. N. indig. Oliary, Orovay. N. vulg. Cobra de cajú, Cobra verde. PR A SS DT PHYSICAS E NATURAES: j 2929: d e) ad. e juv. India franceza, A. Lecomte. f) ad. Betul (Novas Conquistas), Barcellos. N. indig. Erbeló. ghai) Gôa, T. d'Almeida. Com o nome de Erbellós. Mordedura sem importancia; sustentam-se de insectos e vivem nas arvo- res e ramadas. 3 k) Gôa, Costa Leal, dr. Torrie. (Cobras verdes). 1) juv. Cabo de Rane, Barcellos; com o nome de Erbeló. Vive nas arvores; mordedura sem importancia. HOMALOPSINAE 51. Cerberus rhynchops (Schnd.). Hydrus rhynchops, Schnd., Hist. Amph., 1, p. 246; Cerberus boeformis, D. B., Erp. gén., vu, p. 978; Cerberus rhynchops, Griinth., Rept. B. L, p. 219; Boulgr., Fauna B. I » Pp. 374; Cat. Col. Sn. B. M., ur, p. 16. a) India port., Barcellos, dr. Torrie. N. vulg. alcatifas venenosas. ELAPINAE 52. Adeniophis (Callophis) intestinalis (Laur.). Aspis intestinalis, Laur., Syn. Rept., p. 106; Elaps furcatus, D. B., Erp.gén., vir, p. 1228; Jan, Icon. Ophid., 43, pl. 1, f. 3; Callophis intestinalis, Giinth., Rept. B. I., p. 348; Adeniophis intestinalis, Boulgr., Fauna B. I., 386; Dolio- phis intestinalis, Boulgr., Cat. Col. Sn. B. M., uz, p. 401. 53. Bungarus candidus (L.). Coluber candidus, Linn., Mus. Ad. Frid., p. 38, pl. VII, f. 1; Bungarus coru- teus, D. B., Erp. gén., vi, p. 1273; Jan, Icon. Ophid., 44, pl. HI, f. 2-3; port. Ginth., Rept. B. I., p. 343; Boulgr., Fauna B. É p. 388; B. candi- dus, Boulgr., "Cat. Col. Sn. B. Mus. , II, p. 368. a) ad. India port., sr. Perry si G. Roberto). b) juv. dr. Torrie. e) ad. Barcellos. d e) adultos, India franceza. A. Lecomte. Í) juv. Gôa, Costa Leal. 230 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 54. Naja tripudians, Merr. Coluber naja, Lin., S. N. 1, p. 382; Naja tripudians, Merr., Tent., p. 147; D. B., Erp. gén., vir, p. 1298; Giinth., Rept.'B. T., p. 338; Jan, Icon. Ophid., 45, pl. I, f. 3; Boulgr., Fauna B. I., p. 391, f 115; Cat. Col. Sn. M., 111, p- 380, f. 27. N. vulg. Cobra de capello (Snarpa em maratha e Sorôpa em con- cani). a b) adultos, India port., Faria Leal, G. Roberto. cd) ad. Damão, F. L. da Silva. e) ad. Gôa, Costa Leal. f 9) juv. var. Cabo de Rane, Barcellos (com o nome vulgar de Nagume). Os indigenas consideram esta cobra como femea, mas não passa de ser uma variedade da Cobra de capello. h) ad. Gôa, Barcellos. N. indig. Pandoró. Muito venenosa. In- veste contra todos os animaes que se lhe approximam no acto da copula. Gosta de musica. ! 1%) ad. Gôa, T. d'Almeida (com o nome de Pandoró). Mordedura fatal. Gosta de musica, principalmente de gaita de folles. Muito ciosa. E avida de esterco de gallinaceos e de ovos. E tambem carnivora. Encontra-se no campo e até nas habitações. jk!) adultos, Gôa, dr. Torrie. HYDROPHINAE 55. Enhydris hardwicki (Gray). Lapemis hardwicki, Gray, Ill. Ind. Zool., 11, pl. LXXXVII, f. 2: Hydrophis pelamidoides, Schl., Phys. Serp., 11, p. 512, pl. XVIII, f. 16, 17; D. B,, Erp. gén., vu, p. 1345; Jan, Icon. Ophid., 41, pl. HI, f£. 1; H. hardwicki, Giinth., Rept. B. I., p. 380, pl. XXV, f. W; Enhydris hardwicki, Boulgr., Fauna B. I., p. 397; Cat. Sn. B. M., 111, p. 301. a b) India port., com o nome indig. de Tampato-pambou. c) India franceza, A. Lecomte (em mau estado). d) Oceano Indico, 1868. 56. Hydrus platurus (L ) Anguis platura, Lin., S. N., 1, p. 391; Hydrus bicolor, Schnd., Hist. Amph., 1, p. 242; Pelamis bicolor, Daud., Rept., vir, p. 366, pl. LXX XIX; D. B., Erp. gén., vir, p. 1335; Giinth., Rept. B. T., p. 382; Hydrus platura, Boulgr., Fauna B. L, p. 391. a) ad. Mar das Indias, O. Finsch. b 9) de varias dimensões, India, comprados a Coinde. 1 Em artigo espeeial nos referimos, mais adeante, aos costumes d'esta ser- pente e ao empeçonhamento produzido por ella. E EE SD E PHYSICAS E NATURAES 231 h) juv. Gôa, T. d'Almeida. :) juv. Mormugão, Barcellos; em mau estado, com a indicação de ser pouco conhecida no paiz e de ter o nome generico de Su- ropo, na lingua concani. Muito venenosa. 57. Hydrophis schistosus (Daud.). H. schistosus, Daud., Rept., vu, p. 386; D. B., Erp. gén., vir, p. 1344; Boulgr., Fauna B. LI, p. 399; Cat. Sn. 11; p. 274. a) ad. Rio Mandovi, G. Roberto. N. indig. Coussuró. bed) juv. India franceza, A. Lecomte. N. vulg. Tam-valé-kadiyen- pambou. 98. H. nigrocinata (Daud.). H. nigrocinctus, Daud., Rept., vir, p. 380; D. B., Erp. gén., vu, p, 1350; Giinth., Rept. B. I., p. 368, pl. XXV, f. L; Boulgr,, Fauna B. L =P: 400; Cat. Sn. B. M., 111, p- 271. a) juv. Bengala (2), Mus. de Paris. 59. H. cantoris, Giinth. H. cantoris, Giinth., Rept. B. I., p. 374, pl. XXV, £. U; Re Fauna B. LI, p. 405; Cat Sn. B. M., 11, p. 281, pl. XIV. N. indig. Mallerou-pambou ou so a) juv. India franceza, A. Lecomte. b c) juv. India port. (?). 60. H. fasciatus (Schnd). Hiydrus fasciatus, Schnd., Hist. Amph., 1, p. 240; Hydrophis gracilis, D. B., Erp. gén., vu, p. 1359; Jan, Icon. Ophid., 44, pl. IV, £ 2; E. lindsagyi, Giinth., Rept. Bi Esp: “sm; “H fasciatus, Boulgr., Fauna B. I., p. 404; Cat. Sm. B. M., im, p: 282. N. vulg. Natté-Pambou. a) semi-ad. India franceza, A. Lecomte. 61. Enhydrina valakadien (Boie). Hhydrus valakadyn, Boie, Isis, 1827, p. 554; Enhydrina bengalensis; Griinth., - Rept. B. I., p. 381; Hydrophis fasciatus, Jan, Icon. Ophid.,41, pl. III, f. 2; Enhydrina. calabadien, Boulgr., Fauna B. I., p. 406; f. 119; Cat. Sn. B. M, a, p. 302. a b) juv. India franceza, A, Lecomte. N. vas Tam- Volé Kadigyen- Pambou. c) quasi ad. da mesma procedencia. d) ad. India port. (?). 252 JORNAL DE :SCIENCIAS MATHEMATICAS 62. Distira brugmansi (Boie). Hydrophis brugmansi, Boie, Isis, 1827, p. 554; H. nigrocinata, Schl., Phys. Serp., 11, p. 505, pl. XVIII, f. 870; H. robusta, Giinth., Rept. B. L, p. 364; Distira robusta, Boulgr., Fauna B. I., p. 409; D. brugmansi, Cat. Col. Sm. B.M., ui, p. 292. a) ad. India franceza, A. Lecomte. N. vulg. Tam-kadal-saaré- pambou. Re 63. Distira cyanocincta (Daud.). Hydrophis cyanocincta, Daud., Hist. Rept., 111, p. 983; H. striata, D. B., Erp. gén., vir, p. 1347; Schl., Fauna japonica, 89, pl, VII; H. cyanocincta, Griinth. Rept. B. 1., p. 367; H. westermanni, Jan, Icon. Ophid., 39, pl. V, f. 1; Dis- tira cyanocincta, Boulgr., Fauna B. I., p. 410; Cat. Sn. B. M., uz, p. 294. a) semi-ad. India portugueza, Junta de Saude. 64. Distira melanosoma (Griinth.). Hydrophis melanosoma, Grinth., Rept. B. T., p. 367, pl. XXV, f. E; Distira melanosoma, Boulgr., Cat. Sn. B. M., 11, p. 291. a) India port., Junta de Saude. 65. Distira ornata (Gray). Aturia ornata, Gray, Zool. Misc., p. 61; Cat. Sn.; p. 45; HF. striatus, Schl., Phys. Serp., pl. XVIII, f. 4e 5; D. B., Erp. gén., vu, p. 1347; Jan, Icon. Ophid., 40, pl. V, £. 1; H. ornata, Giinth., Rept. B. 1., p. 376, pl XKV, f. V; Distira ornata, Boulgr., Fauna B. I.; p. 44; Cat. Sn., 111, p. 290. a) Coromandel, Mus. de Paris. b) Mahé (India franceza), visconde d'Argougé (col. A. Lecomte). VIPERIDAE VIPERINAE 66. Vipera russelli (Shaw.). Coluber russelli, Shaw., Nat. Misc., vim, pl. COXCI; Vipera elegans, Daud., Rept., v1, p. 124, pl. LXXVIII; Echidna elegans, D. B., Erp. gén., vn, p. 1435; Daboia russelli, Giinth., Rept. B. I., p. 396; Vipera russelli, Boulgr., Fauna B. I., p. 420, f. 127; Cat. Col. Sn., mm, p. 490. a) ad. Damão, F. L. da Silva. N. vulg. Cobra alcatifa. 0) ad. Sanquerim, G. Roberto. N. vulg. alcatifa. N. indig. An- guió. PHYSICAS E NATURAES 233 c) juv. Gôa, T. d'Almeida (com o nome vulgar de Mandol). Vive nos montes, mas frequenta as habitações. E carnivora. À sua mordedura é dolorosa e sem cura; o membro mordido apodrece, mas é possivel a sobrevivencia. d) juv. Côa, Costa Leal. G. Roberto dá a nota de ser esta uma das cobras mais veneno- sas da India. A pessoa mordida por ella morre em poucas ho- ras, não sendo soccorrida promptamente. Mesmo nos casos de cura apparecem mais tarde chagas de mau caracter !. (Arch. Pharm., n.º 8, agosto de 1864). O sr. prof. Bocage crê que é a esta especie que se dá na India o nome de Kota-mandols. Attinge grandes dimensões. e) ad. (27,50 de comprimento), Nova Gôa, 1882. f) ad. India franceza (?) Mus. de Paris. 67. Echis carinata (Schnd.). Pseudoboa carinata, Schnd,, Hist. Amphib., 11, p. 285; Echis carinata, D' B., Erp. gén.,vu, p. 1448, pl. LXXXI, f. 3; Giinth., Rept. B. I., p. 397; Boulgr., Fauna B. I., p. 422, f. 124: Cat. Col. Sn., im, p. 505. a b) adultos, Sinquerim, G. Roberto. c) ad. Pydchen ou Turchen, G. Roberto. defgh1) adultos, India port., Barcellos. j k) adultos, Gôa, T. d'Almeida. v) ad. Gôa, Barcellos (com a indicação de venenosa e a denomi- nação de alcatifu doida). mn 09 q) adultos, Cabo de Rane, T. d'Almeida. Familia apanhada debaixo de uma pedra; o mesmo nome vulgar; mordedura fa- tal. rstu) adultos, Gôa, dr. Torrie (com a denominação de Vibora alcatifa). v) ad. India port., G. Roberto (com o nome vulgar de alcatifa). x) ad. Gôa, Faria Leal. 1 Não ha exaggero nas considerações feitas por este explorador. Os acci- dentes causados por esta vibora são muito raros, apenas porque é preguiçosa e não é espontaneamente aggressiva, como a Capello (Boulenger). As chagas à que se refere o informador podem attribuir-se à acção coagulante do veneno da cobra sobre o sangue, originando perturbações circulatorias e de nutrição dos te- cidos, chegando às vezes ao esphacelo. “234 JORNAL DE SCIRNCIAS MATHEMATICAS CROTALINAE 68. Lachesis anamallensis (Grinth). Trimeresurus anamallensis, Giinth., Rept. B. 1., p. 367, o SEX IRO f.C; Boulgr,, Fauna B. I., p. 430; Lachesis "anamallensis, Boulgr., Cat. “Col. Sn., II, p. 458. ab) ad. e juv. India port., Junta de Saude. c) ad. India franceza, A. Lecomte (nome vulgar indig. Manja- varé-Pambou). Av o RA ad PHYSICAS E NATURAES 235 SOBRE A PEÇONHA DAS SERPENTES E SEUS ANTIDOTOS POR J. BETHENCOURT FERREIRA r A toxicidade dos ophidios é um problema de biologia que, de- pois de uma lenta elaboração secular, só nos ultimos annos obteve a desejada solução, rica de vistas theoricas e de poderoso alcance pratico. O estudo do empeçonhamento pela mordedura das serpentes en- trou níuma nova phase, com o advento da biologia pasteuriana, de cujo estudo resultou o conhecimento das toxinas, em que se baseia a parte mais moderna da therapeutica immunisante. Chimicos biologistas de justificada fama e auctoridade, como Gau- tier, Arloing, que se dedicaram ao estudo das ptomanias e leucoma- nias, isto é, das substancias alcaloidicas toxicas de origem animal e mi- crobiana, sendo aquelle um dos primeiros investigadores do veneno das- cobras, e a cujas descobertas se accrescentaram successivamente as de Roux e Yerzin sobre o veneno diphterico, de Hankin sobre a toxina immunisante do carbunculo, de Briger e Frinkel na Allemanha e de Martin na Inglaterra, no mesmo sentido e com applicação ao te- tano, teem aperfeiçoado estes conhecimentos e teem-os conduzido de modo a prestarem as soluções praticas ferverosamente desejadas pela therapeutica, estimulada pela necessidade de acudir e remediar a gran- des males da natureza humana e de outras especies animaes que egual- mente padecem. De analogas investigações concluiram, Gautier em França? e Mit- chell e Reichart em Philadelphia (1883), que os venenos das serpen- tes eram substancias alcaloidicas tambem diversificaveis ou desdobra- veis, como os virus, em toxinas e substancias immunisantes. A excessiva mortalidade desde longos annos conhecida, mas só ha pouco reduzida a estatistica, fez redobrar de interesse por estes 1 Extraído de uma memoria publicada no Jorn. de Sc. Med. Lisboa, 1896. 2 Bull. Acad. Med., 2.º sem., tom. x. Paris 1881. JOBN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.2 sERIE— N.º XVI. 17 236 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS estudos, que possuem, além de um elevado valor scientifico, um grande alcance pratico, qual é a descoberta de um antidoto devéras efficaz contra os temiveis effeitos da intoxicação pelas mordedura das serpen-: tes, assumpto posto a premio pelo governo anglo-indio. As estatisticas dos ultimos annos enumeram na India uma tota- lidade de victimas destes accidentes realmente assustadora, e cremos que muitos casos faltam á estatistica para ser completa, mas que per- mitte a avaliação de nma média de 20:000 vidas perdidas annualmente em consequencia das aggressões das cobras. | Em 1889 foram mortos por mordedura de cobra, 1:000 pessoas nas provincias de NO. (Kipling citado por Ihering). As victimas causadas pelas serpentes na presticado de Bengala, em 1894, subiram ao numero 9:856. A mortalidade total na India ingleza, no mesmo anno, pela mor- dedura das cobras, foi de 21:538 pessoas, maior que a do anno ante- rior !2 Considerada a importancia d'estes factos, julgamos de algum in- teresse dar conta, ainda que resumidamente, do estado da sciencia ácerca do envenenamento pelas serpentes, para completar o estudo d'estes ophidios com os conhecimentos mais modernos a respeito delles. Historia Os effeitos da peçonha das serpentes são conhecidos desde remota antiguidade, mas as observações e experiencias methodicamente feitas ácerca d'esse envenenamento datam de seculo XVII. Celso e Galeno sabiam que o veneno das serpentes só é prejudi- | cial por inoculação e não pela ingestão. Nam venenum serpentis. . . non gastro, sed in vulnere nocet, diz Celso. ? Lucano, no seu poema a «Phar- salia»,* allude aos accidentes perigosos de um mancebo mordido por uma dipsas, sob o qual pousara o pé inadvertidamente. (Torta caput | retro dipsas calcata momordit. .. etc.). Data de 1669 a memoria de Charas sobre as experiencias com viboras, um dos estudos mais auctorisados sobre este assumpto. Victima de um accidente, é o proprio Charas quem exemplifica os symptomas mais Rea deste empeçonhamento, perante a Academia das Seleit- | cias de Paris. é Va «Este experimentador deveu com certeza a pouca gravidade do seu ferimento ao facto de ter apertado com um E [o dedo picado, Does ++ IS 1 Thering, O veneno opbádico À in Rev. du museu Paulista, 1, 1895. “2 Relatorio oficial. 3 Celso de re-medica, lib. v, cap. 2; sect. 12. 4 Lucano, Phars. 49, verso 137. * Dumeril et Bibron, Erpétologie Générale, vir, 1854. Fe Faso CAR PHYSICAS E NATURAES 237 de modo a impedir a entrada de grandes doses de peçonha na circu- lação. | Ambrosio Pareo tambem descreve nas suas obras o caso com elle succedido em uma botica de Montpellier, quando examinava uma vi- bora.! . - Em muita pharmacia antiga a vibora era tida como portadora de agente pharmacologico de grande poder, e faziam-se então applicações da vibora em caldo, em pó, em pilulas em tisanas.? Hartmann, Wy- der e Tschudié contam a este respeito coisas inacreditaveis que se confundem na lenda. A crença, porém, chegava a ponto de se fazer negocio lucrativo com a captura e commercio de viboras. Por isso tambem era grande o numero de accidentes produzidos pela mordedura da vibora, devendo attribuirem-se tanto à crença da existencia de um remedio poderoso n'aquelles animaes, como à bra- vura dos encantadores ou. fascinadores de serpentes, tal é o caso de Hôrselmann, que morreu à vista do dr. Lenz, * em cinco minutos, de uma mordedura na lingua, feita por uma vibora com a qual brincava. - A peçonha subtilissima da serpente só tem acção no organismo, quando introduzida na circulação. E uma opinião antiga e geralmente - propagada, mas cujo exclusivismo soffre duvidas e mesmo objecções. Fatioº não admitte a inocuidade da peçonha introduzida por via gas- trica, propriedade que faz preconisar a sucção das feridas resultantes da mordedura das cobras, para evitar ou attenuar os accidentes con- secutivos. Este zoologista fundamenta a sua opinião na observação de Hering,º que notou os resultados morbidos da intussuscepção da pe- çonha da crotale, e faz lembrar o que acontece com a secreção cuta- nea peçonhenta de certos batrachios, tomada internamente. Fayer tem. a mesma opinião, fundada em que o veneno das cobras pode absor- ver-se pelas mucosas.” Réclus explica que a entrada da peçonha por este modo só acontece quando haja erosões epitheliaes. 8 O certo é porém que, a darem-se os accidentes por esta fórma, não podem ter a gravidade que apresentam quando provém da ino- culação da peçonha, porque esta é destruida na maior parte pelos suc- cos digestivos, além de que a sua absorpção pela mucosa do appare- lho digestivo é muito mais lenta, como é lei geral para os toxicos. - Está mesmo provado por factos de observação e experimentaes, que a absorpção do veneno ophidico por via gastrica premune contra 1 Dumeril et Bibron, loc. cit. 2 Alos, Dissert. de Viperis (Sobre as diversas preparações pharmaceuticas:: feitas com a carne das viboras). 1664. á 3 Fatio, Faun. Vertebr. de la Suisse, mr. Genebra, 18712. 4 Lenz, Shlangenkunde, 1832.' e li odio 5 Fatio, loc. cit. 8 Hering, Sobre a natureza do veneno da crotale muda. Arch. fur die homeo- “patische, Bandex, Heft. 2. RR a ER de O 1 Fayrer, On the snake-poison (Med Times, 2 febr. 1884; 'Transeripto em va- rias publicações). dr id PART SR DN $) RT 8 Réclus, Maladies des tissus (Pathol. ext.). Paris, 1888. 17» 238 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS as inoculações do toxico de origem identica. Bolton, citado por Fra- . ser, ! menciona praticas de preservação anti-echidnica ou anti-najica, executadas pelos selvagens da Africa meridional, particularmente pelos namaquazes. Estes indigenas, por exemplo, matam as serpentos e be- bem o sueco espremido das glandulas, e o mesmo observador viu um. | indigena mordido por varias serpentes sem experimentar maior in- commodo do que a picada. A fórma excessivamente vulgar do empeçonhamenlo ophidiano é, como todos sabem, a inoculação pela introducção do dente canalicu- lado nos tecidos da victima. Os aceidentes são variaveis conforme diversas circumstancias que: influem mais ou menos decisivamente no resultado final da morde- dura. Ha muitas observações sobre estes accidentes e experiencias so-. bre a acção da peçonha das serpentes, casos que se encontram rela- tados de preferencia em livros antigos, cuja theoria diverge absoluta- mente da fórma como hoje são interpretados os effeitos d'esta intoxi- cação de caracter particular. São comtudo notaveis, entre outros, os trabalhos de Russell feitos sobre differentes especies de serpentes, na costa de Coromandel? e os de Fontana, na Italia, sobre a peçonha da vibora. ? Este experimentador reconheceu que um milligramma d'esta. substancia introduzida no musculo de um pardal bastava para matal-o, e que era precisa uma quantidade seis vezes maior para matar um pombo. Pelo mesmo calculo estabeleceu Fontana que são precisos 15 centigrammas para matar um homem, o que valeria dizer que, con- tendo a glandula do veneno apenas 10 centigrammas nas viboras, quantidade que só pode ser inoculada em successivas mordeduras, se- riam precisas cinco ou seis da vibora para matar um homem. Verdadeiramente o eífeito da peçonha da vibora varia com a cor- pulencia do animal mordido, e ainda com o estado e constituição do. individuo ferido e com a temperatura ambiente. Sabe-se tambem que a mordedura da vibora tem effeitos attenua-- dos ou nullos, quando esgotado o veneno por successivas mordeduras. Os animaes como o cão e a cabra resistem se são tratados a tempo. Os cavallos e as vaccas adoecem mas não morrem. No homem ha ca- sos fataes e casos de cura expontanea ou por meio de tratamento es- pecial.. vo Os phenomenos pathologicos resultantes da inoculação da peçonha dos ophidios são ainda variaveis com a especie toxodonte, sendo em regra mais facil o homem ou qualquer animal corpulento escapar dos effeitos da mordedura da vibora, do que da cobra (cobra de capello) cuja dentada é lethalissima. Parece tambem que a mordedura da co- bra de cascavel nem sempre é mortal. Bosc viu mais de trinta vezes 1 Fraser, Nature, 23 de abril de 1896. 2 Russel, Indian Serpents. 1792. º Fontana, Traité sur le venin de la vipére, 2 vol. in 4.º e est. 1767. Var. edit. 1787. PHYSICAS E NATURAES 239 a picada da cascavel, embora seguida de accidentes graves, não dar a morte (Dum. e Bibr.). A mordedura das cobras coraes (Elaps) é muito mais rara e me- nos grave que a dos outros toxodontes, o que depende em parte do caracter menos agressivo d'estas cobras. A mesma consideração se pode applicar ás outras serpentes cuja acção nociva é menos vulgar, particularmente aos viperidios. A mordedura das serpentes, tanto no homem comos nos animaes, - produz reacção local e geral. Localmente produz dor aguda, seguida immediatamente de inchação progressiva e muito extensiva, partindo do sitio da picada, acompanhada de symptomas infammatorios, ver- melhidão, hyperthermia local, chegando por vezes a tensão dos teci- dos affectados a occasionar esphacelo, pelo menos em volta da picada. “A pelle passa nas regiões edemaciadas por differentes tons do ver- melho ao violaceo, desenhando livores. A sensação local mais ou me- nos accusada é a produzida geralmente pelo edema inflammatorio, sendo semelhante o occasionado pela picada das serpentes ao da erysipela, não faltando as phlyctenas, que se notam frequentemente n'esta ul- tima. As regiões invadidas por esta reacção inflammatoria que se es- tende rapidamente, são menos dolorosas expontaneamente do que ao tacto e sobretudo à pressão. Os phenomenos geraes são menos constantes, mas por triste com- pensação mais graves e temiveis. Nota-se geralmente a tendencia para a syncope tanto no homem como nos animaes; ha pelos menos o desfallecimento que obriga o ani- mal ferido a não se afastar muito da cobra que o picou. Succede um periodo convulsivo de curta duração, que pode ser seguido ou não da morte do animal atacado. Estes são os effeitos geraes principaes, e pode dizer-se, constan- tes, da inoculação da peçonha ophidiana. Em muitos casos ha além d'estes, a nausea que pode ir até ao vomito sanguinolente, conforme vem notado por Laurenti;! as dôres nas entranhas (principalmente referidas à região umbilical se o caso se dá na especie humana), a seccura de bocca, a sede ardente, a dys- pnea, a dysphonia, a vertigem, a perturbação mental que faz perder a noção do logar e aniquila a vontade, finalmente, a tendencia para um certo estado cataleptico. que nem Di ai se. poderá attribuir ao terror. A morte em syncope sobrevem nos animaes de menor corpulen- cia (pequenos mammiferos) entre cinco e dez minutos (Laurenti). No homem e nos animaes superiores pode dar-se n'um periodo de algumas horas a tres dias, passados os quaes sem desenlace fatal, se produz a reacção favoravel, que se succede em vinte e quatro ho- ras ou durante tres, seis a quinze dias, não deixando repercussão ul- 1 Specimen medicum, ete., 1768. “240 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS terior, a não ser durante algum tempo a tendencia para o desfalleci- mento. Além dos numerosos casos da observação e experiencia de Russel muitos auctores fornecem contribuições que permittem estabelecer a :symptomatologia completa do empeçonhamento ophidiano. - * Wyder? transcreve os casos de picada de vibora observados pe los drs. Lantz e Scwarz, no cantão de Vaud, um n'um homem, outro em uma rapariga de quatorze annos, notando-se em ambos desfalleci- mento, ardor, inchação, difficuldade na fala, nauseas, calefrios, abati- “mento e cura em cerca de quinze dias, sob a influencia da mediação diuretica e de transpiraçães violentas. “Tschudi? cita dois casos de morte rapida, aos quaes faltam por- menores. Um operario de Bergell foi mordido por uma vibora (verão de | 1860) e morreu tres dias depois. Uma creança de anno e meio picada por uma cabeça de vibora degolada com que brincava, morreu dezoito horas depois. Dos dois casos referidos por Fatio,3 um foi seguido de morte. Era o de um moço pedreiro italiano de dezesete annos, mordido no dedo minimo por uma Vipera berus, occulta no buraco de um muro. Parece que por falta de necessarios soccorros ficou soffrendo estendido em uma granja, de modo que quando lhe acudiram era tarde. A in- chação estendeu-se rapidamente da mão ao braço e ao thorax, e suc- cumbiu em menos de vinte e quatro horas a um accesso de suffocação, precedido de angustia terrivel. O outro caso seguido de cura foi presenciado pelo proprio Fatio perto de Genebra. Um mancebo de quinze annos foi picado no dedo por uma Vipera aspis. Ou porque a epocha do anno fosse ainda pouco adeantada, ou por ter o rapaz resistencia sufficiente, ainda que tratado um pouco tarde, ficou quite por alguns accidentes, entre os quaes uma grande inchação, que só desappareceu após seis dias de tratamento. A temperatura ambiente e o estado anterior da pessoa mordida. parecem, segundo Fatio, influir muito na gravidade da picada. Tem-se notado, segundo este auctor, que os accidentes são tanto mais funes- tos quanto maior é o calor e quanto mais fraca está a victima, abstra- hindo do estado momentaneo da vibora, que pode ser mais ou menos peçonhenta conforme estiver em jejum ou repleta, ou conforme tiver feito maior ou menor uso da sua peçonha. Como a temperatura elevada favorece a secreção e absorpção da peçonha, é facil acontecer que as mordeduras na primavera e no ou- tono sejam menos graves qne no verão, isto quanto á vibora, que é muito menos temivel no periodo de entorpecimento (hibernação) que se estende do outono à primavera seguinte (Fatio). 1 Wyder, Hist. nat. serp. de la Suisse, 1828. 2 Tschudi, Thierleben, edit, vi, 1870. 3 Fatio, loc. cit. O ai DRE PEER OT AD O A ND DO O DA, dé ad na RS E id raid do Mia ad 2a SO E RE PT a do aii A e a St a e O la ora a Ep PHYSICAS E NATURAES | 241 Uma observação de Wyder conduz a acreditar que n'este periodo chega mesmo a ser inoffensiva. Um rato preso com cinco viboras, em uma gaiola de vidro, no outono, poude atacal-as e trincal-as, notando-se que não estavam en- torpecidas e que o rato succumbe ordinariamente em poucos minutos - à picada da vibora. A peçonha d'este ophidio secca lentamente ao ar, conservando as suas propriedades toxicas. Link ! affirma que depois de muitos annos pode ainda trazer graves perturbações, quando introduzida na circu- lação. O empeçonhamento mais vulgar pelos ophidos é o produzido pelo dente da cobra de capello (Naja tripudians) que, ao que consta desde muito tempo ua India, dá o maior numero de casos fataes, obrigando por isso os governos locaes a determinarem medidas de salvação pu- blica, tendentes á exterminação das cobras. À morte dada por estas excede geralmente a mortalidade pelas feras. Além d'estas cobras ha tambem as Dipsas, as serpentes aquaticas (Hydrophidae), as alcatifas (Vipera russeli e Echis carinata) e outras viboras (Lebetina, ancistrodon, trimeresurus) cujas propriedades toxicas contribuem para engrandecer o numero de accidentes d'esta ordem nas vastas regiões a que deram o nome de Indias orientaes. Constituição da peçonha, sua natureza e acção physico-pathologica, immunidade Tem-se tentado investigar a natureza do veneno das cobras e o mechanismo da morte produzida por elle, mas a subtileza d'esse agente eminentemente toxico é tal, que a sua composição tem escapado ao rigor da analyse chimica, a qual só muito modernamente conseguiu averigual-a, emquanto. Com o fundamento fornecido pela chimica, a physiologia pathologica e a clinica estabeleceram o processo morbido especial d'este envenenamento, O conhecimento aperfeiçoado d'este toxico poderosissimo pode tornar-se como uma consequencia, posto que indirecta, do estudo das fermentações microbianas. Foi após o estudo dos productos de decom- posição dos organismos, alguns d'esses productos originados pela acti- vidade dos micro-organismos (ptomainas, leucomainas) que foi abor- dado o segredo dos venenos animaes, e que os chimicos biologis- tas, entre os quaes Armand Gautier, começaram a investigar no sen- tido da toxicidade das substancias elaboradas nos organismos. N'esta 1 Link, Die Schlangen Deutschlands, 1855. Ro JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS interessantissima serie de pesquizas teve este illustre chimico occasião de notar que os alcaloides do veneno da cobra são estupfacientes, e de affirmar que são associados a uma materia toxica dada por elle como como de natureza não alcaloidica. ! ' Mitchell em 1894 analysou a substancia extrahida das glandulas venenosas da cobra de capello e descreveu-a como um liquido espu- moso, cuja côr varia do ambar pallido ao amarello, 2 por vezes mesmo descorado, de. 1,058 de densidade. Pode conservar-se mezes em um frasco bem rolhado; secco ao ar, fórma-se uma pellicula amarellada, de apparencia crystallina que tem as propriedades toxicas da peçonha recente. Conforme as analyses de Armstrong, esta peçonha deixa por eva- poração um residuo, que se decompõe pela analyse chimica em 52,87 de carbonio; 7,05 de hydrogenio; 18,29 de azote; 21,33 de oxygenio e enxofre. Comparando estes numeros com os obtidos pela analyse de cer- tas materias albuminoides e toxicas nota-se uma grande analogia. Vê-se por exemplo que o veneno das serpentes se approxima muito da com- posição da trypsina: Capo HT: Az 14,95; S=—0,95 (Hiiffner) e da tu- berculina: C—as, iba Hi DD; AoA, 73; S=1,17 (Brieger e Proskauer) dando uma das analyses de Armstrong para aquella peço- nhai0=-45 16; H-=6,602A2= 14,30: 5=-- 2.54 Mitchell mostrou que a peçonha analysada contém dois albumi- noides: uma globulina coagulavel e insoluvel na agua pura e uma pe- ptona incoagulavel após curta ebullição e soluvel na agua pura. Esta peptona acaba por coagular por uma ebullição mais prolon- gada e parece converter-se em globulina. O principio toxico encontra-se na peptona e a sua semelhança com a albumina do sangue dificulta a ministração de um antidoto que neutralise um sem alterar o outro. Aquecida a certa temperatura (75º centigrados) a peçonha con- serva a sua actividade, mas Fayrer e Wall notaram que a ebullição prolongada lhe tirava todo o poder toxico. Ainda não foi definitivamente verificado o processo de neutralisa- ção da peçonha; sabe-se, porém, que a introducção de certas substan- cias na circulação impede a principal e mais funesta acção da peço- nha —a coagulação do sangue. Estão n'este caso os alcalis causticos, . que são dos mais classicos antidotos contra a virulencia da mordedura das cobras. A morte sobrevem ordinariamente pela alteração alo globulos do sangue e por paralysia respiratoria. A existencia de bacterias na peçonha d'estes ophidios não lhe augmenta a virulencia. 1 Bull. Acad. Med., x, p. (19. Paris, 1881. 2 Knowledge, septembre de 1894. 3 A, Gautier, Les toxines microbiennes et animales. Paris, 1896. PHYSICAS E NATURAES 243 A acção da peçonha dos ophidios sobre os centros nervosos é con- vulsiva e paralysante, conforme as doses absorvidas e as condições que “geralmente fazem variar o effeito da inoculação e particularmente se- gundo a maior ou menor resistencia da victima, por isso que está pro- vado que ha animaes que gosam da propriedade de resistir ao empe- gonhamento, por exemplo o porco, o ouriço, diversas aves (aguias, fal- cões, corvos, cegonhas, garças e alguns patos) e os cães, os gatos e as fuinhas. Estas tres ultimas especies não devem considerar-se immu- nes, não só porque é facto reconhecido que os animaes de menor cor- pulencia são muitas vezes victimados pelas cobras, mas porque na producção dos accidentes toxicos as condições variam para os conju- “rar, sem que haja immunidade real, por exemplo, o estado de entor- pecimento do ophidio, os meios defensivos externos do animal que lu- cta com a serpente, etc. Comtudo é susceptivel de se adquirir a immunidade contra o ve- neno das cobras e parece certo que existe naturalmente esta immuni- dade, completando a homologia das peçonhas e toxinas. Os suinos são mordidos muitas vezes pelas viboras sem soffrerem o efeito das suas mordeduras, o que nem sempre se pode explicar pela presença do tecido lardaceo, menos vascularisado e menos absor- vente, porque não raras vezes a vibora crava os dentes peçonhentos no focinho, aliás, a parte menos lardacea e mais exposta a estes ata- ques, sem que o suino seja intoxicado. (Observação do sr. professor Mattoso dos Santos). É egualmente facto a resistencia natural do ouriço contra o ve- neno da vibora. Os srs. Phisalix e Bertrand fizeram varias experiencias tenden- tes a determinar o mechanismo d'esta immunidade. Estes auctores des- cobriram ! que a peçonha da vipera aspis, extrahida da glandula pro- pria e tratada pelo calor, enfraquece rapidamente na sua toxicidade, e que a solução aquosa assim tratada gosa da propriedade de immu- nisar contra a peçonha activa do mesmo animal. Demonstraram em seguida? que o sangue dos animaes immuni- sados por esta echidnina se tornava anti-toxico, servindo a injecção d'este sangue desfibrinado ou do seu sôro introduzido na cavidade peri- toneal de cobayas novos, para neutralisar os effeitos do veneno, con- servando-se esta immunidade por certo tempo, o que fez crer que o soro anti-toxico (anti-echidnico) poderia ser empregado na therapeu- tica, conforme a incitação fornecida por certos resultados. Calmette, um distincto medico da marinha franceza, e que se tem occupado d'este assumpto, negou a principio a exactidão d'estes resul- tados mas modificou depois a sua opinião em uma memoria em que affirma poder obter-se a immunidade contra a peçonha das cobras, 1 C. Rend. Acad. Sc. Paris, cvir, p. 76. 2 Idem, loc. cit. da p. 356. 3 Revue scientifique, 7 de abril, 1894. 244 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS por meio de injecções repetidas de veneno, e que 0 sangue dos ani- maes assim tratados é preservativo, anti-toxico é therapeutico. Já antes Kauffman! tinha notado o poder immunisador das pe- quenas doses habituaes de veneno puro. Effectivamente, os srs. Phisalix e Bertrand demonstraram ultima- mente pelas suas experiencias? que existe no sangue das cobras ve- nenosas uma substancia toxica analoga à peçonha e consideraram a immunidade propria d'estes animaes como o resultado da asuetude a este toxico, o que explicaria o facto das viboras e outras covras peço- nhentas serem insensiveis á acção da mordedura das suas semelhantes. Novas experiencias fizeram, porém, entrar estes auctores no ca- minho de outra explicação. Em consequencia das investigações sobre a resistencia natural do ouriço ao veneno da vibora, adquiriram a cer- teza de que existem no sangue d' aquelle duas substancias, uma toxica e outra anti-toxica. Introduzindo no peritoneo do cobaya uma certa porção do veneno da vibora, viam es mesmos experimentadores que bastava meio centi- metro cubico d'aquella substancia para matar o cobaya; mas empre- gando o sôro aquecido a 58º centigrados, não só não matavam o co- baya, mas nem sequer produziam accidente algum. Observaram além d'isso que esta injecção do sôro do animal echi- dnisado immunisa temporariamente contra a peçonha da cobra. O po- der anti-toxico deste sôro é muito energico, porque os mesmos aucto- res viram casos em que um quarto de centimetro cubico bastava para um cobaya contra a dose mortal da peçonha. Esta immunidade des- apparece ao cabo de alguns dias. Em vista d'estes resultados concluiram os biologistas que nos ani- maes naturalmente insensiveis ao veneno das cobras, como nos immu- nisados artificialmente contra a peçonha, havia producção de uma sub- stancia anti-toxica, em consequencia de uma reacção defensiva do or- ganismo, facto que a estabelecer a seguinte conclusão de phy- siologia geral: que á producção de uma toxina no organismo, corres- ponde uma reacção antagonista de que resulta uma substancia anti- toxica, que constitue uma auto-immunisação. Todos estes factos experimentalmente verificados, nos conduzem a assimilar o processo morbido do empeçonhamento ao da infecção. Não falta inclusivamente ao quadro morbido do envenenamento pelas cobras o elemento febril, que apparece em alguns casos, geral- mente nos mais alongados, e se não apparece sempre é porque a rapi- dez da acção toxica é tal que não permitte a excitação dos centros thermicos, que julgamos presidirem ao desenvolvimento da febre, visto como a acção da peçonha sobre os centros nervosos é secundaria e pouco accentuada na maioria dos casos. Esta nova face da questão permitte acreditar em novas e mais 2 Revue scientifique, 1.º sem. p. 180— 1890. 2 O. Rend. Acad. Sc. Paris, 18 de novembro de 1895. o PHYSICAS E NATURAES 245 seguras armas para combater os effeitos da mordednra dos ophidios, mas é tal a gravidade do ferimento e a rapidez da successão dos acci- “dentes, que o tratamento d'este mal é ainda um problema de solução difficil e tantas vezes infeliz. Parece-nos, portanto, que a vnlgarisação d'estes conhecimentos pode ser de alguma utilidade. Therapeutica “Desde remotas epochas teem sido numerosos os antidotos indica- dos e empregados com maior ou menor exito apparente e crença mais ou menos supersticiosa, principalmente nos climas quentes, onde abun- dam as especies ophidianas venenosas e onde os effeitos das suas mor- deduras são mais temiveis. ; Existe nas gentes mais ignaras entre os povos orientaes a crença de que ha certos homens invulneraveis para o dente das serpentes. Taes eram os Psyllas, povos do norte da Africa, conhecidos de Hero- doto e Strabão e tidos como possuidores de remedios contra todos os venenos. Diziam-se refractarios ao empeçonhamento pelas cobras, as- sim como os Ophiogenes do Egypto e os Marsas, entre os antigos ro- manos. Assim tambem são considerados pelo vulgo os malabaristas in- dios, falsos domadores de serpentes, como é facil de demonstrar. Sobre este ponto bastaria reler a parte do relatorio de Rondot, transcripto por Dumeril e Bibron, e no qual veem descriptas as ma- nobras empregadas pelos pretendidos encantadores, para obrigarem as serpentes a executar certos movimentos semelhando uma dança, ao som de um instrumente rustico, até provocar no animal um estado hypnotico, que permitte a alguns domadores tocarem o animal sem soffrerem aggressão da parte d'elle. De outro modo, a pressão na parte posterior do pescoço do animal, abaixo da nuca, obriga-o a entrar n'uma especie de catalepsia, tornando-se rigido como uma vara e sendo n'esta phase impotente para offender. D'este modo se explica o milagre de Moysés ante o Pharaó. - Entretante o animal não perde a sua capacidade de empeçonhar, nem o domador possue de maneira nenhuma a immunidade especial contra este envenenamento. Na observação relatada por Rondont, a naja magnetisada pelo do- mador, não só conservava os dentes da peçonha, que de outras vezes são arrancados pelos fascinadores de cobras, mas conseguiu matar duas gallinhas, que de proposito foram collocadas ao seu alcance. Faremos rapidamente a revista dos antidotos primitiva e popular- mente empregados, alguns scientificamente preconisados, para comba- ter o empeçonhamento pelas serpentes, porque, áparte o valor histo- 246 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS rico, muitos podem, ao menos, servir de auxiliares da medicação ra- cional e comprovada pela experiencia. Em Italia e França, depois dos trabalhos de Redi e Fontana, in- siste-se muito nas vantagens da sucção directa da ferida, logo que foi produzida pelos dentes venenosos. Este é, certamente, o meio mais expedito e pode provavelmente, pela subtracção de parte da peçonha introduzida, diminuir ou attenuar-lhe os effeitos, sem deixar de adver- tir que a escarificação da ferida, facilitando a sucção da materia viru- lenta ou do sangue que a arrasta € permittindo a cauterisação larga e profunda, que deve neutralisar localmente o veneno, é tambem um processo de escolha. Propoz-se para o mesmo fim applicar uma ven- tosa, mas o uso d'esta não dispensa a escarificação e offerece a diffi- culdade de tornar necessario um instrumento apropriado. As fricções com substancia gorda, como o azeite, são popular- mente aconselhadas, e tambem com o toucinho, attribuindo a este te- cido a immunidade dos suideos contra a peçonha das cobras, o que já | vimos não ser exacto. O emprego dos alcalis causticos, particularmente o ammoniaco, interna e externamente, como antidoto, fundado na propriedade neu-. tralisante d'estes corpos em relação á peçonha, é ainda um processo usual e classico. Usou-se a cauterisação ignea e teem sido empregados os cathe- reticos como o nitrato de prata e tambem a cauterisação com o acido azotico, o nitrato de mercurio, o chloreto de antimonio, o acido phe- nico, a tintura de iodo e mais modernamente com os chloretos de oiro e de calcio (Kauffmann, Calmette). Do reino vegetal são muitos os remedios indicados e acreditados d'antes como antidotos do veneno das serpentes. Encontra-se a noti- cia do seu emprego, como taes, em varias memorias antigas sobre O assumpto de que tratamos, entre as quaes-e das mais antigas é a de Kempfer, viajante celebre, que primeiro figurou e descreveu as najas ou cobras de capello, indicando a sua fórma e habitos, as habilidades dos fascinadores e as propriedades do veneno e varios remedios con- tra este. ! ; São numerosos os remedios inculcados e fornecidos pelos indige- nas dos paizes em que se encontram os ophidios perigosos, é cujo co- nhecimento é transmittido pelos viajantes e exploradores. Alguns d'es- ses remedios eram já conhecidos e empregados no tempo de Plinio e de Galeno. Russel, na sua memoria sobre as serpentes venenosas observadas em Bengala, conta as experiencias em que applicou com exito quasi constante um remedio que denominou tamjore, cuja formula declara e para confecção da qual é perciso juntar partes eguaes de mercu- rio, arsenico e de certas raizes e fructos'não determinados botanica- mente. | 1 Koempfer, Tripudia serpentum in India orientali. 1712, A PHYSICAS E NATURAES 241 Linneu fez reunir em tres dissertações, a cuja defeza presidiu, in- tituladas Morsura serpentum, Radia Senega e Lignum Colubrinum, to- das as indicações de plantas indicadas contra a mordedura das serpen- tes. E longa a lista e não é completa. Fazem parte d'ella, a Ophio- rhiza mungos, a Polygala senega, o Veratrum luteum, a Aristolochia in- dica, a Serpentaria, o Strychnos colubrina, o Ophioxylon serpentinum, a Chiococcia densifolia (cainça) e a Heliopsis (herva das cobras). Ges- mer apresenta uma lista de mais de cem plantas destinadas para este fim. Linneu distinguia os antidotos que deviam ser empregados, con- forme a região a que pertencia a cobra envenenadora. Nos prologo- menos dos Amphibios diz assim: Imperans beneficus homini dedit Indis aichneumoneum cum ophiorhiza; Americanis suem cum senega; Europaeis ciconiam cum oleo et alcali. O effeito de algumas d'estas plantas pode ser adjuvante, ao me- nos por serem empregadas em infusos e decoctos quentes, que provo- cam a transpiração e a diurêse, ou pelas propriedades excitantes e diureticas de algumas d'ellas. Os alcoolicos e o ammoniaco administrados internamente operam como tonicos geraes, ao passo que os tonicos cardio-vasculares susten- “tam a energia do musculo cardiaco, e todos estes agentes podem ser realmente de grande utilidade no periodo syncopal ou quando o des- facellecimento ameaça. A questão continúa redobrando de interesse scientifico e com o fim de salvação publica, visto que ainda não foi concedido o premio offerecido pelo governo da India ao descobridor da cura d'esta into- xicação. Desde algum tempo preconisa-se o permanganato de potassio acon- selhado ha annos por Lacerda contra as picadas peçonhentas em ge- ral e particularmente contra o veneno da crotale. : Segundo Barber, de Wyoming (E. U.) o emprego exclusivo de es- timulantes não consegue mais do que retardar o desenlace que, no caso de envenenamento pela crotale é fatal, quando se não empregue o antidoto a tempo. Barber, sem deixar de exercer o estimulo, pelo alcool ordinariamente, emprega .a ligadura compressiva (que desaperta de tempos a tempos para fraccionar as doses de peçonha entrada na circulação) incisa a ferida, suga-a e cauterisa-a. Se a inflammação se declara usa das injecções de soluto de permanganato de potassio a 15 por cento, praticadas na região affectada e mesmo no tecido são, em volta d'ella. E em todo o caso conveniente determinar a diurêse, a transpira- ração e a evacuação intestinal, como meios eliminadores. ! Em resumo e nos seus traços principaes, é esta a medicação acon- selhada pelos praticos e experimentadores, no tratamento das morde- duras dos ophidios e do empeçonhamento resultante. Não está n'estas 1 Revue scientifique, 13 de fevereiro de 1892. 248 JORNAL DE, CIENCIAS | MATHEMATICAS lia: cremos, a a EAliRis dis selência, sobre este curioso assum- pto, ao qual as longas edades, durante as quaes a sciencia e a medi-. cina emespecial: teem progredido enormemente, não trouxeram | sem dificil e prolongada elaboração o modo de resolver efficazmente o pro- blema da salvação dos envenenados pelas serpentes, que fornecem ou: tros tantos casos clinicos de tanto interesse quanta gravidade reside habitualmente n'elles, e ainda hoje infelizmente multiplos, para) que. se deva pelo menos remediar o mais qa posgivel as suas terriveis consequencias. RR RD Á sorotherapia parece, alia iitbda experiencias, estar reservado | o exito do antidotismo, de modo à evitar de um modo prompto'e se- | guro a reproducção dos'accidentes toxicos, após a mordedura. Não. deixa, porém, de ser conveniente o conhecimento dos outros antido- , tos usados, que: podem» realmente,: em muitos caros, servir Bi adju- vantes. SE dó PA RENA. . dus; m PHYSICAS E NATURAES 249 SOBRE UM «HEMIDACTYLUS» NOVO DA ILHA DE ANNO BOM POR J. BETHENCOURT FERREIRA 154 As faunas insulares chamaram sempre a attenção dos naturalistas e com bastante razão, por isso que nas ilhas se encontram mais facil... mente fórmas novas ou em via de modificação, mais ou menos curio- sas e cujo estudo é de grande ensinamento para os zoologistas. “O estudo da fauna das ilhas do golfo de Guiné é um bom exem- plo do que afirmamos, principalmente agora, que demoradas obser- vações, feitas sobre os productos de. repetidas explorações, teem re- velddo melhor os caracteres da fauna d'estas ilhas, como é facil apre- ciar em vista dos trabalhos de zoologia descriptiva publicados nos ul-.. timos quatro annos. Por elles se podem conhecer as diferenças entre , a fauna continental e a insular e as variações da fauna das diversas ilhas da mesma região. “D'entre estas, a que pela sua situação mais se acha predisposta a fornecer novidades para a fauna africana, é a ilha de Anno Bom, a mais afastada do continente e que naturalmente, em vista da sua conformação e outras circumstancias geographicas, tende a apresentar uma fauna mais especial. Ai “E effectivamente o que os estudos zoologicos teem mostrado, apre. sentando € como resultado muitas especies novas caracteristicas da ilha. 4 4 O spárdes. a da ilha de Nino oii: Mammiferos: Cynonycteris, n. sp.? Boe. “Reptis: Mabuia Osori, Boe.; P ilothamnus. Girardi, Boc. Aves: Tersiphone Newtoni, “Boe.; “Zostérops griseo-virescens, Boc. Para: a fauna 'carcinológica encontrou 6 sr! prof. Osorio uma caracteristica ger al insular, relacionando-se esta parte da fauna com'a das outras ilhas guineen- ses e bastante com a respectiva fauna, da America tropical oriental (Jorn. Ae. Se. de Lisboa, t. 1v (13) 1895). Os molluscos terrestres e Auviateis: desconhecidos até 1893 (Girard, Jorn Ac. Se. de Lisboa,:t. air (9); 1893) tornam-se conhecidos desde 1894, podendo con- eluir-se que todas as especies terrestres são caracteristicas, E excepção de uma ou duas que são communs às outras ilhas (idem, ibid., 1894). 250 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Descreveremos agora mais uma especie quo se nos afigura nova, e mais nos parece tal pela sua proveniencia, onde outras explorações e cuidados estudos revelaram modificações importantes da fauna insulo- continental da mesma região. À especie de que tratamos pertence sem duvida ao genero Elmo dactylus e é representada por cinco exemplares femeas, sem cauda, um adulto com a cauda em separação e por um novo completo, to- dos da mesma localidade, capturados pelo conhecido e muito consi- derado naturalista F. Newton, na sua viagem de 1893, e os quaes o sr. prof. Barboza du Bocage referiu com duvida ao H. mabuia. + Os caracteres diagnosticos são os seguintes: Focinho aguçado, approximadamente do mesmo comprimento do . olho ao ouvido. Todas as phalanges são unguiculadas e o numero das lamellas infra-digitaes é de 7-8 nos primeiros dedos e de 11-12 no quarto dedo do pé. À narina é limitada adeante pela rostral, que é duas vezes mais comprida do que alta, em baixo pela primeira labial superior e atraz por duas ou tres placas redondas. Ás labiaes supe- riores são em numero de 9-11 e as infra-labiaes 8 ou 9. Mental trian- gular ladeada por dois pares de placas gulares, das quaes só as ais meiras se unem por detraz do vertice d'aquella. A parte superior da cabeça é coberta de granulações faso assim como o dorso, em que se destacam irregularmente esparsas numero- sas placas tetraedricas, umas mais arredondadas do que outras, mais ou menos angulosas. A garganta é pavimentada por granulos minus- culos.e o ventre é coberto de escamas pequenas, sub triangulares, en- telhadas. Cauda cyclo-tetragona coberta de pequenas escamas irregu- larmente dispostas, mais ou menos entelhadas, entre as quaes appa- recem tuberculos espinhosos em seis ordens longitudinaes, que ordi- nariamente não acompanham a cauda toda e em alguns exemplares desapparecem no segundo terço d'esse orgão. A face ventral da cauda não tem escamagem particular. A côr e os desenhos «ão muito variaveis de individuo para indi- viduo, sob a influencia da edade. Mais escura nos novos, a côr funda- mental desmaia nos adultos, assim como o desenho do dorso e da cauda se vae tornando menos apparente, pela mesma circumstancia. À côr é pardacenta escura nos novos, destacando-se n'este fundo os tuberculos inteiramente brancos ou pardos carregados. Os desenhos consistem em varias manchas transversaes festonadas, semelhando grosseiramente W W muito abertos esbatendo-se pelo dorso abaixo até á raiz da cauda, na qual só nos individuos muito novos se vêem faixas alternadamente brancas e pardas, que não, chegam á face ventral do mesmo orgão. A placas labiaes são fortemente tintas de' pardo escuro, com pon- tos brancos; as regiões inferiores, mais ou menos assombreadas por uma pigmentação muito fina, mais visivel na região gular. Tanto pelo seu habito externo como. pelas particularidades de or- 1 Jorn. Ac. Sc. de Lisboa, 11, n.º 9, 1898. nes DERA A PHYSICAS E NATURAES 251 ganisação em que assenta a diagnose nos parece esta especie diversa das congeneres que são conhecidas nas ilhas guineenses. Não só os seus desenhos e a disposição dos accidentes dermicos é dissemelhante, como acabamos de descrever, mas ainda a nova especie diverge das que conhecemos, pela fórma das patas, cujos dedos bastantes compridos e achatados, providos de prolongamentos unguaes fortes e engrossando na extremidade livre, são munidos de placas digitaes mais numerosas e largas que nas outras especies, tendo todo o orgão locomotor a ro- * bustez de que naturalmente devia carecer o animal, para se aventu- rar nas escarpas rochosas. Este facto da conformação dos orgãos loco- motores dos saurios insulares já temos tido occasião de a notar exa- minando varios lacertideos provenientes das ilhas, e sem querer arras- tar para aqui dedueções profundamente philosophicas a esta respeito, “não queremos deixar comtudo despercebido este facto da nossa singela observação. Em homenagem ao arrojado e intelligentissimo explorador a quem se deve o conhecimento de mais esta curiosa especie, propomos para a designar o nome de Hemidactylus Newtoni. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT.— 2.º seRIE — N.º XVI. 18 INDICE DOS ARTIGOS CONTIDOS NO QUARTO VOLUME Num. XII — DEZEMBRO, 1895 Subsidios para a fauna da ilha de Fernão do Pô— Ver tebrados terrestres, pos Vo Barboza du Bocage” ss: Seu nadar a prilateleo dita aro o Dadosa o pio ha Reptiles et batraciens nouveaux ou peu connus de ferido do Pó, par J. V. DENTES UI BOI ER ENE NPR PAPA SEDE SENSE ESSE RR A CC RR Aves de Benguella da exploração Anchieta, por J. V. Barboza du Bocage. A Doninha da ilha de S. Thomé, por B. du Bocage ........ccciccseeecco Sur le «Thyrophorella Thomensis», Greeff — Gastéropode terrestre muni d'un faux opercule à la chamiêr e, par Albert Alexandre Girard. ...... Reptis e batrachios do norte de Portugal e Hespanha, por J. Bethencourt EEE Papa SR RNA E OS ER OPOR RR DM E Ainda a Doninha de 8. Thomé, Dor Bda Bocage o dem aborto os os tolatais Sur une espêce de Crapaud à ajouter à la faune hevpétologique d'Angola, par 4. V. Barboza du Bocage Crustaceos da Africa occidental portugueza, por Balthazar Osorio. ....... Peixes e crustaceos da ilha de Fernão do Pó e de Elobey, por Balthazar SE ENT ADO pr ie a pi EBC ARA GU A A ie DRE LA O NRO 0 DAS O AN Les poissons d'eau douce des iles du golfe de Guinée, par Balthazar Osorio. cccnacortos ago oo 0a o sn 0 cos ca 0 0 24 Num. XIV— MAIO, 1896 Reptis de algumas possessões portuguezas d'Africa que existem no Museu de Lisboa, por &. V. Barboza du Bocage... -....t. cce vemeerr censo Mammiferos, aves e reptis da Hanha, no sertão de Benguella, por . V. Bar- italia JEI RIO E RR OS TRA E E PAU ROD SE END RR Sur quelques reptiles et batraciens africains provenant du voyage de M. le dr. Emil Holub, par J. V. Barboza du Bocage 20 0000" no ps na Dos na sn 0 0 4 Num. XV — OUTUBRO, 1896 Sobre a determinação de uma direcção fixa e sobre a determinação das lati- tudes sem a intervenção de observações astronomicas, por João Maria d'Almeida Lima pin Rar ataliaata im Pelodo oo» v ipi lm mio) sin ajio,o J6//0..6) 5 q) Ma inj a q) 0/0 4 D/:0 so 0/8: 0 2: 8:6 65 105 115 Bocage. BRRGESE SLi RS ERRATAS É 3 a fERS E ta atas is cial ONA Peixes dE MENINO (terceiro appendice ao catalogo dos peixes de Portu- gal de Felix Capcello), por Balthazar Osordo Sal gate da oie Ne jo 20 o po Nota sobre algumas proposições de geometria, por Jorge Frederico de Avil-. lez (visconde do Reguengo).................. DN ORNE O 6 Sobre a area d'úm triangulo parabolico, por Jorge Frederico dº Avillez (vis- conde do Reguengo)............... RA po PRE NUR ESTO oo Sobre um systema tri-tangente, por Jorge Frederico d' Avillez (visconde do. Riepuenço) RE ui o E Exa - BR ao Reptis de Bolama, Guiné por tugueza, colligidos pelo sr. Costa Martins, ch interino de saude no pe de Cabo Verde, por J. V. Barboza Boca gel. «minas siariço cio o Gia» sa ari jet a 2 Pa a Aves d'Africa de que existem no Museu de Lisboa os exemplares typico; por J. V. Barboza du Bocage .......ccccertere ces rerrnane cena Nox. XVI— MARÇO, 1897 : Mammiferos, reptis e batrachios d'Africa de que existem exemplares e cos no Museu de Lisboa, por /. V. Barboza du Bocage ...... PI 2.57 Reptis da India no Museu de Lisboa. por J. Bethencourt Ferreira.......... Sobre a peçonha das serpentes e seus antidotos, por J. Bethencourt Ferreira. Sobre um «Hemidactylus» novo da ilha de Anno Bom, por J. Belhencouri MNE REINO NA SI La DS ER BRESA RGE ORAS PO RAR SRS RARA Rr sa oo A ' dt) Sp f ? Acha-se â venda no Deposito de Es da [o Harvard M ii 3 2044 066 304 668