Y A e ' ES aim Library of the Museum OF 'COMPARATIVE ZOOLOGY, AT HARVARD COLLEGE, CAMBRIDGE, MASS, — 7] ; r f Vrcactegrve l lead | The gift of cj das fo) Cen cuas | Code douta. No. 270. Cf a PE » JORNA TI F S DE Ut (CARA n p | ; SCIENCIAS MATHEMATICAS PHYSICAS E NATURAES publicado sob os auspícios DA ACADEMIA REAL DAS SIENGIAS DE LISDO NUM. XIIL— JULHO DE 187º — LISBOA TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA e “m 1879 ) MATHEMATICA : A astronomia moderna, e a questão das parallaxes si- deraes (continuação) — por Henrique de Barros PHYsICA E CHIMICA : 1. Chuvas de areia — por Joaquim Henriques Fradesso dA SUE no Galo Pais de Void bo CE 2. Memoria sobre as chammas dos gazes comprimidos — por Francisco da Fonseca Benevides ...... p 3. Sobre a theoria do rarefactor e a nova machina hy- dropneumatica—por M.V. da Silva Pinto..... k. Breve noticia sobre os granulos chinezes anti-cho- lericos —por A. A. de Aguiar... ....ccccieos ZOOLOGIA : 1. Molluscos terrestres e fluviaes de Portugal (conti- nuação) — por 4. Luso da Silva. ............ 2. Aves das possessões portuguezas da Africa oceiden- tal do por J.'Y. Barboza du Bocage... 3. Diagnoses de quelques espéces nouvelles de repti- les d'Afrique occidentale —par J. V. Barboza du BoCage tia RO hs coa Lao RR Jal do ole de Ro h. Primeira lista dos peixes da Ilha da ELE Aço- res e das possessões portuguezas d'Africa, que existem no Museu de Lisboa (continuação) — por Pelia de Brito Capelo «tias o aos o ei e T JORNA IT, DE | PINSICAS E NATURAES publicado 'sob os auspicios TICAS DA ACADEMIA REAL DAS SEIENCIAS DE LÍSÍOA NUM. XIV.— JANEIRO DE 1875 * LISBOA | TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA 1873 Eta Nai , Na MATHEMATICA : 1. Applicação das fracções continuas à determinação das raizes das equações — por Francisco Gomes NEN e A SE PARE EN PN Re o PHYsICA E CHIMICA : 1. Sobre a theoria do rarefactor e a nova machina hy- dropneumatica (continuação) — por M. V. da Silva PAO: Sra oi alt 30 im, SaGNO Taido PERENE a da o 2. Considerações, e experiencias ácerca da chamma — por Daniel Augusto da Silva........c....... 3. Sobre algumas propriedades dos gazes extraidos dos residuos do petroleo e das raizes do pinheiro — por Francisco da Fonseca Benevides... ..... 4. Sobre um novo commutador electrico — por Fran- cisco da Fonseca Benevides. «aa ão texo nho pra nto d. Novos factos para a historia dos compostos nitra- dos da naphtalina. Acido nitrophtalico « — Nitro- phtalatos —por 4. 4. de Aguiar. ........... BorTANICA: 1. As explorações phyto-geographicas da Africa Tro-. pical, e em especial as da Guiné inferior, orde- nadas pelo governo portuguez e executadas pelo dr. Friederich Welvwitsch nos annos de 1853 a 1861—por Bernardino Antonio Gomes ........ q ZOOLOGIA : 1. Aves das possessões portuguezas da Africa oceiden- tal3-por J. V. Barboza du Bocage........... 2. Mélanges erpetologiques. — T. Note sur quelques Geckotiens nouveaux ou peu connus de la Nou- 89 95 113 138 143 Atk 151 194 velle Caledonie—par J. V. Barboza du Bocage. . 204 RS SS A O DT q | | JORNAL a DE SCIENCIAS MATHEMATICAS: PHNSICAS E NATURAES º publicado sob os auspicios DA VeDE REAL DAS SDIENCIAS DE LISBOA — NUM. XV.— JULHO DE 1875 LISBOA TYP OGRAPHIA DA ACADEMIA Rn | 1873 | ER um SEL) NNE a a ZOOLOGIA : 1. Mélanges erpétologiques. — II. Sur quelques Repti- les et Batraciens nouveaux, rares ou peu connus d'Afrique occidentale— par J. V. Barboza du HI. — Sur quelques Sauriens nouveaux de la Nou- velle Calédonie et de VAustralic— par J. V. Bar- . baga da Bocage elo Pane ei Teto Cato ce fo EE Lista dos crustaceos decapodios de Portugal, exis- tentes no museu de Lisboa—por Felix je Brito Capelo carma R Si RI fo fo o ao o RAR Ro TEN RA . Mollusques terrestres et fluviatiles du er Es- pêces nouvelles ou peu connues — par J. da Silva E CASIPOL SS sato SE ado ad LAS PO RO NR « Reptiles nouveaux de Vintéricur de Mossamedes — par J. V. Barboza du Bocage .......ccccreo. . Descripção d'uma nova especie de «Telphusa» da Africa occidental — por Felix de Brito Capello.. PHYSICA E CHIMICA : 1. Novos factos para a historia dos compostos nitra- " dos da naphtalina. Acidos nitrophtalicos— por A. And CAULE CS co Be Ve foto fa O E SR 19 peito) p= Gr 2. Duas palavras sobre a constituição da combinação azoica derivada da diamidonaphtalina É — por A. Ade Mgiama sa RE 3. Descripção do processo de photozincographia, usado pela secção photographica da Direcção Góral dos - Trabalhos Geodesicos . ......... a ao ARES BIBLIOGRAPHIA : 1. A Monograph of Ebenaceae By W. P. Hiern. From the Transactions of the Cambridge Philosophical Society, vol. xu, part. 1. On Physotrichia, a New Genus of Umbelliferae from Angola. From the Journal of Botany for June, 1873 -— por B. A. Go- 2: Natural History of the Azores by F. Du Cane God- man. London, 1870. Historia Natural dos Açôres por F. Du Cane Godman. Londres, 1870 — por aa um 268 214 279 EE JORNAL. | DE SOLEN CIAS MATHEMATICAS — PNSICAS E NATURAES ACADEMIA REAL DAS SSIENCIAS DE LISBOA NUM. XVI.— DEZEMRBO DE 1875 , | ) DA a LISBOA TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA Re Ú cossccusassas ZOOLOGIA : 1. Aves das possessões portuguezas d'Africa occiden- tal-É por J. V. Barboza du Bocage. .:...v.... 2. Sur "habitat et les caractêres zoologiques du Ma- croscincus Coctei (Euprepes Coctei Dum. Bibr.) — par J. V. Barboza du Bocage ............. 3. Segundo appendice ao catalogo dos peixes de Por- tugal —por Felix de Brito Capello..... RR sao: BorTANICA : ; 1. Nymphacaceae a Frederico Welwitsch in Angola le- ctae —auctore Roberto Caspargy............ ne PHYsICA E CHIMICA : 1. Sobre o peso dos gazes em Lisboa—por Adriano Augusto de-Pina Vadal.... sms coco oi Loro 2. Investigações sobre os derivados das naphtenes- diaminas x e 8—por A. A. de Aguiar ........ BIBLIOGRAPHIA : 1. Reflexions sur les ouvrages généraux de botanique descriptive—par Edmond Goeze............. 281 295 307 312 328 331 MATHEMATICA a E 4. À astronomia moderna, e a questão das parallaxes sideraes POR HENRIQUE DE BARROS GOMES (Continuado do num. 12) Partindo da condição fundamental estabelecida em o numero ante- rior, representemos por M uma estrella, cujo brilho absoluto eguale o valor medio dos brilhos absolutos de todas as estrellas, e seja E 0 seu brilho apparente quando vista de uma distancia egual à unidade. Designe egualmente e o brilho apparente de uma qualquer estrella S vista do sol, do qual diste r + Ar, e seja E+-AE o seu brilho appa- rente à unidade de distancia. Representando 7 a distancia do sol a que deveria estar a estrella M para ahi mostrar o brilho apparente e, ter- se-ha, admittindo que es brilhos apparentes de duas estrellas estão en- tre si como os seus brilhos absolutos e na razão inversa das distancias respectivas E EPA ME <: Ad: d'onde se tira e fazendo JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIII. ] p JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS O erro u! introduzido nas equações transformadas, e resultante de se ha- ; 1,85 ver feito hr==0h p em logar 2 N85.hp dao Je q! 85h Ar e rAM? hz deverá ser e substituindo a Ar o valor ha pouco deduzido, e a p o seu valor ap- proximado 0',11, virá 0,204 « h6 0 == ES TESSà r(A+S+VA +) equação cuja resolução em ordem a c dá 01,20h.h Nº, Ro ro A E ni Sendo E o brilho medio de todas as estrellas, vistas à distancia 4, e admittindo egual probabilidade para todos os graus de brilho abso- luto, segue-se que a essa distancia constante os brilhos de todas as estrellas estarão comprehendidos entre O e 2 E. Esta hypothese poderá não ser verdadeira, mas além da simplici- dade, tem para o caso actual o merecimento de admittir uma variedade de brilhos absolutos naturalmente superior à que hoje se reputa pro- vavel. Admittida uma tal hypothese segue-se que todos os valores possi- veis de AE estarão comprehendidos entre —E e 4-E, os de s entre — le +41, e dentro destes limites todos elles deverão reputar-se egual- mente provaveis. O erro provavel f correspondente ao efíectivo wu! será pois dado pela formula él 1 4 qis=a ou hrf ; 0,20h.h Nº / 0,204.h Nº 0,204.1 fm mb ER do E: rf 272 E 0 (am a) | a PHYSICAS E NATURAES 3 fazendo epa | ob 0,204.h SN 4 ou 0,204 > Vaso 0,023) a ( 0,209 ) m == 1,624 +0,229 ou o que dá suppondo o raio medio da orbita terrestre egual a 20667000 milhas geographicas, das quaes 15==1º do equador mov. annuo do systema solar no espaço==33550000 m. g. com o erro provavel de 4733000 milhas geographicas, isto é, de 4/7 apenas da quantidade determinada, podendo-se pois, como diz Peters baseado no calculo de probabilidades, apostar 400000 contra um, a fa- vor da realidade de uma semelhante determinação CAPITULO VI Instrumento de passagens pelo 4.º vertical do «Real Observatorio de Lisboa» Methodo de Struve para a determinação das declinações. Procurâmos nos precedentes capitulos indicar por que fórma, gra- cas ao extraordinario progresso dos methodos de observação e calculo, em parte devidos aos mesmos esforços feitos para a conseguir, se ha- via finalmente alcançado em nossos dias, sem já dar margem a duvidas essenciaes, a resolução do problema tão interessante das parallaxes das estrellas fixas. Vimos tambem qual a importancia scientifica de novas investigações, tendo por fim continuar os estudos já feitos, ou verificar os resultados previamente alcançados. As condições tão favoraveis do clima de Lisboa, e mais particularmente ainda a circumstancia de pode- rem ser observadas a pequena distancia do seu zenith as estrellas « Ly- 1! Quando se tem 2 equações s=a+r, y=b+r,, e se pretende deter- minar o erro provavel R de uma funeção X=F (19), recorre-se para isso à equação PHYSICAS E NATURAES 41 rae, 64! Cygni e 1830 Groombrigde, haviam por isso desde muito fixado a attenção dos astronomos, e em especial a de W. Struve sobre a con- veniencia da fundação em Lisboa, de um estabelecimento astronomico de primeira ordem, onde podessem encontrar uma solução definitiva as duvidas e objecções resultantes da divergencia notada entre as differen- tes determinações das parallaxes d'aquellas tres estrellas. Só tarde, po- rém, é que essa idéa encontrou na pessoa do esclarecido rei D. Pedro v, quem sabendo aprecial-a, dispozesse a par d'isso dos recursos necessa- rios para lhe dar uma realisação. A regia doação de 30:0003000 réis feita ao Observatorio de Lisboa, e destinada pelo soberano para acqui- sição de instrumentos, foi o primeiro e importante passo dado no cami- nho da fundação do mesmo observatorio. É de um dos mais valiosos dentre os instrumentos então adquiridos, eminentemente proprio para a determinação das parallaxes, e construido com o fim expresso de me- lhor se prestar a essa determinação, que mais em particular nos occu- paremos nºesta parte ultima do nosso trabalho. Referimo-nos ao magni- fico instrumento de passagens pelo primeiro vertical. A disposição que sobre todas o caracterisa, não sendo observada em nenhum outro analogo, consiste na possibilidade de determinar a in- versão do eixo horisontal e da luneta por dois methodos differentes, já levantando por meio de um apparelho de inversão, que faz parte do instrumento, o eixo horisontal e com elle a luneta acima das chumacei- ras, fazendo-o assim gyrar à mão 180º, e trazendo o munhão que as- sentava na chumaceira situada ao N., para a que se achava situada ao S., e reciprocamente; já não tocando no eixo horisontal, mas invertendo a base que o sustenta e com ella as chumaceiras, o mesmo eixo e a luneta. Para alcançar semelhante resultado, tornava-se necessario alterar completamente as condições ordinarias de construcção dos grandes ins- trumentos de passagens, cujo eixo horisontal assenta, como é sabido, sobre chumaceiras fixadas em dois pilares de pedra, e portanto immo- veis. A extraordinaria pericia artistica dos srs. Repsold de Hamburgo conseguiu, realisando praticamente as indicações geraes fornecidas pelo ilustre Struve, superar as difficuldades de mais de uma ordem suscita- das na resolução d'este problema, que pela primeira vez se apresentava aos constructores. As figuras 1 e 2 representam reduzido na escala de 1:8 o instru- mento de passagens do observatorio da Tapada, o qual assenta todo so- bre um unico pilar cylindrico de pedra, com 0",6 de raio, solidamente disposto, e elevado 0,78 acima do solo. Ao pilar está gessada uma 12 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS peça de ferro, material de que, com excepção das chumaceiras, é con- struida tambem toda a parte restante do instrumento que sustenta 0 eixo horisontal. Do centro d'esta peça irradiam symmetricamente 3 braços (v), nos extremos dos quaes assentam outros tantos parafusos (z) ligados a um cylindro (A), cujo bordo superior o é perfeitamente plano. Tal é a parte sempre fixa do instrumento. Sustenta o primeiro cylindro um se- gundo (B), onde estão solidamente aparafusadas as duas chumaceiras (6), sobre que descança o eixo horisontal. É fazendo gyrar 180º este segundo cylindro cujo bordo em o, se ajusta perfeitamente sobre o do primeiro, que se póde inverter o instrumento sem alterar a posição do eixo hori- sontal em relação às chumaceiras. Para diminuir n'este movimento o attrito em o, servem os contrapezos sustentados por um systema de 6 alavancas (p) symetricamente distribuidas, e ligadas por meio de hastes de ferro a um outro systema egualmente formado de 6 alavancas (q), corresponden- tes às do primeiro, e tendo as suas extremidades livres assentes sobre pequenas secções de planos inclinados cortados em uma peça circular (D), disposta no centro da base do instrumento. Movendo a chave (1) conse- gue-se, fazendo gyrar essa pequena peça central, levantar ou abaixar por meio da ligação dos dois systemas de alavancas as rodas que terminam as alavancas do systema superior designadas pela lettra (p), tornando-as assim tangentes ao bordo o do cylindro movel, ou fazendo-as descer abaixo do plano que passa por esse bordo. No primeiro caso os 6 con- trapezos alliviando a parte superior do instrumento annullam o attrito entre os dois cylindros, e permittem realisar com facilidade e à mão as mudanças em azimuth; no segundo deixando as 6 rodas de ser tangentes ao bordo do cylindro movel, recae todo o peso deste sobre o fixo. Para determinar com precisão o gyro de 180º serve um circulo gra- duado horisontal (t), cujo centro é situado no eixo vertical de todo o instrumento. Dois microscopios, cujo desenho se omittiu nas figuras 1 e 2, providos dos respectivos micrometros, e fixados ao cylindro superior na altura d'aquelle circulo, servem para n'elle se fazerem as leituras. Os parafusos s dão os movimentos lentos em azimuth. O eixo horisontal de aço fundido, perfeitamente homogeneo, e fa- bricado nas magnificas officinas de Krupp, sustenta em um dos seus ex- tremos a luneta, e no outro um circulo vertical graduado (a) servindo para apontar o oculo, e um segundo de latão (b) proximo d'aquelle e por meio do qual se consegue mover livremente a luneta no plano ver- tical sem tocar em nenhuma das partes essenciaes do instrumento. Um braço de suspensão (w) pôde por intermedio da chave (k) fixar o eixo horisontal, tornando-se então possivel unicamente o movimento lento PHYSICAS E NATURAES 13 em declinação, o qual se opera por meio de um parafuso ligado ao mes- mo braço de suspensão, e movido pelas chaves q. O eixo horisontal, perfurado no sentido do seu comprimento, é in- ternamente disposto por fôrma a estabelecer para a alavanca E, que o atra- vessa, um ponto de apoio coincidindo com o centro do mesmo eixo. Applica-se um dos extremos d'essa alavanca ao centro de gravidade do oculo, sustentando o outro o contrapeso (c). Por meio da engenhosa e muito singela disposição a que alludimos, imaginada pelo actual director do observatorio de Gotha, o professor Hansen, consegue-se não só equi- librar em relação ao centro do instrumento, por meio do contrapeso (c), o eixo horisontal com todas as peças que a elle estão ligadas, mas ainda evitar a flexão lateral, produzida pelo peso do oculo quando este se acha ligado directamente à extremidade do eixo horisontal, e não como acon- tece no instrumento da «Tapada» à de uma alavanca interna tendo o seu ponto de apoio no centro d'aquelle eixo. Para diminuir a pressão sobre as chumaceiras e evitar, tanto quanto possivel, a flexão do eixo determinada pelo seu proprio peso, e o da carga applicada ao seu centro por intermedio de alavanca E, servem os 2 contrapesos sustentados pelas alavancas (d), que actuam suspendendo o centro do eixo, e os 4 mais pequenos correspondentes às alavancas (e), que tendem a levantar os seus extremos. Apoiam-se estes dois systemas de alavancas sobre um apparelho de inversão, o qual faz parte do instrumento e permitte, pela elevação do eixo horisontal acima das chumaceiras invertel-o e com elle a luneta, realisando assim o segundo modo de inversão desta, que deixa perma- necer fixo o cylindro superior e as duas chumaceiras. Firma-se o apparelho de inversão por meio de um eixo vertical de aço, coincidindo com o eixo geometrico de todo o instrumento, sobre o pequeno cylindro !, o qual é sustentado pelas alavancas (m), de cujos extremos pendem os tres grandes contrapesos encravados no pilar de pedra. Recorrendo à chave (n) póde-se por meio de um apparelho muito simples levantar o pequeno cylindro e com elle os eixos vertical e ho- risontal, tornando-se facil o movimento de inversão pelo equilibrio per- feito que ao peso de todo o instrumento fazem as 3 alavancas (m). Sustenta ainda o mesmo apparelho de inversão, por meio de 4 pe- quenas columnas de latão, o hemispherio (f), o qual occulta um singelo mas engenhoso mechanismo, permittindo realisar successivamente os tres movimentos de elevação, rotação e descida do nivel, que assim póde in- verter-se conservando-se sempre fixado ao instrumento. Serve a chave (9) para produzir estes movimentos. 14 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Com o fim de o abrigar das alterações rapidas de temperatura, está o nivel encerrado em uma caixa de vidros; uma pequena luneta, cujo desenho se omittiu para não tornar mais complicada a figura 4, e que no instrumento se acha situado no ponto designado na mesma figura com a lettra wu, pôde ser dirigida para as diversas partes do nivel, e é por seu intermedio que se verificam as leituras. A luneta, cuja distancia focal eguala 2”,31, tem uma objectiva com 07,16 de abertura. No foco desta existe um reticulo com 25 fios fixos, além de um movel. No cubo que separa os dois cones, que formam o tubo da luneta, ha uma disposição engenhosa e nova que permitte obter de noite, à vontade do observador, ou os fios illuminados sobre campo es- curo, ou fios escuros sobre campo iluminado. Para este fim a alavanca que atravessa o eixo horisontal é ôca, polida interiormente, e sustenta na extremidade opposta à luneta o espelho (h), que reflecte para o seu interior a luz recebida de um candeeiro (i), situado na parte mais ele- vada do instrumento, e munido de um tubo fixado ao tecto da casa e servindo de canal ao calor da luz, que por seu intermedio encontra fa- cil saida para a atmosphera na qual se dispersa. Este mesmo candieiro por meio de um curioso systema de lentes e espelhos com que se cerca a luz, illumina egualmente as divisões do nivel e as do circulo azimuthal. A idéa geral deste magnifico instrumento foi como já dissemos de W. Struve; as disposições mechanicas, imaginadas para a realisar, dos srs. Repsold de Hamburgo; a parte optica é de Steinheil de Munich; e finalmente todas as peças importantes de aço sairam das fundições de Krupp. De duas ordens são na opinião de Struve as vantagens que o em- prego deste instrumento deve apresentar sobre o de todos os outros analogos até hoje construidos. Pelo systema vulgar effectivamente, sendo os pilares de pedra e o instrumento de metal, o equilibrio de temperatura não se estabelecia nos pilares, senão muito posteriormente a ter-se reali- sado em todo o instrumento, o que podia produzir no decurso das obser- vações por causa da mudança na temperatura da sala effeituada pela pré- via abertura dos alçapões, uma certa alteração na posição do instru- mento. A circumstancia de ser todo de ferro permittindo estabelecer com rapidez o perfeito equilibrio de temperatura, evita no instrumento da Tapada este primeiro inconveniente. É porém na possibilidade do duplo systema de inversão que consiste como dissemos, a sua mais im- portante vantagem. Por maior effectivamente que seja a pericia do con- structor os dois braços de alavanca, em que póde decompor-se 0 eixo PHYSICAS E NATURAES 15 horisontal, não são nunca rigorosamente eguaes, e esta desegualdade dá origem a uma certa especie de flexões, que não é já susceptivel de ser eliminada pela simples inversão do eixo, permanecendo fixas as chuma- ceiras. São estas flexões que o instrumento da Tapada deve poder eli- minar. | A inversão total é porém uma operação bastante demorada, por- que reune à dificuldade das inversões habituaes uma nova e maior, a de determinar por meio do circulo azimnthal e dos 2 microscopios o termo exacto da meia revolução de 180º. Não poderá pois provavelmente ser effeituada entre as duas passagens de uma' mesma estrella a leste e ceste do meridiano, observadas sobre o primeiro vertical em um mesmo dia; subsiste porém sempre a possibilidade de fazer esta inversão de um dia para outro antes de começar a observação, o que deve bastar para satisfazer o fim proposto. A sala em que está collocado o instrumento de passagens no Obser- vatorio de Lisboa, é muito alta e espaçosa. A observação faz-se atravez de duas fendas parallelas situadas no meio do tecto, na direcção do pri- meiro vertical, podendo fechar-se por meio de alçapões; quatro abertu- ras, convenientemente dispostas nas paredes, permittem corrigir o instru- mento em azimuth, fixando para isso uma mira situada a distancia. Uma casa de madeira de nogueira, movel sobre rails de ferro, e imitando as de Pulkowa, abriga o instrumento sobre tudo no momento em que se levantam os alçapões. As paredes da sala são constituídas exteriormente por um muro delgado, e interiormente por um forro de madeira, entre uma e outra coisa medeia um largo espaço, acontecendo o mesmo em relação ao so- brado e telhado da sala. Uma serie de frestas situadas junto ao pavi- mento premittem a livre entrada do ar, cuja circulação, entre o muro e o forro interno de madeira, é activada por meio de chaminés situadas junto ao telhado. Tem estas disposições da construcção por fim egualar quanto possivel as temperaturas interna e externa, evitando assim o efíeito tanto para receiar das refracções lateraes. Um mostrador em communicação electrica com a pendula do obser- vatorio construida por Krille de Altona, dá o tempo da observação. Mas além da apreciação individual do observador, o momento preciso da passagem poder ser marcado em um apparelho de registo situado na sala central, e que communica egualmente com todas as salas de observação. Taes são além dos que lhe fornece um equatorial magnifico, e um excellente circulo meridiano os meios de que já hoje dispõe o Real Obser- vatorio de Lisboa, para a determinação da parallaxe das estrellas. Ne- 16 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS nhum observatorio do mundo os possue melhores. Da conclusão de tão grandioso estabelecimento e da boa organisação do seu serviço futuro, depende o serem esses meios utilisados de maneira a transformar aquelle instituto scientifico em um titulo de gloria para Portugal, e num padrão honroso erigido à memoria de quantos lograram a ventura de associar o proprio nome à sua fundação. O instrumento de passagens no 1.º vertical, nas mãos de um habil observador, presta-se como nenhum outro às determinações da latitude, e das declinações das estrellas. A maneira de o usar para esse fim va- ria com os methodos empregados, entre todos esses methodos, porém, nenhum eguala na precisão dos resultados a que póde conduzir, o que foi imaginado por Struve e por elle applicado à determinação da aber- ração. Para fazer idéa do extraordinario grau a que se eleva essa pre- cisão alcançada, basta citar os valores do coeficiente de aberração de- duzidos isoladamente das observações de cada uma das 7 estrellas que serviram à sua determinação, e da combinação dos quaes resultou 0 va- lor definitivo 20,4451 com o erro provavel O" OI= 5 de um se- gundo em arco. Esses valores isolados são os seguintes : valitsas Mala ses- alo gt spagicr queer 20",4571+ 0",0303 BADIRABOMNIS teia cover fo: ais Corda bear de o 20",4792 + 0",0224 BI CASSIODEIAS cita é pets anotrs fade feet é» 20",4559+ 0",0462 DRIDRA RDNS: + sete É becr. EE spetiio Me tops fio 20"',14039 + 0",0229 DULPACANIS. cpipre neto! culo Estavas tania çe é E 20",5036 + 0",0322 É DRE dp GR o, O A E APR 20",3947 + 0',0333 (AJGASSIOPEIAE: je pales- flogao sta e sf 920"',4227 + 0",0352 Para expôr o methodo de Struve, é conveniente recapitular as fór- mulas geraes do instrumento de passagens collocado numa posição qual- quer. É d'essas fórmulas geraes que depois se deduzem as que corres- pondem aos casos particulares, em que elle esteja proximamente situado ou no meridiano ou no 4.º vertical, sendo o ultimo o unico de que te- mos de tratar. PHYSICAS E NATURAES 17 Represente! NS 0 E o plano do horisonte, sobre o qual se considera projectado stereographicamente o hemispherio superior da sphera ce- leste. Seja NS a projecção do meridiano, OE a do 4.º vertical, Ze P as do zenith e polo. Se o eixo de rotação do instrumento estiver situado no plano vertical ZA, e se achar inclinado em relação ao horisonte, o seu prolongamento indefinido encontrará a sphera celeste n'um ponto projectado em 4, e o eixo de collimação descreverá um circulo maximo NZ'S', cujo polo será esse ponto. Um fio lateral do reticulo descreverá portanto um circulo n Ts parallelo ao anterior e a uma distancia delle egual à distancia angular c dos 2 fios. Designemos por b a inclinação do ponto que se projecta em 4, por 90-+-a o seu azimuth, o angulo hora- rio por 90—m, e por n a sua declinação; sejam além d'isso q a lati- tude do observador, e à a declinação de uma estrella T observada no fio lateral do reticulo. Nos triangulos PAT e PAZ ter-se-ha NZA=90-+a ZPA=90—m Z4=90—b PA=90—n AT=90+€ PZ=90—o PT=90—3 e as relações entre estas differentes grandezas serão cos n sen m==sen b cos o-+-cos b sen a sen q (a) cos n cos m ==cos b cos a sen n==sen b sen q— cos b sen a cos q 1 W. Chauvenet. Spherical and practical Astronomy. Philadelphia, 1864. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIII. 2 18 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS d'onde se inferirá os valores de m e n quando b e a sejam conhecidos. Determinadas pois as coordenadas em relação ao horisonte do ponto 4, conhecer-se-ha exactamente a posição do eixo de rotação do instrumento, e com elle a do circulo maximo N'ZS' descripto pelo eixo de collima- ção. Vejamos agora como, partindo d'esse conhecimento, se possa resol- ver o problema geral do instrumento de passagens, isto é, a determina- ção dos angulos horarios. Para isso designe + o angulo horario do ponto Ta leste do meridiano, será APT=90—m+:=90+4(z—m) e por tanto (b) sen (r—m)==tgntgd + sen c sec n sec à fórmula geral que dá o valor de z para toda e qualquer posição do in- strumento de passagens, e da qual se podem portanto deduzir as fór- mulas mais simples que tem logar no caso do instrumento estar apro- ximadamente collocado, ou no meridiano, ou no primeiro vertical. A primeira indicação do methodo a seguir na determinação das la- titudes geographicas, quando para essa determinação se empregue o in- strumento de passagens collocado no primeiro vertical, data da invenção d'esse tão simples em principio, mas tão importante e perfeito instru- mento com que Roemer dotou a sciencia. As indicações de Roemer só começaram porém a ser praticamente aproveitadas, depois de Bessel ter demonstrado as vantagens incontestaveis que para a determinação da la- titude apresentava o mencionado methodo, podendo-se pelas repetidas inversões do instrumento, racionalmente combinadas, tornar os resulta- dos da observação independentes de todos os erros instrumentaes. A de- terminação das latitudes não é porém o unico problema que o instru- mento de passagens, collocado no primeiro vertical, resolve melhor que qualquer outro instrumento astronomico; como já tivemos occasião de dizer, a determinação das declinações absolutas das estrellas proximas do zenith, quando seja conhecida a latitude, e mais particularmente ainda a das alterações que essas declinações possam ter soffrido, em virtude da parallaxe, aberração ou nutação, adquirem com o emprego do instru- mento de passagens no primeiro vertical um grau de rigor, que marca os limites a que hoje pôde chegar a astronomia de observação. PHYSICAS E NATURAES 19 Fig. 2. A simples relação que dá a declinação da estrella quando a latitude do logar é conhecida, deduz-se facilmente da consideração dos triangulos PZSe PZs, em que P representa o polo, Z o zenith do logar de obser- vação, Se S' as intersecções do parallelo da estrella SMS' com o primeiro vertical SZ S'. Suppondo o instrumento perfeitamente rectificado e a de- terminação dos momentos t, e tz das passagens em S e S, feitas com uma pendula, cuja marcha seja rigorosamente conhecida, tem-se e por tanto tg ô==tgpcos t representando q a latitude. Esta deducção indica-nos desde já que o methodo só é applicavel para as estrellas, cuja declinação esteja comprehendida entre o eq. Differenciando a equação anterior em relação a t, para avaliar a in- fluencia de um pequeno erro em t sobre o valor achado para 9, virá 1 — sen 20 tg txaf fórmula que demonstra ser essa influencia tanto menos attendivel, quanto mais proxima se acha a estrella do zenith, o que confirma o que acima dissemos. . A influencia de um erro na latitude q, determina-se pela fórmula sen 28 Eid sen 29 que demonstra que as declinações de uma mesma estrella, observadas no decurso de um anno, virão todas affectadas com um erro constante, 2. 20 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS tanto maior quanto maior for o erro dg no valor adoptado para a lati- tude. O grau de precisão na determinação das declinações depende pois do grau de precisão na determinação da latitude, o qual, como atraz dissemos, se póde tornar muito elevado ; mas independentemente d'isso, vê-se que na simples determinação das variações nas declinações esse erro na latitude, por grande que seja, nenhuma iufluencia deve ter. Das fórmulas (a) póde-se, como dissemos, deduzir outras mais sim- ples, particularmente applicaveis quando o instrumento de passagens esteja collocado muito proximo ou do meridiano ou do primeiro ver- tical. Mas n'este ultimo caso, convém, introduzir algumas modificações na notação primeiramente empregada. Para isso consideremos agora a figura (3) analoga à (1), mas na qual se suppõe o instrumento collocado aproximadamente no 4.º vertical. Seja ZA o eixo de rotação do instru- mento, 4 o ponto da sphera celeste em que esse eixo prolongado a en- contra, e que se. suppõe elevado acima do horisonte, EZ” O o circulo maximo descripto pelo eixo de collimação, e SS" o circulo menor paral- lelo à esse descripto por um fio situado à distancia c do eixo de colli- mação. O circulo maximo AP Z” será perpendicular a 0Z" E, e os pon- tos das passagens SeS' distarão egualmente delle. O azimuth do ponto A fica pois actualmente proximo de 0º, e o seu angulo horario de 180º. Se designarmos portanto por (a) o primitivo a das equações primeiro deduzidas, teremos que o azimuth de A será A=90+4(a)=—a (a)=—(90 4a) ou e o angulo horario de ÀA=90—m=180-+) m=—(90 2) ou PHYSICAS E NATURAES 24 representando a o pequeno azimuth do eixo de rotação do instrumento, considerado positivo, quando fica para leste do ponto N; eo angulo horario do meridiano AZ” do instrumento positivo para oeste. As fórmulas (a) dão portanto no nosso caso cos n cos )==——sen b cos q +cos b cos a sen q (c) cos n sen )==cos b sen a sen n==Sen b sen q +-cos b cos a cos q havendo ainda a notar em relação aos signaes das differentes quantida- des que entram n'esta fórmula, que b se considera positivo quando o ponto À fica elevado acima do horisonte, e c quando o fio fica ao norte do eixo de collimação. No uso da fórmula (b) convém no caso actual mudar o signal a x, O que equivale a contar o angulo horario, como ha pouco convencionámos, para oeste e não para leste, o que tinhamos feito no principio, o factor em (z—m) transformar-se-ha pois em sen (—z + 90 + ))==cos (rx —)) e a equação (b) dar-nos-ha (d) sen c==—sen n sen d+-cos n cos d cos (1 —)) Posto isto, sejam ter os angulos horarios das posições observadas a leste e a oeste Te T' os tempos das 2 observações dados pela pendula ATe AT as correcções correspondentes a a ascensão recta da estrella 2v O tempo sideral decorrido entre as 2 observações correspondentes no mesmo fio a leste e oeste; será t=TAAT—s t=TAAT-—a = SA(TAAT—T—AT) = (TAHATAT+HAT— v=7'— )=)—T Ap JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Para determinar v basta por tanto conhecer a marcha da pendula; para à porém é tambem indispensavel conhecer o seu estado absoluto, e a ascenção recta da estrella. Fazendo agora hsen B=-sen b heos B==cos b cos a (e) as equações (c), transformar-se-hão em cos n cos a==h sen (p — f3) cos n sen =-cos b sena (f) sen n==h cos (9 — 3) A maneira diversa porque se póde usar do instrumento de passagens no 1.º vertical dá origem, como dissemos a principio, a methodos tambem diversos para a determinação das latitudes ou das declinações. O methodo chamado de Struve consiste em observar as passagens da estrella pelo 4.º vertical a leste e a oeste do meridiano, sendo o instrumento inver- tido, para cada passagem, entre as observações da estrella nos lados op- postos do 1.º vertical. Este methodo só é porém applicavel ás estrellas muito proximas do zenith, por serem essas as unicas que dão tempo às duas inversões do instrumento em que elle se funda, e que se devem effectuar pela fôrma seguinte: observada sobre todos os fios do reticulo até ao central exclusivamente a passagem leste da estrella de um mes- mo lado do 1.º vertical, inverte-se o instrumento, e observa-se sobre os mesmos fios a passagem leste do outro lado do 1.º vertical; conservando o instrumento n'essa posição observa-se a passagem occidental pela mes- ma fórma em todos os fios até ao médio, e invertendo então novamente completa-se sobre os mesmos fios a observação da passagem occidental do outro lado do 4.º vertical. Pela simples exposição deste methodo se póde ver como do seu emprego resulte a completa eliminação dos erros de collimação, de falsa avaliação das distancias dos fios lateraes ao cen- tral, de desegualdade nos munhões, e flexão do eixo horisontal, isto é do complexo de todos os erros instrumentaes. Para vermos como as fórmulas que ha pouco deduzimos se appli- : 1 quem neste caso, recordemos que r— = do tempo decorrido entre as passagens leste e oeste, observadas sobre o mesmo fio, na mesma posição do eixo; se designarmos pois por t a metade do tempo decor- rido entre as 2 observações feitas com o mesmo fio na 1.º posição do PHYSICAS E NATURAES 23 eixo, e por t' a metade do tempo correspondente às observações com o mesmo fio, mas na 2.º posição do eixo, teremos pela equação (d) para cada fio — sen c=-sen n sen )—cos n cos à cos t + sen c==Ssen n sen )—cos n cos à cos ft Sommando estas 2 equações virá 1 1 tgô==cot n cos q(t+t) cos 3 (E—t') e pelas equações (/), que nos dão cot n==tg(g— 8) sec À e ] (9) tgo=-tg(P—B). cos q (+) cos a (t —t') sec ) Para determinar 2 temos as equações (e) que nos dão Ega das a e por serem b e a muito pequenos ey e p=b=+5 sendo b, e b, as leituras do nivel feitas nas 2 posições do instrumento. Na fórmula (9) o factor sec ) pôde reputar-se constante, e como tal supprimir-se na reducção de uma serie completa de observações, uma vez que ao valor medio de todas as declinações determinadas se accres- cente uma pequena correcção relativa ao azimuth do instrumento. Effectivamente ) representa como vimos a differença entre a ascen- são recta da estrella e a media dos tempos observados nas 2 passagens sobre o mesmo fio a leste e oeste do meridiano, suppondo pois boas condições de estabilidade no instrumento, e o seu azimuth verificado e corrigido de tempos a tempos por meio de uma mira, à qual se refira a posição do fio medio do reticulo, poderemos, segurando assim a in- variabilidade de cos », despresal-o no calculo isolado de cada declina- 2h JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ção, bastando no fim, designando (9) a media de todos os valores obti- dos, calcular a declinação verdadeira pela fórmula cos = « = Cada fio lateral do reticulo dá portanto um valor da declinação in- dependente como dissemos de todos os erros instrumentaes; havendo tempo, tambem o fio medio póde ser observado uma vez como fio ao nor- te, outra como fio ao sul, deduzindo-se das 2 observações o valor da de- clinação pela fórmula igo==tg q! cos t em que t representa a metade do tempo sideral decorrido entre as 2 passagens; na determinação do valor medio da declinação é claro, po- rém, que à observação do fio medio se deverá attribuir um peso egual à metade do que corresponder às observações feitas em todos os outros fios, por isso que n'estes ultimos a estrella é observada 4 vezes, e no medio apenas 2. A comparação de cada um dos valores deduzidos das 4 observa- ções em cada fio com o valor medio (3), faz conhecer o erro provavel de uma determinação isolada. A discussão completa das observações das 2 passagens de uma mesma estrella em 29 dias differentes, feita por Struve, deu para valor do erro provavel de uma determinação isolada 0'',125, e da media dos 7 fios do reticulo 0,047. Tomando em conta o muito pequeno erro provavel, que ainda poderia haver nas leituras do nivel, Struve conclue que em condições atmosphericas muito favoraveis, o valor da declinação se deduz com um erro provavel de 0,05 apenas, e em condições ordinarias com um erro provavel ainda inferior a 0/4. A fórmula (9) dá como vimos o valor da declinação que se infere isoladamente das observações em cada fio; para facilidade do calculo Struve preferiu porém alteral-a um pouco, substituindo nella q'==o — B, pelo valor constante da latitude q, corrigindo posteriormente o valor approximado q! da declinação, assim determinado, do erro proveniente da inclinação do eixo 8. Fazendo a substituição indicada teremos pois 1 | tg0!==igy cos q (t+-t) cos 9 (U—1) mas é tg8 go tg tgy E PHYSICAS E NATURAES 25 e por tanto gosta eia ist sen 6! cos 6 sen (9 —0/)=sen (9'—9) sen q cos q! ou 33 sen 28 EO qu pf e finalmente j=3'+43 em que Ag tem o signal -+, por se suppor £ positivo, quando o ex- tremo sul do eixo de rotação esteja elevado acima do horisonte. Querendo calcular com o maior rigor o momento da passagem da estrella pelo meridiano, tem de se attender às differenças de nivel nas 2 passagens leste e oeste, e como o efeito de uma differença de nivel seja o mesmo que o de uma differença de latitude, o que se reconhece pela fórmula evidente = +B em que q representa a latitude verdadeira, 9' a latitude observada cor- rigida de todos os erros que a podessem affectar menos do erro prove- niente da falta de completo horisontalismo no eixo, e finalmente por 3 essa correcção, bastará para o nosso caso differenciar a equação cos t==tg q cot q sendo 7 o angulo horario observado na passagem oeste. Tem-se assim Aotgô Aowsen 8 jpAq= DEI 2 — sen q sent senq Vsen (p-+8) sen (y — 6) Dever-se-ha pois para corrigir a media dos tempos em que foram observadas as 2 passagens, e que dá a passagem pelo meridiano, acres- tar-lhe 5 A+, sendo por tanto a fórmula d'essa correcção (B— [') sen à “30 sen qy/sen (q +38) sen (p — 8) A To Determinado assim com todo o rigor o momento da passagem meri- diana e por tanto 1=h+4T—a a fórmula muito aproximada == )Senq 26 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS que se deduz da segunda das equações (/), dá o valor do azimuth do eixo de rotação; e o mesmo valor de ) serve para determinar a correcção exigida pelo valor de (90) da declinação primeiramente obtida suppondo COS p= isto é o azimuth nulo. Essa correcção é expressa pela fórmula à 2 ddr 1) sen 1” sen 25 que se deduz immediatamente da equação tgê, Gil: meo Temos visto como as diversas causas atê aqui examinadas, po- dendo influir no valor achado da declinação, ou são de todo eliminadas, ou são rigorosamente avaliadas, deduzindo-se sempre n'este ultimo caso as fórmulas que permittem calcular as correcções correspondentes. Ha porém ainda algumas que reserváâmos, para d'ellas tratar em separado, das quaes se não póde já dizer o mesmo; mas é facil provar que a sua influencia é por tal fórma pequena, que o extraordinario rigor do methodo não soffre quebra sensivel por seu intermedio. Essas causas a que alludimos, provêm dos erros de observação, ou da pendula, e de alguma mudança possivel de azimuth no instrumento, verificada entre as passagens a leste e oeste. As que derivam dos erros de observação e da pendula, vão affe- ctar os valores de ) e v. Mas à sendo sempre extremamente pequeno, o valor de sec À nunca poderá ser affectado sensivelmente por esses erros, e em relação avou te t o seu effeito será tanto menor quanto mais proxima do zenith for a estrella observada, por isso que os erros da pendula que affectam v, são, como ja dissemos n'outro logar, sómente os que se referem à variação na sua marcha. Em relação aos erros que poderiam provir de uma pequena varia- ção em azimuth, tambem é facil provar, que, para um instrumento em boas condições de estabilidade, esses erros podem bem reputar-se nullos. A fórmula sen c==—sen n sen d--cos n cos à cos (x —)) E a PHYSICAS E NATURAES 2% mostra-nos que uma correcção additiva a fazer ao valor de à, tem a mesma influencia que uma subtractiva a +; e uma correcção — A) a 7, y B | equivale a uma correcção de —-s A) nos valores dos angulos horarios empregados no calculo de à. A equação cos 7==tg qcot q dá-nos Aj=— Ar cos B1g9 sen 7 ou no caso actual Aj=TAA cos &/sen (Pp +83) sen (9 — 8) cos q — A qe 8Vsen (p +38) sen (p — 3) sen 27 Para mostrar a pequenez d'esta correcção Struve suppondo A a= 1", calculou-a para os differentes valores de (9— 0) desde 0º até 4.º de grau em grau. Os muito pequenos valores de Ag assim achados (para y— )==4º ainda era só de 0,162) cresciam aproximadamente como a Vg—9. Para um instrumento nas condições do de Pulkowa, em que apesar das grandes variações de temperatura nas estações oppostas do anno, as variações no azimuth nunca passaram além de um segundo para um e outro lado do seu valor medio, a variação no azimuth que pode- ria ter logar, entre os momentos das passagens correspondentes obser- vadas a leste e a oeste, correspondendo a uma variação na temperatura, ordinariamente de uma fracção de grau apenas, e elevando-se no ma- ximo a 2º Réaumur, nunca poderia ter produzido nos valores das decli- nações um erro superior a 0,01. No caso em que a estrella apenas diste do zenith poucos minutos, o methodo que acabamos de expor exige algumas modificações, consis- tindo principalmente no emprego do fio movel do retículo. Provém a necessidade d'essas modificações da lentidão com que a estrella atravessa o retículo, o que torna a observação muito demorada, quando se queira prolongal-a até aos fios extremos lateraes. Acontece tambem o conservar-se a estrella dentro dos limites dos fios extremos, durante o tempo que duram as 2 passagens leste e oeste. A todos es- tes inconvenientes se obvia pelo emprego do fio movel, já fazendo mar- 28 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS car pelo tambor do micrometro os mesmos numeros inteiros nas 2 pas- sagens leste e oeste, o que equivale ao primeiro methodo, já observando as passagens sobre o fio movel, collocado em qualquer posição, tantas vezes quantas o tempo o permitte. É este ultimo modo de observar, que tambem é applicavel a es- trellas cuja declinação é um pouco superior à latitude, que exige um methodo especial de reducção. Designe M a indicação do micrometro para o caso em que o fio mo- vel esteja proximamente no eixo de collimação, M é conhecido. Seja (M+-c) esse valor corrigido. Suppondo que, no caso da luneta estar ao sul, as leituras micrometricas augmentam quando o fio se move na di- recção do norte, teremos que para uma leitura m, o fio estará a uma distancia norte do eixo de collimação egual a m—(M+-c). Substituindo este valor na equação (d), virá sen (m— M— c)==— cos q senô 4-sen q cos 8 cos T ==sen (y— 8) — 2 sen q cos 8 sen 5-€ suppondo 2==0 n=90—o; salvo mais tarde o corrigir as declinações achadas dos erros de azimuth e inclinação do eixo horisontal. Mas para o caso em que este methodo é applicavel (y —o) nunca excede alguns minutos, póde-se pois escrever 4 2 sen q cos à sen 1-7 sen 1! m—M—c=q—)— Fazendo 2 2 sen4-t sen q cos ô — % —— s == cm Las e=m—M Z2=9—)0 R= RE UU será z+c=R—e N'esta equação e é dado pela observação, e R calcula-se para os differen- | | o Wi ag | PESE) | FL bom a Vê "0 m A, A ih Ia RN Ee m rt | e Instrumento dep nussa vens u niversal « HS L Fipracle Hen e Escala E PHYSICAS E NATURAES 29 tes valores de +. No caso da luneta estar para o Norte, a equação transforma-se em 2 2 sen q cos à sen 1-7 sen 1! —mA+Mt+c=9—0— ou z— (c=R—e sendo e'=m—M Nºestêe methodo o instrumento apenas é invertido uma vez, fazen- do-se uma serie de observações de cada lado do meridiano. As medias das duas series dão os valores de z-+-c ez—c, e portanto zec; a de- clinação assim obtida d=p— 2 tem ainda de ser corrigida da inclinação do eixo, e do erro em azimuth do instrumento. N'esta como em todas as medições micometricas, ha uma serie de precauções a tomar para que os resultados achados venham quanto pos- sivel livres de erros; sendo a primeira condição indispensavel a atten- der, a determinação do valor exacto de uma revolução do parafuso, e da influencia que n'elle exerce a temperatura. O erro provavel do valor final da declinação achado por este me- thodo, era nas observações de Struve egual a 0,043; vê-se pois que os dois methodos, para um bom observador, dão resultados egualmente ri- gorosos. 30 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS PEHYSICA E CHIMICA À. Chuvas de areia POR JOAQUIM HENRIQUES FRADESSO DA SILVEIRA Os phenomenos vulgarmente denominados chuva de sangue, de areia, etc., pareciam de origem cosmica, e como taes os consideravam o sr. Arago, na sua Astronomia popular, o sr. Quetelet, na sua Phy- sica do globo, e outros escriptores distinctos, com quanto não reputas- sem absolutamente inadmissiveis as opiniões de Blagden, e de Thom- son, que attribuiam a coloração de neve vermelha à materia organica de algumas cryptogamicas, ou ao acido urico proveniente das dejecções de algumas aves. O sr. Harold Tarry, em duas memorias apresentadas à Academia das Sciencias de Paris, uma aos 9 de maio de 1870, e outra aos 20 de junho do mesmo anno, affirma que não é cosmica a origem dos indica- dos phenomenos, que todos se explicam pelo transporte das areias do Sahara que o vento impetuoso arremessa para as nossas regiões, e que realisando-se o facto em condições atmosphericas perfeitamente deter- minadas, é possivel até annuncial-o antecipadamente com uma grande probabilidade. Observações muito recentes, que foram particularmente recommen- dadas à minha attenção pelo sr. H. Tarry, instigam-me a dar noticia da sua theoria, annuindo ao convite que para este fim me dirigiu. Para que as observações, a que me refiro, sejam perfeitamente apreciadas devo PHYSICAS E NATURAES 31 dar algum desenvolvimento à nova theoria, e à descripção dos factos a que foi primitivamente applicada, extraindo das mencionadas memorias o que mais convém para este fim citar. Em certas épocas do anno, especialmente em fevereiro e março, formam-se subitamente ao norte da Europa, cyclones ou turbilhões atmosphericos, acompanhados de temporaes violentos, em todo o seu trajecto, e tendo no centro uma enorme depressão barometrica. Estes turbilhões descem rapidamente para a Africa, e ahi formam verdadei- ras tempestades no deserto, elevando a mui altas regiões as areias do Sahara. Os cyclones, formados nas visinhanças do equador, dirigem-se da America para a Europa, pelo noroeste, e são caracterisados por circum- stancias diversas. Os que nascem ao norte da Europa tem um movimento de osci- lação muito pronunciado, e depois de cinco a seis dias de caminho da Europa ao centro d'Africa, achando nas visinhanças dos tropicos condi- ções atmosphericas inteiramente differentes, recuam do sul para o norte, dirigindo-se para o ponto de partida. É na occasião do regresso que tornam a levantar as areias, arre- messando-as para as regiões europeas. Algumas vezes a força do turbilhão não se esgota com este mo- vimento de vae-vem, e uma nova corrente, da Europa para a Africa, é seguida ainda de outra corrente, que transporta outras massas da areia. Podem as chuvas de sangue etc., depender ainda de outras condi- ções, mas sempre que estas condições se realisarem virão à Europa as areias do deserto, segundo a opinião do illustre observador, cuja theo- ria exponho. Examinando attentamente as folhas do Boletim internacional, pu- blicadas pelo Observatorio de Paris, o sr. H. Tarry achou, em um pe- riodo de seis annos, que uma consideravel depressão barometrica, an- nunciando a presença de um cyclone, na direcção da Africa para a Eu- ropa, foi sempre precedida, dias antes, de um movimento inverso da Europa para a Africa. O movimento de oscilação póde, pois, ser considerado como ca- rater distinctivo e particular dos temiveis temporaes, que tornam o Mediterraneo tão perigoso para os maritimos, no equinoxio da prima- vera. Enunciada a theoria, o sr. Tarry na sua segunda nota, demonstra que as tres chuvas de sangue, ou de areia, observadas nos dias 10 e E» JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 24 de março de 1869, e 14 de fevereiro de 1870, se apresentaram em circumstancias identicas, que a nova theoria cabalmente explica. No dia 26 de fevereiro de 1869 manifestou-se uma enorme depres- são barometrica subitamente na Noruega, a columna barometrica des- ceu 25 millimetros, nas 24 horas, em Stockolmo, Hermosand, e Chris- tiannuds, marcando 725 millimetros n'esta ultima localidade. Nos dias seguintes, o centro da depressão desce para o sul da Europa. No dia 2 de março exerce a sua acção nas costas da Provença e no Mediterra- neo. No dia 3 de março, às 114 da manhã, o furacão assalta a costa d'Africa. Seguindo o caminhar do temporal até Tougourt, constou pe- las informações obtidas que uma enorme quantidade d'areia havia sido alevantada, na atmosphera, pelo vento impetuoso que reinára no deserto. Alguns dias depois o cyclone regressava por Sahara e pelo Mediterraneo. No dia 10 de março o centro da depressão estava em Napoles, onde o barometro descia a 737 millimetros. No mesmo dia observava-se em Napoles, Roma e Subiaco, um chuveiro de pô vermelho, que obscu- recia o ar. Notou-se então que deixava cada gota de chuva um residuo escuro, semelhante ás manchas produzidas pela agua quando contém a areia do deserto. Expondo à chuva uma folha de papel, ou limpando as vidraças das janellas, recolhia-se areia, que não podia por certo vir da Italia ou da Sicilia. Dez dias depois na noite de 19 para 20 de março de 1869, um temporal violento, que vinha da Inglaterra, assaltou as costas do norte da França. No dia 20 um centro de depressão atmospherica, muito pro- nunciada, existe em Bolonha (743 millimetros); no dia 214 já estã em Lesina, sobre o Adriatico. Durante muitos dias um vento impetuoso do noroeste açoita a França e depois a Italia. No dia 22, o cyclone estã sobre a Africa, onde levanta, como sempre, as areias do Sahara; de- pois principia a recuar, e o barometro desce no sul da Europa, onde a pressão se havia elevado depois da passagem de cyclone. No dia 24 o barometro desce a 740 millimetros em Palermo, a 742 em Roma; ma- nifesta o vento uma enorme violencia; o meteorographo do padre Secchi, em Roma, indica uma velocidade de 640 milhas em 24 horas, a maior velocidade observada em todo o anno. Ao mesmo tempo, no dia 23 de março observa-se na Sicilia que a atmosphera está carregada de nuvens espessas, e de uma poeira ama- rellada que dá ao ceo um aspecto insolito. As cotas da chuva, que de- pois cae, deixam residuo amarello, que para ser separado exige duas ou tres filtrações. Esta substancia, analysada pelo professor Silvestre, de Catanea, continha as substancias seguintes: PHYSICAS E NATURAES 33 LEIA Spa era o a MB Ta ado At 998,872 Apto insana aro eds ecoa 0,910 Areia tale atoa quis, pise lho apuro sb 0,289 Peroxido hydratado de ferro...... 0,352 Chlorureto de sodio... ......... 0,216 Sica go sereis sresiesea bh rr Gunoalia 0,121 Materias organicas azotadas....... 0,540 |ulitro deebiavas!s visita cimo 1001,300 ! O mesmo phenomeno foi observado em Subiaco, perto de Roma, onde o sr. Alvarez recolheu, nos vidros das janellas, areia que durante a noite ahi caira, e que lhe pareceu em tudo semelhante áquella que fôra recolhida em 10 do mesmo mez. Finalmente em Lesina, na Illyria, o mesmo phenomeno se repro- duz aos 24 de março, e no Bulletin international do Observatorio de Paris, em frente do nome d'esta estação, e na data de 26, acham-se es- tas palavras: Chuva de sangue. O sr. Gregoris Bucchich escrevendo d'aquella cidade ao sr. H. Tarry, assegura-lhe que foi effectivamente n'aquella data observado o phenomeno, cuja minuciosa descripção está publicada no jornal do paiz, que tem o titulo de— Zeitschrift fiir Metereologie. Ahi estão, diz o sr. H. Tarry, as chuvas de sangue, de que falla Tito Livio, registradas agora pelo Observatorio de Paris. Aos 7 de fevereiro de 1870 nota-se, na Inglaterra, uma considera- vel depressão; o barometro dá 745 millimetros em Penzancia; no dia 9 a depressão desce ao Mediterranco, no dia 10 está sobre a Sicilia, onde a pressão é inferior à de Roma. Esta depressão barometica é acom- panhada de um temporal violento; em Roma o vento sopra do norte com violencia durante tres dias consecutivos, 8, 9 e 10. Sob a sua influen- cia glacial reina um grande frio na Italia; cae neve em Roma nas noi- de 8 e 9. Nos dias 11 e 12 melhora o tempo, e o barometro sobe; o cyclone está sobre a Africa e levanta as areias do Sahara. Não tarda porém o retrocesso, de que temos fallado ; no dia 12 o barometro desce a 743 millimetros, no sul de Hespanha; um vento fortissimo do sul so- pra incessante durante os dias 13 e 14 na Hespanha e na Italia; a Africa restitue à Europa o cyclone, que lhe fôra por ella enviado, com o fura- cão que o acompanha, e mais a areia do deserto por elle, ao passar, ! Annuario scientifico e industriale di Milano, anno 1869, pag. 108. JORN. DE SGIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIII. 3 Sh JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS erguida ás altas regiões da atmosphera. Com effeito, no dia 13 de fe- vereiro, às 2 horas depois de meio dia, a presença da areia averme- lhada, nas aguas da chuva, é descoberta e averiguada nos arredores de Roma, em Subiaco, pelo sr. Alvarez, em Tivoli pelo sr. Ciampi, e em Mondragone pelo sr. Lavaggi. Durante a noite de 13 para 14 cae, em Genova, uma materia ter- rea, e vermelha, e recolhe-se em Moncalieri neve vermelha (sr. Deuza) contendo areia semelhante à do Sahara. Continuando o estudo attento dos factos, registrados pelos meteo- rographos, tem o sr. H. Tarry accumulado elementos favoraveis à sua theoria. Na sua carta de 4 do corrente communica-me este distincto obser- vador o seguinte: «Pareceu-me que o cyclone, procedendo do norte da Europa, que se dirigiu para a Africa na primeira quinzena de Janeiro, deveria re- gressar a 16 do mez, pouco mais ou menos, e com efleito n'esta data, segundo as informações recebidas da Algeria, o movimento de retro- cesso já era muito pronunciado. Não continuou porque uma considera- vel depressão barometica impediu o regresso do cyclone, desviando as fortes pressões para a Hespanha. «Realisam-se agora, a meu ver, n'esta semana, as condições de mo- vimento d'oscillação dos cyclones, que devem dar origem à chuva de areia. «Durante o periodo de 24 a 27 de fevereiro, desceu um cyclone da Europa para a Africa. Se a lei, por mim formulada, é exacta, o seu regresso deverá effectuar-se em 3 ou 4 de março, e m'essa data pro- vavelmente se observará uma chuva d'areia. «No estado actual não se póde rigorosamente dizer se o pheno- meno se realisará do lado da Hespanha ou do lado da Sicilia, sendo por este que geralmente se dirigem os cyclones. «Peço que dê providencias relativas ás observações etc.» Na sua carta de 46 do corrente communica-me o sr. H. Tarry o seguinte: « Annunciei, no dia 4 de março, que uma chuva d'areia caíria nos primeiros dias do mez. «Um exame mais attento das curvas isobarometricas do Bulletin International do Observatorio de Paris, indicou-me que seria um pouco retardado o apparecimento do phenomeno. «No dia 6 annunciei ao sr. Delaunay, director do Observatorio de Paris, que a chuva de areia cairia, em um dos dias, de 8 a 410, e do lado da Italia. PHYSICAS E NATURAES 3 «Realisou-se a minha predicção. «A chuva de areia, por mim annunciada, caiu em Peruza, Roma, Cosenza, Palermo, aos 10 de março. «O annuncio das chuvas de areia, com uma certa antecipação, se- gundo a minha theoria, seria apenas uma curiosidade scientifica, se nada mais se adiantasse além do conhecimento do facto. O que lhe dará im- portancia, sob o ponto de vista meteorologico, é a circumstancia de se- rem ellas, a bem dizer, as certidões de origem dos temporaes d'Africa, cujos movimentos poderemos assim prever, sabendo que uma ou duas vezes por anno se realisam as condições de oscillação a que me tenho referido.» Deseja o sr. Tarry que a Academia Real das Sciencias de Lisboa tenha conhecimento da sua predicção, e dos factos que deixo aqui men- cionados. Está o seu desejo attendido, se a academia quizer fazer-me a honra de acolher, com benevolencia, esta minha commuinicação. Apenas devo accrescentar que transmitti, e transmittirei opportu- namente, ao illustre observador, as necessarias informações extraidas dos registros do Observatorio do Infante D. Luiz, e que no mesmo es- tabelecimento serão cuidadosamente estudados, além d'este assumpto, todos os outros de que o sr. Harold Tarry se tem occupado recente- mente, nas correspondencias que me tem dirigido. Lisboa, 30 de março de 1872. 3 36 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2. Memoria sobre as chammas dos gazes comprimidos POR FRANCISCO DA FONSECA BENEVIDES (Apresentada á Academia Real das Sciencias de Lisboa em sessão de 16 de maio de 1872) Os gazes combustiveis comprimidos manifestam, quando ardem ao ar livre, phenomenos muito curiosos, que podem ser facilmente obser- vados com o meu apparelho de compressão descripto no num. xm do Jornal de sciencias mathematicas physicas e naturaes, de dezembro de 1871. São as circumstancias mais notaveis que observei que fazem ob- jecto desta memoria e que, por as julgar interessantes e algumas novas ou pouco conhecidas, me pareceu dever communicar à Academia. Brilho das chammas dos gazes comprimidos (da fórmula C” H?).— Abrindo mui pouco a torneira do apparelho contendo gaz de iluminação com- primido, e inflammando-o à saida de um bocal de maçarico adaptado à dita torneira, observa-se que a chamma tem maior brilho do que aquelle que possue a chamma ordinaria do gaz de illuminação, com uma pressão excedendo a pressão atmospherica apenas alguns centimetros "agua, como a que geralmente tem na iluminação das cidades; esse maior brilho é devido à maior quantidade de carbonio que no mesmo volume se contêm, e que antes de arder se depõe incandescente no seio da chamma. Elevação da temperatura das chammas dos gazes comprimidos. — Abrindo porém, mais a torneira, a velocidade do esgotamento do gaz augmenta, o ar é arrastado com grande velocidade, e misturando-se com 0 gaz, PHYSICAS E NATURAES 37 activa immensamente a combustão, queimando-se ao mesmo tempo car- bonio e hydrogenio, diminue ou desapparece o brilhantismo da chamma e a temperatura eleva-se extraordinariamente. Produz-se um effeito ana- logo ao que se verifica na lampada de Bunsen. Á elevada temperatura da chamma do gaz comprimido funde-se a prata, oiro, platina etc.; póde assim ser utilisada aquella chamma para a fusão dos metaes, para soldar, etc. Pressão do gaz na illuminação das cidades. — O gaz de illuminação das cidades tem no gazometro uma pressão, que geralmente não excede a pressão atmospherica exterior mais de 7 ou 8 centimetros de agua, o que é sufficiente para lhe dar a velocidade necessaria para a chamma adquirir bastante poder illuminante. Quando, porém, uma cidade apre- senta grandes differenças de nivel servidas pelo mesmo gazometro, como acontece em Lisboa, em que, por exemplo, Campolide e Praça do Com- mercio teem mais de 100 metros de diferença de nivel, é claro que em egualdade de circumstancias, a velocidade de esgotamento do gaz será muito maior em Campolide, e em geral nos pontos elevados, do que na Praça do Commercio e outros logares mais baixos; por isso que aquella velocidade depende da differença entre a pressão do gaz e a pressão atmospherica exterior, e esta é menor nos logares elevados. Tal é a razão da grande força de gaz nos pontos elevados da ci- dade, que exige para o mesmo brilhantismo da chamma, sendo eguaes as circumstancias de bicos e encanamentos, menor abertura de torneira do que requer nos logares baixos. Pela mesma causa é que geralmente de dia ha gaz em todos os logares altos da cidade em quanto que falta na baixa; phenomeno cuja explicação tem dado origem a menos funda- das hypotheses, sendo muito vulgar o attribuir-se a ser o gaz mais leve que o ar, e por isso tender sempre a occupar os logares mais altos ; mas nos encanamentos não se póde produzir facilmente uma separação por differença de densidades, ainda que houvesse uma grande quanti- dade de ar, o que não se verifica; o que se observa frequentemente quanda se abre a torneira de um bico de gaz, é que sae algum ar que tinha entrado nos encanamentos e que é impellido pelo gaz. A velocidade de esgotamento do gaz de illuminação das cidades depende da altitude. — Assim, suppondo que a pressão do gaz no gazometro é de 6 centimetros de agua superior à pressão atmospherica exterior; para um logar mais elevado de 55 metros, a pressão atmospherica seria in- ferior proximamente de 5 millimetros de mercurio ou 6,7 centimetros de agua; portanto n'esse logar elevado de 55 metros acima do gazome- tro, a differença entre a pressão do gaz e a pressão atmospherica seria 38 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS de 12,7 centimetros de agua, isto é mais do dobro do que ao nivel do gazometro, o que daria para o logar superior um correspondente au- gmento na velocidade de esgotamento do gaz ?. Á mesma causa se deve attribuir a difficuldade que se acha em fazer chegar o gaz a valles profundos, porque ahi é muito maior a pres- são atmospherica, o que exige maior pressão no gazometro. Assim, para um logar que se achasse em um valle a 272 metros abaixo do gazometro, a pressão atmospherica seria proximamente de 25 millimetros de mercurio superior à pressão do ar na altitude do gazo- metro, o que equivale a 33,8 centimetros d'agua; de modo que seria im- possivel fazer lá chegar o gaz tendo no gazometro uma pressão apenas superior à exterior do ar de 6 centimetros de agua; para conseguir for- necer gaz para a iluminação n'aquella profundidade, seria preciso ele- var a pressão do gazometro a ser superior à do ar exterior de 40 cen- timetros de agua proximamente. Vê-se pois que em logares muito elevados acima do gazometro, póde obter-se nas chammas do gaz effeitos em pequena escala analogos aos dos gazes comprimidos. Egualmente se conclue que para a boa ilumi- nação pelo gaz não é conveniente haver pressões demasiadamente for- tes nos gazometros, e portanto não convém que estes sejam estabeleci- dos em logares muito elevados acima d'aquelles aonde deve ser condu- zido 0 gaz. Constituição da chamma dos gazes comprimidos. — Espaço obscuro. — As di- mensões da chamma do gaz comprimido dependem da pressão e dimen- sões do maçarico por onde o gaz sae. Como o gaz se dilata, a chamma alarga tambem a partir do bocal do maçarico. Um phenomeno extremamente notavel se manifesta quando a pres- são é muito forte, bem como a velocidade e"quantidade de gaz que sae do apparelho de compressão; é que a chamma não apparece logo junto ao orifício da saida de gaz, mas sim a certa distancia, ficando um espaço escuro ac entre o bocal ab do maçarico e a chamma cd; às vezes junto ao orifício apparece uma pequena aureola luminosa, que é seguida do grande espaço escuro que a separa do dardo luminoso. ! Calculando pela fórmula de Babinet, z = 16000 Ee (1+ ê Maio a differença de nivel entre duas estações para as quaes as observações do baro- metro e thermometro deram H = 765"": h==760mm;'4 = 15º; 4! =13º,5 acha-se 2=-55 metros; e para as pressões H=-785mm; h==760»», e temperaturas t=145º; t' = 12º acha-se 2 == 272 metros. PHYSICAS E NATURAES 59 As dimensões do espaço escuro dependem da pressão, velocidade e quantidade de gaz que sae do apparelho. Com o gaz de illuminação comprimido a duas atmospheras e um bocal conico tendo 0,045 de comprimento, 0",009 de diametro no orifício interior e 07,004 de dia- metro no orifício exterior, observei no meu apparelho um espaço escuro tendo 0”,04 de comprimento, ao qual se seguia a chamma tendo 0",4 de comprimento alargando até quasi à extremidade onde chegava a attin- gir quasi 0,1 de altura sendo 0”,03 a sua altura na parte mais proxima do espaço escuro. O espaço obscuro tem, como era de esperar, uma temperatura muito baixa; introduzindo n'elle um thermometro, este pouco sobe, e isso mesmo se deve attribuir à irradiação da chamma que está mui pro- xima e cuja temperatura é mui elevada. Introduzindo um arame metallico no espaço obscuro, segurando-o com a mão por uma extremidade, vê-se que elle entra a oscillar rapida- mente, o que é devido ao desvio que lhe dá a corrente gazosa, e à volta à sua primitiva posição pela acção da sua elasticidade. Chegando porém o arame junto à chamma e trazendo-o depois até ao bocal do maçarico, vê-se a chamma estender-se pelo espaço escuro, podendo che- gar mesmo até ao orificio de saída do gaz; de modo que o arame me- talco arrasta, por assim dizer, a chamma em sentido opposto ao do movimento da massa gazosa, prolongando-a atê ao bocal do maçarico por onde sae o gaz; cessa este effeito e reapparece o espaço escuro com- pleto logo que se retira o corpo solido. O aspecto da chamma do gaz comprimido differe do da lampada de Bunsen; apresenta uma mistura de côres em que domina o azul, ama- rello e roxo. Quando se aproxima da parte escura, comprehendida entre a chamma e o bocal do macarico, a luz de uma vela, vê-se a chamma da vela des- viar-se para 0 lado da corrente gazosa; o que mostra haver uma certa rarefacção devida ao arrastamento de algum ar pela corrente do gaz. A causa do espaço escuro entre a chamma e o bocal do maçarico 4 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS parece ser a acção mechanica da corrente do gaz; com effeito sendo grande a velocidade do esgotamento bem como a secção do orifício de saída, a massa gazosa em movimento é muito grande, e portanto tam- bem são grandes a quantidade de movimento e a força viva, de modo que o ar é deslocado e arremessado a distancia, d'onde resulta a falta de oxygenio para alimentar a combustão em um certo espaço visinho ao bocal; e d'aqui provêm não haver combustão, e portanto manifestar-se a existencia do espaço escuro que se estende desde o bocal até certa distancia, além da qual o gaz tem-se dilatado e misturado com o ar, e a velocidade tem diminuido e portanto o afastamento do ar, e a com- bustão podendo então fazer-se com toda a actividade apparece o grande dardo luminoso de alta temperatura. Diminuindo a velocidade do gaz, aquelles effeitos diminuem, e a chamma manifesta-se logo desde o bo- cal do maçarico. Se porém o bocal for um cone terminando por um orifício muito estreito, então o grande deslocamento do ar pôde occa- sionar o apagar-se completamente a chamma. Póde dar grande intensidade ao phenomeno a acção mechanica do gaz que sae do maçarico sobre a chamma que encontra em frente, se a velocidade de esgotamento for tal que projecte a chamma a certa dis- tancia, em um tempo muito mais curto do que o necessario para se propagar a inflammação desde o principio da chamma até ao bocal. Vêem-se efleitos analogos quando se sopra sobre a chamma de uma vela, ou quando se injecta ar de mais com grande velocidade sobre a chamma da lampada de esmaltador etc.; attribue-se geralmente n'estes casos o phenomeno das chammas se apagarem de todo, ou pelo menos baixarem de temperatura, ao esfriamento produzido pela corrente de ar; mas, em chammas dotadas de altas temperaturas, a acção mechanica da corrente gazosa, dispersando os gazes combustiveis e impedindo o contacto intimo com o ar, deve produzir maior effeito do que o esfria- mento. Quando se introduz um solido, por exemplo, um arame metal- lico, no seio da massa gazosa obscura, oppõe-se uma resistencia ao mo- vimento do gaz, d'onde resulta uma diminuição de velocidade, e por- tanto dimínue a acção mechanica da corrente que tende a impedir o con- tacto com o ar e a desviar a massa gazosa; além d'isso à introducção do solido faz penetrar algum ar no meio da massa gazosa obscura; tudo isto concorre para propagar a combustão ao espaço escuro, d'onde re- sulta que este diminue ou chega a desapparecer de todo, e a chamma estende-se até ao bocal do maçarico. Espectros das chammas dos gazes comprimidos (da fórmula C= |"). — Fa- zendo passar defronte da fenda do espectroscopo o dardo luminoso do PHYSICAS E NATURAES h14 gaz de illuminação comprimido, emquanto a velocidade de esgotamento do gaz não é grande, vê-se um espectro continuo e brilhante por baixo do espectro ordinario da luz diffusa solar, que entra no instrumento pela reflexão em um pequeno prisma collocado na parte inferior da fenda. Logo, porém, que a velocidade de saida do gaz augmenta bastante, des- apparece o espectro continuo do gaz, e em seu logar vê-se um espectro descontinuo em que se distinguem cinco raias brilhantes na seguinte or- dem, a contar da parte menos refrangivel, a saber: uma amarella, uma verde pallida, outra verde intensa e duas roxas. Um phenomeno se manifesta ao mesmo tempo no espectro da luz diffusa; é que logo que se observa o espectro do gaz, apparece no es- pectro da luz diffusa que está por cima uma raia amarella intensa, que é caracteristica do sodio; é isto devido à grande agitação que produz no ar o gaz saindo com grande velocidade do apparelho, revolvendo em turbilhão a poeira suspensa na atmosphera, que sempre contém sal marinho e portanto sodio, principalmente nas proximidades do mar, e que passando em frente do prisma da fenda do espectroscopo, manifesta no espectro da luz difusa a raia amarella caracteristica do metal. A raia amarella que tambem apresenta o espectro da chamma do gaz tem a mesma origem. O espectro que observei na chamma do gaz de illuminação com- primido, é o mesmo que se observa na chamma de uma lampada de Bunsen na qual se faz passar uma grande quantidade de ar; porém as raias do espectro do gaz comprimido, observado com o meu apparelho, são mais intensas e vêem-se sempre, o que não succede na lampada de Bunsen, na qual muitas vezes a corrente de ar aspirado, sendo suffi- ciente para fazer desapparecer o espectro continuo, não o é para fazer apparecer as raias. O numero e natureza das raias são independentes da pressão; en- tretanto até certo ponto a pressão influe sobre o seu brilhantismo; com effeito um augmento de pressão promovendo maior arrastamento de ar, e portanto activando mais a combustão, faz desapparecer o espectro con- tinuo e em seu logar manifestam-se as raias caracteristicas, cujo bri- Jhantismo augmenta com a pressão até ao ponto da combustão ser o mais completa possivel. Os espectros das chammas dos carbonetos de hydrogenio foram es- tudados por Swan, empregando a lampada de Bunsen, em que o jacto de gaz é completamento misturado com o ar no orifício mesmo da com- bustão !. Fazendo as observações com diversas combinações hydro-car- ! Vid. Annales de chimie et physique, tom. Lvit, (3ême série) pag. 363. 492 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS bonadas, gaz de illuminação, gaz dos pantanos, gaz oleificante, gaz da parafina, de essencia de terebenthina, da glycerina, etc., achou Swan que todas apresentavam o mesmo espectro; nas chammas menos in- tensas, como a do gaz dos pantanos, da glycerina e outras, as raias são menos intensas e faltam às vezes algumas, mas não apparecem raias differentes. Tambem observou Swan, que além das raias caracteristicas do gaz, apparecia sempre a raia amarella do sodio devida a algum sal marinho, que sempre existe nas poeiras suspensas na atmosphera. O espectro descontinuo ou as raias observam-se na parte azulada inferior das chammas; a parte superior dá um espectro continuo brilhante, de- vido ao carvão incandescente. Apresentando as chammas dos gazes comprimidos, um phenomeno analogo ao que se dá na lampada de Bunsen, pelo arrastamento do ar, como acima fica dito, não é de admirar que a constituição do espectro seja a mesma em um e outro caso. Com o gaz protocarboneto de hydrogenio comprimido observei o mesmo espectro que tinha observado com o gaz da illuminação, porém menos brilhante; verificando-se assim o phenomeno observado por Swan em todos os carbonetos de hydrogenio ardendo na lampada de Bunsen. N'aquelles espectros, porém, só observei as cinco raias acima mencio- nadas. PHYSICAS E NATURAES | h3 3. Sobre a theoria do rarefactor e a nova machina hydropneumatica POR MIGUEL VENTURA DA SILVA PINTO (Memoria apresentada á Academia Real das Sciencias de Lisboa pelo socio A. A. de Aguiar) Ha mais de um anno publiquei eu, sob o titulo: A filtração acce- lerada e o novo rarefactor ou machina hydropneumatica de Silva Pinto +, uma breve descripção d'este novo apparelho pneumatico, com a exposi- ção succinta do principio fundamental do rarefactor. Enumerámos, por essa occasião, varios usos em que elle pôde servir, e, concluindo, pro- mettemos descrever outro modelo da mesma machina, destinada pro- priamente às demonstrações em cursos de physica experimental, e fa- zer algumas considerações relativas ao mesmo os p parana e às applica- ções que elle póde ter. Cumprindo hoje a nossa promessa, para melhor intelligencia do que vamos expor, começaremos de recapitular a materia do anterior artigo, no tocante à theoria physica do rarefactor. Principio fundamental do instrumento. — O facto hydrodynamico em que se funda o rarefactor hydropneumatico deriva da extructura dos ja- ctos liquidos 2, na qual ha os dois seguintes casos, principalmente, a con- siderar. Extructura e propriedades dos jactos liquidos. — 1º. Caso. — Quando um jacto liquido jorra, verticalmente ou obliquamente, de baixo para cima ! Jornal de sciencias mathematicas, physicas e naturaes da Academia Real das Sciencias, num. 9, de junho de 1870. 2 Para evitar equivocos, cumpre-nos lembrar, que se não devem confundir os resultados das experiencias fundadas na constituição dos jactos liquidos, com os phenomenos que se observam durante o movimento dos fluidos em canaes Je varias fórmas, devidos á contracção da veia fluida; phenomenos descobertos e demonstrados por Venturi, estudados por Bernouille e applicados, moderna- mente, por Bourdon. hh JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ou de cima para baixo, com pequena velocidade, por orifício circular, é, de ordinario, constituido por duas partes distinctas: uma, limpida, calma e transparente, de variavel extensão, com o aspecto de um so- lido continuo ou de uma verga de crystal, produzida pela adherencia que se desenvolve nas moleculas liquidas animadas de velocidades eguaes, que é a que se observa junto ao orifício; a outra parte, meta- morphose da primeira, turva, volumosa, tumefacta, descontinua, com- posta de gottas separadas, que mudam periodicamente de fórma, alon- gando-se e estreitando-se alternativamente no sentido transversal, e apre- sentando a mesma fórma quando chegam a um ponto determinado da veia fluida. É a divisão do jacto liquido devida, n'este caso. a que, sendo uma propriedade caracteristica dos corpos liquidos a pouca cohesão en- tre as suas moleculas, da qual lhes resulta a grande mobilidade que possuem, as impulsões transmittidas de molecula a molecula, em vir- tude do movimento do liquido, influenciadas pelos estremecimentos do solo, ainda que imperceptiveis, ou pelas vibrações sonoras dos corpos resoantes, perturbam e rompem a cohesão do liquido, originando a sua separação em gottas ou divisões, como bem lhes chama Plateau; e como estas tendem a tomar a fórma espherica ou de equilibrio, fazem em certo numero de oscillações, em que ao desequilibrio e alongamento original de uma gotta desprendida, que precede a maxima estabilidade e passagem a fórma globosa, succede um achatamento no sentido vertical e vice-versa. É neste movimento alternativo ou oscillatorio, modulado pelas for- ças moleculares ow figuratrizes, que consiste a transformação rhythmica e periodica das gottas. Se, porem, o jacto jorra de cima para baixo, além das causas da divisão apontadas, devemos tambem considerar a acceleração devida à gravidade. Effectivamente, as moleculas liquidas proximas ao orifício de esgoto, possuindo menor velocidade do que as situadas nas regiões in- feriores do jorro, tendem a separar-se; e este facto determina o adel- gaçamento successivo do jacto, até que, vencida a adhesão molecular do liquido, succede a ruptura da veia. 2.º Caso. — Quando, porém, a velocidade do liquido é considera- vel (40 a 36” por 1"), o jacto apresenta fórma diversa. A parte lim- pida, que no anterior caso é consideravel, é n'este de pequenissima ex- tensão. O liquido jorra como que pulverisado, e fórma um cone de an- gulo muito agudo, cujo vertice está do lado do orifício de descarga, opaco e de um aspecto particular que revela a simples vista, ou mesmo pelo tacto, que é rigido e resistente como se fôra constituido por um PHYSICAS E NATURAES h5 corpo coherente. O seu trajecto no ar produz um som grave, fraco, que póde subir e reforçar-se em dadas circumstancias. Interpondo cautelo- samente no jacto, proximo ao orifício, ou mergulhando no liquido jor- rado o reservatorio de um thermometro de pequena dimensão, seme- lhantemente ao que acontece a um fio metallico quando acaba de pas- sar pela ficira, nota-se uma elevação de temperatura no liquido, em relação à da agua existente no deposito !. As causas da pulverisação ou divisão do liquido podemos reduzil-as principalmente a tres: 1.2, a fricção da veia nas paredes do orifício; 2.º, as diversas direcções com que as moleculas liquidas saem pelo bo- cal ou orifício de despejo; 3.º, o ar ou gazes misturados ou dissolvidos na agua. Com effeito, a veia liquida tendo menos velocidade na peripheria, pela fricção que soffre nas paredes do canal e orifício de esgoto, do que no proprio eixo, os differentes pontos do filete liquido tomam diversas ve- locidades, e d'aqui resulta a divisão do jacto em gottas. Do mesmo modo, as moleculas do liquido, saindo impellidas em direcções obliquas ao plano do orifício de esgoto, encontram-se ou ferem-se em determinados pontos da veia e tendem reciprocamente a dispersar-se. Finalmente, se a agua contém ar ou gazes dissolvidos em quantidade, o que póde acontecer, achando-se estes fortemente comprimidos pelo liquido, expandem-se subitamente à saida do bocal e produzem o desbaratamento do fluido. ! À perda de trabalho produzida pela fricção e choques do liquido nas pa- redes do orifício de descarga, torneiras, canaes e, naturalmente, entre as pro- prias moleculas, durante o movimento, que convém evitar, sobretudo se a agua serve de motor, é enorme; e póde bem apreciar-se, avaliando-a pelo calorico desenvolvido no liquido, como mostra o seguinte exemplo. Em experiencias feitas por mim, no Instituto Industrial, com um bocal conico convergente por onde jorrava a agua á pressão hydraulica de 7 atmospheras, a differença para mais da temperatura do jacto observada sobre a do liquido no deposito, foi de 2º, 25c. Ora, sendo a despeza pratica, n'estas experiencias, de 0k,180 de liquido por 1'!, e equivalendo o trabalho calorifico necessario para elevar este peso de liquido de 4º c. em 1! a 0,18 de caloria ou, em força mensuravel, a 77 kilogram- metros, suppondo o equivalente mechanico do calorico, com Zeuner, egual a 425 k. m.; o trabalho desenvolvido pelo liquido transformado em movimento thermico será =77>< 2,25 — 173,25 kilogrammetros ou 2,3 cavallos-vapor. Por outras palavras, uma machina, cuja potencia mechanica em cavallos for egual à força indicada, empregando toda a sua acção em aquecer 180 grammas de agua por 1", produziria uma elevação de temperatura identica à observada nas experiencias que acabamos de citar. 46 JORNAL DE SCIENCIAS MATIHEMATICAS Ora, é desta transição abrupta de fórma ou descontinuidade do filete liquido, produzida pelas causas apontadas, que provém a curiosa applicação hydraulica hoje conhecida, realisada no nosso rarefactor hy- dropneumatico. Effectivamente, as gottas ou globulos liquidos que no 1.º caso ori- ginam as apparentes tumefacções e estrangulações (ventres e nós) que se observam na parte descontinua do jacto, e que são numerosissimas quando elle se move com grande rapidez, teem a propriedade de, no seu trajecto, arrastar mechanicamente comsigo o ar alojado ou compre- hendido nos espaços intra-globulares, e o ar das camadas que atravessa, promovendo, d'esta arte, fortissima aspiração, que se transmitte de mo- lecula em molecula ao ar'que circunda o jacto e o obriga a affluir ao li- quido. Verificação experimental do phenomeno. — Póde-se facilmente verificar este curioso phenomeno da hydrodynamica, dirigindo perpendicular- mente um jacto de agua (de 3 ou 4 millimetros de diametro) para a su- perficie de um liquido estagnado e transparente, como a agua, por exemplo. Quando a parte do jacto incidente for a limpida e crystallina nada de notavel se produzirá no liquido estagnado; se, porém, a parte do ja- cto immergente for a descontinua, observaremos uma multidão de bolhas gazosas, redomoinhando sem cessar no seio do liquido até poderem emergir e voltar de novo à atmosphera !. Applicação d'esta propriedade dos jactos liquidos. — Se, por tanto, nós fi- zermos passar Oo jacto liquido, animado de grande velocidade, por um tubo curto, cujo diametro interior for pouco menor ou egual à maior dimensão transversal do jacto, e fizermos communicar este tubo, late- ralmente, mediante uma ou duas pequenas tubuladuras, com um reci- piente contendo um gaz, dispondo as coisas de modo que o ar não en- tre pelas duas extremidades do tubo, é claro que, em virtude dos fa- tos que enumerâmos, todo o ar situado entre as gottas liquidas será le- vado de envolta com o liquido, produzindo uma diminuição de tensão no ar, no interior do tubo, que se communicará às camadas circumstan- tes immediatas; então um certo volume de fluido elastico do recipiente afíluirá ao jacto, pelas tubuladuras, que, a seu turno, sairá promiscua- mente com a agua, originando nova diminuição de pressão no gaz con- tido no tubo, onde se precipitará nova porção d'este fluido, que será ex- ! À queda em chuva continua do chumbo de caça miudo, limalhas metalhi- cas, areias densas, etc., etc., produz identicos resultados. PHYSICAS E NATURAES h7 pulso do mesmo modo pelo liquido, e assim por diante, até que, em repetidas rarefacções, se conseguirá extrair todo o gaz do espaço con- finado. Para conseguir este resultado, na nova machina pneumatica, em- pregamos nós o dispositivo que se vê em córte na fig. 1, e representa o meu rarefactor convenientemente modificado e recentemente con- struido. Descripção do rarefactor hydropneumatico. — Com- põe-se este instrumento de um tubo adducior da agua 4, cujo angulo formado pelas suas pa- redes é aproximadamente de 42º, com o fim de augmentar a velocidade do liquido e facili- tar a sua divisão em gottas. A abertura mais estreita deste tubo conico tem cerca de 0”,003 de diametro, e póde, graças à disposição indi- cada na figura, penetrar mais ou menos no in- terior do tubo cylindrico abductor, B, de 0”,006 de diametro interno, fazendo-se o vedamento en- tre a caixa do rarefactor, r, e aquelle tubo, com tres ou mais discos de couro lubrificados, que se comprimem com uma porca enroscada na ex- tremidade superior da mesma caixa. Na cavi- dade ligeiramente conica d'esta caixa ajusta per- feitamente a peça, 7', que póde girar em torno do seu eixo como o macho de uma torneira, do interior da qual nasce o tubo abductor que con- duz a agua de envolta com o ar ao pequeno re- servatorio cylindrico, €, onde se accumula uma parte do liquido saindo o excedente pelo desa- guadouro, a. A meia altura do macho, 7, e perpendicular ao eixo do tubo, B, existe um canal recto que, em uma determinada posição (a representada no desenho), coincide exactamente com as duas tu- buladuras lateraes implantadas na caixa, 1, é continuadas pelos tubos de vidro gg; dando, porém, um quarto de revolução a peça, 7”, (90º) da esquerda para a direita, por meio da | cavilha o, intercepta-se a communicação entre os tubos, 99, e os adductor e abductor, A e B, e estabelece-se dºestes ul- h8 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS timos para a atmosphera, por um orifício existente na parte anterior da caixa 7, que permitte o accesso livre do ar. A isto se reduz o principal orgão da machina hydropneumatica, onde se opéra a aspiração ou rarefacção dos gazes; antes, porém, de descrevermos os accessorios desta machina, precisamos dizer algumas palavras sobre a theoria physica do rarefactor. Theoria do rarefactor. — A theoria physica do rarefactor não póde ser formulada por simples concepções ou principios estabelecidos á priori. A doutrina hoje geralmente acceita, de que não ha verdade physica se- não a que resulta da observação ou experiencia, foi a que nos guiou e conduziu a adopção do methodo experimental, preferivel aos outros me- thodos, e que tamanha revolução tem operado modernamente nas scien- cias physicas e naturaes. Estudar e prescrutar os factos taes quaes a na- tureza nol-os apresenta, em logar de imaginar como elles deveriam ser ou adivinhal-os, é o melhor meio de descobrir a verdade; todavia, para bem interpretar os phenomenos com que estamos ou não familiarisados, e po- der determinar as leis a que elles estão sujeitos, é preciso notar que a experiencia não basta; ainda que entre os factos exista alguma liga-. ção. Assim, não obstante o grande numero de experiencias que tenho repetido com o rarefactor e coordenado methodicamente, não foi facil, em presença de resultados, em apparencia, tão complexos e contradicto- rios, descobrir a theoria d'este instrumento e descriminar as circumstan- cias especiaes que modificam aquelles resultados; pois só depois de de- tidamente comparados e analysados os factos é que podémos contextuar a theoria que vamos expor, que não é rigorosa mas muito proximamente exacta. reennonanonnnaasorencnnana Os nossos primeiros ensaios com o rarefactor, foram todos consa- grados a uma verificação essencial, com referencia a duas hypotheses pos- siveis sobre o modo de actuar do liquido, isto é: se a aspiração se opéra em consequencia de um effeito physico, pela deslocação, ou de uma acção mechanica, pela impulsão da agua. Na primeira d'estas hypotheses, por cada volume de liquido esgo- tado, deveria ser aspirado um egual volume de gaz com tensão con- siante; porque, quando uma pequena porção do jacto descontinuo, sup- ponhamos uma gotta, se mover dentro do rarefactor, deixa necessaria- mente atraz de si um vacuo, gerado pela deslocação do liquido no tubo abductor, que, em virtude da expansibilidade ou força elastica dos ga- zes; será occupado instantaneamente por um egual volume de ar; se PHYSICAS E NATURAES 49 apoz este primeiro globulo liquido vier outro, como vem, animado da mesma velocidade, seguirá o ar arrastado por aspiração pela primeira gotta que considerámos, e, por sua vez, produzirá egual vazio no inte- rior do tubo, que será immediatamente preenchido por um egual vo- lume d'ar, e assim por diante, emquanto durar o movimento do liquido. Por conseguinte, tantas gottas ou globulos liquidos houverem pas- sado defronte das tubuladuras lateraes do rarefactor, tantos volumes de ar, eguaes ao de cada gotta, serão aspirados pelo instrumento; e por tanto o effeito produzido pelo jacto dividido sobre o ar, será analogo ao que produziria um embolo descontinuo, ou, para melhor dizer, uma se- rie de pequenos embolos, com intervallos eguaes e espessura, anima- dos com a mesma velocidade; effeito que não poderia ter logar se a parte do jacto que percorresse o tubo fosse a limpida e não a interrom- pida, que é a que importa, em todo o caso, aproveitar. Na segunda hy- pothese, o ar ou gazes seriam impellidos pelo liquido como o vento im- pelle as nuvens, o fumo ou a poeira; seriam, emfim, levados por um pequeno turbilhão, diferente dos que admittem Rankine, Rodtenbacher e outros, nas suas engenhosissimas theorias metaphysicas, mas, quanto ao modo de actuar, analogo ao turbilhão giganteo de Descartes, que im- pelliria o nosso satellite e os corpos planetarios. N'esta ultima hypothese, a relação entre o volume liquido e o gazoso impellido pela agua, não é facil de prever; por isso, e para saber qual das conjecturas é admissivel e irrecusavel, a primeira serie de experiencias tentadas com o rarefactor teve por objecto a determinação da relação entre o volume de agua despendido a diflerentes pressões hydraulicas ou cargas; e o de gaz, com tensão constante, pelo liquido arrastado. Para este fim, installâmos o rarefactor, depois de bem regulado, em condições de poder funccionar sob varias pressões hydraulicas co- nhecidas, é de modo que podessemos medir directamente o volume de liquido esgotado. Feito isto, tomâmos um balão de baudruche, muito leve, cuja capacidade, de 54 decimetros cubicos, foi cuidadosamente medida, e enchemol-o de ar à pressão barometrica de 0",765, tendo adaptado previamente ao collo do reservatorio membranoso uma torneira de me- tal, que fechâmos depois da entrada do ar, e um tubo de vidro de 12 millimetros de diametro. Collocado o balão sobre uma mesa, com a tor- neira apoiada convenientemente, fizemos mergulhar a extremidade livre do tubo de vidro em um copo contendo agua; abrindo a torneira, e re- tirando gradualmente do liquido o tubo que haviamos mergulhado, ob- servâmos que 0 ar não saia, apesar da parte do tubo molhada pelo li- quido ter apenas millimetros de immersão. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIII. k 50 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Esta experiencia preparatoria, senão prova que o peso da mem- brana do balão é completamente impotente para forçar o ar a sair pela abertura da torneira, mostra que pouca influencia póde elle ter na jus- teza dos resultados dos ensaios que vamos apresentar 2. Feita esta verificação, ligimos o tubo de vidro junto à torneira às tubuladuras lateraes do rarefactor, que fizemos funccionar, e abrimos rapidamente a torneira do balão, cheio previamente do ar. Passados al- guns minutos, quando já não havia gaz dentro do envolucro, fechâmos a torneira da agua do rarefactor ; e, medindo o volume de liquido des- pendido em cada experiencia, obtivemos, como média, os numeros in- seriptos no seguinte quadro, em que os coeficientes de aspiração, sendo visivelmente e com pequenissimas differenças multiplos do primeiro, po- dem ser tomados, para facilidade dos calculos, pelos representados pe- los algarismos da ultima columna, Volume de agua recolhido Volume de ar aspirado por 54 d. c. de ar aspirado por 4 litro de agua ou à pressão de 07,765 coelficientes de aspiração Pressões hydraulicas ou cargas em atmospheras litros litros De sms atado 135,00 asas 0,40 ou 0,40 DE pI EI Re pp 0,79 » 0,80 ER pues prittd isa NÃO est tie 119 » 1,20 ENO rs da apatia E 1,58 » 1,60 aa and pondê AT, Lis gua 1,98 » 2,00 D Oba: a5tuurade DO orisrála 2,38 » 2,40 ERES L IEL elit a LOsSD russa a 278 » 2,80 BA. cds o eisera Ls im 17,04 q cosas; Tupy SG80 di Sa ÀS soil css ea 15,25 nv eae 3,94 » 3,60 Boba sus iai e ol 60 rage 3,97 » 4,00 Da iptu pelas 12,29 eusrecado som 4,39 » 4,40 Due pre ua: Sh NAÇÕS ra Sta 4,76 » 4,80 Deduz-se destes algarismos, que, no rarefactor, o volume de liquido gasto para extrair um dado volume de ar, com tensão constante, é in- versamente proporcional à pressão hydraulica; e que o volume de ar, à ! A medição dos gazes, no caso que actualmente nos oceupa, faz-se com suf- ficiente exacção d'este modo, e com mais rigor do que empregando contadores seccos ou molhados, nos quaes um augmento de attrito nas rodagens ou algum orgão do mechanismo, invalida muitas vezes a contagem volumetrica do instru- mento. PIYSICAS E NATURAES 51 pressão normal atmospherica, arrastado por um volume constante de agua, é directamente proporcional à pressão que o liquido tiver; de modo que um volume de agua, supponhamos um litro, segundo a pressão hydrau- lica for 0,5, ou 6 atmospheras, assim póde aspirar, em um rarefactor conveniente construido e regulado, 0,40 ou 4,80 litros de ar; o que mostra peremptoriamente a inadmissibilidade da primeira hypothese e ipso facto o fundamento da segunda . ! Estas conclusões que nós consagramos particularmente ao rarefactor, tor- nam-se extensivas a outros apparelhos. A aspiração do ar produzida pela agua nos insufladores hydraulicos (trom- pes dos francezes), machinas muito usadas nos paizes montanhosos e appli- cadas principalmente na metallurgia de ferro, arejamento das minas, etc. etc., é atribuida, em algumas obras que temos consultado, à contracção da veia li- quida. Alguns auctores tambem, por se não conformarem, provavelmente, com a explicação que se encontra nos livros de physica, affirmam que a theoria d'aquellas machinas não é conhecida. Ora, o estudo e a applicação que fizemos, antes e depois da minha primeira publicação sobre o rarefactor (junho de 1870), das propriedades e estructura dos jactos liquidos, convenceu-nos que, tanto pela fórma da machina como pelas suas dimensões, a aspiração do ar, de- vida e attribuida exclusivamente à contracção da veia fluida, devia ser pouco consideravel ou mesmo nulla; porque, para que possa apparecer o phenomeno descoberto por Venturi, da sucção pelo estreitamento da veia ou jacto d'agua, é indispensavel que, em seguida à região contraída, haja, entre a veia c todos os pontos em uma certa extensão das paredes do canal em que desagoa, com- pleta adhesão ou perfeito contacto ; e nessas machinas, como é facil de prever, é esta condição ordinariamente irrcalisavel; porque, além de serem construi- das com pouco esmero, o orifício do bocal por onde jorra o liquido é muitas ve- zes circular, e o tubo que recebe a agua de secção maior e quadrangular. Mas, suppondo até que o tubo é cylindrico, como o liquido caindo da altura de uns poucos de metros adquire cada vez maior celeridade, as suas moleculas, tendo durante a sua queda differentes velocidades, rompem a cohesão do li- quido e obrigam-n'o a dividir-se a uma distancia dos aspiradores ou orificios de entrada do ar, que depende da grossura e da velocidade do jacto. O liquido as- sim dividido no seu trajecto dentro do tubo, actua como uma serie de embolos mal ajustados nas paredes do canal; arrasta o ar n'elle contido, e produz um vacuo no interior da machina, que promove, pelas aberturas lateraes superio- res, a aspiração de todo o ar que tem de ser utilisado n'outro logar. É, portanto, á divisão e queda da massa liquida que atravessa o tubo, e não à contracção da veia, que se deve attribuir, na referida machina, a verdadeira causa da sucção, phenomeno que tão mal interpretado tem sido. Da velocidade e volume do li- quido despendido é que deve depender, principalmente, a quantidade de ar pela machina injectado. k « ) JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Ea b9 Desembaraçados já do dilemma, e admittida definitivamente a hy- pothese da impulsão, resta saber se aquella relação dos volumes, para o caso do ar, é applicavel aos gazes de diversa natureza. Repetindo as mesmas experiencias com o oxygenco, gaz iMuminante e acido carbonico, cujos pesos especificos são respectivamente, em rela- ção ao do ar, 1,105, 0,470 e 1,529, obtivemos identicos resultados, não obstante a densidade do gaz carbonico ser cerca de uma vez e meia a do ar. Com os gazes de maior densidade, por serem todos mais ou me- nos atacados pela agua, não experimentámos !; mas com o hydrogeneo, gaz excessivamente leve, cuja densidade, segundo Regnault, é ==0,0692, observâmos que, representando pela unidade o volume d'agua preciso para aspirar um litro d'ar à pressão normal atmospherica, devemos re- presentar por 1,08, proximamente, o volume necessario para arrastar O mesmo litro do metal gazoso com tensão egual. ) Este facto, que vem ainda em apoio do effeito da impulsão, embora apparentemente contradictorio, pois achamos mais facil impellir ou ar- remessar um corpo leve do que um grave, é comtudo perfeitamente coherente com o que nos mostra em muitos casos a experiencia e a observação. Todavia, raciocinando e analysando physicamente o facto, pôde parecer que a differença entre aquelles dois numeros deveria ser muito maior; pois contendo todos os gazes debaixo do mesmo volume, à mesma pressão e temperatura, egual numero de moleculas; e sendo as do hydrogeneo, como o demonstram muitas experiencias e varias considerações theoricas, mais finas que as dos outros gazes, acham-se consequentemente separadas por grandes intervalos ou vacuidades in- ter-moleculares e devem, por assim dizer, fugir ou escapar à acção im- pulsiva das particulas liquidas, e tanto mais quanto o gaz simples for mais leve ou rarefeito do que o ar; isto é: na proporção das densida-. des correspondentes; se attendermos, porém, á immensa mobilidade e elasticidade d'aquelle gaz, das quaes resulta a enorme velocidade com que elle se precipita no vacuo (1500 metros por segundo), que é 3,8 ve- zes, proximamente, maior que a do ar (394 metros), ou na razão inversa da raiz quadrada das densidades dos dois fluidos, facil é comprehender esta apparente contradicção, e achar razão de ser d'aquelle facto. ! Em um rarefactor do meu systema, construido especialmente para func- cionar com mercurio em vez d'agua, que rivalisa em resultados com as melho- res machinas pneumaticas, e de que daremos opportunamente noticia, faremos este estudo mais completo, por meio de experiencias com o ar e mais alguns gazes simples e compostos. PHYSICAS E NATURAES 53 Em conclusão, pois, podemos admittir, em geral, as duas proposi- ções que acima deduzimos; e que, a ajuizar pelo que vimos com o hy- drogeneo, a rapidez da aspiração dos gazes é independente das densi- dades e a mesma para todos elles. Finalmente, os numeros expostos no quadro que apresentâmos, como tivemos occasião de verificar, podem variar, e variam com effeito, com as dimenções do instrumento conve- nientemente construido; comtudo são elies ainda concordantes, e amol- dam-se bem às regras inferidas dos resultados das experiencias que colligi. Esclarecido este ponto principal, vejamos outro, que consiste em determinar o limite da rarefacção do ar, contido em recipiente, corres- pondente a varias pressões do liquido. Limite da rarefacção— A determinação experimental deste limite é facil; reduz-se a fazer funccionar o rarefactor, sob diversas cargas co- nhecidas, e fazel-o communicar simplesmente com um bom barometro de mercurio ou manometro do mesmo metal, e a tomar nota dos nu- meros que a experiencia indicar. Ensaios repetidos, feitos deste modo, deram-me a seguinte média: Limite da rarefacção ou da força elastica do ar Pressões hydraulicas em atmospheras SA : - no recipiente, em centimetros de mercurio BERRO ue TOR AD IG + ev OO SRGOO DENT, ES AS DEM BE E 60,9 ERR IST!S dx JRR fai GU ral 40,0 SNS a) 15354), AMRS SPD EN DS 25 Ci do ER SPRITES 9,2 2 To e UR MR VPL IDE A À a LO a DO CA 22 EUR o a o, E NA SI A 0,9 BLETIESE cusro as 34 sidia do BEN SS BS é 0,9 te jp PS api dd 0,9 PA URV (RAP DEAR REU RES CEAR O se 0,9 E ol 2 UNE DMRMPLENRRO AMO CUM AS DR (o PR 0,9 ELE isa DS ASS AR À 0,9 DOES! 25 SO SA MA UT - 0,9 Estes numeros, como se vê, mostram claramente que a rarefac- ção augmenta com a pressão hydraulica até um certo ponto; e além disso, que se mantem estacionaria em 9", com cargas superiores a 3 atmospheras; o que faz parecer que não é possivel conseguir um vacuo inferior, n'este apparelho. O nosso empenho, porém, vae mais 5h JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS longe. É necessario investigar e saber a que regras ou leis estão estes resultados sujeitos, visto que a simples inspecção do quadro nada nos revela ou indica a tal respeito. Lei da rarefacção deduzida dos resultados das experiencias. — Nºeste intui- to, depois de algumas combinações infructuosas a que sujeitâmos aquel- les algarismos, recorremos ao traçado graphico, que consistiu em mar- car sobre uma linha recta horisontal, a partir duma extremidade ou ori- gem, varios pontos, cujas distancias entre si representavam as pressões do liquido em atmospheras ; e levantar de cada um destes pontos, per- pendiculares (ordenadas) e marcar n'ellas comprimentos equivalentes às rarefacções observadas, em centimetros de mercurio, correspondentes às cargas; fazendo depois passar pelas extremidades das verticaes uma li- nha que unisse todos esses pontos, obtivemos uma curva regular, tendo por eixo uma linha parallela às ordenadas, e por cordas as abscisas. Medindo a relação entre as ordenadas e as abscisas seccantes nos diffe- rentes pontos da curva, vimos que esta se confundia sensivelmente com a parabola, ainda que um pouco imperfeita nos pontos proximos do ver- tice. Tomámos então papel quadriculado, traçámos n'elle, segundo as regras geometricas conhecidas, uma parabola perfeita, cujo eixo, que to- mâmos para ordenada, representava as forças elasticas do gaz; e as cordas ou abscisas, as pressões hydraulicas ou cargas. Marcâmos na li- nha horisontal, como no ensaio anterior, extensões equivalentes às diffe- rentes pressões do liquido já indicadas; tirâmos perpendiculares dos di- versos pontos marcados que fossem encontrar a curva, e reconhecemos desta vez, que os numeros praticos fazem uma insignificante differença dos que indica o traçado graphico, devida provavelmente a pequenos erros inevitaveis de observação. Das propriedades da equação da para- bola se deduz, que as forças elasticas do gaz no recipiente, são inversa- mente proporcionaes aos quadrados das pressões hydrawlicas necessa- rias para as produzir. O limite da rarefacção varia tambem com a temperatura. — Além, porém, da lei que fica deduzida, uma revelação curiosa fez o diagramma; e vem a ser: que com uma pressão hydraulica de proximamente 3 atmosphe- ras, o vacuo completo deve ser possivel n'esta machina. Ora, se isto é verdade, como explicar então a persistencia da ten- são ou força elastica do gaz em 9””, como indica a experiencia, a des- peito do augmento de pressão do liquido? Attribuimol-a primeiro a imperfeições da machina; mas, mais tar- de, confrontando os resultados de muitas experiencias feitas no verão e - no inverno passados, reconheci que aquelle numero (9””) augmentava, PHYSICAS E NATURAES 55 não com a temperatura da agua, mas com à da atmosphera, ou para melhor dizer, com a temperatura dentro do recipiente. Eis aqui os numeros extraídos de varios apontamentos sobre este assumpto : Temperatura do ambiente Limites da rarefacção ou do recipiente (Cargos superiores a 3 atmosphera) 40% 00uga as saéida kogjali “+ 9,00 millimetros de mercurio E a TO 11,00 » : Rad css ..s.- à tora dir SR 12,25 » » BRO ps ses as: a 414,00 » » RR cas assessed; 16,00 » » AR 19,50 » » Em vista destes numeros, a razão porque o limite da força elas- tica do gaz rarefeito no recipiente cresce com a elevação da tempera- tura, é obvia. Todos sabem com que instantanea rapidez um liquido se reduz a vapor no vacuo e o satura ou enche completamente com os seus vapores. Haja vista o que acontece quando se introduzem algumas got- “tas d'agua, alcool ou ether, no vacuo da camara barometrica: a co- lumna mercurial deprime-se immediatamente, e tanto mais quanto mais elevada for a temperatura, e mais baixo o ponto de ebullição do liqui- do. Pois com a machina da-se exactamente o mesmo facto; é o liquido motor quem se vaporisa, passa no estado de gaz o recipiente, e im- pede em parte a realisação do vacuo completo 1. Elffectivamente, se compararmos os numeros citados com os das for- cas elasticas do vapor d'agua, áquellas temperaturas, vê-se que são muito proximamente eguaes; e se rarefizermos o ar ou acido carbonico em uma redoma em que se colloque uma porção de fragmentos de po- tassa ou soda caustica, a tensão final do gaz, dentro da redoma, será a que possue 0 vapor aquoso à temperatura a que elle se achar no invo- lucro de crystal; mas se além da base alcalina, collocarmos tambem sob o recipiente, uma capsula com acido sulfurico concentrado ou mo- nohydratado, o vacuo torna-se muito mais perfeito o chega a ser de 1!/a millimetros de mercurio 2. O acido do enxofre, avido d'agua, absorve-a ! Quando digo vacuo completo, refiro-me simplesmente ao maximo grau de rarefacção da materia que os physicos podem obter; porque, como todos sabem, o vacuo perfeito é praticamente impossivel. 2 2 O acido sulfurico monohydratado E o |ritando toma um equiva- lente d'agua, ou passa à bihydratado, libertando cerca de 65 calorias, a sua tem 26 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS até no estado hygroscopico ou de humidade; e é por este motivo, é para o mesmo fim, que o empregamos na nossa machina, como veremos, quando tratarmos das mais peças do apparelho. Resumindo, pois, este capitulo, vemos que a força elastica de um gaz rarefeito pelo liquido, é na razão inversa dos quadrados das pres- sões hydraulicas; e que 0 limite da rarefacção natural, corresponde à tensão que o vapor d'agua possue na temperatura em que o recipiente estiver. (Continua) cre ueaeto e aaa marte e) peratura eleva-se consideravelmente, e succede que, pelo calor irradiado do seio do acido, a tensão do vapor aquoso, dentro do recipiente, cresce depois de ter attingido um minimo, se a experiencia se prolonga por muito tempo; para con- servar este minimo de força elastica obtido pela hydratação do acido, é neces- sario fechar a communicação com o rarefactor, depois de feito o vacuo, e dei- xar esfriar o acido por si mesmo, ou refrigeral-o mediante um artificio qual- quer. PHYSICAS E NATURAES fi 4. Breve noticia sobre os granulos chinezes anti-cholericos POR A. A. DE AGUIAR O anno passado, o sr. José Augusto Alves do Rio, regressando de Macau a Lisboa, depois de completar ali uma estação naval, trouxe-me o remedio que na China empregam para combater o cholera. Impres- sionado por este facto, e desejoso de tornar conhecida a substancia que a ser verdade o que dizem della, constituiria um notavel descobrimento, quiz trazer comsigo para a Europa aquelle especifico, que os medicos de Macau já teem usado no tratamento do cholera, e ao que parece com decidida vantagem. Como é natural, esta singular lembrança despertou a minha curio- sidade, tanto mais que o remedio vinha da China, envolvido em grande mysterio e com pretenções de deixar na sombra todas as tentativas in- fructiferas dos europeus, que na materia em questão, conhecem optima- mente a doença, mas não estão egualmente habilitados nos meios de a curar. Comecei o exame cheio de incredulidade, não porque duvide abso- Jutamente da sciencia dos chinezes, que é tão pouco conhecida na Eu- ropa; mas, porque n'um paiz como a China deve ser crescido o numero de charlatães, e o cholera offerece a estes um vasto campo de explora- ção; além d'isso observando, n'um exame superficial, a grande quanti- dade de materias organicas que havia no remedio, era obrigado a des- crer antecipadamente da analyse, porque a chimica, que já chegou em nossos dias a um estado de progresso e adiantamento admiraveis, ainda não possue bons methodos para descriminar todas as substancias, como tambem não possue processos para fabricar os musculos nem para pre- parar o sangue. Nada mais facil que, mesmo depois de se haver pro- vado a eflicacia do remedio, e de se ter feito a analyse delle com todo 58 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS o desvelo, continuarmos a desconhecer-lhe a natureza, se fosse algum principio organico pouco vulgar e desconhecido na sciencia, um orgão de um vegetal ou uma planta qualquer, que só lá houvesse, e que effe- ctivamente gosasse a virtude de curar cholericos. Para corresponder ao offerecimento que me haviam feito, puz de banda as hesitações, e resolvi-me a perder o tempo, que era o mais que poderia chegar a perder, se não tivesse a fortuna de pôr a mão so- bre o principio activo da preparação chineza. Pouco tempo depois, po- rém, e contra a minha espectativa, encontrava arsenico. Este facto cha- mou decididamente a minha attenção sobre o assumpto. Não é facil ima- ginar que se empregue um veneno d'esta ordem, nem mesmo na China, senão quando se sabe e conhecem profundamente as propriedades de uma droga, cujos effeitos nos obrigam a empregal-a com a maior pru- dencia. Compete aos medicos tomar a observação no valor que ella mere- cer. Deixo de parte qualquer apreciação a que não seja obrigado à en- trar no campo da minha especialidade. Não aceitei nem aceitaria pro curação dos chinezes para lhes defender na Europa os seus granulos ar= senicaes. Se o acido arsenioso é effectivamente um bom remedio para o cholera não me pertence affirmar; o que sei é que os chinezes o usam no tratamento d'esta doença. Os granulos anti-cholericos são vermelhos, do tamanho de um grão de milho miudo, muito eguaes e preparados com gxtremo cuidado. Vendem-se, nas Doticas chinezas, dentro de frasquinhos de vidro verde, rolhados com cera amarella, fortemente impregnada do cheiro de almiscar. Cada frasquinho encerra aproximadamente duzentos globulos, os quaes, n'um frasco que chegou quebrado, vinham cobertos de uma pe- nugem branca ou efflorescencia, que se destacou com facilidade, não ma- nifestando os granulos, depois de limpos, alteração profunda na massa de que são formados. Accusam sensivelmente o mesmo peso; e differem de uns para os outros, nos ensaios que fiz, em menos de meio milligramma; perfeição esta que não surprehenderá a quem conheça de perto a paciencia dos chinezes. Não posso, sobre a applicação dos granulos, prestar esclarecimen- tos aproveitaveis. Lembra-se vagamente o sr. Alves do Rio que os me- dicos chinezes costumam empregal-os na dóse de quatro até quinze gra- nulos de cada vez; e não ousa affirmar, mas parece-lhe ter ouvido dizer que se applicam aos doentes do sexo feminino em numero par, e em PHYSICAS E NATURAES 59 numero impar aos do sexo masculino; pormenor que imprime ao reme- dio uma feição decididamente chineza. Teem ao principio sabor assucarado, depois adstringente e leve- mente amargo; cheiro agradavel, aromatico, predominando o do almis- car. Parecem polidos e apresentam grande rijesa. Os granulos foram atacados pelo acido nitrico fumante (45º B), que reage com violencia sobre elles, deixando apenas por atacar uma substan- cia vermelha em pequena quantidade: — cinabrio. Juntando alguns crys- taes de chlorato de potassio, o corpo vermelho desapparece, dissolven- do-se completamente. O liquido obtido evapora-se à seccura em banho- maria, e o residuo, que é amarellado, trata-se por agua quente. Pela filtração obtem-se uma solução amarellada, e um residuo insoluvel. O residuo é insoluvel em quasi todos os reagentes; secco na es- tufa e calcinado espalha fumos brancos, ennegrece um pouco (materia organica), e fica uma parte inteiramente fixa, composta de silicatos e oxydo de ferro. O acido fluorhydrico volatisa pouco mais de um terço deste residuo. A solução primitiva, depois de acidulada com acido chlorhydrico, foi submettida ao processo geral de analyse, fazendo passar por ella uma corrente de sulphydrico, a uma temperatura pouco superior a 50º c. No fim de algumas horas, filtrou-se o precipitado dos metaes do primeiro e segundo grupos, e tratou-se, depois de bem lavado com agua, pelo sulfureto de ammonio, que deixa apenas sobre o filtro um residuo negro (metaes do 2.º grupo), insoluvel no acido nitrico a quente, e que, tratado por agua regia convenientemente, dá, com acido sulphy- drico, um precipitado branco, que se faz depois amarellado e finalmente negro, havendo excesso de reagente; e com o protochloreto de estanho precipitado branco, que pelo calor ennegrece. Conclusão: o precipitado negro insoluvel no sulfureto de ammonio é sulfureto de mercurio. A solução dos sulfuretos do 1.º grupo no sulfureto de ammonio foi tratada pelo acido chlorhydrico até se manifestar reacção acida. O precipitado, no momento de formar-se, é francamente amarello, porém muda de côr a pouco e pouco fazendo-se esverdeado. Deposto sobre um filtro, o carbonato de sodio ou a ammonia dissolvem-no, ficando apenas um residuo inteiramente soluvel no sulfureto de carbonio, e completamente volatil (enxofre). A solução alcalina do precipitado em presença do acido chlorhy- drico precipita um corpo amarelo, que, com o tempo, ainda adquire coloração esverdeada. Se em vez de a neutralisarmos pelo chlorhydrico , 60 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS evaporarmos a dissolução do sulfureto no carbonato de sodio em banho- maria, juntando-lhe, depois de se levar à seccura, cyaneto de potassio, obteremos pela calcinação d'esta mistura, bem secca, n'uma corrente de acido carbonico, manchas espelhentas na extremidade do tubo em que se faz o ensaio (methodo de Fresenius). Caracteres das manchas : 1.º São volateis. 2.º O gaz sulphydrico torna-as amarellas (sulfureto de arsenio). 3.º O acido chlorhydrico não dissolve o sulfureto formado. k.º Os vapores que saem do apparelho teem cheiro alliaceo. Conclusão: o sulfureto amarello é o trisulfureto de arsenio. A côr esverdeada é-lhe communicada por um vestígio de materia organica que o tratamento ordinario não chega a eliminar. A solução dos metaes do 3.º grupo, d'onde separâmos, no estado insoluvel, arsenio e mercurio, neutralisada pelo ammoniaco, e tratada por sulfureto de ammonio, dá ao cabo de vinte e quatro horas um in- significante precipitado negro soluvel no acido chlorhydrico. Esta solução chlorhydrica, evaporada com acido nitrico convenien- temente, dã com ferrocyaneto de potassio precipitado azul; com sulfo- cyaneto de ammonio coloração rubra. Conclusão: Vestigios de ferro. A dissolução dos metaes do 4.º e 5.º grupos tratada pelo chlorhy- drico, evaporada à seccura e calcinada para expellir os saes ammonia- caes, deixa um residuo, que dissolvido em agua, accusa do 4.º grupo a cal e a magnesia e do 5.º grupo a soda. Materias organicas.— Os granulos pulverisados e postos em diges- tão no alcool forte a quente, abandonam-lhe uma materia amarella que, obtida por evaporação do alcool, se faz vermelha em presença do car- bonato de sodio, recuperando a côr amarella em contacto com os aci- dos. Esta substancia é o rhuibarbo, o quar produz reacções identicas, com estes reagentes, como verifiquei directamente, e ainda por outros ensaios que é inutil reproduzir. O alcool fraco com carbonato de sodio dissolve o rhuibarbo e o almiscar. Para determinar o estado de combinação em que se acha 0 arse- nio nestes granulos, fiz varias experiencias, não podendo dilatal-as tanto quanto desejava por não possuir materia sufficiente à minha disposição; o que egualmente me impediu de proceder em separado ao doseamento de algumas substancias secundarias; doseamento que não me parece to- davia muito necessario. PHYSICAS E NATURAES 61 D'essas experiencias concluo que o arsenio deve estar nos granu- los no estado de acido arsenioso, acompanhado pelo rhuibarbo, que é uma substancia muito empregada na China, sendo todos os outros cor- pos que a analyse denuncia, mais uma confirmação das tendencias poly- pharmacas dos chinezes. O que ha de notavel nesta preparação é o acido arsenioso appli- cado ao tratamento do cholera-morbus. Deve averiguar-se se o empre- gam em alta dóse, como o fez já em Paris, no anno de 1865, o medico Cahen no hospital de Rotschild. A dóse de acido arsenioso, indicada por este medico, oscilla entre 2 milligrammas e 4 centigrammas por dia, e cada frasco chinez de 200 granulos contém 3 decigrammas de acido ar- senioso. Seria tambem conveniente reconhecer os limites em que o arsenio varia nas preparações chinezas anti-cholericas, e para o verificar conto com a amisade e benevolencia do sr. Alves do Rio, que me prometteu obter novos specimens para serem analysados. Beso médio decada! SrdnUÃO. scam caravana sis 0:",0068 COMPOSIÇÃO NR RIONALSENIOSO e scccinsss caso ca déa 0º",00150 RABO 66 5; to oco SERA irado) sós to "00020 Residuo insoluvel (silicatos, oxydo de ferro e outras substancias) ....... 05",00023 Rhuibarbo | Almiscar Assucar Gomma Antimonio PNL io 0º",00487 Ferro Cal Magnesia Soda Acido carbonico | 0:",0068 Í »vestigios O doseamento do arsenio foi feito no estado de arseniato ammo- niaco magnesiano (2 (Mg 0) AzH*. As0º-- aq), e no estado de sulfureto (As 8º). Março de 1872. 62 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS LOOLOGIA Teo EA) mma À. Molluscos terrestres e fluviaes de Portugal POR A. LUSO DA SILVA (Continuação) MOLLUSCOS CEPRALOPIOROS Gasteropodos inoperculados Pulmonaceos Monoicos Fam. dos CARACOES Gen. Pupa. (Drap.) Concha dextra, raramente esquerda, cylindrica, algumas vezes ven- trosa, mais ou menos espessa. Spira alongada. Umbigo fendido. Aber- tura meio oval ou arredondada, quasi angulosa na parte inferior, pela maior parte dentada ou rugosa. + Pupa fragilis (Drap.) Concha esquerda, alongada, subfusiforme, lusente, striada, delgada, fragil, meio transparente, d'um corneo castanho amarellado. Spira de 7-9 voltas. Suturas profundas, um pouco obliquas. Vertice algum tanto agudo. Apenas perfurada. Abertura pyriforme. Peristoma quasi inter- rompido, levemente reflexo, delgado, cortante. No Porto e arredores; muito abundante nos jardins e quintaes nas paredes, nas cascas das ar= yores, e principalmente nas videiras velhas. PHYSICAS E NATURAES 63 Pupa granum (Drap.) Concha dextra, alongada, sub-cylindrica, delgada, pouco solida; d'um cornco amarellado, unicolor. Vertice um pouco obtuso. Umbili- cada. Spira de 7-9 voltas convexas. Suturas profundas. Abertura quasi arredondada. Pregas superiores 1. Columellares 2, profundas. Palatais k. Peristoma interrompido, delgado, cortante. No Algarve. Observações: — Entre as pupas que encontrei num dos meus pas- seios a Leiria achei apenas um só exemplar d'esta concha; e em Covello, freguczia que confina com a d'Aguiar do Souza, 2 leguas pouco mais ou menos do Porto, encontrei um outro exemplar. Pupa muscorum (Pfeiff.) Concha dextra, ovoide-cylindrica, delgada, solida, d'um corneo ama- rellado, unicolor. Spira de 6-8 voltas um pouco convexas. Suturas pro- fundas. Vertice obtuso. Umbigo mediocre, um pouco obliquo. Abertura arredondada. Pregas superiores 1, dentiforme. Peristoma interrompido, algum tanto evasado e apenas reflexo; com um rebordo exterior branco ou amarellado. No Algarve. Observações: — Não assevero a existencia d'esta concha em Portu- gal, apesar de a ter na minha collecção entre os nossos molluscos e te- rem-m'a assim ofierecido; pois podia ser confusão da parte da pessoa que a offereceu. Além disto a Pupa muscorum, que Mr. Morellet en- controu, sendo a P. muscorum de Drap. é a Vertigo muscorum de Mich. cujos caracteres são diversos; e a qual diz Mr. Morellet que encontrára nas duas extremidades de Portugal, no Algarve e Traz-os-Montes, e que ahi é muito espalhada. Ora eu não encontrei ainda nem uma nem ou- tra, tendo feito passeios com o fim só de procurar esta concha. É no- tavel apparecer no Algarve e saltar à provincia de Traz-os-Montes, sendo ahi muito espalhada e não apparecer ainda no Minho. Pupa secale (Drap.) Concha dextra, alongada, solida, dum corneo acastanhado, unico- lor. Spira de 9-10 voltas, pouco convexas. Suturas um pouco obliquas, profundas. Vertice algum tanto agudo. Umbigo obliquo. Abertura oval, 64 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Pregas superiores 2; columellares 2; palatais 4. Peristoma interrom- pido, evasado, pouco reflexo, espesso, esbranquiçado. Em Lisboa e Condeixa a velha. * Pupa umbilicata (Drap.) Concha dextra, cylindrica, delgada, solida, luzente, um pouco trans- parente, d'um corneo acastanhado ou amárellado, unicolor. Spira de 7-8 voltas pouco convexas. Suturas quasi horisontaes, profundas. Vertice ob- tuso. Umbigo um pouco obliquo. Abertura oval obliqua. Pregas supe- riores 1. Peristoma interrompido, evasado, reflexo, branco ou quasi branco. No Porto e em todos os seus arredores, por toda a parte é em todos os logares, abundantissima, Observações: — Esta pupa é extremamente espalhada dentro e fóra do Porto, por toda a parte, nas paredes velhas, debaixo das heras, nos musgos, nas cascas das arvores, etc., etc. Tambem se encontram, e egualmente abundantes, a variedade sem prega e a variedade mais pequena, globosa, com rudimento de prega e o peristoima quasi roseo ou vermelho amarelado. Gen. Vertigo. (Múll.) Concha dextra ou esquerda, cylindracea, pequena. Spira alongada. Umbigo quasi sempre fendido. Abertura mediocre, meio oval, dentada ou sem pregas nem dentes. Peristoma delgado. : * Vertigo anglica (Fer.) Concha dextra, ovoide, solida, lusente, d'um corneo castanho amá- rellado, unicolor. Spira de 5-7 voltas. Suturas profondas. Vertice ob- tuso. Perfurada. Abertura arredondada. Pregas superiores 2: columel- lares 1; palatais 2. Peristoma sub-continuo, evasado, reflexo, esbran- quiçado. Arredores do Porto. Observações: — Encontrei pela primeira vez esta vertigo em S. Fe- lix da Marinha e depois em S. Pedro da Cova e na freguezia de Covello; porém, em S. Felix mais abundante. Nas pedras debaixo dos musgos. +» Vertigo pygmaea (Fer.) Concha dextra, cylindrico-ovoide, um pouco solida, luzente, d'um castanho amarellado, unicolor. Spira de 5-6 voltas, convexa. Suturas PHYSICAS E NATURAES 65 bem marcadas. Vertice obtuso. Umbigo um pouco obliquo. Abertura arredondada oval. Pregas superiores 1; columellares 1; palatais 3. Pe- ristoma interrompido, um pouco reflexo, com um rebordo exterior. Em S. Felix da Marinha, debaixo da relva. Observações :— Encontrei esta vertigo em S. Felix da Marinha em um logar todo coberto de relva, junto do Rio das Cabras, na aldeia de Moinhos e muito multiplicada, ainda que não era muito extensa a área habitada por ella. Não a tenho encontrado em outra parte. Fam. das AURICULACEAS Gen. Carychium. (Mill.) Concha dextra, oval, mais ou menos espessa, subtransparente. Spira alongada. Umbigo fendido. Abertura obliqua, alongada, dentada ou com pregas. Peristoma reflexo. *Carychium minimum (Mill.) Concha ovoide, ventrosa, pequena, um pouco solida, luzente, trans- parente, branca ou d'um branco pallido, às vezes amarellado, unicolor. Spira composta de 4-5 voltas, pouco convexas. Suturas bem marcadas, algum tanto obliquas. Vertice um pouco obtuso. Umbigo obliquo, muito estreito. Abertura obliquamente oval, subpyriforme. Pregas superiores 1; columellares 1. Palatais 1. Peristoma subcontinuo, unido por uma callosidade, espesso, reflexo, branco. No Porto, no Bicalho nas paredes onde corre agua, nas plantas aquaticas. Em S. Felix da Marinha, em Amarante e S. Simão de Gouvea; nos pequenos regatos, nas pedras, e folhas mortas que fluctuam na agua. Observações: —Meu irmão Henrique Augusto da Silva achou em Massarellos uma variedade curiosa: mais curta, com uma volta de me- nos e d'um corneo amarellado desmaiado, um pouco mais cylindrica. A primeira é sempre muito abundante nos logares aonde apparece. (Continua) ERRATA DO NUMERO ANTECEDENTE Pag. 259. Gen. Clausilia— onde se lê: Concha arqueada— lêa-se: Con- cha esquerda. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. —N. XIII. 5 66 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2. Aves das possessões portuguezas da Africa ocidental POR J. V. BARBOZA DU BOCAGE SEXTA LISTA Recebemos em janeiro d'este anno uma nova remessa do sr. An- chieta de aves colhidas nas margens do rio Coroca, ao sul de Mossame- des. N'esta remessa, que consta de 99 exemplares, acham-se represen- tadas 46 especies, algumas das quaes faltavam ainda à nossa collecção: essas vão marcadas com um » São pela maior parte aves ribeirinhas e palmipedes, como era de esperar das condições especiaes d'aquella localidade. Por ellas se verá quanto a fauna ornithologica da Africa occidental tende já a confundir-se n'esta região com a da Africa austral. Eis a lista das especies: +14. Falco communis. L. Dois exemplares ó e 2. Iris castanho. 2. Circus aeruginosus. L. Um exemplar 9 jov. Iris castanho. (ato) .« Maerops aegyptius. Forsk. Tres exemplares. Iris vermelho. 4. Pogonorhynchus leucomelas. (Bodd.) Um exemplar 9. Iris castanho. OE - Ceryle rudis. L. Um exemplar 9. Iris castanho. PHYSICAS E NATURAES 67 6. Dromolaca aequatorialis. Hartl. ! Tres exemplares. Iris castanho. 7. Cotyle fuligula. (Licht.) Um exemplar 2. Iris castanho escuro. 8. Hirundo capensis. Gm. Um exemplar é. Iris castanho escuro. *9. Dryoscopus. n. sp. Dois exemplares, um de Capangombe, outro de Biballa. Considerámol-os a principio identicos ao D. cubla, depois julgá- mos encontrar-lhes differenças, e submettemol-os ao exame do dr. Finsch que os considerou uma especie distincta. Differem princi- palmente do D. cubla em terem as palpebras brancas, os loros e região auricular d'esta mesma côr, as pennas escapulares e o uro- pygio cinzentos. N'um dos exemplares o peito é levemente tinto de fulvo. +10. Laniarius backbakiri. Shaw. Dois exemplares. Iris gridilem-pardo. +14. Lanius subcoronatus. Smith. Um exemplar é e dois jovens. Iris castanho. +12. Amydrus fulvipennis. (Sw.) Dois exemplares &. Iris amarello açafrão. +13. Dilophus carunculatus (Gm.) Dois exemplares &. Iris côr de caflé. 14. Corvus capensis. Licht. Tres exemplares. Iris côr de caffé. 1ô. Columba quineensis. Br. Um exemplar 9. Iris côr de canna sujo. LV, Journ. Cabanis, 1864, p. 112. [sp * 68 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS +16. Turtur. sp.? Medius; supra olivascente-fuscus, tergo et uropygio concolori- bus, vix cinerascentibus; pileo et capitis lateribus distincte cine- reis, fronte pallidiori, gula alba; nucha, collo laterali, gutture pe- ctoreque pallide vinaceis; alarum tectricibus cinerascentibus ; abdo- mine albicante, hypocondriis, subalaribus et subcaudalibus cinereis, his apice albis; cauda longiuscula, rectricibus duabus mediis dorso concoloribus, lateralibus a basi ultra demidium nigricantibus, dein cinereo-brunnescentibus; rectrice extima pallide limbata; rostro ni- gro, iride brunnea, pedibus rubris. Long. tota 0,29, alae 0,164, caudae 0,114, rostri 0,024, tarsi 0,025. Por ser de menor estatura e ainda por diferença nas côres distingue-se da T. semitorquatus. Rupp., e não parece concordar bem nos caracteres com nenhuma das outras especies descriptas pelos srs. Finsch et Hartlaub na excellente obra que publicaram sobre a ornithologia d'Africa oriental. Turtur decipiens d'estes au- ctores é talvez a unica especie que mais se aproxima d'ella, mas parece ser-lhe superior em dimensões, pois que tem 11 pollegadas e 9 linhas de comprimento total, apenas inferior em 3 linhas ao T. semitorquatus, emquanto que o nosso exemplar e outros dois, que tambem possuimos de diversa procedencia (Benguella e Sene- gal), são muito inferiores em dimensões a esta ultima especie. To- davia, emquanto não conseguirmos confrontal-os com um exemplar authentico do T. decipiens, não nos atrevemos a dar-lhe uma de- nominação distincta. +17. Pterocles namaqua (Gm.) Um exemplar. Iris castanho. 18. (Edicnemus vermiculatus. Cab. Um exemplar d. Iris amarello vivo. 19. Squatarola helvetica. L. Dois exemplares. Iris castanho. 20. Ardea cinerea. L. Um exemplar 5. Iris amarello. 22. 25. 24, 25. 26. 27. PHYSICAS E NATURAES « Ardea atricollis. Wagl. Um exemplar 9. Iris amarello. Ardea garzetta. L. Um exemplar 9. Iris amarello. Ardea ardesiaca. Wagl. Um exemplar jov. Iris côr de caffé. Ardeola minuta. (L.) Dois exemplares é e 9. Iris amarello. Nyeticorax griseus. Br. Um exemplar é. Iris amarello alaranjado. Platalea tenuirostris. Temm. Um exemplar é jov. Iris striado de pardo e rôxo. Tantalus ibis. L. Um exemplar 9 jov. Iris amarello. +28. Numenius arquata. L. 29. Tres exemplares. Iris castanho. Totanus glottis. Temm. Um exemplar 9. Iris castanho. +30. Totanus glareola. (L..) S1. J2. Dois exemplares & e 9. Iris castanho. Himantopus melanopterus. Meyer. Dois exemplares é e 9. Iris vermelho. Parra africana. Gm. Dois exemplares 3 e 9. Iris castanho. 33. Limnocorax niger. (Gm.) Cinco exemplares. Iris vermelho. 69 36. 38. 39. hO. hA. JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS .« Gallinula chloropus. L. Dois exemplares. Iris rôxo-terra. . Chenalopex aegyptiacus. (L.) Quatro exemplares. Iris amarello d'ambar. Dendrocygna viduata. (L.) Um exemplar. Variedade curiosa, na qual domina o vermelho de ferrugem nas partes ordinariamente brancas da cabeça e collo. Tris pardo escuro. - Amas erythrorhincha. Gm. Dois exemplares &. Iris castanho. Nyroca brunnea. Eyt. Varios exemplares. Os adultos teem o iris vermelho, os jovens castanho. Querquedula hottentota. Smith. Dois exemplares é e 9. Iris castanho. Querquedula larvata. (Cuv.) Dois exemplares é e 9. Iris amarello alaranjado. Rhynchaspis capensis. (Smith) Tres exemplares. Iris pardo. +42. Thalassiornis Ieuconota. (Sm.) h3. bh. h5. Dois exemplares à e 9 joy. Iris pardo. Plotus Levaillantii. Licht. Um exemplar à. Iris amarelo claro. Dysporus capensis. Licht. Um exemplar &. Iris gridelim claro. Graculus lucidus. Licht. Varios exemplares. Iris verde-mar nos adultos, esverdeado sujo nos jovens. PHYSICAS E NATURAES 14 k6. Graculus africanus. (Gm.) Varios exemplares. Iris côr d'ambar nos jovens. Juntamos ainda a esta lista o Spizaêtus spilogaster. Dubus, do qual recebemos recentemente alguns exemplares da Huilla. Um exame muito superficial destes specimens fizera com que a principio os confundissemos com a Aquila Bonelli, especie de que bastante se aproximam nas côres e dimensões. 792 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS . 3. Diagnoses de quelques espêces nouvelles de repliles d'Afrique occidentale PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE SAURI Fam. Chamaelionidae. Chamaeleo Anchietae. Casque occipital elevé, convexe, comprimê en arriêre et surmonté d'une carêne médiane curviligne, constituée par une serie d'écailles com- primées. Arêtes surciligres ne se reunissant pas à leur extrêmité anté- rieure et s'arretant brusquement en arriêre sur la face latérale de Pocci- put sans remonter vers Vextrémité du casque. Ligne dorsale non dente- lée, garnie d'un double rang de petites écailles quadrangulaires. Depuis Pextrémité du menton jusqu'àã "anus une crête dentelée, composée de tubercules coniques, dont les plus forts se trouvent placês sous la gorge. Peau recouverte partout de granulations êgales, génêralement arrondies et bombées, à Vexcéption des bords libres des lêvres, ou elles sont rem- placées par deux rangs de petites plaques quadrangulaires. Les individus adultes sont (dans Valcool) d'un gris jaunâtre ou bleuâtre plus ou moins tacheté de noir. Cette derniêre couleur couvre PHYSICAS E NATURAES 13 les deux machoires et une partie de la face supérieure de la tête. Les jJeunes présentent une coloration uniforme d'ardoise, plus foncée sur la tête et le dos, plus claire et d'un ton brunâtre sur le ventre. Les den- telures de la crête médiane inférieure tranchent par leur teinte jaune sur la coloration foncée de tout le corps. Le dessous des doigts est égale- ment jaunátre. L'ensemble de ces caracteres donnent à Vespéce une physionomie particuliêre, qui rend toute confusion impossible. Peut-être se rappro- che-t-elle un peu par la forme du casque du Microsaura melanoce- phala. Gr., du Port-Natal, espéce qui nous est à peine connue par le courte description et le dessin de la tête que le dr. Gray a publiés dans les Proceedings Z. S. L. 1864, p. 474. Le €. Anchietae parait être de petite taille. Le plus grand de nos individus, que nous regardons comme adulte, ne dépasse pas 21 centi- metres en longueur totale; la tête mesure 31 millimetres et la queue 79. Les 5 individus que nous possédons de cette espêce viennent de Huilla, dans Vintéricur de Mossamedes, la plus meridionale des possés- sions portugaises dans VAfrique occidentale; c'est le seul habitat que nous puissions lui assigner jusqu'à présent, d'aprês les laborieuses re- cherches de notre infatigable voyageur Mr. d'Anchieta. Le total des espéces, réellement distinctes, du g. Chamaeleo dont Vexistence en Afrique occidentale a été jusqu'ã ce jour constatée d'une maniêre authentique, ne parait pas dépasser le nombre de 6 ou 7, à sa- voir : 1. €. senegalensis. Daud.==€. gracilis. Hall.==€. laevigatus. Gray. ==(. granulosus. Hall.==?C. Burchellii. Hall. 2. C. dilepis. Leach.==C. Petersi. Gr.==C. Capelli. Bocage. 3. C. namaquensis. Smith.==C. tuberculiferus. Gr. (Mossamedes. — Anchieta). h. GC. cristatus. Stutchbury. (Fernando Pó) ?5. €. superciliaris. Kuhl.==€. Brookesii. Gr. (Madagascar?) 6. €C. Owenii. Gr.==C. Bibroni. Martin. (Fernando Pó) 7. €. Anchietae. Bocage. (Huilla. — Anchieta) Suivant les auteurs de PErpétologie générale Pindividu du €. Broo- kesii appartenant au Muséum de Paris est originaire de Madagascar. No- tre excellent ami le dr. Gray, dans le catalogue des Sauriens du Muséum Britannique, fait également mention dan individu de cette espéce, mais sans indiquer la provenance; dans un travail plus récent, publié en 1864 dans les Proceedings de la Société Zoologique de Londres, le même auteur donne pour habitat à Pespêce PAfrique occidentale. En faveur 74 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS d'une assertion si positive, Véminent zoologiste de Londres doit sans doute posséder des preuves que nous ne connaissons pas. Euprepes Petersi. E. quinquetaematus. Boc. (nec auct.) 1.º lista dos reptis d'Africa occidental no Museu de Lisboa. Jornal de sciencias mathematicas, phy- sicas e naturaes, Lisboa, num. 1, 1847, pag. 44. Corps déprimé, tête courte à museau conique; queue aplatie à la base, médiocre. Nasale triangulaire; supéro-nasales linéaires en contact; internasale rhomboidale, articulée postéricurement à la frontale et séparant les 2 frontonasales; fronto-parittales distinctes, égalant presque Vinterpariê- tale; infra-orbitaire placée entre la 5º et la 6º labiales supérieures, et superposée à la 5º par sa moitié antérieure, qui est plus étroite; frénales grandes, quadrilatérales, celle de derriére Ja plus grande; ou- verture auriculaire allongée, garnie à son bord antérieur de 4 ou 5 Jobules forts et aigus. Ecailles hexagonales en 38 rangs longitudinaux sur Je tronc, celles du dos à 5 carênes. Scutelles sous-digitales carênées ; paumes et plantes des pieds couvertes de tubercules épineux. Parties supérieures d'une teinte brune-olivátre, pointillées de noir ; à bandes longitudinales jaunes liserées de noir, 3 sur les dos commen- cant derriêre la tête et se confondant vers la base de la queue, 2 sur les flancs, une de chaque côté, ayant leur origine au-dessous de Peeil et finissant sur la premiêre portion de la queue. En dessous d'un jaunátre uniforme. Longueur totale 07,15, de Vextrêmité du museau à VPanus 02,075, queue 07,075. Habitat. Le district du Duque de Bragança dans Pintérieur d'Angola. Par son systême de coloration se rapproche de PE. quinquetaenia- tus (E. Savignyi. D. et B.) avec lequel nous Pavions d'abord confondu. En le comparant à des individus de cette espêce on arrive facilement à le bien distinguer: 14º par le nombre des carênes des écailles dorsa- les, 5 au lieu de 3; 2º par ses fronto-nasales séparées par Vinternasale, tandis que chez Vespêce de VEgypte elles sont contiguês; 3º par la forme de la sous-orbitaire, plus étroite en avant et superposée à la 5º labiale; 4º par la forme de Vouverture auriculaire et les dimensions des lobules qui se trouvent sur le bord antérieur, etc. La nouvelle espêce est dediée au savant directeur du muséum de Berlin, qui nous a donné les moyens de constater par comparaison di- recte ses caractéres distinctifs. PHYSICAS E NATURAES 75 Euprepes Bayonii. E. Gravenhorstii. Boc. 1.º lista dos reptis d'Africa occidental, loc. cit., pag. 44. Corps lacertiforme, déprimé; téte courte à museau conique; queue modérément longue, élargie et déprimée à la base; nasale et naso-frénale triangulaires et presque êégales; supéro-nasales linéaires, contiguês; inter- nasale rhomboidale, aussi longue que large, touchant par son extrémité postérieure à la frontale; fronto-nasales séparêées; fronto-pariétales réu- nies en une seule plaque; interpariétale êcartant complêtement les deux pariétales; deux frénales assez développées, la premiére quadrangulaire, la deuxiême hexagonale et la plus grande; sur le bord supérieur de Por- bite quatre plaques étroites, dont la premiere égale en longueur les trois autres réunies; 6 ou 7 labiales supérieures; la sous-orbitaire placée en- tre la 4º et la 5º ou entre la 5º et la 6º, superposée presque entitrement à la premiêre des deux par sa moitié antérieure. Ouverture auriculaire ovalaire, portant sur le bord antérieur 3 ou 4 lobules pointus. 32 ran- gées longitudinales décailles, celles du dos et des flancs à 5-7 carênes. Scutelles sous-digitales et écailles des paumes et plantes des pieds tuberculeuses, les tubercules d'un brun foncê. En dessus d'un beau vert-olivátre uniforme sur le dos et la partie supérieure de la queue; les flancs ornés de 2 bandes longitudinales blan- chátres, la supérieure moins distincte naissant sur la région temporale, Vinféricure plus marquée commençant un peu en avant et au-dessous de Feeil, et finissant tontes deux presqu'en même temps à la hauteur de Vinsertion du membre postérieur. En dessous d'un blanc jaunátre. Var. A. La même teinte générale; les 2 raies longitudinales plus marquées sur les flancs, séparées par un intervalle tacheté de noir et Vinférieure liserée de cette couleur; au long du dos 4 ou 6 séries de points noirs disposées longitudinalement à des intervalles égaux, for- mant des raies interrompues. Var. B. Ressemble extrêmement à la var. 4.; mais les 2 raies sur les flancs sont d'un blanc êclatant et toutes deux bordées de noir; sur le dos les 2 séries centrales de points noirs, se trouvent transformêées en deux raies noires continues de la tête au commencement de la queue. Habitat. Les individus à dos d'une teinte uniforme et ceux de la var. 4 nous ont été envoyés du Duque de Bragança, dans Pintérieur d'Angola, par Mr. Bayão; ceux de la var. B viennent exclusivement de Huilla, plateau assez élevé dans Vintérieur de Mossamedes, d'ou Mr. d'An- chieta nous les a adressés. 76 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Le plus grand des individus de la premiére provenance mesure 0",152 en longueur totale, dont 0",092 pour la queue; ceux de Huilla ont 07,134 de longueur totale et 07,105 pour la queue. Nous avions d'abord rapporté les premiers individus au E. Gra- venhorstii D. et B., que nous connaissons à peine d'aprês la description publiée dans VErpetologie générale. La réunion des 2 plaques fronto-na- sales en une seule et tous les principaux caractéres indiquês dans la courte description de cette derniére espêce par Duméril et Bibron se trouvant également sur nos individus du Duque de Bragança, nous avions été naturellement conduits à nous prononcer en faveur de leur identitê spécifique. Plus tard notre regretté ami le professeur A. Dumé- ril et le dr. Peters, aprês avoir comparé les spécimens que nous leur avions envoyés en communication à ceux de VE. Gravenhorstii qui se trouvent aux muséums de Paris et de Berlin, ont reconnu chacun de son côté que les 2 espêces étaient bien distinctes, quoique possédant un caractêre commun et spéciale, celui d'avoir les fronto-pariétales ré- unies. Sur un tel patronnage nous n'hésitons pas à publier Vespêce, quoique nous n'ayons pu nous assurer par nous mêmes des différences qui la distinguent, ne possédant pas VE. Gravenhorstir dans les colle- ctions du Muséum de Lisbonne *. E. punctulatus. Corps allongé, étroit, légêrement déprimé; queue longue; taille pe- tite. Nasale triangulaire; supéro-nasales étroites, contiguês; fréno-nasale petite, quadrangulaire; inter-nasale touchant à la frontale par son bord postérieur; fronto-pariétales distinctes, à peine inférieures à Vinterparié- tale, qui n'arrive pas jusqu'au bord postérieur des pariétales. Sous-ocu- laire entre la 5º et la 6º labiale, recouvrant par sa moitié anférieure, plus étroite, le bord supérieure de la 5º labiale, qui s'allonge en pointe en arriére. Ouverture auriculaire arrondie, garnie de 3 lobules triangu- laires à son bord antérieur. Ecailles à 5 carênes três distinctes, dispo- sées en 30 à 32 séries longitudinales. Scutelles sous-digitales, paumes et plantes des pieds épineuses. Teinte générale en dessus d'un vert olivátre ou brun clair; deux raies blanches três étroites, liserées de noir, sur les flancs, la supérieure s'éêtendant de la région temporale jusqu'ã moitié de la queue, Pinférieure ! D'aprês le docteur Peters les deux espêces différent déja assez par la forme des labiales supérieures. PHYSICAS E NATURAES 77 prenant origine sur la premitre frênale et finissant sur Vinsértion du membre postérieur; dos et flancs variés de petites taches carrées noi- res, dispostes en six séries longitudinales sur le dos, et confluentes sur les flancs. Quelques individus portent sur le milieu du dos une large bande longitudinale d'une teinte plus claire. En dessous d'un blanc jau- natre. Longueur totale 07,120, tête 0”",010, queue 0”,070. Ressemble par Pécaillure de la tête à VE. Petersi, dont il nous pa- rait cependant bien distinct par sa taille plus petite, par son corps plus élancé et moins aplati, ainsi que par son systêéme de coloration. Habitat. Rio Coroca, dans le littoral au sud de Mossamedes. E. affinis. Três semblable au précêdent par Vécaillure de la tête, ainsi que par ses formes générales. Il parait cependant distinct par le nombre de ses rangs d'écailles, qui est de 36 à 38, au lieu de 30 à 32, et par son systême de coloration, qui est en dessus d'un beau vert bronze avec de points noirs irrégulitrement distribués sur le dos; sur le haut des flancs une raie peu distincte d'une couleur moins foncée s'êtend de la région temporale à la base de la queue; pas de vestiges de raic Jongi- tudinale sur les limites infériceures des flancs; ceux-ci et les côtês du cou sont tachetés de noir et pointillês de blanc. En dessous d'un blanc verdatre, qui prend sur la face inféricure de la queue une teinte sau- monée. Les écailles dorsales portent 5 carênes bien prononcées; sur le bord antérieur de Vouverture auriculaire se trouvent implantés trois écail- les triangulaires. Longueur totale 0",125, tête 0",011, queue 0”,072. Habitat. Rio Chimba, dans Vintéricur de Mossamedes. Euprepes gracilis. Corps lacertiforme, étroit; queue três longue. Supéro-nasales linéai- res, séparées; internasale rhomboidale, touchant à la frontale par son angle postérieur; celle-ci et Vinterpariétale en forme de fer de lance; deux fréênales grandes, la premiêre carrée, la seconde pentagonale; 7 la- biales supérieures; sous-orbitaire en rectangle allongé, située entre la hº et la 5º labiales; ouverture auriculaire ronde, assez ouverte, portant 2 ou 3 lobules extrémement petits à son bord antérieur. Disque trans- parent de la paupiêre inférieure petit. 32 rangs d'écailles à trois carênes três distinctes. Scutelles sous-digitales, paumes et plantes des pieds lisses. 78 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS En dessus d'une teinte uniforme d'an brun olivátre; une large bande noirátre de la région temporale, traversant Vorifice auriculaire, jusqu'a Vinsertion du membre postérieur; immédiatement au-dessous de celle-ci une raie blanche, plus étroite, liserée inferieurement de noir. Parties in- fericures blanches ainsi que les levres supérieures. Le plus grand de nos exemplaires mesure de Poxtrémita du mu- seau à celle de la queue 0",178, la queue est longue de 02d. la tête a à peine 0”,011, et la largeur du tronc est de 07,010. Habitat. Bissau. 3 individus, dont 2 jeunes, nous ont dé offerts par Mr. R. de Sá Nogueira en 1870. Chez les jeunes les fronto-nasales se touchent. à Euprepes angolensis. Corps déprimé; queue médiocre. Nasale êtroite, allongée; frêno- nasale três petite; supéro-nasales linéaires, en contact; internasale S'ar- ticulant postéricurement à la frontale; interpariétale : apeu-prês de même grandeur que les fronto-pariétales et ne séparaht pas complêteimént les pariétales; frénale antéricure en parallélogramme; frênale postérieure plus grande, pentagonale; 5 plaques surcilliêres étroites, dont: la'2º sur- passe de beaucoup les autres en longueur; sous- -orbitaire placée, entre la hº et la 5º, ou entre la 5º et la 6º labiales supérieures et présentant à son Eirite antéricure un petit prolongement, qui surmonte"Pextré- mité postérieure de la labiale qui la précêde. Ouverture auriculaire al- longée portant à son bord antérieur 3 lobules arrondis. 33 rángs! ongi- tudinaux d'écailles, celles du dos à 3 carênes bien prononcêes: nie les sous-digitales, paumes et soles des pieds épineuses. Régions supérieures d'une teinte olivátre; dos et dessus de la (queue variês de petites taches carrées noires, pointillées de blanc, dispostes en séries transversales; sur les flancs et les côtés de la quene'tes ta- ches noires deviennent plus grandes et plus confluentes; deux bandes longitudinales blanches sur les flancs, la supérieure, à peine distincte, de la région temporale à la base de la queue, Vinférieure, bien accusée, plus large et bordée de noir. de la région frênale à Vinsertion du'mem- bre postérieur. En dessous d'un blanc légêrement teint de bleuâtre ou de lilas. Les dimensions du plus grand de nos individus sont: longueur to- tale 07,146, tête 07,011, queue 0”,088. Habitat. Biballa, dans Pintérieur de Mossamedes, deux individus, par Mr. d'Anchieta; Dondo, dans Vintéricur d'Angola, trois individus par Mr. Bayão. PHYSICAS E NATURAES 79 Parait être voisin de PE. damaranus Ptrs. !, mais nous ne pouvons pas affirmer qu'il lui soit identique. Le genre Euprepes comprend aujourd'hui un nombre assez consi- dérable d'espêces africaines; mais malheureusement plusieurs de ces espêces ne sont connues que par des diagnoses trop courtes et incom- plêtes, ce qui rend leur détermination fort difficile pour ne pas dire im- possible. A moins de pouvoir comparer chaque individu aux spécimens types des espêces déja établies, on n'est presque jamais súr de son fait. L'examen minutieux des individus du g. Euprepes, que nous avons recus dans ces derniers temps de nos correspondants dans VAfrique oc- cidentale, nous a permis de reconnaitre 15 espêéces différentes, à sa- voir: 4. Buprepes Perrotetii. Dum. et Bib.? E. Perrotetii. Boc. 1.º lista rept. d'Afr. occ. Jorn. sc., Lisboa, num. 1, 1868, pag. 44. Se trouvent provisoirement inscripts sous ce nom au Muséum de Lisbonne cinq individus que nous avons reçus de Bissau et de Cacheu sur la côte occidentale d'Afrique. Is se rapportent à la déscription de Duméril et Bibron par leur taille au-dessus de la moyenne, par leurs formes trapues, par le nombre des séries longitudinales d'écailles, et par la forme et la disposition d'un grand nombre de leurs plaques cé- phaliques. Cependant on ne peut pas affirmer leur identité d'aprês Pécail- lure de la tête, car leur frontale n'est pas distinctement caniculée, leur 1º frénale n'est pas rhomboidale mais plutôt carrée, tandis que la 2º fré- nale est visiblement pentagonale, et leurs surciliêres sont toutes à peu- prês égales. En outre leur systême de coloration présente des différen- ces remarquables: ils sont en dessus d'un brun olivâtre ou rougeatre avec une large bande peu marquêe d'une teinte plus claire au long de Ja partie supérieure des flancs; de chaque côté du tronc 3 séries lon- gitudinales de taches rondes d'un jeune vif cerclées de noir; écailles dorsales à 3 carênes três distinctes bordées de brun foncé. Régions in- férieures blanchátres. Tous les individus portent au-dessous de Peeil, de la 4º à la der- niêre labiale, un trait blanc liseré de noir. ! Peters. Om Wahlbergs reptilier frâu Damaralandet — Ofvers. af. k. ve- tensk. Akad. Forhandl. 1869, p. 660. 80 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2. E. Blandingii. Hall. (Angola) ! 3. E. gracilis. Bocage. (Bissau) h. E. Anchietac. Bocage. (Zaire) 5. E. margaritifer. Ptrs.==E. binotatus. Bocage. (Benguella, Capan- gombe, Huilla) 6. E. oceidentalis. Ptrs. (Mossamedes) 7. E. angolensis. Bocage. (Dondo, Biballa) 8. E. punctatissimus. Smith. (Duque de Bragança, Biballa, Caconda) 9. E. Petersi. Bocage. (Duque de Bragança, Dondo) 10. E. punctulatus. Bocage. (Mossamedes) 14. E. affinis. Bocage. (Capangombe) 12. E. olivaceus. Ptrs. (Biballa, Capangombe, Damaraland) 13. E. acutilabros. Ptrs. (Duque de Bragança, Benguella, Catumbella) 14. E. Bayonii. Bocage. (Duque de Bragança; var. ornatus — Huilla) 15. E. Delalandii. D. et B. (T. de Saint-lago de Cap-Vert; Bissau?) OPHIDII Fam. Dendrophidae. Philothamnus ornatus. 8 labiales supérieures, dont les 3º, 4º et 5º touchent à Voeil; la 6º et la 7º dépassent de beaucoup en hauteur la derniêre. Temporales 1 --1, la seconde en contact avec la dernitre labiale. Une pré-oculaire, qui tou- ! Corps étroit, à peine déprimé. Supéro-nasales et fronto-nasales contiguês ; sous-oculaire rectangulaire, située entre la 4º et 5º labiales. Orifice auriculaire rond, portant 3 écailles extrémement petites à son bord antérieur. Écailles en 32 rangs longitudinaux, á trois carênes. Scutelles sous-digitales, paumes et plan- tes des pieds lisses. D'une coloration uniforme brun-olivâtre en dessus, gris- bleuâtre en dessus; un trait blanc au dessous de Peeil depuis la 1º frénale jus- qu'à Pouverture auriculaire. E. aenco-fuscus. Ptrs.? - PHYSICAS E NATURAES 81 che à la frontale, et deux post-oculaires. 6 labiales inférieures en con- tact avec les sous-mentales. Pariétales allongées, à bord postêrieur ar- rondi. 15 rangs longitudinaux d'écailles. Plaques abdominales non ca- rénées de 152 à 165; anale divisée; 97 à 99 sous-caudales. Coloration. En dessus d'un vert-bronze à reflets d'or, ou d'un beau vert-bleuátre, avec les bords externes des écailles blancs et quelques points noirs sur la partie antérieure du cou; une large bande couleur chocolat liserée de jaune vif s'étend le long du dos, elle commence der- riêre la tête et va finir vers Vextrémité de la queue. Cette raie dorsale couvre en largeur les écailles de la série médiane du dos, et la moitié de celles qui la suivent de chaque côté. En dessous Vanimal est d'un jaune uniforme. Par Vexistence d'une bande longitudinale sur le dos, cette espéce se rapproche évidemment du Ph. dorsalis !; mais Pécaillure de la tête est tout-à-fait différente chez ces deux espéces, et les plaques abdomi- nales, carénces chez de Ph. dorsalis, tandis qu'elles ne portent pas aucun vestige de carênes chez Vautre, suffiraient à les bien distinguer. Par ce dernier caractére, "absence de carênes sur les plaques abdominales, T'es- péce nouvelle se rapproche plutôt du Ph. (Ahactula) hoplogaster Giúnth 2. Habitat. Nous possédons 3 spécimens de cette curiguse espêce; Fun nous a été envoyé de Cacheu, sur la côte de Guinée, les deux autres ont été recueillis à Huilla par Mr. d'Anchieta. Fam. Psammophidae. Amphiophis. Nov. gen. Caractêres. Corps élancê à queue modérement longue. Tête allon- gée, étroite, à peine distincte du cou. Région frénale distinctement sil- lonnée, comme chez les Psammophis; yeux de moyênne grosseur, à pu- pille ronde; rostrale étroite et haute; narines petites, plactes entre 2 nasales; une frénale longue. Écailles lisses, hexagonales, augmentant succêssivement en grandeur de la ligne dorsale à la région ventrale, dis- posées en 11 rangs longitudinaux. Plaques anales et sous-caudales dou- bles. La 4º dent de la machoire supérieure dépassant les autres en lon- gueur, les dents postérieures sillonnées; celles de devant les plus lon- gues à la machoire inférieure. Voisin du g. Psammophis, auquel cependant nous n'osons pas le rapporter d'aprês la forme et la disposition de ses écailles. La présence ! Jorn. de sc. math., phys. e nat., num. T, 1868, pag. 69. 2? Annals and Mag. N. H. April 1805. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIII. 6 *” 892 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS d'une frénale distincte suffit à le distinguer du g. Mimophis, établi par le dr. Ginther sur une espêce de Madagascar !. Le nombre assez reduit de ses rangs d'écailles est une particularité assez remarquable. Amphiophis angolensis. Museau étroit, haut, lêgêrement pointu; région frénale à sillon lon- gitudinal assez prononcé. Rostrale étroite, haute, de forme à peu-prês triangulaire, relevée sur Vextrêmité du musecau, touchant à peine aux internasales sans les séparer; celles-ci plus petites que les frontales, triangulaires, en contact par leur bord libre avec les deux nasales; pré- frontales développées, descendant un peu sur les côtés, pour s'articuler par toute Vétendue de leur bord externe à la frénale; frontale longue, à bord antérieur en angle saillant, à bords latéraux parallêles et à extré- mité postérieure arrondie; pariétales grandes, arrondies en arriêre; une pré-oculaire concave s'articulant supéricurement à la pré-frontale et à la sus-orbitaire sans toucher à la frontale; deux post-oculaires, à peu-prês de même dimension. 8 labiales supérieures, les 4º et 5º touchant à Veeil; temporales 1 + 2 4-2, la premiêre en contact seulement avec la post-ocu- laire inférieure, la supérieure de la seconde rangée la plus grande de tou- tes. Plaques abdominales 142, anale double, 62 paires de souscaudales. 11 séries Jongitudinales d'écailles lisses. Coloration. La tête noirâtre en dessus et sur les cotés, à "exception des plaques labiales, qui sont entitrement jaunes, est divisée transver- salement par deux traits jaunes, Fun placé imnmédiatement aprês les yeux, Pautre coupant les pariétales par le milicu; sur la nuque une large ta- che noire de forme hexagonale, suivie sur le cou d'un large demi collier egalement noir; à compter de celui-ci une large bande longitudinale d'un brun olivâtre, à double liseré noir et jaune, couvre le dos jusqu'à Pex- trêmité de la queue, elle comprend en largeur 3 rangs d'écailles. Les deux faces latérales sont en avant d'un jaune mélangé de grisâtre, en arriére d'un beau jaune vif. Sur les flancs deux lignes noires, dont la plus inféricure est presque effacée, suivent longitudinalement le centre des deux derniers rangs d'écailles. En dessous d'une jaune uniforme. Habitat. L'individa unique qui existe au muséum de Lisbonne a été envoyé du Dondo (intéricur d'Angola) par mr. Bayão, que nous avons eu deja plusieurs fois Poccasion de citer comme Pun de nos plus intelligents et plus dévoués correspondants dans VAfrique occidentale. ! Annals and Mag. N. H. June 1868, pl. 18. 92. 93. 94. 95. 96. 97. PHYSICAS E NATURAES 4. Primeira lista dos peixes da Ilha da Madeira, Açores e das possessões portuguezas d'Africa, que existem no museu de Lisboa POR FELIX DE BRITO CAPELLO (Continuação) Leptojulis pyrrhogrammatoides. Blkr. Gthr. Cat. IV, 167. Moçambique; 1 ex. — Sr. Peters. Leptojulis sp.? Moçambique; 3 ex. —Sr. Peters. Novacula cultrata. Cuv. et Val. Gthr. Cat. IV, 169. I. de Cabo Verde; 7 ex. — Srs. Ferreira Borges e Pimenta. Novacula sp.? Moçambique; 1 ex. —Sr. Peters. Julis lunaris. L. Gthr. Cat. IV, 180. Moçambique; 3 ex. —Peters.==1 ex. —Srs. Canto e Valdez. Pseudoscarus pectoralis. Cuv. et Val. Gthr. Cat. IV, 237. Moçambique; 2 ex. —Sr. G. Capello. 6. 83 84 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 98. Scarus squalidus. Poey. Gthr. Cat. IV, 212. D. "o; À: Fa at Do, Altura no comprimento total............ 1:3,50 Comprimento da cabeça no total ........ 1: 4,00 Diametro do olho no comprimento da ca- TE PD SPU AR A DS 1: 5,50 Diametro do olho no compr. do focinho... 1:2,50 Côr de rosa sujo; uma malha preta na axilla da peitoral; ven- traes côr de rosa avermelhado. Nome vulgar Bodião vermelho; B. lamego. S. Thiago; 4 ex. —Srs. Ferreira Borges e L. Pimenta. 99. Scarus sp.? D. “10; A. 2/9; L.lat. 25. Altura no comprimento total... ......... 1:3,50 Comprimento da cabeça no total ........ 1:3,75 Diametro do olho no comprimento da ca- DEGA ue 2 CNE Do cn 1:5,25 Diametro do olho no compr. do focinho... 1:2,25 Pardo olivaceo anegrado: barbatanas da mesma côr; todas, ex- cepto as ventraes e a primeira dorsal, orladas de branco; base da peitoral preta. S. Thiago; 2 ex. —Srs. Ferreira Borges e L. Pimenta. 100. Chromis Tristrami? Ch. guineenses? Gthr. ! D. 8/3: A. 9; L. lat. 34; L. transv. 4a. Altura do corpo no comprimento total.... 1:2,50 Comprimento da cabeça no total......... 1: 3,00 Bissau; 4 ex. —Sr. Pimenta. 101. Chromis macrocephalus. Blkr. Loanda; 1 ex. —Sr. Bayão. 102. Chromis melanopleura. Dum. Duque de Bragança; 3 ex. —Sr. Bayão. * Labridios por determinar 12 ex., Moçambique. —Sr. Canto. PHYSICAS E NATURAES 85 103. Hemichromis Leiguardii n. spec. D. 4/2; A. 3/9.10; L. lat. 29-31; L. transv. “o. Alt. do do corpo no compr. total... 1:3,00 Comprimento da cabeça no total... 1:2,80 Escamas da face em cinco series. Dorso castanho claro, o resto prateado; oito faxas transversaes escuras; uma malha redonda escura no angulo do operculo, e além d'esta mais quatro, collocadas alternadamente no meio das faxas transversaes, sendo a ultima na base da caudal. Nome vulgar: Jaluto. Bissau; 5 ex. —sSr. Leyguarde Pimenta. 104. Hemichromis bimaculatos. Gill. Gthr. Cat. IV, 275. EE o A: So, Altura do corpo no comprimento total (não melimdo-a caudal). d.. se Es 1: 3,00 Escamas da face em quatro series. Bissau; 2 ex. —Sr. Leyguarde Pimenta. 105. Hemichromis angolae. Steind (mss.) Duque de Bragança; 1 ex. —Sr. Bayão. 106. Phyeis blennoioides. Brúnn. Gthr. Cat. IV, 351. Madeira; 1 ex. —Sr. Y. Johnson. 107. Laemonema robustum. Y. Johnson. Gthr. Cat. IV, 357. Madeira; 1 ex. —Sr. Y. Johnson. 108. Malococephalus laevis. Lowe. Gthr. Cat. IV, 397. Madeira; 1 ex. —Sr. Y. Johnson. 109. Psettodes erumei. Bl. Gthr. Cat. IV, 402. Bissau; 1 ex. —Sr. Pimenta. 1140. Arnoglossus aspilus. Blkr. Gthr. Cat. IV, 447. Angola; 3 ex. —Sr. Welwitsh. 86 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 1414. Cynoglossus senegalensis. Kaupp. Gthr. Cat. IV, 502. Bissau; 2 ex. —Sr. L. Pimenta !. 112. Clarias gariepinus. Burchell. Gthr. Cat, IV, 14. Rio Coroca (Angola); 1 ex. — Sr. Anchieta. 1143. Clarias sp.? Angola; 1 ex. — Sr. Bayão. 1144. Chrysichthys nigrodigitatus? Lacép. Gthr. Cat. V, 73. Bissau, n. v. Bagre; 1 ex. —Sr. Leyguarde Pimenta. 145. Arius latiscutatus? Lacép. Gthr. Cat. V, 151. Bissau, n. v. Bagre; 1 ex. —Sr. L. Pimenta. 1146. Arius Capellonis. Steind. Steind. Ichthyologische Notizen (IV), 7, taf. II. S. Thiago; 14 ex. —Sr. L. Pimenta. 117. Arius sp.? Angola; 1 ex. —Sr. G. Capello 2. 118. Hippocampus sp.? Ilha de S. Miguel; 2 ex. —Srs. Canto e Valdez. S. Thiago; 1 ex. — Sr. R. Sá Nogueira. 119. Balistes liberiensis. Steind. Steind. Ichthyologische Notizen (IV) 9, taf. III. S. Thiago; 1 ex. — Sr. Lowe. 120. Balistes capriscus. Bl. Yarell, Brit. fishes, II, 422. Madeira; 1 ex. —Sr. Y. Johnson. 124. Balistes sexquilineatus. Lay et Bennett. Captain Beechey's voyage, fishes, 69, tab. XXI, fig. 3. 122. Balistes sp.? Moçambique; 1 ex. —Srs. Canto e Valdez. ! Pleuronectidios por determinar, varios ex., Benguella. — Sr. Anchieta. 2 Siluridios por determinar 12 ex., Benguella. —Sr. Anchieta. 3 ex., Du- que de Bragança. — Sr. Bayão. 1 PHYSICAS E NATURAES 123. Monacanthus sp.? Ilha de Cabo Verde; 1 ex. —Sr. Lowe. 124. Tetraodon sp.? Bissau; 2 ex. —Sr. L. Pimenta. 125. Tetraodou Pennantii. Yarr. Yarrell, Brit. fishes, fig. II, 426, (3.º ed.) Angola; 3 ex. —Sr. G. Capello.==2 ex. —Sr. Toulson. 126. Labeo sp.? Angola; 1 ex. — Sr. Bayão. 127. Chondrostoma sp.? Angola; 1 ex. —Sr. Bayão. 128. Barbus sp.? Rio Coroca (Angola); 1 ex. —Sr. Anchieta. 129. Hemirhamphus Roberti Cuv. et Val. Gthr. Cat. VI, 263. Bissau, n. v. Agulha; 4 ex. —Sr. Leyguarde Pimenta. 130. Exocoetus lineatus? Cuv. et Val. Gthr. Cat. VI. 287. 87 S. Thiago, n. v. Voador; 2. ex. — Srs. Ferreira Borges e Leygarde Pimenta. 131. Muraena sp.? Angola; 1 ex. — Sr. Bayão. Bissau; 1 ex. —Sr. L. Pimenta. 132. Muraena sp.? Moçambique: à ex. — Srs. Canto e Valdez. 133. Muraena sp.? Moçambique; 2 ev. —Srs. Canto e Valdez. 134. Pseudomuraena maderensis. Y. Johnson. Madeira; 1 ex. —Sr. Y. Johnson. 135. Ostracion moschatus. Lacép. Moçambique; 2 ex. —Sr. G. Capello. 88 JORNAL DE SCIENCIAS MATIEMATICAS 136. Charcharias (Scoliodon) Walbeehnni. Bleek. A. Duméril, Elasmobranches, 1, 344. S. Thiago; 1 ex. —Sr. Pimenta. 137. Ginglymostoma caboverdianum. Capello. S. Thiago; 1 ex. —Sr. Pimenta.==1 ex. — Collecção antiga. 138. Pristis pectinatus. Latham. A. Duméril, Elasmobranches, H, 475. Angola; 2 ex. —Sr. Toulson. 139. Centrophorus crepidalbus. Bocage e Capello. Var. C.— calceus. Madeira; 2 ex. —Sr. Y. Johnson. 140. Seymnodon ringeus. Bocage e Capello. Madeira; 2 ex. (novos). —Sr. Y. Johnson. 141. Centroscymnus coelolepis. Bocage e Capello. Madeira; 2 ex. (novos). —Sr. Y. Johnson. 142. Rhinobatus Colomnae. Mull. et Heule. A. Duméril, Elasmobranches, II, 486. Mossamedes; 1 ex. —Sr. Anchieta. 143. Torpedo oculata. Belon. “A. Duméril, Elasmobranches, TI, 504. 144. Raja maderensis. Lowe. A. Duméril, Elasmobranches, II, 545. Madeira; 2 ex. —Sr. Y. Johnson. 145. Taeniura grabatus. Mull. et Henle. A. Duméril, Elasmobranches, II, 621. S. Thiago; 1 ex. —Srs. Ferreira Borges e Pimenta !. ! Numero de exemplares por determinar : Moçambique ....... 30 exemplares....... Sr. Canto. Mapa Cosan 2 Vo EE Dr. Lucio. Benguella......... 19 DS Mo Sr. Anchieta. AOS RR es plo s 10 PAD AGRO a Sr. Bayão. Se TROLL: coro. 2 RR vs, Sr. Pires. BISSAU EO, 10 TA Sr. Pimenta. RE A al 9 > Ti Sr. Baudoin. PHYSICAS E NATURAES 89 MATHEMATICA EE —— À. Applicação das fracções continuas à determinação das raizes das equações POR FRANCISCO GOMES TEIXEIRA (Estudante de mathematica na universidade de Coimbra) Na minha memoria sobre o Desenvolvimento das funcções em frac- ção continua, (Coimbra, 1871), fiz applicação d'estas fracções à deter- minação das raizes das equações, e notei que por este processo se ob- tinham resultados mais convergentes do que pelos methodos de Newton e Lagrange. Esta propriedade que tem certas fracções continuas de dar resultados mais convergentes do que as series, foi reconhecida pela pri- meira vez por Euler, que d'ella se aproveitou para transformar em con- vergentes algumas series divergentes. Além desta, as fracções continuas tem a vantagem sobre as series de serem sempre finitas, quando as func- ções não são irracionaes. É n'estas duas propriedades que me fundei para fazer applicação das fracções continuas à determinação das raizes das equações. Proponho-me na presente nota acrescentar alguma coisa ao que na memoria citada escrevi sobre esta applicação. 1. Seja f (m)=0 a equação dada, » o valor aproximado da raiz, e w O erro correspon- dente, virá, como se pôde ver na citada memoria: 29 E , [4] JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. 7 90 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Sendo «,, &» %3- +» dadas pelas formulas (21) Fo a E 1 A Ra ss csil() a (Bi ces) (11). PO sr A, si EAR 1 (23—1) 249) (1) = saio ed fo. EE +s POR aaa ] (22+ (1-+1) (i) Exdeento +im 93 o q o em “Fa GT 9. Enio Ass (à) 27—1) dj poco 2.3. DO ET TE D/(o: PO TE TOMO 1 (n) ; em que designo por À a somma de todos os productos que se obtem, m combinando n a n as m lettras excluindo os productos em que entram factores consecutivos. Os numeradores das convergentes da fracção continua [A] são: N,=f(u), N,=f(v) (1 + 0,0), N=[()[1+(0, +00], =[([1++a tao ta aço | cio do io dolo lo jo is joe io BU dio imiers 0/6 0/0 ma vao o sim iim DE (mis o eis jeito turis 0i e o orpia Bos o so grelos wo q MAMBO ud a niS RS IA [B PHYSICAS E NATURAES 914 (1) (3) (n —4) No T(p) t+», po + So. + So! | 2n ân— n—1 2 1 AN — 2n— (4) == (1) N =rw[1+s2, + So | So a o ao + So] 2n+- E (n) em que se designa por S a somma de todos os productos que se obtem, m combinando n a n as m—1 lettras PMPA o disp DO PR Eg — A aa m excluindo os productos em que entram factores consecutivos. Suppondo a lei [1] verdadeira para as convergentes da ordem à: — 4 e1i—2 e substituindo os valores resultantes na expressão conclue-se que ainda é verdadeira para a convergente da ordem i. Logo é geral. 2. Do que havemos dito no numero antecedente conclue-se que a equação que dá o valor do erro w da raiz da proposta é N= +86, +88 o peço dal [2] * que deve ser do mesmo grau que ella. Para ter o valor de » expresso n'uma serie ordenada segundo as 1 (1) , faremos i—1 potencias de (1) S 7» 92 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS e eliminando depois w entre esta equação e a equação | 1 (2) (3) (0) e a RI So” + Swº* + ..... a so l i—1 resulta M,=o0, ils M est M = so, “0 u4çl8) (2) (4) io uno A pr: e portanto (2 (3) (4) | gal ap PEA q SEA ato a std) (s! ) (s, ) (s, ) ride Sea DER e] =] a(s li 5 sê) gt) md i—1 Ei 9 w== TAM qu 6 E Gota) 16: AB UIO! AVIS fado / [ ] (521) (804) (2) (2) 3) Ss ru na aa Esta serie dá o valor do erro » que se“deve juntar a p para ter raiz da equação proposta. Podia tambem achar-se esta serie applicando à equação (2) a for- mula dada por Newton para tirar o valor de x d'uma equação da fórma a-br-tes —de Ler fer + Dor) 3. Para applicar a formula (3) é necessario attender a que à repre- senta o numero de termos da fracção continua que se querem apro- veitar. PHYSICAS E NATURAES 93 1.º Querendo aproveitar tres termos é i==3 e portanto (1) (1) (2) (2) (3) (3) SO as SA SOULS = 800.00 i—1 2 2 à—1 i— 2 logo Recado PAL F(u) (a) à Aff (U). as 2.º Querendo aproveitar quatro termos, vem (1) (2) (3) i=4,S =, +2,58 ESA == ==, RS i—1o qd—1 logo 1 ; GDA (e). a, RE aà Gsfw+a [MAC 4] Estas formulas (a) e (b) encontram-se na citada memoria e podem applicar-se com vantagem à extracção das raizes dos numeros, como va- mos mostrar. 4. Seja N 0 numero a que se quer extrair a raiz do grau n, «x esta raiz, à O numero inteiro mais proximo d'ella e b a differença entre N e a virá n N=2=a +b ou fa)=a"—a"—b=o0, Applicando a esta equação a formula (a) acha-se, chamando a” o valor da raiz depois da primeira correcção dia (a!) q (lN—lb+na Tratando depois a” do mesmo modo que se tratou a, acha-se um valor ainda mais proximo da raiz e assim successivamente. 94 JORNAL DE SCIENCIAS: MATHEMATICAS Applicando porém a fórmula (b) acha-se — ueêl Dana Th “TO pai (n — (b) E na "fun+ne| que dá um valor mais proximo da raiz do que a formula precedente. As formulas (a”) e (b') são principalmente vantajosas, quando, de- pois de obter um valor aproximado da raiz por meio das taboas de logarithmos, se quizer achar um valor da raiz ainda mais proximo do que este; basta para isso pôr nas formulas precedentes em logar de a o valor dado pelas taboas. 6. Raizes imaginarias.—O methodo precedente é applicavel à de- terminação aproximada das raizes imaginarias da equação f(x) ==0. Com efreito, seja e +>, (o) a 3) pa | MEL D+ Da | o-+0y/— 1 = Obtido o valor aproximado do erro e junto ao da raiz, vem o resultado C++ +MV— que depois se trata do mesmo modo. PHYSICAS E NATURAES 95 PHYSICA E CHIMICA 2. Sobre a fheoria do rarefactor e a nova machina hydropncumatica POR MIGUEL VENTURA DA SILVA PINTO (Memoria apresentada á Academia Real das Sciencias de Lisboa pelo socio A, A. de Aguiar) (Continuado do num. 13) Calculo da rarefacção.— Temos visto até aqui, portanto, o que se passa no rarefactor quando o ar ou 0 gaz tem pressão constante durante a ex- periencia, e de que depende o limite e grau de rarefacção obtidos n'esta machina; vejamos agora como se póde calcular a diminuição de tensão de um determinado volume de ar, contido em recipiente ou capacidade limitada, produzida pelo instrumento segundo a despeza e pressão hy- draulica do liquido. Com poucos mais elementos além dos que temos colligido se póde estabelecer a fórmula para este calculo. Conhecido o coeficiente de aspiração da agua k, que nós sabemos variar com a pressão do liquido, temos que por cada pequeno volume d'agua, v, que passa no rarefactor, é impellido um volume de gaz, k v, subtraído ao volume total de ar, V, do recipiente e canaes communican- tes, se estes são curtos e espaçosos !. Ora, segundo a lei de Mariotte, se a temperatura é constante, a pressão de um gaz está na razão inversa do seu volume; portanto o volume do gaz, V, sendo agora V-+ ko, a sua força elastica, Ti, chamando Tà tensão primitiva do ar no recipiente, ! Se os canaes que ligam o recipiente com o rarefactor são longos, estrei- tos ou angulares, é tal a retardação do movimento do gaz dentro d'elles, que póde fazer gastar muitos volumes d'agua a mais dos que são precisos realmente, para operar a aspiração ou rarefacção de um dado volume dar. 96 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS será determinada, segundo a mesma lei physica, pela seguinte egual- dade VT=T(V4-ko), d'onde se tira V Depois de passar um segundo volume v, a tensão ou força elastica do gaz no espaço confinado, ficará sendo como acima, uma fracção da que era, isto é, V ais Gi Eca, ne | e pela passagem de um terceiro volume, v, passará a ser Ra PRA o Ph au eme! ama! e assim por deante; d'onde se conclue que no fim de passarem n vo- lume v d'agua, a tensão do gaz no recipiente será, finalmente, Para poder calcular por esta fórmula, o grau de rarefacção que pro- duzirá um certo volume de liquido, L, cuja pressão nós conhecermos, resta-nos agora só determinar o valor de v, que não é conhecido ainda senão em relação a k. Para conseguir experimentalmente este resultado, em logar de ope- rar com 0 balão como nos anteriores ensaios, toma-se uma redoma de vidro, cuja capacidade se mede exactamente, e colloca-se sobre a platina da machina, fazendo-a communicar com o rarefactor em acção e com um barometro. Do volume de liquido gasto para obter a força elastica do gaz observada, se deduz, pelo calculo, qual é o valor de v para O apparelho com que se operou, pois que varia de uma machina para ou- tra ou com a grandeza do jacto. Mas podemos tambem de outro modo achar o valor de v, conhecendo as dimensões do instrumento. Supponhamos que o diametro do orifício do tubo adductor do ap- parelho é egual a 2" 66, e que a distancia d'este orifício à extremidade PHYSICAS E NATURAES 97 aberta do tubo abductor é de 12 centimetros; o volume do jacto den- tro d'este tubo, que é o valor que desejamos conhecer, será theorica- mente o de um cylindro liquido, cuja base tiver por diametro o diame- tro do orifício de esgoto, e de altura a que vae d'este orifício à extre- midade do tubo abductor, ou proximamente ao nivel do liquido no des- aguadouro ; isto é, egual a 7Rê>< 12,0 ==0,666. Mas, como nós sabemos que a veia liquida, jorrando por um bocal conico convergente, se contrae à saida do orifício de descarga, devemos, como no caso do calculo da despeza pratica dos liquidos, para obter o vo- lume real do jacto, multiplicar o seu volume theorico pelo coefficiente de contracção do liquido, que achâmos ser, para o nosso rarefactor, termo medio, 0,90; o que reduz aquelle numero a [0,666 0,90] 0,599, que é o valor muito proximamente exacto de v. A divisão ou descontinuidade, e o intumecimento da veia liquida, augmentando com a velocidade do fluido, tanto maior esta for, tanto maior será o volume apparente do jacto. É da relação entre os volumes apparente e real do jacto que dependem, naturalmente, os coefficientes de aspiração da agua que determináâmos pela experiencia. Nos limites das circumstancias em que operâmos, a theoria está de acôrdo com a experiencia. Podemos, pois, afoutamente, fazer v==0,º6, para uma machina com as dimensões citadas. Quanto a 7, como o volume total do liquido, L, despendido em cada experiencia, representa a somma ou numero de vezes que passou E L v no instrumento, — eguala necessariamente o seu valor. Eis aqui, pois, todos os dados necessarios para poder calcular, conhecendo os respectivos valores, a rarefacção produzida por um de- terminado volume de agua, áquem do limite que já vimos só depende da pressão hydraulica e da temperatura do recipiente. Exemplifiquemos. Qual é a diminuição da tensão produzida por 3litros 4542 de agua à pressão de 2º*,5, em 3 decimetros cubicos de ar contidos em recipiente, com a força elastica inicial de 0”, 76 de mercurio? N'este exemplo temos: T=1 ou 76º; V==3000"; k=-2,0; v==0º,6, L 3litros 45492 e ASR UNO GO 7 SAMA a rarefacção em centimetros de mercu- rio será pois, segundo a fórmula [1], egual a 16 3000 5757 [soon cáscia | 98 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ou, para facilitar a operação, o logarithmo de uma potencia sendo egual ao producto do expoente pelo logarithmo da quantidade, poremos: 3000 ess log, 3000 do, E 8-3000+2><00,67< 9791 =76 log. 50042 ><8757=76 log. 0,9996001 ><5757 == 16. 0,09987 = 7º,59. A diminuição da tensão pedida será, portanto, a que vae de 76º a 7º,59 ou 68º,41 de mercurio. D'esta fórmula se póde deduzir outra para calcular o volume L ne- cessario para produzir uma determinada diminuição de força elastica do gaz, no interior do recipiente, fazendo T==1; V=-1, e v egual à rela- cc ção entre Ve o volume do jacto dentro do tubo abductor isto, Pp E Por exemplo, suppondo que o volume de ar no recipiente, é, como no cal- culo anterior, egual a 3 litros ou 3000%; que a carga é de 2ºt,5, cujo co- efficiente de aspiração correspondente, k, é 2,0; e querendo saber qual é o volume L necessario para rarefazer estes 3 litros de fluido elastico, à pressão normal atmospherica, a 76 millimetros de mercurio ou 0,1 da pe 4 pressão primitiva, procuramos o valor de v, que é = = ia = =5000 da capacidade do recepiente, ou do volume do gaz, e teremos que de- pois de gasto o primeiro volume de liquido v, o volume V do ar será 1l+-kov ou +21 +: e a sua pressão debaixo do recipiente, estando na razão inversa do vo- . lume, 1 bd 15500 PHYSICAS E NATURAES 99 que depois de passar um segundo volume », fica sendo uma fracção ] 1 | da que era, ou E A | 1 == Fa e no fim de x volumes v, Temos pois que d'onde se tira 1 2501 |? E + so | EN Fm SO; Recorrendo aos logarithmos, achamos EAF, “Jog. 2501 — log. 2800 9797, e por consequencia L=5757x0,6=-3454º,2 ou diitros k5h2. Finalmente, vê-se tambem pela fórmula [1], que nesta machina só nu quando n for infinito é que a fracção fa póde ser nulla; d'onde se conclue, que, tambem theoricamente, o vacuo absoluto com estas ma- nas é impossivel de obter. Todavia, como podemos absorver quasi totalmente o vapor aquoso, por meio de acido sulfurico concentrado ou de qualquer outro corpo ávido de humidade, consegue-se ainda assim fazer um vacuo bastante perfeito, em que se podem realizar experiencias delicadas, como a da congelação da agua, certos phenomenos acusticos, electricos, e muitos outros, que só podem fazer-se em atmospheras excessivamente rarefeitas. 100 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Temos dito o sufficiente sobre a-theoria do rarefactor, para se po- der formar idéa do seu jogo e da maneira de avaliar, experimentalmente e pelo calculo, o trabalho que póde produzir um destes instrumentos. Descreveremos agora o complemento e accessorios desta machina para concluir o que temos que dizer sobre este objecto. == Accessorios componentes da machina hydropneuma- tica. — Com o tubo 4, do rarefactor, fig. 2, com- munica directamente uma torneira de valvula, D, de construcção especial, que evita os choques do liquido no encanamento (coups de belier), não permittindo se interrompa ou estabeleça repenti- namente a communicação do apparelho com o re- servatorio, que, mediante um tubo de chumbo, lona, coiro, cauchuc ou outro material resisten- te, fornece a agua de alimentação da machina, Para medir a altura d'onde vem o liquido. a carga ou pressão hydraulica utilisavel no ra- refactor, existe implantado no mesmo tubo, pro- ximo à torneira D, um piezometro graduado em fracções de atmosphera, e com as alturas em metros correspondentes às diversas cargas. Os tubos de vidro gg, destinados a condu- zir o ar do recipiente ao rarefactor, communi- cam superiormente com a parte inferior de uma pequena caixa de segurança h, no interior da qual existe um fluctuador valvula, cylindrico, s, muito leve, apoiado ou suspenso interiormente em uma aste metallica t, que lhe serve tambem de guia. Este fluctuador valvula funceiona da seguinte maneira: Quando a agua por descuido, mau mano- brar do operador ou diminuição de pressão do liquido no encanamento, subir pelos tubos 99, e invadir a caixa h, o fluctuador, s, sobe ao == longo da aste t, fecha hermeticamente o. canal Fig. 2 que da caixa de segurança passa à torneira à q, e evita assim que o liquido passe ao recipiente e ao resto do instrumen- to; logo porém que o desarranjo cessa, a agua evacua a caixa A, e tubos 99; 0 fluctuador volta ao descanço, e restabelece de novo a communica- PHYSICAS E NATURAES 1014 ção accidentalmente interrompida. Pela inspecção dos mesmos tubos se conhece a occasião em que esta irregularidade se apresenta. Ao orgão hts, que vimos de descrever, está ri- gidamente ligada a torneira iq, cujo mechanismo um pouco complexo se vê tambem representado, em córte longitudinal, na fig. 3. À peça 1, d'esta torneira, tem quatro tubuladuras: b, e, c, c', que communicam respectivamente com um barometro de mercurio, que mede a força elastica do gaz ra- refeito; com um tubo que vae ao recipiente, e com dois tubos deseccadores ou de absorpção, de vidro, de 07,80 de comprido, cheios de pedra po- mes em fragmentos, impregnada de acido sulfu- rico concentrado, que tem por fim absorver e im- pedir que passem ao recipiente parte dos vapores aquosos produzidos em virtude da diminuição da pressão do ar no interior do apparelho. O macho q, que pôde rodar sobre seu eixo na caixa 1, tem quatro canaes cylindricos: um que atravessa dia- : metralmente ; outro que parte do meio d'este para Fig. 3 a circumferencia, em uma direcção perpendicular; o terceiro curvo e in- communicavel com os primeiros; e, finalmente, um quarto praticado ao longo do eixo do mesmo macho communicante com os dois primeiros (fig. 3), que serve para dar entrada ao ar no apparelho, quando se al- livia ou retira o botão ou pequeno obturador, v. Por um furo que atra- vessa ao comprido a espessura das paredes, e obliquamente a base da peça, 1, que defronta com os canaes do macho, q, se estabelece a com- municação do tubo, e, com o rarefactor e os accessorios do instrumento. O fim da disposição que demos a esta torneira é facil de compre- hender. Supponhamos que se trata de fazer uma experiencia com a ma- china hydropneumatica em que é preciso conhecer o grau de rarefacção do ar produzido pelo liquido, e evitar, quanto possivel, a presença de vapores de agua em um vaso ou recipiente, como, por exemplo, na bella experiencia de Leslie, da congelação da agua no vacuo; devemos, D'este caso, fazer communicar com o rarefactor, os tubos deseccadores, o barometro e o recipiente. Para conseguir isto, movemos a chave da torneira [iq] até dar-lhe a posição indicada nas fig. 2 e 3, que obriga o ar a seguir o trajecto indicado pelas settas e põe em acção os tubos deseccadores. 1092 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Com effeito, logo que o rarefactor funccione, o ar que vem do recipiente precipita-se no tubo e; percorre o canal recurvado, que atra- vessa longitudinalmente as paredes e a base da peça, i, entra no canal vertical com que defronta, e sae em c; depois de communicar por b, com o barometro, percorre os dois tubos deseccadores; entra em c'; passa a caixa h; desce aos tubos 99; chega ao rarefactor, aonde encon- tra O liquido, que o leva pelo tubo B, ao reservatorio €, d'onde emerge e sae para a atmosphera pela abertura de despejo a. Se na demonstração que pretendermos fazer com a machina só ca- recemos das indicações do barometro, daremos à torneira a posição re- presentada na fig. 4; no caso de algumas experiencias em que o ar se precipita repentinamente no apparelho, como na demonstração da pres- são atmospherica de cima para baixo [rebenta besigas], espansibilidade dos gazes, etc., etc., devemos interceptar a communicação do recipiente para o barometro, afim de na occasião do estrondo evitar o choque do mercurio de encontro ao tubo; portanto collocaremos a peça q, como in- dica a fig. 5 1. Finalmente, querendo separar o recipiente do rarefactor, temos ainda uma quarta e ultima posição, de que não damos desenho por ser facil imaginal-a. E o conjuncto de todas estas peças, que acabamos de descrever, resumidamente, em separado, e constitue o novo modelo da machina 1 Este desvelo não é inutil até nas machinas cujo tubo barometrico é es- trangulado, com o fim de tolher e evitar a ascenção rapida do mercurio, que às vezes choca tão violentamente o tubo na parte estreita, que o faz saltar em pedaços. Com um manometro de siphão aberto, tendo na extremidade commu-: nicante com o ambiente uma abertura bastante capillar, que obriga o mercurio a subir ou descer lentamente no tubo, se evita perfeitamente este cuidado, ou então empregando o meu manometro. Vide Jornal de sc. math. phys. e nat., num. 12, de dezembro de 1871. PHYSICAS E NATURAES 103 hydropneumatica destinada às demonstrações em cursos de physica e chimica experimental, que se vê representado na fig. 6. Fig. 6 Descripção da machina hydropneumatica. —N'este desenho, E E, repre- senta o tubo que communica com o reservatorio ou canalisação da agua, à entrada do qual se encontra um crivo metallico, conico convergente, 104 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS para o interior do tubo, para não diminuir a velocidade da agua, des- tinado a reter algumas impurezas que ella contenha em suspensão; este tubo conduz a agua à torneira D, que regula a saida para os tubos ad- ductor e abductor AB, que fazem parte do rarefactor r; do tubo B, passa a agua ao vaso de zinco €, onde se accumula uma parte, em que mergulha a extremidade inferior do mesmo tubo, saindo o liquido ex- cedente pela desaguadouro a. Annexo ao tubo E E, vê-se o piezometro m, que póde, como já dissemos, indicar e medir a altura d'onde vem o liquido, ou a carga ou pressão hydraulica effectiva, graduado em fracções d'atmospheras, e com as alturas em metros correspondentes a varias pressões. Do rarefactor 1, partem os tubos de vidro, 99, que servem para a passagem do ar e para ajuizar do funccionamento do apparelho. As ex- tremidades, superiores d'estes dois tubos terminam na caixa do segu- rança h, no interior da qual se acha o fluctuador valvula destinado a evitar, havendo descuido do operador ou diminuição de pressão do li- quido, que a agua invada o apparelho e o recipiente. Com o mechanismo h, communica a torneira %, cujas quatro tubuladuras lateraes, como se vê na figura, estão ligadas: — ao barometro de siphão bb, que indica, dire- ctamente, as forças elasticas do ar ou gazes no recipiente, pouco inferio- res a uma atmosphera, ou de apenas alguns millimetros de mercurio; — aos tubos deseccadores cc c'c', cujas extremidades inferiores, aber- tas, atravessam uma rolha de cauchuc vulcanisado, que ajusta perfei- tamente na bocca de um pequeno frasco de vidro d, contendo acido sul- furico concentrado, destinado, como os fragmentos de pedra pomes im- pregnados do mesmo acido contidos nos tubos, a deter a passagem dos vapores aquosos, que do rarefactor tendem a passar ao recipiente; e por ultimo, ao tubo de vidro ee, que por meio do tubo elastico e”, com- munica com a torneira f, que se acha na base da platina p, sobre a qual assenta a redoma de crystal ou recipiente n, empregado em grande nu- mero de experiencias. Sobre a meza de mogno 00, se apoiam todas as differentes partes do instrumento. Modo de operar com esta machina.— Querendo fazer o vacuo ou rarefa- zer simplesmente o ar no recipiente x, começa-se por abrir a torneira f; depois dispõe-se a torneira à convenientemente, tendo em vista as nos- sas anteriores indicações; abre-se a torneira da agua D, e a que a pre- cede, havendo-a, e roda-se de 90º, da direita para a esquerda, com a cavilha o do rarefactor; então o liquido atravessando os dois tubos A e B, aspira e rarefaz o ar ou gazes do recipiente. Julgada a operação PHYSICAS E NATURAES 105 terminada, fazemos o mesmo movimento com a cavilha do rarefactor, mas da esquerda para a direita, fechamos a torneira D, e o apparelho cessa immediatamente de funccionar. Para fazer entrar o ar no logar d'onde o extraimos, allivia-se o obtu- rador, v, appenso à torneira, i, que abrindo o orifício praticado na chave desta torneira, permitte a sua introducção na machina e no espaço pela redoma limitado. Uma machina hydropneumatica como a que descrevemos, destinada exclusivamente a experiencias e demonstrações de physica applicada, foi expressamente construida para serviço da aula e gabinete de physica do Instituto Industrial e Commercial, onde funcciona ha dois annos; varios modelos, porém, possuem já hoje os principaes estabelecimentos scien- tificos de Lisboa, como são os laboratorios chimicos da Escola Polyte- chnica, do Instituto Industrial, e do Instituto Geral de Agricultura. Vantagens e applicações scientificas e industriaes do rarefactor hydropneuma- tico. —Este novo instrumento, que é pouco complicado e dispendioso, de facil construcção e de grande auxilio em muitas e variadissimas operações, póde substituir as machinas pneumaticas ordinarias, e tem principalmente a vantagem sobre ellas de ser automotor, e de, com uma pequena mo- dificação no mechanismo, poder funccionar, com a mesma regularidade, sem columna d'agua e sem despeza alguma de liquido. Para isso basta fazer passar 0 vapor, a uma certa pressão, dentro do rarefactor, que primeiro aspira a agua de um poço, tina ou pequeno deposito que a contenha, e depois a impelle para o tubo adductor, donde sae em jacto, produzindo a aspiração ou rarefacção dos gazes e voltando ao reserva- torio, para de novo ser aspirada e impellida para o rarefactor, ahi pro- duzir ou renovar o mesmo effeito, passar para o deposito e assim suc- cessivamente. D'este modo, mesmo com um pequeno volume de liqui- do, que serve indefinidamente, e sem pressão hydraulica, pôde o instru- mento trabalhar. Para evitar que a agua aqueça demasiadamente, pela aturada e cons- tante condensação do vapor, é bom promover o seu resfriamento, expon- do-a em larga superficie, para facilitar a irradiação do calor, ou fazen- do-a percorrer uma longa calha antes de cair no deposito d'onde saiu para ir passar no instrumento. Na falta de um reservatorio com liquido, póde servir tão somente o vapor; e é funccionando assim que este instrumento foi applicado re- centemente às estufas de seccagem, de agua ebuliente, cujo vapor, an- tes de ser condensado ou perdido na atmosphera, se faz passar no ra- refactor, onde produz uma forte aspiração, que renova 0 ar que cerca JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. 8 106 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS os corpos dentro da estufa, apressando o enxugo destes com extraor- dinaria rapidez. Tanto n'esta applicação como em outras, parece-me este instrumento preferivel ao apparelho do professor, o sr. John Draper, recentemente descripto !, que pela exiguidade dos orifícios da saida do vapor, como mostra a pratica, se obstrue e deteriora com a maior facilidade. Tem o rarefactor nos laboratorios de chimica e de pharmacia mui- tas e importantes applicações; ora utilisado nas experiencias em que se costuma empregar a machina pneumatica ordinaria, como nas distilla- ções, concentrações e crystallisações no vacuo; ora como aspirador de gazes, precedido ou não de um contador, como na analyse quantitativa dos diversos principios existentes na atmosphera em pequenissimas pro- porções, e ainda outras. Mas um dos melhores empregos que elle tem tido é, sem duvida, na filtração accelerada ou pneumatica, que para exemplificar a sua utilidade, passamos em resumo a descrever. Todos os que se dedicam à chimica, e muito especialmente os ana- lystas, sabem quanto morosa é a filtração de um liquido, quando elle contém em suspensão substancias que pelo seu estado physico lhe ve- dam a passagem através dos filtros; o que é um embaraço grande, mor- mente se da filtração do liquido depende o seguimento ou começo d'ou- tras operações; pois com a machina hydropneumatica consegue-se ob- viar a este inconveniente e apressar a filtração, realisando, por este ar- tificio, em alguns minutos, filtrações que poderiam levar muitas horas. A maneira de conseguir este resultado nos laboratorios, é, resumi- damente, a seguinte: Toma-se um matraz de vidro, de grossas pare- des, ou um vaso de Woolf, a, de duas tubuladuras, de capacidade variavel, ao qual se adapta um tubo de vidro curvo c, fig. 7, que atravessa uma boa rolha, e um funil b, cujo angulo formado pelas suas paredes é de 57º,3, em que descança e ajusta o filtro de papel sobre o qual se lança o liquido que pertendemos filtrar, e faz-se communicar com a machbina por meio do tubo c. Lançando o liquido no filtro e pondo o rarefactor em acção, o ar con- tido no vaso a, é aspirado; então a pressão atmos- pherica, desequilibrada em b, predomina, carrega no licor que queremos filtrado, e o obriga a atravessar o filtro rapida- ! Philosophical magasine —1870 —May. PHYSICAS E NATURAES 107 mente; o que não succederia se fizessemos a filtração pelo processo or- dinario, ainda em uso em alguns laboratorios. Apparelhos de filtração industriaes.— Na industria a filtração accelerada dos liquidos póde fazer-se exactamente do mesmo modo, empregando, bem entendido, filtros adequados, que podem variar de fórma, de ta- manho e construcção. Na fig. 8 se vê representado um filtro recipiente, inventado e applicado, pelo sr. Ferreira Lapa, à filtração dos vinhos, vi- nagres e azeite 1. N'este apparelho, que é composto de dois corpos de aduella A e B a placa filtrante (feltro) assenta no fundo crivado do primeiro corpo A, onde se deita areia e carvão vegetal, querendo, e o vinho que preciza clarificado; e ao inferior B, ou recipiente, onde se recolhe o vinho já filtrado, é que se adapta o meu rarefactor r, que recebe agua pelo tubo c. Rarefazendo o ar no corpo inferior do apparelho, se promove a accele- ração de filtração, pelo modo que dissemos no primeiro exemplo. Por meio do manometro m, e do tubo indicador do nivel à, se conhece quando o recipiente está cheio para ser despejado e começar de novo a filtrar mais liquido. Esta machina de filtrar, é, como se vê, intermittente, e depende de agua com uma certa pressão, ou de um gerador de vapor, o que quasi ! Archivo Rural e Relatorio de missão agricola na provincia do Minho no | anno de 1870, pag. 51. 8 + 108 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS sempre é facil de obter; quando ella, porém, não satisfaça, pôde em- pregar-se o meu filtrador, que sem auxilio de outro apparelho accelera consideravelmente a filtração. Nm e gi fi , Ea ALBERTO SERA Fig. 9 Compõe-se este filtrador de um vaso de aduella! ou de metal (bem estanhado), dividido em dois corpos de desegual capacidade, 4, B, fig. 9 e 40, communicando inferiormente com um tubo cc, de 1º a 2º,5 de comprimento, cuja extremidade inferior termina nºuma torneira t. Na re- gião que dista cerca de 10º do fundo, ha um crivo ou uma tela metal- lica sobre a qual assentam uma ou mais placas de um tecido muito cer- rado (pelle de toupeira) convenientemente preparado, tendo sobreposta ou de permeio uma ou duas rodellas de bom papel de filtrar bem lavado. So- bre estas placas ou filtro F, póde haver uma pequena camada de areia quartzosa, branca, isenta de ferro e lavada cuidadosamente em muitas aguas; e por cima da areia um crivo, disco de flanella ou de rede aper- tada, R, suspensa por alguns pontos da circumferencia a uns botões pre- gados ou soldados para este fim no apparelho. Em à ha uma abertura que communica com a capacidade inferior da machina, e se fecha com uma torneira ou rolha de cauchuc; e em f, um tubo indicador de mni- vel; superiormente ao apparelho está a torneira de alimentação m, cuja ! Se o apparelho é de aduella, é indispensavel, como eu o tenho verificado, applicar-lhe em toda a superficie uma ou mais demãos de verniz elastico imper- meavel, afim de evitar a entrada do ar através dos poros juntos ou fendas da madeira. PHYSICAS E NATURAES 109 chave se acha ligada a um fluctuador a, que tem por fim regular a en- trada e manter o nivel do liquido, na capacidade superior, constante- mente a uma certa e determinada altura. Finalmente, se o apparelho é construido como o representado na fig. 10, entalam-se as placas, pelos seus bordos lubrificados, entre as duas bridas ou aros que separam o apparelho em dois corpos, e aper- tam-se bem por meio dos parafusos, hh, para que fiquem as duas ca- pacidades perfeitamente separadas pelo filtro. Ora, como se vae ver, a principal causa da acceleração da filtra- ção, n'este filtrador, é ainda a pressão atmospherica. Para fazer trabalhar este apparelho começa-se por fechar a tor- neira, t; depois, por meio de um funil curvo, cujo collo se introduz na abertura, t, enche-se o tubo, cc, de liquido já filtrado, se o ha, e parte da capacidade inferior, ou espera-se que o liquido que vae filtrando o encha, até o nivel da mesma abertura, que se fecha bem, em seguida, com a competente rolha de cauchouc. Feito isto, abre-se a torneira de alimentação, e logo que o nivel do liquido tem attingido uma certa al- tura sobre o crivo ou rede superior à areia, abre-se tambem, e devagar, a torneira t. O liquido do tubo, cc, e o contido na capacidade contigua, n'estas circumstancias, pelo seu peso, saem por m; e como 0 ar não possa penetrar por i, ou parte alguma do apparelho, no corpo inferior d'este, produz-se uma diminuição de pressão ou força elastica no pouco ar da capacidade inferior, equivalente à densidade e altura da columna liquida sustida pelo tubo, que se faz sentir no filtro F, e solicita a pres- são atmospherica a obrigar o liquido a atravessal-o com rapidez; então o licor já filtrado, à medida que vae atravessando o filtro, não podendo accumular-se no apparelho sem destruir as condições de equilibrio es- tabelecidas, vae saindo por m, donde póde passar directamente para vasilhas. N'este filtrador, a flanella, o crivo ou a rede opéra a primeira de- puração do liquido, despojando-o dos corpos mais volumosos, como alguma balsa, borras, etc.; na areia ficam aquelles menos grosseiros que iriam atacar e obstruir immediatamente o filtro; finalmente no es- tofo e no papel fica o sedimento mais tenue que produz uma ligeira turvação, a mais difficil às vezes de tirar. Os liquidos filtrados d'este modo, apresentam-se, geralmente !, como ! Ha liquidos, e entre elles certos vinhos, que resistem a este meio de cla- rificação. Quando esta circumstancia se apresenta, devemos recorrer a um ou- tro processo, que descreveremos detalhadamente n'outro logar. 110 JORNAL DE SCIENCIAS MATIEMATICAS lhes chamam os technicos, —espelhentos; isto é, perfeitamente diaphanos e transparentes, e isentos de todos os corpos sedimentosos que as in- quinavam. Vê-se, portanto, que n'este apparelho a filtração é contínua, au- tomatica, accelerada e regular; que o arejamento do liquido se póde considerar nullo, porque a camada de ar que elle atravessa, além de ser sempre a mesma, é insignificante, o que tem suas vantagens no caso dos vinhos ou licores alcoolicos, pois não dá logar a que se produza a acetificação do liquido, nem a perda d'aromas, alcool, etc.; e além d'isso à dissolução dos fermentos atmosphericos (seminiculas de vegetaes mi- croscopicos, etc., etc.) que, segundo Pasteur, são origem de varias doen- cas dos vinhos; e por ultimo, que, por ser simples e de facil construc- ção, está ao alcance do grande e pequeno lavrador. A machina de filtrar que vimos de descrever, que tendo a maior dimensão indicada, accelera 20 ou mais vezes a filtração, serve, em ge- ral, para todos os liquidos não corrosivos, e póde installar-se do modo que se vê indicado na fig. 11, querendo, por exemplo, applical-a à: fil- tração do vinho ou de outro liquido. Como mostra a figura, A, é um tonel que assenta sobre o sup- porte de madeira, CC, e contém o liquido por filtrar, que alimenta o filtrador, F. Nºeste dispositivo a alimentação do liquido é ainda automatica, mas PHYSICAS E NATURAES 14 feita de um outro modo, que substitue perfeitamente a torneira de boia ou 0 meio mechanico que indicamos. Á torneira, e, por onde sae o liquido, adapta-se um pedaço de tubo, cuja extremidade livre deve descer um ou dois centimetros abaixo do nivel normal do liquido no filtrador, altura a que chega o extremo chanfrado de um tubo de chumbo ou cobre estanhado, e”, que se faz com- municar, por meio de uma boa rolha, com o orificio superior ou batoqueira do tonel. Dispostos os tubos assim, e aberta a torneira, e, O liquido depo- sitado em A, pelo seu peso, sae emquanto entrar ar por e”; desde, po- rém, que a extremidade d'este tubo mergulha no liquido accumulado em F, o ar exterior não podendo entrar, o ar existente na capacidade, A, dilata-se um pouco; diminue de tensão, equilibra, com o peso do liquido, a pressão atmospherica, e portanto este não sae; mas, descendo o ni- vel do liquido em F, à medida que vae passando pelo filtro, chega um momento em que a extremidade do tubo, e, fica a descoberto; então o ar ambiente entra por ella, restabelece a primitiva pressão em 4, e o liquido corré por e, até subir de novo em F, impedir a entrada do ar, por e, originar-se uma diminuição de pressão dentro do tonel, que in- terrompe a saida do liquido, e assim por diante. Por este simples e efficassissimo meio physico se estabelece auto- maticamente, e com grande regularidade, a entrada do vinho no filtra- dor, em egual volume ao que sae filtrado do apparelho, se nas juntas do tonel houver perfeito vedamento. Do filtro, F, pende o tubo, c, que conduz o liquido filtrado à tor- neira, t, do barril ou pipa que o deve receber, querendo evitar bal- deações. Suppondo actualmente que a adega não é bas- tante alta para poder montar assim o apparelho, mas se encontra em condições de poder empregar um ra- refactor, e que precisamos accelerar a filtração mais do que a accelera o tubo, c, quando é pouco com- primido, colloca-se o filtro, F, à maior altura possi- vel, substituindo o tubo, c, por outro mais curto; à vasilha, B, adapta-se o tubo, b, que communica com o frasco de vidro de tres tubuladuras, d, fig. 12, no qual ha um tubo manometrico, m, com mercurio, que serve para indicar o grau de rarefacção produ- zida; do mesmo vaso parte outro tubo, 7º, que vae do rarefactor, R, apoiado no supporte, 7. Fazendo trabalhar o rarefactor, opera-se uma diminuição de pres- 112 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS são em B, que se transmitte ao filtrador, F, bem como ao frasco, d, onde se póde observar o manometro, m, e por onde se reconhece, quando o vinho passa a este frasco, que a vasilha, B, está cheia do li- quido já filtrado. D'este modo se apressa muito a filtração, conservando sempre as importantes vantagens do apparelho. São estas algumas das principaes applicações scientificas e indus- triaes que o rarefactor hydropneumatico póde ter, além d'outras impor- tantes, como aquella em que, modificado, pôde servir de compressor de gazes; nas fabricas de refinação do assucar, nas filtrações das soluções saccharinas; para fazer o vacuo e condensar o vapor aquoso das caldei- ras onde se faz a concentração dos xaropes, tanto nos apparelhos de Howard e de Roth, como no de Degrand e Derosne; na fabricação dos extractos dos paus tinturiaes (campeche, brasil, etc.); nas fabricas de papel; no fabrico do gelo artificial, pelo processo Carré; etc., etc., que para não tornar mais longo este trabalho, serão com o indispensavel des- envolvimento descriptas e opportunamente publicadas. Janeiro de 1872. - PHYSICAS E NATURAES 113 2. Considerações, e experiencias ácerca da chamma POR DANIEL AUGUSTO DA SILVA A chamma, mau grado às suas propriedades physicas, não deixa de ser para muita gente um assumpto extremamente escuro. Não é raro encontrar individuos intelligentes, que não encaram de- vidamente esse phenomeno. Quando se contempla v. gr. a chamma de carvões incandescentes, é natural às pessoas não familiarisadas com o estudo das sciencias phy- sicas, attribuir à parte gazosa, e mais brilhante do pequeno incendio, a immobilidade dos pedaços solidos de combustivel, que produzem, e mantem essa elaboração de calorico, e luz. Suppõe-se, que a chamma é a combustão lenta, e prolongada de gazes inflammaveis, que se immobilisam para luzir, e aquecer, como acontece ao corpo solido em ignição, cuja transformação chimica ori- gina productos aeriformes, em que se dão essas manifestações physi- cas. Para aquelles mesmo, que sem profundar a sciencia, conhecem que tal immobilidade não existe, seria util saberem mais distinctamente 0 que sabem : em favor d'elles nos será relevada a insistencia nas seguin- tes considerações, obvias para aquelles que se tem occupado effectiva- mente do estudo das sciencias physicas. H Se nas aguas tranquillas contemplamos à noite a imagem da lua no seu plenilunio, ver-se-ha um brilhante circulo immovel; immovel em si, e no fundo em que se desenha. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. 9 114 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Se porém o liquido se deslizar mui brandamente ao longo do seu leito, sem a minima undulação perceptivel à superficie, conservando-se parado o observador, estacionada tambem se affigura a imagem do nosso poetico satellite; será porém continuamente mudavel a tela da fidelissi- ma pintura; haverá como uma successão de espelhos, que desfilam ante a nossa vista para nos patentear o mesmo objecto, em identico logar; ou, mais propriamente, teremos uma corrente de molleculas liquidas, que successivamente se tornam brilhantes ao percorrerem a area de um circulo immovelmente traçado na superficie das aguas fugitivas. Outro exemplo tão opposto, quanto semelhante. Conta Babinet/, que tendo feito ascensão a um dos montes da cadêa dos Pyrenêos, ob- servara junto ao cabeço d'aquella elevação um phenomeno curioso, posto que não seja raro apresentar-se à contemplação de outros viajantes. | D'esse pincaro partia como uma pluma nebulosa, talvez da espessura de cinco metros, parecendo fixa de um lado à montanha, distinctamente limitada no extremo opposto, e conservando a apparencia de completa immobilidade a despeito de uma brisa bastante viva, que se afligurava lutar para que se effeituasse a separação entre essa nuvem, e o cume a que estava adherente. Dava-se tambem n'aquelle caso uma fixidez apparente; mas effe- ctivamente uma real mutação continua. Uma corrente aerea carregada de humidade subia do valle, mais aquecido, e conservava a sua transparencia até que, na maior elevação, o abaixamento de temperatura condensava, e tornava visiveis os vapo- res aquosos. Descendo pela encosta do lado opposto a corrente atmos- pherica retomava a sua transparencia, readquirindo uma temperatura mais elevada. Circumstancias analogas se verificam na chamma. Imaginemos um bico de gaz donde rapidamente sae um continuo jacto na direcção da luz superior ao orifício da saída. Quando as molleculas gazosas attingem a temperatura, que n'ellas opera a transformação chimica, que dá a luz; desde esse momento em deante taes molleculas se tornam illuminantes, visiveis: terminada a sua combustão, e continuando ellas a subir, deixam porém de ser percepti- veis à nossa vista. 1 Études et lectures sur les sciences d'observation etc. ete. tom. 7.º PHYSICAS E NATURAES 1145 HI Consideremos um bico de gaz dos denominados de leque, fórma usada na illuminação publica de Lisboa. Nºestes o gaz sae por uma fenda estreitissima, de proximamente 0””,27, e sob uma pressão que póde suppor-se em média superior à da atmosphera em 35”"” de agua, na baixa da cidade ás 9º da noite. A fenda tem a configuração representada na fig. 1.º, isto é, um re- ctangulo de lados verticaes, terminado superiormente por um semicir- culo. A differença entre a pressão interior e a exterior, e a estreiteza da fenda, fazem com que as molleculas gazosas se projectem em cada ponto de saida normalmente à area da fenda nesse ponto, e com uma veloci- dade muito consideravel, que póde ser avaliada approximadamente, como depois veremos, em 21” por segundo. Estas condições, a leveza relativa do gaz de illuminação, as corren- tes ascendentes do ar aquecido, e a sua força de inercia, explicam a con- figuração da chamma, a qual em circumstancias normaes, que raras ve- zes se verificam, assume a fôrma desenhada na fig. 2.2; mais commum- mente, porém, deixa de ser tão regularmente delimitada a curva supe- rior de iluminação, apresentando as undulações, que se representam na fig. 3.º Reflictamos sobre a fórma normal da fig. 2.º Em circumstancias regulares, quando se não sente o cheiro cara- cteristico do gaz, deve elle ser consumido totalmente, e por isso as cur- vas lateraes da chamma designam os limites da torrente gazosa, que saindo do bico se dilata na atmosphera. Essa torrente, se actuasse nella unicamente a força projectiva, daria à luz um limite lateral rectilineo perpendicular ás linhas ab, cd, fig. 1.º A combinação da força de projecção, com as correntes ascendentes de convecção, com a leveza especifica do gaz, e a força de inercia do ar, deve determinar as configurações curvilineas, que se veem na fig. 2.2, por um modo analogo áquelle, que obriga a veia liquida, que sae, com uma dada pressão, d'um orificio lateral para a atmosphera, a de- screver proximamente uma curva parabolica, resultado da acção combi- nada duma força de projecção, e do efeito da gravidade. - À curva inferior luminosa, abre ou fecha, isto é, soffre uma trans- formação analoga à que se dá na parabola com o augmento, ou dimi- 9x 116 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS nuição do parametro, quando a torneira do gaz dilata, ou restringe a saída do fluido do tubo de alimentação. É obvia, pelo que dissemos, a explicação d'esse phenomeno. Examinemos agora a curva superior da fig. 2.º A altura da chamma, ou a curva superior iluminada, dependem, além da força projectiva, da convecção aerea, da leveza do gaz, e do tempo que as suas molleculas requerem para se effeituar a combustão completa. A convexidade no meio da curva superior da chamma é em grande parte explicada pelo semicirculo superior da fenda. Com efeito, prescindindo das acções devidas à conveçcão, e à le- veza do gaz, as molleculas, que saem da parte mais elevada d'esse se- micirculo, devendo considerar-se todas animadas de quasi identica força de projecção, e sendo para todas ellas egual o tempo total da combus- tão, a parte central da linha superior luminosa deveria ser um arco de circulo concentrico ao da fenda. Essa curvatura porém será ligeiramente alterada pela intervenção das forças resultantes da convecção, e da leveza do gaz; pois que o ef- feito d'essas forças varia pouco na extensão da parte superior do arco da fenda. b Contemplemos agora as duas concavidades da linha superior da chamma. Podem ellas considerar-se, em termos genericos, como o re- sultado das seguintes causas. A maxima pressão nos pontos a, c, fig. 4.º, faz terminar mais longe a combustão nas duas pontas superiores do leque : subindo na fenda, e perto desses pontos, a pressão deve diminuir consideravelmente, e d"ahi procede o decrescimento da força projectiva, e o achar-se mais perto da fenda o ponto, em que se verifica o termo da combustão, do que re- sulta a depressão ou concavidade na curva superior de illuminação. Reforçam pelo contrario os effeitos da força projectiva, as corren- tes verticaes de convecção, e a leveza do gaz, força esta na tambem opera verticalmente. A resultante porém dessas forças verticaes, e da força de projec- ção augmenta consideravelmente na proximidade da parte superior da chamma; por quanto o angulo quasi recto d'essas duas especies de for- ças, que se verifica nos pontos a,c, decresce progressivamente até se tornar nullo no ponto superior da fenda. De todo esse concurso de circumstancias deve resultar, que as con- cavidades contiguas às pontas do leque, na sua parte superior, se con- tinuem, junto ao centro, pela convexidade, que se vê na fig. 2.º PHYSICAS E NATURAES 117 Pelos mesmos principios se póde explicar a configuração das ou- tras chammas. Assim na combustão, v. gr. de uma vela de parafina, a menor in- tensidade (como depois veremos) de projecção dos gazes, que se evol- vem do liquido combustivel, aspirado pela mecha, é o motivo da muito menor amplitude lateral da curva inferior luminosa. O mesmo motivo é uma das causas da fórma pyramidal da cham- ma. A outra causa é a seguinte. Cada camada horisontal de gaz inflammavel, que subindo atravessa a extensão da chamma, combura-se principalmente na zona exterior, € por conseguinte o seu diametro horisontal vae diminuindo à medida que se approxima da cuspide. IV Avaliemos agora approximadamente a velocidade média da projec- ção na fenda do bico de gaz da illuminação publica de Lisboa. Os dados da nossa observação foram os seguintes : Consummo do bico, por hora ............. 160 litros Largura da fenda do bico ................ Orada Lados rectos da mesma, os dois reunidos ... 2”"”,09 Espessura da fenda na parte superior ...... uRZa Diametro da parte circular interior... ...... 90 65 Extensão da parte circular » ......... 5727333 Extensão total da fenda POR ii MPE qn 8233 Pressão no manometro d'agua. ............ Sm Com os dados acima será a area da saida na fenda 0”,00027 X 0",0078233 = 0",0000021 12, e por conseguinte a velocidade da saida do gaz por segundo 3 07,160 q ai RR OD 07,000002112 >< 3600 ! As determinaçõas micrometricas da fenda foram feitas na officina dos instrumentos de precisão, annexa ao Instituto Industrial. 118 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS v Occupemo-nos actualmente da determinação approximada da força de projecção dos gazes inflammaveis na combustão de uma vela de pa- rafina. Aquella de que nos servimos na nossa experiencia tinha o peso de 76,052 grammas; o tronco da pyramide conica, que forma o seu corpo principal, tinha uma base superior, cuja circumferencia era de 66"”, a que corresponde um diametro de 24””. Na parte inferior do tronco a base tinha a circumferencia de 70”"”, e por conseguinte o diametro de 29mm Ardida a parte mais delgada, especie de boccal sobreposto ao tronco, e uma pequena zona deste, ficou a vela com o comprimento de 245" proximamente, e com o peso de 73,250 grammas. Fizemol-a depois arder durante 4 horas, ficando o seu comprimento reduzido a 102"” proximamente, e o peso a 34,765 grammas. Tivemos pois em 4! um consummo de 38,48 grammas, em que se comprehende a pequena parcella relativa ao algodão do pavio con- sumido. A reunião de diversos carburetos é o producto da combustão da vela de parafina. Suppondo que a densidade d'elles seja a média do proto, e do bicarbureto, isto é, 0,766; e sendo a do ar =" 58 * relação à da agua, teremos um volume de gaz, que alimentou a chamma, egual a na 773,28 | 3 0 00003848 >< 0,766 (1 + 0,00366 >< 400) =0",09572, em que suppomos, que em média a dilatação pelo calor da chamma se effeitua a 400º, e que essa dilatação é regulada pelo coefficiente de Re- gnault, advertindo tambem que suppomos, que o pequeno peso de al- godão consumido no pavio não altera sensivelmente o volume, e a na- tureza do gaz produzido. . A parte do pavio incluida na chamma poderia ter, em média, um comprimento de 14””, e um diametro médio de 4"",3. Supponhamos que a evaporação se effeitua entre os fios do pavio por uma superficie metade da que corresponde ao cylindro das dimensões precedentemente escriptas. Querendo pois a velocidade de evaporação em um segundo, PHYSICAS E NATURAES 119 deveremos dividir o volume achado 0",09572 por 3,14159><07,014><0",0015>< 4 >< 14400 02,478, isto é, acharemos approximadamente 0”,201. Este numero é de certo inexacto por deficiencia. Essa deficiencia póde proceder de varias causas. A primeira poderia ser talvez o termos tomado para a tempera- tura média do começo da combustão apenas 400º. A outra causa seria a exageração da superficie de evaporação. Em- bora a chamma na sua parte azulada inferior assumisse uma curvatura de alguma fórma correspondente à curva, que formava o pavio dentro da chamma, o que indica verificar-se a evaporação na extensão de grande parte d'essa curva, comtudo é de crer, que a evolução dos gazes com- bustiveis cesse na parte incandescente do pavio, ou mesmo um pouco antes della. Tambem porventura diminuimos a densidade média do gaz multi- plo que se combura, suppondo que ella seria a média do proto, e do bicarbureto de hydrogeneo. Além d'essas causas, a fixação algum tanto arbitraria de varios dados, que adoptâmos no calculo, faz com que a nossa determinação deixe de ter rigor satisfactorio; pelo contrario a apresentamos só como grosseira approximação. Semelhantemente poderiamos calcular approximadamente a veloci- dade de projecção nos gazes inflammaveis, que se evolvem das mechas dos candieiros de petroleo, ou de azeite. Prescindimos porém de taes investigações, necessariamente destituidas de grande exactidão, se em- pregarmos o methodo, que adoptâmos na experiencia precedentemente indicada. VI Supponhamos que o jacto de gaz saia do bico na pressão da atmos- phera exterior, mas animado de uma força de impulsão em todas as suas molleculas, que lhe communicasse uma velocidade de saída de 24” por 1”, egual à que effectivamente resulta da differença de pressão que considerámos. Admittamos ainda a hypothese, que a velocidade, e a densidade do gaz se mantem na atmosphera durante a combustão. N'essas circumstancias, aliás irrealisaveis, se a velocidade de trans- missão da chamma fosse superior áquella velocidade supposta de 24”, o incendio se propagaria na direcção da fenda de saída, e terminaria 120 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS junto della, visto que a combustão é impossivel fóra do contacto do oxy- genio. Imaginemos agora, que 0 gaz sae em virtude d'um excesso de pres- são. Ás circumstancias, precedentemente consideradas, acresce a dilata- ção do gaz na atmosphera, e d'ahi o abaixamento de temperatura, o qual póde impedir a transmissão da chamma a uma certa distancia da fenda. É isso o phenomeno mencionado nas interessantes experiencias do sr. F. F. Benevides, publicadas no anterior numero deste jornal. Por ellas se vê, que o espaço escuro junto ao orifício de vasão au- gmenta com a velocidade de saída do gaz, isto é, com a pressão do reservatorio, podendo essa velocidade ser tal, que a chamma não tenha a rapidez, relativa à corrente do gaz, bastante para que a combustão se propague no sentido do orifício, acrescendo a essa causa 0 resfria- mento do gaz, produzido pela dilatação. Como se viu nas experiencias do sr. Benevides, a chamma, com o excessivo augmento de pressão no reservatorio, chega a desapparecer de todo. Como nas circumstancias ordinarias, e especialmente nas que fize- mos à pressão de 3”, ou 3,5, a combustão se verifica até junto da fenda de saida, parece poder asseverar-se, que a velocidade de trans- missão da chamma é então superior a 214” por segundo. Quando porém a velocidade de saida for consideravelmente supe- rior a 21”, e se observar 0 espaço escuro a que precedentemente allu- dimos, não se segue que de tal observação se possa concluir, que a velocidade de transmissão da chamma é muito superior áquelle nume- ro. Dilatando-se rapidamente o gaz à saída do orifício, a sua velocidade deve achar-se muito diminuida na linha, em que começa a ser visivel a chamma. VI Na chamma do bico de gaz, que considerâmos, bem como na das velas, ou dos candieiros geralmente em uso, observa-se inferiormente uma zona azulada, a qual é principalmente devida à combustão do oxy- do de carbone, e do protocarbureto de hydrogenio. Essa zona foi representada nas nossas fig. 2.º, e 3.º Superiormente vê-se a parte mais brilhante da chamma, que deve a maior intensidade luminosa à incandescencia das molleculas de carbone, que sobem da parte inferior e azulada. PHYSICAS E NATURAES 19214 Essa incandescencia é um phenomeno consecutivo áquella primeira combustão, e requer por isso mais consideravel espaço de tempo, e uma temperatura mais elevada, qual a que se verifica subindo às zonas su- periores da chamma. Quando augmenta a velocidade de saida do gaz da fenda, cresce si- multaneamente a extensão da zona azulada, e esse phenomeno explica- se principalmente pela circumstancia, de que sendo constante o tempo necessario para as molleculas de carbone se tornarem incandescentes, deve augmentar o trajecto que ellas descrevem antes de attingirem esse grau luminoso, em proporção do acrescimo de velocidade de projecção. O augmento ou diminuição de velocidade de projecção podem ef- feituar-se facilmente abrindo, ou fechando a torneira junto ao bico. Conservando-a porém immovel, isto é, mantendo uma velocidade de saída, em média, constante, observa-se ordinariamente na curvatura superior da parte azulada uma serie de undulações, a que correspondem outras analogas na curva superior da chamma: é o que se acha repre- sentado na fig. 3.º Essas undulações procedem do obstaculo maior ou menor, que encontra o gaz à sua saida nos diversos pontos da fenda: Um acrescimo de facilidade de saída produz um augmento de veloci- dade, e por isso maior trajecto percorrido pelas molleculas de carbone antes de se verificar a incandescencia, que as torna mais luminosas. A taes acrescimos de velocidade corresponderão as convexidades da curva inferior da parte brilhante; as concavidades pelo contrario de- nunciam retardamentos correlativos de velocidade. A curva superior da chamma designa o termo da combustão. Nessa curva quasi constantemente, como representa a fig. 3.º, correspondem as convexidades, e as concavidades às da curva inferior : a razão desta coincidencia de curvatura é analoga à que explica o sentido das undu- lações da curva inferior; quando mais longe, ou mais perto se realisa o phenomeno da incandescencia do carbone, tambem n'um ponto mais afastado, ou mais proximo se dá a terminação da combustão. VII Passaremos a fazer uma avaliação approximada da velocidade, com que as molleculas de gaz saem da zona azulada, e do tempo requerido para se effeituar a incandescencia do carbone. Na experiencia a que se referem os numeros inscriptos no num. IV d'este escripto, era em média a extensão do arco superior da parte 192 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS azulada da chama==77"",7: como a extensão da fenda era de 7"7,8233, se supposermos que a temperatura seria de 600º junto ao extremo d'essa zona (supposição esta, que peccará por deficiencia); e que a dilatação do gaz no sentido da espessura do leque na parte superior da zona azu- lada dê a esta uma largura dupla da largura da fenda, que dissemos ser de 0"",27, hypothese de certo não exagerada; ultimamente se ad- mittirmos por em quanto, que da combustão do protocarbureto de hy- drogenio não resulta augmento de volume, o que não é verdade, posto que tal facto seja admissivel para a combustão do oxydo de carbone, com estas supposições todas, acharemos, que a velocidade de saída da parte azulada, suppondo a velocidade de saida do bico ==21”",05, será, despresando a dilatação devida à supposta pressão de 3” 7,8233 77,1 247,05 (1-+ 0,00366 ><600).1== 37,39: esta velocidade terá de ser encurtada, logo que supponhamos, que a es- pessura do leque junto à linha de separação da parte azulada, e da parte brilhante da luz, seja superior a 0"”,54; augmentaria pelo contrario esse numero, se a temperatura adoptada 600º fosse diminuta. Suppondo exacta a velocidade achada, e admittindo que foi por um-movimento uniformemente retardado, que se chegou a essa veloci- dade, partindo-se da velocidade inicial da saída do bico supposta ser 21”,05, acharemos, sendo V, o, as velocidades inicial, e final, e o espaço percorrido, e t o tempo, dr Ma DEMOS V+o? e suppondo e=20"", 0,040 [pe ado DA. seit rr ea a hj . | =21054:3,397 0:0016; isto é, 0 tempo necessario para que as molleculas de carbone se tornem incandescentes é inferior a dois millesimos de segundo. Esse tempo diminuiria ainda, se achassemos exagerada, como ha logar a suppor, a velocidade 3”,39 de saída da zona azulada. Consideremos agora perfunctoriamente a influencia, que n'essa ve-. locidade, e no tempo requerido para a incandescencia do carbone, po- derão ter as transformações chimicas, que se efectuam na zona azu- lada. PHYSICAS E NATURAES 123 Suppondo que ahi se verifica principalmente a combustão de uma parte consideravel do oxydo de carbone, e do protocarboreto de hydro- genio, e talvez tambem uma parte do hydrogenio, como 4 volumes de oxydo de carbone combinados com 2 volumes de oxygenio produzem 4 volumes de acido carbonico; e como 2 volumes de hydrogenio e 4 de oxygenio dão 2 de vapor de agua, segue-se, que tanto da combus- tão do oxydo de carbone, como da do hydrogenio não resulta augmento de volume. Da combustão porém do protocarbureto de hydrogenio deve resul- tar consideravel augmento de volume; pois que 2 volumes d'esse gaz produzem na combustão 2 volumes de acido carbonico, e 4 volumes de vapor de agua. Na impossibilidade todavia em que nos achâmos de determinar a percentagem de gaz dos pantanos, que arde na parte azulada em rela- ção aos outros gazes, que atravessam essa zona, não modificaremos os numeros acima achados, para cuja inexactidão influem, como vimos, outras causas em sentido contrario à que considerâmos em ultimo lo- gar. Em todo o caso, esses numeros são mais presumpções, que me- dições. IX Das considerações precedentemente feitas parece resultar, que a transmissão da chamma azulada, se effeitua nos bicos de gaz, com uma velocidade superior a 24”, ao passo que a transmissão da incandescen- cia do carbone tem uma velocidade muito menor, e que se poderia re- putar equivalente a 37,39. Essas designações theoricas careciam porém de confirmação ex- perimental. Medir effectivamente a velocidade da transmissão na pequenissima extensão da zona azulada seria uma operação excessivamente custosa, e a que parecia não se prestarem os processos chronometricos, de que tinhamos conhecimento. Procurámos por tanto effeituar a combustão numa zona mais ex- tensa, a fim de tornar mais apreciavel à observação o tempo do inteiro trajecto da chamma. Para tal fim deixâmos de considerar a transmissão no sentido vertical, necessariamente obrigada a uma estreita faxa, e tratâmos de observar a velocidade de communicação, que se póde effei- tuar horisontalmente em um jacto de gaz de sufficiente largura. Tomâmos um tubo cylindrico de cobre do comprimento de 2º, do calibre de 12º2,5, e fizemos abrir no sentido de uma das geratrizes 194 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS uma serie de orifícios do diametro proximamente de 4””, e o intervallo de 4" entre dois orifícios consecutivos, tendo a extensão de 12,87 a parte do tubo perfurada. | Collocâmos o tubo horisontalmente, em communicação com o ga- zometro, que serve para a aferição dos contadores, na respectiva officina da fabrica da companhia lisbonense de illuminação a gaz, fechando a ex- tremidade opposta à da alimentação, e situando para a parte superior a linha dos orifícios. “Fizemos então abrir a torneira de communicação, saindo o gaz do gazometro sob uma pressão de 3,5. Este excesso de pressão devia fa- zer, com que os jactos de gaz, que saiam de cada um dos orifícios, for- massem uma especie de pyramide invertida de grande abertura no ver- tice, resultando d'ahi, que a uma pequena altura acima da linha dos orifícios todos os jactos se reuniriam, formando uma faxa continua de gaz no sentido horisontal: essa reunião se tornava visivel, quando se accendiam todos esses jactos. Applicando repetidas vezes o fogo a um extremo do tubo, e ou- tras tantas vezes supprimindo a chamma pela interrupção feita com a torneira de alimentação, pareceu às pessoas que assistiram a estas ex- periencias, que a transmissão da combustão se effeituava no compri- mento total do tubo em menos de um segundo, talvez metade d'esse tempo. Tratava-se pois de medir com rigor essa diminuta duração. Não seriam applicaveis á observação d'este phenomeno os proces- sos de Fizeau, de Arago, ou de Foucault, tão engenhosamente adapta- dos à determinação da excessiva velocidade de transmissão da luz. Tão pouco poderiamos recorrer às impressões photographicas em uma tira movel. A acção da luz nas chapas sensibilisadas não sendo instantanea, o começo de impressão ficaria esbatido, e imperfeitamente delimitado, e por conseguinte não seria perceptivel o exacto momento da sua rea- lisação; e para aggravar esse inconveniente, concorreria o fraco poder actinico da chamma do gaz. Os chronographos electricos empregados na ballistica não tinham immediata applicação no caso presente, em que faltam as percussões, que a bala effeitua em dois pontos proximos da sua trajectoria. Lembrou-nos a construcção de um apparelho, que sem intervenção da electricidade poderia determinar a duração do trajecto da chamma. Estabelecer-se-hiam dois discos, que deveriam girar simultanea- mente junto às duas extremidades do tubo. A circumferencia de ambos seria identicamente repartida por uma serie de sectores coloridos, e transparentes. Esta zona colorida corresponderia à parte brilhante da PHYSICAS E NATURAES 1925 chamma, sendo cada disco munido de um oculo, situado perpendicu- Jarmente ao disco, e à chamma. —Collocar-se-hia um observador a cada oculo. — Um movimento de relojoaria deveria pôr simultaneamente em movimento os dois discos, de modo, que no mesmo momento passas- sem pelo foco de ambos os oculos duas zonas de côr identica. Determinado em primeiro logar com approximação o tempo, v. gr. 0',5, do trajecto da chamma, entre os dois oculos, regular-se-hia o mo- vimento dos discos de maneira, que cada um delles fizesse uma revo- lução em pouco mais de 0",5. Fazendo-se então partir a chamma de um dos extremos do tubo, tendo-se estabelecido a previa escuridão na casa, o observador do oculo correspondente fecharia immediatamente os olhos apenas recebida a im- pressão da primeira lista colorida. —O segundo observador notaria se- melhantemente a sua primeira impressão, no momento da passagem da chamma. A distancia angular das duas fachas coloridas observadas daria a duração do trajecto. A primeira determinação mais approximada dessa fracção de se- gundo, serviria para regular mais convenientemente a rotação dos dois discos. Não nos demoraremos em explanar mais miudamente os cuidados e attenções, que poderiam ser empregados, a fim de dar todo o possi- vel rigor a este processo de observação. Abandonâmos promptamenté a idéa de aproveitar o apparelho pre- cedentemente descripto, e não ensaiado ainda, aceitando, para as expe- riencias, que intentavamos, o interruptor electrico, simples e sensivel, imaginado pelo intelligente astronomo do observatorio da Tapada, o sr. C. A. de Campos Rodrigues, e que elle proprio teve a bondade de con- struir. N'este apparelho dois mui delgados fios (diametro 0"”,3) de arame de cobre prateado, cravados perpendicularmente n'uma taboa, acham-se em communicação, pelo seu pé, com os dois polos da pilha empregada. Superiormente um dos arames termina por uma pequena forquilha ho- risontal, a um lado da qual encosta (à altura de 5” acima da taboa) o extremo superior do outro arame, de egual calibre, com mui ligeira pressão devida à sua pouco intensa flexão. Este extremo com pequenis- simo esforço se póde obrigar, percorrendo uma extensão de 0"",9, a tocar no lado opposto da forquilha. Nºesta ultima posição, fracamente violentada, se colloca o mesmo arame, por meio de um simples e te- nuissimo fio de seda, preso a um pequeno gancho do seu extremo su- 126 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS perior, e tenso por meio de um pequeno peso na outra extremidade, pendente de um gancho vertical de um forte arame, fixo na mesma taboa, em que se acham os dois fios de cobre. O circuito electrico passa por uma pendula de segundos, em que no fim de cada um d'elles se effeitua a interrupção da corrente, e por um receptor do systema Morse. Dispostas as coisas d'este modo, e não havendo rompimento no fio de seda, os segundos são traçados por linhas negras na fita de pa- pel do receptor, separadas por pequenos intervallos brancos. Se rapidamente for cortado o fio de seda, ha uma pequenissima interrupção no circuito electrico, a qual dura uma diminuta fracção de segundo, o intervallo de tempo necessario para o extremo do fio de co- bre, solto da prisão do fio de seda, passar do encosto obrigado à for- quilha do outro arame, para o encosto espontaneo no lado opposto. Esta interrupção é marcada na fita do receptor, por um intervallo branco, analogo ao que corresponde ao fim de cada segundo. Collocando pois horisontalmente o tubo de cobre acima descripto, occupando a parte superior a linha dos orifícios, e collocando junto ás extremidades do tubo dois interruptores Campos Rodrigues, em posição tal, que os fios de seda fiquem perpendiculares ao eixo do tubo, e na altura, que deve corresponder à parte brilhante da chamma; se fizermos entrar o gaz, na pressão conveniente, por um dos extremos do tubo, e passado pouco tempo accendermos por um dos lados a faxa de gaz, alimentada pela linha de orifícios, a chamma, na sua rapida passagem, queima quasi instantaneamente cada um dos dois fios de seda, e as duas interrupções, que se verificam no circuito electrico, marcam dois peque- nos intervallos na fita do receptor, cujo afastamento, comparado com a grandeza do segundo, tambem marcada na mesma fita, nos fornecerá a indicação de qual foi a fracção de segundo, que a chamma empregou a percorrer a distancia entre os dois fios de seda. X As primeiras observações, que fizemos, empregando o apparelho interruptor precedentemente descripto, realisaram-se no dia 43 de junho de 1872 na sala dos calculos do observatorio meteorologico !, na altitude de 90”. 1 É um dever de gratidão, e de justiça testemunhar gostosamente nºeste lo- PHYSICAS E NATURAES 1927 O receptor Morse, estabelecido nessa sala, achava-se em communi- cação com a excellente pendula sideral do observatorio real de Lisboa (Tapada), na qual os segundos pares são todos de egual duração, bem como os segundos impares, mas são deseguaes em duração dois segun- dos consecutivos quaesquer, sendo a sua semisomma a grandeza real do segundo. Como nas nossas observações se trata sómente de medir fracções de segundo, claro está, que é completamente ocioso tratar de fazer a reducção a segundos do tempo médio. O tubo de experiencia foi coliocado em posição horisontal, appro- ximadamente no sentido EO, e os dois fios dos interruptores achavam- se à distancia de 1”,80, e correspondendo em altura à parte brilhante da chamma. A pressão do gaz ao entrar no tubo era muito pequena, porque as observações foram feitas de dia; nas experiencias num. 4 a 5 (mappa D), a entrada do gaz era só por um dos extremos do tubo. Como a pres- são diminue sensivelmente a partir do ponto de entrada, nas experien- cias 6 a 20 fizemos entrar o gaz pelas duas extremidades, a fim de que augmentando um tanto a pressão dentro do tubo, os jactos saidos de cada dois orifícios contiguos se reunissem mais perto da saida. Como por motivo da diminuta pressão achassemos menos segu- ros os resultados das cinco primeiras experiencias, pois que n'ellas os ultimos jactos de gaz podiam deixar de reunir-se convenientemente para determinar a instantanea combustão do respectivo fio do interru- ptor, reunimos no resumo do mappa II apenas os resultados das quinze ultimas experiencias. Como se vê no mappa 1, são sensivelmente deseguaes as durações obtidas, para os intervallos de dois córtes na corrente electrica, devidos à passagem successiva da chamma pelos dois fios dos interruptores. Tal desegualdade procede de duas causas, por assim dizer, uma objectiva, outra subjectiva. Póde dar-se, e cremos que effectivamente se dá, differença de du- gar o muitissimo, que devemos, nas nossas experiencias, à intelligente e dedi- cada cooperação dos dignos empregados d"aquelle observatorio; bem como nas experiencias subsequentes ao sabio professor de chimica Antonio Augusto de Aguiar, ao sr. 6. A. Bramão da direcção dos telegraphos, e ao sr. Ahrends en- genheiro da companhia do gaz. Foi especialmente o sr. Campos Rodrigues, que se encarregou de determi- nar os resultados numericos das observações. 128 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ração entre as diversas passagens da chamma pelos fios. Em segundo lo- gar, como claramente se reconhece pelo mappa I, o movimento da fita do receptor, que deve medir aquella duração, não é uniforme; por quanto se acham deseguaes as grandezas medidas da média de dois segundos consecutivos, e taes médias deviam ser rigorosamente eguaes na appro- ximação, que comportam as experiencias. . A imperfeição chronometrica do receptor, procede de que o movi- mento da fita é determinado por uma mola, e regularisado por uma ventoinha: e a fricção e resistencias, que a fita experimenta no seu des- enrolamento, devem variar bastante de um momento para outro. A média geral 0",568 obtida no mappa II, se attendermos a que essa duração corresponde ao espaço percorrido 1,80, mostra que a ve- locidade média da transmissão da chamma foi n'aquellas experiencias de 37,17 por segundo. Como o tubo de alimentação de gaz na sala dos calculos do obser- vatorio meteorologico tem pequeno calibre, e d'ahi deveria resultar me- nor pressão no tubo da experiencia, pareceu-nos conveniente repetir as observações na sala do laboratorio da escola polytechnica, onde ha um tubo de alimentação de gaz de maior calibre, e onde podiamos dispor de um gazometro de 250 litros de capacidade. Collocou-se ahi o chronographo, e estabeleceu-se a communicação electrica com o observatorio da Tapada. As novas experiencias foram feitas na tarde do dia 26 de junho : a pressão do gaz era ainda pouco consideravel. Eis os resultados das cinco observações effeituadas. Numero Durações Distancias dos flos das observações entre os dois córtes dos interruptores O arittlariitas EA EAR RE 17,80 AP AR PD Ol reger 1,80 Es os Siad dep UR jr E 1,80 Do do. QU Rd O, dá, isobpe 0,65 DEM gor poe palaça ss O 540; pro O ,65 Dos tres primeiros numeros deduz-se uma velocidade de transmis- são da chamma de 37,35; os dois ultimos exprimem uma velocidade de 4,64. Esta maior velocidade não prova, como depois veremos, que a transmissão da chamma se não faça com movimento quasi uniforme em circumstancias ordinarias. PHYSICAS E NATURAES 129 Tal diferença é possivel, que proviesse de que, sendo muito imper- feito o modo como se regulava a pressão no gazometro, que empregá- mos, haveria nas duas ultimas experiencias insufficiente pressão nos ultimos orifícios, a que chegava a combustão, e n'elles deixariam de se reunir os jactos de gaz na altura conveniente. XI Para conseguir, que a combustão se effeituasse ao longo de uma não interrompida parede de gaz, mandâmos preparar outro tubo de co- bre do calibre de 21””, perfurado tambem com uma serie de orifícios de 4º” de diametro; mas neste tubo em vez de, como no precedente- mente empregado, haver 40 orificios em cada dois decimetros de ex- tensão, abriram-se 98. Tambem para poder regularisar, e augmentar convenientemente a pressão do gaz, resolvemos fazer as experiencias na ofíicina dos conta- dores da companhia lisbonense de illuminação a gaz, onde existe um gazometro, que é empregado no serviço da aferição, da capacidade de 500 litros, e no qual a pressão se estabelece, e se mantem pela ma- neira mais satisfactoria. Outrosim por nos parecer, que a pouca uniformidade do desenvol- vimento da fita no apparelho Morse do observatorio de D. Luiz, pode- ria proceder do motor, mola de pequena força, e cujas irregularidades de tensão, não eram de modó algum compensadas pela ventoinha re- spectiva, aproveitâmos gostosamente a boa vontade, com que o digno chefe da direcção dos telegraphos, o sr. Valentim E. do Rego, se pre- stou a enviar, para as nossas experiencias, o excellente apparelho Schnei- der, em que, além de outras modificações importantes, é empregado como motor um grande peso, e são usadas differentes ventoinhas, con- forme se pretende maior, ou menor velocidade de desenvolvimento da fita. Ligados telegraphicamente com o observatorio da Tapada os appa- relhos collocados na officina dos contadores, procedemos às experien- cias no dia 5 de julho 1872, tendo-se prestado n'essa occasião o dis- tincto astronomo d'aquelle estabelecimento, o sr. F. A. Oom, a obser- var ali, n'um apparelho Hermann, simultaneamente às indicações do ap- parelho Schneider, as interrupções de corrente devidas à passagem da chamma pelos fios dos interruptores. Previamente fizemos o ensaio do serviço das diversas ventoinhas, JORN. DE SGIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. 10 130 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS e reconhecemos com desprazer, que em nenhuma d'ellas era traçada, com satisfactoria regularidade, a extensão dos segundos, que alternada- mente deveriam figurar-se rigorosamente eguaes. As desegualdades de resistencia de desenrolamento da fita, e as outras fricções, que se oppõem ao movimento no apparelho Schneider, não são compensadas pela grandeza do peso motor, e pelas ventoi- nhas!. Os resultados obtidos nas experiencias feitas n'aquelle dia, foram consignados nos mappas HI, IV. A pressão do gaz, quando se vedava a torneira de alimentação, era de 37,8: aberta ella, e saindo o gaz amplamente por todos os orifícios do tubo, a pressão baixava a 2º”. Feita a combustão, a altura da faxa azulada, quanto se podia ava- liar em vista das suas fluctuações, era de 6” no extremo S do tubo, junto à torneira de alimentação, e de 3” no outro extremo N. AS experiencias num. 19, 20 foram feitas com a ventoinha num. 3; em todas as outras empregâmos a ventoinha num. 2. Nas experiencias 4 a 42 0 primeiro fio de interruptor achava-se acima da linha dos orifícios a uma altura de 95"”; o segundo fio à altura de 58””. Nas experiencias 13 a 18 o primeiro fio estava à altura de 15”, e o segundo de 114º”, Nas observações 19 a 24 (mappa IV) empregaram-se quatro inter- ruptores, os dois ultimos tendo os arames feitos de fio de platina do diametro de 0””,6. As alturas, em que se dispozeram os fios de seda, eram, cami- nhando de S para N, isto é, no sentido da marcha da chamma, SAP AGITADA, 1! Os resultados das experiencias do dia 5 de julho convenceram-nos de que, se tivessemos em vista determinar com o maior rigor as velocidades de transmissão da chamma, teria sido preferivel adaptar dois interruptores do sys- tema Campos Rodrigues ao chronoscopo de Navez, ou a qualquer dos outros apparelhos electricos empregados na ballistica para a determinação da veloci- dade inicial dos projectis. Os circuitos seriam interrompidos em dois pontos successivos pela passa- gem da chamma, que queimaria os fios de seda dos interruptores; mas o extre- mo, então livre, do arame de cobre era desnecessario que se fosse encostar ao outro lado da forquilha do outro arame. PHYSICAS E NATURAES 131 A distancia entre dois fios consecutivos foi, como estã indicado no mappa, 07,30. Se no mappa num. III desattendermos os numeros relativos aos córtes devidos à combustão, que coincidiram com as interrupções dos segundos, por quanto em taes circumstancias é difficil fixar os interval- los entre os dois córtes da mesma combustão, acharemos as seguintes medidas, para as experiencias num. 2, 3, 4, 6, 8, 9, 10, 11, 12, do tempo empregado pela chamma a percorrer a extensão de 17,80. Apparelho Hermann ........... 0",519 * its Sobneider sa cat cspseine o ,508 | Média 0,544. Á média geral corresponde uma velocidade de 37,5 por segundo, que se approxima da velocidade media 3”,17 obtida nas experiencias do dia 13 de junho, e que coincide com a média das tres primeiras experiencias do dia 26 do mesmo mez. Reunidas as observações 13, 14, 15, 17, 18, em que os fios dos interruptores occuparam a parte azulada da chamma, achamos Apparelho Hermann ........... 0",498 » Sehreider........... 0 ,502 | Média 0,500 ; a que corresponde uma velocidade de transmissão da chamma de 3”,6. Esta velocidade coincide quasi com a acima achada para a transmis- são da chamma na parte brilhante. Semelhante resultado parece estar em completa contradicção com as considerações, que fizemos nos num. IV, e VIII, e que nos levaram a estabelecer uma velocidade de mais de 214” para a transmissão da chamma azulada, e a velocidade de 3”,39 para a transmissão da incan- descencia do carbone. Por mais de uma maneira seria possivel explicar esta apparente contradicção. Em primeiro logar póde dar-se a circumstancia de que, em quanto caminha a combustão inferior azulada, prosiga superiormente, e com a mesma velocidade outra zona da mesma especie da inferior, a qual queime o fio do interruptor antes de chegar a elle a combustão devida à incandescencia do carbone. Outrosim nos parecem indicar as ultimas experiencias, que temos exposto, que é uma pura illusão suppor, que a velocidade de transmis- são da chamma na zona azulada de um bico de gaz é egual, ou supe- rior à velocidade média de saída do fluido da fenda do bico. JO « 139 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Póde muito bem dar-se a circumstancia, de que sendo 24” à velo- cidade da veia fluida ao sair da fenda, haja de um e outro lado della um refluxo, um remanso, ou retardamento na marcha do gaz, e que a combustão azulada se verifique nas duas paredes exteriores do jacto, onde a velocidade seja bem menor, que a velocidade média da saída. As experiencias cujos resultados se acham inscriptos no mappa IV mostram bem, que a marcha da chamma é sensivelmente uniforme ao longo do tubo, pois que os espaços percorridos são proporcionaes aos tempos. Acontecendo, que a pressão de saída do gaz diminue à medida que os orifícios se acham mais distantes do extremo do tubo, por onde se fez a alimentação, indica aquella uniformidade do movimento de trans- missão da chamma, que a sua velocidade não depende da pressão com que o gaz sae, quando os jactos dos orifícios consecutivos se reunem formando uma parede continua de gaz. As tres velocidades médias deduzidas dos apparelhos Hermann e. Schneider, e respectivas aos tres trajectos da chamma 0",80, 0”,60, 0",90, são como se deduz do mappa IV rd S,dA Dinah XI Os resultados numericos das experiencias, a que alludimos no pre- cedente num., levam-nos a considerar pouco exacta a determinação, que fizemos no num. VIII, do tempo requerido para a incandescencia do carbone, por quanto então tomámos para a velocidade inicial Y um nu- mero reconhecidamente exagerado. Se admittissemos, que a velocidade média de ascenção das molle- culas de carbone, ao atravessar a zona azulada, fosse de 3”,5, aquellas que se tornassem incandescentes na parte inferior da zona brilhante, teriam exigido para a manifestação desse phenomeno o tempo 0,020 3,5 =(0,0057. Entre esta grandeza, e a fracção 0'',0016, achada no num. VIII, se poderia considerar comprehendido o elemento chronometrico, que não podemos rigorosamente fixar. PHYSICAS E NATURAES i33 MAPPA 1 Experiencias do dia 45 de junho de 4872 feitas com dois interruptores distantes 17,80 mn ; m o S S es lãs 3) Grandeza dos segundos ER a |jEs E & marcada na fita do interruptor] 5 o % Re] AM S% Rue 3 = So E a GT = 1 1 £ E E à o E = Observações Z á SESI E8 | 88 dana iss E T£E a Pares | Impares| Médias mo “3 s E E! = xa E | Ss | 5 & ECOS Er: | OCT : eo] E ps = = 3 PESO —. ass mm mm mm mm q g Ro 5 25,0 | 28,7 | 27,15 | 17,5 | 0,64 E 25,2 | 281 | 26,65 | 15,6 | 0,59 26,8 | 29,2 | 2800 | 185 | 0,66 p 25,1 | 281 | 26,60 | 16,8 | 0,63 ; 29,2 | 27,9 | 26,55 | 16,8 | 0,63 ; 25,9 | 27,8 | 26,65 | 14h | 0,54 » 24,9 | 28,2 | 26,55 | 15,4 | 0,58 0 25,6 | 28,7 | 2745 | 14,7 | 0,54 , 29,2 | 2814 | 26,65 | 14,8 | 0,50 E 12º córte coincidente com o signal de segundo 23,9 | 27,0 | 25,45 | 45,0 | 0,59 » 243 | 27,3 | 25,80 | 16,2 | 0,63 | O 25,9 | 28,4 | 26,85 | 15,7 | 0,58 ) 26,0 | 29,0 | 27,50 | 16,8 | 0,61 E | 25,4 | 288 | 2740 | 16,7 | 0,62 | 4.º córte coincidente idem 24,6 | 27,8 | 26,20 | 16,8 | 0,64 | » 1 4.º córte coincidente idem 26,7 | 29,9 | 28,30 | 14,6 | 0,52 0 21,6 | 26,8 | 25,70 | 12,8 | 0,50 » [1º córte coincidente idem (duvidosa) 25,0 | 28,3 | 26,65 | 13,9 | 0,52 | » 1.º córte coincidente idem 24,6 | 27h 26,00 12,8 | 0,49 24,4 | 27,4 | 25,90 | 144 | 0,54 E 134 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS MAPPA II Extracto do mappa precedente [e 2] + nú um E | se a ad E) qa =! 2º go D A =) ee a o) a Ea à = 4 FE | dê [ago aéaias | GEE | Duração | ÉÊO | Duração Za ea ER ER ao o Z o Z o É Ê E 3 RE O r$ =] SDPTLSEI CRE 6 7 8 9 10 14 e 15 41 20 0,54 12 0,578 Medias 13 14 e 45 16 19 20 Média... PHYSICAS E NATURAES 135 MAPPA III Experiencias do dia 5 de julho de 1872 feitas com dois interruptores distantes 1º,80 Apparelho Schneider Apparelho Hermann 2 E E E Es ——————os———> | ————=— A —— = E A E á V ae. m -— m B a = = o = o a a É] et = n E E) Ss [e E 88 | Sa E SS | 8g E sa o Ra = Q es sa O E s = o 3 a EE & a Ea Ea Ss Observações S É - so E. Õ =| y E SS js ss] à |a | ES Les e É) E) So Sm fo) 5) 5 & E = ed õ a 1S Tê 18 s E E ns o ca ca H) o a > & 2 fo) as o S o a 183 o & E 18 Sa bas 2 Êo a a -— o Ea a o) E ) E E E! = os E| “Ss oa = s A = gÊ | & E) RS | Em S u E o La! o S) [| A a E! 2.º córte comei- dente com o si- gnalde segundo 2 1485 | 136 |0,561]1408 | 41,3 3 [529 | 443 |05M [1475 | 378 4 | 666 | 17,4 [0523/1435 | 362 à [540 | 15,0 0,5561408 | 37,5 2.º córte idem res collocados na zona brilhante Ss 6 | 55,5 | 14,9 0,537 /1415 | 36,8 E - 7 | 514 ||19% | oa [1807 | [36 &| + [2rcórte idem 8 | 55,2 | 13,7 |0,496 /149,8 | 35,8 | 0,478 9 1545 | 13.2 10,484 /152,2 | 374 | 0,488 IO | 56,0 | 14,4 | 0,514 [152,6 | 39,4 | 0,516 Fios dos interrupto MM [551] 13,0 0472 ]1448 | 343 | 0,474 12 | 58,0 | 15,7 10,541 [1633 | 40,4 | 0,495 13 | 526 | 13,6 0,517 [157,7 | 42,0 | 0,533 14 | 569 | 132] 0,464)1562 | 37,2 | 0,476 15 | 553 | 132 /0,477/15814 | 372 0471 ptores col- a azulada 16 | 543 | 13.6 | 0,501 [1585 | 40,3 | 0,509 1.º córte idem 17 | 60,2 | 15,7 |0,522/158,6 | 40,7 | 0,513 18 | 528 | 13,5 10,511 /161,9 | 41,9 | 0,518 locados na zon ——— ss TT Fios dos interru JORNAL DE SCIENCIAS MATITEMATICAS 136 MAPPA IV Experiencias do dia 5 de julho de 1872 feitas com quairo interrupíores com os fios distantes uns dos outros 07,50 ixtensão de fita desenrolada Tempo decorrido entre os córtes Tempo decorrido entre os córtes f 2 L E devidos à combustão — a i A ã devidos à combustão Entre os córtes devidos à combustão Entre os córtes devidos à combustão : Em dois segundos Em dois segundos 1062º | 1.º€e3.º | 1ºe4.º | 1.0e2.º | 1.0e3.º | 1.º 64.0 Cro raro AE ee | SSIS | Se SSIS) rs Ure GESS | IT seres É mm mm 12,1 18,5 11,8 18,6 13,7 — mm 133,0 197,5 161,5 mm mm mma mm H 18,0 2,4 h,7 7,5 0,098 | 0,192 | 0,307 0,090 0,084 0,089 22 63,8 3,0 3,8 — 0,094 | 0,182 -— 151,8 14,2 — 0,096 23 62,7 -— 3,8 8,9 — 0,185 | 0,284 153,8 13,2 24,2 | 0,082 21 63,5 3,9 — 9,1 0,104 — 0,287 159,7 15,3 25 1 | QUA Médias. . ds espa: » 0,098 | 0,489 | 0,280 Médiaso same cure cone 0:008 71] 0,170 0,284 137 4 NATURAEKES PHYSICAS 1 138 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 3. Sobre algumas propriedades dos gazes extraídos dos residuos do petroleo e das raizes dos pinheiros POR FRANCISCO DA FONSECA BENEVIDES (Memoria apresentada á Academia Real das Sciencias em sessão de 21 de novembro de 1872) Em uma memoria apresentada à Academia Real das Sciencias em sessão de 16 de maio de 1872, e publicada no Jornal de sciencias ma- thematicas,*physicas e naturaes, num. xr, d'este anno, descrevi algumas propriedades interessantes que manifestam os gazes comprimidos ar- dendo ao ar livre; as experiencias referidas na mencionada memoria ha- viam sido feitas com o gaz de illuminação da cidade e com o gaz dos pantanos: posteriormente tive occasião de operar com os gazes extrai- dos dos residuos do petroleo e das raizes dos pinheiros; são os pheno- menos com elles observados que fazem objecto d'este trabalho. O gaz do pinheiro é obtido pela distillação dos residuos que ficam depois da distillação das raizes. O fabrico da therebentina extraída dos pinheiros tem sido objecto de uma exploração industrial do sr. João Baptista Burnay; no processo empregado por este distincto industrial, de que tirou privilegio de invenção em 1865, é injectada uma corrente de vapor d'agua a duas ou tres atmospheras sobre as raizes dos pinheiros contidas nos cylindros de distillação, ficando como residuo um liquido muito espesso, e obtendo-se outro liquido menos denso do qual se ex- trae a therebentina. Aquelles liquidos submettidos à acção do calor dão origem ao desenvolvimento de um gaz combustivel que tem sido recen- temente applicado à illuminação em alguns pharoes na costa de Portu- gal!, na fabrica de lanifícios do sr. Daupias em Alcantara, etc. O gaz de petroleo de que me servi foi obtido na fabrica do sr. Dau- pias, pela distillação dos residuos do petroleo em retortas ou cylindros de ferro horisontaes aquecidos ao rubro, sendo o gaz recolhido no ga- ! Os pharoes illuminados pelo gaz do pinheiro são dois actualmente: S. Ju- lião ao norte da barra do porto de Lisboa, e Guia ao norte na costa entre o Cabo da Roca e Cascaes; o primeiro é dioptrico; o segundo é catoptrico, e contém 16 reflectores. PHYSICAS E NATURAES 139 zometro depois de uma simples lavagem em um cylindro depurador contendo agua. A introducção do oleo de petroleo nas retortas é regu- lada por umas bombas que se compõem de uns cylindros verticaes, com- municando pela parte inferior com as retortas por meio de tubos de ferro, e que se enchem de oleo sobre o qual um peso cylindrico exerce uma grande pressão que obriga o oleo a passar pelos tubos de commu- nicação para os cylindros de distillação. O peso é ligado por uma cadeia a um mechanismo de relojoaria com ventoinha que regula a velocidade de seu movimento. Cada 4 4/3 litros do oleo de petroleo produz pela distillação proximamente 1 metro cubico de gaz !. A fabrica do sr. Dau- pias acha-se actualmente illuminada com este gaz. Os gazes extraídos tanto dos residuos do petroleo como dos pinhei- ros são constituidos por misturas de gazes, entre os quaes figuram prin- cipalmente os carbonetos de hydrogenio; um phenomeno analogo se dá com o gaz de illuminação das cidades obtido pela distillação do carvão de pedra. N'ºaquellas misturas gazosas apparecem geralmente em proporções variaveis: proto-carboneto de hydrogenio, bicarbonetos de hydrogenio, oxydo de carbonio, acido carbonico, sulphydrico etc.: o gaz do carvão de pedra tem geralmente pouco bicarboneto e muito proto-carboneto ; em consequencia de variações nos corpos que se acham misturados re- sulta tambem variar a densidade, poder 'illnminante e outras proprie- dades do gaz. A densidade achada para o gaz da hulha que me serviu nas experiencias era 0,4, e o poder illuminante avaliado pelo apparelho de Erdmann era representado pelo numero 29. O gaz do pinheiro tem um cheiro activo que faz lembrar o da the- rebentina queimada; a densidade determinada para aquelle de que me servi foi 0,8; o dobro proximamente da densidade do gaz de illumina- ção da cidade. É formado por uma mistura muito rica em carvão e exige para ser empregado na illuminação, bicos especiaes com fendas de pe- ! Os apparelhos de distillação da fabrica do sr. Daupias com põem-se de duas retortas, produzindo cada uma 4 metros cubicos de gaz por hora, e gastando 5,2 litros de oleo cada uma. A capacidade de cada bomba é de 3,9 litros e alimenta durante tres quartos de hora. Uma campainha avisa automaticamente quando é necessaria nova alimentação. Para que o gaz não arraste muito residuo e seja mais puro, convém que o aquecimento não seja forte de mais; a tempera- tura não deve exceder o rubro-cereja; n'este caso a producção do gaz é de 3 metros cubicos por hora para cada retorta. Quando ha fortes correntes de ar, a chamma do gaz oscilla muito e póde mesmo fazer fumo; convém n'estas cir- cumstancias empregar candieiros com chaminés. 140) JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS quenas dimensões, a fim de que o ar que afflue à chamma seja suffi- ciente para tornar a combustão bastante activa para não se produzir fumo nem mau cheiro. O poder iliuminante do gaz do pinheiro é muito superior ao do gaz do carvão de pedra; nas experiencias comparativas a que procedi com estes dois gazes por meio do apparelho-de Erdmann, achei para o gaz de iluminação da cidade 29º, e para o gaz do pinheiro mais de 90º, não sendo possivel a avaliação exacta porque a graduação do in- strumento não vae além de 50º, que corresponde ao maximo de abertura da fenda por onde entra o ar, de modo que não foi possivel fazer des- apparecer completamente o brilho da chamma do gaz do pinheiro no instrumento, circumstancia essencial para a comparação dos poderes il- luminantes das chammas por meio do apparelho de Erdmann. Experiencias comparativas entre os dois gazes, feitas com o photo- metro de Bunsen, deram proximamente 5 : 4, para a relação entre as intensidades luminosas do gaz do pinheiro e do gaz de illuminação da cidade. O gaz do petroleo apresenta propriedades analogas às do gaz do pinheiro ; tem, porém, um cheiro muito forte fazendo lembrar o do phos- phoreto de hydrogenio, e possue um poder illuminante ainda superior ; experiencias feitas, por meio do photometro de Bunsen, com o gaz do petroleo e com o gaz da hulha, mostraram que o poder illuminante do primeiro era mais de 6 vezes superior ao do segundo. A combustão dos gazes de petroleo ou pinheiro na lampada de Bunsen é interessante para ser observada; a primeira coisa a notar é que as lampadas de dimensões ordinarias não produzem sufficiente as- piração de ar para fazer desapparecer completamente o brilho da chamma, o que é devido à enorme quantidade de carvão que o gaz possue; mesmo com umas lampadas de dimensões muito grandes, superiores às ordi- narias, que fiz construir para o gabinete de physica do Instituto Indus- trial de Lisboa, não é possivel tornar a combustão completa, ainda que se abra muito pouco a torneira de um saco de caoutchouc cheio de gaz. Quando se deixa a torneira mui pouco aberta, ficando uma estreita passagem para a saida de gaz, observa-se na lampada de Bunsen que a chamma salta para o orifício inferior do tubo de gaz; se, porém, se exerce grande pressão sobre o saco onde se contém o gaz, vê-se a chamma saltar outra vez para a parte superior da lampada e desapparecer do orificio inferior; phenomeno este que se não dá com o gaz ordinario de iluminação, para o qual a chamma saltando para o orifício inferior d'ahi se não desloca mais, ainda que se exerça sobre o gaz a mesma PHYSICAS E NATURAES 1414 pressão que se exercia sobre o de petroleo ou de pinheiro, o que é devido à maior energia mechanica d'estes gazes. Resulta tambem do facto de não ser completa a combustão na lam- pada mencionada, o não se verem bem distinctas as raias caracteristi- cas do espectro da chamma dos gazes de petroleo e de pinheiro, ob- servando-se na parte superior amarella da chamma um espectro conti- nuo, e na parte inferior um espectro cannelado, tendo as canneluras as córes das raias do espectro descontinuo, e vendo-se tambem encarnado no extremo do espectro. Comprimindo os gazes de petroleo ou pinheiro, e inflammando-os em um bocal de maçarico, observam-se os mesmos phenomenos a que dá logar o gaz do carvão de pedra, porém com aquelles gazes os effei- tos são muito ampliados pela maior densidade e maior quantidade de carboneo que elles possuem. Empregando-se um bocal de maçarico tendo o orifício exterior -0”,001 de diametro, a chamma do gaz do carvão de pedra comprimido não apresenta o espaço escuro, ou interrupção no dardo luminoso junto ao bocal por onde sae o gaz; porque se se abre muito a torneira, apaga-se de todo; com o gaz de petroleo ou de pi- nheiro, porém, obtem-se um espaço obscuro grande e bem distincto; nota-se ao mesmo tempo uma oscillação no dardo luminoso no sentido do eixo. Olhando para a chamma, do lado do maçarico, distingue-se perfeitamente um espaço central ôco em que não ha combustão; isto confirma a explicação que attribuimos a este phenomeno na já citada memoria; com effeito, a velocidade da corrente gazosa é maior no cen- tro do que à superficie exterior do jacto de gaz, porque as fricções di- minuem mais à velocidade das moleculas da superficie; por tanto a ac- ção mechanica da corrente é maior ao centro do que à superficie da massa gazosa, e a chamma é projectada a maior distancia, e ha maior deslocamento do ar na região visinha ao eixo do dardo luminoso do que na peripheria. Outra experiencia vem ainda confirmar esta theoria. Tomando um tubo de vidro curvo e adelgaçado e soprando por elle sobre a chamma dos gazes de petroleo ou pinheiro comprimidos, na direcção e sentido da corrente gazosa, observa-se que o espaço escuro augmenta, e a chamma desvia-se afastando-se do bocal do maçarico, podendo mesmo ser proje- ctada a tão grande distancia que se apaga; vê-se pois que neste caso a injecção do ar ajudou a acção mechanica do gaz augmentando esta, pro- jectando a chamma a maior distancia e dispersando-a. Se, pelo contrario, soprarmos com o tubo de vidro em sentido op- posto ao do movimento do gaz e na direcção do eixo da chamma, fare- 1492 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS mos que esta se aproxime do bocal do maçarico diminuindo o espaço escuro, o qual póde mesmo desapparecer de todo, estendendo-se a chamma até ao orifício da saída do gaz. Neste caso imprime-se à massa gazosa um movimento em sentido contrario ao que ella possue saindo do apparelho de compressão, o que diminue a velocidade de esgota- mento da corrente de gaz, e por tanto a sua acção mechanica sobre a chamma. Se a injecção do ar pelo tubo de vidro for lateral à chamma, des- viar-se-ha esta no sentido do sopro, em virtude da composição do mo- vimento que tinha o gaz saindo do apparelho de compressão com aquelle que se lhe imprimiu por meio da injecção do ar, modificando-se as di- mensões e fórma do espaço obscuro e do dardo luminoso. Como os gazes de petroleo e de pinheiro teem muito mais carvão do que o gaz da hulha, para os queimar completamente é preciso muito mais ar do que aquelle que é necessario para a completa combustão do gaz ordinario de illuminação; é pois preciso para aquelles gazes, quando comprimidos, maior arrastamento do ar, e por tanto maior velocidade de esgotamento, para sua combustão completa, e por consequencia para obter a maior elevação de temperatura e o desapparecimento do brilho da chamma. Assim para ver ao espectroscopo bem distinctas as raias caracteristicas dos espectros das chammas dos gazes de petroleo ou pi- nheiro comprimidos, é necessario que o esgotamento se faça com muito superior velocidade do que para o gaz da hulha e outros carbonetos menos ricos em carvão. PHYSICAS E NATURAES 143 h. Sobre um novo commutador electrico POR FRANCISCO DA FONSECA BENEVIDES O commutador electrico representado na figura junta é uma modi- ficação do commutador de Dujardin; serve para fazer que a corrente electrica mude de circuito, em quanto que o de Dujardin tem por fim inverter o sentido da corrente no mesmo circuito. SALSERTO Compõe-se o novo commutador de uma pequena placa de madeira com dois botões metallicos pressores com parafusos a, b onde, por exem- plo, se podem fixar os electrodos da pilha, e quatro ou mais contactos metallicos communicando respectivamente com outros tantos botões me- tallicos pressores com parafusos c, d, e, f, aos quaes se fixam fios de cobre correspondentes a diversos circuitos electricos. Os botões a, b, communicam com duas laminas metallicas | ligadas por uma travessa de marfim m, às quaes se póde dar movimento de rotação em torno das suas articulações a, b, por meio de uma pega p que se move à mão. Collocando as laminas LI sobre os contactos metallicos c,d, d,e, ou e, f, assim se faz a communicação electrica do circuito ab para cd, de, ou ef. mec s eme corn ememen ea 144 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS d. Novos facios para a historia dos compostos nitrados da naphtalina. Acido nitrophtalico + — Nitrophtalatos POR A. A. DE AGUIAR (Continuação) A acção do acido nitrico fumante sobre as duas modificações iso- mericas da dinitronaphtalina, é já conhecida dos leitores deste jornal; apesar d'isso, julgo necessario voltar de novo a tratar della, porque te- rei occasião de precisar melhor a reacção e a natureza dos productos, descrevendo novas experiencias, que completam os meus estudos an- teriores. A dinitronaphtalina « nitra-se com facilidade em presença do acido nitrico fumante. Esta experiencia, que pôde fazer-se em tubos fechados à temperatura de 100º c., e sempre em ponto pequeno, por causa das explosões, corre mais regularmente em vasos abertos; não havendo pe- rigo algum de explosão, qualquer que seja a quantidade de substancia, nem necessidade de abrir os tubos todos os dias, como o exige a ope- ração em vasos fechados. Ordinariamente opéro sobre 15 grammas de Cão He (AzO?) x, fusivel a 216º c., e crystallisada, como já se disse no acido acetico glacial. Introduz-se este corpo n'um balão de vidro de collo um pouco comprido, e ataca-se por 200 a 250 grammas de acido ni- trico fumante de 45º B. Tapa-se o balão com um pequeno funil de vi- dro, e sustenta-se a ebullição, que se verifica pouco mais ou menos a 126º c. por espaço de oito horas; empregando para o conseguir a pe- quena chamma de um bico de Bunsen. O acido nitrico, na quantidade indicada, em quanto estã frio não dissolve a dinitro «; porém, algum tempo depois de começar a ebullição, desapparecem os poucos vapores rutilantes que ao principio se formam, e a dinitro dissolve-se comple- tamente. Para estudar a marcha da reacção e as differentes phases do ata- que, interrompi a cbullição, de vez em quando, em varias preparações. PHYSICAS E NATURAES 145 Assim, observei que, suspendendo esta, no fim de tres horas, pelo res- friamento, o liquido acido abandona muitos crystaes em agulhas, cujo aspecto é o da dinitronaphtalina x; havendo, comtudo, além destas, e quasi junto ao fundo do balão, grupamentos crystallinos constituidos por crystaes largos e alongados. Continuando o aquecimento por mais tres horas, o producto, que se depõe do liquido pelo resfriamento, apre- senta-se ao microscopio formado por duas crystallisações differentes, uma mais abundante, em laminas largas e dentadas, outra em pequenos crys- taes opacos. O resfriamento completo do liquido do balão produz a crys- tallisação de um corpo em agulhas, as quaes, observadas ao microsco- pio, se apresentam com quatro faces, duas largas, e duas muito estrei- tas relativamente, transparentes e compridas, e conjunctamente pequenos crystaes opacos de faces curvas, e em fórma de cruz. Aquecendo ainda mais duas horas, o que completa oito horas de ataque, e deixando o acido em repouso pelo menos 24 horas, depõem-se crystaes grandes em laminas largas e transparentes, e outros que formam grupos com elles, tendo um eixo central de que partem ramificações, como as das barbas de penna. Finalmente, no fundo do balão, vê-se ainda pon- tos esbranquiçados de outra substancia crystallina em aggregação diffe- rente. Observam-se estes phenomenos, quando o acido, pela ebullição que soffreu, se acha reduzido proximamente a !/; da quantidade primitiva. Separam-se os crystaes depostos no seio do acido nitrico, e enxu- gam-se sobre tijolo de porcelana crua: depois de enxutos apresentam côr de palha. O liquido acido trata-se pela agua, que precipita uma materia em flocos, e o liquido filtrado evapora-se em banho-maria, add:cionando agua por varias vezes, a fim de vaporisar completamente o acido nitrico. O residuo da evaporação é tratado como adiante veremos. Em um ensaio quantitativo, achei, que 15 grammas de dinitro x produzem 11 grammas de crystaes que se depõem da solução nitrica, 1 gramma de materia precipitavel pela agua, e 5 a 6 grammas de um corpo soluvel na agua; devendo advertir-se, como facilmente se deduzi- ria sem explicação, que a relação entre a quantidade d'estes productos deve necessariamente variar, segundo as condições do ataque. Se a materia de que partimos, houvera unicamente passado a tri- nitronaphtalina, 15 grammas d'aquelle corpo deviam dar 18 grammas d'este corpo nitrado; mas, apesar de se ter obtido pouco mais ou me- nos 18 grammas de productos, o resultado da experiencia é bastante diverso; além das perdas inevitaveis, não ha n'essa quantidade de sub- stancia um só corpo. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. is 146 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS O corpo precipitado pela agua da solução nitrica pôde juntar-se aos crystaes obtidos no acido nitrico, e trata-se tudo pelo modo seguinte, que permitte separar com rigor os principios formados. Recrystallisam-se os 12 grammas de materia em acido acetico gla- cial, bastando empregar d'este acido unicamente 20 grammas, para não se perder muita materia. A substancia, depois de crystallisada no acido ace- tico, perde do peso primitivo 2 grammas, que formam a parte mais fu- sivel da mistura primitiva, podendo embaraçar nas operações seguintes a purificação dos principios definidos. Os crystaes separados do acido acetico seccam-se e pulverisam-se, e tratam-se a quente, n'um pequeno balão, por 100 a 120 grammas de chloroformio. Este liquido dissolve mais de metade da substancia, sepa- parando-se delle, 24 horas depois pelo menos, a trinitronaphtalina «, fusivel a 122º, com a fôrma crystallina já descripta a pag. 245 deste jornal (numero XIN. O producto insoluvel trata-se ainda por uma nova, mas pequena porção de chloroformio, como que para laval-o do resto da trinitronaphtalina x; e o residuo insoluvel ataca-se a quente pelo al- cool vinico de 99º centesimaes, em pequena quantidade, duas vezes se- guidas. Por ultimo, a substancia, insoluvel no alcool forte, dissolve-se a quente no acido acetico glacial, que esfriando, abandona magnificos octae- dros ou pyramides de base rectangular do systema prismatico de te- tranitronaphtalina «. Do ataque, feito nas condições agora descriptas, resulta, pois, em maior quantidade a trinitronaphtalina x, em seguida o corpo soluvel no alcool, por em quanto não descripto, e em ultimo logar a tetranitrona- phtalina. No acido acetico glacial, que serviu para a recrystallisação da materia primitiva, fica dissolvida uma substancia, cujo ponto de fusão varia entre 98º c. e 145º c., e uma parte do corpo soluvel no alcool. A primeira é, creio podel-o affirmar, trinitronaphtalina x, inquinada por um vestígio de materia resinosa. O producto resultante da evaporação das aguas acidas em banho- maria, dissolve-se em alcool de 90º, e junta-se ao que se obtem em se- gundo logar no tratamento antecedente, porque ambos são identicos. Do alcool não crystallisam, de modo que o tratamento por este li- quido torna-se apenas vantajoso como methodo de separação. Evapora-se a solução alcoolica até a seccura, e o residuo dissolve-se a quente em acido acetico glacial, na quantidade strictamente necessaria para que a solução fique completamente saturada. Pelo esfriamento, no fim de bas- tantes horas, obtem-se um corpo branco, magnifico, brilhante, fusivel a 242º e., e levemente deliquescente. Pouco soluvel na agua fria, porém PHYSICAS E NATURAES [47 muito mais na agua fervente, e produzindo soluções ligeiramente ama- “relladas. Aquecido, em tubo de ensaio, sublima-se parcialmente; os crys= taes sublimados teem a apparencia do sal ammoniaco em barbas de penna. Um calor forte decompõe-no com detonação, depondo-se carvão. É insoluvel no chloroformio, espantosamente soluvel no alcool, e o acido acetico glacial a 26º c. dissolve 7,5% desta substancia. Bem secco, deu os seguintes resultados analyticos: 1 IMALERIA. eoq ese star 05",9459 Acido carbonico..... 08,5774 PA EIA) SRio e on afora 05",0862 TE Maferia. Cass dE vas 0:",6947 Acido carbonico..... 18,1605 Aa to PELO Mera cajado 8" 45170 A = Materiais... 000... 0%,4137 ABOTO. . Fo, Wi=25€ == MAO = 1245516: COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Theorica Experimental I H HE C—h549 ...... R5,DA .» 20% HUBD o ii, » ET Dos. IAG neto 3% ESB LO REU, » Az— 6,64 ...... EUA AIEA RA PRE 6,75 O — 145,50 ...... ddr a, pes OR 97 » 160,00 Estes numeros correspondem à fórmula do acido mononitrophtalico : Co Hs (Az 02) (€ 0. O Ha. O sr. dr. Pereira da Costa, a quem devo o favor de haver estu- dado este corpo ecrystallographicamente, descreve-o nos seguintes ter- mos: Quando comecei o estudo destes crystaes (os do acido mononitro- phtalico), conheci logo que elles pertenciam a um dos systemas clino- TE 148 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS rhombicos, e suppondo que fossem do systema monoclinico, tomei as fórmas n'elles observadas do seguinte modo: Fig. 1 Fig. 2 Ê Pp Ê ! : s=+ ou FIRME Hemipyramide fundamental ou derivada. m Rn a ) n= Hemiclinopyramide : E TER P) Estas duas fórmas podem p-+252 Hemiclinodôma completar e din ou [pertencer a clinodô- BRA at Ro dito mas differentes. T= co Pn Hemiclinoprisma j T'==oPn dito | M==0 P o Orthopinakoide. Clinoprisma. Para assim denotar os crystaes, suppuz que n e s se repetiam sy- metricamente nas duas extremidades, dando quatro facetas; mas, não tendo podido verificar no mesmo crystal a existencia senão de uma fa- ceta, e por outro lado, achando alguns crystaes que a não apresentavam, comecei a suspeitar que a dissymetria era maior do que a principio sup- pozera: observei depois que alguns crystaes apresentavam a aresta x modificada, que na mesma hypothese representaria o clinopinakoide, en- contrando por fim outros crystaes com uma faceta ao longo da aresta de combinação entre Me 7, sem que apparecesse outra correspondente en- tre Tem. Esta dissymetria fez-me crer que as facetas s e n representam fór- mas tetartoedricas, e por conseguinte que as fórmas d'estes crystaes teem o caracter de tetartoedrico, e pertencem ao systema tetartoprisma- tico de Mohs, ou a algum dos ultimos systemas di ou triclinico, prova- velmente a este, e assim consideradas as fórimas destes crystaes, com- prehendendo todas as modificações observadas, conteem as seguintes fórmas simples: PHYSICAS E NATURAES s=P'n ou P' tetartopyramide n=='Pn ou 'P dito T «== Q0 Hp [D/ ==" 65P'| Hemiprismas | 2 Er Faceta entre T'e M=co P';m M= 0 P& Brachipinakoide. x==00 P 5 Macropinakoide. P=oP Pinakoide ou base. y=+Poo Hemimacrodôma. UP" n ou 'P'. Hemipyramide. 149 co!P,.oP'im.P'nouP' Pnou'P.oPX.oPa-LP.oP. RR o faceta entre S 'p' n ou 'P' T'eM 0 Ê. Nitrophtalatos. — Nitrophtalato de baryo. O acido nitrophtalico puro dissolve-se na agua fervente. Se na solução aquosa lançarmos carbonato de baryo puro em suspensão na agua, e recentemente precipitado, pro- duz-se effervescencia, e forma-se nitrophtalato de baryo, que se precipita mesmo a quente. É necessario, para obter este sal bem puro, deixar sempre no liquido um excesso de acido nitrophtalico por neutralisar. O sal de baryo é um composto crystalling em pequenas laminas transpa- rentes, muito brilhantes mesmo depois de seccas, quasi branco, atirando para amarello muito desvanecido. Não contém agua de crystallisação, é pouco soluvel na agua quente, e a agua fria dissolve apenas vestigios. E soluvel nos acidos fortes, e tambem no acido acetico. Secco a 100º c. deu os seguintes resultados : a) Materia. ..... DA Dis fe Dae Ba So*==08,1386 b) Materia. ..... OSSO Ba Sot==08,1072 Theoria Experiencia Da San A 39,99 — 39,64 Estes resultados correspondem à seguinte fórmula: Cs E; (4209) 60 a Ba”. 150 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Nitrophtalato de prata. —Foi preparado, tratando a solução ebul- liente do acido nitrophtalico pelo carbonato de prata humido, deixando no liquido um excesso de acido nitrophtalico, como no processo ante- rior. O nitrophtalato de prata, que se precipita, fórma um corpo branco pesado, que se decompõe com projecção de materia pela acção do ca- lor, e se dissolve nos acidos facilmente. ANALYSE Materia. ..... OF ,3A6H oo. MEC o sir 0º7,2348 Theoria Experiencia Pratas std q 50;S2 e 91,01 A sua fórmula é: CO. Ce Hs (Az 02) Co. Ag'2. (Continua) PHYSICAS E NATURAES 151 BOTANICA = o o À. Às explorações phyto-geographicas da Africa Tropical, e em especial as da Guiné inferior, ordenadas pelo governo portuguez e executadas pelo dr. Friederich Welwitsch nos anos 1855 a 1861 POR BERNARDINO ANTONIO GOMES Em 27 de outubro de 1870 recebemos pela secretaria de estado dos negocios da marinha e do ultramar, assignada pelo sr. marquez de Sá da Bandeira, a portaria do theor seguinte: «Convindo proceder quanto antes à publicação dos trabalhos scien- tificos do Dr. Frederico Welwitsch na exploração da provincia d'Angola, aonde foi mandado na qualidade de naturalista: Sua Magestade ElRei Ha por bem auctorisar o Dr. Bernardinô Antonio Gomes a tratar por parte do governo com o mesmo Dr. Welwitsch quanto convenha para se levar a effeito a mencionada publicação na cidade de Lisboa, ficando - porém o resultado d'esta incumbencia dependente da ultima approva- ção do governo, o que pela Secretaria d'Estado dos Negocios da Mari- nha e Ultramar manda participar ao mesmo Dr. Bernardino Antonio Go- mes.» A exploração scientifica da provincia d'Angola, assim confiada aos cuidados do dr. Welwitsch, e que seguimos sempre com attenção e vivo interesse desde o começo da sua execução, a datar d'esta portaria tornou-se para nós tambem motivo de certa responsabilidade. As rela- ções officiaes d'aquelle naturalista com o governo portuguez haviam sido ! Este e outros contratempos da missão confiada ao dr. Welwitsch chega- rão sem duvida a ser publicados, mórmente os que motiva a desgraçada pen- dencia, que o governo está sendo obrigado a sustentar em- Londres para haver as collecções angolenses, deixadas por morte dºeste naturalista, e que eviden- 152 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS suspendidas por motivos que é inutil recordar neste logar !; as nossas proprias relações particulares não passaram sem ter tido por vezes li- geiras perturbações: nada impediu, porém, que não mantivessemos a estima e consideração que mutuamente nos tributâmos sempre; e que não sustentassemos até ao fim uma correspondencia raras vezes inter- rompida, que nos permittiu seguir de perto todos os trabalhos que du- rante a expedição em Angola e depois della lhe teem ido manifestando os fructos. Aproveitando taes disposições, e para satisfazer o que nos era ordenado, diligenciâmos em primeiro logar restabelecer as boas re- lações entre o governo e o dr. Welwitsch, e cuidâmos depois de ir com- binando com este naturalista os meios de apressar a publicação orde- nada: tão precisa, como é, para fazer conhecidos no paiz os resultados de uma expedição, n'elle apenas assignalados ou pouco apreciados até hoje. Proseguiamos n'estas diligencias, quando chegou a noticia do falle- cimento em Londres do dr. Fr. Welwitsch; perda para lamentar, por ser a do infatigavel viajante, que havia conseguido sondar com olhos de boa sciencia os sertões em grande parte inhospitos de uma vasta região, a da Guiné inferior e portugueza, antes quasi de todo desconhecida ao ponto de vista phyto-geographico, em que foi por elle explorada. Restam-nos do falecido, além de quanto fica publicado sobre o assumpto, as impor- tantes collecções que adquiriu, e as copiosas notas de propria redacção que as acompanham; as quaes em parte teem sido já o objecto de con- veniente e auctorisado estudo, e devem servir a quanto mais é indis- pensavel n'elle continuar para o completo aproveitamento de tão valio- sos materiaes. É o que será sem duvida commettido a pessoas compe- tentes, e permitte esperar a conclusão desejada. Por nossa parte a mis- são que nos foi confiada, acabou com a morte d'aquelle, a quem de-. viamos dirigir-nos para a preencher; não a largaremos, porém, sem desempenhar um encargo que nos imposemos, o de informar o governo e o publico a respeito do ponto a que havia chegado o objecto da missão do dr. Fr. Welwitsch; e, assignalando a serie toda dos trabalhos até ao presente emprenendidos e levados à execução para alcançar 0 reco- nhecimento phyto-geographico da Africa tropical, mostrar ao mesmo temente pertencem ao paiz que as adquiriu com sacrificio pecuniario não pe- queno, sendo-lhe não obstante disputadas por modo que bem pouco podia ser esperado. Esta informação virá ao publico pelos meios officiaes ou outros, e “melhor quando essa pendencia, na qual se prosegue activamente, tiver termi- nado. À noticia que tentâmos dar, limita-se por agora à parte scientifica da ex- pedição. PHYSICAS E NATURAES 153 tempo o quanto entre esses trabalhos avultam os do illustre viajante e commissionado do governo, na exploração por elle feita, com relação à Africa occidental portugueza. Será, além de tudo, uma homenagem por nós prestada à memoria do insigne naturalista que se finou desgostoso e debaixo da influencia de prevenções desfavoraveis, que nem sempre foram justas. Hoje que a campa lhe cobre os restos mortaes precisamos mais esquecer o que lhe offusque a memoria, e fazer o inventario de quanto deixou util e digne della. Faremos assim a devida justiça ao finado, o qual teve o destino de tantos outros homens de sciencia, para os quaes, no fim da vida, mais se accumulam os desgostos e os con- tratempos do que lhes sorriem os motivos da propria satisfação. O estudo e o conhecimento phyto-geographico do continente afri- cano e ilhas adjacentes foram-se naturalmente succedendo uns a outros à medida do accesso possivel. e sempre mais ou menos difficil das dif- ferentes regiões em que se podem considerar esses territorrios dividi- dos. Assim no norte d'Africa as explorações que n'este sentido come- caram a ser regularmente emprehendidas, são do seculo passado; da- tando de 1798 a Flora Atlantica de Desfontaines, o naturalista: que já desde 1783 encetára as explorações botanicas por elle feitas em Alger e em Tunis, e que haviam sido ordenadas pela academia das sciencias de Paris. No extremo sul a benegnidade do clima, a occupação do paiz por europeus, e a instituição de governos illustrados, permittiu tudo o dar a estas investigações um largo campo. Se a época em que começa- ram é mais recente, são aliás em grande numero os botanicos que as levaram a effeito, conseguindo-se ser hoje a flora do Cabo uma das mais bem conhecidas e apreciadas, como o attesta a Flora Capensis de Har- vey e Sonder publicada em 1859-1860, como o attestam outras publi- cações e levam à evidencia as numerosas collecções de plantas seccas ou vivas, que se encontram distribuidas nos museus e jardins de toda a Europa, provenientes d'essa tão variada como formosa vegetação do solo austral africano. Não foi por certo tão facil o penetrar entre as duas grandes e ex- tremas regiões, nos tropicos africanos, cujos climas repeliram sempre mais a raça europea, difficultando por isso as instituições sociaes mais civilisadas, no meio das quaes é só permittido à sciencia o penetrar e alargar o seu dominio. Por que não ha, porém, obstaculos, por maio- res que sejam, capazes de tolher o passo aos investigadores, não tardou que elles não devassassem tambem essas regiões inhospitas, embora o fizessem com o sacrificio da vida, como tantos a sacrificaram. Os por- tuguezes, que foram dos primeiros a descobrir e a occupar semelhantes 154 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS territorios, na Ásia, na America, como na Africa, se dos conhecimentos phyto-geographicos respectivos por muito tempo mais aproveitaram o que lhes bastou para levarem de umas a outras regiões as especies ve- getaes, cuja cultura promoviam, no que bastante conseguiram, a outros respeitos não foram sempre tão descuidados, que não sejam de antiga data notaveis diligencias de mais alcance scientifico, honrando a época em que foram feitas. A reforma da Universidade do fim do seculo pas- sado foi reforma séria, que produziu boa e solida sciencia em Portugal; com ella appareceu para a botanica Brotero e a sua escola, estudou-se a flora do paiz, e não se tentou menos o estudo da flora da Africa por- tugueza, assim como da do Brasil. Foram na verdade debeis e epheme- ros esforços para tamanha empresa, mas o museu de Lisboa chegou, não obstante, a receber collecções de certo valor em plantas colhidas tanto na America, como na Africa portugueza. A incuria, porém, e a pouca attenção por taes objectos veiu depois fazer, que se per- desse e inutilisasse boa parte destas collecções. Algumas ha que foram parar a mãos estranhas, que as souberam ao menos conservar, ser- vindo depois de util contribuição, como vieram a servir, nas ultimas pu- blicações sobre a flora africana. Esta parte que foi salva, refere-se espe- cialmente ao archipelago de Cabo Verde; existe nos museus de Paris para onde foi levada do museu de Lisboa por Geoffroy St. Hilaire, acto pelo qual a politica condemna o distincto natnralista francez, mas de que a sciencia o haverá talvez absolvido pelo serviço que assim lhe prestou. A costa oriental d'Africa, pelas relações maiores que em todos os ' tempos sustentou com a Asia, e pelo intermedio d'esta com a Europa, foi tambem a parte d'aquelle continente, cujo conhecimento começou a ser alcançado com respeito à procedencia de alguns productos vegetaes, utilisados no commercio; foram, porêm, taes conhecimentos, apesar das diligencias arabes que os transmittiam, muito escassos, em quanto não se abriu para as relações do mundo a nova era, que lhe franqueou o ca- minho para a India pelo Cabo da Boa Esperança. É sabido qual foi o alvoroço na sciencia, causado pelas primeiras noticias n'estes assumptos, havidas pelas boas diligencias de Garcia da Horta; como o seu livro so- bre as drogas da India foi traduzido, comentado, e por muito tempo serviu de texto em semelhante objecto. O que tudo isto nos revelou, po- rém, a respeito da phyto-geographia africana foi ainda por muito tempo bem pouco ou quasi nada. Começaram a dizer-nos mais no assumpto, muito depois, os primeiros botanicos, que levados a estas investigações, por elles feitas na Asia, quando tocavam de passagem na costa orien- PHYSICAS E NATURAES 155 tal africana, tinham assim occasião de assignalar o que se lhes offerecia à observação da flora respectiva. O padre Loureiro, dos primeiros nesta phalange, na Flora Cochinchinensis que publicou, menciona umas 38 especies de plantas de Moçambique, do Zanzibar. e de outras partes desta costa africana, especies que eram antes desconhecidas, e as quaes elle viu e descreveu, trazendo de algumas as sementes à Europa, e da- tando por certo d'ahi a introducção das que a cultura nos jardins tem podido conservar-nos. As expedições scientificas para o estudo especial da flora tropical africana são geralmente modernas e dos ultimos cincoenta annos pela maior parte. Uma das primeiras, notavel pelos resultados alcançados e pelos sacrificios que custou, é a do Niger, ordenada pela sociedade pro- motora da civilisação africana, que instituira em Londres Thomas Fowel Buxton. Foi comandada pelo capitão Troter e levada a effeito em 1841. Coube n'esta expedição a Theodoro Vogel e Ansel a exploração phyto- geographica; e de ambos teve a sciencia de deplorar o sacrificio, victi- mas como foram da doença e do clima; de Vogel ficaram ao menos col- lecções e notas que muito aproveitaram depois da sua morte, verificada ainda no paiz africano que visitou. Tocaram os dois viajantes na Madeira, nas Canarias, no archipelago de Cabo Verde, em Serra Leôa, em Ace- ras e Fernando Pó, antes de haverem subido o Niger; e da passagem por todas estas paragens dão as collecções de Vogel amplo testemunho. Na Madeira havia já sido feito o estudo demorado da flora pelo padre Lowe, o contingente de Vogel pouco podia pois avançar n'esta parte. “Do mesmo modo nas Canarias, aonde semelhante estudo fôra já empre- hendido por Humboldt, por Smith, e mais detidamente por Webb. Em Cabo Verde os trabalhos de Vogel avultam mais; é com elles sobretudo, com os de Webb, Hooker (J. D.) e Burton, que foi traçada a primeira flora cabo-verdeana, publicada com o titulo de Spicilegia gorgonica, e que appareceu juntamente com a Flora Nigritiana, para a qual as col- lecções de Vogel foram ainda o contingente principal. ) Para a Spicilegia gorgonica contribuiu a colleeção de Forsters, feita em 1778 na sua viagem de circumnavegação; tambem a collec- ção portugueza do museu de Paris; a do dr. Hooker, por elle co- lhida em 1839; uma outra de Forbes, que o havia sido em 1822, e alcançada pelas diligencias da sociedade de horticultura de Londres: a de Darwin, existente no museu de Cambridge; o catalogo de Smith; por elle obtido na viagem de Tuckey ao Congo; e uma pequena col- lecção de Brunner. Com toda esta contribuição de trabalho conseguiu-se descrever 204 especies de dicotyledoneas, 31 monocotyledoneas, 13 fe- 156 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS tos e equisetaceas, ao todo 250 especies, sendo para notar que 64 d'estas especies existem representadas na collecção portugueza, e por bons exemplares, conforme o testemunho do proprio auctor da Flora Nigritiana. A vegetação do archipelago, uniforme com a do conti- nente africano que lhe corresponde, foi ali explorada por todos estes naturalistas até à altitude de 3000 pés; a continuação até chegar à de 8000, que é a maior que essas ilhas alcançam, ficou sendo desco- nhecida quanto à flora respectiva. Não pararam ahi, porém, as investi- gações; em 1852 appareceu publicada a flora das Ilhas de Cabo Verde do dr. Johann Anton Schmidt, o qual visitou o archipelago em 1851, de- morando-se n'elle durante nove mezes; e depois do estudo cuidadoso que fez ácerca do clima, da vegetação, da corographia, e mais objectos que lhe mereceram interesse, auxiliado na Europa pela cooperação de Bishoff, Griesebach, Stoots, Shultz, Steudel, Lantzius-Beningen e Son- der, não demorou de mais de um anno esta publicação, a qual veiu as- sim a apparecer pouco mais de dois annos depois da Spicilegia gorgo- mica. O dr. Schmidt acrescentou ao trabalho dos que o precederam, bas- tante do seu proprio. Percorreu S. Vicente, Maio, Boa-Vista, Santiago, Santo Antonio e a Ilha do Sal; assignalou 435 especies de plantas que achou espalhadas por todo o archipelago; estudou cuidadosamente a sua distribuição; ajuntou a isto copia de noticias sobre a zoologia, a geo- logia, a climatologia das ilhas, a respeito da industria do sal, dos usos e costumes dos habitantes, e quanto mais faz d'este livro uma interes- sante monographia cabo-verdeana, que muito conviria tornar mais co- nhecida do nosso publico por versão que d'ella se fizesse ou de outro modo. Não vemos porque o Beitrage zur Flora der Cap Verdischen In- | seln do dr. Schmidt não seja mencionado na noticia historica dos traba- lhos que precederam a publicação da Flora da Africa Tropical de Oliver e são relativos ao objecto desta; para nós é que não póde elle passar des- apercebido. O auctor da Flora Cabo-Verdeana era considerado apenas cu- rioso quando partiu para visitar as ilhas, e isso explica certa desattenção por elle; ainda assim contribuiu para augmentar muito o que era conhe- cido das ilhas; e dizia-nos Welwitsch em carta de 9 de julho de 1865, ser 0 trabalho de Schmidt, quando mesmo de principiante, o que ha de menos incompleto no assampto sobre o archipelago. As ilhas de Fernando Pó, de S. Thomé e Principe, foram visita- das por Gustav Mann, o qual em expedição ordenada pelo almirantado inglez se dirigiu ao antigo Calabar, às montanhas Cameroons, à Bahia do Corisco, aos rios Muni e Gabão, à Serra do Crystal, alcançando de PHYSICAS E NATURAES 157 todas estas localidades collecções importantes. Do antigo Calabar ha tam- bem as de W. €. Thomson; de Abbeocuta as de Irving; da Senegam- bia as de Hendelot, de Leprieur e as de Bidjem; da Serra Leôa as de Don, de Whitfield, de Miss Turner e d'outros; acrescendo ainda as de Barter, colhidas na expedição que fôra dirigida em 1857-1859 por Bai- kie; e restando lembrar, que a Senegambia e a Serra Leôa teem as flo- ras respectivas particularmente descriptas por Owar. A respeito das ilhas de S. Thomé e Principe, que mais nos interessa conhecer, acres- centaremos o que nos informára o dr. Welwitsch na sua carta datada de Londres em 18 de abril de 1864. A sua demora n'estas ilhas, diz este viajante, que fôra de poucos dias, e esses quasi sempre chuvosos, não permittindo largas digressões. As collecções feitas por Akerman, que estavam na posse de Van Hut, não haviam então sido publicadas, as de Mann tinham-se distribuido pelos herbarios de Kew. Varias plan- tas das mesmas ilhas, colhidas por Don na digressão à Serra Leôa, fo- ram mencionadas na Niger Flora. Da Fauna occuparam-se Pfeifer, Mo- relet, e Gunther; e a parte entomologica, acrescenta Welwitsch, deve ser interessantissima, a julgar pelo que observou nos poucos dias que estacionou nas ilhas. Nota mais ter razão para suppor que na parte orien- tal e nas regiões elevadas devem offerecer estas ilhas o maior interesse, sendo aliás já seductor no littoral o luxuoso da vegetação, em geral ana- loga à da costa visinha do continente, e notavelmente invadida de plan- tas de origem americana. Abundam ahi bellissimos fetos e as orchideas epiphytas, não faltam as Cyatheas arboreas, que foram encontradas a 4:000 pés de elevação; foi assignalado no Pico de S. Thomé uma espe- cie de Podocarpus, e abundam pelas densas mattas as Scitamineas e for- mosissimas. A mais magestosa palmeira da Africa tropical, o Borassus Aethiopica Mart. encontra-se logo nas visinhanças da capital de S. Tho- mé; e é das mesmas ilhas a Mimosea gigantesca, a que ali dão o nome de Sucupira. Comprehendem todas estas explorações quanto respeita a Guiné superior, que devemos suppor limitada pelo que vae do Senegal ao sul do equador, abrangendo as ilhas do golpho de Guiné, Fernando Pó, S. Thomé, Principe e Anno bom. A outra parte da Guiné ou a Guiné inferior, que se estende do Cabo Lopes até ao tropico do Capricorneo e comprehende o Congo, An- gola, Benguella, Mossamedes, territorio pela maior parte de occupação portugueza, teve por explorador Smith, que visitou o Zaire e como Vo- gel foi victima da sciencia e do clima africano; a collecção respectiva existe publicada por Robert Brown n'um appendice à Narrativa da ex- 158 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS pedição para explorar o rio Zaire do capitão Tuckey, obra que foi muito festejada pelas noticias que começou a revelar com relação à phyto-geo- graphia destas regiões d'Africa. Foi tambem collector no Congo o con- sul inglez Burton, e assim Curror na Bahia dos Elephantes. O que avulta, porém, para esta parte da Africa occidental são as collecções do dr. Frie- derich Welwitsch, alcançadas pela expedição que fôra ordenada pelo go- verno portuguez; e collecções sem as quaes a Guiné inferior seria em materia de conhecimentos phyto-geographicos, dizem os auctores da Flora of tropical Africa, uma grande lacuna (a blank) para esta publi- cação. Os mesmos auctores caracterisam estas collecções de «judicious selection, admirable conservation, without rival acurate notes.» Data de 1851 a resolução tomada em côrtes e ordenada pelo go- verno ácerca das expedições que deviam ser feitas com o fim de explo- rar todas as producções naturaes das provincias portuguezas da Africa occidental; objecto em cuja iniciativa teve sempre grande parte o di- gno marquez de Sá da Bandeira, solicito, como tem sido, e enthusiasta mesmo, em todas as questões que dizem respeito ao prospero e illus- trado desenvolvimento das nossas vastas colonias, especialmente as afri- canas que maior futuro prometteram sempre; e empreza que muito par- ticularmente patrocionára o bom e illustrado monarcha, o senhor D. Pe- dro v, assim como seu pae, o senhor D. Fernando. O decreto qu e confiou ao dr. Welwitsch sobretudo a parte phyto-geographica destas explorações é de 10 de abril de 1852; refere-se a instrucções que mais tarde seriam formuladas, mas nenhumas officiaes apparecem, além do que derivou do Conselho Ultramarino em agosto do mesmo anno de 1853, e pouco mais é do que alguma recommendação quanto à maneira de aproveitar as collecções dos productos que se fossem alcançando, com relação ao commercio e riqueza das provincias ultramarinas respectivas. Verdadei- ramente não houve mais programma ou instrucções do que os da con- fiança inspirada pelos conhecimentos especiaes, que se sabia possuir este naturalista, e eram abonados pelos seus precedentes. Depois de uma digressão a Londres, aonde julgou dever ir aproveitar conselhos de Robert Brown e de outros botanicos, saiu o dr. Welwitsch para An- gola em agosto de 1853, chegando a Loanda em outubro do mesmo anno. De passagem tocou na Ilha da Madeira, na de S. Thiago, em Cabo Verde, em S. Thomé e Principe, e na Serra Leôa. Na Africa continen- tal percorreu a linha de costa desde 5º 12! até 18.º latitude sul, e para o interior prolongou as suas digressões pela extensão de 350 milhas geographicas, comprehendendo n'ellas as regiões do Loango, Angola, Benguella e Mossamedes, isto é, o antigo Manicongo e actual Guiné por- PHYSICAS E NATURAES 159 tugueza, até chegar ao Golungo Alto, aonde estacionou. Visitou Ambaca, Pungo Andongo, as serranias ou Pedras de Guinga, o Lucala e Presídio do Duque de Bragança, as margens do Cuanza até às cataratas deste rio, as formosas ilhas de Cabemba, o Luxillo, Cambambe, e assim es- tacionou durante tres annos pelos sertões de Angola. Em Sange teve occasião de encontrar-se com Livingstone, que então viera da cidade do Cabo pelo continente com a tenção de o atravessar, como praticou, até chegar a Tete e a Moçambique. Depois de percorrer Angola foi a Ben- guella e a Mossamedes, penetrando ahi pelo interior até à Serra de Chel- la, na qual subiu à altitude de 6:000 pés; e seguindo pelo littoral até Cabo Negro, visitou o porto de Pinda e a Bahia dos Tigres. As impressões que ao viajante ia produzindo o aspecto da vegetação e as mais con- dições das diversas localidades percorridas, constam das cartas por elle enviadas para a Europa, dirigidas por exemplo a Decandolle, a sir W. Hooker e a W. W. Saunders (V. Proceedings of the Linn. Soc., vol. 11, pag. 329, vol. v, pag. 182), e das quaes tambem algumas recebemos. Na carta a Hooker, referindo-se a Pungo Andongo, diz o illustre via- jante: «ê um jardim, se não extenso parque, aonde .se encontram os mais interessantes thesouros da vegetação dos variados districtos da Africa tropical e subtropical, arranjada em grupos do modo o mais gra- cioso, e reunindo ao mesmo tempo consideravel numero de fórmas ve- getaes que lhe são de todo privativas.» Na carta que nos escreveu de S. Paulo de Loanda em 4 de julho de 1860 exprime-se assim a respeito do alto plaino da Huilla que visitou: «Em todas as minhas digressões na Europa e na Africa, nunca fiquei tão surprehendido, tão encantado, como n'estes passeios pelas sempre verdes mattas e visinhas varzeas da Huilla. Logar mais bello, mais saudavel, e a todos os respeitos mais conveniente para colonisação europea, de certo não ha na Africa tropi- cal; e esta deliciosa planura será, me persuado, um dia a chave para dar entrada nos vastos territorios da Africa austro-tropical, maiormente apoiando-se na costa de Mossamedes, que fica contigua a este sertão, des- tinado pelo clima salubre e fertilidade do terreno a ser o emporio ma- ritimo o mais adequado d'esta costa, entre Loanda e o Cabo da Boa Es- perança.» O dr. Welwitsch regressou d'Africa em 18614, durando pois ahi a expedição oito annos. Durante elles colheu copiosos exemplares de plantas, representando 3:227 especies para Angola, e para Mossamedes o correspondente a 2:152, perfazendo pois ao todo 5:379 especies ve- getaes de todas as ordens africo-tropicaes, e acompanhado tudo de nos tas bem ordenadas, que lhes assignalam o habitat e mais observaçõe- 160 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS que na occasião da colheita precisam ser feitas. Com isto se alcan- caram os maferiaes necessarios para, com a flora da região, ter d'esta a feição phyto-geographica que a distingue. Todos quantos depois teem manuseado estas colleções, dão testemunho da sua riqueza, da perfeição e optimo estado dos exemplares, assim como do cuidado e conhecimento especial do objecto, que presidiram à redacção das notas que os acompanham. Uma primeira conta dos resultados obtidos nesta expedição, foi o objecto da publicação do dr. Welwitsch com o titulo de, Apontamentos phyto-geographicos sobre a provincia de Angola que o auctor datou de Loanda em julho de 1858, e fez inserir nos annaes do Conselho Ul- tramarino. No seu regresso à Europa em 1861 foi o dr. Welwitsch au- ctorisado e soceorrido ainda pelo governo para ir a Londres, aonde só era possivel fazer de modo conveniente o estudo das collecções, ou por se reunir ali uma somma de recursos para este estudo, que debalde se tentaria encontrar n'outra parte. Encetou-se e progrediu este estudo, não tendo a elle faltado o concurso franco e desinteressado dos botanicos mais auctorisados, o de Alph. Decandolle, Reichenbach filho, Bentham, Dr. Hooker, Don, Oliver e bastantes outros, que todos se mostraram empenhados em prestar o seu valioso auxilio no aproveitamento de tão importante material, para fazer conhecida a vegetação de uma vasta re- “gião africana, a esse respeito quasi de todo desconhecida. Foi isto dando Jogar a uma serie de publicações, de que já fizemos em parte a enume- ração no Jornal das Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes da Academia, e à qual teremos agora de referir-nos mais detidamente ; e por fim estão servindo estas collecções de contribuição, e das mais va- liosas, para a muito auctorisada publicação da Flora of Tropical Africa, obra ordenada pelo governo inglez, por elle subsidiada, e da qual ha dados à luz os dois primeiros volumes. Na Africa oriental, em Moçambique, na Zambezia e no Zanzibar, depois do esboço traçado por Loureiro e poucos botanicos mais d'esse tempo, só modernamente se emprehenderam mais amplas investigações, que permittissem tornar conhecidas as produeções naturaes d'estas re- gives. Começou a assignalar-se em semelhante estudo o professor W. Peters de Berlin, mandado pelo governo da Prussia a Moçambique com este fim em 1842. A expedição durou seis annos, conseguindo-se ajun- tar copia de objectos e de noticias, tanto na zoologia como na botanica, que serviram depois à publicação, Viagem historico-natural a Mocam- bique feita por ordem de sua magestade el-rei Frederico Guilherme 1 nos annos de 1842 a 1843, por G. €. H. Peters. Ha n'esia vasta pu- PHYSICAS E NATURAES 161 blicação dois volumes consagrados à parte botanica, na qual se descre- vem 580 especies vegetaes, das quaes 300 foram novamente assignala- das e 61 são reproduzidas pela gravura. Trabalhou esta parte o distin- cto botanico e tambem professor de Berlin, Kotshy. Depois de W. Pe- ters, Kirk com o celebre Livingstone visitaram em 1860 a 1862 o rio Zambeze e o Shire seu tributario, dilatando-se até ao lago Nyassa. Em segunda expedição do mesmo Livingstone proseguiram n'estas excursões Horace Walter e Miler; e reunidos este ultimo e Kirk, percorreram am- bos tambem o territorio banhado pelo rio Ravuna. As collecções, as es- tampas, e as notas, assim colligidas, foram valiosas, contribuindo tudo a tornar d'este modo conhecidas vastas regiões, antes quasi de todo a semelhante respeito ignoradas. A região do Nilo até 4º ao sul do equador, mais accessivel, como sempre foi em grande parte da sua extensão, teve por isso sempre mais exploradores. Coube a Schimper larga colheita na Abyssinia, egualmente visitada por Rother, Dilon, Petit, e Salt. O Kordafu e a Nubia foram explorados por Klatschy e Bromfield; a Nubia e o Gallabat por Schwein- furth, o qual visitou o Soturbu, a ilha de Makan e o Wady Gadirch, nas latitudes norte de 22º, 214º, 25º, conseguindo fazer representar as floras respectivas por 266, 71, 62 especies de plantas, assignaladas em cada uma das tres regiões. O Somaly foi estudado por Playfair, o Nilo superior por Peterick e Murie, e concorreram ainda para o co- nhecimento phyto-geographico d'estas regiões Speke e Grant pela ex- ploração executada no trajecto que fizeram do Zanzibar para Victoria Nyanza. Restava penetrar ao centro do grande continente; é o que poucos conseguiram, e de modo tão escasso quanto às explorações phyto-geo- graphicas, que póde dizer-se ser quasi tudo ali ainda a este respeito terra ignota. Edward Vogel, ao norte e a léste em terras banhadas pelo Nilo e seus afluentes, conseguiu pelo Sahara entrar em Aghadem, no Bornú, e nas provincias adjacentes; Denham e Clapperton poderam ha- ver plantas do Oudney; a maior parte, porém, das collecções feitas por estes naturalistas desappareceram no transito, foram perdidas para a sciencia. Ao sul da parte central d'Africa poderam colher e dizer al- guma coisa da vegetação da Zambezia superior Kirk e Miler, assim como o fizeram a respeito das visinhanças do lago Nyassa, Baines e Chapman por occasião do trajecto que executaram desde a bahia de Waalwisch até à Zambezia superior. Depois de tantas e tão laboriosas investigações, feitas com o fim de conhecer a phyto-geographia tropical africana, era preciso reunir e or- JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. 192 162 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS denar o fructo de todas ellas pelo modo o mais conveniente; é o que se foi conseguindo primeiro em publicações parciaes, e depois devia al- cançar-se por uma que as compendiasse todas, e constituiria a flora geral de toda esta grande região tropical. Para isto fôra ainda apenas um reco- nhecimento a Flora Nigritiana de sir W. Hooker, tão limitados eram en- tão os materiaes com que pôde ser escripta; depois affluiram e avultaram estes tanto mais, que em breve se reconheceu a precisão de dar a se- melhante publicação muito mais amplas proporções. Nasceu d'ahi a Flora of Tropical Africa do professor Oliver, de que ha 1.º e 2.º volumes, e é trabalho em continuação. Sendo o objecto d'esta nossa noticia mais particularmente o que respeita à Guiné portugueza, diremos pois o que n'esta publicação e n'outras dá conta das explorações ahi feitas, e com mais particularidade das que foram emprehendidas pelo governo portu- guez e levadas a" effeito pelo dr. Fr. Welwitsch na incumbencia que para isso Leve. As publicações por nós enumeradas no jornal da Academia foram noticiando os resultados do estudo das collecções angolenses, que foi sendo confiado com semelhante fim aos differentes naturalistas que d'elle quizeram benevolamente encarregar-se. Depois d'essa data o proprio dr. Welwitsch publicou com o titulo de, Sertum angolense, sive Stir- pium quarumdam novarum vel minus cognitarum in itinere per Ango- lam et Benguellam observatarum descriptio, iconibus illustrata, uma mo- nographia, para a qual o auctor reservou a descripção dos objectos de mais novidade e escolha das suas collecções; e pela mesma occasião se começou tambem a publicação da Flora of Tropical Africa. Vamos refe- rir-nos a uma e a outra, sem deixar de o fazer, no que seja essencial, a respeito de todas as outras publicações sobre o assumpto, que antes haviamos apenas enumerado. O Sertum Angolense foi na occasião em que appareceu, o que ha- viam sido os Apontamentos phyto-graphicos para a época em que es- tes foram escriptos; isto é, em um caso os primeiros traços apenas, O que era possivel no termo da exploração, e no outro o fructo já de um estudo operado sobre os materiaes adquiridos. O territorio percorrido pelo auctor, e regado pelos rios Cacongo e Zaire, pelo Loge, Cuanza, Cunene, e ainda o Lilundo, o Ambriche, Lifune, Dondo e Bengo, além dos rios de menor volume d'aguas, que todos descem ao atlantico, é por elle dividido em duas grandes regiões, a do littoral, e a montanhosa, de que nos dá a seguinte descripção. A região do littoral é quasi toda plana ou pouco ondulada, não at- tingindo mais que 100 a 300 pés de elevação. A vegetação nella appa- PHYSICAS E NATURAES 163 rece geralmente rasteira, assignalando-se o Vitis macropus e Vitis Bai- nesii, o Pachypodium Lealii, o Sesamothamnus Bengalensis, e muito ao sul no extremo de Mossamedes a singularissima Gnetacea, Welwitschia mirabilis, que foi objecto do particular estudo e de uma magnifica mo- nographia, publicada por J. D. Hooker. A região montanhosa que a esta segue, chamada no paiz, das Serras e dos Morros, chega em Angola à altitude de 4:000 pés e em Benguella à de 6:000, prolongando-se as serranias de norte a sul, ou de outro modo, encostando-se umas às outras em escada, com as faces abruptas em geral voltadas ao occidente, con- tendo vastos alto-plainos e lagõas, e cortadas todas de extensos valles que dão corrente às aguas, de quando em quando interrompidas n'este curso de vistosas cataratas. Entre as lagõas distingue-se a de Quizembo no Congo, as do Bembo, de Libongo, e do Foto em Angola, a de Gi- raul ao pé de Mossamedes, e a de Gavantalla na Huilla, onde não fal- tam a ornal-as as Nymphaecas, as Pistias, os Cyperus, do meio dos quaes não deixam tambem de surgir, de modo nada hospitaleiro para o viajante, os crocodilos e os hippopotamos. É no meio d'estas serranias que se levantam as montanhas columna- res, denominadas Pedras Negras, Pedras de Guinga, e as de Pongo An- dongo, vestido tudo de bastissimo arvoredo, de dilatadissimos prados, e de hervas aromaticas; e apparecendo em toda esta successiva elevação as graduações de temperatura, de pressão atmospherica, de humidade, de chuvas e de vegetação que naturalmente lhes correspondem. Até 1:000 pés de altitude são os pastos magros, os arbustos espinhosos; mais acima os prados viçosos, as plantas herbaceas, os arbustos virentes, é o arvo- redo, aonde avultam as Mimoseas, as Meliaceas, as Myrtaceas, as Myris- ticaceas, as Rubiaceas e as Palmeiras; e além dos 2:500 a 3:000 pês apparecem as Labiadas, as Acanthaceas, as pequenas Orchideas, as Liliaceas, as-Irideas, e mais plantas de baixo porte, distribuidas de modo denso. O arvoredo n'esta ultima região é mais rareado e pe- queno, todavia mais variado pelo numero maior das especies e dos ge- neros, apparecendo no meio d'elle, e quasi ahi só, as Santalaceas, as Daphnoideas, as Proteaceas, as Selagineas, as Cyrtandreas e as Ericaceas. Algumas das especies que são proprias d'estas regiões mais elevadas, quando apparecem nas inferiores, são menores nas suas proporções, como succede com o Phoenix spinosa, com uma Umbelifera e especie de Alvar- dia, a qual é arborea no Golungo Alto, arbustiva e mesmo herbacea nas regiões inferiores. N'estas latitudes, diz Welwitsch, o inverno é em junho, julho e agosto; em setembro começa a primavera com trovoadas e chuva que 12. 164 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS assim progridem atê ao meiado de dezembro. As grandes chuvas são, porém, em março e em abril, e com ellas vem às vezes as inundações. A temperatura media em Pungo-Andongo é de 55º a 60º Far., nas re- giões inferiores chega a ser de 77º a 80º. A região mossambedense póde ser considerada subtropical; a transi- ão para as regiões do Cabo manifesta-se assim pelo apparecimento das species de Triglochin, Juncus, Ceratogonum, Cressa, Mesembryanthe- mum, e pela Vogelia africana que ali existem, e além disso pela cul- tura possivel da vinha. A flora do Cabo, diz o dr. Welwitsch na carta a Decandolle descrevendo-lhe a vegetação da Huila, a favor da elevação do terreno prolonga-se para este lado, como do lado oriental e nas mesmas Jatitudes a vegetação das regiões respectivas se estende de modo inverso para o sul; vivendo assim associados no alto-plaino da Huila, com os Salix, os Rubus, Epilobium, Nasturtium, Triglochin e Potamogeton, as especies de Ottelia e de Pslysa, as Proteaceas, mais proprias do Cabo da Boa Esperança, e ainda com estas algumas especies americanas. O paiz n'esta região, acrescenta o auctor do Sertum, faz a mais bella im- pressão pela suavidade do clima, pela brilhante vegetação, e até pela pacifica e laboriosa raça dos negros que a povoam. A respeito da vegetação d'esta região, comparada à do Cabo, da Nova Hollanda, e de outras, faz Alph. Decandolle na sua correspondencia impressa algumas observações, que são dignas de reparo. Parece, diz O insigne botanico, ter havido em época geologica afastada uma vegetação austral de que existem os vestigios na Nova Hollanda, na America e na Africa meridionaes, a qual vegetação na maior parte tomou depois a fórma das Proteaceas, das Xirideas, das Haemoderaceas, Eriocauleas, Santalaceas, Compostas, Campanulaceas, Lobeliaceas, Leguminosas, e as- sim outras. Essa antiga vegetação por esta fórma transformada quasi toda, ficou no que della restou, apparecendo por fragmentos isolados e “dispersos nos tres continentes. As especies originarias ou primitivas te- rão mesmo desapparecido de todo ou se haverão modificado na fórma por modo a constituirem especies mais ou menos proximas, todavia dis- tinctas. Se se chegasse a descobrir especies que fossem as mesmas n'es- tas regiões afastadas, seria o facto a demonstração da hypothese figu- rada; é, porém, semelhante facto o que Decandolle não espera se veri- fique em Benguella, como não succede a respeito de Santa Helena, aonde ha, comparativamente com a vegetação do Cabo, especies analogas, mas nunca identicas, não só na grande divisão das dicotyledoneas, como nas monocotyledoneas. Em Benguella será todavia mais possivel, acrescenta Decandolle, encontrar semelhante identidade de especies em relação 4 Ç e PHYSICAS E NATURAES 165 região do Cabo, por serem territorios mais visinhos, e de formação geo- logica analoga, senão contemporanea. Por esta occasião, faremos notar, o serem por ora escassas as no- ticias geologicas da Guiné portugueza. Em quanto sabemos publicado a respeito das explorações do dr. Welwitsch ou de optro modo, deparou- se-nos apenas o que n'este assumpto nos revelou o sr. Arthur Morelet na sua monographia sobre os molluscos de Angola, que elle inclue no que escreveu com o titulo de, Voyage du dr. Welwitsch, éxécuté par Vor- dre du gouvernement portugais dans le Royaume d' Angola et de Ben- quella. Ignoramos se a noticia é só o effeito das notas que foram commu- nicadas ao auctor pelo proprio dr. Welwitsch, se o resultado tambem das investigações de outros, especialmente de Tams, Wrede e Grosshbend- ver. Os quaes visitaram o Ambriz, Loanda e Benguella dez annos antes de o ter feito o dr. Welwitsch, e o fizeram mais para investigações ma- lacologicas e outras de zoologia; expedição que tambem custou a vida a dois dos referidos naturalistas, Wrede e Grossbendver. Por estas in- formações que Morelet transcreve, o terreno começa em Loanda pelo trias, 0 calcareo conchilifero (Muschelkalk), a que se segue, caminhando para o interior, o grés variegado e as margas irisadas, os grés bitumi- nosos do systema carbonifero. No Isolo e Bengo apparece o trapp, no Zenze os depositos ferruginosos, no Golungo Alto aos grés carboniferos seguem-se os de transição ou os schistos e grés devonianos, os gneiss, os grauwakes do periodo siluriano, que provavelmente descançam sobre o granito, o qual chega a apparecer descoberto no Bumbo em Benguella, tendo levantadas e sobre si encostadas as camadas dos terrenos de transi- ção. Em Benguella o calcareo triasico é ainda submarino, os grêés varie- gados e as margas com trapp começam mais junto ao littoral; tambem apparecem massas de tufo calcareo de origem provavelmente recente e devido às fontes salinas e aos lagos, que secando deixaram a nú as di- tas massas, existindo além d'isso taes fontes e lagos de modo semelhante n'estas regiões por muita outra parte, promettendo multiplicar o mesmo accidente geologico à medida que forem egualmente secando. O Sertum angolense descreve, e na maior parte figura em boas e analyticas estampas, as especies seguintes: Monodora angolensis Welw., que em Pungo Andongo e no Golungo Alto os indigenas chamam N- pepe, e em S. Thomé Jobo. As sementes d'esta Anonacea, a que os angolenses chamam Xipepe ou Gipepe, são semelhantes às da Myristica moschata, e poderão ser como estas empre- gadas. Xilopia odoratissima Welw. É outra Anonacea da Huila, cuja casca 166 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS amarga e flores fragrantissimas se recommendam aos usos medicos pela acção tonica e nervina, denunciada nas qualidades sensiveis que manifesta. Alsodeia ilicifolia Welw. De Pungo Andongo. Oncoba Welwitschii Oliv. Arvore do Golungo Alto. Polygala Gomesiana Welw. Formosa planta do Lopolo na Huilla. Vatica africana Welw., que se encontra especialmente nos bosques e nas charnecas dos terrenos arenosos da Huila. Octolobus spectabilis Welw., arvore verdadeiramente ornamental de Pungo Andongo. Zygophyllum orbiculatum Welw. Especie de Mossamedes, aonde se prolonga desde o Giraul até Cabo Negro. - Paivaeusa Dactylophylla Welw., que se encontra na Huilla na alti- tude de 3:000 pês. | Neregamia alata Wight e Arn. (2 africana Welw. Myrotamnus flabellifolia Welw. É uma Hamamelidea arborea, cujo genero, todavia, diz Hooker ser ambiguo entre as Hamamelideas e as Saxifragaceas. Estas arvores durante a florescencia tomam tanto a fórma das Salicineas, que lhes chamaram o Choupo d'Africa. Foram encontra- das nas serranias de Pedras de Guinga e na Huilla; existem muito es- palhadas pela Africa tropical, aonde Speke e Grant as encontraram até 6º latitude austral, chegando mesmo a Magalisberg na região do Cabo, ahi porém já estereis. O nome que lhe dão os angolenses é o de Ca- chinde-Cadange, attribuem-lhe virtudes tonicas e antifebris muito ener- gicas. Offerece além disso esta especie um phenomeno singular de ve- getação; desde maio até outubro, com o calor e a secura da estação, as folhas achegam-se aos ramos, secam, enegrecem, e de modo que o mais ligeiro atrito basta para pulverisal-as, tornando-se a planta, diz o dr. Welwitsch, patriae suae ardentis tristis imago. Chegando as chuvas da primavera tudo reverdesce, a vegetação que de todo se suspendera nas folhas, continua activa, a arvore floresce e fructifica. Cacousia platyptera Welw. Combretacea de florescencia fulgida, que simula a do aloes arborescente, e que se associa muito às magestosas Camoensia maxima e Bandeiraca Speciosa das florestas angolenses. Illigera pentaphylla Welw. Especie arborea existente na Serra do Alto Quita no Golungo Alto. As especies d'este genero, observa 0 au- ctor, só haviam sido até aqui encontradas na India, em Java, na Suma- tra e Timor. Basananthe littoralis Peyr. É do sertão de Benguela. Machadoa Huillensis Welw. É uma Passiflora de porte levantado e PHYSICAS E NATURAES 167 não trepador, que no alto do Lopollo se associa às Daphnoideas e às Irideas; e um exemplo de como as Passifloreas, as Ampellideas, as Cu- curbitaceas, e de egual modo a Gloriosa superba, os Clematis, que nas regiões inferiores são geralmente trepadores, quando apparecem nas su- periores se tornam de habito erecto. Acanthosicyos horrida Welw. Cucurbitacea dos desertos arenosos de Cabo Negro, que foi tambem encontrada por Anderson, por Bains e por Chapman em Whalfisch Bay e Numaycia Land. Os indigenas cha- mam-lhe em Mossamedes Caracan, Nara, M-navá e Nava. À raiz segura as areias, o fructo horrido pelos espinhos que o guarnecem, é recurso alimentar, e a planta toda pela sua indole e organisação o mais propria para luctar e permittir luctar com a aridez e a ardencia do clima. De se- melhante modo deverão considerar-se o Heterosicyos polymorpha Welw. e o Heterosicyos stenoloba Welw., plantas huillenses da visinhança do Lopollo. Ripsalis Cassyta Gaertner. Especie de Cactacea, e feliz invento, en- contrado no Golungo Alto e em Pungo Andongo. aonde a planta appa- rece pendendo das arvores e das fendas dos rochedos. Semelhante des- coberta veiu destruir a prevenção dos botanicos, como foi a de R. Brown, Lindley, e Endlicher, os quaes chegaram a suppor, o ser esta ordem de plantas de todo alheia aos tropicos africanos, senão a todo este conti- nente. Drége achou a mesma especie na Cafraria, e é para notar o ser a planta tambem americana. Este ponto de contacto com a flora ameri- cana é o que egualmente denunciam as especies de Symphonia, de Ca- cousia, e a Orchidea, Cyrtopera longifolia Reichb. fil., as quaes o dr. Wel- witsch viu todas associadas à Ripsalis Cassyta; sendo para notar, como observa o mesmo explorador, o modo pelo qual se aproximam as vege- tações dos dois continentes tanto no interior d'elles, sem o fazerem de egual fórma nos respectivos littoraes. A mesma observação é suggerida pela Brassenia peltata Pursh, que foi encontrada junto ao lago Ivantalla na Huilla, longe tambem do littoral, e por isso egualmente propria para mostrar a relação que exista entre as floras dos dois continentes. Mussaenda splendida Welw., especie que fôrma um dos ornamen- tos das florestas do Golungo Alto e de Pungo Andongo. Coryanthe paniculata Welw. Revellam estas arvores pelo seu appa- recimento nas florestas angolenses o interessante facto da existencia n'el- las das Cinchonaceas. O genero é visinho dos generos Nauclea e Uncaria ; a especie torna-se assignalada pela excellente madeira do respectivo ar- voredo, e pelas qualidades amargas e adstringentes da casca, que tanto a recommendam aos usos medicos. Deve ser a quina dos sertões de An- 168 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS gola. A existencia n'elles d'esta Cinchonacea, além da importancia que lhe é propria, tem demais a de chamar, pela analogia de natureza nas plantas e a de condições climatericas nas regiões respectivas, a cultura em grande escala das Chinchonas americanas, assim trazidas ao seio d'Africa. Um principio de ensaio a este respeito, executado já no Go- lungo Alto, não tem deixado de contribuir a confirmar esta esperança. Schrebera golungensis Welw., Schrebera trichoclada Welw., Schre- bera alata Welw. São tres especies de Jasminaceas, com apparencia de freixos, e lembrando os jasmineiros, que tambem foram observados na Abyssinia e no Porto Natal. São na vasta área que occupam, os freixos e os jasmineiros d'Africa, como os Myrotamnus dissemos serem para ella os choupos. Pachypodium Lealii Welw. Apocynacea, a que os indigenas chamam Quitimbe e Bambo. Faroa salutaris Welw. Gencianacea dos prados da Huilla, que ali representa o equivalente do nosso fel da terra. Belmontia gracilis Welw. Exochoenium Primulaefolium Welw., Exochoenium debile Welw., Exochoenium grande Grieseb. São outras tantas plantas parasitas dos Cy- perus africanos. Sesamothamnus Benguellensis Welw. É uma Bignoniacea, nova pela especie e nova pelo genero, que foram ambos assim assignalados pelo auctor. Sesamum angolense Welw. Planta que no porte simula a dedaleira. Pterodiscus aurantiacus Welw. Linariopus prostrata Welw. As folhas pelas qualidades mucilagino- sas que possuem, são as malvas e a althaea d'Africa. Alvesia rosmarinifolia Welw. Achyrospermum aethiopica Welw. Tinnea antiscorbutica Welw. É o Catete Bulla dos indigenas. Tinnea eriocalyx Welw. Oxygonum acetosella Welw., Brunnichia africana Welw. Polygona- ceas ambas. As proteaceas são representadas pela Faurea speciosa Welw., que existe na Huilla, e por mais duas Faureas, das quaes a Faurea saligna Harvey foi achada por Sanderson e Barke no Porto Natal, e por Kirk em Moçambique. Hydnora Capensis, var. longifolia Welw. É uma Rafrlesiacea das re- giões montanhosas de Mossamedes e de Cabo Negro; parasita das Eu- phorbias e do Zygophyllum orbiculatum, assignalado pelas qualidades PHYSICAS E NATURAES | 169 stypticas de que é dotado, e pelo succo vermelho de que se servem para lingir as redes. Pylostylos aethiopica Welw. Outra Rafflesiacea parasita da Hertinda paniculata. Morus excelsa Welw. Mucamba-Cambe dos indigenas do Goluii Alto, que existe nos Dembos, em Cazenge, e por outras partes em An- gola. Di muito boa madeira para marcenaria. Dorstenia vivipera Welw., Dorstenia Benguelensis Welw., Dorsthe- nia Psilurus Welw. São plantas de Pungo Andongo e da Huilla, que na- turalmente terão as virtudes das Dorstenias do Brasil. Gnetum africanum Welw., N-coco dos indigenas, que existe nas mattas do Golungo Alto. As folhas, pela tenacidade da sua fibra, são aproveitadas na fabricação de cordas, e tambem se usam tenras como alimento. Os macacos e os papagaios devoram-lhe os fructos. Nas Cyperaceas ha quatro especies de Ascolepis, das quaes o As- colepis speciosa Welw., ornado de vistosos capitulos de flores amarel- las, simula no porte uma Armeria. Nas Gramineas é singular a Aristida prodigiosa Welw., a qual, como os Acanthosicyos, é a providencia nos areaes de Mossamedes e nos de outras regiões do littoral africano, aonde semelhante graminea consti- tue na estação secca quasi O unico pasto para os antilopes e gado do- mestico, do mesmo modo que os Acanthosicyos se tornam então um ma- gro recurso alimentar para o homem. A estatistica e as observações que damos em seguida, e se referem aos dois volumes já publicados da Flora of Tropical Africa, continua- rão a mostrar à importancia das collecções, pelo dr. Welwitsch adquiri-. das na Africa portugueza. Estes dois volumes da flora africana compre- hendem as familias naturaes desde as Ranunculaceas até às Ficoideas. Para cada uma assignalaremos em primeiro logar o numero absoluto das es- pecies que contém. c com esse numero indicaremos qual o das especies encontradas na Guinê inferior portugueza, e tambem o das especies mo- cambicenses. Assim acharemos na Africa tropical, das Ranunculaceas ao todo 18 especies, e d'estas assignaladas na Guiné inferior 7, e em Mossamedes 4. Esta ordem de plantas, mais propria aliás dos climas temperados e frios do hemispherio boreal, na Africa tropical apparece nos terrenos mais elevados, aonde só encontram o clima que lhes é conveniente. As Dileneaceas, ordem tropical e australasica, na Africa tem por ora 3 especies, e d'essas 2 na Guiné inferior, e 1 em Moçambique. As Anonaccas, ao todo 60, figuram principalmente na Guiné supe- 170 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS rior. Na Guiné inferior apparecem 11 especies, em Moçambique 6. A Anona senegalensis Pers. existe em ambas as Guinés, na região do Nilo, e na do N. central. A Monodora myristica Don figura, como disse- mos, no Golungo alto e em S. Thomé, assim como existe no antigo Ca- labar, e por cultura nas Indias d'Oeste, aonde os inglezes lhe chamam Calabash Nutmeg. É uma vasta familia de plantas, todas tropicaes ou subtropicaes, sendo 13 dos respectivos generos africanos, 6 privativos d'este continente, 6 communs a elle e à Asia, e 2 só tambem ameri- canos. Menispermaceas. Ordem de plantas muito espalhada nas regiões dos tropicos, abundante nas africanas. As especies que dão a calumba, Jatorrhiza Calumba, TI. Miersii, de Moçambique, Tatorrhiza strigosa do Congo e Fernando Pó, assim como o Cissampelos Pareira da Zambezia que fornece a abutua, são especies que particularmente chamam a at- tenção n'esta familia, a qual tem assignaladas na Africa tropical 22 es- pecies, das quaes 2 na Guiné inferior e 6 em Moçambique. As Berberidaceas contam apenas a Berberis aristata da Abyssi- nia. As Nymphaeaceas são representadas por 3 especies, que todas exis- tem na Guiné inferior, e das quaes 2 são tambem moçambicenses. A Brassenia peltata Tursh existe muito espalhada na America, na India e na Australia, e foi encontrada na Huilla. A Nymphaea Lotus e N. stel- lata são geraes nas regiões africanas. As Nymphaeaceas, proprias das re- giões temperadas e das tropicaes de ambos os hemispherios, como suc- cede com outras plantas aquaticas, existem muito disseminadas, sendo aliás bastante susceptiveis de variar, e succedendo assim na Africa, como por outras partes. As Papaveraceas, que são mais plantas dos climas temperados do hemispherio boreal, teem nos tropicos africanos 3 especies conhecidas. As Fumariaceas contam ahi apenas 4. São plantas da região me- diterranea e que apparecem no Cabo, tomando ahi, porém, fórmas pri- vativas. As Cruciferas tropico-africanas são pela maior parte niloticas e abyssinicas; contam-se ao todo 48 especies, e d'essas só 4 na Guiné inferior, que são 1 Brassica, 4 Cardamine, 1 Nasturtium, e 1 Lepidium. Esta familia de plantas, vasta e muito espalhada nas regiões frias e tem- * peradas do hemispherio boreal, abundando especialmente nas do medi- terraneo e na Ásia menor, teem no hemispherio sul poucos generos que lhe sejam privativos. D'estes o mais importante é o Heliophile, que é africano e extratropical. São bastantes as cruciferas alimentares e oleo- PHYSICAS E NATURAES 174 sas, que por isso se cultivam nos climas tropicaes e temperados. As especies moçambicences, por ora conhecidas, são só 3. Caparidaceas, com 62 especies tropico-africanas, sendo 16 as da Guiné inferior, e 48 as moçambicenses. Vasta familia tropical e subtro- pical, a qual tem 11 generos essencialmente africanos. 4 proprios da Asia e que existem tambem na America, 5 communs à Africa e Ilha Madagascar. O Capparis tomentosa encontra-se em todas as regiões da Africa tropical. As Moringaceas, asiatico-tropicaes mais especialmente, teem na Africa tropical apenas 1 representante. As Resedaceas são ahi representadas por 7 especies. A ordem na- tural é sobre tudo mediterranea. As Violaceas estão muito espalhadas em ambos os hemispherios, nas regiões tropicaes e no hemispherio sul teem especies lenhosas, e nos tropicos africanos são ao todo 16, tendo-se achado apenas 1 na Guiné inferior, e 2 em Moçambique. Entre estas especies ha 1, o Ioni- dium enneospermum Vent. que existe na Guiné superior, na Guiné in- ferior, no Kordafá, e tambem em Moçambique. As Bixineas teem 27 representantes tropico-africanos, dos quaes apparecem 7 na Guiné inferior, 7 em Moçambique. A familia é toda tropical, mas só 2 generos são privativamente africanos. A Bixa orelana L., vulgarmente Urucú, existe na Guiné superior e na inferior; a On- coba speciosa Forsk, de fructo alimentar, é de Angola e Moçambique ; o Cochleospermum angolense Welw., Borututa dos indigenas, serve-lhes à fabricação de cordas. As Pittosporaceas são plantas principalmente australasicas, teem 2 especies do genero Pittosporum na Africa tropical, e 1 em Moçambi- que. O Pittosporum abyssinicum Delile é tambem da Huilla. As Polygalaceas, muito espalhadas nas regiões temperadas e tro- picaes, teem 24 especies, e d'estas 13 na Guiné inferior, 5 em Moçam- bique. Frankeniaceas, com 1 especie. Caryophyllaceas com 25, das quaes 4 na Guiné inferior, 2 moçam- bicenses. A ordem natural, muito gencralisada nas regiões temperadas e frias do hemispherio boreal, é rara nos tropicos, sendo, porém, pri- vativamente africano o genero Umbelina. “As Portulacaceas, principalmente americanas, na Africa tropical teem 8 especies, e d'essas são 6 da Guiné inferior, 2 moçambicenses. Tamaricineas. Da Asia temperada e mediterranea, contam na Africa 2 especies, e d'essas 4 na Guiné inferior. 172 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Elatineas, com 5 especies, sendo 4 da Guinê inferior, 4 moçambi- cence. Hypericineas, muito espalhadas nas regiões temperadas e tropi- caes, menos extensamente na Africa tropical, aonde são 18 as especies, k da Guiné inferior, 3 em Moçambique. As Guttiferas, essencialmente americanas e asiaticas, teem 14 re- presentantes africanos, sendo 4 da Guiné inferior, 1 moçambicense. O genero Garcinea é asiatico e africano, são 9 as especies delle indicadas na Flora of Trop. Afr., e 4 as angolenses, de que resta saber se darão, como outras especies do genero, a gomma-gutta. Fornece-a, segundo Barter, uma outra Guttifera, a Simphonia globulifera L., arvore do Ga- bão e do antigo Calabar, tambem achada no Golungo Alto, e que existe no Brasil, continuando a mostrar-se no continente americano até ao Pa- namá. A Pentedesma butyracea Don, Butheremel Tallow-Tree dos ingle- zes, é de genero monotypo, e que só existe na Africa occidental. As Ternstraemiaceas, essencialmente asiaticas e americanas, teem 3 especies africanas. As Dipterocarpeas são asiaticas, teem na Africa apenas 3 especies, e todavia um genero privativo, Lophira. Malvaceas; são 88 as especies, 19 na Guiné inferior, 43 as mo- cambicenses. Pertence-lhes o Baobá, Adansonia digitata L., que existe na Senegambia, na Atiopia, na Abyssinia, e por outras partes da Afri- ca. Dos algodoeiros o Gossypium anomalum Wawra e Puritsch, e que só apparece em Benguella, segundo o dr. Welwitsch, é a unica especie do genero verdadeiramente nativa na Africa; o Gossypium barbaden- se, G. herbaceum e outras especies deste genero, só ahi existem cul- tivados. O Hibiscus tiliaceus L., que apparece em Moçambique e é das costas do Natal, do sul da Africa, da India, de Java, que existe na Aus- tralia, no Brasil e por outras partes, é a planta que produz a filassa, a que os moçambicences d%o o nome de Milola. O Hibiscus abelmoschus L. tambem é mocambicense c da Guiné inferior. Os Guiabos, Hibiscus es- culentus, são da Guiné superior, da região do Nilo, e existem pela cul- tura espalhados em toda a Africa. O Hibiscus cannabinus L., tambem do Congo e de Mossamedes, e tão util como planta textil, é muito cultiva- do na Africa e na India. O Hibiscus Labdariffa L. existe em Moçambi- que, é alimentar, e as sementes reputadas aphrodisiacas. São as Malva- ceas uma ordem de plantas das mais generalisadas, e de que apenas as regiões arcticas chegam a repellir o nascimento espontaneo ou a cul- tura. Sterculiaceas. São 52 as especies, sendo 8 na Guiné inferior, 14 PHYSICAS E NATURAES 173 em Moçambique. Geralmente plantas tropicaes do antigo e do novo mundo, recommendam-se entre ellas as que dão a noz de Cola, muito usada como amargo e como condimento; taes são a Cola acuminata e outras especies do mesmo genero. A Cola acuminata existe no Congo, e é muito cultivada tanto na Africa como na America. Segundo o pro- fessor Oliver, a Cola ou Kolali de Fernando Pó deve ser antes uma Gut- tifera do que verdadeira Cola e Sterculiacea por conseguinte. As Tiliaceas são plantas tropicaes de vasta área, e 70 as especies africanas, das quaes a Guiné inferior conta 25, e Moçambique 23. N'esta familia as especies herbaceas são muito fibrosas, e utilisadas bastante como plantas textis. Cultiva-se muito na Africa e na Australia o Corcho- rus olitorius pelas qualidades alimentares que possue. Lineaceas. Nativas ou cultivadas existem bastante espalhadas; ge- ralmente plantas herbaceas, e que só nos tropicos apparecem lenho- sas. Na Africa só 2 generos são endemicos. ' As Hesmireaceas contam apenas 1 especie na Africa tropical. As Malpighiaceas, plantas principalmente americanas, na Africa con- tam já 13 especies, e destas a Guiné inferior 3, Moçambique 4. As Zygopbylleas dão 14 especies africanas, sendo 1 da Guiné in- ferior. Geraneaceas. Plantas de bastante área por ellas occupada, especial- mente no Cabo; teem na Africa tropical 39 especies, sendo 10 na Guiné inferior, 5 em Moçambique. As Rutaceas, das regiões calidas e tropicaes de ambos os hemis- pherios, teem 12 especies africanas, na Guinê inferior 2, em Moçambi- que tambem 2. As Simarubeas, com 11 especies africanas, 2 na Guiné inferior, e 2 em Moçambique, interessam-nos pela Brucea antidysenterica Miler, que existe na Abyssinia e Mann encontrou nos Cammeroons em 7:000 a 8:000 pés de elevação. O mesmo Mann assignalou ahi a existencia da Quassia africana Baillou. Burseraceas. Contando apenas 9 especies esta ordem de plantas na flora tropico-africana, das quaes 1 na Guiné inferior, 3 em Moçam- bique, não é ella menos interessante pela importancia d'essas especies, origem de uma serie de materias balsamicas de muito valor. São duas especies de Boswelia de Somah na Guiné superior, que dão o olibano do commercio. O Balsamodrendon africanum Arnold ou Hendelotia afri- cana da Flora Senegalense produz o bdelio africano, que existe na Sene- gambia, na Abyssinia; e tambem foi encontrada a planta por Kirk vas margens do Ravuna, districto moçambicense, em Konka na Africa N. 174 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Central; reconhecendo-se ainda ser esta a mesma especie que o Balsa- modendron Schimperi e B. Kotschyi. O tão estimado balsamo de Gilead dos livros sagrados procede do Balsamodendron Opobalsamum Kotsh. ou Bals. Ehrenbergiana Berg, que se reconheceu serem ambos a mes- ma especie, a qual existe na Arabia, na Nubia, talvez no Belochis- tan; e tambem procede este balsamo do Balsamodendron Gileadense Kotsh., que parece ainda não ser especie diferente das anteriores. A re- sina chamada hotai é fornecida pelo Balsamodendron Playfairii Hook., planta do Somah na região do Nilo. O Canarium edule Hook. e o mes- mo que o Pachilobus edulis Don, é da ilha de S. Thomé, do antigo Ca- labar e dos Cammeroons. Meliaceas, com 18 especies tropico-africanas, sendo 5 moçambicen- ses. É familia muito espalhada nas regiões calidas de ambos os hemis- pherios, sendo n'ella peculiares à Africa 2 dos generos que lhe perten- cem. A Melia Azederach, desde tanto tempo aclimada na Europa, é ar- vore da Guiné superior, da Serra Leôa, e da Gambia. Cailletiaceas. São plantas tropicaes, com 16 especies africanas, sen- do 1 guinéense e 2 moçambicenses. Olacincas, tendo 23 especies tropico-africanas, 6 na Guiné porta- gueza, 4 em Moçambique. Ilicineas. Plantas principalmente asiaticas é americanas, com 1 re- presentante na Africa tropical, e esse existindo na Guiné inferior. Celastraceas, com 47 especies tropico-africanas, sendo 22 guinéen- ses, e 9 de Moçambique. Peculiar à Africa ha só 1 genero n'esta fami- lia, aliás vasta e muito espalhada. Rhamnaceas. Ordem de plantas abundante nas regiões temperadas e tropicaes de todo o mundo; de 8 generos que existem na Africa tro- pical, só 1 lhe é privativo, 6 d'elles estão muito espalhados nos outros continentes. A Flora da Africa tropical menciona 11 especies, das quaes 3 são da Guiné inferior, 6 moçambicences. Ampelideas. Ordem cosmopolita, da Asia tropical principalmente, sendo, porém, raras as especies nativas na America, e muito raras na Europa. A Africa tropical conta 80 especies, sendo 314 as da Guiné por- tugueza, 17 as de Moçambique. Sapindaceas. Ordem de plantas, muito espalhada nos tropicos; nos . africanos, porém, em pequena proporção, sendo ahi 34 as especies, 2 guinéenses, 11 de Moçambique. Anacardiaceas, com 34 especies africanas, 2 na Guiné inferior, 6 em Moçambique. São plantas tropicaes de ambos os hemispherios. Deve pertencer-lhes a arvore que dá c balsamo de S. Thomé; pretende Oli- PHYSICAS E NATURAES 175 ver ser o que elle descreve com o nome de Sorindeia triandra, tendo- lhe servido para isso um exemplar com fructo, remettido de S. Thomé e que fôra colhido na parte montanhosa da ilha na altitude de 3:000 pés. Acompanhava o specimen remettido um rotulo que dizia : «balsamo de S. Thomé.» A especie, porém, não ficou por ora bem determinada, por faltar para isso uma parte dos orgãos da fructificação ainda desco- nhecida. Connaraceas. Ordem tropical, com 27 especies africanas, 2 na Guiné portugueza, 4 em Moçambique. Leguminosas. Vastissima familia natural de plantas, largamente dis- tribuida por toda a superficie do globo, e que é preciso considerar em cada uma das suas tres grandes divisões: as Papilionaceas, as Caesal- pineas, e as Mimoseas. A enumeração das especies desta familia na Flora de Oliver occupa só por si quasi todo o 2.º volume da obra. Papilionaceas. Enumeram-se nesta divisão das leguminosas 654 especies, na Guiné portugueza são assignaladas 256 e em Moçambi- que 110. Entre as especies mais para notar deve citar-se o Arachis hypogea que dá o memdobi; parece não ser nativa esta planta, an- tes originaria da America, d'onde são todos os Arachis conhecidos; a sua cultura na Africa é com tudo o mais geral, pela importancia da se- mente como alimento e pelo oleo que fornece. A Cordyla africana, que muito deve lembrar o padre Loureiro por ser o primeiro que indicou e descreveu tanto a especie, como o genero, é planta da Senegambia, de Sofala e da Zambezia. A Milletia ferruginea da Abyssinia, que é o bere- bera dos indigenas, serve-lhes na pesca, conseguindo com o pô da se- mente, espargida à superficie da agua, narcotisar os peixes, e d'este modo apanhal-os mais facilmente. As Cesalpineas contam 99 especies tropico-africanas, sendo 25 as reconhecidas na Guiné portugueza, 24 em Moçambique. O genero Copaifera, mais americano como é, figura na Africa pela especie Copai- fera Guibourtiana Benth ou Guibourtia copaifera Benett, que é da Serra Leôa, aonde lhe chamam Kobo; reputam-a uma das origens da gomma copal, a madeira da arvore é que não tem duvida ser de boa qualidade e muito odorifera. Outra Copaifera de excellente madeira é a €. gora- lisaria Beuth ou Gorskia conjugata Bolle; achou-a Kirk em Moçambi- que, aonde foi tambem por elle assignalada a Copaifera Mossuna, que diz fornecer o que ali chamam pau ferro; forma grandes florestas em Lupata, na Zambezia. O Bachylobium Hornsmaniana Hayne, que é do Zanzibar, existe em Moçambique na bahia de Ravuna e no Querimba, segundo Peters; é outra suposta origem da gomma copal, que deveria 176 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS n'esta supposição ser a arvore d'onde procede quanta vem da costa oriental. O Tamarindus indica, tão africano como é pela geral cultura que delle se faz, é quasi espontaneo em Angola e Moçambique. A Da- niella thurifera Bennet, arvore do frank-incenso, é da Senegambia, aonde lhe chamam Thiéri, e tambem da Serra Leôa, aonde tem o nome de Bumbo ou Bungo. É tambem uma Caesalpinia a esplendida Bandeiraca speciosa, com a qual o dr. Welwitsch, nomeando o genero que de novo inscrevia na sciencia, cuidou de firmar na flora africana a memoria do illustre general e solicito ministro dos interesses coloniaes, ou O nome d'aquelle a quem pelos cuidados da sciencia e da administração elles mais devem. Mimoseas. Teem 86 especies tropico-africanas, 27 guinéenses, 22 em Moçambique. Dos 27 generos d'esta subordem das leguminosas são 17 os representados na Africa tropical, sem lhe ser nenhum privativo. A Perskia biglobosa Benth, de fructo alimentar, e cujas sementes tor- radas usam como café ou chocolate, é arvore da Senegambia e da Serra Leôa, da região N. Central, como é tambem indiana. Assim aproveita pelo fructo a Parkia filicoidea de Angola, de Pungo Andongo, existente na Zambezia, e que já havia sido assignalada na expedição do Niger. | A Entada scandens Benth (Mimosa scandens L.), planta textil de Serra Leôa, da Senegambia, e de Fernando Pó, é tambem angolense; e se- gundo o dr. Welwitsch foram os negros de Cabinda que primeiro lhe cha- maram Entada. A Acacia Verek, que fornece a melhor gomma arabica, pertence à flora de Senegambia, achou-a na região do Nilo Schweinfurth; e muito visinha d'esta especie, senão a mesma, é a que o dr. Welwitsch encontrou em Mossamedes, figurando no num. 342 do 2.º vol. da flora de Oliver; não pôde com tudo ser bem determinada esta especie pela imperfeição do exemplar. Parece dar abundante e boa gomma tambem a Acacia erubescens, achada no Bungo em Angola. A Acacia Catechu, muito vulgar na India, existe na Abyssinia, no Senaar, e na Zambe- zia desde a costa até Tete. A Acacia arabica Wild, do Nilo superior, e da Abyssinia, existe na Senegambia, no Niger, tambem no Zam- beze, no rio Ravuna, e em Angola, assim como se encontra no Na- tal e na India; não é com tudo no grupo das Acacias que dão gomma a que mais a fornece ao commercio. A Acacia Seyal Delile é privativa do Egypto. A Acacia Stenocarpa Hochst da Abyssinia, da Nubia e do Nilo Branco, a Acacia Ehrenbergiana Heyne, são ainda especies africa- nas que dão gomma. A Albisia anthelmintica A. Brongn. da Abyssinia foi achada no Bungo em Angola e na Zambezia, aonde a madeira deste arvoredo serve especialmente para a construcção dos barcos. PHYSICAS E NATURAES 177 Rosaceas, plantas dos climas temperados no hemispherio norte. São peculiares à Africa tropical os generos Brayera e Grifferia, e é ex- clusivo do Cabo o genero Cliflortia. O Parinarium polyandrum Benth. da Guiné superior, e assim outras especies do mesmo genero, recom- mendam-se pela excellencia do fructo. Saxifragaceas; plantas mais das regiões borcaes e alpinas, que nos tropicos africanos figuram com 6 especies, sendo 1 da Guiné portugueza, 2 de Moçambique. As Crassulaceas, dos climas temperados e subtropicaes, teem 40 especies tropico-africanas, com 12 na Guiné inferior, 4 em Moçambique. As Droseraceas, proprias dos logares humidos e arenosos das re- giões tropicaes e temperadas em ambos os hemispherios, figuram com 7 especies, das quaes 4 da Guiné portugueza. As Hamamelideas, que faltam na Europa, na America do Sul e na - Australia, teem um genero peculiar ao Cabo, e outro no Magadascar ; tambem o é na Africa o Myrotamnus com a especie M. flabellifolia, que Welwitsch achou em Pungo Andongo e na Huilla, Speke e Grant em Moçambique, e que tambem existe no Cabo. Holeraceas; das 3 especies que só figuram na flora de Oliver, 1 é da Guiné inferior. A familia natural existe geralmente espalhada de modo indistincto. Das Rhisophoreas são 12 as especies e 3 na Guiné inferior. É or- dem de plantas tropicaes e de ambos os hemispherios, com 2 generos particularmente africanos. | As Combretaceas, tambem tropicaes, na Africa contam 68 especies, com 27 na Guiné inferior e 12 em Moçambique. As Myrtaceas, plantas dos climas quentes do velho mundo, teem 11 especies tropico-africanas, sendo 3 as da Guiné inferior, 2 de Mo- cambique. Foi assignalada por Welwitsch em Angola a Petersia africa- na, especie de genero novo, e que o descobridor, nomeando-a, destinou a recordar o distincto professor de Berlin, a quem a sciencia muito deve na demorada exploração que fez em Moçambique, e que tantas sympathias deixou entre nós, os portuguezes. As Melastomaceas, de que ha 53 especies tropico-africanas, 4 mo- cambicenses, sem nenhuma que seja assignalada para a Guiné inferior, são geralmente plantas americanas; as africanas existem na Guiné su- perior principalmente, e algumas em S. Thomé. As Lythraceas, tropicaes pela maior parte, são representadas na flora de Oliver por 42 especies, sendo 20 da Guiné inferior, 8 de Mo- cambique. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XIV. 13 178 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS As Onagrarias, que são communs aos dois hemispherios, com 14 generos americanos e nenhum que seja particularmente africano, teem 14 especies tropico-africanas, 2 na Guiné portugeza, 8 em Moçambique. As Samydaceas, plantas tropicaes de ambos os hemispherios, con- tam 15 especies tropico-africanas, sendo 2 na Guiné inferior, 2 em Mo- cambique. As Turneraceas pela maior parte americanas, teem na Africa tropi- cal o genero Wormsksoldia Schmn. e Thorin, com 4 especies, nenhuma por ora assignalada na Guiné portugueza, e sendo 2 moçambicenses. As Passifloreas, principalmente americanas, abundando em ambos os hemispherios, nas regiões tropicaes e subtropicaes, contam 214 espe- cies tropico-africanas, 10 na Guiné portugueza, 4 em Moçambique. Cucurbitaceas. Dos 68 generos conhecidos n'esta ordem de plan- tas 34 são africanos; as especies tropicaes são 95, 37 existem na Guiné inferior, 26 em Moçambique. Teem muitas especies alimentares, que 0 são pelo fructo, pelas sementes e pela raiz. O Cucumis colocynthis Schred. é planta da Nubia, do Egypto superior, da Arabia, da India; existe em Cabo Verde, e cultiva-se tambem no sul da Europa. As Begoniaceas são geralmente plantas tropico-americanas, reuni- das nos generos Begonia e Hellebranchia. A Africa tropical conta por ora só 2 especies n'esta familia, ambas assignaladas por Welwitsch em Angola. É a Begonia exiloba do Golungo Alto, e a Begonia rostrata do Pungo Andongo. Cactaceas. Com 1 unica especie e essa achada no Pungo Andongo, no Golungo Alto, e tambem na Zambezia. Existe em Ceylão, nas Mau- tricias, e é especie americana. Ficoideas. Ordem de plantas muito espalhada nos climas tropicaes e subtropicaes de ambos os hemispherios, com 35 especies africo-tro- picaes, 29 na Guiné portugueza, 8 em Moçambique. O) genero Mesem- bryanthemum, que mais abunda no sul da Africa, estende-se por todo este continente atê chegar ao mediterraneo, podendo dizer-se que 0 transpõe mesmo para apparecer no sul da Europa, como effectivamente apparece. É até onde chega por ora o estudo por familias naturaes da vege- ação tropico-africana na flora de Oliver, cuja conclusão não póde senão ser anciosamente por nós esperada. Veiu elle dar um impulso ao que particularmente havia a fazer, pelas valiosas collecções do dr. Welwi- tsch, a respeito da flora da Guiné inferior. Antes, porém, que este parti- cular estudo recebesse tão poderoso auxiliar da publicação referida, já o dr. Welwitsch em desempenho da sua missão, e auxiliando-se para PHYSICAS E NATURAES 179 isso dos especialistas de maior competencia no assumpto, havia tentado a revisão por elles successivamente feita do herbario angolense; resul- tando d'ahi e das suas proprias diligencias uma serie de trabalhos mo- nographicos, que por esta fórma foram apparecendo antes que visse a luz o primeiro volume da Flora of Tropical Africa. Já demos a lista destas publicações, (Jorn. de Scienc. Math. Phys. e Nat. da Acad. R. das Scienc., t. 1, p. 265, t. im, p. 135) ha a addiccionar-lhe outras que appareceram depois, resumiremos agora o alcance que tiveram todas; e tanto mais o devemos fazer n'este logar depois de haver mencionado da flora de Oliver quanto pertencia à angolense, que nos restava dizer desta ultima o que não fôra comprehendido nos dois volumes publica- dos da obra referida e ordenada pelo governo inglez.' No xxv volume das Transactions of the Linnean Society publicou G. Bentham a memoria com o titulo, Description of some New Genera and Species of Tropical Leguminosae ; n'esta memoria o seu auctor re- une e descreve os generos e as especies de leguminosas tropicaes, que foram de novo assignaladas por Vogel na expedição ao Niger, por Kirk na que este fez à Zambezia, Hendelot na Senegambia, Gilleroy na Nova Caledonia, Oldham no Japão, Walich na India, Spruce na America tro- pical e em especial no Brasil, Mann em Fernando Pó, no Gabão, nos Cammeroons e no Calabar, Hasskarl em Java, Barker, Don, Daniell, na Serra Leôa, Ramon de la Sagra e Wright na Cuba, Peters em Mo- cambique, e Welwitsch na Guinê portugueza. São 39 as especies assim descriptas, nas quaes ficam pois incluidas as angolenses, que são 9, com os dois novos generos Camoensia e Bandeiraea, que ficam recordando na flora africo-tropical, um o-grande poeta que celebrou pelo canto as glo- rias portuguezas, o outro o general illustre e o ministro patriota que muito contribuiu para civilisar as vastas regiões por nós conquistadas. Além da Camoensia maxima das florestas do Golungo Alto, da G. bre- vicalix de Mann, e da Bandeiraea speciosa dos palmares do Bengo, a monographia de Bentham menciona a Gleditschia africana de Mompalla na Huilla e do Golungo Alto, a Berlinia angolense e B. paniculata do Mangue junto ao Cuanza e da Huilla, a Brachystagia tamarindoides e Br. spiraeformis do Lopollo e do lago de Tantala. Entre as outras no- vas leguminosas africo-tropicaes faz-se notar a Cupaifera do Sena e Tete, que fôra assignalada por Peters e Kirk; outra especie do mesmo genero da Serra Leôa e da Zambezia, o Colophospermum massane tam- bem encontrado na serra de Chella e em Angola, aonde forma grandes mattas, e arvoredo notavel pela excellencia da madeira assim como pelo succo vermelho de sangue que encerra. É por fim tambem angolense o 13+ 180 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS que Bentham descreve com os nomes de Cynometra longifolia e Macro- lobium Palisoti, cuja existencia havia sido assignalada na Senegambia e em Fernando Pô. A monographia de Bentham é enriquecida de magnificas gravuras, entre as quaes são figuradas especies das mais interessantes da flora angolense. O Genera Plantarum de Bentham e Hooker na 3.º parte do 1.º vol. legitima a existencia dos 11 generos novos, que na grande divisão das Dicotyledoneas introduziu a flora angolense, generos que tem sido ou vão sendo indicados n'esta noticia. Com o titulo, Her angolense, se publicou uma serie especial destes trabalhos com relação à flora angolense, associando-se para isso varios botanicos inglezes, allemães e suissos. Estes trabalhos foram impressos no Journal of Botany dos annos de 1863-1865, e comprehendem o estudo das Bignoniaceas, feito por B. Seemann, o das Hederaceas pelo mesmo auctor, o das Euphorbiaceas por J. Muller, o das Aroideas por Schott, e o das Lemnaceas por F. Hegelmaier. As Bignoneaceas angolenses de Seemann comprehendem dois generos novos, Ferdinandoa e Munsteria. A Ferdinandoa superba é uma magnifica catalpea das mattas de Pungo Andongo, aonde foi encontrada na altitude de 2:200 pés com as Afzelias e as Aucubas angolenses. A descripção e a estampa colorida d'esta bri- lhante especie foram inseridas no num. xxxv do J. of Botany, perten- cente ao anno de 1865. Nomeando a especie e o genero, como se vê, o dr. Welwitsch pagou um tributo de gratidão ao principe esclarecido, do qual a expedição scientifica a Angola recebera sempre especial pro- tecção. A Munsteria stenocarpa Seem. do mesmo districto é uma mages- tosa Jacarandea, que apparece descripta e figurada na monographia de Seemann. A Munsteria tomentosa de Angola é tambem da Senegambia, de Fernando Pó e do Niger. O Cataphractes Welwitschii Seem. é de Mossamedes, a Kigeba pinnata e mais tres Spathodeas pertencem ao Go- lungo Alto e districto de Cazenge, sendo a Spathodea campanulata Beauv. especie tambem reconhecida no Alto Nilo. São cinco as estampas colori- das, que representam outros tantos typos das bignoneaceas angolenses na monographia de Seemann. Fazia-se notar que das Hederaceas tropico-africanas só duas espe- cies lenhosas houvessem sido encontradas, a Astropanax Manni Seem. e a Astropanax elata Seem., que teem por analoga a Astropanax abys- sinica Hochst; a isto veiu, porém, acrescer o Spherodendron angolense Seem., encontrado por Welwitsch em Ambaca junto ao Luxillo e ao Cuanza, na altitude de 2:400 a 3:800 pés. Vem figurada e descripta esta especie no num. xxvr do J. of Botany do anno de 1865 por Seemann, PHYSICAS E NATURAES 181 o que fôra egualmente encarregado de tratar das Hederaceas angolenses. O Spherodendron, cujo nome generico procede da fórma perfeitamente espherica que toma a copa desta arvore, utilisa pela madeira, e serve aos indigenas de balisa que lhes marca o limite das propriedades. As Aroideae novae do dr. H. Schott (Journal of Botany, num. XXIV do anno de 1865) marcam 4 especies angolenses de outros tantos ge- neros que são, Sauromatum, Hydrosma, Richardia e Culcasia. A Hy- drosma angolense é de Pungo Andongo, Cabemba e Quizendo; as outras especies existem em Ambaca, no Golungo Alto. As Euphorbiaceas foram elaboradas por J. Muller, que enumerou e descreveu 49 especies, 31 angolenses, 13 de Benguella e Angola, e 2 de Serra Leda. Representam 19 generos, dos quaes dois são novos, sendo communs a Moçambique os generos Phyllanthus, Acalypha, Rici- nus e Briedelia, dos quaes o professor Peters menciona 8 especies, sendo ao todo 22 as euphorbiaceas por elle indicadas para Moçambique. São tambem communs à flora angolense e à do sul d'Africa os generos Phyl- lanthus, Cluytia, Croton, Ricinus, Acalypha e Tragia. Os 2 generos no- vos são, Cluytiandra, com 1 especie, e Neabontanea, com 1 especie. Os outros são: Briedelia, com 5; Thecacoris, com 4; Phyllanthus, com 12; Uapaea, com 1; Maniophyllon, com 1; Lepidoturus, com 1; Tragia, com 1; Claoxylon, com 5; Acalypha, com 6; Alcornia, com 1; Mappa, com 2: Macaranga, com 1; Ricinus, com 1; Cluytia, com 1; Escaecaria, com 1; Croton, com 6; Cluitanthus, com 4. Na obra iconographica de W. W. Saunders, publicada em Londres com o titulo, Refugium Botanicum, é descripto e estampado um Uro- petalum (ordem das Lilaceas), que nascera de bolbo colhido na Huilla. Do mesmo modo se esperou, na continuação da publicação referida, ver mencionado o que fossem manifestando outros bolbos e rhysomas, egual- mente colhidos em Angola, e que se distribuiram pelos jardins da Eu- ropa, sem esquecer os de Portugal, aonde foram particularmente rece- bidos no da Universidade de Coimbra e no dos srs. duques de Palmella. A Monograph of Rambusaceae, pelo coronel Munro, publicada nas Transact. of the Linn. Soc., vol. xxvt, p. 1, 1860, trabalho no qual se descrevem 170 especies d'esta ordem de plantas, a pag. 127 indica a unica até agora achada na Africa tropical, e que o auctor descreveu à vista dos exemplares floridos, colhidos em Pungo Andongo. As Characeas angolenses foram enumeradas e descriptas no Sitzungs- Bericht der Academie der Wissen. zu Berlin, dez. 1867, pelo professor Alexandre Brown. As Lemnaceas angolenses com 2 especies de Lemna e 3 do genero 1892 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Wolffia, são um exemplo, entre muitos, da excellencia dos exemplares da collecção angolense. Havia mais de um seculo que se procurava em vão achar na flora europea exemplares com os orgãos da fructificação, que servissem a bem caracterisar os dois generos mencionados desta ordem de plantas. Chegou mesmo a duvidar-se que as Wolffias fossem Lemnaceas, e houve quem as confundisse com as algas. A confusão ces- sou, porém, com os exemplares da Lemna angolensis e da Wolffia ar- rhiza Wimmer da collecção angolense, pelos quaes Hegelmaier pôde observar, estampar e descrever completamente aquelles orgãos da fru- ctificação. Serviram a completar este estudo, além dos exemplares das duas especies, os da Wolffia repanda Hegel e Wolffia Welwitschii, figu- rados e descriptos todos por Hegelmaier no J. of Botany num. xxvm do anno de 1865, como os de outras tantas especies que ficam fazendo parte da flora angolense. Alphonse Decandolle, que se occupara em especial das Campanu- laceas, encarregou-se de rever as angolenses. Esta revisão foi publicada no tomo 1v, da 2.º serie, 6.º caderno dos Amnales des Sciences Natu- relles. Descreveu 12 especies, comprehendidas nos generos Lightfootia e Wahlembergia. Uma especie nova, a Lightfootia Welwitschii, pelas par- ticularidades de organisação que offerece, serviu-lhe a constituir n'esta ordem de plantas uma secção que denominou Anatheca de (xx sursum, € Onzn capsula). A Wahlembergia huillensis pelo modo porque se apro- xima na fórma da Wahlembergia lobelioides, especie da Madeira e Ca- narias, estabelece assim um ponto de contacto entre as floras respecti- vas. É maior esse ponto de contacto com a flora austral africana, pela existencia em Angola do genero Lightfootia, de todo especial áquella flora. São ao todo 13 as especies de Campanulaceas angolenses, descri- ptas por Decandolle e ainda antes não assignaladas, pertencendo 114 ao genero Lightfootia, e 2 ao Wahlembergia. Foram achadas pela maior parte na Huilla na altitude de 3:900 a 5:500 pés, e as outras são de Pungo Andongo, colhidas na de 2:400 a 3:800 pés. O auctor da flora africo-tropical, o professor Oliver, no Journal of Linnean Society, vol. 1x, havia-se encarregado, com as especies ango- lenses, de descrever ou enumerar todas as africanas da ordem das Lenti- bularias. Torna-se este estudo particularmente interessante debaixo do ponto de vista da geographia botanica. O genero desta ordem, Genlisia, era tido por exclusivamente brasileiro; veiu destruir este exclusivo a Genlisia africana, achada no Lopollo a 5:000-5:200 pês de altitude, associada com as Eriocauloneas, as Lobelias e as Burmanias. A mesma especie foi egualmente encontrada ao sul da Africa por Burke e Zeyler. PHYSICAS E NATURAES 183 O genero Utricularia existe largamente espalhado na Índia, e na Africa, aonde foi visto em Angola, na Zambezia, no Niger, no norte e no sul do continente africano. São 26 as especies africanas d'este genero, e 17 as que foram reconhecidas na Huilla junto ao rio Lopollo e na Humpa- ta, assim como em Angola, especialmente no Pungo Andongo, sendo 12 d'estas especies da Huilla e Angola antes não descriptas. A Utricularia subulata Linn., que só havia sido vista na America, existe na Huilla no sitio chamado Empalanca na altitude de 5:000-5:200 pés; viu-a Barter na ilha de Lagos, Smeathmann e Afzelius na Serra Leda; são por fim indicadas as Utricularias por Burke no Magalisberg, por Zeyler, por Drége na Omsoncâába, assim como por Mann na Serra do Crystal e nos Cameroons, por Kirk na Zambezia, e por outros no Natal, no Niger, na Serra Leda. Coube ao professor Robert Cuspary da universidade de Kcenisberg o occupar-se das Nymphaeaceas colhidas em Angola; o trabalho que resultou d'este estudo existe inedito, possuimos o manuscripto, que nos foi confiado pelo dr. Welwitsch, e estava destinado a fazer parte do que mais tarde deverá ser publicado em Portugal a respeito da flora ango- lense. As Nymphaeaceas angolenses foram estudadas por Cuspary em vista dos trabalhos, relativos a esta ordem de plantas, de Bentham e Hooker (Vid. Genera plantarum p. 145), e aos de Planchon (Ann. Sc. Nat. 3.º ser. vol. xix 17º anno 1853). O facto que sobresae n'esta parte do estudo das collecções angolenses é o apparecimento na Guiné inferior das Nympheaceas que haviam sido assignaladas nas la- goas e rios da America, da Asia, da Australia, e na propria Africa nas regiões anteriormente exploradas; reconhecendo-se uma vez mais quanto são cosmopolitas as especies aquaticas, e vasta a área da sua distribui- ção. Assim a Bracenia purpurea Cusp., que se encontra nos lagos da America desde o Canadá até Cuba, nas Índias Orientaes e na Nova Hol- landa, existe na grande lagoa de Ivantalla entre o Lopollo e Guilengues, na altitude de 4:500 pés. A Nymphaea stellata Willd., que é da India, do Egypto, de Madagascar, da Africa Oriental, e da Senegambia, appa- receu no Icolo e Bengo, na lagoa de Quilanda, associada com as Pis- tias, as Lemnas, e outras plantas aquaticas; no Cuijé em Pongo Andon- go, e na Huilla entre Catumbé e Ohai; em Ambaca no lago de Carimbá, no Ambriz e lago de Quizembo. A Nymphaea Lotus Linn. existe no Lo- pollo e rio Giraul, no Cuijé, no rio Carimbá em Ambaca, e no Ambriz; bastando tudo isto a provar tambem, que não falta aos lagos e aos rios da Guiné portugueza o ornamento que lhes dá em tanta outra parte esta formosa vegetação. O trabalho de Cuspary é além disso feito no 184 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS sentido de limitar muito o numero das especies, reconhecendo aliás quanto estas são sujeitas a variar nas Nymphaeaceas. As Orchideas angolenses exigiam na sua revisão especialista priva- tivo; foi escolhido para isso o que se considera ter succedido a Lindley no estudo particular d'esta extensa, variada, e singular ordem de plan- tas, H. G. Reichenbach fil. Teve este professor a rever 21 generos e 78 especies, que tantos são os que ficam assignalados para Angola e Huil- la, quanto a Orchideas. Lê-se este trabalho no num. 12 de 1865, e no num. 7 de 1867 do jornal, Flora, que se publica em Regenburg. Os ge- neros e a distribuição n'elles das especies é a seguinte. Habenaria com 17 especies, Stenoglotis 1, Desperis 1, Disa 5, Satyrium 6, Corymbis 4, Liparis 4, Bulbophyllum 2, Polisteckia 6, Orthochilus 1, Eulophia 9, Li- pochilus 2, Ansilia 4, Cymbidium 1, Cyrtopera 1, Angrecum 4, Brachy- corythis 2, Pagonia 1, Zenxine 1, e mais umas dez especies. Todas ellas existem no Pungo Andongo, em Ambaca, e na Huilla. A Pagonia umbrosa de Angola existe tambem em S. Thomé e Principe, aonde segundo Mann se encontra egualmente no Pico do Papagayo a Listrostachys Papaguayi. A flora angolense nas Orchideas prende com a da Asia pelo Zeuxine africana, genero reputado antes exclusivamente indo-malaio; com a da America pelo Diplogastra e Cystopera longifolia (Woodfortia Lindl.) As Orchideas de Mann e Barton, descriptas por Lindley, apparecem pouco na collecção angolense, ha mais conformidade a este respeito com a flora do Cabo. São de maior magnificencia na flora angolense do que nesta as especies dos generos Satyria, Disa, Stenoglottis, e Lissochylus. O typo Angrecum domina, mas não tanto como no Madagascar. Tem feição especial, como já foi notado, a distribuição das Ampe- lideas e das Cissaceas na Africa occidentel e em particular na Guiné portugueza. Apparecem ahi espalhadas até 300 milhas da costa umas k especies; o numero destas e o dos individuos de cada uma vae suc- cessivamente crescendo para o interior. Ao pé do littoral, e ainda na altitude de 100 pés, predominam as Ampelideas de caule carnoso, de- pois vão apparecendo as de caule delgado e trepador, seguindo-se-lhes nas regiões mais elevadas as que teem o caule curto, mas não carnoso; e sendo ainda para notar, que junto ao Jittoral o caule e as folhas d'es- tas plantas mostram-se verde claras e glabras ou apenas pubescentes, tornando-se-lhes, cada vez mais para o interior ou à medida que nos vamos elevando no terreno, mais abundante e prolongado o revesti- mento felpudo, e intensa a côr que chega a ser de cobre no Cissus Li- vingstoniana de Pungo Andongo. Um d'estes Cissus, o Cissus macropus Welw., encontrado na Serra dos Montres Negros em Mossamedes foi PHYSICAS E NATURAES 185 trazido à Europa vivo e cultivado no jardim do Lumiar; e aas especies mais proprias para representar as de caule carnoso d'esta ordem de plantas, tomando nella semelhante caule a fórma de uma pera, que fosse porém de um grande volume. Assemelham tambem esta fórma à de uma bilha, e isso lhe faz dar o nome, que os naturaes empregam para a de- signar. A noticia e descripção do Cissus macropus foram apresentadas à Sociedade Linneana de Londres em dezembro de 1863, e inseridas no jornal das suas actas (Proceedings) vol vmr, num. 30, Sept. 1864. Quanto, porém, à singularidade das fórmas e da estructura do ve- getal, a descoberta mais assignalada da exploração angolense foi sem duvida a que o dr. Welwitsch, fez ao SO da costa africana junto ao Cabo Negro na latitude de 15º 40' S. D'esta planta exsuda uma materia re- sinosa, a que os indigenas chamam Thumbo, o que levou o descobridor a dar ao genero, que logo lhe pareceu de todo novo, o nome de Thum- boa. Não tardou, porém, que o genero e especie não recebessem o de Welwitschia mirabilis, a todos os respeitos mais expressivo pelo teste- munho assim prestado ao illustre viajante que fez a descoberta, e ao mesmo tempo pela indicação de quanto ha de extraordinario e maravi- lhoso na especie novamente encontrada. A principio na analyse e descri- pção da planta o dr.Welwitsch hesitava se deveria referil-a às Coniferas, às Casuarineas, se às Proteaceas, pensou mesmo, que a especie seria talvez o typo de familia inteiramente differente e desconhecida; por isso tor- nou-se ella objecto de analyse e estudo, os mais cuidadosamente feitos pelo distincto professor, e hoje director do Jardim de Kew, o dr. J. D. Hooker, o qual demonstrou ser a Welwitschia mirabilis, por elle assim nomeada, uma Gnetacea, ordem na qual a planta constitue especie e ge- nero novos e bem distinctos. A memoria, aonde se acha inserido todo este estudo, modelo no seu genero, com o titulo, The Welwitschia mira- bilis, a New Genus of Gnetaceae, foi publicada nas Transactions of the Linnean Society vol. xxrv. Ornam e illustram este interessantissimo tra- balho 14 magnificas estampas, algumas coloridas, representando a planta, cada uma das partes que a constituem em todos os seus promenores, e além d'isso a analyse anatomica e microscopica de todos os orgãos e tecidos deste tão singular como curioso vegetal. A Welwitschia mirabilis foi tambem encontrada por Thomaz Baines no paiz de Damara, 500 mi- lhas ao sul de Cabo Negro, na latitude 24º 25' S. Vieram d'ahi exempla- res da planta, mas em tão mau estado, que nunca por elles se pôde fa- zer 0 exame que só permittiram os da collecção angolense. É de 1868 a monographia dos fetos africanos por Maximilian Kuhn, com o titulo, Filices africanae. Revisio critica omnium hucusque cogni- 186 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS torum cormophytorum Africae indiginorum, additamentis Brawnianis novisque africanis speciebus ex reliquis Mittenianis adaucta. Accedunt filices Deckenianae et Petersianae. Deu motivo a esta publicação prin- cipalmente o fructo da expedição do infeliz Barão Deken, vietima que foi da sua dedicação pela sciencia na expedição que elle ordenou e só a expensas suas se estipendiou na costa oriental da Africa, aonde pereceu às mãos dos selvagens. N'esta expedição chegaram a ser exploradas as ilhas Sechelles e Nossi-beh junto a Madagascar, as de Angasilia ou Co- moro e as de Zanzibar, as visinhanças de Mombaça e o monte Kilimand- jara. Na parte phyto-geographica da exploração colheram 80 especies de Cormophytas Kersten e Link; a isto acrescem as collecções de Pervillé para as ilhas Sechelles, as de Mayote para Nossi-beh, as de Boivin para as de Comoro, de Speke e Kirk pára Angoana, e as de Boyer para a ilha de Zanzibar. Foram attendidos todos os Chormophytas das colléc- ções do professor Peters que não haviam sido mencionados na sua pri- meira enumeração das plantas moçambicenses; alêm d'isso consultou o auctor a este respeito as collecções dos herbarios de Berlin, as collec- ções e notas de Alexandre Brown, de Mittenius, de Milde, e as de outros especialistas; e é nesta revisão geral dos fetos africanos que foi tam- bem incluida a dos Chormophytas angolenses. No Congo e em Angola são 89 por ora as especies de chormophy- tas que hajam sido ali assignalados, não indo além de 9 os que lhes são privativos. Consultando o que a proporcionalidade indica a este respeito nas regiões mais completamente exploradas, o que deveria competir às da Guiné inferior em toda a sua extensão real, diz Khun, não seria me- nos de 400 d'estas especies de plantas; o que fará perceber quanto resta a descobrir por esta parte. É isto tanto mais assim, que parece abundar no solo africano em geral semelhante ordem de plantas, por isso que de 79 generos nella conhecidos para todas as regiões do globo 59 são africanos; attendendo ainda a serem 683 as especies da mesma ordem conhecidas para o continente e ilhas, destas privativas ao conti- nente apenas 156, às ilhas 329, e 198 communs a uma e a outra parte, e sendo certo que para essa maior copia de especies das ilhas concorre sobre tudo a maior facilidade em as explorar. Considerando agora pela enumeração de Khun, quanto cabe parti- cularmente a cada familia ou divisão de Chormophytas o que respeita à sua totalidade, à parte conhecida da Guiné inferior, e à de Moçambi- que, as relações numericas que d'ahi resultam, podem 'ser deduzidas do seguinte quadro. PHYSICAS E NATURAES 187 Total das especies Angolenses Moçambicenses Fetos. Hymenophylaceas...... B9ub MIruar: 2nsnadod: 1 Polypodeaceas ........ Ban Gt 8. 25 DOS cio Sede 30 Cyateaceas...... 0... 19h. ud: é Butt 20h 6) 1 Parkenaceas. ......... EA sli Vs. oudosaé = Gleichenaceas......... hoo st HO PROL - Schizeaceas........... 48. E Baleia ly ERR RR — Osmundaceas......... Bmnvola cenbiliaanaty pia — Marathaceas .......... Meiriladro. AGA soihda — Ophioglossaceas....... 1. oMegasr Bar sagõe aa 1 Equisetaceas................ é PADRE ADE de s8p.n col 1 Entbpodiaceas v>.<% 5. cons anotada. AP fo OS aos - Selaginellaceas.. ............ Bs tleograr: O ob. renes 2 Marsilenceas ss suis corso: 19 0 espos Ae corno cesgeata - SamineactasS us. Luce tostão fo UM tolas , RARE Ae - Motas > ese TOME ada pu GD Dm 36 Sendo os fetos ...... HODessi: sb:0t ND AAA SOM 32 Os fetos angolenses tiveram tambem o devido cabimento n'outra importante pteridographia, começada por sir W. Hooker, e depois da morte d'esta celebridade botanica dos nossos tempos, continuada por J. G. Baker. Tem por titulo, Synopsis filicum or Synopsis of all Know ferns. E obra illustrada de estampas coloridas. Os musgos angolenses foram confiados ao estudo do auctor do Bo- tanicon Gallicum, de Duby. A 1.º parte, comprehendendo os musgos pleurocarpos, foi publicada em maio de 1871; e dizia-nos Welwitsch na sua carta de dezembro do mesmo anno, que esperava para janeiro do anno immediato apparecesse a 2.º parte, dos musgos acrocarpos ; ignoramos se appareceu, nem vimos ainda a 1.º parte publicada. De todas as ordens de plantas nenhuma faz o desespero dos col- lectores como a dos Fungos, pela difficuldade de conservar os exem- plares. Não obstante esta dificuldade o dr. Welwitsch reuniu bastantes, muito completos, e em tão bom estado, que permittiram o estudo e a descripção de 64 especies angolenses n'esta familia de plantas. Concor- reu para isto, além da perfeição que em geral sobresae nas collecções deste naturalista, a predilecção que elle sempre teve pelo estudo das cryptogamicas, no qual se exerceu de modo particular e distincto. Os fungos angolenses foram tratados por Friederick Currie em memoria especial, que foi inserida no vol. xxvr das Trans. of the Linn. Soc. O 188 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS auctor promette para uma segunda parte o tratar dos Hymenomycetes, tendo para isso, segundo diz, copia de exemplares, especialmente na secção dos Polyporeos. Na parte que publicou, descreve 65 fórmas, quasi todas novas, e pertencentes a 35 generos. Algumas das especies são de Serra Leôa e das ilhas da Bahia de Biafra; na maior parte, porém, per- tencem a Angola e a Benguella. A obra de Currie é tambem illustrada de muito boas estampas. Os que estão acostumados a ouvir fallar das Pedras Negras como logar só para degradados, devem ler as pintorescas descripções que deste presídio faz o dr. Welwitsch, e estamos certo de que as pro- prias impressões a este respeito serão em breve bem diversas. Tal é, por exemplo, a que elle traça, explicando o que deu o nome áquella pe- nedia, o que torna esses rochedos negros. Uma alga do genero Scito- nema, é a causa do phenomeno, alga que elle descreve e representa na grandeza natural em artigo que sobre este objecto publicou no Journal of Travel and Natural History, vol. 1, p. 22-36, anno 1868. Os roche- dos de Pungo Andongo, que chegaram a merecer chamar-se Pedras Ne- gras, não teem este aspecto do mesmo modo todo o anno; começam a escurecer e a enluctar-se no tempo das chuvas pelo mez de abril, aca- bando mais tarde por se vestirem como de um manto escuro, por ene- grecerem de todo. Nas phases successivas que vae tomando a Scytonema angolense pelo seu desenvolvimento e propagação, está o motivo do facto observado. É como o bolor amarello ou escuro que tantas vezes vemos cobrir as paredes das casas por nós habitadas; como a camada verde que observamos quasi sempre cobrir de subito os lagos de nossos jar- dins. É tambem, diz o dr. Welwitsch, o que nos rochedos da Europa produz uma outra alga e especie de Lepraria de côr sulfurea, um Hae- matocus de côr de sangue, e o que de semelhante modo produzem nas aguas do mar algumas especies de Protococcus e de Trichodesmium. Será phenomeno analogo o que manifestam as aguas do Tejo, quando n'ellas apparece certa coloração arroxeada, devida conforme o mesmo observador, a uma especie de Protococcus, gerado nas marinhas do sal. Elle viu o Scytonema produzir o cambiante das côres, observado em Pungo Andongo, ainda por outras partes nas serranias de Angola, e até influir o phenomeno ou a causa delle no modo de desenvolvimento da outra vegetação das localidades respectivas, por effeito das qualidades hydroscopicas d'estas algas; mas em parte nenhuma observou ter isto o desenvolvimento e a extensão, que chega a alcançar nas Pedras Ne- gras de Pungo Andongo. Por occasião da exposição de 1862 em Londres foi de grande au- PHYSICAS E NATURAES 189 xilio a collecção das madeiras e das drogas, que o dr. Welwitsch havia feito e serviu n'essa occasião e depois noutras a representar uma parte importante dos productos da Africa occidental portugueza. Collecção se- melhante havia sido antes offerecida para o gabinete da Escola Medico- Cirurgica de Lisboa; e por essa occasião fôra organisada uma lista d'es- tes objectos, que foi publicada nos numeros 14, 15, 16, 17 da Gazeta Medica em 1862. Esta mesma enumeração, mas mais desenvolvida, é a que depois se publicou com o titulo, Synopse explicativa das amos- tras e drogas medicinaes e de outros objectos mórmente ethnographicos, colhidos na provincia de Angola. A collecção mandada às exposições de Londres e Paris, é a que hoje figura tambem no museu de productos ultramarinos que foi organisado no Arsenal da Marinha. A gomma copal, valioso objecto do commercio africano, tem sido na sciencia objecto de duvidas quanto à sua origem. De ser producto vegetal nenhuma podia existir, indicando-o sobejamente a sua natureza. Restava, porém, determinar que especies vegetaes a forneciam, e é O que as investigações atê hoje não haviam determinado sufficientemente. Ao dr. Welwitsch, percorrendo extensas regiões das que abundam n'este genero de productos, mal podia escapar a occasião de estudar a ques- tão, que elle tratou effectivamente, depois dºesse estudo, no vol. xrx do Journal of Botany. Começou por traçar a distribuição geographica da gomma copal em Angola; trata do modo por que é colhida; descre- ve-lhe as variedades, branca, vermelha e amarella, por que apparece no commercio; diz-nos o desenvolvimento que este tem tomado e pro- mette ter em relação a semelhante droga, cuja exportação chegou a ser de milhão de kilos no anno; e por fim cuida de resolver a questão da origem d'este producto. O exame de todos os factos, aos quaes se tem recorrido para achar essa origem nas especies vegetaes actualmente exis- tentes, longe de o conduzir a reconhecer semelhante procedencia, o fez antes persuadir ser ella outra, o pertencer semelhante origem a época geologica anterior à actual, ter o producto natureza verdadeiramente fossil. A gomma copal será assim na Africa o que o ambar amarello é na Europa, opinião por certo a mais provavel. As pesquizas do dr. Welwitsch não se limitaram às da phyto-geo- graphia, comprehendem tambem as zoologicas, em cujo dominio colli- giu sobretudo insectos e conchas. O estudo destas ou o da malacologia africana coube particularmente ao sr. Arthur Morelet, bem conhecido entre nós pelos seus outros estudos sobre a malacologia de Portugal. O trabalho do insigne especialista francez a respeito dos molluscos ango- lenses foi publicado em 1868 com o titulo, Voyage du docteur Welwitsch, 4190 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS éxécuté par ordre du gouvernement portugais dans le royaume d' An- gola et de Benguela. Mollusques terrestres et flwvialtiles. É enriquecido de bellissimas e numerosas gravuras coloridas, e obra feita com esme- rado cuidado, documento de verdadeira e desinteressada dedicação pela sciencia, que ao auctor custou cuidados e despezas, a respeito dos quaes ha da nossa parte deveres de gratidão, que ainda não foram cumpri- dos. Esperamos que o hão de ser. Da nossa correspondencia com o dr. Welwitsch consta que por sua parte o desembolso que foi obrigado a fazer para a despeza das estampas, fora de mil francos, devia ser bas- tante maior a quantia, cujo encargo aceitou o sr. Morelet para satisfazer ' as despesas da publicação. Da mesma correspondencia egualmente consta, que as estampas do Sertum Angolense exigiram outro desembolso pecu- niario, que não foi inferior a cento e cincoenta libras, e que o auctor | tirou todas do seu subsidio e proprios recursos. Os que não teem a pai- xão da sciencia mal sabem apreciar, quanto os que d'ella são dominados sabem sacrificar do proprio empenho e interesses em benefício do ob- jecto e motivo dºessa paixão. Tal é o estado a que tem chegado o estudo das collecções angolen- ses. O valor d'estas collecções deprehende-se de quanto foi exposto, e póde tambem julgar-se do modo por que, depois do falecimento do dr. Welwitsch, se sabe disputarem-lhes o usofructo scientifico, e a posse mesmo, os que estão mais no caso de apreciar esse valor, e precisam aproveitar tão importantes materiaes, como auxiliares nos tra- lhos actualmente em via de publicação sobre a phyto-geographia da Africa tropical. Ha pois n'aquelle estudo muito já feito, mas resta ainda bastante para o completar. Não nos faltam para isso os operarios, te- mol-os benevolos e da maior competencia nos primeiros estabelecimen- tos da respectiva especialidade, e nos principaes centros scientificos da Europa, todos à profia interessados em alcançarem para a sciencia os fructos da expedição angolense. Que nos resta por tanto da nossa parte a fazer para assegurar esses resultados, e para termos em especial O que elles promettem aos proprios interesses scientificos e mesmo eco- nomicos do paiz? A nosso ver será o seguinte. Promover a creação de um museu botanico que nos falta, e aonde se reunam, conservem e aproveitem para o estudo as collecções ango- lenses ou outras de que podemos já dispor, e bem assim as que obte- remos por trocas, e hoje de modo bem facil e opportuno por meio de uma parte d'essas collecções africanas, que sem nenhum prejuizo po- dem ser cedidas; antes com o maior proveito da sciencia nenhum des- tino terão melhor do que sendo confiadas aos principaes museus da Eu- PHYSICAS E NATURAES 491 ropa, aos que mais se occupam do ramo respectivo das sciencias natu- raes. Nestas trocas se teria em vista em primeiro logar, com o que se addicionasse à flora angolense, completar quanto possivel as colleeções relativas à phyto-geographia africo-tropical, e adquirir depois o que servisse a enriquecer o nosso museu a respeito da flora africana e ou- tras. Com isto será indispensavel haver quem se encarregue de regu- lar o uso de todo este material para os estudos a continuar sobre a phyto-geographia angolense, para promover mesmo as explorações a executar ainda para isso nas nossas provincias africanas, e para conver- ter tudo na redacção de uma flora angolense, que fosse na fórma e na linguagem a todos o mais accessivel. O mesmo centro scientifico assim organisado serviria a ir fazendo conhecer e a vulgarisar o que no as- sumpto é já sabido e póde continuar a ser adquirido a respeito não só das nossas provincias coloniaes africanas, como das que occupamos na India e na Oceania, certo de que tambem nesta outra parte devemos a estranhos trabalhos importantes e bem dignos de serem mais conhe- cidos e aproveitados para os nossos usos scientificos, do que effectiva- mente o teem sido. O continente africano está sendo cada vez mais o alvo da attenção dos espiritos investigadores, principalmente depois que, seguindo pisa- das portuguezas, as de Pereira e dr. Lacerda em época mais remota, as dos majores Monteiro e Gamito quasi nos nossos dias, alguns via- jantes da actualidade, Specke e Grant, Kirk, Stanley, e entre todos o mais distincto, Livingstone, vão successivamente devassando o centro d'Africa, e alcançam estabelecer pela grande região dos lagos e cursos d'agua ahi descobertos, as relações hydrographicas que ligam esse cen- tro aos tres littoraes situados ao norte, a léste e ao occidente, fazendo tudo esperar o vir a conquistar-se ainda para a civilisação e para o com- mercio do mundo essas vastissimas regiões, antes quasi ignoradas, é aonde imperava para os europeus apenas a miseria, a doença e a morte. O enthusiasmo pelas novas descobertas e pelos resultados alcançados, effeito hoje sobre tudo da intrepidez e perseverança do insigne viajante inglez, o dr. Livingstone, já fez organisar duas grandes expedições, saidas dos portos de Inglaterra, e que devem actualmente pisar ambas territorio africano, não tardando que as não siga outra de origem allemã, devidas to- das à iniciativa que n'isto tomaram as sociedades geographicas de Londres, e as de Allemanha que todas estas para isso se associaram, constituindo o que chamaram, sociedade africana, e auxiliadas pela sympathia de um pu- blico, no meio do qual não faltou quem contribuisse por grossas sommas, 1992 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS espontaneamente consagradas a semelhantes empresas. Uma das expedi- ções, dirigida por um dos membros dessas sociedades, sir Bartle Frêre, em cuja sciencia e mais dotes pessoaes se deposita a maior confiança, vae pelo Zanzibar, a outra encaminha-se pela Guiné portugueza; e ambas partindo assim de pontos oppostos demandam esse desejado centro afri- cano, aonde deverão encontrar e abraçar o illustre compatriota, o dr. Livingstone. A expedição do Zanzibar terá a seguir veredas já não des- conhecidas, a do occidente achará nos Pombeiros de Angola quem a conduza aos lagos Moero, Bangweolo e Nyassa, a Loucenda, e aos rios Louapolo, Loufira e Louviré, a Kassandji e a Tete, localidades por el- les já conhecidas e pisadas, e que marcam hoje outros tantos pontos das regiões centraes da Africa tropical. A expedição allemã entrará, se- gundo consta, no continente africano por Loango na costa occidental; e aproveitando ainda o que nella a occupação portugueza lhe póde ensi- nar, seguirá ao longo do Zaire em demanda das origens dºeste rio e d'essa famosa região dos lagos e centro africano, que se tornou no mo- mento actual o alvo das attenções de todos os geographos da Europa. Preparados com os precisos elementos que hão de servir a firmar as des- cobertas geographicas feitas, vão os novos expedicionarios naturalmente ao encontro de outras muitas e não previstas; pela mesma fórma por que, em demanda sempre das mysteriosas origens do grande e histo- rico rio, 0 Nilo, é quasi fóra de duvida o haverem-se deparado as do Zaire, que ha fundamento para julgar que deverão existir n'esse como systema arterial de cursos d'agua e de lagos, em grande parte assigna- lados por portuguezes, e actualmente mais bem determinados pelas in- vestigações dos modernos exploradores. Se contribuimos pois, e de modo tão amplo, para indicar o cami- nho aos que hão de ter a satisfação de completar a resolução dos gran- des problemas, que teem por fim conquistar ao commercio do mundo e à civilisação essas vastas regiões do interior africano, é justo que se não contribua menos com as investigações que façam conhecer as partes suc- cessivamente conquistadas, o clima respectivo, as producções naturaes, quanto faça apreciar a sua riqueza e a possibilidade de a aproveitar. É a obra do naturalista, do geologo, do mineralogista; é o que tem sido alcançado na Guiné inferior, para a phyto-geographia, das investigações ordenadas pelo governo portuguez; o que está praticando para a zoolo- gia, do modo o mais digno e para elle honroso, o professor Bocage; e o que continuará a ser obtido, por meio de um systema seguido e bem ordenado de estudos feitos sobre todas as producções naturaes e con- dições de vida das provincias coloniaes portuguezas, quando se consiga PHYSICAS E NATURAES 193 ter a opinião publica verdadeiramente penetrada da importancia do ob- jecto, e se não duvide ordenar com semelhante fim o pessoal e os meios todos convenientes. Deve-se à justiça dizer mesmo que a época para isso estã inaugurada em quanto tem sido alcançado pelo referido professor e meretissimo director do Museu Zoologico de Lisboa, auxiliado pelas diligencias do intrepido explorador, o sr. José de Anchieta. É occasião para nós de tributar a este tão distincto operario da sciencia a expres- são da gratidão que todos lhe devemos, os que prezam o bom nome do seu paiz; não a perderemos por certo. O sr. Anchieta tem percorrido e continúa a percorrer os vastos sertões de Angola, a sua infatigavel e destemida diligencia permitte-lhe penetrar n'elles fundamente, pelos terrenos mesmo dos povos africanos não avassalados; a colheita assim feita em objectos de zoologia. avulta já tanto, que nos diz o nosso amigo e collega, o sr. dr. Bocage, serem mais de 1:300 os exemplares das aves enviadas ao museu, 450 a 500 os de reptis, 100 os de mammiferos, e numerosissimos os insectos. As collecções de plantas mesmo não teem sido esquecidas, algumas remetteu já o sr. Anchieta, e mais teria en- viado se a isso fosse incitado. Os que percorrem as paginas do jornal em que isto escrevemos, e as de publicações analogas dos outros paizes, os que visitam o Museu Nacional de Lisboa, darão amplo testemunho de quanto valem tão importantes collecções, aproveitadas como teem sido, pelo estudo e bons cuidados do distincto director e mais digno pessoal d'aquelle importante centro de instrucção. Graças pois aos que no campo, para nós ainda um tanto obscuro e pouco apreciado, teem o animo e a firme vontade de sustentar de um tal modo os bons interesses e o cre- dito scientifico da nossa terra; e sirva o exemplo de incentivo a quanto resta fazer sobre semelhante assumpto. A occasião de assim o conseguir affigura-se-nos propicia, temos fé que será aproveitada. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. ENAT.—N. XIV. 14 194 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS LOOLOGIA eo ——— À. Aves das possessões portuguezas d'Africa occidental POR J. V. BARBOZA DU BOCAGE SETIMA LISTA Nos primeiros mezes de 1872 fez o sr. Anchieta uma curta excur- são aos Gambos, territorio situado proximamente no 16.º grau de lati- tude sul e a mais de 2 graus de distancia do littoral. São dali as es- pecies comprehendidas na primeira parte da presente lista. Tendo depois regressado a Mossamedes para ali se abastecer dos necessarios recursos, dirigiu-se em 16 de agosto novamente ao sertão, internando-se até ao Humbe nas margens do rio Cunene, territorio que se acha ha tempos fóra da nossa occupação e dominio por deploraveis vícios e funestos erros de administração, que não nos compete aqui apreciar. D'estas localidades nos fez o incansavel viajante em novembro ultimo uma nova remessa, que acaba de dar entrada no Museu de Lis- boa. As aves de que ella consta vão mencionadas na segunda parte desta lista. Com estes exemplares d'aves recebemos de uma e outra região al- guns mammiferos, reptis, peixes, crustaceos, etc., de que se fará men- ção opportunamente. Como sempre, as novas remessas do sr. José d'Anchieta attestam a sua rara aptidão e inexcedivel zelo no desempenho do arduo encargo que o governo portuguez lhe confiou. A importancia dos resultados scien- tificos das suas investigações já é conhecida e vantajosamente apreciada nos paizes onde ha para à sciencia e para os cultores della opinião pu- PHYSICAS E NATURAES 195 blica, capaz de se interessar pelos progressos de uma e de applaudir os esforços dos outros. Só quem conhece as localidades que o sr. Anchieta tem percorrido e os tenues recursos de que dispõe, poderá avaliar os elevados dotes de espirito que possue e a rara abnegação de que dá quotidianamente provas. Não admira que o tenham tido por louco, ali onde domina o pen- samento exclusivo de grangear rapidas fortunas, ao verem-no malbara- tar a vida e a saude em colligir objectos sem valor, disperdiçando as- sim tempo e diligencias com que lhe seria facil alcançar no trafego com- mercial avultados cabedaes. Queremos porém acreditar que os poderes publicos, a quem não é permittido ignorar o que valem os serviços do nosso prestante naturalista, hão de reconhecer que é errado o systema seguido até aqui de remunerar com larga generosidade os que se mos- tram mais promptos em exigir vantagens, do que em cumprir as suas obrigações, ao passo que se esquecem e desprezam os que por modes- tia ou por dignidade propria não sabem sequer sollicitar o que de di- reito lhes compete. Temos fé que o nosso habil e honrado naturalista ha de encontrar ao regressar à patria posição que lhe assegure uma existencia modesta, e lhe permitta continuar a prestar à sciencia e ao paiz os serviços que devem esperar-se do seu reconhecido talento e do va- lioso cabedal de conhecimentos praticos que possue. Nas colecções d'aves incluidas na presente lista não encontrâmos especie alguma inédita: ha porém algumas que recebemos pela primeira vez, € essas vão marcadas com um +. Quanto dissemos na introducção à lista precedente ! ácerca dos ca- racteres que apresenta a fauna ornithologica destas regiões, as mais me- ridionaes da nossa vasta provincia d'Angola, e da sua tendencia a con- fundir-se com a da Africa austral, recebe agora uma nova confirmação. A.— Aves dos Gambos «1 Hypotriorchis subbuteo. (L.) Gambos. g. Unico exemplar ali encontrado. Iris castanho, cêra e palpebras d'um amarello-esverdeado, tarsos amarellos. 1V. — Aves das possessões portuguezas d' Africa occidental, sexta lista. — dornal de Sciencias Math., Phys. e Nat., Lisboa, num. XII, 1872, pag. 66. 1h. 196 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2, Spizaetos spilogaster. Dubus. 9. Iris amarella, cêra côr de carne, tarsos côr de canna. Diz-nos o sr. Anchieta que não é rara esta especie nos Gambos, mas diffi- cil de caçar em logares povoados. 3. Micronisus niger. (Vieill.) 9 adulta. Cêra vermelha manchada d'escuro, tarsos vermelhos, manchados anteriormente de pardo escuro, bem como os dedos. Raro. k. Polyboroides typicus. Smith. 9 jun. Iris amarello, cêra e região periophthamica, amarello sujo, tarsos amarellos *. 5. Helotarsus ecaudatus. Daud. é jun. Iris pardo. 6. Scops senegalensis. Sw. Sc. zorca africana. Schleg., Von Heuglin. Tres exemplares 9. A 1.º remige egual à 7.º, a 2.º egual à 5.º, a 3.º e 4.º quasi eguaes. Abundante. 7. Strix flammea. L. d. Iris castanho-escuro. 8. Coracias caudata. L. Um exemplar jov. em plumagem de transição. Iris castanho. Qua- tro exemplares adultos: iris com 2 anneis corados, o interno casta- nho, o externo amarellado. Vulgar. 9. Ceryle rudis. L. 2. Iris castanho. ÃO. Halcyon semicoerulea. Gm.' 9. Iris castanho. ! Eis em poucas palavras a descripção d'este exemplar. Supra brunneus plumis rufescente limbatis; subtus rufescente-brunneus, mento, gutture lateribusque capitis nigro maculatis. Cauda brunnea fasciis quatuor transversalibus nigrais. PHYSICAS E NATURAES 197 14. Oxylophus jacobinus. (Bodd.) Dois ex. 9. Iris castanho. 12. Chrysococeyx cupreus. (Bodd.) Dois exemplares &. Iris encarnado, bem como as palpebras. São raros e vivem isolados. +13. Indicator albirostris. Temm. Iris amarello côr d'ambar. 14. Crateropus Hartlaubii. Bocage. à. Iris vermelho. 15. Crateropus gymnogenis. Hartl. g. Iris côr de canna, tarsos gridelim-escuro. +16. Picus Brucei. Malh. à e 9. Iris vermelho-arroxeado. Pouco abundante. 17. Nectarina gutturalis. L. 18. Hirundo filifera. Steph. é. Iris côr de chocolate. Vulgar. 19. Dicrurus divaricatus. Licht. Dois exemplares 4. Iris vermelho. 20. Dryoscopus. nov. sp. 9. A mesma especie de que se fez menção na lista precedente (V. 6.º lista, Jornal de Sciencias Math., Phys. e Nat., Lisboa, num. XII, 1872, pag. 66). 21. Dryoscopus major. Hartl. Dryoscopus guttatus. Hartl. 9. Iris castanho. 22. Laniarius atrococcineus. (Burch) Cinco exemplares. Iris arroxado. Vulgar. Encontram-se quasi sem- pre aos dois e tres, poucas vezes isolados ou em bandos mais nu- merosos. 198 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS B.— Aves'do Humbe 1. Haliaetos vocifer. (Daud.) Iris castanho claro no adulto, castanho escuro no joven. Varios exemplares. 9 « Circaetos cinereus. Vieill. 9. Iris castanho. « Milvus Forskali. (Gm.) [ato] é. Iris castanho claro, bico amarello, pés d'um amarello-esverdeado. Sa - Ceryle maxima. (Pall.) Tres exemplares 2. Iris castanho. O. Anastomus lamelligerus. Temm. Dois exemplares jov. Iris castanho-escuro. 6. Ibis aethiopica. (Lath.) d. Iris castanho; tarso arroxeado-escuro. *7. Balearica regulorum. (Licht.) | Dois exemplares 2. Iris gridelim. «8. Ardea goliath. Rúpp. à. Iris castanho. 9. Plectropterus gambensis. (L.) Dois exemplares & jov. e 9 ad. Iris castanho. 10. Chenalopex aegiptiacus. (L.) Dois exemplares 9. Tris amarello-ambar. 44. Plotus Levallantii. Temm. Tres exemplares. Iris com dois anneis concentricos, o interno pardo-escuro, o externo amarellado; bico esverdeado, mais escuro na maxilla superior; tarso esverdeado sujo no adulto, côr de cera virgem nos jovens. 28. 25. PHYSICAS E NATURAES 199 Urolestes melanoleucus. (Jard.) Dois exemplares 9. Iris castanho. Constroem sobre as arvores ninhos de grandes dimensões, que não cedem em tamanho aos das maiores aves de rapina. « Oriolus notatus. Pet. à juv. Iris vermelho. Muito abundante. Lamprocolius sycobius. Pet. é e 2. Iris côr de gemma d'ovo. Vulgarissimo. «26. Textor erythrorhynchus. Smith. 27. 28. 29. 30. dl. d2. 35. Muitos exemplares de diverso sexo e edade. Iris castanho, tarso coral. Abundante. Fringillaria flaviventer. (Vieill.) &. Iris castanho, mandibula d'um arroxado-escuro, maxilla aver- melhada, tarso gridelim. Pternistes rubricollis. (Lath) é e 9. Muito abundante. Numida coronata. Gray 2. Iris castanho. Vulgar. Anastomus lamelligerus. Temm. Tres exemplares 9. Iris castanho-escuro, região periophtalmica e garganta dum roxo sujo. Apparece nas épocas das grandes chu- vas, passadas as quaes volta para o interior. Ardea atricapilla. Afz. 2. Iris côr de canna. Vulgar. Cursorius senegalensis. Licht. é. Iris castanho, tarso gridelim. Sarcidiornis africana. Eyt. 9. Iris castanho. Não é rara, mas difficil de matar, porque se encontra nos logares frequentados por numerosos crocodilos. 200 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Em poucos traços difine o sr. Anchieta a importancia zoologica desta porção do antigo territorio portuguez e aprecia as causas desgra- cadissimas que a subtrairam ao nosso dominio effectivo. Não podemos resistir ao desejo de transcrever textualmente as palavras do nosso dis- tincto naturalista : «A conhecida riqueza zoologica do Humbe levou-me, luctando com muitas dificuldades, a vir passar alguns mezes entre povos que de nossa occupação não poderão ter boas recordações. Tem sido por toda a parte assim. No Humbe a administração foi tal qual a dos Hespanhoes no Mexico. «Apesar de que nos primeiros dias da minha chegada diziam — Se depois do Quimbanda (medico) vierem os soldados, que venham.... — julgo que nenhum conflicto haveria se o governo quizesse de novo 0c- cupar estes pontos. Começo a ter tam boas relações com este gentio como tenho com os dos Gambos, a quem esclareci e fiz ver, apoiado por oficios das auctoridades, que o governo não auctorisava roubos nem violencias, e castigaria severamente os brancos que as praticassem. Se assim o não fizesse, corria risco de, na qualidade de empregado do go- verno, ser o primeiro a pagar. D'esta fórma as coisas cá pelo sul da provincia estão muito bem figuradas. Os poucos brancos residentes no Humbe vivem muito bem com o gentio por duas razões, porque estão distantes dos pontos occupados e porque estes povos domam-se pouco com violencias. «Em quanto aos resultados da nossa exploração, pelo que já tenho visto julgo ser o Humbe o ponto mais abundante em aves que tenho percorrido, em quanto ao numero e em quanto à variedade. Deve ser trabalhoso o acondicionamento pela distancia a Mossamedes e pela dif- ficuldade de aqui fazer caixas proprias. Em todo o caso este embaraço ha de ser removido. «Nos mezes de janeiro, fevereiro, março e abril não posso mandar remessas por causa das enchentes dos rios não darem passagem; mas até ao meiado de dezembro espero mandar-lhe o que tivermos adqui- rido.» conercensssencennessaneam PHYSICAS E NATURAES 2014 2. MÉLANGES ERPÉTOLOGIQUES I. Note sur quelques Geckotiens nouveaux ou peu connus de la Nouvelle Calédonie PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE Les espêces qui sont Vobjet de la présente note font partie d'une intéressante collection de reptiles, qui a été généreusement offerte au Muséum de Lisbonne en 1867 par M. Aubry Lecomte. Elles proviennent de la Nouvelle Calédonie, pays três intéressant sous le rapport de ses productions naturelles et qui commence à peine à être exploré. Rhacodactylus Leachianus. Plat. Leachianus. Cuv. R. A. 2. p. 54. Dum. et Bib. Erp. gén. 3. p. 315. Gray. Cat. Liz. Brit. Mus. p. 160. Rhacodactylus Leachianus. Fitz. Syst. Rept. Le Muséum de Lisbonne possêde depuis 1867 deux individus, Pun de forte taille, Fautre beaucoup plus petit, dont les caractéres s'accor- dent assez bien avec ceux de VPespêce indiquée par Cuvier et décrite par Dumeril sous le nom de Plat. Leachianus. Ces individus originaires de la Nouvelle Calêdonie proviennent du voyage de Deplanche et nous ont été offerts par M. Aubry Lecomte. Le plus grand de nos individus mésure 22 centimêtres de Pextrê- mité du museau à la base de la queue, laquelle est courte et présente chez les deux spécimens des indices certains de reproduction aprês ac- cident. La tête, longue de 6 centimêtres, est de forme pyramidale et pré- 202 JOURNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS sente assez de largeur postérieurement, c'est-à-dire, elle mésure en lar- geur plus de 2/3 de sa longueur, tandis que chez Pindividu unique de Vespêce au Muséum de Paris, la tête a en longueur le double de sa lar- geur postérieure, d'aprês les auteurs de PErpétologie Générale. Les na- rines, de forme circulaire, sont entourées complêtement par 7 écailles, la plus grande desquelles touche à la rostrale et à la premiêre labiale supérieure. La face supérieure du museau et Pespace inter-orbitaire, dé- primé en gouttiêre, sont garnis d'écailles polygonales, la plupart distin- ctement carenées. Ecailles supra-orbitaires plates. 17 scutelles labiales supérieures presque carrées; plaque mentonniêre et labiales inférieures en nombre de 13, quadrilaterales, allongées, décroissant succéssivement de la premiêre à la derniêre: ces plaques sont bordées de plusieurs rangs d'écailles plates, bien distinctes des petites écailles ou granula- tions circulaires qui couvrent les régions inférieures. Les parties supérieures sont couvertes de grains três fins, lisses et êgaux. Côtês de la tête, du cou, du tronc et des membres garnis d'un pli de la peau. Lºétat de conservation de nos deux spécimens laisse beaucoup à désirer pour qu'on puisse faire une idée exacte de son systéme de co- Joration. Ils présentent une teinte générale d'un brun grisâtre clair ta- chetée de brun foncê. Nous avons reçu ces deux individus sous le nom de Plat. Leachia- nus, dêtermination qui nous semble exacte malgré quelques difiérences auxquelles nous ne pouvons pas attacher une grande importance. Rhacodactylus Aubrianus. Tête grosse, pyramidale, à museau terminant en pointe obtuse. Ré- gion inter-oculaire déprimée en gouttiêre, revetue ainsi que Pocciput et la face supérieure du museau de petites et grosses granulations entre- mêlées, à la seule excéption de Pespace inter-nasale qui se trouve cou- vert de quelques écailles plates, irrégulitres. Narines circulaires, com- pletement entourées par 9 ou 10 écailles, dont la plus grande sarticule à la rostrale et à la premiêre labiale. 18 ou 19 labiales supérieures et 15 ou 16 labiales inférieures; plaque mentale presque triangulaire, en- clavée entre la premiêre paire de labiales inféricures. Un pli lateral de la peau de chaque côté de la tête et du tronc, et les doigts palmés aux extrêmitês antérieures et postérieures, exactement comme chez le Rhac. Leachianus. La surface entitre de la peau des parties supérieures du corps et des membres est revêtue de grains plus fins et plus irréguliers PHYSICAS E NATURAES 203 que chez cette espêce. Régions inférieures couvertes de três petites écail- les circulaires; elles deviennent un peu plus grandes sur la région pré- anale. Queue (réproduite) três courte. Un seul individu de la Nouvelle Calédonie, offert par M. Aubry Le- comte en 1867. Inférieur dans les dimensions à Vindividu adulte du Rhac. Leachianus que nous possédons dºégale provenance, car il mésure 18 cen- timétres de la extrêmité du museau à Vorigine de la queue, il se rap- proche de cette espêce par les proportions, mais parait être distinct par Vécaillure de la téte, comme il sera facile de juger d'aprês la dia- gnose ci-dessus. Il est en dessus d'un gris-brunátre plus clair et uni- forme sur la tête, plus foncé et varié de grandes taches blanches poin- tillées de noir sur le tronc, la base de la queue et la face externe des membres. En dessous d'un blanc jaunâtre, marbrê de brun clair sur le ventre. Rhacodactylus trachyrhynchus. Tête courte à museau large et arrondi, dont la face supérieure ainsi que la région inter-orbitaire sont couvertes de grosses écailles coniques et pointues. Sur le reste de la tête, les parties supérieures et latérales du tronc, la queue et les membres de petits grains lisses uniformes. Ceux de la gorge sont encore plus petits, mais les régions inférieures sont protegées par de petites écailles arrondies et plates, un peu plus grandes. La tête, le cou et le tronc sont latéralement garnis d'un pli de la peau, qui ne parait pas se prolonger sur les côtés des membres. Na- rines ovalaires entourées par 6 plaques nasales et par la premiêre la- biale. La rostrale assez développée dans le sens transversal, de forme triangulaire, présente un sillon vertical qui descend du millieu de son bord supéricur jusqu'au centre de la plaque. L'espace inter-nasal est garni de 5 écailles en 2 rangs, 2 sur le premier et 3 sur le second, toutes plates; les 2 latérales du second rang sont les plus grandes et de forme hexagonale, tandis que les autres sont pentagonales. Nous com- ptons 11 labiales supérieures et 10 inférieures; la mentonniêre, petite et triangulaire, est enclavée entre la premitre paire de sous-labiales : celle-ci et les 2 immédiates sont três allongées. Une seule rangée d'écail- les polyzonales borde en dedans les labiales inférieures. Pas de pores aux régions pré-anale et fémorale. 5 ongles rétractiles à chaque extré- mité; une palmure à la base des -doigts et des orteils. Un seul individu de la Nouvelle Calédonie (du voyage de Deplan- che) offert en 1867 par M. Aubry Lecomte. 9204 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Il mésure en longueur totale 22 centimêtres; la tête 3,3 cent.; la queue 9,2 cent. | Les couleurs sont altérées sans doute par son long séjour dans Valcool: il parait être d'un gris-brun, marbré irrégulicrement de brun plus foncé, et avec quelques taches plus claires rondes cerclées de brun, de chaque côté du dos. Correlophus ciliatus. C. ciliatus. Guichenot. Notice sur un nouveau genre de Geckotiens. Mem. Soc. des sc. nat. de Cherbourg. 12, 1866, p. 249, pl. 8. Nous possédons deux individus de cette singulitre espêce, rappor- tés par Deplanche de la Nouvelle Calédonie. Chez nos deux individus la queue, reproduite aprés accident, se présente sous la forme d'un pe- tit appendice conique de quelques millimêtres à peine de longueur. L'un de ces individus présente de chaque côté du cou et du tronc un pli longitudinal de la peau bien distinct, caractêre non cité dans la description de.M. Guichenot et êgalement omis dans la figure, d'ailleurs assez exacte, qui Paccompagne. Geratolophus. Nov. gen. Caract. gênériques. —Tête allongée, un peu déprimée; région in- teroculaire fortement excavée en gouttitre. De chaque côté de la partie postérieure de la tête trois eminences osseuses três prononcêes, reliées entre elles par des crêtes de la même nature, recouvertes de la peau et “ disposées de la maniêre suivante: la plus antérieure située au-dessus et derritre Poeil; derritre celle-ci une autre au-dessus de Vouverture auriculaire; enfin, la troisitme sur la nuque, un peu plus rapprochée de la premitre que de la seconde, et formant avec elles un triangle. Bord de la paupiére supérieure garni d'écailles coniques. Cing doigts à chaque patte, libres, onguiculés, à ongles rétractiles, médiocrement dilatés et garnis en dessous de lamelles imbriquées entitres. Queue longue, dilatée à la base, oú elle presente de chaque côté chez le mãle un gros tubercule comprimé, grêle et conique dans le reste de son êtendue. Ecaillure des parties supérienres composée de grains petits, lisses, convexes et arrondis; celle des régions inféricures formée de pe- tites êcailles plates de forme hexagonale, excepté à la région sous-maxil- Jaire, qui est revêtue de petits grains semblables à ceux du dos. Écailles PHYSICAS E NATURAES 205 de la queue quadrangulaires, disposées en verticilles réguliers. Pas de plis latéraux apparents. Ceratolophus hexaceros. Cet animal présente à cause des éminences osseuses dont sa tête est ornée une physionomie toute particulitre. Ses narines rondes sont entourées par 8 ou 9 plaques, parmi lesquelles se trouvent le rostrale et la prêmiére labiale: la premiêre nasale, celle qui s'articule avec la rostrale, est grande et de forme pentagonale; les autres sont petites et carrées. Les 2 grandes plaques nasales sont séparées par une petite plaque qui s'adapte parfaitement à une échancrure angulaire situte au milieu du bord supérieur de la rostrale. Les plaques labiales supérieu- res et inféricures, nombreuses, presque toutes de forme quadrilatérale, vont en décroissant d'avant en arriêre: nous comptons 17 supérieures et 15 inférieures. La mentonniére, triangulaire mais à sommet tronqué, s'articule de chaque côté aux premiêres sous-labiales, qu'elle sépare; sous le maxil- laire et le long de ces scutelles il y a 3 rangées d'écailles hexagonalles, bien distinctes par leur grosseur des autres écailles qui garnissent la face inféricure de la tête. Cinq series de pores sur la région pré-anale, chez le mile. Deux individus de la Nouvelle Calédonie, mãle et femelle, dús à Pextrême obligeance de M. Aubry Lecomte en 1867. Le máãle présente les dimensions suivantes: longueur totale 193 millimétres, de la tête 36, du tronc 83, de la queu 84; c'est le plus grand des deux. Coloration. La femelle est en dessus d'un gris roussatre variée de taches et de stries d'un brun noirâtre et présentant aussi quelques pe- tites tâches irreguliêres jaunes. En dessous d'un gris jaunâátre maculé de brun. Chez le mále une large bande d'un brun roussâtre s'étend le long du milieu du dos depuis la tête jusqu'à Vorigine de la queue; cette bande, dont nous ne trouvons pas aucun vestige sur la femelle, prend sur les bords un ton roux plus prononcé. Sur la tête on peut encore distinguer une petite raie brune sur Vespace compris entre la narine et Poeil, une autre de la même couleur de VPangle postérieur de Poeil à Vangle de la machoire. Sur les flanes de VPindividu mâle on apperçoit une bande brune longitudinale à bords festonnês noirátres et au-des- sous de celle-ci une étroite raic noirátre, moins distincte, depuis Vais- 206 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS selle jusqu'à Vinsertion du membre postérieur. Queue irrégulitrement tachetée et strite de brun en dessus et sur les côtés. Nos deux individus, dont Pétat de conservation laisse beaucoup à désirer, présentent, à Vinstar du Correlophus ciliatws, un pli longitudi- nal peu prononcê de chaque côtê du cou qui se prolonge jusqu'à Pais- selle; mais il disparait, peut-être par suite de la distention de la peau, sur les côtés du tronc: sous la gorge il y a deux plis transversaux an- guleux limitant un espace de forme rhomboidale. Lepidodactylus neocaledonicus. Pouces mutiques; des ongles retractiles aux autres doigts; des lamelles en chevrons sous tous Jes doigts. Peau du dos uniformement granuleuse. Narines circulaires bordés par la rostrale, la premiere la- biale et 3 ou 4 plaques nasales, petites; rostrale large, échancrée à son bord supérieur, pour recevoir une plaque intermédiaire aux deux pre- mitres nasales, et à ses angles latéraux, pour faire partie du partour des narines. 140 labiales supérieures et 9 inférieures; mentonniêre al- longêe, triangulaire, s'articulant par toute Pétendue de ses bords avec la premitre sous-labiale. Sous le menton des écailles polygonales, dont la plus grande touche à Vextrêmité de la mentonnitre. La peau de la gorge est comme celle des régions supérieures uniformément granuleu- se; des écailles hexagonales revêtent la poitrine et le ventre. Les écail- les de la queue sont quadrangulaires et disposées en verticilles régu- liers. 2 rangées anguleuses de pores pré-anaux chez le mále, qui pré- sente aussi deux petits tubercules coniques de chaque côtê de la base de la queue. Coloration. En dessus d'un gris roussátre, ornê sur le dos et la face supérieure de la queue de raies transversales anguleuses brunes, k ou 5 sur le dos et 7 sur la queue. Une raie brune s'êtend de Vextré- mité du museau par Voeil jusq'au cou, limitant sur la nuque un espace qui porte au centre une tache allongée de la même couleur. Chez quel- ques individus les couleurs s'affaiblissent considêrablement. Les régions inférieures sont d'un blanc sale uniforme. Plusieurs spécimens de cette espêce se trouvent au Mustum de Lisbonne, provenant du voyage de Deplanche à la Nouvelle Calédonie : ils font partie des collections offertes en 1867 par M. Auby Lecomte. Le plus grand de nos spécimens a 118 millimétres de longueur totale : la tête mesure 18 millimétres et la queue 55. PHYSICAS E NATURAES 207 C'est une espéce à ajouter au genre Lepidodactylus Fitz. (Amy- dosaurus Gray.) exclusivement représenté jusqu'ici par le L. lugubris, Plat. lugubris Dumeril et Bibron, que nous connaissons à peine d'aprês la description publiée dans VErpétologie Générale (T. 3 p. 304) et la figure 1 de la pl. 1º des Reptiles du voyage au Pole Sud et à VOcea- nie. Si Vanimal décrit et figurê sous ce nom est un individu adulte, les différences de taille et de coloration ne permettront pas de confondre ces deux especes, "une rapportée de la Nouvelle Calédonie, Vautre dé- couverte à Otaiti par Lesson et Garnot. 208 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ERRATAS DO ARTIGO SOBRE A THEORIA DO RAREFACTOR E A NOVA MACHINA HYDROPNEUMATICA A pag..55, lin. 6, onde se lê— Cargos — deve ler-se— Cargas. A pag. 55, lin. 39, onde se a [or], dóvé ler-se | 0). A pag. 96, lin. 9, onde está— Ta = n|y a a deve estar — V Tfo=T [| etc. A pag. 109, lin. 20, onde se lê—saem por m—deve ler-se — sae por m. rmenssnsesaadanansasoasDem PHYSICAS E NATURAES 209 Z00LOGIE me —— 4. MELANGES BRPÉTOLOGIQUES PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE Ii. Sur quelques Repíiles et Batraciens nonveaux, rares ou peu connus d'Afrique occidentale cenuuacunscaunaaananaaanos 1. Hemidactylus guineensis. H. verruculatus. Bocage. 2.º lista, rept. Afr. occ. J. de Sc. Math. Phys. e Nat., num. 3, p. 219. H. guineensis. Peters. Monatsb. Ak. Ber- lin. 1868, p. 641. Cette espéce, que nous avions d'abord rapportée avec beaucoup d'hésitation à VHemidactylus verruculatus. Cuv. et que le dr. Peters a décrite plus tard sous le nom de H. guineensis, se trouve représentée au Muséum de Lisbonne par des spécimens provenant de Ile S. Iago du Cap-Verd et de Bissau sur la côte occidentale d'Afrique. Elle parait bien distincte du H. verruculatus: 4º par des séries de tubercules dor- saux plus nombreuses et moins réguliêrement disposées; 2º par un plus grand nombre de plaques labiales; 3º par des plaques sous-digitales éga- lement plus nombreuses; 4º par lê nombre et la disposition de ses po- res fémoraux, 22 à 26 en série continue. &. Hemidactylus platycephalus. H. platycephalus. Ptrs. Monatsb. Ak. Berlin, 1854, p. 615. H. ma- buya. Bianconi. Specim. Mossambic. p. 22, pl. 1, f. 4. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. —N. XV. 15 240 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Nous possédons plusicurs individus de cette espêce de diverses pro- venances: de Madagascar, de Moçambique, de Vintéricur d'Angola et du Congo. Elle est remarquable par le nombre considérable des pores fé- moraux chez le mále. Un individu de Madagascar présente une rangêe de 52 ou 53 pores fémoraux et pré-anaux, réunis en une série continue: chez un individu mãle, plus jeune, du Dondo, ce nombre s'élêve à peine à 33. Nous avons reçu de Pintérieur de Mossamedes (Capangombe) et de Catumbella, prês de Benguella, par M. d'Anchieta, quelques individus, la plupart en mauvais état de conservation, três voisins de cette espêce mais en apparence distincts par leur tête plus allongée, par la forme de leurs tubercules dorsaux prismatiques et à carêne três prononcée et par Vexistence de pores circonscrits à la région pré-anale et en nombre de six. Nous les avons provisoirement inscrits dans nos catalogues sous le nom de H. longicephalus. 3. Hemidactylus Cessacii. Nov. sp. Tête et dos recouverts de petites granulations sans épines ni tu- bercules; face ventrale garnie de petites écailles à bord libre arrondi, disposées en séries régulitres; queue revêtuc de verticilles d'écailles, celles du milieu de la face inféricure três grandes. Pouces bien dévelop- pês. 7 ou 8 plaques labiales supéricures et 6 ou 7 labiales inférieures. La plaque qui couvre Vextrémité de la machoire inférieure est grande, triangulaire, et se trouve enclavée entre la premiére paire de sous-la- biales et la premitre paire de sous-mentales. 3 à 4 plaques sous-digita- les aux membres antéricurs et 4 à 5 aux membres postérieurs. Pas de pores fémoraux ou pré-anaux sur les 3 individus de cette espece que nous avons pu examiner, "un desquels porte de chaque côté de la base de la queue, à la face inférieure de cet organe, un petit tubercule pointu. Taille médiocre ne dépassant pas chez le plus grand de nos indivi- dus 76 millimêtres: la tête y entre pour 114 millimêtres et la queue pour 39 millimêtres. Coloration.— En dessous d'un blanc grisâtre ou brunâtre uniforme; en dessus sur un fond d'un gris clair des bandes transversales brunes, parfois interrompues sur la ligne médiane, bordées en avant et en ar- ritre de brun noir, ornent le dos et la queue. Nous comptons une de ces bandes sur le cou, 3 sur le dos et 8 ou 9 sur la queue. Les faces externes des membres antéricurs et postérieurs sont également tache- toes de brun noirátre. Sur la tête un gros trait brun part de la narine, PHYSICAS E NATURAES 241 traverse Toeil et vient aboutir aux côtés de la bande transversale du cou, ou il finit chez "un de nos individus, tandis que sur les autres il se prolonge sur les cótés du tronc jusqu'à Porigine de la queue. Habitat. —S. Iago de Varchipel du Cap-Vert. Les trois individus de cette curicuse espêce qui se trouvent au Mu- séum de Lisbonne nous ont été offerts par M. de Cessac, naturaliste fort intelligent, qui a visité pendant ces derniéres années plusieurs des iles de Parchipel de Cap-Vert, en mission du gouvernement français. Nous lui dédions Vespêce en temoignage d'estime et de reconnaissance. 4. Hemidactylus gutturalis Nov. sp. Espece de petite taille, voisine de PH. capensis. Smith et ayant comme celui-ci les pouces rudimentaires. Corps recouvert en dessus de petites granulations uniformes; écailles ventrales petites et arrondies; derriêre la mentonniêre une paire de plaques sous-mentales dépassant de beaucoup en grandeur les derniéres plaques infra-labiales; 7 labia- les supérieures et autant de labiales inférieures; 4 à 5 paires de pla- ques sous-digitales aux membres antéricurs et postérieurs. 6 à 8 pores pré-anaux chez le mále. Teinte générale en dessus d'un gris brunâtre plus ou moins foncé, pointillé de brun; de chaque côté du dos deux séries de taches roussá- tres arrondies liserées de brun noirátre: en dessous d'un gris roussãtre clair, le menton orné de deux chevrons bruns concentriques, le plus ex- térieur paralléle aux bords de la máchoire inférieure, et Vautre situte à une certaine distance en dedans. Quelques individus portent une petite tache brune placée entre les branches du chevron interne. Deux traits bruns, Vun partant de la narine, Vautre de Vextrémité du museau tra- - versent longitudinalement la face latérale de la tête, le premier par des- sus Poeil, Vautre par dessus les labiales supérieures, et finissent sur le cou à la hauteur de Vinsertion des membres antérieurs. Pupille circulaire. Longueur totale 75 millimétres, dont la tête a à peu-prês 10; tronc 28 millimêtres; queue 37 millimêtres. D'une taille sensiblement plus forte que PH. capensis, Smith, et PH. variegatus, Peters, du Zanzibar, il est encore bien distinct de Pune et de Vautre de ces deux espêces par son systême de coloration et par Pécaillure de la tête. Cet intéressant hemidactyle habite Bissau, dou nous Vavons reçu en 1870 par Pobligeance de Mr. Sá Nogueira, employé supéricur de la marine aux íles de Cap-Vert. 15. 91492 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 5. Rhoptropus afer. Peters. Rh. afer. Peters. Monatsb. Ak. Berlin 1869. p. 59, pl. fig. 2. Cette espece, décrite par le dr. Peters sur des spécimens rappor- tés de Damaraland (Afrique australe) par Wahlberg, a été rencontrée par M. Anchieta dans les posséssions portugaises de la côte occiden- tale d'Afrique, à Capangombe et à Maconjo, dans Vintérieur de Mossame- des. Nos spécimens prêsentent tous les caractéres indiquês par le sa- vant professeur de Berlin. Les individus máles portent 8 pores préa- naux en chevron. Nous espérons que notre infatigable voyageur, M. d'Anchieta, à qui nous devons déjà tant d'intéressantes découvertes, ne tardera pas à ren- contrer dans les régions plus méridionales, qu'il explore actuellement, un autre type générique de PAfrique australe, également trouvê par Wahlberg à Damaraland et décrit par Peters sous le nom de Colopus Wahlberg. (V. Peters. loc. cit. p. 57. pl. fig. 1.) 6. Sepsina Copei. Nov. sp. ? Sepsina grammica. Cope Proc. Ac. Philad. 1868 p. 318. Trois individus adultes du Dombe (Benguella) par M. d'Anchieta et un jeune de Novo Redondo, au nord de Benguella sur le littoral. Par Pécaillure de la tête, la forme et les proportions du tronc et de la queue, ces individus sont identiques à ceux que nous possédons de la Sepsina angolensis provenant da Duque de Bragança, Capangom- be, Biballa et Huilla, dans Pintérieur dºAngola et de Mossamedes. Leurs écailles sont également disposées en 24 séries longitudinales. Ils pré- - sentent cependant dans la conformation de leurs membres postérieurs des différences qui nous paraissent suffisantes pour les rapporter à une espêce distincte : le membre postérieur est en effet sensiblement plus long et plus grêle que chez la S. angolensis, et les 2 doigts externes sont plus allongés et diversement proportionnês, le 3º doigt étant plus long que le 2º, tandis que chez Vautre espêce c'est précisement le con- traire qui a lieu. Les individus adultes sont en dessus d'un brun oli- vátre avec une ligne de points noirâátres sur le milieu de chaque rangée d'êcailles; les régions latérales et inférieures d'un blanc jaunátre, celles-ci d'une teinte uniforme, celles-là ornées de lignes ponctuées, plus effacées que sur le dos. L'exemplaire jeune présente sur le dos et les flancs une PHYSICAS E NATURAES | 243 belle couleur brune rougeâtre avec une petite tache foncée sur te cen- tre de chaque écaille; il est en dessous d'une teinte plus claire. Le seul caractêre sur lequel, d'aprês la courte description de Co- pe, on pourrait chercher à établir Sepsina grammica comme distin- cte de S. angolensis se rêduit à peine au nombre divers des rangées d'écailles, qui est, d'aprês Cope, 22 au lieu de 24; mais ce caractere nous semble, à lui seul, insuffisant. Les autres particularités signalées par Cope se retrouvent indifftéremment sur nos exemplaires de Sepsina angolensis et sur ceux de S. Copei; mais les proportions relatives des membres et des doigts postóricurs établissent peut-être un rapproche- ment plus intime entre le spécimen décrit par Cope et ceux que nous ont servi à établir la nouvelle espêce. Le dessin que nous avons publiêé en 1866! de la tête de S. ango- lensis n'êtant pas assez correct, a pu induire Cope en erreur, lui faisant croire à des différences qui n'existent pas. Typhlacontias. Nov. gen. Caract. Pas de paupiêres, yeux à découvert sans aucun vestige de cercle palpebral. Pas de membres. Narines latérales, percées dans la rostrale, à sillon postéricur légêrement courbe; palais non denté; lan- que squameuse, faiblement échancrée à la pointe; dents coniques, pe- tites et nombreuses. Pas d'ouverture auriculaire. Pas de pores pré- anaux. Écailles lisses. 7. Typhlacontias punctatissimus. Nov. sp. Extremité du museau emboitée dans une large rostrale à bord li- bre rond et tranchant, qui avance sur la mâchoire inférieure; Vextrémité de celle-ci également enveloppée par une grande plaque triangulaire ; une supéro-nasale et une inter-nagale en bandes transversales; frontale presque semicirculaire, à bord antérieur arrondi et à bord postérieur droit; inter-pariétale énorme, triangulaire, bordée de chaque côté d'une pariétale étroite et allongée. Ces dernitres plaques se rencontrent der- ritre Vinter-pariétale. 5 labiales supérieures, dont la premitre est la plus grande et s'articule à la rostrale, à la supéro-nasale et à la freno-orbi- taire; au-dessous de celle-ci la deuxiême labiale, la plus petite de tou- !V. Bocage. Premicre Liste des reptiles d' Afrique occidentale. Jorn, Se. Lisboa. 1866. num. 4, p. 78, pl. 1, fig. 1. 944 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS tes; la troisiême au dessous de Vceil; une sous-orbitaire; et deux post- orbitaires assez petites; pas d'occipitale. A la máchoire inféricure, de chaque côté de Pétui terminal, deux plaques labiales, dont la premitre est mediocre et la seconde três developpée. Écailles. lisses à bord libre arrondi, en 18 rangées longitudinales. Sur le bord antérieur du cloaque deux grandes écailles triangulaires. Coloration. Teinte générale gris de perle; une série longitudinale de petits points noirs sur le milieu de chaque rangée d'écailles, mais plus accentuée sur les écailles des flancs. Les côtés de la tête et les lê- vres marbrés de brun; un dessin de cette couleur en forme de fer de lance, dont la pointe regarde en arriére, couvre le dessus de la tête depuis le centre de la rostrale jusqu'à Pextrémité de la pariétale. De cette espêce extrêmement curieuse nous possédons à peine 2 individus qui nous semblent encore jeunes, et dont Vétat de conserva- tion laisse beaucoup à désirer. Nous les avons reçus en 1867 de Mos- samedes (Rio Coroca) par M. d'Anchieta. Le plus grand de ces indivi- dus n'a que 83 millimêtres de longueur totale: la tête y entre pour 7,5 millimêtres et la queue pour 28. M. d'Anchieta nous informe que cette espêce, connue dans le pays sous le nom de Cavungi, a des habitudes sousterraines. La découverte de cette nouvelle forme apode nous parait offrir un certain intérêt, car elle établit par ses caractêres une remarquable trans- ition entre les Acontias, Typhlosaurus, Feylinia etc., et les scincoidiens ophiophthalmes de Dumeril et Bibron, les uns et les autres largement représentés dans la faune africaine. 8. Feylinia Currori. Gray. Feylinia Currori. Gray. Cat. Lizards British Mus. 1845. p. 129. Acôntias elegans. Hallowell. Proc. Acad. Phil. 1852 p. 64. Sphenorhina elegans. Hall. Proc. Ac. Phil. 1857. p. 52. Anelytrops elegans. A. Du- meril. Rept. afr. occ. Rev. Zool. 1856 p. 420. A. Dumeril. Arch. Mus. 1861. T. 10. p. 182. Bocage, 1º Liste rept. Afr. occ. Jorn. Sc. Lis- boa. v. À. 1866. p. 45. Aprês Pexamen que nous avons pu faire en 1867 au Muséum Bri- tannique des 2 individus sur lesquel notre ami le dr. Gray a établi Pes- pêce, nous ne pouvons pas hésiter un instant à placer Acontias elegans, Sphenorhina elegans et Anelytrops elegans comme synonimes de Feylinia Currori, denomination qui doit être definitivement maintenue comme etant la plus ancienne. PHYSICAS E NATURAES 2145 Par suite d'une observation incomplête, le fondateur de Vespêce a signalé comme Iun de ses caractêres distinctifs "absence dºyeux, tandis que ces organes existent en réalité et sont visibles à travers les plaques transparentes qui les recouvrent. C'est ce qui a principalement induit Hallowell et Dumeril à êtablir la même espêce sous de noms diffé- rents. Nous possédons deux spécimens de cette espéce rapportêés du Congo en 1865 par M. d'Anchieta. Ils sont de plus forte taille que ceux décrits par Gray, Hallowell et A. Dumeril: "un a 39 centimêtres de longueur, sur lesquels 13 appartiennent à la queue, et son diamêtre au milieu du tronc est de 2 centimêétres; Vautre plus court et moins gros, dépasse à peine 33 centimêtres et son diamétre est de 18 millimêétres. Chez ces deux individus le nombre des rangées longitudinales d'é- cailles est de 25. Nous avons trouvê le même chifire chez Vexemplaire moins jeune du Muséum Britannique. Dans la premiêre description de PAcontias elegans, publite en 1852, Hallowell lui donne à peine 20 sé- ries d'êcailles, mais en 1857 il en cite 22. Pour A. Dumeril ce chiffre est de 23. Nous pensons que ce nombre peut varier dans de certains limites; mais nous sommes d'accord avec ce dernier auteur quant à admettre que la disposition des écailles implique chez cette espéce un nombre impair. Chez Pun de nos individus les supero-nasales (internasales de Hal- lowel) sont divisées, tandis qu'elles sont remplacés chez Vautre par une seule plaque. Derriêre cette plaque, unique ou divisée, la tête est re- couverte d'une séric de 3 plaques transversales, dont les dimensions vont successivement en augmentant d'avant en arriêre. Nous comptons 4 ou 5 labiales supérieures, dont la 3º se tronve au dessous de la plaque oculaire, et 3 labiales inféricures: Pouverture de la bouche se prolonge au-delã de Voeil, de sorte que le nombre réel des labiales su- périeures s'accroit d'une ou deux plaques aprês la 3º, qui s'articule à la plaque oculaire. A. Dumeril et Hallowell citent à peine 3 labiales supérieures et un égal nombre de labiales inféricures; mais Pexamen de la figure qui ac- compagne la description de PAnelytrops elegans, nous faisant constater une étroite conformité de ses caractêres principaux avec ceux de nos spécimens, nous porte en même temps à admettre que ces différences d'une importance secondaire doivent être attribuées à de simples er- reurs d'observation ou regardées comme variations individuelles, peut- être même en rapport avec des différences d'âge. Nous devons ajouter que nos spécimens de grande taille, compleêtement adultes et en parfait 2146 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS etat de conservation, nous ont permis d'aprécier avec exactitude tous les détails de leur conformation, ce qu'on ne peut pas obtenir lorsqu'on examine des individus jeunes et en mauvais état. 9. Monopeltis capensis. Smith. Ill. zool. South. Afr. Rept. pl. 67. Plusieurs individus de cette intéressant espêce, encore rare dans les collections, font partie d'un dernier envoi de M. d'Anchieta, qui les a rencontrês dans les terres cultivées du Humbe, prês de la riviêre Cu- nene, cachês dans le sol à une profondeur de 15 à 20 centimêtres 4. 10. Calamelaps polylepis. Nov. sp. Internasales et préfrontales distinctes. 6 labiales supérieures, dont la 3º et 4º touchent à Voeil. Nasale unique portant à sa partie anté- rieure Vorifice de la narine. Pas de frénale et de pré-oculaire. Une seule post-oculaire, fort petite. Une seule temporale placée entre les 5º et 6º labiales et Voccipitale. Ecailles lisses, rhomboidales en 24 sé- ries longitudinales. Plaques abdominales 212, anale divisée, sous-cauda- les en 16 paires. Un individu du Dondo, intérieur d'Angola, envoyé par M. d'An- chieta, long de 443 millimêtres, la queue ayant à peine 23 millimêtres. Coloration uniforme d'un noir violacé sur le tronc et la queue; la tête d'une teinte plus claire et verdátre. Il se rapproche extrémement du Calamelops unicolor Gunther (Ca- lamaria unicolor. Reinhardt) par tous les détails de Vécaillure de la tête. L'existence d'un plus grand nombre de rangées longitudinales d'é- cailles, 21 au lieu de 17, attributes à C. unicolor par Reinhardt, Jan et Gunther, ainsi que le chiffre plus élevê des plaques abdominales et le nombre plus restreint des sous-caudales, nous portent à Vétablir 1! Ce dernier envoi de M. d'Anchieta comprend plusieurs oiseaux, reptiles, poissons d'eau douce, etc. Les oiseaux appartiennent à 15 espêces: Spizactos spilogaster Dubus, He- lotarsus ecaudatus, Bubo maculosus, Bucorar abyssinicus, Balearica regulorum, Ciconia Abdimii, Anastomus lamelligerus, Nycticoraa griseus, Falcinellus igneus, Ibis aethiopica, Platalea tenuirostris, Plectropterus gambensis, Sarcidiornis afri- cana, Dendrocygna viduaia et Plotus Levaillanti. Parmi les reptiles se trouvent Ragerrhis tritaeniata, Bucephalus capensis, et un batracien — Pyxicephalus edulis. Peters, découvert par le savant directeur du Muséum de Berlin à Moçambique, sur la côte orientale dºAfrique. PHYSICAS E NATURAES 2147 provisoirement comme espêce nouvelle en attendant que de nouveaux matériaux permettent de décider si elle mérite ou non d'être con- servée !, Genre Prosymna Ce genre composé d'abord d'une seule espéce, le P. meleagris Gray (Calamaria maleagris Reinhardt.) de la côte de Guiné, s'est en- richi derniêrement de deux autres espéces, P. Janii, Bianconi et P. frontalis, Peters?, auxquelles nous pensons pouvoir ajouter une qua- triême espêce, provenant du Duque de Bragança, dans Vintérieur d'An- gola. Les caractêres distinctifs de ces quatre espêces peuvent se résu- mer dans le tableau suivant : A. 15 à 17 rangées d'écailles lisses au milieu du tronc. vo a. 17 rangées d'écailles. 5 labiales, dont la 2º et 3º touchent à Voeil. Pariétales longues et étroites. Post-oculaire unique. 1. P. meleagris*. (Côte de Guiné.) b. 17 rangées d'écailles. 6 labiales, dont la 3º et 4º touchent à Voeil. Pariétales longues et larges, à peine inférieures à la frontale. 2 post-oculaires. 2. P. ambiguus. (Angola.) c. 15 rangées d'écailles, 6 labiales, dont la 3º et 4º touchent à Voeil. Pariétales três courtes et larges, plus petites que la frontale. Post-oculaire unique ou double. 3. P. frontalis. (Otjimbingue, Mossamedes.) B. 17 séries d'écailles carenées au milieu du tronc. h. P. Janii*. (Moçambique.) ! On peut consulter : Reinhardt, Beskr. of nogle nye Slangearter, 1843, p. 236, tab. 4, fig. 14; Jan. Enumerat. systemat. delle Calamaridae, p. 41; Gunther. Fifth Account of new species of Snakes in the coll. of the British Mu- seum. Ann. and Mag. of Nat. Hist. July 1866 p. 26. * Peters. Monatsb. Ak. Berlin. 1867. p. 235, pl. fig. Let 2. 3 Reinhardt. Nogle Nye Slangearter. 1848 p. 238. Tab. 1, f. 4 et 5. 4 Les descriptions de cette espêce par Bianconi et par Jan, quoique faites sur les mêmes spécimens, à ce qu'il parait, sont loin d'être parfaitement iden- tiques sous tous les rapports. V. Bianconi Sp. zool. mossamb. p. 386, pl. 15. Jan. Enum. system. delle Calamaridae p. 56. 2148 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 11. Prosymna ambiguus. Nov. sp. Rostrale large, mais non aussi déprimée et à bord tranchant com- me chez P. frontalis. Ptrs. Internasale et préfrontale non divisées. Pa- riétales longues et larges, s'articulant ensemble par un bord étendu. 6 labiales supérieures dont la 3º et 4º sont en contact avec Peeil. Une prê et deux post-orbitaires. Temporales 1+4-2. 3 labiales inférieures en contact avec les sous-mentales. Plaques abdominales 149, anale unique, sous-caudales doubles en 19 paires. Corps délié, queue três courte: Longueur totale 125 millimêtres. Individu visiblement jeune, provenant du Duque de Bragança en 1863 par M. Bayão. Le nombre de séries d'écailles, 17 au lieu de 15, la forme de la rostrale et le développement beaucoup plus considérable des pariétales ne permettent de confondre cette espêce avec P. frontalis. Peters. L'existence de 6 labiales au lieu de 5, la forme des pariétales cour- tes et larges, et non pas longues et étroites, le nombre différent de post-oculaires, la diverse position de Poeil par rapport aux labiales, sont autant de caractêres qui semblent s'opposer à Videntification de notre spécimen avec P. meleagris. Reinhardt. Quant à son systême de coloration, il est d'un brun clair tant en dessus qu'en dessous avec le centre des écailles du dos d'un ton plus clair, et porte deux grandes taches d'un jaune sale sur les côtés de Poc- ciput: les bords libres des plaques abdominales sont plus foncês. Le Muséum de Lisbonne possêde trois individus du P. frontalis, Ptrs. provenant de Mossamedes et de Biballa!; mais le P. meleagris, Reinhardt, nous est à peine connu par la description et le dessin de la tête publiés par Reinhardt. 12. Simocephalus poensis. Gray. Muscau long, large et três spatulê. Écailles vertébrales à deux ca- rênes, les autres à une caréne bien distincte. Une pré et deux post-or- bitaires; fréênale petite; temporales 142: 3º et 4º labiales en contact ! Chez tous ces spécimens le post-orbitaire est unique et la pariétale beau- coup plus petite que la frontale. PHYSICAS E NATURAES 249 avec Vceil, la 5º séparée de la pariétale par la premiére temporale. Plaques sous-abdominales 256, sous-caudales doubles 75. Un individu adulte de Fernando Pó, que nous devons à Pobli- geance de M. Machado, préparateur de chimie à École polytechnique, reproduit exactement les caracteres ci-dessus. Sa longueur est de 117 centimêtres. Deux autres spécimens appartenant ao même genre se trouvent également dans nos collections. L'un, dont nous avons fait mention en 1866, dans notre premiére liste des Reptiles d'Afrique occidentale!, sous le nom de Heterolepis bi- carinatus, présente quelques diffêrences dont il est impossible de ne pas tenir compte. Ainsi son muscau est assez large, mais plus court et moins spatulé; le nombre des post-oculaires est de 3 au lieu de 2, les écailles latérales du tronc sont carenées et celles des rangs inféricurs portent de chaque côté de la carêne centrale une autre caréne bien dis- tincte. Cet exemplaire, qui égale en dimensions celui de Fernando Pó, nous vint de Zaire (Congo). Le troisiême individu trés jeune, mésurant à peine 22 centimetres de longueur, se rapproche du précédent par la forme de la tête, mais présente quelques différences, à savoir: Il n'a qu'une post-orbitaire des deux côtés de la tête; la frénale est étroite et allongée, les écailles la- térales des rangs supérieurs portent une carêne distincte, mais celles des derniers rangs n'en présentent aucun vestige. Celui-ci nous a été rêcemment offert par M. Ferreira Borges, pharmacien de VÉtat aux Tles du Cap-Vert; il provient de Bissau sur la côte de Guiné. Á notre avis il rêgne encore une grande incertitude au sujet des espéces qu'il faut definitivement admettre dans le genre Simocephalus Gray (Heterolepis Smith). Pour nous il est fort contestable que VP Hete- rolepis capensis, Smith, soit spécifiquement identique au Heterolepis bi- carinatus, Schleg., comme le prétend Jan. L'identitê du H. bicarinatus et du Simocephalus poensis nous semble beaucoup plus probable, et nous pensons qu'il faut regarder comme des variations individuelles les différences qui peuvent se présenter sur des individus provenant de différentes localités de la côte occidentale de VAfrique êquatoriale, ces différences portant surtout sur la forme plus ou moins spatulée du mu- seay, le nombre des post-orbitaires et le plus ou le moins de devélop- pement des carênes sur les écailles latérales du tronc. Ainsi nous pen- EV. Jorn. Sc. Lisboa. num. 4. 1866, p. 49, 920 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS chons à admettre que Vindivida rapporté du Zaire par M. d'Anchieta doit être rapporté à la même espêce que celui de Fernando Pó. Jan! et Gunther? ont, chacun de son côté, établi une nouvelle es- péce dont un des caractêres différentiels consiste dans Vabsence de ca- rênes sur les écailles des flancs. Jan Va nommée H. glaber, et Gunther Simocephalus Grantii; la premitre de la Côte d'Or, la derniêre de VA- frique occidentale, sans indication précise de la localitê. Comparant la description et fig. données par Gunther à la fig. publiée par Jan, on ne peut pas arriver à aucun résultat décisif quant à Pidentité problable de ces deux espêces : elles paraissent avoir un caractêre commun, la forme Jongue et étroite de la frênale; mais le nombre des post-orbitaires, le nombre et la disposition des temporales varient sensiblement sur les deux figures. L'exemplaire figuré par Jan présente 2 post-orbitaires et 2+-2 temporales, de sorte que la pariétale se trouve séparée de la 5º labiale par les deux temporales du premier rang, tandis que, d'aprês Gunther, le S. Grantii n'a qu'une seule post-orbitaire, 111 tempora- les et la pariétale s'articule à la 5º labiale. Ces deux espêces paraissent avoir été établies sur des individus encore jeunes?, ce qui est sans doute un grand désavantage. Le spécimen que nous possédons de Bissau, três jeune aussi, se rapproche beaucoup plus du S. Grantii que du H. glaber ; le seul ca- ractêre qui parait lui manquer pour qu'on puisse Pidentifier au premier, c'est à peine que chez lui la pariétale arrive presque au contact de la 5º Jabiale, mais ne s'articule pas avec elle par une certaine étendue. En attendant que ces particularités, sur lesquelles on prétend éta- blir les espêces nouvelles, soient retrouvées sur un plus grand nombre d'individus provenant de localitês analogues, et surtout sur des indivi- dus parfaitement adultes, nous croyons plus prudent d'ajourner leur admission définitive dans la faune erpêtologique de VAfrique occiden- tale. 13. Rhagerrhis tritaeniata. Gunther. Ann. and Mag. of Nat. Hist. 1868 June p. 422, pl. 19, fig. H. 1 V. Jan. Jenographie des ophidierns 36º Livr. pl. 6 fig. 4. e 2? Gunther. Anns and Mag. of Nat. Hist. Nov. 1863. pl. 5 fig. P. 3 Le plus grand des spécimens décrits par Gunther avait à peine 18 pou- ces anglaises de longueur ou 48 centimêtres. PHYSICAS E NATURAES 994 M. d'Anchieta vient de nous envoyer de Huilla et Gambos, dans Pintérieur de Mossamedes, plusieurs individus de cette espéce récem- ment décrite par le savant erpétologiste du Muséum Britannique. La provenance de Vexemplaire qui a servi à la description de Gunther n'é- tait pas exactement connue. «This snake is probably from south-eastern Africa», c'est tout ce que Pauteur a pu êécrire au sujet de son habitat. Il reste maintenant bien constaté que Vespêce se trouve et parait même être commune dans la région sud-ouest de VAfrique; mais il n'est pas impossible qu'elle se rencontre également dans la région opposée, com- me le supposait Gunther. 14. Psammophylax ocellatus. Nov. sp. Tête courte, distincte du cou, à museau court et tronqué. Dents postérieures de la mâchoire supérieure sillonnées. Rostrale êtroite, pres- que triangulaire, rabattue sur le museau et enclavée par son extrêmité entre les internasales, mais sans arriver au contact des préfrontales. Deux nasales, entre lesquelles se trouve la narine. 8 labiales supérieu- res, dont la 4º et 5º entrent dans Vorbite. 11 intra-labiales, les 6 pre- miéres en contact avec les 2 pairs de sous-mentales. Une pré et deux post-orbitaires, à peu-prês égales. Temporales 2-3. Les 8 labiales sont disposées par rapport aux autres plaques ce- phaliques de la maniêre suivante: la 1º touche à la nasale antérieure sans arriver au sillon; la 2º est en contact avec la 2º nasale et la fré- nale; la 3º touche à la frénale et à la préocculaire; la 4º et la 5º tou- chent à loe'il et cette dernitre se trouve aussi en contact avec la post- orbitaire inférieure; la 6º touche à cette plaque, et à la temporale in- féricure du premier rang; la 7º est au dessous de cette dernitre pla- que; enfin la 8º touche à la temporale inféricure du second rang. Un seul individu de cette espéce, envoyé de Vintéricur de Mossa- medes (Gambos) par M. d'Anchieta mesure 83 centimêtres en longueur totale; la queue n'a que 15 centimêtres. Nous lui comptons 183 plaques abdominales et 68 paires de sous- caudales. Lºanale est divisêe. Il a 17 séries longitudinales d'écailles lisses. Sur un fond d'une teinte générale d'un gris-olivátre, il porte sur le dos deux séries longitudinales de taches geminées noirátres, quadran- gulaires ou rhomboidales, dont le centre est chez la plupart plus clair, de la couleur du fond; ces taches sont séparés par une ligne blanchá- tre, qui suit exactement le miligu du dos. De chaque côté, le long des gas JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS flanes, une autre rangée de grandes taches arrondies noirâátres, à centre plus clair comme ceiles du dos. La tête ne prêsente que quelques peli- tes taches irrégulitres noirátres, en dessus et sur Ja région temporale. Les parties inféricures sont d'un blanc jaunâtre avec plusieurs lignes (4 à 6) interrompues et irrégulitres de petites taches carrées noires. Il est intermédiaire par la forme de la rostrale aux Ps. rhombea- tus et Ps. multimaculatus (Dipsas Smithii. D. et B.) et en même temps assez distinct, d'aprês ce caractere, de ces deux espéces. Il me semble également impossible de le confondre avec Ps. assi- mulis, celui-ci ayant, d'aprês la description et la figure publiées par Jan!, une seule post-oculaire, la rostrale comme celle du Ps. multima- culatus, la nasale semi-divisée, et 19 rangées d'écailles. 15. Psammophylax viperinus. Nov. sp. Ps. rhombeatus? Bocage. 2º liste des rept. d'Afr. occ. etc. Jorn. Sc. Lisb. num. 3, p. 224. Tête longue, três distincte du cou qui est assez grêle, à museau étroit et lêgêrement aplati. Rostrale large, tronquêe supérieurement, ar- rivant à peine à la face supéricure du museau pour s'articuler aux in- ter-nasales. Nasale semi-divisée. Une pré et deux post-orbitaires, dont la supérieure est sensiblement plus grande que Vinférieure. Préfrontales ayant 2/3 de la longueur de la frontale et pariétales plus longues que celle-ci. Frénale étroite et allongée. 8 labiales supérieures, dont la 4º et 5º touchent à Voeil. Temporales 2 4-3, celles du premier rang beaucoup plus développées. 10 labiales inférieures, dont les 6 premiêres tou- chent aux sous-mentales. La 4º labiale tonche à la nasale et arrive justement au sillon de la narine; la 2º s'articule à la seconde moitié de la nasale et à la frénale; la 3º à la frénale et à la pré-orbitaire; la 4º touche à la pré-orbitaire et à Poeil; la 5º à Poeil et à la post-orbitaire inférieure; la 6º à cette dernitre plaque et à la temporale inféricure du premier rang; la 7º aux deux temporales inférieures du 14º et du 2º rang; la 8º à la tem- porale inféricure du second rang. Un seul individu du Dombe (Benguella) envoyê par Mr. d'Anchieta en 1866. ll a 17 séries d'écailles de forme lancéolée, à carêne três effacée ! V. Jan. Coronellidae. Arch. per la Zoologia T. 2, p. 310. Iconographie des Ophidiens. Liv. 19º PI. 4º fig. 2. PHYSICAS E NATURAES 293 sur le dos et lisses sur les flancs. Plaques abdominales 169, sous-cau- dales doubles 59, anale divisée. Par son systêéme de coloration il se rapproche du Ps. rhombeatus et rappelle en même temps les vipéres d'Europe. Sur un fond d'un gris brunâtre il porte sur le dos une série de taches gêminées brunes bor- dées de noir, qui ne se correspondent pas exactement sur la ligne mé- diane, confluentes sur le cou et le commencement du dos, ou elles for- ment un joli dessin en zig-zag. Les flancs présentent une série de taches arrondies brunes peu distinctes. En dessous d'une teinte plus claire avec. les bords libres des gastrostéges pointillés de brun. Dessus et côtés de la tête et lêvres tachetées irrégulicrement de brun; une tache angulaire de cette couleur sur la nuque, dont la pointe s“unit au commencement du dessin en zig-zag; les tempes obliquement ornées de deux taches brunes. Nous avions d'abord rapporté cet individu au Ps. rhombeatus d'aprês son systême de coloration, tout en exprimant nos doutes sur Vexactitude d'une telle détermination; mais, quoique le Ps. rhombeatus ne se trouve pas dans les collections du Muséum de Lisbonne, la forme et Pécaillure de la tête de cette espêce três bien décrite et figurée par Smith, pré- sente de différences si capitales, que nous devons abandonner Vidée de les identifier. La comparaison de notre spécimen avec un individu du Ps. mul- timaculatus, que nous avons reçu du Muséum de Paris sous le nom de Dipsas Smithii, nous permet d'affirmer sans hésitation que ce sont des espéces tout-a-fait distinctes. Du reste la description ci-dessus permet- tra d'aprécier les motifs qui nous portent à le croire distinct du Ps. multimaculatus et du Ps. assimailis. 16. Atractaspis aterrima. Gunther. Ann. and Mag. of Nat. Hist. 1863. November, p. 16. Deux individus de Huilla (intéricur de Mossamedes) par M. d'An- chieta. | Corps long et êtroit, d'un noir bleuâtre uniforme. Inter-nasales et pré-frontales distinctes!. Une pré et une post-orbitaire. 5 labiales supé- rieures, dont la 3º et 4º touchent à Veeil. Temporales 4 41; la 4º qua- dranguiaire, três développée et intercalée entre Voccipitale et la 4º et 5º ! Chez Wun de nos individus elles sont à demi réunies sur le coté droit de la tête. 99h JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS lahiales. 5 labiales inférieures; la 3º, três allongée, correspondant aux hº et 5º labiales supérieures. Le nombre des plaques abdominales et sous-caudales, ainsi que les proportions relatives du tronc et de la queue, ne sont pas identiques chez nos deux individus. L'un, long de 35 millimêtres, dont la queue prend 28 millimêtres, présente 200 plaques abdominales et 23 sous-caudales, les huit derniê- res divisées, les autres simples. Le rapport de la queue à la longueur totale est de 1:42. Chez Vautre individa nous comptons 222 plaques abdominales et 19 paires de sous-caudales. Rapport de la queue à la longueur totale 1:49. Tous les deux ont Vanale divisée. Nous pensons que la diverse proportionalité de la queue est en rap- port avec la différence de sexe, la queue étant plus longue chez les mã- les, comme Gunther ['a remarqué chez les Calamelaps unicolor. Quoique nos deux spécimens difiérent de celui décrit par Gunther sous le rapport du nombre des rangées d'écailles, 19 au lieu de 21, et du nombre des plaques abdominales et sous-caudales, 220 et 222 pour les premitres au lieu de 274, et 19 et 23 pour les secondes au lieu de 20, la forme gênérale, la coloration, et surtout Vécaillure de la tête présentent un tel accord que nous n'hésitons pas à les rapporter à la même espêce. L'exemplaire de PA. aterrima du Muséum Britannique vient comme les nôtres d'Afrique occidentale. 17. Elapsoidea Guntherii. Boc. Jorn. Sc. Lisboa, num. 1, 1866, pas ZO. Cette espêce, que nous avons décrite d'aprês 3 individus que nous avions reçu de Cabinda et de Bissau (côte de Guiné et du Congo), a un habitat beaucoup plus étendu que nous n'étions d'abord disposé à ad- mettre. Plusicurs spécimens envoyês récemment de Vintérigur de Mos- samedes (Huilla et Gambos) par Mr. d'Anchieta prouvent son existence dans une aire assez vaste. 18. Siphonops thomensis. Nov. Sp. Tête étroite, déprimée, à museau pointu; fossette frénale au de- vant de Poeil, occupant la même position que chez le S. annulatus et PHYSICAS E NATURAES 295 portant au fond un petit tubercule rétractê; yeux distincts chez un de nos spécimens, d'une teinte générale plus claire, três difficiles à décou- vrir chez Vautre, de coloration plus foncée, et à peine indiquês par une élévation circulaire de la peau en forme de verre de montre; plis cir- culaires de la peau apparents et nombreux, complets et espacés sur les 2/3 antérieures du tronc, complets mais três rapprochês vers Vextrêmité caudale, alternativement complets et incomplets dans la région intermé- diaire. Sur le plus petit de nos spécimens nous comptons 109 plis com- plets et 34 ou 35 plis incomplets; le plus grand porte en tout 125 ou 126 plis. Le premier a une teinte générale d'un brun olivátre uniforme, Pautre est d'un beau jaune paille. Voici maintenant leurs dimensions: Le plus grand, longueur totale 32 centimêtres, tête 11 millimétres, dia- mêtre 15 millimêtres; longueur du tronc au diamêtre :: 24:41. Le plus petit, longueur totale 258 millimêétres, tête 9 millimêtres, diamêtre 10 millimêtres; longueur du tronc étant au diamêtre ::26:1. Le Muséum de Lisbonne possêde deux exemplaires de cette inté- réssante espêce, la seule du genre trouvée jusqu'à présent en dehors de "Amérique tropicale; ils ont été rapportês de VIle Saint Thomê (côte occidentale d'Afrique) et offerts au Muséum de Lisbonne par M. Cra- veiro Lopes, officier três distingué de notre marine de guerre, qui vient de remplir pendant quelques années les fonctions de gouverneur de cette posséssion portugaise. Les deux espéces de Coecilia du Gabon, €. Seraphini. A. Dum. et €. squalostoma. Stutchbury, existent également dans nos collections. 19. Hyperolius Bocagei. Steindachner. Reise Novara Exp. Amph. p. 54, tab. 5 f. 14. H. marmoratus var. E. Bocage. List. rept. Afr. occ. Jornal de Sciencias Math., Phys. e Nat., Lisboa, num. 4, p. 74. | Cing individus du Duque de Bragança (intérieur d'Angola) par M. Bayão. 20. Hyperolius Huillensis. Nov. sp. Ressemble par la taille et par "ensemble de ses proportions au H. marmoratus. Tête de forme réguliêre; tympan indistinct; langue ovale, médiocre, fendue en arriére, et présentant de chaque côté de la base chez le mále un petit tubercule saillant, comme chez le H. tuberilinguis. Peau du dos lisse; celle de la gorge, du ventre et de la face inférieure JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. —N. XV. 16 226 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS des cuisses granuleuse. Membres réguliers; doigts réunis à la base par une petite palmure, orteils à palmure échancrée mais allant jusqu'à la base de la dernitre phalange. Régions supérieures et face externe des membres, à Vexception des cuisses, d'un beau rouge de grosseille tacheté de jaune; ces taches sont pour la plupart arrondies et bordées de noir. Régions inférieures et cuis- ses d'un jaune pãle uniforme. Une large poche sous-guturale chez le mále. Nous possédons 4 individus de cette espêce recueillis à Huilla par M. d'Anchieta. 21. Pyxicephalus rugosus. Gunth. Proc. Z. S. L., 1864, p. 479, pl. 33, 1 1. Nous avons reçu plusieurs individus de Huilla et d'autres localités dans Vintérieur de Mossamedes. Chez la plupart des spécimens de Huilla les taches dorsales sont três peu distinctes, de sorte que cette région présente une teinte presque uniforme d'un beau rouge de brique: les tubercules et les plis glandu- leux, en gênéral três prononcés, se trouvent êéffacês chez ces individus. 22. Hylambates viridis. Gunther. Proc. 2.8. L., 1868, p. 487. Un individu jeune, ayant à peine 27 millimêtres de longueur, du Duque de Bragança par M. Bayão. 23. Hylambates Anchietae. Nov. sp. Taille courte et ramassée. Museau large, déprimé, arrondi; langue assez développée et êchancrée en arritre; dents du vomer disposées en deux petits grouppes, presque en contact sur la ligne médiane. Tympan plus petit que le diamêtre de Veil, à peine distinct. Au membre anté- ricur le doigt interne est libre, les 3 autres sont réunis à la base par une petite membrane; le 3º le plus long et aprês lui le 4º. Orteils à peine palmés, le 4º três long, dépassant de beaucoup le 3º et le 5º. Dis- ques digitaux bien développés. Un gros tubercule sur le bord interne du métatarse. Peau de la tête et du dos lisse; de grosses granulations derriêre Poeil et vers Fangle de la máchoire; ventre et cuisses en dessous fortement granuleuses PHYSICAS E NATURAES 997 Parties supérieures et face externe des membres d'un vert cendrê (dans Palcool); flanes teints de brun en arriêre et ornés de quelques ta- ches rondes jaunes; régions inférieures d'un blanc jaunátre uniforme. Levres supérieures bordées de blanc; une raie brune, liserée de blanc en dessous, commence sur Vextrémité du museau, traverse la narine, Peeil et le tympan, suit longitudinalement la partie moyenne des flancs et vient aboutir à proximité de anus aprês avoir envoyé en dessus une petite branche, presque verticale, qui se dilate vers VPextrêmité, La face postérieure des cuisses est brune et variée, comme les flancs, de quel- ques petites taches jaunes. Un seul individu rencontré dans Vintéricur de Mossamedes par M. d'Anchieta. 24. Breviceps gibbosus. (Merr.) Deux individus de Vintérieur de Mossamedes par M. d'Anchieta. Les indigênes Vappellent Talango. Leur peau est parfaitement lisse. La tête est tout-a-fait confondue avec le tronc, à peine le museau reste distinct. Les membres antérieurs et postérieurs disparaissent également en partie dans le peau du tronc - qui les enveloppe. Chez Vespéce de Moçambique, Breviceps mossambi- cus, Peters, toutes ces parties sont beaucoup plus distinctes. 16x 998 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS HH. Sur quelques Sauriens nonveaux de la Nouvelle Calédonie et de FAustralie Lioscincus. Nov. gen. Caractêres: Ecailles lisses et striées; dents coniques, simples, obtu- ses; deux supéro-nasales de chaque cóté; narines latérales situées entre la nasale et la supéro-nasale antéricure; ouvertures auriculaires ron- des à bord antéricur sans lobules; paupiêre inféricure à disque trans- parent; fronto-pariétale unique; cing doigis longs, wn pew comprimés et étagês, à chaqrue extrémite. 1. Lioscincus Steindachnerii. Nov. sp. Corps allongé; museau conique court et obtus. Rostrale large et haute à bord supérieur étendu et concave s'articulant à Vinter-nasale ; na- rines percées entre deux plaques triangulaires, la supéro-nasale antérieu- re et la nasale; une deuxiême supéro-nasale, également triangulaire, si- tuée entre la nasale, la supéro-nasale antérieure, la fronto-nasale et la frénale; trois fréno-orbitaires, dont deux assez grandes, superposées ; frontale en forme de fer de lance, dont la pointe regarde en arriêre, s'ar- ticulant à Vinter-nasale par son bord antérieur; fronto-pariêtale unique échancrée à son bord postérieur pour loger Pinter-pariétale en forme de losange, plus petite que la frontale; pariêtales grandes, contigues. Ré- gion temporale couverte de trois grandes plaques polygonales, 8 labia- les supérieures quadrangulaires, augmentant de grandeur de la premiêre à la pénultitme; 7 labiales inférieures; une large mentonniêre, qui em- boite Pextrêmitê de la máchoire inféricure. Écailles hexagonales lisses, striées, disposées en 38 séries longitudinales au milieu du tronc; celles du dos et du ventre sensiblement plus grandes que celles des flancs. Doigts inégaux, êtagés, légêrement comprimés; scutelles sous-digitales lisses. Queue revêtue partout d'écailles grandes, lisses, égales. Cette description est faite d'aprês un seul exemplaire en mauvais PHYSICAS E NATURAES 290 etat oflert en 1867 par M. Aubry Lecomte. TI porte sur Vétiquette: «Tro- pidolepisma Dumerilii. D. et B. Nowvelle Calédonie.» Sa longueur totale est de 197 millimêtres, dont la queue (incom- plête) prend 110 millimêtres. Autant qu'on peut le juger d'aprês cet exemplaire, son systême de coloration doit se rapprocher de celui du T. Dumerilii, tel qu'il se trouve représenté sur la planche 55 de VErpétologie Générale. Les régions su- périeures sont d'un brun olivâtre tacheté de noir, et ces taches forment sur le dos quelques bandes transversales anguleuses; les flancs sont mar- brés de noirátre et présentent de taches noires et fauves espacées. Les régions inférieures sont jaunes, marbrées de noirâtre sur le menton, la gorge et les côtés du ventre. La queue et la face externe des membres sont à peu-prês comme le dos. 2. Lygosoma Deplanchei. Nov. sp. Paupiére inférieure à disque transparent; fronto-pariétale double; ouverture auriculaire grande, garnie à son bord antérieur de 3 lobules arrondis; nasales repliées sur le museau, mais séparées par un petit in- tervalle; fronto-nasales presque contigues; inter-nasale grande, rhom- boidale; frontale en losange, à bords antérieurs courts réunis en angle obtus, et terminant en arriére en une pointe arrondie; inter-pariétale de la même forme que la frontale, mais plus petite; deux fréênales allon- gées; 9 labiales supérieures, dont la 6º touche à Peeil, et 8 inférieures; 5 sus-orbitaires et 7 petites supracilliaires. 4 ou 5 plaques pré-anales, sub-êgales. Ecailles du tronc médiocres, héxagonales, disposées en 39 séries longitudinales. Cette espéce ressemble par sa taille au L. Whitei Gray (L. monili- gerum. D. et B.); mais il a une tête plus allongée, à museau plus long et plus pointu: ses membres sont forts et bien développés. Elle se trouve représentée dans les collections du Muséum de Lis- bonne par 3 exemplaires adultes et un jeune, tous de la Nouvelle Calé- donie et provenant du voyage de Deplanche. Ils nous ont été donnés par M. Aubry Lecomte. 7 Leur systême de coloration parait être assez caractéristique. Il est en dessus d'un brun fauve doré, présentant sur le dos et la face supé- rieure de la queue une série de raies transversales et onduleuses noi- res; sur la ligne médiane une raie longitudinale de la même couleur setend de la région cervicale à la origine de la queue; une autre raie également noire commence au-dessus de Veil et marche parallélement 230 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS à la premitre, de 'un et de Pautre côté, jusqu'au milieu du tronc. La face externe des membres est variée de petites taches noires et fauves. Les plaques céphaliques présentent un liséré d'un brun noir. En dessous il regne un bianc fauve uniforme à reflets verdátres. C'est Vindividu jeune, le seul dont Fépiderme soit parfaitement in- tacte, que présente ces couleurs dans toute leur pureté. Chez les adul- tes la teinte générale est d'un ton plus foncé dans les parties non dé- pouillées, et les raies du dos sont moins distinctes, plus éffacées. Le plus grand de nos spécimens mesure 268 millimétres en lon- gueur totale. Tropidoscincus. Nov. gen. Caractêres: Ecailles carênees; langue plate, squameuse, légêrement fendue à Vextrémité; dents comques, obtuses; ouverture auriculaire grande, triangulaire, garnie de petits lobules arrondis à son bord an- tórieur; paupiêre inféricure à disque transparent; narines situées entre deux plaques nasales; pas de supéro-nasales; fronto-pariétale unique. 5 doigts inégaux à chaque extrémité. 3. Tropidoscincus Aubrianus. Nov. sp. Corps un peu allongé, queue longue et ronde; membres bien dé- veloppés; museau court et conique. Rostrale triangulaire, reployée sur le museau et s'articulant par son sommet à Vinter-nasale; frontale assez développêe, en losange; fronto-nasales séparêes ; fronto-pariétale unique, présentant à son bord postérieur une échancrure anguleuse pour rece- voir Vinter-pariétale, qui est de la même forme que la pariétale, mais beaucoup plus petite; pariétales larges, en contact. Deux nasales, dont Vantérieure est la plus grande; deux frénales; trois fréno-orbitaires; qua- tre sus-orbitaires et une rangée de cinq petites supracilliaires. Trois gran- des plaques temporales. Ecailles du tronc en 32 séries longitudinales; celles du dos, des flancs et de la face externe des membres fortement carénées et portant en gênéral trois carênes; celles de la queue à deux carênes três fortes, qui forment par leur réunion des crêtes longitu- dinales três prononcées. Régions linférieures recouvertes d'écailles lis- ses, à Vexception de la queue dont la derniêre moité présente en des- sous, comme en dessus, des écailles carénées. Scutelles digitales entiê- res et lisses. | Nous avons deux individus de cette espêce de la Nouvelle Calédo- PHYSICAS E NATURAES 934 nie, du voyage de Deplanche. Nous les devons à Fobligeance de M. Au- bry Lecomte. L'un de ces individus, ayant toute Papparence d'adulte, mesure 28 centimêtres en longueur totale; Vautre, três jeune, n'a que 9 centimêtres. L'adulte est en dessus d'une teinte olivátre, ornêe sur le dos et sur les flancs de quelques raies longitudinales plus foncées occupant les in- tervalles des séries d'écailles; la. queue porte quelques anneaux plus ou moins distincts d'un brun olivátre, et elle est variée, ainsi que les flancs, de petites taches jaunátres. Les régions inférieures sont d'une teinte plus claire, qui prend sous la gorge un ton bleuátre. L'individu jeune présente sur le flanes une large bande longitudi- nale noire bordée inférieurement de blanc. Nous les avons reçu sous le nom de Tropidopisma Dumerilii. Ophioseps. Nov. gen. Yeux sans paupiêres entourés par un cercle complet de plaques etroites !; langue plate, squameuse, fendue légêrement à Vextrémité ; dents extrêmement petites à la máchoire inféricure seulement. Pas d'ou- vertures auriculaires: Corps três long, cylindrique; queue mesurant à peu-prês 4/, de la longueur totale, diminuant un peu en diametre vers Vextrémité, qui est obtuse et recouverte d'une écaille semicirculaire. Pas d'extrémités; pas de pores pré-anaux. Écailles relativement grandes, à bord libre arrondi, recouvrant le tronc et la queue. Tête courte, apla- tie en dessus, à museau assez avancé et três renflé. Ecaillure de la téte se rapprochant du type ophidien et présentant quelques particularités assez remarquables, à savoir: plaques nasales énormes se réunissant sur la face supéricure du museau derriêre la rostrale et descendant de chaque cóté jusqu'au bord de la máchoire; derriêre les nasales deus fronto-nasales contigues qui descendent sur les cótés du museau pour s'articuler à la premitre labiale; une frontale três développée; une seule pré-oculaire et une post-oculaire. La région nuchale, immédiatement aprês la frontale et les sus-oculaires, est recouverte de plaques imbri- quées de la même forme que celles du cow. Pas de supéro-nasales; pas de frénales. Quatre labiíales supérieures et trois labiales inféricures. 1] nous a été impossible de reconnaitre le nombre exact de plaques qui forment le cercle orbitaire; les divisions ne se correspondent pas des deux cô- tés, et elles sont même si peu marquées qu'on est tenté de croire qu'il y a une plaque unique entourant Peel. 232 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 4. Ophioseps nasutus. Nov. sp. Le renflement extraordinaire du museau et la disposition singulitre des plaques céphaliques donnent à ce petit saurien une physionomie toute particulitre. Tl parait établir un trait d'union nouveau et plus in- time entre les sauriens et les ophidiens. Les narines s'ouvrent vers le milieu du bord antéricur d'une pla- que énorme, qui s'unit sur la ligne médiane par un bord étendu à celle du côté opposé et remplace la premiêre labiale sur le bord de la má- choire supérieure; Vintervalle qui reste en avant de cette espêce de voute est rempli par une rostrale bombée, presque triangulaire. La frontale, de grandes dimensions et à bords latéraux paralléles, occupe le centre de la face supérieure de la tête entre les sus-orbitaires; elle s'articule en avant aux deux fronto-nasales par deux bords en angle obtus, et s'uint en arritre par un bord semi-circulaire à deux écailles qu'on peut regarder, d'aprês leur position, comme des fronto-pariétales. Sur les côtés de la tête il n'existe qu'une seule plaque étroite, située entre la portion descendante de la fronto-nasale et le cercle orbitaire ; cette plaque ressemble à la pré- oculaire d'un ophidien. Quatre plaques couvrent, à la suite de la nasale. la lêvre supérieure; les labiales inférieures sont en nombre de trois. | Ecailles lisses, non striées, disposées en 14 séries longitudinales au milieu du tronc; celles de la queue sont partout de la même forme, mais plus dilatées en travers sur la face inférieure de cet organe. Trois grandes squames triangulaires couvrent le bord de Vouverture anale. Un seul exemplaire de cette espêce inédite se trouve au Muséum de Lisbonne. Il vient d'Australie; nous Pavons reçu en cadeau de M. Simmonds en 1867 dans un petit bocal contenant plusieurs scincoi- diens d'Australie, tels que Menetia Greyi, Hemiergis polylepis, Lygosoma Whitei, etc. Il a 185 millimêtres de longueur totale et 5 millimêtres de largeur; la queue a 52 millimêtres. Coloration. Une teinte générale fauve prenant sur les flancs un ton plus cendré; les régions supérieures, les côtés du tronc et de la queue sont ornées de séries paralléles de petits traits noirs qui occupent le centre de chaque écaille. Parties inférieures uniformes. La région tem- porale et les deux côtés du museau présentent aussi quelques petits traits noirs, plus ou moins confluents. PHYSICAS E NATURAES PS] 2. Lista dos crustaceos decapodios de Portugal, existentes no museu de Lisboa POR FELIX DE BRITO CAPELLO Gen. Stenorynchus Lmk, 4. Stenorynchus phalangium. Cancer phalangium. Penn. Iv, pl. 9, fig. 17. C. rostratus Lin. Fauna Suecica, num. 2027. Inachus phalangium. Fabr. Sup. p. 358. Macropus phalangium. Leach. Zool. misc. t. 11, p. 18. St. phalangium. M. Edw. Hist. Nat. des Crust. 1, 279. Hab.: Setubal — Algarve. Gen. Inachus Fabr. 2. Inachus seorpio. Cancer scorpio. Fabr. Ent. syst. 11, 462. C. dorsettensis. Penn. Iv, 9, fig. 18. In. scorpio. Fabr. Supp. 358. Macropus scorpio. Latr. Hist. Nat. des Crust. t. ví, 109. In. scorpio. M. Edw. Hist. Nat. des Crust. 1, 288. Hab. : Setubal — Algarve. Gen. Pisa Leach. 3. Pisa tetraodon. Cancer tetraodon. Penn. iv, pl. 8, fig. 15. P. tetraodon. Leach. Malac. pl. 20. Maia hirticorne. Blainville, Faune, pl. 9. Risso, Crust. Nice, 46. P. tetraodon. M. Edw. 1, 305. Hab. : Algarve. 234 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Gen. Maia Lamk. k. Maia squinado. Cancer squinado. Rond. Jliv. 18, 401. Herbst. pl. 56. Maia squi- nado. Latr. Hist. Nat. vr, 93. Cancer maia. Seba mr, pl. 18, fig. 2, 3. Cancer spinosus. Penn. Brit. Zo0l. Iv, pl. 8, fig. 14. Inachus cornutus. Fabr. Supp. 356. Maia squinado. M. Edw. 1, 327. Nome vulgar: Santolla. Hab.: Setubal. à. Maia verrucosa.! Cancer maia. Belon. C. squinado. Herb. t. 1, pl. 15, fig. 84 e 85. Maia squinado. Andourin. Crust. Egypt. pl. 6, fig. 4. Maia ver- rucosa. M. Edw. 1, 328. Hab. : Setubal — Algarve. Gen. Lambrus Leach. 6. Lambrus setubalensis. L. setubalensis. Capello. Descripção de algumas especies novas de crustaceos e arachn. de Portugal, etc. 3, pl. 1, fig. 2. Hab. : Setubal. Gen. Xantho Leach. 7. Xhantho floridus. Xantho florida. Leach. Malac. pl. 14. X. floridus. M. Edw. 1, 394. Hab. Algarve. Gen Platycareinus Latr. 8. Platycarcinus pagurus. Cancer pagurus. Lin. Syst. nat. Herbst. 1, pl. 9, fig. 59. Can- cer maenas. Rond. t. 11, 400. PL. pagurus. M. Edw. 1, 412. Nome vulgar: Sapateira. Hab.: Setubal. 9. Platycarcinus Bellianus. Cancer Bellianus. Johnson. Proc. Z. S. L. 1861 p. 240. Hab. : Lisboa. 10. 14. 13. 14. PHYSICAS E NATURAES 235 Gen. Eriphia Latr. Eriphia spinifrons. Cancer spinifrons. Herbst. pl. 11, fig. 65. E. spinifrons. Savi- gny, Egypt. Cr. pl. 4, fig. 7. E. spinifrons. M. Edw. 1, 426. Hab.: Algarve. ) Gen. Carcinus Leach. Carcinus maenas. Cancer maenas. Baster, op. subs. 2, 19, pl. 2. Carcinus mae- nas. Leach. Malac. pl. 5. M. Edw. 1, 434. Nome vulgar: Caranguejo moiro. Hab.: Costa de Portugal. Gen, Polibius Leach. « Polybius Henslowii. P. Henslowii. Leach. Malac. pl. 9 B. M. Edw. 1, 439. Nome vulgar: Carraça. Hab.: Lisboa. Gen. Portunus Fabr. Portunus puber. Cancer puber. Lin. Syst. nat. v, 2978. P. puber. Lin. Supp. 365. M. Edw.1, 441. Cancer velutinus. Penn. Brit. Zool. 1v, pl. 4, fig. 8. Nome vulgar : Pillado. Hab.: Portugal. Portunus holsatus. P. holsatus. Fabr. Suppl. 366. M. Edw. 1, 443. P. lividus. Leach. Op. cit. pl. 9, fig. 3 e 4. Nome vulgar: Caranguejo. Hab.: Lisboa. - Portunus marmoreus. P. marmoreus. Leach. Malac. pl. 8. €. depurator? Penn. Br. Zo0l. 1y, pl. 2, fig. 6. P. marmoreus. M. Edw. 1, 442. Nome vulgar: Caranguejo. Hab.: Lisboa. 236 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMÁTICAS 16. ho 18. 19. 20. 21. Gen. Gelasimus Latr. Gelasimus tangeri. G. tangeri. Eyd. Nome vulgar: Bocas. Hab.: Algarve. Gen. Grapsus Lamk. Grapsus varius. G. varius. Latr. Hist. Nat. ví, 67. C. marmoratus. Fabr. Syst. Entomol. 1, 450. G. varius. M. Edw. 11, 88. Nome vulgar: Furacamisas ou Furta-camisas. Hab.: Costa de Portugal. Gen. Calappa Edw. Calappa granulata. Cancer granulatus. Lin. Syst. Nat. Calappa granulata. Fabr. Suppl. 346. M. Edw. 11, 103. Nome vulgar: Freirinha. Hab.: Lisboa — Algarve. Gen. Ebalia Leach. Ebalia Brayerii. E. Brayerii. Leach. Zool. Misc. um, 20. Desm. Consid. sur les Crust. 166. M. Edw. 11, 129. Hab. : Setubal. Ebalia Pennantii. E. Pennantii. Leach. Zool. Misc. ur, 19. E. Penrnantii. Desm. Op. cit. 165. Cancer tuberosus. Penn. E. Pennantii. M. Edw. 11, 129. Hab. : Setubal. ' Ebalia granulosa. E. granulosa. M. Edw. mn, 130. Hab.: Setubal. M. Edwards dá como desconhecida a patria da E. granulosa; fica pois preenchida essa lacuna ácerca desta especie. 25. 25. PHYSICAS E NATURAES 234 Gen. Atelecyelus Leach. - Atelecyclus eruentatus. A. cruentatus. Desm. Consid. 89. €. rodundatus. Oliv. Zool. Adriat. pl. 2, fig. 2. A. cruentatus. M. Edw. n, 142. Hab.: Costa de Portugal. Gen. Corystes Latr. Corystes dentatus. C. dentatus. Latr. Hist. Nat. vr, 122. Cancer cassivelanus. Penn. Brit. Zool. pl. 7, fig. 13. €. personatus. Herbst. Loc. cit. fig. 73. Albunea or Fabr. Supp. 398. Corystes cassivelanus. Leach. Malacostr. pod. Brit. pl. 1. €. dentatus. M. Edw. 1, 148. Hab.: Setubal. Gen. Dorippe Fabr. « Dorippe lanata. D. lanata. Bosc. Hist. Nat. Crust. 1, 208. Cancer lanatus. Lin. Syst. nat. D. lanata. M. Edw. 11, 155. Hab.: Costa de Portugal. Gen. Homola Leach. Homola spinifrons. H. spimifrons. Leach. Loc. cit. v, 2, pl. 88. Doripe spinifrons. Lamk. Hist. Anim. sans vert. v, 245. Cancer barbatus. Herbst. pl. h2, fig. 3. H. spinifrons. M: Edw. 11, 183. Hab.: Lisboa. . Homola Cuvierii. H. Cuvierii. Roux. Crust. Medit. pl. 7. Latr. Regne anim. 1v, 68. Guér. Icon. Crust. pl. 13, fig. 1. M. Edw. 1, 183. Nome vulgar: Aranha do mar. Hab.: Lisboa. 238 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 21. 28. 29. 30. 31. Gen. Pagurus Fabr. Pagurus striatus. P. striatus. M. Edw. Ann. Sc. Nat. vr, 269. Hist. Nat. Crust. 11, 218. Hab.: Portugal. Pagurus Bernardus. P. Bernardus, M. Edw. 1, 215. P. Bernardus. Fabr. Supp. 414. Oliv. Encyc. vir, 641. Latr. Loc. cit. vi, 160. Lamk. Hist. Nat. an. sans vertébres v, 220. Desm. Consid. sur les Crust. 173, pl. 30. Bernard Vhermite? Réaumur. Acad. de Vienna 1710, 464, pl. 10, fig. 19 e 20. Cancer Bernhardus. Lin. Syst. nat. Hab.: Algarve. Pagurus callidus. Ps. callidus. Roux. Crust. de la Méd. pl. 15. M. Edw. 11, 220. Hab.: Setubal. Gen. Porcellana Lamk. Porcellana platycheles? P. platycheles. Lamk. op. cit. v, 230. M. Edw. 11, 255. Cancer platycheles. Penn. op. cit. 1v, pl. 6, fig. 12. Hab. : Setubal. Porcellana. Sp.? Esta especie aproxima-se da P. longicornis, da qual se distin- gue pelos seguintes caracteres: Carapaça elyptica, (na longicornis é quasi circular), estriada transversalmente. Fronte com tres den- tes profundamente sulcados. Bordos lateraes com um lobulo ante- rior e uma aresta elevada com alguns dentes espiniformes. Braço com uma grande lamina triangular no angulo anterior. Hab.: Algarve. PHYSICAS E NATURAES 239 Gen. Seyllarus Fabr. 32. Seyllarus latus. S. latus. Latr. Op. cit, vr, 182. M. Edw. 1, 284. Orchetia ou squille large. Rondel. Hist. des poiss. nm, 391. Hab.: Portugal. Gen. Palinurus Fabr. 33. Palinurus vulgaris. P. vulgaris. Latr. Ann. du Mus. mm, 394. M. Edw. 11, 292. Lo- custa. Belon. Poiss. 354, 356, fig. 1. Astacus elephas? Fabr. Entom. Syst. 11, 479. Cancer homarus. Penn. Op. cit. Iv, pl. 11, fig. 22. Astacus homarus. Oliv. Encycl. meth. vi, 343. P. quadricornis. Fabr. Supp. 401. Nome vulgar: Lagosta. Hab.: Costa de Portugal. Gen. Gebia Leach. 34. Gebia littoralis? G. littoralis. Desm. Op. cit. 204. M. Edw. 11, 313. Thalassina littoralis. Risso. Crust. Nice 76, pl. 3, fig. 2. Gebios littoralis. Risso. Hist. Nat. Eur. Mér. v, 51. Algarve. Gen. Homarus M. Edy. 35. Homarus vulgaris. H. vulgaris. M. Edw. 1, 334. Astacus marinus. Belar. De Aqua- tialibus, 356. Cancer grammarus. Lin. Fauna Suec. 2033. Astacus marinus. Fabr. Supp. 406. Nome vulgar: Labugante. Hab.: Portugal. Gen. Nephrops Leach, 36. Nephrops norwegicus. N. norwegicus. Leach. Malac. pod. Brit. pl. 36. M. Edw. 11, 336. Cancer norwegicus. Lin. Op. cit. 2039. Astacus norwegicus. Fabr. Entom. Syst. 418. Nome vulgar: Lagostim. Hab.: Portugal. 9240 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Gen. Atyacphyra Capelo. 37. Atyacphyra Rosiana. A. Rosiana. Capello. Descripção de algumas especies novas, etc., pl: 4 fig de Hab.: Coimbra. Gen. Palemon Fabr. 38. Palemon serratus. P. serratus. Fabr. Supp. Ent. Syst. 604. M. Edw. 11, 389. As- tacus serratus. Penn. Brit. Zool. Iv, pl. 16, fig. 28. Cancer squilla. Herbst. 11, 55, pl. 27, fig. 1. Nome vulgar: Camarão do rio. Hab.: Lisboa. 39. Palemon antennarius. P. antennarius. M. Edw. 1, 491. Nome vulgar: Camarão. Hab.: Rio d'Aveiro. Gen. Penaeus Latr. hO. Penaeus caramote. P. caramote. Desm. Consid.. etc., 225. M. Edw. 11, 413. Cara- mote. Rondel. Poiss. 11, 394, pl. 25, fig. 14. Palemon sulcatus. Oliv. Encycl. vir, 661. Penacus sulcatus. Lamk. Op. cit. v, 206. Alpheus caramote. Risso. Op. cit. 90. Nome vulgar: Camarão. Hab.: Lisboa — Algarve. 44. Penaeus Bocagei. P. Bocagei. Y. Johnson. Proc. Z. S. L. 1863 p. 255. Nome vulgar: Camarão da costa. Hab.: Lisboa. PHYSICAS E NATURAES 244 à. Mollusques Lerrestres et fuviatiles du Portugal Espêces nouvelles ou peu connues PAR J. DA SILVA E CASTRO Les savantes théories de M. J. R. Bourguignat sur la loi qui a pre- sidée à la distribution géographique des mollusques en Europe, si ad- mirablement exposées dans sa Malacologie de VAlgérie, ont donnê à Vétude des mollusques terrestres et fluviatiles une importance immense en lui ouvrant des horizons tout-à-fait nouveaux. Considéré à ce point de vue, Pétude de la malacologie du Portu- gal offre un interêt tout particulier, à cause de la position géographi- que et de la configuration du terrain de ce pays. Malheureusement ceux qui veulent connaitre les espêces qui Vhabitent, en sont encore réduits à la Description des mollusques terrestres et fluviatiles du Por- tugal de M. Arthur Morelet. Ce traitê, publié en 1845, faut un grand service que ce savant naturaliste prêta alors à la science, mais qui, maintenant, n'est plus dans le cas de satisfaire à ses besoins actuels, parcequ'il est três loin de mentionner toutes les espêces qui habitent le Portugal, et par des erreurs dans la détermination de quelques espêces, que ce travail contient. Il est donc devenu un des besoins les plus urgents de la science quil apparut enfin un traité sur la malacologie du Portugal, qui, tout en nous faisant un peu mieux connaitre ses produits, mit à leur place tant d'espéces mal nommées. N'étant pas dans le cas de combler cette lacune, je m'occuperais, du moins, à accumuler des matériaux, heureux si je puis contribuer, pour peu que ce soit, pour cette faune malacolo- gique, tant désirêe. S'il n'est pas toujours facile d'éviter des bévues dans la détermi- . nation des espêces, même pour des naturalistes, qui, habitant un pays plus avancé, peuvent avoir à leur disposition le secours de bonnes bi- bliothéques et de belles collections, cela devient d'une grande difficulté JORN. DE SCIENC. MATH, PHYS. E NAT. — N. XV. 17 242 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS pour celui, qui, dans un pays, ou le gout pour Pétude de la malacolo- gie est si peu développé qu'en Portugal, est forcé à travailler dans Piso- lement et avec des moyens três bornês. Je ferai mon possible pour que mes descriptions soient de la plus scrupuleuse véritê, pour qu'on puisse facilement reconnaitre les espêces. Quant aux indications d"habitat, elles seront toujours aussi précises qu'on pourra le désirer. Ayant parlê de Pouvrage de M. A. Morelet, et comme en notre époque on ne voit que trop souvent parler irrévéremment de ces na- turalistes de Vancienne école, auxquels nous devons Pétat d'avancement actuel de la science, il mest un impérieux devoir, avant d'aller plus loin, d'exprimer ici publiquement mon profond respect et ma sincêre admi- ration pour cet ilustre naturaliste, le premier qui a écrit sur la mala- cologie de mon pays, et qui, avec une ardeur et une abnégation admi- rables, aux dépens de sa fortune particuliêre et de sa jeunesse, ne s'ar- rêtant jamais devant aucune fatigue, a poursuivi toujours sa glorieuse carritre enrichissant la science de tant de connaissances utiles. Je dédie cette serie de travaux sur la malacologie portugaise, dont Jentreprends aujourdhui la publication, à mon savant ami le dr. J. V. Barbosa du Bocage, naturaliste connu et digne directeur du Muséum de Lisbonne, le priant de Fagréer comme une preuve publique de ma re- connaissance, par ce qu'il a voulu concourir pour Pavancement de mes études, en me prêtant Vappui de son expérience, et en mettant gêné- reusement à ma disposition tous les moyens d'étude et de comparaison dont il pouvait disposer. 1. Letourneuxia lusitana. Animal de forme cylindrique, un peu trapu, presque pas rétréci et comme tronquê antéricurement, à peine aminci, arrondi à sa partie pos- térieure. Tissu épidermique paraissant presque lisse. Rides dorsales larges, non saillantes, três aplaties, séparées par une quantité de petits sillons fins, superficiels, qui se croisent couvrant Vanimal comme d'un filet. Noir, parsemé de taches jaunâtres d'un bel effet. Des deux côtés, vers la partie postérieure, retombant un peu sur les bords du plan locomo- teur, qui sont d'un gris jaunacé, êtroits mais fortement séparés de la partie dorsale. Plan en dessous d'un jaunâtre sale uniforme. Bouclier três développé, ovoide, arrondi en avant et en arritre, un peu plus mince antéricurement, três finement granulé. Orifice pulmonaire bien antérieur. PHYSICAS E NATURAES 92h43 Queue arrondie, retombant sur les bords du plan locomoteur, sans glande mucipare. Mucus jaune. Limacelle calcariforme, forte, épaisse, pesante, sans stries concen- triques, d'une forme irrégulicrement elliptique; au centre épaisse de 2,5 millimêtres, ofirant un grand diamétre de 6 millimétres, et un pe- tit de 5. Máchoire d'un corné rougeátre, munie d'une quantitêé de petites côtes irregulitrement élevées les unes par rapport aux autres, et termi- nées par des denticulations saillantes. Comemeur de Fammal.. cocos do millimêtres ANTE ed ir HM » Habite le sommet du mont Saint Sylvestre, à une lieue à VEst de Vianna do Castello, dans le Minho. Nº'ayant fait qu'un court séjour en cette localité, je n'ai pu me pro- curer qu'un seul individu de cette notable espêce. L'appareil reproducteur de ce mollusque ne posséde ni flagellum, ni poche à dard, ni vesicules, ni sac vaginal. Le fourreau de la verge étroit, un peu long, et d'une grosseur uniforme sur toute son étendue, est enroulé en spirale serrée. La bourse copulatrice ovoide, portêe par un canal court (long à peine de 5 millimêtres), occupe une position singuliêre : Son canal, au lieu de partir directement du vagin, s'anastomose avec le fourreau de la verge. Ces deux organes communiquent ensem- ble avec le vagin au moyen d'un canal intermédiaire, un peu plus gros que le fourreau de la verge, et long de 15 millimêtres. Utérus forte- ment boursouflé. Malheureusement je n'ai pu faire ma dissection que sur un seul individu. J'ai conservé pendant quelque temps 21 ceufs pondus par ce même individu et jai pu reconnaitre qu'ils étaient tous fécondés. Ces ceufs étaient ovoides, pointus d'un côté, transparents, brillants, offrant un grand diamétre de 5 à 7 millimêtres, et un petit diamêtre de 3. Le genre Letourneuxia créê par M. Bourguignat (fevrier de 1866), pour une espece Algérienne, sa Letourneusxia Numidica, est caractéri- sée: par un orifice pulmonaire três antérieur; par une limacelle forte, épaisse, sans stries concentriques; par une mâchoire sans rostre mé- dian et ornée de nombreuses denticulations; par un plan locomoteur fortement séparé de la partie dorsale; enfin par une queue recouvrant une partie du plan locomoteur, et ne possédant pas de glande mucipa- re. (Bourg. Moll. nouv. lit. etc 1"º cent.º 77º dec.) 17. 2h JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Mon espêéce, la seconde connue du genre, est assez distincte de sa congénere. 2. Limax Bocagei Animal grand, cylindrique, un peu atténué vers la partie antérieu- re, s'amincissant vers la postéricure et terminant par une queue éffilée. Le dos d'un gris jaunacé présente supéricurement deux zones interrom- pues, formêées de taches grises et noires, qui sétendent de la partie postérieure du bouclier jusqu'á Vextrêmitêe caudale. Les flancs de la même teinte du fond sont marbrês de gris, les deux couleurs se con- fondant vers les bords du plan locomoteur. Vers sa partie supérieure, sur la ligne ou commencent ces marbrures, on voit une série de points et de petites taches noires. Sur le dos le fond apparait supérieurement entre les deux bandes dorsales et entre ces mêmes bandes et les flancs, comme trois autres bandes, gris-jaunacees, qui alternent avec les pre- micres. Le bouclier d'un gris jaunacé est superbement tigré de noir; les taches, vers la partie antérieure, sont plus petites, disposées d'une forme plus régulitro et se détachant mieux du fond. Rides dorsales allongées, três prononcés, saillantes, présentant une surface irrégulicrement elevêe (comme tuberculées), bien aiguês dans la contraction. Queue três aigúe, munie d'une forte caréne saillante, entrecoupée, quelquefois plissée, qui s'evanouit vers le tiers postérieur de la longueur totale du dos. Bouclier bien développé, oblong, arrondi et libre à la par- tie antérieure, un peu plus large rostré, vers la postérieure, sillonné de stries concentriques, délicates. Orifice pulmonaire peu posterieur, grand, ovale, échancrant fortement le manteau. Tête d'un gris violacé, présen- tant une ligne dorsale plus foncée. Grands tentacules sensiblement co- niques, allongés (longs de 18 millimétres), finement tuberculés. Petits tentacules médiocres, d'un ton plus pále. Quand Panimal marche, sans être dans sa plus grande extension, les rides dorsales sont plissés en zig-zig, circonstance qui n'est bien sensible que dans la contraction, ce qui donne alors un aspect particulier au dos de Fanimal. Limacelle mince, translucide, légerement brillante, bien convexe, ovalaire, longue de 10 millimêtres, large de 5, à rugosités concentri- ques, un peu apparentes, à nucléus supérieur, dextre, presque médian. Machoire petite, forte, proportionellement large, arquée, dºun corné rougeâtre, lisse avec un rostre médian três fort. Dans les individus complêtement adultes la mâchoire termine de chaque côté, sur le bord libre, par un prolongement rostriforme tourné en dedans. PHYSICAS E NATURAES 9245 Jai rencontrê cette espêce, une des plus belles d'Europe, et que je dédie à mon ami le dr. J. V. Barboza du Bocage, pour la premiere fois aux environs de Guimarães dans les fentes d'un vicux mur. Elle habite aussi à Porto, ou je Pai rencontrée dans un petit jar- din d'une maison Rue de Bandeirinha. Cette espece avait été découverte, bien avant moi, par M. Barboza du Bocage. Il m'a montré, au muséum de Lisbonne, des exemplaires parfaitement typiques, provenant d'une exploration qu'il avait faite à la province de Minho. Ce limax paraít préférer les sites un peu secs. Il parait qu'il est rare de le trouver complétement adulte, attendu que sur à peu prês vingt individus de forte taille, que J'ai examinés, 1l y avait à peine deux dont la mâchoire et la limacelle étaient compléte- ment formées. Son bouclier à peine adhérent par la partie qui recouvre la cavité pulmonaire, toute la partie antéricure étant complêtement deétachée, rap- proche beaucoup cette espêce du genre Krynickillus. Cette espéce doi ressembler beaucoup à la L. cinereo-niger, que je ne connais que d'aprês la description qu'en donne M. J. Stabile (Moll. terr. du Piémont, 1864, pag. 21). 3. Dreissena fluviatilis, Pallas (Mytilus) Jai trouvê cette espéce abandonnée sur les bords du Douro, à Porto, à la suite d'une forte crue, avec une quantitê enorme d'individus de la Vivipara fasciata, et quelques autres mollusques. Un illustre natu- raliste M. Paul Fischer avait déjà écrit en avril de 1867 que cette espêce ne tarderait pas à paraitre dans la Péninsule; voilã son prognostic rêa- lisé. L'idée m'était déja venue qu'un jour ou Vautre on dêcouvrirait ce mollusque, surtout dans le Douro, dont le port est três frequenté par des bátiments anglais. Malgré cela, comme je n'ai trouvé, tout d'abord, que des valves détachées et roulées, la premitre idée, qui m'est venue, fut que ces valves avait été jetées là avec le lest des navires anglais. L'examen de quelques coquilles de la Vivipare, dont j'ai parlé, qui portaient attachés des byssus de Dreissena, m'a fait changer d'avis à cet égard. En effet je ne pouvais pas supposer que cette Vivipara put être ap- portée avec le lest d'un vaisseau en si grande quantité (la rive en êtait littéralement couverte sur un espace de plusieurs dizaines de mêtres car- rés), et les Dyssus que j'y voyais attachés indiquaient la cohabitation de ces deux espêces. 946 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS La découverte postéricure de deux jeunes Dreissenas (individus longs de 22 millimêtres), avec Pépiderme encore intact, et d'un individu de "Unio batavus dans un état de conservation aussi parfait que possi- ble et dont les valves portaient aussi de byssus attachês, vint me con- firmer dans cette opinion. Quoique je n'aie encore pu surprendre vivantes ni cette espêce ni la suivante, c'est basé sur ces considérations que je crois que ces deux espêces doivent dorénavant être comprises dans le catalogue des mol- lusques du Portugal. 4. Vivipara fasciata, Dupuy Espêce trouvée avec la précédente. C'est, je le crois, cette même espêce que M. Morelet mentionne dans sa Description des Mollusques du Portugal, pag. 90, sous le nom de Paludina achatina, Lamark. M. Morelet ne Va pas trouvêe lui-même, mais dit qu'il Pa vue dans une collection de mollusques du Portugal, en ajoutant: que cette espêce doit probablement habiter quelque marécage de VAlemtejo. La veracité de cette assertion est plus que problématique. D'aprês ce qu'on connait jusqu'à présent de la distribution géogra- phique de cette espêce, on ne peut pas la considérer que comme une de ces formes appartenant à une autre centre de création et qui ne doit pas se trouver dans la péninsule espagnole. I n'était pas d'ailleurs tout-à-fait impossible que cette vivipare se fut accidentellement acelimatée dans PAlemtejo ou dans quelqu'une au- tre localité. C'est à une cause semblable que jattribue la présence de cette espéce et de la précédente dans le Douro ou dans quelqu'un de ses affluents; si toutefois elles y habitent, et que je n'ai pas été trompé par les considérations exposées ci-dessus. Aprês avoir écrit cet article j'ai su que M. J. Allen avait déja ren- contrée cette espece, il y a une dizaine d'années, sur les bords du Douro. Il existe au muséum de Lisbonne des échantillons, qui ont cette provenance. (La suite prochainement) PHYSICAS E NATURAES 92h47 4. Reptiles nouveaux de Fintéricur de Mossamedes PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE =ecesneenncumansnsaconaam 1. Lepidosternon (Phractogonus) Ânchietae. Nova sp. à AD Fig. 1 Fig. 2 Museau deprimé, à bord tranchant; tête converte en dessus par deux grandes plaques (fig. 1), Vantérieure emboitant le bout du museau, la pos- térieure, étroite et transversale, s'articulant de chaque côtê à une petite oculaire et bordeée en arriére par deux rangées de plaques symétriques. Narines percées dans une plaque nasale distincte (fig. 2). Une plaque qua- drangulaire placée entre les 2 nasales, fort étroites et allongées, et s'arti- culant sur le bord de la mâchoire à la premiêre labiale supérieure. 3 la- biales supérieures, les deux premiêres petites et égales, la 3.º três large. Mentonniêre médiocre, trapezoidale, suivie de deux labiales petites et d'une 3º énorme. Yeux nuls. Compartiments pecto- raux en nombre de six, inégaux (fig. 3): ceux de la 4º. paire les plus longs, êtroits à leur extrêmité antérieure, plus larges succéssivement en arritre et tronqués aux deux bouts; ceux de la 2.º paire, en forme d'équerre!, placés antéricurement sur la mê- me ligne que les précêdents, mais n'allant pas aussi loin qu'eux en arriêre; enfin les compartiments laté- raux encore plus courts que ceux de la 2.º paire, dont ils touchent à peine la partie centrale de leur ! La forme en équerre L présentée par ces compartiments me parait être 248 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS bord externe. Pas de pores à la région préanale, ni sur les côtés de Vanus; la lêvre du cloaque divisée en deux compartiments (fig. 4). Sil- lons latéraux du tronc bien distincts. Queue cylin- drique comme le tronc, autour de laquelle on com- pte 10 verticilles; ceux du tronc 199. ES Coloration (dans Palcool): Parties supérieures et Fig. 4 latérales d'un brun cendré, sauf la tête qui est d'une teinte jaunâtre sur presque toute Vétendue de la 1.º plaque sus-crânien- ne; régions inféricures d'un blanc jaunâtre ou bleuátre uniforme, à Vex- ception du dessous de la queue, qui est à peu-prés de la couleur du dos. Nous avons recu un seul individu recueilli por M. d'Anchieta au Humbe, dans lintéricur de Mossamedes, prés des bords de la riviêre Cunene. Il a toute Vapparence d'adulte et mesure 280 millimêtres de Vextrémitê du museau à celle de la queue; celle-ci n'a que 16 millim. ; la tête 10 miilim.; le diamêétre du tronc 10 millim. Cette espêce, que nous ne trouvons décrite nulle part, se rapproche évidemment du Phractogonus galeatus. Hallowell! par Vexistence des 2 grandes plaques sus-crâniennes et par Pouverture des narines dans des plaques nasales distinctes; mais les autres détails de Vécaillure de la tête, ainsi que la forme et la disposition des compartiments pecto- raux et préanaux, en sont entitrement differents. Ce même caractêre tiré de Vexistence des 2 grandes plaques crá- niennes lui est commun avec le Lepidosternon scutigerum (Cephalopel- tis Cuvieri. Mull.) du Brésil, chez lequel la position des narines, per- cées dans la rostrale comme chez les autres Lepidosternon, rend toute confusion impossible, indépendamment de plusieurs autres différences, qu'il est inutile de signaler. 2. Onychocephalus anomalus. Nova sp. (PL 1, fig. 3) Corps étroit et un peu déprimé prês de la tête, devenarnt ássez gros dans ses 2/3 postérieurs. Queue courte, recourbée, mesurant à peine en tout bonnementle resultat accidentel de la soudure de chacune de ces plaques avec le petit compartiment du tronc qui touche à la partie postérieure de son bord externe. Cependant j'ai fait représenter sur la fig. 3 ces compartiments tels qu'ils se montrent sur le spécimen unique en notre posséssion. 1 V. Hallowel—New species of Reptiles from W. Africa. Proc. Ac. Phila- delphia, 1852, pag. 62, Id. Proc. Ac. Philadelphia, 1850, pag. 50. PHYSICAS E NATURAES 249 tongueur la moitié de son diamêtre à la base, et portant à Vextrêmité une épine aiguê. Bout du museau tranchant. Rostrale três large, ovale en dessus, plus étroite et à bords légêrement concaves en bas. Nasale échan- crée à son bord postérieur, étroite à ses deux extrémités. Narine située três prês du bord latéral de la rostrale et immédiatement au dessous du “bord tranchant du museau: le sillon nasal part du bord latéral de la rostrale, au lieu de partir de la 1.º labiale, et se prolonge un peu au- delà de la narine, sans diviser la nasale en deux plaques. Préoculaire étroite, plus courte que Voculaire, recouvrant presque complêtement Poeil par son extrémité supérieure. Oculaire assez développée. Quatre labia- les supérieures. 28 à 30 séries longitudinales d'écailles. Le dos est d'un brun uniforme, les flancs et les régions inférieures d'un jaune plus ou moins vif, qui se montre également sur Vextrêmité du museau et celle de la queue. Nous avons reçu en 18714 de Huilla, dans Vintérieur de Mossame- des, par M. Anchieta trois individus de cette espêce, parfaitement cara- cterisée par la disposition singuliêre du sillon nasal. Un quatriême in- dividu, identique aux premiers, faisait partie d'une intéressante collection de reptiles qui nous a été offerte par J. J. da Graça, ancien gouverneur de Mossamedes. Le plus grand de nos spécimens est long. de 188 millimêtres. Son diamétre prés de la tête n'est que de 6 millim., tandis qu'il devient de 9 à 10 dans sa moitié postérieure. La queue n'a que 4 millim. en lon- gueur. 3. 0. Petersii. Nov. sp. Corps cylindrique, légerement renflé à sa partie postérieure. Queue conique et três courte, mesurant à peine en longueur !/; de son diamê- tre à la base. Rostrale large, ovale en dessus, rétrécie en bas. Sillon nasal partant de la 4.º labiale, marchant parallêlement au bord de la ros- trale et s'arrêtant à la narine; celle-ci située immédiatement au-dessous du bord tranchant du museau, à une petite distance du bord de la ros- trale. Pré-oculaire étroite, pointue à ses deux extrémités, plus courte que Voculaire, qui est assez large. Yeux recouverts uniquement par Pocu- laire. 4 labiales supérieures. 38 séries longitudinales d'écailles. Deux individus, adulte et jeune, rencontrês à Biballa par M. d'An- chlieta en 1868. Les indigênes Iappellent Cumbicuri. Les dimensions de Pindividu adulte sont: longueur totale 315 mil- lim., longueur de la queue 5 millim., diamêtre derriêre la tête 10 mil- lim., diamétre vers la base de la queue 13 millim. 250 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Le jeune est long de 48 millim.; la queue n'a que 3 millim. de longueur et 8 de diamêtre à la base. Le systéme de coloration n'est pas absolument identique chez ces deux spécimens. L'adulte est d'un jaune vif uniforme en dessous, ta- cheté irrégulitrement sur le dos et sur les flancs de brun foncê, avec les bords des écailles noirs dans les espaces recouverts par les taches ' brunes. Le dos porte en outre des raies longitudinales brunes, plus ou moins distinctes, occupant les limites des séries d'écailles. Le jeune est en dessous d'une teinte uniforme d'un jaune pále, et les régions supérieures présentent sur un fond gris de perle des séries longitudinales de points noirs, occupant les intervalles des séries d'écail- les; les bords libres des écailles sont par places également noirs. Cette espêce doit se rapprocher de PO. Schlegelii (= 0. dinga. Pe- ters) d'aprês les descriptions et les figures publiées par Bianconi, Jan et Peters; mais, indépendamment du systême de coloration, d'autres cara- ctêres d'une certaine importance ne permettent pas de les identifier. Ainsi PO. Schlegelii a, d'aprês Jan, 42 séries d'écailles, tandis que nos deux exemplaires n'en présentent que 38; le sillon de la narine, qui, d'aprês le même auteur, divise complêtement la nasale en deux plaques distinctes chez la premiêre espêce, ne dépasse pas la narine chez FO. Petersii; la queue de celle-ci est proportionnellement plus courte et le bord libre du museau plus tranchant et plus avancé. Il faudrait aussi pouvoir comparer nos spécimens à ceux de PO. varius Peters, de Moçambique, que nous connaissons à peine par la des- cription trop concise et par les figures, incomplétes quant aux détails essentiels de Pécaillure de la tête, publiées par le savant directeur du Muséum de Berlin. Le nombre des séries d'êcailles, 34 au lieu de 38, établit une forte présumption en faveur de la non-identitê de cette espéce. La détermination rigoureuse de quelques espéces du genre Ongcho- cephalus d'Afrique occidentale nous parait être une tache assez seria: pour ne pas dire impossible. Il suffit de comparer les descriptions et les figures publiées par Jan de 4 de ces espêces (0. lincolatus, O. liberiensis, O. Krausii et O. Eschrichtw) pour bien juger de Vembarras que doit éprouver tout z00- logiste qui, sans posséder les types authentiques de ces espêces, désire se faire une opinion consciencieuse sur le réalité et les véritables cara- ctêres differentiels de chacune d'elles. Dans les collections du Muséum de Lisbonne se trouvent quelques individus provenant de diverses localités d'Afrique occidentale, três res- PHYSICAS E NATURAÉS 251 semblants entre eux et appartenant évidemment au même groupe sous- gênérique qui doit comprendre les quatre espêces citées, mais au sujet desquels il nous est fort difficile d'établir avec précision leur identité spécifique. Un individu adulte de 47 centimêtres de longueur se rapproche de VO. Kraussii par sa tête étroite et déprimée et par la forme de la ros- trale, tronquée postérieurement; mais il n'a que 24 séries d'écailles, tandis que "O. Kraussi doit avoir, d'aprês Jan, 28. C'est Pindividu sur lequel nous avions établi une espêce nouvelle sous le nom de O. ango- lensis 1. Un autre individu, jeune, de la même localitê (Duque de Bragança, dans Vintérieur d'Angola) a la tête moins étroite et 26 rangées d'écail- les. Il parait ressembler surtout à [ O. lincolatus. A cette même espêce parait devoir être rapporté un autre individu, ayant 30 centimétres de longueur et 26 séries d'écailles, que nous avons reçu de Sierra Leona. Enfin deux individus adultes, "un provenant du Congo, Vautre de Bissau, longs de 36 et de 40 centimêtres, se ressemblent parfaitement par leur systême de coloration (rayés longitudinalement de brun et de jaunâtre) et par tous les détails de Vécaillure de la tête; mais le pre- mier est plus trapu et il n'a que 24 séries d'écailles, tandis que le se- cond, plus allongé et moins gros, a 30 séries d'écailles. Celui-ci se rap- proche surtout de VO. Escrichtii et Pautre de PO. liberiensis, et c'est en effet sous ces noms que nous les avons provisoirement inscrits dans nos catalogues; mais nous pensons que, par la comparaison de séries nombreuses d'individus d'áges et de sexes différents, on arrivera proba- blement à reconnaitre la nécessité de réduire le nombre des espéces, indépendamment des corrections à introduire dans leur synonimie, cor- rections dejá signalées par le professeur Peters. Les Typhlopiens d'Afrique occidentale représentés jusqu'à présent dans les collections du Muséum de Lisbonne, se reduisent aux espéces suivantes: 1. Stenostoma scutifrons. Peters. Duque de Bragança. Un individu par M. Bayão en 1869. Biballa. Deux individus par M. d'Anchieta en 1868. EV. Jorn. de Sc. Mathem, Phys. e Natwraes. Lisboa, 1868, num. À, p. 46 et 05. asa JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2. Onychocephalus Delalandii. Smith. Otyimbingue. Un individu offert en 1869 par le professeur Pe- ters. >. O. Kraussii. Jan. O. angolensis. Bocage. (Rept. Afr. occ. Jorn. de Sc. Mathem. Phys. e Nat. Lisboa, 1868, num. 4, p. 46 et 65.) Duque de Bragança. Un individu adulte par M. Bayão en 1865. 4. 0. lineolatus. Jan. Sierra Leona. Offert en 1867 par le Muséum Britannique. Duque de Bragança. Un individu par M. Bayão en 1865. (Peut- être n'est-il pas réellement distinct de celui que nous avons rap- porté à VO Kraussii.) 5. 0. liberiensis. Hallowel? Zaire. Spécimen obtenu en 1865 par M. d'Anchieta. Il a 26 ran- gées d'écailles. 6. 0. Escrichtii. Schlegel? Bissau. Individu adulte, ayant 30 séries d'ecailles, offert en 1871 par M. H. Capelo. 7. 0. Petersii. Bocage. Biballa. Deux individus, adulte et jeune, par M. d'Anchieta en 1871. Nom indigéne: Cumbicuri. 8. 0. anomalus. Bocage. Huilla. Quatre individus par M. d'Anchieta, un individu par M. Graça en 1872. Por compléter la liste de tous les Typhlopiens qui existent dans nos collections, il faut ajouter: 1. Stenostoma macrolepis. Peters. Amérique méridionale (Mexique?) Un individu par le dr. Car- ron du Villars en 1853. 2. Helminthophis flavoterminatus. Peters. Amérique méridionale (Mexique?) Un individu par le dr, Car- Em Ge PHYSICAS E NATURAES 253 ron du Villars en 1853. Un autre individu provenant de Caracas offert par le dr. Peters. « Typhlops lumbricalis. (L.) Cuba. Un individu offert par le professeur Peters en 1869. « Typhlops braminus. (Daud.) Pondychery. Un individu offert par le Muséum de Paris en 1859. Siam. Un individu offert par le dr. Gúnther en 1865. Inde portugaise (Damão). Un individu envoyé par M. F. L. da Silva en 1865. Ceylan. Un individu offert par le dr. Gunther. « Onychocephalus acutus. D. et B. * 0. excipiens. Jan. Inde portugaise (Góa). Un individu par M. Faria Leal en 1865. Inde? Un individu de provenance inconnue. . 0. mucruso. Peters. Mocambique. Deux individus, adulte et jeune, le premier offert par M. V. M. da Silveira, le second par M. M. Canto et Valdez. - O. bicolor. Schmidt. Australie. Un individu adulte par M. Simmonds. 954 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS à. Descripção duma nova especie de «Telphusa» d'Africa occidental POR FELIX DE BRITO CAPELLO Telphusa dubia Nob. (Est. 1, fig. 1.º € 2.º) Adulto: carapaça pouco elevada. Fronte larga (maior que !/3 da largura da carapaça) com o bordo bastante chanfrado e granuloso. Den- tes orbitarios externos muito grandes e salientes. Resalto postfrontal muito elevado e recurvando-se nas extremidades, aonde sem interru- pção vae unir-se aos dentes postorbitarios; estes são muito grandes, di- rigidos para deante e espiniformes. Estes dentes fazem parte de uma aresta bastante elevada, que se prolonga formando o bordo latero-ante- rior, curvando-se e entrando um pouco na região hepatica respectiva. Esta aresta é denticulada anteriormente e granulada para a parte poste- rior, tanto nos individuos pequenos como nos de grandes dimensões. Re- giões hepaticas e branchiaes cobertas superior e inferiormente de escamas granulosas: nos individuos maiores estas rugosidades tornam-se pouco perceptiveis sobre as regiões hepaticas, continuando comtudo a serem muito desenvolvidas na parte inferior destas regiões. Bordos das orbi- tas, da fronte, dos dentes orbitarios externos e do resalto postfrontal granulosos. Regiões pterygostomias muito granulosas, passando em cer- tos pontos as granulações a constituirem tuberculos. Carpo com um grande espinho, ao qual se segue outro mais pequeno acompanhado de alguns tuberculos. Braço granuloso nos bordos, e tendo na face an- terior um grande tuberculo conico, granuloso na base. Comprimento 07,048. Novo: Carapaça subquadrada. Dentes orbitarios externos consti- tuindo os angulos do bordo anterior. Dentes postorbitarios rudimenta- res, collocados nos bordos lateraes e muito afastados d'aquelles. Fronte chanfrada, com um sulco profundo. Resalto postfrontal nullo. Estes PHYSICAS E NATURAES 255 individuos novos ainda se achavam abrigados no abdomen das femeas. Comprimento 0,003. Hab. : Rio Cunene, interior de Mossamedes (Africa occidental). Vinte exemplares, novos e aduitos, enviados pelo sr. J. d'Anchieta. O sr. A. Milne Eduards no quadro dos caracteres distinctivos das especies do genero Telphusa, que faz parte da sua memoria intitulada Description de quelques crustacés nouveaus de la famille des Portu- niens (Nouvelles archives du Muséwm), coloca a nossa especie do Du- que de Bragança T. Bagoniana na mesma chave junto da T. indica, dando-lhes por caracter distinctivo das restantes 34 especies, o grau de desenvolvimento dos dentes postorbitarios (dent épibranchiale saillante); separando-as da maneira seguinte: «bord latéro-antérieur lisse — Bayo- niana—s; bord latéro-antérieur granulé — indica.» Tendo a especie que descrevemos estes dentes não sómente bem distinctos, porém muito mais desenvolvidos do que os de qualquer d'es- tas duas especies, claro é que não deve ser incluida em nenhuma das outras. Resta-nos sómente comparal-a com a T. indica, por ter como esta o bordo latero-anterior granuloso. Faremos uma resenha dos caracteres (descriptos ou desenhados) que encontramos, nas obras que possuimos, dos diversos auctores que tratam d'esta especie. O sr. Milne-Edwards, na Histoire Natwrelle des crustacés, diz della o seguinte: «Bord latéral de la carapace armé d'une dent post-orbitaire plus forte que dans les espêces prêcêdentes, mais ne présentant ensuite que des vestiges de dentelwres,» referindo-se esta ultima expressão à T. nilotica, que apresenta em seguida aos dentes postorbitarios uma serie de verdadeiros espinhos. Em uma nota de citações de auctores diz, re- referindo-se ao desenho da Iconographie du Rêgne Animal (crust. pl. 3, fig. 3): «dans cette figure les bords de la carapace sont crênélés, ce qui n'existe pas dans la nature.» O sr. Alphonse Milne-Edwards, na obra supra citada, diz que os dentes postorbitarios são: «bien marquées et se continuant en arriére par une crête granulée ou denticulée chez les três grands individus.» Na obra de Herbst (Versuch einer naturgeschichte der Krabben und Krebse) vemos que o C. aurantius, considerado geralmente como identico à T. indica, não tem a aresta do bordo lateral granulosa; com effeito, na descripção diz este auctor o seguinte: «Der Seitenrand ist dick, abgerundet, doch lauf eine erhóhete Linie iúber derselben weg.» No desenho (tab. xLvrrr, fig. 5) nem esta mesma linha está clara, e os dentes orbitarios externos, bem como os postorbitarios, são pouco des- 256 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS envolvidos. No desenho do sr. Milne-Edwards (Atlas, pl. 14 bis, fig. 9) tambem esta linha não é denticulada, e tanto n'este desenho, como no da Iconographia, os dentes acima referidos são pouco salientes. A T. rotunda da viagem de Freycinet (pl. Lxxvrr, fig. 1), referida tambem pelos auctores à T. indica, não apresenta os dentes postorbi- tarios salientes, nem tem o resalto postfrontal recto e continuo: é o que se deprehende tanto do desenho como da descripção. «Telphusa testã levi, lateribus twurgidá, crenulatà, anticê rotundá.» «Le caractêre spécifique de ce crustacé est d'avoir au dessus de son chaperon rabattu (a fronte) un renflement demicirculaire três saillant et bombé, se termi- nant latéralement par deux lobes arrondis, desquels partent deux raies profondes. (E o resalto postfrontal, crête post-frontale, sinuoso e ana- logo ao €. aurantius de Herbst.) «De chaque côté, le têt forme deux bosselures considérables, s'élevant au dessus du centre, et ayant une arête denticulée à leur sommet; elles finissent en devant par deux poin- tes qui forment Vextéricur de Vorbite.» É evidente que se refere ao dente orbitario externo; isto é: o resalto postfrontal termina lateralmente nos dentes orbitarios externos parecendo assim indicar a não existen- cia dos dentes postorbitarios, o que aliás é corroborado pelo desenho aonde na realidade se não vêem taes dentes. Para terminar, vejamos o que diz o proprio auctor da especie, La- treille: «Rebords latéraux du test situés derriêre la dépression, entiers ou sans dentelures.» Podemos pois concluir que a nossa especie é evidentemente dis- tincta das que são referidas (ainda que em duvida) pelos auctores à T. indica. Com effeito, a especie de Herbst tem os bordos lateraes lisos e o dente postorbitario quasi nullo, e a T. rotunda tem os bordos lateraes denticulados, porém o resalto postfrontal é interrompido e o dente res-. pectivo é tambem nullo. Deprehende-se tambem do que acima expozemos que, se a nossa: especie fosse a T. indica, os auctores que a tivessem estudado com exem- plares à vista, por certo que nunca se lembrariam de a referir ás duas: acima citadas. Parece tambem poder-se concluir que os unicos auctores que as- sim a estudaram foram Latreille e o sr. Milne-Edwards pae. Com effeito, além da concordancia de caracteres que se nota nas descripções destes auctores, vemos na deste ultimo, em seguida ao habitat «(C. M.)» si- gnificando por este signal existir na collecção do Museu de Paris um ou mais exemplares da especie. O auctor da Iconographia por certo que não estudou a T. indica com os exemplares do museu à vista, pois se as- PHYSICAS E NATURAES 957 sim o tivesse feito não a teria desenhado com os bordos lateraes den- ticulados. Finalmente o sr. A. Milne-Edwards na obra citada, indicando a existencia no museu de Paris de quasi todas as especies de que trata, pelas palavras «(Collection du Muséum)» não o faz para com a T. de- pressa, T. corrugata, T. indica e outras. Resumindo vejamos quaes os caracteres que distinguem a nossa es- pecie da T. indica: 1.º Dentes postorbitarios muito maiores e espiniformes. 2.º Bordos latero-anteriores com uma aresta levantada e ligeira- mente denticulada, de que faz parte aquelle dente. 3.º Resalto postfrontal quasi recto, continuo, e curvando-se nas ex- tremidades para se juntar ao dente postorbitario. k.º Regiões hepaticas elevadas em bossa, ainda que não tanto como nas especies de Freicynet e de Herbst. 5.º Regiões pterygostomias muito granulosas; o que não tem lo- gar na T. indica. («Régions ptérygostomiennes lisses.» M.-Edwards.) JORN. DE SCIENC. MATII. PHYS. E NAT. — N. XV. 18 b9 fa] OO JORNAL DE SCIENCIAS MATIEMATICAS PHYSICA E CHIMICA 4. Novos factos para a historia dos compostos nitrados da naphtalina. Ácidos nitrophtalicos POR A. A. DE AGUIAR (Continuação) Das experiencias já conhecidas é licito concluir, que os dois nitry- les da dinitronaphtalina « se não acham no mesmo annel benzenico; mas, separados um do outro, e cada um em seu annel dos dois que formam a naphtalina. Sobre a solubilidade da tetranitronaphtalina « acrescentarei ainda, que 1400 grammas de acido acetico glacial dissolvem 05,0966 deste corpo, à temperatura de 28,5º c. Uma parte de tetranitronaphtalina dis- solve-se, pois, em 1035 partes de acido acetico. Operando, como deixo dito, nunca consegui pelo ataque da dini- trinaphtalina « obter corpos, cujo ponto de fusão oscille entre 147 e 454º c. Para verificar bem este facto, muito importante de certo, como mais tarde reconheceremos, fiz bastantes experiencias, repetindo os tra- tamentos, a fim de eleminar as materias resinosas, se as houvesse, e variando tambem os dissolventes. Entre outras posso citar as seguin- tes: tomando o producto do ataque da dinitronaphtalina « pelo acido nitrico de 45 B. separado já completamente da tetranitronaphtalina « e do acido mononitrophtalico «, e dispondo de quantidade sufficiente de substancia, não inferior a 30 grammas, crystallisada no acido acetico glacial, pulverisei os crystaes e tratei-os por alcool vinico de 36º. Fiz quatro soluções para dissolver todo aquelle producto. A primeira e a segunda abandonaram agulhas pelo esfriamento, que pareceriam de di- PIYSICAS E NATURAES 259 nitro x, se não souberamos pela experiencia, que a trinitronaphtalina « se depõe muitas vezes sob esta fórma, como verifiquei directamente; nas duas ultimas soluções, depozeram-se agulhas com o aspecto das an- tecedentes e pequenos crystaes grossos relativamente e de faces cur- vas. Recrystallisados estes dois corpos separadamente no acido ace- tico, obtive agulhas largas e opacas, e crystaes em grupos, brilhantes e transparentes. Separados estes ultimos, e dissolvidos no chloroformio, apresentaram-se quasi todos com as faces curvas, havendo porém alguns isolados, que eram verdadeiras pyramides de 4 faces, conservando com- tudo o ponto de fusão de 122º c. Estes mesmos crystaes redissolvidos no alcool de 36º c., deram laminas mui delgadas e transparentes, que depois de enxutas pareciam à primeira vista dinitronaphtalina 2. As agulhas largas e opacas ainda uma vez recrystallisadas no acido acetico glacial, em quantidade muito superior à necessaria para as dis- solver, transformaram-se em crystaes com as faces curvas, analogos aos precedentes, e fundiram a 118º c. Emfim os corpos, que nos dissolven- tes acima citados, se apresentam com aspecto um pouco differente à primeira vista, nunca variam os seus pontos de fusão para menos de 110º c. nem para mais de 122º c., e sempre que se faz a purificação delles, como deixei indicada pelo acetico e chloroformio, o corpo obtido funde com este ultimo grau. Tambem notei que a trinitronaphtalina x perfeitamente pura, em dissoluções muito concentradas, se depõe do chloroformio em grossos crystaes com as faces curvas. Conserva, po- rém, constante o ponto de fusão, e a sua analyse coincide com a com- posição theorica d'aquelle corpo. O sr. Beilstein n'uma communicação recente feita à sociedade chi- mica de S. Petersburgo, e por uma carta particular que me dirigiu, obteve uma trinitronaphtalina fusivel a 147º c. derivada egualmente da dinitronaphtalina «. Esta trinitronaphtalina foi obtida por um processo differente do meu, mas já a tinha isolado por outro methodo, antes de receber aquella communicação !, com a differença que segundo as minhas experiencias o seu verdadeiro ponto de fusão é a 154º c. quando se acha inteira- mente pura e crystallisada no chloroformio. Beilstein opéra com uma mistura de acido nitrico e sulfurico em- pregando à partes de acido nitrico de 45º B., 5 partes de acido sulfu- rico de 66º, e 1 parte de dinitronaphtalina x. Aquece a mistura a um ! Nota apresentada 4 Academia Real das Sciencias na sessão de 3 de ju- nho de 1869. º 260 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS brando calor por espaço de 8 minutos, o mais, até que se forme sobre o liquido acido uma camada oleosa. Repeti a experiencia como me fôra indicada na carta particular, va- sei o producto da reacção sobre agua, e enxuguei o precipitado. A massa bruta pesou 7 grammas, havendo empregado um peso egual de dinitronaphtalina «a. Na preparação desprezei os corpos soluveis na agua, e tratei o pro- ducto insoluvel n'este vehiculo por 15 grammas de acido acetico glacial a quente, que o dissolveu quasi todo, excepto um ligeiro pó, que se póde dizer insignificante. A substancia crystallisada no acido acetico pesou pouco mais de 5 grammas, e o seu ponto de fusão foi a 148º c. Não abandonando o acido acetico novos crystaes ao fim de tres dias, foi diluido com agua, que precipitou uma pequena porção de corpo nitrado, cujo ponto de fusão era um pouco mais baixo. A substancia crystallina depois de secca e pulverisada, foi tratada a quente por chloroformio na proporção de 150 grammas para 5 gram- mas do corpo nitrado. D'este tratamento obtive duas soluções. A pri- meira precipitou um corpo em grupos crystallinos cujo ponto de fusão era a 148º c.; a segunda depositou o mesmo corpo, crystallographica- mente considerado, porém fusivel a 154º c. Juntei o chlorformio das duas soluções, concentrei por distillação em banho-maria, e obtive ainda o mesmo corpo fusivel a 147º c. Estas differenças no ponto de fusão, explicam-se muito naturalmente pela presença de uma pequena quan- tidade de substancia resinosa no que funde mais baixo, differença que sempre acaba por desapparecer repetindo as crystallisações.., Separei o corpo mais puro que fundira a 154º c., e analysei-o de- pois de bem secco a 100º, e reduzido a pó. ANALYSE DO CE H Materia dan soy. (selados 0:",3997 Acido carbonico..... s.6714 Air Sade modo else DEF OBD ANALYSE DO AZOTE Materia » «astuto metia O IA NEDLE: «o = cr V= 45,8€ P = 759mm t.º — oo C PHYSICAS E NATURAES 961 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL : Theorica Experimental (ua ss a LEA 5 EAR mae 45,19 ER aaa E nte te do feto 2,25 RENO E Mo DS (e o ho Sana 16,49 Re NS Bo SSL SN » 100,00 Estes numeros correspondem inteiramente à fórmula da trinitro- naphtalina. Ao lado desta publicarei ainda uma nova analyse completa da trini- tronaphtalina « descripta por mim, no maximo grau de pureza, e secca a 100º c. Fusão 122º c. ANALYSE DO C E H. Materia Iasun. gopisga 057,3179 Acido carbonico..... 087,5328 Apud. slsiu comi. s 8,0647 ANALYSE DO AZOTE Materias tosa 08,3797 Dan EAR PTE V = 56º junted Sit 1.º == 23,75º 6. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL : Theorica Experimental Be Pedi RA East» is Doi 45,70 TR. D MW RA é ra lg A 2,26 Rs PB aobpiogu. 16,45 Fórmula correspondente Cro Hs (Az0?)º. Este corpo é differente do obtido por Beilstein, e à dinitronaphta- lina « correspondem duas trinitronaphtalinas, uma fusivel a 122º c., tri- nitronaphtalina «, outra fusivel a 154º c., trinitronaphtalina . As duas modificações dependem, em quanto a mim, do processo de nitração, da 262 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS temperatura a que se verifica a reacção, e do tempo do ataque, além de outras causas secundarias de certo mais difficeis de observar. Succede como no ataque da naphtalina' pelo acido sulfurico, que dá productos isomericos, em dependencia absoluta da temperatura a que se verifica o contacto das duas substancias. Disse que a trinitronaphtalina y me era já conhecida antes da com- municação do sr. Beilstein, embora preparada por outro processo. Oc- cuparme-hei agora dos differentes casos em que ella se póde formar, e do methodo primitivo que empreguei para a obter, sem lançar mão do acido sulfurico. Começando por este processo, e segundo o que communiquei par- ticularmente ao sr. Beilstein, tenho obtido a trinitronaphtalina y, quando ataco por uma ebullição prolongada de alguns dias com acido nitrico fu- mante de 45º B. a dinitrinophtalina «. N'este caso uma grande parte do corpo nitrado primitivo oxyda-se, mas separam-se crystaes, que depois de purificados pelo chloroformio, fundem a 154º. Estes crystaes são peque- nos prismas obliquos de base rhomba, muito duros, amarellos e de côr muito mais intensa, sem comparação alguma, que os da trinitronapha- talina x, a qual se depõe em crystaes quasi incolores transparentes e desligados inteiramente uns dos outros, sendo pelo conjuncto de suas propriedades physicas um dos corpos mais bellos das naphtalinas ni- tradas. No processo de nitração pelos acidos sulfurico e nitrico, pôde ob- ter-se rapidamente a transformação da dinitronaphtalina « em trinitro- naphtalina y (154º c.) de um modo completo, perfeito, e quasi instan- tanco, sem ser preciso mais do que a temperatura que elles desenvol- vem pela sua juncção, quando muito concentrados, pelo seguinte modo : Dinitronaphtalina «.......... 9 grammas Acido nitrico de 45º B...... + 150 » Acido sulfurico de 66º B..... 150 » Deita-se o acido nitrico sobre a dinitro x, junta-se-lhes o acido sul- furico, e agita-se até que tudo se dissolva, para o que é necessario em- pregar os acidos nas proporções indicadas. A solução acida, depois de fria, verte-se em agua. O producto in- soluvel pesa exactamente a quantidade theorica de trinitronaphtalina que se deve obter. Crystallisa-se o producto no chloroformio, os crystaes depostos nas primeiras soluções fundem a 148º c. e os das seguintes a 154º c. O producto é todo trinitronaphtalina 7, e não ha formação de materias secundarias. PIYSICAS E NATURAES 263 Este mesmo corpo póde ainda obter-se com menos trabalho, e mais rapidamente, partindo da mononitronaphtalina. Prepara-se esta substancia, deitando, n'um balão resfriado em agua e contendo qua- tro partes de acido nitrico de 1,42, uma parte de naphtalina em pó. Obtem-se uma camada oleosa que sobrenada o acido, a qual crystal- lisa pelo resfriamento. Lavada e secca póde crystallisar-se em acido acetico, que nas soluções concentradas abandona mononitronaphtalina completamente pura. Este tratamento de crystallisação é quasi escusado no trabalho corrente, fil-o n'este caso para ter a certeza de que partia da mononitronaphtalina inteiramente pura. Basta lavar perfeitamente com agua o producto da reacção do acido nitrico sobre a naphtalina. A mononitronaphtalina ataca-se do seguinte modo : Mononitronaphtalina!............... je a» dito Ai parte cido; mtrico) == Auhbsg rs 2s/00. 8 casa. Gel Acidoeulfurico de/66 sais aploasosa a Vo oa Deita-se a mononitro a pouco e pouco sobre os acidos a frio. Pouco depois os acidos aquecem muito, e quando houverem esfriado, trata-se o producto pela agua para lhe roubar os corpos soluveis. A substancia depois de secca ataca-se a quente pelo chloroformio, que dissolve a tri- nitronaphtalina y (154), e o producto insoluvel tratado por acido acetico glacial dá trinitronaphtalina É (fusivel a 218º c.). D'esta operação que fornece apenas dois productos, mui faceis de separar, resultam as duas trinitronaphtalinas que tão difficilmente se al- cançam puras por outros processos. Emfim a trinitronaptalina y (154) por nitração superior, parece-me que dá um corpo novo, de que me occuparei brevemente, e que virá enriquecer a já numerosa classe das naphtalinas nitradas. Do que ultimamente publiquei sobre esta interessante materia, con- clue-se, em relação a dinitro «, que della se póde obter, pela ebullição de algumas horas com acido nitrico de 45º B., a trinitronaphtalina x (122) e a tetranitronaphtalina « (259), afóra o acido mononitrophtalico. « fusivel a 212º c. Em tubos fechados, formam-se corpos resinosos secundarios. A experiencia é perigosa, e quasi sempre, se a acção não for bastante vigia- da, passamos logo da dinitronaphtalina « para os corpos resinosos e para 1 O acido sulfurico concentrado dissolve a frio a mononitronaphtalina, có- rando-se de vermelho sanguineo. O calor destroe a coloração. É uma reacção muito caracteristica e sensivel. 964 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS a tetranitronaptalina, sendo às vezes tão abundantes os primeiros que ar- rastam comsigo a tetranitronaphtalina, tornando-a soluvel até no alcool, e baixando-lhe espantosamente o ponto de fusão. Pela mistura dos aci- dos nitrico e sulfurico concentrados, passa-se a quente ou a frio da di- nitronaphtalina « para a trinitronaphtalina y (154º c.). Os mesmos acidos actuando sobre a mononitronaphtalina, dão logo trinitronaphtalina y (154º c.), e trinitronaphtalina 2 (218). A dinitrona- phtalina « pela ebullição muito prolongada com o acido fumante de 45º tambem se póde converter em trinitronaphtalina y (154º c.). Correspondem pois à dinitronaphtalina «, segundo o processo de nitração, o tempo de ataque e a temperatura a que elle se faz, duas trinitronaptalinas isomericas, e em breve veremos que a estas corres- pondem duas tetranitronaphtalinas, uma das quaes já descrevi, fusivel a 259º, e outra que estou estudando. Com estes materiaes, e novas experiencias em via de execução, espero breve chegar a esclarecer curiosos pontos da theoria, mas não o desejo fazer sem que saiba tudo que se fórma, tudo que póde exis- tir ou pelo menos que se póde realisar, n'estas reacções, para que a interpretação theorica ache a confirmação completa nos dados da expe- riencias. A dinitronaphtalina f, fusivel a 170º c, dá origem à trinitronaphtali- na f fusivel a 218º c, e à tetranitronaphtalina, cuja fusibilidade é a 200º c. Foram estes os resultados a que cheguei pelos processos descriptos nas communicações anteriores; mas, não havendo estudado separadamente a acção do acido nitrico e sulfurico sobre o corpo nitrado, fiz n'este sen- tido algumas experiencias para ver se chegaria a resultados differentes dos que obtive pela acção simples do acido nitrico concentrado. Em primeiro logar ataquei 15 grammas de dinitronaphtalina ri- gorosamente pura, n'um balão de vidro, por 250 grammas de acido ni- trico de 45º B, fervendo a mistura por espaço de 8 horas, como prati- cara com a dinitro «. Terminada a ebullição, abandonei o liquido, que estava reduzido a um quinto do volume primitivo, à crystallisação expon- tanea, durante 24 horas, alcançando no fim deste periodo, 8 grammas de crystaes, ramificados como as folhas dos fetos, quasi incolores. O acido evaporado à seccura deu ainda um residuo que pesou pouco mais de 10 grammas. Os crystaes separados da solução nitrica fundiram a 213º c, e sendo tratados por chloroformio reconheci que eram quasi totalmente insolu- veis n'este vehiculo, obtendo apenas vestígios de um corpo fusivel a 216º, o qual dissolvido no alcool, donde crystallisa melhor, se apresenta PHYSICAS E NATURAES 265 com as propriedades crystallographicas da trinitronaphtalina É, e bem assim alguns crystaes de tetranitronaphtalina (2. O producto insoluvel no chloroformio foi tratado por acido acetico glacial a quente, e depois de se haver dissolvido n'elle completamente, depoz-se em magnificos crystaes, fusiveis a 218º c, constituindo a tri- nitronaphtalina 2, chimicamente pura. O acido acetico foi depois concentrado por distillação, dando ainda um um producto fusivel a 214º, que é a substancia anterior menos pura; donde se pôde concluir, à vista do tratamento descripto, que a substancia crystal- lisada na solução nitrica primitiva era integralmente trinitronaphtalina f. O residuo da evaporação do acido, a que acima me referi, foi tra- tado pelo alcool de 36º, que dissolve em primeiro logar um corpo muito amarello, tomando por isso egual coloração. Depois dos primeiros tra- tamentos, o alcool fórma soluções quasi incolores que depositam pelo esfriamento agulhas muito flexiveis e delgadas de tetranitronaphtalina 3, fusivel a 200º c, n'uma quantidade relativamente pequena à massa total do residuo. As soluções alcoolicas que depuzeram tetranitro /3 pela eva- poração, abandonaram ainda a mesma substancia, cuja solubilidade no alcool é bastante sensivel, mas já alterada em agulhas escuras, como succede a este corpo quando se lhe concentram as soluções. As dissoluções alcoolicas amarellas contendo os productos excessi- vamente soluveis foram evaporadas sobre banho-maria. O residuo tratado pela agua dividiu-se em duas partes; uma resi- nosa que a agua precipita, fusivel abaixo de 100º, e contendo ainda pe- quena porção de tetranitronaphtalina, e outra inteiramente soluvel na agua à qual communica côr amarello-alaranjada, mesmo depois de se- parado por evaporação todo o acido nitrico. O residuo compõe-se em grande parte de um acido nitrophtalico (mono ou di?) cujas propriedades são differentes do que se deriva em egualdade de circumstancias da dinitronaphtalina a. Se em logar do acido nitrico fumante, tratarmos a dinitronaphta- lina 2 por uma mistura de acido nitrico e sulfurico, obteremos resulta- dos identicos, o que não succede com a dinitro a. Nas minhas experiencias empreguei a seguinte fórmula : Dinitronaphtalina 3 fusivel a 170 c. 10 grammas Acido nitrico (45º B)........... 50. » Acido sulfurico (66º B)......... 0 » Deita-se o acido nitrico sobre a dinitronaphtalina 2, e junta-se de- pois o acido sulfurico. 260 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Logo que os tres corpos estejam misturados a mais ligeira agila- ção acaba de dissolver a dinitro, e um instante depois de esta se ha- ver dissolvido transforma-se o liquido n'uma massa crystallina. É como disse um phenomeno instantaneo, que não carece para se produzir de outro aquecimento além do grau de calor que os dois acidos desen- volvem, quando se juntam. Arrefecida a massa, facto que se observa em poucos minutos, verte-se a substancia na agua, é lava-se completa- mente. O residuo insoluvel pesou 114 grammas, e o seu ponto de fu- são, no estado bruto, era 207º c. Crystallisado no acido acetico glacial a quente separei mais de 8 grammas de trinitronaphtalina 3 fusivel a 218º c., logo na primeira crystallisação, e o acido concentrado por dis- tillação abandonou ainda novas porções do mesmo corpo, com ponto de fusão um pouco mais baixo (212º), e por fim vestígios de outra sub- stancia, que, recrystallisada no alcool, fundiu a 145º c, mas pela exi- gua quantidade obtida, e pela presença de alguma materia resinosa é muito provavel que fosse um vestigio de dinitro 2, inquinada por mate- ria resinosa, que escapou à reacção. De todos os processos conhecidos este é sem duvida o melhor para obter a trinitronaphtalina 2, corpo que tantos dias leva a preparar e tão difficil é de obter puro, quando se procede pelos methodos anterior- mente descriptos. Em conclusão, parece-me poder asseverar que a dinitro /3 nas cir- cumstancias em que operei, não produz senão uma trinitronaphtalina, e se dá origem a mais de uma, ella deve ser de tão grande instabili- dade que os resultados praticos são apenas os que deixo apontados. A trinitronaphtalina 2 atacada pela mistura de acido sulfurico e ni- trico converte-se inteiramente em tetranitronaphtalina 2. Na primeira experiencia que fiz, empregava as proporções de aci- dos e de corpo nitrado, indicadas nos processos antecedentes, mas vendo que o ataque era difficil mesmo a quente, augmentei a quanti- dade de acido” pelo seguinte fórma : Trinitronaphtalina B (218º 6.)........ denis po 1 parte Acidoimitrico (459 Bs) .js sra "erarato agulha ooesretarejar 8 » Ncido; suliúrico (66'B.)1:"4. 0154 Jam E STOP 8 » Aquece-se a mistura dos 3 corpos a lume brando até que dissol- vendo-se os crystaes da trinitronaphtalina, appareça à superficie dos aci- dos uma tenue camada oleosa. Deixa-se esfriar o liquido, que se con- verte em massa quasi amorpha c inteiramente branca. Lava-se esta com PHYSICAS E NATURAES 9267 bastante agua para à separar dos productos acidos soluveis, e crystal- lisa-se no acido acetico glacial a quente, empregando pequena quanti- dade de dissolvente, porque o corpo obtido é muito soluvel n'elle. No fim de algum tempo obteem-se crystaes grupados em agulhas, que re- crystallisadas no alcool tomam a apparencia do asbesto, sendo fusiveis a 200º, e possuindo todos os caracteres da tetranitronaphtalina /2. D'onde se conclue que ainda n'este caso à dinitro 2 corresponde só a tetrani- tro 2, ao passo que à dinitro « correspondem duas tetranitronaphtalinas, uma já descripta por mim, e outra cujas propriedades descreverei com a brevidade possivel n'este jornal, e à qual tive já occasião de allu- dir nesta nota. Um facto bem notavel se deprehende de todas estas experiencias, e é que entre as modificações nitradas da naphtalina, ha duas principal- mente que são as mais estaveis—a dinitronaphtalina « e a trinitronaph- talina /3. Effectivamente, em todos os processos de ataque, partindo nós da naphtalina, são aquellas as combinações a que chegamos por fim, com maior ou menor difficuldade, desapparecendo a pouco e pouco as ou- tras modificações, que só podem obter-se por methodos especiaes. D'aqui resulta, que a acção muito prolongada do acido nitrico so- bre o hydrocarboneto C!º Ht8 produz, como viu Laurent e posterior- mente Lautemann e Aguiar, a dinitro « e trinitro 2, apparecendo ao lado destas, em quantidade consideravel, corpos resinosos, cujo estudo estou fazendo, e que teem decidida relação com as substancias nitradas. Egualmente verifiquei, que a naphtalina, exposta à acção energica do acido nitrico de 45º e sulfurico de 66º, é rapidamente atacada, dá muita materia resinosa, alguns productos de oxydação e apenas di- nitro « € trinitro 5 em circumstancias de serem separaveis pelo methodo das crystallisações fraccionadas. 268 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 2. Duas palavras sobre a constituição da combinação azoica derivada da diamidonaphtalina POR A. A. DE AGUIAR Em o num. xr d'este jornal, descrevi um notavel composto que se prepara pela acção do nitrito de potassio sobre o sulfato de dia- midonaphtalina 2, em solução aquosa. Aquelle corpo, cujas analyses bas- tante repetidas me conduziram à fórmula bruta C20 Hi, Aze, suppondo-o formado do seguinte modo Cio He (Az H2)? Cro H; Azi deve ter uma constituição analoga aos corpos semelhantes, que se deri- vam das monoaminas em egualdade de circumstancias, porém mais complexa. Por analogia com o amido-azo-benzol (Cs H5)— Az==Az— (0º AY" — Az H? póde a sua fórmula de constituição representar-se do seguinte modo: HI “il V/ AZz== IV 2 EPA add as Dad VA:! (Cio He) Si | o H 1) Az 2 porém, se a primeira fórmula não é susceptivel de simplificação, a do corpo derivado da diamidonaphtalina 2, não está exactamente no mesmo caso, e póde muito bem julgar-se que possua uma constituição mais sim- ples, sendo representado por outra fórmula, que seja metade da que PHYSICAS E NATURAES 269 deixo indicada. Neste caso o azo-composto teria por fórmula bruta Cro Hz Az3, cuja constituição deve ser H Am = Ag!!! (Cio Hs)” Az H” Parece-me facil chegar à solução d'este problema, empregando um meio muito simples theoricamente considerado, mas que apesar das dif- ficuldades praticas, vou experimentar no labortorio. A questão deve resolver-se pela conversão do azo-composto em bases, na presença do hydrogenio nascente. Na primeira hypothese, este corpo transformará aquella substancia em duas bases differentes, uma diamina, e uma tetramina, fixando-se sobre o azote e convertendo-o em amidogenio. Ds bs Az E? Cio He Aro As 040 Hi A H2 +4Hº hz Hº So Agro A AB? AZ Cro H e na segunda hypothese talvez menos provavel, o corpo resultante dará unicamente uma triamina. Cio Hs (À Cen 10 115 VAR 5 im =— Az =Cyo Hs (Az HC A fo Nas bases monoatomicas, as combinações azoicas que d'ellas deri- vam teem 2 isomeros. Admittindo para o nosso caso que se passa o mesmo por analo- gia, 0 isomero do diamido azo-naphtalina deve ser a tetrazodiamidona- phtalina, os quaes estão entre si como o amidoazobenzol para o diazo- amidobenzol. Tal substancia poderá formular-se do modo seguinte: ut tl Az=Az (Cio Ho)! A a nai He)” Z 970 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS ou mais simplesmente correspondendo ao caso anterior Ni Ho Na Cio A | | Po Ag!!! Esta combinação, e bem assim à resolução pratica do problema theorico hão de ser objecto de uma recente communicação, sendo este estudo bastante interessante pela falta de combinações d'este genero, das quaes a primeira conhecida, derivada das diaminas, foi a que eu descrevi. onmanamar armam cansam PHYSICAS E NATURAES 974 3. Descripção do processo de phofozincographia, usado pela secção photographica da Direcção Geral dos Trabalhos Geodesicos PHASES DO PROCESSO 1.º Fabrico das matrizes negativas. Servem os processos photographicos usuaes, com preferencia aquel- les que produzem fortes reforços. 2.º Preparo das chapas de zinco. Empregam-se laminas delgadas (serve perfeitamente a folha d'este metal, designada no commercio com o num. 5), lisas e que estejam pu- lidas por meio da lixa, esmeril, ou por qualquer outra substancia apro- priada. Sobre a chapa, cuja superficie deve estar perfeitamente limpa, deita-se camada tenue de uma solução do theor seguinte: ECC Bret der 2 grammas Bichromato d'ammonia... 41 » FONE Era Sa É 100 » Depois de secca, é a lamina exposta ao sol debaixo do clichê du- rante tempo, que póde variar de 50 segundos a 4 4/2 minutos (2 à 5 minutos à luz diffusa). É depois coberta com uma mistura de tinta usual de impressão lithographica e de transporte, por meio de rolo de coiro ou de cahuchu, e mettida em agua fria durante 3 a 4 horas. Estas ul- timas operações são feitas no gabinete escuro. Findo aquelle praso, tira-se a lamina da agua e, com o rolo su- pra, é revelada a imagem, perdendo a chapa toda a tinta inutil; met- te-se em agua morna por tempo bastante, para que fique inteiramente dissolvida a camada nas partes não impressionadas, e lava-se em se- 278, JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS guida com agua fria. Deixa-se escorrer e cobre-se depois, até seccar, com a solução seguinte : Apiai so AA À 1000 grammas Gomma arabica ...... hO » Sulfato de cobre...... 2 » Acido galhico ........ 5) » D+ * AZOÍICO Ee oca oosald 0,5 » 3.º Estampagem. É feita no prelo typographico, podendo, com peior resultado, ser- vir a prensa lithographica; atinta-se com o rolo lithographico, conser- vando-se a lamina levemente humedecida. Advertencia importante. — Substituindo-se a lamina delgada de zinco por outra mais espessa do mesmo ou diferente metal, empre- gando-se, como supra, um cliché negativo e gravando-se por um pro- cesso chimico apropriado, obter-se-ha uma excellente matriz em relevo, propria para a impressão typographica. O auctor d'este processo publicará em occasião opportuna noticia mais circumstanciada do mesmo, acompanhando-a com as precisas ex- planações scientificas. PHYSICAS E NATURAES MAI BIBLIOGRAPHIA É. À Monograph of Ebenaceac By W. P. Hiern, From lhe Transactions of the Cambridge Philosophical Society, Vol. XH. Part. 1. On Physotrichia, a New Genus of Umbelliferae from Angola. From the Journal of Botany for June, 187,5 Temos mais duas contribuições e outros tantos passos dados no es-. tudo das collecções relativas à expedição phytogeographica angolense. O professor W. P. Hiern acaba de publicar no vol. xmr das Transactions of the Cambridge Philosophical Society a revisão por elle emprehendida das Ebenaceas, aonde vão incluidas todas as especies d'esta ordem de plantas, assignaladas pelo dr. Welwitsch para a flora d'Angola. Deve- mos ao auctor da monographia a benevolencia da remessa de um exem- plar, o qual nos aproveitou para a noticia que vamos dar, no intuito ao mesmo tempo de ir continuando a registrar n'este jornal e archivo da academia a noticia de todos os trabalhos, à medida do seu appareci- mento, com relação áquellas colleeções e ao conhecimento da flora res- pectiva. As Ebenaceas, conforme nos diz o sr. Hiern, foram primeiro estu- dadas por Ventenat em 1799, depois em 1804 por Jussieu, e em 1810 as ordenou Brown pelo modo como ainda hoje estavam constituidas. George Don em 1837 enumerou assim 83 especies, que distribuiu em 8 generos, Alphonse De Candolle no Prodromus em 1844 relacionou 160; e o auctor na sua monographia conta 250, que elle incluiu todas em à generos, unicos que admitte para esta ordem de plantas. Entre as collecções consultadas para semelhante revisão, pôde elle dispor das angolenses que o dr. Welwitsch lhe confiou com este fim; e não lhes tributou o auctor menos do que outros, por essa occasião, a admiração JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XV. 19 974 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS que ellas teem merecido, pela perfeição dos exemplares e modo como estão todos ordenados. As Ebenaceas abundam sobretudo na India, representadas pelos ge- neros, Diospyros e Maba, sendo 86 as especies do primeiro, e 19 as (o segundo. Existem na Africa Tropical tendo 15 de um e 7 do outro, e com mais 2 generos que lhe são privativos, Euclea e Royena, nos quaes se contam 11 e 10 especies. Ha mais, e esse exclusivo a Madagascar, 0 genero Tetraclis com uma unica especie. O Brazil tem 11 especies de Diospyros e 3 no genero Maba. A maioria das Ebenaceas é tropical em ambos os hemispherios, ha algumas que são subtropicaes, e tambem appa- recem ao sul d'Africa; nos climas temperados tornam-se raras, e faltam de todo nos climas frios. A Europa apenas conseguiu aclimar o Diospy- ros Lotus; e devemos acrescentar a esta indicação do sr. Hiern tambem o Diospyros Virginiana, de que ha bons exemplares cultivados na região meridional; existem em Aranjuez, por exemplo, aonde os assignalam os engenheiros florestaes hespanhoes. As Ebenaceas angolenses, ao todo em numero de 10 especies, são as seguintes. Diospyros mespiliformis Hochst. — Esta especie foi encontrada por Schim- per na Abyssinia, por Kotschy na Nubia, no Gallabat e Mutamba por Schweinfurth, e por Peters e Kirk em Moçambique, aonde existe espa- lhada desde o littoral maritimo até Tete, e lhe chamam nas diversas lo- calidades, Makudina, Kasinjamtalmera, e Kauralassa. Tambem foi achada por Barter no Niger, por Leprieur e por outros na Senegambia. Em Angola dão-lhe o nome de Musolveira, encontra-se frequente no Go- lungo Alto, em Benguella pelas florestas da Serra de Xella e em Munu- pulla; existe no Congo e nas visinhanças do Ambriz. Diospyros platyphylla Welw.— É especie nova da flora angolense, que o dr. Welwitsch encontrou indo de Calunda ao Condo, e fazendo parte das florestas virgens. Tambem: lhe chamam Musolveira, confundindo-a com a precedente, de que não é talvez senão uma variedade, segundo o auctor da monographia. Diospyros Louleiriana Hiern. — É o que Loureiro descreveu na Flora Cochinchinensis como Diospyros Lotus L., e que o auctor distingue desta especie Linneana. Kirk achou em Moçambique o D. Loureiriana no Senna, entre Lupata e Tete, junto. ao rio Rovuna, e tambem: em Qui- lôa. Burton assignalou-o no Congo, e Afzelius: na Serra Leôa. O dr. Welwitsch achou-o abundando em todo o districto do Golungo Alto, aon- de elle diz, que se servem do fructo como: alimento. Diospyros Dendo Welw.— É outra, especie das novamente. assignala- das, e de que a monographia nos dá a estampa. O dr. Welwitsch, recom= PHYSICAS E NATURAES DS) mendando-a pela excellencia da madeira, já havia feito menção della na Synopse das amostras de madeira que escreveu, a pag. 10. Existe no Golungo Alto, aonde contribue para formar as mattas densas da re- gião. Os naturaes chamam-lhe Dendo e tambem N-Dendo.. Maba buxifolia Pers. — Habita largamente espalhada nas Indias orien- taes, em Malaca, Ceylão, Philippinas, na Nova Caledonia, Australia, Ma- dagascar, e na Africa Tropical. Fórma densas mattas no Golungo Alto, e d'ahi estende-se até ao littoral maritimo, rareando, porém, cada vez mais, e acanhando as dimensões até tornar-se arbustiva. O lenho d'es- tas arvores, diz o dr. Welwitsch, é muito consistente, bastante negro no centro, com as qualidades, pois, que dão o pau ebano. Maba Mualala Welw?— Especie das novas da flora angolense, que o dr. Welwitsch encontrou fazendo densa floresta no Golungo Alto; tam- bem lhe appareceu, mas rara, no districto de Loanda. Mualala é o nome que os naturaes lhe deram. Euclea multiflora Hiern. — Coube ao auctor da monographia o descre- ver, elle primeiro, esta especie angolense, que nos dá figurada na est. 11; existe tambem no cabo de Boa Esperança e no Natal. Foi achada na Huilla nas florestas de Monino, ao pé do Lupollo, em Pongo Andongo nos Bar- rancos de Catello. Euclea canceolata E. May. — Arbustiva como a precedente, é tambem do sul d'Africa; encontra-se na Colonia do Cabo, Numaqua, Natal, e no Transvaal. Assim habita em Benguella, no Bumbo, em Mossamedes, ao pé do rio Meriombo, aonde apparece associada, diz o dr. Welwilsch, com a Tamarix articulata e a Ximenia americana; existe na Huilla entre Mumpulla e Nem, nas Pedras de Guinga, e tambem em Pungo An- dongo. Royena cistoides Welw. — Novidade angolense e arbusto dos mattos de Pungo Andongo, aonde foi vista entre Condo e Quisende, ao pé do Cuanza. Royena pallens Thunb. Esta especie egualmente arbustiva do sul afri- cano, em Angola appareceu na Huilla, entre Lupoilo e Monino. As Ebenaceas teem subido interesse economico pela especialidade da madeira que produzem algumas das especies. O pau ebano é por el- las mais particularmente fornecido, posto que o originem ainda seme- lhantemente algumas Leguminosas, Sterculiaceas, Bignoniaceas e ou- tras arvores. As especies ebenaceas, assignaladas como capazes de pro- duzirem o bom ebano são as seguintes: Diospyros Ebanum Kônig.—India, etc. » — melanoxylon Roxb. — India. 19. 276 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Diospyros Dendo Welw. — Angola. » — Sylvatica Roxb. — India, etc. » Gardneri Thw. — Ceylão. » hirsuta Lin. fil. — Ceylão. » discolor Willd.— Malaia, etc. » Embryopteris Pers. — India, etc. » Ebenaster Retz. — Malaia. » montana Roxb.— India, etc. » insignis Thw.—Ceylão, S. India. » tupru Buch.-Hum. — India. » mespiliformis Hochst. — Africa tropical, Angola. » truncata Zolle Mor. — Java. » — tessellaria Poir.— Mauricias. » haptostylis Boiv. — Madagascar. » — vamiflora Wall. —N. E. India. » — microrhombus Hiern. — Madagascar. Maba buxifolia Pers. — India, Madagascar, Angola etc. Maba Mualala Welw. — Angola. Euclea pseudebenus E. May. — S. Africa. São pois 21 especies, todas arboreas, que dão o ebano, e destas não menos de 4 abundam pelo numero dos individuos que abastecem as florestas virgens da vasta provincia de Angola. O ebano, que é ape- nas o borne ou coração da arvore de maior edade, vale como é sabido, pela finura do grão e extremo polido de que é susceptivel, pela extra- ordinaria consistencia que o faz muito mais pesado do que a agua, pela inalterabilidade, e modo como mantem a fôrma e dimensões que pri- meiro recebeu; o que o torna precioso como madeira na marcenaria, na fabricação de pianos e outros instrumentos, para reguas, medidas, etc. O mercado inglez, segundo o sr. Hiern, dá-lhe o valor de 8 libras e 10 soldos até 9 libras e 6 dinheiros, ou umas 9 moedas por tonelada. Será por tanto mais uma riqueza a explorar n'esse a tantos outros res- peitos já abençoado torrão africano, qual tem sido e é para nós a pro- vincia de Angola, que póde dizer-se o nosso segundo Brazil. Muitas Ebenaceas que não dão ebano, produzem ainda valiosas ma- deiras, que podem ser e são assim utilisadas. Alem disso, de algumas se aproveita o fructo, que é alimentar. Está n'esse caso o Diospyros Kaki da India, aonde serve de egual modo o Diospyros Lotus e Diospy- ros Chlorosylon; está o Diospyros Virginiana da America do norte, o Dios- pyros Kirkii, e Diospyros batocana da Africa oriental, a Euclea undulata do sul d'Africa, e em Angola, como vimos, o Diospyros Loureiriana. O PHYSICAS E NATURAES Sa fructo do Diospyros toxicaria é venenoso. Na Guyana franceza empre- gam a casca do Diospyros Paralia contra as febres, e assim usam na America do norte a do Diospyros Virginiana. Na monographia das Ebenaceas o auctor entendeu dever compre- hender as especies fosseis; as floras das diversas épocas geologicas já não podem deixar de ser assim consideradas simultaneamente, sobre- tudo desde que o conhecimento mais extenso de cada uma foi permit- tindo avaliar a ligação que teem todas entre si. Os fragmentos vegetaes fosseis, constando geralmente só de folhas, e que foram referidos a esta familia, permittiram a Alexandre Braun, que primeiro os estudou, o for- mar 25 especies; este numero depois veiu a augmentar, pelo appareci- mento de novos exemplares e estudo sobre elles feito por Schimper. Nomearam-se d'este modo 60 especies distinctas, que o sr. Hiern reduz todavia a 31, por elle distribuidas nos dois generos, Diospyros e Ma- creightia, collocando 27 especies no primeiro e 4 no segundo. Faltando as flores e os fructos, que mais servem a caracterisar as especies, os generos e a ordem das plantas, o auctor viu-se reduzido, como geral- mente tem succedido n'estes casos, a recorrer às folhas e sua nervação em especial, para achar o caracteristico de cada especie. É o que tem sido possivel efectuar quasi sempre com fragmentos muito incomple- tos, como são os que se offerecem à observação dos paleontogistas phy- tographos. Estas 31 Ebenaceas, com a excepção apenas de uma especie, foram encontradas nas formações terciarias da Bohemia, Saxonia, Prussia, Croa- tia e Styria, no Tyrol, na Toscana e outras partes da Italia, na França e tambem na America do norte, aonde a especie exceptuada, o Diospy- ros primaeva Heer, foi encontrado no terreno cretaceo de Nebraska. É assim que a geographia botanica, n'esses antigos periodos geologicos, distribuia a vegetação, quanto a regiões, como hoje o não faz. Plantas das latitudes tropicaes, appareceram n'esses periodos remotos espalha- das nas regiões que hoje de todo as repellem, tão differentes eram en- tão e são no presente tempo as condições climatericas da mesma região ou latitude. O que revelam por esta fôrma as Ebenaceas é, porém, o que a paleontologia vegetal tem descoberto a respeito de muitas outras or- dens de plantas. Tudo no trabalho do sr. Hiern annuncia o estudo completo do as- sumpto, e além d'isso um bom modelo a seguir para outros analogos. Aqui lhe tributamos por tudo a expressão do nosso reconhecimento. Quando assim cuidavamos de publicar a noticia sobre as Ebenaceas do sr. Hiern, recebiamos a que elle dá no Journal of Botany, e que 978 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS teve egual bondade de enviar-nos, sobre a nova Umbellifera angolense, com o nome de Physotrichia Welwitscha. Foi achada no Pungo Andongo junto ao rio Cuize, entre Quibinda e Banza de Quitage. O sr. Hiern fez deste typo vegetal não só especie mas genero novo, muito visinho este do genero Seseli. Distingue-o a armadura em 5 como ganchos, que co- rôam o fructo e serviram a compor o nome de Physotrichia. É a unica Umbellifera da secção das Seselincas, encontrada em Angola, e com o Diplolophium que foi achado na Abyssinia e em Batoka, os unicos ty- pos d'aquella secção até hoje encontrados, nos diz o auctor da noticia, em toda a Africa tropical. Acompanha a descripção da planta uma es- tampa com todos os pormenores 'graphicos que a distinguem e a farão facilmente reconhecer. DR. B. A. GOMES. carecas nen oe ame memos PHYSICAS E NATURAES 279 2. Natural History of the Azores by F. Du Cane Godman London, 4870 Historia Natural dos Acóres por F. Du Cane Godman. Londres, 4870 O sr. F. Du Cane Godman, de quem já tivemos occasião de citar com applauso um primeiro ensaio sobre Ornithologia dos Açôres !, re- uniu mais recentemente n'um volume os resultados das suas investiga- ções zoologicas e botanicas, durante quatro mezes, por algumas ilhas d'aquelle archipelago. Este livro contém mui valiosos subsidios para o mais completo co- nhecimento da Fauna e Flora açorianas. Tornam-se dignos de mais especial menção os capitulos consagra- dos às Aves e Insectos (Coleopteros, Hymenopteros e Lepidopteros) e um interessante catalogo das plantas dos Açóres. Da Ornithologia dos Açôres occupou-se com a sua provada compe- tencia o sr. Godman, e conseguiu dar-nos uma lista mais completa e esmerada das especies que habitam ou visitam aquellas ilhas. Não pas- sam de 53, entre as quaes figura apenas uma especie nova e pecu- liar ao archipelago: é o «Priôlo» dos Insulanos, que o sr. Godman denominou Pyrrhula murina. Em vista das asserções positivas d'este distincto ornithologista ácerca dos caracteres que apresenta o macho adulto, não podem subsistir as duvidas que manifestâmos em tempo ácerca da idoneidade d'esta especie 2; e seja-nos permittido dizer aqui de passagem que se hesitâmos em ter por boa esta especie em quanto não tivemos conhecimento dos factos que auctorisavam a sua creação, não podia nunca esta nossa duvida, muito natural, ser accusada de «in- credulidade,» nem ser tomada à conta de menos consideração para com o sr. Godman. Quanto porém a outra especie tambem reputada inedita e exclusiva dos Açóres, a Fringilla Moreleti, Pucheran, o sr. Godman reconhece-a comnosco identica à F. tintillon da Madeira e Canarias. Para a redacção da parte entomologica, malacologica e botanica do LV. Jorn. de Sc. Mathem. Phys. e Nat. de Lisboa, num. À pag. 89. ? Ibid. pag. 92. 280 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS décol seu livro recorreu o sr. Godman a collaboradores de reconhecido me- rito e competencia. O sr. Crotch estudou a collecção d'insectos, collegi- dos principalmente pelo sr. Brewer, e publicou a relação das especies que determinãra. Egual encargo tomou a si o sr. Tristram quanto às conchas terrestres. Finalmente o. sr. Watson redigiu uma noticia mui interessante e erudita sobre a Flora Açoriana. A Historia Natural dos Açôres, embora incompleta, é um livro ex- cellente que devem consultar com proveito quantos tiverem de occupar-se da Fauna ou da Flora dos Açôres. £ Capello del. et Lith. PHYSICAS E NATURAES 281 LO00LOGIA — E —— A. Aves das possessões portuguezas d'Africa occidental POR J. V. BARBOZA DU BOCAGE OITAVA LISTA Com o titulo de Notes on the Birds of Damara Land and the adja- cent countries of South-west Africa, publicou o anno passado o sr. Gur- ney os resultados obtidos pelo naturalista sueco Ch. J. Andersson, du- rante uma exploração de alguns annos por aquellas regiões d'Africa austral, que teem por limite septentrional 6 rio Cunene, com o qual con- frontam ao meio dia as nossas possessões d'Africa occidental. Se todos os que se interessam pelos progressos da ornithologia africana receberam com alvoroço esta publicação, que é ao mesmo tempo um tributo de reconhecimento à memoria do zeloso naturalista, que pa- gou com a vida a sua dedicação à sciencia, para ninguem podia ella ser de maior valor e opportunidade do que para nós, que nos estamos oc- cupando de inventariar as riquezas zoologicas do territorio que fica con- tiguo à vasta região percorrida por Andersson, territorio que se nos fi- gura representar, sob o ponto de vista zoologico, as fronteiras mais me- ridionaes da Africa occidental. Nas ultimas remessas do sr. José d'Anchieta, cujos serviços julga- mos já superífluo commemorar e encarecer, encontrâmos 47 especies de aves, que incluímos na presente lista. São todas do districto do Humbe e margens do rio Cunene, onde o nosso dedicado naturalista tencionava demorar-se ainda alguns mezes a despeito dos incommodos e privações a que anda sujeito. Quasi todas as especies da nossa presente lista se acham incluidas na obra do sr. Gurney como tendo sido encontradas por Andersson em JORN. DE SCIENC. MATH, PHYS. E NAT. — N. XVI. 20 282 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Damara-Land e Ovampo-Land. Algumas porém não veem ali mencio- nadas, e por isso as marcâmos com um asterisco (+). São ellas: 1. Aquila Wablbergii. Sund. 2. Circaêtus thoracicus. Cuv. 3. Falco ardosiacus. Vieill. k. Poiocephalos fuscicollis. (Kuhl.) 5. Nycticorax leuconotus. (Wagl.) 6. Falcinellus igneus. (Gm.) Não teve por em quanto o sr. Anchieta a boa fortuna de encontrar o Machaeramphus Anderssoni, descoberto por Andersson em Objembin- que em 1865, e do qual existem apenas dois exemplares em collecções scientificas da Europa, ambos provenientes da viagem d'este naturalista; não estamos porém longe de acreditar que esta curiosissima especie, bem distincta de todas as aves de rapina africanas e apenas congenere de outra exclusiva de Malaca, tenha por habitat uma zona mais ex- tensa do que aquella onde foi primitivamente encontrada, e que esta zona se alargue mais para o lado do equador, indo talvez até ás mar- gens do Cunene ou mesmo além dellas. Confiamos pois da diligencia do sr. Anchieta que, a existir ali, nol-a obtenha ainda. Os reptis do Humbe, que fazem parte da ultima remessa do sr. An- chieta, concorrem tambem para imprimir a esta região uma feição mais meridional; taes são: Pelomedusa Getafe. Rúpp., Ragerrhis tritaeniata. Gunth., Psam- mophylax ocellatus. Bocage, Bucephalus capensis. Smith, (a variedade verde, B. viridis. Smith) e Pyxicephalus adspersus. Smith. PIYSICAS E NATURAES 283 +14. Aquila Wahibergii. Sundev. Ag. Desmursii. Verr. Iris castanho, cêra amarella, dedos amarellos. Dois exemplares, ambos femeas. 2, Pseudastus spilogaster (Dubus) Iris amarello, cêra e pés d'um amarello esverdeado. Um só exemplar com a indicação de femea. 3. Helotarsus ecaudatus (Daud.) Iris côr d'ambar. Dois ex. 5. «kh. Circaelus thoracicus. Cuv. Iris amarello muito vivo, cêra esverdeada, tarsos e dedos côr de madreperola tintos de gridelim. Um ex. 5. +5. Falco ardosiacus. Vieill. Iris castanho, palpebras e cêra d'um amarello esverdeado, tar= sos e dedos amarellos côr de cêra virgem. Dois ex. d e 9. 6. Nisus gabar (Daud.) Iris castanho, base do bico, cêra e pês encarnados. Um ex. 5. 7. Bubo maculosus. (Vieill.) Iris amarello. Um ex. 9. 8. Hirundo Monteirii. Hartl. Iris castanho. Um ex. ó. 20» 284 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 9. Coracias caudata. L. Iris castanho. Dois ex. à e 9. 10. Merops apiaster. Iris vermelho. Um ex. 9. 114. Pholidauges Verrcamxii, Boc. Um ex. à. 12. Euplectes oryx. L. Um exemplar. 13. Bucorax cafer. Schlegel. B. Leadbeateri. Gray. B. abyssinicus. Auct. Cinco ex., tres é e duas 9. Iris esverdeado claro; região peri-ocular d'um amarelo sujo; bolsa guttural d'um amarello alaranjado, orlado de vermelho junto ao bico. N'uma das femeas a bolsa guttural apresenta uma extensa malha quadrangular azul-ferrete. Bico [muito desinvolvido com um capacete baixo e extenso, cuja margem superior, estreita e ligeira- mente boleada, corre parallela à margem da maxilla superior, e cuja extremidade é em todos fechada. Todos estes cinco exemplares, e outros dois precedentemente ob- tidos de outros pontos da região meridional d'Angola, concordam perfeitamente na conformação particular do capacete com os cara- cteres attribuidos por Schlegel ao seu Buceros caruncilatus cafer. Quiz ver nos primeiros exemplares recebidos individuos noves do Buceros abyssinicus, conformando-me assim com a opinião geral- mente recebida hoje e sustentada com incontestavel auctoridade por O. Finsch, Harthaub e Von Heuglin. Agora porém o exame mais attento e cuidadoso de um maior numero de exemplares inclina-me à opinião de Schlegel, levando-me a considerar como especie dis- tincta do B. abyssinicus o que vive na Africa austral e nas regiões occidentaes que lhe são confinantes. N'uma pequena nota que apresentei ácerca deste assumpto à So- ciedade Zoologica de Londres, e que deverá ser em breve publi- +14. PHYSICAS E NATURAES 285 cada nos Proceedings d'esta sociedade, se encontrarão mais exten- samente expostas as considerações que me induziram a divergir da opinião de tão conspicuos ornithologistas. Poiocephalus fuscicollis (Kuhl.) Tres ex., um & adulto, & joven e um &. Parece-me concordar bem nos seus principaes caracteres com os que vejo attribuidos ao P. fuscicollis nas principaes descripções d'esta especie que pude consultar, como se poderá avaliar pela se- guinte diagnose do é: Olivaceo-viridis, remigibus secundariis concoloribus; remigibus primariis caudaque brunneis via olivaceo-viridi fimbriatis; terço, uropygio, abdominegue lacte flavescente-viridibus; capite, collo pe- ctoreque olivaceo-griseis; fronte late, genis obsolete rubris; flexura alari regioneque tibiali miniatis; iride castaneo; rostro sordido albo ; pedibus nigris. Na 2 e no ó joven toda a cabeça e collo são d'um olivaceo aci- zentado uniforme com alguns vestigios de vermelho na fronte e fa- ces da cabeça. Comparando estes exemplares com dois, que existem no Museu de Lisboa, do P. robustus (=P. Levaillantii), ambos ó, provenien- tes do Cabo da Boa Esperança e comprados em tempo à casa Ver- reaux de Paris, encontro diferenças sufficientemênte pronunciadas nas côres, além de apresentarem os exemplares do Humbe um bico proporcionalmente mais desenvolvido e mais grosso. Com effeito em ambos estes exemplares noto o seguinte: 1.º As pennas da ca- beca e collo são fuscas no centro e orladas de amarello esverdeado vivo, exactamente como se vê na estampa 130 de Levaill. (Perro- quets), ao passo que nos exemplares do Humbe domina um tom cinzento claro; 2.º As pennas do interscapulium e as coberturas das azas teem o centro pardo-escuro e as margens d'um verde oliva- ceo, em vez de serem quasi uniformemente desta ultima côr como se observa nos nossos tres exemplares do Humbe; 3.º As pennas secundarias, que n'estes se assemelham às coberturas das azas, são n'aquelles da côr das pennas primarias, isto é, pardas escuras, quasi negras, com uma orla estreitissima olivacea; 4.º Apenas na fronte e nas faces se divisam vestígios de encarnado; 5.º A côr verde do tergum, uropygio e abdomen é mais viva, sem mistura alguma de amarello. Estas differenças podem resumir-se na seguinte diagnose do P. robustus com referencia ao & adulto: 286 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 16. VR 18. 19, Brunneo-viridis, dorsi et alarum plumis medio nigricantibus ; tergo, uropygio abdomineque lacte viridibus; remigibus primariis et secundariis caudaque obscure brunneis olivaceo stricte limbatis ; capite, collo, pectoreque pulchre flavescente-fuscis; fronte genisque via rubentibus; flescura alari regioneque tibiali miniatis. Rostro sordide albo, pedibus nigris. A já citada estampa 130 de Levaillant representa com a maior exactidão qualquer dos nossos dois exemplares do Cabo. Julgo ter justificado a minha determinação especifica dos tres exemplares recebidos do Humbe; e tanto mais me pareceu neces- sario entrar n'estas explicações visto não encontrar menção do P. fuscicollis, e sim do P. robustus, na importante obra sobre as aves de Damara-Land publicada por Gurney. Para chegar a um resultado completamente satisfactorio fôra-me necessario poder fazer a comparação directa d'estes exemplares com outros que representassem authenticamente o P. fuscicollis. Na ausencia porém d"este subsidio importante, consultei as melho- res descripções desta especie e o que della teem escripto os mais competentes ornithologistas, taes como Finsch e Hartlaub, e é pre- cisamente d'ahi que eu tirei argumentos em favor da opinião que apresento e que acompanho de provas justificativas. Dendrobates namaguus. (Licht) Iris arroxado. Dois ex. 9. Oxylophus glandarius (L.) Iris pardo-claro. Um ex. à juv. Pterocles bicinctus. Temm. Iris castanho, pés amarellos. Dois ex. d e 9. Francolinus adspersus. Waterh. Iris castanho, palpebras amarellas, beco e tarsos encarnado vivo. Dois ex. &. E muito abundante no Humbe. (Edicnemus capensis (Licht.) Iris com dois anneis conceutricos, o interno pardo, o externo 20. 21. 22. ÀS) [eba PHYSICAS E NATURAES 287 amarello; base da maxilla superior esverdeada, o resto do bico preto; pés amarellos côr de folha secca, mais tostados na face an- terior do tarso e dedos. Dois ex. d e g do Rio Cunene. Lobivanellas lateralis. Smith Iris côr de greda escura; palpebra, apice da caruncula pre- orbitaria e base do bico amarellos; parte superior da carun- cula e extremidade do bico pardo-escuro, tarso amarello esver- deado. Um ex. ô. Diz-nos o sr. Anchieta que esta especie é menos abundante no Humbe do que na Huilla. Hoplopterus speciosus. (Licht) Iris vermelho, pés pretos. Um ex. à. Chettusia coronata. (Gm.) Iris amarello, hase do bico côr de coral e apice quasi negro, tarso e dedos côr de coral. Abundantissima no Humbe, d'onde nos vieram muitos exem- plares. « Balearica regulorum. (Licht.) Iris branco, face branca, garganta côr de laranja. Dois ex. à e 9. « Ciconia Abdimii. Licht. Iris amarello esbranquiçado. Um ex. q do R. Cunene. « Anastomus lamelligerus. Temm. Iris com dois anneis, o interno amarello e o externo gridelim; faces azul-escuro. Muito abundante; numerosos exemplares. Ardea cinerea. L. Iris amarello-vivo; bico quasi inteiramente d'um amarello-ala- ranjado. Um ex. &. 288 27. 29. 30. 31. 32. 35. JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Ardea Goliath. Rúpp. Iris côr de cana; face manchada de roxo; maxilla superior preta, maxilla inferior preta nas margens, com os 2/3 da parte posterior côr de castanha e o terço anterior esverdeado; tarso e dedos ne- gTOS. Dois ex. é e 9. .« Ardea purpurea. L. Iris amarello-vivo. Um ex. à. Ardea melanocephala. Vig. Iris amarello côr de cana. Ardea rufiventris. Sundev. Iris amarello; face amarella, tarsos e dedos amarellos tirando para arroxado; bico na base amarello e no apice preto. Dois ex. d e 9. Herodias alba. (L.) Iris vermelho-amarellado; palpebras, face e base da maxilla ver- des; bico preto; tarsos e dedos pretos. Muitos exemplares. Abundante no Humbe, reunidos aos bandos na época das grandes cheias. Herodias intermedia. (Wagl.) Herodias plumiferus. Gould. Iris amarello; palpebras, face e base do bico amarello-vivo ; bico amarello um pouco açafroado; porção nua da perna côr de folha secca; tarso côr de bronze, dedos quasi negros. Um ex. 9. Apresenta-se como o precedente em grandes bandos. Herodias garzetta. (L.) Iris côr de cana; face gridelim arroxado. Dois ex. ó e 9. Apparece em bandos numerosos. - Nycticorax griseus. L. Iris vermelho-vivo. Dois ex. d e 9. PHYSICAS E NATURAES 289 +35. Nycticorax Ieuconotus (Wagl.) Iris encarnada. Um ex. g do Rio Cunene. 36. Platalea tenuirostris. Temm. Iris côr de madre-perola; face roxo-avermelhado, pés tintos de vermelho. Tres ex., dois é e um 9. 37. Tantalus ibis. L. Iris castanho, face amarello-esverdeada. 38. Ibis aethiopica. (Lath.) Iris castanho. Tres ex., um é e dois 9. +39. Falcinellus igneus. (Gm.) Iris castanho; face arroxada orlada d'azul claro, tarsos gridelim acobreado. Varios exemplares. 40. Gallinula angulata. Sundev. Iris pardo; bico amarello-vivo com a aresta e a placa frontal vermelhas; tarso e dedos d'um amarello-esverdeado linto de côr de carne nalguns exemplares. A 9 é inferiormente d'um cinzento claro, em quanto que no à esta região é mais escura e azulada. Tres ex. dois é e uma 2. Abundante. 44. Plectropterus gambensis. (L.) Iris castanho. Varios exemplares do Rio Cunene. 42. Sarcidiornis africana. Eyt. Iris castanho. Varios exemplares do Rio Cunene. h3. Chenalopex aegyptiacus. (L.) Iris amarello-ambar. Dois ex. é e q do Rio Cunene. 290 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS h4. Dendrocygna viduata. (L.) Iris castanho muito escuro. Dois ex. & e 9 do Rio Cunene. h5. Aythia capensis. (Cuv.) Nyroca brunnea. Egyt. Iris vermelho. Um só ex. à. Raro. 46. Rhynchops flavirostris. (Vieill.) “ Iris castanho; bico encarnado na base e corneo no apice; tarso e dedos avermelhados. Um só ex. é em mau estado. 47. Graculus africanus. (Gm.) Iris vermelho-escuro; bico amarello com malhas escuras; tarso e dedos pretos. Varios exemplares em plumagem nupcial. N'alguns & e 9, indif- ferentemente, o ventre é malhado de branco, mas não inteiramente branco. Hartlaub e Finsch dizem que a 9 é branca inferiormente, mas provavelmente referem-se à 9 em plumagem d'inverno. PHYSICAS E NATURAES 2914 Já depois de composto o artigo precedente, recebemos uma nova remessa de aves do Humbe, que nos enviou de Mossamedes o sr. An- chieta em 12 de novembro. Por essa occasião nos veiu a desagradavel noticia de que o sr. An- chieta se vira obrigado a recolher a Mossamedes por algum tempo, a fim de se tratar de padecimentos de certa gravidade, que o excesso de tra- balho e privações de toda a especie lhe teem occasionado. Ao dar-nos conta d'este contratempo, o nosso illustre viajante af- firma-nos que os seus incommodos já teem cedido a um tratamento ade- quado, e que em poucas semanas espera estar de volta no Humbe. Fazemos sinceros votos pelo seu restabelecimento e desejamos que seja tão rapido como elle nol-o annunciou. N'estes votos e desejos nos acompanham todos os que se interessam pelos progressos de uma scien- cia, que muito deve já ao sr. Anchieta e muito mais tem ainda a espe- rar dos seus intelligentes esforços e da sua corajosa dedicação. A pequena collecção que deu agora entrada no Museu de Lisboa comprehende 31 aves, colligidas durante os mezes de agosto e setem- bro. Faremos menção especial das especies que não se acham ainda in- cluidas nas listas de aves de egual procedencia, ou que por qualquer motivo nos offerecem mais interesse. 1. Bubo maculosus. (Vieill.) Um exemplar ó, Traz na etiqueta a indicação de— iris castanho. Na lista precedente vem mencionada uma femea, em cuja etiqueta se lê —iris amarello. O sr. Gurney (Birds of Damara Land, p. 42) depois de citar a opinião de Andersson, que diz ser o iris desta especie bright yellow, parece firmar-se n'este caracter para melhor a distinguir de outra especie mui semelhante, tão semelhante que Finsch e Hartlaub a consideram identica, o Bubo cinerascens de Guerin, à qual o mesmo auctor attribue um iris pardo escuro. Sem emittir por agora opinião ácerca deste ponto litigioso, parece-nos 299 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS com tudo pela confiança que temos nas observações do sr. Anchieta que se não póde dar por assentado que o iris do B. maculosus seja sempre amarello. As aves, e mui especialmente as aves de rapina, apresentam n'este particular mui notaveis aberrações. 2. Haleyon semicoerulea. (Forsk.) Iris castanho. 3. Ceryle rudis. (L.) Muito frequente nas margens dos rios. 4. Oriolus notatus. Peters. 5. Prionops talacoma. Smith. Não é raro no Humbe. .. 6. Dilophus carunculatus. (Gm.) 7. Textor erythrorhynchus. Smith. 8. Colius erythromelas. Vieill. Iris castanho. Porção nua da face d'um vermelho claro; tarsos vermelho-carmesim. 9. Poiocephalus Rappellii. (Gray) Iris castanho. Coberturas superiores e inferiores da cauda azues, com quanto o exemplar traga a designação de 9. Parece ter razão Andersson quando affirma que a ausencia d'azul no urypigio e cris- sum não é caracter distinctivo de sexo (Birds of Damara Land, p. 215). A respeito porém da côr do iris não ha conformidade nas informações de Andersson e do sr. Anchieta: o primeiro diz que o iris é orange, o segundo dá-o como castanho. Nas etiquetas de 4 specimens, ainda novos, capturados em Capangombe, de que fize- mos menção na nossa 2.º lista (Jorn. de Sc. Math. e Phys. de Lis- boa, num. 4, p. 336) escreveu o sr. Anchieta—iris cór de canna com um annel interno esverdeado. 10. Psittacula roseicollis. (Vieill.) Iris castanho. Encontram-se em bandos numerosissimos e são muito nocivos às searas. PHYSICAS E NATURAES 203 11. Ephippirhynchus senegalensis. (Shaw.) Um exemplar à. Iris castanho. Segundo Gurney (Ibis, 1862, p. 34) o iris é amarello ro é e pardo-escuro na 9: a serem exactas as indicações do sr. Anchieta, esta asserção parece carecer de fundamento. Diz-nos o sr. Anchieta qne se encontram poucos individuos d'esta especie na margem direita do rio Cunene, a distancia das margens: sustentam-se de reptis, de cadaveres de mammiferos e mesmo de cadaveres humanos. 12. Ardea ardesiaca. Wagl. Iris castanho. Tarsos pretos, dedos amarellos côr de folha secca. Encontram-se em bandos, principalmente nas margens do Cunene. 13. Larus poiocephalus. Swains. Tres exemplares em plumagem de transição, que parecem per- tencer a esta especie. Precisam ser objecto de um mais attento exame. 14. Pelecanus minor. Rúpp. Um exemplar é. Iris côr de rosa. Pelle nua das faces e bolsa d'um amarello desvanecido. Bico malhado de cinzento e vermelho nas margens e no apice. Tarsos amarelos, bem como os dedos. Plumagem branca, tinta ligeiramente de côr de rosa na cabeça, collo e dorso; no peito uma grande malha amarel!a, côr de canna. A cabeça tem uma crista pendente bem distincta. Condiz perfeitamente com a estampa de Riúppell que representa o P. minor (System. wevers. der Vôgel Nord-Ost Africa's, pl. 49). Às principaes dimensões do nosso exemplar são: Comprimento da aza ............... -«. 66 centimetros » da canda ss 16 » » do; DiBO aura Ji ai oi a igor 32 » » do tarsO aa o Sa 12 » » do dedo medio com a unha. 43 » Refere o sr. Anchieta que estas aves frequentam as margens do rio Cunene, mas dificilmente se deixam aproximar a alcance de tiro. 2) 9294 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS As outras especies d'esta remessa são: Aquila Wahlbergii. Sun- deyv., Circaitos cinereus. Vieill., Megalophonos sp.?, Schizorhis concolor. Smith, Balearica regulorum. Licht., Anastomus lamelligerus. Temm., Ardea goliath. Temm., A. cinerea. L., A. purpurea. L., Falcinellus agneus. Gm., Platalea temuirostris. Temm., Porphyrio Alleni. Thoms., Gallinula angulata. Sundev., Sarcidiornis africana. Eyt., Chenalopex acegyptiacus. (Lin.), Dendrocygna viduata. (Lin.), Sterna sp.?, Plotus Levaillantii. Licht. e Graculus africanus. (Gm.). PHYSICAS E NATURAES 295 2. Sur Vhabitat et les caractêres zoologiques du «Macroscincus Coctei» (Euprepes Coctei» Dum. Bibr.) PAR J. V. BARBOZA DU BOCAGE Duméril et Bibron publitrent en 1836! la description d'un Scincoi- dien remarquable par ses grandes dimensions, PEuprepes Coctei, dont Phabitat leur était inconnu. Ils Pavouent positivement en ces termes: «La patrie de cette espêce ne nous est pas connue, mais nous la supposons originaire des côtes d'Aírique; le seul individu de cet Eu- prepes que nous ayons été dans le cas d'observer appartient à notre musée national, ou il a été apporté de Lisbonne, en 1809, avec d'au- tres objets d'histoire naturelle provenant du cabinet de cette ville.» Le dr. Gray a fait mention de cette espêce dans le Catalogue of the specimens of Lizards in the collection of the British Museum, se rap- portant à ce qui se trouve publié dans P Erpétologie Générale et, pro- bablement, sans avoir jamais examiné Pexemplaire unique du Muséum de Paris, car le savant directeur du Muséum Britannique accorde à cette espéce une taille fort au dessus de la véritable2. Plus tard le regretté professeur A. Duméril, digne successeur de son pêre au Muséum de Paris, s'occupant de dresser la liste des Euprepes de la côte occidentale d'Afrique, n'osait plus y comprendre "Euprepes Coctei. «Il est probable, écrivait le consciencicux professeur, que cette espéce remarquable par sa grande taille, et qui semble n'avoir encore été vue que dans notre mu- see, a été rapportée d'Afrique occidentale; cependant il reste des doutes à cet égard 2.» 1 V. Duméril et Bibron, Erpétologie Générale, t. v, p. 666. 2V.J. E. Gray, Op. cit., p. 111. Le dr. Gray n'a pas fait attention à ce que les dimensions dans " Erpétologie Générale sont données en centimêtres, et il a pris 64 centimêtres pour 64 pouces, ou bien, 5 pieds et 4 pouces! 3 V. A. Duméril. Reptiles et Batraciens dAfrique occidentale, Archives du Muséum de Paris, t. x, 1858-1861, p. 178. 296 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Tels sont les renseignements que Pon peut obtenir relativement à Vespêce publite en 1836 par Duméril et Bibron. Ainsi aprés une longue période de 37 ans, malgrê les considérables progrês de la zoologie descriptive et géographique, "Ewprepes Coctea n'est connu que d'aprês le spécimen unique du Muséum de Paris et on continue à ignorer sa véritable patrie. Pendant un séjour de quelques semaines que j'ai fait à Paris en 1867, le professeur A. Duméril m'a fait voir, avec sa complaisance ha- bituelle, Vindividu décrit par les auteurs de PErpétologie Générale. L'en- semble de ses caractéres extéricurs, le facies de Vanimal, m'a causé une impression identique à celle éprouvée par Duméril et Bibron; aprês Vavoir vu, je suis resté, comme eux, persuadê de son origine africaine. A compter de ce moment je me suis promis de poursuivre, autant que me le permettraient un certain nombre de conditions favorables, la solution de ce problême, qui m'intéressait particulitrement, car je m'oc- cupais depuis quelques années de Pêtude de Verpétologie de VAfrique occidentale, étude que les importants envois de M. à'Anchieta et d'au- tres correspondants actifs et devoués m'encourageaient à ne pas aban- donner. Or les recherches commencêes en 1867 et continuées sans interru- ption dans le but de découvrir Vhabitat de PEuprepes Coctei ayant été couronnées d'un heureux resultat, je me permettrai d'exposer en quel- ques mots la suite de faits, dêconvertes et inductions qui Vont amené. Parmi les débris de Vancien cabinet d'Ajuda, qui a été le point de départ ou le noyau de Vactuel Muséum de Lisbonne, j'ai eu le bonheur de retrouver trois sauriens se rapportant exactement par leur taille et par leurs caractêres extérieurs à VE. Coctei. Malheureusement ces spé- cimens ne portaient aucune étiquette constatant leur provenance; mais identiques, quant à leur mode de préparation, à celui da Muséum de Pa- ris, ils semblaient avoir été leurs contemporains au cabinet Ajuda et avoir fait partie d'un même envoi. C'est-à-dire, selon toute probabi- lité, Jes trois specimens de Lisbonne et celui de Paris se trouveraient en- semble dans les collections du cabinet d'Ajuda en 1808, à Veépoque oú Geofiroy Saint-Hilaire fut autorisé par le général Junot à enlever et à faire encaisser pour être transportés en France tous les objets d'histoire naturelle, qu'il y avait choisis à cette fin. Cette dêcouverte, sans résoudre la question d'habitat, m'engageait à persister dans mes recherches. Partageant toujours Popinion de Dumeril et Bibron quant à leur ha- Ditat, jétais logiquement conduit à supposer tous ces spécimens origi- PHYSICAS E NATURAES 297 naires de nos colonies africaines, d'ou ils auraient été envoyês jadis au cabinet d'Ajuda par quelqu'un de nos voyageurs, qui se sont occupés d'histoire naturelle. Cette hypothêse paraissait devoir compliquer la question, car le Por- tugal possédant depuis des sitcles de vastes territoires en Afrique occi- dentale et orientale, les recherches à entreprendre pour arriver à un réê- sultat satisfaisant semblaient devoir prendre une telle extension, qui en rendait Vexécution impossible. D'autres considérations et d'heureux renseignements me permirent de restreindre Vaire de mes investigations à Varchipel du Cap-Vert. L'exclusiou de VAfrique orientale rêsultait de cette considération — que nos colonies de Moçambique avaient été étudiées récemment et três bien étudiées, sous ie point de vue de la zoologie, par un erpétologiste de premier ordre, le dr. Peters de Berlin, qui n'aurait pas laissé fa- cilement échapper Poccasion de retrouver VE. Coctei, sil y habitait en eifet. Quant à nos possessions sur la côte occidentale, les recherches en- treprises par MM. d'Anchieta et Bayão dans un grand nombre de loca- lités comprises dans Fancien royaume d'Angola, sans rencontrer nulle part VE. Coctei, rendaient chaque jour moins probable son existence dans cette partie de VAfrique continentale. D'un autre côtê je savais parfaitement que les iles de Cap-Vert avaient été explorées pendant 10 à 141 ans, de 1784 à 1795, par un naturaliste portugais d'un mérite incontestable, João da Silva Feijó, que des nombreuses collections de produits zoologiques avaient étê adressées par lui au cabinet d'Ajuda, que ces collections devaient sy trouver en 1808, à Vépoque ou Geoffroy Saint-Hillaire y fit son choix pour le Mu- séum de Paris, qu'enfin parmi les débris du cabinet d'Ajuda, que j'avais réussi à recueillir dans le Muséum de Lisbonne, devaient se trouver une partie des collections provenant du voyage de Feijó. Malheureusement il parait que c'était Yhabitude dans le cabinet d'Ajuda de ne pas mettre sur les spécimens des indications sur leur origine, pas même de sim- ples étiquettes constatant leur provenance; je n'ai pu retrouver aucun catalogue régulier et authentique ayant rapport aux envois de Feijó et d'autres voyageurs-naturalistes; jai à peine découvert, aprês bien de recherches, quelques listes, écrites de la main de Feijó, contenant une énumération des animaux, minéraux et autres objets composant ses en- vois. On pouvait sans doute conclure de tout cela qu'il y avait quelques probabilitês en faveur de Pexistence de E. Coctei dans les iles du Cap- JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XVI. 21 998 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Vert; mais ces probabilitês seules étaient insuffisantes, d'autant plus que les résultats des recherches entreprises dans Vespoir de les voir confirmées, leur étaient chaque jour de plus en plus défavorables. En effet j'étais depuis quelques années en rapports réguliers avec les íles de Cap-Vert, jy possédais des correspondants três intelligents, et j'avais déja acquis par leur intermédiaire un nombre assez considéra- ble de spécimens de la faune de cet archipel, sans arriver jámais à ob- tenir VE. Coctei. A mes questions sur Vexistence d'un gros saurien dans une ile quelconque de cet archipel, je n'avais jusqu'alors reçu que de réponses négatives. Yavais donc perdu presque entitrement Pespoir de retrouver VE. Coctei aux iles de Cap-Vert, lorsque le hasard me mit sur la bonne voie pour arriver à sa découverte. Ce fut d'abord M. Bouvier, naturaliste français qui a fait un long séjour à Parchipel de Cap-Vert, qui m'a donné les premiers renseigne- ments utiles, quoique assez vagues, sur un saurien de grande taille dont on lui avait parlé comme se trouvant dans une ile écartée de cet archi- pel, qu'il n'avait jamais visitée. Ensuite M. de Cêssac, un autre voya- geur français qui s'est occupé pendant quelques années d'intéressantes recherches à Pile Saint-Jago et dans d'autres endroits, m'a confirmé les informations de M. Bouvier, en les précisant davantage. D'aprês M. de Cêssac un gros saurien se tronverait en effet dans un ilot désert à pro- ximité de Vile Saint Nicolas; il ne Pavait jamais vu, mais il croyait à son existence d'aprês le témoignage de personnes dignes de foi; il ajoutait que les pécheurs noirs, qui visitent de temps en temps cet ilot, connais- saient fort bien ce saurien et le recherchaient beaucoup comme aliment. Appuyé sur ces renseignements j'ai pu marcher droit au but. H s'agissait avant tout dobtenir quelques spécimens du saurien inconnu, dont Vexistence sur un ilot inhabité m'étais si sérieusement confirmêe. Pour cela je m'adressai à mon ami, M. le dr. Hopffer, chef du service de santé aux iles de Cap-Vert; et M. Hopffer, se dévouant à ces recher- ches avec "empressement qu'il met toujours à servir ses amis, ne tarda pas longtemps à m'envoyer, par Ventremise de notre excellent ami le dr. Thomaz de Carvalho, trois spécimens de Vespêce tant désirée, .qui se trouva être en même temps PEuprepes Coctei. Ces trois spécimens ont été capturés à Ilheo Branco, ilot inabité voisin de Vile Saint Nicolas, oú ils sont connus sous le nom de lagarto, qui du reste est employé en portugais pour désigner le Lacerta ocellata, Lacerta viridis et en génêral les sauriens qui ressemblent à ces espê- ces indigênes. PHYSICAS E NATURAES 299 Il faut remarquer que sous ce même nom de lagartos se trouvent mentionnés sur une des listes de Feijó, dont jai parlé plus haut, quel- ques spécimens capturés par lui dans le même endroit (Hheo Branco). Parmi ces spêcimens devait se trouver naturellement celui qui appartient depuis 1809 au Muséum de Paris. L'habitat de VE. Coctei reste donc bien constaté. Il appartient à la faune des iles de Cap-vert, mais il parait habiter exclusivement un pe- tit ilot désert connu sous le nom d'Hlheo Branco. A des époques anté- rieures il a dú avoir un habitat beaucoup plus étendu; il a dú succes- sivement disparaitre, comme tant d'autres espêces, partout oú Phomme s'est établi à demeure; maintenant il se trouve reléguê dans son dernier refuge, mais là même il lui sera impossible de résister longtemps à la persécution qu'il doit aux qualités qui le font rechercher comme ali- ment. Ce sera dans un temps plus ou moins long une espêce éteinte; car sans moyens de défense, sans agilité, sans inspirer aucune crainte supersticieuse qui puisse la proteger, elle est condamnée d'avance à par- tager le sort de VAlca impennis, du Sirigops, de VApterya et de plu- sieurs autres représentants de la faune actuelle. Dans une note que j'ai adressée à la Société Zoologique de Lon- dres, au mois d'aoút dernier, sur Vhabitat de PEuprepes Coctei, je n'ai pu consigner que le résultat d'un premier examen constatant Videntité parfaite de mes spécimens avec Vespêce décrite par Duméril et Bibron. Maintenant, aprês une étude plus aprofondie de Porganisation de ces ani- maux, je puis ajouter quelques nouveaux détails à ceux que les auteurs de VErpétologie Générale ont mis en lumitre, et examiner, m'appuyant sur ces connaissances nouvelles, si cette espêce doit effectivement rester à la place qui lui a été marquée par Duméril et Bibron. La description de VE. Coctei a étê faite avec les soins minutieux et Vadmirable exactitude que Bibron apportait toujours dans les travaux de cette nature. Les caracteres extérieurs citês dans cette description se retrouvent chez tous les exemplaires que nous avons pu examiner, sauf de petites variations individuelles sans importance. Le portrait est três ressemblant; et cependant il nous donne une idée incomplête et fausse de Vanimal dont il parait être Vimage fidéle. Il y a une lacune importante, résultat d'une observation incompléte ou mal faite, que je me permettrai de combler, autant qu'il est en mon pouvoir de le faire. Pour Dumérii et Bibron le genre Ewprepes, outre la position des narines et Vexistence de deux supéro-nasales, est caracterisé par un pa- Jais à échancrure triangulaire, plus ou moins profonde, de petites dents implantées dans les os pterygoidiens et des écailles carentes. Les má- 2l. -300 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS choires portent des dents coniques et simples, comme ceux des Eume- ces et de la plupart des scincoidiens. L'examen de la bouche de PE. Coctei aurait du convaincre Dumé- à il et Bibron que cet animal n'est pas un Euprepes, en leur fai- dh sant voir, 4º qu'il n'a pas de dents au palais, 2º qu'il porte aux VÍ deux máâchoires des dents à cowronne três comprimée, légêre- 2 ment arrondie et tros distinctement dentelée sur les bords, fig. 1. Ns Les dents de PE. Coctei, différents de ceux de tous les scincoi- Fig. 1 diens connus, rappelent ceux des Iguanae, tout en conservant de caracttres particuliers. Ainsi les dents de "Iguana tuberculata, avec lesquelles je les ai comparées, présentent une couronne en forme de fer de lance, fig. 2, à pointe aigue et à bords garnis de denticulations pointues, tandis que ceux de VE. Coctei ont une couronne éga- <=> lement comprimée, mais sans terminer en pointe aigue, et à Fig. 2 bords latéraux découpés en dentelures arrondies. La comparai- son des fig. 4 et 2 suffira à bien faire saisir les différences que je viens de signaler. Le régime de VE. Coctei parait être exclusivement végétal, comme c'est le cas des Iguanae. Les 3 spécimens que j'ai reçus ont été nour- ris pendant le voyage de feuilles de chou et paraissaient se trouver bien de se rêgime, qui leur a été continué au Muséum tant que la tempéra- ture s'est maintenue elevée: à present le seul survivant, qui est le plus jeune des trois, ne mange qu'à de grands intervalles. On n'arrive pas à se bien expliquer comment des caractêres d'une telle importance et si faciles à reconnaitre ont pu échapper à des obser- vateurs aussi exacts et consciencieux, comme Vétaient Duméril et Bibron. L'absence de crâne chez Vindividu qu'ils ont examiné pourrait seule leur servir d'excuse. De ce que les trois anciens exemplaires du cabinet d'Ajuda ont eté montês avec leurs crânes, je suis três disposé à conclure que le spé- cimen du Muséum de Paris devait naturellement se trouver dans le même cas à Vépoque ou il fut choisi par Geoffroy Saint-Hilaire; mais Je ne peux pas affirmer avec une égale assurance qu'il devait avoir son crâne quand il fut étudié par Duméril et Bibron, ou qu'il doit le conserver actuelle- ment, d'autant plus qu'en Vabsence de données positives à cet égard, j'ai de fortes présomptions en faveur de Popinion contraire. Ces présom- ptions, les voici: Avant la publication de "Erpétologie Générale, Cuvier a fait men- tion, dans les Ossements fossiles, d'un grand scincoidien dont les dents PHYSICAS E NATURAES 301 prêsentent une couronne compriméc et dentelée sur les bords; la tête et les dents de cette espêce se trouvent représentées par les fig, 35, 36 et 37 de la Pl. 244 de Pouvrage citée, sous la désignation de cráne et denis du Lacerta scincoides Shaw., mais évidemment elles n'appartien- nent pas au L. scincoides Shaw. (== Cyclodus Boddaerti. Dum. et Bibr.), dont les dents ont une forme tout-à-fait différente, à couronne tubercu- leuse, presque hêmisphérique !. Le professeur Owen, dans son Odonto- graphy, cite dans ces termes les figures publiées par Cuvier, qu'il re- produit sur la pl. 66 de son Atlas*?: «Cuvier figures the cranium of a large species of scink, allied by its short tail to the Lac. scincoides of Shaw, in wich the maxillary teeth have expanded crowns vith a denta- tet margin; the pterygoid teeth are wanting.» On voit par cette citation que le professeur Owen tout en attri- buant le crâne et les dents figurées par Cuvier non pas au L. scinçoi- des, mais à une autre espêce alliée ou voisine de celle-ci, s'abstient de nous dire le nom de cette espêce si remarquable par ses dents, ce qui revient à nous avouer qu'il Vignore. Ily a donc une espêce de scincoidien, remarquable par sa taille, non moins remarquable par la forme singulitre de ses dents, dont on ne connait que le crâne d'aprês les figures des Ossements fossiles. Or il suffit de comparer la fig. 37 de Cuvier aux dents masxillaires de VE. Coctei, ou à la figure que je donne ci-dessus, pour reconnaitre leur extrême ressemblance, je dirai plutôt leur parfaite identité; de sorte que les dessins de Cuvier paraissent reproduire le crâne et les dents de cette espêce. Par conséquent si Pon vient à vérifier que le spécimen de VE. Co- ctei du Muséum de Paris n'a pas de crâne, tout s'explique d'une ma- niêre satisfaisante 3. Cuvier lui à probablement fait retirer le crâne, qu'il a fait représenter sous le nom d'une espêce tout-à-fait diferente; Dumé- ril et Bibron ne Vayant pas rencontrê, n'ont pu reconnaitre les caractê- res d'une valeur considérable qui s'opposent à Vadmission de cette es- pece dans le genre Euprepes. L'E. Coctei n'étant donc pas un Euprepes et ne pouvant pas être 1V. Cuvier. Ossements fossiles, 4º édit., t. x, p. 56, pl. 244, fig. 35, 36, et d7. 2 V. Owen. Odontography, 1, p. 237; 11, Atlas, pl. 66, fig. 5,5". 3 Jai écrit à mon ami le professeur Paul Gervais lui demandant de véri- fier sur le spécimen du Muséum de Paris ce détail important, mais je n'ai pas encore reçu de réponse. 3092 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS placé, d'apreês ses caracteres particuliers, dans aucun autre genre déjá établi parmi les scincoidiens, je dois en proposer pour lui un genre nouveau sous le nom de Macroscincus. Caraciêres gênériques: Palais non denté, à échancrure profonde et triangulaire. Langue semblable à celle des autres scincoidiens, légêre- ment fendue à la pointe, plate, squammeuse, à squammes assez gran- des vers la base, petites dans son tiers antérieur. Dents maxillaires (à Vexception des antéricures de la máchoire supérieure, qui sont coni- ques) à couronne comprimée et dentelée sur les bords, à Vinstar des denis des Iguanae. Narines percées vers le bord postérieur de la na- sale. Deux supéro-nasales. Une série de plaques sous-oculaires placées entre les sous-labiales et Poeil. Écailles du tronc disposées en un nombre três considérable de séries longitudinales, celles du tronc et des flancs carênées et généralement à deux carênes, celles des régions inférieures, de la queue et des membres plus grandes et lisses. Par Pexistence de supéro-nasales et par ses écailles carénées le genre Macroscincus ressemble au genre Euprepes; mais par ses pla- ques sous-oculaires et par absence de dents au palais il se rapproche davantage du Tropidolepisma et d'autres genres australasiens. Ses dents à couronne dentelée et le nombre considérable de ses rangs d'écailles lui accordent une place tout-a-fait à part parmi les scincoidiens. La seule espêce connue, et elle en restera probablement Pespêce unique, est le M. Coctei. La description de cette espêce par Duméril et Bibron est, dans tout ce qui a rapport à ses caractêres extérieurs, d'une três grande exa- ctitude, comme je Iai déja remarquê. Les trois individas que nous possédons de Vancien Cabinet d'Ajuda sont presque de la même taille et n'en diffêrent pas sensiblement sous ce rapport de celui da Muséum de Paris; les différences qu'ils présentent quant à leur longueur totale étant plutôt le résultat des dimensions varia- bles de leurs queues, car cet appendice est d'une telle fragilité, qu'il n'y à pas un seul de nos spécimens dont la queue ne présente pas de traces évi- dentes de reproduction à la suite d'accident. Des trois spécimens reçus recemment d'Ilheo Branco, un seul parait être parvenu à compléte ma- turité; les deux autres lui sont inférieurs en dimensions. Voici du reste les dimensions en centimêtres de nos six spécimens : PHYSICAS E NATURAES 303 A B € D E Ft Longueur totale ... ... 620. D6c. Bl c 570. 47.43 6. Tête ettronc réunis... 36» 37» 38» 32» 29» M » ERG, si secas ioto suo MOD ÃO po SD 25d AS DA Je présenterai maintenant le rêésumé des caractêres spécifiques du Macroscincus Coctei. La taille de ceite espéce dépasse de beaucoup celle de nos plus grands spécimens du Lacerta ocellata ; la tête, courte et pyramidale, est extrêmement renflée au-dessous et en arritre de Pangle de la mâchoire; le tronc est large et três déprimé à sa moitié postérieure; les membres, courts et forts, terminent par de doigts médiocres et légeêrement com- primés; la queue, conique et pointue, varie considérablement de lon- gueur par suite de son extrême fragilité. Le dessus de la tête est recouvert de plaques rugueuses chez les individus adultes. Une plaque rostrale triangulaire couvre Vextrémité du museau, obtusement arrondie. Au-dessus de son sommet les deux su- péro-nasales sont en contact; elles s'allongent en arriêre au-dessus de la rostrale, de la nasale et de la fréêno-nasale. L'internasale, assez dé- veloppée, a la forme d'un rhombe dilaté en travers. Deux fronto-nasa- les contiguês précêdent la frontale, qui est hexagonale, mais à bords la- téraux beaucoup plus étendus que les bords antérieurs et postérieurs. Les fronto-pariétales contiguês laissent en arriére un angle rentrant, dans lequel vient s'articuler Vextrémité antérieure de Vinterpariétale, plus pe- tite et plus étroite que la frontale. Pariétales et interpariétale sont bor- dées en arriére par deux écailles étroites et allongées, qui se réunissent sur Vangle postérieur de Vinterpariétale. On compte de chaque côté qua- tre sus-oculaires et sept à huit surcilliaires, dont la premiêre est d'or- dinaire assez grande. La nasale est oblongue et à bord postérieur ar- rondi, prês duquel s'ouvre la narine; elle s'articule par ce bord postérieur à la fréno-nasale, qui est petite. Une premitre frénale grande, et aprês elle deux autres superposées, un peu moins grandes. Une série de six à sept plaques sous-orbitaires. Sept à huit labiales supérieures et autant de labiales inféricures. Le tronc est revêtu d'écailles hexagonales, peti- tes et carénées sur le dos et les fiancs, plus grandes et lisses sur les régions inférieures, disposées en 408 à 1142 séries longitudinales. Les “1 Les individus A, B et CG proviennent de Vancien cabinet d'Ajuda; ceux désignés par D, E, F sont les spécimens envoyés vivants par le dr. Hopffer. 304 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS écailles du dos et des flancs portent en gênéral deux carênes plus on moins distinctes, à ce qu'il parait, d'aprês Pâge des individas; mais on trouve aussi quelques écailles à trois et à quatre carênes entremêlées aux autres. Les écailles de la queue sont plus dévelopées et plus ir- réguliêres que celles du tronc. Une série de six à huit squammes assez grandes couvrent le bord du cloaque. Écailles du dessous des doigis lisses; paumes et plantes des pieds recouvertes d'êcailles coniques. Dimensions du plus grand de nos individus vivants: Longueur totale 57 centimêtres; tête 6,5 cent.; tronc 25,5 cent.; queue 25 cent. Lar- geur de la tête derritre Vangle de la mâchoire 7 cent. Largeur du trone à sa moitiê postérieure 9,7 cent. Membres antérieurs 9,4 cent.; membres postérieurs 41,5 cent. Le systeme de coloration indiquê par Duméril et Bibron se rappro- che beaucoup du véritable. Les parties supérieures présentent sur un fond gris-olivâtre des taches irrégulitres d'un brun-noirátre; ces taches sont três cnnfluentes sur la face supérieure de la tête et sur le milieu du dos et de la queue. Le dessous du corps, de la queue et des mem- bres est d'un blanc-jaunátre avec quelques petites taches arrondies d'un brun-foncé. Le nombre des dents parait être vingt six, de chaque côté et à cha- que mâchoire. A la mâáchoire supérieure, je compte d'abord quatre dents antérieures coniques et simples, légêrement courbes, implantées sur le prê-masxillaire, suivies aprês un court intervalle de vingt deux dents à couronne comprimée et dentelte sur les bords: en tout vingt six dents de chaque côté. Les vingt six dents appartenant à chaque branche de la mâchoire inféricure sont uniformes, et ressemblent par la disposition de leur couronne à celles du maxillaire supérieur. Chez les individus três âgés les découpures de la couronne des dents, sans disparaitre entigre- ment, deviennent moins distinctes. D'aprês les derniers renseignements, que j'ai reçus de M. le dr. Hopf- fer, la patrie exclusive de cette espêce est un ilot inhabité de Varchipel du Cap-Vert, situé entre Vile de Santa Luzia et Vile de S. Nicolau, mais plus rapproché de la premitre ile, dont il se trouve à peine à la distance d'une liene et dêmi. Cet ilot, assez elevé au-dessus du niveau de la mer, produit abondamment de Vorseille; il est connu et se trouve désigné dans nos cartes sous Je nom de Iheo Branco. M. de Cêssac m'avait indiqué dans le temps un autre ilot voisin de celui-ci, PIlheo-Raso, comme le lieu d'habitation du gros saurien in- connu, que nous a tant couté à retrouver; mais j'avais tout lieu de croire inéxacte Vindication d'un tel habitat, car cet ilot, ne présentant qu'une PHYSICAS E NATURAES 305 masse de rochers stériles, se trouve dans les conditions les plus défa- vorables pour servir d'abri à une grosse espêce, qui parait vivre exclu- sivement de végétaux. Du reste les dernitres informations de mon ami le dr. Hopffer ne laissent plus le moindre doute à cet égard. Je ne peux pas résister au désir de donner ici un extrait de sa lettre. «ll n'y a pas le moindre doute que ces sauriens se trouvent exclu- sivement dans VIlheo Branco; iis nhabitent pas PIlheo Raso.» «Voici par suite de quelles circonstances je suis arrivé à découvrir leur existence. Causant avec un vieillard sur Vhistoire de Te de Santo Antão, ou j'ai établi mon domicile depuis deux ans, il m'a raconté qu'en Vannée 1833, signalte par une terrible famine, les autoritês de Vile or- donnêrent la transportation à "Ilheo Branco d'une trentaine de scélérats, qui s'y établirent et y restêrent jusqu'a la terminaison de la famine, vi- vant abondamment de poissons et de lagartos. A ce mot lagartos je lui ai demandê des explications et Jai appris de lui que cet ilot était en effet habité par de gros laceriiens de 50 centimêtres de Jongueur, dont les transportés à cette époque-lã surent en profiter comme aliment et dont on employe encore aujourd"hui la graisse en frictions contre les dou- leurs. Jenvoyai tout de suite quelques pêcheurs au Theo Branco, qui se trouve à peine à un jour de voyage de Vile de Santo Antão, et au bout de trois jours ils m'apportérent les trois lagartos, que je gardai en ditte absolue pendant plus de quarante jours, sans même lui donner de Veau.» ú «Comme Vilot est inhabitê et à peine visité de temps en temps par des pêcheurs, qui n'y séjournent pas, on ne sait rien des mecurs de ce reptile, dont on ne trouve aucun vestige dans les autres iles de Varchipel. » Une lettre de mon ami le professeur Paul Gervais, que je viens de recevoir au moment de mettre sous presse Particle précédent, confirme toutes mes suppositions relativement à Pidentité de "Euprepes Coctei. Dum. et Bibr. et du faux Lacerta scincoides de Cuvier. M. Paul Gervais m'écrit: «Je me suis occupé de vos demandes. L'E. Coctei, type de T'es- pece, est à la Galérie de Zoologie; son crâne a été enlevê autrefois, et 306 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS je trouve dans nos cadres de la Galérie d'anatomie comparée, le crâne du faux Lac. scincoides figurê par Cuvier dans les Ossemenis fossiles, pl. 244, fig. 35 à 37; il y est indiqué comme piéce venant du Musée | de Lisbonne, ce qui, je crois, confirme pleinement vos suppositions. C'est donc une affaire reglée, et je suis heureux de vous avoir rendu ce petit service.» PHYSICAS E NATURAES 507 à. Segundo appendice ao catalogo des peixes de Portugal POR FELIX DE BRITO CAPELLO Durante uma visita que fiz a Setubal no mez de novembro ultimo tive occasião de obter algumas especies de peixes, que ainda não figu- ravam na collecção do Museu Nacional, e de melhor determinar outras que haviam sido incluidas provisoriamente, e sob designações duvidosas, no Catalogo dos peixes de Portugal. Começo hoje a consignar aqui os resultados d'essa excursão zoologica. Fam. SPARIDAR Genus Pagrus Cuv. 24h. Pagrus auriga. Val. Seima. Setubal. D. É; A. 3; L. lat. 50; L. transv. 5. Altura do corpo no comprimento total. ........... 1:3,00 Comprimento da cabeça no total... .............. 1:3,75 Diametro do olho no comprimento da cabeça ...... 1:5,00 » » » da; focinho... «. 1:275 Côr geral acarminada com duas a tres faxas largas mais verme- lhas, atravessando o corpo. Comprimento total de cada individuo 07,540 0”,580. Este exemplar é exactamente identico ao que recebemos ha tempos de Setubal com o nome de Pargo therezo, e que considerâmos como 308 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Chrysophris coeruleosticta? no Catalogo dos peixes de Portugal (Vid. num. Hr). Genus Pagellus. Cuy. ct Val, 245. Pagellus bogaraveo. Briinn. Bezugo. Setubal. Fam. SCONBRIDAE Genus Thynnas. Cuv. et Val. 246. Thynnus alalonga. (Risso) Atum gelha comprida. Setubal. D. 14 |&|1x; A. & vm; CR ES PO Og a a 17,150 Azulado escuro no dorso; branco prateado no ventre: primeira dor- sal com os raios amarellos e castanho escuro. Pinnulas côr de canario orladas de castanho escuro. Anal e caudal orladas no bordo externo de amarello claro. Fam. LABRIDAE Genus Labrus. Artédi 247. Labrus comber? Penn. No Catalogo dos peixes de Portugal (num. mr, p. 56), indicâmos a existencia no museu de alguns exemplares de uma especie que duvidá- mos considerar como o L. Donovani. Dissemos então quaes os caracte- res que deram logar à referida duvida. Trouxemos de Setubal alguns exemplares da mesma especie (e vimos no mercado dezenas de indivi- duos todos semelhantes), cujos caracteres vamos descrever. D. sm; A. 5; L. lat. 45; L. transv. S. Altura do corpo no comprimento total. ...... RR oO Comprimento da cabeça no total... .............. 1:3,50 Diametro do olho no comprimento da cabeça ...... 1:5,50 » » » do focinho. ..... 1:2,00 COMpriido se O ta SD 07" ,250-07,280 PHYSICAS E NATURAES 309 Amarello alaranjado nos flancos e ventre. Um pouco mais escuro no dorso. Em alguns exemplares o amarello do corpo e cabeça trans- forma-se em uma bella côr de oiro. Barbatanas todas e parte da cabeça verde brilhante. Uma faxa prateada segue por baixo da linha lateral desde o bordo posterior do olho até à raiz da caudal; esta faxa é or- lada de escuro na porção que atravessa as peças operculares. tab. Fam. PEGASIDAR Genus Kippocampus. Cuv. 2148. Wippocampus guttulatus. Cuv. Cuv. Régn. An. Kaup. Lophobr, 9. Giúnth. Cat. vim, 208. Setubal. 249. Hippocampus ramulosus. Leach. Leach. Zool. Misc. 1814, 105, tab. 147; Lowe, Fish Madeira, 6, 2; Kaup. Lophobr. 10; Gúnth. Cat. vm, 201. Dorsal com 19 raios. Tuberculos bastante desenvolvidos, agudos e recurvados; todos munidos de tentaculos, especialmente os da cabeça, que são em parte ramificados e bastante desenvolvidos, pois alguns che- gam a medir o comprimento do focinho. Um exemplar obtido em Setubal. Fam. SYNGNATIEDAS Genus Siphonostoma. Kaup. 250. Siphonostoma tiphle. (Lin.) Cavallo-marinho. Syngnathus typhle. Lin. Syst. Nat. 1, 416. Comprimento do maior individuo ................ 07,170 Setubal. A proposito da familia Syngnathidae, cabe observar nesta occasião que obtivemos em Setubal e verificimos a existencia do Syngnathaus te- nuirostris de Rathke, especie não adoptada pelo sr. Giúnther (Cat. of 310 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS the fishes in the British Museum via, 157), que a considera identica ao S. acus, e que citâmos no appendice ao Catalogo dos peixes de Portu- gal como proveniente do Algarve. Para comprovar a existencia das duas especies apresentamos em seguida os caracteres de cada um d'elles, na mesma ordem, a fim de facilitar a sua comparação. Syngnatus tenuirostris. Rathke. D. 34-38; placas osseas 19-20 + 40-41. O comprimento do focinho (medido do bordo anterior da orbita) é maior que a distancia que vae deste bordo à extremidade do operculo. Cristas supraorbitarias alcançando apenas a metade das regiões tempo- raes. Base da dorsal muito menor que o comprimento total da cabeça. Distancia da abertura anal à extremidade do focinho maior que 2/5 do comprimento total. Syngnathus acus. D. 37-40; placas osseas 19-20 + 40-44. Comprimento do focinho egual à distancia que vae do bordo an- terior da orbita à extremidade do operculo. Cristas supraorbitarias atra- vessando as regiões temporaes e chegando à placa occipital. Base da dorsal proximamente egual ao 'comprimento total da cabeça. Distancia da abertura anal à extremidade do focinho menor que 2/; do compri- mento total. MEDIDAS TOMADAS EM 6 INDIVIDUOS (2 NOVOS E 4 ADULTOS, TAMANHOS RESPECTIVAMENTE EGUAES) DAS DUAS ESPECIES EM QUESTÃO NOVO ADULTO p E e Ed 8. tenuirostris S. acus S. tenuirostris 8. acus Comprimento total.... 07,242 0"212/0m 308; 07,263 07,308; 07,263 Comprimento da ca- | | pecar pro e: 0",030 07",025/07",041; 07,038 07,034; 07,031 “Comprimento do foci- nho cAte ts et 07,018 0",014 07,024; 07,023 07,017; 07,016 Comprimento da base da dorsalg us our 07,022 07,025 09,033; 07,028 07,036; 07,031 Da ponta do focinho à abertura anal. ..... 07,087 07,082 /07,125: 07,146 0,121; 07,104 PHYSICAS E NATURAES 3114 A comparação d'estas medidas confirma o que acima dissemos ácerca dos caracteres differenciaes das duas especies. Com effeito, no que diz respeito ao comprimento dos focinhos, se compararmos os in- dividuos das duas especies e do mesmo tamanho, ver-se-ha que 0 ex- cedente do comprimento das cabeças é exactamente devido à differença do comprimento dos focinhos. O tamanho da base da dorsal em relação ao da cabeça tambem é evidente n'estes numeros: vê-se pela sua comparação que no $S. tenui- rostris ha sempre uma grande differença entre estas duas medidas, em quanto que na outra especie são eguaes, ou proximamente eguaes. Finalmente, em quanto às relações do tamanho da parte anterior do corpo para com a cauda, deduz-se d'estes numeros que o S. acus tem esta parte do corpo relativamente maior. 3192 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS BOTANICA === 0 1. Nymphacaceae a Frederico Welwitsch in Angola lectae AUCTORE ROBERTO CASPARY Botanices Profess. Universitatis regimontanae NYMPHARACRAE (Planchon. Ann. Se. Nat. 3. fev. 1853. vol. xrx 17 ss. Bentham et Hooker Gen. 1. 45.) Subordo II. CABOMBEAE Bent. et Hook. 1. c Gen. Brasenia Schreb. Gen. 1789. 372. Sp. BRASENIA PURPUREA Casp. Species unica. Nymphaea minor Scaphoides s. oblongo folio, umbilicata ex terra Ma- riana. Plulienet Almag. Mant. 1700. p. 197. t. 149. Hlydropeltis purpurea Michaux. Fl. Bor. Am. 1803. 1 324. t. 29. Sims. Bot. Mag. vol. xxvrr. 1808. t. 1147. Richard Ann. Mus. d'Hist. Nat. tom. 17. 1811. 230. Poiret in Lamarck Encycl. 1813. Suppl. mr. 78. Turpin Dict. sc. nat. 1816. planch. Dot. t. 81. Schnitzlein Iconographia t. 186. 1 O manuscripto da monographia das Nymphaeaceas angolenses, que hoje publicamos e é devido à elaboração do distincto professor de Koenisberg, o sr. Robert Caspary, havia-nos sido confiado em sua vida pelo dr. Fr. Welwitsch. Esperámos muito pelo regresso a Lisboa deste nosso amigo, para elle mesmo superintender a revisão do impresso; com o seu fallecimento, porém, não de- viamos demorar por mais tempo a publicação, esperando da benignidade do proprio auctor o sermos advertidos das rectificações ty pographicas que haja ainda a fazer e nos escapassem, as quaes a todo o tempo serão devidamente attendidas. B. A. GOMES. PHYSICAS E NATURAES 313 Brasenia peltata Pursh. Fl. Am. sept. 1814. 11. 389. Nuttall Gen. Nor- tham pl. 1818 m. 24. Barton Comp. fl. phil. 1818. 1. 26. Torrey et Grey Fl. North. Am. 1, 1838. 55. A. Gray Gen. fl. Am. Bor. Orient, Illust. 1. 1848, 95. t. 39. Torrey Fl. state New-York 1848. 1. 36, Brasenia Hydropeltis Rafinesque. Med. fl, 1828. 1. 90. t. 17. A cl. dr. Welwitsch in districto angolensi Huilla in magno Jacu Ivantala inter Lopollo et Quilengues ad 4500 ped, altit, supra mare cum flore et fructu initio Martii 1860 lecta. Welw. iter angol. exsicc, n. 1178. De planta recenti cl. Welw. haec observavit: «Caulis fluitans, apicem versus una cum foliis natans, viscosus, cylindricus, livido-pur- pureus; folia jnvenilia ut illa Nymphaeacearum plicata supra laete viri- dia, subtus purpurascentia. Flores sordide purpurei, carpidia carnosula purpurascentia.» In hb. cl, dr. Welwitsch vidi flores, folia, rhizomata, fructus omni modo illis plantae americanae, indicae orientalis et austra- lensis aequalia. Cl. dr. Welwitsch coram mihi dixit plantam illo in Jacu in aqua profunda crescere et se caules ad 18 pedes longos e lacu extra- xisse, Obs.— Maxime memoratu est dignum, quod Brasenia purpurea in boreali America a Canada usque at Cubam obvia (Grisebach Abhand, Ges. Wiss. Goett. x1r. 1866. 9 et 17.), et in India orientali prope Joo- wye in montibus Khasiae ad 4500 ped. altit. fere ad 92 4/,º orient. long, greenz et 25 !/2º bor. lat. (Hooker Himalayan Journals m 317), et in Bhotan a cl. Griffith detecta, in Nova Hollandia a cl. Rob, Brown 1801 ad King George's Sound (Icon. ined. bot. exped. Flinders a Ferd. Bauer pict. vol. mr. t. 139. in Mus. brit. sect. bot.) et postea aliis locis lito- ris orientalis huius continentis inventa (F. Mueller, The plants indigenous to the colony of Victoria 1860-62 1. 11. Bentham et Mueller, FI. austr. 1863. 1. 60), nunc etiam a cl. dr. Welwitsch in Africa tropica reperta est. Et quod fere mirabile dictu planta omnium horum locorum maxime a se distantium, quod vidi, ne minime quidem variat! Brasenia purpurea etiam in Japonia vivere videtur. Cl. Planchon. (Ann. sc. nat., ser. 4. tom. 11. 257) Mengyanthem nymphoidem Thunbg. Fl. Cap. fide specim. ex herb. Lugd. Batav. in hb. Mus. par. non esse Limnan- themum peltatum Griseb. in DC. Prodr. sed Hydropeltidis sp. dixit, cu- ius folia omnino cum foliis Braseniae purpureae congruant; florem ta- mem perfectum comparare haud potuit. Brasenia purpurea illa est cabombacea, ad quam cl. dr. Welwitsch al- ludit in litteris ad sir W. Hooker (Journ. proc. Lin. Soc. v. 186). Rob. Brown (Horsfield Pl. jav. 1. 1840. 118) asseruit, gemmulas ex angulo dorsali carpelli in Hydropeltideis oriri, id quod Asa Gray JORN, DE SCIENC. MATE. PHYS. E NAT. —N. XVI, 22 314 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS (Gen. 1. 1v) et alii affirmant, sed Schleiden (Wiegmann's Archiv. v. 230. Schnitzlein Iconogr. not. ad t. 186) negat. Tamen assertio Rob. Brow- nii recta, ut examinatione speciminum boreali-american. in spiritu vini conservatorum a cl. Dan Eaton collectorum Braseniae purpureae didici. Subordo HI. NYMPHAEAE Bent. et Hook. 1. c. 48. Gen. Nymphaea L. Gen. n. 655. DC. Syst. 1. 49. Endl. n. 5020. Planch. Ann. sc. nat. 3. ser. x1x. tom. 31. Benth. et Hook. 1. c. 46. Castalia Salisb. in Kon. et Sims. Ann. of bot. 1. 74. Par. Cond. 1.1. Nota ad tab. 14. | Sepala 4, rarius 5-7, infera, oblongo-lanceolata !.— Petala oblongo- lanceolata 7-28, verticillatim per 4 vel 8 vario modo disposita, verticillis 2-7, extima quatuor cum sepalis alternantia, plerumque dorso sepaloi- dea, interiora sensim minora, basi germinis inserta. — Stamina numerosa 23-702, germini inserta, verticillatim per 8, verticillis alternantibus, vel spiraliter vario modo disposita, lanceolata, antherae introrsae, connectivo supra antheram producto, vel non producto. — Pollinis grana unicellula- ria, sphaeroidea. — Carpella 5-35 in germen 5-35 loculare subglobosum vel cylindricum, supra truncatum vel coniunctim enata, vel lateraliter libera, dorso et ad axim tantum cohaerentia, plerumque quodcumque in processum apicali-dorsalem protractum, rarissime eo destitutum, ra- dii stigmatici papillosi, discum plus minus infundibuliformem vel cupu- liformem circum processum centralem axilem hemisphaericum vel cy- lindricum formantes. Gemmulae plurimae singulis in loculis toti parieti insertae, anatropae, in tegumentis duobus. — Fructus bacca spongiosa, ir- regulariter dehiscens, calice saepissime persistenti, rarius petalorum ver- ticillis exterioribus vel filamentis staminum exteriorum persistentibus, superficie cicatricibus petalorum et staminum notata, loculis polysper- mis, gelatina repletis.— Semina plus minus numerosa, arillo albido sacci- 1 Oblongum voco folium cum Linkio (Willd. Grundr. der Kraeuterk. 6. | Edit. 1821 p. 78) et Bischoff (Handbuch der bot. Terminol. p. 74), cuius Ton- gitudo 2-3 plo. latitudinem superat, lanceolatum, quod 3-4 plo. et plus lon- gius est, quam latum, PHYSICAS E NATURAES 315 formi, tandem putredine dissoluto inclusa, eoque natantia. Testa vel glabra, vel meridianis imperfectis tecta, germinatione cirça mamillam micropylem et hilum gerentem, haud in testam immersam, radice pro- trusa abiectam, lobis pluribus irregulariter fissa. — Rhizoma vel subcylin- dricum, cortice suberoso et stolonibus destitutum, at ariditatem toleran- dam haud aptum vel ovatum, oblongum, stoloniferum, cortici suberoso contra ariditatem defensum. — Radicum fasciculus adventitiarum sub quo- que folio erumpens. — Folia perfecta natantia, vario modo spiraliter dis- posita, haud peltata, vel paululum peltata, basi fissa, cordata, ovata, reniformia, elliptica, suborbicularia, stipulata, stipula vel intrafoliacea, vel basi petioli inserta. —Pedunculi solitarii sparsi, vel rarius numero regulari cum foliis alternantes, foliorum locum tenentes. — Flores specio- sissimi, saepe magni, certum dierum vel noctuum numerum florentes, aperti et ope insectorum vel venti impregnati, vel clausi, vel subclausi se ipsos impregnantes, post impregnationem sub aqua fructum maturan- tes. — Stirpes perennes praecipue regionis tropicae, paucae regionis tem- peratae, perpaucae frigidae incolae. I. Sectio LYTOPLEURA Casp. in Miquel. Ann. Mus. lugd.-bat. 1866. tom. m. 245. Carpella toto latere libera tantum externe ad dorsum et interne ad processum axilem coniunctim enata. 1. Subsectio BRACHYCERAS Casp. |. c. 243. Cyanea (Lota) et Lotos (ex parte) DC. Syst. 1823. 11. 49.— Cyanea (maxima in parte) Planchon Ann. sc. nat. 3. ser. tom. x1x. 1853. 32 et 37.— Sect. 1. Appendiculatae (excl. spp.) Lehmann in Otto. Hamb. gart. u. Bl. Zeit. 1853. 195. Sepalis nervis nec bene perspicuis nec prominentibus. Petala cya- nea, albida, rosea, pallide purpurascentia. Stamina sine intervallo maiori petala sequentia. Antherae exteriores processu connectivi plus minus longe appendiculatae, extimae primum dehiscentes, intimae ultimum. Pollen Jaeve. Processus carpellorum breviores, apiculati, ovati usque li- neares. Flores per tres vel quatuor dies ab hora 7 a. m. usque 1 vel 2 p.m. aperti. Sepala in fructu plerumque persistentia. Semina parva, opaca, ellipsoidea usque subglobosa, meridianis pilorum 12-31, saepius imperfectis tecta, rarissime glabra. — Folia plus minus anguste peltata, integerrima vel sinuata vel sinuato-dentata, dentibus obtusis vel acutis. 99 dm aa * 316 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Petiolus basi alatus, ala in dentem excurrente vel alae supra stipulam intrafoliaceam basi petioli insertam formantes.— Rhizoma ovatum usque oblongum, stoloniferum, post radicum, foliorum, florumque interitam tempore arido vel hiemali cortice suberoso obtectum. Flores sparsi. Stirpes amphigeae, zonae tropicae et temperatae calidioris. 1. Nymphaea stellata Wild, sepalis coriaceis vel rarius subcoriaceis oblongis usque lanceolatis, la. : Ig. ==1:2,1-5,5 (in extr.), numero partium floris medio, petalis 8-18, rarius 20-27, staminibus 32-97, adeo 138, carpellis 6-26; processu carpellorum la. : Ig.==1:4/3-2 (in extr.) plus minus apiculatim acuminato irarius sensim attenuato acuto vel obtusiori, parte libera radii papillosi la.: lg. ==1:3/,-2 (in extr.), versus apicem breviter arcuatim angustata, apice late rotundato et ob- tuso, rarius sub-obtuso, rarissime acuto; foliis breviter ellipticis, cor- datis usque suborbiculato-cordatis, rarius cordato-ovatis, elongato-elli- pticis, rarissime cordato-orbiculatis, vel reniformibus, peltatis, pelta folii 3! 81/ (in extr.) lata, integerrimis usque grosse et irregulariter sinuato-dentatis, nervis primariis utrinque 5-11 in extr., fere 7 in me- diis; areis primariis brevioribus, area principali ! cuneiformi 2/3 latitu- dinis demidii folii fere amplectante; seminibus ellipsoideo-sphaericis us- que elongato-ellipticis, meridianis imperfectis pilosis 12-31. Citambel Rhcede Hort. mal., 1692, x1 (ex parte), tab. 27. Nymphaea malabarica minor, florum petalis longis acutis, foliis serratis. Ray. Hist. pl., 1704, mr. p. 631, secundum spec. orig. in herb. Sloane vol. 257, p. 9. (v. in hb. mus. brit.). Nymphaea indica minor, quinta species. Rumph. Herb. amb. 1750, vr. p. 172. Nymphaea malabarica. Poiret in Lam. Encycl. 1797. 1v. 457. Nymphaea stellata. Willd. Sp. 1799. 11. 1152. Nymphaea stellata. Hovk et Thoms. Fl. ind. 1855. 1. p. 243 (charact reform.) Hassk. Retzia 1855, 123 et 235; Miquel Fl. ind. bat. 1858. 1. 2. 90. Castalia stellaris. Salisb. in Kon. et Sims. Ann. of bot. 1806. mm. 72. Nymphaea coerulea. Persoon. Syn. 1807. 11. 63. N. Coerulea Sav. et N. stellata Andr. In regione litorali interiori distr. Icolo e Bengo in Lagôa de Qui- 1 Areas primarias spatia inter binos nervos primarios radiatim e puncto insertionis petioli exeuntes et corum ramos apicales sita voco; quarum area- rum principalem illam dico, quae verticaliter versus nervum medianum prima- rium directa est, superiorem quidem, si duae adsint fere verticales. PHYSICAS E NATURAES 317 lunda prope Prata socialem cum Nymphaea dentata Schum. Pistia et Lemna arrhiza sine flore Septbr. 1854 cl. Welw. (Welw. It. ang. exs. n. 1172) legit specimen Nymphaea stellata brevi tempore post germi- nationem, quod tantum 3 folia minima ovata habet et cuius varietas vel subvarietas haud constitui potest. I. Punetata foliis (siccis) vario modo supra (pachycystis) ! elevatim punctatis, punctis vel ubique aequaliter vel solum ad basin nervorum principalium vel ad punctum insertionis et versus marginem etc dispo- sitis. Nymphaea cocrulea Planch. Ann. sc. nat. 3. Ser. xix tom. 1853. 42. A. VULGARIS, Supra punctum insertionis petioli gemma nulla. Huc pertinet Nymphaea stellata 3 Sims. Bot. Mag. 1819. 46 t. 2058; Bojer Hort. maur. 1837. p. 8; tamen subvarietas ex figura haud cognosci potest. Specimina quae huc pertineri videntur, quorum subvarietates ul- teriores haud enucleari possunt, quum folia desint, legit cl. Welw. (Welw. It. ang. exs. n. 1185) Mart. 1857 in flumine Cuije distr. Pungo Andongo (cf. adn. 1). A. distans lobis folii plus quam dimidia latitudine eius a se distantibus; petalis albis, sepalis externe lineolis atro-purpureis ma- culatis. In Angola distr. Huilla in rivulis lente fluentibus et inundatis inter Catumba et Ohai leg. cl. Welw. (Welw, It. ang. exsic. n. 1174.) 1860 med. Maii (cf. adn. 2). B. approximata lobis folii minus quam dimidia latitudine fo- lii a se distantibus vel se tegentibus. a spiralis pedunculis fructiferis spiris 2-4 retractis. « maculata sepalis maculis linearibus atropurpureis pictis. a lilacina petalis lilacinis. Cl. Welw. (Welw. It. ang. exs. n. 1175) leg. in Pres. Pungo An- dongo in stagnis profundioribus editis cum flor. et fructibus immaturis med. Febr. 1857 (cf. adn. 3). É immaculata sepalis maculis destitutis. a! lilacina petalis lilacinis. ! Pachycystas illas cellullas magnas parietibus crassissimis voco, quae in telis permultarum plantarum inveniuntur, saepius ramosas et giganteas, quas Planchon pneumatocystas appellavit, Hanstein ex parte in cortice arborum «Knor- pelzellen.» In Nymphaeaceis omnibus fere in telis et organis adsunt et saepisi- me superficiem granulosam et crystallis rhombicis tectam exhibent. Ad perspi- rationem nihil valent, ut Planchon opinatus est. 318 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Cl. Welw. (Welw. It. ang. exs. n. 1175) leg. loco modo memorato (cf. adn. 4). Fortasse huc pertinet specimen a cl. Welw. (Welw. It. ang. exs. n. 1475?) in flumine Quije (proprius Cuije) inter Quibinda et Quitage Mart. 1857 lectum, propter proximam affinitatem ad plantum antece- dentem, modo memoratam, tamen de forma RUN fructiferi obser- vatio deest; (cf. adn. 5). Cl. Welw. (Welw. It. ang. exs. n. 1167) legit in distr. Ambaca in lacu dicta de Caringa ad sinistram rivi Caringa Junio 1855 specimina ad var. a. spiralem f3. immaculatam pertinentia, tamen de colore floris nihil constat (cf. adn. 6). Possibile est, etiam alia a cl. Welwitschio le- cta specimina ad a. spiralem pertinere, tamen pedunculi fructiferi de- sunt, ita ut indicare nequeas. Quum pedunculi fructiferi spirales certe rarissime inveniantur veresimilius videbatur, caetera specimina collectio- nis cl. Welwitschii iis carentia, ad subvarietatem b. adscendentem spe- clare. b adscendens pedunculis fructiferis fere horizontaliter, vel ar- cuatim reflexis, apice adscendenti. « maculata sepalis maculis linearibus atropurpureis, foltis subtus plus minus praesertim versus marginem kermesinis vel purpuras- centibus, plerumque maculis saturatioribus subtus vel supra et subtus pictis. In Aegypto, Cordofan, Africa occidentali (Senegambia, Guinea, An- gola) et orientali, Madagascaria, India orientali et archipelago indico. Nymphaea coerulea Savigny Dec. Egypt. mr. an. vir (1798) p. 74. Ann. Mus. 1802. 1. 366, t. 25; Ventenat Malmaison 1803, n. 6 (excl. synon.); Delile Descript. de VEgypte 1813 1. p. 306, t. 60, fig. 2 (excs. synon. plur.); Sprengel Syst. 1825. 11. 604; Decandolle Syst. 1823. u. 50. Prodr. 1824. 1. 114. Spach Hist. nat. des végêt. (suites à Buffon), 1839, vir 169; Planchon Fl. d. serr. vm p. 19. t. 653; vir 119. Webb Fragm. fl. aeth. aeg. 11; Lehmann in Otto Hamb. Gart. w. Bl. Zeitg. 1x 1853. 200. Nymphaea stellata Wight et Walker-Arnolt Prodr. fl. pen. Ind. or. 1834. 1. 17; Planchon Ann. sc. nat. 1. c. 40; Lehmann 1. c. 199 (=N. stellata Roxb. et N. cyanea Roxb.). Castalia coerulea Trattinnick in Flora 1832. 591, 604, 607. Nymphaea radiata Berchlold et Opiz Anth. Herb. n. 253. q. Febr. 1825; Opiz Naturalientnnick 1823-25, p. 216. Nymphaea rhodantha Lehmann 1. c. 198, 214 (ex parte certo « ma- culata secundum hb. vindob.). PHYSICAS E NATURAES 319 Nymphaea leiboldiana Lehmann 1. c. 1x. 1853 p. 197, 209 quoad plantam australi-africanam.a Burke lectam, cuius floris color haud notus. «! coerulea, petala coerulea. Forma ubique patriae frequens. Nymphaea coerulea Sav. et auctorum supra memoratorum. Nymphaea rufescens Willd.Ms. in hb. W. n. 10098. Nymphaea cyanea Roxburgh Hort. Beng. 1816. p. 41. FI. Ind. 1832 Hp. 577. Nymphaea caerulea Guillemin, Perrottet et Richard Fl. Seneg. Tent- 1830-331 p. 1d (ex parte). Nymphaea Heudelotii Planchon Rev. hort. 16. Fevr. 1853. p. 4. Ann. sc. nat. 3. ser. x1x vol. 1853 p. 41 fide spec. orig. hb. Mus. par. — Nymphaea pseudopygmana Lehmann 1. c. 1x 1853 p. 244. In Sene- gambia, Heudelot. Forma pygmaea. Nymphaea poccila Lehmann 1. c. p. 371, 425 ex spec. originalibus hb. Lehmann. Nymphaea ampla Kotschy n. 167 Pl. nubia==N. nubica Lehmann 1. c. p. St. Nymphaea madagascariensis Lehmann 1. c. p. 200 in spec. orig. hb. Lehmann. Legit cl. Welwitsch (Welw. It. ang. exs. n. 1176?) in rivulis de Lopollo stagnis lateralibus profundis, Jan. 1860 (cf. adn. 7). et (Welw. It. ang. exs. n. 1177) in distr. Huilla in lacu Ivantala inter Quilengues et Lopollo Mart. 1860 (cf. adn. 8). f immaculata sepalis immaculatis viridibus, folio subtus vel viridi vel purpurascenti, maculato vel immaculato. In Aegypto, Africa occidentali (Guinea, Angola) et orientali (Mo- zambica, Madagascaria, insula Mauritii, insulis Mascarenis), India orien- tali. Huc pertinere videtur N. stellata R. Wight Icon. pl. Ind. or. 1840 I tab. 178. Castalia stellata De Vriese Pl. Iungh. 1851 1 79. a! coerulea petalis coeruleis, quandoque subviolascentibus. De synonymis cf. Caspary apud Miquel 1. c. 245. Cl. Welwitsch (Welw. It. ang. exs. n. 1177) in distr. Huilla in lacu dicta Ivantala inter Quilengues et Lopollo init. Mart. 1860. (cf. adn. 9), cuius loci specimina fere transitum ad // albidam reddunt, quod flores vetustate albescant, et (Welw. It. ang. exs. n. 1471) in distr. Barra de Bengo in lacu magno propre Quisequêle inter Quifandongo et Barra de Bengo init. Jan. 1854 (cf. adn. 10), et (Wehw. It. ang. exs. n, 1476:in distr. Huilla in flumine Quipumpunhime aliisque rivis profundioribus 320 JORNAL DE SCIENCIAS MATIIBMATICAS prope Humpata Ohai et circa Lópollo Febr. 1860 (cf. adn. 44); tum (Wei. Àt. ang. exs. n. 1173) in distr. Icolo e Bengo in stagnis prope Funda saepius extra aquam ih uliginosis inundatis crescentem Jan. 1854 (cf. adn. 12), flores cuius ultimi loci colori albiscentes halitu coeruless cente, transitum ad formam [4 albidam reddunt. ! albida, petalis albis. In Aegypto (Sieber, Ehrenberg), Madagascaria (Goudot), Senegam: bia (Perroitet), Ceylon lecta et nunc in Angola a cl. Welwitsch detecta. Nymphaea coerilea /3 albiflora Sieber Ms. Ex Aegypto: In hb. Tansch Pragae. Foliis subtus purpureis, saturatius maculatis. Nymphaea coerulea (5 minor flore albo Ehrenberg Ms. in hb. berol. «Ad Damiettam rarior.» Nymphaea abbreviata Guill. Perr. Rich. 1. c. 16 (ex parte). Nymphaea madagascariensis Platchon Ann. sc. nat. 3. Ser. xix toms p. 40. ex parte planta a Goudot in Madagascaria lecta. Nymphaea stellata Thiwaites et Hook. fil. Enum. pl. Ceylan. 1864. 14. huc pertinere videtur («I have never seen any but the pale whitish vas riety in Ceylon» Thw. 1. c.): Cl. Welwitsch (Weliw. It. ang. exs. n. 1170) legit in Lagõa de Qui= zembo in Congo reg. Quizembo, distr. Ambriz, Nov. 1853 (cf. adn. 13): II. Sectio, SYMPHYTOPLEURA Casp. in Miquel 1. c. p. 248. Carpella toto latere coniunctim enata. 1. Subsectio Loros DC Syst. 182 11 49 (ex parte). Planchon Ann. sc. nat. 1. c. 32. —Sect. 1 Inappendiculatae, trib. 1- Lotos (ex parte) et trib. m. Chamaelotos (ex parte) Lehmann in Oito Hamb. Gart. u. Bl. Ztg. 1x 1853 196, 201. Sepala nervis 7=13 perspicuis et elevatis. Petala alba roseá vel pur- purea (nunquam coerulea). Stamina infima a petalis intervallo maiori remota. Antherae exteriores non vel brevius appendiculatae, omnes eo- dem fere tempore apertae. Pollen laeve. Processus dorsali-apicales car- pellorum lineares, cylindrito applanati. Flores per quatuor noctes et pri- mas horas matutinas aperti. In fructu sepala et filamenta staminum ex- teriorum persistentia. Semina parva, opaca, ellipsoideo-globosa, meridia- . nis pilorum 11-12 saepius imperfectis obtecta.— Folia perfecta anguste peltata, basi fissa, cordata, suborbiculata, elliptica, rarissime uniformia, margine sinuato-dentata, dentibus subspinoso-mucronatis. Petiolus basi PHYSICAS E NATURAES 3924 alatus, ala in dentem acutum superne producta. — Rhizoma et dispositio florum ut in Sect. 1 Lytopleura Subsect. 1 Brachycerata. Stirpes geron- togeae zonae tropicae et temperatae calidioris. 2. Nymphaea Lotus Linn. Sp. 1753 (ex parte) Hook fil. et Thoms. Fl. ind. 1855. 1. 241 (charact, reform.). Miguel Fl. ind. bat. 1858. 1. 2. p. 88. Character subsectionis est character speciei unicae. Castalia mystica Salisb. in Kon. et Sims Ann. of bot. 11. 1806. p. 77. I. Lata sepalis ovatis usque ovato-oblongis la. :lg.==1:1,7-3,0 (in extr.),==1:2,3 (in med.); filamentis plerumque antheras longitudine superantibus, flavis, petalis albis, extimis dorso roseo, vel violaceo-pur- pureo tinctis. In Aegypto et thermis Hungariae episcopalibus ad Magnam Vara- dinam et prope Budam. De subvarietatibus cf. Caspary 1. c. Il. angusta sepalis plerumque oblongo-lanceolatis rarius oblongis, la. :1g.=1:2,7-4,7 (in extr.),==1:3,3 (in med.), antheris filamenta ple- rumque latitudine superantibus, filamentis staminum ibteriorum (sem- per?) purpureo-maculatis, petalis albis, vel extimis dorso roseo vel azu- reo-violaceo. Nymphaea Lotus 2 ostgrisiana Planch. 1. c. 33. Africa extra Aegypto, praesertim occidentalis. A. glabrescens foliis subtus glabris vel parce pubescentibus, se- palis plerumque angustioribus, oblongo-lanceolatis. Huc pertinet planta a cl. Chr. Smith in Congo lecta (hb. Mus. brit.). folio glabro, tamen, quod fragmenta folii tantum adsunt subvarietas fo- lii haud cognosci potest. a. rotundifolia foliis suborbicularibus. In Kordofan a cl. Kotschy (It. nub. exs. n. 168) ad montem Aras- thkool lecta. b. acuminiloba foliis breviter ellipticis, glabris lobis longius acuminatis se tegentibus, In Angola cl. Welwitsch (Welw. It. ang. exs. n. 1169) in distr. Mossamedes, ubi frequens est in lacubus ad ostia fluminis Giraúl (1, e. Maiombo), cum fl. et fruct. Julio 1859 legit (cf. adn. 14). B. dentata planta plerumque omni parte maior, folio subtus plus minus pubescenti, petalis saepius acutis, sepalis basi saepius manifeste contractis. Nymphaea Lotus Guill., Perr. et Rich. Fl. Sen. tent. 1830-383. 1 14. Webb. Fragm. fl. aeth. aeg. 11. Nymphaea dentata Thonn. et Schum. Dansk. vid. Sels. nat. og math. 3292 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS afh. 1829 1v 33. Hook. Bot. Mag. t. 4257. Planch. Fl. d. serr. vi t. 627-28. Nymphaea ostgrisiana Planch. Fl. d. serr. vm 67. Senegambia (Perrottet, Richard!) hb. mus. par.; Leprieur hb. be- rol.; Whitfeld ad ripam Gambiae hb. mus. brit.); Sierra Leone Whit- field hb. Lindl.; in Europam introducta et culta); Guinea (Thonning?), - Musgn. in lacu Tubori (Ed. Vogel hb. Hook); Fassokl (Figari). Nunc etiam a cl. Welwitschio in Angola lecta. Weliw. it. ang. exs. n. 1164 (cf. adn. 45), n. 1465 (cf. adn. 16), n. 1166 (cf. ado, 47); n. 1168 (cf. adn. 18). ADNOTATIONES 1. Wehw. It. ang. n. 1185. Reg. m.? 2400-3800 p. alt: In sche- - dula cl. Dr. Welwitsch adiecit: «Una cum n. 1165 (i. e. Nymphaea Loto w angusta B. dentata) lecta, follis praetervisis! Habit. socialis cum Nym. dentáta Schum. in flumine Cuije, ubi florem-hunc una cum floribus N. dentatae legi, folia autem prodolor praetervisi. Mart. 1857? Flos unicas, qui adest, maximus 7 3/;! in diametro. Sepala lanceolata, la. :Jg. = 281/39 :3%/s angl., multis lineolis atropurpureis ornata. Filamenta sta- minum extimorum antheras 2 !/a-plo latitudine superantia; appendices antherarum acuti et longi. Petala lanceolata, alba, extima extus coeru- lescentia. 2. Welw. It. ang. n. 1174. Reg. m1.º sup. 3800-5500 p. alt. cl. Dr. Welwitsch in schedula adnotat: «Nymphaea fragrantissima, foliis cor- datis, sinu subrecto apertis, lobis divaricatis, triangularibus, abrupte acuminatis, margine subintegris, utrinque laevigatis, subtus purpuras- centibus. Flores albi, sepala striis parvis nigris ubique adspersa, flores omnium Nymph. certe fragrantissimi, imo exsiccati per long. tempus amoenissime odori. Radix bulboso-tuberosa, edulis.» —Folia tria, quae exstant, ovato-sagittata, Iobis breviter acuminatis, acutis, valde distan- tibus, 3/, latitudinis folii a se remotis, solito breviora, nervis utrinque 1 Hortulanus summus in horto botanico franco-gallico Insula St. Louis, qui 1820 Nym. Lotum 1 angustam B. dentatam ad Senegal legit. 2 Secundum specimina originalia unica Thonnnigii hb. Lehm., nunc mea in possessione, folium subtus haud viride nec glabrum, ut Schumacther 1. c. dixit, praesertim versus marginem violaceus et ubique minutissime et satis dense sub lente pubescens. PHYSICAS E NATURAES 3923 5 principalibus, supra punctum insertionis et nervos principales puncti elevatis (pachycystis) notata, subtus kermesinis, vel pallide kermesinis, nervis viridibus, vel maculatis atro-violaceis subtus tantum, vel utraque in pagina. Sepala lanceolata, atro-violaceo maculata, maculis oblongis vel linearibus; petala alba, extima 4 linea mediana dorsali sepaloidea; stamina numero medio longius appendiculata. Fructus adhuc immatu- rus petiolo spiraliter contorto, anfracta unico. 3. Welw. It. ang. n. 1175. Reg. mr.? 2400-3800 p. alt. cl. Wel- aitsch adnotat: «Radix tuberosa edulis, corolla albida halitu roseo-pur- pureo, petala lanceolato-acuminata. Flores gratissime odori, magnitudine minus variantes quam folia; pedunculi fructiferi spiraliter refracti.»—Fo- lia parva ovato-suborbicularia, la. :lg. : long. lobi==3"" 8/39!" : 4! 46! : 92! angl. integerrima, lobis apice rotundatis, vel acuminatis, productis, pel- tata, subtus, ut videtur, immaculata, quamquam color viventium in siccis haud cognosci potest, supra vel tantum punctis elevatis (pachycystis) ad nervos vel fere ubique aequaliter, quamquam rarius, densius ad pun- ctum insertionis ornata; sic folia eidem rhizomati insidentia, nam totae plantae adsunt. Flores parvi, sepala lanceolata, maculata, ad sunmum 1 3/4! longa. Stamina medio numero, appendice mediocri, acuto. Pro- cessus carpellorum pars libera la. :lg.==1:1 4/2 brevis et acuta. Pedun- culus fructuum nondum maturorum spiraliter contortus, anfractibus 3-4. Quod attinet ad formam pedunculi fructiferi spiralem, haud magni momenti esse videtur, nam in quibusdam varietatibus Nymphaeae albae, Nymph. gracilis, quos colui, pedunculus fructifer modo arcuatim ad fun- dum reclinatus apice adscendenti, modo irregulariter reflexus, modo ra- rius spiraliter contortus invenitur. 4. Planta praecedens sepalis immaculatis, eiusdem loci natalis, ut appareat, num sepala sint maculata an immaculata esse momenti laevio- ris coque tantum coloris varietates proximas distingui; tamen quaedam varietates constanter sepalis maculatis vel immaculatis praeditae sunt; nam nunquam vidi Nymphaeam stellatam 1 vulgarem B. approximatam a maculatam «! coeruleam nostris in caldariis sub nomine Nymphacae coeruleae Savigny cultam et verosimiliter ex Aegypto allatam, maculis se- palorum destitutam, quamquam permulta individua per 1ô annos exa- minavi. d. Welw. It. ang. 11475”. Reg. m.? 2400-3800 p. alt. Folium, flos et sepala ut plantae praecedentis adn. 4. Fructus non adest, nec cl- Welw. notam de pedunculo, num sit spiralis necne affert, tamen pro- pter locum natalem vicinum et quod planta omnino omni respectu cum subvarietati spirali congruit, ei cum dubio adnumeravi. 32h JURNAL DE SCIÊNCIAS MATHEMATICAS 6. Welw. It. ang. n. 1167. Reg. 1.º superior. Cl. Dr. Welwitsch: adnotat: «Socialis cim Nym. dentata et Ottelia sp.» —Folia 2, flores 2 et specimen totum fructiferum adsunt. Folia elliptica, magnitudine media, lobis subacuminatis, loborum margine exteriori subrepando, ad nervos: supra punctis elevatis ornata; de colore viventium nihil constat, macu- lata esse videntur. Flores magnitudine media, omnino formam Nym. stellatae 1 vulgaris B approximatae « maculatae x! coeruleae aegyptiacae referentis; sepala breviter lanceolata, immaculata, ut videtur; appen- dices staminum longi et acuti; pedunculus fructifer spiraliter retractus, anfractibus duobus. Semina nondum omnino matura breviter elliptica, ad extremitatem micropyles mamilla instructa, chalazae obtusiuscula, 18 circiter meridianis imperfectis pilorum ornata, saturate brunneo-grisea; Longitudo seminis Latitudo poraocys 0,5005"" duod. paris. ..... 0,3679"! duod. paris GA EN 0,5058 » rd di 0,4036 » » uIpLi, SIE 0,4950 ) sua silvi d10,9809 » » NE, O. - 0,5166 » pads BDG » Huc pertinet veresimiliter: «Nymphaea Wehw. It. ang. n. 1167. Distr. Ambaca. Hab. in lacu de Caringa una cum forma priori (n. 1167) eodem tempore Junio 1855 lecta.» «Forma parviflora et parvifolia.» Fo- lia 4 parva et flos parvus exstant. Folia ovata subtus saturatius colo- rata, lobis acuútioribus, quam formae n. 11467, unum 2” 7/16” longum, 1" 6/g'” Jatum. Flos caeterum ut praecedentis plantae, a qua nil nisi ma- gnitudine et aliis momentis valde variabilibus difíerre videtur. Magnitudo speciminum Nymphaeacearum rarissime est constans; e seminibus eius- dem fructus partim plantas giganteas, si optime tractas, partim plantas pygmaeas si in pauperrima terra et vasibus minimis colis, oriri videas; praesertim Nymphaea stellata magnitudine valde variat. 7. Welw. It. ang. n. 1176.” «Huilla. In rivuli de Lopollo stagnis Jateralibus profundis. Jan. 1860.» —Folia ovata magnitudine media, supra viridia, versus marginem kermesine subfusa, subtus immaculata, ver- sus marginem sordide brunneo-kermesina. Sepala et petala extima ex- tus atro-violaceo maculata, maculis oblongis vel linearibus. petalis coe- ruleis, antherae longe appendiculatae, appendice lanceolato, filamentis staminum extimorum latis, antheram usque ad 2 4/-plo latitudine su- perantibus. 8. Welw. It. ang. n. 11477. Reg. n.º sup. 3800-5500 p. alt. Cl. Welwitsch adnotat: «Stirps maxime decorosa, floribus cyaneis, PHYSICAS E NATURAES 5545 odoratissimis, totam fere superficiem lacuum obtegens. Petioli et pedun- culi 3-15 pedales; vidi pedunculum 18 pedalem. Calyx basi 4-gonus, eiusdem foliola striis (non punctis) nigris adspersa, petala intense cya- nea, vetustate alhicantia. Folia subtus violaceo-purpurea, peltata, um- bone (centro) concavo, sinu acuto, lobis repando-acuminatis, margine exteriori plus minus denticulatis.»—Folia 2 et 2 flores adsunt. Folia ma- gna, ovata, fere orbicularia, lobis breviter protractis, acuminatis, pelta angusta, nervis utrinque primariis 8-9, supra aequaliter punctis eleva- tis (pachycystis) adspersa, sicca subtus sordide violacea, nervis virescen- tibus (?). Flores usque ad 5” in diametro, sepala lanceolata, maculata, maculis linearibus, stamina longe appendiculata, pars libera carpellorum fa sigi== 4:22, 9. Welw. It. ang. n. 1177. Planta antecedens in adn. 8 memorata; inter n. 1177 flores decerptos unicus exstat, qui sepala immaculata prae- bet, igitur huc pertinet. 10. Welw. It. ang. n. 41474. Cl. Welwitsch in schedula adnotat: «Folia peltata subtus plus minus nigro maculata. Flores albidi halitu coe- rulescentes», et in schedula altera: «Flores coerulescentes!» —Folia grosse subtus maculata, supra punctis elevatis ad nervos primarios ornata, ma- gnitudine media, tenue membranacea, lobis se tegentibus, obtusis, pau- lulum protractis, margine repando. Flores parvi, sepala immaculata, ut petala breviter lanceolata, appendice staminum brevi, caeterum flores omnino illis Nym. stellatae 1 vulgaris B. approximatae « maculatae « coeruleae ex Aegypto aequales. 44. Wekiw. It. ang. n. 1776. Reg. 1.º sup. 3800-5500 p. alt. Fo- lium suborbiculare, supra viride versus marginem kermesine subfusum, subtus immaculatum, versus marginem sordide brunneo-kermesinum, supra aequaliter punctis elevatis adspersum, lobis vix acuminatis, sub- acutiusculis, vel obtusis. Flores ex parte maximi, sepala immaculata, acuta, lanceolata, petala intense coerulea, acuta, plerumque acuminata, extime dorso medio sepaloidea, versus marginem lilacina; stamina ap- pendice subbrevi, filamenta staminum extimorum lata antheram 2-3-plo latitudine superantia. 12. Welw. It. ang. n. 1173, Regio litoralis interior. Cl. Welwitsch in schedula adnotat: «Folia peltata, tenuiter membranacea, nigro ma- culata, flores albescentes, halitu coerulescente. »—Folia tenuissime mem- branacea, elliptica, margine subrepando, lobis acutiusculis, punctis ele- vatis rarioribus ad nervos primarios, subtus griseo-virescentia, maculis magnis obscurioribus; sepala immaculata, lanceolata, appendices stami- num satis breves, petala angusta, lanceolata, stamina numero parvo. 326 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS 13. Welw. Tt. ang. n. 1170. Regio litoralis interior. Cl. Welwitsch in schedula observat: «Habitat rarior cum Nymphaea dentata in Lagõa de Quizembo, ast potius marginem lagunae praefert, dum N. dentata aquas profundas inhabitat. Folia peltata, subtus nigro maculata. Flores albi.»— Folium subparvum, 4" 3/4! Jongum, 3”! 4/16” latum, 8-nervis primariis utrinque, margine sinuato, subdentato, dentibus obtusis; color folii vivi haud cognosci e sicco potest. Flores parvi 2 4/4! ad 2 7/8! in diametro metientes, sepala immaculata, caetera ut in Nym. stellata 1 vulgari B. approximata « maculata «' coerulea ex Eegypto. 14. Welw. It. ang. n. 1169. Reg. 1.º litoralis. Observ. Cl. Welwitschai: «Herba radice tuberosa perennis, flores omnino et constanter albi, calyce viridi, odore vinoso aromatico fortissimo.»—Sepala la. :lg. (eodem in flore sicco)==8 1/2": 32"; == 140 1/9!" : 32!;==6 1/9!!! : 30"! duod. rhen. ; ad medium fere latissima versus basin angustiora, glabra, lineolis ele- vatis (pachycystis) ornata; petala obovata, oblongo-lanceolata; antherae staminum etiam extimorum filamentis Jongiores exappendiculatae. — Fo- lia ab omnibus Nymphaeae Loti, quae cl. Welw. legit, diversa forma, elli- ptica, la. :lg.== (71/2:94/4!; ==8:9 1/2! et lobis longius acuminatis, se invicem tegentibus, margine longius dentata, peltata, pelta unius fere 1" Jata, subtus glabra, nunc sicca griseo-viridia, immaculata, supra ad punctum insertionis et ad nervos primarios punctis elevatis rarioribus ornata. 15. Welw. It. ang. n. 1164. «R. Congo, reg. Quizembo. Calice ex- terne purpureo-violaceo, petala alba quidem ast apice halitu roseo! Ha- bitat frequentissima in stagnis profundis, Lagôas dictis, prope Quizembo, socialis cam Nymphaea stellata, Lemnaceis et Pistia. Exsiccatu difficilli- ma. Novbr. 1853.» In altera schedula legitur: «Nym. in lacu ad Banza de Ambriz et de Quizengo cum flore Novbr. 1853.»—Folia 3 et flores 2 exstant. Folium mediocriter magnum, la. :lg.==7/:7 4/5", pelta 43/16!! lata, suborbiculare vel ovatum, lobis se tegentibus vel valde approxi- matis, margine sinuato-dentatum, dentibus protractis, acutis, supra aequaliter vel tantum ad nervos primarios punctis elevatis (pachycystis) ornata, subtus breviter pubescentia, pilis rarioribus, nervis minus pu- bescentibus quam lamina. Flores maximi, 6 13/16 et 16 13/16! in diame- tro metientes, sepala la. :1g.==4 1/39:3 3/8!, ==1:3,2, lanceolata, pe- tala obovato-oblonga; stamina omnia exappendiculata, antherae etiam staminum extimorum filamenta longitudine superantes. 16. Welw. It. ang. n. 1163. «Reg. m1.º 2400-3800 p. alt. Distr. Pungo Andongo. Habitat frequenter in flumine Cuije socialis cum Azolla, Ceratopbyllo et altera Nymphaca petalis elongato-lineari-lanceolatis insi- PHYSICAS E NATURAES 327 gni !.»— Folium magnum suborbiculare, sinuato-dentatum, dentibus acu- tis, sinu mediocriter lato, vel lobis se tegentibus, subtus subpubescens, vel subglabrum, pilis rarioribus, ad sinum in lobis densius pubescens, supra aequaliter punctis elevatis ornatum, pagina inferiori sordide vio- lascens, intensius versus marginem, atroviolaceo maculatum, pagina su- periori etiam sed rare maculatum. Flores magni vel medii, receptaculo externe satis dense pubescens, sepala ad basin pubescentia, la. : lg. == 14/8!; 31/2,==1:3,1 Janceolata lineolis raphidioidibus elevatis (pachy- cystis) ornata; antherae staminum omnium etiam extimorum filamenta longitudine superantes. 17. Welw. It. ang. n. 1166. Reg. 1.º superior. Distr. Ambaca. Ha- bitat in lacu parvo ad sinistram rivi Caringa inter Dalatanda et Ambaca, so- cialis cum Ottelia sp. etc. Junio 1855.» —Folia elliptico-suborbicularia, sinu angusto, supra vel aequaliter, vel tantum ad nervos principales ele- vatis punctis ornata, subtus praesertim in lobis ad sinum sub-pubescen- tia, obscure colorata, tamen color viventium e siceis haud cognosci po- test. Receptaculum floris extus sub-pubescens, sepala la. :1g.==25/39"': 48/16 angl. ==1:2,5 elongato-oblonga, lineolis raphidioidibus elevatis ornata, petala oblonga, antherae haud appendiculatae, longiores quam filamenta etiam staminum extimorum. 18. Welw. It. ang. n. 1168. Reg. litoralis interior. Habitat frequen- tissima in Lagôa de Quilunda, totam fere lacus extensi superficiem una cum Pistia stratiote omnino obtegens, 14 septbr. 1854. Obs.:: Flores intus lactei, extus uti et calicis foliola halitu azureo-violaceo; nec flores natant, sed strictis pedunculis 4 !/2 palm. supra aquae superficiem ere- cti exstant, pedunculis saepius 3-4, imo 5 palmaribus.»—Sepala elon- -gato-oblonga la. : 1g.==34/39" : 2 3/6!!, (==1:2,5);=="/39!!:2M/,6 = 1:2,7). lineolis elevatis (pachycystis) rhaphidioidibus ornata; recepta- culum pubescens, antherae staminum extimorum filamentum longitudine superantes. Folium suborbiculare, subtus pubescens, haud maculatum, lobis apice haud protractis, sinus angustus. 1]. e. Nymphaea stellata adn. 4. 328 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS PHYSICA E CHIMICA aa EEE —ms 1. Sobre o peso dos gazes em Lisboa POR ADRIANO AUGUSTO DE PINA VIDAL equenequeccsquescccccanem 1.—0Q peso de um litro de ar normal, isto é, de ar secco, à tem- peratura zero de graus e à pressão de 760 millimetros, é, em Paris, 487-,293187, conforme o resultado das experiencias rigorosas de Mr. Re- gnault. Este peso não é o mesmo nos differentes logares da terra, nem o mesmo em differentes altitudes; porque depende da pressão, represen- tada pelo peso de uma columna de mercurio, o qual varia n'aquellas circumstancias: é claro que, augmentando este peso, 0 gaz comprime-se, e diminuindo elle dilata-se, adquirindo no primeiro caso augmento de peso, e no segundo diminuição, em dado volume. 2.— Se for q a acceleração da gravidade ao nivel do mar e na la- titude 45º, a acceleração g' na altitude k e na latitude à é, como se sabe, dada pela expressão seguinte: 9 paty (1 E E) (4 — 0,0028582 c08 27)... cce (a) representando por R o raio terrestre. O peso de uma columna de mercurio de 760 millimetros, referido ao seu valor particular na latitude 45º e na altitude zero, tomado para unidade, é, por conseguinte, p= (1 — g) (1 — 0,002552 cos 22). PHYSICAS E NATURAES 329 O peso de um litro de ar, que é proporcional à pressão, varia por tanto proporcionalmente a p. 3.— Partindo do valor medido em Paris, em altitude e latitude co- nhecidas, calculou-se que na latitude 45º e na altitude zero, um litro de ar normal pesa 187,2926783. Nos logares do globo de latitude à e altitude h temos: 2% | 1,2992673 (1 — a — 0,0023852 cos 24.) Fazendo o calculo para a latitude 38º, 43',13",1 e altitude 947,3 (latitude e altitude do observatorio do infante D. Luiz, annexo à escola polytechnica) e tomando para R o valor 6367000 metros, achâmos o valor seguinte 187,291815: é este, por conseguinte, o peso de um litro de ar normal, em Lisboa, n'uma altitude media. Não dispomos actualmente dos meios precisos para repetir as ex- periencias de M. Regnault: contamos fazel-o n'uma época não muito dis- tante, a fim de medir directamente este peso. Será um meio de reco- nhecer, à posteriori, a exactidão da fórmula (a), na qual entra um coef- ficiente 0,002552, que nem sempre recebeu este valor, e sobre cuja exactidão póde, por conseguinte, haver duvidas. Fazendo o calculo para o nivel do mar, em Lisboa, isto é, na la- titude 38º, 43/, 13,1, achâmos 18,291956. k.— Para avaliarmos o peso de um litro de gaz normal n'uma lo- calidade, devemos multiplicar a sua densidade pelo numero que repre- senta o peso de um litro de ar tambem normal, n'essa localidade. Fizemos isto em referencia a Paris e Lisboa, para 0 azote, oxyge- nio, hydrogenio e acido carbonico, cujas densidades, medidas por M. Regnault, nos merecem mais confiança. Assim formâmos o quadro seguinte, cuja ultima columna contém as diferenças entre os pesos dos gazes nas duas localidades. JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. ENAT.— N. XVI. 23 330 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Peso de um litro de gaz normal TC me Densidades Differenças Em Paris Em Lisboa 1,00000 | 187,293187 1er,291815 001372 1 ,256163 1,2514830 001323 1 ,429786 428269 5001517 0,06926 | O .089566 089471 000095 Acidocarbonico| 1,52910 1 ,977412 975914 -002098 M. Jamin !, partindo tambem do valor 19,293187 do peso de um litro de ar normal em Paris, achou os valores seguintes para os outros gazes: AZOLE ue o stero os Ad, 137,256157 Oxygenio .. é. iss eba cpa MR 1,1429802 Hydro geniá sa!ji Jos.al gos O ,089578 Neido carbônico». ses dass 1,9774414 todos differentes dos que nós achâmos. Como entendemos que os nossos calculos estão certos, concluímos que estes numeros estão todos errados nas ultimas casas decimaes. Em conclusão, o fim d'este nosso insignificante trabalho é chamar a attenção das pessoas competentes para uma circumstancia, que tem passado despercebida por aquellas que teem escripto compendios de physica, e apresentar valores particulares dos pesos dos gazes, em Lis- boa, que não me consta que sejam conhecidos. 1 Cours de physique de Vécole polytechnique, deuxiême edition, tome deu- xiéme, pag. 197. PHYSICAS E NATURAES 331 2. Investigações sobre os derivados das naphtenes-diaminas x é £ POR A. A. DE AGUIAR Acção do acido oxalico sobre as bases diamidonaphtalinas « e É O acido oxalico reage promptamente sobre a diamidonaphtalina « mesmo a frio, produzindo o oxalato. Prepara-se este sal, atacando a base em solução aquosa ou em solução alcoolica. No segundo caso 0 oxa- lato, que ê quasi completamente insoluvel no alcool, depõe-se sob a fór- ma de um pó crystallino; fazendo a preparação na agua, obtem-se pelo esfriamento da solução, o oxalato em laminas hexagonaes delgadas e trans- parentes, sendo conveniente que no liquido haja sempre um excesso de acido oxalico que diminue a solubilidade do oxalato. Este sal quando se acha perfeitamente neutro não crystallisa com facilidade, deposita, com o tempo, das suas soluções aquosas um resi- duo ou pô negro, e dissolve-se na agua com côr rosada. Recrystallisados na agua repetidas vezes, os seus crystaes adqui- rem ligeira coloração violacea, de laminas delgadas tornam-se mais agre- gados sob a fórma de octaedros irregulares. Fervidos em solução aquosa com um excesso de oxalico, ou mesmo sem elle, não mudam apparente- mente de propriedades, e quando a solução chega ao maximo de con- centração depõe-se uma massa crystallina sem decomposição apparente, haja ou não haja excesso de acido oxalico. Aquecidos a fogo nu produzem um sublimado, carbonisando-se pela maior parte. Em presença dos alcalis deixam precipitar a base inteiramente inco- lor e pura. O oxalato recrystallisado na agua e secco a 100º deu pela analyse os seguintes resultados: Materidk do a point 0º7,4843 Rj MRE NARA DS 187,0310 TEMOS A MEM 05,2175 23. 352 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Theorica Experimental A E RERDRÕOS. 01d 58,05 E peneira pg cr NES e raras vencer 4,98 Estes numeros correspondem à formula do oxalato de diamidonaphta- lina hu He — COOH Cro He | Az E2— (00H. O acido oxalico combina-se egualmente com muita facilidade com a diamidonaphtalina 2, quer se faça a reacção no seio da agua, quer em presença do alcool; todavia, como, em presença da agua, a reacção póde tomar outro caracter, o melhor e que mais convém é preferir o alcool de 40º para se effectuar a preparação do oxalato. Começa-se por dissolver a base neste liquido para o que basta em- pregar pequena quantidade delle a frio, vista a grande solubilidade da naphtene-diamina 3 no alcool, e logo que a solução esteja saturada ou quasi saturada, junta-se o acido oxalico em quantidade equivalente tam- bem dissolvido no alcool. A reunião dos dois corpos produz um preci- pitado ecrystallino abundantissimo, que às vezes converte em massa os liquidos primitivos. Agita-se para facilitar a combinação, e o corpo obti- do representa o oxalato 5 que se deita sobre um filtro, e se lava ainda com algum alcool enxugando-o depois. Fórma neste estado um pre- cipitado branco com aspecto crystallino que se converte em bellos crys- taes, recrystallisando-o na agua. Para o conseguir sem alterar 0 oxalato, é preciso que esteja bem neutro, circumstancia esta que traz como con- sequencia a perda inevilavel de uma parte do sal, cuja solubilidade na agua é muito menor sempre que haja excesso de acido. Além disso o oxalato /3 é tambem relativamente muito mais soluvel na agua que o oxalato a, € não se lhe póde juntar acido oxalico para diminuir a solubilidade co- mo se fez a este, porque a reacção muda de caracter, e dá origem a phe- nomenos inteiramente diversos dos que se observam com a combina- ção «. Toma-se por tanto o precipitado obtido no alcool, seguindo-se o que ficou indicado, e dissolve-se na menor quantidade de agua possivel a quente. Da dissolução aquosa filtrada depõe-se pelo esfriamento um corpo em crystaes laminares, brancos e brilhantes, cujo aspecto é exa- ctamente o mesmo que apresentam os crystaes do iodeto de cadmo. PHYSICAS E NATURAES 353 As aguas mães da crystallisação ficam ligeiramente rosadas ou amarel- ladas, e d'ellas se não obtem já por evaporação com egual facilidade crystaes de oxalato ccm caracteres semelhantes aos primeiros. Bem secco a 100º deu pela analyse os seguintes resultados: Materia Ba eso 08",1945 GO var.e 4 Faça, 08",4134 TROCO sr 0900 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Theorica Experimental CioBrs da renta es 58406) 3,0 stroagos «psdb 98,01 Ed melo estar sds Ho SA past tenta a E E flagti 9,14 7 AH? -—C00H Formula correspondente Cio Ho | == AzHº—C00H Variando um pouco o modo de operar, produz o acido oxalico phe- nomenos differentes, e tão caracteristicos, actuando sobre este sal que por si só bastariam para a distincção completa da base 3 e de todas as suas combinações. Seguiremos na descripção destes factos a ordem chro- nologica das experiencias. Quando se trata a base 2 crystallisada e pura pelo acido oxalico em excesso, pondo dentro de agna estes dois corpos no estado solido, e aquecendo-a quando muito a 100º, as duas substancias que não acham liquido sufficiente para se dissolverem, vão em grande parte para o fundo do vaso, e à medida que a temperatura augmenta e o calor se propaga, mudam de aspecto, fazem-se ligeiramente avermelhadas, tomando de- pois todo o liquido coloração amarella. Continuando a operação com este calor bem graduado até o liquido ferver, começa a depor à superficie pequenos crystaes muito leves e brilhantes, que augmentam com o aque- cimento e formam sobre a agua como que uma tenue pellicula. Ao microscopio vê-se ser esta formada por laminas transparentes de côr amarella pura; e o corpo avermelhado de côr menos brilhante, modificado pelo calor, e que não chegou a dissolver-se, apresenta-se em crystaes tambem amarellos de maiores dimensões e por isso menos brilhantes, e pouco transparentes. Se em logar de se tomar pouca agua, fizermos a experiencia com a quantidade sufficiente para se alcançar ao principio a dissolução completa da base no acido oxalico em excesso 334 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS pelo aquecimento depois, n'uma ebullição moderada, obteremos sem- pre depositado o corpo amareilo de que acima fallâmos. Melhor ainda, pelo que passo a indicar, ficarão conhecidas as con- dições da experiencia. Um gramma da base /3 crystallisada foi tratado por 1º,4 de acido oxalico, quantidade proximamente dupla da que seria precisa para for- mar o oxalato neutro, —em presença de 120 grammas de agua distil- lada. Pelo aquecimento formou-se o corpo amarello. Separado este pelo filtro, o liquido filtrado novamente aquecido deu segunda porção da sub- stancia anterior, e quando o liquido filtrado por ebullição não precipitava mais, achei n'elle evaporado à seccura em banho-maria, grande quanti- dade de acido oxalico e ainda vestígios de uma combinação organica da naphtalina já alterada. Em conclusão d'estas experiencias, o excesso de acido oxalico determina a formação do corpo amarello em meihores con- dições de pureza, e facilita muito a producção d'elle. Como seria de es- perar obtem-se resultados identicos quando em vez de operar com a base, se parte do oxalato 2 precipitado no alcool ou do oxalato neutro re- crystallisado na agua (que sem excesso de acido oxalico póde ser fer- vido até se converter em massa, não se precipitando jámais o corpo ama- rello). Para os conseguir dissolve-se o oxalato na agua strictamente necessaria a quente, junta-se acido oxalico solido ou dissolvido e aquece- se. Logo que haja a addição do acido, faz-se o liquido amarello para se deporem pouco depois os crystaes amarellos. Passando-se esta transformação em vasos abertos à temperatura da ebullição da agua, não seria extremamente facil de observar se durante a reacção haveria desenvolvimento de gazes quando não fossem em quan- tidade muito consideravel. Para o apreciar e ainda para ficar sabendo se os resultados da reacção seriam differentes, aqueci a 400º em tubos fechados durante um quarto de hora a base 3 com acido oxalico em presença da agua, e tambem nas mesmas condições o oxalato 2 com acido oxalico 1 parte de base... 8 partes de acido... 250 partes de H2O 1 » deoxalato. 3,5 » deacido... 250 » de R20 Em ambos os casos se formou no fim do tempo indicado, o corpo ama- rello magnificamente crystallisado, e mais brilhante ainda do que pre- parado nos vasos abertos, não se podendo obter pelo aquecimento do liquido filtrado nova deposição da mesma substancia. PHYSICAS E NATURAES SSD Nos tubos não houve pressão, o que denota que a formação deste composto se verifica sem desenvolvimento de gazes, podendo tambem affirmar-se que não intervem o ar para o produzir ou auxiliar a sua for- mação. O liquido fica excessivamente acido, e evaporado à seccura, dá acido oxalico e uma pequena porção de materia organica, que póde bem ser o corpo amarello alterado e em grande parte decomposto. Nos tubos fechados quer se empregue a base ou o oxalato, a quan- tidade de agua deve ser graduada de modo que tudo se dissolva bem com o aquecimento a 99º. c. É assim que o corpo amarello melhor se deposita pouco depois com um magnifico aspecto. Egualmente con- vém, em vasos abertos, que nos primeiros momentos de aquecimento, haja agua sufficiente para dissolver as duas substancias que entram em reacção, as quaes devem estar incolores sem vestígios de oxydação para que o producto resultante appareça com o maximo brilho. Parece-me, com tudo, poder asseverar que os seus diversos cambiantes desde o aver- melhado até o amarello côr de oiro não influem muito sobre a compo- sição do producto, à vista dos resultados analyticos de que disponho neste momento. D'estas differentes observações posso tirar o seguinte processo, que dá o corpo amarello no maximo estado de pureza, quan- do se observem todas as particularidades que foram apontadas. Dissolvem-se em agua quente os crystaes perfeitamente incolores do oxalato 3, e obtida a solução junta-se acido oxalico tambem dissol- vido em agua, continuando o aquecimento do liquido por modo que a fervura seja branda e a evaporação pouco consideravel. Pela acção do calor logo depois da addição do acido, o liquido torna-se amarello, e d'ahi por diante começa a depor-se a materia em crystaes amarellos que pela sua leveza especifica quando se formam absolutamente puros, ficam em suspensão ou se accumulam à superficie do liquido. Separam-se os crystaes pelo filtro, em quanto o liquido ferve, e se este passa amarello põe-se ainda ao fogo, que às vezes dá origem à formação de novos crystaes. Lavam-se em seguida sobre o filtro com agua fervente até que a agua de lavagem tenha reacção neutra e se eva- pore sem deixar sensivel residuo, e depois com alcool forte a frio. Enxugam-se na estufa a 100º, manifestando depois a côr e o bri- lho do oiro. Seccos a 100º c. deram pela analyse os resultados seguintes: Corpo amarello obtido pela acção do acido oxalico sobre a base— crystaes amarellos muito brilhantes. 356 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS I Materia O.vHs6 su puras 037,2502 E Omi alr as ut 05",6211 HS, ln iriam 15",0930 H Materia Memuni Doo 05",2083 COR ASen 08",5195 RED SRU D LCA ASTUR 05,0780 HI Materia LAO. 057,4522 E E É = TON pes 2h4º,5 IV Materia. OUnIdUnA. 08",5438 = 64,5% Pp 760"m = 25º V Materia too n Pe Mo. 08",2489 V= 34 po 7617 pe 23º Corpo amarello preparado com oxalato crystallisado— crystaes muito brilhantes. VI Materia... .<. ALI 05",1645 BAND O Ea 087,4059 AD Ro Sa 05",0619 PHYSICAS E NATURAES 337 VII Materias... JE ao. 087,2839 CON Tra as 08",7042 LO Vigente sta dr ear E 08",1045 vi RARE A a cre raia 087,3228 V= Elo A a Po Fà CE pao Es 2 IX Corpo amarello magnifico preparado tambem com o oxalato. Le E PA 05",2362 DD Eos AE 05",5883 ti e A 057,0832 X Corpo amarello obtido em tubos fechados. MISLErido 2.2 cação aro 087,24485 (O Globe e E 05",6016 LO ed Pe ARA 0*",0901 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL I H VI VII IX X = 07,70.... 08,08.... 01,20... 07005 07,92... O400 e AIM o, NÃO. 2ac b, 180000 nb UBia: SA. ão OO Az== 13,09 HI. 13,22 IV. 14,04 V.. do... 13,34 VHL » Media Theoria 0=5167,595 casi .. CE “0192 H==" 4,090 .......0. 000... H==08 0779 Az ABM SR Da O Az= 13,20 = PESOS asas. 0= 15,09 338 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS Estes resultados e alguns mais que omittirei deduzidos de varias analyses do mesmo corpo preparado em differentes circumstancias, coincidem com a composição da naphtene oxamide, que deve ter por formula, Da AzH— CO Cu NO Azi e apenas difíere do oxalato primitivo pela eliminação de duas moleculas de agua. Apesar da concordancia d'estas analyses, como entendo que deve haver o maior cuidado na determinação da formula de um corpo que apenas differe do que lhe deu origem pela perda de agua, tenciono ainda para assentar de um modo definitivo a transformação indicada, descre- ver proximamente alguns derivados, e bem assim as suas metamorpho- ses, estudo que não apparece já hoje n'este trabalho pela difficuldade que tenho encontrado em o atacar sem decomposição, de modo que os productos obtidos me sirvam para estabelecer uma filiação directa. N'este momento, porém, parece-me ser perfeitamente explicavel a transforma- ção do oxalato em naphtene oxamide, apesar della se verificar no seio da agua como deixei apontado. A percentagem do carbonio accusada pelas analyses e a presença de um excesso de acido oxalico, que facilita, e como que determina a reacção até certo ponto, porque diminue a so- lubilidade do sal, deixando precipitar a oxamide com o brilho e côr de oiro, não me podem levar a suppor que se trate unicamente de uma modificação do oxalato primitivo como ao principio julgara, nem tambem que se forme um oxalato basico, vista a atomicidade da base e as con- dições da experiencia. Tambem não é facil admittir que haja uma reacção mais profunda na molecula, quando se não nota desenvolvimento de gaz, nem appa- recimento de outros corpos que a denunciem. Resta por tanto a sup- posição de que o oxalato 2 diminuindo de solubilidade na presença do acido oxalico se deshydrata facilmente sob a influencia do calor, pas- sando-se este phenomeno de deshydratação no seio da agua pelo mesmo modo que alguns hydratos de oxydos metallicos se deshydratam pela ebullição. Agora em quanto ao facto de nas condições descriptas só O oxalato & produzir naphtene oxamide, encontra elle uma explicação plau- sivel se reflectirmos que os dois grupos (Az H2) na diamidonaphtalina É parecem achar-se no mesmo annel benzenico e proximos um do outro, de modo que sendo a molecula da base /? menos estavel do que se es- tivesse cada um d'elles em anne! differente, Jogo que o calor actua so- PHYSICAS E NATURAES 339 bre o oxalato, o radical 20?” vae ligar-se mais intimamente aos dois ra- dicaes positivos. dando estabilidade à molecula. Substitue parcialmente o bydrogenio d'elles, destruindo-se o oxalato que não é senão a ad- dicção do acido à base, isto é uma verdadeira combinação molecular ; pelo contrario na diamidonaphtalina « existindo os amidogenios em an- neis differentes deve apresentar a molecula maior estabilidade, sendo mais difficil de atacar; e por outro lado o radical C2 0?! cujos atomos de carbonio entre si estão tambem directamente ligados, não podem en- trar na molecula para se unirem ao Az dos dois amidogenios, que estão separados por um intervallo muito maior, com a mesma facilidade e promptidão. E 340 JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS O corpo amarello, a que por em quanto appellidaremos naphtene- oxamide, no estado de perfeita crystallisação e preparado com todo o cuidado, é indubitavelmente uma das mais bellas substancias que a chi- mica organica possue. Tem a côr e o brilho do oiro metallico, sendo os seus crystaes talvez mais brilhantes ainda que este metal cuidadosa- mente precipitado pelo acido oxalico. Será realmente para desejar que a nova substancia possa ser fixada sem perder estas qualidades sobre as fibras textis, problema que me não parece irrcalisavel, nem extraordi- nariamente difficil; com quanto para o conseguir seja preciso modificar o processo de preparação actual que se torna bastante dispendioso. Póde ainda apresentar-se com diversos aspectos, segundo o processo de pre- paração e o estado das substancias empregadas, e ora mostrar-se com uma côr avermelhada que nada tem de comparavel com a belleza da substancia descripta, ora com a côr do oiro mussivo e dos corpos que se usam para bronzear, tomando conforme as circumstancias mui diver- sos cambiantes. É quasi absolutamente insoluvel na agua fervente, mesmo durante uma ebullição prolongada; de todo insoluvel na agua fria, quasi insolu- vel no alcool mais forte, no ether, e em todos os dissolventes neutros. Inalteravel ao ar e à luz é-o egualmente na presença de muitos reagen- tes energicos, a ponto que para o atacar ê quasi necessario destruil-o, sendo difficil obter derivados immediatos que representem uma trans- formação simples. (Continua) Iesnonnensnacannnanananana PHYSICAS E NATURAES 341 BIBLIOGRAPHIA —— = —— À. Réllexions sur les ouvrages généraux de botanique descriptive Tel est le titre d'une brochure que Vêminent botaniste gênévois, M. Alphonse de Candolle vient d'écrire pour célébrer la publication du dix-septiême et dernier volume du Prodromas. Ce petit écrit, dont il a bien voulu m'envoyer un exemplaire, est plein d'interêt pour tous ceux, qui, en s'occupant de Botanique Descriptive, se voient toujours obligês davoir recours à ce grand ouvrage scientifique, si bien connu sous le nom de Prodromus, et Je pense que les lecteurs de ce journal liront avec empressement nos aperçus des idées principales, contenues dans cette brochure. L'auteur démontre d'abord que depuis Théophraste jusqu'á nos jours on a senti le besoin d'avoir, à chaque époque, une ênumération aussi compléte que possible des formes végêétales connues. Toute per- sonne qui s'occupe des végétaux, d'une maniêre quelconque, est obligée de consulter une encyclopedie botanique, s'il en existe une un peu ré- cente. Les ouvrages généraux antérieurs à Linné étaient ordinairement des traités complets et on ne saurait en effet trop admirer la patience et Vérudition des Dodoens, Clusius, Jean Bauhin, Matthiole, Ray, etc., dans les respectables in-folio qu'ils ont laissés. L'exemple et Vinfluence de Linné firent interrompre pendant plus de 60 ans la rédaction d'ou- vrages de botanique vraiment gênéraux. Son Species plantarum (1753) renferme peu de descriptions, une indication fort abregée des localités et à peine quelques mots sur les propriêtés, les usages et les faits physiologiques. On peut dire qu'il a jété ainsi les fondements de la botanique moderne. Cette forme incom- pléte du Sprcies a été imitée par tous les auteurs subséquents, qui dans leurs ouvrages, tels que le Synopsis ou Encheiridium de Persoon ou les Genera d'Endlicher, ont toujours plus ou moins suivi Vexemple du botaniste suédois. Ce fut dans les années 1812 et 1813 que Augus- tin-Pyrame de Candolle conçut Vidée de rédiger le Systême continué BL JORNAL DE SCIENCIAS MATHEMATICAS immédiatement aprês sous le titre de Prodromus systematis naturalis regni vegetalibus. Malgré Pimmortel Genera plantarum de Jussieu (1789) la classifi- cation linnéenne regnait dans toute "Europe, et de Candolle avait com- pris, par lui-même, tout jeune, la supériorité de la methode naturelle et s'en était fait Vapôtre. La Théorie élémentaire (1813) exposait les no- veaux principes avec une conviction qu'on peut dire passionêe. Une revision totale du rêgne vegetal ne semblait pas alors depas- ser la limite des forces d'un seul homme. On connaissait 25 à 30:000 espêces, et, par une aberration qu'il est difficile de s'expliquer aujour- d'hui, on ne réfléchissait pas à la petite surface des pays déja explorês relativement à "ensemble du monde, ni au fait, dont on avait pu s'as- surer cepandent, que chaque région a sa flore distincte. Ces illusions nous paraissent singulitres. Eiles ont eu henreusement Pavantage de faire entreprendre un immense travail, qui a duré soixante ans, et qui, sans: avoir été achevé selon Fidée primitive, a produit neanmoins une série sans exemple de 214 monographies de familles des Dicotylédones, com- prenant 5:134 genres et 58:975 espéces, c'est-à-dire, deux fois plus d'es- pêces qu'on ne pensait en exister dans tout le régne végêtal quand Pou- vrage a commencé, et huit fois plus qu'il ne s'en trouve dans les deux volumes du Species de Linné. En continuant la lecture de la dite brochure on trouvera des indi- cations sur les ouvrages généraux de Vavenir. L'êpogne n'est pas bien eloignée à laquelle tous les genres seront connus, comme le sont déja toutes les familles, mais le nombre des espêces augmentera encore sen- siblement dci à la fin du siécle et même au delã. Un travail analogue à celui du Prodromus fait maintenant, donnerait, pour la premiére moi- tié des volumes, une augmentation des espéces de 80º/o au moins, et en tenant compte de la seconde moitié, elle serait peut-être de 509/ pour Vensemble des Dicotylédones. En ajoutant une moitié d'espêces en sus, la révision, que Von ferait à présent du Prodromus, contiendrait 90:090 Dicotylédones. Si Von tardait de 20 ou 30 ans, il y en aurait plus de 100:000, et on approcherait alors, il est probable, de connaitre toutes les espêces de cette classe qui existent. Le fondateur du Prodromus était un véritable chef d'école. Son en- treprise, plus vaste qu'il ne le pensait, a été continué par son fils et son petit-fils. En attendant un futur ouvrage d'ensemble, le meilleur moyen est qu'on publie de bonnes monographies de familles, de tribus ou au moins de genres importants, difficiles à étudier. Ce serait consti- tuer les fragments d'un ouvrage plus gênéral. PHYSICAS E NATURAES ShkS Dans le but d'encourager les travaux monographiques, M. A. de Candolle continue de prendre des notes sur tous les ouvrages et opus- cules de botanique descriptive qui paraissent. Ces notes classées par familles, constituent un réportoire unique, et il est prêt de les mettre, ainsi que son herbier et sa bibliothêque, à la disposition des monogra- phes qui voudront venir le consulter à Genêve. Sachons-lui gré de cette liberalité. EDMOND GOEZE. Lisbonne, decembre, 1873. a ap ea ad aii Bot veado” to pagan, as é qeup' va: eve binegtortogade anne Jfnqudes Ho pago ni p “ingonodush radio idegateid, de pádiol Liso irado ernonaDE vs, A ' vi; puta eatdiias Ad pb APPO pras a “Mm - gor ma esto sab peido ae duo red gd RIR) a gd oa 0, saia tb ae it SL, tia A to digo, atiga ah OA pedir Meets PRN ada 18 ro ad cab «DUO SO) MA ato eae dt Leio Bo se ta (Motl£o Gun ao Qui mar Eouuta, AU RM hi, dot tar re je pias O ti TO (RETALHO, cos EE e a ty Le Pons comi Peti cvoti, ini a tina MNA RICA R ca Me" pricuitivo, 4 Nota conta ' ptrtea da feias Vogt Ro a fr 106 A TH Nes Sh dia o Fr TN preco PU nN: roLaEa a EAR À BRO tr REM tu vt Pv SUTIS DON «siseidin RX E: OR RR RG iv dee ms delho Ta (rama TF etertrt, Mo guest, pÓUE A TRA nta BRO E: FR Se NT MP A topo, (ii RARE! Hu! PANA tona, Mo aioutdmh ate GINO foral do pro contar Prel rins Pás Cida do Noto Piano, H e a (riberat ptoeS, y GSA DIR led, ese eso qui CARTA ros lado Vert AT E. dm tê ca pes Vere nvidia t ! tadtiatos, Ater Guor O +" 20" zo s6º So 40" Jo 20" DOBOBAOS"5" EE E 10º SA HE V Q 1 de 3º Antão DOSEEHEASÇs ARCHIPELAGO DE CABO VERDE PE RLE PM py, “Tui, OR Ê me at Iran É pau 7 Minas 5 va SAE NLHTAS NO. 7º > Err Ide S Vcente E 5 S R A ZA de as” Nicola Zu ne ==, am 40" N as | lhe Branco “A, e EN Es Mheu Razo Um N verdadeiro Longit. O. do M. de Lisboa | E LIIIIIIILE > O EEE > So TEA BEROEECO! so 20" zo" 16º so 40" 30 20" zo Za E | z E stiniosna so VERUR ae SE, E = rs RE re a AR TAS va É / PA À $ É f EA Ae mes tag, AA Fra Y, 14 | dp Tas é Do A Bo PR a hs — MS SR 2 Da pes Er: G f a pa = a A o A cs k » | | suis À E Mi nã ho! Veqnsd e op E SO tio (O 2 A E RS neem nu es [3] eenamos: be ot, Um mg a EEE. META É Se Ls: Em é . - à Ê pu 4 + | E 4 RE —— — a a ed = es pm e rare ea podprdai “5 CARR A pod ipa, Roi mr À pre À ig N y j PR + À x y in My j na qui Ro E A ( : Cá B A À a E) j id dA TE ] H 1! RI RO No, INDICE DOS ARTIGOS CONTIDOS NO QUARTO VOLUME Num. XII — JULHO DE 1872 A astronomia moderna, e a questão das parallaxes sideraes (continuação) = por, Henrique de Barros-Gomes. .:. é ass cio dio oie a speidin so > aroua oa o Chuvas de areia — por Joaquim Henriques Fradesso da Silveira ........ Memoria sobre as chammas dos gazes comprimidos — por Francisco da Ranseca Benevides. «zu saga ssa vo RR RR ITED Sobre a theoria do rarefactor e a nova machina hydropneumatica — por Loop eg sao REC jo Ao pp qe de id E do Breve noticia sobre os granulos chinezes anti-cholericos— por A. A. de RA ratos IT DS MM ANT HDO, SMITH. 208 SMA AD Moluscos terrestres e fluviaes de Portugal (continuação) — por A. Luso A Bira POSUOA DESSE a ENIO DD, Rr VOA Sql. : Aves das possessões portuguezas d'Aírica occidental — por J. V. Barbriza MP DOCA de UMA SPD. MERO DA SUMIU dO 27 Noah sua Diagnoses de quelques espêces nouvelles de reptiles d"Afriqne oceidentale — par J. V. Barboza du Bocage. ................. e ERPITIA fa Primeira lista dos peixes da Ilha da Madeira, Açores e das possessões por- tuguezas dºAfrica, que existem no Museu de Lisboa (continuação) — por Felix de Brito Capelo . . sa; .sssvs rsss ssa NADA, DEPUR E Num. XIV — JANEIRO DE 1873 Applicação das fracções continuas à determinação das raizes das equações — por Francisco Gomes Teixeira....... SETA MI Sa 8 SP ENE Sobre a theoria do rarefactor e a nova machina hydropneumatica (conti- nuação) — por M. V. da Silva Pinto... ......ccccccc case ssos, ah Considerações e experiencias ácerca da chamma—por Daniel Augusto dunas srs etars é PET do PRADO ro LIA, Me qr Faia ÃO JORN. DE SCIENC. MATH. PHYS. E NAT. — N. XVI. 24 PAG. Sobre algumas propriedades dos gazes extraídos dos residuos do petroleo e das raizes do pinheiro — por Francisco da Fonseca Benevides .... Sobre um novo commutador electrico — por Francisco da Fonseca Bene- NES ds latas di pao ni Va a a SO a TA VE 6 la A Novos factos para a historia dos compostos nitrados da naphtalina. Acido nitrophtalico «— Nitrophlalatos — por A. A. de Aguiar .......... As explorações phyto-geographicas da Africa Tropical, e em especial as da Guiné inferior, ordenadas pelo governo portuguez e executadas pelo dr. Welwitsch nos annos de 1853 a 1861 — por Bernardino An- tonio Gomes ........ PN a ERR RR O o Aves das possessões portuguezas da Africa occidental — por J. V. Barboza QuBocaDe:. cio. é o chula e o pg DS Ca É UA ON RR da “O E Mélanges erpétologiques.—I. Note sur quelques Geckotiens nouveaux ou peu connus de la Nouvelle Calédonie— par J. V. Barboza du Bocage. Num. XV— JULHO DE 1873 Mélanges erpétologiques.— Sur quelques Reptiles et Batraciens nouveaux, rares ou peu connus d"Afrique occidentale— par J. V. Barboza du BOCAGE: do piscas cla esco ta fado lia bo iam oa fa GO ME Bo fan Ed ip Deo dB HI. — Sur quelques Sauriens nouveaux de la Nonvelle Calédonie et de PAustralie— par J. V. Barboza du Bocage... ........ccc css eso Lista dos crustaceos decapodios de Portugal, existentes no museu de Lis- boa": por Felixide Brito Capelo... bs. cassia spin: Sobra - ER Mollusques terrestres et fluviatiles du Portugal. Espêces nouvelles ou peu connues—par J. da Silva e Castro ............ E exeetoleiaçor colo gde Reptiles nouveaux de Vintéricur de Mossamedes — par J. V. Barboza du Batagesaeroanhe a souenh qria oro sido plo Se tag. cdr EREREER Descripção duma nova especie de Telphusa da Africa occidental — por Fe- lx deBrito Capelo sois isa va va e BA E ob piu Novos factos para a historia dos compostos nitrados da naphtalina. Ácidos nitrophtalicos — por A. A. de Aguiar .................: dó Duas palavras sobre a constituição da combinação azoica derivada da dia- midonaphtalina 8 — por A. A. de Aguiar.........cc.ccceccecro Descripção do processo de photozincographia, usado pela secção photo- graphica da Direcção Geral dos Trabalhos Geodesicos............. A Monograph of Ebenaceac By W. P. Hiern. From the Transactions of the Cambridge Philosophical Society, vol. x, part. 1. On Physotri- chia, a New Genus of Umbelliferae from Angola. From the Journal of Botany for June, 1873 — por B. A. Gomes................ sho 213 PAG. Natural History of the Azores by F. Du Cane Godman. London, 1870. Historia Natural dos Açores por F. Du Cane Godman. Londres, ME por Bra 5 aro af el tajas ovo apa rio pao e pogo dana fio elo 279 Num. XVI— DEZEMBRO DE 1873 Aves das possessões portuguezas d"Africa occidental — por J. V. Barboza NERD Ro DA RDo fatioy bio piaba a copela Poa oe sia aan as o à Elm anais 0) co pao ado 281 Sur [habitat et les caractêres zoologiques du Macroscincus Coctei (Eupre- pes Coctei Dum. Bibr.)— par J. V. Barboza du Bocage........... 295 Segundo appendice ao catalogo dos peixes de Portugal — por Felix de tan iape lhos: ssa 0/ 20. a a sine apopanêioya Ele ei apar Mora ole paia 6 poa aio 307 Nymphaeaceae a Frederico Welwitsch in Angola leetae — auctore Roberto Caspary.... ecc... PRE de OR Ra aro o CRB a Papo paR a Na apto NE Aa 312 Sobre o peso dos gazes em Lisboa—por Adriano Augusto de Pina Vidal. 328 Investigações sobre os derivados das naphtenes-diaminas « e /—por A. QRO Eee doi DIE RANA BREGA PRE TRIBO TO 391 Réflexions sur les ouvrages généraux de botanique descriptive — par Edmond Goeze.......... e DE E PAR e RCE ORE - SH be, mienbai onai) sa 5 Mainha A | «saiba agi ut rom retaguarda 7 a NM cisne asia a cd DE Pepienine ca ars MAR cy E de ed RR po SL dad Ty é Na is Rins np pardo ii poros ndo rg q dr DBO Pb “A RU RL nto eu PAN Ong sa ni ce var Es nr A Vs pole ata pi go Dl ri ea LAR ME das: usp E o Agoda RR E rimtenalidgaiado oii O NO siga PA E tes lo e r Ani o Soto) uesemaotanhA ub coupisoloosantinieres asi 1a y Hr E Dto E. 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