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Rio DE JANEIRO Livraria classica de ALVES & CA rua Gonçalves Dias 46.

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Prefacio. Pags. 1/4.

I. Lancear de olhos sobre os Mammiferos selva- gens do Brasil actuaes e passados.— Pags. 5/34.

Verdade e poesia.

Mammiferos e Aves do Brasil.—Mammiferos e Aves na Africa e no Brasil.

Mammiferos do Brasil. Mammiferos Sul-Americanos. Divisão systematica. |

Epoca tertiaria.— Epoca quaternaria. Mammiferos fosseis mais antigos. Mammiferos terciarios. —- M. ter- clarios e quaternarios.— Continente antarctico. Migrações prehistoricas dos Mammiferos.— Ligação entre as duas Ame- ricas.

Sub-região brasileira.

Naturalistas antigos e modernos que della se occuparam.

IX. Macacos (Simiae). Pags. 35/52.

Distribuição geographica,

Mycetes (Guaribac).— Lagothrix (Barrigudos). Ateles (Coatá).— Eriodes (Muriqui). Cebuc, (Saiarara, Saitauá).— Pithecia (Cuxiú, Saqui).—Brachiurus : Callithrix.— Saimiris: Nyctipithecus.

Hapalides.—Midas:; Hapale.—Sahuis.

Macacos fluminenses. —Macacos fosseis. |

IIK, Morcegos Chiroptera) —Pags. 55/60.

Distribuição geographica, |

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II SUMMÁRIO

Noctilionides..— Vespertilionides. Vida dos Morcegos. " Morcegos fun min enses.—Norceros fosseis,

IV. Carniceiros (Carnivora). Pages. 61/4]

Distribuição geographica.

Felides, Gatos. Onça pintada, Jaguar. Jaguatirica— “Gatos pintados, Onça vermelha. | | Canides. Guará. Cachorro do mato. Raposa do campo. —Jcticyon. —lIraras e Lontras, —Iritataca, Mephitis.

Procyonides, Coatis.— Guaxinin.— Jupurá.

Otariides.

Carniceiros fosseis.— Conjuncto dos Carniceiros.

V. Roedores (Rodentia). Pags. 78/97.

Distribuição geographica.

Ratos, Murides.

Ratinos e Sigmondontes.

Selutrides. Otenomys.

Echimyides. Dactylomys.-——-Cercomys. Myopotamus. Ratos de espinhos Loncheres ; Echimys.

Cercolabi des; Coandús. - |

Gi Copaca Ontias Prego ii

Leporides; Coelho do mato.

Roedores fosseis:. Conjunctos dos Roedores.

VI. Ungulades (Ungulaia). Pags. 98/1144.

Antas. Tapirides | Suides, -— Quéiiad ae Ca itetú.— Vida dos Suides.

Dervides.— Veados, V. galheiro. Veado campeiro—V. |

“maleiro.— V, catingueiro.— Veados menores. “Ungulados fósseis Conjuncto dos ani ,

8

SUMMARIO HI

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VII. Cetaceos (Cetacea). Pags. 112/1241.

Pesca da Baleia. Delfinides. - - Sotalia. Steno. Ma- natus: Peixe-boi.

VIII. Desdentados (Edentata). Pags. 122/136.

Bradypodides;-—- Preguiças.— Vida das Preguiças.

Dasypodides;— Tatús.— Tatú canastra. Tatú peba— Tatú gallinha.— Tatá bola. Vidas dos Tatús. |

Tamanduás.

Desdentados fosseis,— RIO dos Desdentados.

IX. Marsupios (Marsupialia). Pags. 13%4/1 148, Didelphyides—Mucira— Quicas. Vida dos Didelphyides Didelphyides fluminenses Didelphyides fosseis. | X. Monciusões geraes. Pags. 144/154, Pobreza apparente em Mammiferos-—Ragzões desta appa-. rente pobreza. | | Mammiferos maiores Mamileros Q extm guie -se Man muiferos trepadores. ' Desenvolvimento paleontoiogico da flora. | Precursores dos actuzes trepadores Trepadores—Mam-. miferos de grandes dimensões. 7 Hylaca— Sertão—Mattas— Darwinismo. Litteratura sobre os Mammiferos do Brasil. Pags.. | 155/1460. | . o Glossario explicativo de nomes. Pags. 161/16%.

Indice alphabetico. Pag. 167/1841. - Errata e addenda. Pag. 183,

PREFÁCIO

Causa occasional do apparecimento d'este pequeno trabalho foi o honroso convite, que me fez o editor brasileiro do Handbuch der Geographie und Statistik des Kaiser- reiches Brasilien, publicado pelo Dr. J. E. Wappaeus em

1871 emLeipzis, e depois traduzido e impresso no Rio em |

1834, de sujeitar á refusão completa o capitulo da obra relativo á zoologia. Esta refusão tornara-se necessaria com

os progressos da sciencia e porque o editor pretende publicar

nova edição dentro de breve praso. Embora o capitulo do original allemão correspondesse bem ao estado dos conheci- mentos scientíficos no tempo em que foi composto, é licito

que agora se espere mais. Deste plano originario resultaram o ambito e os limites

da refusão. Tratava-se de, em espaço approximadamente “egual, accommedar maior quota qualitativa e quantitativa.

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Ora, ainda durante a redacção da parte referente aos Mammi- feros, tornou-se claro que uma refusão uniforme, harmonica das outras classes de Animaes poderia, a muito esforço, fi- car terminada no prazo de um anno pelo menos. Prompta a primeira parte, começou a modificar-se o plano primtivo. Ponderou o editor que até aqui faltava ao povo brasileiro um guia fidedisno da historia natural de sua rica patria, que pogeria ser proveitoso pubiicar separadamente a parte sobre os Mammiferos, sacrifical-a nas aras do bem infeliectual do Brasil, em vez de qnedar inactiva, como capital morto, á espera que se completasse o todo. |

Esta nova concepção encontrou a meio caminho a ideia predilecta que ha muitos annos alimento, de mais tarde offerecer aos que aqui amam a Natureza, como resultado de minhas pesquizas, um bom livro sobre a historia natural dos Animaes brasileiros. Nnnca desconheci que importa isto em trabalho gigantesco, que reciama a vida inteira de um homem e dificilmente será realisaão por um só. A idéa aventada pelo honrado editor decidiu-me a inverter meu proprio plano, isto é: redigir primeiramente um compendio, um prodromo, escripto em linguagem mais. popular, apropriado a circulos mais vastos, e mais tarde, sobre contornos melhor assentes, tratar de um manual da Zoologia do Brasil, à altura das. exigencias da sciencia, para o qual pretendo procurar colla- | boradores voluntarios e idoneos. | . Foi mais feliz que a Zoologia a Botanica do Brasil, que possue uma obra classica, lançada sobre alicerces largos e scientificos e contendo, para assim fallar, tudo quanto é digno de saber-se no dominio d'aquella disciplina—a Flora brasiliensis, iniciada por Martius, continuada por

M.

seus successores até agora. O que me sorri é uma parte gzoologica que lhe corresponda, mas em forma mais con- densada, accessivel aus instruidos em geral, e não aos especialistas.

Não como cousa completa, mas como simples Roo eA de um prodromo, quizera que se considerassem as paginas que seguem. Pareceu-me sempre que o povo brasileiro não é destituido do gosto e amor pelas obras da Natureza, que. taes sentimentos apenas se acham latentes. Talvez dependa tudo da pessoa e da maneira de despertal-os, para queattinjam o estado de floração e desenvolvimento que, mais cedo n'estes, mais tarde naqueles, apresentam entre os outros povos clvi- lisados.

Abra caminho no paiz este pequeno trabalho, acolha-o favoravelmente o publico instruido, e será paramim questão liquida que não é empreza precipitada tratar desde de redigir um manual de Zoologia, escripto na lingua da terra.

Muitas vezes acodem-me ao espirito as notaveis pala- vras do philosopho Schopenhauer sobre a geração dos que leem e escrevem livros. Diz elle: «Não ba maior erro do que acreditar-se que é sempre a mais certa a palavra escripta por ultimo, que tudo escripto mais tarde representa avanço . sobre 0 escripto mais cedo, que toda mudança é progresso. Portanto tome cuidado quem quizer instruir-se sobre um “objecto de não agarrar logo nos livros mais modernos escriptos sobre elle, na supposição que as sciencias cami- nham sempree que na composição delles foram aproveitados os livros mais antigos. Às vezes assim é, mas quantas?... Leiam-se, pois, quanto possivel, os proprios promotores, os. fundadores, os inventores, ou, quando menos, os grandes

mestres reconhecidos da especialidade.» Taes palavras são de nos levar a serio exame de consciencia, de nos chamar à attenção para o ponto: si tem direito de existir uma nova . obra impressa. Minha consciencia absolve-me, porém, da sentença de Schopenhauer. Não atiram estas paginas a des- viar da leitura dos antigos viajantes do Brasil; ao contrario fitam incitar à elia, onde for possivel.

Querer tornar dispensaveis as obras de Burmeister e do principe M. zu Wied, está muito longe de mim; desejaria ver a «Systematische Uebersicht» do primeiro, os «Bei- traege» do segundo, na livraria de todos os amigos da natu- reza brasileira. Meu estorço visa apenas constituir um ponto de reunião para todo o material sobre a fauna do Brasil, que se acha espalhado por obras sem numero de outras linguas e de outros povos. Si este esforço representa ou não serviço eifectivo, saberá melhor decidir quem, como. eu, algum dia achou-se na lucta desesperada, que rebenta sempre quando uma pessoa quer se orientar rigorosamente no que foi feito de positivo até o dia de hoje sobre qualquer questão relativa à zoologia do Brasil.

Colonia Alpina (Theresopolis, Estado do dou fins de Setembro de 1S%2.

Dr. EMILIO AUGUSTO GOELDI.

LANCEAR DE OLHOS SOBRE OS MAMMIFEROS SELVAGENS | DO BRASIL ACTUAES E PASSADOS .

Os naturalistas, ou os simples amigos da Natureza nascidos no estrangeiro, em regra quando pisam solo do Brasil, vêm profundamente illudidos quanto á riqueza de Mammiferos do paiz. Espera-se extraordinaria riqueza de féras, imagina-se a matta-virsem com bandos innumeros de Macacos, Gatos, Martas, Marsupios e Porcos ; sonha-se, na arvore além, uma Preguiça que pende bocejante, por trás de cada moita um Ja- guar que espreita, em cada clareira Veado que pasta inno- cente; não se passo sem examinar a espingarda trazida da, Europa, geralmente incommoda e, como logo o prova a expe- riencia, em geral escolhida com pouca felicidade quanto ao calibre e ao peso. Mas nos atrios mysteriosos nada se mo4e, ou se move pouco e geralmente onde menos se espera. Cer-.

6 VERDADE E POESIA

tamente muita cousa perturba os olhos e os ouvidos,—os olhos. as fórmas de plantas multiplas e peculiares,—os ouvidos, O canto agudo das Cigarras e o grito dos Papagaios, Tucanos é tantas outras Aves da matta, que fazem acaso do forasteiro testemunha de suas prendas musicaes.

Visitas 4 matta repetidas em epochas diversas e a outros logares, excursões de caça dão igual resultado. « Verdade e Poesia» intitulou o poeta allemão Gosthe uma de suas obras, | e começa a tornar-se claro ao novato que este titulo tam- bem tem applicação no mundo de Mammiferos d'aqui, que tambem aqui estas duas palavras indicam um contraste.

Succede com o amigo da Natureza quanto aos Mammiferos selvagens cousa semelhante ao que se passa com o colono que do Velho Mundo emigra para esta terra -— ambos exageram por demais suas expectativas, imaginam as tarefas por demais faceis. depois de terem aprendido que a condição fun- damental do suecesso é o trabalho feito com o suor do rosto, estão ambos no caminho direito. Tal a conclusão a que me induzem oito annos de experiencia e esforço honrado.

Si, pois, o amigo da Natureza primeiramente sente-se. desilludido, si tem de succumbir à despoesia, em meu en- tender não pequena culpa cabe na produeção do que psycho- logicamente chamaria a «vertigem dos tropicos » que accom- . mette o recem-chegado, ao modo de escrever mystico e pito- resco ao mesmo tempo de escriptores e viajantes antigos como Alexander von Humboldt e Richard von Schomburgk. Tambem no mesmo sentido muito operaram alguns livros escriptos em linguagem popular, dos quaes citarei como typo na lingua allemã um que casualmente descobri ha annos na livraria de um amigo no Rio de Janeiro. Inti-

“VERDADE E POESIA PL

) tula-se Die Tropenwelt im Thier-und Piianzenlteben,

dargestelt von Dr. Georg Hartwig, (Wiesbaden). Longe | de mim querer amesquinhar o merito dos dois primeiros».

ao contrario reconheço que souberam incutir nos leitores de seus livros o amor intimo à Natureza, a admiração e o enthusiasmo velas maravilhas do mundo tropical. O mesmo esforço louvavel reconheço no autor do livro que acabo de mencionar. O que unicamente lhes reprocho é, para servir-. me de uma expressão artística, haverem pintado com cores por demais quentes. |

Não pouco prazer sinto em poder mencionsr um opus- culo animado de espirito de observação sadia e franca, que póde servir de raro antidoto aos amigos da Natureza que aqui aportarem contra o que chamei a vertigem dos tropicos. A caça no Brasil ow Manual do caçador, ete., por um devoto de Santo Humberto (Rio de Janeiro, Laemmert, 1860), eis como se intitula. E” eseripto em tom jovial de ca-. cador,a unica e fresca forinha de que no genero póde gabar-se “a litteratura brasilica. Por trás do anonymo esconde-se, como mais tarde vim a saber, ninguem menos que Varnhagen, me- ritissimo brasileiro e distincto historiador. Oxalá seja-me dado arrancar aquelle opusculo da penumbra do esqueci- mento, em que parece haver cabido. | |

| Examinemos agora qual é à «Verdade», e onde começa a «Poesia». Podemos fazel-o apoiades em numeros. Por felici- “dade, a sciencia hodierna tem a seu dis “exacto do que no tempo dos sabios” que mencionamos, "quando os materiaes ainda mui pouco estavam apurados. |

ór methodo mais

8 MAMMIFEROS E AVES DO BRASIL

Wallace, o mais profundo zoogeographo moderno, cal- cula, em sua grande obra publicada em 1876, que para toda a zona neotropica, em que estão comprehendidas toda a Ame- rica do Sul, a America Central até Texas e as Antilhas, e de que a sub-região brasileira constitue 2/54 3/4 da superficie, o numero das especies de Mammiferos é de 904 e o das Aves de 3 164. A relação das especies de Mammiferos para as das Aves seria, pois, approximadamente, 1:6 (um pouco mais). O zoologo austriaco Johannes Natterer, que passou 18 annos no Brasil fazendo collecções e percorreu a “mór parte do paiz, apanhou ao todo 205 especies de Mam- miferos para 1,238 especies de Aves, o que novamente para a relação entre as especies de Mammiferos e Aves 1:6. O naturalista Henry Bates, fallecido recentemente em Lon- dres, que durante 11 annos applicou todas as suas forças ao mundo animal da região amazonica, obteve o total de 52 especies de Mammiferos para 360 especies de Aves, o que sinda uma vez reproduz a proporção de 1:6. (*) Eu proprio, desde Agosto de 1891, tenho ajuntado uma colleeção parti- cular nas visinimnças de Theresopolis, na serra dos Orgãos, a qual até agora conta 35 especies de Mammiferos para 137 especies de Aves, O que approximadamente corresponde á proporção de 1:4. Ora, é de certo eloquente o facto de, para | toda a região neotropica, ão mesmo modo que para a sub-. região brasileira especialmente, haver-se, fundado em col- lecções amplas (na qual naturalmente não incluo a minha,

+) O principe Maximiliano de Wied-Neuywied, que no principio d'este seculo peacorreu a costa do Brasil, communica ter colleecionado ' 82 especies de Mammiferos para 468 especies de passaros proporção "que, pela quarta vez corresponde bastante exactamente a 1 : 6.

MAMMIFEROS E AVES NA AFRICA E NO BRASIL 9

pelo pouco espaço de tempo nella empregado), obtido con-

“cordemente a relação de 1:6 entre as especies de Mammi- feros e as de Aves. Quer isto dizer que, na média, póde-se juntar 6 especies de Aves antes de encontrar-se uma especie de Mammifero. Bem entendido, presupponho que de cada vez collecciona-se tudo igualmente.

Passemos agora às relações correspondentes E Alca, na região ethiopia, a qual abarca todo o continente ao Sul do centro do Sahara, e inclue tambem a ilha de Mada- gascar. Intorma-nos Wallace, a cuja disposição esteve o opulento material do British Museum em Londres, que a região ethiopia possue 535 especies de Mammiferos para 1.507 especies de Aves. Corresponde isto á razão de 1:3: em outras palavras, na Africa o colleccionador precisa de, na média, levantar 3 especies de Aves antes que lhe caia nas mãos uma especie de Mammifero. | |

Quanto ao numero dos individuos, á densidade absoluta da população, lastimo poder dispor de materiaes insufli- cientes. Os algarismos dariam certamente testemunho elo- quente da exactidão de minhas idéas. Todavia, sabemos que Natterer colleccionou no Brasil 1179 exemplares de Mam- miferos e 12295 exemplares de Aves. Corresponde isto approximadamente á razão de 1:10, isto é, na média, Natterer teve de colleccionar 10 Aves antes de conseguir um Ma minitero. Eu proprio, aqui na ra dos Orgãos, tenho até agora apanhado 87 MARE He Mammpiferos para 4% exemplares de Aves, o que apresenta approxima- "damente a relação de 1:5. Interessantissimo fôra saber qual seria numericamente no espolio de um caçador da Africa a relação entre os Mammiferos e as Aves.

10) MAMMIFEROS DO BRASIL

Entretanto está provado que, si quanto às especies de Mammiferos, em seu conjuncto e em absoluto, a zona neo-. tropica fica sem duvida mediocremente aquem da Africa (em cêrea de 31 especi ies), em relativo, quanto á pro- “porção, as especies de Aves avantajam-se-lhe essencialmente, Por outras ENE a Africa é decididamente mais rica em, Mammiferos, tanto em especies quanto sem duvida em indi- viduos; ao contrario é mais do dobro a riqueza da America do Sul em Aves, não pelo que respeita ás especies, q manto pelo que respeita ao numero de individuos. |

A riqueza de Mammiferos da Africa é determi nada em : primeiro logar pelas familias dos Bovides e Viverrides, tão ricis em generos e especies quanto em individuos: em segundo logar por alguns generos e especies mais s isolados, “mas muito ricos em individuos, como Equus, Felis, Rhi- noceros, Hippopotamus, . Eiephas, Camelopardalis, figuras

que faltam todas à America do Sul actual, com a excepção unica do genero Felis. | o

Os Mammiferos que actualmente vivem no Brasil mos- | tram maior desenvolvimento nas seguintes ordens, em cuja 'hierarchia descendente se patenteia a riqueza relativa de especies : Nua RODA 1) Roedores (Rodentia).

2) Macacos (Simiae).

3) Morcegos (Chiroptera).

4) Carnivoros (Carnivora).

5) Desdentados (Edentata). Mo

Muito poucos Mammiferos terrestres de g randes dimen- sões pode o Brasil actualmente apresentar: são 0J aguar entre os Carnivoros, 0) tapir entre Os nado pera ue pn

MAMMIFEROS SUL-AMERICANOS . 11

o Veado galheiro (Cervus paludosus) entre os Ruminantes ; a Capivara (Elydrochoerus capibara) entre os Roedores, e ainda o Tatú-canastra (Prionodontes gigas) e o Tamanduá Bandeira “(Myrmecophaga jubata) entre os Desdentados. Mas corres- pondentes aos colossos que ainda hoje aloja o continente negro, não se encontram mais aqui. Nem sempre assim foi. O Brasil possuio tambem sua fauna de fórmas gigantescas, que hoje des- cansam no seio do passado do paiz. Conhecemol-as sómente por esqueletos mais ou menos completos, que a mãe terra. conserva amoravel em poucos logares apropriados. |

Quasi exclusivamente sul-americana é a ordem dos Des- dentados e, na ordem dos Roedores, a familia dos Echimyides (Ratos de espinho); da mesma ordem são ainda americanas as duas familias dos Cercolabides e Caviides. assim como a familia dos Mucuras (Didelphides da ordem dos Marsupias; a fami- lia dos Phyllostomides, da ordem dos Chiropteros; a familia | dos Procyonides, da ordem dos Carnivoros. Como feição pe- | culiar de muitos Mammiferos sul-americanos, autores anti- gos com razão accentuaram o facto de em muitos grupos have- rem-se formado trepadores, que se adaptaram bem á vida nas arvores das florestas e que possuem na cauda flexivel orgão que muito lhes serve para apoiar-se e fixar-se.

O Brasil possue tambem algumas dspacios de Mammi- feros cosmopolitas, como Vespertilio, Felis, Cervus e Lepus. Estas quatro são communs a outras partes do mundo, excepto a Australia.

Parentesco entre os membros da fauna brasileira e os da do Velho Mundo patenteam-nos ainda os Carnivoros nas duas familias dos Canides e Mustelides e os pude, familia dos Suides (Porcos). NI

12 MAMMIFEROS DO BRASIL

Quanto aos Ruminantes, é de notar-se que aquem dos Andes, na sub-região brasileira, apparecem apenas Veados (Cervides), ao passo que os Camelides (Llama, Guanaco, etc., ao todo quatro especies) estão hoje acuados nos Andes, nos desertos elevados da America do Sul que dão para o Pacifico, Não ha duvida que o Brasil os possuio, mas em éras geolo- gicas anteriores. |

Quanto á divisão systematica do que me sirvo é à mais empregada hoje entre os zoologos e basea-se em factos em- bryologicos. E' a seguinte:

DIVISAO SYSTEMAÁTICA 13 RU ICI RC

MARMALIA

ORDEM FAMILIA

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14 MAMMIFEROS DO BRASIL

Para se comprehender bem a composição actual do mundo de Mammiferos da America do Sul cumpre recorrer à Paleon- tologia. No intuito de, por algum modo, facilitar a orienta- ção do leitor neste arduo thema, resumi o essencial na fórma de tabella clara e apprehensivel. As especies griphadas são as que se têm conservado até a épocha actual; as precedidas de * são as que se devem considerar extinctas no Brasil, pois que alhures deixaram descendentes directos; os nomes que nem um distinctivo trazem são os de generos extinctos.

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EPOCA TERCIARIA

EOCENO-—(Fauna terciaria mais antiga dos Pampas PLIOCENO -— (Fauna terciaria mais moderna dos da America do Sul) | Pampas a America do Sul)

ORDEM | GENERO PARENTESCO ACTUAL | ORDEM | GENERO | PARENTESCO ACTUAL ABIT LO Da aa ul Medo Entemnodus ........... Felidae. Machair odus a A Felidae. E COS Canidae. Cornimond. eo, BRL SL a Mustelidae. | | BENI LO RICO Ki GU MTO OO RAGE Ursidae. Hyacnarolost ua Paga Ursidae. | , EO Sm ea Equidae. DRM elastina | Tapiridae Ungulata Peryssoda- hide onoja nb Le to Rea gia IPS Tapiridae, Camelidae. REMO Me A PQ AA ba ADI ALON POL TR A LA 5 jAnoplotherium tah --.. Ruminantia, Suidae. clyla. RO LR Rhinocerontidae, Hyr a- | “4 codon, Nesodon. Ra SI GR SA Dicotyles. | no CARMO LU PI AR ae Tan ie artioda- Camelo feria Camelidae. Re as [Bainootume Hui Me ud CO DMA AM Cervidae. Proboscidea sc... ie sto o Elephantidae. | depor e A A SR O O ao bas os Lonas dr Chinehillidae. o | Ctenomys DR Octodontidae. -Theridomys +... Echimyidac. Bent Bem A Leporidae. Rodemiia is Megamys ...cismenioes Capromyidae. Pe RE A ore LE Ne O SARA A IM widae sigmodontes CN Re LA o Muridae. | RO ee temna o 7 | o o e O Muridae. Cardiodus. .ecscctaeo o Orada Edentata, Ungulata. (0 ape Lob E Go | Seed od Cria | Des era ACO ni po Ea aa ao co DA Bradypodidae. uh fa DIO e A ; eso on | | Edema Í | Ni “Glossotherium.......... Myrmecophagidae. Ran | Belina O o Ro ao e Dasypouidac, " Eutatus.. os a qu | tomo dom CUM pd 'Ungulata, Rodentia, Eden- |roxodontidac.. Mp “tNesodon DS À tata, Sirenia.

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EPOCA QUATERNARIA POSTPLIOCENU——Fauna antiga, quatermaria das cavernas calcareas do Brasil

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ORDEM | GFNERO PARENTESCO ACTUAL ORDEM cmo coniio GENERO | PARENTESCO ACTUAL A AL ul com r emana nana eras na el | Mas yprocta 8 OR | OUVIDO cecuasosrs erre "LED. gelo enys ( Og PO SUDAN io alalnia a alo alo Protopithecus.......... ) | pe a MA »Caviidae. | | terou ni Na Ap po ACAM No Hapalidae. Cencola bes (e teares a natal fe Gercolabidae. ( Phyllostoma (5). ........ Phyllostomidae. Chivoptera......... Dysopes . cure Noctilionidae. Myopotamas ... cos ) (y ESPENTUNO da alas Vespertilionidae. Loncheres.. «cet O IEIOO (E TOU a EAR Oo FOREM ÇO 1) 0) DAP “Echimyidae. | Felis (RR ) Lone phoras | Machairodus........... Felidae. PNAD OR ri o ) PE Cypatluras so ) * Lagostomus.... cce. Chinchillidae. LN RN | Re IN a RO Leporidae. oe [RR no | n . Res SA ONU O RO RAN ; PENSANDO GE RS a A AR o (Ommeter do SR (Muridae. Mephatis ....ccceeses o ) ALONE Ne UR , RCOLNC RES la a ia anta of an ou aU Mustelidae, | Luir ANDO Po Lui oa pros a na a ao ) (Dasypus m DEP ag MDA Ny | Xenurus Da A aa (Nasua Bis PR CO SD Procyonidae. | Euryodon (1 ) EPA VAretolheriuna een Ursidae. | Heterodon (d)iscecora) Roe Chlamydotherium (2).. Ungulata perissoda-(* Equus......cceceeteso Equidae. Pachyiherium (1)....... a ANO dono DS aa abel Tapiridae. ao Eloplóphorus (8), 4 en EUR a ras a O À pu A A Suidae. | Glossotheriuma.......... Myrmecophagidae lat: RV AO Da eia NR | Ochotherium (1)........ ) Ungulata artioda- E Die Th TUA Mm PO jAntilopidae. | RR a a) a ON | | | Nice atom On Ca Bradypodidae. RG e Camelidae. o elod mio Dersa, Gervidae. | SPD emo don (a) us ti Proboscidea... ...., | Mastodon AC Elephantidae. Ma Spa ba A Didelphys (o Didelphyidae.

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MAMMIFEROS FÓSSEIS MAIS ANTIGOS 19

Entre os Mammiferos antigos mais conhecidos que constituem o fornecimento basilar da America do Sul, reco- nheceremos, comparando as tabellas pr ecedentes, de um lado precursores dos actuaes Ratos de espinho, Echimyides e | Octodontides,— fórmas particulares de Roedores que, sem duvida, apresentam alguns representantes escassos (Petromys, Aulacodes, Ctenodactylus, Pectinator) na região ethiopia da. Africa, mas em sua maioria habitam a America do Sul, -—- do outro lado os Anoplotherios, tidos por alguns naturalistas como a fórma ancestral dos Ruminantes. Que taes fórmas, porém, fossem de origem genuinamente ameri cana, atigura-se assás duvidoso, pois Theridomys encontra-se tambem no. Eoceno e Mioceno da França, e em camadas cosvas da Franca e da Inglaterra conservam-se restos de Anoplotherios, de ho do Porco e mesmo do Jumento. Megamys, especie miocena, é é lembrada pelo ' genero Utenomys, que anda hoje vive no Brasil, e Capro- mys, que ainda vive nas Antilhas. Portanto os mais anti- gos Mammiferos conhecidos da America do Sulindicam ante- rior connexão com o Velho Mundo. Quer isto dizer, nas

Palayra as do professor Ruetimeyer, que a maisantiga faunater- |

ciaria da Europa deve considerar-se como a essencia-mãe de uma sociedade de animaes genuinamente continentaes, habi- tantes agora da zona tropical de ambos os mundos, que, porém, é na Africa onde mais decisivamente estão represen-. tados ih |

1) Na distribuição dos Desdentados o paleontologo no Neumayer “indício de que a Africa media e meridional esteve em ligação directa com a America do Sul, ou esteve pelo menositão proxima. desta que tornou-se possivel a permuta de grandes animaes terrestres. Na anti-

20 MAMMIFEROS TERCIARIOS

Infelizmente pouco se sabe «té agora quanto 4 fauna do periodo mioceno da America do Sul 2).

No periodo plioceno, que se lhe segue, mostra a fauna dos Pampas, de nossos visinhos do Sul, infiltração muitissimo adiantada de familias que, ou provenham da America do Norte ou co Velho Mundo, acham-se em certo contraste para com os Desdentados, que então nos apparecem em 11 generos em sua maioria constituidos por colossos animaes. Ao mesmo tempo damos com os singulares Toxodontes, que, sem duvida, possuem relações de parentesco com toda uma serie de ordens actuaes, mas a nem-uma convem de todo, e que

guidade preterciaria, no fim da epocha de greda (nltima secção da for- mação lriassica ou periodo mesozoico) estavam ligados tanto o NO. da Europa com a Americã do Norte como o Brazil com a região elhiopica ; a America do Norte ca America do Sul eram então interrompidas por vasto estreito d'agua no logar da, actual America Central. Aquela ligação por meio de um continente sul-atlantico, hoje desapparecido, entre a America do Sul e a Africa, deve ter durado até o periodo eoceno, portanto até o principio da epoca terciaria. À formação do Oceano Atlantico approximadamente com os seus contornos de hoje, podia estar concluida pelos meados da epocha miocena.

2) Recentemente Ameghino deu uma descripção provisoria Ge res- tos de Mammiferos argentinos, que descobriu no chamado «terraço mesgopotamico», formação que parece identica à das camadas alhures co- nhecidas pelo nome de oligocenas. O Oligoceno é uma secção posterior da primeira (paleogenica) metade do periodo terciario e é incluida pelos geologos modernos entre o Eoceno e o Mioceno. Como achado notabilissimo do estagio mesopotamico assignala Ameghino restos de esqueletos, que considera, precursores dos Megatherios e Glyptodontes que depois appareceram e denomina Promegatherium e Promylodon. Seus dentes, segundo nos informa, possuiam densa camada de esmalte, que falta a todos os Desdentados que mais tarde appareceram (Mega mys patagonius é um Roedor descripto pelo mesmo autor, que attribue.

MAMMIFEROS TERCIARIOS E QUATERNARIOS 21

mais tarde sumir-se-hão do theatro: vemos apparecer no paiz Cães, Martas, Ursos, Cavallos, Porcos, Veados, Elephan- tes e Camelios. juntamente com formas que reunem emsios caracteres de diversas familias, têm um pouco de Rhinoce- ronte, um pouco de Tapir e de Llama, e entretanto não são nem um deiles. Permanecem uns, reticam-se outros do palco de desenvolvimento animal para os bastidores. Em parte ex- tinguiram-se efectivamente, em parte retiraram-se Brasil do para outras partes da America do Sul. No principio da epocha quaternaria, no periodo post-plioceno, defronta-nos nas cavernas calcareas do rio das Velhas uma fauna de Mammife- ros muito organizados, de que eloquente testemunho o respeitavel numero de 55 generos.

Neste interim introduziram-se os Macacos no Brasil e nos dois grupos que hoje existem; os Morcegos, osCoatis, tam- bem um legitimo Tapir e até uma Antilope corredeira, encon- tram-se de visita fugitiva. Os hospedes vão cada vez mais au- gmentando; depois aos mais delles aprouve aqui estabelece-

o duplo do tamanho do Tapir. Os Polmeotherium e Anoplotherwma argentinos pensa elle que são um tanto differentes dos europeus e fal-os representantes de parentela especial (Scalabrinitheriwum e Brachy- therium). | Faltam-nos ainda publicações completas sobre este assumpto. Caso ficasse provado a exactidão de dados de Ameghino, Promegatherium e Promylodon seriam os mais antigos Desdentados conhecidos, e como na. America do Sul se póde acompanhar o tronco desta Ordem até um periodo geologico de que nem-uma outra parte do mundo, inclusive a America do Norte, apresenta igual, ficaria assim affastada qualquer objecção contra a opinião de que na America do Sul se deve procurar a patria originaria dos Desdentados, opinião aliás muito verosimil

independente d'isto.

o (xo

MAMMIFEROS QUATERNAÁRIOS

rem-se. A 25, das 41 especies delles, coube a fortuna de con- servarem-se até hoje. Os Macacos que se introduziram não se esqueceram de trazer comsigo no corpo os documentos que comprovam sua origem e procedencia, e proclamam que elles são parentes do Caenopithecus lemuroides do Eoceno de Eger- kingen no Jura, dos Lemurides ha poucos annos descobertos no SO, de França, que tão chegados são de Perodictius do Oeste da Africa, e finamente das familias de Macacos Limnotheri- des e dos Lemuravides, tambem descobertos recentemente no baixo Eoceno de Wyoming, na America do Norte, que, segundo Marsh, abarcam 12 generos. Tambem ainda aqui está o Cavallo, ao passo que este genero no periodo eocen da America do Norte apparecera com Orohippus, do tamanho da Raposa, tendo quatro unhas na frente e tres atrás, e nos periodos plioceno e post-plioceno desenvolveu alli uma mul- tiplicidade pasmosa de formas, nas quaes se verifica au- gmento progressivo de tamanho por um lado, reducção pro- gressiva dos dedos por outro. Como é sabido, jaz sepultada na America do Norte toda a serie de desenvolvimento do nosso actual Cavallo, tão completa que é este um dos mais brilhan- “tes feitos da sciencia, paleontoiogica. O numero conhecido de generos de Mammileros terciarios da America do Norte orça entre 80 e 100; da Europa e do Velho Mundo conhece- se bem o duplo.

Voltando á fauna brasileira das cavernas, encontrámos elevado a lôo numero de generos dos Roedores. Ainda existem Cotias do tamanho de Corças, um Arvicola de dimen- sões muito mais consideraveis que os actuaes representantes existentes no Velho Mundo; ao contrario desvanecem-se, ao que parece, o Typotherium pliocenico, que, apparentemente, não

MAMMIFEROS QUATERNARIOS DO BRASIL 23

cedia em tamanho á Capivara actual. Tambem em prin- cipio da epocha quaternaria introduziram-se no paiz sob 7 especies as Mucuras (Didelphyides). E” pena que a nem um Boi tenha vindo a idéa de emprehender a longa migração para Oeste e de, passando pelo Norte, avançar até a Ame- rica do Sul. Si não resultara maior benefício para a terra pela immigração espontanea de tal Ruminante do que pela de tantas outras formas animaes, que na lucta pela vida ou succumbiram inteiramente ou passaram ao presente apenas em epigonos rachiticos e anões..., quem o saberá dizer ?

Em frente aos ll generos de Desdentados da fauna pliocena dos Pampas encontramos 13 generos da mesma ordem na fauna das grutas calcareas do interior de Minas- Geraes, dos quaes dois apenas ainda agora existem. A maior parte d'estes animaes, que em fins da epocha terciaria e. começo da epocha quaternaria mostram tão admiravel des- envolvimento, eram iórmas gigantescas que, quanto ao ta- manho, desaso e peso, podiam rivalizar com o Rhinoceronte e Hippopotamo.

Entretanto esta ordem não pertence exclusivamente à America do Sul; ainda hoje a Africa possue 2 a 3 especies de familia dos Oryeteropides, e nas regiões. ethiopica e oriental encontram-se actualmente ainda 8 especies da iamilia dos Manidides (Escamigeros). Desdentados Tosseis, descobertos fóra da America, encontram-se do genero Macrotherium no Mioceno da França e Allemanha e ÂAncylo- “therium de camadas similares da Grecia.

Estes Desdentados fosseis extra-americanos mostram maior parentesco com os Orycteropides africanos do que com as familias americanas: entretanto é para a America do

24 CONTINENTE ANTARÓTICO

Sul que, incontestavelmente, deve transportar-se o centro de desenvolvimento da ordem dos Desdentados. Embora, infeliz-. mente, até aqui nos estejam vedados esclarecimentos com- pletos quanto ao caracter e composição da fauna miocena da. America do Sul pelo que respeita aos Vertebrados superiores, ha em todo caso bastantes pontos de balisa para a conclusão, que outr'ora a America do Sul devia ter sido um centro parti- cular de «creação» e formação faunistica ou, mais provavel- mente, segundo a genial explicação de L. Ruetimeyer, pro- fessor de zoologia na Universidade de Basilea, que houve

“antigamente uma colonisação cujo ponto de partida demorava

no Sul, na zona circumpolar antarctica:; d'este continente. prehistorico, hoje consumido, apresenta ainda agora restos o continente australiano; e talvez a este haja tambem perten- cido a ponta meridional da Africa.

Motivo plausível para rejeitar-se a opinião de que uma zona circumpolar antaretica hypothetica poderia ter possuido em antigos periodos geologicos, anteriores á época glacial, flora e fauna proprias e mais ou menos desenvolvidas, no gozo de clima brando e quente, não existe mais, depois que com as novas expedições do polo Norte chegou-se ao conhecimento de interessantes achados paleontologicos, que demonstraram com precisão a existencia de um clima mio- ceno nasregiões arcticas de Groenlandia e Spitzbergen, seme- lhante ao que agora domina no Norte da Italia 3).

à) O celebre botanico e pateontologo suisso, Prof. Oswald Heer fallecido ha alguns annos em Zurich onde ainda o conheci, encon- trou e descreveu nos achados das expedições ao polo do Norte nada menos de 363 especies de plantas. Entre ellas figuram especies que

CONTINENTE ANTARCTICO 25

Como producto daquella zona circumpolar antarctica, apurar-se-ia o typo dos Desdentados, talvez tambem os antepassados da ordem dos Roedores, que na America do Sul lançaram de seu tronco flores relativamente mais fortes do que em qualquer lugar do mundo actual, a menos que a documentação paleontologica não se haja desfalcado com a desapparição de superíicies continentaes por baixo da tona do mar. À causa que na America do Sul levou as emigrações do Sul para o Norte e inversamente do Norte para o Sul na America do Norte, póde muito bem ter sido a causa tellurica da idade glacial qne começara, pouco importando no fundo si ella se deu ao mesmo tempo em ambos og polos ou si se tornou sensivel em tempos diversos.

Pelo que fica dito é obvio admittir-se que os immigrantes procedentes de um ponto de partida que demorava no hemis- pherio Norte, ao calcarem o solo da America do Suljá o encontraram ricamente guarnecido de representantes de um

presuppoem clima brando e temperado, como Cyprestes, Sequoya (que hoje se acha na California), Magnolias, Castanhas, Platanos, Bordo, Videira. de Spitzbergen, que demora entre 771/2º e 782/3º de 1. N., descreve elle 179 especies; do N. de Groenlandia (70º N) 170. Mesmo na terra de Grinnell (lado americano) que entretanto demora aos 81º 45' N. e cuja temperatura média é agora de 20º recebeu Heer mais de 30 grandes vegetaes phanerogamicos. Calcula elle que aquella, flora miocena exigia pelo menos uma temperatura média de /-8º,0 que para a terra de Grinnel, por exemplo, importaria uma diffe- rença de 283º entre a temperatura antiga e a actual.

Explicação de todo satisfactoria destes factos é difficil encon- trar-se. De todas as hypotheses até hoje apresentadas parece plau- sivel a opinião que a Terra no decurso de longos periodos geolo- gicos mudou de posição geographica, e Ro o Polo e o Equador se “deslocaram.

26 MIGRAÇÕES PREHISTORICAS DOS MAMMIFEROS

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mundo animal sul-occidental. Como resulta dos restos de animaes diluvianos, coluidos nas cavernas de ossos do Brasil e no alluvio dos Pampas, os Desdentados constituem porcen- tagem genericamente forte, numericamente quiçá a metade - dos grandes animaes diluvianos da America do Su!, e pode- riam até contrabalançar os Mammiferos que manifestamente por diversas vezes emigraram do Norte para aqui. E” facil “de comprehender que tambem da fauna antaretica emigrassem "membros do Sul para o Norte. As duas Preguiças fosseis, Megalonyx Jefftersoni e Mylodon Harlemi, são vedetas de origem sul-americanas, que avançaram até Kentuky e Mis- souri, e como fórmas extinctas, juntamente com a Preguiça que ainda vive, o Tatá e o Tamanduá, são na America Central e no Mexico, no meio de uma sociedade animal que ainda agora consta em boa parte de generos represen-. tados na iluropa, na terra dos Bisontes e dos Alces,— pheno- menos tão estranhos quanto o Mastodonte na America do Sul. Mistura e penetração de dous grupos de Mammiferos, diversos de tronco e de origem, por quasi inteiramente as duas metades do Novo Continente constituera, no todo. a. mais proeminente feição caracteristica de seu mundo animal : e frisante para esta maneira de ver as cousas é certamente o facto, que cada grupo vai augmentando em riqueza de representação e em originalidade de aspecto na mesma me- dida em que nos approximamos do seu ponto de partida (Ruetimeyer, Ueber die Herkunft unserer Thierwelt, Basel und Genf, 18071. | |

Wallace opina que foi uma felicidade ter ficado bem atrás de nós no passado o tempo em que floresceram aquelles ' Desdentados gigantescos, conjecturando que a existencia do.

MIGRAÇÕES PREHISTORICAS DOS MAMMIFEROS 2

homem na America do Sul juntamente com aquelles colossos deveria ser bem desagradavel. Idéas semelhantes despertam- se-me tambem, quando considero meu Bradypus tridactylvs que ha bastante tempo apanhei e que para nada revella intelligencia a não ser para comer. | | A America do Sul não apresentou sempre os contornos

actuaes, a distribuição hodierna de terra e agua. Wallace designa como sua parte mais antiga o planalto brasileiro, como talvez da mesma edade o planalto de Guyana e Vene- zuela; relativamente moderno deve ao contrario considerar- se aquella parte que tenderiamos a tomar pela mais antiga a cadeia eruptiva dos Andes. No seu entender, em periodos primitivos contava a America do Sul tres ilhas, que corres- pondem cada uma áquellas tres partes mais elevadas. O aterro dos intervalos, que coincidem com as hodiernas bacias do Amazonas, Orenoco e Prata, foi feito nelas torrentes e massas aliuviaes que comsigo transportavam. Esta questão parece- nos importante, sobretudo quanto ao modo e maneira por que se dava a ligação com a America do Norte. O isthmo do Panamá é formação da mesma especie que os Andes e como tai de época bem mais moderna. Muito tempo deve ter ficado debaixo d'agua e talvez por diversas vezes. Como ponte de passagem para as successivas immigrações de fórmas "de Mammiferos do Velho Mundo por via da America do Norte, a que nos referimos; para a permuta de Verte- brados mais elevados do Sul para o Norte e do Norte para o Sul, provavelmente começou a funecionar pouco antes da época glacial. Um lancear de olhos para o mappa das Antilhas, archipelago disposto em linha de cordilheira fechada, des- perta logo a conjectura que estas podem ser restos de uma

28 LIG is ENTRE AS DUAS AME RICAS

antiga ponte de ligação, que corria de Yucatan por Trinidad até Venezuela, e que os referidos pontos marcam as linhas marginaes de antiga região tropical, cujo centro é hoje occupado pelo mar dos Carahybas. Consonancias faunisticas nas fórmas de ambas as metades continentaes, e até muito antigas, apresentam igualmente as Antilhas, não no mundo vivo como em fosseis 4).

Isolamento temporariamente absoluto, ligação ei porto com a America do Norte, repetindo-se ambos e durando ambos mais ou menos tempo: eis o que indicam não os. achados geologicos como os achados poleontologicos; e acceita esta explicação, a que pode attribuir-se toda a exactidão scien- . tifica desejavel, acceita a existencia de um continente circum- polar, a composição hodierna do mundo de Mammiferos' do Brasil apparece-nos em luz perfeitamente intelligivel.

4) Assim mostram, por exempto, os actuaes Caracóes das ilhas de NO, de Cuba, Haiti, Porto-rico até Antigua, antes o cunho das Conchylias me- xicanas; os das ilhas de SE., antes cunho sul-americano. Em nma das pequenas ilhas Bahamas encontram-se restos de Elephantes prehistoricos (Mastodonte), e inversamente em diversas Antilhas (Cuba, etc., encon- tram-se Preguiças extinctas de cunho verdadeiramente sul-americano (Megalonyx). Alem disso a parte mais consideravel da fauna marinha, especialmente as formas de vida sedentaria—como Coraes, Esponjas, etc. do actual mar dos Carabybas é golpeantemente semelhante à do Oceano Pacífico, relativamente mais do que à do Oceano Atlantico, o que indica que o actual paredão formado pelos Andes da America Central, não existiu em outro tempo, é de data recente, ou em outras, palavras—que houve uma epocha em que o oceano Pacifico banhava directamente o lado occidental do archipelago das Antilhas, ou banhava uma ano fronteira a este.

A estes indicios claros poderiamos ainda juntar muitos outros. Que na epoca miocena formou-se uma ponte terrestre que serviu de passagem “entre as duas Americas, de que a actual cadeia das Antilhas mostra os

SUBREGIÃO BRASILEIRA 29

Até aqui temos deixado de mencionar a proveniencia dos Esquilos (Sciurides) da ordem dos Roedores. Tambem estes seguramente procedem do Velho Mundo, e são na America do Sul immigrantes de data relativamente muito fresca. Em tempos muito modernos, historicos, immigráram os Ratos do Velho Mundo que, como veremos, contrastam com os Sigmo- dontes, os quaes, quer realmente sejam autochtones quer não, apparecem no Brasil infinitamente mais cedo que aguelles.

Precisamos agora explicar o que entendemos por sub- região brasileira, que acima o notámos, representa a maior parte da região neotropica, e de que maneira subdividimos esta sub-região. Como por felicidade tem-se admittido unanime- mente depois do exemplo dado por Wallace, a sub-região brasileira comprehende mais que os limites deste paiz, isto é: toda a parte septentrional da America do Sul desde 30º de latitude Sul, incluindo o Grão Chaco ao Sul e o territorio dos Andes, até ás proximidades da linha equinocial. Inclue,

ultimos restos, mal se pode duvidar. Entretanto esta ponte parece ter-se conservado franca por tempo relativamente curto. Ha razões ponde- rosas para admittir-se que atravez desta ponte zoologica a America do Norte recebeu o Morotherium, grande Desdentado, ido do Sul, emquanto a America do Sul poude saudar o equivalente no Anchilherium, hospede vindo do Norte, membro da serie de avós do Cavallo (estagio araucanio da Patagonia): ha tambem | motivo para crer que a permuta de formas animaes por via das Antilhas não poude tomar aquellas propor- ções grandiosas. O isthmo de Panamá, constituido principalmente de tufo vulcanico, portanto de data recente, parece ter se tornado ponto de pas- | sagem nos fins da epocha terciaria,e por elle emigraram bandos espessos de Desdentados para o Norte, ao passo que uma verdadeira corrente de Mammilferos, immigrantes do Norte, despejou-se na America do Sul, estabelecendo-se primeiramente em granda escala no interior da actual | republica do Ecuador. | | |

30 SUBREGIÃO BRASILEIRA

pois, além do Paraguay, a parte cisandina de todas as Repu- blicas occidentaes, toda a Columbia, Venezuela e as Guyanas, Das diversas propostas que têm apparecido para subdividil-a, é a de Burmeister a que melhor se recommenda por sua simplicidade; distingue elle: 1º,0 territorio do Amazonas; 2º, O territorio das maitas costeiras; 3º, 0 sertão ou a zona, dos campos. No trabalho que vai seguir empregamos esta divisão sob fórma um tanto modificada. Distingo: |

1. Territorio amazonico (Estados do Amazonas e do Pará):

TI. Brasil central (Estados de Matto-Grosso e Goyaz, assim como o sertão dos Estados dd Maranhão, Piauhy, Bahia, Minas, 8. Paulo e Paraná);

II. ferritorio das mattas costeiras do Norte (a parte dos Estados entre o Norte do Rio de Janeiro e Maranhão, que está voltada para o Atlantico).

IV. O territorio das mattas costeiras do Sul (Estados costeiros entre o Sul do Rio de Janeiro e o Rio-Grande do Sul, excluidos os respectivos sertões.

Poderá talvez um ou outro leitor estranhar que no presente trabalho tenham sido postos de parte os Mammiferos do- mesticos. Não é que deixassem de merecer consideração; ao contrario, oficrecem bastante interesse. Parece-me, porém, que constituiriam melhor o objecto de estudo particular, ao qual, se não encontrar penna mais digna, talvez mais tarde | me resolva. » | |

"Cumpre agora memorar aquelles que maicr impulso têm dado ao conhecimento dos Mammiferos brasileiros.

NATURALISTAS ANTIGOS E MODERNOS 31

Por um sentimento de piedade, mencionaremos como o. mais antigo d'esta confraria, Markgrav, Allemão que, por assim dizer, foi em tempo o naturalista da côrte de Mauricio de Nassau, residiu por muito tempo em Pernambuco e d'ali estudou à fauna da zona costeira do Norte (1637). Sua obra, escripta em latim, ornada de xylographias, segundo a ma- neira do tempo, é a fonte antiga mais abundante sobre o mundo animal do Brasil.

Chronologicamente seguir-se-lhe-ia Alexandre Rodri- gues: Ferreira (1783-1195); mas este diligente e zeloso naturalista, dotado de notavel talento para o desenho, nunca, que eu saiba, publicou qualquer cousa importante, embora deixasse porção de manuscriptos e collecções de illustrações, de cujo conteúdo eu proprio procurei dar idéa aos zociogos por meio de uma lista geral. | |

Segue-se-lhe depois a fructifera expedição bavara de Von Spix e Von Martius (1817— 1820). O que Spix escreveu quanto ao mundo animal do Brasil ficou muito áquem qualitativamente do que Martius fez pela botanica da nossa terra; mas os materiaes zoologicos daquella expedição em parte chegaram ás mãos de pessoas capazes, como Perty e Agassiz. O principe Maximiliano de Wied-Neuwied per- correu em princípios deste seculo a costa, do Rio de Janeiro até a Bahia (1815-— 1817): era excellente observador e des- criptor exacto: seus trabalhos sobre os Vertebrados que col- leccionou em sua viagem, pertencem ao que de melhor existe sobre o assumpto. Johannes Natterer viajou pelo Brasil durante os annos de 1817 a 1835, e reunio a mais grandiosa collecção de Vertebrados brasileiros que existe. Era aus- triaco, gozou sem duvida da protecção da primeira impe-

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De NATURALISTAS ANTIGOS E MODERNOS

ratriz, D. Leopoidina, uma Habsburgo. O espolio de Nat- terer, que por sua riqueza occupa logar unico, acha-se hoje no museu de historia natural de Vienna. E' de certo sin- gular, mas em todo o caso litteralmente verdadeiro, que quem quizer emprehender o estudo pormenor dos Mammi- feros e Aves do Brasil por exemplo, onde melhor conseguirá seu fim é na capital da Austria, auxiliado pela colleeção de Natterer. Meu amigo, professor Hermann Burmeister, recen- temente fallecido, emprehendeu na éra de 50 uma viagem de 13 mezes através dos Estados do Rio de Janeiro e Minas e deixou, como fructo litterario desta visita, dois grandes trabalhos zoologicos, dos quaes um em tres volumes, sobre Mammiferos e Aves; a Systematische Uebersicht é, ape- zar de muitas lacunas inevitaveis, o livro que incontestavel- mente melhor serviço presta ao amigo da Natureza que queira orientar-se a respeito dos animaes superiores do Brasil.

O Dr.Peter Wilhelm Lund, Dinamarquez, veio pela pri- meira vez ao Brasil em 1825, voltou novamente em 1832, estabelecendo-se depois de longas viagens em Lagoa-Santa e, graças ás pesquizas diligentes das cavernas calcareas do “rio das Velhas, tornou-se descobridor do mundo de ani- maes extinctos deste paiz. Suas grandes collecções paleon- tologicas conservam-se no museu de Kopenhage. Outro Dina- marquez, professor Reinhardt, occupou-se, acompanhando as pegadas de Lund, principalmente com os Vertebrados do Brasil, para cujo fim por tres vezes visitou o paiz, em 1847, de 1850. a 1852, de 18543 1857. O inglez Henry W. Bates viajou pelo Amazonas e seus afluentes, permanecendo durante onze annos, de 1848 a 1359, em Ega (Tefé). Seu livro The. naburalist on the Amazon pertence ao que tem appare-

NATURALISTAS ANTIGOS E MODERNOS o

cido de meihor sobre o mundo animal da Amazonia, e a quem quer que se interesse pelas bellezas naturaes deste paiz deve recommendar-se do modo mais caloroso. esta leitura tão instructiva quanto attrahente e que nunca fatiga. Alfred Russel Wallace, o genial zoogeographo, veio em 1848 com “Bates para o Pará, viajou pelos mais importantes afiluentes da margem esquerda do Amazonas, onde ficou até 1852, e escreveu seu livro intitulado The Amazon and Rio Negro, que, entretanto, não offerece sobre objectos zoologicos tanto quanto se poderia talvez desejar. Depois fez uma viagem á Asia e desenvolveu intelligencia pasmosamente multipla. Reinhold Hensel, Alemão, prestou serviços ao conhecimento da fauna vertebrada do Sul do Brasil, assim como ao dos Mammiferos do Rio Grande do Sul, que tornou objecto de valiosas publicações, impressas de 1869 a 1873 em diversas revistas especiaes da Allemanha.

Naturalistas que nunca estiveram no Brasil, mas occu- param-se com a elaboração scientifica de Mammiferos aqui recolhidos, e augmentaram essencialmente nossos conheci- mentos á força de industria, paciencia e perseverança, em tra- balhos de maior ou menor tomo, foram Wagner, Waterhouse, A. Brandt, Lichtenstein, Cuvier, I. Geoffroy, Pictet, Cope.

Entre autores modernos, que se têm occupado mais ou menos detalhadamente com objectos deste dominio, devem nomear-se: A. Nebring, de Berlim, que se fez recommendado pelo exame critico de diversos generos de Mammiferos (Chry socyon, Galictis, Lutra, Cervus, Arctocephalus); A. von Pel- zen, de Vienna. que elaborou os materiaes reunidos por Nat- terer; Herluf Winge, de Kopenhage, que proseguindo na elabo- .

! | 3

Da NATURALISTAS MODERNOS

ração dos thesouros paleontologicos accumulados no museu dinamarquez, metteu recentemente mão na obra começada por Lund,e publicou magnifico volume, & Museo Lunda. “em que, por exemplo, são profundamente investigados os Roedores vivos e fosseis do Brasil: Hermann von Ihering, que ha dez annos prosegue na investigação dos Vertebrados do Sul do Brasil, iniciada por Hensel e outros, com tanto aiinco quanta mestria, como fructo de seus estudos tem. publi- cado uma serie de trabalhos, nos quaes ora trata de pro- blemas zoogeographicos, ora de questões systematicas, ana- tomicas e embryologicas. (Ratos do Sul do Brasil e pragas de Ratos; desenvolvimento dos Tatús ; Cavallos multi-ungulados.)

Tambem eu, nos ultimos annos, tenho dado alguns traba- lhosrelativos aos Mammiferos brasileiros, como sobre o Boto da bahia do Rio de Janeiro (Sotalia brasiliensis), o modo de vida dos Vampiros (Phyllostomides), os Ratos das taquaras ou digitados (Dactylomys amblyonix), sobre um craneo patho- logico de Paca com os dentes roedores de cima anormal- mente alongados.

NUMERO DOS MACACOS 35

8! Riacacos-SIMIA

O numero de especies de Macacos da resião neotropica anda hoje por cento e quatorze 5). Destas cabem 10 generos com 81 especies á familia dos Cebides (gritadoras, de cauda enrolada) e dous generos com 33 especies 4 familia dos Elapalides (leoninos e sedosos). Da familia dos Cebides conta o genero Cebus 18 especies, o Lagothrixi5, o Eriodes >, O Ateles 14, o Mycetes 10, o Pithecia 7, o Brachiuros 5, 0 Nyctipithecus 9,0 Saimiris 3, o Callithrix 11. Na familia ãos Hapalides o genero lHapale conta 9e o Midas 24 especies.

A grande maioria pertenceá região amazonica. São “especies caracteristicas daqueila região: Mycetes seniculus, M. ruimanus, M. Belzebub, M. villosus, quatro primos septentrionaes da nossa Guariba ou Barbado:

Lagothrix cana eL. infumata (Barrieudos) :

Atelos paniscus (Coatá) e A. variegatus (Coatá branco):

Cotus gracilis (Saiarára); O. favus (Sai-tauá); C. nigri- vittatus (Saiarara da serra); C. macrocephalus (Macaco prego) 6); no

5) Natterer colleccionou no Brasil durante 18 annos 45 especies de Simios. Podemos assim dizer que o nosso paiz abriga cerca da metade dos macacos neotropicos.

6) Veja-se a nota na pag. 48.

36 " DESTRIBUIÇÃO GEOGRAPHICA

Pithecia leucocephala, P. chrysocephala, P. hirsuta, (Macaco cabeludo), P. chiropotes (Cuxiú), P. satanas (Cuxiú preto) ; | Brachiurus ouakary (Uakari ou Akarl);

Nyectipithecus trivirgatus (Mirikiná) ;

Callithrix moloch, €. caligata (Uapussá), C. brunnea (Macaco bocca d'agua), O. torquata ;

Dalmiris sciurea (Bocca preta):S. entomophaga ;

Hapale chrysoleucos ;

Midas labiatus, M.ursulus, M.rufimanus, M. bicolor.

A" região da matta costeira que demora ao N. do Rio de Janeiro pertencem as seguintes especies

Mycetes ursinus (especie com o pelagio avermeihado)

Cebus fatuellus 7), O. xanthosternus;

Callithrix personatus (Sahui-guaçu):; C. melanochir (Gigó): E

Eriodes hypoxanthus (Muriki);

Hapa!s chrysomelas (Sahui-una); H.leucocephala (Sa-

hui-caratinga): H. jacchus. UN |

Midas Rosalia (Sahui-piranga). on

A região da maitta costeira que fica ao Sul do Rio de Janeiro abriga as seguintes especies : | |

Mycetes fuscus (especie com o pelagio escuro);

Eriodes arachnoides (Mono, Buriquim);.

Cobus frontatus;

Callithrix nigrifrons (Saá):

7) Veja-se a nota na pag. 49.

MYCETES GUARIBAS ol

Hapale penicillata (Sahui-mirim), H. aurita;

- Nidas chrysopyeus. a | No Brasil central habitam as seguintes especies : Mycetes carayá: Cohbus elegans 2): Hapale melanura; Nyctipithecus Azarae (felinus).

O genero Liycstes, Guariba dos Indios, Bugio, estende-se por toda a America do Sal, de o Guatemala até o Paraguay e é formado por grandes Macacos de cabeça macissa, mandi- bula inferior alta e ornada de barba fornida, pollegar des- envolvido da mão dianteira, cauda apprehensora despida na parte inferior. E'-lhes peculiar o pescoço projectado em fórma de papo, no qual se encontra uma capsula ossea, que representa o alargamento do osso hyolide. e faz as vezes de caixa de resonancia: é este seu apparelho para berrar.

O modo de vida de todos os Barbados é notavelmente o mesmo. Gostam das solidões das mattas densas e evitam a visinhança dos homens. Conservam-se juntos em bandos ; tres a dez individuos de diversas idades e sexos differentes constituem uma sociedade de (Guaribas, que em regra está sob a direcção de um macho, velho e experto, chamado Capellão aqui na serra dos Orgãos. Têm em geral um pasto

de algumas leguas de circuito e, não sendo perseguidos,

revelam commummente espirito conservador em seus costu-

8) Veja a nota da pag. 43.

36 MYCETES-GUARIBAS

mes. As arvores mais altas da matta são durante o dia seu pouso predilecto; póde-se dizer que quasi nunca descem ao chão. Qualquer gigante vegetal de galhos horizontaes que se assigna'e pela altura, antiguidade e grossura aproveitam para seus concertos. Seu uivo, na Amazonia chamado ronco, de dificil descripção e que se ouve ao longe, ora sai em côro, ora em solo: soltam-no ora de manhã, ora á tarde, prin- cipalmente na estação quente e quando ha mudança de tempo 9). E” um dos sons naturaes mais imponentes do mundo tropical sul-americano ; agradavel de ouvir para o natura- lista e o caçador, é tambem muito proprio para aterrar a gente bisonha ou timida. di

Os Barbados alimentam-se exclusivamente de folhas, brotos, fructos e cascas de certas arvores; vemol-os trepar vacarosamente de um galho para outro, escolher folhas e grelos, arrancal-os com uma das mãos dianteiras e leval-os à bocca. Quando fartos, acocoram-se a resmoern'um galho ou deitam-se nelle ao comprido, deixando descuidosos pender as quatro extremidades para cs dois lados.

Ninguem os brincar; seu temperamento é serio, cir- cumspecto; mesmo quando fogem, não dão mostras de precipitação. Quando espantados, procuram esconder-se entre “a folhagem ou por traz de um galho grosso, ou sobem para o topo da arvore; cada movimento seu é seguro e o modo por que empregam a cauda prehensora provoca a admiração do observador. Como todos os Macacos americanos, são excel- |

(9) Tanto que na serra dos Orgãos côrre o ditado:

«Guariba na serra— E' chuva na terra. »

LAGOTHRIX—BARRIGUDOS 39

lentes trepadores. Diz o povo que tambem nadam impavida- mente; mas os naturalistas mais fidedignos contestam-no.

Entre os mezes de Maio a Agosto, à femea pare de cada vez uma cria, que nas primeiras semanas é carregada pela. mãe ao collo e mais tarde carregada nas costas.

K' para notar que os Indios, de que algumas tribus revelam verdadeira mestria na domesticação de diversos animaes do matto, nunca possuiram Barbados mansos, nem criados de. pequenos. Deve-se isto sem duvida ao caracter circumspecto e meiancolico deste Macaco, e quiçá 4 dificuldade de ali- mentação. Entretanto os Barbados criados de pequenos são, como sei por experiencia propria, fieis e ás vezes bem fol- gasões. Guaribas vivas contam-se entre as maiores raridades dos jardins zoologicos.

Pela construcção pesada e obesa, cabeça grandee redonda, pello lanudo, mãos de cinco dedos, dos quaes apenas o pollegar apresenta uma unha laminar, emquanto os outros dedos das mãos e dos pés apresentam unhas em forma de garras, distinguem-se as especies do genero Lagothrix (Barrigudos, Capáros, Caridaguéres). |

L. cana encontra-se no Solimões e no Madeira, L. in- fumata nos afluentes do rio Negro. Ali vivem em ao “nas extensas mattas que ourelam os rios, nas quaes encon- tram em abundancia fructos com que se alimentam. Na vida livre, descrevem-n'os como atrevidos e malignos,—no dizer dos Indios perseguem a estes no matto, atirando-lhes galhos e fructos; mas os Barrigudos mansos estão entre os mais apreciados dos moradores do Amazonas. No captiveiro seu “porte se torna serio, sua indole branda e confiada. Pouco resis- | tentes, raros são os que aguentam a viagem rio abaixo até

O ATELES-COATÁ

o Pará, segundo diz Bates; entretanto informa o Sr. José: Verissimo que são muitos os que chegam até o Pará, onde: elle teve dois que viveram em casa mais de dois annos.. Indo para a Europa em 1889, um seu companheiro de viagem levava dois magnificos, mansos, que chegaram perfeitamente: até Lisboa. lim todo caso, é certo, não são resistentes tanto: “como og Macacos-pregos, por exemplo.

As especies do genero Ateles, das quaes o A. paniscus | (Coatá) habita o Madeira, o Mamoré, o Guaporé e o Xingu e A. varisagatus (Coatá branco) as visinhanças do Cucuhy no rio Negro, têm membros muito compridos e deigados e mãos. anteriores com quatro dedos apenas; a cor do nellagio é negra, Vivem em bandos de 10 a 12 e contam-se entre os maiores. Macacos do Brasil.

Os moradores do Amazonas gostam muito de tel-os em casa mansos, por causa de seu tamanho e de seu tempera- mento alegre. Com sua cara enrugada de velho dão ao pri- meiro aspecto a impressão de caracter em que o elemento serio predomina, comicamente gravebundo. Mas por tras disto envolvem uma natureza mansa, á qual não repugnam os folguedos. Suas caretas exquesitas, suas extremidades quasi que infinitamente alongadas e os movimentos em que ellas entram, seu apego e um certo modo sonso por que praticam suas gatunices, fazem-n'os companheiro de casa mui divertido. Assim vyeem-se Coatás mansos entre os Ju- runas do baixo Xingú, por exemplo e, geralmente, em todo o Pará e Amazonas. |

Foi talvez esta especie de Macacos que deu aso a uma fabula muito acreditada ainda entre os Indios, de homens. caudatos nascidos de suas relações com as mulheres (Uginas

ERIODES—MURIQUIS 41

ou Coatás—-tapuyas), cuja terra se localisava entre as cabe- -ceiras do Purús e Jucuá. Assim em antigo manuscripto bra- sileiro que tem por auctor o carmelita Fr. José de Santa Thereza Ribeiro, lê-se que é muito notavel que os Indios da numerosa nação dos Coatás andam de gatinhas como os qua- drupedes. Têm a barriga, o peito, os braços e as pernas cheios de cabello e são de pequena estatura. São malvados e servem-se dos dentes em vez de armas. Nem têm industria, nem roças e vivem exclusivamente de fructos selvagens, ral- zes e peixes. (Martius, Zur Ethnographie Amerikas, I, p. 248. Confer. José Verissimo, Scenas da vida amam zonica pag. 69),

O genero Eriodes, que se distingue do Ateles apenas pela cor mais clara do pellagio, acha-se espalhado pelas mat- tas da costa da sub-região brasileira.

Eriodes hypoxanihus, ou Muriqui, é Macaco grande de cerca de 1,4” de comprimento, dos quaes 0,7” na cauda e, com um seu primo do Sul, o maior do Brasil. Seu pouso são as mattas altas, ainda pouco bolidas pelo homem, que se estendem entre Espirito Santo e 9. Paulo. O pollegar da mão dianteiraé um coto sem unha, o pello é amarello desbotado» a cor da cara nos novos é preto-carregada. Ei. arachnoides Mono ou Buriquim, que ás vezes ainda cresce mais, concentra- se no Estado de S. Paulo. Ambos são sociaes e pelo modo de viver apparecem como os representantes costeiros do Coatá do Norte. | -- Ricoem especies é o genero Cebus, formado por Ma- cacos de tamanho medio e cabeça arredondada, bem propor- cionados de braços e mãos, que têm cinco dedos. São por toda parte vivazes, mexidos, curiosos, travessos e niquentos, ver-

CRBUS-SAIARARA, SAITAUÁ

pe “a

dadeiros caracteres de Macacos, com todos os requisitos necessarios para recommendal-os nos mercados e pateos de bichos. Representam dignamente na America os Cercopithe-. cos do Antigo Continente.

Em bandos numerosos habitam por assim dizer todas as grandes florestas do Brasil, saltando sem cessar durante o dia, de arvore em arvore, à procura de alimento, que consiste em fructos, brotos, Insectos, mel, ovos e Passarinhos. Embora sabidos, previdentes e ariscos, não tardam a se fazer notados; todo mundo conhece o assobio que estes Macacos Tolgazões soltam quando se aborrecem e estão sem fazer nada.

Diz-se que no Amazosas e no Orinoco se encontram algumas especies de Cebus (C. macrocephalus cC. ni- egrivitiatus = capucinus) em bandos de muitas centenas de exemplares em excursões collectivas; grupos de 30 até 40 individuos das especies meridionaes (C. elegans = OC. Aza- rea) vêm-se tambem no Rio-Grande do Sul. Do Saiarara(O. gracilis) e do Saitauá (C. flavus) diz-se tambem que por vezes apparecem juntos em grandes magotes na espessura das mattas que margeam o Solimões.

Differença essencial entre o Cebuse os generos acima referidos consiste na ausencia de uma calosidade nua na parte inferior da ponta da cauda; entretanto a cauda do Cebus é excellente orgão de apoio e firmeza. Notavel ainda é o facto que entre as especies de Cebus captivas quasi que se encontram individuos machos. A na constante “de seu orgão sexual deusem duvida aso á denominação de Macaco prego, por que é trivialmente conhecido. Pegados novos e creados, estes Macacos têm a vida dura; por isso

PITHECIA-CUXIU?, SAQUI 43

são muito communsnos jardins zoologicos da Europa, espe- cialmente as especies do Sul 10).

| '— Ão genero Pithecia, pertencem Macacos de constituição reforçada, com a cauda frocada, o cabello do alto da cabeca repartido em pastinha, barba longa e fornida no queixo e nas bochechas, caninos reforçados e triangulares, separados dos molares, apertados e inclinados obliquamente para adiante e para fóra. O mais notavel de todos é o Cuxiú preto (P. sa- tanas), com sua cabelladura semelhante a um barrete de pelle, que habita em todo o Amgszonas a partir do Pará e no Orenoco. O Cuxiú commum ou Judeu que apparece no rio Branco e em Cararaucú (P. chiropotes P. Israelita), tem a cor do pello mais avermelhada; o Saqui(P. leucocephala) do rio Negro tem barba branca na cara, que alcança desde o meio do papo até a proximidade do queixo. P. hirsuta

10) Depois de haver morto diversos exemplares de Cebus macroce- phalus para minha collecção e criado um pequenino ainda carregado. pela mãi, que conservo em meu poder, juntou-se-lhes, redigidas estas linhas, Cebus cirrhifer. Ha tres especies meridionaes de Cebus que | muita vez se tem confundido e permutado; duas d'ellas se encontram no Estado do Rio, contradizendo a affirmação de Burmeister que nunca | duas especies de Cebus habitam ao mesmo tempo um e o mesmo logar.

São :

I CEBUS MACROCEPHALUS SPIX-Cebus robustus de Tschudi. A cor geral é bruno-vermelho-escura : o alto da cabeça, os braços, as coixas e a cauda são negros. Molduram-lhe a cara de ambos os lados cabellos esbranquiçados. Nem um de meus exemplares possue topete alongado. Especie pequena, é o verdadeiro « Macaco prego».

II CEBUS ELEGANS GEOFFROY-—O0. apella Wagner—C. pallidus Gray —2(. Agurae Rennger. À cor geral do corpo é bruno-amarellada, quasi como linho; o alto da cabeça é, porém, preto, e anegrado o lado superior das mãos e dos pés.

44 PITHECIA-M. CABELLUDOS

estende-se do Mamoré e rio Negro até Matto-Grosso; neste Estado chamam-no Macaco cabeliudo, nos afluentes do | Amazonas Parawacú, Sua pelle hirsuta empresta-lhe um | aspecto mau e pende-lhe por cima da cabeca de modo a ' esconder-lhe a metade do rostinho bonito. Os Pithecios vivem em numerosos bandos, sahem pela manhã e á tarde das mattas e enchem o ar com seus gritos penetrantes. Antes eram tidos por animaes crepus- culares, que passavam o dia dormindo. Observações feitas em captivos de quemse louva a dedicação co apego especiaes ás pessoas que delles tratam, demonstram que durante o dia levam vida muito retirada, provavelmente com medo dos Macacos mais fortes e maliciosos, como os Cebus. |

A" volta da testa corre uma fita desbotada. Diz-se que o macho apresenta uma crista sagiltal no craneo. Não me consta tambem que esta especie tenha topete alongado na cabeça. Esta especie, que pertence principalmente ao Sul do Brasil central e ao Paraguay, produz sempre em mim, maxime comparando-a com a especie anterior, que aliás iguala em tamanho, a impressão de depauperamento e magreza.

CEBUS CIBRHIFER GEOFFROY-O. fatnellns Hensol—0. niger Schlegel: o Macho erado é todo preto; apenas os cabellos das bochechas e parte anterior da testa que lhe enquadram a cara mostram cor esbran. quiçada. A volta do queijo com a idade vae se formando barba fornida. Os cabellos alongados fazem de cada banda um topete em forma de chifre- Esta especie,grande e avantajada, que diz-se não apresentar crista sagittal no craneo, é conhecida na serra dos Orgãos pela denominação de Mico de topete, e mais rara que C. macrocephalus.

H. von Ihering encontrou no Rio Grande do Sul 0. Cirrhifer (mais fre-' quente), e 0. elegans (mais raro). CEBUS FRONTATUS, collegido por Nat- terer junto a Ipanema, não conheço por experiencia propria. Costume peculiar das especies de Gebus é lavarem-se e esfregarem-se constante-

mente com a propria urina.

BRACHIURUS-CALLITHRIX 45.

Ed

Muito chegado a este é o genero Brachiurus, cujos membros são conhecidos pelo nome de Uncari no alto Amazonas, sua patria. São Macacos de cauda curta, cotó, cabeça oval alongada, barba regularmente comprida nas pochechas, unhas compridas e estreitas, nos pés e nas mãos, pello comprido e hirsuto. E” notavel B. calvus, especie limitada á foz do Japurá, e de rosto escarlate. Os Uacaris habitam nas mattas que bordam os rios e conservam-se sub- mersas a mor parte do anno, vivem em pequenos bandos no topo de arvores elevadas e alimentam-se de diversas especies de fructas. Pertencem áquelles animaes a que os habitan- tes do Amazonas acrescentam o predicado de mortaes, em contraposição a duros; são muitos fracos e morrem depois de algumas semanas de captiveiro. Por isso raro se encontra um exemplar manso no rio Amazonas e ainda mais raramente nos jardins zoologicos da Europa. |

Corpo delgado, cauda muito longa e fina, dentes in- cisores verticalmente contrapostos, cabeça redonda, la- ringe fortemente desenvolvido caracterisam o genero Calli- thriz. Vivem em pequenas sociedades, têm tanto de vivos como de timidos e ariscos, e possuem voz relativamente muito forte e que se ouve ao longe. As diversas especies amazo- nicas têm alli o nome de Vapussás. O Sahui-guaca (C. “personatus) vive nas mattas costeiras entre os rios Parahyba “e Doce, tem pellagio cinzento-escuro, e no macho o cangote é de cor esbranquiçada; a cabeça e as mãos são pretas. O Guigó (€C. melanochir) ao contrario, que se estende do rio. Doce até o sertão da Bahia, é cor de cinza, com as costas castanhas, animal deveras lindo. | Pegados novos, diz-se que ficam muito mansos e dados.

46 SAIMIRIS, NYCTIPITHECUS

À sciencia capitula no genero Saimiris Macacos del- gados e gracis, de extremidades longas e de cauda muito comprida, unhas no curto pollegar e garras nos outros dedos, occiput bem desenvolvido. São animaes sociaes que se ali- mentam de fructas e brotos, mas tambem caçam zelosamente Insectos e Passarinhos. São dos Macacos mais bellos e fol- gazões e faceis de conservar-se captivos. S. sciura, que vive no rio Negro, no rio Branco enas mattas de Avicennia das costas da Guyana, tem pellagio amarellado-azeitão: a boca e o nariz são pretos, donde provém seu nome commum de Boca preta. |

O genero Nyctipithecus inclue Macacos que se tornam notaveis por sua. maneira de viver nocturna. Os signaes externos são : corpo estirado, mediocremente pelludo, cauda froceda, garras em todos os dedos dos pés e das mãos excepto o pollegar e, principalmente, a cabeça redonda com olhos grandes, imitando os de Coruja. Andam á noite em bandos pouco numerosos, saltando de arvore em arvore, mostrando grande habilidade no trepar e no pular, á pro- cura de sua alimentação que é tanto animal como vegetal; em suas correrias nocturnas conseguem sorprehender muitos Passaros que estão dormindo. Seu grito é um hu, hu muito claro, que. interrompendo o socego nocturno, póde bem causar medo. Ao amanhecer recolhem-se ao buraco ou ao topo escuro e coberto de folhas de uma arvore, para passar o dia dormindo.

N. trivirgatus, por cuja fronte branca se esten- dem tres rajas pretas até o alto da cabeça, é conhecido no alto Amazonas pelo nome de Bi-a; os indios da Guyana chamam-no Durukuli. Outra especie, N. felinus, habita o

NYCTIPITHECUS HAPALIDES h7

Brasil central, e tambem se encontra no Paraguay, onde chamam-no Mirikina. Macacos nocturnos criados de pe- quenos vêm-se por vezes nos logares donde são naturaes ; sei por experiencia propria que são de boa indole e recom- mendaveis a mais de um respeito.

Aos Cebides de que até aqui temos tratado e que se acham em estagio superior, contrapõe-se a familia dos Hla- polides, com osdois generos Eapale e Midas. Formam um dos ultimos membros da ordem dos Simios. Os Hapalides são todos de pequena estatura; têm corpo delgado, membros curtos, cabeça redonda com olhos pequenos e muitas vezes orelhas ornadas com tufos de cabellos, dentadura de trinta e dois dentes, pello sedoso, mãos e pés que por causa das garras têm o caracter de patas.

Em 33 especies estendem-se os Kapalides por toda a parte septentrional da America do Sul; seu limite meridional se pode traçar pelo tropico do Capricornio. Habitam não as mattas costeiras alterosas e humidas, como tambem as mattas do interior mais ralas e em forma de moitas. São sociaveis, mas no sentido que individuos da mesma especie se ajuntam em bandos. Diversos fructos, sementes, flores e folhas, mas sobretudo bichinhos de toda especie que lhes são inferiores em forças, constituem sua alimentação; de Insectos são muito gulosos. Ao contrario dos Cebides, a femea tem ás vezes dois ou tres filhos, creaturas semelhantes a Ratos, pequenose extraordinariamente lindos. Pouca intelli- gencia mostram. Seu caracter é inquieto, medroso, descon- fiado, apoucado e esquecidiço.

48 briid MIDAS—HAPALE

O genero Midas distingue-se do Hapale simplesmente “em o cabello da cabeça e dos hombros não ser desenvolvido; tem tambem cauda que excede em comprimento ao corpo. Entre as mais hellas especies da região amazonica se contam: Midas ursulus, de pellagio preto, menos uma raja vermelho-escura nas costas, que existe nas visinhanças do Pará; M. bicolor, com o occiput,o pescoço e uma estria pontuda pela barriga abaixo assim como os hombros e os pés dianteiros tudo de um bello branco, o resto superior do “thorax cinzento-escuro misturado de preto, que vive no tio Negro; M. labiatus, (rufiventer), de abdomen preto e avermelhado, costas escuro-carregadas, que existe nas visl-. nhanças de Teffé,no alto Amazonas. Flapalo chrysoleucos (argentata), de cabello comprido, prateado e cauda preta desbotada, encontra-se nas visinhanças de Cametá e Borba. Tambem à região da costa possue especies assignaladas ela belleza, como o Sahui-una (Hapalo carysomelas), de corpo negro, cara e braços dianteiros vermelho-carregados e uma estria longitudinal da mesma cor no lado superior da cauda, natural de Ilheos e rio Par do: o Sanui caratinga (Ed. Isucocephaila), de cabeça branca e o anterior branco, nas mattas do Espirito Santo; &i. jacchus, de pinceis longos e deslumbrantemente brancos nos ouvidos, nas adjacencias da Bahia. | Em contraposição a estas especies do Norte se devem destacar na zona costeira do Sul como particularmente nota- taveis as seguintes especies: Sahui piranga ou Mico leão-ver- melho (Midas rosalia) de juba fornida, pellagio vermelho- amarellado, que cambia para o brilho de ouro luzente, exis- tente nas mattas costeiras do Rio de Janeiro, especie bellis-

HAPALE—SAUHIS 49

sima; H. aurita, de costas pretas, trazeiro bruno 11) ama- rellado, cauda pardacenta com anneis negros, que chega até S. Paulo; KH. penicillata, ondulado de pardo, que vai de Minas ao Rio de Janeiro. A especie que mais se estende para o Sul é HH. chrysopyga,de pello preto e coxas amarello-des- botadas, existente no Estado de S. Paulo.

Em Tabatinga, na fronteira do Perú, encontra-se à menor detodas as especie de Simios, El. pygmaea, bichinho de 32 centimetros, quando muito, de comprimento, dos quaes cerca de metade cabe à cauda. A linda carinha lilipuciana é ornada de barba comprida e escura, que termina nas orelhas. Diz-se que este Macaco anão estende-se para o Norte até o Mexico. | | | Algumas especies do genero Hapale encontram-se Íre-

11) A numerosa especie de cores classificada sob o distico a que está. appensa esta nota, apresenta em todos os seus individuos feições com- muns que constituem familia. Todos ficam entre o amarello, o ver- melho e o preto. Sob que nome generico, portanto, se poderiam reunir? O original inglez (de Chalkins) congrega-as debaixo de qualificativo com- mum de brown, que o allemão trasladaria bram, o francez brun, o italiano e o hespanhol brmo. Na lingua patria não encontrei, pelo que respeita a este ponto, lei ou convenção qualquer. Como verteria, pois, esta expressão ? Dizendo : pardos ? tostados ? acastanhados ? trigueiros ? morenos ? louros? Certamente, não; por isso que cada uma destas denominações toca apenas. a um membro da classe. Assim que era o caso de innovar, ou promover uma innovação que me parece inevitavel... O portuguez offerecia-me a palavra bruno com accepção igual as suas cognadas brown, braun, brun, bruxo Ros idiomas do Norte e Sul da Europa. A minha audacia consistiu sim- plesmente em sacar a lume, aproveitando-o para uma funcção pratica-

mente util na vida de nossa linguagem, um vocabulo prestadio, esquecido

' no limbo dos diccionarios (Ruy Barbosa, Licções de Cousas, p. 186).

A

50 DO RLL CAS

quentemente captivas; nos mercados das cidades cos- teiras do Brasil deparam-se ás vezes gaiolas inteiras cheias destes Sahuis, Saguis ou Sonhins, nome generico que se a todos os Macacos pequenos, inclusive as especies de Cal- lithrix e Saimiris, principalmente H. peniciliata, jacchus e rosaia. Com igual frequencia encontramol-os como totós e brinquedos dos Indios, assim como nas casas das cidades, onde podem entrar nos salões.

Certa importancia economica devem os Macacos do Brasil ao facto de muitas vezes, principalmente ao Norte e no inte- rior, dar-se-lhes caça por causa de sua carne. A carne de muitas especies é acepipe para varias tribus de Indios; mais cedo ou mais tarde tem o viajante ensejo de provar carne de Macaco. Os Indios sabem matal-os ou impedil-os de fugirem por meio de flechas envenenadas; sabem juntamente tornar- lhes a carne gostosa, e conservar vivos por meio de contra- venenos a Macacos envenenados. Em 1803 Bates calculou o numero de Barrigudos mortos e comidos por uma horda de Tucunas proximo a Tabatinga em 1.200, Tambem Guaribas, Coatás e outros, mesmo os pequenos Sahuis, correm perigo, embora estes dêm assado insignificante. Diversas especies de Cebus são mortos em massa, esfolados e seccados no fumeiro. Além d'isso muitos Macacos são perseguidos por causa de «sua pelle, por exemplo o Caraya, a Guariba preta do Brasil central e do Paraguay. As especies de Cebus são nocivas nos logares em que seu pasto confina com as roças, pois estes animaes tão vivos quanto astutos gozam da reputação de ladrões de milho e devastadores de fructos. Tambem a este

MACACOS FLUMINENSES | 51

respeito não ficam atrás dos Cercopithecos do Norte da Africa; na fuga levam comsigo as espigas de milho roubadas.

O numero de especies de Simios pertencentes á fauna

actual da cidade do Rio de Janeiro não é grande. Regu-

larmente observo pequenos bandos de Hapalepenicillata nas ladeiras nemorosas do Corcovado até Larangeiras. Além d'isso sei que o Muriqui ás vezesse arrisca ás proximidades das mattas que ligam o Corcovado á Tijuca. As Guaribas parecem ter se retirado de uma vez. Conheço um caso de Hapale rosalia apanhado em Suruhy; nas adjacencias do Cabo-Frio tem diminuido. |

Na serra gos Orgãos tenho observado Mycetes fuseus, Eriodes arachnoides, Cebus fatuellus e Iapale aurita, todas estas especies em numero e regularidade de satisfazer os. amigos da Natureza.

Abrangendo n'um olhar os Simios americanos, e com- parando-os com os do Velho Mundo notamos differença consideravel. Em primeiro logar todos os Cebides têm em . cada metade da maxilla um premolar mais que os do Velho Continente, de modo que a somma de seus dentes é de trinta e seis em vez de trinta e dois 12). Tambem os Hapalidos, que contam apenas 32 dentes, divergem dos do

“Velho Mundo na circumstancia dos dentes premolares, que

1 o o 1 10) Formula: i— Cc, p—, m-. 2 1 3 3

es MAGÇACOS FOSSEIS

são trez, excederem aos molares que são dois 13). Aos Macacos americanos nunca falta de todo a cauda; ao contrario faltam- lhes as bolcças facizes e as callosidades do assento. Os Ma-. cacos do Novo Mundo têm as ventas abertas para os ladose 0 sopto nasal largo, de sorte que são chamados de nariz chato (Platyrrhimi) e oppostos aos de nariz afilado (Catar- rhini) do Velho Mundo. Os Simios do Novo Mundo vivem exclusivamente nas arvores. ao passo que muitos dos Simios do Velho Mundo vivem com egual exclusivismo no chão. “Outro característico consiste em que aqui o pollegar Ga mão anterior nunca é opponivel no mesmo grao que nos Catar- “rhinos. | | Supposto que o numero de especies de Simios da terra até aqui descriptas importe em 274, a relação numerica entre os da America do Sul e osdos outros continentes é de 114:159. Em outras palavras : a America do Sul abriga cerca de 42 %,

de todos os Simios do globo. | |

No que respeita à Paleontologia da fauna de Simios brasileiros deve-se notar que nas cavernas calcareas do. rio das Velhas em Minas Geraes, pertencentes ao periodo qua- ternario, verificou-se a existencia de ossos de 5 especies di- versas, das quaes duas de Hapalides e tres de Cebides: | (Jacchus) Hapale aff. penicillata, (J.) Hapale grandis ; | Cebus macrognathus, Callithrix primaevus, Protopi- “thecus brasiliensis. li vi |

| | | a 1 3 2 13) Temos portanto a formula: i—, e—, p—, m—. Di | o )

“(i==dentes incisivos, e==dentes caninos, p==premolares, m=-molares.)

NUMERO DOS MORCEGOS | do

HI

Morcegos --—- CHIROPTERA

O numero das especies de Morcegos da subregião bra- sileira é calculado agora em 100, numero redondo. D'estes cabem 11 generos com 51 especies á familia dos Vampiros ou Phyllostomides, o generos com '20 especies à familia

dos Vespertilicnidese3 generos com 23 especies á familia dos Noctilionides.

A" região do Amazonas pertencem exclusivamente as especies: Phyllostoma eiongatum, Ph. cirrhosum; |

Dysopes ursinus.

As mattas costeiras do Norte são a patria das seguin- tes especies:

Phyllostoma spectrum, Ph. superciliatum, Ph. bra chyotum, Pb. hastatum (diz-se que este tambem existe em Matto-Grosso), Ph. macropbyllum ;

Stenoderma bilabiatum;

Diclidurus albus;

Vespertilio leucogaster ;

Emballonura calcarata, E. saxatilis (=naso);

Noctilio dorsatus (=albiventer);

Dysopes nasutus. Das maittas costeiras do Sul são proprias as seguintes

especies : | Phyllostoma lilium;

54 DISTRIBUIÇÃO GEOGRAPHICA

Stenoderma personatum, St. pusillum, St. excisum, St. albescens;

Nyctinomus brasiliensis;

Molossus holosericeus ;

Plecotus velatus;

Vespertilio derasus, V. nubilus;

Atalapha Frantazii.

No Brasil central são notaveis as seguintes especies:

Phyllostoma discolor, Ph. longifolium, Ph. fuliginosum;

Desmodus fuscus ; |

Chilonycteris rubiginosa, Ch. gymnonotus, Ch. per- sonata ;

Emballonura brevirostris, E. macrotis;

Nyctonomus auritus, N. gracilis; |

Molossus glaucinus, M. albus, M. olivaceo-fuseus.

Os Phyllostomides ou Vampiros são geralmente Morcegos grandes, de pelle bastante cabelluda e em regra. bruno-vermelho-carregada, membranas das azas largas, dedo medio de tres phalanges, cauda curta ou ausente. A cabeça é

prande e empresta-lhe cunho caracteristico a apposição do “nariz em fórma de folha que, conforme as differentes espe- cies, passa pelas modificações mais admiraveise chega por vezes à grande extensão. A forte dentadura mostra quando completa 2 dentes incisivos, 1 canino, 5 ou, mais raramente, 4 molares, em cada metade da mandibula; nota-se, porém, que

com a idade muitas familias de Morcegos Ru perdem os incisivos 14).

O

14) Formula :i—, c—, m 2 Ê

NOCTILIONIDES, VESPERTILIONIDES 5.

Os Noctilionides dividem-se em dois grupos. Ao primeiro pertencem o genero Noctilio e congeneres, por vezes reunidos sob a denominação de Brachyura, porque a cauda é mais curta do que a membrana anal. Os Morcegos per- tencentes à este grupo não têm aquella apposição foliforme do nariz, mas em compensação labio superior partido, muito arregaçado. Relativamente á sua dentadura ha a notar que em regra possuem 4 incisivos em cima, em baixo ane- nas 2. No segundo grupo incluem-se o genero Dysopes e congeneres, de cauda muito comprida, que se destaca da membrana anal, membranas das azas compridas e estreitas, cabeça grande com expressão torva na face. Quanto á den- tadura nota-se exactamente o contrario: em regra mostram apenas 2 incisivos em cima, mas 4 em baixo (grupo dos Gymnura).

Os Wespertilionides, finalmente, sio uma fa- milia de Morcegos pequenos, de cauda bastante comprida e cabeça que nada apresenta deespecial. Relativamente á den- tadura distinguem-se em possuir 6 incisivos em baixo e 4 em cima 15).

Antes ainda do sol se pôr de todo, começa esta notavel ordem de animaes, geralmente desprezada, temida e que de pouca sympathia gosa, a sua vida peculiar.

De buracos escondidos, arvores oucas, leques de pal- meiras, moitas de bananeiras, fendas das paredes e de de-

o EO) MA) Ron thas E = À EUA RE o (6)

56 VIDA DOS MORCEGOS e o E Se = Mt a ip RR DU baixo do tecto das casas salta a turba lobrega e nocturna, que durante o dia se conserva arisca e occulta. Quanto mais: avança o crepusculo, tanto mais avulta o numero d'estas criaturas fuscas até que, fechada anoite, estão todos espertos. e entregues á sua faina nocturna. Por toda parte esvoaçam, pelas plantas perfumadas dos jardins em flor, pelas fructeiras. carregadas, pelas mattas e bosques, pelos arroios, rios e brejados, até pelas ruas das povoações e cidades, e muitas. vezes o brilho de uma lampada que attrahe Insectos leva um Morcego mais afoito a entrar peia janella aberta até onde: a gente mora. Quantas vezes e em que numero, não os vemos ao ar livre voltear em torno de gados que dormem, de ranchos em que as tropas viajadas descançam da labutação diaria, dos chiqueiros e manjadouras de Porcos, dos fogos feitos á beira dos rios quando se viaja em canõas!

Os Morcegos têm muito desenvolvidos os orgãos da au- dição, do olfação e do tacto; os olhos representam n'elles papel pouco importante, pois em algumas especies são tão: pequenos e além d'isso por tal modo escondidos entre cs ca- bellos da cara que não podem mais corresponder adequada- mente a seu fim. As expansões geralmente membranosas que apresentam no nariz e nas orelhas servem para apurar mais as funeções cos sentidos correlativos. No todo da orga- nização do corpo é com os Simios que mais se assemelham os Morcegos; como elles, têm duas têtas. Aos fllhos, de aspecto muito extravagantes e nascidos em numero de 1 à 2 de cada vez, levam as mães comsigo por muito tempo em suas excursões de caça. À peculiaridade do aspecto dos Morcegos resulta das chamadas azas que possuem, que entre- tanto differem inteiramente das de Aves,e não são mais que

VIDA DOS MORCEGOS Jd

-os dedos da mão anterior desenvolvidos extraordinariamente em comprimento e ligados por uma membrana. Apenas o pollegar fica livre, representando de garra. Entre os olhos e as fossas nasaesencontrain-se glandulas amarellas e chatas, com cuja secreção estes animaes azeitam sempre que acordam as membranas de suas azas.

Nossos Morcegos, extraordinariamente ricos em numero de especies e de individuos, (ao contrario da Europa onde ape-. nas se conhecem especies) constituem a quarta parte de todas as especies conhecidas e alimentam-se principalmente de Insectos. Mariposas, Cascudos, Phryganidas e as repug- nantes Baratas encontram nelles inimigos implacaveis; sua voracidade é espantosa e, à vista dos estragos que fazem en- tre estes Insectos nocivos, não se pode contestar sua utilida- de. Um naturalista paciente contoun'um centimetro cubico de excremento de Morcegos nada menos de 41 restos de per- nas de diversos Insectos, maiores ou menores.

E'certo que uma vez poroutranossos Morcegos não des- gostam de um fructo saboroso e que podem causar prejui- so sensivel ao jardineiro. Si se contentassem com as amendoas da arvore do chapeo de Sol (Terminalia catalpa) tão frequente no Rio de Janeiro, nada haveria que se lhes dizer. Mas tambem atacam os pecegos, os jambos, as amei- xas do Japão (Eryobothria japonica), as goiabas, os sapotis e principalmente as bananas. Como ladrões de fructas, tenho ficado conhecendo principalmente as especies de Phyllos- toma. Vampyros captivos tenho muitas vezes por mais de uma semana alimentado exclusivamente com fructos (Ph. per- spicillatum ).

A Americado Sul gosada fama de ser patria de in

38 VIDA DOS MORCEGOS

ros sugadores de sangue. E'facto,eao Norteeno interior é por assim dizer espectaculo quotidiano o de animaes domesticos. que apresentam ao amanhecer feridas e sangue derramado, que geralmente se attribue a chupos noturnos de Morcegos. Cavallos e Mulas mordidos no espinhaço, na barriga, no pescoço e nas pernas vêm-se muitos; os Porcos são mordidos de preferencia nas orelhas. E” fora de duvida que tambem uma vez por outra homens são mordidos por Vampyros em- quanto dormem. Mas, como dahi não resulta inflammação, e a. perda de sangue em todo caso é pequena, as consequencias. destas mordeduras de Morcegos não são consideraveis. O conde de Castelnau affirma ter visto em- sua viagem por Goyaz muitos meninos com cicatrizes de dentadas de Mor- cegos; no Peru, Tschudi viu Mulas cobertas de signaes de den- tadas. Como sangue-sugadores destacam-se principalmente asespecies de Dysopes c talvez tambem as especies de Phyl- lostoma. A observação e a experiencia confirmam que à sanguesucção dos Morcegos principalmente se nota na esta- ção fria, pobre de Insectos. Esta maneira de alimentação é como que uma ultima instancia antes do suvplicio da fome, quando começam a faltar fructas e Insectos.

Especies avantajadas, grandes são: Phyllostoma spe- 'ctrum, com “2 c. de largura entre as asas, que vae desde a Bahia até o N. de Minas Geraes, e Ph. hastatum com 0,67 c. de abertura, desde Peruhype e Mucury, chegando, mas raramente, ao Rio de Janeiro. Estas grandes especies septentrionaes, chamadas Guandira ou Andira-guaça na lingua geral, são representadas nas adjacencias da cidade do Rio pelos pequenos Ph. superciliatum e Ph. perspi- cillatum, de cêrca de 46 c. de abertura.

MORCEGOS FLUMINENSES | 59

Especie muito linda da zona do N. é Diclidurus albus, de pello espesso, comprido e branco, junto ao rio Pardo, na, Bahia. Morcego imponente pela grandeza é Noctilio lepo- rinus, escuro, com uma raja branca nas costas, que existe no N. e no centro do Brasil.

Na serra dos Orgãos até agora tenho observado as se- guintes especies de Morcegos: Phyllostoma lineatum, com 4 rajas brancas e largas na cara e outra branca, ao comprido pclo meio do dorso; Ph. bilabiatum, com duas manchas brancas no lado interno dos hombros; Ph. excisum, pardo-escuro, facil de conhecer pela falta da membrana anal; Dysopes holosericús, cor de castanha e brilho de veludo; Vespertilionigricans, e V. derasus, que se conhece pelo pello escuro, separado rente da mem- brana das asas: esta é a especie mais commum 16). De resto é bom lembrar que os Morcegos, como em regra todos os ani- maes voadores, tem habitat muito dilatado e o conhecimento rigoroso da distribuição de cada especie no espaço deixa ainda muito a desejar. Diversas especies estendem-se, sinão por todo o Brasil, ao menos pela maior parte. Taes, por exem- plo, são Vampyrus brevicaudus, Glossophaga sori- cina, Emballonura canina e Nycticejus Nattereri.

16) Depois da redacção d'estas linhas descobri na serra dos Orgãos,

n'uma caverna granitica de alta montanha, a mais de 9007 acima do

mar, numerosos exemplares (até agora do sexo masculino) do Dy sopes fuscus, que antes se conhecia do Brasil central.

(Nov. 1892.,

60 MORCEGOS FOSSEIS

De Morcegos fosseis do Brasil existentes nas - Cavernas calcareas do rio das Velhas têm-se até agora descripto 7 especies, das quaes 5 congeneres dos actuaes Phyllostoma, | dos actuaes Dysopes, | de Vespertilio. |

Como particularidades do conjuncto dos Morcegos da sub-região brasileira devem notar-se do ponto de vista z00- geographico: . |

1) a falta absoluta das duas familias dos Pteropides, encontrada nas regiões tropicaes do Velho Mundo e na Australia, e dos Rhinolophides, tambem existente na Australia e no Velho mundo; |

2) a posse exclusiva da familia dos Phyllosto- mides (Vampiros).

Calculando-se em 445 o numero total das especies de Chiropteros da terra até hoje descriptos, a relação numerica | dos Morcegos brasileiros para com os das outras partes do mundo é 100:345. Em outras palavras o Brasil abriga cerca de 22 º/o de todas as especies de Morcegos da terra.

NUMERO DOS CARNICEIROS 61

IV

Carniceiros CARNIVORA

O numero de especies de Carnivoros da sub-região bra- sileira importa em 39. Dos 15 generos, um é formado pelo dos Felides, Carnivoros semelhantes a Gatos; à generos cabem aos Canides, Carnivoros semelhantes a Cães; 4 generos aos Mustelidess, Carnivoros semelhantes á Marta, 3 generos aos Procyonides, ou Ursos lotores, e 2905 Otaridae, ou Ursos marinhos.

Poucas são as especies exclusivas do Amazonas: tal- vez seja a unica Mephitis amazonica, animal de cheiro desagradavel.

O Brasil central poucas especies tambem possúe que lhe sejam peculiares: entre estas Icticyon venaticus ; Canis vetulus.

“A! zona costeira do Brasil, desde o N. até o extremo S., São proprias as seguintes especies: Felis tigrina, Felis eyra, Felis guttula (Hensel), Felis braccata (Cope);

Galictis crassidens; |

Grisonia vittata;

Mephitis chilensis, M. suffocans, M. Westermanni;

Canis entrerianus; |

Otaria jubata;

Arctocephalus falklandicus.

62 DISTRIBUIÇAO GEOGRAPHRICA

UR RR Se eae ee Sei bt de SR SLOT TRONO PO SS

Afamiliados Gatosou Felides do Brasil contem espe- cles que em tamanho pouco cedem aos maiores Gatos do Velho Mundo, assim como outras que ponco se avantajam na estatura aos (Gratos caseiros. Feição caracteristica desta familia é sua grande disseminação; a mor parte das espe- cies vão desde o N. da America do Sul até muito ao 8. da Argentina, chegando ás vezes à Patagonia; do mesmo modo, em rumo E—O, vão desde a costa até quasi os Andes. Estas especies são: Felis onça, F. concolor, F. jaguarundi, F. macrura 1).

Todos os Gatos são animaes geralmente nocturnos; seu viver verdadeiro, sua actividade propria começa e ter- mina com a escuridão. Sua alimentação consiste em Mammi- feros grandes e pequenos de toda especie, Aves; alguns sa- bem perseguir com successo o Jabuty, o Kagado e até Peixes. comem do que caçam; não se approximam de carniça. Na caça, em que demonstram não pequena intelligencia, ajudam-n'os efficazmente seus sentidos bem desenvolvidos : a vista, o ouvido e o olfacto são em alto grao apurados. Em regra entre 1 e 6 oscilla o numero dos filhos que são tratados: por ambos os progenitores com muito cuidado e defendidos valentemente. Os Gatos ora apparecem extraordinariamente ariscos e cheios de medo da visinhança do homem, ora

17) Formula dos dentes: 3 1 o 1 1 i Tiniiso Mun p Te ue rs O ir 3 1 2, 1 Ú (s sectorius)

FELIDES GATO 63

mostram-se desmedidamente afoitos e vão buscar seu tributo entre animaes domesticos sob as vistas do morador, de modo que nos pontos do interior solitarios e abundantes de mattas e rlos ás vezes tornam-se uma praga da terra.

Ha conveniencia em dividir os Felides gsul-ame- ricanos em dois grupos: o das especies pintadas e o das rajadas de um lado, e especies unicolores de outro.

- Dos Gatos pintados a maior especie sul-americana é a Onça [Felis onça] dos Brasileiros, mais conhecida na hitteratura dos outros povos pelo nome de Jaguar. Quando crescido, mede este esplendido Grato, que occupa o terceiro logar entre os grandes Felides da terra, logo depois do Leão e do Tigre, até 12,50 de comprimento e até 07 85 de altura. Pessoas sem pratica podem confundil-o facilmente com o Leopardo africano; entretanto, examinado com maior cuidado distingue-se sem difficuldade pela cabeça mais espessa, cauda mais curta, que no andar mal roça o chão, ao passo que a do Leopardo rente com o solo ainda tem bella e com- prida volta para cima; e o complexo de manchas essencial- mente maiores, mais ou menos circulares, em forma de roseta, que geralmente no meio ainda apresentam uma mancha preta.

Aqui no Brasil é corrente distinguirem-se tres diffe- rentes especies conforme a côr da Onça, as quaes têm cada uma seu nome especial, mas zoologicamente repre- sentam apenas variedades. A fórma commum de campo amarello e negro, manchas reunidas em anneis, tem o nome de Onça pintada (Jaguara-pinima). Outra fórma, em que as manchas são chegadas umas ás outras, formando rosetas

Ld

pequenas e imperfeitas, é designada pelo nome especial

64 ONÇA PINTADA, JAGUAR

Acanguçu (variedade analoga observa-se tambem no Leo- pardo). Aos individuos inteiramente preto-carregados, nos quaes, porém, à luz apropriada póde-se ainda reconhecer muito bem o desenho obscurecido da pelle, chamam os Bra- sileiros Onça preta ou Tigre: os Guaranys, antigos mora- dores do littoral, davam a esta variedade o nome de Jagua- reté (Jaguareté-pixuna). E” singular que exactamente esta variedade preta gose da fama de braveza singular e de espe- cialmente perigosa, idéa expressa pelos Guaranys no predicado especifico été, que significa grande, verdadeiro.

A Onça é Carniceiro maligno. em cujas garras caem victimas quasi todos os Mammiferos, pois que pouco cede em forças ao Leão e ao Tigre. Na macéga alta do sertão espreita os Veados, nas moitas que beiram os rios as Capivaras e o reforçado Tapir, nas mattas persegue as varas de Porcos sel- vagens. Não é desprezadora de comida, pois ás vezes tambem pega um Coandú ou um Jacaré, que se aquece n'algum banco de areia longe d'agua; mesmo os pequenos Preás não lhe parecem indignos de sua caça. Nas fazendas de creação do Sul e do centro do Brasil, assim como nas estancias orientaes, argentinas e paraguayas, é hospede frequente, mas muito desagradavel por causa das devastações que faz no gado bovino, nos Potros e Mulas. De que tambem póde tornar-se perigoso ao homem, existem bastantes exemplos “authenticados. E”, pelo menos de nome, o animal mais popular do Brasil; dificilmente se encontrará nas cidades um me-. nino que não tenha sido ameaçado pela ama com este papão. E é certo que para dar caça a este soberbo animal que na macega, no enredo das mattas, nos talhados das serras como nas aguas despenhadas acha-se igualmente bem, são requisitos

ONÇA PINTADA E JAGUAÁTIRICA uas

indispensaveis experiencia, coragem, sangue frio, armas certeiras, olhar seguro, mão firme. Não é mais provavel que agora, como no princípio deste seculo, em tempo de Ale- xander von Humboldt, se continúe a mandar annualmente cêrca de 2.000 couros de Jaguar procedentes da America do Sul para o mercado de pelles; mas em todo o caso este Gato gigantesco é ainda muito frequente em nossa e nas visinhas terras. |

Ainda se encontrará a Onça no Estado do Rio de Ja- neiro? Em visita poderá ainda um ou outro exemplar trans- por-lhe as fronteiras, nos logares em que mattas extensas favorecem suas migrações extraordinariamente grandes. Per- manentemente existem quiçá alguns exemplares ainda em cima da serra dos Orgãos, ultimos reductos garantidos por gargantas quasi invias e ladeiras ingremes. Entretanto não padece duvida que no actual Estado do Rio de Janeiro a Ôncça com o Tapir e a Arara estão condemnados à morte, como o Indio autochtone com cujo destino, mythos e phan- tasias tão intimamente estão ligadas estas tres formas ani- maes.

Com o nome «Ozelot» designa-se na litteratura es- trangeira mais outra especie de Gato grande do Brasil que diz-se ser o mesmo que, segundo Natterer, é aqui conhecido pelo nome de «Jacatirica» ou «Jaguatirica», Felis par- dalis (Linné) da zoologia systematica. Dão-lhe de compri- mento 1”, 3 al 74 de que 404 45º cabem á cauda. O ornato deste “Gato é tão apurado quanto característico; doslados do corpo ha 4a 5 fitas longitudinaes, de malhas alongadas e largas,

“debrum negro e campo claro, no qual se notam pontos ne- o

66 GATOS PINTADOS

gros dispostos linearmente. As malhas mais extensas demo- ram do lado do tronco entre as pernas dianteiras e trazeiras. A direcção das fitas longitudinaes não é exactamente paral- lella ao eixo do corpo: correm geralmente de diante e de cima para baixo e para traz, embora não de maneira muito frisante. Patria deste animal do Brasil reputam-se a matta costeira do Norte e a região amazonica ; para Oeste estende- se até o Ecuadar e Colombia, para o Norte atravez de toda a America Central are o Mexico e Sul dos Estados Unidos. Diz-se deste bello Gato que não é terrivel ladrão de Gallinhas como persegue com successo animaes maiores, quaes Pacas, Cutias e Macacos. |

O Gato do matto pintado [Felis macrura] é forma con- sideravelmente menor, pouco maior que um Gato grande domestico. HE” bem conhecido por todo o Brasil e por toda parte gosa da fama de ladrão de Gallinhas 18).

No Sul pisa por vezes, mas raramente, solo brasileiro o Gato dos Pampas [Felis pajeros]. Esta especie, propria dos nossos visinhos do Sul, assemeiha-se muito em todo seu habito externo ao Gato montez da Europa.

18) A respeito dos pequenos Gatos malhados da America do Sul domiia aliás como devo declaral-lo mortificado confusão muito pouco agradavel na sciencia, que até hoje ainda não foi devidamente apurada. Assim, por exemplo, a respeito de Felis mitis e Felis onça do- minam as mesmas duvidas quanto à fixidez da especie, e consequen- temente quanto ás relações de parentesco, que se notam quanto a FELIS TIGRINA relativamente a Felis macroura, Felis guigua (Molina) e F. elegans. Burmeister declara sem hesitar que Felis mitis é apenas um Jaguar novo. Elliot em sua grande monographia reune ao contrario todas estas espe- cies menores de Gatos (inclusive Felis mitis e F. macroura) n'uma especie de Gatos malhados da America tropical, cuja forma erada e com:

ONÇA VERMELHA 67

Entreos Gatos unicolores de pupilla redonda oceupa O primeiro logar quanto ao tamanho a Suçuarana da lingua geral, Puma dos visinhos da lingua hespanhola, Cuguar da litteratura franceza [Felis concolor]. Este Gato, conhecido no Brasil especialmente pelo nome de Onça vermelha, tem o pello amarelio-avermelhado e attinge ao comprimento de de 12 2. Os Gauchos chamam-no Leão, e de facto apresenta a forma de um Leão do Novo Mundo. A Suçuarana habita na borda da matta e nas planicies de macega; ao contrario da Onça pintada não parece gostar das margens dos rios e logares sujeitos a inundações. Sua alimentação consta de Cotias, Pacas, Coatis, animaes domesticos de tamanho medio quando pode apanhal-os; na matta virgem caça aos ageis Macacos, na macega do sertão à Fima. Muito menos atrevida que a Onça pintada, é caso raro que a Ônca vermelha ataque o homem; em regra se torna perigosa a este quando ferida. Merece reparo que as Sucuaranas recem-. nascidas não são unicolores, mas ornadas de manchas lon- gitudinaes e transversaes negras e arredondadas.

pleta diz elle ser FELIS TIGRINA (ERXLEBEN). A semelhante resul- tado adhere Alston (Biologia centrali-americana, Mammalia).

Pessoalmente, na carencia de materiaes, não me abalanço a deci- dir de maneira formal entre esta scisão e rescisão de especies; entretanto não calarei que pendo antes para esta opinião, e que ha longo tempo nutro a suspeita que algumas destas especies de Gatos malhados da America do Sul representam apenas idades diversas raças locaes de uma e mesma especie, que é maior. Provavelmente. ao mesmo cyclo pertencem : PF. gutinla Hensel e F. braccata Cope.

Devo, porém, abrir excepção para Felis pardalis de um lado e prin- cipalmente para Felis macroura de outro; este, por sua cauda notavel- mente longa, merece ser considerado «bona species». No meu enten-

der a razão provavelmente está entre as duas opiniões extremas.

ci) CANIDES—GUARÁ

O Jaguara-cumbé ou Gato mourisco preto, (Felis ja- guarundi),e o Gato mourisco vermelho, (Felis eyra), são especies de Gatos compridos, cujo corpo mostra na con- strucção semelhança com as especies de Martas (Mustelides). São tão pouco frequentes que todos os museus de historia “natural procuram com empenho exemplares de ambas as

especies.

A familia de Carnivoros semelhantes a Cães 19), Ca- mides, ébem representadano Brasi!. O maior membro d'ella é o Jaguaperi ou Jaguara-guaçú dos Guaranys, que os Brasi- leiros abreviando chamam Guará ou Lobo, (Canis = Chry- socyon jubatus). E' legitimo Lobo, de couro felpudo e vermelho claro. Uma raja preta no cangote, uma mancha branca na garganta, um triangulo escuro na parte inferior do pescoço e no peito, patas negras e extraordinariamente compridas, pernas que lembram as do Galgo tornam facil de conhecer-se este animal. O Lobo é animal dos campos, arisco, cobarde para seu tamanho que não cede em nada ao de seu congenere europeu, caça a Pacas, Cotias, Lebres, Inhambús, etc., e tambem não desdenha da alimentação ve- getal, pois come o Solanum lycocarpum, fructo do ta- manho de uma mão fechada, conhecido no sertão pelo nome de fructa de Lobo, e uma vez por outra gosta de procurar bananas e canna de assucar. E” demasiado timido para atrever-se a dar grandes prejuisos ao homem; quando

B) 1 3) 1 2 Om

19) Formula dos dentes: po ir Ss ) 1 k 1 2 ij

HT) RAPOSA DO CAMPO E ICTICYON

Sim,

cal é pegar objectos de couro e trapos de panno que encon- tra nas visinhanças de casa e Ir escondelos no mato.

Jaguapitanga ou Raposa do campo, (Liycalopex vetu- lus), é cor isabel e facil de conhecer-se por uma extensa mancha preta na face superior da inserção da cauda. Habita esta be.la especie nos campos do interior do Brasil, onde não é rara; aiimenta-se de Camondongos, Ratos e Gafan- hotos; às vezes tambem faz mal ás Aves domesticas.

A forma de Cão mais peculiar do Brasil é Icticyon venaticus. Termo medio entre o Cão,o Texugo e a Marta, este animal, que constitue umas das maiores raridades zoolo- gicas, em 1841 foi descripto scientificamente por um exem- plar do rio das Velhas em Minas Geraes.

O Cachorro do mato, nome pelo qual é aqui conhecido, tem pellagio bruno-negro-escuro, pernas baixas e cauda curta.

No dizer dos caçadores mineiros, passa o dia escondido, à noite caça Aves e Bichinhos, gosta de cavar e faz com muita habilidade buracos no solo, feições de caracter estas que indicam parentesco com o Texugo quanto ao modo de vida. Creio que em todos os Museus juntos mal se encontrará uma duzia de exemplares de Icticyon.

Tambem a familia dos Martas ou Mustelides é bem representada no Brasil. De Martas propriamente ditas Ku

contam-se à especies: Galictis barbara, G. crassiden

e EC. vittaia.

GUARA E CACHORRO DO MATO 69

muito, parece às vezes atacar animaes pequenos e indeiesos. E' conhecido no sertão de mais de um Estado do Brasil, no Rio Grande do Sul, e tambem no Gran-Chaco da Ar- gentina, no Paraná, em S. Paulo, em todo o Brasil central e da Bahia até o Piauhy, onde o Parnahyba parece marcar os limites de sua expansão para o Norte. Como todos os animaes maiores do sertão, até agora raro tem chegado aos museus, e ainda mais raramente vivo aos jardins zoologicos. Afiirmam os sertanejos que o Lobo mescla-se com o Cão domestico.

A este seguem-se 05 Chacaes com os generos Lycalo- pex, Pseudalopex e Thous. Do tamanho de uma Raposa europea e de pellagio cinzento-preto-amarellado é Thous cancrivorus, Chacal previdente e arisco, que se observa nas mattas que margeam os grandes rios desde o Orinoco até O Paraguay; nas boccas dos rios diz-se que gosta de dar caça aos Siris.

O Cachorro ou Raposa do mato, tambem chamado Lobinho do campo, (Pseudalopex Azaras-- Canis brasi- hiensis), do tamanho da especie precedente, é em regra bruno- cinzento. O espinhaço é annegrado; o lado anterior das pernas mostra uma raja longitudinal escuro-apagada. De resto muda muito a cor, conforme a região, a idade e a estação do anno. Espalhado por grande parte do Brasil, bem co- nhecido na Bahia, Minas, Mato-Grosso e S. Paulo, parece ser tambem frequente no Paraguay, onde é conhecido pelo nome guarany de Aguaraxay, gosa da fama de ladrão de Galinhas e n'um ponto ou n'outro é domesticado. Habita mais commummente os espaços de catinga e evita permanecer nas mattas altas assim como nos descampados, embora em suas caçadas visite ambos por vezes. Notavel costume Geste Cha-

IRARAS E LONTRAS un

dee Pe VE SU A TD A Irara ou Papa-mel, (Cralictis barbara 20), é na con- formação externa semeihante á Marta de bosque europea, mas essencialmente maior. O pello é bruno: tem no pescoço larga mancha semilunar de côr amarela. Por vezes encontram-se individuos albinoides, que são inteiramente branco-amarellados. G. crassidens distingue-se por signaes mais finos na estructura cos dentes. O Cachorrinho “do mato, (Grisonia 1 vivtate), que é o EHuron menor das "terras visinhas. muito menor e lindamente ornado por uma fita amarela que vae-lhe da cara ao hombro, pode em tamanho, conformação e modo de vida comparar-se á Panalva tedorenta da Europa, Mustela. putorius. | Todos estas Marias são excelentes trepadores, que mesmo di

e

; ty | Fo ia saem á caça. Animaes extraordineriamonte sedentos de sangue,

Cd

1

degolam quanto pequeno Mammifero ou Passarinho podem pegar, o Preá do campo como as Sahiras trepadas nas folhas ou pontas de galho de embauba. - À grande Irara, conhecida no Sul peia denominação de Jaguapé, encontra-se com fre- quencia e gosta de escolher para pasto a borda das mattas que limitam com «escampados em que correm aguas. À mimosa Grisonia vittata é mais rara.

Entram tambem aqui as Lontras; 21), de que ha duas especies sno Brasil. À Lontra, RE Jagoacacáca (Lutra | brasilionsis) é a especie mais conhecida: mede até 0,86

20) Formula dos dentes : o a mo no

Ron “Y) Formula dos dentes ; ei

Fa | IRITATACA-—MEPHITIS

de comprimento, na cauda ainda mais V,97 e.; o pello é de bello bruno, a cauda chata, como imprensada. À Lontra. brasileira, cuja conformação de cabeça e modo de viver “lembram frisantementeas Phocas, acha-se portodo o Brasilnos rios e correntes; gosta de viver em sociedade, occupa-se na caca durante o diae dorme anoite. E' perseguida por causa do seu pelio que se aproveita para bolça de caçadores e capa de armas contra à chuva, prejuizo, todavia, maior que a utilidade A Lontra pequena (Luira piatensis-solitaria) distingue-se pela ponta do nariz nua e habita S. Paulo, Rio Grande do. Sul e Mato Grosso.

Finalmente entram tambem aqui os animaes fecorentos, Mephitis 22), que representam a transição dos Texugos para as Martas. Estes animaes, conhecidos dos visinhos de lingua hespanhola pelo nome de Zorrilho, chamados Jaguaré - pelos Gusranys do Sul, são exteriormente assignalados por um

“colorido preto-branco, de modo que os cabeilos brancos da parte anterior do dorso e da ponta da cauda são muito mais compridos que os cabellos pretos do resto do corpo. Sua principal singularidade consiste em duas glandulas “putorias que desembocam no intestino recto e destillam à “secreção fina, de cheiro horrivel, que o animal quando excita- do solta á vontade, contra o inimigo, como meio de defeza 23).

un O E 22) Formula dos dentes: i— c— m EU ij

25) Ao visitar estes morros calcareos (no Carinhanha) onde se acham espalhados rins de pyrites, encontrei um animal do ak- decto das Doninhas, que correu vagarosamente sobre as pedras em

= o)

PROCYONIDES—COATIS

São animaes nocturnos, que durante o dia dormem escon-. didos em covas. Auguste de Saint-Hilaire, botanico francez, diz que em Minas Novas os sertanejos dão-lhe o nome de Iritataca: Gambá, Cangambá, Maritacáca, Jaguaritaca cha- mam-no em outros pontos. Diversas especies pisam território brasileiro a S. e O., das quaes se mencionam Mephitis suffocans em Minas Geraes e M. chilensis, nas mattas que limitam os campos do Rio Grande do Sul. |

A familia dos Ursos lotores Procyonides, proximos parentes dos Ursides do velho mundo, é representada no Brasil por 3 generos: Nasua, Procyon e Cercoleptes.

Ao genero Nasua 24) pertencem as creaturas de cabeça yulpina, focinho pontudo que se estende muito alem da boca, cauda comprida, alternativamente com anneis escuros e claros, conhecidas no paiz pelo nome de Coatis. O Coati do bando, Nasua socialis, é dos mais frequentes Carniceiros do Brasil.

camara mate, veem cem

minha frente. Quando quiz atirar-lhe uma pedrada, curvou um tanto as costas abrindo as pernas, e atirou contra mim um liquido verde de cheiro tão pestilencial que por um momento perdi os sentidos e fiquei completamente incapaz de perseguilo. A catinga tão nojenta quanto penetrante segurou-se por tal modo á roupa que esta ficou inutilisada. Nosso camarada nos assegurou que o liquido da Jaratacaca (Mephitis focda TI.) póde causar cegueira, penetrando nos olhos. Comquanto este aniraal pão seja raro no Brasil, não tivemos a felicidade de arranjar um

para nossa collecção, pois os Cães, uma vez apanhados por esta arma sin- gular, recusam-se a perseguil-o, e os sertanejos preferem deixar esta “caça, que aliás não faz mal. (Martius, Reise in Brasilien, Múnchen, 1888, II, p. 581.) | A DU es o | operados dentes ci O pos Bi Tres pares de tetas na io d 2

barriga.

O GO ATIS GD ENEN

mc ma,

a rita gia

ante Ea

Vive socialmente nas mattas, multes vezes em ban- “dos de 12, 18 e mais individuos, sabe trepar bem, galga com habilidade mesmo as mais altas arvores, procura fructos, Passaros e ninhos e move-se com a mesma agilidade em terra. Por toda » parte mobil e sempre occupado, apenas permitte-se algum descanço nas horas quentes do meio- dia. Como no interior apreciam-lhe a pelle para cobertura, de sellas e coldras de pistolas, e além disso em certos. logares gostam de sua carne, está o Coati sugeito a muitas perseguições; entretanto por toda parte se encontra ainda com frequencia. no é

Alguns naturalistas alixmam que o Coaii mundéo, (Nasua solitaris), que se conhece exteriormente pela fata de rajas brancas no nariz, é apenas representado por machos. velhos que se separaram da sociedade e levam independea- tes vida de ermitães; outros, mais recentes, fazem d'elle es- pecie distincta, que pretendem identica à N. leucorhyncha da America Central. | | a

O Guaxinin, chamado Jaguá-campeba na lingna geral (Procyon cancrivorus), é Urso pequeno, de cor cinzento- amarellada, cauda curta e frocada; dá-lhe bonito aspecto à cara grande mancha negra, triangular, so redor dos olhos. Na zona da costa, na embocadura dos rios especialmente, gosta de dar caça nos Sirís por entre os mangues; de resto devora tambem Insectos, espigas de milho verde e diversas | especies de fructos. E' animal principalmente nocturno, que tem o costume de mergulhar a alimentação animal primeira- mente n'agua antes de devoral-a, principalmente depois de passado o aperto da fome. Do mesmo modo que o Costi não | é raro ver-se captivo o Guaxinin : fica assim manso, mas é |

JUPURA E OTARIDES

ca. 4 Cl

bom quando se trata com elle não esquecer seus afiados dentes eaninos. |

Termina esta familia o Jupurá dos Indios, Kinkajou da litteratura zoologica (Cercoleptes caudivolvulus 25), lindo Ursinho de 40 e. de comprimento (a cauda tem 46) e pellagio amarello-bruno, . interrompido por linhas escuras ondu- ladas, pouco visiveis. Sua patria é o alto Amazonas, de Teffé para cima, e o rio Negro; modernamente diz-se havel-o encontrado em Mato-Grosso (Cope). Seu pouso são as arvores alterosas de matta virgem, nas quaes trepa com grande rapidez, à cata de Passaros, mel, Insectos e fructos de toda especie. Bates observou-o á noite, saqueando em. bandos a palmeira pupunha. Captivo não é facil ver-se o Ju- purá, porque não custa muito para morrer. |

Legitimos Carniceiros, congeneres da Lontra mas de con- figuração bastante differente, são os Ursos marinhos (Dta- rides 25) que arribam á costa. Destes animaes, encabel- lados por todo o corpo, e apparelhados de pés em forma de nadadeiras. procuram excepcionalmente no tempo dos pam- peiros algumas especies as costas dos Estados do Sul do Brasil. Tem sido observados Otaria jubata que alcança até > metros e tem juba leonina na parte inferior do pescoço e Arctocephalus falklandicus, de pello cor de prata fosca, o qual quando crescido é quasi do mesmo tamanho. Da uitima

25) Formula dos dentes:

3 1 3 pa i—, e—, p—, m—( um premolar menos que o Coatie o 3 1 ) » " Guaxinim).

26) Formula dos dentes: i

| a E | |

76 CARNICEIROS FOSSEIS

especie foram apanhados ha alguns annos dois individuos proximo á bahia do Rio de Janeiro. A patria destes animaes é a ponta meridional da America do Sul, a Patagonia .e as Ilhas Falkland. |

Nes contrafortes sententionaes da serra dos Orgãos tenho observado durante a residencia de anno e meio a pre- sença dos seguintes carniceiros:

Felis concolor, F. macrura;

Galictis barbara;

Grisonia vittata ;

Lutra brasiliensis ;

Nasua socialis.

“Dentre os Carniceiros fosseis do Brasil tem co- lhido asciencia, graças ao Dr. P. Lund, nas grutas calcareas de Minas geraes restos de 16 especies. Destas cabem 6especies aos Felides 4 aos Canides, 4 aos Mustelides, 2 aos Procyonides, Das esnecies extinctas que não deixaram á actualidade repre- sentantes directos, devem mencionar-se : Felii protopanther, Smilodon populator, Canis troglodytes, C. protalopex, Speo-

thos pacivorus, Ursus (Nasua) brasiliensis.

Encarando o conjuncto dos Carniceiros sul-americanos do ponto de vista zoogeographico, nota-se a falta das familias dos Viverrides, Cryptoproctides, Hyaenides, Protelides, Aelu-

=

CONJUNCTO DOS CARNICEIROS 7

rides, assim como à falta absoluta de Insectivoros. Faltam srandes formas de Ursos á sub-região brasileira, as quaes en- tretanto são representadadas nos Andes por Ursus ornatus eU. frugilegus. | Pode-se calcular em 372 as especies de Carniceiros des- criptas até agora. Como a sub-região brasileira abriga apenas 39 especies, a relação numerica entre os Carniceiros do Bra- sil e os das outras partes do mundo é de 39:333. Em outras palavras: o Brasil possue um pouco mais de 10 º/, de todos os Carniceiros conhecidos. |

“s NUMERO DOS ROEDORES

y Rocdores RODENTIA

| De Roedores conta a sub-região brasileira 194 especies; caleulando-se ainda algumas especies do genero Mus, sem “duvida immigrados do Velho' Mundo, pouco faltará para 200, especies. Esta turba por toda parte numerosa divide-se em 1 familias e 23 generos:

1) Murides (Ratos) com 5 generos e 89 especies;

2) Be ur ido (Esquilos) com 1 genero e 30 es- pecies ;

3) Detodontides (Taco tuco) com 1 genero e 6 especies;

4) Echimyides (R. de espi ho com 8 generos e 28 especies ;

9) Cercolabides (Coandús) com 2 generos e 13 especies;

6) Caviides (Preás, etc.) com 5 generos e 9 especies ; |

) Eeporides (Coelhos) com 1 genero e 1 especie

| Ao territorio amasonieo são en as seguintes * especies : Hi

Murides): Fesperomys neo H. rattus; Sciurides) : Sciurus gilviventris, 8. igniventris, S. pyt- Hj - rhonotus; | |

LS TRIBUIÇ ÃO GLOGR LA PAICA 79

mara med pi come era mm mma

Echimyides): Dactylomys typus;

Mosomys ecaudatus ;

JEchimys cayennensis ;

Isothrix bistriata, L. pagurus

oncheres grandis, L. macroura ;

Cercolabides) : Cercoishes melanurus:

Caviides): Dasyprocta fuliginosa, D. acouchy.

Ao Brasil central pertencem asseguintes especies par- ticulares : | | Murides): Hesperomys leucodactylus, H. anguya;

Sclurides): Sciurus Langsdorii;

Octodontides): é Epa brasiliensis:

Echimyides): Ieothrix pachynrs e antricola) ;

Caviides) Dasyprocta aurea (Cone). |

A parte septentrional da zona da costa do Brasil con- “tem as especies particulares:

Cavia Spixi, C. rupestris;

Mesperomys pyrrhorhinus ;

a gubspinosus.

A parte meridionat da zona da costa do Brasil é con- siderada dad a dass BE eEpecIies :

Eeeperomys ieucogaster, H. eliurus, H. orobinus, H. pygmaeus, H. brachiurus, H. luliginosus, H. russatus, H. o sodes, H. squamipes, IH. RN H. dorsalis. H. subter- raneus, H. tumidus, H. Darwinii, 4. arenicoia, E. favescens;

Ficlochilus brasiliensis elmo

Oxymycterus nasutus, O. rufus;

Dactylomys amblyonyx ;

Loncheres nigrispina;

Caria leucopyga.

gm RATOS MURIDES

A familia dos Ratos (Murides) apresenta no Brasil espantosa multiplicidade. Sob o ponto de vista da den- tadura, pode dividir-se convenientemente em dois grupos:

a) Rattinos, ou habitantes originarios do Velho Mundo, de que os dentes molares são maiores e mais largos, mais planos na superíicie, mostrando porém, tres saliencias regu- larmente transversaes de igual aitura 21%);

b) Sigmodontes, isto é Ratos do Novo Mundo, nos quaes as dobras de esmalte entram profundamente na substancia dos dentes, sem regra apparentemente, e tor- mando na face mastigatoria ou corda um systema complicado de saliencias e depressões, disposto não tranversalmente, mas obliquamente e em forma de zic-zag ( =, 28).

Ao primeiro grupo (Rattinos) pertencem Mus decuma- nus com cerca de 210 anneis na cauda, Zius rattus com 250 e 260 anneis e Mus tectorum tambem com 225 a 200 anneis “na cauda. O Rato migratório (M. documanus) é frequente nas cidades do littoral, tão frequente que em alguns logares torna-se verdadeira praga, como nas grandes cidades europeas. O Rio de Janeiro contem grande quantidade d'este Rosdor im- pudente e amante da destruição que, apesar do odio que o rodea, augmenta de maneira incrivel e pullula na praça do mercado, edificio da alfandega, estação da estrada de ferro. e armazens. O Rato caseiro, (Mus rattus), escuro, cor de ardosia, quasi de todo expulso da Europa pela especie precge- dente que é de origem asiatica, tem sido observado por mim

1 Õ 2) Formuiaé L=— 0 m O)

1 28 Formula tambem: | —, 1

RATTINOS mM SIGMODONTES 81 | SE nt RD a MAD AN A TEL AO O a

diversas vezes na cidade do Rio de Janeiro, bem como no interior do Estado do mesmo nome. O Rato dos tectos (Mus tectorum), pardo-amarellado, de barriga amarela, é commum nas casas até o interior e Minas Geraes. As duas primeiras especies devem ter sido introduzidas por navios do Norte da luropa; “no tectorum, porém, procede do Sul da Europa. Quanto ao tempo em que tal immigração se deu é pouco PRN | que se consiga determinai-o com pre- cisão. O Camindongo caseiro do Brasil, (Mus musculus), com 189 anneis na cauda, destribuido por todo o paiz, pouca diferenca mostra da forma correspondente ' do Velho Mundo. Especialidade caracteristica dos representantes do genero Rius, de procedencia do Velho Mundo, consiste na posse de fi pares de tetas.

Os Sigmodontes aviochihones que constituem o segundo grupo, e ui em numero e multiplici- dade de embaraçar até os especialistas. Assim o genero Hesperomys conta 76 especies. Sem entrar em particulari- dades que não permittiriam as dimensões deste trabalho, pode-se em geral dizer que ao genero Elesperomys per- tencem os animaes muriformes, de corpo geralmente comprido, cauda pontuda, olhos grandes, vivos, orelhas finamente enca- belladas, peilo muito macio, geralmente amarellado ou bruno- “amarello e apenas 4 tetas inguinaes. Ao genero Holochiius que conta 4 especies,pertencem ainda animaes muores, de cor escuro-avermelhada, focinho largo e grosso, e incisivos rela- tivamente largos e chatos. As tres especies de Oxymy- cterus são faceis de conhecer-se pelo focinho, proeminente, “comprido, pontudo, em forma de tromba, e o pellagio curto ;

a cor do pello é de ferrugem escura. 6

82 SIGMODONTES E SOIURIDES

“Todos estes tao do Novo Mundo levam vida nocturna: como, porem, ao ar livre, longe das habitações humanas,

". passam existencia recatada, são muito pouco conhecidos. Muitos

“delles vivem na matta: alguns encontranr-se nas arvores; outros costumam cavar no na : denso pequenas galerias -subterraneas. Sua alimentação consta de sementes, Íructos 'eraizes. Afemea deita de3a 4 crias. Muitos destes Ratos são mortos na queimada das roças e dos campos, sendo os que tentam salvar-se pegados ás porções pelos Rapi- | neiros diurnos. E” facto notavei q

e)

Ut E a ás vezes apparecem de did fre em massas consi- deravois nos Estados do Sul do Brasi | (Rio Grande do Su!) devastando o milho e os fructos do campo, tornando-se verda- deira praga. Diz-se que os mais frequentes são: HF. favescens H. arenicola, mas tambem observam-se outras duas ou trez especies. Pareco demonstrado que estes annos de Ratos dão-se sempre no tempo em que as taquarase as erissiumas estão

florescendo. 'fal coincidencia viu-se, por exemplo, nos

qua

annos 1843 e197%0. Nestes annos estimou-se que omilho estra- gado pelos Ratos na colonia de 5: Lourenço foi de 2.000 a 2,9U0 hectohtros.

Os Esquilos (Bsiurides 20), que constituem a se- gunca familiade Roedores, distinguem-se dos do Velho mundo pelo tamanho menor e falta de pincel nas orelhas. O Caxinguelé (Sciurus aestuans), de côr pardacento-amarellada, é frequente “nas mattas costeiras e de aspecto delicado. Encontra-se na

RM | RL 29) Formula dos dentes: ao ao ma ——

SCIURIDES E CTENOMYS 83

matta fechada, especialmente na visinhança de taquaraes. Ahi vemol-o girar rapido em torno das taquaras e todos os caçado- res sabem que aos afiados incisivos do Caxinguelê são devidos os buracos quadrados pyramidaes que tantas vezes se nota nos bambús e tabocas. Provavelmente isto fazem por causa da agua que costuma juntar-se nos gomos verdes. O Brasil central tem apenas uma especie de Esquilo, Scitrus Langs- dortfii, um pouco maior que o precedente, de pello bruno- amarello, pernas vermelhas e peito branco. Ao passo que para o Sul o genero vai se tornando mais escassamente " representado, no Amazonas apparecem-nos diversas especies peculiares, as quaes entretanto não diiferem do Caxinguelê quanto ao modo de vida, e ali conhecem-se sob a denomi- nação de Cuati-purús. |

A terceira familia dos Roedores, a dos Detodon- tides 30) é constituida pelo genero Ctenomys. E'o Ot. brasiliensis animal de cêrca 0,25 c. de comprimento, orelhas e olhos peguenos, cauda grossa, escamosa, de exten- são de um terço do corpo, pernas curtas, de cinco dedos. O pello é por cima trigueiro-ferrugineo, brancos os fortes, longos cabellos do bigude. Todos os observadores que têm encontrado este animal accentuam sua semelhança externa . com o Arganaz europeu (Cricetus frumentarius). Esta grande

“fórma de Roedor, que por vezes se depara em Minas, mas

30) Formula dos dentes: | ; (D) 4 |—, Cm a O 4

84 CTENOMYS E ECHIMYIDES

principalmente de Mato-Grosso até o Uruguay, vive em sub- terraneos, raro sae á luz, e torna rapido a seus buracos e galerias mal presente qualquer perigo.

Nas regiões em que é frequente ouve-se o ronco de sua voz, principalmente á noite, debaixo da terra. Em Matito- Grosso parece que lhe dão o nome de Cururu, os visinhos do Sul o de Tuco-tuco, Outras especies pertencem à região septentrional dos Pampas (C. magellanicus) e ao Oeste da America do Sul (Ct. leucodon, Ct. boliviensis ).

Na quarta familia, dos Echimyides 31), entram os generos: Dactylomys, Cercomys, Lasiuromys , Miyo- | potamus, Carterodon, Mesomys, Echimys e Lon- : cheres. |

Commummente reunem-nos sob a denominação de Ratos espinho, embora em rigor os quatro ultimos dos generos nomeados tenham roupa de espinho; melhor,por convir ao con-. | juncto, seria a designação dePseudo-ratos ou Muriformes. Com habito externo que se assemelha muito ao dos verdadeiros Ra- ' 108, possuem por outro lado estes animaes incisivos mais lar-'' gos, mais chatos, e quatro molares igualmente grandes. Ainda outra particularidade possuem no esqueleto: a separação | completa da tibia e da fibula. E OTRA dA

O Rato de bambú (Dactylomys ambl ousa é azeitão | por cima e por baixo amarello-avermelhado, com a pata ante- rior digitiforme, de 4 dedos. Creatura nocturna, que leva quasi' todo o dia occulta, é pouco conhecido este Roedor. No Estado de S.Paulo observei-o com bastante frequencia evi como á noite

| dE AO 4 o!) Formula dos dentes: i=, 6; Mm | 1 0 4

DACTYLOMYS—CERCOMYS-MYOPOTAMUS Ro

estraga as sebes dos bambús,roendo os brotos superiores, mais novos 32). Cercomys cunicularius éuma forma de tamanho e “côr de Rato migratorio, e ainda mais rara nos museus do que a forma antecedente: até aqui é conbecida en: Minas-Novas, Myopotamus coypus, chamado Quija no Paraguay. é creatura grande, cujo comprimento chega a 0,55c. e mais, e a muitos respeitos pode considerar-se O Aa stl- americano do Castor europeu (Castor fiber). Os quatro dedos internos dos pés posteriores são nelle igualn rente ligados por membranas nada: deiras : em compensação falta-lhe a cauda grossa e escamosa, que no Ms UM mus assemelha-se antes á do Rato. Este Roedor.caçado por causa da pelle, escava nas margens das aguas claras, cobertas if ppa aquaticas, buracos profundos e largos e alimenta-se de raizes e materia vegetal de toda a ordem. Suas membranas nadadeiras levam asuppor que náda bem. Embora Myopotamus coypus per- tença mais 4 Banda-Oriental, ao baixo Plata, à Patagonia e ao Chile,onde era antes tão frequente que annualmente se expor- tavam cerca de 3 milhões de pelles, tambem por vezes, si bem que raras, vê-se no Rio-Grande do Sul, onde tem sido obsex- vado no Guahyba, junto a Porto-Alegre. Sua apparição ah passa como prenuncio de cheia. |

Largos e sulcados incisores na mandibula superior, com

32) em 1889 eu tinha, n'uma publicação sobre este singular Rato: dito que provavelmente o ninho, semelhante ao do Esquilo da Europa, havia de se achar no bambusaes. Recentemente H. von Irering (:892) veio constatar a exa aetidão d'aquella minha asserção. Escreve elle: Encontrei em cima de um taquaral o ninho feito de palha e folhas " seccas, contendo uma femea com os seus filhotes. ar ão Rio Grande

“de Sul, pag. 40).

85 ECHIMYIDES—RATOS DE ESPINHOS

aspecto extérno que por sua cor pardacenta iguala o do Rato aquatico da Europa (Hypudaeus amphibius), marcam Carterodon sulcidens. Relativamente á estructura do pello, constitue esta forma a passagem das especies anteriores, de cabello ainda mais ou menos macio, para as seguintes, nas quaes o pello torna-se espinhento. O comprimento do seu corpo é de 28 c., oda cauda de 8c. Carterodon sulcidens habita os campos do interior de Minas Geraes e prolonga-se provar velmente por grande parte do sertão do Brasil central. Arisco 4 luz, conserva-se de dia escondido na sua toca, pequeno ôco forrado de capim e folhas, para o qual leva uma galeria estreita, mas bastante extensa, de cêrca de 30 e. de profundidade; ao começar do crepusculo sae de seu escon- drijo, sendo por vezes victima dos Rapineiros nocturnos. Mesomys spinosus, de bella cor vermelho-escura nas costas, cabeça larga e grossa, aspecto geral semelhante ao do Arganaz, tem um revestimento de espinhos que picam bem, mas que não são compridos. Seu modo de viver é semelhante ao de especie precedente. Mesomys vive em galerias que levam a uma panella subterranea forrada de fo- lhas eno sertão convive em sociedade. Rengger observou este animal no Paraguay, Burmeister em Lagoa-Santa junto ao “rio das Velhas, e Natterer em Bexba, no baixo Madeira, onde consta que tem o nome de Soua. | Nas numerosas: especies dos dois generos Loncheres. (10 especies) e Echimys (11 especies) apparecem-nos os Ratos de espinhos no sentido rigoroso, os representan- tes typicos da familia. O | | Ao genero Loncheres, no qual o revestimento de espi- ij nho é mais aperfeiçoado, pertencem grandes especies de

LONCHERES ECHIMYS

cauda muito comprida. Vivem nas mattas, trepam com habi- lidade, aninham-se em topos de arvores e galhos ocos, dis- pondo construcções artísticas. Burmeister, que descobriu em Nova Friburgo o ninho do bruno-cinzento Loncheres ar- matus no topo deuma arvore baixa, diz que o ninho tem forma e capacidade de melão e em uma das pontas existe uma abertura do tamanho da mão fechada. Dentre os Indios, que por seu contacto ininterrupto com a fauna das mattas conheciam bem os Ratos de espinho, os Guaranys, davam a este animal o nome de Guabiru-yu (Ratos grandes): as hordas de indios Barés do rio Negro designam-no por Cururú-xoré. Algumas tribus indias do Amazonas costu- mam preparar suas trombetas de alarma chamadas toró com à pelle da cauda deste animal, assim como da do Tatu gigante e do Jacaré (Martius).

O genero Echimys conta pequenos Roedores do tamanho e aspecto de Ratos. Vivem no chão e em buracos e parecem, ao contrario dos Loncheres, não trepar em arvores. Echimys (Isothrix, Nelomys) antricola (pachyurus), de côr pardo- amarellada, 25) c. de comprimento e roupa de espinho um pouco mais rala, habita nos campos de Mimas Geraes e Mato Grosso e diz-se que além da alimentação vegetal devora tambem Insectos. Encontra-se esta especie tambem nas cavernas de formação calcarea do interior do Brasil.

Apparecem-nos outra vez Roedores maiores e espinhentos na pequena familia dos Cercolabides 33) que são Os Sa ih 4 | de E opala dos dentes O o | AS 4 0 4

8 CERCOLABIDES COANDUS E nd Ng pr representantes americanos do Porco espinho do Velho Mundo (Hystrices). Os Cercolabides americanos são, porém, exclu- sivamente animaes arboreos, e como taes armados de cauda apprehensiva 34). |

O Ouriço caixeiro (Cercolabes villosus=Hystrix insidiosa) é frequente e conhecido por toda a região do Brasil. A esta, como ás especies conge- neres, designam os Índios pelo nome generico de Coandú ou Cuim. O. villosus tem 60 c. de comprimento e pello que na mocidade é amarello-avermelhado e na velhice pardo- amarello. Os espinhos, cór de enxofre, não estão espalhados por todo o corpo: a garganta, o peito e a barriga são sem espinhos, e simplesmente ao ao contrario do O. prehensilis, que pertence mais à região do Amazonas e "Brasil central e se estende para o Sul até Minas Geraes.

Os Coandus são animaes fleugmaticos, de viver princi- palmente nocturno, embora às vezes tambem se ponham em movimento durante o dia. De vagar, mas com muito geito, trepam nas arvores, á cata de fructo. Sua gulosidade por goiabas e bananas leva-os ás vezes para a visinhança das habitações,onde geralmente em breve são percebidos, pois onde acham qualquer petisco fazem-se de casa facilmente, dormem as horas quentes do meio dia debaixo de qualquer moita sombria, em uma especie de ninho, para cujo descobrimento gulam em regra abundantes cascas e restos de fructas espalhados. A femea deita n'um Ôco de arvore 1 à 2 “filhos. Sabe-se que arma efficaz possuem os Coandús em

costeira

d4) A America do Norte possue no genero Erethizon animaes muito semelhantes ao nosso Coandú.

“CERCOLABIDES CAVIIDES E

seus espinhos, que são muito frouxos e assentam na pelle, ao menor contacto penetrando em qualquer corpo estranho. Os Cães inexperientes e estouvados pagam os ataques ao animal que assanhado incha, eriça-se, e atira-lhes todo um arsenal de espinhos que dolorosamente entram e afun- dam-se pelas ventas e bocca: é mais facil quebral-os do que extrahil-os. Todo um cyclo de lendas prende-se aqui no paiz ao modo de viver destes notaveis animaes ; assim, por exemplo, diz-se que os espinhos desprendidos, conservados n'uma vasilha fechada, depois de pouco tempo duplicam e multiplicam: diz-se mais que o Ouriço caixeiro trepa nas golabeiras, e sacudindo-as, cobre o chão de goiabas, para depois espojar-se sobre ellas de espinhos eriçados e voltar para casa com as fructas espetadas.

Forma particular, congenere das especies de Loncheres, representa Chaetomys sub-spinosus, animal de 43 c. de comprimento, de cauda escamosa semelhante aos Ratos, é espinhos curtos, grossos, amarello-esbranquiçados desde a: cabeca até os hombros. Sua patria demora no littoral ao N.

da Bahia.

Roedores vistosos, os maiores que em geral se conhecem, mostra a sexta familia, a das Caviides 35). Não possuem orelhas grandes nem muito compridas; tão pouco possuem cauda exteriormente muito notavel. Como os dedos dos pés (em regra 4 adiante, ás vez2s apenas 3; atraz habi-

A O 4 39) Formula dos dentes : i—. c—, m—. ed ÃO

J0 CAVIIDES CAPIVARA

tualmente 5) são guarnecidos de unhas fortes e rombudas que têm alguma semelhança com o aspecto de pequenos cascos, reune-se ás vezes esta familia sob a denominação de Sub-ungulados. |

Alfrente de todos está a Capivara (Hydrochoerus capy- bara), O gigante de todos os Roedores do periodo actual ; mesmo as faunas dos periodos anteriores da terra mal possui-: ram forma que se lhe avantajasse. Alcança 1” de comprimento e chega ao peso de mais de 50 kilos. A bronca forma do corpo e outras propriedades corporaes, como o feitio dos pés, consoam com o typo do Porco, de modo que é facil de explicar-se que pessoas inexperientes, quaes os descobridores do Novo Mundo, julgassem antever animaes suiformes da ordem dos Pachyder- mes. Dentes roedores imponentes por suas dimensões, que podem facilmente aparar uma cúnna de assucar, são adiante sulcados superficialmente em sentido longitudinal. A cabeça é forte e espessa e possue labio superior apparentemente arregaçado e focinho muito largo e chato. As pernas, relativa-. mente curtas, têm adiante quatro dedos e trez atraz, providos de membranas natatorias. A cor do pello é bruno-amarello- escura. Pode afoitamente dizer-se que Hydrochoerus capibara representa um Porquinho da India em dimensões gigantescas.

A Capivara, cujo nome guarani diz-se composto de capi, gramma, e goara, morador. habita grande parte da America do Sul, desde o Orinoco até 34º S. Frequenta ora em varas, "Ora aos pares, ora solteira, as margens dos rios, lagos e brejos; mostra-se tambem nos corregos serranos, desde que estes sejam um tanto largos e possuam vegetação marginal propria a escondrijo, e anda por suas aguas para cima e para baixo, sem pasto determinado. Nas praias arenosas de rios largos e

CAPIVARA PACA 91

solitarios veem-se por vezes varas de 20 e mais individuos, velhos e novos, sempre. porém, a mui pouca distancia d'agua. Sem denotar grande intelligencia, sabem entretanto, quando perseguidos, salvar-se no elemento humido, por meio de fuga rapida, mostrando-se habeis nadadores e excellentes mergu- lhadores. Quando não têm medo de ser molestadas, saem de dia ou de noite á cata de alimento, que consta de plantas aquaticas, casca de arvores novas, e, na visinhança das roças que limitam com a agua, tambem de arroz novo, milho, canna de assucar e melancia. A femea tem de cada vez 1 "+ até 4 filhos. |

| A Capivara é muito caçada, Sucede isto principalmente por causa dos estragos que causa nas plantações e tambem por causa da carne e do couro. À carne em alguns logares é considerada um regalo; bem preparada, é bastante saborosa, especialmente a de individuos novos: em outros logares têém- “lhenojo. O couro, espesso mas frouxo, é empregado pelos Mineiros em calçado e muito apreciado para cano das botas de montar. No principio deste seculo os Frades entendiam que a carne da Capivara podia servir de peixe em dias de preceitos. E' notavel que um animal que tanto tempo se conserva na agua, ás vezes appareça tão cheio de Carrapatos que litteral- mente fica coberto.

A Paca (Soelogenys paca) em tamanho é o segundo. dos Roedores. Chega até 70 c. de comprimento, possue pello bruno-amarellado, ao qual emprestam aspecto caracteristico | cinco series de malhas branco-amarelladas, destribuidas lateralmente no sentido do comprimento. Uma particularidade de seu esqueleto consiste nas arcadas zygomaticas singu- larmente . largas e granuladas reticularmente pelo lado |

So [o]

PACA E CUTIA

externo. Tambem a Paca tem habitat muito extenso na America do Sul. Gosta menos da matta densa que da capoeira, leva existencia principalmente nocturna, dorme de dia n'um buraco que ellarpropria escava, de preferencia sob a raiz de uma arvore, e sahe ao escurecer, portrilhos regularmente conservados, á procura de alimento, geralmente em alguna milharal visinho ou junto a riachos. A Paca é bello animal, tão arisca nos pontos em que costumam perseguil-a que em “alguns logares os caçadores quasi que podem pegal-a por meio de armadilhas. Náda bem, em occasiões de aperto defende-se com seus dentes respeitaveis contra homens e | Cães, corajosa e energicamente. A carne de Paca é notavel- | mente saborosa, muito apreciada por todo o Brasil e bas-/ tante cara nas cidades do littoral. | A Cutia (Dasyprocta aguti) é um gracioso Roedor da zona costeira do Norte. Alcança ao comprimento de 50 e, e possue pelio aspero, preto e amarello misturado, que atrás, no fim do dorso, apresenta um tom vermelho-amarello. A cabeça é de bella conformação, as pernas delicadas, sendo “as de traz um terço maiores que as dianteiras, 0 que indica capacidade consideravel para pular. A Cutia prefere as mattas seccas situadas em logares elevados, leva a maior parte do dia escondida em algam tronco oco ou em buraco debaixo das raizes, e ao anoitecer sae á procura de comida, que consta de toda sorte de fructos silvestres, por exemp o o coco da sa- pucaia. Tambem procura roças de mandioca, hortas e canna- " Viaes, onde não deixa boa fama, A femea tem 2 crias,3 quando . muito. Asseguram os caçadores que uma vez por outra a Cutia tambem caça a Aves que costumam viver no chão, como Capoeiras, Inhambús, para comer-lhes os miolos. No capti-

CUTIA E PREA 93

veiro conserva-se em geral alegre durante o dia, come tudo que lhe dão, e fica ás vezes tão mansa que se póde deixal-a solta. À carne de Cutia é saborosa. A Paca e a Cutia são as caças especiaes do Brasil e como taes perseguidas por toda parte. O Norte do Brasil, principalmente à região amazonica, tem especies particulares de Cutias: Cutia preta (D. fu-= “liginosa), Cutia de rabo (D. acouchy): o mesmo se ne Brasil central e no sertão do Sul (D. Azarae, D. aurea Cope). |

Com os generos Cavia e Kerodon tomam os Caviidas sul-americanos tamanho mais modesto. O Brasil possue varias especies de Cavia que no conjunto do aspecto por tal modo se assemelham ao Porquinho da India europeu (Cavia cobaia) que se pende a explical-os como uma fórma daquelle tronco. Applica-se isto principalmenteao Cavia aperea, co- nhecido em todo o Brasilpelo nomede Preá ou Preyá, que se en- contra para o S. até 36º. Depara-se este lindo animal. principalmente em logares humidos, cnde na borda da matta existem baixadas com moitas e macéga, e com mais fre- quencia ainda entre as Bromelias espinhosas; ao contrario, evita o interior das mattas alterosas e cs descampados. De manhã cedo e á tarde, após o por do sol, sae de seus escondrijos e regala-se com diversas especies de gramma. Vêm-se não raro bandos de 6 a 15 individuos, quando o observador conserva-se socegado. No captiveiro, morrem facilmente si não tiverem bastante espaço, escondrijos e mui- tas outras condições de vida a que estão acostumados em liberdade.

94 PREA E MOCÓ

Entre o Preá e o Porquinho da India manso existem dif- ferenças quanto á dentadura e á cor. Pelo que respeita á

primeira, não é certamente impossivel que venha a modificar-se

no fim de muitas gerações de vida em captiveiro. No que

toca á differença de cor, deve notar-se que o pellagio tricolor

do Porquinho da India propriamente tambem existe no Preá,

mas ordenado por outro modo: no Preá cada cabello particular

tem as tres cores, branca em baixo, vermelha e amarella em cima, preta na ponta, que no Porquinho da India se acham separadamente distribuidas pelas diversas partes do

corpo. Tentativas de cruzamento modernamente realisadas |

entre o Preá e o Porquinho da India não deram entretanto resultado. A femea do Preá pare uma vez por anno, 1 à à crias; a do Porquinho da India pare até 3 vezes annualmente, e de cada uma 3 a 7 filhos.

Ha ainda diversas especies de Preá no Brasil, dos quaes citaremos: Cavia fulgida, de pello bruno-avermelhado, e barriga amarello-vermelha, no sertão de Minas-Geraes; C. leucopyga, de barriga branca, em S. Paulo; Cavia Spixii, de incisores amarellos e uma malha esbranquiçada adiante e atraz das orelhas. na Bahia. |

O Mocó (Eerodon rupestris) é maior que o Preá, sua cor é cinzenta, misturada de preto e amarello-avermelhado. Este interessante Roedor, chamado Hoké pelos indios Ca- macan, habita as regiões rochosas do interior do Brasil, onde vive em talhados á maneira dos Preàs. No rio Bel- monte, no Pardo e no curso superior do S. Francisco, é tido por boa caça e como tal perseguido; é tambem conhecido no Ceará e no Piauhy.

LEPORIDES—COELHO DO MATO 95

Como ultima familia dos Roedores resta ainda a consi- derar-se a dos É, 36), representada no Brasil apenas por um genero e uma especie.

Lepus brasiliensis, Coelho do mato dos Brasileiros, Tapiti dos Guaranys do Sul, é uma miniatura da Lebre euro- péa (Lepus timidus), pois não alcança a mais de 30 ou 35 e. Ainda maior semelhança possue com o Coelho selvagem do Velho Mundo (L. caniculus) por causa das orelhas curtas. À Lebre brasileira é animal muito espalhado, conhecido por toda,

' parte, embora em nem-uma seja numerosamente represen-

tado. Mora de preferencia na borda das mattas e roças visi- nhas: na serra dos Orgãos tenho-a observado principalmente

nas roças abandonadas, que se transformaram em morros de

sambambaias; evita a matta virgem. Prefere um pasto deter- minado, dorme as horas quentes do dia entre moitas de feto e na macéga; não escava, porém, galerias e covas como O Coelho europeu selvagem. A” noite sae atraz de comida, que consta de capim, brotos, casca de arvore; nas roças de feijão causa ás vezes prejuizos consideraveis, mordendo e roendo os grelos. A femea, cuja gestação dura cêrca de 30 dias, pare uma vez por anno 2a S crias que nascem de olhos abertos. | No captiveiro, dura muito tempo; resultado de criação até agora não obtive com os que tenho tido. A carne é boa, embora talvez não tanto como a da Lebre européa.

Na banda septentrional da serra dos Orgãos tenho ob- servado nos ultimos annos as seguintes especies de Roedores :

36) Formula dos dentes:

96 | "ROEDORES FOSSEIS

“Mus decumanus, M. leucogaster, M. rattus, M.mus-

culus;

Hesperomys Ani (e mais 3 especies de Hesperomys munda não determinadas) ;

Sciurus aestuans;

Cercolabes villosus;

Cavea aperea:

Coelogenys paca;

Dasyprocta aguti; |

Hydrochoerus capybara (ao longo dos rios Paquequer e Piabanha);

Lepus brasiliensis.

De Roedores fosseis do Brasil demonstrou Lund a presença de 31 especies antigamente existentes nas grutas calcareas de Minas-Geraes. Destas cabem 12 especies aos Murides, 6 aos Echimyides, 2 aos Cercolabides, 10 aos Ca- viides, e 1 aos Leporides. no periodo quaternario possuia 0 Brasil rica fauna de Roedores. Multiplamente representado era Hesperomys:; além disso havia uma especie de Myo- potamus (M. antiquus), duas especies de Hydrochoerus (H. aff. capybarae e H. sulcidens), 2 especies de Paca (C. laticeps e C. major) e finalmente 2 especies de Dasyprocta. E notavel “que destas ultimas uma (D. capreolus) attingisse ás propor- ções avantajadas da Corça: era portanto muito maior que as Cutias que actualmente existem. Seria tambem muito inter- essante si provasse exacta a determinação de restos do Mioceno da Suissa e de França que os Geologos declararam “pertencentes aos generos Dasyprocta e Cavia.

a ii Feng),

CONJUNCTO DOS ROEDORES =p

Do ponto de vista z00-geographico oferece o | conjuncto dos Roedores do Brasil muitas particularidades notaveis. Contam-se em toda terra cerca de 150 especies; ao Brasil cabem, como dissemos, cerca de 200, portanto mais | “de lj de totalidade. Sobre tudo são ricamente repre- sentados os Ratos pelo genero Hesperomys. Exclusivamente sul-americanas são as familias dos Echimyides e Caviides. Dos Cercolabides ha na sub-região brasileira apenas as formas caudatas. Fracamente representados são os Sciurides e Leporides, embora apparentemente não lhes faltem con- dições favoraveis á vida; não são familias autochtones, mas emigrantes do Velho Mundo, em epochas anteriores.

AFA ETA ÃO

=

98 NUMERO DOS UNGULADOS

VI

EUngulados UÚUNGULATA

De Ungulados possue à sub-região brasileira pequeno

“numero relativamente, no maximo quinze especies. Segundo

a conformação do casco e o. numero de unhas, dividem-se

em tres sub-ordens :

1) Perissodactylos, Ungulados de unha em numero impar familia dos Tapirides (Antas);

2) Artiodactylos pachydermatos, Ungulados de unhas de numero par e couro grosso —fumilia dos Suides (Porcos) ;

3) Artiodactylos ruminantes, Ungulados de unhas em numero par e estomago complicado familia dos Uervides (Veados). ç | Tanto os Tapirides como os dinda o Cervides estão

espalhados por grande parte do Brasil, de modo que quasi '

nem-uma das zonas até agora extremadas da sub-região bra-

sileira possue especies que lhe pertençam exclusivamente de uma ou outra familia. Como taes poderia quando muito | considerar-se o Nanelaphus nambi, (Cervus nanus), pequena especie de Veado, caracteristica do Brasil central.

y

Da familia das Antas (Tapirides) habitam o Novo Mundo tres especies. Tapirus Bairdii, especie ha poucos annos apenas conhecida, não tem clinas e 0 septo

ANTAS TAPIRIDES CREA

Ld

nasal é ossificado : é propria de Guatemala, na America Central. As outras duas especies, iTapirus americanus e Tap. Roulinii são da America do Sul, mas si este tambem importa á fauna brasileira é questão ainda aberta.

Tapirus americanus 37), a Anta dos Brasileiros, Ta- pira-caapoara da lingua tupy, Mborevi dos Guaranys do Sul, é actualmente o maior animal terrestre sul-americano. As femeas em geral são maiores, attingsindo à 2 metros de com- primento, e a 1” i de altura. Distinguem a Anta fórma pe- -sada, sulna; cabeça espessa e nariz conicamente alongado que se projecta em tromba, mas sem o disco nasal do focinho de Porco; olhos pequenos, grandes orelhas erectas e extre- mamente moveis como as das especies de Cavallo ; cauda curta, crinas curtas, asperas nas costas, pernas com quatro dedos adiante e tres atrás.

A Anta está espalhada por grande parte da America do Sul, desde o extremo Norte até o Prata, e: transversal- mente desde os Andes até ás costas do Oceano Atlantico; e dentro deste territorio por toda a parte está bem, onde quer que mattas extensas. pouco trilhadas peio homem, defrontem rios e arroios, lagos e brejos. Tambem por vezes percorre terrenos seecos e pobres d'agua, mas estes servem-lhe apenas de passeio. Em regiões habitadas leva vida principalmente nocturna; em trechos tranquilios, onde não ha gente, de manhã e á tarde está sempre em movimento, excepto ás horas quentes do meio-dia, que passa dormindo. Gosta de banho e banha-se muito ; a agua é elemento em que dá-se

cd Ru 57) Formula dos dentes :i v“c—-m ' | Psi das oa

100 ANTAS—TAPIRIDES

perfeitamente. Sua aliment.ção consiste em diversas espe- cles vegetaes : na matta procura os fructos das Cucurbitaceas indigenas (tayuyá e outras) e Passiflora (maracujás) : pasta tambem na macéga dos campos serranos. Das roças tira à conna de assucar, milho, batatas, melões, e nos logares em que é pouco perseguida produz ás vezes estragos considera- veis. Gosta de visitar de vez emquando as barreiras em que o sal aflora, |

A Anta é animal circumspecto, cuja audição e olfacto são mui desenvolvidos: grande é sua força muscular, que lhe permitte atravessar correndo as mattas trançadas de cipós. emato. Foge de preferencia na direcção de alguma cor- rente» A femea pare uma cria unica, cujo couro com suas rajas brancas longitudinaes difere muito do aspecto do pelo da Anta erada.

Com frequencia encontra-se a Anta captiva, principal- mente entre Indios que moram em rios, onde então repre- senta o papel de Porco domestico. Criada de pequena “torna-se mansa e acostuma-se com qualquer alimentação. En-* tretanto as Antas que têm chegado aos jardins zoologicos da Europa, em regra, passados algunsannos, enfermam dos pul- mões emorrem. Sobre sua reproducção quando captivas nada se sabe. E” muito caçada, tanto por causa da carne saborosa, como por causa do seu couro, muito apreciado pela espes- sura e força para os trabalhos de longa dura. A gordura do pescoço, vulgarmente chamada cacho, e os cascos gosam em muitos lugares da fama de medicamentos. |

No Estado do Rio de J ançiro a Anta foi rechaçada para as mattas mais altas e invias da serra dos Orgãos. Que eu saiba, ha muitos annos que aqui hão se mata um exemplar:

A 3

W o em

TAPIRIDES E SUIDES “o

maia a rt rate ia pia pi ema ma mi a

apenas alguns individuos ainda existem. Nas visinhanças de. Nova Friburgo encontrei a alguns annos rastos indubitaveis, e modernamente tambem nas adjacencias de Theresopolis, mas em serras em qne a caça é dificil. Certo é que o Tapir no actual Estado do Rio tende a extinguir-se. | Tapirus Roulini, preto côr de carvão, sem clinas, munido de pellagio ci sso, habita o planalto de Quito c as montanhas do Ecuador. Aflirma-se que por vezesse encontra em Minas- esa uma especie de Tapir ali conhecida pelo nome de Anta-xuré, talvez identica ao Tap. Roulinii. Teste- munhas fidedignas info am-me tambem que no Tocantins. e Araguaya vêem-se por vezes Antas que se distinguem dos outros individuos mais brunos por meio da côr cinzenta dominante. |

A iamilia dos Porcos (Suides) é representada no Brasil pelo genero Dicotyles 38). Embora estes Porcos indigenas e selvagens tenham exteriormente o aspecto do Porco domestico do Velho Mundo, d'este distinguem-se, sem fallar no tamanho menor, pelas cerdas consideravelmente

mais compridas e muito rijas, pela dentadura, pelas pernas esbeltas e delzadas, pela cauda curta representada por

um rudimento pequeno e escondido, e pela presença de uma

98) Formula, a RR

po 4 6 | | pa po = M— e ( m ) e a formula do Porco de casa 3 f Na

(Sus serofa domesticus) é: us ui ne ao, 3 a 4 o

102 QUEIXADA E CAITETU'

elandula grande e aberta em cima, na região dos rins, que deu causa aos primeiros colonisadores descreverem-nos como tendo o umbigo nas costas 39).

Dicotyles labiatus (D. albirostris, D. tajacu), a tiragua da lingua tupi, Queixada ou Queixo branco do Brasileiro, Tagnicati dos Guaranys do Snl, é a especie maior: tem 121, de comprimento. A côr geral é bruno- cinzenta; as cerdas têm um annel amarellado antes da ponta. No canto do beiço inferior apparece uma mancha esbran- quiçada que vai augmentando com a idade, de modo que todo o queixo de baixo, o labio superior e parte das ventas parecem brancos. Quando são novinhos; a cor geral é antes bruno-amarellada.

D. torquatus, Tajaçu caaigoara dos Tupis, Caitetu, Camelia ruiva ou Porco do mato pequeno dos Brasileiros, Peccari da litieratura estrangeira, alcança o comprimento de90a 95cent. E' de cor escura quasi negra e adornado “de uma facha larga e clara que á maneira de collar sobe-lhe do peito para as costas. As orelhas são muito pequenas comparadas com a do Porco domestico: o disco do focinho é de maior mobilidade que neste.

E" o mesmo o modo de vida dos Queixadas e Caitetús: os lugares em que habitam são a mais de um respeito iden- Licos, e parece-me facto notavel que, apezar de seu paren- tesco proximo, estas duas especies de Dicotiles façam casa

à parte e nunca se misturem em territorio habitado em commum.

emas.

J9) Veja-se Gabriel Soares de Sousa, «Tratado descripiivo do Brasil em 1587 », pag. 229 (Rio de Janeiro 1879, edição de Varnhagen).

“VIDA DOS SUIDES 103

Vivem em: varas de 10 a 100 individuos, embora difi-. cilmente se vejam mais bandos tão numerosos nas zonas costeiras habitadas. As duas tenho-as muitas vezes obser- vado nas mattas solitarias da serra dos Orgãos. Onde as mattas ainda se prolongam por legoas, sem ser interrom- pidas por estabelecimentos permanentes, atravessadas de arroios. com gargantas selvagens e romanticas, com gigantes vegetaes ocos e grutas rochosas é que se sentem eme Mudam diariamente de lugar e gostam enormemente de vagabundear; tem se observado que a mesma vara empre- hende viagens de 20 a 60 leguas. Nada os detém; seu ca- minho vai pelo denso e pelo ralo, pela matta mais enredada como pelo mato mais espesso, atravez de taquaras, bengalas e crissiumas, onde o caçador lentamente avança tortuosos atravez de grutas ingremes erricadas de rochedos e raizes, por cima de torrentes que rúgem como de rios que se alargam.

Sua approximação annuncia-se por um ruido parti- cular, que resulta do bater dos dentes; quando assanhados, acompanham ainda este estrepito golpeante de um ladrido semelhante ao do Cão. Sahem ora de dia, ora á noite á procura de comida, que consta de quanta especie de fruto silvestre cahe das arvores, de palmitos, de rebentos verdes e. succulentos de taquaras. Que tambem fossam o chão á cata. das raizes, demonstram-n'o as numerosas derrubadas, em que revolvem a terra exactamente como nossos Porcos domesticos. Ha poucos dias ainda, encontrei-me em uma matta solitaria da serra com uma vara de Queixadas, que uns roiam Anonas cahidas, outros descansavam á sombra de moitas de bengalas. Meu Cão de caça, que a principio

“104 VIDA DOS SUIDES

os perseguira, tornou gritando, pois nem todo Cão está à altura da caça de Porcos. Por vezes, principalmente no

tempo em que o milho está amadurecendo, irrompem em

grande numero pelas roças, causando os maiores estragos em poucos dias e poucas noites. |

As especies de Dicotyles parem duas crias que são ani- maes lindissimos e acompanham a mãi desde os primeiros dias, é certo que ás vezes perdendo-se ou extraviando-se, quando a vara se debanda com algum ataque subito. Pegados novos e criados, tornam-se muito mansos: quanto mais novos

melhor, como por experiencia propria posso afirmar de ambas

as especies. Os Dicotyles novos habituam-se facilmente á visinhança do homem, tornando á casa de volta de seus pas-

: Seios que se estendem até o interior das mattas. E” provavel

que os Porcos pequenos fossem muito mais geralmente pegados novos si não existisse entre muitos Indios um pre- conceito quanto ao uso de sua carne. Procuram avidamente os bulbos comestiveis de Caladium bicolor, Poceile, Colo- casia esculenta e outros Aroideas, chamadas taya em lingua tupy, de onde lhes vêm, segundo Martius, o nomes de Taiaçú e Taitetú, roedores de taya, quebradores de taya. Como ao en- contrarem algum trecho embrejado os rebentos a que foram arrancados os bulbos e ainda capazes de se desenvolver pro- pagam-se mais pelo solo, diz-se que elles proprios lavram sua terra, que são Mitymauara, isto, é jardineiros. De resto, dos Dicotyles mansos conseguiram os Indios que elles se repro- duzissem tão pouco quanto das Pacas e Cutias que andam por suas casas, como verdadeiros animaes domesticos. Queixada e Caitetú são animaes muito perseguidos por

todo o Brasil. Sua carne é saborosa, mas differente da do

SUIDES E CERVIDES 105

Porco domestico. Em vez de toucinho, encontra-se apenas camada pouco espessa de gordura. Afóra o homem, são os grandes Gatos que os perseguem. Na serra dos Oreãos tenho observado regularmente nas veredas trilhadas por Porcos do mato tambem rastos antigos de taes Carniceiros; é principal- mente a Onça vermelha que persegue as varas de Porcos em suas migrações, à espreita da occasião propria para agarrar o retardatario ou algum Porquinho que se tresmalhou.

Caracteristico da pericia dos Indios em fazerem animaes | domesticos dos animaes silvestres é o seguinte trecho de um viajante que não ha muito residio em Venezuela: «Em geral os Indios têm em seus ranchos todo um pateo de bichos a roda de si, no qual são frequentes Porcos do mato domes- ticados. Si por acaso a gente se approxima de taes cabanas, não é raro que venha recebel-a um Peccari ou Taiaçú de cabello cacheado, e fica-se de modo que não se póde ir nem para diante nem para traz, e é preciso esperar até que ap- pareça um habitante humano que aquiete o animal assanhado. A's vezes passão-se dias antes de se poder conseguir a ami- zade de tal Porco, que, entretanto, é a propria brandura para a sua roda».

A familia dos Veados (Cervides 40) assi- gnala-se em geral no Brasil, comparada com as fórmas do Velho Mundo, pelo tamanho menor e armação menor e menos esgalhada. Outra peculiaridade consiste em sua cauda.

Oia

| Pl O 40) Formula dos dentes:i=, cmo A 1

106 VEADOS V. GALHEIRO um tanto mais longa. Levando em conta o numero de esgalhos da armação e a presença dos dentes caninos na mandibula superior do macho, dividem-se os Veados brasi- leiros em dous grupos: Veados galhados e Veados. singelos.

A forma maior dos primeiros é Cervus paludosus, Suaçú-pucú dos Tupis, o Veado galheiro, que alcança o comprimento de 1I"il e à altura de 1 metro, attingindo assim quasi ás dimensões do Cervus elaphus europeu. En- tretanto a fôrma da armação é differente, pois todos os esgalhos ficam em um plano parallelo ao eixo do corpo. Às primeiras armações são singelas ; as segundas têm cada uma duas pontas: no correr dos annos vão augmentando as pontas até chegar a cinco. Seu pello é vermelho-bruno; uma malha preta corre pelas costas do nariz até o meio da fronte; a garganta e o baixo peito são esbranquiçados, o lado inferior da cauda e as extremidades do joelho para baixo anne- gradas. Nas femeas e nos exemplares novos falta a mancha preta do nariz.

O Veado galheiro habita nas mattas alagadas dos grandes rios, em pequenos ajuntamentos de tres a cinco individuos ; em regra vê-se um macho erado, uma femea e uma cria reunidos. A” tardinha, depois de posto o sol, durante a noite e de madrugada, sahe à procura de alimentação, que consiste em diversas especies de capim e plantas palustres; durante o dia jaz occulto na alta vegetação das margens. O olfato e a audição tem muito agudos; além d'isso, é muito cauteloso e cada perigo leva-o a, mediante fuga rapida, procurar salvação nos brejos. À femea pare apenas uma vez por anno, após gestação de oito à nove mezes, e tem somente uma cria

VEADO GALHEIRO E V. CAMPEIRO 107

que, passados quatro à cinco dias, acompanha a mãã. Diz-se que, pegado novo, o Veado galheiro fica muito manso. A carne não gosa de grande fama; em compensão, ni ê muito usada para gualdrapa.

A segunda especie do primeiro grupo, Cervus cam- pestris, Suacu-apara ou Suaçu-tinga dos Tupis, Veado branco ou Veado campeiro dos Brasileiros, Guazu-y. dos Guaranys do Sul, assemelha-se na fórma e no tamanho à Corça europea (Cervus capreolus), mas excede-a na ele- gancia do aspecto. À armação nos primeiros annos é de chifre singelo ; no segundo bifurca-se e tem um esgalho inclinado para diante e para cima; no terceiro anno bi- furca-se duplamente e tem tres pontas, das quaes uma Inclina-se para cima e para traz. O pello é bruno e aver- melhado-claro ; adiante de cada venta tem uma malha branca e um annel da mesma côr rodea-lhe as palpebras. | “A barriga e 0 lado interno das extremidades são brancos.

O Veado campeiro prefere os sertões descampados e seccos; tem decidida repugnancia aos brejos, assim como á matta densa. Vive ora aos casaes, ora em bandos, e, quanto “ao mais, leva a mesma vida que a especie precedente. No primeiro anno o macho, durante o tempo da fecundação, deita um cheiro mui desagradavel, que se póde comparar á catinga dos Negros, e diz-se durar alguns annos. Por isso

corre que a carne dos machos velhos é quasi intragavel, ao passo que a dos novos e das femeas é gostosa. "a

Cervus paludosus estende-se desde o Sul do Piauhy atravez de todo o Brasil central, é bem conhecido em Mato- Grosso, assim como ao longo dos rios Araguaya, Tocantins é

bm cm

108 VEADO MATEIRO E V. CATINGUEIRO Paraná ; tambem habita os grandes banhados do Rio Grande | do Sul e do Paraguay. | il Cervus campestris habita os descampados seccos dos mesmos Estados, e foi observado por Darwin ainda ao Norte da Patagonia, aos 41º 5. | | Ao segundo grupo, odos Veados singelos, que possuem armação curta e sem esgalhos, pertencem animaes menores que mal attingem ás dimensões da Corça. Cervus (Su-. bulo, Coassus) rufus, Suaçueté ou Suacú-pita da lingua tupi, Veado pardo ou Veado mateiro dos Brasileiros, é de côr castanho-clara, habita ou aos casaes, mas nunca aos bandos, tanto as mattas virgens como asregiões dos campos. Os novos tem tres carreiras longitudinaes de malhas brancas nos lados do corpo. O Veado mateiro é curioso, mas ao mesmo tempo creatura mui timida e cautelosa. A's vezes visita as roças, onde se regala de milho verde, couve nova e feijão, vindo muitas vezes a pagar o damno que faz com a gostosa carne. Cervus simplicicornis (nemorivagus), Suaçcu-birá. da lingua tupi, Virá ou Veado catingueiro dos Brasileiros, é ainda um tanto menor que a especie precedente e de cór pardo-escura uniforme. As crias são malhadas do mesmo . modo que as do Cervus rufus, Nem uma das duas espe- cies perde a armação annualmente. A femea apresenta em vez da armação duas pequeninas elevações e geralmente apenas tem um filho, por excepção dois. Esta especie ha- bita os campos e catingas do interior do Brasi! : evita, porém, as mattas densas da região costeira. | | ' A menor especie de Veados do Brasil é Nanelaphus | nambi (Cervus nanus), limitada ao Brasil central e conhe- cida em Mato-Grosso pelo nome de Nhambibororoca. Com

VEADOS MENORES UNGULADOS FOSSEIS | 109

a

o nome de Bororó ou Mão-curta conhecem os Rio-Grandenses um Veado pequeno, de côr vermelha dominante, que Hensel descreve como Cervus rufinus, conjecturando que prova- velmente é identico ao Ceryvus nanus. No Chile vive ainda outra especie menor, a menor conhecida, Cervus pudu.

Ainda não ha bastante clareza quanto ao parentesco destes pequenos Cervides; é possivel tambem que o Veado que Augusto de Saint-Hilaire descreve como existindo no rio 8. Francisco e ali conhecido pelo nome de Veado camocica (que tambem corre em Goyaz e informam-nos que em Marambaia no Estado do Rio), seja nem mais nem menos que o Cervus nanus.

De Ungulados que apparecem regularmente na serra dos Orgãos tenho apenas observado Dicotyles labiatus e D. torquatus, as duas especies de Porcos do mato. Quanto à Anta, refiro-me ao que fica antes dito.

De Ungulados fosseis têm-se encontrado nas cavernas calcareas de Minas-Geraes restos de 17 especies. Entre. ellas figuram dois Tapirides, cinco Suides (Dicotyles) e tres | Cervides. E” interessante que ás sete outras especiaes caibam animaes que não pertencem mais à fauna hodierna do Brasil. Assim achou-se uma especie de Cavallo (Equus neogaeus 41), tres especies de Antilope (Antilope maqui-

41) Modernamente distinguem Burmeister e Owen 2 generos de | Cavallos Sul-Americanos fosseis: HrppipiuM e Equus. No primeiro conta Burmeister H. principale (Equus principalis Lund), H. neogacum (Equus

(10 CONJUNCTO DOS UNGULADOS

nehsis), das quaes duas pertencentes ao genero Leptotherium, extincto; mais duas especies do genero Auchenia (Llamas), hoje limitado ás Cordilheiras. De Elephantides pre-historicos descobriu Lund tambem restos, —uma especie de Mastodonte.

Si envolvermos em um olhar o conjuncto de Ungulados que hoje vivem no Brasil, apparecer-nos-ão como feições faunisticas caracteristicas a ausencia de especies indigenas de Ovelha, Cabra e Cavailo, a falta de Pachydermes gigan- tescos iguaes aos que possue o Velho Mundo, assim como de grandes Ruminantes:; falta, pois, ao Brasil exactamente uma

neogaeus Lund), as duas especies maiores, HM. nanum, que é a especie menor. Para esta, caracterisada pelas ventas menores e differenças na dentadura, puxa elle Eguus curvidens (Eguus caballo affinis Lund) E. argentinus, E. andwum, especies fundadas apenas sobre os dentes. Haveria, pois, 6 cavallos da fauna dos Pampas.

Opina Burmeister que as especies de Hippidium não são Cavalos legitimos, mas outros animaes de maneira de viver diversa, em todo caso corredores melhores e mais resistentes que nossos actuaes Cavallos. e proximos parentes dos Anchilherios fosseis. Para base da comparação: das dimensões servem os seguintes Medidas: comprimento do craneo do Cavallo domestico 54 e, Equus curvidens 75 ec, Hippidium neogaeum 98º,9, H. principale, ainda maior. Do Equus curvidens diz, porém, elle, que era Jumento ou Zebra, mais provavelmente aquelle que esta.

A Formula dos dentes dos Cavalos fosseis é em geral:

Ford Vi i—, c>m—, SAR

ao passo que a Formula do actual é:

CONJUNCTO DOS UNGULADOS Vil

série de fórmas animaes que alhures tornaram-se animaes domesticos tão uteis para o homem. |

"* Em toda a terra são presentemente conhecidas 261 es- pecies de Ungulados. Destes tocam á sub-região brasileira apenas 15 especies, contra 246 das outras partes do mundo. A porcentagem de Ungulados brasileiros, relativamente ao numero total, é, pois, apenas de 9,1 0/º.

Ve ] Pig EA AN Bídn Via, RS A E UR e PY STE S BS

Ma NUMERO DE CETACEOS

vil Ceotaceos-CETACEA

Com seu extenso littoral, que alcança desde a Guyana Franceza ate o Rio Grande do Sul, o Brasil tem tambem bom quinhão de grandes Mammiferos aquaticos. Imaginemos uma linha traçada desde o cabo Verde até o de S. Roque e teremos uma secção do Oceano Atlantico, formada de um lado pela America do Sul, pela metade meridional da Africa de outro, visitada por Cetaceos gigantescos que trazem na sciencia o nome dos generos Balaena, Megaptera, Balae- noptera, Cogia, Physeter, Epiodon, Hunterus, Be- rardius e Catodon. Eram antes muito mais numerosos ; agora a pesca da Baleia, a navegação a vapor sempre crescente, devem ter-lhes diminuído o numero sensivelmente. Entretanto mesmo agora difficilmente cruzará o vapor aquelle trecho de mar sem que toque aos passageiros assistirem uma ou mais vezes ao espectaculo de Baleias que passam ou folgam ao longe.

A acreditarmos nos dados antigos eram então princi- palmente objecto de caça Balaena mysticetus e Physalus: De Catodon macrocephalus, Baleia que attinge a 207,

de comprimento e mais, de craneo quasi igual a um terço | do comprimento total, morphologicamente um Boto gigan-.

tesco, chamado Cachelot pelos Francezes, Spermywhale pelos Inglezes, affirma-se que por vezes tem sido observado no Pará,

PESCA DA BALEIA 113

chegando a nadar rio acima até a embocadura do Tocantins. Baleias que deem à costa não são ainda hoje raras no littoral dos diversos Estados; restos de esqueletos e mandibulas inferiores de Baleias vi eu proprio, e por mais de uma vez, em Cabo-Frio e visinhanças de Angra dos Reis.

Sobre a pesca da Baleia nas costas do Brasil temos um pequeno trabalho de incontestavel merecimento de Antonio Alves Camara 42). Por elle sabemos que esta pesca teve. principio na Bahia em 1603, por um Biscaynhu de nome Pedro de Urecha, que veiu de Portugal com o governador Diogo Botelho e trouxe para este fim duas embarcações guarnecidas de compatriotas para ensinar os Portuguezes.. François Pyrard 43) tocando, em suas peregrinações singu- lares pelo mundo, na Bahia em 1615, encontrou então o monopolio d'esta pesca em posse de um Francez, le Sieur Julien Miguel, associado com um Portuguez monopolio concedido por 7 annos. Ainda n'aquelle tempo vinham cada anno duas embarcações com gente pratica de Biscaya. Por alvará de 18 de Maio de 1798 o privilegio exclusivo foi abo- lido e mediante o pagamento de 6008 dava-se a concessão para o livre exercicio d'esta pesca a quem quizesse « con-

42) A pesca da balêa na provincia da Bahia pelo tenente da | armada, hoje capitão-tenente, Antonio Alves Camara. (Revista da Socie-. dade de Geographia do Rio de Janeiro, Tom. V, (1889), pag. 17-44.

43) Viagem de François Pyrard, (Traducção de Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, Nova Goa 1858, II, pag. 276.) | |

8

ue PESCA DA BALEIA

tractos». Isto significou uma renda para o Estado de 100.000 “cruzados por anno. Varnhagen conta que na média uma Baleia produzia proximamente um conto de réis em 16 pipas de azeite e perto de igual numero de arrobas de barbatana. Ainda em 1817 pescaram-se n'esta costa 232 Baleas, cujo producto foi avaliado em 440:800f. Mas hoje o numero de Baleas mortas na Bahia não excede mais de 50 (não entrando em conta as de Caravellas).

Os estabelecimentos para onde são levadas as Baleias mortas, para ser fabricado o azeite, chamavam-se e chamam- se ainda «contractos». Houve delles, na bahia de Todos os santos: em Ituapuan, na povoação, Pituba, Paciencia, povoação do Rio-Vermelho, Barra junto à fortaleza de Santo An- tonio, onde funcciona hoje o pharol; Gambôa junto à fortaleza de S. Paulo da Gambôa; Pedra furada, perto da ponta de Monte Serrat do lado da Penha, na villa de Itaparica, Man- guinho, ponta da ilha, porto do Santos, barra do Gil; houve- os e ainda hoje ha em Caravellas. Sabe-se que houve tambem «urmações» de Baleia em Piedade e Sant'Anna de Alagoinha no Estado de Santa Catharina; S. Sebastião, Bertioga, Villa-Bella da Princeza e Santos, no de S. Paulo e 8. Do- mingos (ponta da Armação), Guarapuava, Imbituba e Itapoco- rahy no do Rio de Janeiro—«<a respeito das quaes muito se levislou>. |

Em 1796 o producto foi:

BARBATANAS AZEITE COLLA Da ilha de Santa Catharina.... 820 quintaes 2.988 pipas 8 caixões VAN a o mm 180.» Villa do Rio de S. Francisco... -— 390, » ST

Destas «armações» apenas funccionam hoje a de Ituapuan, Manguinho, porto do Santos e Caravellas, todas da Bahia.

PESCA DA BALEIA 115

Em 1862 à iluminação publica na Bahia deixou de ser feita com o azeite de Baleia. O preço de cada «canada> (uma pipa=70 canadas) regulava no principio deste seculo 600 para 400 réis.

No estado da Bahia actualmente avaliam em 109 palmos ou 22 metros o comprimento da maior Baleia, a qual póde produzir 1.500 canadas ou cerca de 10.000 litros.

Quanto á terminologia trivial destes baleeiros bahianos communica o Sr. Camara, que chamam o individuo macho grande «Caxarréo», a femea adulta «Madrijo», o filhote «Baleato», o qual com algum desenvolvimento é chamado « Segullhote», e augmentando de tamanho « Meio-peixe ». « Cabrinha » é um «Madrijo» de pequeno porte e pouco desenvo.vimento. |

A embarcação especialmente usada neste serviço feita de « ollandim », relativamente fragil, é denominada «baleeira». A guarnição consiste em geral de 11 homens a saber: O arpoador, o timoneiro, o moço d'armas, 8 moços, 2 baleiei- ros, 2 arrieiros, 2 escoteiros, 1 cafuleteiro. Os instru- mentos, com que ferem a Baleia são o arpão e a lança; Os cabos chamam-se vinhoneira, ostacha e lavarintho. O pessoal do contracto compõe-se de: feitor-mor, feitor da praia, mestre dos facções, mestre das faquinhas, facções e faqui- nhas. |

O contracto se encarrega de derreter o toucinho, a | banha e a lingua da Baleia. O resto, que chamam «frag- mentos», com a carne é vendido a particu'ares, que em. - casa preparam o azeite para vender, ou para uso domestico. A carne, que passa por quente, é assada em pequenos “nacos para ser vendida à gente pobre, que a consome, para

116 PESCA DA BALEIA DELFINIDES

o que a collocam em um giráo e accendem o fogo em baixo, - fogo que é depois alimentado pelo azeite que cahe. Actualmente os contractos, ainda os que não funcei- - onam, estão arrendados a um negociante ingilez.

A Baleia, da qual o Sr. Camara falla debaixo do nome trivial de <«Balgado», é muito provavelmente a Balaenoptera rostrata, facil de conhecer pelas lista branca transversal do lado superior da nadadeira peitoral. O «Cachalote», que elle chama «o mais valente e tambem o mais raro», pela diseri- pção não parece ser outra cousa sinão o Catodon macrocephalus. As outras especies, por elle citadas de passagcem, não me é possivel identificar, visto que as descri- pções são demasiadamente incompletas para uma determina- cão selentifica. |

De Cetaceos menores, que se dividem nos dois grupos de Delphinides e Sirenia, apresentam o littoral brasi- leiro, o curso inferior dos rios costeiros, e até mesmo parte “do curso superior do Amazonase de seus tributarios maiores, porção de especies. Do primeiro grupo, os generos Globio- cephalus, Acanthodelphis e Delphinapterus são ainda verdadeiros habitadores do mar, ao passo que os generos Steno, Inia e Sotalia contêm inquilinos de rios e bahias. '“Inia amazonica, conhecido ao Norte pelo nome de Bôto-

branco, tem 2 a 3” de comprimento, é por cima cin- zento-azulado, por baixo esbranquiçado, tem longas nada- deiras peitoraes, uma nadadeira dorsal muito baixa, cauda * profundamecte recortada. A cabeça é arredondada, o focinho

SOTALIA E STENO a

comprido, pontudo, encabellado; em cima possue a denta- dura 66 a 68 dentes, embaixo 64 a 66. Este singular Bôto da agua doce habita o alto Amazonas (Guaporé e Madeira), tambem é indigena no Perú e Bolivia, até muito em cima nos Andes, o igualmente em alguns rios da Guyana e no Orinoco. Diz-se que vive ora aos casaes, ora aos banidos, devora a preza com o focinho levantado em cima d'agua, gosta de fundo de pedra e agua clara, e chega-se curioso aos fogos que á noite os navegantes accendem nas margens

dos rios 44), Degtcno tucuxi, cinzento-escuro pelo lado de cima pardo

violaceo no abdomen, existente na barra do rio Negro, e Santarem, e aii chamado Pirajagoara, media um macho pegado por Natterer, 1,3. Esta especie de Boto, provavel-

mente identica a St. pallidus e St. fuviatilis procedentes do

ato Amazonas. parece habitar especialmente o curso inferior do rio Tocantins. Tanto quanto sabemos, tem St. tucuxl

attribue aos Botos nas crenças populares da

41) Sobre 0 papel que se José Verissimo : «o Bôlo, O

região amazonica informe o seguinte Sr. uyára» do Índio, oceupa largo espaço na sua imaginação é o nosso interior está cheio de contos maravilhosos sobre este animal. O Bôto,

como a Sereia antiga, canta, e, qual o deila, tem seu canto o dom de

seduzir. Ai da donzella que o ouve por noite de luar | os lndios criam que o Bôto aproveitava-se das occasiões em que as mulheres se banha. vam para seduzil-as e gozal-as, ainda mais que, revestindo rormas de um mancebo gentil, vinha ás vezes por noite alta partilhar a rêde das

virgens das florestas, não raro atiribuindo a este D. João fluvial a 8 |

gravidez de muitas. é filha da imaginação da mulher, brir uma falta, que ao menos em algumas tribus altralia serios castigos.

« Não ha muito tempo que ouvi dizer que um Bóto scb formas “humanas fora alta noite render finezas a uma rapar'ga, os que narra-

Esta crença, o ultimo faco parece comproval-o, que por ventura procurou assim enco”

aa 'SOTALIA BRASILIENSIS

em cada metade da mandibula superior 33, em cada metade da mandibula inferior 28 dentes.

A bahia do Rio de Janeiro tem seu Boto particular que - parece em nem-uma outra parte se encontrar, excepto talvez na bahia de Todos os Santos, segundo modernas informações fidedignas 49), E' Sotalia brasiliensis 46), descripto primei- ramente em 1874 pelo zoologo belga Prof. Eduard van Bene- den. O exemplar original media 1,21” e era do sexo masculino; uma femea prenhe, examinada por mim em 1886, media mais de 2” e tinha na barriga um fosto de 0,7” deextensão. De pas- sagem notarei que constituem ainda uma raridade das collec- ções zoologicas esses animaes que vêm aos bandos os passa-

geiros dos barcos a vapor que cruzam a bahia do Rio de Janeiro.

A cor do Boto da bahia do Rio de Janeiro é cinzento-

vam o facto faziam-no com a maior boa fé... O Bôto faz naufragar ca- nÔas em que ha moças, para se apossar d'ellas. Os olhos d'este animal são considerados preciosos amuletos para abrandar corações de amantes, seus dentes preservativos excellentes contra as dores d'estes orgãos e contra perigos da primeira dentição. Outra especie da mesma familia, O clucuxy» é, segundo accreditam, bastante amigo do homem, a quem soccore e livra, travando lucia com o Bôto. |

D'esta crença no Bôto resulta uma enfermidade nervosa que acom- mette homens e mulheres, sob a denominação de «uyára» (Scenas da vida amazonica pag. 59 seg.).»

Sei por experiencia propria que entre os pescadores da bahia do Rio e costa circumvisinha circulam lendas semelhantes a proposito da Sotalia brasiliensis e outros. Botos extranhos á mesma bahia.

49) E' duvidoso si o Boto da bahia de Todos os Santos, caso exista,

representa Sotalia brasiliensis, ou S. guyanensis, particular ao littoral. da Guyana. o | 94 SA

46) Dentadura : e

33 (35 ] 33 (35)

“SOTALIA E MANATUS 119

azulado-pallida no dorso e na nadadeira caudal; os lados do corpo são de lindo colorido amarello-laranjo (cor de salmão), muito caracteristico, pois a maioria dos Delphinides tem cor uniformemente escura, quasi preta.

"* Igualmente característicos são seus movimentos: de creve uma linha ondulada, perpendicular á superficie do mar, curva, cujas culminações demoram abaixo da tona d'agua, D'ahi resulta que cada vez que sobe, nosso Boto apresenta primeiro o lado superior da cabeça, mas nunca a cabeça inteira, depois a nuca, depois a nadadeira dorsal erecta e todo o dorso, não sahindo, porém, a cauda fóra d'agua. Não se conhece outro membro dos Delphinides com movimento identico. A nadadeira dorsal se estende para traz até perto da região caudal e a nadadeira caudal é singular- mente achatada, contrastando com o tronco regularmente redondo, no sentido da secção transversal. O rostro é curto, a cabeça, como aliás em todos os Delphinides, um tanto asymetrica. A columna vertebral conta 54 vertebras, das quaes 7 cervicaes, 11 dorsaes, 13 lombares, 23 caudaes; e 11 pares de costellas.

Pontoporia (Stenodelphis) Blainvillei consta que é por vezes observado, embora raramente, na lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Entretanto esta especie parece antes pertencer ás aguas uruguayas e argentinas.

Do segundo grupo o das Sirenia, possue o Brasil duas especies de Manatus 47), chamado Peixe boi pelos Brasileiros A UNNRUDO dO ERRA)

47) Formula dos dentes: i—, c—, m-———. y RUA 0 nei 8 (10)

SO Cs MANATUS— PEIXE -BOI]

e Goaragua ou Goarabá, na lingua tupi. São Manatus ame- ricanus (latirostris), da costa septentrional do Brasil, prin- cipalmente dos pequenos rios e lagos entre o cabo de Orange, que limita. no Oyapock o Brasil com Cayenne, e o cabo Raso do Norte; e M. inunguis, do Amazonas e todos os lagos e rios que nelle desembocam, e tambem do Orinoco. Antes descia peia costa até o rio S. Matheus, no Espirito Santo segundo informa o principe Zu Wied-Neuwied, cuja viagem é do principio deste seculo. Os Peixes-bois que se caracterisam pelo tronco fusiforme e tosco, pela cabeça romba e acha- tada, pela nadadeira da cauda disposta transversalmente e quasi redonda, são herbivoros que andam á procura, ao longo dos rios costeiros, de plantas palustres e juncos,ete. Sua cor é pardo-azul-escura, seu comprimento médio é de 17,8 a 3.

No territorio do Amazonas e ao N.do Brasil este estolido animal é muito caçado, principalmente petos Indios, por causa de sua carne e de sua gordura, que se assemelha ao azeite | da Baleia. No Passeio Publico, no Rio de Janeiro, têm estado 4 mostra mais de uma vez diversos exemplares vindos do Norte.

Na redondeza de Teffé, durante a secca, é o Peixe-boi que fornece carne; mas pelo sabor de azeite deve tal carne exigir bom estomago e valente appetite. Alí apanham-no com arpão ou redes fortes. A pelle eo oleo, que é muito gordo e coalha facilmente, passam por medicamento, princi- palmente para o rhcumatismo, na medicina popular.

Mais de uma vez tem se tentado levar Manatus vivo para a Europa. Por causa de um Manatus americanus que | tinha 17 mezes, e ainda mamava quando pegaram-no no rio Maroní, nos limites entre Cayena e Surinam, eera des-

MANATUS PEIXE-BOL | 121

tinado ao jardim zoologico de Londres, teve-se, ha alguns annos, de levar a bordo do vapor uma vacca leiteira especial. O animal fez bem a viagem, mas approximando-se das costas britanicas, succumbiu ao frio, por não se terem lembrado de aquecer devidamento a agua.

mena,

122 NUMERO DOS DESDENTADOS

VIII Desdentados =. EDENTATA |

O numero de especies de Desdentados da sub-região brasileira importa em 30. D'estes cabem 3 generos com 12 especies á familia dos Bradypodides (Preguiças); 4 generos com 13 especies 4 familia dos Dasypo- dides (Tatús): 3 generos com 5 especies á familia dos Myrmecophagides (Tamanduás).

Caracteristicas da região amazonica são as especies seguintes: Cholepus didactylus ; |

Bradypus bra:hydactylus, B. infuscatus, B. marmo- ratus:

Cyclothurus didactylus.

A" parte septentrional da região costeira são pro- prias : Bradypus torquatus:

Dasypus minutus.

A parte meridional da zona costeira apresenta de particular Arctopithecus [Bradypus] tridactylus.

O Brasil central tem os seguintes Desdentados cara cteristicos : Ê

Prionodontes gigas:

Xenurus loricatus:

Dasypus tricinctus (corurus).

“o

'BRADYPODIDES PREGUIÇAS 1

“A familia dos Bradypódides 48) Preguiças conta Os 3 generos: Choloepus, Bradypus e Arctopi- “thecus.

O primeiro é constituido por animaes que, pelo conjuncto do habito externo, assemelham-se ás nossas Preguiças do Sul, mas nos pés dianteiros possuem apenas 2 garras em fórma de gadanha e 3 nos pés trazeiros. Pertencem ao N. da America do Sul. Ch. didactylus chega a ter 10 c. de comprimento, é de uma cor bruno-pardacenta e tem cara annegrada. Natterer observou que estes animaes devoram folhas e fructos "nas mattas que beiram os rios Negro, Xié, Içana e Vaupé. Em sua paíria é conhecida pelos nomes de Augy e Ai-mirim, entre as pessoas que fallam a lingua geral. Ambos os Sexos são de igual cor.

No genero Arctopithecus incluem-se as Preguiças que têm 3 garras nas mãos dianteiras e cujos machos tém uma malha de cor nas costas. Arctopithecus trida- ctylus (pallidus), Ai-ibireté da lingua tupi, Preguiça da terra firme dos Brasileiros, é bruno-amarello-claro ; desde as. espaduas, o espinhaço é malhado de claro à direita e á esquerda da linha media; dos olhos até o pescoço prolonga-se uma raja annegrada; a testa é branca. Bradypus torquatus, | chamado ao Norte Ai-ygapó ou Ai-pixuna na lingua geral e

Preguiça das vargens pelos Brasileiros, possue uma fita preta que lhe cobre a nuca e as espaduas. Arctopithecus in- fuscatus tem o pello bruno-escuro, salpicado de malhas cla-

48) Formula dos dentes : O O é) j dE) 6 RE, mM NS AT O O 4

GRE VIDA DAS PREGUIÇAS

“ras, uma linha dorsal preta e uma mancha vermelho-ama- reila na nuca.

A maneira de viver de todos estes Bradypodides é concor- dantemente o mesmo. São animaes de construcção apparen- temente pesada: entretanto quem tem ensejo de observal-os em liberdade convence-se iogo da excellencia com que são appropriados á vida nas arvores de matta grossa. Suas longas extremidades dianteiras, seu estirado pescoco e a cabeça são extremamente moveis, girando em quasi: todas as dire- cções, como difficilmente os possuirá qualquer outro Mammi- fero. Seus novimentos são demorados, mas extremamenta se- guros: e onde as garras engatarem, não será facil soltal-as, a menos que o proprio animal o queira. A expressão do rosto é simploria, bondosa, amigavel, o que corresponde com fide- lidade ao temperamento do animal.

Mesmo quando maltratado ou perseguido, não perde logo a indiferença stoica. Fecha os olhos, abaixa a cabeça, cruza enverconhado os braços e em apuros resolve-se a rosnar ou assumir posição ageressiva, com um dos braços anteriores.

As Preguiças vivem isoladas na matia densa, trepam cau- telosas até o topo das embaúbas (Cfecópia) e congeneres, devoram os grelos, os rebentos novos e as folhas tenras e tambem uma vez por outra saboream algum tenro fructo sil- vestre. Em consequencia da estructura do corpo, seus movi- mentos não podem sersinão um engatar e desengatar na parte inferior do galho, e um rojar de corpo para diante ou para traz, ' para cima ou para baixo, que ao trepar n'um tronco vertical,

VIDA DAS PREGU.ÇAS 125 graças à força que faz no abdomen e as pernas que ficam muito apartadas uma da outra, lhes extraordinaria segu- rança:; não pode em posição elevada andar por cima de qualquer galho horisonta!, a maneira de outros qua lrupedes.

No peilo felpudo, de cabellos longos e macios, que têm certa semelhança com os da Corça, às vezes carregam estes inoffensivos epigonos de uma geração que em periodos ante- riores foi numerosa e bem desenvoivida, um museu de parasitas. se observou ali uma alga, e de hospedes do reino animal posso mencionar por experiencia propria Car- rapatos, por vezes de tamanhes enormes, pequenos Blattides ' (Baratas) e até Microlepidopteros (Traças). Proveitosa para este animal é a cor de seu pello que pouco na vista; em- quanto conserva socegado, facilmente se deixa de enxergal-o, porque a cor de seu pellagio frequentemente pouco differe da de casca de arvore. |

Além do homem, que a persegue por causa da pelle e entre algumas tribus de Indios, por exemplo, os Botocudos que tudo comem, por causa da carne, a Preguiça conta talvez por unico inimigo os grandes Rapineiros (Harpyia e conge- neres) e tambem a Onça vermelha. Isto ajuda-a muito, pois com o pequeno augmento (a femea pare annualmente apenas uma cria, que se agarra ás costas da mãe) aguarda-as em futuro não muito remoto igual sorte à que tiveram seus pon- derosos avós.

Ao contrario dos Bradypodides, reduzidos exclusiva-. mente á vida arborea, pertencem ás duas outras familias de Desdentados, os Dasypodides e Myrmecophagides,

Eneas DASYPODIDES—TATUS

formas de animaes que quasi exclusivamente vivem no chão, chegando mesmo a levar a vida debaixo da terra, em que. sabem trabalhar bem. |

Como se sabe, os membros da familia dos Dasypo- dides (Tatús) foram dotados pela Natureza de aspecto por tal modo singular que é tão impossivel esquecel-os quanto confundil-os com outros quaesquer animaes. Este ha- bito especifico é determinado pelo corpo mais ou menos cylindrico, pela cabeça pontuda e conica de olhos pequenos, orelhas grandes em forma de cartucho de confeitos. cauda mais ou menos longa e reforçada, pés de garras fortes, e antes de tudo pelo couraçamento regular de placas osseas, duras e lisas, de quasi todas as partes do corpo que de cima e de lado podem ser abraçados pelo olhar.

Entre as 13 especies existem todas as gradações de tamanho, desde formas realmente gigantescas até graciosos anões. Cuidado com a designação de Desdentados, que não se pode considerar das mais felizes. Dentes de qualquer especie faltam aos Myrmecophagides (Tamanduás); apenas os incisivos e caninos é que faitam a todos. Ao passo que os Bradypodides apresentam em cada lado da masdibula su- perior o molares, e na mandibula inferior 4, os Tatus são muito ricamente sortidos de taes dentes, pois especies ha em " que o numero total de dentes attinge á consideravel somma de 96 a 100, isto é 2x<25 em cima e 2x 24 em baixo

Prionodontes (Cheloniscus, gigas 49) é o gigante desta familia; attinge a 85m/m de comprimento, sem contar

49) Formula dos dentes: i— , c

CTATU! CANASTRA 127

45 de cauda. Desdeo Surinam » por todo o interior do Brasil até o Parag guay, é conhecido, habita as mattas, mas nunca é commum, e vae mesmo tornando-se uma das maiores raridades das colle- “cções zoologicas. Na lingua tupi tem o nome de Tatuaçú ; em Minas, Goyaz e Mato (Grosso chamam-no Tatú- canastra. ; Conta de 11 à 13 cintas moveis. A garra média muito des- envolvida do anterior, é comprimida em forma de foice; é conjunctamente com os caninos do Jaguar, empregados pelos Indios : os Bororós de Matto- Grosso trazem-nos em iórma, de rosarios pendentes do pescoço ; - os Bacahirys do mesmo. Estado usavam-no como cavador. Modernamente foi levado | do sertão de S. Paulo para Berlim um casco de 'Fatú-. canastra que servio de berço em uma familia de Indios.

Xenurus gymnurus (Das sy pus 42-cinctus 90), clia-' mado Tatu-aiba ou Tatu-xima na lingua, tupi, e Tatú de rabo molle pelos Brasileiros, é ainda uma forma respeitavel, embora não passe de 43 c. As 13 cintas constam de car- reiras tranversaes de escudos quasi que regularmente qua-. drangulares: na parte superior da cabeça ha uma porção | de grandes placas pentagonas ou exagonaes; a cauda redonda e curta parece de pelle molle, mas tambem está munida de placas redondas e pequenas. O Tatú de rabo molle parece | ainda com o Tatú-canastra na garra anterior media, que tem tambem muito desenvolvida. Não é muito commum:. tambem não gosa de boa fama; . diz-se que à noite gosta de causar estrago nas roças de mandioca.

Inteiramente semelhante, mas on Ran Mo menor, é Xenurus loricatus. int

ad) 0 8 (9) 500 E opala Gi . 0 T(8)

RB DUDARO PERAST, GALLINHA, Mo BOLA

Dasypus (Euphracius) setosus (D. sexcinctus 01), «chamado Tatiú-peba na lingua tupy, Tatupoyú pelos Guaranys “do Sul, e ás vezes Tatú-cabelludo pelos Brasileiros, tem a. cauda coberta de placas de osso e conhece-se logo pelas “cerdas asperas que existem na borda posterior dos escudos -da couraça das costas. As garras anteriores são menos anor- malmente longas, mas o conjuneto é pesado e tosco.

Tatusia novemcincta 52), Tatu-eté dos Tupis, Tatu-hu dos Guaranys do Sul, Tatú verdadeiro, T. salinha, T. de tolha dos Brasileiros, se distingue das especies de que até aqui hemos tratado pela cabeca terminando em focinho pontudo, assim como pela cireumstancia que os pés de frente tem 4 dedos, em vez de o. Os individuos novos são creaturas muito oraciosas e delicadas. O que aqui entre o povo se chama chama Tatu mirim e T. veado significa apenas diferença de idade.

Apenas 3 cintas conta Dasypus (Tolypeutos) conu- rus=tricinctus 59), Tatú-apara, T. bola dos Brasileiros, que tem numero de dedos igual ao da especie precedente e distin- gue-se das referidas especies em poder assumir a forma de verdadeira bola, na qual fecha a cauda e as pernas : a cabeça lorigada forma uma como que tampa. Esta é sua unica “defeza, pois não parece ter a mesma facilidade de escavar dos

0 ) 9 51) Formula: i—, c—, m-—. O 10

| D O) 8 52) Formula: i—, 0—, m—. 0) O)

VIDA DOS TATUS 129

outros. Conhece-se esta especie tanto na republica Argen- tina como em Mato Grosso, onde em Outubro de 1825, no: sertão além do rio Jaurú, nas proximidades de Caicara, observou-o frequentemente Natterer no capim, mesmo antes. do pôr do sol, e ainda em outros Estados.

Ane os Tatus são animaes de preferencia nocturnos, que ao escurecer começam a sahir de suas tocas à cata de alimento, que geralmente consiste em Insectos, e para algumas especies occasionalmente de pequenos Mammiferos. e substancias vegetacs. Quem andar á noite ferá fre- quentes occasiões de encontrar estes Cataphractos à caça. pelos campos e pelos caminhos: quanto mais rica uma região em Formigas, Termites e larvas de Cascudos, tantas mais. vezes o deparamos. Entre os orgãos de seus sentidos parece: que os mais aperfeiçoados são os do ofacto e de tacto.

Seu andar costumado é o choto, não recto, mas rapido.. Ora anda para frente, ora pula para a direita e para a. esquerda para fungar alguma cousa. Anda aos pulos, com pausas ora maiores, ora menores; quasi todo o seu movi: mento correndo ou escavando é acompanhado de um sussurro- de satisfação. Seu caracter é bastante arrebatado, como se poderá convencer quem quizer pegar um individuo. Tatusia 9—cincta, por exemplo, quando o espantam de repente, sabe, a maneira de uma baia de peça disparada. saitar em curva. forçada de ingreme ladeira abaixo, indo esconder-se com a. maior rapidez na macéga. Apanhado e levantado segu- rando-se pela cauda ou peia perna, arranha com as jortes.

garras de maneira bem sensivel e tenta, encolhendo-se e: 9

Rg o VIDA DOS TATUS

| distendendo- -Se de chofre, à feição de peuna elastica, esca- par ao poder de quem 0 persegue.

Na disposição de suas galerias subterraneas, cuja secção: se assemelha a um estribo e desce obliquamente, alargando-se pouco a pouco, denunciam admiravel rapidez, e em poucos minutos fica feito um buraco maior que o volunie do animal, que então não é nem-uma tareíia simples extrahir. Estes buracos de Tatús, em que em algunslogares se tropeça a cada passo, incommodam pelos caminhos pedestres e cavalheiros. Muito desastre d'ahi tem resultado na America do Sul.

Ao que parece, as especies de duas tetas dão à luz Mal crias, as de 4 tetas 4 a 6, que são muito bonitas. Em sete femeas prenhes de Tatusia 9-cincta que tenho examinado, tenho encontrado n'um caso 2 crias (Agosto de 1891): em 6 casos 4 de- cada vez (Julho e Agosto de 1892). Uma singularidade embryologica do Tatú consiste em cada um foeto possuir seu amnion proprio, estando, porém, todos deitados ao lado uns dos outros num unico sacco do chorion. Tem-se tambem verificado que as crias de cada parto são regularmente de um sexo—ou todas machos, ou todos “femeas 54).

Os Tatus são muito perseguidos por toda a America do Sul por causa de sua carne. O Tatú caçado de pouco, lavado

54). O povo do Rio Grande do Sul sabe disso. Von lhering refere, “que n'aquella região corre a seguinte quadrinha : “O tatu, mais a mulita

E' lei da sua creação *

“Sendo macho não pode ter irmã,

Quando femea não pode ter irmão. »

(Muita chamam no Sul o Praopus hybridus).

TATUS E TAMANDUÁS 131

bem em agua quente e limpa cuidadosamente a superficie

“externa de modo a ficar livre do cheiro da terra, é uma co- “mida deliciosa, principalmente assado no casco. A carne de “Tatusia 9-cincta é de gosto semelhante á da Gallinha. En-

tretanto constitue excepção D.setosus, o Tatú cabelludo, cuja carne diz-se de cheiro desagradavel. Esta especie come tam- bem carniça e pequenos Vertebrados ; eu proprio encontrei

no estomago de um delles 5 Ratinhos ; e Natterer encontrou

no estomago de dois exemplares de Tatú de rabo molle de uma vez 6, de outra 8 Camondongos. |

Desdentados no sentido restricto da palavra encontram- se na terceira familia, a dos Miyremecophagidesou Tamanduás 55). Seu corpo comprido, coberto de forte pello, sua longa cauda, seus fortes pés de longas unhas para escavar e, principalmente, a longa cabeça pontuda de pequena fenda buccal, lingua extraordinariamente extensivel dão-no logo a conhecer. E” carateristica a sua maneira de andar, pois march: com a borda exterior da palma das mãos tendo as garras voltadas para dentro. Todas as especies têm atraz 5 dedos; adiante o numero de dedos varia.

A especie maior é Myrmecophaga jubata, o Taman- duá-açu da lingua tupi, T. bandeira ou T. cavallo dos Brasi- leiros, Yurumi dos Guaranys do Sul, que alcança o compri- mento de 1, 142 e éfacil de conhecer pela vistosa cauda que forma grande bandeira. A cabeça é exquesitamente alon-

| 0 (O 0) 55) Formula portanto: i—, ce—, m—. 0)

pi | TAMANDUÁS

gada, medindo eila cerca de 0,9”. Do peito para. as costas. corre uma raja larga, obliqua, ourelada de branco em cima; tambem em cada nm dos pés dianteiros ha uma raja preta, em forma de meia lua. No pescoço existe uma crina, que. para traz vae se tornando cada vez mais comprida. O Ta- inanduáa-bandeira possue adiante 4 garras, atraz O; as mais longas são a e das natas dianteiras.

Quasi a metade do tamanho, apena

FR. a, rs nd al it LaAnanÃus GLiVvIit=

cadeça curta e “cauda lisa não frocada, tem ontra especie, ! tata (ME. tetradaciyla), Tamanduá-y ou T. mirim da lin- gua tupi, T. collete ou T, cn dos Brasileiros, Cuztaré dos Guaranys do Sul, muito semelhante, aliás, no aspecto a M.jubata. As partes claras são em regra ciuzento-amarello- pallidas: o pello é por toda a pa:teliso, rente, brilhante e-não

alcança ao comprimento do da espe ecie anterior. E: Forma muito menor é Cyclothuzus didaciyias, que alcança apenas 2 23.€. (a cauda mede. 25 €.); adiante: pôssue apenas en muito grandes semelhantes 43. :da' Preguiça, j io sedoso; a cor amareito- o

ie daN

atraz 4, O peito é denso, « avermelhada.

Todos os Myrmecophagides vivem de Formigas e Ter- mites, que cacam durante odiar Muito auxiliam-nos nisto:

por um lado o orgão do olfacto bem desenvolvido, de ontro - as fortes garras com as quaes podem abrir e destroçar as casas daqueles Insectos, não raro munidas de fortes paredes Pela abertura introduzem à lingua muito longa, filiforme, inçada: de espinhos corneos agudos, passada em secreção . elanduiar viscosa, na qual os desejados Insectos apegam-se | às porções, cabindo-lhe na bocca quando recolhem a lin- gua. Diz-se que o Tamanduá-bandeira pode estirar à lingua

VIDA DOS TAMANDUAÁS 129

até 99 c. e esta pode, estendida, ser recolhida 150 vezes por mi- nuto. Myrmecophaga jubata, a especie maior, é animal cara- cteristico da região dos campos do Brasil, mora no chão e não sabe trepar. Cyelothurus didactylus, especie menor de todas, que encontra-se em Borba e no Pará, é levado pela con- strucção do corpo à vida arborea, e nas arvores susten- ta-se de especies de Termites e Formigas que habitam nas alturas. No meio está Tamanduá bivittata, que se arranja tão bem no chão quanto é exce lente trepador.

Os dois Tamanduás maiores são animaes incffensivos, mas que influem respeito por sua grande força corporal, Atacados e assanhados poem-se de pé, rosnam e procuram agarrar o atacante para apertai-o nos reforçados braços. Tal abraço pode ser perigoso para o homem e para os animaes; ha casos bem verificados de viajantes e caçadores postos em apuros por M. jubata (Bates, Tschudi).

A multiplicação dos Tamanduás é pequena: a femea pare apenas 1 cria por anno, que é carregada nas costas algum tempo e mais tarde acompanha a mãi por alguns mezes, provavelmente porque suas garras ainda não são bastante fortes para abrir as casas de Termites. Persegue-o o homem por causa da sua pelle que, no Paraguay por “exemplo, estendida por baixo da roupa da cama, passa por preservativo contra O rheumatismo. E” preciso poupar tão util animal; oxalá os governos e autoridades locaes consi- derem de seu dever tomal-o sob sua protecção 56).

56) Segundo uma nota inedita de Ferreira Penna, que tanto conhecia a natureza amazonica, o Tamanduá anda zelosamente á procura de ninhos, sendo muito guloso de ovos.

134 DESD

E Ls ae a x En = (a) mM ta (e pa 64)

No lado septentrional da serra dos Orgãos tenho obser- yvado até agora os seguintes Desdentados : aa tridactyius;

Tatusia novemcincta (a especie mais irequente) ;

Dasypus setosus, Xenurus gy: mnuras:

Sun biviitata.

Consideravel é o numero de Desdentados fosseis até equi descobertos na America do sul, 's6 nas cavernas cal- careas do rio das Velhas obteve Lund a consideravel somma de 27 especies: diversos Desdentados de grandes dimensões encontraram-se tambem em formações semelhantes no sertão do Estado da Bahia, nas visinhanças de Jacobina. Às espe- cies descobertas peio Dr. Lund destribuem-se da seguinte “maneira pelos 3 grupos que distinguimos: Bradypodides com 12 especies; Dasypodides com 13 especies; Myrmeco- phagides com 2 especies. Destas 21 especies, apenas O appro- ximam-se mais ou menos de especies hoje vivas, que são os Tamanduás e mais 3 especies de Tatus.

De Preguiças prehistoricas encontramosos à generos ex- tinctos : Ochotherium (1), Megatherium (2), Platyonyx (6) Coelodon (2) e Spheúodon (1). As 3 primeiras eram Bradypo- dides de tamanho consideravel, mesmo coiossal e peso gigan- tesco; Megatherium e Platyonyx eram muito pesadas para . poder trepar'e deviam ter vivido no solo. | Pr

Dos generos extinctos dos “Tatus fosseis merecem menção: Euryodon (1), Heterodon A), Chlamydotherium (2), Hoplophorus (2) e Pachytherium (1). Chlamydotherium e Pachy-

DESDENTADOS FOSSEIS 135

therium eram Dasypodides das dimensões do Tapir e do Rhinoceronte. |

Le Tamanduás extinctos ha que mencionar apenas um genero: Glossotherium.

Interessante é a ana.ogia entre o modo de viver dos Bradypodides fosseis eo dos actuaes Myrmecophagides : em ambos 03 casos as formas grosseiras, erandes e pesadas mora- vam no chão, emquanto as especies menores e mais leves aqui. como ali mostravam-se habeis em trepar.

De Desdentados do mi toda a terra 44 especies. Tem de especies da sub-região brasileira é de 50, resulta logo da comparação destes algarismos 0 dapio

ando actual conhecem-se por lo nós dito acima que o numero

fede, e

1) que os Desdentados por sua albundancia de formas constituem parte integrante da fauna sul-americana, em. prestando-lhe cunho característico ;

2) a. sub-região brasiieira abriga mais de 2/5 dos Des-. dentados que actualmente vivem,

Das 5 familias faltam apenas 2 na America do Sul à dos Manidides, existentes nas sub-regiões ethiopia e criental, e a dos Orycteropodides, da sub-região ethiopia. Esta pre- ponderancia de Desdentados, tanto vivos ainda agora como terciarios do Plioceno do rio da Prata e dos Pampas, deve considerar-se valioso apoio da opinião de Ruetimeyer, segundo o qual a America do Sul, quer em forma que mais ou menos se approximava da actual, quer, mais provavelmente, como fragmento de grande continente circumpoiar antartico, foi O centro originario de distribuição de uma iauna peculiar antar- tica, cujos Mammiferos caracteristicos eram Desdentados. e talvez grandes Roedores. |

136 CONJUNCTO DOS DESDENTADOS e Na TA DI Tm.

Damos em seguida uma ligeira noticia de alguns dos Desdentados fosseis mais notaveis do Brasil. Por aqui se verá o que foie o que é esta ordem. Megatherium. Animal tamanho como o Elephante (M. Cuvieri, 42,5 de: comprimento, 27,5 de altura), tronco possante, pés dianteiros reforçados, extremidades posteriores extremamente massiças e broncas, forte cinta escapular, bacia larga, espessa, e cauda grossa. Os dedos eram armados de garras sobremodo fortes e poderosas: tinha 4 adiante e3atraz. A dentadura constava de 5 molares em cima, de cada lado, 0 0) Õ

de secção quadrada. Formula dos dentes: i—, c— m—. A coroa O) O) 4

muito sulcada.

Mylodon. Um pouco menor (M. Harlemi 37,5 de comprimento), mas de construcção mais grosseira ainda, si possivel. Pés anteriores com 5 dedos, pés posteriores com 4: os dois dedos externos adiante e atraz sem garras, os outros de garras grandes. Dentadura igualmente:

õ) m in Ao contrario de Megatherium cujos dentes ficavam chegados,

os destes eram separados por intervallos; a secção era triangular, a coroa lisa. | Megalonyx. Comprimento 275, altura 176. Desenvolvimento golpeante- | 5 | mente excessivo de garras nos pés. Dentadura tambem m ; dentes:

1 ellipticos e de coroa concava. (M. Jeffersoni)

Scelidotherium. Talvez o mais bronco e tosco dos animaes terrestres que jamais existiu, cuja coixa era essencialmente mais larga do que alta Dentadura e pés eguaes de conformação aos das especies anteriores Até aqui encontrado na America do Sul.

Glyptodon. 2 a 3 m. de comprimento. No habito geral semelhante ao Tatá por causa das placas que prendiam dorso e abdomen em conraça rija e immovel, mas não eram dispostas em fitas transversaes regulares.. Molares com sulcos peculiares, profundos na coroa. Dos actuaes Tatús distinguia-se o Glyptodon, assim como os outros Desdentados fosseis, acima referidos, por um prolongamento jugal, que descia vertical- mente para baixo. |

Em algumas especies a cauda se adensa em forma de pillão (Doedi- curus, Panochtus).

NUMERO DOS MARSUPIOS les

x

Marsupios-MARSUPIALIA

Os Marsupios representam-se na sub-região brasileira por uma unica familia, a dos Bidelphyides 57) ou Mucuras. Esta divide-se em 2 generose 21 especies. Um terceiro genero, Hyracodon, acha-se fóra do Brasil, especial- mente no Ecuador.

A região amazonica apresenta as seguintes especies particulares :

Didelphys cancrivora, D. ochropus, D. macrotarsus, D. glirina (de especies extra-brasileiras dos estados visinhos de N. e O. podem mencionar-se: Didelphys dorsigera, noctivaga, musculus).

A região septentrional e oriental da costa tem como especie caracteristica Didelphys cinerea.

A" região costeira do Sul são peculiares: D. myosurus,

D. microtarsus, D. velutina, D. unistriata, D. tristriata, D. Azarae, D. crassicaudata, D. sceapulata, D. incana 58).

de 3 kh 58) Depois de redigidas estas linhas, chegou-me ás mãos um trabalho

a 3 SS Sus orla lcdos Gembesnr Cas De (=)

de H. von Ihering, contendo a descripção de mais 4 especies novas : Didelphys Koseritzii, Peramys Henselii, Peramys Iheringii, Peramays Sorex. (Mam. do Rio Grande do Sul, pag. 98 e seg.). Ficaria, pois, O

numero de especies brasileiras clevado de 21 a 25.

4

| 158. DIDELPHYIDES MUCURA ado EmapboremattOO À ao eae DS a do a SD ia (to Dra a e e) at ed ue im o E O Brasil central tem como especies caracteristicas : Didelphys poecilotis (albiventris), D. afíinis, D. lanigera, D. domestica.

A especie maior é Didelphys cancrivora, animal das dimensões da Irara, com longa cauda de Rato, cuja metade dig é cor de carne, ao passo que a metade medial é de cor preta. |

Muito chegadas a esta são 2 outras especies: D. au- rita e D. Azaras, a primeira de longos grannos nas costas e aos lados do corpo, orelhas e patas bruno- annegradas, a ultima com a metade das oreltas branca.

D. cancrivora, uniformemente bruno-negra, que não possue nem uma marca especial de cor na cabeça, pertence tambemao N.da America do Sul (Amazonas e Surinan). Didel- phys aurita, com uma malha clara de cada lado por cima dos olhos, e outra segunda no logar interno da inserção da orelha, estende-se por grande parte da zona costeira do Brasil e, ao que parece, habita tambem o Brasil central. D. Azaras pertence ao Sul (Rio Grande do Sul, Paraguay Grão-Chaco). Tem-se por vezes misturado estes animaes uns com os outros, e muitos têm querido explicar ora os 2 ora todos 3 como variedades de uma e mesma especie. Si é certo que estas especies maiores de Didelphys apre-

sentam, conforme a idade e a estação, differenças mais ou "menos consideraveis na dispesição das cores do pello, não menos certo é que a sciencia Rue a combina com à PRN Sia que aqui faço.

MUCURA E CUICAS 139

A todas estas especies maiores dão os Brasileiros o nome generico de Gambá, de origem africana; no Amazonas e onde ainda se falla lingua geral conhecem-nos pelos nomes: de Saruê, Sariguê e Mucúra. |

Muito mais mimosas são as especies pequenas de pello macio, aveludado, por vezes de linda cor, que ás vezes atiim- gem ay tamanho de um Rato, mas outras vezes não passam do de um Camondonge. Commum, e por isso mui conhecido aqui no paiz, é Didelphis (Metachirus) quica, tambem cha- mado pelo povo Cuica e Gogyacuica. O pello desta é cinzento nas costas, na barriga branco-amarellado; de cada. lado dos olhos, em cima, ha uma malha branca, arredondada. A malha assim como o focinho comprido, ornado de fortes vibrissas, as grandes orelhas redondas, e principalmente os. olhos muito sahidos das orbitas, semelhantes a grandes perolas de vidros negros, dão a esta e outras pequenas Mu- curas physionomia caracteristica, na qual se decifra o: gosto de rapina e a avidez do sangue. |

Didelphys (Microdolphys) tristriata é ainda con- sideravelmente menor e mostra no pello vermeiho-bruno tres: estrias pretas que correm-lhe ao longo do espinhaço: outra especie, D. unisiriata, que existe no interior de S. Paulo, possue apenas uma estria preta longitudinal.

Todas estas especies menores de Didelphys são chamados. Jupati ou Jupatiima na lingua tupi, palavra que, segundo: | Martius, significa animal que sustem ou carrega sua cria: Os. Brasileiros chamam- -nos genericamente Cuícas. |

A forma mais bella e tambem a mais notavel é Chi- ronectes palmatus, Possue no pello cinzento das costas 4

140 MUCURAS E CUICAS

largas malhas transversaes pretas, das quaes as da frente estendem-se até ás proximidades das mãos. Além disto é ca- racterisada pelas patas trazeiras providas de membranas na- tatorias e pelo alargamento arredondado que senota nas pha- langes anteriores dos dedos. «Cuícas d'agua» chama-as aqui 0 povo, denominação excellente, pois o animal. conserva-se muito tempo nos regatos, nada bem, construe sua casa nos buracos das margens, caça peixinhos e suas ovas, assim como Caranguejos e Insectos aquaticos. Embora esteja muito espa- lhada por todo o Brasil, a Cuíca d'agua é rara por toda a parte. |

Ao primeiro olhar e á consideração superficial, poderia ser- se levado pela semelhança destes Marsupios sul-americanos com os Ratos, a acreditar que se antolha Roedores; mas não a dentadura como tambem a maneira de viver mostram que temos aqui legitimos Carnivoros, dos quaes estão sepa- rados unicamente por suas peculiaridades embryologicas e anatomicas. De facto forma-se nas femeas pelo alargamento da pelle abdominal e em volta de mor parte das glan- -dulas leitaes, geralmente em numero de 10, um sacco ou bolsa (marsupio) que no tempo da reproducção se desenvolve de modo particular e serve para receber as crias que nascem em estado muito lastimavel, até que se habilitem a seu papel de cidadãos do mundo. Dura isto cerca de dois mezes. Afinal abandonam a bolça, ora por pouco, ora por mais tempo, mas ainda assim não deixam a mãi. O numero de crias oscilla entre 5 e 16. | |

VIDA DOS DIDELPHYIDES 141

Os Didelphyides levam principalmente vida nocturna, têm incontestaveimente o sentido do olfacto bem desenvol- vido, mas denunciam antes avidez de morticinio do que intelli- gencia real. Em suas correrias nocturnas, nas quaes dão caça a Camondongos, Aves, ovos, grandes Insectos e fructos sucu- lentos, caem com frequencia nas habitações humanas, onde, a maneira das Martas, causam no gallinheiro estragos espan- tosos em pouco tempo. Gostam de chupar sangue e matam muito mais dc que precisam para saciar a fome. Meio em- briagados pelo cheiro do sangue, mostram-se nas tentativas de fugir muitas vezes indecisos e desasados, e o ladrão de Ga- linhas, não raro apanhado em flagrante, é commumente pros- trado por um cacete no campo de suas carneficinas. A gente persegue-o onde avista-o; ninguem ha que sinta sympathia por esta geração.

D. quica abunda ordinariamente no tempo em que as fructas amadurecem e atreve-se entrar pelos jardins a procura de laranjas e bananas. Por toda a parte affirma-se que os Didelphyides gostam de embebedar-se, desde que se lhes apresente aguardente n'um prato raso. Durante o dia habitam nas mattas e moitas espessas. dormindo es- condidos em algum recanto. Perseguidos e atacados, rosnam a maneira de Gatos, derramando cheiro desagradavel, que procede da secreção de duas glandulas. Quando se tiram estas direito e a tempo,e se tomam as necessarias precau- ções culinarias, a carne de Mucura é quasi tão boa como a de Galinha. No captiveiro é raro ver estes animaes ; sua natureza somnolenta durante o dia e seu pequeno grão de intelligencia, que nem lhes deixa conhecer direito seus guar- das, tornam-nos bem pouco recommendaveis. Tambem não.

(ei za DIDELPHYIDES FLUMINENSES

têm grandes pretensões. Ha alguns annos levei uma Cuica viva para a Suissa e sustentei-a durante o tempo de viagem exclusivamente de fructas.

Na serra dos Orgãos tenho podido até agora observar 0 eolleccionar de Didelphyides os seguintes: D.aurita, D. quica, D. macrotarsus Natterer (D. murinus Burmeister?) D.mi- crotarsus (Grymmacomys agilis Burmeister), D. tristriata. E" para reparar que D. macrotarsus N. era antes apenas conhecido do rio Madeira e considerado pelos zoologos como caracteristico da região amazonica.

De Didsiphyides fosseis conhecem-se 7 especies das cavernas caicareas de Minas-Geraes, em sua maioria con- nexas com especies ainda agora existentes, e das quaes nem uma alcança grandes dimensões.

O desenvolvimento relativamente pequeno que tiveram os Marsupios que hoje vivem ou antigamente, em periodos geologicos anteriores, viveram na America do Sul, conduz á - conjectura que o centro proprio de dispersão dos mesmos “demora em outra parte do mundo. Dos 86 generos e 149 especies de Marsupios espalhados por toda a terra conta o Brasil apenas 1 familia com 2 generos e 21 (ou 25) especies, a dos Didelphyides, portanto um pouco mais de 14% da somma

“total. Faltam as familias dos Dasyurides, Myrmecobiides,

ii Peramelides, Macropodides, Phalangistides ja Phascolomyides. |

DIDELPHYIDES FOSSEIS 143

El-dorado dos Marsupios do mundo actual é a Australia; aquelle continente foi tambem muito rico em representantes . fosseis desta ordem e possuia nos generos Diprotodon, No- totherium e Thylacolco, do periodo post-terciario, formas gicantescas, das quaes à primeira, por exemplo, está para o actual Canguru como o Megatherium para a Preg uiça da actualidade.

144 POBREZA APPARENTE EM MA MMIFEROS

IX

CONCLUSÕES GERERAES

Na introducção deste trabalho mostrei como o natura- lista que pela primeira vez calca territorio brasileiro traz comsigo expectativas exageradas, ao menos no que respeita à fauna de Mammiferos, e fundando-se em sua primeira orientação conclue que é patente a pobreza faunistica do paiz.

Succedeu isto a Burmeister, que é o proprio a confessa-lo nas seguintes palavras: «No todo, o mundo de Mammiferos do Brasil em nem-uma parte se antolha ao viajante de modo a sorprendel-o muito; tem-se maior trabalho em procural-o do que ensejo para evital-o. Quem conhecer dos nossos musêos europeus a grande riqueza do Brasil em diversas especies de animaes, ficará singularmente sorprendido ante a pobreza apparente de sua patria, tanto nas mattas como nos descampados. E” incontestavel que, por exemplo, quando a gente caminha pela matta virgem, julga na apparencia encontrar-se em solidão absoluta».

| O mesmo succedeu tambem a Bates, que o seguinte total de suas primeiras impressões nas excursões primeiras | que fez ás mattas virgens do Amazonas: « Desapontou-nos não encontrarmos nem um dos animaes maiores da floresta. Nem movimento tumultuoso, nem rumor de vida. Não vimos, não ouvimos Macacos; nem Tapir, nem Jaguar cruzou-nos O caminho >.

RAZÕES D'ESTA APPARENTE POBREZA 145

E o mesmo informa por sua vez Wallace nas seguintes palavras: « À impressão mais geral produzida pelo primeiro. trato com as florestas equatoriaes é talvez a ausencia relativa. de vida animal. Quadrupede, Ave, Insecto exigem todos que a gente os procure, e muitas vezes succede que é baldo esforço procural-cs».

Ha, pois, uma decepção parcial da qual tornamos apôs visita mais demorada, com a experiencia e aprofundamento: que della decorrem. Tomando agora em consideração os mo- tivos que levam a tal desapontamento, depois de reflectir um pouco apparecerão os seguintes: |

1) A grande maioria de Mammileros do Brasil que agora vivem é de pequena estatura, e por causa de suas dimensões. exiguas pouco na vista (Roedores, Morcegos, Hapalides) ;

2 Entre as fórmas maiores de Mammiferos muitas especies vivem isoladas ou aos casaes, ou então em bandos pouco numerosos. A's grandiosas sociedades animaes que a Africa, por exemplo, depara-nos nas Antilopes, nas Elyenas, nos Gatos, nos Elephantes, nos Cavallos, nos Bufalos, nos Gnus, contrapõem-se pallidamente no Brasil apenas alguns Macacos, as duas especies indigenas de Porcos, e até certo ponto as Capivaras; |

3) Muitos dos Mammiferos brasileiros levam vida prin- cipalmente nocturna, e por este motivo escapam ao obser- vador superficial (Roedores, Gatos, Morcegos, Tatús) ; |

4) Grande contingente dos Mammiferos brasileiros são trepadores, adaptados á vida arborea, que encontram excel- lente escondrijo nas folhagens copadas ; | |

9) Muitos são de tal maneira protegidos pela cor do

4 10

146 MAMMIFEROS MAIORES

peilagio que multa vez se contundem perfeitamente com a cór da redondeza (Preguiça, muitos Ratos); |

6) A grande maioria dos Mammiferos maiores é de indole arisca, e vae se recolhendo à medida que o homem. vem penetrando em seus pastos, toma delles conta e os tran- sforma em pontos de cultura. Mais sensivel se torna esta revolução gradual, que desde o Jescobrimento da America, acelerou o passo, para os habitantes propriamente ditos da matta virgem. Anvego mais tenãz a seus assentos denotam ainda assim os moradores de rios e arroios (Capivaras e Lontras), bem como alguns dos Mammiferos proprios .do sertão, embora dentre estes algumas iórmas mais impor nentes vão tendendo para a extincção.

A” extinccão tendem manifestamente diversos ani- maes do Brasil, entre outros Icticyon venaticus, Cercomys cunicularius, Prionodontes gigas (Tatú canastra). Uma série de outros Mammiferos se acha naquelle estagio de: cs- cassez numerica que Darwin designa muito bem como pro- dromo da extincção completa. Em algumas regiõ es do Rio Grande do Sul, por exemplo, Myrmecophaga, jubata, ou : Tamanduá bandeira, extinguiu-se; ao Norte e no centro | do Brasil, Cervus paludosus, o Veado galheiro ; Chrysocyon jubatus, o Guará ou Lobo do Brasil, apresentam-se cada “vez mais raramente, e o mesmo caso se com algumas especies de Macacos e Preguiças, assim como com Chiro- nectes palmatus, ou Cuíca d'agua. |

Aquino Estado do Rio a extincção dealguns Mammiferos selvagens maiores está imminente, embora para uma “ou “Outra especie o facto ainda não esteja consumado. Contam-se | neste numero diversos Veados, alguns Gatos, principalmente

MAMMIFEROS A EXTINGUIR-SE 14%

e

os maiores,e em primeiro lugar a Onça pintada, ca Onça ver- melha: entre os Ungulados, o Tapir. Sium naturalista quizer daqui da cidade saber em que parte de nosso Estero existem

uitimos exeriulares destes Mammiferos soberbos, dirija os olhos po: cima da bahia além dos picos azulados dos Orgãos. Levam ali os escassos sobreviventes. em reductos quasi impenetraveis, os poucos dias de vida que lhes estão contados. Provavelmente antes de transcorrido o quarto seculo depois que os Europeus tomaram posse da bahia do Rio de Janeiro, terão se esvaceido estes animaes orgu- lhosos, ideal de caça dos Indios, lembrados apenas pela historia do mundo animal do nosso Estado.

Acentuamos antes que entre os Mammiferos brasileiros encontram-se muitos trepadores. Em todo caso é para notar que a adaptação á vida arborea esteja tão espalhada, e com razão tem se designado isto como peculiaridade caracteristica dos animaes superiores indigenas. Contam-se neste numero sem excepção todos os Macacos do Novo Mundo, que são de | primeira força na arte de trepar e em grande parte armados | de grandes caudas prehenseis que, como quinta extremidade, . não cedem em importancia aos braços e pernas, e em algumas especies quasi se lhes avantajam. |

Nas especies de Eriodes (Monos) encontram- -se caudas | prehenseis no maior estado de desenvolvimento, que em baixo, do lado inferior, apresentam um trecho e caloso, lembrando na superficie interna a mão da gente, compensação condigna do pollegar perdido e atrophiado nas mãos dian-.

148 MAMMIFEROS TREPADORES

teiras. Pegue-se em um Mono morto de fresco e far-se-a uma experiencia de sorprender: o extremo inferior da cauda pren- de-se automaticamente ao dedo que se encosta, de modo que póde ter-s: seguro por elle o Macaco morto, com seu peso que não é pequeno, e levantal-o.

Trepadores encontram-se entre os Carnivoros nos Feli- des, nos Mustelides, nos Procyonides: entre os innumeros Roedores trepam todos, salvas algumas excepções, do mesmo modo que entre os Didelphyides, que empregam muito bem a cauda longa, muriforme. Entre os Desdentados actuaes, os Bradypodides (Preguicas), como se sabe, são exclusiva- mente trepadores, nos quaes o rudimento da cauda, physi- ologicamente inutil, é compensado pelas garras compridas, em forma de fouce, dos braços e das pernas. Mesmo entre os Myrmecophagides encontrames no Tamanduá bivittata uma especie que dá-se tão bem nas arvores como no chão, servindo-se no primeiro caso tambem de forte cauda.

Esta tendencia para trepar dominaria sempre no mundo dos Mammiferos americanos ?

Nossa resposta será : Não. E nisto precisamente consiste “uma feição importante: da comparação numerica dos trepa- dores actuaes com os das éras anteriores apura-se resultado nverso. E, creio, a expiicação do fácto não é das mais difi- ceis. Lembremo-nos que o desenvolvimento paleontologico do reino vegetal seguio o mesmo progresso do mais simples para o mais complicado e mais perfeito por que passou 0 reino animal. Começou pelas Algas marinhas (Thalassophy- tas); seguio-se o reino dos Cryptogamas vasculares, depois o periodo das Gymnospermas, depois a época das Monoco- tyledoneas, para finalmente começar o reino das Dicotyledo-

DESENVOLVIMENTO DA FLORA 149

neas, primeiro com as Apetaleas, mais tarde com as Dialy-. petaleas e finalmente com as Gamopetaieas.

Exactamente esta flora de Dicotyledoneas, que gra- dualmente se fortaleceram, foi que trouxe comsigo a multi- partição do tronco da arvore, a formação da copa abundante e fortemente esgalhada. O dominio daqueila flora de Ape- taleas, que deve ter tido muita semelhança com afidra actual da Nova Hollanda, apresentando, por exemplo, as “Cesalpineas como precursoras das Leguminosas, incidio, porém, com a formação da Greda e do Esceno, portanto entre o fim da época mesozoica e o principio da terciaria. pouco a pouco, durante a época terciaria, começaram a abrir caminho as Dicotyledoneas superiores e então appa- receram os principios de um caracter de vegetação que: lenta e gradativamente leva à que hoje notamos nas mattas virgens do Brasil.

Aquelle processo de formaçõo das diversas familias das actuaes arvores da matta havia apenas começado, estava ainda em pleno fluxo quando—como estará lembrado o leitor attento da Introducção apresentaram-se os precursores massiços de nossa especies de animaes actuaes. Especiali- sando a familia de Desdentados, pergunto eu: Para os Bradypodides terciarios e quarterrarios, cm taes condições da flora, o talento de trepar seria necessario ou siquer dese- javel ? Abstrahindo de que o peso do seu corpo impunha veto, parece-me tambem que o trepar em tronços erectos e indivisos de Cycadeas e Palmeiras, ou de Gymnospermas | lisas, quebradiças, de folhas ralas, devia sem duvida ser mui * pouco convidativo. Não faltavaza ainda fructos que attra-.

150 PRECURSORES DOS ACTUAES TREPADORES

hissem, como tambem copa compacta de proveito. para a offensiva ou defensiva.

O Megathorio, em certo sentido avô de nossa RA Preguiça, e outros grandes congeneres, sabiam cercamente arranjar a vida escavando com as suas garras gigantescas e derribando com o corpo colossal as arvores alimenticias cuja folhagem cubicavam. O desenvolvimento excessivo de sua bacia, da massa de seus membros posteriores relativa- mente á parte dianteira do corpo mais fraca, é indício e aro de que o Megatherio se punha facilmente de pé, a maneira de nossos hodiernos Tamanduás quando assumem posição offensiva. e deixa tambem entrever quanto devia ser-lhes util como encosto a pesada cauda, extraordinariamente grossa, cujas proporções inauditas e gigantescas apophyses hoje se nos afiguram tão extranhas. O desenvolvimento corporal con- centrou-se nos pontos em que era maior à exigencia de força, na parte posterior do corpo, phenomeno analogo ao que se nota na estruciura do corpo do Boi e do Bufialo, em que aquella exigencia recae sobre o pescoço.

E acaso não oiferecerá a hodierna Australia prova go!-

peante de quanto é exacta minha asserção? De facto em uma flora que conservou caracter mesozoico patente com seus Eucalyptus e Casuarinas predominantes e sua pobreza de arvores de copa densa, é espantosa a falta de Mammiferos “trepadores que alli se nota. Na maneira de viver destes Mammiferos sul americanos. “Cumprio-se, pois, no decurso de longos periodos geologicos, uma transformação, compassada pela alteração completa por que passou o caracter physionomico da região.

Os descenden em do Megatherio, os actuaes Bradypo-

TREPADORES 151

-dides, abandonaram o solo, e levam apenas vida arborea, na qual perderam a cauda inutil ou incommoda, ficando apenas “com um coto. E foi uma felicidade, por que na conversão à vida de trepadores estava sua salvação, a conditio sine qua nor da continuação de sua existencia. Houvessem perma- necido no chão, e teriam certamente morrido e os conhe- -ceramos hoje por seus esqueletos fosseis. O Tamanduá pequeno comprehendeu tambem a vantagem de ceder ao pro- gresso e romper com as vetustas tradicções de sua familia. Provavelmente sobreviverá a seu primo maior, M. jubata, que resolveu continuar a levar a existencia no chão, conser- vador de bol.

Nem-um pendor para aprender a trepar mostra o grupo dos Dasypodides, os Tatús. As especies menores estão em certa posição vantajosa em consequencia do numero relati- vamente grande de sua prole, mas o hodierno Tatú-gigantesco, Prionodontes gigas ou Tatú canastra, tem os dias de vida contados, podemos dizel-o sem medo de errar,

Quão proveitosa foi a vida arborea para tantos Mammi- feros sul-americanos mostra-o, conversamente, o facto de nem uma das especies trepadoras haver abandonado perma- nentemente este modo de vida.

A grande maioria de Mammiferos que hoje vivem no Brasil é de pequena estatura. Buffon em tempo escreveu que na America a força creadora nunca possuira bastante sustancia. Si houvesse conhecido o mundo extincto da fauna dos Pampas e das cavernas calcareas de Minas-Geraes, teria .

152 MAMMIFEROS DE GRANDES DIMENSÕES

dito que a força creadora na America arrefecêra de intensi-- dade. A estatura relativamente pequena é, de resto, uma “conhecernça gradual e não absoluta dos Mammiferos sul-- americanos. Cousa semelhante se observa na actual fauna de Vertebrados das outras partes do mundo, por exemplo da Europa, da Australia, e podemos bem affirmar que o periodo “actual por toda a parte favorece manifestamente a fauna de pyemeus. Quantos daquelles Mammiferos monstruosos, das “dimensões gigantescas da época terciaria, culminam ainda agora ? Os dedos da mão bastam para enumerar os exemplos. São entre os Mammiferos aquaticos a Baleia, cujos precur- “sores, os Zeuglodontes, de mandibula guarnecida de dentes, ha muito pertencem ao passado; entre os Mammiferos ter- restres o BWlephante, o Rhinoceronte, o Hippopotamo, a “Girafa limitados á Africa, excepto o Elephante que tambem existe na Asia; e, até certo ponto, o Alce (Cervus alces) reduzido ao Norte do Velho e Novo Mundo, fraco parente “do Cervus euryceros, que talvez até a aurora dos tempos historicos habitou o Norte da Europa e de uma ponta da galhada é outra media cerca de quatro metros.

As Baleias maiores procuram hoje refugio nas aguas geladas dos dois polos; entre os Elephantes da Africa e da Asia, assim como entre os outros Pachydermes, executa 0 homem terriveis devastações. Impõe-se, pois, a conclusão. que o periodo actual não ajuda a conservação e muito menos | o desenvolvimento de Mammiferos gigantescos. Aos pequenos pertencem o mundo e o futuro. Isto demonstram pequenos Roedores, por exemplos Ratos e Camondongos, que pageam 0 homem como parasitas em todas as migrações e travessias, " apezar do odio que os envolve resistem com successo na luta

HYLAEA-SERTAO—MATTAS 153

pe'a existencia, requintam a adaptação ás circumstancias «externas e visivelmente vão ganhando terreno.

Inquerindo agora si e em que as diversas partes da sub- região brasileira que distinguimos differem entre si na “composição actual de sua fauna de Mammiferos, ter-se-á «colhido da leitura deste trabalho que a Amazonia com sua riqueza de Macacos, Morcegos e Gatos occupa o primeiro lugar, tanto mais quanto ao mesmo tempo a maior parte das “outras Ordens acha-se ali muito bem representada. As mattas marginaes da Hylaca, como este territorio foi cha-. mado por Humboldt, tornaram-se naturalmente o ponto de: “reunião predilecto dos Mammiferos trepadores. Com quanto: “0 conjunto dos Mammiferos do rio das Amazonas apresente. “um cunho accentuado, não se pode por outro lado negar que: “à fauna de Mammiferos das mattas costeiras do Norte e do. “Sul pouco mais é que um prolongamento meridional da. “mesma, algo enfraquecido, pelo menos quantitativamente.. A ordem de Macacos, pelo menos, vai se encolhendo visivel- “mente quanto mais se vem para o Sul, quanto ao numero de: especies; a mesma tendencia, mais ou menos clara, nota-se igualmente em outras familias. Em contraste aspero com a fauna de Mammiferos do

“Amazonas e das mattas costeiras apresenta-se a do Brasil «central. Onde quer que mattas ribeirinhas extensas e con- tinuas acompanham os rios que as cortam,achamos Mastis 59),

59) H. von Ihering propõe a palavra Mastis para indicar o conjuncto dos Mammiferos, do mesmo modo que Ornis indica o conjuncto das Aves, de qualquer região.

Moss SERTÃO DARWINISMO de caracter igual ao da matta virgem da região mencionada. Não fallo destas, mos da região do sertão que pelas condi-- ções naturaes é a verdadeira patria dos Veados, dos Chacaes, dos Cães, dos Lobos, do grande Tamanduá, de diversos Tatus.. Descampados cobertos de macéga e sem arvores são aqui como alhures a habitação predilecta dos Ungulados e dos. Canides : aqui na America ajuntaram-se-ihes mais alguns Desdentados, em quanto, ao contrario da Australia, os. Marsupios pertencem aqui menos à região do sertão do que. à da matta.

Em conclusão, seja-nos licito lembrar que a America do: Sul, si não deu o berço ao Darwinismo; foi o lugar em que tal idéa foi concebida. Por occasião de uma viagem a volta do mundo a bordo de Beagle, entre 1831 e 1835, offerece- ram-se ao fundador do novo systema de philosophia natu-- ral, ao visitar o Brasil e a Argentina e pela combinação da fauna dos Mammiferos presentes e passados, aquellas Impres-- sões que com todo direito devemos considerar os alicer- ces daquelle systema genial,

LITIERATURA SOBRE

OS MAMBIFERDOS DO BILASII

Macacos—(SIMIAE)

|— HUMBOLDT. jd! de, Recúeilid observations de zodlogie el d"ana- tome comparece laites dans Vintórieur du Nouveau Contineat. Pais IS, |

AR rg PE A tt trum cl Vespei tilionum brasiliensium species novae. Monaeh. 1829. j

3 SCHLEGRE. Il, Nano eraphie JE Singes (Colléciions du Musée d'histoire natnrelle des p iys-bas). Leide 1876.

4 REIGHENBACIL L., Vollstaen ige Naturgeschichte der Afien (Si- miar). Dresden 1569.

9— GEOFFROY St. HILAIRE, Isidor, Deseripticas de Mammileres

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6-IDE AL. Deseriptions de Singes américains nouveaux. Paris 1850.

4 JDEM. Catalogue mélhodique des Mammiféres dans la Collection du Musée d'histoire naturelle.—1T. Primates-——Paris 18091.

& -GRAT. I. Bb. Catalogue of Monkeys, Lemurs in the Bmlisn Museum 1872. 9— WAGNER. A., Abhandlungen der k. bairischen aAkademic, der

Wissenschaften in Muenchen. Brasilianische AZen. B. IL, pag. 44 (Osteologia). B.. V, pag. 407 (Systemaltica) 10 IDEM. (Schre der, Sdugethiere, Supplementband V),

Morcegos—( CHIROPTERA )

HH SPIX L de tConfer 2).

2 -—-WAGNER, A. o mim der k. bairischea Nata io Wissenschaíten in Múnchen. Morcegos brasiiciros (Espólio Natterer) Bd. V, pag. 162 seg.

I3— Idem. Archiv fur Naturgeschichte, 1843.

+ Idem. Sehreber, Sáugethicre, Supplemnentband 1.

lo —PETERS, W. Monatsberichte der K. Academie der Wissenschaften in Berlin. Morcegos brasileiros (lypos de Natterer) Berlim 186.

156 LITTERATURA

10 —DOBSON GE. Catal: yene of the Chiroptora in the British Museum: LO) o LES.

17 FITZINGES L. RKritische Durchsicht der Ordnung der Chiroptera. S Thoeile. Wico 1859-1872.

18 REINHARDO Lo vidonsk, Moddpisor of Naturhist. Voren, Riobn- hava 1856 (Doesmodas pufus; sanguesacção dos Morcêgos ame- ticanos.

19 HENSEL, R.(Modo devida o indo vetos Morcegos brasileiros) Z00 logischer Garien, Frankfurt a. Maiso [859 pag. 19.

20—GERVAIS P, Dacumenia 7: nlogi FOR DOI NO rvir à la monographie (

des Chivont RR de VAmoórique ia Sud. Paris [860 2— GULDIH A. Frossen die Paviio NO ra (Vampiro) Eruch bo odor nicht?o Perioáico Zoolos ischer Gariey, Frank furl, 1887.

NS ide pas. E 2a TEMMINCK, 6. 7. Monosgraphie does Chiroptéres, Leido 453:

Carnivoros—(CARNIVORA)

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2 MIMO Dil pevista RR Stuttgart 1885. (Sobre as pia:

| buras dos Ani aresç pariiculienento dos Carnivoros).

RA, E Es Catalaocsma of (ul ralo Foros, Pachyderm and Edentate Maminadia ta tão Beifich Muasenao London 1869.

34 -— REICUENDBAGIL. Lo, Dio Ruy ysiugoLhiere, Dresden & Leipzig 18092.

Roedoras— (RODENTIA)

do BRANDT. 7. F., Múumnalium Rodentium exoticorum nov. vel ratnns cognit. descriptiones et icones, Petersburg 1834. (Mémolires | de VAcadémio Unpériale de St. Peter sboura). | 9 RICTET. E. E ; Monographie des Rats du Brésil; Genêve 18%. S1-— WAGNER. A. Abbandlungen der k. bairischen Acalemie der Wisseascualieo zu Muncnen. Y Band. pag. 973 (Sciuridaes.) (Vie Band. pag. 312 Hesperormya).

LITIRRATURA 19%

à3 Idem, (Schreber's Sâugethiere, Supolementband FL TV).

39 Idem, Archiv fnr Naturgeschichte, Berlin 1842, 1845

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41 idem, Mammalia Vol. |.

4 BRANDE A Het gescnlichtd Muizen. Berlin 1897,

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44 HENSEL. R.. Beitráge zur Kenntaiss der Thierveli Brasiliens. Re- vista: Jonlogischer Garten, Francfurt a/Main 1872.

45 LECHE. W., Ueber siidbrasilianische Hesperomys-Arten. Zoologis- che Iahrbiicher. lena 1887 pag. 6387-701.

46 VON THERING. IL, «Zur Kenntniss der brasilianischen Máuse & Mianseplagen.» Kosmos. 1885. Tomo II e pag. 4423-437.

41-— IDEM. VUeber die Hausralten Brasiliens. S; an melo der

Gesellschaft naturforsch. Freunde in Berlin 4826, pag. 102-107

AS GOELDI. E. A., Die Bambusratte oder brasilianische Fingerratte (Dacivlomys unblvonyx Natt.) Revista «Zoologischer Garten» Frankfurt ?/M. 1889, Nov. 8. pag. 225.

49 IDEM, Ein pathologischer Paca-Schâdel. Zoologische Tahrbiicher, Jena, 1836. Vol. TI. pag. 219.

o) NEMNRING. A., Uber cine Ctenomys-: a aus Rio Grande do Sul. ERA weselischaf naturf. Freunde in Berlin 1SS7, pag. 45.

Ungulados (UNGULATA)

ARTIODACTYLA RUMINANTIA

4 PUCHERAN. Monneraphie des esprees du genre Cerf. Paris 1852.

52 -— SAUSURE. H., Memnires de la Société de Physique et d'His- toire naturelle de Gén“ve. T. XXVIII, 1883 (Cervides do Brasil).

do HENSEL. R. «Zoologischer Garten», B. XX, 1879. (Modo de vida dos CGervides brasileiros).

54 NEHRING. A. Sitzunesbeirehate der Gesell. naturf. Freunde in Berlin. Iahr 1884. Nrº. 8 (Cervives do Brasil).

RUETIMEYER.L., Beitrige zu einer natiirlichen Geschichte der ANS ti 2 Theile Basel 1830-1884.

ARTIODACTYLA PACHYDERMATA

50 TSCHUDI. I. T.. Fauna peruana, T. 216, 217. (St. Gallen, 1844-1846 (suides da Sul-America).

qd CUVIDR. FR. ct CHOPFFROY ST. HILAIRE. K., Histoire na- turelle des Mammiféres (Paris 1524-1847) Vol. IL. |

PERISSODACTYLA (TAPIR)

48 IDEM. Vol I,

158 LITPERATURA

Cetaceos —(CETACEA)

v9 GRAY, Catalogue of Seals and Whales of the British Muscum, London 1866.

606-— VAN BENEDEN ED. . Meémoire sur un danphim nouveau de la baie do Rão de Janeiro, designeé sous le nom de Solalia brasilicusis Bruxelles 1874.

64 GOELDI, E. A. Bemerkungen zur Osteologie des Delphins aus der eia von Rio de Janeiro (sotalia, brasiliensis)- Zoologische lahraoit-

her, Lena 1837, B. II, Heft pag. 134 seg.

62 1. AR TLAUB CLEMENS. Beitraege zur Rentniss der Manatus-ArLen,

Zoologische Jahryicher, Tena 1887, B. 1, ef 1.

Desdentados—(EDENTATA)

63-— GRAY, 1. 1. Mandlistof the Edentata, Pachydermata and Rumi- nants in lhe British Museum. Londres 1873.

64 FITZINGER L. Die naltpliche Familie der Glirtellhicre (Dasy podi des.) Wien 1874. qi |

69 Idem. Die natúrliche Familie der Schuppenlhiere & Bradypocidae Wien. 1872.

66 WAGNER A. (Sehreber Sâugelhiere. Supplémentãand IV)

07-— V. NIERING, Uber die Fortpilanzuneg der Glirtellhiere. Sitzungs- o pichte du Preuss. Academie der W issenschaften, Berlin, 1886.

68 Ra em, Uechber Gonerations-Wechsel bei Singelhieren. Archiv fuúr

natomie Ena a ologie, 1836.

60 POUG ELESE: Mémoire sur Je erand lourmilier (Myrmecopha

jubata) Daiis JS7á.

Marsupios —(MARSUPIALIA)

W— BURMEISTER. H., Erisuterungen znr Fauna Brasiliens. Berlin 1855. (Monographia dos Didelphyi ides do Brasil).

ti WAGNER. A., Abnhandlungen der konis!. bairischen Academie der Wissenschaften in Minchen. V. Band 1M7.

2 IDEM. (Schreber E) Súugolhiere, Supplementhband Va

73» IDEM. W iermnany's Areliv tir N aturgeschichte. 1842.

74 THOMAS. O., Catulo; 24º ot the Marsupialin and Monotremata ip the British Museum. Londo: à 1888. IDE ML. Diaguosis of four new Species of Dideiphis. Annals and Mugazine of Natarol Hlislor Loadon. 1883, pag. 158459. (Peramys ILenselii, P, Iheringii). |

Obras geraes sobre os Mammiferos actuaes do Brasil

t6 BURMEISTER. H., Systemalische Uebersicht der Thiere Brasi- liens. Vol. I. (Mammiferos). Berlin 1854.

“7 WIED-NEUWIED, PRINCIPE MAXIMILIAN VON, Beitrige zur Naturgeschichte Brasiliens (Mammiferos)-—Weimar, 1896.

LITISZRATURA 159

ma masai cer ie tree eme meme meme

8 —V. PELZELN A. Brasilische Siugethiere. Resultate von Tohamm Natterer's Reisen in den Tahren 4817-148%. K. E. zoologisch- botanische Gesellschaft in Wien, Bd. XXXIII. [883.

19 HENSEL, R., Beitraege zur Kentniss der Sângethiere Sud-Bra- siens. Abhandlungen. der Koenigl. Academie der Wissenschaften zu Berlin 1872.

80) COPE, É. D., On the Mi ammilia obtained by the Natnralist Ex- ploring Exvedition to Southern Brasil. (American Naturalist, New-York 1880) Vol. 29, N. 266, pag. 1928).

St V. IHERING, JI. Os Mammileros do Rio Grande do Sul. (An- nuario do Estado do Rio Grande do Sul para 1893, publicado por Graciano, A. de Azambuja. ' Vol. IX. Porto Alegre 1892. pag. 96- 124). |

Mammiferos fosseis do Brasil e conseguintemente da America do Sul

82 LUND. P. W., Brasiliens Dyreverden fôr sidste jordom vae tning. 6 partes com 2 snppicmentos.. Kjobshavn 184 - 1845. 839 GERVAIS P.e AMÉGIIINO. Maminiféres fossiles de VAmeriané du Sud. Paris 1880.

$4 OWEN N. On the Megatherium . or Giant Grouni-Sloil al Ame- rica London 1861.

3 DE oa et I. Glyptodont-Levninger fra Brasilien. Kjoin havo [878

86 BURMEISTER H. Monografia de los Gliptodontes. Buenos-Ayres

1870-1873. $7 Idem. Die fossilen Pferde der Pampas-Formation. Buenos-Ayres 1870.

88 COPE E. D. Contributions Lo ihe Veriebrate Palacontology af Brasil. Philadelphia 1885.

89 WINGE, HERLUF. E Museo Lundii (Confer 43).

99 RUETIMEYER DL. Uber die IHerkunfl unserer Thierwell. Elie zo0ogeographische Skizze. Prograanm der Gewerbsschule in Basel. 1866-1867. Basel.

Mammiferos dos paizes visinhos

8!— RENGGER I. R. Naturgeschichte der Singethiere von Paraguay, Ca 1830.

9) AZARA F. de. Historia natural de los Quadrupedes del Paraguay y Rio de la Plata, 2 vol. Madrid 1802.

4 BURMEISTER MH. Catalogo de los Mammiferos Argentinos 1859. Buenos Ayres.

9 Idem. Mammifêres de la République Argentine. Buenos Avres 1879.

99 TSCHUDI, I. I. Fauna peruana (conter 36).

96 SCHOMBURGK L. Faúna & Flora von British Guayana. Leipzig

1848. 97 RAMON DE LA SAGRA e D' ORBONY. Marmmileres et oiscaux. de Vile de Cuba. Paris 1840.

t60 LITTERATUR | ER

Zoogeographia

98 WALLACE A. R. The geographical distribution of animals with a study of their relations Of living and extinct faunas as elucidating the past, changes of the earth's surface. 2 vol. London 1876, |

99 GREVE Carl. Uebersicht der geographischen Vertheilung jetzt lebender Feliden. (Zoologische Jabrbuecher, T. VI, Fasc. 1 pag. 9 103), 1891.

100 IDEM. Vebersicht der geographischen Vertheilung jetzt lebender Caniden. (Zoolog. Iahrbuecher T. V., Fase. 3, 1890).

101 IDEM. Die geographische Verbreitung der Ursiden. (Zoolog. Iahr- buecher, T. V. 1, Fasc. 4, pag. 089 616, 1692.

Obras recommendaveis sobre os Riammileros e a Zoologia em geral | |

102 LEUNIS-LUDWIG. Synopsis der Zoologie. 2 vol. Hannover 1889, pag. 1138-9298. |

808 > PRENM A. Die Singethiere. 3 vol. (Brehm's Thierleben). Leipzig Iso).

Va: a: POA À ET TAC

GLOSSÁRIO BAPLICATIVO DE AOMES GHARRICOS

LB

ANOPLOTHERIUM n. grego: anoplos = sem arma, sem defesa ; thaêrion = fera.

ARCTOCGEPHALUS-—n. ctego: árktos=urso ; céphalaé=cabeça (ani- mal de cabeca semelhante á d2 urso).

ARCTOPITHECUS-—n. grego: árktos==urso ; pithaélkos=-macaco (ani- mal que tem do macaco e do urso).

ARCTOTHERIUM—n. grego: árktos = urso ; thaêérion fera,

ARVICOLA-—nome latino, composto de arveum= campo ; colere = trabalhar no campo.

ATALAPHA-n. grego: atalóphrón=-de comportamento infantil, muito nova, criança,

ATELES (yv. grego) atelães = incompleto, cotó (em referencia ao: pollegar rudimentar).

AT. PANISCUS diminutivo, de Pan == divindade sylvestre dos Romanos,

EB

BALAENA (nome latino, porém derivado do grego « phalaina»: Mysticetus (do grego «mystikaetaes» empregado por Aristoteles para de- signar certa balêia. |

BRADYPUS —- N. grego: Dbradys = lento,. vagaroso; pous =

DB

CALLITHRIX N. grego : kállos == belleza ; thrix cabello.

CAMELUS n. grego Kámaelos, camello. |

CANIS Nome dado pelos autores romanos ao cão ou cachorro de;

casa.

GCANCRIVORUS N.1]: que come sirís, (cancer.)

GAPROMYS N. grego: Kápros = barrão ; mys = ralto.

CARDIODUS N. grego: kardia == coração; odous dente.

CARTERODON N. grego : karterós = poderoso; odous dente (animal de dentes poderosos).

CATODON—n. grego: cata-em baixo ; odous==dente (em referencia dos dentes que são na mandibula inferior. |

ot

162 GLOSSARIO EXPLICATIVO

O TI nl e O CD TS O E O a a RR OSSO RS O e ER E

JAVIA—n. de origem indigena, latinisado.

CEBUS—n. grego: kaêbos=nome dado pelos autores gregos a uma especie de macaco caudado, e por Linneo applicado aos nossos «micos».

CERCOLABES--n. grego: kérkos = cauda; lambano=-apanhar, se- gurar (animal de cauda prehensil). |

CERCOLEPTES—n. grego: kerkos = cauda ; laêptães = que pega, segura, (animal de cauda prehensil.

GAUDIVOLVULUS-—(que enrola a sua cauda, cauda volacre) latim.

CERVUS Nome latino, empregado pelos antigos para designar 0 veado,

C. nemorivagus, que vaga pelos bosques.

CETAGEA Nome grego, latinisado «kaêtac», nome empregado por Aristoteles para designar grandes maminiferos d agua.

CHAETOMYS —Nome grego: chaitaé==cabelleira; mys =rato (rato de pello comprido),

CHELONISCUS Nome grego : chelonãe = tartaruga (animal que, devido a carapaça, tem da tariaruga).

CHILONYCTHERIS Nome grego : chilós alimentação, pasto; nyk- tâerés -=morcego, animal nocturno.

CHIRONECTES Nome grego: cheir==mão:; nácktães nadador (em referencia à membrana naiatoria entre os dedos),

CIIROPTERA N. grego: cheir=-= mão ; pterón = aza, (com mão

atada). | |

CHLAMYDOTHERIUM N. grego: chlamys = roupa de cima; thaêrion = féra,—em referencia ao casco das costas.

CUOLOEPUS N. grego : chôlós == coxo, manco ; pous =pé.

CHRYSOCGYON N. grego: chryseos= de ouro; kyon = Ca- chorro (cachorro cor de ouro).

COBLOGENYS =N. grego: Koilos=- Ôco; génys = face-—em re- ferencia às cavidades do osso zygomatico.

CTENOMYS N: grego: kiéis (Ktenos)=- pente; mys = Pato.

CYCLOTHURUS—. grego: kyklos =civculo; ourá = cauda.

C. didaciylus, grego, de dous dedos. |

CYNAILURUS-—n. grego: kyon cachorro; ailouros = gato, —animal meio cachorro, meio Sato.

DACTYLOMYS—n. grego: dáktylos = dedo; mys=Tato.

D. umblyonia—(grego) de unha obtusa, fraca.

DASYPUS—n. grego: dasys == aspero; pqus = pé.

DASYPROCTA-—n. grego: próktós=podex, ano; dasys=aspero:

DELPHINUS—Nome latino, proveniente do grego, «delphis«, pala- vra empregada pelos antigos para designar o bôlo.

DESMODUS-— Nome grego: desmós = fita; odous = dente.

DICLIDURUS Nome grego: diklis=-as duas partes de uma porta ; oura = cauda, com referencia à cauda bivalva.

DICOTYLES—Nome grego: dis dois; kotylãe = imbigo,— (animal que por causa da glandula nas costas parece ter dous imbigos.

DIDELPHYS-—Nome grego : dis = duplo, delphys = utero.

DYSOPES—Nome grego: dysopâema = objecto que faz medo, ver- sonha de ver.

GLOSSARIO EXPLICATIVO 163

E

ECHINOMYS N. erego (Echimys) echinos = QUEIÇO: Mys = rato (animal que tem do ouriço e do rato). ' EMBALLONURA N. grego: embálio = implantar, enxertar ;

oura = cauda, em referencia à cauda que sahe livremente fora da membrana anal.

BRIODES-N. arego : composto com. érion = la.

ER. HYPOXANTHUS De cor amarelada (grego).

E. ARACGHNOIDES Semelhando á uma aranha-por causa dos membros comprilos (grego).

EUPHRACIUS N. crego : eu == bem; phraktós = cercado, fe- "chado,

EURYODON—A. qu “eury Sd RN U2ÃO E

EUTEMNC E grego : eu=bem : en Aa ar: a odous=

dente, Animal que Ro “bem com os seus dentes.

Es

RKELIS—nq, latino ==Galo: E. CONCOLOR—de cor uniforme:

id

GALICTIS--N. grego: gálaê=-donninha ; iktis=marta,— animal meio donninha, meio marta.

GLOSSOPHAGA—n. grego : glossa=-lingua: phagein=-comer.

GLOSSOTHERIUM n. grego: glossa a lingua : thaêrion = fera.

GLYPTODON=—n. erego: glyDlós=x 50, ontalhado; odous=-dente.

GNATHOPS!ES-—n. erego: & JREIO: opsis—vista, fina que da na vista por causa das OLA exande S).

GRISONIA—n, popular, | atinisado, de «grison».

G. vuttoto provida de fita ritta).

GRYMAEOMYS-n, grego: eryméo—cousa velha, restos; mys==rato.

EE

HAPALE-—n. grego: a ue O de cabello, com pello macio. H. PENICILLATA- Provido de pincel, (latim). E CHRYSOPYGA-—De trazeiro como de ouro, (grego). JACGCHUS--Nome mystico de Bacchus, divindade dos Gregos e Rninsa o En E RD a grego: rato das partes occidentaes, do Novo undo | H. OROBINUS-—N. grego: que se alimenta de sementes de lenti- lhas (orobos).

164 GLOSSARIO EXPLICATIVO

H. PHYSODES-—Que parece inchado, intumecido pelo ar, (grego). H. LEUCOGASTER-—De barriga branca, (grego).

HETERODON—Nome grego: héteros == outro, diverso, differente odous = dente.

HOLOCHILUS-— Nome grego, holos = inteiro; chilos= labio, animal de labios inteiros. Julgo que é referencia à racha do labio superior, que se acha reunida por uma membrana.

HOMALODONTOTHERIUM N. grego: homalós = plano, liso, egual; odous = dente; thaerion fera.

HOPLOPHORUS-—n. grego: hóplon = escudo ; phóros = portador —em referencia ao casco das costas.

HYDROCHOERUS-—n. grego: hydor = agua; choiros = porco.

HYAENARCTOS-—n. grego: hyaena = carnivoro grande do velho mundo; arktos=-urso,—animal que reune apparencia de hyaena com a do urso. |

HYRACGODON-—n. grego: hyrax = nome dado pelos autores gregos a um rato pequeno; odcus ente. | |

É

IGCLIGYON n. grego: iktis == Marta ; eyon = cachorro,—meio ca- chorro, meio marta.

INIA—Dizem uns autores que é nome indigena. Não me consta como tal. Não s-rá antes nome grego, de cihiom, pescoço, nuca, por ser este animal mais estreito atraz da cabeça ?

ISOTHRIX n. grego: isos igual ; thrix=-cabello, pelio,— animal igualmente encabellado.

KERODON, n. grego: keras = chifre ; odôus = dente.

É,

LAGOTERIX n. grego: lagos == lebre ; thrix cabello, pelo.

L. CANA de cor cinzenta (latino).

L. INFUMATA de cor de fumaça (latino). |

LAGOSTOMUS n. grego: Lagôs=lebre; stoma-bocca,—boeca de lebre, | | LEPTOTHERIUM-—. grego: leptós==magro, alto, estirado ; thaerion e SA MOO | 7

LESTODON—n. grego: laêstes=-ladrão, salteador, bandido; odous= Vos aniçen |

LONCHERES—n. grego: logchaêraês=-lanceiro,-—em referencia aos espinhos. |

LONCHOPHORUS-—n. grego: logchat=lança:; phóros=portador, lan- “ceiro—em referencia aos espinhos. | LUTRA—n. latino. para designar a lontra.

CLOSGANIO EXPLICATIVO 165

a mm cem pe rm e e e e mm id e a,

LYCALOPEX--n. grego: Ivkos== lobo; alopex = raposa,—aniimal que tem tanto do lobo como da raposa.

NE

MACHAIRODUS n. grego: machaira == espada curta; odous =: dente.—carnivoro com dentes caninos excessivamente compridos.

MACRAUCHENIA—n. grego: makro grande; auchenia == Lama.

MANATUS—n. indigena. lalinisado de «manati ».

MASTODON—n. grego: mastós = téta; odous = dente,—-com dentes em forma de teta.

MARSUPIALIA = nome latino, derivado de marsupium = bolsa.

MEGAPTERA n. e mégas = grande; pléron ==aza, com referencia à mão comprida d este genero.

MEGALONIX —n. grego: nantes =— erande ; onix = unha.

MEGAMYS n. grepo: mégas == “grande; : Mmys==rato.

MEGATHERIUM 1. grego : meégas = Dl * thaérion == fera.

MEPHITIS nome (creado por Cuviei o, que deve s siguiticar animal de cheiro desagradavel.

METACHIRUS—n. grego: metachêirios=objecto que se está dis- cutindo, estudando. MU

MESOMYS—n. grego : mésos=metade, centro; mgys=-rato. animal

meio rato. MIDAS—n. grego: Midas, filho de Gordius, rei da Phrygia, ao qual

Apollo mandou crescer ore lhas de asno. MOLOSSUS—n. grego: Mollossia, paiz Go Epirus, patria do bull-dog (Canis familiaris molossus ), 0 qual tem cabeça semelhante a esie

morcego. MUS-— rato, latino. M. DECUMANUS-—n. de um empregado publico dos Romanos que tinha de receber a dizima (dizimeiro), MUSTELA—n. latino da marta. MYCETES n, grego: mykactaes = roncador. M. SENICULUS-—n. latino: diminutivo de senex == velho. M. RUFIMANUS-—de mãos vermelhas. M. BELZEBUB-—n. hebraico do chefe dos espiritos (demonios) NdOoS. M. VILLOSUS-— latino, frocado. MYLODON—n. grego: “mylos = pedra de moinho, o:dous = dente. MYOPOTAMUS-—n. grego : mys== rato, potamós;=rio,—rato de rio, MYRMECOPHAGA-—n. grego myrmaex =formig à; phagein =comer,

q

NASUA N. latino, derivado de nasus =nariz. ;

NESODON N. grego: naesis=- amontoar (on naesis = ilha); odous = dente. |

NOCGTILIO N. latino, mal composto, pois devia ser evidentemente «noctileo», de nox, noite ; leo, leão.

NYCTINOMUS N. grego: nyx = noite ; némo = pastar, animal

que procura alimentação de noite. e NYCTIPLTHECUS—N, grego: nyx = noite; pithaékos = macaco.

166 GLOSSARIO—EXPLICATIVO

O

OCHOTHERIUM-—n. grego: óchos == carro, vehiculo; thaerion = fera, animal que-dentro do seu casco parece andar em carro. OCTODON-n. grego: okto ==oito; odous = dente, referencia aos dentes que existem em cada mandibula. OTÁRIA—n. grego: otarion== diminutivo de ous, orelha, em refevencia ás orelhas muito diminutas. | OXYMYCTERUS—n. grego oxys == agudo, afilalo; myctaer (myetae- ros) = focinho.

P

PACHYTHERIUM-—n. grego: pachys = espesso, rombo ; thaerion

fera. |

PALAEOTHERIUM-—n. erego: paiaiós = antigo, de outr'ora, + thaerion, fera. |

PERAMYS n. grego: paêra == sacco. bolso; mys = rato.

PHYLLOMYS n. grego: phylon = folha; mys = ralo.

PHYLLOSTOMA n. grego: phyllon = folha ; stoma = bocca,—com referencia à apposição foliforme.

PH. HASTATUM —lat., provido de lança, referencia à appo- sição no nariz.

PH. PERSPICILLATUM lat. provido de oculos.

PHYSALUS n. grego: physalos, o nome de baleia nas obras de Aristoteres.

PHYSETER —n. grego : physaêter = soprador.

PITHECIA n. de origem grega, latinisado, pitlhatkos=macaco.

PITHECIA LEUCOCEPHALA—n. grego: de cabeça branca.

P. CHRYSOCEPHALA—n. grego: de cabeça cor de ouro.

P. CHIROPOTES-—n. grego: que se lava com a mão e que bebe com a mão.

PLECOTUS-—n. grego: pléko-tecer. ligar; oús=orelha, em refe- rencia ás orelhas que se achão ligados neste morcego.

PRIONODONTES-—n. grego: prion=-serrote; odoús=dente.

PROCYON-—n. grego: nome de um astro, que apparece antes do Cachorro (prokyôn).

PROTOPITHECUS-—n. grego: próteros = que vem primeiro : pitha- ckos = macaco.

PSEUDALOPEX N. grego: pséudo = enganar ; alópex = raposa falsa raposa.

RHINOCERON N. grego: rhis nariz ;| kéras = chifre. E]

SAIMIRIS N. indigena, latinisado. SCELIDOTHERIUM N. grego: skelas coxa ; thaerion fera, (animal notavel pela espessura das coxas).

GLOSSARIO EXPLICATIVO 167

SCHISTOPLEURUM N. grego: schistós = separado, dividido em escamas ; pleuron lado, costas.

SCIURUS n. grego: skia=- sombra; oúra=- cauda (animal que se faz sombra com a cuuda).

SG. PYRRHONOTUS —n. grego: com as costas cor de fogo.

SIGMODONTES —n. grego: sigma==letra do alphabeto grego ; odous = dente. j

SIMIA nome latino, dado pelos autores romanos aos Macacos em geral.

SPEOTHOS n. grego: spéos == caverna.

SPHENODON— n. areso : Sphaên = cunha; odous = dente. STENODERMA N. grego : stenós=estreito ; derma= couro, mem- brana.

éh

TAPIRUS N. indigena, latinisado.

TATUSIA N. indigena, latinisado.

T. NOVEM-CINCTA N. latino, com 9 cintas.

T. SETOSUS N. latino, com cerdas.

T. CONURUS N. grego, de cauda em cunha.

THERIDOMYS N. grego : therizo == cortar com cutelio; mys = rato, camondongo. |.

THOUS— N. grego : thoós = rapido, agil.

TOLYPEUTES N. grego: tolypeuo = fazer tiradas.

TOXODON—n. grego: tóxon = arco; odous == dente. |

TYPOTHERIUM n. grego: typos=-rasto; thaerion = fera, animal de rastos profundos.

W

VAMPYRUS-—A superstição do povo outr'ora acreditava que os ca- daveres sahissem de noite das covas, para chupar o sangue dos vivos. Applica-se este nome de « vampyros » à um grupo de Morcegos,

VESPERTILIO-—Nome latino para Morcego, significa animal que apparece de tarde, à noite.

D,

XENURUS-—n. grego : xenós =estranho,descommunal; ourá=cauda, animal de cauda exquisita. |

CG 8

o RL St

)

INDICE ALPHABETICO

A

“ACANTHODELPHIS (Delphinidae), pag. 116. ACOUCHY (Dasyprocta), pag. 93. AESTUANS (Sciurus), pags. 82, 83. AFFINIS (Didelphys), pag. 138. AGUTI (Dasyprocia), pags. 92, 98. ALBESGENS (Stenoderma), pas. DA; ALBUS (Diclidurus), pags. 93, 59. ALBUS (Molossus), pag. 54. AMAZONICA (Inia), pag. 116. AMAZOÔNICGO (Territorio), pag. 30, AMBLYONYX (Dactylomys), pags. 79, 84. AMEGHINO (F., sobre os Mammiferos argentinos de leiraço me sopotanico), pag. 20. AMERICAS, as quas, ligação pat NS: AMERICA DO SU L, contornos prehistoricos segundo Wallace, pag. AMERICANUS (Manatus)=latirostris, pag. 119. AMERICANUS (Lapirus), pag. 99. io ANTARTICTO, Continente, “Fauna do, segundo Quetimever, pags. not DS | ANGUYA, (Hesperomys) pag. “79. ANOPLOTIHERIOS, sul-americos, pag. 19. ANOPLOTHERIOS, argentinos, pag. 21. ANTILHAS, consonancias faunisticas com a America do Norte e à America do Sul, pag. 28. ANTILHAS, como ponto de passagem nas migrações prehistoricas, «Pag. 27,28 e 29, ANTILHAS, contornos prehistoricos, pags. 27 28. ANTILOPE pose, pag.17, 21 e 109. ANTRICOLA (Echimys)=Isothrix pags. Trend: APEREA (Cavia) pag. 93. ARAGHNOIDES (Eriodes) pags. 36, 4 e 51. ARCTICA, Flora miocena, segundo “Oswald Heer, 24 e 25. ARCTOCEPHALES (carnivoro), pag. io. ARCTOCEPHALES (desdentado), pag. 123. ARCGTOTHERIUM (fossil) pag. 17. ARENICOLA (Hesperomys), pag. 79 e 32. ARNUTUS (Loncheres), pag.80, 87. ATALAPHA (morcego), pag. 54. ATELES (macaco) pags. 35 e 40. AUCHENIA (fossil) pag. 109. AUREA (Dasyprocta) pag. 93. AURITA (Didelphvs) pag. 138. | AURITA rapalo), pag. 37, pag. 49, pag. 51. AURITUS (Nyctinomus), pag. 54. AZARAE (Dasyprocta), pag. 96.

Dr

170 INDICE ALPHABETICO a O

AZARAE (Didelphys), pag. 137 e 198. mus AZARAE (Nyctipithecus), pag. 37, pag. 46 (= felinus). AZARAE (Pseudalopex), pag. 69.

B

BALAENA (Cetaceos), pag. 112 seg.

BALEIAS (Pesca das na costa do. Brasil), pag. ds

BARBARA (Galictis), pag. 71.

BATES (Henry). Numero dos Mammiferos colligidos por elle no» Brasil), pag. 8.

BATES (Henry W.) Viagens e Estudos no Amazonas), pags. 32, 38.

BELZEBUB (Mycetes), pag. do. |

BERARDIUS Cetaceos), Pag. 48.

BICOLOR (Midas), pag. 96, pag. 48.

BILABIATUM (Phllostomia) (Stenoderma), pag. 53, pag. 59.

' BISTRIATA (Isothix), pag. %

BIVITTATA (Tamanduá) (tetr adactyla), pag. 132 e 151.

BLAINVILLEI (Pontaporia), pag. 119. PEA

BRACCATA (Felis), pag. 67.

BRACHIURUS (Macaco), pag. 36; pag. 45.

BRACHYDACTYLUS (Bradypus), pag. 122.

BRACHYOTUM (Phyllostoma), pag. 59.

BRACHYURUS (Hesperomys), pag.: 79.

BRADYPODIDES (Preguicas), pag. 123 seg.

BRADYPUS (Desdentados), pag. 122 e 125.

BRANDT (A.), pag. 33.

BRASIL CENTRAL, pag. 30.

BRASIL (Ligação do, com à Africa eo Velho tos durante a epocha da greda), pag. 20.

BRASILICA (Sub-região. Contornos e subdivisão), pags. 29, 30.

BRASIL E ona das máttas costeiras do Norte), pag. 30.

BRASIL (Zona dus mattas costeiras do Sul), pag. 30.

BRASILIENSIS (Canis) = Pseudalopex Azarae, pags. 69, 70.

BRASILIENSIS (Ctenomys), pags. 79, 83, 84.

BRASILIENSIS (Holochilus), pag. 79.

BRASILIENSIS (Lepus), pag. 95.

BRASILIENSIS (Lutra) pag. 1.

BRASILIENSIS (Nyctinomus) pag. 54.

BRASILIENSIS (Sotalia) pag. 118.

BREVIROSTRIS (Emballonura) pag. 54.

BRUNNEA (Callithrix) pag. 36.

BUFFON, sobre os Mammiferos da America do Sul. pag. 15t!..

BURMEISTER (Hermann) —Viagens no Brasil, pag. 32.

o

CALCARATA (Emballonura) pag. 53 CALIGATA (CGallithrix) pag. 36. CALLITHRIX (Macaco), pag. 36, pag. 45. CALVUS (Brachiurus) pag. 45 CAMELOTHERIUM (fossil), pag. 16.

INDICE ALPHABEÉTICO 171

pie o ea | E a So

CAMPESTRIS a pag. 107.

CANCRIVORA (Didelphys) pag. 137, 138. CANCRIVORUS FO am pag. 74. CANCRIVORUS (Thous) pag. 69.

CANIDES (Carnivoros semelhantes a Cães), pags. 61, 62, 68 1. CANIDES, dentes dos, pag. 68..

CANIDES fosseis do DRC Th.

CAPIBARA (Hydrochoerus) pag. 90.

CARAHYBAS, mar dos—Fauna actual marinha, pag. 28. CARAYÁ (Mycetes) pags. 37 e 50.

CARDIODUS (Roedores), pag. 16.

CARNIVORA = Carniceiros, pags. 61-—78. CARNIVOROS (Conjuncto dos), pag. 76. CARNIVOROS-— Distribuição geographica dos brasileiros, pag. OL. CARNIVOROS—numero dos do Brasil, pag. 76-77. CARTERODON (Roedores), pag. 84 e pag. 85. CATODON (Cetaceos) pag. 112, 116, CAUDIVOLVULUS dinda pag. 19. CAVALLOS fosseis da America do Sul, pag. 199, 110. CAVIA (Roedores. Caviides), pags: 99,9. CAYENNENSIS (Echimys), pagss:79,87.

CEBIDES (Macacos), pag. do 47. |

CEBUS (Macaco), pag: 35,36, pág. 42-44. CERCOLABES (Ourico-caixeiro) pags 83. CGERCOLABIDAE (Roedores); pags. 87,:89. CGERCOMYS (Roedores), pág, So:

CERCOLEPTES (Carnivaro); pag. do.

CERVIDES (Veados). pag. 95,405.

CERVUS (Ruminantia, Ungulados), pag. 105. C(ETACEA (Cetaceos) pag. 112422.

CHAETOMYS (Roedores), pags. 79, 89. CHILONYCTERIS (Morcego), pag. 54. CHIRONECTES (Didelphyides), pag. 199, 140, 146. CHIROPOTES (Pithecia), pags. 36, 43. CHIROPTERA (Morcegos), pags. 53 6h. CHAMYDOTHERIUM (fossil) pag. 48, 194, 155. CHOLOEPUS (Desdentados, Bradypipodides) pag. 123. CHRYSOCEPHALA (Pithecia) pag. 56. CHRYSOUYON (Canis), (Carnivoro), pag. 68-69. CHRYSOLEUCUS (Hapale) pag. 36, 48. CHRYSOMELAS (Hapale) pag. 30, 48. CHRYSOPYGUS (Midas) pag. 97, 49 (Hapale). CINEREA (Didelphys), pag. 137.

CIRRHIFER (Cebus) pag, 44.

CIRRHOSUM (Phyllostoma) pag. 58.

COELODON (fossil) pag. 18, 134.

COELOGENYS (Roedores), pag. 91, 92..

GOGIA (Cetaceos), pag. 112.

CONCOLOR (Felis), pag. 67, 62.

CONCOLOR (Hesperomys), pag. 78.

CONURUS (Tolypeutes) (Dasypus) pags. 1:2, 123. COPE, E. D.—Sobre Mammiferos do Brasil, pag. 305. COYPUS (Myopotamus), pa 80. CRASSIGAUDATA (Didelphys), pag. 137%. CRASSIDENS (Galictis), pag. 71.

CTENOMYS (Roedores, Octodontitac) pass. CUNICULARIUS (Cercomys), pag. 85. o e a dd. CYNAILURUS (fossil), pag. L7.

ED

DBACTYLOMYS (Roedores) pags. 79 DARWIN, DARWINH (Hesperomys), pag. 79. Ra (Tatus), DPags. 126 -—- 131. ASYRROCTA, (Gutia) pags. 79, 02, 08.

DE GUMANUS (Mus) pog. “SO. DELPIHINADÍ VTARUS (Deiphinidae) pag. DELPHINIDES DERASUS (Vespertilio) pags.

DA e 50.

DESDENTADOS, conjuncto dos is | Pagu

DESDENTADOS, distribuição dos, America do Sul e áfrica. pags. 19 20. DESDENTADOS DESDENTADOS fosseis de Brasil, DESDENTADOS (ordem rica do Sul), pag. 26. DICLIDURUS (Morcego), pags. 55, B6. DICOTYLES (Suies, Unguiados), pag. ED ACUNLS an Pag. 1u5. DIDACTYLUS (CGyeloihurus), pag. DIDELPHYIDA E (Marsupios), pag. DIDELPHYIDES, fosseis do Brasil, pag. DIDELPHYS Ra Muciras). pag.

Coro

pags.

DISCOLOR (Phyllostonal. pag, 54, DOEDICURUS (Desd entados LOSSeis), pos DOMESTICA (Didelphys), pag. 198. DOMESTICOS, (Mammiferos) pag. 30, DORSALIS (Hesporomy S) pu A

DOIS a S (Noc no (Gti viventer) pag. 583, DYS0OI S (Morece: ) Pubs SR NE po

ot CAUDATUS (Mesoray E) Dana, EGHIMYIDAER (Ratos “pi a! NOS) pal. ECHIMYIDES, entre os Mammil Crós am ti 180 BCHIMYS (Roedores) pags. 86, 87. HDENTA ATA (C. Des dentados) pag. 122. HLEGANS ES EC)? pags. 37, 45. ELEGANS (Felis) pag. 66.

ELIURUS (Hesperomys) pag. dem BLONGATUM (Phviostoma), DA EMBALLONURA (Morcego) pags. Dios

lo! bp

84 6 89 sobre os Mamimiferos da Argerica do

cuja origem des

INDICE ALPHABETICO

146. (Getac Los) pars. 416 190.

89, 84. o LER a opte Do RS

indicio da ligação entre

distribuição geographica, dos no Brasil, pag. 122.

dO o, Os 93-97.

» ser procurada na Ame- pude

[DA her Cd Sea 14.

131: 8ep.

TO,

3 sul americanos pag. 19.

INDICE ALPHABETICO O ES:

ENTOMOPHAGA (Saimiris), pag. 3

EOCENO, Mammiferos do E. sul- e ano, pag, do. EPIODON (Cetaceos), pag. 112.

EQUUS (fossil), pag. 12, 12,22:€109.

ERIODES (Macaco) pag. 36, pag. 41

EUPHRACTUS (fossil), pas. 16.

LURTODON (fossil), pag. 18.

EUTEMNODUS (fossil), pag. 15.

EXCISUM (Stenoderma), pag. 54,99.

EYRA (Felis) pag. 68.

pr

FALKLANDICUS (Aretocephalus), pas. 5, FATUELLUS (Gebus) pags. 36 mM

FELIDES, dentes dos, pag. 62.

FEL IDES, fosseis do Brasil, pag. 76.

FELIDES, (Gatos) pags. 61, 69, 63 e 68.

FERR ETRA, Alexandre Rodrigues, pag. 31. FLAVESCENS S (Hesperomy Ss) pags. 79) e 82.

FLAVUS (Gebus) pags. Do erp a, FLORA, prehistorica, desenvolvimento da, pag. 1458-150. FRANTZII (Atalapha) pag. 54.

FRONTATUS (Cebus), pags. 56 044.

FULGIDA (Cavia) pag, M.

FULIGINOSA (Dasyprocta) pag. 79 o FULIGINOSUM (Phyllosioma) pag. 5

FULIGINOSU ss (Hesperomy S) pag, O.

FUSCUS (Desmodus) pag. 54, 58, 09.

FUSCUS (Mycetes) pag. 36.

GALIGTIS (Carnivoro) pag. 70, 71. GROFFROY, I. pag. 35. GLAUCINUS (Molossus), pag. 94. GLIRINA (Didelphys), pag. j GLOBIOCEPHALUS (Delphinides), pag. t16. GLOSSOPHAGA (Morcego). pag. 29. GLOSSOTHERIUM (fossil), pag. 18. | GLYPTODON (Desdentatos fosseis), pag. 16. GNATIHOPSIS (fossil), pag. 16. o GO Am Trabalhos sovre Mammiferos do Brasil). pag. 5. GRAGILIS (Cebus), pag. 35, 42. | ae ctinomas), pag. 54. GRANDIS (Loncheres), pag. 79. GRISONIA ER pags. 70, “1. GIGAS (Prionodontes) pag. 126. GILVIVENTRIS (Sciurus) pag. 78, 85. h | GLAUIAL, Idade, consequencias para a forma * sul-americana, pag. 25.

TAS INDICE ALPHABETICO

GRYMMAEOMYS DA pag. 137, 142. GUTTULA (Felis) , pas fis CEMNONÓNUS (G o ) pag. 54.

GYMNURUS EE NeREa (Dasypus 12-cinctus) pag: 127.

H

HAPALE (Macaco), pag. 36, pag. 47-50.

HAPALIDES (sedosos, Macacos) pag 41-59.

HASTATUM (Phyllostoma) pags. 53 e 58.

HENSEL, Reinhold—Estudos sobre a fauna do Rio Grande do Sul, pag. 33. |

HENSELIH (Peramys), pag. 197

HESPEROMYS (Roedores) pag. ns 80, 81, 82.

HETERODON (fossil) pag. 18.

HIPPIDIUM (fossil) pag. 109.

HIRSUTA (Pithecia) pag: 36, pag. 43.

HOLOCHILUS (Roedores). pag. 81, 19.

HOLOSERICEUS (Molossus) Abner pa agtdA, O.

HOMALODONTOTHERIUM: (fossil) pag. 16.

HOPLOPHORUS (fossil) pag. 18..

HUMBOLDT, Alexander von, pag. 6:

HUNTERUS (Cetaceos) pag. 4490

HYAENARCTOS (fossil) pag. 46, ..

HYDROCHOERUS (Roedores) pag. 90

HYPOXANTHUS (Eriodes) pag. 36, pag. 41.

K

ICTICYON (Carnivoro) pag. 70. IGNIVENTRIS (Sciurus) pag. 78

INCANA (Didelphys), pag.

INFUSCATUS (Bradypus), pag. 122 125. INSIDIOSUS (Cercolabes) (Ilystrix), pag. 8 INUNGUIS (Manatus), pag. 120 ISOTHRIX (Roedores), pag. 31. |

96)

«E

JACCHUS (Hapale), pag. 36, pag. 48.

JAGUARUNDI (Felis), pags. 68, 62.

E HERMAN VON (Trabalhos sobre, Mammniferos do Brasil), Rea

A GI (Peramys), pag. 137.

JUBATA (Myrmecophaga), pag. 191.

JUBATA (Otaria), pag. "75.

JNIA na Delphinides), aa digo

INDICE ALPABETICO

KERODON (Roedores), pag. 99. L

LABIATUS (Dicotyles), pag. 102. LABIATUS (Midas), pags. 36 e 48. . LAGOSTOMUS (Roedores), pag. 16, 18. LAGOTHRIX cana (Macaco) pags. Dona LAGOTHRIX infumata, pags. 35, 39. LANGSDORFFII (Seiurus) pags. SO LANIGERA Ra 8), pag. 138. LEPORIDES (Lebres), pag. 95.

LEPUS (Roedores), pag. 95.

LESTODON (fossil), pag. 16. | LEUCOCEPHALA (Hapale), pags. 30 e 48. LEUCOCEPHALA Chad, pag. 36, pag. 48. LEUCODACTYLUS (Hesperoinys), pag: TO. LEUCOGASTRA (Hesperomys) pag. 70. LEUCOGASTER (Vespertilio) pag. 53. LEUCOPYGA (Cavia) pag. 19, MM. LICHTENSTEIN—pag 88.

LINEATUM (Phyllostoma) pag. so. LONCHERES (Roedores), pag. "19, 86-87. LONGIFOLIUM (Phyllostoma) pag. 54. LORICATUS (Xenurus) pag. 122, 197. LUND, P. W.— Estudos e Viagens no Brasil pag LUTRA (Carnivoro) pag. TOTO, JYCALOPEX (Carnivoro) pag. 69.

MACACOS, carne dos, pag. 50

MACACOS, dentes dos, pag. 51, 52. MAÇACOS fluminenses, pag. ds

MACACOS Pu do Brasi! pag. 52. MACHRAIRODUS (fossil) pag. 16, 76. MACRAUGHENIA (fossil) a 16. MACHOGEPHALUS (Gatodon) pag. ada, nl MACROCEPHALUS (Cebus) pags. do, 42,: MACROPHYLLUM (Phyllostoma) pag. 5a, MACROTARSUS (Didelphys) pag. 157. MACROTIS (Emkhallonura), pag. 54.

MACROURA (Felis), pags. 62, o

MACROURA (Loncheres), pag.

MAMMIFEROS, colossaes, nos e a extinguir-se, pag. - MAMMIFEROS, cosmopolitas, que o Brasil tem, pag. di. MAMMIFEROS (Fauna dos) na zona costeira, pas. E MAMMIFEROS (Fauna dos) na Amazonia, pag. 153

Ns

lol SCE o-

176 INDICE ALPABETICO

[atra e rm a e tara eee e mm en ereto mero rm pararem e a ip pe Ar

MAMMIFEROS (Fauna dos) no Brasil Central, pag. 153, 154.

MAMMIFEROS, fosseis. comparados os do Brasil com os da R. Argentina, pags. 20, 21, 22, 28. | MAMMIFÉROS, do Brasil, de maiores dimensões, pags. 10, 11.

MAMMIFEROS do Brasil, numero dos individuos, comparado cona o das especies, pag. 9. | MAMMINHEROS, mais antigos sul-americanos, pag. 19. MAMMIFEROS, numero das especies na serra dos Orgãos, pag. 8, Had O | | MAMMIFEROS, numero dos na Africa, comparado com o das Aves, pag. 9. | | | | “MAMMIFEROS, numero dos no Brasil, comparado com o das Aves, pag. 810, | MAMMIVEROS, migrações prehistoricas dos. pag. 27. MAMMITFEROS, ordens dos, que no Brasil são relaiivamente ricas, Pasto | | | MAMMIFEROS, parentesco de alguns do Brasil com os do Velho Mundo, pag. 11. , MAMMIFEROS, parentesco dos antigos sul-americanos com os de Yelho Mundo, pag. 19. É MAMMIVEROS, pequenos, dominio dos, pag. 151. MAMMIVEROS, trepadores do Brasil, pag. 11. MAMMIVEROS, sociaes do Brasil, nag. 145. MAMMITEROS, quasi exclusivamente sul-americanos, pag. 41. MAMMINHROS, que tendem à extinguir-se, pag. 446. MANATUS (Sirenia, Cetaceos) pag. 119, MARKGRAV—pag. 34. MARMORATUS (Bradypus) pag. 122. MARSUPIOS, conjuncto dos aciuaes, pag. 142. | MARSUPIOS, distribuição geographica dos uo Brasil, pag. 197. MASTODON (fossil), pag. 17. MEGALONYX (Desdentados fosseis) pag. 122. MEGAMYS (fossil), pag. 15. MEGAPTERA (Cetaceos) pag. 112. MEGA TINERIUM (Desdentatos fosseis) pag. 136, 150. MELANOCHIR (Callithrix) pag. 36, 40. MELANURA (Hapale) pag. 57. | MELANURUS (CGercolabes) pag. "9. MEPHITIS (Carnivoro) pags. 13-74. MESOMYS—(Roedores) pags. 8t e 86, METACHIRUS-—Didelphyides) pag. 139. MICRODELPHYS (Didelphyides) pag. 139. MICROTARSUS—-' Didelphys) pag. 137, 142. MIDAS-(Macaco) pags. 90, 48. MITIS (Felis) pag. 65. MOLOCGI (Callithrix) pag. 36. MOLOSSUS-—(Morcego) pags. 54, 59, - MORCEGOS-— atacando fructas, pag. 57. MORCEGOS-—conjuncto dos, do Brazil, pag. 60. MORCEGOS-—distribuição geographica dos brasileiros, pag. 53, 54, MORCEGOS (dentes dos), pags. 94, 59. MORCEGOS fluminenses, pags. 58, 59. MORCEGOS fosseis do Brasil, pag. 60.. | MORCEGOS Numero das especies do Brasil, pog. 60. MORCEXOS sangue-sugadores, pag. 98.

INDICE ALPHABETICO 77

MORCEGOS (Vida dos), pags. 55, 59.

MUS (Roedores), pags. 80, 81.

MUSCULUS (Mus), pag. 8t.

MUSTELIDES (Carnivoros semelhantes à Martas), pags. 6! 62, pags. 70 il.

MYLODON. (Desdentatos fosseis), pag. 16, 136. MYOPOTAMUS (Roedores), pas. 8. MYOSURUS (Didelphys), pag. 137. MYMECOPITAGA (Desdentatos) pag. 122, 131, MYRMECOPH AGIDES (Tamanduás) pag. 134,

Ty

NANELAPHUS (Veados) pag. 108.

NANUS (Gervus) = Nanela pnos nambi, pag. 108.

NASUA (Carnivoro) pag. 73, 74.

NASUTUS (Oxymycierus) pag. 79, (81

NATTERER, Iohannes. Numero dos Mammiferos coblisidos por “elle no Brasil, pag. 8. Ni

NATTERER, Ioh.—Viagens no Bi a sil pag, 31-52. NATURALISTAS antigos e modernos pag. 34- 34.

NEHRING, A.—Te: abalhos sobre Mamiferos do Brasil pag, « A NIGRIFRONS (Callithrix) pag. 35. N | NIGRISPINA (Loncheres), pag. 79.

NIGRIVITTATUS (Cebus), pag. 35, Las: 42.

NOCGTILIO (Morcego), pags. 53, 55, 59

NOCTILIONIDES (Morcegos), pag. a pag. do. NOVEM-CINCTA (Tatusia), Pag. 128.

NUBILUS (Vespertilio), pag. 54.

NYCTINOMUS (Morcego), pag. 04.

NYCTIPITHECUS (Macaco), pag. 36, pag. 46.

O

OCHROPUS (Didelphys), pag. 197.

OCHOTHERIUM (tossil), pag. 18, 134.

OCTODONTIDES (entre os Mammiferos antigos sul- americanos) pags. 19, 85.

OLIVACEO-FUSCUS (Molossus) pag. 54. ONGA (Felis) pag. 62, 63-65.

ORÓBINUS (Hesperomys) pag. 79.

OTARIAE (Carnivoros) pag. 75.

OTARIDES (Ursos marinhos) pags. 64 75.

OUAKARY (Brachiurus) pags. 30, 45.

OXYMYCTERUS (Roedores) pag. Sl

minutes

178 INDICE ALPHABETICO

Pp

PACA ( Res a a AS. giga. |

PACHYDERMATA (Artiodactyla) pag. 13, 98, 101.

PACHYURA (Isolhrix) (Nelomys), pag. 79, 87.

PAGURUS (Isothrix) pag.

PAJEROS (Felis) pag. 66.

PALAEOLAMA (fossil), pag. 16, 110,

PALAEOTHERIUM (fossil), pag. 15, 20.

PALMATUS (Chironnectes), pag. 139.

PALUDOSUS Rabi pag. 106.

PANAMA” (Isthmo de) como ponte de passagem nas migrações prehistoriças, pag. 27.

(Idade do), “pag. 29. | PANISGUS (Ateles), pags. 35; 40. : PANOCHTUS (Desdentatos fosseis), pag. 110. PARDALIS (Felis) pas. 69, 66.

E cu (August von) =< Trabalhos sobre Mammiferos do Brasil,

PAi.

E PH INTCIT, LATA (Hapale); pags. e 49.

PERAMYS (Didelphyides), pags 48%

- PERISSODACTYLA Unai ag 98,

PERSONATA (Chilonyeteris) pag. 54.

PERSONATUM (Stenoderma) p: tg. Dá.

PERSONATUS (Calithrix) pags. 35 e 45.

PERSPICILLAPUM (Phyllost oma) pag. EM 4, Aci

PHYLOSTOMIDES (Morcegos) pags. 53, 54, DT, 59:€,60.

PHYSETER (Cetaceos) pag. 412. |

PHYSODES (Hesperomys), pag. Ta

PICTET, F.J.—Trabalhos Sobre Mamiferos do. Brasil na 33:

PITHECIA (Macaco) pags: 96, 43, 44. rd

PLATENSIS (Lutra) pag. 72.

PLATYONYX (fossil) pag. 134.

PLATYRIMINI (Macacos) pas. 02.

PLEGOTUS (Morcego) pag. 54.

PLIOCENO, Mammiferos do sul-americano pag. 16, pag. 20.

POBREZA, apparente de Mammiferos no Brasil, pas 52;

POECILOTIS (Didelphys) pag. 138.

PONTOPORIA (Stenodelphis), pag. 119. no

POSTPLIOGENO, Mammiferos do sul-americano, pag. 17 18, pesca |

à PREGUIÇAS, Vida das, pag. 12 PREHENSILIS (Cercolabes) nda PRIONODONTES (Desdentatos, Taths) pag. 126, 146.

" PROCYONIDES (Ursos lotores) pag. 61, pag.. 35. PROTOPITHECGUS (fossil) pag. 17, 52 =] PSEUDALOPERX (Canis) pag. 69. PSEUDO-RATOS = Muriformes, pag. 84. PUSILLUM (Stenoderma), pag. 93. PYGMAEA (Hapale), pag. 49. id PYGMAEUS (Hesperomys), pag. a PYRRHONOTUS (Sciurus), pag. 7 LR Ti e eU bn | PYRRHORHINUS (Hesperomys), a O ad e a po E

, $

INDICE ALPHABETICO 179

o

QUATERNARIA (Fauna do Brasil), soa oa pag. 17 18. QUICA (Didelphts), pag. 139, 141.

Ex

RATTICEPS (Hesperomys), pag. 79. |

RATTINI (Ratos do Velho Mundo), pags. 80, 81.

RATOS, migrações dos, pag. 80, pag. 152.

RATOS Hesperomys). pag. 18.

RATTUS (Mus), pag. 80.

REINHARDT— Viagens e Estudos no Brasil, pag. BLA

RODENTIA (Roedores) pags. 78-97...

ROEDORES, conjuncto dos; pag 97.

ROEDORES, distribuição oe pica dos do Brasil, pags. 18 e 9. ROEDORES fluminenses, pag. 80, 95 €96.

ROEDORES fosseis do Brasil, pag. 96.

ROEDORES numero dos do Brasil, pag: 97.

ROSALIA (Midas) pag. 36 48. |

ROSTRATA (Balacnoptera) pag: 116.

ROULINII (Tapirus), pag. 99:

RUBIGINOSA (Chilonyeteris), pag: 54.

RUETIMEYER (L.), sobre amais antiga fauna terciaria da Eu-

ropa, pag. 19.

Pas.

RUFIMANUS (Mycetes), pag. 35.

RUFIMANUS (Midas), pag. 36.

RUFINUS (Gervus), pag. 109.

RUFUS (Cervus), pag. 108. |

RUFUS (Oxymyclerus), pag vi9, 8h:

RUMINANTIA (Artiodactyla), pag. 93. |

RUMINANTES (distribuição actual dos), na America do Sul, a |

RUPESTRIS (Cavia), pag. 94.

RUPESTRIS (Kerodon) (Cavia), pag. 94, pag.

RUSSATUS (Hesperomys), pag. 79.

E)

SAIMIRIS (Macaco) pags. 36 e 46.

SATANAS (Pithecia) psg, 36 45. SAXATILIS (= naso) Emballonura pag. 53.

SCAPULATA (Didelphys), pag. 137. SCELIDOTERIUM (Desdentatos fosseis) pag. 16, 136. SCHOMBURGK, Richard von, pag. 6.

SCHISTOPLEURUM (fossil) pag. 16.

SCIUREA (Saimiris) pags, 36 e 40.

SCIURIDA E (Esquilos) pags. 82 e 85. -

SCIURIDAE (Esquilos—Proveniencia dos do Velho Mundo, pag: 29. SCIURUS (Roedores) pags. 78, 79, 82, 33.

180 INDICE ALPRABETICO

SENICULUS (Mycetes) pag. 35.

SERTÃO, Mammiferos do, pag. 194.

SETOSUS (Dasypus) (Euphractus) pag. 128. SEX-CINCTUS (Dasypus), pag. 198.

SIGMODONTES (Ratos do Novo Mundo) pag. 80, 81. SIMIAW (Macacos) pag. 3553.

SIMPLICICORNIS (Cervus) = nemorivagus, pug. 108. SIRENIA (Cetaceos) pag. 116, 119.

SOCIALES (Nasua) pag. 73, 4,

SOLIPARIA (Nasua) pag. 74.

SOREX (Peramys) pag. 137%.

SOTALIA (Deiphinides) pag. 116, 118.

SPECTRUM (Pnyllostoma) pag. 53, pag. 58. SPEOTHOS (iossil), pag. 76.

SHPENODON (fossil), pag. 18.

SPINOSUS (Mesomys), pag. 86.

SPIX (Von), pag. ai.

SPIXII (Cavia), pags. 79, 94.

SQUAMIPES (Hesperomvys), pág. 79.

STENO (Delphinides), pag. 116, 117.

STENODERMA (Morcego), pags. 93, 94. SUBSPINOSUS (Chaetomys), pag. 89. SUBTERRANEUS (Hesperomys), pag. 79.

SUIDES (Porcos), pag. 93, pag. SULCIDENS (Carterodon), pag. 85-86.

SUPERCILIATUM (Phyllostoma) pag. 53, pag. 58. SYSTEMATICA, Div.são dos Mammiferos do Brasil, pag. 13.

É!

TAMANDUAS, Vida dos, pag, 132 seg... TAPIRIDES (Antas) pag. 98 pag. 1014. TAPIRUS (Ungulados perissodactyloo) pag. pag. 99. TATUS. Vida dos, pag. 129, 131.

TATUSIA (Desdentatos) pag. 128. TECTORUM (Mus), pag. S0, 81. TERTIARIA, Fauna sul-americana, Mammiferos pag. 15—16.. TETRADACTYLA (Myrmecophaga) pag. 132.. THERIDOMYS (fossil) pag. 15.

| THOUS (Canis), pag. 69.

TIGRINA (Felis) pag. 66-67.

TOLYPEUTES (Desdentatos, Tatús). prg. 128. TORQUATA (Calithrix) pag. d6.

TORQUATUS (Bradypus) pag. 123.

TORQUATUS (Dicotyles) pag. 102, 103,

TOXODON (fossil pag. 16. 20.

TREPADORES, Mammiferos do Brasil pag. 145, 147 seg. TRIDACTYLUS (Arctopithecus) pag. 132.

TRISTRIATA (Didelphys) pag. 139.

TRIVIRGATUS (Nyctipithecus) pags. 86 e 46,

TUCUXI (Steno) pag. 117. |

TUMIDUS (Hesperomys), pag. 79.

INDICE ALPHABETIC 181

o E à o

TYPOTHERIUM (fossil), pag. 16. TYPUS (Dactylomys), pag. 79 (84).

| B

UNGULATA (Ungulados), pag. 98. pag.

UNGULADOS (Conjuncto dos) do Brasil), pag. 110, 111. UNGULADOS (Distribuição geographica no Brasil), pag. 95. UNGULADOS fluminenses, pag. 109.

UNGULADOS fosseis do Brasil, pag. 109, 110. UNISTRIATA (Didelphys), pag. 139.

URSINUS (Mycetes), pag. 36.

URSULUS (Midas), pag. 36, pag. 48.

VW.

VAMPYROS (morcegos sangue-sugadores) pag. 58.

VARIEGATUS (Ateles) pags. 35 à 40.

VARNHAGEN (Visconde de Porto Seguro), sobre a caça no Brasil, ag. J.

VELATUS (Plecotus) pag. 54. |

VELHAS, rio das, Fauna quaternaria do, pag. 17-18.

VELUTINA (Didelphys) pag. 137.

VENATICUS (Icticyon) pag. 70.

VETULUS (Lycalopex=-Canis vetulus), pag. 70.

VESPERTILIONIDES (Morcegos) pags. 53, 55, 59,

VESPERTILIO pags, 53, 54, 99, 60

VILLOSUS (Cercolabes) pag. 38.

VILLOSUS (Mycetes) pag. 35.

VITTATA (Grisonia) pag. 71.

AY

WAGNER, pag. 33.

WALLACE, Alfred Russell, sobre o numero dos Mammiferos nee- tropicos pag. 8.

WALLACE, A. Russell, —Viagens no Amazonas, pag. 35.

WATERHOUSE-—pag. 35.

WIED-NEU-WIED, Maximilano de, colleeção de Mammiferos bra- sileiros, pag. 8.

WINGE, Herluf-—Trabalhos sobre Mamuniferos fosseis do Brasil, pas. 39. ;

*

XANTHOSTERNUS (Cebus) pag. 36. XENURIUS (Desdentates, Tatús) pag. 127.

Pag. di--“Leia-se ALGUNS GENEROS de Mammiferos cosmopolitas no logar de algumas especies.

1i—Leia-se DipELPHYIDES no logar de Didelphides.

11-—Leia-se MARsUPIOS no logar de Marsupias.

13— Idem (na tabella).

15—EuUTEMNODUS no logar de Entemnodus.

34—YmBLYONYx no logar de amblyonix.

36—No titulo movel DisTRIBUIÇÃO,

46—SciurEA no logar de sciura.

59-—HoLOoSERICEUS nO logar de holosericus.

96—Uma das especies de Hesperomys n'aquelle tempo não deter- minados é H. squamipes. E' bastante Irequente na serra dos

Orgãos e causa estragos nos milharaes.

Pag. 104--Não posso passar em silencio que tal explicação etymologica dos nomes Tajaçú e Taitetá não me parece exacta. Julgo antes entrar na composição a palavra tupi tãi=-dente, e póde ser que os dois nomes tenham a significação seguinte : 1º—tái—açú==dente grande. 2-—tai—tetú (TorU)==que bate com o dente.

Pag. 131) Sahiu trocada a numeração dos capitulos, Deve ser : : IX—Marsupios. | Dao, 144—) X-—Gonclusões geraes.

Pag. 142-— Tenho que accrescentar à lista dos Didelphyides da serra dos Orgãos (CHIRONECTES PALMATUS do «qual obtive dois

exemplares em dois annos.

MONOGRAPHIAS BRASILEIRAS

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