J~ . /OS-A £> MEMORIAS D E MATHEMATICA E PHYSICA D A ACADEMIA R. DAS SCIENCIAS DE LISBOA. Nisi utile est quod facimus , stulta est gloria. TOMO III. Parte I. LISBOA NA TYPOGRAFIA DA MESMA ACADEMIA. I 8 I 2. Com licença deS.ALTEZARBAL. .: th v. : ' p rn rcí> IO RBW ADVERTÊNCIA. Oi Bstaculos bem fáceis de entender , por nascerem das circun- stancias da Guerra , tem retardado tanto o progresso da Impres- são do Tomo III. das Memorias de Matliematica e Physica da Academia R. das Sciencias ; que até sahirao já á luz publica em outras Obras algumas das Memorias , que se a chavão impressas pa- ra o mesmo Tomo. A saber : as Observações Astronómicas feitas pelo Correspondente da Academia Paulo José Maria Ciera , e pelo Sócio Manoel do Espirito Santo Limpo , e por este communicadas d A- cademia , as quaes vão a pag. 105" até 110 das Memorias dos Correspondentes , se acabarão de imprimir em Outubro de 1803 ; e forão publicadas a pag. 271 até 275" das Ephemerides Astronó- micas da Universidade para 1806 , impressas em Coimbra em 1805" : e a Memoria sobre o Cinchonino pelo Sócio Bernardino António Gomes ( de quem se imprimirão as Observações Botanico-Medicas a tempo , que era Correspondente da Academia ) sendo impressa em Agosto e Setembro de 1810 , foi traduzida no Medicai and Surgical Journal de Edimburgo , mez de Outubro de 181 1 ,pag. 410 até ^1. Entre os referidos Obstáculos foi hum a falta de Papel ; pois o não havia para continuar a Edição com o aceio costumado nas Obras da Academia : mas esta com a intervenção do seu Só- cio o 11/.»» e Ex.»>» Cypriano Ribeiro Freire obteve o faciiitar-se- Ihe para o mesmo fim o Papel-sellado ; em que desde Outubro de 1 809 continuarão a fazer-se as Edições dos Livros da Academia. Desta sorte ,para não ser por mais tempo o Publico privado dos interessantes Trabalhos Litterarios contidos nas Memorias , que estão impressas para o Tomo III. , se lhe apresentão como Parte I. do mesmo Tomo. E se adverte , que aconteceo omittirem- se os números 13 e 14 nas paginas das Memorias dos Sócios. ME. $./&/: MEMORIAS D E MATHEMATICA E PHISICA D A ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA. MEMORIA Sobre os Kermes. Po r José' Joaquim Soares de Barros. M.Uito eftreitos ferião os noflbs conhecimentos fe el- les tiveflem os feus limites tão fomente naquelles obje- ctos , que a llmples vifta defcobre. Se a ncíTa fotte , fem ou- tro nenhum auxilio , em todo o tempo cffim nos deixara, ficarião as conftantes luzes de tantos Corpos Celeftes , a íua Tom. III. A or- 2 Memorias da Academia Rkal ordem , a fua grandeza', cffas tão bcllas , c tão magnificas obras do Creador , perpetuamente ignoradas ; c não ló na contem- plação perderia o noíTo penfamento no feu tom mais elevado , mas também para as correfpondencias do Ceo com a terra fica- riao as obfervações menos certas , muito menos ajuftadas, a communicação entre as Nações fendo então neffe cftado muito mais difficil , c arrifeada , veriamos de muitos modos mui di- minuta a medida dos benefícios recíprocos , e do bem geral da humanidade. Por outra parte a pedpcctiva do Globo , que habitamos, feria também para nós muito menos curiofa , e variada , fe o noffo fentido mais extenlb , o cxcellcntc ór- gão da vifta applicado á noticia dos objc&os mais pequenos , á indagação daquellcs viventes invifiveis , que habitão quafi o mínimo da quantidade , não fora tão engenhofamente auxiliado por mui lclices combinações, e mui notáveis aealus. Com, inibumeutos , de tanto engenho , e artificio tão di- tofo , fe tem defcoberto ihnumcraveis viventes com figuras mui eftranhas , que até então não tinhão tido relações com a nona efpecie ; não tinhão fido obfervados , nem mefmo fe tinha luspeitado , que na vafta efcala dos Entes exiftiíTem taes corpufeulos animados. Apparecêrão as gerações então dos in- fectos , as fuás numerofas famílias , a matéria do feu íus- tento , a fua economia , e trabalho : apparecêrão á noíTa ob- servação novas scenas, e fenómenos estupendos , sempre vis- tos em femelhantes theatros com circumftancias reguladas , e fempre a certa ordem de tempos perfeitamente ligados. Muitos homens illuftres tem miudamente relatado em muitos Livros , em muitas obras memoráveis a ferie deftes defeobrimentos , as formas defies corpos animados , a deli- cadeza dos feus órgãos , os feus variados movimentos , os fins das fuás applicações , os objectos dos feus cuidados , e elles , elTcs Authores recommcndaveis,tem também traçado com a cftampa , para melhor ajudar a palavra, aquellas mudanças de figuras, aquellas admiráveis metnmorfofes , e paílagcns a outras vidas, a que muitos defles viventes fão fujeitos,nos tempos das luas periódicas revoluções independentes dos a- ca- DAS SciENCIAS » E LlSBOA. 3 cafos. Eu também agora me proponho dizer alguma coufa fobre huma tão curiofa matéria , tomando para hum taJ af- fumpto a Nação dos Gallinscclos Kermes , habitantes deíTas Republicas eícondidas , e fempre fugitivas á vista , defarmada , c sem auxilios;e senão diíTer nada que íntcreíTe tanto como o que aquelles homens celebres já differão , nem por confe- guinte cfpere fer nefta matéria da mefma forte applaudido , ao menos cuidarei em moftrar coufas que fejão novas , e em não referir o que cftá dito. Moftrarci novos fenómenos , extraordinárias gerações por animaes da mefma espécie diversamente propagadas ; moftra- rei como aquelles pequenos viventes são de huma conftitui- ção tão forte , que elles podem dará diíferentes Nações, em mui diversos Climas do no fio , os proveitos do seu curioso trabalho. Indicarei em fim notáveis propriedades daquellc Ker- mes animal, as quaes bem applicadas pela mão de hum ho- mem hábil , poderáó produzir na Medecina effeitos tão recom- mendaveis , como aquelles que em semelhante emprego reful- tão do Kermes mineral. Todos sabem que o Kermes de Hespanha , ou Cochi- nilha dos antigos , he huma grãa do tamanho de huma er- vilha , a obra de hum mui pequeno animal , que depois de applicado aos casquinhos forma huma protuberância , daquel- la figura , e fobredito volume. Esta excrefeencia , ou Gallin- secto , tinta por fora de escuro carmezim , contém no seu interior muitos milhares de ovinhos , de huma côr muito mais clara , os quaes são compoftos de huma casquinha ex- tremamente delicada, que eltá forrada de branco, com hum subtilliflimo véofinho. Cada hum delles tem dentro hum animal , de hum , ou de outro sexo , com femelhança de for- ma á dos porquinhos , porém mais altos de anca , com féis pernas , e á proporção mais elevadas. O seu corpo tem o meíino branco da neve , e a transparência do cryftal , excepto humas nódoas vermelhas , que fão como a mais viva efear- lata , e que depois de poucos dias nafeidos fe vão contrahindo sobre as coitas em hum elpaço muito menor , e tomando o A ii bri- 4 Memorias da Academia Real brilhante do rubim. Para aproveitar a grãa he precifo logo depois de a apanhar bem madura , cftendella em tabolciros , e âeitar-lhe por cima algumas gotas de vinagre , ou de vi- nho , para que as animalculas , que aquelles ovinhos encer- râo , morrão immediatamente dentro dellcs ; pois que sem efta precaução todos rompião as casquinhas, e dclappareciuo em pouco tempo. Eftas (ao as obfcrvações quaíl todas já vulgarmente co- nhecidas : não me deterei mais fobre cilas , e paflarci a tra- tar das que são minhas. PRETARAqAÕ. Em duas tijcllas vidradas deitei huma pouca de agua do pote , e muitos milhares deites ovinhos : em huma del- ias misturei huma certa porção de pós de empoar , e em outra huma rncíma quantidade de farinha de pão , o que baf- tava de huma , e outra matéria para fazer huma massa capaz de ficar em forma redonda , depois de bem íbvada com os dedos. Resultado. Em huma , e outra matéria , depois de fe acharem já bem feccas , apparccerão muitos daqucllcs bichinhos ; mas mui- tiflimos mais na que tinha sido preparada com os pós. Huns deffes bichinhos se oceupavão ainda então em íacodir fora de si certas porções de calquinha vermelha , e daquelle véo- finho branco dos seus ovinhos , e outros já deftes defpojos eftavão inteiramente defembaraçados. I. DlSPOSlÇA o. Diftribuhi muitos defles bichinhos sobre matérias ani- maes , vegetaes , e mineraes , e expuz tudo ao ar livre. Re- DAS SciENCI AS DE LlSBOA. $ Resultado Sobre todas eftas materias fe conferváráo por muito tem- po aquelles pequenos animaes , e fempre em movimentos muito activos. II. Disposição. Sobre hum vidro bem delgado, e bem plano posto no foco de hum grande , e excellente microfeopio , e que facil- mente podia ser movido para qualquer parte no sentido ho- rizontal , fui efpalhando alguns daquelles bichinhos , da mes- ma sorte que cu os tinha tirado da bolla dos pós com que tinhao sido amaflados , achaíido-sc ainda alguns delles com certas porções da cafea dos feus ovinhos. I. Resultado. As nódoas vermelhas defles bichinhos primeiramente ef- palhadas fobre todo o corpo , mas fempre a maior fobre as coitas , vâb-fe unindo com efta ultima , e formão em fim com cila huma grande mancha da mefma côr , a qual por huma extremidade correlponde perpendicularmente ás pernas pof- teriores , c pela outra ás que tem no meio do corpo , e que se aproximáo ao corcelete. II. Resultado. Efta nódoa vermelha com a côr , e a tranfparencia do rubim , tem huma ofcillaçâo regular. III. Resultado. Eftes animnes nao parecem fuftentar-fe de coufa alguma , nem da casquinha vermelha , nem do véofinho branco dos o- vos (, Memorias da Academia Real vos , nem de nenhuma sorte de animalculas , que diffemina- das na atmosfera , e augmentadas mais de cem mil vezes em volume , poílao fer vifiveis com o microsfeopio. IV. Resultado. 'Elles alli fobre aqucllc vidro renováo as fuás gerações, fem que para ifib lhes feja precifo entrar em lethargu , de- generar de forma , e bufear em hum vegetal hum ponto fixo. V. Resultado. As novas gerações continuâo fempre o vi paras , mas á medida que citas fe fuecedem , vai diminuindo o cfpaço da- quella nódoa vermelha , como também o volume dos feus novos viventes , e rcfpc&ivos indivíduos. VI. Resultado. Aquella nódoa vermelha na repetição das gerações vai fempre diminuindo , e já quali que defapparece de todo em alguns destes bichinhos. VII. Resultado. As fêmeas tem o corpo maior que os machos , mas mof- trão-se menos vivas , e continuando as gerações parecem mais pezadas , c inclino entorpecidas. VIII. Resultado. Os pequenos novamente nascidos moftrao-fc sempre muito inquietos , faltao varias vezes fobre os Pais , e andáo muito tempo fobre elles. IX. Resultado. Elles soffrem grandes mudanças da atmosfera , o ar mais , ou dasSciencias de Lisboa. 7 ou menos húmido , mais leve , ou mais pezado , o maior frio e o maior calor do noiTo Clima , e fempre sem inquietação íenfivel, X, Resultado. Em fim tendo-fe paliado algum tempo , não eftou certo de quanto , defdc a ultima obfervação que tinha feito , e indo ver o que havia de novo fobre o vidro , achei em lugar def- ics bichinhos outros de mui diverfa figura , mais aitos de pernas, com hum corpo chato , e de muito maior supeificie, mais largos, e mais redondos , mas não de muito maior vo- lume, lemelhantes ao Knavel , ou Gjchinilha Polonica , ain- da quj infinitamente mais pequenos , e todos eiavao immo- veis, e íempre na mefma poftura. Reflexões fobre os fenómenos ohfervados. A figura daquelles animaes , os bichinhos Kermes , fe con- fcrva Íempre a mefma , e as mudanças nas succellivas gera- ções , fó fe manifcftao pela menor vivacidade dos movimen- tos , pelo menor volume do corpo , e pela diminuição do eipaço daquclla nódoa vermelha. Elfes tão vivos movimentos , Íempre muito mais facudidos no tempo da primeira idade, nos primeiros dias da vida ; aquella ofcillação regular , em maior , ou menor lugar tão diftincTumente marcada , a fre- quente acção da cabeça, aíllm como a da tromba, e das ou- tras partes do corpo tão fortemente defembaraçada ; todo ef- tc jogo muitas vezes qual! fem defeanço , executado naquelle lugar fem paít. > , ícm alimento feníivel , e já defde algum tempo dos mefmos folhelhos dos ovinhos defpojado ; todo efte mccanifmo parece mui claramente moftrar , que aquelles pequenos viventes , tomão pela refpiração o feu fuftento de algumas partículas do ar , fufficiente para lhes procurar huma certa quantidade de nutrição, mas não para fazer dilatar , e conlervar com igual volume , e vigor , as obras produtivas da- 8 Memorias da Academia Re al da efpecie, pois que citas nas lueceffivas gerações fc moftrâo pela obfervaçao reciprocamente mais fracas. Conforme a ef- te penfamento pôde com razão dizer-se , que por falta dchu- ma base de conveniente nutrição , tem aquella efpecie hum termo na fua faculdade produftiva , termo aonde em fim por alteração dos órgãos toda a fua energia fe extingue , ou fe communica a outra efpecie por mudança do leu typo. Efte penfamento eu convenho he certamente arrojado ; mas não fe deve entender , que porque afllm o digo , eu me encarregue de defendello nas cunfequenciasdas gerações equi- vocas , pois feria muito impróprio , e ao mefmo tempo muito injufto , o não fe dar limite ao meu verdadeiro fentido , e o julgaf-fè que eíTa paíTagem a outra figura pela ultima ge- ração, de que aqui trato, ficaria assim reputada, poderão de- pois correr p »r todos os tempos , e por todas as formas com hum femelhante deftino : Eu não penfo defta maneira , antes considero , que eíTcs limites fão. tão curtos que elles logo fe tocão , c fe confundem nas extremidades de duas efpecies ■mui contiguas , ambas mui femelhantes em parte dos feus respectivos fenómenos , poílo que mui diíFerentes nas figuras dos feus individuos. Por huma parte defles limites , penso eu , fe prefentá- rão os Gallinfe£los Kermcs,e pela outra aquellcs bichinhos, que fegundo o io.° rctultado , eu conjecturo serem da na- tureza dos Progallinfeftos , pela extraordinária , e não efpe- rada apparição , c pela grande semelhança que elles moítra- vão ter com o Knavel , ou Cochinilha Polonica , pofto que mui differentes no tamanho. Era certamente huma cousa mui curiofa , o vêr como aquelles animaes tinhão tomado o lugar dos outros , e como fe tinhão poílo em ordem de xadrez lobre o vidro , cada hum dclles fobre féis pernas mui efpctado , e todos tão immoveis , que era precifo tocallos com geito para vêr fe eftavão vivos. Elles fe confervárão aíCm por alguns dias, de- pois de repente defapparecèrão todos. Eítc he o fenómeno que me excitou o pensamento da de- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. s Kermes, fe propagao por gerações di- yerfamente formadas, já por hum fó ovo, já por muitos mi- lhares de ovos , já por huma limples ovação ao ar livre , e a difFerentcs gráos de calor, já por outra forma em que tam- bém he neceflària huma longa incubação fem o contacto da atmosfera, e a hum gráo de calor quafi conftante , já por dois individuos perfeitos da mefma efpecie,já por outro mo- do cm que he neceflario , que hum daquelles animaes fe ache na fua figura mui mudado ; e o que fe faz ainda mais notável he , que a fuecessao propagada pelo concurfo de dois per- feitos indivíduos defla mefma efpecie , degenere em pouco tempo , e não poíTa fer por muitas gerações prolongada , Tom. III. B quan- .í IO Memouias da Academia Real quando a fuccefíao para que concorre hum dos dois indiví- duos, ia com alua figura mui cftranhamcnte degenerada , he aquella por onde o vigor da efpecie , e a íua perpetua dura- ção deve ler continuada. As grandes diíFerençasdo calor da atmosfera , que aquel- lcs pequenos animaes íopportao em hum lugar fem abrigo , defeobertos , c de todo defguarnecidos , fem porém darem de huma tão grande mudança alguma demonftração por ai* gum delaíToeego , ou inquietação lensivel , he também hu- ína coufa digna de fer obfervada. Elles paffão largos tempos na meirna fituação ; na mefmi correlpondencia , em movi- mentos indifferentes , em outros de natural confenfo , e de regular medida ; foíFrcndo da atmosfera as vicilfitudes indica- das pelo efpirito de vinho em hum thermometro de Reau- mur , deide o ponto da congelação até 38 gráos deste inftru- mento , ou da lua rcfpectiva cfcala , muito acima do que sobe o mefmo liquor por efFeito do calor natural do fatigue humano ; o que bem claramente moftra , que eftes infectos pela íua forte conftituição , e refistencia do feu mecanifmo podem com proporcionado pafto exiftir, e dar o prodii&o do feu u- til trabalho nos lugares mais quentes da Europa , e nos que ião dos mais afperos pelo frio. Efta obfervação para utilidade de outros Paizes pôde fer mui facilmente applicada. Se ella ha mais tempo fora conhecida pudera M/LelTer, Author da Teologia dos Insedlos feguramente contar, ou fobre a actual exiftencia do Kermes em Barauth na Saxonia , na Silefia , ou fobre a poflibilidade de transplantallo áquelles , e outros lu- gares de Alemanha , c de fe poderem alli delles tirar os de- le jados proveitos. Não fó femelhante utilidade fe pode tirar deftes infe- ctos na maior parte da terra , mas ainda talvez outras muito mais eftimaveis , e de muito differente uso , procurando ao cor- po humano enfermo por meio delles algum novo , e feliz au- xilio. Eu dou agora aqui os primeiros paffbs por efte novo caminho , e bem quizera eu poder já moftrar efte mais am- plo, c hir logo até ao ponto desejado, mas tem-mc faltado as DAS SciENClAS DE LlSBOA. II as occafiocs para emprehcndcllo , e como ha muito tempo que fruftradamcnte as efpero, não julgo conveniente dilatar mais a noticia das minhas tentativas áquclles , que pela sua profis- fão tem mais facilidades para tratallas. Tentativa para o proveitoso emprego da [emente da efear- lata na Medicina. Desfazendo cincoenta deitas grãafmhas entre os dedos , e deitando-as em huma gcmma de ovo , efta fe confervou fem corrupção por muito tempo , o que certamente não fuecede- ria , nem ainda por poucos dias , se efta femente , ou cftes ovinhos não foflem dotados de huma poderofa qualidade an- tifeptica. I. Observação. Também por efta tentativa obfervei , que efta mcfma grãa he hum grande diflblvente. II. Observação. Quando eftivc cm Cezimbra varias vezes obfervei , que os oflbs dos Pombos bravos no tempo que a grãa eftá ma- dura , c ainda muito depois tinhão a côr vermelha , que efta fe conferva por alguns annos , e que a dos oflbs das pernas he fempre a que fica mais viva. Eftas propriedades da grãa do Kermes poderão obrar em muitos cafos com muito maior virtude na Medecina , que a dos 'melhores remédios conhecidos ; e talvez que por iua efficacia fe chegue a vencer a rebeldia de algumas moleftias que são até hoje incuráveis. Logo vem ao penfamento , que por efleito da primeira tentativa , e da fegunda obfervaçao fe poderá applicar efla matéria á cura da Efpinha ventofa, aflbciando-fe-lhe alguma que lhe pofla fervir de auxiliar , ou de bafe , fegundo que a natureza do vinis for afrodifiaca ef- B ii cro- ia Memorias da Academia Real crofulofa , ou efcorbutica , ou que pelo concurfo dclTas cau- tas cila fe achar difFcrcntemcnte complicada. Bem quizera eu também logo aqui nefte papel moftrar os modos de eftender o Commercio da noira graa , ta/.endo por meio de novas preparações fuperior a fua qualidade , para lhe dar hum maior valor na concurrencia da venda, e amplificar assim o caminho do beneficio a tantos indivíduos da Nação, áquella gente mais pobre , e mais falta de trabalho , as mu- lheres , e ás meímas crianças , que no tempo mais próprio para dar algum proveito ás fuás fadigas , vão pelas Serranias mais afperas bufear na colheita da grãa os meios de paliar por alguns dias com menos difficuldade a vida. Mas deixo agora de tratar assim dcfte tão útil artigo ; não só porque quero ainda verificar o que achei com bom fucceflb nas pri- meiras tentativas , mas também porque para fe confeguir o fim deíTe maior commercio , deíTe mais extenso beneficio , não parece conveniente moftrar aqui efles novos modos logo da maneira mais clara , sem que antecedentemente , para me- lhor fe fegurarem os noflbs proveitos , fe tenhão dado propor- cionadas providencias , e tomado bem ajuftadas medidas. Eu farei nefta matéria o que opportunamente poder , e nella me regularei pelos patrióticos cuidados , e pelas mui extensas luzes do Creador defta illuftre Academia. M E- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. J^' / •> MEMOIRE Sur les Variations Sêculaires des Elémens élliptiques de Palias et de Cérès. Par M. Damoiseau de Monfort. L'E q v a t i o n differentielle dont dépend prcfque tou- jours la détermination des Mouvcmcns Céleftes , donne , par les intégrarions fuceffives , des ares de cercle hors des íi- gnes Simis et Cofimis : ces ares nc devant pas exifter dans 1'intégrale , on les íait disparaitre , en confidérant les foncti- ons qui les produifent par leurs dévéloppemens en Series , commc apparrenans au mouvement élliptique : et de lá naif- fent les variations Sêculaires des Elémens de ce mouvement, qui font alors fonftions du tems. Mais 1'argiiment dont dépend ces inégalités , étant re- produit par les termes de trois dimensions des Excentricitéa et de l'inclinaison des Orbites , ainíi que par ceux du cin- quieme ordre et des ordres impairs fupcrieurs, toujours avec de nouveaux coefficiens ; on doit avoir égard dans la déter- mination des variations lécubires , non feulement aux termes du premicr ordre qui renferment des ares de Cercle , mais encore aux termes fembhbles du 3.iemc ordre , du 5-.'cm£ , etc. vil cependant le peu d'Excentricité et la petite inclinaifon des planetes anciennement conníies , il était permis de n'avoir egard qu'aux termes dépendans des premieres puiffances des Ex- centricites ; cette conlidération n'est certainement pas fuffisante pour Céròs , et encore moins pour Palias : la grande proxi- mité de ces aftres à Júpiter, joint à une grande excentricité et une inclinaifon coníidérable , produifent dans leurs mou- vemens , de fortes et nombreufes inégalités , dont le déve- loppement en ofFrant un travail immenfe , prepare dans le ré- j6 Memokias da Academia Real réfultat , un nouveau degré de perfeclion dans la Thcorie des mouvemens CélefteS. La fouclion qui renferme les forces jperturbatrices étant developpée fuivant les puiflancès de 1'inclinaifon refpe&ive des deux Orbites , dorme une lérie aflez convergente , lors- que 1'inclinaifon n'cft que de quelqucs degrés; et la confidé- ration des deux premieis teimes peUt fuffire , dans les cas même de Çérès , dont 1'orbite est inçlinée de n des autres planetes ; cníin on y coiui- derera les variations féculaires des noeuds des orbites et de leu/s inclinaifons fur l'éeliptique. ( i ) Snient x , y , z , les Coordonnécs rcítanglcs de Pal- ias rapportées au centre du Solcil ; té , j', z' , cclles de Jú- piter ; r, r' , les rayons veâeurs et a la diltanee mutuelle des deux planetes. Les forces paralleles aux axes des Coor- donnécs qui follicitent Palias vers leur origine. , feront , en défignant par i ■+- m la fomme des maffes du Soleil et de Palias, par m la mafle de Júpiter : ( i4-»0 * W*' d -hw) 3 w'2' m (x'— A' «/ (3' — Z A' A (I-+-MÍ 7 - OU (ih- 7«)jy m'y' ;;/ '(/ -7); en r1 fuppt -dF\ , "*" r" >lant F ( i +**) 25 A' W („v.v'-t- jyjy' r" 4- zsO • • • ( I -4-JM ) .V 4-r^> '<*F\ On aura donc par les príncipes de Dynamique les trois équa- tions differenticllcs dans lesquelles 1'élément du tems dt eít fuppofé conftant ddx ( i +m ) x ( dF\ _ ddy ( i +m)y ° -iu~ * — ? — + te; ' °- ~dr- ■+- — f^-"- ■* • • /í/F\ ddz (i+)«)s /^F\ Si on négligc le quarré des forces perturbatrices , et que l'on prennc pour plan fixe , celui de 1'orbite de m à une époque donnée , on aura , en multipliant les deux premieres dquations respcftivemcnt par dx dy , et intégraiit, _ _ dx1 -+- dy- i Ci + m) r ,r Tom. III. C la 1 8 Memorias da Academia Real la ditfefenrielle dF n'etant relativc qu'aux Coordonnées „v,jy, de vi , et c. écant une conftante arbitraire. Lcs mêrnes équations multiplicas relpe&iveinent par .v, j, et ajoutées à l'intégrale precedente donneront dd. '- rz i -t- vi , ,., / dl'\ ° = -7lP r-+iJdF + t (-^r)+f; L' équation precedente appartient au mouvement cllipti- que lorlquc m , m font nuls ; li on repréfente par : r , la partie ác r eliie aux torces perturbatrices ; en changeant dans IV- quation differentielle , r dans r +■ ir, r étant le rayon ve&eur el- liptique,on aura en n'ayant égard qu'aux premieres puiflances des torces perturbatrices, âd.r$r (i4-;;/)rir r ,„ /<^\ • n ( 2 ) en Ordonnant cette équation par rapport aux puif- fances et aux produits des Excentricités et de 1'inclinailòn refpeftive des orbites , et ne coníidérant que les termes fus- ceptibles de donner des ares de cercle par les íubftituitions fucccífíves , on peut toujours réduire la détermination de ir á l'intégration d'équations de la forme , d- rfrr f (" & 1 o = — '-r-= h tp rfrr ■+- jfa- <. Hfin. i(nt-\- ') -\-K cos. i (///"-+- *) > ; H et K pouvant devenir ionítions du tems , felon la valeur de i pour intégrer cette équation , on fera £& =fjin, i (ttt 4- «). -1- q . cos. i ( nt -t- í) , p , q étant deux indétcrminées fonítions du tems; cette va- leur fubfttituée dans 1'équation differentielle, donnera , parla com para Ifon des finus et cofinus femblables , en fuppofant conftantes, lcs i.n" differences de p , q j O'' dasScienciasdeLisboa. 1 J> (/» tf-»)p-r-2 in -£-= tf H 5 (/**" -n')q-z i n -£- = li) la Diffcrcnciation donnera enfuite, tf M a/»' ^K ___£!_ J0 />- ,■*»*_»» #- (/'«'-O1 tfV ' ? - FF^s3 * + • • • (') 2 /' »' tfT? (rif-—tf)2 dt ' dans le cas de i = i , ou tire des équations ( b ) , dq n (') áft _ n (0 dt -TR '■> dt — 2 A » , »í Tr nt r. , T integrant on aura j — ~y~ tf"*" £ '■> P = J" ^ "*" ô g et i drant deux confiantes arbitraires : l'intégrale completo de la proposée fera donc (, +^„">) „,.(.,+0+ ^i^^)| cette expreífion cft fuífifante , lorfq*on néglige le quarré du tems ; car alors les ares de cercle ne fe rencontrent point dans (<) (0 l'équation differentiellc , lorfque i — i, et H, K reítent toujours conftans. (3) Reprenons féquation (tf); dans 1'hypothcfe éllipti- que , on a , en nommant a la diftance moyenne de Palias, »í-t-e la longitude moyenne, ae l'excentricité et u la lon- gitude du périhelie , a C ii r rir o 3 d >. I- i 20 Memouas da Academia Real - = i+7f' — (e — ± e ') cof. (n t + t — u) — ± e- cof.Çznt + ztZ — ?") '!«£ (3*'-*- 3*— 3") 1'equatioo. differentielle devient ainíl , cn oblorvant que II ou néglige La mafle m de la planctc , ona ( i -t- m ) = «' a' , Jtr, r- + n; rír + n'í2_l^ +|í,«/. (inl-|-2f -a») > -Hn*«' CaídF+r Cj—J J ; Maintcnant, en portant la préciíion , dans le développement de F, juíqu'aux troifiemes puiflances et produits-de trois di- meníions des excentricités , et jufqu'aux produits de cinq di- menfions des excentricités et de Pinclinaifon rclpettivc inclu- fivement ; tous les termes de la fon&ion a ( z ídF-+- r(-J—\ ) dcveloppée , qui peuvent introduirc dans 1'équation differen~ tielle , des termes dependants de 1'angle nt _)- e , font com- pris dans les formes N'scof.(2nt-t-2e — L'2) Ns cof.Çttt-i-e — L, ) N4 cof. L4 X4 DAS SciENClAS DE LlSBOA. II N'tC0f. (2WÍ-+-2E-L',) Ntcof. (nt-hB-L, ) Les nombres écrits au bas des lettres , indiqucnt pour iV , N' , 1'ordre de ces lettres- et pour L , 11 , 1'ordre au quel correfpondcnt cellesci. (4) Confidérons les termes indcpeildans des excentri- cités et de 1'inclinaifon , l'équation differentielle do n.° pré- cédent devient , à~ rà'r , , Ar o = —rp \- if r fr r -*- n- a- N0 d'oíi l'on tire -^ = -N0 , et í£="-2f. a2 ° a * La même équation , en n'ayant égard qu'aux premieres puiffances des excentricités , devient , „ — '' '• T\ r + „~- r i r+- n~ *> \ j JjL e. cçf. (nt + 1- CO) + Nt «*.(«/+ 6 - tj V i% Ia y fubftituant la valeur de — ^-et transformant , on aura a 7 d,rir f( Ntf,nLt -iN0 í/Í-.. W)7I/i.(n/ + e)\ e = —r—j \-i>-rSr + n2a-J }• dt \ ( iVT, «/. L,- , tf„ e . «/. 0) ) «/ (»l + í)J d'on l'on tire en intégrant , fans avoir égard aux conftantes arbitraires qui font cenfées coinprilcs dans les Elémens du mouvement Elliptique r»r a2 ai Memorias da Aademia Real \—~ — 3 -íV0 <■ //». « >■ «y: (»/ + e) | l'on a enfuite — , = ^J— ,— — . -A-I° Cc qui donnc , cn fai- a a' a a 1 ' fant N,fin L, _ 3 No e. fin. u=pl; Nt cof L,— $N0e cof. ^—qi — <~ q, +N0 eftn. - > .fi».(»t + B) frr ■ l 2 J 7»= f 1 f I ■+- < — />, — w0 *. f?/: > >> cof ( »/ -t- s) I li2 J J Coníidérons préfentement les termes du fecond ordre , Tequation diffcrenticlle deviendra, i — ^ e coj. (nt 4- e - » ) 4- e1 coj. Çanl + a6-a«)>- I = ^L + nar^r + n'.^ ' ^ J > + Wa. te/"L2-(-ií'2 («(ínf + si-I'. ) I la partic conitante de -2 — et celle du primier orde etant— 0 4- — — , , on transformera l'equation precedente , en J I ntCp.efm. u-q.c cof. * ) - »W0e'./* 2 u-\-N'fin.L' > fín.(2nt+2 t I * I " 1 2 231 ^ ní f p « «/. « — 7 e/in. » ) — -j JV0 «- 4- N co/.L DAS SciENCIAS DE LlSBOA. intdgrant , on aura *3 ç 1 •S J "'(.P e /'"• " — f ««/ «) — 40 «• «/• « + ««../»■. ■ ) — í N c- fm.2»-\rLN' fm.L' yfin.Cznt-^z ) I ' ' ' ' ' «■ I ' , ' = = •< < 4 n'Cpe- "/ » + ie.fm. u) + -(i>cf,n. »-?<«/.«)-ÍA'í;«/:ií + ^N'»/-1'' > «/.(ml 4- J<) /i i4x i »( i 2o ' 2 a f X nl ( ./ í /ín, u — p e cof. u") + Lj\" e- — N €pf. L é I I - O 2 2 pour conclure de cette valeur ccllc de — „;on obfervera que -Ç-=-^-f(4.+-T:ó".'í— ff 1 I i \ « * • ° J *'• r i 4: = — s < i ní ( P « «e/"- " + 9 e /■"• " 5 + 7 C P '/'"• «-?««/. « ) - -| # «2 cof. 2 « + 4 N' cof. V y cof. ( a nf + a «) li i J * ? aaj hnt (q cfin.u- p c cof. u~) + iNc2 — N cof. L i í t - 2 2 2 Paflant aux termes du troifieme ordre , on aura pour les déterminer, 1'équation differentielle , /-\ - ( e + 1 <0 cof. (_nt+ • -*■*)■+■ fi. cof. (z „i+ i « - z O + 11 f '«/.(}nM-3i -jO > » ^ — , j- — -+■ n2 r f r -+- n- a- > ■+- JV to/ ( nf ■+- f - L ) + A" «/ ( j nl -+- j i - 1 ' ) La partiè de — qui dépcnd des ordres précòdens etant fubftituée dans cette expreffion , on la changera en celle-ci , 24 Memorias da Academia Real ; ii» ( /' e- fm. 2 u — .; c-cof. 2») — i ( p e- cof. í u + q e- fm. 2 u) i J i i i j + N'fm. L' + {N'tf,n. (L' + ») - 7-l N c' fin. ) u vy7n. j nl+ji) L J f*. 1 (p e: «/. 2 «i + q e- fm. J») + i(/' c-fm. 2»-ij c~-cof.2u) I >«/■ Ci "'H-J O 0= -*',?- +"5 r»r + n»*^ • JV' cof. 1' 4- ' IV' e cof. ( L' -+- u ) — ii JV' <' «/. j u | J = 2 2 '«O > N fin. L 4- L A'' í /m. ( L' - « ) - * N c cof. L/m. » } } 2 2 2 a 2 1 I -Lpt1- l Ne' fm. u - i s o \ N cof. I + -! N' e cof. ( I' - « )- } N c cof. L cof. a I ) * 2 2 2 et cn intcgrant, )>y:n.(n/ + .) ► c/. (n/4-i] + v> Jin. ( 1 ní + } i ) i»-' +i tV/ÍB. Lí+TfMr'«/«*CI',-t-0-Hír«,/i* 3 " ' i i » ? ° Tj n/ ( /> c7. cof. 2 a +• 9 e\/m. a «) + m (P í'/'"-2 « -? «W-2 <0 | + { iV cof. L' + r* A7' <«/ C !■' + «)- M w «' "/• 1 1 l ) 2 2 o cof. ( j ní -1- 3 O DAS SciENClAS DE LlSBoA. r 2 Ar «/. L -(- L A" e c»y. ( L> — u ) — |íf( cof. L tof. «• I | 2 2 2 12 di. - jr-i— "S — -j je2-ílf í1 «/. u a5- y7n.Co» + .) + ^J I N fin. L+ÍK' cJln.Q L'-»)-jIf<»/LJl».« — ir p c- — -j N e Jm. u ■ cof. ( n» + < ) J Hf Si l'ou reprefente les dcux derniers termes par 1 i i nt ir fin. ( nt ■+- , ) , «jfo/1 ( »í+- ' ); on determinera — ,• en negli- geant les termes de trois dimenfions des Excentricités , puif- quc ces termes étant iubftitués dans l'équation differentielle fcroient multipliés par e, et l'on aura, fr 1 < H N ,fin. ( L + . ) + J N-Ji*. L >M(3«->- 3 0 l 2 2 J í J r ■> -< I-í ^ ' ^ (L'+- « ) •+■ í & cof- L' > cof- (3 wí+ 3 ») 1 > < { Ne fin. (L— ») — N ecof.Lfm.,— — q >fin. (»í + .) [2 2 2 2 i J {iKtc,f.íL-.)-Nenf.Lc,f., + ^-,^ôMM+i) Pour determiner les termes du quatrieme ordre , qui de- pendem de 1'inclinaison des orbites , on aura 1'équatiou dif- ferentielle , Tom. III. D o = rf'. rir ít2 2 III + 2 í— L") 4 J 26 Memorias da Academia Real í< '* r ^1 _iL J (e + -c'.)fo/(nr+t — o>) + c-ccJ.Qi nf+2 £—2 «>) + ;— «'«/.(jní + j«-j w) > | I, » a a | > 1 v •s l 4. N cof, L 4- JV' c o/. C ! 4 4 4 Aprés avoir fubftitué pour '■• , fa valeur donnéc parles ihtégrations precedentes , on donnera à l'équatíon diíFcrentiélle , la forme , ir ^ I nt (pc.rm.a - a e cof. »)4-'-± NV/ifl. L'~ 4 w «'«/• *■/<"• * « I I 4 I ( ' * 2 1 X 1 1 j J >/i'n.(atií+2s) | +_i_ JV'í/,n. (L'-«)4-JV'/;ii. i' { ' i z-J2-'f +nVr + n-<.;<: I j.„» (p c.cof.a + a f/ín. O +.L? N'c"-icf.L<- 1 Nc"cof.Lcof.2 u, I tíí" |4í * ' "22*22 f | ^ " I I 4 4 X nl (p t cof.» - fl e/in. a ) -+- i #'«* «/". (L'-a «)- í N e* cof. L +N cof. L I ) * * 2 244 integrant , 1 i nt (p cfm.u -- *-' I * 1« . 1* Vj is'-» » 4 4 J I* 1 4 — J [ - n( (p « "/■ " -t"7 e /»■ ">+-'■? O '/''"■" - 1 •««/•*+ 57 »'«*«/ l' I £ «/ ( i' inlfq cftn. » - p. t. cof. «) - 1 JV'e=í-/. (L'- â«) -ha' e2«/.l - tf <•<>/. L 4 ^ I ,J j •/42-/,a 22 2 4 4 on DAS SciENCIAS DE LlSBOA. on aura cnfuite , 27 I \nt^pe.f,o.u-qeeof.u>)-lÇ_pecof.u+ 7 > 2 * 2 '4 * J >/lrt.( 2flf-f 21) < , >.<•»/:( 2/it+2t) 1 +-J XV' «• *«/. ( 1/ — « ) — iíf e2 «/. L f/í».C«í+0 J4TiV'«WC1-í">-í^«'"/CI''-''>-|We»*«./.I.M/:«-4í«a ' J «f/nr+O <( 3 2 2 2 > 2 2 ( < "*»*V * L5 I I 2 4 4 4 4 5 5 J intégrant , D ii rir a2 i 28 Memorias da Academia n e a l (ÍlN c''ccf.(L'-}^-\Ke-4N e»/Io.Çr-i»)-|jye'«/.t/Bi.»-i pe2 i | •» S 2 - 5; 2 » 2 2 "'| . »' l > *»/Oh-0 a | { JV e2yiri.(L - a*>K A' t.Jln. (L -*)- j A' ecof. L/í». u+Nfin. L \ 4 4 5 5 ( 5 ) Si 1'on raíTemblc lcs tcrmcs dcs prcmier troifiòne et cinquicmc ordres , qui dcpcndcnt de 1'angle wí _+_ E , on au- ra la partic de -^- qui contient 1'arcíhors dcs fignes finus et cofinus. "^ .V cof. L — 5 N e cof. u i « ° i\W.L+1JV' « cof.ÇV-u*)-^ « cofXcof.u-lNcUof.u-l ,/t2 | j 2 2 2 2 2 S IVo^L-t-^A'' e «/•CL'-")-J W ccof.Lcof.u+'-N'c-cof.CL'-2u') ».(»'+0 =•< ! J-JV'e'«/.CL'-jW)-i-Ní'«/CL'— «WAVc/.Iio/.v-JL./c2 I 4» j a * 2 2 2 2 » f JV kL-)N í/m. » nt IS' /7n . L+lN'cfm. ( L'— «>- jtfcco/. L/m. e/^Çnf-J-i — O ('4) («») («6) C JV í'f + ZV c2c' + N *2 í')«/.(ní + ■ — •/) (•7) JV ea «' f of. ( n/ -+- « — 2 ?ecof.(i m+j,-^-.,) 1 («) -TV co/. ( ; «f -4- 3 - — L ) . 'íVa2 (54) («) N^e-cof. ( 2«— 2ii ) (»7) W 1^^co/.(z.-2 iV' f o/i ( 2 nt 4- 2 1 — L> ) . J n) (28) iV A2 ff cof. («'_„) f«9) Wa2 «'«,/. (>'_(-„_ 2 „) (t°) iV A2 e2 co/. ( 2 nt ■+- 2 i — 2 a ■) (jO ÍVa2 e'- cof. ( 2 nt ■+- 1 * — tu') d») N cof. Ç nt 4- i — L ) S 5 iV a2 ee' cof. ( nt 2 « — J — u ) Z' f"' ('■») (n)\ ,. ^ 2Va2 e2 + ív x* f/» _j_ jvv J cof. (2 nt 4- 2 . — 2n ) 00 iW ee' ró/ ( 2 nt 4- 2 < — 2 n 4- « — J ) (!7) (. iV a2 ee' r o/. (2 nt 4- 2 s - 2n -K' _„) \Ntf- e N>.2 e' -+- N a2 ee/2 ) cof- < nt -+" E — ») ^ f-»') Í45) (4)) S _, ^ÍVa* e' -t- 2Va2 e'< 4- jVV e2 e' / 0/. ( nt 4- < — «>) J / (44) Í45) (46) \ < ^ N a* e 4- iV a2 ei 4- ív x» een) cof. (B/4- * 4- *>— 2n) ^ f47' (48) (49) N „ K.N \* e' 4- N a2 «" 4- N a2 e2 e' ) cof ("H- «4-»'— 2n) (so) ÍVa2 e2 e' ro/. ( nt 4- < — 2 » 4- «' ) JV. DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 31 Ncof (nt-f-. — L) ! 5 í»0 N h* ter cof. ( nt -t- < — 2 "' + O cof. ( nt -+- ■ — 2« — rf + ín) (n) iV a2 ee'- cof. ( ní -+- ■ — 2 »' — u -+- 2 n ) J N ' iV*2 eV cof. ( ní -t- 1 -»- 2 * — »' — 2 n ) (S!) iV a1 fe'2 cof. ( «í -+- ■ 4- 2 «' — w — 211) (i<) iV/.2 e! cof. C nt -+- f — i» + in) L'on aura enEn pour 1'expreffion des ares de cercle corn- ai rr pns dans — r nt iV e' f o/". «' co/. tf -■=■1 L / ('7) . («K {N—iN ) e~- e> cof. (t »—*'■) / (««) (8)\ OV-+-7ÍV ; «'2 CO/. C CO/. ( 2 tf' — tf ) / (19) , («ok UV-t-^iV JSe.cof. (2n-tf) J >/i«.C»t+' ) (20) 1 iV *2 «'.Vo/. ( nt -t-*- J tf' -t-2 n ) (!9) Cf)\ /• (40) [»U f*f°/- / (-ti) , ft»Ji (íS) (ióK íyJ4^' áí,j,« jaa,-> ,t,,,j (,o) ■ (i')n i ' f J/$) ,, f <49) • (,7)> f*>)' (,oh (4') 1 I <; íYa= f'»+CiV+- riV- TiV-riV ;,Ví'-hiV.V >cof.C «n-.n L J „t I C fio) , fsSK — — < VV-M iV ^ ir e- f'. fq/". ( 2 » — */) / fiO , (m)\ f (?») ; ('>>)\ ^..V- r iV ^ ;.J e5 e' «/. Ç z « -f- o.' — í n ) I / (n) , ('7)\ | ^V — ;N ^^íf^w/.Ci^ + .-in) / ÍÍ4) , 06) , («k / («0 i f!»7)N \N- -:N ) >.2 ee1- cof. ( 2 n-h « - 2 J ) /- f!6) , í«6) (10K \N>.2e"cof( }.'-2n) (V (') (oK >//«.(nf+0 n( f» Nt' fin.u 2 1 í/J'0 ■ ,l7) ^ (,) • f,) 1 <°h t ?cof.(nt+i-) ■+■ 1 das Scienciasdk Lisboa. 33 \{ #i Cví i tUfriF) *i% &* \p, , ' f ('7) , (6)\ ( (,s) , («A f ('9) (10) \ L j \( (46) , ímA / (44, tlri\ y/ín.an-. r (48)> ^(4,) ' (,r); C9), (j°a í-7) t I / (50) , ^«A ^Y-t-^A' Jx'e-e'fm. C 2 *- ,/) / (P) . (*9)\ /" fíll . (=7A ^ _ | iV y >.* ^ =/','• (í«' + ,-2n) ( ,íi4) . f'6' . (52A UH-stf+fJT yJ^eV/in. (211 + ./_,.,) ^ (!!) I ('7A l\N-~N Jt?ti"fin. (zn -f.«-a „') To;». 7/7. E J GP o 34 Memorias p a Academia Real ( / ((6) , {»«) , (io)\ ^ l\-W*a e''/ÍN.( } .' — in) J (o) (') Les coeíEcientes N , N , etc. Sc trouvcnt dcvéloppés dans lc n", ( y ) de maniere que l'ori peut immédiatement , y fubftituer les valeurs numériques. (6) Dans le mouvement élliptique, bn a cn ne coníidé- raot que les termos qui dependent de 1'angle nt -+- s > I -V= — (• — i «' )/i«. »Jw. C "f -+- O - C « - T «! ) «'/■ » »/• C «t -t- í ) : Si l'on confidere les ares de cerclc du n°. préccdént , com me réfultans du dcvéloppemcnt cn fenés des coefficients du fuius et du coGnus de «í-Hede 1'expression élliptique de jl . -^- , ou aura , en íuppoíant que ^ exprime la variation de ces coefficiens, corre fpondante au tems t, L » j » x s , ; L J Les premiers membres de ces équations étant fonttions du tems , on a , en ne confervant que les termes affcttés de la icre puiffance de í, qui font les ieuls qu'on ait coníideré dans l'exprcífion de ar . r 1 I » J J( r i r k J * d'ou l'on tire >-HP+/0) das Sciencias de Lisboa. 35" Si Dcterminons préfcntcmcnt lcs valeurs de —77- -37 ; les é- quations precedentes deviennent C ' — | <2) ■ ~yi». « + («-£ + /> + ? )/"<"«.« > 8 «' 2 1 1 I 5 1 | $ J et par confequent, J» " C ■/ 1 + y ; 4- >/ , V^ * ■ 4- ( ;■ 1 + p t 4- p ; ) /»'■ M > en multipliant les valeurs de ■— -~ par le tems t , on aura E ii les 3 ) -+- } t\ftn. (2 mH-2í-2«) +lle,ftn.(i\nt-^-^-i^ et en marquant d'un trait « « e « , ecs valeurs deviendroat rclatives a ;»' j on anra enfuite , x — v.co[.v, y = r.Jln.v, z—o r',/7» v; „,_r'y /in.v; *<=r'.ro/.V; y=\Jl^r «!=?.VW ce qui dorme , I *'• -fr "/ («' - « ) + -Ç" V 1 »/C«'-0-«/ ry-Ho\ ( JL — ,_o > f 2 r l J V'-r> J I í — 2 Y I _wy r»+r"-arf'«/(«'-»)-rr'(«/.(w' -v>H«/-(v'+Oy y1+y2 -O > f=<: OU das Sciencias de Lisboa. 37 ou, cn faifant \y| - i=*», et ncgligcant les fixicmcs puiffanccs de * r F= ~r "/■ (*'-•') +~r ' 73 «•/ C»'-«0 - »,/. ( „' + „ )\ x« - /« ír3 + rs-j rr cof. ( u' — v ) ) 7- ("" + r*-iV «/ C v' - v ) ) ,/. Y(«/ (v -v) -«/ (»' +0 ) ; -Tf V - ]'"' 6-3+ r"-a rr '«/. (w- v)) '< rr f («/:(v'-v)-«/'.(v'+<0>) >• *« fuppofons , £ co/. o, t-nt+ .'_ o- («M-a 2-^' «/Çbí-mí -K -0) ~^= | iV-Ort-^H?'- 0 ; _!_ -( a* + * > _ im cof.Oit-m+<- . ))~ '_ iB cof i ( „,,_ w + ^ j . / \ — x . (i) ( a2 + 4'a — iaa'cof.(n't—m-t->'—> ) ) "= 5 C co/. i ( n't — «í -+- ■ ' - O ; W i devant avoir toute lcs valcur o, + 1, + 2 , etc , et A é- (-0 (0 (-0(0 C-0 tant égal a ^f, B = B, C =r C\ on reduira facilement F en une ferie ordonnée par rapport aux puiflances et aux produits de e, e' , * ; et li dans ce devéloppemcnt on porte l'appro- ximation jusq'aux cubes et aux produits de trois dimenfions des cxccntricitcs et jusquaux produits de cinq demeníions de e , e' , ;. inclusivement , on aura , en ne coníiderant que les termos constans, etceux qui dependent des angleswí -\-tJznt -+- 2 • , 3 nt ■+- 3 s une foníHon de cette forme j M (o) Memorias da Academia Real (o) M Ate cof. (»(-{- * — * J M e cof. («-+-•—"') (;) (4) (O A/ f -4- Aí en -4- «*" (6) Aí et cof. ( «' — « ) Aí e3 «•/".( 2 Mi 4- 2 ' — 2") Aí et! cof. ( 2 nt -+- 2 • — •> — » ) M >? cof. ( 2 mH- 2 . — 2 n ) ('7) ,N Mé1^ cof. (nt -+-I- a "4-" ■> Aí «'" cq/". C n< -+- « — ,2 » -+- " ) Aí >* ecof. ( mí -+- ■ — 2 n -4- O .Aí *2 e' cof. ( mH- . — 2 n 4- «' ) [si) „ N Aí ^ e ró/. ( j «r -h ? « — * n — » J Aí as «' cof. ( ? mí -+- 2. . — 2 n — »' ; (5,) (*4) [?>) M*e +■ At* «* -\r At * At * t " f o/. C 2 » — 2 n ) Aí DAS ScTENCIAS DE LlSBOA. (*7> M ^ ee> cof. ( «' — * ) (*9> >W *2 «' ío/". (»'-+- « — m) (jo) ^>.2 e2 cof. ( 2 « -i- 2 ( _ 2 u ) (!-) M >r e'- cof. ( 2 ní -+- 2 , _ 2 ,/) (P) M\2ee' cof.(z nt +• 2 , (u) ■O / (H) ()4) fie) \ /• k.^ >.2 f+MS e" + a/ >.í J «/ ( 2 nt 4- 2 e — 2 n ) (l«J (J7) iWx2«'fo/;(:/i(+21-In + „' _v) f ('8' í'9) Í4o) N r, \M >.U+M^e'-{-Ai Si* «« ) «?/• ( «f 4- ■ — » ) Z' (•"' (45) f4l) \ \AÍ^ t' -J,-Mtf e" + M *V «') "■/• C «í 4-« — »') / f-»4' (4í) Í46) x ^ v« t+jW^fi .+. Mtfeei2) (cof. nt 4- * 4- »— ín ) f (47) (48) f4n) N > ^ Aí A* e' + m tf en _j_ jfo %i g2 £,) cof. ( nt 4- • 4- «' — l n ) (jo) ilí**eVc<>/:0W4-.— Z./4-.O ^ ;- ee'2 cof.C nt 4- ■ — 2 .'4-») (p) ^»2 e' «* «>/• C M+ ■ — í«-,' + 2n) ^ a2 íe'2 c0f.(nt + > — 2 ^ — »+,„) (!4) ^ x' e2 «*«/; ( „, 4_ , _,_ 2 , _ j _ 2n) M*.*ee»cof.Cnt + > + 2»'_U_2II) 3? 40 Memorias daAa.de mia Real (!6) M >■' e! eof. ( nt -*r t — 3 » ■+■ 2 n ) (17) M x2 e" cof. ( nt ■+- 1 — 3 «' -t- 2 n ) L'011 aura enfuite , (o) „,' (o) (o) M (0 M—M (0 ,„' (') 4 71/ M M=-^f, }lL.JMxl\ "Jj± f (0 fAA^\ ,/d'A^\\ 4 M DAS SciENCIAS UE LlSBOA 4» -M wf CO /á^l-kl ^ - t^2 ^ - » «tis-; - 5 *\-3õ*-; -"'(-TiF-) } M —*{ a a\-dT-y *- a (-ar-;/ (o) (50) , /<Í5\ jw (' fli} W ufàB^ --TTaa ("35-; =-ír[ *-''+4-t-'(-ír-)+-,-'(i?-)/ (54) (»i) M=z — 2~i 6. IO | V, ,1*- r (°) A/=— < i^rC+i^^C 16 («n l6 <£? M Ui) / _ das Sciencias de Lisboa. 43 M = — 64 K*>'<^) ■ ■ ■ 128 \uu ) Dans ccs valcurs , on a fait disparaírre pour la commo- ditc dcs calculs numériques , Jes diferences relatives à a'. en (0 (0 (0 obfcrvant que A , B , C étant dcs fon£lions homogenes de a , a'; la ic'c de dimeníion _ 1, Ja 2 ,e",,: de dimeníion — 3 , la 3'e,"e de dimenfion — 5- , on a par la nature de ce genre de fonftions ; d'ou il cft facile de conclurc les differences partielles de Ay (-) (') B, C, prifes relativcmcnt >i + *i coJ.(ttt-nt +.--0H- Ko/. 2 c « » - « -I )+ fff- ()U aura ( mecliaíiique celefte , I pag. 271), et généralement , L fc>= , JJ+J. w±íl ^ J!^£££pí> jèm-**^ • ,5.4 (■•-■) , ( •' — * ' «~~ — ,c«-+ Q Si on differentie cette équation trois fots de fuite , 01 aura , ddb DAS SciENCIAS DE LlSBO 47 ^J" A' r' "*> ' ^ l " V»-*'/*' - Ã'2 > h> ^ I 2('-'+Q *» _ 40-5+-QA.- f'+'> f |~~ i— A? IR C< — K'J* ' (..... .__ ... CO r . .. , v.CO d a: (fl f-hC/-t-2QA7 rfrfí, , J 4Çt-t-0(l-hA'a) 21 1 <«., atci — a:2) • dic ~-\ (t—K2/- Wfnír »\ ,5° ia-> < t Cl — K*y i^Tj" ' i-K2 "dÃ2- > C '— a:2 y ' dK ~* C A'; ) ' /+■(/ + iQA" d'b f 6(h-0Ci+ãT2 ?i \ f A" ( i— IO)~ ' 4K> ") (i-A?)2 ~K2{aK2 aK* —^ l J 0+O 0+0 2( í — i+i ) dsb^ _ 1 2 ç (— 5 +- qa: (o) 7 U 48 Memorias da Academia Real /■ lzz—KY~m * 2.4.6 4.0 2.4.6.8 • 4. 6.8"' 2.4.6. 8.10 j W (O , , , ou determinera enfuite b | , b - en faisant J = — ã aans ia formule (c), et i fuceffivement o , 1 ; et 1'on aura, H = õ^W * ' '4 a CT^F" Si dans la même formule , on fait f •= t, on aura , ** = 5=X0 ' *«■- o-**/ Si dans la même formule , on fait S = \ , on aura , (0) ,0 + K>)b{l + >Kèl CO gA-n + O + JP)». Si l'on obferve préfentement que la ferie 1 /■+- A nf. ( n'í - m -+-«'-2)4- j'cV. 2 ( «t -« + ./- O -+- *•. 2 devient , J_ iV +(-L- - -L * •' ) f0/.(«'í-nt-H.'-0- 4 fc iW-íC"''-"^'-.)-^ on aura généralemcnt , das Sctenc i aí dkLisboa- 45» (') (<> (•) (O }'L < bv (d±\~- ' àv- (tâ\- « a"'dK* 7TZ- &~' et dans le cas de / — i , A ~dZ"' — u> " a> 2 ' \ da )— a- a1' (O On détcrmincra femblablement B et fes diíFerences , en (°) (i) obfervant que Ia ferie | B -+- B coj. ( nt — nt -+- e' e ) -t- £ ff/. 2 {nt — nt 4- g' — e ) + f/f. cft égalc à 7! -Lr*i-7r*ií«!f.Cii-#-« + .'-0 — —77- /> 7 f of. i ( n'f - nt -+• 1 - O - &C • d'ou l'on tire gcnéralemcnt ; * 2 WS y a^dK1 > {Z^-) = —a-r —3 > **■ (o) foj et dans le cas de / -- o , B — 2. — _L & 7 ; (o) (.) . ( (*) enfin Ia ferie \ C -+■ C.cof(nt—nt->rí—t)-srCcof.i(nt—nt-\-é—t)-±ctc. devenant , | cq/". 2 (n í - ní-f- 1— 1) -V- «b-r. y on aura généralement ; Tom. III. G C p Memorias da Academia Real (o) ( 9 ) Tl nc rcftc plus qu'a déterminer les cocfficicnts N , JV"' &c, du dévcloppcmcnt de a ( ifdF+rÇ- -) ) ; pour cela, on rcprcfcntera la devéloppcment de F, par O M cof. ( nt -t- • - L ~) M cof. L Aí' cof. (.i nt-4-2.-L) 2 3 Jfc/ fo/. C nf -4- . - L ) i i M cof.C\nt-\-ii~L") i i M cof. L 4 4 M'cof.(\i nt -f-2 •-Z') 4 4 Jtfro/". Çnt -4-1 - Z) 5 s et ÍI l'on obfervc que par la naturc de la fonftion F , on a r f— ) = tf (-7- j , on conclura les valeurs fuivantes ( N°. 3 ) N DAS SciENCIAS DE LlSBOA. S1 » = "&) g étant une conftante arbitraire ajoutée a Tintegraley d F. on determine cette conftante , par la condition que nt repre- fentant lc movement moyen de m , le terme proportionel au tems de 1'cxprelIIon de la longitude doit disparaitre , ce qui donne, (o) On aura enfin , (o) «/ Jbl°) (4) (1) .(li » r, n ró G ii N ** Memorias da Academia Real J9) m' f r jl(,° ,r'",í',4.íf:'',34(',4-K* d'*('°l V T^-"" /o K' ^(i,_5K^''(°,_7K^i,-K^'(0i)l rfii? rfiP AT' M'>) dKl í o I í/a - «A;2 2 íí/v' L _i_ A's — — - ■> ^ A 2P 2 j DA S SciENCIAS DE L I S B O A. ('«) Hl' r (O JV = ->- < 16. Kb'- — 16. A? "U -+3 AT' -■n íí4íi(s' • A. f — - - dK*- J!1J m' r * ^(.a) <í;c: <ía:2 5 ■ 53 .(') *«í» ttfiú (ao) , ' Hl' o i i d A. a dK' a j iV ('4) íaj) iV = iV ("-!) í/.. A" tt+6 JP *?V 6 **?+ jl^l }i ^ a dK 2 ax-a dK1 a j Í4 Memorias da Academia n e a l TS\ dk'~. tlK- 2 dK< N=z < 5A4 — — i +5 A.4 I -+-K s-— J. -h JO-r-pr j. >• }* j h(°)} (n) „.' f (■) j/,(0 jítt;] wi/.í-M d/C2 2 f)4) „,l .(') 16 3K?» 3ÍT'»J d/c; pA' 2V = -21 J 12 A"'/- 1-4- u2Ffri-i-í, A'4 j£i-*-? 16 3 2 «A : 16 1 7 rfA2 a rtA' 2 J 2V = -5L ^ 96 A"' * i -4- 48 A'' b n- 84 A'< 41 i ■+- 42 #J^ "' 64 dAT" dAT T u ™M:>+ I2Ar,i^V 2pi^(tn> > KIT'+?5 wa:23 ^ dK1* ^A dA?« J 64 20 . 20 64 \ ^-^* dK< * ■ dK* * j* (10) Pour fubftitucr les valcurs numériques relatives a Palias , on cft parti de ces donnécs , en prenant pour époque lc commcnccmcnt de 1800. DAS SciENCIAS DE L i s bo a. 57 » = I21°. i V— li». 8' ♦ B=^7^ *8 6' =98. 24 9= 34 39 í'= 1 19 4 = 2,76712} 4' = 5, 201 16656 í = 0,2465 «'=0,048144 « = 281549,74 m'— -^A 1067,05» 6 , 6' étant les longitudes des nocuds ascendans dcs or- bites , et 9 , ?' leurs inclinaisons , fur 1'écliptique ; ce qui a donné , n = 174o 4i'~i 7=54°i8'I; * = — o,i75995 L'on a enfuite K — o , 5 3201076 , d'ou l'on a conclu, (o) (0 b — i = 2, 14421608 ; b — 1 = 1-0,51246507; et suceffivement , . (o) (0 , t*> Í>i. = 2,i6p755 ; pi =0,601142; pj = 0,245252; (i) (4) (5) Pi = 0,108626; b 1 = 0,050792 ; Pi = 0,024595; 3 2 2 (°) Pi = 0,01 1927 ; (o) (1) (') ^1 = 0,77.594; £i=U**.i, 'íi=.VW«Í /)) (4) (!) £^ = 0,680867; ^1=0,4148591 1;^ = 0,245406; dK2 dK~ oK d*b Tom. III. H <**" < 8 Memorias da Academia Real, i (o) (o m ^1 = 2,721.57, »i = «,tn^i ^. = ,,,57,07; (i) (■»> (o) (.) (s) .£* £ = 1 1 ,0695 II ; ** . = II ,81648o ; l'h : jgi=, 4,^47*8* (o) («) (») jg l =7S,'6i49 ; «gi = 74,58687 ; jj™i = 77.8948o ; (o) (') (*) /•j. — 4,171448 ; ti = 2,990887 ; b\_ = 1,91 1605 ; t : 2 (!) (4) (0 t»i = 1,162009 ; £1 = 0,686584; £ 1=: 0,598552 ; («) (7) bl_ =0,228216; ti = 0,129655; (°> (■) (5) ^1=15,457978; ^1 = 14,052488; ^1=12,255545; ak ' dk ak ' (?) («) (() 4*1 = 9,524706; JÍ* 1 = 6,877288; J^l = 4,721 ?6i ; dk2 dk2 11K2 16) j£ 1=5,124747; <») (>) r»i -^'1=86,98786; ^ = 84,26451; ^1= 82,55606; d2 DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 59 #!=*«*■, *j*L«fc»|tf, -^=,,,,^4; (o) (>) («) ^1=719,54756; — I = 7i8,9?8n ; i!*I: fi) (4) f = íWi ^ 1 = ^.84, 5 ^1 = ^8^8; _g4U758Ij5o?5i ^=74^,^0»; ÍU=7?I°»4PÍ4; (o) (,) (9) fci= 12,475987, ti = 11,123466; b"- — 8,728145; !(>) (4) ,(5) £1 = 6,352623; * 1—4,355698; ii= 2,890730; (o) (>) f») #1=92,83392; #1 = 90,86141; #1 = 82,26954, (1) (4) .j =69,15707; ^±=54,67542; (o) fO (5) ^^ = 949,4187; ^1 = 930,6265; J^i=833,5428; (!) J'* 1 = 805, 3688; riA'J 2 au moyen des valeurs precedentes; on a trouvé, Co) H ii N 6o Memorias daAcade mia Real, N n 0,000.034.1108 (') Ne =z o ,000122 9033 (») N e> = — o , 0000 1 2 2057 (i) Ne*=z — o , cooo2 1 05 3 3 <4> N í'1 — — o , 000.0008044 (!) N*2 = 0,000 120768; (6) Nee'=: 0,0000066295 (7) N e2 = — 0,000.0028158 (8) N 1" = — o , coo 0005447 (9) Nee' — 0,0000036251 (to) N *3 — — o , 000 1897874 («>) Ne' — 0,0000085089 f'2) Nee" = 0,0000013289 N >-2e — — o , oco 1995077 (•4) Ne" rr — 0,0000001568 fui N e-t'= — o , coo C044«7i f.í) N >.V:= o , 000 0285240 (17) 2V e2 t'— — o , eco 0024862 (18) Nee'2z= 0,0000004380 (19) N DAS SCIENCIAS DE LíSBOA. Cl í'9) (20) 0 , 000 0147929 (21) 0 , 000 0062646 (22) 0,0000157311 ('0 iWe=— 0,0000622876 (24) iV >.V-= o , 000 C02 3799 (25) N >.* rfc — o , 000 0840730 (2«) iWe-— — 0,0000538816 (=7) iV^Vrr — o , coo 000601 1 (28) N>>*ee'— — 0,0000225441 2Wfe'= 0,0000115604 iV>.V br o , 000 0340551 (s>) iV *' e'~ o , 000 001461 2 Cp) N>rce'= — 0,0000155186 (n) iV^e= = — o, 000 03714 10 (54) iW*'2 =r — o , 000 003 1787 (n) N>>* = o ,000 1425661 iV :*e' rr o , coo 02 1 129.6 ()7) 2V* «' =: o , coo 0079169 (38) iV 6* Me morias da Academia Real (ift) N-*ez=: 0,0002027051 (19) N *2e'=z — 0,0000516557 (40) NaW^z: — o , 0000056518 (41) N /.* e*— — o , 000 03 3 3955 (4=) N-2e"=z 0,0000005920 {■») N2e2e'=z 0,0000228381 (44) N<* e = — o ,00o 2024720 (40 iWc'— — o j 000 03 381 17 f4«) N-2ce>2— 0,000.005.740 (47) N'S t ' =: ,0 , oco 0230600 (40) N 2 e"=z — o , 000 0003019 (49) N !f¥= — 0,0000116112 (jo) N Vi ~ o , 000 01 20679 (sO N Wzz — o , 000 C0227CO (í*l iV * Ve '= — o , 000 co6 1421 (n) N ..2ee'2= o , 000 0007985 (Í4) N>,2«2t'=z — o , 0000136271 í!() N x2ee"r=. o , oco 0007985 ((i) iV*2e' = 0,0000221067 (57) N DAS CIÊNCIAS DE íISBOA. *3 dt I e-LP * >=— «?"j4IS» (J7) . iW en rr — o , coo 000049.6 Ces valcurs ayant été fubítitudes dans les expreffions differentiellcs du n.°6, on aobtcnu les rcfultats tuivans , dans les quels ~ exprime le mouvemcnt fydéral du perihélie de Palias en longitude pendant une année julienne , et —la va- ria tion annuelle de 1'excentricité a lépoque de 1800. o", 2109 2 , 9824 C0f. ( u ' — ■-> ) 10,8207 cof, (2 n — 2 u) — o , 2 2,86 cof.Qi "'— 1 *>~) — 2 , 5800 ío/. ( 2 n - «' - « ) 0 , 2875 Cof. ( 2 11 - 2.') — 1 , 5960 c of. ( 2 n -)-«'— 2 » ) — o , 0070 f of ( 2 n -|- u — $ J ) 1", 5708 ftn. <>' — « ) 1 , 0247 /ín.(2n - í o. ) 0,2586 /k(2«'-i») — 0,5518 /7m. ( 2 n — »' — «) 1 , 5960 //'«. (2n + »'- 2, * ) L — o , 0070 fin. (2n + u-j «/ ) en confiderant feulement les termes dépendans dela z. pm- fanee des cxccntricités, ou aurait trouvé Ai_ = 58", 225 et de dt dt 1 < > = o",oS5 — -1 ,615 dt (11) En confervant les données de Particle précddcnt relatives a Júpiter, on a fuppofé pour Ceres, a ZZ I460. 35' i- 0 = 2, 76572 J ^4 Memorias da Academia real 8 = 51o, *"í ' — °>c757 » = 10. 37. n = 28 1764 ',26 ce qui 1 donné n=78° 38' ; y = 9°22'i; *=_ 0,015548; on a trouvé cnluitc AT = o, 55175 (o) fr L = 2 , I44O770 b_L — — o, 5122259 2 d'ou l'on a conclu, (o) (0 ,(') b 1=2,169527; £i .= 0,600752; i> 1 = o, 242967 , (?) w n ,(') ti =0,108443; í> 1 = O, O50680 ; b 1 = 0,024329; b 1 =10,011890; (O) f.) (2) -* 1=0,770861; ^1=1,449668; ^1=1,058526; ()) (1) í?) 41 1 = 0, 679966 ; *i = O, 4'4<07 ; -^1=0,244835 5 dK2 dk À dk- (o) (O (*) ^1=2,718154; ^=2,385494; ^1=5,35475°; ^=3,332347; ^=2,773687; (o) (O (4) ^ 1=11, 04*052; ^1=11,806310; ^=,,,712649; ^=14,3-86,; d*. das Sciencias de Lisboa. 6y dl - 74' 9877P ; él =74' 41 188 ; ÍSp 4= ™ 7'™ ; (o) (') (') i>i — 4, 167820 ; b^ = 2,987099; i i =r I, 908295 ; (1) (4) /' ; = r, I59426 ; Pj =0,684692; (o) (') (1) «|=IÍ,4J4ílíi ^1=14,029782; ^ = ,12,2,1,21, (l) ^i = 9,5C4288; «A. 2 fo) f,) (2) .£* 1 = 86, 79401 ; £í i = 84, 07077 ■ *? I = 8i, 5473* 5 33F3 ,/y <ÍA? = ' ,' «/AT2 a ' ' avec ccs valeurs , on a trouvé , (0) 0, oco 0540459 (') Ne = 0 , oco 0576905 iVY =• — 0 ,000012172», (!) Ne2 = — 0 ,000001985o (4) Ne't=z — 0 , 000000802» iW = 0,0000092580 (6) Nee' =. 0,0000020510 — 0, 0000002658 (8) Tom. III. I N 66 Memorias da Aca demia Real (8) Ne'2 S2 — 0,0000003432 o, ooo 0011095 (9) Nee1 (.0) N*? =r — 0,0000145207 aft>= o , 000 0001402 ÍI3) Nee12 r= o , 000 0004070 4VÁ 2e — — o , 000 0046879 (14) Ne" = — 0,0000001365 (M) Ne2e' = — O , coo 0004156 (16) N*2e'~ 0,0000021800 Ne*e' = — o, 0000002340 MJ N e'1 rz 0,0000001340 (■9) Nh2e=z — o, 0000045424 (2o) N-.2e' — — o , 000 001 1 306 dela on a conclu 1 3'', 429* — I , 5726 Cof. ( u' — u ) = 7=T7>1 0'0,7° fo/,(2 "'-*"> o , 5625 fo/". ( 2 n - 2 J) 52V924 das Sctencias de Lisboa- 67 f r',4417 fm.C «' -«) \ de _ , J— 0,0170 /in.C2"'-2 0 | o, 1595 yín. Czn-»'-0 j L J Si l'on n'eut confideré que la premiere puilTancc des Ex- centricités , 011 aurait obtenu ~4-— 71", 8826 ct -£- • • • = — i", 204?. I ii OBSER- 6% Memorias da Academia Real, ■■PH— HUM» *wr-^- OBSERVAÇÕES ASTRONÓMICAS E METEOROLÓGICAS , Feitas tia Cidade do Rio de J aufiro no Atvw de 1786 , Por Bento Sanches Dor ta. Ubjcr vagões do Eclipfe da Lua de hum (Judo achromatico de 5 de Janeiro de 1787 Jeitas com Dollònd de 17 pollegadas. R- $%^#fe4 ^ Tempo verdadeiro tior. ivnn. :íe*. Principio da Tmmcrfáo da mácula Hermes. Total Immerfáo de Hermes. Total Immerfáo da Lua. Principio da Ernmerfáo da (£• Grimaldus fahc da íombra. Maré Humomm começa a fahir da fombra. Maré Httmorum fahe da fombra. Marc Nubium começa a fahir da fombra. Maré Nubium fah * da íombr3. Manilim fahe da fombra. Maré Scrinitatis fahe da fombta. Maré Tranquillitatis fahe da fombra. íermes fahe da fombra. Fim do Eclipse defronte da mácula MelTala. ,'im da penuml-ra. Circunftancias da Objirva^ão. Náo pude obfervar o principio do Eclipse , pois estava neftc tempo o Cco co- berto de huma efpèfía névoa ; e ló chegou cita a dillipar-fe pouco antes que a fombra da Terra chegalTe a tocar a mácula da Lua chamada Hermes. Elle foi o motivo por que a immersáo da referida mácula he a minha primeira obfervaçáo. A Lua na Immersáo total eftava femelhante a hum ferro em braza : o algumas vezes a tornou a efeonder , mas quando appirecia , via-fc dis- tintamente iodo o feu disco , e foi bem patente no principio da Emmersão. A penumbra er.i fumm.imente confu(a,e parece que algumas vezes trazia comfiço parte donevoeiro , queo Ceo tinha tido , e tão mifturado que fazia as obfervaçoes algum tanto duvidofas. Algumas vezes a L\;a ficou rodeada de hum resplendor amarello , que ainda augmentava mais a incerteza das obiervaçóes. Eu fervi-me da figura da Lua do P. Riccioli , que vem no CoHiio/r- fance des Tenips , ponr f Annce 1787. Hor. Min. Sei;. 7 57 48 8 I ?« 8 5 46 9 4? 56 9 46 39 9 5' ?9 9 56 ? 9 5« í? IO 7 8 10 n 48 IO 26 8 IO ?? 8 IO V7 59 IO 40 55 IO 4? 24 DAS S C I E N C I A S DE L I S B O A. 69 Eclipses dos Satellites de Júpiter obfervados com hum Óculo achro- matico de DollonJ de 17 pollegadas. 3 1 Cco niuiro pouco fereno , alguma cou- ti fa duviílv ir Ceo pou^o fereno. O Planeta mergu- Jj) Iludo no crcpufculo j>) Cco fereno com luar baltante por cau- (\ fada proximidade da £. [Q Ceo fereno. Av taxas do Maneta mal <)> fe divisavão. jí) Ceo mimo fereno. As taxas cio Pia- •i. m ri bem vifiveis. tf Ceo fereno ; porém o Planeta mer- ?? gulhado no creptifculo. J5) Ceo fereno com muito luar. j>S Ceo muito fereno ; e bem patentes {£ as faxas do Planeta. tf Ceo muito fereno ; pofto que as faxas Jh náo feviáo. O Planeta diftante ôà jk C- 25o. ou ?0°. ff Ceo muito fereno. As faxas do Pla-ij' neta mui bem vifiveis. ?) Ceo o mefmo. kS Ceo muito fereno ; porém com algum Jf vento , que fazia tremer o óculo. ?) i (/ Janeiro 24 Saiel- lices. Tempo verdadeiro Hor Min. Si Circuníhncias da Obfervaçáo. 7 17 7 Lm. 17 59 55 Im. 14 27 45 In». 14 Í7 ?0 Im. 17 14 16 Im 18 14 49 Im. 14 29 5í Im. 16 9 11 Em. 16 3$ 7 Im. 14 27 4o Im. 10 51 46 Im. 10 3$ 24 Em. Nota O Tempo verdideiro das Obfervaçóes , tanto defte anno , como dos mais foi determinado pelas alturas correfpondentes tomadas hum dia antes ; no mefmo dia i e no Jia feguinte ao das Obfervaçóes ; e corrigido o meio dia pela tor- mula,- ( r 5 , -T- S t=—\ La Lande §. 927. JJlronom. Naut, de Jtíauptrtuis Probt. II. Edit. de 1751. OB- yo Memorias da Academia Real OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS Els-aqui cm poucas palavras a Hiftoria Fyfico-Meteorolo- gica do Rio de Janeiro do armo de 1786. Conheço que não he conforme ao Syftema , que adoptarão os mais cele- bres Metcorologiftas , porém d falta de Anéometro, Electro- metro , Hvgromctro , e Eudiomctro , fe deve somente atribuir cita defconíormidade. Eftc anno comparado com os antecedentes , que tenho obfcrvado , he frio e húmido ; porque o calor médio foi dos menores , e o gráo de frio maior do que cm nenhum delles. A chuva foi copiofa nos mezes de Janeiro e Dezembro : nos outros foi mais diminuta a fua quantidade ; porém quafi fem- pre uniforme ; e por cfta caufa deu grande fomma em todo o anno , ainda que menor que a do anno paflado. Aílim co- mo o anno foi mais frio que o pretérito , também o Baró- metro deu maior altura. Nós tivemos aqui eftc anno a mefma névoa cfpcfla , que começámos a fentir no anno de 1784. Principiou efte ne- voeiro no meio d'Abril , e continuou indo-le lempte aug- mentando por todo o anno , o qual veio embaraçar todas as minhas obiervações Aftronomicas que determinei fazer ; de maneira que havendo 83 Eclipfes dos Satellites de Júpiter viíiveis nefte Meridiano, só me foi poffivel obiervar 12 por cfta caufa : advertindo que ainda nefte numero entra hum quj òbférvei cm Janeiro muito antes que houveíTj nevoeiro. Efte nevoeiro era continuo de dia e de noite; mas aci- ma delle o ar citava de ordinário iereno : o Sol apparccia algumas vezes a través do mefmo nevoeiro , quando cftava no Meridiano , ou perto delle ; mas avermelhado e deftituido do feu refplendor ; de maneira que cu o podia ver fixamente fem o menor incommodo dos olhos. Efta névoa era difterente dns né- voas ordinárias , tanto péla fua conft.mcia , como pela fua denfidade , e mormente pela fua feccura,não obftante lançar algumas vezes orvalho miudiífimo. Os raios du Sol parecia DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 71 acharem difficuldade grande cm diílípar algumas partículas des- te nevoeiro ; o que hc tanto mais notável , quanto nós ve- mos , que elles deftroem promptiílimamente os nevoeiros hú- midos ordinários , que fc clevão ao cimo d'agua. O Hygro- metro de corda de linho , de que me firvo , fempre indi- cou lecura na atmosfera. Em todo o tempo que durou cíU ne- voeiro os ventos forao variáveis , mas muito brandos. Poderei eu attribuir a ciufa deita continua névoa a hu- ma forte vaporaçao de partes muito denfas do noíTo Planeta , para fubirem á região fuperior da atmosfera ; e muito t-nues para tornarem a defcer ? Poderei eu attribuir efte fenómeno a alguma quantidade de fumo exhalado ds algum Volcao, í'.i- hido dj Alar do Sal na vizinhança defte Paia ? Mas até a- gora não temos noticia alguma delta apparição. Hum dos meteoros extraordinários d.-itc armo , c qu; mais merece a nolTi attéaçao, além do já referido , he a co- pioliíllma chuva que cahio no dii 12 de Dezembro: eis-aqui como (uecedeu efte fenómeno. No dia 1 2 de Dezembro ás 2h. 38' da tarde começarão a formarem-fe efcuriíEmas nuvens pelo horizonte defde N. O até O . pouco tempo depois veio hu- ma medonha trovoada com eftampidos horrendiffimos :ás 3". 42' principiou a chover com tanta abundância, qu" não cabendo a agua pelas telhas e canos dos telhados , recuou e entrou até ao interior das cafas ; de maneira que não houve cafa ou Igreja onde deixafle de entrar : as ruas erão rios : a Cida- de parecia hum lago , que pelo feu pouco declive para o efgcta- mento das aguas , exiftio deite modo baftantes horas: a tro- voada continuou com a melma violoncia até ás 4". 14' : e a chuva findou ás 4h. 30': choveu nsit.es 48' de tempo a quan- tidade de 2 pollcgadas, e 2 ^ linhas. O Ceo citava fumma- mente negro : de todos os pontos do horizonte relampejava , c fcintillava fogo : o vento no principio foi L. ; depois mudou-fe ao S. O. Em todo cite tempo confervoufe o Thcrmometro cm 78o.: o Barómetro na altura de 28'. 1 ', 3. Ba- 72 Memorias da Academia Real Barómetro ( i ) A Maior altura a que íubio o azouguc no Barómetro (2) foi de 28". 7"', 7 ( Tab. I.) no dia 30 de Julho pe- las ioh. da manha : o Ceo achava-fc com fuás nuvens efpa- lhadas : o vento eorria do N. O : o Thermometio annuncia- v.i 56o, 5- de calor. Excede á maior elevação doanno palTado a quantidade de 0,35-. Também defceo o azouguc ao ponto de 27". 10'" , 3 (Tab. I ) no dia 23 de Março ás 2*. da tarde : citava o Ceo coberto de huma denfa névoa : o vento vinha do S. : o Thermometio marcava 78o , j de calor. Também eft: ponto excedeo ao anno pretérito em 0,3. A differença entre eiLs extremos he de 9% 4. A altura media do azougue : ( 2 ) refultante de 109? obfervações, ou 3 cada dia, he de 28". 2'", 71 ;c 28". 2", 65- também refultado de 2920 obfervações, ou 8 cada dia. He menor do que a do anno paliado 0,3 r. O effekò da di- latação do azougue devida ao calor vai abatido das alturas obiervadas. A elevação media de manha he de 28". 2'", 79 ; ao meio dia 28'. 2'", 76 ; de tarde 28". 2'", 53. {Tab. I.) He conftante o variar o Barómetro aqui , quando quer chover , e quali fempre chove defeendo o.azougue a 28", e da- qui para baixo. Ifto porém não aconteceo affim no dia 20 de Junho, pois que chovendo muito das 6h. da tarde por diante $ o Barómetro luftentou-íe n'altura de 28". y'", 6 : fenómeno rariflimo nefte Paiz. A- ( 1 ) Efte iuftriimento eftá collocado n'altura de 50 palmos , com pou- ca differença acinv. i)o nível do Mu. O O Barómetro com o,ue obfervo, hc inventado pelo Snr. J> vão J 1 - cinto de Magalhães. Veja fe a fua desctipçáo em o Jornal de Fyfica do Abbadc Kozicr dos mezes de Fevereiro, Março , Abril , c Maio do an- no de 1782. ( 2 ) Eu tomo para a altura melia de todo o anno, a Comina de toJas as obfervações , dividida pelo numero delias. DAS SciENC IAS DE LlSTO/l. 7J Ainda o azouguc no Barómetro experimenta ci:tra varia- ção diurna periódica, que o obriga a lubir defde as 6\ da manhã até as ioh; a deleer defde rs io'. da nunhã ete as 4h. da tarde; e a tornar a fubir defde rs 4h. da taide alé as ioh. da ncite; tempo em que findo as minhas tinias cbíer- vações. Eu não poflo dizer fe elle ccntir.úa emelevar-fe peia noite adiante, nem quú hc o irílante to (tu máximo , cu fe daqui trina a defcer, (ainda que :ÍEm o anjtcluio) pois não tendo peíToa commigo que me pt lT.i ajudar ricftas inda- giçõcs, de neccíIUadc devo não paíLr defie limite ; px is a tranquillidade de efpirito, eo focêgo do cerpo he de ur- gente carccimcnto , c por eft- motivo fico n:fta incerteza* Em fim póíTo aíTjver.;r e provar pelos meus diários , que a referida variação he tão conftante , que nos annos de 1785, e 17ÍÍ6 haverá até 50 obiervaçóes que defnnntáo cfta lei; quantidade minima a refpeito de 700 obfervaçõcs que a cen- firmao , o que vem a ficar na razão de 1 : 23,53. Não he unicamente nefte clima , que fe conhece cfts fenómeno; cu tenho noticia que o mefmo fuecede na Mar- tinica , Surinam , Francker , Montmorenci , e outros , só com a differençade fer em cada hum deftes Paizes em diverfas horas. Ainda mais tenho obfervado , que a clevaçro do azeu- gue das 1 o1', da manhã , que he o ponto do feu máximo de dia , hc CjUaíi igual á elevação d;.s ioh. da noite ; que he o p< r.to má- ximo da noite ; como o confinnão as minhas tubous dos dous mencionados annos : circunftanciamuit) atendível :de maneira que vem a perder tanto defde as ioh. da manhã até as 4''. da tarde, quanto ganha defde as 4''. da tarde , até as io\ da noite Thermometro ( 1 ) O Maior calor dcfte anno indicado no Thermometro de Fahrenheit , expofto á fombra , e volrado para o Sul ; pofição a mcfma dos mais annos , he de 90°. (Tab. III.) : no Tom. III. K ( 1 ) O Thermometro de azou^ue com oue obfervo tem a eicala de Fahrenheit , he feito cm Inglaterra por Naitne , e B lunt : mas advit? ra-fe que he muito pequeno. 74 Memorias da Academia Reai, dia 9 de Março ás 411. da tarde : o Ceo achava-fc com al- gumas nuvens elpalhadas; o vento alToprava do S. E- O Ba- rómetro eftava n'altura de 28". o ', 6. Efte gráo de calor he igual ao do anno paliado. No dia 16 do mez de Dezembro pelas 3*. 5*0' da tar- de , expuz o Thermometro aos raios direitos do Sol , em lí- tio abrigado de todo o vento , e fubio o azougue a 123°. Eftava o Ceo a efte tempo lemeado de nuvens, e o vento cor- ria do S. E : o Barómetro achava-1'ena elevação de 27". n'", 7. O maior gráo de trio , ou de menor calor , annuncia- do no mcfmo inftrumcnto hc de 49o. ( Tab. III. ) no dia 30 de Julho as 6\ da manha : Ceo nublado , vento do O. Ba- rómetro naltura de 28'. 7'", 2. Ha de differença ao do an- no paliado ■+■ 3°. t • A differença do máximo calor ao minimo defte anno he de 41°. He o maior qu; aqui tenho conhecido. O calor médio de todo o anno refultante de 2920 obfervações , ou 8 cada dia , ( Tab. IV.) he de 73% 79: menor que o do pretérito anno i°, 43 Foi o calor medio da manhã 7 i°, 34 ; ao meio dia 74o, 84; da tarde 75°. 41. Em todos eitos pontos excederão, os do anno pa/Tado. Nos niezes de Janeiro , Março , Abril , e Dezembro fem- pre o maior calor foi as 211. da tarde , e cm todos os mais as 4". da tarde ( Tab. IV. ) . Eu não certifico , que o máximo , e o minimo calor aqui des- cripto íeja o verdadeiro , pois reduzido a confultar o inftru- mento somente nas horas determinadas , não poffo conhecer , íe houve maior ou menor calor entre eftas melmas horas :c pode bem ler que o tenha havido ; mas eu não poffo fer refpon- favel defte fa&o. E como remediar efte deleito ? Houve neftc anno grande irregularidade no calor , e prin- cipalmente no Inverno , pois chegou alua differença no mez de Julho a 36o, 5. (Tab. III.) Para melhor nos convencer- mos a olhos viftos defta irregularidade, vcj.lo-íe as três linhas curvas, onde a linha A By moftra o máximo calor; a linha C DAS S CIÊNCIAS DE LlSBOA. 75» C D o médio ; e a linha E F o minimo. As Abfcifsas moftrao o tempo, c as Ordenadas exprimem a altura do Thermome- tro. A primeira Ordenada cita dividida cm gra'os para ferver de efcala ás outras Ordenadas ; partindo do ponto onde a or- denada he igual a cifra , ou fe confunde tom o Eixo. Udeómetro ( i ) EStc inftrumcnto moílrou-me , que a altura total da chuva de todo cite anuo he 48". 3"; 6 : ( Tab. VI. ) quan- tidade menor que a do anno paíTado 6". 7 ,03. Janeiro he o 1 cm que mais choveu , Abril o cm que choveu menos. (Tiib. VI.) A vaporaçao ( 2 ) de todo o anno fommou a quantidade de 35:'. 6 "', 15 (Tab. VI.) Dezembro he o mez da maior vapo- raçao , Setembro o da menor. ( Tab. VI. ) A quantidade da chuva excedeu a vaporaçao em 12 '. 7 " 45. (3) Os Ventos forao muito variáveis , menos os primeiros 5 me/es de tarde , que íoi confiante S E : ainda que a mu- K ii dan- - — " — 1 CO O Udeómetro de que me fuvo , he hum cylindro oco teito de folha de Flandes envernizado: tem de altura 14 . 8 : e de diâmetro 5. 6''' : ethi tapado com huma tampa do feitio de funil do meimo diâmetro , com hum buraco no meio , pua a agua cahir r.o cylindro , e também lahit .1 efcala com que meço a quintidaJe dagua que entra : efta cf.nla entra em huma bóia feiu de chapa dí latão muito delgada , que pela fua leveza nada livremente dentro do cylindro , pois tem somente; de diâme- tro 4 . 3 . Sempre confervo efta bóia nadando , e tenho notado no mtu regifto a quantidade d'agua que o cylindro contém antes de chover. Eita exporto no mais alto da cafa que habito , livre de lhe cahir beiras , ou outra alguma agua , que não feja a vinda do Ceo directamente : como eftá fempte tapado não pôde temer-fe vaporaçao alguma: ainda que para m.iior certeza eu coltume medir a altura da chuva todos os dias de manha (1) O vafo vaporatono iie da mefma matéria , do meímo feitio , e das mefmas dimensões que o Udeómetro já deferipto na nota ;.ntecedentc : sò com a differença que o Udeómetro eftá fempre fechado , e efte valo v.ipor.norio fempre aberto , e cheio d agua até a altura de 14", deixando vazio 8 . Efti também colocado no mais alto da caía , e exporto aos raios do Sol : iodos os dias pela manhã meço a quantidade d'agua que con- tém , c torno a lançar-lhe a que lhe falta para completar as 14 , e deite modo o conlervo iempre. (?) A efcala por onde meço a chuva e a vaporaçao, são pollegadas de França , porém as linhas são 10 erh cada pollegada , pois afiim divi- di efta efcala para maior cotnmodidadc. 70 Memorias da Acade mia Real dança dos ventos era quaíl continua, com tudo fempre foriío brandos ( i ) . Ouvimos trovejar 38 diasncftc anno , a faber : em Janeiro a 1, 6, 13, 14, 15, 24^ 30 ; em Fevereiro a 18, e z:; em Março a 6, 14 , 12 , e 28; em Abril a 6 ; em Agofto a 10, n , e ji; cm Setembro a ic ; em Outubro a 10 , e 17 ; em Novembro a 14 , i3 , 19 , 22 , 24, 25- , 27 , 29 , ê 30; em Dezembro a 2,8, 9,12, 17, 21522, 2f , c 30. Apparreceo a Aurora Aultral 16 vexes no dccurlo deite anno deita maneira: cm 7 , 9 , 27 e 28 de Fevereiro ; cm 18, e 19 de Março; em 9 de Abril; em 26 de Junho ; em 2 de Julho ; em 16, e 23 de Agoíto ; cm i? de Outubro; em 13, 14, e 2j de Novembro ; e cm 16 de Dezeml Deitas 16 Auroras Auitracs que prefenciei , 9 forãomui luzentes , e principalmente a de 26 de Junho , que come- çando ás 2h. 12 da manha , acabou com o dia : as outras 7 erão enfraquecidas de luz. Tabem vimos a Luz-Zodiacal 10 vezes , e mormente nos mezes do Inverno , a faber : a 7 de Fevereiro ; a 2 2 , 24 , e 26 de Junho ; a 19 , 20 , 23, e 27 , de Julho , a 29 de Setembro , a 2 1 de Dezembro. De todas eftas Luzes Zodiacaes , a mais notável he a de 26 de Junho, defde as 7". até ás 8". ij' da noite; pois fendo fuin Tumente brilhante, e tendi a fui bafe no Z)iia- co , o vértice da pyramide que cila formava chegou a jo°: quando defappareceo cita refplendecente Luz , ficou todo o Hemisfério incendiado: meus olhos ainda não virão luz mais bonita. Depois deita Luz, também he digna darioffa atten- ção a de 21 de Dezembro , tanto pelo brilhar , como pelo muito tempo que teve de duração; pois começando ao ponto do Occafo do Sol, ( 6\ 44') desfez-fe ás yh. 10'. A influenciada Lua quanto aos feus pontos obfervados, teve lugar no maior pezo da atmosfera no 20. Oirante , pois que ( 1 ) Eu só tomo conta com os 8 ventos principaes ; e quanto aos ou- tios vão juntos com o vento principal mais vizinho. dasScienciasde Lisboa. 77 que o Barómetro elevou-fe a 28'. 3''', 14 ; c qmíi que igua- lou com cite ponto o do Equinócio aícendente {Tab. VIII.) O menor pezo n'atmoslcra concorreu no Equinócio delcen- dente , e 1". Oitante. No mefmo ponto Lunar Equinócio afeendente , he em que o Thermoroetro moftrou maú:r gráo,puis chegou a 75°, 9: também não ficarão longe o 1°. Oitante, e Luniftico bo- real. ( Tab. VIII.) O ponto que fe moftrou mais trio he o Luniítico Auítral. A Lua em 5 pontos concorreu com igual- dade nos dias de chuva, como moítra a Tab. IX.: o ponto em que menos dias choveu he o 2°. Oitante. As Coroas na Lua forão muitas elte anno , pois che- garão ao numero de 25 : elhis crão de diferentes dhmetros , e cores ; humas brancas , outras amarellas , e outras muito parecidas á côr alaranjada. Houve neltc anno 69 dias ferenos ; ( 1 ) 123 variáveis ; (2) Q7 de nuvens femeadas;7Í? cobertos ;35" de relâmpagos não fe ouvindo trovões ; 148 de chuva ; 127 de nevoa^Z». V ) O Mar nos moftrou a fua foberba nos dias 14 , ij- + 16, 17, c 18 de Março , chegando a exceder a fua altura. 18 palmos: a 27 , e 28 de Abril excedeo 12 pa'mos ; a 2. de Julho tornou a íubir á mefma altura d'Abril ; a 9 de Se- tembro chegou a 16 palmos, mais que o feu costume. Jlgalba-magncúca. ( 3 ) A Maior declinação Oriental , que a Agulha magnética moftrou em todo eftc anno , he 6o. 50' no dia 8 de Fevereiro as 2h. da tarde , eftando o Ceo fereno , correndo (O Eu conto por fereno dia , aquelle, em que o Ceo eftá fem a mini» mi nuvem ; e ailim le conserva até á noite. ( z ) Tomo por ili.is variáveis aquelles que moftráo differentes aspeitos , como v. gr. humas horas fereno o Ceo , em outras nuvens , ou cobertos: ha outro» dias que principiáo cobertos , e acabáo cheios de nuvens : efte* também entráo no? variáveis ; que fáo os que aqui mais reináo. (5) A Agulha magnética , com que obfervo as variações hotizontaes, 78 Memorias da Academia Real o vento SE, o Thcrmomctro em 86°, c o Barómetro n'al- tura de 28". 2'"; e no dia 14 de Outubro ás 4". da tarde: o Cco citava nublado , o vento S F , o Thcrmomctro cm 8^°, 5; c o Barómetro na elevação de 27". 11"', 85. (Tab. X ) Foi maior que a do anno preterira 4- Efta declinação fuc- cedeo hum dia antes da Aurora Auftral mui luzente , que. principiou ás 7". 40' da noite do dia ij : aquclla de 8 de Fevereiro fuecedeo hum dia depois d' Aurora Auftral luzente , que principiou ás 11". 8 da noite do dia 7 : e também an- tes da outra Aurora que começou ás 2". 45-' da manhã do dia 9 do dito mez. A menor declinação he de 6°. J>';no dia 10 de Setem- bro, ás 4". da tarde , citando o Cco coberto , e chovendo: o vento efloprava com força do S O , o Thermometro mof- trava 64o. de calor ; e o Barómetro achava-fe n'altura de 28". 4,9. {Tab. XI.) He menor que a do anno paffado 11. A difterença das extremas declinações, he 41. A declinação media de todo o anno refultante de 109? obfcrvações, {Tab. X.) hc de 6°. 31. 9 : e também pelo refultado de 2920 obfcrvações 6". 31. 3 . Diminuio ncftesn- / ff no 2 . 57 . 1 Foi a declinação media da manha 6°. 30' 4"; a do meia dia 6\ 31 40", e a da tarde 6°. 31'. 43''. {Tab. X ) Efta Agulha íbffreu grande, c repentina mudança , quero dizer , variação no dia 11 de Fevereiro >e nclla fe confervou até 27 de Sctembio , que repentinamente tornou a mudar exceflivamente , como fe vê do Diário junto ; c na meima continua até o dia de hoje. Qual lerá a caufa deitas mu- danças ? BA- hc hum rectângulo , e tem de comprido 6 policiadas , de largura 2 li- nha* , e de grofíura ^ linha , tem feu capitel de Agacha , e feu anel para equiliSrar, e tudo pe£a 3 oitavas c 30 grãos : he conllruida em Ingl.i por G. Adams, DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 79 BARÓMETRO. Tab. I. Janeiro Fevereiro Março Abril (jJMaio Ç Junho Í Julho § Agofto Si Serembro % Ouiubro y Novenib sS Dezemb Dia Lu^ar da £. '5 3 25 í 3> V 27 Y 1 1 "b 12 í 3° Uíf 3 rr\. 4 * 4 £Ã 7 H 4 V Elevaç. máxima. 28"?,"'oc 28 4, 40 28 4, 25 28 5, 60 28 5, 40 28 7,45 28 7,70 28 7, 10 28 5, 90 28 5, 80 28 4, 40 28 3, to Dia 50 18 23 í> 29 7 12 ?> ■4 26 5 24 Lug.ir da (£. .A. Elevação minima. 27" 10," 90 27 11, 60 27 ic, 50 28 c, 40 28 o, 60 28 I, 25 27 II, JO 27 10, 80 27 II, 20 27 11, :c 27 10, 70 27 10, 70 D.rT. Elevaç. I Elevaç media. I de manhã. '.levaçáo I r . „. 'h r Elevaçaorr de tarde, i) ao meio dia 5,'"í* 4, 80 5> 95 5, 20 4, 80 6, 20 8, 20 8, ,0 6, 70 6, 60 5> 70 5, 20 18" 1, '"35 23 2, IO 28 I, 74 28 Í5 04 28 }, 57 284, 22 28 J, 4? 283, 66 23;, 04 282 , 5^- 28 2, 05 28 i, 77 [Tab. II. A ). neiro Fevereiro Elevação ás 6'. da manhã. 28 o, 99 28 1, 89 28 I, 45 28 2, 89 28 3, 37 28 4» IO 28 3, Op 2« 3» 45 28 2, 86 Outubro j 28 2, 31 ff Novcmb. 28 1 , 67 i Dezemb.' 28 1, 41 Setembro Eleva çáo ás ih. da manh ã. 18 >. "28 i8 2, 21 28 ', 7» 28 li 12 28 h 69 28 4, 60 28 ;, 44 28 3» 76 28 h '9 28 2, 66 . a 2» 15 28 ', 75 Elevação ás ioh. da manh. 28" 1 28 2 28 1 28 3 :8 4 28 4 28 , 28 4 28 3 28 2 28 2 28 2 Elevação ás I2h. da manh. 28" 1, 3: 2,8 2, 21 28 I, 65 28 3, O7 28 3, 6â 28 4, 06 28 3, 48 " 3, 72 3. °6 2, 66 2, 28 28 1, 93 Elevação I Elevação as 2" dj carde. 28' «, "02 28 1, 88 . 0 20 'l 29 28 2, 8c 28 ti 3° 28 4, c- 28 3. C4 28 \l 25 28 2, 65 28 2, 30 28 ', 73 28 '> 61 as 4h. da tarde. 2H"l,'"26 28 2, 20 28 1, 74 28 3, 15 28 3. 7> 28 4, 41 28 3, 48 28 3, 8: 28 3, i^ 28 2, 6; 28 2, C7 28 1, 78 Elevação as 6h. dd 28' i,'"i3| 28 1, 89 1 28 '> 49 1 28 2, 92 1 28aí?5| 28 4, 19 k 28 3. ílí 28 3, 43 1 28 2, 89 .*. :*2> 18 1, r 28 2, 21 28 1, 65 28 3, 07 28 3, 64 28 4, 06 28 3, 48 28 3, 72 28 3, C6 28 2, 66| 28 2 28 2, 28; 28 I, 80 «j 28 I, 93! 28 I, 61 | 28 O,' 69 28 I, 46 28 I, 12 28 2, 62 28 3, 06 28 3» 88 28 3, 07 28 3, 10 28 2, 63 28 2, 14 28 1, 37 28 1, 21 rara;. 28" I, ti c< 28 1, 8< 28 1, 4( 28 2, 91 28 3, 3' 28 4, _ 0 1 c 28 ;, 34 28 3, 45 28 2, PI 28 2, 44 28 1, 79 28 1, 45 elevação as ioh. la manhã. •r."l, (- -8 2, 3< 28 2, ic 28 3, 39 28 5» -5 20 4, 66 28 h 79 28 3, 94 28 5, 36 28 2, 92 28 2, 37 28 2, C9 Elevnçáo de dia. § i • >. 07 % 28 2, C4 2> 28 1, 49 rj 28 5, 03 S> 28 3, 52 % 28 4, 30 ?) 28 5. 39 28 3> *. 28 5, cj 28 2, 67 28 1, 96 28 I, -TO THER. 8o Memorias da Academia Real THtRMOMETR O. 3> <§ Tab. Ill Janeiro Ç Fevereiro SS Março (j! Abr.I (j! Maio Calor máximo «» H "b X 86.° 89. 90. 8?, «5,5 79- 85,? 8í,5 78,5 83,5 8?. 8P. Dia 27 22 4 26 1 2 «7 5o 6 o O 5 •7 «9 Lugar Calor mínimo. Y X .A. X X 7*." 7'- 75- 6y. 62. 58. 49. 5«- 57,5 61. 61. 67. D, ff. Calor médio. Calor de manhã 14°. 79>L84 l8. 80, 9O 17. 80, 12 20. 75» }5 23.5 71, «5 21. 69, 81 36,5 67, 41 32,5 70, 06 21. 68, 2.7 22,5 72, 08 21. 74. 07 22. 77» 87 77.r°* 78, 04 77» 27 75» 27 68, 17 66, 75 64, 57 67» M 66, 12 7°> «5 71» 94 75» 69 Tab. IV. Calor ás 6h. da manhã. ji J.ineiro ;> Fevereiro ff Março \ Abril ff Maio * Junho ff Julho f? Agofto (P Setembro h Outubro' r? Novemb. I t ;mb. 75,°43 76» 2? 75, 48 72» 4? 64, 71 65, «3 63, c8 65, 55 64, 5? 69, OO 69» 53 75» 79 Calor ás 8". da manhã. 77,82 77» 32 72» 92 67, 40 66, 42 65, 95 67, 56 6^, 80 6y, 99 72, 10 75, 76 Calor ás ioh. da manh. 78,°68 79» 66 79» °3 74» 55 70, 17 68, 71 66, 70 69, 24 68, 00 71, 37 75» 85 77» 4' Calor ás I2h. da manh. 80,°22 81, 91 81, 10 76, 2 3 71, 76 70, 47 68, 53 7'» °3 69, 50 7?, >8 -5, 18 78, 96 Calor .is 211. da tarde. 8t,°26 83, 49 83, 45 77, 75 73, 90 72, 5C 69 > 95 72, 29 69, 88 73» 40 76, «-' 80, 00 Calor ás 4h. da tarde. 8l,°2! 83, 97 85, 20 77» 50 74, 96 73» 80 7o» 44 73» 2i 70, 42 73, 55 76, 18 79, 93 Calor ás 61'. da tarde. 8o,Q04 82, 75 81, 64 76, 20 73, 5i 7', 78 69, 00 7'» 85 69, 53 72» 50 "4, 57 /8, 56 Calor ao meio dia. «0,2 2 8l,9» 81,10 76»23 71,76 7°»47 68,53 71»0? 69,50 73»'8 75-<8 78,96 Calor ff Je tarde, ff Calor ,is IO1'. da manhã 78,°. 3 80, 7j 79» 56 74, 78 71» 74 69,78 67, 20 7<5, 53 68, i5 71, 66 73» 40 77, 17 8°,°29 I 82, 74 ÍC 81, 99 í 76> 55 73, 5i 72, 20 69, 17 72, 02 69> 49 SS 72» 93 ss 75» 08 ^ 78, 95 ^ 1 Calor ?) i do dia. '>) ; ff i 79,^00 >) ' 00, 44 ff* 80, 10 » 75, 30 |j> 69, 85 | 67> 36 j? 70. »6 ?( I 63,75 7>. 84 73»87 77» 70 íl ^i?:^;^^;^^:^^^^^^^^^^^? Nu- DAS SciENCIAS DE LlSBOA 8l fc^ríSsí^Ri;?! t^ír^Rz^&^^lrixíFt^izlFzzf^R^isíSa^^ Numero dos dias. I i Taboa V. \i Janeiro (9 6 5 6 9 >5 12 16 14 Nubla- dos. IO 5 20 5 3 8 9 3 6 IO Cober- tos. 4 4 5 2 8 5 II 8 8 12 4 9 Relain-i Trovoa- pagos. 4 7 5 3 o o 1 o 1 4 4 da. 7 2 4 1 o o o 3 1 2 9 9 Chu- ia. 18 tS 1 1 10 9 5 15 IO IS '5 18 16 Ne voa 5 3 o I D 18 18 15 '9 IO 16 5 Aur. Aurt. 0 4 2 1 o o I 3 I.UZ- Zodia 2 O 4 I 3 4 4 1 2 r o > I í 5 | I Quantidade de Ventos dominantes. Taboa VI. Chuva; Vapor. Taboa VII. Manha. Tarde. G Janeiro 0 Fevereiro c < Março Abril (£ Maio Junho Julho Agofto Setembro Outubro Novembro ) Dezembro 11 5 2 1 1 2 2 2 4 5,'" 75 O, 7S 6, 65 4, 70 8, 5» o, I, 3" 8; 5 7 3 7 2 2 3 8, 4 I, 6 8, 20 50 1° 60 55 60 00 00 I 2 O I o I 4 7 40 35 95 00 10 10 50 70 40 50 70 75 Janeiro Fevereiro Março AbriL Maio Junho Julho Agofto Setembro Outubro Novembro Dezembro Variável. Var. e NO. Var. Var. Var. e NO. Var. e NO. Var. NO. 1 NO. e Var. Var. Var. Var. Tom. III. 8i Memorias da Academia Real I íHuencia correi pondente aos pontos Lunares. Taboa VIII. Pontos Lunares 11 <<— (f> Conjunção. (ÍJ Oppofiçáo. # I. Quarto. 31 II. Quarto. y\ Apogeu. (j! Perigeu. (jj Luniftico Auftral. )> Luniftico Boreal. ^j Equinócio afeendente. sS Equinócio defeendente. ({ I. Oitante. P,' II. Oitinte. j) III. O.cante. "< IV. Onante. Taboa IX. Números dos dias. Pontos Lunares. Sere- Varia-! Nubla- Cober-1 Relâm- Tro- Chu- Ne Aur Auft nos. veis. dos. tos. pagos. vões. va. voa. Conjunção. 2 3 6 1 I 0 3 2 2 Oppolição. 3 i 4 4 0 I 6 7 O I. Quarto. i 6 í 2 2 I 4 6 0 II. Quarto. 4 i 3 4 I 2 6 í I Apogeu. 2 6 5 0 I I 5 4 0 Perigeu. 3 4 3 3 0 I 4 5 0 Luniftico Auftral. I 9 i 2 0 3 6 3 I Luniftico Boie.il. 3 2 6 2 I i 4 2 I Equinócio afeendente. 2 I 6 4 o 2 í í I Equinócio defeendente. 4 4 2 4 2 0 ó 3 o I. Oitante. \ 5 2 2 2 2 6 2 0 II. Oitante. 2 6 2 2 2 0 2 I I III. Oitante. 2 2 6 2 2 2 3 3 I IV. Oitante. I 5 t 4 I O 4 3 I '^r^^^^r^r^^^r'^ Luz. ç Zod. ff 1 O Q O O O O o I 1 o o o o o De- $^^=5^:^^- DAS SciENCIASDE LlSBOA. Uci.Iin.icio da Agulha-magnetica *3 .^r J^^zFÍ:^ j5=l. ! < Tab. V Janeiro Fevereiro Março <2 Abril (j, Maio Junho Julho § ASofto "■ Setembro Outubro Novemb. SS Dezenib. >> Tab. XI. [)ia Lugar I Máxima. da C- 6.° 9 V 8 y 14 "Jí 25 X 5' S 10 í 22 H 4 í 29 í 14 6, 6 V * »u 42' O" 50 O 30 O 36 O 59 5° 57 o 56 tf 46 50 46 41 o o o o o o < 5 [arteira Fevereiro g Março )) Abril /j Maio g Junho C2j I ',25 o» 8o| 4!» 2 20 5 o 5 i 227 2 342 ?) 2 27>> 223^ 2C ' 2 5*S o 8* 9 7$ tf * 5i iv. 3 50^' 6 2 2 ^1 N O T A • tres columnai do Borometro o» ponto» denotáo a rej>eti<;So Jo numero jupetior corrtfpondente. O mefmtj aconts-c na colurnna da Boflola. DAS SciENCIAS DE LlSBOA. «5- F=?fc^: ^^P^i ^NS - JANEIRO 1786. 3 Dias i d0- vji mez l- l i I i & 1 I 2 3 4 r j 6 7 8 í> 10 1 1 12 '3 14 >5 \6 17 18 «9 20 21 22 23 24 26 27 28 Jy 30 5' Ventos dominantes. Manhã Tarde NO. Var. V r. Var. Var. NL. O. Var. Var. Var. Var. Var. NE. SO. Var. Var. S. NO. Var. Var. Var. Var. Var. Var. N. Var. NO. NO. NO. V-ar. Var. Var. Var. SE. SE. SE. SE. SO. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SO. Var. SE. SO. SE. SE. SE. SE. SE. SE. S. Var. Var. SE. SE. Var. Var. X Y y 4 á i Lumítico Aulrral. Kquinocio descendente Perigeu I. Oitante. . . . I. quarto is (/. 40'dj m. II. Oitante . . . Luniltico Boreal. ....... Oppoílç. ás p.h42'da m, Equinócio ascendente • .».*•• III. Oitante . . . Apogeu II. quart. ás8.h54'dam, • •..... IV. Oitante. . . . .... ... Conjunc. ás li*, 44' da noite. Equinoc. desc. Eft.ido do Ceo. Muvens , trovões , e chuva. Variável , e chuva. O me Imo. O mefmo. Nuvens , e relâmpagos. Variável, trovóes,c chuva. Coroa. Variável , relâmpagos , e chuva. Nuvens. Variável. N 11 vens. Nuvens , e miúdo orvalho. Nuvens , névoa , e orvalho. Coberto de nev. ,rrov. , e chuv. Coberto , trovões ,e chuva. O mesmo. Variável. O Mar muito luminoso. Variável. Sereno. Sereno. Sereno. Sereno, e névoa pela manhã. O mesmo. Nuv. nev. de manh. e relamp. A atmosfera averrritlhada. Coroa. Nuvens , trovões , e chuva. Coberto , e chuva. O mesmo. Variável , e chuva. Nuvens , e névoa de manhã. Nuvens, e chuva. Nuvens , trovões, e chuva. Variável, relâmpagos , e chuva. FE- 86 Memorias da Academia R.eal FE FE R E I R O de 1786. BARÓMETRO. VIanhi. Meio dia. às M? 28 í',o 2,85 . 2,8 2,2?. 1,8 2,43 • 2,4 3,23 • 3,3 2,5 3 • í,4 2,76 • 2,5 1,93 2,C 2,5*- 2,4 2,78 . 2,6 2,6 2,9 2,61 • 2,5 !>7 . 2,0 •>»í • ',2 1,5.6 . 1,6 '.72 • 1,9 1,4 1,1 0,22 . 0,1 !,3< • 1,4 ',52 . 1,8 1,86 2,45 i,8 . 1,8 1,62 . 2,0 ».*? • 2. ,4 4,1 • 4,0 4,0 • 3>1 2,? • 2,; 2,?? 2,6 TarJc. .8 0,85 2,5 1.4: i,oa 2,85 »,7» 1,8. 2,02 2,3' 2,34 2, 55 2,c: ,,?2 M5 0,27 0,25 «,47 »»55 2, u 1/2 1,9 3,3 »,5 1,88 2,12 Quan 1 idade de ebuva. o o o o o o o o o o o o o o o o o 6 12 20 1 1 ',5 o 0,25 o o o o Quan tida.de de vapoi I»? 2,25 2,5 2,8 1,6 5 2,4 2 2,75 2 *. 2,25 3,25 2 ,75 5 2 O o o o 2 2,25 3 2,5 2 2.25 Bulíola. 33 3 3 20 I i) ' Í8l 5 í 54 33 3 5 35 111 40 50,}> 36 58 ;>> 37 52 » 29 55 1 3° 42 * 29 50 ?, 28 42 S 32 50 í 42 (( ?8>; 57 S 111 40 is o 20 » 28 $ » > 51 27 29 3° 3° 3° 3 29 30 30 31 ?8 29 47 28 /• E- DAS SciENCIAS DE LlSBOA 87 <_ % Dias } do ^S mez. I c i 2 1 < 4 5 6 7 8 P 10 1 1 '5 14 '5 16 «7 18 '9 20 ti !2 « 28 í C F E F E R E I RO de 1786. Ventos dominantes. Minha. Tarde. Var. NO. NO. NU V.T. N. NO. N. NO. Var. Var. NO. NO. Var. NO. Var. Var. Var. S. s NO. Var. Var. NO. Nu. NO. NO. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. s. s. Var. SO. so- NE. SE. SE. NE. SE. SE. SE. SE. Lu- gar da c. X Y w i í I. Oitantc Perigeu . • •••■•• I. Quarto ás 5h. 2,4' da tarde Lunittico Boreal. II. Oitantc. . . . • ■ ..... Equinócio ascendente. Oppofiçáo ás ih.47'da m. • ■••••• III. Oitante Apogeu. Ltiniftico Auftral. . II. Quart. as 5h.22/da m. • •••••. IV. Oitante. . . . Equinócio descendente. Conjunção ás li11. 2,2' da manhã Eftado do Ceo. > 2> I Nuvens ,e relâmpagos de noite <£ Sereno. ?' Sereno , e relâmpagos de no'te. 1? Sereno , e névoa de manná. SS O mefmo. i>v 0 mefmo. # Seren LuzZod.bcm luzente ás|>) jh. 10' damanh. Aur. Auft. ás1^ 1 ih. 8' da noite. Sereno. Var. e relamp. Aur. Auítral 2h. 45' da manhã- Sereno. Sereno. Sereno. Sereno. Sereno. Sereno. Var. e relamp. Mar luminoso. [>S Nuvens , e relâmpagos de noite.tk Coberto , de noite chuv. e trov. [C Coberto , e chuva. O mefmo. Variável , e chuva. Coberto , e chuva. Nuvens , e trovões. | Nuvens , com algum orvalho. Variável. Sereno. Ser. e relamp. Aur. Auítral ás [ ?h. 4O' da manhã. Mar luminoso ff Nuv. e relamp. Aur. Aft. as 8h. ff da noite. Mar luminoso. *>) MAR- 88 Memorias da Academia Real M ARCO de 1786 MAR- DAS CIÊNCIAS DE IS B O A. 89 Diai do mez 1 2 J 4 5 6 7 8 9 10 11 12 I? «4 «y 16 17 18 19 jí I C 20 21 2 3 Ventos dominantes. « Manhã, I Tarde. Var. NO. Var. Var. NO. Var. Var. Var. NO. Var. NO. Var. NO. Var. Var. Var. Var. NO. NO. Var. N. Var. Var. 24 Var. 2? 2* n 28 Var. NO. NO. Var. *9 NO. 30 1 v r Lu- da C SE. SE. SE. SE. SE. Var. Var. Var. SE. SE. SE. SE. SE. S. s. so. SE. SE. SE. SE. NO. SE. V,r. SE. SE, SE. SE: SE. \ E . so. so 69 k a\t Tom. III. Y <5 M A R Ç O de 1786. Poucos Lunares. Perigeu . I. Oitunte : t # Quatro ás 2 manha Lun ". 22/ da Boreal. II. Oit. Equinoc. ascend Oppofiç. ás 7h.o'da noit. Apogeu . . . III. Ovante. . Luniftico Auftral. 1 1. Quarto ás 1 ih.o'da n. "quinocio descendente IV. Oitante . . . ^onjunç. as o' Jerigeu . . 14' da n Eítado do Ceo. Nuvens. Nuvens. Nuvens. » -I > O Mar luminoso. Sereno , e relampigos de noite. Variável , trovões , e chuva. Nuvens. Nuvens , e relan.p.^os de noite, k \ \ i l I Coroa. Coroa. Nuvens Nuvens. Nuvens. Nuvens. Nuvens. Nuvens. Nuvens. Nuv. trovões , e orvalho. O Mar muito levantado. M Nuv. e orv. Coroa. O Mar levan-rj) tado 18 pai. mais do ordinário.")) Nuvens, e orvalho. O Mar comoss no dia antecedente. {L Nuvens. O Mar como dantes, r? Var. Aur. Aft. luz. ás 8h. da noi |>) te. O Mar na mtsma altura, jj) Var. Aur. Auft. ás 7". 15' da noite : começou luzente. Coberto , e orvalho. Variável , e orvalho. ff Nuvens , trov. e chuva. Coroa. SS Coberto , e relamp. e roda a at-ií. moslera avermelhada. & Nuvens. ? Nuvens. P Nuvens. J>) Ser. Den. a atmosf.avermelhada.k Ser. de noite , trovões , e chuva. K Variável , relâmpagos, e chuva, ff Coberto, relamp.igos , e chuva, ff A- 9° Memorias da Academia Real A B R I L de 1786. '.J^^^rizlriof^Fi^ DAS SciENCIAS DE L.ISBOA nj A B R I L de 17U6. t % Dias do <£ mcz. I I í 1 2 4 5 6 7 8 9 10 1 1 ii «5 «4 i l Í "6 >7 18 19 20 21 22 2? 24 15 26 27 Ventos dominantes. Manhã NO. Var. NU. NO. NO. NO. Var. Var. Var. NO. NO. Var. Var. NO. S. Var. NO. Var. Var. Var. Var. Var. L. L. Var. Var. Var. Tarde. Lu- gar. da c SE. SE. SE. Var. SE. SE. SE. SE. SO. SO. Var. Var. SE. S. S. Var. SE. SE. Var. SE. SE. SE. SE. L. SE. Var. Var. 69 k í X Y Pontos Lunares. I. Oicante . , Lumllico Boreal I. Quarto , aos 54' da t, ....... Equinócio ascendente. II. Oitante. . . . Oppofiç. aos 10' da rard. Apogeu Luniftko Auftral. III. Oitante . . II. Quart. aos 47'da tard. Equinócio descendente, IV. Oitante Conjunç. ás 5h. 22' da manhã. Perigcu. . Eftado do Ceo. Variável , e relâmpagos de noite. O melmo. Nuvens , e névoa de manhã :{ de noite relâmpagos. < Nuvens. . Variável com feu orvalho. Variável , trovões , e chuva. I Variável. i Variável. Coroa. Variável com miúdo orvalho. , Variável. Nuvens. I Nuvens, e névoa com orvalho, j Nuvens , e névoa. Variável , névoa , e orvalho. Coberto , e chuva. Cobeito. Nuvens. Variável. Variável , névoa , e chuva. Nuvens , e névoa. Aur. Auftj pouco luzente as oh. da noite. Variável , e névoa. Variável. Variável. Nuvens. Variável , e orvalho. Variável , e névoa. Var. e orvalho. O Mar fubio mais 12 palmos do ordinário. O mefmo , e névoa. Variável , e névoa. Sereno. \ « _ Memorias da Academia Real M A 10 de 1786. THERMOMETRO BARÓMETRO. Diu do nu/. 1 2 3 4 5 6 5 9 0 I 2 3 4 5 6 7 8 9 o 1 2 3 s 6 o 9 3° 3« Manhã ^5 73,3? 73- 75,5 68,17 69,83 69. 64,83 64,03 69,5 64,67 70,16 72,83 67,67 68. 6^,67 66,5 65,6- 66,53 67,5 70,67 66,67 65,67 64,33 66,83 64,67 67,1-' 67,33 67>33 69. Meio dia. 77- 77,5 80. 79,5 69. 73- 70. 69,5 68,5 69. 7'.5 7'- 7í- 76,5 75- 7U 69. 70- 69. 7^- 7',5 7i,5 í 8,5 68,5 68. (-9,5 69. 7». 70. 72- 73- Tarde. 80,61 79,88 83,12 78,61 71.38 74,75 70,62 68,37 70,12 7 ',87 73>84 75, 77,88 81,25 7*»*5 70,87 7^,J5 7K 73,87 74,25 75,25 69,75 68. 70,5 69. 69,61 7', 37 7*- 72,87 73,75 72,87 Manhã 85,07 2,96 >»77 ',9 4,63 4,53 3>37 4,27 4,83 4,83 5,34 4,42 3>-í3 2.35 3,9 4,'7 4í5 4,? n J»SW 2,6- 2,08 ',93 4,07 4,65 4,2 2,9 3,7 4,0 5,23 4,03 4,35 Meio dia. 28 2,y 2,45 1,8 1,8 4,8 3,85 5,4 4,4 4,8 4,7 5,0 4,0 3*3 .2,0 4,1 4,65 4 ~5 4,4 3,5 2,8 1,8 2,2 4,4 4,3 4,0 3,0 3,6 4,2 4,5 3,9 4,5 Tarde. 28 2,71 2,8 4,65 3,6 3, '5 4,37 4,4 4,64 4,4 *,4 2,46 2,22 3,92 4,3' 4,4 3,62 2,2 2,05 0,97 2,75 4,22 3,9 3,9 2,87 3,37 3,í« 3,98 3,65 4,0 Quan tidaile de chuva. < i l I í i í « < 5 0,2 o o o o o 3,5 o o o O, 2 o o o o o Quan- tidade de vapor. I'" 1 •,5 °>? o 0,3 o o 0,4 0,5 0,8 1 ',* 2 O o,4 0,5 0,4 0,8 1 «,í O 0,3 o,? o,4 0.2 0,3 0,5 °.3 0,5 0,4 . 53 it . 26 40 . . 26 40 ^) . 26 22 *i) - 24 23 «, • 27 50 (( . 30 O ff . • 7 » . 29 40 % . 28 25 | . 29 45 ff . 29 47 f *7 5 . 28 ié f> . 29 13 ?) • 25 2 s> . 15 10 K • 23 3° £ • 3' 37 '^ • 19 35 ff • 3 ' 37 ' • 29 . 29 . 30 • 3> 30» • 29 37 $ 45 L. .'3 DAS SciENClAS DE LlSBOA. MAIO de 1786. 93 » Ventos dominantes. Manha O. NE. Var. NO. Var. Vnr. NO. Var. NO. NO. Var. Var. NO. NO. NO. Var. O. NE. Var. NO. Var. Var. NO. Var. NO. NO. NO. Var. Var. Var. Var. Tarde. SE. SE. SE. SO. Var. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. Var. Var. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. Var. N. SE. SE. SE. SE. Var. Lu- A3' da 69 X Y * i9 o2 Pontos Lunares. Luniftico Boreal. I. Oitante. . . . Kquinocio ascendente I. Quarto i ib. izda m. II. Oitante . . . • •••••• Apogeu Luniftico Auftral. Oppofiç. ás 4.h 19'da m. • •••••• III. Oitante. . . . Equinócio descendente II. Quart.ás I0.hj5'dan. IV. Oitante. . . . Perigeu Conjunc. aos 47'da tard. Luniftico Boreal. Equinoc. ascend* I. Oit Eftado do Ceo. Sereno. Sereno. \'uvens , e névoa de manhã. Variável, e névoa de manha: e de noite chuva. Coberto de nev. , e Teu orvalho. Nuvens. Coberto , e chuva. Variável , e chuva. Coroa Sereno, e névoa de manhã. O mefmo. O mefmo. O mesmo. Nuvens. Coroa. Variável , e chuva de noite. Coberto , e chuva. Coberto , névoa , e orvalho. Nuvens , e névoa de manha. Sereno , e névoa de manhã. O me^mo. O mesmo. Sereno. Coroa. Coberto de neve , á noite chuva, Coberto. Variável. Variável , e névoa. Coberto , névoa , e orvalho. Nuvens , e névoa. Nuvens. Sereno , e névoa. O mefmo. Coberto de névoa. » i l I i 7u. 94 Memorias da Academia Rea 4! JU N HO de 1786. THERMOMETRO. Dias do mc2. (< 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 '5 14 »5 16 17 18 '9 20 21 22 «1 24 26 27 28 29 3° Manhã 69,16 68,8} 68,35 70»?? 68, 33 67, 3 5 70.55 70,83 66,16 64,16 68. 66,16 64,83 64,67 ^io3 65. 62.35 65,'? 6,. 6J,. 65,83 64. 65,67 6-, 17 68,33 69. 65.55 66,8} 67. T0'^ Meio dia. Tarde. BARÓMETRO. Manhã. 7M 7<>í 72- 72,5 73- 73.5 74- 75,5 73- 75.5 70. 72' 74. 74,89 7°>y 70,62 68. 66,25 68. 66,5 72- 75- 68,? 70. Jy 67. 7',5 68,5 69,61 67, 5 7', '5 68,5 7i, '5 69. 72. 70. 7°, 25 70. 72,75 75.5 74,5 69. 69.75 66. to37 &, 72,62 72- 74,5 72.5 76,25 72,5 74,62 -1. 71,3» 72.Í 74,16 72. 75,'5 to 69,88 * Vi', 3 4,33 4,43 3.P5 3^3 4,5 4,4 3.42 2,1 4,17 5.97 5.35 6,72 6,4} 6,17 5,23 4,23 4,4 4,5" 4,4 3.7 5/M 4,82 3.9 5,?„ 2,78 H"7 4,87 4,8} 3, '7 3>2<; Meio dia. o" '" 28 4,4 • 4,7 • 4,0 • 4,1 . 4,6 • 4,6 • 3.' . 2,2 • 5,0 ■ 5,7 5-4 7>« 6,5 5.8 4,8 4,o 4,5 4,2 4,3 *,J5 5>í> 4,5 5,8 3>° 2,6 H 4,6 4,7 2,6 3,5 Tarde. / ni 4,25 ),8 5,82 4,25 4,45 1,61 2,58 4,96 5,8l 5,0 6,8 6,1 sfi 4,5 4,05 4,35 4,35 4,05 4'5„ 5,08 4,02 3,42 2,76 2,55 3,7 5,05 3.8* 2,45 3,82 Quan [idade de chuva °,5 O O O o o o 6 3,5 o o o o o o o o o o II ',5 o o o o o o o o 3 Quan- t idade de vapor. 111 0,2 °,3 0,5 0,8 o,3 o,? 0,5 o o 0,5 0,8 o,3 0,4 0,6 0,7 0,6 0,6 0,8 0,8 o o 0,5 0,4 I ',5 0,5 0,5 0,6 0,6 o Bulíòla » 5 i í'^^^5"^--5^=5^=^'?Sr^=^:«=^?^^í«=^^;F: DAS i 1 Dias do IllL/. 6 7 8 9 ic ii 12 »5 U >í \6 I í í « .8 I « 1 /<• 26 í 28 S* 2 0 Ventos dominantes. Manhã. Tarde so. Var. NO. NO. Var. SO. NO. Var. Var. O. NO Var. NO. Var. O. Var. Var. Var. NO. NO. SO. NO. NO. Var. NO. Var. Var. Var. NO. Var. Var. SE. SE. SE. SE. SE. Var. Var. SE. SE. SE. SE. SE. SE. SE. Var. NO. Se. SE. Var. SE. SE. Var. Var. SE. Var. SE. Var. Var. SO. Sciencias de Lisboa J U N H O de 1/86. 9* » » Lu- gar da C x Y n 69 n13 Pontos Lunares. I. Quarr. ás jh. 56' da t. [I. Oitanie. Apogeu. Oppoíição ás 6h. 54' da r, Liiniftico Auftral. III. Oitante Equin. desc, II. Quarto ás 5h. 6' da m, IV. Oitante. . . . Perigeu. . . . ; Conjunção ás 8h. 57' da noite. Lunift. Boreal. Equinócio ascendente. Eíbdo do Ceo. I? & Cob. de névoa, de noite chuva. J^ Sereno , e ncvoa de manhã. ff O mefmo. Sereno. Sereno de mmhã névoa. Co- roa .. . Coroa. Variável. \'uvtns. Coroa. Coberto , e chuva. Coberto de névoa , e chuva. .NJuvtns , e névoa de manhã. Sereno , e névoa de manhã. O mefrro. Variável. Variável , e névoa de manhã. Sereno , e névoa de manhã. O mefmo. Sereno. Sereno , e névoa de manha. Sereno. Ser. até ás 5h. da tarde : depois)}) coberto , e muita chuva. JS) Ceberto , e chuva. Vj Ser. e nev. Luz-Zud. ás 7h. 30 P* da noite. ff Sereno e névoa de manhã. ff Ser. Luz-Zod. ás yh. 10' da noit.jj) Sereno. ^ Ser. Aur. Auft. luzente ás 2h.r? 12 da manh. Luz-Zod. muiJJ) clara ás yh. da noire até ás 8hA 15' : depois todo o Emisferioi*. incendiado. ç Sereno , e névoa de manhã. ?) Nuvens , e névoa de manha. ff O mefmo. 5) Coberto de nev, e chuv. Coroa. s\ 7v~ i I i l JU L HO de 1786. THERMOMETRO. 5 <>9>5 68,52 67,44 70. 75- 72,25 73>25 81,88 74. 64,5 64,25 64,02 65,87 (S-,12 68,62 73,88 68,25 7°A 76,75 68,25 75,12 68,25 78,88 61. 58,12 6o,?7 66. BARÓMETRO. Manhã. 28 4,1 4.65 4,0 5,8 i,5 5 2,55 3,57 2,9: ?,07 2,77 2,46 c.03 c/S 5,97 4,6, 5,87 h6i AP 3,48 1,6 4,5 4,97 3>53 2,9 2,5 3,9 1,6 2,1.8 6,27 ~,4 6,2 Meio dlj. Tarde 4>0 28 3,93 4,4 . 4,52 4,5 . 4,02 4,5 • 3>65 !>7 • J,2 2,4 . 2,65 3>4 • 2,91 2,9 . 3>'8 3,2 . 2,27 3,2 . 1,72 2,3 2,22 0,1 27 11,82 0,7 28 1,78 4,3 . 4,65 4,6 • 4,65 3>5 • 3»52 3,9 . 4,0 4,5 • 4,c<; 3," . 2,1. «i5 . i,c: 4,5 • 5/': 4,5 • 4,25 3,0 . 2,67 2,5 . 2,0 2,8 • 3,55 3,9 • 3,5 ',5 . 1,0 3,2 • 4,0 7>c . 6,97 7,1 • 6,55 5,5 • 5,4 ^^i^Fizi I < 7 8 9 IO 1 1 12 •3 14 «5 Ventos dominantes. Manliá NO. Var. Var. Var. Var. SO. Var. NO. Var. Var. NO. NO. Var. Var. SO. NO. Var. Tarde, Var. Var. Var. Var. Var. SE. SE. SE. SE. Var. SE. Var. Var. SO. Var. SE. NE. DAS OCIENCIAS DE J U L HO de i7U. I S B O A. 97 Lu- da (C- "12 i )( Y Pontos Lunares. I. Oitante. I. Quarto is7h. 2i'da m. Apogeu. . . Lunilfico Auílral II. Oiunte Oppofiç. ás 7.h 42'da m. Equinócio descendente • • • • • • • III. Oitante. . . . Eftado do Ceo. II. Quarr. ás p.h47'da n. Perigeu .... Lunift. Boreal.' IV. Òit. Equinócio ascendente pelo muito que o Thermometro Variável , e chuva. y) Coberto de nev. e chuv. Aur. Auft. ás 7h. JS da noite : depois todo o Ceo ficou in-u. cendiado. O Mat mui levantado. [£ Nuvens. tf Nuvens, e névoa, e orvalho. §) Variável, e orvalho. iL Nuvens. (T Sereno. Coroa. j£ Nuvens , e névoa de manha. 3 Nuvens. J5) Coberto de névoa espèfTa , e feu orvalho. <^ Sereno , e névoa de manhã. Coroa. J}) Sereno. (O A' noite todo o Emisterio in-kS cendiado. Coroa. [í Nuvens , e névoa , chuva , e relâmpagos. j£ Cob. de grofla névoa e fempre orvalhando.)) O mesmo. A^ 7h. da noite todo o Ceo íe S1) fez vermelho , e nefte eftado permane-ik ceu por tempo de 20' ; e depois chuva. í* Cob. de névoa 'iorttllima , e orvalhando to-^ da a noite . J5) 2ob. de nev. e orvalhando : ás 6h. 50' da n.^ o Ceo fe fez cor de fogo, e começiráoik a apparecet as Eftrellasda l." e 2.3 gr. e\(* a mefma Vénus com a 4*. parte da luàfl custumada luz : depois choveu. SS O mefmo. tk Nuvens, e névoa. Luz-Zod. ás 7h. 40' da n.^ Sereno. Luz-Zodiacal ás yh. IO' da noite, j? Cobetto de nev. mui denfa, e orvalhando. !>) Nuvens , e névoa orvalhando. SS >er. e nev. de m. Luz-Zodia. ás 7h.20'de n.K Sereno. ff Variável. Ij) Coberto , e chuva. Jj) Muvens. Luz-Zod. ás 6h..jO'até ás 811. da n.jj Coberto , e chuva. u, Variável. g o Barómetro abaixou. 98 « 1 Memo r ias da Academia Real AG O S T O de 1786. THERMOMETRO. í Du % do l 1 I C I i 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 u M 14 15 16 20 22 <3 25 26 27 28 ?o M.inhá. Mei dia o 60,85 64,5 61,83 64,55 60,5 54,67 66,17 64. 6j>5 66,53 67,67 66,67 65, 64,67 67,33 64. 65,67 67.5 60,66 70,83 7L53 6o,t7 70,85 7°i5 72,85 70,67 66. 73,67 72,33 72,67 76,33 65. 68,y 67- 67. 66,í í?. 68. 68. 6U. 67. 71. 67. 66. 68. 7* 70. 6s>. 70. 73- 7í- 75- 72- ~4>5 75- 75,5 7',5 68,5 80. 80. 78. 82. Tarde. 68,25 70,12 67>5 68,37 7'- 70. 70,12 67,5 66,5 68,12 70,37 66,12 64,75 68,75 74,5 68,75 70,37 71,62 74,62 79- 75>62 73* 75,48 77.25 75,87 70,25 67,75 80,25 80,25 81, ?8 73,75 BARÓMETRO. Manha 27 1/ /// 205,8 . 6,3: 6,8 6,2 5,5" 3.5 4,C- 4,7 3.5: 3.'' 2,0: 4,5" 3,9 1,6- 2,9 < 4, '3 4,63 4,: 3.9 3.7 4,r 3.57 3.35 3.0? 4,2 4,2 3,^7 6,2 ','7 •',77 Meio dia. 8 5,7 6,1 6,5 6,2 5.3 3>3 4.4 4,3 3,6 2,6 2,25 4,5 4,2 2.3 3,6 4.3 4,5 4,0 3<4 2,8 3,8 3.8 3.2 2,5 3.o 4,2 4,0 4,0 2,7 . 0,85 2711,6 Tarde „ " "â -85,8 6,25 6,18 5,55 4,22 2,88 4,12 4,"8 3,37 1,85 3,02 4,05 3.42 i,7 3,02 4,25 4,17 3,56 *,9 2,85 3,9' 2,88 2,12 3.35 4,42 3,78 3,65 2,22 0,52 27 11,21 Quan- Quan- tidade tidade de de chuva vapor. 111 0 0,2 0 °>5 0 0,2 0 0,3 0 0,2 0 0,"'4 0,4 0 0 °.3 0,5 0 3 0 4,5 0 2 0 6,5 0 0 0,2 0 0,5 0,4 O 0 °.3 0 0,2 0 0,4 0 0,8 0 0,5 0 0,6 0 0,3 0 1 0 1 0,3 0 0,5 0 0 0,5 0 1 0 ',5 2,5 0 BuíTola. 30 27 e 3. 37 1 30 40 ^ 29 52 % 30 47 íc 29 47 « 33 20 31 20 3' 40 íj) 28 36 9 30 o 31 28 3» 53 (- 31 47. 28 38 r 30 12 » 2* 53 » 2b 35 S) aj iix 30 23 o 3° 21 25 26 26 25 28 27 28 ,0 o^ 29 55 9 25 5*1 5Í> S^í ^-^^^F^" -^"^ ^ ^^=^ ^^^F^F^f " yf- DAS ScrENCIAS DE LlSBOA. 99 i' , Dia C< do (s mez i 2 4 5 6 7 8 10 11 ,c >í> ii^^^^hí^i^^i^^iRls^iRMÍ^^^^iaíSij^^^^^^^^^^s^^^^í:* Ventos dominantes. Manha. I farde. Var. Var. no. NO. Var. Var. Var. Var. NO. Var. Var. 12 so. 12, so. >4 NO. 15 NO. 16 NO. 17 NO. 18 NO. NO. Var. NO. Var. Var. NO. Var. SO. NO. N'0. NO. Var. Var. Var, Var. .SE. SE. Var. NO. SO. Var. SE. SE. SO. Var. SO. Var. SE. Var. SE. Var. SE. Var. SE. Var. Var. SE. SE. !>0. Var< SE. SE. Var. Var. AG O S T O de 17U. Lu gar da c. 1% % X Y V v. (9 à Pontos Lunares. I. Quarro aos 16' da ma- nliá Apog. Lun. Ault. II. Oitante . . Oppofiç. ás 6h. 52'. da t, Equinoc. descendente, III. Oitante. . : ; Petigeu II. Quarto ás 2h. p'da t. IV. Oit. Luniftico Bor. Equinócio ascendente. Conjunç. ás 5h. 52' da r. I. Oitante Apogeu I. Qu.irto ás 6h. t-7 da t. N li Eftado do Ceo. Nuvens , Variável. e névoa. Variável, e nevoi de manhã. Nuvens , e névoa de manha. Sirreno. Sereno. Cob. de nev. e chuva miudinha. Coberto de névoa. Coberco de névoa , e orvalho. Cob. trovões , e chuva. Coroa. Nuvens , trov. e chuva de ma- drugida. Dizem que chuveu faraiva. Coberio de névoa e orvalho. O mefmo. Sereno , e névoa de manhã. Variável. Nuv. , e nev. com orv. Aur. Auft. luzente as 8h. 50' da n. Nuvens. Variável. Nuvens. A r.tmosfera incendia- da as 7h. da noire. Nuvens , e névoa de manhã. O mefmo. O mefmo. O mefmo Aur. Áuft. luz. ás ioh 25'. da noite. Nuvens e névoa de manha. Sereno. Coberto de névoa , e orvalho. O mefmo. Sereno. Sereno , e névoa de manhã. Variável , e névoa. Variável , trovões , e chuva. í l | } I SE- IOO (< — « do i i i s 6 7 8 9 Memorias da Academia Real, SETEMBRO de 1786. THERMOMETRO. Manhã. Meio dia. 66,17 65,67 65,67 65,67 68,67 6,-. 61,5 58,5 62,17 64,66 62,67 64,5 64,5 67. 70,? 67,85 67. 7',? 65,35 61,16 62,33 67. 73- 7'» 35 -4. 72,67 67,67 6;,| 63,67 64,85 69. 68,5 69. 70. 70. 6í. 66. 65, í 65. 66,5 67,5 68,5 6». 74. 68,5 68. 75,5 6«. 67. 68,5 73- 74- 75- 77- 74- 69,5 68.5 69. 70.Í Tarde. 68. 70. 67,5 7l- 6f.7S 62,75 6>,25 64,75 66,12 64',i5 66,12 66,5 68,5 72>57 71,62 6p. 67. 7?, 5 67,25 68,37 71,12 76,12 75,12 75>>5 77,87 72,5 69,5 67,45 72- 73,OÍ BARÓMETRO. Manha. " w 2,83 4,05 5/' 2,27 ?>' 4,13 4,97 5,5 4,85 3,7? 3,8 3,2Í ',33 1,07 2,57 2,36 0*,5- 3'25 4,4 2,8 2,47 4,25 •>'7 2.0- 4,5f 5,' \l6i o,57 Meio dia. 11 1" 28 1,5 • 2,5 • 4,3 . 4,9 . 2,85 • J,5 . 4,« • 5>' ■ 5,2 4,8 4.' 4,0 2,7 o,« 1,6 2,5 2,6 0,2 3,' 4,1 3,5 2,5 2,5 3>8 6,8 2,5 4,8 5,o 2,6 0,2 Tarde. ih .,8 2,4: 4,7) a,!2 2,8 3,51 4,C( 5,10 4,7 1 3,75 3,02 2," ",5 2,08 2,32 2,2 0,72 3>72 4,0 2,87 »,9 2.32 3. '3 0,32 1,9-; 4,8- 4,48 '.95 27 n»77 27 28 Quan- tidade de chuva O O O o 7'" 1 3 1 0,5 1 1 o o o 3 o o 1,5 1 2 o o o o 0,5 0,5 3 4,5 2,25 O O Quan 1 idade ne vapor. > i i i » ai 0,3 °,4 O,) 0,4 O O O O o o 0,2 0,4 o,5 o 0,2 0,2 o o o 0,3 C,5 C,6 0,5 o o o o o 0,5 0,3 4 Buffol » I 6 25 18 I . I 2 40 (( . 1840» . 19 0$ ■ *S ' 25 57 I . 25 20?^ • '4 7» • 27 55^ . 2628* • 254,C • 24 35 /? .857 !!» '» 40 li 27K '; ^ is 26 57 ■] 26 32^ 21 10 21 48 24 f, 2125 1/ -4 33 } 26 2^5) 27 28 (( 1653I 5* 27 <& 8 3» 56 3" I $ SF- DAS SciEKCIAS DE LlSBOA IOI : zFL-íriziZ^^Sn&f^i SETEMBRO de i7'àó. í . Dias í d° ^j mcz 1 i 8 IO 14 15 16 8 20 «5 27 Ventos dominantes. Manhã SO. Var. Vari NO. Vat. Var. Vat. Var. Var. NO. Var. Var. Var. Var. NO. NO. NO. NO. NO. NO. NO. NO. Var. NO. NO. Var. Var. Var. Var. Var. Tarde. Var. SE. 5. SE. SO. O. NO. SO. SE. SO. SE. SE. SE. NO. SO. Var. SE. Var. Var. SE. SE. SE. SE. NO. Var. SO. SE. SE. SE. NO. Lu- gar, da X Y V H h k «b Pontos Lunares. * & ^^^HP^^^r^^^r^F^ Luniftico Auftral. 11. Oitante. . . . Equinócio descendente Oppofiç. as 4h. 47'da m. Perigeu III. Oitante . . • • • • , • • « II. Quarto ás 8h. \6* da noite. Lunift. Boreal. • • • • • * • Equin. ascend. IV. Oic. • •*•••• Conjunç. ás7h. 40'da m. I. Oit. Apog. Lun. Auft. I. Quarto , aos l' da tar. Eltado do Ceo. Nuvens. J) Nuvens. *>) Variável. K Variável. |r Variável , e chuva. A atmosfera tf de noite avermelhada. Coberto , e chuva. Coberto de névoa , e chuva. Nuvens , névoa , e orvalho. ff Var. nev. e orv. Coroa. Maré ^r.){) Coberto , trovões , e chuva : de"j) noite névoa muno denfa. i\ Variável. {£ Variável. ?) Variável , e névoa de noite. % Coberto, e chuva de madrugada. ijj Variável , e névoa , de noite, ir Coberto de névoa muno dcnl.:.,p O mefmo , com chuva. SS Variável , e chuva. u Coberto , e chuva. r Variável. !P Sereno. S*) Sereno. í 7»< 71 »S 7?- 7i- 77- 77- 7». 70. 75.5 72. 77- 76,48 7" >~5 64,25 68,25 75,25 67,25 66,5 69,75 75, 8 í 72,75 73- 75- 79. 2 5 80,12 75,25 74- 74,12 74,5 68,5 69. 74-83 74,88 ~l- 70,5 7', 25 72- 75,25 7?,75 78,25 BARÓMETRO. Manhã 80,97 • «,2 .2,8? • 4,73 • 4,8 .4,0 • 3,5 • 4,0 •3,5 • 1,23 •2,7 .2,97 . i,Oj . 0,6 • 1,05 • 2,1 • 1,2 • «>3 • 2,57 • 4,43 .4,67 • 5,3 . 3>7 5 . 2,47 . ',53 .0,53 • >,' • 3>' .2,6- • 2,r • 3,5 Meio dia. o" '" 28 1,2 . 1,0 • 3>8 • 5,2 . 4,6 • 4,2 • 3>5 •3>9 •3,2 • 0,0 • 3,' • 2,7 • ',' .0,7 • i,7 .2,0 • »j2 • i,5 • 5'c .4,6 . 4,6 • 4,7 • 3.6 . 2,0 • 1,1 . 0,2 .1,6 •3>« .2,6 . 2,4 .3,6 Tarde, :8 0,92 •0,75 . 3,75 • 5,24 . 4,02 . 4,0 • 3,52 • 3.48 . 2,42 . ',2 • 2,9 • 2,4 • 0,51 .0,23 . 2,0 - ">3 . 1,15 • i>37 • 3-° • 4,75 • 4,6 • 4,55 . 2,28 • i,35 . 1,12 1711,72 -8 1,15 . 2,8 • 2,9* • 2,1 I Quan- tidade de chuva. )>' o 6'" 16,5 2,5 o o c>5 0,4 0,2 O °,5 O O o o o t 0,5 3,5 4 o o o o 0,5 1 1,5 0,4 o o o Quan tidade de vapor. c,5 o o o 0,5 1 o o o 0,5 o 0,8 1 1 ',5 0,5 o o o o 0,5 1 1 c,6 o o o o 0,5 0,5 1,5 Buflbla. 42 40 » o ,o£ f i ] 22 27 r!^r?z?^s:i&í&^r:^r^^^?&!&l&:& ,^i-^S-£:^í/!=7^ri:^;"^7 Si- =Hr^ír~ 37 4' 4' 2.8 4< 41 4t 41 3852 42 32 41 57 5 42 40 ú, 38 58 >> 44 40 2 45 50 $ 42 50 ss 45 15 £ 2,p 22 i 33 ' 33 2 35 52^ 39 55 (í 38 .5 >) 37 27 » 37 55 » 34 40 «. I» *i | 4 2 2 17 «8» 82 » NO- DAS SciENCIAS DE LlSBOA t « I í í 3 C I < OUTUBRO de 1786. 103 ?' Dias Ventos Lu- | do dominmtes. da Ponros Lunares. mez. M a n h a farde. 1 Var. SE, % 2 Var. Var. Equinócio defeendente í so. SO. 11. Oitante. . . . 4 Var Var. • ••••• . 5 Vai V ar. X • • • • 6 NO. >E • ■•■*•• 7 V.H ;o. Y Oppofição ás 2h. 6' da r. 8 Var. >o. 0 v«. NO Var. Var. V 1C III. Oi unte. . . . 1 1 Var NO. S. Var. H 12 Luniflic o Boreal . . 14 Var. Var SE. SE. <9 H.Qua to ás 5h. o' da m. «5 NO Var. $ Equinot io ascendente. 16 Var SE. • • • • • . . '7 18 Var Var. «D • Var. SE. IV. OItjntc . . . 20 Vsi Var Vai »'ar. Var. .jV 2 1 • ••»»•• 2 2 Var \'ar. nv Conjunção aos 21' da rr. * 1 NO ?E. • • • • 24 NO SE. • Apogeu 2- Var -iE * 26 Var Var. I. O. cante . . . *7 23 SO. so. SO. s. % • Luniílico Aufira!. í<3 Var. Var. • .•-... 1° NO. SE. =s I. Ouart as 4h. 24' da rr. Equ;r ócio descendente. | Var. SE E fiado do Ceo. névoa de manhã, chuva. í : ^^^í?^^ ! Nuvens Coberto , e O mefmo. O mel mo. Variável , e n;voa de no;re. Sereno , e névoa de noit-.-. Coberto de névoa , e orvalho. O ith imocom a atrrost incend , O mefn;o. \'enus com lua Coroa ff as 81'. 40' da noite. 3 Var. trov. de t : de roice relarrp. '} de diferentes pontus do Hori- zonte ao mefiT.o ten-po : a at mosfera afogueada. Cob. de nev. denfiUima , e orv. O mefmo , menos o orvalho. Variável , e névoa de no te. Nuvens, e relan pitos de note. Nuv. e nev. de manh. Aur. Auíl. luzente ás 7h. 43 d* no te. Variável , e n-\o i de note. Coberto, trovões , e chuva. Cob. e chova. A atjmoíR averm Variável. A atrf.osffera m endia- da não obllanre t liar chovenco. Coberto , e chuva. Variável. J com Coioa, Nuvens. Nuvens. Variável» Variável , ) mefmo. Coberto de revoa , e chuva. A atmosfera de noite incendiada. O mefmo. Variável. Movem e névoa de manhã de vc not.' relâmpagos. g* Variável , e ncvo.s. de manha, de 1 5 76. 79.5 81,5 . 0,8 • 0,5 2" H,62 0,3 0 • 35 0 kS 1 é 72,12 7l- 69, . i,4 • 2>3 j8 2,65 8 0 .38 5 £ 68. 69. 69,87 • 3>57 • 3'9 . 3,68 0,8 0 • 3<5 23 (( 68. "72 73- • 3.4~ • 3.5 . 3-55 0 1 ,5 • 36 20 SS K l0 70,67 74- 72 ,75 • 2,87 . 2,8 . 2,28 0 1,4 • ?4 52 í> V? " 69»33 74- 74,5 • i,73 . 1,6 • 1,4 0,5 2 • 33 » l ^ 12 72,16 74- 7 ',75 . 1,65 . 1,65 . 2,12 0,8 0,5 • 35 '5 {( > <4 ,4 70. 15' 75.87 . 2,0 • ".4 • 1,02 0 3,5 • 35 7 S> « ,y 73>67 -6. 75.75 • 1,2 • '.4 • M2 1 3 • 37 50 (( SS 16 « «7 69,67 73- 7°. 2 5 • >.7 • 2,0 ■ >,55 1,5 -t • 35 '8 (( . 38 23 >> 66, i" 7^.5 73.8? • 2,2,0 • 2,5 . 2,;2 0 3 ^ 18 69,8'j 73- 71,5 . 2,7 . 2,6 . 2,25 3 0 • 39 -0 S) 1 l9 67.5 71. 7',^ • 2.3 • >,9 • 2,47 7,5 0 • 3° 3° % « i Jl '8,55 73* 74, «5 . 3,66 • 3.7 • 3,55 o,5 0 . 36 .8 j . 36 '2 ff • 34 35 ç í>9.5 74- 73. 07 • 3.'2 • 3.1 • 2,5 3 0 í 2Í 72,66 75- 7*>75 . i,77 . 1,6 • 1,48 7 0 (< 2' 68,67 73- 74,37 . 2,0 . 1,8 • 1.58 0 2 • 37 ^ f -o. -2. 75,5 • 1,53 • i,3 . 1,1 1 4 • 36 >8 [>> 74.33 76. 77.25 • 1,5 • 1,5 • 0,87 0 3.5 • 35 0 ^ .40 s & • 3Ç ?7 {í 1 l6 73- 76. 7^,5 . 0,7 . 0,6 . 0,6 0,8 2 % 2Z 74. 5 77,5 77.38 • 0,57 . 0,6 • 0,72 t 3 M 75- 78,5 78,62 - i,3» • 0.9 . 0,75 0 4 • 36 26 j> • 3~ y? rí> 77.5 81. 8i,5 ■ 0,7 • 0,7 • 0,55 °,3 3 | 30 77 81. 78,62 • 1,47 • ',5 • >,3 3.5 0 • 38„.'o Jjj « 1 « ^ r^^S^í^a ^t^f^U:^^ K^^^^^^^^i^^^^s^^í^^^ tfz^z^ tf iVO- DAS SciENCIAS » E LlSBOA IQf N O V R M B R O de i7U. T Pontos Lunares. II. Oitante. Oppofíç. as i ih. j i'da m, Perigou Luniftico Boreal. III. Oitance . . Equinócio ascendente. II. Quarto ás 5h.l3'da t. •£: IV. Oitante Luniftco Auftral. Conjunção ás 6h. 53' da tarde. Apogeu. I. Oitante .... Equinócio descendente, I. Quarto, ás 6.h 21'da t. Eftado do Cco. > :» » g, Nuv. e nev. de m. , de n. relam.i? Coberto , de noite relâmpagos. Jj) V.iri.ive! , c chuva. sk Variável , e nevoeiro muito cf {C pelTo de noite. (/ Coberto de névoa , e orvalho, ff Coberto , e chuva. S) V iriavel , e chuva. Variável , e névoa de manhã. £ Nuvens. ff Variável. jj) Nuvens, e chuva de noite. |js Variável , e chuva de noite. {? Nuv. A.Auft. luz. ãs 8.^0'da n.i? Var. trov. de t. Aur. Auft. luz. ff ás o.h 15' da noite : depois re-S) lampagos do NE. (C Variável , e chuva de noite, s Variável, e chuva de noite. ff Variável. S) Var. e trovões, e chuva de tarde, j) 2> i\ Variável , trovões , e chuva. S) Variável , relâmpagos , c chuvaii, de noite. \ Nuvens. ff Variável i trovõei, e chuva de n.j) Var. trov. de t. Aur. Auft. luzt.jí) ás 8 h 30' da n. : depois incenlT diou-fe toda a atmosl. Coroa. n~ Cob. relamp.igos , e chuva de n.ff Nuv. trov. , e chuva de madrug.JJ) Variável. tj. Nuvens, e névoa de manhã: tro-fí' voes , e chuva de noite. ff Coberto , trovões ,e chuva. ff D £- O mefmo. Nuvens , e chuva. lOÔ Memorias da Academia Real DEZEMBRO de 1786. C THERMOMETRO. Ç CO 3j mcz. (< l I « « « í i « l « \l « >9 tC 21 22 : U c « « 1 8 9 10 1 1 12 M 14 '5 16 1 ri' 26 | 28 1 *í> c 3° <•: 51 c Manhã 75.53 79» 33 76,33 77 74j*7 73»? Z7- Ô3»*7 76,17 73,35 ~<5,25 76,67 7Js53 "4, '6 76,75 80,67 7Í'5 71,83 7-, 67 72.33 74,? 3 -4,67 7*33 74. 76,?? 76,67 76,67 80,? 3 70,67 Meio dia. 78. 82. 79. 80. /«o 82. 87. 78. 77.5 81,5 78,5 75- -8. 78. 82. 86. 77. 76. 76. 76. 78. 76. 7» -6. 78. 80. -8. 80. 88. 72- Tarde. 8o,í 8i,75 78,75 80,55 76,25 80,12 85,5? 86,25 7S>>*5 79,26 80,25 76,75 75- 78. 78,5 84,12 7p,6a 77,62 76,5 75,62 76,37 79- 77»' 2 80,5 77,75 77,5 8", 53 76,57 80. 72- BARÓMETRO. Manhã. // a, 28 2,07 1,4 . 2,53 ■ 3>47 3,05 1,9 >,65 1,03 ',47 2,63 1,63 2,03 ',35 o,73 •,5 0,5 0,0 2,75 2>'3 2,5 3 2>73 2,17 o,77 27 11,03 i,'7 2,0 a,8i 3,í5 2,5 «,77 «,57 Meio dia. 8 2,4 2,6 3.4 3.7 3,o 1,8 1,4 1,1 ',3 2,7 '»Z 1,0 ',2 1,0 1,6 0,3 0,2 2,9 2,2 2,9 2,8 2,4 0,8 711,2 8 1,4 1,6 5,2 3,' 2,6 2,2 1,4 Tarde. 28 1,85 ',9 3,o 5,5 2,28 ',25 0,9 1,12 1,65 2,5 1,68 ',57 0,72 0,98 1,42 11>7 1,22 *,72 2,0 2,7< 2,42 1.4: 27 ",95 11,12 8 0,82 i,48 2,22 2,75 2,22 1,85 0,95 Qiian l idade de hm a. O"' 0,2 0,5 O 0,3 O 0,5 ',5 12 O 0,5 28,5 2 0,5 O o 5 o o 9,5 1 o 2 3,5 o o o o o 2,5 I Quan cidade de vapir 2,'": 3 2 4,5 4»7f 5 5,5 4 2 3 o o 2 2 5 4 5 5 o 1 4 o o,5 4 2,5 5 5 2,5 4 2 BulTola. 3 I 6 33 >? 4 '2?) 6 38 7> 28 1 J2 7 55| 9 8 6 6 7 4 5 5 5 5 4 4 4 5 5 43 o 37 o(? 12 27, 28» 22 O 3» 1 42 * 4 5J 2 40l f i I f -.-^«.lí^-tí?-^-?^ í*Si AS SciKNCIAS DE L DEZEMBRO ISB O A. * I7ÍÍ6. I07 5 I Dias do mez. O 11 12 •4 >5 16 i ? I, c ) Va d até ás p.h ic' da noite. Nuvens , e trovões. Variável , e chuva. Coberto , e chuva. Variável, e névoa de manhã, & de tarde trovões. Variável. Variável . e nevoi de noite Coberto de névoa. Coroa. Nuv. c nev. de m. Coroa no Sol.j? Variável , ttovóes , e chuva, ?) Coberto , e chuva. *S OBSER- iriavel ttov. e chuva. Luz Zo-tj) diacal muito forte ás 7.1' 4°'íL io8 Memorias da Academia Real OBSERVAÇÕES ASTRONÓMICAS, & METEOROLÓGICAS, Feitas na Cidade do Rio de Janeiro no Anno de 1787 , Por Bento Sanches Dorta. EXponho aqui o refultado de todas as obfervações Astro- nómicas, c Meteorológicas , que fiz no anno de 1787 , e em os cinco mezes primeiros de 1788 ; com a maior coií- cifão , que me he poflivcl : eftou bem capacitado , que efta. qualidade de eferitos , Tempre enfaftiao quando fao diffufos ; pela grande uniformidade , que ha entre o de hum e outro anno. Eu continuei em o mcfmo plano , que adoptei os an- nns antecedentes , tanto no modo e tempo de fazer as ob- fervações , como fervindo-me dos mefmos Inftrumcntos , ( ex- ceptuando o Udeómetro , e o vafo vaporatorio ) e confervan- do-os nas mefmas pofiçoes. Nao obftante o Diário Meteorológico ( 1 ) que appre- fento ter fido feito com toda a miudeza, vai efte mefmo re- sumido em 12 Taboas : das quaes a 1.* moftra as alturas do azougue no Barómetro em cada mez , tanto a máxima, co- mo a minima , e o dia em que fuecederao ; notando fe ao mef- mo tempo o figno onde a Lua fe achava naquelle dia. Tam- bém moftra efta mefma Taboa quaes forão as alturas me- dias do mez pela manha , ao meio dia , e de tarde. A z\ Taboa , que ainda pertence ao Barómetro, he compofta de 9 columnas , as primeiras 8 affignão as alturas de duas em duas horas, e a ultima alligna a altura do dia deduzida das 8 vezes que obfcrvo. A Çi) Elte Diário Meteorológico, não he perfeitamente completo , por c.iufa de eu ter padecido algumis moleftias , que me atormentarão p.irte Jeito anno ; e não deixarão oblervar alguns dias. DAS SciENOIAS DE LlSHOA. IO9 A 3.* , e 4/ Taboas moftrão os gráos de calor anmin- ciados no Thcrmnmcrro : cm tudo são conformes ao metho- do das antecedentes ; pois as obfer.vações iempre são feitas ao mefmo tempo em todos os Inftrumentos , e com a mef- ma attençío e efcrupulo. A 5". Taboa ferve de moftrar a qualidade, e quantidade dos dias , que reinarão em todo o anno , e os mais fenóme- nos , com que farão acompanhados. A 6a. Taboa contém a quantidade d'agua , que choveu, e vaporou cada me/. Aífim como a 7/ Taboa contém os principaes ventos , que correrão tanto de manhã como de tarde. A 8a. Taboa radftrá , quantas vezes aflbprou cada hum dos 8 principaes Ventos , ou os outros mais chegados aellcs, em cada mez obfervados na mefma occasião das outras obfer- vações. A , tendo citado em Conjunção dous dias antes. No dia antecedente foi obfervada pelas 7h. 55' da noite huma Luz-Zodiacal. Eíte minimo gráo de ca- lor deite anno, foi maior 6°, que o do anno de 1786. A differença entre o maior e menor gráo de calor deite anno he de 38o f. O calor médio de todo o anno chegou a 74o, 1? : (Tab. 3V. ) refultado que deu a addição de 28 16 obfervações : fen- do a difFcrença entre o calor médio do anno paliado e o deite a pequena quantidade de oc, 36 : elta he a razão porque já difle acima , que os confiderava ambos em igual calor. Foi o calor médio de manhã 7 i°,5r 5" 'y lomma de 1056 obfervações: ao meio dia 7J0, 13 refultado de 35^2 obferva- ções : de tarde 75o, 63 fomma de 1408 obfervações ( Tab. 111.). Em todos eltes pontos excedeu aos do anno paliado as quantidades de o°, 21 ; o°, 29; o°, 22. Em 112 M E H O R IAS DA A C A D E M I A ReAL, Em todos os mczes fempre o maior gráo de calnr foi ás 4h. da tarde ; exceptuando o de Novembro , pois foi ás 2h. da tarde, com o pequeno acrefeimo de o°,n ( lab. IV.). Para melhor ie conhecer as irregularidades da lubida, e deícida alternadamente do azougue no Thermometro em todos os me/.es , ajunto aqui três linhas curvas . . . AB , CD, cEF, cujas Ordenadas repreientáo a altura do Thermo- metro, e as Abcifas o tempo. A primeira Ordenada eftá di- vidida em gráos para íervir de peti-pé ás outras ; começando a contar do ponto onde a Ordenada he igual a ciíra , e le confunde com o Eixo. A linha curva AB reprefenta o maior ; CD o medio , EF o menor gráo de calor. Udeo metro. ( i ) MOftrou-mc efte Inftrumcnto , que toda a agua , que cho- veu efte armo , chegou á altura de 39". $'" : (Tab.Vl.) Quantidade muito menor que nenhum dos j annos , que eu a tenho medido. A Taboa prelente moftra as quantidades em cada hum deites annos , e as fuás differenças. jj Taboa da quantidade d'agua que choveu, ik i » DifFerença. JS) s (^ Annos. Pol. Lin. Dec. i tf 1782. 47 h 55 Pol. Lin. Dec. — 0 3. ° ! 178?. 46 8, 55 1 <5 +■ 9 5, >° 1784. 56 í> 65 — 1 3, 02 « 1785. 55 0, «? l 1 — 6 7. °? 1786. 4« h 60 — 8 8, 60 1787. 59 5, 0 O ( 1 ) O Udcómctio , de que fiz ufo efte anno , he hum cylindto oco , das Sciencias de Lisboa. 113 O mez de Março hc em que cahio maior quantidade d'agua , em Junho a menor. ( Tal/. VI.) A vaporaçao ( i ) de todo o anno fomma 79''. 1'", 7 : ( Tnb. VI. ) quantidade extraordinária neftc Paiz , cotejada com a vaporaçao dos outros , em que a tenho medido. Eis- aqui a quantidade de vaporaçao nos annos pretéritos : í Pol. Lin. Dec. Taboa da quantidade de v;iporaçáo. £ Difterença. 5) Pol. Lin. Dec. § 4, 57 ff í 11 8, 70 ^ iX:^r^r^r=^:^:^r^r^^s£: O mez de Fevereiro hc cm que houve mais vaporaçao j jMaio o em que houve menos. ( Tab. VI. ) Excedeu a va- poraçao á chuva 39". 6'", 7. Os Ventos forão muito variáveis , exceptuando os trez pri- meiros mezes de tarde , que foi qu.ili confiante SE. O vento SO. foi nefte anno muito efcaíTo , e talvez que efta feja a cauza principal da falta de chuva ; pois rariíEmas vezes chove Tom. III. P a- feiro de folha de latão : tem d'altura iç". 3 "j e diâmetro 7". 5'''. Toda a mais fabrica, eo Teu ufo he o mefmo que deferevi no Diário Meteorológico do anno de 1786 , em hurm nota failando defte Inftrumento : por cuja cau- fa me pareceu não repetir iem neceffidade o mefmo que então dilTe. CO O Vafo vaporatorio he da meíma matéria , do mefmo fíitio , e dis mcfiTus dimenfóes , que o Udeómctro já deferipto. Quanto á fua ptf- fiyio local , e ufo veja-fe o meu Duúo Meteorológico do anno de 1786. 114 Memorias da Academia Real aqui , fcm affoprar eftc vento SO. Examincm-fc os meus cinco Diários Meteorológicos , c nelles fe achará a confirmação difto que digo. Quanto á força do v^ento ? ou fua velocidade nada poflo dizer , por não ter Anemómetro , e eftar dentro da Cidade , para poder valer-me do movimento das folhas das arvores : com tudo quaíi fempre me parecerão brandos e pacíficos. Pela TaboaVIII. leve ler o vento SE, o mais confiante que aqui reina ; principiando ordinariamente ás 1 1 ou u horas d.i manha , e continua até ao pôr do Sol ; de maneira que ao palio que o Sol vai defeendo de 65 o. até 70o. para baixo , aflim elle vai faltando , de forma que eftando o Sol 15o. ou 20o. debaixo do Horizonte , não ha já vento SE; e torna a apparecer ao meio dia feguinte. Os habitantes deita Cidade chamao a efte Vento SE viração , ainda que o eften- dão ao vento S. Efte vento SE he o mais benéfico nefte Paiz , e he a- quelle que somente o refresca , e mitiga os exceffivos calores , que as Montanhas de que eftamos cercados , o clima , e a vizinhança do Trópico parece concorrerem para os fazer infup- portaveis. Também efte mefmo vento he o mais próprio , e o mais feguro para entrarem os Navios nefte Rio. Ouvimos trovejar tanto ao perto como ao longe 45" , dias , diftribuidos da maneira feguinte :a 6, 8, 9, 10, n, 14 > *5 , 24 , 17 , 29 , 30 , e 31 de Janeiro ; a 1 , 2,3, 8, 9, 11, 12, e 13 de Fevereiro; 34, 7, 10, 13, e 17 de Março ; a 10 d'Abril ; a 21 de Junho ; a 1 3 de Ju- lho ; a 29 cTAgofto ; a 7,11, 12,624 de Setembro ; a 4 , 5- , e 10 de Outubro ai, 4, n, 15, e 30 de Novembro; a 8,9, 22, e 31 de Dezembro. Appareceo a Aurora Auftral 7 vezes no decurfo defte anno na forma feguinte : em Fevereiro nas noites de 7 , e 2 ^ ; em Março na noite de 1 1 ; em Abril nas noites de 6 , e 13 ; em Junho na noite de 19 ; em Outubro na noite de 31. Todas citas Auroras forão de fraca luz , e quali todas acaba- vão relampejando da parte oppofta. Tam- DAS SciENCIAS DE LtSBOA. 1 1 f Também a Luz-Zodiacal fe deixou ver 12 vezes repe- tidas defte modo : a 13 de Janeiro ; a if de Fevereiro; a 17 , c 29 de Março ; a 5- e 12 de Junho ; a 3 de Julho; a 1 , £, e 14 , d'Agofto ; a 9 de Novembro ;e a 27 de De- zembro. Eft.is luzes erão brancas e foccegadas , não offere- cendo fenómeno mais íingular do que o ordinário. Qjanto á influencia da Lua nos feus pontos obfervados, tinto pela fua diftancia ao Sol , como á Terra, teve luçar o maior pezo d'atmosfera no Equinócio defeendente ; pois o Ba- rómetro elevou-fe a 28". 3'", 24. ( Tab. IX.) O menor pezo d'atmosfera foi cm o Luniftico Auftral ; pois somente lubio a 28". 1", 94. O Thermometro moftrou o maior gráo de calor na Op- pofiçlo ; pois chegou a 76o, j8. O I. quarto , e Equinócio defeendente foi o de menos calor ; pois em ambos annun- ciou o mefmo Inftrumento 72o, 21. (Tab. IX). A Lua em 3 pontos concorreu com igualdade nos dias chuvozos , como fe vê na Taboa X. As Coroas na Lua forão 23 : ellas erâo de differentes diâmetros , e cores. Eíte fenómeno quali fempre annuncia pro- ximidade de chuva. Refervamos para outra occaliaj moftrar as obfervações , que temos feito nas Coroas da Lua, para pro- va deita nofla afserção. Houverão nefte anno 5*4 dias inteiramente claros 592 va- riáveis ; 133 de nuvens de diverfas formas , e differentes co- res ; 77 cobertos de todo ; (1) 51 de relâmpagos, 137 de chuva ; e 8 1 de névoa. No dia 24 de Novembro , hum dia antes da Oppofição da Lua , eftando no íigno tf , o Mar fe elevou furiofbmente , o que foi caula de virar-fe hum barco bem perto do Cães deíla Ci- dade , cm que vinha ) 1 2 pcíToas , das quaes somente huma ficou viva , podendo-ie lubir ao coitado do barco onde foi foccorrida. P ii Bu- (O As quatro qualidades de dias , de que o anno fe compõe , a fa. ber: Claros, Variáveis , de Nuvens, e Cobertos ; devem fomimr 3^5» o que efte anno não fuecede , pois lhe falcão y, que eu não puje ob« fctvar por caufa de inukilia. n6 Memorias da Academia Real Bujfola. A Maior declinação Oriental , que a Agulha-magnctica moírrou em todo elle anno , he de 6°. £3' no dia 10 de Março ás 2h. da tarde , eltando o Cco com varias nu- vens , e correndo o Vento do SE. : o Barómetro n'altura de 28". 2''', 2 : o Thermometro em 81o. de calor. A Lua acha- va-le no íigno de % , no Apogeu , e em Luniftico Auítral. Hum dia antes de huma Amora Auítral luzente , que começou ás 7h. 30, e acabou ás . Toda a atmosfera eftava alguma coufa avermelhada , e quando o arco defappareceu , encheu-fe d'huma nuvem muito branca para a parte do Sul. O Vento aflbprava muito bran- do da parte do NE : e relampejava da mefma bafe do arco Les-fuefte , etc. Tenho a honra de fazer acompanhar a efte Diário , o Plano da Cidade do Rio de Janeiro , e parte da fua bahia. Efte Plano he o mcfmo que levantou Mr. Funcs. Eu me va- li delle pelo achar exa£tiffimo , e somente lhe acreícentei as obras novas , que dcfde aquelle tempo até agora fe fizerão. Também vão aqui incluidas as obfervaqões Aftronomi eis , c Meteorológicas qu; fiz nos primeiros cinco mezes deite armo de 1788 ; por ferem as ultimas que poffj fizer nclb Cidade ; pois acabo de receber ordem do noflb Minif- terio, para paíTar com toda a brevidade á Capitania de S. Paulo. Obfer- 120 Memorias da Academia Real < <£ Obfervaçóes dos Eclipfcs dos Satellites de Júpiter feitas na Cidade do Rio de Janeiro com hum Óculo achromatico de Dollcmd de 17 pollegadas de foco. i i Anno de 1787. í Fevereiro. 18 3 26 26 S' Dezembro. 8 17 Satel- lites. 2.g I.c I.° l Tempo verdadeiro. Hor. Min. Seg. 7 51 22 Im. 6 42 7 Im. 8 2,3 16 Em. o 11 1 Em. 16 12 34 Im. 18 7 21 Im. 15 2 ii Im. 17 21 15 Em. 13 3y 2 Im. 15 5 8 Em. Ceo pouco fereno. Ceo fereno. O mefmo. O mefmo: Ceo emnevuado : as faixas do Planeta mal feviáo. A £ em diltancia cjuaíi ;; de 20.0 » Ceo fereno, porém grande crepufeulo : JJ> as faixas do Planeta não fe divifaváo. jj\ Ceo claro com muito luar : as faixas do >? Plantta não fe divifaváo muito bem , $ por C3uza da fua pouca altura. ^) Ceo claro. Ceo muito claro : as faixas do PlaJp neta bem vifiveis , e o Satellitc y> muito perto delle. ■■ Ceo claro. Duvidofa. £ Al- DAS SclENCIAS DE LlSBOA g Alturas meridi:'.n.is do centro do Sol , tomadas com hum (juadrante Aftro- ! nomico de hum pá de raio , feito em Londres por Sillon , c dividido >i Anno Jc « 17H7. em 96 partes. X Mezcs. Maio. 15 . . 16 • • '7 . . 18 . . IO unho. 6 • • 9 . . I! . . 12 . . 14 . . 15 . . 16 . . l8 . . 19 . . 20 . . 21 22 l Tom. III. Alturas. 40 9 14 47 55 '9 4741 46 47 28 23 47 '5 32 44 2} 49 44 7 16" 43 58 14 43 54 22 43 47 46 4545 7 45 41 50 45 39 33 43 38 34 43 38 7 43 37 44 43 37 59 Mezes. Junh. 23 • 24 • 25 . 26 • 27 2 • *9 ulho. 2 • 3 • 7 9 12 . 14 • «5 22 . 16 • 27 Alturas. c.° 43 38 40 43 39 42 43 41 !l 43 43 5 43 45 18 45 47 5'J 43 5i 7 44 2 5° 44 7 34 44 30 24 44 44 8 45 7 44 45 25 22 45 34 46 46 50 21 47 41 5 47 54 36 Alturas. Mezes. Julho. 28 Agoft. 6 11 12 . 16 . 20 . 21 • *7 Setb°. 4 11 . 14 . 15 21 • 23 . 16 • 27 . 28 48 8 25 50 z6 16 5i 52 43 52 10 33 53 24 56 54 42 47 55 2 44 57 6 20 59 59 48 62 37 52 63 44 54 64 10 2 66" 29 49 67 16 39 68 26 5j 68 50 22 69 13 45 Mezes. Alturas. o.c 121 l -2> Setb°. 29 I 69 37 9 1/ Outbrc. 7 72 42 59 Jj) 15)75 44 l6| 76 6 27 3, 78 58 36 | 79 19 21 |>) 02 16 55 r . \6 • 24 • 25 Novbr°.3 6 11 : 2c ■ 23 27 Dezbr°.5 . 6 • 7 • IJ . 28 29 83 12 17, 84 38 9 86 53 36 >> 87 32 24 ;>) 88 18 59 3o 32 21 » 89 39 37 | 89 46 28 § f 89 42 9 89 39 29J) «| E- 121 Memorias da Academia Real si c l $ « Fevereiro. 10 Eclipfcs dos Satellitcs de Júpiter obfervados com o mefmo Oiulo. JJ) I 2> Anno de 1788. | Abril. « Maio. «7 26 11 .Saté- lites. 8 i <£ Anno de 1788 <5 t^ (£ Maio. ? « t 2.° Tempo verdadeiro. Hor. Min. Seg. 8 37 48 Em. 10 32 17 Em. 6 48 52 Im. 6 5 1 47 Em. Ceo muito empoado : as faixas do Pia. .)> neta não fe podiáo vêr. Efta obltr- ;>) v-icâo he al£um tanto duvidpfa. ik Cco muito fereno : as faixas do Pia fl neta bem veziveis. ,y Ceo muito fereno: o Satcllite muito è junto do Planeta. Ceo pouco claro: o Planeta mergulha- á do nos vapores do horizonte. Occultaçáo de Eftrellas. Fiz tifo do mefmo Occulo. ■ 1 1 Gran- deza. Tempo verdadeiro. 6.1 6.i' 54'. 14". 50'". 6 39 24 47 7 48 23 18 6" 37 48 28 ■Sf^^^1^^^^: 5 j> I 5> fmmersáo i Corno Au (Irai do Toiro. Es- J5) ta Eitrella he o n.° 209 no Catalogo í de Mayer. Connoitjavce dei Temps an- «; no de 1788. Ceo muito claro. ■' Immersio do i\ dos Gemines n.° 289 v do mefmo Catalogo. Ceo muito claro. % Immcrsáo 1 dos Gemines n°. 277. do ?? mefmo Catalogo. Ceo muito claro. ;>) Tmmersáo t ■» do Câncer n.° 382 do,, mefmo Catalogo. Cco claro. r? Al- 12 < _ I 6, '6 y 20 6 ■A. "1 V í 3'4 4 • 5>9 4,7 ,q 6,8 6,2 7- 5,9 J»8 4,1 u 2 16 27 24 20 30 22 20 16 10 10 0. 1TV t t Minima. // /// ? II. 11,6 ",3 ",7 í 0,6 2,' 2. ',2 °>7 7 11,2 »>7 10,7 4,4 4,4 4,6 5 6,2 4,7 4,2 5,8 5,2 6,4 4,1 5,4 Media. I Manhã. I Meio dia. / Tarde. 28 1,4 2 . 1,84 • t»9 . 2,M . 3,-3 • 4,57 • 4,38 . h66 . 3>5l . 2,2 . 1,9' . ',25 28 i,4y »>s>7 2,07 2,3 4, Cf. 4,55 4,6j 3,84 3,^4 2,45 ',97 20 1,47 • >,v5 . i,pi . 2,06 • 3,87 ■ 4,44 • 4547 ■ 3,87 ■ 3>47 . 2,28 , l,yó ■ ',33 8 1,2$ 1,62 1 1.72 1 ',97 1 5,7- ' 1 4,13 1 ' r 4,C4 ( 3,45 ' r 'í! ,,»« 2 •/S 1 i,c6 '! Tab. II. I )>.neiro Fevereiro _ Março tf Abril tf M. o tf Junho tf Julho Agofto Setembro Outubro Novemb. I Dezemb 6". da manhã. /< /'/ 28 1,16 1,62 «,77 ',99 3,74 4,27 4,26 3,47 3,44 2,1 I 1,6 1 8". da manhã. // /// 28 1,5 2,05 2, «5 2>37 4,04 4,49 4,57 3,83 3,8i 2,46 ',94 ',39 io". da manhã. U Hl 28 1,75 2,»4 2,56 4,4 4,88 4,06 4,25 3,98 2,79 2,35 «,-6 I2h. da manhã. 111 1,47 tarde. 11 ih „ 28 1,18 1,93 • ',54 1,9' 1,54 2.06 . i,8 3»8? • 3,57 4,44 • 4,' 4,47 . 4,C5 3,7 3,24 3, 4^ • 3- 2,28 . 1,88 ',96 • 1,^5 ',33 . 1,08 46. da tarde; 6\ da tarde. iob. da noite. Oo dia. // /// 28 0,88 0" "' 28 1,17 2 1,26 • ',55 • . 1,42 . 1,72 . 1,6 4 . 1,91 . • 5,45 • 5,73 • • 3,7 . 4,'2 • • 3,63 • 4,C5 • • 5>'5 ■ 3,46 • • V • 3,:o • . 1,61 . ..85 . • ',5 • 1,65 • . 0,69 . 1,12 ■ // /// 28 1,76 2,14 2,59 4: '3 4,5 50-8 2,12 1,01 28 u l | '=56 % ,79 # % ',87 : Zj 4 '5 5,64 5,45 l,8l 1,21 » \ > Qii G raoi Memoriar f> a. Academia Real Gráos de calor. i Tab. III, , Janeiro . Fevereii \ M.uço , ; Abril \í Maio l Junho l Julho h Agofto , ;. Setembro }, Outubro {, Novemb. S Dezeml. 14 8 3 *7 2 t 3l 29 3 IO I f*t 'Máximo w I «b °B K X V 69 % 92,25 93,5 88,5 76,5 8o. 82. 83- 81. 83. 86,5 pr. r D c CT9 B ^ u p 2 H 2 « ló nu 20 H 6 X 10 Y 9 V 15 nu 2 V 20 SA 14 A 16 X Tab. IV. [ _ c. . ,j janeiro i Fevereiro /jj Março tf Abril /1 Maio fr Junho Julho Asofto A Setembro â Outubro (jj Novemb. ^ Dczcmb. 6". da manhã. 77 77.4' 74,66 70,88 64,01 63,8 62,31 6?,2J 67>95 7M 7I»I5 73-8' 8h. da manhã. 78,76 79,53 76,44 72>4 65,1 65,6? 65,58 65,27 69>5 72,56 72,62 75.57 ioh. da manhã. 80,58 81,79 78,57 74)41 67,61 65,05 65,95 66,8 Dezembro K ~~~ Cla- ros. Varia veis. Nu- vens. O 9 $ 7 6 li 7 i o o 9 6 7 6 9 6 4 5 5 12 Cober- tos. 12 0 20 9 9 1 1 '4 5 8 12 II •3 y i 5 6 1 1 3 5 1 1 IO J5 7 Relâm- pagos. Tro- vões. 5 12 '3 2 O 3 o o o 4 6 6 Quantidade de chuva , e vaporaçáo. 12 8 5 i o I I I 4 3 5 4 Clru va. 1 1 7 >7 9 14 5 10 7 12 IÇ I? '5 Ne voa, 4 O 2 5 9 14 '5 12 IO 6 3 Aur. Auft. O 2 I 2 O I o o o I o o Ventos dominantes. (íj Janeiro rfj Fevereiro jj Março <3 Abril Ç Maio & Junho '' Julho /(J Agofto ■n Setembro (j! Outubro ftj Novembro (£ D zembro 'aporaçao, 9 12 8 8 3 4 3 4 4 7 í 7 i /// 3.° 8,o 6, o 1,0 0,0 5,6 7»2 3.5 3»° 1,4 7>° 6,o Manhã. Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agofto Setembro Outubro Novembro Dezembro r^r^r^s^^l^^^jpT^p^^ Variável. NO. Var. e NO. Var. e NO. Var. e NO. NO. e O. Var. e NO. Var. e NO Var. Var. Var. e NO. Var. e NO. I I Ú 1 I Ta- 12 6 Memorias da. Academia Real T.ibo.» VIII. Direção do Vento cm todo o anno. s I i « s i 4 NE. NO. S. 2 I i I I SE « c 1 so C/a o 5> O 67 31 5 ) S rV ~ $ Ve- >> zes. 2) '*] > !>> r? í .76 7?8 !46 J>> 359 ar^^F^5" In- D\5 SciENCMS D E í S B O A T-7 i s Influencia correfpondente aos pontos Lunares. > i » » I I | I Taboa IX. Pomos Lunares. i l O' < Conjunção. Oppoliçáo. I. Qu.irro. II. Qu.irto. Apogeu. Perigeu. Luniilico Au (Irai. Lumltico Boreal. Equinócio nfcendente. Equinócio defcendtnte. I. Oitante. II. Oitante. III. Oirance. IV. Oitantc. Taboa X. Pontos Lunares. Conjunção. Oppoílçáo. I. Quarto. II. Qu.irto. Apogeu. Perigeu. Luniftico Auftral. Luniliico Boreal. Equinócio afeenriente. Equinócio defeendente. I. Oitante. II. Oitanre. III. Oitante. IV. Oitante. Altura me- da do Ba- rómetro. 28 2, }4 2, fí 2, pa 2, 3K 2, 40 », 8 1, V-i 2, 99 2, 4: h -4 2, 46 2, 30 2, 80 2, 6 8 O 2 I 3 1 1 1 4 5 2 7 4 I o de calor médio 73, 1<- "o, 50 72,21 75, 86 73, 34 74, 64 73,82 75, 29 -2, zi 75, 6? 73,07 74,02 73, 57 Ventos dominantes. N. NE. NO. 1 S. ISE. l soJ L 0. 2 10 5o 12 28 | 5 1 3 6 '5 1 2 24 — 3 0 5 5 4 2; 10 3l '3 2 8 1 1 6 28 5 ■-9 '3 3 9 £ 1 20 9 23 28 4 10 5 4 3° 7 44 6 IO 6 - 7 14 12 12 4 8 1 6 2 2 c 41 1 12 6 4 8 27 '5 29 17 0 12 S 8 26 1 1 '7 7 0 14 1 1 24 5 3' 6 2 10 9 4 37 5 28 7 0 5 5 7 25 12 35 5 0 10 1 8 21 16 3« 8 I 10 Números dos dias. 3 í 2 4 6 3 5 2 6 6 2 I 5 5 4 8 4 6 1 7 4 4 I 3 5 6 4 2 2 I I I 2 4 2 3 3 ? I 4 2 1 * 1 1 2 3 2 2 2 1 o 2 2 o 3 1 3 1 o 1 1 1 >> - c O o o I o c I c O c 1 O I 1 » 2 O o I 3 1 o o o o o o o o I i 1 De- Memorias da Ai iMia Real Declinação Oriental da Agulha-nugnetica. Tab.XI. s Janeiro 26 Fevereiro i3 M.-.rço 10 Abril 6 Maio *i ]unho 8 Julho '4 Aborto 25 Setembro 7 i Ouiubto }« i Novcmb 28 i Dezcmb. 10 Máxima. 6.- O ta c ire a. 11 M / 42 3 í, X 41 «7 :=s í 5; 0 0 OU "b 42 24 £ Q. 38 9 ri£ X 37 (5 ÃS: ís 47 20 n£í .-st 36 2 X «5 42 26 Y e9 45 4 ff* « 44 14 X % 45 23 H 'Tab.XII. 1 j » Janeiro > F íveteiro J Março I Abril [ Maio Junho j» Julho j Agofto í S rembro !| Outubro I' Xovcmb. í Dezcmb. vi 6*. da Bnanhá. 6.° í 11 54-57 35-47 37. o 55- 8 í*-44 5,1 . 56 53 • 54 *o.j8 30. 14 30 . 16 50 . 4 29.48 8". da manhã. 6." f ii 34. 6 33-31 36.56 54-44 52 • 55 32 . 16 35 -3-* 29. 25 30.25 29. 19 29 . 28 29.50 lú<\ da manhã, 6.° 34.50 34 . 26 37.21 35-53 30.49 31-44 52-57 28.50 20. 34 29. 21 29. 54 30. 21 r^ST^^^^^&^^&^íf^-^? DAS SciENClAS DE LlSBOA lí9 l^^i^^í^í^s/^jí^^i^i^feíS^! I J J N E I R 0 de 1787. $ y. THÊR? - (ir klOMETR BARÓMETRO. » f Q11.111 Qua.i li lade BuiTola. S do sS mez. 1 - de Ac Manhã. Msio dia. Tarde. Manhã. Meio dia. Tarde. .liuva. vapoi 5 1 , a 77- O 78. 73,32í 28 1,83 n 1,1 16 2. 28 í,37 111 ?,5 ff 0 ' ''li 6 34 17 . )5 2 7'- 74. 74,25 . i,8 • 2,1 . 2,C2 5 • y> si S ? 7'.67 76. 7Ó,5 . ',95 . 1,8 . 1,68 4,5 • 0 5^ « ^ 76. 78,5 79,2 5 • «,23 • »#l • 0,75 4 • 3) 25 j, ■ 34 4? # • • • r}> h < 8 77,85 80, 82,. 2 • «,?7 . 1,1 • 0,6 5 4 80,17 79, '6 84. 85. 84,38 84,75 • «,25 • 0,97 . 0,8 . 1,2 0,62 • 0,7 2'" 4 5 Tjfil 85. 85,12 . .,8 1,9 • ',42 5,5 : *$\ ■ tf °! • 37 52 # « * 81,67 V' 87- • °,73 0,6 . 0,8 9 4,5 « 11 8i. *J' 85,25 • »,7 . 1,8 . 2,15 5,5 ^9,85 84. 8í. . 2,17 . 2,2 2,62 4 78,67 78. 78,75 ■ • • 0,5 5 ...» « H 81. ' 85. 83,5 • 2,7 • 2,5 . «,5 . 7 • 35 40 j) • 37 45 5 • i455i « |4 8r. M,S 87,37 . 2,27 0. 27 11,48 2 5,5 82,5 86,, 85,12 • 0,25 • o.7 28 0,4 26,5 S ,7 5 << •* » > « « 79,67 75.Í3 81. 77. 73,37 78,75 28 0,5 0,9 28 0,4 1. :8 0,02 . o,6, 8,5 Ir 6« j4'*0 K • is 15 :( 77iH 8z. 84,5 ',? 1. . 0,87 4 • 55 40,)) ) noite relâmpagos. 5) Variável , com trovões e chuva fí de tarde. jf Nuvens , com feus trovões e ff miúdo orvalho. p 1 o orv- ^ uva. R Nuvens , e relâmpagos de noi- (? te. Luz Zodiacal as 7h. 40' j da noite. Nuvens com trovoada, e chuva. O mefmo. O mefmo exceptuando Coberto , de noite chti Conjunç. ás 7' . 18 da n Equin. descend. I. Oit I. Quar'0 as 2.h 18' da t Perigeu Luniftico Bor. II. Oit. (*) Eíta trovoada lançou hum raio em huma Corveta. (2) Coberto , trovões e chuva. (*) Cob. e chuva ; de noite chuva. Nuv. relamp. e hum miúdo orv. Var. trovões , e algum orvalho. Nuvens. Nuvens , trovões , e chuva. Variável , trovões , e chuva. Variável . c trovões. FE- DAS SciENClAS DE LlSBOA I.?Z S^^e^í^^iR::?^ THERMOMETRO. Tarde. FEVEREIRO de 1787. BARÓMETRO. Manha. Meio dia. Tarde ti III 1 A' '" 280,95 1 28 0,6 . . °,>j • 0,4 . . i,:c • 1,6 . '28 i,i •8 '0,8 1 . 0,8-» • M • . J,»c . 3- . 2,55 . 2,4 • . ',5 .1,2 . . o,i>; . 1,1 . . i,47 . 1,6 . . 1,67 . i,8 . . 1,87 2. . 1,67 . 1,6 . . ',72 . 2,1 . • 2,17 2. • 2,65 . 2,2 . • ',95 . "1,9 • • >>77 • ',7 • . 2,70 . 2,y . • 5,50 . 2,2 . • 3.45 • 3- • 2,3? • 2,9 . • J,?3 • 3>2 • 280,3 0,2 ) } i I BuíTola. 1>) > *>7- 1 0,28 1,0"? 2,85 1,8 0,7 1,02 1,27 1,4 1,42 1,02 1,47 1,67 1,42 1,78 2,5? 2,85 2,65 2,68 Qum udade de chuva I'" o 9,5 O o o o 14 I o 0,5 0,5 29 o o o o o o o o o o o o o o o Quan- tidadt de vapor 6 7 3 5 c 6 8 7 3 3 3 3,5 2,5 3 5 4 o o 6 5 5 4 5 3 5 6 4 4 4 36 35 35 3 •: 36 35 35 34 o) ?í 5 20)) 35 <7» 36 «5 5 54 58$ 34 45 j£ 37 5 IV 3 2°ií> 54 $7 ■'4 35 34 -.4 tt^^ Tife&^&r^^^ R ii 5°. 3 » i '31 Memorias da Academia Real FEVEREIRO de 1787. () Pontos Lunares. Oppotiç. ás 9h.íl' da m, ■A- Ecjuin. asccnd. III. Oit Eftado do Ceo. II. Quarto aos 54' da m Apog. Luniíl. Auftral IV. Oitante Conjunção ás l lh. 23'da noite. Equinócio descendente, I. Oitante .... I. Quarto , ás o.h 5:5' da noite. Perigeu. Luniftico Boreal. II. Oitante. Variável trov. , e chuva. (1)1 Variável , e trovoada. Variável com trov. , e chuva. I Nuvens. I Nuvens. | Nuvens. Claro. Aurora Auft. luzente , e depois a atmosfera infla mada como ferio em braza. Var. trovoada e chuva de n. Variável , trovões , e chuva de madrugada. Variável , relâmpagos , de noite, Nuv.com trov. e chuva de n. Variável , trovões , c chuva. Nuvens , trovões , e chuva. Nuvens , c relâmpagos de n. Claro. LuzZodiacal pouco lu- zente , depois relâmpagos. Claro , e relâmpagos de noite. ' O meimo. Variável, e relâmpagos de n. Nuvens. Claro. Claro, de noite relâmpagos. {( Nuvens,e relâmpagos de noite. iP Nuvens. Aurora Auftral de, fraca luz. Nuvens. Coroa. Claro. Nuvens, e relâmpagos de n. Claro , e relâmpagos de noite. O mefmo. MAR (1) Efti trovoada deitou hum raio em huma Sumaca. DAS OCIENCrAS DE L I S BOA. 153 | M A R Ç O de 1787. Quan- tidade de chuva. Qiian 1 de vapor. 0 4' < 6 0 4 0 7 IO" 0 0 0 6,5 12 4 I O 0 2 4 0 0 4 0 4 hs 0 O 5 O 4,5 0 4,5 »5>5 7 0,5 3 0,5 5 0 i,5 0 5 0 5 o,5 5 ',5 J 21 0 -1 -> 0 24 0 1,5 0 5 5 4 2,5 O 2 58 2? | J* 48 » tí ta » 37 33 v,s 40 45 s • • Í9 40 4,- g) 58 53 ^ 41 40 S: yj 3í g 42 53 jk 3 ? 58 ir 57 2 .f1 !0 !>> 36 4? § 37 MAR- J34 Memorias da Academia Reai S;íFíi«k«.; M A R C O de 1787. «. Pontos Lunares. I 24 NO. If Var. 16 NO. 27 Var. 18 O. 20 Var. ÍO NO. ?» 1 Var SE. Var. Var. SO. Var. SE. SE. SE. Oppofiç. ás IO.1' 57'da n. Equinócio ascendente. III. Oitante. . . . Apogeu. Lunift. Auít. II. Quarto as I0.h da n 0. »Í2 IV. Oit.inte . Conjnnc ás 1 lh. 54' di m. Equinoc. descenJ. Perigeu I. Oitante. . . . Luniftico Boreal. I. Quatt. ás 5h.I4'da m. II. Oitante . . . Eftado do Ceo. Nuvens. Nuvens. Nuvens , e relamp. den. Coroa. Coberto , trovões , e chuva. Coberto , e chuva. Nuvens. Nuvens : ao pôr do Sol a atmos- fera incendiada , depois tro- vões e chuva. Coroa. Variável , e chuva. Nuvens. Nuv. trovoada com Tua chuva. Nuv. Aur. Ault. luzente; come- çou ás 7.11 30', e acabou ás p.h IO' da noite: depois relamgos. Nuvens , de noite relâmpagos , e a atmosfera incendiada. Var. de tarde trovoada, e chuva. Nuvens , e relâmpagos de n. O mesmo. O mesmo , e a atmosf. incend. Nuvens , trovões, e chuva de n. Nuvens , chuva , relâmpagos , e ;i atmosfera incendtadj. Var. chuv. e a atmosf. incend. )) end. J)) Nuvens , e relâmpagos. Nuvens , e névoa pela manhã. Nuvens, e névoa de manhã n. relamp. e a atmosf. incer V.iriavel, relâmpagos, e a atmos- ij\ fera incendiada, Jtpois chuva. «. Nuvens , relamp. e chuv. de n. 11 Var. e relamp. e chuva de n. Coberto , e chuva. O mesmo. O mesmo. Coberto , e chuva de noite. \'uvens , de n. relamp. e chuva. ?<* Nuvens. |5) A- DAS SciENCIAS DE LlSBOA »3* tf^^^^^í^-^i^í^S:!^:.- l ±^JS±^L# A B R I L de 1787. THERMOMETRO Dias , do Manhã mez I « l 1 3 4 5 6 # & ^^F^^ii^^^^^- r3(5 Memorias da Academia Real » tí^r^-í^^^^r^^isir^^^z ABRIL de 1787. \ do ElLulo do Ceo. s> Oppofição á lh. 29; da tarde. Equin. ascend. Lnniftico Auft. III. Oit. Apogeu II. Ouarto ás sh. 9' da t. IV. Oitante X Y V H 69 4 Equinócio defeendente. Conjunção ás 5 . 2,66 . 2,4 1,67 • '.3 3? •3»7 4,27 . 4,4 hf? . 2,5 1,96 . 1. 1,87 . 2. MA- i38 M C | ;; Dias ao mez. emorias ua Academia Real MAIO de 1787. I -4 I -! 1 ■ 5 2 l Ventos Manhã. Tarde 3 4 5 6 7 o 9 10 11 li M 14 15 16 17 18 •9 20 21 22 2? 24 25 26 2T 20 O. MO. NO. SO. NO. Var. Vai. NO. N. NO. Var. NO. NO. NO. O. Var. Var. N. Var. Var. O. O NO. Var. NO. Var. NO. O. 29 5° NO. O. NO. Lu- aar j, I Pontos Lunares. C Var. SE. SE. SO. SO. Var. S. SE. S. Var. SO. SE. SE. S. s. s. s. NE. NE. SO. SO. s. SE. SO. SO. SE. SO. S. SE. X Y tf n 69 k Oppofiç. ás 4^.44' da m. Apogeu. . Luniftico Auft II. Quarto ás 8h. minha. . Equin. dcscend il [V Í4' d;. . O Conjunção ás 5h. 49 manhã. Perigeu. Luniftico Boreal, 1 1. Oitante . . . I. Quart. ás I0.h 2' da n NO. SO. d. Equinócio ascendente. 11. Oitante. . . . Eftado do Ceo. Variável. Nuvens. V.iriavet. Coberto , Nuvens. Variável. Variável . O mclnio. Nuvens. Variável, e rhuva. e c ruiva. chuva de noite. Corbetto , e chuva de noite. Nuvens , e névoa de noite. Claro. Variável. Nuvens , e chuva. Claro. Nuvens , e névoa de manhã. Luz-Zodiacal até ás 7.11 50' da noite. Claro, e névoa de manhã. Nuvens, e nevoa de manhã. Variável , nevoa , e chuva. Cob. de nevoa efpê(Ta,e chuva. O mcfmo. Nuvens. Í Luniftico Auftral. . Oppofiç. ás oh. 22'da n Coberto , e chuva. O me (mo. Nuvens. Coberto , e chuva. Coberto , e chuva : a atmos- fera incend. as 6.h 40' da n. Claro e nevoa de manhã: Luz- Zud. depois a atmosfera in • cendiada. Claro , e nevoa. Coroa. Coberto , e chuva. ■■d?- DAS SciENCIAS DE LlSBO I^,< í JUNHO de 1787 THERMOMETRO. C, Dias )j mcz. í « i í Manha. Meio dia. O O I 6Ç385 66. z <4,S 66. 3 59- 64. 4 64,83 68,5 5 61,83 68. 6 62. 68. 7 67,82 71- 8 66,17 69 67.67 7>*S 20 P7.Í3 74- 2 1 6p. 77- 22 70. 74- 23 64,53 67. 24 62,83 66. 2? 6'. 35 66. 26 64. 68. 27 6?, 17 6p,5 28 64,5 70,5 29 67.33 72- 5° 75.5 73.5 Tarde. BARÓMETRO. tt^^" 65,75 65,5 64,5 6%\ 2 70.2 5 70,12 7', 57 70.75 7°>7s 65. 72.25 73>75 73»5 74 >s 75,5 75v5 6í>,75 73>75 75,5 77,88 78,58 "0,75 66. 66,37 69,18 6^,38 73- 7' »75 75'75 74, «i 'r^^&^r^^;?- M anhá. Meio dia. 6,43 6 . 4,53 4,7 5,55 5,47 3.7 5,4 5,6 5.55 5,« 4,77 3.8 3.27 2.73 2.5 5 3.85 4:4 3,23 4,3 4,4 4,97 S ii // III 28 6,1 5,9 4," 4,8 5,4 5.2 3.9 5,» 5.3 5 ■ 4,7 4,6 3.8 3 • 2.7 2,5 4 • 3,4 4,7 4,6 5 • "^^F^ 14° Memorias da Academia Real « J U N H O de 1787. 9 IO II 12 •5 »4 IS 16 $ '7 18 20 ff 21 la « 2§ « 50 NO. NO. N. O. NO. N. N. O. O. NE. NU. O. O. N. NO. O. O. NO. Var. NO. NO. NE. SE. SE. S. SE. SE. SE. SE. SE. NO. SE. SE. NO. N. S. so. SE. S. SE. SE. S. SE. S. Pontos Lunares. Y tf H "li Apogeu. III. Oitanre. II. Quarto ás 8.h 41' à» noite ....•• . Equinócio descendente. IV. Oitante Conjunção aos 65' da t. Ptrigeu. Lunift. Bor. I. Oitante. I. Quarto ás 8h. 51' d m. Euuinoc. ascend. Luniftico Aufl. II. Oit. Oppofiç. ás i i.h44'da m. E fiado do Ceo. » » » » » Nuv. e nev. de m. com feu orv. Coberto. Coroa. Variável. O mesmo. Claro. Luz Zodiacal. Nuv. e nev. de m. á n. relamp. Nuvens , e chuva de noite. Cob. de névoa , com algum orv. Claro. Claro , e névoa de manha á noi- te a atmosfera incendiada. Variável. Nuv. Luz-Zod. ás 7.h 55' da n. Nuv. e nev. de m. de n. relamp. Variável , e névoa de manhã. Nuvens. O mesmo. Coberto de névoa. Nuvens. Claro. Aurora Auftral luzente ás 8h. 40' da noite. Claro de Nuvens, d Variável. jj) Cob. de névoa, de noite chuva- '■'■ Variável. O mefmo. Claro , e névoa de manha. O mesmo. i( Var. com fua névoa de manhã, f? Nuvens , e névoa de manhã. i? O mefmo. jí1 4V ua iiuiic. « noite relâmpagos (?,). ?? ie n. trovões, e chuva. J» *^> ^r^^i^^t^^r^ ?=&*&■■ ?"• DAS SciENCIAS DE LlSBOA I4t i J U L HO de 1787. I \ I Si I < I I í ^-^"^5= ^-^=^^^5 THERMOMETRO. BARÓMETRO. Quan- Quan. ; idade de Mu . li. la. ' Diat do Manhã. Meio dia. Tarde. Manhã Meio dia. Tarde. de fapoi me z 0 0 0 t> u, 1 £ "< // / / Ill 1 70. 70. To,/5 28 5,23 M ç,? :8 4,5i c',5 ;',7 2 68. 72,5 75- • 4,o- 4,8 • 4,2 0 i 67,67 72. 72,75 • 4,3; ■ 4,3 3,6- O 1 4 66,8} 73- 74,37 • 3,'' • í>7 3* 0 2 5 71,85 76.5 72- . 2,6 • 3- zioi 8,5 0 6 60,66 64. 61. • 4,9 5- • 5,'; 5 0 7 57,« 5 64. 62,5 ■ . 2,5 0 8 Am 61. 60,5 . . . . °,5 0 9 58,67 63. 66,75 . 4,2 ' 3.6 • 3,1 O 1 10 62,5 64,5 64,11 . 4,6? • 4,6 • 4,22 0,5 0 II «MJ 63. 62,5 . O . 4,o, • 4,7 • 4,^2 ',5 0 12 61,67 66. 67. • 5,07 • 4,5 • 4,? 0 1 "? 65. 67. 66,25 . 4,6 • 4,2 • 4,15 o,5 0 14 62,33 66. 65,62 1 . 5,03 • 4,9 . 4,67 0 1 '5 63>33 68. 72,75 • 5,3 • 5,2 . 4,^7 0 1 16 6í- 67. 69,88 • 5,3 • 5,5 . 4,82 0 «*$ !"■ 65. 60. 70,12 • 5,-7 • 5,7 • S^^ 0 ',5 18 65.33 6y. 63,25 ■ • 5,'/ . 5,' • 4.52 1 °,5 19 6.,67 64,5 66,25 : • 5,6- • 5,2 • 4 -57 0 1 20 60, j 5 66. 67,25 . 4-97 4,5 ■ 4,C5 o,5 1 2 1 6.1, 55 68. 68. . 4,3 • 3,7 . 3,28 0 l 2 2 62,67 64. 65,5 . 0 1 2? 6: 1,67 68,j 69,62 • 5,' • 5,2 '. 4,58 0 I 24 66,?? 70. 70,37 • 5,07 . 4,6 • 4,35 0 2 2T 6?, 3? 67. 69,75 . , 0 2 26 65. 68. 7°, 5 a , 0 2,5 27 64. 60. 7', J5 . 0 3 28 63,67 69. 71,62 . . . . 0 29 65,67 74- 7'- 5 . • 0 2 3° 69,3 3 7í- 78,5 • 2,87 ■ 2,5 . 2,2 0 2,5 31 7*i«7 "77,5 80,62 • 3>'7 • 3- • 2,57 0 3,5 BuíTola. 41 3o "7 5 ?l>l 74. 74,2 5 . 4,2; • 3,7 • 3,52 6 70,8} 73- 74,37 • 2,87 ■ 2,5 • 1,9, 7 7M3 7M 72,12 • 3>4 • 3,2 • 3^35 8 67,67 68. 66,S 9 65,83 67. 67,25 . . IO 67. 69,5 68,y • • . , n 66,5 70. 71,12 , , # 12 68,67 73- 71,12 . 3,>7 . 3,2 • 2,7 1 1 67,83 69. 68,5 • 4,35 • 4,5 • 4,22 U 67. 7'- 72,75 . 3>g7 . 3,6 • 3>°7 15 67,83 74. 77, «2 . 2,8 . 2,2 • ',75 16' 73-67 77- 77,3« • 2,57 . 2,6 • 2,15 17 7°»H 7'- 69,75 . 18 7'- 70. . . , , '9 69,85 72- 7', 37 • 3,'3 • 2,5 . 2,08 20 69,67 74. 73,75 • 1,63 ■ 1,4 . 1,25 21 7°-n 7í« 75- • 2,P.i • 2,2 • 2,05 22 69,83 75- 74- • 4,17 • 3,8 . 3,85 23 70,83 75- 75,i5 . . . 24 74, '7 76. 74,62 • **« " 2,8 • 2,75 *S 70. 7«- 70,12 • 4,87 . 5- • 5,02 26 68. 72,5 75,25 • 5,4 ? • 5,4 • 4,82 27 68. 73- 74,75 ■ 5,'? . 4,8 • 4,7 28 69,67 7*- 75,5 • 4,07 . 4,2 • 4,15 29 7«>'7 -8. 80,12 • 4- • 3>3 . 2,8 30 72,33 77- 78,5 • • * * Memorias da Academia Real . - - ^fcr^^á^iaí^^^^ii?^ - - Ss^r^JSfc^KÍ-ÍJÍ^Í?*^^^^::^* SETEMBROde 1787. Pontos Lunares. II. Quarto ás 5.h27'da t. Luniíbco Boreal. . Perigeu IV. Oitante. . . Conjunc. ás 2.h 14' da t. Equinócio ascendente. I. Oitante. . . . ■ •••■•• Luniftico Auftral. Apogeu 1. Quarto ás ph.i5'da m. II. Oitante. Equinócio descendente. Oppoíiç. ás 3.h 16' da m. III. Oitante. Eíhdo do Ceo. j^ >> Nuvens. O Sol muito vermelho {£ ao nascer. i? Nuvens , e nevoa de manhã. (6) J>) Coberto, c iliuv.i de noite. ^ Nuvens , e nevoa de manhã. K O mesmo. ir O meftno. Jj) Coberto de nevoa ; trovões , e j>) chuva de noite. «7 79,67 77>67 75,55 74,55 75, '7 72,3? 74, '7 80,67 68,53 66,67 ^5,5 5 6.,a? 6," ,8 5 70,17 71, 5i 75,67 75,8? 75,8$ 7$, 55 70.85 69,17 6~,6i 75,^7 Meio dia. 76. 8t. 82. 81. 77- 70. 74,5 80,5 86. 80. 74,5 77>5 79'5 78,5 78- 79- 70. 6*,5 66. 63. 68- 75- 74- 8i- 79. 80. 76. 7*- 72. 75- 82. T.irde. 77,12 84. 8(',I2 84,25 75,25 69,75 7',25 82,25 85,62 7y,'2 75- 77,5 79,25 76>5 79,25 76,5 65,75 67,12 64,5 68. 70. 75,25 74- 8),75 80,5 77,5 74,5 69,28 7*>75 76,75 82,88 BARÓMETRO. Manhã. Meio dia. Tarde. 283,7 1, 1,1 28 5,2 28 -. '0.98 0,6 . 0)4 • °>3 27 • V7 • 0,9 28 • 3,75 • 5,9 • 2,03 • 1,9 • 2,53 . 2,6 • 3,9 . 5,8 • 3>'3 • 2,7 • ',65 . 1. • 0,03 . 0,2 27 • 2,5 • i,5 28 2711,8 . 0,8 28 2,97 • 5,2 • 4,6 • 4,5 • 5,' . 4.6 • 5,' • 4,8 . 2,8 . 2,6 • 0,95 . 1,2 1 ,67 • 1,4 • 1,85 • ',7 2. «,9 • 5'°3 • 3- . 2.9 • 3.2 - 3»* • 2,7 . 2,4 • 3,4 ■ 2,3 • ',55 • 1,1 // /// 28 1,98 o,c8 .7 11,6 1,52 4,15 «,4* 2,67 3-5 2,5? 0,1 11,85 0,1 0,55 i,9 4,7 4,C2 ', 1,12 2,12 2,78 *»5* i,72 2,22 I .5 0,82 Qimi Quan 1 da de 11.! ide de de iniva. rapo! o o o 0,5 2 o o o o I o o o o o o 6 5,S 7,5 2 0,5 4 o o o o 2 o o o o 3,5 4 5,^ 3>5 0 5 5 4 1 2,5 3,5 3'í 3 2 o o o o o o I $ 4 4 ',7 , BulTola. 147 } i 29 8 29 55 27 30 29 '5 i | í I > 34 ií ;b 1,J " % 29 45 \\ 25 4,- 1 30 55 % '5 3> 31 55 30 55 31 o 50 5$ 32 c 51 30 34 5' V ■'■ 33 fc^^^í:?^^^^^^^^^?^'; -- V^fcf^?^^^^^ » I O í. - 2< 8 5-. O >5 :< 37 *5 148 Memorias da Academia Real :?í:í^^á^ U TU B RO de 787. | Pontos Lunares. Perigeu. . . Luniftico Botl.i1. II. Quarto ás n.h }6'da noite IV. Oitante. . . . Equinócio ascendente. • •••••• Conjunç. as 3.11 4 da m. I. Oitante. . . . Apogeu. Luniftico Auft. I.Qnart. ás 5.h 6'. da m. II, Oitante. . . . Equinócio descendente. Oppofiç. ás 2.h 40' da t. "crigeu. Luniftico Bor. 111. Oitante. . . Eftado do Cco. Nuvens , e névoa de m. Coroa, c? Nuvens , e a atrrostera iouo o Í) dia empoada. Coroa. |$) O mesmo. ik Nuv. e trov. e chuv. de n. Coroa. 1/ Coberto , trovões , e chuva. ^ Coberto , e algum orvalho. 'i\ Nuvens. K Variável. (£ Nuv. e relamp. da parte do O. <|) Var. com trov. e chuv. de noite. >) Cob. com feu orv. miudinho, ik Nuvens; de noite relâmpagos, e j a atmosfera incendiada. Coberto , com feu orvalho , de \ noite a atmosfera incendiada. Nuvens. Claro. Variável. Cob. e chuva cora abun dancia. O mesmo. O mesmo. O mesmo. minuta. O mesmo. Variável , e chuva. Coberto , cem algum orvalho. Nuvens. Nuvens. Var. e relamp. do O. a NE. Coberto , e chuva de noite. Cob. e alguma chuva miudinha. Nuvens. Variável. Nuv. e relamp. do NE- Aurora Auft. Juz. até ás 10. hi5'da n. J>) NO- A chuva foi mais di « DAS SciENCIAS D H LlSBOA. N O V E M B RO de 1787. 149 3> THERMOMETRO. Manhã. I Meio 1 dia. 0 0 78. 81. 77.3? | 76. 7<5,?5 80. 70,83 82. 7í>67 77- 73- 75- 7'.67 7* 73.33 76. 76. 8i. 7«. «7 % 77- 75.? 7f. 66,5 73- 7i. 7$. 70,67 7h 68,17 70. 66,17 67. 67. 70. 69,17 73- 69,8 ? 74- 70. 74. 7'.?3 75- 70,67 74- 72,8; 1~>< 72.33 78. 7«.67 78. 74- 79. 77. '7 Bi. 76,67 81. BARÓMETRO F ^r^^^sS^r^^ff^r^^tS- NO. i5"o Memorias da Academia Real NOVEMBRO de 1787. Pontos Lunares. II. Quarto ás 7h.u'da m, Equinoc. ascend. IV. Oit. Conjunção ás 6.h 48'da t. Ap.' Lunift. Àuft. I. Óit. I. Quarto aos 13'da manh Equinócio defcendente. II. Oitante. . . . Oppoftçáo á ih. 32'da m. LJengeu. Lunift. Boreal III. Oitante. Eftado do Ceo. Nuvens , trovões , e orvalho. Variável , e chuva. Variável , e relâmpagos do O . Coberto , trovões , c chuva. Nuv e incêndio na atmosfera. Variável. Coberto , com algum orvalho. Variável , névoa, e orvalho. Nuvens, e névoa. Luz Zoiliacal até ás 8h 10' da noite. Nuvens , nev. relâmpagos. (7) Variável , trovões , e chuva. Coberto , e chuva. Cob. e relampigos de noite. Nuvens , e nev03. Coberto , trovões , e chuva. Coberto , e chuva. O mesmo. O mesmo. Variável , e chuva. V.iri.ivel , e névoa. O mestr.o. Coroa. Nuvens , e orvalho. Variável. Nuvens. (8) Nuvens. Nuvens. NJuvens. Nuvens , e relâmpagos. Nuvens, orv.ilho , e relam pa- gos do NO. Variável, trovões, e chuva. ^^^i^^^*^^^^* BE- DAS SCIENCIAS DE 1 S B O A ^S1 DEZEMBRO de 1787. THERMOMETRO. Meio dia. Tarde. 84,88 81. 80. 75,5 77)5 78,25 78. 82. s5,') 11,2} 11,65 0,2 o,6 ',55 2,57 M3 2711,47 n,6 11,8 8 0,83 »>37 0,9 2,83 3,6 2,9> 3 '5 3»8 3- 2,1 lm 2,' ',97 1,87 °>77 1,5 1,2 °,4 0,97 Meio dia. // //; 27 11,1 11,2 , ,Ij7 28 0,2 0,8 i,6 2,2 o,5 27", 3 ",7 »i,7 28 1,2 J,3 >,7 ',4 2,9 3,7 3- 3»5 3,6 3,2 2,6 >,7 1,6 ',9 1,6 0,9 1,1 0,5 0,4 1,4 Tarde. Quan- tidade de dm\a. -7 27 28 3 /y /// *7 ",5 11,22 11,85 c>5 1,1 1,38 1,42 0,4 11,2 11,4 11,48 0,5 0,67 «• 1,41 2,6 2,87 3,45 2,9" 3,48 1,8: 0,85 1,28 1,42 1,78 0,6 C,68 11,68 C48 1,37 o'" o 2 1 O O O o o 2 o 4,5 o o 6 7,5 0,5 o o o o o o o o o o o o 3 5 Quan (idade de vapor, BulTola. fy ai *,S 2 o o 3 4 3 3 4 o í o 2 2,5 o o o 3 2,5 4 4 4,5 5 4 3 5,5 5 5 4,5 o o 3° 5» lS 33 15ÍC 32 5; £ 34 c2> 34 45 5) 30 30 í( 30 o 1/ 3° 25» 34 15 5> 29 7?) 3" 7$ 3°53SS 3° 30 ÍC 30 o ff 25 £ 3l J» 3° 3° I 29 5^> 33 23 5 3^8| 28 45 S> 2$ 5 28 8 2915, 2938 DE. IJ2 Memorias da Academia Real DEZEMBRO de 1787. I Pontos Lunares. II. Quarto ás 5h. 6' da t. • • • • . . . Equinócio ascendente. IV. ditame! ! ! ! Lunillico Aufttal. Conjunção á Ih. 17' dl t. Apogeu. I O unte. I. Quatro, as 5.h 6' da t. Etjumocio descendente. • • • • a II. O-unte. Liíniftico Boreal. Oppoliçáo aos 20' tarde. Perigeu. da III. Oitante, Equinócio ascendente. II. Quarto ás 6.h 2 ja m. Eftado do Ceo. Nuvens , e relâmpagos. Variável , e orvalho miúdo. Var. rievoa e chuva. Íris. (y) Nuvens , e chuva. Nuvens. O mesmo. O mesmo. V iti ivel , nevoa , trovões , c relâmpagos desde NO. até O. Variável , trovões , e pouca chuva. íris. Variável , relâmpagos, e chuva. Nuvens , e relâmpagos. Variável , e chuva. Nuvens. Var. e orv. miudinho de manhã. Coberto , e chuva. Variável , e chuva. Nuvens , e chuva. Nuvens. O mefmo Variável. Coroa, variável. Variável , trovões , e chuva. Nuvens. Var. , e relâmpagos. Coroa I i l I % l Coberto , nevoa , e orvalho. I 'oberto , e chuva. \'uv. Luz-Zodiacal ás 8.h da n. vel. Variável , e toda a noite a at- mosfera incendiada. Nuvens, trovões , e chuva, (to) Variável , relâmpagos , c chu- va. (II) No- » DAS SciENClAS UE LlSBOA. NOTAS. 'H (i) A palavra Coroa denota , que a Lua tinha hum circulo , ou Co- km ao redor de si de huma , ou mais cores. (z) Vcj.i-se a relação do ellrago , que efte raio caufou , a qual vai nelte mesmo diário. (}) NVtla noite vio fe hum Arco-Iris Lunar , cuja descripçáo vai trans- ctipta no prefente caderno. (,4) Na noite defte dia efteve relampejando de todos os pontos do Horizonte ; a atmosfera abr.izada como hum ferro em bra?a viva , c princpalmente da parte do Pólo; pois havia como huma grande fogueira: acabou ás 8.h 50' da noite : ao palio que cita inrlarr.mação diminuía , também os relanipagos abrandaváo. (5) Nelte dia o Sol , quando nasceo , não tinha refplandor algum , c vinha tão vermelho como o carmin. (_£) Nelte dia vimos o Sol , desde que nasceo até a altura de 12.0, nviito vermelho , e fem resplendor algum. (7) Relampejou fuecefli vãmente nelta noite desde o ponto de NE até O pelo quadrante de NO. (8.) Nefte dia elevou-fe o Mar fortiflimamente , por cuji cauf? nau- fragou junto da terra hum barco , no qual morrerão afogadas onze pef- íoas , falvando-fe somente huma, (9) A , palavra íris quer dizer, que houve Arro íris. (ic) As (j.h da noite deite dia appateceu cia parte do O hum cla- rão femilhante a huma fogueira , que exiflio sté ás p.h 45'. (st) Na parte de L app.ireceu hum incêndio na amostera ás 8.h da noite que teria 20. ° de altura: tres vezes dimituio de natividade , e ttss vezes le totnou a acender : findou com huma grande chuva. Tom III. V Al- 154 Memorias da Academia Real ■ wiw" — *■=-.»* w,»iiiu>i) Janeiro. 1} Fevereiro. (>S Março. <<; A,brii- ;> Maio. 6.'1 da minha. 8.hda manhã. 28 IO. h da manhã, I2.h da manhã. Meio dia. Tarde. 2." da tarde. 28 0,82 . 1,16 4.h da tarde 6." da tarde. 10. h da Do dia. Mezes Si Janeiro. fc Fevereiro j) Março. ^ AUr.l Março. \ Abril. 75 7~,oi 72,6 1 Tarde. jj) ?4,7* 81,46 80,31 T>M 7?,83 6: da manhã. 80, I 77,06 7M 73,58 68,22 4." da tarde. 83,03 81,65 79,01 7S>>4 c-." da t.:rde. 10. h da noite. 82,42 79,08 7°'>?y 76>47 7*>' Do dia. 82,98 80,15 73.63 76,08 7',7< =^=^í=> Nui DAS SciENClAS DE LlSB O A. i Numero dos dias. c l | c i I janeiro. Fevereiro. Março. Maio. Cia- ros. Vjiia veis. '5 17 '4 18 '4 Nu- vens. '3 7 8 8 Cober- tos. 4 6 2 0 Relâm- pados. 12 5 9 8 1 Tro- võex. Chu- va. 12 '? 1 1 1 1 '9 20 12 8 Ne voa. Aurora Aullial. Luz- Zidiacal O O I «3 16 o o o o I Quantidade de chuva , e vapor. 1 o o a 4 Ventos dominantes. *5S I V Chuva. (■'. Janeiro. tf Fevereiro. *!) Março. J Abnl. « Maio. i < ^S Ventos. í i l 2 7 2 3 «,5 o. 7,5 0,5 9- Vapor IO 1,5 I 4 4 3 3- 3,5 7- 9,5 Janeiro. Fevereiro. Março. Abril. Maio. Manhã. NO. NO. NO. Var. c NO. Variável. Tarde. SE. Var. e SE. (( SE. ?? SE. j) Var. e SE. «S 5 Rumo dos Ventos. N. NE. No. S. SE. so. L. O. Janeiro. '3 9 94 18 'l 28 1 7 Fevereiro. 5 6 85 6 86 3« o «3 Março. Wr^^f^&^r^? I 21 90 O 82 43 O II V ii Abril. 18 16 56 22 8l *5 7 «5 Maio. 7 6 <% 20 65 35 12 38 Total. Vezes. 44 58 39° 66 392 162 20 84 De- Iffi 1 I Memorias u a Mezes. Janeiro. I (f* Fevereiro. ^ Março. ((J Abril. ;l Maio. < % Janeiro. r? Fevereiro. p| Março. | Abril. | Maio. Academia Real Declinação Orienral da Agulha-magnetica. LS^&^i: Lugar Dias da c 2 r*b 26 nu ■8 °l 4 X 24 ^ Máxima. 6.° 4i 47 4? 40 47 6." da manhã. 6.° 28 . 0 30 . io 34 . 10 ji • 3í 31 . 25 8.h dã manhã. 6.° 27 . 4^ *o . 37 í? -48 31 . 14 30 . 46 Dias '4 •5 28 13 8 Lugar da IOh. da manhã. 6° 1 " 28 . 51 31 . vj 34 . 2 31 . 40 30 . 8 V I Minima. 6." 20 . o 20 . o 28 . o 2(5 . O IJ . o Diire- rença. 22 2 1 17 14 32 Media. 6.° 29 • 45 32 . 11 35 • ic 32 . 46 30. 34 Manhã 6.» 28. 13 30 . 48 34 . O 30. 45 Meio dia. 6.° Tarde. 1? 6.° ?> I 3o ii "7 33 ■ IO 36 39 33 54 30 . 25 30 . 46 )) 32 • 34 I 34 . 53 !>> 32 • 5« ^ i2.h da manhã. 6.° / /' 30 . 17 33 ■ l0 36 . 39 33 • 54 30 • 25 2.h da tarde. 6.° 4.»' da tarde. 6.° 3» ■ '2 33 • 33 36 . 52 34 • 58 31 . 13 3» • 4« 34 . 25 36 . 13 33 • 42 ;i • 13 6\ da tarde. 6. 0 , // 30 . 33 32 . 35 34 . 2 32 . 4 30 . '5 Li I0.h da noite. 6." / u 29 • 2p 31 . 6 32 . 29 30 . 50 29 • '5 ! )o dia, 6\° 1 11 V 29 . 42 ;>? 34 '• 47 (Pi 32 . 30! 30 • 35 ?■ x4jjf= i^^^S^Í1^" V^r*^^^z 3M- DAS SciENCIAS I)E LlSíOJl. IJ7 <£ J A N E I RO de i7«8. jjj l _ , a THERMOMETRO. Dias do Manhã, \1ClO iia. mez. 0 O i 76,67 78. z 74,55 81. 5 61,17 86. 4 85. 88. 9 7v- 86. 6 79,67 «4. 7 H',55 tfo 8 81,83 87. 9 8,„- 85. 10 81. 85,5 ii 78,67 82. iz 79,M 83. M ^8,53 85. 14 82. 86. «5 81. 85. ló 83. 87. 17 81. 84. ia 80,85 8* 19 80,83 84. 20 78,67 05^ 21 80,5 83. 22 80,83 86. 2? 84,33 oG. 24 78,-7 8l. 25 77.67 80. 26 77,5 80. 27 77,5 5 19> ZO 77,67 82, íp 81. 86. 3° 85>'7 SM. 3' 82. JO. Tarde 76,75 83,75 87,25 8j,2í fc.7s 82,75 83,25 89,25 87.83 84,5 85,25 84,75 88,75 86,88 87,25 88,12 83,25 85,5 86,12 81,25 «3,75 88,83 88,25 ^9,5 79- 78,5 78,75 8:. 8^,75 PJ,2 89,25 BARÓMETRO. Manhã i8 1,4 • 0,33 • °,7i 27 ",95 ;ò" 1,67 • 0,9 3 ■ '.37 • 0,1 27 11,6 28 0,13 • 0,83 27 ",77 28 1,93 2,8 2>'3 1,5 2,07 lM M3 2. ',9 M »»9 9,9) 0,97 1,6- 0,43 0,63 0,9? 0.9 Meio dia. u 111 28 1,4 0,2 ',1 0,4 1,4 7 ",5 8 1. 7 ",7 li,4 8 o. °»7 o. 2,' 1,8 1,8 i,3 3- ",7 »,9 2,2 >,7 1. ',5 ',5 1,4 Oj6 1 . 0,7 o,7 1,4 Tarde. 28 7 l I > > \ I ■> 4,5 5 o 3,5 4 6 J O 5 5 6 4,5 4 4 3,5 5 5 4 5,5 4 O o o o o 3 4 5 5 I IA- fj8 n» x Y tf k 69 k Pontos Lunares. Luniftíco Auílral. . . ........ Apogeu Conjunção ás ph. da mmh I. Oitante Equinócio descendente. I. Quart. ás7.h 3'da manh. II. Oitante Luniftico boreal. . . Perigeu Oppoíiçáo ás 1 ih. 5' da n. Equinoc. ascend. III. Oit. II. Quarto ás loh. li' da noite Eítado do Ceo. Variável, com alguma chuva. Nuvens. Variável de dia , á noite relâmpagos da parte do NE. Nuvens , de tarde trovões ao longe , á noite relâmpagos do O. Variável , com trovões, € chuva. O mefmo. j Nuvens. 1 Variável , com trovões , e chuva miudinha. Coberto , e algum orvalho. Cobeno , trovões , com fua chuva. I Nuvens. 1 Nuvens , e relâmpagos da parte do NO. . Variável , e relâmpagos do NO. Nuvens , e relâmpagos de NE á NO. ' Variável. Luz-Zodiacal ás 4.h da manha ; á ' noite relâmpagos do NO. t, Nuvens, á noite relâmpagos de NO até O. J Variável , e relâmpagos do O. j Nuvens» \l Nuvens. r! Nuvens. Claro. Claro. Nuvcn3 , trovões, e chuva. O mesmo. Variável, trovões , e chuva. O mesmo. O mesmo. Variável. Nuvens , e algum relâmpago de noite. Nuvens , trovões , e chuva. Nuvens , trovoada de tarde , á noite relâm- pagos. FE-. tlf^a^-' DAS SCIENCIAS DE LlSBOA FEFEkEIROde 1788. *?9 •i.^r^ír^ntdr^.z THKRMOMETRO. BARÓMETRO. BulTola. Dias do VIanhi Meio dia. Tarde. Minha. Meio dia. Tarde. Manhã. Meio dia. Tarde. mez. 0 ú „ 0 1/ /// "„ /// '/ //; L. / // 0 / (/ 0 * ,t 1 *K 85. 85,37 28 1,93 28 1,6 28 i,5 6 30. 0 6 32.0 6 50. c 2 74,03 79- 77,5 . 1,9 . 2,1 • i,75 . 29- 4C . 29.0 30. 30 3 76,33 80. 78,25 • 2,47 • 5.' . 2,2» . 31.2c • 35-o . 32. c 4 77=?? 80,5 78. • 2,55 • «,9 . ■ I,CÓ . 28,2c . iy. 0 . 31. c 5 75,85 80. 78,5 • 2,47 2. • M2 . 30.2c . 32.0 • 33- '5 6 77- 80,5 78,5 • «,í> . i,8 • >i32 . JI.4C • 35-o • 35- c 7 75,í7 79- 77,25 ' 2'o' • 2,9 . 2,6 • 35- c . 57-o " 34. 3c 8 ~4- 76. 76,5 . 2,87 . 2,8 • 2,45 . 30.4c . 35.0 . 32. C 9 74,67 78. 76,75 . 2,6 . 2,6 2,45 • 31.40 . ?5-° . 34- 0 IO 76. 80. 80,25 . 2,6 2,4 . 2,12 . 30.40 . 41.0 • 56. 15 n 77,85 82. 83,12 • 2,6 . 2,6 • 2>5 . 30.4c . 35.o • 32. 45 12 78, '7 £*• 84. • 2,'? . 1,6 . i»ij . 30. c . 51-0 • 32. 30 «3 80,5 85,5 84,12 • 0,77 • o,3 . 0,82 . 26. 4C 30. 0 • 33- 0 14 78,35 81. 7^,87 . 0,8 0,6 . 0,28 . 30. c \ 30. 0 . 29. 0 «5 77,5 82. 80,12 . 1,23 • 1,2 . 0,45 • 3°. c '. 5°. ° . 50. c 16 7o,33 78. 77,75 • J,57 . ,,6 . ',65 . 30. c 30. 0 • 30-45 1-7 76,83 80. 80,12 . «,87 2. . ',58 . 50. c . 50.o • 31. c 18 -6. 8o,í 80,62 • >,7 • »,* . 1,22 . 3'. c 3c. 0 . 32. c '9 78. tf ',5 82. • »,? • ',4 . 1,28 . 30. c . 30. 0 . 30. c 20 80,33 86. 85,2 5 . 0,93 1. • ',25 . 30. c . 55-0 • 54- ?c 21 01,67 86. 86,12 • '»75 1.4 . 0,5,8 . 2. C . 30. c . 31. c M 8i. 86. 8?,;8 1,63 . 0,8 0,45 . 3'- 4C . 32.0 . 32. c 24 ~9,Vi 82. 8387 • ',59 «,4 . 0,8c . 28. ~C ■ 27-0 • 3°- '5 25 "9,3 3 82. 8 '.75 c,6 0,6 . 0,32 . 30. 4c • 3*-o . 31. c 26 78,5 «3,5 87- 27 » ■ ,7 27 ii,7 27 11,25 • 31.4c ■ 37-o 41. 45 27 77,67 80. 82. • l 1 >9- :8 o.c 28 0,0 . 52. ^c . 35- 0 • 37- 45 28 78. 81. 82,25 28 0,57 . 0,3 . 0,35 • 35- 2c . 40. c 33- 45 *í> 78,67 83. 84,25 • 0,7 0.5 • 0,37 . 36.4c . 4C C • 37' '5 Juan (idade de dlUVÍ '7 O O l»>5 >,5 2 12 1,5 0,5 O o o I o 1,5 3 o o 4 o o o o o c,5 o 3 5 o I » Quan S) tidade a de g> vapor. J5) #^=5^^ ^r^&rZíSr^^t&r^dr^ *&:&=$J:*~F } I I I i I ri i l > Si I % ,. S> FE- 5 o o o o o c 2 4 5 3'5 :6o Memorias da Academia Real i I 5 Dias SS do 6 mez. <<; — I ! c 3 I 6 I 7 2 c | c i i is^F^^i^r^r^í^í^^i^íz F E FE RE IRO de 1788. 16 20 « C Ventos. Manhã. Vai. NO. Vai, NO. NO. NO. N. NO. NO. Var. NO. NO. NO Var. Var. Var. Var. NO. NO. NO. NO. NO. Var. NO. NO. Var. Var. Var. NO. Tarde, SE. S. SE. Var. Var. SO. SE. NO. SE. SÊ. SE. NO. Var. S. SO. Var. SE. SE. Var. Var. SE. SE. SE. SE. SO. Var. SE. Var. Var. Lu- da C í i X Y H * Pontos Lunares. IV. Oitante. . . Luniftico Auftral. Apogeu. . . . Conjunção ás 3h. 59' da m. Equinócio descendente. I. Oitante I. Quarto asó.11 1' da tarde, Luniftico Boreal. . . II. Oitante Perimiu Oppofição ás o.'1 55'.da m. Equinócio ascendente. III. Oitante II. Quarto ás 5h. 22'da tar- de. Luniftico Auftr.d. Eftado do Ceo. Variável, trovões, e chuva. Coroa. Coberto. Nuvens. Nuvens , chuva , e trovoada. (1) Variável , trovões , e chuva. O mesmo. O mesmo. Variável , e chuva. O mefmo Variável, trovões, e chuva. Variável. Variável , relâmpagos do NO. Variável, trovões , e chuva. Coberto , trovões , e chuva. V.iriível , trovões , e chuva. Coberto , e chuva. Variável , trovões , e chuva. Coroa. Nuvens , e relâmpagos do NE. Nuvens , trovões , e chuva. (2) Variável. \uvens. Claro. Variável , e relâmpagos do O. Nuvens , trovões de tatde , á noite relâm- pagos do NO. Variável , trovões, e chuva. O mesmo. Variável , e chuva forte de manha , á noi- te relâmpagos do NO. Nuvens, ttovões , e chuva. Variável, e chuva. t^-z&zu^&st?; MAR DAÍ SciENCIAS DE LlSBOA I fJ I M A R Ç O de 1788. | I l T HERMC )METRO. BAROMETR O. BulTola. ff \ Quan- Quan \) t idade ii tidade de | Dias do M.inhá, Meio dia. Tarde. Manhã. Meio dia. Tarde. Manhã. Meio dia. Tarde. chuva. vapor. 5) 1 mez. 1 77><7 0 81. 0 79,5 20 1,4 11 111 281,5 281,3 0 / // 6 36. c â 1 L 6 40. b 6 36. 45 ,48 O l 2 77.ò7 79. 80,25 • >>3 • ',5 . '.3 • ?2. 40 . 35-^ • 3'- }C 2,5 1 l 1 ""4,67 F'5 Z7,5 80,5 • 1,5? . 1,1 .0,05 • 36. 4C . 36. c . 35- 6 0 4 77^3? 8o)5 • 2,°7 • >.3 . 0,5/2 • 55- c . '40. c • 37- Í9 0 5 79. '7 £>• 85,25 •0,97 :-l I,p 1 . C,4 . 0/0 • 3!- 4C • 53-o . >2. C 0 5 '5 » 6 81,17 85. 84,5 .0,0 . 3C 4c . 34.0 • ¥>■ 3C 11 ° í 7 -8. 80. 81,5 28 1,C5 • '.7 .°.5 . 36. 4c . 40. c . 32. 15 '5 ° í 8 78,»7 79- 80,75 •0,97 • »>3 . ',12 • 54- c . 40. 0 • 36- >5 0 2 t 9 7Z\. 80. 78'o . 1,13 . 1. .0,57 • 55. c . 34-0 • 33- 45 •4 ° 8> 10 74,8? 75- 76,87 .0,67 .0,8 • °,72 • 34- 20 . 40.0 • IZ- >c 0 2 » 11 7?>*7 77.5 78,37 .0,3 .0,? .0,15 • 35- c . 40. 0 . 38- 45 3 0 ,x 12 74.o; 79- 80,62 . 1. • 0.7 .0,9 . 34- 0 . 36. 0 . 37- »5 0 2,5 (f •5 76,67 8o,y 83,75 .2,07 . i. . 1,42 . 34- 20 .55.0 • 34- 45 0 3 2) 14 80. 84,5 85,25 • 2,2? • >>7 • ',9 • 35- 0 . 40 0 . 40- 3o 0 3.5 s '5 75- 78. 74,75 • «,63 • >,7 . 1,22 . 34. 2C .35.0 ■ 54- 45 2 0 Cj io 74,33 76. 75.25 .2,1 • i,4 • 2. . 35- c • >7.0 • 38- 45 3.5 °2 f 3 li) 2,5 & ; 17 74,33 73.83 77,5? 79- . 2. .2,1 • «Í7 • 34- 2c 40. c . 24. C 0 > 18 78,5 80. 80,62 • 2,53 • >,9 • ',57 . 32. 2C 45. c . 41. C 0 1 '9 75.17 81. • i,7 . i,7 .0,9 . 31. 2C Vy<- • $.30 0 1 20 78,5; 81,5 82,75 • V . 1,2 .0,8 • 35- c ■ 34- <• • 31-3° 20 0 K 1 21 77,67 81. 82,5 • i,5 3 . 1,6 . 1,22 ■ 5'-4C . 35. c • 3r • 3C 0 2 (f 1 21 78. rio. 79,75 . 2. .2,1 . 1,67 . 35. c . J7- • 3£' 5° 3 0 (P M -6. 79- 77- • ',67 . 2. . 2. . ji. c . 2y. C . 28. 45 2 0 jp I 24 n-fn 80. 80. • 2,9? .2,8 .2,65 34. 2C . 55- o 35- c 3 0 » J5 72,33 75,5 76. • 2,5 .2,7 .2,55 . 35- c • 5vc • 33- 0 0 32 » ) 26 73>67 77-5 78,75 • '.27 .2,8 . 1,68 • 35- 2C . 42. 0 • 33-45 0 í J7 73,5 78,5 7y,88 • 2,7 . 2,2 • 2,« . 24. c . 40. 0 .37. 0 0 28 78,35 80. Bi,37 • 1,83 .1,5 • 1," . 30. 2C . 35-0 • 3'-45 0 2 s> 29 76,67 !*• 85,88 . 1,23 • »,« .0,85 • 37- o • 35- c . 28. 0 0 3,5 * 1 30 76. 82. 84,25 .1,87 • 2,2 . 1,65 . ]1. 2C • 35- 0 33- 30 0,5 0 K 1 3' 80. 82. 80,5 • 2,9 • 3,' • 2,5 j . 34. 40 . 55- c • 36- 15 30 0 K 7bm. Ill- jpz^-s^ ^=^?Vy ^--^-^ X :~s_^?~ K? ^-r~~7%s.- :%~^?~^ ^?-2?^í MAR. i6i Var. |T NO. IO NO. li/ NO. 20 NO. 2» NO. 2 £ Var. 2? SO. 24 NO. 2? Var. 26 NO. 27 NO. 28 NO. 29 NO. 1,0 Var. 51 NO. *JF*i?^^ NO. Var. SE. SE. SO NE. SE. SE. SE. SE. SO SE. SE. SE. SE. NE. NO. SO SE. Var SE. SE. SE. SE. SE. Var. Var. i.:^^* M A R Ç O de 1788. Lu- da C- X r H Pontos Lunares. Apogeu. . . IV. Oitante. . Conjunção ás 8 h 59' da n, Equino. 10 descendente. Eftado do Ceo. I. Oitinte. Lun:ftko Boreal. !. Qu.mo ás 2.h 2j Perigeu. . . If. 0,unt;\ Oppofiçáo ase;.h6 fihà. Equinócio III. Oitanie Luniftico Auftral II. Qu, rto as i.h %, Apogeu. . . I » I Variável , e chuva copiofa. , Coberto , com chuva e relâmpagos de noite, ir Vanavel , e chuva. íris. tf Variável , de manhã névoa , de tarde tro- S) vóes e orvalho, á noite relâmpagos desd e ... . L. até NO. pelo quadrante de NE , fucef- «J fivOS. tf , Variável. Jj) JobcrtOje chuva. Iria. Quan- v» THERMOMETRO. BARÓMETRO. Tarde. Manhã. 0 // 11 78,5 28 2,8 7Pj^5 3* 78,75 • 5- 80,25 2,4 84,25 2,05 80,75 • 2>3 81,88 1,43 75,62 • 2,3? 73,75 2,97 75,25 2,67 76,5 . 2,83 76. 2,67 76,37 ' 5>23 75.75 . 2,8 74,57 • 2,37 76,37 • 2'ò> 77- . i,8 7V,37 . 1,2 79' . 2,7 79,25 . 3.^3 79>25 2,9" 79,75 • 2>3J. 78,75 . 2,7. 79- • 3>'> 77,37 2,5: 78,25 ',4 80,5 • !>3 78>5 • >,33 75- >,3 76. . 1,17 Meio dia. 18 3'- 2,9 2,6 2,4 ',7 2,3 >,2 2- 2,7 2,9 2,7 2,9 2,8 1,? 2,' I,K 0,9 1,' 2,7 3,5 2,4 2,2 2,5 2,6 2. ''3 C4 o,8 0,8 Tarde. '/ 1 < / 3 2,78 2,45 2,6: ',5- 1,1 ">7 '.57 2,15 2,45 2,35 2,35 3" 2,6 2,62 1,85 «,75 0,87 0,92 2.8: 3,05 2,1 2,21 2,7 2,7 2,27 1,11 0,4 c,65 1. 1,05 BuíTola. Manhã 6 55. I • 33- 4<- . 31. ç . 32. 4<- . 31. C ■ 33-" . 33-40 . 32- 2C . 35- o . 34- c . 34. o . 3'- o . 30.4c . 32. o . 30. 4C . 30. O . 30. 4C • 33- 2l- ■ 3'- c . 33.4c 30. t . 30 4- . 28.4 . 30. c . 30. c ■ 29. 2f . 2y- 4( . 30. C . 30. c . 29. 2C Meio dia. 6 35. • 35- • 3°- . 40. • 34- ■ 35- . 40. . ?6. • 35- ■ 36- • 35. . 40. • 33 • 31- 35- ■ 52- ■ 52- 34- 35- 35- 35- 30 31- 35- 30. 3'- 35- . 50. . ?o. • 27. Tarde " 55 • 54 15 "5 34- 3c 3:-45 2.2. C 34- 15 33-45 36. 15 34-45 33-3° 35- o 32. o 34- 30 31. 3c 33- ': 34- '- 33- 3 5- 3 33 3? c 15 I. If 45 '$ 30.3c 30.3c 33- «5 32. 4< 30. C 30. 50 28.45 Quan- tidade .1c ;huva O O 0,5 o o o II o o o o o o 6 o o o o o c o o o o o 3 o idade X de ?? ..por |j) '// 2 3 o 2 2,5 »,5 o I I ',5 2 2 1 o 2,5 2,5 2 2 2 ',5 » > » } I I 2 2 1,5 1,5 1 1 o 2 X ii > l i<>4 ^ Dias / [ 1 ~°>5? 75- 75,75 28 1,95 20 2,2 28 2,35 6 50. O 6 30.0 • í '• c 0 1 2 70,5 74- 76. . 2,5 . 1,9 • 2,, . 30. C . 30. 0 33- 5< 0 1 3 70,}? 75. 76,5 • 2,53 . 2,6 . 3,oí . 31-4' . 30. 0 ■ ■ • 4 7 } 4 68,33 72 • 72,62 4,K 4,4 4," . 30.4'- • ^-C 29. 3. 2 5 68,}? 72. 7}, "2 • 5,3 ' 5,? 4,;;- . 29. 2<. . 28. G • jO. 15 0 6 6f,S 7'- 74. • 5,6 5,5 . 5,22 . 28. c . 29. c . 51. C 0 1 2 64, 67 7«- 74,75 5,47 • 5,1 5- . 30. 2C . 35-0 • 29. c 0 1 8 Í7,5 71- 75.62 . 4,8 • 4,7 . 4,57 . 24. c . 15.0 . 31. c 0 9 68,55 73- 76,88 . 4,4 4. • 3.77 . 30. 0 ; 28.0 • 29. 3c 0 10 72- 75- 78,37 • 4,3 4- • 5,5 . }0. 20 ', 52.0 ■ 5°- '5 0 1 11 72- 76. 78,i5 • 2,5? • 2,7 . 3,08 . 32. 2C 30. 0 . 3c. 0 0 1 12 72,'7 76. 78. • 3»35 . 3,2 ' 3,2o . 30- 0 .' ?'-o . 30. c 0 1 '? 74- 77. 78,37 • 2,57 . 3,2 . 3,08 . 30. c . 32-0 . 30. 20 0 1 *4 72,67 77- 79.87 • 3»6 . 5,6 . 5,67 . ip. c 30. 0 • ?o. 3© 0 '* 72.? 77- 78,12 • 3, '7 . 2,7 2,92 . 29. 20 30. 0 • 52- 3G 0 1 16 75, '7 77- 79- • 2,77 . 2,8 2,82 . 30. C : 31.0 . 30. 0 0 1 "7 74. 77,5 78n,}7 . 2,5 . 2,1 J,47 . 30. 4C . 3°- 0 31. c 0 1 l8 73- 77,5 78. . 1,6 . 1,6 • í.4-7 . 31. 2C . 3o- 0 • 30. 15 0 ' '9 7' ,67 75,5 74W5 «,9- 2,6 2,43 . 30. C . 3°- 0 . 29. c 2 ' 20 68. 72. 68,88 . 2j4 2,2 ■ 2,78 . 30- 4C . ?2.0 . 50. c !C 1 21 65,67 6t. 67. . 2,8 • 3,i • 2,75 . 30. C . ?i-o ■ 30- ?c '? i ll 6 j ,67 C8. 65,12 . 3>4 3- • 3,77 . 52. 2C • 3o ° ■ 29. 3c 0,j 1 *5 61, 55 67. 68,25 4,4? • 4,; 4,12 . 29. C . :8.c . 30. c 0 , 21 61,5 67,5 70,25 • 4,7? 4,4 • 5,Z . 44. 4C 42. 0 ■ 37- jç 0 ! 2í 64,67 70. 72,75 • 5>37 . 2,- . 2,8,- . 32. 2C '• 3?c . 30. c 0 1 26 66,5 71. 70,62 • ?'ò5 . 2/ . 2,35 . ??• 2C . 35-0 . 31. 4< 0 1 27 68,67 71,5 -2,5 . 5,87 • 4,' 4.4- . 5O.4C . 30.0 • 29. 3c 3 1 28 67,67 71. 69,25 . 5," 5 5- . 5,'; . 30. C . 30. 0 29. 4' 0 i *9 66,n "0. 70,61 4,9? 4." 4,6 . JO. 4C . 30. c . 30. C 0 1. 30 65,67 67,5 68,25 • 5,« : ;;, ■ 5,0: . 32. 4C . }I.C • ;o. 15 I í '' 64. ó8. | 69,5 . 5,4 • 5,02 . 50. C • 3°\c . 5c. c c i^^t^m^^r.* = ^_Fr \7'.S ^^^^^J^s? MA. i66 Memorias da Academia Real ? — § Dias (j? mcz. I- { I M A I O de 1788. . Í^^^V^J^t^^fccíShí^^* i i « I 1 « 3 13 Cs 29 « 50 e< I y IO 1 1 12 '5 U «5 16 '7 18 >9 Ventos. M.inhã. Tarde NO Var. V.ir. NO. NO. Var. Var. Var. Var. NO. Var. Var. Var. Var. Var. Var. NO. Var. Var. Var. NO. Var. NO. Var. NO. Var. NO. Var. NO. Var. NO. Lu- da c SO SE. SO. s. Var S. SE. Var. Var. S. SE. SE. SE. Var. Var. SE. SE. SE. SO SO Var. Var. SE. SE. SE. SE. SO. Var SO. Var. SE. Ix Y tf H f9 à nn "b Pontos Lunares. IV. Oitante. . . . Equinócio defeendente. Conjunção as o.h K Luniftico Boreal. Ferigeu. . . I. Quarto ás 2.h3s> Equinoc. ascend. Oppofiçáo ás ioh. Luniftico Auftral. ~ Apogeu. II a rd O 4' da n. II. Quarto á ih. 39' da m Equinócio descendente. VI. Oitante. Eftado do Ceo. Nuvens. Cl.110. Nuvens , e orv. de manhã ; de tarde chuva. íris. Variável , e chuva. Variável. Claro. Luz-Zodiacal ás 7. h da noite. Variável Luz-Zodiacal ás 5.'' 2}' da manhã. Variável , e névoa pela manhã. Clato , e névoa de manhã. (5) Claro, e nevoa de manhã. O melmo. O melmo. Variável , e nevoa de manhã. Luz Zodiacal ás 6.h 15'. da noite. Variável , e nevoa de manha. Nuvens. 1 Nuvens , e nevoa pela manhã. O meírno. O mefmo ,á noite relâmpagos desde NO. ate , NE. pelo N. Coroa. Variável , nevoa , e chuva. j Variável , e chuva. j O melmo. 1 Variável, trovões, e chuva. Nuvens , e nevoa de manhã. Variável , e nevoa pela manhã. ( Claro , e nevoa de manhã. i Variável. j Nuvens, e nevoa de manhã , de noite chuva.*! Variável , e nevoa de manhã. I! Variável. Variável Variável. Variável , e chuva. i ^?^."^í!!^:^1^:!^^tf::;!ár^^:^íí:^:;ií!^ No- DAS SciENCIAS DE LlSROA 167 NOTAS. (0 Nefte dia houve huma grande trovoada , que deitou hum raio em huma propriedade de caías na rua de S. Pedro, e matou huma criança, e olfenJeu três petToas já adultas. (2) A trovoada defte dia lançou hum raio nefta Cidade ; parte cahio em humas caías fitas na Praia do peixe , e parte em huma guarita de fentineia , que não fe achava dentro , houve felicidade em não oflendet ninguém. (5) Nefte dia ás 6.h 20' da tarde , começou huma horrendiífima tro- voada , e abundante chuva , que acabou pelas 8.'1 15' da noite. Além des- tes fenómenos, houve aquelle de ferem o? relâmpagos contínuos, de ma- neira que todo o Horizonre ardia em hum continuo fogo pálido e ama- relo, que horrorizava o coração mais valente. (4) Na noite defte dia , pelas o.h -i começou huma trovoada , que aca- bou á i.h da manhã do dia feguinte; cujos eftimpidos foráo os maiores que tenho ouvido na minha vida : a chuva foi em muita abundância. (5) As 5.h ic/ da manha difte dia houve huma Luz ZoJucal , e á noite pelas &>. 15' começou huma Autora Auftral pouco luzente, que aca- bou ás 7." 40'. MEv i6Í Memorias da Academia Real OBSERVAÇÃO. s Do Edipfe da T.jirclla n do Leão da terceira Grandeza acontecido a 28 de Março de 1798. Por Costodio Gomes de V i l l a s- B o a s. ES t e Eclipfe efcapnu aos calculadores do Almanak Náutico Ifiglez , c aos Authores do Gmnoijfancc des letnps , que o não annunciárão para Londres nem para rariz , aonde clle era vifivel , donde podemos prefumir que não será obíer- vado em algum dos obfcrvatorics daqucilas Cidades , nem talvez, cm olgum outro obfervatorio da Europa , poftò que folie vilivel cm quafi toda cila ; mas como aquclles dous livros fervem de guia á maior parte dos Aftronomos ,hc muito pro- vável que lhes efeapem eiras obfervaçóes , por não virem annun- ciadas nelles. Pelo calculo , que fiz antes do Eclipfe , achei que clle devia começar durante o crepufeulo pelas 6.1' e 34', e a- cabar ás y.h 40' , pouco mais ou menos: que a Lua devia ter 47.0 15'. de altura apparente no tempo da Immersão, e 59." 13' no tempo da Emersão. Com effeito obfervei a Immersão da Eílrclla no Limbo efeuro da Lua ás 6.h 34' 12" , tempo verdadeiro , e bem exato ; porque a Eftrella defap ireceu inftan- taneamente e o relógio andava bem regulado , por frequentes obfervaçóes da paíTagem de Sirio no oceulo do quadrante, que tenho sempre fixo no plano do Meridiano , para cite fim , e para determinar o tempo verdadeiro pelas Eftrellas fixas no filencio da noite , cujo methodo hc mais feguro , e commodo que o das alturas correfpondentes do Sol , ou o das alturas ablolutas. Mas para me certificar melhor também pratiquei eftes dous methodos no dia feguinte , e por elies me confirmei que BAS SciENCIAS DE LlSliOA. 1^9 que o relógio eftava adiantado 3'. 7", no tempo da Imcr- sáo , que íuecedeo quando a pêndula marcava 6." 37'. 19", e por tanto vem a fer o tempo verdadeiro 1 ." 3 4'. 1 2" , como fica dito. Não fui tão bem fuecedido com a Emersão ; porque co- mo íuecedeo no Limbo claro da Lua , e não lhe faltaváo íe- nao três dias para ella fer cheia , a lua muita Luz , e a gran- de altura que tinha , não me permitio poder ver a Eftrella fenuo depois delia ter fahido detraz da Lua , e eft.;r já al- guma coufa diftante do Limbo. Ncftcs termos reftava-mc só o expediente de proporcionar o tempo ao cfpaço corrido pela Eftrella : expediente de que tenho usado muitas vezes com bom fucceíTo. Contei no relógio os tempos , que fe paflarão até a Ef- trella ter dupla, tripla, e quadrupla diftancia da que tinha, quando a vi a primeira vez , e combinando eftes tempos com os que então marcava o relógio , achei três relultados , cujos extremos não diferião entre íi mais do que 8" , e tomando hum meio entre ellcs todos concluo , que a Emersão não pode ter mais de y" de erro , e que fuccedeoás y.h 42.40", tempo verdadeiro , e corre&o já do erro da pêndula. Donde fe fegue,que o Eclipfe durou i.h 8.' 28" ; e ifto só bafta para provar , que ellc foi vilivel em quafi toda a Europa , a- Jém de outras muitas razoes que eu poderia allcgar , taes co- mo a diftancia em que a Eftrella pafleu do centro da Lua , guc forão só 6.' 35'' ao Norte. Sendo o Semi-diametro 16'. 46" , como logo fe verá. Determinação do erro das Taboas da Lua em Longitude , e em Latitude. EStas obfervaçóes não podem fervir por ora para deter- minar a longitude de Lisboa , fem termos as correfpon- dentes feitas em obfervatorios , quecftejão bem determinados; mas como efta cftá fufficientemente conhecida , podem fer- vir muito bem para determinar os erros das taboas da Lua. Tom. 111. Y Pa- 1 7o Memorias da Academia Real Para iffo fuppuz a longitude da Lua , tirada do Alma- nak Náutico , ás 8." da noite tempo verdadeiro em Green- wich 4/ 24/ 42'. 58", e a latitude no mefmo tempo 4.0 59'. 5" N. O movimento horário cm longitude 37'. 8'', e em latitude -I- 3 8'',2. A parallaxe horizontal para Lisboa 60'. 28", e a differença dos meridianos entre Greenwich c o meu ob- fervatorio 36'. 42'' c como a Immcrsao foi ás .... 61'. 34. 12 Erao então em Greenwich Logo Long. da c. á dita hora. Parallaxe de Longitude. Longitude app. da í. Longitude app. da * • •-*• 7 "• 10'. 54" * • é . 4 . 24o. 10'. 34",7 -+- 38- 5-1,3 8 • • • 4 * 24o. 49'. 26 ... 4. 25. 5-- 3 ínça. . . — t ff 15- 37 . . • 4 * ;f8'. 3 3",7 N . . . — 12 41 ,6 • • • A.- 4J- 52,1 • ■ • 4> JJ- 23 >7 Latitude da C. Parallaxe em Latitude Latitude app. da £. Latitude app. da * Differença . - 5'. 3 1",6 Agora , calculando por eftas differenças a diíhncia dos centros, temos 16'. 3c",8 o íemi-diametro app. da c« he de . . . 16. 41 ,3 logo a diff. da dift. calculada á obfervação he = — io'',? Angulo de comparação = 70o. 27' Efta differença de io",^ devia fer nulla fe não houvcffe erro nas Taboas da Lua j mas já vemos que elle he pequeno ; pois que ella o he. Igualmente ás 8.h 19'. 22'', que he o tempo da Emer- são em Greenwich , temos a Lon- 4- 25". 20. 23 »í 4- tf. 5- 3 ■+- *f< .20' 'tf 4-° 59'' ■17' ',4 — 14. 29 >* 4- 44- 48 >2 4- 51- 23 ,7 DAS SciENCIAS DE L I S B O A. 17! Longitude da 1. .... 4.' 24.0 5-2'. Ç7",z Parallaxe em Long. .... -+. 27. 26 ,3 Longitude app. da C. ... Longitude app. da * ... Diffcrcnça Latitude da £. ; . . Parai laxe em Latitude . . . Latitude app. da £. ... Latitude app. da * ... Diferença . — 6'. 35",5" Por eiras differenças fe deduz a diftancia dos centros no tempo da Emersão 16'. 39" c o femi-diametro apparente he . . . . 16. 46 logo a differença he =r— 7" e o angulo de comparação —66°. 40'. 30", Com eftes elementos , e seguindo o methodo de Mr. Cagnoli , expofto no feu Tratado de Trigonometria §. 818 , fe acha o erro das Taboas cm Longitude — — 2",6 , e em Latitu- de =—32". O erro de longitude he bem pequeno , e bem mos- tra a prefeição das Taboas da Lua. O da latitude maior he ; mas fe attendermos á inflexão, provada por Mr. du Sejonr 7 e admittida por Mr. de la Lande , fera só de 19". Como a Emersão he duvidofa , repeti o calculo sup- pondo-a mais tarde meio minuto, e então dá o erro das Ta- boas cm Longitude— 7," e o da Latitude nullo , ou quafl nullo. E também o da longitude vem a fer nullo fe comparar- mos a longitude obfervada , com a que fe deduz do Connoif- Jtnce des Temps , que he menor que a do Almanak 7''. Tudo iito prova huma grande certeza nas Taboas da Lua ; mas para me certificar melhor , fiz também o calculo pelo Y ii me- 17a Memorias da Academia Real methodo dos ângulos paralafticos , que achei cm tulo con- corde com eíb ; c pelo de Mv.du Sejotir , na conformidade dos elementos, que Te leguem, que são os melm >s que ficao aci- ma , excepto o aplanamento da terra , que he pouco differente. Conjunção em Greenwich ás Longitude verdadeira da Lua na conjunção . Movimento horário em Longitude Movimento horário em Latit. para o Norte . Latit. verd. da Lua no tempo da conjunç. . Latit. app. da EJlrella no mesmo tempo Diferença das Latitudes. Paral/axe horizontal polar AJfcnçao recta, da EJlrella Declinação da mesma EJlrella Obliquidade da Ecliptica Semi-diametro horizontal da Lua . 8." 38'. 55" s 0 1 v . 4 . 25 . 5 • 3 • 37- i!,i 38,2 . 4. 59. 3o,N • 4- S1' 24 8. 6. 149 17. 23. 60'. 22'' • 4- 41 44- 37 27. $6 . . 16. 30,5" Por eftes elementos fe acha que , a conjunção verdadeira 8. 2'. 29 2. 4 da Lua deduzida da Immersao , foi ás . c a conjunção deduzida da Emersão ás . cuja differença he de 25-", e devia íer nulla , fe não houvefle erro na Latitude da Lua. Determinado pois eíte erro , acha- mos que elle he de — 19", 5: ,e que a conjunção, corre&a do defeito que elle caufava , he em Lishoaás. E como a differença dos meridianos he vem afer a conjunç. verd. cm Greenwich ás e como as Taboas a davão ás .... *9 . -+ ' 31- 42 8. 8. 39- 38. 1 55 vemos que o erro he só de 6" de tempo , aos quacs cor- — 6" rcfpondcm 37",7 na Longitude da Lua , e por tanto o er- ro das Taboas em Longitude he só de . . . — 3", 7 c em Latitude de — 19 ,f ambos fubtra&ivos , e pouco differentes dos que achamos acima. E X- das Sciencias de Lisboa 173 EXPOSIÇÃO. Das obfervaçoes Jjlronotnicas , feitas no anno pajfado de 1799 , e comparação da paffagem de Mercúrio com as Tábuas mais acreditadas do me/mo Planeta. Por Custodio Gomes de Villa s-B o a s. ES te anno foi muito pouco favorável para a Aftrono- Wd«èmi? mia ; porque foi muito chuvofo , nublado, e inconftante ; igoi." ' tanto aflim que desde 4 de Setembro até o prefente , quaíi fe não pôde fazer oblervação alguma ^ c por iflb fe perdeoo Eclipfe de Vénus de 24 de Novembro ás quatro horas da ma- nha , que era hum fenómeno íingular , ver fahir pouco a pouco pelo difeo efeuro da Lua fora o planeta mais bri- lhante , que tem o Ceo , cujos inftantes do principio e fim da Emersão fe podião notar com toda a certeza, ainda com mais fegurança do que os conta&os de Vénus e Mercúrio com o Sol , que Mr. de La Lande tanto exalta , pela certeza com que fe podem obfervar. Tudo ifto nos roubou o máo tempo , e as muitas e groíTas nuvens , que então encobrirão a Lua , c o planeta , o qual só pôde ser vifto dahi a mais de três quartos de hora, já diftante da Lua jo minutos , ou quafi hum gráo. O mefmo , ou quaíi o mefmo fuecedeo nos mezes de Janeiro , Fevereiro , e Março , e ainda nos outros feguintes. Por iflb não pude obfervar efte anno , fenao hum Eclipfe de Júpiter , cinco oceultações d'eftrellas , a paflagem de Mer- cúrio , e hum Eclipfe do fegundo fatellite de Júpiter. Ecl- 1 j' 7 • f4"- í. V. 13. II. f- dito 13- 13- 46. dito 13. 14. 24. dito 13. Í5". 1 1. dito '3- if« 20. dito 174 Memorias da Academia Real Eclipje de Júpiter. Aij de Janeiro , tendo o Relógio muito bem regulado , obfervei a Immcrsão do 2° satellite de Júpiter no Lim- bo efeuro da Lua as A Immers. do i.c fatel. dito ás . . O principio da Imm. de Jup. ás . . Immer. do centro eftimada ás . . Immersáo total do Planeta ás . . Immersáo do 3.0 fatellitc ás ... Não pude obfervar a Immersáo do 4.0 fatellite ; porque íuecedeo quando eftava a eferever as obfervaçõcs , que tinha feito. Também fenão pôde obfervar o fim do Eclipfe , ou as Emersões ; porque fuecedêrão no tempo do occafo da Lua. N. B. Ainda não comparei eftas obfervações com as Ta- boas novas de Júpiter ; mas faço conta de o fazer , em ten- do as corrcfpondentes , fe as alcançar antes de fe imprimir efta Memoria. Occitltaçoes de Ejlrellas. A i no claro ás . ii.h o'. 29" Emmersao da mefma no escuro ás 12. 11. 30. A Immersáo he duvidofa ; porque citava a Lua cheia , e a Emersão he boa; porque conheci que a eftrella era dupla, e a 2/ fahio 3." mais tarde. Por ella achei a diíFcrença dos meridianos daqui a Greenwich 31' 39" de tempo , como nós a fuppomos. À 21 d'Abril Immersao de ^ de Efcorpio ás 9." 13'. 36'' Emersão da mefma no efeuro ás . . . . 9 5-5-. 25" Duração. . . 33' $i". Pa/. . DAS SciENCTAS DE L I S 15 O A. IJ$ PaJjTetgem de Mercurhé A Paffagem de que tratamos he a quinta , na ordem das que fe tem obiervado no Nó defccndente j e como tal digna de grande attcnção. Segundo o annuncio de Mr. de La Lande ella devia co- meçar em Paris a 7 de Maio , quando foíTcm 6z Mas contemplando a inflexão ■$",<; , então differe 7",ia, que convertidos em tempo a razão do movimento horário geocêntrico 3'. 5f"rf , dão a Immersão mais tarde 1'. ji" de tempo , e o erro das Taboas em Longitude -+- 7". Ifto moftra grande exaftidão nas Taboas , que vem na Aflronomia de La Lande ; porém ainda são mais exaftas as que elle publicou depois no conhecimento dos tempos de 1798, as quaes dão a Longitude heliocêntrica de 5 7.' 16.* 26'. 3 2, ''5 , c por confeguinte a elongação . 14'. 44," r Ajuntando-lhe as aberrações e parallaxes . -4- 40,7 Temos a differença das longitudes apparentes. 15'. 24 ',8. Em das Sciencias de Lisboa. 177 Êm longitude geométrica duo mais 3", e por cónfequencia vem a for a latitude apparente de Mercúrio. 3' 4/61 Donde fe deduz a dillancia dos centros 15 42, $4 e como o lemidiam. do Sol corrccl. da inf. hc 15- 48, 31 vem a ser a diferença só , — ?> 47 que dao a Immersão 1'. 25'". antes delia acontecer , c o erro das Taboas — j",? somente. He digno de notar-fe , que humas Taboas dem 7". de mais , e outras y"^ de me- nos. O mesmo fuecede quaíi com as de Helley , e com as antigas de La Lande ; por que aquellas dão -+- 3'. yi'', e eftas dao — 3'. 5-4". As primeiras dão a Immersão 58'. 2'' depois delia ter paliado , c as fegundas , i.'1 2'. 8" antes de ter acontecido. Isto prova bem a imperfeição que havia nas Taboas de Mercúrio antes da oblervação da paílagem de 1787 y em que cilas anticipavão 3 quartos de hora , c agora antici- parião mais de huma hora , fe não fe tivefle atalhado o erro. As de Cajfmi anticipavão ç.h 40'. 41", ou quaíi 6 horas e davão mais de 20". de erro na longitude. A 15- de Maio obferveia Immersão de V de Virgo no Limbo eleuro da Lua ás 8.h j'. 7" tempo verdadeiro , e a Emersão no Limbo claro ás 9.h 20'. 34" dito. A Immersão foi inítantanea , e efte Eclipfe comparado com as Taboas deu hum muito pequeno erro. A 28 de Agofto havia hum Eclipfe do 2.0 fatcllite de Júpiter , daquelles cuja Immersão e Emersão são ambas vi- fiveis , e que não acontecem fenão de 11 em 11 annos ; po- rém só foi viíivel a Immersão , que obfervei ás 3.h 12'. 20'', e aílim devia fer , fegundo o calculo que fiz pelas Taboas de Mr. de Lambre , não obftante o Almanack Náutico annunciar também a Emersão para ás 16." 6.' 38'' em Greenwich , que vinha a fer em Lisboa ás ij." 30'. A 4 de Septcmbro obfervei a Emersão de e de — ás Tmt. III. Z 7* 173 MeM O FI AS D A Ac A DEM IA Re A L 7,h 31'* 57" no Limbo claro : duvidofa ; porque qu..nio vi a eftrclla já tinha fahido de traz da Lua. Além deitas fiz também afgumas obfervações meteoro- lógicas , de que darei conta em outra occaliao. OB- DAS SciENCÍA» DE LlSBOA. 17? OBSER V A Ç Õ E S Dos Eclipfes das Satellites de Júpiter , feitas em S. Paulo com hum Óculo acbromatico de 17 polegadas de joco. ■ (c* Atino de 1789. Por Bento Sakc «7 Junho Satel- lites. 1/ 4-° I.° i.» Tempo verdadeiro Hor. Min. Seg. 35 32 Im. o 54 54 Em, 6 20 8 Em. 11 10 IO 5 26 Em. 44 25 Im- 13 42 Em. 6 40 20 Em. 6 50 28 Em. 8 55 31 Em. 7 14 56 Em. 7 25 28 Em. 16 20 19 Im. 12 13 50 Im. Z ii HES DorTA. > I Ceo claro , o Planeta bem rer [>) minado , e as faixas bem )j) viliveis. *S O mesmo. k Ceo mui claro , com bastan- {? te crepúsculo. ff Ceo muito fereno , as faixas Jfr de Júpiter bem terminadas. 'f Ceo muito claro. Ceo mui fereno , as faixas do Planeta bem vifiveis. ff Ceo nuvuado em partes vento forte que fazia rre mer o Óculo. Ceo muito claro , Júpiter com c? as suas faixas bem termi-)) nado. jj) Ceo bem fereno ; porem a Lua k muito clara , e mui próxima {£ a Jup. , as faix. bem patent. ff Ceo muito claro , as faixas Ji) eo mesmo Júpiter bem ter- 5% minadas. k Ceo muito pouco claro , o ff Planeta mal terminado , as ff faixas mal se percebiáo. 'i) Ceo muito claro , Jup;ter com iv. as fuás faixas bem vifi- & vel. Ceo fereno , mas com hum }>) pequeno vapor. $) obíci- til i8o Memorias da Academia Real Obfervaçoes do anel de Saturno do tnefmo armo de 1789 e com o me/nio Óculo pequeno de 17 polegadas de foco TE n d o eftado a athmosfera fempre coberta de névoa no mez de Abril , não deixando ver Eftrellas nem Pla- netas, fuecedeu que na manha de 19 d*Abril ás 4 horas eu vi Saturno , e o obfervei até áu»ue no Barómetro. A Lua achava-fe no figno de X , tendo eftado Apogeu no dia ante- cedente. A das Sciencias ub Lisboa. 185: A menor ieeura da athmosfera foi de i° no dia 14 ás 6.'' da manhã, citando o Ceo carregado de dença névoa; vento NE ; calor 49° ; altura do Azougue -l<>" . id'\j ;e a Lua no figno de Y , tendo eftado no dia antecedente no Equinócio defeendente. A hora irais húmida foi a's 8 da manha , e a menor ás 2 da tarde. A máxima variação diurna fuecedeu no dia 10 , c foi de 8c°: a minima em o dia 4 de §'; cuja díflfcrença entre cites dous extremos he 72o. A variação media de todo o me'/, he de ^3U, 07. Eítas grandes variações moftrão bem fer a athmosfcra neite paiz fummamente variável pelo que pertence a humidade; fenómeno que pode ter por cauía immediata a vizinhança dos dous rios Themandatí , e Tietê , que correm jun- to deita Cidade, e fuítentão todo o anno vários pântanos. E/lado da athmosfera. Houve neite mez 14 dias variáveis , 7 de nuvens ef- palhadas , e 10 cobertos de todo fem appareccr o Sol ; 3 de relâmpagos Tem íe ouvirem trovões ; 7 de névoa mais ou menos efpcíTa ; 23 de chuva mais ou menos copiofa; c 10 de trovões algumas vezes diitantes. A quantidade d'agua , que choveu desde o dia 15- in- cluíive ate o dia 31 , chegeu na íua altura a 2" 3'" ^ . A quantidade de vaporação no melmo efpaço de tem- po foi 2". 8 '" i. A direção do vento obfervada 8 vezes cada dia foi . delta maneira: 14 vezes N; 29 NE; 45- NO; 43 S ; 80 SE ; 13 SO ; 1 7 L ; c 7 O. O Vento mais dominante foi SE , e depois NO , e S. Não vi meteoro algum mais , do que os já referidos no Diário. Tom. III. Aa OU- N O T A. \'i cafa do Hysrometro acha-fe em alguns números efte fignal — ; elle ijuer dizer (|uc deixou de fer húmido , e foi lecco aquella quanti- dade de grãos , que elia annunciada. i86 Memorias da Academia Real I OU TU B R O de 17Í 1 THERMOMETRO. Q BARÓMETRO. HYGROMETRO. 0 At *rt m" 0 ,« • 'Z 3 '£ 3 Vapor. 1 D . Chuva. (è do Manha. Tarde. >^ Minha. Tarde, í T= Manhã. Tarde. >^ ^ mez. 5 0 0 0 ./ ih 11 111 II' 0 0 0 i ■ 68, co 66,00 1 1 25. 10,15 25. 10,25 0,9 — 6 — ii,5 22 1 ■ 65,00 67.5° 7 • I0,í7 . 10,05 1. — 11 — 10,37 11 1 5 *«,33 73,25 V . 10,15 . 9,07 1.5 ',35 1,00 22 68,67 71.50 5 • 9,43 • 9,02 o,7 9,3? 8,5c 8 70,67 79.50 '3 . 8,90 . 8,12 1. 12,67 — 25,75 64 l7 i,8 54,co 20,5c 67 I 0 5 ! ,00 65,25 6 . 9,6a . V»'"' ',' 24,67 $6,25 54 0 3 <<; 17 64,83 66,50 4 • 9.Ci; . »,4C 0,V 36,0c 59.cc 9 0 3.5 i < lo 65.33 "".75 I 2 • 9,97 . 9,i~ 1,1 36.33 "9,25 40 2 0 Í-.6- 7«,25 8 • 8,91 . 10, IJ 1. 26,35 6,co 47 3.5 0 67,00 '6,25 5 . 10,70 . 10,65 0,9 '5,5» 12,5c 22 2 0 I « *l 65,67 70,75 1 1 . IO>6.7 . 9.2C 2 4,67 — M,!5 44 3 0 I i 2; 69,67 67,00 6 0 . 0,-15 . 8. is 1. 7,67 20, CO 17 0 6 63,33 Si,75 3 • 9,73 . 10,4 c 2,1 25,67 >7.co 20 3 0 ^5,co 63,00 5 . II, i- . 10.73 0,7 18,00 i5,co 14 2 0 65,00 65,00 6 • '0,5" . i,3 12,67 20,CO 24 0 5,5 1 5 18 2 0 1 6'. 55 60,00 6 . 10,07 . 10,00 «>3 — 5.S0 12,00 28 1 0 ! 58,67 64,25 18 . 10,60 . 10,02 1.1 3, CO — 6,75 5» i,5 0 ? 30 6t,5o 72,50 14 . 9*57 • 9,78 0.8 8,co — 15,75 39 2 0 (4 15 16 •7 18 «9 20 21 22 2? 24 iy 26 *7 28 29 J° Ventos. Manha. Var. Var. Var. Var. Var. Var. SE. i NO. S. N, S. SE. Var. NE. Var. Var. NO. Var. V..r. Var. L. Var. S. Var. Var. Var. Var. Var. Var. NE. NE, Tarde. S. SE. NE. NO. NO. NO. Var. SO. SE. Var. S. SE. SE. SE. NE. NO. Var. S. Var. SE. S. Var. SE. SE. SE. NO. SE. SE. SE. SE. S. 6J31 3 -1 ' X X Y tf H è Pontos Lunar»! ___ .__ I. Oitante. Luniltico Auftral. I. quart. , aos 27' da m. Apogeu. II. Oitante. Equinócio defcendente. Oppofi. , aos 40' da m. III. Oitante. Luniftico Boreal. II. quarto Perigeu ás i> 42' da manhã. IV. Oitante. Equinócio afcendcnte. Conj. , aos 28' da manh. EftjJo do Ceo. I » Variável , com Tua névoa pela manhã. ih Variável ; pela manhã nev. ue n. relamp. c chuva. ) Coberto e chuva. Variável ; de noite trovões , e chuva. Coberto , e chuva. O mesmo. Nuvens. Nuvens ; de manha névoa. V.iriavel ; de tarde chuva , de noite trovões. Coberto. Coberto , e chuva. Nuv. ;pe!a manhã nev. , de n. trovada , e chuva. V r. , pela manhã nev. , junto da noite orvalho. Coberto ; de tarde trovoada e chuva. Nuvens ; de noite relamprgos. Coberto ; de tatde trovões , e chuva. Variável ; de manhã chuva. Vanavel. Variável ; de noite trovões e chuva. O mesmo com feu Arco-Iris ordinário. Variável j pela manhã algum orvalho. Variável. Variável , de noire orvalho. Nuvens , de noite relâmpagos. Variável ; de tarde trovões e chuva. Memorias da Academia Real DIÁRIO Phyficoinetcorologico do mez de Novembro do anuo de 1788. da Cidade de S. Paulo na America Meridional e Oriental. Por Bento Sanches Dorta. RESUMO. Barómetro. A Maior elevação a que chegou o azougue foi 16". o'", 3 no dia 7 ás 10.* da manhã : eftando o Ceo claro , c aflbprando vento L. : o Thermomctro moftrava 110 mcfmo tempo 65-.° de calor: a Lua eftava em o figno de X. A menor elevação foi de 25". j'",! : no dia 2 , ás 4#h da tarde : achava-fe o Ceo nuvuado : corria o vento de SE : o Thermometro annunciava 70o : a Lua eftava no fígno de 'Â> : nefta noite chuveu.. A diiferença deites extremos he de 6"', 1. A altura media de todo o mez refultante de 240 ob- fervações he de 25". 9 '. Succederão as maiores elevações ás io.h da moinha , e ás io.h da noite; as mínimas ás 2.h , e 4.1' da tarde. A máxima variação diurna roi em o dia 4 de 2'" : 3 minima no dia 23 de o'", 5 : a diiferença entre citas variações he 1'", ;. A variação media de todo o mez he de 1"', 14. Thermometro de Fahrenheit. O máximo calor , que cfte Inftrumento annunciou , foi de 81o no dia 28 ás 4." da tarde : o Ceo eftava iemeado de nuvens : o vento vinha do S. Achava-fe o Barómetro na al- tura de 25 ". 8"', 2 : e a Lua no figno de ** . O das Sciencias ue Lisboa. i$? O mínimo calor foi de 4.6a- no dia 5" ás, 6.h da manha : o Cco nuvuado , c o venta NO : o Barómetro, citava na. altura de $''. 9'" , 6 : a Lua no JIgno de ~ . A diffcrença entre o máximo e mínimo calor hc de 35.0 O calor médio de todo o mez pela addiçÃo de 140 ob- íerv:>çòes toi de úy", 58: Teve mgar o maior calor ás 2.h da tarde, c o mentir ás 6." da manha. O calor médio da manhã foi a 3. 4. 6. 7. 8. 9. 10. 11. e 23.; 2 de Arco Iriz , a 18. e 19; 1 de laraiva , a 11. A quantidade de agua , que chuveu todo o mez , chegou a altura de 8 ". 7"'. A quantidade de vaporação no mefmo tempo foi de 4" 2'", 75-. Excedeu a chuva á vaporação 4". 4"',aç. A direcção dos ventos obfervada 8 vezes cada dia foi defta maneira N. 20 vezes ; NE 2 6 ; NO 63 ;S. 16 , SE 56 ; SO. 15* ; L. 23 ; O. 13. Os ventos que mais reinarão forão NO e SE. NO- DAS SciENCIAS DE I S B O A. IO] NOVEMBRO de 1788. li i THERMOMETRO. „ Diis % do % mtz. 1 2 3 4 5 6 M-inlu S> 10 11 12 •5 '4 »5 16 •7 18 «9 20 21 22 J? 24 25 « 26 2-7 28 *9 30 68,? 5 68,67 64,00 65>33 56,67 60,50 59,00 60,53 6,»3J 64>53 64,?J 70, CO f'9,5? 70,33 72,33 66,50 66,67 69,8} 72,3 3 68,33 65,00 66,00 68,00 64,00 67,? 5 66,co 68,67 69,00 69,67 71,00 Tarde. 69<*5 67,75 69,25 68,co 69,50 70,00 68,00 7©>7S 72,75 7', 37 75>»5 76,25 70,25 75,25 74,50 68,5o 70,50 73,oo 73,25 6 3, "5 6í>75 70,00 64,00 68,25 69,00 68,25 70,50 78,25 76,62 75,75 .2 t. 1 4 P 9 27 20 20 22 20 16 22 12 10 9 4 6 5 6 5 10 8 10 3 4 4 "7 15 BARÓMETRO. M.inhí Tarde. 8,67 6,7c 7.4C 8,5c IO, 2C io,cc ",93 11,70 ",03 11,15 '0,20 9,63 9,57 9,47 8,80 8c8 8,5c 8,33 8,23 8,97 9,4C 8,90 9,3° 9,30 7,97 8,50 8,25 8,73 9,23 8,65 25 m 7,77 29,53 0,33 5 22 22, 2 : >?5 9,33 - 6,67 17,^7 33,33 33:33 28,67 32,^3 3 3:67 38 39,33 5C-J3 40,35 55,}3 49 42 '5,2$ 3', 67 Tarde 32,75 27,75 '5 5 1 1 10 J/5 If^^^^^^r^ 17,25 — 7.50 — 5j75 — 7 — 14,25 — 7>50 58 — '7>75 — 5,~5 38,50 35,25 '7,25 48 42,75 29,25 56 5',5C 55-25 55-50 42,-^" — 2C,50 — '9 — 25 9,5 9 5 56 92 Co 49 34 63 74 65 66 49 6í 48 '3 50 '7 12 23 28 .8 21 '5 9 22 6 '5 83 56 40 Cliuv 8 3 o o o o o o o o 2 o 3 o 6 1 1 7 5 6 10 1 o 2,50 o 10 2,50 o o 3 7 ih o o 4 3>5 4 3 3,25 4 3>50 3 2 4 O 4,5 o o o o o o o 2 o 2 O O I, l » -^í^^1^ -.-•- ^tf^^-?1*^ 5,00 1 5.50 £ o ?? g A" O- Ip2 Memorias da Academia Real í^**-- NOVEMBRO de 1788. 1 Dia do mez. 5 4 5 ^ 6 l l \ 9 ■ 25 24 25 16 ii 28 29 3° Ventos. Manhã. Var. NO NE. Var. Var. Var. Var. Var. L. L. Var. Var. SE. Var. NE. Var. L. SO. Var. Var. N. Var. Tardi Var. SE. NO. SE. SE. SE. SE. S E. S. SE. Var. SE. SO. NE. 0. NO. NO. NO. NO. NO Var Var NO. NO. Var SE. SE. L. SE. S. SE. O. SE. N. s. N. NO. X Y V H ! 'H* Pontos Lunares. I. Oit. Luniftico Auftral I. quarto ás 52' da noite Apogeu. Equin. descend. II. Oit Oppofiçáo ás 2> 38' da tarde. Luniftico Boreal. III. Oitante. Perigeu. II. quarto, ás I0.h 17' da manhã. Equinócio ascendente. IV. Oitante. Conjunç. ás 5 " to' da t. Luniftico Auftr.il. Eftado do Cco. Coberto , e chuva. Nuvens , e chuva. Nuvens, pela manhã névoa. Variável ; de manhã névoa. Claro. Claro ; pela manhã névoa. O mefmo. Claro. Claro, e névoa de manha. O mefmo. Variável ; de tarde trovões , Nuvens ; de tarde trovoada. Variável ; de tarde trovões , I chuva 1 e faraiva. e chuva. Nuvens ; e tudo o mais do dia precedente. Variável ; e o mefmo que no precedente dia Coberto , e chuva. yai 1 .- e 1 , e chuva. Variável , trovões e chuva. Hum Arco-Iris de tarde O mefmo. Dois Arcos-Iris concêntricos de tarde. Cobeno , e chuva. O mefmo. Nuvens. Coberto; pela manhã névoa, de tarde chuva. Coberto. Coberto , e chuva. O mefmo. Variável com feu orvalho de manhã. Nuvens ; de noite rcl.inipi^os. Nuvens ; de noite trovões c chuva. Variável ; trovoada e chuva. 1 ft^^lsF^^1^^^ ^^^^^^^^^^^^^^«h-^^í?:^^^;! Dl- das Sciencias de Lisboa. 1^3 DIÁRIO Phyftco-metarologico do mez de Dezembro do anno de 1788. da Cidade de S. Paulo na America Meridional e Oriental. Por Bento Sanches D o r t a. RESUMO. Barómetro. AM a 1 o r altura , a que chegou o azougue , foi aç". io''',? no dia 26 ás 1o.'1 da noite, ellando o Ceo coberto, e aflbprando SE : o Thermometro moftrava no mefmo tem- po 71.0 de calor: a Lua eftava no llgno de %,. A menor altura foi de 2y". 6 "', 5: no dia 7 ás 4." da tarde : achava-fe o Ceo cheio de nuvens : corria o vento NO : o Thermometro moftrava 78. ° : a Lua eftava no ligno de Y, e em o Equinócio defeendente. A differença entra eftes pon- tos he de 4"', 4. A altura media de todo o mez , refultante de 248 ob- fervações , ou 8 cada dia , he 25". 8'", 69. A altura media da manha 25"". 8", 76 ; a do meio dia 25". 8'", 64 ; e a da tarde 25". 8'", 68. As maiores alturas fuecederão ás io.hda manha, e io" da noite: as menores fempre ás 4.h da tarde. A maior variação diurna teve lugar nos dias 23 e 28 , foi de 1"', 8 : a minima no dia 8 , de o'", 4 : a differença entre eftas variações he 1'", 4. A variação media de todo o mez i"} 11 Thermometro de Fahrenheite. Efte Inftrumento annunciou o maior calor de 78o nos dias 4. 7. 10. 24. e 28. Tem. III. Bb O i , foi de 65" : e a minima no dia 8 , de 5 : a differença he de 60o. Variação media de todo o mez. 23 o, 71. Eftado da athmosfera. Nefte mez houve 1 6 dias variáveis deftribuidos por efta ordem: 1. 4. 5-. 10. 12. 16. 17. 18. 20. 21. 22. 23. 24. 25". 27. e 28 ; 9 cobertos, a faber a. 3. 11. 13. ij. 26. 29. 30., e 3 1 ; 6 de nuvens que forão 6. 7. 8. 9. 14. até 19 ;6 de relâmpagos , que forão 1. 11. 23. 24. 30. e 31 ; 17 de trovoada , a saber 1. 3. 7. 8. 10. 13. ij. 19. até zy. 27- DAS SciENCIAS DB LlSBUA. I^f 27. ate 29. c 3 1 ; 26 de chuva, ai. 2.3. 4. 7. í. 10. até 22. c 2>. até 31 j 6 de névoa ;a 7. 13. 20. 21. 2J. e 27 ; 2 de Arco-Iris, a 9. e 17; 1 de coroa na Lua a 9. A quantidade de agua, que choveu em todo efte mez, chegou a altura de 7". j"' , 27 : A quantidade de vaporaçao no mefmo tempo foi de 3". 2''', 5-0. Excedeu a chuva á vaporaçao na quantia de 4". *"\7S- S-'Í— -, A direcção dos ventos obfervada 8 vezes por dia des- tribuida deite modo: N. 8 vezes; NE. 26 ; NO. 100 ; S. 15 ; SE. 72 ; SO. 2 ; L. 1? ; O. 10. Os ventos reinantes foráo NO , e SE. como quifi fempre aqui fuecede. Bh ii J) E- ioó" Memorias da Academia Real « fc^i^^VJ3^^1*^^^^^^^^^^^1^^^^^ í^rí^u ^v^^^ ^.Ptíri^ :fcd?t^:^ ^*l::í=fc:? 4=^N :^^^Uz /^=^^ Srí^íRis^Síá ^^.cj^:^; DEZEMBRO de 1788. I I THERMOMETRO. I JAROMETRO. HVGROMETRO.. 1. IV >ca ca 0 . 1 0 . o* C Chuva. Vapc P 1 »Ã Dias C = £ 2 ■s 3 ir > do Manhã. Tarde. Êf I Vlanhá. Tarde. Manha. Tarde. &? mez. » i 0 7^,67 0 75»*5 0 1 5 25 • 8,6, ^í- 7,92 m 1 28^67 0 ' «1,75 0 15 Ih 0 3 ff )) 2 7«,35 72,75 5 • Z'5'7 . 8,08 0,9 22,35 25,75 8 3 0 >) 3 7 ;, co 74,50 4 . 8,1c . 7,62 0,9 26. 20. 11 3 0 § 4 71,00 76,25 9 . 8,20 • 8,52 ',3 25,35 10,25 26 1 0 fr 5 68,17 70,75 7 • 9,53 • 9,27 0,5 28. — 18. 65 0 2 1 6 64,67 7i,75 '5 • 8,yl . 8,22 0,6 - 2,33 — 4,50 <;i 0 3 7 69,00 75,00 U • 7-8c . 7,20 i,6 33'33 4,50 J6 i,5 2,5 » 8 72,67 7},0o 2 . 7,80 • 7>78 0,4 20,67 24. 5 4 0 9 72,00 75,00 5 . 8,70 • 7,65 1,4 23- 3,50 28 0 4 IO 72,00 76,00 8 . 8,70 7,87 •>7 J6,35 5,*5 24 4 0 li 7°,53 67,50 7 • 8,75 8,57 0,9 18. 4i,50 44 8 0 2> 12 66,67 6$^í 7 . 8,87 8,90 0,8 41. 38,50 9 0 2 > '3 63.67 65,00 4 9,67 9,68 0,8 44,33 59,75 28 1 O '4 66,co 72,00 IO 10, CO 9,25 1,2 54,33 3 ',50 32 0 2 «5 68, co 70,00 4 9,57 8,82 0,9 40,5? 45- 14 0,5 0 & ió 6<>, 5 3 75,50 7 8,0c 7,12 ',4 45,35 55,75 16 2,5 O jj) i- 71,00 72,75 5 7,03 6,92 0,8 45 55 '7 6 0 í 18 70,33 70,25 4 8,40 8,47 ■>3 36,53 34,25 12 5,5 0 y 19 69,00 71,75 12 8,77 8,05 1,4 30,53 21. 35 0 4 ?/ 20 65,67 74,«2 17 8,67 8,50 0,9 28. 0,25 53 2 0 !>> ZI 69,33 73>25 9 p,co 8,97 0,7 30,35 24,50 16 2 0 & 22 70,00 70,50 5 8,8c 8,50 1,1 30.33 29,25 15 8,5 0 '}) 25 68,53 75,0c 10 8,40 7,32 1,8 3'- 20,75 '5 0 3 r 24 70,67 75,50 IO 8,17 8,10 ',4 21,67 — 9,75 60 0 5 l 25 71,67 72,75 6 9,57 9,47 »,4 24,55 22,50 8 8,25 0 16 68,35 71,00 10 10,40 10,25 1,1 24,3? J4.7S 23 0,5 2 27 70,00 72,75 9 10,47 9,40 1,6 28,35 2 5, 50 18 0,5 3 28 7Mí 75,75 7 9,65 8,40 1,8 26,67 I6,!5 1 20 4 0 *9 73,i7 72,25 4 8,57 8,37 0,5 24,67 27,50 1 '3 3 0 5° 7«,50 74,57 6 8,25 7,92 0,9 r,35 '9,50 ! •4 3>25 0 $ 5" 72,00 74,50 6 8,77 8,27 ',5 25- 25,50 7 2 0 DAS CIÊNCIAS DE I S B O A. 197 -^is^^^^V^^i DEZEMBRO de 1788. » » > bre , ou Mr. Paul Gera a commencé à 1'obfcrver dans la conftelíation du Serpent , jusqu'au 29 Novcmbre elle a parcouru ^ç degrés dans le tens de 1'equateur, et^au nord , eu traverfint fuc- celUvement les conltellations d'Hercitle et de la Lyre. Ccs obfervations ont été faites à 1'Obfervatoire de la Marine avec un Théodolite commun , en obf.rvant la hauteur de la Comete et fa différence d'azimuth avec une étoile au même inftant : malgré le peu de prccifioii que l'on pouvait efperer de ces obfervations , 1'orbite parapolique , que j'en ai conclu , offie un accord affez fatisfaifant entre le caleul et i'obfcrvation. Je raporte d'abord les EMémens approchés , que jVivais determines au commencement de 1'apparition d'aprcs les ob- fervations du 12 , 18 , et 24 Oftobre , et qui fé trouvent dans le journal de l'Ob ferva toire du móis de Novembre. Longitude du Noeud afeendane ----.. z66.° 56'. 5-5". Longitude du Pénhelie --.-----. 27o.0 18'. $5". Inclmaifon ----- - 6ya 25'. iy''. Diftance pcrihelie -.--------- 0,645438 Pafíage au Périhelie - - - 18 Septcmbte i3-h ]<)'. Tem» moyen au Heridien de Pari«t Scns du mouvement ---.-...-- Direít. ayaut DAS SciENCIAS DE LlSBOA. I(JO Ayant cu depuis connoiflance ; dcs obfervations du móis de Novembre , je fuis parti dcs Elémcns précédens pour en conclure les fuivans au moycn dcs obfervations du 7 Oft. 1." et 24 Novembre. Longitude du Noeud ascendanc ------ 166.0 32,,' 4/' Longitude du Périhelie ----.---- 271. ° 6.' j2.'' Inclinaison 63. ° 11." 18." Diftance périhelie ----------- 0,648769 PafTage au périhelie - - 18 Septembre 20.h 55/ 32." Tems moyen au Meridien de Paris. Sens du mouuement ---------- Diredr. Si d'aprcs ecs Elémens , on calcule les lieux géocen- triques de la Comete aux temps rapportés dans la premiere tablc ci-jointe , on trovera dans la feconde les différences entre les Obfervations et la Théorie. Obfer- 200 Memorias da Academia Real Observa tions de la Comete de 187. d Lisbonne. Ascemion Aroite. 230.' 0.' 21." *?« 3 0 233 7 •43 2J4 6 55 235 6 20 236 8 22 M7 5 39 M» 4 46 239 3 20 240 2 20 241 ■ 20 242 0 20 242 55 2 24? 54 54 14? 56 35 246 53 6 247 5i 27 2JI 45 24 2J2 45 12 25) 45 IO 254 46 30 25? 45 50 256 50 36 257 48 35 258 50 56 259 51 22 262 58 25 264 7 IO 264 59 25 166 9 45 161 !2 2 268 12 58 269 22 0 274 49 45 27* 58 7 278 12 45 279 21 35 28c 0 9 Declinaison Boreale. 8.° 16/ 9 10 10 1 1 12 '3 14 '5 «5 16 17 18 19 «9 21 21 22 25 25 26 27 27 28 29 29 30 31 32 52 33 33 34 34 37 \l 38 40 55 49 58 24 >9 8 55 43 29 16 2 46 16 56 'I 18 57 35 IZ 49 26 o 36 IO 49 22 51 22 5« 21 50 3 28 '7 40 26 2C. 40 20 o 35 30 14 45 20 10 35 35 3° 50 50 5 35 50 40 3° 5 45 10 45 3° 5 50 o 20 40 55 57 10 20 6 '3 40 37 2> 5) Lcs Obfervations marquées d une afterique paraiflent douteufer. Com DAS SciENCIASDE LlSIiOA. 201 c I Comparaison de la Thcorie avcc les Observa tions. s > 1 ) ) 7Vwí moycii 1 Longítndc 1 Longitude £5 ruir cn Latitude Latitude j Eneur en t /» fTiríf. obfervee. (àicuh f\ Longit. obf.rii.L-. calculei. Latitude, J! ; j 0 / // 0 / /; 1 n 0 1 11 0 1 o , í Oflobtc. . 7,29922 8,29514 10,29985 "5 5 33 225 5 51 -t- 0 2 25 42 38 25 42 38 0 oíi> 225 54 40 2 27 35 28 225 54 12 -+- ç 26 52 19 29 6 54 16 51 16 29 6 29 + ' 3» 227 52 42 -4- 2 4; tVãí +.°>8! 11,29314 228 22 50 228 21 55 -\- 1 3 30 14 '9 30 12 1 12,29^9 229 12 38 229 11 4> -h 0 4<„ 51 17 56 31 16 58 13,2926^ 250 6 53 - . . - - >2 '7 57 . . . I4,291C5 23O 53 48 250 52 56 -+- 0 52 $3 25 17 33 25 53 -+■ 1 24 '?) »5,: 251 45 5 231 44 14 -t- 0 4>s 17,28206 253 5o \% 253 28 47' -+- l 28 36 27 58 36 26 51 -+- « 71 -+- 0 31 j 18,29065 234 24 28 234 22 42 -+- 1 46 ip 16 23 37 25 52 19,29347 235 19 11 255 17 25 -+- 1 46 38 Mf 36 38 24 27 -Hl 9 r 20,28478 256 9 5? 236 12 18 — 2 23 39 22 28 59 21 8 + no1 21.27965 257 8 4 257 8 21 — 0 17 40 18 43 40 17 5 -1- 1 38 1 *3>5393l .*39 8 55 2J9 7 à,(r + 1 11 42 II' 59 42 9 56 -+- 2 51 24,5 '340 240 7 8 240 5 7 .+ 2 I 43 « 55 43 « 5i — 0 16 1 25,29600 2411 7 27 24I 5 56 -+- I 31 45 54 37 43 53 25 + 1 H 29,28,984 245 22 5 245 23 25 — . I 22 4-í 13 41 47 13 13 -+- 0 28' 30,29-297 246 30 22 246 51 55 — 1 33 48 1 35 48 0.59 -+- 0 56 ( -+- 0 47 { 0 0 , » 31,28501 247 40 2 1 247 41 16 248 53 25 — 0 55 48 48 4 48 47 «7 Novembre. . 1,29205 248 53 35 + 0 IO 49 33 «5 49 55 '5 > '2,29329 250 5 7 250 6 55 — I 48 50 18 45 50 17 57 + 048! 1) 1 5,54472 251 25 43 ' 251 26 5 — O 2 2 5« 3 '5 5' 5 47 — 0 52 1 ) 1 4,279Ç6 252 38 39 252 38 14 -1- 0 25 5« 44 37 5< 45 55 -Hl 2 [ 5,29206 255 58 46 255 58 «5 + 0 31 52 27 10 51 25 58 -+■ 1 32 | 6,50213 255 18 1 255 20 9 — 2 8 53 6 50 55 6 l'J -+- 0 21 , 1 9,5":3 259 32 46 259 ;6 29 — 5 4? 55 2 21 5$ « 24 -r-o 57 í 10,365^ :6i 10 25 261 10 49 — c 24 55 39 ° 55 59 9 -0 s»Jh 1 1,28640 262 25 16 . . . - - 56 11 14 . - - ' ■ í 12,32365 '264 8 56 264 12 26 — 3 50 56 45 47 56 45 42 + 0 5 -4- 0 20 ?> 15,29322 265 41 33 265 45 26 — 3 53 57 '7 «2 57 «6 52 •4,29757 267 21 37 267 25 54 — 2 «7 57 48 49 57 47 51 + 058J n 15,29726 269 0 25 269 4 7 — 5 42 58 17 50 58 17 21 ■+- 0 29 ss ,< 20,28006 277 48 37 . . . ■ 60 25 16 ... 21,27881 279 42 50 279 45 Ç> — 3 » 60 43 49 60 44 52 — 0 43 l 23,27878 283 31 34 2g3 34 37 1 — 3 3 61 21 53 61 21 55 — 0 íS 24,27065 285 29 51 285 50 12 1 — 0 21 61 38 16 61 38 9 + ° 7% ». ^ .—o. ^*tv r-^. ^ 29,28108 295 20 6 " " \| ""' 62 35 32 Tom. ///. ^F&^r^^. Ce ""%■/■ ^^^^^^^ -r 202 Memokias da Academia Real ENSAIO Sobre o Cinchonino , e sobre sua influencia na virtude da quina , e d* outras cascas. Por Bernardino António Gomes. CAPITULO I. Historia dos conhecimentos , que até agora havia , do Cinchonino. O Cinchonino he hum novo principio vegetal desço- berto pela primeira vez na quina ou casca da espé- cie officinal do Género Cinchona , donde lhe pro- veio o nome. Deve-se de alguma sorte ao Doutor Maton o seu descobrimento, porque foi o primeiro que notou, que as dissoluções de quina faziao precipitado com o tannino. Depois Mr. Seguin , havendo achado a característica do tannino , a qual consiste em fazer certo precipitado com gelatina , concluio da experiência do Doutor Maton , que a quina continha gelatina ; enganou-se porém nesta conclu- são , o que foi mostrado claramente pelo Doutor Duncan filho (Nicbolson's Journal v. 6. p. 225). Com effeito por huma bem fácil e clara experiência pôde ver-se , que o precipitado das dissoluções de quina , occasionado pelo tan- nino , he devido a hum principio não só diverso da gelatina , mas de todos os outros até açora conhecidos. Tome-se huma porção de tintura de quina Peruviana ; a- junte-se-lbe bastante agoa , e pouco depois coe- se ; depois da coadura misture-se-lhe infusão de galhas ; haverá então hum precipitado , que se redissolve inteiramente pelo álcool. Attenta esta experiência he manifesto , que o princi- pio da quina , que he precipitado pela infusão de galhas ou das Sctencias de Lisboa. 203 ou tannino , hc mui diverso da gelatina e do amido , por- que o precipitado , que estes dous princípios íj/.cm com aquelle reagente , são indissolúveis no álcool. O Doutor Duncan , a pezar de haver leito desta sor- te a notável descoberta do cinchonino , parece não ter ja- mais conseguido separalio inteiramente dos outros principios da quina , pois além de não indicar , nem na Carta a Mr. Nicholson , em que expoz a sua descoberta , nem nos Atinais of Medicine for the years 1803-4 , em que escreveo sobre o mesmo assumpto , nem na terceira edição da sua excellente obra The Edinbtirgb New Dispensatory , o modo de o estremar ; quando nesta ultima obra menciona as pro- priedades do cinchonino diz que são » não ser acre , ser so- » luvel no álcool e na agoa , e fazer com infusão de ga- » lhas hum precipitado , que se dissolve em álcool » . Ora d'cstas propriedades a primeira » não ser acre » sendo ne- gativa , indica que não pôde estremallo , alias , tomando-lhe o gosto , dar-nos-hia em lugar d'esta propriedade neg.itiva outra positiva. Pela mesma razão lhe attribue a dissolubili- dade em agoa , da qual não goza , quanto a mim , senão por intervenção d'outro principio. O estado politico da Europa não me tem permittido vêr a Memoria em que Mr. Vauquelin expoz as suas expe- riências sobre as diversas expecies de Cinchona ou quina ; julgando porém pelo extracto que vem no Medicai and Chintr- gical Review v. ij. p. xn. e seguintes, creio que este habi- lissimo e mui celebre Chimico também não chegou a ob- ter o cinchonino estreme , porque lhe attribue qualidades , que segundo collijo das minhas experiências , lhe não com- petem. » O principio que precipita a infusão de casca de js carvalho e a de galhas , diz Mr. Vauquelin ( L. c. p. » xiii. ) , he de côr fusca , amargo, menos solúvel na agoa « que no álcool , e precipita o tártaro emético , mas não j» a colla » . Adiante se verá que estas qualidades não per- tencem ao cinchonino estreme , mas sim á sua amalgamação com outros principios vegetaes. Ce ii Não 204 Memorias da Academia Real Não hc sem alguma desconfiança , que me vejo dis- sentir das opiniões do Doutor Duncan e de Mr. Vauquelin, porque os nomes celebres destes dous sábios infundem-me hum grande respeito pelos seus trabalhos e opiniões ; toda- via não deixarei de dizer com ingenuidade e franqueza o que achei , c o que julguei differente do que elles pen- sarão. Antes porém de passar avante devo confessar cm hon- ra e gloria do Doutor Duncan, que se no que vou expor, avancei alguma cousa no conhecimento do cinchonino , de- ve-se isto ás lacónicas noções deste principio , que elle deo , e que acima mencionei , particularmente á da sua caracte- rística , que consiste em fazer com infusão de galhas hum precipitado , que se redissolve pelo álcool , característica , que me sérvio de bússola na investigação de suas proprie- dades. CAPITULO II. Da extracção do Cinchonino. OBservando , que a tintura de quina , não sendo pri- meiramente precipitada pela agoa , se se precipita pe- la infusão de galhas , dá hum precipitado , que se não dis- solve completamente pelo álcool; notando além disto, que o precipitado da tintura de quina pela agoa se dissolve pela potassa ; assentei que este precipitado não era resina , e que podia bem ser extractivo , o qual tem a propriedade de perder mais e mais de sua dissolubilidade á proporção que se oxygéna, e a de se dissolver na agoa por meio da potas- sa , ainda quando está oxygenado. Notando também , que a potassa fazia na dissolução aquosa do extracto alcoólico de quina hum precipitado branco , que se redissolvia pelo ál- cool , e que manifestava outras propriedades do cinchoni- no , assentei que este se poderia obter oxygcnando e tor- nando indissolúvel a maior parte do extractivo da quina que o acompanha na tintura ou dissolução alcoólica , ser pa- DAS SciENCrAS DE Li SB' O A.' lOJ parando pela agoa o que era c o que se fez indissolúvel , oxygenandò mais o resto , e sé'parando-o depois do ciucho- v.1,10 por meio da potassa. Eu não perter.do defender a exa- ctidão desta theoria , quero somente indicar õ que me su- gerio o processo seguinte para obter o cinchonino. Tome- se tintura de quina Peruviana , e evapore-se até se obter o extracto • ajunte-se a este , mecbendo-o com espátula de vidro , diversas e suecessivas porções d* agoa dist ilíada , e coan- se suecessivamente até que a agoa passe quasi sem cêr , e sem sa- bor. Evapore-se todo o liquido filtrado até se obter o extracto ; ajwitem-se a este suecessivas porções de dissolução aquosa bem saturada de potarsa , e coem-se suecessivamente pelo me amo fil- tro até que a lexivia passe sem cor , ou até que fique branco o resíduo , que resta no filtro : lave -se este resíduo no mesmo filtro com hurna pequena porção d'ag'oa fria , e deixe-se seccar. Por este processo resta no filtro huma substancia , bran- ca quando mais pura , e pallida , ou avermelhada quando me- nos pura. Quando branca , he pulverolenta e desapega-se facilmente do filtro. He amarga , inflammavel , pouco dis- soluvcl na agoa , dissoluvej mui bem , quando branca e recentemente extrahida , cm ether sulfúrico , álcool , ácidos sulfúrico , nitrico , muriatico diluídos , acido acetoso , oxa- lico , citrico, malico?, não no tartaroso ? (*) Destas dis- soluções , que se fazem sem eífervescencia , precipita-se pe- la infusão de galhas , e o precipitado he branco e redis- soluvel pelo álcool, > . . Esta substancia he por consequência o cinchonino do Doutor Duru an , mas , ainda quando branco , não he bem pu- ro , porque fica sempre mais ou menos contaminado com hu- ma matéria corante , com pcllos do filtro , e , não obstante a lavagem , com alguma potassa. V-* A- ( * ) F.u ponho em duvida a dissolubilidade no acido malico , e a in- dissolubilidade no urt.uoso porque me era suspeita a pureza dos ácidos , de cjue usei. 2o6 Memorias da Academia Real CAPITULO III. Processo para purificar o Cinchonino. Ara refinar ou purificar o cinebonino procede-se da ma- neira seguinte : Dissolve-se o cinchonino impuro ( cap. r. ) em álcool do me Ibor , coa-se , e ajunta-se d dissolução outra tanta agoa distil- lada ; deixa-sc esta mistura em vaso apenas coberto com pa- pel , até sendo perceber o cheiro do álcool ; coa-se então , e dei- xa-se seccar no filtro o resíduo , que são finíssimos , e mui pe- quenos cristaes brancos filiformes. CAPITULO IV. Variedades que se observão nesta purificação. O Resultado do processo precedente varia hum pouco segundo a qualidade da quina , de que se extrahio o cinebonino. Quando a dissolução alcoólica (cap. 3.) he do cinchnino da quina vermelha , ou de outras quinas Peru- vianas não grossas , ajuntando-sc-lhe a agoa , fica a mistu- ra hialina , e he só passado algum tempo que come- çao a vêr-se fluetuar no liquido e a precipitar-se os cristaes filiformes, que se multiplicão, e avultão á proporção que o álcool se volatiliza ; ao mesmo tempo fazem-sc nas paredes do vaso encrustaçóes tuberculosas , de apparencia cristalina em quanto húmidas , mas opacas , coradas mais ou menos , e sem brilho quando seccas. Se a dissolução alcoólica (cap. 3.) he do cinchonino das quinas grossas ou calissayas de Lima e de Sant.i Fé , logo que se lhe ajunta a agoa , fica o liquido opaco e lactescente, e cm lugar de cristaes vem nadar na superfí- cie do liquido huma subtancia resinosa , loira , em forma de gottas d'oleo, mas concretas, e as paredes do vaso co- brem- a y DAS SciENCIAS DE LlSROA. 2 0/ brcm-sc de encrustações como no precedente caso. Em fim quando a dissolução alcoólica (cap. 3.) he de cinebonino da quina chamada de Huanuco , a qual se distin- gue por mais ou menos tubérculos , ou verrugas na su- perfície externa , não só apparecem cristaes copiosos de cor argentina , mas as encrustações são em grande parte com- postas dos mesmos cristaes , e mui brancas ou argentinas. CAPITULO V. Exame dos cristaes filiformes. 1 |j' Stes finíssimos, e pequeníssimos cristaes filiformes, M-À esfregados entre os dedos desfazem-se em pó bran- co subtilissimo , e resinoso ao tacto , ou tal como se se esfregasse entre os dedos pó de colofónia. 2, São insípidos e inodoros , mas parece que se dissol- vem na saliva. 3 Expostos á chama de huma luz por meio de huma espátula de vidro , diminuem de volume , exhalão fumo com algum cheiro particular não desagradável , derretem-se to- mando cor acastanhada , e ardem com chama clara e branca. 4 São indissolúveis em agoa seja fria ou quente , por- que esta agitada com elles , e coada não faz precipitado com infusão de galhas. 5- Misturados com infusão fria aquosa de casca da Cincbona pttbescens do Brasil ( a qual não faz precipitado com infu- são de galhas , mas turva-se com dissolução de colla , e faz- se fusca avcixloengada com dissolução de sulfato de ferro ) tornão o liquido turvo , e como gelatinoso ; este porém coado faz com infusão de galhas hum precipitado redisso- luvel pelo álcool. 6 Dissolvcm-se no álcool , no ether sulfúrico , nos áci- dos sulfúrico , nitrico , muriatico diluídos , no acetoso , no oxalico , no citrico , no galhico ? (cap. 5. §. 5), no malico ? , não no tartaroso ? 7 As ao8 Memorias da Academia Real 7 As dissoluções acidas fazem com infusão de galhas hum precipitado alvadio , que se redissolve completamente pelo álcool. Nas mesmas dissoluções , ajuntando-se qualquer dos três alcalis , faz-se precipitado em frocos brancos , que se redissolve pelo álcool. 8 A dissolução no acido sulfúrico diluido he prompta , completa , e sem cíFervcscencia. O precipitado , que nel- la faz a dissolução de potassa , he branco como cal , insí- pido , inflammavel como os cristaes , dissoluvel devagar mas completamente no álcool , do qual se precipita pela agoa cm cristaes mais miúdos , mas semelhantes aos pri- mitivos. 9 A agoa de cal parece não precipitar a dissolução dos cristaes no acido muriatico , ainda que se lhe ajunte até sobresaturar o acido. Esta mistura faz com infusão de galhas hum precipitado ., que só em parte se redissolve pelo ál- cool. io Destas propriedades parece me que se podem dedu- zir as conclusões seguintes : i.° que os cristaes são hum principio vegetal estreme , attenta a forma regular e cristalina que toma , attenta a dissolubilidade completa no acido sul- fúrico , e visto ter o precipitado , que a potassa faz nesta dissolução , as mesmas propriedades dos cristaes ( cap. y. §. ?. ) ; 2.° que este principio puro he o cinebonino do Doutor Duncan , porque faz com infusão de galhas hum precipitado alvadio redissoiuvs.1 pelo álcool (cap. 5. §. 7. ) ; 3.0 que este principio, pela indissolubilidade na agoa, pela inflammabilidade , e dissolubilidade no álcool e no ether tem analogia com a resina , porém que he differente pela cristalização e dissolubilidade nos ácidos (cap. y. §. 6.); 4.0 que por estas ultimas propriedades tem analogia com a cânfora , da qual todavia differc em não ter cheiro ( §. 2.) cm se precipitar cristalizado da dissolução alcoólica 1 cap. 3. e 5. §.8.), em ter maior gravidade especifica pois se precipi- ta na agoa ( cap. 4. ) , em fazer precipitado com infusão de galhas &c. ; 5.0 que por ter propriedades singulares , e pri- 20 REIS DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 20> todas as cinchonas , não he exclusivamente d'alli , que »> provém o seu poder febrífugo , porque ha muitas que >> não precepitão o tannino ( /'. b. que não tem cinchonino) , e » sabe-se que carão as febres >> . Esta passagem parece indicar que as quinas , que tem cinchonino e as que o não tem , são igualmente febrífugas ; mas isto he tão pouco assim , segundo o mesmo Mr. Vauquelin, que clle emoutra passagem diz » Parece todavia que o prin- 5> cipio , que precipita a infusão de cascas de carvalho , e de » galhas {i b. o cinchonino ) he febrífugo ; porque , em geral, >» he sabido em Medicina que as espécies de cinchona , que » produzem este effeito , são as melhores « . Assim as notas do illustre Chimico Francez , longe de contrariar, confirmão a minha conclusão relativamente ao cin- chonino , ao qual eu attribuo a preeminência febrífuga da qui- na , c não exclusivamente o poder febrífugo , porque todos sabem que antes de se descobrir a quina , e ainda depois , se curarão febres com amargos e composições não cinchoninosa.i ; todos porém presentemente , apoiados na observação pratica geral , reputão estes febrifugos tão inferiores á boa quina , que nas intermittentes perniciosas &c. recorrem a esta de prefe- rencia a tudo. Sendo porém o cinchonino insípido , inodoro , e achando- se sempre nos vegetaes amalgamado com outros princípios que o tornão amargo , difsoluvel em agoa &c. , he elle fe- brífugo per si só , ou não he mais que huma parte essen- cial do principio febrifugo ? Se he hum facto bem verificado , que a angustura , que , segundo o Doutor Duncan , contém cinchonino , não cura as febres intermittentes , como elle assevera ( Tbe New Dis- pensatory p. 197. ), deve colligir-se , que o cinchonino he me- ramente huma parte essencial do princípio anteperiodico fe- bri- . .'• i=» co reis 216 Memorias da Academia Real brifugo dos vegctaes. Esta conclusão adquire toda a verosi- milhança pela observação pratica de ser, em geral, a qui- na cm pó a mais poderosa preparação desta casca , e por serem diversas as qualidades medicinaes da ipecacuanha , ópio, pimenta &c. , que também tem ànchonino ( cap. 8.). Mas o que he meramente verosímil não he demonstra- do , e cm matéria de tanta entidade não bastão verosimi- lhanças , he necessária a evidencia. Cumpre pois determinar por experiências clinicas decisivas , qual he a combinação natural ou artificial , que faz o ànchonino mais febrífugo , e se ellc, a pezar de sua insipidez e indissolubilidade n'agoa, não he febrifugo per si só , como he possivcl ; porque in- sípidos são o tartarito de potassa e d'antimonio , os pósan- timoniaes &c. , e elles estimulão o estômago notavelmente : além disto se he indissolúvel cm agoa , não o he , segun- do parece , na saliva , nos ácidos do estômago &c. He aos Médicos beneméritos da Profissão, que servem nos hospitaes, particularmente nos militares , aonde pôde ha- ver mais exactidão no serviço , e quasi toda a influencia que o Medico deve ter em taes estabelecimentos, para se pode- rem fazer observações exactas e concludentes , he a estes Médicos , digo , no nosso paiz , que incumbe resolver , ou fornecer as observações necessárias para se resolver este im- portante problema. Eu propunha-me executar esta e outras indagações de Medicina theorica c pratica quando servia no hospital militar desta Capita! ; mas havendrj-me demit- tido do serviço d'elle , porque a distancia , a fadiga , priva ção de commodidades para lá hir , e hum a luta continua contra abusos e negligencias , além de me disgostarem , me tinhão arruinado a saúde , não posso fazer o que proponho , e que espero das luzes e do zelo dos Médicos hábeis dos hospitaes. Entretanto não deixarei de observar a este respeito , que a infusão de algumas quinas , que tem ànchonino , pre- cipita a dissolução de colla e torna denegrida a dissolu- ção de sulfato de ferro , que a infusão de quina vermelha , e IO HEIS das Sciencias de Lisboa. 217 e a de casca deGoiazes fazem com este reagente o mesmo effeito , porém não preetpitão a dissolução de colla ; em fim , que a infusão de casca do Camamú , nem muJa a cór di dissolução de sulfato de ferro , nem precipita a colla. Daqui se infere, que o extractivo, ou dissolvente do em- chonino em algumas quinas contém acido galhico e tannino: que o da quina vermelha e da casca de Goiazes contém acido galhico , mas não tannino ; e que o da casca do Ca- mamú , nem contém acido galhico , nem tannino : e como todas estas cascas são excellentcs febrifugos ( cap. 9. §. 2.) , segue-se que nem o acido galhico , que existe em todas ellas , menos na do Camamú , nem tão pouco o tannino , que existe em algumas quinas em mui pequena quantidade, como mostrou o Doutor Maton , e o Cel. Davy , e que he nullo na quina vermelha , e nas cascas de Goiazes e de Ca- mamú , he principio febrifugo , ou parte essencial do prin- cipio anteperiodico febrifugo dos vegetaes; por conseguin- te , que Mr. Wilkinson , Mr. Fourcroy , e o Doutor We- string de Suécia não tem bastante razão para darem ao tan- nino a prerogativa de febrifugo. He por consequeneia somente o cinchonino , que se co- nhece por ora como o principio , que torna a quina emi- nentemente febrífuga ; e como nem todas as sortes de qui- na o contém , cumpre na escolha d'esta droga não attender somente ás qualidades sensiveis , mas examinar se cila tam- bém tem cinchonino , o que se faz mui facilmente , ou pela experiência do Cap. 1., ou misturando huma infusão aquo- sa da quina que se quer examinar , com outra infusão de galhas: se d'esta mistura resulta logo precipitado alv-dio , ha cinchonino , e tanto mais quanto o precipitado he mais prompto , ou mais copioso. 0 Tom. III. Ee MEMORIAS DOS CORRESPONDENTES. lo 1;eis OBSERVATIONES BOTANICO-MEDICAE DE NONNULLIS BPvASILIAE PLANTIS. Observações Botanico-Me ■dicas sobre algumas Plantas do Brazil, pok Bernardino António Gomes. PREFAÇÃO. A Pszah da Botânica nos noflbs dias fe ter enriqueci- do notavelmente com o def- cobri mento de hum grande número de Plantas novas , e fe ter aperfeiçoado com hu- ma Obfervação mais elcru- pulofa das antigas , ainda ha muitas deftas mal conhe- cidas , e muitas daquellas ab- folutamente ignoradas : del- tas faltas , e imperfeições , que ha na Hiftoria geral dos Vegetaes , he em grande parte caufa o pouco conhe- cimento , que temos , das innumeraveis Plantas , que produz o Brazil : eftc pou- co conhecimento , que tan- to tem obftado aos progref- fos da Botânica , como he Tom. III. PRAEFATIO. K£ Uamquam Botanice dudum novis quamplttrhnis nbiqtte observatis Plantis maximum ce- perit incrementam , et iteratâ olim deteclarum Observatione castigatior evaserit , harum sti- persunt adhuc nonnullae illitci- dandae , illartimqtte piares om- ttitio ignotae : hisce vitiis at- que defeílibus maximè foeda- tam esse generalem Plauta- rum Historiam ob innwneras Brasiliae Plantas aut perpe- ram descriptas , aut neutiquam notas nullus non uoscit. Hac Flo- rae Brasilicnsis tam inopi noti- tiâ adeò Botanices progressibus infensa, adeò que noxid omnitim, praesertim Lusitanorum , com- modit ob quamplurima auxilia , quibus Artes , Cowmercitim y a dam- z Memorias da A damnofo aos intcrcíTes da Nação pelos incalculáveis re- curlbs , de que priva as Ar- tes , o Commercio , c a Me- dicina , não pode deixar de ter excitado , tanto nos Eftrangeiros , que não po- dem hir ao Brazil , como nos Portuguezcs , aos quacs in- terefla conhecer as diverfas riquezas, de que infiuíhiò- famente são fenhores , hum vivo defejo de adquirir , e huma difpoíição para acco- Iher favoravelmente todas , c quaesquer Obfervações fobre as Plantas do Brazil. He nef- ta perfuasão , mas particular- mente por beneficio da Bo- tânica Medica , de cujos pro- greflbs depende muito a cer- teza , e os recurflbs da Me- dicina , que me animei a aprefentar á Academia Real das Sciencias eftas Obferva- ções Botanico-Medicas, que fiz no Brazil. Quanto com ellas cooperei para o adian- tamento da Botânica , e da Medicina , julgará a Sabia Academia. Entretanto devo juftifi- enr-me de hum defeito , que fe manifefta á primeira vif- ta , e vem a fer a falta de méthodo, com que aprefen- CADEHiA Real Medicinaque orhantur , feri ■non potest , quiu cxti ri , quibus Brasiliam aàire non liect , uec- non Lusitani , quorum tfiaxi' mè inter est notas babere va- rias , qv.as frustra potiuvtur , opes , desiderio defagrent ob- ttnendarum quaruvicumquc de Brasiliae Plantis Qbservatio- nunij auspicatòquc prohule qnan- tulascumque accipiant. His con- sukns , prospiciensque pvtissi- mum Botanices Medicae pro- gressibus , quibus medendi c.rs et loatpletior et certior eva- di t , bas meãs Obserxaticnes Botanico-Meàicas in Brasilia instituías , in Regiam Scientia- rum Acaàemiam producere au- sus sum. Quantum bis profe- cerim , et Medicinae , et Bo~ tanice , Academia e est dijudi- care. Ínterim quâdam me culpa ex solver e debeo , qtiae statim apparet , seiliect ordinis defe- flu , quo mearum Observatio- num Plantae sistuntvr : si quot- to DAS SciEMCI to as Plantas das minhas Ob- fervacõcs : fe eu pudeffe jí aprefentar todas eftas Plan- tas , ainda que o número não he muito grande , fegui- ria hum mcthodo , e efte fe- ria o do fyftema de Linneo ; mas como não podem appa- recer fenão em Fafciculos , para meia , ou huma dúzia de Plantas , de nada me pa- receo fervir efte methodo ; quiz além diflo comprar a troco delle a commodidade de aprefentar já as que fe achavão mais corredias. Não julgo neceífario juf- tificar-me perante a Acade- mia de ter eferito efte opuf- culo em Latim , e Portu- guez ; mas por obviar que os menos illuminados me argúao de fuperfluidade , direi , que eu tinha eferito em Latim as Obfervaçóes de Botânica , e em Portuguez as relativas observações de Medicina ; mas alTentando depois que as devia reunir ; por ilTo que feria eftranho fe o fizelfe na diverfa Lin- goagem , em que eftavao ef- critas , em attençao junta- mente aos qu; ignorão o Portuguez , e aos Portugue- zcs que não aprenderão o as ui Lisboa. 3 qtiot sunt , quamquam non valdè magnus sit nttmerus , omnes simul in lucem emitten- dae forent , sectmdum metho- dnm Limaeanam digestae ut prodirent curarem ; quoniam vero per Fascículos tantiim pro- diturae sunt , nihil referre hac methodo uti pro sistendis sex duodecimve Phintis viram est mihi ; accedit quod nullâ qT' dinis habita ratione jamjam emittere fas erat quascumque castigadas aut studiosius cla~ boratos haberem. Ouòd haec simul Lusitano Latinoque sermone scripserim Academiae me excusare neces- se no» daco ; sed nc mirms do- Eli id mihi vitio vertant , ha- rum Observationum , quae ad Bolanicem speflant , Latim , quae antera ad Medicinam Lu- sitano sermone jamdudum con- scriptas fuisse apertam ; clini- que postea utrasque conjnngere operae pretium existimarem , nequè diverso sermone cons cri- ptas copulare licerel , ut ser- virem tum iis , qtti patrium non callent , tum illis etiam , qui non didicerunt Latinum , praeterea ut elocutionibus Bota- nicis in utraque lingua paribus inãocli , quorum maximoper a ii La- Memorias da Academia Real Latim ; c ainda mais porque íntereflà , que as frafes Botâ- nicas equivalentes nos dois Idiomas fe facão familiares aos Nacionacs , que as igno- rao , e devem iaber : tomei recentemente a resolução de eferever humas , e outras em Latim , e Portugucz. Tal he o motivo per que pre- fentemente não pofíb apre- fentar fenão huma pequena parte das minhas Obíerva- ções •, mas ie a Sabia Aca- demia a accolher favoravel- mente , trabalharei incelLn- temente por apre Tentar a con- tinuação , e farei quanto pu- der por não defmerecer os íeus honrofos íuífragios. interest , versevtur Lusitani í dudimi operem navavi qttòd otn* nes Lusitanè sin.ulque Latine exaratae prodireut. Haec in causa stttit , cur in praesenti has tentam promendi cempos sim : Ínterim si , qufr.taecv.m- qne extant , Regiae Sapientis- siviaeque Academiae forte ar- riserint , reliquas ut in mé- dium ajferam , eadenique ut ite~< rum reportem honorifica suffra- gia , iudesinenter , et pro virilL parte allaborabo. DA DAS Sc IENCIAS DE I S B O A. DA ARVORE CHAMADA NO BRAZIL A N D Á A Ç Ú. D A S Arvores , que pro- duz o Brazil , hc certa- ramente huma das mais bellas , a que na antiga lin- goa do Paiz chamão AnJ.áa- çú. He notável não fó pela íua belleza , mas também pe- la ílu não mediocre utilida- de ; como efta porém não he bem conhecida , e aquclla apenas he apreciada por hum pequeno número de pcíToas , das quaes nenhuma talvez por hora habita no Brazil , nenhum calo fe faz delia ncf- te Paiz , he quaíi deíconhe- cida dos Botânicos , nem fe emprega nos ufos , para que podia fervir. Por tudo ifto , e mefmo cm coníideração do Augufto Nome de Joannefia Príncipe , que ha pouco lhe foi dado , apraz-me , e devo principiar por cila as minhas Obfcrvações. DE ARBORE APUD BRASILIENSES ANDÁAÇÚ APPELI.ATA. A PBORUM , qttas Bra- yj filio, fert , ex elegantif- fimis certe e/l , quae ■vernácula lingnâ Andáaçú ap- pellatur. Elegamiâ non modo , Jed etiam utilitate non pauca excellit ; afl quoniam haec non fat nota , tila vero in pretio tantiim fit panei JJimis , qu rum forfan millits a. buc in Brafi- lia reperitur , illic fine hono- re fponte fuâ venit , Botani- eis fere penitus ignota , nec incolarum in conimoda , ut oportebat , verfa. Eapropter et qu, datnmo.!o in objervan- tiam Augufti Nominis Joanne- fiae Principis , quod nuper ei fuit inditum , ab ea mearum obfervationum initium ducere , etjuvat et decet. An- 6 Memorias da Academia Real Andáaçú. Anddaçií. Clajfi. Monocc. Ord. Monad. ClaíT. Monoec. Ord. Monad; Gen. Joannefia. Gen. Joannefia. Joannelh. Vellofo na fua Joaime/ia.YcUoíiws.Alogra- biografia dos Alkalis fixos , fia dos Alcalis fixos p. 199. pag. 199. ■ Andd na antiga lingoagcm Anda prijlinâ Brafiliae lin- do Brazil. gud. Car. E/fenc. Gen. e> Cal. monofyllo. Cor. de cin- co pétalas. Eftames 8. Neft. cinco glândulas. $ Cal. monofyllo. Cor. de cinco pétalas. Pi/i. hum, bifendido. Capf. drupacea. Noz bicellular. Sem. hu- ma em cada cellula , ani- lada. Car. Nat. Gen. Flores masculinas. Cal. Perianthio monofyllo , curto , campanulado , com cinco dentes , aquilhados exteriormente , e algum tanto flexuofos. Cor. de cinco pétalas , com laminas oblongas , obtu- fas, entre levantadas e pa- tentes , e unhas curtas , co- tanilhofas , apegadas ao re- ceptáculo. Nefi. cinco glândulas , li- neares , muito curtas, al- Char. Eflf. Gen. o* Cal. 1 -phyllus. Cor. y- petala. Stam. 8. Ne£h glandulae j. ? Cal. 1 -pbyllus. Cor. 5 -pé- tala. Pift. 1 ,bifidus. Capf. drupacea. Nux bilocularis. Sem. ta. ^ , folitaria , arilla- Char. Nat. Gen. Masculi flores. Cal. Periantbium monopbyl- lum , breve , campanula- tum y quinquedentatum , den- tibus extus carinatis, et fub- fiexHofis. Cor. pentapetala ; laminis ob- longis , obtufis , eretto-paten- tentibus ; unguibus brevi- bus , tomentofis , receptáculo infertis. Nect. glandulae quinque i lineares brevijjlmae , pe- va- DAS SciENCI ternadas com as pétalas , c apegadas ao receptáculo. Tlfuini. Filetes oito, levanta- dos , mais curtos que a corólla , reunidos todos em huma columna até j do feu comprimento ; três cen- traes são mais compridos , e confervão-ic unidos até maior altura. Anthéras va- cillantes. AS D E ISBOA. talis alternae , et receptá- culo infertae. Stam. Filamento, oflo , erecla , corollâ breviora , omnia in- ter fe columnae in modum ad f longitudinis coalita ; tria central ia longiora , al- tiiísqtie qziam reliqua con- nata. Antherae incumbentes. Car. Nat. Gen. Flores femininas. Cal. Cor. c Netl. como nas mafeulinas. Efiames nenhuns. Pijl. Germe quaíi ovado, fo- brepoftojhum pouco com- primido , cotanilhoíò. Efty- lêtc curto , cotanilhofo , bi- fendido. Eftigmas compri- midos , lifos , e denteados. Ferie. Capfuladrupacea, fub- cordiforme , com quatro ângulos obtufos , de que dois são mais faltados , af- pera , e bem como fe fof- le falpicada de hum pó fer- ruginofo , que depois ficou apegado , unicellular , qua- drivalve. Sem. Noz compófta , oflea , ovada quaíi redonda , com quatro ângulos obtufos , Char. Nat. Gen. Feminei flores. Cal. Cor. et Ne£t. ut in mafeulis. Stam. nulla. Pift. Gérmen fubovatum , /a- perum , comprejjiufculum , tomentofum. Stylus brevis , tomenti.Jtis , bifidus. Slig- mata comprejfa , laevia , dentata. Peric. Capfula drupacea ,fub~ cordata , obtujè tetragona , angulis duobus objoletiori- bus , fcabra quafi pulvere conferruminato conjperfa , unilocularis y quadrivalvis. Sem. Nux conipo/ita , oJJTea , ovato-fubrotunda , obtusè te- tragona y angulis duobus dos 3 M E M O R I A S D A A C dos quacs dois oppoftos são muito obíòlctos , mu- cronada , hum pouco com- primida , com dois bura- cos , ou fendas tranfvcrfacs de huma , c outra face perto do topo, bicelluiar: em cada cellula huma pe- quena noz quaíi renifor- me , hum pouco compri- mida , mais plana por hu- ma face , mucronada , e arillada : arillo branco , car- nofo : a calca fufea-efeu- ra , lenhofa , delgada , frá- gil : o tegumento interno muito branco, muito fino, apegado á calca , e ao al- bume : albume branco , da feição da calca , duro , com huma cavidade no centro, grande , regoada , quali reniforme : a plantula fe- minal levantada , dicoty- ledonea ; as cotylèdones brancas como leite , mem- branaceas , com cinco ner- vuras fobrefahidas pela fa- ce externa , iguaes , con- formes , e colladas ás pa- redes da cavidade ; a radi- cula turbinada-lanceolada , reclufa na bafe do albu- me. a o e m i a Real. oppqfitis objoletijjimis , tntt- cronata , comprejpttfcula , utrinque chiobus foratnini- but , aut inter dum rimis tranfverjis verfus apkem perforata , bilccularis : fin- gtilis loculis Níicula fubre- viformis , compre ffiti fatia , hhie paululiim comprejjior , mucronata , arillata : aril- lus albus , carnofas : pttta- nien faturatè fajaun , li- gnofitm , ténue , fragile : tegumentum intermim ni- veum , tenuijjimum , tejlae albttminique adnatum : al- bumen álbum , teflae confor- me , âurum , cavitate cen- trali , magna , fulcatâ , fubreniformi : embrio ere- clus , dkotyledonèus ; coty^ ledones lafleae , membrana- ceae , quinque nervis extiis prominentibus , cavitatis pa~ rietibns conformes , aequale? et adglutinatae '. radiada tarbinato-lanceolata , in ba- fi albnminis recôndito. Efpe- DAS SciENCIA EJpecie do Gen. Joannefia. i. Príncipe. Joannefia. Anda de Pif. Med. Braf. p. 72. Anda de Mar cgr. Hijl. Rei: Nat. Braf. p. no. A Eíhmpa annexa não pertence a cita planta ; a do fruéto , que ajuntou Laet., fim. Joannejia Príncipe. Vcllofo Alograf. p. 200. Andáaçú , /. h. Anda gran- de, na Cidade do Rio de Janeiro. Car. Nat. Efp. He huma arvore de huma am- pla rama , muito bella, iner- me , e leiteira. O tronco , a pouca altura do chão , coftuma divic';r-fe nos primeiros , e mais grof- fos ramos. Ramos copiófos , fubdividi- dos , huns recurvados , ou- tros patentes , os mais del- lcs divergentes , guarneci- dos de folhas. Folhas perfiftentes , cinco em rama , pendentes , ovadas- lanceoladas , pontudas , in- tegerrimas , nervolas , luf- trofas pela pagina fupc- rior , defiguaes ; a do meio he a mais comprida , de- Tom. III. s ftí Lisboa, p Joannefiae Species. 1. Princeps. Jrantie/ia. Anda Pif. Med. Braf. />. 72. Anda Marcgr. Hift. Rer. Natur. Brafil. p. no. Içou appofita Jpeflat ad aliam plantam ; non item icon fruiliis Laetiana. Joannefia Príncipe. Vello- fo Alogr. p. 200. Andáaçú , i. e. Anda ma- gna, Brafilienféus Rio-ja- neriae. Char. Nat. Spec. Arbor vajla , elegans , iner~ mis , latlefcens. Caulis non nimis altè affur- gens priujquam in crajjio- res ramos difpertiatur. Rami multíplices ,nonniilli de- Jlexi , alii patentes , pleri- que eretlo-patentes , compo- siti , foliai i. Folia perennantia , quinata ; laminae dependentes , ova- to-lanceolatae , acuminatae , integerrímae , nervojae , ftt- peruè nitidae , inaequales ; media longijfima , exterio- res fenfim breviores ; ma- b pois IO MEMORIAS DA A pois 'delta as immediatas ; as maiores tem quatro pol- legadis , ou mais. Pecíolos , hum commum , e cinco particulares : o com- mum he do comprimento da maior das cinco tolhas , roliço , com duas glândulas no topo atrombetadas , e curvadas para os pecíolos particulares ; elt.es mais curtos que o commum , e deíiguacs como as folhas. As flores pequenas , c em pa- nículas terminaes; as malcu- linas tem pedúnculos par- ticulares, as femininas não , e humas , e outras fe a chão na mefma panícula. Os pe- dúnculos particulares , e os intermédios tem huma bra- £lea ovada -lanceolada , ca- duca , e duas glândulas op- poftas , da feição de hum clarim , re&as , e horizon- taes. Dá-fe no Brazil pelas ter- ras arenofas cm toda a beira- mar , e florece em Julho , e Agofto. Em Setembro , e Ou- tubro achei debaixo defta ár- vore tementes germinadas. Do que acabo de expôr redunda muita gloria a M. JufSeu , que não tendo vifto efta planta nem viva, nem cademia Real ximae quatuor uncias aitt amplias longae* Pctioli proprii qnitiqne , coni- nnmi iv.fidcntes '. hic lon»i- tudine maximae lar.úv.ae , teres , ápice duabus glan- dulis lituiformibus , verfus petiolos partia/es incurva- tis : petioli partiales J. pro- prii communi breviores , ceit laminas impares. Flores parvi , panicttlati , ter- minales ; mafcnli peduncu- lis propriis , feminei nullis , ntrique iu cadem panicula. Pedunculi proprii , necnon intermedii , braEleâ ova- to-lanceolatâ , caduca , et duabus glandulis oppofitis , lituiformibus , retlis } pa- tentibus gaudent. Habitat non procv.l a tna- ri iu folo arenofo ; flor et Jú- lio , et Augufto. Septembri , et Otlobri inverti fub arbore femina germinai a. Ex his , quae diila funt , máxima latis cadit in Cele- berrimum JuJ/ieum , qui doclè bane plantam , quam nec vivam bem DAS SciENClA bem deferipta , íimplezmente por algumas eícalf.is noções conhecço , como Meltrc , que o Anda ou era do Género Aleu- rites , ou de outro afHm (*) : com cffeito cllc tem muita analogia com as plantas deite Género , c talvez ainda de hoje em diante haverá quem o queira claflificar nelle ; mas como differe em muitos , e notáveis caracteres, como nas divisões do CáIys,no núme- ro dos Eítames , no Piítiilo, e na efpeeie do Pericarpio , elpcro que a maior parte dos Botânicos, em quanto fe não definirem de outra forte os ca- racteres do Género Aleurites , não defapprovará , que fe fa- ça do Andd hum género novo. s DE i s r o A. it nec ad amussim deferiptam vide* re potttit , ad Gen. Aleuritcm , ant afjine amandandam fore exijiimavit (*) : illius equidem Jpeckbus valde afpnis ejl , et forfan vel poflhac nonmillis placcbit eamdem ad idem Ge- ntis revocare : afi qttoniam multis differt , praefertim ca- lycis divifionibus , Jlaminum numero , pijlillo , et pericar- pii fpecie , vi Generis Aleu- ritis cbaraEleres aliter defi- nire velint , n vum Genus con~ dere baitd abjonum a plerif- qite cenfendum ejfe confido. Das virtudes , e usos do Andáaçú. As fementes do Andáaçú são conhecidas , e famofas no Brazil pela fua virtude pur- gante de tempo immemora- vel : cite medicamento porém não foi conhecido na Euro- pa , nem mefmo ( com vergo- Vires, et ufus Joan. Princ. Innumeris abhinc anuis in Br afilia nota , claraque fetnina Joan. Princ. virtute alvitm du- cendi ; Ettropaeis tamen , vel ne- gligentijjimis ( pudet referre ) non exceptis Portugal lenjibtis , baec haud innotuit priufquam ( * ) » O Anàd de Pisão , fe não he a erpecie do Género Aleurites , he x tju.indo menos arfim. j> Gen. das plant. p. $8y. ( * ) i) Hnk ( A! emiti ) etiam con- » gener aut faltem affinis Anda Pif. ti Braf. d Genera plant. p. 389. B 11 nha li Memorias ca A nha o digo ) em Portugal , fo- rno depois que os dois Hol- landezes Pisão , e Marcgrave eferevêrão da Medicina , c Hittoria Natural do Brazil : ambos eftes eferitores fazem menção da qualidade purgan- te deitas fementes , parecem porém differir em as dar , cfte por hum purgante feguro , fuave , e conveniente a todas as idades , até mefino ás peja- das ; e aquelle por hum pur- gante forte tal , que precifa dar-fe com cautella ás pefloas debilitadas por qualquer en- fermidade : diz todavia cfte mefmo , que as principaes peffoas do Brazil de hum , e outro foro , preferião fempre efte a todos os outros purgan- tes. Para poder avaliar bem as opiniões deftes dois eferi- ptores determinei experimen- tallo logo que houveíTe op- portunidade : tive duas occa- íiões de o preferever , e em ambas me informarão , que tinha obrado com fuavidade , e moderação. Não devo dif- fimular que vi hum mancebo , que tendo comido duas , ou três fementes colhidas de íref- co , teve algumas dores de barriga ; mas eu daqui não collijo fe não que para cilas caoemia Real Batavt Pifo , et Marcgravius fita de Rebus Natnralibus Bra- fdiae f cripta publici júris fe- cevint : uterque lanãatam vim tcjlantur , in eo tamen dif- fentire videntur , quod hic fuave tutumque dicat pur- gam , omni aetati , immb prae- gnantibus conveniens ; Me ati- tem validam operationem tri- buat eis , ideoque cante aegris niorbo fraflis exbibenda exif- timet ; adiit tamen olim ma- gnates , et facrorum in Bra- filia antijlites ea reliqnis pur- gativis medicamentis folitos ef- íe praeferre. lias ut truti- narem fententias data occa- fwne periculum facere conjli- ttti ; bis deinde Joannefiae fe- mina exhibere licuit , totidem- qnc , absque torminibus aut alia mole/lia , mediocriter ope- rata effe comperi. Hic ta- men dijjimulandum non e/t ini- bi videre contingijfe juveuemy qni duo triave /emitia recenter lecla edens , pofleà tormina paf- fus ejl : bine tamen nihil aliud nift matura tantum , ficca , et optimè contufa , ut bene ver~ tant , exbibenda ej/e conficio. Hisfnb cautionibus ttttum fua- •veque femper hoefore re médium confie' o . Adbaec quid jucundius ? haec femina ficca avellana r fa~ obra- DAS SciENCIA obrarem com fuavidade de- vem ler maduras , fêccas , e bera machucadas : defta forte creio , que fempre hão de fer hum remédio feguro , c lua- ve ; de mais , não ha cer- tamente hum remédio mais agradável , porque eftas fe- mentes quando fêccas tem hum fabor tirante ao das avel- las , c por ilTo podem ate comer-ie : além difto como são emullivas pódem-fe to- mar em forma de orxata : ef- ta propriedade alem das re- feridas ia-las inapreciáveis para purgar as crianças , c peíToas , a que eufta muito tomar remédios : he defta forma que as dei nas duas vezes mencionadas. Para as pefíbas mais delicadas , e em geral para por qualquer doen- te mais ao abrigo das dores de barriga , cumpre ajuntar á cfta orxata alguma fubftan- cia aromática , ou ufar das paftilhas , de que fazem men- ção Pisão , e Marcgrave , fei- tas deftas fementes pizádas , e cozidas com aflucar defpu- mado , e de hum quaíi nada de herva doce , c canclla. As fementes do Anda con- fervão-fe muito tempo fem corrupção j eu tenho-as ha sdeLisboa. ig pitint , quapropter ca mandttc ti- re vou tnedet ; quoniam injuper oleitm et ttiucilaginem in Je re- conãnnt , facilè citm faccharo in cmulfionem verti poffiint ; qnid tunc a d folvendos ptieros et eos , qni a remediis tibhor- rent , praejlantiv.s ? bticce fub forma illti exhibiti in memo- ratis periculis. Pro delicatio- btts , et ut tormina omninò vitentur , huic compofitioni ctt- jttslibet aromatis non tiibil accedat oportet : Pifo perinde , et Marcgravius conficere do- cent tabeliãs ex bis feminibus contufis , et cum facebaro def- pnmato excociis , addito any- Ji , et cinnamomi momento. Haec felina perduram diti incorrupta ; abbinc duos annos ea fervo , nec vteum- dois 14 Memorias da Academia IIeal dois annos , c eitão óptimas. Dao-fe oa dófe de duas, ou tfes. Não fe limitao íó ao uíb da Medicina os préftimos def que raticida âeprebendo. Dojis duo triave Jemina. tas fementes ; como oleofas sao próprias para outras ícr- ventias. Pisão refere , que tanto os Portuguczcs , como os índios coftumavão extrahir- lhe o óleo , de que fe fervião para untar o corpo , e para as luzes ; mas depois que vai mui- to azeite de Portugal para o Brafil , e que aqui fe prepara muito do chamado azeite de peixe, e como além diflb ha ncfte Paiz outras fementes mais abundantes de óleo, co- mo são as do Mamono , as do Amendoim , os Cocos de Dcn- dê , as fementes de Pinhão da índia &c. , de que fe pôde , e coftuma tirar azeite , tem- fe deixado os Brazileiros de fazer o azeite d' Anda ; mas ifto acontece porque elles não conhecem bem as proprieda- des deite oleo , propriedades que o fazem fufceptivel de ufos , para que nenhum , que eu laiba , dos que produz o Brazil prefta. Com effeito efte oleo , que fe obtém tan- to por cxprcfsão , como por cozimento , hc dos feccativos , Proeter mcnwratnm uftittt medicinalem , aliis quoque vi- tae commodis , quippcqnae alco- fa funt , infervire poffunt ca- dem femina. Ex bis iam Por- tugalenfes quam indígenas ole- um exprimere conjuevifje , quod lychnis a/fundebant , qttoqiie corpus inungebant , tradit Pi- fo ; pojlqttam tamen in Bra- filiam non parum olei olivae advehitur e Lufltania , et má- xima copia olei cetis illie pa- ratur , pojlquam alia etiam in Br afilia imwtuére aut ex- culta funt femina cleo ditiora y ex. gr. Ricini Communis , Ara- chis hypogaeae , Eleis Guinem- fis ? , Jatrophae curcac , &c. , ex quibus oleum educi et po- te fl , et folet , id agere de Joannefiae feminibus penitiis negligunt bodierni Brafilienfes ; immcritò tamen , fquidem Jo- annefiae oleum in ttfits , quibus nec illa , nequidem ulla in Bra- filia nota ,/unt paria , adhibe- ri potefl ; quod enim ex ejus feminibus exprimitur aut co~ clione elicitur , ex ficcabilibus ejl , et pro pièlura optimum , vel oleum Nucum in eo excel- lens , quod occius ficcatur , nec DAS SciENCIA e o melhor de todos para a pintara , pois não offulca a côr branca , c fácea-íe mais deprefía que o óleo de nozes. Deve por tanto reputar-ic cm muito, principalmente no Bra- 7.i! , onde as Nogueiras nem sao ruturaes , sem fe cultivão , •c vem de tora todos os oleos , de que fc ufa na pintura. Ef- tas Tementes derão-me j de óleo por cozimento. A cafea do Anda he vc- ■nenola , de forte que a agua , em que for macerada , em- bebeda , e mata os animaes , }ue a bebem ; ferviao-le por iflb delia em outro tempo os índios para pefear o peixe. Mar cgr. p. no. As mencionadas utilida- des do Anda tornao efta plan- ta mui digna da attençao dos habitantes do Brazil ; c co- mo além diíto ella fe dá bem íos lugares arenófos , lugares em que muito poucas plantas vegetao , não ha huma plan- ta, que mereça fer mais culti- vada ; porque por meio del- ia fe podem aproveitar , e tor- nar rendofos eftes cftéreis lu- gares, e podem fazer-fe fom- brias , e appraziveis as arden- tes vizinhanças do mar. sdeLisboa. i^ álbum for di dum reddit. Non parvi hoc ipjo faciendum , ma- ximè in Br afilia , ttbi Jnglatis regia nec habitat , nec hofpi- tatur , et qrtò olea pro piclu- ra ab exteris amaino inipor- tanttir. Hacc Joannefae [emi- tia olei - tantumper coclionem largita fuut viihi. Córtex arboris veneficus ita ejl , ut aqua , qua maceratus fiterit , inebriei enecetque om- ites animantes ; eo ideirco Bar- bari utebantur olim ad capien- dos pifees. Marcgr. p. no. Memorati Joamiejiae Priti- cipis tifus fat eam indigena- rum curae commendabilem red- dunt. Praeterea , quoniam are- nofa , et paneis aliis vegeta- bilibtts ferendis paria , amat loca , cultura fane dignifjlmam ejfe nullus non videt : quid praeflantius ut baec jlerilia fere loca quaejlnofa quoquè fiant ? quid optabilins ad gra- fam umbram et amaenitatem aeftttofis prope maré locis con- ciliandam ? Ex- i<5 Memorias da Academia Real Explicação das Figuras da EJtampa 7/ i. Folhas cinco cm rama. ( a ) Folha vifta por baixo. 2. Ramo desfolhado com a panicula terminal. 3. Flor mafculina , inteira , aberta. 4. Flor privada da Corólla , e com o Cálys fendido para fe verem os Eftames. y. Flor feminina logo que defabotoa. 6. Flor feminina fem a Coról- la , e com o Calys fendido para fe vêr o Pift. 7. Pétala. 8. Huma das glândulas dos Peciolos. o. Huma das glândulas dos Pedúnculos. 10. Capfula drupacea. 11. Noz. 1 2 . Noz cortada verticalmen- te fazendo vêr as fementes arilladas. 13. Semente defpôjada do arillo. 14. Semente com a cafea que- brada. ij. Albume cortado vertical- mente , de forte porém que moftra ( a ) a radicula , ( b ) a face externa d' ametade Explicado Iconum Tab. I. I. Folium quinatmir. ( a ) Lamina fubtus vifa. I. Ramus foliis orbatus , pa~ niculâ terminali inJlruHus. 3 . Fios mafcultis , integer , ex~ panfus. 4. Fios corollâ orbatus , et fcijfo calyce ut compareant Jlamina. y. Fios femineus {latim ac ex- panditur. 6. Fios femineus corollâ orba~ tus , et fcijfo calyce ut pro- deat Pi/l. 7. Petalum. 8. Una glandularum Petiolo- rum. y. Altera glandularum Pedim* culorum. 10. Capfula drupacea. I I . Nux. 1 2 . Nux verticaliter fetta ex- hibens femima arillata. 13. Nucula abfque arillo. 14. Nucula frailo putamine. 15". Albumen verticaliter fe- ilum ita tamen ut exhibeat ( a ) ra liculam , ( b ) di- midii cotyledonis alterius fa- de a:/ ' \l. ii, In Rinctf» ( ' k ^ i I 1/ i l III C r k. /■' r ( '"' > r> as S c i e n c i A s deLisboa. 17 de huma cotyledone , ( c ) ciem externam , ( c ) cotyle- a face interna da outra co- donis alterius faciem inter- tyledone. nam. Da Planta chamada Pipi. De Suffrutice Pipi di&o. Claf. HexanJr. Ord. Tetrag. ClaíT. Hexãnd. Ord. Tetrag. Nome Syftemat. Petiveria te- Nom. Syfl. Petiveria tetran- trandra. Efp. N. dra. N. Spec. Car. Effenc. Efpec. P. com flores de quatro Ef- tames , e féis Eftyletes. Tipi de Pisão p. 115? Embuayembo de Marcgr. p. 26 ? A Eftampa parece- le muito. Pipi , e Raiz de Guiné he o nome vulgar na Cidade do Rio de Janeiro. Car. Nat. Efp. Raiz fimples , lenhófa , tor- tuófa, pálida por fora, bran- ca por dentro , com algu- mas pequenas fadiculas , fabor acre, e cheiro de alho. Caule de hum até dous pés de comprimento , levanta- do , lizo , fubarbuftivo. Eftipulas duas , muito peque- nas , oppóftas , e lateraes. Folhas lanceoladas, do com- Tom. III. Char. E1T. Spec. , Jloribus tetrandris , hexagy- nis. Tipi Pif. p. 1 15 ? Embuayembo Marcgr. p. 26 ? Icon valde Juadet. Pipi ," et Raiz de Guiné in civitate Riojaneriae. Char. Nat. Spec. Radix Jimplex , lignoja , JU- xuofa , extiis pallida , /'»- tus alba , bine inde nonr.ul- las radiculas emittens , fa- pore acri , allium reáolens. Catil. 1 ad 2 pedes longus , ereilus , laevis , fttffrittlico- fus. Stipulae binae , breviffimae ,fu- bulatae , oppofitae , laterales. Eólia lanceolata , z ad $ '- c pri- 1 8 Memorias da primento de 2 até 3 ^ pol legadas , de 5 ate 1 j de largura , diíhintes , nuas , venofas , c integerrimas. Peciolos do comprimento de duas até 3 linhas. Flores em efpigas , ralas , mu- nidas na bale de huma pe- quena eícama. Efpigas axillares , c termi- naes , folitarias , limpliciíli- mas , compridas , e aceno- fas. Cal. de quatro foliolos , ob- longos , lineares , paten- tes e brancos antes da fe- fecundaçao , levantados c verdes depois delia. Cor. nenhuma. Eftam. Filetes quatro, iguaes. Anthéras oblongas. Pift. Germe comprido. Efty- lêtes féis, muito curtos. Ef- tigmas ílmpliccs. Peric. nenhum. Semente huma fó , oblonga , comprimida , hum tanto ro- liça na bafe , mais larga pa- ra o topo , chanfrada , com íeis efpinhos terminaes , aíTovelados, pendentes, e encoftados , tres á huma , e tres á outra face da fe- • mente : o do meio de hu- ma, e outra parte he me- nor. Academia Real uncias longa , ■'; aã 1 '- lu- ta , remota , nu&a , veuo- Ja , iutegerrima. Petioli 2 ad 3 líneas longi. Flores fpicati , laxi , baji bre- vi Jquamd inftrutli. Spicae folitari mae , longae folitariae , fimpliciffi- mae , longae , nutantes , axil- lares , terminalefque. Cal. tetraphyllus , foliolis ob* longis , linearibus , paten- tibus et albis ante foecun- dationem , deinde ereSlis ve- ridibufqne. Cor. mil la. Stam. Filamenta quatuor , ae- qualia. Antherae cblongae. Pilt. Gérmen com^rejfum. Sty- li fex , brevijjimi. Stigma- ta fimplicia. Peric. nulhim. Sem. unicum , oblongitm , com- prejjtim , bafi teretiujcnhun y verfus apicem latins , emar- ginatum , fpinulis fex ter- minalibus , Jnbulatis , ter- nis in utrumque feminis latas reflexis , apprejjlfque ; media utrinque breviori. Ha- dasScienci a sde Lisboa. i ,,, *w k i r ih i DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 5. As pequenas lacinias ince- y. Lacinulae interiores riores , c convergentes. 6. Flor fera corólla com o • cálys patente. 7. Drupa inteira. 8. Drupa cortada tranfverfal- 8. Drupa tranverjím fcfla. mente. 9. Noz. 9. Nux Cútltlí- ventes. 6. Fios Corrói lã orbatus , e? calyce patenti. 7. Drupa integra. Da Herva da Cobra. De Planta Herva da Cobra. Clajf. Syngen. Ord, Polyg. Igual. Nome. Syft. Eupatorio cre- nulado. Efp. N. Car. Etf. Efp. E. com o caule volúvel ; fo- lhas cordiformes , crenula- das , c as mais antigas ob- • tufas. Claff. Syngen. Ord. Polyg. iEqual. Nom. Syft. Eupatorittm crena- tttm. N. Sp. Char. EíT. Spec. E. caule volubili , foliis cor- datis , crenatis , fenioribus obtujis. Car. Nat. Efpec. Raiz .... •Caule herbáceo , delgado , volúvel , impubecido , com quatro ângulos obíolctos , c pcllos caducos. Folhas oppóftas , cordifor- mes , crenuladas , as mais novas agudas , as mais an- tigas obtufas , .juccoias , glabras , venofas j peciola- • das. Char. Nat. Spec. Radix .... Caulis herbaceus , gracilir , vo- lubilis , obsoletè tetragontis , pubefeens , pilis caducis. Folia oppofita , cordata , cre- nata , júnior a acuta , fenio- ra obtufa , fuceulenta , gla- bra , venoja , petiolata. Pc- 14 Memorias da A Pccíolos do comprimento da lamina, canaliculados , im- pubccidos. Ertipúlas muito curtas , late- racs , femicirculares , mem- branaceas , recurvadas. Flores em cymeira ; cymei- ras oppóftas , axillares , comportas , guarnecidas de Braclcas ; o pedúnculo com- mum do comprimento do peclolo e folha juntamen- te , e ordinariamente foli- tario. Bradlcas duas univerfaes , da feição das folhas mais no- vas ; as parciaes linearcs-lan- ceoladas, rentes ; as particu- lares da feição dos foliolos do cálys, mais curtas , e ape- gadas junto á bafe delles. Cal. Perianthio subcylindri- co , de 4 foliolos , pállidos- averdongados , oblongos , lineares, levantados , qua- fi iguaes , e hum tanto ob- tufos. Cor. comporta , uniforme , tu- bulofa. Coróllulas herma- phroditas quatro , iguaes , brancas , afuniladas , pou- co mais compridas que o cálys , com tubo linear , e orla com cinco dentes. Eflam. Filetes cinco , capil- lares , muito curtos. An- théra tubulofa. cademia Real Peiioli medíocres , canalicula- ti , pitbefceutes. Stipulae breviffimae , latera- les , femicirculares , mem- branaceae , recurvae. Flores cymofi ; cymae oppoji- tae , axillares , compojitae , bratleatae ; pedúnculo com- muni folii , fuputato petio- lo , longitudine , plerumque folitario. Bratleae uni-cer fales duae ,fo- liir junioribits conformes j partiales linear i-lanceolataey JeJJiles \ propriae calycis fo~ liolis conformes , breviores , eorum ad bafim infertae. Cal. Perianthium tetraphyl- lum, oblongum , fubcylin- dricum , fubaequale , folio- lis pallide virentibus , //- nearibus , obtujiufculis. Cor. compofita , uniformis , f«- bulofa : Corrolltilae berma" phroditae qttatttor , aequa- les. Própria alba , infundi' buliformis , calyce vix lon- gior , tubo lineari , limba quinquedentato. Stam. Filamenta quinque , ca- pilaria1, brevijjlma. Anthera tubulofa. Pifl- DAS SciENCI Pi/t. Germe oblongo. Eftylc- te filiforme , muito mais longo que a corólla , c bi- fendido até á Ánthéra. Ef- tigmas delgados. Peric. o cálys fem mudança. Sem. oblongas , lineares ■ pa- pilho pellúdo , mais com- prido que a femente. Recept. nú. Habita no Rio de Janeiro nos lugares húmidos , onde ha agoas encharcadas. Vi-a em flor em Agosto , Dezem- bro , e Março. Veja-fe a Ejlamp. IV. Fig. i. Virtudes , e ufos. Efta planta , cujo chei- ro , e labor imitão os da Sal- fa da horta , he hum gran- de antídoto do veneno das cobras. Na Fazenda de Santa Cruz , que em outro tempo era dos Padres da Companhia , e ho- je pertence á Coroa , não usão d'outro contraveneno , e por cartas dal li foube , que por meio deste remédio nenhum morria , ainda que já eftivef- fe inchado , com anciãs , e deitando fangue por toda a parte. O méthodo de a ap- plicar coníifte em tomar hu- Tom. III. as de Lisboa. 25: Pift. Gérmen oblongttm. Stylus Jilifornús , longijjlmus , ai Antheramufque bifidus.Stig- tiiata tenuia. Peric. Calyx immu tatus. Sem. oblonga , Une ária ; pap- ptis pilojus , femine longior. Recept. nudum. Habitat in Riojanerio prope Jlagna. Florentem ofendi Jug. , Decemb. , et Mart. VidcTab. IV. Ic. 1. Vires , et ufus. Sapore et odore haec plan- ta ad Petrofelinum accedit. Vis fingularis adverfus fer- pentum morfus. In régio San- Elae Crucis praedio , qttod in Riojaneria quondam tenuêre Je~ fuitae , nullum aliud antido- tum in hoc tani diro inalo adhi- beri , nec tinquam fpem fefeilif- fe , per litteras inde miffas pro certo comperi \ traditur in bis a ferpentibus demorfos , •vel jam túrgidos , máximo au- gore prejfos , et ciim labefaélis viribus fanguis e referatis va- forum ofeulis undique manat , ab Orei foribus praefiantijfima, d ma 2 6 Memorias da A ma Ddão cheia deliu , piza-la , e ajuntando-lhe huma chica- ra de agua , cfprcmer-lhc o çumo ; dá-fe todo cite por huma dóle ao mordido , e re- pete-fe eira quotidianamente de manhãa , e de tarde até o doente não Sentir mais an- ciãs y ao mefmo tempo ún- ta-fe a ferida, cm quanto im- flammada , com azeite, em que primeiramente fe frige o ba- gaço, e se applica em cima o meímo bagaç.x Perguntando eu como obrava cftc remé- dio, diíTcrão-me, que augmen- tava muito a evacuação das ourinas. Não fera a Herva da Cobra também hum poderofo remédio nas Febres podres ou Typhos dos modernos ? a fe- melhança dos fymptomas, que fe manifeftão nos doentes def- tas febres , e nos mordidos das Cobras , e o exemplo da Ser- pentária da Virgínia , que obra falutares effeitos em ambas eftas fortes de doentes , fa- zem a minha conjectura mui- to veroíimil. Rogo aos ProfeíTores , que a tiverem á mão , a queirão experimentar ; segundo pa- rece não ha rileo na experiên- cia , e pôde fer que o reful- tado encha de fatisfação , e gloria a quem a fizer. C A D E M I A R E A L hujufcae plantae vi ejfe revo- catos. Ut exbibcatur , Jmnitur ejus manipulus , contunditur , et , 2 f. 3 aqnae unciis adje- Eiis , fttecus expriniitur , pro- pinaturque mane et vefperè do- nec nullatenus angorem per- fentiat aeger ; vulnus Jirau I , dum infiammatione vexatur y illinitur óleo olivae , quo re- Jidua exprejfae plantae priits frigtmtur , eidemque eadem appominttir refidua frixa. Jn- quirenti relatum ejt mibi bane plantam , dum falutem affert demorfu , urinae fecretionent augere. Nonne eadem planta febribus , quas recentiores Ty~ phis appellant , praeter fpem falutares ejfetlus obiret ? Sym- p tomai um fimilitudo , qtiae ex- hibent bis febribus laborantesy et ulcerati morfu ferpentis , itidem Ariftolochiae Serpen- tariae vis bas adverfus febres et ferpentum veuena , meam opinionem vero quam proxi- mam reàdunt. Obfecro , qui poterunt , ut pericula facere vellint , quae , ut videntur , carent diferimine , et forfan perinde novo et potentijfimo detefto remédio , maximam et famam et voluptatem pericli- tantibus afferent. Da DAS SciENCIAS DE L I S B O Ai *7 Da Batdta de Purga do Rio De Batata de Purga fie di- àe ''janeiro, fia in Riojaneria. Clajf. Pent. Ord. Monog. QaíT. Pent. Ord. Monog. Nom. Syftemat. Convólvulo Nomen Syft. Convolvulus oper opereulado. Efp. N. culatus. N. Spec. CaraEt. Ejfenf. Efpec. C. de folhas apalmadas-ape- dadas ; caule volúvel , com angules alados ; pedúneu- 1< >s com poucas flores ;cap- lúla operculada. Batata de purga he o nome vulgar da raiz no Rio de Janeiro. Car. Nat. Efpec. Raiz fufca por fora , branca por dentro , carnofa , fufi- fovme , do comprimento . commummente de hum pal- mo ; cortada tranfverfal- ír.cntc molha vários circu- - k>s , ou anéis concêntri- cos ; não tem cheiro , e o íabor , antes de íèccar- ie , he brandamente acre. Caule herbáceo , volúvel , nú, com quatro ou cinco ân- gulos guarnecidos de mem- branas. Char. EIT. Spec. C. foliis palmato-pedatis \ cau- le alato-angttlato , volubili ; pedtinculis pancijloris : cap- fula operculatâ. Batata de purga nomen radieis in Riojaneria. Char. Nat. Spec.' Radix externe fufca,iutàs aíba$ carnofa , fufiformis , faepius dodrantalis ; tranfverfim fe- íia vários exbibet círculos concêntricos ; odore uullo , fapõre vero , anteauam fic- cetur , acri , vúti gaudet. Caulis herbaceus , volubilis . nudus ,4 f. 5- - angularis > angulis alatis. d ii Fo- s8 Memorias da Academia Real Folia alterna , palmato-peda , quinqucpartita , Folhas alternas , apalmadas- apedadas , partidas em cin- co lóbulos lanceoladcs , pontudos , inteirilCmos , e glabros : o lóbulo do meio he o maior , depois os im- mediatos ; os mais remotos fubdividem-fe algumas ve- zes em dous. Pecíolos fcmicylindricos , com dous ângulos alados ou membranaceos. Pedúnculos folitarios , axil- lares , longos , com ângu- los membranaceos e on- deados , levantados , arti- culados , com i até 7 flo- res , mas commumente com duas : os pedúnculos de cada flor são engroflados , e tem na bafe duas bra- ftéas ovadas ) oppostas , rentes , e caducas. Cal. Periánthio fottopofto , infunado , quafi globofo , ametade mais curto que a Corólla , de cinco folíolos quaíi redondos , côncavos , defpontados , perfiftentes. C. monopétala , branca como leite , infundibuliforme , com hum tubo muito cur- to ; orla com dez recortes, e marcada de figuras trian- gulares provindas do eirado precedente de abotoaçáo : ta , quinqucpartita , lobis lanceolatis , acuminatis , ;«•» tegerrimis , glabris ; me' dius longiffimus , exteriores fenftm quandoque bilobi. breviores , extimi Petioli fcmicylindrici , angulis alato^nembranaceis. Pedmieuli folitarii , axillares j lougi , atigulis membrana^ ceis , et undulatis , ereSli , articulati , pauciflori ( 1 ad 7 ) , facptits biflori , proprii incrajfati , et duabus bra- cleis ovatis , oppofitis , fef- filibus , caducis injirttcli. Cal. Perianthittm inferum , itt* jlatutn, fiibglobofum , Corollâ- dimidio brevius , pentapbyl- lum , foliolis fubrotundis , concavis , retufis , perjijlen- tibtts» Cor. Laclea , monopétala , /«- fundibuliformis , tubo bre- vijjlmo , limbo areis trian- gularibus a praegrejfa com- plicatione reliRis notato i decetnque crenato ; triangu- li vértice ftipero villofi , et os DAS SciENCIAS DE L I S B O A »" fordidè albi. *9 çao : os triângulos com o vértice para cima são fel* pudos,e fordidamente bran- cos. Eflam. cinco filetes , deíl- guacs , levantados , aíTove- lados, canaliculados e fel- pudos para a bafe , mais curtos que a Corólla , e apegados ao tubo. Anthé- ras oblongas , retorcidas $ e levantadas. Piji. Germe quafi ova'do. Ef- tylête aíTovellado, levanta- do , mais comprido que os Eftamcs , murchofo. Ef- tigma capitofo , didymo , coberto de huns grãofinhos globófos. Ferie. Cápfula quafi globófa , e como truncada , com quatro ângulos muito ob- foletosj circumeidada, oper- culada , com duas céllulas, e duas fementes eíri cada huma. Eftando a cápfula madura , cahe o opérculo , mas cila ainda depois per- manece fechada ; então por cima hc quafi transfparen- te , muito ténue , e mar- cada com dous regos em cruz. Efta cápfula angular não fe ábre em válvulas , rómpe-fe por cima para fahirem as fementes. Stam. Filamento, quinque, inae- qualia , crefia , Jubulata , ad bafim canaliculata et villofa , Corollâ breviora , et tubo inferta. Antberae ob- lougae j contortae , eretlae. Pift. Gérmen fnbovatnm. Sty- lus fubulatus , ereftus , Jla- minibus longior , marcefeens. Stigma capitatum , didy- mum , gr anuiu rotundis te' Hum. Peric. Cápfula fubrotunda , fubtruncata, obfoletè tetra- gona , circumeifa , oper dila- ta , bilocnlaris , difperma. A maturitate capfulae deci- dit operculum , ea tamen adbuc manet claufa , juper- nè ttine fitbpelhtcida , te- nuijjlma , dttobus Julcis in modlim crucis [efe interje- cantibus exarata , hàc ruiu- penda ut exeant (emitia , hatid in válvulas referanàa. Sem. 30 Memorias da Academia R j; a l Sem. lilás, convexas por hu- Sem. Lacvia , bine convexa , itule trigona , £ fpherae ae- muláutia , bafi hilo cavo , fu- brotnndo. F/orei a Februario ufqae Rd Maium. Vidi } ponte , laete- que venientem in praediolo fito ma face , com três ângu- los na oppófta , rcprelen- rando a quarta parte de hu- ma bóia , com o embign na bafe , concavo , c qua- fi redondo. Florece de Fevereiro até Maio. Obfervci-a no Rio de Janeiro cm huma Chácara , que cftá no declivio do Mor- in Cajlellani collis clivo ver- ro do Caftello da banda d' A- fus viam d'Ajuda denomina- juda. Veja-fe a Eflamp. III. tam inCivitatc Riojaneriae. Vi- de Tab. III. Obf. Efta planta aíTcme- Obf. Falde equidem affi- lha-fc muito ao Convólvulo de nis convolv. macrocarpo Lm. ; fruílo grande de Linn. ;diíFere diferi tamen Corollâ non pur- todavia em não ter a Coról- pttreã , feminibus haud villofis , la purpúrea , nem fementes pedunculis faepiiis bifloris , cap- felpudas , em ter os pedún- f"lá operculatâ &c. culos commummente só com duas flores , a cápfula opercu- kda. &c. Das virtudes , e tifos. A Batata de purga he ha muitiflimo tempo ufada no Rio de Janeiro como remé- dio; he hum purgante , e da- qui lhe proveio o nome vul- gar. Efta raiz abunda muito de hum fueco gommofo-refi- nofo ,de forte que quando co- meça a feccar-fc , principal- mente eftando cortada em ta- Vires , et ufus. Radix in Riojaneria ditt- tissimè in tisus Médicos re- cepta eft , quippe quae vi pol- let alvum ducendi ; ideirco no- men vulgare ei inditutn. Haec adeo gummi-refinojò exuberat Jucco , ut cum ficcari incipit viaximè in frufla Jetla , un- diqne illum ftmdat lacrymarum in modum dein concrefeentem. lha- 11 A S S C I P. N C I A Ihadas , manifefta-fe por to- dos os lados , c concreta-fc cm forma de lágrimas. A maior parte delle he refina ; eu colligi hum pouco ainda no cftado gelatinofo , e expon- do-o ao rogo , depois de huma curta effervefcencia come- çou a arder com lavaréda, c confumio-fe a maior parte. Hum Boticário do Rio de Ja- neiro de huma arroba de raiz tirou duas libras de refina , ou ry. A Batata de purga coftu- ma dar-fe em pó na dófc de \ até i oitava ; cu a dei algumas vezes aífim miftura- da com aíTucar , e nao me conftou que fizelTe dores , ou algum outro incommodo ; conheci porém que cila he hum purgante mais fraco que a Jalapa. A refina da Batata tam- bém se dá como purgante , e a fua aftividade não he tal- vez inferior á da refina da Ja- lapa ; dá-se na dose desta , e da mcfma forma ; he por tan- to bem para estranhar-fe , que no Rio de Janeiro fc prepa- re , e fe exporte para Portu- gal muita refina de Batata , e que deite Reino íe importe jefina de Jalápa , ou debaixo sue Lisboa. 31 Hujtts máxima p ar s refina efl , fiquiâem ut mihi perielitanti li- dere ctntigit , dum adhuc ge- la tinofus exfudat , igni admo- tus pojl brevem ejfervefcen- tiam flammatn capit , et eie máxima parte abfumitur. Pbw- macopola e Riojaneria ex tri- ginta duabus radias libris duas rejinae eduxit , f. -^. Memorata radix exhiberi folet pulveris forma et do/i a - ad 1 drachmam : hoc modo et Jaccharo miftam eam quan- doque adhibui , ficqtie comperi abfque torminibus , aut alio que- cttmque incommodo alvum mo- vere esse Jolitam ; tiovi perita de huic Jalapam efficaciâ ex- cellere. Refina purgandi fcopo iti- dem praebetar , vixqne Jala- pae refinae cedit \ eâdem id- circo ac ea exbibetur dofi , et eâdem rationc : obflupefcant proinde necejfe efl qui noverint Pbarmacopolas Riojanerienfes copiam illius refinae folitos ef- fe par are , et Ulyfiponem mit- tere , indeque Jalapae refinam advebere , aut fortajfe fub boc tiomine ipfammet refinam è defte 3 x Memorias da Academia Real dcfte nome a me Ima reiina Br afilia mijfam. de Batata. A colheita da Batata cof- Propofitae radieis collectio tuma fazer-fe em Janeiro e feri folet menfibus Jan. et Fe* Fevereiro; coftumao também bruar. ; tutic etiam folet inta- corta-la em talhadas circula- leolas circulares incidi , fule- res , e fccca-la ao Sol para a que ficcari , nt affervari queat. guardarem. A refina coftuma extrahir- Refina apud Riojanerienfes fe pelo méthodo feguinte : bac encheirefi parari folet. S/i- pégão na Batata em pó, e mitur radix iupulverem ufque póem-na de infusão em aguar- com ufa , et f pirita vini infun- dente ; paíTado fuffici ente tem- ditar , opportuno dein tempore po coao a infusão efpremen- colatur infufiim prefftoneque do as borras , tornão outra vez a coar a mefma , mas fem cfprefsão , e põem-na então a urgetur . idem àenuo percolatur abfque exprcjjione , pofleaque diflillationi fitbjicitur ; cdaclo hoc pafio Jpiritu vini , afftnidi- tur refiduo in cucurbita laten~ ti aqua communis , qua demum refina in diftillar ; tirada por efte meio a aguardente , deitão agua no que reftou na cucur- bita, e depois coando efte re- per colam trajeílã , fiduo aflim diluído , obtém a colo obtinetur. refina no coador. N. B. A força germina- N. B. Maximam germina-* tiva deftas raizes he tão gran- tionis vim miratus fwn in hi- de , que me caufou admira- fce radicibus ; nonnullae , quas ção : tendo em cafa algumas , evelli , domique fervavi , ibi que tinha colhido, começa- fuafponte progermhiarunt , lon- rão alli mefmo a germinar gosque emiserunt caules aphyl- lançando longas varas fem los , quibus decerptis alii de- folhas ; cortei-lhe eftas , e mio prodivêre , qiti longo tem* logo brotarão outras, que ve- pore vegetaram, inque 3 Ve- getarão muito tempo , e che- dum ultràque longitudiuem ex- gárão a ter perto de huma bra- crevére. ça de comprimento. Ex- / fs , e muito mais compridos que a Corólla. Anthéras muito pequenas. Pifl. Germe ovado. Eftyléte AS DE I S 15 O A. 35" Rami fubdivifi , vagi. Folia duplicata et abrupte pin- vata , pinnis primuriis fe- cundariifque trijtigis , non- nuuiquam , lie et raro , fe- cundariis qaadrijugis ; fo- liolis fejjilibus , ovato-lan- ceolatis , acuminatis , 1 ad 2 inicias lotigis , fuperiori- bus [enfim maioribus , lae- vibus , integerrimis. Flores in capitulis peduncula- tis , sejjiles , nudi. Pedunculi axillares , folitarii, interdiím gemini , longi , recli , indivifi. Cal . Perianthium mouophyl- lum , 5 - dentatum , mini- tnutH. Cor. Monopetala , infundibu- liformis , limbo quinquepar- tito y laciniis acutis. Stam. Filamenta 20 et am- plias , mona.elpha , c apula- ria , erecla , longijjima. Au- tberae tninimae. Pift Gérmen ovatum. Stylus e ii fili- 36 Memorias da A filiforme , do comprimen- to dos Eftames. Eftigma fimples. Ferie. Vagem comprida, com- primida , encaracolada. Sem. muitas , obovadas , com- primidas , luftrofas , meias brancas , e meias verdene- gras. Florece em Março , Abril , e Maio. Habita nos montes ; ha muito , fegundo me dif- ferão , nas Capitanias de S. Paulo e Minas Geraes ; no Rio de Janeiro he raro. Feja-fe a E/i. IF. Fig. 3. Obf. Não achei flores uni- fexuaes no Barbatimáô ; no- tei também que á excepção de huma ou outra flor em cada capitulo , todas as mais abortão. c a d e m 1 a Real filiformis , longitudinc Jiattll- num. Stigma fimplex. Pcric. Legumen lovgum , com- preJJTtim , fpirale. Sem. complura , obovata , com- prejfa , nítida , altera r,ie- dietate nivea , altera atro- viridia. Flor et Mart. , Apr. , et Maio ; habitat in mmtibus , fre- qtiens ,nt tr aditar , in Bra- filiae provinciis S. Paulo , et Minas Geraes ; ocatrrit raro in Riojaneria. Vide Tab. IV. Ic. 3. Obf. Flores unifexuales non inveni. Hermaphroditorum infuper unus aut alter tantiim non abortat in Jingulo capita^ lo. Das virtudes , e u/os. A cafea do Barbatimáô , que o Author da Pharmacopéa contrafla chama ca/ca do Bra- zil , he a única parte defta árvore , que fe ufa na Medi- cina. Em todo o tempo tem fido famófa no Brazil pelo ufo familiar , que delia cof- tumao fazer as proftituidas para reparar a relaxação dos órgãos genitaes , que induz Vires , et ufus. Córtex hujus arboris , qui folus in Medicina adhiberi Jo~ let , quemque Pharmacopeae contraflae AuSiori corticem Braíilienfem placuit appellare , percelebris femper in Brafilia, fuit famtliari ttfu , quo apul meretrices fttngitur , Jcilicet ad laxaram pudendi partiam tonam reflanranàum , et ad amijfam , irreparabilemque vir~ a de- DAS SciENCI a devaflidão , e para fingi- rem polfuir o que os léus primeiros desacertos lhes fez perder para sempre ( Pif. Med. Braf. p. 77.). Tendo noti- cia difto o Doutor Jacob de Caitro Sarmento , Medico cm Londres , prefumio que a cal- ca do Barbatimáó podia fer muito útil em algumas en- fermidades ; defejou cm con- sequência experimenta-la , e para este fim a mandou vir do Brazil ; não foi baldado o feu trabalho , porque tendo achado nos feus enfaios que correlpondia á ília expecta- ção , communicou aos Médi- cos dos Holpitacs de Lon- dres as virtudes deite novo remédio , e dando-lhes huma porção delle , lhes pedio que o experimentaíTem também nos feus Holpitacs ; os fuc- cclfos , que obtiverao , forão igualmente felizes , e acere- • ditarão tanto a cafea do Bar- batimáõ , que os mefmos Mé- dicos a compravão depois ao Dr. Sarmento a iq[) reis a li- bra ( Sarm. Mat. Med. p. 45" )• Das obfervações de todos eftes Médicos rcfulta, que a Cafca do Barbatimáó he hum grande remédio nas hemor- as de Lisboa. 37 ginitatem mentiendam ( Pis. Med. p. 77 ). Hoc cutn inno- tuerit Dri. Jacob» a Ccijiro Sarmento , Medicinam Londi- ni facienti , fttfpicatus ejl lau- da tain cor t icem ad praeftan- tiores ufas Médicos verti pof- fe ; pericula ideirco facievdi cupidus copiam cjus e Brafi- lia obtinere cttravit ; nec in- cajfiim ; cutn etenim illa fe/i- citer cejffijjent , Médicos Nofoco- miorum Londinenfmm de novi medicamenti facultatibus cer- tos fecit , eofque Jimul roga- vit ut ijlud experiri vcllent in Nofocomiis; eis perinde adeò profperè evenit , ut ejus , quem duditm dono acceperant corti- cem , fmgulas libras ic))ooo terunciis coemerent ( Sarm. Mat. Med. p. 45 ). Ex obfervationibus igitur Medicar um Lon iiuenftum et nojtratis Sarmento conjlitit cor- ticem hujus Mimojae adver- rha- 38 M EM O R I AS D A A rhagias , leucorrhéas , c em geral nas grandes evacua- ções , em que são indicados os adftringentes , aos quaes leva a vantagem de não in- commodar o eftomago , como fazem os outros adftringen- tes fortes (o mefmo p. 4J7). A pezar difto , provavelmen- te porque os Portuguezcs não tem cuidado de a expor- tar para a F.uropa , não fc en- contra nas Boticas Européas , nem mefmo em Portugal , af- ílm nos vemos preci fados a comprar a Terra Japonica , a Gomma-kino , e outras dro- gas, que talvez nos não folTem neceílarias , áquelles , a quem podiamos vender o Barbati- mão. A experiência tem tam- bém moftrado , que o Barba- timão he útil e efficaz appli- cado externamente. Segundo refere o mefmo Sarmento ( Obr. cit. p. 4j 8 ) , o Dr. Nesbit , celebre Parteiro de Londres , depois de ter ufa- do inutilmente de vários re- médios , curou de Fluxo alvo ou Leucorrhéa a três mulhe- res , mandando-as ufar por feis até oito femanas de hum pef- fario de efponja , enfopado eui cademia Real ftts bemor.rbagias , leucorrheam et caetera projiuvia , quibus adflringentia conveniunt , ejfe praejlantijfimum ; bis praete- reh quodnmmoãò excellere , quippe qui Jlomacbum , fecus ac reliqtia fortia adflringen- tia , baitd molefle (tfficit. ( Id. p. 4f 7 ). Ut tarnen adeo exi- mi tis , ob id forfan quòd Por- tugalenjes ftibjenum corticem in Europam vebere nunquam curarunt , in Europac ofici- nas , ne ipfius quidem Portu- ga lia e receptus ejfe non va- luit ; bine fit at in prae/entia- rum extratlwn Mimofae ca- te , Gutni-refinae Kino , &c. , quibus forjan carere poffemus , ab iis emere teneamur , qui- bus corticem Mimofae cochlia- carpi divendere poteramus. Eumdein non modo ore af- fumptttm , fed etiam externe adhibitum , aegris opitnlari ex* perientia etiam ojlendit. Apuã. ipfummet Sarmentum legitur DoFxorem Nesbit , artem objte- triciam máxima cum laude Londini facientem , três foemi- nas a leucorrhéa , qtiae aliit quamplurimis remediis objlite- rat , feliciter liberajfe pejfarii e fpongia ope , htijus corticis decoêlo madidi , et ditobus fere menfibus adhibiti ( Id.p. 45" 8 )• cozi- DAS SciENCIAS DE LlSBoA. cozimento forte de Barbati- máò. V) Pisão diz ( Med. Braf. p. 77 ) que efta calca , tanto cm pó , como em cozimento , to- picamente applicada cura fe- lizmente as ulceras antigas , e de mão caracter , e que pe- la fua grande virtude deter- gente , e deíeccante tinha che- gado a curar o mefmo can- cro ; perfuado-me porém que Pisão aqui he hum pouco exag- gerado : hc provável que nas ulceras antigas , principal- mente no clima quente do Brazil , onde a inércia dos ab- forventes indica os aditrin- gentes ou forventes , feja proveitofa ; mas que feja ca- paz de curar o cancro , não lie baftante toda a autorida- de de Pisão para mo perfua- dir. Paliarei finalmente a re- ferir o methodo , com que huma Mczinheira da Capita- nia de Minas Gcraes curava as hérnias , porque , a meu vér , molha ao mefmo tem- po o poder da cafea do Bar- batimáó , c porque as hernias fe reputao vulgarmente por incuráveis, e fufceptiveis ape- nas do paliativo e incómmo- do remédio da funda. Pegava Tradit Pifo ( De Factth. Simpl. Cap. 29. ) ettmdcm corti- cem , five ia pulverem reda- cium , fixe excoilum et fomen- ti loco adhibitum , ulceribus inveteratis , et ma/è moratis feliciter mederi , ipfumque can~ crttm fitbin e injigni nmndifi- can i , et ficcandi qualitate cu- rajfe : haec tamen ftiperlata mibi videiitur : in ulceribus ve- tnjiis , maxime in calidiffimis Brafiliae regionibus , ubi fre- quentijjima vaforum abforben- titun inirritabilitas adftringen- tia fen forbentia pofeit , pro- deffe pojfe nullus dubito ; huic vero diro ma/o medeudo parem ejfe , pace Cl. Pifouis , nullus credo. Jtivat tandem methodum referre , qtta medicamentaria in Brafi/iae província Minas Gcraes berniis feliciter mede- batur , quippe quae 11011 modo corticis vim , fed etiam quare bujufmodi morbi p/erumque in- fanabiles exijlant , mo/ejlo per- petuoque fundae remédio relin- quendi , demonflrat : corticem fumebat recenter lectum , et pnllos gallinaceos , cum ovo- efta 4o Memorias da A cfta mezinheira em huma pou- ca de cafca do Barbatimao colhida de frefco , e em al- guns pintos quando picão a cafca para fahirem dos ovos, piz.iva tudo , c tazia huma ca- ta plafma , que punha fobre a hérnia por meio de huma herva paralítica , que chamao lá Barbas de velho , impunha ao mefmo tempo ao doente a condição de citar deitado de cóftas , c com as pernas encolhidas , por 15 ou 20 dias : no fim deite tempo, pou- co ituís ou menos, fahião sãos. liu foliei com hum homem , que tinha fido curado deita íórte , e que me difle todas eítas particularidades. Refle- ctindo agora fobre efte mé- thodo , CjUe tão eíficaz era na cura das hérnias , creio manifeíto que as hérnias fa- cilmente fe curarião , princi- palmente em quanto recentes, applicando-fe-lhes tópicos ad- ítringentes , e fujeitando-fe os doentes a eítar em pofiçío conveniente por baltante tem- po. A cafca do Barbatimao , fegundo o Dr. Sarmento , tem princípios gomo-refinofos ; he cm confequencia manifef- to , que fe pode adminiltrar cademia Real rum teflas , ut in Incem pro- deant , perforant ; ex his cvwi- bus benè contujis catapl afina ef- ficiebat , qurd Tillandliac ulne- oidis ope herniis imponebat , ju- bebat Jimul aegrum 1 5 aut 2 o dies , retraflis cruribus , fupi ■ num jacere , inter dicens ne vel pro naturalibus evacuationibus obeunlis furgeret. Hôc plus mi- nufve exatlo tempore fani abi- bant. Qticmdam bac methodo fnnaíitm allocutus Jum , citi baec memorata debeo. Hujits empiricae methodi felices even- tus benè penjitati abunde , Ji refle fentio , oftendunt hérnias , praejertim recentes , facilè fa- nari pojje , Ji aegri fupini fitjjicieni tempus recumbere vel- lent , fimulque extrinfecus ad- jlringentibus uterentur. Cortici huic , teftante tn- ties laudato Sarmento , inftta funt principia gmni-refmoja ; praeberi ideò pojpe tam puive- ris forma , quant aquojis et tan- <■■/..,-. v ■ / iit íj-í/ 1/,. Zockl ( c i« '» 'f carpe* ■ W . (.,/..,-. M.„, 1...:' tffl. Ç ,f At ,M~~f DA S S C I E N C 1 A tanto cm preparações aquo- fas , como efpirituofas. A lua dóle em pó he de hum clcrupulo até meia oita- va e mais. O Dr. Clark nas experiências , que fez com cila no Hofpital de Gucy , i hegou a dar duas oitavas por dóle nas hcmorrhagias Jem fe leguir damno algum ( Sarm. 1. c. ). A dófe do extrafto he de hum eferupu- lo até huma oitava ; a do co- zimento e infusão deve re- gular-le pela do pó. Explicação das Fi curas da Ejlamp. IV. s »i Lisboa. 41 fpirituofis compofitionibus in aperto eft. Pulveris dofis à fcrupulo 1 ai drachmam dimidiam et amplitts. Dr. Clark in peri- clitationibus , qnas in Nofoco- mio Guey injlituit , duas drach- mas adver/us hemorrbagias , nullo fubfeqnuto incomnwdo , una dofi exbibuit ( Sarm. I. c). Extrafli dofis a fcrupulo 1 ad drachmam '. itifnfi et decoili ex pulveris dofi definiri potejl. Explicatio Iconum Tab. IV. 1. Folha do Eupat. crenula- do , das mais velhas , ou inferiores. 2. Folha do mefmo Eupat. , das mais novas , ou fupe- riores. 3. Folha da Mimofa de fru- 3. Foliam Mim. coebliacarpi fto encaracolado , ou Bar- batimdo. I. Foliam F.ttp. crenati e fe- nioribus f. inferiuribus. 4. Folium ejufdem Eup. , è juuioribus , f. fitperioribus. Tom. 111. Da 42 Memorias da Academia Real Da Contraherva. De Contrayerva. Clajf. Tetrand. Ord. Monog. Clafl'. Tctrand. Ord. Monog. Nom. Syft. Dorftenia do Bra- Now. Syft. Dor/lenia Brafi- zil. La Mark. lienfis. La Mark. Car, EJf. Efpec. D. com haftcas radicaes , fo- lhas cordiformes-ovaes , ob tufas , crenuladas , re- ceptáculos orbiculares. La Mark. Encycloped. Meth. Dorftenc du Bréfil. Dorftenia de folhas cor- di formes de Swartz ? Gen. e elp. nov. Caapia de Pif Br. p. 90. Marcgr. p. 52. Contraherva entre os Por- tuguezes , e Brazileiros. Também fe chama Fi- gueinba no Brazil. Car. Nat. Efpec. Raiz tuberofa , do compri- mento de 4 até 1 ^ polle- gada , da groffura de -j até 1 pollcgada , quaíi roliça, muitas vezes quaíi ovada , por fora de còr fufca ti- rante a ruiva , para o topo quaíi cfcamofa , para a ba- Char. EíT. Spec. D. fcapis raàicatis ,foliis cor- dato-ovalibus , obtufir , cre- tm latis , receptaculis orbi- cularibus. La Mark. Di£l. Botan. Dorftene du Bréfil. An Dorftenia cordifolia Swartz ? Nov. pi. gen. et fpec. Caapia Pif. Braf. p. 90. Marcgr. p. 5-2. Contraherva Lufitanis *t Br afilien fibus. Figueirinha bis etiam vul- go audit. Char. Nat. Spec. Radix tuberofa ,'- ad 1 '- un- ciam longa , ~ ad 1 crajja, fubteres , faepe fubovata , externe fufco - rufefeens , verfus verticem fubfquamo- fa , inferne faepius inflar Ipecacuanhae annulata , /«- tus dilntè flava , cumpafla , fe DAS S C 1 E N C I A fe frequentemente annula- da á íemelhança da raiz da Ipecacuanha , interiormen- te de cor pállida , compa- d~ta , lascando de todos os lados , principalmente da bale , varias radiculas le- nhóías , de côr ruiva-efeu- ra , compridas , aflbveladas, com regos ou rugas tranf- verfaes na parte fuperior , ramófas ; cftas radiculas cheirao ás folhas de Figuei- ra , e tem hum labor pou- co amargofo , e algum tan- to aromático ; pelo contra- rio , o troço materno pou- co ou nada tem daqUclle cheiro , e tem hum fabor acre , forte , que dura por algum tempo na bocca , mas quaíi nada amargofo. Folhas radicaes , cordiformes- ovaes , algumas vezes qua- II cordiformes , de ' i '- até 3 pollegadas pouco mais ou menos de comprimento, da largura de j até | de pollegada , venófas , hum tanto felpu.las , de hum verde-efeuro na pagina fu- perior , de hum verde mais claro na inferior , onde fo- brefahem os veios , pecio- ladas , levemente crenula- das. s de Lisboa. 43 bine inde , maxime è ba- fi , multíplices agem radiai- las, lignofas, fatttratè rufa r , longas , fubulatas , Jupernè trau/ver/è /u/catas feu ru- gofas , ramofas ; hae fiei fo- lia olent , et fapore gait- dent fubamaro , et fnbaro matico ; catidex atitem vix aut ne vix qnidem o/et fo- lia Fiei , fapore vero fita* gititr valdè acri , perseve- rante in ore , vix amaro. Folia radicalia , cordato-ova- lia , interdttm fubcordato- ovata , 1 4 ad 3 uncias plus minufve longa , l ad j ««- ciae lata , venofa , fubvillo- fa , fuperne fatttratè viri- dia , fubtiis dilutiora , bine- que venis prominentibtis , petiolata , fuberenata. v n Pe- 44 Memorias da A Pccíolos 7 mais curtos que a lamina da folha , guarne- cidos de huma felpa fub- til. Hafteas mais longas que os pecíolos , menos porem que as folhas , quaíl felpudas. Cal. Receptáculo commum orbicular, monophyllo , ar- rodellado , acenofo , co- berto todo de flofculos. Cor. . . . Eftam. . . . Pift. Germe . . . Eftilêtc hum , perfiftente. Sem. amarelladas , ovadas qua- fi redondas , hum tanto com- primidas , echinofas , mu- cronadas , com huma mar- gem aquilhada , e a oppóf- ta hum tanto plana , e re- goada. Veja-fe a Eftamp. V. Habita no Brazil nas Ca- pitanias de S. Paulo , Minas Geraes , e Pernambuco ; não a encontrei no Rio de Janei- ro a pefar de alli fe darem duas efpecies congéneres , quero dizer a Dorftenia Dra- kena , ou D. com bajleas ra- àicaes , folhas pinnatifidas- apalmadas , integerrimas , re- ceptáculos ovaes ; e a Dorjl. com folhas de Jarro , ou D. com hafteas radicaes , folhas cordiformes-afrechadas , ondea- cademia Real Petioli f lamina breviores , fubvillofi. Scapi petiolis longiores , foliis vero breviores , fubvillofi. Cal. Receptaculum commune orbiculatum , monophyllum , pcltatum , ntitans , pluri- mis Jlofculis tefium. Cor. . . . Stam. . . . Pift. Gérmen . . . Stylus ttni- cus , perftftens. Sem. flavefeentia , ovato-fu- brotunda , coinprejjiufcula , muricata , altero margine carinato , altero planiuÇcitlo fulcato , mucronata. Vid. Tab. V. Habitat in Braflliae pro- vinciis S. Paulo , Minas Ge- raes , et Pernambuqnia ; in Riojaneria non offendi , qttam- quam ibi proveniant duae aliae fpecies congéneres , feilicet Dorftenia Drakena , f. D. fca- pis radicatis , foliis pinnati- fido-palmatis , integerrimis ; receptaculis ovalibus. Lm. et Dorft. ar i folia , f. D. fcapis radicatis; foliis cordato -la- gittatis , undulatis , fubden- tatis , maximis ; receptaculis ovalibus. La Mark Dift. Bot. das , DAS SciENCIAS DE das , quafi denteadas , muito granda , receptáculos ovaes. De la Mark. Dicc.Bot. na lin- cyclop. I SB o A. 4? Virtudes , e ufos. Todas as Dorstenias são leiteiras; todas tem hum af- pe&o particular , o mefmo cheiro , e o mefmo fabor ; tanti identidade de qualida- des feníiveis em plantas do inclino género , não pode dei- Vires , et ufus. Omncs Dorjleniae fpecies laclefcentes funt , et peculiari habittt , necnon eodem et fapo- re et odore potiuntur ; iifdem ideirco viribus pollere , quan- tum per fenfus et affinitatem aejlimare licet , credere fas xar de fazer , que cilas fcjão ejl ; verumtamen fmgulis indif- identicas nas virtudes mediei naes ; daqui parece feguir-fe , que fe poderia indiftincla- mente ufar de qualquer das efpecies ; não he todavia af- íim : ellas differem muito no criminatim uti , ut unufquif- que facilè crederet , minimè expedi t ; fieri enim nm potejt ut vires medicinales pro qua- litatum Jenfibilium ratione noti Jlnt ; atqui vel três laudatae grão das qualidades feníiveis , fpecies faporis vi maximè dif- por exemplo , a Dorflenia do tant ; fiquidem Dorftenia Bra- Brazil tem hum fabor acre forte , que atura na lingua por algum tempo, quando a Dorfl. Drakena , e a Dorft. com fo- lhas de Jarro tem fabor acre muito tibio : ora he natural , íilicníls fapore gatidet valdè acri et perfeveranti in ore ; Dorft. Drakena vero et Dorft. Arirolia fapore acri mitijfimo potiuntur. Magni igitur inte- refl Mediei compertam et ex- que as virtudes refpeclivas ploratam babere Dorjleniae fejão na razão do grão das fpeciem , qua utitur , feu quam qualidades feníiveis : interef- fa por tanto muito ao Medico faber de quj efpecic fc ferve , pois fe fem eita attenção as receitar na mefma dófe , hu- Pharmacopolae adhibent , ne eâdem cujuúibet decreta difi incajfum aut in aegri detrimen- tum propinei remedium. mas A6 Memorias da Academia Real mas vezes não tirará provei- to , e outras da-la-ha em pre- juízo do doente. NeceíTario he pois repa- rar bem , que a ContraherVa , de que aqui trato , nao he a mefma , de que fallão os Authores de Matéria Medi- ca ; cumpre também faber , que ella he a Contraherva das noffas Boticas. Eu vim nefte conhecimento , por- que procurando nas Boticas do Rio de Janeiro pela Con- traherva , entre muitas raízes , que me mostrarão , achei al- gum is , que ainda conferva- vão folhas , hafteas , recep- táculos , e fementes ; por meio deitas pude bem diftinguir que ella era a Dorft. do Bra- zil ; informarão-me ao mef- mo tempo, que era a única , de que fe fervi ao nas Boti- cas daquella Cidade ; quan- do voltei para Lisboa fiz a mefma indagação nas Boticas defta Cidade , e como igual- mente achei as mefmas rai- zes , c algumas folhas &c. , aflentei que a noffa Contra- herva officinal era a Dorft. do Brazil , e não a Dorft. Dra- kena , nem a Dorft. de Hufton , como era de crer fegundo os Authores de Matéria Medica. Eapropter animadvertere oportet Contrayervam , de qua fermonem injlitui , aliam efe ab ea , quam de Matéria Me- dica Scriptorcs iv.digitant; pa- tefaciam nnnc tilam ejfe noj- tram Contrayervam ofjicinalem ; fiquidem bane mihi ipfi quac- renti apud Pharmacopolas in Riojaneria oftenfae fnerimt ra- dices , qttarttm nonnullae folia et fcapos cum receptaculis et feminibns adhuc fercabant , hifeeque twvi eamdem ejje cum Dorft. Braf. ; comperi fimnl millam aliam adminijlrari iu i/lis officinis pro ufu Medico; rever Çm deinde Olyfiponem eam~ dem inquifiticuem peregi apud noftros Pharmacopolas , eo- dcmque modo tandem evici contrayervam cmntum noftra- rum ojjirinarttm ejfe Dorftc- niam Braíilienfem ^nequaquam vero Dorfteniam Drakenam , et Dorft. Houftoni , ut ex Cl. Murray ( Appar. Medic. ), aliifque de Matéria Medica Sfcriptoribus exijíimandum e- rat. DAS SciENCI A perfuasao , cm que até aqui fe citava , de que a nof- ia Contrahcrva officinal era a mefma que a das ofEcinas eftrangeiras , tem feito que aquella tenha tido entre nós o mefmo ufo , e a mefma re- putação que cila. Até á pouco tempo ufava-fe fcmelhante- mente nas febres , quando era precito efporear os iolidos quali exhauftos do poder fen- forial , excitar a tranfpiraçao , e obviar a pretendida putre- fecçao : hoje igualmente he menos ufada principalmente depois que os célebres Mé- dicos Mcrtens , Cullen , e quaíí toda a Efcola Ingleza aflentárao , que a Quina , e o Vinho erão melhores remé- dios na prefença de iguaes indicações. Ainda que efta opinião feja em geral verda- deira , julgo todavia que a Contrahcrva não he , como fe deveria concluir, hum re- médio digno de delprczar-fe, não fó pelos elogios , que lhe fazem os dous famófos Médi- cos líuxham e Pringle , mas porque cu mcfmo obíervei em lugares apaulados huma efpecie de febre , das que o experimentado Stoll chama pituitofas , o célebre Cullen as de Lisboa. 47 Ottamquam adeo difpc.r ab iftis , cutn eadem bueufque crederetur , parem tijum eain- demqiie exijlimationem puita ejl ; dtidtim proinde adhibeba- tur adverfus febre r , cum vi- res deficientes maximopere fo- vere oportebat , necnon diapho- rejin movere , et pntredini , ut autttmabant , ob/lare : bodie aeque rarihs adhibetur maxi- mè poftquam Egregii iu nie- dendi arte Viri Mertens , Cul- len , et tota fere Anglorum Jcbola corticem Peruvianum et vinum potiora fiifficere reme- dia ad eadem debellanda fymp- tomata auilores fttere. Licet tamen baec fententia in uni- verfum vera fit , minime ut floci pendatur Contrayerva ef- ficeret , praeter enim quae ma' xima de ea praedicant praef- tantifjimi Mediei Huxbam et Pringle , ipfe baud raro in locis palttdojis quafdam febres obfervavi , quas expertijfimi Stollii pituitofis , seu Cl. Cul- lenh Typbis mitioribus , nunc- que eximii Darwinii Febribus inirritativis adnumerandas ef- fe exijlimo , quibus córtex Pe- ruvianus et vinum imparem opem tttlerunt , quibus vero Arnica montana , Ariftolochia Serpentária , et maxime J»i- Ty- 48 Memorias da Academia Real Typhos benignos , e o im- tnouia faluti fuere ; in bis , mortal Darwin Febres inirri- inquain , Contrayervam ami~ tativas , na qual a Quina e cam operam ttiam praejlatu- vinbo não correfpondêrão á ram esse ex analogia conjice~ minha expectação , e achei re jus eji. Credere quoquè li.- hum grande recurlo na Arni- cet camdem babitui corporis ca , Serpentária , e principal- l.cucopblegmatico , obftruttioni- mente na Amónia ; nefta pre- bus nonnullis , et in tmiverjum fumo por analogia , que a in mor bis , qitibus acria , ve- Contraherva ha de fer provei- lut pulvis Ari compofitus &c. , tofa. Perfuado-me também que opitnlantitr , effe condiifluram. a Contraherva ha de fer van- tajofa nas Lcucophlcgmacias , em algumas obftrucções , e em geral nos calos , em que convém os remédios acres , tacs como são os Pós de Jarro compóftos &c. A's mencionadas refle- His âemum addam Ser- xões fobre a nofla Contraher- fentariam , contra ac ex Cl. va acereícentarei ainda hu- Cullenio intelligendum erat , ma , e vem a fer : que cila , minits Jiimnlare , quàm Con~ bem pelo contrario do que trayerva voflrarum ofjicina- fe collige de Cullen , he rum , quippcquâ multo minits mais eftimulante que a Ser- acris eft ; nequaquam ideirco pentaria , pois he muito mais maioribus dofibus , ut Juadet acre ; não deve por tanto Lewis , vice verfa minoribus ac dar-fe em maiores dófes , Serpentária praebendam effe como aconfelha Lewis, mas censeo. Cave et iam ne decipia- fim em menores do que fe ris eò quud Leviis fpernere ju- coftuma dar a Serpentária. Não bet radicular contrayervae ut fe devem também reputar inertes , quippe quae fapote et inertes , e deforeziveis as ra- odore fere carent ; quor.iam diculas da nofla Contraherva , haec in noflram Contrayervam ainda que Lewis dê efta idéa minime cadunt ; illae tion :no- das radiculas da Contraherva do non refpuendae fed maiort DAS SciENCIA officinal por não terem qua- lí nem íabor nem cheiro , porque , fegundo o que fica dito,ifto he falfo a refpeito da noffa Contraherva , e por iífo não fó fe não devem def- prezar, mas devem pelo con- tra rio ajuntar- fe cm maior ou menor dófe fegundo fe pre- tende o remédio mais ou me- nos corroborante ou forvente que eftimulante ou incitante; fó por meio defta addição he que tenho que a Contraher- va poífa fupprir a Serpentá- ria , como julga Murray ; porque cfta he hum pouco acre , e amarga , e aquella hc fomente acre , e não tem amargo notável fenão nas ra- diculas. Não devo terminar as mi- nhas obfervaçóes fobre a Con- traherva fem dar aqui os de- vidos agradecimentos a hum homem de grandes talentos, e que com as luas inveftiga- ções mctallurgicas , e precio- fos defcobrimentos tem fei- to , e continua a fazer im- portantes ferviços á Nação Portugueza , quero dizer, á João Man fo, o qual de mui- tos a quem roguei , que qui- zcíTcm cooperar para as mi- nhas inveftigaçóes de Bota- Tom. III. s de Lisboa. 49 aut viinori addendae funt do/i , projtt tnagis aut mitius robo- rans feu Jorbens qttam jlimu- laus feu incitam habere opor- tet remedium ; hujus trntum additi nis ope Contrayervam Serpentariae vices quodammo- do agere , ut cenfet Murray , exijiimo \ fiquidem haec acris ejl ftmulque amara , i/la vero acrir tantiim , nec amara ni- fi in radiculis. De Contrayerva Jermonem mm dimittam pritifquam hic proineritas gratias agam rari ingenii viro , inquijitionibtts me- tallurgicis et praetiofis inven- tis indies de Portugália bene~ merenti , Joanni Manfo , qui , tinicus è multis rogatis , méis invefligationibus Botanices Me- dicac favens núfit ad me e S. Paulo bane plantam Jiccam cum ícone , qiiam nunc a do , et plurimis ra icibus , quibus adminiculis c njlitit mihi ube- rius de twjlrae Contrayervae a nica yo Memorias da Academia Real nica Medica , foi o único, que fpecie , fuffccíamque deferiptio- annuio ás minhas folicitaçoesj nem concinnare valui. tendo a bondade de me man- dar de S. Paulo hum pé da nofla Contrahciva íecco , a Eitampa , que aqui ajunto , c muitas raizes , por cujos meios não ío coofegui luim cabal conhecimento da nofía Contrahciva , mas fiz a def- cripçao , que aprefento. Explicação das Fig. da EJlamp. V. Explicatio Iconum Tab. V. i. Dorftcnia do Brazil. i. Dorjlenia Brajilienfis. i. Receptáculo cheio de fc- 2. Receptaculum feminibtts foe- mentes. íium. 3. Sementes com os Eftylêtcs 3. Semina Stylis perjijlentibus. preíiítentes. OB- h 3 M, .. I ,. ■ t m. c /'■ 5o. D 5 /•..' '',..■ /»'. » .vil), , r ( Coiitraherva.. ) DAS SciENClAS DE LlSBOA. JI OBSERVATIONUM BOTANICO-MEDICARUM PARS II. Segunda Parte das Observações Botanico-Medicas. poii Bernajidino António Gomes. D A MANGABEIRA. DE A R B 0 R E MANGABEIRA. Claffl Pent. Ord. Monog. Hancornia (*). Gcn. N. Car. EJf. Gen. B AGA unicellular , poly- lperma. Eftigma capitofo- lubcylindrico , terminado por huma agudeza biparti- da. Cor. alíalveada , com a ( * ) Dei a eíla árvore o nome de Hancornia em memoria do Sr. Filip- pe Hancorne , Inglcz de Nação , e benemérito Chefe de Divisão no fer- viço de Portugal , não fó por fer apaixonado da Hiftoria Natural, e dos c]iic a cultivão, mas principal- mente pirque fendo Major Gene- ral da E (quadra , que fe expedio pira o Brazil em 1797 , e em que eu fer- via , me facilitou as occafióes de fa- zer alli as minhas Obfervações Bo- tanico- Medicas , c na volta quiz ain- da auxiliar-me no arranjo delias , Fazen lo-me o prefente de alguns Li- vros raros de Botânica , dom para mim de muito apreço, muito mais iTaquella o*cafiáo. ClalT. Pent. Ord. Monog. Hancornia (*). N. G. Char. Eff. Gen. ~T) ACCA i-locularis , poly- Jt/ fperma. Stigma capitato- Jubcylindricum , acumine bi- partito. Cor. bypocraterifor- mis , limbo retlo , 5-partito. ( * ) Hancorniam vocavi in memo- riam Philippi Hancornii , natione An- gli , et apud Lufetanos in Navali militia benemeriti Divifionis Duas , quippe qui non modo iterum Natura- lium fiudiofus eft , fed etiam Jiudio- fórum fautor , eoque maximè qttod dum Clalji , qua Mediei partes age- bam , anuo 1797 '" Braftltam mijfae Praefefltts erat , Obfervationes .Botâ- nico- Medicas illie in/liiucndi oppor- tunit ices bcnevnle mihi largitus e/í , reverfufque Olvfiponem hifce ,idbnc rediyendií faverc profecutus fuit , obla- tis nonnullis hatid vulgaribits Botani- ces libris , numere mihi maxime ocea- fionis ergo acceptijftmo. G 11 orla yi Memorias da Academia Real orla partida cm cinco la- cinias re&as. Car. Nat. Gen. Char. Nat. Gen. Cal. muito pequeno , partido cm cinco lacinias , conca- vas , levantadas , hum pou- co obtufos , perfiftente. Cor. monopctala , afíalveada ; com o tubo do comprimen- to de huma pollcgada , quafi cylindrico para a ba- fe , hum pouco bojudo pa- ra o topo , com pêllos por dentro , e orla horizontal , partida cm cinco lacinias , ovadas , agudas , três vezes mais curtas que o tubo. Eftam. Filetes cinco , lineares, muito curtos , pelludos , e apegados dentro do bojo ao tubo da Corólla. Anthé- ras oblongas , hum pouco agudas , convergentes , in- cluidas no bojo do tubo. Pijl. Germe quaíi redondo , íobrepofto. Eftylête levan- tado , filiforme. Eftigma capitofo , roliço , mais del- gado no meio , pontudo , com a pontinha bipartida. Peric. Baga quaíi redonda , as mais das vezes de i até 2 pollegadas de diâmetro, com hum mamillo no to- po, unicellular , com mui- Cal. Perianthium ç-partitum , minimum , laciniis concavis , erefiis , obtitjiufculis , per- Jijlens. Cor. monipetala , hypocratcri* for mis ; titbitr pollicaris , inferne cylindraceus ,/tiper- ne ventricofior , inttis pilo- fus : Umbus patentifflmtts , quinquepartitus, laciniis ova- tis , acutis , tubo ter bre- vioribus. Stam. Filamenta quinque , li- maria , brevijjima , pilofa , tubo corollino intra ventrem inferia. Antherae oblongae , acutittfculae , coimiventes , in tubi ventre reconditae. Pift. Gérmen fubrotundum ,fu- perum. Stylus ereElus , fili- formis. Stigma capitatum , teres , médio coarclatum , acuminaium , acumine bipar- tito. Peric. Bacca fubrotunda , fdc- pius i ad 2 uncias diâme- tro , ápice in mamillum pro- t uber an r , unilocularis , poly- Jperma {Jeminibus 6 ad 1 8 ). tas 53 DAS SciENCIAS l)E LlSBOA. tas fomentes (6 até 18.). Sem. ovadas , achatadas , com Sem. ovata , ãeprejjíufculn luima mancha amarclla em huma face , pela qual éftão mais firmemente apegadas á polpa. Tegumento ruivo, membraoaceo.Albume bVan- co , duro. Embrião central , ab altera facie macula fia- va , qud pulpae maximè ad- Levantádo , com duas co- tylédones da feição da te- mente , e radicula muito curta efcohdida na baie do albume. haerent. Tegnmentum mem- branaceuiu , rufam. Albu- vicu álbum , ãurum. Embrio ereclus , dycotiledoneus , cen- tralis ; cotyledones Jubova- tae , radicula brevij/imâ Hl bafi albv.minis recôndita. Efpecie. Spccies. i. Formofa. Hancornia. Mangaba de Marcgr, p. 121. Mangaiba de Pisão p. 76. Mangaba Pharm. Tuba- lcnlc p. 25-0. Speciofa. Hancornia. Mangaba Marcgr. p. 121. Mangaiba Pif. p. 76. Mangaba Pharm. Tubal. p. 2JO. Car. Nat. Efpec. A'rvorc baixa (de ?> até 12 pés de altura ) , ramófa , la&eícente. Folhas lineares-lanceoladas , do comprimento de 1 5 até 2 pollcgadas , da largura de 7 até 1 , pontudas , in- ;rrimaSj glabras por am- bas as faces , oppóíhs , hum pouco coriaceas, com muitos veios tranfverlaes Char. Nat. Spcc. Arbor humilis (8 ai 12 pe- des longa ) , ramo/a , lafíef- cens. Folia lineari-lanceolata , 1 1.. ttd ad 1 la~ acaminata , integerri- ma , «traque pagina glabra , oppofita , fubcoriacea , zeuo- fa , venis plurimis tranfver- fis et par a lie lis , laetè i'i- ridia , petiolata. 2 uncias longa , ta 5*4 Memorias da A e parallclos , de hum ver- de claro , e pecioladas. Pccíolos quatro vezes mais curtos que as folhas. Flores pedunculadas , termi- nacs. Pedúnculos pouco menores que os pccíolos, mas mui- to mais curtos que a co- rólla , folitarios , commum- ttiente unifloros. Florccc pelo Verão no Rio de Janeiro , e dá-fe nas Capitanias mais Septcmtrio- naes do Brazil ; começou ha pouco tempo a cultivar-fe cm numa Chácara de Andarahí , lugar pouco diftante da Ci- dade do Rio de Janeiro , on- de a vi com flores e fruttos vegetando cm hum terreno fêcco , o qual , legundo Pisão , he o melhor para efta árvore. Obf. A Hancornia afleme- lha-le muito ás Ambclanias, e Pacourias de Aublet , ou ás Willughbeias de Gmelin ( Syft. veget. ) e de Schre- ber ( Gcn. plant. ) , e ás Va- heas de Mr. La Marck ; dife- re porém daquellas cm não ter nem Coróllas inteiramen- te retorcidas , nem Eftigma capitoio , ovado , e fobrepof- to a hum plano horizontal e circular , nem Baga pyri- cademia Real Pctioli lamina quater brevio- res. FIcres pedunculati , termina- les. Pedunculi petiolis «onnihil ,Co- rollâ vero longe breviores , folitarii y perfaepè unijlori. Flor et vere in Riojaneria ; habitatque in Septetntrionali- bus Brafiliae provinciis ; dn- dum translata hofpitatur in praedio pagi Andarahí , hattd procttl a civitate Riojaneria , ubi eam fiores et fruElus fe- rentem in folo ficco , quod amat auSiore Pijcne , obfervavi. Obf. Hancornia affinis ejl Ambelaniis et Pacouriis Auble- tii , [eu W ilhighbeis Gmelini ( Syft. veg. ) et Schreberi ( Gen. Plant. ) , necnon Vaheis Cl. La Marckii ; ab illis tamen differt qttippequae nec Corollis omni- rió contortis , nec Stigmatc ovato capitato , orbiculoqne in- fidenti , nec Bacca pyrifonni , nec Cap fida &c gattdet ; ab his vero , qttarum dejcripiionem genericam adbuc non tradidit forme DAS SciENCIA forme , nem Cápfula &c. ; das Vaheas , de que o Ccl. La Marck não deu ainda a Del- cripçáo genérica , nem mef- mo os caratt. eíTenc. gener. , que deviao vir na Tábua dos Gen. da Pent. , differe ( quan- to fe pode preíumir pela fig. da Eftampa 169 , onde fe nao vc o Pericarpio ) em terem as Vaheas o tubo das Co folias bojudo para a bate, a orla retorcida , o germe re- goado ou torolofo &c. Virtudes , e ufos. As Mangabas depois de maduras são amarelládas , mas pela parte exporia ao Sol são mais amarellas , e pintadas de incarnado ; tem além diíTo hum cheiro , que não he defa- gradavel , e hum labor doce , e ligeiramente amargo , e al- gum tanto adítringente , to- davia muito agradável. Eíta fruta cóme-fe , e , ainda que fe coma muita , nao faz mal , fegundo affirmão Pisão eMárc- grave , e tcftifica a minha pouca experiência. Cumpre advertir, que efta fruta nun- ca amadurece na árvore ; quando cahc , ou fe colhe da arvore , he dura , e abun- s de Lisboa. SS Cl. La Marck , et cbaraél. ef fenc. gen. praetermijit in couf- peclu Generitm Pentandriae , dijfert etiam , ( quantum per icone vi Tab. \6<) divinari U- cet , in qua dejideratur Peri~ carpiam ) fiquidem bis Corolla- runt tubas ad bafou amplior , Umbus contortus , gérmen fui* catum froe torojum &c. Vires et ufus. Baccac maturae fiavefeen- tes , et qua Soli obverfae fue- runt , jlavae rubroque macu- latae funt ; odore praeitreà gaudent 11011 ingrato , atqtie fapore dulci fubamaro , et non- ilihil adjlringenti , caeterum gr ali forno ; efeulentae igittir funt , et , licèt abunde inandu- centur , innocuae , ut tradv.nt Pifo Marcgraviufqiic , meâ Juffragrante etiam aliquantiúâ experientid. Animadvcrtere op- portet hos fruflus nunquam mature/cere in arbore ; cum decidunt in terram , aut ab ar- bore decerpuntur , duri funt , et laile turgent zifeofo ; elap- fis tamen aliquot diebus adeb y 6 Memorias da Academia Real da de hum leite vil colo , mollcs evadunt , ut in ore fe- paliados porém alguns dias rè liqnefcant. Dum adhuc du- faz-fc tão molle , que fc des- ri [unt faccharo conditintur ut faz na boca. Em quanto du- fecundis menfis apponantur ; if- ra faz-fe de doce , e neíle tiufmodi etiam in Europam mit- eíládo fc ufa nas lobremêzas , tuntur. e fe manda para a Europa. O leite vifeofo , que fe Lac vifcofttm , quod tam tira por incisão , tanto das e caefis Baccis immaturis , Mangabas verdes,como da caf- quam e fauciato arboris cor- ça, da Mangabeira , coalha-fe , tice manat , cogitur in gum- e dá huma clpecie de Gom- mi-elajlicum fimile ejtts , quod ma eláftica , como a que vem in Europam mittitur e Fará , do Pará , com a diíFerença de praeterquam qtiòd minori , ut fer , fegundo me pareceo , mihi vifum e/l , donetur elajli- menos eláltica. citate. Explicarão das Figuras da Efiampa I. i . Ramo com folhas , flores , e baga. a. Corólla rafgada longitudi- nalmente para fe verem os Eftámes. 3. Flor fem a Corólla mof- trando o Piftillo , Cálys , e Receptáculo. 4. Baga cortada tranfverfal- mente moftrando as Semen- tes. 5. Semente. Explicatio Iconum Tab. I. 1 . Ramus folia , flore s , et baccam gerens. 2. Coro/la longitudinaliter feif- fa ut prodeant Stamina. 3. Fios corollâ orbatus exhi- bens Pijiillum , Calycem , et Receptacuíum. 4. Bacca tranfversè feála ex- bibens femina. jr. Semev. Da /;.'// / /;.V S T III DAS SciKNCIAS DE LlSBOA. 57 Da Arbore chamada Tabebuia. De Arbore Tabebuia. Clajf. Didynam. Ord. Angyofp. ClaíT. Didynam. Ord, An- gyofp. Nom. Syft. Bignonia dos Bré- Nom. Syjl. Bignonia TJIigino* jos. N. Eíp. fa. N. Sp. Car. Etf. Efpec. B. com folhas íímplices, ob- Iongas-lanceoladas , obtu- fas , intcgcrrimas , corym- bo terminal , cályces bi- fcndidos , e coróllas fen- didas cm cinco lacinias. Tabebuia he o nome vul- gar na Cidade do Rio de Janeiro. Car. Nat. Ejp. He huma árvore da altura de 16 até 24 pés. Raiz ramófa com o lenho branco , mólle , e muito • leve. Tronco ramofo , da groffiira de 2 até 3 pés , com o le- nho branco , molle , c leve. Ramos compóftos , os pri- meiros levantados , os fe- guintes levantados ou le- vantddos-patcntcs , com a cafea verde-cinzenta , cheia Tom. III. Char. E1T. Spec. B. f oitis fimplicibus , oblongo' lanceolatis , obttifis , integer- rimis , corymbo terminali , calycibus bifidis , corollis qiúnqiiefidis . Tabebuia twmett vulgare in Riojaneria. Char. Nat. Spec. Arbor 16 ai 24 pedes alta. Radix ramofa , ligtio albo , molli , levijjimo. Truncus ramofus , 2 ad 3 pe- des crajfus , ligno albo , mol- li , et levi. Rami compo/tti, priores ereEli, Jnbfequentes patentes aut ereSio-patentes , cortice ex viridi-cinereo punflis tuber- cttlofis albis adfperfo. h de j-8 Memorias da Academia Real de huns pontos tuberculo- fos brancos. Folhas alternas , do compri- mento de 4 pollcgadas c mais , da largura de i ; até ijobovadas-lanceoladas, ou oblongas-lanceoladas, e ob- tuias , coriaceas , integer- rimas , eftreitadas para o pccíolo , que hc curto. Flores em corymbo , termi- naes , munidas de Bracleas , das quacs as Ínfimas são cfpathuladas , pontudas , e rentes ; as de mais aflbve- ladas , e curtas. Cal. Perianthio fottopofto , do comprimento de meia pollegada , hum pouco in- funado , curto , fendido em duas lacinias obtufis , per- fiftente. Cor. branca , afunilada , cin- Cor. alba , Folia alterna , 4 iniciar et am- plias longa , 1 ~ ad 1 lata , obovato-lanceolata , feu ob- longo-lanceolata , et obtufa , coriacca y integerrima , in petiolum attennata ; petiolus breois. Flores corymboji , terminales , bracleati • bracleae infimae fpathulatae , acuminatae , fejjiles ; reliquae Jubulatae , breves. Cal Perianthium inferum , ~ unciam longum , fubinjla- tum , breve , bifidum , laci- niis obtufis , perfijiens. co vezes maior que o ca- lys , com o tubo amarcl- lo-deslavado , comprimido , curvo para baixo , gibofo pela face fuperior, canali- culado pela inferior, com a orla partida em cinco lacinias quali redondas , e quafi iguaes. Ejlam. Filetes 4 , aflbvela- dos , curvados para o Pif- tillo , apegados ao tubo da Corólla j e cotanilhoios na infitnãibuliformis , qiiinquies calyce longior , tu- bo àilute luteo , comprejfo , incurvo , facie fuperior i gib- ba , inferiori canalicitlata , limbo 5-partito , laciniis fu- brotundis , et fubaequalibus. Stam. Filamenta 4,/abulata, in pifiillum arcuata , tubt corollae inferia , bafi tomen- tofa ; borum duo breviora. bale : DAS SciENCIA bafo ; dous deites são mais curtos. Anthéras oblongas , vacillantes. Ha hum quin- to Filete menor que os outros , com o mefmo ape- go , mas fem Anthéra. PijL Germe com quatro fa- ces , regoado. Eítilête aífo- vellado. Eitigma compri- mido , bilaminolo , obtu- fo. Pijl. Capíula oblonga , re- goada , cheia de buracos glandulolos , comprimida da parte das futuras , bi- cellular , bivalve ; com o partimento perpendicular ás válvulas , ou tranfverfo. Sem. muitas , comprimidas , aladas , imbricadas. Florece cm Outubro e Novembro : e dá-fe nos bre- jos , e lugares alagadiços. Obf. Efta Efpecie de Bi- gnonia aflemelha-fe muito á Bign. de folhas ob tufas de M.r La Marck , que trouxe do Bra- -z.il M.r Commcrfon ; com tu- do eíta differe em ter folhas ovada •-oblongas , calyces , e coróllas fendidos em 5 laci- vias , c não lei le em outros caracteres mais , pois como M.r La Marck não faz men- ção de muitos , não fe podem cotejar. Dirão alguns , que s de Lisboa. jp Antherae oblongac , incum- bentes. Rudimentum quinti Jlaminis , eâdem infertime , caftratuin. Piít. Gérmen tetraedrum , Çtil- catum. Stylus fubulatus. Stigma compreffum , billa- mellatum , obtufum. Pcric. Capfitla oblonga , ful~ cata , foraminibus glandulo- fis confperfa , fecundam fu- turas comprejfa , bilocula- ris , bivalvis ; dijfepimento Talvulis perpendiculari yfeu transverfo. Sem. plurima , comprejfa , ala- ta , et imbricai a. Floret Oâlobri et Novetn- bri : habitat in locis uliginofis ac inunda tis. Obf. Accedit multiim nof- tra Bignonia ad Bignomam obtufifoliam Dni. La Marck , quavi e Br afilia repor tavit Commerfonius \ haec tamen dif- fert foliis ovato-oblongis , ca- lycibus et corollis quinquefi- dis , et nefeio an aliis benè mui tis , liquidem plura defide- rautur in deferiptione Dni. La Markii , quae ideò conferri ne- queunt. Videbitur quampluri- mis memoratas ■ ijferentias hauà h ii aqual- 6o MemoriasdaA aquellas diferenças não são baftantes para fazei" da Tabe- buia huma efpecie differente da Bign. de folhas obtufas ; eu talvez, não leria de opinião differente , íc Te moltrafíe , que eftas duas plantas são idên- ticas em tudo o mais , mas como ifto se não pode dedu- zir da efeafla e única def- cripção , que temos da Bign. de fo/btis obtuf as, rúo julgo, que lei a mais acertado lazer daquclla huma variedade del- ta: em femelhantes calos de- cido-mc antes a dar huma planta por huma efpecie no- va , que por huma variedade. Virtudes , e ufos. O lenho da Tabebuia , prin- cipalmente o da raiz , he tão leve e compreffivcl , que no Rio de Janeiro fe ufa com- mummente em vez de cortiça, que fe não dá naquelle Paiz , para rolhas de garraras , para boyas das redes , para forrar as caixas , em que fe guardão c mandão do Brazil os infe- ctos, aves &c. He manifefto que fe podia também fazer del- le huma cfpecie de ufo Medi- co , pois nada feria melhor pa- ra fazer machinas para nadar , cademia Real fnfficere ut nojlra Bigno- nia pro fpecie a Bign. obtu- fi- folia diversa exi/limetur : id forfan illis darem fi nobis liqueret nojlram Bignoniam , et Bign. obtufifoliam ia cae- teris omninb convenire , quo- tiiam vero id evinci non potejl ex rejlricta et única deferi- ptioue Bign. obtufifoliac Dn. La Marck , tilam pro htijus varietate promere prudentius non e/l. Paribns oceurrentibus circumjlantiis fdtitis dtteo quam- libet plantam fpeciebus quam varietatibtis adnumerare. Vires , et ufus. Lignum Bign. uliginofae , tnaximè radieis , adèo leve et comprejfibile ejl , ut in Rioja- neria corticis Querei fuberis , quae illic non venit , pajjim partes gerat ; adhibetur perin- de ah obturandas lagenas , aà conficiendos retium pifeatorio- rum orbes flttit antes , ad pyxi- des muniendas pro recondendis , et in Europam emittendis de- fixis infeclis , avibtts , &c. Ex his patet idem lignum aliis etiam ufibus , et qttodammodo Medicis , infervire pojje ; ex D A S Sei E N Cl AS DE LlSB O A. tfj c o que fe chama a bordo dos eo enim optimae confiei valent noflbs navios Boyas da fiai- macbinae natatoriae , et flui- xação. tantia illa corpora , qttae in maré incidentibus objiciuntur t et a nojlratibus nautis audiunt Boyas da Jàlvaçãb. Explicação das Figuras da Explicatio Iconum Tab. II. EJtamp. II. i. Figura de hum ramo íco co do meu hervario. 2. Amctade da flor coitada verticalmente , moítrando 4 Eftamcs perfeitos , hum fem Anthéra , e o Piftillo. j. Flor fem a Corólla , mof- trando o Cálys , e o Efty- lcte com o Eíligma aug- mentado. i . Icon Rami ficci , quem nico Jervo berbario. 2. Fios verticaliter dimidiatus ehibens 4 Stamina perfe- ila , 1 cajlratum , et Pifi- tillum. 3. Fios corollâ orbatus exbi- bens Calycem , et Stylum Stigmate anelo. Da Palmeira chamada Coqueiro de Guiirí. De Palma vulgo dieta Coqueiro de Guriri. Clajfi. Monoec. Ord. Hexandr. ClaíT. Monoec. Ord. Hexandr. Nom. Syíh Coqueiro dos Nom. Syft. Cocos arenarius. Arcáes. Efp. N. N. Spec. Car. EJfi. Efpec. Char. EíT. Spec. C. dcftronquccido , inerme , C. acaulis , inermis , floribus com as flores polyandras. polyandris. Car. 6z Memorias da Academia Real Car. Nat. Spec. Palmeira deftronquecida, iner- me. Folhas pinnuladas , do com- primento pouco mais ou menos de três pés , dirci- tas-patentes , curvadas para fora , com os foliolos enfi- formes , na bafe dobrados ao meio para traz,difpof- tos por turmas quaíi alter- nas. Pecíolos triangulares , planos por cima , c aqui- lhados por baixo , mas na parte , a que eftão apega- dos os foliolos , são ás avélTas , aquilhados por ci- ma , e planos por baixo. Hafteas não muitas, quaíi do comprimento das folhas. Flores mafeulinas com as fe- mininas no mefmo Efpadi- ce , caducas. Cal. Efpatha univerfal , re- goada , pontuda , univalve. Efpadice llmpliciflimo , fu- ííforme , com as flores ren- tes e apertadas. Perianthio de três foliolos , oblongos , e pontudos. Cor. de 3 pétalas , ovadas , pontudas , quaíi do com- primento do cálys. Char. Nat. Spec. Palma acaulis , inermis. Folia pinnata , 3 pedes plus minuíve longa , erefio-pa- tentia , recurva , foliolis enfifonnibtts , bafi replica- tis , turmatim fere alter- nantièlts. Petio/i trigoni y fupeniè plani , fubtiis cari- nati , ajl qua parte foliolis itijlrucli viceverfa fubtus plani) Jupernè carinati. Scapi nonnulli , longitnàine fe- re foliorum. Mafculi flores in eodem cum femineis Spadice , ca- duci. Cal. Spatha imiverfalis , ful- cata , acuminata , unival- vis. Spadix fimplicijjlmtts , fufiformis , jloribus feflili- bus, coartlatis. Perianthittm %-phyllum , foliolis oblon- gis , acuminatis. Cor. tripetala , petalis ovatis , acuminatis , calycis fere lon- gitnàine. Ejlam. F.Jlam foltos curtos dasSctenciasdeLisboA. Ci io ate 19, Stam. Fi lamenta 10 ad i9 , /WíTrt , brevia , receptáculo inferia. Antherae Jagitta- tae , incumbentes. N B F/arej- fpadicis fu~ periores Jemper paucioribus mjlruuntur Jiaminibus ac inferiores. apegados ao receptáculo. Anthéras fagittadas , vacillantes. N.tt. As flores fuperiores do Efpádice coftumão ter mais Eitames que as infe- riores. Flores femininas. Cal. Efpatha c Efpádice co- mo nas flores mafeulinas. Perianthio de 3 foliolos, oblongos , pontudos , e per- íiftentes. Cor. de 3 pétalas, oblongas, pontudas , mais compridas que o cálys , perliftentes. Neét. da feição de huma Corólla monopetala, e cam- panulada, pofto em torno do germe , mais curto que o cálvs , com cinco dentes, periiftente. Fiji. Germe quafi redondo. Eftilctc nenhum. Eftigma tripartido , periiftente. Ferie. Drupa fibrofa , fècca , obovada , com tres ângulos obfolétos , c cotanilhófa junto ao ápice , que he rebatido c mi. Noz obo- ráda , hum pouco compri- mida , triangular no topo , com três buracos na baíe, Feminei flores. Cal. Spatha et Spaãix ut m mafetilis. Periantbium 3- pbyllum , f liolis oblongis , acuminatis , perfjlentibus. Cor. tripetala , petalis oblon- gis, acuminatis , calyce /&«- gioribus , perjiflentihus. Netl. Gérmen cingens , co- rollifjrme , tnonopbyllum , campanulatum , ç-dentatttm. calyce brevius , fler/ifletis. Pift. Gérmen fubrotundiim . Styl- lus 1111 11 tis. Stigma ypar- titum , perfijlens. Peric. Drupa ficca , fibrofa , obovata , obfoletè trigona , et circa apicem retufum et nudum tomentofa. Nnx obo- vata , fubcompreffa , ápice trigona , bafi 3 foraminibtts per tufa , uniloculari^. Nu- cleus comprejfiujcultts , bafi uni- <>4 Memorias da Academia Real uniccllular. Núcleo hum tribus proccjjibus auElus. pouco comprimido , com 3 apêndices na bafe. Florccc cm todo o Verão Floret totó vere Brasilien- do Brazil , c habita nos luga- fr, et habitat in locis arenqfis res arenófos do Rio de Janei- in Riojaneria. to. Virtudes , e u/os. Vires , et ufus. As Drupas ou Cocos tem huma Amêndoa , que antes de amadurecer hc tenra c fabo- rófa , c endurece depois ; cof- tumao-fe por ifto colher an- tes de amadurecerem para fe comerem. As folhas fervem de pafto ao gado. Drupae, anteqnam maturej- cant , núcleo f. albumine tene- ro boni faporis gauàent , qiud in maturitatem ajfecutis fit durum ; leguntur ideirco ante maturitatem ut edantur. Fo- lia bovibus in gratttm pabu- lum cedunt. Do Mil-homens. De FruSiice Mil-homens. Clajp. Gjnandr. Ord. Hexandr. ClaíT.Gynandr. Ord.Hexandr. Nom. Syft. Ariftolochia de flores grandes. Efp. N. Car. ES Efpec. A. de folhas cordi-reni for- mes ; caule arbuftivo , tre- pador ; Corólla com dous lábios , dos quaes o supe- rior he muito grande , do- brado ao meio , e penden- te ; eftipulas três a três , entrefolheaccas. Nom. Syft. Aristolochia Gran- dijlora. N. Sp. Char. EíT. Spec. A. foliis coràato-reniformibus ; caule jcandenti , fruticofo ; corollis bilabiatis; lábio fn- periori máximo , complica- to , pêndulo ; Stipulis ter- nis , iv.tr afoliac eis Será AI DAS SciENClAS Será o Ambuyaembo de are cr gr- p- 15 Mil-bomens hc o nome vulgar no Rio de Janeiro. Raiz de Mil-homcns Phar- macop. Tubal. p. 271. Car. Nat. Efpec. Raiz lcnhófa , reptante , de leis pollegadas c mais de grolTura , com a cafea cor- tiçófa , fufca por fora , aça- froada por dentro ; le- nho flexivel e açafroado , com fabor amargo , c chei- ro de Arruda , tanto no le- nho como na cafea. Caule arbuftivo , trepador , farmentofo na parte , que junto á bafe jaz fobre a terra , para a bafe pouco mais delgado que a raiz , e no mais inteiramente fe- melhante a cila. Ramos muito compridos , os primeiros tem para a bafe huma cafea cortiçófa , no rcfto a cafea hc verde , e lifa; os noviífimos sao en- caracolados , e axillarcs. As folhas sao reni-cordifór- mes , trinervófas , venófas ; lifas e vcrdeclaras por ci- ma , vcrdc-alvadias, e al- eum tanto alperas por bai- 2ww. III. de Lisboa, íç Ambuvaembo ? Marc- gr. p. iç. Vulgo Mil-homcns in Rio- jancria. Raiz de Mil-homena Pharmacop. Tal/u/, p. 271. Char. Nat. Spcc. Radix lignofa , repetis , fex mi' cias et ampliiis crajfa ; cor-' tice fttberofo , extus fufco , vitiis croceo ; ligno lento et croceo ; utroque Japore ama- ro , odore Ruttae graveo- lcntis. Catilis fruticofus , fcandens , farnientofus ad bafim qva parte terra procumbit , // i- qtte r adice vix gracilior , caetera ei fimillimus. Ranii longiJJtmi\ primar» ver- Jus bafim cortice fuberofo , apicem vero viridi , laevi j novijfimi volubiles , axilla- rcs. Folia cordato-renifonnia , tri- nervia , venofa , ftiperuè Jae- via et laetè viridia ^ftibtics ex viridi albicantia et af- periujcula , petiolata , 2 ad 1 xo. 66 Memorias da A xo , de 2 ate 3 policia- das de comprimento , de 3 até 5 de largura , pc- cioladas. Peclolos quali do comprimen- to dos folhas , e volúveis. EÍHpulas a três c três , mem- branaccas , entrefolheaceas , rentes ; a mais interior ou contigua ao caule he de huma pollcgada quafi de comprimento , cordiforme , bolhófa , hum pouco on- deada , abarcante ; a do meio he menor , cordifor- me , pouco bolhófa ; a mais exterior ou contigua ao pe- cíolo da folha he ainda menor , cordiforme , e muito pouco bolhófa. Flores folitarias , axillares , pedunculadas : os pedúncu- los mais longos, e mais grolTos que os peclolos , fa- hindo de entre a Eftípula maior , e a do meio. Cal. nenhum. Cor. monopétala , pendente, do comprimento de 8 a 10 pollegadas, com manchas incarnadas-efeuras , com huns efporóes muito pe- quenos na bafe , junto á qual tem a forma do Eftomago humano , depois eftrcita-fe formando hum pequeno fu- cademia Real 1--- 3 uncias longa , 3 ad 5" lata. Petioli longitudine fere folio - rum , volubíles. Stipulae ternae , membrana^ ceae , intrafoliaceae , fejjl- les ; intima , f. cauli con- tigua , une iam fere longa , cordata , bullata , fubundu- lata , amplexicaulis \ inter- média brevior , cordata , le- •uiter bullata ; extinta , f. folii petialo contigua , bre- vijjima , cordata , vix bai- lai a. Flores folitarii , axillares , pe- dunculati ; pedunculi petio- lis crajfwres , longiores , flipulam inter intimam , et intermeâiam prodeuntes. Cal. múlus. Cor. inonopetala , 8 ad 10 pollkes longa , atro-purpu- reo maculata , pêndula : ad bafim fubcalcaratam ven- triculi humani in modum inflata , deiude coartlata in brevem infundibulum fub- angulatum , incurvum , fau- ce pilofa , atra , et limbo nil, DAS SciENCI nil , obfolctamcnte angulo- fo , e curvo para cima , com a fauce hirfuta e ne- gra , e a orla bilabiada : o lábio inferior hc curto, agudo , c por dentro pe- ludo e negro ; o fuperior hc muito maior que o in- ferior , c do que a CoróI- la , dobrado ao meio, bo- Ihofo , por dentro com huma rede de veios cn- carnados-efeuros , penden- te : efte lábio aberto he violino , c dcfpontado. EJlam. Filetes nenhuns. An- théras feis , oblongas , ape- gadas em toda a fua exten- são ao Eftigma pela parte de fora , e por baixo das fuás lacinias. Pijl. GéVme oblongo , fotto- pofto , com feis regos , torcido, e curvado para ci- ma. Eftylêtc nenhum. Ef- tigma femelhante a huma coroa , fendido em feis la- cinias obtufas , com as margens reviradas para fo- ra. Peric. Cápfula quafi cylindri- ca , do comprimento de 3 a 4 pollcgadas , de z até 3 de groflura , com 6 ângulos , 6 regos , 6 cél- lulas, 6 válvulas, penden- \ S D E L I S B O A. 6j bilabiato ; labium inferias breve , actitum , intuí atrum et pubefeens : labium fupe- rius longijjimum , complica- tutn , bullatum , intus venis atropurpureis , reticulatis , pendulum : hoc labium ex- plicatum pauduriforme ejt et retufum. Stam. Filamenta ntilla. Anthe- rae 6 , oblongae , extus ftig- mati fub laciniis omninò ad- natae. Pift. Gérmen oblongum , infe- rum , 6-fulcatum , contor- tum , incurvum. Stylus nul- lus. Stigma coroniforme , 6- fidum , laciniis obtufis , mar- ginibus revoltais. Peric. Capfula fubcylindrica , 3 dti 4 anciãs longa , z ad 3 crajju , 6-fulcata , 6-I0- cularis , 6-valvis , depen- dens , baji dehifcens ita ut valvulae ad apicem ynaneant 1 ii te, 6B Memorias da A te, e abrindo-fc pela bafe de forte , que as válvulas ficão fempre apegadas jun- to ao topo , e eada huma fufpendida por huma das féis lacinias , em que fe fen- de o pedúnculo. Sem. muiriíEmas , deprimi- das , qu.iíi cordifórmes , e poftas humas em cima das outras. Fbrcce durante o Verão do Brazil , c en contra -fe fre- quentemente junto aos cami- nhos. Obf. Efta Ariílrclochia diftere da Arijl. cheirofijfíma de Linn. principalmente pela Corólla e folhas , e ainda , fe o Ccl. Sloane nada omittio de no- tável na fua defcripçao e Ef- tampa ( Hift. da Jam. ) , nas Eftípulas ; por quanto as Co- róllas da Arijl. cheirofijfima são muito menores , e tem a forma das flores da Arijl. Cle- matite , as folhas são rigoro- famente cordifórmes , não tem Eftípulas , &c. Virtudes , e ttfos. cademia Real cobaer entes , et appenfae per- fijlant fngtilae fingulis Jex laciniis , in quas inter jein- ditur pcdumuliis. Sem. plurima , âeprejfa , fub- cordata , alia aliis infuien- tia. Flr.ret totó vere Brafilien- fi^et pajjim o/fendi lur ad vias. Obf. Haec Arijlolochiae fpe- cies differt ab Arift. odoratif- íima Linn. maximè Corollâ at- qne foliortim fonuâ , et ,Ji iti ejus icone et deferiptione nihil magni momenti praetermijfum ejl a Cl. Sloane ( Hift. Jam.) , Stiptilis etiam \ liquidem huic Corollae multo minores , et Co- rollis Arift. Clematit. confor- mes , folia vero cordiformia , Stipulac nullae , &c. Vires et ufus- O ufo Medico do Mil- Ariftolochiae qrandítíorae homens não hc novo , nem no ufus Medicus non modo in Bra- Brazil , nem inefmo cm Por- filia , fed etiam in Portugália tugal ; pois ha quafi hum fe- diutiffimè innotuit ;Jiquidem de culo das Scienciashe Lisboa. (><) Ctllo que já fez mCnÇÍo dei- ?;», wV/Z>wj jam abbinc fere te o Author da Pharm. Ttt- yâ«-«to nonnulla traiidit Pbar- balenfe (*),e em humaBo- mac. Tubalenfts (*) Juclor , rica deita Corte apparecêrão *>; ^w ,/«;/«;« /'« ^«rfífo/w £«- ha pouco alguns pedaços do jus civitatis officina reperta. Caule muito velhos , que o fuerttnt aliqttot caulis perve- Boticario conhccco por meio tujla fntjla , quae recognita de outros que lhe dei. Não Jtint ex aliorum contentione , fei depois diftoporque razão quae Pbarmacopolae condouavi. cila planta cahio tanto em Penitiis exinde me fugit qtwd delufo , que até he quali ig- in tantam venerit defuetudinem norado o feu nome nas Bo- haec planta ut jam nunc in ticus de Portugal. Na maior Lufttaniae officinis vix ant ne parte das do Rio de Janeiro, vix quidem nomine nofeatur. a pezar u'cfta planta ler in- In plerifque Riojaneriae offici- digena e muito vulgar no nis , quamquam illie /ponte Paiz , ainda fe acha de ven- fita ubicumque veniat , venalis da , e o povo principalmcn- adbuc offenditur , populufque te os Rofieiros usão muito maxime rttricolae eâ valde delia , c dizem maravilhas ; utuntur , et miracula praedi- todavia os Médicos usao pou- cant ; verumtamen Mediei , for- co delia , mas hc , fe me não tajfe quia in Europae Scbolis engano , porque tendo apren- Medicinam edoili , Medicinam dido a Medicina nas Efcólas Europeam in Brafilia aeqv.è da Europa , vão curar no Bra- facere perfequv.ntur , Cl. que zil inteiramente á Européa, Pifonis negleilo exemplo nimis e , bem pelo contrario do que contemnunt indigenam , parum lê/, o Cel. Pisão , defprezão Ma utuntur. Gentis , et quae liimiameiire a Medicina indi- fenjibus percipiuntur , bujus gena. O Género porém , e as plantae dotes , necnon ufus po- qualidades feníiveis defta plan- pularis , ut ei animum et men- ta , e ainda mefmo o ufo pc- tem adbibeant Mediei , magno- ( * ) Efta Obra imprimio fe em Lis- ( * ) Hoc Opus prodiit Olyjjipone an- fcoa em 1755 , c reimprimio-le cm no 1755 , et rurfus typis mnndatwn Roma em 1760. Romac anuo 1760. pular 7o Memorias da Academia Real pular fr/.em-na muito mure- pcrè invitant. Sat Medíeis cedora da attenção dos Mc- tiotae funt Ariil. Clematitis , dicos. Sdo bem conhecidas longa , rotunda , odoratiíE- ena Medicina a Ariftolochia ma, anguicida , trilobata , Clcmatite ,a longa , a redonda, Serpentária , et radix Calum- a cheirojijjima , a anguicida , a bac , quae , ut fufpicor , Arif- trilobada , a Serpentária , c a tolochiae ctiam Jpecics efi , raiz deCalumba , que,fegun- ror fpecies Generis adèo nat ti- do preíúmo , hc também hu- ralis maximum addunt pendas ma clpecic de Ariftolochia. Botanicae cognationi , qtiam Tantas eipeeies de hum ge- in cnucleandis plantaram ab- nero tão natural dão muito ditis viribus tnagni faciebat pê/.o á analogia Botânica , que Cl. Murray , adeoque magnam o Cl. Murray julgava muito de reliquariim hajas generis conducente ao defcobrimento fpecierum vi nobis injicitmt das virtudes das plantas , e fpem , ut nnllam non in Me- dao-nos por tanto tão gran- dicina perpendere itUerfit. Ad des efperanças da efficacia do haec praejens fpecies , ut di- reíto das efpécies deftc gene- Hum efi , Jâpore gaudet val- ro , que intcréíTa ver quanto dè amaro , et odore aromático , cada huma vale na Mediei- ideoque fieri non potcjl quia na. De mais o Mil-homens , haec planta magnas potiatur como já dilTc, tem labor mui- vires , forfan pares radieis to amargo , e cheiro aroma- Calumbacrtwí Arift. Seipenta- tico, c por tudo ifto não riae , aut et maiores. Liceat pode deixar de ter notáveis eapropter feqnentia fnbjunge* virtudes , talvez iguacs á da re , quae fi ejus vires non raiz de Calumba , ou da Ser- plane ofiendunt , viam quodam- pentaria , ou ainda maiores, modo patefaciunt ad eas. Permitta-fe-me por tanto ajun- tar o que fe fegue lobre as fuás virtudes , porque fe não faz bem ver quaes citas fe- jao , indica alguns caminhos para fe defcobrirem. Se reiteradas experiências Vi antifeptica viaximè pol- con- das Sciencias de Lisboa. 7i confirmarem o que me difTc- hre longeque fttpcrare ipfanf rlo no Rio de Janeiro do met Chinchonam officinalem exif- Mil-bomensj julgo que hc o timo , fi itcratâ Jibi conjiite- maior antileptico conhecido, rint cxpcrientiâ , qaae de hac e que excede muito á mefma planta treulita funt mihi in Quina. Affirmarao-me Luiz de Riojaneria. Tejlati fntit inibi Santa Anna Gomes, Cirur- Ludovicus à S. Anna Gomes gião-mór de hum Terço de Chirurgits twn ignobilis et Milícias do Rio de Janeiro , Dr. Vicentius Gomes atrnmqae c o Dr. Vicente Gomes , que adfuijfe fmgalari gangraenae ambos prefencia'rão hum cafo ficcae cafai , qai in Mijericor- fingular de gangrena fècca , diac Nofocomio fub Nojocomia- que apparcceo no Hofpital //" Chirurgo António Jofepho da Milericordia fendo Cirur- Pinto oceurrit : excidit mihi gião dellc António Jolc Pin- morbiorigo ,ztt et fymptomata , to. Não me lembra qual era quibus ajficiebatur aeger ; me- a origem , nem quaes erão os mini tantiim Opium , Cinchonam fymptomas deita enfermida- ojficinalem et reliqua , quae de , l*ó me recordo , que nef- fiimma antifeptica praedican- te cafo fe ufou do Ópio , tur , adhibita tunc fuijfe , mor- da Quina , e de todos os bo tamen imparia reperta ; mif- mais famofos antifepticos , fis proinde ufitatis medicamen- mas de balde ; puzerao-fe tis , et interne et externe coepit por tanto de parte todos o.-> adbiberi laudata Arift. , quae remédios ufuaes , c começou- elap/is tribns diebus gangrae- fe a applicar inferna , e cx- ««'« indies ferpentem wanifef- ternamente o Mil-homens , o th Jiflere vifaejl: hoc denúratis qual no fim de três dias ti- Ubuit fcrtttari , utrittn tantutn nha feito parar os progreíTos beneficiam mérito Arift. foret da gangrena : maravilhados tribuenditm ; fepojitâ ideirco do fueceflb quizerao determi- Arift. , redierunt iteram ad nar fe era devido ao Mil-ho- Cinchonae afum ; a/t grangrae- mens tão grande beneficio ; lar- na denuò progrediens coegit ite- gando então mão defta plan- rum Ariftolocliiam arripere , ta , começarão outra vêz a ular quae denith gangrenam coer- da Quina ; a gangrena porém cuit , qaapropter reliqua ca- fez 7* Memorias da Academia Real fez novos piogrcflbs , c toi ratio ei omniuo commijfa , et confequentemente forçolo rc- feliciter abjoluta ejl. correr novamente ao Mil-bo- vicns , que fe não achou me- nos efficaz que da primeira vez , c que felizmente aca- bou a cura fem auxilio de ou- tros remédios. Sabendo ifto , c vendo ca- fualmcnte na parte anterior da perna de hum homem huma grande ulcera com mui- to máo cheiro, por caufa do oflb , que eftava descoberto e cariado , difle ao Cirurgião que o tratava , que por aqucl- la vez nada mais fizefle , que lavar a ulcera com cozimen- to do Mil-bomens , e cobrir toda a carie do oíTo com o rnefmo Mil-bomens em pó ; hindo no dia feguinte ver a ulcera , não percebi máo chei- ro algum. Não fei o que iuc- cedeo depois , porque não pude mais vêr efte doente. Não fera útil aos que tem máo cheiro na boca por cau- fa de dentes podres , boche- char com o cozimento deita planta , e deitar o pó no den- te podre ? Não fera também proveitofo no Efcorbuto o mcfmo Mil-homens ? O Author da Pharm. Tu- bal. diz , que o pó de Mil- His iiijlruíius , c um maxi* mo ulcere , quoã anteriorem ti- biac partem ajpciebat , et a de- mulato atque cario/o o/fe pejji- me olebat , labor aut em bomi- nem forte vidijjem , rogavi meclentem Cbirurgtim ut time nibil amplias ageret nifi ut ul~ cus ablueret decoélo Arift. grandiflorae , pofleâque obdu- ceret totam cariem pulvere ejttfdem Arift. ; pojlridiè invi- Jens ulcus , nulltim percepi foe- torem ; nibil ulHriiis licuit ob- fervare. Nonne illis , quibus anima malè olet a dentibus cario/is , proderit os coluere bujus Arift. decoílo , et pitl- verem in cariofum dentem im- mittere ? Nonnè Jcorbuto Iabo~ rantibus magnopere conducet ? Non modo adverftis ulce- cera gangraenofa praejlantif- bo- DAS SciKNCI homens não ío hc luim gran- de remédio contra as ulceras gangrenofas , mas que cura as Febres ( 1. c. ). Difle-me também q referido Medico do Rio de Janeiro, que ti- nha curado com o Mil-bomens fezões ; hk1.iv ia eu não fui tão bem fuecedido três vezes que o experimentei , e em que tive fempre de recorrer á Quina : pode fer , que le défle maiores dófes , viíle me- lhores clíeitos, entretanto te- nho, que o Mil-bomens , cm quanto á virtude antifebril , não excede muito as outras plainas amargas e aromáticas. Qual fera a fua elficacia no Typho ? Nas febres cryfipclatofas , que são frequentilímas nos Paizes quentes , parece fer também de muita utilidade. Hum fujeito de probidade , que vivia no Pvio de Janeiro , e era fujeito á Eryfipela , dif- fc-me , que nos feus ataques fc reftabclecia muito mais de prefia ufando antes do Mil- bomens, que de qualquer outro remédio. Qual fera a fua ef- ficacia nas outras febres exan- thematicas ? Para a mordedura das co- bras venenofas paíla também Tom. III. As de Lisboa. 73 fimnm ejfe remeãium pulverem ejus Arift. fed etiam febribut mederi jam olim tradidit Au* flor Pbarmac. Tubal. ( /. c. ). Retulit etiam tnibi fupradifius Medicas Riojaneriae fe bujus plantae ope febres fanajfe in- termittentes ; dijpar ene ter um eventus obtigit tnibi , qui ter ejus pericalum faciens nun- qaam zoti compôs feri potuit , et toties ad (acram aneboram , id ejl , Cinchonam offie. cou- fugere coaflus fui : forfan ma- kribus propiuatis dofbus res ex loto ceffjfet , fuspicor ta- men vi antipyretica non adtno- dtim fuperare reliquas plantas amaras fimtilque aromáticas. Quantum couducet in Typho ? Febres adverfus eryfpela- tofas , quae in calidis regio- nU/us frequentiffime cecurunt , bav.d parum benefeii praejla- re videtur. Vir fidedignas , Ri jancriuc degens , et bifee fe- bribus ohwxius , narravit tni- bi fe bifee laborantcm citius reflitui fi bac potius uteretur Arift. quam quibuslibet aliis remediis. Quantum proderit in aliis febribus exanthematicis ? Serpentina adverfus letba- les mor jus pracfcntaneum efe k no *74 Memojias da A no Rio de Janeiro por hum prefentaneo remédio , e di- zem ter-íc observado a íua cfficacia em muitos cafos. O D.r Vicente Gomes acima referido contou-mc dous ca- fos , cm hum dos quacs hum cão , e em outro hum ho- mem forao mordidos da co- bra , e achando-fe já fem for- ças para fe moverem , incha- dos , e deitando fangue por alguns dos vafos cxhalantcs, cm huma palavra quafi a mor- rer , reftabelccêrão-fe fazen- do-fe-lhes beber o çumo das folhas , e pondo-fe-lhes nas feridas as mefmas folhas pi- zadas. O fabor e cheiro do Mil- Jiomens inculcão , que elle ha de fer proveitofo nas dores de cólica ; taes são ao mef- mo tempo os créditos , que tem na Bahia, Rio de Janei- ro , e Ilha de Santa Gatha- rina : o Author da Pharm. Tubal. também faz menção d'efta virtude , e acerefeenta7, que para efte effeito cumpre dar o pó em agoa-ardente. Nos fymptomas de Dyf- pepfia , que o chá de Macei- la Romana ou Gallcga cof- tuma aliviar , he maniféfto , que ha de fer tanto , ou mais cademia Real remeditim fama ejl apud Rh- janerienfes , multiplici , ut au- tumant , experientia compro- batum. Supra nominatus Me- diais duos mibi retulit cafus , quorum altero canis , alreot vir quidiim a ferpentibus de- morji , citm labefatlis omninit viribus , et volutitarii motús impotentes , et tumidi , et fan- guine e referatis nonnullis vap- culorum oribus manante , letho denique quam proximi ejfent , prijiinam qffecuti funt fanita- tem epoto foliorum fueco , fi- mulque appofitis vulneri iifdern foliis contujts. In coiteis doloribus maxi- moperè profefiuram ejfe et fa' por et o lor fuadent , teftan- turque Babiae , Riojaneriae y et lnfulae SanSlae Catharinae incolae ; quemadmodum etiani conjlitit eidem Pharm. Tubal. AuElori , qui animadvertit ad hunc fcopum propinari debere pulverem alkoholi diluto im- mixtum. In dyfpepfiae fymptomati- bus , quae Anthemis nobilis aut Matricariae chamomillac infufum fedat , tanttim aut ainpliiis fore falutarem , ideò- falu- DAS SciINCI falutar do que são cftas duas plainas , ás quaes por tanto Le pdde fempre fubftituir no Brazil , onde cilas fe não dão. Alguns me fallarão tam- bém da Ília virtude anthcl- mintica ; cfta porém conftou- me menos, ainda que não he inverofimil. Nas minhas experiências dei o Mil-bomens em pó na dófe de hum cfcropulo , c fiz repetir cfta féis até oito vezes no eípaço de vinte e quatro horas. Eu tenho expofto , não fem pejo , as virtudes do Mil- bouiens de hum modo muito vago para o que exigia a gran- de importância , fe me não engano , dcfte remédio , e a minha profifsão : efpero to- davia que o leitor me haja de desculpar reflectindo , que a cfficacia dos remedios novos, ou pouco conhecidos , fó fc pode determinar nos Hofpi- taes públicos das grandes Ci- dades , pois em qualquer ou- tra parte,principalmente dian- te de pelfoas de poucos co- nhecimentos , e prevenidas contra os novos remedios , como as que por infelicidade de continuo me rodeavao na Armada , precifa o Medico *s bí Lisboa. 73? que in Brafilia , nbi memora* tae Anthcmis et Matricaria funt exoticae , bis optimè fuf- fici poj/c nemo tien videi. Antbelmintica vis , quam etiam nonnulli tribtiebant et , mintis mihi innotuit , inverofitni- lis tamen non ejl. Pulveris âofis in méis peri- clitationibus fuit fcrupulus , quem jexies vel oEiiès intra 24 horas reiterari cttravi. Pudet me Medicum adeò perfuncloriè prompfijfe vires tanti , ni fallor , medicamen- ti ; fpero tamen ut benévolas letlor me exeufet , animadver- tens nova ant mina- nota me- dicameitta non nifi in publicis magnarum urbium Nofocomiis ad trutinam revocari pojfe , fiquidcm alio quocumque in lo- co , maximè adjlantilms feittí- li' et mala de infolitis reme- dii<- opinione imbtitis hotnini- b:is , qitales vacb mifen mi- hi ! fere femper in clajfe cir- cmjteterunt me , nimis quam Medico metuenda eft calam- nia. k. 11 ter 76 Memorias da Academia Real ter muita circumspccçao para não fer calumniado. Explicação das Figuras da Ejlampa III. i. Hum pedaço de hum ra- mo com folhas ( a ) , Flor ( b ) , Pericarpio ( c ) , Kfti- pulas (d) , novos rami- nhos truncados (e). 3. Huma pequena porção de ramo , em que fe faz ver entre o caule (d) , c o pecíolo truncado (£') as três Eftípulas entre folhca- ceas. 3. Coròlla de grandeza me- nor que a natural , fazendo ver os dous lábios abertos. 4. A extremidade fuperior do germe fem a Corólla para fe verem as Anthéras ape- gadas ao Eftigma. 5. Pericarpio cortado tranf- verfalmente. 6. Semente. Explicatio Iconum Tab. III. 1. Pars rami cum foliis (a) , Flore (b) , Pericarpio (c), Stipulis (d) , ramulis novif- Jimis truncatis (e). 2. Rami portiimaila exhibens três Stipulas inter caulem (á) , et petiolum truncatunt (b). 3. Corolla imminuta exhibens lábia explicata. 4. Ger minis extr emitas fupe~ rior corolld orbata ut pro~ deant Antherae Jligmati ad- natae. y. Ferie ar pium tranfversè fe- tlitm. 6. Sémen, Da /'" (''-'r/:f^„, ( |/ ' A . , \l V..J 1 ■■/// ( .■/. 76 • DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 77, Do Arbufto chamado Jarrinha. De Fruticc Jarrinha. Clatf. Gynandr. Ord. Hex. Clajf. Cynandr. Ord. Hexandr. Nom. Syft. Ariftolochia de Nom, Syft. Ariftolochia ma- longa cauda. Efp. N. croura. N. Sp. Car. Ejf. Efp. A. com caule arbuftivo , tre- pador ; folhas trilobadas ; Eftípulas a duas e duas , entrefolheaccas ; Coróllas com huma cauda muito comprida. Será a Arift. trilobada de Swartz. Efp- N. ? Será a Arift. trilobada de Jacq. Obf. Bot. p. 3.? ou A Arift. trifendida de La Marck Dicc. Bot. ? e A Arift. trepadora, com fo- lha de Hera, trifendida , flor muito grande , e raiz re- ptante de PlumierEfp. 5:.? Na Cidade do Rio de Janeiro chama-lhe o vulgo "Jarrinha. Car. Nat. Efpec. Raiz. da groíTura de 1 até 2 pollegadas , lenhófa , rep- tante , com a cafea fufca , Char. EíT. Spcc. A. caule fruticqfo , fcandenti j foliis trilobis ; Stipulis bi- nis , intrafoliaceis j Corollis cauda longijfimâ. An Arift. trilobata Swarta Spec. nov. ? An Arift. trilobata Jacq. Obf. p. 3. ? aut Ariftolochia trifida. La Marck. Diil. Bot. ? et Arift. fcandens folio he- deraceo , trifido ; máxima flore ; r adice repente. Plum. Sp. r.? Vulgb Jarrinha in Civita- tae Riojaueriae. Char. Nat. Spec. Radix 1-2 uncias crajfa , lignofa , repens ; cortice fuf- co , fuberofo ; ligno lento , en- 78 Memouias da A cncortiçada , lenho flexi- vel , c açafroado , com o cheiro da Arruda , e labor amargo. Caule arbuftivo , mais delga- do que a raiz , farmento- fo , com a cafea cncortiça- da , cheiro de Arruda , c amargofo. Ramos compóftos , muito compridos , trepadores ; os mais groflbs são de côr ferruginea , c tem a calca algum tanto cncortiçada ; os mais novos verdafeofos, de côr verde , e lifos. Eftípulas a duas e duas, en- trefolhcaceas , membrana- ceas , hum pouco bolho- fas , reniformes , rentes ; a interior ou contigua ao caule hc hum pouco on- deada , e abarca o caule com os lóbulos da bafe de forte que parece pcrfolha- da ; a exterior he muito menor. Folhas alternas , coriaceas , trilobadas , com os lóbulos obtufos , dos quaes o do meio he mais comprido , e lanccolado , cordifórmes na bafe ( algumas vezes , mas rariífimas , cordifórmes quafi redondas , c pontu- das ) , Hfas na pagina fu- cademia Real et croceo ; odore rutaceo , fapore amaro. Catilis frutkoftis , r adice gra- cilior , farmentofus , corti- cc fulcro] o , odore rutaceo , fapore amaro. Rami multíplices , longijftmi , fcandentes ; Jeniores ferru- ginci , cortice nonnihil [libe- ro (o ; juniores virgati , -ci- rides , laeves. Stipulae binae , intrafoliaceae , membranaceae , fubbulatae , reniformes , [ejfiles ; inte- rior , f. cauli contigua y fubundulata , lobis bqfeos c aulem amplexans velut per- foliata ; exterior breviffima. Folia alterna , coriacea , tri- lobata , lobis obtufis , médio longiore et lanceolato , ba- fi cordata ( rariffimè corda- to-fubrotunda , acuminata- que ) , fupernè laevia , fub- tits fubtomentofa , triner- via , integerrima , petiolata. perior , DAS SciENCIAS DE L I S B O A» pcrior , com hum lubtil cotanilho na inferior , com tres nervuras , integerri- mas , e pecioladas. Peciolos curros , volúveis. 79 Pedúnculos axillarcs , folita- rios , unifloros , mais groíTos e mais curtos que os pe- ciolos , com huma Bracléa inteiramente femelhante ás Eftipulas , e nafeidos do intcrvallo de cada par. Cal. nenhum. Cor. monopétala , irregular ; a bafe com féis cfporóes muito pequenos , bo- juda , e cotanilhofa por dentro ; o tubo remon- tante , afunilado , com ân- gulos obfolctos , e peludo por dentro ; a orla tem na parte fuperior huma la- cinia cordiforme , lívida , n úa , nos lados revirada pa- ra cima , e rematada por huma cauda , livida , de- pendurada , linear , de duas ou três linhas de largura , e de 2 até 3 pés de com- primento. Ejlam. Filamentos nenhuns. Anthéras féis , oblongas , apegadas inteiramente e por fora ás lacinias do Ef- tigma. Petioli laminis breviores , xo* Jubiles. Peduiiculi axillares , folita- rii , nniflori , petiolis era)- fiores, brevicrefque , BraSleâ Jíipularum Jimillimâ injlru- cli , binarumque ex inter* vallo prodeuntes. Cal. nullus. Cor. monopétala , irregularis ; bajis calcaribus /ex brevif- fnnis , ventricofa , intits to- fíientofa ; tubus afeendens , influi dibitlifor mis , objoletè angtilattis , intiis pilo jus ; Umbus dilatatur ftiperni in labium tiudum , lividum , cordiforme , laleribus refle- xum , de/inens in caudam li- vidam , pendulam , linear cm , 2 f. 3 líneas lalam , et a ad 3 ufque pedes longam. Stam. Filamenta nulla. Anthe- rae fcx oblougae , extus fligmatis laciniis integre ad~ natae. Pijt. So Memorias da Academia Real Pifl. Germe fottopofto , ob- Pift. Gérmen mferum , oblon- longo , com leis regos , torcido , c curvado para cima. Eftylctc brcviiTimo. Eftigma da feição de hii- ma coroa , concavo , fen- dido em féis lacinias ob- tidas1 Peric. Cápfula quafi cylindri- ca , do comprimento de três pollegadas , do diâme- tro de huma , com 6 ân- gulos , 6 regos , 6 céllu- las , 6 válvulas , dependu- rada , e abrindo-fe pela bafe como a do Mil-ho- mens. Sem. muitas , chatas , quafi. cordi formes , poftas humas em cima das outras. Florcce cm Julho , c A- gofto , e acha-fe nos litios humofos-arenofos trepada fo- bre as arvores vizinhas. He manifefto que eira Ariítolochia hc diverfa da Arifi. c andada , com folhas cor- diformes , muito obttifas , ou dcfpontádas , com os lóbulos da bafe taes que fe fobrepoem,Scc. ( Jacq. Am. ). Com a Ari/L trilobada do Dr. Jacquin hc gnm , 6-Jitlcatum , contor- tum , furfum inftexum. Sty- lus vhe ullus. Stigina coro- nae adinjlar cavam , fex- Jiduiu , lacinUs obtufis. Peric. Capfula fubcylindrica , 3 uncias fere l.uga , i diâ- metro , G-angularis , 6-ful- cata , 6-locularis , 6-val- vit , dependais , bafi debif- cens ceu Ariit. grandifl. cáp- fula. Sem. plttrima , depreffa , fub- cordata , alia aliis infulen- tia. Fíoret Jtil. et Av.g. , et habitat in locis htimofo-areno- fis fitper viemos arbores fcan- dens. Diverfi filmam effe hanc Arifi. ah Ariít. caudata , foliis cordatis , obtufiffimis , 1. retu- fis, bafis lobulis in fe produ- dtis &c. (Jacq. Am. ) nemo non videt. Aiilt. trilobatae ( Jacq. Obf. p. S.~) adro affinis , ut , íl noflrae demos caudam et jli- tão parecida , que tirando- pítias, babe as .Arift. trilobatam : lhe as Eílípulas c a cauda , quoniam vero Cl. AitElor hanc A- ninguem dirá, que são d i i Fe - rijl. ficcamet abfque pedunculis rentes. Ora como o Dr. Jac- accepit, nome eandem teuui can- quin DAS SciENCIA quin não vio a fua Arifl. tri- Ibada fcnão fêcca , c ate já fem pedúnculos , não fuece- deria o ter cila vindo dcfpo- jada também da cauda, que por muito ténue facilmente fe quebra , c das Eftlpuks , que são caducas ? A Arift. trifendida de Mr. La Marck parece fer idênti- ca com a prefente ; hc cer- to , que cfte illuftr. Botânico não faz menção de ferem as Eftípulas entrefolheaceas , e a duas e duas ; mas como elle não diz, que vira a fua Arifl. trifendida , nem viva , nem fêcca , creio que por iíTo omittio aquellas notáveis particularidades. Virtudes , e nfus. A raiz , e o caule da Jar- rinba parecem-fe tanto no ha- bito , e qualidades fenliveis com as meirnas partes do Mil- homens , que mal fe podem diftinguir; diíFerenção-fc com tudo cm ferem as daquella mais delgadas , terem a caf- c.i menos encorticada , e te- rem o cheiro c labor mais fortes. Por ifto ninguém deixará de crer, que a Jarrmba tem Tom. III. s de Lisboa. 8r da , qtiae facillimè rumpitur , et deciduis jlipulis itidem ir- batam accepijje credendítm ? Eanidem effe uc Arift. tri- fida Dn. La Marckii quifque facilè dabit ; neminein eqni- dem fttgit Cl. virum nec Jli- pulas intrafoliaceas tiec binas effe memorare ; qv.oniam vero nec vivam , nec ficcam Juam vidit Arift. trifidam , fas ejl credere hac de caufa perfun- èloriè flipitlas dejcripfijfe. Vires , et ufus. Radix et catais Arift. ma- èrourae tatn habita, quam iis omnibus , quae fttb fenfus ca- dunt , adeo eifdem Arift. gran- diflorae partibus Jtoit Jiini- les , ttt vix interno fei pojjint ; i/li caeterum graciliores fuut , cortice praeterea mduuntur mi- nus juberofo , et od re fapore- que pjllent gravioribus. Ex bis quifque ftbi facilè perfuadebit Arift. macrouram L as Si Memorias da A as mefmas virtudes , c pro- vavelmente em maior grdo que o Mil-bomens ; não hc todavia tão ulula , provavel- mente porque não fendo tão vulgar , nem tão groíTa , he mais fácil obter qualquer por- ção do Mil-bomens que da Carrinha. Eu huma fó vez fiz ufo del- ta planta , c cm huma fenhora de conftituição débil , que no período da lua menftruação coíhimava padecer dores ute- rinas. Eftando cila muito ator- mentada com as ditas dores, tomou huma pouca de Tintu- ra de Caftoreo com Liquor anodino , e Laudano liquido em agoa de Herva-cidreira , com que ficou alliviada , mas não boa de todo ; no dia fe- guinte começou a tomar chá do lenho da Jarrinha , c im- mediatamente entrou a achar- fe melhor , e em breve fi- cou boa : he de notar , que apezar de tomar o dito chá quaíi frio , excitou -lhe fuór , mas não lhe augmentou a evacuação menfal. Pelo que acima fica dito, e principalmente pela Eftam- pa do Dr. Jacquin cftou qua- fi perfuadido , que a Jarri- tiba , c a Ari/l. trilobada do cademia Real iifdem et probabiliter valcntio- ribus vir/bus guadere íif Anil. grandiflora , mi uà r tamen ufa recepta ejl , eò forfan quòd minas frequens et valde gra- cilior a cgr i às o.cqnâ portione eomparari potejt. Hanc femcl aãbibni in nobili infirmaeque valetudinii Puclla , quac iiieujlriiaiionis tempere uterinis doloribtts ob' noxia erat ; cum tis valáè cru- cieiretur , Junipjit jlatim baitf- tv.m e Tinclitra Cajlorei , l iquo- re an dino , Tiuólard Opii et Aquâ Milijfae , quê melius fe babv.it , minime tamen libera- ta ejl ; coepit pojlridic uti in- fíi/ò theiformi btijus Arilt. li- gnij q»6 continuo Jefc remi' ferunt , breviqtte evanuerunt dólares : animáàveTtere aportei infufum , quamquam t/ix egeli- ditm propinatum fiterit , fudo- rem moviffe , menjlrua tamen haud uberiiis fluxijfe. Ex ftiperiiis diilis , et ma- ximè ex icone Jacqniniaua ;/;.?- gnoperè adduflus fum ut cre- datn Arift. macrouram et A- rift. trilobatam Dr. Jacquinii Dr. * T.w.i '"""■' Q^-^9 1/. / T.Ift , A..,',/,./,,., 1/ {./,,, „./.^). DAS SciENCIA Dr. J.icq. sao a mefma plan- ta; feja porém ou não feja , crci » que fe pode entender d i Jarrinba o que o melhor Efcript i" de Matéria Medi- ca, ;> Cel.Murray, diz da Arijl. trilobada '■ >> Ainda fe uno acha » nas officinas , mas pelas qua- >> /idades fenjiveis , e pelo que v> fe diz da fua ejficacia no » Paiz , que a produz , merece >■> a attençao dos Médicos » ( App. i>led. I. t. p. 293. ). Cumpre ver o mais que o Dr. Murray efereveo acerca deita planta , porque ou fe deve reputar como dito a rcfpcito da Jarrinba , ou fe pôde ap- pliear a cila. soe Lisboa. 83 eamdein effe Jlirpem ; uicv.m- que fit , exifiimo dici pojfe de nojira , quod de fúcquiniana ait Optimus Materiae Medi- ca* Aufior Cl. Murray ( App. Med. I. tom. p. 293)»» N >n >» recepta hueufque in > nas , fed quas in fenl >> mutationes excitat,et quae >» in pátria de ejos erneacia » explorata funt, dignam cam » Mcdicorum attentione red- j> dunt. »> Vide caetera , quae tradit Cl. Murray , quippe quae aut de nojira Ariit. ut difta intelligenda funt , aut noftrae accommodari pojfunt. Explicação das Figuras da Explicado Iconum Tabu- Ejlamp. IV. lae IV. 1. Hum pedaço de ramo com folhas (a) , Eftipulas (Z>) , Flor (c) , hum raminho no- vo (d) , e Pedúnculo trun- cado (e). a. Hum pedacinho de outro ramo com huma Folha da figura a mais ordinária (<*), e com o Pericarpio aberto pela bafe em leis válvu- las (í). 3. Eftípula exterior (y) , in- terior {$>). 1. Rami porfio foliis (a) , <5V/'- pulis (b) , Flore (c) , ramu- lo noviffimo (d) , et pedún- culo truncato (e) inflrucla.t 2. Al terias rami portiuncula Folio formae fuepius obviae ( a. ) , et Pericarpio bafi in Jfex válvulas referato (A) inflrucla. 3 . Stipula exterior (y) , inte- rior (£). L ÍÍ 4. Co- s4 Miímomas da Academia Real Corólla com a cauda cor- tada fazendo ver o lábio. A extremidade fuperior do germe fem a Corólla , mof- trando as Ânthéras apega- das ao Eftígma. 6. Sementes. 4. Ccrolla exhibens labiuvi , et caudata truncatam. . y. Ger minis apex corollâ or- batus- , ut prodeaut Antberae Stigmati adnatae. 6. Sentina. Da Arvore chamada Jaqueira. ClaJTf. Monoec. Ord. Monandr. Nom. Syft. Jaqueira do Bra- zil. Efp. N. Car. EJf. Efpec. A. com folhas obovadas , in- tegerrimas , com hum aug- mento obtufo no ápice , eftreitadas para o pecíolo, levemente cotanilhofas por baixo, efpádices levantados, e eftímcs fobrefahidos fora da Corólla. Jaqueira he o nome vul- gar no Brazil. Car. Nat. Efp. ■ He huma árvore , que chega a itnialar na grandeza a hu- ma grande Nogueira , la- ftigera. O tronco he muito groíTo , De Arborc Jaqueira. Clafl'. Monoec. Ord. Monand. Nom. Syft. Artocarpns Brafili-, en/is. N. Sp. Char. EíT. Spcc. A. foliolis obovatis , integer~ rimis , ápice obtusè appen- diculatis , in petiolum atte- ntiatis , Jubtus Jubtomento- fts , fpadicibus ereflis , fta- minibus esçjertis. Jaqueira a Brafilienfibus nominatur. Char. Nat. Spcc. Arbor in magnitudinem Juglan- dis Regiac excrefeens , la- tlefcens. Tr une us valdè crajftis , corti- ço- DAS SciENCIA coberto de luima cafca gre- tada , dividindo-fe a pou- ca altura cm ramos groi- ibs. Rumos compoftos , fem or- dem. Folhas de hum verde-efeuro , oboradas , obtuías , com huma ponta curta c obtu- fa no ápice, de 5" á 6 pol- legadas de comprimento , de 3 a 4 de largura, on- de efta hc máxima , inte- gerrímas , venófas , lifas por cima , por baixo com hum ligeiro cotanilho e miudamente reticuladas nos intervallos dos grandes ve- ios latcraes , eftreitadas pa- ra o peciolo. Pccíolos dez vezes mais cur- tos que a lamina das fo- lhas. Flores cm Efpádiccs monoi- cos ; mas as mafculinas e femininas cm dillinttos Ef- pádiccs. Os Efpádiccs femininos pe- lo tronco c ramos mais groíTos; os mafeulinos pe- los mais novos e fuperio- res ; huns e outros pedun- culados , levantados ; os femininos porém depois da fecundação tomao-fc pen- dentes. s de Lisboa. 85* ce rimofo obtccltis ,nec mu% iítm ajfurgens priufquam dif- pertiatur in ramos crajjio- re r. Ranti compofui , vagi. Folia faturatè [viridia , obovn- ta , obtura , ápice in appen- diculum obtufmn producla , 5- ad 6 anciãs longa , 3 aà 4 plhs iv.inhjve lata v.bi latijjima, integerrima , ve* nofa , Jnpernè laevia , fub- tus inter venas maiores la- terales minutijjlmc reticula- ta et fubtomentofa , in pe- tiolum attenuata. Vetioli lamina deães brevio- res. Flores Spadicei , monoici , aft viafeuli et feminei in dijlin- ciis fpadicibus. Spadices feminei per truncum , raniofque Jeniores ; mafcnli per juniores fuperiorefqne ; utriqite pedunctilati , ereííi ; feminei tamen pojl foectm- dationem fiunt pendv.li- Pedun- 86 Memorias da A Pedúnculos folitarios , nus, com huma Braftéa feme- lhante ás folhas, c huma Efpátha , que encena hum Efpádice nú , outra Elpá- tha , e outra Braftiía : a El- patha incluía fcmelhantc- mente encerra outro Eipá- dice nú , outra Efpátha , e outra Braftéa ; e affim fuc- ceífivamente duas , tres , ou quatro vezes. Deftes Ef- pádices commummente fó hum chega a amadurecer. Efpddices maj calinos. Cal- Efpátha de dous folio- los , côncavos , maiores que o Efpádice , que encerrão , caducos. Efpádice quall ovado , hum pouco comprimido , levantado , coberto por to- da a parte de flores ren- tes , coadunadas para a ba- fe , fem efeamas nem Bra- ftéas , caduco. Invólucro he hum curto annel na bafe do Efpádice. Perianthio nenhum. Cor. monopétala , partida em duas lacinias , concavas , c convergentes. EJlam. Hum fó filete linear, comprimido , fobrefahido fora da Corólla. Anthéia oblonga, levantada. c ademia Real Pedunculi folitarii , nudi , Bra- fieam fujimentes folii fimil- limam , et Spatbam , quae ah terum Spadicem nudum , al- teram Spatbam , Jimulque Bracleam re condi t : inclufa Spatha ilidem recondit alte- rum Spadicem nudum , et aliam Spathatnm braSiea- tiimqne ; et lie deinceps bis , ter , qaterve. Horum Jpadi- diciim faepius anus tanthni ad mattiritatem perveuit. Mafculi Spadiccs. Cal. Spatha diphylla , foliolif concavis , Spadice longiori- bus , cadttcis. Spadix (itbovatris , com- prejjiufculits , eretlus , Jlof- culis undique teèlus , baj connatis , nullis interpofiti fquamis atit bracieis , cadu- cas. Involncrnm brevis anti' lus bali fpadicis. Periantbinm nullum. Cor. monopétala , bipartita , laciniis concavis , conniventi- bus. Stam. Filamentum unicum , //-' neare , comprejfum , exjer- titm. Antbera oblonga , ere- ila. Efpd- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. *7 Efpddices femininos. Cal. Efpátha , Invólucro , c Pcriánthio como nos maf- culinos. Efpádicc maior , levan- tado , ovado, algum tan- to comprimido, obtufo. Cor. monopétala , membrana- cea , oblonga , e compri- mida até ao topo , que he ■amarcllo-dcslavado , carno- fo , pyramidal , com 4 , 5 , ou 6 faces , trcfpafla- do pelo Eltilête ; a bale deite topo pyramidal he coadunada por todos os la- dos com as bafes dos ad- jacentes ; o rcfto da Co- rólla he de hum branco- páliido, arrimado, e qua- íi aglutinado as Coróllas contíguas : toda a Corólla he rei latente. Prjl. Ciérme fobrepofto , ova- do , comprimido. Eftilête lateral , filiforme , muito m is comprido que a Co- rólla. Eítigma fimples. Peric. a Corólla tornada cm Baga , monofperma , da fei- ção de huma garrafa , ru- gófa no ventre , earnóla , e tão volumófa , que faz apparecer vários inchaços Feminci Spadiccs. Cal. Spatha , Involucrum , Pe- riantbium ttt in majeulis. Spadix maior , ercclw; , ovatus , comprejjlufculus , ob- ttijvs. Cor. mompetala , membrana- cea , oblonga et comprejja ápice tenus , qui dilate Jla- iíís , camofus , pyramidalis , tetra , penta , /. hexae- drits , a Jíylo vix perfo- ratus ; bujns apicis pyra- midalis bajis cum aliorum circumflantiitm bajibus omni- nò coalha \ reliqua Corollae pars ex flavicanti alba , ad- jaccntibtts Corollis adpreffa et adgltttinata ; integra Co- rólla perjijlens. Pift. Cermen fttperttm , ova- tam , comprejpim. Stylus lateralis , .filifir- mis , lougijjimus. S'tigmajim- plex. Pcric. Corólla Baccata , mo- nofperma , lagcnifcrmis , ven- tre rugofã , carnofa , maxi- mae molis adeo ut in cati- ta Jit ut hic illie tumeat Jpaaix Baccatv.s , qui prae- no 88 Memorias da Academia Real no exterior da Jaca , a terea muricatm , qual he além diíto echino- fa , da grandeza de huma Melancia , c hum pouco comprimida. Sem. Ovada , dura , afilia- da : Arillo encarnado , in- funado , membranaceo , da feição do bojo da Corólla , pontudo. A femente cftá apegada ao lado do topo do arillo, e tem por tegumento pró- prio huma membrana coa- Citrnl/i magnitudine , et comprejfmf- culus eJL Sem. ovatum , durum , arilla- tum : Arillus incarnatus , injlatns, mcmbranaceiís , ven- tri CoroIIae conformis , acu- minatus. Sémen arilli apicis late- ri aàhereus , tegumento pró- prio membranaceo albunúni coalito obduclum. dunada com o albume. Obf. I. A maior parte das flo- Obf. I. P/erique flores aborti- res acháo-fe abortadas nos vi fiant ; in iis Corolla ma- Efpádiccs maduros ; a Co- rólla deftas he oblonga , comprimida , linear , c té- nue até ao topo , que , co- mo fica dito , he pyrami- dal &c. ; dentro acha-fe o Eftilêtc quebrado com hu- ma parte apegada ao ger- me , e o refto atravcíTando a extremidade pyramidal. Obf. II. Pela deferi pçao aci- ma referida fe vê , que a "Jaqueira do Brazil differe tanto das plantas congé- neres , que me parece fer huma cfpecie nova. He na verdade muito affim da Ja- queira das Pbilippinar ( Jac- quier des Philippincs ) de net oblonga , comprejfa , li- nearis , et tenztis ápice te- nus , qni ut in reliquis py- ramidalis &c. \ intus Jiylus fraclus deprehenditnr , alte- ro fragmento germini infer- to , altero Corollac apicem pyramiclalem pervadente. Obf. II. Ex tradila àeferip- tione patet nojlram Arro- carpum ita recedere ab otn- nibus congeneribits plamis ut fpeciem novam conjlitue- re videatur. Àffinis eqtti- dem e/t Art. Philippenli La Marck , dijfcrt tamen qnòA hrtjus folia retnfa fint , Mr. DAS SciENCIA Mr. La Marck ; différe po- rem em não ter como cite as folhas defpontadas , ou como fe cxprcíTa Mr. La Marck na deferipção Fran- cesa , qur.fi redondas , ou ovaes {ovóides ) ,e glabras de ambas as faces; em não ter as flores em Amenti- lhos cylindricos ; e cm ter Klpathas. Différe também da Jaqueira da índia (Jac- quier des Indcs ) de Mr. La Marck cm não ter as folhas ovadas e glabras , nem fementes ( noyaux ) oblongas , com cinco fa- ces. Différe não menos da variedade (3 defta rncfma Jaqueira em não ter os ra- mos , pcciolos , pedúncu- los , e a face inferior das folhas hum pouco pelu- das , &c. Florcce cm Julho, e Agof- to nas Cl uicaras da Cidade do Rio de Janeiro , onde fe cultiva , e ainda he rara ; he trivial n: Bahia , donde não pude verificar fe he indíge- na ; fei que nefta Cidade ha duas efpecies , ou variedades de Jaqueira , cujos fruftos fe diftinguem vulgarmente pe- los nomes de Jaca molle , c Jaca dura; não pude porem Tom. III. s de Lisboa. 8Oc\Fíprs ft"> efe -Ai//,-/ ■■', < /■/', #* ifZLZEjVsjf /-//i, '">Vr/./'„„/ {.„./ T. III c /. 9/ /.' A . ( ■' ÍCA ) ^ 1 ' ^ . i »7 c t* i ART0C iRpró .VA! ÍJ / ut. f/.u i .>/.,■ DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 9» Explicação das Fig. da Ef- tampa V. i. Efpádicé cmbagado , ou 'jaca. 2. Corolla de huma flor fe- minina , que abortou , abor- ta pelo lado para fe ve- rem os fragmentos do Pif- tilo. 3. Cor. de outra flor femini- na no principio da fecun- dação , aberta pelo lado para fe ver o Piftilo. .4. Cor. embagada {a). Ápi- ce pyramidal. y. Cor. embagada cortada tranfverfalmente para fe vêr o Arillo foliculofo. 6. Anilo foliculofo cortado tranfverfalmente para fe vêr a femente. 7. Semente. 8- Semente cortada tranfver- falmente , moftrando hum pedaço do tegumento ex- terno membranofo. 9. Cor. de huma flor mafeu- lina augmentada ao microf- copio. 10. Cor. de outra flor mafeu- lina augmentada da mefma forte,c aberta por hum lado. 11. Folha de grandeza natu- ral. Explicado Iconum Tab. V. 1. Spadix baccatus , f. Jaca. 2. Corolla floris femiuei alor- titi lateraliter Jcijfa , ut ex* bibeat fragmenta Pijlili. 3 . Cor. floris feminei fecunda- ri iucepti lateraliter fcijfí ut exbibeat Pijiilum. 4. Cor. baccata (a). Apex py- ratnidalis. 5". Cor. baccata tranfversè fe- Eia exbibens Arillum folicti- lofum. 6. Arillus foliculefus tranfver- sè fcBus exbibens femen. 7. Sémen. 8. Sémen tranfversè feBum bine exbibens fragmentam tegumenti externi membra- nacei. j>. Corolla floris mafeuli vilri amplificantis ope vifa. 10. Corolla floris mafeuli fi- militer aufla longitudinali- ter feifa. 11. Folium magnitudine natii' rali. m ii Do Memorias da. Academia Real Do Craveiro da Terra. De Arbore Cravo da Terra. Claf. Icof. Ord. Monog. ClaíT. Icof. Ord. Monog. Nom. Syft. Murta falfo Cra- Nom. Syjl. Myrtus Pfeudo-ca- vo da índia. Efp. N. ryopbyllus. N. Spec. Car. EJf. Efpec. M. com pedúnculos axillarcs, folitarios , trifendidos , c depois dichótomos , folhas lanceohdas e pontudas. Cravo da terra vulgar- mente na Cidade do Rio de Janeiro. Será huma variedade da Murta Caryopbyllada de Jacq. ? Obf. Bot. Car. Nat. Efpec. O Craveiro da terra parece- fe á primeira vifta com o Loureiro. O Tronco tem pouco mais , ou menos féis pés de grof- fura , com huma cafea cin- zenta , Jifa, a qual pouco e pouco larga em pedaços huma ténue lamina exte- rior , donde refulta pare- cer o tronco como defeaf- cado em varias partes. Char. E1T. Spec. M. pedunculis axillaribm , fa~ litariis y trifidis , dehide di- ebotomis ; foliis hmceolatis , actiminatis. Vulgo Cravo da terra m civitate Ricjaneriae. An Myrti Caryophylla- tae Jacq. varietas ? Obf. Bot. Char. Nat. Spec. Arbor nonnibil Lauri nobilig fímilis. Truncus fex pedes plus minuf- ve craffiir , cortice cinereo , laevi , jenfim exumam et tenuem laminam frujlulatitn deponente , ideirco bic illie velut deglubitus apparens. Os DAS SciENClA Os ramos são levantados; os mais grofíbs largão a lami- na exterior da cafea como 0 tronco ; os mais novos tem a cafea fufca c intei- ra , e n.is extremidades al- vadia. As folhas oppóftas , lanceo- ladas ( algumas obovadas- lanceoladas , c muito pou- cas obovadas ) , pontudas , do comprimento de 3 até 6 pol legadas , de i; de larçuira onde são mais lai- gas , integerrimas , com muitos veios tranfverfaes , rcclos , e analtomoziados ; as mais novas são cotani- lhofas por baixo ; as ou- tras nuas , levantadas , co- piofas , e pecioladas. Peciolos do comprimento de quatro linhas , com hum cotanilho muito fubtil. Flores em pannícula ; o pe- dúnculo commum he axil- lar , folitario , e dividido em três , cada hum dos quaes he três vezes dichó- tomo , e tem huma rl>r ren- te no angulo de cada di- chotomia. Cal. Periánthio fobrepofto , fubcotanilhofo , partido em quatro lacinias ob tuias , perliftente. s de Lisboa, 93 Kami erefli ; fanares cortice , ut in trunco , exthnam la- minam expuente ; juniores fujeefeenti , integro , /';; cx- tremitatibus fubincano. Folia oppofita , lanceolata { ■; n- niilhi obovato-lauceolat a , paucijjima obovata ) , acumi- nata , 3 ad 6 uneia r longa , 1 ; lata ubi latijji.na , /«- íegerrima; venis traufzer/is plurimis , reélis , anaftomo- zantibus ; novijjima fubtits tomentofa ; caetera nuda , e recla , conferia , peciolata. Petioli qttatuor lineas longi , [ubtomentofi. Flores panniculati \pedunculus communis axillaris , folita- ritts , trifidus \ finguli inde emergentes ter dichotomi , et in Jingulac dichotomiae angulo fios fejfilis. Cal. Perianthium fuperum , jubtomentofum , quadripar- titum , laciniis ob tu/is , per- Jijlens. Cor.' 94 Memorias n a A Cor. de quatro pétalas , ova- das , apegadas ao cálys , e mais compridas que clle. E/iam. Filetes mais de 20 , filiformes , apegados ao Cá- lys , e do comprimento da Corólla. Anthéras peque- nas , e biccllulares. Pijl. Germe obovado. Efty- léte aíTovclado , c do com- primento dos Eftames. Ef- tigma fimples. Peric. Baga molle , da gran- deza de huma Azeitona , oval , ás vezes redonda , ou obovada , negra , coroa- da pelo cálys , com huma ou duas céllulas , e em ca- da huma com huma ou duas fementes ; algumas ve- zes tem mais , mas raras vezes montão todas a fete. Sem. Nozes duriflimas , quaíi redondas nas Bagas unicel- lulares c monofpermas , diverfas nas outras, luzen- tes , pállidas , com hum hilo da figura de hum 3 , formado de dous buracos , dos quaes hum he quaíi cego , e o outro opercu- lado. Começou-fe ha pouco tempo a cultivar nas Cháca- ras do Rio de Janeiro. Não pude averiguar fe era natural cademia Real Cor. tetrapetala ; petalis ova- calyci infertis , eoque tis lougioribus. Stam. Filamenta ultra 20 filiformia , calyci inferta , longitudine Corollae. Anthe- rae parvae , biloculares. Pift. Gérmen obovatum. Stylus fubtilatiis , longitudine Jla~ minum. Stigma fimplex. Peric. Bacca mollis , olivas magnitudine , ovali- , inter' dum rotunda attt ob.vata y nigra , calyce coronata , //;//' J. bilocularis , mono f. di- fperma , interdum tri , ra- rijjimè fubheptajperma. Sem. Naces durijjimae , fubro* tundae in Baccis uniloculari- bus monofpermis , variae in aliis , nitidae , pallidae , hi- lo figuram 8 exhibenti , ex duobus foraminibus confiato , altero Jubcaeco , altero oper- enlato. Duduin coli coepit in prae- dita Riojaneriae , ubi an indí- gena utrumve exótica fit fla- tnere non valui j traditum ejl do' DAS SciENC! do Paiz , fe exótica; ouvi di- zer, que em hum lugar pou- co dlftante daquella Cidade , chamado o Baldeador , havia muitos deites Craveiros incul- tos; por ifto , e pelo nome vul- gar parece , que são naturaes , mas eu não ou Co affirma-lo. A caíca do tronco , c dos ramos grollbs he adítringente, e não tem cheiro algum. As Bagas , principalmente antes de amadurecerem , os pedún- culos , cályccs , folhas , c as extremidades dos ramos , ma- chucando-fe , ou maftigando- fc fabem , e cheirão tanto ao Cravo da índia , que pare- cem a mcíma coufa. Do que fica ponderado le collige , que , ainda que a Murta falfo cravo fe alTcme- Iha muito í Murta Caryopbyl- lada de Jacq. , não he certa- mente a mefma planta : fe íe conferirem as DefcripçÕes , vêr-fe-ha , que cilas differem hum pouco. as de Lisboa. p^ tn/bi plurimas et incultas de* prehendi M. Pleudo - caryo- phyllos in pago Baldeador non proctil a Riojaneria ; bine et ex nomine vulgari credere fas erat effè indigeuam , ajferere tamen non aucleo. Córtex trunci r amor um- que feniorum cjl adjhingens , et odore omninò caret. Bac- cac vero , praefertim immatn- rae , pedunculi , calyces , fo- lia , et r amor um extremitates , contreclata , manjave adeo Ca- ryophyllos aromáticos fapiunty redolentque , ut eos praefenter crederes. Ex propojita analyji non omninò eamdem ejfc bane Myr- tum cv.m M. caryophyllata Cl. Jacq. j quamvis ei nimis acce- dat , intelligitur. Si utriufqtte áifcriptionem conferre libtierit , aliam ab alia in nonnullis re- cedere deprebendetur. Afurta Gtryopbyl. Caíca do tronco com f.ibor ad- ítrhgeiue , rms náo localmente leni cheiro. Afurta F.ilfo Cra- Myrt.Caryophyl. vo. — comfaborad- Córtex trunci fa- (tringente, fera pore adftringen- cheiro algum. "> bata omninò odore cartns. Myrt. Pfeudo-ca- ryoph. — f/jpore adflrin- gemi , omninò odore cartns. Mur- 96 Memorias da Academia Real Murt. Caryophyl. Folhas oblongas- obovadas e ob- tufas,com labor adftringente a- gradavel ,e com num cheiro aro- mático muito mais fuave , que o do Loureiro Bagas redondas , com 7 ou 8 Te- mentes , e com cheiro e fabor aromáticos , mas diveríos , fegun- do fe infere da ommifsáodo Dr. Jacq. , dos do Cravo da índia. Murta Falfo Cra- vo. — lanceoladas , pontudas , com hum vivo chei- ro do Cravo da índia. — Commumcnte ovaes, c com i até 4 fomen- tes , raras ve- zes com mais , e muito poucas com 7 , com cheiro de Cra- vo da índia. Myrt.Caryophyl. Folia oblongo-obo- vata , obtttfa , fapore adftrin- genti grato , o- dore aromático, JuavijJimo,Lau- rum nobilem longe fuperan- tia (».). Ilaccac rotundae , ■y-f. tt-ípermae, odore Japoreque aromático , ne- qu.iquam ta- men , itt tx Cl. Jacq. filemio tonjicere (as cjt, Caryopbyllaceo. Myrt. Pfeudo-ca- ryoph. — lanccolata , a- cuminata , odo- re Ciryupbyllo- rum. - Sacpius ovales, \-f. zfpcrmae, raro pluribus , rqrijjime feptem feminibus Joe- tae , odore aper- te caryopbytla- ceo. Sinto não ter podido vêr a Eftarripa da Mttría Caryo- Doleo quòd icotiem M. ca- ryophyllatae videre non potue- phyllada de Jacquin , e que rim , nonniillaqitc , ut pedttn- na Defcripçao defte faltem algumas particularidades , co- mo a divisão dos pedúnculos &c. , as quaes por tanto fe não podem confrontar ; ainda aíílm, fe as mencionadas differen- ças , que alguns talvez quei- rão attribuir á diveríidade do culorum intermediorum divifto &c. , in deferiptione Jacquiiiia- na defidcrcntitr , ideuque con- ferri nequeaut ; memoratae ta~ men dijfercntiae , quas coeli folíque diferimini dncere non- nullis fortaffe placcbit , fi non plane evincunt Pfcudo-caryo- (*) Pela comparação, que aqui (*.) Quoniam Cl. Jâcquinws M. faz o Dr. Jacquin , do cheiro da M. Caryophyllatne odorem ymdammodo Caryophyllnda com o do Loureiro, cum Lauri nobilis , nequãquam vero c não com o do Cravo da índia, fam Caryophyllorumcfíorf cnmpomt , parece , que a M. Caryophyllaãi aí- videtur \\. Caryophyllatam odore femelhale no cheiro maij áquelle, flui <;./ I, uruni quam ad Caryo- que a cfte. phylloá aceca,-.. cli- DÀS SciENCI clima, c terreno y oao coníli- tu:m a Murta fal/o Cravo hu- ma efpecic dSfferente da Mur- ta caryophyllada , razem-na huma variedade bem diverfa. Na dúvida parccco-mc me- lhor da-la por huma nova ei- pecie , do que fazc-la huma variedade das eípecies eíla- bejecidas ; porque cm geral as novas eípecies excitão mais attenção que as variedades , e por iílb não dão tantra oc- c.iíiao a introduzirem-íe erros na Botânica. A s d e L i s i; o a. 97 phyllum aliam cjjè fpeciem a M. Caryophyliata , hujus pn>- feílò varictatem aàm dum < ■.'/'/- Jimilem cònftitmmt, In dúbio potius cjfe duxi Jttbjeilam plan- tam ad novam Jpecicm evehe- re , qtw.m ad ccnjiitutarv.m V - rietatem relegare ; (iqtrideiH in ttniverfum novnc Jpcia ac- curatiits , variantes icrò jc- gnius circumfpií i jnlcv.t , qua de caufa hae errori maiorem anjam praebeut. U/os. No Rio de Janeiro col- tumao colher as Bagas ver- des , e guarda-las depois de fêccas para temperar com ci- las o comer , da mefma forte que le pratica com o Cravo da índia ; cilas pelo muito que fe parecem com efta cf- peciaria , lupprem-na. tão "bem , que cila era bem efeu- fada para nós , c para os Bra- V.ilciros. Kíles não coilumão fazer cafo das flores ; cilas porém colhidas antes de def- abotoarem , c 1'èccas á fom- bra, tem hum cheir.) tão íua- ve , que nada ou quali nada são inferiores ao Cravo. A- Tom. III. Ufus. Incolae Riojaneriae Baccas 'miniaturas legunt , Jiccafque fervant ut cu/iuariis cibis vice Caiyophvllorum admifceautur. Caryophyílos optimè rrferunt , itaqtie fnpplent , »t bis faci- lè carere pijfemus et illi et nos. Flores eifdem nu l 'Uns fttut u(ús ; ti tamen lefii priíifquum explicentur , et ficcati in tim- bra adeo fuayiter olettt , ut •vix attt ne vix qttidem Caryophyllis cedant ; iJJis caeternm minores fttnt , et lap/u temporis plit- ri::itim amittunt odori-, 11011 item faporis. Ex foliis htjuaih aromaticam dijlillatione e/ice- re folatt pro impleudis pilis n quel- p8 Memorias da A quellas flores porém, ou o Fal- fo Cravo hc muito mais miú- do que cftc , e com o tempo perde muito do cheiro, não hc aflim do labor. Das tolhas tirão por diftillação huma agoa aromática para encher as laranjas de cera, com que no Entrudo coftumão brincar de huma forma menos barbara do que fe ufa em Portugal. Não fei como fe não tem lembra- do de extrahir o óleo eflencial defta arvore ; hc muito prová- vel , que clle tivefle muito apreço no Commercio , pois podia fubftituir-fe ao do Cra- vo da índia. Quantas e quão preciofas coufas fe perdem nas mãos dos Portuguezes por negligencia fua ! Explicação das Figuras da Ejlamp. VI. i. Ramo com folhas e huma panicula. \à) Folhas viftas pela face fuperior. (b) Folhas viftas pela face inferior. 2. Flor ainda abotoada en- grandecida. 3. Bagas. 4. Baga bicéllular , com duas iementes em huma céllula , c An em 1 a Real cereis , quibus nojlris geniali- bus diebus Jolitos lados longe urbanihs ac in Portugália mos ejl fieri, agunt. Oiti fit nt oleunt ejfcntiale ex hac Myrto edu- cere non curent ? magni com- mercio faciendum ejfe , quip- pe qno l poterat oleiCaryophyl- lorum vices optimè a gere , quis non videt ? Qiwt quantaque fpermmt incuriofi Portugale»~ Jes\ Explicatio Iconum Tab. VI. "t"*.^; 1. Ramus foliis et panicula, inflruElus. (a) Folia a pagina fuperiore exhibita. (b) Folia a pagina inferiore exhibita. 2. Fios claufus , autlus. 3. Baccae. 4. Bacca bilocularis , alter» loculo difpermOy altero mo^ DAS SciENCIAS e com huma ío na outra. , Noz globofa de huma Ba- 5- ga de huma i'ó céllula , e huma fó remonto. , Noz hcmilpherica de hu- 6 ma Baga bicellular. . Noz de forma irregular 7 de huma Baga de muitas fomentes , c o Opòrculo do feu buraco opereulado. de Lisboa. 99 nofpermo. , Nux rotunda Baccae mono- íocularis et monofpermae. . Nux bemspheriea Baccae bilocularis. Nux abnorrms Baccae po- lyjpermae , et Operculum fo- raminis opereulati. Do Maririfà. De Maririçó. Cl. Monadelph. Ord. Triand. Cl. Monad. Ord. Triandr. Nom. Syft. Sifyrinchio feme- lhante ás Galáxias Efp. N. Car. Etf. E/p. S. com o caule pouco ramo- fo ; folhas cníiformes , ner- vofas , planas ; três lacinias do Corólla duas vezes re- quebradas , com huma cova nc&arifera nos ângulos , que olhao para cima. Car. Nat. Efp. Nom. Syft. Sifyrincbium Gala- xioides. N. Sp. Char. EíT. Spcc. S. caule fubramofo , foliis en- Jiformibus , nervofis , plan- nis ; corollarum lacinits tri- bus bis refratlis , foveâ neilariferâ in angulis Jur- fum fpetlantibus exeavatâ. Char. Nat. Spec. Raiz tuberófa , quafi cylin- Radix tuberofa , fubcylindri- ca , 1 a d 2 inicias longa , drica , do comprimento de huma pollegada atò huma e meia , da groflura de cens huma até duas , arruivada lis undiqtie infirutla. n ii por 1 ad 2 crajfa , exttts rufef- , inttis crocea , radiai- ioo Memorias da por fora , açafroada por dentro , munida por toda a parte de raigotas. Caule pouco ramófo , com muito poucas folhas , le- vantado , do comprimento pouco mais ou menos de pé e meio. Folhas enfirormes , do com- primento de 8 a 9 pollc- gadas , da largura de meia , planas , com a nervura cof- tal fobrefahida de huma e outra face , birrcnqueas , abarcando cada huma na ba- fe todas as mais interiores e o caule. Flores terminaes , féis e mais, pedunculadas , enfeixadas , munidas de Efpáthas : ma- nifeftáo-fe hurnas apôs das outras , e tem os pedún- culos lineares , do compri- mento de ; até i polle- gada. Cal. Efpátha commum , com- primida , monophylla, mais curta que os pedúnculos , truncada obliquamente , in- divifa para a bafe , onde forma huma bainha ás de- mais. Efpáthas próprias muitas , igualmente mono- phyllas , e quaíi do com- primento dos pedúnculos , oppóílas por pares , abra- Acadbmia Real Caulh fubramofus , fubnudtts , ereilas , fexquipcdein plus miujve longus. Folia eujíformia , 8 ad 9 an- ciãs longa , dimidiam lata , plana , nervo cojlali ab atra- que pagina prominente , bi- faria , bafi fingida reliqua r interiores et caitlem vagi- nantia. Flores terminales , jex aut piares , pedunculati , fafei- culati , fpathati , per vicee prodeuntes : pedanculi linea- res , j ad 1 meiam longu Cal. Spatha communis , com- prejfa , monophylla , pedun- culis brevior , obliquè trwi- cata , ad bafim indivifa , ibi- que reliqaas vagtnans. Pro- priae piares , item mono- phyllae , et pedanculi f non- nihil breviores , per paria, oppo/ltae , fingalae reli- quas interiores , quae Jen- fim longiores , et pedtmcu- çan- DAS SciENCIA cando cada huma todas as outras mais interiores , que são fucceífiVamente mais compridas , c juntamente hum pedúnculo nú c uniflo- ro ; a mais interior dcftis eítá voltada para a cornaram, da qual em nada différc ; as demais são lanccoladas. Perianthio nenhum. Cor. monopctala , partida em féis lacinias , amarellas , fal- picadas de negro por den- tro ; três mais exteriores obovadas , mais compri- das que o Piftillo , e con- vergentes de modo , que formão quaii hum globo ; as outras três mais curtas , com as unhas hum tanto levantadas , c caniculadas , c as laminas requebradas primeiramente para dentro, e depois para cima , com huma cova no angulo que olha para cima ; todas íeis são imberbes , e unidas pe- la bafe das unhas. E/t. Filetes 3, fufeos , unidos para a bafe , onde formão huma bainha ao Piftillo ,110 rcfto defadunados , do com- primento do Eftilête , e applicados a ellc. Anthé- ras oblongas , levantadas , grandes , foi tas antes da an- s de Lisboa. roí lum nudum Wtijlorum am~ plexantes ; extinta communi obver/a et fimillima , cae- terue lanceolatae. Periautbitim nullum. Cor. nwnopetala , jexpartita , lutea , intus atro-maculata ; laciniae 3 exteriores obova- tae , Piflillo longiores , in globnm fere conntventes \ 3 interiores breviores , ttngni- bus ereEiiufculis , canalicu- latis , lammis introrjkm , dein ftirfum refratlis , fovcd in angulo [iirfnm fpeflati- te exeavatâ \ omites imber- bes , et unguium bafibits coti~ natae. Stam. Fi lamenta 3 ,fnfca, ad bafim connata et Pijlillum vaginantia , fupcrnè diflin- tla y logitudine Jiyli , et huic applicata. Antherae ob- longae , erefiac , magnae , liberae , poft antbe/im fingu- lae fuigula fligniata extus th efe 102 M E M 0 ? I A S » A A Chefe , depois cada huma abraçando direitamente e para íempre o Eftigma cor- refpondente. Pijl. Germe ibttopólto , tri- íiono. Eftilcte filiforme , levantado , amarcllado. Ef- tigma amarello , quafi do comprimento do Eltiléte , partido em três lacinias , levantadas-patentes , grof- fas relativamente ao Eitilè- tc , canalieuladas por den- tro , aquilhadas por tora , franjadas no topo fem ap- parencia de pétalas. Peric. Cápfúla oblonga , qua- JI do comprimento do pe- dúnculo , obtufa , com três ângulos obfoletos , hum pouco torulofa , com três céllulas , abrindo-fe pelo to- po cm três válvulas. Sem. pequenas , muitas , con- vexas por huma face , an- gulofas pela outra , arran- jadas em duas ordens em cada céllula. Floréce todo o Verão no Rio de Janeiro , e dá-fe pe- las Roças nos lugares fêccos. Obf. O Mar ir iço alTeme- lha-fe ás Galáxias em ter a cova ne&arifera nas três laci- nias , differe porém em mui- ca demia Real areie perpetuoque amplexan- tes. Pilt. Gérmen trigonum , infe- riim. Stylus filiformis , ere- tlus ,flavicans. Stigma /la- vam , hngitudine fere Stili , tripartitum , laciniis erefio- patentibns , cfaffls , intus ca- naliculatif , extus carinatis f ápice jimbriatis , baud peta-, liformibus. Peric. Capf. oblonga , nbtitfa , obfolete trigona , jub torulo- fa , triloculiris , trivalvis , ápice dehifcens , pedunculi fere hngitudine. Sem. parva , plurima , hinc convexa , inde angulata , du~ plici ordine in fingido lo cu-, lo difpofita. Florei totó vere Braflien- fi; et habitat in folo ficco prac- diorum Riojaneriae , quae Ro- ças andiunt. Obf. Noftrum Sifvrinchi- u m accedit Gala.xiis foveã ne- Bari fera trittm laciniarum , re- cedit tatnen quamplurimis , tos DAS SciENCIA tos caracteres , principalmen- te em não ter corólla tubulo- la , nem- as lacinias paten- tes , nem os filetes total- mente unidos em cylindro &c. Difiere também do .57- •fyrinebio com folhas de Pal- meira em não ter flores bran- cas , raiz bulbofa , folhas franzidas &c. Que difícrença haja entre o Maririçó , e o Sifyrinchio bigumeo do Abba- de Cavanill. , vejão os que puderem confultar o que el- le eíereveo lobre as Plantas Monadelphas , porque eu o não pude fazer. Virtudes , e ufos. A raiz do Maririçó não tem cheiro , mas tem hum labor adocicado não defagra- davel ; hc brandamente pur- gante , e uíada não fó pe- los Roceiros , mas também por alguns dos habitantes do Rio de Janeiro. Eu nunca experimentei efte remédio , creio porém que fe faz fre- quente ufo delle , porque via muitas vezes palTar pelas ruas da Cidade os Roceiros com molhos de Maririçó. A raiz do Maririçó dd-le s de Lisboa. 103 maxime corollâ non tubulo- fa , laciniis minime patenti- bus , fdamentis baud integre in cylindrum connatis &c. Ali- um etiam eft a Sifyrinchio palmifolio yfiquidem carct Jlo- rihus a/bis , r adice bulbofa , faliu plicatis &c. Qtiid dif- crimiuis nojlrum inter et Sifyr. anceps Cl. Cavanill. inteire- dat , animadvertant , quibus ejus de Plantis Monadelphis opera , quae confulere non va- lui , confuleudi data fuerit oc* cafio. Vires , et uílis. Radix Sifyrinchii Gala- xioidis odore carens , fapore vero gaudens dttlciufculo haud ingrato , leni vi polet alvum ducendi , nfnique eft non modo ruris , fed etiam nonnullis ci- vitatis Riojaneriae incolis. Hu- jus me licamenti nuuquam pe- riculum feci , in animutn ta- men induco ejus non infrequen- teni fieri u/um , fiqtiidcm cre- bro animadverti praetercuntes per plateas ilius civitati* ru~ ricota* , qui iftorum Sifyrin- chiorum fafeieulos geftabant. Praefcribitur radix ore fu- pela io4 Memorias da Academia Real pela boca,c em criftel. Para íe adminiltrar quer por efta , quer por aquella via , coítu- mao romar duas , ou três raí- zes colhidas de frcíco , pi- za-las , e ajuntando-lhe agoa , coa-las com cfprefsão ; o que paliou pelo coador dá-fe em huma dófe. Nas Roças cof- tumao fazer hum cozimento da cafea da raiz de Fedego- fo bravo , e da raiz de Ma- ririçó , c o dão familiarmente nas Febres. Da raiz do Maririçó ex- trahe-fe '- de amido, que paf- fa por antifeorbutico , e fe coftuma dar em agoa de toda a cidra. metida , atit ano etiematis in modum itijicietida. Vt cutuque eatn adhibere animus fit , fo- lent duas trefve radices dtt- diim leUas contundere , et adje- ilâ aquâ per colttm manibus premendo trajicere ; quod inde permeavit fíngulari âofi por- rigitur. Ruri mor efi ex cor- tice radieis Caífiae bacilla- ris , et radice hujus Sifyrin- chii decoilum par are , quod il- lic febre laborantibus família- riter propinatur. liaec ea em radix largi- tur \ amyli albijfnni , quod an- tifeorbuticum ejfe creditur , et aquâ totius Citri medicae di- lutum Jolet minijlrari. OB- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. lOJ OBSERVAÇÕES ASTRONÓMICAS Feitas no Observatório Real da Marinha , commmúcadas d Academia. tor Manoel do Espirito Santo Limpo. Annos. Tempo Mezes. Dias. verdadeiro. -A_ Ti 1798 C Immersáo ás 6.* 34' n"3<> Março - - 28 Occultaçáo de n de Q pela C S C Emersão, ás 7. 43.34, 3 ^Principio do Eclipfe ás M. 21. 2 ) Immersáo total . ás 11, 25. $0 Julho--- 30 Occultaçáo de o* pela C\um„„:A .... , . ti .1 1 v 1 * jlimersao. ... as 11. 35. 2$ Duvidou) fFim do Eclipfe . ás II, 39. 3 Agofto - - 2 Immersáo do II.° Satellite de Júpiter . '. ás 13. 39.50 4 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . . ás 13. 42. 50 f Immers. do III. ° Satellite de Júpiter. . ás 12. 46.26 Emersão. ás 14. 34. 48 n f Imm. ás 14. 26. 27 7 Occultaç. daEftrella 132 de y pelaCX lEmers.ás 14. 37. 32 9 Immersáo do II. ° Satellite de Júpiter . . ás 16. 18.41 14 Immersáo do III. ° Satellite de Júpiter. . ás 16. 48. 50 20 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter. . . ás iz. 1. 34 Tom. III. o An- IOfj M EMORIAS DA ACADEMIA ReAL Annos , Mezes , Dias. Tempo verdadeiro. A i7J>8 Agofto - 21 Occultaçáo de p de «■ pela C í A Immersáo não \ fe peide obfervar / por fe achar o 0 A muito eleva / bre o horiz \_Emersáo. . do ío- zonte. 27 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . Setembro 3 Immersáo do II.0 Satellite de Júpiter . 3 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . 10 Immersáo do II." Satellite de Júpiter . íz Immersáo do III.° Satellite de Júpiter fTmmersáo do III.° Satellite de Júpiter (.Emersão . < 19 Immexsáo do I.° Satellite de Júpiter . 16 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . 26 Immersáo do III.° Satellite de Júpiter . Outubro . 5 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter. . 5 Immersáo do II.0 Satellite de Júpiter . C Immersáo 5 Occultaçáo de n de Q pela (£ < £ Emersáo. 19 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . 21 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . 23 Immersáo do II.0 Satellite de Júpiter , 25 Immersáo do III.0 Satellite de Júpiter . ás 6K i&. 3o"(Duvidofa) ás 13. 57. 30 ás m. 35. 8 ás 15. 53. 1 ás 16. 14. 25 ás 10. 46. 12 ás 12. 59. 18 . 14. 46. 54 ás 14. 13. 46* . ás 16. 5. 5O ás 17. 1. 18 ás 12. 3J. I, 5 ás 13. 33. 28 . ás iy. 3. 137 VM.10 . ás 16. o. 28^ bb») ás 16. 26. 14 ás 10. 54. 50 ás 8. 11. 10 ás p. o. 48 An- DAS SciENClAS DE LlSBOA. IO7 Annos , Mezcs , Dias. Outubro 25 Vio-fe o III.0 Sarellire de Júpiter unido ao limbo do Planeta ás 11*. 7'. 1" : , T.V. , tendo-fe empregado inutilmente toda a diligencia para le obfervar a fua Emersão, a qual le cinerava , que acon- teceíTe ás 10''. 56'. T.V. , com pouca Dezemb. 7 dirterença Novemb. 20 Emeisão do I.° Satellite de Júpiter . . 30 Emersão do III.0 Satellite de Júpiter . Immersão do III.0 Satellite de Júpiter Emersão 22 Emersão do I.° Satellite de Júpiter. . 2p Emersão do I.° Satellite de Júpiter. . 31 Emersão do Io. Satellite de Júpiter. . Janeiro 7 Emersão do I.° Satellite de Júpiter . . 12 Emersão do III.° Satellite de Júpiter . 14 Emersão do I.° Satellite de Júpiter . . *799 Tempo verdadeiro. as ás i$». 6'. 34', III.°Sutelli 'Immers. do II.0 Sarei, de Jup.ás 1 3. Immers. do I.c Satellite . . ás I 3. Principio do F.dipfe de 7" ,\ ■ ou contaclo de TZ com a <£ j '" Immersão total de 7/T • • . ás 13. 8. 2 11. 7 13-48 15. 10 Njo le marcou ; porque como ef- te Satellite Te achava pfrto do Planeta , aconte» / nancia , aconce» tc. . . .<. ceo ^ |-ua jmnl_ ■quando ie eftava Vartentando o inf- I tante da Firimer- I são total de •£, Immersáo do IV.0 Satellite . ás 13. 12.2; O ii N.B. 108 Memorias da Academia Real Annos , Tempo Mczes , Dias. verdadeiro. . -A . . A 1799 N. B. O fim deite Eclipfe foi invifivel: hum Editicio oceultou a Lua antes dclle aconte- cer. Janeiro . 25 Occultaçáo de 7 de »y pela £■< Immersáo . . ás iá.* 44'. 4i"(Duvidofa) N. B. Damos efta obfcrvaçáo por duvidofa , por caufa do eftado da Atmosfera , que dirricul- tou as alturas correfpondentcs do Sol, para regulação da Pêndula. Efta mefma caufa nos obítou a marcar o inftante da Emersão; por- que ficámos cm duvida , fc quando nppare- ceo a eftrella , ella fahia do limbo efeuro da Lua , ou de alguma nuvem menos denfa : nefta dúvida noi firmámos vendo defappare- cer a eftrella palTados 7 ou 8 fegundos , de- pois da fua duvidofa Emersão. jc Emersão do I.°-Satellite de Júpiter . ... ás ç.n si.' li'! N. B. Ao tempo defta obfetvaçáo , fazia hum vento mui forte , que não deixava citar o óculo em quietação. Feveteiro 21 Emersão do II.0 Satellite de Júpiter . . .ás 6. 40. 57 22 Emersão do I.° Satellite de Júpiter. ... ás 10. 8. 10 24 Emersão do III.° Satellite de Júpiter ... ás 6. 50. 26 {Immersáo . ás 15. 55. 20 Emersão. . ás 16. 36.41 (Duvidofa) N. B. Damos a Emersão por duvidofa , porque receamos, que tenha havido o erto de hum minuto na conta do tempo. Março . 2. Emersão do I.° Satellite de Júpiter .... ás 6. 34. 58 3 Emersão do III.° Satellite de Júpiter . . .ás 8. 57. 58 10 Emersão do I.° Satellite de Júpiter . . .ás 8. 32.11 Au« DAS SciENCIAS DE LlSBOA. IOJ) Annos , Tempo Mczes , Dias. verdadc.ro. _>^_ _>v_ l799 {Immersáo . ás 1 1.* 00.' 22"(Duvidofa) Emersão. . ás 12. II. 22 (Duvidofa) Abril. . 2 Emersão do I.° Satellite de Júpiter . . .ás 8. 57. 41 (Duvidofa) 8 Emersão do III." Satellite de Júpiter . . . ás 7. 25. 54 (Duvidofa) 18 Occultaçúo de Q de n}) pela £. -j Immersáo. .ás n. 4j>. 58, 6(Duvidofa) /^Contado in- V terior de $ na lfua entrada, . ás 20. 2,7. 57 Maio . . 7 Paflagem de JJ pelo Difco do SoK JA fahida per- fdeo-Ce por cau- V.fa das nuvens. 15 Occultaçáo de y de n^t pela £< Immersáo . .ás 8. 5. 6,3 Agofto . 3 Immersio do II.° Satellite de Júpiter. . . ás 15. 55. 50 23 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter ... ás 15. 50. 41 28 Immcrsão do II. c Satellite de Júpiter . . . ás 13. 3. 48 {Immersáo do III.0 Satellite de Júpiter . . ás 13. 12. 36 Emersão ás 15. 46. 24 Setembro 4 Occultaç. da Eftrella 21 de -dl- pela<£ J Im. . . ás 7. 2. 52,8 AT. B. Aproveitámos a obfervação da Im- mersáo defta Eftrella da fexta grandeza, que fc acha no Catalogo de Flamfteed , inferto no conhecimento dos tempos de 1785 ( pag. 220), por occafiáo da Obfer- vação (eguinte , que he a que havíamos calculado : 4 Occultaç. da Eftrella 1 das 1 de •£: pela r£^ Em. ás 7. 37. 21 (Duvidofa) 15 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter ... ás 15. 48. 3 (Duvidofa) An- iro Memorias da Academia Real Artnos , Mezes , Dias. 1799 Setembro 24 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . Outubro 1 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . 4 Emersão do III.0 Satellite de Júpiter . 6 Imrr.ersáo do II.0 Satellite de Júpiter . 8 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . 17 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter. 18 Immersáo do III.0 Satellite de Júpiter. 24 Immersáo do II." Satellite de Júpiter. Novembro 2 Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . o Immersáo do I.° Satellite de Júpiter . ,x6 Immersáo do III.° Satellite de Júpiter. 16 Immersáo do l,° Satellite de Júpiter . Tempo verdadeiro. . ás 12/' 12'. 24" . ás 14. 8. 38 . ás 11. 57. 46 (Muito boa) . ás ij. 34. 6 (Muito boa) . ás 16. 4. 7 '. ás 12. 28. 00 . ás 17. 20. 8 . ás 10. 7. 27 (Duvidofa) . ás 10. 44. 37 • ás 12. 37. 30 . ás 9. 15. 10 . ás 14. 29. 56 M E- MEMORIAS, QUE SE CONTÉM NA I. PARTE M, DESTE TERCEIRO TOMO. E MO RI A sobre os Kertnes , por José Joaquim Soares de Barros. --------- Pag. i. Mémoire sur les Variations Séculairts des Elêmens éllipti- qucs de Palias et de Cérès : par M. Damoiseau de Monfort. ------------- t^M Observações Astronómicas e Meteorológicas , feitas na Ci- dade do Rio de Janeiro no anuo de 1786 : por Ben- to Sanches Dorta. ---------- 68. O mesmo no anuo de 1787.- ---- --__ ÍOg# laboas e Diário Meteorológico , pertencentes ao atino de 1788 : pelo mesmo ---------- ij-^. Observação do Eclipse da Estrella n do Leão , da tercei- ra grandeza , acontecido a 28 de Março de 1798: por Custodio Gomes de Villas-Boas. ------ 168. Exposição das Observações Astronómicas , feitas no anuo de 1799 : E comparação da Passagem de Mercúrio com as Taboas mais acreditadas do mesmo Planeta : pelo mesmo. -------------- 173. Observações dos Eclipses dos Satellites de Júpiter , feitas em S. Paulo com hum Óculo achromatico de 1 7 pollega- das de foco : por Bento Sanches Dorta. - - - - 175. Diário Physico-Meteorologico de Outubro do anuo de 1788 da Cidade de S. Paulo na America Meridional e Orien tal: pelo mesmo. -----------183. O mesmo do mez de Novembro. - - - - - - - 1 ii 8 . O mesmo do mez de Dezembro. - - - - - - - - 193. Mémoire sur la Comete de 1807 : par M. Damoiseau de Monfort. - - - - 198. Ensaio sobre o Cinchonino ; e sobre sua influencia na vir- tude da Quina , e de outras Cascas : por Bernardino António Gomes. ----------- soz. Me- IO REIS Índice. Memorias dos Correspondentes. Observações Botanico-Medicas sobre algumas "Plantas do Brazil : por Bernardino António Gomes. - - - - i. Observações Astronómicas feitas no Observatório R. da Marinha : commun içadas á Academia por Manoel do Espirito Santo Limpo. --------- iojf. CA- DISCURSO HISTÓRICO PRONUNCI ADO NA SESSÃO PUBLICA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA, DE 24 DE JULHO DE l8lO POR JOÃO GUILHERME CHRISTIANO MÍJLLER, SECRETARIO DA MESMA ACADEMIA. Non adeo effccta manus ( a ) conamina fugit , Ut tanta quicquam pro spe tentarc recusem. ( b ) VjOmo seria possivel preparar-me para fazer este Dis- curso , sem que huma saudosa lembrança dos primeiros an- nos felizes , que decorrerão immediatamente depois da crea- çao da Academia Real das Sciencias, se apoderasse de meu espirito , e por algum tempo não permittisse a outras idéas menos attractivas , arranjarem-sc e esclarecerem-se diante do meu entendimento? Annos , nos quaes o seu irreparável Fundador tomava , ainda com viveza juvenil , alegre parte Tom. III. * em (ii) Hum accidente paralyrico aleijou a mão direita do Autor. (£) Cumpre lembrar ao leitor, que foi este Discurso recitado a pri- meira vez (jus em público se congregou a Academia , depois do falleci- mento de seu Fundador, o Illusrrissimo e Excellentissimo Senhor Dom João Carlos de Bragança, Duque de Latões. 40 REIS ii Historia da Academia Real cm todos os seus trabalhos ; empenhando-sc cm arvorar pre- sagios da sua crescente rertíiidade , é regozijando-se das primícias da sua flor. Annos, nos quaes eu fui honrado com a admissão a seu Sócio, sem ousar pensar, que, depois do decurso de quasi cinco lustros, jamais fallaria em seu nome neste lugar. Quão dura necessidade porém me obriga a resistir á tentação de entreter este respeitável Auditório com qua- dros rizonhos destas passadas ditas ! Assim como fugitivas sombras d' hum agradável sonho, que nunca tornão , devo eu deixar que se desvaneção estas imagens jucundas , para dar lugar a reflexões menos deleitosas , mas impreteriveis no dia de hoje. Forçoso he pois de partir, no que tenho a proferir, d' huma época triste. Vejo-me constrangido de conduzir os pensamentos deste respeitável Auditório a traves de huma serie de acontecimentos deploráveis para nós todos , que- rendo dar conta do estado , e dos trabalhos desta Real So- ciedade , desde a sua ultima Sessão Pública. Tarefa por tan- to presentemente mais penosa, do que deveria ser pela sua natureza aquella, que me cumpre desempenhar n'huma tão luzida solcmnidade. Devo fallar do que passou desde a morte do Funda- dor , do constante e maior Amigo , do magnânimo Bemfei- tor, e.... sim, deixai-mo dizer.... do pai desta illustre corporação de Sábios. Época na qual a Academia , ressen- tindo profundamente o doloroso estado de sua orfandade , perdeo no tempo de seu nojo o animo de apparecer em pú- blico, com aquelle lustroso apparato , com que costumava appresentar annualmente aos pés do Soberano , e d face da Pátria as amostras dos fruetos de suas fadicas. Sacrifício digno , rendido aos Sacros Manes daquelle incomparável An- cião, que com sapiência Socrática , e humanidade sem exem- plo a creou , a formou , a regeo , c a levou a hum cume de perfeição , em que ousou fazer-se emula das suas mais idosas , e desdenhosas irmãs. Dei- DAS SciENCIAS DE L I S B O A. III Dcixou-lhc depois em herança indeléveis impressões de quanto cllc disse, cobrou no seu grémio. Thesouro inapre- ciável úe pensamentos sublimes e maduros, e de sentimeu- t:> grandes e benéficos, com cujo incansável exercício in- fluía nos ânimos de todos que o cercaváo. Património cu- ja perpetua cxccllencia elle sellou com a sua morte , de modo que por muito tempo se fixarão irresistivelmente as vistas de quantos f tão testemunhas de suas falias e ac- ções , sobre as suas cinzas, subjugadas de maneira , que não era possível , immediatamente depois da perda de sua presen- ça , oceupar-se de outro objecto, que não se referisse á veneração dos vestígios da,s virtudes, que assignalárão o cur- so da sua vida , a benção da sua memoria , e as homena- gens rendidas ao seu prototypo. Sim , meus Consócios , por longo tempo não podía- mos dirigir os nossos olhos sobre o lugar em que o Duque de LafSes se assentava entre nós, sem que se representasse aos nossos ânimos com a maior viveza , a cara efHgie de nosso amado Presidente. Nós vimos , . . . . como em toda a sua pessoa brilhavão os caracteres da mais acabada cultura Social : mas ao mesmo tempo admirávamos a sua condescen- dência philanthropica , que temperava este lustre muitas ve- zes atemorizador, de qualidades assignaladas nos pomposos theatros de regias Cortes ; como elle sem aparatosa ostenta- ção , attrahia a si com carinhoso affago o rendimento dos mais timoratos ou indóceis ; como não perdia opportunida- de alguma de convidar todos pelo seu exemplo á prática das virtudes de mero Cidadão ; como nem o mini mo indi- cio d' alguma vaidosa presumpção obstruia os efLitos da sua generosa beneficência ; ou inculcava dúvidas da sua protec- ção ao silencioso e acanhado merecimento. Immortal será a sua grata memoria, como o hc a sua nobre alma!... O anno de luto , com que nós a celebrámos , jamais nos pôde servir de opprobrio. Foi a demostração do terno afíceto d' huma família desconsolada junto ao tumulo de seu venerando e extremoso Progenitor , cuja recordação nenhum * ii tem- 4o REIS IV Historia da Academia Real tempo devorador extingue , cujas palavras não cessão de soar nos seus < lívidos , c eujas bellas acções nunca se per- .dem da sua vista. Foi reverente tributo do justo sentimen to da grandeza da nossa perda d' hum tão prospero patro- cir.io , que suffocou o valor,... c até o desejo, de subro- gdo, em quanto o benéfico decurso do tempo não suavisas- se a dor de recentes tendas, abertas pelo mais custoso apar- t ITH BtO. Mas que novos, imprevistos, e fataes obstáculos de- vo trazer á memoria deste illustre Auditório , que conti- nuarão a privar esta Academia do apetecido gosto, para sa- tisfazer ao seu sollicito empenho, de dar conta á Pátria das suas circunstancias, e das producções de seu desvelo! Ain- da , se o armo de luto sobre a perda do nosso irrecu- pefflvel '-iimeiro Presidente tivesse consolado nossa dor.... ai. '. m > • , havia de ter huma concatenaçao de luetuosas a 1 > o n-sso acatado silencio. ■ ,. ■ ■ rindo , meus respeitáveis Ouvintes, 0 vosso c< im prazo de nove mezes , cm i ' peaa* nosso, o cruel jugo d* 1 ite?... Não receeis, que vã eu . n ncia huma serie de assom- brosas pinturas dos estragos^ que este estranho infortúnio 1 ! chorar a tod^s os beneméritos amantes da sua Pátria. Já sobejamente se vos pi os lúgubres effeitos d' este violento vexame, cm escritos públicos, com eloquência mais facunda do que eu devo reputar a minha. Não posso toda- via deixar de traçar com poucos rasgos cm «n.sso , a in- fluencia desacoraçoadora , que destes revezas públicos se de- via naturalmente recear para huma Corporação pacifica , como he a da nossa Academia He próprio da natureza humana , que o homem , ex- perimenrando certa porção de dolorosas desventuras , por niLis safio que seja, com tanto maior desalento renuncie, c... até desespere .. . de profundar com tranquilla presen- ça de espirito , o grande fim da sua existência. Lutando com 4U 1—18 / DAS SciENCIAS UE LlSBOA. V com huma multidão de idéas confusas, nascidas de continuo gravame, a>sua pcescnnaçáo afrouxa, c não chega facilmen- te a apurar noções distinctus, e consoladora^ , dos motivos porque se lhe prolonga huma existência , que lhe parece unicamente servir para grangear torças de aturar novos sof* tVimcntos. Só vagarosamente o coadõz huma porfiada medi- tação á anodina convicção d' algum intento caritativo do Poder Supremo de conservar para algum benéfico fim , no seu grande plano do governo do Universo , hum misérrimo individuo , assaltado de todos os lados , de insoffriveis tor- (bentos.... Mas no intervallo do transito do sentimento da extrema amargura , ao grande c decisivo triunfo da fé , e da razão , estnoteoe a aima , e não estuda , nem ensaia as suas próprias faculdades, c recursos. Sociedades inteiras consideradas cada huma de per si , como hum corpo moral , não são menos sugeitas a acces- sos desta pusillanimc falta de fé em si mesma. Quaes tempos pois são mais capazes de trazer comsi- go a quasi irresistível tentação para este aborrecido abati- mento de espirito? Ninguém negará, que são aquelles cm que chega a ser o tom geral , ou moda dominante , de não respeitar cousa alguma; não digo só de dogmas, e precei- tos d' huma Religião positiva divina, mas de tudo quanto das grandes máximas, e nobres princípios dos antigos Gre- gos , c Romanos pouparão séculos devastadores. Tempos , cm que he expòr-se á pública irrisão o fallar em fortaleza virtuosa da alma , prompta a firm ar com a ultima gota de sangue os fundamentos da ordem social, do bem commum, do interesse na ventura da geração dos vindouros. Tem- pos ,/cm que o pezo d' huma atm. sphera sobrecarregada de abusos maléficos , opprimc povos inteiros , arrancando-lhes contínuos gemidos, e introduzindo entre clles huma conta- jiosa estagnação da reunião dos seus communs esforços pa- ra a sua própria defeza. Tempos , em que se propaga en- tre todas as classes da sociedade , com inaudito poderoso in- fluxo , hum espirito servil , que perde inteiramente de vis- ta vi Historia da Academia Real ta a salvação da Pátria, logo que ao seu individuo, ou ás suas posses ameaça algum perigo imminente. Tempos em que os citíuvios pestilenciacs da refinada dobreza , da mali- ciosa ealumnia , da astuta ma fé , da insaciável rapacida- de , da insolentíssima petulância , da mais vil jactância , e de outros abortos da corrupção humana , produzem no mundo moral o mesmo cffeito do ar metifico no mundo physico , . . . . de extinguir qualquer nobre chamma. Tempos, em que hum. Hcvostrato recolhe as honras do maior dos Herocs. Necessitarei eu por ventura agora , depois da exposi- ção deste esboço do quadro dos tempos mais humiliantes , e desalentosos para a soffVedora humanidade ; necessitarei eu allegar provas para capacitar quantos me ouvem , que nós passámos por taes tempos desde a ultima Sessão Pública desta Academia ? Mas foi indispensável apontar os seus pe- rigos, a fim de evidenciar , que não ganharão sobre a nos- sa Academia os aviltantes triunfos , que com sobeja razão se podião recear. ' Verdade he , que enfraquecerão a sua voz para fallar em público, segundo o seu antigo costume. Comtudo não quebrantarão até huma inactividade absoluta , o seu zelo de servir a Pátria. Nunca cessarão as suas lucubraçóes para preencher este glorioso fim , e para cumprir as vistas de seu incsquecivel Fundador. Renunciando mesmo á porfia de luzir como huma estrella da primeira grandeza , nunca deixou de ambicionar o resplandor d' hum meteoro de bom agouro, cujos raios presagos de dias serenos consolao a tra- vez de caliginosas sombras. Jamais renunciou a sua Dignida- de , e negligenciou o seu Destino. O âmbito, a força, e a verdade desta asserção Mani- festará a simples narração das nossas transacções Académi- cas, na época mais capaz de paralysar , do que de alentar a actividade de sua energia. Em que pôde pois consistir a Dignidade d' huma Cor- poração como a da nossa Academia , senão cm fazer pa- tente , o serem os seus membros indelevelmente penetrados dos tO REIS das Scienciasdb Lisboa. vii dos sentimentos , que não ha lei humana , nem vulto de instante tyranno , que podesse prohibir o progresso das lu- •/.cs , que indaga : que não ha poder que possa estreitar o âmbito das descubertas , que reeompensão seu fruetuoso dig- velo : que só alguma Authoridade toda poderosa poderia attcrra-la pelo mando : até aqui chegarás na aproximação a verdade , e não mair adiante ! Que só algum milagre capaz de aniquilar quanto existe, poderia pòr termo á germinação da semente lançada pela sua industria em grato terreno : que a despeito da sorte de não poder exceptuar-sc de pas- sar com ò resto do género humano, hum dia por encómios, e outro por contumelias , comtudo os seus acérrimos adver- sários, por mais que ousem dizer, não poderão ganhar o desengano de jamais se poderem reduzir a nada os monu- mentos públicos da sua decidida benemerecencia : que nas suas obras ha de sobreviver o seu espirito a todes as sila- das da malevolcncia clandestina , c ás descaradas extorsões do inexorável despotismo , em cujo despique se augmen- taráo sempre os conhecimentos que disseminarão , c a in- dustria que despertarão : que para clles a voz da utilida- de pública, he a voz do Numcn Supremo, cujo mando se- guem á risca , zombando da reluetante barbaridade , mostran- do-lhe que a sua mais furiosa opposição , em vez de aba- ter o seu nobre brio , não pôde senão dobrar a sua elfica- cia. Como esta Academia , nem nos tempos mais prpcello- sos para a sua cara Pátria , se descuidou da manutenção desta verdadeira Dignidade Litteraria , ninguém o poderá ne- gar , ponderando os factos que vou referir. Debalde tentou o intruso despotismo arrastra-la a homenagens indignas e avil- tantes. A sua passiva , c silenciosa firmeza frustrou quantos estratagemas de dolosa sagacidade , e quantos sobresaltado- tes ameaços a sobreponderancia nefaria empregou, para fa- zer vacila-la na íntima convicção de seus deveres para com o seu legitimo Soberano, e própria Nação. Ella fez testa, com imperturbável valor , a repetidas insinuações da trahido- ra viu Historia da Academia Real ra subtileza , logo quando chegarão a hum ponto , cm que transluzia a sinistra tendência de querer persuadi-la a humi- liaçôes incompatíveis com o seu decoro. Com o mesmo va- lor nunca se deixou atemorizar por ameaços de constrangi- mentos terçados de seu livre arbítrio, nunca se fez culpá- vel de connivencias vergonhosas, nunca se abaixou a incen- sar cobardemente Ídolos fementidos , nem calcou as pizadas de tantos espíritos fracos , que de bom grado curvavão os joelhos perante os torpes altares , que insolentes usurpado- res pertendiao levantar á sua vi gloria. Deste nobre comportamento existem sobreabundantes documentos na nossa Academia, cujo cândido exame pôde desmentir as r .bolarias da mais iníqua calumnia , c contutar as subtilezas sophisticas domais obstinado scepticismo. Pos- to mesmo que haja contemporâneos assaz preoceupados pa- ra não ceder á convicção que estas provas lhe cffcrccem , e que algumas não sejao da natureza de poder já expor-se ao público , cilas ainda assim são perennes , c sobejão pa- ra justificar perante a mais intelligcnte , c menos apaixona- da posteridade tudo o que ousei sustentar do sempre cons- tante zelo desta Sociedade de conservar illeso o respeito que lhe he devido , e da sua virtuosa ambição de nunca consentir que se desdourasse a sua Dignidade. Não menos evidentes , e irrefragaveis documentos ve- rificão quão pouco as calamidades do tempo mais desas- troso forão capazes de afasta-la do proseguimento de seu verdadeiro Destino. Passarão-sc muitos mezes , em cujo lapso se diminuirão, e por fim estagnarão totalmente as fontes dos costumados recursos para a sua subsistência. Nem hum só dia porém pararão os trabalhos da sua Ojlicina Typografica. At festão este facto os notórios adiantamentos de obras volumosas que havia entre mãos , e quantidade de folhas de outras menores já começadas antes da época da súbita irrupção dos inimigos, que sahírão dos seus prelos no intervallo dos mezes de Dezembro de 1807 até o fim de Agosto do anno - das Sciengias ue Lisboa. ix seguinte. Attcsta-o sobre tu do , c d' hum modo gloriosiv i- inu , o complemento de quatro preciosos , c assaz corpulen- tos volumes da segunda c mais perfeita edição do índice Cbrcnologico Remissivo da nessa Legislação , que se apresem» t M mesmo com resoluta impavidez aos arrogantes morado- res das nossas Leis. (a) Houve além disto honrados Só- cios. . . . (não tenho licença de declarar os seus respeitáveis nomes ) que suprirão por seu credito a falta da caixa va- zia, em que não restava cousa alguma para administrar. Abra-se outro sim o Livro dos Assentos das Transac- ções , que se tratarão nas Assembléas Ordinárias da Acade- mia j ncllc se verá , que nunca cessarão de ser frequenta- das por doutos Sócios , empenhados a sustentar o credito do Instituto. Entre estas Sessões encontrãose bem poucas inteiramente estéreis em produetos instruetivos. Apparcccrão os cálculos da Orbita do Cometa , quan- do o seu aspecto assustava huma multidão de néscia , e su- persticiosa gente que tremia de seu maligno influxo, (b) Houve Sócios de profundo saber, que á vista de serem to- lhidas quasi todas as vias, pelas quaes nós podíamos colher fruetos da Litteratura moderna das Nações coevas, se cune- ra'rão cm suprir esta falta com a publicação de parte dos abundantes t besouros da remota antiguidade , ainda pouco accessiveis a grande numero de seus compatriotas, (c) Ou- tros indagavao a origem das Sociedades Civis , para dar no- lom. III. ** vas (/i) O Senhor Joáo Pedro Ribeiro, Ainhor desta muito difficultosa Compilação , não desmaiou de publica-la á face do intruso Governo , sem deixar atterrar-sc pelas comparações que se faziáo entre a Col- lecçáo das nossas Leis, e o Código de Napoleão, em detrimento da pri- meira. ( b ) Em 10 de Fevereiro de 1808 leo-se na Assemblca Ordinária hu- nia Memoria do Senhor Damoiseau , sobre os Elementos da Orbita do Cometa , que app.uecco no inez de Setembro do anno antecedente , cuja leitura se continuou em o primeiro de Maio do mesmo anno. (c) O Senhor Joaquim de Foyos leo a sua Versão da Obra de Xe- nophonte sobre a retirada dos dez mil , &c. cuja leitura continuou em varias Assemblcas ; e na de 14 de Junho de 1808 principiou a ler a d» Cyropedia do mesmo Author. 40 *! x Historiada Academia Real vas torças á convicção, que a br.se mais solida cia felici- dade pública he o respeito conservado a certos estabeleci- dos princípios \ c irrcmissiveis devefeSi (a) Outros excita* vão a attenção sobre drogas medicinaes , que oiF . rece o Braz.il para substituir as que se procurava*) em outras par- tes do mundo , e sobre plantas estrangeiras climatizadas cm Portugal, cuja cultura be praticável cm grande. (£) Ou- tros communicavão interessantes observações e reflexões so- bre vantajosos ramos de commercio , contra cuja ulterior conveniência protestarão votos mui acreditados no nosso, e em outros Pai/.es. (c) Outros descortinavão regiões ainda não assaz perscrutadas da Historia Litteraria de sua Pá- tria, (d) Outros demonstrarão mctbodos mais próprios, e commodos de tirar maiores vantagens das ofertas obvias do Rcino-Mincral , por meio de processos ainda pouco eo- nbecidos, e praticados entre nós. ( c) Outros tentarão pre- venir o esquecimento das ideas relativas é cultura indígena da preciosa cana, da qual se cxtrahc o sal nutritivo, e gos- toso , cujo subrogado até agora se tentou debalde extrahir com vantagem de outros vegetaes. (/") Eis- (rt) Trara-se de huma Memoria do Senhor José Amónio de Sá, so- bre a origem Hisrorica das Sociedades Civis , que principiou a ler em 16 de Março de 1808; continuando-sc csti leirura em varias Assemblcas Ordinárias. (/>) Nas Assemblcas Ordinárias de 4 de Maio, e de 18 do mesmo mez , apresentou o Senhor Vandelli amostras da Quina achadas em o Rio de Janeiro, e lèo huma Memoria relativa ás plantai acimí referi- das. (c) Em o primeiro de Junho lèo o Illustrissimo e Excellcnrissimo Se- nhor Bispo de Elvas hum Capitulo d' huma , em que mostra , que não se contradizem as Leis, que permutem a escravidão dos pretos da A tri- ca , e prohibem a dos índios do Brazil. (ri) Fali 1 se das Memorias do Senhor António Ribeiro dos Santos ; sobre a Historia da Poesia Porragaeza , lidas em dirferentes Sessões. (í) Em 22 de Junho de ifíorí lèo o Senhor Joaquim Pedto Fragoso de Siqueira algumas observações sobre os trabalhos da Amalgamarão , praticados em Freiberg na Saxonia. ( ( ) O Senhor Luiz António de Oliveira Mendes, lèo nas Assemblcas Ordinárias de 6 , 15, e 20 de julho, e na de :o de Outubro de 1808 hu- ma Memoria sobre a cultura do Assucar neste Reino. DAS SciENCtAS DE LlSBOA. XI Eis-ahi os frtictos da estação mais esteril da nossa lit- teratura , produzidos pela applicação difficilima de infatigá- veis Académicos, na confusão de terrificos insultos; e ao mes- mo tempo evidentes provas do constante proseguimento do nobre Destino da sua associação , dadas em face de bárbaros quebrantadores d.is Leis da Humanidade. Apenas porém acabou aquella tyranna opprcssao , que esta respeitável Corporação de Varões tão patrióticos como esclarecidos , tornou a tomar a sua elástica energia para se render útil á sua Pátria no maior âmbito possivel. Gran- geou da generosidade d' hum Sábio Governo soccorros , senão superabundantes para se mostrar loco em todo o seu antigo luzimento , comtudo suflicientes para alentar as suas applicações com novo animo , e debaixo de mais faustos aspectos. Esta feliz mudança cíFeituou a prompta publicação do Tomo VI. da Collecção dos principaes Historiadores Por- tuguezes. Devc-se-lhe a continuação de outras Golleções in- teressantíssimas , que progressivamente sahírão á luz públi- ca. Deve se-lhe particularmente a acceleração da publicação das Obras Diplomáticas d' hum Sábio , que cultivou hum campo de litteratura nacional, que quando lançou pela pri- meira vez suas vistas sobre elle , não lhe mostrou senão fragmentos promiscuamente dispersos , os quacs porém seu fértil, e laborioso génio soube não somente colligir, mas também dispor, c ajuntar-lhes materiaes para a construcção completa do systcma d' huma Sciencia , quasi até então in- cógnita entre nós , o qual brevemente attrahirá a admira- ção de todo o orbe litterario. (a) Devc-sc a esta época próspera o descobrimento da qualidade filamentosa da caule da couve, e as amostras, que provem á sua utilidade prá- tica. ( b ) Deve-se-lhe a versão d' hum famoso tratado práti- ** ii co () O Senhor ]oáo Pedro Ribeiro lèo os dous primeiros destes Do- cumentos , em 22 e 28 de Outubro de i8co ; e o ultimo apresentou o Senhor José Bonifácio de Andrade em 5 de Maio de 1810. (O Em 24 de Outubro de 1809 principiou o Senhor José Bonifácio de Andrade a ler huma Memoria Historiei sobre as Minas, desde os primeiros tempos até a invasão dos Bárbaros, e continuou a mesma lei- tura em 12 e ip de Novembro do mesmo anno. Em 2, de Março de 1810 lèo outra intitulada: Testamento Metallnrgico , ou Noticias Minero, gráficas, e Mctallwgicas destes Reinos. F,m 26 de Novembro de li leo o Senhor Guilherme de Eschwege huma Memoria sobre as dirfi- culdades das fundições e refinações nas Fabricas de ferro , para ganhar este metal na maior quantidade, c da rwelhor qualidade para ditieren- res fins. («O Esta Taboada he Obra do Senhor Joáo Bell, e foi apresentada, e julgada digna de se imptimir nas Obras da Academia , em 19 de No- vembro de 1800. 1.0 REIS DAS SciENCIAS DE LlSBOA. XIII relativas á certeza dos domínios, (a) Dcvcm-se lhe doutas e eloquentes iallas dos Directores das differentes Classes dos Sócios desta Academia, sobre o estado actual de cada huma , dirigidas ao Illustrissimo e Excellcntissimo Senhor Conde Vice-Presidenté. (b) Dcvem-sc lhe acertadas analy- ses , e instruoçÓes relativas a hum Methodo de reducçóes das distancias lunares, (c) Deve-se-lhe hum patriótico Pro- gramma sobre hum Monumento de agradecimento a Sua Ma- gestade Britânica , c a Nação Ingleza , recebido com una- nime applauso desta Academia , c do público, que os Illus- trissimos e Excellentissimos Senhores Governadores do Rei- no declinarão digno fí hum bom e honrado Português- (d) De- ve se-lhe a leitura da Introducçao a huma Obra importan- te , que contdm Reflexões sobre os interesses de Portugal , depois da estrondosa e sempre memorável época de 29 de Novembro de 1^07. ( gresso com palavras inúteis ; estes nomes a cujos enco- » mios tu te abalanças , fallão por si mesmos ! »> DIS- XIX DISCURSO HISTÓRICO PRONUNCI ADO NA SESSÃO PUBLICA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA, EM 24 DE JUNHO DE l8lZ POR JOÃO GUILHERME CHRISTIANO MULLER, SECRETARIO DA MESMA ACADEMIA. E íSta Sessão Pública da nossa Academia nos recorda, de que mais huma vez temos chegado á meta na carreira em que proseguimos indefessos nossos trabalhos por utilizarmos a nossos Concidadãos. Naturalmente se excitão aqui os sen- timentos , com que hum viandante póc mais hum marco na estrada que enfiara, e volve a vista ao já trasposto ca- minho. E porque não devêramos nós entregar-nos a estes mesmos sentimentos? Esta consideração he ora mais feliz do que o fora, dous annos ha. Nós não nos vemos mais assaltados da bar- bárie que tyraniza os grandes Estados, que, não ha muito, se gloriavão de ser a sede da cultura das Sciencias. No Sanctuário das nossas deliberações não ousou jamais erguer a voz nenhum escravo do despotismo para dar leis ao nos- so amor da verdade. Mas nestes melhores tempos faltar-nos hia sempre al- guma cousa de essencial , se não fora hum incontestável mo- numento da benevolência de nosso Augusto e Benigno So- berano. E exactamente he isto mesmo o que attrahe a si os nossos olhos , logo que o passado contemplamos. Mui *** ii pou- 40 hei5 xs. Historia da Academia Real pouco tempo, depois que aqui celebrámos nossa ul tinja Ses- são Pública, récebeo nosso digníssimo Vice-Presidente de hum dos Ministros de Estado do nos o amável Príncipe , huma Carta, que segurava com as mais Usongeiras expres- sões a complacência deste Augustissimò Senhor por nossos trabalhos e fadigas. Vinha esta Carta já em caminho, quan- do aqui celebrávamos o dia do nome de S. A. R. Ura cila datada do Rio de Janeiro em 9 de Abri! de 18 10. Suas pa- lavras sao-nos tão preciosas , que não pudemos deixar de as communicar a esta Illustre Assembléa. III."" e Ex."" Sr. Sendo presente ao Príncipe Regente Nosso Senhor a Carta , que a Academia Real das Sciencias dirigia d Sita Real Presença em data de 28 de 'Janeiro deste atino, da escolha que havia jei- to do Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro Carlos para sen Pre ■ sidente , e de haver a mesma Academia tomado hum Assento cm que se cstabeleceo , que para o futuro seja sempre o Presidente hum Príncipe de Sangue Real da Augustissima Casa de Bragan- ça , e que haja também hum Vice-Presidente para o substituir nos seus embaraços , havendo desde logo elegido para exercer es- te Cargo a V. Ex." : E vau pudendo deixar de ser do Real Agra- do de Sua Alteza Real esta tilo acertada deliberação : He Ser- vido Authorizar e Approvar a dita escolha e eleição, esperando que a Academia continuará a empregar-se no exercido dos seus luminosos trabalhos , com aquelle interesse c disvellos com que tão dignamente tem procurado preencher os úteis fins do seu es- tabelecimento. O que de Ordem do mesmo Senhor participo a V. Ex." , para que assim o faça constar na mesma Academia Real das Sciencias. Deos guarde a V, Ex.* Palácio do Rio de Janeiro em 9 de Abril de 1 8 1 o. Sr. Con esforços náo íufpeiros por faze-lo comprazer com tan- tos , a quem fua afabilidade obrigava a amar... Que eítimulos eftes pa- ri huma alma como a sua! Eítimulos que por certo a ninguém são tão caros , como aos efpiritos mais bem formados ; eítimulos para fe nunca deslembrar dos bens gozados. Elles deípertáo em toda a fua vivacidade. O primeiro objecto que fe lhe ofF rece á fua fatisfaçáo, he o deíigna- do pela commifsáo da nofia Academia. Elle a contenta, antes que outrem aliás o previna. xxiv Historia da Academia Real perado mimo. A maior e mais eloquente prova que daquel- le poderamos dar , procurámos nós patentear cffectivamen- te. Por votos unanimes foi Sua Alteza Real, por motivo da recepção de seu mimo , eleito nosso Sócio Honorário em 2j de Agosto de 1810. Outra demonstração, assim de huma benevolência pa- ra nós mui lisongeira , como dos elevados sentimentos de hum Príncipe Real , nos dêo aquella mesma occasião. Por isso devemos nós também confessar publicamente o nosso mais sensivcl reconhecimento. Sua Alteza Real o Principc de Galles , adorado Regente do Reino Unido da Grã Bre- tanha e Irlanda , soube da resolução , que tomara seu Real Irmão , de nos mimozear. Em sua alma grande e filanthropi- ca nascerão logo determinações de nos tomar também por objecto da demonstração de sua bondade. O condescenden- te portador (a) da Real effigic me participou a declaração das demonstrações , que tão graciosas nos erao, deste G de Príncipe : e como me teria eu atrevido a passa-las em silencio na Sessão da Academia ? Os que me ouvirão forão penetrados do respeito devido á mais admirável virtude de hum tão Magnânimo Bemfeitor. (b) Os estímulos da mais illimitada veneração e acatamento , que a benéfica lembran- ça (rt) Foi o Illuftriífimo Frederico Barão de Eben , Brigadeiro no Exer- cito Portuguez , a cjuem o Secretario da Academia tinha pedido o lavor da remetia defta encomenda , e que ufou da urb nid.de de encarrc-g.ir-le a fi mefmo de feu tranfporte , trazendo-a de Londres entre a fua pró- pria equipagem , e que portanro fe fez credor ao vivo reconhecinicnio da Sociedade, que aqui lho conteria , com o protefto de fempre conlct- var a grata memoria das benévolas attenções, com que lhe foi feita efía entrega. (f>) Ter-nos-hia fido imperdoável, fe fó enráo he que conheccfTemos as grandes qualidades de S. A. R. o Príncipe de Galles. Não: ha mui- to citávamos já perfuadidos de que cilas não hão mi (ler mais louvor. Nós fabiamos quintos milhares de gentes as admirâo , e lhes prellão homenagem , mais por inclinação que por dever. E porém não po- diamos refiftir ao ciúme de que fó os hiftoriidores de fua Nação , cm narrando os feris feitos , houvelTcm de fer fc-us panegyrifhs : lambem em noffos annaes queríamos nós a bel prazer erguer-lhe hum Monu- mento. das Sciencias de Lisboa. ça de Sua Alteza Real pela nossa Sociedade nos inspirava, não permittírão , que nos tosse indiíFerentc que igualmen- te os nossos compatriotas , e os seus c nossos mais remo- tos vindouros soubessem que também nós no Herdeiro do mais brilhante Throno da Terra , honrávamos hum ornamen- to da espécie humana , huma benção da nossa idade, c hum nosso benigno amigo. Isto nos animou a ousarmos pôr o alto Nome de Sua Alteza Real no Catalogo de nossos Só- cios Honorários. Cada huma das virtudes, que incendida- mente nos inspiravão a sua veneração , nos afiançou o ma- gnânimo aprazimento de tão justo desejo , que era impos- sivel que Sua filanthropia no-lo pudesse denegar. A 35- de Agosto de 18 ic se realizou esta determinação entre nós, por unanime aeclamação , e se lançou em nossas Actas. Alem destes, a nossa censideração nos annos próximos passados do nosso curso Académico nos apresenta , entre os nomes dos que ousamos contar entre nossos Sócios , mais hum a quem os mais distinctos e maiores homens da mais polida , mais culta e mais invencivel Nação tem engrande- cido em todas as partes do mundo. De quantos Grandes Magistrados, Estadistas, Heroes , Mestres e Protectores de todas as Scicncias , e defensores generosos dos direitos da Humanidade e da Pátria não recorda o nome de Stuart a todos aquellcs que sabem a historia da Grã Bretanha ! A Po- tencia comnosco tão intimamente alliada , que nos ajudou a despedaçar os grilhões, com que hum poderoso Tyranno aferrolhava a nossa liberdade civil e religiosa ; que nos de- fendeo como própria a salvação c segurança de nossos la- res , e da nossa industria... esta Potencia nos envia hum Stuart por seu Representante , em huma das épocas mais criticas de nossa historia . . . Nosso próprio Soberano , pa- ternalmente desvelado , até na distancia , pelo bem de Seus Vassallos Portuguezes , authoriza este mesmo Stuart para par- ticipar da administração da Regência de Seus Estados Euro- peos. O tempo , que todas as cousas amadurece , tem jus- tificado a nossos olhos de dia em dia cada vez mais estas Tom. 111. **** dis- 40 REIS xxvi Historia da Academia Real disposições do dous grandes Monarcas alliados , que oússa debellar o inimigo coinmum da ordem e do dever. Quanto não concorre e se une aqui para nos excitar a mostrarmos a este Stuart , da maneira mais sublime que nos he possível , a persuasão em que estamos de suas raras qua- lidades ! Isto nos moveo a eleger Sua Excellencia o Senhor Carlos Stuait por nosso Sócio Honorário a 10 de Novem- bro de 18 10. Tampouco podíamos ser indifferentes ao prazer de ver entre nós o maior heroe do presems século. Acontecimen- tos, que' poucos atinos antes parecerião incriveis , o fizerão nosso Salvador c Bem feitor. O seu nome não hei eu mis- ter proferir ; huma voz intima a todos no-lo tem p.>r certo já nomeado. Pois a quem não liorroriza o astro ameaçador da morte e do estrago , que se erguco sobre a região mais culta e guerreira ? Os seus adoradores o honravao como Anjo infallivd da victoria. Nações inteiras lhe saenficavão o que havia ailàs de mais sagrado entre os habitadores da terra : ie, liberdade, e propriedade. Ha muito que ellc nos amea- çava só de longe. Âllim chegou áquem dos Pyrineos , c appareceo-nos em todo o seu terrível esplendor. Aqui nos annunciavão milhares de vozes , irresistíveis conquistas , e nos apontavão para Cidades fortificadas e Paizes poderosos que se haviao tomado sem resistência debaixo de seu in-1 fluxo. Alli se mostrava huma estupenda torrente de luz que delle sahia , e derramava bem escatiçada claridade e calor fruetificante sobre os que ante ellc cmvados ajoelhavão. Nos- sos olhos enxergavao só o tição destruidor da nossa terna sensibilidade. Pressentia-sc somente a volta daquclla antiga barbárie Babyloniciea , que comsigo teria arrebatado nossa mocidade , e amargurado a nossos anciãos as ultimas horas de sua vida , por huma dor de coração nunca até então sot- frida. Justamente como nós experimentássemos seu maligno influxo para o execrarmos com abominação , trouxe-nos por mar a Providencia hum libertador. Com a forte dextra de hum- possante Numen tutelar traçou ellc hum trópico , que aqucl- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. XXVII lc prezado manancial da illustração c felicitação não ousai i franquear. Aqui findarão as seducções e embustes , que seus idólatras espalhavão, e os aspectos ameaçadores cessarão de embair e intimidar. Wellington acena-lhes á frente iie seus exércitos com a invencível espada , e elles retrocedem. No pacifico recinto da nossa Sociedade não se pôde ver com indifferença este milagre da nossa libertação e defeza. Nel- la se ouvio a voz d hum nobre Patriota , que convidou a Nação a erguer hum monumento ao vencedor de seus inimi- gos. Na mesma hora se unirão os votos de todos os que erão presentes, para pedir ao incomparável Heroe, que qui- zesse acecitar o titulo de hum de seus Consócios. Àconte- cco isto a 23 de Maio de i3ir. Encarregou-se o nosso di- gno Vice-Pesidente de fazer em nosso nome ao General esta proposta. As benignas e graciosas expressões , com que o immortal Wellington acolheo este offerecimento , trans- mittiráõ ás gerações futuras os festivaes e acoroçoantes sen- timentos que a nós nos inspirarão. No vasto campo das Scicncias , em que lidamos por aproveitar a nossos Concidadãos , não havemos mister so- mente brilhante favor e amparo. Cooperadores cm objectos dignos da attenção de todos os homens cultos nos devem ser bem acecitos , quando comnosco se quizerem elles as- sociar. Muitos nos tem roubado a morte , tem outros sido separados de nossas Sessões por acontecimentos bem sabidos. A necessidade de supprir seus lugares he de dia em dia mais urgente. Desde os sábios c patrióticos Fundadores de nossa Sociedade se tem ate" nós transplantado a persuasão , de que, no âmbito dos conhecimentos humanos, não existe só para si nenhuma Sciencia que forme o espirito , nenhu- ma arte que desperte a meditação , e a ponha cm activida- de de público interesse, que por nós seja expulsa da fami- lia de todas as mais. Nós temos sempre cuidado de todas , com igual diligencia á das flores e espigas, que brotão de huma mesma raiz , e que todas cilas se ornão e auxilião entre si. O principio de nossa irremissível pretenção he : **** ii que. s IO HEIf xxvut Historia da Academia Real que todo aquellc que deseja entrar na Academia , não só dê a conhecer este desejo , senão também mostre , ao me- nos por alguma obra, que não lhe faltao nem inclinação, nem conhecimentos , nem actividade , nem animo de fazer patente a sua cfficacia no domínio da verdade e da utili- dade pública , ficando todavia livre a cada qual a escolha da classe e matérias, (a) Segundo estes princípios se tem qualificado para seus lugares na Academia os Sócios nova- mente recebidos , depois da nossa ultima Sessão Pública. Os quacs são : O Illustrissimo e Reverendíssimo Monsenhor Luiz Leonar- do de Vasconcellos Almeida Siqueira. O Senhor Desembargador José Accursio das Neves. O Senhor João Manoel de Campos e Mesquita. O Senhor Francisco Manoel Trigoso de Aragão Morato. O Senhor D. Francisco Xavier Cabanes, primeiro Ajudan- te do Estado Maior do Eexercito Hespanhol. O Senhor D. Thaddeo Maneei Delgado, Ministro do Su- premo Concelho de Castella , c Auditor Geral do Exer- cito Hespanhol em Portugal. O Senhor João Croft. O Senhor Pedro José de Figueiredo. O Senhor Thomé Rodrigues Sobral. O Senhor Sebastião Francisco Mendo Trigoso. O Senhor Francisco Freire da Silva c Mello. O (rt) Nós náo ousamos em caso algum desviar-nos da Jei fundamen- tal da Academia, que prescreve: que associemos só aquelles , que nos hajão dado provas de nos serem propensos e affectos , impondo-nos tam- bém ao mesmo tempo a obrigação de náo eleger alguém , sem termos visto provas , que arrazoadamente nos authorlzcm a crer , que seja cllc capaz de se oceupar em meditações e trabalhos sólidos ; que seja ma- duro seu juizo ; que náo tema o exercício e fadiga de pretender hum fim sábio , c de pública utilidade ; que .... em huma palavra , mereça ter voto em toda a parte , em que se delibere sobre o adiantamento e emprego dos conhecimentos humanos , ou sobre o interesse da nossa es- pécie em geral , e da Pátria em particular. DAS SciENCIAS DE LlSBOA. XXIX O Senhor Luis Máximo Jorge de Bellegarde. O I Ilustríssimo e Excellentissimo Senhor Visconde da Lapa. O Senhor Paulo José Maria Cicra. Destinárao-se para serem transferidos para a Classe de nossos Sócios Honorários nacionaes : O Illustrissimo c Excellentissimo Senhor Marquez Estribei- ro Mór. O Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Conde do Fun- chal. O Excellentissimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo de Évora. Para a Classe de Sócios Livres, para poder substituir os Sócios Effcctivos ausentes ou impedidos , se passarão : O Senhor Luis de Siqueira Oliva. O Senhor Bernardino António Gomes. O Senhor Mattheus Valente de Couto. O Senhor Francisco Soares Franco. O Senhor Francisco Manoel Trigoso de Aragão Morato. O Senhor Sebastião Francisco Mendo Trigoso. Sobre estas eleições nada mais agora digo. Igualmen- te tenho de convidar esta respeitável Asscmblea a huma re- senha de nossos trabalhos. Nella não se pôde deixar de no- tar maior numero de obras, que justificão estas mesmas elei- ções. E porém devo primeiro mencionar huma discrepância do costume ordinário de nossas oceupações , convém a sa- ber : dous Programmas extraordinários , únicos na sua es- pécie que até aqui tem apparccido na historia de nossa Aca- demia. Nas Sociedades existentes , como a nossa , tem-se ti- do por ponto essencial de sua destinação, o trabalhar con- tra a indolência de seus concidadãos , cm respeito de cer- tai xxx Historia da Academia Real tas matérias. Por isso se destinao prémios para os que me- lhor c com mais diligencia as tratão. Que a diversidade dos tempos deva influir na sua escolha, a todos he eviden- te. Mas pouca reflexão basta a hum animo desprevenido para se persuadir, de que os objectos, a que se referem os sobreditos Programmas, são exactamente os que merecem que cm nossos dias se extinga até o menor gráo de indif- ferença contra elles , e até que tudo quanto atrahc a atten- ção do Público, não possa jamais ter hum influxo de maior tilidade pública doque justamente elles tem. Não somos nós homens , os únicos habitadores da ter- ra , que nos afazemos a amar os grilhões que nos prendem a liberdade? Qual he a nação, cuja historia nos não apre- sente exemplos de ardis para embair a si própria e a outros a engrinaldar de flores o mais ignominioso jugo da escravi- dão ? Que Rhetorica ha ahi mais usual de que aquella com que entre si se animão os homens a ser voluntariamente enganados ? Assim que , a nossa Sociedade fez de boamen- te sua , a acção do Patriota , que excitou o Público a pro- por aos presentes e aos vindouros , meios de se cppôi im- placavelmcntc a tudo o que jamais os pudesse seduzir para afagar as cadeias e enfeitar o affrontoso jugo que elles mes- mos tem sacodido. . . . Impressões indeléveis do quanto hum grande Rei e hum poderoso Estado tem cooperado para libertar-nos do mais triste e vergonhoso cativeiro ; alacri- dade, e habito de pensarmos e dizermos isto mesmo clara- mente , e de o vermos no aspeito o mais visível e encan- tador , he o antídoto verdadeiro , que contra o vil esque- cimento devera ter produzido o primeiro dos nossos Pro- grammas extraordinários de i8 de Fevereiro de 1810. (a) Não ( a ) O aíTumpto do Programma era : Qjial será o modo mais próprio de erigir em Portugal bum Monumento de eterna gratidão , que conserve á posteridade o testemunho indelével da beneficência Britânica , que com os mais custosos sacrificios nos liberaliza todos os meios de salvar a Pátria , e man- ter a nossa independência ? Hum preliminar histórico devera preceder d de- tisão deste Programma , envolvendo a Sjnopsis Chronologica de todas as ac- ■ 40 XEI8 DAS SciENCIAS DE LtSBOA. XX Não menos profundo conhecimento dos homens , sã Fi- losofia prática, liada com a mais ampla filanthropia è Pa- triotismo , he o fundamento do segundo. Quantos sisudos e profundos Portuguczcs não tem entre nós lastimado cm creto os progressos de huma epidemia moral , destruam; dos Estados cm que tem lavrado ! Os seus symptomas entre nossos Concidadãos crão os olhos , com que todas as vezes que se queria ver alguma cousa grande c digna de louvor , se fitavão alem dos Pyrineos , para alli só procurarem a Pá- tria de exércitos e heroes invencíveis ; não fazer senão la- mentar em tomo de nós huma triste queda e ridicula fra- queza ; ter por nobre sentimento c profundo juizo as mais estranhas sofistarias; cobrar os impulsos da recta razão , e o ardor do natural desejo de saber, em hum diluvio de fan- farronadas de Gazetas e folhas soltas; em summa , não -des- prezar os mais nojosos absurdos, com tanto que só além do chão que pizamos nos amostrassem grandeza c formosura.... Que se pôde imaginar de mais contrario a esta enfermida- de d' alma , que a involve cm trevas c escmiJão, do que a concurrencia da parte illustrada da Nação em fixar o es- pirito observador de seus concidadãos sohre o chão e ter- reno pátrio que calcamos; em fazer-nos hum entretenimen- to valido da consideração estremada de victorias obtidas á cus- cpes de liberalidade , que a Inglaterra tem praticado a noJTo javor , depois da EevoluçSo da França ate o ptefinte : ,;í quaes fiervindo de matéria para a hijloiia dos nojfios tempos , impõe d Nação 1'orttigueza bum dever de agra- decimento proporcionado d grandeza do Beneficio. Efie artigo e a refióukío do mesmo problema ferâo Jeguidos A* hum Pariigyrico congraiulitterio , diri- gido ,; Sua Mãgefitade JJntauica , e aos valerofios Cencracs , que comman- afio as (nas c as nojfias tropas para a defeza defra Monartbia , com a nar- rado compendiofa dos jactos mais gloriofos da fina carreira militar; fiem fie tfquecer do nobre e gencrofio enthufiafmo da Nação fnglcz/i pela liberdade de Portugal. OfFercce-se .1 cjuem melhor desempenhar o assumpto huma Collec- çáo de todas as moedis de ouro Purtuguczas , desde o Dobrão de 24<$eco reis .ire ao Cruzado, que são em numero 12 , e do valor de 7059080 réis ; juntamente com duas Estampas guarnecidas de boas molduras , huma de S. A. R. o Príncipe Regente Nosso Senhor, cjue foi ultimamente aber- ta , e outra de Sua Magcstade Britânica. XXXII H l T S O R I A DA AcADF. MIA ReAL custa do maior valor e bizarria ; cm plantar a incontrasta- vcl historia da presente época cm nossa memoria e na dos nossos filhos ; em imprimir profundamente as imagens da difíerença que ha entre o Heroc , amigo do justo e recto, e o chefe de combatentes hordas , que ai não quer senão opprimir c devastar ; cm eternizar em obras agradáveis a velhos e moços os merecimentos do Grande Homem que pôz cm actividade os habitadores da Lusitânia , a fim de fa- zerem estes para a posteridade , o que seus immortaes pro- genitores por clles fizerão : do Grande Homem , digo , cu- jo assomo e exemplo vivificou de novo entre nós a elasti- cidade que nos faz não invejar as Nações , que da sua se servem para manter sua independência , gloria , e proprie- dade ? Vedes aqui o nobre fim a que se endereça o segun- do Programma extraordinário de 27 de Abril de i8li3 que convida á descripção das campanhas de Lord Wellington, (d) Agora devo eu fallar nos trabalhos da nossa Socieda- de. Mencionarei primeiro os chamados propriamente Scien- tificos , c passarei depr.is aos de immediata utilidede públi- ca , sem me ligar á ordem chronologica em que se ellcs apresentarão, (b) Men- ( a ) O objecto deste Programma são ,, Memorias para a Historia das ',, Campanhas do Marechal General Lord Wellington , em Portugal e na „ Hespanba , até o fim do anno de 1811. ,, O premio offerecido a quem escrever a melhor obra em desempenho deste assumpto , he huma Me- dalha de ouro do valor de 50^000. réis. (t) Bem vejo que não he isto dito com estricta exacçáo. Não se devera denegar utilididade pública a nenhum trabalho propriamente scien- tifico. De quantos cálculos arbitrários , que só pareciao conduzir a pro- posições transcendentes ; de quantas especulações escolásticas , cuja utili- dade ninguém divisava á primeira vista ; de quantas opiniões , que pare- ciao meramente theoricas , tem os séculos posteriores mostrado a todos hum préstimo incalculável ! O negociante, o marinheiro, o tintureiro, o mineiro , o fundidor , o farmacêutico , e quasi todas as castas de artis- tas , e ofliciaes mechanicos se aproveitáo em suas operações diárias de resultados, que , só pass.idas muitas idades , he que foráo então tirados de theoremas , de que alrotárão seus progenitores , como se foráo \íos re- finamentos de cabeças ocas. E além disso , não se recompensa a si pró- pria cada huma das verdades achadas com trabalho ■ Embora se não re- DAS SciENClAS DE L I S B O A. XXXIII Mencionemos cm primeiro lugar os que dizem respei- to á casca geralmente conhecida pelo nome de Quina; me- nos conhecida será cila talvez debaixo da denominação , que Linné lhe dêo no seu Systema , a saber a de Cbinchona , tendo os Naturalistas modernos com especialidade designa- do , debaixo deste nome , a substancia propriamente contida nesta casca , a que se attribue a virtude febrífuga. Huma Memoria de hum de nossos doutos Consócios , (a) que respeita a esta substancia , attrahio tanto a attenção dos entendidos na matéria , que logo depois de publicada , íoi traduzida cm idiomas estranhos. O Sábio Governo de S. A. R. julgou também este produeto da Natureza digno de sua particular consideração. Havia muitos annos , que se remet- têrão para aqui amostras de cascas , que se julgavão ser aquclla mesma, e que cresciao cm nossas possessões colo- niacs. Foi a Academia incumbida por hum Real Aviso (b) Tom. III. ***** de conheça logo toda a sua valia , na alma do inventor deixáo ellas sem- pre hum trilho , que em muitas occasiões lhe aproveita , e aquelle que esquadrinha es vestígios de seu rumo , aprende a conhecer huma vere- da , em que muito pôde adiantar seus passos (tf) O Author desta Memoria he o Senhor Bernardino António Go- mes. Ella foi traduzida em Inglez no Medicai and Stirgical Jmtrnal de Edimburgo do mez de Outubro de 1.811, pag. 420 - 4) 1. Em Lisboa se publicou ella na parte I. do Tom. III. das Memorias de Marhematica e Fysica da Academia Real das Sciencias , e se tirarão também alguns Exemplares em hum Caderno separado. ( b ) Recebeo-se este Real Aviso na Secretaria da Academia em 27 de Maio de 1811. O Secrerario , e Vice-Secrctario julgarão que seria con- veniente , para maior brevidade , convocar huma Assembléa extraordiná- ria dos Sócios Effectivos de todas as Classes, e particularmente os das Sciencias Naturaes : a qual se celebrou a 50 do mesmo mez. Nesta As- sembléa se nomeou para o fim prescripto nas Reaes Ordens huma Com- missão composta dos Senhores José Bonifácio de Andrada e Silva , Se- bistião Francisco Mendo Trigoso , Bernardino António Gomes, e João Croft. Assentou-se outrosim , que se sollicitasse do Governo o mandar pôr á disposição da Academia o Laboratório da Casa da Moeda , e que se fizesse logo Officio ao Fysico Mór do Exercito, para que remettesse as Quinas com as informações que tivesse, para se saber de que Paizes e Plantas eráo as Cascas , &c. Concedeo o Governo o objecto da sollici- taçáo Académica. Recebeo-se huma porção de Cascas, mas sem ultengç aCBEw M W IO RKii xxxiv Historia da Academia Real de fazer analysar chimicamente estas amostras por li urna Commissao composta de seus Membros. Em consequência de huma representação da nossa Sociedade , concedeo-se a esta Commissao o uso do Laboratório da Casa da Moeda pura poder desempenhar esta incumbência. Ella communicou em huma Memoria á Academia os resultados de seus exa- mes ; a qual Memoria foi apresentada a S. A. R. , acom- panhada de huma representação feita em nome da Acade- mia , com hum OíHcio ao Secretario do Governo que lhe participara as Reacs Ordens. Dêo tudo isto occasião de nos ser conhecida outra Memoria escrita no Brazil acerca de duas espécies de Quina alli descobertas, (a) Foi esta Me- moria entregue a hum Naturalista para a examinar , e fazer sobre ella seu juízo. Mandou-se o parecer deste Sábio pa- ra o Brazil ao Author da Memoria , e a hum distincto Pro- tector das Scicncias e Membro da Academia , para se pro- ceder a maior numero de experiências sobre este interes- sante objecto. A' desvelada applicação e erudição do Author da Dis- sertação sobre a Chinchona devemos ainda huma Memoria sobre a Moléstia endémica no Brazil e Africa , conhecida pelo nome vulgar de Bobas ; como também ao officioso ze- lo e pericia de outro dos nossos beneméritos Sócios , huma Dis- instrucçáo ou noticia a seu respeito. Em 6 de Julho dêo conn o Senhor José Bonifácio de Andrada e Silva de estarem concluídos o» trabalhos da Analyse Chimica incumbida á Commissao dos Académicos. Em 20 do mesmo mez apresentou-se á Sociedade huma Memoria do resultado des- tes importantes trabalhos ; a qual poucos dias depois se remettto do mo- do acima declarado para a Corte ao Rio de Janeiro, a fim de ser pos- ta na Real Presença de S. A. R. o Príncipe Regente Nosso Senhor. (a) Offereceo-a o lllustrissimo e Ex.elkntisíimo Senhor Visconde de Balsemão. Examinou-a o Senhor Bernardino Amónio Gomes , e se re- metteo ao lllustrissimo e Excellentissimo Senhor Conde de Linhares , cu- jo fallecimento privou a Academia da cooperação , e amparo das virtudes, saber , e efficaz zelo cjue nelle venerava. O descobridor destas Quinas no Brazil foi o Senhor Capitão Francisco José da Silveira, e cilas fo íu reconhecidas , e classificadas pelo Senhor Doutor Vicente Gomes da Sil- va. DAS S CIÊNCIAS DE L IS BOA. XXXV Discussão dos casos , cm que a mudança de sitio não apro- veita á cura das moléstias para que se aconselha, (a) Entre os nossos trabalhos sobre as Sciencias Naturaes conto também huma Memoria sobre a prctendiJa chuva de Algodão que cahio cm alguns lugares nas vizinhanças de Lisboa, (b) Para promover entre nós os conhecimentos MetaKurgi- cos , tem estado mui oceupado hum de nossos Sábios Con- sócios, (f) de quem tivemos huma Introducção aos Ele- mentos de Metallurgica , e algumas explicações mui notá- veis da antiquíssima historia desta Scicncia : I. em huma nota illustrativa da Obra maior, que trata do Vclocino de Ouro, da expedição dos Argonautas, e das ricas Minas de Ouro c Prata da Colchida. II. em Dilucidações concernen- tes aos objectos de Commercio da Praça deTyro, mencio- nados no Capitulo vigessimo setimo do Profeta Ezechiel. Os additamcnros do mesmo Author, em illustração da Geo- grafia antiga da Lusitânia , não são menos dignos do agra- decimento da Sociedade. Referem-se elles a hum antigo Manuscripto Portugucz , que hum seu compatriota viajando descobrira em huma Livraria cm Hamburgo , e que contém Tabeliãs, cuja intclligcncia tem encontrado grandes difficul- dades ; e são outras partes constituentes de huma Obra maior , que deve conter a comparação das descripções anti- gas e modernas deste Reino. Outro assumpto igualmente relativo á Fysica , c ao co- nhecimento do Paiz contém a obra intitulada : Noticias do Estabelecimento , e progresso da Fabrica do Salitre cm Moura. Hum Membro da Sociedade , a quem hum importante tra- ***** ii ba- (\ II Chymicamentc das substancias próprias para serem empre- gadas em obras Hydrauiicas. (a) Estimáveis additamentos á historia dos Povos encerrão as duas obras seguintes : Epilome da Historia de Kerpanha cx- trahida dos melhores Authores. Tabeliã IListorico-Genealogica da Casa Real de Portugal, (b) O Estudo da Liiigua Pátria , o apreço c emprego de suas riquezas tem de ser promovidos pelas obras seguintes : Collecfão das melhores peças e passagen r de eloquência das obras do Padre António Vieira, ( c ) Glossário das palavras , e frases- da Lingua Francesa , que por descuido c ignorância , sem neces- sidade se tem introduzido na locução Portuguesa moderna , com 0 juízo critico das que são adoptáveis ou inadoptaveis nella. (d) Pau preparação de bum trabalho mais extenso , e de- ter- ( a~) Fallasc do Senhor Luiz Máximo de Bellegarde , Capitão do Re.il Corpo de Engenheiros , e Lente Substituto da Academia Real da Ma- r:nha , que pouco tempo depois de nos ter otferecido a mencionada Me- moria , que lhe grangeou o titulo de nosso Sócio , falleceo na flor de seus annos. ( b ) Estas obras, juntas com huma traducçáo da Tragedia de Crebil- lon , intitulada Atuo e Tbiestes , foráo remettidas á Academia pelo seu Sócio o Senhor Conselheiro António Ribeiro dos Santos , acompanhadas de huma Censura e approvaçào do mesmo Senhor , que as achou dignas de louvor. A Sociedade ouvindo a exposição do seu Vice-Sccretario so- bre isto , a leitura das Cartas do seu Sócio o Senhor Conselheiro , e a declaração de alguns outros Membros, acceitou de bom grado eue ofte- recimento , nomeando o Author das referidas obras seu Sócio Correspon- dente , sendo elle o Senhor Francisco Xavier do Rego Aranha. ( c ) Esta ião recreativa como summamente proveitosa Chrestomathia Vieiriana , que preenche hum vácuo na nossa Litteratura , ideou e prin- cipiou a redactar em lúcida ordem o nosso benemeriío Guarda Mòr e Director da Classe das Sciencias Naturaes o Senhor Alexandre António das Neves. ( d ) OíTerecco á Academia este Glossário o seu douto Author o M. R P. M. Fr. Francisco de S. Luiz, Monge Benedictino. Não obstante que cl le se refere a hum Problema proposto ro Programma ordinário de i8ic : não toi apresentado ao Concurso , mas sim remertido ri Socie- dade como hum trabalho Académico de hum Sócio seu , que se esme- rou por satisfazer , sem outro interesse , a seus intentos. Esperamos que o juízo do público sobre esta excellenre obra torne inútil todo o elogio que se lhe possa fazer: ella voltou ao poder do seu Author, que a pe- dio para a limar e aperfeiçoar. xxxviii Historia da Academia Rkal terminado , em huma Scicncia ainda entre nós pouco trata- da , particular e systematicamente contém a Obra seguinte bem lembradas noções elementares que nos afianção maio- res esperanças : Memoria sobre a Estatística , com hum plano para formar huma de Portugal, (a) De objectos menos didacticamente Scicntificos , mas mui preciosos aos interesses da Nação , são os seguintes traba- lhos Académicos : Breves considerações sobre as vantagens que da Alliança com Inglaterra resultão a Portugal, (b) Exborta- çao cm que se recommenda a defez-a da Religião e da Pátria, Additamentos para a segunda edição das Memorias Historico- Politicas sobre o Commercio e cultura do Brazil. (c) Memoria Historico-Politico-Ana/ytica das Caldas de S. João e S. Miguel de Vizella. (d) Memoria sobre os benefícios que pôde receber a Cidade do Rio de Janeiro para ficar mais saudável, (e) Desde o principio de nosso Instituto tem sido sempre havido por fim principal de seus esforços o explicar, e ap- plicar popularmente , segundo o tempo e precisões locaes , as Sciencias ha muito conhecidas. (/) Des- (!Ô \ ■■ • ... - i • j **£v 'V*. k ■' *v -* - -• 40 REIS xi. iv Historia da Acadkmia Riíal as drogas officirtaes que desejávamos , fizeraos-lhas logo rc- ir de graça pelos entendidos Da arte , juntamente com numa Instrucçáo popular de seu devido uso. Todos aquel- L , cuja cooperação sollicitámos para este bencílco fim, de bom grado se encarregarão de satisfazer a nossa commis- . Õs seus nomes se derão a conhecer ao Público junta- mente com as Instrucções» Hum só refusou com desamor o nos.^o pedimento. {a) A publicidade desta disposição cs- pa- .hos desta Cidade , e a alguns dos Su- búrbios , em que se lhes declarava o conceito que a Sociedade dclles fazia, em razão das respeitáveis relações , cm que o seu Sagrado Minis- tério os punha pira com os seus concidadãos , e de suas virtudes pes- 5,0.1c,; o que servio de motivo para se lhes pedir a sua cooperação para Iram fim tão evidentemente benéfico , contando já dante mão de certo com cila. Remeitèrãose-lhes com estas cartas , exemplares das Instruções relativas ás providencias dadas e publicadas, para acudir e embaraçar o progresso das moléstias, que então gr assavão na Cidade, &-c. , e juntamen- te com estas, copias do Aviso ao Público , no qual se nomearão os Bo- ios , que se t;nháo destinado para a distribuição gratuita dos in ites , que nas mesmas instrucções se especificavão. O effeito justifi- cou esta medida. Nenhum destes muito Reverendos Ministros do Altar desmentio a alta opinião, que na Academia se tinha formado da sua pro- pensão caritativa e zelosa pelo alivio da Humanidade. O r,>csmo se ex- perimentou nos beneméritos Boticários , que mostrarão hun .< ptomptidáo para o bom serviço dos mineráveis , digna de summo louvor , e de per- tua gratidão de seus concidadãos. Particular menção c agradecimento nosso nos merece o nosso visinho no Palácio , que a Academia oceupi , o Senhor Manoel Furtado , que de boa mente nos ajudou a distribuir sem diòpcrdicio as porções menores da nossa provisão do acido sulfúreo. O no- W.W das S c r k k c i a s 1*5% Lisboa. xlv palliou logo no campo a sua fama. Vimo-nos portanto ot . - gados a huma Correspondência , que assaz mostra que a nossa intentada beneficência obrou cm muito maior extensão do que a principio ousámos esperar. Aos indigentes, que immcdiatimcntc em torno de nós ja/iao em triste desfalecimento, cuja propagação procuramos prevenir pelos meios prescriptos, lhos fornecemos nós mes- mos. Abrio-se entre nós huma Subscripçao, de cujo produeto se pudesse tirar para se distribuir pelos enfermos da Fregue- sia em que costumamos convocar nossas Sessões Académi- cas, despesas, remédios, e tratamento decente. Hum bene- mérito Ecclesiastico mostrou-se tão propenso , como activo , em empregar c repartir as pequenas sommas de nossa libe- ralidade , que bem corresponderão ao fim proposto. A conta escrupulosa , que este digno Servidor da Igreja nos déo , do cumprimento da incumbência que lhe foi encarregada , justifi- ca por todos os modos a confiança que ncllc puzeramos. ( a ) O Sábio Governo de S. A. R. approvou de hum modo mui me do único , que com menos humanidade tratou a nossa requisição, de- sejamos nós sepultar em esquecimento, e portanto não o denunciamos a seus compatriotas. ( a ) Para a subscripçao foráo convidados todos os Sócios da Acade- mia de todas as Classes. O seu fim era abrir algum exemplo do trata- mento dos enfermos mais indigentes, com o desejável aceio , assistência de facultativos , remédios , e alimenro saudável. Resuingio-se o seu cf- feito á Freguezia, na qual, por assim dizer, a Academia está Jomiciii.i- da , por não exrender projectos de boas obras alem do; limites das suas faculdades; e até lhe restou sobejo para superar o intent.iuo fim Para isto conttibuio muito o caritativo c assíduo auxilio , que nós encontí - mos nos piedosos sentimentos , e prompta actividade do muito Reveren- do Reitor da Freguezia de N. Senhora da Incarnação o Senhor P. Luiz M.inool Gomes , o qual , apenas nós lhe t .liámos , prevenio em tudo os nossos desejos pelas suas judiciosas c opportunas disposições. O seu exem- plo não ficou sem influencia favorável , dois dos Senhores Boticários do numero dos que forão escolhidos pela Sociedade para a execução de suas instrucções e providencias de occorrer ao progresso das moléstias conta- giosas , os Senhores Manoel António Gonsalves , e Manoel Furtado ot- Ferecirio-se a preparar para os pobres enfermos malignados , que a Aca- demia mandou soccorrer na sua Freguezia, as receitas de seus curativos, pelo simples preço das drogas , sem interesse algum sobrj est;:s , nem sobre a sua manipulação, augmentando assim o recurso de remédios pa- ra estes pobres. xi vi Historia da Academia Real mui lisongeiro estas nossas disposições , por hum Aviso de ip de Abril de i íf 1 1. Finalmente cuidou também a nossa Sociedade em não deixar atrazada a Nação ás illustradas, no apreço c uso de hum remédio contra numa das mais mortíferas enfermida- des. Quem entre nós não tem ouvido fallar no descobri- mento de premunir o corpo humano do contagio de huma das mais perigosas moléstias , sem todavia nclle introduzir germes lethaes d' hum pestilencial veneno ! A Vaccinação em que fallo , não he a ninguém mortal em si mesma. pouco abre cila externamente toco algum de devasta- dora epidemia. Diariamente se multiplicão as experiências, de que nella nos offerece a Providencia hum meio de extir- par para as gerações futuras a mortífera semente das texi- íjas. Nós nos sujeitamos a tomar hum vomitório com o fim de curar a propensão de vomitar que tem hum estômago estragado ; a huma sangria nas hemorragias ; a huma fonte causadora de inflammação contínua para evitar huma supu- ração interna ; á amputação d' hum membro para prevenir o augmento da gangrena ; e até a conduzir ao leito nupcial nossas filhas , lume dos nossos olhos , a pezar de sabermos de certo, que antes de passado hum anno, podem ser ex- postas a perigo de morte mais próximo do que ao que a vaccina pôde expor o vaccinado. Que ha pois que obstar possa ao progresso da Vaccinação , senão preoceupações igual- mente prejudiciacs á Nação inteira, e ás familias em parti- cular ? Com summo prazer pois lançou mão a Academia de hum meio eficaz de extirpar estas preoceupações , assim que elle lhe foi indicado. Bem acceitas por tanto lhe forão as propostas de hum seu Consócio , Medico experimentado. («) KÍ- C Cl ) Foi o Senhor Doutor Bernardino António Gomes, quem fez es- tas propostas. Na Assembléa ordinária de 8 de Abril do anno corrente lèo elle o esboço de suas ideas a este respeito , c na seguinte huma nota relativa a huma Commissáo , que se havia de nomear para a ulrc- tior ponderação , e execução de seu projecto a beneficio da saúde pú- blica. Convocouse neste intuito huma Sessão propriamente facultativa , ni qual se llic associarão de melhor grado outios dos nossos Sócios pro- fessores de Medicina. Proposcráo estes por seu assistente o Senhor Dou- tor José Maria Soares ; o qual em contemplação da assiduidade , que DAS SciENClAS 1)E L IS BOA. XLVII Ella agradcceo muito a todos seus Consócios d'aquella mes- ma Faculdade , o haverem tão promptamente prestado a seu Collcga hum tão grande auxilio. Tudo quanto se propuze- ra , para se cífecuar a propagação da Vaccina em todas as Províncias da Monarchia Portuguc/.a , não só o approvou a Sociedade , senão também segurou esta todos os soccor- ros , que delia dependião , á Comissão que sobre si tomou fazer á Pátria este inestimável serviço. Enchido está por hoje o meu dever. Só quem for ar- rastado da demência da moda , de jactar-se de total desco- nhecimento da Pátria , he que pôde ser indiferente á rese- nha dos gloriosos feitos , a que hoje convidei esta iilustre e benévola Assembltía. O essencial de nossos trabalhos e desvelos iguala aos mais louvados cm todos os tempos e entre todos os povos, sem exceptuar nenhum dos mais mo- dernos. Embora entre clles deixasse ainda o tempo , de quando em quando , alguma antiga forma. Não são as mo- fas e baldões , mormente cm objectos de tanta monta , a pedra de toque , por que cm caso algum ja'mais esmar-se pos- mostrou de se prestar ao auxilio de seus Collcgas , foi depois eleito nos- so Sócio Correspondente. No resume , assentou-sc na sobredita Sessão promover sem a menor demora hum Instituto de Vacciuaçáo no Reino. Os assistentes Facultativos foráo os Senhores Bernardino António Gomes, Francisco de Mello Franco, Francisco Soares Franco, e José Martins da Cunha Pessoa , de que se formou a Commissão para assistir na Acade- mia os dias de inoculação: esta se começaria no Domingo ~> de Junho, continuando depois todos os Domingos , principiando ás 10 hotas da ma- nhã , devendo-se preparar nas Casas da Academia huma sala com tudo quanto hc necessário pira commodo , e asseio das Operações ; e haven- do hum livro pautado para notar as observações instrucrivas e benéficas, os nomes, idades, estado da saúde dos vaccinados, nomes dos Pais,e o suecesso da inoculação nos differentes indivíduos ; e cujas folhas , para ofterecer os documentos mais authenticos , cm iodos os tempos , do me- recimento do Instituto, sejáo assignadas pelos Académicos que presencia- rem as Transacções. Não se pôde mostrar mais empenho a bem da hu- manidade , pela conservação e vida dos seus concidadãos , e mais escla- recido ascendente sobre damnosas e arreigadas preoceupações , do que pa- tenteou o Illustrissimo Intendente Geral de Policia , o Senhor Desem- bargador João de Mattos e Vasconcellos Barbosa de Magalhães , em suas urbanas respostas ás Cartas , que lhe ditigio o nosso Guarda Mór a favor do nosso Instituto, annuindo c!le a tudo quanto se lhe pedio , e mr.n* dando sempre Órfãos da Casa Pia para serem vaccinados. xlviii Historia da Academia Real possa a verdade. Elles não obstarão- nunca a que, já quando ha muito estejão dispersas nossas cinzas, hajão nossos der- radeiros netos de ser recreados dos tractos do que a seu favor houvermos feito; a que entre elles brilhem ainda raios benéficos de nossas luzes ; e , mais que tudo , a que os es- force e alente cm seus trabalhos a viva c saudosa imagem de nosso zelo. SUPPLE MENTO. A Historia da Academia Real das Sciencias pertencem ainda alguns factos não mencionados no antecedente Discur- so , que , para não ficar aquella incompleta , não se devem passar em silencio. Portanto vamos agora a recopilallos nes- te Supplemento. Das diíferentes Memorias de Concurso huma só ficou coroada. Tinha sido apresentada na Sessão ordinária de 18 de Maio de 1 8 1 1 pelo Secretario com a formalidade do cos- tume. Nclla se pertendia dar a solução de hum Programma de Analyse proposto pela Academia na Sessão Pública de 24 de Junho de 18 10 , que era o seguinte: Comparação das for- mulas tanto finitas , como de variações finitas , e infinitesimas dos triângulos esphericos , e rectilíneos ; a fim de mostrar até que grão áe aproximação se podem huns tomar pelos outros , por meio do exame analytico dos erros , que resultem desta apro- ximação. E sendo a dita Memoria censurada , foi julgada digna de ser impressa , e premiada. Na Sessão Pública , em que isto se manifestou, lêo o Director da Classe das Scien- cias Exactas o Sr. Francisco de Paula Travassos , hum Dis- curso concernente á dita Memoria , no qual mostrava íuo só a utilidade do mencionado Programma , mas também que o Autlior o tinha resolvido completamente , c ( que se podia dizer) por hum methodo inteiramente novo ; pois tinha da- do humas formulas novas para achar as diíferenças finitas das DAS SciENCIAS 1)E LlSF.OA. XUX das tuncções das linhas trigonométricas , o que simplificava muito as expressões analyticas das differenças finitas ; e que o Author tinha dividido a Memoria em duas partes: na pri- meira fazia a comparação das formulas tanto finitas , como de variações finitas , e infiniresimas dos triângulos espheri- cos, c rectilintos ; e dava por fim humas Taboas Synopti- cas , pelas quacs á primeira vista se fazia facilmente a com- paração das formulas esphericas, e rectilíneas, quando nos triângulos se suppozercm duas partes constantes ; e na se- gunda dava huma Taboada , pela qual também era facili^si- mo o determinar os erros , qne rcsultão de suppor rectilí- neos os triângulos esphericos , ou reciprocamente de suppor esphericos os triângulos rectilíneos. Abrindo-sc na Sessão Pública a Carta fechada com a mesma divisa que trazia a Memoria , achou-se ser o seu Au- thor o Sr. Matthcus Valente do Couto , Capitão do Real Cor- po dos Engenheiros , e Lente de Mathcmatica. No principio do mez de Maio de 1811 participou-se á Academia , que se achava nesta Capital o Sr. Vicente José de Oliveira , Piloto examinado , a quem se havia no anno de 1794 conferido hum premio, cm consideração do dis- tincto merecimento d' hum Diário Náutico, que cllc apresen- tara á Sociedade, mas que lhe não tinha sido entregue por causa da sua ausência do porto de Lisboa , e da falta de noticia da sua existência : logo porem que esta se verificou , ordenou a Academia a entrega do referido premio , o que se executou por mão do seu Secretario. Os bilhetes das Memorias não coroadas se queimarão no estado em que se receberão, cm presença dos concorrentes á Sessão Pública ; ficando as Memorias , segundo o costume da Academia , á disposição de seus Authorcs , aos quacs serão entregues logo que as reclamem, passando cllcs hum reci- bo, assignado com a divisa que trazem as suas Obras. Especial cuidado dedicou sempre a Sociedade a tudo quanto particularmente pode servir d' animar e adiantar a Agricultura, Portanto mandou fazer Gadanhas sobre os mo- delos das Alemãs e Inglezas , patentes á inspecção de todas Tom. III. ******* as 4-0 l HisTotu da Academia Real as pessoas que pertendessem adquirir sobre estes instrumen- tos mais exacto e instruetivo conhecimento. Promovco tam- bém as experiências, que com ellas se fizeiao, c cujo resul- tado foi , que dais homens com a Gadanha ceifarão cm tces quartos de hora mais pão , do que hum Ceií.uior de foice coitaria com muito trabalho cm hum dia. Publicou-se, além da Memoria do Vice Secretario sobre as Gadanhas, hum brea ve Aviso sobre este objecto, para lhe merecer em maior âm- bito a attenção k\o Público. Corresponderão vários Patriotas ás intenções da Academia , que recebeo os mais satisfatórios protestos a este re peito Á>\ parte do Sr. Intendente das Obras Públicas, e do Juiz de bóia de Alcácer do Sal , o Sr. Ma- noel Ferreira Tavares Salvador ; e a este ultimo se remettê- rão , em consideração da distancia da sua residência a Lis- boa , hum par delias para servir de modelos. Também o . » IU."U' c Ex.mo Sr. Conde , Governador , e nosso Vice-Presi- dente permittio á Sociedade , que se lhe remettessem algumas para igual fim. Para a Livraria e Gabinete da Academia se remettêrão as Obras seguintes : Hum Poema Latino da Tornada dc-Sa- ragoça do Sr. Abella , que elle mandou de Londies com huma Carta sua ; Manual de Gotosos e Rheumaticos , que apresentou seu Author , o Sr. Conselheiro Francisco Tava- res , que he já defunto. O Sr. D. Francisco Xavier Caba-1 nes , primeiro Ajuduntc do Estado Maior do Exercito Hes- panhol , remetteo huma Obra sua de dois Tomos em 4.0, que trata das Operações dos Exércitos de Catalunha na actual guerra da Usurpação ; e mais huma traducção sua com ad- ditamentos d' hum Opúsculo intitulado: Ensaio á cerca dei Systema Militar de Bonaparte. O Manuscripto , que acima pag. lxi se disse que com elle mimoseou a Academia o Ex.m" e Rev.,,,u Sr. Prin;i I Sousa, he em folio, bem encadernado, copiado de boa le- tra, cheio de Cálculos e Tabeliãs arranjadas com summa clareza, c acerto, c tem por titulo » Descripção do Esta 1 >■> actual da Província de Trás os-Montes , feita no anno de .'» 1806 por Columbano Pinto Ribeiro é Castro, Juiz Coro- » mis- DAS SdENCIAS DE LlSBOA. Lr »> missario do Regulamento das Commarcas da dita Provin- >» cia. " O Ill.mo c Ex.mo Sr. Visconde de Balsemão dêo para a nossa Bibliotheca dois Exemplares d' huma Tragedia intitu- lada " A Revolução de Portugal , impressa cm Londres no » anno de 1808. » Hum Anonymo mandou entregar nas Casas que oceu- pa a Academia , hum Manuscripto que contem a Traducção Portugueza das duas Comedias de Terêncio , que não forão vertidas por Leonel da Costa ; esta versão he também feita cm verso solto , e dedicada ao Ill.mo e Ex.mo Sr. Conde , Governador , e Vice-Presidcnte da Academia. Foi apresen- tada pelo Sr. João Bell na Asscmbléa ordinária de 2 de Março de 181 1 a primeira e segunda parte de huma Me- moria de seu Sócio o Sr. João Theodoro Koster , que tra- ta do valor do Ouro cm moeda , comparado ao do Papel moeda , impressa cm Liverpool. O Sr. Pedro José de Fi- gueiredo mandou apresentar á Academia hum Exemplar da terceira Edição da sua Grammatica Portugueza. O sobredi- to Sr. João Bell offereceo á Sociedade hum Exemplar de huma Traducção Ingleza do Roteiro de Pimentel. O Ex."13 e Rev.n'° Sr. Bispo de Elvas offereceo á Sociedade Exem- plares de suas novíssimas obras Pastoraes. O Sr. José Acursio das Neves deo á Bibliotheca da Academia hum Exemplar da sua Historia Geral da Invasão dos Francezes cm Portu- gal , c da Restauração do Reino , á medida que os Tomos desta Obra sahírao á luz. Os três volumes , que se publi- carão das Poesias de António Diniz da Cruz , recebeo a Academia de presente do Sr. Francisco' Manoel Trigoso. Hum tão engenhoso como egrégio Pintor do nosso tempo adornou as nossas Collccçócs com duas Estampas de quadros da sua invenção , e abertas pelo famoso Baftolozzi , das quaes huma representa a eihgie de Lord Wellington, Con- de do Vimeiro, cercada de varias figuras allegoricas; e a ou- tra o retrato do Conde de Trancoso , Marechal e Comman- dante em Chefe do Exercito Portugucz , sobre hum pedes- tal cm que se vê pintado hum dos acontecimentos mais me- 40 REIS i.u Historia da Academia Real moráveis da sua gloriosa carreira Militar em Portugal. O no- me deste benemérito Artista he Henrique José da Silva. Concluiremos pela enumeração de todas as Obras maio- res e menores, que dos Prelos da Academia sahírão á luz, desde a sua Sessão Pública de 1810 até á do presente anno. Elias são = Memorias de Mathcmatica e Fysica T. III. Parte I. £= Memorias de Litteratura Portugueza T. VIII. 1 arte I. = Memoria sobre as Gadanhas. — Memoria sobre a cultura dos Nabos. = Dissertações Chronologicas , e Cri- ticas sobre a Historia e Jurisprudência Ecclcsiastica e Civil de Portugal. = Elogio fúnebre do Marquez de la Romana , General do Exercito Hespanhol cm Portugal, com o Tex- to Castelhano em fronte. = Collecção de Memorias para a Historia e Geografia das Nações Ultramarinas , que vivem nos Dominios Portuguczes, ou lhes são visinhas N. 1. 2. 3. 4. = Collecção de Viagens aos mesmos Dominios N. 1. e 2. = O Programma do costume. = Hum Programma ex- traordinário relativo a hum Monumento de Gratidão a Be- neficência Britannica. — Outro Programma extraordinário re- lativo á Historia das Campanhas de Lord Wellington. = O Discurso Histórico que o Secretario recitou na ultima Sessão Pública. =-" Collecção de Noticias á cerca do Resgate dos Portuguczes em Argel ajustado no anno de 18 10. — In- strucção para a semeadura de Nabos , e do Trigo Sarraceno. = Instrucções dadas e publicadas por ordem da Academia Real das Scicncias de Lisboa , para acudir e embaraçar o progresso das moléstias contagiosas , que grassavão nesta Capital. — (a) D IS- ( a ) Ainda sobre este objecto philanthropico devemos referir a nossa agradecida lembrança, de que o Senhor Lourenço José Peres, Boticário, e morador na Parochia , de cujos Enfermos Pobres a Academia tomou especial cuidado ( pag. 51 (a) ) , apromptou os Remédios, que se lhe pedirão, abatendo em seu preço vinte por cento, conforme as Contas desta despeza communicadas á Academia pelo digno Parocho. 4-0 RI LUl (*) DISCURSO, CONTENDO A HISTORIA D A ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS, DESDE 2$ DE JUNHO DE iSia. ATÉ 34 DE JUNHO DE 181 j. : POR JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA, SECRETARIO DA MESMA ACADEMIA. ^ Enhores = Como Secretario da Academia he do meu dever na presente Sessão dar-vos conta da continuação de seus trabalhos e tarefas em a nobre carreira das Scicncias , e do Patriotismo. Ha mais de 30 annos,que esta Illustre Corporação , a pesar de alguns embaraços e desgostos do- mésticos ; e nestes desastrosos últimos tempos , a pesar da intrusão pérfida do Inimigo em nossos lares , e das continuas invasões , com que batia quase ás portas desta Capital ; a Academia , digo , sempre animada do bem das Letras e da Pátria não cessou de dar os mais irrefragaveis testemunhos de corajem e fidelidade no desempenho da Epigraphe , que tomara por empresa , Nisi titile est quod facimus , stttlta est gloria. Não espereis, Senhores, de mim frases pomposas , nem rasgos de Eloquência : a Historia Litteraria só requer vera- cidade e lhaneza ; e se me faltarem talentos , para attrahir vossa attenção , suppriráó o zelo e boa vontade , para vo-la merecer. Eu bem sei que huma narração simples de traba- lhos scientificos e philanthropicos pouco pôde interessar ás almas frias e egoistas , que precisão de catatrofes c sueces- sos espantosos , para se commoverem : mas nem eu me pro- po- (' ) Lido na Assemblca Pública de 24 de Junho de 1815. liv Historia da Academia Real ponho a semelhante fim , nem vós pertenceis a tal classe. Feliz a Corpõjição , cuja Historia he. simples, e singella : c ainda mais feliz a Nação , cuja Historia enfastia a homens de tão rija tempera ! Este breve Discurso será dividido em Três Partes : na I.1 referirei a Historia dos trabalhos c transacções Académi- cas; na 11/ darei conta das Memorias c Obras lidas ou apre- sentadas ; na 111/ em fim mencionarei os Sócios, que a Aca- demia chamou , para a ajudarem em seus trabalhos c tare- ias. Do pequeno esboço, que vou traçar-vos, vereis , Senho- res, que a Academia tem feito muito, para não desmerecer o conceito adquirido da Nação , c a estima do Soberano e do Governo. Eu desejara não me ver forçado a recordar-vos , e an- tes de tudo , o suecesso inesperado e luetuoso , que privou a esta Corporação do seu Presidente , e ao Soberano de hum Filho e de hum Amigo , que sacrificando todas as esperan- ças, e talvez todos os seus direitos na Europa , acompanha- ra gostoso a seu Augusto Tio , a quem a segurança da Co- roa c a Salvação da Monarchia chamavão para os Estados Trans-atlanticos dos seus vastos Dominios. Perdeo a Acade- mia, perdemos os Portuguezcs hum Joven Príncipe, dota- do de Patriotismo , de conhecimentos , e energia , ouc pro- mettiío ampla colheita de sazonados frutos em mais madu- ros annos. Mas eu não venho tecer aqui o elogio do Se- renissimo Senhor Infante D.Pedro Carlos: suas nobres qua- lidades não precisão de meus fracos louvores. Para darmos, como Christaos , huma prova pública da nossa magoa e sau- dade , encaminhámos á Divindade, nos Altares da Religião de nossos Pais , nossos votos c nossos sentimentos. Se as Exéquias , que celebrámos na Igreja de N. Senhora dos Mar- tyres , não tiverão a magnificência , que era devida á Real Alteza, tiverão ao menos a decência própria de huma Corpo- ração de Sábios , que preferem a verdade c a singelieza a pompas , se grandiosas , indifferentes. Assim acabou no verdor dos annos o nosso Presiden- te j mas senão tivemos a honra de o vermos presidir nesta Aca- \p prT" DAS SçiENCIAS DE LlSBOA, LV Academia , seu lugar tem fefdo dignamente desempenh por hum Grande dq Reino , amigo das 8ciencÍBS|, e doí Sá- bios ; se o não vimos com a sua presença c exemplo ani- mar e amimar S.ibios modestos , e acanhados ; se o perdemos em fim , se huma morte cruel e prematura o roubou aos a li. s Portuguezcs ( pois era Portuguez de sangue e coração) : :_■• mos a consolação e a honra dcNer-lhe o Lugar substituido pelo Scrcnissimo Senhor D. Miguel , o próprio Filho do Sob#ano : tivemos a distineção de ver que a nossa unani- me escolha fòra por Sua Alteza Kcal approvada , àpei conhecida. As expressões benévolas , com que o Pjuncipe Regente N. Senhor se dignou eommunie\.r-nos a sua i . gia Approvação , ao mesmo tempo que nos enche de prazer exuberante, e de novos cstimulos em a nossa nobre carrei- ra , fazem também o maior elogio de hum Soberano , que se paga e folga de que seu Augusto Filho seja o Presiden- te de huma Corporação Litteraria. Que exemplo dado á Europa ! E que prova maior de bondade , de magnanimi- dade ! I. Cumpre principiar , Senhores , a Historia dos trabalhos c transacções Académicas por hum estabelecimento tão útil, como philanthropico , que a Academia , sempre amiga do liem , creára no seu próprio seio : estabelecimento que ge- neralizado já cm toda a Europa , devera também entre nós ter amigos e fautores. Eu falo da Instituição Vaccinica da nossa Academia , cujos trabalhos tem sido coroados dos mais felices suecessos. A' Academia estava reservado o dar mais esta prova d Nação c ao Mundo , de que as Letras e as Sciencias,se illuminão o entendimento , amei g yn igualmente o coração : Emollit ânimos ,nec sinit esse feros. Quanta gente, talvez já votada á fouce da morre , na - tem sido aqui c nas Provindas preservada do flagello matador das Bexigas ! E que elogios não merecem nossos Sócios e seus Corresponden- tes , que gratuita e voluntariamente empregão o tempo , que lhes não sobeja, em bem da Humanidade e da Nação jdes- pre- lvi Historia da Academia Real pregando interesses e fadigas ! Estava-nos reservado dar mais hum exemplo ao Mundo , que para serem entre nós venera- da-, e servidas a Caridade Christãr e a Pátria , não se pre- císáo ordens nem recompensas. Meu coração quizera demo- rasse mais hum pouco em tal assumpto : mas devo ser bre- ve , porque espero , que nesta mesma Sessão hum dos meus Collcgas vos trace o quadro dos esforços c fruetos desta tão benéfica Instituição. Outro objecto , para que devo requerer a vossa arten- ção , são os trabalhos Académicos acerca àosPesoi c Medi- das, Como a Commissão encarregada , pelo Governo , do exame dos Foraes , e melhoramento da Agricultura , cujos Membros pertencem todos á Academia , entre estes tão im- portantes objectos tivesse reconhecido , e por isso represen- tado , a necessidade de se uniformarem os Pesos e Medidas para bem do Commercio e da Agricultura : mandou o Go- verno por Aviso de 5" de Dezembro do anno passado » Que >) a Academia nomeasse alguns dos seus Sócios , que unidos » aos da mencionada Commissão fizessem hum Plano pro- j) prio dos grandes conhecimentos do Século , e fundado » em base sólida e parmanente « . Obedeceo gostosa a Aca- demia ; e os Commissarios começarão logo seus trabalhos. Três apresentarão pareceres diversos , como vereis ; mas a maioria da Commissão , depois de maduras reflexões e exa- mes , preferio o Systema Metro-decivial , como o mais sóli- do , geral , e mais próprio das luzes scientificas do Século ; no qual huma parte aliquota do Meridiano Terrestre forma a base da nova Metrologia. Deste modo procurou cila utili- zar-se dos grandes c suberbos trabalhos , que se fizerão cm Fr: ri- ca pelos Sábios da mdr parte da Europa ; trabalhos dirigi- dos e executados com todo o melindre e perfeição das Ar- tes e das Sciencias. Talvez pareça aos espíritos acanhados , que a adopção do Systema Metro-dechnal para base das no- vas Medidas offende de algum modo o pundonor nacional : porém reflictáo , que o Verdadeiro e o Útil não tem pátria; pertencem a todas as Nações , pertencem ao Universo in- tei- DAS SciEMClAS DE L I S 3 O A. I.Vir tciro. Seria capricho pueril não adoptar o que ha de bom entre os inimigos, só porque clles dizem que he seu. Que seria da Republica das Letras , se os ódios e guerras das Nações houvessem de invadir os domínios pacíficos da Ver- dade , c das Sciencias úteis ? De mais a medida do Meridia- no Terrestre desde os primeiros vislumbres da Historia sem- pre foi a base da Metrologia antiga , commum a Babylo- nios , Egypcios , Gregos , c Romanos. O grande Mathcma- tico La Place na sua bella Exposição do Systema do Mundo , para mostrar a grandíssima antiguidade dos primeiros es- forços humanos na medição da circumfcrencia da Terra , compara as relações mutuas , que as Medidas dos antigos Povos tem entre si , e com a circumferencia do Globo. Es- ta medição primitiva da Terra , diz clle , já então exactamen- r e conhecida , sérvio de base a hum Systema completo de Metrologia ; cujos vestígios ainda nos restão no Egypto , e na Ásia : mas cujos primeiros elementos se perderão nas revoluções physicas e moraes , por onde passara o nosso Globo. Com effei to, Senhores, todos os que attentamente vi- sitarão e medirão a grande Pvramide do Egypto , e o Sar- cophago de porfido , nella de tal modo encerrado que hc impossível tirálo dahi senão aos pedaços , achão muito plau- sivel , senão certa, a opinião de que este pasmoso monumen- to , que á primeira vista parece hum parto do orgulho , e demência dos Pharaos , hc todavia o maior testemunho da sua sabedoria, c previdência : pois se entende que na grande Pvramide deixarão aos Séculos vindouros padrão eterno de hum Systema Métrico, fundado na medida da Terra. Assim o Systema Métrico, a que chamão Franccz , adoptado como base pela maioria da Gommissão , não he propriedade ex- clusiva dos nossos Inimigos , he huma herança preciosa , a que toda a Europa tem igual direito. Porém não penseis , que a Commissão adoptando o Metro , ou Decima-milioncsima parte do Qitarto do Meridiano , adoptasse igualmente a Terminologia barbara e complicada dos Francezcs : pelo contrario cila sabiamente procurou evi- Tom. III. ******** tar - - ) a , ■ lviii Historia da Academia Real tar tudo, quanto podessc causar embaraço ao Povo j conser- vando por isso todas as denominações das medidas Portu- guezas , que sem muita correcção se podessem adoptar. Outro Sócio , adoptando o Systems Metro-âccitnal , aconselha porém, que este se não ponha já em execução , nem se fixem ainda os nomes; mas que depois de feitas as avaliações de todos os Padrões do Reino , reduzidas ás Ínfi- mas unidades , como se pratica no Calculo Monetário cm reaesy se ordene que nestas ultimas unidades se faça a Com- ptahilidadc c Cálculos em todas as Repartições da Fazen- da Real , c cm todos os Contractos públicos c particulares; para que o Povo se vá afazendo pouco e pouco aos Padrões novos, que se hajão de construir a final. Hum dos Commissarios com tudo , julgando que as nossas Medidas são fundadas cm hum Systcma não arbitrá- rio , mas ligado entre si , e de base sólida, persuade-se que; sendo a Vara a unidade na Medida Linear , o cubo de huma parte da Vara sérvio de unidade das Medidas para Seccos e Líquidos , e que o peso do Liquido contido cm huma parte desta Medida sérvio de unidade para os Pesos. Finalmente outro Commissario , sendo de opinião, que os Padrões do Senhor Rei D. Sebastião mandados distribuir ás Camarás do Reino pela Lei de 26 de Janeiro de 1 5:75- , tem , conforme as experiências c exames já feitos por ou- tro Sócio, relações exactas com o novo Systcma Métrico, tanto nas Medidas de Extensa.) , como nas de Capacidade ; pensou que se devia conservar a Vara actual como unidade de Medida Linear , e reintegrar o Almude e Alqueire do Senhor Rei D. Sebastião, verificados novamente por peso e medida de agoa distillada. Concluídos estes trabalhos , fez subir o Plano a Aca- demia , por meio do seu Vice-Presidente , ao Governo em 4 de Fevereiro do presente anno:em 23 do mesmo mez rece- beo nova Ordem , para que a maioria da Commissão e os Membros discrepantes continuassem os seus trabalhos , pa- ra a fácil c prompta execução dos Planos que havião pro- posto. Estão estes acabados , c brevemente a Academia os fará subir á Real Presença. Di- 1 DAS SciESCIAS UE LlSBOA. LIX Diffundir conhecimentos; animar, c facilitar os esfor- ços dos Sábios , c applicados ; subministrar-lhes factos , c no- ções , de que precisão ; deve ser hum dos primeiros cuida- dos das Corporações Littcrarias. Por mais hábil que seja hum Architecto, sem os materiacs necessários , sem officiaes subalternos ; por cerro não poderá levantar arcadas , Templos, nem palácios. Nunca se farião Vénus de Mcdicis ,nem Apol- los de Belvedere , se aos Phidias falecessem mármores de Paros. Para existir hum Newton , preexistirão muitos enge- nhos de menor ordem : pois bem como não ha saltos no mundo physico , assim no intellectual c litterario. Que se- ria dos Sábios dos Séculos XVIII, e XVIIII sem as fadigas e trabalhos preliminares dos Eruditos , c Polypraphos dos Sé- culos XVI , e XVII? Tem feito pois grande serviço ás Sei- encias aquellas Academias , c Sociedades , que reeolhêrão , e depositarão em suas Collecções não só o óptimo , mas também o útil e prestadio aos Séculos vindouros. Movida destas rasões a Academia , sempre fiel ao seu Instituto , de- terminou tirar do esquecimento aquellas Memorias, que não tendo sido inteiramente approvadas , quando lhe forão apre- sentadas , continhao todavia muitas ideas, e observações úteis, que merecem a luz publica. Escolhidas, retocadas , ou ex- tractadas ; algumas delias já estão impressas , c outras breve- mente o serão, como esperamos. Deste modo vai aprovei- tando a Academia muito cabedal morto ; que ainda pode render juros , sendo posto em circulação. Ao mesmo tempo que cuidava em separar , e apurar destes mineraes brutos a prata, e ouro , que continhao, pas- sando-os pelo chrysol , c copella da boa Critica ; não se esque- cco também a Academia de fixar e reduzir a methodo os diversos regulamentos e costumes, porque se tinha governa- do desde a publicação do seu primeiro Plano de Estatuto*. Com cíFeito sem redacção clara , e systematiea não ha ne- nhum Regulamento que valha : e sem hum tal Regulamen- to não ha Corporação alguma que prospere ; porque tudo . o B.EIS lx Historia da Academia Real he confusão , c arbitrariedade. Este trabalho foi desempe- nhado com toda a ordem c clareza por hum dos seus S >- cios : e a Academia já tem gosado c gosará de tão úteis re- sultados. Dezejando a Academia concorrer , quanto nella coubes- se , para a perfeição e adiantamento da Historia Poríugueza ; que apesar dos trabalhos , e esforços de beneméritos Só- cios na publicação , c exame dos antigos Documentos , que lhe servem de base , não tem todavia marchado desemba- raçada na sua nobre carreira ; porque ainda existe desaprovei- tado , e esquecido hum grande numero de Documentos es- palhados pelos diversos Cartórios c Archivos do Reino : creou huma Commissão permanente de três Sócios , autho- rizada para buscar e escolher Collaboradores de fora ; os guaes todos de mãos dadas procurem não só publicar os pa- peis inéditos , que conserva no seu Arquivo ; mas recolher de novo todos os outros , que faltarem , e sejão indispensáveis a fins tão importantes. Com igual patriotismo creou outra nova Commissão de cinco Membros ; para que debaixo do mesmo espirito pro- curem promover a Litteratura Portugueza , a restauração da nossa Língua , e a continuação do nosso Diccionario , que começara a imprimir. E bem necessários erão , Senhores , e^tes trabalhos da Academia. Por huma fatalidade , de cer- to bem desgraçada , Portugal , que pela reforma dos Estudos no feliz Remado do Senhor D.José I. ganhara cm instruo- ção e luzes ; tem com tudo deixado perder muito da belleza do Estilo , e da pureza da Lingua. A Mocidade applicada tem-se dado quase exclusivamente á lição de Obras estran- geiras , principalmente Francezas ; não tendo sequer encetado o estudo das Musas Poituguezas. Daqui veio certo despre- so da Lingua e Litteratura nacionaes ; e certa vencr.içuo supersticiosa por fazendas estrangeiras. Ingratos á Pátria que os gerara , e ao bom leite que mammárão , taxão a sua Lingua de magra, fria, e grosseira : não attendendo a que mui- •!0 REIS DAS SciENClAS DE LlSKOA. LXI muito antes do que outras , que tanto amimão e idolatrão , cila já brilhava era Prosa e Verso , e avassallava não menos que três Mundos. Qual outra hc mais rica c bella , do i a que escreverão hum Barros , hum Arraes , hum Lucena , os Sousas , e os Vieiras? Por não falar cm muitos outros , que a bem servirão e ornarão. Na Poesia qual outra entre as modernas apresenta Obras de maior primor , do que as do immortal Camões , Ferreira , Bernardes , e outros ? Gentil , e rica de cabedaes próprios , nossa Língua nao precisa de ar- rebiques estrangeiros , para passear altiva e honrada á lace do Universo : e não merece , por certo , ser manchada de mil novos sollccismos , e barbarismos , com que a enxovalhuo diariamente. He verdade que muitos Doutos sensatos c patriotas tem sabido a campo pelejando animosos pelos seus direitos ultrajados ; c pondo peito á torrente devastadora , que tra- ria comsigo novo diluvio de Barbaridade : mas desgraçada- mente alguns delles menos avisados forão abicar a Scylla , querendo fugir de Charybdes ; puristas fanáticos assoalhao hum Vanconço antiquado , que o commum não entende , nem procura entender. Gomo se os Virgilios , c os Horacios de- vessem fallar a linguagem dos Pacuvios,e dos Ennios ! O Philosopho , que tem o gosto apurado , conserva intacta a indole nativa da sua Lingua ; mas ao mesmo tempo não des- presa as riquezas das outras aparentadas , donde possa ex- portar alguns géneros de primeira necessidade , e ainda de ornato e de bom luxo , com que se augmentão os gostos so- ciacs : lima com geito e arte a ferrugem antiga, que o tem- po deixara ; c corrige o que há de anómalo ao gosto , c á rasão : mas se dá novo pannejado á figura ; não espedaça o vestido de rico estofo : se favorece o commercio livre de novas idéas c conceitos ; sujeita-o todavia ás leis precisa^ da policia nacional. II. LXit Historia da Academia Real II. Cumprc-mc agora passar , Senhores , á II.' Parte des- te meu Discurso : na qual vos referirei as Memorias lidas e apresentadas desde a ultima Asscmbléa Pública para cá. De- veria igualmente íalar-vos das Censuras feitas sobre varias Obras distribuídas , que pela §ua Analysc luminosa , e boa Critica merecião menção particular : mas falta o tempo ; c não devo abusar da vossa bondade sem absoluta precisão. Para melhor clareza as repartirei pelas Três Classes , de que se compõe a nossa Academia ; seguindo a ordem chronologica. E começando pela I.' Classe , das Sciencias Naturaes c suas vastas e importantes applicações : tive a hon- ra de ler huma Viagem Minerograpbica pela Provinda da Ex- tremadura até Coimbra; feita no Outono de i8oo,e Inverno de 1801. por Ordem de Sua Alteza Real ; na qual além das Observações Oryctognosticas e Geognosticas , trato também de passagem da Agricultura, e Economia do Paiz visitado. Os Commissarios da Instituição Vaccinica principia- rão desde Agosto do anno passado a dar parte á Academia dos seus philanthropicos trabalhos ; o que tem continuado até hoje com muito louvor, e desempenho. O Sr. Constantino Botelho de Lacerda Lobo enviou de Coimbra huma Memoria sc/bre o estado das Pescarias da. Costa do Algarve ; que esperamos mereça a attenção do Go- verno , e do Publico. O Sr. José Pinheiro de Freitas Soares leo huma in- teressante Memoria sobre a preferencia do Leite de Vaccas ao de Cabras para o sustento das creanças nas Casas dos Expostos. Leo o Sr. Bernardino António Gomes cm nome da Instituição Vaccinica o Plano do seu Regulamento ; que foi ap- provado pela Academia , c j;í se acha impresso. Eu I O B DAS SciEMCIAS DE LlSBOA. LXIIÍ Eu tive a honra de comcçnr c hir continuando a lei- tura de huma Memoria sobre a necessidade e utilidades do plan- tio de vovós Bosques em Portugal , particularmente de Pivhaes nos areaes de beira-mar ; seu methodo de sementeira , custea- meuto , e Administração : a qual espero poder brevemente apresentar ; e me parece o seu objecto importantíssimo ao bem commum destes Reinos. O Sr. Anastasio Joaquim Rodrigues leo algumas Ob- servações sobre ser ou não carnívora a nossa espécie : sobre as qiues depois fez outras Ponderações o Sr. José Pinheiro de Freitas Soares. O Sr. Caetano Arnaud , Picmontez , nos enviou hu- ma breve Memoria , acompanhada de huma porção de Ca- sulos de Seda : na qual dava parte á Academia de ter obti- do em bum só anuo duas colheitas de Casulos na Villa de Cha- cim ; não obstante ser allí o clima muito mais frio , do que nas Províncias do Sul. Examinando hum panno de Borbole- tas , que estavão a depor a semente aos ij de Agosto de 1811 ; vio , que alguma delia começara a nascer : então se lembrou de experimentar , se esta nova creação poderia vin- gar ; e tomando gomos tenros de Amoreiras brancas , rosas do Real Viveiro , chegou-os aos Bichinhos, que immediata- mente se agarrarão a ellcs , e se forão sustentando. Cheio de gosto observou igualmente que ao 6.°, ou 7.° dia acama- rão muito bem na primeira Muda , cm que gastarão 2 até 8 dias , sahindo mui sãos e robustos daquelle estado de som- nolencia ; e com a mesma facilidade fizerão as outras três Mudas, c subirão robustos ao bosque, onde formarão dentro de 7 ou í! dias perfeitos e bellos Casulos , sem morrer hum só Bicho. Que utilidades pois não podem vir a Portugal deste novo descubrimento : podendo nós em vez de huma, que só tem Itália e França, ter duas colheitas por anno j sobre tudo na Extremadura , Alemtcjo , c Algarve , e ainda nas terias abrigadas das outras Provindas do Norte? Ora i.xiv Historia da Academia Real Ora se aqucllcs Bichos nascidos tão tarde cm Agos- to prosperarão tanto , o que não será dos já nascidos' em Julho? Pois hc sabido, que na Vilhariça , terra de Mirandel- la , c cm toda a chamada terra quente de Tras-us Montes a mor parte das creações de Seda está concluída aos 15- do mez de Junho. Já , cm tempo dos Filippes,o nosso Miguel Leitão de Andrada na sua Miscellanea Dialogo II1I. lamen- ta a nossa incúria , c pondera as grandíssimas riquezas , que ganharia Portugal da creação da Seda , Qtte por puro desazo , diz ellc , não curamos , creando o Reino excellcntissimamcnte More ir as e Moraes ; e podendo dellcs colher infinda Seda , por- que 110 tempo dessa oceupação , que he Abril , e AI aio , e Junho , não ha que semear , nem recolher , nem adubas de Vinhas ; e an- da a gente então ociosa. Continuando a matéria : leo o Sr. Sebastião Francis- co de Mendo Trigoso a Descripção de duas espécies de Peixes da nossa Costa; das quaes huma (Budeão pintado) a que cha- ma Spartts trilabiatus , não está descripta pelos Icthyologos. O Sr. Bernardino António Gomes leo huma Memoria sobre a doença das Boubas ; interessante pela novidade da ma- téria, e reflexões que encerra. Enviou o Sr. Manoel José Mourão , Correspondente da Instituição Vaccinica , huma estimável Memoria intitula- da Ob rervaçÕes sobre a moléstia denominada Bexigas de Vacca , ou Vaccinica , na Espécie Humana j relativas aos mezes de Ou- tubro, e Novembro de 181 2. O Sr. Vencesláo Anselmo Soares leo hum Ensaio His- tórico sobre a Vuccina 5 em que dá boa prova de seus talentos. Apresentou hum Sócio na Instituição Vaccinica huma bella Memoria , que de ordem da mesma se mandara fazer para conhecimento e instrucção dos Correspondentes das Pro- víncias , c do Público em geral ; na qual se dá huma breve mas DAS § Cl E H C.r AS DE LlSEOA. LXV mas clara c muhodica Instrucçao do que ha mais essencial a respeito da Vaccina. Tive tambem a honra de ler o Diário da minha Via- gem Geognostica aos montes Euganeos no território de Pádua em 1794: onde fundado cm Observações Mineralógicas diver- ^ifijo da opinião de Srrange , Ferbcr, Fortís , c Spallan- zani ; que artribuem origem vulcânica ás rochas, que for- mão estes outeiros. Por fim o Sr. Félix Avellar Brotem enviou os Planos de tres Tractados de Economia Rural ; I.° Sobre a creação dos Porcos ; II.° Sobre o Gado Lanígero ; III.0 Sobre as abelhas : on- de com muita ordem e miudeza indica todas as matérias, que devem ncllcs ser tratadas. Passando agora ás Memorias, que pertencem á II.» Classe , das Sciencias Mathematicas ; hi-las-hei referindo , segundo a mesma ordem clironologica. Pvcmctteo á Academia o Sr. Francisco Simões Margio- chi huma Memoria sobre o Calculo das Notações; cuja leitura Fez o Sr. Matthcus Valente do Couto , que tambem tivera parte na mesma Memoria : nclla se trata de hum Principio novo e importantíssimo de Calculo , fundado na analogia que tem os expoentes das Diferenças com os do Binómio de New- ton. Seus Auctores generalizando este mesmo Principio, fi- zerão algumas innovaçóes no Algorithmo recebido; cuja sim- plicidade porém e utilidade as fazem indispensáveis. Por eftc novo achado devemos ter bem fundadas esperanças de que as regras do Calculo Integral ficarão tão fáceis e simples, como as dos Cálculos das Difíercnças Finitas cNão-finitas. Lco depois o Sr. Matthcus Valente huma Noticia do que havia anteriormente escrito cm relação ao dito Calcu- lo das Notações ; e o Sr. Francisco de Paula Travassos as suas Reflexões tendentes a esclarecer o mesmo Calculo ; que de- vera ler nesta Sessão. Tomo III. ********* O -sX^v- . • •10 RI lxviii Historia da Academia 1\ e a l O Sr. João Evangelista Torriani enviou huma Memoria intitulada Deducção de buma formula geral , que comprebende todos os Theoremas de Newton sobre as sommas das potencias das raízes das Equações ' que toi bem aeceita , e sahirá impres- sa nas nossas Collecções. O Sr. António Felkcl remetteo huma Folhinha accres- centada com Observações Astronómicas , a que chamou Es- pelho do Tempo Solar t Lunar. O Sr. Anastasio Joaquim Rodrigues lco huma Memoria apologética e illustraliva dos Principios Mathcmaticos doCel. José Anastasio da Cunha : onde com muita exacção e Critico, faz realçar o grande merecimento desta Obra original , que os Redactores de Edinburgo (*) nao tinhao querido , ou sa- bido , avaliar devidamente. O Sr. Francisco Simões Margiochi apresentou hum b;l- lo trabalho intitulado Theorka da composição das Forças. E por fim o Sr. Mattheus Valente do Couto lco a pri- meira parte de huma interessante Memoria , na qual responde ás objecções do Geometra Carnot sobre as quantidades negativas da Álgebra. Cumpre tratar finalmente das Obras, que pertencem d III. a Classe , de Historia eLitteratura com seus differentes ramos e applicaçòes- O Sr. Sebaítião Francisco de Mendo Trigoso entre ou- tros Opúsculos para o II.0 Tomo da Collecção de Noticias pa- ra a Historia e Geograpbia das Nações Ultramarinas , Obra pe- la maior parte devida ao seu zelo e patriotismo pela gloria nacional , apresentou a Navegação ds índias Orientaes escrita por Thomé Lopes , que vem traduzida na Collecção Italiana de Ramusio ; a qual novamente verteo cm Poi tuguez , e se acha * Edimb. Aevicw. Novemb. 1812. DAS SciENCIAS DE LlSBOA. LXtX acha já impressa. O mesmo digno Sócio apresentou o Livro de Duarte Barbosa , em que se descrevem as principaes ter- ras desde o Cabo de S. Sebaftiao na Ponta de Africa até ao Paiz dos Lequios ; o qual se acha também traduzido na Collecçáo do mencionado Ramusio. Efta Obra, cujo origi- nal Portuguez se julgava perdido, sahirá pela primeira vez impressa na referida nossa Collecçáo. O Sr. António Ribeiro dos Santos enviou á Academia quatro Memorias : a L' Sobre a novidade da Navegação Por- íugueza no Século XV. ; a II.1 Sobre o conhecimento euso da Bús- sola e outros Instrumentos Náuticos , de que usávamos então ; e as duas ultimas Sobre as demarcações de dous Mappas antigos do Infante D. Pedro , e do Cartório de Alcobaça. Estas Me- morias sao hum novo testemunho da erudição c saber deste nosso benemérito Sócio. O Sr. Bispo de Elvas leo huma breve Memoria , que continha muito assisadas reflexões , Sobre a Educação Moral das creanças , e sobre a necessidade que ha de que as Mãys dem leite aos próprios filhos. O Sr. Sebastião Francisco de Mendo Trigoso leo as Traducçoes , que fizera , em verso do Hippolyto de Séneca , e da Phedra de Racine. Estas duas Tragedias com a do Hippoly- to de Euripedes , que já hum dos nossos dignos Sócios ti- nha vertido do Grego em Portuguez , facilitarão aos Intel- ligentes e Doutos a comparação dos tres grandes Trágicos Grego , Romano , e Francez ; quanto ao gosto e entrecho da Acção , que em hum mesmíssimo assumpto varião muito entre si. O Sr. António de Araújo Travassos remetteo á Acade- mia huma interessante Memoria sobre a Moeda , principalmen- te Portugueza , cm relação d economia publica do Ejlado. O Sr. António José Vaz Velho , Cosmographo do Al- ********* •• gar- 40 «EIS lxx Historia u a Academia Real ■ vc , enviou para ser presente á Academia , huma obra sua intitulada Diccionurio local das priveipaes Povoações da Pe- nínsula. O Sr. D. José do Lorero remetteo aTraducçao do I.° Livro dos Annaes de Tácito , como amoftrn da bella empre- 7í , cuc tomara , de dar-nos em Portuguez todas as Obras defte grande Hiftoriador Philosopho. O Sr. António Fclkcl , tendo sido incumbido de tra- balhar cm hum Diccionario Allemao e Portuguez, c Portuguez e Allemiio , apresentou o primeiro já completo ; e do se- gundo huma parte : que prccízão ser reviílos e approvados pela Academia. O Sr. João Pedro Ribeiro, continuando com o mes- mo ardor , e apurada Crítica nas indagações da nossa Hifto- ria, c Chronoicgia Antiga , apresentou o III.0 Tomo das suas Dissertações Chr enológicas e Criticas sobre a Historia Ec- clcsiastka de Portugal. Efta Obra se acha no prelo. O Sr. Francisco Manoel Trigoso leo huma Carta de Pedro Vaz Caminha , Criado do Senhor Rei D. Manoel , es- crita ao mesmo Senhor ; em que lhe narra o Descobrimento da terra de Santa Cruz , hoje Brazil, Efta Carta hc extre- mamente curiosa , e importante ; não só por ser seu Auctor teftemunha ocular , mas igualmente por ser hum teftemunho da lhaneza e simplicidade de maneiras daquelles áureos tempos da Monarchia Portugueza, O Sr. Visconde da Lapa leo huma bem pensada Me- moria sobre hum dos importantes ramos da Adminiftraçao Publica , com o titulo Llèas geraes sobre a Policia ; que te- reis o prazer de ouvir ler nclta Sessão. O Sr. Sebaftião Francisco de Mendo Trigoso apresen- tou hum Manuscrito de Pedro de Magalhães Gandavo ; cm que ■5'0 p.rrs DAS ScitUCIAS DE LlSBOA. LXXI que se contem a Historia das cousas do Brazil. Fite Opuscu- lo , que offcrccco ao Cardeal Inf.ntc, tem baftmtes particu- laridades , c differen^as da outra Obra , que sobre o mesmo assumpto se achava impressa, c fora dirigida aD.Lconiz. Por fim o Sr. Luiz de Siqueira Oliva leo hum animado Discurso sobre a independência do Sábio na carreira da vidu. Além deitas Obras c Memorias lidas na Academia, fi- zerao-lhe presente de outras impressas alguns de seus So- cíds , e muros Doutos de tora. O Sr. José Maria Dantas remetteo do Rio de Janeiro hum Opúsculo intitulado Reflexões sobre o Commercio dos Segu- res impresso naquclla Corte. Os Srs. Redactores do Jornal de Ccimbra generosamen- te tem hido oíLrccendo os N.°s, que vão publicando, da- quellc Periódico. O Sr. Marino Miguel Franzini fez presente í Acade- mia das suas bellas Cartas Hydrographicas da Costa de Portti' gal , c do Roteiro das mesmas : em que com muita clareza e exactidão dá as Inftiucções Náuticas necessárias , para in- telligencia e uso das mesmas Carras , c as plantas particu- lares dos piincipaes Portos da Coíba. O Sr. Francisco de Paula Travassos mimozeou a Aca- demia com a sua Taboa para a medição das Pipas. O Sr. Visconde da Lapa fez presente da Obra Alle- mãa de Busching intitulada Noticias semanárias de novos Map- pas e Livros de Qeographia , Estatística , e Historia. O Sr. João Pedro Ribeiro presenteou a Academia com a I.' Parte da sua Dissertação Jurídica e Económica sobre a re- forma dos Foraes no Reinado do Senhor D. Manoel. O LXXII Historia da. Academia Real O Sr. António de Araújo Travassos fez presente de quatro exemplares de dous Opúsculos seus impressos ; hum Sobre a economia do combustível ; e outro em que dá Noticia de bum remédio fácil e muito efficaz contra o Contagio das mo- léstias epidemicas. O Sr. Guilherme Muller , Official de Artelharia no Serviço Britannico , mimozeou-nos de Londres com três Obras suas , duas em Allemâo , e a outra em Inglez ; intituladas Elementos da Sciencia da Guerra , I.a parte dos Elementos de Matbematica , e Desenvol/tfão analytica da Trigonometria , e das suas Formulas differenciaes. Ultimamente o Sr. António Ribeiro dos Santos enri- queceo a nossa Bibliotheca com as Poesias de E/pino Durien- se , que emparelhao com as de hum Ferreira , e de hum Bernardes. Além deitas Obras o Sr. Francisco Xavier de Almeida Pimenta fez presente á Academia de 30 Medalhas Romanas do tempo da Republica , achadas em vários sitios da nossa Extremadura. O Sr. Bispo de Elvas na despedida para o seu Bispado enriqueceo o nosso Museu com hum bello e curioso annel de crystal de rocha ; que mostra encerrada huma Cruz perfeita de hum Mineral , que parece ser o Schorl titânico de Warner. Além deites presentes procurou também a Academia augmentar a sua Bibliotheca, comprando algumas Obras in- teressantes de Litteratura , e ScienciasNaturaes. E o Sr. Pe- dro José da Fonseca , vendo-se nas triftes circumftancias de vender a sua Livraria e Manuscritos , os cedeo á Academia ; que goftosamente annuio a efte seu desejo , por ter mais efta occasião de moftrar o grande apreço , que faz do seu merecimento c qualidades. Do I ^TJ 40 REI.* DAS SciENCIAS UE LlSUOA. LXXIH Do tosco quadro , que acabei de esboçar , tereis vis- to , Senhores , quanto a Academia procurara desveladâmen- re fomentar asSciencias, c cftimular o patriotismo nacional. Apenas despedaçamos as cadeas , com que nossos bárbaros Inimigos pretendiao de novo opprimir-nos ; logo no seio da nossa Academia se renovou , para o dizer assim , o antigo espirito , que a animava : e bem o moftrão tantos trabalhos no curto espaço de hum anno. Digo no seio deita Acade- mia , porque as Províncias parecem ainda assombradas com os males inauditos, que sofFrêrao ; e osLitteiatos delias des- graçadamente devem attender mais á sua conservação indi- vidual , do que ao eftudo das Sciencias , e ao trabalho de escrever Obras. Aos numerosos Programmas , que propuze- inus em 1812 para 1813, apenas concorrerão duas Memo- rias ; que não merecerão nossa approvaçao. Não desanime- mos porém : cumpre esperar , que os Portuguezes , que tão heroicamente se tem dcltinguido na carreira de Marte , fol- garão também de colher breyemente os loures de Minerva. III. Vou entrar finalmente na ultima parte do meu Discur- so : c começarei por communicar-vos , que devendo a Aca- demia , segundo os seus Eftatutos , proceder a nomeação triennal dos Membros , que devem compor o feu governo económico c interior, por hum rasgo de mera bondade se dignou ella de nomear-me Secretario ; honra por certo, com que mal podem meus fracos hombros : e sobre tudo devendo sueceder a hum Sábio diílincto , cuja idade , e moleftias requerião já maior descanso. Devo porém agrade- ccr-lhe a sabia escolha , que fez dos Srs. Francisco Manoel Trigoso de Aragão, cSebaftião Francisco de Mendo Trigoso , para Vice-Secretarios ; a quem devo muito pelo zelo c soc- orros , com que me tem auxiliado. Com o mesmo acerto forão nomeados ; para Tbesoureiro o Sr. Alexandre António das Neves, hum dos nossos Consócios } aquém cila illuítrc Cor- ixxiv Historia da Academia Real Corporação deve muito c ha muito tempo: c para Directo- res ,• da Classe das Seicncias Naturaes o Sr. Bernardino Antó- nio Gomes; das Sciencias Exactas o Sr- José Monteiro da Rocha ; e da Litteratura o Sr. João Guilherme Chriítiano Muller, todos bem conhecidos pelas suas Obras, e saber. Passou para Sócio Veterano o Sr. João António Dalla- Bella : e para Efectivo o Sr. Mattheus Valente do Couto : para Sócios Livres os Srs. Francisco José de Almeida, Fran- cisco Pereira Rcbcllo da Fonseca, Joaquim José da Coita de M icedo , Pedro José de Figueiredo , Visconde de Balsemão , c Visconde da Lapa. Forao nomeados Correspondentes os Srs. António de Araú- jo Travassos , Caetano Arnaud , Fgidio Patricio do Couto, Francisco Elias Rodrigues da Silveira, Francisco Xavier de Almeida Pimenta, Guilherme Muller, Joáo Evangclifta Tor- riani, José Feliciano de Caftilho , José Maria Soares, José Pinheiro de Feitas Soares , José Pinto Ribeiro , Manoel José Mourão de Carvalho, e Marino Miguel Franzini : de cujos conhecimentos , e zelo pelo adiantamento das Sciencias de- ve esperar muito a Academia , e a Nação Portugucza. Tenho concluído o meu Discurso , Senhores. Foi lon- go em demazia ; e o peor hc que me sahio árido e mirra- do , sem alma e sem calor : mas valha- me o zelo e boa von- tade , se me faltarão os talentos. Ficarei contente, e satis- feito, se tendo talvez abusado da vossa paciência, conse- gui ao menos dcmonftrar-vos , que a Academia , na conti- nuação de seus trabalhos litterarios e philanthropicos , não tem desmerecido nada do vosso jufto conceito e cfttmaçao. Talvez alguns espiritos caufticos , ou malévolos poderão di- zer , para que servem Academias nas actuaes circumílancias em que nos achamos ? Concordarei , se quizerem , que hc melhor ter Lavradores e Soldados , que Académicos ; mas se em huma Nação deve haver Sciencias e boas Artes , para que DAS SciENCIAS DE Li S BOA.' LXXV cftas florcçao , que homem de bom senso duvidará serem precisas Academias ? Quando cila nossa não fora senão de mero ornato nacional , quem haverá tão Scytha , que não preze e eftime similhante espécie de luxo ? A pezar deite desdém affectado , e dos sarcasmos , que talvez ouse assoa- lhar o amor próprio offendido ; a eftima geral dos homens de merecimento , que procurarão e procurão entrar em nos- sa Academia , moftrão o bom conceito que delia fazem. Eia pois o favor do Soberano , e o apreço de todos os Portuguczes bons e assisados nos sirvão de novo eftimulo , se preciso for ; e sejão também a mais nobre recompensa das nossas tarefas e patriotismo. Disse. tom. III. **••****«* RE- - LXXVI HlSTORlA DA AcADEMlA ReAL — — M— ^— — — ■ ^^— — — — - — gM ^M a— »— i i i * RECOPILACÃO HISTÓRICA DOS TRABALHOS D A INSTITUIÇÃO VACCINICA DURANTE O SEU PRIMEIRO ANNO, r o r Bernardino António Gomes. Endo quasi todas as Nações da Europa verificado e aco- lhido com o devido enthusiasmo a anti-variolosa descoberta doDr. Jenner, e começando já muitas Nações ou Povos me- nos civilizados da Ásia , da America , e da Africa mesmo a gozar do beneficio da Vaccina ; a Academia Real das Scien- cias , que não se oceupa senão em promover , quanto cabe nas suas faculdades , o progresso das Sciencias , e por meio deitas o bem da Nação , não podia ficar insensível sabendo que a Vaccinação , a qual nos saudosos tempos da residên- cia de S. A. R. neíta Cidade tinha vogado muito nella , de- pois da memorável mudança da Corte para o Rio de Janei- ro tinha decahido tanto entre nós , que pouco menos se acha- va que anichilada. Assim baftou que na Sessão ordinária de 8 de Abril , tendo eu a honra de dirigir por hum pequeno discurso a attenção deita Academia para a decadência da- quelle ramo de Hygiene publica , lhe sugerisse a idéa da creação do que hoje se chama Inftituiçao Vaccinica , para ser apoiado na minha propofta quasi afroxo por todos os Membros da Sessão. Resolvco-se em consequência que , pa- ra melhor se deliberar sobre efte objecto , se convocasse huma Sessão extraordinária dos Sócios da Academia da Pro- fissão Medica. Achá- * Pfonunciada na Sessão publica da. Academia R. das Sciencias em 24 de Junho de 1813. DAS SciENCIAS DE LlSBOA. LXXVII Achárão-se ncfta Sessão os Srs. Francisco Sorrcs Fran- co , Francisco de Mello Franco , José Martins da Cunha , c cu *. O resultado delia foi o que era de esperar-se de ho- mens cheios de luzes (fallo dos meus Collegas ) , e de ho- mens com vivos sentimentos de humanidade e de patriotis- mo ( fallo agora também de mim). Approvouse o projecto, e resolveo-se que se organizasse a Inftituição Vaccinica, a qual não só vaccinasse gratuitamente e em dias prefixos to- dos os que buscassem o preservativo das Bexigas , mas tam- bém cuidasse cm o generalizar por todo o Reino , fazendo e colligindo ao mesmo tempo as experiências c observa- ções , que podessem servir para illuítrar as propriedades da Vaccina. Efte projecto , a hum tempo pratico e seientifíco , era nimiamente trabalhoso para poder ser executado por tão pou- cos indivíduos , como os que o sancionarão , e tão oceupa- dos como são Mcdicos práticos ncfta Capital. Para vencer efte obftaculo resolvco a Academia que os seus poucos Sócios , que compunhão a nascente Inftituição , podessem aggregar a si alguns Mcdicos de conhecida philanthropia e merecimento litterario , os quaes ella , pela simples propofta da Inftitui- ção, immediatamente perfilharia. Delta sorte fez a Inftitui- ção c a Academia a acquisiçao dos Srs. José Maria Soares , José Pinheiro de Freitas , José Feliciano dcCaílilho, e Fran- cisco Elias Rodrigues »j os quaes não tem illudido a expecta- ção dos que os propuzerão. Eu me abftenho todavia de lhes fazer os devidos elogios, porque eftes c nefte lugar mo:vi- ficarião a sua modeftia ; além disso são eácuzados porque os seus trabalhos litrerarios , ou já publicados como a sabia Memoria do Sr. José Pinheiro de Freitas sobre a lact.ção dos Expoftos , ou exiftentes no prelo como os diversos Opús- culos Vaccinicos , dizem mais cm seu devido elogio do I pódc traçar-vos a minha tosca penna. Já a Inftituição se achava com suficientes Membros para começar no exercicio das suas funeções, carecia porém ********** [\ a;n_ * Discurso Hirtorico pronuncudo na Sessão publica de 1812 pelo Sr. Joio Guilherme Chriftiano Muller , p. 53. m - TT *0 RE1 A lxxviii Historia da Academia Real ainda Jc prover ao fornecimento de matéria vaccinica para os suecessivos enxertos. Pondcrando-sc então que a Vaceina guardada em vidros muitas vezes não pega , que as Saliên- cias podião desgoftar c fazer negligente o Publico , c que por conseguinte convinha muito que nos dias de Vaccinação houvesse sempre matéria fluida ou no citado da sua maior actividade ; acordarão es Membros da Initituição que os Ór- fãos da Casa Pia tossem os primeiros que recebessem os be- nefícios da Initituição , não só porque a sua condição d'Or- fãos c de filhos do Eítado rcclamavão os primeiros actos de beneficência , mas porque podião vir com certa regula- ridade , e deita sorte podião fornecer a Initituição por muito tempo deVaccina fresca, e nos dias, em que se desejava. Para eíte fim , naquclla dpoca da infância da Initituição , o Sr. Guarda Mór dos Eítabclecimentos Académicos foi in- cumbido de escrever da parte da Academia e pedir ao Sr. In- tendente Geral da Policia , que permitisse que os Órfãos da Casa Pia fossem vaccinados na Initituição ; e que ordenasse ao Adminiílrador daquelle caritativo azilo , que , nos dias prefixos para a Vaccinação, mandasse regularmente de 4 até 6 Órfãos para serem vaccinados , e juntamente os que efláves- sem com Vaccina para serem observados , e para fornecerem matéria vaccinica. A promptidão com que o meritissimç Intendente annuio aos rogos da Academia ; a generosidade com que nefte caso prescindio dos sacrifícios , que a Acade- mia se ofFerecia a fazer para os vaccinados guardarem cer- to regimen ; o goíto com que franqueou a Casa Pia aos Membros da Initituição , para lá hirem fazer as observações que julgassem convenientes ; a magnanimidade cm fim com que fe preitou a fazer alguma despeza mais para as Orfvis virem á Initituição com decência e resguardo, apoiao tanto o bom conceito publico, de que goza eíte Miniítro , que, não sabendo eu dar-lhe os louvores que merece , seria em mim huma omissão indesculpável se ao menos não referisse aqui citas provas das suas luzes , e do seu zelo pelo bem público. Tomadas citas medidas c concertado o Plano , que se ha- - 40 REIK DAS SciENCIAS DE LlSBOA. IX havia seguir nos trabalhos da Inítituiçao , deo-se principio a eítes no dia 7 de Junho de ifc'12 com maecria secea , que o Sr. Dr. Francisco de Mello Franco obteve da Sr.1 D An - liça Tamagnini. Vaccináião-se nclte dia seis Meninos da Casa Pia, dos quaes 4 parecião ter ti !o Bexigas; por isso talvez só pegou a Vaccina em hum. No dia 14 rcvaccinarão-sc 1 daquelles , e vaccinárao-se mais ç da mesma Casa Pia ; delta vez a Vaccina pegou em 4. No dia 21 entre vaccinados c revaccinados forão j> da Casa Pia e 1 da Cidade. Achar.à;)- se então a Inítituiçao com abundância de matéria vaccinica fluida, annunciou ao Publico (pela Gazeta de 2 3 de Junho), que na Academia R. das Sciencias todos os Domingos de manha se vaccinava de graça a todos os que quizessem pre- servar-se das Bexigas por meio da Vaccina. Efte annuneio at- trahio no dia 28 treze vaccinandos além dos da Casa Pia, e dahi cm diante muitos outros. Nos primeiros tempos por commodidade do Publico indicárao-se somente os Domingos para dias de Vaccinação ; mas obítando hum tão grande inrervallo á observação dos progressos da Vaccina , annunciárao-se tambem as quartas feiras para a mesma prática ; a qual neftas havia de ser de tarde, porque assim ficava o tempo dividido com mais igual- dade. Desde 19 de Julho até agora a Inítituiçao tem conti- nuado a offerecer naquellcs 2 dias c a conferir ao Publico deita Capital os benefícios da Vaccina. Tinlião-lc deita sorte preenchido em parte os votos da Inítituiçao ; o seu plano porém de beneficência era muito mais extenso , abrangia todo o Reino. Para ellc se realizar , ou para a Inítituiçao fazer chegar a todos os habitantes de Portugal o preservativo das Bexigas , era necessária a coope- ração dos Facultativos de Medicina e de Cirurgia , que re- sidem pelas Provindas. Para a obter escreveo-sc em 13 de Setembro a alguns Médicos , de cuja philanthropia se tinba na Inítituiçao algu- ma idéa. Não foi debalde. O Sr. Dr. António de Almeida , Sócio deita Academia , c Medico de Penafiel ; o Sr. Manoel José Mourão , Doutor em Philosofia , Medico da Mealhada , e lxxx Historia da Academia Real c actualmente Sócio da Academia ; o Sr. Dr. João Gervásio de Carvalho , Medico no Cartaxo ; o Sr. Dr. José Duarte Sa- luftiano Amaud, Medico cm Valença do Minho; o Sr. José Fradesso Belio , Cirurgião Mór na Província dõ Alemtéjo , Lente de Anatomia c de Cirurgia em Elvas: o Sr. Doutor Luiz Gonzaga da Silva , Medico em Santarém ; o Sr. Dr.José Francisco de Carvalho, Medico cm Lagos; e alguns outros que a Inftituição tem a fortuna de contar no número dos seus Correspondentes, correrão, por assim dizer , a aliíhr-sc de- baixo das bandeiras da Inftituição , c tem a gloria de ser os primeiros que , convocados , tão promptos se molharão pa- ra preftar salutares e generosos serviços aos seus compatrio- tas , como cites são para arroftar o inimigo c defender a sua Pátria. Por cila feliz experiência a Inftituição ficou persuadi- da do que suppunha , que, se não todos, a pluralidade dos Médicos c Cirurgiões Portuguczcs finhão iguaes sentimen- tos aos da Inftituição ; c por isso julgou que, para ter por toda a parte do Reino Correspondentes, baftava publicar que carecia delles para fazer hum importante serviço ao seu Pai* , e que os que quizessem ter parte na gloriosa empreza da Inftituição c corresponder se com ella , se dirigissem a cila por escrito. Assim o fez na Gazeta de Lisboa de 13 de Ou- tubro , e por efte simples convite progressivamente tem au- gmentado o numero dos Correspondentes, de sorte que já monta a 68. Dcftes , 42 são Médicos , e 26 Cirurgiões. Defta circumftancia se collige , que sentimentos de philanthropia , de patriotismo , c de generosidade achão-se em todos os Facul- tativos Portuguezes, quer sejao da classe Medica quer da Cirúrgica. Havendo taes sentimentos nos homens , poderião dei- xar de os haver nas Sr.a% que, dotadas de huma delicadeza maior e deílinadas pela Natureza para Espozas e para Mais, parecem ter por essência o amor da humanidade , ou todos os sentimentos bemfazcjos , que o conflituem ? Não fará pois muita admiração, a não ser pela novidade, que a Inftituição tenha a honra c a gloria de contar no numero dos seus Cor- respondentes duas Senhoras. Que- DAS SciENCIAS UE LlSbOA. LXXXl Querendo a Inftituição saber os progressos daVaccina- çao cm Portugal , para ver o que lhe reftava a lazer , e sa- bendo que as Senhoras D. Maria Isabel Vanzeller do Porto , c D. Angélica Tamagnini Abreu de Thomar , por bem fazer se davão ao trabalho de vaccinar , rcsolveo ( na Congrega- ção de i * Aveiro 2 Buarcos 33 Monforte 67 Ton delia 4 Viseu ........ 61 167 Estremadura. * Cartaxo 147 Cascaes 24 CoIIares 98 Ericeira 61 Lisboa 74 Peniche 36 Santarém 9 Sardoal 6 Alemtèjo. Crato 76 Elvas 41 Évora 11 Niza 1 129 Algarve. Lagos 147 Silves . 78 Villa Nova de Portimão . 107 II* Total no meu trimeltre . . 2:116 — antes deite trim. na Inftituição 196 — antes do trim. nas Províncias 51° — nos 7pr.osdias de Junho cor.,e 24 Somma em todo o anno 2:866 *• o 22 o I _i 26 3 ♦ • 6 3 20 o 6 S 6 1 ~47 174 3 24 o o 121 198 o o 27 4 60 4 20 o "7 *• 5 • • 47 1 . 0 0 . 0 0 . 0 6 47 *• = 9 • . 106 9 • 0 0 . . 108 18 214 > *• = 124 619 36 117 14 00 0 24 760 ********#*■* JI Sup- I.NXXVI HiSTOU V-~Á b AV'A CADEMIA ReAL Suppondo agora , como he muito admissível , que amcraJe uns que tiverão Vaccina duvidosa e ametade dos que senão observarão , tiverão legitima Vaccina , o numero dos vacci- nados c preservados das Bexigas pela Inftituição e seusCor- respondentes no primeiro anno monra a 3,23. llle Mappa sugirc muitas reflexões , c cu não posso deixar de expressar algumas. A primeira e muito agradável he que , se de 6 Bexigosos morre hum , como se tem cal- culado , a Inftituição e seus Correspondentes no i.° anno tem salvado da morte mais de 35-3 compatriotas. E quantos de 3323 indivíduos , que por meio da Vaccina tem ízentado de Bexigas , não tem livrado de aleijões , de móleftias chroni- cas , e de deformidades , que as Bexigas coftumão deixar ? Que despèza , que trabalho , quç cuidados não tem poupa- do ás famílias daquelles 3323 vaccinados , livrando-os das Bexigas ? Gloria á Academia , que criou , e mantém hu- ma obra tão philanthropica , e tão' útil ' ao Eftado , a Ins- tituição Vaccinica ; e gloria e honra aos Médicos e Cirur- giões , que cm despeito dos seus interesses , tem tomado parte na sua benéfica e gloriosa empreza ! Disculpc-se-mc, se discorrendo assim, como Membro deita Academia, mani- fefto huma pouca de vaidade. Quem não tem alguma , fazen- do de propósito o que merece louvor ? E como a podia eu oceultar sem omittir huma reflexão , que he talvez a única recompensa, a que aspiráo a Inftituição , seus Corresponden- tes , e não sei se possa dizer a mesma Academia? Embora pois appareça em mim hum desculpável defeito , fe he ne- cessário manifeftalo , para que tantas pessoas beneméritas não deixem de receber a recompensa , que merecem. Em contraposição da primeira , e agradável reflexão , apresenta-se outra de natureza oppofta. Como suecede que , sendo as Bexigas hum mal temível , c offe recendo a Inftitui- ção hum preservativo fácil c gratuito , he tão pequeno , re- lativamente á povoação, o numero dos vaccinados, particu» larmente em Lisboa (1) ? Varias causas contribuem para efte ef- (1) Em Lisboa tem-sc v.iccin.ulo muito mais do que se collige do M , i , porque com matéria fluiJ.s colhida dos vaccinados da Inftituição, vacunio- DAS SciENCIAS DE LlVéoA. LXXXYII cíFcito. Talvez seja huma , como diz hum Correspondente f o offereccr-se o bem da Vaccina , e offerecer-se de graça Es- ta porém deve subsiftir , mas não outras como a ignorância de muitos , e as sugeftócs de alguns , que levados do amor da certa celebridade ou de outros motivos pouco honeftos, professão opiniões íingularcs , c , sem attenção a's conse- quências , fazem delias a mais indiscreta e culpável tften- tação. Nenhuma causa porém hc mais geral e mais fecunda que a negligencia do Povo, o qual não teme orna] das Be- xigas , senão quando pelos cftragos que observa , não tem menos razão de as temer que Damoclcs a espada de Dio- nysio de Siracuza , quando a tinha pendente por huma seda de cavallo sobre a sua cabeça. Daqui vem que , onde as Bexigas tem grassado epidemicamente , e tem , como c^s- tumão , immolado algumas victimas , o Povo tem des- pertado da sua negligencia , e tem corrido a buscar o pre- servativo daquelle mal. He por ifto , e pela incansável phi- lanthropia da Sr.a Vanzeller , e dos Srs. DD José Fran- cisco de Carvalho , José Nunes Chaves , João Gervásio de Carvalho , que avultão tanto o numero dos vaecinados no Porto , cm Lagos , cm Villa Nova de Portimão , e no Cartaxo : he por ifto que ha poucas semanas concurrêrâo na •ínftituiçao tantos vaccinandos , que se julgou conveniente augmentar interinamente o numero dos dias de Vaccinação. Efte motivo porém de concurrencia c seu cffeito , sendo lo- caes e tão transitórios como as epidemias variolosas , não baftão para manter em voga , e para generalizar a Vaccina- ção , porque recentemente se tem observado na Instituição, c igualmente informão os Correspondentes defta , que a con- currencia dos vaccinandos cresce e diminue segundo a mak;r ou menor violência c generalidade do andaço das Bexigas. A ignorância pois do Povo a respeito ãã Vaccina , c mais que tudo a sua negligencia são os maiores obftaculos, que se oppõem ao uso geral daquelle antídoto das Bexigas. Que obftaculos porém podem subfiftir contra o Bem P^_ se por fóia defta muitos. A pezar difto he pequeno o numero cios vacina- dos em Lisboa e Províncias. lxxxviii Historia da Academia Real publico , quando lia hum Governo previdente , que sabe , pôde , e quer dessipalos ? Em hum tal Governo obftaculos de semelhante natureza não subsiftem senão , cm quanto elle os ignora. Exaquí o que a Nação tem vifto a outros respeitos , e o que observa agora a respeito daVaccina. A Inftituiçao , inftruida pelos seus Correspondentes , que sem intervenção do Governo não podia vencer aqucllcs dous grandes obftaculos, dirigio humildemente a cfte huma Memoria , na qual lhe supplicava o auxilio , de que carecia para beneficiar por meio da Vaccina hum maior numero dos seus compatriotas. Efte auxilio reduzia se a ordenar-sc aos Miniftros Territoriaes, que cooperem quanto podem nas vis- tas da Inftituiçao j e a insinuar ao Corpo Ecclcsiaftico , que empregue a sua poderosa voz para advertir incessantemente, e para persuadir aos chefes de famílias , que he do seu de- ver cuidar na conservação deftas , e por conseguinte evitar huma das moleftias mais perigosas, as Bexigas, empregan- do hum meio tão fácil e tão innocente como he a Vaccina. O Governo preftou á Memoria da Inftituiçao toda a attenção, que merecia o seu patriótico e importante obje- cto, (i) Os Miniítros Territoriaes , dos quaes muitos (2) do mais (ij Vesektobem no seguinte Aviso do Governo expedido pela àecrer taria dos Negócios do Reino , &c. a 111. mo e Exc."10 Sr. Levei á Augufta Presença do Principe Regente Nosso Senhor a Súpplica da Inftituiçao Vaccinica da Academia Real das Scien- cias , em que pede a cooperação dos Parochos e Miniítros Territoriaes , pa- ra se adiantarem mais os progressos , que já tem feito o uso da Vaccina neftes Reinos: E S. A. R. manda louvar e agradecer á Academia R. das Sciencias a admirável providencia da dita. Inftituiçao , formada de alguns dos seus Sócios Facultativos , e a eftes , e seus dignos Correspondentes o diftincto zelo , desinteresse , e eíficacia , com que tem desempenhado efta importantíssima commissáo , abem de muitos dos seus fiéis Vassallos , que sem o preservativo da Vaccina teriáo sido victimas da epidemica e tunefta doença das Bexigas: Mandou outrosim escrever nos Prelados Ihccezanos , e Miniítros Territoriaes para a Cooperação pedida. O que V. Exc." fará pre- sente na Academia R. das Sciencias , para que fique nelta incelli^ n< ia , e faça as participações competentes. ~ Deos Guarde a V. Exc.a Palácio do Governo em 19 de Junho de 1813. = João António Salur de Mendonça. — Sr. Marquez de Borba. i> (2) O Desembargador Corregedor da Comarca dArganil , José M.iria Telles do Valle; o Juiz de Fora de Vizeu , Luiz Borges de Calho i o Des- embargador Filippe Ferreira ; o Juiz de Fora do Crato , Francisco ( tareia 40 ' DAS SciESCIAS UE LlSBOA. LXXXlX mais bom grado , como era de espcrar-sc das suas luzes e do seu caracter, já tinháo preftado rodo o possível auxilio aos Correspondentes da Inltituiçao , tiverão todos , por Aviso de ic> do corrente (i) , ordem para fazer de Officio o que alguns r*a- AJjuto ; o Corregedor do Crato , João Pedro Aífbnso Videira ; o Juiz de Fo- ra de Silves , Fauftino Ferreira de Noronha ; e outros. (i) Foi do theor seguinte : Querendo o Principe Regente N. S. promover o uso da Vaccinação neftes Reinos pnra livrar seus haLit.mies do cruel flagello das Bexigas, manda re- metrer a V. m. alguns exemplares das Inftrucçóes , que sobre efte assum- pto se publicarão : e He servido I. Que V. p.i. informe do numero de todos os Vaccinadores , que ha nas terras d 1 sua Jurisdicçâo , seus nomes, e lugares das suas residências ; dan- do com toda a brevidade conta do que zchar , por efta Secretaria de Eftado dos Negócios do Reino ; e declarando se a diftribuição dos Vaccinadores pelas ditas terras hc tal , que os habitantes delias achem quem lhes faça efta operação, sem o incómmodo de se alongarem m»ito das suas casas ; e havendo falta de Vaccinadores , aponte os Lugares onde a houver , e o modo de a supprir , sem que os Vaccinados facão despeza alguma. II. Que V . m. annuncie ao Publico porEditacs os nomes e residên- cia dos Vaccinadores , e quanto for possível , os dias c horas , em que el- les eftão promptos para vaccinar ; fazendo conhecer nelles ao Povo, em termos mui concisos , e accommodados á intelligencia de todos , as consi- deráveis vantagens que resukão daVaccina para a conservação da Tida, c extineçáo das Bexigas ; e recomendando-!he que se sugeite aos conse- lhos dos Vaccinadores , a quem os Vaccinados se devem apresentar noní- menre na tórma que se expõe nns Inftrucçóes , não só pira se conhecer se a Vacctna he verdadeira , e aproveitar-se a matéria , sem a qual não pôde continuar a inoculação , mas também para se fazerem as observações necessárias para se aperfeiçoar ouso da Vaccinação. III. Que V. m. promova a Vaccinação por todos os meios , que po- derem influir na opinião publica , e concorrer para que cila se introduza em todas as classes do Povo ; servindo-se porém unicamente de persuasão c do exemplo , e nunca da Authoridade , que em semelhantes assumptos , em vez de aproveitar , só pôde servir de empecer ao fim pertendido. IV. Que V. m. procure fazer vaccinar todes os Individues , que efti- verem debaixo da sua immediata direcção, e não tiverem tido Bexigas, ou sejão Órfãos , ou pessoas empregadas nos Hospitaes , ou convalescen- tes , que delles sahirem , ou prezos nas Cadeas publicas , ou Expoftos , ou Alumnos das Casas de Educação , que lhe eftcjão sugeitas , ou quaes» quer outros , que se acharem em semelhantes circumftancias. Ordena finalmente, que V. m. participe aos Juizes de Fora e Ordiná- rios da sua Comarca efta Real Ordem , para que a executem prompra , c exactamente, ficando V. m. obrigado a fiscalizar a mesma execução. Deos guarde a V. m. Palácio do Governo em 19 de Junho de 181 J. = João António Saltcr de Mendonça. =z Sr — xc Historia da Academia Real fa/.ião por humanidade c patriotismo. Ao mesmo tempo os Prelados Diocesanos , aos quaes a Inftituiçao já tinha dire- ctamente supplicado a sua cooperação, e de alguns (i) dos quaes tinha recebido mui favoráveis c obsequiosas rcspoíras , receberão do Governo rccommcndaçõcs áquelle respeito. (2) Nefte- (1) Eftcs foráo os Exc."">s e Rev.mos Bispos da Guarda, de Aveiro, de Leiria , e do Algarve. (2) Foi do theor seguinte : Exc."'° e Rev.mo Sr. ~ Sendo a Vaccina reconhecida por todas as Na- ções civilizadas , como preservativo innocente da funefta epidemia das Be- xigas , que sem elle poucos deixavão de ter , e muitos morriáo ; e ja feliz- mente muito experimentado nefte Reino , e até com o Paternal exemplo , que deo o Príncipe Regente N. S. fazendo vaccinar seus Auguftos Filhos : sáo obrigados todos os que nâo tem tido Bexigas a vaccinarem-se , c os chefes de Família a fazerem vaccinar nas mesmas circumfiancias a todas as pessoas que delles dependem. Para espertar efta obrigação , e Facilitai o uso geral do mesmo preservativo, de que tanto bem resulta a humani- dade , e ao Eftado, a Academia R. das Sciencias formou a Inftituiçao Vac- cinica compofta de alguns de seus Sócios Facultativos , os quaes multo tem trabalhado per si e seus Correspondentes a promover e facilitar o dito uso geral , vaccinando de graça todas as pessoas que lhe apresentáo. E como a pezat de tantos desvelos , e notórias utilidades ainda ha baftante negli- gencia no cumprimento da dita obrigação , por falta de conhecimento e persuasão: S. A. R. manda temetter a V. Exc.a alguns exemplares das In- íbucções sobre o modo de vaccinar , a fim de que V . Exc.a possa divulgar eftes necessários conhecimentos como melhor lhe parecer ; e he servido recommendar a V. Exc.a I. Que V. Exc.a promova a Vaccinação por todos os meios possíveis, especialmente pelo exemplo, sempre mais poderoso que o conselho , pro- curando não só fazer vaccinar todas as pessoas da sua família que não ti- verem tido Bexigas , os Empregados e Alumnos dos Seminários e outra? Corporações , que eftiverem debaxo da sua Inspecção , mas também per- suadir ás pessoas principaes , a que imitem túo louvável procedimento , pois a pratica defte saudável invento depende inteiramente da opinião publica para se introduzir em tedas as Famílias e classes da Sociedade. II. Que V. Exc.a ordene aos Parochos seus súbditos , que não ces- sem de persuadir aos Freguezes portoJos os modo; , especialmente na Es- tação da Missa em alguns Domingos , as utilidades da Vaccinação , cxhor- tando a que se pratique por todos , que delia necessitarem. S. A. R. confia nas virtudes de V. ExeS que concorrerá cordealmen- te para huma obra tão meritória , e de tanto interesse para o R. Serviço , e bem da Nação. Oeos guarde a V. Exc' Palácio doGoverno em 19 de Junho de iSi}. =: Joio António Salier de Mendonça, rr Sr — DAS SciENCIAS DE LlSBOA. XCI Ncftc comportamento porém , pcrmitta-sc-mc dizê-Io , o Governo não fez mais que moftrar-se esclarecido , vigilante em promover o bem da Nação , e por conseguinte compofto de Membros dignos do lugar eminente , que oceupão. Quan- do porém hum deftes , c tão qualificado como o 111.'"° e Exc.m,> Sr. Marquez de Borba , vem pessoalmente á Inftitui- ção expressar a approvação , que o Governo dá d empreza e trabalhos daquclla , c as Ordens , que já mandou expedir cm consequência da Memoria , que a lnílituição lhe havia dirigi- do; o Governo e particularmente S. Exc'1 manifeftão huma benevolência tão singular para com a Inftituição , que nin- guém após ifto pôde deixar de conhecer a grande ejufta con- sideração , em que o Governo tem a empreza patriótica da Inftituição. Graças á bondade do Governo, que a hum tem- po anima e honra a Inftituição , applaudc a Academia fazen- do apreço da sua obra , e moftra querer mui deveras felici- tar a Nação ifentando-a de huma molcftia , que ás vezes he tão devaftadora como a mesma Peite. rVEfta-me fallar das observações , que a Inftituição tem fei- to , ou lhe tem communicado os seus Correspondentes , a res- peito da Vaccina. A predisposição ou susceptibilidade de contrahir cita , Sobre a «u- bem como qualquer outra , enfermidade , não hc igual , nem ^dosindV- sempre a mesma em todos os indivíduos. Porque pela maior viduos. parte a Vaccina pegou , huma vez que se fez bem a opera- ção ; cm alguns foi necessário reitera-la varias vezes ; em ou- tros nem reiterando-a pegou. Em dous do mui hábil Corres- pondente o Sr. Dr. José Francisco de Carvalho , de Lagos , treze vezes falhou (i). Pódc-se concluir defta fallencia , que tacs individuos r,e achão insusceptíveis de contagio varioloso : mas não que o serão sempre , porque cm huma criança , em que a Vaccinação tinha falhado três vezes , pegou á quarta depois de huma affecção catharrosa (2) ; c outra tendo sido Tomo III. *»**»*«*»*** vac- (1) Opusc. Vacc. N. I}. (í) ibid. p. 15,-. 20 KKTS xcn Historia da Academia Real vaccinada por diversas vezes, c sempre infruetiferamente , teve depois Bexigas (i). Segundo o Sr. Dr. José Maria Soares a idade diminue a susceptibilidade vaccinica (2) ; o mesmo faz a pelle grossa , segundo o Sr. Dr. João Gervásio , do Cartaxo ; e bem assim as enfermidades cutâneas, segundo os Sr.es Dr." Mello Franco, Pinheiro, e outros. Todavia citas, como já tinha notado Mr. Bryce , não são hum obftaculo absoluto. O mui benemérito Cirurgião Mor d'Elvas , José Fradesso Bello , inoculou e ob- teve legitima Vaccina em sarnosos (3). Operação. A Vaccinaçao he executada na Inftituição Vaccinica e pe- la maior parte dos seus Correspondentes quasi exclusivamen- te por punctura : todavia o Sr. Manoel Profirio , d'Evora, não vaccina senão por meio de vesicatório , e assevera que deita sorte não só já mais lhe tem falhado , mas que a Vac- cina tem sido regular e sem inconveniente algum (4). O mesmo Correspondente informa que defta sorte e com igual suecesso tem vaccinado cm Faro o Sr. Dr. Lazaro Doglioni j e prezumo que alguns outros no Algarve usão do mesmo me- thodo. Longe pois de se dever renunciar ao vesicatório , co- mo precipitadamente concluio Mr. Husson (5) , cumpre recor- rer a elle , quando a Vaccinaçao pelos outros methodos tiver fa- lhado , e quando se quizer vaccinar pessoas , que se mortefiquem com a vifta da lanceta ou d'outro inftrumcnto vaccinatorio. O methodo de vaccinar por incisão propofto no Regu- lamento , como objecto de indagação, não tem sido assas ex- perimentado. O Sr. Dr. Wencesláo ensaiou-o três vezes , das quaes falhou cm duas, e não soube do resulrado na terceira. O Sr. Dr. Francisco António Jordão , de Buarcos , foi mais feli/. nos seus ensaios , porque hc por aquelle methodo que obte- ve a Vaccina , que hoje propaga naquella Povoação ( 6 ) ; e o Sr. Dr. António José de Almeida, da Ericeira, diz que por aquelle methodo vio pegar mais enxertos , que humede- cendo a matéria (7): o que he bem natural ; porque alymfavac- ei- (i)OpuiL. \ «M. p. 118. (>)>^.l p./..>.(;)ibid. p. i**.(,4)ibid. N'. ij.^Re- cherches hiftor. & med. sur laVacao» j>, 2H5. (6) Opine. Vacc. N. 13. (,7) Md. DAS SciENCIAS UE LlSBOA. XCIFI cinica secca cftá mais concentrada, e por conseguinte mais activa , que diluída ; c para facilitar a sua acção baila a hu- midade da incisão. Segundo as observações da Inftituição e de seus Cor- Crusta? en- respondentes (i) as boas cruftas vaccinicas podem servir pa- xertada5- ra propagar a legitima Vaccina , como suftenta particularmen- te Mr. Bryce j parece porém, segundo a observação do Sr. Dr. Mello , que a matéria das cruftas falha mais que a lymfa vaccinica secca (2). A Vaccina , inoculada por qualquer deftas sortes, he Benignida- huma molcftia em geral tão benigna, que mal merece o no- ciena a me de moleília. Os vaccinados por via de regra não carecem nem de remédio , nem de particular resguardo. Segundo o benemérito Correspondente Manoel Coelho do Nascimento, Cirurgião cm Collarcs , a maior parte dos seus vaccinados não deixa , durante a Vaccina , de se expor aos rigores do tempo guardando o gado , e fazendo outros serviços campeftrcs (3). E na Inftituição recommendando-se pelo §. 1 8. do Regulamen- to , que havendo nos vaccinados incómmodo , que exija au- xilio Medico ou Cirúrgico, avisem a Inftituição, para mandá- los examinar , e lhes preftar de graça o necessário auxilio : não apparcce nas Contas dos Directores senão hum caso , em que os symptomas febris forão mais severos , mas não peri- gosos , nem que deixassem de ceder em poucos dias a pou- cos c brandos remédios. A Vaccina , ainda que tem ordinariamente huma marcha Marcha da regular , talvez pela diversa susceptibilidade ou idiosyncrasia individual , aparta-sc algumas vezes da sua regra geral. As- sim ainda que hedo3.° para 04." dia, depois da operação, que a Vaccina começa a manifeftar-se , antecipa-se algumas ve- zes , c outras vezes se retarda , não só na sua appariçao , mas também nos outros períodos do seu progresso. O mui hábil Correspondente José Fradesso Bello , em huma menina, obser- **•***»*#*#** ■• vou (1) Opusc. Vaccin. p. 107 , 124. &c. (2J ibiJ. p. 156. (3) ibid. N. 1 }. xciv Historia da Academia Real vou no 3-c dia borbulhas vaccinicas , e em hum menino ao 6.° dia febre , e ao 7.° arcola , como ordinariamente se obser- va ao 9.° Pelo contrario o Sr. Dr. José Francisco de Carvalho cm hum menino, que 6 vezes tinha sido vaccinado irifrueti- feramente , á 7/ observou huma Vaccina , que começou a ma- nifcltarse ao 8.° dia , e ao i$° deo lymfa, com que fe vac- cinou huma criança , em que se manifeltou a Vaccina ao 4.0 dia (1). O Sr. Dr. Mello observou hum vaccinado , cujas vesi- culas crao ao io.° dia como coílumão ser 307.° (2). Em hum indivíduo observou o Sr. Dr. Pinheiro apparccer boa Vacci- na em hum braço ao 4.0 dia, e no outro ao 7.0 (3) ; por is- so mui judiciosamente dizem os Sr.es Mello Franco , e Soa- res, que a época da colheita da Vaccina pódc melhor calcu- lar-se pelo tempo , que tem decorrido desde que borbulha- rão os enxertos , do que pelo que tem passado desde a épo- ca da operação (4). Bexigas vac- Das anomalias mais notiveis da Vaccina hc huma a de cínica? in- apparecerem bexigas de aspecto e natureza vaccinica em par- tes , onde se não havião inoculado. Dous dos Directores da In- ftituição , e dous Correspondentes observarão bexigas deita qua- lidade em duas crianças vaccinadas por punctura (jr). O Sr. Dr. Manoel Profirio vio-as também em dous indivíduos , que ti- nha vaccinado por meio de vesicatório (6). Nelte género po- rém nada ha mais extraordinário que a observação do Sr. Dr. Luiz Gonzaga, de Santarém, o qual vio bexigas deitas , sem pegarem os enxertos (7). Eftas duas ultimas observações en- fraquecem muito as explicações, que nos dão deitas bexigas Mr. Aiken , Brycc , e o Comité central de Vaccina de França. Na Obs. do Sr. Dr. Manoel Profirio , cm que aVaccinação foi feita por vesicatório , a matéria vaccinica não se introdu/.io na membrana cellular , e por conseguinte não hc a cita in- troducção , como pertende Mr. Aikin (8) , que devem a sua apparição eltas bexigas. Semelhantemente a Obs. do Sr. Dr. Gon- (1) Opusc. Vacc. N. 13. obs. 35(2') ibid. p. 73. (3) ibid. p. 83 (4) ibid. p .99. (?) ibid. p. 19. 81. 86. (6) ibid. N. 13. obs. }2. (7) ibid. N. 13. (8) Abrcgc des faits les plus imponans concernant la Vaccine p.39. DAS SciENClAS UE LlSROA. >.CV Gonzaga induz a crer, que as bexigas vaccinicas inesperadas não são sempre revaccinações feitas pelas unhas dos vaccina- dos, como pensa Mr. Bryce , (i) c o Comité (2). Qual hc pois a causa dcfte phenomeno ? Não sei : pa- recc-me porém, que clle depende de lnima maior susceptibi- lidade do individuo para.com a affecção vaccinica ; e que as- sim como o virus varioloso inoculado produz commumente Bexigas diltinctas,c algumas vezes confluentes, semelhante- mente o virus vaceinieo commumente nao produz bexigas vaccinicas senão nos enxertos, algumas vezes porém produ-las também em outras partes. Ifto moitra certa analogia entre os dons virus; e nefta m-sma analogia se vé a incomparável be- nignidade da Vaccina. £> Entre as observações dos Correspondentes ha duas, que A Vacina confirmão o que tinha sido dito veio mencionado Comité (3). nao se !l»a . 3 i- , . 3 comoiitrws A Vaccina nao se liga no corpo humano com os outros vinis, vírus. O Cirurgião Mór de Milícias de Vizeu , o Sr. Ignacio José dos Santos , vaccinou três crianças com Vaccina fluida colhida no dia 13 de hum vaccinado , que se achava com a febre vario- losa , e que teve Bexigas; todavia as tres crianças não tive- ráo senão Vaccina (4). Semelhantemente o Sr. Dr. António de Mello , de Tondclla , inoculou Vaccina colhida cm hum sarnoso , c não communicou a sarna (5-). Com tudo quando se houver de usar de Vaccina tirada de semelhantes indivíduos , cumpre colhê-la com cautela, de sorte que se lhe não miftu- re matéria das arrecções dos outros virus. A respeito do concurso da Vaccina com diversos virus morbosos no mesmo individuo, observou-se que o bexigoso, se produz a sua respectiva erupção quatro ou seis dias depois de app.irecerem as borbulhas vaccinicas, pouco ou nada per- turba o curso da Vaccina (6) : se porém produz a respectiva erupção quando assoma a Vaccina , cita não vai avante (7). Sobrevindo o Sarampo á Vaccina observou-se , o que já tinha «*»***#***** j S[_ (1) Practical Observai, on ihe inoculation of cowpox p. (2) Raporr. du Comité central iie Vaccine p. 87. (5) ibid. p. 401. (4) Opusc. Vacc. p. 131. (j) ibid. N. 1$. (6) ibid. p. 130. e 157. (7) ibid. p. lOi. xcvi Histob &Ã"]?9 A- Academia Real sido observado , que aquelle retardava c quasi suspendia in- terinamente o curso deita (i). XT . Consideremos em fim a propriedade mais notável da Vac- Vaccina co- r r mo presfr- cina , aquclla pela qual o nome de Jenner hc conhecido , e qua- v«i»o das sj ajorati0 pe]os philanthropos, nas quatro partes do Mundo, quero dizer a virtude , que ella tem , de preservar das Bexigas. Segundo as observações da Initituição e de seus Cor- respondentes podemos proferir ou confirmar cfta proposição : A Vaccina legitima , ou regular e constitucional , havida antes do contagio varioloso , hc hum preservativo de Bexigas tão seguro , co- mo as mesmas Bexigas ; sendo aliás incc-nparavelmente mais be- nigno que estas. Por quanto : Nas Contas dos Directores da Initituição não ha obser- vação alguma de Bexigas depois de Vaccina , apezar d'aquel- las terem sido eíte anno epidemicas em Lisboa. O mesmo se nota nas Contas dos maiores Vaccinadores , que se correspon- dem com a Initituição. ASr.a Vanzeller diz que, não obítan- te o andaço de Bexigas , que tem havido no Porto , e que tem feito algumas victimas , nenhum dos seus vaccinados rem sido contagiado d'ellas (2). Eira mesma mui benemérita Sr.a mandou á Initituição Vaccinica huma Atteftação de hum Desembargador do Porto , em que cite diz que , tendo manda- do vaccinar seus filhos, e tendo feito vaccinar , com a Vaccina deites, mais de 15" o indivíduos da villa de Barcos, nenhum deites teve Bexigas em huma epidemia delias , que alli hou- ve ; nem mesmo huma criança de peito , apezar da mãi , que a amammentava , hum mez depois da Vaccina de seu fi- lho , ser atacada fortemente de Bexigas , e continuar a dar áquelle o peito , c a tê-lo comsigo (3). O Sr. Dr. Matthias José de Oliveira , de Eitremoz , re- fere que tendo-se vaccinado hum de três filhos de hum Ca- pitão do Regimento N.° 3. de Infantaria , em huma epide- mia de Bexigas, os outros dous tiveráo Bexigas, que mata- rão hum ; e deixarão intacto o vaccinado , apezar deite viver e comer com aquelles (4). Os_ (0 Opusc. Vacc. p. no. (j) ibid. p, 172. (3) ibid. p. 173. (4) «bid- N. i}. o 4 O By ' DAS OCIENCIAS DE LISBOA. XCVTI Os Sr.' João Gervásio de Carvalho, José Nunes Cha- ves , c alguns outros dos que tem vaccinado maior Qlimero de pessoas , não observarão caso algum de fallencia na torça preservativa da Vaceina. O Sr. Dr. António de Almeida , de Penafiel , por experiência fez deitar alguns , que luviáo tido a Vaceina , com Bexigosos ; aqueiles porém nem defta sorte se contagiarão do virus bexigoso (i). O Sr. Dr. António Frei- re de Moraes Anaia , cm carta de 8 de Abril , não só confirma o conteúdo na Atteftação da Sr.A Van/.elkr , mas accrcscenta que o pai de três meninas mandou vaccinar eftas ; menos huma que era aleijada , e que cllc , querendo mais que morresse do que vivesse assim , deixou expofta á sorte das Bexigas. Eftas com effeito satisfi/eião-lhc a vontade , porque lhe leva- rão a aleijada, e respeitarão as vaccinadas (z). Ha todavia alguns factos, que parecem contrariar , mas que realmente não fazem senão marcar, os limites assima indi- cados defta admirável e preciosa prerogativa da Vaceina. Eu os vou referir e ponderar , com a boa fé e imparcialidade de quem não pôde ter interesse cm fomentar huma prática , em que a Profissão Medica he muito prejudicada, nem pôde pretendera gloria ephémera e desprezível de fazer acreditar por algum tempo huma opinião , que , a ser hum erro , tarde ou cedo havia de desapparecer como huma sombra diante da luz da verdade. Não (aliarei de Varicellas , e de outras erupções cutâ- neas , que pessoas ignorantes ou mal intencionadas tem con- fundido com Bexigas ; fallarei de Bexigas propriamente ditas. São de duas sortes os casos de Bexigas em vaccina- dos , de que tem conhecimento a Inftituição. I." de Bexigas durante a Vaceina ; ».* de Bexigas depois da Vaceina. De Be- xigas da i." sorte ha hum caso observado na Inftituição (3) , dous outros na Mealhada (4), e outros dous em Vizcu (j). Avcri- g"a' ( 1 ) Opusc. Vacc. p. 1 18. O Sr. Dr. José Francisco de Carvalho , diz : « Ha ji quatro mezes que grassa neila Cidade o contagio varioloso : em todo efte j) tempo tenho feito as mais exactas indagações por ver se encontro algum 11 vaccinado com Bexigas , ainda não descobri hum só , &c. » ibid. p. 147. (2) ibid. p. 173. (?) ibid. p. 157. (4) Conta do Sr. Dr. Manoel José Mou- rão, (y) ibid. p. 130 e 131. xc.yiii Historia da Academia Real <;uados todos cites casos , sabc-se que os vaccinados cltive- rao antes de se vaccinarem expoftos ao contagio das Bexigas ; e como se sabe também que eíte gaita mais tempo em produ- zir as Bexigas , do que ovaccinico a Vaccina , he mani feito que cites vaccinados já eitavao inficionados do vinis varioloso , antes de se vaccinarem: por conseguinte daqucllcs casos não se pôde inferir senão, que a Vaccina não livra de Bexigas cos que já eftão inficionados delias. Todavia parece que livra de que ellas sejão malignas ; porque tanto nos casos, de que aqui faço menção , como nos que se tem observado nas outras Na- ções , as Bexigas nos vaccinados tem sido sempre benignas (i). De Bexigas depois da Vaccina não ha observação feita nos vaccinados pela Initituição : ha porém huma communicada de Cascaes (2), outra de Vizcu (5), tres de Mursa (4), huma de Penafiel (ç), e huma da Mealhada (6). Mas a respeito deltas observações ha circumílancias notáveis. A criança da Mealhada tinha duas irmãs também vaccinadas, que não tiverão Bexigus. Ilto faz suspeitar que a Vaccina daquella foi falsa , o que se torna mais verosimil pela circumírancia d'ella ter sido vac- cinada por hum curioso com matéria colhida de huma bexi- ga vaccinica , que começava a seccar , e as outras por hum Medico e com Vaccina colhida em sazão. — A criança de Penafiel tinha também duas irmãs vaccinadas , que também não tiverão Bexigas ; parece por tanto que a Vaccina deltas tres crianças era como a das da Mealhada. — As vaccinadas de Mursa são de huma família , na qual pelo lado materno tinha havido nos ascendentes , em hum duas , e em outro tres vezes Bexigas ; alem diíto ignora-se a qualidade da Vaccina , com que forão inoculadas, e não ha certeza de sua legitimi- dade. Ha por confeguinte fundamento para suspeitar de fal- sa a Vaccina deitas Sr.as, e quando o não fosse, que eltra- nheza pódc fazer que em huma familia sujeita a ter Bexi- gas (1) >i Tenho observado que .1 todos aquelles vaccinados, aos iju.ies se des- * envolvia a Vaccina juntamente com as Bexigas , eítas sempre comaváo 21 hum caracter muito mais benigno. Se fosse hum 011 outro tacto po.ieria * ser casualidade ; porém tem sido infinitos , para que hajáo de repunr-se " por meros acasos. » Opusc. Vacr. p. 150.5. 19. (z) ibid. N. i$. Obs. 8. (5) ibid.p. IJl. (4) ibid. p. 118. (5) ibid. N. 15. (6) ibid. p. 120, DAS SciENCIAS DE LlSBOA. XCIX gas mais de huma vez , ou em que as Bexigas não preservão de Bexigas , a Vaccina não preserve também ? — A Obs. de Vizeu confirma o que acabo de di/er ; ifto hc , que quan- do a Vaccina não preserva de Bexigas, também cft.is não. Por quanto a criança de Vizeu tinha duas irmãs , das quacs hu- ma havia hum anno que tinha tido Bexigas inoculadas , e que apezar disso teve de novo Bexigas juntamente com a ir- mãa vaccinada , c com outra que o não havia sido. He pois manifefto que dos factos , que depõem contra a virtude antivariolosa da Vaccina , além de haver razões de duvidar da genuinidade da Vaccina na maior parte d'elles y apenas se pôde inferir , que a Vaccina não hc hum preservati- vo de Bexigas mais poderoso que as mesmas Bexigas , e que para se preservar d'eftas he necessário ter tido a Vaccina legi- tima antes de se expor aos miasmas variolosos. Graças e gloria a Jenner , que fez conhecer aos ho- mens hum tão precioso dom da Providencia. O Aviso , de que se falia a pag. lxxxm , he o seguinte : O Príncipe Regente N. S. , á vilta da Informação de V. m. de dous do corrente sobre a pertençáo do Guarda Mór dos Eftabelecimentos da Aca- demia Real das Sciencias , Alexandre António das Neves , em que requer , que a Correspondência , que a mesma Academia pertende eftabelecer com os Médicos , que assiftem pelo Reino, 4 fim de se promover a introducçáo d : Vaccina , seja acceita e entregue no Correio , como Papeis Do Real Serviço Immaliato : He Servido , que assim se pratique ; devendo os So- brescritos das Cartas , que se remetterem , ser assignados pelo Secretario da mesma Academia , como praticào osTribunaes, e eftá determinado pelo R?gimento; e d.is Rcspoítas , que vierem para a Academia , ou seu Se- rreurio , igualmente devem vir os Sobrescritos assignados pelos Médicos Correspondentes. Deos guarde a V. m. Palácio do Governo em 10 de Outubro de 1812. nr D. Miguel Pereira For jaz. ~ Sr. Lourenço /Intonio de Araújo. Noca-se , que em data de 20 do dito mez foi declarado « Que as Cartas , que por algum motivo não puderem ser assignadas pelo Secretario da Aca- demia , o deverão ser pelo Sócio delia, que servir de Secietario da Com- missao para a Vaccina; o qual também assignará as pequenas Encommen- d.s , que a mesma Commissáo tem a remetter para as difterentes Provín- cias do Reino. » • 4E 20 BUIS MEMORIAS DOS SÓCIOS. OBSERVATIONES ASTHONOMICAE A P. JOANNE DE LoUREIRO. Soe. Jcsu , in regno Cochinchinae habitae in urbe Sinoae Regis sede. XjL Ltitudo 16° 30' ad Boream. 175-8. Mcnse Júlio Eclipsis Lunae die 20." Initium : j»''^' Immcrsio ir 2 Emersio 12 30 rillis *3 34 X760. Mensc Junio Eclipsis Solis die 13." Initium 4 n Finis 5* 48 Quan titãs obscurata , quantum oculis vitro rubro defensis dilfiniri potuit , visa est — — 1 ' ôo 100 1760. Mense Novembri Eclipsis Lunac die 22." Initium non clare 14 5-0 Caetcra nubes occluserunt. 1761. 761. Mcnsc Maio Eclipsis Lunae die 18." Initium iy 31 Immersio . . 16 38 Tom. III. Parte II. A 1761. to"*®* a Memorias da Academia Real 1761. Mcnse Junio Transitus Vcncris per discum Solis die $.a $ Tota in Sole ad limbum Oricnt. 2iA 30' Tota a Sole ad limbum Occid. . 6d 3 3o Semita Vcncris latit. austr. circiterio' a centro Solis observara , non tamen microm. , sed oculis vitro rubro defensis. 1761. Mcnse Novembri Eclipsis Lunae die 12 a Emcrsio 7h 27' Finis 822. Initium infra horizontem. Immersio post Lunae or- tum ; arpectum tamen observatoris impidiebant ar- bores interpositae. In obscuratione máxima Luna non mutavit colorem, sed tenui , at naturali luce fulgens videbatur. 17Ó5'. Mcnse Augusto Eclipsis Lunae die 30.0 Initium 9" 12' Immersio 1012 Emersio 1 1 j? Finis 12 54 Ante initium Eclipsis penumbra valde extensa circa tertiam Lunae partem aliquantulum offuscabat. Coclum adeo clarum , ut ipsum astrum têmpora Eclipsis parum splendoris amiserit ; ideoque ejus phases non omnimoda eertitudine determinari po- tuerunt nudis oculis. 1766. Mensc Fcbruario Eclipsis. Lunae die 24" foi- IO DAS SciENCIAS DB L ISÍOA. Initiuin . . . ' l3' 3%' Finis observâtionem ciaram nubes non pcrmiscrunt : not.ivi tamen cx próxima pliasi durationem maio- rem f uissc , .sicut et quantitatem , quarn tabulae praedixerant. 1767. JMcnsc Júlio die 1 1» circa tempus q. vera umbra Lu- nam non attigit : penumbra vero tenuis , et inordi- nata fero mediam Lunae partem deeoluravit. Initium penumbrae . . . . . ii7' jj' Finis penumbrae 1 1 2 1 1762. Mense Deccmbri Edipsis Lunae dic 23a Initium .... . . 8a 3 z non clarc propter nubes Immcrsio ... 9 27 Em.rsio ... 11 j- Finis . . . .12 4 : Observatio P. Spinae , Pdíini. Initium . . <)h 5' 32". Immcrsio. .10 3 $ Emersio . .114224 Finis . . . 12 39 44 1769. Mense Junio die 3." Transitus ? per discum Solis. Ingressus ante ortum Solis , sub Koriz. Principium Egressus .... 20'' 36' Egressus in totum 20 5-6 Centrum $ transit distans ad Boream a centro Solis 9 3i" a •• r A n In- 4 Memorias da Academia Real Ingreditur ex parte Occid. dcclinans ad Boream. Obscrvatio P. Spinac Pckini. Initium egrcssus . . . . 21* 7' 4j'' Egressus in totuin . . . 21 26 32 Latitudo ? Borcalis ... 9' 48" 1770. Mense Maio Eclipsis Solis die 24a Initium nubibus obvelatum Finis sat clare 20* 17' Obscrvatio P. Spinac , Pckini. Initium 19'' 31' o" Máxima obscur. . . . . 20 22 30 Finis 21 19 52 Quantitas obscrv 4* 11' 1772. Eclipsis Lunae 17a Aprilis Observatio • Initium ......... 9* 26' obscure Immersio 1027 clare Emersio 1 r. 59 obscure Finis . . 13 2 clarc 1772. Mcnse Octobris Eclipsis Lunac die 11." Initium . io'1 41' Observatio non satis accurata Immersio . n yo Emersio . 13 29 Finis . . 14 39 P. DAS S CIÊNCIA 3 DE Li SB O A. 5" P. Spinac, Pckini 'Initium 1 14 13' 20'' Immersio 1 2 2 1 o Emersio 14 j o Finis IfI3 ° 1773. Mense Scptcmbri Eclipsis Lunac dic 30." Initium 11* 40' Finis 14 40 Quantitas . 8'' 24' 1774. Mensc Septcmbri Eclipsis Solis die 6." Initium 6* 25' non clare Max. obsc 7 30 Finis . 8 49 clare Quantitas fere — . IO Has observationcs habui horologio portatili ad lineam Meridianam eâdcm die compósito, non pêndulo Astronómi- co instructus ; idcirco aliquando uno vel altero minuto à ve- ro tempore aberrasse non diffiteor. Alios etiam defectus ir- rupsissc non dubito ; quos benigne condonabit Sapiens , et Prudens Obscrvator , dummodo advcrtat , me nec copia li- brorum , nec commercio Litteratorum fuisse adjutum ; imo multotics nec satis virium , aut otii habuisse , praedicationi Euangclii , et saluti animarum ( quod mei muneris est ) prae- cipuc , et fere totum intentum. Saepius observavi Eclipsium maiorem quantitatem , et citius accidisse , quam tabulac Cassini , Hirii, et magni etiam Newtoni pro calculo mihi praedixcrant. His usus sum cx editione P. Nicasii Grammatici pro Ingolstadio : correctiores , aut faciliores non habeo:quia tamcn Parallaxes , Diâmetros , et l XE13 d Memorias da Academia Real et Horários Luminarium non indicant , ad tabulas D. Wirthon juxta idem systema confugi. Non autem male suppositacMcridianorum differentiae ( quam serio examinavi ) hic error tribui potest. Ergo un- dc proveniat , sapientior , et in rebus Astronomicis magis exercitus judicabit : circa quod edoecri gratus expecto. An ne defectus ipsarum tab. Astr. longiori temporis ab editio- ne spatio longius ab observat. aberrantium ? ECLI- DAS SciENClAS DE LlSBOA. ECLIPSE DA C DE 2 DE NOVEMBRO DE i729. Observado em Lisboa na Academia Real da Marinha. Por Francisco António Ciera. Tempo verdadeira ioA 29' 37" A penumbra principiava a distinguir-se. 52 7 Principio , em duvida por causa de nuvens, nuvens. 56 27 Imm. total de Schikardus. 58 42 Imm. da macula , que está entre Schikardus , c Maré Humorum. nuvens. 11 752 Imm. da macula , que está entre Maré Humorum , e Capuanus. 951 Imm. Capuanus. 10 41 Imm. Tycho, c imm. total Capuannr. 12 14 Tycho parece estar metade na sombra. 13 33 Imm. total Tycho. 18 42 Imm. da ponta do Sul de Maré Humorum. 20 2 Imm. da ponta entre S. e E. de Mure Hiimo- rum. 2j" 23 Imm. de Pitatus. 27 5-3 Imm. total de Pitatus. nuv. vent. chuv. 5-1 5" 7 Imm. Fracastoritts. nuvens. 12 4 37 Imm. total Frascatorius. 1 7 Imm. Maré Nectaris. VA Da- 8 Memorias da Academia Real Daqui cm diante as nuvens se augmentárão , cresceo o vento c chuva , de sorte que não se pode observar mais. Em todo este Eclipse a sombra estava bem terminada , o que de ordinário não suecede , e as Observações das Ma- culas acima são exactas, principalmente as de Tycbo,cFra- castorius. Servi-mc para esta Observação de hum Acromatico de 2 l- pòs, o qual por hum artificio particular ofuscava a <£ , e diminuia a penumbra. INS- INSTRUCÇÒES E REGRAS PRATICAS DERIVADAS DA THEORICA D A CONSTRUCÇÃO NAVAL, RELATIVAS A- CONSTRUCÇÃO , CARREGAÇÃO , E MANOBRA DO NAVIO por matheus valente do couto Anno 1802. Tom. 111. Part. 11. B PR O- IO PROLOGO. x\. S ci en c i A do Engenheiro Constructor he mui difle- rentc , do que propriamente se chama Arte de Construcçao Naval ; nem esta poderá ser perfeita e segura sem aquella. He sem duvida a Sciencia de Construcçao , a que nos po- de guiar , e ajudar na sua Pratica ; e ainda mesmo pôde sup- prir á falta de nossas experiências. He certo , que alguns Constructorcs somente práticos , fundados em suas próprias, e reiteradas experiências tem leito grandes progressos na Arte da Construcçao Naval ; mas isto não pôde servir de argumento contra a Sciencia Naval : pois he evidente , que se os mesmos Constructorcs ajuntassem a Theorica á Prá- tica , chegarião com menos trabalho , e por hum caminho mais direito e seguro ainda a maior perfeição. Não he me- nos evidente a necessidade , que há da Theorica , quando se trate de carregar , e dar movimento ao Navio : e com effei- to por falta dos verdadeiros conhecimentos das forças, a que o Navio fica sujeito , tem acontecido tantos desastres aos Navios , c tem custado tantas vidas aos Homens. Portanto para formar huma idéa exacta das forças , a que fica sujeito hum Navio fluetuante , deve-se examinar : Io. As forças , a que estaria sujeito hum Navio fluetuante , quando não tem movimento progressivo, e de rotação ; IIa Quando só tem hum movimento de rotação á roda de hum certo eixo ; 111.0 Quando só tem movimento progressivo ; IV.0 Quando tem simultaneamente movimento progressivo , e de rotação. Suppostos pois estes conhecimentos , que ( para susci- tar as idéas) ajuntamos no Breve Resumo , que se segue , o nosso fim he unicamente o derivar desses princípios theoi ricos as regras práticas relativas á Construcçao , Carregação, e Manobra do Navio ; evitando (o mais que nos for possi vel ) todos os Cálculos intermediários , de que ellas se de- rivão. BRE- II BREVE RESUMO D A THEORICA DA CONSTRUCÇAO NAVAL. I. P A R T (< í : J^::^: í^r -^ ^ &§; -f^^ -.^ ^ ^: :í=fc ^ ^ ^^ í^ í?^ ^ á^: ^= ^ ^ S» Irata-se de hum Navio , que ftuetua , mas sem movimento algum IP progressivo. J>) | I I « Definição do Navio. Boas qualidades hum Navio. de Seguro , veleiro commodo. Navio he huma maquina (como ' bem se sabe) composta de duas par- TC tes perfeitamente similhantcs , iguaes a em figura , unidas segundo o seu com- X primento ; e destinada para a nave- ir gaçao. Hum Navio se diz ter boas qua- Jj) lidades: quando for seguro , veleiro , e juntamente commodo. A segurança consiste em poder resistir ás reacções, § e percussojs d'agua ; ser impenetrável |k ao fluido restuuir-se a sua posição k natural nos maiores balanços e ineli- (C nações; defender-se bem do inimigo, [r e igualmente attacalo ; e finalmente g poder supportar o efleito do vento ?) nas velas. Para ser veleiro , deve [>) ter huma figura tal , que possa obe- ]>) decer promptamente aos efFeitos do jh vento nas velas , e da percussão d'a- § gua no leme. A respeito porém dos ) r^ao volume d'agua (que desloca jj) 1 1 I Condiqóes paraque o Navio possa fluctuar. P = /rp ; e a recta centrica deve ser ver- tical. Momentos das forças , a que fica sujeito i> Navio, quando fluctu: cm quietação. M (P) — M(p). Estes são os momen- tos das forças , que tendem a arquebrar a quilha do Navio, em quanto positivos. pés cúbicos, p = ao pezo de hum pé fk por effeito do pezo P) avaliado em ^ io de hum pé » cubico d'agua do mar, Paraque o Navio possa fluctuar deve ser : P — J^p , e a recra-centrica vertical : ( Mecli. de Betout. N. 178. ) P' + P" = P D ■"> Distai D" > gravic J dito 1 Sendo P> e P", V » e V" porções do pe- )>) zo P, e do volume 5) ^ (§•. 3-),qua»do^ o Navio se achasse plano. S) } Distancias do centro do vo- Jj) d' e d" > lume de V e P" ao mes- Jh j mo plano. Quando o Navio fluetua ; teremos i ( Mech. de Besout. N. 68. ) í P D' = P" D ', e V d = V d' : « logo heP'D' — V'd'p - P" D"$ — V"d''p, e logo ( reprezentado por j? M (P) o momento da resultante pa- 9 ra a parte da popa , e por M ( p ) ?) para a parte da proa ) ; teremos quan- [>) do o Navio fluetua M ( P ) — §> M (p): cujos momentos , sendo de JS) forças , que tendem a fazer girar o Navio em sentidos oppostos , concor- rem para arciuear a quilha. Corol. Emquanto M (P) = > P> DAS SciENCIAS DE LlSBoA. l^J^í 5 « I 1 Momentos das for- ças , que obrigao o Navio a restituir-sc á sua posição natural , de liuma certa incli- nação ; dade. ou Estabili- ze F) = P.Sen.y. {jpfy'dx-d) O Index da Estabili- dade = P D ; logo conforme for/) posi- tivo , cifra , ou nega- tivo , assim haverá Es- tabilidade, ou equilí- brio indifferente , ou falta de Estabilidade. Momentos das for- ças , a que fica sujei- to o N. quando ba- lancéa , ou momentos de inércia. PD' - F'df,cM(p) =z PD"} — V-' d" ' p sabirem positivos , claro 5) está , que as forças tendem a arque- S) brar a quilha do Navio. u. M (F) — ao momento de huma tf força F capaz de conservar o N. em £ pequeno angulo de inclinação = %. & [ ao metacentro ; <í> a distancia do I quando está aci- 1 >Centrodegravi-<™ do .f f° ?> dade do Navio. de gr^dade,S) ao centro de \\ volume de V. Çs do me- J = D ■+- d = a dista ncia do me- ik tacentro ao centro do volume. & A a distancia do f30, ""^ d Posto isto , teremos ( no caso de &. equilíbrio )itf(Z*) = ffXx d x : lo- » , , M(R) . s rf> go ( pondo íj— í- = A ) teremos k\ í? A = /7\Y x d x. Mas no caso de rf rotação deve ser R A hum momento K de inércia ; fazendo pois R A 2 = X , ^ teremos (por ser du = pdt) R^pdt = Kdu Des DAS fc^iRsi^iní^^iá^s^^isí^sí •'•' íf gf - -■ ' IO - CIÊNCIAS D E L (SUO A. 15" Ra O) fXxdx | a alavanca não se % Destas duas se tira Kdu = f£x.p.dt fXxdx. Sobre a determinação da duração dos balan- ços de hum Navio . hum mar sereno. em O intervallo ( de tem- po de hum balanço ) A t —■ sjD Coro!, se for/^> Kdu P. A1 = < &pdt f Xxdx poderá partir. Veja-se a Theorica da alavanca )) em equilíbrio , e cm movimento na jj) Mech. de Besout. N.°» ( 450 , 480 ) <\ r a a í a somma de todos os pe- J>S sos do N. multiplicados^ pelo guadrado ie suas í? distancias ao eixo de con- K versão , isto he , a som- (f ma de todos os momen- 1? tos de inércia de que se p Miou no §. 6. # P. D = ao index da Estabilidade ' (§• ?)• ( = ao comprimento de hum pen dulo simples isochrono , com otem-8 po ( t ) de hum balanço. Teremos c == -n- ; proporcional a \c , logo t { Mech. de Besout. N. mas t _ A he1 VD 402). A D- i6 Memorias da Academia Real ADVERTÊNCIA. O D ' Intcrvallo de tempo de hum balanço , como havemos dito ( §. 8 ) , he somente proporcional á quantidade — - na supposição de que a superfície d'agua fosse horisontal porém quando o mar se acha agitado pela força do vento , he claro , que este tempo deve também depender do tem- po , que a onda gasta a passar por baixo do Navio ; e por isso a grandeza da onda deve influir na duração total do balanço. Esta reflexão he do Celebre D. Jorge João no seu Exame Marítimo , Thcorico , e Prático. Exaqui a regra , que de seus Cálculos tem deduzido o dito Author , paraque a mastreação soffra a menor acção possível. R E G R A. Paraque a mastreação soffra a menor acção possivel : o tempo , cm que o Navio, completaria o seu balanço per si mesmo , deve ser igual ao tempo , em que o deveria com- pletar , se o balanço só fosse ca usado pela acção da onda. Podem-se consultar sobre isto as sábias reflexões do mes- mo Author (Exam. Mar. Theor. c Prat. ) Definições de algum termos , de que se usa na II. Parte deste Resumo. Vela equivalente , seria a vela plana cuja superfície equivalesse a somma das superfícies de todas as de mais velas. Ponto velico , seria o ponto da vela equivalente pelo qual passaria a resultante de todos os esforços do vento nas velas. II. f" 17 II. Parte. d o BREVE RESUMO DA THEORICA D E CONSTRUCÇÃO NAVAL. j) Irata-se do Navio , fiuctuando , e com tnovimento progressivo. f i I ) da densidade d'agua. f( F — a força do vento ( applicada íf perpendicularmente no centro velico ) Pr com avelocidade u. ?) A = a liuma indeterminada. # Isto posto teremos F = — — k ^. £ a5 Sen.5 /'. ( Mecli. de Besnur. J>) N.° 713.) , cuja força he parallela J>) ao plano horisontal. H = ao angulo , que a direcção da força F faz com o plano longitudinal , K ou com a quilha. Pf p Ç as componentes de F ; sendo F' ik P< perpendicular ao plano longitu- Pi (_ dinal e /•'' parallela á quilha, {? Logo será F =: F Sen. f , e(( F" = i- Cos. R, ff I C Mo- . 4U KEIS 18 Memorias da Academia Reh 11 Momentos da for- ça do vento. M(F'') tende a abai- xar a proa. M(F') tende a in elinar o Navio , e fa- ze-lo girar horisontal- mente. Estes momentos são funeções das a- reas , e curvatura das vellas; das suas altu- ras a respeito do pla- no horisontal ; da ve- locidade do vento ; e do angulo comque a direcção do vento in- cide nas vellas. Da resistência d'agua. A rezultante total R se decompõe em três R', R", K". R! retarda o movi- mento do N. R" faz mover o N. lateralmente. R" diminue o peso do N. HS^^^^r^^1^1^^^^^?' A, A' t A" &c. são as superfícies das |>) vellas. % D , D', D" &c. as distancias dos seus jj) centros de gravidade ao eixo ver-js tical. S) d, d', d" &c. as distancias dos ditos | centros ao eixo longitudinal. íí * f as distancias do centro vellico a K A,< respeito do eixo vertical , e do i( { longitudinal. K U(F)M(F')e M(F ") denotarão Ç Si M(F),M(F')eM(F"\ os momentos das forças F, F ,1 'do §.S'. ,, Isto posto , será A — « Ad+- A'd' + A"d"-^Scc. eA,j>( A ■+■ À'+ A"+ Sc! A D +■ A D' ■*- A" D' + &c. >; - A + A1 + A" -*- "&c. ' também M(F") = F" A' =.... F. Cos. ,4. A' , que he o momento da força , que tende a submergir a proa ; jí) e M { F' ) = F'. A = F. Sen. ft. A j£ que lie o momento da forra , que in- \s> clina o N. para sota-vento. Mech. de jjj Besout. N.° 721), > Supponha-se , que o Navio se mo- j? ve horisontalmente sem padecer in- clinação alguma. r , e r denotem as resistências de lium ,e outro lado da proa. R = a rezultante das duas ou a resistência total , que passa pe- lo ponto resistente. rm-ids uc ff eixo longitudinal. SS . . . latitudinaL \ R'"\ R, segundo. £. . . vertical. ]j R' ") são as com- R" > ponentes de ií DAS SciENCIAS DE LlSBOA. i^^^ri=^i^í^s^^ri 9 í I C ! c « i I 12 '3 Momentos das resis- tências d'agua. Af(.R'),e M(R") tendem a levantar a proa do N Al ( R ) tende a in- clinar o N. , e faze- lo girar horisontal- mente. Estes momentos de- pendem da velocida- de , e das dimensões das proas dos Navios. Momentos da força d'agua no leme. M(F) tende a fazer girar o N. horisontal- mente. M {}■'' ) tende a abai- xar a proa. O effeito da força R ( claro está ) )>) he o dar ao Navio hum movimento $ retrogrado no sentido de proa a popa : jj) o de R" he o dar ao N. hum movi- ^ mento lateral : finalmente o eíFeito de * R"' he o diminuir o pezodo Navio. £ Nota. * Para determinar a grandeza das for- £ ças R, R', R" ; e o ponto do plano i? longitudinal , em que se achão appli- rf) cadas ; veja-se o segundo Appendice j>) da Mech. de Besout. N.° 724). |j) A1(R') -\ denotãoos rR! -x a resp. JK M( R") } momentos ) R" (do cent. t hl ( R" ) f das forças. ) BT f de grav. ÍC -> ^ JdoiV. £ Do que havemos dito ( §.io.)sevê, 'q que í) O Momento M(R) tende a levan- H> tar a proa do Navio. J>) O momento J\i(R') tende a ineli- )) nar o Navio , e fazelo girar horison- Jh talmente para a parte opposta a re- sS 1 o mes- 1 | Para determinar estes momentos , ve- f? ja-se o mesmo Apêndice citado §.72). sistencia. O momento mo effeito , que M ( R) Nota, ,1/(70 M(F) sao >. os momentos das for- ças F e F, ( em que se de- [>) compõe a percussão total |>) d'agua no leme ) perpendi- ^ cularmente a quilha , e se- JS gundo a sua direcção. % força F dá hum movimento ho- !s risontal ao A7. : e a forca F retarda o movimento progressivo. fr Cii RE- í AO B-It? 4<0 ; REGRAS PRA'TICAS RELATIVAS A' CONSTRUCÇÃO , CARREGAÇÃO , E MANOBRA DOS NAVIOS COM AS SUAS VANTAGENS , E INCONVENIENTES. A D- 22 Memorias da Academia Real ADVERTÊNCIA. A Figura dos Navios aindaque pareça muito variada , con- forme o gosto das diferentes Nações , os diversos fins , as paragens , e os mares , a que se destinâo; comtudo não hc inteiramente arbi- traria ; antes depende de Juima cerra relação , que todas as suas di- menções devem guardar entre si , paraque resulte ( como tem mos- trado a tlieorica fundada na experiência; a figura mais conveniente ao Navio ; a fim de nos transportar sobre as aguas de bum lugar pa- ra outro com a maior segurança, commodidade, e brevidade possí- vel. O conciliar estas três propriedades em hum mesmo Navio , he o grande Problema da Consnucqão Naval. Mas , ver-se-ha , que cilas são tacs,que se não podem contemplar c tratar separada , e indepen- dentemente humas das outras: pois he tal a dependência reciproca, que tem entre si , que as mais das vezes querendo favorecer cm par- ticular a cada huma , distruimos em parte as outras. Portanto sendo necessário , que o Constructor tenha ao mesmo tempo prezente , tudo o que pode influir em huma commoda , segu- ra , e breve navegação: havemos trabalhado por indicar (ao menos) o methodOjCom que devem ser expostas as regras, juntamente com as suas excepções paraque , mais facilmente se conheção as vantagens, e inconvenientes das mesmas regras , a fim de nos decidirmos na Pra- tica. Temos pois dividido tudo, o que diz respeito é Construcção, Carregação , e Manobra dos Navios cm três partes : na I." se dão as regras práticas sobre a Construcção do AT. : na II. a as regras práti- ticas sobre a Carregação : na III.» algumas regras práticas sobre a Manobra : em cada huma destas se achão tres columnas verticaes , cujos titulos sao regras, vantagens , inconvenientes : de maneira que a cada regra corresponde a sua ventagem , e o seu inconveniente , no caso de o haver. As citações feitas com o signal § referem-se ao Resumo (antecedente) da Theorica da Construcção Naval. R E- 4)0 REIS DAS SciENCIAS DE L I S B O A. 23 REGRAS PRA' CTICAS SOBRE A CONSTRUÇÃO DOS NAVIOS. rios para a carga , e ({i tripulação. \ Porque o Navio de guerra tendo por rim o ser mais vellei- ro ; e o do commer- cio o de transportar mais carga : ve-sepor isso , que as figuras das suas obras viva? devem ter alguma differença. Com effeito de- monstra-se facilmen- te pela theorica da decomposição das for- ças : que o corpo esfé- rico fluctuanten.lo po- deria demandar qual- quer ponto do hori- sonte com huma da- da direcção de ven- to; o que sempre se conseguiria sendo o N. mais comprido do quanto K i- xz Porém maior fór o compri-« mento dos Navios , t? maiores serão (§. 4. ) os momentos das for- ças , que tendem a ar- 5 quebrar a quilha , $ quando o AT. fluetua |j) em quietação ; e sS maiores ( §. 6. ) os Cs momentos de inércia <\ verticaes quando o !? N. balancêa. De mais jf III. *4 Memorias da Academia Real i&b rS% í/^^ll^Sí Regras. III. O comprimento « do N. pode ser para yt a sua largura , e pa- SS ra a sua altura como s IV. Sendo a capaci- ! dade do N. consta n- jí te: quanto maior fôr jj o comprimento ; e *jj menor a largura , c *Sí altura do Navio , maior será a veloci- | dade do jNl Vantagens. que largo : de mais tem a vantagem de se lhe poderem dar as linhas d'agua mais agudas , de que deve resultar menor resis- tência. A experiência tem mostrado , que os N. , cujas dimen- sões seguem esta re- ^ra podem resistir a irandes tormentas. Nas derrotas di- rectas facilmente se vê ; que sendo ( §. ii ) a resistência R' directamente propor- cional a área da sec- ção ( feita perpendi- cularmente a quilha) : e esta arca sendo pro- porcional ao produ- cto da largura pela Inconvenientes. ■I quanto mais compn- 3 do fôr o N. , tanto Jj) mais artilharia deve S\ levar , e por isso os jk ditos momentos ser.lo „ maiores : e sendo ■ também maior o pe- % zo ,mais submergido g ficará o Navio , de í? que ( S. ii) deve § I resultar teneia. maior resis- Porém nao ha ii hum grande inconve- jr niente em alterar es- |f ta regra : quando fôr g necessário. ?) í Porém se dois (í -^<Í! Regras. í VII. (í Os clieios da fV proa do Ar. devcm- jp se approximar algum * tanto a huma super- fície esférica : e esta 1 figura deve ser tal que a rezultante de todas as resistências da agua passe pello ponto vellico , ou não muito distante. VIII. 6J As linhas d'agua (/ quanto mais se che- )3 gao para a popa , 3) mais se devem appro- }} ximar entre si , ou ^J serem tanto mais a- Sigudas, até finalmen- %_ te coincidirem com a quilha : de mais de- vem ser bem contor- 'l nadas , e sem algu- mas tortuosidades. Vantagens. Estes cheios são necessários , para evi- tar o inconveniente da regra 6.* O pas- sar a rezultante pelo ponto vellico tem a vantagem de poder seguir o N. hum cer- to rumo pelo cami- nho rectilíneo : por se destribuiretn os mom entos ( §§. 10 , 12 ) das forças , que tendião a fazer girar o Navio horisontal- mente para partes de- zencontradas. Paraque as aguas possáo chegar a per- cutir o leme com a menor perda possi- vel de velocidade: e por isso será mais ef- ficaz o seu effeito. Inconvenientes. Porém como pa- \ ra determinar a po- i\ siçao do ponto vel- <\ lico ,sesuppócv§.io) ■■ o Navio se em ineli- (r nação, e a superfície {? das vellas plana : por r? isso ( como- em a na- 1? vegaçao estas condi- % çóes não tem lugar ) Jj) a posição do dito S) centro he variável ; "N e logo esta regra 7. ' * admitte excepção , j£ quarldo se trata de íí collocar os mastros, ff Mas como ( §. j. ) a estabilidade ' depende da distancia do centro do volu- me ao metacentro ; e i esta he directamente | proporcional ao com- 1 pri mento , e cubos 1 das larguras do pia- . no de nuctuaçao: se- gue-se que ( para ha- ver suficiente esta- bilidade )o plano de ' IX. DAS Sciencias de Lisboa. 27 i » Inconvenientes. «* í tfegras. << ? IX. I O extremo da 1 quilha da parte da ;. popa deve estar mais , abaixo a respeito do ' plano d'agiia , doque ' o extremo da proa , isto lie ,o Navio de- 1 ve ficar mais metti- do n'agua da parte da popa , doque da proa. X. A estabilidade dos Navios sempre deve ser maior que os maiores esforços, a que o Navio fica su- jeito. Portanto parece que se deveria dar aos mastros menor com- primento doque or- dinariamente se faz. Vantagens. Porque se a qui- lha fosse parallela á superfície d'agtia j então nas inclinações do Navio para a par- te da proa , ficari ío todos os delgados da popa fora d'agua ; e por isso milita'- não produziria o le- me etíeito algum. Porque a força que tem hum Navio para suppoitar as vel- ias lie na razão .di- recta da estabilidade , e na inversa, do mo- mento da foiça do vento , que tende a incliualo : cujo mo- mento depende ( co- mo se eollige do í. lD)da grandeza dos mastros» D ii í nuctuação deve ter j)) certa largura conve- Jj) niente nas suas extre- sj midades. K > I > I | Porém se os mas- Jj) tros fossem muito |>) curtos então em tem- >\ po de bonança não ík se lhe póderiao ap- ÍC if tantas vejjasjf para .aproveitar todo? o ven:o pr,);Sivt'l ■, e jf cm tempo de tem- r) $p as vergas an- ry ia continuamente Jj) mettUas na agua y los grandes balanços S do N. XI. IO **** 2 8 Memorias da Academia Real fczí^fc^:^^;! =i:í=fc=pfc=«s h&^^í^ér*- sí^^^rí^» Regras. XI. Portanto a ex- Â> pericncia tem ensina- do qual deve ser ( proximamente ) a grandeza de cada mastro , e verga em relação a boca ou lar- gura do Navio. Ad- vertindo porém , que os mastros sempre devem ir adelgaçan- do para a extremi- dade superior. XII. O Navio pode conservar a sua es- tabilidade, aTÓra fa- zendo subir o seu cen- tro de gravidade , po- rém ao mesmo tem- po augmentando em huma razão maior o ! pezo do mesmo Na- | vio. Daqui se deduz i que pôde hum Navio levar mais artilheria conservando porém a sua estabilidade. ' Vantagens. Inconvenientes. I Esta advertência não lie nova para os Constructores : po- rém he muito impor- tante o saber , que lie huma consequência deduzida da theori- ca dos momentos de inércia , como adian- te veremos , quando se tratar das grossu- ras e espessuras das madeiras. I Mas por outra parte deve-se ter cau- í tella em que não se- 5) ja muito grande o í» excesso de pezo , que Si fica acima do plano \ horizontal ,que passa ^ pelo centro de gravi- k dade : porque have- í mos dito ( $.6. ) que (r pd2 hc a medida do £ momento de inércia £ que tende a descon- 1? juntar o N. lateral-^ mente. Portanto de-SS em huma razão maior ve-se ter em contem- 1>) XIII. Isto se deduz do index da estabilida- de = ?D,(§.y.) em que P denota o pezo do Navio, e D a distancia do centro de gravidade ao me- tacentro. Portanto a- indaque a artilharia devendo ficar í como deve ) sempre fora d'- agua possa fazer su- bir o centro de gra- vidade , com tudo (se o pezo delia crescer IO *«• DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 29 t^í. ^zC-^dr^í^àf. s&^rirtFi^ír* -i^d^^i^íjf Regras. Í XIII. Basta examinar, (fc se o Navio tem hum (|J giáo sufficiente de es- tabilidade a respeito do eixo de popa a m proa , isto he do ci« * xo longitudinal. | - XIV. Jj Os flancos ou la- j) dos do Navio , que pj poderão entrar n'a- y gua nas maiores in- s> clinaçóes , devem-se (i arrufar , ou ampliar ( i orem quanto mais nar o Navio solido , /5 sem o sobrecarregar. ^^^i^^i^á^á^^ÍMÍ^r?:^^?^^^^:^^:^^^;:^?^^:^^!;^ Regras. XIX. As obras mortas de popa , e proa po- dem ser construídas de madeira mais leve. XX. Determinadas as ji dimensões , que de- vi vem ter as peças de <§ madeira próximas ao centro de gravidade do N. : estas devem ir ao depois insensi- g velmente adelgaçan a- Vantagens. vantagens , e inconve- nientes da regra 17. Porque assim se allivião de pezo as extremidades do N. , as quaes devem ser carregadas pelo pezo do leme á popa , e das ancoras a proa. E também serão me- nores os momentos , de que havemos fal- tado ( §. 4. ) Além das vanta- gens expostas nas re- gras 1 7 e 1 8 : como , a grandeza da força , que oppóe cada pe- ça de madeira para não arquebrar lie na razão directa dos pro- Ificoxvcnientes. de madeira ) quaes \ devem ser as dimen- \ soes de cada huma ' das peças ,que com- ' póe o corpo do Na- 1 vio , para ter lugar I esta rcg. 18. A lx- | periencia lie que só j pôde decidir ,cresol- | ver esta difficuldade : 1 Veja-se a reg. 23. Porém não lie in- differente , que estas j diminuições nas di- 1 menções das peças de % madeira recaião , ou % somente sobre as lar- § guras , ou sobre as es- ^ pessuras : porque re- ^ do, DAS 'CIÊNCIAS DE IS BO A. 33 : ííi^r^si-f^í^í^^i^fc?^?^?^^^^; ^i Regras. « iio, d medida que se approximão para as extremidades do N. I XXI As diminuições, que se devem fazer sobre as dimensões das peças de madei- ra conforme a regra 20 : devem recalur sobre as larguras, e não sobre as espessu- ras das peças de ma- deira. / "aniagens. Inconvenientes. Tom. III. Part. II. duetos dos diíferen- tes p;zos pelas suas distancias ao ponto de apoio ; logo a- chando-se este pon- to no centro de gra- vidade tanto maior deverá ser o esforço para resistirem, quan- to mais grossas forem as peças para as ex- tremidades : logo he vantajosa a regra. Porque as forças das madeiras sendo na razão directa dos quadrados das espes- suras, e das simples larguras : segue-se , que ( conforme esta regra ) o Navio não deixara de ficar suf- ficientemente forte ; e ao mesmo tempo tem a vantagem de ficar menos sobrecar- regado de madeiras, de que resultará o ser mais velleiro. ca li indo somente so- bre as espessuras mais fracas ficarão as pe- ças de madeira. Também nao lia & inconveniente de se-{? guir esta regra , tanto r? nas madeiras , que fi- tf cão acima , como nas $ que ficão abaixo do j>) plano horisontal que |j) passa pelo centro de |>S gravidade do Navio. <í í » E XXII. 34 Memorias da Academia Real ©i^i?^;i^ti?^= iFii^i^i^ia^í^í : r^tí^^ií^v -. Regras. Vantagens. Inconvenientes. XXII. A respeito das f> segundas cubertas : j! estas devem ser suf- a ficientemente reforça- is das. XXIII. Porém como se g nijo pode determinar )) exactamente a força )! absoluta , que tem as S; peças de madeira de % hum N. para resis- SS tirem ao cffeito de ^ todas as forças con- 'i trarias , semque o N. (j! fique sobrecarregado « de madeira : por is- ff so será muito impor- ta tante observar, j) Qual será o Na- }J vio ( construído se- p) gundo as regras pre- y scriptas ) que meliior sí tenha resistido a gran- ai des tormentas, e tem- Ê pestades , com o me- te nor dam no posei vel. ff Então nos serviremos ff deste Navio , como Porque os momen- tos de inércia , que resultão dos pezos da artilharia , são nesta cuberta muito mais consideráveis. Porque sendo co- nhecidas as dimen- sões principaes deste Nu vio modello,ede cada huma das suas peças ; poderemos ( quando se propu- zer outro N. para construir ) seguir a regra seguinte. Quando a largu- ra , cu boca do Na- vio que se deve con- struir for maior , que a do Navio model- lo , devem-se aug- mentar proporcional- mente ( conforme a regra 2i.a) as dimen- sões das peças de ma- deira daquelle, rela- tivamente ás deste ; e pelo contrario se Esta regra tem o mesmo inconveni- ente, que tem a re- gra 1 8 : e por isso , Veja-se a reg. 23. | í de DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 3J Mas este valor ^ de £ , que denota a ». gravidade especilica ff da carga ; não pôde (r deixar de ser varia- £ vel ; não só porque a I? carga se acha sempre lj) desigualmente disiri- J>) buida , mas porque [5) ordinariamente a qua- £ lidade da carga va- SS ria : e por isso po- k de hum Navio estar a carregado semque a (r sua capacidade se a-<^ che juntamente cheia 1? e pelo contrario pó- P de a capacidade do '$> Navio estar cheia , e J5) o Navio ainda não estar carregado : por tanto deve-se prati- car a regra a." ! II. v. £0 Hl IS DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 37 : ^i?v: ^Rr^-^i^; ±^4^r±^í^£&b:^.&$& Reyras. Vantagens. » Inconvenientes. ff ff tagcm muito impor- tante para avaliar os fretes ; e para bem carregar os N. Esta regra lie in- dispensável pelo cjue havemos dito no in- conveniente da regra Toda a difKcul- dade se reduz a cal- cular as três quanti- , dades a ,A ,b , que ! entrao na fórmula, Advirta-sequetf ,' e A são as áreas ter- ( minadas por aquella ! linha curva que se- 1 ria a intersessão da ] superfície d'agua em | roda de todo o cor- 1 po do Navio. II. Determinar o por- te de hum Navio ? I a = a área da Sec- i cão da agua , em que ■ o Navio deve fluetuar ! depois de apparelha- do , e com toda a e- ' qui pagem e viveres ' necessários. A = a área da | Secção d'agua , ou do | plano de fluetuação , i em que o Navio de- i ve navegar depois de , carregado. b = a altura ver- tical tomada na caza 1 mestra , e compre- I hendida entre os di- I tos dois planos pa- I rallelos. Será o volu- J me comprehendido i entre os dois planos , . e avaliado em pés I cúbicos = (A + a)- ; , e por tanto será o por- 38 Memorias da Academia Real ií^Z&Sz^^^,^^^;^ .-'. S^^í-Í:® Regras. <£ porte do N. = 72.'* Vantagens. «) ih. yj Depois do Navio p) ter o lastro conveni- p) ente , e que principia % a tomar carga : náo 41 se deve ir deixando (L esta sobre a cuberta ti a hum lado do Na- /(J vio : a mesma cautel- g la se deve ter , quan- /> do se descarregar o Navio. IV. 4í Principie-se a car- ve-se ( o mais que for J possiveí ) pôr iguaes ^) pezos de hum , e 011- jj tro lado a iguaes dis- *» tancias da quilha ; y tendo attençao de at- Si traçar , e accommo- Ç dar bem cada huma (s se 40 Memokias da Academia Keal :~~iz&$z!Ftzrlz4^?*z^&±^zí^rls:7^Rz^ ^i^S» Regras. Vantagens. Inconvenientes. se metter o lastro con- veniente para o car- regar. depende da área do plano de fluetuaçao , em que o Navio deve navegar. VIII. Conhecendo-se porém cjue poderá ter lugar o inconvenien- te da regra 7.*; por se effeituarem os ba- lanços em hum pe- queno intervallo de tempo. Deve-se pôr sobre a primeira dis- tribuição da carga , outra distribuição de carga de huma gra- vidade especifica me- nor, e por cima des- ta outra de gravida- 1 de especifica maior : e assim por diante. Porque deste mo- do se faz subir o cen- tro de gravidade do N. ; isto he , dimi- nue-se ( §. ) sultana ( §. 5. ) hu- J) ma grande estabeli-S) dade ao Navio : c por j\ isso seus balanços (§. *. 8.) scriao muito ra- a* pidos ; de que nasce- |f riáo grandes momen- {f tos de inércia , e ca- rP pazes de fazer desar- i? vorar o Navio. [>) Esta distribuição %, de carga tal , qual se \t prescreve nesta regra ff í>.a será talvez mui- (? tas vezes impratica- jj* vel : Podcr-se-hia re- ?) mediar isto , tirando J>) alguns pezos maiores pj) do porão , isto he, da J5) parte mais baixa pa- § ra os collocar mais ai- k tos , a respeito da qui- K lha do X. I IX. DAS SciENCIAS DE L I S B O A. 41 V^&Sz-ítS&^r^i:^.^ 5 I í "i I :>> 3> ã carregado , ficando k mais submergido , do [l que devia , lie com (r efFeito mais roncei- ? ro : porém a vanta- f gem que tem esta ,>) regra 9. hc mais at- j) tendivel que o incon- ]j) veniente, pois have- i) mos dito , que o Ar. *\ mertendo mais 4 pol- (t legadas só perde 1 € milha em 500. ,r f Regras. Vantagens. Inconvenientes. IX. rij Em os Navios de /(< guerra , os quaes le- í v.ío todo o peso da \ artilharia acima do h plano de fluetuaçao : •fl He muito importan- (Ste o metter todo o <{, lastro , que convém <^ ao Navio ; e ( por camélia ) ainda mais algum. « X. A respeito porém da artilharia : Haven- do peças do mesmo (£ calibre , mas de diffe- (? rentes comprimentos: ("(• Devem-se preferir as Tom. III. Pari. II. Porque o peso da artilharia deve fazer subir o centro de gra- vidade do N. , de que resulta ( §. <$. ) diminuição na esta- belidade ; e portan- to na boa qualidade de poder o Ar. sup- portar os grandes ef- feitos do vento nas vellas De mais no ca- so , de que este ex- cesso de peso met- tesse ( por exemplo ) o Navio mais 4 pol- legadas , sabe-se , que o Navio então pou- co mais ou menos poderia perder huma milha sobre yoo , que tivesse navegado. Tem a vantagem de ficar mais espaço entre a culatra das peças , c o cscaller , que vai no meio do Navio, de que resul- O Navio sobre- Aindaque o cal- £ culo mostre , que a |j) velocidade inicial da S) baila ,que he lança- |U da por huma peça de % maior comprimento , ^ de 4>0 »Ul» 4* Memorias da Academia Real ±íFl=^zr±&*:-- i^F&FliérSz&izír^&c : ', de menor compri- | mento para o carre- ' gar com a sua arti- ' Uniria. Vantagens. Inconvenientes. ta podcrem-se fazer as manobras com mais liberdade. devem ser colloca- Sj das : Isto se suppõe y determinado segundo y as dimensões ,-quc de- vi vc ter o N. para le- .^r*S&*^^£* He de grande importância o não mudar o calibre das peças , que convém a tal ou tal batteria : pois se sabe , que os momentos das for- ças , que tendem a disconjuntar o Na- vio , são os momen tos de inércia , os quaes são como os pesos multiplicados pelo quadrado da sua distancia ao centro de gravidade ( §. 6.) De mais todo o ex- cesso de peso acima do centro de gravi- dade influe na perda da boa qualidade de poder o N. levar a vella. ' ^^^fSs&^^r^^f^^p^p^S RE- DAS SciENCIAS UE LlSBOA. 43 REGRAS PRA' TICAS SOBRE A MANOBRA DOS NAVIOS. jí^^^^d^í Regras. Vantagens. i i I. (|J Deve-se fazer , » comque o Navio si- yj ga o rumo de vento s proposto por hum caminho rectilineo , isto hc, evitando , o mais que fôr possí- vel , as continuas ar- (s ribadas , e orçadas. 1 I Inconvenientes. í( t l ? ii. Não se deve po- () que algumas vezes o |>S grande embate das ^S ondas , que vem de 'k barlavento , faz por is, força arribar o Na- £ vio a pezar da me- ú nei- afl 40 JS.U1S 44 M EMOR1AS DA C A D EM I A Ru SeT^i^í^::^:^ i t^^^^^^^r^^z^i-^-ír^^ " ^ lhor distribuição , e $ disposição das vellas. '}) \ Regras. Vantagens. Inconvenientes. neira que a barra do leme deve antes an- {j dar parallela á direc- ' cão do movimento do N. III. Quando he ne- cessário o approvei- tar toda a força do (? vento : Deve-sc fazer comque as superfícies das vellas fiquem planas. IV. tf Com vento á bo- tf lina : querendo , que o g Navio (com as suas ^ vellas marcadas ) a- pl próe ao vento , isto 3} he , que orce : deve-se j fazer só uso das vel- sí las de ré ; e queren- (k do , que arribe das rçj vellas d'avante. Isto à mesmo se consegue tf ( quando o N. tem tf1 algum seguimento ) concorre para retar- dar a marcha do N. Porque o effeito da força do vento diminue , quando au- gmenta a curvatura da vella. Acha-se pelo cal- culo que a superfície do hemisfério sente a metade da resistên- cia , que sentiria o seu circulo máximo. Esta regra he fun- dada ( pelo que se tem visto §. §. io, 12,13 ) na theori- ca dos momentos das forças , que tendem a fazer girar o Na- vio horizontalmente já pelo effeito do ven- to nas vellas , já pela resistência d'agua na proa , já finalmente pelo effeito do leme, » g Mas huma vella ff nunca se poderia cn- I? tender de maneira 2> que a sua superfície â ficasse plana a pczar J) do effeito da força do % vento : Isto mostra a su theoria , e o confirma ií a prática. l Sendo o vento § largo ( facilmente se % vê pela decomposi- Is çáo das forças ; que ik não ha ínconvenien- £ te em orçar ou arri- J bar ; fazendo , ou só ff' uso das vellas de rc i £ ou só uso das vellas A- d'avante }} A respeito porém )>) do leme. cte não pro- lJ) duz effeito em dous k pon- 4 o das Sciencus de Lisboa. 4> I :^^^i^ií^^iir^^^^^.-^^:^^NwF^>i^s=í-&^ii^ ^^^i^^ Regras. Vantagens. Inconvenientes. pondo a barra do leme a cstibprdo , ou a bombordo. Advertência. Também pondo o vento sobre ; se con- segue o mesmo ef- feito. V. A força do leme para fazer arribar he maior , que a força que serve para fazer orçar ; por isso he pre- cizo, quando sequer orçar, ou largar mais alguma vella á popa , ou ferrar alguma das de proa , para ajudar o efteito do leme. VI. Logoque qual- 3uer das vellas redon- as se ache conveni- enremente disposta , isto he , bem orienta- da ; todas as de mais vellas redondas se de- quando o Navio tem algum movimento que não seja produ- zido só pela corren- te das aguas. Porque a inclina- ção do Navio para sotavento faz com- que os delgados da popa vão muito fora d'agua : e por isso a agua não pôde per- cutir o leme com to- da a intensidade da sua força : logo he necessária esta regra. Porque a resul- tante das forças do vento sobre cada vel- la he perpendicular (§. 9. ) á superfície da vella ; logo , sen- do as vellas paralle- vem pôr parallelas a j las , também estas re- cazos: i.° Quando o Navio não tem mo- vimento : 2.0 Quan- do o movimento do N. fôr só produzido pela corrente das a- guas. es- 46 Memorias da Academia Real ^i?^' ^^fcá^^^i^^^í^^íí^^rf^^^^^^i^^i^^^^^is*^ : Regras. I I i~ ^ essa , isto he , devem- tf se pôr as vergas pa- tí rallelas. VII. Quando a forca (L do vento for tal , que k possa fazer inclinar (i* o Navio de 4 pesaté /» ,- : Deve-se diminuir ^ de pano , e muito principalmente das vellas as mais altas , como são os joane- tes &c. VIII. Não sendo o ven- to muito forte , como o havemos supposto na regra 7.a Qucren- ; do então aproar bem ao vento , e dar ao Navio a maior velo- cidade ; isto he , pa- raque hum Navio bordejando possa che- gar em o menor tem- Vantagens. sultantes serão paral- lelas ; e por isso a resultante total terá a direcção , que se queria. Porque a estabe- lidade (§. 5. ) dimi- nue , quando diminue a área do plano de fluetuação , o que po- de accontecer , nas maiores inclinações : de maneira , que lo- go-que o metacentro chegar a coincidir com o centro de gra- vidade o N. perderá a cstabelidade. Esta he a reso- lução aproximada que dá Mr. Eu/cr deste problema. Inconvenientes. Não se deve po- ' rém omittir ;que to- das estas soluções •, 1 são fundadas na 6up- i posição , de que as j vellas não tomão cur- ;, vatura alguma pelo # eífeito da força do !>b vento : o que he fal- i so na prática. \ tem- £0 RBI8 DAS SciENCtAS UE LlSBOA. 47 l c : i^; -^T^i^Ji^iíR^^-i^ir&^í^^ i i^:^^: ^ rí=i fi ^rL z Kr gr as. po , a hum lugar collccado na mesma direcção do vento. Deve-se largar todo o pano ,e orientaras vellas de modo que as vergas facão com a quilha hum angulo de 2J.°, e o angulo do vento nas vellas , seja proximamente de 26." Vantagens. Achão-se na Theo- rica de Construcçao , e Manobra dos Na- vios de Mr. Euler algumas taboas , que servem para resolver este problema. IX. Dada a direcção do vento com a der- rota , isto lie , o an- gulo , que faz a di- recção do vento com o rumo , que se de- ve seguir ; determi- nar os ângulos , que deve formar a verga com a quilha , ccom a direcção do vento , paraque o Navio ad- quira a máxima ve- locidade. A experiência , junta com alguma tentativa ,será talvez na pratica a regra , e formula mais expedi- t í para resolver este problema. C A L- Inconvenientes. lugar. Além disso as i') mais das vezes os an- J) gulos , que as vergas ^) devem formar com % a quilha para o N. K obter a velocidade ik máxima , são muitas I vezes tão pequenos , que he impraticável segundo o aparelho 1 do j\T. o poder bra- ? cear as vergas , como # convinha. fy 48 Memorias da Academia Real * CALCULO DAS NOTAÇÕES. A I.« PARTE Por Francisco Simões Margiochi: A II.» PARTE Por Mattheus Valente do Couto. INTRODUCÇÃO. G R a n d e s Analysras tem notado a Analogia dos ex- poentes das differenças com os do binómio , mas esta nota tem sido huma conclusão de Theoremas laboriosamente acha- dos , e não hum principio para os achar com facilidade at- tendivel. Fazer admissível e mais geral este principio , e paten- te a sua utilidade he o objecto deste escripto. Para isso precisamos pedir poucas innovações no algo- rithmo recebido , que nos devem ser permittidas pela sua simplicidade e grande uso. * Esta Memoria foi apresentada :i Academia na Sessão de 4 de No- vembro de 1812. I.1 DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 49 V PARTE. i. X O, 1 r V entendemos o estado variado de qualquer funeção ; assim he V

(x -4- i ,y ■+■ /') =

(x,y) X = ( x , y , &c. ) 6. A he o signal da diferença de dous estados conse- cutivos de huma funeção : assim he A x — V x — a' , e Tom. III. Part. II. G A $ 40 *v~I3 yo Memorias da Academia Real <$ (# >j0 = 4* (.V -*" A * ,jy 4- A/) — <$X*~iy) • 7. 2 hc o symbolo do calculo inverso das difivrenças , ou inverso do calculo significado por a ,'c que applicado, depois que este o foi , a qualquer íuncçâo a faz apparecer ; assim he 2 a « — «. 8. íieAao as caractcristicas dos cálculos differcncial c integral ; c he também fã n := ti. y. Seja a hum multiplicador constante. Os Symbolos a,F,R, A , 2 , d ,f quando concorrem não tem prioridade. Neste e nos três números que o seguem daremos somente as demonstrações que bastem para achat- as das combinações análogas. I. yari) — A

* — fx — A -+- /') = a r (x,j). » y II. A ò.f>(x,y) = A(V(*,jy)>) = A V

OoO- jc y x x y x Do mesmo modo que temos discorrido nestes quatro núme- ros para huma ou duas raizes , se pôde discorrer para mais , c podemos deduzir o seguinte Principio Fundamental. 13. Em quanto « não he funeção determinada ; os sym- bolos Ir,R , A ,2já,/\ e os seus parciaes podem ser trata- dos no decurso do calculo como multiplicadores , reservan- do a sua significação para o fim dellc,e a forma da func- çSo. Neste principio consiste propriamente o que chama- mos Calado das Notações. i Axioma. 14. Operações idênticas feitas sobre funeções iguaes dão resultados iguaes; pois isto he o mesmo que dizer funeções idênticas de raizes iguaes são iguaes. G ii Ap- \btâ&m.^te 40 RE13 ja Memorias da Academia Real Applicaçoes ao Calculo directo das Differenças finitas. ijt. Pois he Vu — ti — a u , ou Vu = u -+- A«,scrá pelo principio fundamental Vu = ( 1 -+- a ) h , isto hc a ope- ração denotada por V idêntica com a denotada por i + a, c logo pelo Axioma será V Vu — (i 4- A)(i ■+■ A)»=:. (i 4- a):«,c também V u = (i-f- A)" * — »4-»A»4-« - L A2 « 4- » » - ' * ~ 2- A' u 4- &c. i 3 Esta formula he o fundamento do Theorema de Tay- lor , e este o de todas as applicaçóes do calculo differencial aos desenvolvimentos das funeções ,e á Geometria curvilí- nea. 1 6. Do mesmo modo he A » == Vu — « = ( V— i) u , e também n — i -," — 2 A" u ■=. ( V — i)" » = V u - n V » 4- » — - T " » » »- * .»- - r" '« 4- &c. i 3 Por exemplo : seja u = Sen. tf , será A2 Sen. x =. Sen. ( x 4- li) — 2 Sen. ( x + /' ) 4- Sen. x = 2 Sen. (# 4- *') Cos. i — 2 Sen. (x 4- *) = a. Sen. (tf 4- /") (Cos. í — 1 ) r= — (2 Sen. ^ A5 Sen. (tf 4- i) = • — ( 2 Sen. -»Y( a Sen. tf 4- Sen. tf) , e logo a" Sen. x = a""2A2 Sen. tf = - (2 Sen. ; ^(a"-1 Sen. x +... A"~3Scn. x) . Formula dada por Le Gendre para a for- ma- X ' p das Sciencias de Lisboa. 5-^ mnçío das Taboadas dos Senos : Vcja-sc o Cale. de La Croix N.° 838. 17. He Vu = V (V) h (significando (F) nesta ulti- X ma expressão o estado variado relativamente a todas as raí- zes excepto a x já expressa) — W (V)u (significando- ( V) nesta ultima expressão o estado variado relativamente a todas as raízes excepto a x e y já expressas ) , e assim por diante. 18. Omittiremos a funeção « para maior liberdade , e por não haver nisso perigo ; e será annexada quando a jul- garmos precisa : assim cm vez de dizer que he — « — a « — Fu, diremos que he — 1 =: a — V =. L* — V =r (a) X X — ( V) , e que he A 2 = 1 = R F, &c. 19. He P? = :Vn~ V = r" — 1 -+-rn- 1 A ,,n — 1 = V -t- vl 1 — 2 /-1 A* = r- 1 V' 1 — 2 A -f- r A2+... V' "5A'=: &c. ; cheorema uti 1 nas interpolações, que vem no c. de la Croix N . 883 com esta forma « = n « ■ ■+- A « - I S ■ 2 ■+■ A1 u ... + An" ~2 » -+- An~ ' u + A°*. n - f 1 20. He a = r - 1 = VVV... — 1 = X J 1. (, + ?)(' + f)C + t)...-I)=logo i-.= |(. +í)(l * f) (■ + {)'.- - i|-»;Thco- rema de La Grange que pôde servir para achar com se- gurança a differença de qualquer ordem de huma funeçao de qualquer numero de variáveis. V. C. de La Croix N. 869. ai. 5-4 Memorias da Academia Real >i. He *« = (r-i)- = (r+t-0"---- /A+r(( r) - 1 )y _ /a + r(A)y _ ( a +. Fa +rr« » -4- I , »4-I»H-2a — £!£"«=:»» — » A u -4- » A2 u &c. ; o primeiro membro he hum integral somma defi- nido, e os seus limites , sendo u = fx , são *,e » -»i. V. C. de La Croix. N.° 912. 11/ DAS ÒCIENCIAS DE LlSBOA. J7 IIa PARTE. 28. ÍV Up postos todos os principios , que se esta- belecerão na primeira Parte , passaremos a fazer uso delles , nas applicações , que fizermos ao Calculo, que depende uni- camente de Differencíaes com exponentes inteiros positivos, c negativos, isto hc,ao Calculo Differencial e Integral ; e depois ao Calculo , que depende simultaneamente de Dif- ferencíaes e DifFcrenças tanto com expoentes inteiros posi- tivos , como negativos , isto he , ao Calculo ( que chamare- mos) de Differenças mixtas. E para isto será conveniente lembrar os seguintes Princípios. 29. Sc for 11 = 4> (x,y8cc.),d a differencial total de 7< ; d a diffctcncial de « relativa à x ; d só àjy ; &c. ;c (d) X y a differencial a respeito de todas as mais raizes : he d™ . d"u =r d «, ou rf . d — d ; e + « ( — " ) — — d \ d . d — d . d ; d (d -H d" \ =z d d -+- d d ; &c. ; isto he , X y y x \.v y J x y que se póJc livremente trabalhar com os Índices differen- ciacs , como se fossem coefficientes algébricos ,( N. 13.) 30. Em vez de das Sciencias de Lisboa. $y 35". Corollario. Proposta huma expressão da forma seguin- te ti . d y + tt . d y-^-u.d y ... 4- ti .y para que esta seja a diferencial exacta da ordem n de huma funeçuo fini- ta n y , he preciso que seja ti = iidttyti = « — l d2u &c. , c ti = d « : e estas são as equações de condição (*) . 36. Achar í" u d x ; e f ti d x. He/" = ,rn=(f+f)-n=: d-n-nd ,-c«+o » + I ,- C " +" 2 ) ,2 ) . Poishe/^á-^^^-^-Slogo (d"1- (... -dU.r1 y-dU.d~*y 1 n — 1 n n — 2 n — 1 - ficc -dJC/.á 2y-d{U.d ly+Scc. n — 3. n — 1 Logo hef(u.dny + U.dn~1y-hU.d"~*y...-hU.y) = .... 1 2 « V.dn~1y + {U-^dU)d"~ 2y + (U— dU-hd*U)d*~ly ....+ 1 21 (y- dU +■ d* U— . . .±d"~ * U)y ; se for U-dU-hd1 U- .. .. n— 11» — 1 n — ] 11 n — i n — 2 + d U=. o } a equação de condição : e basta só esta , porque dasScienciasdeLisboa. 6t os cocfficicntcs de d ,d , &c. , são as difTerenciacs íucccs- sivas desta, e por isso deverá também ser dU — d U+- . . n n — I + /+' U=otf U-d'U+...± d" + 2U=zo,8cc.;Thco- m n — I rema mui útil no Calculo integral , c que lie devido a Euler. 39. Se for U '. d" y -+- C7" . d* y . .. -\- U . y ■+- X. d"z •+- I n X.d z ...4-Ar.s huma diffcrencial exacta , serão U ■ n >» dU + &c. = o , A' — d X4 &c. — o as equaçõ s de con- n — I n n — 1 dição , para que a proposta tenha hum integral da ordem immediatamente inferior. 40. Assim como da proposta U . d y -+- &c. se passou pua huma expressão differcncial da ordem im media ta mente inferior , que he o seu integral ; assim tambem se poderia com hum expoente — m cm lugar de — i ter passado pa- ra huma do grão « — m , e achado as condições de inte- grabilidade. 41. Sendo K G U./Sy +U.d"~' Zy . . . +■ U. Sy j achar í ÍC. Pois t = d , e f - (( d -+- (2 Memorias da Academia Real 42. Corollario. Sc for £ só runcçáo dejy, cntao ( por ser í = d , c neste caso f= d~ ' ) será Ç = U d" y -\- y J y ' (U - dU)d"-ly...+ (U—dU +,..-.. i .v"; achar ÍRr xm dx. Seja (d -+- (d))-1 = de dar muitas descubertas úteis , e importantes na Ana- » lyse. »» Em huma Memoria de La Place sobre o uso do Cal- culo das Diffcrcnças parciaes na Theoria das Serie"; , aprezen- tada á Academia das Sciencias de Paris em 1777, este cele- bre Cieometra , ralando de La Grange , diz que vai mostrar á priori a analogia das potencias , e differenças , que elle achava tão diificultoso , c isto por hum methodo (senão *c engana) tão directo e simples , quanto se podedezejar. He todavia o que o Cavai. Lorgva mostrou nas Memorias de Turim para iy'06 , e 17S7 não ter La Place conseguido, mas somente demonstrado a dita analogia á posteriori. Nesta Memoria o dito Lorgna foi muito adiante dos que lhe pre- cederão , sem com tudo chegar ao que se dezejava ; isto he a hum Principio demonstrado á priori, do qual se partil<;c com segurança , de que serião genuínos , c verdadeiros os re- sultados , que se obtivessem pela sua applicaçao e emprego. Assim ficou este ramo de Analyse , cm que havião tra- balhado os maiores Geómetras sem conseguirem a demons- tra- das Sciencias de Lisboa. 67 tração a priori da analogia observada entre as potencias , e as difierençiaes : analogia , que no Calculo das Notações do Sc. Margiochi hc huma simples , e manifesta consequência do seu Principia Fundamental , que se acha demonstrado á piiori ; e hc tão simples , geral , e fecundo, que com a mes- ma facilidade verdadeiramente admirável conduz aos mais diflkultosos theoremas assim do Calculo Infinitesimal , como das Diferenças finitas directo e inverso. Nos primeiros §§. da Memoria se expõe a Notação que se pertende empregar , e a significação dos symbolos que entrao neste Calculo: e vem a ser os seguintes : d , /~ a , £, V, R , rt;os quacs por sua ordem representão Diríe- renciações , Integrações , Differenças e Sommas finitas , Varia- ções c Restituições do estado primitivo das funeções , e fi- nalmente coeficientes constantes. He destes symbolos , que somente se trata ; e a respei- to dcllcs se demonstra no §. $> não terem prioridade , quan- do concorrem ; isto hc , que applicando-os a qualquer func- ção c cm qualquer ordem, se chegará sempre ao mesmo re- sultado ; ou em outros termos , que praticando suecessivamen- te as operações indicadas pelos symbolos , que precedem a qualquer funeção , em qualquer ordem , o resultado de taes operações será sempre o mesmo. Demonstra-se mais no §. 10, que huma somma prece- dida de qualquer destes symbolos hc igual á somma dos seus termos precedido cada hum do mesmo symbolo. E no §. 11. finalmente, que concorrendo os symbolos precedidos dos signaes -+- e _ , tem lugar também as regras da mul- tiplicação para os íignaes. Isto posto, se a , b ,c ,d, &c. forem quaesquer destes symbolos , teremos pelo §. $>. abe d &c. =z abdc &c. r= ac b d &c. = &c. ; pelo §. 10... a (x -+- y ■+- &c. ) r= a» ■+- ay ■+- &c. ; e peio §. 11. . ax — b = — ab , — ax — b> z= ab , &c. Ora estas são as propriedades dos multiplica- dores, como se sabe pela Álgebra elementar. I ii Des- 4.0 atis 68 Memorias da Academia Real Destes theoremas , cuja demonstração me parece legi- tima , deriva o Aut. no §. 13 , como consequência necessária , o seu Principio Fundamental do Calculo das Notações : a saber ;» Em quanto não he determinada a funeção, os sym- v» bolos podem ser tratados no decurso do Calculo , como n multiplicadores , reservando a sua significação para o fim j» delle , e a forma da funeção. » Parcce-me ser o seguinte o sentido do referido Principio. Quando tivermos huma equação , em que as quantida- des estejão ligadas entre si por quaesquer operações indica- das pelos symbolos , de que fallei , podemos formar outra equação , que chamemos symbolica , a qual represente ao nos- so espirito o nexo , e ordem de operações , que devíamos pra- ticar , e trata-la , como verdadeira equação. Havendo por exemplo demonstrado no §. 8 , que hc d.Ju = «, representando « qualquer funeção , podemos es- crever df = 1 , que será equação symbolica da primeira ; e = -3- £T d , C d — — r= Ç ; a cujo respeito devemos advertir , que nesta a uni- dade deve ser considerada, como hum coefíicientc constan- te , e conseguintemente ,como symboln f segundo se mostrou no §. 9. Tomemos outro exemplo da Álgebra elementar , o qual servirá ao mesmo tempo para provar , que os coefficientes constantes são verdadeiros Índices, e devem por consequên- cia ser tratados , como os mais symbolos do Calculo das No- tações. Se da equação m. — . n — u deduzirmos pelo Prin- cipio Fundamental a equação symbolica m. — = 1, esta a- presenta ao nosso espirito a idéa , de que qualquer funeção , sendo suecessivamente multiplicada e dividida por qualquer cocfficicnte constante, darã cm resultado a mesma funeção. Ora DAS SciENClAS DE LfSBOA. 6■> idênticas feitas sobre íuneções iguaes dão resultados iguaes >» cuja verdade me parece não poder soffrer objecção. Da combinação do Principio Fundamental com o Axio- ma derivão muito natural , fácil , e directamente todos os theo- remas , que no resto da Memoria servem de applicações do Calculo das Notações. Assim no §. 15- tendo f — 1 + a , será pelo Axioma V. V. = (1 -f a) (i -t- a) — (1 +■ a)2, e em geral V — ( £ 4- a)" =r 1 -+- » A + ti. JLn±A'+. 1 3 Poderá talvez parecer, que tal desenvolvimento só de- ve legitimamente ser empregado em quantidades ,e não em symbolos ; e que relativamente a estes não he por consequ- ência demonstrado á priori ; e por tanto que os resultados , a que conduzir , só poderão ter-se por seguros , quando por outra via se poderem obter : o que faria do Calculo das Notações bum Metbodo de inducção , cujos resultados iriao gradualmente adquirindo tanta mais probabilidade de sahi- rem verdadeiros , quantas mais das suas applicações condu- zis- 7/ — b he o mesmo que — \/ — a x V — b ;hc em huma palavra , porque tem as propriedades dos multiplica- dores. Muitos exemplos semelhantes poderia ajuntar (*): basta porém o precedente para o nosso intento. Ora_ ( * ) Para se expressar Sen. n % , e Cos. n x em series ordenadas a respeito das potencias.de Sen. x , e de Cos. a; , se desenvolvem as po- tencias (Cos. 3t"r~. y — i ,Sen. .v)", e todas adniittcm como genuínos os seus resultados. RfcIS DAS SciENClAS DE LlSBOA. 7 1 Ora os symbolos d,f, A , 2 , &c. , que se cmprcgao no Calculo das Notações , acha-se demonstrado nos §.§ Log. ( — k),&c. em cujo lugar não se pode escrever — \J u , — Log. « , &c. ME- DAS SCIENCIAS DE LlSBOA. ?J PENSAMENTOS, E OBSERVAÇÕES Sobre mui curiosos , e importantes objectos que se apresentao nas Costas de Portugal , e no fundo dos nossos Mares. Por José' Joaquim Soares de Barros. INTRODUCÇAO. H, .U m balanço da minha vida atirou commigo a Cezim- bra , sem eu saber para que hia ali ; mas o tempo me foi mostrando o que eu tinha que admirar na solidão d'huma larga praia , cercada de altos rochedos , e das soberbas ondas do Alar. Os tres Reinos da Natureza , dentro da terra e das agoas , se achão ali em mui pequenos espaços com vistas muito notáveis : largas massas de Mineracs penetrão escabro- zas montanhas , e oíFerecem ao trabalho dos homens obje- ctos de mui variadas utilidades : por outra parte no Domínio do Oceano , espalhados pelo seu fundo , se estendem abun- dantes pastos que dão sustento a infinitos viventes nas suas sombrias moradas. Por cima destes lugares, nos espaços de outro Elemento , vòa o povo miúdo das Aves, humas que nunca sanem desses destrictos , e outras que de distantes Paizes vem buscar naquellas partes o seu alimento c regalo, nos dias da ultima Primavera. Em fim para nenhum lado os olhos se movem , que não tenhão em que oceupar se , e que não dem muito exercido á reflexão com o prazer da no- vidade : mas deixemos por agora de parte estes objectos , que sempre podem ser vistos, e que pertencem á nossa mo- rada ; e não tratemos senão d'aquelles que em diversos tem- pos se encontrão , e por differentes acasos ; não tratemos se- não de huma parte desses innumeravcis indivíduos , que nas- Tom. III. Part. II. K cem 40 -REIS 74 Memorias da Academia Real cem c vivem em perpetuo silencio no escuro fundo das a<»oas ; mostremos algumas considerações novas em quanto á sua natureza e rórma,e ás suas correspondências mais notá- veis , por effeitò daquellas especificas determinações para que elles forão creados , e a respeito de outros intentos que re- sultao do seu primitivo instinto assim combinado ; ou para o dizer com palavras mais vulgares , vejamos como a observa- ção nos vai guiando , c a nossa iutelligcncia descobrindo huma sorte de passagem , e huma communicação menos escu- ra em alguns lugares do commum e protentoso trabalho do Reino Animal , e Vegetal : vejamos como ao mesmo tem- po concorre para hum tão notável produeto a influencia , e a força da Matéria tão diversamente organisada : c como em fim por eflfeito destes novos passos se vão estreitando , aca- bao , c de todo desaparecem esses limites , que desde a exis- tência do homem até os nossos mesmos dias, se tinhão jul- gado por toda a parte invadiaveis. §. I. Em Dezembro , e Janeiro não apparecia nas praias de Cezimbra quasi nada da Alga da grande espécie , a que vul- garmente chamão Golfo ; aquella que pelo seu comprimento e largura , pelo tamanho , e figura da sua raiz de forma qua- si redonda , c de mui largo volume , seria então mais fácil de divelir pelo ímpeto das ondas , nesta occasião mais for- tes do que nunca. §. II. Desde o principio até fim de Janeiro não vi sobre as praias huma sorte de Chicorea ( Uiva Linza de Litt. ) , que já tinha visto em outros mezes ; planta que certamente pela forma das folhas , não menos que pelo crespo, e pela sua bella verdura , he cm tudo parecida á da terra , c de que ha huma prodigiosa abundância no seu tempo próprio , quasi ao longo da mesma praia , particularmente naquclles lugares cm DAS SciENClAS DE L( SUO A. Jf em que ha pedra e pouco fundo, c que nuueu o Mar des- cobre de todo na baixamar das agoas vivas» §• HL Em Maio apparece já muita Alga da grande espécie ; muitos Golfos se cncontraojá na praia, mas com baze ou raiz de pequeno volume , só de três a quatro polegadas de diâ- metro, porque ainda tem muito que crescer. A pparecem tam- bém algumas Alforrecus , e Estrellas , ainda que pequenas. §. IV. Em Junho huma grande quantidade de Golfos muita Chicorea , muita pulga do mar , Escolopendras , e hum prodi- gioso numero de Mtllepedes (a). §. V. Em Julho muitos Golfos tem já crescido considerável» mente , alguns tem hum pé de diâmetro, muitas Coralinas (Lytopbiios ) , muita Chicorca. §. VI. Em Agosto , o mesmo que no mez precedente ; exce- pto que ainda apparecem Golfos com maior baze , de hum largo pé de diâmetro. §. VIL Em Outubro apparecem os maiores Golfos, c em maior numero , algumas vezes com a sua folha de duas varas de K ii com- (a) Deve-se advertir que estas EscolopiiiJras não differem nada das terrestres ; senão em serem alguma couza mais esbranquiçadas ; são porém do mesmo tamanho ;e nâo tão grossas (as que vi y como diz Bomare Art. Cloporte. 40 HkiS 76 Memorias da Academia Real comprimento , e ordenada como de formosos penachos na sua parte mais superior : o interior destes Golfos serve de mo- rada a milhares de Insectos ;e de assento , apoio , e ponto fi-. xo a vários Lytophitos , e á maior espécie de Coralinas. Es- tes Golfos , assim chamados pelo vulgo , são notavelmente fos- fóricos , e algumas vezes durante o tempo da noite paredão brilhar como o lume mais ardente. §. VIII. Varias couzas , que interessão por muitas particularida- des á matéria que tratamos , se concluem destas observações ; a primeira que logo mui facilmente se vê , he que as plantas marinhas apparecem em abundância sobre as praias nos fins da Primavera , em tempo em que o Mar se conserva mais brando , e não padece tempestades ; suecede pelo contrario no tempo do mais rigoroso Inverno , quando as ondas batem com mais fúria sobre os rochedos e nas praias ; nem por isso appare- cem então sobre ellas estas plantas , o que bem claramente mostra , que ellas ou ainda não tem nascido , ou que o seu volume he tão pequeno que não dá fácil presa ás mesmas ondas. §. IX. A grande quantidade de animaes , que nesses tempos da Primavera principião a ver-se á borda d'agoa , igualmente nos mostrão que as suas respectivas gerações nessa mesma esta- ção se renovão ; e quando isto se não provasse tão completamen- te pelo seu numero quasi infinito, que então se observa mes- mo nesses lugares ; nenhuma duvida pode ficar , vendo-se sa- hir muitas espécies desses animaes , que vão augmentando em volume , e principiando então a crescer. §. X. D'aquclla sorte de Alga , a da maior espécie , conhecida nos dasScienciasdeLisboAí 77 nos nossos Mares , podem muitos dos nossos compatriotas receber hum grande auxilio nos annos de esterilidade. lista he a Alga Saccbarijera de que os habitantes de Irlanda fr/.cm uso para o seu prato cm salada: a nossa Costa , espccialmcn* te a de Cczimbra , he abundante desta planta, c não he só cm Irlanda , e em Escócia onde ella se acha , como dizem os Autores de Historia Natural. Esta mesma planta he a que produz, huma certa porção do melhor açúcar , o mais doce e puro de todos os que tenho visto , e ainda mais branco e mais cristalisado que aquelle a que os Erancezes chamão d la Royale , que he o melhor que se refina nas Fabricas ; e esse he o açúcar Irlandico de que fazem menção aquelles Autores , e que eu chamara com mais propriedade Plutnoso, não attendendo ao lugar onde se principiou a ra/er uso dclle , mas sim á forma com que muitas vezes se manifesta. Este açúcar forma-se sobre a superfície da folha do mencionado Vegetal , como huma espécie de cflorcsccncia , depois quá está por certo tempo ao Sal ; e para se tirar não he preci- zo mais nada , que sacudillo ou passar-lhe a barba de huma pena. §. XI. Esta planta que ao sahir do Mar , e a!n:ia depois pare- ce mui oleosa , vai perdendo esta propriedade por meio da sobredita cflorcsccncia , de sorte que o sabor açucarado do sou Sal , parece ser o resultado da combinação de hum Sal neutro Fosforico-terroso com a matéria pingue ; e isto pa- rece confirmar-se , porque á medida que a parte oleosa en- fraquece ou viiminue , o Sal da cflorcscencia que depois se segue , já não tem a mesma doçura , e vai declinando para o Acido Fosfórico , combinado com huma porção de terra ab- sorvente. §. XII. Aquella planta marinha com a forma , e a côr da Chi- corea ordinária (que he quasi sempre mui verde, quando não he 78 Memorias da Academia Real he preparada para se fazer amarclla e quasi branca) he que também no tempo da esterilidade pôde servir de sustento 5 cu a provei , e o seu sabor não he amargoso nem picante , nem tem absolutamente nada de ingrato ; c creio que prepa- rada cm salada lizongcará mais o gosto , e terá mais votos a seu favor , que a d'aquella espécie de Alga de que ainda agora tratámos ; e também me parece que preparada em Cboiicraut ou Savcr-Kraitt á maneira dos Alemães , poderá por meio desta fermentação passar ao estado acetoso , e ficar as- sim mais agradável. §. XIII. Pensámos que seria conveniente fazer estes reparos , e dizermos estas poucas palavras sobre aquellas sobreditas ob- servações , para agora com estas antecedencias passarmos a tratar de outros artigos , em que nos demoraremos mais pe- lo seu interesse e novidade. §. XIV. Entre os innumeraveis habitantes do Mar , nenhuns achão tão ficil morada sobre os corpos que se encontrão debaixo das suas agoas , como aquclles Vermes terríveis , conhecidos com o nome de Xeredo , que penetrão o mesmo ferro , e todo o corpo dos Navios , e os põe nos maiores perigos : a planta, a madeira , o vidro, a pedra , e o ferro tudo lhes serve de assento , e ponto fixo para o trabalho de suas ca- sas, e para as irem sempre augmentando á proporção que vão crescendo : mas nada lhes agrada tanto , como laborar na ma- deira , aonde parece acharem logo , á medida da sua obra > hum proporcionado sustento ; ali mais do que em nenhuma outra parte , vai o seu corpo augmentando em prodigioso volume, a respeito do que era no seu principio , quando sahc de hum pequeno ovo apenas visível. He aquelle tcmivel animaculo que ha poucos annos poz na maior consternação a Zelândia , c que na Europa tem causado tão graves cuidados a todas as Na- DAS SciENCIAS DE LlSBOAi 7p Nações Marítimas ; de tal sorte que as Nãos que hoje vem is forradas de cobre são os effeitos desses mesmos cuidados , além d'outros expedientes que se tem discorrido para obviar a tantos riscos. Nao segue ellc sempre em o seu destruetivo trabalho o fio da madeira , como dizem vários Autores que entrarão neste exame ; nem tão pouco, ao encentrarem-se hum com outro destes Insectos na continuação de huma tal obra , cn- trao em combate até hum delles ceder , ou perder a vida : antes o contrario succeJe quando estes terríveis mineiros se vão aproximando hum ao outro , pois tenho visto furos em pedaços de madeira com direcções tão diversas , que parece que em taes encontros hum d'ellcs cuida logo em desviar- se , por ser trabalho frustado o de semelhante concurrencia; §. XV. Não faz menção a antiguidade de hum animal tão no- civo ; andavão mais de tres annos sobre o Mar as Frotas de Salomão , tornavão ao lugar da partida , e sabemos quê assim suecedia sem se nos dizer nada de taes perigos. Nada se refere a este respeito no celebre Périplo de Haunon , c na lon- ga navegação de Pitheas , nem Homero mete isso em conta entre os grandes trabalhos de Ulysses ; e he mais que tudo bem notável, que na Historia dos nossos Descobrimentos os Autores Portuguezes não digao sobre tal matéria nem hu- ma só palavra. Virião por ventura d'outro hemispherio tão nocivos animaes , e terá talvez esta época huma data mais mo- derna ? Não passa de setenta annos que huma Esquadra Fran- ceza os trouxe das Antilhas a hum dos portos de França ; assim o dizem alguns Autores como de hum notável ponto de Historia ; mas não parece verosímil que os nossos celebra- dos Navegantes não encontrassem hum tão terrível inimigo em tão longas viagens , e cm tantos Mares de tão differen- tes climas ; e certamente o encontrarão : assim o devemos pensar pelas precauções que elles tornavão • pois fazião uso da composição de huma matéria defensiva com que guar- ne- 8o Memorias da Academia Real necião o forro que punhão sobre o casco do Navio. Con- servo huma pcrreita lembrança desta noticia que li em hum livro de Arquitectura Naval , impresso neste Século cm Ho- landa , e com varias estampas sobre a construcção do Navio : e he certamente bem digno de reparo que aquelles Aurores referidos tcnhão ignorado huma tal noticia ; mas quando isso não fora assim, nunca tão facilmente me capacitara que em muitos lugares do nosso hemispherio se não encontrem esses perigosos inimigos dos nossos Navios , esses Vermes que pelo que obrão mui propriamente se podião chamar Verru- mas. Não me demoro por agora em mostrar sobre este pon- to muitos factos que o confirmão , porque sem ir além dos nossos Mares , sem ir mais longe dos que banhão as praias de Cezimbra , ahi mesmo veremos antiquíssimas e mui po- voadas colónias desses mesmos inimigos. §. XVI. Não trato aqui de distinguir as suas espécies , as suas armas , os instrumentos com que ellcs atacão toda a matéria lignosa , toda a sorte de madeira ; não direi em que estes diífercm dos da Africa e da America; nem também por ago- ra mostrarei qual he a matéria que elles não podem pene- trar nem destruir , não obstante não ser esta de consistência extremamente rija: somente me contentarei com dizer duas palavras sobre a forma destes animaes que habitão as nossas Costas , e como de tempo immemorial estes , ou outros da sua espécie aqui se prepetuão e trabalhão. §. XVII. Espalhado sobre o fundo do Mar toma esse pequeno vivente sobre qualquer matéria hum ponto fixo , seja pedra , seja planta , seja concha , seja ferro, seja cm direcção recti- linca , circumvoluta ou espiral ; e fabrica a sua casinha de forma tubular e cónica, que clle vai sempre augmentando em UAS SciENCIAS DE LlSBOA. 8 I em dimensões , á medida que o seu corpo vai crescendo com semelhante figura. Este faz lembrar o das Minhocas , exce- pto que na sua parte anterior tem como o feitio de hum escudo umbilicado , ou prominente no seu centro ; c este he O instrumento do seu terrivel trabalho. Não muda nunca de casa senão quando a pode fazer na madeira , que elle vai furando e destruindo; cm quanto tem que minar , c que oceupar-sc nesta obra tenebrosa , não pa'ra ; talvez porque d'isto mesmo dependa a sua mais longa existência ; ao me- nos he certo, que de semelhante morada elle tira o seu aug- mento em corpulência , pois nunca encontrei tacs Vermes em cutra nenhuma parte , de hum tão grande volume. §. XVIII. Hum tempo porém ycm depois no espaço que corre o armo , em que he preciso deixar sua primeira casa , e cm que lhe importa sahir delia todo nú,e ir pelo fundo do Mar sem nenhuma sorte de reparo, sem camiza,nem capa ; huns anula com o seu humor ou sangue muito vermelho , outros com elle já amarello , ou ainda mais desmaiado , e já tiran- do para o branco. Eu não sei o que então lhes succede,e quacs são os seus diversos encontros , e só poderei dizer al- guma couza de huma das suas espécies, que eu penso ser entre todas certamente a mais notável. He a huma sorte de Corallina , a de maior porte , aonde parece que o seu ins- tincto o conduz , como á couza mais dezejada ; ali parece terminar todos os seus intentos , e não procurar mais nada. Nessa planta firma elle a sua pouzada , e ali se fixa , e se implanta , pregado pelo seu escudo como mordendo-a , le- vantada a sua cauda , e com todo o comprimento do seu corpo perpendicular a hum ponto fixo , quasi sempre 4 baze da dirá planta; ficando assim de todo immovcl sem jamais mudar de postura. Pouco a pouco se vai depois mirrando a sua pelle , que d'antes era molle , extremamente delicada, e mui húmida , no tempo em que elle vivia coberto c den- Tom. III. Part. II. L tro ' '1-0 - 8i Memorias da Academia Real tro da sua casa , c se vai condensando cm huma membrana da consistência e macio de mui branda pelicula , ou de hum mui fino pergaminho ; e logo por baixo desta apparece ou tra semelhante túnica , também de huma consistência mem- branosa e resistente , mas de huma côr azulada escura. XIX. Por mui repetidas observações que fiz sobre huma tão extraordinária mudança , vim em fim a conhecer que poref- feito d'aquelle contacto , e pelo tempo que o animal se con- serva assim tão fixamente implantado n'aquella planta, rece- be huma sorte de caprificação muito mais admirável que a que se pratica em huma qualidade de Figueiras com huma es- pécie de Mosquito ; rezultando desta operação ficar o figo ma- duro , o que sem ella nunca suecederia. Por huma semelhan- te operação fica a Corallina Keratophita disposta de modo próprio a estimular , e a attrahir hum infinito numero de animaes microscópicos do género dos Polypos , e a convidai- los ao trabalho de forrar ou guarnecer aquella planta com huma capa , ou camiza , desde a sua baze até ás suas partes cu X) iltares y ou extremidades mais elevadas; no que elles se emprega*) logo incessantemente , preparando com "differentes cores , e argamassando aquella matéria calcarea , que forra todo o corpo da sobredita capa. §. XX. Nesse mesmo tempo ordinariamente se vâ sobre a ba- ze , ou a parte espalmada da mesma planta, hum grande nu- mero de ovinhos , todos dispostos em liz mja , huns ao pé dos octros, com semelhantes intervallos ; huns amarellos, ou- tros pretos , e cada hum dellcs com o seu pésinho d'esta ultima còr, e da grossura de hum çabello , virados para a mesma parte , com huma igual inc-linaçao para o mesmo pla- no ; c tudo coberto de huma matéria gelatinosa , amarella , clara e diáfana como o mesmo vidro. XXI. DAS SciENClAS DE Li S BOA. 8} §. XXI. Entre tão curiosas observações , não devo omittir huma bem notável , e bem necessária para o que se intenta mostrar, e vem a ser : que nunca vi nenhuma destas plantas com aquel- lc animal implantado como fica dito , sem que ella estives- se revestida de huma semelhante capa ; assim como também jamais encontrei nenhum desses pequenos animaes implan- tado cm outro qualquer tempo , ou de outro qualquer modo oceupando ali algum lugar , cuja planta se achasse assim re- vestida ou forrada de huma tal camiza. §. XXII. De tudo o que fica referido mui naturalmente se co- nhece , que são os taes Vermes que exercem huma principal funeção nesta obra das Corallinas , e que elles atrahem os obreiros , que devem trabalhar na camiza d'aquellas plantas ; podendo assim considerar- se , que a planta he como o ter- reno , o Tcredo como o Lavrador que chama e dispõe os trabalhadores para a obra , e que estes trazem ao mesmo tempo a semente que deve produzir a novidade , que he hu- ma segunda planta que serve de capa á primeira. Com se- melhante razão se conclue,que aonde se encontrarem essas plantas Kcratopbitas , e sobre tudo essa grande espécie de Corallina assim revestida , ali deve haver aquelles bichos Ver- rumas ; e que nos espaços do Mar aonde essas mesmas plan- tas se acharem como nuas , sem o dito forro ou camiza ( co- mo suecede cm toda a grande extensão do Mar vermelho segundo se tem observado ) , nesse cazo não terão os navios que temer nada de tão terriveis inimigos. Em fim outra cou- z.a mui notável se conclue destas observações , a saber , que não he da natureza dessas plantas o serem assim necessaria- mente forradas , e metidas dentro de outra planta formada com a mesma figura, e fazendo como oofficio de huma bai- L ii ' nha j S4 Memorias da Academia Real nha ; c que além disso o caracter especifico de toda a sorte de Corallinas consiste em ser huma planta a obra do Reino Animal , que determina e forma diversas figuras sobre suc- cessivas ramificações Vegetaes. Ultimamente d'esta caractris- tica , e de todas as observações que servirão para formalia , se deduz que estas plantas Kcratophitas não são verdadeiras Corallinas («),e que só devem entrar nesta denominação as que tem esta propriedade de que certamente não gozão as plantas Kcratophitas ; pois que o trabalho do animal não se determina , nem especifica nestas ultimas com differentes for- mas exteriores , sobre huma semelhante figura. (a) Estas plantas Kcratophitas , que pelo seu pé , e pelo corpo em cjue assentão , mostráo lo°o o seu caracter especifico de falsas Corallinas , cres- cem e nutrem-se primeiramente como Vegetaes, mas logo sem mudarem de typo quanto á fóima da Vegetação , váo passando com maior volume á natureza animal. Quando ella principia a vegetar , o seu pé , e parti- cularmente os seus primeiros lançamentos não parecem senão huns pou- cos de fios de esparto , separados na sua parte superior," prezos na sua baze cjuasi sempre redonda e chata , formando quasi huma espiral bem unida , e ligada : tudo se muda porém logo depois ; em poucos dias aquel- les fios se ligáo,eváo já compondo hum pequeno tronco mui flexível, c mui elástico , com mais ou menos transparência , e como envernizado. Elle parece composto de huma matéria gelatinosa , mais ou menos clara e branda , e mais ou menos tinta de amarello. Está dito quanto á natu- reza da matéria o que se pôde logo conhecer pela vista e pelo tacto ; e tudo isto se confirma pela combustão, e por diversos processos chiror- cos donde rezulta huma porção notável de Alcalino Volátil , e hum chei- ro que mostra constantemente o caracter de matéria animal. He porém mui diverso o rezultado da substancia que constitue a sua baze ; posta so- bte huma luz ella dá o cheiro que se costuma observar na cortiça quan- do se queima ; reduz-se a cinza, e não faz nenhuma labareda. Succede tudo pelo contrario com aquella parre do tronco despido de toda a guar- nição dos Polypos,que por ser de matéria calcarea posta a mesma luz recebe em pouco tempo a cor de braza , e dá hum cheiro desagradável. Como ninguém que eu saiba aré hoje observou aquellr. planta nos seus primeiros rudimentos , nem tão pouco na espécie referida fez a sepa- ração do pé da planta de todo o resto do corpo , mal podia descobrir estas diíferenças tão notáveis , queimando toda a planta juntamente , e de- terminar o que em semelhante rezultado pertencia á matéria animal , ou á matéria vegetal. ME- to *rn' AS SciENCIAS DE LlSBOA. 85" MEMORIA Sobre a pcrtendida chuva de Algodão , que cahio em alguns lu- gares das vizinhanças desta Capital em o dia 6 de No- vembro de 1 8 1 1 . Por Sebastião Francisco Mendo Trigozo. U d o o que o commum dos homens vê poucas vezes , e de que não sabe facilmente dar a razão ; tudo o que em si , ou nas circunstancias de que he accompanhado , mostra algumas apparencias extraordinárias ; he mui sogeito a ser transformado pela imaginação em prodigio : a nossa natural inércia dando-lhe huma origem supersticiosa , poupa-se ao trabalho de indagar as verdadeiras cauzas fyzicas ; e se aca- so o temor chega huma vez a apoderar-se dos ânimos , não ha desvario em que o homem não caia , tudo lhe parece terrível e funesto. Em os dois annos que acabão de passar , virão-se al- guns fenómenos desta natureza , que sendo para o Filosofo matéria de observação , tornarão o Povo attonito , e assusta- do : todos se lembrão ainda por exemplo da inesperada ap- parição dos Flamengos em as vizinhaças de Almeirim , que derão motivo a tantos discursos desarresoados ; mas posto que estas aves fossem entre nós desconhecidas , foi fácil com- prehender , como sendo costumadas por sua natureza a via- jar cm os Paizcs meridionaes , algumas poderião ter-se per- dido do seu caminho , c seguido o Tejo ate- a'quellas para- gens : o ultimo porém destes fenómenos suecedido ha poucos dias , e que fará o objecto desta Memoria , he tão novo , ou ao menos tão raro entre nós , que he sem duvida digno de entre- ter por alguns instantes a attenção deste Congresso. Em 26 Memorias da Academia Real Em o dia seis do corrente mez de Novembro entre as onze horas c meio dia , estando o tempo claro e sereno , hou- ve em alguns lugares não mui distantes desta Cidade hu- nia espécie de chuva de flocos brancos como de algodão , que cahiáo das nuvens , e cobrião o ar . Em o Lugar de Li- nha a Velha , e em hum raio de meia legoa de extensão , se vio esta chuva extraordinária ; parecia estar nevando : o vento tinha passado ao Norte algum tempo antes, c apenas assoprava ; os flocos vinhão descendo muito lentamente até aos campos , arvores , e telhados que ficavão alastrados delles : em Azeitão , Palmella e em huma grande extensão de ter- reno circumvizinho suecedeo o mesmo , e d mesma hora : o Lugar porem d'onde pude obter informações mais exactas , foi do meio do Tejo em direito de Valada , aonde hum amigo meu que vinha embarcado para Lisboa, foi testemu- nha do que vou a referir. A pouca distancia d'aquella Povoação ás onze horas e meia da manhã , vio-sc sobre o Tejo , em a maior altura da Atmosphera que os olhos podião alcançar , huma immensa ouantidade de flocos de huma brancura extraordinária , e se- melhantes aos que apresento ; vião-se ir descendo pouco a pou- co seguindo a direcção do vento , que era a mesma que tra- zia o barco , o qual em pouco espaço ficou coberto delles , e de huma immensidade de Aranhas, que com a maior agili- dade corrião por todos os lados. O Tejo ficou coalhado dos mesmos flocos , e Insectos, que nadavão com muita li- geireza por cima da agoa : mas como o barco vinha sempre navegando , desviava-se do lugar da Scena , que o accompa- nhou por mais de meia hora , não cessando durante este es- paço de cahirem os Insectos e os flocos , que clles mesmos se vião vir tecendo pelo ar. A simples inspecção bastaria para fazer conhecer , que estes flocos ou filamentos erão verdadeiras teas : o seu aspe- cto e finura , o tacto unctuoso e pegajoso que conservão ; a desigualdade de grossura de huns para outros fios, o bri- lhante setoso que tem , provarião isto , ainda mesmo que o ob- 40 J DAS SciENClAS D E LlSBOA. 87 observador não tivesse prezenciado a sua formação , e a pre- zença dos Insectos , muito mais racil de conhecer em hum barco do que em terra , pois nesta apenas as Aranhas cahiao , se sumião immediatamente ; motivo porque muitas pessoas que virão descer os flocos , não derão fé d'aquclles animaes , nem se lembrarão que cllcs poderião ter parte em semelhan- te fenómeno. O observador de que acabo de fallar, teve a inadvertên- cia de não guardar nenhum d'estes Insectos; mas as diflferen- tes espécies comprehendidas debaixo daquella denominação genérica são tão vulgares , que he quasi impossível , ainda ao menos perito , podellas equivocar com quaesquer outros : sendo certo que em toda a ordem dos Apteros apenas ha o género Vhahmghim , o qual tem em o seu habito externo bas- tante semelhança com as Aranhas ; mas não sendo agora oc- cr/.ião de tratar dos caracteres que odestinguem , basta não ter o Pbalangium a propriedade de fiar , para não poder ser confundido com ellas. Isto posto fica certo , que os Insectos que cahirão crão verdadeiras Aranhas, ainda que não seja possivcl determinar a sua espécie, tornando- se somente pro- vável que fossem d'aquellas a que os Naturalistas France- zes chamão Aranhas dos Campos, e a que Homberg dá tal- vez impropriamente o nome de Aragné fancbeux. Seja porém qual for a sua espécie ( o que somente a vista podia decidir, e que absolutamente fallando he pouco interessante ) temos que averiguar o principal ponto da ques- tão ; e he,por que modo aquella prodigiosa quantidade de animaes subio áquella altura , c foi depois obrigada a tornar á terra , envolta em huma tão grande porção de fios , que fez persuadir o Povo que erão flocos de algodão os que ca- hião. Em todo o tempo forão conhecidas varias espécies de chuvas extraordinárias, que muitas vezes fizerão o terror de pessoas pouco instruídas; sem fallarmos nas pertendidas chur vas de Sangue , que não são mais que os excrementos de al- guns Insectos , que depostos suecessivamente nas paredes, Ar- vo- 88 Memorias da Academia Ri: al vorcs &c. tomão de repente aquella côr quando são lavados pelas agoas das chuvas ; são bastantemente conhecidas as cha- madas chuvas de enxofre , e cinzas : sendo aquellas o Pólen dos Estames das Flores ; e estas , cinzas propriamente taes que o vento levanta , c muitas vezes faz cahir em distancias mais ou menos consideráveis. Além disto , tem-se observado algumas vazes , andarem fuetuando pelo ar filamentos brancos, os quacs sem duvida não são nada mais do que teas , que o vento desprende das arvores e do mato, e faz fluetuar nos ares , reunindo-as em maior ou menor quantidade. Este fenómeno he bastante uzual,e muitas vezes visto no nosso Paiz , e conservo me- moria de ter acontecido em Salvaterra em 1806. Em Fran- ça , onde talvez ainda he mais commum ,( assim como tam- bém na Alemanha ) chamão-lhe os Povos le fil de la Vierge ; e alguns Naturalistas , entre os quaes se conta Geofrqy , os suppõe produzidos por huma espécie de Acariis. Sejão porém os Acarus ,ou as Aranhas, as que tecem estes filamentos, he certo que ha huma differença muito sen- sível entre este fenómeno , e o de que tratamos ; não só pe- la quantidade e qualidade dos vellos , mas sobre tudo pelas Aranhas que os accompanharão , e pela elevação de que ca- hirão ; o que tudo constitue dois factos totalmente diver- sos, e que devem ter cauza também diversa. Independente destas razões , que me fazem crer que não foi o vento quem elevou as teaa das arvores , e dos Campos , e as fez depois cahir d'aquella tão elevada altu- ra, ha muitas outras que a meu ver o demostrão concluden- temente. Os dias anteriores ao de cinco de Novembro forão to- dos muito chuvosos , e as teas das Aranhas molhadas du- rante quasi hum mez sem interrupção , difficultozamente poderião , apenas acabada a chuva , serem despegadas dos troncos pelos ventos , achando-se então colladas e cozidas com elles. Ainda esta hvpothese poderia ter lugar , se de- pois da chuva, no dia cinco ou seis tivessem soprado ven- tos fortes , que as secassem e despregassem ; mas he certo que DAS SciKNCIAS DE LlSBOA. 89 que na tarde do dia quatro em que o vento passou ao Norte , e cessou a chuva , houve a maior serenidade da atmosphera , e nada por conseguinte que impellisse as tcas a altura tão des- medida. Se em lugar dos vellos attendermos ás Aranhas , e qui- zcrmos explicar a sua appariçiío pelo mesmo principio , as diffieuldades são tanto maiores , quanto maior he o peso des- tes Insectos que o das tcas : além disso , por que motivo suc- cederia este fenómeno cm lugares tão distantes huns dos outros ? Porque viriao a cahir quasi á mesma hora do dia , e em tão grande quantidade? Estas razões e muitas outras que ommitto, me fizerão buscar huma explicação mais satisfa- tória c accomodada á natureza e indole destes animaes , cu- ja historia me vejo na necessidade de tocar na parte que serve de apoiar a minha opinião. Todas as Aranhas são oviparas , porém nem todas põem a mesma quantidade de ovos : a família das Aranhas dos campos põe para cima de seiscentos em o Outono , e por via de regra até o fim de Setembro. Estes ovos são redon- dos , da grossura de sementes de Dormideiras pouco mais ou menos , a sua casca he molle e membranosa , e são en- volvidos pela mãi em huma espécie de fole igualmente membranoso , coberto exteriormente com hum tecido de se- da mais forte que o das teas ordinárias , o que lhes serve para se não tresmalharem , e juntos estarem mais livres das pancadas , chuvas , e outros obstáculos, que se podiao oppôr ao seu desenvolvimento. Estas pélas ou casulos assim fabricados são raras ve- zes depostos cm terra : escolhem as Aranhas ordinaria- mente os troncos , e ramos das arvores , o mato , em fim lu- gares que estejão mais altos do chão , pelas razões acima ponderadas que lhes faz presentir o instincto da sua con- servação. Vinte , ou mais dias conforme as circunstancias, são precisos para a desenvolução dos Fetos , que nascem já com a arte de fiar , e crescem consideravelmente nos primeiros dias , a pezar de não tomarem alimento. As me- Tom. III. Pari. II. M ta- wx» 1 . r ' ít/WÍvf^ $|p 40 a ris po Memorias da Academia Real tamoi to? es por que passão a maior parte dos Insectos , são ou quasi imperceptíveis n'estes, como diz Linneo\ ou abso- lutamente nullas, como querem a maior parte dos Natura- listas. Isto posto , devemos trazer á lembrança as tempestades dos primeiros dias do mez de Outubro passado. O vento do dia três foi bum dos mais impetuosos de que ha memoria em o nosso Paiz , principalmente em alguns lugares, em que houve redemoinhos e furacões espantosos. A época desta tor- menta coincide perfeitamente com a em que vimos que os ovos das Aranhas devião estar não só fecundados , mas envolvidos nos seus casulos , cm lugares mais ou menos al- tos , e por conseguinte expostos a serem arrebatados pelos vun s. A leveza d'aquelles corpos, a sua forma , a matéria setosa de que o casulo he formado , c a força do mesmo vento, devia elevallos a huma altura muito considerável, e provavelmente a huma Região acima d'aquelia em que el- les sopravão cem tanto ímpeto Se he fácil a todos perceber a cauza desta elevação , não o será igualmente á primeira vista comprehender o mo- do, por que os casulos se poderão conservar suspensos nos ares por tantos dias ; para que esta explicação fique mais clara , são precisas algumas noções de Hydrostatica , ou ao menos a apphcação dos princípios geraes d'aquella Sci- èricia. O ar he hum liquido , que como todos os outros exer- ce o seu peso não só perpendicular , mas lateralmente, e de- baixo para cima : esta pressão está na razão da altura da co- lumna do mesmo ar ; sendo evidente que qualquer solido deve soffrella tanto maior , quanto mais profundamente estiver mergulhado. He também claro , que hum solido mergulhado em hum liquido desaloja , e oceupa hum volume perfeita- mente igual ao seu : ora quando este corpo he mais pesa- do que o volume que desalojou, irá ao fundo , não cm razão da sua gravidade absoluta , mas só sim de relativa , isto he , do acerescimo de peso que tem sobre o do volume de liquido que das Sciencias de Lisboa. 91 que desalojou c vice versa: donde se segue I.° Que os cor- pos assim mergulhados pesão pouco , devendo subtrahir se da sua gravidade absoluta o peso de hum volume igual de liquido. II. ° Que cm pesos iguacs , quanto maior volume tem os corpos, tanto mais perdem do seu peso na immer- s!ío , por isso mesmo que desalojão huma maior porção de liquido. Appliquemos estes mesmos princípios ao fenómeno de que se trata. Os casulos depostos nas arvores , e junto á terra , soffrem huma pressão muito considerável , pela gran- de elevação da columna atmospherica que pesa sobre elles , po- rém sendo elevados á altura que acima dissemos , soffrella- hão muito menor , por ter diminuído extraordinariamente á mesma columna. Esta pressão diminuida, deve seguir-se para os casulos hum augmento de volume , e em consequência dis- so huma muito maior leveza. Vimos acima que os germes cstavão envolvidos em duas qualidades de tecidos ; o primei- ro c interior , huma membrana flexível e elástica ; o segun- do huma tea setosa : a extensibilidade da membrana interior por força deve ser grande , visto que os embriões tem que desenvolver-se dentro delia ; e como o ar he dotado de hu- ma grande elasticidade , tendo diminuído tão consideravel- mente a pressão externa , he evidente que o que estivesse contido dentro do fole , augmentaria de volume , extenderia os invólucros , e por estes dois modos diminuiria muito o seu peso respectivo. Esta theoria he com pouca differença a mesma em que se funda a ascenção das Maquinas aerostaticas : junto á terra precisão para se elevarem , de se acharem cheas de hum Gaz , especificamente mais leve que o ar atmospherico : se o Aeronauta quer chegar a huma altura mais considerável, a- lija parte do seu lastro , e se eleva : quando porém a ascenção chega a ser tão considerável , que a pressão do ar diminue sensivelmente , logo o Gaz do balão principia a expandir- se , o seu volume augmenta , torna-se muito mais leve , su- bindo com huma rapidez incrível j e o Observador seria vi- M ii cti- V • 11* pz Memorias da Academia Real ctima da sua temeridade , se por meio de huma válvula não desse huma pronta sahida ao dito Gaz. Não he porém este o único effeito , que no caso de que tratamos deve seguir-sc da diminuição da pressão at- mospherica. Realmente se as membranas dos casulos augmen- tão de volume , também pela mesma cauza deve augmentar o o tecido setoso que os involve externamente ; além disso ? huma temperatura muito fria deve fazer-lhe perder parte do princi- pio unctuoso da seda , pela propriedade geral que tem os Óleos de coagularem muito facilmente pela diminuição do Caló- rico : e tornando-sc assim erte tecido mais secco,e fluetuan- te , servirá como de outras tantas azas que cobrirão maior espaço , e se moverão ao mais leve vento. He certo que esta suspenção dos casulos devia ces- sar huma vez , e que varias cau/.as podião concorrer para is- so ; a primeira e mais natural era a do desenvolvimento dos Fetos , que continuaria a ter lugar , visto não haver nada que lho embaraçasse : he só provável que em consequência de huma temperatura mais fria , o seu crescimento fosse mais de- morado , e he exactamente o que parece ter accontecido , mediando talvez o espaço de quarenta , a quarenta e cinco dias , que he quasi o duplo do que teria sido necessário em circunstancias mais favoráveis. Nascidas pois as Aranhas, já vimos que podião passar os primeiros dias sem tomar alimento algum; mas ellas tc- rião perecido se continuassem nesta abstinência , c em hu- ma temperatura que lhes era tão pouco appropriada ; a necessi- dade pois e o instincto natural devia indtallas a descer: o seu peso especifico , que he muito maior na Aranha do que no ovo , lhes facilitava romperem as nuvens 5 mas talvez ainda isto não fosse bastante , se na tarde de quatro de Novembro não ti- vesse acclarado a atmosphera , que até então tinha estado mui- to carregada: o dia cinco foi o primeiro dia sereno, e o se- guinte aquclle em que o Sol esteve mais ardente : o Calóri- co dilata os corpos que pôde penetrar, e o ar dilatado , e rarefeito he especificamente mais leve , e por conseguinte mais IO das Sciencias de Lisboa. 93 imiis apto para ser atravessado pelas Aranhas ; como real- mente o foi no maximum da sua rarefacção , isto he, entre as onze. horas c meio dia do mesmo dia seis. Occorrem-me duas objecções , que se podem oppor a esta explicação ; c vem a ser a primeira , que tendo chovido em os dias suecessivos aos em que eu supponho ter accon- tecido a elevação dos casulos , devião elles ter cahido ar- rastados pela mesma chuva ; esta idéa porém desvanece- sc , considerando a pouca altura em que estão as nuvens, assento da chuva, e que justamente acima delias he que eu supponho terem os casulos sido conduzidos pelos ventos; esta altura não parecerá extraordinária a quem pensar, que parte das nossas montanhas a excede , e que os Projecteis tem huma continuação de movimento , ainda depois de ces- sar a cauza que lhe deo o primeiro impulso. A segunda objecção he tirada do celebre principio de Galileo ; que a somma dos espaços corridos por hnm corpo que cahe , he como o quadrado dos tempos : ora sendo a al- tura de que os Insectos cahião muito considerável , devião quando chegassem a terra vir com sumraa velocidade, e não com o vagar que no principio indiquei. Devcmo nos porém lembrar do que também disse , que estes animaes começão a tecer apenas nascem , e que com effeito vinhão accompanhados de huma extraordinária quantidade de teas , que lhes servião de outros tantos Para-quedas , levando-os tão socegadamen- te pela atmosphera. Chegámos porém a outro ponto , que talvez encontre alguma difficuldadc :o modo de fiar das Aranhas domesticas he bem sabido por todos ; chegando ao lugar em que que- rem tecer , espremem dos mamillos , que tem ao pé do an- nus,ondc estão as fieiras , huma gota de hum humor visco- so , que secca apenas chega ao corpo em que he deposita- do , e que serve de base e principio ao fio que prende nel- la , e que depois de assim estar firme, o animal vai expel- lindo de si á proporção que caminha , até chegar ao ou- outro ponto , aonde o segura pelo mesmo modo y e assim por 94 Memorias da Academia Real por diante : costumados pois a ver este fenómeno diariamen- te , parece dificultoso conceber como as Aranhas no caso aci- ma dito poderião tecer , sem ter hum ponto de apoio cm que prendessem o fio , c lhes servisse de o puxar das suas fieiras. He porém fora de duvida que se as Aranhas domesti- cas trabalhão por esta maneira , não acontece assim ás dos campos : todos os Naturalistas dizem , e eu o tenho observa- do algumas vezes , que quando querem prender os fios cm distancias inaccessiveis , vão por-se na ponta de huma fo- lha , ou de hum tronco mais saliente ; onde empregão pa- ra se segurar somente seis dos seus pés , e com os dois que lhes restão,isto he com os últimos, comprimem ç> Ab- dotiicn, e fazem sahir das fieiras hum ou mais fios do com- primento que lhes parece , os quaes vão fluetuando no ar ao caprixo do vento , até que prendem em alguma outra arvore fronteira : logo que este fio está preso , serve á Ara- nha de ponte , por onde passa para acabar de construir a sua tea. Se pois não he necessário recorrer ao ponto de apoio , para se puxar o fio , e se o Sphinter tem bastante força pa- ra o expellir , ajudado da pressão dos pés de traz j fica sem fundamento toda a diíficuldade que se podia achar no caso de que tratamos ; pois he claro que o intento e necessida- de de caçar a presa não devia poder mais nestes animaes , do que o instincto e necessidade de não cahirem de huma altura tão desmedida , para o que não tinhão outro meio se- não o de que usarão. Ser-mc-hia fácil citar muitos factos para confirmação do que acabo de dizer ; mas lembrarei somente hum , que tem bastante analogia com o referido. Pelos fins de Setembro ob- servou o celebre Degeer cm hum dia formoso em que hum vento muito brando apenas agitava a atmosphera , huma gran- de quantidade de fios mui finos , que voltejavão no ar , e tinhão nas suas pontas pequenas Aranhas , que se deixavão levar á vontade do vento : o fio de seda que tecião , se hia allon- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. py allongando pouco a pouco , cm quanto cilas cstavao paradas , e sem movimento , não se sustentando senão pela mera agi- tação do ar. Para explicar como este fio crescia , pensa Dc- geer que o ar, pelo seu movimento he o único agente que o estende , não tendo a Aranha necessidade de mais do que de ter as suas fieiras abertas , para lhe dar huma livre sahi- da , allongando-se assim espontaneamente dos mamillos pró- ximos ao annus. Insisti mais sobre a formação destas tcas , por ter sido o reparo que geralmente me pozeião a maior patê das pes- soas , a quem communiquei as minhas ideas a este respeito : em quanto ao mais , não duvido que se possão pôr outras objecções , que me não occorrem ; c talvez mesmo que lem- bre outra hypotese , que tenha igual ou maior probabilida- de : bastará porém para minha satisfação , que devendo ser hum dos desvelos desta Academia desterrar a superstição , pela propagação dos conhecimentos Fyzicos , seja esta Me- moria reputada digna de preencher o sobredito fim ; consi- gnando ao mesmo tempo hum facto , que pela sua raridade se torna interessante e curioso , e por tanto digno da atten- ção dos que se empregao no estudo das Sciencias Naturaes. EX> $6 Memorias da Academia Real EXPERIÊNCIAS CHYMICAS, Sobre a Qiiina do Rio de Janeiro comparada com outras. Ela Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra e da Marinha , foi commettida ao Exame da Academia Real das Sciencias de Lisboa a Analysc de huma porção de Cas- ca amargosa , com o nome de Quina , que do Rio de Janei- ro havii sido mandada ao Fysico Mor do Exercito ; para que achando-se que continha os principios , e virtudes das Qui- nas officinaes , se fizesse uso delia , principalmente nos Hos- pitaes Militares. Em consequência , nomeou a Academia huma Commis- sao , composta de quatro dos seus Membros , e pedio paia os seus trabalhos o Laboratório Chymico da Casa da Moe- da , que immediatamente lhe foi franqueado , com ordem para que nelle se aprontasse tudo , quanto fosse necessário p.ua aquella Analyse. Este Laboratório munido de todos os vazos e utenci- lios, que lhe são próprios; tinha comtudo falta de muitos reagentes , principalmente d'aquelles que mais se alterão , os quaes seriamos obrigados a preparar ; a não será franqueza do Sr. Alexandre António Vandelli , que além de nos ajudar com o seu trabalho, nos forneceo os que nos forão necessá- rios , e ainda outros de que carecia o sobredito Estabeleci- mento. Aos 17 de Junho, o primeiro dia cm que ali concor- remos , houve alguns pareceres sobre o Plano que deveriamos seguir nas nossas Experiências. O interesse do objecto , a facilidade com que podíamos dispor dos meios que se nos ot- ferecião ; tudo nos convidava a fazer huma Analyse cm to- da a sua extenção : mas ao mesmo tempo , conhecendo que o nosso principal objecto era examinar aquella Casca relati- va- DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 97 vãmente ao seu uso medico , nos achávamos mais circuns- critos ; principalmente attendendo á brevidade que parecia dezejar se , c á pouca utilidade que a Medicina tira por ora de factos que nao lhe são immediatamente connexos. Em fim a auetoridade de Mr, Buillon Lagrange acabou de de- cedirnos : confeça este Chymico ( Annacs de Cliymica vol. 5:4) que a Analyse do Reino Vegetal , nas circunstancias em que se acha a S ciência , não conduz a resultados certos e exactos , sobre a applicação que se pôde fazer de hum ou outro medicamento ; para o que bastão os Ensaios compa- rativos, tendentes a instruir e guiar o Medico em a sua car- reira. De mais disso quem reflectir na natureza Chymica dos Vcgetacs , e na acção reciproca dos seus Principios elemen- tares c secundários , por certo dará razão ao mesmo Autor quando crê , que he quasi impossível determinar com exa- ctidão a natureza e quantidade das substancias siti generis que as compõem , bastando felizmente para o fim Medico destinguir a sua existência , e propriedades. Levados por estes principios, assentámos devemos li- mitar , ao menos por agora , a este só objecto ; pelo que se- rá conveniente não se perder de vista , que offerecemos o nosso trabalho não como numa Analyse exacta em que deter- minemos as quantidades de todos os principios componentes das Quinas ; mas só sim como Experiências tendentes a ve- rificar a classificação da Casca que nos foi entregue , en- tre as chamadas Quinas. Determinado o objecto das nossas indagações , julgá- mos, que de modo algum o podiamos preencher melhor, do que por meio de experiências comparativas com as outras Quinas conhecidas ; methodo este em que já nos tinha pre- cedido Mr. Vauqiiellhi em huma Memoria sobre este mesmo assumpto. Escolhemos para isto as Quinas amarclla , e ver- melha officinaes ; a primeira por ser a mais vulgar , e commum- mente usada entre nós : a segunda por ter huma cor e habito externo , que a não deixão confundir facilmente com as outras espécies conhecidas ; e como ao mesmo tempo achámos no Tom. III. Parte II. N La- p8 Memorias da Academia Real Laboratório ( entre varias Cascas amargas que para ali tinhão sido remettidas ) huma , com o titulo de Quina alaranjada, que havia, tradição de ter vindo de Pibaubi , também nos ser- vimos delia com o mesmo intuito. Principiando por examinar attentamente a Casca do Rio de Janeiro ; julgou hum dos membros da Commissão , que havia mistura de duas differentes Cascas cm a que se nos tinha dado por huma só;e que por conseguinte era necessá- rio scparallas , tratando cada huma de per si. Com cffeito , as superfícies dos canudos erão algum tanto differentes , co- mo também o erão as suas fracturas ; podendo entrar cm questão se erão duas diversas Quinas , ou a mesma extrahi- da de ramos em differente estado , e cm differente tempo. Scparamollas pois em as primeiras experiências que se fi- zerão com os Reagentes nas infusões aquosas ; nas quaes vendo , que se comportavao ambas sem differença alguma , fomos indusidos a crer que era huma só espécie , que devia ser examinada promiscuamente tal como nolla tinhão inviado. Esta primeira duvida nos fez lamentar o máo estado, porque do Ultramar mandão este , e outros semelhantes pro- duetos para o Reino : ficando por isso as mais das vezes sem utilidade remessas , que podião ser interessantíssimas. Pro- vem isto essensialmente de dois descuidos fáceis de reme- diar: a saber das poucas e insufEcicntes notas que accompa- nhão os produetos , e das diversas mãos porque elles passão , antes de chegarem ás da pessoa a quem este exame he com- metido. Em quanto ao primeiro deve notar-se , que quando es- ta Casca nos foi entregue , não só não era accompanhada de descripção alguma Botânica , mas nem ao menos trazia no- tado o seu nome trivial ; sabendo-se apenas que tinha vindo do Rio de Janeiro ; e o mesmo deve entender-se das outras que cstavão no Laboratório. Ora he escusado dizer quanto a Analogia Botânica ajuda ao conhecimento das virtudes das PJantas ; e quanto por este lado se faria útil a sua descrip- ção : sem tratarmos da facilidade de se pedirem novas remes- sas , DAS SciENClAS DE LlSBOA. 99 sns , e dc se fallar huma linguagem intclligivel a todos. O que havemos dito em geral , deve-se applicar particulirmen- te ás Quinas , cm cujas espécies ha huma tal confusão, que só dando as mãos a Botânica , e a Chymica , he que se po- derá desenredar o Cahos da sua Nomenclatura. He certo que os produetos são algumas vezes accom- panhados por estas dcscripçpes : mas as diversas Pessoas por quem passão as perdem , extravião , e confundem : do muito que poderíamos dizer a este respeito só lembraremos , que seria para dezejar , que o Governo houvesse por bem escolher pa- ra semelhantes exames huma Corporação sabia, e permanen- te , a quem em direitura estas remessas se derigissem , tal como a Academia Real das Sciencias , que pelo zello e promptidão com que por diversas vezes tem satisfeito as suas vistas , mostra bem o que faria em todas as occasióes , em que podesse ser útil. CAPITULO II. Descripçao das quatro Espécies de Qiiinas que servirão nas Ex- periências , e das suas infusões aquosas. A /~\ S quatro Espécies de Quinas , de que nos servimos nas nossas Experiências , tem os Caracteres seguintes. N. I. Quina do Rio de Janeiro. (a) Forma. Esta Quina , que hc o principal objecto da Analyse , acha-se enrolada em canudos sobrepostos , cuja gros- sura he de três a quatro linhas , e a da Casca de meia li- nha até dois terços ; mais grossa nos canudos menos lisos , e mais delgada nos que são lisos. (b) Superfície exterior. Pouco áspera em os canudos mais grossos , e quasi lisa nos delgados ; algum tanto greta- da , sem fendas transversaes. A còr do fundo parda le- N ii nho- 4 O R ico Memosias da Academia Real nhosa desmaiada , com manchas esbranquiçadas. (f) Superfície interior. Lisa : cor parda lenhosa escura , com pontinhos disseminados mais amarellados , e algum tanto luzidios. (d) Fractura transversal. Côr Izubellina carregaca , ou mais avermelhada. Entre o Córtex e o Liler ha huma ca- madinha de matéria rcsiniibrmc , amarella côr de Enxofre , e luzente nos canudos mais lisos : nos mais ásperos hc esta camada menor, menos regular, c apparente. (é) Sabor. Muito semelhante ao da Quina amarella of- ficinal Uanucoj porém hc mais viscosa entre os dentes, me- nos acre , e ao que parece alguma cousa nauzeosa. N. II. Quina alaranjada de Laboratório. (a) Forma. Canudos de hum quarto de polegada até dois terços de grosso j a Casca também mais grossa que a do N. I. (b) Superficie exterior. Suberosa , de côr parda hepática , c em outras partes parda amarellada tirando para o alaranjado. (c) Superficie interior. Lisa , baça , de côr amarella Isabel- lina cuja. (d) Fractura transversal. Pouco esquilhosa , áspera; entre o Córtex e o Líber ha huma camada mais escura. (e) Sabor. Muito pouco amargo , e quasi nada adstrin- gente. N. III. Quina vermelha ojficinal. (a) Forma. Em Canudos , quando menos grossa ; ou cm pedaços de superfície convexa , quando mais grossa ; a gros- sura dos canudos , de meia polegada até dois terços ; a gros- sura da Casca de huma até duas linhas. 4-0 RB1S das Sciencias de Lisboa. ioi (b) Superfície exterior. Áspera nas Cascas delgadas , mui- to mais nas grossas: a cor, parda de figado nas grossas; e p.-rd\ acinzada nos canudos delgados. (c) Stiperficie interior. Lisa quando inteira ; de cór parda amarellada. (d) Fractura transversal. Esquilhosa , grossa ; de cór par- da avermelhaJa. (e) Sabor. Menos amarga , e menos acerba e adstringen- te que a amarella ojficinal. N. IV. Qtiina amarella ojficinal. (a) Forma. Em canudos enrolados sobrepostos , semelhan- tes ao N. I. cm forma e grossura. (b) Superficie exterior. Áspera , sulcada com irregularidade longitudinalmente , gretada transversalmente ; a cór negra par- dacenta ; em partes parda denegrida , em outras esbranquiça- da ; o que he devido aos Lichens , que lhe fazem temar estas tres cores. (c) Superficie interior. Irregularmente sulcada , em algu- mas quasi lisa : baça ; a cór entre a de castanha , e canclla ; cm humas carregada , em outras mais diluida. (d) Fractura, transversal. Esquilhosa. (e) Sabor. Amargo , forte , alguma cousa acre , deixando depois hum gosto adstringente. Destas quatro espécies de Quina se fi/.erão infusões aquosas , sendo cada huma d'cllas de quatro onças de Casca pisada , cm quarenta c oito onças de agoa dcstillada fria : o Barómetro estava em 30.0 3 ? c o Thermometro de Fa- reneith em 73.° Passadas vinte e quatro horas , filtrarao-se as infusões e fizerão se em cada huma delias as Experiências com os Rea- gentes , que vão indicadas na Taboa : devendo advertir-se que tanto agora como por diante , quando fallarmos em co- res ioi Memorias da Academia Real rcs de líquidos, sempre estes se devem suppor entre o Ob- servador e a luz. Os caracteres com que estas infusões se apresentarão immediatamente , e depois de passadas vinte e quatro ho- ras , forão os seguintes. Quina N. I. Infusão com escuma grossa , abundante, mais tardia cm clarificar que o N. 3., e 4. Ao principio a côr he parda amarellada , c passadas as vinte e quatro horas puxando mais para o vermelho : marcou no Areometro dos Saes % abaixo de Zero. Quina N. II. Infusão com menos escuma : côr , ao princi- pio igual ao N. I. mas passadas vinte c quatro horas , mais vermelha : deo no Areometro 7 abaixo de Zero. Quina. N. III. Infusão com escuma grossa compacta , e sem bolhas brancas como as precedentes: a côr ao principio quasi como a do N. I. tirando mais para cor de fígado ; passadas vinte e quatro horas , côr de mel mais desmaiada que o N. 4. Esta infusão he aromática , e no Areometro in- dica quasi Zero. Quina. N. IV. Infusão escumosa , com escuma grossa : côr, ao principio pardacenta ; passadas as vinte e quatro ho- ras côr de mel diluida , menos que o N. III. No Areome- tro indicou { grão. Todas estas infusões principalmente a da Quina do Rio de Janeiro se turbão , depondo hum precipitado tenuissimo algum tempo depois de filtradas : Fenómeno que he devido como veremos adiante , á Oxigenação da matéria extractiva causada pelo ar , que a torna indissolúvel. CA- 40 í^IS das Sciencias de Lisboa. 103 CAPITULO III. Das de cocções das Qiiinas , do exame delias com os Reagen- tes ; e dos seus resultados comparados com os das in- fusões. Ara abreviar opperações em que não esperávamos achar resultados muito diferentes, julgámos supérfluo submeter to- das as quatfo Quinas á decocçao ; e por tanto escolhemos a Quina vermelha officinal para a comparar com a do Rio de Janeiro. Fizerão-se pois duas decocções , de huma onça de Quina cada huma com vinte e quatro onças de agoa ; as quaes , tendo fervido hum quarto de hora , forao deixadas ar- refecer , e sendo depois filtradas , e experimentadas pelos Rea- gentes , derão os resultados que vão na mesma Taboa por baixo dos das infusões , para mais facilmente se compararem huns com os outros : mas antes de tratarmos d'esta compa- ração será necessário dizer alguma cousa dos Reagentes que empregámos. He bem conhecido por todos o uso dos Reagentes na- quclla parte da Chymica em que os nossos conhecimentos estão mais adiantados, qual he o Reino Mineral. Indicão ellcs por via de regra com exactidão , a qualidade dos prin- cípios componentes dos corpos que se submetem ao seu exa- me , como bem se vê na Analyse das Agoas Mineraes : no Reino Vegetal porém , cujas combinações mais complicadas , são por isso mesmo mais desconhecidas , o seu uso não he susceptivel ( ou menos por agora ) de tanta exactidão. Não só a concentração em que elles se achão , e a temperatura, e quantidade em que são empregados , fazem variar muito os Fenómenos que apresentão ; mas até 05 precipitados que por elles se obtém são de mui difficil exame , passando muitas vezes a novas combinações em quanto se opera para conhe- cer as primitivas. Exaqui pois debaixo d'este supposto o que 104 Memorias da Academia Real que pensamos poder dizer com mais probabilidade. I. O Principio que nas Quinas precipita a Colla parece não ser outro senão o Tannino ; mas será o Tannino só , ou unirse-lhe-há também o Acido Galbico , ou algum outro ? exa- qui a primeira difficuldadc , não tão fácil de decidir como parece á primeira vista : a impossibilidade cm que se esteve muito tempo de obter o Tannino puro , deo origem a cila ; actualmente porém parece certo , segundo as experiências de Tormsdorff, que só unido a algum acido he que o Tannino produz este resultado* II. A Agoa de Cal será alterada pelo mesmo Principio que precipita a Colla ? Parece fora de duvida , que as Quinas, que alterão a Colla , alterão também a Agoa de Cal : alem diso Mr. Mcrat-Guillot usa para obter o Tannino de precipitar a dis- solução de Tan pela Agoa de Cal ; c he fora de duvida que o liquido que fica , depois de feito o precipitado por este Reagente , perde absolutamente todo o seu amargo : mas por outra parte parece verosimil , que a Agoa de Cal precipi- ta ainda outras substancias ; e adiante veremos dar ella pre- cipitados abundantíssimos , ao mesmo tempo que a Colla os produz apenas sensiveis (a) . III. O Tan e a Galha são precipitados por hum Principio differente daquelle que precipita a Colla e a Agoa de Cal : diz (íi) Mr. Cadet achou no Extrato aquoso da Quina, tratado pela desti- lação Sulfates, e Muriates de Potassa , e talvez que alguma parte destes saes neutros se decomponháo , e causem o precipitado , que fax a Agoa de Cal. das Sciencias de Lisboa. io? diz Mr. Vauquclin que este Principio tem analogia com as resinas , ainda que dá Amoníaco na dcstillação ; porém he muito provável que o Amoníaco seja devido á união d'cs- ta substancia com a parte extrativa. Muito modernamente se descubrio , que este Principio podia ser o Cinchonino , cuja propriedade caractristica he ser precipitado pelo Tau , e re- dissolvido pelo Álcool. IV. O Tartarite de Postassa Antimonial faz ainda huma figu- ra bastante equivoca como Reagente. Mr. Vauqiiclin que com- parou os resultados das infusões aquosas de mais de vinte Quinas diíFcrentes , estabelece quasi como fora de duvida , que tile faz os mesmos effeitos que o Tau e a Galha ; e nas infusões frias que examinámos , verificou-sc isto mcMno , com huma pequena alteração na Quina N. II. ; por isso seriamos desta opinião , se os resultados que depois obtivemos nos não induzissem a pensar o contrario. Só pela continuação de novas Experiências se poderá resolver este Problema. V. O Sulfate de Ferro comtnunica ás Quinas huma cor ver- de. Mr.Vauqiielin attribue esta cor i parte resinosa; mas he certo que as resinas puras , exceto a Scamonea , não apresen- tao esta propriedade segundo La Grange: suspeita clle que esta substancia se forma á custa do Tanino ; mas o Tanino e Acido Galhico quando precipitão o Sulfate de Ferro , sempre este tem huma côr negra : demais , ha Quinas que não pre- cipitão a Colla,e mudão todavia a côr do Sulfate. Por to- dos estes motivos parece , que esta côr verde pode olhar-se como a acção complexa de vários Princípios , quaes o extra- tivo , o resinoso , e o Tanino com hum Acido qualquer. Tom. III. Part. II. O VI, - I ioó Memorias da Academia R. e a i, VI. O mesmo que temos dito a respeito do Sulfate de Fer- ro, se deve entender do Sulfate de Cobreio, provavelmente do Acetate de Chumbo , ainda que a acção deste nos seja por ora mais desconhecida. VII. A parte mucilaginosa he sempre precipitada em gran- de abundância pelo Acido Sulfúrico , ainda que elle também possa levar comsigo huma porção de Cal , a qual com tu- do se patentea muito mais indubitavelmente pelo Oxalale de Amoníaco. VIII. He escusado dizer que a mudança de cor da Tintura de Turnessol indica a acção de hum Acido livre. Applicando estes princípios á Taboa das Experiências, será fácil extrahir os resultados próprios para o nosso objecto. A Quina do Rio de Janeiro he da Classe daquellas cuja infusão a frio precipita a Colla e não o Tanino ; a do Laboratório entra na Classe das que precipitão o Tanino e não a Colla ; e as duas oíHcinaes alterão a Colla , o Tani- no , e o Tartarite de Potassa Antimoniul, Aqui temos pois bem destinctas , ao que parece , as três Classes em que Vauqttelin divide todas as Quinas ; affirman- do ao mesmo tempo , que as Cascas que não tiverem nenhu- ma destas propriedades não são febrífugas ; e que aquellas em quem concorrerem em maior numero , o seráõ em gráo mais eminente. Ainda porém que esta Classificação nos pareça exacta , nem por isso no-lo parece igualmente a conclusão que Vau- qttelin pertende tirar ;e assim somos indusidos a crer, que o Principio que precipita a Galha e o Tau , existe realmente em muitas Quinas, que o não patenteão nas suas infusões aquo- :13 DAS SciENClAS DE L I S B O A. IO7 aquosas ; o que se observa na Quina do Rio de Janeiro abona esta supposição , pois vemos que a sua decocção deo com a Galha hum precipitado abundante , fino , alvadio aver- melhado. Existirá pois este Principio , que como dissemos sup- pomos ser o Cincbonino , de tal modo combinado que a Bua Affmilade de agregação seja maior que a de atracção , vindo esta a vencer aquella pela elevação de temperatura? Ou não será este Principio simples como se pensava , mas sim hum composto produzido do novo jogo de Afinidades que tem lugar durante a decocção ? Ou finalmente será só a maior oxidação deste Principio que o torna precipitavel por estes Reagentes ? Esta questão exigiria huma longa serie de Experiências alheas do nosso principal objecto; por isso so- mos obrigados a dcixalla por ora de parte (a). Se porém vimos que a Quina N. 1.° mostra hum Prin- cipio demais na decocção do que na infusão , vemos também que na Quina N. III." pelo contrario diminue mui sensi- velmente este mesmo Principio ; a sua infusão tinha dado hum precipitado muito abundante com a Galha , na decocção porem fica o liquido apenas turvo , sem precipitado sensível dentro de vinte e quatro horas : a que attribuiremos pois esta mudança , senão ao diverso modo de estar d'esta matéria ? havendo Quinas em que existe formada e livre ; outras em que ou se forma por novas combinações , ou se desenvolve por meio do calor , das substancias com que estava mascara- da ; outras em que o mesmo calor a faz passar a novas com- binações ; e outras finalmente em que a sua existência se paten- te.i independentemente da temperatura. A duvida com que expomos estas hypotheses , deve fazer ver quanto cilas ainda estão longe de nos satisfazer. Pelas Experiências pois da nossa Taboa , e pelo que O ii fica ( a Academia Real fica ãitó fomos induzidos a inferir. I. Que a Quina ào I de Janeiro contém ao menos na sua decoeçao matéria colo- rònte , tanina , extractiva, resinosa, c talvez a CSttihanv/a , atura o Ácido que indicava o Titrucssol , e a Mucihgcm que se mostrava logo pela escuma grossa das infusões e decoe- ções. As differenças das outras Quinas entre si podem bem conhcccr-sc pela Taboa junta; sendo por tanto escusado de- morar-mo-nos cm apontallas individualmente. Não devemos porém terminar o que havia que dizer sobre as dccocçõcs , sem notarmos que ellas extrahcm em ge- ral muito maior quantidade de Principies das Quinas , do que não as simples infusões. Quãsi todos os precipitados que delias se obtém com os Reagentes são cm muito maior quantidade e em menos tempo : Além disto comparando o peso de huma decoeçao de Quina do Rio de Janeiro , com o peso de huma igual quantidade de infusão da mesma Qji- na feita nas mesmas proporções , achámos que ellc estava na rasão de 100:1187. O CAPITULO IV. Da Evaporação das infusões das Quinas. S Reagentes , indicando-nos a existência dos Princí- pios secundários nas Quinas , não contribuído nem para o co- nhecimento da sua proporção e quantidade , nem para a sua isolação respectiva , por isso determinámos fazer a evapora- ção destas infusões com o intuito de os obter mais separa- dos ; persuadidos que tratando os Extractos com Agoa c Álcool^ estes Princípios se dissolvcrião cm hum ou outro destes líquidos , podendo-se depois examinar por meio dos mesmos Reagentes ambas estas dissoluções. Isto posto , tomámos huma Libra da primeira infusão que havíamos feito das quatro Espécies de Quina , ajuntando a cada huma outra Libra das segundas infusões que se havião feito , c as posemos a evaporar a fogo brando cm banho de das S 1 1 e m c i a s ti •£ Lisboa. ioo de área 36 havendo- se entre Carito completado a terceira in- ftisáo das mesmas Quinas , ajuntou-se também outra Libra de cada huma cestas terceiras infusões, ás outras que se cs- tavão evaporando. Devemos porém notar , que hum a destas evaporações , a da Quina do Laboratório , não poude ser levada ao fim, >-se rachado ao lume , apenas aqueceo, o vaso em que se fazia ; como porém isto suecedesse antes de se lhe ter ajuntado a terceira infusão, sempre esta nos restou para con- tinuarmos a evaporalla , ainda que cm menor quantidade. Todas estas quatro Quinas , á proporção que se forão evaporando , forao depondo nas paredes dos vasos, c precipi- tando huma matéria parda escura, resiniforme , c muito amar- ga , de que logo trataremos , a qual deixando-se resfriar o lí- quido , se separou cm maior quantidade. Continuando-se a evaporação até consistência de Ex- tracto , ohteve-sc este muito perfeito ; mais escuro , e com hu- ma areolla avermelhada em as Quinas N. I. e II. ; e mais gemado cm as Quinas amarella e vermelha oíficinaes. Lm todas ellas ainda este Extracto , depois de separada a matéria resiniforme acima dita , era bastante amargo. Estas duas substancias que já paredão differentes , se acharão sello ainda mais , vendo-sc que a primeira era indis- solúvel na Agoa fria,c quasi toda dissoluvcl em o Álcool; ao mesmo tempo que a outra era dissoluvcl quasi toda na Agoa , e o resto no Álcool. Tratámos pois esta segunda substancia ( o Extracto ) por dois modos diíferentes; dissolvida toda no Álcool , filtrou- se a dissolução , c o resto que ficou no filtro foi dissolvido em Agoa : pelo contrario dissolvemos em Agoa todo o Ex- tracto , passando depois para o Álcool aquella porção que a Agoa não podia dissolver. De qualquer d'estes dois mo- dos que operássemos , sempre o resultado ficou sendo o mes- mo , sempre achámos o Extracto composto de duas partes , huma dissoluvcl na Agoa , e outra no Álcool. A dissolução desta parte solúvel no Álcool foi acha- da lio Memorias da Academia Real da também idêntica com a dissolução Alcoólica da matéria grumosa , que acima dissemos se precipitava e separava du- rante a evaporação , dando os mesmos resultados sempre que as comparámos : por estes motivos consideraremos como dois os produetos das evaporações das Quinas, a saber a parte so- lúvel no Álcool , a que chamaremos Resino- Extractiva ; e a solúvel na Agoa , a que chamaremos Extractixo-Mucilaginosa. Esta ultima matéria he,em todas as Quinas que tratá- mos por este methodo, muito mais abundante do que a pri- meira (a) ; mas a porporção dos seus Princípios varia cm ca- da espécie , assim como também varia a proporção da mes- ma matéria nas differentes Quinas. A Quina do Rio de Ja- neiro he a que dá maior quantidade de matéria Resiuo-Ex- tractiva , e a Quina do Laboratório a que nos deo maior por- ção da Extractivo-Alucilagiiiosa. Além destes dois produetos ha ainda hum terceiro , que he huma substancia parda acinzentada , que fica nos Filtros das dissoluções tanto Alcoólica como aquosa , e que senão dissolve nem na Agoa fria nem no Álcool. De cada huma destas três matérias , trataremos separa- damente. CAPITULO V. Da dissolução alcoólica de matéria Resino-Extrativa. J A' vimos que a substancia solúvel no Álcool se precipi- tava a maior parte nas Evaporações , em forma grumosa , de côr parda escura , mais ou menos avermelhada , e com hum sabor amargosissimo. Dissemos que huma pequena porção dei- (rf) Dizemos que a substancia Extr activo- Mncúaginoia he mais abun- dante nas Quinas assim tratadas , mas não queremos dizer que elia o seja nas Quinas em substancia , em que pelo contrario a Resino- Extracti- va he muito mais abundante : a qu.il como seja eminentemente solúvel no AUool , fica hum» grande porção delia ainda nas Quinas , que não se po- de extrahir pela Agoa das infusões. • • I das Scíiíncias ue Lisboa. m delia fora obtida pela lavagem dos Filtros, que tinhão servi- do para filtrar as dissoluções aquosas da matéria lixtractrco- Mucilaginosa , de que adiante ralaremos; pois como nem toda se dissolvia na Agoa depois de repetidas lavagens , o residuo era tratado pelo Álcool. Mr. Fiiuquelin tratando d'csta substancia diz , que ella se dissolve completamente na Agoa quente , sendo esta em pe- quena porção ; que se turba accrescentando-lhc mais Agoa,e que se dissolve de novo c torna á sua transparência pela addição de mais quantidade d'este fluido. Não podemos po- rém observar estes Fenómenos , porque a dissolução que fize- mos em Agoa esteve sempre turva , c não se clarificou senão com o tempo , depois de se ter precipitado. O seu dissolvente próprio he o Álcool : esta dissolu-. ção filtrada , concentrando se ao lume e depois diluída com. bastante Agoa dcstillada , turbou-sc , e sacolejada deo escuma branca abundante, que durou mais de dois dias, precipitan- do entre tanto huma matéria fina , alvadia pardacenta , que he a Resina quasi pura , a qual novamente se dissolve em Ál- cool. Com os mesmos Reagentes até agora empregados , deo esta dissolução alcoólica os resultados que constão do Map- pa junto; em cujo exame se devem sempre ter cm vista os cffeitos , que são propriamente devidos ao Álcool ; como por exemplo , parte da decomposição do Tartarite de Potassa Anthnonial , c as cristalisações que apparecerão com o Sul- fate de Ferro , c Oxalate de Amoníaco em ambos os quacs o Álcool atrahio a si a Agoa da dissolução , fazendo assim cristalisar extemporaneamente aqucllcs Saes. Isto posto ,ve-se claramente que esta substancia Resi- 110-Extractiva não he hum Principio sitis generis como pensa- va Vauquelin ; mas sim hum composto de diversos Princípios , parte dos quaes se podem julgar essenciacs á sua formação ; e a outra parte alheos d'clla , e unicamente ali existentes por senão ter ainda obtido esta matéria com toda a sua pureza. A Resina , huma porção de Extractivo , e Cincho* ui~ ih Memorias da Academia Real nino , aiiuLi pouco oxidados , c o Tanino com algum Acido sao dos primeiros ; a pequena porção que apparece de mu- cilagem c de Cal , e o Acido ou Ácidos que a accompanhão são dos segundos. Mr. Vauauclin que como temos dito reputa o Resino-Ex- tractivo hum Principio simples ; aífirma que a sua dissolu- ção não precipita a Colla ; ignoramos se isto assim acon- tece quando clle está em toda a sua pureza ; mas hc certo, que procedendo como nós procedemos , não somente preci- pitão a Colla as Quinas que a tinhão precipitado na sua infusão a frio ; mas até a Quina N. II. , que então a não precipitava , o faz agora em flocos pardos avermelhados \ porém já Afr. Cadet deVaux tinha reputado o Tanino , c o Aci- do Galhico , como Princípios inherentes ao Extracto-rcsinoso. O Cinebonino torna a patentear-se na Quina do Rio de Janeiro pelo mesmo modo que na decocção ; o que pare- ce confirmar, que nesta espécie de Quina basta o augmento da temperatura para o pôr descoberto , como já dissemos. Deve porém notar-se , que estas Quinas precipitando abun- dantemente oTan e Tartaríte de Potassa Antimonial , produ- zem menos cffeito com a Galha ; e que a mesma Quina N. II. que na infusão dera hum grande precipitado com este Reagente , na dissolução alcoólica o deo muito peque- no. Não confirma isto o que dissemos no Cap. III. do dif- ferente modo de estar do Cinchonino , devido em parte á sua maior ou menor oxidação ? E não será tãobem esta oxidação , quem faz igualmente o precepitado , que atraz dissemos da Colla com a Quina N. II. ; principalmente tendo-se já visto que o Tanino não foi precipitado por esta substancia Animal , senão pelo intermédio de algum Acido ? Os Saes metallicos produzirão eíleitos mais ou menos sensiveis e anallogos aos que já tinhamos visto. O Oxalatc de Amoníaco e o Acido Snlfitrko como in- dição Productos totalmente alheos da dissolução Alcoólica ; por isso só em poucas espécies de Quina fizerão precipi- tados, e esses tenuíssimos. Ebtas anomalias provem da dif- fi- DAS OCIENCIAS DE LlSBOÍ. I I 3 diificuldadc de obter separadamente as duas substancias Resino- Extractiva e M ucilaginoso-Extr activa cm toda a sua pureza : com cíFeito he muito difncii tomar o ponto fixo em que o Álcool tenha dissolvido a parte que propriamente per- tence a primeira , para deixar a segunda ao seu dissolven- te próprio que he a Agoa ; tanto mais que a mesma Agoa fria he capa/ de dissolver porções, ainda que pequenas , da substancia Extractivo-Resiv.osa. Esta difficuldade he a mesma ou se comece a dissolução pela Agoa e o resto pelo Ál- cool , ou vice versa. A mesma dissolução alcoólica , depois de repetidas lavagens preliminares , ainda não fica perfeitamente pura , e assim os resultados destas Experiências ficáo de al- guma sorte incompletos , em quanto senão achar o methodo de obter as duas substancias perfeitamente isoladas. CAPITULO VI. Da substancia Extractivo-Mucilaginosa dissohivel na Agoa j e da parte Extractiva indissolúvel. J A' vimos o methodo de obter a substancia Extractivo* Mucilaginosa. A sua dissolução em a Agoa apresentasse di- versamente nas diiferentes espécies de Quinas ; e assim a Quina N. I.° dá hum liquido pardo avermelhado , carregado , tirando a côr de fígado , pouco transparente; o N. II. ain- da mais carregado em cor, e menos transparente ; o N. III.0 cor de mel carregado com algum vermelho , e o liquido transparente. Em fim o N. IV. quasi o mesmo que o N. III. , mas menos transparente e claro. Em geral todas estas dissoluções são muito mais escuras e carregadas que as al- coólicas , que são também muito mais transparentes , mas me- nos abundantes. Estas dissoluções aquosas são mui diffícieis de passar pelo Filtro , em razão da muita mucilagem que contem : prin- cipalmente na Quina do Laboratório he esta muito mais abundante do que nas outras." Tom. III. Part. II. P Não 10 REIS 114 Memorias da Academia Real Não só a mucilagcm produz este effeito , passando toda para a infusão aquosa , mas produz também a película c bolor , que apparecem nas mesmas infusões. Tratadas pelos Reagentes dei ao os resultados que apresenta a Taboa ; desta se verá , que cilas ainda eonservão a maior parte dos Principios das dissolucções alcoólicas , sen- do com tudo muito differente a sua proporção. Assim o Ta- nino que precipita a Colk , he cm muito menor abundância ; assim a Resina , o Ciucbanina , e o Extractivo , são também cm menor quantidade ; e pelo contrario a Cal e a mucilagcm abundao extraordinariamente , estando ambas cm o seu dis- solvente próprio. Esta Cal existe certamente nas dissoluções Quinicas , dissolvida por meio de hum Acido , o qual foi descoberto e descrito modernamente com o nome de Acido Oiiinico. Mr. Vau- qtielin o obteve, separando-o da ba/e Calcaria com que es- tava combinado; nós tratámos a dissolução aquosa pelo mes- mo methodo que elle descreveo , para podermos obter os mesmos resultados; mas não passou ainda tempo bastante para se formarem as cristalizações , e não podemos por con- seguinte annunciar o resultado desta Experiência. Como este objecto era de alguma sorte alheo do nos- so principal assumpto , e mais interessante á Sciencia Chy- mica do que á praxe Medica , e como além disso demanda muito mais tempo paia o seu exame , por isso julgámos a propósito deixar para occasião mais oportuna estas Expe- riências , em que algum de nós se propõe de trabalhar, En- tão se examinará também meihor a forma porque existe o Cinchonino em esta Quina ; vindo á idéa , se o Acido Ojiinico não será talvez outra couza mais que o mesmo Cinchonino oxigenado ; huma porção do qual unindo-se á Cal passará pa- ra a dissolução aquosa, tendo a mucilagcm a propriedade de reter este Principio á proporção que elle se vai oxidando. Igualmente lembra que o Acido Oiánico será huma modifica- ção do Acido benzóico , com quem tem muita analogia : mas tudo isto são hypotheses , que só trabalhos ulteriores podem confirmar , ou destruir. Ti- DAS SciENClAS DE LlSBOA. 115* Tínhamos dito que além da Substancia dissoluwl no Álcool, c da outra solúvel naAgoa fria, havia huma terceira indissolúvel em ambos estes vchiculos , que ficara nos Filtros. Tratada cila com o Acido Nítrico dissolveo-sc pouco , porém sempre corou o Acido em amarcllo gemado. Esta mesma substancia se dissolveo quasi toda em Agoa quente ; fazen- do huma dissolução turva , que arrefecendo precipitou huma matéria parda , c denegrida , de cor de Caffé torrado ; fican- do a dissolução aquosa de huma côr amarella pardacenta. Vem-se pois ainda duas substancias , a primeira das quacs fica dissolvida na Agoa , mesmo depois de arrefecer , a qual parece pertencer e unir-se á matéria Extractivo-Mucilaginosa de que falamos : a outra indissolúvel nâ Agoa , se precipita em hum pó negro , insípido , que se não dissolveo no Acido Muriatico , e que posto na luz de huma vella arde com chama , deixan- do por fim hum resíduo carbonoso. Estas propriedades fazem ver , que este Principio não he outro senão o Extractivo , que pela sua exposição ao Calor e ao Ar se tornou indissolúvel ; sendo idêntica a cauza que faz perturbar as infusões , á proporção que se vão oxi- dando , o que já tinha advertido Tromsdorjf. Para rematarmos o que temos dito a respeito da Qui- na do Rio de Janeiro , recapitularemos as inducções que se podem tirar das nossas Experiências , applicaveis ao principal objecto desta Memoria. I. A Quina do Rio de Janeiro he huma verdadeira Qui- na , pertencente á Classe d'aqucllas cuja infusão a frio , se- gundo Vaitquclin , precipita a Colla, e não o Tan , nem Q Emético. II. Este Principio com tudo que precipita o Tauino , he susceptível de apresentar-sc nas decocçócs , as quacs são pre- P ii ci 4o REIS 1 1 6 Memorias da Academia Reai, apitadas pela Galha , e redissolvidas ainda que não comple- tamente pelo Álcool. III. Os Principios componentes desta Quina são , além dos Sues Neutros, c oTanino com algum Acido ( ou seja o Galhico ou outro análogo ) ; a Resina , o Extractivo , o Cincbonino , que se apresenta depois de ter passado por hum maior gráo de calor , e que talvez seja a baze do Acido Qyinico , a muci- lagem,e a parte colorante, cuja natureza nos Vegetaes ain- da he pouco conhecida. IV. Estes mesmos Principios ( ainda que diversamente modificados alguns delles ) , se achão nas outras Quinas ; e por conseguinte deverá aquella produzir, pouco mais ou me- nos, o mesmo effeito do que estas. V. Como porém esteja ainda por decidir cabalmente e por Experiências directas, em qual ou em quaes dos Princi- pios acima ditos resida essencialmente a virtude febrífuga e antiperiodica das Quinas ; será necessário usar com preferen- cia na praxe Medica daquellas Preparações , em que se sai- ba de certo que existe maior numero delles ; e assim a infusão a frio será o modo menos proveitoso de usar desta substancia, quando se quer em toda a sua actividade ; pelo contrario a decocção , hum dos methodos de a empregar com mais energia , visto existirem nella produetos que não exis- tem na simples infusão a frio. O uso desta Quina em substancia parece , que não pro- duzirá tão bons effeitos como o da decocção ; pois vimos ser necessário hum gráo de calor para desenvolver ou for- mar o Principio , que precipita a Galha, provavelmente maior do 40 EEI8 DAS SciENCIAS DE LlSBOA. II7 do que aquellc que o Estômago pode subministrar : o que náo tem lugar nas Quinas officinaes vermelha e amarella , nas quaes estando este Principio já desenvolvido , se usa delias tom a maior vantagem dadas cm substancia. VI. ■ Tcndo-sc experimentado que a infusão alcoólica ex- trahc alguns Princípios em maior abundância , que a aquosa ; poder-se-hid com proveito combinar a dita infusão alcoólica com a decocção desta Quina ; havendo assim a certeza de se extrahirem todos os produetos Mcdicinaes que cila con- tém , e que são ou solúveis no Álcool , ou na Agoa quente. VII. Em fim sendo esta Quina do Rio de Janeiro mais ri- ca em Princípios , do que as outras Quinas officinaes , se po- dem esperar delia os melhores resultados. N. B. Foi summamente agradável á Commissão, saber que os resultados das suas Observações erão confirmados pe- las experiências Chymicas , que se tentarão por este mesmo tempo. Quando se nos deo esta Quina para ánalysarmos , destribuio o Delegado do Fysico Mor huma porção delia, para ser empregada com as devidas cautcllas em os Hospi- taes Militares. Já anteriormente se tinha tentado em Lis- boa o uso desta Quina , mas com pouco efieito , segundo se vê da Memoria de hum dos nossos Consócios o Sr. Ber- nardino António Gomes , o qual levado pela analogia das outras Quinas , a tinha empregado constantemente em sub- stancia , a fim de obter os maiores resultados ; no uso porém que agora se fez delia em os Hospitaes Militares pelo Sr. José Maria Soares , tendo sido em decocção , obteve o di- to Professor effeitos os mais satisfatórios e constantes ,prin- ci- 1 1 8 Memorias da Academia Real cipalmcntc em a epidemia que ultimamente grassou n'csta Capital , em que elles forao ainda superiores aos da Quina amarella officinal. Este facto que coincide perfeitamente com as nossas experiências , faz bem ver quanto a Medici- na pode esperar das luzes da Chymica : huma vez que o espirito de observação, e o dezejo de descobrir a verdade, dirijao os que se empregao nestas Sciencias. Laboratório da Casa da Moeda 18 de Julho de iSli. José Bonifácio de Andrada e Silva. Sebastião Francisco de Mendo Trigozo. João Crojt. Bernardino António Gomes. ME- ÍNFUSÕEí 'fomes das Qjii- nas. Quina do Riu de Janeiro. II. Quina do La- boratório. Colla de Peixe. Precipitada abundante alva- dio : o liquido da dissolução lactes- cente. sígoa de Cal. infusão ou Q Car . Pma -a Soi a, Precipitado abundante alva- dio o liquido per- de o amargo , ma* não altera a cor. NJ ração Turnes- sol. Reforçou de côr , Mm i .,. alteração d: pre- cipitado. III. Quina verme- lha otiicinal. Nenhum pre. cipitado , nem ai. te ração. IV. la Quina a maré 1- olhcii ■'im!. Côr lactes- cente , branca a vermelhada , tur- va. Precipitado alvadio, abundan- te. Côr da disso- lução lactescente, branca amarella- da. abunda parda abund dio av Idem. Mudou a côr par» vermelho. Mudou para [ vermelho. Id. com a So. da. Com a Porás- sa fea huni.i Ne. beculla que tor- nou a dissolver-»?. Não alterou cór. Idem. )bund tanto |. o I mudou Com a Soda pre- cipita , , a dissolver comi mais alcali. Com| Potassa , pr, tado abund li luido amaiellol sujo. Quina do Rio de Janeiro. III. Quina verme- lha officinal. Precipitado mais g-"umoso , al- vadio sujo. Precipitado muito tino , ama- rello avermelha- do: liquido turvo. Precipitado fino , côr de cas- tanha claro i o li- quido mais escu- ro. Escureceo de | cor , e turhou-ie I algum tanto. Mudou para vermelho • preci- 1 côr de rlor de Pecejueiro. Precipitado pardo purpurino ; liquido com pelí- cula côr de Hor de Peceguciro, Com Potassa precipitado bran- co amarei lado, li- quido cor ,ie Cas- tanha. Com Soi i precipitado bran co puro ; liquido, côr de sangue de Boi. Idem. INFUSÕES AQUOSAS DE QUINA TRATADAS COM OS REAGENTES. fomes das Qiii- nas. Quina do Rio de Janeiro. II. Quina do La- boratório. Quina verme' lha oííicinal. Colla de Peixe. Precipitado abundante alva* dio : o liquido da dissolução lactes- cente. Nenhum pre- cipitado , nem al- teração. Cõr lactes- cente , branca a vermelhada , tu- ia o. Quín jfficin a amarel- nal. Côr da disso- lução lactescente; branca amareJIa- da. AgGd de Cal. Precipitado abundante alva- dio: o liquido per- de o amargo j mai não altera a côr. Infusão de Tan, cu Casca de Carvalho, Não fez alte- ração. Precipitado abundante , i pardacenta cia Precipitado alvadio, abundan- te. Precipitado abundante , alva- dio avermelhado. Precipitado ibundante , não tanto como o N. ;. o liquido não mudou de côr. Infusão de Ca* lha. Não fez alte- ração. Côr amarellR Izabellína aver- melhada : preci- pitado fino abun- dante. Dissolução branca , amaiella- da , precipitado copioso branco. Idem ; preci- pitado mais abun- dante. lartaro íico. Não fez ai te ação. Mudou a cor para amarello sem precipitado. Mudou a côr ficando lactescen te , turvo. Precipitado abundante alva- dio : o liquido la- ctescente. nlfate de Ferro. Trecipítado vele garrafa , nã> imito escu- .o- Uqido verde ma"is e;uro. Sulfate de Cobre. Acctite de Chumbo. Oxalate de Amoniacn. Acido Sulfú- rico. Côr verde de Chrisoliu , não muito transparen- te , prometendo preci pitado. pcipitado , e liqulo como a piecemte , mas não í côr tão viva. ,ôr de Chri- Bolit diluída , sem precipitado senjvel. ^ôr de Fspar- gooom precipita- do abundante , mai; escuro* Côr de Es pargo carregado precipitado abun- dante , cinzento averdongado. Côr Esmeral- da d! luida , sem precipitadu sen li vel* Idem. Cõr de Enxo- fre, precipitado da mesma cor mais Côr amavellr pardacenta t pre- cipitado copio si ssi mo. Turbou-ae lo- go , desmaiando de côr. Precipitado abundante , e«- braquiçado • 0 li- quido Inctegcen- te . amuellado. Pot/t-.ta Soda, Turnes- sol. Reforçou de :òr , sem fazei ilteração de pre- ;i pitado. Infusão bran- ca avermelhada , com precipitado fino mais escuro. Infusão bran- ca amarellada, U- ctescente suja. O mesmo ma? não desmaio' tanto de cor. Não deo re- uludo sensivcl. Idem. Mudou a côr para vermelho, Mudou para vermelho. Desmaiou de côr : precipitado ténue branco , nebuloso. Precipitado abundante , lac- tescente. Precipitado branco i liquido sem alteração. Id. com a So- 1 Não alterou da. Com a Putas- \ a cói sa fez hum* Ne beculla que tor nou a dissolver*** Com n Soda pre c i p i t a , < ' i n dissolver c ' m mais a leal :. Com Potassa , precipi- tado abundante ; liquido amarello sujo. Decocçoes de chias Quinas tratadas com os mesmos Reagentes. Quina do Rio de Janeiro. III. Quina verme- lha orTtcinal. Precipitado mais g^umoso , al- vadio sujo. Precipitado muito tino , ama- rello avermelha- do^ liquido turvo. Precipitado fino , cõr de cas- tanha claro - o li- quido mais escu- Precipitado pardo purpurino ; liquido com peti- cula cor de rlor de Pecegueiro. Côr amarella avermelhada : li- quido algum ta.i- to turvo. Precipitado abundante rino,al- vadio avermelha- do; liquido côr de mel. Precipitado abundantíssimo , pardo , esbranqui- çado. O liquido tur- vo sem ter preci- pitado em 24 ho- ras. Não fez ai teraçáo sensível. Precipitado abundante , bran- co amarcllado -■ O líquido turvo. Verde garra- rafa escuro •■ li- quido muito tur- Côr de Espar- go : precipitadu alvio averdonga- do. Precipitado fino , verde es- branquiçado, com viso azulado. Dívidio-se o liquido : o de ci ma verde de Es- pargo suio , o de- baixo transparen- te , côr de verde- te claro. Precipitada abundante alva- dio , sujo. Côr de mel , sem precipitado Precipitado abundante, côr de carne desmaiada: liquido tranipa- rente. Turbou precipitado Precipitado amarello Izabeli- no , pouco abun- dante. Turvo com precipitado té- nue , pardacento. Escureceo de cor , e turbou-je almim tanto. Com Potassa precipitado bran- co amarellado, li- quido côr de Cas- tanha. Com Soda precipitado bran- co puio , liquidoí côr de sangue de Boi. Mudou para vermelho - preci- pitado cõr de rlor de Peceg-ueiro, DISSOLUÇÕES A j. i.^i a »j. iVumes das Qtii- nas. Quina do Rio de Janeiro. 11. Quina do La- boratório* 111. Quina verme- lha otficinal. IV. Quina amare 1- la oiricinal. Cvlla de Piixe. Detrnaiou de cór : precipitado tenuisMino , fino , |]VtdÍO- Precipitado ténue , denegri- do; líquido tiii v •<. Desmaiou de còr : precipita- do nebulo«o , es- branquiçado, com viso de vermelho. Pre c i p i t a J o abundante , alva- dio : liquido tur- vo , amare lio fia- belltno , desmaia- do. Agdti àt Cal. i Jo mui - to turvo . cór de castanha amarei* lado. Precipitado pouco : pardo de* 1 > i i liquido turvo- de cor mais c arre rada. Precipitado fi- no, abundante-, al- vadio esverdenha* do : liquido da mesma cui. PrecipÍtLulo abundantttn mo , no fundo alvadii avermelhado , su- periormente de- negrido : liquido turvo , da mesma cór. Irtjusão o« Ca Larv Potassa € Sc da. Tumes* sol. cot R< _ Reforçou de \erme- i o.K.npreci marelli P abundui dio p.-" liqui rente , amarellí Cor ic Mui poic reflexos avetme- ' | rec pica- do alvadio. T baitant ie , ai Lu uido aver- melhado ■■ pieci- pitado cór de rior de Pecegueiro. I abund. loul : Izabel Avermelhou e turbou o liqui- do r.iaito pojeo. Quina do Rio de Janeiro. Precipi lado grumoso, amarei- lo torrado. II. Quina do La boratorio. III. Quina verme- lha ofEcinal. IV. Quina ama- relia oilicinal. Precipitado rlocoso , pa do -vermelhado : o liquido não mu- dou de cor. Precipitado grumoso , Corado de vermelho , na- daste. Precipitado abundante , tino ; cór parda lenho- 1 1 1 . iii o pardo de ripado. C.tr esverde- nhada i precipi- tado abundante , o averinelba- do. Pn forma dias lin.i. Avermelhou reci pitado cor de sattanba escuro qai di Precipitadi cór de tangue de Boi : liquido da dita cor, mais dis- maiado. Liquido tur vo : precipitado rinissimo, cor par- da amarellada , com algum ver- melho. Precipitado ibundantiaaitno . cor de ri^auo : li- quido turvo. abun idla licul Mudou-se a cór para verme- lho. alva paru o pouca ou nenhuma alte- ração de c..r. Nenhuma ai t.-nr5o pata ver- melho. iMudou para vermelho. DISSOLUÇÕES AQUOSAS DA MATÉRIA EXTR ACTIVO-MUCIL AGIN OS A DAS QUINAS. Nomes das Qjti- nas. Quina do Rio de Janeiro. Cclla de Piixe. II. Quina do La> boratono. Quina verme- lha officinal. IV. Quina amarel- l.i ofricinal. Desmaiou de cór : precipitado tenuissimo , fino , alvadio. Precipitado ténue , denegri- do; liquido turvo. Agoa de Cal. Liquido mui- to turvo , cór de castanha amarei- lado. Precipitado pouco : pardo de- negiido; liquido turvo, de cor mais carregada. Desmaiou de côr : precipita- do nebuloso , es- branquiçado, com viso de vermelho. Precipitado abundante , alva- dio : liquido tur- vo , amarello Iza- bellino , desmaia* do. Precipitado fi- no, abundante, al- vadio esverden lia- do : liquido da mesma cor. Precipitado abundantíssimo , no fundo alvadio avermelhado , su- periormente de- negrido : liquido turvo , da mesma cór. JnjusãodeTzn ou Casca de Carvalho. Keforçou de côr: precipitado fie coso , mais a- mare liado. Precipitado abundante ; alva- dio pardacento : liquido transpa- rente , vermelho amarellado. Precipitado bastante abundan- te , alv adio sujo. Precipitado abundantíssimo , formando Magma total ; amarello , Izabellíno. Infusão de Galha. Líquido sem alteração de cór . precipitado té- nue, alvadio sujo. Liquido tur- vo sem precipi- tado sensível. Precipitado ténue, pardo aver- melhado , sem al- teração na cor do liquido. Precipitado grumoso , gelati no;0 no fundo : li- quido quasi trans- parente , cor de mel desmaiado. j. ar: ai o tico. Sulfate de Feno. Sulfate de Cobre. A tate de Chumbo. Reforce Côr verde côr , e tico-j ai- (garrafa diluída , gum unto turvo, j sem precipitado ! sensível. JL Precipitado pardo de lo : liqui- do algum tanto turvo. Precipitado a- bundante, grumo- so, esbrai , liquido de Còt a- marelia diluída. Precipitado a- is«imo, ai- irei la do liquido quasi sem cor. Precipitado a- abundan neg o azulado : liquido da mesma cór. Liquido mui- to turvo , cinzen- to azulado , com pel '.cuia; precipi- tado mais escuro. Preci] partes ; ir cinzen- to denegrido , o negro a- cínzentado* Cor verde de alguma couza tur- Precipitado abundam ... o , i ordenha- do : liquido da mesma cor dilui- Côr , entre ver- de esmeralda e de Cbrtsolita. Preci- pitado mais escu- ro , com película Preci pitado de cór lenhosa: li- -uiiio verde-Ghri solita. Cor turva i precipitado tra , branco a verme- ■ d< . Oxalatc de Amei. Diluio .. côi ia : pre- ! CO in^iellado. Precipitado abund: ntissimo , o a c it d e b"gado denegrido liquido transpa- rente , ve-de de Espargo sujo. Precipitado abundante , bran- co acinzentado . com película : li- quido cinzento desmaiado. Precipitado abundantissi 1110, o - oino cris* talizado , em ai» guinai partes al- vadio ; liquido verde de aspar- go sujo. Pouco preci- pitado , pegado a- paredes do vaso como em gi umoí liquido pouco tur vo , amarello par- dacento. Precipitado abundante , bt co , fino , peg u o ás paredes do va- so e ao fundo ; que se dissolve , e ferve com o A- eido iultuiico. Acido Sulfú- rico. Pi . [j Soda, Pre( ipitade abundantíssimo , da mesma Mil llídO. Precipitado no< pardo lenho» so desmaiado : li- I ■ um tan- to turvo , amarei" lo pardacento. Precipitado líoco'0, pardacen- to i liquido .ini.i rello avermelha- do. Re t orçou de :6r para verme- ho mui: ii ni , sem preci . ido, 'In MM- sol. Cor vermelha. Mui poucos cefli ícos nveune- ■ '■ idos i reci pita- do alvadio. Liquido aver molhado i preci pitado côr de tloi de Peccgueíro. Pouco dia avermel liquido ai Izabellino do. prcci- alva- hadoí a rello dilui- Prec-pitado nbuiidantissimo , negro parducentoi 1 quído muito tur- vo , paido lenho- Avermelhou e turbou o liqui- do muito pOuCo- Dissolnfoes Alcoólicas de Matéria Re •sino-Extr -activa das Quinas, Quina do Rio de Janeiro. II. Quina úo La- boratório. III. Quina verme- lha officinal. IV. Quina ama- slla officinal. Precipitado grumoso, amarel- lo tonado. Precipitado rlocoso . paido avermelhado •• o liquido não mu- dou de cor. Precipitado grumoso , corado de vermelho ; na- dante. Líquido tur vo ! precipitado finíssimo, côr par- da amarellada , com algum ver- melho. Precipitado abundante , fino i côr parda lenho- a : licuído pardo de ligado. Côr esverde- nhada : precipi- tado abundante , pardo avermelha- do. Precipitou-se , formando passados dias película sa- lina. Precipitada pouco ; formando passados dias pe- lícula salina. Infusão ver- Escureceo ; de garrafa escuro; precipitado pardo j grande precipita- esbrancuiiçado. du à.\ mesma cor. Precipitado íioenro, pardo- li- quido com pouca alteração de cór. Precipitado cór de sangue de Boi : liquido da dita cór, mais dis- maiado. Precipitado ibundantissimu . :6r de rigauo : li- luido turvo. Precipitado abundante , ama- rellado , com pe- lícula. Precipitado abundantíssimo , alvadio : película parda amarellada. Desmaiou al- gum tanto de enr, sem precipitar em 24 horas, mas fi- cou turvo. tado sa- lino cristal ' !■'" . e semi trai ti . Iva; . pardo a- marellado , turvo. Precipitação lenta , pouca , de côr pardas liquido amarello averme- lhado. Precipitado Liquido par- avermelhado par- j do denegrido, es- I uido ver- afa deite- gti do , [ ie.ipita- do mais claro. dacento, grumo- so : o liquido re- forçou de cor. Liquido trans- parente , com al- guns grumos na- úantes mais escu- ros. Precipitado abundantíssimo , ciistalizado em a- gulhas alvadias , com outro mais tino e pardacen- to em cima: li^uí do sem cor. jdo - pre- cipitadoquasi ne- gro. Dissolução verde j.u)o : pre- cipitada cristali- zado em agulhas verdes. Cristalização em agulh 1 plumozas li. do branco ama- rellado. Cristaliza- ção em agulh: verdes : liquido pardo turvo. Precipitado verde garrafa es- curo : liquido tur- vo da mesma co-. Cristalização em agulhas ver- des , com outro precipitado na* patedes do vaso : liquido quasi sem cór. Liquido tur- vo : precipitado fi 10, côr parda le- nhosa. Precipitado a- bundante , pardo- pardo a- m rei lado. Cristalisou uai paredes do va- ■ o, sem outro pre- cipitado. Pouco preci - 1 , pardo a- I . ; liqui- do itejn alteração de cor. Precipitada pouco, pardo, coii. película salínu. Avernielhnii 1 preci pitado cor de castanha escuro. Reforçou de cór , sem Fazer precipitado. Precipitado a- buudante , verme- lho pu'puríiio , escuro , llocoso. Liquido da mes- ma côr. Precipitado co- mo mogmetlce , ti- rando pai : Pe cegue iro , mais pardacento ; su- periormente mais alvadio , averme- lhado. Precipitado cm agulhas entre- laçadas , mais a- bundante que o do N. I. Pouco precipi- tado, grumoso, al- vadio: liquido tur vo, cór de mel. Kc forcou cór , sem altera a transparência. Muito turvo : liquido , cór de castanha escura , passando a côr de ligado. cor para verme- lho. Muito pouca ou nenhuma alte- ração de cór. Nenhuma al- teração paia ver- melho. Mudou para vermelho. IO HEIS MJ (*) MEMORIA Em que se pertende dar a Solução de hum Programma da Aca- demia Real das Sciencias de Lisboa. Por Mattheus Valente do Couto. PROGRAMMA D E ANAL Y SE PARA MAIO DE i 8 i i. Comparação das formulas tanto finitas , como de variações fini- tas , e infinitesimas dos triângulos esphericos , e rectilíneos j a fim de mostrar até que grão de aproximação se podem httns tomar pelos outros , por meio do exame analytico dos erros , que resul- tem desta supposição. A INTRODUCÇAO. N t es dc fazer a comparação da Trigonometria sphe- rica com a rectilinca faz-se preciso lembrar alguns princí- pios ;e são os seguintes: i. Denote x hum arco dc circulo rectificado ; (.v)° o nu- mero de grãos desse arco ; (x)' o numero de minutos ; (x)" o numero de segundos : c como he is = 3,1415:92.65-3589 a scmicircumfercncia rectificada cm partes do raio igual a uni- dade ; será a? = 0,017453186 (*)", ou * = 0,000290888 Lr)'» ou x — 0,000004848 (.v)"j como hc fácil de ver. 2. (*) Premiada na Assemblea Publica de 24 de Junho de l8ii. 1 2 o Memorias da Academia Real 2. Suppondo Sen. .v = tf -f- Ax1 4- 5 ,v' -j- &c. , será Sen. 2 .v = 2 k 4- 4 y?.v2-H 8 £ tf' -t- &c. ; valores , que, substituídos na equação Sen.3 i,v r 4 Sen.5 x — 4 Sen.4 tf, dão pelo methodo dos coeffieientes indeterminados a serio seguinte (<*) ; (a) . . . Sen. x = tf í a-' 4 * 5 — &c. w 1.2.3 1.2. 3.4? (Q. . . Cos. x = i l- x* 4 x ' — &c. N y 1.2 1.2.3.4 (7). . . T2. -v = .v 4- — *' -4- tf5 4- &c. v b *-3 ^S-í 1 1 (M. . . Cot. x = x x5 — &c. ™J *i-3 1-3-3-J J Para achar a serie (Ç) basta escrever na equação C >s. # = 1 — 2 Sen.2 3 w o valor de Sen. | * deduzido da se- rie (a). Divida-se agora (») por (c) para ter (y) ; e ao de- pois divida-sc (Ç) por (a) para ter (&). 3. Suppondo .v = Sen. w 4- yí Sen.2 x +■ B Sen.' jf 4- &c. j achar-se-ha pela (*) a seguinte (s) : (V) . . . tf = Sen. tf 4- Sen. ' x + 3 Sen. 'tf 4- &c. w 1.2.3. 1.2.4.5" (^...tf — ■=• -5? — Cos. x - Cos.'tf 2 — Cos. '.y- &c. v5y 1.2.3 1.2.4.5 (ri) ...x = Tg. x — \ Tg. ; x 4- 7 Tg. ' x 4- &c. (6)... tf = 4- -w — Cot. .v 4- j Cot.5 tf — * Cot.' tf -4- &c. Para achar a serie (£) basta escrever i -ar •— .v cm lu- gar de tf na serie (t). Pelo mesmo estilo (suppondo tf = tg. tf 4- A tg." x 4- &c. ) se acharão as duas ( n ) e (6). 4- (') Pata reduzir lium arco i , cujo raio ~ r,i oucro arco x, cujo raio seja z: 1 • faremos x — — ; lo<;o será Sen. (a) rz ( — ) ( — ) +íVc. : e assim a respeito das outras formulas. das Sciencias de Lisboa. 121 4- A letra ? posta antes de qualquer runeção variável denotara sempre a differença entre o estado variado , e o primitivo dessa funeção : c por isso será y' — y — i y ■ X* -x= * x;(y +. *y)(x+ *») -yx =ÍS(J(/); * +■ ? x X _ ,X\ '* í -*■ -*y y ~~ * \j) ■ A letra 2 posta antes de qualquer funeção variável de- notara sempre a somma do estado variado e o primitivo des- sa funeção : e por isso será y H-jr = 2^;*'+ * = 2»i(y + **)(*+**)+.*« ~ * W*) t YTTJ •+■ 7" = 2 (7) • Isto posto: Para achar as differenças finitas das funcçóes das linhas trigono- métricas, teremos as formulas seguintes: ( I > • * (* y) = §(* «.2 y -j- ? y.2») (II).. 2 (xy_) — £ (2 ». 2y + £ y. J\v) CIIO..Í- av>.s(:)=4. J\t. 2 y - ~ òcn- V1, ■*"■ :* «) > e log° ( pelas formulas conhecidas da somma , e da differença dos Senos , c Cosenos de dous arcos) teremos facilmente as seguintes : CO- S- Seiva — 2 Sen. •- ? u. Cos.(a + #>} (*)•■ ? Cos.a = - aSen ^«.Sen.(*+ ^ fl) 2 Sen.» rr 2 . Cos. ^JVSen. (a 4- 5^») -Cos.a — 2 Cos. -j Co».Q» +K <0 CA> • ^ l8» «=5 c,, (a %-^B>. Co», a C").. fcen. 1/ 2Cot., Sen. A , logo he Sen. (i,+ ííi) _ Cos. 4- <^. Sen. ( ^ 4- j- • ■ 2 ^-Cos.Ca+IJ-aíSen.Cc+I^OCos.i; J Scbolios. 12. Pelas series do (N.°2.) teremos (sendo (x)' = 7 -'tf ou .v = 0,0211) as seguintes fórmulas exactas até segun- dos de gráo. Sen. .vrra;; Cos. x = i — | x7 ; tg. *? rz x ; Cot. a: =r \x. Sendo (a?)' == 7',5' ou x — 0,00219 ; será Sen. x — x ; Cos. x = i'j tg. * == * ; Cot. » = {a;. Sendo (x)" — \")<) ou a; = o , ococo72;será Sen. a; — a:; Cos. .v = I ; tg. =: x; Cot. a: =: — . Donde se segue , que os Senos , e tangentes de arcos ( não maiores que 72',?) são iguacs aos mesmos arcos exactamen- te até segundos de gráo ; e que os Cosenos de arcos ( não Q_ii maio- 4-0 RS*S 124 Memorias da Academia Real maiores que 7 ',5- ) são iguacs ao raio: porém para que hu- ma Cotagente seja igual ao raio dividido pelo arco , he pre- ciso , que este arco não seja > i",?. 13. Porém se nas formulas (/') e (fe) do(N. 5.) sup- posermos Cos. (a-\- k £ a) = Cos. a ; e Sen. {a 4- j £ a) = Sen. a ; e quizermos ter estas equações exactas até segun- dos de grão , deve neste caso ser Cos. 3 J" a = 1 , Sen. ~ <$" a = í S- a ; e também í <5" « Sen. a < o",f ;e 5 7',^ : com cffeito, se nas fórmulas (i) e (k) do (N.° 5-) substituir- mos em lugar de Sen. (a •+■ { Cos. * •+- &c. í" Cos. « = — $■ a Sen. <* -t- \S- a1 Cos. * — M Sen. « — &c. as 40 MIf DAS SciENCIAS DE LlSBOA. Hf as quaes mostrão facilmente , que ( cm quanto não for S a > 7',5" ) será exactamente até segundos de gráo S- Sen. a = f a. Cos. a , e (T Cos. « = — í" «. Sen. « : mas se o valor de ) '((A) . . . Sen. b. Sen. A — Sen. a. Sen. B; § $ % ví( B ) . . . Cos. b. = Sen. a. Sen. c. Cos. B. + Cos. a. Cos. c ;jj) J( C) . . . Cot. tf. Sen. c — Sen. 5. Cot. A ■+- Cos. f. Cos. £ ;| <<■(£)). • • Cos. B — Sen. ^. Sen. C. Cos. £ — Cos. A. Cos. C.S) I _J (*) Estas fórmulas devem ser só quatro : porque ou se busca a rela- ção de dous lados , e dous ângulos Cambos oppostos ) ; ou de dous lados , e dous ângulos (hum só opposto ) ; ou de ires lados, e hum angulo; ou de três ângulos , e hum lado ; e a sua demonstração já aqui a suppomos sabida pela Trigonometria spherica. 10 *ElS das Sciencias de Lisboa. 1:7 ij'. Nestas fórmulas substituindo as expressões dos Se- nos , Cosenos , c Co tangentes dos lados a , b , c deduzidas pe- las Series do (N.° 2) teremos as seguintes: Fórmulas de aproximação para os Triângulos Sphcricos (**). (A) . . . b. Sen.yí — i£» Scn.yÍH-&c. = /7. Sen.J?— ^, tf.' Sen. S (20 P— 12 &c. = tf •-W — ia* c"~ — *4 r4 12 12 — 2 a í Cos. B + '- a Je Cos. 5 , 1 i c^a Cos. B + &c; (C) 1 Cq c a Cos. -\ac- B + &c ; ' tf — &C. : = Sen. B Cot. A+Cos.L (£') . . . Cos.5 = — Cos. (yí+Q-í J.a Sen. >f. Sen. C+ícc. i6\ Pelas fórmulas do (N. 4. ) acharemos , que as diffe- renças finitas das fórmulas (A) , (B) , (C), (D) do (N. 14.) são as seguintes : Diferenças finitas dos Triângulos Spbericos. js í I f|( £ ) . . . Sen. i J^ ^.Cos. (^ + i ) | -t- Sen. \&-b. Cos. {b -f- f í í). Cos. | í ^. Sen. (y? -+- \* A) —\ | Sen. \ *a. Cos. (tf -+■ i> tf) . Cos. i Sen. iU. Sen. (í 4- J f b) = tf Sen. à .T- a. Cos. i ^ f -f Sen. (j 4- [r J\ « ) . Cos. {c + -A c) — \ tf Cos. (tf 4- ^ tf) . Cos. (B -4- ±f B) . Sen. ( e + \ *c ). Cos.i^) < > Sen. J/ ft Sen. i J ^ Sen. (A + »A). Sen. A s Sen i ^ f f Cos. (r 4- 1 ^ c) . Sen. (2 tf 4- ^ tf 1 1>) 1 Sen. (. tf 4- J tf ) . Sen. a 5) 4- S) 2. Sen. (f+|fí). Cos. (B + ÍH) Cos. ^ B J-| S> _ QPn ■> o/ Cos- (Í+^B). Sen. ( 2 y/ 4- f y/)(( _ Sen. 5 J^ £ | ^en. (A -*- t A) . Sen. ^ \ % 2 Sen. (5 + i ^5). Cos. (í+{í f).Cos.^ ^f} ;? W DAS SciENClAS DE LlSBOA. 120 ,. |(77) Sen. ±*B. Sen. («-+- £ á| Í 4-| íy/) 4- Cos. (C+p C).Cos. (í,+ ij*-f); Sen. (yl+^^-f | Cos. i> ^ V •+- Sen. £ S> b. Cos. § 17. Nestas fórmulas (E) , (F) , (G) , (77) suppondo Sen. (i+iH) = Sen. £,Cos. (y/-t-tí y7) == Cos. y/, Sen. i J1 ^í=í íi, Cos. k £ A = 1 ; e assim a respeito dos mais Senos , e Cosenos : e ao depois fazendo em cada huma das que assim resultao as eliminações convenientes por meio das fórmulas finitas do (N. 14.) teremos (como he fácil de ver ) as seguintes : j| Dijf crenças infinitesimas dos Triângulos Sphericos (*). {? $(1) ... s-A. Cot. A 4- 7 b. Cot. b=ra. Cot. a 4- ] B. Cot. B . & > 4 Sen. a. Cos. C; í> « ! \\ <£( iV) . . . í- 5 = — t- A. Cos. c — S-C. Cos. * -+- <5^. Sen. a. Sen. C.| To;;;. 7/7. Part. II. R D/M (») Já vimos P^a Advertência do (N° 13) ate 411c gráo de appro. i3o Memorias da Academia Real Das Fórmulas dos triângulos rectilíneos. 18. Vejamos agora como das fórmulas finitas dos triân- gulos sphericos , dadas em o ( N. 15. ) se podem dcdusir as seguintes : Fórmulas finitas dos Triângulos rectilíneos (*) <<(") b. Sen. A — a. Sen. 7?; l(b) . . . b* = a2 + c2 — 2 ac. Cos. B ; ■i 1 Cos. £ Cos. ( ^í -4- C) . 19. ximaçio podemos suppor Sen. (/> 4- { ) — Sen. t , Sen. i^^zri Sb, Cos. i cT" t — 1 > &c. ; quando estas quantidades eniráo como factores em hum produeto ; e por isso estas fórmulas infinitesimaes (acima achadas ) podem servir para caLular o erro , que poderia produsir hunia pequena variação de huma das partes dadas 6obre a parte calculada de hum tri- angulo spherico : mas para fazer uso delias he preciso ver; se as varia- ções (que entráo na fórmula , de que se fizer uso ) são todas addictivas , ou todas subtractivas , para se attender aos «ignaes dessa fórmula : pois, nas que forem subtractivas , devese mudar o signal mais em menos. No- te-se que quando se suppoem Sen. i és A = - £ A , Sen. i $• b-l.il>, &c. ; as variações angulares í* A , í" b , 8cc. , suppoem-se rectificadas em partes do raio ~ i ; logo pelo ( N.° i ) será í- A rr 0,00029 ( ) (<(( e ) . . . Sen. | f> A {b ■+■ £ i* 4) . Cos. (^í -1- t ^ 4) -t ^ b. Sen. (y?1 H -*-{?J). Cos.\$A==%S-a. Sen. (£ + iíB) . Cos.±,rM 4 4-|Sen. ^£.(«-t-i^a ).Cos. (fl-4-^5) ; são despre- zar as potencias , e produetos de ordem superior , ibto he ,quc na fórmu- la ( A' ) se poisáo desprezar sem erro nttendivel as potencias b, ' /j,' ,e as de mais potencias de ordem superior a terceira poi huma razão ain- da maior: e que na fórmula (£'") se possa desprezar />,4 e todos os pro- duetos da quarta ordem , &c. : e similhantemente d.spnsando nas fórmu- las (C) e (.£>') os produetos, e potencias da secunda ordem ; teremos as fórmulas acima adiadas. Advertência. Vê se que para obter as fórmulas (o) e (ri) he pre- ciso realmente suppor nas fórmulas ( C) e ( D ) do ( N. 14. ) o Cose- no de hum lado do triangulo igual ao raio , o que pôde ter lugar ainda no caso de se redusir esse lado a cifra, ou de não ( sistir triangulo sphe- rico : e com etfeito a fórmula ( d ) di Cos. B — — Cos. ( A -+- C ) , isto he , da A -+- B -+- C zz l8oD, que he a propriedade dos triângulos recti- líneos ; em que essencialmente difterem dos triângulos sphericos : e note- se também que a fórmula (c) envolve implicitamente esta mesma pro- priedade ; pois que delia se deriva ( por ser Cot. A zz . os" , 1 a Se- itn. A J guinre c Sen. A — a. Sen. ( B -f- A) , mas pela fórmula (a) he c Sen. A — a Sen. C, logo he Sen. C zz Sen. (2? -+- A ); isto he , A -+■ B -1- C zz 18o.0 (*) Com effeito : das fórmulas (£) e (.F) do ( N. lâ. ) se derivão I3i Memorias da Academia Real «(/) ;^ *.(*h-^*). > i * a {t> -t- ; í *) -Cos. (S + i í 5). (e + J-*r).Cos.i> fiU) 4- t** {(f -+- 5^0 - cos. (b 4- ;-^£) ç« 4- i*-«a Cos. 4^B}-+- Sen. f + ^*) (r4-| U^f) 4- i 20. facilmente ( pelas hypotheses de serem os Senos iguaes aos arcos , e os Cosenos ao raio)as tòrmulag (e) e (/):mas para que da fórmula ( (7 ) 40 liiiI3 dasSciengias de Lisboa. i^j 20. Nas fórmulas das differenças infinctcsimis do ( N. 17 ) Buppondo que os hdos a>b,t do triangulo spherico são pequenos , e taes , que se possa suppor Cot. b — — , Sen. b ■=. b , Cos. b — 1 , &c. ; c assim a respeito das outras co- tangentes , Senos , Cosenos dos outros lados : teremos (ad- vertindo porém , que o ultimo termo da equação (N) de- ve ser igual a cifra por depender da differença de Cos. b = 1) as seguintes : K Diferenças infinitesimas dos Triângulos rectilíneos (*). J>) i 7, 1 l l(i) . . . S- A. Cot. A -+- -r- = S> B. Cot. B H - ; 9 b a #(/) . . . £ b = a. Sen. C = b. -+- I J" b~) — o para obter 1 fórmula (/>). N. B. Estas mesmas differenças finitas dos triângulos reetilineos se poJeriáo derivar das fórmulas finitas do (N. 18) por meio das fórmulas do C N. 4 ) . (*) Com effeito : todas estas differenças infinitesimas se acháo facil- mente pelo que acima dicemos : excepto a ultima (n) que para ser de- 134 21. Memorias da Academia Real T A B O A S, Qtie podem servir para fazer a comparação das fórmulas ( «w- tecedent emente achadas ) de variações finitas , e infinitesi- mas dos Triângulos sphtricos , e rectilíneos ; quando nclles se suppoem duas partes constantes. (< Lado , e angulo adjacente constantes ; isto he , sendo a e B j) (,S constantes. (I.) i> 1/ i> ( A. Cot. A = $ — Tt. Cot. £] | 1 (!')• . . ^ £ = S> c. Cos.,* ^ 1 (Ai>) . « O c. Sen. y/ = § S- c. Sen. yV — rf) J> C. Sen. b ; >S Cos. £ ; D//- rivada da equação ( iY) do ( N. 17) lie preciso advertir , que o ultimo termo desta , que he A); (/') . . . tb. Cos. i *A = ?c. Cos. (^ -t- \ S> A); í i « 'i^f.Sen.(yí-l-i^y/) = Tc. Sen. (yí+ .. S>l> = i c.Cos.A;j, í (T r. Sen. (nt)...J I — íA.b; | 5) = _Sen.í-^Cos.i C. Cos. £. = — í- B.Cos. r.Jj Dif- Advcnencia. As variações angulares c A , £> £ , o C.sáo d.idis cm p.ntes do raio ~ I, e por isso quando forem dadas em tninuios , 1 3 6 M EMOKIAS DA AcADEMIA ReAL 1] Diplomas finitas dos Trianguios re- % ctilincos. )J Cot.(S+-l;í! ^); : tg. UB. ' -+- ^ i j. g) — — «T £.Cos. -I- S- C. Cos.(C ■'< %g" ) • • • s *£• Scn- e - - tg-K^- $ Cos. ^ Ç. Cos.ÇC-t-^Cj.f ; |( b" )... Sen. J C = — Sen. £ R Dijferehças infinitesimal dos v. Triângulos rectilíneos. 1/ — = S- B. Cot. fi ; i>> >) j- c . Cos.i' = — J £. Cos. C ; [p s> í-.Scn.C. ^ — o Vi.Cos. c = 2f. ^^T^?^1^^: j) Doas lados constantes ; isto he , j-íhíÍo a e b constan- «. tes (III.) (? Diftcren^as fini'as dos Tr.a>g>ilos yj spbericos. tg. i J- JB. tg. (jí-f+-^-*^); <<(F'")...< '•Sen.|í- f.Sen.( I ► <<; ç cot. « ( S-n Sen. £ A = tg. ; £ t (C+~|>C). Sen. (2 Y/) á^) — 2 Sen/YÍ+ // Cos. b ) í yy. Sen. c Cos. £. ; — ~£ C. Sen. ^.Sp > » Dif- deve se escrever o,cco2o ($~ jí y em lugar de £ A ; e assim a respeito das oucras duas £B e J~C: porém as variações $• at£bt£c devem ser DAS SciENCIAS DE LlSBOA. 137 V, Differenças Jinitas dos Triângulos r.- SS ctilineos. f(."')...tg.^ •^.tg.(fl+iJ B) = | tg. -IJA.tg.ÇyJ + ^J ',-/); I I Sen. i^C.Sen. (C- J ^C).a.b; | ^c.Cot.(A+-iJs A); DijfirenCiis infnitcsiwas dos Triângulos rectilíneos. A. Co\..A~o H. Cot./<;» I C =:<; C.tf. Sej>. ii; - .D . f — — o \g'" )... Sen. J ^ = rg.4- > c. Cot. A , r? » I Dons ângulos constantes ; /.r/0 he , .rfwrfo A ( B constan- i) tes (IV.) S> (? Vijfeniiuis finitas dos Triângulos A sphcricos. (cj tg.-^.tg.(tf^-^tf); | rSen.^C.Sen.^C-i-^C) Si I = Sen. iívfSen:(f + W/,^ I i 1 f. ).Scn.W.Scn.7?; Dtjfcrenças tnjwttesimas dos Ml "-' 40 REIS 138 Memorias da Academia Real « í) Diferenças finitas Aos Triângulos re- ■jí ccilincos. <{,( £'" ). . . i a (,b + ^ S- b) = í b. (a + c jí/*) ,(*) .(*) Diferenças infinitesimal dos jr Triângulos rectilíneos. ]? 7 » b.i- a~ a. ê b ; J}> 2> (*) (*) #, «« s » 1 » f 1 a -r- S* a (a + £ a) a. Cos. B y . S n. Sen. C — i- f.Sen -ítf. jí Este signal ( * ) cjuer dizer, que não lia fórmula'! correspondem es : por çj vi ser neste caso &' C ~ o. fi C_ f Advertência, A demonstração desta ultima Taboa ( IV. ) deduz-sc facilmente da Taboa ( III. ) por meio do triangulo supple- mentário , fazendo ^í=i8o° — d, B=i8o° — b\ C = 180° — c",a= 1S00— A, b— 180o — B\ c~ 180o — C;e sendo estes valores substituidos nas fórmulas ( B'" ) , ( F" ) , ( G'" ) ; e ao depois tirando os acentos ás letras , que se achão pli- cadas , teremos as fórmulas correspondentes desta Taboa ( IV ). E como neste caso são dous ângulos constantes , será (nos triângulos rectilíneos) o terceiro angulo também constante, e a differença finita, ou infinitesima de qualquer dos ângulos rectilíneos igual á cifra ; e por isso não podem ha- signat de todas as mencionadas variações ; isto he , quando se conhecer , que huma qualquer dessas variações deve ser subtractiva , mude-sc na fór- mula o signal dessa variação. das Sciencias de Lisboa. 139 haver as fórmulas (/*"" ) correspondentes ás formulas (•/'"' ). As demonstrações porém das tres primeiras Taboas são as seguintes : Demonstrações das fórmulas da Taboa ( 7. ) Demonstração da fórmula ( £' ). Na equação ( E ) do (N. 16) suppondo a cB constan- tes , serão cifra os termos , em que entra $• a c i B : c ao depois dividindo a equação rezultante por Cos. (A-*- ^b a) Cos. \ £ A. Cos (i+rí b ). Cos. s ) , c = 1 80o — C ; b — 1 80o — B;e por isso B + 3 ? B= 180 — (b ■+" í^^);&c. Advertência. As demonstrações das de mais fórmulas da Taboa a- chão-se similhantemente ao que se tem praticado nas De- monstrações antecedentes. Demonstrações das fórmulas da Taboa (III). Demonstração da fórmula ( E'" ). Na equação (E) do (N. 16 ) suppondo a e b cons- tantes ;e dividindo-a ao depois pela somma da equação (A) do (N. 14), teremos a (£"') procurada. 142 Memorias da Academia Real Demonstração da fórmula ( F" ) . Na equação (F) do ( N. 16) mudc-sc £ cm (U — <0 S) O.V(.M- " Sen. J0(A -«Sen. B) J>) f « 2r.2 Sen.2 R Jj) _ rM-^-^V-ófl-rM-.tr. '-•-»-*-'■'¥'<■■=■" ;? "~ - 24. V (A + c Sen. B) (A - e Sen. B) «* cT b = — Vo + 4 4 o (" -t- * - o (« ■+-!>) c _ A) (4 4- c _ «) !>) s A = *. Sen. n Sen. 1 , % ai A , &c. , do triangulo rectilíneo para ter as do spherico;e por isso quando u. y forem negativas devem-se tirar : e reciprocamente. N. B. Se o raio da esfera [f (j, não fosse ~ I , mas fosse ~ r ; então em cada huma das fórmulas desta [}) /■ Taboa , deve se em lugar dos lados a,b, c escrever estes mesmos lados di - "V. "y, vididos pelo raio r. jf Demonstrações das fórmulas da Taboa antecedente. Demonstração da formula primeira. Sejáo dados os ângulos A,e 2? , e o lado a muito pequeno : seja b -+- <$"• b o lado do triangulo se elle fosse spherico ; então substituindo no primeiro membro da equação (A)' o lado b -+- í- b em lugar de b , teremos b Sen. A— a, Sen. B 4- í- b. Sen. A — \ ( V Sen. A - a> Sen. £ ) : don- de se segue , que he b Sen. A — a Sen. B =z o , e J" b. Sen. ^í — -, ( b' Sen. ^í — a' Sen. £ ) , e desta eliminando b pela antecedente ; teremos o erro = -7— ^ — ^y-g-jSen.3 5 — Sen.\^) ; este he o erro ,quc resulta de considerar o tri- angulo spherico , como rectilineo. Advertência. Se na fórmula (a) do ( N. 1 8) escrevermos os valo- res de b ca dados pela serie ( e ) do ( N. 3 ) teremos a seguinte (Sen. b ■+■ \ Sen.' b + &c. ) Sen. A zz (Sen. a Tom. III. Part. II, ' T + ai 40 KEI9 146 Memorias da Academia Real 4- 3 Sen.' a -+- &c. ) Sen. £,ou Sen. b. Sen. A — Sen. a Sen. B = 7 -[ Sen.' 0 Sen. 5 _ Scn.!Z>. Sen.y/ V + &c. ; donde se deduz , que o segundo membro desta equação hc o erro , que resultaria de considerar o triangulo rectilineo, como spherico. Demonstração da fórmula segunda Sejao dados o angulo B , e os lados a e b muito pe- quenos : seja A -+- «- das ScienciAs de Lisboa. I47 Demonstração da fórmula quarta. Se no primeiro membro da equação (A)' substituir- mos a -t- $• a cm lugar de a, teremos (desprezando ia') duas equações , como nas demonstrações antecedentes j pelas qu.ics se achará o erro redusindo a segundos seria (* Ç)" ou (? B)"= O>pocj004848,y sendo r dado , ou redusido à mesma unidade pela qual fo ião medidos os lados do triangulo. BRE- das Sciencias de Lisboa» 149 BREVE ENSAIO SOBRE A DEDUÇCÃO PHILOSOPHICA DAS OPERAÇÕES ALGÉBRICAS. Por Mattheus Valente do Couto. ADVERTÊNCIA. D A única idéa de grandeza ( considerada como hum ser , que tem a propriedade absoluta ( * ) de poder augmentar ) se pôde deduzir , que também deve haver huma única ope- ração , pela qual se ache a grandeza já Augmentada ; e esta Operação , que se chama (**) Addiç Xo ,deve por isso mesmo ser considerada como Operação primitiva c absoluta. E como qualquer grandeza pódc augmentar , também (pa- ra restituir-se ao seu antigo valor) deve poder diminuir ; e esta Operação , que se chama subtração , he já huma conse- quência immediata d'Addição. Isto posto : veremos como , da única Operação d'Addição se podem deduzir as Opera- ções da Multiplicação , c Elevação a potencias , c também (pela Observação) as Operações contrarias destas, que são a Subtração , a Divisão , c a Extração de raizes. Tal hc o objecto desta Memoria. Da ( * ) Dizemos que a propriedade de augmentar he absoluta : porque , quando huma grandeza vai augmentanJo , não concebemos o limite de sc-u augmento ; mas , quando vai diminuindo , tem o nada por limite ; isto he , pódc reduzir-se a nada. (** ) Suppomos , como cousa possível , que (de qualquer modo que hu- ma grandeza mude de hum valor para outro maior) sempre se possa ex- plicar esta mudança de valor para maior, por meio da Operação da Ad- diçáo , isto he , ajuntando a essa grandeza outra grandeza homogénea. 150 Memorias da Academia Real Da Grandeza em Geral. .. E Ste Caracter i significa a palavra Z>»w;este o a palavra nenhum ; a letra G significará a palavra Grandeza, e a letra grega « a palavra augmento. Assim a expressão i.G significa huma grandeza ; e a expressão a G o augmen- to dessa grandeza. Advirta-sc também que em vez de i. G se escreverá por abreviatura somente G ; e cm vez de x G a letra maiúscula A : c que o.G significa nenhuma grande- za , ou nada. z, E porque qualquer grandeza he capaz de augmen- to , por isso , quando se quizer ter huma grandeza já aug- mentada , deve-se á grandeza i. G ou G ajuntar «.G ou A, e esta operação , que se chama Addiçao , indica-sc assim G 4- A, e lê-se G mais A. Advirta-se , que em vez de G + A ou de i. G. 4- * G se escreverá por abreviatura (i 4- a).G; ou somente i 4- « , abstrahindo da grandeza, que sempre se deve subentender. 3. Ora como qualquer grandeza pôde augmentar , tam- bém ( para restituir se ao seu valor primitivo ) deve poder diminuir : e por isso , quando for dada a grandeza já aug- menta G -1- A , e o seu augmento A , deve-se do todo G *- A tirar o seu augmento A;e esta operação que se chama Sub- tracção indica-se assim (G -{-A) — A, c lê-se (G 4- A) menos A. Também em vez de 1. G + «.C -«Gse es- creverá ( 1 4- a — a) . G , ou somente 1 4- a _ tt , ou 1. 4. Vê-se ( pelo que fica dito ) que a Addiçao pódc consi- derar-se , como huma operação primaria , ou antecedente , cujo índice he o signal + ; c a sua Expressão binomia he G 4- A : e a Subtraçao como huma operação secundaria ou consequente , cujo Índice he o signal — ;c a sua Expres- são binomia he G — A. E por isso ( quando no resultado de alguma operação se acharem as expressões binomias o. G 40 JREIS BAS SciENCIAS DE LlSBOA. I ? t G ■+- A , c o. G — A , que valem o mesmo , que as seguin- tes expressões monomias isoladas ■+- A , — A ) vê-se eviden- temente que a grandeza A precedida do signal + foi des- tinada para se ajuntar a alguma outra grandeza , c que quan- do he precedida do signal — foi destinada para se tirar de outra grandeza. 5". E como qualquer grandeza pode vir a ser maior , menor , ou igual ao que d'antcs era ; por isso fazem-se in- despensaveis certos signaes de abreviatura , que denotem es- ta igualdade , ou desigualdade , e são os seguintes : este sig- nal > quer dizer maiorqtte ; este < meiwrque ; C este = iguala. Assim pelo n.° ( 2 ) he G -\- A^> G , isto he , o todo maior que a parte ; e G > G -+- Alisto he , a parte menor que o todo ; c pelo n.° ( 3 ) hc C ^ A — A — G , isto he , do todo tirando huma parte resta a outra ; ou também , qual- quer grandeza não muda de valor ajuntando-lhe ,e tirando- lhe depois huma mesma grandeza. 6. Trataremos agora em os números seguintes da Ope- ração primitiva d'Addição ; e das Operações , que delia se de- rivão ; e trataremos também das Operações contrarias destas , isto he , das Operações , cujo processo de Calculo consiste em ir desfazendo , o que se tinha feito nas outras. Assim a subtra- ção he a Operação contraria d'Addição ; pois o que nesta se ajunta se tira naquella. Da AddiçXo, E das Operações , que delia se derivao. 7. A Addiçao he (pelo que temos visto) huma Opera- ção primitiva pela qual se pódc explicar a lei da geração das grandezas ,que augmcntao ; pois para isso basta suppor, que qualquer grandeza he augmentada suecessivamente de certas grandezas homogéneas , para que possa adquirir to- dos os valores maiores , que se quizer. Assim denotando AjBjCjScc.jTjF os augmentos suecessivos que deve re- ce- \ IJT2 Memorias da Academia Real eeber G para igualar a huma outra grandeza maior deno- tada por ^ , será ( «) G 4- A -4- B + &c. ■+- T + V— 2 ; Esta expressão G -4- -4 + 5 -+- &c. chama-sc somma indi- cada das parccllas G,^,5,&c;c o seu resultado 2 , som- ma já cffeituada. 8. Como o resultado da expressão o. G -4- A he = A : segue-se que -t- A he = A, isto he , que toda a grandeza, que não tiver signal expresso, pòdc ser affectada do signal Da I." Operação derivada , a que se chama Multiplicação. 9. Quando na equação («) for 1. G = A = B = &c. s; T = y. isto he , quando todas as parcellas forem igur.es a huma mesma grandeza 1. G (que se chama unidade), então em vez de r. G -+- i.G ou de ( 1 -t- 1 ).G, escre- ve-se por abreviatura 2 x G^elê-se duas vezes G ; em vez de 1. G -t- 1 G -+- 1. G, cscre\e-sc 3 x G, e lê-se três vezes G;e assim por diante. N. B. Advii ta-se , que suppomos já sabido , que o cara- cter 2 significa o mesmo que a expressão 1 4- 1 , ou a pa- lavra dous ; o caracter 3 o mesmo que 2 -+- 1 , ou a palavra ?m, &c. , isto he,já suppomos saber contar, ler , e escre- ver qualquer ajuntamento de unidades, a que se chama nu- mero inteiro. Mas para poder em geral nomear e escrever quaesquer números inteiros , usaremos das letras minúsculas a , b ,c , &c. : assim 1 -+- 1 + 1 a vezes he =: a. 10. E por isso quando na equação (a) forem todas as parccllas iguaes a G ; então cm vez da expressão G -+- G -+- G ... a vezes , escreve-se por abreviatura a x G ; c lê-se a vezes G : e também se omitte este signal x escrevendo somente a G. Note- se que G também pódc ser numero. 11. DAS SciKNCIAS DE L I S B O A. IJ^ ir. Esta operação pela qual se acha a somma de par-> cellas iguaes chairia se Multiplicarão ; a somma , produeto ; qualquer das parcellás , multiplicando ; e o numero delias mnl- tiplicador , ou também coeficiente ;e o multiplicando c multi- plicador chamão se ambos factures do produeto. 12. Similhantemente hc a G -+- aG + a G ... b vezes =: b x ciG ; b a G ■+- b aG -+- b a G . . . c vezes = f X b aG ; c assim por diante : de maneira que sendo a , b , &c. , / , u os números inteiros pelos quaes se deve multiplicar G sueces- sivamente , para igualar a hum produeto P, teremos a equa- ção seguinte .... ( Q ) u X t X 8íC. X c X b X a X G = P; na qual hc evidente que a grandeza G pode também ser numero. Esta expressão « x t x &c. chama-se produeto indicado , cujos factores são a , b , c , &c. , £ , w ; e o resultado P produeto já cffeituado , seguindo esta mesma ordem de factores , isto he , multiplicando G primeiramente por a7 de- pois por b , depois por c , &c. are o ultimo factor «. rj. Como o resultado de 1 x C hc = G : seguc-se, que toda a grandeza, que não tiver coefficiente expresso, pode julgar-se multiplicada pelo factor 1, Da II. Operação derivada , que se chama Elevação a potencias. 14. Quando na equação (Q for ti = t =z &c. = b = a =q G , isto he , quando rodos os factores forem números iguaes entre si ; e o numero dellcs for c/; então em ve/, da expres- são a x& X a... «■ vezes , e ícreve-se por abreviatura á* ) e le-se a elevado à «. Logo neste caso hc a'' = P. 15. Esta operação pela qual se acha o produeto de fa- ctores iguaes chama-se Elevação a potenciai ; o produeto, po- tencia; qualquer dos factores, raiz; e o numero delles , ex- poente. 1 6. Similhantemente he a" x "* X <*" • • • € vezes = (aj j Tom. III. Pari. II. V rnaa •MI 4° *ea3 O 15-4 Memorias da Academia Real mas « entra nesta expressão tantas vezes , quantas a* hc fa- ctor , isto he , quantas são as unidades de £ , logo a* x quando os factores do expoente de hu- ma potencia forem iguaes , c o numero delles for » ; então pelo n.° (14) he u x <* x u . . . n vezes rr u" , e por isso a equação ( 7 ) se muda na seguinte ( ^ ) n = /"*>; Vc-se por tanto que os mesmos expoentes das potencias po- dem ser novas potencias. o n X » » 18. Como o resultado de (íz1) he = a =. a ; segue-se , que todo o numero que não tiver expoente pôde julgar-se 1 elevado a 1 : assim a he =: a . Das Operações Contrarias Das Precedentes. ip. Do que havemos dito (6) se deduz que a Praxe do das Sciencias de Lisboa. 15*? do calculo das operações contrarias deve ser huma consequên- cia immediata da Observação , que se fizer sobre o proc - so do Calculo das Operações directas correspondentes ; por- que esta praxe contraria consiste unicamente cm ir desraí do p;>r huma ordem retrogada todo o proce i das Opera- ções, que se tinhao feito pela ordem directa. Pes em ra a tr.tar das Operações contrarias principiando pela pri- meira que hc a seguinte. Da Subtracção, Ou da Operação contraria dyAddiçao. 20. Como (7) he a somma 2=G + yí-!-Z?4- S:c. ~+- T -+- £7,segue-se, que pela Operação contraria desta se pôde resolver a questão seguinte : Sendo dadas a somma 2, a ultima parcella U , a penúltima T , e assim per diante ; achar a grandeza primitiva G. Com effeito a questão rc- duz-se a desfazer o processo do calculo proposto , isto he , a tirar da somma primeiramente, ultima parcella U ; assim tirando U de ambos os membros da equação proposta , ain- da teremos da equação seguinte ~2-^Uz=:G-\-Sl + B-\- &c. +• T:e desta tornando atirar 7*de ambos os membros , ainda se tem a equação seguinte 2 — U — 7 — G -\- A + B -+- &c. : e assim por diante até obter a equação se- guinte ( e ) 2 - U — T - &c. — B — A — G; na qual a expressão do primeiro membro chama-se diff cren- ça indicada je a do segundo difFei\.nça já effeituada. si. Vè-sc que se ainda se tirasse G de ambos os mem- bros da equação ( e ) ficaria no segundo nada : pois he G — G — o. V ii D 156 Memorias da Academia Real Da Divisão, Ou da Operação contraria da Multiplicação. 22. Como (10) lie producto a X G=zG-i- G + G... a vezes ; segue-se que , pela operação contraria desta se po- de resolver a questão seguinte :(*) sendo dados o produ- cto a xG , c o numero a achar a grandeza primitiva G; o que facilmente se acha dividindo a grandeza a xGcm a partes iguacs entre si , e tomando luima delias G ; o que se denota assim — , ou assim «xG"« a , e lê-sc huma das a partes iguaes em que axG está dividida , ou também se lè assim a G dividido per a. Donde se §egue que he . . . (^' ^L=G. a 23. Ve-se por tanto que (sendo aeO quaesquer gran- dezas ) se a expressão axfl significar o producto de 6 por co , será ou a. S ^ « = 8 ; porque esta operação da divisão deve reprodusir a quantidade primitiva 6 . 24. Por isso sendo dado (12) o producto P=«x?X &c. x^X^xG;e dados o ultimo factor «, o penúltimo í, e assim por diante ; acharemos a grandeza primitiva G, di- vidindo P primeiramente por 11 , depois por t , e assim suc- cessivamenre : por tanto dividindo ambos os membros da equação proposta pelo factor u , ainda teremos a equação seguinte P "<8 a = íx &c. x^X^xC; e tornando a dividir esta por t , ainda teremos a equção seguinte P "« u "ss t — &<:• x^X^xG ; e assim por diante até obter a equação seguinte (9) P (*) Também sendo dado- o producto a X 0 , e a graniiez.t G , cjue ser- ve de multiplicando se poderia achar o multiplicador a , isto he , achar quantas vezes (7 cabe em a G , ou quantas vezes se pôde tir.:rG da gran- deza a G ; o que se denota assim a G : G , e lê-se em a G que vezes ha (7. Logo ( por ser a o numero que mostra as vezes que em a G ca- be G ) he . . . (n) . . . a G : G =; a. 40 *v dasSciencias de Lisboa. 157 P "ss u "* t "ss &c. ** b "* a = G ; na qual a expressão do primeiro membro chama-sc quocien- te indicado ;& a do segundo já cjj 'cintado. 25. Ve-sc pois que dividindo hum produeto sueces1! vã- mente por todos os seus factores sahc finalmente no quo- ciente a grandeza primitiva G,ou 1. G , ou 1, Da Extracção das Raízes, Oh da Operação contraria da Elevação a potencias. 16. Como pelo n° (i<5)hc a potencia n = a"' x' &c" '" segue se , que pela operação contraria desta se pôde resolver a qu?st;1o seguinte: Seiuío dada a potencia n , e os facto- res suecessivos &> , X,, &c 6 , •*, do expoente desta poten- cia , achar a raiz a desta potencia , o que se denota assim v (v Cv'(\K\/(n )))))» e lc'-scraiz u da niz ^ du ralz &c* da miz ç da raiz «. da potencia n : por tanto acharemos a raiz a dividindo o expoente u. x* &c- C« * ( quc denoto pe- la letra e ) suecessi vãmente por u , X > &C< , 4' > « ■'■> ° ) será pelo numero antecedente V sr — u , e pelo n.° ( 25 ) se- ra — — = 1 j e por tanto scra .... (k) Vw ••• ■ vezes} de n — rt " =<*. 28. Ij3 Memorias da Academia Real 28. Advirta-se porém que se u fosse conhecido , não se- ria então preciso extrahir a raii » da potencia w ; porque neste caso bastaria dividir w por u> suecessivamente u vezes. 1 29. Como o resultado de Vrf he=rt = #=: a ; segue- se , que todo o numero que não tiver o signal V expres- so , pôde julgar-se aftectado do signal radical com o expo- ■ ente 1 : assim a he — \a. OBSERVAÇÕES, Sobre a Praxe das Operações contrarias. 50. Temos visto desde o n.° 20 até 29 , que o metho- do , que se pode seguir para estabelecer a praxe do Calcu- lo das Operações contrarias consiste unicamente na decom- posição do processo do calculo anterior : e com cffeito a subtração pelo n.° (20) consiste cm subtrahir da somma primeiramente a ultima parcella , depois a penúltima ; e assim suecessivamente; a divisão pelo n.° (22) cerniste em divi- dir o produeto primeiramente pelo ultimo factor , depois pe- lo penúltimo , c assim suecessivamenre ; c finalmente a Extrac- ção das raizes pelo u.° (26) consiste em dividir o expoente da potencia primeiramente pelo ultimo expoente da raiz , depois pelo penúltimo , e assim suecessivamente , e também pelo n.° (27) consiste em extrahir a raiz do expoente da potencia , e depois dividir por essa raiz. Vc-se por tanto que ainda se não podem resolver em geral as três questões se- guintes: I. Dada a somma e qualquer das parccllas , achar a somma das outras parcellas : II. Dado o produeto c qual- quer dos factores , achar o produeto d;>s outros factores : III. Dada huma potencia c o expoente da raiz, achar essa raiz : porque estas questões , pelo que acima dissemos só podem ser resolvidas no caso particular de ser dada a ultima par- cella, c os últimos factores do produeto, e do expoente da potencia. 31. E por isso he indcspensavel o examinsr, se he , ou não c 40 'reii das ocienciasiie Lisboa. 15-9 não indifferente seguir certa ordem no processo das Operar çúes directas , isto he , examinar , se o resultado da somma G -i- A -+- B he igual a G -+- B -+- A ; se o produeto b %a a G he igual a íix*xC;c finalmente se (a'")" he — (a")'"i porque se esta ordem de operações suecessivaa for indiíFe- rente no processo do Calculo das três operações directas , então também o será no Calculo das três operações contra- rias das precedentes : e por tanto poder-se hão resolver em geral as três questões propostas em o numero antecedente , e também indicar em geral o processo deste Calculo da ma- neira seguinte : para denotar que de 8 se deve tirar u es- creve-se assim G — » ; que 8 se deve repartir cm n partes o iguaes assim 0 -ss « , ou também assim — ; e que de 3 se deve extrahir a raiz « assim vG: considerando G como huma somma , produeto , ou potencia , de que « seja huma parcel- la , factor , ou expoente. 32. Notc-se porém que G sendo dado ao acaso podia não ter resultado de operações directas; mas como também po- dia ter resultado delias , he preciso , para estabelecer cm ge- ral a praxe das operações contrarias , satisfazer a esta segun- da condição : e por isso poder-se-hão considerar as notações Ô " G — H , -j-.j e V 0 , como expressões , que indieão ( de hum modo geral c abstracto) por meio de certos algorithmos o processo das operações contrarias. Tal he a metaphisica destas operações. 33. Advertência. Como o processo do Calculo de hu- ma operação directa he também contrario ao processo do Calculo da sua operação contraria ; por isso a qualquer ope- ração directa e i sua contraria chamaremos ( para maior ge- neralidade ) operações inversas huma da outra : e á operação em que entrarem conjunctimente a Addição e Subtração chamaremos Aãàicionaçao ; e áquella em que entrarem a Mul- tiplicação e Divisão , Factoriação ; e finalmente áquella , em que entrarem a Elevação a potencias , c Extração de raizes , Êxponenciação. E á operação pela qual se acha a somma de par- i6o Memorias da Academia Real rareei Ias suecessivas chamaremos Addiçao stxccssiva ; c aquel- la pela qual se acha o produeto de factores suecessivos , Multiplicação st!ccessiva;c assim em todas as outras operr.ções. Esta mnovação de nomes faz-se preciza para abreviar o dis- curso na Theorica das combinações das operações algorith- micas,de que vamos a tratar em os números seguintes. Das Combinações Das Operações algorithmicas. 34. Da concepção de grandeza se derivou immediata- mente, como se vio em o n.° ( 7 ) que a Addiçao era huma operação primitiva , da qual ( 9 ) se deduzia a Multiplica- ção j e desta (14) a Elevação á potencias : e que a Subs trac- ção era (20) huma operação inversa d'' Addiçao ; a Divisão inversa ( 22 ) da Multiplicação ; e a Extracção de raizes (26) inversa da Elevação a potencias. Isto posto : como es- tas seis operações podem entrar cm huma expressão algo- rithmica combinadas de todos os modos possiveis a duas e duas , a 3 e 3 , a 4 c 4 , a j e 5- , e finalmente a seis e seis , e como todas estas primeiras combinações ainda podem ser similhmtcmentc combinadas a duas e duas ^je 3, a 4 04, e assim por diante : seguc-se que o numero total das Expres- sões algorithmicas, que podem resultar de todas estas com- binações , não tem limite. Mas felismente deste numero to- tal basta examinar pelo que se vio em on.° (31) as igual- dades , que podem resultar das três primeiras operações di- rectas combinadas comsigo mesmas a duas e duas ; e depois (32) com as suas inversas , isto he, examinar se he necessá- rio ( para não obter differente resultado ) seguir certa e de- terminada ordem no processo das operações , que vão indi- cadas nas três Classes seguintes de combinações. I. Classe. (a) Na Addiçao suecessiva , se » -+- a ■+- b he — » + b 4- a ; das Sciencias de Lisboa. 161 (b) Na S ubt racçao succcssiva , se « — a — b hc = « — b — a. (c) Na Addicionação , se n 4- rf — b he = « — b + a. II." Classe. (rt)' Na Multiplicação suecess. . . se £x<*X«he =«x*X«. ( & )' Na divisão succcssiva ; . se— •s ir:-^ ~e <*. (*)' Na Factoriaçao se b X -hc = ^- . III." Classe. ( a )" Na Elevação a pot. suecess. . . se ( n" ) he = ( riJ )". b a m b (b)" Na Extracção de raizes suecess. . . se V(v«) he — V (Vn). n k a b (c)1' Na Exponcnciação se ( V» ) he = V (« ). 35". N. B. Como as operações denotadas por(rt) e(£); {a)' e (b)';(a)"e (b)r' são pelo n.° ( 33 ) inversas huma da outra ; segue-sc que se for demonstrada a propriedade ( a ) facilmente se mostrará ( pela inversa ) a propriedade ( b ) ; e reciprocamente : e o mesmo já se entende a respeito de (a)' e [b)\ e de (a)" e (£)•" Por tanto o nosso objecto se- rá examinar especialmente , se das operações denotadas por (a) e (f) ; por (a)' e (c)' ; por (a)" e (c)" resultão as igual- dades acima mencionadas ; porque destas se podem dedusir todas as mais operações algorithmicas , como se verá em os números seguintes. I. Classe de Combinações. Da Aãdicão suecessha. 36. Vejamos se as mesmas parcellas dão sommas iguaes seja qual for a ordem das addiçõcs : isto he , se he Tom. III. Part. II. X « i6i Memorias da Academia Real Com cffcito o numero de unidades contidas na somma i .+- i ... a vezes + i 4- 1 4- 1 . . . b vezes he igual ao nu- mero das unidades contidas na somma 1 4- l 4- 1 • • • i ve- zes + 1 + H-1,., a vezes , logo he a-\-bz=:b + a; por isso , c por ser k + í + í^ii+i + i + i... a vezes -+- 1 4- 1 4- 1 . . . b vezes = «+ (1 + 1 + 1.../1 vezes 4- 1 -t- 1 -4- 1 . . . b vezes) = n 4- (a-\- b) he = n 4- {b 4- a) = « -+- ( 1 4- 1 _f- 1 . . . b vezes +1 + 1 + 1.,. d vezes ) = « + 1 4. 1 4- 1 . . . b vezes 4- I 4- I 4- I . . . . E as- sim se discorrerá para hum maior numero de parccllas. 38. Sendo a 4- b — s ; será » 4- J , ou « 4- (rf 4- £) = m 4- a-\-b. Como se deduz da demonstração do numero (36). Da Subtracção suecessiva. 39. Sendo i/=r4-((t + J); he n — a — & — « — £ — tf. Com cffcito por ser » = r+(rt+i)=:r4-«+i = f4-^ + 4- £4- íi — « 4- /z pelo numero precedente : logo he (// 4- a — b) 4- £> — (« __ Z» 4- a) 4- £ , c logo ( tornando a tirar £ de ambos os membros ) fica provada a proposição. O que tambem se concluía por sahirem resultados idênticos. . 44. Logo se for « == b , será b + a — b =. b — b 4- a = o 4- « = rt. 451. Sendo rt — b = d , será n + d ou » + (á - i) - « 4- rt — Z». Com cffeito : juntando £ ao primeiro membro temos que , » 4- d 4- £ por ser z= « 4- (d 4- ^j hc =: ?z j- rt; c ajun- tando b tambem ao segundo membro temos n 4- a ; logo a prop. he verdadeira. 46. Scholio. E ainda quando não for « > & , deverá ser » 4- (rt — Z>) z= « 4- « — b : porque à expressão n 4- ia — /») não se poderia em geral dar outra interpretação differente, da que fica demonstrada em o numero precedente. 47. Advertência. He n — (/•> — d) z=. « 4- () . Com effeito ajuntando (Z> — a) ao primeiro membro dá n ; c ajun- tando o mesmo ao segundo achar-se-há pelo n.° anteceden- te que tambem dá « ; logo a proposição he verdadeira. 48. Quando nas fórmulas dos n.os (38 , 4? , 46 , 47) se suppóc k — o, e a =: o sahem os seguintes.... Resultados de Calculo» + (+b) = + b;-(-hb)=-b; + (-b)=-b;-(-b)= + b. X ii Es- ■ 40 F-EIS 164 Memorias da Academia Real Estes resultados ainda são verdadeiros ; com cffeito pelo n.* (8; he 4- ( -+■ b) — 4- (b) — 4- b ; c também — (-]- b) — — (b) ; e também 4- {—b) = (—b) = — b ; c finalmente , por ser m ■+- (—b) — in — b , se ajuntarmos ao primeiro membro des- ta equação — ( — b) , e ao segundo 4- b , teremos que m ■+• (— £) 4- (— (— Z>)) he — >» _i- (_ b) — (— b) = ?u;e que w — b 4- (+- Z») hc -m-i-i-J-)», isto he , resultados idênticos , logo he — (— b) = 4- b. Veja-se a nota (*). 49. Advii ta-se , que os números precedidos do sinal 4- , e os precedidos do sinal — (a que se chamão números con- trários ) tem as propriedades seguintes: I. que » A soturna de dons números contrários he igual a differença desses números com o signal do maior ; isto he , que , por exemplo ,he j 4- (- a) = f - 1 = 3 ; c 5 + (- 8) = j _ 8 = y - y _ 3 : II. que »» Quando hum numero he maior que outro ( sendo ambos po- sitivos ; quando ( negativos ) o menor he então maior que o maior , isto hc , por exemplo , que hc _ 2 > _ 3 , com cffeito y 4- (- 2) he > y + (_ 3) , porque f +■ (— 2) he — y _ 2 = 3 , e y ■+- ( — 3) he z= y — 3 = 2 , logo (— 2) que se ajuntou a y he maior que o numero (— 3) , isto he , — 2 > — 3. jo. N. B. Pelo que se acaba de dizer já se vê a ra- zão, porque chamámos Addicionação às operações conjun- ctas d'Addição e da Subtração : pois vimos que a Subtração se podia exprimir por huma Addição , isto he , que n + a — b he ■=. 11 + ÍI+ (_ b). Por tanto póde-se dizer , que a Addicionação he a Operação pela qual se achão as Sommas de Differenqas. II. Classe de CombinaçÓfs. Da Multiplicação suecessiva. 5-1. Vejamos se os mesmos factores dão produetos iguaes seja qual íor a ordem das multiplicações ; isto he ; se he (*) Com cffeito : qusndo A — B , c A 4- X r= B 4- z; he x — z. - - ^ ■ lo uns das Sciencias de Lisboa. icSj l> X a X G — rtx^xG. Com cffeito heZ>x x G , ou (£ rt) x G — íx«xC. Pois he (iíi)xG~(íi4- b ) he {a + b). c = (a + b) 4- (a + b) ... c vezes rr a -+- a . . . c vezes + b + b . . . c ve- zes — (a •+- a . . . c vezes) + (b-+-b...c vezes) ■= c a + c b =3 ac +b c pelo n.° (5- 1) : logo ( sendo a + c^> d ,e 4- /> g ) será (a -+- e _ tf") x (e -4-/— g) = (a -+- c — d) e + (a 4- f — d) /_ {a-\-c—d)g = (ae + ce — de) -\-{af^cf—df) — {ag + cg — dg);e logo pelos n.°" (45- , 46 , 47) será . . . ( a) (a -+- * — tf") x (ff -1- / — g) = ae + ce — de-\-af->rcf— df— ag — cg -t- dg. D* ( * ) Note-se que os pontos t)ue se acháo por baixo cia letra C não significáo difterentes valores de G ; mas servem para indicar os CG , cjue se devem sommar. i66 Memorias da Academia Real Da Divisão successiva. 56. He — "^ b — -,- *>tf,he (y) a1 66. 1 6 8 Memorias da Academia Real 66. A esta operação pertenceria também examinar , se o quociente do produeto de sommas e diferenças indicadas dividido por qualquer numero se pódc achar parcialmente: com efFeito pelo que havemos dito he . . (a ■+- b — c) X G a.G + b.G—c.G , , (í + i-f)xG -t ; e também he ■* -3 \ \, G ^, G . G ., G a G c) X7^T + Jx7-(x7 = T. (a -+- b b_G d cG d ; logo he ( £ ) a.G bXx_ c.G d d d aG-\-bG — cG d 67, Logo ■ df-\- ç!'C—e bd d f adf ~ bdf + cbf ãbf ebd dbf 68. Scholio. Quando na fórmula (■) do n.° ( $>; ) se sup- poscrem algumas das letras a , c , d,e ,f,g , iguaes a cifra sahcm os seguintes. . . . Resultados de Calculo» (-d)x(+f)=-df;(-d)x(-g) = + dg. Estes resultados ainda são verdadeiros : com efFeito he (4- c ) ( + /)=( + f)x/i mas (-+-<•) x/he — + cf: porque ( ■+- c ) X.f significa , que f se hade tomar c vezes ; e que este pro- dueto se deve juntar a outra quantidade (se a houver) ; logo he (-+-c)x( 4- /) = -í-<\f. E também he (— d)x(-hf) =z (-- d ) x/j mas ( — á ) x f he — — df: porque ( _ á ) xí" significa que f se hade tomar d vezes , c que depois este produeto df se deve subtrahir de outra quantidade (se a houver); logo he (_ d) x (-1-/) = — df. E também por ser (4- + ( — ?) f + C- í) hc =: rt j seguc-sc pelo n.° (54) que he p vezes = a x a. E também como se collige do n.° (6 ?.) he ....(£). .. Hl _ V 111 1) »V (f) Da Extracção das raízes suecessiva. 7l. He s/(\'n) = \/(.Vn). Pro- (*) Seria mais natural principiar pcl.i investigação dt fórmula geral do ivolvimento de hum produeto , cujos factores estejáo em progressão arithmetica , isto he , de hum produeto c)a forma ( a 4- x) ( a -+- 2 X ) (d -r 3 x) (ã + tlX); e deste passar depois pira o caso de serem ioJos os factores iguaes entre si , que he o seguinte (a -t- a;)". Veja-se a Nota cjue vai no lim desta Memoria. DAS Sc I EM Cl AS DE LlSBOA. 171 Prova-sc suppondo cm ambos os membros n =. \* ) =z p ah h / a \ 74. Suppondo ab =p ,hc\u ou V« = V\.\«a 75". Sc tivéssemos achado em o numero (72) a fórmu- la geral do desenvolvimento do binómio (a + b) elevado a m , isto hc , achado em geral a expressão da Addicionação das operações que resultarião do produeto (a -+- b) x (« ■+■ b). . . vi vezes ; poder-sc-hia, pelas Operações inversas, achar a fór- mula geral do desenvolvimento da raiz m de huma somma ou differença indicada (*). Mostraremos porém agora so- mente as Operações , que se podem fazer sobre os expoen- tes do produeto , ou quociente de potencias quando se ex- trahem raizes : assim deduzse do n.° (72) que pela Ope- ração inversa hc ( y ) X 7...Í fi V a\a=a X a P = V a" .y / ; que he ( J" ) - v/~ v(f) a)t depois effeituando as operações indicadas. 79. Como (62) he — — i x = — X # ; segue-se que cm vez da expressão n pode escrever-sc qualquer das duas 1 seguintes \n* ) ou \n ) ; porque destas duas ultimas se passa para a primeira pelas regra dada em o n.° (68): com - 1 - • » effeito por ser \n ) =n " he = i; . Donde se deduz que (72) he V \axxa z) = \ax x<*~ ) = a xa . N. B. Tal he a rasão porque chamámos Exponenciação as ■ das Sciencias de Lisboa. 173 ns duas operações conjunctas da Elevação a potencias, c Ex- tracção de raízes ; pois acabámos de ver , que se podia livre- mente trabalhar (no calculo) com os expoentes das raízes, como se fossem expoentes de potencias. Pode-se por tan- to dizer , que a Exponcnciação he a Operação pela qual se achão as Potencias das Raízes. Reflexões Sobre os Índices 4- e — . 80. Como vimos cm o n.° (48) que he ■+- (-+- ri) = tf , e também — ( — a) zzz a ; seguc-se que , quando no fim de hum calculo acharmos o resultado =z a , ficamos na incerte- za se este resultado procedeu d'Addição ou da subtracção suecessiva ; o que não acontece sendo o resultado — — a ; porque neste caso sabe-se que só podia provir d'Addiciona- ção , como por exemplo ,-t- ( — a) ;c — (-1- d) = — a. 81. Como pelo n.° (66) he -+- a x -+- b — a b , e também — rtX — & — ; seguc-se que quando for dado o produeto ab , e se pedir os seus factores , fica-se na incerteza , se são ambos positivos ou ambos negativos ; c por isso quando se pedir a raiz segunda de a7 diremos que he 4- rt , ou — «, o que se denota assim \/a2 — -j-a. Advirtindo porém que quando se pede a raiz segunda de ( — a)' , então claro está pelo n.° (26) que he \/(— ri)* — — a, e não = -+- a. 82. Como he — a x — a = 0a j e -j- a x -t- a — a , isto he , como toda a segunda potencia he sempre positiva j segue-se que quando se pede a raiz segunda de hum numero v. negativo , pede-se realmente huma operação impossível : assim V — » he impossível. 83. Vejamos porém se pelas regras , que se de rão a res- peito do calculo das radícaes , se pode dar a expressão V — n outra forma , em que entrem operações possíveis de effeituar : com effeito (por ser y _« — y_ 1 xw) póde-se em vez de V— » escrever V— 1 xV"ouV»XV- l » Por" que de qualquer destas duas ultimas expressões se passa pa- ra a proposta V — n pela regra da multiplicação dos radí- caes , dada na equação ( y ) do n.° ( 75 ). Tal T74 Memorias da Academia Real Tal hc a cautella que se poderia ter para trabalhar no cal- culo com estas raízes impossíveis. 84. Assim quando no calculo se encontrarem as opera- ções indicadas dos produetos V vi x \/— n è \f _ m x \J — n e as dos quocientes — r- , e -, _n- ; poder-se-há antes de effeituar estas operações ( pôr y — n — y n x y/_ x } c \J _ ,-» = V'«Xv'- >)• Assim teremos que \/ m x V — » he =\í m X V » >/ — 1 ; c V_ ;« X V — n = V »; x V — 1 x V « X V — 1 = V'»'xV»x V— 1 xV— i=\/ fflxVuxV (— iy=\/mn x(— 1) = — V viu. E similhantemente -5-H- he — — V'" .. V- n V- 1 Vn zn— 1_ x-^f- = ^— X y i ; e finalmente ^2- he = . . .. %/_ 1 y V^m y/„, ffl v'- 1 x V» V» ~» ' Conclusão. 85". Temos visto em os n.os (9 e 16) que as letras , a b , c , &c. a, € , y &c. forão introdusidas no calculo para de- notar o numero de vezes , que huma grandeza ( considerada como unidade) era parcella , e que huma quantidade era fa- ctor ; e por isso cilas no processo do calculo representao so- mente signaes dessas operações. Mas ( para maior generali- dade ) poderemos abstrahir da significação particular , que tem as letras a , b , c &c. , e cortsiderallas em geral como algorithmos de operações, em que se poderem verificar as propriedades , que ficão expostas nas três Classes de Com- binações, de que havemos tratado em o n.° (34). Nota Final. Advertência. Pertcndemos semente fazer ver nesta No- ta a possibilidade de dedusir da única operação primitiva e absoluta da A d d i q  o huma só equação , cm que entrem conjunctamente as operações fundamentaes de toda a Praxe ai- 40 REI1" das Sciencias iie Lisboa. 175- algebraica ; que são (corno havemos visto ) a Addicionaçao , Fuctoriação, e Exponenciação. As notações «, , n2 , iis , . . . fy significarão /> diferentes números inteiros. II. Cx> G*±y>Gx±2y f • ' • G.-,±(«,-0yden0tar3° *« ' diffeiCntCS grandezas. jjj Faça-sc a somma Gx-hGx + iJ +... 4- Gx + <:ni_1-)y = b^Gj, > ; e lea-se Addkionalidade , cuja base he C ;o subexpoente + y ; e o coefficiente «, . IV. Teremos pela construcçao do numero precedente as equa- ções seguintes... ("«{G-}+1 )..=•- {(b«{c-L), L; c assim por diante ; pois facilmente se vê a lei da forma- ção destas notações. V. 176 Memorias da Academia Real V. No caso particular de serem todas as parcellas iguacs a base, então qualquer Addicionalidadc se torna cm hum Pro- dueto ; c neste caso hc . . . = », X »j X • • • X >ty X G6 . VI. Denotc-se agora hum produeto qualquer nl x «2 X • • • •' f . \P , X ?V assim < nt > ; e lea-sc Factoriedadc , cuja base he L J +1 «, ; o expoente p; e o subexpoente + 1. VII. Teremos pela construcçao do n.° precedente as duas equações seguintes 1 ■« r = 1 "< r" *v*e 1 w° r = i "< t XWo 5 L J4-1 l J + 1 l J h- i C J + i que dão ( como he fácil de ver ) a fórmula seguinte . . . . (A) r v r v , x r i>-' < n, > = < k, > -4- ( «» — «o ) X < n > ; l ' J + . L; J+i v ' l .'■/+! na qual se deve conter o Principio fuhdameiital para o desen- volvimento da Factoriaçao segundo a Operação primitiva da Addicionaçao , e em que também já vai evidentemente envolvida a Exponcnciação. Com cffeito substituindo na fór- mula {A) o valor da factoriedadc n — I dedusido da mes- ma fórmula , quando nella se escreve ff— 1 cm lugar úen; c DAS SCIEMCJAS DE L I S B O A. I77 ç substituindo depois nesse resultado o valor da factori de « — 2 dedusido da mesma fórmula , quando nclla se es- creve ;; — 2 em lugar de » ; c assim por diante ; e final- mente fazendo HP — «o = ^ , nj>_1 - tt„ = S>pT;1 , ... », — fc = f, j "o — »0 = K ; c o produeto S-p x ^ _ , X • • . X ^ _ , = •< ^ | ; achare- mos a seguinte . . . Formula geral (B). r i' r v r v r v-1 L J + i L J+i l p J - 1 L J + i f V f V~a^_ _,_ r ip \ Pj-i l °J+, L pi-i Tal hc a fórmula geral de que se poderá dedusir toda a Pra- xe algebraica. ( * ) ( * ) Exemplo de hitm.i applicacão da formula ( B ) . Como he X <5" ; e substituirmos estes valores na fórmula geral (5);e depois em lugar de qualquer potencia vermos a expressão sezuinte . , , ~ X -^ 1. í" ! que lhe lie 1. -.,... m ^ j + I igual ; acharemos huma fórmula ( que chamaremos faaoricdadc do bino- mio ) e he a seguinte. . . ^bí+í+cí^ = «(»o-í-o. •+■/>.< y x L J + i L J + i L J + i Tom. III. Part. II. Z /»„ L 178 Memorias da Academia Real L J+i L J+i L J+« + .. .-f- L 1» E se no desenvolvimento desta fórmula abstrahissemo; dos termos , em que entráo as quantidades 1. í1 , 1. S~ , &c , que se deriváo de o, í" , acha- ríamos a fórmula conhecida do binómio de Newton. ME- Mr,„..\.:ul'l.l|[.r II. | ...;.../,.''. M,n,..Vul 1.III.I' II. ,.,;.. /,.'<. DAS SciHNCIAS DE Li S B O A. 17 79 (*) MEMORIA Sobre hima Balança de Ensaio. Por Constantino Boteiho de Lacerda Lobo. §. I. A inventado ate o Seséite „! * • """""f ?^Ue » tem o piesentc , no conceito geral dos Fysicòs. jLar" a appresenta-ia a csta siia > c «5«s3 §. ih. telas m,cd?CrÍPf ° ^ ^"S3 ' 3S SU3S Pr°P"cdades , as cau- cxactX fV,e h3Ver P^ra .Ja>. Dobras de 8 Escudos. Ditas de 4 Escudos. Lei de 4 de Abril de 1722. No- % vas Moedas com o retrato, e no-< Dobras de Ouro me d' EIRei. ] Escudo de Ouro. (.Meio Escudo. . i| Ordem do Consellio Ultramarino , f Dobrões de (As Modas de Pra- ta neste Reinado continuarão do^ : mesmo peso , Lei , e valor , como | JJ«o E|Cudo- as que se cunharão em 1747 e 17C0 I Ji13"1'1'10- • -í /-i/ ij .Cruzado novo. Dona Maria I. Neste Reinado, e Regência do Principe D. João até o presente anno de 1806 não tem havido innovação na Moe- da de Ouro , ou Prata ; porém o Alvará de 13 de Julho de 1797 estabeleceo papel moeda , e que os pagamentos legaes havião de ser metade em metal , a outra metade em papel : este papel che- gou a perder 28 até 30 por cen- to , e presentemente em Abril de 1806 o desconto he 18 até 20 por cento. I (.-,!«/ , t ClitervacCes. pi 1» tiv KJ I: y ile Novembro de I 7 j 2 ( jii-sc Moedai de 4&800 , ' , eda> que eM-cdci^rm de | ""4*Jloedaa de 4(àSoo , dei 3-2e i^,:oo sempre cm I.- ( 1,6 marcadas com 0 seu ia- I n, Ac 4 eco , 2 J.COO , e ] "'os Di bróes de 24(Jooo , 24-^óe$ de 12^, eco , e Cru- I2.Cde 4S0 reis são marca- icooo , e 4S0 rs. , ane- •4Iavradi.$ depois de 108S. I I I I I 's «e i de S de Janeiro de 179S lk rer Moeda Estrangeira nas !i i , e cunhou-se Moedas de >' Ilhas em Jj) 11 .1 .1 .C .C 6.4 I.( .í 1.: coireiem nas Ilhas em isurão de Moeda» marca- ' ralor de joo rs. , 150 is. , k endo intrinsecamente do \Y e valor das moedas de 1. e 60 rs , que correm em IA is Quartinhos continuão [r idos IOCO rs. , ainda que ,j) r tem sido t&njo desde ^ de A°osto de 1688 : os l£ ovos d? Ouro , que pri - (T : se cunharão em 1 7 1 S ( rP {o , e continuarão a ser 'i) 00 , ainda que seu raloi ■)) bi d? 4Í0 reis. Nas Hoe- ií. I ouáii a ser marca- J/ ro , apezaf de valerem 4S0 , y e os Tostões LXXX rs. , '\ valem 100 rs. ; os Meios 'X \ \K , valendo jo ti >loedas de lau rs. do Rei- t) 1. Pedro II. são marcadas r outras sem marca , como no tempo presente. «í^ ^=^ s^=^=5s? fc?«=^ (<. Reinados , e Datas das Leis , ou Mandados. l-Ft^zs^í ■■.; Somes das Moedas. 1730, (dc retrato) . Dobras de 8 Eçcudos. Lei de 4 t'e Abril dc 1722. No- I Ditas de 4 Escudos. vas Moedas com o retrato, e no-22 I.ÓOO I .Roo) 24.000 i z 12.000 > .400 .480' .240 .120 .100 .060 j .05-0 j 6.400 j 3.200 I > 1.600 I .800 > 1.200 1 .480J 22 Valendo em moe- da ÍUiS. 16 32 6a > 102.400 L128 J 256 [ < 3'i 62i 75 125- 15-0 i6 31 64 128 | 8*7 1*13. A cada P.--a de Moeda. Mil réis dc cada Época ±■4^^ tfft -^ ^s^i^r Ordene ti' se çue pe- tasse Grãos. ^:'í cm me* ■ Grãos* IC2.4OO I02.-JOO 7.5OO IO2.4OO -( 576 ,288 <•' '44 1 ?l l 36 fio8o 18 I -3-- 1 301-? Í288 ! i44 36 i '4, l 2Ir f28 264 132 66 33 990 16Í 264 132 66 33, 49; ■' ' OTÍJ- mo cm .'■■' de :<'c sente , e da ■ espé- cie. '■' Meta! fino /' rporchrtado presen- te .:'.' mesma espécie , fm% Mis. Prc •-."■ <íVí Metaes •:.; .li'.,/.! d Crtrfíl J£- ;wc<;. Rí/Vi 04«r fUrtftifí. 12. Too 6.400 3.200 1.600 .800 24.000 12.000 •400 .480 .240 .120 .I0O .060 .OJO 6.400 3.200 1.600 .8co 1.200 ***** > 41 7 41» 417 - 563Í /■ 415 .480 J i.e. a 1.000 1.000 I.COO 1.000 ■< A Lei «te .'y de Novembro de 17 ia pi bio lavrar-se Moedas de 4 r))Soo , mi outias .l!..e.i.,s que excedes! m di 0^400 ; as Moei is de 1 800 , de J;fe.l00 , e de i,..oo scni|ii>- conti- nuarão a ser marcadas com o seu \.i- j lor primitivo ilc .4. ooo, a ^00 , e ■ j)cuo réis: os Dubrfies de a^ouo, e moios Dobrfies t'e ia£.uoo , q Cru- zados novos de 480 reis são marca- dos aooco , icooo , e 480 rs, , ape- ,iat de serem lavradoa depois de 1088. »3tv " O Alvará de 8 de Janeiro de 1795 prollibio correr MoeHa F.stran^ei ra nas lllias Acmes , e cunhou-se MncHas de Prata para correrem nas llhai em 1794 : consistirão de Moedas marca- das coltl o valor de joo rs. , 1 jo rs. , e 75 rs. ( sendo intrinsecamente do peso , lei , e valor das moedas de 240 , 1 20 , e 60 rs . que cor Portugal : os Quartinhos co.... a ser marcados loco rs. , ainda que ,j) medas cie ■>, orrem em lk continufio [r ainda que ,j) o seu valor tem sido )<^auo desde S) a Lei de 4 de Agosto de lóHíí : os K Cruzados novos de Ouro, que pri- $ que pi meiramente se cunharão em i?j8 sempre forSo , e continuarão a ser "5 marcados 400, ainda que seu valor S] primitivo foi de 4S0 reis. Nas Alou- ll a- fr 9 [ das de Prata contínuão a ser marca- das 400 , 2CP , ape7ar de valerem 480 . J) e 240 rs. ; e os Tostões I.XXX rs. ainda que valem 100 rs. ; os Me Tostões XX XX , valendo 50 Algumas Moedas de 120 is. do Rei- SS ' são marcadas v. 2P » tuut r/ 1 r.. . '!, Vlelos if reis. rV nado de D. Pedro II. 100 rs. , e outras sem inaica , cc continuáo no tempo presente. das Sciencias de Lisboa. i8j distancia do centro de movimenro. Logo cm qualquer tra- vessão os pontos onde se applicão os pesos , devem estar em huma linha que passe pelo centro de movimento. Es- ta propriedade , que se verifica na Balança proposta , falta na de Magalhães; porque na linha que passa pelo centro, não se observão os pontos de suspensão ; ora estão mais abai- xo , ora mais acima , pela mudança que costuma ter o cen- tro do movimento. HL* Ha dificuldade , cm que sejiío perfeitamente iguaes os braços da Balança de Magalhães. §. XVIII. He muito difficultoso executar a Balança de Maga- lhães de maneira , que haja huma perfeita igualdade nos seus braços j elle conhece este defeito , e para o acautelar imagi- nou hum novo modo de pesar, engenhoso sim , mas incom- modo : ora não sendo perfeitamente iguaes os braços , não se podem equilibrar massas iguaes ; fim , e uso principal da Ba- lança. Não ha este inconveniente na Balança proposta , por- que he mui fácil dividir em duas partes iguaes hum peque- no cylindro. Tom. III. Part. II. Aa ME- ' MEMORIAS DOS CORRESPONDENTES. IO R3 EjU.6 c fe ' (( *itt'rirc t/tt /e*-7~a?\. 4 « s *& Ejte.t ■Mcm. Aca,/ rm c.y<> .9f. r r L \ f" MEMORIAS D E MATHEMATICA E PHYSICA D A ACADEMIA R. DAS SCIENCIAS DE LISBOA. Nisi utile est quod facimus , st u/í a esí gloria. TOMO III. Parte II. LISBOA NA TYPOGRAFIA DA MESMA ACADEMIA. i 8 i 4. Com licença de S. ALTEZA REAL. - : IO HCTS IO I HISTORIA D A ACADEMIA. ADVERTÊNCIAS. A S Observações Aftronomicas , feitas pelo Correspondente da Academia Paulo José Maria Ciera nos annos de 1800 até 1806, não se pv.blicão neste volume ; por estarem já impressas nas Ephc- merides Aihonomicas da Universidade de Coimbra. Na parte de Historia : a pag. 1 no titulo Julho deve ler- se Junho. Na parte das Memorias dos Correspondentes : os Cader- nos , que tem assignatura A f B, em lugar de a e b , come ç ao pelos títulos Deducçáo c Memoria : por onde , para a encader- nação , se devem differençar dos Cadernos com a mesma assigna- tura nas Memorias dos Sócios. E na pag. 8 o reclamo TA- se refere d Taboa molhando o valor da Moeda. DEDUGÇÀO De huma fórmula geral que comprehende os Tbeorcmas de Newton sobre as potencias das raízes das equações. Por João Evangelista Torriani. .. s Eja 17 = ( « — x) O — x) (y — x)(ô—x).... sendo m o numero das quantidades <* ,3 , V , í ,&c. e seja « = «. n y $ . . . . ; teremos pela Theoria do desenvolvimen- to das funcçóes em serie , U = u — JL x+ — x* ?—— *» + &c. + xm ; I 1.2 I.2.3 — em que u',ji',h"' &c. são as funeções i",2a, 3° &c. deriva- das de « , considerado como funcçâo de * , a,, y , í , &c. 2. Multiplicando hum , e outro membro por x' teremos I/a: = » x x -\- x a: ■+■ occ. + x 1 1.2. I.2.3. — Como esta equação he verdadeira para qualquer valor de X , ponhamos suecessivamente x — &,x = ja j a? = 7, .v = J, &c. , e como em qualquer destas hypothcses he U — o , te- remos sommando todos os resultados. {a) o = u 4 - !L A,+l+ -£- At +2 - -£—- A-, + ,+ Scc+Ji +m cm que suppomos Tom. III. Part. II. a Memorias da Academia Real A, — a 4- b 4- y' •+- ^' 4- &c. ,+1 i + I i+I i+l ^;+I — a. 4- ,1 4-y + í 4- &C. &c. 2. Bem se vê , pelo modo com que se introduzio nes- ta expressão a quantidade / , que cila pôde ser de qualquer natureza. Supponhamos que / he numero inteiro , negativo , e !> >ii- Neste caso a formula (a) terá /' termos cm que os Índices de A seráó negativos , hum em que o indice hc o , e m — j termos cm que os índices scráõ positivos. Repre- sentando por N a somma dos primeiros , por O o termo em que o indice he o , e por P a somma daquellcs cujos Índi- ces são positivos , teremos . o - o i.2. 3.... (/-O ""' 0 = + _ rtu (pois que A0 — m) 1. 2. 3. . . 1 p-4- »°' + 0 ^, + *C'" + 0 A ± &C — I. 2. 3 {t + l) I. 2. 3. ..» . (í 4- 2; + ^m _ ; • e a formula («) será o = N + O + P 4. Se-a agora e = u A_ , teremos tomando as funcçóes derivadas consecutivas , considerando u , c A_x funeções de Z' ■ das Sciencias de Lisboa. 3 JSÍ = U A_ s-^r U' J_1 z"zà u A"_ \ -+- 2 u' A_ , + W A_ \ d"- u A"_x+- 3 w A'_x+ 3 u"A_l + u"A_l &c. e cm geral ,,, P-Ó /'-O /'— i 0-2) (A) a = « A_ , h- — — u'A_ , + — — L «"-d_, + &c. -+- u A_u Mas como ^í_ , — a- '-t- /j- l -+- 7~ '-+- l°go a fórmula se tornará em «co «co 1.2. 3- -('-D i.,.3.--^", + P'ou 1. 2. 3.. ./ ou pondo por P o seu valor , c o ultimo termo para o pri- meiro membro Am-i~ 7— — -7- ^Í,B - i - 1 — 0=+. I. 1.2. 3. ...(«/— I) ""»-«-» I.2.J.... (JB — 2) '"_,_2 1.2.3....* 6 He fácil de ver que , se for i» m — I m — 2 m — 5 x—qx +■ q x — qx + &c. + q = o ih — I m — a m — 3 a equação cujas raízes sao *, 0, Y , &c. , pela natureza das »' »" *"' funeçoes U, e 0 será u-q, ~ ^, 77^7-^j ^^7 - ?, &c. , logo será (íi) ^/,n _ ; = q ^ím - i — 1 — í Am - «' — 2 + # ^ím -^i — } * m — 1 m — 2 ih — } &c. + (w — /') q ; i formula em que o numero de termos do segundo membro he m — i. 7 Se na formula (d) suppozermos i = o , virá , pondo o ultimo termo para o primeiro membro, A DAS SciENCIAS DE LlSBOJl. 5- A,n = q Am _ , — q A ,„ _ , + q A„, _ , — &c. + ;;/ q ; »i — l 111 — 2 m — j formula cm que o numero de termos do segundo membro he ;/; , e por consequência a mesma que rezultaria de por- mos também / — o na formula (d). 8 Se na formula (a) suppozermos / hum numero intei- ro positivo , teremos pondo o ultimo termo para o primei- ro membro Am+i—qAm + i-i — qAm + i-2 + q Am + i _ j — &c. + q A;, m — 1 111 — 2 01 — j formula em que o numero de termos de segundo membro he constantemente m qualquer que seja i, Ainda que esta formula não pareça ser a mesma que rezultaria de pôr ■+■ i em lugar de — /' na formula (d) , por- que o numero de termos do segundo membro desta formu- la pareça dever ser neste caso m •+• i j com tudo ver-se-ha que o he , e que o numero dos mesmos termos nunca será maior que m ; porque todos os termos ulteriores ao termo m virião a ser multiplicados por coefHcient-s de potencias de .v que não existem na equação , e que por consequência se devem suppôr zeros. 9 Visto pois que a formula (d) ; não obstante ter sido dedusida na supposiçao de /' quantidade negativa e !> m , he também verdadeira para / quantidade positiva , ou zero : podemos pôr « cm lugar de m — / , entendendo por « hum numero qualquer inteiro positivo , c teremos (e)A„ = qA„-1 — q A„ _ 2 + q A„^i — &c. ± n q ; m — 1 m — 2 /71 — - j m — n formula em que o numero de termos da segundo membro he « em quanto for » << , ou ~ m jóias que pelo que aca- bamos de ver se reduzira constantemente , a m cm quanto suppozermos » > m. ( Não tem lugar esta formula suppondo n =: o , porque es- ta • • ■ ' - C Memorias da Acadkmií Real ta hypothese corresponderia á de i negativo e = vi , que hc contraria á que fizemos cm (a) para dedusirmos (d) ). Pondo 1,2,3,4, &c. cm lugar de n , sahirão os theore- mas de Ncvtov. Ai = q m — I A2 q A\ — 2 q; A, = q Ai 7)1 — 1 &c. q Ax m — 2 3 li m- i de que por consequência a formula (e) he a formula geral. 10 Se na formula (a) suppozessemos i negativo , c > m achariamos theoremas análogos aos precedentes , relativos ás sommas das potencias negativas ; porém mais facilmente os poderemos achar na equação (c) pondo em lugar de sC < - O o seu valor u ; e porque sabemos ser - ^ ^ ^=g,opri- meiro membro da mesma equação se reduzirá a /<7;passan* do agora este termo para o segundo membro , c para o pri- meiro o termo u A- t , ou q A- l ; teremos qA-i = «7^-Ci-O- qA-(.-2-)+qiA-z;-ri-Szc.±iq., formula em que o segundo membro está sujeito a todas as considerações que o da equação (ua sim- plicidade ; nem a de Stockler (Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa T. II.) 12 Se parecer que esta demonstração nao tem toda a generalidade por depender da equação (b) , que não hc co- nhecida senão por inducção , a pezar de estar geralmente adoptada como verdadeira , pôde ver-se a Nota seguinte em que se trata da sua investigação. NOTA. Seja l/'0' huma funeçáo de u,X^3' hum.i funeçáo de x , T^ huma funeçáo de y , Scc. e seja Z^o) = C/(i) X>3) r(o) ; represente U'1' a funeçáo cm que se torna l/»0' por huma certa operação que se faça sobre u;U^'' a funeçáo em que se torna u'1' pela repiriçáo da mesma operaçáo sobre ti e assim por diante a respeito de U,;' , L;'4' , &c. ; o mesmo se entenda a respeito de X^,X^ , Scc. T^ , T^ , &c.;e seja Z^] - U^ X^o) 7*°' -4-_ C/[o) tfl) ?;o) -I- t/H Xa) T'> -+- Scc. , isto he , a somma das funeções em que sucessivamente se tor. na Z^ pela operaçáo sobredita feita separadamente sobre u ,x ,y , Scc. ; Z{2' a somma das funcçóes cm que suecessivamente se torna Z''1 pe- la repetição das mesmas operações , e assim por diante Z^ , Z^ , &c. He fácil de ver que z[m) =a uif) X(S) r[h) +bu{i) X{*) r{l) + &c< e que será em cada hum des termos / -+- g -+- b -+- Scc. — m , i 4- k^ ■+- l -+- Scc. — m , Scc. , e que os coelficientes a,b,Scc. não depen- dem 8 Memorias da Academia Real dem da forma das funcções L7'0' , X^0' ,T , 'c' , &c. nem da espécie da operação ; mas sim somente dos números m ,J , g ,b, &.c Podemos por tanto suppor qual quizermos a forma d.-.s mesmas funcções , assim como também a operação , em ordem a determinarmos os cocfricientcs a,b,Scc. Sejáo pois U(o) = h° ,X^ - x° , 7 -+- x -+- y -+- &c.)1 Z^ = (u -+- x •+- y -+- &c. )' , &c. Z[m)=. ; ::;:r.\ da b aze do peciolo commum ,e e-itie os dois pares de pe- ciolos parciaes da extremidade Ja folha, ha huma glândula re.-.te , e hum tanto concava. Nas axillas das tolhas , na extremidade dos ramos ha dois ou três pedúnculos curros, raramente quatro , cada hu ti do; quaes sus- tem huma e.jiigi hum tanto cylindrica com muitas tlorcs ; o comprimen- to delia he de pollegada e meia , até três pol legadas quando muito, e he junr 1 nente com o seu pedúnculo mais curta do que a folha vizinha a ella. As dores tem a corolla a ma relia e partida em cinco lacimas. Os estames são em grande minero , muito mais compridos do que a corolla, e o estylete do pistillo he inclina lo pira b ai mo. O frueto he huma va- gem lanceolada, aplanada , de cor parda , de tres ou quatro pol legadas de comprido, e de quatro oj cinco linhas de largo , com cinco ou seis sem cures. NB. Ainda que os Portnguezes dão ao corpo lenhoso desta arvo- re o nome de pia ferro , is;o he por segure, 11 a denomnação que os índios dão á arvore cm razão da grande dureza e densidade da sua ma- deira ; mas as arvores , a que os Botânicos dáo o nome de pio ferro , são o Siderodendntm c Sidcroxylon , que são bem dirrerences das Mimosas ou Acácias , respectivamente á sua friictificaçáo , postoque com algumas destas concordem na dureza do seu lenho. Brotero. HEIS 14 Memorias da Academia Real madeira se fazem todas as obras que dependem dç huaia maior duração , como por exemplo as grades das janellas ; porque este páo exposto ao tempo nestes Pai /es dura mui- to mais que o próprio ferro , e sem se damnificar , o que não suecede ao ferro , que passando duas invernadas fica logo gasto e comido , e o dito pa'o dura mais de cem annos exposto ao tempo : fazem-se os toletes de embarcações de remos, os pregos para as embarcações, roldanas c seus ei- xos , os pilões do arroz , párafuzos de imprensas ; c outras muitas obras. Alem disto faz huma grande parte da lenha das cozinhas , porque nao ha impedimento para se coitar, de- vendo havc-lo , isto hc cm Goa e suas Provindas : nas do Bounsuló , e em todas as partes onde se fabrica o Cano , he prohibido cortar-se , nao sendo para aquclle fim , o que nao suecede nos dominios de Goa. Desta Arvore he que se faz o CVtfío , e se fez sempre em Batavia , e em algumas partes da Costa de Coromandel , to- da a Costa do Malabar , Balagatc , Províncias do Bounsuló vizinhas do Estado de Goa, todo o Reino do Sunda , Pro- vindas do Maratá também vizinhas do Estado , como An- colá , Mirizcu , e outras vizinhas da Praça de Piro, e nas mesmas Provindas que hoje são do Estado , como Perncm , Pondá , Zambaulim , e para as partes de Cocolim na Provinda de Salsettc. Methodo Geral de fazer o Catto puro , impuro , e adulterada* Catto Puro. I. Operação. c OrtXo o tronco principal , e ramos grossos desta Ar- vore, estando no seu perfeito estado , e limpão da sua casca c parte branca , deixando só a parte roixa muito limpa , a qual depois cortão em lascas muito miúdas , com os seus instru- mentos a que chamao em lingoa do paiz Coito , c Catii , que he I ! das Sciencias de Lisboa. ij hc o mesmo que dizer Ctttello em Português ; põe a cozer com agoa cm grandes pancllas a fogo forte , até que este cozi- mento tenha diminuído a ponto de estar só coberto o páo ; tirão fora este primeiro cozimento para outra panclla. II. Operação. Botão outra agoa , com menos huma quarta parte da primeira , sobre o mesmo páo , tornão a ferver até á mesma diminuição da primeira , tirão este cozimento que juntão com o primeiro. III. Operação. Botão terceira agoa no mesmo páo , com menos outra quarta parte , tornando a seguir o mesmo processo , que ajuntão depois ao primeiro , e segundo , tendo sido todos três coados por não passarem bocados de páo. IV. Operação. Põe a ferver todo junto este cozimento das três ope- rações a fogo forte no principio , e brando no fim ; vão fa- zendo evaporar esta calda até que fica cm hum ponto a que os Conserveiros chamão ponto de Espadana , estando conti- nuadamente com colheres a baldear , tanto para que se lhe não entorne , como para hirem conhecendo o ponto; o que ultimamente concluem , vendo que o fio que lanção do ar com a colher tem já a consistência do ponto de Espadana , congelando-se no ar. V. Operação. Esta calda , estando no dito ponto, lançao-na em co- vas que tem feito no chão , barradas , seccas , c expostas ao Sol , as quaes para este fim tem antecipadamente preparado ; e alguns a botão também em tigellas de barro , paraque cm hu- 16 Memorias da Academia R e a r. huma e outra parte se seque , mexendo- a repetidas vezes. Passado o espaço de tempo preciso para esfriar esta calda nos lugares em que está , tirão a primeira cútis que ella forma na sua superfície , que sahe ordinariamente inteira , a qual elles põe a seccar separadamente em tigcllas;c á pro- porção que ella vai tomando consistência , vão fazendo vá- rios pedaços de diíferentes figuras e grandezas , que depois acabão de seccar ao Sol , e á sombra em parte livre da hu- midade. Este he o Catto , a que se dá o nome de fino , ou flor do Catto , e que elles só separão para os Gentios gran- des e ricos , a quem o vendem por alto preço para come- rem com o Bétle , e Areca , e para outros usos que dclle fazem. A calda que fica, depois de tirada a primeira cútis, deixão seca-la do mesmo modo , mexendo-a repetidas vezes ; e á proporção que vai seccando,vão fazendo pedaços pata continuar a secca-los igualmente como o precedente. Este Catto verdadeiramente puro , também se não acha no Commer- cio , porque o fazem somente de encommenda para os mes- mos Asiáticos , que facilmente conhecem se he ou não fal- sificado , e o pagão por grande preço para os mesmos usos do precedente , com a dilFerença de servir para todos os que são menos grandes , e ricos. Catto impuro que no Commerclo passa pelo melhor , e da pri- meira sorte. E Ste Catto he feito de toda a Arvore, desde o seu tron- co principal , até os últimos ramos mais finos , sem ser lim- po da casca, nem parte branca, e sem escolha de Arvore no seu perfeito estado , e inda com huma grande parte das suas folhas : cortando tudo em miúdos bocados , põe a co- zer , seguindo as mesmas operações que ficão ditas, até es- tar de todo secco. Deste tirão também, e pelo mesmo mo- do a primeira cútis, que depois de secca vendem aos Gen- tios menos ordinários , que o comprão por ser entre elles o me- das Sciencias de Lisboa. 17 menos máo ; c porque lhe custa quasi cincoenta por cento meãos do que o Catto puro Desta calda que fica depois de tirada a película , fazem polo modo que já fica uito o Catto , que circula no Commercio pelo melhor , e da pri- meira sorte ; supposto que este mesmo he muito raro , e ordinariamente só o fazem para compradores certos c de- terminados. Este mesmo Cal to não hc impuro só por ser leito de toda a Arvore c sem escolha , mas também porque contem cm si toda a terra , e couzas estranhas , que se achão introduzidas c pegadas pelas concavidades e escabrosidades da mesma Arvore ; e porque estas mesmas Arvores depois de velhas , tem nos seus troncos varias partes corruptas onde a agoa da chuva pôde fazer demora : sobre o que não pra- ticão alguma cautella , mas impregao-na , como fica dito , com toda a mistura , além daquella que adquire nos mesmos lu- gares onde a cortão ; sendo a sua manipulação exposta ao tempo sem nenhum resguardo. Catto adulterado que gira no Commercio. D Epois de estar fria a calda precedente , misturâo-lhe qualquer terra que achão mais pura e mais roixa , entre as muitas que desta qualidade ha no Paiz ; a qual pizão pri- meiramente em pilões , e depois peneirão c misturao com a dita calda , mexendo-a repetidas vezes , até tomar consis- tência , que não fique lugar a depor sedimento. Também fazem mistura de farinha de Naxenim , inda que raras vezes, por ser este legume preciso para as suas comidas. Do que tenho dito sobre o modo de fazer o Catto impuro e adulte- rado nascem as diferenças , que os Chymicos tem achado nesta substancia em as experiências que sobre cila tem feito , e huma grande parte das variações com que os Authores tem escrito da sua origem c natureza. Deste mesmo Catto pas- sa muito por primeira sorte, somente por ter sido menos adulterado , ou com melhor qualidade de mistura. Tom. III. Part. II. c A : : -10 REIS 1? Memorias da Academia Real A Areca que os Indianos preparão somente para co- merem com o Béthel , he hum grande Commercio , por se exportar para todas as partes da Ásia onde a não ha , depois de ser tirada da sua Arvore; he primeiramente fervida em agoa , e depois secca para a sua conservação , (como mais amplamente fallarei cm outra Memoria que pertendo offere- cer sobre as suas qualidades , diferenças, usos , e virtudes pa- ra o uso da Medicina). Esta agoa em que se tem fervido a Areca , he hum forte adstringente , por cuja razão os que fabricão o Catto em lugares onde também ha e se pre- para Areca , aproveitão esta agoa para o cozimento das três operações primeiras do Catto , somente para que este seque mais depressa , e não por outro motivo. Deste mc- thodo, também mal indagado e observado , nasce o dizerem alguns Authons, que o verdadeiro Catto hc feito da Areca , fruto de huma espécie de Palmeira ; e isto porque nem ao menos indagarão, ou fizerão combinação dos preços da Are- ca , e do Catto ; pelos quaes podião conhecer que era im- possivel ser assim , por quanto a Areca só se produz nas Costas marítimas de todo o Malabar , e o seu preço , peso por peso , he triplo do preço do Catto puro , como ampla- mente faltarei quando tratar da Areca. As três operações da ebullição , são feitas sem conta , pe- so, e medida ; somente por huma prática, e calculo material , botando huma quantidade de agoa , á proporção da quantida- de do páo : para me certificar fiz pesar o páo , c medira agoa para o Catto que se fez na minha prezença ; pesava o páo depois de cortado , dezasete arráteis , e medindo a agoa que a Mulher botou nas tres operações , erão oito canadas na primeira, seis na segunda , e quatro na terceira, que fazem dezoito ; cujas operações produzirão hum arrátel e tres on- ças de Catto. Os sete pedaços de Catto que remetto , tem hum arrá- tel , e são do verdadeiramente puro , feito do âmago , ou par- te roixa do tronco principal da Arvore , no seu prefeito es- tado , irmão dos dous pedaços do páo que remetto com a sua cas- das Sciencias de Lisboa. tç casca para melhor ser examinado pelas pessoas que a Academia determinar. Hum dos pedaços do Catto hc o fino da primeira película , em o qual eu não acho differença , e se acaso a rem , he muito pouca : nem parece natural que a tenha , sen- do todo clle feito puramente da parte roixa do páo ; e por- que sendo a superfície desta calda a que primeiro he toca- da do ar , necessariamente deve ser também a primeira que se esfrie , e conglutine. Dos dois pedaços de páo que remetto , poder-sc-ha querendo, tirar por ebullição ainda alguma porção de Catto , fazendo-se os processos pelo methodo que fica referido , ou como melhor parecer ; supposto pareça natural que se- ja precizo fazer -se logo depois de cortado o páo , como praticão os mesmos Gentios , e pratiquei eu também. Julgo em quanto a mim não serem precizas as duas operações segunda , e terceira , fazendo-se a decocção em va- zilha de barro proporcionada para maior quantidade de agoa pura , em que se conserve por mais tempo a cozer o dito páo a fogo forte ; também me parece que sendo este gros- seiramente pizado , ficará mais fácil a extracção do Catto : a estas experiências fico agora dando principio. Sei, e tenho observado, que esta Arvore lança de si huma goma que espero poder ajuntar no tempo compe- tente ; c tenho bastantes indicios , ainda que incertos , de ser esta goma huma das preciosas no uso da Medicina : mas talvez não poderei verificar estas experiências , pela falta de pessoas com conhecimentos próprios para me informarem e porque estas gomas são tiradas pelos Sertões de Surrate para os Canais e outras partes do Norte , aonde eu não pos so ir sem licença do meu Governador, e Capitão General registada , com perdimento de soldo , e de serviço ; por quan- to sou Cirurgião Mordo Corpo Militar deste Estado , oceu pado diariamente no Hospital Militar , tanto para dirigir o curativo dos Enfermos , como para dar lições de Anatomia , Cirurgia , e Operações. A goma que a dita Arvore do Catto fornece , c que c ii per- :- 20 Memorias da Academia Real pcrtendo tirar na estação própria , terei a honra de a offe- recer , assim como também a flor , e perfeita semente da mes- ma Arvore para a Monção seguinte. O Usos que na As ta se fazem do Catto. Gcntilismo Asiático , c inda muitos naturaes ( a que vulgarmente chamão Curadores ou Ervanarios) curão algu- mas enfermidades particulares , somente com o uso do Cat- to , e da Arvore de que elle se faz ; de cujas enfermidades , c methodo ainda não estou bem instruído , e somente tenho o conhecimento da cfficacia desta droga , quando he pura e verdadeira , nas desyntcrias , e diarrhcas scrobuticas c pútri- das , em que eu tenho felismente applicado o verdadeiro Catto , dissolvido cm agoa de Inglaterra , c mesmo cm ou- tros cozimentos , e cm agoa pura ; nos froxos de sangue hemorrhoidaes , nas regras immederadas , froxos de sangue pela boca ,e pela uretra, nas tosses rebeldes , e algumas enfermi- dades do estômago , e outras muitas , onde esta substancia sendo pura e verdadeira opera maravilhosamente ; serve como já disse aos Asiáticos grandes e ricos para comerem com o Béthel e Areca , e o cfferecerem por grande obzcquio ás pessoas que os procurão , ou chegão aos seus domicílios; serve de baze a varias composições que se fazem cm diife- rentes figuras e pastilhas , a que chamão Cacbtmdé , que tam- bém usão os mesmos Asiáticos , para trazerem na boca e da- rem-lhe hum cheiro agradável , c para vários perfumes de que clles usão ; de cujas composições também darei as noções precisas para o seu conhecimento , depois de ser verdadeira- mente instruido nellas. Entra também o Catto na composi- ção da argamaça que na Ásia se faz, de tanta duração que pouco differc da boa e solida pedra , além da perfeição e galantaria com que se faz delia o mesmo que na Europa se costuma fazer com o Estuque. THE O- Mrm.Aead. F. III KH.Corr: pafl.21 H _D 10 HKlS 21 THEORICA DA COMPOSIÇÃO DAS FORÇAS. Por Francisco Simões Margiochi. , N A expressão da recta que hc direcção d'huma força , escrevemos sempre em primeiro lugar a letra que in- culca o ponto a que essa força se applica , e em segundo lugar aquclla que indica o ponto para onde se dirige : c também representamos as grandezas relativas de duas forças, pelas grandezas das rectas que são suas direcções. 2. A força única que equivale a muitas que estão em plano, e applicadas a hum systema de figura invariável , cha- ma-se resultante , e está no plano das outras que se chamao componentes. 3. A resultante de duas forças iguacs e que formão an- gulo , o divide ao meio. 4. A resultante de duas forças applicadas a hum ponto e pela mesma direcção ; tem a mesma direcção, e he asom- ma delias : e por direcções contrarias tem a direcção da maior e he a differença delias. 5-. Se hurna de duas componentes que formão angulo, augmenta ; a resultante chega-se para cila ; porque desse aug- mento e da resultante resulta outra que pjisa entre a pri- meira e o dito augmento. 6. De forças que se destroem ou estão cm equilíbrio , qualquer he igual e contraria á resultante de todas as outras 7. As forças ( F. r.) AB,AC,AD não estejão em pla- no ; sejão AE , EF , FD iguacs entre si c cada huma — a ; e sejão AB , AC sempre iguacs , c logo a sua resultante es- tará na sua diagonal AG (3). 3. A resultante das três forças AB , AC, AF , estará no plano de AF , e de AG (7) c logo no plano de AF e da diagonal do seu parallelipipedo (Gcom.). 9- 2i Memorias da Academia Real 9. Seja AB — AC — a : então a resultante das ditas três forças , he a das quatro AB, AE,AE,AC ( 4 ) ; e logo está no plano das diagonais AH, AI; isto he no plano de AH e da diagonal do mesmo parai lelipipedo (Geom. ): logo a resultante das mesmas três forças estará na diagonal do seu parallelipipedo (8). 10. Mas a resultante das duas AB , AF deve estar no seu plano , e no plano da terceira AC c da resultante de todas três (2); logo está na diagonal AL (Geom.): isto he a re- sultante de duas forças a e ia está na diagonal do seu pcrallelogrammo. 11. A resultante das tres forças AB,AC,AD deve es- tar no plano de AD e da diagonal do seu parallelipipedo (dem. ) mas essa resultante também o he das quatro foiças AB ,AF, AE , AC ; logo deve estar no plano de AL c Al ou de AL e da diagonal do ultimo parallelipipedo ; logo esta resultante está nesta diagonal. 12. Mas a resultante das duas AB , AD deve estar no seu plano , e no da terceira e da resultante de todas tres ; logo está na diagonal AM : isto he a resultante de duas for- ças a e %a está na diagonal do seu parallelogrammo. 13. Continuando assim provar-se-hia que sendo m intei- ro , a resultante de duas forças a c ma , está na diagonal do seu parallelogrammo. 14. Seja agora AB — ma , e por consequência também AC, e o mais como se suppoz. A resultante das tres forças AB ,AC,AF, deve estar no plano de AF e da diagonal do seu parallelipipedo ; mas estas tres forças equivalem ás qua- tro ma, a, a , ma ; logo essa resultante deve também estar no plano de AH e de AI; isto he no plano de AH e da dia- gonal do mesmo parallelipipedo , logo a resultante dessas tres forças está na diagonal do seu parallelipipedo. Mas a resultante das duas AB , AF está no seu pla- no, e no plano da terceira AC , e da resultante das tres; lo- go está em AL : isto he a resultante de duas forças ma e %a está na diagonal do seu parallelogrammo. - RUIS 40 DAS ScfENCIAS DE LlSF. 0A. %1 15-. Escuzado hc já continuar para se ver que a resul- tante de duas forças coramensuraveis tua, na ; esta na diago- nal do seu parallelogrammo. iC>. Digo também que a resultante de duJS forças (F. 2.) ylfí , AC incommensuraveis está na diagonal do parallelogram- nio AD. Se hc possível esteja cm AE essa resultante : tire-sc FF parallela a AC. Algum submultipliee x de ^C,será menor que FR , e então ou AF seja ou não multíplice de x, haverá buina grandeza FG < FB que fará AG multíplice de x , e ti- nida GH parallela a AC; estará cm AH a resultante de AC c AG (15) : mas a resultante de AB e AC por ser AB > AG , ainda hade fazer menor angulo com AB do que faz AH (5) ; logo he absurdo dizer que está em AE :sími!hantemen- te se prova que esta resultante não pode passar entre B e D: logo está na diagonal. C. S. Q_ D. 17. Duas forças a c b facão angulo , e seja r a sua re- sultante ; c o mesmo angulo formem as forças za , c íb , a resultante destas será a das quatro a , b , a , b;isto hese- jrá r ■+■ r , e fará com 2« o mesmo angulo que r faz com #. Similhantemente se prova que a resultante de $a , e jí ; hc r + r 4- r;e assim por diante : i. to hc que sen- do ;« e « inteiros, a resultante de ma c mb , hc arr, e a de na , e tib , hc ;/r , c forma com «rt o mesmo angulo que ;;/;• forma com tua : isto hc que se duas componentes em hum systema , fizerem angulo igual ao d'outras duas em ou- tro systeraa , e todas quatro forem proporcionaes ; as resul- tantes d'ambos os svsremas farão anjuilos i^uacs com as com- ponentes que nessa proporção forem relativas huma da ou- tra e que serão proporcionaes a essas mesmas componentes ; mas isto só no caso de cada componente c a sua relativa serem commensuraveis. 1 8 . Digo agora que também sem o serem ; c o provo a>- sim : por serem (F. 3.) AB,AC,AD,AE proporcionaes , irá a diagonal do parallelogrammo e por consequência a resultante das duas ultimas, sobre a resultante das primei- ras 24 Al EM O RIAS DA Ac AH EM IA ReAL ras AB , AC , a qual supponho AM. Tirem-se MB, MC c as suas parallclas DII,EH que concorrerão cm H. Se a resul- tante de AD , e AE não for AH , seja -ííL : haverá entre 7í, e L ( 16) hum ponto 7 que faça y/Af , c AI commensura- veisje tiradas IG c IF parallclas a MC , c MB ; commensu- rayeis serão AC,c AG (Geom.) , c também AB e AI' ;e se- rá AI (17) resultante de AF,c AG : isto he a resultante de duas forças maiores , menor que AL resultante de duas for- ças menores que fazem o mesmo angulo : absurdo. Similban- temente se prova que L não pode cahir entre A c Zí:logo a resultante de AD e AE,hcAH que está para AM::AD: ABr.AE: AC. C. S. (^ D. 19. Sejão (F. 4.) AB (a) , e AC (b) duas forças perpen- diculares , e seja AD (x) a sua resultante. Por A tire-se EF perpendicular a AD. A força a resulte de duas , huma y que esteja em AE e outra z que esteja em AD ; e b resul- te de duas , huma y' que esteja em AF e outra z' em AD. Nos systemas jy , 2 , < Mais , Menos , Maior que , Menor que , Igual a II. Todas as cousas sujeitas , sem ser figuradamente , a al- gum dos sinaes antecedentes , chamao-sc quantidades ou gran- dezas ; e se preciso for distinguir-se-hao em concretas as que tem huma existência absoluta ; c em symbolos ou algo- rithmos as que resultáo d'alguma abstracção. III. Huma quantidade lie denominada com huma letra de qualquer Alphabeto ; e podendo ser , com a inicial do seu nome vulgar. IV. Supporemos conhecida a convenção numeral , c os ca- racteres Arithmeticos. V. A expressão -+- a he própria para augmentar outra , e — b para diminuir ; por isso i primeira chama-sc quan- tidade additiva , e á segunda subtractiva , e a ambas contrari .s. D ii VI. ' '-.-)>;■ 28 M E M O R I A S é£ Â'ÍÍ\ D E M I A R E A L VI. Somma hc a cscriptura cm que ha das ultimas quan- tidades postas humas depois das outras, ou todas addi tiras ou todas subtractivas ou promíscuas c cada huma se cha- ma termo da somma : c quando a somma tiver mais termos do que se querem ou podem escrever ; chamar-se ha serie c denotar-se ha com este sinal -+- &c. a collecção de todos os termos que senão escrevem. VII. A expressão de hum só termo chama-sc monómio , a de mais polynoniio ; e em particular binómio a que tem dois termos 3 trinoraio a que tem três termos , &c. VIII. A Collccção de duas expressões separadas pelo sinal = chama-se equação e cada huma delias membro da equação. IX. De tirar d'huma grandeza huma segunda e juntar-lhe depois huma terceira , resulta o mesmo que de juntar a es- sa grandeza a terceira e tirar depois a segunda , logo sen- do a ]> b será a — b -+- c a 4- c c logo tuJo o que se segue a a no primeiro membro igual a tudo o que se segue a a no segundo ( *) ; isto he _ b = -}- C — b X. (* ) O principio empregado neste N.° e em outros ulteriores , de se- rem iguaes as Collecçóes íjue se seguem aos primeiros termos ou que precedem os últimos , nos membros d'huma eiju.ição : quando esses termos são iguaes : he seguro somente , quando essas Collecçóes são soimus nu progressivas ou regressivas : isto he addiçóes ou subtracções ; como se p6- I 0 >Í0 BJSI8 T DAS Í>CIENCIA5 DE LlSBOA. 2 9 X. De tirar d'huma grandeza , huma segunda c depois huma terceira , resulta o mesmo que de tirar a terceira pri- meiro e depois a segunda ; logo , sendo a > b + c será a — b — c — a — c — b e logo tudo o que se segue a a no primeiro membro igual ao que se lhe segue no segundo ; isto he — b — c z= — c — b XI. De juntar a huma grandeza huma segunda e depois huma terceira , resulta o mesmo que de juntar a terceira pri- meiro e depois a segunda ; logo he e logo a~\-b-\-c = a-+-c-t-b ■+-b-\-c=:-\-c + b xir. Dos tres n.0! precedentes s'infcre que trocando suc- cessivamente os lufares de dois termos immediatos d'huma somm.1 ; se pode fazer oceupar o lugar que se quizer a qual- quer termo sem alterar o valor da somma. XIII. Os parentheses que não encerráo citações , c os pon- tos que não são da escriptura ordinária ; são para formar dis- tincçÕes , evitar cquivocos e ajudar considerações e podem sup- de ver representando as quantidades com rectas : seguindo huma observa- ção de Hocné VVromkj na Introd. .. á Philos. . . das Mathcm. . .. pag. 6. que diz assim : Na sommaçáo , as partes da quantidade são disconri- nuas e extensivas : cilas tem propriamente o caracter da aggregaçáo ( per j/ixfii positionem ). auxilio he c também lie Memorias da Academia Real supprimir-se logo que se julgue não ser necessário o seu XIV. Qualquer grandeza menos cila mesma hc nada ; isto a — a =: o (-- <0 - (— <0 = ° XV. Qualquer gramle/a mais numa segunda menos essa se- gunda , he a mesma primeira grandeza ; isto he b -f- a — a — b logo no primeiro membro he -t- a — a — o , mas também he a — a = o 3 logo -+- a a — a — a logo o que procede — a no primeiro membro igual ao que precede — d no segundo ; isto he -1- a — a XVI. — rt_(— a) ■= o (N. 14.) = a — a — -*- a — a = — rt-+-rt(N. r-{-b-\ c Hc (a ■+- b — c) — (a -h b — c) = o ; mas também he (« + li — c) — a — -\- b — — r = o , logo hc — (a + b — f) — — a — b e concluimos que se pode dar a cada hum dos termos de hu- raa somma o sinal que se quer dar á somma. XXIII. 32 Memorias da Academia Real XXIII. Dos N.ns 12 e ij se collige que se em huma somma houver dois termos que não diffiráo senão em hum estar pre- cedido do sinal + e outro do sinal — j podem supprimir-se ambos. XXIV. Se qualquer termo d'huma equação st fizer passar do membro em que está para o outro ; mudando-lhe o sinal ou d'additivo para subtractivo , ou de subtractivo para additi- vo , resultará ainda huma equação. Seja a -\- b zz c , se de am- bos os membros tirarmos b , resultará a ■+■ b — b =. c — b ou a =z c — b (N. 23) e esta ultima equação resulta da primeira como no enunciado se requeria. Seja a _ b — c , se a ambos os membros juntarmos b, resultará a — b -t- b = f +- í ou a = f + í também como se requeria. O mesmo se pódc aífirmar com a o\x c polynomios ? e com qualquer termo ou termos. XXV. Será — a < o , porque he precizo juntar a com _ f; inteiro será Zí — f que chamo tf". Será (Z> — c) a — ba — ca porque escrevendo à -\-c em lugar de b , ambos os membros se mudao em tf" tf. XXXV. Para que em (b + c ) a = b a ■+- c a se possa substituir — c por c de modo que subsista sempre equação , ou para que na equação (b -\ c ) a = b a +• (— c) a seja possivel o segundo membro assim como o primeiro que tem significa- ção 4-0 5 ; das Sciencias de Lisboa. 35* çao pelo N.° 34 ; hc prccizo que , comparando esta equa- ção com a d'aquelle N.° seja ( — c) a — — ca XXXVI. Será (a — h) (c — d) — a (c — d) —b (c — d) =z a c — a d — {bc — bd)—ac — ad—bc-\- b d. XXXVII. Para que em (a + b) (c -+- d) — ac + ad+bc-hbd, se possão substituir — b por b , e — d por d , ou para que seja (a — b) (c _ d ) = a c + a ( — d ) -4- (— b ) c -4- ( _ b){— d) — ac — a d — b c + (— b) (_ d) (N.os 29. 3j), he precizo , comparando-a com a do N.° antecedente (a — b)(c — d) = ae — ad — b c ■+- b d , que seja (-b)(-d) = + bd XXXVIII. Com estes principios para factores monómios c bi- nómios, se pode estabelecer esta regra : para reduzir a som- ma ou desenvolver o produeto indicado de quaesquer facto- res polynomios , multip!ique-se cada termo de hum por ca- da termo do outro , e de-se a cada produeto parcial o 1 -t- se os seus dois factores tiverem o mesmo sinal ou o sinal — se tiverem sinais contrários. XXXIX. Scjao a e b números inteiros ; será nb —a (1, •+- i5 -t-^ . . ■+• 1 ) = a -t- rf3 -+- a ,+... + at . ( N. 30 ) = b 4 : da- qui se conclue que dois números inteiros , dão o mesmo pro- dueto seja qual for o multiplicador e o outro o multipli- cando. e 11 XI.. 3<í Memorias da Academia Real XL. Será a (b c) = a (c^ 4- c + . . . + c ) — a c t-\- a ca -+- . . . ■+- **t ( N. 3 1 ) = (a + aa +■ . . . .-+• at ) c ( N. 3 2) = (* a) e : d'aqui se concluc que de multiplicar huma grandeza c por hum numero b , e o produeto por outro numero /z, resulta o mesmo que de multiplicar essa grandeza c pelo produeto ba dos dois números. XLI. Os dois números precedentes bastão para estabelecer esto principio : mesmos factores dão o mesmo produeto seja qual for a ordem das multiplicações. XL1I. Dividir huma grandeza proposta por hum numero in- teiro , segundo a noção commum , he achar huma grandeza que se contenha na proposta tantas vezes quantas são as uni- dades do numero. Por isso a grandeza proposta hc produ- eto do numero proposto e grandeza achada. XLIII. Dividir huma grandeza proposta por outra da mes- ma espécie , segundo a noção commum , he achar o numero que mostra as vezes que a primeira contém a segunda. For isso a grandeza proposta he produeto da outra grandeza c numero achado. XLIV. As duas noções antecedentes podem reduzir-se a hu- ma só , dizendo que dividir he resolver hum problema em que são dadas huma grandeza proposta considerada como produeto , e chamada agora dividendo , c huma outra gran- deza da mesma espécie ou hum numero considerada ou con- siderado como factor , e chamado agora divisor e se b dasScienciA; de Lisboa. 37 o outro factor chamado agora quociente d'aquelle produeto. XLV. O dividendo sendo a,c o divisor b indica se o quo- • ■ a ciente assim j -,-. XLVI. O quociente indicado , também se chama fracção ; o dividendo numerador ; o divisor denominador ; e air.bus ter- mos da fracção. XLVII. Segundo os N.0' 44 e 38 se o dividendo e o divisor tem o mesmo sinal , o quociente terá o sinal + e se tem sinaes contrários o quociente terá o sinal — XLVIII. He b -j- ou -r b z= a : porque do divisor b c quocien- te r- o produeto hc o dividendo a , (N. 44.) (*). XLIX. - — = a ; he a craducção do N. 42. " U_ (*) Escreve-se b — ou -j- b , sendo b ou esperando-se qt:e seja nu- mero inteiro positivo 110 primeiro caso , 011 que o sej:i — ■ no secundo , conforme o N.° 28. Porque a divisão assim como a subtracção , extrac- ção de raízes , integrações Scc. : são methodo* inversos verdadeiramente Ãnalyscs por meio das quaes procuramos a* elementos das operações di- 1 tas suas correspondentes, que ião composições ou Syntheses sempre possíveis , e sempre exactas : e lie precizo para estabelecer as regras do* Ãlethodos inversos , suppor que a quantidade que a elles se sujeita, re- sultou dos directos; o que nao sendo sen. pre assim , os methodos ir sos devem então mostrar a impossibilidade absoluta e inútil do que se pede , ou a impassilidade rigorosa mas não inútil. >■•■ ^ O R B 1 5 Memorias da Academia Real L. = a \ he a traducção do N. 43. LI. Em w — supponha-sc a composta de »' partes iguaes , cada huma (.Ias quaes se chame b } isto he , seja a zz rib : sc- a _. rib , /XT . n'(ub) ,XT . 71 (ri b) Xi n v _ „ ___ _ H b ( N# 45> ) _ ^ (N. 49) = __^2. ( N. 40 ) — —7- : isto he ; o produeto de huma fracção cujo denominador he numero inteiro ; por hum numero inteiro , hc huma nova fracção que tem o mesmo denominador , e o numerador he o produeto do primeiro numerador e nu- mero multiplicador. LII. Quando huma fracção he dividendo ou divisor a risca sobre que está ou debaixo da qual esta' , faz-se maior do que he aqueila que separa es scuj termos. LIII. Será 4- n n n ri c a , » ;; ;/ n - «' çf» fr\r f , a \ 7 (N. 44) ,e se- n ri isto hc j o ——j — 11 (ri — 7-j (N. 4o):locro-^- quociente d'huma fracção, cujo denominador hc numero in- teiro , dividida por hum numero inteiro, hc huma nova frac- ção que tem o mesmo numerador e o denominador he o produeto do primeiro denominador c numero divisor. LIV. - ----- das Sciencias de Lisboa. 39 LIV. Se for ab — d í-, será b = c ; porque será r o quoci- ente — = b (N. 49. jo) ; isto he : se forem iguaes os pro- duetos de dois factores , c nellcs houver hum factor com- ínuin a ambos esses produetos , os outros factores serão iguaes. LV. o , a n a c a , n a , . . , na , oera -7-=; — -, se for -7- b =: — -rb , isto he a — - , b ■ b nb1 b nb 7 « í> ' c será a = — - b , se for na=zn — -r b ( N. 5- 4 ) ; mas he com nb ' nb K J n * ' a- • (na), na , , a n a . _ , erreito n - — t- b — —rnb=na; logo -7- = — 7-: isto he . nb nb ' ° b nb ' huma fracção não muda de valor por introduzir-se o mes- mo numero como factor em ambos os seus termos. LVI. a Será — =. -4- se for 4- =z ~ n , c esta se for a — n nb b nb ' — r nb como com cffeito he ; logo qualquer fracção ainda que o denominador não seja numero como em N. 53, Ji- vide-se por hum numero inteiro multiplicandodhc o deno- minador por esse numero. LVII. na na Será « T = -ç , se for j =— ; mas he — = -^ [N. 56) = -J (N.y3r);logO»-f=-^i logo qualquer frac- 4 se for — — Z> - ■ ,- , e esta se for a ~ b nb n nb 1 11 b — r como com cffeito he : logo huma fracção como a do N. j 3 divide-sc também por qualquer grandeza, intro- duzindo-lhe no denominador por factor essa grandeza. LX. n --, o quociente na ri na n por ser : 1 a » a a ~ ria Porque he (N. = o , f =o, &c. Preparc-se a equação proposta de modo que o pri- meiro termo fique positivo: então se a não for zero, pôde pelo n.° precedente fazer-se b x 4- c x* 4- dX1 4- &c < 3 z. 3 . . . N 2.3...» serve no N.° seguinte ; e também estas »(» — i) «= (-j- + ,)„ (» -f- 1 )« »(»-i)Q— 2) »(» — 1) /» — 2 \ \ a ';; — 1 ) _ 3 ' a (;;4-i)»(« — 1) &C. LXXXI1I. He ( a -j- b)"b = (a -\- b)"b ~ ' (» n-i 2 (<* + £), = ax + (n+j)ax . k 4- 5 a . ^ 4-, (»-*- Q;;(«— 1) -.-2 5 — : a . w 4- &c. 2. j x * que hc da mesma forma que (A) e prova que se esta for verdadeira em hum caso , sempre o será ; c com effeito o lie sendo n — 2 , como se pode ver desenvolvendo (a 4- £)* = LXXXIV. Na fórmula (A) pondo ar — o , como consta dos N.° 7J , e 7 7, vem a potencia do binómio. (a-\-b) — a 4- na . b-{ ■ a .b-\ — ^ n-J } 1 .b 4- &c. LXXXV. DAS SciENCIAS DE LlSBOA. LXXXV. 49 Represente oo hum numero inteiro maior do que qualquer que se proponha, ou infinito , tal como o dá pela divisão : será" oo + » — ao , c logo (i+«) ,i *A* i 4- oo . a ■+- 4- &c. 2. 3 2.3.4 ( N. 84): escreva-sc s em lugar de oo . a ; e será também (N. íj) = 1 + «s+ 4 H &c. : isto quer dizer que para ter a potencia » de huma serie da forma 1 _!_ s _t_ — — _t- — 4- &c. basta mudar 2 em « s. 2 2,-3 LXXXVI. He(i4-rt) (i4-«) = ^i+wsh H&c. J 1 4. (ni -t- »)a -h 4- &c. que ensina a formar o produeto (P). LXXXVII. wcr- Em lugar de 1 4- » a 4- — ^ -t- *^-^ — h &c. escie- 2 2* -, i+zh -}- — - 4-&c.) mesmo nao sendo « nu- Tom. III. Part. II. a me- ' 5° Memorias da Academia Real mero inteiro positivo , c em lugar de i + a +• — 4- — - + &c, escreva-se A quando se quizer LXXXVIII. <-' li c , »• «' o ( z* z> . I &c.) ", sendo n inteiro positivo hc a raiz « de .4 j porque i- - ST «•—5- (z4_-* +_*L 4-&C.) hc i + 8 -7 + — — + 8tc.^zA; logo \A-A~. LXXXIX, Scjáo nem inteiros positivos. Será ^n-s-t-— +• &c.)£ = i ■+- m &c. = (j -t- » 3+- + &c. yh - ((i+a+f- + &c.) )«. logo A;(/) xc. Similhantemente se acha B XCI. das Sciencias d e.Lisboa. ji XCI. He ( 1+3 + 5!+ SCC.)'" ~l-pz +-^- &c. = l , como se acha executado esta di- i+pz + Á H&c. 2 visão , — 2 ' logo Ap XCII. He((n-s + ^ + &c.)7=(i+ÍS+-^ + &£.y = X +/>** + />VS' +^i!£l + &C.rz(l +S + £! + 2 ;.3 \ 2 )/' 1 i l°g° uy=jf\ XCIII. He (i + s+ ~4-&c.) (r + a+T + &c.\ — (i-t- p s +•*■— + &C. Vl+JS + &C.) = I +(^ + j)s f(^V+ &c. (N.&)=(x+a + j!+&c)P" g n lo- .w 5-1 MemVr 1%'da Academia Real logo XCIV. „ . >'{ /V p pi p + ip C' + v> Scri A\AJ =AA -A -A = (i\p 1 AA ) \ logo se for A = B , será pp p AB = (AB) xcv. [y a) = a , mostra que no primeiro membro , ha hum indicado de operações que se devem fazer com a grandeza a , taes que não he precizo executa-las , porque o que se ob - tem he a mesma grandeza a ; logo este indicado applicado a huma grandeza ainda que seja negativa , dá a mesma gran- deza : logo ( y/_ a)2 — — a. XCVI. a pode ser a a ou (~a)( — a), por isso querendo a raiz de a- , deve tiar-se-lhe o sinal duplo + em quanto alguma consideração lhe não der hum sinal simples. XCVIL He (\J -a\l -V) (V -a\) —V)-\l -a\J — a\J — b\-b = (- a) (-b) ($.<)<))=. ab ; logo \J-a\J — b =z±\!ab; (N. 96 ) mas b~a1 exclue o sinal -+- ( N. 95- ) logo V í-r-O- + ■ IO RL1S das Sciencias de Lisboa. 53 \/— a \/— b =. — \Jab XCVIII. \J — a\J — ab — _>/ — —\/a a\'b ( N. 94 ) — — a\/b = \/—a \J —a\J b : logo y/_rt y/i = \/—ab XC1X. He) = i -+- «c + - C. w>z> + -+- He (4 + >y = fl"(x + Í-)n(N.94)=/(i-l- n.l a .£» -t- &c. ; logo a fórmula binomial do N.° 84 também he certa , ainda que « não seja inteiro positivo. Cl. 54 Memorias da Academia Real Cl. Lm ( n- f ) = i + » c ■+- P. CIV. Por poder ser \^-T > 7 ; pode ser (y^y)" <*■ CV. ' ■ ' I das Sciencias de Lisboa. 55" cv. Logo haverá potencia de numero maior do que anui- dade que exceda qualquer grandeza proposta ( N. 103 ) . e potencia de numero menor que a unidade que seja excedida por qualquer grandeza proposta. CVI. Serie convergente , chama-se aquclla que tem a som- ma dos últimos termos , menor do que qualquer grandeza que se proponha. CVII. A serie a 4- ar 4- ar2 4- a r'' ■+■ &c. , hc convergen- te , sendo r <; 1. porque poderá ser r" < P ( N. ar" ioj ) ; logo algum termo a r" da serie , <; (1 — r) P , ou — > < P ; isto he n n+ I n + 1 ar +■ ar + ar 4- &c. <[ P. Mas esta serie hc a continuação da serie proposta desde o termo n -1- 1 ; lo c ;chame-sc a este termo .v : a continuação da serie desde este termo será x -+- x. — 7 — 4- -r-; — r+ n+ 1 (,« -+- 1 (a -1- 2 1 A'3; J 6 Memorias da Academia Real (»-»- i;(«H-2)C»-t-3) + &C' < 'v +■ *' TTT + *(» ; r) ■+• x (z~r~S) ■+■ &c. : mas esta hc convergente por ser— — < i j logo a proposta o hc também. CIX. c j • »C» 4- i) ocndo í < i , a serie «. c + — - . c* 4- ^«-nU«+i) „ . • c> -+- cec : hc convemente. 2.3 ' » Primeiro , não seja n > 1 ; a proposta não será me- nos convergente que a serie 1. c 4- — ■— — . c*-f 1 (1 -+- 1) (1 4- 2) , 0 . , . c' 4- &c. ; isto he que a serie c 4- c7 4- f' 4- &c. que he convergente : a continuação da serie pro- posta depois do termo i , a que chamo b ; será b Cl — - • c (»■*- i*\ (n 4- 7 -4- i> a (» 4- 7) (« 4- / 4- 1) (» -f- / -l- 2) 5 4- &C.) . Faça-se-tr- — T , c substituindo na serie antece- dente , resulta & í (« 4- 7) c 4- ^— ' . <: " 4- C» -1- i) (11-f-i + i) (11 4-74-2) -j o N • c ' 4- &c. ) serie conver^cn- 2.3 / te ; mas quanto menor hc i maior he c', logo o caso mais desavantajoso hc quando i =: o j mas então hc c' = c \ logo a serie (« 4- 7> + ("^^O^i+i) f + das Scienciasde Lisboa. 57 — — f ■+- &c. , he convergente ; mas est.i pódc resultar de se mudar n cm » + i na propos- ta , logo a proposta hc convergente mesmo sendo »> i. cx. Para ser convergente a serie do N. 100 , quando n náo hc inteiro positivo hc precizo que seja b < a. CXI. Para ser convergente a ultima serie do N. 101 , sen- no b negativo hc precizo que seja b < — j porque he pre- cizo que seja __ , < i (N. 109 ); isto hc & < a — b, isto hc 2 & < chamasc base dos logarithmos do mesmo systema. CXIII. No systema cuja base he 1 4- 1 1 +• &c. , os logarithmos , chamao-sc Nepcrinos , e na 2-3-4 systema cuja base he io,chamão-sc tabulares Tom. III. Part. II. h CX1V. 40 REI? 58 Memobias da Academia Real CXIV. O Logarithmo da base he 1 ; porque a equação b " — « , dá para a base , b —b,z logo Ib ■=. 1. cxv. Também he b =«'jlogo b" b =. uri =z b ss b logo scra /(»»') = /» ■+- In' CXVI. /. 1 — l (1.1) — /. 1 + /. 1 ; c logo /. 1 = o. CXVII. He — — -73 — b ; mas também he — 7 = n ,ln ri n I F-; » b j logo he /. -tf r= / « — / » CXVIII. n' ( h\n> n'ln li l ( n "' ) He n =\b J =b ; mas também hc n —b j locfo /.« =zríl». CXIX. Represente L , Logarithmos do systema da Base B : será b" — n — B " ; logo l.b " =.l.B "; ou In.Ib — Ln.lB ou /» = L», /J5 (N. 114) : logo o logarithmo por cx. Ne- DAS SciENCIAS DE L I S B O A. ff) Ncpcrino hc igual ao logarithmo por cx. tabular , multipli- cado pelo logarithmo Ncpcrino da base tabular. cxx. /. ( i +*)" deve ter a forma A (( i -+- x)" — i\ , porque assim hc precizo quando «ou x hc zero (N. 116) ; logo hc ai ( i V ií) 1= A («.v + ■" n~ .v?+ » (« i) (» 2) X • -#'-+- &c.J , ou hc / ( 1 -1- ,v ) — A ( x -+- v -+- xc. 1 H — 1 5 r« — i)f« -2> ■> • w + 2-3 .v! •+• &c. y supprimindo ago- ra no segundo membro , a parte que encerra « , porque o não ha no primeiro membro ; A se mude em M c será J(l +») = !£ (#-■£+—■£ 4 &c) (a) CXXI. Denotando / logarithmos Ncpcrinos he precizo para que seja !(! + *) (i+I+ T+ "T" + &c- ) OU (1 -4- 1 + -f ~*~ JL + ftt.^ 2 » ; 2.3 y OU H ii I C 1 ) Ainda que pelo modo de discorrer neste N. , pareça qne empre- gando n sai x , se possa dar a sen x,e do mesmo moiio .1 outrai íunc- çóes hum desenvolvimento similhante ao de / (1 -+- X J , com iuJo este embaraço tira se , reflectindo que em Aí pôde haver .v. €o 40 «EIS Memorias da Academia Real jif-Y.v_*:-4_£-__&c.y .V i + M ( * - -^ + ' &c )+ -f &c. =: i -+- .v, que seja M =. i. CXXII. He Z-(i + x) - M ( x - Ç + &c.) = M/(i+.v): d'aqui e do N. 119 , se conclue,quc o modulo M no sys- tema de logandimos L he o logarithmo nesse mesmo sys- tcma,da base Neperina. CXXIII. a = ( 1 + 1 + — + -^ -+- &c.Y" = 1 4- /a + - V. 2 2.3 / (laY 2 + ^i+&c. 2.3 CXXIV. (xlaV 2-3 •*= (1 + la + t~ + &<:.)*= 1 +- * Ia -*- + &c. (,r/j)a OB- dasScienciasdeLisboa. 6i OBSERVAÇÕES ASTRONÓMICAS feitas em Lisboa no Observatório Real da Marinha nos ânuos de 1807, 1808, 1809 , 18x0, 1811, 1S12. tor Paulo Josa' Maria Cikra. Annos. Mczes. Dias. 1807 — ^ Fevereiro 20 . Março . 7 • Abril . 16 . Maio . . 8 . 22 . 24 • Junho . . 4 . 9 • 14 . 2! . 25 Julho . . 2 . 9 • 11 . 18 24 , ( Imm. no limbo escuro da C 2 das cl £}•< ^Em. no limbo illuminado . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. da 2 das oc de 69 no limbo escuro da . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Em. do IV. Sat. de Júpiter . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. do II. Sat. de Júpiter . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Em. do III. Sat. de Júpiter . . Im.do III. Sat. dejnpitcr . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. do I. Sat. de Júpiter . . Im. do II. Sat. de Júpiter . Tcnpo verdadeiro. . 14 . 13 . 49 (Menos má) . 14 . 34 . 3 (Duvidosa) . 17 . 16 . 50 (Mcno? má) £ 7 . 21 . 32 ( Iníhntanea) . 16 . 4 . 25 • 14 • 20 . 24 . . Im. do III. Sat. de Júpiter . . Im. do IV. Sar. de Jupitcr . , Em. do I. Sae. de Júpiter . , Em. do IV. Sat. de Júpiter . Em. do II. Sat. de Júpiter . , Em. do I. Sat. de Júpiter . Em. do II. Sat. de Júpiter . Em. do I. Sst. de Júpiter . , Em. do III. Sat. de Jupitcr . Em.doT. Sat.de Júpiter . Em. do I. Sat. de Júpiter . Em. do I. Sat. de Júpiter . Em. do I. Sat. de Jupircr . Em. do II. Sat. de Júpiter . Em. do I. Sat. de Jupiter . Im. do IV. Sat. de Jupiter . Em. do I. Sat. de Jupiter . Em. do I. Sat. de Jupiter . Em. do III. Sat. de Jupiter . Em. do I. Sat. de Jupiter . Im. da (2 a Sj) no limbo illuminado da Tempo verdadeiro. 8 . 46 . 51 (Duvidosa ) 9 . 41 . 40 ( Boa ) 15 . 21 . 50 (Menos má ) 8.25.18 (Muito boa) 8 . 48 . 9 (Muito boa) 9 . 47 . 16 (Muito boi) 11 . 25 . 52 (Menos má) 11 .45 .22 (Menos má) 8 . 34 . o (Boa) 15 . 41 • 57 (Boa) 8 . 11 . 16 (Muito boa) 10 . p . 21 (Boa) 12 . 7 . 14 (Muito boa) 11 . 14 . }(• (Menos má) 8 . 34 . 41 (Muito boa) 10 . 36" . 6 (Boa) 10 . 33 . 19 (Muito bon) 7 . 00 . 15 (Muito boa) 8 . 57 . n (Muito boa) 8 . 57 . 40 (Muito boa) £ 14 . 33 . 40 (Muito boa) CO- 40 REIS DAS SciENCIAS DE LlSEOA. C COMETA XW calculados do Cometa, derivados de suas alturas e Jzirn^ Annos. ths observados. Mezes. Dias ■ A. l8o7- Oucubro 7 /AsCenSÍ° Rectl • ' MO . oo . ,^ T*»P°«;^ l Declinação Boreal ..8.16. 20/ ás 6 • ?6 57 8 < (.DB fAR 10 < Idb fAR. 12 IDB DA DB { '5 < fAR «4 < '5 < LDB fAR \db fAR 16 < (DB fAR IDB fAR 17 Idb .8/A* (03 "P < fAR (.DB 255 3 • 00 1 10 . 40/ 7 • 43 IO . 55 . 20 234 . 6 . 551 ás 6 ás 6 11 . 49 . 00J 20I > is 6 235 12 256 6 8 >• ás 6 • 1? • 24 • 237 • 5 . 14 . 238 • 15 • 259 • '5 . 240 . 2 . 16 . 45 . 241 . 1 . 17 . 2p ■ 242 . CO 18 . IÍ 3íJ 221 > ás 6 391 >■ ás 6 ip . 14J 4 . 46I )" ás 6 J 8 . 45. 3 • iol 55 • 20J 20 1 ?" ás 6 10J 20 1 > ás 6 \5) ás 6 31 33 2P 2V 2(í 23 14 Y ás 6 . 14 31 21 40 16 59 41 20 «4 Memorias da Academia Real Annos. Mezes Dias. .a. i 18C7. fAR . 20 < I.DB . 0 / ■ • . 242 . 5y . . . . 19 . 2 . n Tempo verdadeiro. 21 h / ,/ >• ás 6 . 19 . 10 30 J fAR . 21 ■< I.DB . . • • 243 . 54 • . 19 . 46 . 541 >■ ás 6 . II . jç 50J fAR . 21 < IDB . . . 245 . 58 . . • 19 . 47 ■ *01 >• ás 7 . 16 ; 48 2J fAR . 25 < CDB . ; . . 245 . $6 . . . 21 . 16 . JSl /- ás 7 ; 2,8 . 9 5°J fAR . . 24 < IDB . . . . 246 . 55 . . . 21 . 56 . 61 > ás 7 . 00 : 55 5) fAR . 24 < IDB . . : . 246 . 54 . . . 21 . 58 40) > ás 7 . 4? • 18 4 áS é . 2,6 . 2 35J fAR . LDB . • • 251 . 45 . . . 25 . 18 . 24") >• ás 6 : 27 ; 51 5°J ÍAR . 50 J IDB . , . . . 2J2 . 45 • • 25 • 57 - 12I >• ás 6 . 2,2 . 5 40 J fAR . • • -253-45 . . . 26 . 35 . io"l >■ ás 6 . 20 . 40 3°J Tempo verdadeiro. h > ,' . . . 7 . 19 . 2j (Muito boa) Novembro 5 . . Em. do I. Sat. de Júpiter . 12 . . Em. do I. Sat. de Júpiter . . . . 9 . 14 . 44 (Muito boa) 21 . . Em. do I. Sat. de Jupite/ . . . . 5 . 37 - 49 (Muito boa) 29 . . Eclipse do fPrincipio . Sol< (Tim . . : . . 9 . 26 . 25) > ( Boas) • . . n . 55 . 20 J La- das Sciencias de Lisboa. 'y Lugares do Cometa derivados das suas alturas e Azimutbs observados. Annoi. Mezes. Dias. 1807. 0 , n Tempo vet f Ascençáo Recta . . . 254 • 4<5 . 50 1 h / Novembro 1 ■< /■ as 6 . 30 (. Declinação Boreal . . 27 . 12 . 5J dadeiro. n • 50. (AR . . . 2 < I.DB . . . • • • 25? • 45 • 5°\ >• as 6 . . . 20 . 49 • 45J i 32 . 38. |AR . . . LDB . . . ; . . 256 . 50 . 56I > ás 7 . . . 28 . 26 . 10J . 46 . 42. fAR . . . 4 -< I.DB . . . . . . 257 . 48 . 2.51 > ás 6 . . . 29 . 00 . 45J . 12 • 52. fAR . . . 5 \db . . . . . . 258 . 50 . 56 1 > ás 6 . . . 19 . 36 . 30J . 30 . 50. TAR . . . IDB . . . . . . 259 . ÇI . 22"! >• ás 6 . . - 30 . 10 . 3J • 45 . 18. fAR . . 9 Idb . . . . . . 262 . 58 . 25") > ás 6 . ; . 31 . 49 . 50 J • 58 . 13. fAR . . 10 < IDB . . . . -. . 264 . 7 . 10^ > ás 8 . . . 32 . 22 . 00J • '5 • 56. ÍAR . • 11 i IDB . . • • • • 364 • 59 • 25 1 > ás 6 . . . . 32 . 51 . 20J . 22 . 16. fAR . . 12 < IDB . . . . . , 266 . 9 . A^ y ás 7 . . . . 33 . 22 . 40 J • 15 • 47- fAR . . •3 < lEB . . . . . . 267 . 12 . 2") >• ás 6 • • • • 33 • S« • 5íJ • 31 . 50. fAR . . 14 < IDB . . . . . . 268 . 17 . 58> )■ ás 6 . . . . 34 . 21 . 57 j • 37 . 40. fAR . . 15 < IDB . . Tom- III. Part.II. . . . . 269 . 22 . 00 1 >■ ás 6 . . . . 34 . 50 . 10J I • 37 . 21. 20 66 Annos. Mezes. Dias. A. . Memoria s%a *& c'a demia Real Tempo verdadeiro. 1807. 1C II 23 0 < fAR 24 < \DB fAR ^DB fAR \db rAR 1808. Janeiro . 14 • Setembro 22 . 22 . 29 . Outubro . 8 . (DB fAR \db 274 . 4p . 45H li > às 6 3 • iOj i7 17 278 38 279 11 58. 71 28 . 6J 12 . 45") > ás 6 17 • «?J 21 > às 6 5íl • > as s 38 . 40 . 4°J 285 . OO . 9 40 . 26 . 57 ás 6 56 10 // 34. 3<- 58. 57- 2f. 2 • 1 ( Boa ) , no limbo escuro da C 10 . 11 . ijflnst.) Tempo verdadeiro, h fim. no limbo ill. da £ . . 9 . Occult. da 2 7 i8op. Novembro 19 . iy 28 Dezembro . 5 . 11 12 28 . Tempo verdadeiro. Em. da (r tt íp) no limbo esc. da £ . 10 . 10 . i3 , 7 ( Inst. ) Em. do I. S.u. de Júpiter Em. do III. S.ir. de Júpiter . Em. do IV. Sat. de Júpiter . Em. do I. Sat. de Júpiter fim. . Em. Em. do II. Sat. de Júpiter III. Sat. de Júpiter^ 18 10. Janeiro Em. do III. Sat. de Júpiter Em. do I. Sat. de Júpiter Em. do I. Sat. de Júpiter Em. do I. Sar. de Júpiter Em. do II. Sat. de Júpiter . Em. do I. Sat. de Júpiter Em. do I. Sat. de Júpiter Fevcreito 7 . 3 . 55 ( M'.:,io boa) 5 . 31 . 20 (Boj) 8 . 15 . cc ( Duvidosa) 9 . 1 . 19 (Muiio boa) 6 . 30 . 35 (Muito boa) 9 . 30 . 26 ( Boa ) 7 . 19 . 52 (Boa) 6 . 10 . 38 (Muito boa) IO . 20 . 38 (Muito boa) 6 . 42 . 55 (Boa) 8 • ?5 • 4° (Muito Boa) 7 . 14 • 32 (Muito Boa) 10 . 28 . 5 (Muito Boa) 8 . 42 . 38 (Boa) Maio . 3 . . Im. do III. Sat. de Júpiter ... 7 12 . , Em. do II. Sat.de Júpiter ... 6 13 . . Em. do I. Sat. de Júpiter ... 6 19 . . Im. do II. Sat. de Júpiter . . . 6 5 . . Em. do I. Sat. de Júpiter . . . 7 . {Im. no limbo esc. da£ . 7. Em. nolimbo ill. da C • 8 . 28 . . Em. do I. Sat. de Júpiter . . . 7 . {Im. no limbo esc. da £ . 7 . Em, no limbo ill. daí. 9 . I ii 57 . 20 (MuiioBoa) 42 . 4c ( Boa ) 55 . 29 (Boa) 58 . 39 ( Duvidosa) 7 . 38 (Muito boa) 8 . 50 , 5 (Inst.) 12 . 10 (Duvidosa) 25 . 57 (Boa) 52 . j8,6(Inft.) co . 55 (Menos má) Agos- 68 - •- 40 RhíS Memorias da Academia Real Annos. Mczcs Dias. — A 1810. Agosto . • 18 10 20 20 Setembro . 12 14 III. Sat. de Júpiter {Im. Em 14 14 Im. do II- Sat. de Júpiter Em. do II. Sat. de Júpiter Im. do I. Sat. de Júpiter Im. do I. Sat. de Júpiter Im. do I. Sat. de Júpiter m. . Em. . Im. no limbo il O .II. Sat. de Júpiter < h . Occult. eXí| r Im. • 21 . .II. Sat. de Júpiter J *■ Em. • • {Im no limbo ill Em. no limbo escu Outubro . 30 . . Im. do I. Sat. de Júpiter 30 . . Im. do II. Sat. de Júpiter Novembro 10 . . Im. do II. Sat. de Júpiter Dezembro 5 . . Em. do II. Sat. de Júpiter 15 . . Em. do I. Sat. de Jupitet Im. no limbo ill Tempo verdadeiro. 12 . 47 . 48 (Muito boa) 14 . 46 . 7 (B03) 13 . 11 . 19 (Boa) 15 . 28 . 12 (Boa) 16 . 14 . 58 (Boa) \6 . 3.1 . 11 ( Muito boa) 10 . 5p . 59 ( Boa ) 10 . 28 . 39 ( Menos má) 12 . 47 . 21 ( Boa) n . 57 . 10 ( Duvidosa) Em. no limbo escuio 13 . 15 . 54 (Boa) 15 . . Occult 0<2C{ 13 8 . 59 (Boa) 15 . 26 . 46 (Menos má ) 14 • 00 . 43 , 4 (Boa) ro 15 , 8 . 4,3 (Inst) v 11 . 31 . 20 ( Muiro boa ) 15 . 42 . 27 (Muito boa) 7 . 31 . 11 ( Menos má) 7 . 2 . 00 ( Boa ) 13 . 51 . 38 ( Boa) 14 . 29 . 1 ( Boa ) Em. no limbo escur. 15 . 36 . 13 (Inst.) 1811. Janeiro . . 23 . ; Em.doIII. Sar. de Júpiter . 25 , . Em. do I. Sat. de Júpiter . 6 . 58 . 38 ( Muito boa) 6 . 38 . 28 C Muito boa) Ju- - Annos. Mezes. Dias. 1811. Julho ... 15 . Setembro . 15 22 , Outubro . 17 "7 Novembro . 18 i3 1812. Janeiro . Fevereiro . 14 Outubro . . 24 Novembro. 12 25 DAS SciENClAS DE L[SI!OA. h Tempo verdadeiro. h 1 , {Im. no limb. ill. 14 . $9 . 41 (Muito boa) Em no limb .esc. 15 . 18 . 21,4 (Iníl.) 12 . 23 . 50 (Menos má) 15 . 2.21 (Do.) 12 . 15 . 12 (Boa) if> . 39 . 56 (Doa) !I . 59 . '48 (Muito boa) 13 . 10 . 29 (Muito boa) «7 • 35 • j<.n Muito 18. 30. 5t, V boas° . Im. do II. Sat. de Júpiter . Im. Jo II. Sat. de Júpiter . Im. do II. Sat. de Júpiter . Im. do I. Sar. de Júpiter . Im. do II. Sat. de Júpiter . Im. do I. Sat. de Júpiter 2y . . Occulr. de Alde baran £< Im Em 14 • • Em. do I. Sar. de Júpiter 21 . . Em. do I. Sat. de Júpiter 21 . . Em. do II. Sat. de Júpiter Occulr. Aldebaran £< . . Em. do III. Sat. de Júpiter . . Im. do II. Sat. de Júpiter {Im. Em. . . Im. do II. Sat. de Júpiter 6 . 10 . 32 (Boa) 8 . 2 . 42 (Muito boa) 13 . 50 . 31 ( Boa ) Im. no limbo esc. 5 . 31 . 20 ( Inst.) Em.no limbo ill. 6 . 33 . 57 (Muiro boa) 7 . 38 . 53 (Menos má) 16 . 29 . 26 (Boa) 12 . 38 . 19- \6 . 6 16 . 3. 4y (Boa) >Muítoboas) 28J ME- D -•■■ 71 MEMORIAS, QUE SE CONTEM NA II. PARTE DESTE TERCEIRO TOMO. H I S T O B I A. IS CU RS O Histórico pronunciado na Sessão publica ila Academia Real das Sciencias de Lisboa , ie 24 de Junho de 1810: por João Guilherme Chiftiano Mul- ler. ---__--___•-- Pag. 1. Discurso Histórico pronunciado tia Sessão publica do anno de 1812: pelo mesmo --------- xix. Discurso contendo a Historia da Academia Real das Scien- cias desde 25 de Junho de 1ÍÍ12 até 24 de Junho de 1813: por José Bonifácio de And rada e Silva. - - hm. Recnpilação Histórica dos Trabalhos da Instituição Vaccini- ca , durante o seu primeiro anuo : por Bernardino An- tónio Gomes. ----------- lxxvi. Memorias dos Sócios. Obscrvationcs Astronómica in regno Cochinchinae habita : a P. Joanne de Loureiro. --------- 1. Eclipse da Lua de 2 de Novembro de 1789, observado em Lisboa na Academia Real da Marinha: por Francisco António Ciera. ------------ 7. ]r..< tracções e Regras praticas , derivadas da Theorica da Construcçao naval , relativas d Construcçao , Carrega- ção , e Manobra do Navio: por Matthcus Valente do Couto. -------------- 9. Calculo das Notações : a I. Parte por Francisco Simões Margiochi , e a II. por Matthcus Valente do Couto. 48. Reflexos tendentes a esclarecer o Calculo dos Notações , so- bre que versa a Memoria antecedente : por Francisco de Paula Travassos. ---------- 65. Pensamentos , e Observações sobre mui curiosos , e impor- tantes objectos , que se apresentao nas Costas de Portu- ga > 72 Índice. çí,7, e no fundo dos nossos Mares; por José Joaquim Soares de Barros. ----------- 73. Memoria sobre a pertendiâa chuva de Algodão , que cahio cm alguns lugares das vizinhanças desta Capital cm o dia 6 de Novembro de 181 1 : por Sebastião Fiancisco Mendo Trigoso. --__•_---_- 85". Experiências Cbymicas , sobre a Oiúna do Rio de Janeiro comparada com outras. ---------- 96. Memoria , em que se per tende dar a Solução de hum Pro- gramma ( ífe Analysc para 1811) da Academia Real das Sciencias de Lisboa : por Matthcus Valente do Couto. - li?- Breve Ensaio sobre a Deducfao Pbilosophica das Operações bricas: pelo mesmo. -------- 149. Memoria sobre httma Balança de Ensaio : por Coníhnti- no Botelho de Lacerda Lubo. ------- 179. Memorias dos Correspondentes. Leducçao de hnma Formula geral , que ccmprehende os Theoremas de Newton sobre as potencias das raízes das Equações: por João Evangclifta Torriani. - - - 1. Taboa mostrando o valor da Moeda de ouro , e prata do Reino de Portugal , desde o Reinado do Senhor Rei Z). Duarte até 1806: por João Bell. ----- 5 maPr.it. Memoria sobre a verdadeira origem e natureza ^oCatto, ou terra Japonica : por Francisco Manoel Barroso da Silva. """.""." 9> Theorica da composição das Forças : por Francisco Si- mões Margiochi. ----------- 21. Fundamentos da Al gorithmia elementar: pelo mesmo. - 27. Observações Astronómicas feitas em Lisboa no Observató- rio Real da Marinha nos annos de 1807 até 18 ia: por Paulo José Maria Cicra. --------- 61. CA- CATALOGO Das Obras já impressas . e mandadas compor pela Academia Real das Scien cias de Lisboa : com os preços , por que cada huma delias se vende brochada. I. ~Vy Revés Jnftrucçóes aos Correfpondentes da Academia fo- |j bre as rcmellas dos produílos naturaes para formar hum •*-' Mufeo Nacional , folheto 8.° UO II. Memorias fobre o modo de aperfeiçoar a Manufactura do Azeite em Portugal remettidas á Academia , por Joáo Amónio Dalla-Bella , Sócio da mefma , i vol. 4.0 ....--- 43o III. Memorias fobre a Cultura das Oliveiras em Portugal remet- tidas á Academia , pelo mefmo , 1 vol. 4.0 - - 480 IV. Memorias de Agricultura premiadas pela Academia , 2 vol. 8.° 960 V. Pafchalis Jofephi Mellii Freirii Hiftoria Júris Civilis Lufuani Lí- ber fingnlaris , l vol. 4.0 ------ - .---.- 640 VI. Ejuidem Inftitutiones Júris Civilis , et Criminalis Luficani , 5. vol. 4.0- ---- 2400 Vil. Olmia , Tragedia coroada pela Academia , jolb. 4.0 - - - 240 VIII. Vida do Infante D. Duarte , por André de Rezende, folh. 4° 160 IX. Veftigios da Lingoa Arábica em Portugal , ou Lcxicon Ery- mologico das palavras , e nomes Portuguezes . que tem origem Arábica , compollo por ordem da Academia , por Fr. Joáo de Sou- fa , 1 vol. 4.0-- - 480 X. Dominici Vandelli Viridarium Grysley Lufitanicum LinnXanis nomiuibus illuftratum , 1 vol. 8.° ---------- 200 XI. Ephemerides Náuticas , ou Diário Aftronomico para o anno de 1789 , calculado para o Meridiano de Lisboa , e publicado por ordem da Academia , 1 vol. 4.0 ----------- 360 O mefmo para os annos feguintes até 1809 inclufivamente. XII. Memorias Económicas da Academia Real das Sciencias de Lis- boa, para o adiantamento da Agricultura, das Artes, e da In- duftria em Portugal , e fuás Conquiftas , 4 vol. 4.° - - - - 32CG XIII. Collecção de Livros inéditos de Hiftoria Portugueza , dos Rei- nados dos Senhores Reis D. Joaõ I. , Dom Duarte, D. Aliòn- foV., e D. Joáo II. , 5 vol. Jol. ■ 5400 XIV. Avifos intcreffantes fobre as mortes apparentes , mandados recopilar por ordem da Academia , folb. 8.°------- - gr. XV. Tratado de Educação Fyfíca para ufo da Nação Portugueza , publicado por ordem da Academia Real das Sciencias , por Fran- cifeo de Mello Franco , Correfpondente da mefma, 1 vol. 4.0 360 XVI. Documentos Arábicos da Hiftoria Portugueza , copiados dos Originaes da Torre do Tombo com permiffáo de S. Mageftade , e vertidos em Pottuguez , por ordem da Academia , pelo leu Cor- refpondente Fr. João de Soufa , 1 vol. 4.0 ------- 480 XVII. IO HEI* XVII. Obicrvaçõcs fobre as principaes caufas da decadência dos Portuguezes na Alia , efentas por Diogo de Couto em forma ile Dialogo, com o titulo de Soldado Pratico , publicadas por ordem da Academia Real das Sciencias , por António Caetano do Amaral , Sócio Etfectivo da me ima , t tom. 8.° mai. .-.---- 480 XVIII. Fiora Cochinchinenlis ; íiltens Plantas in Regno Cochinchi- nsc nafeentes. Quibus accedunt alix obfervatx in Sinenfi Impé- rio , Africa Orient.ili , Indizque locis variis , labore ac iludiu Joannis ds Loureiro , Reg'X Scientiarem Acadcmix Ulyliiponen- lis Socii : JuiTu Acad. R. Scient. in lucem edita , 2 vol. 4. mai. 2400 XIX. Synopfis Chtonologica deSubfidios, ainda os mais raros , para a Hillori.i , c Eiludo critico da Legislação Portugucza , mandada publicar pela Academia Real das Sciencias , e ordenada por Jofé Anailafio de Figueiredo , Correfpondente do Num.c da mel ma Academia , 1 vol. 4.° ------ --------- 1800 XX. Tratado de Educação Fyfici para uío da Naçaó Portugueza, publicado por ordem di Academia Real das Sciencias , por Fran- cifco Jofé de Almeida , Correfpondente da mefma , 1 vol. 4." ?6o XXI. Obras Poéticas de Pedro de Andrade Caminha , publicadas de ordem da Academia , I vol. 8.°---------- OOO XXII. Advertencia> fobre os abufo-> , e legitimo ufo das Agoas Mi- neraes das Caldas da Rainha , publicadas de ordem da Academia Real das Sciencias , por Francifco Tavares , Sócio Livre da mef- ma Academia , folh. 40 - < 20 XXIII. Memorias de Litteratura Portugueza, 8 vol. 4.0 - - - - 6400 XXIV. Fontes Próximas do Código Fiíppino , por Joaquim Jofé Fer- reira Gordo , Correfpondente da Academir». , 1 vol. 4.0 - - - 400 XXV. Diccionario daLingoa Portugueza, I.° vol. foi. mai. - - - 4800 XXVI. Compendio da Theorica dos Linvtes , ou Introducçáo ao Me- thodo das Fluxócs por Francifco de Borja Garção Stockler, Só- cio da Academia 8.°------ --.-----, 240 XXVII. Enlaio Económico fobre o Comércio de Pcrrugal , e fuás Colónias , oferecido ao Príncipe do Brazíl N. S. , e publicado de ordem da Academia Real das Sciencias pelo feu Sócio Jozé Joa- quim da Cunha de Azeredo Coutinho. --------- 48? XXVIII. Tratado de Agtimenfura por Eftevaõ Cabral , Sucio da Academia , em 8.° --------------- 240 XXIX. Analyfe Chimica da Agoa das Caldas , por Guilherme Wi- thering, em Porruguez e Inglez. folh. 4° ....... 240 XXX. Princípios de Ta^lica Naval por Manoel do Efpirito Santo Limpo , Correfpondente do Num;ro da Academia , 1 vol. 8." - 480 XXXI. Memorias da Academia Real das Sciencia;, 5 vol. foi. - - 6000 XXXII. Memorias pira a Hilroria d' Capitania de S.Victnte, 1 vol. 4.0 483 XXXIII. Obfervações H;ftoricas e Criticas para fervirem de Memo- rias ao fyftema da Diplomática Portugueza, por Joio Pedro Ri- beiro, Sócio da Acidemia , Part. 1. 4o -------- - 480 XXXIV. J. H. Lambert Snpplementa Tabularum Logarithminrum , et Trigonometricarum. 1 vol. 4. ° ----------- j)6o XXXV. Obras Poéticas de Francifco Dias Gomes , I vol. 4° - - - 8oo XXXVI. IO RE1F XXXVI. Compilação dá Reflexões de S-inches , Pringlc &c. sobre as Causas c Prevenções das Doenças dos Excicitos , por Alexan- dre Anromo dis Neves, pira disitibuir-se ao Exercito Jclb. n.° gr. XXXVII. Advertências dos meios p ir a preservar da Peste. Segunda edição acerescentada com o Opúsculo de Thomaz Alvares sobre a Peste de 1569 ., folh. 12.0 iío XXXVII I. Hippofyto, Tragedia de Euripides , vertida do Grego em Portuguez, pelo Director de huma das Classes da Academia ; com o fv.ttti , i vol. 4.0 - - - ...--- 480 XXXIX. Taboas Logantbmicas , calculadas até á sétima casa deci- mal , publicad.is d." orjom da Real Academia das Sciencias por J. M. D. P. 1 vol. 8.° 480 XL. índice Chronologico Remissivo da Ligislaçáo PortUgUeZJ pos- terior á p;.l)hcaçáo do Código Filippino por João Pedro Ribei- ro , Part. l.a, 2.', j.* e 4 ." - ?<5oo XLI. Obras de Francisco de Uotja G.irçáo Stockter , Secretario da Academia Real das Sciencias, l.° vol. 8.° 800 XLII. Collecção dos principies Auctores da Historia Portugueza , publicada com notas pelo Director da Classe de Litteratura da Aca- demia R. das Sciencias. 8 Tom. em 8." ------ .- 4800 XLIII. Disserraçóes Chronologicas , e Criticas, por João Pedro Ri- beiro , $ vol. 4. ° ------- -.-- ..... 2400 XLIV. Collecçáo de Noticias para a Historia e Geografia das Na- ções Ultramarinas Tomol." Números i.°, z.°, 3.0 e4.°- - - 600 O Tomo II. .-.--..----.---.-- Soo XLV. Hippolyto, Tragedia de Séneca ; e Píiedra , Tragedia de Ra- cine : traduzidas em verso , pelo Sócio da Academia Sebasriáo Frincisco Mendo Trigozo , com os textos. -------- 600 XLVI. Opúsculos sobre a Vaccina : Números I. até XIII. - - - }00 XLVII. Elementos de Hygiene, por Francisco de Mello Franco, Sócio da Academia : Parte I. •<-... --.----, 300 Estão no prelo as seguintes. Taboidas Perpétuas Astronómicas paia uso da Navegação Portugueza. Memorias Económicas , 5.0 vol. Documentos para a Historia da Legislação Portugueza , pelos Sócios da Aca- demia João Pedro Ribeiro , e Joaquim de Santo Agostinho de Btito Galvão. Collecção dos principaes Historiadores Portuguezes. C.illecçáo de Noticias para a Hiftoria e Geografia das Nações Ultramarinas., Taboas Trigonométricas , por J. M. D. P. Obris de Francisco de Borja Garção Stockler , Tom. 2.0 Collecção de Livros inéditos de Hiftoria Portugueza , Tom. 4." Elementos de Hygiene : Parte II. Vendem-ft cm Lisboa nas lojas dos Mercadores de Livro? na Rua das Portas de Santa Catharina ; e em Coimbra e no Porto também fdos mefmos freios. A U K O BE l8l 4. I | TABOA MOSTRANDO O VALOR DA MOEDA DE O*- DUARTE ate o anno de i3oó. N. B. A Carta Regia do Senlu (Advertência. Na Ordenação antig; X \ Reinados , e Ditas das Leis , ou Mandadas. , e Cbservaeóes. Calanha existe a Car- n 4 Ce Outubro de 148S , 0 Camará óo Parta , e no S inufCrite do Dciembar iro Ribeira Tom. VIU. I ?D.Af V D. Duarte \ Lei de 25- d'Ou- :atéi438/tubrode 1435. j iffonso V. "í Lei de i.° dei 1438 até 1485. J Dez.° de 145T.J ,"•••• HS7- v. Alvará de 22 d'Agosto de 1460. no Tom. VIII. p. 416 a 41? da J> Collccção manuscrita , do Desem- bargador João Pedro Ribeiro. D. Manoel \ 1405- até 1521. } I49y« Cruzados. Justos Reaes . . Meios Reacs M5-17. § Na sua Chronica, por Damião de (jj Gocs. 15-04 'g Na Chronica de D. J0Ã0 II. , por Garcia de Rezen- de , Cap. 57 se diz que os Cruzados rbrão levanta- dos a 400 rs. no anno de (íi Ordenação Liv. 4.0 tit. primeiro. (g Desde 1)17 valendo o « Cruzados Portugucz índios Portugucz Meio Porruguez . Quarto de Portugucz Quart.de Cruz. d'ouro. Tostão . . Meio Tostão Vintém . . {' Cruzado Portugucz .143 .25-3 :8ol .760 ív a. ui He Pina Cap. VII. , 1. Affonso V. do i.° de .481. ta, Oíd e 2 ae jan. ce jj o Alv. publi 3 de Agosto de ^\ .020' .OIO •39°) 3.900 •033 .400 ■i dos Cruzados lie con- il V. das Coites de 2$ de Xf e Lei de 2 de Jan. de j) secundo em I Colleccáo manusc. do eHrn Ribeiro. T. VII. }} Na sua Chron. por G. » ►ip. LVII. se diz 0,11c os t\ ei de 22 quil. , e j8 ao (f leso de 600 rs. , e do $ las provas da H. \) v nn Marco d'Ouro de tL )8 .limos , e 117 reaes r/ rata de 1 1 dinheiros jo tf UOi. SS II Marcn d' Ouro de 24 í' .-!_ erresp. a 22 quil. J}> a de 24 quil. 5) cor-esp. a 22 qu" .ICOÍ quil. )j) uila- S) 1 Li. pela Orden. Liv. 4- 'y) 1 ♦ ,-. ■ .- • - ir mie seis Ceitiu faziao Ij, ;n;e , e que I 20 Ceitiis {r .íuj 1 ;nte . c que 1 ^u v.cnn> j: .OCO f'" ,,um ^arC° (dz 46oí fV a la- ) (Advertência. Na Ordenação antiga do Senhor Rei D. Manoel se diz, que o Peso de huma Oitava he o Peso de hum Cruzado.) H) 1 « i Reinados , tf Datas das Leis t ou Mandados. Nomes das Moedas. ( Marco de Prata ) Leaes Escudos . . . . ( Marco de Prata) Cruzados. . . . ( Marco de Prata ) D. Duarte 1 Lei de 2j d'Ou-i 1433 até 1438/tubro de I435- J D. Affonso V. "j Lei de i.° dei 1438 até 1485-. /Dez.° de 14.51. í • ; HS7- Alvará de 22 d'Agosto de 1460. D. J0Ã0 II. ") Carta R. de 25^] 1481 até 1495. f Nov. de 1489. j Cruzados. . No Cartor. da Camará do Porto ; e | Justos . . no Tom. VIII. p. 416 a 415" da rReaes . . Collecção manuscrita , do Desem- Meios Rcaes bargador João Pedro Ribeiro. | D. Manoel ") I r- j , > 1499. ' Cruzados 1495 ate 1521.J T7' Na sua Clironica, por Damião de Góes. 1^04 Na Chronica de D. J0Ã0 II. , por Garcia de Rezen- de , Cap. 57 se diz que os Cruzados fbrao levanta- dos a 400 rs. no anno de 1^17. Ordenação Liv. 4.0 tit. primeiro Desde 1J17 valendo o >r>i7. Portuguez . . . índios .... Porturrucz . . . Meio Portuguez . Quarto de Portuguez Q11art.de Cruz. d'ouro. Tostão . . Meio Tostão Vintém . {Cruzado Portuguez V.iler primi- tivo , Rlis. } .I4J •af3 .760. Leis das Moedas. Oo Marco de 460S çriios. iS> .02- Tira- va-se Pejas. II -4 4.000 f ^ 84 50 64^ Valendo em moe- da Réis. cada Peça de Moeda. Evoca. Ordenou.* se que pf sasse GiãOS. Qjte em me- la! fino fax. Grãos. VaUr do mes- mo em Moeda tio presente tempo , e da mesma espe- .7OO 7-000 I.IOO 16.362^ i.yoo 24.576 J 64$ \ } 32ttÍ ■{3 } { /Í4£1Í II I I II 70 f 25\222fj 2.3IO ?4f 9»* 7*i 7*4 H2i < 7»: 737iT ii7 2.340 2j.8Ó9f, 2.340 < I7\l { 5°} °9=V 717 717 142Í 712Í 722 — I7H- 3«A 7i í 7i *\ .o89f i^75tr i-7*7tt i-7*7 h 3-4Í4TT .065- |4 .0=2^ Tinha de Metal fino Grãos* 6034^ 493 \ 3840 281^ 2816" } 187I i-727tV \ Proporcionado ao Vate te da niesuia ..;■ cie, fax. Rlis. IO.7I4? n.o68ff 6.818Í 6.827-^ Reftr Cbscn P'OVOrc~lO | dosMctaes Sihrc o Marco de Cidonlta existe aCar 2> .( Muda cada £• poça. ta llegia de 14 de Outubro He 148S » no Cartório tia Camará do Tório , e na Compilação manuscrita do Descntbar- gadorfoão Pedro Ribeiro Tom. VIII, r L De/. ? 5.000 4o 4) n } Piri ou 9,88 Marco de Prata. Chron. pnr Rui de Pina Cap. VII, j. a Lei de D. Affonso V. do i.u de i embro de 1481. Marco de Prata, Ord. Liv. IV. j tulo 109. >■ O Peso , e Lei dos Cruzados lie con- k forme a Lei XXV. das Cortes de 25 de rr Nov. de l í j S , e Lei de 2 de Jan. de *$) 1560, o Valor segundo o Alv. publi $ cado no Porto em 22 de Agosto de *j\ frr-.in irnniKr nn !1 f. tf- S» I7-I7irr •10/7 1.282-rV J > 18a,-'- < 4.42! 1 .641 f, > .320^ •43x^ .3aoS .160-7 i-7»7ít 17.272/r J j.1805^ } i/Si J > $MSh ~) 4.3iSrr ^ r^^r^sJr^?^ ^^^^^^^^^^^^a^^^^^^^^^^^^^S^,^^^^^ 1460, e vem na Collecção manusc. do Desemb. Jn^o Pedro Ribeiro. T. VII. & pag. i4i e j 46. Na sua Cliron. por G. J) de Resende , cap. IVII. se diz que os ík Justos eião da I ei de 22 quil. , e j8 ao |Q Marco, e de peso de 600 rs. , e no P) Testam no seg! tom. das provas da H. s\ G da C. R. qi;e im Marco d'Ouro de ff' 2aquilat. havia j8 Justos , e 117 reaes ?? ftlarcn de Prata de 1 1 dinheiros jo J>) i!e Setembro de 140Í. Cs Valendo hum Marco d' Ouro de 24 £ quil. Rs. 25:22:- 1^- corresp. a 22 quil. [>) Rs. 25:120 ■ J e sendo a de 24 quil. j) Rs. 25:86?— corresp. a 22 quila- S) tes Rs. 2j:-ijLi pfla Orden. Liv. 4. sj tit. I. : se vfi que seis Ceitiis fazíao k hum real corrente, e que 1 20 Ceitiis j^ de cobre pesavão hum Marco (de 460S Jv g»0 5» EIRei D. Joãn III. continuou a la- vk vrar os Cruzados Portuguezes d' Outo » Uno até 15 jS. ? D. I0"J OU íio,: J (•j Reinadas , c Daím dos Leu , eu Maititdts. Incutes dos jMoedtis. Vai t piimi' f/f» | IsVn. í Ohltrvitúti. 5 ™ t t ttt C^ci 2Ç. das Cor-J D. João III. \ , * , , M 1^ , ^ , < tes de 26 de No- >Lruzado . . . . Cs IÇ2I ate 1557. ) r , 01 ■ ' "' C vembrode 1538. J Lião na prim. compilação das Leis-\ Vintém .... part. 4. tit. de Leis extraordin. (Meio Vintém . . folhas 314 verso, Ordenação ou tf Moeda de cincos Lei de 20 de Nov. de 1539. -'Real Portuguez Real dobrado , 011 quatro vinténs . Cruzados do Monte Calvário. . . . Moeda de S. Thomé. de S.Vicente. ~ S. Vicente. D. SebastiXo nasceo em 15-5-4, reinou desde 15-57 até 1578. S) Lei de 27 de Junho de 1558. Lei de 22 de Abril de 1570 , e meios vinteis. Lei de 2 de Janeiro de 1560, 'Tostão. . . . . Meio Tostão. . . rVintem Quinhentos Reaes. «D. Henrique, ij78 até 1580. -[< ™.arco f °mo\ (j, ■" ' (.(Marco de Prata) Hi D. Filippe II. de Castella \ y 15-80 até 15-98. . . .) ' SS Lei de 18 de Fevereiro de 1584 c D. Filippe III. \ XT , 0 -„o .' £ r í>ov. de 15-98. 15-98 ate 1621. J D. Filippe IV. 1 1 0 1621 até 1640. ) de Dezembr. ( Marco de Prata ) Cruzado. Dous Cruzados. Quatro Cruzados. . Marco de Prata. .400 s.io .010 .005- .040 joSo de Outubro de is 51 jf ,edai de Cobre cie ff , dei Ri> , — •- "* ">) lei por Francisco de K 9 se diz , cue fize- tf ■ius seis delles ao )) o de . . Giíos . . pesando |8 !« 108 360 f •4coei destas Moedas vem | i D. Sebastião de 2 I.OOOs6o> rfanjc.ihes ,>„. 1 I.OOOptso, e Lei de cada .500 r das Moedas d' Ou- Lei de 2 de Janeiro .roo .050 .02O .5-00 quil. Rs. }a£isn pelo . 50^624 . 29c&9>* • 27Ã792 . j 0^000 . . 29.^8 í o— Casa da Moeda 1. 77 , jk iria pelu Conde de Eri - \( ia (jen. da Casa Real. ?) .4OO .8cc 1.6 92 ) e por I.ei de 6 e 1612 pagava a Casa a _-6ot» por hum Mar- ú> Castelhanos. «^^^^s^^^isys^iaií?^:^:^^^^;^^ -F^^^^p^^^íía D. « I C(J Reinados y e Datas das Leis , ou Mandados i^L^^ÍÍ J^^^&± £Ri íí ^:!^:? D. João III. 1521 até 1557 "Lei 25. das Cor-J ' tes de 26 de No- ^Cruzado.. . . . .vembrode 15-38. J Lião na prim. compilação das Leis-vVintem . . . . part. 4. tit. de Leis extraordin. (Meio Vintém . . folhas 314 verso, Ordenação ou C Moeda de cincos Lei de 20 de Nov. de 15:39. -'Real Porfuguez Real dobrado , ou 3S D. Sebastião nasceo em 15-54,1^ .. >j reinou desde 15-57 até 1578. i os ao sS Lei de 27 de Junho de 1558. Meio 1 jjJLei de 22 de Abril de 1570 , e\ ymem K meios vinteis. . . ./ % Lei de 2 de Janeiro de 1560. | Quinhentos Reaes. ff _ __ n , „ f ( Marco de Ouro ) JjjD. Henrique, 1578 ate 1580. j(MarC0 de P,ata) $ D. Filippe II. de Castella") % 1580 até 1598. .../"' êLei de 18 de Fevereiro de 1584. 1 D- Filippe III. "I Nov_ de Ijg8. 2 1598 até 1621. í 1598 D. F 1621 até 1640 • \ i.°deDezembr. ^^^^^^V1*:?^^^^" "-^^^z.-^^-^^ > 5^.if^^^$; 1 Ktínti» , c Dí,tas rf„ Le„ , ,„ AU>uUd^ Nomes das Mudai. nelas , c Obltrx c !D- JoSo IV. 1 Lei do i.° deju- 1640 ate i65 6. /lho de 1641. [Tostão. . . Mlío Tostão. . Quatro vinteus. Dous Vinténs. . Vinténs SingcIIos. Meios Vinténs. Sin^uinlios. . . 5 Julho de (>) 5700 pelo))) 1 a Lei do i.° de . ;a\a a Puta a 2^>7~~ mdou-ie pa^ar 2^)0O3 , Piata lavracii em tos- [{ a fundi 1 ; « nas ff in. "> [Lei de 20 de Março de 164» )1 pagavao-se os Cruzados antros a I 2.^00 = 46.820;-} pelo Marco e ' C^'c-tm Cruzados, sendo cm Barra 42.240 por Mar- íMeias Moedas. Cento" qUÍ'ateS C°m ma'S 3 Por I Qi'ai'tOS- • • , , f Cruzado. Lei de ,«? de Junho de 1643 ) Vej I Doi,s Tostões. .' [ Historia Genealógica da Casa R I Tos^o. . . . . lom. IV. pag. 440 ~ e peloí °-l,atro Vinténs. . peso de a pag. 283 e 286. Meio Tostão. n a pela se (ornar )vas mamlou-se e s* cunharão. pur de ; de Fevereiro de 1642 1? ! pnr hum novo cmilio de Jy) , que estes tostões valessem >s meios tostões 60 de quatro vinténs ois vinténs 50 rs 1111 iMarco de tostões venha 0S0 rs. , e hum Marco das e quatro vinténs 4&25<»- valessem t\ io ts. , e Ir 100 rs. , 5) de sor- Dous Vinténs. Vintém. Alvará de l6 de Maio de ,^0!^"'* ' ' a mesma Lei levantou os Dobnles /Moedas de 3 a 1.600 , e as mais na proporção f Diras de 1 de ! parte. F P 'aoj Ditas de >7j Alvará de 9 de Outubro de i6>i. ÍJfoeda da Conceição, D.AffonsoVI.1 V 16563(61667 fmo"coemi6S2. j „, , Lei de 20 h/ioL-. v- _~ . Moed' 3-000. •5"oo. •75"' • | Lei de 20 de Novembro 1662 Ie- > vantando o valor das moedas de I Ouro j parte. j :1a Dita Dita de de de 3.5*00. rCruz.o«dc4ooosmais! na mesma proporção, f a 1 "a "les'na proporçã Alvará de 22 de Março de 166- Cruzados. . ' levantando a Moeda de Prata IçV ^'^ Tostões, por cento, marcada de novo" To^o 7^F=&-- Quarro Vintena. Dous Vinténs. i Vintém. I Hs!. Genealog. da Casa Real ie 2S8. ""í^T^í^ã^T^^?^," Reinados , e Valas das Leis , ou Manjados. D. JoXo IV. \ Lei doi.° deju- 1640 até 1656. J lho de 1641. : F^&i^ í=i &Í^SS^.^m&:. Tostão. . . . Muio Tostão. . Quatro vinténs. Dous Vinténs. . Vinténs SingeHos Meios Vinténs. . Sinquinhos. . I Lei de 29 de Março de 1641)! papavao-se os Cruzados antigos a L. „ , .-o 11 1 tvi Quatro Cruzados 2.500 = 46.820;- pelo Marco, e ' ^ . M ^ senJo em Barra 42.240 por Alar- 1 ^ j •, t t 1. Quartos. . . co de 22 quilates com mais 3 por | ^ Cento. J Lei de 8 de Junho de 1643 ) Vej. Historia Genealógica da Casa R. Tom. IV. pag. 440 = e pelo peso de a pag. 283 e 286. f Cruzado. Dous Tostões. Tostão. . . < Quatro Vinténs Meio Tostão. Dous Vinténs, i. Vintém Ditas Ditas Alvará de 16 de Maio de 1643 )-\Moedas de a mesma Lei levantou os Dobrões ( a 1.600 , e as mais na proporção C de ^ parte. J , _ , , , f Moeda da Concekão. Alvará de 9 de Outubro de 165-1. Dita vantando o valor das moedas de I Dita Ouro j parte. J [Cruz.0' de 400 os mais Alvará de 22 de Março de 1663, levantando a Moeda de Prata 25- por cento, marcada de novo. « 7^0* Referencias , e Observações, — 1 de Julho ) 2^700 pelo])) Segundo a Lei do i.° de 1641 , pagava a Prata a 2^,„ Mai\,. , e mandou-se pagar 2^j9uo , K e i^iooo pela Piala lavrada em tos- ff toes , para se tornar a fundir ; a nas ff moedas novas mandou-se pur o an- 'S no em que se cunharão. jf Pur Lei de j de Fevereiro de 1642 jp mandou-se por hum novo cunho de S) algarismo , que estes tostões valessem \í 120 rs. , os meios tostões 60 rs. , e [r -^ as moedas de quarro vinténs 100 rs. , $ 1 e as de dois umens $o rs. , de sor- M te que hum Marco de tostões venha (( , a ser 4^080 rs. f e hum Marco da (.moedas de quatro vinténs 4(J)2;e. na mesma proporção Cruzados. . Dous Tostões. Tostão. . - Quatro Vinténs Dous Vinténs [Vintém. . . 1/ Vej. Hist. Genealog. da Casa Real % T. 4. pag 288. C< l „'.^=itf*:^!^=^- Reinados , e Datas das Leis , Pu Mandados. Nomes das Moeda i. 1 Em 1663 vcj. Historia GeneaIo-iMoeda gica da Casa Real , Tomo 4. (Mci;1 Moeda. paginas 287 , e das Estampas Ç Q^aito> D.Pedro II. Canapé Regente | Rei em 1683. -Mcia de 2. oco. Quarto de 1.000. Fabrica Nova em 1677 Regimento da Casa da Moeda de . o de Setembro de 1686, Cap, 36 e 37- f Moeda. . . Meia Moeda. Quarto . . Cruzado. Dous Tostões. Tostão. . . Quatro Vinténs Meio Tostão. Dons Vinténs [Vintém. . . Lei de 4 de Agosto de 168S le- vantando a Moeda de Ouro , e Prata 20 por cento ; as Moed.is de Quatro , e Dous vinténs forão levantadas a 100 rs. , e 50 rs. , que he 2? por cento ; mas os Tos-Si toes novos , e Meios tostões, que 1 forão cunhados depois desta Lei , forão acerescentados no peso a 72 e 36 grãos. D. J0X0 V. 1 Ordem de 29 de 1 706 até 1 750. /Outubro de 1 7 1 8.\ Moeda de 4.000. . Meia dita de 2.000. Quarto de 1.000. . Cruzado novo. Doze Vinténs. Seis Vinténs. Tostão. . . Três Vinténs. Meio Tostão. Vintém. . . Cruzado novo. r. ■"" . pi itti lim K/j t Observações. ff l _:í) 1 4.0 2.0 1.0 Mopdai de 4ÍMOO, de ^ . ií)ioo. Vej. Historia Ge- {f *'V Ca^ Real , Tom. 4- ff ! Estampas num. 13j , Jfl I.I. 4.0 2.0 valor ff I «obre Js , e continuão a con ?) •Orca do valor primitivo de y ,C So', e 40 reis. .C e^=w=- ?r&=*&xZJ=V*i&^9* z ^^^F^F^^F^? í ^ Reinadvs , e Datas dai Leis t cu Mandadas. Ncmes das Moedas. jEm 1663 vej. Historia Genealo-^ »» , sS gica da Casa Real , Tomo 4-(iue-., das Estampas (Meia Moeda. )Qs uarto. „ &.— — ^ — Si paginas 287 , f D. Pedro II. C^ipe Regentel ?Rei em 168,. í desde IÓ67 Mda de ^000. # Lei de 12 de Abril de 1668 le- 1 ^ . , 1 j t\í j j Quarto de 1.000. alor das Moedas de ^- vantando o vai Ouro. j ,! Fabrica Nova em 1677. . <{, Regimento da Casa da Moeda de ("Moeda. . . Meia Moeda. Quarto . . Cruzado. Dous Tostões. § o de Setembro de 1686 , Cap.i Tostão 4 36 e 37 I Quatro Vinténs Meio Tostão. Dous Vinténs [Vintém. . . f Moeda de 4.000 Meia dita de 2.000 Quarto de 1.000. >J Lei de 4 de Agosto de 1688 le- 5 vantando a Moeda de Ouro , e a Prata 20 por cento ; as Moed.is J de Quatro , e Dous vinténs forão | levantadas a 100 rs., e 5°^ > ioo. Vej. Historia Ge- (£ •^ nealogica da Casa Kea! , Tom. 4. jP pag. 280 , e Estampas num. lij , SS Calculando sobre Jc^íOO rs. valor do Marco em M^eda deste tempo t e jí) I ^e 7c£>S°o , que he o valor da Pra- K ,/ ta em Moeda desde 1747 , o Cru- (f zado vale presentemente s6j£ ; mas r^ J47 grãos valem 564ÍÍÍ , sendo .Marco de 4#>óOo 2'áos — 1ÍHQ0- A Lei de 29 de Novembro de 17 \z J) proliibio laviar se Moedas de 4^800 , |S ou outras Muedas , que excedessem de ,' «( 6&400 : lia annos cjue não cunháoi Meias moedas, porém os Quartinhos ainda se lavráo em 1806 do mesmu ij» peso» [f __s Moedas de Prata continuarão (£ neste peso , e valor ate o anno de 2) 1747 quando diminuirão o seu peso, |j\ tirando 7$ soo de tad.» Marco de (( 4$6o8 grfioí , e continuão a con ?/ servar a marca do vaior primitivo de y 1400, 200, 80'. e 40 reis. 1^