HARVARD UNI VERSITY LIBRARY OF THE GRAY HERBARIUM Digitized by the Internet Archive in 2017 with funding from BHL-SIL-FEDLINK https://archive.org/details/oreades6101inst ANO I JANEIRO JUNHO DE 1970 N* 1 ORÉADES IPÊ BRANCO Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. BIGNONIACEA DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DOI.C.B. — U.F.M.G. BELO HORIZONTE 19 7 0 ORÉ ADES REVISTA SEMESTRAL DE INFORMAÇÕES CIENTIFICAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B — U.F.M.G. Diretor Responsável — LAIR REMUSAT rennõ REDATOR — WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ ASSUMPÇÃO SECRETÁRIO — ANTONIO MILTON DE ALMEIDA CESARINI ANO I — JANEIRO — JUNHO DE 1970 — Nç 1 ★ CONTEÚDO Apresentação. L. R. Rennó 3 Classificação de folhas — W. R. C. D’ ASSUMPÇÃO 5 Contribuição ao conhecimento do gênero Pterodon Benth — J. L. Pedersoli 11 Exsicatas medicinais em quadros expositivos — J. M. Pinheiro Sobrinho, j. M. Ferrari, J. a. Teixeira e T. S. M. Grandi 14 Vegetais que a Bíblia citou — L. R. RENNÓ 17 Cultivo de embriões precocemente exsisados de Phaseolus vulgaris L. A. M. A. CESARINI 21 Atividades do Departamento de Botânica 26 APRESENTANDO Oréades é o nome das ninfas dos campos e das montanhas. Martius, na sua interessante classificação fitogeográfica, assim cha- mou a vasta região montano-campestre que cobre o planalto central brasi- leiro, as bacias dos rios Tocantins, São Francisco, Rio Grande e as terras que seguem a Serra do Espinhaço até ao sul da Bahia, na região das diamantinas. É uma formação florística puramente interna, sertaneja, nunca bei- jada pelas águas do mar. Minas Gerais encontra-se neste regime fitogeográfico, pois, cerca de dois terços de sua área territorial pertencem à zona de campo, nas suas múltiplas variações. Eis a razão porque Oréades é também a pequena revista botânica do Departamento de Botânica, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, que ora apresentamos ao públi- co interessado, e onde registramos o que fazemos em nossos laboratórios e salas de aulas. Mais uma colaboração que prestamos para o engrandecimento de nos- sa Universidade. Lair Remusat Rennó Ilustração da capa. “Ipê Branco” — Bignoniacias — Tecoma odontodicus Bur-et K. Schum Um dos mais belos representantes da flora de campo /Morfologia V egetal Classificação de fòlfias WILSON RAIMUNDO CAMARGOS D ASSI .MPÇÃO Professor-Assistente do Departamento de Botânica da ICB/UFMG. em regime de tempo integral e dedicação exclusiva. Quanto à forma do limbo: 1. ACICULAR 2. ASSIMÉTRICA 3. COCLEARIFORME 4. CORDIFORME 5. CUNEIFORME 6. DELTOIDE 7. ELÍPTICA 8. ENSIFORME 9. ESPATULATA (do latim acicula, pequena agulha), em forma de agulha. (do grego a , prefixo negativo e simétrica, com simetria), irregular, sem forma defi- nida. (do latim cochleare, colher), em forma de colher. (do latim cordiformis, derivado por sua vez de cor, cordis, coração, com o sufixo formis, forma), em forma de coração, (do latim cuneiformis, derivado por sua vez de cuneus, i, cunha, com o sufixo formis, forma), em forma de cunha. (do grego delta = D (A), com o sufixo oide, que indica a idéia de semelhança), em forma de triângulo-isoscele. De forma elíptica, cujo comprimento é até 3 vêzes a largura. (do latim ensiformis , derivado de ensis, is, a espada, com o sufixo formis, forma) , em forma de espada. (do latim spatula, diminuitivo de spata), em forma de espatula. 5 10. FLABELADA ( do latim flabellum, leque, abano ) , em forma de leque. 11. HASTADA-ALABARDINA (do latim astatus, relativo à lança), em 12. LANCEOLADA forma de estandarte ou alabarda. (do latim lanceolatus, derivado de lanceola, diminuitivo de lancea, lança), em forma de pequena lança. 13. LINEAR (do latim linearis) , estreita, com o com- 14. OBLONGA primento 4 vêzes maior que a largura. (do latim oblongus, e êste de ob, e longus, longe) , de forma elíptica, cujo comprimento é mais de 3 vêzes a largura. 15. OBOVAL (de ob e oval), em forma oval, mas in- vertida. 16. ORBICULAR (do latim orbicularis, e êste de orbiculus, diminuitivo de orbis, círculo), de forma circular. 17. OVAL 18. PALMATIFORME (do latim ovatus) , de forma ovóide. (do latim palmatiformis , derivado de pal- matus, aludindo à palma da mão), seme- lhante à palma da mão. 19. PANDURIFORME (do latim panduriformis, e êste, por sua vez, de pandura, instrumento musical de 20. PELTADA 3 cordas), em forma de guitarra. (do latim peltatus, dotado de peita, armado de escudo), quando o pecíolo se insere no centro do limbo. 21. RENIFORME (do latim reniformis, derivado por sua vez de renes, os rins ) em forma de rim . 22. ROMBIFORME (do latim rhombo, losango), em forma de losango. 23. SAGITIFORME 24. SUBULADA (do latim sagitta, seta), em forma de seta. (do‘ latim subulatus, derivado de subula, sovela), em forma de sovela de sapateiro. Quanto às nervuras 1. CURVINÉRVEA (do latim curvinervius) , quando são cur- vas, partindo do mesmo ponto. 2. DIGITINÉRVEA (do latim digitinervius) , quando se dis- tribuem como os dedos da mão. 6 3. PALMATINÉRVEA 4. PARALELINÉRVEA 5. PELTINÉRVEA 6. PENINÉRVEA 7. UNINÉRVEA (do latim palmatinervius) , nas folhas pal- matif ormes . (do latim parállelinervius) , quando são paralelas . (do latim peltinervius, derivado de peita, escudo e de nervius, nervura), nas folhas peitadas . (do latim nervius, com o prefixo penni, que alude a pena), quando se distribuem como as barbulas da pena. (do latim uninervius), se há apenas uma. Quanto ao ápice: 1. ACUMINADO 2. AGUDO 3. EMARGINADO 4. ENCISO 5. MUCRONADO 6. OBTUSO 7. TRUNCADO (do latim acuminatus), terminado em ponta . (do latim acutus) , quando forma um ân- gulo agudo. (do latim emarginatus ; de margo, inis, margem, com a partícula negativa e -), havendo uma incisão mais ou menos pro- funda . (do latim incisus) , quando há uma pe- quena fenda. (do latim mucronatus) , quando apresen- ta um pequeno mamilo ou gloquídio, apên- dice acicular. (do latim obtusus), quando forma um ân- gulo obtuso. (do latim truncatus, cortado, mutilado), quando se dá a impressão de que o ápice foi cortado. Quanto à base: 1. AGUDA 2 ATENUADA 3. AURICULADA (do latim acutus), quando forma um ân- gulo agudo. (do latim attenuatus), quando vai se afi- lando discretamente. (do latim aurícula, ae, orelha), quando apresenta a base com duas orelhas gran- des. 7 4. CORDIFORME (do latim cordiformis, derivado por sua vêz de cor, cordis, com o sufixo formis, forma), pertence a uma fôlha em forma de coração. 5. HASTADA (do latim hastatus, relativo à lança), quando as aurículas são afastadas. 6. OBTUSA (do latim obtusus) , quando forma um ângulo obtuso. 7. RENIFORME (do latim reniformis, derivado por sua vês de renes, os rins ) , quando pertence a uma fôlha reniforme. 8. SAGITADA (do latim sagittatus) , quando pertence a uma fôlha sagitiforme. 9. TRUNCADA (do latim truncatus ), quando dá a im- pressão de ter sido cortada. Quando aos bordos: 1. ACULEADA (do latim aculeatus, dotado de acúleos), se apresentam acúleos. 2. CRENADA (do latim crena, fendidura, que originou crenatus), quando em forma de crena. 3. DENTEADA (do latim dentatus), apresentando dentes horizontais . 4. FENDIDA se os recortes atinjem a metade de uma face do limbo. 5. INTEIRA se são inteiros e lisos. 6. LOBADA (do latim lobatus, neologismo derivado do grego ) , quando apresenta recortes mais profundos . 7. PARTIDA quando os recortes atingem a nervura principal . 8. RIPADA quando há incisões cônvacas semelhan- tes e mordeduras. 9. RUNCINADA (do altim runcinatus, derivado por sua vêz de runcina, a plaina que alisa a ma- deira), quando os dentes são invertidos. 10. SERREADA (do latim serratus) , quando os dentes são como os das serras. 8 11. SINUOSA (do latim sinuatus) , quando o bordo é inteiro, com ligeiras ondulações. (Tam- bém chamado ondulada) . Quanto à inserção no caule ou ramo: 1. AMPLEXI CAULE 2. CONATAS 3. BREVIPECIOLADA 4. LONGIPECIOLADA 5. PERFOLIADA (do latim amplexicaulis, de amplector, eu abraço, e caulis, caule), quando as aurí- culas abraçam a caule. (do latim connatus, derivado de conascor, nascer com), sendo duas folhas concres- cidas, em redor do caule, pela base do limbo. (Também chamadas adunadas) (do latim brevis, curto e peciolatus, que possui peciolo), quando o pecíolo é curto, (do latim longus, comprido e peciolatus, que possui peciolo), quando o peciolo é comprido . (do neologismo latino perfoliatus, e êste de foliatus, com a preposição per, que aqui é ponderativa) , se o limbo circunda o caule, não havendo pecíolo. Quanto à superfície: 1. AVELUDADA 2. GLABRA 3. HISPIDA 4. PUBESCENTE 5. SERÍCEA 6. TOMENTOSA 7. VILOSA com pêlos curtos e densos. (do latim glaber, abra, abrum, pelado, sem pêlo), quando lisa, sem pêlos. (do latim hispidus) , quando os pêlos são grossos e ásperos. (dolatim pubescens, tis, de pubescere, en- trar na puberdade, começar a cobrir-se de pêlos) . (do latim sericeus, de sêda com pêlos in- clinados e reluzentes. (do latim tomentosus, e êste de tomen- tum, bôrra) , com pêlos ramificados e emaranhados formando um todo avelu- dado . (do latim villosus), com pêlos interme- diários entre pubescentes e híspidos. 9 Quanto à disposição nos ramos ou caules: 1. ALTERNA (do latim al ternus) , quando há apenas uma em cada nó . 2. OPOSTA (do latim oppositus) , quando há duas em cada nó. 3. OPOSTA-DECUSSADAS (do latim decussatus, formado em aspas ou em X), quando há duas folhas em cada nó e em planos opostos ou cruzados . 4. VERTI CILADAS (do latim verticillatus) , quando há mais de duas em cada nó. — 10 — (^ontríhuição ao conhecimento do género Pterodon Benth. Pterod on appaficioi Pedcr J. L. Pedersoli INTRODUÇÃO O estudo do gênero Pterodon despertou interêsse em virtude das plantas dêste gênero apresentarem no seu fruto um óleo essencial de efeito cercaricida. O presente trabalho visa dar continuidade ao estudo para conheci- mento do gênero Pterodon Benth . do qual já publicamos uma espécie nova — Pterodon apparicioi cujo óleo do fruto tem a mesma capacidade cerca- ricida observada em outras espécies. No trabalho anterior tomamos um conjunto de dados morfológicos de P. pubescens e fizemos um estudo comparativo com a nova espécie, uma vez que ambas estavam sendo confundidas. Analisadas as características de ambas as espécies foi feito um polígrafo através do qual obtivemos a expressão simultânea de seis caracteres ficando evidenciada a diferença entre as duas espécies. Êste trabalho visa confirmar a característica essencial e não secun- dária do número de folíolos assim como fixar outros dados de importância relacionado com as sementes. * Prof. Assistente do Departamento de Botânica da UFMG. — 11 — FIG. 1 — Polígrafo para a expressão simultânea de seis caracteres nas espécies P. apparicioi (polígrafo ponteado) e P. pubescens (polígrafo branco). MATERIAL E MÉTODO O material botânico de P. pubescens é originário de Carmo do Cajuru e de P. apparicioi é da Serra do Cipó, margens do rio Cipó. Para as obser- vações necessárias as sementes de ambas as espécies foram colocadas para germinar em condições especiais a fim de que se pudesse obter plantas de espécies diferentes desenvolvidas em condições idênticas. Analisando as sementes de cada uma das espécies em estudo e com- parando-as com P. poligalaeflorus, que serviu de controle, observamos entre elas uma acentuada diferença quanto a forma e a côr. Poderíamos até, através das sementes diferenciar a espécies das quais elas provinham . Êste caráter que não havia sido levado em conta anteriormente, serve também para evidenciar e justificar a nova espécie. Dando seqüência ao trabalho colocamos para germinar, em condições idênticas, todos os tipos de sementes de P. pubescens e P. apparicioi. Observamos que as sementes menores e as maiores de côr preta não eram viáveis. As primeiras não germinavam e as segundas iniciavam o processo porém, deterioravam-se antes da germinação. Somente as semen- — 12 — PPIIW ■ 6 í i i « 4 ' ' é ■* s a è II » H «p . 6 FIG. 2 — Frutos e sementes de P. poligalaeflorus (maior), P. pubescens (médio) e P. Apparicioi (fruto menor). FIG. 3 — Planta jovem de P. pubescens FIG. 4 — Planta jovem de P. Apparicioi mostrando 14 folíolos na fôlha. mostrando 10 folíolos. tes claras e maiores eram viáveis. A porcentagem de sementes viáveis é aproximadamente 20% . Estaríamos diante de um caráter genético letal nas sementes escuras? A germinação visava a obtenção de plantas que se desenvolvessem em condições idênticas para verificar se o número de folíolos por folha era um caráter ecológico, portanto secundário para a taxionomia ou um cará- ter genético e neste caso essencial . As plantas após a germinação apresen- taram o número de folíolos idêntico àquele encontrado na natureza. Neste caso tudo leva a crer que a característica em estudo é genética e não uma modificação foliar de caráter ecológico. Concluindo podemos verificar que o caráter tomado no eixo 3 do polí- grafo é essencial e que as informações quanto a natureza da semente ajudam a evidenciar a autenticidade da espécie de P. apparicioi . BIBLIOGRAFIA Georgins Bentham (1859/62) “Leguminosae” Flora Brasiliensis, 15, pt. 1,304 Mors, W.B , Pellegrino, J., Santos Filho, F.M. < 1966), An. Acad. Brasil. Cienc. 38, 325. Rizzini, T . Carlos — A flora do Cerrado ( 1963 ) , Simpósio sôbre o cerrado . — 13 — Exsicatas med medicinais em quadros exposição José Martins Pinheiro Sobrinho * José Maurício Ferrari * Telma Suely Mesquita Grandi ** José Américo Teixeira ** Os exemplares foram devidamente selecionados, de acordo com a melhor aparência, conservação, importância e de preferência aquêles per- tencentes à Flora Medicinal Brasileira, principalmente os que constam da Farmacopéia Brasileira . ALISMATÁCEAS ANACARDIÁCEAS AQUIFOLIÂCEAS ARÃCEAS BUDLEIÃCEAS CAPRIFOLIÃCEAS COMELINÁCEAS COMPOSTAS Echinodorus macrophyllus Kunth (chapéu de couro-57) Anacardium occidentale L. (cajueiro-19) Schinus terebinthifolium Raddi (Aroeira- 20) Illex paraguariensis St. Hil. (Mate-21) Philodendron imbe 'Schott. (Imbé-59) Buddleja brasiliensis J acq . (Verbasco-42) Sambucus australis Cham. et Schl. (Sa- bugueiro-45) Tradescantia diurética Mart. (Trapoeira- ba-58) Achyrocline satureoides ( Lam ) DC. (Ma- cela-51) Ag er atum conyzoides L. (Erva de São João-53) * Professores Adjunto do Departamento de Botânica do I.C.B./U.F.M.G. '* Professôres Assistentes no Departamento de Botânica do I.C.B./U.F.M.G. — 14 — ERITROXILÃCEAS EUFORBIÃCEAS Arnica montana L. (Arnica-54) Anthemis nobilis L. (Camomila romana- 50) Artemísia vulgaris L. (Artemisia-56) Baccharis genisteloides Pers . (Carqueja amarga-49 Bidens pilosus L. (Picão-47) Matricaria chamomilla L. (Camomila vul- gar-55) Mikania hirsutissima D.C. (Cipó cabeludo- 48) Taraxacum officinale Weber (Dente de Leão-52) Erythroxylon coca Lam. (Coca- 15) Croton antisyphyliticum (Mart.) Muell. Arg. (Pé de perdiz) FLACOURTIÃCEAS Carpotroche brasiliensis Endl. (Sapucai- nha-26) Casearia silvestris Schwartz (Erva de bu- gre-27) LABIADAS Leonotis nepetaefolia L. (Cordão de frade- 36) LAURÁCEAS Ocimum suave Will (Alfavaca-37) Peltodon radicans Pohl. (Paracari-34) Rosmarinus officinális L. (Alecrim-35) Cinnamomum zeylanicum Breyn. (Canela- 10) LEG.-CESALPINIOIDEAS Persea gratíssima Gaertn. (Abacateiro-11) Quassia amara L. (Quassia de Surimam- 17) LEG . -MIMOSOIDEAS Sfryphnodendron barbatimao Mart. (Bar- batimão-14) LICOPODIÂCEAS MALVÁCEAS MORÂCEAS NICTAGINÃCEAS Lycopodium clavatum L. (Pé de lobo-1) Malva silvestris L. (Malva-24) Humulus lupulus L. (Lúpulo-4) Boerhaavia hirsuta Willd. (Erva tostão- 7) — 15 — OSMUNDÃCEAS PAPAVERÁCEAS PASSIFLORÃCEAS PIPERÁCEAS PL ANT AGINÃCE AS POLIGALÃGEAS POLIGONÁCEAS POLIPODIÁCEAS QUENOPODIÁCEAS RUBIÃCEAS ESCROFULARIÃCEAS SOLANÁCEAS ESTERCULIÁCEAS TILIÁCEAS VALERIANÃCEAS VERBENÃCEAS WINTERIÁCEAS ZINGIBERÁCEAS Osmunda regalis, var. palustris L. (Os- munda-3) Fumaria officinalis L. (Fumaria-13) Passi flora alata Alt. (Maracujá-28) Piper jaborandi Vell. ( Jaborandi-12) Plantago major L. ( Tanchagen-33 ) Polygala paniculata L. (Jataí, Barba de São Pedro-18) Polygonum acre H.B.K. (Erva de Bicho-5) Polygonum bistorta L. (Bistorta-6) Adiantum cuneatum Longs et Fisch ( Aven- ca-2) Chenopodium ambrosioides L. (Erva de Santa Maria-8) Cinchona succirubra Pav. (Quina Verme- lha-31) Evea ipecacuanha ( Brotero ) Standl. (Poaia-30) Genipa americana L. (Genipapo-29) Richardsonia brasiliensis Gomez ( Poaia do Campo-32) Scoparia dulcis L. (Vassorinha-43) Datura stramonium L. (Estramônio41) Solanum dulcamara L. (Dôce amarga-39) Solanum nigrum L. (Erva moura-40) Solanum paniculatum L. ( Jurubeba-38) Sterculia chicha 'St. Hil. (Chichá-25) Tilia cordata Mill. (Tilia-23) Valeriana officinalis L. ( Valer iana-46) Vitex polygama Cham., var. duzenii Mold. (Azeitona do mato-33) Drimys winteri Forster (Casca D’anta-9) Renealmia exaltata L. (Pacová-60) — 16 — egetaís que a iUia citou Lair Reniusat Rennó * ** Há algum tempo venho me dedicando à leitura da Bíblia, anotando e estudando os vegetais nela citados, verificando a situação atual dessas plantas, sua posição taxinômica e procurando dirimir neste terreno cer- tas dúvidas de interpretação . O trabalho a que me proponho é longe e árduo, mas até certo ponto compensador, por que a leitura dos livros sagrados além de nos proporcio- nar sábios ensinamentos e serena paz de espírito, ainda nos oferece a oportunidade de realizar pesquisas sadias, sem profanar a beleza de seus textos, mas colaborar, embora humildemente, para exaltação de suas verdades . Há poucos dias, assistindo a uma missa de domingo, pude observar as dificuMades que teve o Revmo . Celebrante, ao explicar de seu púlpito, a linda “parábola do semeador”, onde o pequeno grão de mostarda, (e citava a nossa mostarda, hortaliça — Brassica nigra L. — Cruciferae) lançado em terreno fértil converteu-se numa árvore cujos galhos abriga- vam ninhos de passarinhos. Ora, por melhor que seja o terreno, não é possível que a mostarda, Brassica nigra, de habitus herbáceo, converta-se numa árvore . Mais tranqüilidade teria o santo sacerdote se pudesse explicar aos seus ouvintes que a árvore da mostarda a que se referem as Escrituras Sagradas é uma Salvadoraceae — Salvadora pérsica L., que provém, de fato, de pequenos grãos de arilo caloso, dessa espécie arbórea frequente nas redondeza do Golfo da Pérsia e nas índias Orientais. Outro fato interessante e que merece uma explicação, é a “chuva de maná” que alimentou os judeus na travessia do deserto, durante quarenta anos, segundo o Exôdo, um dos livros que integram o Pentateuco . * Trabalho realizado em regime de Tempo Integral e dedicação exclusiva. ** Professor Titular do Dep. Bot. — I.C.B. — U.F.M.G. — 17 — “Eis que farei chover pão do céu”, como disse o Senhor à Moisés. O maná, como sabemos, é um exsudato sólido e adocicado produzido por um arbusto do sul do Mediterrâneo, o Fraxinus ornus L . — Oleaceae, muito rico em manita, que é seu princípio doce, e devido suas proprieda- des laxativas é considerado planta medicinal. Alguns autores acham que os judeus coletavam à beira do deserto a secreção desses arbustos, que devido a sua densidade e posição nos galhos lembrava pingos de chuva, interpretação um pouco forçada, porque não corresponde à promessa “farei chover pão do céu”. Outros pensam que o maná-do-deserto, dos hebreus, seja o “tamarisco maná”, Tamarix mannifera L., Tamaricácea produtora de uma substân- cia sacarina que sai das picadas de um inseto do gênero Cynips, planta esta muito comum na Arábia, Palestina e alhures . A versão que mais se aproxima da verdade é a que fala sôbre a queda em forma de “chuva” de grande quantidade de um líquen — Lecanora esculenta Eversm., Lecanoraceae, o maná comestível das regiões deséticas orientais, “die Mannaflechte der orientalischen Wustengebiete, essbar”, se- gundo Engler. Êste líquen é encontrado nas montanhas mais áridas do deserto da Tartária, em solo calcáreo gipsoso, entre os seixos, com os quais se confunde, nos desertos dos Kirghixas, no sul do rio Jaik, na base das colinas gipsosas que circundam os lagos salgados. Êste vegetal, que se desenvolve em grande abundância em vastas áreas dessas regiões, num determinado período de seu ciclo vital se desidrata, formando uma poeira fina que é levada pelas correntes aéreas nas direções desérticas. Durante o percurso, êstes vegetais ressequidos, mas de alto poder higroscópico, dado o seu teor em mucilagem e substâncias pécticas, hidratam-se com o vapor de água atmosférica, e caem em forma de “chuva”. Como a Leca- nora contém cêrca de 44% de liquina, substância muito semelhante ao amido, os animais comiam com avidez essas precipitações e o homem fazia com elas pães e outras formas de alimento . Segundo Parrot, em princípios de ano de 1828, êsse líquen caiu como chuva” em muitos lugares da Pérsia, cobrindo o solo até a uma altura de 20 cm . “Apareceu então no deserto uma coisa miúda como que geada sôbre a terra”. “Os filhos de Israel chamaram àquele alimento “manᔑ, era semelhante a confete, branco, e seu sabor era o da flor da farinha amas- sada com mel” . Maná (Man hu) é uma palavra de origem hebraica que significa “o que é isso”; a exclamação dos hebreus quando o viram pela primeira vez. — 18 — “14 . E evaporando-se a camada de orvalho, apareceu no deserto uma cousa miúda granulosa e fina como geada sôbre a terra . 15. Vendo-a, os filhos de Israel disseram entre si: O que é isso? — pois não sabiam para que servia . Moisés declarou-lhes . Êste é o pão que Javé vos dá para comer. ” (pág. 131 — A Bíblia — Vol . 1 — V. 14 e 15 Pentateuco) . Em 1967, viajando para aquelas regiões um casal de professores de nossa Faculdade, pedi que se informasse a respeito deste fato. Em 1969, com o seu regresso, informou-me o distinto casal que o fenômeno ainda se repete nos nossos dias, através de informações solicitadas a várias pessoas da região, e que ainda beneficia as populações pobres dessas inós- pitas regiões. Então, a chuva de maná, que alimentou os filhos de Irael durante sua travessia nos desertos de Sur, nada mais era do que precipitações de Lecanora esculenta, de alto poder alimentício . Plausível explicação também há para o que ocorreu na mesma época com as codornízes, que até hoje emigram, na primeira, do interior da África para o Egito e Península Sinaítica, e depois de atravessar o Mar Vermelho encontram-se em tal estado de cansaço que se deixam apanhar com certa facilidade . São as múltiplas formas de manifestar a bondade Divina, quando no momento preciso, (milagre quoad modum, segundo a Igreja) . Voltaremos interpretando citações e fatos ligados à Botânica e con- tidos no Velho e Nôvo Testamentos. Lecanora esculenta Everson a — aspecto e tamanho natural. b — corte, mostrando sua parte interna com um apotécio ao lado (c) . 10 x 19 — BIBLIOGRAFIA (Principais obras consultadas) A Bíblia Sagrada — Tradução portuguêsa, Prof. Jacob Penteado — 1962. A Bíblia — Antigo e Nõvo Ttestamentos . Edição Abril. S. Paulo — 1965. A Bíblia Sagrada. Edição Barsa — 1956. Caminhoá — Botânica — 1877. Don Estêvão Bettencourt — Para entender o Antigo Testemunho — Livraria Agir Editora — 3» Edição — 1955. Engler e Prantl — Die Natürlich Pflanzenfamilien — 1907. Engler’s Syllabus der Pflanzenfamilien — 1954. Index Nominum Genericorum — Taxon. La Bible de Jerusalem — L’Ecole Biblique de Jerusalem — 1955 . Werner Keller — E a Bíblia tinha razão — (Und die Bibel hat doch recht) — 2» Edição — 1958. — 20 — cxcisai isados de A. M. A. Cesarini * INTRODUÇÃO e PROPOSIÇÕES — O desenvolvimento, em subs- tratos artificiais, de embriões excisados precocemente tem alcançado êxito considerável e, ao que me parece, desde a publicação dos notórios trabalhos de La Rue (1939) e Hanning (1904). De um modo geral, os embriões, excisados de seus cotilédones são submetidos, assepticamente, a subs- tratos artificiais gelosados contendo mistura proporcional de sais minerais, açúcar, certos aminos ácidos e masceramentos filtrados dos cotilédones da própria planta. Van Overbeek e colaboradores (1942) empregaram o leite de côco como substância indutora do desenvolvimento de embriões excisados. A proporcionalidade de concentrações hormonais, tais como a auxina e N6Benzyl Adenine, no substrato de cultivo artificial de tecidos de medula caulinar de tabaco, provoca no calo desdiferenciado, formação de nôvo, de raízes ou caules, conforme o trabalho de Skoog e Miller (1957) . Há inúmeras publicações importantes quanto ao cultivo de embriões exci- sados imaturamente e diferenciados em substrato artificial, e, porteriormen- te, em plantas adultas e frutificadas conforme os relatos de Smith ( 1944 ) , Van Overbeek e col. (1942 e 1944), Tukey (1933), Skirm (1942), Ran- dolph (1945) . De um modo geral as conclusões têm mantido que os em- briões em cultivos artificiais, alcançam diferenciações fisiológicas sem transpor estágios intermediários . Os embriões de feijão que foram desen- volvidos em substratos artificiais, neste caso em questão, sem fugir a regra, transpuseram o estágio embrionário diretamente para a plântula por ocasião da abcisão dos cotilédones . Naturalmente, apresentaram dife- (*) Professor- Assistente do Departamento de Botânica do I.C.B. da UFMG. — 21 — renciações morfológicas notáveis, tais como a estatura cinco vêzes menor em relação à planta cultivada normalmente em terreno fértil . Intentamos determinar o tamanho mínimo desde o qual, o embrião excisado, pudesse sobreviver em condições artificiais. Foi também, constatado o vigor destas plântulas quanto ao plantio edáfico. Consideramos como embrião maturo aquêle que tenha condições de se transformar em planta frutífera pelo plantio . Portanto são embriões existentes nas sementes . Selecionado entre êstes, o menor, obtivemos embrião de 6 mm . Isto estabelecido, noti- ficamos que os embriões menores que conseguimos desenvolver artificial- mente media 2 mm, isto é, a quarta parte do tamanho estabelecido para o embrião maturo. O grupo de referência, constituído de indivíduos dos três tamanhos e em número igual aos demais grupos, submetido a con- dições de pH e temperatura como os outros grupos A, B, C, D, diferindo quanto à constituição do substrato nutriente que continha, apenas, água destilada e agar, sucumbia todo quase imediatamente depois do plantio no cultivo artificial. MATERIAL VEGETAL e PROCEDIMENTOS — As vagens de Phaseolus vulgaris L. (var. enxofrão), adquiridas de mercadores feiran- tes, mas absolutamente frescas, foram selecionadas, lavadas e armazena- das em pacotes de polietileno, mantidas em refrigerador, cêrca de 4o C, por dois dias no máximo . Em seguida, os embriões foram extraídos dos grãos por incisões delicadas. Os embriões lesados foram rejeitados. Depois foram submetidos aos gabaritos do tamanho e colecionados sôbre algodão embebido em água destilada e estéril, após o que, foram plantados no subs- trato de cultivo imergindo a radícula ou, pelo menos o polo radicular. No mais, a área de trabalho, instrumentos cirúrgicos e o próprio campo operatório juntamente com o operador devem preservar perfeita assepsia . Autoclavar instrumentos operatórios e o próprio substrato antes de adicio- nar o hormônio, mas juntamente com os sais, açúcar e o leite de côco. O agar, pode ser diluído nesta ocasião. O IAA é adicionado antes que o substrato adquira consistência gelosada. O IAA é o ácido beta indola- cético, hetero-auxina. Os embriões postos em cultivos artificiais foram distribuídos confor- me os seus tamanhos (4 mm, 3 mm, 2 mm) e, de acordo com quatro gru- pos (A, B, C, D) de substratos artificiais de diferentes composições, deta- lhadas na tabela I . Completado os oito primeiros dias de desenvolvimento inicial os indivíduos foram transferidos para um segundo substrato gelo- sado, em elemaier, constituído de apenas sais minerais conforme a solução de Heller. Em trinta dias êles foram transferidos para o plantio edáfico definitivo . — 22 — A composição da solução de Heller é a seguinte, dada em valores numéricos de mg/l: KC1 750; Na N03 600; NaH2P04.H20 125; MgS04. 7H20 250; Ca C12.2H20 75; FeC13 1; ZnS04.7H20 1; MnS04.4H20 0.1; H2B03 1; CuS04.5H20 0,03; A1C13 0,03; NÍC12.6H20 0,03; Kl 0,01; H20 dest., adicionada de agar, açúcar, leite de côco e IAA, quando fôr o caso, e em quantidade suficiente para um litro . O pH final após autoclavação foi ajustado para 5,5 . RESULTADOS e CONCLUSÕES — As tabelas Hem resumem os resultados obtidos . A tabela II quer significar que a média aritmética de crescimento dos 50 indivíduos dêste grupo B, a partir do embrião de ta- manho inicial de 3 mm é de 3,2 mm . Isto implica que ao têrmo de oito dias o tamanho médio dos indivíduos dêste grupo é cêrca de 6,2 mm . A tabela m nos dá a porcentagem de indivíduos sobreviventes dos 50 embriões inicialmente submetidos aos substratos artificiais. Isto é importante por- que houve sobrevivência ao tratamento em todos os substratos . O que vai atestar a significação do fator estimulativo é exatamente, a freqüência populacional indicando que em tratamentos de substratos mais elaborados, mais completos, talvez seja possível vingar embriões menores do que 2 mm de tamanho inicial, uma vez que o tratamento proposto neste caso, apre- sentou resultados bastante significativos . A temperatura ambiente do con- finamento de cultivo variou dentro de limites fixados entre 22° e 23° C, nos mêses de Agosto e Setembro. Das 198 plantas transplantadas para o solo apenas 43 indivíduos che- garam até à frutificação e, ocasionalmente, 30% pertencentes ao Grupo D. LEGENDA DAS FOTOGRAFIAS — A fotografia n" 1 mostra cla- ramente a zona cicatricial da excisão. As folhas ainda não se abriram. O epicotilo também não apresenta desenvolvimento. Êste é o aspecto do embrião após 8 dias de tratamento correspondente ao Grupo D. O tama- nho desta plântula é de 9 mm não contando as folhas (as medidas com- putadas são resultados médios). A fotografia n°. 2 apresenta mais no- toriamente o desenvolvimento do epicotilo. Êste estágio corresponde ao estágio de abcisão natural dos cotilédones. Nesta época as plântulas já estão em fase de enraizamento na solução de Heller. As fotografias 3 e 4 são detalhes do desenvolvimento neste período. AGRADECIMENTOS — Concluindo, desejo manifestar o meu reco- nhecimento ao Prof. Lair R. Rennó pela participação na conclusão dos problemas, conselhos técnicos e, também, ao Prof. Lair Aguilar Rennó, pela ajuda e colaboração na montagem dêste trabalho. — 23 — TABELA I COMPOSIÇÃO DOS SUBSTRATOS PARA OS OITO PRIMEIROS DIAS Grupos Ag ar Sol. de Heller Sacarose Leite de côco IAA A 1,2% ” 20% não não B 1,2% ” 20% não não C 1,2% ” 20% 10% não D 1,2% 20% 10% io-# TABELA II MÉDIA DE CRESCIMENTO APÔS OITO DIAS DE CULTIVO Tamanho inicial do embrião Grupo A Grupo B Grupo c Grupo D 4 mm 3,9 mm 3,8 mm 4,0 mm 3,7 mm 3 mm 3,7 mm 3,2 mm 3,8 mm 4.1 mm 2 mm 4,2 mm 2,8 mm 4,0 mm 3,9 mm TABELA m PORCENTAGENS DOS SOBREVIVENTES* Grupos lf mm 3 mm 2 mm A 56% 20% 04% B 50% 30% 18% C 28% 38% 12% D 56% 56% 52% * Esta porcentagem de sobreviventes é referente a 50 indivíduos embriões por tamanho inicial em mililitros referidos à época do início do cultivo. LITERATURA CITADA KENT, N., BRINK, R. A. 1947, Growth in vitro of immature Hordeum embryos, Science 106 : 547-548. LA RUE, C. O., 1939, The growth of plants embryos in culture, Bul. Torrey Bot. Club, 63 : 365-382 . — 24 — Fot. 1 Fot. 3 Fot. 4 Fot. 5 Fot. 6 RANDOL.PH, L. R., 1945, Embryos culture of íris seed., Buli. Amer. íris Soc., 97 : 33-45. BRINK, R. A., COOPER, D., ANDRERMAN, E. E — 1944, A hybrid bitween Hordeum jubatuxn and Secale cereale reared from an artificially cultivated embryo. Jour. Hered. 35 : 67-75. SMITH, P. G., 1944, Proc. Amer., Soc. Hort. Sei., 44 : 413-416. TUKY, H. B., 1933, Jour. Hered. 24 : 7-12. , 1944, The excised embryo method of testing the germinability of fruit seed with particular reference eto peach seed . Proc. Amr. Soc. Hort. 45 : 211-219. VAN OVERBEEK, J., CONKLIN, N. E.. BLAKEALEE, A. F. 1941., Amer. Jour. Bot. 28:647-656. , 1942, Cultivation in vitro of small Datura embryos. Amer. Jour. Bot. 29 : 472-477. , SIN, R., HAAGEN-SM3T, A. J., 1944. Amer. Jour. Bot. 31 : 219-224. HANNIG, E., 1904, Bot. Gaz. 106 : 108-123. — 25 — ATIVIDADES DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA SECRETARIA CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA: Ofícios 28 Circulares 45 CORRESPONDÊN CIA EXPEDIDA: Ofícios 23 Informações diversas 15 Consultas sôbre Botânica 22 REUNIÕES DA CÂMARA DEPARTAMENTAL Ordinárias 3 Extraordinárias 2 ENSINO AULAS MINISTRADAS l9. ano (excedentes e repetentes) = 48 alunos Aulas Teóricas 11 Aulas Práticas 33 44 2q ano — Sistemática Vegetal = 32 alunos Aulas Teóricas 36 Aulas Práticas 108 144 Excursões 6 — 28 — 39. ano — Fisiologia Vegetal = 23 alunos Aulas Teóricas 107 Aulas Práticas 120 227 Total de Aulas 415 Total de Alunos 103 PESQUISAS EM ANDAMENTO E PROGRAMADAS MORFOLOGIA VEGETAL 1. Organização do laminário de anatomia vegetal. 2. Estudo anatômico de folhas de plantas do cerrado. SISTEMÁTICA VEGETAL 1. Levantamento da flora, superior e criptogâmica dos cerrados de Lagoa Santa. 2. Estudo das algas de água doce do Estado. 3. Levantamento da vegetação dos afloramentos de calcário dos arredores de Belo Horizonte . 4. Contagem cromossômica das espécies do gênero Pterodon. FISIOLOGIA VEGETAL 1. Embriogenia das Bignoniáceas . DIVERSAS 1. Contribuição ao estudo das Characeae para o combate à es- quistossomose . 2 . Vegetais que a Bíblia citou . — 27 — ANO JULHO DEZEMBRO DE 1970 N” 2 ORÉADES IPÊ BRANCO Tecomu odontodiscus Bur. e K. Schm. BIGNONIACEA DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DOI.C.B. — U.F.M.G. BELO HORIZONTE 1970 PESSOAL DOCENTE E ADMINISTRATIVO DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B./U.F.M.G. LAIR REMUSAT RENNÓ Professor-Titular e Chefe do Departamen- to — Tempo Integral e Dedicação Ex- clusiva . JOSÉ MAURÍCIO FERRARI Professor-Adjunto — Vice-Chefe do De- partamento e Coordenador do Curso de Farmácia — Regime de 24 horas. JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO Professor-Adjunto — Regime de 24 horas WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ASSUMPÇÃO Professor-Assistente e Coordenador do Curso de História Natural — Tempo Inte- gral e Dedicação Exclusiva ANTÔNIO MILTON DE ALMEIDA CESARINI Professor-Assistente Regime de 24 horas DEU SDEDIT SEBASTIÃO LEITE BARROS JR. ... Professor-Assistente — Regime de 12 horas JOSÉ LUIZ PEDERSOLI Professor-Assistente — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. TELMA SUELY MESQUITA GRANDI Professora-Assistente — Regime de 24 horas . LAIR AGUILAR RENNÓ Auxiliar de Ensino — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . MARIA GUADALUPE SILVA OLIVEIRA Estagiária ROSALINA LEITE PEREIRA DE ANDRADE Estagiária MOACIR ASSIS D’ASSUMPÇÃO FILHO Estagiário MARIA MARTHA RENNÓ SALDANHA Secretária MARIA MADALENA PEREIRA DE SOUZA Laboratorista JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA Jardineiro MARIA RAIMUNDA RODRIGUES Servente GERALDA CAMILA DE SOUZA Servente ORÉADES REVISTA SEMESTRAL DE INFORMAÇÕES CIENTIFICAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B — U.F.M.G. Diretor Responsável — LAIR REMUSAT RENNõ Redator — WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ASSUMPÇÃO SECRETÁRIO — ANTÔNIO MILTON DE ALMEIDA CESARINI ANO I — JULHO — DEZEMBRO DE 1970 — N" 2 ★ CONTEÚDO O Departamento de Botânica no Hórto — L. R. Rennó 3 Nota prévia sôbre anatomia foliar de Vochysia pygmaea Bong. e Vochysia emarginata (Vahl) Poir — José Maria 5 Chave para o estudo da flôr — Wilson Raymundo Camargos d’ Assumpção 7 Bignonia macrocalyx Pedersoli = n. sp. — J. L. Pedersoli 13 Helmintologia — Sua importância nas Ciências Biológicas — José Batista Ferreira Filho 18 Ocorrência de uma planta insetívora na Pampulha — José Maurício Ferrari 23 As algas e a futura alimentação do homem — Lair Remusat Rennó 25 Atividades do Departamento de Botânica 31 O Departamento de Botânica... no Horto Mais uma vez a história do sapo se repete: — não me jogue na água! . . . O Departamento de Botânica hem como o Setor de Zoologia, do Departamento de Zoologia e Parasitologia do Instituto de Ciências Bio- lógicas da U F M G . , encontram-se desde fim de Agosto de 1970 , junto ao Museu de História Natural, que se localiza num terço, mais ou menos, da área do antigo Instituto Agronômico do Estado, no Horto Florestal. Se pedíssemos a transferência desses Departamentos, do 5P Andar da velha FAFI para o local onde nos encontramos, talvez a cousa não se definisse com tanta rapidez. Num piscar de olhos e as nossas novas instalações estavam cons- truídas e os caminhões da “Fink” já nos aguardavam para a mudança . Não nos interessa saber as razões que os levaram para nos levar, o fato é que estamos muito enlevados com a nova situação, e isto é o bastante . O ambiente é o melhor possível, principalmente para o estudo da Botânica, para o ensino e sobretudo para a pesquisa Contamos com tôda a área arborizada, cultivada, e a remanescente da mutilada “ mata do inferno”, que faz fundo à bucólica paisagem, além de sementeiras, ripados, grandes estufas repletas de Orquídeas, Begô- nias, Gerânios, Gloxínias, e ainda a melhor boa vontade do excelente pessoal técnico e administrativo do Museu de História Natural, chefiado pela figura simpática, compreensiva e amiga de Fernando Avila Pires, seu Diretor. Embora as instalações onde nos alojamos sejam de madeira e pro- visórias, são bastante funcionais, bem construídas, ampla sala de aula, bom laboratório e o vasto e aprazível “ campus ” de que dispomos para nossas atividades de ensino e pesquisas biológicas, permitindo-nos usar o grande laboratório da Natureza e ter o contacto saudável no trato de suas cousas. — 3 — Temos enfim condições mesológicas favoráveis para produzir bons trabalhos, e esperamos que o I.C.B. complete nossa alegria, provendo- -nos com aparelhagem, material de consumo e outras cousas que ainda nos faltam, para que assim possamos nos colocar à altura dos demais serviços congêneres do país, procurando elevar ainda mais o bom con- ceito de nossa Universidade . Como P plano de trabalho e já iniciado no novo “campus”, consta a determinação botânica de tôdas as árvores existentes na área do Parque Botânico do Museu. Êste trabalho é uma colaboração do Departamento de Botânica do I.C.B., professores e alunos, como complementação do plano de urbanização do mesmo Parque, a cargo do ilustre paisagista Dr . Burle Marx. Cada árvore terá sua placa expositiva, onde constarão o seu nome científico, família, nome vulgar e quando possível, sua origem. Será isto um modo ilustrativo de aprendizagem não somente para os nossos alunos como também para todos que visitam o Museu que tomarão um pouco de conhecimento de nossa flora através das árvores de nosso Parque Botânico. Achamos que assim estaremos proporcionando a todos, mais um meio de estudos, incentivando os interessados e elevando a cultura de nossa gente. Lair Remusat Rennó — 4 — Nota prévia sòkre a anatomia foliar de Vock ysia pygmaea Bong. e Vochysia emarginata ( VaM ) Foir. JOSÉ MARIA Em prosseguimento ao estudo sôbre o gênero Vochysia pygmaea Bong. e Vochysia emarginata (Vahl) Poir., que habitam a Serra do Cipó, Estado de Minas Gerais. Apresentamos apenas os caracteres fundamentais, oportunamente serão publicadas as demais informações de natureza morfológica e ana- células irregulares. Ocorrem no mesófilo drusas de oxalato de cálcio. CARACTERES COMUNS: LÂMINA FOLIAR A epiderme adaxial é bisseriada. Em vista frontal apresenta con- torno poligonal com estrias epicuticulares . A epiderme abaxial é sim- ples, também com estrias epicuticulares. A cutícula “sensu latu” é relativamente espêssa em ambas as epidermes . O parênquima lacunoso é constituído em geral de 6-7 camadas de células irregulares. Ocorrem no mesofiló drusas de oxalato de cálcio. * Trabalho iniciado no Departamento de Botânica da Universidade de Bra- sília e em andamento no Departamento de Botânica do I.C.B. — U.F.M.G. ** Ex-Professor Assistente de Citologia e Anatomia Vegetal da Universidade de Brasília. — 5 — CARACTERES DIFERENCIAIS LÂMINA FOLIAR Vochysia pygmaea Bong. Epiderme — Entre a epiderme adaxial e o parênquina paliçádico há uma a duas camadas de esclerócitos . Mesofilo — O parênquima paliçádico é constituído de 4 camadas de células alongadas, sendo a camada mais interna do tipo chamado por Haberlandt — células coletoras. Ocorrem no mesofilo, com freqüência, esclerócitos . Vochysia emarginata (Vahl) Poir. Epiderme — Algumas células, tanto da epiderme adaxial como da abaxial, sofrem mais uma divisão periclinal. Mesofilo — O parênquima paliçádico é formado de 3 camadas de células alongadas. As células do parênquima lacunoso apresentam con- teúdo tanóide. Verificamos a fraca presença de esclerócito e traqueóides espiralados no mesofilo. 6 — lave para o estudo da flor a WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ASSUMPÇÃO Professor-Assistente do Departamento de Botânica do I.C.B./U.F.M.G. — Em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva 1. Quanto à posição (Inflorescência) . a — Quando há apenas uma flor no ápice do caule ou na axila de uma fôlha ISOLADA. b — Quando há duas flores no ápice do caule ou na axila de uma fôlha AOS PARES c — Quando há várias flores saindo do mesmo ponto AGRUPADAS d — Quando do eixo principal partem pedicelos secundários em cujas extremidades se insere uma flor CACHO e — Se as flores são dispostas como no cacho, mas são sésseis ESPIGA f — Se o eixo da espiga é carnoso e espêsso ESPÁDICE g — Como a espiga, porém mais denso, de eixo ou raquís flexível volúvel, geralmente de flores unissexuais e aclamídeas AMENTO h) Quando há um grupo de flores pediceladas, que se inserem no mesmo ponto e terminam na mesma altura .... UMBELA i — Quando há um grupo de flores pediceladas, que se inserem em pontos diferentes e terminam na mesma altura CORIMBO j — Quando é um cacho composto que no conjunto assume o as- pecto de uma pirâmide, com a base voltada para baixo PANÍCULA — 7 — k — Semelhante à Panícula, porém com os raminhos laterais su- plantando cada eixo respectivo ANTELA 1 — Quando a extremidade do eixo principal apresenta-se dilatada e nela se prendem flores sésseis CAPÍTULO m — Quando o capítulo apresenta um receptáculo globoso GLOMÉRULO n Quando existe uma flor feminina central, representada por um ovário de onde se irradia uma série de flores masculinas, representada por estames, sendo o conjunto protegido por bracteas e, geralmente, com vistosos nectários .... CIÁTIO o — Quando as flores se dispõem irregularmente e muito aglu- tinadas CONGESTA p — Quando o eixo principal termina em flor, mas dêle se de- senvolve apenas um lateral que também termina em flor MONOCÃSIO * Se os ramos se originam no mesmo lado . . ESCORPIÔIDE ** Ramos no mesmo plano DREPANIO ** Ramos em planos distintos CINCINO * Se os ramos se desenvolvem ora de um lado, ora de outro HELICOIDAL ** Todos os ramos em um mesmo plano RIPÍDIO q — Se do eixo principal nascem dois pedicelos que se alongam mais que êle e terminam também em flores .... DICÁSIO r ■ — Se do eixo principal nascem três ou mais pedicelos, que terminam também em flores PLEIOCÁSIO Quanto ao pedicelo a — Quando nasce nas axilas das folhas ou dos ramos AXILAR b — Quando se bifurca, sustentando duas flores BIFLORO c — Quando se dobra, fazendo com que a flor se volte em dire- ção ao solo CABISBAIXO d — Quando nasce no caule CAULINO f — Quando nasce na raiz RADICAL g — Quando nasce no ápice dos ramos ou caule .... TERMINAL h — Quando nasce nos ramos RÂMEO — 8 — 3. Quanto à disposição dos verticilos a — Quando a flor consiste de peças arranjadas em círculos CÍCLICA b — Se os ciculos têm um número igual de peças e são alter- nados HEMICICLICA c — Se as peças são arranjadas em espirais ACICLICA 4 . Quanto à relação entre o número de peças dos verticilos a — Quando todos os verticilos apresentam o mesmo número de peças HOMÔMERA ou ISOCICLICA b — Quando o número de peças dos verticilos é variável HETERÔMERA ou HETEROCI CLICA 5. Quanto ao perianto a — Se a flor é desprovida de perianto ACLAMIDEA b — Se existe apenas uma peça, que é considerada como cálice MONOCLAMÍDEA c — Se existem as duas peças DICLAMIDEA * Se o cálice se confunde com a corola HOMOIOCLAMÍDEA ou HOMOCLAMÍDEA * Se o cálice e a corola são distintos HETEROCLAMIDEA 6. Quanto ao cálice 6.1 — Em se tratando da conformação das sépalas a — Se elas são livres DIALISSÉPALO b — Se são soldadas SINSÉPALO 6.2 — Em se tratando da simetria a — Quando não possue plano de simétria ASSIMÉTRICO b — Quando apresenta apenas um planto de simetria ZIGOMORFO c — Quando apresenta vários planos de simetria ACTINOMORFO — 9 — 6.3 — Em se tratando da duração do cálice a — Quando cai após a floração, antes da antese CADUCO b — Quando cai no momento da antese FUGAZ c — Quando permanece após a floração . . PERSISTENTE e — Quando persiste e aumenta de trabalho ACRESCENTE 6.4 — Tipos de cálice a — Se apresenta a forma de um sino ou campanula CAMPANULADO b — Quando em forma de tubo longo e estreito TUBULOSO c — Quando em forma de urna, com a extremida inferior alargada e a superior estreitada .... URCEOLADO d — Quando apresenta vesiculas VESICULOSO e — Quando é provido de sépalas, dispostas como os lábios LABIADO f — Quando longo, redondo e de igual diâmetro em tôda a sua extensão CILÍNDRICO g — Quando se assemelha a uma clava (achatado gradual- mente até o ápice, que é redondo) CLAVIFORME h — Quando se assemelha a uma cupula CUPULIFORME i — Quando em forma de cone invertido, estreito na base e largo no ápice TURBINADO j — Quando em forma de casco ou elmo .... GALEADO I: — Quando dotado de espora ou calcar, em sua base CALCARADO 7. Quanto à corola 7.1 — Em se tratando da conformação das pétalas a — Se elas são livres DIALIPÉTALA b — Se elas são soldadas SIMPÉTALA — 10 7.2 — Em se tratando da simetria a — Quando não possue planos de simetria ASSIMÉTRICA b — Quando possue apenas um plano .... ZIGOMORFA c — Quando possue vários planos .... ACTINOMORFA 7.3 — Tipos de corola a — Quando há 4 pétalas dispostas em forma de cruz CRUCIFORME b — Quando há cinco pétalas, de bordo arredondado e unha curta ROSÃCEA c — Quando há cinco pétalas, de bordo arredondado e unha comprida UNGUICULADA d — Quando há três pétalas sendo uma mediana maior e duas outras que mais se assemelham a sépalas LABELADA e) — Quando há cinco pétalas desiguais (uma superior livre e maior, recobrindo as outras, duas laterais e duas inferiores e unidas pelos bordos internos) PAPILIONÁCEA f — Quando dialipétala, zigomorfa, pentâmera, com preflo- ração carenal CARENADA g — Quando a corola é simpétala e em forma de tubo alongado TUBULOSA h — Quando a corola é simpétala e em forma de funil INFUDIBULIFORME i — Quando é simpétala, zigomorfa, tubuliforme, dividindo- se em dois lábios (um inferior com 3 pétalas e um superior com 2) LABIADA j — Quando é simpétala, zigomorfa, tubuliforme, fendida lateralmente com as cinco détalas formando uma lin- gueta lançada para um dos lados . LIGULADA k — Quando é simpétala, zigomorfa, em forma de dedal DIGITALIFORME 1 — Quando dotada de tubo curto e limbo predominante lembrando uma roda ROTADA — 11 — m — Quando é simpétala, zigomorfa, tubulosa e bilabiada com o lábio inferior recurvado para cima PERSONADA n — Quando apresenta a forma de uma taça HIPOCRATERIFORME o — Quando é simpétala, em forma de campanula ou sino CAMPANULADA p — Quando é simpétala, em forma de tubo, mas alargada no meio e estretada no ápice URCEOLADA (continúa) — 12 — Bignonia macrocalyx Pedersoli = n. sp. J. L. PEDERSOLI INTRODUÇÃO Estudando a vegetação dos afloramentos de calcáreo a fim de se conhecer a flora e o comportamento das plantas ali existentes encontra- mos uma Bignoniaceae de flores purpúreas que nos chamou a atenção. Coitado o material e estudado, chegamos a conclusão de que se tratava de uma espécie de Bignonia ainda não descrita, uma vez que ela não apresenta muita semelhança com as outras espécies do gênero. DESCRIÇÃO Frutex scandens, glaberrima ramis teretibus, folliis oppositis, de- cressatis, petiolatis, conjugatis cirrho terminali trifurcato, petiolus 3 cm longae ramulis uncatis munito, vel infirmo caduco, foliolis petiolu- latis ellipticis glabro, apice acuminatis, venoso reticulatis, peciolulis 2,5 cm longae. Calyce 3 dentato inaequaliter, membranaceo, glabro. Capsu- lis siliquae formibus linearibus glabra, 60 cm longae 2,5 cm latae. Semina alatae. Corola purpurea, glabra, campanulata infundibiliforme . Paniculi cum pedunculis bi e tri furcatis. Trepadeiras de folhas compostas bifolioladas conjugadas opostas decussadas, com gavinha terminal, curta trifurcada com ramos em garras agudas. Folíolos glabros elípticos acuminados até 10 cm de comprimento por 5 cm de largura; pecíolulo de 2,5 cm e pecíolo com até 3 cm de comprimento Flores purpureas de corola infundibuliforme com até 8 cm de com- primento em panículos com pedúnculos terminais bi e trifurcados. Cálice campanulado, esverdeado e irregularmente trilobado, sendo dois lacinios mais largos de até 2,5 cm e um mais estreito de 1,5 cm fendidos até dois terços do seu comprimento que atinge até 5 cm. — 13 — Frutos subcilindrico com cêrca de 60 cm de comprimento por 2,5 na maior largura; replum presente. Semente alada. Estigma bífido rombóide; estilete com até 5 cm de comprimento; ovário implantado sôbre um disco. Estames quatro; didínamos e um estaminódio; anteras com duas lojas e polen com três sulcos e exina lisa. Habitat Afloramento de calcáreo na fazenda da Jaguara, Pedro Leopoldo — Minas Gerais. Typus Legit — Apparicio Pereira Duarte, n" 11.441 69 — Museu de His- tória Natural da UFMG — Herbário 0745 — Minas Gerais — Brasil Sumary It is described a new species of Bignoniaceae — Bignonia macrocalyx founded in the lime formation in the region of Jaguara, Pedro Leopoldo, Minas Gerais. This new species does not approximate to any other specimens of the same genus althoug it shows all the characteristics of it. FIG. 4 — Desenho esquemático em corte da flor de Bignonia macrocalyx . — 14 — 0 0,1 0,? FIG. 2 — Escala em milímetros. FIG. 3 - Material herbarizado de Bignonia mncrocalyx mostrando também o fruto . — 16 — BIBLIOGRAFIA Bureau, E. et Schumann K. — 1896 — Bignoniaceae In Martius, C. F. P — Flora Brasiliensis VIII, 2, 1-452. 121 figs De Candolle, A. — 1824 — Bignoniaceae, Prodromus IX, p. 143-175 Gomes, J. C. Jr. - — 1957 — Flora do Itatiaia — I — Bigoniaceae — In Rodrigue- sia: V-32, p. 111-129. Gomes, J. C. Jr. — 1949 — Contribuição ao conhecimento das Bignociaceas Bra- sileiras — In Arquivo Jardim Botânico — Rio de Janeiro IX : p. 223-229. Index Nominum Genericorum Index Kewensis — 17 — Helmintologia Oências 5ua importância nas Biológicas JOSÉ BATISTA FERREIRA FILHO Com a finalidade de chamar a atenção de estudantes da U . F . M . G . , para áreas importantes das Ciências Biológicas, carentes de pesquisadores em nosso meio, iniciamos com êste uma série de artigos sob o título em epígrafe . Nêste, abordaremos a importância dos Nematódios em Agricultura e Ecologia Em Agricultura os nematódios fitoparasitas oferecem grande im- portância econômica. São resistentes à dessecação, produzindo “galhas”. Nêste estado podem permanecer vários anos. (4,9,39 anos). Cistos sêcos de Heterodera resistem por largo tempo. Estas espécies parasitas constituem, sem dúvida, segundo os mais eminentes técnicos, o mais grave problema da economia agrícola . Cada ano, êsses minúsculos organismos causam uma enorme destruição, não só nos produtos agrí- colas como também nas próprias plantas cultivadas. Atacam a cultura de chá no Ceilão, a cultura de beterraba na Ale- manha, as batatas inglêsas na Inglaterra e Holanda, o algodão na Geórgia e o milho em Iowa, além das maçãs de Nova York, da Argentina e Uruguai, a banana e o café do Brasil, as laranjas da Califórnia, etc. Sabemos hoje que os nematódios fitoparasitas foram responsáveis pelo empobrecimento de antigas nações e até forçaram a migração maciça de seus habitantes ou causaram sua aniquilação pela guerra com outras nações mais fortes. * Professor Assistente de Ensino Superior da U.F.M.G. — Regime de Trabalho de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. — 18 — Na América do Norte, concluíram os técnicos, são os nematódios fitoparasitas responsáveis pela rápida deteriorização dos solos agrícolas. George Washington já se alarmava com o problema do empobreci- mento rápido das terras da grande República do Norte. A. O. Cranven, em 1775 chamava a atenção de todo o país para o problema, que atingia principalmente as terras até então férteis da Virgínia e Maryland. A erosão e o desgaste dos terrenos eram até então a explicação mais ou menos empírica para o problema. A partir de 1900 o problema começou a ser visto sob outros prismas, e os nematódios foram tidos desde então como verdadeiros responsáveis pelo esgotamento da produção agrícola em regiões do país. Em 1931 e 1932 o nematologista Thorne fêz pes- quisas conclusivas em várias terras abandonadas pelos agricultores ame- ricanos, e afirmou a verdadeira causa do desastre, eram os nematódios parasitas das plantas. A erosão passou a ser considerada nêsses casos como mais uma conseqüência da ação dos nematódios, isto porque dadas as suas condi- ções peculiares os terrenos agrícolas proporcionam excelente meio para desenvolvimento dos nematódios fitoparasitas que, não sendo controlados começam a atacar as plantas cultivadas. São destruídas não somente as plantas cultivadas como também as outras, ocasionando o desnudamento da terra que assim desprotegida, fica sujeita à ablação pluvial. Na década de 1920 os nematódios que atacam os bulbos e o caule foram intensamente estudados, e tais trabalhos então, passaram a ter repercussão internacional . Espécies como Anguina tritici, Ditylenchus dipsaci e outras dos gê- neros Aphelenchoides , Neotylenchus, Nothanguina, Nothotylenchus, Me- loidogyne etc . , começaram a ser estudadas e conhecidas . No Brasil, infelizmente, estão ainda numa fase por assim dizer embrionária, para um país que deve ter na agricultura um dos esteios da sua sustentação econômica. Raros especialistas, como o professor Lordello, da Escola Luiz de Queiroz, são dedicados cultores dêsse ramo da Helmintologia no nosso país. Sabemos que tôda a nossa agricultura é grandemente prejudicada pelos nematódios, mas ao que parece, não nos preocupamos muito com êsses minúsculos inimigos da produção agrícola. Ocorrem entretanto, entre os nematódios as mais interessantes espécies que poderão ajudar o homem, quem sabe, no próprio controle dos nematódios parasitas e dos insetos nocivos, e talvez, até mesmo na luta contra as doenças de vegetais e animais, e até do próprio homem . Como exemplos, podemos citar as espécies da família Mononchidae, responsáveis por grande parte — 19 — do equilíbrio biológico na natureza, porque são predadores de outros nematódios, rotíferos e inúmeros microorganismos que vivem na água e no solo. As espécies encontradas em vegetais podem ser endoparasitas ou ectoparasitas . Não é possível distinguir bem essas duas modalidades de parasitismo, como por exemplo acontece com os nematódios causado- res de galhas do gênero Meloidogyne, que são endoparasitas, mas suas larvas se alimentam das células da superfície das raízes antes de penetrá-las . No Brasil temos duas espécies altamente prejudiciais aos nossos cafeeiros, Meloidogyne exigua e M . coffeicola, além de inúmeras outras que atacam as nossas culturas mais importantes, como cebola, amen- doim, aveia, beterraba, abóbora, cenoura, algodão, tomate, feijão, milho, banana, cana, juta etc. 2 — Em Ecologia — Os nematódios de vida livre ocorrem na terra mesmo nos áridos desertos, assim como nos mares, rios, coleções de águas e até os mares polares. Os marinhos são encontrados não só à superfície como ainda a grande profundidades. Mares, ricos em diatomà- ceas, outras algas e detritos orgânicos apresentam grande população de nematódios. Os saprófagos atacam e decompõem a matéria orgânica em putrefa- ção, constituindo, como sabemos hoje, os mais importantes agentes transformadores da natureza. Já os gregos conheciam o fenômeno, e é comum observarmos em obras literárias, referências ao fato, como acon- tece por exemplo na obra poética de Augusto dos Anjos . . . É interessante observar a flutuação verdadeiramente inexplicável da população dêsses helmintos, que, depois de atingir um “climax” numa determinada área, desaparecem dentro de uma a duas semanas. Muitas espécies parasitam insetos, e como tal, controlam a popula- ção dêsses artrópodes. A praga de gafanhotos pode ser controlada por espécies de nema- tódios da família Mermithidae, parasitas dêsses insetos, como tem sido feito em algumas regiões dos Estados Unidos. Podemos pensar também em controlar doenças transmitidas por insetos por meio de nematódios. Devemos ainda não esquecer o fabuloso número de nematódios na terra, na água dôce e no mar. Sua ação é tão grande no meio ambiente que o eminente helmintologista Cobb escreveu que se tôda a matéria (ser vivo) fôsse varrida do universo e somente fôssem conservados os helmin- tos, seria possível a sua reconstituição. — 20 — Como estamos vendo, é imenso o seu papel como parte do complexo biótico do solo. Sabe-se que 98% ou mais dos metazoários do solo são constituídos de nematódios e, no presente, admite-se que todos êles se alimentam de algo vigo. Conhecemos espécies bacteriófagas, micófagas, algófagas, protozoófagas, carnívoras ou predadoras e parasitas das plantas superiores. Em geral podemos afirmar que êsses helmintos são os mais abun- dantes de todos os Metazóarios de pequeno porte encontrados nos mares, onde parecem ter larga distribuição; na costa das Américas são pouco estudados . Aquêles de água dôce e terrestres, são também muito abundantes, ocupando os mais variados habitats . Muitos são cosmopolitas, porque pequenos e fàcilmente disseminados pelo vento, animais e plantas . Poucas espécies têm habitat limitado. Raras são as informações a não ser na Europa Central. O tipo de alimento e o oxigênio são importantes fatores determi- nantes de número e espécies de nematódios. Alguns vivem a 35° e até 53° C entre rochas, sendo também encontrados em águas termais . Observa-se sua presença nas urnas foliares das Nepenthes, provàvelmente transportados por Dípteros; ocorrem ainda em diversas plantas tropi- cais . São menos encontradiços em solos muito sêcos ou demasiado úmidos. A umidade ideal se situa entre 10 e 70% como acontece nos terrenos próprios à agricultura, onde em vista dessas condições pro- pícias, a sua ocorrência costuma atingir níveis altíssimos. Alguns nematódios podem sobreviver após prolongada dessecação. As espécies saprófagas algumas vêzes acompanham aquelas para- sitas de plantas. Entre os nematódios do solo há tipos predadores. Cobb (1914) observou-os em maçãs estragadas, onde foram leva- dos por insetos. Em uma maçã encontrou 90.000 exemplares diferentes — de variadas espécies. A textura do solo é importante em relação às espécies terrestres. O pH do solo parece ser de pequena importância. Quanto à morfologia parece não haver grande diferenciação entre as espécies terrestres e as aquáticas. As terrestres teriam vindo direta- mente das marinhas, tendo havido ulterior adaptação à água doce. Ação dos nematódios de vida livre no meio ambiente: Alguns são resistentes a vários fatores, como por exemplo. A.acetti. São resistentes mais do que qualquer outro invertebrado. Possuem pouco poder de locomoção. Quanto à alimentação, os nematódios de — 21 vida livre podem ser saprófagos, herbívoros ou carnívoros . Êstes últimos são os predadores encontrados em vários habitats principalmente no solo . Para termos uma idéia do fantástico número dêsses helmintos no solo, podemos lembrar que Cobb, em 1917, encontrou em média, 30.000.000 de exemplares por acre de solo examinado em algumas regiões dos Estados Unidos. Thorne (1927) encontrou número igual em terrenos de cultura da cana de açúcar. Nos estudos ecológicos são os nematódios de tal interêsse, que não se concebe fazer Ecologia sem conhecer êsse imenso e importantíssimo grupo . BIBLIOGRAFIA HYMAN — The invertebrates Vol. III HEGNER & ENGEMAN — Invertebrate Zoology THORNE — Principies of Nematology GOODOY — Soil and Freshwater Nematodes HYMAN — The invertebrates Vol . II LORDELLO — Nematóides das plantas cultivadas / e vários outros. — 22 — o corrència de uma insetívora na PampulK a JOSÉ MAURÍCIO FERRARI “As plantas insetívoras constituem um grupo de vegetais, que além de elaborar a síntese de substâncias orgânicas à sua nutrição, têm uma peculiar e interessante faculdade de se alimentarem, em parte, de pe- quenos insetos, em conseqüência de se desenvolverem em solos pouco nitrogenados e escassos de sais minerais . ” Durante várias pesquisas realizadas em diversos bairros de Belo Horizonte, com a finalidade de coletar plantas medicinais, para o her- bário do laboratório de Botânica, que até então, pertencia à Faculdade de Farmácia da UFMG, deparamos com uma certa surpresa, no bairro da Pampulha, com uma espécie de planta insetívora, que conforme in- formações de diversos pesquisadores botânicos, tem seu habitat em lugares de grandes altitudes, notadamente na serra do Itacolomi, em Ouro Prêto. Coletados alguns exemplares e examinando as suas características, consultamos a Flora Brasiliensis de Martius e chegamos à conclusão de que a espécie encontrada é classificada como Drosera montana Desf. Analisando o hebário do Departamento de Botânica do ICB, encon- tramos a mesma espécie, devidamente catalogada e também coletada em Belo Horizonte, porém, nos altos da serra do Taquaril, próximo do limite com o Município de Nova Lima . A existência da planta na Pampulha está localizada entre o Iate Tenis Clube e a capela de São Francisco, em pequeno atêrro de uma residência particular. É interessante assinalar que a planta, devido ao seu pequeno porte, é quase imperceptível a sua localização, porém, observando com devida — 23 — atenção, nota-se a sua existência, em conseqüência da coloração de suas folhas em vermelho sanguíneo. Esta planta, cujo porte herbáceo é de fato muito reduzido, apresen- ta folhas adaptadas, principalmente na face superior, onde encontramos numerosos pêlos glandulares, providos de uma pequena cabeça e de comprimentos menores no centro e maiores nas bordas do limbo. Se um pequeno inseto pousa no limbo da fôlha, atraido pela sua côr e, possivelmente, pelo aroma exalado pela mucilagem segregada do pêlo, êle se acha parcialmente prêso a ela. Os movimentos que o inseto faz para se livrar da armadilha, provocam excitações nos demais pêlos localizados nos bordos da fôlha, que encurvam-se em sua direção, reten- do-o definitivamente. Neste ponto, os pêlos iniciam a secreção de um suco de natureza ácida, constituído, principalmente de ácido fórmico e enzimas digestivas, que impedem o desenvolvimento de bactérias de putrefação, determinan- do, assim, a formação de substância assimiláveis pela planta. É muito comum encontrarmos estas plantas, cujas folhas conser- vam, ainda, o esqueleto de insetos que foram por elas digeridos. Concluindo, esclarecemos que apesar da planta ser considerada como insetívora e para alguns botânicos, como carnívora, salientamos, que, existe uma outra espécie de Drosera, ou seja a Drosera rotundifolia cujas propriedades terapêuticas é indicada como expectorante, princi- palmente, na clínica infantil. OBRAS CONSULTADAS Decourt, Paulo — Botânica. Martius — Flora Brasiliensis — tomo XIV, vol. II. Potsch, Waldemiro — Botânica 9'1 ed., 1964. — 24 — futura alimentação do homem A s alsas e a LAIR REMUSAT RENNÓ Professor Titular de Botânica do I.C.B. — U.F.M.G. Convidado para participar de um Conclave sôbre nutricionismo III Jornada Pernambucana de Nutrição, com um trabalho sôbre algas, senti-me muito honrado e mesmo envaidecido. Entretanto, o honroso convite, ao mesmo tempo que me proporcio- nou um grande prazer, colocou-me num sério dilema, pois, há alguns anos venho-me dedicando especialmente, ao estudo de uma alga de água doce — Chara vulgaris L. : família das Characeae — Charophyta, que tem a propriedade de exterminar o caramujo da esquistossomose — Biomphalaria glabrata Say. Com trabalhos apresentados a vários Con- gressos científicos brasileiros. Embora esteja o assunto relacionado, como fator limitante para a saúde de um povo, pouca ligação teria, de interesse, para uma Jornada de Nutrição. Depois de devidamente esclarecido, através da programação e temas do Conclave, e desejoso de trazer a minha contribuição, é com prazer que apresento êste trabalho — As algas e a futura alimentação do Ho- mem — como um subsídio para os futuros nutricionistas brasileiros. As fontes naturais de alimentação, bem como os recursos naturais de que dispõe o homem para sua subsistência, já vem preocupando tôdas as Nações. E os homens de ciência, as Organizações científicas e os Centros mundiais de proteção à saúde, há mais de uma década que se orientam no sentido de equacionar o grave problema. As áreas cultiváveis do mundo acham-se em vias de esgotamento, enquanto as populações aumentam num crescente assustador . * Trabalho apresentado à m Jornada Pernambucana de Nutrição, Recife, 24 a 29 de Agosto de 1970. — 25 — “Algumas regiões terrestre, entre as quais as Américas, possuem afortunadamente, um superavit de alimentos, mas, tais áreas de abun- dância estão mais do que compensadas pelas grandes extensões nas quais êle escasseia”. Então a preocupação atual dos cientistas e das grandes Organiza- ções mundiais, é a de melhorar a produção em quantidade e qualidade, dentro das áreas cultiváveis disponíveis. Em 1959 existia nos Estados Unidos, cêrca de 2.500 fito-fisiologis- tas, todos graduados em Ph . D . , e distribuídos nas Universidades, Escolas de Agronomias, Estações Agriculas Experimentais, U. S. De- partment of Agriculture, número êste, provàvelmente já aumentado, e todos procurando uma solução para a grave situação. Com o crescimento progressivo das populações, talvez essas me- didas já estejam superadas, por insuficientes, e então teremos que nos voltar para os Oceanos, para o grande celeiro em potencial, e tirarmos de lá, dos arcanos da natureza, os meios necessários para o entreteni- mento vital. Parece-nos que a direção está certa, porque sabemos que a fotos- síntese realizada pelas plantas terrestres representa apenas 10% da totalizada em tôda a superfície da terra; 90% dessa importante função biológica, da qual dependem todos os sêres, não somente pela renovação do oxigênia como também pela produção da matéria orgânica impres- cindível, são produzidas pelas plantas aquáticas. Não é novidade a utilização, que faz o homem, do mar: — os peixes, os crustáceos e os mamíferos aquáticos, constituem, desde eras remotas, uma inesgotável fonte de alimentação do homem. As algas, nas suas formações micro e macroplanctônicas, bentô- nicas e epifitas são os principais alimentos da fauna marinha e de água doce, e o homem também delas faz certos usos, maximé as popula- ções litorâneas no Japão e no sul do Pacífico. O “Kombú”, alimento sagrado dos japoneses e que constitui hoje alimentação trivial daquele povo do Sol Nascente, é preparado à base de algas marinhas. O ninho das “Salanganas”, as “andorinhas-da-china”, que repre- senta um afamado “pitéu”, tão apreciado pelos chineses, é arquitetado por aquelas aves com substâncias meio digeridas e “devolvidas”, após a ingestão que fazem de certa quatidade de algas mucilaginosas . O “slouk” ou “Sloukan”, dos ingleses o “dulse” dos escoceses, o “dillesk” dos irlandeses, o “varech” dos franceses, o “agar-agar” de uso universal, e tantos outros, são tipos de alimentos obtidos de prepa- rações de algas marinhas. — 26 — Em determinadas regiões da costa do Chile, são usados, freqüente- mente, na alimentação popular, uma boa quantidade de algas marinhas, das quais destacamos a Alaria esculenta, Enteromorpha compressa , Rho- dymenia palmetta, Laminaria saccharina, Gracilaria lichenoides, Dur- villea utilis, Porphyra lacinata e longo seria enumerá-las . . . Até na medicina antiga já eram empregadas, com relativo êxito, certas algas marinhas como o “carrageen” (Chondrus crispus) e ou- tros, inclusive o “Tche-fou”, o afamado vermífugo dos chineses, que nada mais era do que misturas de algas antelminticas, como a Corallina officinalis e o Alcidium helmintocorton . As infimas Cianófitas, que tem prestado relevantes serviços desde épocas primevas, ainda aí estão, representadas em inúmeras espécies dos gêneros Anabaena, Oscillatoria, Phormium, Nostoc , Aphanizonema, e tantos, proporcionando maior fertilidade aos nossos solos. Ê digno de registro o importante papel das Chlorellas , família das Chlorellaceae-Chlorophyta, estudadas e usadas atualmente, em culturas sistemáticas e regulares, não somente na alimentação do gado ou adubo de excelente qualidade, como também na alimentação humana, tal o seu valor em proteínas e o seu teor vitamínico. Segundo estudos químicos mais ou menos recentes, as massas de Chlorella dessecadas apresentam em média 50% de proteínas, 35% de açúcares e 5% de substâncias graxas. Se aumentarmos, no meio de cultura, a concentração de nitrogênio, poderemos obter massas de Chlo- rella com até 88% de proteína e se baixarmos essa concentração, eleva- remos o seu teor em açúcares para até 75% . Comparando-se com os vegetais superiores usados na alimentação, com referência ao seu teor proteínico, verificaremos o seguinte: — trigo 12%, arroz 6%, feno 20%, feijão 24,5%, feição chocolate 25, 16%, etc., poderíamos bem estimar os 88% de proteínas produzidas pela Chlorella , proteínas estas que são consideradas “a coluna mestra da vida” . Acrecente-se ainda, quanto a sua produção, que um cultivo racional de Chlorella pode atingir até 100 toneladas por hectare, enquanto que o cultivo do trigo atinge apenas 4 toneladas na mesma área. Cálculos otimistas admitem que 800.000 hectares ou sejam um quinto da superfície da Suiça, utilizados para o cultivo artificial dessas algas em condições especiais, seriam o suficiente para abastecer tôda a humanidade. As perspectivas dessas algas são, de tal modo impressionantes, que se pensa em utilizar essa microscópica Chlorella como alimentação de bordo nas futuras viagens inter-planetárias, criando-se um ciclo ou sistema fechado entre o homem e o vegetal. O homem forneceria à — 27 — planta o CO- pela sua respiração e outras combustões domésticas, os elementos químicos e sais minerais pelas suas excretas mineralizadas, e receberia da Chlorella, em culturas especiais, o oxigênio renovado e as substâncias nutritivas provenientes da síntese orgânica através de sua fotossíntese . E nessa associação harmônica, consoante a lei de Lavoisier, possi- bilitaria ao homem, mais conforto na conquista do espaço. Os Liquens que são associações entre algas e cogumelos (simbiose) constituem um grupo de vegetais que oferece grande resistência às in- tempéries. Nas regiões onde as condições mesológicas, mostram-se as mais diversas, onde qualquer outro tipo de vegetação torna-se impossí- vel, lá está o Liquen, desafiando as agruras do meio, e propiciando aos animais e ao homem algum alimento. A Cetraria islandica, por exemplo, Liquen de extraordinária resis- tência, chegando a atingir as regiões boreais, encerra em sua estrutura biológica, cêrca de 40% de liquinina, substância próxima do amido. Dada a sua especial expansão geográfica às regiões inóspitas e improdutivas, leva a alimentação aos animais, e proporcionam também ao homem, habitantes dessas regiões, uma fonte de alimentos, em vir- tude do seu alto teor em liquinina, com a qual fabricam farinhas e pães . Acredita-se que o “Maná-celestial” que alimentou os israelitas du- rante sua peregrinação pelo deserto, foram precipitações, em forma de “chuva” de um Liquen — a Lecanora esculenta — muito abundante em várias regiões asiáticas, vegetais êstes também muito ricos em liquinina e que são levados, pelas correntes aéreas nas direções do deserto . Fenômeno que ainda hoje se repete. Estas citações prestam-se apenas para mostrar que ainda existem fontes de alimentação pouco ou nada exploradas pelo homem, das quais salientamos a principal que é o mar. Perlustrando a literatura especializada, percebe-se desde logo a importância que se vem dando ao estudo das algas para fins alimentícios, principalmente onde a agricultura e a pecuária são difíceis ou impos- síveis, onde o problema já existe. Em 1960, foram contratados pelas Nações Unidas, para trabalha- rem na Estação Biológica Marinha de Puerto Deseado, (Santa Cruz), cientistas e técnicos em química industrial de algas (do Instituto de Investigações Algológicas de Oslo, Noruega), a fim de estudarem as algas marinhas da Patagônia, sob o ponto de vista químico e taxinômico . No programa de trabalhos da Estação de Biologia Marinha de Ushuaia, — Terra de Fogo — Antártida, acha-se incluída a aplicação tecnológica de algas na alimentação animal e humana. — 28 — A F.A.O. e o Centro de Organização Científica da UNESCO, muito têm contribuído para a solução do problema. Em São Paulo, na Usina Piloto de Tecnologia do Pescado, Secreta- ria da Agricultura, Santos S. P., já estão se dedicando ao estudo quí- mico das algas marinhas. A brilhante conferência proferida pelo Dr. Carlos Arnaldo Krug, da F.A.O., na inauguração da XVI reunião Anual do S.B.P.C., em Ribeirão Prêto, é uma análise perfeita, com números e dados estatís- ticos assustadores, principalmente quando se refere ao desequilíbrio : população produção de alimentos. Em conclusão ao exposto, torná-se necessário que se pense desde agora, na sistematização desses estudos, para o que apresentamos a seguinte sugestão: 1) — Selecionar pela taxinomia vegetal, as algas de prováveis usos econômicos; 2) promover a análise químico-bromatológica dessas algas mari- nhas e de água doce, com os respectivos testes biológicos e letais; 3) — estudar o desdobramento e preparação da matéria prima, nas formas e aspectos para a apresentação comercial, corrigidas as deficiências de ordem organoleptica, como o cheiro, sabor, etc . ; 4) — incentivar e incrementar por todos os meios os Centros hi- dro-biológicos, as Estações de Biologia Marinha e congêneres, que se contam ás centenas, no sentido de ingressarem verdadeiramente nesse campo de estudo e pesquisa, na utilização das algas para a alimentação animal e humana. Em face da situação atual, devemos pôr “as barbas de môlho’’ e olhar com mais interêsse para o que existe nas despensas marinhas. E os ilustres nutricionistas podem ir pensando desde já, em incluir em suas dietas alimentares, em seus cardápios e rações balanceadas, algum ingrediente à base de algas. E as gentis e elegantes estudiosas do Nutricionismo, também já podem pensar em algum nôvo modelo de mini-escafandro, porque a nossa meta está traçada: — o fundo do mar. SUMMARY The writer call the attention to the atual situation of the world for what is happening to the balance between population and aliments . He shows , throught data and official informations, that cultivable areas of the world are in exhaustion, the future man will to get his nutrition in the great cellar — the sea. — 29 — He says, yet, that the phcAosynthesis realised for the land plants, represents only 10% of the all that is realised on the super ficie of the land and the other 90% are realised for the aquatic plants. He reminds the importance of Algae in the future alimen>tation and sugests the form of to impulse and ativate the centers of hydro- biological studies, and congener organizations, so how to intensify the study of this Algae under a point of view iaxionomic and chemist. BIBLIOGRAFIA Boletim dei Centro de Cooperacion Científica da UNESCO — N«s 30/61, 32/62, 36 e 37/63, 42/64. CAMINHOÁ — Botânica — 1877. CARLOS ARNALDO K^UG (F.A.O.) — Ciência e Cultura, vol. 16, N° 3 — Set. 1964. DANTE COSTA — Alimentação e Progresso — 1950. ENGLER e PRANTL Die natürlich Pflanzenfamilien . ENGLER’S — Syllabus der Pflanzenfamilien — 1954. G. M. SMITH — Fresh-Water Algae of the United States Index nominum genericorum — Taxon . J. BOUNER — A. W. GALSTON — Princípios de Fisiologia Vegeta — 1959. — 30 — ATIVIDADES DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA SECRETARIA Correspondência recebida : Ofícios 30 Circulares 18 Correspondência expedida : Ofícios 36 Informações diversas 16 Consultas sôbre Botânica 20 Reuniões da Câmara Departamental: Ordinárias 2 Extraordinárias 2 ENSINO Aulas ministradas: 2" ano — Sistemática Vegetal História Natural 28 alunos Farmácia 118 alunos Aulas teóricas 74 Aulas práticas 298 Excursões 2 Audiência a alunos 26 Total de aulas 372 Total de alunos 138 — 31 — PESQUISAS EM ANDAMENTO E PROGRAMADAS Além das pesquisas já enunciadas, ainda as seguintes: A Seção de Microtomia ligada à disciplina de Morfologia Vegetal, sob a orientação do Prof. Wilson Raymundo Camargos d’ Assumpção e com a colaboração dos estagiários Moacir Assis d’Assunção Filho e Maria Guadalupe Silva Oliveira, realiza os trabalhos: 1. Montagem de um laminário de Anatomia Vegetal, que será uti- lizado para as aulas práticas a serem ministradas aos alunos de 2" ano do Curso de História Natural. 2. Estudo anatômico de Setcreasea purpurea, como início para um trabalho de anatomia comparada das Comelináceas . 3. Estudo anatômico de Pinws sp , como uma introdução a um tra- balho comparativo entre Gimnospermas e Angiospermas . 4 . Estudo anatômico em Begónia sp, para pesquisar a conformação, distribuição e gênese dos cristais de oxalato de cálcio, existentes no gênero. 5. Anatomia foliar de plantas do Cerrado, com material de Lagôa Santa . No Setor de Herbário, da Sistemática Vegetal, a estagiária Rosalina Leite Pereira de Andrade realiza as seguintes pesquisas: 1. Estudo do cariótipo de espécies botânicas do “cerrado”, para fins sistemáticos . 2 . Estudo das espécies espinhosas e não espinhosas do gênero Solanum . — 32 — ANO II JANEIRO — JUNHO DE 1971 N* 3 ORÉADES IPÊ BRANCO Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. BIGNONIACEA DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DOI.C.B. — U.F.M.G. BELO HORIZONTE PESSOAL DOCENTE E ADMINISTRATIVO DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B./U.F.M.G. LAIK REMUSAT RENNÓ . Professor-Titular e Chefe do Departa- mento — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . JOSÉ MAURÍCIO FERRARI . Professor- Adjunto — Vice-Chefe do Depar- tamento — Regime de 24 horas. JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO . Professor-Adjunto e Coordenador do Curso de Farmácia — Regime de 24 horas. WILSON raymundo camakgos d’assumpçAo Professor- Assistente e Coordenador do Curso de História Natural — Tempo Inte- gral e Dedicação Exclusiva. ANTÓNIO MILTON DE ALMEIDA CESARINI. . . . Professor- Assistente — Regime de 24 horas. DEUSDEDIT SEBASTIÃO LEITE BARROS JR . Professor- Assistente — Regime de 12 horas. JOSÉ LUIZ PEDERSOLI . Professor-Assistente — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. TELMA SUELY MESQUITA GRANDI . Professora-Assistente — Regime de 12 horas. LAIR AGUILAR RENNÓ . Auxiliar de Ensino — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. JOSÉ MARIA . Auxiliar de Ensino — Regime de 12 horas. ROSALINA LEITE PEREIRA DE ANDRADE . Estagiária MARIA MARTHA RENNÓ SALDANHA . Secretária MARIA MADALENA PEREIRA DE SOUZA . Laboratorista JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA . Jardineiro MARIA RAIMUNDA RODRIGUES . Servente GERALDA CAMILA DE SOUZA Servente O R É A D E S REVISTA SEMESTRAL DE INFORMAÇÕES CIENTIFICAS DEPARTAMENTO DE BOTANICA DO I C.B — U.F.M.G. Diretor Responsável LAIR REMUSAT RENNõ Redator WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ASSUMPÇAO SECRETÁRIO — ANTÔNIO MILTON DE ALMEIDA CESARINI ANO II — JANEIRO — JUNHO DE 1971 — N9 3 ★ CONTEÚDO O XXII Congresso Nacional de Botânica e a Cidade Universitária de São Paulo — L. R. Rennó 3 Algas de Lagôa Santa — Deusdedit de Barros Leite Jr 5 Observações ecológicas sôbre Struthanthus marginatus (Desr.) Blume 10 Chave para o estudo da flor — Wilson Raymundo Camargos D’Assumpção 16 Estudos sôbre Vochysiacea V : Contribuição ao conhecimento de Vochysia tucanorum Mart — JOSÉ Maria 22 Os “cerrados” de Lagôa Santa — Lair Remusat Rennó 34 Atividades do Departamento de Botânica 44 ILUSTRAÇÃO DA CAPA “IPÊ BRANCO” — Bignoniacea — Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. Um dos mais belos representantes das Oréades, a flora dos campos. O XXII Congresso N acionai de Botânica Cidade Universitária de São Paulo e a A Sociedade Botânica do Brasil realiza todos os anos e em cada Estado da União , o seu Congresso Nacional de Botânica, para um acerto de trabalhos e congraçamento . Êste ano de 1971 , coube a São Paulo a realização da importante tarefa, da qual se desvencilhou brilhantemente O Conclave realizou-se no período de 15 a 23 de Janeiro e teve na sua primeira parte, a efetivação do 3" Simpósio sôbre o “cerrado” , onde foram apresentados trabalhos do mais alto gabarito e proferidas interessantes conferências e palestras, todos atinentes ao grande pro- blema: — a integração dos “cerrados” na economia nacional, para a ampliação das áreas cultiváveis brasileiras. A segunda parte do Certâmen seguiu-se com a apresentação e discussão de trabalhos não menos brilhantes, sôbre assuntos propriamente botânicos — morfologia, sistemática, fisiologia, etc., dos mais objetivos e atualizados, numa demonstração sadia e honesta da dedicação e impor- tância que vêm dando os botânicos brasileiros, à ciência amável de Lineu . O Congresso de Botânica, sob a presidência do Prof. Mário Guima- rães Ferri, contando com elevado número de presentes, com o apoio oficial do Estado de São Paulo e com a colaboração de várias instituições e firmas paulistas, realizou-se no Departamento de Botânica, nos audi- tórios do Edifício Minas Gerais, do Instituto de Biociências da Univer- sidade de São Paulo O acêrvo de trabalhos apresentados e discutidos realçava-se não somente pela quantidade, mas e principalmente pela excelente qualidade . E a Cidade Universitária de São Paulo que nos acolheu hospitaleira para a realização de mais êste Conclave, surpreendeu-nos pela sua grandio- — 3 — sidade, beleza urbanística, realização, cousa mesmo “fora de série” como corporação universitária , principalmente para nós que a vimos há tão poucos anos, quando ainda germinava a grandiosa obra. São Paulo é São Paulo. . . exemplo de trabalho, dinamismo, e ainda conta de fato com a colaboração efetiva e afetiva de seu grande povo, da sua indústria, do seu comércio para o progresso, especialmente das instituições de ensino e campus universitário. É como o Brasil precisa e pede para que o ajudemos, êste Brasil p’ra frente e que ninguém pode segurá-lo mais. Já é tempo, a exemplo de São Paulo, de as indústrias, comércio e doações particulares surgirem, principalmente em Minas Gerais onde essas cousas não acontecem, trazendo sua ajuda para iniciativas tão nobres como o ensino, folgando um pouco os cofres governamentais, alongando as passadas que o Brasil ainda precisa dar, no avanço para o progresso e galgar a merecida posição que o espera. LAIR REMUSAT RENNÓ — 4 Algas de Lagoa Santa DEUSDEDIT DE BARROS LEITE JR. Iniciando um levantamento da flora ficológica da Lagoa Santa (identificação de gêneros) foi feita uma coleta de água da margem da lagoa até 50 metros e na profundidade máxima de 0,50 m . Utilizou-se rêde de plâncton sem especificação de diâmetro de malha, confeccionada com nylon adquirido no comércio comum, o que deve ter determinado o empobrecimento da coleta quanto às algas de pequenas dimensões. Em exame a fresco foram observados alguns exemplares de Desmi- diáceas. O exame posterior vem sendo feito em material já fixado no F.A.A. e lâminas montadas com lactofenol de Amann. Damos abaixo algumas notas resultantes desta observação: I . DESMIDIACEAE Gênero Xanthidium Ehremberg, 1837 Três exemplares diferindo no aspecto parecem indicar estágios de multiplicação (ilustrados nas figs. 1, 2 e 3) . Um outro exemplar, com outros detalhes, fcd observado em material já fixado (fig. 4). A identificação se baseou nas chaves de classificação de Fresh Water Algae of United States, de G.M. Smith: «Células aflageladas, imóveis e livres na água, contendo amido, cromatóros verde-grama, valvas simétricas, ápice não inciso, sem pro- cessos divergentes nas extremidades, paredes das células com longos espinhos e porção central da célula com uma protuberância . » Quanto aos dois últimos caracteres anotamos um comentário: 1. A presença de longcs espinhos foi tomado como válido, porque a alternativa era a presença de verrugas apenas, ocurrentes nas formas do gênero Cosmarium, embora os espinhos sejam de tamanho médio, tomando-se como referência o comprimento das semicélulas. — 5 — 2 . A porção central com uma protuberância não se observa no primeiro exemplar, no qual a linha central apresenta montagem da linha de uma semicélula sôbre a outra. A ausência desta protuberância identificaria espécie do gênero Arthrodesmus Ehremberg, 1838, se asso- ciado à presença de dois cromatóforos, enquanto os exemplares estudados apresentam sempre quatro cromatóforos. Os outros exemplares (fig. 2 e 3) dão indícios da protuberância central e o último (fig. 4) mostra a melhor configurada, um tanto interrompida na sua parte central, onde se localiza o núcleo . Êste foi observado em lâmina preparada com mate- rial já fixado . Anotamos, abaixo, pela ordem, alguns detalhes observados: 1’ exemplar (fig. 1) * corpo das semicélulas um pouco mais longos que largos * cro- matóforos em numero de quatro, com pirenóides * espinhos conver- gentes nas extremidades de cada semicélula e um espinho dorsal em uma das semicélulas * a faixa clara de separação das quatro zonas pigmen- tadas onde se localizam centralmente os cromatóforos não se apresenta coincidente na passagem de uma para outra semicélula, sofrendo um deslo- camento, correspondente ao deslocamento relativo das semicélulas no sentido de seu maior eixo . * uma das semicélulas apresenta-se em plano mais profundo que o da outra, de modo que a configuração interna geral da célula não se observa numa mesma aproximação da objetiva. 29 exemplar (fig. 2) * a relação omprimento-largura das semicélulas é menor * as zonas pigmentadas são mais evidentes que no anterior, e em consequência a faixa clara de separação das mesmas é mais conspícua * esta faixa coincide na passagem de uma para outra semicélula — há um alargamento desta faixa na porção central, onde se encontra uma porção escurecida de aspecto muito semelhante ao dos cromatóforos * espinhos nas extre- midades e dois dorsais numa mesma semicélula. 3? exemplar (fig. 3) * apresenta-se mais perfeito em traços que os demais * o conjunto visto de frente é quase um círculo perfeito, composto de quatro porções pigmentadas de forma triangular * a cinfiguração de duas semicélulas compondo o conjunto celular sé se evidencia pelo fato de não haver inter- rupção da membrana entre um quarto e outro de cada semicélula, porque a faixa clara de separação assemelha-se muito ao espaço aberto entre as duas semicélulas * além dos espinhos terminais, um dorsal como no exemplar da fig. 1. — 6 — Xanthidium Ehremberg , 1837 FIG. 1 FIG. 2 FIG. 3 Xanthidium: diferentes aspectos de exemplares de uma mesma espécie, provavelmente estágios de reprodução 49 exemplar (fig. 4) Apresenta o aspecto geral dos demais, mas no mesmo se observa: * três espinhos dorsais * protuberância central melhor confi- gurada . Considerando a regularidade da presença dos espinhos dorsais na porção média de cada quarto da célula, é de se supor que a espécie apresente quatro espinhos dorsais. FIG. 4 Exemplar de Xanthidium com três espinhos dorsais visíveis, e protuberância central. O gênero Xanthidium apresenta formas consideradas de tamanho médio. Tomamos as medidas de todos os exemplares encontrados até agora na coleta, anotando 45 a 52 micra para o comprimento das semi- células, e 35 a 44 micra para a largura da célula. A medida do exemplar da fig. 4, em duas ampliações, foi a seguinte: (Microscópio Olympus- obj. Olympus 40 X ) a) comprimento de semicélula 48,00 micra b) largura da célula 36,00 micra (idem — obj. Zeiss 10 X ) a) comprimento de semicélula 46,90 micra b) largura da célula 35,19 micra " ‘ " i II. VOLVOCACEAE As algas desta família apresentam-se em colônias cujo número de células é um múltiplo de dois, segundo G . M . Smith, envolvidas por masea gelatinosa plana ou globosa. Dos oito gêneros citados para a família, Gonium e Platydorina são os que apresentam colônias achatadas. Um dos caracteres evidentes de distinção entre os dois gêneros é a polaridade, presente nas colônias de Platydorina e ausente em Gonium. Um dos polos de Patydorina é liso e o outro apresenta projeções. Encontramos duas colônias pertencentes ao gênero Gonium. Gênero Gonium Mueller, 1773 A colônia é achatada, apresentando 16 células, sendo 12 periféricas e 4 centrais. O aspecto da colônia é quadrangular . As células perifé- ricas se distribuem de três a três para cada lado . O espaço central entre as quatro células do interior da colônia é mais ou menos quadrado. A forma das células é pentagonal irregular, algumas piriformes ou ovoides. A coloração é verde claro brilhante. Das duas colônias encontradas, tomamos as medidas da mais perfeita de traços e encontramos: (obj. Olympus 40 X ) a. comprimento da colônia 26 micra b. largura 22 micra O exemplar vai ilustrado na fig. 5. Em todas as células periféricas se observam projeções, duas por célula, que indicam os flagelos semidestruídos provàvelmente pelo material de fixação utilizado (FAA) . 8 — FIG. 5 Gonium Mueller, 1773 Colônia de 16 células. Fam. m. ULOTRICHACEAE Gênro Radiofilum Smidle, 1894 Filamento com muitas células . Único espécime encontrado no exame de cerca de vinte lâminas. As células se compoem de duas partes uma delas funcionando como uma cúpula sôbre a outra. Nesta porção maior encontra-se o cloroplasto que, em algumas células, estende-se até a outra porção e apresenta-se mais estreitado . O pirenóide é observado na porção menos pigmentada da célula . O filamento encontra-se envolvido por uma bainha hialina larga. (fig. 6) FIG. 6 Radiofilum Smidle, 1894 Porção de um filamento. Obras Consultadas SMITH, G.M. 19500. The Fresh-Water Algae of the United States, 2a. ed. New York, McGraw Hill, 719 p. LAPORTE, L.J. Recherches sur la Biologie et la Systématique des Desmidiées. In: Encyclopédie Biologique IX. Paris, Lechevalier, 1931, 150 p. RENNÓ, L.R. Chaves para a Determinação de Gêneros de Algas de Agua Doce, segundo G.M. SMITH. UFMG, 1954, 43 p. mimeogradas. RENNÓ, L.R. Sistemática Vegetal — I Parte, baseada no atual método taxinômico de Engler in. Syllabus der Pflanzenfamilien, 1954. UFMG, 1967, 78 p. — 9 — Observações ecológicas sobre Struthanthus marginatus ( Desr. ) Blume INTRODUÇÃO Êste trabalho foi realizado com observações feitas pelos alunos de Sistemática de Vegetais Superiores do curso de História Natural, na área do parque do Museu de História Natural, tendo como finalidade o treinamento dos alunos na realização de observação e do trabalho científico . O Struthanthus marginatus conhecido vulgarmente como “erva de passarinho” representa problemas sérios em parques e pomares em vir- tude de ser uma planta parasita que além de poder causar até a destruição total do hospedeiro causa também um prejuízo estético. Êstes prejuízos são ressaltados quando se faz o combate ao parasita podando os ramos atacados, que além de ser um trabalho difícil prejudica o habitus das árvores principalmente, em plantas ornamentais e árvores frutíferas . MÉTODO Inicialmente foi feita a determinação sistemática da “erva de passarinho” dominante no parque, e dos seus hospedeiros. Em seguida foram feitas observações de caráter ecológico como especificidade do * Trabalho realizado no Departamento de Botânica do I.C.B. pelos alunos de Sistemática Vegetal A.L. Nogueira, A.C. Liparini, B.C. Coutinho, G.E. Torres, H . A . Guimarães, J . L . Martins, M . G . Peres, M . L . Petrillo, M . I . Ferolla, M . C . Pereira, N.S. Lauar, O.L. Bouças, R.A. Ferreira, R.L. Nagem, R. Sudman, R.M. Santos, S.L. Lima, T.S. Ferez, T. Leiroz, F.C. Penna, G.A Netto e coordenado pelo Prof. J.L. Pedersoli. — 10 parasita para determinado hospedeiro; importância do fator luz e outras relações com organismos vivos. O parque foi dividido em áreas, uma vez que êle apresenta diferentes tipos de vegetação ficando o estudo de cada área sôbre a responsabilididae de uma equipe. As áreas, chamadas de A - B - C - D - E apresentam uma vege- tação típica. ESTUDO DAS ÁREAS Na área A temos 8.000 mJ e nela se localiza um pomar, ao qual não foi dispensado o devido tratamento para a eliminação do parasita. Êste dado torna-se importante uma vez que o desenvolvimento aí não foi interrompido. Nesta área, conforme demonstra o quadro I notou-se a presença do parasita em 80% dos indivíduos de Mangifera indica e Citrus, em 45% entre todos os indivíduos do pomar. Através da contagem ficou demonstrada a preferência do Struthanthus marginatus pela Mangi- fera indica e os Citrus de um modo geral. QUADRO I O não parasitados A — Artocarpus heterophyllus, Lam AV — Averrhoa carambola, L C — Citrus E — Eugenia dombeyi, L L — Litchi chinensis, Sonn. M — Mangifera indica, L MY — Myrciaria cauliflora, Berg P — Prunus domestica, L Po — Pouteria caimito, Radlk . 11 — A área B é um bosque formado artificialmente, e na plenitude do ?u desenvolvimento, com 90% de espécies indígenas, numa área total le 8 . 000 m- . Nesta área que fica a 200 ms do pomar somente os exemplares de Ligustrum angustifolium foram parasitadas. A área C compreende a maior área com aproximadamente 200 . 000 m2 . Nesta área formada por um resto de mata natural, tomamos uma fração :le aproximadamente 15 . 000 m2 para as observações . Verificou-se que 'ão ocorria parasitismos por Struthanthus marginatus embora outras Lormthaceae estivessem presentes. Na área D temos uma faixa de 15 . 000 m2 aproximadamente formada por Eucaliptus Cupressus e Casuarina . Nesta formação o parasitismo não é muito acentuado. Foi encontrado apenas um exemplar de Euca- liptus parasitado, parasitismo que tudo indica estar em retrocesso. Em Cupressus e Casuarina a porcentagem de indivíduos parasitados é de 10%. A área E é formada por exemplares de Inga affinis e CMorisia speciosa cuja finalidade era fazer sombreamento de um cafezal e, um bosque artificial de Piptadenia communis com 100 exemplares. Entre os exemplares de Inga encontramos 20% de indivíduos para- sitados. Em Chlorisia e Piptadenia não houve parasitismo. AUTOECOLOGIA Através das observações levadas a efeito e anotadas podemos veri- ficar que o Struthanthus marginatus, cuja floração inicia em setembro, apresenta um semiparasitismo como acontece com a maioria das Loran- thaceae com exceção por exemplo, do Phoradendron fragile. Êle apresenta folhas clorofiladas e diferentemente de outros indi- víduos da mesma família que apresentam apenas um ponto de inserção no hospedeiro, formando um calo, êle emite haustórios de espaço em espaço que penetram nos ramos da planta hospedeira. Verificou-se ainda que a espécie em estudo apresenta uma certa preferência pelas plantas do gênero Mangifera, Citrus e Persea na área do pomar. Observou-se também que o parasita prefere ficar nos ramos mais altos das plantas hospedeiras, nos pontos de maior incidência de luz . Nestes pontos os ramos mais velhos do parasita morrem enquanto outros novos se desenvolvem . Nesta situação nenhum hospedeiro morreu . Nos exemplares de Myrciaria que estão em plena luz não foram para- sitadoç, entretanto, aquêles que cresceram à sombra foram totalmente tomados pelo parasita perdendo suas folhas, estando pràticamente mortos . — 12 — FIG. 1 — Struthanthus marginatus parasitando Mangifera indica. FIG. 2 — Fruto de erva de passarinho. FIG. 3 — Ovário hipertrofiado formando uma galha. FIG. 4 — Corte transversal mostrando a penetração do haustório de S . marginatus sôbre Hybiscus . Outra verificação interessante relativa ao Struthanthus marginatus foi a da ocorrência de uma galha típica que se desenvolve no período de frutificação cuja forma muito se assemelha à do fruto, uma vez que ela é conseqüência da hipertrofia do ovário. Temos então um parasita do parasita. No interior da galha foram encontradas larvas de um inseto . CONCLUSÃO O Struthanthus marginatus, na área estudada, apresenta em graus diferentes, uma preferência pelas espécies exóticas, Casuarina, Cupressus, Mangifera, Persea, Ligustrum, Eucáliptus, Citrus, Hybiscus . Nas espécies indígenas foi observado principalmente no gênero Inga. Como vimos anteriormente, existe uma diferença nas relações parasita-hospedeiro quanto ao grau do parasitismo. Provàvelmente esta diferença de comportamento pode se dar em virtude da presença de substâncias químicas elaboradas pelo hospedeiro através do seu meta- bolismo que podem facilitar ou dificultar a ação do parasita. Deve ser considerado também o fator luz cuja variação da inten- sidade pode interferir no comportamento como observamos nos exem- plares sombreados. O combate deve ser feito uma vez que a longo prazo o parasita pode afetar o hospedeiro causando-lhe maiores danos. SUMARY The development of the plant parasite Struthantus marginatus (Desr.) Blume is described for exotics and indigenous plants. The observation show us a preference of the parasite from exotics frutiferous pla7its in the area studied. It i oas observed too the preference for light and a formation of galls by hipertrofy of the ovary caused by the larva of an insect not yet identified. BIBLIOGRAFIA BRAUN - BLANQUET — Plant Sociology — New York, Mc Graw Hill Book Company, Inc., 1.932, 439 p. GATES C. F. — Field Manual of Plant Ecology — New York, Mc Graw-Hill Book Company, Inc., 1.949, 137 p. KNIGHT, H. DENNIS e TAN W. Kl AT — A quantitative analysis of Wisconsin Forest vegetation on the basis of Plant Function and Gross Morphology, in Ecology, North Carolina, 1969, p. 219-234. OOSTING, J. H. — Ecologia Vegetal, Madrid, Aguillar, S.A. de Ediciones, 1.951, 436 p. SHIMOYA, C e GOMIDE, J.C. — «Estudo Anatomico do Haustorio da erva de passa- rinho (Struthanthus marginatus (Desr.) Blume, em diversas plantas em Viçosa». In Revista Ceres, Viçosa, 1969, p. 239 — 276. — 15 — Chave para o estudo da flor ( Continuação) WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ ASSUMPÇÃO 8. Quanto ao Aparelho Reprodutor a — Quando possuem os dois sexos ANDRÓGINA ou MONÕCLINA b — Quando possuem apenas um sexo UNISSEXUADA ou DÍCLINA c — Quando apresenta flor unissexuada e andrógina no mesmo pé POLIGAMA d — Quando coexistirem flores masculinas e femininas no mesmo pé PLANTA MONÕICA e — Quando as flores masculinas e femininas estão em pés diferentes PLANTA DIÕICA f — Quando apresenta flor unissexuada masculina, feminina e flores andróginas, em pés diferentes. . . PLANTA TRIÕICA g — Quando, por atrofia, não possuir aparelho reprodutor (planta cultivada) ASSEXUADA 9. Quanto ao Androceu 9.1 — Em se tratando da conformação dos estames a — Se são livres DIALISTÊMONES b — Se são soldados pelos filetes ADELFOS * Se soldados em um feixe MONO ADELFOS * Se soldados em dois feixes DIADELFOS * Se soldados em vários feixes . . . POLIADELFOS c — Se são soldados pelas anteras ... SINANTÉREOS — 16 — 9 .2 — Em se tratando da relação entre estames e pétalas a — Quando o número de estames é menor que o de pétalas OLIGOSTÊMONES b — Quando o número de estames é igual ao de pétalas ISOSTÊMONES c — Quando o número de estamos é o dôbro do de pétalas DIPLOSTÊMONES d — Se diplostêmone, com os estames do vertícilo externo em frente às pétalas OBDIPLOSTÊMONES e — Quando o número de estames é maior que o de pétalas POLISTÊMONE 9.3 — Em se tratando da situação dos estames a — Se os estames se alternam com as pétalas ALTERNIPÉTALOS b — Quando se colocam em frente às pétalas OPOSITIPÉTALOS c — Quando os estames afloram do tubo da corola EXCERTOS ou EXCLUSOS d — Quando os estames situam-se no interior do tubo da corola INCERTOS ou INCLUSOS 9. 4 — Em se tratando do tamanho dos estames a — Quando todos do mesmo tamanho . . ISODÍNAMOS b — Quando de tamanhos diferentes ANISODÍNAMOS c — Quando há dois maiores e dois menores DIDÍNAMOS d — Quando há quatro maiores e dois menores TETRADÍNAMOS 9.5 — Em se tratando da inserção dos estames a — Quando se inserem nas pétalas. . . . EPIPÉTALOS b — Quando se inserem nas sépalas. . . EPISSÉPALOS c — Quando formam um tubo único . . . ANDRÕFORO d — Quando numa mesma base encontra-se também o pistilo ANDROGIN ÕFORO — 17 — 9. 6 — Em se tratando dos filêtes a — Quando em forma de tubo muito estreito CAPILAR b — Quando de forma cilíndrica CILÍNDRICO c — Quando estreito e comprido FILIFORME d — Estreitando-se da base para o ápice até terminar em uma ponta fina SUBULADO e — Quando provido de ligula LIGULADO f — - Quando dotado de genículos, nós ou articulações GENICULADO 9. 7 — Em se tratando da conformação das anteras a — Quando as tecas são fixas ao conectivo em todo o seu comprimento ADNATAS b — Quando em forma de foice FALCIFORMES c — Quando não se ligam umas às outras. . . . LIVRES d — Quando não se acham ligadas totalmente ao conec- tivo CONATAS e — Quando são ligadas intimamente . . . SINANTERAS f — Quando as anteras se tocam não chegando a unir-se intimamente CONCRESCIDAS g — - Quando a antera se acha presa ao filête apenas por um ponto, oscilando sôbre êle VERSÁTIL h — Quando o filête está preso no dorso da antera DORSIFIXA i — Quando prende-se ao filête pela base . . . BASIFTXA j — Quando prende-se ao filête pelo ápice APICEFIXA 9.8 — Em se tratando da direção das anteras a — Quando as anteras estão voltadas para o centro da flor INTRORSAS b — Quando estão voltadas para fora . . . EXTRORSAS c — Quando adotam uma posição intermediária LATERAIS — 18 — 9.9 — Em se tratando da deiscência das anteras a — Quando a deiscência se produz por mais de 2 fissuras longitudinais, uma em cada teca RIMOSA b — Quando se faz horizontalmente . . TRANSVERSAL c — Quando cada uma das porções que cobrem a antera se separam levantando-se VALVAR d — Quando se faz por meio de poros PORICIDA 10. Quanto ao Gineceu 10. 1 — Em se tratando do número de carpelos a — Quando há apenas um UNICARPELAR ou MONOCARPELAR b — Quando há dois DICARPELAR c — Quando há três TRICARPELAR d — Quando há mais de três PLURICARPELAR 10. 2 — Em se tratando da conformação dos carpelos a — Quando livres DIALICARPELAR b — Quando soldados SINCARPELAR 10. 3 — Em se tratando da conformação do estigma a — Quando dividido em tiras pequenas LACINULADO b — Quando comprido e estreito FILIFORME c — Quando se apresenta como se tivesse sido cortado TRUNCADO d — Quando tem a forma de uma cabeça . . CAPITADO e — Quando sem nenhuma divisão INTEIRO f — Quando com uma divisão BÍFIDO g — Quando com duas divisões TRÍFIDO h — Quando com mais de duas divisões. . MULTÍFIDO 10. 4 — Em se tratando da conformação do estilete a — Quando não apresenta divisões INDIVISO b — Quando aberto até uma certa extensão FENDIDO — 19 — c — Quando se bifurca, dividindo-se em 2 ramos DICOTÔMICO 10. 5 — Em se tratando da inserção do estilete a — Se está inserido no ápice do ovário. . TERMINAL b — Quando se insere lateralmente LATERAL c — Quando se insere na base do ovário GINOBÁSICO 10 . 6 — Em se tratando da localização do ovário a — Quando o perianto insere-se abaixo dêle SUPERO b — Quando o perianto insere-se acima dêle INFERO c — Quando em posição intermediária . . SEMI-INFERO 10. 7 — Em se tratando da estrutura do ovário a — Quando apresenta um só lóculo. . . UNILOCULAR b — Quando apresenta dois lóculos BILOCULAR c — Quando apresenta três lóculos. . . . TRILOCULAR d — Quando apresenta mais de três lóculos PLURILOCULAR 10. 8 — Em se tratando da conformação do ovário a — Quando há mais de um ovário, e êstes são livres GINECEU APOCÁRPICO b — Quando há mais de um ovário e êstes são sol- dados GINECEU SINCÃRPICO 10. 9 — Em se tratando do número de óvulos a — Quando há um óvulo em cada ovário UNIOVULAR b — Quando há dois BIOVULAR c — Quando há três TRIOVULAR d — Quando há mais de três PLURIOVULAR 20 — 10.10 — Em se tratando da inserção dos óvulos a — Quando se inserem nas paredes do ovário PLACENTAÇÃO PARIETAL b — Quando se inserem na parte central da cavidade única do ovário .... PLACENTAÇÃO CENTRAL c — Quando se inserem na linha de soldadura dos bordos carpelares e estes se unem no centro PLACENTAÇÃO AXIAL d — Quando estão inseridos na base do ovário PLACENTAÇÃO BASILAR 10.11 — Em se tratando da conformação dos óvulos a — Quando a micrópila, hilo e calaza, acham-se no prolongamento de uma mesma linha ORTÕTROPO b — Quando o eixo da nucela encurva-se, a linha que une a micrópila à calaza se aproxima, então, da perpen- dicular do funículo CAMPILÕTROPO c — Quando o funículo sofre grande curvatura por baixo da calaza ANÁTROPO * Se a curvatura é para cima EPÍTROPO * Se a curvatura é para baixo APÕTROPO BIBLIOGRAFIA CARLQUIST, Sherwin — 1961 — Comparative Plant Anatomy . Pags. 124-140. FÉRRI, Mário Guimarães — 1970 — Botânica (Anatomia) . Pags. 98-108. FONT-QUER, P. — 1965 — Dicionário de Botânica. FONT-QUER, P. — 1960 — The Anatomy of Plant s . Pags. 52-58, 96-115. GR AY, Peter — The Encyclopedia of the Biological Sciences. 1961. Pags. 402-405, 508-509. MORANDINI, Clézio — 1960 — Atlas de Botânica. Estampas 51-64. PUJIULA, Jaime — 1957 — El Vegetal através dei microscopio. Pags. 213-240. SCHULTZ, Alarich — 1953 — Estudo prático da Botânica Geral. Pags. 88-99. SINNOTT and WILSON — 1963 — Botany, Principies and Problems . Pags. 241-260. THÉRON, André — 1965 — Botânica. Pags. 13-14, 204-223. — 21 — Estudos sóLre VochySÍUCCUC V: Contribuição ao conhecimento de Vochjsia tUCUnOrUm Mar t* JOSÉ MAJRIA ** Estudos sôbre o gênero Vochysia (Aubl.) Juss. já foram objetos de algumas contribuições (Maria, J., 1969a; 1969h; 1970a; 1970b; 1970c) . O autor, além da descrição e distribuição geográfica, estudou a anatomia foliar. Na espécie acima mencionada, o autor ainda considera a fenologia bem como a nervação foliar. CONSIDERAÇÕES TAXONÔMICAS Vochysia tucanorum Mart. in Nov. Gen., I, p. 124, t. 85 (incluindo var. vulgaris Mart. e var. macrostachya Mart. mas não incluido var. hexaphylla Mart . e var . fastigiata Mart . ) Cucüllaria tucanorum Spreng. SPRENGEL, C. — 1827 — Caroli Linnaei Systema Veg . ed . 61 vol . IV Cur . Post . V . elongata Pohl (incluindo var. nítida Pohl, var. opaca Pohl e var. ternata Pohl all . 1 . c . ) POHL, J . E . — 1831 — Plantarum Bras . Ic. et Drscr. vol. II Wien. V. tucanorum Mart. var. elongata Warm. — WARMING, E. — 1875 — Vochysiaceae in Flora Bras. XIII, pars. II . * Trabalho iniciado no Departamento de Morfologia e Morfogênese da Univer- sidade de Brasília e concluído no Departamento de Botânica doI.C.B. daU.F.M.G. * Trabalho realizado com auxílio do CNPq. ** Professor de Botânica Básica do I.C.B. da U.F.M.G. — 22 — V. tucanorum Mart. var. microphylla Warm. — WARMING, E. — 1875 — Vochysiaceae in Flora Bras XIII, pars. II V . opaca Pohl mss Warm . — WARMING, E . — 1875 — Vochysiaceae in Flora Bras. XIII, pars. II V . fastigiata Briq . — BRIQUET, J . — 1919 — Decades Plantarum Novarum vel minus Cognitarum Ann. Cons. Jard. Bot. Genève 20 p. 342 seq. Nomes vulgares: “Cangirana, Caixetta, Vinheiro do Mato, Pau doce, Cachoeira do campo, Congonha, Resineira, Pau tucano, Cizeiro e Caixetto. Arvore de 5-15m. de altura, fuste cilíndrico; ramos delgados, levemente angulosos. Folhas pecioladas, em vesticílios politetrâmeros ; lâmina foliar polimorfa, variando em aspécto e dimensões, 6-8x1, 5-2 cm às vêzes 3-15x1, 5, -4cm, com ápice obtuso, arredondado, subtruncado, retuso ou emarginado e basecuneada. Botão floral recurvado; cálcar cilíndrico, reto ou recurvado, com ápice engrossado. Cálice com três séptos desiguais, oblongos ou oblongo-espatulados, com ápice arredon- dado; ou subtruncado; anteras pilosas, filetes glabros. Estame vestigial (Estamionódio segundo Stafleu, 1948) 1 a 2 linearif orme ; ovário trigonal, ovóide; estilete subclavado; estigma subtrilobado. Material examinado: Mello Barreto 7111, in MHN 2450, Belo Hori- zonte, Serra do Taquaril, MG; Mello Barreto 7112, in MHN 2927/28, Belo Horizonte, Serra do Taquaril, M.G. ; Mello Barreto 7113, in MHN, 2930, Belo Horizonte, Parque Vera Cruz, Mello Barreto 7114, in MHN, 5540, Santa Bárbara, Serra do Caraça, M.G. ; Mello Barreto 7115, in MHN, 7593/94, Minas Gerais, Serra do Cipó Km. 129, MG; A. Sampaio 6860, in MHN, 12177, Minas Gerais, Serra do Cipó; Mello Barreto 7116, in MHN, 20736, Belo Horizonte, Serra do Taquaril, MG; Mello Barreto, 7117, in MHN, 20738, Minas Gerais, Serra do Cipó, Km. 126, MG; Mello Barreto, 7118, in MHN, 20741, Santa Luzia, Capitão Eduardo, MG; Mello Barreto, 7119, in MHN, 20743, Pará de Minas, Florestal, MG; Mello Bar- reto, 8916, in MHN, 25882/5, Minas Gerais, Serra do Cipó, Km. 149 estrada do Pilar, MG; Mello Barreto, 9096, in MHN, 22754, Ouro Prêto, Alto do Caboclo, MG; Mello Barreto, 1000, in MHN, 23803, Itamarandiba, Penha de França, MG; F. Markgraf 3310, in MHN, 28426, Brejo das Almas, Serra do Catuny — São Domingos, MG; A. C. Brade et Mello Barreto, 12136, in MHN, Brejo das Almas, Serra do Catuny, S. Domingos, MG ; Mello Barreto, 10377, in MHN, 30215, Belo Horizonte, Estação Expe- rimental de Belo Horizonte, MG; Mello Barreto, 11058, in MHN, 3450/3-5, — 23 — Poços de Caldas, Quisiana, MG; Mendes Magalhães, 1269, in MHN, 39752, Ouro Prêto, Saramenha, MG; J. M. Pires 57068, in UB, 16401, Brasília, Parque do Gama, D.F.; R.A. Pinho, 46, in UB, 15073 (SP 76708), São Paulo, SP; E.P. Heringer, 7170, in UB 3753, Paraopeba, Horto Florestal, MG; E.P. Heringer 8812/1006, in UB 12818, Brasília, Fundação Zoobo- tânica, DF; E.P. Heringer 7401, in UB 3750, Cordisburgo, Gruta de Maquiné, MG; E.P. Heringer 7170-a, in UB 7074, Brasília, Fundação Zoobotânica, DF; E.P. Heringer, 8441/635, in UB 12804, Brasília Fun- dação Zoobotânica, DF; M. Magalhães, 3044, in UB 17186, Nova Lima, Serra da Mutuca, MG; E.P. Heringer, 5876, in UB 3749, Minas Gerais, Rodovia entre Sete Lagoas e Matozinhbs, MG; E.P. Heringer, 8848/1042, in UBi 12799, Brasília, Granja do Torto, DF; E.P. Heringer, 11280, in UB 34682, Goiás, Rio Corumbá, Km. 120, GO; E.P. Heringer, 5876, in UB 7013, Sete Lagoas, Rodovia entre Sete Lagoas e Matozinhos, MG; Jacintha J. de Lima s/n9, in UB 32929 (RB70012), Itapetinga, S.P. ; J. Maria, 24/25, in UB 39058/9, Brasília, Parques Nacional, D.F., (c/botões florais e flores); J. B. Silva, 182, in SL, 331, Sete Lagoas, IPEACO, MG, (com botões florais e flores) ; J.B. Silva 331, in SL 357; Sete Lagoas, IPEACO, MG, (com botões florais e flores) ; Mítizi Brandão Ferreira 58, in UB 45740, Brasília, Asa Norte-Paranoá, Km. 15 DF, (com botões florais e flores) ; Mítizi Brandão Ferreira 81, in UB 45741, Minas Gerais, Serra da Piedade, MG, (com botões florais e flores) . Ãrea de dispersão : Estados do Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Fenologia : O período de floração vai de novembro a julho, enquanto que a frutificação começa em abril estendendo-se até setembro. MATERIAL O material examinado, foi fornecido pelas seguintes coleções e herbários, onde se encontra depositado: a) Coleção Mello Barreto, do Herbário do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais; b) Herbário do Instituto Central de Biologia da Universidade de Brasília ; c) Herbário do Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Centro Oeste de Sete Lagoas. — 24 - O material botânico dos espécimes utilizados para o estudo anatômico, encontra-se registrado no herbário sob os números seguintes. Vochysia tucanorum Mart. UB 39051/52, 39058 9 — Coletor : J. Maria 24/27, Parque Nacional, Brasília ( D . F . ) com f lôres e botões florais. Determinador : J . Maria . MÉTODOS Para o estudo da anatomia foliar, empregamos as mesmas técnicas dos trabalhos anteriores. Os fluidos fixadores empregados foram : PAA ; FPA . Cromo-acético. Os corantes utilizados foram: Safranina; Fast Green, Vermelho Congo; Sudan IV. A diafanização foi feita em hipoclorito de sódio solução a 5% ; também empregamos a solução de hipoclorito para dissociação das epider- mes, além da mistura de Jeffrey (Johansen, 1940) . A goma-resina foi identificada pela dissolução no clorofórmio, no acetato de eila, no benzeno, pela sua dissolução lenta no álcool absoluto (Johansen, 1940; Sass, 1951) e também pela sua coloração vermelha em presença do Sudan IV (solução alcóolica saturada, álcool a 80%) (Paula, 1969) . Os elementos lignificados foram identificados empregando a Floro- glucina em solução a 1% a qual adicionamos ácido sulfúrico a 50% (Johansen, 1940, Foster, 1949) A cutícula foi evidenciada empregando-se uma solução hidroalcóolica de Sudan IV, álcool 80% (Foster, 1949) . A identificação dos tanóides foi feita utilizando-se material a fresco fixado em cromo-acético, evidenciados pela sua coloração amarela (Maria, 1969) . Identificamos o oxalato de cálcio pela sua solubilidade no ácido clorídrico, na solução aquosa de acetato cúprico a 7% (Paula, 1969) e insolubilidade no ácido acético. Para estudo da nervação foliar as folhas foram preparadas de acordo com a técnica empregada por Fellipe & Alencastro (1966) ; Paula (1966) . A terminologia utilizada para a classificação do padrão de nervação é a mesma definida por Ettingshausen (1861) . As medições e contagens foram realizadas de acordo com Neves (1957), com auxílio de câmara clara Zeiss. — 25 — Os desenhos foram confeccionados com auxílio de câmara clara Zeiss; as escalas foram tiradas com o mesmo aumento utilizado para cada desenho. Empregamos a terminologia utilizada por Esau (1959) ; Metcalfe & Chalk (1957) . RESULTADOS Vochysia tucanorum Mart. PECIOLO Epiderme: Em corte transversal observa-se que a epiderme é unis- seriada; suas células pequenas, apresentam secção elipsóide, tendendo para a forma quadrangular, com maior diâmetro na direção anticlinal. Cutícula “Sensu lato” relativamente espessa, com cêrca de 6 micra de espessura . Cdlênquima — Perfurado nas camadas internas; constituído de 14 a 15 camadas de células com paredes espêssas, sendo a camada mais externa tanífera. Parênquima fundamental — Consta de células heterodimensionais, volumosas, de paredes finas . Nesse parênquima ocorrem idioblastos cristalíferos contendo drusas de oxalato de cálcio. Região vascular — Na extremidade proximal, o feixe vascular tem a forma de um arco (fig. 11), em secção transversal, com abertura vol- tada para a face adaxial, correspondente a cêrca de 1 4 do círculo. Os vasos lenhosos freqüentemente são múltiplos, distribuídos em fileiras radiais, separados por parênquima, cujas células possuem paredes muito finas; a porção mais externa do xilema é pobre em vasos e rica em fibras. O floema externo em secção transversal tem a forma de arco com abertura voltada para a face adaxial, enquanto que o interno (intra medular, segundo Metcalfe, 1957) se apresenta sob a forma de cordões abundantes e volumosos, no seio do parênquima medular. Na face interna do floema externo ocorrem bolsas gomí feras (fig. 11). Parênquima medular — Escasso, formado de células anisodimen- sionais, algumas taníferas envolvem os cordões do floema medulares. Nesse parênquima ocorre um canal gomífero e idioblastos contendo drusas de oxalato de cálcio. — 26 — LÂMINA FOLIAR Epiderme adaxiál — Simples; na parede celular periclinal externa a porção pectocelulósica mede aproximadamente 6 micra de espessura, enquanto que a cutícula com estrias epicuticulares atinge cêrca de 4 micra de espessura; as cavidades das células dessa epiderme, em corte trans- versal tem forma retangular ou quadrangular, com maior diâmetro na direção periclinal. Vistas por transparência foliar mostram contorno poligonal de paredes relativamente finas (figs. 4-7-8). Na região das nervuras, as células epidérmicas têm forma alongada na direção das mesmas . As células epidérmicas têm cêrca de 32 micra na direção anti- clinal e 31 micra na direção periclinal. Epiderme abaxial — Epiderme simples; células epidérmicas com cêrca de 16 micra na direção anticlinal e em tôrno de 21 micra na direção periclinal (figs. 2-3-8) ; a espessura da parede periclinal, incluindo cutícula é da ordem de 6,4 micra Mesófilo — O parênquima paliçádico é formado de 3 camadas de células alongadas, ricas em cloroplastos ; sua espessura é da ordem de 153 micra. As células paliçádicas deixam entre si espaços intercelulares relativamente pequenos, e possuem paredes finas. O parênquima lacunoso é constituído de células de contorno irregular, dispostas em geral em 8 camadas, separadas por grandes meatos. Entre essas células ocorrem idioblastos contendo drusas de oxalato de cálcio, na porção interna do parênquima paliçádico. A espessura média dêsse parênquima é da ordem de 235 micra. (figs. 7-8) . Mesófilo — O parênquima paliçádico é formado de 3 camadas de células alongadas, ricas em cloroplastos; sua espessura é da ordem de 153 micras. As células paliçádicas deixam entre si espaços intercelulares relativamente pequenos, e possuem paredes finas. O parênquima lacunoso é constituído de células de contorno irregular, dispostas em geral em 3 camadas, separadas por grandes meatos. Entre essas células ocorrem idioblastos contendo drusas de oxalato de cálcio, na porção interna do parênquima paliçádico. A espessura média dêsse parênquima é da ordem de 235 micra. (Figs. 7-8) . Bordo da lâmina foliar — Infletido na direção abaxial. Em secção transversal, as células epidérmicas, a medida que se aproximam do bordo diminuem de tamanho, ao passo que aumenta a espessura de suas paredes periclinais externas; tais células tendem a forma elipsóide. As células paliçádicas não sofrem alteração, até a nervura submarginal. — 27 — Estas células, como as do lacunoso são substituídas, no bordo propria- mente dito por grupo de células colenquimáticas. A nervura submarginal, envolvida por espêssa bainha de esclerócitos na face adaxial, situa-se a 0,25-0,50 mm . do bordo da lâmina foliar . Nervura central — Análoga ao períolo; epiderme unisseriada; colênquima formado de 6 camadas de células, com pequenas perfurações as camadas mais internas são o tipo parênquimático, por apresentarem meatos e células com paredes menos espêssas. Região vascular — A região vascular se apresenta sob a forma de um arco fechado (fig. 9). Os vasos lenhosos se dispõem em séries radiais; a porção externas do lenho consta de várias camadas de fibras do lenho. O floema externo se dispõe em forma de arco aberto pela face adaxial. No interior da região vascular ocorrem cordões medulares de floema. O Parênquima medular é escasso, distribuído ao redor dos cordões de floema ; nesse parênquima ocorrem três canais gomíferos, e idioblastos contendo drusas de oxalato de cálcio. Nervuras secundárias — O feixe vascular é bicolateral, onde também ocorrem eventualmente bolsas mucilaginosas ; pela face adaxial há grupo de células esclerosadas que se prolonga até quase a base da epiderme, continuando-se por células colenquimáticas; pela face adaxial observamos 3 a 4 camadas de células de colênquima. Nervação secundária — A nervação secundária é do tipo brõqui- dódromo, sendo que a anastomose das nervuras secundárias dá-se a cêrca de 3mm da margem (Figs. 5-6) . Estômatos — Confinados somente na epiderme adaxial, numa den- sidade média de 275 estômatos por mm2, do tiro anisocítico (figs. 1-2-3) diâmetro polar é da ordem de 33 micra e o diâmetro equatorial é da ordem de 23,5 micra. A altura das células guardiãs, em secção transversal é de cêrca de 7 micra . AGRADECIMENTOS Ao Prof. Fernando Romano Milanez e Dr. Ezechias Paula Heringer, do Instituto Central de Biologia da Universidade de Brasília, pelos valiosos ensinamentos a mim dispensados. Ao Prof. Lair Remusat Rennó, do Instituto de Ciências Biológicas da U.F.M.G., e ao botânico Aparício Pereira Duarte, minha gratidão. A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a execução dêste trabalho. — 28 — Vochysia tucanorum Mart FIG. 1 — Lâmina foliar — Vista frontal da epiderme abaxial. Estômatos. FIG 2 - - Lâmina foliar — Corte transversal de um estômato FIG. 3 — Lâmina foliar — Corte longitudinal de um estômato FIG. 4 Lâmina foliar — Vista frontal da epiderme adaxial. FIG. 5 - Lâmina foliar — Vista dos laços formados pelas nervuras secundárias. FIG .6 Detalhe da venação . FIG. 7 — Lâmina foliar — Corte transversal, onde se vê a parede periclinal externa pectocelulósica das células da epiderme adaxial, o parênquina palicádico com 2 camadas de células alongadas e a terceira camada formada pelas células “coletoras” de Haberlandt . FIG. 8 — Lâmina foliar — Corte transversal. FIG. 9 — Nervura central — Corte transversal, vendo-se no centro dos feixes de floema interno, grupos de esclerócitos . Vê ainda o arco de esclerócitos envolvendo o floema externo . FIG . 10 Pecíolo — Secção transversal da região vascular na extremidade distai . FIG. 11 Pecíolo — Secção transversal da região vascular na extremidade proximal (Cg, canais gomíferos; bg, bolsas gomíferas; fl. floema; xi, xilema) . — 30 — SUMMARY Anatomical studies of the petiole and leaf blade of Vochysia tucanorum Mart . ( Vochysiaceae ) . PETIOLE Epidermis simple; cuticle “sensu lato ” thick ; lacunar collenchyma in internais layers . Proximal extremity, archs vascular bundles opaned to the adaxial side and distai extremity forming a ring . Presents in internai phloem, vesicle of gum. Theree canais of gun and âruses of calcium oxálato occur in medullary paren- chyma scarce. Internai phloem well developed. LEAD BLADE Adaxial epidermis simple; cuticle “sensu lato” thick with stria on cuticle. Abaxial epidermis simple. Palisade parenchyma with two or three layers; 153 micra thickness. Lacuncous parenchyma with eight layers; 235 micra thickness. Stomatas confined to abaxial surface; 275 per square millimeter in 200 counting. Polar diameter 33 micra, equatorial diameter 235 micra, guard cell 7 micra in height. Secondary venation brochydodrome type. LITERATURA CITADA ESAU, K. — 1959 — Anatomia Vegetal. Ediciones Omega, S.A. Barcelona, 729 p. 182 fig. 85 lam. ETTINGSHAUSEN, K.v. — 1861 — Die Blattskelete der Dikotyledone mit besonder Ruccksicht auf die Untersuchung und Bestimmung der fossilen Pflanzen. Wien, Staatsdruckerei . 45v. il.4 308 p. 95 est. FELIPE, G.M. & ALENCASTRO, M.M.R. De — 1966 — Contribuição ao Estudo de Nervação Foliar das Compostas dos Cerrados I; Tribus, Helenieae, Helian- theae, Inuleae, Mutissae e Senecioneae — Anais da Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro. 38:125-132 figs. FOSTER, A.S. — 1949 — Praticai Plant Anatomy . D. Van Nostrand Company, Inc. New York, 2» edition, 228 pg. JOHANSEN, A. D. — 1940 — Plant microtechinique . Macgraw-Hill Book Co. New York. xi + 523 p. 110 fig. LABORIAU, L. G. OLIVEIRA, J.G. de; SALGADO-LABORIAU, M. L. — 1961 — Transpiração de Schiozolobium parahyba (Vell) Toledo I — Comportamento na estação chuvosa, nas condições de Caeté, Minas Gerais, Brasil — Anais da Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, 33(2) :237-258.16 — fig. 7, tab. 2, graf. MARIA, J. — 1969 — Estudos sôbre Vochysiaceae II — Contribuição para o conhe- cimento da Anatomia Foliar de Vochysia elliptica Mart. Anais da Sociedade Botânica do Brasil. Goiania, p. 71-78, 11 fig. — 32 — — 1969 — Nota prévia — sôbre a antomia foliar de Vochysia thysoidea Pohl., Vochysia obovata Stafl. e Vochysia tucanorum Mart. Ciência e Cultura 21(2) : 439/440. 1970 — Estudos sôbre V ochysiaceae III — Contribuição para o conhe- cimento da anatomia foliar de Vochysia rufa Mart e Vochysia piyramidalis (Spr.) Mart. Ciência e Cultura, 22(2)237/4 1970 — Nota prévia — sôbre a anatomia foliar de Vochysia pygmaea Bong. e Vochysia emarginata (Vahl) Poir. Oréades l(2):5/6. METCALFE, C.R. & CHALK — 1957 Anatonvy of the dicotyledons leaves, Stem, and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses. Oxford, Clarendon Press. 2 v. 1. v. xiv. + 724 p. 167, fig. NEVES, A.T. — 1957 — Introdução ao Estudo Anatômico das Madeiras. Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 24:43, 64 fig. PAULA, J.E., de — 1966 — CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA NERVAÇÃO FOLIAR DAS COMPOSTAS DOS CERRADOS — III: TRIDO ASTEREAE. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Nova série, Botânica, Belém. 23:13, 73, Fig. 1969 — ESTUDOS SÔBRE VOCHYSIACEAE — IV — CONTRI- BUIÇÃO PARA O CONHECIMENTO DOS GÊNEROS VOCHYSIA POIRET E ERISMA RUDGE, DA AMAZÔNIA. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Nova série, Botânica, Belém. 31:23, 63 fig. 63 fig. 4 Fot. SASS, J .E. — 1958 — Botanical microtechinique . The Iowa State University Press. Ames, Iowa. 3» Edition vii -f 228, p. 52, fig. 2, tab. STALEU, A.F. — 1948 — A Monograph of the Vochisiaceae : I Salvertia and Vochysia. Medeãelingen van het Botaniusch Museum en Herbarmm Rijksuniversiteitte Utrecht, Uthecht 95:397-540. Extrait du Recueil des travaux botaniques née heerlandais 41:1948. WARMING, E. — 1875/82 — “V ochysiaceae” , In: Martius, C. F. Ph. de, flora Brasiliensis, Monachii, Frid. Fleischer, Comm. v. 13, pt. 2, p. 17-115, 2-21, est. — 33 o s cerra dos de Laqôa S agôa janta LAIR REMUSAT RENNO RESUMO O autor considera os “cerrados” de Lagôa Santa, MG, com referência ao fator água, diferente dos demais “cerrados” brasileiros. A falha verificada do lençol freático, comunicando aspectos de região sêca, é denunciada pela grande profundidade das cisternas captadoras de água ali existentes. A posição plagiotrópica dos órgãos subterrâneos (raízes e caules), frequentemente horizontais e a pouca distância da superfície confirmam sua dependência da água atmosférica, principalmente o “ sereno ” (orvalho), que é frequente todo o ano, notadamente no longo período sêco. Muita cousa já se tem feito, muitas pesquisas, estudos e experimentos realizados sôbre os “cerrados” brasileiros, com o objetivo principal de aproveitá-los e incorporá-los na economia do país, aumentando assim as suas áreas cultiváveis. Transformando, como exemplo em Minas Gerais, aproximadamente 55% de sua área territorial ou seja 173.247 Km-, pràticamente impro- dutivos, em campos produtivos, aproveitáveis, rendedores, integrando-os na dinâmica nacional. Para isso muito tem colaborado a ciência pura, maximé a Botânica, nos seus múltiplos terrenos : Fisiologia, Sistemática, Anatomia, Fito- química, Patologia, Ecologia, Pedologia, etc. Embora o assunto desde algum tempo, venha empolgando os estu- diosos, muita cousa ainda temos por fazer, complicados fenômenos dêsse “habitat” por interpretar, muito mistério ainda por desvendar. Imbuído desses mesmos objetivos, apresento êste trabalho, foca- lizando certos aspectos dos “cerrados” de Lagôa Santa, Minas Gerais, que nos tem revelado, sob vários pontos, diferentes dos demais “cerrados” brasileiros . Trabalho realizado em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, apresentado ao I Encontro de Pesquisas do ICB, 3” Semana de Junho de 1971. 34 Segundo estudos realizados em “cerrados" de São Paulo, Brasília, Minas Gerais e alhures (Rawitcher, Ferri, Rizzini, e outros), chegou-se à conclusão de que a água não é fator limitante no “cerrado”, porque o lençol freático, pouco profundo, pode ser alcançado pelas raízes da cobertura arbórea, e a água de capilaridade e outras de retenção telúrica abastecem perenemente a cobertura herbácea e arbustiva. Nos “cerrados” de Lagôa Santa a cousa não é bem assim, porque o lençol freático é muito profundo, e a água de retenção telúrica, (capila- ridade, absorção, adsorção) persiste relativamente, por pouco tempo após as estações chuvosas. A vegetação, inclusive a arbórea, em número muito reduzido, predo- minando a arbustiva, subarbustiva e herbácea, vive às expensas da água atmosférica, inclusive o “sereno”, que é presente todo o ano, princi- palmente no período da sêca, do inverno. Daí as formações de órgãos de reserva de água, como os xilopódios, tubérculos, rizomas, raízes- rizomatosas, etc . , em profusão . O que nos levou a assim pensar foram também as grandes formações de raízes plagiotrópicas da maioria das espécies vegetais dêsse “habitat”, mesmo nas espécies arbóreas, onde se nota, freqüentemente, uma atrofia da raiz principal ou axial, ou desvio para a posição horizontal. Alguns dêsses órgãos subterrâneos acompanham a superfície do solo, em perfeitos paralelos, quando não são inteiramente superficiais e perceptíveis à simples vista. Warming, a propósito, cita os órgãos subterrâneos da Andira lauri- folia , que se espalham numa área de 10 m de diâmetro, e que bastou retirar a terra solta que os cobria, sem os desenterrar, para ver o quão superficiais são êsses órgãos. Mostra ainda a Sabicea cana, cujos órgãos subterrâneos se espalham em forma de raízes tabulares . E ainda o Anacardium humile, de compor- tamento idêntico ao da Andira laurifolia, conforme descreve Liais, que segundo Warming “Os órgãos observados por Liais e tidos por galhos de uma árvore subterrânea, certamente não o são, mas raízes.” Um dos sérios problemas na preparação de um terreno de “cerrado” para a cultura e outros fins, é a “destocagem” . É tal a quantidade de “tocos” e de proporções tão agigantadas que chegam mesmo a desanimar o pequeno agricultor no aproveitamento dessas terras — 35 — Estas formações subterrâneas que nos faz lembrar a feliz compa- ração de Jean Massart, “são como que verdadeiras florestas subterrâneas”, mostram-nos o sério problema dessa vegetação e o seu enorme trabalho de reservar o máximo de água, nas oportunidades chuvosas que tem, acondicionando-a para a sua economia, nos grandes órgãos para isto formados, em função da secura do meio. “Warming inclina-se para a idéia de que os “cerrados” de Lagôa Santa pertencem à região sêca. . . ” Há certas épocas do ano que em Lagôa Santa o solo torna-se tão sêco que se pulveriza ao ponto de atrapalhar ao se andar, fazendo afundar ou escorregar os pés, como se fôsse um areal, principalmente nos terrenos que sofreram a “destocagem” . E as culturas são ali mantidas através de constantes irrigações, cuja infiltração de água é tão rápida que pouco tempo após a irrigação tem-se a impressão que nem molhado foi o terreno . Em outras partes o terreno se torna “duro”, impermeável, mais argiloso. O que nos levou a pensar sôbre a profundidade do lençol freático foram as cisternas de captação de água existentes nessa região de “cerrado”, cuja fundura é, às vezes, muito grande e variável — 32, 36, 46, 58 metros, dando a impressão que aquele lençol não acompanha o relevo geográfico, como sóe acontecer. Conversando a respeito com uma das maiores autoridades em Geo- logia, Prof. Manuel Teixeira da Costa, forneceu-nos êle, dados sôbre seus estudos e pesquisas da região, e parece que nos dá a exata resposta para o caso, como também justifica porque Warming considerava “região sêca” os “cerrados” de Lagôa Santa. A informação que nos deu o Prof. Manuel Teixeira da Costa é tão interessante que peço licença para transcrevê-la: “A Lagôa Santa é uma lagôa de forma grosseiramente triangular, com cêrca de 2 Km de lado . Situa-se aproximadamente no meio de interflúvio entre o rio das Velhas e seu afluente, o Ribeirão da Mata. Êste interflúvio é pràticamente todo ocupado pelos Calcários da formação Sete Lagoas (Série Bambuí), pois apenas nas margens do referido ribeirão afloram os Gneiss do Vale do Rio São Francisco, sotopostos às rochas daquela Série e a formação Carrancas da base da Série Bambuí ocorre em áreas muito restritas. A formação Sete Lagoas, tem na área, cêrca de 200 m de espessura, e o calcáreo é de côr cinza azulada e de elevada pureza. — 36 — Perfil do morro (parte do Bairro Lundcéia), a oeste da lagôa, onde se compara a profundidade das cisternas captadoras de água, em relação ao lençol freático. À medida que aumenta a altitude também aumenta a profundidade do pôço, mostrando que o lençol freático acompanha a água subterrânea e não o relêvo topográfico Localização das cisternas: 5 e 13 metros cisternas da casa do Dr. José Ferola 18 metros — cisterna da casa do Sr. Edson Dias 25 metros — cisterna da casa do Sr. Rubem 29 e 32 metros — cisternas da residência do Sr. Manoel Possas 36 metros — casa do Prof. Lair Remusat Rennó 46 metros cisterna da casa do Dr. Ornar 58 metros — cisterna da casa do Dr. José Álvaro de Freitas Santos A direção dos calcáreos é muito constante e em tôrno de 45" NW, com mergulhos suaves de 30 m Km a 50 m/Km para NE. Dêste modo a estrutura geral no interflúvio, lembra uma “cuesta”, que na realidade é a aba de um sinclinal muito aberto e de eixo sub-paralelo à direção das rochas. De acordo com o mapeamento geomorfológico feito por K.C.King. na zona durante o terciário inferior, Ciclo Sul-Americano, a erosão — 37 — formou um extenso pediplano onde despontavam restos de um pediplano mais antigo, representado na área, pelo morro de Lagôa Santa (4 Km a W da Lagôa), com aproximadamente 960 m de altitude, por êle consi- derado como resto do ciclo post-gondwano . A análise geomorfológica, mostra que, um controle estratigráfico sôbre a geomorfologia já se fazia perceptível pois o mapeamento da superfície Sul-Americana, mostra que ela formava uma extensa depressão, ao longo do eixo do Sinclinal ( estrutura principal ) já referido, esboçando assim o futuro vale do rio naquele trecho. Escudado na hipótese de Bretz sôbre a origem das Grutas, supôs L. King que sob o pediplano Sul-Americano, as águas escavaram grutas no calcário, que permaneceram cheias de água durante longo tempo, até que, com a abertura do vale do rio, o rebaixamento do nível de base de erosão, estas grutas se abriram para a superfície, o que se deu a partir do terciário superior (Ciclo Velhas) Esta hipótese tem boa confirmação nas regiões carsticas do Brasil, e o mapeamento das grutas da zona feito principalmente pela Sociedade Excursionista e Espeleológica da E.F.M.O.P., mostra que a infiltração de água iniciou-se principalmente através de fraturas e falhas de direção NE, quase normais à direção geral das rochas. Com efeito, estas grutas em geral são compostas principalmente por trechos paralelos a estas direções de fratura seguidos de trechos menores sub-paralelos à direção das rochas que se devem a um sistema de fraturas conjugado daquele. A solubilidade diferencial dos calcáreos, fêz com que as grutas se formassem preferencialmente em determinados níveis estratigráficos, o que contribuiu, junto com o abaixamento em degraus de nível de base de erosão, durante os sub-ciclos do ciclo Velhas, são os fatores respon- sáveis pela disposição vertical da rêde de grutas, com grutas em diversos níveis, aparecendo às vêzes degraus de grande altura entre trechos aproximadamente de nível. Quase sem exceção a circulação de água subterrânea se dava e na era atual ainda se dá, sub-paralelamente à linha de máxima declividade dos planos de acamamento da rocha e no sentido do mergulho, isto é de SW a NE. Com a drenagem subterrânea, a mais intensa dissolução do calcário nos bordos das fraturas por onde as águas se infiltram provoca a formação de depressões carsticas mais ou menos alongadas. Quando o processo de solubilização do calcário pela rêde de grutas atinge certo — 38 — estágio, o teto destas não oferece resistência suficiente e os desabamentos originadores dos tremores de terra da região, têm início . Quando atingem camadas mais superficiais êstes desabamentos dão origem aos “Snik- boles” que rebaixam ainda mais o fundo das depressões. Em um ou mais lados da depressão, aparecem então os paredões de calcáreo quase verticais, ao fundo dos quais aparecem os sumidouros ou as fontes onde as águas de circulação subterrânea atingem a superfície . O depósito argiloso, sedimentado nos fundos das lagoas que apa- recem nas depressões, impermeabilizam êstes fundos e associados aos desabamentos obstruem às vêzes os próprios sumidouros. Apesar da espessura da cobertura (eluvial ou coluvial , em grande e aluvial em pequena escala), a água do lençol freático, em geral se infiltra nas fraturas, indo participar da circulação subterrânea . Apesar disso, em casos favoráveis, aparecem fontes de origem freática, perenes ou não, particularmente onde a base da cobertura é impermeável . Por isso as lagoas, ora são alimentadas pelo lençol freático, ora pelas águas de circulação subterrânea, quando estas atingem a superfície, ora por ambas . As lagoas abastecidas apenas pelo lençol freático, raramente são perenes, ou baixam muito o nível d’água no período de estio, ao passo que aquelas que recebem água também da circulação carstica, comumente o são, dependendo, principalmente a perenidade, da relação entre a área e a profundidade, e da vasão afluente A Lagôa Santa, se formou justamente na intersecção de fraturas dos dois sistemas referidos, donde sua forma. Sua profundidade média é bastante grande e ela é abastecida tanto por água do lençol freático, como por água proveniente da circulação subterrânea. A vasão afluente, apesar da grande área de evaporação, é suficiente para manter a lagôa em nível constante, e ainda manter uma vasão efluente, durante todo o período de sêcas. A água da lagôa tem dureza não muito elevada, mas com percen- tagem de bicarbonato de cálcio suficiente para formar um bom ambiente para a vida de animais e vegetais cujas partes duras são substituídas por carbonato de cálcio (Charophyta e Mollusca) .” Sendo esta a comunicação que devíamos fazer e submetê-la à apreciação dos doutos mestres, esperamos de nossa equipe mineira de estudo e pesquisa de “cerrado”, poder contribuir com a nossa parcela para a resolução do grande problema brasileiro — 39 FIG. 1 FIG. 2 FIG. 3 FIG . 4 FIGURAS 1, 2, 3 e 4 Fotografias de raízes e órgãos subterrâneos captadores e armazenadores de água, encontrados em espécies vegetais de “cerrado", e que se apresentam em posições plagiotrópicas, horizontais, acompanhando paralelamente, e a pouca profundidade, a superfície do solo, na dependência da água da chuva e do sereno ( orvalho ) . CONCLUSÕES Pelo exposto, chegamos às seguintes conclusões: 1 . Dadas às condições especiais da água, os “cerrados” de Lagôa Santa, MG, devem ser considerados região sêca. 2. A freqüente posição horizontal das raízes e sua pouca profun- didade, às vêzes até superficiais, parece ser para aumentar a superfície de absorção da água pluvial e a do “sereno” . 3. O orvalho ou “sereno”, muito freqüente nos “cerrados” de Lagôa Santa, mesmo no período da sêca, é fator importante para o equilíbrio hídrico da vegetação. 4. A principal causa das conclusões acima, é a falha do lençol freático da região, que “se infiltra nas fraturas, indo participar da circulação subterrânea . ” 5. A profundidade do lençol freático é revelada pela fundura das cisternas captadoras de água. 6. Pelas razões citadas, a água nos “cerrados” de Lagôa Santa deve ser considerada fator limitante, e como tal levada em conta na integração dêsses “cerrados” à economia nacional. BIBLIOGRAFIA BRANCO, José Jaime Rodrigues — Água subterrânea e aspectos da Geologia Eco- nômica das áreas de cerrado de Minas Gerais. 1964. Boletim da 1 * Reunião Brasileira do Cerrado. IPEACO. Sete Lagoas, MG — pag. 103. COIMBRA, Renato de Oliveira — Agricultura no cerrado, 1963. Contribuição da Estação Experimental de Sete Lagoas. Boletim do P Simpósio sôbre o cerrado. Ed. U.S.P. pag. 359. COSTA, Manuel Teixeira da — Estrutura geológica do cerrado. 1963. Boletim do P Simpósio sôbre o cerrado. Ed. U.S.P., pag. 83. FERRI, Mário Guimarães — Observações sôbre Lagôa Santa. 1943. Ceres, Viçosa, pag. 16. FERRI, Mário Guimarães — Histórico dos trabalhos sôbre cerrado. 1963. Boletim do P Simpósio sôbre o cerrado. Ed. U.S.P. pag. 15. FREITAS, L.M.M ; MIKKELSEN, D.S.; MacCLUNG, A.C.; LOTT, W.L. - Agricultura no cerrado 1963. P Simpósio sôbre cerrado. Ed. U.S.P. pag 323. 42 GURGEL FILHO, O. A. — Silvicultura no cerrado. 1963. 1" Boletim do Simpósio sôbre o cerrado . Ed . U . S . P . pag . 383 . LABOURIAU, Luiz Gouvêa — Problemas de Fisiologia sôbre cerrado. 1963. Boletim do lç Simpósio sôbre o cerrado. Ed. U.S.P., pag. 233. RANZONI, G. — Solos do cerrado. 1963. Boletim do 1 Simpósio sôbre o cerrado Ed. U.S.P., pag. 51. RAWITSCHER, Felix; FERRI, Mário G.; RACHID, Mercedes — Profundidade dos solos e vegetação em campos cerrados do Brasil meridional. 1943. Anais da Academia Brasileira de Ciências. Tomo XV, N1' 4, pag. 125. RIZZINI, Carlos Toledo — A Flora do cerrado. 1963. Boletim do V Simpósio sôbre o cerrado . Ed . U . S . P . , pag . 125 . 43 — ATIVIDADES DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA SECRETARIA Correspondência recebida : Ofícios 31 Circulares 64 Radiogramas 3 Correspondência expedida : Ofícios 35 Informações diversas 15 Consultas sôbre Botânica 30 REUNIÕES DEPARTAMENTAIS Assembléias 1 Câmara a) Sessões ordinárias 4 b) Sessões extraordinárias 6 PARTICIPAÇÕES Congresso 1 Simpósios 3 Seminários 2 Colegiados 2 COMPARECIMENTO Conferências 3 Palestras 3 ENSINO 2V Ano — Botânica aplicada à Farmácia (Currículo nôvo) Aulas ministradas 58 alunos Teóricas 62 Práticas 146 3" Ano — Fisiologia Vegetal — Hist. Natural (Currículo velho) Aulas ministradas 23 alunos Teóricas 54 Práticas 144 Total de aulas 406 Total de alunos 81 44 ANO II JULHO — DEZEMBRO DE 1971 N* 4 ORÉADES IPÊ BRANCO Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. BIGNONIACEA DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DOI.C.B. — U.F.M.G. BELO HORIZONTE 19 7 1 PESSOAL DOCENTE E ADMINISTRATIVO DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B./U.F.M.G. LAIR REMUSAT RENNÓ Professor-Titular e Chefe do Departa- mento — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . JOSÉ MAURÍCIO FERRARI Professor-Adjunto — Vice-Chefe do Depar- tamento — Regime de 24 horas. JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO Professor-Adjunto e Coordenador do Curso de Farmácia — Regime de 24 horas. Wilson raymundo camargos d’assumpção Professor- Assistente e Coordenador do Curso de História Natural — Tempo Inte- gral e Dedicação Exclusiva. DEUSDEDIT SEBASTIÃO LEITE BARROS JR Professor- Assistente — Regime de 12 horas. JOSÉ LUIZ PEDERSOLI Professor-Assistente — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. TELMA SUELY MESQUITA GRANDI Professora-Assistente — Regime de 12 horas. LAIR AGUILAR RENNÓ Auxiliar de Ensino — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. JOSÉ MARIA Auxiliar de Ensino — Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva ROSALINA LEITE PEREIRA DE ANDRADE Estagiária ROSA SUDMAN Estagiária Acadêmica JORDELINA LAGE MARTINS Monitora MARIA MARTHA RENNÓ SALDANHA Secretária MARIA MADALENA PEREIRA DE SOUZA Laboratorista JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA Jardineiro MARIA RAIMUNDA RODRIGUES Servente GERALDA CAMILA DE SOUZA Servente ORÉ ADES REVISTA SEMESTRAL DE INFORMAÇÕES CIENTIFICAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B. — U.F.M.G. Diretor Responsável — LAIR REMUSAT RENNõ Redator — WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ASSUMPÇAO Comissão de Revisão — JOSÉ MAURÍCIO FERRARI JOSÉ LUIZ PEDERSOLI LAIR AGUILAR RENNÕ ANO II — JULHO — DEZEMBRO DE 1971 — N9 4 ★ CONTEÚDO Necrológio 3 O dia da árvore — L. R. Rennó 5 As orquídeas de Minas Gerais — G . F . J . Pabst 7 Contribuição ao estudo anatômico de Setcreasea purpurea Boom — Wilson Raymundo Camargos D’ Assumpção e Rosa Sudman . 14 Plantas classificadas por H. L. Mello Barreto 18 A flora de cerrado — Lair Remusat Rennó 25 Noticiário 31 Atividades do Departamento de Botânica 32 ILUSTRAÇÃO DA CAPA “IPÊ BRANCO” — Bignoniacea — Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. Um dos mais belos representantes das Oréades, a flora dos campos. e c r o [ ó g i o PROF ANTONIO MILTON DE ALMEIDA CESARINI 1930 — 1971 — 3 — O Departamento de Botânica do I.C.B. — UFMG, através de sua Revista «ORÉADES», cumpre o doloroso dever de comunicar o infausto passamento do Prof. Antônio Milton de Almeida Cesarini, ocorrido no dia 15 de Outubro de 1971 . Milton Cesarini, Assistente de Fisiologia Vegetal, do Curso de História Natural e Secretário desta revista, era exemplo de trabalho, de honesti- dade e modéstia . Carater firme e coração bondoso, era o mestre amado de seus discípulos e o amigo de todas as horas . Vivendo para o trabalho e para a família, sempre se revelou o filho dedicado, o irmão, esposo e pai amoroso. O santo conforto para sua Família e a saudade de seus amigos . — 4 — o dia da árvore Comemora-se , entre 21 e 23 de Setembro de cada ano, o dia da árvore . Comemoração que se faz há muitos anos, já tradicional, mas que ainda não condiz bem ao que devemos à árvore. E se pensarmos um pouco, chegaremos à triste conclusão de que o que se tem feito não passa de uma homenagem pouco sincera, sem nenhum sentido prático, atingindo até às raias da hipocrisia. Felizmente a mentalidade de nossa gente vem se modificando, mas, o que ainda se observa é o seguinte: em um daqueles dias de Setembro, numa praça, rua ou avenida, num Colégio ou Grupo Escolar, planta-se uma às vêzes duas ou poucas mais ce mudas” de árvores, sob inflamados discursos, aplausos, festas, música, etc, etc. em comemoração ao dia da árvore . Passados aqueles momentos festivos, ninguém mais olha para as pobres plantinhas. Aquelas mesmas árvores em potencial, exemplares representativos de nossa flora, plantadas debaixo de tanta festividade, são entregues ao seu destino, a sua própria sorte, sem achar quem lhes dê o mínimo cuidado ou ao menos uma pouca da água imprescindível à vida. Como se dissesse no seu próprio desprêso: “Já te plantei, agora tú que te vires!”. Quando plantamos qualquer vegetal, assumimos naquele momento um sério compromisso, como se adotasse uma criança, porque sabemos que as plantas vivem uma vida passiva, e na sua primeira fase de crescimento é quando devemos devotar-lhes redobrados cuidados até que se adaptem à sua rizosfera e se acomodem à sua filosfera. Há um provérbio hindú sôbre o “coqueiro”, como se ouvíssemos na “vóz” da própria palmeira, que diz: “rega-me durante minha infância que matarei tua sêde enquanto viveres”. — 5 — Êste pensamento deve ser extensivo à tôdas as plantas, pois, é justamente neste período que elas precisam de nós. E esta ajuda é sempre e règiamente compensada pelos bons frutos, boa madeira e benfazeja sombra, além de ser um modo de externar o nosso amor à irmã-árvore, no santo exemplo de São Francisco de Assis. Os desmatamentos e depredações que se verificam em nossas flo- restas, já nos fazem sentir a ausência da árvore e suas danosas conse- quências . Hoje, e esperamos que daqui por diante, as festividades do dia da árvore tomam novas perspectivas. As comemorações realizadas êste ano, no Museu de História Natural e Departamento de Botânica do I.C.B.-U.F.M.G., resultaram no plantio de centenas de “ mudas ” de árvores, pelos convidados presentes, numa esplêndida demonstração de carinho e solidariedade . O mesmo aconteceu na Prefeitura de Belo Horizonte, quando, um número incontável de árvores foi plantado e 50.000 previstas para a arborização e bosques da Capital. Em Contagem, onde estive representando o Magnífico Reitor, foram plantadas outras centenas de árvores que formarão a cccortina arbórea ” da área industrial daquela progressista Cidade. E o exemplo se estendeu a vários municípios mineiros, cumprindo o sagrado dever de reflorestar, legando assim, às gerações futuras, o que destruímos até o presente. Isto sim, é comemorar condignamente o dia da árvore. Prof. Lair Remusat Rennó — 6 — As Orquídeas de Mi mas G erais G. F. J. PABST Herbarium Bradeanum EDITORIAL, — SCrMULA E APRESENTAÇAO O ilustre Autor do presente trabalho, G.F.J.Pabst, Diretor do Herbarium Bradeanum, do Rio de Janeiro, Guanabara, um dos mais brilhantes estudiosos de nossas Orquidaceas, honra-nos sôbre modo e às colunas de Oréades, com suas publi- cações, que ora iniciamos, sôbre «As Orquídeas de Minas Gerais». Expõe inicialmente, seu programa de estudos referente às descrições das espécies mineiras, acompanhadas de desenhos, detalhes e chaves, facilitando aos interessados a sua determinação. Faz veemente e justo apêlo às autoridades, no sentido de maior proteção, para melhor preservação de nosso patrimônio orquidológico, que vem sendo bastante depredado, inclusive as valiosas espécies, já desaparecendo de nossa flora. Perorando sua brilhante contribuição inicial, dá uma relação de gêneros desta interessante família botânica, em um quadro comparativo, do número de espécies coletadas e que ocorrem nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Esperamos para as próximas publicações, as luzes dêste brilhante orquidólogo, que se propõe estudar os mais belos representantes da flora mineira. Pela sua posição geográfica, pela ex- tensa área que ocupa e pela diversidade de condições ecológicas que apresenta, Minas Gerais é um dos Estados do Brasil mais rico em número de espécies da fa- mília das orquidáceas. Desde as matas a altitude relativamente baixa sôbre o nível do mar, na bacia do Rio Doce, até ao ambiente de condições extremas de tem- peratura e umidade nos pontos mais altos da Serra da Mantiqueira, o Estado apre- senta pràticamente todos os ambientes que se encontram no Brasil, excetuadas ünica- mente as extensas matas nebulares carac- terísticas da Serra do Mar. Quase um têr- ço de tôdas as orquídeas brasileiras ocor- rem em Minas Gerais e maior ainda seria esta percentagem se houvesse coletas mais sistemáticas também das micro- orquídeas, o que permitiria um inventário mais exato da flora orquidológica. Prin- cipalmente a citada região do Rio Doce é bem mal explorada neste sentido. Afora espécies ornamentais que interessam os orquidófilos e exportadores de orquídeas, pouco tem sido coletado e o pouco que tem chegado a nós para determinação revela a existência até de espécies ama- zônicas. Infelizmente a constante derru- bada de matas virgens em breve já não — 7 — mais permitirá conhecer as espécies que abrigava aquela região. A mais bela orquídea de Minas Gerais, endêmica no Estado, a Laelia jongheana , está pràticamente extinta, devido à de- vastação em seu habitat , que era bem restrito, causada por negociantes de plan- ta. A Laelia pumila da região do Rio Doce corre o mesmo perigo. A Cattleya walkeriana , da qual recentemente foi en- contrado um local onde crescia em abun- dância, e que infelizmente tomou-se co- nhecido, chegou a ser vendida “por ata- cado” em São Paulo, o que é freqüente ver-se com orquídeas nativas no CEASA da paulicéia. Visitado novamente o local, perto de Funilândia, foi verificado que não se deixou sequer uma planta para reprodução. As Laelias rupícolas das re- giões altas estão fadadas à extinção nas regiões de minério, com cuja exploração automaticamente desaparecem milhares de plantas, o mesmo acontecendo com as plantas que crescem sôbre afloramentos calcáreos, os quais são cada vez mais ex- plorados comercialmente. Em nossa opinião somente o estabele- cimento de Jardins Botânicos e orquideá- rios municipais, onde seriam abrigados re- presentantes da flora local, poderia salvar para a posteridade amostras do que abri- gavam as matas originais. O estabeleci- mento de reservas florestais estaduais e municipais, muito interessante e necessá- rio para conservação de ambientes natu- rais, não representariam proteção para as orquídeas, pela dificuldade dum policia- mento eficiente. Uma descrição detalhada de tôdas as espécies que ocorrem em Minas, com ci- tação de habitat e chaves para sua deter- minação, portanto uma monografia, re- quereria um trabalho de meses em dedi- cação exclusiva. Como não nos é facul- tado êste tempo, teremos que limitar-nos a apresentar primeiro uma lista de tôdas as espécies já conhecidas, passando então a dar uma chave para as subtribos, depois para cada subtribo chave para determinar os gêneros e para cada gênero chave para as espécies, acompanhadas de desenhos dos detalhes florais importantes para comprovar a exatidão da determinação. Usaremos para a chave de subtribos o sistema Schlechter, já considerado muito artificial, porém isto permitirá recorrer, em caso de dúvidas, à Flora Brasílica de Hoehne, que também acompanhou, com algumas modificações, aquêle sistema. A partir dos próximos números publi- caremos o nome das espécies já conhe- cidas de Minas. Hoje, no entanto, desejamos fazer um apêlo às autoridades no sentido de cria- rem reservas municipais nas zonas em que ainda exista possibilidade para isso e no que serão auxiliados, mediante indi- cação dos lugares mais interessantes e apropriados, pelo setor de Minas da Fun- dação de Conservação da Natureza, a fim de conservarem-se ambientes típicos para a posteridade. E que estabeleça hortos ou Jardins Botânicos para os quais possam ser transferidos representantes regionais das orquídeas, evitando-se sua completa extinção . Falamos acima da riqueza da flora or- quidológica de Minas Gerais e uma com- paração com as regiões mais ricas em orquídeas do Brasil, os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, evidencia isto de sobêjo. Os Estados do Rio e de São Paulo têm a sua maior concentração de espécies nas ricas matas nebulares da Ser- ra do Mar e na diferença, em número de espécies, nos gêneros Pleurothallis, Stélis e Octomeria, típicos de matas úmidas, já ressalta o handicap de Minas se assim quisermos dizer, numa saudável competi- ção no levantamento da flora dêstes três Estados, geogràficamente privilegiados. Minas em contraposição tem a vantagem das espécies rupícolas e campestres e ain- da as de lugares brejosos, bastando olhar o gênero Habenaria! Estamos seguros de que muita novidade ainda será encontrada com uma exploração sistemática dos dife- — 8 — rentes habitats. As amostras que nos en- viou o sr. Vasco Gomes, da Estação Ex- perimental de Agua Limpa, já nos deu provas disso. Ainda recentemente pude- mos descrever a nova espécie Epidendrum warasii, de dispersão bastante grande nas regiões altas, como Serra do Cipó, Serra do Ambrósio e área intermediária, sendo de estranhar que espécimens gigantescos como os apresenta esta espécie, atingindo até 2 metros de altura, tenham passado desapercebidos durante tanto tempo. Tal- vez isso revele a falta de interêsse dos orquidófilos mineiros nas espécies de flo- res pouco vistosas, ou na falta de curiosi- dade em saber seus nomes, pois dos or- quidófilos é que geralmente temos a maior colaboração, por coletarem mesmo plantas sem flores, para cultivá-las, e obter, de- pois de floridas, seu nome . Queremos deixar, pois, aqui também uma exortação aos orquidófilos para que colaborem para um melhor conhecimento das orquídeas de Minas, coletando e enviando-nos as micro- orquídeas que encontrarem em suas ex- cursões, levando-as também para Jardins Botânicos e hortos que vierem a formar-se, contribuindo desta forma para a preser- vação das espécies fadadas a extermínio. A lista abaixo, na qual comparamos as orquídeas dos três Estados menciona- dos, está organizada em ordem sistemá- tica, mencionando-se as Subtribos e os gêneros a êles pertencentes, acompanha- dos do respectivo número de espécie para cada um dos Estados. Rio São Faulo Minas 112 41 55 78 112 — — 1 19 18 18 5 7 6 2 4 5 3 4 3 — — 1 14 14 9 12 2 1 1 — — 2 1 — 3 5 3 1 1 17 25 16 4 8 13 2 2 2 CYPRIPEDILINAE Phragmipedium HABENARIINAE Habenaria V ANILLINAE Pogoniopsis . . . Triphora Psilochilus Cleistes VaniUa Epistephium . . . SOBRALHNAE Etteanthus Sobralia CRANICHIDINAE Wullschlaegelia Stenopteris Prescottia Cranichis Baskervülen . . . Ponthieva SPIRANTHINAE Mesadenus Brachystele . . . Sauroglossum Cyclopogon . . . Sarcoglottis . . . Eurystyles — 9 — Rio São Paulo Minas Pseuâoeurystyles Pelexia Cogniauxiocharis Lankesterella Mesadenella Stenorrhynchus Lyroglossa Pteroglossa Centrogenium GOODYERINAE Erythrodes (Physurus) PALMORCHIDINAE Corymborchis PLEUROTH ALLIDIN AE Crythophoranthus Physosiphon Stelis Masdevallia Platystele Lepanthopsis Barbosella Yolanda Pleurothallis Pleurobotryum Octomeria Pleurothallopsis MALAXIDINAE Malaxis (Microstylis) Liparis EPIDENDRINAE Amblostoma Lanium Pinelia Encyclia Secç. Enctclia Secç . Hormidium Secç . Osmophytum .... Epidendrum Cattleya Cattleya híbridos naturais . . Laelia Laelia híbridos naturais Laelio-Cattleya (hibr. nat.) Schomburgkia Pseuãolaelia Brassavola 2 1 1 6 16 14 2 1 1 7 4 4 1 1 1 4 9 13 1 2 1 — 1 1 4 2 4 12 15 10 1 1 - 4 6 2 4 6 2 23! 25! 8 7 8 1 3 4 6 1 1 1 1 — 137! 114! 99 — 1 3 50! 30! 21 1 — 1 4 5 2 1 3 2 1 1 1 1 2 1 1 5 8 8 9 8 11 1 1 1 45 41 40 10 6 8 2 1 1 11 7 17 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 3 10 — Rio São Paulo Isabelia 2 2 Sophronitis 4 4 Sophronitella 1 — Constantia 1 — Pygmaeorchis 1 — Leptotes 1 3 Loefgrenianthus 1 1 PONERINAE Reichenbachanthus — 1 Scaphyglottis 1 1 Ponera 1 1 Jacquiniella — 1 Isochüus 1 1 Hexaãesmia 1 — POLYSTACHYINAE Polystachya 2 4 Galeandra 1 5 BLETIINAE Bletia — 1 BULBOPHYLLINAE BulbophyTlum 21 16 EULOPHIDIINAE Eulophidium 1 1 CYRTOPODIINAE Eulophia 1 1 Pteroglossaspis — 1 Cyrtopodium 2 11 Cynaeorchis 1 1 Warrea 1 1 Govenia 1 1 GROBYINAE Grobya 1 1 CATASETINAE Mormodes — 1 Catasetum 5 8 GONGORINAE Houlletia 1 1 Stanhopea 1 2 Gongoru 1 1 Cirrhaea 1 2 LYCATINAE Xylobium 2 2 Bifrenaria (incl. Stenocoryne) 15 8 Lycaste — — — 11 — Minas 1 6 1 1 2 3 1 1 1 6 6 1 28 1 1 18 2 1 1 1 6 1 1 10 Rio ZYGOPETALINAE Promenaea 3 Cola x 3 Zygopetalum 8 Neogardneria 2 Zygocolax (hibr. nat.) — Koellensteinia — Paradisanthus 1 HUNTLE YIN AE Chaubardia (Hoehneella) — Cochleanthes (Warszeviczella) 2 Hunthleya 1 MAXILLARDNAE Maxülaria 35 Ornithidium — Scuticaria 1 Mormolyca — Trigonidium 2 TRICHOCENTRINAE Trichocentrum 2 Centroglossa 3 COMPARETTIINAE Comparettia 1 Plectophora — Roãriguezia 6 Ionopsis 1 CAPANEMÜNAE Sanderella — Ornithophora 1 Roãrigueziopsis 1 Quekettia — Capanemia 3 TRICHOPILIIN AE Trichopilia 1 ONCIDIINAE Gomesa (incl. Theodorea) 14 Aspasia 1 Brassia — Miltonia 11 Oncidium 46 Baptistonia — Lockhartia 1 ORNITHOCEPHALINAE Dipteranthus 3 Zygostates 5 Omithocephalus 1 Chytroglossa 3 São Paulo 3 2 10 1 2 1 2 1 45 1 1 1 3 3 2 5 1 1 1 7 12 1 6 37 1 1 5 1 1 Phymatidium . . . Platyrhiza Physanoglossa . . SAUNDERSINAE NOTYLHNAE Saundersia Cryptarrhena Notylia MACRADENÜNAE Macradenia Warmingia DICHAEINAE Dichaea SARCANTHUNAE Campylocentrum Rio São Paulo Minas 8 3 4 1 1 2 1 2 11 — 2 — 4 5 5 — 13 — 12 7 7 1 15 15 12 765 769 653 Já que fizemos a composição por Esta- dos, i.é por limites politicos e não fito- geográficos, queremos frizar que não in- cluímos as orquídeas da Guanabara nas do Estado do Rio. A Guanabara abriga vários endemismos e boa quantidade de espécies que ainda não foram localizadas no Estado do Rio. Também queremos informar, que ainda não tivemos o tempo necessário para fazer um levantamento de tudo o que está de- positado nos herbários do Instituto de Bo- tânica de São Paulo, do Jardim Botânico do Rio e do Museu Nacional do Rio. Não cremos, no entanto, que o resultado seria muito diferente, pois compilamos tô- da literatura especializada, desde a Flora Brasiliensis, concluída em 1906, até a atua- lidade, e ainda registramos todo material por nós estudado, tanto de coletas pró- prias como de outros que nô-lo enviaram para estudo e determinação. No próximo número publicaremos os no- mes de tôdas as orquídeas já constatadas em Minas Gerais, o que servirá de orien- tação para os interessados, quer botâni- cos, quer orquidóf ilos . Muitas orquideas já conhecidas para Minas podem não apa- recer na lista; a razão é que não apare- cem na literatura, não sendo, por isso, registradas . — 13 — urção ao estudo anatômico de Setcreasea purpurea Boom WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ ASSUMPÇÃO * ROSA SUDMAN ** Introdução e agradecimentos O presente trabalho é o primeiro de uma série, onde pretendemos fazer o estudo anatômico das Commelináceas existentes em Minas Gerais. Foi escolhida a família pelo fato de a mesma apresentar particula- ridades anatômicas, que a tomam mate- rial prático importante para aquele que se inicia no estudo de anatomia vegetal. É imperioso salientar o papel dos estô- matos na diferenciação dos gêneros, como especifica Tomlinson: Cuthbertia, com 2 células anexas; Setcreasea, Tradescantia, Zebrina e Rhoeo, com 4 células anexas; Commelina, com 6 células anexas. Outros elementos importantes são os macropêlos. Queremos deixar nossos agradecimentos aos professores Moacir Assis d’ Assumpção Filho e Maria Guadalupe de Oliveira, pelo auxílio que nos prestaram na preparação das lâminas, para os estudos iniciais. Material e métodos Fizemos o estudo anatômico da lâmina foliar e do caule de Setcreasea purpurea Boom. O material em estudo foi coletado na rua Carangola, 288 e apresenta as se- guintes particularidades morfológicas: Fo- lhas alternas; Flores com pétalas de colo- ração lilás; 6 estames em um só ciclo; estilete terminal, trilobulado; ovário súpero. O estudo anatômico foi feito em mate- rial vivo e fixado. O fixador empregado foi o FAA. Foram efetuados cortes a mão e feitas observações a frêsco, empregan- do-se como corante a Safranina. Apresentação de resultados 1. CAULE 1.1 — Corte transversal : Epiderme mo- noestratificada, apresentando macropêlos unisseriados; colênquima como feixes hipo- dérmicos; abaixo dêle um córtex represen- tado por um parênquima clorofiliano, sem tecido vascular; cilindro central inteira- mente protegido por uma distinta camada endodermóide; abundância de cristais de oxalato de cálcio em longas séries de sa- cos rafidiais alongados; também encontra- dos os de forma prismática e cubóide; vasos líbero-lenhosos colaterais. (Fig. 1) . * Prof. Assistente do Departamento de Bo- tânica do ICB/UFMG em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. ** Estagiária do Departamento de Botânica — 14 — 1.2 — Corte longitudinal: Pode-se notar que o parênquima clorofiliano é constituído de 7 camadas de células; muito eviden- ciados os cristais prismáticos e cubóides; ráf ides numerosas. (Fig. 2). 2. FÔLHA Cortes paradérmico e transversal : Epi- derme muitas vêzes profunda e constituin- do uma grande parte do volume total do tecido foliar. Parede epidérmica mais ex- terna sempre fina, mas portando algumas aberturas regularmente localizadas. Pre- sença de células hipodérmicas coloridas. (Fig. 3); epiderme abaxial semelhante à adaxial, mas com células geralmente me- nos profundas; estômatos com 4 células anexas, presentes apenas na epiderme aba- xial, apresentando células-guardiãs sempre grandes e conspícuas (Fig. 4); hipoderme adaxial, mais ou menos, continuamente unisseriada, sendo bisseriada na região da nervura média; a hipoderme abaxial é representada por faixas ocasionais de célu- las alongadas; cristais, de oxalato de cál- cio em abundância; presença de ráf ides apenas na porção abaxial. Conclusão O gênero Setcreasea apresenta plantas herbáceas, vivazes, com raízes tuberosas e porte como os das Tradescantia . Apre- senta estômatos apenas na epiderme aba- xial, com 4 células anexas de núcleo bem evidenciado. É comum entre as Monoco- tiledôneas haver uma determinada orien- tação das células epidérmicas pelo fato de apresentarem nervuras paralelas. As cé- lulas epidérmicas são isodiamétricas de forma poligonal. As membranas celulares são mais ou menos retilíneas. Como con- teúdo celular temos antocianina, ráfides e amido. Os tricomas são pluricelulares formados por uma só fileira de células, dis- postos acima das células epidérmicas co- muns. Resumo No presente trabalho realizamos cortes transversal e longitudinal do caule, e trans- versal e paradérmico da fôlha. Os prin- cipais resultados obtidos foram: 1 — Epiderme monoestratificada 2 — Colênquima como feixes hipodér- micos 3 — Vasos líbero-lenhosos colaterais 4 — Tricomas pluricelulares, unisseria- dos 5 — Estômatos com células-guardiãs grandes e 4 células anexas 6 — Abundância de cristais de oxalato de cálcio, principalmente na forma de rá- fides . 7 — Clorênquima representando apenas uma pequena porção do tecido foliar. Summary In this work we realize cross and longi- tudinal sections of stem and paradermal an cross sections of reaf . As principal results we had: 1 — Monostratified epidermis 2 — Collenchyma as hypodermic bundles 3 — Collaterál vascular bundles Jf — MulticeZlular trichomes nonstoried 5 — Stoma with large guard-cells and four subsidiary cells 6 — Plenty of calcium oxalate crystals, specially in the form of raphids. 7 — Chlorenchyma representing only a small fraction of the foliar tissue. Bibliografia Index Nominum Genericorum Eames, A.J. and MacDaniels, L.H. — 1947 — An Introduction to plant anatomy — Mac Graw-Hill Book Company, New York. Metcalfe and Chalk — 1950 — Anatomy of the dicotyledons . — Vol. 1. Clarendon Press, Oxford. Tomlinson — 1950 — Anatomy of the mono- cotyledons — Clarendon Press, Oxford. Esau, Katherine — 1961 — Anatomy of seed plants — John Wiley and sons. N.Y. Carlquist, Sherwin — 1961 — Comparative plant anatomy — Holt, Rinehart and Winston, New York. Font Quer, P. — 1960 — The anatomy of plants — Arrow Books Ltd, London. — 15 — — 16 — FIGURA 2 — 17 — FIGURA 3 Plantas classificadas por H. L. AAello Barreto EDITORIAL Henrique Lamahyer de Mello Barreto, saudoso e ilustre botânico fluminense, que durante quase duas décadas conviveu co- nosco e se dedicou ao estudo da flora de Minas Gerais, (1931-1946), organizador do Herbário do Instituto Agronômico do Es- tado, hoje sob a custódia do Museu de His- tória Natural do I.C.B. — UFMG, dentre os trabalhos realizados, deixou um inesti- mável acêrvo de plantas por êle classifi- cadas (tipos), das quais muitas, embora publicadas em várias revistas especializa- das, não foram acompanhadas da necessá- ria descrição (diagnose) . A nossa revista ORÉADES desejando prestar sua homenagem à memória de Mello Barreto, através de uma equipe de professores e alunos do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológi- cas da UFMG., resolveu completar o seu brilhante trabalho, descrevendo as espé- cies, variedades e formas ainda não des- critas, reinvidicando ou assegurando pa- ra Mello Barreto, sua autêntica autoria. Relacionamos, a seguir, seus tipos bo- tânicos, e na medida do possível iremos publicando, em cada número da revista as respectivas diagnoses. Equipe de trabalho: Professores : Lair Remusat Rennó José Luiz Pedersoli José Maria Alunos : Jordelina Lage Martins — Monitora 1 — Lavoiseria britoana Mell. Barr. 2 — Lavoiseria britoana Mell. Barr. var. obovata Mell. Barr. 3 — Lavoiseria britoana Mell. Barr. var. obovata Mell. Barr. 4 — Lavoiseria britoana Mell . Barr . var . intermedia Mell . Barr . 5 — Lavoiseria britoana Mell . Barr . var . latidentata Mell . Barr . 6 — Lavoiseria britoana Mell . Barr . var . macrodonta Mell . Barr . Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae — 18 — 7 — Lavoiseria britoana Mell. Barr. var. microdonta Mell. Barr. Melastomataceae 8 — Lavoiseria blakii Mell. Barr. Melastomataceae 9 — Lavoiseria bradeana Mell. Barr. Melastomataceae 10 — Lavoiseria caryophylla Naud var. latifolia Mell. Barr. Melastomataceae 11 — Lavoiseria cataphracta (Schr et Mart.) DC. var. grandifolia Mell. Barr. Melastomataceae 2 - — Lavoiseria cataphracta (Schr. etMart.) DC. var. parvifolia Mell. Barr. Melastomataceae 13 — Lavoiseria cataphracta ( Schr . et Mart . ) DC . var. sub serrulata Mell. Barr. Melastomataceae 14 — Lavoiseria cataphracta (Schr. et Mart.) DC. var. macrocalyx Mell. Barr. Melastomataceae 15 — Lavoiseria candolleana Mell. Barr. Melastomataceae 16 — Lavoiseria compta (Mart. et Schr.) DC. var. longiciliata Mell. Barr. Melastomataceae 17 — Lavoiseria cogniauxana Mell. Barr. Melastomataceae 18 — Lavoiseria cordata Cogn. var. grandifolia Mell. Barr. Melastomataceae 19 — Lavoiseria crassifolia (Mart. et Schr.) DC. var. campos portoana Mell. Barr. Melastomataceae 20 — Lavoiseria crassifolia (Mart. et Schr) . DC. var. macrocalyx Mell. Barr. Melastomataceae 21 — Lavoiseria crassifolia (Mart. et Schr.) DC. var. longifolia Mell. Barr. Melastom ataceae 22 — Lavoiseria crassifolia (Mart. et Schr.) DC. var. robusta Mell. Barr. Melastomataceae 23 — Lavoiseria crenulata Mell . Barr . Melastomataceae 24 — Lavoiseria francavilhana Cogn. var. longiciliata Mell. Barr. Melastomataceae 25 — Lavoiseria freireana Mell. Barr. Melastomataceae 26 — Lavoiseria geraldoana Mell. Barr. Melastomataceae 27 — Lavoiseria hoehneana Mell. Barr. Melastomataceae 28 — Lavoiseria lutzii Mell. Barr. Melastomataceae 29 — Lavoiseria mucorifera (Mart. et Schr.) DC. var. parvifolia Mell. Barr. Melastomataceae 30 — Lavoiseria naudiniana Mell. Barr. Melastomataceae 31 — Lavoiseria paranaensis Mell. Barr. Melastomataceae — 19 — 32 — 33 — 34 — 35 — 36 — 37 — 38 — 39 — 40 — 41 — 42 — 43 — 44 — 45 — 46 — 47 — 48 — 49 — 50 — 51 — 52 — 53 — 54 — 55 — Lavoiseria pectinata Cogn. var. neurosetosa Mell. Barr. Lavoiseria pectinata Cogn. var. parvifolia Mell. Barr. Lavoiseria pulcherrima (Mart. etSchr.) DC. var. candida Mell. Barr. Lavoiseria pulcherrima (Mart. et Schr.) DC. var. obtusifolia Mell. Barr. Lavoiseria pulcherrima (Mart. et Schr.) DC. var. ovalifolia Mell. Barr. Lavoiseria pulcherrima (Mart. etSchr.) DC. var. ovalifolia Mell. Barr. Lavoiseria pulcherrima (Mart. etSchr.) DC. var. venusta Mell. Barr. Lavoiseria sampaiona Mell. Barr. Lavoiseria sampaiona Mell. Barr. var . parvifolia Mell . Barr . Lavoiseria subglutinosa Mell. Barr. Lavoiseria torrendiana Mell. Barr. Lavoiseria vernicosa Mell. Barr. Microlicia euphorbioideas (Schr. et Mart.) Mart. var . acutifolia Mell . Barr . Microlicia regneliana Cong. var. atenuata Mell. Barr. Pyramia mendes-magalhaensii Mell. Barr. Svitramia wilson-araujaei Mell. Barr. Tembleya cipoana Mell. Barr. Tembleya coriaceae Mell. Barr. Tembleya joannensiana Mell. Barr. Schinus terebinthifolius Raddi var. emarginata Mell. Barr. Ceiba oliveiriae Mell. Barr. Baccharis serrulata Sch. Bip. var. obovata Mell. Barr. Baccharis mendes-magalhaensii Mell. Barr. Chionolaena argentea Mell. Barr. Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Melastomataceae Anacardiaceae Bombacaceae Compositae Compositae Compositae — 20 — 56 — Mikania microdonta DC. var. tomentosa Mell. Barr. 57 — Symphyopappus reticulatus Baker var. phyllanthoides Mell. Barr. 58 — Cassia multijuga Rich var. longifoliolata Mell. Barr. 59 — Cassia multijuga Rich var. grandifoliolata Mell. Barr. 60 — Cassia multijuga Rich var. paucifoliolata Mell. Barr. 61 — Sclerolobium rugosum Mart. var. pauciferrugineum Mell. Barr. 62 — Sclerolobium rugosum Mart. var. plurifugum Mell. Barr. 63 — Mimosa calothamnus Mart. var. grandifoliolata Mell. Barr. 64 — Camptosema coccineum Benth . var. ferrugineum Mell. Barr. 65 — Poiretia unifoliolata Mell. Barr. 66 — Pavonia sagitta A . Juss . forma campestre Mell. Barr. 67 — Lavradia glandulosa St. Hil. var. cipoana Mell. Barr. 68 — Lavradia glandulosa St. Hil. var. contracta Mell. Barr. 69 — Vellozia azevedoi Mell. Barr. Compositae Compositae Leg. Caesalpinioideae Leg. Caesalpinioideae Leg. Caesalpinioideae Leg. Caesalpinioideae Leg. Caesalpinioideae Leg. Mimosoideae Leg . Faboideae Leg . Faboideae Malvaceae Ochnaceae Ochnaceae Velloziaceae POIRETIA UNIFOLIOLATA — Mello Barreto — n. sp. JORDELINA LAGE MARTINS J. L. PEDERSOLI Introdução Esta descrição tem por objetivo comple- mentar o trabalho do botânico Melo Bar- reto, que foi o autor da espécie sem no entanto descrevê-la. A publicação da espécie também se faz necessária, uma vez que esta planta está sendo estudada quimicamente em virtude da presença de óleo essencial e substâncias odoríferas . Ela foi colocada na tribo Hedysareae, embora seja unifoliolada porque coincide em todos os demais caracteres dos compo- nentes da tribo e do gênero. A designação da mesma como uma espé- cie nova deve-se principalmente ao fato de apresentar apenas um folíolo. — 21 — Descrição Herbae perenne, glabra. Caules, folia, flores et legumina plus minus glandulis balsaminiferis punctata. Caule suberecti, angulato-striati, glabri, glandulosi. Unifoliolata 1-5 cm longi 1-2, 5 cm latae, rigide membranacea, venosa, glandulis in superfície sparsis, addita série marginali fere continua, minores orbiculatis maiores ellipticus . Racemis axillaribus. Bracteae lanceolata glandulosi, foliaceae. Calix campanulatus, breviter 5 dentatus, 3-4 mm longus, glanduloso-punctati, per- sistentis . Vexillum late orbiculatum, reflexum. Alae falcato-oblongae transversim foveo- lato-rugosae base hinc auriculatae. Carina valde incurva, subrostrata v. rarius oblon- ga . Stamina monadelpha tubo undique clauso, persistentis . Ovarium subsessile stylo incurvo, glabro, stimate terminali. Legumen subsessile, lineare, suturis rec- tis, articuli, plani, oblongi, reticulati, glan- dulosi . Erva perene até l,5m de altura, glabra, caule, folhas, flores e frutos ponteados de glândulas. Caule suberecto com estrias verticais, lineares e angulosas. Unifoliolada folíolos alternos menores orbiculares, e os maiores elípticos. Pecíolo de 1 a l,5cm, limbo até 5cm de compri- mento e 2,5cm de largura. Glândulas es- parsas em tôda sua extensão mas cantínua na margem. Inflorescências em cachos axilares. Ra- quis até 3cm bracteolos glandulosas. São vistas sòmente enquanto as flores estão em botão. Flores até l,2cm de comprimento; pedi- celo 0,5 - l,2cm, corola caduca e cálice e estames persistentes. Corola amarela com tôdas as partes glandulosas exceto as asas. Estames monoadelfos diplostêmones com anteras ovais e basifixas. Ovário glabro, estigma terminal, estilete curvo, subssésil. Fruto glanduloso, articulado. Artículos planos fortemente constricto no ponto da articulação que é nítido. Typus Habitat — Brasil, Minas Gerais — Serra do Cipó. Legit — Melo Barreto, Museu de His- tória Natural — UFMG. Herbário — 7416 — Minas Gerais — Brasil . Summary It is described a neio species of legu- minosae. Poiretia unifoliolata founded in the Cipó Mountain, Minas Gerais. This new species aproximate to Poiretia latifolia by the aspects and distribution of glands on the leaf mar gin. This species distinct of all species of the genre by the presence of only one foliole . The glands presents essencial oils. — 22 — FIG. 1 — Peças florais de P. unifoliolata . 1 - Vexilo. 2 — Asas. 3 — Carena. 4 — Androceu. 5 — Gineceu. 6 — Cálice. 7 — Bractéolas. — 23 — ] tà © Jardim Botânico de Beio Horizonte Gínero ÀUÍ£?‘*i vertícilo. Após a coleta, fixamos parte do material e parte foi conduzida ao laboratório, em sacos plásticos, para exame a fresco . Preparamos exemplares para herbá- rio do mesmo material estudado, o qual se encontra registrado sob os seguintes números: Vochysia rufa Mart. a) UB 39048-39053 — Coletor. J. Maria 28/29, Brasília — DF, com flores e botões florais. b) UB 39049-55 — Coletor: J Maria 9,13/14, Brasília — DF, com flores . c) UB 39046/47, 39056 — Coletor: J. Maria 11/12,15, Luziânia — GO, com flores e botões florais. d) MHN 001681 — Coletor: J. Maria , Fazenda do Ja- guara — MG, com flores e botões florais . — 39 — 2 . MÉTODOS 2.1. Fixação das amostras Os fixadores utilizados foram FAA 50%e 95% e o cromo-acético . 2.2. Secções Os cortes microscópicos foram rea- lizados a mão livre com micrótomo de parafina, modelo Spencer. 2.3. Amostras não fixadas Os cortes de material a fresco foram diafanizados em hipoclorito de sódio a 5% e tratados conforme o pro- cesso de dupla coloração : Fast green e safranina hidroalcoólica. Fast green e Fucsina Básica. As secções obtidas serviram a vários testes microquí- micos; para: identificar elementos lignificados com o emprego de floro- glucina adicionada de ácido sulfúrico a 50% e ácido clorídrico a 18%, Johansen, 1940; Foster, 1949) . — evidenciar a cutina com o uso de Sudan IV, solução hidroalcoólica (Foster, 1949); — localizar os tanóides com o em- prego do fixador crônico; — identificar o oxalato de cálcio pela sua solubilidade no ácido clorí- drico e insolubilidade no ácido acético . 2.4. Maceração Técnica usada para dissociar epi- derme pela fervura e hipoclorito de sódio a 5% e pela mistura de Jeffrey, (Johansen, 1940; Foster, 1949) . 2.5. Nervação foliar As folhas foram preparadas mediante técnica utilizada por Felipe & Alen- castro (1966); Paula (1966). Para a classificação do padrão de nerva- ção, utilizamos a terminologia defi- nida por Ettingshausen (1861) . 2.6. Medições Foram realizados de acordo com Neves (1957) com auxilio de câmara clara Zeiss e da Optique et Precision de Levallois. 2.7. Desenhos Foram confeccionados com auxílio de câmara clara da Zeiss e da Opti- que et Precision de Lavallois. Resultados Peciolo: A epiderme é simples; suas células têm forma elipsóide com maior diâmetro no sentido anticlinal, cutícula relativamente fina. O Colênquima é formado de 4-5 camadas de células espessadas, taníferas . Parên- quima fundamental constituído de células volumosas, de paredes finas, deixando entre si espaços intercelulares . O Feixe Vascular em secção transversal, apresenta-se disposto em forma de anel com algumas interrupções na extremidade distai e em forma de arco com abertura voltada para a face adaxial na extremidade proximal (Fig. 15 e 18) . Envolvendo esse há uma espessa bainha de esclerênquima . Floema intramedular (Metcalfe, 1957) desenvolvido, formado de cordões floemá- ticos, o externo é pouco desenvolvido (Fig. 15 e 18) . Lamina Foliar: Epidermes a) adaxial — glabra, bisseriada sobre a parede periclinal externa há uma cutícula relativamente fina, incluindo a parede mede aproximadamente 8,5 micra (Fig. 14). Algumas células sofrem mais uma divisão originando 3 células, não chegando a cons- tituir uma camada . As cavidades das células dessa epiderme em corte trans- versal têm forma de retangular a quadran- — 40 guiar com maior diâmetro no sentido pcri- clxnal. Em vista frontal, mostram con- torno poligonal de paredes finas (Fig. 17) . Sobre a nervura central e na direção da mesma, predomina a forma retangular alongada. Geralmente a largura dessa cé- lula varia de 40 micra, enquanto na maio- ria dos casos a altura oscila de 37 micra. b) Abaxial — unisseriada, pilosa, cujos pelos unicelulares dão um aspecto tomen- toso a essa face (Fig. 9) Vistas por transperência foliar as células dessa epi- derme apresentam contorno poligonal. Em geral a altura atinge aproximadamente 22 micra e a largura 20 micra. A espessura da parede periclinal externa incluindo a cutícula, oscila em tomo de 8 micra ( Fig . 20 e 21). Mesofilo: a) Parênquima paliçádico — compõe-se de 2 camadas de elementos típicos (Fig. 14), com 71 micra de altura por 18 micra de base, em média contendo numerosos cloroplastos . A espessura desse parênquima oscila em tomo de 140 micra. As células do parênquima em apreço apresentam pa- redes finas. b) Parênquima lacunoso é constituído de células irregulares contendo numerosos cloroplastos, taníferas dispostas em ca- madas. Esse parênquima mede cerca de 178 micra de espessura. Ocorre no clorên- quima, idioblastos cistolíferos contendo oxalato de cálcio. Nervura Central: Apresenta os mesmos elementos obser- vados no pecíolo. Apresenta além de anel de fibras do lenho, uma bainha pericíclica de esclerênquima (Fig. 16). Nervura Secundária: Nas nervuras secundárias e feixe vas- cular é bicolateral . Envolvendo o lenho e o líber interno há uma bainha de fibras cuja extensão vai até a epiderme adaxial. Na face abaxial por fora do líber externo há um arco de esclerênquima por fora desse 3 a 4 camadas de células colenqui- máticas . A nervação é do tipo broquidródoma ; a anastomose das nervuras se dá a cerca de 3 mm da margem da lâmina foliar (Fig. 5 e 10) . Nervura Tercitária: Se reduz a um feixe líbero-lenhoso por uma bainha de esclerênquima que se pro- longa até a epiderme adaxial. Bordo: O limbo do bordo é ligeiramente infle- tido para baixo. As células da epiderme adaxial, a medida que aproximam do bordo, diminuem de tamanho, constituindo uma só camada. As células dos parênquimas palicádico e lacunoso conservam suas características até as proximidades do bordo, somente as duas últimas, sofrem redução na altura antes de atingirem o bordo . Nele tais células são substituídas por um grupo de células colenquimáticas, bastante carac- terísticos . No colênquima dos bordos encontram-se células de conteúdo tanífero. A nervura sub-marginal, reduzida a um feixe relati- vamente pequeniníssimo, corre a uma dis- tância que varia geralmente entre 18 a 20 micra do bordo. Estomatos: Os estomatos se acham confinados à face abaxial, geralmente encontram-se quatro paraestomatóticos (Fig. 2) . Estómatos relativamente pequenos com diâmetro polar e equatorial oscilando em tórno de 20 e 18 micra respectivamente, a altura das células guardiãs em secção transversal é da ordem de 8 micra (Fig. 2). — 41 — Summary Anatomical Studies of the petiole and leaf-blads of Vochysia rufa Mart. (Vochy- siaceae) is a source of important charac- ters avaiable for taxonomicál, ecologica J and physiological work. This paper is a contribution the know- ledge of the genera Vochysia Aubl. ) Juss. existing in the Savannah region. Literatura citada ETTINGSHAUSEN, K.V. — 1861 — Die Blatts- kelete der Dicotyledone mit. besonder Ruccksi- cht auf Untersuchund und Bestimmung der fossilen Pfassen. Wien, Stasts drucherei. 49 v.il. 4 308 pp. 95 est. FELIPE, G.M. & ALENCASTRO, M.M.R. De — 1966 — Contribuição ao Estudo da Nervação Foliar das Compostas dos Cerrados I; Tribus, Heliantheaceae, Inuleae, Mutisseae e Senecio- neae — Anais da Academia Brasileira de Ciên- cias. Rio de Janeiro. 38:125 132 fig. FOSTER, A.S. — 1949 — Praticai Plant Ana- tomy. D. Van Nostrand Compank, Inc. New York 2» edition, 228 pg. JOHANSEN, A. D. — 1940 — Plant microte- chinique. Macgraw-Hill-Book Co. New York xi + 523 pp. 110 fig. LABORIAU, L.G. OLIVEIRA, J.G. de; SAL- GADO-LABORIAU, M.L. — 1961 — Transpi- ração de Schiozolobium parahyba (Vell) Toledo I comportamento na estação chuvosa, nas con- dições de Caeté, Minas Gerais, Brasil. Anais da Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro. 33(2) :237-258 16 fig. 7 tab. 2 graf. MARIA, J. — 1970 — Estudos sobre Vochy- siaceae III — Contribuição para o conhecimento da anatomia foliar de Vochysia rufa Mart. e Vochysia pyramidalis (Spr.) Mart. — Ciências e Cultura — 22: (2) 237/4. METCALFE, C.R. & CHALK — 1957 — Ana- tomy of the dicotyledons leaves Stem, and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses. Oxford, Clarendon Press. 2 v.l.v. xiv. + 724 p. 167 fig. NEVES, A.T. — 1957 — Introdução ao Estudo Anatômico das Madeiras. Imprensa Oficial, Belo Horizonte. 24;43,64 fig. PAULA, J.E. de — 1966 — Contribuição ao Estudo da Nervação Foliar das Compostas doa Cerrados — III: Tribo Astereae. Boletim do Museu paraense Emilio Goeldi: Nova série. Botânica, Belém. 23:13 — 73 fig. SASS, J.E. — 1958 — Botanical microtechinique. The State University Press. Ames, Iowa 3» Edition vii + 228 p. 52 2. tab. STAFLEU, A.F. — 1948 — A monograph of the Vochysiaceae I. Salvertia and Vochysia. Mede- delingen van het Botaniusch Museum en Herba- . .rium Rijksuniversiteitte Utrecht, Utrecht 95: 397-540. Extrait du Recueil des travaux bota- niques — néerlandais 4:1948. — 42 — VOCHYSIA RUFA LISTA DAS FIGURAS 1 — 2 — 3.4 — 5 — 6 — 7 — 10 — 11 — 12 — 13 — 14 — 15 — 17 — 18 — 19 — 20 — 21 — 22 — Inflorescência. Flor. Pétalas . Androceu-estame . Gineceu. Ovário em corte transversal. Ovário em corte longitudinal. Fruto. Fruto em corte transversal. Fruto em corte longitudinal. Folha mostrando os laços formados pelas nervuras secundárias. Folha — detalhe de venação. Lâmina foliar — corte transversal mostrando os elementos do mesófilo, epidermes adaxial e abaxial. Corte transversal do pecíolo — extremidade distai onde se vê ba — bainha de esclerênquima. Nervura central — corte transversal mostrando ba a — anel de esclerênquima. Lâmina foliar — vista frontal da epiderme adaxial. Corte transversal do peciolo — extremidade proximal mostrando: Cg — canal gomifero; li — liber; le — lenho. Lâmina foliar — vista frontal da epiderme abaxial onde se vê um estômato. Lâmina foliar — corte transversal de um estômato. Lâmina foliar — corte longitudinal de um estômato. Lâmina foliar — corte transversal vendo epiderme e um pêlo unicelular. — 43 — 400 JJ Hímlln « A Cultura de Plantas Medicinais » Prof. J. M. FERRARI Com a centralização dos diversos cursos do Departamento de Botânica do ICB, na área do Museu de História Natural da UFMG, recebi do prof. Lair Remusat Rennó, de saudosa memória e então chefe do Departamento de Botânica, a incumbên- cia de organizar e preparar uma pequena área cercada do referido Museu para o aproveitamento e cultivo de algumas espé- cies de plantas medicinais. Era desejo do ilustre professor denominar o setor de “HORTUS MEDICINALIS” e com o seu desaparecimento inesperado, o Departamento de Botânica, houve por bem e merecidamente, prestar-lhe uma simples homenagem, dando àquele local o nome de “HORTUS MEDICINALIS PROF. LAIR REMUSAT RENNÓ”. Tratando-se de um trabalho de grande alcance e de inegável valor, procuramos, inicialmente, selecionar um maior número possível de exemplares que pudesse ser cul- tivado, dando preferência àqueles de pe- queno porte e de comprovada eficiência, observando, sempre que possível, os diver- sos fatores ecológicos para cada planta, visando o seu pleno desenvolvimento, ape- sar de enfrentarmos várias barreiras, o que é muito natural. Pesquisando vários municípios mineiros, entre outros, os de Ouro Preto, Mariana, * Professor-Adjunto do Departamento de Bo tânica do ICB/UFMG. Belo Horizonte e arredores, coletamos mu- das, sementes, além de providenciarmos in- tercâmbio com diversas Instituições congê- neres de outros estados brasileiros, com o intuito de adquirir mudas de exemplares típicos de cada região, o que lamentavel- mente, ainda não ocorreu. Seria desnecessário dizer a utilidade que este pequeno setor trará a todos os estu- dantes de Botânica, especialmente aos que se dedicam aos cursos de Farmácia e Ve- terinária, pois, assim, eles terão oportuni- dade de verificar, coletar e estudar as plantas medicinais em seu próprio habitat, não desfazendo as pesquisas de Botânica de campo em excursões habitualmente pro- gramadas . Procuraremos fornecer ao estudioso de Botânica, o máximo possível de dados a respeito de cada planta, colocando placas informativas, contendo, entre outros, os nomes científico e popular, origem, parte empregada da planta e indicações medi- cinais . Com esta iniciativa, começamos um pe- queno trabalho que, inegavelmente desen- volverá em cada estudioso do assunto, um maior interesse pelas plantas medicinais de nossa terra, que apesar de numerosas e de grande valor, ainda não mereceram um lugar de destaque na economia bra- sileira . Damos, a seguir, a relação das plantas em pleno desenvolvimento: — 46 — NOME CIENTIFICO NOME VULGAR 1 — Castanea vesca Gaertn. castanheiro 2 — Morus alba L. amoreira branca 3 — Morus nigra L. amoreira preta 4 — Cecropia hololeuca Miq. umbaúba 5 — Urtica urens L. urtica 6 — Parietaria officinalis L. parietária 7 — Rumex obtusifolius L. labãça 8 — Rheum sp. ruibarbo 9 — Polygonum acre HBK erva de bicho 10 — Petiveria tetrandra Gomes erva guiné 11 — Mirabilis dichotoma L. bonina 12 — Chenopodium ambrosioides L. erva de Santa Maria 13 — Laurus nobilis L. loureiro 14 — Dianthus caryophyllus L. cravina 15 — Pothomorpha umbellata Miq. capeba 16 — Camellia sinensis Kuntz. chá preto 17 — Argemone mexicana L. cardo santo 18 — Papa ver somniferum L. dormideira 19 — Papa ver rhoeas L. papoula rubra 20 — Fumaria officinalis L. fumária 21 — Cleome spinosa L. mussambé de espinho 22 — Nasturtium officinale R. Br. agrião 23 — Capsella bursa-pastoris Moench. bolsa de pastor 24 — Lepidium ruderale L. mastruço 25 — Brassica nigra Koch. mostarda preta 26 — Fragaria vesca L. morango 27 — Cydonia vulgaris Pers. marmeleiro 28 — Eriobotrya japonica Lindl. ameixa do Japão 29 — Tropaeolum majus L. capuchinho grande 30 — Linum usitatissimum L. linho 31 — Phyllanthus niruri Muell e Arg. quebra-pedra 32 — Ricinus communis Hort. mamona 33 — Ruta graveolens L. arruda 34 — Melia azedarach L. cinamomo 35 — Polygala paniculata L. barba de São Pedro 36 — Vitis vinifera L. parreira 37 — Malva silvestris L. malva 38 — Gossypium herbaceum L. algodoeiro 39 — Viola odorata L. violeta de cheiro 40 — Carica papaya L. mamoeiro 41 — Passiflora alata Ait. maracujá 42 — Momordica charantia L. melão de São Caetano 43 — Myrtus brasiliensis L. pitangueira 44 — Coriandrum sativum L. coentro 45 — Apium graveolens L. aipo 46 — Petroselinum sativum L. salsa hortense 47 — Foeniculum vulgare Mill. funcho — 47 — 48 — Conium maculatum L. cicuta 49 — Asclepias curassavica L. oficial de sala 50 — Borago officinalis L. borragem 51 — Rosmarinus officinalis L. alecrim 52 — Ocimum suave Willd. alfavaca 53 — Melissa officinalis L. erva cidreira 54 — Leonurus sibiricus L. macaé 55 — Leonotis nepetaefolia R. Br. cordão de frade 56 — Origanum magerona L. mangerona 57 — Origanum vulgare L. orégano 58 — Solanum melongena L. beringela 59 — Solanum nigrum L. erva moura 60 — Solanum cemuum Vell. braço de preguiça 61 — Solanum paniculatum L. jurubeba 62 — Datura arbórea Hort. trombeteira 63 — Datura stramonium L. estramônio 64 — Nicotiana tabacum L. fumo 65 — Brunfelsia hopeana Hook manacá 66 — Buddleja brasiliensis Jacq. barbasco 67 — Verbascum blattarioides Lam. verbasco 68 — Linaria cymbalaria Mill. cimbalária 69 — Tecoma araliacea PDC ipê roxo 70 — Sesamum indicum DC. gergelim 71 — Plantago major L. tanchagem 72 — Sambucus australis Scham e Schlect. sabubueiro 73 — Artemísia vulgaris L. artemigem 74 — Vernonia polyanthes Less. assa-peixe 75 — Mikania hirsutissima DC. cipó cabeludo 76 — Helianthus annuus L. girassol 77 — Cynara scolymus L. alcachofra 78 — Artemísia absynthium L. losna 79 — Anthemis nobilis L. macela 80 — Echinodorus macrophyllus (Kunt) Micheli chapéu de couro 81 — Asparagus officinalis L. aspargo 82 — Tradescantia diurética Martius trapoeiraba 83 — Cymbopogon citriodorus Link. capim limão 84 — Curcuma longa L. açafrão da Índia 85 — Zingiber officinale Róscoe gengibre — 48 — Aspectos Ecológicos da Região do Alto Paranaíba SAMUEL LOPES LIMA** GERALDO EUSTAQUIO TORRES** LÊ LIS INÁCIO CASTILHO * * UNDA MOYSÊS * HELOÍSA JARDIM ANDRADE * MARIA HELENA DOS REIS * MARIA DA GLÓRIA OLIVEIRA* MARIA ABADIA SOARES * WILSON CASTRO AMORIM * Introdução e agradecimentos O presente trabalho é o primeiro de uma série que pretendemos realizar na região do Alto Paranaíba . Nesta 1* etapa foi feito um percurso por toda a região para termos uma visão mais geral sobre sua ecogeo- grafia. Foi feito um estudo mais detalhado do município de Patrocínio. Agradecemos ao Prof. Wilson Raymundo Camargos d’Assumpção, chefe do Depar- tamento de Botânica do ICB/UFMG, por ter-nos acompanhado e prestado valiosa colaboração durante o trabalho de campo. Objetivos I) Caracterização da flora da região, com coleta e classificação das espécies ** Professores do curso de Ciências Bioló- gicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Ltras de aPtos de Minas. * Alunos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos de Minas. características, bem como elaboração de um gráfico com determinação das incidên- cias das famílias dominantes, determinando a fitogeografia e produtividade do Cerrado quanto às áreas aproveitadas para pecuá- ria, carvoagem, agricultura, refloresta- mento . II) Caracterização da fauna da região, com coleta e classificação das espécies, bem como a elaboração de uma tabela para determinação das incidências mais comuns por phylum e família. Métodos 1. Trabalho de campo: — Coleta de material no campo segundo as técnicas comuns. — Observações de habitats, biótopos e todas as características ecológicas da região. — Entrevista dos habitantes. - Levantamento fotográfico dos ambientes ecológicos . — 49 — 2. Trabalho de laboratório: — Classificação das espécies coletadas. — Observação das espécies quanto às pos- síveis mutações. Conclusão A região do Alto Paranaíba apresenta 70% de sua área datada do pré-cambriano (Série Bambuí), sendo o restante oriundo de um derrame vulcânico (tufitos) datado do Cretáceo ( Série Uberaba ) . No solo pré-cambriano há em quase sua íntegra um Cerrado bem caracterizado, enquanto no solo cretáceo encontramos uma vegetação de Mata e Cerrado, por conseguinte, uma ecologia totalmente dife- rente da do resto da região. Esta mata, chamada Mata da Corda, apresenta 108 Km de comprimento por 48 Km de largura, e será estudada com detalhes na 2» etapa deste trabalho. O município de Patrocínio apresenta o Cerrado fácies calcáreo, com um terreno arenoso pouco profundo que recobre os ter- renos calcáreos, as matas-galerias, cerra- dão e campo. Ilustrações e tabelas 1 . Minas e Alto Paranaíba : Distribuição das cidades visitadas. 2. Alto Paranaíba e Patrocínio: Locali- zação da cidade de Patrocínio, município- chave do nosso trabalho. 3. Distribuição da área do município: Mostrando os vários fins para que serve. 4 . Relação dos peixes encontrados na área do município de Patrocínio. 5 . Relação dos répteis encontrados na mesma área. 6 . Relação das aves encontradas na mesma área. Bibliografia AZEVEDO, LUÍS G. — 1966 — Tipos Eco-Fisio- nômicos da vegetação da região de Januária/ MG. Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo. LABOURIAU, L.G. — 1966 — Revisão da situa- da Academia Brasileira de Ciências. MAGALHÃES, G.M. — 1960 — Sobre os Cerrados de Minas Gerais. IPEACCO/MG. ÁVILA-PIRES. F. — 196 — Observações gerais sobre a Mastozoologia do Cerrado. Anais da Academia Brasileira de Ciências. CARVALHO. J.C.M. — 1966 — Novos dados sobre a alimentação do Tamanduá-Bandeira. Edentata. Mamalia. Anais da Academia Brasi- leira de Ciências. RANZANI, GUIDO — 1971 — Solos do Cerrado. Simpósio sobre Cerrado. Editora Blucher. RIZZINI, C.T. — 1971 — A flora do Cerrado. Simpósio sobre Cerrado. Editora Bulcher. HASUI, YOCITERU — 1970 — A formação Ube- raba. Anais XXII Congresso Geologia. — 50 — ar«nc FIG. 1 — Minas e Alto Paranaíba: Distribuição das cidades visitadas — 51 — FIG. 2 — Alto Paranaíba e Patrocínio: Docalização da cidade de Patrocínio, município-chave de nosso trabalho — 52 — — 53 — p< ■eixeò Piaba- Jo M unicrp 10 olt, Paii pocinio Ltponnus Lambari- >|>UL ana» a|l«ni ôaqre- Ta çkysurus barbos ü‘aV - Imiim Timbure - JL Manoii - ip°r< imè.\o< 4 ü. imbor IqlenAjy» Tubarana- Sol mi nus Lia ri» Paca ma - Pscu jopimTlodos >uny»ro fecu - M^jobluS scbomburoVii' nrapilinqa-Cbalceus opqfinus PIG. 4 — Relação dos Peixes encontrados no município de Patrocínio — 54 — REPTEIS nome vulqar nome cienrífico cágado lagarto teia doas cabeças jiboia caninawa corai cascavel jararacuçu jararaca luWtn. La.c«rhx CMpilis Topinarrvbis Vequixin ConsVricVor consVricAo* S pi lo Ves pulaVus ílapornorpKoS tricolor CrglflUVii ítr/ijicu-S Bolktops jo.raracoco BotWrpps jararaca FIG. 5 — Relação dos Répteis encontrados no município de Ratrocínio — 55 — AVES 1 nome vulqar nome cientitico pardal sabiá tucano coruja saracura codorna seriema cânon nbo tico - tico ^enauit o coUinnba iuriti anu ^ qaviao pomba do band< passaro preto Tasser JorneiVicyj HimuS saVorninus KKampkgstus \oto Speptito conicototia cjiQuoria kiimrvo pmdaluS njbrk^Gckus fiotkurQ maculoSfl Hinodact^los cmVaVuS Fiinqijia conorienses Btock^piza capeniiy ConuTUS Sporo pU\ 1 q lmeo'q Leptotila teicWeobacbi C VO V o pkay> cmi FaicQ ienavda QÚriculqra MolotkruS kanarvenses _ Relação das Aves encontradas no município de Patrocínio — 56 — PUBLICAÇÃO N» 562 IMPRENSA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS Caixa Postal 1.621 — Belo Horizonte — Brasil Edição do GERAIS DEPARTAMENTO DE BOTANICA DO I.C.B. U.F.M.G. lUt* '5 ANO IV — JANEIRO — DEZEMBRO DE 1973 _ N" 6 ORÉADES IPÊ BRANCO Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. BIGNONIACEA DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B. BELO HORIZONTE 1973 U.F.M.G. PESSOAL DOCENTE E ADMINISTRATIVO DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B./U.F.M.G. JOSÉ MAURÍCIO FERRARI . . Professor-Adjunto — Coordenador de Bo- tânica Básica — Regime de 24 horas. JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO . . Professor-Adjunto e Coordenador do Curso de Farmácia — Regime de 24 horas. Wilson raymundo CAMARGOS d’assumpçAO Professor- Assistente e Chefe do Departa- mento — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . DEUSDEDIT SEBASTIÃO LEITE BARROS JR. . . . . . Professor-Assistente e Coordenador de Sis- temática I — Regime de 12 horas. JOSÉ LUIZ PEDERSOLI . . Professor-Assistente e Coordenador de Sis- temática II — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . TELMA SUELY MESQUITA GRANDI . Professora- Assistente — Regime de 24 horas . LAIR AGUILAR RENNÓ . . Auxiliar de Ensino e Vice-Chefe do Depar- tamento — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . JOSÉ MARIA . . Auxiliar de Ensino — Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva ROSALINA LEITE PEREIRA DE ANDRADE. . . . . . Estagiária JORDELINA LAGE MARTINS . . . Monitora MARIA MARTHA RENNÓ SALDANHA . . Secretária MARIA MADALENA PEREIRA DE SOUZA . . Laboratorista JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA . . Jardineiro MARIA RAIMUNDA RODRIGUES . . Servente GERALDA CAMILA DE SOUZA . . Servente MANUEL LOZADA GAVILANEZ . . . Estagiário O RÉ A D E S REVISTA SEMESTRAL DE INFORMAÇÕES CIENTIFICAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B — U.F.M.G. Diretor Responsável — WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D' ASSUMPÇÃO Redator — JOSÉ LUIZ PEDERSOLI comissão de revisão — josé mauricio Ferrari LA IR AGUILAR RENNÓ JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO ANO IV — JANEIRO — DEZEMBRO DE 1973 — Nv 6 ★ CONTEtDO “A flor de maio” — A . P. Duarte 3 Levantamento das plantas tóxicas do Estado de Minas Gerais — Hildegüdo Lopes dos Santos, Mitzi Brandão Ferreira, Wilson R. C. D’ Assumpção, J. L. Pedersoli e Manuel L. Gavilanes 7 Introdução ao estudo anatômico de Mascagnia rigida Gr. — Wilson R. C. D’ Assumpção, J. L. Pedersoli, Jordélina Lage Martins e Manuel L. Gavilanes 13 Bignoniaceae do Distrito Federal — I — O Gênero Anemopaegma Mart - Mitzi Brandão Ferreira 28 Malpighiaceae do Distrito Federal — I — O Gênero Camarea St. Hil — Mitzi Brandão Ferreira 40 ILUSTRAÇÃO DA CAPA “IPÊ BRANCO” — Bignoniacea — Tecoma odontodiscus Bur. e K. Schm. Um dos mais belos representantes das Oréades, a flora dos campos “A flor de maio” APPARfCIO PEREIRA DUARTE Pesquisador Botânico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Bolsista do C.N.Pq. Ao tentar uma pequena exposição sobre a planta que dá nome ao presente estudo, verifiquei que o nome científico da aludida planta passou despercebido aos mestres que me precederam, visto que desde 1913, o gênero EpiphyTlum já havia caído em sinonimia . Quando esbocei este pequeno trabalho, tive tão somente a idéia de dar pequena contribuição, mais para conheci- mento do leigo; não tive a pretensão de consultas de literatura especializada, es- crevi tão somente aquilo que tinha na mente, o que sabia, no trato com os jardi- neiros e de meu trabalho no Jardim Botâ- nico, por um lapso de tempo de mais de 40 anos, ficando tão somente com o que tinha recebido dos mestres que me ante- ciparam nesta casa de saber científico . Ao ter sido despertado por colegas de quem ouvi opinião, verifiquei, que o bi- nômio Epiphyllum truncatura , já não figu- rava mais. Fui então levado a pesquisar a literatura especializada, e nesta altura conclui que o binômio supra, havia sido inteiramente substituído, mal figurando como sinônimo. O que figura atualmente é o que se segue conforme as duas grandes obras mestras sobre a notável família das Cactáceas . V e jamos : Schulmbergera russelliana (Gardner) Britton et Rose. Como verifiquei no correr desta digres- são, a “flor de maio” pertence a família das Cactáceas e o gênero Schulumbergera a que esta notável planta é cientificamente denominada, faz parte integrante de nossa flora. Esta planta dada as suas caracte- rísticas biológicas como soe acontecer a vários outros grupos, não possuem espi- nhos, cujo elemento ou órgão de defesa da maioria das espécies desta família bo- tânica tão singular, logo nos vem a mente, pois Cactus nos dá sempre a idéia de plantas com espinhos. A “flor de maio” fugindo a regra não possui aqueles elementos. Tal planta apresenta órgãos vegetativos carnosos como o são a maioria esmaga- dora de tais plantas, mas pelo seu habitat que se situa nas regiões tropicais úmidas e tendo como substrato as formações ro- chosas ou tronco de árvores anosas, os órgãos de defesa foram eliminados por des- necessários. A planta assumiu forma que lhe permite suportar longos períodos de estiagem, pelo aspeto carnoso de seus ór- gãos vegetativos que se apresentam com a forma de verdadeira expansão foliar. O caule pela sua estrutura e morfologia, desempenha ao mesmo tempo as funções de caule e folhas. As expansões caulina- res são carnosas e clorofiladas, cuja for- ma se constitui de artículos que quando — 3 — separados da planta mãe podem-se cons- tituir em um órgão de reprodução, visto que as plantas deste gênero se reprodu- zem de sementes, mas na maioria dos casos se multiplicam por partes desta- cadas, isto é, estacas ou enxertos. As es- tacas são fragmentos da planta materna, que quando colocados em condições favo- ráveis podem se transformar numa nova planta igual a que lhe deu origem. De enxerto quando se destaca um artículo da planta mãe e o levamos sobre um cava- lo, que em princípio deve ser outra Cac- tácea particularmente o gênero Seleni- cereus. A operação não oferece dificuldade, trata-se do enxerto de fenda ou em corôa. Esta operação tem por fim dar maior porte a planta. Quanto aos cuidados e tratos culturais: No verão a planta não pode ficar exposta a toda intensidade do sol. As regas no verão devem ser de 2-3 vezes por semana, no inverno 1-2 vezes. O excesso de umidade pode apodrecer a planta, quando a terra do vaso não for bem permeável, permi- tindo drenagem perfeita. Distribuição geográfica O gênero Schulumbergera, antigo Epi- phyllum, cresce particularmente nas ma- tas atlânticas , Serra do Mar. Aparecendo desde os níveis de 350m até 1.600m apro- ximadamente, nas Serras da Carioca, Cor- cocovado, Serra de Petrópolis, Serra de Teresópolis, Serra do Tinguá, Serra de Fri- burgo, etc. Ecologia A planta do ponto de vista ecológico apresenta comportamento umbrófüo ou semi-umbrófilo, cresce em rochedos escar- pados e nos troncos das velhas árvores da flora primária ou mata virgem no dizer popular . O Jardim Botânico do Rio de Janeiro mantém uma coleção, não só de espéci- mens indígenas, isto é, formas nativas, mas também algumas centenas de híbri- dos, que foram conseguidos por velho jar- dineiro de origem alemã, naturalizado, que trabalhou no jardim até a sua aposenta- doria compulsória em 1953-54. Este jardi- neiro era de uma dedicação sem limites, não tinha hora para atender as plantas, objetos de sua atenção, levantando-se a qualquer hora da noite paar socorrê-las nas noites de tempestade. Este homem atendia pelo nome Otto Cari Voll. Ao se afastar do lugar, deixou as plantas entregues a um de seus discípulos, que na medida de suas forças manteve a coleção na sua totali- dade. Este discípulo não desmereceu da confiança depositada pelo mestre. Tam- bém este acaba de ser aposentado, por ter atingido o limite de 70 anos, sendo seguido no posto por outro discípulo de Voll, não menos interessado, o qual vem continuando a tradição de seus antecessores . Há, porém, um fato que nos preocupa: é que até mais ou menos da década de 30, era permitida a contratação de menores como aprendizes, mas a legislação trabalhista acabou por proibir a entrada de menores, para o ser- viço público o que veio quebrar uma tra- dição no Jardim Botânico. Até aquela data os menores começavam a aprendizazem, limpando o mato das plantas, neste traba- lho, eles tinham oportunidade de demons- trar o pendor pela profissão de jardinei- ro. Foram estes aprendizes que se trans- formaram nos melhores jardineiros, não só pelo interesse, carinho e conhecimento prá- ticos manifestado, mas por zelo extraordi- nário no cuidado e trato das plantas em todos os seus aspectos, formas e idades. Estes jardineiros que conheci no Jardim Botânico desde 1933, quando aqui cheguei, muitos já se libertaram desta vida, os mais novos ainda continuam trabalhando, mas já são muito poucos e estes na sua totalidade já se encontram próximo da apo- sentadoria o que será grande pena, sei lá, — 4 — perda irreparável para o futuro destino das coleções quiçá do próprio arboretum, isto é, as espécies arbóreas que crescem Parque . Voltando às “flores de maio”, posso acrescentar que se trata de planta nicto- periódicas ou seja plantas que só florescem na transição dos dias longos para curtos. Trata-se de um problema de fotoperiodismo, apesar de a posição geodésica do Rio de Janeiro se situar quase sobre o Trópico de Câncer, temos em relação ao observatório de Greenwich uma diferença de 3 horas a menos. No outono que é época de flo- ração da “flor de maio”, a duração ao Sol acima do horizonte apresenta uma di- rerença mínima de 3 horas. Sabemos que segundo os fisiologistas as plantas come- Schulumbergera ( Epiphyttum) russeliano (Gardner) Britton et Rose — 5 — çam a fotosíntese no limite das 8 horas da manhã. Ainda mais que os hormônios de floração se apresentam sensíveis à luz, em várias espécies de plantas. Com maior ra- zão, os seus efeitos são muito mais pre- ponderantes sobre a “flor de maio”, que tem habitat especializado, isto é, trata-se de uma planta umbrófila, amiga da sombra visto ela medrar nas encostas rochosas quase no limite de transição da sombra da mata para a rocha nua. As formas indígenas têm flores que tran- sitam pelo colorido coral até solferino, mas as formas cultivadas apresentam uma ga- ma cromática que vai desde o alvo-rosado até o solferino, passando por grande varia- ção no que tange a variedade cromática. O alvo puro até então ainda não foi con- seguido, o que se conhece tem o fundo da corola rosado e vai se degradando para a estremidade dos pétalos até o alvo, quase puro. Para melhor compreensão e conhecimen- to dos amantes da natureza das plantas, seguem fotografias que dão idéia do habitus da planta nas duas formas típicas. Literatura Consultada BRITTON E ROSE — Vol. IV, The Cactaceae 1923 Schulumbergera russeliana (Gardnerq Brit- ton and Rose, Contr. U.S., Nat. Herb. 1G : 261, 1913. Cereus russellianus Gardner, Hort. Univ. 1 : 31. 1839. Epiphylum russelianum Hooker in Curtis’s Bot. Mag. 66 pl. 3117, 1840. Phyllocactus russellianus Salm-Dyck. Cact. Hort. Dyck, 1844.37, 1845. Epiphyllum truncatum russellianum G. Don in Loudon. Encycl. 11. ed. 3.1378, 1855. Schulumbergera epiphylloides Lemaire. Rev. Hort. IV. 7 : 253, 1858. BACKBERG, CURT — Die Cactaceae, Cereoi- deae, Band II 1959. pag. 727. Schulumbergera russelliana (Gardn.) Br. et R, Contr. U.S. Nat. Herb., 16 : 261, 1913. Cereus russellianus Bardn. in Lemaire, Hort, Univ. 1:31, 1839 — Epiphyllum russel- lianum Hook., Bot. Mag. LXVT, Taf. 3.717. 1840. — Phyllocactus russellianus S. D. — Epiphyllum truncatum russe- lianum G. Don. — Schulumbergera epi- phylloides Lem. (1858). ... 6 — Levantamento das plantas tóxicas do Estado de Minas Gerais — II HILDEGILDO LOPES DOS SANTOS (*) MITZI BRANDÃO FERREIRA (**) WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ASSUMPÇÃO(***) JOSÉ LUIZ PEDERSOLI (****) MANUEL LOZADA GAVILANES (***♦*) Introdução e Agradecimentos O presente trabalho faz parte de uma série, resultado do convênio realizado entre a UFMG e o PEPAEMG, onde procuraremos levantar as plantas tóxicas para o gado, de maior incidência em nosso Estado. Percorremos, desta vez, os municípios de Paracatu, João Pinheiro e Ibiá, onde coletamos um grande número de espécies, pertencentes a várias famílias. Agradecemos ao Vice-Prefeito de Ibiá, Dr. Ivo Mendes, aos com- ponentes da ACAR, aos fazendeiros das regiões visitadas, ao professor Moacyr A. d’ Assumpção Filho e a Id’bas L. Veloso pela colaboração prestada . Plantas Tóxicas dos Municípios de João Pinheiro e Paracatu 1 . TINGUI DE ÁRVORE — M agonia pubescens St. Hil. (Sapindacea) Características — Arvoreta de folhas compostas, flores claras em panículas raras e grandes frutos capsulares, sub-hexagonais, de (•) Subcoordenador do Grupo de Plantas Tó- xicas — PIPAEMG/UFV. (•*) Botânica do PIPAEMG. (***) Chefe do Departamento de Botânica do ICB/UFMG. (****) Professor-Assistente do Departamento de Botânica do ICB/UFMG. (****•) Monitor do Departamento de Botânica do ICB/UFMG. — 7 — Toxidez longo pedúnculo com 3 lojas e muitas sementes. Sementes aladas, elipsóides . — As sementes contém saponina. Sintomas — Cólicas, ânsias, vômitos seguidos de sonolência e depressão acentuada. 2. BOLSA DE PASTOR — Zeyhera montana Mart (Bignoniaceae) Características - — Arbusto e arvoreta pouco ramificada, de folhas digitadas, bicolores; flores tubulosas pilosas, amarelas. Fruto cápsula suborbicular, achatada, bivalve; valvas extemamente co- bertas de excrescências moles, tomentosas; sementes aladas . Toxidez — Suas folhas possuem princípio tóxico ainda não estudado. A. E. Carlini da Escola Paulista de Medicina apresentou no IV Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil em São Paulo (1972) trabalho experimental com essa planta em cobaias, com resultados positivos. Sintomas — Diarréia, emagrecimento. 3. ORELHA DE NEGRO — Enterolobium contortisiliquum Vell. (Leguminosae) Características — Arvore grande de mata ciliar, de tronco grosso e curto, copa esgalhada, muito ramificada. Folhas bipinadas, pari- penadas com 2-6 jugas; foliolos de base assimétrica, ápice agudo, opostos, agrupados em 15-20 jugas. Flores brancas pequenas agrupadas em inflorescências globosas axilares. Fruto vagem recurva, indeiscente, glabra, escura, com muitas sementes. Fruto muito semelhante a uma orelha. Toxidez — O princípio ativo se encontra nos frutos, que contém saponina . Sintomas — Típicos de fotossensibilização com lesões de pele nas regiões axilar, inguinal; apatia, diarréia, etc. 4 . ORELHA DE ONÇA — Enterolobium gummiferum (Mart.) Machr. (Leguminosae). Características — Arvoreta tortuosa, de casca espessa, suberosa, profunda- mente sulcada, muito comum nos Cerrados. Folhas bipi- nadas, 1-4 jugas de pinas, pinas c/ 6-8 foliolos. Flores brancas, pequenas, tubulosas agrupadas em inflorescência longa, pedunculadas, globosas, axilares. Fruto legume indeiscente, piloso, pilosidade aveludada, cinzenta; polpa clara, viscosa, com muitas sementes. Toxidez Como em E . contortisiliquum. Sintomas — Idem. — 8 — 5. BABATEMAO DE FOLHA MIODA FAVEIRO — Dimorphandra moUis Benth. (Leguminosae) Caractertsticas — Arvore típica de Cerrado, de folhas bipinadas, foliolos muito pequenos, pilosos; 12-14 pinas, pinas com 10-20 jugas de foliolos. Flores pequenas, cremes, reunidas em espigas densas que, por sua vez, se agrupam em grande e vistoso corimbo. Os frutos são legumes achatados, duros, espessos, com poucas sementes . Apresentam-se voltadas para o alto, dando à árvore um aspecto característico, o que facilita a sua identificação. Toxidez A substância isolada foi a rutina que é encontrada em grande quantidade nos frutos. É abortiva para o gado. Sintomas — Perturbações intestinais graves, com fezes apresentando muco e estrias de sangue, edemas. 6. ERVA DE RATO — Palicourea marcgravii St. Hil. (Rubiaceae) . Características — Arbusto glabro comum em matas ciliares, capoeiras, áreas devastadas, grotas úmidas, etc. Folhas opostas, oblongo- lanceoladas, com estipulas interpeciolares presentes. Flo- res tubulosas, amarelo-avermelhadas em inflorescências terminais. O fruto é uma pequena baga de cor escura. Toxidez — Toda a planta é tóxica. A espécie apresenta além do ácido monofluoracético vários alcalóides, inclusive a emetina Sintomas — Tremores, respiração ofegante, lesões renais exame his- topatológico) e morte. NOTA — Outras 3 espécies de Cerrado, como sejam Palicourea rigida HBK, Palicourea squarrosa (M. Arg.) Standley, Palicourea coriacea (Cham) Schum, provocam no gado (por ocasião de sua rebrota após as queimadas) sintomas seme- lhantes aos provocados por Palicourea marcgravii, porém mais leves. São todas encontradas nas áreas por nós visitadas. 7. TREMOÇO Características Toxidez Sintomas — Lupinus crotalarioides Mart. (Leguminosae) . - Planta pequena, pilosa, não muito comum nas áreas vistas. Flores roxas, de corola tipicamente papilionacea, pilosas, em densa inflorescência terminal. Fruto legume muito parecido aos dos gênero Crotalaria, com 5-7 sementes . — Lupinina (glicoside) e Lupinidina (Alcalóide). — Perturbações intestinais. — 9 — 8. TIMBÕ DO CAMPO Características Toxidez Sintomas — Serjania crecta Radlk (Sapindaceae) . — Trepadeira bastante comum na área. Folhas compostas, sem estipulas, de pecíolo alongado, alado. Folíolos 5, ovais- lanceolados, de borda crenada. Flores pequenas, masculi- nas e hermafroditas, brancas, em inflorescências terminais e axilares. Gavinhas presentes. — Toda a planta é tóxica. O princípio ativo é a “ictionina”. Normalmente é empregada para matar peixes, batida e macerada em água. — Sonolência, paralisia dos membros. 9. COERANA — Cestrum axülare Vell (Solanaceae) . Características Toxidez Sintomas — Arbusto até 3m de altura, de folhas alternas, lanceoladas, glabras. Flores amareladas, tubulosas, agrupadas em cimeiras axilares. Frutos escuros, arredondados, de cheiro característico. Toda a planta apresenta cheiro forte e enjoativo quando cortada. — Toda a planta é tóxica, sendo que os frutos apresentam maior toxidez que o restante da mesma. O princípio ativo é formado de saponinas. — Lesão hepática, hemorragias internas, tremores muscula- res, fezes endurecidas com muco e as vezes sangue, hi- persensibilidade . 10. CAMARA DE ESPINHO — Lantana camara L. (Verbenaceae) . Características Toxidez Sintomas - — Arbusto de ramos tetragonais, aculeados. Folhas opostas sem estipulas, inteiras, de margem crenado-serreada. Inflorescências axilares de eixo muito curto; flores de pedicelo curtíssimo, tubulosas, inicialmente amarelas pas- sando depois a vermelhas. O fruto é uma pequena drupa escura . — Toda a planta. Geralmente é ingerida após as queimadas, quando em brotação. — Típicos de fotossensibilização com lesões na região inguinal e cervical dorsal. Meteorismo, diminuição dos movimentos rumenais . 11. PAU DE LEITE — Sapium lanceolatum (Muell et Arg) Huber (Euphor- biaceae) . Características — Arbusto latescente de folhas alternas, lanceoladas. Planta monóica . Inflorescência terminal em espigas de raque carnosa. Flores com um só vertícilo. O fruto é uma pequena tricoca escura. Toxidez — Toda a planta é tóxica. O princípio ativo ainda não foi estudado . Sintomas — Diarréias violentas, espasmos gastro-intestinais . — 10 — Plantas Tóxicas do Município de Ibiá 12 . SAMAMBAIA Características Toxidez Sintomas — Pteridium aquilinum (L.) Kuhn (Pteridófita) . — Espécie rizomatosa, com frondes de 60 a 180cm de com- primento e de 60 a 120cm de largura. Apresenta pínulas profundamente lobadas, glabras ou com pelos lanuginosos ferrugineos na parte dorsal. Forma touceiras densas. — Apresenta um fator anti-tiamínico, o ácido cafeico. Veri- ficou-se que o tóxico nesta planta é de ação cumulativa e que a morte pode ocorrer de 20 a 30 dias da ingestão de fortes doses diárias. — Febre alta, hemorragias das aberturas naturais, nas mucosas e pele, diarréia com coágulos de sangue, tempo de coagulação do sangue prolongado, trombocitopenia, neutropenia, anemia, morte. 13. CORTICEIRA — Enterolobium gummiferum (Mart.) Machr. (Legumino- sae) . (Já descrita anteriormente). 1 4 . FAVEIRA — Dimorphandra mollis Benth . ( Leguminosae ) (Já des- crita anteriormente) . 15. ERVA DE RATO — Palicourea marcgravii (St. Hil. (Rubiaceae). (Já descrita anteriormente) . 16. BARBATIMAO Características Toxidez Sintomas - Stryphnodendron barbatimao Mart. (Leguminosae ) . — Arbusto de folhas compostas e flores brancas, comum nos Cerrados. O fruto é um legume. — Ê portadora de substâncias tânicas ou tanino. — Erosão na mucosa bucal, constipação, apatia, prostração e lesões cutâneas . Além disso, os animais apresentam icterícia e alterações hepáticas, bem como alterações renais . 17 . TINGUI DE ARVORE — Magonia pubescens St. Hil. (Sapindaceae). (Já descrita anteriormente) . 18 . SEMPRE CHEIROSA — Cestrum axillare Vell ( Solanaceae ) . (Já descrita anterior- mente) . 19 . ANILAO Características Toxidez Sintomas — Cestrum calycinum H.S.B. ( Solanaceae ) . — É um arbusto, sendo visto nos quintais abandonados e capoeiras; sempre em terras férteis. — O princípio ativo é um glicosídeo, ao grupo das saponinas. Apatia, falta de apetite e prostração. Retração do globo ocular, andar cambaleante, sobrevindo a morte após certo tempo. 11 — 20 . CHAPADA Características — Andira specUibilis Sald. (Leguminosae) . — Arvore de gTande porte, até 30m de altura e 2m de diâmetro; casca grossa, de 6cm de espessura, averme- lhada, sabor adocicado e um pouco adstringente; folhas alternas, imparipinadas, peciolo convexo e piloso, raras vezes glabro, de 15cm de comprimento. — Na madeira há sempre interstícios, falhais ou pequenos depósitos de pó amargo (pó de sulfato), contendo até 2,45% de “angelina” ou “andirina” . Não encerra mais que 20% de tamino. Diarréia, seguida de prostração. Conclusão Na área percorrida levantamos cêrca de 14 espécies pertencentes a 9 famílias botânicas . As espécies, em questão, já tiveram a sua toxidez comprovada por trabalhos rea- lizados por pesquisadores de outros Esta- dos. Pretendemos fazer um estudo apurado de cada espécie, visando os aspectos: taxo- nômicos, anatômicos, químicos, toxicológi- cos, etc., de cada uma delas. Bibliografia 1) Alvim Carneiro, P. — 1945 — Plantas Ve- nenosas que ocorrem em M.G., Revista Ceres, vol. VI, 34 (221-256). 2) Barros, G. C. e Dobereiner, J. — 1968 — Experimentos com Cestrum laevigatum Schletch em animais de laboratório. Pesqui- sa Agropecuária Brasileira. Série Veteriná- ria. vol. 3 (301-312). 3) Campeio, C.R. — 1969 — Estudo sobre algumas plantas tóxicas do Brasil. Anais do XX Cong. da Soc. Bot. do Brasil, Goia- nia-Go, 78-85. 4) Corrêa, P. — 1939 — Dicionário das plantas úteis e das Exóticas cultivadas, vol. I, II. III e IV, Rio de Janeiro. 5) Hoehne, C. F. — 1939 — Plantas e subs- tâncias vegetais tóxicas e medicinais, Gra- phicars. São Paulo — Rio, 8-1939. 6) Hugo Gaguin, Maria Aparecida e Mara- valhas, Nelson — 1969 — Ocorrência de alcalóides no gênero Palicourea, XX Con- gresso Nacional de Botânica, Goiânia. — 12 - Introdução ao estudo anatômico de Mascagnia rigida Gr.(*) WILSON RAYMUNDO CAMARGOS D’ ASSUMPÇÃO U> JOSÉ LUIS PEDERSOLI (•») JORDELINA LAGE MARTINS (c) MANUEL LOS ADA GAVILANES(d) O presente trabalho faz parte do projeto «Levantamento das plantas tóxicas do Estado de Minas Gerais», através do Convênio firmado entre a UFMG e o PIPAEMG, Resumo No presente trabalho, fizemos um estudo anatômico do caule jovem, peciolo e lâmina foliar de Mascagnia rigida Gr., uma espécie coletada no Vale do Jequitinhonha e consi- derada tóxica para o gado. Os principais fatos relatados são: 1 — No caule jovem há um círculo con- cêntrico de feixes liberolenhosos, uma ca- (*) Trabalho desenvolvido no Departamento de Botânica do ICB da UFMG, nas depen- dências do Museu de História Natural da UFMG. (a) Professor- Assistente e Chefe do Departa- mento de Botânica do ICB/UFMG, em RETIDE. (b) Professor-Assistente do Departamento de Botânica, em RETIDE. (c) Bolsista do CNPq. (d) Monitor da Cadeira de Anatomia Vegetal do Departamento de Botânica do ICB/ UFMG. mada sub-epidérmica de células mucilagi- nosas e um grande número de drusas, tanto na córtex, quanto na medula. As células da epiderme unisseriada, são pris- máticas . 2 — No peciolo a epiderme é, também, unisseriada e com células prismáticas. O feixe vascular forma um semi-arco, com o xilema voltado para a face adaxial e o floema para a face abaxial, envolvido por uma bainha esclerenquimatosa . Grande número de drusas. 3 — A nervura central possui a epider- me como a do caule e peciolo. O tecido colenquimatoso é encontrado nas 2 faces, apresentando 8 camadas de células na face abaxial e um número menor na adaxial. Tecido vascular, como o do peciolo, não havendo, entretanto, uma bainha escleren- quimatosa e sim feixes de fibras. Número reduzido de drusas. — 13 — 4 - A lâmina foliar possui as 2 epider- mes, abaxial e adaxial, glabras e unisse- riadas . Na epiderme adaxial as células, quando vistas frontalmente, são poligonais. Nos cortes transversais são retangulares e quadrangulares . As células da epiderme abaxial apresentam os mesmos contornos que as da adaxial, porém são menores e com as paredes periclinais onduladas . Podem apresentar cristais. 5 — No mesófilo, o parênquima paliçá- dico é constituído de uma camada de cé- lulas alongadas, enquanto o lacunoso é frouxo e constituído de células irregulares. No paliçádico podem ser vistos alguns idioblastos cristalíferos . 6 — Os estòmatos são paracíticos, com as células-guardiãs do tipo “telefone”, con- finados apenas à face abaxial. 7 — A nervação secundária é do tipo misto : Camptodroma-broquidodroma . Abstract At the present paper, we had mdke an anatomic study of the young stem, petiole and foliar limb of Mascagnia rigida Gr. coiüected in the Vale do Jequitinhonha and consiáered toxic to the cattle . The principies facts related are: 1 — In the young stem there are a concentric circle of vascular bundles, a sub-epidermal layer of mucilaginous cells and a great number of druses both in córtex and medule. The cells of the unis- seriate epidermis, are prismatics . 2 — In the petiole the epidermis is, also unisseriate and with prismatic cells. The vascular bundle are like a semi-arch, with the xylem towards the adaxial face anã the phloem towards the abaxial face, sur- rounded for an sclerenchymatous sheath. Great number of druses. 3 — The middle vein has an epidermis like the one of stem and petiole. The col- lenchymatous tissue are found in the 2 faces, with 8 layers of cells in the abaxial face and a few number in the adaxial face. The vascular bundle, like in the petiole, don’t existing an sclerenchymatous sheath but a bundle of fibers. Few druses. 4 — The foliar limb has te 2 epidermis, adaxial and abaxial, glabrous and unisse- riate. In the adaxial epidermis the cells when seen in front, are poligonais. In paradermics sections they are rectangular and quadrangular . The cells of the abaxial epidermis shonw the same contour that those of the adaxial, but they are little and with the periclinais wdlls sinuous. They can show some cristais. 5 — In the mesophyl the palissade tissue are formed of a layer of along cells, while the lacunous is lax and constituteã of irregular cells . In the palissade can be seen some cristaliferous idioblasts. 6 — The stomata are paracitic, with the guard-cells of the tipe “telephone”, confi- ned only at the abaxial face. 7 — The secondary venation are of the tipe camptodrome-broquidodrome . Introdução O presente trabalho faz parte de uma série que estamos realizando, relacionada com o “Levantamento das plantas tóxicas do Estado de Minas Gerais”. O material em estudo, coletado no Vale do Jequiti- nhonha e cultivado no “Hortus Medicinalis Lair Remusat Rennó”, do Museu de His- tória Natural da UFMG, onde se aclimatou bem, conforme descrição do gênero (Bert, 1879), é um arbusto trepador com folhas glabras, elipticas, levemente apiculadas e pecioladas. Apresenta, ainda, na face aba- xial da folha, nervuras secundárias termi- nadas por uma pequena glândula. As flores são pequenas, de pétalas ama- reladas, tendo o cálice 8 glândulas. Apre- sentam-se em racemos pubérulos terminais — 14 — e axilares . O pedicelo é articulado na parte média inferior onde existem 2 brácteas. O fruto é uma sâmara pubérula com asas laterais distintas, trapeziformes, tendo uma crista dorsal pequena, com ápice alongado . Sabe-se que Mascagnia rigida Gr. é muito tóxica para o gado, segundo estudos realizados na Escola de Veterinária da UFMG, sendo sua toxidez não muito forte, quando o gado come as folhas, mas per- manece em repouso (E. Pereira, 1953). Material e Métodos Nossas investigações foram baseadas em material vivo e fixado em FAA 70. Foram realizados cortes à mão ilvre e cortes em série de material incluído em parafina, sendo utilizados os micrótomos manual de Ranvier e rotativo de Spencer. Para diafanizaçào dos cortes utilizou-se hipoclorito de sódio a 10% ; dupla colo- ração, conforme Johansen (1940), Hema- toxilina-Eosina e Safranina-Fast Green; diferenciação dos tecidos vivos com Cloreto de Zinco Iodado. O estudo da epiderme foi baseado na dissociação das mesmas pela fervura em hipoclorito de sódio a 5% e pela mistura de Jeffrey, de acordo com Johansen (1940) e Foster (1949). A identificação dos elementos lignificados foi feita com o uso de Floroglucina adicio- nada de Acido Sulfúrico a 50%, resultando uma coloração avermelhada, segundo Johansen (1940) . A cutícula foi eviden- ciada pelo uso do Sudan IV (Sol. hidro- alcoólica a 80%), de acordo com Foster ( 1949 ) . A identificação do oxalato de cál- cio deu-se pela sua solubilidade no ácido clorídrico e solução aquosa de acetato cúprico e pela não solubilidade no ácido acético . Para estudo da nervação, as folhas fi- xadas em FAA, foram deixadas em solução aquosa de Hidróxido de sódio a 5% para sua diafanização . A solução foi renovada, diáriamente, até completa clarificação da folha, de acordo com Handro (1964) e Felipe- Alencastro ( 1966 ) . Esta clarifica- ção foi completada, colocando-se a folha em solução de hipoclorito de sódio a 5%, durante algumas horas , seguindo-se a la- vage mem álcool 70 e coloração por solu- ção hidroalcoólica de Safranina a 1%, con- forme Handro ( 1964 ) . Como meio de mon- tagem foi usado o Caedax. Desenhos e medições realizados com câ- mara clara Auss-Jena, e micro-fotografias com câmara fotográfica também Auss- Jena. Para as micro-fotografias utilizamos o filme Panatomic Trip-135 x da Kodak. Resultados e Discussão Foram realizados cortes transversais e tangenciais em caule, cortes transversais no peciolo e nervura central e cortes trans- versais e paradérmicos na lâmina foliar, tendo-se verificado o seguinte: Caule a) Corte transversal: Epiderme unisse- riada com células prismáticas, medindo, aproximadamente, 20„ no sentido periclinal e 13„ no sentido anticlinal. Cutícula fina, com 6„ de espessura. Células do parên- quima cortical anisodiamétricas. Estômatos localizados em depressões epidérmicas. Um círculo concêntrico de feixes libero-lenhosos. Medula bem desenvolvida, com células anisodiamétricas. Grande número de drusas, tanto na córtex, quando na medula, apa- tanto na córtex, quanto na medula, apa- recendo, ocasionalmente, nas células epidér- micas. Camada sub-epidérmica de células mucilaginosas . b) Corte tangencial: Células epidér- micas medindo, aproximadamente, 42„ no sentido periclinal e 13„ no sentido anti- clinal. Na medula, as drusas estão dis- postas em filas periclinais. — 15 — 500/4 FIG. 1 — Msiscagnia rigida Gr. — Corte transversal de caule jovem — 16 — Peciolo Corte transversal: Epiderme unisseriada com células prismáticas, como as do caule, medindo, aproximadamente, 27„ no sentido periclinal e 14„ anticlinalmente . Cutícula com 6„ de espessura. Células parenqui- matosas anisodiamétricas . Tecido colen- quimatoso constituído de 8 camadas de células, logo abaixo da epiderme . Feixe vascular formando um semi-arco com o xilema voltado para a face adaxial e o floema para a face abaxial, envolvido por uma bainha esclerenquimatosa . Muitas drusas por todo o peciolo, destacando-se um grande número, acompanhando o floema, de tamanho menor. h 4 - ,:v í ■ • - . «V . ‘ W. . I Bi 1 ir : ' *** * o SS - •: ->**y -'/« . * ^ :-vp - * % * % n I V tpj, Wt* ': ' '•> FIG. 2 — Mascagnia rigida Gr. — Microfotografia de um corte trans- versal do peciolo — 30 x — 17 — Nervura Central Corte transversal: Epiderme unisseriada com células prismáticas, medindo, aproxi- madamente, 20,, no sentido periclinal por 12„ no sentido anticlinal, com a forma semelhante às do caule e peciolo. Cutícula com 6„ de espessura. Tecido colenquima- toso constituído de, aproximadamente, 8 camadas de células, na face abaxial e um menor número na face adaxial . Tecido vascular semelhante ao do peciolo, envol- vido por feixes de fibras esclerenquima- tosas. Células parenquimatosas anisodia- métricas deixando, como no caule e peciolo, espaços intercelulares pequenos . Número reduzido de drusas. FIG. 3 — Mascagnia regida Gr. — Microfotografia do corte transversal da nervura central — 100 x — 18 — Lâmina foliar: Os cortes foram reali- zados no terço médio da lâmina foliar, sendo utilizadas, para este fim, sempre folhas adultas. Verificou-se que elas são dorsiventrais e hipostomáticas . o) Epiderme adaxial: Glabra, unisse- riada, apresentando uma fina cutícula de, aproximadamente, 6„ nas paredes peri- clinais. Em corte paradérmico as células apresentam contorno poligonal com as pa- redes anticlinais de contorno retilíneo (Fig. 4) . Em corte transversal predomina a forma retangular, apresentando compri- mento periclinal de, aproximadamente, 33„ e comprimento anticlinal de 15„ (Fig. 5) . Foram notados alguns cristais. FIG. 4 — Mascagnia rigida Gr. — Microfotografia de um corte paradérmico da epiderme adaxial. 400 x — 19 — b) Mesófüo: Parênquima paliçádico cons- tituído de uma camada de células alon- gadas, medindo aproximadamente 44„ de altura por 8„ de largura (Fig. 5), ricas em cloroplastos, localizando-se abaixo da epiderme adaxial. Nele podem ser vistos alguns idioblastos cristalíf eros . Detalhe que nos chamou a atenção foi a presença de um grande número de cris- tais que acompanham o tecido vascular do mesóf ilo . A fig. 6 foi obtida por meio de microfo- tografia do mesófilo, após maceração das epidermes . Parênquima lacunoso, frouxo, constituído de células irregulares, contendo cloro- plastos, com, aproximadamente, 5 a 6 camadas de células, medindo 106” (Fig. 5) — 20 — .*■ Vi k % # t;¥ % te, * jg W êg m ár tr > v** * **» è , #* * * * # % ^ $ * *> 0 w **• ■f ¥ '** .V ■*»* Fito-anatomista UFMG/ICB Por outro lado, as espécies ocorrentes no Estado são bastante afins possuindo flores e frutos muito semelhantes, o que dificulta a sua separação, principalmente, no material herborizado. Vistas em seu habitat natural, são fa- cilmente separáveis seja pela coloração de suas flores e folhas; comprimento e largura dos frutos adultos; presença ou ausência de glândulas nas pétalas e sépa- las de suas flores, ou, seu ritidoma. Para maior facilidade de separação das espé- cies, incluímos, além da chave apresentada por Ferreira e Heringer (1972) para os caracteres macroscópios, uma outra, para as características microscópicas encontra- das nas lâminas foliares e pecíolos das espécies, assim como, o estudo da venação foliar de seus foliolos . Material e Métodos Além das excursões realizadas em vá- rios pontos do Estado, em função, de vários Herbários como o da Universidade de Brasília, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, da Universidade Federal de Mi- nas Gerais (HBH), da Universidade Fe- deral de Viçosa, de Paraopeba, etc. onde nos foi dado manusear grande número de exsicatas . Para o estudo anatômico das espécies seguimos o roteiro abaixo. Utilizamos tanto material vivo como fixado. 1. FIXAÇÃO DAS AMOSTRAS Os fixadores utlizados foram o FAA a 50% e FPA a 50% . 2 . SECÇÕES Foram realizados cortes microscópicos à mão livre e cortes em série do material incluído em parafina, sendo utilizados o micrótomo manual de Ranvier e rota- tivo de Spencer. 3. AMOSTRAS NÃO FIXADAS Para a diafanização dos cortes utilizou- se hipoclorito de sódio a 10% e trata- mento de dupla coloração, conforme Johan- sen Hematoxilina-eosina e Safranina-Fast- green. A diferenciação dos tecidos vivos deu-se com o cloreto de zinco iodado. 4 . TESTES MICROQUÍMICOS As secções obtidas serviram a vários testes microquímicos, sendo que : a iden- tificação dos elementos lignificados foi feita com o uso de Floroglucina (solução alcoólica a 1%), adicionada de Ãcido clo- rídrico a 18%, resultando uma coloração avermelhada de acordo com Johansen; a cutícula foi evidenciada de acordo com Foster, pelo uso de solução acoóliea a 80% de Sudan IV. 5. MACERAÇÃO O estudo da epiderme foi baseado na dissociação da mesma pela fervura em hipoclorito de sódio a 10% e pela mistura de Jeffrey, de acordo com Johansen e e Foster ( ) . 6 . NERVAÇÃO FOLIAR Para o estudo da nervação, as folhas fi- xadas em FAA a 50%, foram deixadas em solução aquosa de Hidróxido de sódio a 10% para sua diafanização. A solução foi renovada, diariamente, até completa classificação da folha, de acordo com Handro e Felipe e Alencastro. Esta clas- sificação foi completada, colocando-se a folha em solução de hipoclorito de sódio a 10%, durante algumas horas, seguindo-se a lavagem em álcool a 70% e coloração por solução hidroalcoólica de Safranina a 1%, conforme Handro. Para classificação do padrão de nervação, baseamos-nos na chave elaborada por Ettinghausen (in Felipe e Alencastro. 7. MEDIÇÕES E CONTAGENS Foram realizadas de acordo com Neves e Laboriau et alii, com auxílio de câmara clara Auss-gena, acoplada ao microscópio. 8 . MICROFOTOGRAFIAS E DESENHOS Foram confecionados com auxílio de câmara clara Auss-gena e Câmara foto- gráfica Auss-gena . Posição Taxonômica Segundo Benthan (1859-1862) o gênero Pterodon se encaixa na tribu Dalbergiae ( Leg . ) que possiu 3 secções : a primeira com 10 gêneros, a segunda com 5 e a terceira com 4 gêneros . Pterodon se enquadra no terceiro grupo ao lado de Andira, Coumaruna e Dipterix. Pterodon se distingue das demais por possuir fruto orbicular, achatado, drupá- ceo, provido de ala circular e conter no seu endocarpo glândulas oleaginosas. Andira e Coumaruna apresentam frutos sem sementes odoríferas. Dipterix por sua vez não possui ala ao redor do fruto. Considerações sobre o gênero O gênero contém poucas espécies . Foi descrito por Vogei, em 1837, em Limnea II, n'J 3 pg. 384. Posteriormente, Benthan na Flora Brasiliesis de Martius, Vol. XV, pars I, às págs. 301-304, apresenta a — 4 — descrição de 4 espécies: Pterodon polyga- laeflorus, Pterodon pubescens , Pterodon emnrginatus, Pterodon abraptus. L. Pe- dersoli, n . sp . , colhida . . s margens do Rio Cipó, na serra do mesmo nome e pelo autor ofertada ao botânico Apparicio Duarte . Essa espécie é bastante afim de Ptero- don pubescens, mas dela se distinguindo pelo tamanho do fruto (bem menor), alas do cálice providas de numerosas glându- las, pétalas também com glândulas, em- bora raras, como também, pela sua distri- buição geográfica . É pouco conhecida e sua madeira pouco explorada. Poderá ser empregada para fins de reflorestamento, em áreas montanhosas do nosso Estado, onde se desenvolve muito bem atingindo alto porte. Características do gênero pterodon Árvores de 10-20 m de altura, diâmetro 30-60 cm. Folhas paripenadas; folíolos opostos ou levemente alternos, Pecíolo curto, Nervação mista bronquidodroma- camptodroma; Flores de violáceas a róseo claras; Cálice com 5 lacínios, 2 maiores e 3 menores denticulados com glândulas; Pétalas 5; Unhas curtas; Vexilo emargi- nado; alas ovais, carena soldada ou não (com ou sem glândulas); Estames mo- nadelfos; Ovário estipitado a sessil; 1 só óvulo, pêndulo . Fruto legume drupáceo, oval a oblongo, plano comprimido; endo- carpo ósseo com glândulas contendo óleo balsâmico. Uma só semente; oblonga, pouco espessa; raramente fértil. Considerações gerais Inúmeros autores se preocuparam com as sucupiras: Vecchi e Navarro de Andra- de (1916), Corrêa (1952), Fonseca Filho (1953), Hoehne (1923), Henringer (1947), Manieri e Leonardo (1972), Mameri e Pe- reira (1965), Rizzini (1970), Vieira e Bro- tero (1945), Heringer e Ferreira (1927) mencionam-nas como produtoras de exce- lente madeira, que seria muito resistente; própria para eixos de carros, varais, moi- rões, esteios, móveis, cabos de ferramenta e obras de carpintaria, de modo geral . Gurgel Filho (1953) a estuda como essên- cia para reflorestamento e nos fornece inú- meros dados sobre sua germinação, trans- plante e desenvolvimento. Mors e Santos (1966) estudaram o óleo de sua semente, a qual, possui efeito cer- caricida e tem ação profilática na pene- tração das cercarias do Shistosoma man- zoni . Pterodon polygalaeflorus e Pterodon pubescens são mencionados por Warming (1908), por Rizzini (1970-1971) por Good- land (1970) como árvores componentes da vegetação do Cerrado. Pterodon aparicioi, segundo o seu autor (1970) cresce em formação ciliar, nas margens do Rio Cipó, tendo sido consta- tada sua presença, em formações seme- lhantes ocorrentes em áreas mais altas, do município de Diamantina e adjacentes. Chave para espécies existentes no Estado (Ferreira e Heringer — 1972) . A) Árvores de folhas compostas, pari- penadas, flores com pétalas brancas, ró- seas ou roxas, cálice de tubo curto com 5 lacínios, 2 petaloides e 3 reduzidos, den- tiformes . B) Folhas com 5-10 jugas, flores róseo- escuro a violáceas, ovário estipitado. b) folíolos glabros, flores róseo-escuro a violáceas, alas do cálice sem glândulas. Pterodon polygalaeflorus bb) folíolos pubescentes, flores violá- ceas com o centro em tonalidade mais forte, alas do cálice com glândulas. Pterodon aparicici BB) Folhas com 10-13 jugas, folíolos pubescentes, flores de róseas a violáceas, alas do cálice com glândulas numerosas. Pterodon pubescens — 5 — Descrição das espécies Pterodon polygalaeflorus Benth. Pterodon polygalaeflorus Benth . ( Com- miolobium poly galaeflorum in Ann, Mus, Wind, II, 111, 1839) é uma árvore de 10 a 30 metros de altura, por 40 a 60 cm de diâmerto, com casca pardo-acinzentada, lisa, íntegra, apresentando fissuras quando velha . As folhas são compostas, paripe- nadas, com folíolos opostos ou levemente alternos, folíolos de pecíolo curto, com 6 a 10 jugas de 4 a 4,5 cm de comprimento por 2 a 2,5 cm de largura, ovados-lanceo- lados, glabros, subcoriáceos, ápice emargi- nado ou quase bífido, parte inferior mais clara, base obtusa e rotunda; bractéolas ovado-agudas, decíduas, de 4 a 6 mm; ner- vação tipo broquidódroma . As flores são pequenas, roxas e róseo-arroxeadas reuni- das em panículas densas, com pedicelos de mais ou menos 1 a 1,5 cm, cálice gla- bro, de tubo curtíssimo, com cinco lacínios, três reduzidos a dentes e os maiores ali- formes, petalóides, desprovidos de glându- las, tem pétalas fugazes, com unhas cur- tas, vexilo obovado e emarginado; ala abo- vada, levemente bífida, auriculada e carena de pétalas estreitas, íntegras, de base ari- culada. Os estames são monadelfos, com anteras iguais, pequenas rimosas . Apre- sentam ovário estipitado, com estigma único, estilete encurvado, punctiforme, e um óvulo pêndulo. O fruto é um legume orbicular, drupáceo, lenhoso, com asa ao redor, monosperma, de 4 a 5 cm de com- primento por 2,5 a 3 cm de largura. Seu endocarpo é provido de glândulas oleosas, de forma geralmente alongada, e a se- mente é marron, luzidia, alongada, com extremidade redondas . Material examinado Heringer, 11187, 10/09/68, Paracatu, MG; Heringer, 9897, 10/10/64, Januária, MG; Heringer, 8997/1191, 20/09/62, Rio Abaeté, MG; Heringer, 7524, 03/06/60, Três Marias, MG; Heringer, 6449- A, 23/ 08/58, Rio Abaeté, MG; Heringer, 6449-B, 14/09/60, Paracatu, MG; Heringer, 11188, 15/09/69, Paracatu, MG; Heringer, 7225, 1960, Três Maria, MG. Pterodon pubescens Benth . Pterodon pubescens Benth. (Commilo- bium pubescens Benth in Ann. Mus, Wind, II, 111, 1839) é uma árvore de 10 a 20 metros de altura por 40 a 60 cm de diâme- tro, com casca pardo-acinzentada, tenden- do para branca, lisa, íntegra, apresentan- do fissuras quando velha . As folhas são compostas, com pecíolo curto; folíolo de pecíolulo muito curto, de 12 a 16 pares, com 2,5 a 3 cm de comprimento por 1 a 1,5 cm de largura, opostos ou levemente al- ternos, oblongos; pubescentes nas duas faces, com base obtusa, ápice emarginado e bractéolas mínimas, decíduas. As flores são pequenas, de róseo-arroxeadas a bran- cas, reunidas em panculas densas; pedicelo com mais ou menos 1,5 a 1,8 cm de com- primento; o cálice é glabro, de tubo cur- tíssimo, apresentando cinco lacínios, três denteados e dois aliformes, petalóides, pro- vidos de glândulas redondas, translúcidas, numerosas; as pétalas têm unhas curtas, vexilo obovado, emarginado; carena de pé- talas estreitas e base auriculada . Os es- tames são monadelfos, de anteras iguais, pequenas e rimosas. O ovário é estipitado, de estigma puntiforme, estilete fino e en- curvado e um óvulo pêndulo . O fruto é um legume orbicular, drupáceo, lenhoso, com asa circular, monospermo, de 5 a 6 cm de comprimento, por 3 a 4 de largura. Material examinado J. Evangelista de Oliveira, 200, 7/10/ 40, Água Limpa, Calciolândia, Flores Cla- ras, MG; Heringer, 8000, Paraopeba, MG; M.B. Ferreira, 2000, 10/10/73, Ituiutaba, Triângulo Mineiro, MG; M.B. Ferreira, 2050, 20/10/73, Felixlândia, MG. Pterodon apparicioi Pedersoli n. sp. Árvore com 5 a 10 cm de altura por 50-70 cm de diâmetro. Ritidoma cinzento — 6 — desprendendo-se em placas arredondadas de 2 a 3 cm ’e diâmetro e deixando cica- trizes . Camada liberiana amarela e en- trecortada por filamentos de até cm de comprimento, vermelhos, que atingem a casca. Os ramos são dispostos de forma a dar à árvore uma copada ampla. Folhas alternas, compostas, de 8 a 20 cm de comprimento entre ráquis e peciolo. Rá- quis anguloso e levemente piloso. Folíolos de 3 cm de largura por 1 cm de compri- mento ou pouco menores, em número de 10 a 20, alternos e subopostos, de ápice emarginado, com pelos pequenos e em maior quantidade em relação a P. pubes- cens. Inflorescência em panícula terminal mais curta que as folhas. Bractéolas membra- náceas, agudas, de 2 mm de comprimento, caducas. São vistas somente enquanto as flores estão em botão. Flores com pedicelo de 6 a 8 mm de comprimento, com uma só flor, sem pe- dúnculo secundário. Flores com pedicelo de 6 a 8 mm de com- primento, com uma só flor, sem pedúnculo secundário . Cálice com 5 segmentos, sendo dois grandes, petalóides, pubérculos, interna e externamente com pontuações glandulosas e os três outros se apresentando com den- tículos sepalóides . Corola com pétalas violáceas, glabras e em pontuações glandulosas. Vexilo oval, com ápice emarginado, mucronado . Ca- rena fendida da base até o meio; ápice levemente emarginado, com dois mucrons. Asas obovais, bífidas e mucronadas. Ovário glabro, estipitado. Estilete ínte- gro, com estigma único. Estames mona- delfos, anteras ovais, dorsifixas, com uma glândula no ápice. Fruto - legume orbicu- lar, drupáceo lenhoso, com asa ao redor, monospermo, de 3,0 a 4,0 cm de compri- mento por 2,0 - 2,5 cm de largura. É re- vestido por um putamen lenhoso que se esfolia em pequenas placas quando o fruto amadurece . Material examinado Mello Barreto, 923331, 20/09/37, Fazen- da do Cipó, MG. Mello Barreto, 11550, 22/10/43, Margem do Cipó, MG. Mello Barreto, 9855, 19/11/37, Diaman- tina, MG. Fenologia De maneira geral, as três espécies flo- rescem de setembro a novembro, frutifi- cando de fevereiro a maio. Venação A venação foliar das espécies é do tipo mixto camptodromo-broqudodromo (Etting- hausen in Felipe e Alencastro — 1966) . Usos e empregos Aspecto já intensamente abordado pelos autores que as estudaram sob os mais va- riados ângulos. PROPAGAÇÃO: A propagação é difícil, apresentando sérios obstáculos, em função, do envoltório ósseo do fruto e das glân- dulas oleosas existentes no mesmo, que, impedem a penetração da água (Heringer e Ferreira — 1972) . O fruto deve ser atri- tado contra superfície áspera, antes da semeadura o que diminui em muito o tem- po necessário à germinação da semente . Heringer (1972) em seu trabalho “Pro- pagação de espécies arbóreas do cerrado” nos dá as seguintes informações: Em 500 sementes de Pterodon pubescena semeadas em 4 parcelas com tratamentos diferentes (parcela testemunha, parcela com Aldrin de 2 em 2 meses, parcelas queimadas nos meses de agosto-setembro e parcela capinada, cada uma com 20 m x 20 m) obteve-se um total de 7,6% de ger- minação. O autor nos informa que suas sementes não são atacadas pelo cupim e nas parcelas capinadas e queimadas, lim- pas portanto de sua cobertura vegetal, houve um índice maior de sementes ger- minadas . Nomes Populares Pterodon pubescens: Faveiro, Fava, Fa- veiro amarelo, Sucupira lisa, Faveiro ver- melho, Fava de Santo Ignácio, Sucupira lisa, Sucupira, Sibipira. P. polygalaeflorus: Faveiro, Faveiro roxo, Favereiro vermelho, Sucupira, Sipi- bira, Sucupira branca, Monjolo vermelho. P. aparicioi: Faveiro, Sucupira branca. Distribuição geográfica P. pubescens e P. polygalaeflorus, se- gundo Mendes Magalhães ocorrem nos Cer- cados e Matas Secas do Estado; (1955, 1956, 1961, 1966) . Pterodon pubescens é citado por War- ming (1908) para Lagoa Santa e por Goodland (1972) para o Triângulo Mineiro. Segundo Navarro de Andrade e Vecchi ( 1916 ) ; Marinis e Camargo ( 1966 ) e An- gely (1970) chega até São Paulo. É mencionada para Goiás por Heringer e Ferreira (1972) e Rizzo (1972) e para Mato Grosso, ocorrendo em mata seca baixa e alta, cerrado e cerradão, por Ratter, Richards, Argent e Gilford (1973) . Para o Distrito Federal por Heringer e Barroso (1971) e por Heringer e Ferreira (1972) . P. aparicioi foi colhida na serra do cipó e nas serras dos municípios de Diamanti- na, Datas e Gouveia. Caracteres Anatômicos das espécies Foram realizados cortes paradérmicos e transversais nas folhas das diversas espé- cies estudadas, todas do tipo dorsi-ventra) e observado o seguinte: A) — As células epidérmicas são muci- laginosas, apresentando dobras angulares nas paredes anticlinais. B) — Os pêlos encontrados nas epider- mes adaxial e abaxial das espécies, exce- ção de P polygalaeflorum, são unisseira- dos, do tipo não glandular, com células basais curtas acompanhaads por uma ter- minal alongada. C) — Os estômatos são do tipo para- cítoco . D) — Arcos vasculares envoltos por fi- bras esclerenquimatosas . Feixes colaterais. E) — Presença de bolsas lisígenas e es- quizógenas . Chave de diferenciação das espécies em função dos caracteres anatômicos observados Epiderme adaxial (vista frontal) . Sem estômatos, células de formato e tamanho irregular, paredes anticlinais le- vemente onduladas. a) Presença de pelos. b) pelos de comprimento médio de 100 micras . P . pubescens bb) pelos de comprimento médio de 75 micras. P . aparicioi a)) Ausncia de pelos. P. polygalaeflorus Epiderme abaxial. Presença de estômagos, tipo paracítico, células de formato e tamanho irregular; paredes anticlinais levemente onduladas; papilosa ou subpapilosa. a ) pelos presentes . b) pelos com o comprimento médio de 120 micras. . pubescens bb) pelos com o comprimento médio de 78 micras. P . aparicioi — 8 — aa ) Pelos ausentes . P. polygalaeflorus Corte transversal. Mesófilo . 3-4 camadas de células alongadas irre- gulares, alturas variáveis, não havendo de- limitação em cada camada; sem lacunas. P. pubescens 3 camadas de células alongadas, regu- lares, mesmo tamanho, delimitação entre as camadas bem visível, sem lacunas. P . polygalaeflorus 2 camadas de células alongadas, irre- gulares na sua altura, poucas lacunas pre- sentes . P . aparicioi Bibliografia As Madeiras Brasileiras. Editora Tecco Ltda. S. Paulo 94 p. (45-46). 1971. BENTHAN, G. Leguminosae. 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Introdução O gênero Pterandra pertencente à famí- lia Malpighyaceae é representada no DF por uma única espécie — Pterandra pyroi- dea Juss, um sub arbusto de delicadas flo- res róseas que povoa os campos e cerra- dos, onde, aparece com bastante freqüên- cia, após as queimadas. Com esse traba- lho pretendemos assinalar a presença dessa espécie para o atual Distrito Federal, como também, confirmá-la para o Estado de M. Gerais e Goiás. Apresentaremos além da descrição mi- nuciosa da planta, desenhos do ramo e detalhes florais, alguns dados novos sobre a mesma. * Monitor do Departamento de Botânica ICB/ UFMG. ** Botânica - DRN - FZDF. UFMG. Material e Métodos Para a realização deste trabalho, exami- namos as exsicatas depositadas nos herbá- rios: Universidade de Brasília, Museu de História Natural da UFMG (coleção Mello Barreto e Apparício Duarte), Fundação Zoo-botânica do D.F., IEACO de Sete La- goas e EFLEX de Paraopeba; bem como, material por nós coletado nas proximida- des de Goiânia e no D.F. Para o estudo anatômico, escolhemos folhas perfeitamente desenvolvidas . Tra- balhamos com material vivo, fixado e ma- terial herbarizado previamente fervido. Os cortes, à mão livre ou com auxílio de mi- crótomo, foram feitos segundo técnicas gerais utilizadas em histologia. Os testes microquímicos foram reali- zados segundo os autores: Johansen (1940,) Foster (1949), Sass (1958), Handro (1964), para evidenciação de diversos ele- mentos. A diafanização foliar foi realizada segundo técnica empregada por Handro (1964) e Felipe Alencastro (1966). Desenhos, esquemas e contagens reali- zadas com auxílio de estereoscópio Zeiss e microscópio Reichert. Fotografia e micro- fotografias realizadas com auxílio de má- quina fotográfica Leica M-2. — 17 — Histórico O Gênero Pterandra foi descrito por Jussieu, em 1840. Na Flora Brasiliensis de Martius, Grisebach, em 1858, cita o gênero — descrevendo uma única espécie — Pte- randra pyroidea Juss, que teria sido cole- tada em M. Gerais, por St. Hilaire e Ste- phan . Apresenta apenas uma sucinta descrição da espécie. Niedenzu, em 1928, no volume IV Das Pflanzenreich trata do gênero à pg. 609- 610, apresentando a descrição de Pteran- dra pyroidea Juss e consignando a sua presença para os Estados de M. Gerais, S. Paulo e Amazonas. Edmundo Pereira, em 1953, estudou a família e mostrou a distribuição de seus gêneros pelos Estados do País, incluindo o de Goiás aos já anteriormente citados. Segundo o mesmo autor, o gênero não ocorre além das nossas fronteiras, aqui, na América do Sul. Informa-nos, ainda que, o seu nome pro- vém do fato de terem os frutículos que compõem os seus frutos, alas laterais que formam um “X”. Características do Gênero Grisebach, em 1858, apresenta em Flora Brasiliensis de Martius, a seguinte des- crição para o gênero: Pterandra Juss: Pterandra Juss in St. Hil. Fl. Bras. III, 72. t. 179; Pterandra Juss, Sect. 1, Juss, Monog. 63 t. VI 6. Cálice 5 partido, 10 glândulas ou cálice eglanduloso por aborto . Pétala breve- mente unguiculada, extemamente sericea; estames 10 férteis, filamentos arredonda- dos, glabros. Anteras glabras, lóculos li- neares providas na parte externa de apêndice achatado, conectivo espessado formando ponta obtusa acima das anteras. Ovário trilocular, tripartido, estilete intror- so, supra basilar, subulado, agudo. Nozes 3, por aborto 1-2, carpóforo crasso, esti- pitado; — estiletes laterais. Semente glo- bosa de testa membranacea. Embrião com rostelo breve, cotilédones achatados, enro- lados ou espiralados. Edmundo Pereira, em 1953, menciona para o gênero: 6 — 7 — 0 glândulas, file- tes pilosos e flores amarelas ou róseas . Posição Sistemática do Gênero A sistemática das Malpihiaceae é feita baseada na estrutura do fruto, sendo en- contrados grupos que possuem frutos samaróides, outros do tipo coca e ainda o dos drupáceos. A família, seg Niedenzu, subdivide-se em 2 subfamílias. Pyramidotorae (Pte- rygophorae) de frutos alados e Planitorae (Apterygiae) com cápsulas triloculares ou drupas. O gênero Pterandra está in- cluindo na sub família Planitorae que se subdivide em 2 tribus a saber : Galphi- mieae e Malpighiaeae cada uma com duas sub tribus. Na tribu Galphimieae encon- tramos as sub tribus: Thryallidinae e Gal- phimiinae . Nesta última fica o gênero Pterandra ao lado de : Galphimia Cav . Coleostachys Juss, Blepharandra Gris, Verruculari Juss; Lophanthera Juss; Acnanthera Gris. Os gêneros normalmen- te se dispõem em 2 grupos distintos, facil- mente separáveis : uns com estipulas livres, outros com estipulas concrescidas . Pterandra se encaixa no segundo grupo, e distingue-se dos demais gêneros pela chave abaixo: I) Inflorescência paniculada. a) Apêndice de antera ocupando somen- te a parte superior da mesma, ovário — V errucularia Juss. aa) Apêndice da antera ocupando toda a margem da mesma, ovário glabro — Lophanthera Juss. II) Inflor. em racemos ou umbelas sim- ples ou flores em fascículos. *) Racemos axilares, conectivo das an- teras com apêndice informe longo e recur- vo — Acnanthera Griss. — 18 — **) Fascículos axiais ou terminais, conectivo da antera alargado formando laterais e apêndice ponteagudo no ápice da antera — Pterandra Juss. Descrição da Espécie Pterandra pyroidea Juss. Jussieu em Malp. Syn. (1840) 328. 328. Grisebach in Fl. Bras. Martius XII pars I, (1858) e Niedenzu in Engler u. Plant. Nat. Pflzfam. III. 4 (1890) 70. P. psidiifolia Juss, l.c. III, 73, t. 179. b. Subarbusto de mais ou menos 60 a 80 cm de altura, caule de secção circular, quase sem folhas, levemente estriado; ra- mos novos e folhas recobertas de pelos malpighiaceos de mais ou menos 1000 mi- cras de comprimento, pés curtíssimos e braços de tamanhos desiguais. Folhas verdes acinzentadas, tendendo a avermelhadas, pilosas na face inferior e, glabrescentes, na face superior; opostas- decussadas; ovais ou elípticas; sub-sesseis; as maiores com mais ou menos 5 a 14 cm de comprimento por mais ou menos 3 a 6 cm de largura, agrupadas na parte supe- rior do caule, formando copa (não sendo entretanto rosuladas) . Parte ventral mais clara, com nervuras bem marcadas. Ner- vação tipo camptodroma, nervuras secun- rárias desaparecendo nas margens da folha. Estipulas interpeciolares, pilosas, unidas pela base. Inflorescência fasciculada, densa, flores róseas, com mais ou menos 1,3 a 1,5 cm de diâmetro, dialipétalas, 5: pedicelo de 1 a cm de comprimento, com 2 bracteolas na base, piloso; cálice dialisépalo, 5, sépa- las com pelos malpighiaceos de mais ou menos 1250 micras de comprimento de braços e pés com mais ou menos 1,125 mi- cras de comprimento; sépalas ovaladas le pontas acuminadas, com 2, 4, 6, 8, 10 ou nenhuma glândula; glândulas de tamanho variado, de oblongas a ovais, ligeiramente esverdeadas . Corola dialipétala, pétalas su-orbiculares, unguiculadas, crespas; le- vemente crenada na margem; lâmina com nervura central externa coberta por pilo- sidade sedosa. Androceu com 10 estames férteis, com mais ou menos 3 mm de com- primento, filetes curtos; anteras bilocula- res, rimosas, beira de rima com pilosidade esparsa; conectivo espessado. Gineceu de ovário mediano, piloso, com mais ou menos 5 mm de comprimento por 3 mm de lar- gura; trilocular, de carpelos globosos; 1 óvulos por lóculo, óvulos anátropos; esti- lete 3, glabros com mais ou menos, 3 mm de altura; estigma de ponta arrendonda- da . Fruto cápsula, trilocular, loculicida . Semente globosa; testa membranácea. Fenologia Floresce de junho a novembro, inicial- mente, ostentando suas folhas e, posterior- mente, perdendo-as. Material Examinado UB: J.M. Pires, 57015, DF, Brasília; H.S. Irwin e Soderton, 5274, chapada da Contagem, DF; H.S., Irwin e Soderton 6032, Estrada de Anápolis, H.S. Irwin e Soderton 0388, Brasília, DF; J.M. Pires e N . T. Silva 9558, Fundação Zoobotânica, Brasília, DF; Lourdes Cobre e J. Oliveira, 235, prox. UnB, Brasília, Cerrado; E.P. Heringer, 4035, Paraopeba, M. Gerais; Ir- win e Soderton 5659, Rodovia-Bras . B.H., DF . ; Eunice Onischi e Sidney, 281 e 1050, Caiapônia, prox. de arargarças-Goiás . HMHN — (Coleção Mello Barreto) H- 465: Mello Barreto, 7481, Jardim Bot. de B. Horizonte, M.G., H. 1216, idem, 7482/ 932, Jard. Bot. de B. Horizonte, M.B.; H. 1777, idem, 483, Vila Novo Horizonte, B. Horizonte, M.G.; h. 43255, idem, M.B. 7486, Lagoa Santa, prox. cidade, M. Ge- raies; H-42884, João Evangelista de Oli- veira, 1172, Serra do Taquaril, B. Horizon- te, M. Gerais; H-34224, J. Evangelista de Oliveira 160, Horto Florestal, B.H., M.G.; H-5797, J. Evangelista Oliveira, 1172 Ser- ra do Taquaril, B. Horizonte, M. Gerais; Mello Barreto, 74 86, Lagoa Santa, Santa Luzia, M . Berais . 19 — HFZG: Mitzi B. Ferreira, 553, Sítio Novo, Rod. Bras. — Goiânia Km 60 — Goiás: idem, 571, Margens Rod. Bras. Goiânia, Km 45, campo, Goiás; idem, 525, Fazenda Velha, Rod. Bras. — Goiânia, Km 50, Goiás; idem, 629, Chácara Pra- xedes — INCRA Brasília, DF; idem 806, prox. UnB, Brasilia, DF; idem 839, Re- serva Biolóbica das Aguas Emendadas, Brasília, DF . ; idem 882, Reserva Bioló- gica das Águas Emendadas, IPEACO — Sete Lagoas — J.P. Coelho, S/n°, 15/10/ 64, IPEACO; Sete Lagoas. Herb. 75. Resultados Anatômicos Apresentaremos resultados advindos da análise das epiderme adaxial e abaxial em cortes paradérmicos e transversais da fo- lha: análise dos estômatos em vista fron- tal e transversal; análise da nervura central da folha em corte transversal e análise do limbo foliar em corte transversal na re- gião compreendida entre o bordo e a ner- vura. Nervura Central Epiderme unisseriada; células de peque- no tamanho, formato irregular, com maior diâmetro, quando evidente, no sentido anti- clinal; cutícula relativamente fina, apre- sentando aproximadamente 9 u de es- pessura . Colênquima constituído de 2 a 4 cama- das de células espessadas, sendo a maioria toníferas. Devido ao espessamento ocorrer em todo o contorno celular, o colênquima é do tipo circular. Parênquima fundamental do tipo aniso- diamétrico com células de paredes finas, deixando entre si, numerosos espaços in- tercelulares . Cristais de oxalato de cálcio ou areia cristalífera presentes em células paren- quimatosas . Feixe vascular em forma de U (tipo de Metcalfe e Chalk, 1950) com a extremi- dade aberta, voltada para a epiderme adaxial . Bainha esclerenquimatosa, constituída de 3 a 7 camadas de células, envolvendo todo o conjunto de feixes líbero-lenhosos . Sub-epidermicamente, observam-se nu- merosas glândulas (fig. 4 e 5) . Inseridos nas epidermes encontramos vá- rios tipos de tricomas, a saber: pelos sim- ples, pelos malpighiáceos e glândulas li- geiramente pedunculadas (fig. 5) : Lâmina Foliar EPIDERMES : a — ADAXIAL — Vista frontalmente; apresenta células irregulares quanto à for- ma (geralmente são poligonais) e tama- nho (fig. 6). Sobre as nervuras e na direção das mesmas apresentam formato que lembra um retângulo, embora irre- gulares. Células de paredes finas e geral- mente sem ondulações. Não possuem es- tômatos e é glabra. Vista transversalmente, apresenta for- mato que varia de quadrangular a retan- gular. Em geral, a altura dessas atinge aproximadamente 24 micras e a largura oscila em torno de 28 micras. Epiderme monoestratificada, apresentando sobre a parede periclinal externa, cutícula relati- vamente fina, que, incluindo a parede, mede aproximadamente 9 micras. b — ABAXIAL — Vista frontalmente, apresena células irregulares quanto a for- ma e tamanho (fig. 7). Paredes finas e sem ondulações. Ao longo das nervuras, mostram formato retangular com maior comprimento na direção destas . Apresenta esômatos e é ligeiramente pilosa . Vista transversalmente, mostra seme- lhança com a epiderme adaxial, diferen- ciando-se pelo menor tamanho das cavi- dades celulares. De um modo geral, suas células apresentam 16 micra de altura e 19 micra de largura. Observa-se na pare- de periclinal externa, cutícula relativamen- te espessa, dando-lhe um aspecto sub-pa- piloso . — 20 — Mesófilo Estômatos MESÓFILO (Fig. 9) a — Parênquima paliçádico: visto trans- versalmente é constituído de 2 a 3 estratos de células típicas que não apresentam limi- tes definidos com o parênquima lacunoso. As células são longas com espaços interce- lulares pouco evidentes. Numerosos cloro- plastos são observados nestas células que apresentam paredes finas . A espessura desse parênquima oscila em torno de 90 micra, sendo que, em média, cada célula apresenta 13 micra de largura . Obser- va-se que o paliçádico é interrompido no sentido de sua espessura, por esclerócitos que se agrupam, formando raios de 6 a 9 estratos de células, de comprimento e de 3 a 5 camadas de células de espessura, conforme sejam originários da bainha es- clerenquimática que circunda nervuras se- cundárias, terciárias, etc. b — Parênquima lacunoso : em corte transversal apresenta-se formado por cé- lulas irregulares, de tamanhos diversos e com poucos cloroplastos . Observa-se pre- sença de células coletoras que apresen- tam base mais estreita que o ápice ou vice-versa. Numerosos espaços intercelu- lares ocorrem neste parênquima que, tam- bém, exibe câmaras sub estomáticas irre- gulares, e que nos dão a impressão de serem individuais, sem comunicações entre si. Este fato, confere a folha caráter hete- robárico . c — Glândulas: Mostram-se esparsas no mesófilo. Encontram-se ao nível do parên- quima paliçádico em contato direto com a epiderme adaxial. Vistas transversalmen- te, exibem formato que varia de circular a elipsóide, sendo esta última forma a mais encontrada. Observa-se ao nivel do bordo foliar um maior número de glândulas pró- ximas a nervura sub-terminal . Segundo Metalfe e Chalk (1950) trata-se de com- plexas glândulas, visíveis mesmo a olho nu e localizadas sub-epidermicamente (Fig. 8). Confinados somente a epiderme abaxial e distribuídos em pequenas áreas delimi- tadas pelas nervuras. Vistos frontalmente (Fig. 7) exibem células guardas prote- gidas, cada uma, por uma célula subsidiá- ria, cujo maior diâmetro é paralelo ao da célula guarda . O estômato é portanto, descrito por Metcalfe e Chíalk (1950) como sendo do tipo paracítico ou rubiáceo. Estômatos relativamente pequenos com diâmetro polar e equatorial oscilando em tomo de 24 micra e 18 micra, não apre- sentando disposição definida na epiderme. Em corte transversal (Fig. 10) observa-se que estão colocados aproximadamente ao mesmo nível das células epidérmicas. Conclusões Como examinamos abundante material herborizado, como também, material fres- co, por nós coletado, podemos acrescentai à descrição feita para a espécie os seguin- tes dados: a) glândulas do cálice variando de nenhuma a oito, nunca nove ou dez. b) A espécie apresenta uma variação muito grande no tamanho e forma das glândulas do cálice. c) Pode ocorrer essa variação até mes- mo entre as flores de um mesmo indiví- duo. Encontramos em uma mesma popu- lação, desde pés com flores de 0 glândulas, a pés com flores de 8 glândulas e as mais variadas formas de transição. b) Nessas formas de transição não era raro encontrarmos sépalas com 1 só glân- dula, em vez, do par característico. e) A única constante é a presença de uma das sépalas sempre sem glândulas. f) Observamos que o período de flora- ção é muito dilatado, não havendo nem mesmo em uma população, mais ou menos confinada, regularidade para o início da mesma. g) Plantas floridas e frutificadas podem ser vistas coexistindo na mesma área. — 21 — h) A espécie em questão é bastante re- sistente ao fogo, que para a mesma serve de estímulo para iniciar sua floração. i) É planta melífera. j) Folhas com nervação do tipo “camp- todroma” . k) Partes novas do caule, folhas e cá- lice apresentando indumento constituído por pelos do tipo “Malpighiaceo”, bem típicos, com pé curto e 2 braços de tama- nhos desiguais variando de 1000 a 1250 micras (comp. total dos braços) . l) Ocorre em toda a área do DF, nos campos e cerrados. m) Mencionamo-la também para Goiás para onde o “gênero” havia sido citado por Pereira (1953) . n) Segundo os coletores em Goiás apa- rece em: Caiapônia, Anápolis, Luiziaânia, Pirenópolis, Goiânia, Goiás Velho. o) Para Minas Gerais além de Cachoeira do campo e Piedade (Flora Brasiliensis) os coletores a mencionaram para Belo Ho- rizonte, Sete Lagoas, Serra do Taguaril, Paraopeba, Santa Luzia, Lagoa Santa, etc. p) Dentre os dados anatômicos desta- camos: 1 — Glândulas complexas, pedunculadas ou localizadas subepidermicamente; pre- sentes no peciolo e folhas. 2 - — Folhas hipostomáticas e dorsi- ventrais . 3 — Epiderme foliar adaxial glabra e monoestratif içada; abaxial pilosa e mono- estratificada . 4 — Parênquima diferenciado em paliça- dico e lacunoso. 5 — Estômatos do tipo paracítico ou rubiáceo . 6 — Tecidos mecânicos são principal- mente esclerênquima e colênquima. Summary At the present paper we are treating with some of the Malpighiaceae found in DF. The present genre Pterandra has only one specie: Pterandra pyroidea Juss. Bibliografia D’ ASSUMPÇÃO, W. R. C. et alii. Introdu- ção ao estudo anatômico de Mascagnia rí- gida Gr. Oréades, Belo Horizonte k (6): 13-27 — 1973. ESAU, K. Anatomy of seed plants. New York, John Willey and Sons Co., 1960. FELIPE, G.M. e ALENC ASTRO. M. M. R. de Contribuição ao estudo da nervação fpçoar das compostas dos cerrados. I. Tribus Heleniantheae, Inuleae, Mutisseae. Senecioneae. Anais da Academia Brasileira de Ciências , Rio de Janeiro, 38: 125-132. 1966. FOSTER, A. S. Protical plant anatomy. New York. D Van Nostrand Company Znc, 1949. BRISSEBACH, A. H. R. Malpighiaceae Bra- sileiras in Flora Brasiliensis de Martius. Vol. XII, pars I: 104-107. 1858. HANDRO, W. Contribuição ao estudo da vena- ção e anatomia foliar das Amaranthaceae dos cerrados. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 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G — ÓVULO — 23 — Soo X FIG. 4 — Pterandra pyroidea Juss — microfotografia da nervura central em corte transversal. — 25 — 10_M FIG 6 Pterwndra pyroiãea Juss — detalhe da venação. 26 FIG . 7 — Pterandra pyroidea Juss — vista frontal da epiderme adaxial. — 27 — FIG. 10 — Pterandra pyroidea Juss — corte transversal do aparelho estomático . FIG. 11 — Pterandra pyroidea Juss — Corte transversal de uma glândula que ocorre na folha. — 29 — Contribuição para o conhecimento de novas áreas de ocorrências anemia elegans APPARÍCIO PEREIRA DUARTE * Aneimia Sect. 1. (Subgenus 1 Trochopteris) 1 Aneimia (Anemia) elegans Presl. Com as frondes, medindo quase uma polegada, densíssimamente aproximadas formando estrelas (ou estreladamente dis- postas) e de modo horizontal; lâmina tri- partida, com as lacínias terminais estéreis, quase orbiculares-cuneadas, trilobas, com as margens quase crenuladas e ciliadas; com as lacínias laterais foliáceas, encur- tadas (reduzidas), bipenado-partidas, de- currentes no eixo, as lacínias de segunda categorias estreitas diferindo das nervuras primárias, os esporângios formam-se entre as margens, na face ventral densamente vestidas de pelos hirsutos (cerdosos), cilia- das; as nervuras secundárias, apresentam- se livres, flabeliformes, dicotômicas; com o estipe, junto à base, com pelos longos e ferrugíneos . Rizoma erecto, medindo quase 1 pole- gada em toda a extensão, incluindo o gomo vegetativo. Frondes medindo aproximada- mente 12-18 mm de comprimento, 8-12 mm de largura: Lacínias frutíferas (esporan- * Pesquisador em Botânica do Jardim Botâ- nico do Rio de Janeiro e Bolsista do C.N.Pq. gíferas) com aproximadamente 2 mm na face ventral densamente coberta de pelos longos, na dorsal, hialinas biarticuladas . Pelos estipitados, na base alargados, apre- sentando raízes filiformes ou em cabeleira como os dos caniços, levemente encurva- das para o ápice, cruciformes e constrin- gidos, oriundos de células compostas de até 20 artículos; estas são quase iguais entre si e mais ou menos iguais em lar- gura, paleáceas, bastante pelúcidas. Espo- rângios sésseis, providos no meio de anel insular de posição vertical. Esporos quase tetraédricos, distintamente estriados, es- trias não elevadas, muito estreitas, ângulos obtusos apenas proeminentes, verdes-acas- tanhados desprovidos de pelos. Plantinhas notáveis e por todos os carac- teres incomuns, exceto pelas notações indi- cadas, para as frondes, distintíssimas acti- nomorfamente dispostas . Segundo Flor. Bras. Mart. Esta espécie foi coletada nas fentas dos rochedos, por exemplo, próximo a Cidade de Cuiabá, na Serra do Jerônimo, Provín- cia de Mato Grosso: Beyrich, no topo da Serra de Natividade, província de Goiás; n<> 4035; Serra da Chapada: Riedel (Herb. Mus. Pac. Vindob.). Sin. Aneimia elegans Presl. Sup Piem. Tent. Pterid . 81. — 30 — Aneimia riedeliana Kunze Moss. Trochopteris elegans Gardin. in Hook. Lond. Joum. of Bolany I (1842) 74 tab. 4 J. Smith ibid II 388 Hook. Gen. Fil. tab. 104 A. Euphoropteris riedelii Roemer Moss. Trichomanes recciaeforme Bongard ex Kunze Herb. Ao escrevermos esta pequena nota, tive- mos em mente contribuir para o conheci- mento de uma espécie de planta que se caracteriza pela sua alta antigüidade . A planta em apreço é Anemia elegans, da família Schizaeaceae, da Série Filicales. O gênero Anemia ou Aneimia com cerca de 90 espécies segundo a última edição do Syllabus der Pflanzenfamilien, I Band, 1954, é um grupo que se distribui princi- palmente pelas regiões neotrópicas secas, segundo Obr. cit. Grande número de espécies da flora brasileira encontra-se principalmente nos campos altos dos Esta- dos de Minas Gerais e Goiás . Algumas chegam às matas atlânticas no Estado da Guanabara onde se encontram várias espé- cies, uma delas de rara beleza; é Anemia gardneri, que cresce ao longo da Estrada das Paineiras, e uma outra Anemia sp. endêmica do Morro Queimado, também muito elegante. Não poderíamos deixar de falar em Anemia radicans, freqüente nas matas da Serra da Carioca e Anemia phy- litidis . Na região norte do Estado do Espírito Santo ocorrem algumas espécies muito interessantes. Vimos que muitas crescem em regiões secas, particularmente em for- mações rupestres ou grandes rochedos onde se formam os solos de coluvião. Há espé- cies também freqüentes nos campos pedre- gosos de Minas, poucas em solos argilosos. Mas, de modo muito freqüente o grupo tem habitat rupestre, daí o seu xeromorfismo acentuado . No caso vertente, é Anemia elegans que ocupará nossa atenção daqui por diante. A morfologia ou o hábito desta planta, seu comportamento ecológico, distribuição geo- gráfica, etc. Chamou-nos a atenção. Há já bastante tempo, cerca de 30 anos mais ou menos, tivemos o primeiro contato com esta planta. O seu aspeto biológico, par- ticular endemismo e distribuição geográ- fica, induziu-nos a possibilidade de a con- siderar, como um tipo que se encontra no limiar da extinção, causada pela paulatina mudança das condições ecológicas que se observa em todos os nichos onde a espécie ficou confinada . Ela pode ser perfeita- mente enquadrada entre os chamados “fós- seis vivos ou relíquias” . Entre as nume- rosas espécies, que compõem o gênero, esta é a que apresenta o comportamento bioló- gico mais estranho, não só no que se refere ao seu habitat mas quando ao processo reprodutivo. Tem folhas, ou melhor, fron- des rosuladas e congestas, muito apertadas entre si, em cuja base se inserem as raízes filiformes que se insunuam entre as cama- das estratificadas da rocha que se super- põem. Em todas as localidades onde a observamos, sempre o mesmo comporta- mento. Medra exclusivamente em serras onde a rocha predominante é o arenito ou quartzito do tipo estratificado. Localizan- do-se, particulamente na base dos blocos ou maciços, onde se processa a desagregação causada pela umidade; quer pela infiltra- ção lenta, através dos blocos, quer pela evaporação do ambiente circunvizinho . É neste ambiente especializado que a planta forma pequenas colônias, às vezes consti- tuídas de numerosos indivíduos que va- riam de 4-6 cm de diâmetro podendo, po- rém, atingir porte um pouco maior, quando os indivíduos crescem isolados. A planta não recebe luz nem chuvas diretamente; ambos os elementos são recebidos indire- tamente. A espécie tem comportamento xeromorfo muito acentuado; durante o pe- ríodo de estiagem as plantas se fecham inteiramente, formando minúsculos nove- los; mas tão logo caem as primeiras chu- vas, imediatamente as frondes se expan- dem. — 31 — Reprodução Anemia elegans neste particular se afasta inteiramente de suas congêneres . Sabe-se que este gênero apresenta frondes esporangíferas especializadas e frondes ve- getativas ou trofófilos (trophophillos), que saem do mesmo raque, porém, com fun- ções definidas. Anemia elegans foge a esta regra; não apresenta órgãos reprodutivos especializados, a mesma fronde exerce a dupla função, isto é, a vegetativa e a re- produtiva . As formações esporangíferas se dispõe à margem das frondes. Nesta espécie se apresentam com o as- peto flabeliforme, isto é, pequenos leques, ou então plicadas, visto que as nervuras partem da base do pecíolo formando quase um só feixe, a proporção que se afastam para a extremidade distai as dobras se abrem tomando a forma de um verdadeiro leque. As margens apresentam-se irregu- larmente onduladas, é justamente nestas dobras ou pregas, na face dorsal ou infe- rior, onde se dispõem os soros esporangí- feros. Os esporângios ao atingir a matu- ração libertam os esporos que caem na circunvizinhança da planta materna; se as condições ecológicas são favoráveis, estes germinam em profusão, caso contrá- rio são condenados à morte. A planta é tipicamente oxifila, pelo fato de os arenitos ou quartzitos pela sua própria composição química, isto é, o anídrido silicico ser ácido pela quase ou total ausência de cálcio . Quanto a matéria orgânica, ela vive a custa dos seus próprios restos. A propor- ção que as frondes envelhecem e entram em decomposição, permanecem na base do rizoma da planta, ou então em raríssimos casos Liquens crustáceos que se desenvol- vem nas proximidades, têem os seus restos levados pelo vento ou pela ação da gra- vidade . Em seguida, daremos uma relação das localidades onde a planta foi coletada, de- pois dos espécimes descritos na Flora Bra- siliensis . Serra do Itacolomi, Ouro Preto, Serra São Thomé das Letras, Município de Pae- pendi, em Minas Gerais, Serra do Belo Vale à margem da BR - 135, no mesmo Município. Em afloramento de Arenito no Parque do Gama, Cidade Satélite de Bra- sília. Serra Dourada, em Goiás, em dois pontos: nas formações ao lado da Rodovia que atinge a velha capital daquele estado e no ponto mais alto da mesma Serra, onde verificamos e coletamos a forma robusta da espécie numa altitude de aproximada- mente 1.000 m acima do nível do mar. Todo o material por mim coletado se encontra distribuído pelos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Her- bário Bradeano e Museu de História Na- tural da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Bibliografia ENGLíER, Adolpho (1954) . Syllabus der Pflan- zenfamilien, I Band, Allgemeiner Teil Schi- zeaceae (Pag. 293-196). — 32 FIG. I — Aneimia élegans, onde vemos o habitus da planta, uma fronde destacada mostrando a posição dos soros e os esporângios, mostrando alguns esporos onde se observa a forma dos mesmos. FIG. II — Aneimia tenuifolia, onde se observa as frondes vegetativas e as esporangíferas . As duas estampas mostram as menores espécies do gênero. — 33 — Da Semente do Gênero /\spid enero /vspiaosperma APPARÍCIO PEREIRA DUARTE Ao tratarmos das sementes do gênero Aspidosperma, não podemos deixar de falar das sementes das Apocynaceae de um modo geral. Esta grande família, com cerca de 200 gêneros, contém aproximadamente 2.000 espécies que se concentram particu- larmente nas regiões tropicais e subtropi- cais do globo; apenas poucos gêneros atin- gem as regiões temperadas. Como se veri- fica, uma família tão numerosa em repre- sentantes, e pela estrutura de seu tipo flo- ral, admite-se a existência de frutos e se- mentes com formas tão variadas, bem como grande riqueza e variabilidade na compo- sição química de alguns gêneros já estu- dados. Destes notam-se plantas produtoras de frutos, para a flora brasileira muito saborosos, como os gêneros Couma, Han- cornia, etc, Outras com frutos providos de arilos carnosos, como o gênero Tábernae- montana, porém não comestível ao que se saiba. Nota-se que o número de gêneros que produzem frutos carnosos comestíveis é muito pequeno, proporcionalmente à maio- ria esmagadora que apresenta folículos com sementes providas de tufos de pêlos sedosos, como se observa nos gêneros : Manãevilla, Macrosyphonia, Rabdadenia , Malouetia, Forsteronia, Anisolobus, etc. A Allamanda, tem sementes comprimidas e * Pesquisador em Botânica do Jardim Boty- nico do Rio de Janeiro. Bolsista do C.N.Pq. aladas bem como Himatanthus, etc. Seria fastidioso mencionar todos os tipos de se- mentes. Finalmente, temos as espécies de Aspidosperma todas com sementes consti- tuídas de um núcleo ou sementes propria- mente dita e uma expansão de tamanho e forma variável segundo a espécie. Em al- gumas o núcleo, em relação à asa ou expan- são membranácea, ocupa posição concên- trica ou quase; neste caso temos os repre- sentantes da Série Macrocarpa e Nobile, nas quais as sementes são quase circulares. Nos representantes da Série Pyricolla, aa sementes ou melhor o conjunto seminífero apresenta-se elipsoide; o núcleo às vezes pode se apresentar com aspeto cerdiforme; ainda podemos notar que espécies das for- mações de cerrado e membrana aliforme tem consistência rígida, escariosa, bem como as das caatingas, por exemplo: As- pidosperma pyrifolium e Aspidosperma re- fractum. Podendo-se observar um dilace- ramento nas asas como as barbas de uma pena. As espécies das matas pluviais são tipicamente membranáceas; ao invés de se dilacerarem, rasgam-se em grandes frag- mentos. Além dos tipos mencionados para as diversas séries precedentes, ainda pode- mos acrescentar a Série Polyneura com 4 representantes. A espécie que deu nome a esta categoria, Aspidosperma polyneura, tem uma das menores sementes e estas por sua vez fogem à regra de apresentar a expansão aliforme de posição concêntrica, — 34 — mas sim excêntrica; o núcleo normalmente se localiza na base do estipe. Os folículos desta espécie apresentam forma navieular e têm quase a mesma largura em toda a sua extensão. Esta Série, como se pode notar nas des- crições já publicadas na primeira parte deste trabalho, compõe-se de 4 espécies: 2 são árvores de grande porte, de 25-30 metros, como Aspidosperma polyneuron e Aspidosperma ellipsocarpum. Aspidosperma cylindrocarpon é árvore de porte médio, medindo 10-15 metros mais ou menos e Aspidosperma dispermum pequena árvore de 8-10 metros mais ou menos. Um fato que ilustra bem esta Série, é que, apesar de ser representada por árvores na sua maioria de porte médio a grande, produz proporcionalmente os menores frutos, e ipso facto, o menor número de sementes, até 2 por fruto, como é o caso de Aspidos- perma dispermum. O tipo destas sementes facilita notavelmente sua disseminação. As Apocynaceae são, na sua grande maioria, “anemocóreas”, isto é, têm suas sementes dispersadas pelo vento. Fato interessante é que os frutos deste gênero normalmente atingem a sua maturação no fim do mês de julho, agosto e até princípios de setem- bro, justamente no limiar da primavera que normalmente coincide com as primei- ras chuvas, o que desta forma garante a germinação das sementes e a conseqüente excese, o estabelecimento das novas plan- tas . As sementes aladas ou providas de tufos ou pincéis de pelo podem variar na constituição, isto é, podem ser de estrutura sedosa macia muito delicada ou então rí- gidos ou cerdosos como se observa em muitas Compositae. As sementes de mui- tas espécies pertinentes aos gêneros Man- devitta, Macrosyphonia, etc., são muito pro- curadas pelos pássaros que as empregam na construção de seus ninhos. Estas espé- cies são, quanto ao vetor, “zoocóreas”, ra- zão por que podem ser transportadas à grandes distâncias da planta matriz. No caso de Aspidosperma, numa viagem à Lençóis, na Serra do Sincorá, no Estado da Bahia, comecei a encontrar as sementes de Aspidosperma numa pequena restinga arenosa quase no espigão da Serra. Pro- curando em todos os sentidos em volta da restinga, não vi nenhuma árvore de Aspi- dosperma; só mais tarde, depois de tomar o transporte e ter andado cerca de 1 1/2 a 2 km foi que apareceu a árvore de Aspi- dosperma discolor com numerosos frutos já abertos, sem as sementes, e outros ma- duros mas ainda se conservando fechados. A disseminação ou dispersão coincide prin- cipalmente com os dois meses mais ven- tosos, que são julho e agosto, quando há a transição da estiagem, ou seja, do outono para a primavera, no começo das chuvas. Para as numerosas espécies este só fato contribui poderosamente para garantir a germinação das sementes, e por conseqüên- cia a excese das mesmas. Além da umi- dade ainda conta-se como fator favorável a temperatura e a maior duração dos dias. — 35 — Considerações sokre os Frutos dos Aspidospermas APPARÍCIO PEREIRA DUARTE * Os frutos dos Aspidospermas apresentam formas que podem variar desde dolabri- forme, circular, até cilíndrico. Quanto a epiderme dos folículos, podem se apresentar lisas ou enrrugadas como em Aspidosperma ülustre e A . rigidum . Percorrida por estrias ou costas no sentido longitudinal em várias espécies da Série nobillae por ex: A. melanocalyx, A. spru- ceanum, A. limae, etc., por uma só costa, A. tomentosum, A. olivaceum, A. subin- canum e outras mais . Com a superfície do folículo sem relevo temos, A. popüli- fólium, A . pyrifolium, A . refractum, quase sempre pyricollum, etc. Quanto a indumento podemos notar : Folículos lanuginosos em A . ãasycarpon em A . gomezianum em A . melanocalyx, A . eringerii nova espécie encontrada no Catetinho em Brasília e menos acentuado o revestimento, notamos em A. tomento- sum condizente com o nome da espécie. Folículos glabros, porém, com toda a su- perfície coberta de lenticelas tornando-a totalmente maculada, e estas lenticelas podem ser numerosíssimas como em A. pyricollum; particularmente nos exempla- res coletados em matas, mais discretas * Pesquisador em Botynica do Jardim Bo- tânico do Rio de Janeiro e Bolsista do CNPq. em A . subincanum, A . tomentosum, A . olivaceum, muito esparsas em A. populi- jolium e A . pyrifolium . Folículos cobertos com indumento to- mentoso a papiloso, podemos observar no primeiro caso para Série Macrocarpa re- presentado pelas três espécies; A. macro- carpon, A . duckei e A . verbascifolium todas três apresentam o mesmo tipo de indumento e mais ou menos a mesma for- ma e tamanho dos frutos; só muito difi- cilmente ou quase impossível a separação destas por este só elemento. Na Série nobile os folículos são cobertos de indumento papiloso muito delicado quase sempre de coloração flavescente, podendo mesmo apresentar ao tato a sensação de consistência velutina; neste caso podemos citar . A . desmantum e A . album . A . limae, que tem coloração obscura. A Série nítida é de todas a que apre- senta maior uniformidade no que tange ao ornato dos folículos. Todas sem exces- são transitam desde a forma tuberculada (mêntica) até a espiculada ou echinada como se observa em A. acantocarpum . Os frutos desta Série são inteiramente gla- bros, quanto a forma tendem para a cir- cular podendo ser séssil como em A . dis- color ou estipitada como em A . pruinosum, A . compactinervium, etc . Circular como — 36 — em A. oblongum e quase como A. dis- color . A Série polyneura no momento engloba quatro espécie sendo três já conhecidas e uma ainda nova para ciência. Das quatro espécies duas apresentam os folículos cilíndricos haja visto A. cylin- drocarpon e polyneuron. A. dispermum e A. ellipsocarpa n. sp., os apresentam comprimidos e desprovidos de lenticelas enquanto que os daquelas o são. Os folí- culos destas são providos em ambas as faces de uma costa que percorre toda a extensão do mesmo, enquanto que nas duas espécies de frutos cilíndricos a ausên- cia de costa é total. Ainda um detalhe notável para as espé- cies da flora extra-amazônica; as árvores desta Série são reputadas como as de maior porte dentro do gênero, e relativa- mente ,as que apresentam os menores frutos . Só A . cylindrocarpon apresenta frutos de tamanho razoável. Em A. poly- neuron os frutos são pequeníssimos, só ultrapassados em pequenez por A . rie- dellii do Estado de São Paulo da região de Ipanema e uma espécie próxima desta ainda não bem individualizada, coletada por Gregório Bondar no Estado da Bahia. Íamos nos esquecendo que Woodson co- locou também na Série polyneura, Aspi- dosperma cuspa, espécie esta com uma larga distribuição na região das forma- ções semi-decíduas isto é, ao Norte de Minas, Bahia, Ceará, na Serra do Araripe e já tendo sido coletada até no Peru. Este Aspidosperma é bastante destoante dos demais representantes da Série não só pelo seu porte como pelos hábitos e habitat. Tem folículos pequenos comprimidos desprovidos da costa longitudinal, presente nas duas espécies; A. dispermum e A. ellipsocarpa. Se não fôra tomar excessi- vamente analítica uma revisão; e não se tratasse de uma só espécie, quase seria melhor criar uma nova Série. Mas por ora a conservaremos onde está, quem quizer fazê-lo no futuro que o faça. Aspidosperma austrále e A. longipetio- latum, talvez, também constituíssem uma Série distinta. Os considero bastante dis- toantes pelo aspecto de seus frutos dentro da Série pyricolla, apresentam frutos com a epiderme muito delgada que depois de secos, aquela torna-se engelhada formando estrias finas . Além do mais os folículos destas são longamente estipitados, além do que se observa para as demais espécies componentes da Série. A Série ramiflora constituída de uma só espécie, isto é, A . ramiflorum, é realmente um representante conspícuo. Das espécies arbóreas integrantes de matas pluviais da região extra-amazôncia, é a que apresenta os maiores frutos até agora conhecida, com excessão apenas dos representantes da Série macrocarpa. Os frutos desta es- pécie apresentam a forma de cutelo trun- cado com uma costa obsoleta que o per- corre em toda extensão; ao se encontra- rem na extremidade distai, forma um mucron encrassado . A epiderme grossa apresenta escavações irregulares, notan- do-se também máculas a guisa de lenti- celas de coloração esbranquiçada sórdida, sobre fundo obscuro ou nigrescente . Os frutos desta espécie são sésseis. Creio termos dado para os grupos de espécies brasileiras uma idéia geral no que diz respeito a formação relevo do exocarpo dos frutos dos Aspidospermas ; outros aspetos mais detalhados serão da- dos ao tratarmos de cada espécie em se- parado . Agora vamos apresentar algumas infor- mações no que concerne a deiscência dos folículos. Do que temos observado a este respeito, isto é, do comportamento dos frutos, verificamos existirem frutos ressu- pinados e não ressupinados, frutos com abertura coclear e frutos revolutos, frutos que mal rompem a sutura ventral e liber- tam as sementes. A estes vários comportamentos podemos atribuir também as condições ecológicas onde crescem as várias espécies, mas não — 37 — se deve considerar apenas o fator ecoló- gico momentâneo, mas um fator genético firmado através de uma longa e pertinaz adaptação . Quanto a deiscência notamos as se- guintes diferenças: As espécies de cerrado são árvores de pequeno porte, recebem uma iluminação muito intensa, acreditamos que este fator, isto é, luz possa provocar uma formação de tecidos consideravelmente lenhificado. As células ou fibras diversa- mente dispostas no fruto, que ao atingir o seu pleno crescimento produzem neste um movimento de torsão que culmina com uma perfeita ressupinação . Esta ressupi- nação pode variar desde 36«. Bibliografia SANTOS, Eurico. Da Ema ao Beija-flor, 2» ed. Rio, 1952. RIZZINI, Carlos Toledo. Manual de Dendrolo- gia Brasileira, págs. 9-294. 1971. MARTIUS, Carlos Filipe Frederico von. Flora Brasiliensis, págs. 43-61. 1860. SAMPAIO. A.J. Fitogeografia do Brasil, 3» ed 1945. WOODSON, Robert E. Jr. Studies in the Apo- cy naceaeVIII.i An Interium Revision of the Genus Aspidosperma Mart. et Zucc. págs. 119-204. 1951. — 38 — algumas Notas sokre o pólen e as anteras de espécies de CuSSlã JORDEUNA LAGE MARTINS * GIORGIO SCHREIBER ** J. L. PEDERSOLI *** O Gênero Cássia contém cerca de 600 espécies descritas estando representado em todos os continentes e na maior parte das ilhas de clima tropical ou temperado. É o maior gênero da família Caesalpi- naceae e está entre os 25 maiores gêneros das plantas dicotiledôneas . Os seus representantes apresentam gran- de diversidade em habitus e habitat, va- riando de árvores de aproximadamente 3 ms de altura à ervas anuais prostradas. As folhas variam de cerca de 90 cm de comprimento à total ausência de folhas. Os frutos, de 90 cm à menos de 2 cm de comprimento podem num extremo ser le- nhosos e relativamente indeiscentes; ou pequenos e com deiscência por putrefação ou de deiscência abrupta por válvulas elás- ticas espiraladas. Por outro lado, muitos outros caracteres, notavelmente os da flo- res são relativamente constantes. Embora exista uma grande diversidade morfológica e larga distribuição do gênero, * Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas. ** Titular da Cadeira de Evolução do ICB — UFMG. *** Assistente Sistemática Vegetal — ICB — UFMG. foram publicados apenas poucos dados rela- tivos ao número de cromossomas do gê- nero. Este trabalho tem como objetivo o exa- me das anteras e do pólen de algumas espécies de Cassia existentes no cerrado. Devido ao fato, conhecido na literatura, de existirem espécies poliploides até hoje não conhecidas foi iniciado o estudo cito- genético visando, numa etapa preliminar, o tamanho e o eventual polimorfismo dos grãos de pólen. Tendo em vista que no início do trabalho já havia acabado a época de floração foi aproveitado o material de herbário exis- tente no Herbário Mello Barreto existente no Museu de História Natural da UFMG. Material e Métodos A técnica de preparação do pólen utili- zada foi descrita por RIZZINI, uma vez que ela não altera o volume do grão de pólen a curto prazo nem elimina o seu conteúdo. Em ensaios preliminares foi constatado um caráter peculiar da existência, em algu- mas espécies, de um característico dimor- fismo nas anteras ditas “funcionais” pelos taxonomistas . Nestas espécies existem 3 — 39 — anteras grandes e 4 anteras pequenas além de 3 estaminódios, que não consideramos nesse trabalho por não serem funcionais. Outras espécies, pelo contrário, apresentam 7 a 10 anteras todas iguais. A pesquisa do tamanho dos grãos de pólen foi feita com a técnica usada no De- partamento de Biologia Geral para a ca- riometria . Consiste no desenho em câmara clara sempre com o mesmo aumento de 100 grãos de pólen dos quais são medidos os dois diâmetros cruzados . Com a média destes é calculado o volume com a fór- mula A2B . 0.53 sendo A o diâmetro menor e B o diâmetro maior, ou A> . 0.53 no caso dos grãos esféricos. Agrupando estes valores em classes de freqüência foram construídos os respecti- vos histogramas dos quais foi calculada a média. Em todas as espécies foram me- didos em um só universo estatístico o pólen de uma mesma antera. Destas medidas resultaram as seguintes constatações: Nas espécies com dimorfis- mo de anteras existem as seguintes com- binações : as anteras grandes têm pólen grande, pequeno e grande e pequeno. Anteras pequenas — pólen pequeno; anteras, grandes e pequenas, pólen igual. Nas espécies sem dimorfismo de ante- ras, observamos que elas podem apresentar pólen igual ou mistura de pólen de dife- rentes tamanhos. Além das duas categorias de pólen gran- de e pequeno existem espécies nas quais o pólen pequeno é elíptico. Resultadas da pesquisa citométrica sobre o pólen da Cassia A figura dos gráficos aqui anexa e os dados estatísticos mostram os resultados das medidas nas seguintes espécies: Cassia silvestres Cassia racemosa Cassia cotinifolia Cassia viscosa Cassia rugosa Cassia sophoroides As análises estatísticas foram feitas para cada espécie com exceção da Cassia Rugosa que apesar de possuir dois tipos de antera tem em cada tipo, pólen com uma variabilidade extrema de tamanho . A análise estatística foi feita entre o pólen dos dois tipos de antera e determinado para cada conjunto de medidas o teste “t” para determinar a significância da dife- rença . Na Cassia silvestris as duas anteras tem pólen de tamanho diferente cuja diferença é altamente significativa, sendo que nas anteras pequenas o pólen é elíptico e nas anteras grandes o pólen é redondo, (fig. 1 e 2) . Na Cassia racemosa os tamanhos de pólen tem diferença altamente significativa entre as duas anteras sendo também o pólen das anteras pequenas elíptico e o das grandes redondo (fig. 3 e 4) . Na Cassia cotinifolia as anteras são diferentes porém todas com pólen redondo sendo que ao nível de 0,2% não há dife- rença significativa entre os tamanhos dos grãos de pólen. Na Cassia viscosa as anteras são iguais tendo em cada antera grãos pequenos e grandes cujo tamnho foi medido separa- damente, sendo a diferença entre eles alta- mente significativa. — 40 — Na Cassia rugosa existem dois tipos de anteras, cada tipo com grão de pólen apre- sentando extrema variação de tamanho in- clusive com “micro grãos de pólen”. Por esta razão qualquer cálculo estatístico de comparação entre as anteras teria sido impossível (fig. 5 e 6) . Na Cassia sophoroides as anteras são iguais com pólen igual. Os fatos aqui apresentados abrem uma série de problemas de alto interesse gené- tico e morfogenético pois nada se conhece acerca da viabilidade e da fertilidade dos dois tipos de pólen nem sobre os mecanis- mos que regem a diferenciação morfoge- nética dos dois tipos de anteras e da mor- fologia do respectivo grão de pólen. Com esta finalidade realizamos uma pes- quisa histológica nas anteras de Cassia silvestris . Resultados das Pesquisas Histológicas em CASSIA SILVESTRIS Na única espécie que na estação de flo- ração nos arredores de Belo Horizonte foi possível obter material vivo, a Cassia sil- vestris, foram fixados brotos florais de diferentes tamanhos em álcool acético ou formol e incluídos em parafina, cortados transversalmente e corados com ematoxi- lina eosina ou hematoxilina de Heidenhein. Apresentamos aqui neste estudo que deve ser considerado ainda preliminar, al- gumas microfotografias que mostram muito claramente o diferente grau de desenvolvi- mento das anteras grandes e pequenas. A figura 8 mostra um botão floral de Cassia silvestris com as anteras grandes e pequenas sendo que nas anteras grandes já se encontra a diferenciação do tapetum e as células mães do pólen ao passo que nas anteras pequenas a região de forma- ção das lojas polínicas é apenas esboçada. As figuras 9 e 10 apresentam o mesmo em maior aumento. Num botão floral muito mais adiantado e com um aumento muito maior (objetiva de imersão) é bem evidente entre as fi- guras 11 e 12 o grau de desenvolvimento das células mães do pólen na antera pe- quena a (fig. 11) e na antera grande (fig. 12). Conclusão Com este estudo que deve ainda ser con- siderado preliminar podemos indicar o fato que a existência de anteras grandes e pequenas, constitui ainda um caráter sistemático a ser devidamente explorado. Por enquanto podemos dizer que ao está- dio de broto floral a antera pequena en- contra-se em um estádio de desenvolvi- mento bem mais atrasado do que as antera grande o que se reflete evidente- mente no tamanho do pólen maduro. Os seguintes estudos poderão ainda ser realizados a partir dos dados encontrados neste trabalho. I — a determinação do cariotipo pelo esmagamento das primeiras metáfases na microsporogênese . II — tentativa de germinação “in vitro” dos diferentes tipos de grão de pólen de uma mesma planta. III — cortes histológicos das anteras em diferente estádio de desenvolvimento com a finalidade de detectar as etapas de origem dos grãos de pólen de diferente tamanho . IV — Nesses mesmos cortes será estu- dado com coloração de Feulgen e citofo- tometria o grau de endopoliploidismo al- cançado pelas células do “tapetum” para detectar eventuais causas fisiológicas (nutricionais) do dimorfismo nas anteras grandes e pequenas. — 41 — Bibliografia ERDTMAN, G., Pollen Morphology and Plant Taxonomy-Angiosperms, 539 pp., 261 figs. Chronica Botanica , Waltham, Mass., 1952. RIZZINI, C.T. Estudos sobre as Acanthaceae, Boi. Mus. Nac. (N.S.) (Bot.) (8):37; 1947. TRWIN, S. Jr., Monographic Studies in Cassia (Leguminosae-Caesalpinioideae) 1. Section Xerocalyx, Memoirs of the New York Bota- nical Garden 12 (1), 28 agosto 1964. Amer. J. Bot. IRWIN, H.S. and TURNER, BãL. Cromosomal relation-ships and toxonomic problems in the genus Cassia , Amer. J. Bot. 47 (4) :309- 18; 1960. SELLING, O.H., Studies in Hawaiian Pollen Statistics, Part II, Bishop Huseum, Hawaii). BENTHAM, G., Leguminosae in MARTIUS, Flora Brasiliensis 15(2) :l-526, 1.870 F. Fleis- cher, Munich . 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(# ^ 7 g C[i2j V Oi co O CO CO ^ CO »ÍUS C- Oi CD IO CO IO CD V.UIJ •B|9JV r* CO CM iH -BiajV grossa © IO CM iH Massa Específica jeoa ^ ^ CD CD ^ IO 00 CM* CM~ CM~ csT a^uojcdv 1 1* «UIJ Wi3,l CO O Oi Oi Oi Dl 00 CO CD T* 05 CO N H H rH rH O o © O O , 28 de latitude Sul e 44», 15’ longitude, foram encontradas nos dois tipos de campo-cerrado estudadas 174 espécies, distri- buídas em 78 gêneros e 43 famílias botânicas, caracterizando uma vegetação de transição en- tre o campo e o cerrado, com variações na com- posição fiorística. As famílias mais represen- tativas pelo número de gêneros e espécies foram: Gramíneas, compositae e Leguminosas com 11, 10 e 13 gêneros, respectivamente. Considerando as condições de baixa fertilidade de todos os tipos de solos encontrados sob as vegetações estudadas, foi verificado que a pro- fundidade do solo foi um fator importante na variação da composião fiorística, como tam- bém, nas mudanas de densidade e, desenvolvi- mento, dos espécimes arbóreo-arbustivos. — 116 — Summary Treating with the formations of “campo-cer- rado" of Séte Lagoas, MG, located at co-ordi- natas 19*. 28' of South latitude and 44*,15’ of longitude, it was found in the two tipes of “campo-cerrado” visited 174 species, distributed in 78 genera and 43 botany families, charateri- zing an transitional vegetation between field and “cerrado”, with variations at the floristic conposition. The families most representative by the great number" Of genera and species were Gramineae, Compositae and Leguminosae with 11, 10 and 13 genera, respectively . Considering the similarity of conditions of low fertility of all the kinds os soils that was found under the vegetation, it was deter- mined that the soil depth was the most impor- tant factor in the variation of the floristic composition, just as in the changes of density and development of the trees and shrubs specimens . Bibliografia Utilizada ARENS, KARL — As plantas lenhosas dos campos cerrados como flora adaptada as deficiências minerais do solo — Ed. Edgard Blucher — S. Paulo — : 249-266. 1971. FERRI. Mario Guimarães — Plantas do Brasil — Espécies do Cerrado — Ed . Edgard Blucher Ltda. : São Paulo. 1968. 238. p. il. GOODLAND, Roberto — Oligotropismo e alumí- nio no Cerrado. III Simpósio sobre o Cer- rado — Edit. Edgard Blucher Ltda. e Edit. Univ. de S. Paulo. S.P. : 44-60. 1971. — Plants of the Cerrado Vege- tation of Barzil. Phytologia. Vol. XX, N* 2. 1970. GUILIETTI, Ana Lima — Byrsonima do Dis- trito Federal. III Simpósio sobre o Cerrado. Ed. 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DEUSDEDIT SEBASTIÃO BARROS LEITE JÚNIOR Professor-Assistente e Vice-Chefe do Depar- tamento; Coordenador de Sistemática A — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. JOSÉ LUIZ PEDERSOLI Professor-Assistente e Coordenador de Sis- temática B — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva . TELMA SUELY MESQUITA GRANDI Professora-Assistente e Coordenadora de Botânica Básica — Tempo Integral e Dedi- cação Exclusiva. LAIR AGUILAR RENNÓ Professor-Assistente e Coordenador de Fisio- logia Vegetal A e B — Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. MARIA MARTHA RENNÓ SALDANHA Secretária MARIA MADALENA PEREIRA DE SOUZA Laboratorista JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA Jardineiro MARIA RAIMUNDA RODRIGUES Servente GERALDA CAMILA DE SOUZA Servente LAIR MATTAR Estagiária MUN 2 6 2001 DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA - tCB-UFP.IG.j O RÉ ADE S REVISTA DE INFORMAÇÕES CIENTIFICAS DO DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I. C. B. — U. F. M. G. Diretor Responsável WILSON RAYMUNDO C AMARGOS D’ ASSUMPÇÃO Comissão de redação JOSÉ LUIZ PEDERSOLI JOSÉ MAURÍCIO FERRARI TELMA SUELY MESQUITA GRANDI LAIR AGUILAR RENNÓ JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO DEUSDEDIT SEBASTIÃO BARROS LEITE JR. ANO VI — JANEIRO-DEZEMBRO DE 1977/78 — N.°s 10/11 CONTEÚDO Vegetação do Campus da UFMG — José Maurício Ferrari 3 A Vegetação da Praia de Grumari — Maria Rosária Rodrigues Vidal e Wáldo- miro Nunes Vidal 6 Porque os Vegetais são Importantes — E. C. Tenório 22 Plantas Diuréticas — José Martins Pinheiro Sobrinho e Telma Sueli Mesquita Grandi 26 Levantamento das Plantas Tóxicas do Estado de Minas Gerais - IV — Hildegüdo Lopes dos Santos, Mitzi Brandão Ferreira, Maria Leonor de Rosa Arruda e Wilson Raymundo Camargos D’ Assumpção 43 Nova Contribuição para o Conhecimento da Vegetação da Cadeia do Espinhaço ou Serra Geral (Maciço do Caraça ) — Mitzi Brandão Ferreira, Wüson Ray- mundo Camargos iy Assumpção e Geraldo Mendes Magalhães 49 Espécies Arbóreas Responsáveis por Intoxicação em Bovinos - m — Gênero Enterolobium Mart. — Hildegildo Lopes dos Santos, Mitzi Brandão Ferreira e Wilson Raymundo Camargos D’ Assumpção 68 Nova Aristolochiaceae de Minas Gerais — José Maurício Ferrari 78 Contribuição ao Estudo Anatômico de Calotropis prócer a (Ait.) — Mitzi Brandão Ferreira e Wilson Raymundo Camargos D’ Assumpção 82 Contribuição ao Estudo de Tradescantia diurética Mart. — José Martins Pinheiro Sobrinho, Telma Sueli Mesquita Grandi, Alarico Modesto Filho, Antonio Carlos Costa, Clara Lúcia de Faria e Souza Resende e leda Signorini 89 O Gênero Stylosantes em Minas Gerais - Estudos Anatômicos — Wilson Ray- mundo Camargos D’ Assumpção 97 ILUSTRAÇÃO DA CAPA “IPÊ BRANCO” — Bignoniacea — Tábébuia oãontodiscus Bur. e K. Schm. Um dos mais belos representantes das Oréades, a flora dos campos DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA - ICB-UFMG* V egetação do Campus da UF /MG JOSÊ MAURÍCIO FERRARI ♦ 0 campus da UFMG caracteriza-se pelos seguintes tipos de vegetação: 1 — Zona dos campos ou formação aci- dentadas, com representantes arbustivos de Stryphnodenãron (barbatimão) e arbó- reas ( Lueheas ), com arbustos e árvores geralmente de médio e pequeno porte e tortuosas, diversamente esparsas, carac- terizadas pelo córtex espesso, entre as quais vegetam inúmeras Gramíneas, que com suas panículas amarelas ou averme- lhadas, apresentam-se profusamente pra- teadas pela relva da madrugada. Esta é uma vegetação típica do cerrado ralo de Minas Gerais, onde encontramos outros exemplares do gênero Smilax, alguns amontoados de Aristolochias rastejantes, uma profusão de Borrerias, de Helicteris, Cordias, alguns tufos de Leonotis, inúme- ros Baccharis, e um ou outro exemplar de Psidium, entre outras. 2 — Pequenas matas, que ainda res- tam, mais se assemelham a capões, cons- tituídos de pequenas porções de matas isoladas no meio de campo, onde flores- cem alguns representantes das Legumino- sas, tais como: Machaerium, Cassia, Bau- hinia, Inga, de aroeiras ( Schinus ), de Luehea (açoita-cavalo), dentre algumas es- sências florestais. Entrelaçando-se em * Professor-Adjunto do Departamento de Botânica — ICB/UFMG. seus troncos, vimos um emaranhado de lianas, que com suas flores róseas, bran- cas, amarelas e lilases de Malpighiáceas, Convolvuláceas, Bignoniáceas e outras, dão um belíssimo aspecto ao local. As Xylopias e os Vtiex são sempre observa- dos nas cercanias das matas. 3 — Várzeas pantanosas, cujos solos úmidos e brejosos, localizam-se nas mar- gens do pequeno lago e do único córrego da região, mais acentuadas em épocas chuvosas, tais como, Typha (tabua), Jus- siaea (Cruz da Malta), algumas Sagitta- rias, inúmeras Gramíneas, muitas Poly- gonáceas e poucas Amarantháceas . 4 — Região plana e aterrada, onde lo- calizam-se os diversos prédios e blocos, entrelaçados por avenidas e ruas, no cam- pus da UFMG, além dos belíssimos exem- plares cultivados como ornamentais, nota- mos a constante presença de diversas plan- tas invasoras, principalmente as espécies do gênero Sida, Euphorbia, Desmodium, Asclspias, Polygala, Borreria, Mimosa, Ageratum e Cuphea. A vegetação do campus não pode ser considerada do tipo exuberante, uma vez que é muito pobre em espécies de vege- tais superiores e não se encontrando, pelo menos, nenhum tipo característico de mus- go, hepática ou mesmo líquem. Conside- rando-se o interessante grupos das Pte- — 3 — ridófitas, quase nada foi encontrado, pois, somente duas espécies do gênero Pteris e uma espécie dos gêneros Blechnum e Lygodium foram coletados. O presente trabalho, consta, portanto de duas partes: a primeira, que é publi- cada nesta edição, relaciona-se, somente, Ageratum conysoides L. Aristolochia glandülosa Ferr. Aristolochia arcuata Mart. Asclepias curassavica L. Bauhinia forficata Link. Baccharis ãracunculifolia DC. Bidens pilosa L. Casearia silvestris Swartz. Chenopoãium ambrosioides L. Chaptalia integrifolia Baker. Cecropia hololeuca Miq. Cuphea bálsamona Sch. et Schl. Croton antisyphiUiticus Muel et Arg. Datura stramonium L. Desmodium adscendens DC. Euphorbia ceoccorum L. Euphorbia pilulifera L. Ezembeckia febrífuga Juss. Gnaphallium satureoides Lam. Indigofera anil L. Inga sessilis Mart. Imperata brasiliensis Trin. Lantana camara L. Leonotis nepetaefolia L. Leonurus sibiricus L. Lepiãium ruderale L. Momordica charantia L. Polygala paniculata L. Polygala urbani Chad. Passiflora alata Ait. Polygonum acre H.B.K. Phyllanthus niruri Muel et Arg. Psidium guayava Daddi com as espécies rhedicinais encontradas, sendo na sua maioria, de uso popular. Posteriormente, voltaremos a publicar as demais espécies coletadas, silvestres ou cultivadas, à medida que formos aprimo- randD e pesquisando nosso trabalho. erva de São João jarrinha jarrinha preta oficial de sala unha de vaca alecrim do campo picão erva de bugre erva de Santa Maria língua de vaca umbaúba sete sangrias pé-de-perdiz estr amónio carrapicho de beiço de boi euforbia erva andorinha três folhas macela do campo anileira ingá sapé camará de espinho cordão de frade macaé mastruço melão de São Caetano barba de São Pedro polígala maracujá erva de bicho quebra-pedra goiabeira Riccinus communis Hort. RichardUi brasiliensis Gomez Richardi a rosea St. Hill. Rudgea virbunoides Benth. Schinus terebinthifolim Raddi Stryphnodendron barbatimao Mart. Solanum nigrum L. Stachytarpheta dichotoma Vahl. Scoparia dulcis L. Smüax japecanga Spreng. Triumpheta semitriloba L. Taraxacum officinále Weber Vernonia polyanthes Less. Vitex seüovoiana Cham. Zornia diphylla Pers. mamona poaia poaia mineira congonha de bugre aroeira barbatimao erva moura gervão roxo vassourinha doce japecanga carrapicho de calçada dente de leão assa-peixe azeitona do mato carrapicho . — 5 — A Vegetação da Praia de G rumari MARIA ROSARIA RODRIGUES VIDAL * WALDOMIRO NUNES VIDAL * RESUMO O trabalho é um levantamento da ve- getação da praia de Grumari que pode ser dividida em 6 faixas topográficas e 7 de vegetação. São descritas as espécies e características adaptativas das plantas, mencionadas as espécies dominantes e a vegetação característica de cada faixa . Todas as espécies são consideradas quan- to à sua ocorrência nas faixas e ao seu grau de importância para a fisionomia da vegetação praiana. Introdução A praia de Grumari, na Baixada de Ja- carepaguá, no Estado do Rio de Janeiro, está situada entre o Recreio dos Ban- deirantes e a Pedra de Guaratiba. A praia, de fácil acesso rodoviário, está en- tre as poucas praias cariocas que ainda mantêm parte da sua vegetação natural, que entretanto, está prestes a desapare- cer; este foi um motivo que levou à rea- lização deste levantamento florístico. En- tre a literatura sobre a vegetação das praias arenosas listas ou descrições de espécies mais freqüentes (3, 7, 9), ou um * Professores da Universidade Federal de Viçosa — M.G. estudo biológico e ecológico (1, 2, 4, 5, 6, 7, 8). Revisão da literatura foi publicada por Ormond (1960) . Faz parte de uma região cujo clima tem sido classificado como “tropical sem- pre úmido” (Af) por Hõppen, com tem- peratura do mês mais frio superior a 18°C e chuva suficiente em todo o ano ou como “tropical semi-úmido” (Tu) por Serebre- nick, com média anual superior a 22°C e chuvas entre 600 e 1300 mm anuais, com a circunstância de apresentar chu- vas de verão, que se estendem ao outo- no e à primavera, ou como “tropical se- mi-úmido” marítimo por Delgado de Car- valho, com média anual acima de 20°C (Magnanini, 1954) . Os vegetais que se encontram mais pró- ximos do mar (faixas A-D), evidenciam certas características, como a presença de porte rasteiro ou bem pequeno e de um amplo sistema subterrâneo, profundo e ra- mificado, pigmentação avermelhada e pro- tetora se apresenta no caule e nas folhas de muitas espécies, como Iresine por - tulacoides, Alternanthera marítima e Spo- robolus virginicus; o tropismo foliar de al- gumas espécies, como Ipomoea pes-caprae , Sporobolus virginicus, Canavalia obtusifo- lia, Remirea marítima, cujas folhas se apresentam dobradas ao longo da ner- vura mediana, aparenta ser uma defesa contra o excesso de transpiração. Nas faixas E-F, ainda próximas, porém mais afastadas do mar, onde a salini- dade é menor, a fisionomia da vegetação modifica-se, já havendo o aparecimento de subarbustos e arbustos com folhas coriá- ceas e com revestimento ceroso na sua face abaxial, caracteres que se apresen- tam também como uma defesa contra o excesso de transpiração. A topografia do solo e a fisionomia da vegetação estão submetidas à ação modificadora das vagas das marés e da força dos ventos. A praia conseqüente- mente, tem a sua topografia constante- mente alterada. Neste particular, atuam preponderantemente as forças destrutivas das ondas marinhas que surgem com as marés alta, baixa, equinocial e tempes- tuosa (Dansereau, 1947) . O grau de salinidade do solo, junta- mente com a fôrça modeladora das ma- rés e dos ventos, devem ser os fatores decisivos na zonação da vegetação praiana. Na zona mais próxima ao mar ele é salino e na mais afastada ele é alcalino (Silva, 1955) . Se de um lado há um alto grau de umidade atmosférica, de outro há forte insolação, grande salinidade e pouca re- tenção de água no solo possibilitando apa- recer características biológicas nos vege- tais, que vão desde plantas rasteiras, su- culentas, com profundos e amplos siste- mas subterrâneos (halofilia e psamofilia), como /. portulacoides, A. marítima, I. pes-caprae, até às plantas arbustivas xe- romorfas, como Allagoptera arenaria e Bumelia obtusifolia. A vegetação, portanto, se apresenta em zonas distintas entre si, com fisiono- mia halófila nas faixas mais próximas do mar, onde a salinidade é maior, e, com fisionomia menos halófila ou xerófila nas faixas mais afastadas do mar, onde a sa- linidade é menor, estando, esta zonação, na dependência ainda da ação das vagas marinhas que parecem ser as maiores responsáveis pela modelagem ou topogra- fia da praia. Material e Método Foram feitas observações locais em vá- rias excursões durante os meses de ju- nho e julho, quando se teve a oportunida- de de percorrer a praia em toda a sua extensão . A dominância e a freqüência das es- pécies foram obtidas das observações lo- cais por ocasião das visitas realizadas; para se obter estas informações percor- reu-se toda a extensão da praia, fazendo- se as anotações no local; por esta razão não foram feitos transects nem qua- draets. O material para este trabalho foi co- letado na praia de Grumari e depositado nos Hérbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e da Universidade Federal de Viçosa. Foram utilizados os métodos clássicos de identificação taxonômica de espécies; foram feitos confrontos com os espéci- mens similares no Rio de Janeiro, nos Herbários do Jardim Botânico e do Museu Nacional nas Divisões de Botânica e de Ecologia Vegetal. Resultados Descrição das Espécies Iresine portulacoides (St. Hil.) Moq. “Bredo-da-praia” Erva perene, rastejante, ramosa, difu- sa; caule erbáceo, prostrado, glabro, ra- dicante, subcamoso, avermelhado; ramos pouco ascendentes, porém, nos lugares de maior concentração de vegetação, tor- nam-se francamente ascendentes; rizomas e estolões enraizando ao nível dos nós, lo- cais em que se desenvolve um vigoroso sistema de raízes adventícias e fascicu- ladas. Folhas verde-glauco, Unear-lanceo- lada, espatulado-oblonga ou oboval, car- nosa, glabra, inteira, obtusa ou ligeira- mente mucronada. Inflorescência terminal, — 7 — raro axilar, glomérulo séssil ou sub-sés- sil, oval-globoso, obtusíssimo; peças do perigônio obtusas, glabras, paleáceas. Flo- resce em quase todo o ano, mas a sua reprodução é feita principalmente por via assexuada, pela fragmentação do caule que enraizando-se, assegura a multiplica- ção vegetativa. Alternanthera marítima (Mart.) St. Hil. Erva perene, prostrada, difusa, ramo- sa, glabra, com rizomas e estolões enrai- zando ao nível dos nós (radicantes) onde se formam vigorosas raízes adventícias; ramos ascendentes e nos lugares com maior vegetação os ramos tomam-se mais erguidos enquanto naqueles com menor vegetação, permanecem prostrados. Folha levemente peciolada, elíptica ou oblongo -lanceolada, obtusa, mucronada, carnosa, verde ou verde-purpúrea. O caule aéreo é purpúreo e os rizomas são por vezes le- nhosos e as raízes são numerosas. Inflo- rescência axiliar e terminal, séssil. Brác- teas florais paleáceas. Floresce em quase todo o ano . Ipomoea pes- caprae (L. ) Sweet. “Batata-da-praia” Erva radicante, com feixes de raízes adventícias ao nível dos nós, não muito profundas; caule em parte aéreo, estolo- nífero, e em parte rizomatoso; caule aéreo semicamoso, pouco consistente, verde-pur- púreo a purpúreo, pouco ramoso; ramos longos com cerca de 10 a 30 metros de comprimento; latex branco. Folha de base arredondada, truncada ou cordada e de ápice arredondado, emarginado ou bilo- bado; pecíolo purpúreo, limbo semicamo- so, verde, nervuras dorsais salientes. Flo- res afuniladas de corola roxa. Cápsula castanha, septicida e loculicida, 2-valvar. Sementes quase esféricas, pouco compri- midas . Ipomoea stolonifera (Cyr.) Gmel. “Batata-da-praia” Erva rastejante, com rizomas profun- dos e difusos, formando mosáicos pelo afloramento foliar na superfície da areia. Folha oblonga, semicamosa, de ápice reentrante, bordos inteiros, de base ate- nuada abrutamente; nervuras salientes; pecíolos subterrâneos. Latex branco. Flores longo-pedunculadas, pedúnculos flo- rais unifloros, subterrâneos, aflorando na superfície, a partir dos rizomas; cálice verde ou verde-purpúreo; corola branca e branco-marfim, ora relativamente pequena, ora grande. Cápsula esférica, membra- nácea, parda. Floresce durante todo o ano. Uydrocotyle umbellata L. Erva restejante, rizomatosa; rizoma branco, pouco ramificado, enraizando ao nível dos nós; sistema de raízes adventí- cias mais ou menos vigoroso. Folha pei- tada, carnosa, face abaxial brilhosa e adaxial de coloração a verde-purpúreo . Reproduz-se por sementes e assexualmen- te por fragmentos do caule. Vernonia gemUiata Less. “Erva preá” Arbusto de mais ou menos 30 cm de altura, ramoso; ramos difusos, rasteiros, por vezes com enraizamento nodal, ver- des e verde-arroxeados . Folha concolor de ápice e margens às vezes arroxeadas, de face abaxial verde-esbranquiçada e de consistência herbácea e pubescente. In- florescência terminal; botões florais ver- des com ápice arroxeado e quando semi- abertos, de coloração branca. Flores bran- cas e lilazes. Vernonia obtusifolia Less. Arbusto de cerca de 30 cm de altura, ramoso, lenhoso, difuso; caule verde e verde-arroxeado. Folha concolor. Inflo- rescência terminal e axilar . Flores lila- zes. Aquênio pardo-escuro, papus branco. Espécie fácil de caracterizar pela persis- tência do invólucro ao longo dos ramos, com aspecto estrelado, fomecendo-lhe uma característica peculiar . Mikania stipulacea Willd. Trepadeira ramosa, difusa; caule verde e verde-purpúreo. Folha concolor, sub- coriácea. Inflorescência axilar; capítulos verdes e verde-purpúreos . Cereus fernambucensis (L. ) Lemaire Cacto muito vistoso, cujos ramos têm 3 a 5 arestas e 5 a 8 gomos; espinhos de 2 a 4 cm; ramos mais velhos dos cladódios emitem raízes ao tocar o solo. Flores brancas e de longo tubo esverdeado. Baga vermelha, ovalada. Reproduz-se sexual- mente por meio de sementes e também por via assexual. Guapira opposita (Vell.) P . R . Reitz Arbusto ramoso de cerca de 40 cm de altura; caule castanho e verde-purpúreo. Folha concolor, carnosa, face abaxial brilhosa. Inflorescência terminal. Flores verde- amareladas. O seu fruto apresen- ta pedúnculo carnoso e avermelhado; os frutos têm cor variando do vinho ao pre- to, são carnosos e conferem à espécie uma característica especial que se des- taca na paisagem da praia. Canavalia obtusifolia DC. “Feijão-da-praia” Erva r astejante, ramosa, estolonífera, ramos longos; caule verde-purpúreo, pou- co consistente, apresentando uma parte profunda, lenhosa, donde partem os lon- gos ramos com mais de 10 m de compri- mento; os ramos, superficiais, a longos intervalos submergem um pouco no solo arenoso e apresentam muito pouca rami- ficação. Inflorescência axilar. Flores em pequeno número; corola de branco-bonina ou bonina, até roxa. Fruto pubescente, verde e quando maduro, castanho, grande e de pericarpo espesso; sementes em pe- queno número . Euphorbia hyssopifolia L. “Erva andorinha" Erva difusa, ramosa; caule purpúreo; latex branco. Folhas verdes ou verde-pur- púreas. Brácteas do ciátio brancas; ciátio verde ou verde-purpúreo. Panicum racemosum (Beauv). Spreng. “Capim-da-areia” Planta rizomatosa, ramos aéreos de 20 a 50 cm de altura. Folhas enroladas, li- neares com extremidades recurvadas, de cor verde-amarelada; limbo linear-setáceo, tênue acuminado, estriado, glabro; bai- nha foliar estriada; lígula com pêlos ma- cios e mais claros que a folha, denso-cilia- da. Colmo subcomprimido, glabro, nós su- periores mais ou menos pilosos. Espícula, oval, aguda. Sporobolus virginicus (L.) Kunth. “ Grama-da-praia" Erva rastejante, estolonífera e rizoma- tosa, pouco ramosa, ramos longos; rizo- ma com escamas nodais e arroxeadas; for- ma ramos aéreos em pequeno tufos. Folha linear, mais ou menos rígida, verde-ama- relada, margens enroladas, ápice acumi- — 9 — nado, bainha amplexicaule, glabra; folhas dísticas, concolores, dobradas ao longo da nervura mediana, inclinadas, semi-eretas. Colmos de cor paleáceo-brilhante, de 10 a 20 cm; inflorescência espiciforme. Frutos paleáceos . Stenotaphrum secundatum (Walt.) Ktze. Erva rasteira, estolonífera, radicante, com ramos eretos; as poucas hastes aé- reas, achatadas, sob a forma de duas fo- lhas horizontais quase opostas, saem de nós consecutivos que também lançam raí- zes; estolhos amarelados a purpúreos, com vários metros de comprimento, formando raízes adventícias relativamente robustas. Folhas linear, de cor verde-palha, ápice moderadamente emarginado; limbo acha- tado; bainha bem desenvolvida e ampla, achatada; entre a bainha e o limbo a fo- lha é muito enrolada; as folhas aparecem junto à superfície do solo em posição ho- rizontal, formando um entrelaçado. Col- mos glabros; achatados; inflorescência em espiga comprida, muitas vezes recurvada. Multiplica-se por sementes e principal- mente, vegetativamente . Remirea marítima Aubl. “Barba-de-boi” Erva rastejante, rizomatófora e estolo- nífera, com ramos aéreos eretos e com enraizamento nodal relativamente peque- no; as partes aéreas originam-se nos nós bastante distanciados não permitindo uma grande concentração destas partes no campo, e, quando tal ocorre, devido ao entrelaçamento rizomático. Folhas muito rígidas, pequenas, de aparência xerófita, nascidas em entre-nós congestos; limbos lineares, canaliculados, de cor pardo-es- verdeada; ao se inserirem nos colmos for- mam um ângulo agudo com a vertical e os rizomas apresentam escamas paleáceas. Eugenia sulcata Spring. ex Mart. “Pitanga-da-praia” Arbusto lenhoso, com ramos prostados; ramos novos puberulos; caule castanho-es- branquiçado com ápice castanho a purpú- reo. Folha semicamosa verde e verde-pur- púrea, face abaxial brilhosa, face adaxi- al de verde mais claro, peciolada; limbo lanceolado-oblongo, eliptico-oblongo ou oblongo, base atenuada. Inflorescência axi- lar. Cálice verde, persistente; corola bran- ca; filetes brancos e anteras amarelas; gineceu verde claro. Fruto verde e quando maduro, passando de amarelo a vermelho, carnoso. O seu fruto 8-carenado, ama- relo e vermelho, comestível, monospermo, assim como as suas flores, caracterizam esta bela espécie. Polygala cyparissias St. Hil. Erva ramosa, com vários ramos par- tindo da base, rosulados, ramos verdes no ápice ou verde-purpúreos e purpúreos na base, simples, com 10 a 30 cm de compri- mento ou então rosulados no ápice; sis- tema radicular não profundo, nem vigo- roso, com uma raiz axilar de cerca de 10 cm de comprimento e com raízes secun- dárias finas. Folhas aciculares, pequenas, com menos de 1 cm de comprimento. In- florescência terminal. Cálice verde com margens brancas; corola branca. Floresce em quase todo o ano. Acicarpha spathulata R. Br. “Carrapicho-da-praia” Erva ramosa, ramos prostados; caule verde-claro, herbáceo, muito folioso; esta erva, baixa, não tem raizes muito profun- das. Folha semicamosa, verde-claro, es- patulada. Inflorescência terminal e axi- lar. Flores verde-amareladas. Frutos com espinhos relativamente longos. Floresce em quase todo o ano e se acha bem repre- sentada por plântulas. — 10 — Sebastiania corniculata (Vahl) Muell. Arg. Erva rasteira, de caule verde a verde- purpúreo; latex branco. Folha concolor, de mesma coloração que o caule. Inflo- rescência axilar e terminal. Flor femini- na com ovário verde e estigma purpú- reo; flor masculina verde e verde-pur- purea. Oxypetalum banksii Roemer et Schultes sub-esp. banksii “Cipó-de leite” Erva trepadeira, volúvel; caule cilín- drico, ramificado, pubescente, latescente; látex branco. Fôlha pubescente, conco- lor, semicamosa, oval, oval-oblonga, ra- ro suborbicular, base cordada ou auricu- lada. Cálice esverdeado com 2-3 glându- las; corola esverdeada ou verde-amarela- da. Folículos fusiformes ou ovais. Passiflora mucronata Lam. . “Maracujá-da-praia” Erva trepadeira com gavinhas; caule vedre e verde-purpúreo. Folha semicoriá- cea, concolor, face abaxial verde bri- lhosa, face adaxial verde-glauca; pecíolo e nervuras purpúreas. Hipsófilo verde-cla- ro a purpúreo com nervuras purpúreas; pedúnculo floral verde-claro, Cálice ver- de-amarelado no dorso e branco na face ventral; corola branca; anteras amare- las e filetes verde-pálidos; androginóforo verde-pálido assim como o estigma e o estilete; ovário verde. Dalechampia micromeria Baill Trepadeira volúvel, de caule verde, la- tescente . Folhas concolor. Flor feminina verde-claro. Cálice persistente e pardo no fruto. Flor masculina verde-claro. Jpomoea cairica (L.) Sweet. “Enrola-semana” Trepadeira volúvel, de caule verde e corola lilás. Capsula castanha, 4-valvar. Solanum nigrum L. “Erva moura” Arbusto pequeno, de mais ou menos 70 cm de altura, ramoso. Inflorescência axi- lar; corola branca; fruto verde quando novo e negro quando maduro. Vernonia sericea Rich. Arbusto de ramos verdes. Folhas conco- lores, subcoriáceas; papus branco. Phaseolus candidus Vell. Trepadeira volúvel de caule verde a verde-purpúreo. Folha concolor. Flor ama- rela. Cálice persistente. Justicia cydoniifólia (Nees) Lindau Erva ramosa de cauie verde, pubérulo. Folha concolor, de face abaixai pubescen- te, Corola roxa. Diodia r adula (Willd. et Hoffm.) Cham. et Schlt. Erva rasteira, prostrada, ramosa, di- fusa, de sistema radicular bem ramificado; caule verde-avermelhado, semisuculento, pubescente. Folha séssil, elíptica, preguea- da, de bordos inteiros, concolor, semicar- nosa, nervuras salientes e pilosas. Inflores- cência axilar e terminal, com flores em pe- queno número, brancas. Floresce em quase todo o ano. — 11 — Chioccoca alba (L.) Hitchcock Arbusto de cerca de 1 m de altura, ra- moso, difuso e de caule verde e verde- purpúreo. Folha semicarnosa e coriácea, face adaxial verde brilhosa, face abaxial um pouco mais clara. Fruto verde-claro e verde-escuro quando jovem, passando a branco quando maduro . Heteropteris af. chrysophylla (Lam.) Kunth. Arbusto lenhoso de caule castanho a castanho-purpúreo. Folha coriácea, conco- lor, face abaxial castanho-claro, pubescen- te e brilhosa, face adaxial verde, brilho- sa. Fruto mono, bi ou tri-sâmara; sâma- ra verde e quando madura, castanha. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns “Paina-da-restinga” Arvorezinha de cerca de 1,5 m de altura; caule verde a castanho, inerme. Folha digitada, 4-9 foliolada; folíolo elíptico- oval, oboval ou elíptico-oblongo, de mar- gens inteiras, coriáceo, concolor, face aba- xial brilhante. Flor branca. Cálice verde a verde porpúreo, persistente. Corola dor- salmente castanha, áspera, branca na parte ventral; pétala linear-lanceolada. Estames numerosos, parcialmente unidos num tubo; filetes e anteras amarelas. Ovário verde, pentagonal; estilete branco, levemente pur- púreo no ápice. Cápsula 5-valvar. Sementes lanosâs. Eugenia rotundifolia Casar. Arbusto ramoso, de ramos pardo-es- branquiçados. Folha carnosas, concolores, de face abaxial verde-claro, brevemente pecioladas, rígidas, suborbiculares, ovais ou oval-oblongas, arredondadas, margens revolutas. Fruto verdes, carnosos, arre- dondados, coroados pelo cálice adpresso. Bumelia obtusifolia R. et S. “Sipiriba preta” Arbusto ramoso, lenhoso, difuso, de cer- ca de 1,5 a 2 m de altura; caule castanho a castanho-esbranquiçado e com ramos es- pinhosos onde se inserem folhas. Folhas subcoriáceas, concolores, de face abaxial verde brilhante. Fruto verde, pequeno, carnoso . M anilhara subsericea (Mart.) Dubard Arbusto lenhoso, ramoso, difuso, de cer- ca de 1,5 a 2 m de altura e de caule verde a castanho; latex branco. Folha con- color, semicarnosa, face abaxial verde bri- lhosa e adaxial verde-prateada. Inflores- jcência axilar de botões florais verdes. Schinus terebentifolius Raddi “Aroeira” Arbusto ramoso, lenhoso, com altura aproximada de 1,5 m, de ramos difuso e de caule verde a castanho. Folha sub- coriácea, concolor. Frutos pequenos, ver- melhos, globosos. Sophora tomentosa L. “Comandaíba” Arbusto de 20 cm (nas primeiras fai- xas) a 2m de altura (na última faixa), ramoso, formando touceiras. Folha conco- lor, subcoriácea, de face abaxial verde- prateada e abaxial verde-brilhosa. Flores amarelas. Fruto verde a verde-amarelado e quando madura, castanho, pubescente. — 12 — Allagoptera arenaria (Gomes) O. Kuntze “Guriri” Planta acaule de cerca de 50 cm a 1,5 m de altura; o seu caule subterrâneo a toma muito resistente ao fogo. Folha co- riácea, concolor, face abaxial verde-pra- teada, cerícea e face adaxial brilhosa. Inflorescência com escapo floral verde; espiga amarelada com as suas pequenas flores cor de milho; espata coriácea de face dorsal verde e ventral amarelada. Fruto verde e quando maduro, castanho. Topografia e Vegetação A vegetação se apresenta distribuída, em Grumari, em faixas paralelas ao mar com relação ao mesmo tipo de associa- ção de vegetais; por outro lado, a vege- tação se apresenta com configurações di- ferentes, verticais ao mar, indo de plan- tas rasteiras e pequenos arbustos, de ra- mos rasteiro-ascendentes com altura de mais ou menos 30 m até arbustos maio- res que atingem de 50 cm a 2 m apro- ximadamente, onde ocorrem com freqüên- cia, plantas trepadeiras. Daí a divisão da praia em estudo, para maior facilidade de descrição, em faixas topográficas: A - F. As faixas paralelas ao mar correspon- dem em geral a fisionomias vegetais tí- picas, mas podem ocorrer trechos dentro das faixas ocupadas por determinada co- munidade que não ocorra ao longo de toda a faixa. Nas próprias faixas verti- cais podem ocorrer interpenetrações de comunidades de uma área vertical em outra. No perfil topográfico da praia (A-F), podem ser reconhecidas 7 zonas: do nível da maré baixa sobe-se a uma platafor- ma B bastante inclinada; mais acima des- ta, outra plataforma, D, mais ou menos plana e mais acima, a terceira platafor- ma, F, atrás da qual encontra-se uma ve- getação arbustiva, seguida de uma vege- tação arbórea . A praia apresenta-se como um lençol de areia arqueado ao longo da costa, delimitada por dois pon- tais rochosos em seus extremos norte e sul. FAIXA A Na praia a primeira faixa, A, no sen- tido do mar para a terra, bastante in- clinada, é atingida pelas marés altas nor- mais, e portanto, está muito sujeita à ação modificadora das marés. Corresponde à terceira fase de Magnanini (1954), a par- te da região B de Dansereau (1947) e à zona estéril de Rawitscher. Em Grumari esta faixa se apresenta desprovida de vegetação onde ocorem detritos, principalmente de animais mari- nhos sobretudo de restos de conchas de moluscos . FAIXA B A faixa B, também bastante inclinada é parcialmente invadida pelas marés al- tas normais. Corresponde às antedunas de Rawitscher, a parte da área C de Dan- sereau e a uma parte da segunda fase de Magnanini . Em Grumari, ela se apresenta na sua metade posterior com cerca de 1% de vegetação, 98% de espaços abertos e 1% de detritos, principalmente de restos de valvas moluscas. O solo é muito removí- vel e a vegetação é tipicamente halófita e psamófila, geófila, rizomatófora ou es- tolonífera . A associação vegetal desta faixa é re- presentada por Iresine portulacoides, Ipo- moea pes-caprae e Alternanthera mariti- ma, que ocorrem em intervalos irregula- res por quase toda a praia na orla ma- rítima. A primeira destas é a planta do- minante nesta faixa, seguida de Ipomoea pes-caprae e Alternanthera maritima, ambas com freqüência mais ou menos semelhante. Entretanto, num grande tre- — 13 — cho da praia, a Iresine portulacoides apa- rece sozinha a absoluta nesta faixa. Raro e esporadicamente ocorrem nesta faixa, pouquíssimos exemplares de Ipo- moea stolonifera, de Sophora tomentosa com hábito rasteiro e Panicum racemo- sum, desta última principalmente onde não se nota a perfeita formação do talude C. As 3 espécies típicas desta faixa são verdadeiras pioneiras na colonização ve- getal da praia, avançando bem até rela- tiva proximidade da água. Multiplicam-se rapidamente em todas as direções e o fazem também perpendicularmente às águas do mar. Esta vegetação mencionada é destruída pela água do mar esporadicamente, o que se pode observar em certo trecho da praia, no qual a única espécie sobrevi- vente notada foi a Iresine portulacoides. A vegetação desta faixa tem como ca- racterísticas peculiares o hábito rasteiro, o inicial sistema radicular muito rami- ficado e muito profundo, a presença de folhas suculentas e de caules muito alon- gados com enraizamento nodal, em parte subterrâneos (rizomatosos) e em parte aéreos (estoloníferos) suculentos a lenho- sos, próximo do sistema radicular prin- cipal, avermelhados, ramificados e de crescimento rápido em várias direções e sentidos, procurando colonizar uma área grande no menor espaço de tempo pos- sível, muna luta incessante de fixar a areia, contrária à ação das marés de res- saca e do vento, que tomam o solo ins- tável e movediço. Por outro lado, atrás desta faixa en- contra-se uma pequena elevação, Dl, que encontra nas plantas desta faixa B, o primeiro obstáculo ao vento, um aliado para a fixação da areia aí depositada. FADÍA C A terceira faixa, C, está fora dos li- mites das marés altas normais. Corres- ponde à parte anterior da segunda fase de Magnanini . Em Grumari ela se apresenta inclinada e é formada por cerca de 40% de vege- tação, 50% de espaços abertos e 2% de detritos, sendo aproximadamente 1,5% de restos de valvas de moluscos e 0,5% de folhas mortas. Em certos trechos da praia não se nota a presença da faixa C por meio de sua topografia, que, como se disse, é nor- malmente demarcada por uma topografia inclinada. Nesta faixa o predomínio é de Alter- nanthera marítima em certos trechos mas, em outros, ela é substituída por Panicum racemosum. Poder-se-ia dizer que estas duas espécies são codominantes nesta faixa . A seguir, com boa freqüência, vem a Sporobolus virginictis que é a espécie sub- dominante . Logo a seguir viriam a Remirea marí- tima, a Ipomoea stolonifera e a I. pes- caprae. Finalmente, aparecem Iresine portula- coides, Stenotaphrum secundatum e Ca- navalia obtusifolia, estas 3 com menor fre- qüência as anteriores. Estas são as 9 espécies que ocorrem nesta faixa, formam colônias e que se ra- mificam e se entrelaçam formando um tapete de vegetação. Os característicos peculiares a esta fai- xa são o hábito rasteiro com grande per- centagem do tipo graminóide. Tem carac- terísticas halófitas, psamófitas e geófitas, estoloníferas ou rizomatosas. Esta comunidade vegetal é muito simi- lar à da faixa posterior, Dl, e a não ser pela ausência de Euphorbia hyssopifolia, as espécies são as mesmas que ocorrem em C e em Dl. Por outro lado, há uma diferença de topografia entre as duas fai- xas em questão que empresta-lhes uma fisionomia particular, estando a faixa C menos povoada que a Dl e ainda com menos detritos de folhas mortas e com mais espaços abertos, em virtude de sofrer mais acentuadamente a ação das vagas e do vento. — 14 — FAIXA D A faixa D, formada pelo recuo das águas posterior ao ataque das vagas de tempestade (Magnanini, 1954), corres- ponde às zonas D e E de Dansereau, às duas anteriores de Rawitscher e à zona posterior da primeira fase de Magna- nini. Em Grumari ela se apresenta mais ou menos plana e tem cerca de 60% de vegetação, 30% de espaços abertos e 10% de detritos (folhas mortas e restos de conchas de moluscos) . Esta faixa é formada por vegetais com características halófitas, psamófitas, geó- filas, rizomatóforas e estoloníf eras . FAIXA Dl O solo nesta faixa se desfaz facilmente sob a ação das mãos e é movediço. De- vido à movimentação da areia não se forma uma camada de detritos; estes ocorrem numa pequena percentagem; as plantas usam nutrientes vindo de fora, como a água salgada, que ficam sobre as folhas e entre as plantas, restos de peixes, de moluscos etc. A análise deste solo, realizada no SEFLR, deu os seguintes resultados: Alumínio: 0,0 mE% pH 7,3 Cálcio -| -Magnésio: 1,4 mE% baixo Potássio: 7 ppm baixo Fósforo: 17 ppm médio Calcáreo : 0,6 Nesta faixa, como na anterior, o pre- domínio em certos trechos é de Alternan- thera marítima e em outros, de Panicum racemosum. Poder-se-ia, igualmente, dizer que estas duas espécies vegetais são codo- minantes nesta faixa. A seguir, com boa freqüência, e com ampla distribuição, isto é, distribuída por toda a faixa na praia, vem a espécie Spo- robolus virginicus que se apresenta como subdominante . Viriam a seguir, Ipomoea pes-caprae, I. stolonifera e na quarta posição concorre- riam Stenotaphrum secundatum, Remirea marítima e Canavalia obtusifolia. Completando as espécies significativas viriam a Euphorbia hyssopifolia e final- mente a Iresine portulacoides. Esporadicamente vem ter a esta faixa a Sophora tomentosa com hábito rasteiro e a trepadeira Mikania stípulacea. As plantas nesta faixa têm rizomas entrelaçados que fixam a areia; as suas raízes se entrelaçam de tal modo que mais tarde começam por acumular gotas de chuva caídas, ou seja, as raízes formam uma camada; sendo uma região próxima ao mar, está sujeita ao ataque de ressa- cas, e quando a maré desce, as plantas recuperam-se através de um crescimento rápido; as plantas desta faixa são ras- teiras e tem também as mesmas carac- terísticas que aquelas descritas para a faixa B . FAIXA D2 Esta faixa, que é uma continuidade na- tural da Dl, por trás da mesma, tem mais espaços abertos que Dl. A grande percentagem de areia que comumente existe nesta faixa, foi atirada pelo ven- to, por cima da Dl. Os grandes espaços abertos de areia desta faixa são entremeados com exem- plares de I. stolonifera e de P. racemosum, havendo entretanto uma grande parte da praia em que o P. racemosum não está representado . Como a I. stolonifera ocupa esta faixa com grande freqüência e em toda a ex- tensão da praia, pode-se dizer que é a espécie dominante nesta faixa D2 . Em cerca de metade da praia, esta comunidade se acha povoada pelas duas espécies acima mencionadas dando à co- munidade um aspecto parcialmente gra- minóide e parcialmente ipomoeto; pode-se dizer que estas duas espécies são codomi- nantes nesta faixa, em metade da praia. A seguir, apresenta-se como subdomi- nante o S. virginicus, com boa freqüên- — 15 — cia em toda a extensão da praia, mas sem conferir-lhe fundamentalmente sua fisio- nomia devido à dominância das anterio- res. Outras espécies bem representativas I. pes-caprae, A. marítima, S. secundatum, R. marítima e C. obtusifolia. Com freqüência mais baixa que as an- teriores aparece E. hyssopifolia e a se- guir a esta com menor representação ainda o I. portulacoides e a Hydrocotyle umbeilata. Raro e ocasionalmente aparecem S . tomentosa com hábito rasteiro e plântulas de Allagoptera arenaria. A vegetação nesta faixa continua a re- velar-se halófita, psamófila, geófila, rizo- matóf ora e estoloníf era . Uma grande parte de sua totalidade revela uma grande quantidade de areia livre em que a espécie dominante é a I. stolonifera, com as suas folhas espalha- das pela areia como que nascendo da mesma pois seu caule é subterrâneo e lança afloramentos florais e foliíferos na superfície da areia, e que portanto, em- presta a grande parte desta faixa a sua fisionomia particular; esta fisionomia é modificada em aproximadamente metade da praia pela presença do P. racemosum, a gramínea de maior parte da praia. Entre- meados aqui e ali, o S. virginicus, mati- zando a fisionomia referida, com suas pequenas folhas eretas e dobradas ao longo da nervura mediana que emergem dos seus caules alongados. FAIXA E A faixa E corresponde à parte ante- rior da primeira fase de Magnanini. Em Grumari ela se apresenta inclinada, sob a ação transportadora dos ventos de um lado e a ação fixadora das plantas de outro e com cerca de 85% de vegetação, 15% de espaços abertos e 70% de de- tritos . Corresponde a uma faixa de transição de ervas para arbustos, sendo formada de ervas e pequenos arbustos (subarbus- tos), estes com ramos às vezes rasteiro- ascendentes, como em Vernonia geminata; há, portanto, um aumento da cobertura vegetal com o aparecimento de outras espécies não encontradas nas faixas an- teriores. Segundo Dansereau esta faixa está su- jeita à ação das marés de tempestade que podem não ocorrer em cada ano. Sem se poder a grosso modo, isto é, da simples observação local, estabelecer as espécies dominantes nesta faixa dado pos- sivelmente ao seu grau de transição, ve- rifica-se, entretanto, que as espécies mais freqüentes não têm a freqüência de domi- nância que as observadas nas demais fai- xas, isto é, a sua freqüência de ocorrência é mais baixa que a freqüência de ocorrên- cia das espécies dominantes nas demais faixas . As espécies mais importantes nesta fai- xas são as seguintes: Vernonia geminata. V. obtusifolia, a S. tomentosa com hábito rasteiro, já Schinus terebentifolius, a Ma- nilkara subsericea e o Cereus fernambu- censis com portes menores que na faixa F, a Guapira opposita, a I. stolonifera e a S. virginicus. A seguir, com freqüência mais baixa que as espécies anteriores, ficam A. ma- rítima, 1. pes-caprae, P. racemosum, S. secundatum, R. marítima, C. obtusifolia, E. hyssopifolia, A. arenaria, seguidas da trepadeira M. stipulacea. Mais raramente que as espécies cita- das ocorrem H. umbeilata, Polygala cy- parissias, Eugenia rotundifolia e a ras- tejante Sebastiania corniculata. Finalmente com menor freqüência que todas, encontramos a I. portulacoides, a Acicarpha spathulata e as trepadeiras Oocypetalum banksii subesp. banksii e Pas- siflora mucronata. A vegetação como se disse, tem aspec- to em parte rasteiro e em parte subar- bustivo, com representantes trepadores; as plantas mais altas tem mais ou menos 30 a 40 cm de altura sendo que a de — 16 — maior porte é a A> arenarút com cerca de 50 cm. Parece-nos que o maior afastamento da água do mar, a localização topográfica desta faixa e sobretudo o menor grau de salinidade assim como a menor ação transportadora dos ventos, notável pelo maior acúmulo de partes vegetais secas que quase chegam a formar uma ca- mada de detritos no solo, e, ainda à ação fixadora das faixas anteriores que fa- zem este solo menos removível, são con- dições que reunidas, permitem que esta zona seja favorável à colonização arbus- tiva. Dai encontrarmos aqui uma vegetação subarbustiva pioneira, portanto, ainda com caracteres de transição à faixa se- guinte, F, tais como os ramos de algu- mas espécies de subarbustos que deitam no solo, enraizando-se ou não para depois tomarem-se ascendentes; um outro cará- ter é o entrelaçamento dos ramos ainda não muito acentuado quanto o da faixa F, notando-se ainda, um progresso na den- sidade da população quando comparada com as faixas anteriores, B-D; surgem aí as plantas trepadeiras. FAIXA F Finalmente a faixa F, na parte mais alta da praia, mais ou menos plana e que corresponde à região F de Danse- reau, acima de todo o alcance, ainda que esporádico, da água do mar. Apresenta-se como a faixa que tem a maior cobertura vegetal, com cerca de 95% de cobertura vegetal, 5% de espa- ços abertos e 90% de detritos; é a faixa em que se encontra o maior número de sementes atiradas ao solo pelas plantas. É uma região de seguimento natural da anterior, mas aqui está constituída fun- damentalmente por pequenos arbustos que já despontavam na faixa anterior. No alto desta duna, encontra-se a pre- dominância da espécie A. arenaria, predo- minância apenas fisionômica devido ao seu aspecto palmeirístico que acaba por conferir esta sua característica à faixa. Na realidade esta palmeira que mede cerca de lm de altura, é codominante com outras espécies, arbustos, de 1,5 a 2 m de altura, tais como Sophora tomentosa, Schinus terebentifolius, Bumelia obtusifo- lia e Manilkara subsericea. Tais espécies tem uma freqüência bem mais ampla sobre as demais desta faixa, isto é, as outras espécies têm freqüên- cia muito abaixo daquelas que dominam a paisagem da faixa. Dentre estas últi- mas tem-se C. fernambucensis, V. gemi- nata, V. obtusifolia, P. racemosum, S. vir- ginicus, S. secundatum, R. marítima. Com freqüência menor que as anterio- res tem-se I. stolonifera, I. pes-caprae, A. marítima, C, obtusifolia, Sebastiania corniculata. Eugenia rotundifolia, CMoccoca alba. Finalmente, com a menor ocorrência de todas vem as espécies: P. mucronata, Ipo- moea oairica, O. banksii sub-esp. banksii, M. stipulacea. I. portulacoiães, E. hyssopifolia, Dale- champia micromeria, Guapira opposita, Pseudobombax grandiflorum, Heteropteris af. chrysophylla, Diodia radula, Solanum nigrum, Vernonia sericea, Phaseolus can- didus e Justicia cydoniifolia. Os espaços abertos, isto é, onde a cerca viva de arbustos desta faixa se acha in- terrompida, são habitados por ervas, como a I. portulacoiães, I. stolonifera, R. maríti- ma, S. secundatum, P. racemosum, Dio- dia radula etc. Esta faixa está formada fundamental- mente por arbustos de cerca de 1,5 a 2 m de altura, com folhas na maioria bri- lhantes na face adaxial e cerosas na aba- xial, principalmente coriáceas, xeromor- fas e formando uma vegetação densa com pequenas copas. A sua formação está influenciada pela ausência normal da água do mar, pelo menor grau de salinidade, pela menor ação transportadora do vento e pela maior ação de fixação exercida pelos vegetais, como — 17 — se pode depreender da grande quantidade de detritos representados por restos de plantas; o solo é, portanto, mais fixo e os arbustos se entrelaçam de tal forma que constituem uma pequena cerca viva, a oferecer resistência à ação do vento. Normalmente aqui chegam apenas os respingos marinhos trazidos pelos ventos soprados em direção ao continente, de mo- do que as suas folhas são borrifadas pe- los nevoeiros salgados. Os caules dos ar- bustos são um tanto retorcidos, ramosís- simos e os seus ramos são de coloração esbranquiçada. Saliente-se finalmente que aqui os arbustos atingem quase todos a uma altura aproximadamente igual. Conclusões A faixa B é a menos povoada com cerca de 3 espécies somente, onde a do- minante a Iresine portulacoides. As faixas C e O têm um número maior de espécies que a B e, praticamente, as mesmas espécies; em C e Dl as espécies dominantes são Alternanthera marítima e Panicum racemosum; em D2 a Ipomoea stolonifera é a dominante pela sua ampla distribuição em toda extensão da praia, seguida de perto de Panicum racemosum; em C e D, Sporobulus virginicus é a espé- cie subdominante . Nas faixas E e F as espécies são mais numerosas que em B-D, aparecendo espé- cies que não ocorrem nas faixas anterio- res. Na faixa E não há propriamente espé- cies dominantes; a fisionomia desta faixa é de transição entre a vegetação rasteira e a subarbustiva. Na faixa F o número de espécies é maior que em E; são várias as espécies dominantes: Allagoptera arenaria, Sopho- ra tomentosa, Schinus terebentifolius, Ma- nilkara subsericea e Bumelia obtusifolia; o seu aspecto é de vegetação arbustiva; as espécies que não são dominantes e que não lhe conferem a sua fisionomia, ocorrem com freqüência bem inferior à das dominantes. A espécie Iresine portulacoides (St. Hil.) Moq. se acha freqüente praticamen- te em toda a extensão da praia e ocorre em todas as faixas, de B a F. Segundo Dansereau é o vegetal cuja ocorrência coincide com o limite da maré alta. Em Grumari, se apresenta como sendo a es- pécie mais halófita de todas as encontra- das na praia e embora a sua freqüên- cia de ocorrência seja regulamente melhor nas primeiras faixas (B-Dl), ela real- mente encontra o seu melhor ambiente na primeira faixa B, onde não sofre com- petição suficiente da parte de outras es- pécies. Comporta-se como um vegetal pio- neiro na colonização praiana e na fixa- ção da areia. A areia trazida pelo vento é fixada não só pelo seu sistema de raízes primárias e adventícias, como também pelos seus ramos foliíferos, sobretudo quan- do está espécie forma verdadeiras colô- nias de hastes eretas na areia desnuda. A freqüência de ocorrência desta espé- cie decresce consideravelmente a partir da faixa C até ser muito pouco represen- tada nas faixas E e F. É evidente que o seu maior ou menor afastamento do mar e competição intra-específica, reve- lam modificações no seu hábito, confor- me a faixa a ser considerada. Quando ocupa a primeira faixa, apresenta uma parte central radicular e caulinar muito espessada e profunda; do seu caule sub- terrâneo, profundo, saem vários ramos difusos, que podem ser em parte aéreos e purpúreos e em parte subterrâneos . Quando ocupa a última faixa, F, apresen- ta-se com porte maior e com rizomas e raízes bem menores e a menor profundi- dade. Alternanthera marítima (Mart.) St. Hil. é espécie que ocorre também em todas as faixas, abundante em toda a orla maríti- ma, encontrando o seu ótimo nas faixas C e Dl onde é codominante juntamente com P. racemosum. Sua freqüência é bem mais baixa nas faixas B, D2 e E, caindo — 18 — consideravelmente na faixa F. Comporta- se também como pioneira na colonização da praia e na fixação da areia, junto a I. portulacoides e I. pes-caprae. Quando ocor- re nas primeiras faixas, apresenta-se com caules e folhas avermelhados e com par- tes subterrâneas ramosas e profundas. Nas faixas subarbustiva e arbustiva quan- do ocorre no meio de moitas, à sombra, ela cresce muito e aflora por cima dos arbustos a mais ou menos 1 m; suas fo- lhas são aqui bem maiores e perdem a com avermelhada; além disso apresenta muito desenvolvimento vegetativo e pouca floração que toma-se quase rara. Ipomoea pes-caprae (L.) Sweet., abun- dante em toda a orla marítima, também ocorre em todas as faixas de vegetação. Encontra o seu ótimo de freqüência nas faixas C e Dl, decrescendo nas faixas B, D2 e E caindo consideravelmente na faixa F. Comporta-se, também, como planta picneira na colonização e na fixação da areia, juntamente com as outras duas es- pécies citadas anteriormente. Apresenta-se nas primeiras faixas com sistema sub- terrâneo profundo . Ipomoea stolonifera (Qyr.) Gmel. é abundante em toda a praia, ocorre nas faixas C a F, muito raramente na faixa B. Tem muito boa freqüência nas faixas C a E, mas é sobretudo abundante na D2 onde o solo é mais descampado, mais aberto e é a espécie dominante da faixa. É ótima fixadora de areia, mas não tem raízes tão profundas; suas folhas, aca- naladas, retêm areia. Hydrocotyle umbellata L. tem freqüên- cia muito pequena e, portanto, com muito pouca significação na vegetação da praia de Grumari, sobretudo pela sua ocorrên- cia apenas nas faixas D2 e E e princi- palmente porque só foi observada numa área muito pequena da praia. Tem pe- quena importância na fixação de dunas. Vernonia geminata Less., assim como a espécie V. obtusifolia Less., somente ocorrem nas duas últimas faixas, sendo que a sua maior ocorrência se encontra na faixa E onde ocupa as primeiras po- sições na dominância do aspecto fisio- nômico da faixa. Muito embora só ocorra nestas duas faixas, tem boa distribuição por toda a praia. Mikania stipulacea Willd. ocorre rara- mente nas faixas D e F e tem seu ótimo na faixa E, com freqüência pequena. Não tem grande valor de importância no as- pecto da vegetação da praia, contudo, forma uma comunidade característica pela grande quantidade de flores produzidas que se destacam ainda mais pelo seu hábito trepador. Cereus fernambucensis (L.) Lemaire, com boa freqüência nas duas últimas fai- xas e boa distribuição em toda a praia, tem, portanto, um bom valor de impor- tância . Guapira opposita (Vell.) P.R. Reitz ocorre caracteristicamente e com boa fre- qüência na faixa E, apresenta um rela- tivo bom valor de importância dada a sua regularidade de distribuição. Ccmavalia obtusifolia DC. acha-se dis- tribuída em todas as faixas exceto na primeira, porém sua presença é assina- lada pela freqüência regular nas faixas C e D. Na região arbustiva toma-se ere- ta e aparece por vezes por cima dos ar- bustos deixando à mostra as flores e os frutos. Tem papel importante na fixação da areia. Euphorbkt hyssopifolia L. às vezes for- ma colônias; tem as suas melhores fre- qüências nas faixas D2 e E. Tem peque- no valor de importância. Panicum racemosum (Beauv.) Spreng. é abundante especialmente nas faixas C e D. É codominante junto com Alternan- thera marítima nas faixas C e Dl e se- gue de perto o domínio de Ipomoea sto- lonifera na faixa D2, sendo que em cerca de metade da praia, ela é codominante nesta última faixa. Sporobulus virginicus (L.) Kunth. é abundante em todas as faixas, exceto na primeira. Apresenta boa freqüência e é — 19 — muito regularmente distribuída em todas as faixas. A sua presença é mais notável nas faixas C e D onde é espécie subdo- minante. Está em valor de importância, entre as primeiras representantes da faixa E. É boa fixadora de areia. Stenotaphrum secundatum (Walt.) Ktze. ocorre em todas as faixas, exceto na primeira, com freqüência regular; tem melhor presença a partir da faixa D, parecendo preferir solo mais descampa- do; forma um tapete mais ou menos den- so e é ótima fixadora de areia, formando um revestimento no solo resistente ao vento . Remirea marítima Aubl. é também abundante em todas as faixas, exceto na primeira, com freqüência regular. A sua freqüência de ocorrência é mais signifi- cativa nas faixas C e D. Segundo Hueck (1955) não é boa fixadora de areia. Eugenia sulcata Spring. ex. Mart., Po- lygala cyparissias St. Hil., Acicarpha spa- thulata R. Br., Sebastiania corniculata (Vahl) Muell. Arg. Oxypetálum banksii Roem. et Schult. sub-esp. banksii, Passiflora mucronata Lam., Dalechampia micromeria Baill., Ipomoea cairica (L.) Sweet., Solanum nigrum L., Vemonia sericea Rich., Pha- seolus candidus Vell., Justicia cydoniifolia (Nees) Lindou, Diodia raãula (Willd. et Hoffm.) Cham. et Sehlt., Chioccoca alba (L.) Hitchcock, Heteropteris af. chryso- phylla (Lam.) Kunth., Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns e Eugenia rotundifolia Casar, são espécies que não apresentam significante valor de impor- tância para a fisionomia da vegetação. Bumelia obtusifolia R. et. S. ocorre na última faixa com grande freqüência e am- pla distribuição em toda a faixa, muito concorrendo para a fisionomia desta fai- xa, F, onde é codominante. Manilkara subsericea (Mart.) Dubard, distribui-se pela duas últimas faixas de vegetação, com grande freqüência em am- bas. É codominante na faixa F onde tem ótima freqüência e regular distribuição. Schinus terebentifolius Raddi, é seme- lhante à espécie anterior no que se refe- re à distribuição, freqüência e valor de importância, e portanto, codominante na última faixa. Sophora tomentosa L. aparece em qua- se todas as faixas, mas quando o faz nas faixas de B a D tem freqüência es- porádica, não sendo estas, portanto, as faixas de sua preferência. Nas faixas E e F tem as mesmas características que as da espécie anterior quanto à distribuição, freqüência e valor de importância, sendo especie codominante na faixa F. Allagoptera arenaria (Gomes) O. Kun- tze é a espécie que melhor caracteriza fisionomicamente a última faixa de ve- getação da praia; tem o seu ótimo nesta faixa, onde é codominante; é considerada ótima fixadora de dunas. Summary This study is a survey of the vegeta- tion of Grumari Beach, which can be divided into six topografic and seven vegetational zones. The species are des- cribed with special attention to adaptive characteristics of the plants. Dominant species and the characteristic vegetation of each zone are mentioned. All species are considered according to their occurrence in the zones and their importance in the physiognomy of the beach vegetation. Bibliografia 1. DANSEREAU, P. 1947. Zonation et succession sur la restinga de Rio de Janeiro. Vev. Canad. Biol., 6 (3): 448-477. 2. HUECK, K. 1955. Plantas e formação orga- nogênica das dunas do litoral paulista. 1. São Paulo, Instituto de Botânica. — 20 — 3. LUTZ, B. 1938. Apontamentos decorrentes do Herbário do Museu Nacional e de obser- vações feitas no litoral. (Mimeografado) . 4. MAGNANINI, A. 1954. Contribuição ao estudo das zonas de vegetação da praia de Ser- nambetiba, D.F. Brasil. Arq. Serv. Flor., 8:147-232. 5. ORMOND, W.T. 1960. Ecologia das restingas do sudeste do Brasil. I. Arq. Mus. Nac., 50:185-236. 6. SILVA, S.L.O. 1955. órgãos subterrâneos de algumas plantas psamófitas. Arq. Serv. Flor., 9:93-177. 7. ULE, E. 1967. A vegetação de Cabo Frio (trad. por G.M. Barroso). Boi. Geogr. 200:21-32. 8. VIANNA, F.S. 1967. Notas sobre a dinâmica da vegetação de restinga (XVIII» Con- gresso Nacional de Botânica). 9. FLORES DA RESTINGA. 1960. Centro de Pes- quisas Florestais e Conservação da Natu- reza, R.J., Brasil. Agradecimentos Nossos agradecimentos aos professores e pesquisadores, do Rio de Janeiro, Graziela Maciel Barroso, Dorothy Dunn de Araújo, Emília A. Santos, Aydil G. de Andrade, Wilma T. Ormond e Jorge Fontella Perei- ra, pelo auxílio nas observações ecológicas e na identificação das espécies. 21 — orquc os V egetais são Importantes E. O. TENÓRIO * As plantas quotidianamente servem a humanidade como fonte de alimento, ge- radoras de oxigênio e combustível. Os efeitos benéficos que os vegetais causam indubitavelmente são mais numerosos do que os maléficos. ERVAS DANINHAS — Plasticidade, ra- pidez de crescimento e a capacidade de lançar sementes das ervas daninhas, são fatores relevantes, que contribuem em cau- sar enormes danos à Agricultura. Elas concorrem com suas semelhantes, as cul- tivadas, na busca da água, espaço, nutri- entes, luz, e no mais das vezes conseguem sufocá-las . Dominam áreas não-cultiva- das, lotes urbanos, invadem jardins des- truindo a visão estética que o homem procura imprimir nos complexos urbanos. Por outro lado, é evidente que o próprio homem é responsável pela dispersão das ervas daninhas, dado que ele é o mentor maior do distúrbio da natureza. PLANTAS TÓXICAS — Plantas há, em que, se dá a síntese de substância tóxicas nos seus tecidos, e em conseqüência tor- nam-se indesejáveis para o homem e ani- mais. Os prejuízos que elas causam são grandes, e em contrapartida exigem uma vigilância constante, mobilizando pessoal, * CETEC — Centro Tecnológico de Minas Gerais. e material, o que toma a situação econo- micamente muito dispendiosa, além do desconforto que pode trazer para a huma- nidade através da ingestão direta ou indi- reta desses princípios venenosos. Biologi- camente, pode-se postular que os vegetais vivem em contínua competição por luz, espaço, nutrientes, etc., e em conseqüência é possível que substâncias tóxicas acumu- ladas nos tecidos representam uma defesa da planta contra o ecossistema silvestre. Outras espécies, no entanto apresentam glândulas exógenas carregadas com subs- tâncias cáusticas a epiderme humana cau- sando intenso prurido. Mesmo o latex, substância de secreção interna de algumas plantas, tem causado em pessoas com su- persensibilidade, queimaduras superficiais. PLANTAS ALERGÊNICAS — Algumas plantas são polinizadas através do vento, e desse modo o pólen é disperso na at- mosfera. Certas pessoas reagem então ao contato respiratório com o pólen, apre- sentando sintomas alérgicos variados. Há possibüidade de indivíduos desenvolverem processos asmáticos, ou para aqueles que já padecem do mal apresentarem aumento acentuado na incidência da doença. As gramíneas, via-de-regra, monocotiledoneas polinizadas pelo vento, e de certo modo ubiquitárias, tem sido responsáveis por grande parte dessas afecções. Plantas or- — 22 — namentais principalmente arbóreas divi- dem com as gramíneas a responsabilidade maior de causarem alergias periódicas, ou mesmo asma. PLANTAS NARCÓTICAS — O homem vive exposto também ao uso de plantas sintetizadoras de substâncias narcóticas. O ópio, o haxixe, a maconha ou liamba, cocaína, acumulam nos seus tecidos subs- tâncias orgânicas capazes de quando in- geridas pelo homem apresentarem modi- ficações no comportamento devido a alte- rações fisiológicas e ou mentais; serem potenciais geradoras de distúrbios físicos, mentais e moral. Por outro lado, quando as substâncias narcóticas são utilizadas em quantidades controladas possuem pro- priedades medicinais no alívio de dores, em anestesia local e em problemas de his- teria. INJÜRIAS MECÂNICAS — Certos ve- getais apresentam na superfície de suas partes, estruturas externas tais como acúleos, espinhos, cristais de oxalato de cálcio e sílica que são responsáveis por injúrias mecânicas ao homem e animais. Contudo, merece destaque especial os fru- tos eriçados responsáveis por injúrias me- cânicas na pele e mucosa dos animais domésticos . EROSÃO — Existem benefícios indiretos que as plantas trazem para o homem, por exemplo o controle da erosão. Quando as gotas de chuvas chocam-se contra o solo não-vegetado dá-se uma separação das partículas do solo, que por sua vez quando submetidas a inclinações, e a ação da chuva provoca o arrastamento das ma- térias orgânicas, parte mais vulnerável da estrutura do solo . Sob a continuação dessas forças aparecem as vossorocas no solo, e a medida que o processo continua, criam-se crateras imensas no solo. O solo que fica é pobre, destituído de matéria or- gânica e nutrientes. O vento também pode provocar a erosão, particulamente em áreas sujeitas a ação ciclônica. As plan- tas podem evitar a ação da erosão e con- sequentemente evitam grandes prejuízos econômicos, além de oferecer ao solo uma defesa contra a perda de suas proprieda- des, que em tese não são renováveis. AGRICULTURA, ECOLOGIA E OU- TROS — Comumente passa despercebido a ação alimentícia e de proteção que as plantas prestam aos animais não domes- ticados. O efeito causado pela fotossíntese na recomposição do oxigênio atmosférico, a proteção contra os ventos, a ação sobre a unidade atmosférica e a temperatura ambiental são variáveis sobre-vivenciais que recebem a influência direta dos ve- getais. ALIMENTOS — A completa dependên- cia do homem e dos outros animais dos alimentos sintetizados pelas plantas é to- tal. Os cereais respondem por uma gran- de parcela desse envolvimento, e consti- tuem os alimentos básicos do dia-a-dia . Frutas, hortaliças, castanha e outros fru- tos secos são produtos das angiospermas capazes de condicionarem melhor balanço de amino-ácidos, açúcares, gorduras, es- senciais ao sadio funcionamento do corpo humano. A carne bovina, suína, de aves, de peixes, e de moluscos e outros animais são produzidas às expensas das plantas, que constituem, o alimento de menor custo e básico desses animais. FIBRAS — Caules, folhas, pelos se- minais representam a matéria prima na fabricação de fibras . Fibras são células mortas, com parede espessada, consequen- temente resistentes, encontradas nas plan- tas. As fibras são utilizadas na manufatu- ra de tecidos, cordas, fios, redes, etc. Grande parte das fibras, seguindo trata- mento especial, prestam-se na fabricação de papel, raion, tecidos finos. MADEIRA — Os caules são responsá- veis pela produção da madeira, produto que tem acompanhado a caminhada do homem desde o mais cedo primórdio. A madeira inclue-se entre os primeiros re- cursos de proteção ao homem. Sem dúvi- — 23 — da, seguindo um melhor entendimento da natureza o animal-homem elegeu a ma- deira como responsável pela sua proteção e de seus pertences. O uso da madeira é determinado por suas propriedades físicas, químicas e ana- tômicas. Contudo fatores políticos, econô- micos e geográficos determinam as opções de utilização de espécies madeireiras. Celulose e iignina são os componentes estruturais de maior importância, todavia é freqüente a presença de compostos não estruturais, chamados extrativos (subs- tâncias que podem ser misturadas com solventes, sem causarem alteração as suas propriedades estruturais) . Como exemplo de extrativos economicamente importan- tes mencionamos resinas, gomas, óleos, co- rantes e taninos. Para enfocar a impor- tância econômica dos caules das madeiras, citamos algumas de suas aplicações: papel, raion, filme fotográfico, laquês sintéticos, carvão, alcóol, acetona, terebentina, per- fumes, substâncias medicinais, bálsamos, condimentos, alimentos, cortiça, constru- ção civil, lenha, carpintaria, vigamento, ta- cos, parquetes, dormentes moirões, esteios, arborização, mobiliário, postes, cabos de ferramentas, instrumentos musicais, to- neis, peças navais, artigos escolares, salto de sapatos, tamancos, forma de sapato, carroçaria, contraplacados, decorações in- ternas e externas, curtume, caixotaria, lambris, painéis, forros, sobreamento de plantas cultivadas, esquadrias, batentes, pontes, obras de entalhe, laminados, aero- modelismo, balções, hélices de aviões, tea- res, tacos de bilhar, coronhas de armas, palitos, esquadrias, escada, residências, máquina-de-costura, móvel de aparelhos elétricos, obras internas em residências, construção naval, etc . PLANTAS MEDICINAIS — Se bem que as drogas medicinais tenham em grande parte sido substituídas por produtos sin- téticos, os produtos vegetais, e particular- mente aqueles originados de plantas de climas tropicais representam a matéria prima mais buscada na procura de subs- tâncias neutralizadoras ou inibidoras de toxinas, tumores, doenças cardíacas, etc. Milhares de toneladas de partes vegetais, raízes, caules e folhas tem sido examina- das em laboratório, testadas em organis- mos vivos, na tentativa de isolar substân- cias com potencial medicinal. Ainda hoje muitas drogas farmacêuticas são isoladas de plantas em todo o mundo, e utilizadas largamente em medicina. BEBIDAS — No aparecimento das di- ferentes civilizações do mundo houve uma grande influência geográfica para a pro- dução de alimentos e bebidas. Na Asia predominou o chá, cacau era utilizado pe- las civilizações do México e América Cen- tral, e o café no nordeste da África, e em alguns países árabes. A maioria dessas bebidas não alcoólicas são utilizadas pelo homem, sobretudo devido ao sabor, aroma, além dos efeitos estimulantes que traços de alcalóides lhe dão. PRODUTOS ESTRUTURAIS — As go- mas são usadas na fabricação de suspen- sões e adesivos; como agregado medici- nal, de líquidos e de cremes. Os óleos es- senciais extraídos de partes vegetais tem sido usado largamente na indústria de perfumaria, emprestando odores aprecia- dos em perfumes, sabonetes, desodoran- tes, cosméticos, etc. O óleo de cânfora ain- da hoje é utilizado em preparações medi- cinais e em cosméticos. Odores e sabo- res tão característicos como hortelã, ca- nela, aniz, gengibre cravo tem sido atri- buídos principalmente aos óleos essenciais que as respectivas plantas possuem. RESINAS — As resinas, são oriundas em sua grande maioria da oxidação parcial ou completa de óleos essenciais. Quando dissolvidas em solventes orgânicos dão ori- gem aos vernizes. Outras resinas no en- tanto possuem propriedades medicinais, e ainda outras são utilizadas para retardar a velocidade de evaporação de óleos es- senciais responsáveis par aromas, prolon- gando a fragância de perfumes. — 24 — TANINOS — Os taninos enquadram-se entre os compostos de gosto amargo e adstringente que são encontrados em al- guns tecidos vegetais. Em verdade, eles representam produtos finais de secreção ocorrendo em tecidos fisiologieamente ina- tivos, ou naqueles totalmente mortos. No Brasil os taninos são extraídos principal- mente de cascas de árvores. Eles possuem a propriedade de reagir com as proteínas da epiderme animal estabilizando-as, pre- servando-as além de tomá-las flexíveis, dando origem ao couro curtido (sola) . Em si, o couro representa a matéria pri- ma para a indústria milionária dos sapa- tos, bolsas, malas, cintos e outros simi- lares. Sem os taninos as peles não toma- se-iam macias, e consequentemente não teriam a aplicação hoje dada. CORANTES — Os corantes tem sido usados desde as primeiras civilizações. Quando apareceram foram utilizados prin- cipalmente na tintura de tecidos e peles, corantes sintéticos estão substituindo os corantes naturais, alguns deles no entan- to, tem persistido devido as suas caracte- rísticas peculiares, ainda insubstituíveis. Assim o comércio de corantes tem se constituído em uma atividade bastante rentável devido sobretudo aos altos pre- ços dos corantes naturais. Tecidos, peles, tintas, tinturarias, alimentos, bebidas, todos são dependentes dos corantes oferecidos no mercado . SUBSTANCIAS GRAXAS — óleos e gorduras vegetais tem tomado-se impres- cindíveis no dia-a-dia do homem moder- no, particularmente aqueles de menor ris- co para o corpo humano. Com o bem estar que aparentemente vem sendo oferecido ao povo, houve o deslocamento de consu- mo de gorduras animais para substâncias pordurosas vegetais, óleo de oliva, de soja, milho, algodão, dendê, são alguns dos mais procurados para a cozinha, fa- bricação de margarinas, gorduras vege- tais, óleos de salada, e também no enla- tamento de peixes e carnes. O azeite den- dê, óleo de coco, e de oliva são utilizados também na fabricação de sabonetes. O óleo de mamona tem aplicação na lubrifi- cação de motores de avião, devido ao seu baixo ponto de congelação. O óleo de tun- gue, linhaça são os chamados secativos , isto é, secam rapidamente deixando uma película, porisso são utilizados na fabri- cação de tintas. CERA — A cera de carnaúba, extraída das folhas da palmeira do mesmo nome, produz cera de alto valor comercial, que é utilizada principalmente na fabricação de velas e polidores. BORRACHA — Desde os tempos colo- niais o Brasil foi um dos maiores produ- tores de borracha natural, e isso se deve a árvore-da-borracha da Amazônia brasi- leira. Com a descoberta de substitutos sintéticos, além de problemas fitossanitá- rios, forçaram o deslocamento da produção para áreas da Malásia, África e Ilhas Oci- dentais. A borracha é oriunda da coagu- lação do latex da árvore da borracha. O latex é um líquido viscoso, branco, rico em substâncias orgânicas . FUMO — O fumo é outro produto vege- tal de elevado valor econômico. Folhais picotadas, secas e transformadas em ci- garro, ao serem tragadas trazem para alguns uma sensação de satisfação, ou mesmo de passatempo. Os malefícios que o fumo traz para o corpo humano, sem ne- nhuma contestação, tem sido vinculados a afecções das vias respiratórias e circula- tórias principalmente. O fumo, através de seus alcalóides, tem sido largamente utilizado como inseticida, com um sucesso bastante apreciável. — 25 — Plantas Diuréticas JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO * TELMA SUELI MESQUITA GRANDI ** Introdução Esse trabalho tem por finalidade tomarem mais conhecidas as principais espécies diuréticas de uso popular ou constantes de farma- copéias utilizadas no mundo inteiro. * ALCOOLATURA — Líquido resultante da maceração de matérias vegetais em álcool. Prepara-se como a tintura, porém com plantas coletadas recentemente e ao natural . COMPRIMIDO OU TABLÔIDE — É uma forma farmacêutica obtida pela de- vida compressão de pós medicamentosos e pós inertes como veículo, com formato achatado e com bordos arredondados ou quadrangulares . DECOCTO — É uma forma farmacêu- tica obtida pelo aquecimento da água jun- tamente com fragmentos da planta. O tempo suficiente para a ebulição é pre- * Professor-Adjunto e Chefe do Departa- mento de Botânica. ** Professor-Assistente do Departamento de Botânica. * Nos próximos números da revista, cuida- remos das espécies que têm uso como: adstrin- gentes, anti-diabéticas, anti-diarreicas, anti- escorbúticas, anti-febrífugas balsâmicas, béqui- depurativas, diaforéticas, edulcorantes, eméti- cas, emolientes, eupépticas, hemostáticas, laxa- tivas, sialagogas, hipotônicas, hipertônicas, ver- mífugas, vulnerárias. conizado para cada planta na Farmaco- péia. DIGESTÃO — É obtida pelo aquecimen- to de fragmentos da planta com o veículo em uma temperatura inferior ao ponto de ebulição do mesmo, durante certo tempo. ELIXIR — Preparação líquida hidro- alcoólica, açucarada ou glicerinada, desti- nada ao uso oral, contendo substâncias aromáticas e medicamentosas, devendo conter no mínimo 20% de álcool e, quan- do açucaradas, 20% de açúcar. EXTRATO FLUIDO — Obtido por per- colação de acordo com a Farmacopéia, sendo sua principal característica a cor- respondência de 1 cm3 do extrato a lg da planta pulverizada e seca ao ar livre. HIDROLATO — (Agua aromática) — Consiste na destilação dos princípios volá- teis de uma planta macerada com a água ou, quando já se possui a essência, na dis- solução da mesma. INFUSO — Forma farmacêutica obtida, vertendo água fervente sobre fragmentos de uma planta em recipiente fechado e — 26 — munido de tampa. Após um repouso, precede-se a filtração. LIMONADA — Bebida constituída do sumo do limão, com a adição de açúcar e água, podendo ser acrescentados outros princípios medicamentosos, conforme sua indicação . MACERATO — É a forma farmacêutica obtida pela extração a frio de princípios ativos e que consiste em deixar em con- tato, durante certo tempo, o líquido extra- tor com os fragmentos do vegetal, fil- trando-se posteriormente. MELITO — Forma farmaucêutica na qual o princípio ativo encontra-se dissol- vido em mel. PÍLULAS — Forma farmacêutica sóli- da e esférica. Pó — Forma em que a substância só- lida se encontra reduzida a micro-frag- mentos. REFRIGERANTE — Bebida que é con- sumida gelada, podendo conter um ou mais princípios medicamentosos . SALADA — A planta é consumida no estado natural, adicionando ou não con- dimentos . SUMO — Líquido obtido pela prensa- gem de partes do vegetal. TINTURA — Forma farmacêutica de uso interno e que é normalmente, um ex- trato fluido diluído; entretanto, para uso externo, pode ser obtida pela dissolução dos princípios ativo em álcool ou outros veículos. TISANA — Modemamente, é um decoc- to diluído que, por conter pequena por- ção de princípios ativos, pode ser ingerida em substituição à água. VINHO — É obtido macerando substân- cias medicamentosas ou plantas em vinho. XAROPE — Solução aquosa contendo % de seu peso em açúcar, concentrada pela fervura, adicionada de um ou mais princípios medicamentosos. 1. ALISMATACEAE Echinodorus macrophyllus Kunt. (Cha- péu de couro) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas: infuso, de- cocto, tintura, extrato-fluido, refrige- rante. Origem — América 2. ANACARDIACEAE Pistacia lentiscm L. (lentisco) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — decocto Origem — México 3. APOC1NACEAE Strophanthus hispidus DC. (estrofanto) Parte usada — sementes Forma farmacêutica — infuso, decoc- to, tintura, extrato-fluido. Origem - — África 4. AQUIFOLIACEAE Ilex paraguariensis St. Hil (erva mate) Parte usada — folha Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, tintura, extrato-fluido. Origem — Portugal — Brasil e Ar- gentina. 5. ARACEAE a) Ar um maculatum L. (tinhorão lombriga) Parte usadas — folhas Formas farmacêuticas: infuso, de- cocto, tintura, extrato-fluido. b) Pistia stratioites L. (olho de San- ta Luzia) Pistia occidentalis L. olho de San- ta Luzia) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — decocto Origem — Espontânea nas regiões tropicais, América Central e cul- tivadas em outras regiões — 27 — 6. ARISTOLOCHIACEAE a) Asarum officinalis Moench (asa- rite) Partes usadas — rizoma e folhas Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa — Ásia — Amé- rica b) Asarum europeum L. (asarito) Parte usada — - raizes Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa 7. ASCLEPIADACEAE Cynanchum vincentoxicum R. Browm (vincentóxico — incentório) Parte usada — rizoma Formas farmacêuticas — decocto, ti- sana Origem — Europa e Asia 8. BALSAMINACEAE Impatiens noli-tangere L. (erva de Santa Catarina, Beijo de Frade) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — Asia — cultivada em ou- tras regiões onde toma-se espontânea 9. BETULACEAE Bétula alba L. (abedul, álamo branco) Partes usadas — folhas e ramos novos Forma farmacêutica — decocto Origem — Hemisfério Norte 10. BIGNONIACEAE a) Jacaranda caroiba DC. (caroba) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — Brasil e Mediterrâneo tropical b) Jacaranda semiserrata Cham. (ca- robeira) Partes usadas — casca e ramos novos e folhas Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura Origem — Brasil e Mediterrâneo Tropical c) Tecoma aràliaceae DC. (Ipê) Parte usada — cascas do caule Formas farmacêuticas — infuso, Origem — América do Sul d) Tecoma stans Griseb (Ipezinho ga- rocha) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — América do Sul 11. BORRAGINACEAE a) Borago officinalis L. (boragem, borragem) Parte usada — toda planta Formas farmacêutica — infuso, de- cocto, tintura, extrato— fluido Origem — Mediterrâneo, Brasil — cultivada. b) Pulmonaria officinalis L. (pulmo- nária) Partes usadas — folhas e sumida- de florida Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — Europa e Asia 12. CAPPARACEAE Capparis spinosa L. (alcaparra) Parte usada: raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — Mediterrâneo, Asia, Austrália África, 13. CANNACEAE a) Canna indica L. (cana couro) Parte usada — rizoma Forma farmacêutica — decocto Origem — América do Sul b) Canna glauca L. (imbiri) Canna edulis L. imbiri) Partes usadas — rizomas e folhas Forma farmacêutica — decocto Origem : Brasil 11. CAPRIFOLIACEAE a) Sambucus australis Cham et Sche- letch. ( sabugueiro ) Parte usada — flores Forma farmacêutica — infuso Origem — Brasil, Austrália — 28 b) Sambucus ebulus L. (sabugueiro) Partes usadas — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — Java c) Sambucus mexicana (sabugueiro) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — México d) Sambucus nigra L. (sabuqueiro) Parte usada — flores Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa e) Sambucus peruviana HBK (sabu- gueiro) Parte usada — flores Forma farmacêutica — infuso Origem — Perú f) Triosteum perfoliatum L. Partes usadas — - casca de raízes e rizomas Forma farmacêutica — decocto Origem — Himalaia 15. CARIOPHYLLACEAE a) Hemiaria glabra L. (erva da uri- na, hemiária) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa b) Paronychis Argentea L. (sangui- nária, erva do sangue, nevadilha) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — infuso Origem — Regiões sub-tropicais c) Silene saxi fraga L. (erva das pe- dras) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — Mediterrâneo e África d) Sper guiaria rubra Pers. (arenária) Parte usada — toda planta Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa 16. CHENOPODIACEAE a) Atriplex hortensis L. (armolas) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — folhas fer- vidas Origem — Ásia Central, Sudoeste da Europa b) Beta vulgaris L. (acelga, beter- raba) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — - folhas cozidas em salada Origem — Cultivadas em países de climas temperados c) Salicornia europaea L. (salicómia) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — sumo Origem — cosmopolita 17. CISTACEAE a) Helianthemum lavandulifolium Mill. (erva sã) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa b) Fumana ericdães Gaud. (silerila) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa 18. COMMELIN ACEAE Tradescanthia diurética I (trapoei- raba) Parte usada — toda a planta Forma farmacêuticas — infuso, de- cocto Origem — Brasil 19. COMPOSITAE a) Ageratum conyzoides L. (erva de São João) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — América Tropical — 29 — b) Baccharis genisteloides Pers. (car- queja amarga) Parte usada — planta florida Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — América Tropical c) Centaurea calcitrapa L. (calci- trapa Partes usadas — folhas e flores Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa Tropical — Chi- le e África d) Centaurea montana L. (Centaurea do Monte) Parte usada — - flores Forma farmacêutica — infuso Origem — Mediterrâneo e) Erigeron canadiensis L. (erigeron) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — decocto Origem — Canadá f) Hieracium piloselia L. (velosila) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — infuso Origem — Hemisfério Norte g) Inüla heienium L. (helênia) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa h) Lappa major Gaerth (bardana) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido, pó i) Mikania officinallis Willd. (coração de Jesus) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — decocto Origem — América do Sul j) Petasites hydridus Gaemt. (som- brerena) Partes usadas — folhas e flores Forma farmacêutica — decocto Origem — Eurásia 1) Scolymus hispanicus L. (cardo) Parte usada — rizomas Forma farmacêutica — decocto Origem — Mediterrâneo m) Solidago virgaurea L. (solidago, vara de ouro) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — decocto Origem — Hemisfério Norte n) Taraxacum officmale Weber (den- te de Leão) Partes usadas — rizoma e raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extra-fluido Origem — Cosmopolita o) Tragopogon porrifolius L. (salsifi barba de cabra) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — América p) Vernonia polyanthes Less. (assa- peixe) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — América q) Xanthium spinosum L. (cauda de cavalo) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — América do Sul 20. convolvulaceae Cuscuta racemosa Mart. (cipó chumbo) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, tintura, extrato-fluido Origem — Brasil e Regiões Tropicais 21. CR U CIFERAE a) AUiaria officinális Andrz (aliária) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — macerato Origem — Europa, Oeste da Asia, Norte da África b) Alyssum maritimum R. Brown (mastruço marítimo) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — tisana Origem — Mediterrâneo — 30 — c) Armoracia lapathifolia Gilib. (rá- bano silvestre) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — vinho, sumo Origem — Europa d) BiscuteTla auriculata L. (erva dos ante-olhos, biscutela) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — infuso Origem — Mediterrâneo e) Cardamina pratensis L. (agrião do prado, erva de Santa Bárbara) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — salada Origem — Cosmopolita f) Coronopus didymus Smith. (mas- truço da Índia, quimipi.quimpé) Parte usada— folhas Forma farmacêutica — decocto Origem — Cosmopolita g) Coronopus squaratus Asch. (mas- truço silvestre) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — salada Origem — Cosmopolita h) Eruca sativa Thell. (eruca) Partes usadas — sumidades flo- ridas e folhas Formas farmacêuticas — decocto, salada Origem — Mediterrâneo i) Lepidium drdba L. (draba) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — infuso, tisana Origem — Cosmopolita j) Lepidium campestre L. (mostarda silvestre) Parte usada — planta iniciando a floração Forma farmacêutica — salada Origem — Cosmopolita 1) Raphanus sativus L. (rábano) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — xarope, salada Origem — Mediterrâneo m) Nasturtium officinale R. Brown. (agrião d’ água) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — salada, macerato Origem — Cosmopolita CUCURBITACEAE a) Citrullus colocynthis Schard. (co- locíntida, coloquêntida) Partes usadas — frutos e sementes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido, pí- lulas Origem — Chipre e Síria b) Citrullus vulgaris L. (melancia, me- lão d’água, xíndria) Parte usada — polpa do fruto Forma farmacêutica — consumida ao natural Origem — cultivada em diversos países de clima temperado CUPRESSACEAE a) Cupressus sempervirens L. (Ci- preste) Partes usadas — cortex-pseudo fruto (gálbula) Forma farmacêutica — decocto Origem — Cosmopolita b) Juniperus communis — L. (junipe- rus, genebra) Partes usadas — córtex e pseudo fruto Formas farmacêuticas — decocto infuso, tintura, xarope, vinho Origem — Eurásia c) Thuya orientalis L. (ávore da vida) Partes usadas — córtex e folhas Forma farmacêutica — decocto Origem — Amárica do Norte DILLENJACEAE Davilla rugosa (St. Hil) Poir. (Cipó caboclo, cipó carijó) Parte usada — ramos Formas farmacêuticas — decocto, extrato-fluido Origem — Brasil — 31 — 25. DIPSACACEAE a) JDipsacus fullonum L. (cardo car- dador) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — Climas temperados da Espanha b) Succisa pratensis Moench. (Mor- disco) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — Península Ibérica 26. ENOTERACEAE Epimedium alpinum L. (Epimédio) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — decocto Origem — Alpes e regiões altas e frias 27. EQUISETACEAE Equisetum arvense — L. (rabo de ca- valo, cavalinha) Equisetum ram ossissimum Desf. Equisetum telmateia Ehrhart Equisetum Martii Milde. Parte usada — ramificação caulinar verde Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, tintura Origem — campos úmidos, fossos som- brios e lugares arenosos 28. ERICACEAE a) Arbutus officinalis Win (Buserola) Parte usada — frutos Forma farmacêutica — decocto Origem — clima temperado, entre rocha e matas baixas — Mediter- râneo e Norte — Centro da Amé- rica b) Arctostaphylos uva-ursi Spreng. uva-ursi) Parte usada — folhas formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato fluido - xarope Origem — Brasil c) Calluna vulgaris Salisbury (Bre- cina) Partes usadas — ramos e sumida- des tenras Formas farmacêuticas — decocto, tisana Origem — Europa e Norte da Amé- rica 29. EUPHORBIACEAE a) Chrozophora tinctoria Juss. (tor- nasol) Parte usada — semente Forma farmacêutica — semente Origem — Climas temperados e baixos b) Croton antisyphyliticus Muell et Art. (pé de perdiz, curraleira) Partes usadas — folhas e raizes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido, pó Origem — Países tropicais c) Phyllanthus niruri — Muell at Arg (quebra pedra) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — infuso e decocto Origem — Países tropicais 30. FUCACEAE Fucus helminthocortum Tum. (fucus) Parte usada — talo Formas farmacêuticas — infuso, com- primido, pó Origem — Região Córsega e Sardenha 31. GLOBULARIACEAE Globularia alypum L. (coronilla) Globularia vulgaris L. (coronilla) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa, Mediterrâneo, Áfri- ca, nos climas temperados e baixos — 32 — 32. GRAMJNEAE 53. IRIDACEAE a) Agropyron repens Pal. Beaub. (gra- ma de ponta) Parte usada — colmo Formas farmacêuticas — infuso, decocto, extrato-fluido Origem — Eurásia, América tem- perada b) Avena saHva L. (aveia) Parte usada — fruto Formas farmacêuticas — infuso, decocto Origem — Asia, porém cultivada em outros países do mundo c) Arundo dotuax L. (cana do reino) Parte usada — rizoma Forma farmacêutica — decocto Origem — Oriente e margem do Mediterrâneo, nas margens dos rios brasileiros é sub-espontânea d) Coix lacrima L. (lágrima de Nossa Senhora) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — infuso Origem — Regiões tropicais e) Cynodon dactylon Persoon. (gra- má) Partes usadas — rizomas e raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — Sul dos Estados Unidos e Centro da Europa f) Imperata exaltata Brogniard (sapé) Parte usada — rizoma Formas farmacêuticas — decocto, extrato-fluido, xarope Origem — Brasil g) Zea mays L. (milho) Partes usadas — estigmas e esti- letes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, extrato-fluido Origem — América, porém culti- vado em todo o mundo Libertia caeruleum Kock. (libértia) Parte usada — rizoma Forma farmacêutica — decocto Origem — Chile, porém cultivada em jardinagem 34. GUTIFERAE Garcinia morella Dew. (Garcínia, go- ma guta) Parte usada — gomo, resina, guta- percha Forma farmacêutica — resina Origem — África tropical, Asia 35. LABIATAE a) Ajuga chamaepitys Schr. (pinilo) Parte usada — sumidade florida Forma farmacêutica — infuso Origem — Terrenos calcáreos da Europa b) Leonotis nepetaefolia R. Brown. (cordão de frade, cordão de São Francisco) Parte usada — planta florida Forma farmacêutica — decocto Origem — Brasil c) MeTHtis mélinophylum L. (melissa silvestre, erva cidreira) Parte usada — sumidade florida Formas farmacêuticas — decocto, digestão, vinho Origem — Europa d) Peltodon radicans Pohl. (paracari) Parte usada — sumidade florida Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — Norte do Brasil e) Phromis purpurea L. matagalo) Parte usada sumidade florida Forma farmacêutica — decocto Origem — Andaluzia e outras re- giões de clima temperado e baixo f) Pogostemum patchouli Pell. (Pat- chuli) Parte usada — planta florida Forma farmacêutica — decocto Origem — América do Sul, Asia, África, Europa. — 33 — g) Rosmarinus ofjicinalis L. (Alecrim) Parte usada — planta florida Forma farmacêutica — decocto Origem — Planta Européia, culti- vada no Brasil h) Sature ja montana L. (sálvia dos pobres) Partes usadas — folhas e sumi- dades floridas Forma farmacêutica — decocto Origem — Barrancos de Regiões Temperadas da Europa i) Sature ja obovata Lag. (Ajedrea fina) Partes usadas — (folhas e sumi- dades floridas) Forma farmacêutica — decocto Origem — Barrancos de Regiões temperadas da Europa j) Teucrium scorodonia L. (escoro- dônia) Partes usadas — folhas e sumi- dades floridas Forma farmacêutica — infuso. Origem — Mediterrâneo nos locais frios e montanhosos 1) Teucrium mar um L. (maro) Parte usada — ^ sumidades flori- das Formas farmacêuticas — tisana, vinho Origem — Ilhas Baleares 36. Laguminosae — Faboideae a) Cytisus purgans Benth. (piomo) Parte usada — flores Forma farmacêutica — infuso Origem — Península Ibérica — Serra Nevada b) Erythrina mulungu Mart. (mu- lungu) Parte usada-casca do caule Formas farmacêuticas — tintura, extrato-fluido Origem — América do Sul, Anti- lhas e índia c) Genista tinctoria L. (giesta) Parte usada — flores recém-aber- tas Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa d) GenisteUa sagitata Gram. (car- queija fina) Parte usada — flores Forma farmacêutica — decocto Origem — Península Ibérica e) Indigofera anil L. (anileira) Partes usadas — folhas e raízes Forma farmacêutica — infuso Origem — América Tropical f) Lathyrus tuberosus L. (alfarroba perene) Parte usada — tubérculo Forma farmacêutica — tubérculo cozido Origem — Clima temperados às margens dos caminhos g) Myroxylon balsamum L. Var. pe- reirae Royl. (bálsamo do Peru) Parte usada — resina do caule Forma farmacêutica — pó Origem — Peru, Colômbia — Mé- xico h) Phaseolus vulgaris L. (feijão) Parte usada — vagens quase secas Forma farmacêutica — tisana Origem — Originário do Peru cul- tivada em todo o mundo i) Trifolium pratense L. (trifólio) Parte usada — planta florida — Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa, América g) Ononis spinosa L. (gatunha) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — decocto, hidrolatos Origem — Europa j) Vicia faba L. (fava) Parte usada — flores secas Forma farmacêutica — infuso Origem — Originário da Asia cul- tivado em todo mundo — 34 37. L1LIACEAE a) Allium ascalonicum L. (escaluma) Parte usada — bulbos Forma farmacêutica — Bulbo co- zido Origem — Originário do Oriente, cultivado em diversos países de clima temperado b) Allium porrum L. (alho porro) Parte usada — sementes Forma farmacêutica — decocto Origem — Cultivado nos países de clima temperado c) Asphoãelus luteus L. (asfodelina) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — Costas marinhas da Es- panha, Argélia e Itália d) Asparagus officinalis L. (aspar- go, milindre) Parte usadas — - raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, xarope Origem — Eurásia, Norte da Áfri- ca até o Egito, cultivado no Bra- sil e) Lilium candidum L. (açucena, lí- rio branco) Partes usadas — bulbos e flores. Formas farmacêuticas — tisana e hidrolatos Origem — Oriente Próximo, cul- tivada como ornamental f) Lilium martagon — L. (lírio sil- vestre) Parte usada-bulbos Origem — Pirineus — Norte da Europa g) Polygonatum odoratum Druce (selo de Salomão) Parte usada — rizomas Forma farmacêutica — decocto Origem — Península Ibérica i) Scila peruviana L. (jacinto ou ce- bola albarra do Peru) Parte usada — bulbos Forma farmacêutica — bulbo fres- co ou cozido Origem — Peru, Antilhas j) Urginea marítima Baker (cebola albarrã) Parte usada — bulbos Formas farmacêuticas — pó, azei- te, vinho Origem — Egito, Grécia 38. LOGANIACEAE Strvchnos nux-vomica L. (nós-vômica) Parte usada — sementes Forma farmacêutica — pó Origem — Extremo Oriente 39. LYCOPODIACEAE Lycopodium clavatum L. (licopódio) Parte usada — esporos Forma farmacêuticas — decocto, ti- sana Origem — Em todas as partes do mundo com exceção das Árticas 40. MALVACEAE Gossypium herbaceum L. (algodoei- ro) Parte usada — raízes Forma farmacêuticas — decocto Origem — Originário do Oriente e cultivado em todo o mundo, no en- tanto existe algodão nativo do Brasil 41. MENISPERMACEAE a) Abuta rufescens d’Aublet (parrei- ra brava branca) Abuta amara d’Aublet. (parreira brava amarga) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — infuso Origem — Brasil e Guianas b) Botryopsis platyphyttx Miers (abú- tua mirim) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — infuso Origem — Brasil — 35 — c) Chododentron tomentosum Ruiz et Pavon (parreira brava) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — infuso Origem — Panamá, Bolívia d) Cissampelos abutua Vell (abútua) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — alcoolatura Origem — América do Sul 42. MONIMINACEAE Peumus boldo Molina (boldo chileno) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, tintura, pó, extrato-fluido, xa- rope Origem — Chile 43. MORACEAE a) Cecropia Hololeuca Miq. (umbauba) Parte usada — brotos Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido, xa- rope Origem — América Tropical b) Humulus lupulus L. (lúpulo) Partes usadas — folhas e frutos Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa em climas al- tos e frios, cultivada para produ- zir cerveja c) Morus alba L. (amoreira branca) Parte usada — folhas secas Forma farmacêutica — infuso Origem — - China, cultivada no Me- diterrâneo 44. NICTAGINACEAE a) Boerhaavia hirsuta Willd. (erva tostão) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido Origem — México, Brasil, em re- giões tropicais e sub-tropicais b) Mirabilis dirhotoma L. (maravi- lha, bonina) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — decocto, pó, extrato-fluido Origem — Américas 45. PALMAE Copernicia cerifera Mart. (carnau- beira) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, extrato-fluido, pó, tintura, eli- xir, vinho Origem — Norte do Brasil 46. PASSIFLORACEAE a) Passiflora encarnata L. (maracu- já, flor da paixão) Parte usada — frutos Forma farmacêutica — consumido ao natural Origem — Cultivado em climas temperados b) Passiflora laurifolia L. (maracu- já, flor da paixão) Partes usadas — folhas e frutos Formas farmacêutica — decocto, fruto consumido ao natural Origem — América Tropical 47. PEDALIACEAE a) Pedalium murex L. (pedálio) Parte usada — sementes Forma farmacêutica — decocto Origem — Índia b) Sesamum indicum DC. (sésamo) Parte usada — sementes Forma farmacêutica — decocto Origem — Índia, cultivada em re- giões tropicais 48. PHYTOLACACEAE Phytolaca americana L. (granela) Parte usada — raízes Forma farmacêutica — decocto Origem — América e Canadá — 36 — 49. PYROLACEAE Pyrola rotundifolia L. (pyrola) Parte usada — folhas Formas farmacêuticas — decocto, ex- trato-fluido, infuso, tisana Origem — América do Norte, Rússia, (Sibéria), Suíça, Península Ibérica 50. PINACEAE a) Abies pectinata DC. (abeto co- mum) Parte usada — ramos novos Forma farmacêutica — decocto Origem — Hemisfério Norte b) Pinus silvestris L. (pinho) Parte usada — ramos novos Forma farmacêutica — decocto Origem — Norte da Europa 51 PIPERACEAE Pothomorpha umbellata Miq. (cape- ba) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, extrado-fluido, tintura xarope Origem — América Central, Brasil, Antilhas 52. PLANTAGINACEAE Plantago coronopus L. (estrela) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — infuso, sa- lada Origem — Península Ibérica, Ilhas Baleares, Pituisas 53. POLYGALACEAE a) Polygala paniculata L. (barba de São Pedro) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido, pó Origem — América do Sul b) Polygala rupestris Pourret. (polí- gala) Parte usadas — raízes Formas farmacêuticas — infuso, de- cocto, tintura, extrato-fluido, pó Origem — Europa c) Polygala senega L». (polígala da Virgínia) Parte usada — raízes Formas farmacêuticas — infuso, decocto, tintura, extrato-fluido, pó Origem — Estados Unidos (Ca- rolina e Virgínia) 54. POLYPODIACEAE a) Ceterach officinarum Larik. et DC. (douradinha official) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — tisana, melito Origem — Andaluzia b) Scolopendrium officinale Smith. ( escolopendra, língu a de veado, erva de sangue) Parte usada — toda a planta Formas farmacêuticas — vinho, ti- sana, infuso Origem — Sul da Europa, Oeste da Asia e Norte da América 55. PONTEDERIACEAE Eichornia azures Kunth. (aguapé, príncipe d’ água) Parte usada — folhas Forma farmacêutica — decocto Origem Rios, lagos e lagoas da América do Sul, de São Paulo ao Amazonas 56. PORTULACACEAE Portulaca oleraceae L. (beldroega) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — salada Origem — Cosmopolita na zona tro- pical 57. PRIMULACEAE a) Anagallis caerulea Hath. (ana- gálide) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — Europa — 37 b) Coris monspeliensis L. (coris) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — decocto Origem — - Europa 58. RANUNCULACEAE a) Adónis vernalis L. (adónis) Parte usada — planta florida Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa b) Aquilegia vulgaris L. (aquilenha) Parte usada — toda a planta Forma farmacêutica — infuso Origem — Europa c) Hydr£ ÓX) t it! & <Ü S S > d | % oSiii £ £ M tf aí tf > > > I I - h I E H 1 > < < < < < Cá Ri í í 1 á «18 e £ 3 « « .2 > > > ^2 X! 42 .O ,Q ja 5 3 - t B B cá cá cá cá cá 1 1 1 1 B B B W H tf .5 w O) 3 T3 £3 O) _ S "O e c í | 8 £ fc „ . H S Bí S cá 3 3 • tf 10 » * £ m §• :g |i tf -s 53 t ! I 1 § 11 ; § S E g I ||H-g to to *? •?• s í I I I eS |SÇ £ ò' '8. s S §! a £ §• §• tf: tf- I 1 1 g « ü ü ü o. tf > > 8 1 5 florescimento Begônia lobata Schott ^ 'C ^ «2 to S > õi a o «j « > éê 5 ÜMn 1 » ü * » « M .cSujMWMM to &.M05ááfcá Ê I 1 f|s -s * S» 3 §• f 5 (Ü ^ fe, *1 . w 1 s g í „ i I 1 . .3 ■S 2 I r 3 I £. o> I J a ,2 | 5 | F? P> S 8 í I! III « cq O o fe; -llü i § .§ O, W O s 8 a e > e .5 ! 1 1 1 a | a | &< o» h É-í fc». OBS.: Estudadas e citadas por L.B. Smith in Bromeliaceao of Brasil-Smi thsonian miscellaneous collections - Vol. ESPÉCIE PORTE FLOR HABITAT FLORESCIMENTO WWW cá ,3 .£§ jS â ° ° ° Sooo 5^55 a o) < > > ctí o3 c3 oá l l l 1 H H H H .s ü «o O a> S 5 Oh > ■§ § § K) O *3 fc> § £ | 1 1 § s a. a. » o s> s>> Ü ü CQ 65 cá SíPoHcáo.Elcá+j > C>>> ctí d 45 .5 cd g £ UUQQOQQQ cá cá g cá cá cá C a> ^ > > > g ” ° < < &&£2£l&£2£lXi 3*á33^333 e e rt s- s* s «■; Q fia Ki cs íu i Hcterocoma albina DC Subarbusto Alva, Arenosas Jan/jun Mikania nummularia DC Decumbente Alva Arenosas Set/out Senecio pseudopohlli Cabr. Erva Violácea Arenosas e úmidas Set/out Vanilosmopsis erythroppapa (DC) Schultz Bip Arvoreta Arroxeada Capoeira Jul/ago Trixis verbascifolium Less Erva Branca Campo pedregoso Jul/ago Vernonia crotonoides Sch. Bip. Arbusto Violácea Base da serra Set/out t ° s t a $ 3 g $ 8 ei § 8 d cá T3 bfl ü 'O 73 > M S £ .Q »-h o 1 J &H 8 s a. •S 'S 8 | §i O) .3 s o o í> > «3 M II .§ .§ 0 S 1 I ti ti ■§ .9- w O $ S2 6q 8 d S* tu § E-l rí ^ 8 N =5 O O °s 3 d a a ^ s K) I o g 21 5 i1 K) Ü! > > > > » * * •s 3 I s 8 8 s c 8 tí a a. I § I § I | 8. g> ■8 o §• Pu u O ■§ g m P III III 3S echinocarpus Muell Arg. Subarbusto 30-40 EUPHORBIACEAE (Cont.) Phyllanthus klotzschianum MuelI Arg. Erva Verde/pálido Arenosas ou com 1 Kl | | S * a ^ § § S 5 5 3 s s e e 5 ® 5 e O O Kl 2 li 91 §! K] e © o o o o o « tl 11 « 4) ui ui m ui ui 51 5 Ê s « H -p bi o o ttttt H H H H H U> h u .3 a (h > W Eh « .g | §11 § | g< § £ B §< §. s 2 2 cr s § § 8 8 J ^ ^ O * § I o -S .i ■§ .§ a, o to | § § £ .2 -2 s s s ■S 8 8 ü ft, ^ Trinius Erva Campo Set/out o H £ s O cj ^ .2 o" i cí tá bc S a 3 COO ^ o o oá bc bjo s < < &. & s s u o O o cá & . ! 1 á á á U tí H H ffl S ^ ^ w ^ ^ cá cá "cá "cá s s > M tó O tó M CQ I I l t t a a a K, § g I ^ ^ a a a g s g § 8 8 « ■qj s. a a «is? a a a a cá ô o p a >» a | I I § K b .2 a % a § a a o o & l ’ Byrsonima nervosa DC Arbusto Amarela Campo pedregoso Jul/ago Byrsontma rxiriabilis Juss Arbusto Amarela Campo pedregoso Maio/jul Pavania viscosa St. Hil Arbusto Vermelha Base da serra Jan/abrii - - ã S 3 '? ?* à cS 0000022 a a a & a, 2 o S £ 3 S S S 3 (8 (9 CD (tf (tf O O O Ü o < < i i 3 n w o O. & o jg SÊ"" c3 ei ü ü § 0. .O •5 -5 ~ ü S Q ® § *3 M S I ! si* ^ » .3 § - § *4 35 s 63 S § § 'í ü ■fi §> 3 O M O S í3 O 3SQ Q 3 Q < J 3 hj 00 w 5 3 1 ‘ O % O 3 s S | Ba & U I 3 lí -O ~ A X S B m A II | ■% o ü Q Q S S ' O 8 8 3 * 5 O O Q 4 <3 >4 H 5 8^3 g 8 8 O 43 3 S 8 o. g* 3 m •S .s 53 s c/cascalhos Out/jan Microlepis ol&ifolia Triana Arb. Mar/abril Microlicia fulva (Spreng) Cham Subarbusto Rósea Oom cascalhos Jan/maio Microlicia maccimowicziaria Cogn var. densifo- lia Cogn Subarbusto Rósea Pedregosas Mar/abril o « (2 W § 6 Q O £ a u r> £ § O M OJ > > Sê > > > J3 Si Si < < £ a « s g > > £ C Q Q N .2 aq C ^ > .B* ! 1 o K) § aí o to fe. _ _ ? 1 1 a, to a, Z 2 $ § a. 8 I I O j Q J _» a 3|| glf ^ p e to « »* ^88 P 8 'e es 53) to a ss O 2 2 a, a, a, to -g ~ 5 1 1 o b | Q | § 8f s ^ a a, to ,g> e> O e c a, a, o. 91 o t 2 I 3j to s fti £ o c a, a, 4) W > 8 *|I g£§ ^ 8 -2 g II S a. .8 to s » a, to aí to S to e aí to 03 ^ ^ ^•5 I &> _ § ê < m ^|8 -S s es § 11 ta 8 8 8 5 to » •§ t u : à : : 1 8 o o to to to to to 3 3 S s í1 ? cç 0, 0, a, ÜH 0 ■? S. “ £ h 1 £ 1 ci ei £ £ H H t £ Gq gS ^ c £ Gq £ S ü •» 3 e -s Q o s- 5 -2 2 g fe "8. e, | §, â 5 í Q Ol/L/AiY/iuunia Brunfelsia ramosissima (POHL) Benth Subarbusto Arroxeadas Campo pedregoso Jul/ago Laplacea tomentosa Walp Arbusto .2 .2 .2 õi '5 ’3 s s s § § § .2 .2 ’3 '3 S £ O O O cfi ci •a T3 "3 t> u o «> o o o CU CU O, tó tf tf C D T3 C 1* c O M Cl, B 3 2 ® I í> > o o o > > > I I ! I I I X! £l £l H 3 3 o> iC ra «3 - S >sk & fc I § 5. 8 8 9 -S „ 3 || || [jí ^ 'to 'to to ^ >« ^ 5 5 "to to : -= - || f e a "S a a to a a 8 5 >3 « K) = ^ «0 Kl 8 O to ^ .2 «0 5 O o Is; s tf -5 £ t t t «h a a a X X X X Z to 5 s «s Comentários Bibliografia Comparando as espécies encontradas com as listas dos trabalhos de Magalhães (10 e Ferreira e Magalhães (7) podemos concluir que: — Gomphrena officinalis Mart, Pfaffia jubata Mart são espécies comuns entre a Serra do Caraça e de Ibitipoca. — Wunãerlichia mirabilis Ried ex Baker é encontrada nos mesmos tipos de aflora- mentos rochosos de Jaboticatubas, União de Caeté, Diamantina e Serro. — Begônia lobata Schott aparece nas ravinas úmidas da Serra do Cipó. — Leiothrix curvifolia (Bong) Ruhl e Paepalanthus bryoides Kunth ocorrem também na Serra do Cipó, Jaboticatubas, União de Caeté, Diamantina e Serro. — Trembleya parviflora (Don) Cogn var. acutifolia e Microlicia isophyUa (Schr et Mart) var. laxa. Cogn aparecem por sua vez na Serra do Ibitipoca, enquanto que Tibouchina semidecanãra (Schr et Mart) Cogn é espécie comum na Serra do Cipó, assim como, Esterhazia splenãida Mik var. angustifolia Benth. — Entre as Rubiáceas Declieuxia fra- keinoides Schum pode ser vista na Serra da Ibitipoca e Grão Mogol. — Phyllanthus klotzschianum Muell Arg. que na Serra do Caraça aparece em ter- reno arenoso, na do Cipó, ocorre nos afloramentos de rocha. — Vellozia compacta Mart é também es- pécie frequente tanto nas Serras de Grão Mogol como na Serra do Cipó. — Três das Lavoisieras mencionadas por Mello Barreto (1) como sejam: — - Lavoisiera glandulifera Naud, La- voisiera imbricata (Thumb) DC e Lavoi- siera pulcherrima (Mart er Schr) DC foram por nós encontradas na Serra do Caraça. 1. BARRETO, H.L. MELLO. Regiões fito- geográficas de Minas Gerais. Anuário Brasileiro de Economia Florestal. Rio de Janeiro 2 (2): 352-359, 1966. 2. BARROSO, G.M. & MAGUIRE, B.A. Re- viewof genus Wunãerlichia. Rev. 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HTLDE GILDO LOPES DOS SANTOS * MITZI BRANDÃO FERREIRA ** WILSON RAYMUNDO CAMARGOS d’ASSUMPÇÃO *** Sinopse O presente trabalho visa o estudo das espécies do gênero Enterolobium ocorren- tes no Estado de Minas Gerais. Introdução A equipe responsável pelo projeto inti- tulado “Levantamento das plantas tóxi- cas do Estado de Minas Gerais que é composta de técnicos de várias Institui- ções e cujas pesquisas são financiadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais — EPAMIG — distribuiu por todo o Estado um questionário levan- tamento visando obter dados sobre as plantas tidas como tóxicas para o gado e os seus locais de ocorrência. A equipe recebeu de várias partes do Estado, frutos de Enterolobium contortisiliquum (Vell) Morong, Enterolobium gummiferum (Mart.) Macbr. e Enterolobium schom- burgkii Benth. como sendo responsáveis por intoxicação em bovinos, causando nos mesmos, lesões de fotossensibilização se- * Pesquisador da Escola Veterinária/UFMG- EPAMIG. ** Botânica da EPAMIG - Belo Horizonte. *** Fito-Anatomista do Instituto de Ciências Biológicas/UFMG . guidas de diarréias, apatia e outros sin- tomas. Considerações sobre as espécies do gênero No Estado de Minas Gerais ocorrem as seguintes espécies: Enterolobium gummi- ferum (Mart) Macbr., o “tamboril do cam- po” de frutos cobertos de pilosidade cla- ra; Enterolobium contortisiliquum (Vell) Morong “o tamboril da mata” com fru- tos maiores e mais escuros; Enterolobium schomburgkü Benth. também conhecido como “tamboril da mata” e encontrado por sua vez, em terras arenosas das mar- gens do São Francisco, Verde Grande e Pequeno. Ocorre na mata subcaducifolia e caducifolia (Ferreira e Mendes Maga- lhães — 1974), apresentando também fru- tos grandes e escuros. Material e Métodos O material recebido por ocasião do en- vio dos questionários e aquele por nós posteriormente coletado foi devidamente identificado, sêco, montado e fichado, se- gundo as normas clássicas botânicas e as exsicatas incluídas no Herbário da EPA- MIG. — 68 — RIZZINI cita Enterolobium incuriale (Vell) Kulhm para Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, entretanto, não recebemos nenhum material botânico per- tencente a essa espécie. Enterolobium contortisiliquum é uma es- pécie da mata atlântica que penetra pelo Estado adentro acompanhando as matas ciliares ou matas de galeria, ao longo dos cursos d’ água. É geralmente, deixada pelo fazendeiro ao fazer as derrubadas, como sendo árvore propiciatória de sombra para o gado, em virtude de sua copa alargada e vasta. O Enterolobium gummiferum (Mart) Macbride (E. ellipticum ) por sua vez, causa maiores problemas que a espécie an- terior. É árvore típica e freqüente das áreas de cerrado e cerradão, que, geral- mente, são transformadas em pastagens, onde o gado, é criado em regime exten- sivo . Frutifica abundantemente e, na região Centro-Oeste, animais com lesões de fotossensibilização são freqüentemente vistos na época do estio. A outra espécie, Enterolobium schom- burgkii Benth. foi coletada em mata cadu- cifolia e subcaducifolia, ao norte de Minas Gerais, acima da cidade de Montes Cla- ros, área onde a pecuária está em franco desenvolvimento. É, da mesma forma que o E. contortisiliquum deixada após as der- rubadas, para sobreamento das pastagens “óleo”, a Cedrella fissilis “cedro” e a Cabralea cangerana “cangerana”, etc. Faz parte da Flora Amazônica tendo ao Norte de Minas Gerais o seu limite má- ximo de expansão na direção sudeste do país. É árvore de grande porte e, na região do Estado onde ocorre é, freqüentemente, confundida com Enterolobium contortisili- quum, espécie essa muito afim . Leva, inclusive, o mesmo nome popular de “tam- boril da mata” e, nas serrarias, não dis- tinguem as suas madeiras. Na região de Janaúba e Jaíba não foram vistos casos de intoxicação natu- ral, embora ali ocorra tanto o E. schom- burgkii como o E. contortisiliquum. A explicação estaria, provavelmente, no tipo de derrubada feita, no qual, é utili- zada maquinaria pesada e nenhuma ou rara árvore é deixada para traz. As espécies apresentam vários aspectos positivos que justificam a sua não extir- pação das pastagens. Todas fornecem ma- deira aproveitável . Mesmo E. gummife- rum, espécie de pequeno porte, é usada para esteios, moirões e carpintaria rústica na região Centro Oeste. As outras duas são árvores altas, de grande rendimento madeireiro, usadas pa- ra ripas, caixotaria, tanoaria, solados, esteios, como também, para pasta de papel. Como em outras espécies tóxicas como Lantana camara L. “erva chumbinho” ou “camará de espinho”, Tetrapteris renidsns “cipó preto” e outras por nós estudadas foi observado edema de glote e das mu- cosas do trato digestivo, causado pela enor- me quantidade de drusas e ráfides de oxa- íato de cálcio, existentes em suas folhas, introduzimos o estudo anatômico da lâmi- na foliar das espécies como norma obri- gatória, evitando assim conclusões não corretas sobre a ação de seus princípios tóxicos . Nossas investigações para os estudos anatômicos das espécies foram baseadas em material vivo e fixado. 1. FIXAÇÃO DAS AMOSTRAS; Os fixa- dores utilizados foram o FAA a 50% e FPA a 50%. 2. SECÇÕES: Foram realizados cortes à mão livre e cortes em série do material incluído em parafina, sendo utilizados o micrótomo manual de Ranvier e rotativo de SPENCER . — 69 — 3. AMOSTRAS NÃO FIXADAS: Para a diafanização dos cortes utilizou-se hipo- clorito de sódio a 10% e tratamento de dupla coloração, conforme JOHANSEN (13) Hematoxilina-eosina e Safranina- Fast-green. A diferenciação dos tecidos vivos deu-se com o cloreto de zinco iodado. 4. TESTES mCROQUIMICOS: As sec- ções obtidas serviram a vários testes mi- croquímicos, sendo que: a identificação dos elementos lignificados foi feita com o uso de Floroglucina (solução alocoólica a 1%), adicionada de Ácido sulfúrico a 50% ou Ácido clorídrico a 16%, resultan- do uma coloração avermelhada de acordo com JOHANSEN (13) a cutícula foi evi- denciada de acordo com FOSTER (10), pelo uso de solução alcoólica a 80% de Sudan IV. 5. MACERAÇÃO : O estudo da epiderme foi baseado na dissociação da mesma pela fervura em hipoclorito de sódio a 10% e pela mistura de JEFFREY, de acordo com JOHANSEN (13) e FOSTER (10) . 6. NERVAÇÃO FOLIAR: Para o es- tudo da nervação, as folhas fixadas em FAA a 50%, foram deixadas em solução aquosa de Hidróxido de sódio a 10% para sua diafanização. A solução foi reno- vada, diariamente, até completa clari- ficação da folha, de acordo com HAN- DRO (12) e FELIPE e ALENCASTRO (6) . Esta clarificação foi completada, colocando-se a folha em solução de hipo- clorito de sódio a 10%, durante horas, seguindo-se a lavagem com álcool a 70% e coloração por solução hidroalcoólica de Safranina a 1%, conforme HANDRO (12). Para classificação do padrão de nervação, baseamo-nos na chave elaborada por ET- TINGHAUSEN (in FELIPE e ALENCAS- TRO et al. 1966) . 7. MEDIÇÕES E CONTAGENS: Fo- ram realizadas de acordo com NEVES (19), com auxílio de câmara clara Auss- gena, acomplada ao microscópio. 8. MICROFOTOGRAFLAS E DESE- NHOS : Foram confeccionados com auxí- lio de câmara clara Auss-gena e câmara fotográfica Auss-gena. CHAVE PARA AS ESPÉCIES OCOR- RENTES EM MINAS GERAIS: 1- 2 jugas de pinas, pinas com 4-5 jugas de folíolos; folíolos oblongo-elí ticos, gla- bros. Legume cinzento, canescente . E. gummiferum 2- 5 jugas de pinas, pinas com 10-20 jugas de folíolos; folíolos pubescentes ou glabres- centes, falcato-oblongos. Legume opaco ou brilhante, escuro, glabro. E. contortisiliquum 10-20 jugas de pinas com mais de 50-60 jugas de folíolos; folíolos falcato-lineares. Legume glabro. E. schomburghii Descrição das espécies Enterolóbium contortisiliquum (Vell) Mo- rong. Ann. N.Y. Acad. Sei. 7:102 1892. Árvore grande de mata, de tronco curto e grosso; copa esgalhada e ramificada. Casca pardo-acizentada, rugosa, com nume- rosas lenticelas; ritidoma que se descama em finas placas de formato irregular. Folhas bipenadas, paripenada, com 6-10 jugas de pinas, pinas com 15-20 jugas de folíolos; folíolos de base assimétrica, irre- gularmente oblongos; sésseis; agudos ou levemente mucronado no ápice; bicolores; glabros ou levemente pubescentes; nervu- ras marcadas na face inferior; pecíolo comum granduloso. Flores brancas com 6-8 mm de comp.; pedicelo curtíssimo; cálice campanulado; 5 denticulado; corola duas vezes maior que o cálice, reunidas em inflorescência globosa com mais ou menos 20 flores; inflorescência axilares. — 70 — Fruto constituído de uma vagem recur- va, reniforme, lembrando o formato de uma orelha, de cor escura, achatada, ondu- lada, indeiscente, com 6-10 cm de diâ- metro com polpa amarela, de cheiro ativo. Sementes duras obovóides, pardas, com envoltório rígido. O hilo se localiza na parte mais larga da semente, mostrando resíduos do funículo. A espécie possui madeira de cerne pardo- avermelhado, durável, fácil de trabalhar e alburno claro. Floresce setembro-novembro e frutifica de maio em diante. Nomes Populares Chimbiuva, chimbó, chimbuva, kambá- namby, orelha de negro, orelha de preto, pacará, tambor, tamboril, tamboril pardo, tamboriuva, tambuvi, timbabauva, timbaí- ba, timbauva, timbaurá, timbó, timboiba, timbó-colorado, timborana, timbouba par- do, timburi, timbuva, ximbó, ximbuva. WARMING (1908) cita E. contortisUi- liquum com árvore freqüente em Lagoa Santa; Ducke (1939) e menciona para a Amazônia Brasileira. BENTO PICKEL (1950) a inclui em sua lista de árvores produtoras de boa ma- deira e MIRANDA BASTOS (1950) na de madeiras exportáveis. É mencionada por AFRÂNIO FERNAN- DES para o Ceará. KLEIN a encontra, em 1965, como componente da vegetação circundante na bacia do Rio Paraná. DOBEREINER, em (1969), cita-a para o Nordeste. RIZZINI (1971) a inclui en- tre as árvores dos cerradões em geral. Em seu Manual de Dendrologia nos informa que possui dispersão ampla indo desde o Ceará até o Rio Grande do Sul e de Mato Grosso, estendendo-se ao Uruguai e Para- guai (Cultivada). MELLO, COSTA e BAR- BOSA OLIVEIRA (1971) a mencionam para a Bahia. Enter olobium gummiferum (Mart) Macbr. Pithecolobium gummiferum Mart. Her. Fl. Bras. 116. Enterolobium ellipticum Benth. in Hook. Lond. Jorn III — 224. Enterolobium ellipticum Benth. — - Flo- ra Bras. de Martius — 1876. Arvoreta típica de cerrado apresen- tando tronco tortuoso, casca espessa, su- berosa, profundamente sulcada. Madeira amarela de cerne escasso, alburno claro ocupando quase todo o diâmetro do corte. Ramos corticosos, córtex espesso, sul- cado, fendido; fendas longidunais mais ou menos profundas. Ramos novos pubescen- tes. Folhas alternas, bipenadas, paripena- das, com 1-2 jugas de pinas raramente 3, pinas com 8-9 folíolos; folíolos opostos, membranaceos quando novos, e mais ou menos coriaeeeos quando mais velhos, bi- colores, de pecíolo curtíssimo; de base ob- tusa a aguda; ápice emarginado; bordas lisas. Nervuras acentuadas, a dorsal e laterais de cor amarela, formando retículo bem visível e pronunciado sendo a base plurinérvea e com 8-9 nervuras laterais; nervuras terciárias formando retículo de malhas largas; nervação mista do tipo camptodrama-broquidodroma, apresentan- do laços perfeitos a partir do terço supe- rior da folha. Flores reunidas em inflorescências glo- bosas axilares, solitárias ou não; pedún- culo piloso com 2-3 cm de comprimento; inflorescência com cerca de 25-30 flores; flores pequenas, claras, de estames exser- tos, comprimento total de 0, 6-0,8 cm. Cá- lice campanulado, piloso, com 5 lacínios denteados. Corola tubulosa, pilosa com 5 lacínios. Androceu com numerosos esta- mes, estames claros, exsertos, de anteras muito pequenas. Anteras rimosas com pó- len aglomerado. Ovário pequeno, achata- do, alongado com muitos óvulos, dispos- tos em 2 a 2. Fruto vagem recurva, cinzenta, pilosa, com pelos cinzentos aveludados; espessa; ondulada, achatada; indeiscente com 6-8 cm de comprimento, por 5-8 cm de largura, lembrando o formato de uma ore- lha. Apresenta polpa clara, viçosa e ma- — 71 — oia. As sementes são duras; obovóides; avermelhadas; lisas; de envoltório rígido; transversas; com funículo delicado e fili- forme. Floresce: agosto-setembro. Fruti- fica : setembro-novembro . Nomes Populares Vinhático do campo, boizinho, corticei- ra, tamboril do campo, saboeiro orelha de onça, vinhático liso. Distribuição Geográfica BENTHAN Flora Brasiliensis, 1876 ) nos informa que ocorre em Minas Gerais e Goiás, tendo por coletores: Martius, Sel- lo, Pohl, Claussen e St. Hilaire; São Paulo coletado por Burchell; na Bahia por Blan- chet e em Pernambuco por Gardner. Para Minas Gerais a espécie é citada nos trabalhos de WARMING (24) RIZ- ZINI (21), GOODLAND (11), MAGA- LHÃES (14) e FERRI (9), sempre ocor- rendo em zona de campo, cerrado e cer- radão . HERINGER e BARROSO (1966) e HE- RINGER (1971) a mencionam para a área do Distrito Federal. FERREIRA (1971) a coloca em sua lista de plantas tóxicas daquela região . Enterolobium schomburgkU Benth. in Hook Lond Joum HL 219. Árvore alta, de copa esgalhada. Casca pardo-acinzentada, rugosa . Folhas bipenadas, paripenadas, com 10- 20 jugas de pinas e 50-60 jugas de fo- líolos pequenos, lineares, ligeiramente fal- cados, ferrugineo-pubescentes, rígidos, ve- nação pouco acentuada. Flores claras com 6-7 mm de comp.; pedicelos ferruginosos tomentosos; cálice tubuloso, 5 denticulado, com 3-4 mm de compr.; estames 20, claros, exsertos, reu- nidos em inflorescência globosa, axilares. Legume recurvo, glabro, escuro, muito se- melhante ao de Enterolobium contortisi- liquum (Vell) Morong. A madeira é castanho-clara, fibrosa, me- dianamente dura e com densidade de 0,85. Fenologia Floresce em novembro-janeiro e frutifica nos meses do estio. Nomes Populares Tamboril da vazante, tamboril da mata, orelha de macaco, faveira de rosca, tam- boril branco, faveira-dura, timborana. Distribuição geográfica Na Amazônia ocorre na mata virgem e aparece na vegetação secundária das capoeiras. Habita todo o Estado do Pará, Guiana e América Central, descendo até 0 Rio de Janeiro (Ducke — 1939) . MENDES MAGALHÃES (1955) encon- tra a espécie na mata sempre verde do sudeste do Estado, onde teria o nome po- pular de “Orelha de macaco”. Em 1974, FERREIRA E MENDES MA- GALHÃES coletam a espécie nas mar- gens do São Francisco, dentro do municí- pio de Manga, em terrenos arenosos. Resultados de experimentos de animais 1 — Enterolobium contortisiliquum (Vell) Morong SINTOMAS: TOKARNIA & cols. (1960) observaram em animais intoxicados a per- da de apetite, lassidão e às vezes diarreia com odor fétido, além de outras alterações digestivas, retração dos globos oculares. A morte de animais também ocorreu. MARQUES & cols. (1960), no decor- rer de seus experimentos verificaram ano- rexia, alterações das funções intestinais, evidenciados por diarreia em parte dos animais. Quando do início do experimento observou-se em todos animais, um corri- mento nasal seroso bilateral. Temperatu- ra, pulso movimentos respiratórios, bati- — 72 — mentos cardíacos e movimentos rumenais, estiveram inalterados em toda fase expe- rimental . EXAMES LABORATORIAIS — Quanto ao exame de urina registrou-se traços de albumina em três animais. O hemograma, transaminasse glutâmica oxalacélica (TGO) e pirúvica (TGP), glicose, uréia, colesteral, cálcio, fósforo e fosfatase alcalina, estava dentro dos limites normais. (Marques & cols. 1960). ACHADOS ANÁTOMO-H1STOP ATO LÓ- GICOS — Com relação aos achados aná- tomo-histopatológicos, verificaram que ma- croscopicamente não puderam constatar alterações que responsabilizasse a planta. Quanto ao exame microscópico, os rins, apresentaram áreas de hiperemia na me- dula e degeneração turva nos tubulos pro- ximais e no fígado degeneração turva, áreas discretas de necrose de coagulação e áreas de dissociação de células epiteliais hepáticas. (Marques & cols. 1960). DOSE MÍNIMA LETAL: TOKARNIA & cols. (1960) obtiveram, experimental- mente em bovinos, sintomas de intoxica- ção utilizando as favas da planta a partir da dose de 12,5g/Kg de peso vivo. MARQUES & cols. (1974) utilizando be- zerros e vacas gestantes, administraram favas da planta, durante 30 dias, nas do- sagens de 15 a 10g/Kg de peso vivo, res- pectivamente . 2-Enterolobium gummiferum (Mart Ma- cbr. Segundo Deustc I, Dobereiner J e S. Tokamia (1955) os sintomas apresentados são: Anorexia, apatia, diarréia e lesões de pelo do tipo foto -sensibilização . ACHADOS DE NECROPSIA — Fígado ligeiramente aumentado, sinais de icterícia generalizada, ressecamento do omaso, e presença de sementes no tubo digestivo . ACHADOS ANATOMO-HISTOPATO LÓ- GICOS — Fígado com infiltrados, intraglo- bulares por linfócitos e polimorfonucleares, necrobiose discreta das células hepáticas. Rins apresentando congestão na substân- cia medular e presença de cilindros hiáli- nos nos túbulos coletores. As observações com os animais intoxi- cados por essa espécie na Escola de Vete- rinária, de nada diferiram dos resultados acima apresentados. 3 -Enterolobium schomburgii Benth. Apre- senta de acordo com os testes feitos pela equipe, os mesmos resultados (sintomas, exames laboratoriais e achados anatomo- histopatológicos) que Enterolobium contor- tisiliquum (Vell) Morong. ESTUDOS ANATÓMICOS — As nos- sas observações, através de cortes paradér micos da lâmina foliar e transversais da lâmina foliar, peciolo e raquís, mostram os seguintes resultados: Enterolobium contortisüiquum : 1 . Epi- derme adaxial apresentajido células com paredes lisas, ausência de estômatos e de tricomas. 2. Epiderme abaxial também com cé- lulas de paredes lisas, com estômatos ano- mooiticos e pelos hirsutos pluricelulares. 3. Lâmina foliar, em corte transversal, mostrando epiderme adaxial/unisseriada; parênquima paliçadico com 1 camada de células; parênquima lacunoso com 2 a 3 camadas de células; epiderme abaxial pa- pilosa . 4. Nervura média mostrando uma epi- derme unisseriada; colênquima, na região adaxial com 1 camada de células e, na abaxial, com 2 camadas de células; parên- quima cortical isodiamétrico, com muita substância tânica; bainha esclerenquimatosa contínua; 1 feixe vascular. 5. Peciolo com epiderme unisseriada; colênquima, formado por 3 camadas de células; parênquima cortical com muita substância tânica; bainha esclerenquima- tosa continua; 2 feixe vasculares; parên- quima medular isodiamétrico. — 73 — Nos cortes realizados na lâmina foliar e pecíolo, não foi constatada a presença de elementos cristalinos (ráfides, drusas, cris- tais isolados) . Enterolobium schomburgkii: 1. Epider- me adaxial apresentando células de pare- des lisas, ausência de estômatos e de tri- comas. 2 . Epiderme abaxial também com cé- lulas de paredes lisas, com estômatos ano- mocíticos, situados em depressão epidér- micas e presença de pelos hirsutos pluri- celulares . 3. Lâmina foliar, em corte transversal, mostrando epiderme adaxial unisseriada; hipoderme, apresentando alguns cristais de oxalato de cálcio; parênquima paliçadico com uma camada de células; parênquima lacunoso, com 2 a 3 camadas de células; epiderme abaxial papilosa. 4. Nervura média mostrando uma epi- derme unisseriada e um feixe vascular envolvido, inteiramente por esclerênquima. Não foram possíveis resultados mais de- talhados do pecíolo, por tratar-se de ma- terial herbarizado há muito tempo, mas ficando evidenciada a presença de subs- tâncias tânicas, muito esclerênquima, bem como a presença de cristais isolados de oxalato de cálcio e o grande número de pelos hirsutos pluricelulares. Summary The present paper aims at the study of “tamboril do campo” Enterolobium gummiferum (Mart) Macbr; a small tree very commom at the fields, cleared cer- rado, cerrado low closed woodland; and the study of “tamboris da mata” - Ente- rorolobium contortisiliquuem (Vell Morong and Enterolobium schomburgkii Benth two trees of galery forest, whose fruits when are eaten by of cattle provokes characte- ristic lesions of photosensibility. Bibliografia consultada 1. BENTHAN, G. Leguminosae in Flora Bra- siliensis de Martuis — Mimosoideas. Vol XV (11) 257-504. 1876. 2. DEUSTSCH, J. ; DOBEREINER, J. & TO- KARNIA, C. Fotossensibilidade e Hepa- togenia em Bovinos na intoxicação pelo Enterolobium gummiferum (Mart) Mar- cbr. Anais do IX Cong. Intern. de Pas- tagens. S. Paulo. (2). 1278-1282. 1955. 3. DOBEREINER, J. ; CANELLA, C.F.C. & TOKARNIA, C.H. As mais importantes plantaas tóxicas do Brasil. Região Nor- deste. Circular B-2 IPEANE. Recife. 1969. 4. ESAU, K. Anatomia Vegetal. 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Chamou-nos a atenção, a presença de uma Aristolochia, no campo próximo ao prédio do ICB que, apesar de aparente- mente semelhante a outras espécies já descritas, demonstrou, após um exame mais minucioso, tratar-se de uma nova espécie daquele gênero. Considerações Gerais A espécie em questão, cuja denominação propusemos seja Aristolochia glandulosa Ferr.n.sp., apresenta as seguintes carac- rísticas peculiares: 1 . As pseudo-estípulas são únicas em cada nó. 2 . Todas as pseudo-estípulas apresen- tam, em seu ápice, uma formação de cor arroxeada-alaranjada, semelhante a uma glândula e que através de uma observação microscópica, contêm inúmeras bolsas se- cretoras de óleo. * Professor-Adjunto do Departamento de Botânica — ICB/UFMG. 3. O lábio superior do perianto é emar- ginado . 4 . Os pelos do interior do bojo são metade verdes e metade incolores. 5. Ãs duas depressões do bojo, corres- pondem duas formações internas, seme- lhantes a duas sombrancelhas cheias de pelos arroxeados. Esta espécie acha-se mais próxima da Aristolochia esperanzae Kuntze., mas dife- re da mesma por apresentar os caracteres acima expostos. Descrição da Espécie Aristolochia glandulosa Ferr.n.sp. Planta campestre, rasteira, no máximo 2m de comprimento, com caule novo pro- vido de pelos curtíssimos e esparsos, de aspecto seríceo-arroxeado; pseudo-estípula única em cada nó e do mesmo lado da folha, de 2 a 2,5 cm de comprimento por 2 cm de largura, cordiformes, apresen- tando no ápice uma formação arroxeada- alaranjada na extremidade, à primeira vis- ta semelhante a uma glândula e, micros- copicamente, constituída de bolsas secre- toras de óleo, amplexicaule, serícea; fo- lhas com pecíolos de 2 cm de comprimen- to e seríceo, de limbo cordiforme, verde- amarelado na face ventral e esbranquiça- — 78 — do-seríceo na face dorsal, herbácea, com 7 (sete) nervuras salientes, de 4,5 cm a 6 cm de comprimento por 4 a 5,5 cm de largura, obtusa, inteira, sendo as folhas novas arroxeadas; flores solitárias, nas axilas das folhas, com pedicelos e ovários hexa-angulares, medindo de 7 a 8 cm de comprimento, ligeiramente recurvados, sendo 3 a 4 vezes maior do que o pecíolo; perianto bilabiado, com 9 a 10 cm de comprimento, de bojo ovóide, verde-ama- relado, de 2,5 cm de comprimento por 2 cm de largura provido de duas depres- sões arredondadas no lado do lábio supe- rior, correspondendo a duas formações in- ternas, semelhantes a duas glândulas pi- losas e roxas, tal qual 2 sombrancelhas; colo curto de 1,5 a 3cm de comprimento, um pouco oblíquo; lábio superior com 4,5 cm de comprimento, espatulado, emargi- nado, amarelo citrino por dentro e com estrias arroxeadas na parte superior que é mais larga, com pelos brancos e roxos, ruxos, curvos, na parte mais estreita; lábio inferior lanceolado, maior do que o superior, com 6,5 cm de comprimento, roxo e verde, estriado na parte central da base, com pelos brancos nas estrias e am- bos os lábios dirigidos para fora. Fauce estreita, muito pilosa, com pelos esbran- quiçados que mudam de forma à medi- da que penetram no bojo. Fruto cápsula septicida, 6-valvadas, semelhante a uma pequena cesta suspensa, de 3 a 4cm de comprimento, sementes numerosas, acha- tadas, cordiformes, de 5 mm de compri- mento, com numerosas saliências rugosas de cor amarelo-pardo . Aristolochia glanãulosa Ferr.n.sp. Planta agrestis, in terra repens, ad sum- mum 2 m. alta; caulis pseudestipula bre- vissimis et dispersis pilis, sericeus-viola- ceus ad aspectum; pseudestipula una uno- quoque nodo atque eodem folii latere, 2-2,5 cm per latera, 2 cm in fronte, cordifor- mis, ostendens in apice formationem seri- do-seríceo na face dorsal, herbácea, com pectu similem glandulae et constitutam minusculis sinibus oleum neddantibus, am- plexicaule, sericea. Foria peciolis 2 cm altis et sericeis, limbus cordiformes, viridis-subflavus in fa- cie ventrali et subalbus-sericeus in facie dorsuali, herbacea, septem nervis, 4,5 cm- 6 cm per latera, 4 5 cm in fronte, obtusa, integra; folia novella violacea; in axila folii, flores solitarii pediculis atque ova- riis hexangularibus, 7-8 cm altis, paulam incurvatis, maioribus 3-4 vicibus peciolo; perianthus duobus labris, 9-10 cm altis, ventre ovato, viridesubflavo, 2,5 cm per latera, 2 cm in fronte, instructo duobus lapsibus rotundatis in labro superiore, con- venientes ad duas formationes internas, similes duobus glandulis pilosis et viola- ceis, similiter, duobus superciliis; collum breve, 1-5-3 cm altum, parum obliquum; labrus superius 4,5 cm altum, spathula- tum, marginatum, flavum-citrinum intus atque striis violaceis in parte superiore quae magis lata est, pilis albis et viola- ceis, curvis in fauce angusta; labrum in- ferius lanceolatum, majus superioris, 6,5 cm altum, violaceum et viride, striatum in parte centrale basis, pilis albis in striis et ambis labris conversis extrinsecis. Fauces angusta, pilosissima, pilis subal- bidis, qui speciem nutant prout ventrem penetrant . Fructus — capsula septicida, 6 valva- tis similis parvae corbis suspensae, 3-4 cm alta; semines plurimae, complanatae. cordiformes, 5 mm altae, plurimis pro- minentis rugosis flavis-pullis. Habitat Campos e barrancos do Campus da UFMG — Pampulha, Belo Horizonte/MG. Resumo Aristolochia glandulosa Ferr.n.sp. apre- senta uma única pseudo-estípula nos nós, — 79 — provida em seu ápice de uma glândula arroxeada e, no bojo, 2 depressões pilosas e roxas. Acha-se mais próxima da Aris- tolochia esperanzae Kuntze. Abstract Aristolochia glandulosa Ferr.n.sp. exhi- bits only one pseudo, stipule at the nodes, that shows at its summit a purple gland and in its bulge, two hairy and purples depessions. It’s closed to Aristolochia esperanze Kuntze . Bibliografia Consultada Arquivos de Botânica do Estado de São Paulo — vol. III, fase. 5, pág. 223, vol. I, fase. 6, pág. 135 — vol. I, fase. 4, pág. 89. CORRÊA, M.P. — Dicionário de plantas úteis do Brasil e exóticas cultivadas — vol. IV — 1969 — Ministério da Agricultura. HOENE, F.C. — Flora Brasilica (vols. II, XV) Aristolochiaceae, 1942, São Paulo. MARTTUS — Flora Brasiliensis, vol. 4 Pars. II. RODRIGUÉSIA — Rev. do Jardim Botânico, ano XXI e XXII, N»s 33 e 34, 1959, pa- gina. 187 . FIG. 1 — a) detalhe do corpo vegetativo; b) flor em vista frontal; c) detalhe do ovário em vista dorsal; d) flor em vista lateral; e) corte do ovário; f) detalhe da venação foliar; g) pólen; h) antera antes da desiscência; i) antera após a deiscência; j) pseudo-estípula — 80 — iQ/u/)Íx>lo(juct a. n. Aji. FIG. 2 — Fruto e semente Contribuição ao Estudo Anatômico d< Calotropis prócer a (Ait.) WILSON RAYMUNDO CAMARGO D* ** ASSUMPÇÃO * MITZI BRANDÃO FERREIRA •* Introdução Em Oréades 7/9, Ano V, 1974/76, ti- vemos oportunidade de fornecer alguns dados referentes à dispersão desta espécie no Estado de Minas Gerais. Introduzida no Brasil em fins do século passado, no Nordeste do País, como planta ornamen- tal, em função de sua rusticidade e da profusão de sementes produzidas, assel- vajou-se, deixando os jardins e ganhando os campos. De lá para cá, vem cami- nhando em direção sul, tendo já alcançado Minas Gerais a leste e a oeste, não ocor- rendo na parte central do Estado, em virtude da presença da serra do Espi- nhaço, infiltrando-se no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás e Norte de São Paulo. Resistente aos herbicidas mais comuns, apresenta erradicação problemá- tica, rebrotando vigorosamente quando decepada . Suas sementes são comosas e facil- mente transportáveis pelo vento, acumu- lando-se nas valas e depressões ao lado das estradas, onde germinam. Não sendo planta exigente quanto aos solos e vege- tando bem em regiões de pouca pluviosi- * Fitoanatomista - TJFMG-ICB - Belo Hori- zonte - MG. ** Botânica - EPAMIG - Belo Horizonte - MG. dade, adapta-se facilmente, tendo deixado o domínio da Caatinga (Norte do Esta- do) e penetrado com sucesso em áreas de Cerrado . Objetivos No presente trabalho fornecemos alguns dados sobre a anatomia do corpo vege- tativo (raiz, caule, folha) e do aparelho reprodutor (órgãos florais e semente) . Histórico Schumann (1985) cita a espécie como ocorrente na região Sul oriental do Me- diterrâneo, onde teria o nome popular de “Maçã de Sodoma”, sendo considerada uma planta bíblica. Foi citada por Pio Corrêa, em 1931, como planta oriunda da África Tropical e Índia e que aqui teria se aclimatado nos Estados do Nordeste. HOEHNE, em 1939, também a men- ciona como exótica ocorrendo no Ceará, Piauí, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, assim como Braga, em 1960. Joly, em 1970, lhe dedica um pequeno trecho em seu livro «Conheça a Vegetação Brasilei- ra», onde confirma a sua presença para a mesma área citada pelos três pesquisa- dores acima mencionados. — 82 — Outros autores estrangeiros como: Tri- selton e Dyer (1904); Bolding (1909); Ri- dley (1923); Wettstein (1944) e Dagener (1946) a descrevem como planta originá- ria da África e Índia, onde, além de ter valor como ornamental e farmacêutico teria os filamentos sedosos das suas se- mentes utilizados em tecelagem, de mis- tura com fios de algodão ou seda. Material e Métodos Foi utilizado material vivo fixado em FAA por 48 horas, após o que foram realizados cortes transversais e paradér- micos na lâmina foliar, sépalas e pétalas, bem como cortes transversais na raiz, caule, peciolo e cortes transversais, tan- genciais e radiais na semente. Os testes microquimicos foram realiza- dos segundo os autores: Johansen (1940), Forter (1949), Sass (1958), Handro (1964), para evidenciação de diversos ele- mentos. A diafanização foliar foi reali- zada segundo técnica empregada por Han- dro (1964), e Felipe Alencastro (1966). Desenhos, esquemas e contagens reali- zadas com auxílio do estereoscópio Zeiss e microscópio Reichert. Outros usos O emprego de sua casca (casca de Mudar ou Madar) como tônica e esti- mulante é mencionada por esses mesmos pesquisadors . O seu látex seria emprega- do como vermífugo na Índia e África. Resultados Corte paradérmico da lâmina foliar: (Prancha B) Face adaxial: (Fig. 6) 1. Células epidérmicas de paredes lisas 2 . Estômatos paracíticos 3 . Pêlos unicelulares aglandulares Face abaxial: (Fig. 7) 1. Células epidérmicas paredes lisas 2. Estômatos paracíticos, em maior nú- mero As folhas jovens secretam uma camada de cêra Corte transversal da lâmina foliar : (Fig. 1 e 4) (Prancha A) 1. Epiderme adaxial unisseriada com vários pêlos 2 . Parênquina paliçádico com 4 cama- das de células 3. Porção central aclorofilada 4. Lacunoso com 3 camadas de células 5. Uma camada de células paliçádicas 6. Epiderme abaxial com vários pêlos Corte transversal do peciolo : (Fig. 1) (Prancha C) 1. Epiderme unisseriada com células di- vididas tangencialmente 2. Colênquina com 10 a 12 camadas de células 3. Parênquima frouxo, com bolsas secre- toras 4. Feixes laticíferos 5. Feixe vascular, aberto, bicolateral 6. Parênquima medular, com bolsas se- cretoras 7. Inúmeros pêlos na epiderme Corte transversal da nervura média: (Fig. 3) (Prancha C) 1 . Epiderme unisseriada com vários pêlos 2. Colênquima com 4 a 5 camadas de células, na região abaxial e 5 e 6 camadas de células na região ada- xial. 3 . Parênquina volumoso 4. Arco vascular bicolateral aberto. — 83 — Corte transversal do caule: (Fig. 5) (Pranca C) 1 . Epiderme unisseriada com células divididas tangencialmente. Muitos pêlos 2. Colênquima com 8 a 10 camadas de células 3. Parênquina cortical anisodiamétrico . Células cilíndricas. Canais secreto- tes. Bastante amido 4. Feixes laticíferos, externa e interna- mente ao arco vascular 5. Arco vascular fechado, bicolateral 6. Parênquima medular com canais se- cretores Corte transversal da raiz: (Fig. 4) (Prancha C) 1. Suber bem desenvolvido 2. Feloderma com muita substância de reserva (amido) 3. Liber, Câmbio, Lenho (também com muito amido) Corte paraãérmico da pétala: (Fig. 8) (Prancha B) 1. Epiderme com células irregulares 2. Pêlos hirsutos 3 . Estômatos paracíticos Corte paraãérmico da sépala: 1. Epiderme com células irregulares 2. Pêlos hirsutos 3. Estômatos paracíticos Corte transversal e longintuãinal da se- mente: (Prancha B) (Figs. 1 a 5 1. Tegumento apresentando a Testa muito pilosa e o Tegmen com por- ção parenquimatosa e uma pequena faixa lignif içada (Fig. 5) 2. Albumen sem amido, com substância de reserva. Os pêlos da semente (paina) podem atingir a 3 cm de comprimento. Bibliografia consultada BOLiDING, L. — The Flora of St. Estatius, Saba e St. Martin, Leyden. 1 Vol. 31 pp. 1909. BRAGA, R. — Plantaas do Nordeste Especial- mente do Ceará. Imprenta Oficial. Forta- leza, Ceará. 2» edição. VIII. 450 pp. 1960. CORRÊA, P. — Dicionário das Plantas úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Im- prensa Oficial. Rio de Janeiro. Vol. I, II, III, e IV. 1939. DAGENER, O. — Flora Hawaiensis. New York Book 1-4. 1946. FERREIRA, M.B. — Distrito Federal e Goiás sob ameaça de Invasora — Calogropis pro- cera (Ait) Ait. Rev. Cerrado. Secretaria de Agricultura e Prod. do Distrito Fede- ral, Brasília. n« 21, ano V, 20-22 pp. 1973. FERREIRA, M.B. e GOMES V. — Cálotropxs procera (Ait) R. Br. — Uma invassora a ser estudada e controlada em Minas Ge- rais — Oréades — Rev. Ded. Bot. ICB/ UFMG. n« 7/9, ano V, 68-75. 1974/976. FOURMIER, E. — Asclepladaceae in K.P. Von Martius. A.G. Eichier e T. 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JOSÉ MARTINS PINHEIRO SOBRINHO * TELMA SUELI MESQUITA GRANDI ** ALARICO MODESTO FILHO *** ANTONIO CARLOS COSTA *** CLARA LÜCIA DE FARIA E SOUZA RESENDE *** LEDA SIGNORIRI *** Introdução Como um primeiro trabalho de um pro- jeto que esperamos desenvolver, tratando do estudo completo das plantas medi- cinais existentes em nosso Estado, esta- mos apresentando os resultados obtidos em Tradescantia diurética Mart., uma Come- linaceae muito difundida em Minas Gerais e utilizada como diurética e emoliente, nas formas farmacêuticas de infuso e decocto. O material estudado foi coletado no Campos da UFMG, Pampulha, tendo sido dado um maior enfoque à sua anatomia. Descrição da espécie Nome vulgar : Trapoeiraba Posição Sistemática: Divisão — Angiospermae Classe — Monocotiledoneae * Professor-Adjunto e Chefe do Departamen- to de Botânica — ICB/UFMG ** Professora-Assistente do Departamento de Botânica — ICB/UFMG *** Alunos do Curso de Anatomia Vegetal do ICB/UFMG Ordem — Commelinales Sub-ordem — - Commelinineae Família — Commelinaceae Gênero — Tradescantia Espécie — T. diurética Mart. Planta herbácea de caule reptante, no- doso, ascendente, glabro, colorido, de 30 a 70 cm de comprimento, sulcado estriado. Folhas alternas e invaginantes, tomen- tosas, oblongo-lanceoladas, acuminadas, serreadas, munidas de pelos. Flores reunidas em umbelas terminais, gemina- das, peduneuladas, hermafroditas, actino- morfas e heteroclamídeas, trímeras e hi- póginas. Os pedúnculos partem das axilas das folhas superiores, em número de 2 a 3, são eretos e suportam no vértice uma umbela de 6 a 20 flores um tanto aglo- meradas . As brácteas são ovais, obtusas e cíliadas. Sépalas em número de 3, ver- des e com margens arroxeadas. Três pé- talas livres, maiores, obovais, de vértice arredondado e violáceos. Seis estames fér- teis, em 2 verticilos desiguais, sendo 3 mais curtos, com anteras biloculares e outros 3 maiores com anteras de lojas divergentes. Ovário súpero, séssil, glabro. — 88 — Estilete simples mais curto do que os es- tames e filiforme, estigma simples, capi- tado e papiloso. Fruto cápsula oboval gla- bra com 1 a 2 sementes em cada loja, truncadas e rugosas, embrião curto e largo. Parte usada: toda a planta. Material e métodos A coleta do material utilizado foi feita no Campus da Universidade de Minas Ge- rais, junto ao Departamento de Botânica. O estudo anatômico da espécie foi feito de acordo com o seguinte roteiros : .... 1 — Fixação das Amostras O fixador utilizado foi o FAA a 50% 2 — Secções Foram realizados cortes paradérmicos e transversais da lâmina foliar, cortes transversais de caule e raiz, todos reali- zados manualmente, incluídos em ma- deira de Cavanüésia arbórea. (Segundo d’ Assumpção) 3 — Nervação foliar Para o estudo da nervação, as folhas foram deixadas em solução aquosa de hipoclorito de sódio 50% e hidróxido de sódio 50% durante 72 horas, seguindo-se a lavagem em álcool a 70% e coloração por solução hidroalcóolica de Safranina a 1%, conforme Handro. 4 — Medições e Contagens Foram realizdas de acordo com Neves e Laboriau, com o auxilio de Câmara clara Nachet, acoplada ao microscópio e micrô- metro ocular Zeiss-Winkel . 5 — Desenhos Foram confeccionados com o auxílio de Câmara clara Nachet. Apresentação dos resultados anatômicos 1. Corte transversal de caule: — epiderme unisseriada com cutícula es- pessa — - colênquima multisseriado com 4 cama- das de células grandes — parênquima cortical clorofilado com cloroplastos evidentes — uma camada endodermóide — tecido vascular (em cunha) com flo- ema (células pequenas centrais) e xi- lema (células grandes periféricas) — parênquima medular — canais mucilaginosos na região central 2. Corte longitudinal de caule : — vasos espiralados e anelados — abundância de cloroplastos — ráfides — pelos hirsutos — células do parênquima isodiamétricas — epiderme — hipoderme — presença de antocianina na hipoderme e nos parênquimas 3. Corte tranversal da folha — epiderme com cutícula relativamente espessa — parênquima paliçádico clorofilado com uma única camada de células fraca- mente clorofiladas — face abaxial com várias estômatos — ausência de estômatos na face adaxial — abundância de oxalato de cálcio em forma de ráfides — presença de pelos hirsutos em maior abundância na face abaxial papilosa — menor quantidade de pelos hirsutos na face adaxial — epiderme adaxial com células alon- gadas — 89 — Cortes paradérmicos da lâmina foliar Face Adaxial: Células poligonais (paredes espessas) com granulações (Amido) Presença de pelos hirsutos longos e pou- cos pelos glandulosos mais curtos Presença de ráfides Face dbaxial : Células poligonais com granulações (amido) Presença de estômatos com 4 células companheiras Presença de muitos pelos hirsutos lon- gos e alguns pelos glandulosos mais curtos Paredes celulares espessas (células da epiderme) Presença de ráfides Corte transversal de raiz de Tradescantia — epiderme (presença de alguns trico- blastos) — hipoderme com células muito grandes — colênquima lamelar com 2 a 3 cama- das de células de parede espessa - parênquima cortical com cerca de 6 camadas de células de parede espessa e cloroplastos evidentes — endoderme com uma faixa de Caspary bem visível — medula esclerosada com vasos xilemá- ticos e floemáticos com pouquíssimos grãos de amido. Agradecimentos Agradecemos à colaboração dos profes- sores Wilson R. C. d’Assumpção, Deusde- dit Sebastião B. L>. Júnior e José Maurício Ferrari. Bibliografia PINHEIRO SOBRINHO, J.M., FERRARI, J. M., GRANDI, T.S.M. Compêndio de Botâ- nica Aplicada à Farmácia, pgs. 219:220, Belo Horizonte, 1976. MARTI, Flora Brasileira, vol. III, pars. I. D' ASSUMPÇÃO, W.R.C. e SUDMAN, R. Con- tribuição ao estudo anatômico de Setcrea- sea purpurea Boom, OREADES 4 — 14: 17, 1971. — 90 — — 91 — a - — 92 — Gortc trarvsversal ia. Làmirva foliar Corte, joara-cler rirvi co da- íace ouba-xtoil da. làmiua- 'foliar 93 — 94 — ~T~raclescGLn.l i .mire ll c CL 96 — O Gênero StylosantKes em jMinas Gerais Estudos Anatômicos WILSON RAYMUNDO CAMARGOS iyASSUMPÇAO Introdução Desde fevereiro de 1976, os Pesquisado- res integrantes do Sub-Projeto denomina- do “Coleta, Identificação e Avaliação das Leguminosas Nativas do Estado de Minas Gerais”, canalizaram seus esforços para o estudo do gênero Stylosanthes, em vir- tude do seu grande potencial forrageiro. Um dos aspectos ligados à segunda eta- pa do referido Sub-Projeto trata da ana- tomia das lâminas foliares, peciolos, cau- les e raízes das diversas espécies coletadas em nosso Estado, que é a tônica do pre- sente trabalho. Foi dado um maior ênfase à anatomia foliar e ao estudo das estruturas secundá- rias de raízes e caules. Histórico O gênero Stylosanthes foi estabelecido por O. Swartz em 1788, com apenas 2 es- pécies. Mais tarde, outros pesquisadores se interessaram pelo gênero, tendo sido le- vantado um maior número de espécies, com Vogei, em 1838, dividindo-o em 2 secções: Eustylosanthes e Styposanthes . Mohlen- brock, em 1957, reconheceu 25 espécies, agrupadas em 2 secções: Stylosanthes e * Pito-Anatomista do Departamento de Botâ- nica do ICB/UFMG. Astyposanthes, com 14 e 11 espécies, res- pectivamente. Este autor relacionou para o Estado de Minas Gerais, 6 espécies e 1 variedade. Coube ao Sistema Estadual de Pesquisa Agropecuária, que engloba, através de con- vênio, a EPAMIG, ESAL, UFMG e UFV, realizar um estudo mais detalhado sobre 0 gênero Stylosanthes em Minas Gerais, a partir de 1976. Neste mesmo ano, Ferreira e Souza Costa constataram as 6 espécies e 1 variedade referidas por Mohlenbrock pa- ra o nosso Estado. Verificaram, também, a presença de S. humilis, que não havia sido citado e apontaram 10 novas espécies ocorrentes em áreas de cerrado e campo. Atualmente são consideradas 18 espécies para Minas Gerais. SECÇÕES : Foram realizados cortes para- dérmicos e transversais, à mão livre, cora- dos com safranina e azul de toluidina. AMOSTRAS NÃO FIXADAS: Para a dia- fanização dos cortes, utilizou-se hipoclo- rito de sódio a 10% e tratamento de dupla coloração, conforme Johansen (1940), hema- toxilina-eosina e saf ranina-f ast-green . A diferenciação dos tecidos vivos, deu-se com o colreto de zinco iodado. TESTES MICROQUIMICOS: As secções obtidas serviram a vários testes microquí- micos, sendo que a identificação dos ele- mentos lignificados foi feita com o uso de — 97 — Floroglucina (solução alcoólica a 1%), adi- cionada de Acido sulfúrico a 50% ou Acido clorídrico a 18%, resultando uma colora- ção avermelhada de acordo com Johansen ( 1940) ; a cutícula foi evidenciada de acor- do com Foster (1949), pelo uso de solução alcoólica a 80% de SudanlV. MACERAÇÃO: O estudo da epiderme foi baseado na dissociação da mesma pela fer- vura em hipoclorito de sódio a 10% e pe- la mistura de Jeffrey, de acordo com Johan sen (1940) e Foster (1949). MEDIÇÕES E DESENHOS: Foram reali- zados com o auxílio de Micrômetro Olym- pus e Câmara Clara Aus-Jena, acoplados ao microscópio. Agradecimentos Queremos deixar os nossos agradecimen- tos a Id’bas Luzia Veloso pelo trabalho de confecção de lâminas, desenhos e medições. Material e Métodos Nossas investigações foram baseadas em fragmentos de folha, caule e raiz, fixados em FAA, oriundos da coleta realizada por Sousa Costa e Ferreira na primeira fase do Sub-Projeto. MATERIAL TRABALHADO Stylosanthes bracteata Vo g. n.9 811 12/ 5/76 — Uberaba Stylosanthes capitata Vo g. n.9 800 — 17/ 1/77 — Diamantina Stylosanthes guyanensis var. Canescens n.9 677 — 19/ 3/76 — São Gotardo Stylosanthes guyanensis (Aub 1) Sw. var. microcephala ri.9 331 — 18/ 3/76 — São Gotardo Stylosanthes guyanensis (Aubl) Sw. var. vülgaris Stylosanthes humilis HBK n.9 671 — 10/ 5/76 — Araxá Stylosanthes scabra Vo g. n.9 617 — 14/ 5/76 — - Gurinhatã Stylosanthes viscosa Sw. n.9 695 — 11/ 5/76 — Uberaba n.9 608 — 10/ 5/76 — Uberaba Stylosanthes aurea M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 791 — 8/ 1/77 — Diamantina Stylosanthes acuminata M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 762 — 4/ 1/77 — Ibiá Stylosanthes campestris M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 807 — 18/ 1/77 — Datas Stylosanthes debilis M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 619 — 14/ 5/76 — S. Simão Stylosanthes granãifolia M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 808 — 3/ 1/77 — Luz Stylosanthes linearifolia M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 753 — 1/10/76 — Uberaba Stylosanthes macrocephala M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 764 — 4/ 1/77 — Ibiá Stylosanthes gracilis Kunth n.9 723 — 1/10/76 — Uberaba Stylosanthes pilosa M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 362 — 14/ 4/76 — Buritizeiro Stylosanthes tomentosa M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 794 — 20/ 1/77 — Datas Stylosanthes ruellioides M.B. Ferr. et Souza Costa sp. n. n.9 8537 — 10/ 4/77 — Diamantina — 98 — ANATOMIA FOLIAR DAS ESPÉCIES STYLOSANTHES ESTUDADAS ANATOMIA FOLIAR DAS ESPÉCIES STYLOSANTHES ESTUDADAS — Continuação ANATOMIA FOLIAR DAS ESPÉCIES ST YLOS A NTHES ESTUDADAS — Continuação I " 3 * ^2^1 8 g 3 í*» Ü9 i6âl 5 í ; . y - • 8 ! S - «c^^lSc15 5 Illlslilil! | * è |2 1 u CO ♦* c U aó U 0 tf « tf P 2 > i1«s|s| 5 ^ m 5 -O T3 o. o 2 2 H ü E í 33 O 38 £ píMJIfi I gl - § s-Sl i 1 3h|*||í j& - « 8 1 § 5 -■ * -S . a>.§ ij “ S S s cõ | §■ J Ü J ■« 3 í? il MC li Í|o! 82Í I . lil S S |í|l{ 31 si • U 8 j * ê s I a a > l! i il i * * g -a ! 1 - *5*1 1" 3| |l , •1 E 2 1 ° % 2 §8^||g| • I* - Ss S rT P 3 P -C * HO O u H c £ m § 1 1 < ü 5 -< 2 a a *s o o 2 jj 3 Ê 6 ?S3S ?-!i3 £ 2 a s 6 1 1 Po ! f 1 > 3 0 áll lil 0 O 3 O 3 ü 3 3 •A ® - W = ■» « â3i- ■s |- 1 11 s 3 0. O fllll ""I 1 li ls 3 1*1! i ! B I .r tá :*i* - ã ! 3 !ll 5 á 8 -g i 3 S g h E I|>I| i-fÍ>3 3 • = < *ÍM 3 í •| -1 s I s i!!fchí 2| eIí a aí §£ cí í ■É â-i II 3 SI - E 2 3 l| |ll s |á 8 3 | ° P (j O g ü C ISlf "* H I I-S m E -á§2Í 3 3 S á li!*f lil 1 1 *° I. 3 1 J ® í ® (j o 5 . 2 £ g -g 2 O o a> o 2 3 .C O > «-* c » c o tf lf a lí | 9 £ ** 2 j • • a 2 a- £ * Z 8 £ líã, 3 g 2 z 3 | * O a 3 £ Mo» 8 E 1 ! fii! ! i ! ! a = £ o, a s e ■ 1?*| Sâsl 1» ü $ p s Pi 1 3 « 5 *= 6 2 aj a s 1 e I ~ T3 £ « S 3 J w « Sâüí i*4 llll Pl! - ® * ** 3 c 2 ® 3 § g* 3 f II il É lis Ia! lf f . Sâis ° s “lí 3 M | I J 111 1 3r* iãi uh 3 8 &I| 3 1 - ! -a 3 2. •§ ty 2 §► ao II a a I s í> «â ! * :i- !ê: 13 i ANATOMIA FOLIAR DAS ESPÉCIES STYLOSANTHES ESTUDADAS — Continuação PECIOLO Epiderme unlsserlada. Colênqulma com 1 a 2 camadas de células. Pa- rênquima lsodlamétrico. 5 feixes vasculares, dis- tribuídos simetricamen- mente. Parênquima me- dular de grande diâ- metro. Infinidade de pe- los hirsutos. Epiderme unlsserlada, com pouquíssimos pelos multo desenvolvidos. Pa- rênquima clorofilado de bom diâmetro. 6 feixes vasculares. Parênquima medular lsodlamétrico. Epiderme unlsserlada, com tricoma. Colênqui- ma com 1 camada de cé- lulas. Parênquima corti- cal com faixas clorofila- das. 5 feixes vasculares. sendo 2 maiores. Parên- quima medular isodia- métrico, com grande quantidade de amido. Epiderme unlsserlada, sem tricomas. Colênqui- ma com 2 a 3 camadas de células. Parênquima cortical com faixa clo- rofilada. Feixe vascular com bainha esclerenqüt- matosa descontinua. Pa- rênquima medular iso- diamétrico. < 2 3 s > « u 55 Epiderme unlsserlada. Ausência de colênqulma. Parênquima frouxo. Fei- xe vascular com uma grande faixa escleren- qulmatosa. Epiderme unlsserlada. Colênqulma formado por 3 camadas de células. Parênquima isodiamé tri- cô. Feixe vascular com bainha esclerenquimatosa pequena. Epiderme unlsserlada, sem tricomas. Colênqui- ma com 6 a 6 camadas de células. Parênquima isodiamétrico. Feixe vas- cular com bainha es- clerenquimatosa bem de- senvolvida. Pelos hirsutos muito longos, medindo cerca de 800 u Células epidér- micas de paredes lisas, uma infinidade de estô- matos, em grupos de 3 ou 4. Corpúsculos sili- cosos. éH* II c c £ -3 | Ui è il 4 àl I è i < a o Ui < g rmes unisseriac erme. Parênqu dlco com 1 cam lulas. Lacunoso no diâmetro, s da lâmina es feixes escle tosos. Epiderme adaxlal u seriada. Parênquima liçádlco com 1 camada células. Lacunoso coi a 2 camadas. Hipo< me. Epiperme aba papilosa. Epiderme ad axial u seriada. Parênquima liçádlco com 1 cam de células. Parênqu lacunoso com 2 a 3 mada de células. • H derme. Epiderme aba papilosa. rme ad axial u: a. Parênquima :o com 1 cam lulas. Parênqu )so com 2 e 3 í de células. H a •SSS* Sfs i hw o, ■o &n uc Epide) seriad liçádic de cé lacunc madas derme EPIDERME ABAXIAL Células epidérmicas de paredes lisas. Pelos hir- sutos oom base bem de- senvolvida. Estômatos muito abundantes. Cor- púsculos sillcosos. Células epidérmicas de paredes levemente ondu- ladas. Alguns pelos hir- sutos unicelulares. Maior número de estômatos. Corpúsculos sillcosos. Células epidérmicas de paredes lisas. Pelos glandulares e aglandula- res, em maior número. Estômatos em maior nú- mero. Bastonetes slllco- sos. Como a adaxial. H) < com si- em elos com ida. ■S S | « s ° « . B B 0) CO • 1 ° í 5 «•sá 1 s j a «< Q *< H 1 W Q s H Células epidérmicas paredes ligeiramente nuosas. Estômatos menor número. P hirsutos grossos, base bem desenvolv Corpúsculos sillcosos Células epidérmicas paredes ligeiramente duladas. Alguns p hirsutos unicelulares Estômatos em menor mero. Corpúsculos cosos Células epidérmicas paredes Usas. P glandulares e aglar lares. Estômatos. tonetes sillcosos. Células epidérmicas paredes lisas. Estô tos. Pouquíssimos tr mas. Bastonetes si sos. g cd ai « (3 *8 CO H 5 •O «JSd 1 i s 00 W s h 03 Stvlosanthea M.B. Ferre Costa sp. I r • $ h $ > CQ ANATOMIA FOLIAR DAS ESPÉCIES STYLOSANTHES ESTUDADAS — Continuação PECIOLO rme unisseriada, ários tricomas. Pa- ima cortical isodia- !0. Esteio com 5 vasculares. rme unisseriada. quima cortical ex- clorofilado, de pe- diâmetro. Parên- cortical interno filado. 6 arcos vas- is, com bainhas es- quimatosas bem volvidas. rme unisseriada. luima com 2 a 3 las de células. Pa- ima externo cloro- Parênquima ln- aclorofilado, de • diâmetro que o or. 6 arcos vascu- com bainha escle- imatosa bem de- Ivida. rme unisseriada, muitos tricomas. íuima com 1 a 2 las de células. 6 vasculares, sendo iores. Parênquima ai externo cloro- . Parênquima me- isodiamétrico. 3 .S « 1 1 1 s 5 a 8 U E a Epide Parên terno queno quima acloro culare cleren desen Epide Colêm camad rênqu filado terno menot anteri lares renqu senvo Epide: com Colên camad feixes 2 ma cortic filado dular 5 - 5 a e unisseriada cuia espessa. Fi- clerenquimatosas tecido vascular, ima incolor es- Epiderme unisseriada Hipoderme. Parênquima bem desenvolvido, com algumas porções cloro- filadas. Um feixe vas- cular com bainha escle- renquimatosa bem de- senvolvida. e unisseriada ornas. Colênqui- 2 a 3 camadas las. Parênquima trico. Feixe vas- m bainha esc le- itosa bem desen- Parênquima me- odiamétrico. e unisseriada guns tricomas. ma com 3 a 4 de células. Pa- a isodiamétrico. :e vascular com bainha escleren- ». 5 w fc Epiderm com cutí bras es sobre o Parênqu pesso. Epiderm com tric ma com de célu isodiamé cular co renquim volvida. dular is Epiderm com al Colênqui camadas rênquim Um feis grande quimato. LAMINA FOLIAR Epidermes unisseriadas, com cutículas espessas. Hipoderme medindo cer- ca de 100 u. Parênqui- ma paliçádico bem de- senvolvido. Parênquima lacunoso pequeno. Bor- dos da l&mina com gran- des feixes esclerenqui- matosos. Epiderme unisseriada. Hipoderme. 'Tecido pali- çádico com 1 camada de células alongadas. Teci- do lacunoso formado por 2 camadas de células. Epiderme abaxial papi- losa. Epiderme adaxial unis- seriada, com poucos tri- comas. Parênquima pali- çádico com uma cama- da de células. Parênqui- ma lacunoso com 1 a 2 camadas de células. Hi- poderme. Epiderme aba- xial papilosa. Epiderme adaxial unis- seriada, com cutícula es- pessa. Parênquima pa- liçádico com 1 camada de células. Lacunoso com 1 a 2. Epiderme abaxial com cuticula espessa. ri < a í n < w •sutos muito ledindo cerca Células epidér- paredes lisas, dade de estô- grupos de 3 •púsculos sill- idérmicas de sas. Estôma- s. Alguns pe- lares e aglan- istonetes sili- ■idérmicas li- onduladas. em maior nú- imeros pelos i e aglandu- onetes de si- dérmicas com ligeiramente Estômatos em 2 ou 3. Bas- illicosos em nero. Poucos s u - s H Pêlos hli longos, m de 860 u. C micas de Uma infin matos, em ou 4. Cot cosos. Células ep paredes 11 tos isolado los glandu dulares. B cosos. Células ep geiramente Estômatos mero. Int glandulares lares. Bast lica. Células epl as paredes onduladas, grupos de tonetes grande núi tricomas. ri «fl § ° ■= o1 5 » “ üf; £ ^S£ Ó5« rfa»3 jpISÕ^^ «-3 c °3l!lj-»Coíáü»®§ CU-t.JuJKluttü «Sfl > d L ■o V d "o II C d 0 - o e M c p. S . g -§ I ^ S " 5 ■s I § * I a C ® > -• o cu ^ b - • 1 1 2 - . *, Q Ç í) c fí cj « 8 £ 2 bó E § E < 3 . C 2 S o 3 S ! -S g e h s a e t; 3 d Ó d d 0 c ftr £ - i w ! * d _ 2 ® !" 3f I 01 3 t> ! ^ 's E I1 d S 8 n ?. ® • . ° ■« * 3 _d S m É g 2 c •§ -S 2 i§ h B M 8 I* •a E ■3 6 ff a?;i f H ° Lis ft| E g 2 £ _-5 S 6 SsiSS © J © w T3 i O 2 m n £ g o © «o 1 £ | w ~ 2 « c '2 3 « O d 2 * | 3 M 8 O ft ; Fi g . 6-Pecíol o( Corte transver- sal ) ;Fi g. . -Caule(Corte transversal );Fig.8-Bolsa lisígena. Stylosanf.es aure. H.B.Ferr. et Sousa Costa sp.n. - Fig.l-Corte paradêrmico da face abaxial ;F1g.2-Corte paradêrmico da faceada *1*1 ;Fi g. media(Corte transversal ) ;Fi g. 4-Pecíol ofCorte transversal ); Fi g . S-Lãmina foliarfCorte transversal Fig.4-Pecíolo( Corte transversal ) ;Fi g.S-Xi lopõdi o; Flg. 6-Caule( Corte transversal ). D - Stylosanthes campestris H.B.Ferr. et Sousa Costa sp.n.- Fig.l-Corte paradêrnico da face abaiial ;Fig.?-Corte paradêrnico da face adaiial ;Fi g. 3-Di versos tipos d e triconas;Fig.4-Lãuina foliarfCorte transversal ) ;Fi g. 5-PecTolo(Corte transversal). - Stylosanthes guyanens1s(Aubl )Sw. ssp. guyanenslS var. microcephala-Fi g. I -Corte paradérnlco da face abaxl al ; FI g . 2-Corte paradérnlco _ da face adaxial ;Fig.3-Tricoma;Fig.4-Lãmina foliar(Corte trans versai ) ;F1 g. 5-0etal he da h1poderme;Fig.6-PecTolo (Corte transversal). - Stylosanthes guyanensi s(Aubl )Sw. ; var.vulgaris - Fig.l-Corte paradérnlco da face adaxi al ; Ft g . 2-Tr i coma ; Ftg.3-Tricom* Fig.4-Lãmira fo1iar(Corte t rans versai ); Fi g . 5-Pec íol o ( Cor te transversal ) . ixiál ;F1g.2-Lãn1na foliar(Corte i-.Fig.'3-Lãmina foliar' - Stylosantnes viscosa Sw. - Flg.l-Corte paradérmico da círl o; Fi g. 4-Lãoi na foliar(Corte transversal ); Fi g Fig.la- Tricoma da lãnina foliar. face abaxlal ;Flg.2-Corte paradérmico da face adaii al ;FI g . 3-Tri c vura medi a ; Fi g . 6- Pec foi 0 ( Corte transversal). Bibliografia JOAHANSEN, D. A. Plant microtecnique, Mc- Graw HUI, New Tork, 623 p., 110 fig., 1940. FOSTER, A.S. Practical Plant Anatomy, D. Van Nostrand, New York, 228 p., 1949. METCALiFE, C.R. and CHALK, L. 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