IPÉ BRANCO Tabebuia Odontodiscus Bur. e K. ScDm. BIGN.ONIACEAE EPARTAMENTO DE BOTÂNICA DO I.C.B ES^ELO HORIZONTE, 1 1 U.F.M.Q? 12/13 1979/1980 0 R É A D E S Revista do Departamento de Botânica ICB. UFMG. Deusdedit S. B. Leite Jr. Editor Conselho de Redação: Telma S. M . Grandi José M. Ferrari Wilson R. C. d’Assumpção I SivJ OREADES Para contm“ a RECEBER, enviam- 1 nos suas PU8UGA.CÜZ3 em A s DEPARTAZiSiTO DE EOíA Beto Horizoriis — ivL ^ea 3 — , s;l VOLUME 7 1979/1980 Oréades Belo Horizonte vol 7 no. 12/13 P. * 1979/80 ORÉADES Revista do Departamento de Botânica, Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais. Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas Depto. de Botânica Caixa Postal, 2486 30.000 — Belo Horizonte - MG — Brasil APRESENTAÇÃO A partir do presente número a revista Oréades se abre formalmente para a publicação de trabalhos de colaboradores, vinculados de preferência a instituições ou empresas, que possam de algum modo contribuir com fornecimento de publicações, informes, empréstimo ou cessão de materiais diversos de ensino e pesquisa, ao Departamento de Botânica. Os trabalhos devem ser originais, incluindo-se neste contexto os de natureza didática destinados a atingir público mais amplo, estudantes, professores e outros profissionais. De acordo com esta proposta, objetiva-se, além da comunicação com a comunidade científica, mais restrita, atingir um público carente de literatura botânica em vernáculo, e despertar o interesse de novos valores, nem sempre vinculados a universidades ou instituições de pesquisa. Visa-se, portanto, abrir a comunicação da universidade com a comunidade. Foram introduzidas modificações na Revista, para atender aos objetivos acima, e modificações técnicas para uma presença mais atualizada. Julga- mos importante anunciar o interesse de professores e pesquisadores do Departamento de Botânica em se comunicar com estudiosos de taxonomia, anatomia, fisiologia, plantas medicinais, estudos plâncton, entre outros. O Editor Conteúdo Barros Leite, D.S; Cavenaghi, M.C; Filippo, R., — Análise preliminar de plâncton da represa da Pampulha 07 Pedersoli, J.L. — Novas espécies de Lavoisiera de Minas Gerais. L. adamantium L. vernicosa 21/25 Grandi, T.S.M.; Ferrari, J.M ; Viana, T.H. — Estudo botânico de Isoto- ma Longiflora (VViíd) Presl 29 d'Assumpção W R C — Anatomia das Plantas dos cerrados de Minas Gerais — Qi^lea grandiflora Mart 41 d'Assumpção, W R C , Ferreira, MB., Santana, D . P . — Contribuição ao conhecimento das Bombacáceas do Estado de Minas Gerais 49 Ferrari, J M ., Plantas Medicinais — Algumas observações curiosas para a sua coleta 67 . Análise preliminar de Plâncton da represa da Pampulha Deusdedit S, B. Leite 316 Teresa M. C. Cavenagtoi Rodrigo De Filspp© *** RESUMO 0 presente trabalho constitui o início de estudo da compo- sição planctônica das águas da represa da Pampulha, que são utilizadas para o abastecimento de parte da população de Belo Horizonte. SUMMARY The present paper is the begining of a study of planktonic composition of Pampulha’s reservoir whose water supplies are utilized for a part of Belo Horizonte’s population. INTRODUÇÃO A represa da Pampulha está situada na bacia do ribeirão Pampulha-Onça e constitui-se em corpo de recepção de uma área de drenagem de aproximadamente 95 Km2, abrangendo as sub- bacias dos ribeirões Baraúna, Mergulhão, Paracatu, Muniz, Saran- di, Tijuco e Ressaca. Tem uma capacidade de reservação de 13 milhões de metros cúbicos. Estabelecida em 1943, recebe esgotos domésticos e industriais, sendo principal contribuinte o ribeirão Ressaca, que traz esgotos domésticos e industriais do município de Contagem, sendo o que apresenta maiores índices de turbidez e matéria nitrogenada. *** Professor do Dept9 de Botânica — ICB — UFMG Professora do Dept9 de Biologia — ICM — UFMG Biólogo — Bolsista da FUNDEP — Dept° Biologia, ICB, UFMG 7 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 Para iniciar os estudos da composição planctônica das águas da represa, foram demarcadas duas estações, onde se fizeram coletas mensais nos meses de abril, maio e junho de 1980. Na estação 1, localizada na afluência do ribeirão Ressaca, foram feitas coletas de margem até a profundidade máxima do local, que não ultrapassa, nesses meses, a marca de 60 cm. Na estação 2, demarcada nas proximidades do sangradouro da represa foram feitas coletas verticais até a profundidade de 3m e também coletas de fundo a 3m. MATERIAL E MÉTODOS Foram feitas coletas para o levantamento de fito e zooplanc- ton levando em conta o aspecto qualitativo e quantitativo, para os dois tipos. Para a coleta de plancton-qualitativo usaram-se os seguintes métodos: a) arrasto de rede de plâncton b) filtrado com volume conhecido c) vertical com auxílio de pesos. Coleta de plancton-quantitativo: I — Para o fito-plancton: a) coleta simples de 1 litro b) fixação com 5 ml de lugol. II — Para o zooplancton: a) coleta relativa — por amostragem do qualitativo retirando 250 ml, fixado com formol. As análises foram feitas do seguinte modo: A — análise qualitativa logo após a coleta, para identifi- cação do material vivo. B — análise quantitativa com o material fixado da coleta, após concentração. Esta análise foi feita mediante contagem de organismos em números absolutos para o fitoplâncton e relativos para o zooplancton. 8 ANÁLISE PRELIMINAR DE PLÂNCTON DA REPRESA DA PAMPULHA RESULTADOS As tabelas registram os resultadps qualitativos e quantitativos das coletas. Os organismos estão identificados a nível de gênero e reunidos em segmentos encabeçados por nomes de grandes grupos aos quais pertencem. Diante dos gêneros o sinal «x» indica que o organismo só foi identificado no exame qualitativo; o sinal «o» indica ausência do organismo daquele gênero, tanto no qualitativo, quanto no quantitativo, naquele exame. Os algaris- mos indicam o número de organismos por ml para o fitoplâncton e o percentual para o zooplancton. Todos os registros são em coluna dupla para cada mês, referindo-se à estação 1 e 2, res- pectivamente. TABELAS 01: FITOPLÂNCTON - NÚMEROS DE ORGANISMOS POR ML. Estação 1 : afluência do ribeirão Ressaca. Estação 2: Sangradouro da Lagoa. ORGANISMOS 1.1 - CYANOPHYTA ABRIL Est. 1 — Est. 2 Est. MAIO 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 01 - Anobaeno X 0 0 0 30 0 02 - Borzio 90 0 30 0 60 0 03 ■ Coelosphaerium 0 15 0 X 0 0 04 - Gloeocopsa 0 0 0 X 0 0 05 - Microcystis 0 0 X X 0 X 0ó - Oscillotoria 2160 435 420 150 120 0 07 - Plectonemo 0 0 0 0 90 0 08 - Rophidiopsis 0 30 0 0 0 0 09 - Spirulina 0 X 0 0 0 0 SOMA 2250 480 450 150 300 X 9 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 1.2 - CHRYSOPHYTA ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 01 - Anomeoneis 0 0 0 X 30 0 02 - Botryococcus 0 0 X X X 0 03 - Bumilleria X X X X 0 105 04 - Cryptomono 540 X 0 390 450 915 05 - Cyclotella 90 180 0 0 0 .45 06 - Cymbello X 15 0 15 60 0 07 - Denticula X 0 0 0 0 0 08 - Dinobryon 90 X X X 420 360 09 - Fragillaria ÓÓO 330 120 X 120 X 10 - Frustulio 0 0 0 X 0 0 1 1 - Gomphonemo 0 0 0 0 60 0 12 - Mollomonos 60 15 0 0 X X 13 - Noviculo 30 15 60 X 390 0 14 - Nitzschio X X 240 0 270 0 15 - Pinnulorio 30 X X 0 X 0 ló - Su ri relia 0 0 0 15 0 X SOMA 15.00 5.55 4.20 4Í0 18.00 14.25 10 ANÁLISE PRELIMINAR DE PLÂNCTON DA REPRESA DA PAMPULHA 1.3 CHLOROPHYTA ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est, 1 — - Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 01 - Acanthospheria 90 0 0 0 0 0 02 - Actinotoenium X X 0 0 0 0 03 - Ankistrodemus 180 60 1260 690 0 135 04 - Chorocium 0 0 0 X 0 X 05 - Chlamydomonas 150 0 0 X 150 0 06 - Chlorococcum 90 0 X X 0 15 07 - Closterium X 0 X 0 X 0 08 - Coelostrum 570 300 60 30 0 0 09 - Cosmarium X X 0 0 X X 10 - Dictyosphoerium X 30 X X 30 0 11 - Gloeocystis X X X 0 0 0 12 - Kirchneriella 0 0 X 0 0 0 13 - Micractinium X 45 30 0 0 30 14 - Mougeotio 0 X 0 X X X 15 - Oocystis X X 0 0 0 0 16 - Ourococcus 0 0 0 0 0 165 17 - Penium 60 0 0 0 0 0 18 - Plonktosphoerio X X X 15 0 15 19 - Scenedesmus 0 X X X 0 0 20 - Sphaerocystis 0 X 0 X 0 X 21 - Sphaerozosma 180 X 0 0 0 0 22 - Spirogyro 0 X X X X X 23 - Spondilosium 0 120 0 0 0 0 24 - Staurostrum 60 30 X 0 X X 25 - Stigeoclonium 0 0 X 0 0 0 26 - Ulotrix 0 0 0 0 X 0 27 - Uronema 0 0 0 0 X 0 28 - W es til lo X 0 0 0 0 0 29 - Zigogonium 0 0 0 0 X 0 30 - Oedogonium X X X 0 30 15 SOA4A 1 1.70 5.85 13.50 7.35 2.70 3.60 11 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 1.4 - EUGLENOPHYTA ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 01 - Euglena 450 X 120 X 330 X 02 - Lepocynclis X X X X X 15 03 - Phacus 0 X X X 0 0 04 - Strobomonas 930 0 120 0 X 0 05 - Trachelomonas 1170 0 60 0 30 0 SOMA 22.50 X 3.00 X 3.60 15 1.5 - PYRROPHYTA ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 01 - Goniaulax 30 30 60 X 30 30 02 - Gymnodinium 60 0 X 0 X 0 03 - Peridinium 0 X 0 0 0 0 SOMA 90 30 60 X 30 30 12 ANÁLISE PRELIMINAR DJE .PLÂNCTON DA REPRESA DA PAMPULHA TABELA 02 - FITOPLÂNCTON ORGANISMOS PREDOMINANTES POR GÊNERO EM CADA GRANDE GRUPO, POR ESTAÇÃO. GRUPOS ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 CYANOPHYTA Oscillotoria 21 Ó0 435 120 0 420 150 CHRYSOPHYTA Fragillaria 660 330 120 X 120 X Cryptomomas 540 X 450 915 0 390 Nitzschia X X 270 0 240 0 Dinobryon 90 X 420 360 X X CHLOROPHYTA Coelastrum 570 300 0 0 60 30 Ankistrodemus 180 60 0 135 1260 690 Ourococcus 150 0 150 0 0 X EUGLENOPHYTA Trachelomonos 1170 X 30 0 60 0 Euglena 450 X 330 X 120 X Strobomonas 930 X X 0 120 0 PYRROPHYTA Gomiaulax 30 30 30 30 60 X Gymnodinium 60 0 X 0 X 0 13 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 TABELA 03 - FITOPLÂNCTON. COMPARATIVO QUANTITATIVO DOS GRUPOS EM NÚMEROS ABSOLUTOS E PERCENTUAIS. GRUPOS ABRIL MAIO JUNHO Est. 1 — Est. 2 Est. 1 — Est. 2 Est. 1 - - Est. 2 CYANOPHYTA 1 . Org. p. ml. 22.50 4.80 4.50 1.50 3.00 X 2. Perc. s/tot. 29.76 29.09 17.44 1 1 .49 10.87 0 3. Gên. repres. 3 4 3 4 4 1 4. Perc. s/tot. 8.00 1 1.42 9.00 10.00 12.00 4.00 5. Méd. org. p. gên. 750 120 150 37 75 X CHRYSOPHYTA 1 . Org. p. ml. 1500 555 420 420 1800 1425 2. Perc. s/tot. 19.84 33.63 16.28 32.18 65.22 77.87 3. Gên. repres. 1 1 10 7 10 10 7 4. Perc. s/tot. 20.73 28.57 22.58 34.48 33.33 29.17 5. Méd. org. p. gên. 136 55 60 42 180 203 CHLOROPHYTA 1. Org. p. ml. 1170 585 1350 753 270 360 2. Perc. s/tot. 15.48 35.45 45.16 37.93 9.78 19.67 3. Gên. repres. 18 16 14 1 1 1 1 12 4. Perc. s/tot. 45.94 45.71 45.16 37.93 36.36 50.00 5. Méd. org. p. gên. 65 36 96 66 24 30 EUGLENOPHYTA 1 . Org. p. ml. 2550 X 300 X 360 X 2. Perc. s/tot. 33.73 0 1 1.60 0 13.04 0.82 3. Gên. repres. 4 3 5 3 4 2 4. Perc. s/tot. 10.81 8.57 16.12 13.79 12.12 12.50 5. Méd. org.p. gên. 637 X 60 X 90 X 14 ANÁLISE PRELIMINAR DE PLÂNCTON DA REPRESA DA PAMPULHA GRUPOS ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 PYRROPHYTA 1 . Org. p. ml. 90 30 ÓO X 30 30 2. Perc. s/tot. 1.19 1.18 Ó.45 3.45 1.09 1.64 3. Gên. repres. 2 2 2 1 2 1 4. Perc. s/tot. 5.40 5.71 6.45 3.45 6.06 4.17 5. Méd. org. p. gên. 45 15 30 X 15 30 Total org. p. ml. todos os grupos 7560 1650 2580 1305 2760 1815 TABELA 04 - ZOOPLANCTON - PERCENTUAL. GRUPOS ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 PROTOZOA Actiniphrys X 0 0 0 2.17 0 Arcello X 0 1.04 0 2.17 0 Aspidisco 0 0 0 0 X 0 Chilodonello 0 0 0 0 2.17 0 Coleps X X 0 X 0 0 Difflugia 33.33 0 0 0 0 0 Epistylis 0 0 X 0 X 0 Euplotes 0 0 X 0 2.17 0 Holteria 16.67 0 2.08 0 0 0 Ophrydium 0 0 X 0 0 0 Parodileptus 0 0 0 0 0 X Paramecium 16.67 0 33.33 X 6.52 X Podophrya 0 0 0 X 0 0 Spirostomum X 0 X 0 0 0 Stentor 0 0 0 0 X 0 Tokophrya 0 0 0 0 2.17 0 Urceolorio 0 0 X 0 0 0 Vorticella 16.67 0 1.04 X 63.04 0 15 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 GRUPOS ABRIL MAIO JUNHO Est. 1 — Est. 2 Est. 1 — Est. 2 Est. 1 — Est. 2 ROTIFERA Brochionus 0 0 X X X 0 Cephalodella X 0 0 0 X 0 Collotheco 0 0 0 28.57 0 0 Colurella 0 0 X 0 0 0 Diglena 0 0 X 0 0 0 Diplois 0 0 X 0 0 0 Elosa 0 0 0 0 0 16.67 Filinio 0 11. 1 1 0 X 0 X Keratella 16.67 X 9.38 14.29 10.87 16.67 Lecone X 0 0 0 X 0 Monostylo 0 0 X 0 0 0 Philodino X 0 0 0 0 0 Polyortho X 1 1. 1 1 13.54 14.29 4.35 66.67 Roto rio X 0 X X X 0 Synchoeta 0 0 0 0 0 X Trichocerco 0 66.66 0 X 0 X COPEPODA Colonoida 0 X X X 0 X Nouplius 0 X 39.58 28.57 0 X Cyclopidoe X 1 1.1 1 1 X X X X CLADOCERA Dophinidae 0 X X 14.29 0 X NEMATODA 0 0 0 0 2.17 • 0 ANNELIDA Aeolosoma 0 0 0 0 2.17 0 Stylorio 0 0 0 0 X 0 DIPTERA Pentaneura 0 0 0 0 2.17 0 TURBELLARIA 0 0 0 X X 0 16 ANÁLISE PRELIMINAR DE PLÂNCTON DA REPRESA DA PAMPULHA TABELA 05 - ZOOPLANCTON COMPARATIVO PERCENTUAL DE GRANDES GRUPOS. GRUPOS ABRIL Est. 1 — Est. 2 MAIO Est. 1 — Est. 2 JUNHO Est. 1 — Est. 2 PROTOZOA 83.31 X 37.49 X 80.41 X ROTIFERA 16.67 88.88 22.91 57.15 15.22 100.00 CLADOCERA 0 X X 14.29 0 X COPEPODA X 1 T .1 1 39.58 28.57 X X NEMATODA 0 0 0 0 2.17 0 AN ELUDA 0 0 0 0 2.17 0 TURBELLARIA 0 0 0 X X 0 SOMA 99.98 1 1 1 .10 60.40 100.01 95.63 100.00 TABELA 06 - ZOOPLANCTON ORGANISMOS PREDOMINANTES POR GENERO EM CADA GRANDE GRUPO, POR ESTAÇÃO. GRUPOS ABRIL MAIO JUNHO Est. 1 — Est. 2 Est. 1 — Est. 2 Est. 1 — Est. 2 PROTOZOA Difflugio 33.33 0 0 0 0 0 Paramecium 16.67 0 33.33 X 6.52 X Vorticella 16.67 0 1.04 X 63.04 0 ROTIFERA TricFiocerco 0 66.66 0 X 0 X Keratello 16.67 X 9.38 14.29 10.87 16.67 Collotheco 0 0 0 28.57 0 0 PolyartFia X 11.11 13.54 14.29 4.35 66.67 COPEPODA Cyclopidoe X 11.11 X X X X Nouplius 0 X 39.58 28.57 0 X CLADOCERA DapFiinidoe 0 X X 14.29 0 X NEMATODA 0 0 0 0 2.17 0 17 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 COMENTÁRIO CYANOPHYTA: O gênero Oscillatoria predomina na estação 1. No mês de abril, havia floração com muitas placas. CHRYSOPHYTA: Os organismos de maior presença foram os dos gêneros Fragillaria, Cryptomonas e Dinobryon. Fragillaria pre- dominou na estação 1, enquanto Cryptomonas se apresentou irre- gularmente nas duas estações. Dinobryon, embora não predomi- nasse, estava presente em todas as coletas, e com grande aumento no mês de junho, em ambas as estações. Os organismos do gênero Nitzschia apareceram em quatro estações, só apresentando nú- mero significativo na estação 1, em maio e junho. CHLOROPHYTA: Os organismos do gênero Coellastrum apa- recem em quatro das seis coletas, bem representados tanto na estação 2, de águas claras, como na estação 1, de águas mais turvas e ricas de nutrientes. Os organismos do gênero Ankistrode- mus estavam presentes em cinco das seis coletas, bem represen- tados em ambas as estações, e em maio, predominantes, respon- dem por quase o total de clorófitas encontradas. Esta ocorrência maciça de Ankistrodemus neste mês, foi observada em outras águas da região e também em aquários de laboratório. Os orga- nismos do gênero Ourococcus só apareceram na estação 2 e somente no mês de junho. Os organismos do gênero Chlamydo- monas só apresentaram número representativo na estação 1, em abril e junho. EUGLENOPHYTA: Os organismos do gênero Trachelomonas e Strobomonas estão representados em três das seis coletas, com predominância marcada na estação 1. Os organismos do gênero Euglena, representados em todas as coletas, também apareceram em maior número na estação 1. PYRROPHYTA: Os organismos do gênero Goniaulax estavam presentes em todas as coletas e os de Gymnodiniym somente re- presentados na estação 1. 18 ANÁLISE PRELIMINAR DE PLÂNCTON DA REPRESA DA PAMPULHA COMENTÁRIO (continuação) A diferença de composição qualitativa a nível de gêneros é evidente entre as estações I e 2. A estação 1 apresenta cerca de 15% a mais de número de gêneros em relação à estação 2, no fitoplâncton, enquanto o zooplancton apresentou cerca de 79% a mais na estação 1 em relação à 2. Como se observa, a variedade de organismos é menor nas águas mais claras e mais profundas e maior nas águas turvas, com dejetos aparentes e menor profun- didade da estação 1 . Em termos quantitativos, o número de organismos do fito- plâncton é cerca de três vezes superior na estação 1. No zooplanc- ton a diferença mais expressiva é de Protozoa, de número insigni- ficante na estação 2, e alcançando, dentro do zooplancton, o percentual de 66,34% na estação 1. Os Rotifera predominam nas águas limpas da estação 2, com 81,71% para 54,80% na estação 1. Copepoda só é representativo na estação 2, com 13,22%, o mesmo ocorrendo com Cladocera, com 4,76%, sendo inexpressivos na estação 1. As grandes diferenças globais de organismos da estação 1 e 2 ficam com Cyanophyta — Euglenophyta no fitoplâncton e Protozoa no zooplancton, como se pode verificar nas tabelas. Como as coletas abrangem apenas um período de três meses, sem grandes variações estacionais, não há condições de estabele- cer parâmetros para outros estudos. A pretensão é dar continuida- de ao trabalho, de modo a se efetuar um ciclo anual de coletas, para se ter em mãos um relatório básico de consulta e referência para trabalhos mais abrangentes. BIBLIOGRAFIA BICUDO, C.E.M. et R.M.T., Algas de Águas Continentais Brasileiras, São Paulo, FUMBEC, 1970. BOURRELLY, P., Les Algues d'Eau Douce. Edition N. Boubée & Cie. Paris, 1972, vols. 1, 2, 3. ENGLER, A. Syllabus Der Pflanzenfamilien, I. BAND: — Schmit, E. W., Cyanophyta — Beger, H., Euglenophyta, Chlorophyta, Charophyta — Melchior, H. Pyrrophyta — Krieger, W. Chrysophyta 19 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 BIBLIOGRAFIA (continuação) Gebruder Borntrager. Berlim-Nikolassee, 1954. PRESCOTT, G. E. Algae of the Western Great Lakes Area. W.M.C. Company Publischers. Dubuque, lowa. 1951. ROUND, F. E. The Biology of the Algae, Edward Arnold (Publishers) LTD. London, 1965. SMITH, G .M. The Fresh Water Algae of Uniteçl States, 2? edição, Mc Grawn Hill Book Company, Inc. New York, 1951. 20 Nova espécie de Lavoisiera (Melastomaceae) de Minas Gerais J. L. Pedersoli* RESUMO O presente trabalho apresenta a descrição de uma nova espécie do gênero Lavoisiera DC. A espécie recebeu o nome de Lavoisiera adamantium Mell. Barr. ex Pedersoli e pertence à secção Carinatae DC. Foi coletada em Diamantina, Minas Gerais, Brasil. SUMMARY A new species of the genus Lavoisiera DC. from Diamantina, State of Minas Gerais, Brazil is described. The species has been named Lavoisiera adamantium Mell. Barr. ex Pedersoli and referred to the sect. Carinatae DC. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é descrever mais uma das espécies criadas por Mello Barreto e não descritas. DESCRIÇÃO Lavoisiera adamantium — Mell. Barr. ex Pedersoli Suffrutex circiter 50 cm altus dichotomo. Rami teretes articulatique, inferne denudati cicatrisati, superne foliosi. Folia plana, glabra sessilia, margine integerrima, ovata vel ovato-oblonga, apice acuta, inter- nodiis 2 — ■ pio longiora, rigidiuscula, 9-7 mm longa, 2-5 mm lata; nervo médio crassiusculo subtus satis prominente. Calix glaber tubo 5-6 mm longo, in medio 5 mm latus ad apicem leviter * Prof. do Departamento de Botânica - ICB - UFMG 21 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 dilatatus, 7-9 mm latus; segmenta erecta, 2-3 mm longa, 2 mm lata, tubo paulo longiora. Flores solitarii, terminales 8-meri, pétala violacea inaegualiter obovata, apice rotundata truncataque basi breviter unguiculata, margine integerrima, 1,5 cm longa. Stamina 12 filamentis flexuosis, glabris, 3-8 mm longis, antherae oblongo- cylindricae 3-4 mm longae, 1 mm latae connectivum arcuatum, infra loculos 7 mm long. productum, ultra insertionem filamenti porrectum; apendix leviter incrassata. Ovarium liberum, 6-loculare, 3 mm longum. Stylus glaber filiformis 6-9 mm longus, apex trun- catus. Typus: Brasil. Minas Gerais: Açude próximo à Diamantina, 11 de novembro de 1937 — Mello Barreto — 9.373 HOLOTYPUS: BHMH — 22.136 Arbusto dicotômico com cerca de 50 cm de altura. Ramos cilíndricos, eretos com a base desnuda e folhoso apenas nos ápices. Folhas sésseis, rígidas, glabras, com margem inteira, pla- nas e ovais ou ovais oblongas com ápice agudo e imbricadas em quatro direções. Lâmina foliar com 9-7 mm de comprimento por 6-5 mm de largura, duas vezes maiores que os entre-nós e com a nervura central proeminente. Cálice glabro com tubo alargado sem pedúnculo e com 5-6 mm de comprimento por 5 mm de largura na região mediana e ápice dilatado com 7-9 mm de largu- ra. Dentes do cálice irregulares com 8 segmentos triangulares obtusos eretos persistentes com até 3 mm de comprimento por 2 mm de largura e menores que o tubo do cálice. Flores isoladas, terminais, com oito pétalas violáceas assimetricamente obovadas de ápice arredondado-truncado e base estreita e curtamente un- guiculada. Pétalas de margem inteira com até 1,5 cm de compri- mento por 1 mm de largura na base e até 1 cm no ápice. Estames ,16 com filetes flexuosos, filiformes glabros com 3-8 mm de com- primento; anteras oblongas, com 3-4 mm de comprimento por 1 mm de largura e ápice amarelo apendiculado; conectivo infra- locular arqueado e prolongado até 7 mm abaixo das tecas e até 2 mm além da inserção do filete; apêndice ventral dilatado. Ovário globoso, glabro livre 6-locular com 3 mm de comprimento. Estilete glabro, filiforme reto com 6-9 mm de comprimento; estigma trun- cado. 22 NOVA ESPÉCIE DE LAVO I SI ERA (Melastomaceae) de Minas Gerais Lavoisiera adamantium pertence à secção Carinatae por apresentar folhas glabras, não ciliadas, carenadas e não planas. Assemelha-se a L humilis pelo tamanho dos dentes do cálice e difere, entre outras características pela forma dos dentes do cálice e pelo número de pétalas. BIBLIOGRAFIA Candolle, A. 1828 — - Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis Vol. III. Cogniaux, A. 1883 — Melastomataceae in Martius Flora Brasiliensis, 14 (3): 136-164. Mello Barreto, H. L. — Lavoisieras da Serra do Cipó — Boletim da Estação Experimental da Agricultura de Belo Horizonte — vol. 1: 18-22. 1924. — Ensaio de Aplicação do Methodo de Typos ao estudo do gênero Lavoisiera, na espécie PULCHERRIMA, DC. Ann. da Acad. Bras. Cienc., t. VII, n. 2: 185-190. 1935. - — Resultado de excursões na Serra do Cipó no Estado de Minas Gerais, Arch. Inst. Biol. Veget., vol 2, n. 1: 8-11. 1935. — Quatro Lavoisieras novas — Boletim do Museu Nacional — vol. XII n. 1: 57-72. — Regiões Fitogeográficas de Minas Gerais, Departamento Geográfico do Estado de Minas Gerais, Boi. 4: 1-80. 1942. 23 ORÉADES Vol. 07 N° 12/13 Fotografia do holotipo de Lavoisiera adamantium — Mell. Barr. depositado no herbário do Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais. 24 Nova espécie de Lavoisiera (Melastomaceae) de Minas Gerais J. L. Pedersoli* RESUMO Este trabalho apresenta a descrição de uma nova espécie do gênero Lavoisiera DC. A espécie é Lavoisiera vernicosa — Meli. Barr. ex Pedersoli, referida para a secção Gentianoideae — DC e foi coletada na Serra do Cipó, Estado de Minas Gerais, Brasil. SUMMARY A new species of the genus Lavoisiera DC. from Serra do Cipó, Minas Gerais, Brazil, is described. The species has been named Lavoisiera vernicosa Mell. Barr. ex Pedersoli and referred to the sect. Gentianoideae — DC (1828). INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo descrever mais uma espécie de Lavoisiera, criada por Mello Barreto, e não descrita. DESCRIÇÃO Lavoisiera vernicosa — Mell. Barr. ex Pedersoli. Suffrutex; circiter 0,40 m altus dichotomos. Rami leviter tetra- goni, inferne denudati et obducti, superne foliosi. Folia plana glabra sessilia, margine serrulata, vernicosa, 1,4-1, 8 cm longa, 1,2 cm lata, ápice obtuso. Calix campanulatus, glaber rostratus in ápice inferno, pedunculatus, 4,5 mm longus, ad médium 3 mm latus, ad apicem leviter dilatatus, 5 mm latus; dentes calicis sex seg- * Prof. do Departamento de Botânica - ICB - UFMG 25 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 mentis obductis triangulis, erectis, 5 mm altis, aequis longioribus tubo. Flores agregati terminales et axillares; 6 pétala violacea inaequaliter obovata, ápice rotundato et truncato basis cuneata 1,4 cm longa 0,5-0, 7 cm lata. Stamina 12 filamentis flexuosis, glabris, 5 mm longis; antherae oblongo-cylindricae, ápice longe, flavo apendiculatae 4 mm longae; conectivum arcuatum, infra loculo 5 mm longi productum ultra insercionem filamenti porrec- tum; apendix leviter incrassata. Ovarium liberum ovoide-oblongum. Stylus filifomis, glaber, 8-9 mm longus. TYPUS: Brazil. Minas Gerais: Serra do Cipó, 13 de agosto de 1933, Mello Barreto, 325. HOLOTYPUS BHMH 6.519. Herva com cerca de 0,40 m de altura com ramos eretos dicotômicos, delgados, vernicosos, glabros e levemente tetrago- nais; desnudos na parte inferior e folhosos nos ápices. Folhas sésseis levementes ovaladas de ápice obtuso, glabras, vernicosas e serreadas. Lâmina foliar com 1,4-1, 8 cm de comprimento por 1,2 cm de largura com 3-5 nervuras. Cálice campanulado, glabro com ápice inferior terminando em ponta, pedunculado com 4-5 mm de comprimento por 3 mm na região mediana e ápice dilatado com 5 mm. Dentes do cálice com seis segmentos triangulares terminando em ponta, eretos, persistentes com 5 mm de compri- mento e iguais ou maiores que o tubo do cálice. Flores agregadas, terminais e axilares com 6 pétalas violáceas de margem inteira com 5 nervuras e assimetricamente obovadas, com ápice arredon- dado e truncado; base cuneiforme com 1,4 cm de comprimento por 0,5-07 cm de largura. Estames 12 com filetes flexuosos, gla- bros com 5 mm de comprimento; anteras vermelhas com 4 mm de comprimento. O fruto não foi visto. Lavoisiera vernicosa pertence à secção Gentianoideae por apresentar folhas planas e glabras. Assemelha-se a L glutinosa pelo habitus e folhas glutinosas e difere principalmente pela forma dos dentes do cálice, pela forma das folhas e pela borda das mesmas. 26 NOVA ESPÉCIE DE LAVQISIERA (Melastomaceae) de Minas Gerais BIBLIOGRAFIA Candolle, A. — Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis Vol. III — 1828. Cogniaux, A. — Melastomataceae in Martius Flora Brasiliensis, 14 (3): 136-184, Tab. 31-38 — 1883. Mello Barreto, H.L. — Lavoisieras da Serra do Cipó — Boletim da Estação Experimental da Agricultura de Belo Horizonte — vol. 1: 18-22 — 1824. — Ensaio de Aplicação do Methodo de Typos ao estudo do gênero Lavoisiera, na espécie PULCHERRIMA, DC., Ann. da Acad. Brasileira de Ciências, t. VII, n. 2: 185-190. — 1935. - — Resultado de excursões na Serra do Cipó no Estado de Minas Gerais, Arch. Inst. Biol. Veget., vol. 2, n. 1:8-11. — 1935. - — Quatro Lavoisieras novas — Boletim do Museu Nacional — vol. XII n. 1: 57-72. — 1936. — Regiões Fitogeográficas de Minas Gerais, Departamento Geográfico do Estado de Minas Gerais, Boi. 4: 1-80. — 1942. 27 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 Fotografia do holotipo de Lavoisiera Vernicosa Mell. Barr. ex Pedersoli depositado no herbário do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais. 28 Estudo Botânico de Isotoma Longiflora (willd) Presl José Maurício Ferrari * Telma Sueli Mesquita Grandi * Tales Heliodoro Viana ** RESUMO A espécie Isotoma longiflora (Willd) Presl. pertence à família Campanulaceae, sendo encontrada expontaneamente no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Suas estruturas características foram descritas assim como seu estudo palinológico. SUMMARY The specie isotoma longiflora (Willd) Presl. belongs to the family Campanulaceae and is founded spontaneously on Brasil specially on the State of Minas Gerais. It’s caracteristic structures were described as it’s palinological study. INTRODUÇÃO Essa planta conhecida vulgarmente como arrebenta-boi, ar- rebenta-cavalo, cega-olho, mata-vaca, jasmim da Itália e, nas Antilhas de onde é originada, rebenta-cavalo, é uma planta extre- mamente venenosa para homens e animais. No Brasil é encontrada nos terrenos úmidos, próximos a pequenos riachos e entre gretas de muros nos litorais e em Minas Gerais, em muitos municípios, principalmente em Mariana e Ouro Preto. Popularmente é usada como anti-sifilítica e sobretudo como * Professores de Botânica da UFMG ** Estagiário do Departamento de Botânica da UFMG 29 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 anti-asmática, porém de uso perigosíssimo, pois segundo Burkill (1935) e Allen (1943) seu látex é Cáustico provocando irritação nos olhos e queimadura na boca e aparelho digestivo. Hoehne (1939) relata que os animais, pastando, podem ser vítimas, e sofrerão maiores danos se ingerirem as folhas com outras forra- gens no meio das quais ela exista. Roques (1959) isolou um alcaloide denominado isotomina que provoca parada cardíaca. Souder (1963) notou que pode causar cegueira e Phillips (1967) relata irritação de jardineiros na Inglaterra. Schvartsman (1979) observou lesões de mucosa ocular e digestiva, náuseas e vômitos. Devido à sua grande toxicidade e ao uso popular dessa planta como medicinal, seu estudo mais apurado é importante para o esclarecimento da população e para posteriores trabalhos de fitoquímica. DESCRIÇÃO Planta herbácea, vivaz, latescente, chegando até a 50 cm de altura. Raízes espessas, ramificadas, brancacentas, sinuosas. Caule verde, cilíndrico, tipo haste, provido de 5 pequenas saliên- cias aladas, mais ou menos resistentes e ligeiramente recurvado nas extremidades. Folhas incompletas, simples, sésseis, lanceo- ladas, alternas, verdes, com pêlos curtos em ambas as faces, porém mais concentrados sobre as nervuras. As bordas são den- teadas, em número de 6 a 8, com a extremidade esbranquiçada e curva. A nervura principal é branca, saliente e as demais pouco nítidas, porém anastomosadas. As folhas da base com 8-10 cm de comprimento e as do ápice com 12 a 15 cm. As flores são completas, alvas, diclamídeas, heteroclamídeas, bixessuadas, ligeiramente zigomorfas, curtamente pedunculadas e axilares. Cálice pentâmero, aderente ao ovário, dialissépalo regular, perígino, verde, piloso e pectinado, invólucro globuloso, verde, irregular com 10 ou mais sulcos e piloso. Corola pentâ- mera gamopétala, alva, asteriforme, irregular, valvar, pilosa exter- namente e com longo tubo estreito e piloso, ligeiramente recurva- do, com 8 a 10 cm de comprimento. Estames 5, sinantéreos, irregulares, epipétalos, isostêmones, anteras unidas, amarela-es- verdeadas, ligeiramente curvas, providas de pêlos brancos e api- 30 ESTUDO BOTÂNICO DE ISOTOMA LONGIFLORA (WILLD) PRESL cais, ditecas e rimosas, pólen branco-amarelado, conectivo mais ou menos giboso, coclear, branco; filetes longos, brancos, pilosos, presos na parte mediana do tubo da corola. Estigmas 2, esver- deados, laterais do mesmo comprimento do tubo corolino, terminal. Ovário infero, bilocular, alongado, irregular, pluriovulado, de pia* centação central e angular. Fruto simples, seco, deiscente, cápsula bivalva; sementes numerosas, pretas, elípticas, lisas e com nume- rosas pontuações brancas. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados materiais do herbário BHCB de número 193 proveniente de Lagoa Santa e exemplares de Ouro Preto e cultivados no hortus do Departamento de Botânica da UFMG, que foram depositados no herbário BFiCB sob os números 2257 e 2451. FIXAÇAO, CORTES E CORANTE O material foi fixado em F.A.A. (Johansen, 1940). Os cortes foram obtidos à mão livre pois o material é macio e permite sua visualização sem técnicas mais sofisticadas. Nos cortes de órgãos achatados usamos a inclusão em medula de embaúba (Cecropia sp.). O corante utilizado foi uma solução a 1% de azul de tolui- dina, produzindo a tríplice coloração e a percepção de particu- laridades e depósito nas paredes celulares sem prejuízo das estruturas. MENSURAÇAO As medidas nos cortes histológicos foram obtidas através de 1 micrômetro ocular e 1 micrômetro objetivo para a determi- nação do coeficiente ótico do microscópio. O microscópio Leitz Vasconcelos n9 908033 apresentou coeficiente ótico 1,6 para uma objetiva de 10 x, correspondendo a 16u para cada divisão do micrômetro ocular 8 x, de marca Zeiss. Todas as contagens foram feitas em 20 campos microscópicos. A estrutura do grão de pólen foi estudada em um microscópio Meopta e as medidas foram feitas em uma micrométrica de tambor giratório Zeiss. Nas fotografias foram usados filmes Kodak 31 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 Plus X, 135-20,100 Asa e um microscópio NU2 da Zeiss. O método aplicado foi a acetólise, Erdtman (1952) e as lâminas montadas para os cálculos estatísticos respeitando-se o prazo de uma semana. RESULTADOS Estrutura da Raiz Foram feitos cortes transversais em raízes de diversas espes- suras. A estrutura primária apresenta diferenças da secundária essencialmente na córtex, pois as mais delgadas raízes possuem câmbio no cilindro vascular. Logo abaixo da região suberosa ou da epiderme, conforme seja a estrutura, aparece uma camada de aerênquima que é constituído por espaços lacunares cercado por células pequenas. A presença de aerênquima demonstra o habitat da planta em regiões úmidas ou pantanosas. Mais internamente aparece um parênquima de células poliédricas entre 32 a 48u na parede anticlinal e 16 a 32u na parede periclinal. Essas células tem suas paredes celulósicas delgadas. A endoderme não tem espessamento de Caspary e o lenho não ocupa toda a parte central, deixando ver a medula formada por células poligonais com a presença de alguns canais laticíferos. Na região do liber ou floema temos a maior concentração dos canais laticíferos. Os vasos crivados tem diâmetro diminuto. Figuras 1 e 2. ESTRUTURA DO CAULE O caule possui uma epiderme de células pequenas e irregu- lares com depósito de celulose relativamente espesso nas paredes, na estrutura primária sendo substituído pelo suber nas estruturas secundárias. Abaixo da epiderme ou do suber aparece o colên- quima anguloso ou perfurado com geralmente 3 camadas de células sendo seguido de um parênquima clorofiliano de várias camadas de células. Essas células de formato poliédrico tem em seu maior diâmetro de 32 a 112u. A bainha amilífera possui uma medida uniforme na parede periclinal de 32 e variável na anticlinal de 48 a 80u, o que facilita sua identificação e a passagem da estrutura do córtex. Além disso possui amido que é facilmente 32 ESTUDO BOTÂNICO DE ISOTOMA LONGIFLORA (WILLD) PRESL identificado pelo lugol. As células do periciclo alternam com a da bainha amilífera e tem as paredes irregulares. Nessa região entre a bainha amilífera e o liber percebemos grande quantidade de canais laticíferos e quando fazemos o corte o látex flui abun- dantemente nessa região. O liber apresenta muitas fibras e suas células assim como as da raiz tem um diâmetro muito pequeno. O lenho possui grande quantidade de vasos perfeitos e imperfeitos predominando o pontuado e o espiralado sobre os demais. As pontuações são simples, com paredes oblíquas. O cilindro vascu- lar não tem cavidade central sendo o mesmo preenchido pelo parênquima medular, de várias camadas de células. O feixe é colateral e os raios medulares multisseriados como na raiz. Não foram observados cristais. Figura 3. ANATOMIA FOLIAR A epiderme abaxial é formada por paredes onduladas e unisseriada com 16u na parede anticlinal e 32u na periclinal. Os estornas muito freqüentes são do tipo anomocítico e quase sem- pre contornado por quatro células epidérmicas. Os estômatos possuem cloroplastos e não possuem amido. São ligeiramente salientes demonstrando mais uma vez o caráter de hidromorfismo os canais laticíferos estão presentes em menor quantidade. A epiderme adaxial é muito semelhante à abaxial possuindo porém estômatos em menor número e tricomas em maior númerq. Suas paredes são mais onduladas. Figura 4. Os tricomas são em pequeno número quase sempre sobre as nervuras. Foram encontrados pêlos pluricelulares (Figura 5a.) e unicelulares (Figura 5b) e medem de 80 a 160u de compri- mento e 48u de espessura. A nervura possui uma epiderme unisseriada e um colênquima de 3 camadas de células. Logo abaixo do colênquima podemos distinguir um parênquima de células irregulares de várias camadas de células. O arco vascular é semi-aberto, encontrando nele a presença de estrutura secundária, pois o câmbio é bem desenvol- vido. Na nervura estão presentes os canais laticíferos e na epider- me adaxial os pêlos ou tricomas. (Figura 6). A lâmina tem mesofilo heterogêneo assimétrico classificando-se o órgão como dorsi-ven- tral, o paliçadico pode ter duas ou mais camadas de células assim como o parênquima clorofiliano esponjoso. (Figura 7). 33 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 PALINOLOGIA Descrição Monade, isopolar, tricolporado, sub-prolato em VE; Ambitus circular, reticulado heterobrochado, vista preferencial Equatorial. Aberturas Colpus longo e aberto com exceção na região oral onde sofre constricção, margem presente no colpus formado por dobra da exina na área. Ós somente visível em corte óptico equatorial; índice da área polar «Média». Exina Exina mais grossa no equador que no pólo, sexina com tectum parcial liso, no equador os murículos podem ser simpli ou dupli-baculados; na região do pólo as báculas são mais finas e mais curtas em corte óptico e indistintas em L.O., sendo o retículo mais fino. Lúmem com presença de grânulo mais largo que alto, sendo um, em cada lúmem. Sexina mais grossa que Nexina. Malha visível a partir de 450 X, no Equador, e 600 X no pólo. DIMENSÕES Range x + Sx -3 V% Polar 48,4 40,5 44,7 + 0,4 1,9 4,3 Equatorial 40,3 32,4 36,1 + 0,1 3,2 8,9 Equatorial diameter in polar view 50,2 38,2 42,2 + 0,3 6,7 8,9 Comp. 34,9 27,5 31,4 + 0,09 2,4 7,5 Colpus Larg. 4,5 2,1 0,3 + 0,3 0,8 24,1 Polo X Equador x Exina 1,9 2,5 Sexina 1,0 1,5 Nexina 0,7 1,0 IAP x 0,35 P/E 1,23 34 ESTUDO BOTÂNICO DE ISOTOMA LONGI FLORA (WILLD) PRESL FIGURA 8 — Grão em VE. Note-se constricção na Região do Os e dobra das margens do Colpus. (Imersão). FIGURA 9 — Grão em VE. Corte ótico da Exina mostrando-se sua estru- tura. (Imersão). FIGURA 10 — Grão em UP. Note-se diminuição do tamanho das malhas do retículo. (Imersão). FIGURA 11 — Grão em VE. Vista do Colpus em profundidade. (Imersão). FIGURA 12 — Grão em VE. Note-se os Murículos do Retículo e grânulos dentro dos retículos. (Imersão). DISCUSSÃO Poucos são os trabalhos anatômicos e palinológicos sobre as Campanuláceas. Entretanto essa família está muito próxima às Lobeliáceas e refletem isso em sua similaridade anatômica (Metcalfe & Chalk, 1965). Os canais laticíferos de ambas as famí- lias, em suas espécies herbáceas, são complexos e predominam no floema. Outra particularidade encontrada no presente trabalho foi a córtex lacunar, relatada para a espécie Lobelia Dortmanna Linn (Armand, 1912) e até hoje não relatada em Campanuláceas. Quanto aos pêlos ou tricomas nos trabalhos sobre o gênero Isotoma só encontramos os unicelulares e essa espécie apresenta também pluricelulares. Sugerimos trabalhos mais apurados sobre fitoquí- mica dessa espécie assim também como trabalhos comparativos sobre a palinogia de Campanuláceas e Lobeliáceas. AGRADECIMENTOS À Pascale Prous pela cessão do Laboratório de Palinologia e apoio. Ao Dr. Urias Cavenagli pela cessão do Microscópio NUZ da Fundação Ezequiel Dias. Ao Professor Wilson Raymundo Camargos D’Assumpção pelas sugestões. À Idbas L. Veloso pelas ilustrações. 35 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 BIBLIOGRAFIA Allen, P.H. Poisonous and injurious Plants of Panama. Am. J. Trop. Med. 23 (suppl.) 3-76, 1943. Barth, O. M. Glossário Palinológico. Mem. do Inst. Oswaldo Cruz. 63: Fase. único, 1965. Burkill, I. H. A dictionary of the Economic Products of the Malay Península. London. Crown Agents for the Colonies, 1935. Apud Mitchell, J. & Rook, A. Botanical Dermatology. Vancouver. Greengrass, 1979. Corrêa, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas culti- vadas. Vol. I. Rio de Janeiro. Imprensa Nacional, 1926. pg. 172. Granwel, L. M. New Zeland Pollen studies. Vol. I. Key to the pollen grains of families and genera in the native flora. Rec. anckland Inst. Mus. 2; 280-308, 1942. Erdtman. Pollen morphology and taxonomy-Angiosperm. Stockholm. Almquist & Wiksell. Ilust. 1952. Esau, K. Anatomia das plantas com sementes, 2? edição. Tradução Berta Lange Morretas. São Paulo. Ilust. 1974. Freise, F. W. 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Tome XIII, Supl. 2. 36 ESTUDO BOTÂNICO DE ISOTOMA LONGIFLQRA (WILLD) PRESL Fig. 1 Corte transversa! da raiz Fig. 2 Corte transversal do cilindro vascular da raiz secundária 37 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 Fig. 3 Corte transversal da raiz a) Córtex b) Cilindro vascular Fig. 4 Corte Paradérmico da epiderme abaxial 38 100/ ESTUDO BOTÂNICO DE ISOTOMA LONGI FLORA (WILLD) PRESL Fig. 5a e bb Pelos Fig. 6 Corte transversal do pecíolo Fig. 7 Corte transversal do limbo 39 ORÉADES Vol. 07 N* 12/13 40 Anatomia das Plantas dos Cerrados de Minas Gerais + Qualea grandiflora Mart Wilson R. C. d'Assumpção * RESUMO No presente trabalho apresentamos os dados anatômicos da lâmina foliar e pecíolo de Q. grandiflora Mart., uma das espécies dominantes na área de Cerrado da Fazenda Santa Rita, em Pru- dente de Morais/MG. SUMMARY At the presente paper we are showing the anatomic dates of the foliar limb and petiole of Q. grandiflora Mart., one of the dominant specia, in Fazenda Santa Rita’s savanah area, in Pruden- te de Morais/MG. INTRODUÇÃO Dentro do projeto «Anatomia das Plantas dos Cerrados de Minas Gerais», realizamos o estudo da anatomia foliar de Qualea grandiflora Mart., uma árvore alta e muito comum na área de Cerrado da Fazenda Santa Rita, localizada no município de Pru- dente de Morais. Segundo Rizzini ela é uma das árvores, caracte- rísticas dominantes do cerradão, em Minas e Goiás. CARACTERÍSTICAS DA ESPÉCIE Qualea grandiflora Mart., pertence à família Vochysiaceae, tendo um tronco com, aproximadamente, 3 m de altura. Sua casca é grossa, suberosa, com uma espessura de 1 cm. A lâmina * Prof. Adjunto do Dep. de Botânica do ICB/UFMG. 41 ORÉADES Vol. 07 W 12/13 foliar é oblonga, cinéreopubescente, com o comprimento alcan- çando 16 cm, a largura máxima de 6,5 cm e a mínima de 3 cm. 0 pecíolo apresenta um comprimento máximo de 15 cm e um mínimo de 5 cm. Sua espessura máxima é de 3 mm. MATERIAL E MÉTODOS Foi utilizado material vivo fixado em FAA por 48 horas. Os cortes paradérmicos da lâmina foliar foram corados com safra- nina e os transversais do peciolo e lâmina foliar, com azul de toluidina. A diafanização foliar foi feita com o emprego do NaOH, segundo Handro e Alencastro. RESULTADOS Folha dorsiventral, hipostomática 1. EPIDERME ADAXIAL — Corte paradérmico (Fig. 1). — Células poligonais, com espaços intercelulares. — Ausência de pêlos e estômatos. 2. EPIDERME ABAXIAL — Corte paradérmico (Fig. 2). — Células prismáticas, irregulares — Infinidade de estômatos anomocíticos, quase sempre em grupos de 2. — Pêlos simples, unicelulares, com paredes espessas (Fig. 3). 3. LÂMINA FOLIAR — Corte transversal (Fig. 4). — Epiderme adaxial mucilaginosa - — Hipoderme — Parênquima paliçadico com 3 camadas de células — Parênquima lacunoso com 2 a 3 camadas de células — Epiderme abaxial papilosa 4. NERVURA MÉDIA — Corte transversal (Fig. 5). — Epiderme unisseriada — Colênquima com 2 a 3 camadas de células — Parênquima cortical externo clorofilado — Parênquima cortical interno com células mucilaginosas — Arco vascular semi-aberto — Fibras esclerenquimáticas esparsas no parênquima medular — Células mucilaginosas no parênquima medular 42 ANATOMIA DAS PLANTAS DOS CERRADOS 5. PECÍOLO — Corte transversal (Fig. 6). — Epiderme unisseriada com pêlos — Colênquima com 5 camadas de células — Parênquima cortical com mucilagem — Arco vascular fechado — Parênquima medular com mucilagem AGRADECIMENTOS Agradecemos à Dra. Mitzi B. Ferreira pela identificação da espécie e a Idbas L. Veloso pelas ilustrações. BIBLIOGRAFIA 1. RIZZINI, C. T. A flora do cerrado. Simpósio sobre o Cerrado, Ed. Edgard Bluchner Ltda. e Edit. Univ. de São Paulo, SP, 107-152, 1972. 2 HERINGER, E. P.; BARROSO, G. M. Sucessão das espécies de cerrado em função do fogo, do cupim, do cultivo e da subsolagem. Anais do XIX Cong. Nac. de Bot., Fortaleza, CE, 133-139, 1968. 3 WARMING, E. e FERRI, M.G., Lagoa Santa e a Vegetação dos Cerrados Brasileiros. Editora da Universidade de São Paulo, SP, 1973, 362 pgs., 59 il. 4. HANDRO, W. Contribuição ao estudo da venação e anatomia foliar das Amarantaceas do Cerrado. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, 36:4-20, 56 figs., 1964. 5. METCALFE, C.R. and CHALK, L. Anatomy of the Dicotyledons, Oxford Clarendon Press, 2 vols. 1950. 43 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 ANATOMIA DAS PLANTAS DOS CERRADOS <ã\ \D 45 ORÉADES Vol. 07 N9 12/13 Fi n.6 46 ANATOMIA DAS PLANTAS DOS CERRADOS 47 Contribuição ao Conhecimento das Bombacaceas do Estado de Minas Gerais I Cavanillesia arbórea Schumann. Mitzi Brandão Ferreira * Wilson Raymundo Camargo d’Assumpção ** Derii Prudente Santana *** RESUMO No trabalho em quetão os autores apresentam informações sobre Cavanillesia arbórea Schumann, uma bombacácea brasileira que lembra o Boabá Africano. A espécie possue tronco caracterís- tico, com o formato de uma garrafa, alcançando 20-25 m de altura, por 3-4 de diâmetro. São fornecidos dados sobre o clima, solos, vegetação da região onde foi coletada, assim como, dados anatômicos de folha, peciolo, flor, pólen e madeira da espécie. SUMMARY A the present paper the authors present informations about Cavanillesia arbórea Schumann, a Brazilian Bombacaceae which resembles the african boabab. The species has a characteristc trunk with a bottle chapeand reaches 20-25 m high for 3-4 m of wide. There are mentioned dates about temperature, soils, vegeta- tion, so as anatomic dates of leave, petiole, flower, polen and wood. INTRODUÇÃO Aylthon Brandão Joly em seu livro «Conheça a Vegetação * Botânica da EPAMIG/MG ** Prof. do Depto. Botânica — ICB/UFMG *** Engenheiro Agrônomo da EPAMIG/MG 49 ORÉADES Vol. 07 N? 12/13 Brasileira», descreve muito bem a espécie, quando diz «Esta árvore, uma das de maior porte da Caatinga, embora bastante rara em certas regiões é, no entanto, de silhueta inconfundível. Seu enorme tronco grotescamente engrossado é encimado por curtos e desajeitados ramos que pelo seu tamanho pequeno, não pare- cem fazer parte da bojuda estrutura abaixo. 0 tronco grosso, como na paineira, contém muita água, em reserva». (Figs/ 1, 2, 3). Ao iniciarmos nossos estudos, sobre as Bombacáceas de Minas Gerais, achamos por bem, começarmos por tão curiosa árvore. Por outro lado, o «embaré» ou «barriguda lisa» é árvore padronizadora de solos de cultura na região norte de Minas Gerais, onde foi por nós coletada. HISTÓRICO Schumann (23) apresenta a descrição da espécie dando-a como ocorrendo na Caatinga baiana entre Salgado e Malhada. Mello Barreto, menciona sua presença para a província das «Hamadryades» de Martius. Segundo o autor «o embaré ou barriguda lisa é típica da região sertaneja, aparecendo no Vale do Rio Doce, onde há matas com fácies de Caatinga, talvez por ser o solo muito seco». Magnanini (16) se refere a área onde coletamos o material estudado, da seguinte maneira: «A extensa Mata da Jaíba que ocupava grandes áreas dos vales dos rios Gorutuba e Verde, ao norte de Montes Claros, constitui uma região florestal entre os cerrados ao sul e as caatingas ao norte, que a fecham em dois semicírculos, isolando-a em pleno vale do Alto Médio São Fran- cisco». Luetzelburg (15) comenta a respeito da espécie: «Tanto esta (C. arbórea Schumann) como aquela (Chorisia Crispiflora H.B.K.) formam bosques, especialmente na parte oeste da Bahia, entre Morão e Desidério e nos altos picos dos rios Brumado e Gavião». Renato Braga (3) apresenta uma descrição sucinta da espé- cie em seu livro, fazendo constar um diâmetro de 4 metros e mencionando-a como ocorrente nos sertões secos do Piauí e Bahia. Rizzini (20) em seu trabalho, informa-nos «A Caatinga não 50 CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DAS BQMBACÁCEAS revela possuir afinidades com a Hiléia, contudo, o gênero Cava- nillesia possue uma espécie em cada, porém, a da Caatinga (C. arbórea Schumann) é própria. também das florestas pluviais do Rio Doce», o que é confirmado mais tarde por Mendes Magalhães (18). Hueck (13) ao estudar as florestas da América do Sul, cita-a para o nordeste do Brasil. Ferreira e Mendes Magalhães (7) mencionam-na para a microrregião San Franciscana de Januária, onde a espécie ocorre- ria na mata caducifolia comportando-se como espécie gregária. LOCALIZAÇÃO A área onde foi colhida, situa-se na Grande Região Leste do Brasil e, na Divisão Regional do Estado de Minas Gerais, corres- ponde a zona do Alto-Médio São Francisco. Localiza-se precisa- mente entre os meridianos de 43? 30’ e 449 e 60’ a 0. de Greenwich e entre os paralelos 14? 30’ e 169 3 0’ de latitude Sul. CLIMA O clima, segundo Koppen, é do tipo Aw e, segundo Gaussen e Bonguols do tipo 4bTh (Galvão e Nimer, 9). O período chuvoso na região vai de Novembro até Abril, restando 6 meses de estio ou praticamente secos, de Maio. até Outubro, sendo este o período mais quente. Outubro é o mês de temperatura mais elevada e Julho o mês mais frio. As isotermas anuais situam-se próximas a 24, 4