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PAULO SUL 3 — 1950 SEP? 6 1950 ÁTIonaL MUSEUM PES CNECEAANDAE: Os insectos damninhos na Agricultura Pragas da Figueira cultivada (Ficus carica) Entre as numerosas plantas e arvores frutiferas in- troduzidas no Brazil a figueira cultivada é uma das que se acham em condições biologicas menos favora- veis. A cultura desta planta entre nós tem encontrado | embaraços em consequencia de alguns insectos inimi- sos, que propagando-se e contaminando-a aniquilam os pés pouco desenvolvidos e assim prejudicam muito as plantações bem organisadas concorrendo para diminuir o lucro que essa cultura poderia dar. A defesa da figueira contra insectos era assumpto já tratado por algumas vezes nos jornaes e revistas agronomicas, porém sempre de uma maneira incompleta. Não eram conhecidos os insectos damninhos, os seus costumes, as plantas indigenas, que servem como fonte permanente da contaminação, hospedando as pragas. Levados pelo interesse que poderá ter esta cultura no Brazil, cujo clima é bem favoravel à figueira, nos resolvemos estudar particularmente o assumpto. Temos estabelecido que as plantas indigenas que abrigam os insectos damninhos do Ficus carica, e que servem actualmente como fonte do contagio desta cul- tura, são as nossas figueiras do matto, genero Upusti- gma, que pertencem à familia das Artocarpeas que é a da Ficus carica, A o Sabe-se que no lugar da sua origem, mediterranea, a figueira cultivada não tem nenhum dos inimigos que encontra aqui. Todos elles provêm das nossas mattas e particular- mente das figueiras. | Uma conclusão muito importante, que podemos tirar deste facto, para proteger as culturas do Ficus carica, é a destruição das figueiras bravas nas visi- nhanças das plantações. Estamos convencidos que tomando as precauções e as medidas necessarias, que indicamos, as pragas po- derão ser aniquiladas ou reduzidas de maneira que os cuidados posteriores serão muito menos dispendiosos e o lucro da producção, por conseguinte, será augmen- tado. BUPRESTIDAE Colobogaster quadridentata Fabr. (Colobogaster cyanitarsis, G.) Os estragos que a larva deste insecto occasiona na figueira cultivada, foram objecto da attenção, por mais de uma vez, de alguns auctores, porêm só era conhecida a larva. Interessados pelos prejuizos que es- te insecto occasiona criamol-o e completamos as obser- vações sobre a sua biologia. Podemos dizer sem exageração que os estragos causados por este insecto são tão graves que a figuei- ra não póde existir entre nós sem ser protegida pelo homem: no paiz da sua origem esta planta é indemne da praga, o insecto é natural da America do Sul e pas- sou para à planta introduzida. Partindo deste princípio era necessario conhecer as plantas indigenas que são hospedes constantes do insecto. O interesse pratico é o seguinte: as figueiras bravas será sempre atacada nos logares em que existirem arvores que hospedarn o insec- to. Estas arvores serão a fonte permanente da infee- ção. Em mnossas observações verificamos o seguinte: As figueiras bravas, as figueiras do matto (genero Urus- tigma), servem como hospede ao insecto. Differentes es- pecies destas arvores são atacadas. Notamos os estragos nas mattas, nas capoeiras, nas cidades onde geralmente as figueiras bravas estão num estado lamentavel por causa deste insecto: como por x = e exemplo, na Avenida dos Fazendeiros, Jardim da Mi- sericordia, em Campinas e nos jardins e passeios pu- blicos do Rio de Janeiro. A biologia do insecto é a seguinte: a femea depo- sita o ovo na casca, na extremidade do galho ou qual- quer parte do tronco, durante os mezes de Novembro Dezembro, Janeiro e Fevereiro. As larvas que nascem descem progressi- vamente, comendo õ sob a casca a ca- mada vegetativa do tronco numa certa - largura que vae | crescendo. À casca per- manece respeitada. A serradura está tapada geralmente atraz da larva do “canal e em parte apparece fóra da casca sahindo pelas fendas sob a pres- são que a larva exerce no canal. Ea! CE Esta serradura na É: casca e a humidade a! que se percebe fre- 4 quentemente, reve- += lam a existencia o a] E = E eU 5 tg ê E] da broca, e o lozar Z | della. A parte fina 201 do galho geralmen- LUA te morre. Nas partes e 3 grossas a fita comi- da alarga-se com Schema dos estragos produzidos pela larva do . : Colobogaster quadridentata em Figueiras. o fo) o tempo, attingindo 0) ovo depositado; a) canal subcortical dos estragos de 20 a 30 mm. de feitos pela larva; c) casulo, onde forma-se a nympha largura. Durante e depois o adulto. algums mezes a larva trabalha activamente, desce dos ramos finos aos mais grossos ou ao tronco. A casca que esconde o caminho percorrido pela larva secca e cahe. Golobogaster quadridentata. - de 1a 7, pedaços successivos dum ramo percorrido pela larva l: 0) orificio tapado da entrada no casulo; a) adulto. q A's vezes o canal afunda-se no lenho ao menos em pequena distancia. O comprimento total do canal feito por uma larva é de 60 cem. até um metro. Nas figueiras bravas attinge mais. a dois metros e às vezes à O crescimento da larva completa-se nos mezes de Abril e Agosto. Então a larva cava no lenho um ca- " AVR :* VA TRR / E GW == , : a () ' E] 4 ul (o ca = — O De”. ata Eno ALA Ro 42 uT nd ao. o <. -* a Toma E < Pen pt “ du: á 3 É da e) Estragos pela larva, depois de tirar a casca. — 0) orifício da entrada; c) larva no casulo, onde se trans- forma em nympha e adulto. sulo de 25 mm. de compri- mento, esconde-se dentro e tapa o orifício da entrada. | O casulo é feito de cima para baixo ou de baixo para cima. A larva ou nympha ficam de cabeça virada para o orifício tapado, pelo qual o gimago sahira. No casulo o insecto fica em estado larvado durante dois mezes approximadamen- te. As nymphas se formam nos mezes de Agosto e Outu- ;: bro. A ultima metamorphose para o insecto perfeito se effectua nos mezes de Setem- bro a Novembro, o adulto sae duas a tres semanas de- pois, pelo orificio da entrada. Em consequencia destes estragos as figueiras ficam tortas, deformadas e rachiti- cas. A metade do tronco ou do ramo atacado pelo insecto apresenta um ferimento com- prido, grave, que se não ci- catrisa. As figueiras nessas condições ficam muito predis- postas para outra praga: a sochis gripusalis, cuja chrysalida se esconde nas ca- vidades feitas pela larva de Colobogaster. As figueiras bravas ata- cadas pelo insecto são conheci- Ea a das de longe pelos seus ramos deformados, com a metade morta. A larva quando crescida mede até 60 mm. de com- primento, branca, segmentada, com a cabeça preta, pequena. O primeiro segmento é excessivamente desenvol- vido, e 2 a 3 vezes mais largo do que o resto do corpo. Na larva nova esta desproporção é ainda mais accen- tuada. A larva é apoda. O lado ventral é similhante ao dorso, a unica differença é a existencia de pequenos pontos lateraes estigmatos no lado dorsal. O primeiro segmento tem um escudo redondo no lado superior e outro egual no lado inferior. O ultimo segmento é 1i- geiramente bifido. A nympha é branca: tem 27 a 30 mm. de compri- mento, e de il a 12 de largura. Todos os membros do futuro insecto são visiveis. O imago é um bezouro de 25 230 mm. de comprimento sobre 114 a 12 de largura, cha- to, de côr preto-azulada com pequenos pontinhos de côr verde metallica que só se distinguem com o auxilio de Colobogaster quadridentata Fabr. Nympha Adulto uma lente. As antennas medem de4 a 5 mm. de comprimento e são pretas, as pernas tam- bem são pretas. Os elytros ligeiramente estriados terminam em pontas agudas. A parte inferior do corpo, das antennas, e das pernas, têm uma côr azulada-metallica. Dino o verão, nos mezes de Novembro à Fe- vereiro, se observa 0 insecto pousado nos ramos das fi- o gueiras No tempo quente vôa facilmente e não se dei- xa apanhar, porém de manhã é immovel sendo facil apanhal-o com a mão. Constatamos a praga em muitos pomares de Campinas nas fazendas e suppomnos que ella está generalizada no Brazil inteiro. TRATAMENTO.— Destruição das larvas nas figueiras atacadas, extraindo-as com um canivete, nos mezes de Março e Abril. Matar as larvas e nymphas nos casulos tirando o tapume, que os fecha. Apanhar os insectos adultos durante o verão. MEIOS PREVENTIVOS. — Distruir as figueiras bravas nos pomares e na visinhança das plantações de Ficus carica. Caiar os troncos no mez de Novembro e Dezembro depois de juntar-se à cal um pouco de car- bolineum. CERAMBYCIDAE Taenivotes scalaris Fabr. A larva produz estragos no tronco e ramos da Fi- gueira, cavando galerias dentro da madeira viva. Os excrementos em parte são expellidos pelos orificios que a larva abre no tronco a pequena distancia uns dos outros. Excrementos escuros e adherentes ao tronco ser- vem como indicio da presença do insecto. A nympha eo adulto se formam num casulo feito na parte supe- rior dos estragos e o imago sae pelo orifício aberto por elle proprio. Os dannos são similhantes aos causados pelo Trachyderes thoracicus. A larva é apoda até 40 mm. de comprimento quando crescida. O primeiro annel é muito mais desenvolvido do que os outros e tem no lado dorsal uma placa cujo desenho é O carateristico desta especie. Nos outros anneis tem os 2a tuberculos na parte ventral e Nympha do Taeniotes dorsal que facilita o movimen- scalaris, Fabr. to da larva. aos As nymphas medem até 35 mm. de comprimento, tendo visiveis todos os futuros membros do insecto per- feito. O adulto é um besouro de 15 até 30 e mais milli- metros de comprimento, de côr em geral escura, quasi preta, com pintas e riscos ammarellados. Na cabeça en- tre os olhos tem uma mancha triangular. Atraz' dos olhos tem uma pequena mancha em forma de meia lua. No thorax tem tres faixas, uma central e uma mais fina de cada lado. O escudo é amarello. O bordo interno dos elytros é branco, acompanhado de manchas amarel- las, que no seu conjuncto formam uma faixa central amarella, com manchas asymetricas. As manchas da mesma côr e de tamanhos differentes estão espalhadas em toda a superficie dos elytros. As antennas e pernas são pretas. Os machos differem das femeas pelo comprimento das antennas e do primeiro par de pernas que nos machos são muito mais desenvol- vidos que nas femeas. O insecto é hospede das figuei- ras das mattas, porêm constatamos o insecto em arvores definhadas e “nunca nas vigorosas. Na Ficus carica a praga ataca os pés em pleno vigor, deixando-os logo de- finhados. TRATAMENTO: extirpar as lar- vas com um canivete e distruil-as. Em Cortar os pés ou os ramos mais Taeniotes sealaris, Fabr. prejudicados e queimal-os. Macho Constatamos esta praga nos pomares de Campinas. TRCHYDERES THORACICUS (Oliv. Tr. Morio, Fabr. Sua larva produz maiores estragos nos troncos da figueira cultivada (Ficus carica) nas partes perfeita- mente linhificadas da arvore, e mais geralmente no collo. Os estragos são graves, e a morte da planta é fatal. A larva tem 3 pares de pequenas pernas. Os adultos sahem nos mezes de Janeiro e Feverei- ro. O insecto perfeito é um coleoptero, de 18 a 30 mm. de comprimento. A cor dos elytros é verde escura, o Polyrrhaphis grandini, Bug. -adulto prothorax preto com ellos curtos, amarello-ruivos nas extremidades anterior e pos- terior. A cabeça e as pernas são pretas. A antenna é de côr amarellada, com manchas pretas nas articulações, tendo a articulação da base engros- sada e de cor preta. As an- tennas àos machos são com- pridas, attingindo a um com- primento de 50 a 60 mm. ao passo que as das femeas são muito mais curtas, de 25-35 millimetros. CURCULIONIDA E (Heilipus bonelli, Boh.) As larvas deste insecto desenvolvem-se nos troncos e nos ramos da figueira. Constroem seus canaes debai- xo da casca, tampando as de traz com os seus proprios excrementos, os quaes só no começo sao projectados para fora da casca, em pequenas quantidades, filifor- mes, e que servem para indicar externamente a pre- sença da referi- da praga. Depois nada mais se observa se não o seccamento da planta e os ori- ficios por onde saem os insectos. Para descobrir as larvas é pre: ciso fazer-se in- cisões na casca com a ponta de um canivete, e AZ; Nes logo se notará, se as houver, a presença de ca- Heilipus bonelli, Boh. Larva e Nympha (augmentadas 8 vezes) ses io) Pi naes feitos por ellas, canaes estes que se destacam por que bem differentes são, em sua côr, da madeira viva. Os canaes quando se lhes extrae a «serradura», são arredondados, pouco profundos, e sem orientação mne- nhuma conforme se vê na figura. A larva é branca, ápoda, até 16 mm. de comprimento; sua cabeça é escura, os tres primeiros segmentos do corpo são, no lado in- Íerior, muito mais salientes do que os outros, e no lugar das patas notam-se-lhe fios de cabello. (Quando seu porte já se vae tornando maior, a larva penetra no lenho e ahi faz um ninho. Chegada a este ponto ella se transforma em nympha. en Estragos em Ficus carica (a casca foi tirada para apparecerem os estragos) O insecto é um gorgulho de 12 mm. de comprimento e com desenhos caracteristicos no thorax e nos elytros. Geral- mente sua côr se assemelha Heilipus bonelli, Boh. à do café fraco com manchas (augmentado 3 vezes) symetricas amarelladas. Os elytros, alem disso, são estriados. Os insectos, ao abandonarem a arvore deixam fu- ros que constituem signaes evidente da presença da praga. Em qualquer estação do anno pode se encon- trar o insecto em todas as suas phazes : larva, nympha, adulto. Não ha, segundo parece, periodos fixos da evo- lução. O cyclo evolutivo deve-se repetir algumas ve- zes por anno. Devido à pouca disposição dos insectos RT A em mudarem de uma para outra arvore, às vezes en- contramos ao pé de um arvoredo inteiramente damnifi- cado, outro ou outros muito completamente sãos. Con- siderando de não pequena monta os estragos oriundos desta praga, torna-se necessario cuidar dos pomares para preserval-os da invasão deste insecto. A presença dos insectos é mais commum «nos pomares abandonados», e para dar-se cabo delles não é difficil: basta, com au- xilio de um canivete, tirar as larvas dos troncos ou galhos uma vez por mez. E si este remedio não fôr sufficiente para a extinceção radical do inimigo, lan- car-se-à mão do recurso extremo, que consiste em cor- tar e queimar os troncos atacados. E se os plantadores da figueira cultivada quizerem livrar-se da praga de- vem, em primeiro lugar, inutilizar os pés da figueira brava que houver nos arredores de seus dominios, e segundo, como medida preventiva de elevado alcance economico, extinguir os pés de figueira rachiticos, se- mi-mortos que são prejudiciaes por não offerecerem re- sultados materiaes e servirem de deposito permanente de muitas pragas. LEPIDOPTERA Azochis gripusalis, Wlk. (Pyralidas —Praga das Figueiras) A lagarta desta borboleta produz enormes estragos nas figueiras cultivadas (Ficus carica). Nos mezes de novembro até Junho, quando a plan- ta está em vegetação, observa-se nos muitos galhos uma abertura, revestida por uma coberta de excremen- tos ligados por uma substancia sedosa. Esta porta con- duz ao canal onde habita a lagarta do insecto. As fo- lhas terminaes murcham, como tambem as partes mol- les do galho, e entretanto o damno sempre se torna maior, porque a lagarta carcome cada vez mais o galho em direcção à base, prejudicando-o consideravelmente. As frutas nas plantas atacadas na maior parte são perdidas, por serem furadas pelas lagartas ou atrophia- das em consequencia do ataque dos galhos. As lagartas têm trinta e mais millimetros de comprimento. Quando já crescidas, sahem daquellas cavidades e procuram um esconderijo nos galhos seccos, furados no anno pre- cedente, nos troncos brocados pelos coleopteros, ou nas folhas seccas, onde se crysalidam. E' raro encontrar as crysalidas nos furos feitos pela lagarta mesma, pois a sua humidade excessiva prejudicaria"o seu desenvolvi- mento. Ás crysalidas são revestidas de um casulo pouco intenso. Após duas semanas aproximadamente dellas Azochis gripusalis, Wlk. 1) Estragos na Figueira; 2) corte do broto atacada; 8) lagarta; 4) chrysalida; 5) adulta — 0) 5) => sahem as borboletas que tem 35 mm. de envergadu- ra, de cor amarello-cinzento-pallido, com manchas alongadas, pardas. As femeas põem os ovos nos gom- mos ou tambem na base dos peciolos foliares, onde en- tão a pequena lagarta começa os estragos. A's vezes, antes de entrar no galho, ella faz voltas por baixo da casca do galho. A infecção das plantas faz-se de uma maneira constante, sem periodo definido. Além da fi- gueira cultivada, a borboleta parasita algumas figueiras do matto, do genero Urustigma. TRATAMENTO. — Cortar todas as partes seccas e furadas das figueiras, que serviriam de abrigos as cry- salidas, como tambem os brotos novos atacados e quei- mal-os. Para não prejudicar muito a planta com esta poda, os galhos novamente atacados, ou que eram me- nos prejudicados poderiam ser guardados, matando as lagartas com um fio de arame introduzido no canal, ta- pando em seguida a abertura com cêra. Fazer limpeza dos pomares, queimando os galhos seccos e as folhas cahidas ou seccas. MEIOS PREVENTIVOS. — Pulverizar as plantas com uma solução de verde Paris, 6 grammas por 10 litros de agua, repetindo o tratamento de 20 em 20 dias. PACHYLIA FICUS, Lin. (fam. de Sphingidae) Entre os insectos que damnificam entre nós a fi gueira cultivada (Ficus carica Lin.) merece attenção a lagarta de uma mariposa de nome Pachylta ficus A lagarta se alimenta das folhas desta arvore, que fica às vezes bastante prejudicada por esse voraz inimigo. A lagarta mede de t00 a 110 mm. de comprimen- to, de um verde-amarellado nas primeiras idades, ten- do duas listas longitudinaes de um amarello-enxofre, cabeça verde-malachita, verdadeiras patas brancas, e face inferior do corpo verde cendrado; mais tarde toda de um branco-cinereo, com a divisão dos segmentos es- cura e o corno do 11º segmento negro. Quando para chrysalidar-se torna-se vermelha, com os flancos esyerdeados, divisão dos segmentos de um ddr A nn vermelho sombra; cabeça, ultimo segmento e corno do 11º annel, negros, tendo ainda, lateralmente, nove gran- des pontos negros quasi orbiculares. As chrysalidas têm de 55 a 70 mm. de comprimento. O adulto tem 130 mm. de envergadura. Azas superior de um amarello-ocre-escuro, tendo na extremidade uma mancha allongada escura, a super- ficie cortada por linhas transversaes, sinuosas, quasi negras. Na metade da aza tem uma mancha muito es- cura orbicular, as azas inferiores da côr das superio- res, largamente bordadas, muito escuras, quasi Pachylia ficus, Lin. — c) Chrysalida (tamanho natural) negras, tendo na parte anterior da bordadura uma linha transversal, da mesma côr e no centro da superficie uma larga faixa transversal; franjas de um amarello- ocre-claro ; angulo anal com uma pequena saliencia branca ; antennas amarelladas, abdomen de um ama- rello escuro. À face inferior das quatro azas é de um amarello-ocre-ruivo, tendo as primeiras, para o centro, tres linhas negras irregulares e as segundas duas linhas quasi negras, sinuosas. Além do Brasil é ainda conhecida no Mexico, na India e na Venezuela, = Ap To gra Sa ET O tratamento é o mesmo indicado contra a lagar- ta dos pontos, 4z0chis gripusalis volk., é a pulverisação das plan- tas com verde Paris de 6 a & grammas em 10 litros de agua. COCCIDAE “Morganella maskelli, Ckll. As femeas formam umas crostas pretas, escamosas na su- perficie da casca dos troncos e dos ramos da figueira, chegando até a produzir a hypertrophia dos tecidos. O insecto aparece Morganella maskelli, Ckll. nas cascas como pequenos escu- n) tamanho natural “dos hemisphericos com meio a a) augmentado um mm. de diametro. Alem da one çha Figueira ataca outras plantas de familias differentes. INSECTOS DAMNINHOS NA AGRICULTURA ; MARES SR OS | ease) Pragas das myrtaceas tructiferas do Brasil (Goiabeira, jaboticabeira, araçá, etc.) POR GREGORIO BONDAIR Engenheiro agricola pelo Instituto Agricola da Universidade de Nancy. Lente de Zoologia na Escola Agricola «Luiz de Queiroz» em Piracicaba, Estado de S. Paulo = 43 TYPOGRAPHIA ALONGI & GALLO S. PAULO 1913 RS =. A 0IOI Tvs Ty Insectos damninhos na Agricultura H INTRODUCÇAO Às arvores fructiferas da familia das Myrtaceas oceupam um logar muito importante na lista das arvores de nossos pomares. O commercio de suas Íructas é um factor economico dum valor consideravel em alguns Estados do Norte do Brasil. Estas fructas tem dado ori- * gem à industria de doces nacionaes, muito apreciados entre nós e no extrangeiro. O valor economico da producção poderia ser muito maior, empregando a defeza racional contra numerosas - pragas, que prejudicam nossa fructicultura. "Todos co- nhecem a importancia dos prejuizos causados ás nossas Myrtaceas pelos insectos diversos : brocas, lagartas, pio- lhos etc., que enfraquecem as arvores, influindo sobre quaptidade e qualidade de fructas, que perdem em ta- manho e sabor. A morte das arvores é frequente. A iructeira, a mais preciosa jaboticabeira é pesteada pelos piolhos vegetaes-coccidas a tal ponto que ameaçam sé- * riamente sua prosperidade. A devastação póde ser com- parada com a do piolho lanigero das Macieiras ou da piolho de S. José (Aspediotus perniciosus) terrivel praga - das arvores fructiferas nos Estados Unidos da America do Norte. E' de toda a necessidade divulgar conhecimentos de entomologia agricola entre os lavradores, para pôr um freio à propagação das pragas, reduzir os prejuizos e “melhorar assim a nossa fructicultura. As boas fructas só podem ser produzidas pelas arvores sãs. Çã q Ha necessidade urgente de se fazer o tratamento dos pomares, que actualmente, na opinião geral dos la- vradores, vão peiorando cada anno. Só uma cultura cuidada, o conhecimento e o combate dos inimigos, per- mittirão a este ramo da nossa producção elevar a sna posição economica nos nossos mercados e tornará possi- vel apresentar vantajosamente os seus productos nos mer- cados extrangeiros. Os Governos, favorecendo a arboricultura fructifera, dão um passo para a polycultura, tão aspirada para o equilibrio productivo dum paiz. O AUCTOR, E DAR o e E O A A Arvores fructiferas, da familia das Myrtaceas, cultivadas no Brasi em . Psidium Jaraçã, Kaddi; Amexeira do Pará. . Myrcia pronifolia, DC. Cabelludeira. . . . Eugenia tormentosa, Cambess, Cambucáseiro . . . Eugenia edulis, Vell. Combuby. à. Eugenia tenelia, DC. Castanheiro do Pará . Bertholletia excelsa, Humb. Cerejeira do Rio Grande ........ DEAN HER RR Celeiro. .:. Psidium Guagava,'L. Grumixameira . . . Eugenia brasiliensis, Lam, Guabiroba . . . . Myrtus mucronata, Cambess. Cima 2. . Bugenia quabiju, Berg. Jaboticabeira . . . Eugenia cauliflora, Berg. Jambo amarello. . . Eugenia jambos, L. Jambo branco . . . Eugenia javanica, Lam. Jambo chã . . . . Eugenia malaccensis, L. Jambo rosa. . . . Eugenia myrtifolia, Cambess, Jambolano . . . . Eugenia jambolana, Lam. Cimeueira,. Eugenia untilora;, L. Pitombeiro . . . . Eugenia luschnathiana Klotszch. Sapucaieira . . . . Lecythis Uvaia ou uvalha . . Eugenia upalha, Cambess. COLEOPTEROS Entre os Coleopteros ha trez familias, cujos re- presentantes occasionam prejuizos graves nas Myrta- ceas cultivadas. São as seguintes: Cerambicidios, Bu- prestidios e Curculionidios. Fam. dos Cerambycídios São coleopteros com antennas muito compridas, razão porque são denominados Longicornios; o corpo é allongado, elytros bem desenvolvidos, fortes mandi- "bulas. A larva é branca, comprida, apoda ou com per- Anos nas insignificantes; vive na madeira viva ou morta. Produz estragos nas arvores das matas e prejudica muito as arvores fructiferas. O insecto perfeito ali- menta-se da casca ou da madeira; põe ovos dentro de tecidos das plantas, fazendo na casca incisões com suas mandibulas. O desenvolvimento completo exige ao me- nos um anno, sendo às vezes de dois annos ou mais. POLYRRHAPHIS GRANDINI, Bug. “Nas goíabeíras, grumixameiras, pitangueiras e Mytarceas das mattas A larva deste coleoptero produz grandes estragos nos troncos das Mytarceas. Nas goiabeiras a larva cava. galerias subcorticaes, bastante largas, em redor do tronco, Fig. 1 — Polyrraphis grandini em grumixameira e goiabeira ; L, larva, n, nympha, a, adulto. Fa poa dando-lhes a forma de zig-zag, sem direcção certa. A casca, que esconde as galerias, apresenta-se, em geral, secca e deixa perceber a serradura e as fitas da ma- deira cortada pela broca. Estas partes são mais eleva- das do que as partes sãs. Mas a casca que encobre "OS canaes novos, onde a larva opera, está sempre in- tacta. Siestas escavações chegam a comprehender todo o tronco das arvores atacadas,é inevitavel a morte destas. Frequentemente a mesma arvore hespeda de 5 a 5 larvas em varias galerias, e neste caso a vida da arvore é sempre compromettida. [Embora ella resista Fig. 2— 1) Grumixameira. Canaes dentro do tronco; 2, Goiabeira, quebrada pelo vento, em consequencia dos estragos; c, casulo de nympha; - 0, orifício para a futura sahida do insecto. aos estragos do parasita, crescendo, torna-se a arvore enfesada, torta e rachitica. Todas as partes desde a base até os galhos são sujeitos à invasão do insecto, porém é a base do tronco que é mais atacada. Nas grumixameiras as galerias são sempre feitas na madeira, respeitando a casca e os prejuizos parecem sia ser ainda mais graves. O tronco inteiro está furado. Nas cerejeiras do Rio (Grande as galerias são feitas tambem na madeira, porém superficialmente. Quando a larva attinge seu pleno desenvolvimento, penetra na intimidade da parte lenhosa, fazendo cavi- dades largas, de baixo para cima. Tendo preparado um furo na parte superior desta cavidade, para facilitar a futura sahida do insecte per- feito, a larva prepara na cavidade, onde se aloja, um casulo espesso e alongado, com os fios de madeira, onde, opportunamente, passa pela metamorphose de nympha. A larva é apoda de 35 a 40 mm. de comprimento sobre 7—10 mm. de diametro ; é de côr branca ; º ERRO é composto de anneis, sendo os de diante mais grossos. A ca- beça é de côr ruivo-escura, com fortes mandibulas :; é muito me- nor do que o primeiro annel; este ultimo, na parte dorsal, possue um alargamento de côr amarello-ruivo. (Quando nova, a larva é mais alongada e de . 5 Fig. 3 — Larva € nympha menor diametro: com o desen- de Polyrrhaphis grandini volvimento vae se retrahindo, tornando-se mais grossa, para preparar-se para o estado nymphal. As nymphas se formam de Dezembro a Fevereiro, e apresentam-se nos seus, casulos immoveis, de cabeça para cima. A | cabeça, thorax, pernas e antennas, do futuro insecto são bem visíveis. A nympha é completamente branca, à principio, tornando-se arruivada e escura pouco antes da passagem para o estado adulto. O insecto perfeito sae nos me- zes de Fevereiro a Março, deixando- se ficar alguns dias no casulo até ro- FE 4 bustecer sua couraça, trabalhando Polyrrhaphis, grandini durante este tempo para alargar o ori- Bug. (adulto) ficio de sahida. Este insecto é um besouro-de. 20 a 30 mm. de comprimento, com as an- tennas longas, o corpo alongado e chato, o prothorax com quatro espinhos, dois lateraes e dois dorsaes, sendo E os primeiros mais desenvolvidos. A côr do thorax é branca, os elytros fuscos, com a faixa transversal branca na metade posterior. A parte dos elytros tem duas elevações salientes, guarnecidas de espinhos, que des- cem tambem até as bordas lateraes. As pernas são pretas com alguns anneis mais claros. Os elytros ter- minam em pontas aguçadas. TRATAMENTO. — E' relativamente simples, desde que os arvoredos sejam visitados duas ou trez vezes por anno, nos mezes de Abril até Novembro, antes que as larvas se afundem no tronco para a nymphagem. Desconfiando-se da existencia do parasita em um ponto qualquer àa arvore, o que se percebe facilmente pela casca elevada e fendida no principio, ou pela existencia de serradura preta e estragos na casca, fende-se esta, eliminam-se os detrictos achados e esmaga-se a larva. Se esta porém, já penetrou na madeira, introduz-se en- tão um fio de metal, afim de attingil-a e ser destruida. O tempo, mais proprio para fazer este tratamento é nos mezes de Abril, Maio e Junho, quando os estragos das larvas novas são ainda pouco graves, mas já se percebem. Em todo o caso, convem fazer este trata- mento antes da ultima metamorphose do insecto e da sua sahida. Como tratamento preventivo, póde ser empregada à Calação dos troncos nos fins de Janeiro, empregando- se a seguinte formula : Carholineum bruto. 50 100 gramas. Caliminsen ÉS a a nt 4 Kilo EN SRUNCAE BRA tg o pa E O 4 litros. Extinguir primeiro a cal, diluir em agua e ajun- tar o carbolineum, agitando fortemente. Cobrir a ba- se dos troncos com esta droga, servindo-se duma escova. CERAMBYCIDEOS (vespa) ” Nas goíabeiras A larva se desenvolvendo faz galerias subcorti- caes, tapando a serradura atraz de si. Os canaes vão subinão em linha mais ou menos vertical com certos () Até agora não conseguimos classificação deste interessante Cerambycideo 10 e desvios. O comprimento destas galerias escondidas é de 30 a 40 em., com a largura de um a dois em. A casca fica respeitada; o seu estado anormal se percebe entretanto pelo seccamento, elevações ou fendas que se declaram nas partes correspondentes aos estragos. O desenvolvimento completo do insecto exige approximadamente um anno. Os ovos são postos na casca durante o verão; a desova dura alguns mezes. O crescimento da larva acaba-se nos mezes de Maio, Junho, Julho, Agosto e Setembro. A larva cres- cida, na parte superior dos seus estragos, faz furo no tronco, ineli- nando-o para baixo, e aprompta um casulo. E” nelle que a larvã se esconde, tapando a entrada com serradura. A larva fica ahi al- sum tempo em repouso, de cabeça para cima. As nymphas se for- mam desde o mez de Julho até Novembro; o insecto perfeito sae uns dois mezes depois. A larva, quando crescida, mede de 26 a 50 mm. de comprimento; é branca, segmentada ; com o de- senho do primeiro annel bastante característico. Tem tres pares de pequenas pernas, vistas só com a lente. Fig. 5 -Estragos em goiabeira por Cerambycideo vespa. A casca foí tirada para descobrir-se a galeria. e, estragos ; e sahida do adulto; c, casulo com larva. À nympha é allongada, com todos os membros do futuro in- secto visiveis; mede de 20 a 22 mm. de comprimento. O insecto perfeito é um co- leoptero, que se parece muito | com uma vespa. E” um caso curioso, que poderia ser attri- buido ao mimetismo, a este in- secto. A côr geral é amarello- o, orifício da entrada da larva Fig. 6— Cerambycideo vespa, Larva, nympha e adulto. queimada. As antennas tem os quarto, quinto, sexto e E do setimo articulos pretos. (Os prothorax tem tres linhas transversaes pretas: na parte anterior, posterior, e uma na metade; esta ultima é em muitos casos interrompida. Observâmos tambem exemplares sem essas linhas. O mesothorax é a parte mais larga do corpo. Os elytros allongados, muito estreitos em duas terças partes de seu comprimento, não escondem as azas. O abdomen tem uma cintura estreita, como a da vespa. As patas da mesma côr amarellada, mais escura na base. As do ultimo par são allongadas e ultrapassam muito o corpo. TRATAMENTO. — Tirar e destruir as larvas, exa- minando os troncos com canivete, nos mezes de Março a Junho. Mais tarde, quando estão nos casulos, as lar- vas podem ser mortas, batendo-se um pedaço de pau no orifício tapado. Nos pomares onde o insecto appa- receu, deve-se caiar os troncos da goiabeiras, para impedir a desova das femeas. DORCACERUS BARBATUS, Oliv. Eº um outro Cerambycideo, cuja larva, segundo cons- tatámos, desenvolve-se nos troncos das Mytarceas : jaboti- cabeiras e goiabeiras. (Observâmos o insecto em arvo-. res definhadas, que morrem fatalmente. Estes prejui. Zzos não podem ser attri - buidos totalmente ao insecto, e mesmo póde-se pensar que o insecto es- colhe arvores fracas e doentes e abrevia a sua '* morte. A larva branca, alon- sada, até 55 mm. de Fig. 7—Dorcacerus barbatus. Larva e adulto; comprimento, desenvolve- c, cabeça, vista de frente se dentro da madeira. Ella broquea os ramos e troncos em sentido longitudi- nal, fazendo, de vez em quando, pequenos orifícios para . deitar fóra a serradura. Os furos são compridos e ge- ralmente limpos dos detrictos. A's vezes são elles tão largos que os galhos ficam ôcos. O comprimento dos furos, feitos por uma broca attinge às vezes um metro. e mais. Quando a larva está desenvolvida, faz: uma ER | cella de 4 a 5 em. de comprimento, tapando o furo dos dois lados com a serradura. E' ali que ella passa o seu estado de nympha. Os adultos saem para fóra no verão. O insecto perfeito é um besouro de 25 a 30 mm. de comprimento. A côr da cabeça, do thorax e dos elytros é escuro-avermelhada. Na fronte, a cabeça é coberta com pellos amarello-vivo. ; O prothorax, na parte posterior, é bordado tambem por uma linha curva daquella côr. O escudo é ama- rello. Os elytros são bordados na parte interna posterior, com a côr ama- rello-dourada, que sobe até dois ter- ços dos elytros. As pernas pretas, com tarços amarellos. As antennas de 14 articulos, sendo que os tercei- ro, quarto, quinto e sexto têm dois espinhos na peripheria, além disto, estas partes são escuras, emquanto o resto das antennas é amarello. Os primeiros e segundo articulos são pretos. O insecto foi tambem notado "como praga dos pomares na Repu- blíca Argentina. Nas arvores mortas se encon- tram, frequentemente, outros Ceram- bycideos : Trachyderes thoracicus, Tra- chyderes striatus, Trachyderes succi as dor Doroicers netus, etc. Alguns delles são con- barbas siderados como pragas dos pomares, assim temos Tra-. chyderes succinetus, considerado como praga dos po- mares entre nós; Tr. striatus, na Republica Ar- gentina. Observações repetidas, porém, verificam que, en- tre nós, aquelles insectos atacâm só a madeira morta e nunca a madeira viva, e devem ser considerados como saprophytas e não parasitas das arvores. Encontram- se elles em muitas arvores mortas de familias as mais diversas. Entretanto, querendo livrar-se destes insectos, aconselhamos limpar os pomares dos ramos e troncos seccos, podando os ramos fracos. A hygiene dos po- mares é uma condição necessaria para o bom successo da empreza. a Além dos Cerambycideos mencionados o Dr. Her- mann von Ihering descreveu um, como coleobroca das goiabeiras, o qual não tivemos occasião de estudar nem observar. «A coleobroca da mesma arvore é causada por uma larva dum Cerambycideo de 35 mm. de com- primento, mais: ou menos, de pernas bem pequenas e se caracterisa pela falta de tuberculos no ultimo segmento. Esta larva começa a furar o tronco de cima para baixo e o canal que começa com uma largura de um niilli- metro, torna-se successivamente mais largo, ganhando em baixo a largura de 4 millimetros ou um pouco mais. Não conheço ainda o besouro que se desenvolve desta larva.» FAM. DOS BUPRESTIDIOS A biologia destes insectos é semelhante à das Ce- rambicydeas. As larvas se desenvolvem dentro da ma- deira. No Brasil são constatadas algumas especies es- sencialmente parasitarias : larvas que vivem dos tecidos “vivos das plantas, causando prejuizos. As larvas são apodes, compridas, annelladas, parecidas com as da fa- milia precedente. Os lados dorsal e ventral são geral- mente identicos. Os adultos são besouros achatados, de côres bri- lhantes, vivas, de vôo facil, antennas curtas e finas. Apparecem durante o verão. CONOGNATHA MAGNIFICA, C. G. nas gotabeiras e jabotícabeíras E” um dos mais curiosos insectos da fauna brasi- leira, que sob o ponto de vista economico, merece at- tenção dos fructicultores. E” bastante raro nas collec- ções entomologicas, porém os estragos por elle produzidos são importantes ; este insecto poderá tornar-se um te- mivel inimigo da nossa arboricultura fructifera e espe- cialmente das goiabeiras e jaboticabeiras. A cultura em grande escala favorece muito a multiplicação das pragas, que, sem serem combatidas, poderão acarretar prejuizos enormes. Num pomar de quatro mil pés de goiabeiras o insecto em questão ani- quilou durante um anno uns quatrocentos pés, não só- mente estragando-os mas destruindo-os completamente . A BED 1 Vê-se que os estragos são consideraveis e se não to- marmos medidas necessarias, o bicho, uma vez installa- do, será capaz de acabar completamente com as goia- beiras. (Os mesmos prejuizos constatâmos, por algumas vezes, em jaboticabeiras. y Estragos da Conognatha magnifica Fig. 9-f) Fendas no tronco; q) galeria interna; c) troncos cortados com furos de continuação, tapados Os habitos do insecto e os estragos por elle pro- duzidos, são os seguintes: as femeas, durante o verão, de Dezembro a Março, depositam ovos na parte supe- rior do tronco ou nos ramos, na incisão feita na casca. A larva, desenvolvendo-se, desce progressivamente por um canal que cava internamente no tronco. A serra- dura, em parte, é posta fóra pelas fendas — janellas lateraes do canal — : estes orificios successivos servem como primeiro indício da presença do insecto. Elles percebem-se facilmente, pois sempre delles sae a seiva — 45 — da arvore e forma no tronco linhas escuras. O furo interno é de 10 a 412 mm. de largura, chato e os ori- ficios lateraes têm 4/2 a 2 mm. de diametro. No mez de Abril, as larvas medem 4 a 5 em. de com- primento. Neste periodo as larvas cortam os pés hospedeiros; a parte superior cae e ellas con- tinuam sua descida dentre do tronco. O corte é feito do interior, é caracteristico, pode ser fa- cilmente distinguido e não deve ser confundido com o feito pelo « Serrador » que é feito de fôra para dentro e é convexo; o corte feito nas laranjeiras e muitas arvores das mattas pela larva de Diploschema rotundicolle é geral- mente menos regular do que o das goiabeiras. O corte feito pela larva de Conognatha magni- fica nas goiabeiras ou jaboticabeiras é concavo nas duas partes. A parte superior e inferior do corte têm um furo em sentido longitudinal, ta- pado com as fitas de madeira, que fecham o Fig. 10 Orlfício na face cortada. A larva descendo con- Cuaronaha tinua seus estragos. magnifica Frequentemente, nos mezes de Junho e Agosto, a larva corta o tronco outra vez, na distancia de 30 a 40 em. do primeiro corte, muitas vezes perto do solo. O comprimento total do canal cavado no tronco é de um metro e meio a dois metros. Se o tronco não é bastante comprido, então a larva entra nas raizes. O furo na parte inferior attinge 15 mm. de largura. O crescimento da larva termina nos mezes de Se- tembro a Dezembro. Então a larva aprompta um bu- raco, que será facil alargar, para garantir a sahida quando adulto. Na visinhança deste orifício e geral- mente mais baixo do que elle, apresenta-se um casulo, bem tapado — precaução contra as formigas e intem- peries; nelle a larva fica num estado immovel, prepa- rando-se para nympha durante um e meio a dois me- zes. (O estado de nympha dura, approximadamente, um mez. No fim desse tempo nasce o adulto. Este ultimo logo sae e recomeça o seu cyclo evolutivo. A larva, quando crescida, mede de 7 Ra Siemade comprimento; o lado dorsal é semelhante ao ventral. O primeiro annel é muito mais desenvolvido do que os seguintes. A côr da larva é branca, com pellos arrui- vados. O ultimo segmento é bifurcado. dj O adulto é um coleoptero elegante, chato, com thorax verde metallico. Os elytros são de côr azul metal- lico na metade posterior. Esta côr é separada poruma larga faixa amarella; a metade anterior dos elytros é amarella com quatro manchas azul-escuras, no sentido transversal. A parte. inferior do corpo, antennas, thorax e patas são de um esverdeado metallico. Tem uns 30 mm. de comprimento sobre 10 de largura. RR TRATAMENTO. — Resulta do conheci- magnifica "mento da biologia do insecto, e é o seguinte: não será pratico nem economico empregarem-se drogas contra este insecto. Precisa-se procurar as larvas e matal-as para impedir a propagação posterior. E” bastante difficil descobril-as em todos os pés, antes do mez de Abril. Desde então até Setembro apparecem goiabeiras cortadas (o diametro dos troncos cortados attinge 6-7 cm.). Aconselhamos então neste tempo visitar os po- mares, rachar a parte inferior do corte nos troncos cor- tados pelo bicho, para achar e esmagar a larva. Não fazendo este tratamento os pés atacados morrerão ine- vitavelmente, como observámos em centenas de casos, pois o bicho estraga de maneira tal que o pé não dá brotos, e de mais, a praga, desenvolvendo-se, poderá propagar- se entre nós, visto a frequencia das goiabeiras e jabo- ticabeiras nos pomares. FAM, DOS CURCULIONIDIAS São insectos revestidos duma forte carapaça. Ca- beça transformada em um bico-rostro. São sempre phytophagos: atacam troncos, folhas, flôres e fructas. A femea deposita os ovos nos tecidos da planta e a larva se desenvolve dentro da planta, prejudicando-a. A larva é branca, apoda, curvada, relativamente gros- sa. Causam prejuizos ásarvores fructiferas, às de cons- trueção, às plantas cultivadas alimenticias, forrageiras e ornamentaes, PS Pg CRATOSOMUS DAS MYRTACEAS () (Cratosomus sp.) Nos Cambicáseiros, Jaboticabeíras, Araçáseiros etc. O genero Oratosomus possue no Brasil numerosas especies, pouco estudadas, de classificação difficil, se- gundo parece, de costumes muito semelhantes. Fig. 12 Estragos nos troncos pelo Cratosomus das Myrtaceas Corte transversal. 5 furos de diversos tamanhos feitos pela larva. As larvas são brocas de diversas arvores que ellas fu- ram em sentido longitudinal, Corte longitudinal. j, janella. parasitando sempre os tecidos | vivos da planta. O Cratosomus das Myrtaceas (assim o - chamaremos provisoriamente, pois ataca muitas Myrta- ceas, para distinguil-o do Cratosomus da goiabeira, que constatámos só naquella arvore) faz furos de cima para baixo. Os ovos são postos nos ramos finos, de grossura de um lapis e mais. Dahi as larvas descem, progressiva- mente, fazendo um canal redondo, cujo diametro cresce à medida que a broca se desenvolve. A serradura é deitada fora pelos orifícios lateraes, que são geralmente distantes de 20 a 30 em. uns dos outros. A presença da serradura em baixo das arvores indica a existencia do mal. Constatâmos este insecto nas Myrtaceas das mattas, e nos pomares de Santos onde a broca é muito (9 Falta-nos classificação scientifica da especie. ENO pe na commum e occasiona grandes prejuizos às jaboticabei- ras, cambucáseiros e araçaseiros. Geralmente numa ar- vore se acham algumas larvas, que descendo, deixam o tronco furado completamente, quasi ôco, se o numero de furos é relativamente grande. Observam-se muitos troncos com 5 a 10 furos parallelos. Os canaes onde a larva opéra são perfeitamente accessiveis as formigas, porem a larva zomba destes intrepidos caçadores, sen- do perfeitamente protegida pela couraça de dois lados. Quando mais grossos, os furos são de 412 mm. de dia- metro. (O comprimento attinge dois metros e mais; as janellas lateraes, são de 3 a 4 mm. de diâmetro. A larva crescida faz um furo lateral para a sahida do futuro insecto perfeito; depois faz um casulo comprido, tapando com fitas de madeira o canal longitudinal do tronco. E' ali que passa para o estado de nympha no principio do verão. Os adultos apparecem no mez de Dezembro e Janeiro. O cyclo evolutivo parece ser de dois annos. | A larva, quando crescida, mede de 25 a 30 mm. de comprimento, é grossa, curvada, apoda, cabeça ruivo-escuro. No primeiro annel da parte dorsal se acha um escudo largo, forte, de côr castanho-clara. Um outro escudo da mesma côr se acha na parte pos- terior do corpo. Estes escudos, anterior e posterior ser- vem à larva como couraça que a protege contra insec- tos, que poderiam entrar nos seus tuneis: a curapaça resiste perfeitamente a qualquer mandibula. Os Cratosomus, que tapam seus tuneis para invasão dos inimigos, não possuem a pla- ca posterior. O Cratosomus de goiabeira está neste caso. Esta particularidade das larvas de Ê - Cratosomus é um curioso caso Larva Fig. 13 Adulto de adaptação do insecto às con- Cratosomus das Myrtaceas dições biologicas. O insecto perfeito é um besouro de 18 a 20 mm. de comprimento, preto, com umas faixas claro-ama- relladas. No prothorax a côr clara rodeia a cabeça e fórma duas manchas na parte que corresponde aos elytros. Os elytros possuem duas faixas transversaes dessa côr; à anterior se liga com um X da mesma côr, formado na parte anterior dos elytros; a parte poste- REMEUE, g rior tem 3 manchas, duas lateraes pequenas e uma me- diana maior. O prothorax não tem espinhos. TRATAMENTO. — A importancia dos estragos nos pomares onde a broca existe é tal que é de toda a necessidade combater o mal, destruindo-se a praga. Os escudos da larva, situados nas duas extremida- des do corpo, protegem a larva contra insecticidas fracos. Assim o carbureto de calcio, preconisado entre nós contra brocas, não tem effeito algum. O gaz acety- leno que se elabora não chega a matar a larva, que obtura o canal com sua parte posterior e impede a pe- netração do gaz. Observános casos em que a larva para expellir a serradura, precisando das janellas obtu- radas com carbureto de calcio, fura a cal que é o re- sultado da decomposição do carbureto. Experiencias demonstram que esta substancia tem pouco valor como insecticida. Effeito muito mais seguro pode dar o sulfureto de carbono, injectado nas janellas lateraes, tapando depois com barro todos os orifícios lateraes, para impedir a perda do gaz. E' necessario tratar attentamente todos as o attacadas, para prevenii a propagação do mal. CRATOSOMUS das Gotabeiíras Cratosomus sp. KH” um gorgulho muito commum nas goiabeiras, às quaes causa prejuizos notaveis, que só podem ser reve- lados examinando-se minuciosamente os troncos ata- cados. No inverno e na primavera o insecto adulto depo- sita OS Ovos nas pequenas incisões que faz com o bico na casca das goiabeiras. A larva que nascecava o tronco internamente de baixo para cima. À cavidade por ella feita é pelo insecto inteceptada com a propria serradura, que produziu pene- trando no tronco, de modo que não deixa nenhum ras- to externo da sua presença. O furo accompanha a casca na camada nova da madeira em espiral ao redor do troncc. Mas acontece tambem que este furo afunda-se no lenho, ou vai quasi superficialmente deixando mesmo paço fora morrer a casca que o esconde. Como a camada atacada é que conduz a seiva, a vida da planta fica seriamente compromettida. Externamente, os troncos ou os ramos brocados pela larva são percebidos pelo seccamento, sem revelar outra cousa de definhamento. A's vezes à presença da broca se manifesta pela deformação do tronco, quando este fôr bastante viçoso para resistir: aos estragos. O com- primento do furo no tronco attinge 1 metro e mais, com um dia- metro que varia entre 10e 15 mm. Esta vida parasitaria da larva dura perto de dois annos. (Os furos são sempre conduzidos de baixo para cima, co- meçando no tronco, entram nos ramos, cu- jo diametro às vezes apenas basta para a | grossura da larva. Todos os restos vitaes da larva — escremen- tos, serraduras, são ta- pados atraz da larva, e fortemente compri- midos. O canal fica bem tapado em todo o seu comprimento. Os estragos são causados só pela larva quando crescida a 25 a 90 mm. de com- primento, branca, cur- vada com fortes man- dibulas, para furar a madeira. À parte dor- sal dos primeiros dois anneis é muito desen- volvida e forma uma placa escura, rigida. O abdomen na parte Fig. 14 — Tronco de goiabeira deformado pelo Cratosomus das goiabeiras c, casulo de nymphagem. posterior é muito dilatado. Nos mezes de Fevereiro e Março, a larva, attingindo seu limite de crescimento, “alarga uma cavidade na extremidade superior do furo, perto da casca, trans- formando-se lá em nympnra, facto este que se produz nos mezes de Março e Abril. A nympha é de 25 a 25 mm. de comprimento, com prothorax espinho- so, o abdomen obtuso. A ultima metamorphose faz-se no fim de Maio e no mez de Junho. O insecto passa algum tempo na mes- pinos as ma cavidade antes de sair. La ni das O adulto é um gorgulho de 20 a goiabeiras 29 mm de comprimento, de côr preta, coberto com peque- nos pellos amarellos, densos, que lhe dão a côr amarella manchada ds preto nos logares desprovidos de pellos. A cabeça é preta, com a mancha amarella na testa. O prothorax é tambem amarello, com uma larga faixa transversal preta e espinhosa. Na parte posterior ha uma mancha preta. Os elytros são estriados, amarellos, com tuberculos salientes pretos, e além disso tem uma faixa descontinua transversal preta e uma mancha da mes- ma côr na parte anterior em cada um dos elytros, sen- do que esta mancha engloba os dois tuberculos mais salientes. Os hombros são pretos, a pernas pretas com um largo annel amarello. Os insectos são de movimento lento, passeiam va- gorosamente, agarrando se aos troncos e galhos. Os a- dultos se encontram no mez de Dezembro, Janeiro, Abril e Julho. TRATAMENTO. — Cortar e queimar os troncos ou os galhos seccos, que às vezes morrem em consequen- cia do ataque pelo gorgulho, contendo algumas vezes ainda a broca. Examinar attentamente todos os troncos ou ramos doentes e em definhamento, fazendo incisões com um canivete, para ver se não éo caso do gorgu- lho; tirar e esmagar a larva. MERO Go CURCULIONIDAS DAS FRUCTAS Gorgulho das jabotícabas Em muitos pomares as jaboticabas são bichadas por uma larva branca, gorda, curvada com tuberculos transversaes, a qual mede até 9 mm. de comprimento. E' a larva de um gorgulho. O seu aspecto externo e os seus movimentos lentos, permittem distinguila facil- mente das larvas das moscas, que tambem são parasi- tas destas fructas. As frutas atacadas pelo gorgulho se reconhecem pelos escrementos que a larva rejeita fora e que ficam agelomerados às fructas. A larva vive no interior, ali- mentando-se da polpa e das se- mentes. (O seu desenvolvimento termina no tem- po da maturação dus fructas. Ca- hidas estas no chão a larva sae, ra a dois — sete o centimetros de 4 A profundidade, | Fig. I6 — Gorgulho das Jaboticabas: produzindo no Jaryá e adulto solo uma cavi- dade onde ella fica em repouso. Isso se dá durante o mez de Outubro- Novembro. No mez de Janeiro a larva se transforma em nympha. A ultima metamorphose para o insecto perfeito se passa no fim de Fevereiro. O insecto perfeito é um pequeno coleoptero de 5 a 5 1/2 mm. de comprimento, de côr amarello-queimada no principio, tornando-se depois mais clara. O bico é alongado, thorax liso, elytros estriados. O thorax e os elytros são cobertos com pellos amarellos, curtos. Feita a ultima transformação o insecto continua a ficar seinpre na terra, na cavidade da larva, nos mezes de Março, Abril, Maio, Junho, etc. e, sae sô no tempo da florada das jaboticabeiras. O insecto então sobe ás entrando na ter- Ea E RAIA arvores e deposita os ovos nas fructas. A larva se desenvolve com o crescimento das fruc- tas, estando adultas no tempo da maturação. Os alimen- tos que ella armazenou durante o seu periodo larvario, lhes servem para passar quasi oito mezes de repouso sem comer. TRATAMENTO. — E' impossivel attingir a larva, que se desenvolve nas fructas verdes. As fructas cahi- das contêm as larvas do gorgulho ou das moscas, des- truindo-as exterminamos os futuros insectos que preju- dicariam de novo as fructas. Nas fazendas e chacaras estas fructas podem ser aproveitadas para os porcos. Muitas vezes a larva sae e entra na terra logo que a fructa cae. Para destruir as larvas que já se enterra- ram é bom remover a terra em baixo das jaboticabei- ras nos mezes de Novembro até Fevereiro, para espôr as larvas à secca, aos passarinhos, gallinhas etc... Re- movendo-se a terra pode se lhe ajuntar cinza, cal caus- tica em pô, misturando-se intimamente. A pelle tenra das larvas ou nymphas é facilmente atacada por essas subs- tancias causticas; alem disto estas substancias servem de adubo e fortificarão as arvores no anno futuro. Emfim, as jaboticabeiras podem ser protegidas co- brindo-se a base do tronco com as subtancias que afugen- tam insectos. Para este ffm pode ser empregado leite de cal, addicionado com 2 à 3 % de carbolineum. Gorgulho das goíabas, A larva produz nessas fructas estragos semelhantes aos das jaboticabas, desenvolve-se dentro das goiabas, entra na terra e fica no estado larvario durante 5 ou 6 mezes. O adulto sae só na nova epoca das fructas, para nellas depositar ovos. São raras as goiabas sem gorgulho. As fructas atacadas facilmente se reconhecem por uma depressão dum lado, no centro da qual se acha um ponto preto. O tratamento é o mesmo que para o gorgulho das jaboticabas. LEPIDOPTEROS Os Lepidopteros, vulgarmente conhecidos como bor- boletas e mariposas, são insectos de metamorphose com- Do ba o pleta: lagarta, chrysalida e insecto perfeito ou imagio. As lagartas em geral são nocivas às plantas: vi- vem das folhas, fructas e madeira, e constituem verda- deiras pragas de muitas culturas. O tratamento varia conforme os orgãos atacados. LEPIDOBROCAS DOS TRONCOS Stenoma albella, Zell. — Fam. Xylorietidae Ataca todas as Myrtaceas e muítas outras arvores Os estragos causados pela lagarta deste lepidoptero são muito communs nos pomares :« nas mattas. Todas as Myrtaceas são sujeitas à sua voracidade. Além das Myrtaceas muitas outras arvores são atacadas: carva- lho, custanheiro e algumas arvores das mattas. Nos -mezes; de | Março, Abril e Maio começam a ser percebidas facilmente, nos ra- mos e nos troncos das arvores, pequenas camadas, feitas de escrementos e pedaços da casca, ligados entre si por uma substancia sedosa. Este abrigo serve para proteger OR A elo aa uma lagarta de côr violacea, , Gena que se acha escondida e come a a casca em baixo da cober- tura. Não se contentando com este abrigo, a lagarta fura um orificio no tronco, que no principio é quasi horizontal, mas na profundidade de 5—8 millimetros vira para cima. O comprimento e o diametro 17 deste furo são apenas suffici- Aspecto externo dos estragos em entes para esconder a lagarta; goiabeiras ete., pelo Stenoma albella. seu volume augmenta com o f-furo interno, e-camada de excre- -€ ida. crescimento: do insecto. Neste “a esconderijo a lagarta se abriga dos seus inimigos. Crescendo a lagarta, augmenta - ella progressiva- mente o abrigo externo conforme a necessidade, até os mezes de Novembro-Dezembro, dando-lhe a forma al- Eee em longada ou em espiral no tronco, ou simplesmente aus gmentando-o em todas as direcções. Tirando-se este envoltorio, percebe-se então que a casca em baixo está carcomida. Nas goiabeiras a madeira fica nua e nunca reconstitue a casca; esta parte morre e o tronco fica feio e torto. Nos araçaseiros os estragos são semelhantes aos das goiabeiras. As jabo- ticabeiras em maior parte reconstituem a casca e pro- duzem a cicatrisação perfeita da lesão. Acontece tambem que os ramos ou troncos cercados com este envoltorio morrem, por ter sido a camada vege- tativa da planta destruida pela lagarta. Nas goiabeiras e em algumas outras Myrtaceas esta consequencia é mesmo muito frequente. No fim do periodo de actividade da lagarta este envoltorio pode medir 250 cms.2 de superficie, o que cor- responde à superficie da casca prejudicada. O furo interno então é de 50-60 "m de compri- mento. A lagarta no seu maximo des- envolvimento mede de 25 a 35 mm de comprimento. No mez de Dezem- bro-Janeiro ella passa para chry- salida, sendo a das femeas maior do que as dos machos. Taes chry- salidas são nuas, ficando suspensas no furo por dois ganchos que se acham no ultimo annel do abdomen. As borboletas saem no mez de Janeiro-Fevereiro, são brancas, de olhos pretos; a envergadura das azas é de 40 millimetros nos ma- chos, sendo nas femeas um pouco maiores. Durante estes mezes ellas são frequentes nas cidades onde Fig, 19 são atrahidas pela luz nos seus vôos Tratamento: L-Iargata no furo interno, esmagada pelo pau- nocturnos. sinho em t, c-casca carcomida Fig. 18 -Stenoma albella, Zell. t-largata, 2-chrysalida, 2-adulto. ER et para ME TRATAMENTO. — E' muito facil livrar as arvores deste inimigo. Os furos são pouco profundos e por isso mesmo facil se torna debellar o mal. Para este. fim, convem inspeccionar os pomares nos mezes de Março Fig. 20 — Estragos em araçaseiros pela lagarta de Stenoma albella. a Setembro: tiram-se as camadas protectoras, intro- duz-se no furo um pedáço | de madeira, bem adaptado, batendo um pouco com mar- tello. A lagarta fica presa e morre de fome. Como o cyclo evolutivo do insecto é muito lento, bastam duas ou tres vistorias por anno para livrar o pomar desta broca. SICULADES FULCATA, Fr. Rq. (Geometrida) À lagarta, quando pequena, é vermelho-pintada ; crescendo, torna-se branca, (fig. 21) até 30 mms. de comprimento. O primeiro segmento do corpo é alarga- Po dad u do no dorso em uma placa escura. Cada annel tem um ponto escuro ao lado. "As lagartas se alimentam da parte cambial dos troncos das goiabeiras, respeitando geralmente a casca externa. As partes carcomidas sob a casca são irregu- lares, pouco profundas, (fig. 21). », Siculades fulcata Fig.21 —1-Estragos no tronco. — c-canaes sob a casca, o-orificio no canal interno; 2-Furo interno que abriga a lagarta; 3,4, 5-Lagarta, chrysalida e imago. No principio, a lagarta passa todo o seu tempo nessas galerias, porem crescida, faz os furos dentro do tronco, horisontaes no começo, depois dirigidos para baixo. A parte longitudinal do furo é alargada, e dá à lagarta a possibilidade de se virar. E” neste abrigo que ella se esconde dos inimigos e lá passa seu estado de chrysalida, que dura quatro a cinco semanas, mais ou menos. Não ha periodos fixos de desova, RGE raças O adulto é uma borboleta de côr geral amarella, com um desenho escuro, pouco delineado. À envergadura é de 40 mm.; os machos são me- nores. O bordo anterior das azas é muito desenvolvido em relação ao outro, e forma na extremidade da aza um appendice em forma de gancho. O desenho das azas anteriores é constituido por algumas manchas de côr escura, e é por uma flexa que desce da extremi- dade do appendice até a metade do bordo posterior. As azas posteriores têm um ponto translucido e mais claro no meio dellas. Frequentemente as lagartas vivem em colonias de 5 a 10, produzindo a deformação e o definhamento do tronco. Encontram-se tambem muitas vezes nos feri- mentos produzidos pelo Polyrrhaphis grandini, cuja ser- radura serve à borboleta para pôr os ovos. Entre os inimigos naturaes da borboleta, o mais importante é uma mosca, que põe os ovos na lagarta. As larvas devoram-na geralmente quando esta ja esta no seu abrigo, e à sua custa desenvolvem-se 3-4 moscas. TRATAMENTO. — Preservar os troncos, lavando-os com calda bordeleza e verde de Pariz. BORBOLETA CINZENTA das Myrtaceas Broca dos canaes comprídos no tronco Nos mezes de Dezembro, Janeiro e Fevereiro os troncos das goiabeiras e jaboticabeiras apresentam ex- ternamente os furos um pouco alongados, mais largos fóra do que dentro. Examinando-se, constata-se que elles vão até certa profundidade do tronco e tomam a direcção longitudinal. O comprimento destes furos at- tinge de trinta a quarenta centimetros; às vezes elles são duplos, communicando-se entre si. Estes furos são produzidos pela lagarta dum lepidoptero, que não po- demos classificar, por não existir nas colleeções do Instituto Agronomico, em Campinas, nem nas do Museu do Ypiranga, como tambem na litteratura correspon - dente. Nos mezes de Janeiro e Fevereiro a borboleta de- posita os ovos nos ramos e troncos, separadamente uns dos outros. Ás lagartinhas que nascem cavam a casca e depois a madeira, quasi na direcção perpendicular ao EA - O tronco. Entrando até certa profundidade ellas fazem os canaes longitudinaes. Vivem e desenvolvem-se dentro, comendo a madeira e fazendo os furos internos, pas- sando assim quasi um anno. | Neste tempo o orifício que communica com o exterior está tapado ex- ternamente pelos excre- mentos ligados com uma substancia sedosa. Tudo forma uma pequena sali- encia arredondada ou hemispherica em cima do furo. | Nos mezes de Dezem- bro, Janeiro e Fevereiro do anno seguinte as la- gartas crescidas alargam os orificios externos, para assegurar a futura sahida do insecto perfeito, depois passam para chrysalidas, Fig. 22—0-Orilicio externo no tronco da goiabei- perto do orificio da saida, ra, para futura sahida da borboleta; c-chri- com à cabeça para baixo. salida; f-furos internos. A borboleta sae depois de 5 a 6 semanas. A lagarta tem 25 a 30 mm. de comprimento com as faixas longitudinaes escuras no dorso. O primeiro segmento do corpo é muito desenvolvido, e tem a placa mais escura do que o resto do corpo. A parte anterior della é mais clara, e tem dois pontos pretos bem visi- veis. Os outros segmentos do corpo têm dois pontos pretos, muito menores na parte lateral, A chrysalida é de 15 a 22 mm. de comprimento, escura, com a parte dorsal mais enegrecida. O insecto perfeito é uma borboleta dum amarello cinzento com o corpo pesado e grosso, antennas pecti- formes. Às azas anteriores têm manchas mais escuras, que se destacam pouco do resto da côr. O tempo da evolução completa é um anno. Alem das goiabeiras, o insecto ataca as jabotica- beiras, produzindo os mesmos estragos. Pensamos que pode atacar tambem algumas outras Myrtaceas. Rd O pt O insecto tem serios inimigos naturaes. Observamos um hymenoptero que aproveita o tem- po quando a lagarta alarga o furo externo para entrar. là e por o ovo. A larva que nasce come a lagarta antes que esta se chrysalide e depois faz um casulo se- doso no logar onde devia estar a chrysalida, e em lo- gar da borboleta sae do furo este seu parasita. Em nossas observações constatamos mais do 50 % de la- csartas destruidas por este insecto. TRATAMENTO CONTRA A BROCA: Introduzir nos furos pedacinhos de madeira forte, batendo ligeira- mente. Na maioria dos casos a lagarta morre, não po- dendo fazer outro furo. O tratamento dá os resultados seguros quando é applicado para os furos alargados externamento pela lagarta nos mezes de Dezembro. a Fevereiro, e quando a lagarta passou para chrysalida. As borboletas que saem das chrysalidas não tendo man- dibulas para furar a sahida, morrem ali dentro. A borboleta tem vôo pesado, mormente a femea, e não transpõem grandes distancias. LAGARTAS DAS FOLHAS As folhas das Myrtaceas têm alguns consumidores gulosos que produzem estragos notaveis nestas plantas. Os prejuizos mais importantes se verificam nos vivei- ros, onde pequenas plantinhas sao desfolhadas comple- tamente e mesmo os brotos devorados pelas lagartas, Notamos duas especies mais importantes. Pyrrhopyge sp. Fam. das Hesperidas A lagarta come as folhas das goiabeiras, araças etc, e faz nellas seu abrigo, cortando-as e ligando o pedaço cortado ao resto da folha com fios segregados por ella. O pedaço cortado guarda geralmente intactos seus te- cidos vitaes e continua vivendo. Quando o casulo fica pequeno, a lagarta deixa-o, para fazer novo. O estado larvario dura mais do que um mez. A lagarta crescida tem de 50 a 60 mm. de comprimento; cabeça vermelha, cor de sangue, com as riscas longitudinaes pretas; o corpo é de côr carmim- intensa, com as riscas transversaes amarellas na metade nt dos anneis; é coberto de pellos brancos e finos. A parte posterior termina por um tufo de pellos vermelhos. No estado de chrysalida, que dura de 417 a 20 dias, o insecto passaYno mesmo casulo, que abrigava a la- garta. As chrysalidas são de 32 a 35 mm. de compri- mento de côr carmim-escura, com os pellos vermelhos. Pyrrhopyge sp. (Hesperidae) Fig. 23 — 1 e 2-Estragos nas folhas de goiabeira e araçaseiro; 3—lagarta; Ê 4-—chrysalida; 5—borboleta adulta. As borboletas que nascem das chrysalidas têm de 40 a 50 mm. na envergadura das azas; são de côr preta, com reflexo azul-metallico; as azas são bor- dadas de franjas amarello-claras; o lado inferior das ADO ud azas é preto; a cabeça e a parte anterior do thorax, como tambem a parte terminal do abdomen, são ver- melhas, côr de sangue; o vôo é muito rapido e irre- gular, a desova produz-se continuamente, sem haver os periodos fixos dos estragos. TRATAMENTO. — Consiste em pulverisar os viveiros com verde de Paris; colher as folhas com os casulos e lagartas e destruil-as; visitar os viveiros e proceder a este tratamento cada 45 ou 20 dias. MIMALLO AMILIA (Fam. Lacosomidae) Goiabeira, araçaseiro, grumixameira Uma outra lagarta que occasíona estragos notaveís nas folhas . das Myrtaceas A lagarta faz casulos com as folhas, os excrementos e pedaços dos ramos, ligando-os entre si pela seda. Este casulo tem às vezes 2 ou 3 reparti- "ções. A lagarta de côr parda, tem até 40 mm. de compri- mento. Os segmentos centraes são mais grossos do que os das extremidades. O corpo é coberto com poucos pellos. À chrysalida fica no mesmo ca- sulo. | Casulo, lagarta e femea adulta do Mimallo amíilia . Cega o AR A borboleta adulta (femea) tem até 60 mm. de en- vergadura; a côr geral é cinzenta, com pontinhos pretos disseminados sem ordem na superficie. As azas anterio- res têm uma mancha parda arredondada, com dois pon- tos claro-translucidos dentro. As margens das azas são bordadas por uma faixa pardo-arruivada, acompanhada com uma linha clara. Esta faixa passa tambem nas azas posteriores, ficando mais larga. Este desenho se reflecte tambem no lado inferior das azas. Os estragos são mais notaveis nos viveiros, onde as pequenas plantinhas são destruidas frequentemente ficando só o tronco com o casulo. PEROPHORA PACKARDII (Fam. Lacosomidae ) As Myrtaceas, como tambem plantas de outras fa- milias, soifrem bastante deste insecto. A lagarta vive nos casulos suspensos aos ramos fi- nos, e sae so à procura dos alimentos comendo as fo- | lhas. Os casulos são feitos da sub- stancia sedosa, gommados superficial- mente, de maneira que são lisos e tão duros que é difficil esmagal-os ou cortal-os com a faca. : Ste —] EIA, RES EVER SSL ILS ÍNIE SÁ : va ESSES De Ri Nes SS Rec Wa) NNE 7, RESTA pn asa j ", TES s SE pa Perophora Packardii Fig. 25 — A4-Casulo que esconde a lagarta , A borboleta mede até 60 mm. de envergadura, é de côr amarellada; as azas anteriores têm um ponto translucido claro. A parte externa dos dois pares de azas é mais escura, sendo separada da parte interna por uma linha preta ERR Tai TRATAMENTO. — O melhor meio de protecção das arvores fructiferas grandes, como tambem das dos vi- veiros, contra as lagartas que devoram as folhas é a pulverisação das plantas com substancias venenosas. Este tratamento é de toda a necessidade nos viveiros atacados. Nas arvores fructiferas deve-se evitar a pul- verisação no tempo das fructas. Os casulos com as lagartas podem ser tambem co- lhidos e destruidos. HEMIPTEROS São insectos de metamorphose incompleta: as lar- vas são parecidas com os adultos, só lhes faltando azas desenvolvidas. Transformam-se em adulto sem passar pelo estado de nympha. Todos são sugadores e vivem chu- pando com a tromba a seiva do tronco, folhas ou fructas. Entre elles se distinguem, pela sua nocividade, os per- cevejos de plantas, as cigarras entre nós, mas, sobretudo, os piolhos vegetaes: cochonilhas ou coceidas, Inuito nu- merosas, de difficil extinção e que occasionam grandes estragos na fructicultura. Pachycorits torridus — Fam, de Scutellaridae. E' um percevejo de 12 a 14 mm. de comprimento, de 8a 9 mm. de largura. Sua forma é abahulada e arre- dondada; a côr é preta com reflexo avermelhado. O “corpo tem manchas, cuja côr varia desde vermelha até amarello-clara. Estas manchas são em numero de oito sobre o tho- rax e quatorze sobre o escudo que cobre o abdomen. Apparecem durante o verão, atacam as fructas e folhas das goiabeiras, araça- seiros etc., nas quaes elles introduzem o bico (rostro) e chupam a seiva. Os ovos são postos superficialmente nas tolhas e ig. 26 delles saem as larvas que se parecem com Pachycoris torridus os adultos, tendo todavia o escudo menor e a côr de um verde metallico. Coccídas ou Cochonilhas São insectos microscopicos na maior parte. Propa- gam-se com grande rapidez e em enorme quantidade, ç : a al SR infestando troncos, galhos. folhas e fructas. Um grande numero das especies é generalizado em todos os paizes do mundo. Os machos são minusculos insectos alados, providos de um par de azas bem desenvolvido e outro rudimentar; quando adultos, não têm tromba e não se alimentam. Sua funcção é a reproducção da especie. As femeas permanecem immoveis e durante a vi- da ficam num logar com a tromba enterrada na planta, sugando continuamente; põem os ovos debaixo do corpo com que os protegem: o corpo mesmo da femea é pro- tegido com as pelles das diversas mudas ou com as se- creções especiaes: cera, laque etc. A destruição destes insectos torna-se às vezes bas- “tante difficil, devido a esta protecção. PRATAMENTO CONTRA AS COCCIDAS (cochoni- lhas) e APHIDEOS (pulgões). — Um remedio muito effi- caz é a emulsão de kerozene e sapão, preparado do modo seguinte : WRerozene : “1,4 23.6 Yo litros Sabão molle commum 2? !> Kilos fe ETR oo ABRO Rr AE NR 4 litros Corta-se o sabão em pedaços que se põem na agua a ferver até completa dissolução; retira-se o recipiente do fogo e lança-se a solução quente no kerozene, agi- tando-se forte- mente. Obtem-se uma pasta que pelo restfriamen- to” fica/Feomo manteiga e con- serva-se bem sem se alterar. Para empre- gar, dilue-se a pasta em 50 ou 60 litros d'agua e applica-se com bomba de irriga- ção ou pulveri- Fig. 27 -Pulverisador zador. — 36 — O tratamento deve ser repetido algumas vezes. Quando as arvores estão muito atacadas é neces- sario cortar todos os galhos finos, deixando a fructeira sem folhas, tendo o cuidado de queimar todos os galhos e folhas cortadas; limpa-se com uma escova de raiz o tronco e os galhos, sem ferir a casca e applica-se, com uma brocha, a caiação de cal e enxofre. Logo que começarem a nascer novos brotos da-se principio à applicação da emulsão de kerozene, com pul- verisador uma vez por semana, até que as arvores fi- quem livres de parasitas. Capulíina jaboticabae, Ihering. E' uma praga perigosissima das nossas jaboticabeiras, encontra-se nos galhos, ramos e troncos e, às vezes, nas raizes, onde vive sobre as cascas. Ella é encontrada quasi sempre na base do tronco, formando nucleos e vivendo à custa da seiva da ayvore. Desde então, esta entra a resentir-se, começando a mortificação das cascas e, apesar de ser commum nas Myrta- ceas a expoliação das hastes, nota-se que nas jaboticabeiras doentes a casca fica adherente ao tecido lenhoso, ao passo que as folhas se desprendem, notando-se nodosidades enormes nos calhos. As extremidades dos galhos entram a seccar, começando por ahi a morte dos tecidos, phenomeno cuja marcha progressiva de cima para baixo, póde manifestar-se em todas as arvores, mormente nas que não foram opportunamente tratadas. O hemiptero propaga-se facilmente e em pouco tempo tem infeste.do toda a arvore, passando de uma a outra, quando os ramos se pôem em conta- cto ou mesmo pelos ventos. No estado adulto o insecto é de côr amareilo-claar, tendo o corpo a Hig28— Asperio Ena PANA tronco atacado pot forma oval, algum tanto achatada, € aputina jabolicabae sendo munido de tromba. ] a E | ais O maior damno é causado pelas femeas e as lar- vas, que vivem se nutrindo sempre do liquido seivoso, ao passo que os machos adultos vivem apenas poucos dias e não damnificam a arvore. As femeas depositam os ovos às dezenas, no meio de um producto de secreção que os envolve e retêm. Este producto de secreção encontra-se sempre nas gretas ou fendas das arvores atacadas, já destituidas das respectivas cascas, denunciando sempre a presença da capulina. TRATAMENTO: deve ser feito o mais cedo possi- vel, e pode dizer-se que nisso está o exito da operação, que alias nenhuma difficuldade offerece, mormente quan- do se acode logo, antes que se multipliquem muito os insectos, o que o pode tornar laborioso, pela necessi- dade de muitas repetições. Podar os galhos e ramos e incineral-os, eliminar as cascas exfoliadas de toda a arvore, com os respectivos parasitas, o que se pode fa- zer com a luva Sabaté e uma raspadeira; ajuntar todo O cisco em volta da arvore e incinerar tudo. A arvo- re inteira é pulverisada com uma escova ou pulveri- sador com uma calda de 500 grammas de sabão, e 12 a 15 litros de agua, de sorte que o insecticida pe- netre bem nas fendas ou cavidades do lenho. O mes- mo tratamento applica-se às raizes, enchendo-se a cova com terra de melhor qualidade. Com duas ou mais lavagens bem feitas intervalladas de 145 dias, a praga pode ser destruida. (Roletim de Agricultura N. 4, 1910 - S. Paulo) CAPULINA CRATERAFORMANS, Hemp. em jabotícabeíras As femeas produzem pequenas empollas em forma de cratera, na casca dos troncos e dos ramos. Os pés atacados por este insecto apresentam nes: geralmente estas empollas em todas as aa A ; : F partes da casca, desde a base até os * (GE-E ramos finos. O aspecto geral da doença É dá impressão de sarna. As empollas têm cerca de um milli- metro de altura e consistem de um annel ; 1 exterionde la 1.5 mma, de diametro Fig. 29 — Capulina .: ; crateraformans, Hemp. formado pelo tecido da planta, e uma TEnARpS o pequena eminencia no centro que é occupada pelo inse- cto, que pode ser facilmente removido com uma agulha. — E muito commum em jaboticabeiras dos nossos pomares. CEROPLASTES JANEIRENSIS, Gray (co psídií, Chav) As femeas adultas têm aspecto de pequenas boli- nhas de cera branca, com as linhas calcareas em baixo ». de cada lado. No dorso t' A percebe-se pequeno nucleo “branco, um pouco mais escuro do que o resto do corpo. A cera é dura e dividida em placas. Com- primento 9 mm., largura 8, altura de 6 a 7 millimetros. À forma e o tamanho vari- Fig. 30 Ceroplastes : janeirensis am conforme a idade. A femea se acha escondida dentro desta secreção. Ataca as goiabeiras e tambem al- gsumas outras a arvores da familia das Myrtaceas. Além das coccidas mencionadas ig. 31 encontram-se frequentemente muitas Ceroplasies grandis, Hemp. outras. Assim temos em S. Paulo goiabeiras atacudas pelo Ceroplastes grandis, que se tornou um verdadeiro flagello dos platanos nas ruas da capital. ALERODIDIAS Alenrodes horrídus, Hempel E” conhecido sómente no Brasil. São pequenos in- sectos, quasi microscopicos, que moram no lado inferior das folhas de laranjeira, mexiriqueira, limoeiro ete. E muito frequente no Estado de S. Paulo. Estes insectos são cobertos de um pó branco, fino, nas azas, no corpo, o que é umasecreção do insecto. São muito parecidos com os coceidas, mas os adultos: = VEJO) se distinguem por terem azas as femeas e os machos, ao passo que as femeas das coccidas são apteras Os insectos agglomerados em quantidade no lado “inferior das folhas, formam uma camada branca feliro- sa, sendo os insectos escondidos em baixo desta cama- da, chupando a seiva da planta. Além das Aurantiaceas ataca tambem as Myrtaceas : gsolabeira, araçaseiro. Exgottando as arvores, o insecto causa prejuizos serios nos pomares. (Como consequencia do ataque vem sempre a fumagina do lado superior da folha — uma camada preta — que produz asphixia da folha. TRATAMENTO. Pulverisar as arvores e lavar os troncos com calda de sabão ou emulsão de kerozene. BIBLIOGRAPHIA Boletim de Agricultura. Secretaria da Agricultura do Estado de S. Paulo. N. 1 de 1904, N. 1 de 1910. O Entomologista brasileiro. N. 8 e 10 de 1909. Chacaras e Quintaes. N. 2 de 1911. Catalogo da Fauna brasileira, editado pelo Museu Paulista, vol. III « As coccidas do Brasil » por Adolpho Hempei. 1912. BS 26% SB Bondar, Gregorio. 931 Os insectas damninhos B6 na agricultura. Ent. "E .B6 inhos na agricu 88 Ig ITHSONIAN INSTITUTION LIBRARIES nhent SB931 damn O insectas | 5 Os i pecer jota q so Gus 2 - - ara - * > : gs: Fe das ta Çã os E E ci qeEEa