êm t^->A'^;tf^J-'^^^ . ■>.»n\< •' Hj'^.:iMi^è.-ri<' . 2ÍÍÍÍ.' sss ''STJ ^.-CT^S m'i [Ye.AÚLKJuki.'. L.. ■........, J ou RELAÇÃO DE PLANTAS NOVAS ColMilas, Classificadas e ileseiiliailas POR J. BARBOSA RODRIGUES Director do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Cavalheiro das Ordens de S Thiago e da Coroa de Itália. Laureado com a Grande medalha de Galileu e membro de varias associações scientificas nacionaes e estrangeiras. ■lõiH— í)tí Rio de Janeir^o Typographia LEXJZIlSrGrKlR 1898 PLAITAE MÂTTO&iSSEISES ou RELAÇÃO DE PLANTAS NOVAS Colliiilas, classificaôas e ôesenliailas POR. J. BARBOSA RODRIGUES Director do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Cavalheiro das Ordens de S. Thiago e da Coroa de Itália, Laureado com a Grande medalha de Galileu e membro de varias associações scientificas nacionaes e estrangeiras. botanical QAKDEIN 45r.4— 98 Rio de Janeií\o Typoaríiphia LEXJZIÍÍGKIÍ. 1898 AO LEITOR Qakuen •UANDO voltei da expedição que fiz ao Rio Paraguay e ao Estado de Matto-Grosso, pretendia publicar em um só volume o resultado botânico que obtive, nos poucos mezes de colheita e em época imprópria, mas, de- pendendo isso de meios pecuniários, dividi o trabalho em três partes. Publiquei as Palmce Mattogrossenses noves com os re- cursos que o Governo então poude me dispensar, e agora apresento esta nova contribuição, auxiliado ainda pelo mesmo Governo, para mais tarde publicar a relação de viagem. E' praxe em trabalhos semelhantes, relacionar todas as plantas colhidas, pelo interesse geographico que apresenta, mas alongando assim muito esta publicação, apresento aqui somente as que me parecem ser novas ('), deixando as outras para a referida relação de viagem. Deixo também de consignar aqui algumas Bignoniaceas, que presumo serem novas, esperando a conclusão da mono- graphia d'essa familia, na Flora Brasiliensis para, se o forem, fazer uma publicação especial. Costume tem sido entre nós, salvo honrosas excepções, ser remettido para o estrangeiro o resultado botânico das ex- pedições mandadas fazer pelo governo, ou mesmo as collecções feitas officialmente ; mas, como não concorde com esse habito, que julgo menos honroso para a nossa pátria, por depor contra nosso saber, arrisco-me sempre a apresentar o resultado dos meus estudos, bons ou máos, a pedir a outrem que os faça. (') Prodromus Florts Granatensis, 1862, pag. 8. — VI como procede também o Dr. Philippi, botânico chileno, e eis porque apparece mais esta insignificante contribuição, preferindo errar a passar por desidioso. Desse atrevimento, resultado satisfactorio parece ter colhido o paiz, pois centenas de espécies e alguns géneros novos de plantas, já figuram no mundo scientifico com nome brasileiro. Nos Generas, nas Floras e em diversas publicações estrangeiras têm sido ellas citadas, referidas e representadas, porque as que tenho como novas apresentado, como tal têm sido reco- nhecidas e aceitas pelas insuspeitas autoridades do velho mundo scientifico. Entretanto devo sempre dizer como Triana e Planchon « nous réclamons d'avance Tindulgence pour les cas ou notre ignorance trahirait notre désir d'éviter les doubles emplois ». Como, pois, não pertença á escola d'aquelles que só de- terminam plantas comparando-as com outras devidamente eti- quetadas, nos herbarios europeus, ainda uma vez ofíereço ao publico este ramalhete, que se não é grande, comtudo é assas sufficiente para mostrar que, com patriotismo e com trabalho, as pequenas pedras também servem para auxiliar a construcçâo de grandes monumentos. O templo da Flora brasileira está quasi concluído, foi se erguendo com a esplendida Flora de Martius, á custa de obreiros estrangeiros que vivem longe da nossa pátria, mas para que não tenham meus filhos, como brasileiros, de corar para o futuro, elles encontrarão também n'esse monumento o suor de seu pai, servindo para argamassar o material das columnas que o sustentam. O nome brasileiro ahi já está gravado e, mercê de Deus, com algum brilho. Assim fallo, não por enfatuada vaidade ou desmedido or- gulho, mas sim porque no meu passado houve um tempo em que a sciencia ofíicial do paiz procurou duvidar dos meus es- tudos, náo sò dos feitos por conta própria, sem o favonio do poder, como dos que apresentei mais tarde, quando o governo, depois de maduro exame, entendeu confiar- me commissôes. Como, porém, esses mesmos trabalhos menoscabados, depois de passar pelo cadinho das celebridades européas, fossem — VII — sanccionados, creio estar autorizado a nâo calar-me, devendo com franqueza me exprimir, afim de que o meu exemplo seja seguido por aquelles que se occupam da sciencia de Linneo, e, para que a mocidade estudiosa se anime a percorrer nossos campos e florestas, onde tanto ainda ha por fazer. Que ella apanhe ahi novas folhas, flores e fructos, e mesmo com os espinhos que forçosamente ha de encontrar, entreteça coroas, grinaldas e festões e adorne o templo, para que ao menos, como remate, possa n'elle ser entoado o hymno do trabalho nacional. Vale. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, aos 3 de Março de 1898. PLANTAE MATTOGKOSSENSES Ordo ANONACEiE Juss. Gen. Anona Linn. Sect. GuANABANi Mart. 1. ANONA MACROCARPA Barb. Rodr. Trunco crasso me- diocri tortuoso ; foliis oblongo-ellipticis v. obovalibus acutis coriaceis, novissimis in petiolo nervo venisque subtus sub- tiliter ferrugineo-pubescentis ; pedunculis solitariis; fructu lato ovato vel cordato máximo, areolis numerosis umbone in muricem acutum producto, seminibus fulvis. Tab. I. Albor trunco 3!!l4"'Xo'".20 lg. diviso in ra7nos validos, tortuosis, cortice corrusrato cinereo fusco. Ramuli cinereo-ferruo-inei, líEviter ferrugineo-pubescenti, corrugati, glandulosi. Folia peliolis o"\oo8 lg., subteretibus supra canaliculatis, o",! i_o'",i5Xo'",o6-o'",o8 lg., oblonga, elliptica vel obovalia, acutiuscula v. acuta, supra nitida. Flores non vidi. Bacca magna, o'",i3Xo'".i4 '?■ Córtex areolas exhibet subtetra- gonas umbonatas, umbone, acuti. Pulpa alba. Semina fulva, oblonga, o'",oi8Xo",oi i lg. Had. i)i campis generalibiis editis, ad Serra da Chapada, Prov. Matto Grosso. Fructibus siccis observaíi arborem mense julio. In Cuyabá diciíur Araticum grande da serra. Atravessando a serra chamada Manoel António, quando per- corria as immensas planícies da Chapada, ou planalto de Matto Grosso, a 800 metros acima do mar, em época em que a plantas estavam sem flores, e os campos completamente seccos, diariamente devorados pelas queimadas que consumiam muitas léguas de vegetação,encontrei esta espécie, que me fez recordar o Matollo, dos campos de Minas Geraes, descripto no IV fas- ciculo das Plantas novas cultivadas no jardim Botânico do Rio de Jmuiio, á pags. i e seguintes, sob o nome de Anona Rodriguesii. Infelizmente só achei um único fructo, já secco, porém em perfeito estado de conservação. Examinando-o, es- tudando o porte da arvore, vi que tendo muita affinidade é, comtudo, differente da espécie de Minas Geraes, e que supponho nâo estar descripta. O Dr. Patrício da Silva Manso, autor da Enumeração das plantas que podem fromcver a catarse, um dos mais antigos col- leccionadores das plantas de Matto-Grosso e que por muitos annos residiu em Cuyabá, si a tivesse encontrado forçosamente estaria descripta na monographia de Martius, visto como o seu herbario, está reunido aos do celebre botânico bavaro. As mesmas razões, pois, que me levaram a considerar novo o Marollo, de Minas, me levam também a assim considerar o Araticu77i grande da serra. Pelo tamanho parecem-se, porém pela forma, disposição e consistência das protuberâncias, afastam-se inteiramente, assim como pelo fácies da planta. Não conhecendo monographia moderna, que desta familia se occupe, não receio dal-a como nova. Entretanto, é natural que esta espécie nestes últimos annos fosse colhida, principalmente pelo Dr. Lindman, mas como este, que me conste, nada ainda publicou, apresso-me em entregal-a á sciencia para que maiores autoridades decidam. Creio, como disse, nâo existir trabalho algum, visto como Lindman, que tenho a honra de contar no numero dos meus amigos, ainda nâo me enviou nenhum trabalho, quando Malme, seu companheiro já o tem feito, pelo que se prova nâo haver ainda publicado o resultado de seus trabalhos botânicos. O índex Kcwcnsis, publicado em 1893, só menciona as amigas espécies e é de presumir que nâo a omittisse. 3 2. A. CUYABAENSIS Barb. Roei. Trunco humili cíespltosi erecti ; foliis magnis obovatis, vel ellipticis, oblusissime acutis, subsessilis, supra atroviridis asperis subtus vellutinis; pedunculis solitariis infra foliis erupentibus velutinis, sepalis petalisque velutinis, sepalis connatis triangularibus acumi- natis, petalis exterioribus ovatis carnosis obtusissimis, inte- rioribus minoribus valvulatis concavis obtusis, bacca non vidi. Tab. II. Arbuscula i - 2" lg.. Ti-unais eirami erecti, caespitosi. Folia o'",i3-o"',2oX o"\09-o"\i4 lg., obovata aut elliptica sub- sessilia, basi rotundata aut cordata. Pedimcíihcs o"',oi5 lg., cernuus. Sepala velutina, acuminata, o"\oi5 Xo'",oio lg.. Pétala exteriora crassa, o" ,04 X o'" .-02 7 lg., interiora duplo minora, concava, obtusa, ochroleuca. Stamina numerosis- sima. Bacca magna. Caro alba. Sentina niçrra. Hab. in campis prope Cuyabá. Araticu.m Grande nuncupatur. Piorei. Juiiio. Nos campos, que circumdam a cidade de Cuyabá, encon- tram-se facilmente esta espécie^ formando pequenas soqueiras de hastes finas e erectas, semelhantes a varas de marmeleiro. Penso que a planta toma este aspecto devido ás queimadas annuaes. Não vi um só pé com tronco, todos se apresentam emittindo do solo um numero variado de hastes. Não encontrei nenhum specimen com fructos, porque começavam a tiorescer na occasião, porém affirmaram-me os naturaes que os fructos são grandes, escamosos e quando maduros com a casca ama- relloesverdeada, com a polpa branca e as sementes pretas. Como o Marollo de Minas Geraes são também muito aromá- ticas. Tive occasião de tomar um licor feito do fructo dessa espécie, muito agradável não só ao paladar como ao olfacto. A' primeira vista, esta espécie, parece ser a Anona coriacea Mart., mas afíasta-se não só no porte, como no tamanho das folhas, forma e côr das sepalas e das pétalas. Spencer Moore encontrou em Santa Cruz (') uma variedade da coriacea. Elle notou difíerenças, tendo-a entretanto como sendo a mesma de Martius e estabeleceu por isso entio uma variedade a que deu o nome de aniplexicaiãis. Esta espécie assim como a que se segue me obrigam a fazer algumas observações. As Anonas segundo Baillon (°) têm sempre as pétalas muito espessas e quando em botão a preíloraçâo valvulada. Dessa opinião são também Bentliam e Hooker (^) e todos dâo a prefloraçâo imbricada, para as Duojietias ou Aberemoas. En. tretanto este caracter nâo é fixo, porquanto a Aiiona nuiricata se tem as pétalas exteriores perfeitamente valvuladas apresenta comtudo, as três interiores, não só em botão como mesmo depois de abertas, as três externas completamente imbricadas. E' o facto que se dá tanto nesta espécie, como na minha A. Rodrig-itesii e na que se segue. Estas espécies apresentam uma transição para as Dugue- tias, da secção que comprehende a Anona tongifolia de Aublet a Pinaiita, Aublet encontrou na Guyana Franceza, com o nome de PináoH e Pináioiía, duas espécies que denominou Anona piinclata e lonoifolia, nome vulgar este que se estende até ao Sul do Brazil, sempre dado a Anonaceas. O Pináou e Pináioua é a Piuda u oji una e Pindá yb. dos Karanys, que a pronuncia franceza modificou na escripta, do u indigena fez ou. E' notável como esse nome seja só empregado em anonaceas, assim é que, a Duguclia Bracteosa de Martius é a Pindá una de Santa Catharina e a Xilopia frucíescens Z. é a Pindáyba de Minas. Pindá una. quer dizer anzol preto e pindá yba caniço de- pescar, dos indígenas. (') The Phancroi;. Boi. of llic M.itto Grosso E.vp. , in Tlic Tr.iiis. of llie l.iii. a I.oco of Lond. IV. 1894-96. pa,'. 304. (') llist. des IMtinl. I. p. 229. (•; Geo. I'l. 1. p. 27. o professor Baillon {*) observando o facto na imiricata e na involiícrata, diz : « Les anona ordinairement valvaires, peuvent avoir les pétales très-manifestement imbriques », que é o caso das minhas espécies, que são outras tantas que se unem ás duas conhecidas, podendo por isso formarem uma secção. o. A. AURANTIACA Barb. Rodr. Trunco humili ccespitosi erecti pubescenti ; foliis oblongis emarginatis sessillibus erectis glaucis a basi cordatis ; ramuhs novellis, pedunculis solitariis calycis triangularibus brunneo-pubescentibus ; pe- talis extus brunneotomentosis ; bacca aurantiaca minima globoso-ovata, areolis rhombeis, umbone acutissimo. Tab. III. Aibuscula i"'-2"'lg., Folia o^o; -o"\09 X ©""jO^s -o'",055 lg., sessilia, glauca, erecta, emarginata, basi cordata. Pedunadns o"',o3 lg. erectus, bracteola semi amplexicauli, lanceolata, acuminata. F/ores non vidi. Bacca o"", 06 y^o'^,o^'^ lg. auran- tiaca, areolis subtetragonis, umbone accutissimi. Caro alba. H.\B. /« cainpis pTope Rio do Pei.xe et Coxipó, ad Cuyabá. Ft ucl. ynnio. Nos campos de Cuyabá, próximo aos rios do Peixe e do Ccxipó, encontrei esta espécie com flores em botão e com um fructo maduro, porém, internamente, todo comido pelos pas. saros ou insectos. Distingue-se e separa-se de todas as con- géneres pela disposição das folhas e pelo seu aspecto. As folhas são pruinosas, de um verde azulado, isto é, de um glauco especial, parecendo de cera e que na apparencia não denota uma anonacea. E' também um arbusto pequeno. Os fructos são de um amarello de ouro ou côr de laranja bri- lhante, com a polpa branca e as sementes pretas. Tem o nome de Araíicnm do campo. Com as espécies conhecidas procurei (*j Iliát. des riant. I. p. 259. 6 achar identidade, mas o resultado foi negativo; não a encontrei descripta e por isso aqui apresento como nova. A Anona phacoclados de Martius, que cresce também em Cuyabá, approxima-se da espécie em questão, mas presumo não ser a mesma. A época da florescência também é dilíe- rente, a minha espécie floresce em Junho e a de Martius em Novembro e Dezembro. Gen. Aberemoa Aubl. ('duguetia S." Hil.) 1. ABEREMOA FURFURACEA, var. Jonasiana Barb. Rod. Trunco mediocri caespitosi, ramulis novellis fulvo-lepidotis; folliis coriaceis lanceolatis utrinque acutis, supra nitentibus, subtus furfuraceis rufo-argenteis; pedunculis solitariis; calyce trisepalo sepalis liberis lato-ovatis acutis recurvis, utrinque furfuraceis, petalis exterioribus oblongis subacutis, interi- oribus majoribus oblongis acutis aut sub emarginatis, con- cavis, ad basin rugoso-callosis, subtus furfuraceis, supra tomentosis. Bacca oblonga, areolis tetragonis aut pentagonis Iseviter acutis. Tab. IV. Fruíex i^^-a"" lg., ramosus, rainis adscendentibus, furfuraceis lepidotis. Folia o"',o7 -0,12 X o",020 - o",035 lg., peticli brevi, lepidoti, o"',oo5 lg. Pedunculus sub oppositifolius soli- tariis, o"', 10 lg., cernuus. Calyx trisepalus pubescentis, sepala o^jO 1 5 X o^.o ' 2 lg., recurva, subacuta. Pétala exte- riora glandulosa, flava, ad basin rósea, interiora basi purpu- rascentia calloso-sulcata, exteriora majore, o"\oi5 X o^oi i lo-. Bacca o",o7 X o^i^SS íg-> oblonga, flava, sentina in carne flava nidulant obovato-compressa ; testa alutacea, albtimen ruminatum, radiis parallelis, corneum. Hab. in campis propc Rios Coxipó et do Peixe. Araticum mmcupatur. Floret. et fruct. Junio. Esta planta cresce, formando pequenos capões, nos campos de Cuyabá, onde a encontrei com flores e com fructos, ainda não bem maduros, no mez de Maio. A principio a tomei pela Anona furfuracea de St. Hilaire, antes Dugtcetia furfuracea, segundo Bentham e Hooker ('), {}) Genera Plantaruin I. p. 24. 8 mas, comparando a com a descripçâo do notável botânico francez (') e com a estampa que a representa, assim como com exemplares colhidos por mim em Minas Geraes, districto de Alfenas, vejo não ser a mesma espécie e sim uma varie- dade, pois se affasta nao só pelas flores como pelos fructos. O Dr. Spencer Moore, entretanto, diz ter encontrado a verda- dadeira Dii<;ueíia fnrfuracea (') em Santa Cruz, no mesmo Estadode Matto (Jrosso. Comparandoa com a espécie de St. lli- jaire, vê-se á primeira vista que as flores desta são maiores, as pétalas róseas, assim como que o fructo tem a polpa de um amarello côr de abóbora, com as divisões do epicarpo róseas, emquanto que a de que me occupo tem as pétalas pequenas, branco-rosadas ou esverdeadas, com os fructos com a polpa branco-amarellada e com o epicarpo amarello esverdeado. Coii- sidero-a uma variedade bem distincta. Levo a para o género Aòeremoa, escudado no sábio pro- fessor Baillon ('), posto que contra a sua opinião sejam \L.\- dlicher. De Candolle, Hooker e Benthan, Martius, etc. Baseado, porém, nas decisões do Congresso Internacion:il Botânico de Paris, como Baillon, reivindico o género para Fusée d'Aublet. Este, em 1775, creou o género Aberemoa (') para uma espécie da Guyana Franceza, conhecida por Abereinu, deno- minando y/. Gnyauensis, mas conservou para a sua Pinaiua, o de Anona loiioifo/ia, espécie que pertence também ao mesmo género, segundo Baillon. Cincoenta annos depois, em 1825, St. Hilaire, para uma espécie do género de Aublet, encontrada no Sumidouro, perto da antiga Villa do Principe, hoje cidade do Serro, estabeleceu o seu género Duguetia, que, não sei porque, foi aceito, sendo levado á synonymia a de seu compa- triota Aublet. Entretanto o Abe7'C7noa tem o direito de priori- (') F.'or. Jhiis. Mer. I. Tag. 35, t.il.. 6, 7. (») (ip. cit. pBR. 299. (•) Ailiinttmia, VIII, pngs. 204 e 282. l*) Jliíl. i/ei /'l.inl. lie la Ciiviiie 1 ume. I, pag. 610, l.ali. 245. 9 dade. O Dr. Otto Kuntze, na sua Rcvisio Genertcm Pian{arum, deste género não se occupou, o que me admira. A planta de que me occupo é da secção da A. longifolia de Aublet. As Abereinoa^ ou Diigiietias são Anonas, mas que têm sempre a prefloraçâo embricada e não valvuladas, sendo as pétalas menos carnudas. Considerando bem distincta esta variedade, como disse, dedico-a ao meu companheiro de excursões, a quem, em parte, devo o bom resultado da minha expedição, o Sr. Dr. Jonas Corrêa da Costa, medico distincto. Aqui deixo perpetuada a minha gratidão ao amigo da sciencia, que tanto me auxiliou. 10 Ordo ANACARDIACEyí: R. Br. Trib. MANGIFERA L. March. Gen. Anacardium Rottb. ANACARDIUM CORYMBOSUM Barb. Rod. Trunco subter- râneo, ramulis caespitosis adscendentibus pilosis, demum líevibus, dense foliosis ; foliis decrescentis, coriaceis, ere- ctis, supra strigosis, subtus dense pilosis, sessilis, oblongis, emarginatis basin versus cuneatim attenuatis, costa crassa nervisque lateralibus cum venis numerosis reticulatis pi- losis, subtus prominentibus. Ramis floriferis axillaribus pi- losis teretibus corymboso-capitatis foliis subaequantibus, erectis ; ramulis brevissimis densissimé muitifloris, bracteis lanceolatis acutis pubescentis, pedicellis quádruplo floribus minores, sepalis lineari-lanceolatis, acutis; pubescentibus, petalorum duplo minoribus ; petalis lineari-lanceolatis acutis contortis, extus pubescentibus, intus ad apicem tomentosis et ad basin papillosis ; staminibus inclusis ; ovário ovoideo; stylo tenui continuo ovarium multo superante. Tab. V. Frutex i'^-i"',50 alt., Folia o'",i3-o'",o5Xo",75-o'",03 lg., /^//íj/í' nullo. Jnflorescencia; axillario-corymbosae usque o "",3 lg., ramis pilosis, primariis erectis. ápice sub clavatis. dense corymboso-capitatis, o"',i-o'",05 lg.; extimis trichotomis corymbosis bracteatis, bractecs o"",©! 5-0 "",005 lg. , lineari- lanceolatae, acutae, extus pilosae, ramulis minoras. Calyces laciniae o"" ,005 lg. Pétala o"" ,010 lg., intus albido-rosea ad apicem tomentosa, basi purpureo-papilosa. tri-striata. Sta- mcn fertile o'" ,002 lg., intra pétala inclusum ; cetera aequan- tia ; anthera; flavicanti-albidíe. Hab. jn campis prov. Matto-Grosso, ad Serra da Chapada, prope Rio da Casca. Caju do campo iticolorum. Jul. florct. Quando, em Julho, percorria os vastos campos da Serra da Chapada, encontrava commummente o Cajueiro do campo. 11 mas, tomando-o pelo Anacardium humile de Saint Hilaire, que já o conhecia muito dos campos geraes da província de Minas, nâo lhe dei a principio importância. Entretanto, sempre que com elle me encontrava, alguma cousa se me passava no espirito, que me attrahia a attenção, comquanto tivesse a con- vicção de que me enfrentava com planta conhecida. Tanto isso se deu, que resolvi colher exemplares, então no começo da florescência, porque vi que alguma differença se apresentava, que a memoria me não dizia. Com effeito, mais tarde, essa impressão que me produzia, se avivou quando tratei de estudal-a. Quando de visu se co- nhece bem uma planta, qualquer modificação nos seus cara- cteres chama a attençáo, sem que possamos, logo, dizer porque assim ella nos impressiona. O que me confundia era a inflorescencia, mas d'isso então nâo cogitava. A planta que eu conhecia, mas não a via desde 1876, tinha paniculas terminaes e esta tinha corymbos axil- lares, sendo um terminal. Essa differença me passava pelo espirito, sem me avivar a memoria. O Cajueiro do campo, foi encontrado por St. Hilaire, assim como por Warming, em Minas-Geraes. Foram os exemplares ahi colhidos que serviram de typo para a classificação, entre- tanto Riedel também o encontrou em Matto-Grosso, na mesma Serra da Chapada, d'onde é o exemplar de que me occupo . O Dr. Engler, escrevendo a monographia das Anacardia- ceas, comparando os espécimens dos herbarios, identificou os Mineiros com o Mattogrossense, pelo que parece que os Cajus do campo se identificam nas duas províncias, o que não duvido. Apezar, porém, d'isso creio que mais uma espécie existe nos campos de Matto-Grosso, que é esta que me occupa agora, e que não é a de Riedel. Encontrei também, muito, o A. pumi- him St. Hilaire, Caju rasteiro, que não me impressionou, e que depois o estudando identifiquei perfeitamente com o de Minas-Geraes, onde foi elle encontrado pelos mesmos bo- tânicos. 12 O Dr. Spencer Moore, tratando do A. occidenlale^ apenas o referiu da seguinte maneira : Ad Serra da Chapada et alibi sacpe vidi Juijus generis speciem naiiatu , Jlori/erain , raritis jVuctiJicajitcm verismiiliter ad. A piunilum St. líiL , rcle- íratidani. By sovie oversight I omitted to dry specimens of Ihis nirious li tile Casheivn (') O aspecto geral, o habitus, o logar em que cresce tudo é o do A. Iiuniile, entretanto se examinarmos attentamente, vêr- se-ha que a espécie de Matto-Grosso tem as folhas sesseis e são pubescentes em ambas as faces, posto que menos na su- perior; que a inilorescencia é axillar e nâo terminal ; que as flores sâo em corymbos e não em paniculas; que as pétalas sao retorcidas e nâo simplesmente recurvadas, que são pubescentes exteriormente, mas com a parte interior também avelludada, na porção que se dobra e se retorce, que é na altura das sepalas, e, que além disso tem a base do lado interior como que pap- pilosa. Os estames sâo inclusos como o é também o estylo e nâo são ultra pétala exsertum, como são os do pumilum. Estudando os meus exemplares pela descripção do Dr. En- gler, na Flora Brasilie)isis, í^) por não conhecer a de St. Hilaire, feita nos Aiuiacs de Sciencias Naturaes de Paris encontro as differenças acima apontadas assim como outras, como sejam : grandes bracteas de 6 a 4 centímetros de comprimento, que ornam a píniicula que é maior do que as folhas e que cara- cterisa o himiile. Nâo posso admittir que Engler denominasse panicula a inHorescencia da espécie em questão, porque na mesma Flora, o mesmo autor, tratando do pianihtm diz que este tem a PANicut..\ viaçis ramosa quam in Anacaiídio humh.i e na estampa (') que representa aquelle dá uma verdadeira pa- (') Phan. Ih'I. of ihf M„l. Gros. Exp., hl T/ie Ti.uis. of thc Liit. Sory. \',,1. IV. Scc. Str., p. 342. («) Vol. XII, p. II, p. 411. (•) Hor. fíras. Tal). 88. 13 nicula. Compare-se a panicula de Engler com a inflorescencia que represento aqui na Est. IV e ver-se-ha, que se o hiLiiiile tem panicula, esta espécie não a tem. A propósito do A. humile devo referir aqui um facto no- tável. Pedindo ao correspondente deste jardim, o pharmaceutico Joaquim Cândido de Abreu, que é natural de Minas Geraes, e tem percorrido quasi toda a provincia, que me mandasse fructos do Cajueiro do campo, para ser cultivado neste jardim, mandou-me alguns, que plantados, germinaram e hoje jâ são soberbos exemplares (') que acabam de florescer. Pois bem, se nâo fosse ter recebido de um homem consciencioso e co- nhecedor pratico da flora de Minas, diria ter sido enganado, porquanto os exemplares que tenho nada têm do A. hiiniile, approximando se mais do Occidentale Lin. As folhas e flores se identificam, só se afastam nos ramos da panicula que no occidenta'e terminam quasi em coymbo e neste os ramos são simples, com inflorescencia indefinida. Comparando os meus exemplares de Matto-Grosso, com os nascidos de sementes do humile nada têm de commum. Seria eu enganado ? As sementes que recebi de Minas seriam do occidentale'^ Não o creio e a forma da panicula me autoriza a isso. Deu-se portanto uma grande modificação no habitas; de arvoreta rasteira, quando muito de i m. de altura, passou a ser arvore erecta de mais de 3 m. Essa transformação é devida naturalmente ao facto não só climatérico, como á natureza do terreno e a circumstancia de nâo poder crescer nos campos, devido ao fogo que annualmente devora toda a vegetação. Resiste a este e quando brota e quer se desenvolver, vem nova queimada que o atrophia e assim em vez de se desen- volver para o ar, o tronco rasteja sobre a terra. Transplantado para local, cuja terra lhe seja mais favorável, e livre do fogo, nâo por atavismo, mas naturalmente, toma outro porte. (') Iloilus Fhiiniíii'>i!!s. pag. 9S, n. 1987. 14 O A. Occidenlale, que é uma grande arvore nos bons ter- renos, nas restingas do littoral torna-se rasteiro, posto que nâo perca o seu grande porte. Comparando pois estes exemplares cultivados com a es- pécie em questão, affasta-se inteiramente, mas lembram bem o Caju do campo de Minas-Geraes. Dou aqui a espécie como nova, as autoridades que decidam. Comparando também o meu specimem com as descripções dos A. Curatellcefolhini St. Hil., natnim St. Hil., que Walpers, quer no Repertório, quer nos Aimaes Botânicos apresenta como espécies distinctas e que o Hortus Kewensis, também aceita, com nenhum se identifica. O Dr. Engler, nâo sei porque, nem na synonymia apresenta estas espécies brasileiras, que entre- tanto, estão confirmadas no Hortus Kewensis (') como está também o meu Anacardiuni Brasiliense, que publiquei em 1883, na Revista de Engenharia, tendo sido achado no rio Urubu, na provincia de Amazonas, como se vê do meu Relatório dirigido ao Sr. Ministro da Agricultura ('). A sua monographia é de 1876, quando todas estas espé- cies, exceptuando a minha, todas sâo muito mais antigas. Nem o A. Mediierraneum de Velloso (') apresenta. Quando mesmo essas espécies sejam synonymas, deveriam ser mencionadas. Creio que se deu o facto por nâo ter sido examinado o her- bario de St. Hilaire, que o Museu de Paris nâo permittiu fosse remettido para a Allemanha, por competir á França, es- tudar as collecções feitas por seus filhos, como disse o próprio St. Hilaire. Entretanto, nós remettemos as plantas brasileiras, colleccio- nadas por brasileiros, para serem estudadas por estrangeiros !... (') Hortus Kewensis, I, p. 114. (•) Kxplorafão dos Rios Urubu e Jalapii. Rio de Janeiro, 1875, p. 28. (') Flor. /-/um. Texl., 1825. pag. 1O3, IV, tah. 46. 15 Ordo LEGUMINOSA Endl. Sub, ordo PAPILIONACEyE Bth. et Hook. Tribu PHASEOLE^ Bth. et Hook. Gen. Mucuna Adans Sect. Stizolobium D. C. 1. MUCUNA MATTOGROSSENSIS Barb. Rod. Foliis utrinque argentio villosis mediocris apiculatis ; pedúnculo erecto elongato ápice racemoso ; vexillo latíssimo alis aequi- longo. Legumine lineari curvato, compresso, longitudi- naliter costato, badio-hirsuto-velutino. Tab. VI. Catdis alte volubiles ramulis argenteo-velutinis. Stipulce minutae, setaceae, caducae. Stipelce minutissimae, setacese. Petioh o'",03 - o'",04 lg., antice sulcati, velutini. FolioLz o"',05 - - o"',o8 X o"',030 - o'",045 ^Z-i terminale oblongo-cuneata, obtusa, lateralia oblonga, basi sub cordata, apiculata, paulo minoria, omnia apiculata, membranacea, utrinque argenteo- villosa. Pedunculi o"',02 -o", 15 lg., erecti, argenteo-villosi, ápice racemosi. Flores albo-violacei, brevissime pedicullati. Calyx magnus, campanulatus, sericeo argenteo-villosus, la- cinia superiore latissima, bidentata, lateralibus multo mino- ribus, acuminatis, infima longiore angusta. Vexillum ovatum, emarginatum, recurvum, o"',035 X o°>020 lg., auriculis baseos parvis inflexis, ungue minuto. Alce o'",038 X o'"'004 lg., longe falcatae, ápice subrotundsc, aurícula brevi, ungue 0.005 Ig-- Carina alis latior, longior, ápice incurva, breviter cartilagineo-rostrata. Anthera oblongo-linearis. Ovarium sessile, hirsutum. Stylus longus, filiformis, lêevis, stigmato parvo, terminali, sub globosi. Legumen breviter pedicel- latum, o"",!! -o"',i2 X o'"i02 -o'",023 lg., densissime badio- hirsuto villosissimum, prope basin recurvatum, versus apicem incurvum utrinque longitudinaliter i-costatum, costis multo proeminentibus, marginibus costatis. Sentina matura non vidi. 16 II Ali. iii 7101101 ibns IniDiidis ad Rio S. Lourenço cl Rio Coxipó, propa Ciiyabá, in Prov. Matto Grosso. Mucunã incolonn?!. yun. et Jul. JJoret. Muitas são as espécies cl'este género até hoje descriptas, mas, muito poucas são americanas e apenas quatro foram en- contradas no Brasil, segundo G. Beniham, na Monograpliia das Leguminosas da Piora BrasUiensis. De Candolle nos dá apenas três, porém uma, a viacroceratides, que Bentlian não menciona, o Index Kewensis affirma também ser brasileira, pelo que podemos dizer que cinco espécies são indígenas. Quando o Brasil apresentava tão pequeno numero a Africa e a Ásia nos forneciam quarenta e uma espécies. A planta em questão foi por mim encontrada com flores, pela primeira vez, nas terras das barrancas do Rio S. Lou- renço, no Engenho S. João, em velhas capoeiras, porém mais tarde, também encontrei próximo ás margens do Rio Coxipó, affluente do Rio Cuyabá. Como no norte do Brasil, os na- turaes dão, também, á esta espécie o nome de 3íiicuná, d'onde se oriíjinou o efenerico Mucuna. O nome indisjena deriva-se de Mburu. grande, iiã por nh-ã, listrado, riscado longitudinal- mente, referencia á casca dos fructos. Cresce formando um grande cipoal que se cobre em grande extensão por entre os arbustos e as arvores dos logares húmidos. Nào encontrei bagens seccas, pelo que não sei qual a côr das sementes, a sua forma e tamanho. Nas ])lantas mencionadas por Spencer Moore, colhidas em Matto Grosso, não vem esta mencionada. 17 Gen. Pterocarpus Linn. Tribu. DALBERGIE^ Bronn. Sect. Santalaria DC. PTEROCARPUS PARAGUAYENSIS Barb. Rod. Foliolis 4-9, oblongis utrinque acutis apiculatis, subtus ramulisque vil- losulis ; racemis plurimis simplicibus tomentosis, pedicellis calyce tomentoso duplo longioribus ; vexillo lato emarginato vittelino rubro lineato ; staminibus diadelphis ; ovário subsessili contorti tomentoso ; legumine reniformi-oblongo, compresso, circumcirca coriaceo attenuato-alato, ala cor- rugata in extremis revoluta, médio reticulato. Tab. VII. Fig. B. Arboj', ramulis novillis petiolulis racemisque brevi pubescen- tibus. Petioli communes o^.oó-o"", i o lg., Foliola suboppo- sita, o'",oi7-o"',03oXo'",oo6-o",oio lg., acuta, brevi-api- culata, basi acuta, subtus pube tecta. Racemi pluri, in axillis superioribus simplices, o^jio-o^so lg., erecti. Pedi- celli o"',oio lg., erecti, uti calyces pube tenuime rufes- centes. Calyx o^jOOS lg., dentibus brevibus latis acutis sub aequalibus, 2 summis paucius coalitis. Vexillum o'",oi9Xo'")Oi5 Ig-,- calyce triplo longius, late orbiculatum, emarginatum, ambitu vitellinum, médio supra unguem carmineo lineatum, ungue calycem aequante. AIcb falcato- obovatce, médio contorts, lateraliter squamosae. Carina brevior, petalis dorso ápice breviter connatis. Stamina diadelpha. Ovarium subessile, contortum, villosum. Le- gumen sessile, reniformi-oblongum, nitidum, reticulatum, o'",02Xo'",oi5 lg., circumcirca corrugato-alatum, médio utrinque convexum, reticulato-venosum, monospermum, st>'lo supra médium lateris superioris tortum. Semina reniformia, rubela. Hab. ad ripas Rio Paraguay, prope Assumpção. April. floret. 18 Logo após a minha chegada á Assumpção, do Paraguay, começando as minhas herborisações, fui no dia 25 de Abril, em companhia do Professor Daniel Anizitz, rio abaixo, a uma lagoa das proximidades da cidade a ver a Yictoria régia. As aeuas baixavam e alsfumas margens estavam ainda ala- gadas, porém, a lagoa estava quasi secca e a rainha dos lagos havia desapparecido, achando-a posteriormente, em Maio, em plena florescência, acima de Corumbá. Ahi colhi, em flor, uma tiymphea, bastante rara. No percurso tive occasião de fazer uma boa colheita, e, entre outras plantas, consegui apanhar uma leguminosa, então florida que embellezava as margens, n'nm ou n'outro ponto, e que de longe se me assemelhava uma Sesbania pelo porte, inflorescencia e côr das flores. Com difficuldade pude alcan- çal-a e, então, pelos fructos que apresentava conheci ser um Plerocarpus. As plantas d'este género, pela diversidade da forma dos fructos, têm sido levadas ora para um, ora para outro género, que para ellas têm sido creados, e hoje por esse motivo estão reunidos diversos géneros, que formam o seu cortejo syno- nymico e divide-se em secções. Este género creado em 1 763 por Linneo, é por sua vez synonymo do Lingonm, creado em 1742 por Rumpf, mas que não foi adoptado, pelo que o Dr. Otto Kuntze (') o reivindica. Quinze a vinte espécies são hoje conhecidas, umas da Ásia, outras da Africa e algumas da America Meridional. O Brazil tem como representantes da sua natureza quatro espécies (=), mas nenhuma é a de que trato. Uma d'ellas, entretanto, que colhi no Amazonas, o /'. Rohrii, Vohl. fui encontral-a em Matto Grosso e também no Paraguay. A forma dos fructos, chamou logo a minha attençáo, pelo que procurei ver que espécie seria, visto como, era natural (') Rev. Plnnl. I. p. lyj et 202. (') y/or. B,,is. XV. p. I. pag. 266. 19 estar classificada, por vegetar em logar próximo á capital. Balansa que tanto herborisou no Paraguay, Morong ("), que explorou as circumvizinhanças de Assumpção, Graham {'), que percorreu o Rio Pilcomayo, não a mencionam. Grise- bach d'ella também não se occupa, nem nas Planta Lo- rentziance, nem nos Syinbolíe ad Floram aygenlittatt. O Dr. Spencer Moore, também não o viu. Não sendo nenhuma das espécies antigas e conhecidas, animo-me a consideral-a nova. Por alguns caracteres, deve ser incluída na secção Santalaria de De Candolle (^), onde está incluído o gigante P. Indicus, que dá o Sangue de Draoo, da Ásia. A recente monographia das leguminosas, publicada pelo Dr. Tauberg (*), nas suas duas secções, Stipitati e SessUes, não apresenta espécie alguma moderna, assim como o Index Kezuensis, o que me faz con- firmar a opinião supra. Cresce como disse, esta espécie, nas margens alagadiças do Rio Paraguay, próximo á Assumpção, perto do arraial dos Índios Payaguás, e formam grandes arbustos ou arvoretas, que têm mais ou menos o habitus das Sesbanias, com as folhas muito parecidas com as d'estas. Em geral os Piero- carpus são arvores, sendo algumas excelsas, como o Indicus, que dá grandes sápopembas, fazendo com que o tronco tenha um diâmetro de muitos metros. As flores d'esta espécie apresentam de notável a carina que têm entre as nervuras uma serie de bursiculas scalari- formes. Os fructos reniformes, achatados, rugosos, com as margens parecendo unduladas pela structura do tecido fibroso, nos chama a attençâo e dá á planta um aspecto agradável á Alista. Encontrei-a não só com flores, como também com grande quantidade de fructos, alguns já maduros, porém não (1) Plan/. coU. in Paragitay. in Ann. of th: N. Yoik. AcaJ. of Sc. VII. 1893. («) The Boi. of tkí Pilcomayo Exp., in Trans. and Proc. of the Bot. Scc. of Edime. Sess. LVIII. p. 44. (') Prodrcmiií I. p. II. pag. 419. (*) Engler uiid Prantl. Die Naluralfflanzenf. III. p. III. p. 340. 20 seccos. Devo notar que Morong encontrou no Chaco, em frente a Assumpção, uma outra espécie que para Balansa e para Michelli (') é o P. Rohrii, mas que Britton considerou espécie distincta e lhe deu o nome de P. Michellii ('). Esta, porém, é uma arvore que floresce em outra época, e cujo habilus, folhas e fructos são muito differentes. O I\ Rohrii\ tem os estames monadelphos e esta espécie os tem didelphos, o que o leva para outra secção. Nâo sei se Parodi d'ella se occupa porque não me foi possivel obter os trabalhos do mesmo autor e nem tâo pouco saber o nome indigena da planta. (>) Of. cU. pag. 86. (') Contrib. à la Jlcri liu Paraguay. Lt^umintuses. Ge»t\ie. i88j. 21 Sub-ordo C^SALPINIEAE Bth. et Hook. Tribu AMHERSTIE/E Bth. et Hook. Gen. Hymenaea Linn. Foliolis glabris 1. HYMENA^ CORREANAB.Rod. Foliolis maximis,oblique oblongis inaequilateris subacutis glabris basi inaequalibus ; supra nitidis, legumine crasse compressiusculo triplo lon- giore quam lato verruculoso nitido. Tab. VIII. Arbor 3'" - 6"" alt., coma patula, ramulis foliisque glabris. Ramuli turtuosi. Foliola subsessilia, oblonga, subacuta, basi valde insequilatera, o, ""24 X o."" '3 Ig-j coriacea, supra ni- tida, subtus opaca, pennivenia, pellucido-punctata. Petiolus communis o,'"035 lg. Legumen brevissime stipitatum, plus minus inclinatum. o.^is X o^'"07 lg., lignosum, crassum, compres so-subteres, verruculoso-nitidum, 10-12 spermum, suturis subacutis prominentibus. Sentina oblonga, com- pressa, lateraliter subconcava, o, ""03 2 X 0^025 lg., testa óssea, brunnea. Hab. in campis ad Serra da Chapada prope Córrego Secco. Ja- tobá DA SERRA incolorum. Jtin. fruct. Percorrendo em Junho os vastos campos da Serra da Cha- pada, em Matto-Grosso, encontrei alguns exemplares d'esta es- pécie, infelizmente sem flores e no íim da fructificação. Apenas alguns fructos pude colher que me foram sufficientes para o estudo. Incompleto, como é o exemplar que possuo, comtudo ser- ve-me para diagnostical-o por ter visto e examinado as plantas vivas. 22 Até hoje. que me conste, alem das seis espécies descriptas na Flora Brasiliensis ainda ha mais oito, umas descriptas por Humboldt e outras por Heyne. A não ser as de Ilumboldt, as outras só conheço por curtas diagnoses, que, felizmente, caracterisam os mesmos órgãos que possuem os meus specimens, pelo que póde-se bem comparal-os. Entre os trabalhos modernos, em que poderiam figurar estas espécies, está o Beit)-áge zur Kennttiíss der Flora des central- òrasilia?iischen Staates Goyaz do infortunado amigo Dr. Taubert, em que descreve as plantas colhidas pelo Sr. E. Ule, quando no desempenho da commissão de que o encarregara o Go- verno Brasileiro no planalto de Goyaz . Entre as suas leguminosas, novas, não ha uma só hyme- neae. Entretanto as chapadas de Goyaz se ligam ás de jMatto Grosso e penso que a vegetação será idêntica, pelo menos vejo que, muitas plantas por mim encontrados são as mesmas que estão indicadas na parte geographica feita pelo Sr. Ule e que faz parte do mesmo trabalho do fallecido Taubert. Tendo, como nova a espécie acima lhe impuz o nome do governador de Matto-Grosso, o E.xm. Sr. Dr. António Corrêa da Costa como testemunho de gratidão, pelo muito que se esforçou para que a minha expedição scientifica fosse coroada de resultados, apezar da má época para lierbori- sações. Cresce nos campos dos grandes taholeiros da serra da Chapada.onde tem o nome vulgar de yatobá-grande om açu. E' uma arvore de mediana altura, esgalhada, de galhos e ramos tor- cidos, de tronco pequeno cujo diâmetro não vi exceder de 0,30, dando grandes fructos, os maiores que tenho visto n'este género, chegando a ter 0,10 de compr. sobre 0,07 de largo. Os fructos. posto que muito maiores, têm muita seme- lhança com os do Jutahy açu do Amazonas, o Hym. Courbaril, porém affasta-se pelo porte e pelas folhas. Esta espécie existe cultivada n'este Jardim ha mais de trinta annos, e fructifica todos os annos em Dezembro, emquanto que a espécie de que 23 me occupo estava com fructos ainda em Junho, o que nos mostra uma época de florescência differente. Comparando a espécie em questão, com as conhecidas, com nenhuma se identifica, pelo que a considero nova. E' na- tural que algum dos últimos botânicos, que têm percorrido o estado de Matto-Grosso, a tenha encontrado, mas como não conheço trabalho algum d'elles, publicado, animo-me apresen- tal-a aqui. Foliolis villosú-totneníosis 2. H. CHAPADENSIS Barb. Rod. Foliolis oblongis incequilater subacutis coriaceis supra pubescenti-hirtis subtus vellutinis, pellucido punctatis, basi valde inaequalibus; legumine crasse compresso demidio longiore quam lato-verrucoso nitido. Tab. VIL hl^. A. Arbor 8"-io'" alt. coma patula, ramis tortuosis, ramulis foliisque pubescentibus, Foliola sessilia, oblonga, subacuta, base valde inaequilatera, o'", i o - o'", 1 2 X o^jO? - o"'.o8 lg., coriacea, supra pubescenti-hirta, subtus vellutina, pellucido-punctata. Lc- giunen o'",o8 -o"',09 X o"'.03 -^"'jOSS Ig- Semina o"',02 2 X Xo"',oi6 lg.. Testa brunnea. Hab. in campis prope Ciiyabà, prov. Matto-Grosso. J.\tobâ do CAMPO incolortim. Jun. Fruct. Esta espécie é vulgar nos campos de Cuyabá, que se es- tendem até á base da serra de Chapada, encontrando-a também ás vezes no alto da serra. Em alguns logares é uma arvore pequena, mas em outros attinge a uma altura de mais de 20 metros, sempre de galhos e ramos tortuosos. Encontrei com fructos em Junho. Tem vulgarmente o nome de Jatobá do campo, e dá uma excellente resina branca que se forma dentro dos fructos, junto do pedúnculo, tomando o logar e quasi que a forma das sementes. 24 Com as espécies de folhas pubescentes, que o professor Benthani descreve, náo se identifica, pelo que, pelos motivos já dados em relação á outra espécie, presumo nâo estar esta classificada e aqui a apresento como nova. Depois da monographia deste notável professor, não co- nheço trabalho algum que mencione novas hymenaeas. O Index Keicensis que nos dá o que é conhecido até 1895, só menciona as antigas espécies, e devo aqui notar que já em 1830, St. Hi- laire (')T|disse : « le savant M. Martius rapporte \^ jatobá à \ hymenaea courbaril, L., mais je serai tente de soupçonner que le jalobà du Sertão n'est pas celui des bois vierges ». Penso que o autor da F/ora do Bi-asíiicr Merídionalis, tinha razão quando assim suspeitava, pelo menos as duas espé- cies que aqui consigno e que sâo dos campos do Sertão, não é a espécie de Linneo. No Valle do Amazonas os naturaes distinguem três espécies florestaes pelos nomes de Jatahy açu, yatahy mirim, Jatahy pororoka, pelas difíerenças que encontram na côr do lenho, no tamanho das folhas e dos fructos. O nome jatobá do sul, ou yjitahy, jutahy, yutaici£, ou jatahy do Norte, é applicado a varias hymena;as pelos nossos indi- genas. A sua etymologia é F, elle, tiá, fructo, atá, duro, yb, arvore, arvore de fructo duro e, também, de j', agua, rt/íí, dura e yb arvore, ou arvore de agua dura ou de rezina. No Ama- zonas não dizem senão yataycica, quando se referem, propria- mente, á resina. Yatobá ou jatobá, diz a mesma cousa, y-atá-uá elle fructo duro. Com effeito as hymenaeas têm todas o fructo muito duro. (') Vovage d/iiis la fim. 323. 25 Fam. PASSIFLORAE Endl. Gen. Passiflora Linn. Sub. gen. Aslroplicea D. C. Sect. ClRRAT.'E 1. PASSIFLORA CAMPESTRIS Barb. Rod. Frutex ramis CEespitosis erectis velu tinis cirratis ; foliis coriaceis latissime ovalis obtusis v. acutis, supra nitidis brevissinie sparse velutinis, subtus opacis velutinis, petiolis ápice in utroque latere glanduliferis ; floribus 1-2 contemporaneis axillaribus campanulatis ; sepalis oblongis dorsaliter mucronatis tubo majoribus ; corona; triseriatce, filamentosce ; faucialis filis falcatis crassis aurantiaceis; baccis lonsro-obovalis loneitu- dinaliter trisulcatis coriaceis sparse arguté velutinis. Tab. IX. Fruíex erectus, csespitosus, i'"-i"',5o alt. Rami teretes, viridi, velutini. Pelioli o"", 10 lg., velutini, prope basin lamince in utroque latere glandulis duabus sessilibus instructi. Folia, o'",09 -©""jio X o^^jOS -o^oSa lg., coriacea, latissime ovata, obtusa V. acuta, v. emarginata, supra nitida laxe velutina, subtus opaca, velutina. Stipulcs minutae, deciduse. Cirri axillari elongati, erecti, velutini. Pedwiculi tí", 006- o^^.ooZ lg., teretes, velutini, petiolos minores. Alabastra oblonga, obtusa. Fios o^oó lg., expansas o"',054 diam., extus velutinus. Floris tubus campanulatus, sepalis brevior. Sepala lineari- oblonga, obtusa, subtus ad epiceni dorsaliter mucronata, o'",02 5 X o"".ooó lg., viridia. Pétala sepalis conformia, alba. Coronnce triseriata filamentosa. Seriei exterioris radii nume- rosissime erecto-patentes, petalis demidio breviores, com- planati versus apicem falcati, aurantiacei; seriei secundes 26 radii externis minutis falcatis viridis ; radii Í7iii>iii tubo paulo minores, tereti, incurvi, viridi. Gynandrophorum gla- brum, inclusum, ad apiccm attenuatum. Ovarium oblongum, puberulum. Slyli compressi, puberuli. Sligmata capitata. Fructus elongato-obovatus, trisulcatus, coriaceus. flavus. Scmina compressa, oblonga, arillo pulposo ad apicem bicornuto induta, testa arguté granulata. Hab. in campis Serra da Chapada, p7-ov. Matto-Grosso. Brasi- liensibiis vocatur maracujá de sapo. Jun. Jioret. Entre as plantas colhidas pelo Dr. Patrício da Silva Manso, em Cuyabá, figura a Passiflora Mansoi, que perpetua o seu nome, sendo esta homenagem prestada pelo sábio Dr. Martius aos serviços prestados pelo mesmo medico. Esta espécie, que não encontrei, mas que ouvi nomear, é o Maracujá da Cha- pada, nome que vulgarmente lhe dâo, por crescer nos campos da Serra da Chapada. Entretanto nessa mesma Oiapada en- contrei uma outra espécie muito próxima á P. Mansoi, com o nome vulgar de Maracujá de rato. A primeira pertence á secção das Ecirratae, está bem descripta e representada na Flora B7'aziliensis, a segunda é da secção das Grratac, onde só existem seis espécies, mencionadas na mesma Flora. Se bem que a monographia do professor Masters seja de 1872, comtudo, nâo conheço outra mais moderna. Como nas obras em que poderia estar descripta nâo a encontro, por conseguinte aqui a dou, como nova, baseado nos elementos de que posso dispor ('). Encontrei-a em Junho, em plena florescência, nos altos campos da Serra da Chapada, formando pequenas sequeiras de hastes esgalhadas e erectas, nâo attingindo a mais de um e meio metro de altura. Se bem que nâo fosse tempo de fructos, comtudo encontrei alguns perfeitamente maduros, que me ser- (') o professor H. Ilnrms que escreveu a ultima monographia, uío cila trabalho algum moderno, nem augmcnta o numero de espécies, entretanto é de 1S93 e j.i cila c aceita o meu novo género Tttrastylis, desta familia. 27 viram para o estudo. E' uma bella espécie de flores inteira- mente brancas, com a coroa côr de ouro, que se destacam do verde negro da folhagem. O o Os fructos que sâo de um amarello de ouro, quando seccos têm o epicarpo muito ténue e quebradiço. Caracterisa-se bem esta espécie pelas sementes que sâo involvidas por um arillo transparente que forma uma espécie de bolsa que termina em duas pontas incurvadas. Sect. Granadilla 2. PASSIFLORA CURUMBAENSIS Barb. Rod. Fruticosa ; loliis membranaceis, superne, glabris nitidis, subtus arguté villosis, quinquelobatis, lobis oblongis acutis mucronatis serratis ; petiolis prope basin biglandulosis ; pedunculis pe- tiolos subaequantibus ; fructu pyriformi raro subrotundo. Tab. X. Fruticosa scandens. Rami striati. Folia o"',ii Xo"\i35 Ig-- basi cordata, ápice profunde 5-lobata, quinquenervia. Petioli o^oô lg. Flores non vidi. Peãtmculi 0,06 lg., axillares. Fiuctus pendulus, pyriformis raro oblongis, roseo-flavus. Hab. ad ripas Rio Paraguay, in sitio Tamarindeiro prope Co- rumbá. Marakuy.4-mi V7ilgariíer. Mai. flor. Na margem do Rio Paraguay, abaixo do Puerto Suarez, na Bolivia, próximo á Pedra Branca, no sitio Tamarindeiro, encontrei esta espécie, somente com fructos. E' notável pela forma e côr dos mesmos. O epicarpo é amarello de um lado e róseo de outro, parecendo pela forma e pela côr uma ver- dadeira pêra. Entre as espécies de folhas quinquelobadas não se en- contra a de que trato que, vulgarmente, tem o nome de Ma- rahiyâtni, nome que também é dado á P. edulis e outras. 28 Torna-se notável também pelo comprimento do pedúnculo. As razões que militam para consideral-a nova são as mesmas que apresentei para a espécie anterior. No Rio S. Lourenço encontrei também uma outra passiflora, que a tinha como nova, porém depois verifiquei ser a que ultimamente N. E. Brown descreveu com o nome de P. Giberíi, achada por Graham Ker, na expedição ao Pilcomayo, em 1891. Foram as únicas passifloras que encontrei na minlia expedição. 29 Ordo CACTEiE Endl. Gen. Malacocarpus Salm Dick. MALACOCARPUS HEPTACANTHUS Barb. Rod. Caule depresso-globoso, concavitate lanugine alba densa longiore et aculeis intermixtis farta, basi aplanato, costis lo-ii verticalibus sulcis altis transversis in tuberciila ano-uloso- o cónica supra areolaria divisis ; areolis suborbicularibus tomento densiore obductis mox denudatis, aculeis albe- scentis 7 ineequalibus retrorsis teretibus subcorneis acutis- simis rigidis marginalibus, appicalibus (i) minoribus su- berectis, mediis (2) paulo majoribus, subretrorsis, infimis (3) multo majoribus. Flores non vidi. Tab. XI. Catilis cum cephalio o^.oS-o^jOgXo'",! i lg., Costae basi o"',02 lat., tubercuhi; o'" ,02 alt., obscure virides. Cephalium álbum aculeis erectis v. sub incurvis copiosis pertusum o'",03-o"',05lg. Areolae o'",03-o'",04 diam., superiores lanugine alba obdu- ctíe, inferiores demum nudse. Acidei 7, superiores o'",oi lg., laterales o"",02 lg., inferiores o"", 35 lg.. Hab. in arenosis campis Serra da Chapada et prope Cuyabá, Prov. Matto-Grosso. Nos terrenos areientos ou pedregosos dos campos pró- ximos á cidade de Cuyabá, e mesmo nos campos da Chapada, da Serra de S. Jeronymo, por varias vezes encontrei esta espécie em differentes gráos de crescimento. Infelizmente nunca a vi em flor. Transportando, para este jardim, mais de uma vintena de exemplares vivos, alguns morreram, escapando comtudo alguns que estão em plena vegetação, mas que ainda nâo floresceram. Transplantei os no mez de Junho e até esta data ainda não floresceram, quando em geral o mez de Janeiro e de Fevereiro é o das flores das cactaceas. Não conheço as 30 flores, mas pelo estudo do caule, creio que não estou em erro levando a espécie para o género Malacocarpus de Salm Dyck ('), considerando-o distincto do Echinocactus de Link e Otto, se bem que Bentham, Hooker ('), e Baillon (') considerem aquelle synonymo deste. O Dr. C. Schumann (■•) o separa e apresenta como caracter distinctivo o seguinte : « Caulis ápice tomento areolarum confluente longíssimo cephalium convexum exhibens aculeis intermixtum ». Comparando o Echinocaclus com o Melanocarpics diz tam- bém : '( In illis caput plantee praesertim nomine cephali salutatur, sed etiamsi in Malacocarpo cephalium aculeis intermixtum est, tamen differentia essentialis inter ambo vix existat ». Com ef- feito este caracter apresenta e se assim não fora o levaria para a secção Discocaclus, que Schumann estabeleceu para o género de Link e Otto. Melanocarpus ou Echindcacius constitue todavia, uma es- pécie não descripta, porque, já não me referindo ás espécies que De Candolle {^) e Walpers C^) citam, mas procurando de- terminal-a com as espécies de ambos os géneros, que Schumann apresenta, como conhecidas até 1890, na sua Monographia com nenhuma delias se identifica. No género Melanocarpus apenas apresenta oito espécies e no Echinocactus dezoito, sendo que deste género a secção Discocaclus, só contém duas espécies. Ainda me confirma ser um Malacocarpus o facto das "es- pécies conhecidas serem, quasi todas, do Uruguay, isto é. do Sul do Brasil ou Brasil austral. Caracteriza bem esta espécie os espinhos dos mame- lões, sempre em numero de sete, dos quaes os três inferiores (') Cacl. llort. Dyck. 24, 141, (■) Gen Planl. I. p. 84S. (') HUl. des PUml. IX. p. 44. () An. Eiium. cf lhe Flont. ccl. hy Di . T. Motíiií; in r,iií7giiay iSSS-iSgo. Ann. of the NíW-York Aíad. of Sc. Vol. VII. 1893. (''J Plantes !>rnsses, t. 112. 32 Oi-do GENTIANACE^ Lindl. Gen. Deianira Chain, et Schl. 1. DEIANIRA ERUBESCENS Cham. et Schl. ia Linnaa I, 95, Griseb. Gent. 114, id. in D. C. Prodr. IX, 48. Mart. Fl. Brás. YI, p. I, pag. 201. — Callopisma perfolialum Mart. Nov. Gen. II. 107, tab. 183. Var. ALBA Barb. Rod. major, altior; foHis perfohati.s, lato-ovatis, acutis, internodiis majoribus; íloribiis albolacteis. Encontrei na serra da Chapada a espécie typica, onde a encontrou também o Dr. Silva Manso, exactamente como a descreveu e representou Martius sob o nome de Callopisma pe7-foliatut}i, e posteriormente a variedade em questão, que se affasta da ei-ubescens em ter a haste muito longa, de i'",7o, com os intrenós muito espaçados, distando as folhas na base umas das outras i decimetro e no ápice 7-8 centímetros. O que a distingue immediatamente são os grandes cymos de flores de um branco de leite, que entre as folhas glauco pruinosas se ostentam. Ouiz identifical-a com a variedade pallescens Schlchtd, mas encontrando também esta, que é de um róseo côr de carne, collocando-as ao lado uma da outra, se destacaram extraordi- nariamente, pelo que apresento esta nova variedade. 2. D. CYATHIFOLIA Barb. Rad. Caule simplice ; foliis subro- tundis basi attenuatis alté connatis perfoliatis concavis, cyma trichotoma foliis suba;quantia, corolla; lobis oblongis obtusis. Tab. XII Fig. A. Caulis erectus, strictus, o"'.40 — o^.so lg., teres, pallide viridis, pruinosis. Folia omnia ad tertiam circiter altitudinis partem connata et perfoliata, internodiis majora, o'".045Xo"")040 '?•• subrotunda, obtusa, concava, pruinosa, nervis 1 1 evanidis 33 percursa, margine lateraliter sub recurva. Flores in cymis axillaribus trichotomis corymboso-coartactis, numerosi, albo- rosei. Pediinculus communis o"\oi lg., pedu7icídi partialis minori. Bractece et bractcolcs oblongae, obtusa;, o"',oi4 lg., sursum minores, pruinosae. Calyx o"',oo7 — o"',oo8 alt., quadripartitus. laciniis lanceolatis dorso sub carinato, acutis. Corolla albo-rosea, tubus cylindricus, rectus o-^ooó lg., limbus in lacinias aequales horisontaliter patentes, oblongas, obtusas, o",oi Xo"">oo(J !&• Stamina aequalia, filamenfa supra médium tubum inserta, basi dilatata, antherae filamentis majorase, laciniis dupla minorae, erectae, sagittatíe, flavae, o'",oo4 lg., ovarium oblongum, trigonum, styhis filiformis, stigma bilobum, lobis oblongis, intus glandulosus. Hab. Í7i campis Serra da Chapada, pTOpe Capão Secco, ad Prov. Matto-Grosso. yicn. Jioret. Entre as diversas plantas que no mez de Junho colhi nos campos da Serra da Chapada, perto do rio da Casca, distin- gue-se esta bella Dejanira, de flores também brancas, porém lavadas de um roseo-pallido. Duas espécies com quatro variedades, segundo o Dr. Progel, ou três espécies segundo o Index Keioensis, apresenta até hoje este género, sendo que todas têm as flores côr de rosa vivo ou pallido. Todas apresentam os cimos muito maiores do que as folhas e mesmo peniculados e não com cymos menores, ou pouco maiores do que ellas, e por assim dizer occultos na sua concavidade. A espécie em questão tem as folhas não tão per- foliadas como a ernbescens, mas muito mais largas e concavas, dando á primeira vista a forma de um vaso cheio de flores. Além disso a espécie de Chamisso têm os cimos todos quasi que terminaes, isto é, posto que axillares, só no ápice da haste se apresentam 2 a 4, emquanto que a espécie em questão apresenta os seus cymos axillares, quasi desde a base da haste, até ao ápice onde termina por um maior e corym- boso. Se bem que as folhas sejam também glaucas, estas são 34 do comprimento dos entrenós, a ponto de ficarem estes occultos pelos cymos lateraes, cujas flores os circundam. Ainda mais, os caules que na erubescens são fistulosos, n'esta espécie não o são. Espécie bem distincta não só pelo porte, como pela côr das flores e disposição dos cymos. Posto que Martius seja de opinião que segundo o solo e a idade a Deianira erubescens varie, não acredito que produzisse uma variedade, com cara- cteres de nova espécie. Variedade é a minha a/ba, como são as pallescens e cordifolia. Poder-se-ha ver bem as differenças comparando-se a minha estampa com as que Martius apresenta coloridas no seu Nova Genera, vol. I, pags. 183 e 184, sob o género Callopisvia. Este género passou á synonymo do Deia- 7tira, porque quando já estavam impressas as estampas da sua obra, mas não expostas ao publico, Schlechtendal publicou, na Linnaca, o seu género Deianira, sahindo portanto antes da pu- blicação de Martius, que não podia mais inutilisar as estampas, e só pela demora da impressão deu-se o facto de Martius perder a prioridade do seu Ca/lopisma. 35 Ordo ORCHIDACE^ Lindl. Geií. Maxillaria R. et Pav. {Xyloòíiim Lindl.) 1. MAXILLARIA CHAPADENSIS Barb. Rod. Pseudobulbis conicis angulosis diphyllis, foliis lanceolatis triplicatis acutis basi angiistatis, scapo racemoso multifloro pseudobulbis triplo longiore, sepalis lanceolatis acutis, petalis minoribus subconniventibus, labello postiço trilobo, lobo intermédio reniforme, intus calloso callo quinquelineato, extus ad apicem tuberculoso. Tab. XII. Fàr. B. o Pseicdobulbis o^oó -o"',07 X o^oO - o"\55 lg. Folia super laete viridia, subtus tri-nervata, nervis prominentibus, basi atte- nuata, acuta, o", 20 X o",o8 lg. Scapo erecto, o"', 12 -o'", 15 lg., laxifloro. Bratece lineariae, pedúnculo paulo minorae. Flores 10- 12 - contemporanei, albi, patenti. Ovaríuiii incurvum, o'",o I o - o"',o I 2 lg. Sepala superiora minora, inferiora sub- recurva, o^ois X o'",oo4 - o'",oo5 lg., dorso carinata. Pé- tala 0^013 X o'",oo3 lg., plana. Labellnm o"\oi5 lg., álbum ; Columna alba, incurva, Iseviter claviformis, inferne longe producta, antice plana, o"\O07 lg. AntJiera unilocularis, galeata. Pollinia 4, per paria, in glandulam lunatam sessilia. Hab. in arbovibics sylvis wnbrosis loco dicto Capão secco, ad Serra da Chapada, in Matto-Grosso. Florei. Mart. Explorando as florestas do grande Capáo, no logar deno- minado Capão Sccco, encontrei ahi algumas orchidaceas, cha- mando-me para ellas a attençâo a bella e perfumosa Calleya Pnnceps, que encontrei e descrevi em 1868, nos rochedos da serra de Caldas, em Minas-Geraes. Crescia esta, então, sobre os galhos das arvores que davam para o campo e eram batidas pelo sol. Apresentava-se coberta de flores. 36 N't'Ste capáo tive eii occasiáo de vêr esta família repre- sentada por espécies do Rio de Janeiro, de Minas e do Ama- zonas. No sombrio da floresta encontrei muitos exemplares do meu Cycnoches Haagii^ do Amazonas, e a C Princcps, de Minas. Entre outras espécies, como Pleurolhallis apanhei vários exemplares íormando grandes e bellas sequeiras de uma Maxillaria que, então, tomei pela M. squalcns, apenas pelo porte, pois que nâo estava em flor. Transportada e cultivada n'este Jardim, em Março, deste anno, floresceu. Na apparencia é uma sqiialcns branca, mas nos detalhes afasta-se inteiramente. Tive occasião de comparar as llores de ambas as espigas porque fioresciam, conjunctamente, e pude vêr que são bem distinctas, nâo só na côr como nas formas. Todas as divisões da flor são de um branco-marfim. Con- siderando-a nova denominei-a M. Chapadensis, por ser encon- trada no planalto de Cuyabá, que tem o nome de Serra da Chapada. Depois dos desgostos por que passei, com a minha malo- grada Iconographie des Orchidécs du Brésil, abandonei com- pletamente o estudo d'esta família, a ponto de muitas espécies novas me haverem passado pelas mãos sem que eu as descrevesse. As orchidaceas que foram sempre as minhas flores predilectas, ellas que sempre me pagaram com usura o amor que lhes tributava, foram desprezadas ! Para que d'ellas me occupar, se o meu trabalho, o meu sacrifício, o que com ellas gastava, tudo era perdido ? Perto de oitocentas espécies novas descrevi ; com ellas gastei os melhores dias de minha vida ; por ellas expuz minha existência, com ellas distribui todo o pâo que ganhei e quando suppunha que ellas apparecessem no campo scientifico, osten- tando as suas galas, conquistando gloria para seu paiz, fui desillu- dido, tinham de morrer na obscuridade, porque assiní exigia o patriotismo brasileiro. Para que tamanho trabalho se nâo per- desse, eu que recusara a collaboraçâo com Reichembach filho, com Kraeslin e outros ; que desprezei grande offerta pecuniária, 37 entreguei graciosamente o fructo de muitos annos de trabalho ao sábio professor Alfredo Cogniaux que, já em cinco grandes fascículos da Flora de Martins, as tem publicado e represen- tado ('). O que o governo do meu paiz negou-me, gentilmente me offereceu o estrangeiro. Salvas as minhas espécies novas e já figurando no mundo da sciencia, posso agora reanimar-me e d'ellas outra vez achegando-me, dizer : on revient toujours à ses premiers amours. (■) Com raras excepçOes todas as estampas da monographia da Flora de Maríius, sSo minhas, fielmente copiadas da minha Icono^rafhia. 38 Gen. Lycaste. Lindt LYCASTE ROSSIANA var. MATTO-GROSSENSIS Barb. Rod. Pseiidobulbis ovatis complanatis anguloso-rugatis bi- trifoliatis, quum aphyllis ad apicem bi-aculeatis, foliis late lanceolatis acutis ad basin attenuatis, scapo erecto unifloro pseudobulbis paulo majore, tribracteato, brateae envaginatae cuculatae acutaí, internodiis minorae, sepalis patentibus ad apicem recurvis late lanceolatis acutis lateralibus majoribus, petalis sepalisque paulo minoribus erectis oblongo lanceolatis acutis, labello petalis minore, trilobo. lobis lateralibus erectis ad apicem emarginatis, lobo médio lanceolato acutissimo recurvo ad apicem sub pllcato brunueo laeviter maculato, calloso callo loneo concavo, columna dorsaliter angulosa antice plana basi producta. Tab. XIII. Pseudobulbis o'",07Xo'".05 Ig-j vernicosis ; Scapo erecto, albo viridi, o", IO lg., Bractece invaginatae, ad apicem cucuUata acuta, o™ ,015 lg., brunnea;. Flores aurantiaceis. Sspala superiora recurva, plana, o'",03oXo'",oi9 lg. inferiora ma- jora, o"',035Xo'";Oi7 Ig- Pétala o'",03oXo'",oi6 lg. La- bellum o"' ,025 lg. Columna o'",oi5 lg., antice la;viter velu- tina, alba. Anthera unilocularis, granulosa. Pollinia 4 per paria, caudicula longa, glândula lanceolata. Hab. In àrboribus sylvis umbrosis loco dicto. Capão secco, ad serra da Chapada, prov. Matto Grosso. Flor. Jjil. Attrahido pelo aroma da minha Catlleya Pnnceps (') que á borda da matta do Capão sccco, no alto da Serra da Cha- pada, se ostentava com um bello pendão de flores, que se balouçava pela aragem gelada que açoutava os campos, n'uma (') Descol>erta cm 1868, cm companhia do l)Otanico succo Salomon Hcnsclieii, em Minas Gcrnes, e niuilo posteriormente dcscripta pelo professor Keichambach, com o nome de Citlllna dolosa. 39 temperatura de 4° gráos, penetrei na referida matta e ahi en- contrei, sem flores, mas representada por muitos exemplares a espécie que me occupa. Transportados para este Jardim, despiram-se das folhas e em Julho floresceram, dando cada pseudobulbo cinco a seis magnificas flores de um bello amarello de curo. Procurando cleterminal-a vi que se approxima muito do Lycaste Rositana que o professor Roife descreveu em 1893, desconhecendo a pátria. Tendo sido remettida de Florença para a collecçâo do Sr. Warocqué, em Mariemont, ahi floresceu. Posto que muito próximas sejam as espécies, comtudo, se afastam não só no colorido como no tamanho e formas. O Lycaste Rcssiana tem as sepalas amarello- esverdeadas, com pellos na base e têm 0^,03 5-0,04X0'") 20 de comprimento emquanto que a presente tem as pétalas de um amarello de ouro, sem pellos e com o,3oXo'"?oi5 de comprimento. As pétalas são esverdeadas com manchas pardas e pelludas na base, emquanto que as da minha sâo amarello de ouro sem pellos. O lóbulo tem a base muito concava, listrado transversalmente de pardo, com os lóbulos redondos e com o disco munido de grandes pellos, quando o da minha espécie nada disso apre- senta. Outras differenças ainda apresenta que facilmente serão vistas pelos detalhes que apresento. Não descrevo aqui as folhas porque sâo semelhantes ás das outras espécies, chamando apenas a attençâo para um caracter dos pseudobulbos. Estes depois da queda das folhas, apresentam no ápice dois espinhos em forma de unha de gato, excessivamente duros e pungentes, que mostraram a sua utilidade dando-me dois profundos golpes na mão, quando arranquei o primeiro exemplar que achei. Cresce sobre o musgo das arvores nos logares húmidos. EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS Tab. I. —Anona macrocarpa Barb. Rod. 1 . Galho com folhas, de tamanho natural. 2. Fructo inteiro, idem. 3. Semente, vista de lado, idem. 2ab. //.—Anona Cuyabaensis Barb. Rod. A. Uma folha vista pelo dorso e destituida de pellos, de tamanho natural. B. Galho com uma flor, idem. 1. Calyce, visto pela parte externa, idem. 2. Uma pétala exterior, vista pelo interior, idem. 3. Três pétalas interiores, idem. 4. Uma pétala interior, vista de lado, idem. 5. Estames, idem. Tab. III. — Anona aurantiaca Barb. Rod. A. Um galho com fructo pequeno, de tamanho natural. B. Um fructo maduro, idem. Tab. IV. — Aberemoa Jonasiana Barb. Rod. A. Um galho com flor e fructo, de tamanho natural . B. Fructo maduro, cortado verticalmente, idem. I. Sepala de tamanho natural. 2-3-4. Pétalas exteriores, idem. 5-6-7. Pétalas interiores, vistas de frente, de tamanho natural. 8. Uma pétala interior, vista do lado externo, idem. 9. Estames e estylo, idem. 10. O mesmo, duas vezes augmentado. II. O mesmo, cortado verticalmente, idem. 12. O mesmo visto pelo lado superior, idem. Tab. V. — .\nacardium corymbosum Barb. Rod. A. Um galho com flores, de tamanho natural. B. Uma folha, vista pelo lado posterior, idem. 1. Uma flor estéril, idem. 2. Uma dita, três vezes augmentada. 3. Uma flor fértil, cinco vezes augmentada. 4. Calyce, idem. 42 5- Uma pétala, vista do lado interior, idem. 6. Uma dita, na sua posiçio natural, idem. 7. Estylo, idem. 8. Parte superior do mesmo, idem. 9. Estame estéril, muito augmentado. 10. Dito fértil, idem. Tab. VI. — MucUNA Mattogrossensis Barb. Rod. 1. Galho com folhas e flores, de tamanho natural. 2. Calyce, do lado exterior, idem. 3. Aza, idem. 4. Carina, idem. 5. Estandarte, idem. 6. Estames, idem. 7. Ovário e estylo, idem. 8. Fructo não maduro, idem. 9. Parte interna do mesmo, fragmento mostrando a semente, idem. 10. Corte transversal do mesmo, idem. 7a/'. Vil. — Hymen/Ea Chapadensis Barb. Rod. A. Uma folha, do lado inferior, de tamanho, natural. 1-2. Semente inteira, e cortada verticalmente, idem. Tab. £.— Pi ERocARPUs Paraguayensis Barb. Rod. 1. Foliolo, de tamanho natural. 2. Aza, idem. 3. Carina, idem. 4. Estandarte, idem. 5. Calyce e estames, idem. 6. Ovário e estylo, idem. Tab. VIU. — HvMEN^A CoRREANA Barb. Rod. A. Uma folha, vista pelo dorso, de tamanho natural. B. Um fructo maduro, idem. 1. Semente inteira, idem. 2. Dita partida verticalmente, idem. Tab. AV.— Passiflora campestris Barb. Rod. A. Galho com folha, gavinha e fructo, de tamanho natural. B. Uma flor partida verticalmente, duas vezes augmentada. i. Sepala, tamanho natural. 2. Pétala, idem. 3. Corte transversal do fructo, idem. 4. Semente, com o arillo bicornudo, idem. 5. Semente, idem. 43 Tab. X. — Passuloka Corumbaensis Barb. Rod. A. Galho com folha, gavinha e fructo, de tamanho natural. B. Fnicto, como raras vezes se apresenta, idem. Tab. XI. — Malacocakpus heptacanthus Barb. Rod. B, Planta, de tamanho natural. 1. Espinhos, idem. Tab. XII. — Dejanira cvathifolia Barb. Rod. A. Porção média da haste, com flores, de tamanho natural. 1. Botão, de tamanho natural. 2. Calyce, duas vezes augmentado. 3. Corolla, idem. 4. Antliera, vista de frente, três vezes augmentada. 5. A mesma, pelo dorso, idem. 6. .^pice da anthera, muito augmentado. 7. Ovário e estigma, duas vezes augmentado. 8. Estigma, muito augmentado. Tab. B. — Maxillaria Chapadensis Barb. Rod. Pseudobulbos, folha e flores, de tamanho natural. 1. Sepala superior, idem. 2. Sepala lateral, idem. 3. Pétala, idem. 4. Lobullo, visto de lado, idem. 5. Dito, visto pelo dorso, idem. 6. Dito, visto pela frente. 7. Columna, de lado, duas vezes augmentada. 8. Pollinias, muito augmentadas. Tab. XIII.— LvCASTE Mattogrossensis Barb. Rod. A. Planta de tamanho natural. 1-2. Sepalas superior e lateral, idem. 3. Pétala, idem. 4. Labello. de lado idem. 5. O mesmo de face, idem. 6. Columna, de lado idem. 7-8. Antheras de frente e de costas, muito augmentadas. 9-10. Pollinias vistas de frente e pelo dorso, idem. índice das plantas contidas n'este volume Alierenioa, Aiihl F » furfiiracea var. Joiíasiaiia. liarb. Rod Amherstiene, Bth. et Ilook ANACARDIACKAE, R. l!cr Anaoardium, Rottl) » brasiliení^e. llarli. Und )) corymbosiim, líarb. I\od II curatellaefoliuni, St. Hll 11 humile, St. Hil 1) mediterraneuui, Vell » naiium, St. Hil n occidentale, Liii » pumilum, St. Ilil AiKiiia, Lin 11 aurantiaca, Barb. Rod » Cuyabaensis, Barb. Rod 11 fitrfuracea^ St. Hil 11 Guyanensis, Aub II longifolia, Aub II macrocarpa, Barb. Rod » muricata Linn II phacoclados, Mart II punctata ANONACEAE, Ju^s .Vraticum II du cainpu » grande II II da Serra Astrophoea, D. C Cactaceae, Endl Caesalpineae, B. Ilook Caju do campo II rasteiro Cajueiro do campo Calopisina pcrfoliatujn., Mart Caltleya Princeps, Barb. Rod Cereus Pemvianus 7 7 21 IO IO 14 IO 14 12-13 14 14 i3-'4 II I 7 S 4-8 1 4 6 4 I 7 S 3 I — 2 25 29 21 10 II 10 32 35-38 11 Caiôa lU fiaUc I'a^s. 31 Cyciiocbci lliui^il, líarb. KuJ 1 3" Daluiírgieae. Hruwn < '7 ■ Dcianini, Cliiiiii " 3- I » cvatliiiolia, llari). Kod 3- | » cnibesceiís, Cliuiu » 3- "34 II » viir. alba « 32 . Discocaclus Schum » 30 I Diiguetia, St. Ilil 1 7 » bracleoiia, Mart » 4 » Airfuracea, Uent. c llookcr » 7~^ Hchhwcactus 1 30 GENTIANACEAE, Lind « 32 Gkanauilla 27 Guanabani » l Ilyincnaea, Lind » 21 II Chapadensis, Uarb. Kod " 23 » Correana, Barb. Rod » 21 II courbaril » 22—24 Jatahy açu » 24 Jatvbà lio campo • 23 » grande » 22 » da Serra » 21 Jutahy açú » 22 II mirim » 24 » puroraka " 24 LEGUMINOSEAE, EndI » 15 Lycaste, Lindl « 39 * Rossiana, Rolfe » 39 II » var. Mattogrossensis, Barb. Kod » 39 Mangifkra, March » 10 Malacocarpus, Salm. Dick » 29 Malacocarpus heplacanthus, Barb. Rod » 29 Maracujá da chapada > 2Ó M de raio » 2Ò 11 de sapo 26 Marakuyá-mi » 27 Maxillaria, R. Pav 35 D Chapadensis, Barb. Kod > 35 u squaleiís 11 36 MaroHo u 2 — 3 Mclocaclus conimuuis, Link » 31 Mucun& 16 Mucuna, Adan , 15 » macroceratidcs n ló u Maltogrosscnsis, Barb. Ko IJ t >Ki.:iillMCKAK, Lindl » 35 I'Al'lMLIONACEAK, Blh. el llouk » Ij I'u>>bi:lura, I.in l'ags- 25 u canlpe!^lri!>. Ijarb. Ruit >: 25 » Coruinbaeiíbis. Karb. Kod 27 » Gibertii. Grah n 28 )í A/iinsfli ntíjrí » 20 Passiu.okeak l.indl u 25 Pereskia Blto, D. C » \\ Phasiíoleae, Bth. et Hook , 15 PinaoH ), 4 PinJá una » 4 » yl'i 'A th 10 V, ' ,. 12 ABEREMOA JOMSIANA Barb.Rorl. Tai.V í^art.Rod. des. dapuat. AMCARDIUM CORYMBOSUMBarL.Rod. TaiVI ■ '«f ■'■■^ .'V - - •..'--- -x >^- ^- :.x x---..- Bart. Rod. des- d'ap. nal. MUÇUM MATTO GROSSE¥SIS EarL.Roi Tai.vir. Barb-Rod. des-dap. nal. A.HYMENAEA CHAPADENSIS BarbKod. B. PTEROCARPUS PARAGUAYENSIS Bar"b.Rod. Tat.VIII. Barb.RocL. desáap.nal. HYMENAEA CORREAKA Barb.Rod. Tal). IX. Bart.Rod. cies. dap.nal:. PASSIFLOM CAMPESTRIS.5arL.Rod. Tab.X. ■*iSS»Í55Í ~~*íii Bart.Roà. ÔlQs. dap.nat. PASSIFLORA CORUMBAENSIS.Eart.l^od. Tal)X[. BarL. Rod. des. dai) riat MALAC00ARPU3 HEPTACANTHUS Bart.Rod. Tal^XII. _ A A.DEJANIRÁ CYATHIFOLIA.Barb-Rod. B.M/vXILLARIA CHAPADENSIS BarL.Rod. Tab.XIII. 10 ^- \: 1 J >í Barb.Rod. fec. at-.nat. LYGASTE MATTOGROSSENSIS Barl.Rod. PALMÂE MATTOGROSSENSES NOVAE VHL MINUS COGNITAE C^UAE collegit descripsit el iconibus illustravit J. BARBOSA RODRIGUES Eques Antiqui, Nobilissimi, atque Clarissimí Ordinis Sancti Jacobi a Gladio, Director Horti Botanici Fluminis Januarii, Socius Effectivus Instituti Historiei et Geographici Braziliae, Laureatus ab Instituto Scientiarum Physicarum et Naturalium Florentiae, Socius Regiae Academiae Scienttarum Olysipponensis, Imperialis et Regalis Societatis Botanicae Vindobonensi, Societatum Botanicae Anedae et Massiliae, Instituti Conimbricensis, Regiae Socictatis Anthropologicae Florentiae, Societatis Friburguensis Investigatorum Naturae, Nationatis Academiae Parisiorum, necnon Societatis Geographicae Parisiorum, et Fluminis Januarii, etc. 8704-97 Rio de Janeif^o Typograpliia LETJZI^ST&ER. i8g8 . '^T*!^ tíí^jlfit^^*-^^ ^í3-^ í:^íií^»-eu.£=í^,/$:^ y" -^ yZ y PALMAE MATTOGROSSENSES coI^.I^Ia-EIs^IDJ^ Onde se lê Leia-se Pags. 3 ]>inhas 23 Ravennala Ravenala » 7 1 só pé, nascido de uma semente só pé. » li) 32 destacam destaca » 20 >- 2G Phatyphylla Platyphylla )) 24 33 Chavcsiana C. Chavesiana }) 29 18 Diplotemium Diplothemium » 29 26 Diplotemium Diplothemium )) 36 £■0 31 1 cr (nucro) (mucro) 62 » 15 conseguinte. » 63 » 1 Kartz >i 64 » 21 Scheclea 11 67 )) 15 alongados » 69 )i .36 no Tab. IX Cuyabacnensis » X D. campestre Mart. Barb. Rod. » XVIII Arenaruim conseguinte, Karst. Scheelea alongado em Cuyabaensis D. campestre Mart. arenarium .Ainda outros erros encontrará o leitor, principalmente na parte latina, mas que benevolamente corrigirá. PALMAE MÂTTOGROSSENSES NOVAE V1:L MINUS COGNITAE q_u AS collegit descripsit et iconibus illustravit J. BARBOSA RODRIGUES Eques Antiqui, Nobilissimi, atque Clarissimi Orciinis Sancti Jacobi a Gladio, Director Horti Botanici Fluminis Januarií, Socius EfTectivus Instituti Historiei et Geographici Braziliae, Laureatus ab Instituto Scientiarum Physicarum et Naturalium Florentiae, Socius Regiae Academiae Scientiarum Olysipponensis, Imperialis et Regalis Societatis Botanicae Vindobonensi, Societatum Botanicae Anedae et Massiliae, Instituti Conimbricensis, Regiae Societatis Anthropologicae Florentiae, Societatis Friburguensis Investigatorum Naturae, Nationalis Academiae Parisiorum, necnon Societatis Geographicae Parisiorum, et Fluminis Januarii, etc. NISVv YORK ttOTANtCAU 8704-97 jRlO DE JaNEIP^O Typographia LETIZII^rG-ER 1898 INTRODUCÇÃO AO LEITOR ^^?f^i) OM O fim de augmentar as collecções de plantas indí- genas e adquirir sementes para que a flora do paiz bem represente as suas differentes zonas n'este jardim, emprehendi uma expedição ao sul do Brazil oriental, visto como pelas minhas excursões ao extremo norte, já satisfactoria- mente ella é representada. Tendo percorrido todo o valle do Amazonas, e conhe- cendo o littoral do norte, só me faltava correr o sul, e como é certo o que cantava o poeta nihil ardiium volentibus, com grande dispêndio e sacrifícios, em fins de Março d'este anno, encetei viagem. Depois de percorrer parte dos Estados do Sul, sendo escala forçada o Paraguay, demorei-me algum tempo em Assumpção, explorando as cercanias, para melhor fazer um estudo comparativo das differentes floras. Além do fim puramente botânico, outro me obrigava a demorar-me nas terras paraguayas : o do estudo comparativo do abaneenga, conhecido ahi por guarany ou karany e no norte do Brazil por tupy, ou lingua geral, estudo este que ha bastantes annos também me occupa. Passando os dias entre as plantas, passava-os também com os campesinos, que são hoje os me- lhores conhecedores da lingua dos nossos avós e os que melhor conhecem os nomes vernáculos das plantas. Em trabalhos passei os dias e as noites, sinc labore nihil, pelo que augmentou-se muito o meu cabedal, não só para a sciencia de Linneo como para o estudo linguistico. VIII Se a região platina tem sido visitada por muitos via- jantes-naturalistas e sobre ella já bastante se tenha escripto; se a região paraguaya também tem sido percorrida, depois de Francia, comtudo a região Matto-Grossense, n'essa parte, não tem sido muito feliz, porquanto, pouco se sabe relativamente ás suas riquezas botânicas. \'isitaram aquellas regiões e a seu respeito escreveram Commerson, no século passado; Caldcleugh (i 8 19-21), Saint-Hi- laire (1821), D'Orbigny (1826-33), Miers (1825-27), Arsène (1833), Isabelle (1833), Bacle (1835), Tweedie (1835), Lorentz (1870-72), Grisebach (1879), Hyeronimus (i882),'Balansa (1886), Parodi (i 886-88), Morong (188S-1890) e Kerr (1890-91). Matto Grosso, que me conste, só foi visitado pelo Dr. Ro- drigues Ferreira (1788), pelo zoologista Natterer (1817-32), por Gaudichaud (1830-33) por D'Orbigny (1826-33), por Weddell (1844), e ultimamente pelos Srs. Spencer Moore, bo- tânico da expedição Charles Ward (1891-92), Drs. Carlos Lindman e Malme (1S95-96). Como geographos, o Dr. Steine, e Meyer e como entomologista Herbert Smith. Devo também notar que, em 1836, o Dr. Patrício da Silva Manso (1), colheu muitas plantas em Cuyabá, porém foram enviadas para Europa, por Lhotsky. Fazem parte do herbario de Martins e já estão todas descriptas. Dos primeiros são conhecidas as suas descobertas, apenas não conheço publicação alguma dos resultados botânicos dos estudos de Lindman. Matto Grosso, entretanto, podia ter hoje a sua flora mais conhecida, se a fatalidade não perseguisse a commissão scientifica, que durante os annos de 1825 a 1829 explorou este Estado, por conta do imperador Alexandre I, da Rússia ; commissão conhecida por expedição do Conselheiro Jorge Langsdorff. Fazia parte d'ella Luiz Riedel, botânico de firmada reputação, único que escapou, depois de ter atravessado Matto Grosso e o Pará. ( I ) Autor da EnumeroíHo das substancias brazileiras que podem promover a catorze. /Sjà. — IX Para a Rússia foram enviados alguns herbarios, porém, segundo affirma o Sr. Visconde de Taunay (O, baseado na opinião do finado Barão de Melgaço ( Augusto Leverger ), « todos os trabalhos e até simples vestígios e indicações d'essa importante exploração se perderam». Se não fora esse facto, algumas das plantas que hoje descrevo estariam scientificamente determinadas, por quanto algumas são referidas, pelos nomes vulgares, pelo Sr. Hercules Florence, que foi desenhista da mesma commissão (2). Como a flora dos campos geraes do planalto Matto Grossense se ligue á do de Goyaz e seja quasi a mesma, não só pela curta distancia, como pela facilidade da dispersão das sementes disseminadas pelos ventos e pelos pássaros, para tirar toda e qualquer duvida, procurei ver se não teria a com- missão brazileira, exploradora do planalto central do Brazil, encontrado as mesmas espécies que aqui descrevo. Para isso, se bem que a commissão fosse brazileira, tive de recorrer ao estrangeiro, por quanto todas as plantas colhidas n'essa expe- dição, por pessoal brazileiro, á custa dos cofres do Brazil, foram remettidas para a Europa a fim de ahi serem classificadas, dando-se uma prova publica do atrazo scientifico do nosso paiz, quando nãvo ha razão para semelhante procedimento. Releve-se-me o assim expressar-me, porque ha longos annos. como andorinha desgarrada, batome contra a opinião dos que afhrmam que a botânica no Brazil está na infância e que no Brazil se não pôde classificar por falta de herbarios, quando temos muitos exemplos do contrario, dados pelos que trabalham com patriotismo. Com o fim, pois, de verificar as minhas espécies, procurei ver o resultado botânico colhido pelo Sr. Glaziou, botânico da mesma commissão, porém não encontrei um só trabalho scien- tifico do mesmo senhor e apenas li o relatório do Sr. Ule, (1) Rev. do Inst. Hist. Geogr. Braz. t. 38, p. 337. (2) Cp. cit. p. 355. — X — outro botânico da mesma commissão, pelo qual fiquei sabendo que as plantas á medida que iam sendo colhidas, iam sendo logo remettidas para a Europa, para ahi serem determinadas. E' o que se collige d'este período : «Antes que as linhas precedentes fossem remettidas á imprensa, recebi ainda algumas communicações (da Europa) sobre os resultados das collecções botânicas, nas quaes, ainda que os phanerogamas se achem apenas determinados até a metade, já se encontram espécies novas e dous géneros novos» (i). Não podendo assim colher informações em trabalhos brazileiros ou dos botânicos estrangeiros, estipendiados pelo governo do Brazil, recorri entáo a uma publicação do sábio Dr. Taubert (2), de saudosa memoria, um dos botânicos que determinaram as plantas da commissão, e ahi não encontrei nenhuma das minhas espécies. Quanto ás palmeiras de que me vou occupar no referido trabalho. Taubert apenas apresenta uma Geoiioma nova que nâo é nenhuma das minhas. E' para se notar que os herbarios de Weddell também estão, até hoje, quasi sem ser aproveitados, no Museu de Paris. Portanto o resultado, que aqui apresento da minha excur- são botânica pôde soffrer alguma modificação, se o meu amigo, Dr. Lindman, publicou os seus trabalhos, o que eu ignoro ; mas creio que não, porque se os tivesse feito, tenho certeza que teria me enviado, como tem procedido o Sr. INIalme, seu companheiro de expedição. Em Maio cheguei á região Matto Grossense, depois de ter percorrido a do Paraguay e de ver que ahi pouco tinha a fazer. Entrando logo nos meus trabalhos notei que também na região brazil'^ira a época era má, pois que havia cessado a Ho- (1) Cruls. Commissão explor. do planalto central Jo Brazil. Relatório apresentado ilc. lSç4. pag. 365. (2) Beitrâge zur Kennlnis der Flota des central-btasilianiselien Siaates Goyaz. 1S95, XI — rescencia e os campos estavam seccos, estragados pelo gado ou destruídos pelas queimadas, que principiavam a devorar extensas regiões. Apezar d'isso. consegui algum resultado de utilidade para o jardim, que dirijo, assim como para a sciencia ; pois foi augmentada com mais algumas observações e mais algumas espécies que, acredito, sejam novas. Foi pelos campos e pelas margens dos rios Paraguay. S. Lourenço, Cuyabá, Coxipó, Aricá, S. Romão, da Casca e outros; pelos serros calcareos do Ladario, Corumbá e Melgaço; pelos campos geraes de Cuyabá; pela serra de S. Jeronymo, gargantas da Bocayna e do Manoel António, na Chapada (i) ; pelos serrados, capões e mattas das vertentes dos rios, que tirei o resultado que aqui apresento com o fim único de não perder a prioridade das minhas classificações. A descripção da minha excursão botânica, publicarei mais tarde, passando a descrever aqui as plantas que encontrei e que julgo novas. Se bem que pequena a messe, por ter sido curto e máo o tempo, comtudo assignala convenientemente a passagem do primeiro botânico brazileiro que pisou as areias auríferas das terras de Matto Grosso, pois não me consta que outro botani- camente tenha d'essas plagas, se occupado. Podia este trabalho ter, logo após a minha chegada a esta Capital, entrado para o prelo, se não fosse querer consultar também o resultado botânico da expedição do Sr. Spencer Le Marchant Moore, publicada em 1895, nas Transations of the Líiinean Socieiy of Loncion, sob o titulo The phaiíerogamic bo- tany of the Matto-Grosso expedition i8qi-<^2, afim de que não fosse dar como nova alguma planta pelo mesmo botânico des- coberta e classificada. Por isso, apenas cheguei pedi, por telegramma e por intermédio do Exm. Sr. ministro da Viação, ao nosso ministro em Londres, para que, com a máxima brevidade, me remettesse a referida obra. Com effeito, vinte e cinco dias (l) Esta serra fica a 825 metros acima do nivel do mar e a 717 acima da cidade de Cuvabá. xir depois a recebi e passando logo a estudal-a cheguei ao resul- tado de me considerar feliz, porque poucas foram as dicoty- ledoneas que perdi, nâo tendo a lastimar o prejuízo de uma só monocotyledonea. N'essa obra (pags. 498-500), o Dr. Moore trata de poucas palmeiras, apenas dá noticia de três que suppõe novas, sem as denominar ; descreve uma como nova, que o nâo é, e pelos nomes vulgares trata de quatro. E' verdade que confessa (pag. 272, em nota), que nâo se importou com as palmeiras. Diz elle : «I did not pay special attention to this group». Tranquillo, agora posso entregar ao publico o resultado da minha expedição, que dividi em três partes : Relação bo- ía7iica, Pla7i(ce Mattogrossenses novcB e Palnue Mattogrossenses novos. Sendo hoje de maior interesse esta familia, por ella começo a publicação. Ordena-me a justiça e a gratidão, que antes de fechar estas linhas, não deixe de aqui perpetuar o meu reconhecimento ao Exm. Sr. Governador do Estado, Dr. António Corrêa da Costa e ao seu digno irmão, o Sr. Dr. Jonas Corrêa da Costa, pelos auxilies que prestaram ao humilde escriptor, na missão que este desempenhava. A não ser o fidalíro acolhimento, as facilidades e as in- formações que me proporcionaram, tâo bom êxito não teria a minha tarefa, pelo que posso dizer que ao mesmo Exm. Senhor cabe a gloria das minhas descobertas. Ao bom e alegre companheiro de expedição, o Sr. José de Góes Peixoto de Azevedo, muito devo pelo que fez afim de me auxiliar, facilitar e ser de utilidade os trabalhos por que passamos, entregues ás intempéries, ao cansaço e ás fadigas ; uma recordação e um aperto de mão a esses bons amigos, assim como áquelles que, como o Rev. Monsenhor Bento Severiano da Luz e o coronel Sulpicio. tão cavalhcirosamente nos receberam sob o seu tecto hospitaleiro, nos campos da Chapada. Seria injustiça e falta de gratidão também nâo perpetuar — XIII — aqui o nome de um outro Matto-Grossense que, compe- netrado da sua alta missão, soube dar valor a este insignificante trabalho, dando-lhe a publicidade, fazendo assim com que fossem utilisados os esforços de seus conterrâneos que, sem ella, seriam perdidos. Convencido de que a importância de um paiz não está simplesmente nas forças materiaes e que, principal- mente, a sciencia é que dá vida ás nações cultas, gentilmente apressou-se em fazer conhecidas do mundo sábio esta pequena contribuição, ordenando que fossem impressas por conta do Governo. Este benemérito foi o cidadão Ministro da Industria, Viação e Obras Publicas, o Exm. Sr. Dr. Joaquim Duarte Murtinho. II Seja me permittido dizer ainda algumas palavras sobre a familia das palmeiras, de que me vou occupar. Nas regiões quentes e húmidas em que se levantam as nossas florestas virgens, existem madeiros gigantes, como o Giquitibá, que pela sua corpulência querem, como soberanos, tudo avassallar ; mas, também apparecem audaciosos cipós, que, apoiados a elles, enroscando-se nos seus galhos, pretendem disputar a sua eminência e levam assim as suas douradas e róseas paniculas de flores acima dos ramos mais elevados. Essa louca pretenção da multidão vária de ambiciosos entre- tanto, desapparece ante as esbeltas palmeiras, que, natural- mente, sem auxilio ou sem apoio, são acclamadas as rainhas das florestas e dos campos : a Dea Palmaris. Não têm ellas a corpulência nem a força de uns, nem a flexibilidade de outros, mas têm a distincçâo da raça, a aristo- cracia da belleza, que tudo avassalla e que as torna involun- tariamente rainhas do mundo vegetal. Ellas mostram no seu porte a exuberância e a riqueza do solo, e com os seus encantos dão a graça e a vida que se encontra no interior das nossas florestas. — XIV — Symbolisanclo uma rej^nao do s^lcbo, symbolisam também a gloria eterna, e á sombra de suas palmas se recolhem aquelles que no mundo são merecedores de altos prémios, pelos seus feitos, pelo seu saber, pelas suas virtudes ou pela sua santidade. Se no meio da vegetação florestal é soberana, nas cam- pinas também tem o seu império. Nos campos onde o sol cresta, a terra sécca, a humidade desapparece e o frio mata, se perdem a magestade do porte conservam comtudo o garbo, a elegância e a altivez de sua linhagem. Se ás ve^es se nivelam ao porte do poviléo, conservam ainda assim a graça, a distincçâo, apanágio que as distingue á primeira vista. Pequenas, porém sempre bellas e altivas. Nos campos, como em geral, nâo têm a convivência com outros membros da familia, aquellas que se afastam e vão viver nos terrenos elevados nunca se isolam, lormam grupos de congéneres e em sociedade tudo dominam, offuscando todas as outras plantas que a seu lado apresentam um porte que mostra uma vida constrangida. Hllas, as palmeiras, participam dos efíeitos do mesmo meio, mas, na disposição de sua fo- lhagem, ostentam não soffrer e algumas se apresentam isoladas, altaneiras e graciosas, destacando-se das companheiras para mostrar a sua força e o seu império. Humilde, apresenta-se entretanto uma, que parece fugir do fausto das companheiras, e no meio das gramineas se occulta, e d'ellas se nâo distingue ; é o pequeno Ariry, o Cocos petraea. E' a mais modesta das palmeiras ; sempre pequenina, sempre se escondendo, che- irando até a occultar alçriimas vezes as suas flores e os seus fructos no solo de que se alimenta. Da sua modéstia nasce, entretanto, o realce que lhe dá o mérito. São pois as palmeiras membros de uma grande familia que tem o cunho da distincção, o orgulho da íorça e da belleza. e que se nâo confundem com a multiilâo que as rodeia. Se o gigante Giquitibá disputa o sceptro da realeza pela sua XV força e crescimento, a esbelta e fina Vussara, que cresce a seu lado, ergue-se á mesma altura, eleva a sua coroa acima da folhagem d'elle, com toda a elegância, e quando o furacão o quebra e o desgalha, esta meneando airosamente a cabeça resiste á sua fúria, e passada a tempestade, olha incólume e orgulhosa para os destroços que apresenta o rei das florestas e para os da sua vassallagem. Tem como as rainhas o apanágio de protectoras dos via- jantes e d'aquelles que vivem longe dos bens da fortuna ou no estado selvagem. São as arvores da vida, como as chamam os colonos da Guyana Ingleza. Sâo ellas que fornecem o fio com que tecem as redes em que descançam o corpo; que lhes dão a linha para pescar, a isca para o fogo, o tecto para os abrigar, as paredes que os livra dos ventos e dos animaes, os soalhos que os privam da humidade, o lenho para as suas armas, os preparos para os seus ornatos, a palha para os diversos utensílios, a cera, o óleo e o sal com que se alumiam e temperam as suas igua- rias ; que lhes dão a agua para saciar a sede, o vinho para as suas festas ; que os alimentam com os seus fructos e seus palmitos e até lhes fornecem remédios para seus soffri- mentos e doces para seus bailes. Nâo ha familia vegetal que tanto offereça ao homem. Quanto não sofíreria o pobre e o viajante pelas nossas selvas se não fosse a protecção das palmeiras ? O humilde escriptor d'estas linhas, quantas vezes não teria de passar as noites exposto ás chuvas torrenciaes, dentro das mattas do equador, se não fossem os instantâneos Mauarys ('), feitos com suas folhas ?! Quantas vezes não lhe foi saciada a sede pela agua e pelo vinho de seus fructos ! Quantas vezes não lhe mataram a fome os seus fructos e os seus palmitos ! Pela sua grande utilidade entram nas lendas de quasi todos os povos. (') Barracas que se levantam sobre duas forquilhas, feitas e cobertas só de folhas de palmeiras, principalmente do género Attalea. XVI E' considerada arvore sagrada, symbolo do sol, da riqueza, da geração, da força, da resistência, da immortalidade, da gloria e representa assim a Deusa Victoria, a Dea Palmaris. Se no paganismo é reverenciada, no Christiaiiismo é aben- çoada. Quando Maria pelos desertos do Kgypto andava fora- gida, levando Jesus, menino, em seus braços, foram os fructos de uma palmeira que lhe mataram a fome, e foram as suas folhas que lhe deram abrigo, pelo que seu sagrado Filho a escolheu para o symbolo da salvação eterna, declarando que com as suas palmas faria a sua entrada triumphal em Jerusalém. Sâo tantos os seus dotes, que Plutarco diz existir um hymno babylonico que canta os trezentos e sessenta benefícios que ellas prestam á humanidade e Garcia da Orta, nos seus Colloquios fallando das cousas necessárias á vida humana assim se expressa em relação ás palmeiras : «Dá tantas e necessárias que não sey arvore que dê a sesta parte». E' por isso também que tem a supremacia sobre todos os outros ve- getaes. Esta família, nobre e distincta. viveu entretanto obscura por muitos annos ; foi preciso que um membro dos mais pro- eminentes, também da aristocracia do génio e do saber, com ella se encontrasse, para que, tomando-a em suas mãos, lhe assi- gnalasse o logar saliente que devia occupar na natureza. Appareceu o mais eminente botânico que tem vindo ao Brazil, o Dr. Carlos Frederico von Martins, e póde-se dizer, com elle appareceram essas formosas phanerogamas. Linneo não conheceu mais do que quinze espécies, e foi só depois do palmographo bavaro que surgiram os admiradores das soberanas das mattas. Appareceram Blume, Ruiz e Pavon, Liebmann, Hookcr. Wendland, Beccari. Drude e outros. As palmeiras principiaram então a ser procuradas com inte- resse. Da Ásia, da Africa, da Oceania e da America sahiram dos seus reinos desconhecidos, para tornarem-se o ornamento das estufas reaes e dos jardins públicos e particulares de todo XVII o mundo, offuscando sempre com os seus dotes as outras plantas que, com as suas bellas flores e com seu aroma, pres- tam-lhes homenagem a fim de melhor realçar a supremacia que lhe reconhecem. As palmeiras do Brazil, encanto de nossas mattas, por sua vez tiveram as attenções dos homens cultos e começaram a ser raptadas para os jardins da Europa, onde foram conhecidas pela monumental obra do mesmo Dr. Martius. (i) Era crença geral que a sua monographia encerrava todo o thesouro do Brazil e que todo o palmetum brazileiro ahi estava descripto, pois suppunha-se impossível que novas pal- meiras houvesse e que tivessem escapado ao operoso viajante. Não obstante no campo virgem que havia sido por elle explo- rado, appareceu depois o Dr. Ricardo Spruce, e, só no Ama- zonas, encontrou elle novas espécies, com o que parecia ter assim feito conhecidas, então, todas as palmeiras do Brazil. Entretanto, quanto ainda n'esse campo havia por fazer ! Tomei então sobre meus hombros o pesado encargo de respi- gador e de fazer com que o Brazil, que apresenta a primeira flora do mundo, não deixasse também, de nas palmeiras ser o primeiro. Dediquei-me ao seu estudo, e n'estes 25 annos, lu- tando com os maiores sacrifícios, devassando as mattas e os campos, as serras e as vargens ; varejando sertões, pan- tanaes e desfiladeiros ; exposto ás intempéries, curtindo a sede e a fome, afírontando os perigos dos animaes ferozes e o furor dos indios ; percorrendo assim todo o valle do Amazonas desde as fronteiras; explorando todos os affluentes deste grande rio e transpondo as suas cachoeiras, entrando pelos sertões do interior do paiz, chegando assim até Matto Grosso depois de dar toda a volta do Brazil, consegui sobraçar o estudo de cento e trinta e quatro espécies novas, desconhecidas á sciencia, que pelos seus cultores têm sido recebidas. Eu que, de mui longe, seguia as pegadas de Martius, o (I) Ccnera et Species Palmuium, MDCCCXXIII. — XVIII — palmographo que mais espécies tinha descoberto no Brazil, e que occupou sempre o primeiro logar, também pelo seu saber, aos poucos d'elle me approximei e conser as grandes florestas que existem no Paraguay d'esta palmeira, exprimiamsc di/endo: íaaro)iii,i, isto é: iiiatfii lí/ nm/ds, vindo /■ euplionico pela prenuncia, como é geral no karany. Carand.^ quer dizer íui/ueinil. Fam. LEPIDOCARYEAE Mart. Gen. Mauritia L. fã. MAURITIA VINIFER.A Mart. Pa.^m. Brás. 42. (. 3Í, jg : Palm. Orbign. 20. t. ij et 21.; Kunth Eiium. Planl. III p. 21'] ; Walp. Aun. Boi. Syst. V. p. 834; Wendl. iii Kerch. Lcs Pahnicrs, p. 2§i ; Drude, in Flor. Brás. III. p. II, pag . 2ÇI. t. LXII. f. III., LXJII, f. III. Vulgarmentti é conhecida esta útil e proveitosa palmeira pelo nome de Burify ou Bority, corruptella de Mbori/y, d'onde veiu também o nome de Micrily, dado no Pará á Mauritia Jiexuosa, que também já fazem Mirity. Mbority q\ier dizer o que contem agua, liquido, de Mboró, que contem e ty, agua; com effeito é uma das grandes utilidades d'essa palmeira e donde lhe veiu também o nome scientifico de vinifera. Muitas vidas salvou esta palmeira, saciando a sede do nosso exercito da expedição de Malto Grosso, durante a guerra do Paraguay_ Nos campos geraes e áridos, quando se avista uma d'essas arvores protectoras, produz o mesmo effeito de um oásis no Sahara, pode-se dizer: «vamos encontrar agua ». Com effeito, sempre junto se encontra alguma fonte ou regato, e quando este esteja secco, encontra-se no seu espique o liquido bastante para saciar a sede de muitos homens. A esta quadra melhor o nome de Arvore do viajante do que á Ravennalla Madagas- cariensis, porque esta só contem nas vaginas de suas folhas o deposito das aguas pluviaes, emquanto que a palmeira brazi- leira contem em si um reservatório próprio para todo o anno. Encontrei grandes borityzaes, então com fructos, quasi maduros, perto de Villa Mendes, aquém do Rio das Areias de S. Miguel, e alguns pés na Serra da Chapada. Fam. ARECACEAE Mart. Gen. Geonoma Wúd. Sect. sciiisTOSPADix Trail. 1. GEONOMA CHAPADENSIS Barb. Rod. Caudex gracilis caespitoso denso annulatus. Foliis requaliter pinnatifissis, petiolo quam foliolis majore, foliolis 4 — jugis, extimis mi- noribus, tribiis falcato longissime acuminatis cum uno alte- rove uninervi intermixtis lineari-aciiminatissimo. Spadix pa- niculatis foliis quádruplo brevior pedúnculo spathas mi- nutas breve excedente compressi, rachi ramos inferiores ramificatos et apicales simplices breves mucronatos. Taâ. I. Caudex 2"'XO''"o-5 Ig-. annulis o, '"04 inter se distantibus. Folia 10 — 12 contemporânea, i," — 1/30 lg., atroviridia ; vagina ^'"oi — o,"' 15 lg., petiolus o, '"50 — o,"'7o lg., super concavus, foliolis inferiore o,5oXO;08 lg., 8 — 10 nervis, (Ang. 60.°), lineare 0,45X0,015 lg., uninervis, (Ang. 60.°) ; médio o,'"55 — o,"'!! lg., 9 — 10 nervis, (Ang. 50.°), supe- riore o,"'35XOj'"'0 lg., 12 — nervis, {Kvíg. \o.''). Spal/iis lan- ceolatis, obtusis, exteriore 0,10 lg., interiore o,"'09 lg., cin- namomeo tomentosis. Spadiccs tam masculi quam fceminii in una eademque stirpe, fusco tomentosi 2 in eadem planta infra folia evoluti ; pedúnculo asper, erecto, o, ""13 lg., ad basin cinnamomeo tomentoso, compresso; rachi o.^io lg., ratni 10 — 19 laxe inserti, inferiores longe pedicellati et 2 — 4 furcati, superiores simplices o,"'25 — o, ""27 lg., alveoli in interstitiis o,"'oo5 separati, laeviter immersi, lábio emar- ginato. Flores masc. rami diametruni aequantes ; sepala lanceolata, obtusa, concava, extus gibbosa, marginibus mi- nutissimis fimbriatis ; pétala subdupla majora, oblongo-lan- ceolata, subacuta, concava ; urceolo staminali tilamentis sub- aequilongo ; Jlor. faem. non vidi. Baccae ignotae. Hae. rarior iii Morrinhos ad Serra da Chapada, Prov. Matto Grosso. Floret Jiinio. Herb. n. 204. ExPLic. Tab. I. — I. Vista, tirada do natural, dos Dons Morrinhos, na serra da Chapada, mostrando o itambè, onde foi encontrada a Pindova. 1. Porção do espique de tani. nat.. 3. Uma folha, muito diminuida. 4. Spathas e espadice, de tam. nat.. 5. Flor macho, quatro vezes augmentada. õ. Fila- mentos e antheras, cinco vezes augmentados. 7. Sepala, vista de lado, oito vezes augmentada. 8. Pétala, oito vezes augmentada. Receio que esta espécie me seja levada também para o cortejo das synonymias, porque se a minha G. trijugata, que não se parece tanto com a G. paniciiligera de Martius, foi le- vada para a synonymia d'esta, o que não farão com esta, cujas folhas se assemelham na disposição dos foliolos, com as G. Gastoniana, Wittigiana, Brognaríti, Dcsinarestii? Entretanto para quem as conhece de visu, no logar em que naturalmente crescem, nada têm de commum a de que me occupo com as citadas. No habitus, no tamanho, nos spadices e nas flores é inteiramente differente. Não é o prurido, de fazer espécies novas, porque, mercê de Deus, já centenas de plantas perpetuam o meu nome, e não será mais uma que influenciará na minha vida. As que já tenho chegam para dar nome a mais de um botânico. Vem este cavaco a pello, porque n'esta familia, tenho sido infeliz ; muitas espécies têm servido para dar nome a outros e como não quero ver mais uma perdida, de antemão previno. Encontrei esta espécie crescendo em soqueiras no logar denominado Morrinhos, na serra da Chapada, nas bordas de um profundo ilambé (') coberto de luxuriante vegetação que cobria um lindo regato, que sobre rochas se espreguiçava. E' conhecida vulgarmente por Pindobinha. Em Julho florescia, porém, encontrei apenas spadices masculinos, pelo que completa não pode ser a descripção, mas, o é tanto quanto basta para o estudo comparativo e fazel-a bem caracterisada. (') De itáy pedra e ampè, parede, que por corruptella fizeram ilá-amòi, itainbé. Pedras cortadas a prumo, como paredes. 6 2. G. altíssima Barb. Rod. Caudex gracilis clatus caespitosus remote annulatus foliis longe petiolatis, foliolis trijugatis plurinervis falcato-acuminatissimis rarius linearihus uniner- vibus iiuermistiis. Spadix i)aiiiculatis folliis mullo brevior pedimciilo spathas longas excedente compressi, rachi ramos inferiores ramificatos et apicales paucos simplices exserentes, omnes divaricatos filiformes minutissime mucronatos, al- veolis laeviter immersis, lábio cmarginato. Tab. II. Caudex elatus, gracilis 4— 5, '"40X0, "'04 lg.. Folia i 1 contempo- rânea, erecto-patenlia, congesta. ^'"ço lg.. atroviridia, vagina o,'"25 lg..tomento cinnamomeo adspersa./^/Zí^/í/JO.^So— o,'"90 lg., super CO ncav us, /o/io/is trijiigatis, plurinervis, inferiore o. "70X0. '"'O — o, '"12 lg., utrinque 9 — 10— nervis, (Ang. 30"), médio 0,65X0, "'13 — o, '"14 lg., utrinque 10 — 12 — nervis, (Ang. 30."), superiore 0,60X0,"' 12 — 0,^13 lg., utrinque 12 — nervis, (Ang. 48.°). Spadices o,"" 20 — o, "'23 lg., cinnamomeo- tomentosi ; pedunculus compressus, erectus, asper, o,"'20 lg., spathis longis, (o,™! 6) lanceolatis tomentosis, ;-rtí-//!/V o,"M 2 lg.; rami 20 arcuati, inferiores longe pedicellati 3 — 4 furcati, o,'"20 lg.. supremi simplices ; alveolis in interstitiis fere o,'"oo6 superpositis, per spiram 2 dispositis, lábio breviter emarginato. Flores masc. sepala ápice purpurascentia lan- ceolata, subacuta, concava incurvata; pctala sepala aequa- longa, oblonga ad basin attenuata, subacuta, concava ; foein. non vidi. Daccac subrotunda, ©"',009 in diam., atro- violacea. HaI5. in silvis Capão secco, ad Serra da Chapada, Prov. Matto Grosso. Florei. Junio. Ilcrb. n. 210. Pindohinh.v i?icoloruiii, Exi'Lic. Tab. II. — i. PorçSo do espique, de tam. iiat.. 2 (/. 2 /». 2 <•. Folhas de um mesmo exemplar, sendo »Xo'°,22 lg. /•'oliis orispatis, lo — 15 dense congesla, 5— ó™ lg. folio/i^ angustilanceolatis, acu- lis, per 3- aggrcgalis, dellexo- pendulis, o», 8 — o", 10 X X o™, 05 — 6 lg. ulrinquc ob- scuro viridis. Spalha I",30 lg. Spailix fusco-piilvcrulento, ma- ximus, ramis longissiniis ad apiccm attenuatum, flexuoso- lorlis, o™, 60 — I" lg. Flores ina.sc. pétala oblonga ob- tusa. Gtrmiuiutio Irigono, aculo. Stninina corolla .'i.'r|ualia, fila- mcntis anthcra dorsnlitcr lixa. Anllifiii erecta, obtusa. Caiidfx crasse cylindricus, 8" — — 9" Ig- Foliis concinnis 15 dcnse con- gesta 3"— 4™ lg. Foliolis lineari-lanceolatis, an- giiste, longe acuminatis, per 2 S aggregatis, o"',4— o",5X Xo^jOa lg., saturate viridi. Spadix fusco, minor, supra pcn- duluin brcvem súbito ramifi- catus, ramis striclis apiccm versus attenuatisrectis, o" ,50 Ig- Floris niasc. pétala oblonga lanccolata acuta. Aiillurn basi6xa, inflexo-pcndu- la, brcviler Irilobata. Cnitiiex excelsus gracilimus 6»-8»Xo-,iS Ig- Foliis concinnis 10 dense con- gesta 4- —5» lg. Foliolis anguste lanceolatis, acuminatis, per 2-6 aggre- gatis,!'" Xo'°:OS — o" lOÓlg., super obscure viridis subtus vere glaucis. Spíiíhn l m. Spatiix paucí ferrugino-i>ulveru- Icnto, ramis longis ad apicein attenuatis rectis, 0,40— 0,70 lg. Flores masc. ])etala lanccolata acuta. Germinoilio tripartilo. Siamina demidio corolla, fda- mcntis liberis. Àiillierii mcdifixa, sub saggit- tala, obliqua vcl liorisontalia. 11 Peio quadro comparativo se vê bem as diflerenças. A ba- cabeira, QT. disliclms de Martius, se estende até ao alto Ta- pajós, mas creio que não cliega ao divortiuin aquariuni, para descer quasi ao baixo Paraguay, e alii acclimar-se aos campos a mais de 700 metros acima do nivel do mar. E' verdade que Tarampabo vac a 1000 metros nos Andes da Bolivia, mas, essa não desce aos terrenos baixos das florestas do Ama- zonas. Se por acaso houvesse emigração, conservaria o nome próprio do Amazonas, o de Bacaba, porquanto outr'ora, como hoje, grande commercio houve entre Matto-Grosso e o Pará pelo Arinos e Tapajós, e os Índios civilisados, nas monções, com as sementes perpetuariam o nome vernáculo. Entretanto tem o nome de Pindó ou Pindoba, para uns e para outros o de Pol- t7ieira verdadeira, o que não é mais do que a traducção da palavra Karany Pindó, que significa palmeira, em geral. Poderá ser uma variedade da CE. disticlnis devido ao meio, e facilmente os fructos determinariam, porém, como não os vi fica, n'esta espécie um ponto de interrogação. No desfiladeiro onde foi achada encontrei mais de doze exemplares já bastante adultos e alguns ainda muito novos. Devo notar que vi indivíduos dioicos sendo os espadices masculinos pela metade dos femininos. Encontrei também es- padices munidos, de 3 spathas, sendo a terceira interna enva- ginante a principio e mais tarde bipartida e caduca. Esta spatha não é mais do que o desenvolvimento de uma bractea, que sempre apparece como spatha nos spadices masculinos. Esta espécie estende assim mais a área geographica do género, vindo do Orenoco, passa pelos Andes Peruanos e Bo- livianos e chega ao Sul do planalto do centro do Brazil, depois de espalhar-se pelas terras baixas do valle do Amazonas. A bem da historia e da verdade devo dizer que esta pal- meira foi vista pelo botânico Riedel, na mesma serra da Cha- pada, perto da villa de Guimarães, hoje freguezia de Sant'Anna da Chapada. 12 No Esboço da viagem feita por Mr. de Langsdorff, pelo Sr. Hercules Florence e publicado no tomo 38, á pag. 464, da Revista do Instituto Histórico, diz o mesmo autor : « Nas mattas de Guimarães, foi que vi pela primeira vez a palmeira chamada Pindova, cujas folhas abrem-se n'um só plano como um leque. E' um bello typo da opulenta e magni- fica família das palmeiras. » Creio que o Dr. Riedel não colheu exemplares, ou então dormem em algum herbario da Rússia, sem determinação; o que nâo admira porque, milhares de plantas nossas, estão n'este caso. Se a Pindova vista por H. Florence, e que naturalmente também foi vista pelo Dr. Riedel. pois estavam na mesma commissão, fosse examinada e identificada, com os QEnocarpus conhecidos, seria esse facto forçosamente mencionado pelo il- lustre professor Drude. na parte geographica das espécies, mencionadas na Flora, o que se não dá. Além d'esta espécie o mesmo autor também vio o Uauhiry e o Uatiaçu,Q^ç. também nSo são citados geographicamente na Flora. Creio que esta espécie estende se também até aos altos chapadões do IMunicipio de Montes Claros, em Minas Geraes, porque em uma relação das palmeiras d'este lugar, da Choro- graphia Jlliiteira (i), encontro esta nota: '< e uma espécie chamada simplesmente palmeira notável pela bella forma de leque da folhagem. » (I) Revista do Archivo publico Mineiro. Anno II. 1S97, Fase. 3. pag. 576. 13 Fam. COCOINE^ Mart. Gen. Cocos Linn. Sect. EU cocos Dr. B. Endocarpio lapideo intiis gibhoso, inonospermo, alhiinifii tequabile COCOS ROMANZOFFIANA Chamisso in Choris, Voyage pitt. aiiíour du monde ^ P- 5; V et VI (1822) et in Flor., VI. (1823) par. I, 226. — Mart. Hisl. Nat. Palm., II p. 127, tab. 88. p. VII. et III, p. 321. — Kunth. Etinm planl. Ill, p. 286. — Walpers Anu. boi. sysL, 5, p. S23. — Wencll. ni Kerch. Palm. p. 241. — Hook. Rcp. R. G. Keiu, 1882 p. 241. — Drude in j\íai-l. Flor. Brás. III, p. II, p. 419, tab. XCII. — Becc. in Malpi^kia I, fase. VIII. p. 25, n." 19. Cocos AUSTR.\Lis Mart. Palmei. Orbig. ( 1847 ) P- 95? tab. I, f. 2 et tab. 30 C. ; Hist. Nat. Palm., III. p. 289. et 324. — Walp. Ann. boi. syst. 5, p. 823. — Wendl. in Kercli. Les Palm., 240. — Drude Jllarl. Flor. Brás. III, pag. II. p. 420. — Hook. in Reporl. R. G. Keiv. 1882 (1884), p. 72.— Bec- cario in Malpigthia I fase. VIII. pag. 26. — Morong. Planl. coll. in Paraguay Annal. 0/ lhe N. York. Acad. of Scien. VIII. (,893). pag. 245. Cocos PLUMosA Hook f. in Boi. Mag., t. 5180 (1860) et in Rep. R. G. Kciu 1882, p. 72. Wendl. in Kerch Les Palm., p. 241. — Drude ift Mart. Flor. Brás., III, p. II. pag. 412. Becc., in Malpigh. I. fase. VIII. p. 28. n.° 22 .■* Cucos DATIL Grisebach et Drude in Griseb. Symb. Fl. Ar- gent., 1879, p. 283. — Drude /« J\lart. Fl. Brás. III, p. II, p. 419, tal, XCIII. — Becc. in Malpigh. I. fase. VIII, pag. 27, n.° 21 ?? Cocos GERiBÁ Barb. Rod. Protest. app. p. 43. (1879). Les Palmiers, p. 27 f. 6. in tab. physiogn. et tab. Ill, f. 5 a, b, c et fig. 6, a, b. (1882). Drude Flor. Brás. III. p. II. p. 40J, in clavis analyp. Beccario. Malpigh. I. p. 28. 14 Cocos ACROCOMioiDKS Driídc in Alaii. Fl. J>r., III |). II. pag. 409, tab. LXXX\'II, f. III. — Becc. in Malpigh., \'I, fase. YIII, pag. 28, n." 23 ? ? Cocos MAKTiAN.\ Drucle et Giz. in Mar/. Fl. Br., III. p. II, pag. 418. 'Jaò. I y. Froutispicio. ExiT.ic. Tau. IV. — A. Porte do Geribá, de Minas Geraes e S. Paulo. A' I, I (7. H 3, 3 a. Fiuctos do mesmo B. Porte do Gerirá de Nioac e Cir.abá. B' 3, 5 a. Fructos do mesmo. C. E. Porte do Baba de boi do Rio de Janeiro, c do Pindb de Assumpção. C 2, 2 a, E' 3, 3 a. Fructos dos mesmos. D. G. Porte do Pindó do Rio Grande do Sul e de Bucnos- Ayres. G' õ, (5 a. D' 7, 7 a. Fructos dos mesmos. F. Porte do Coco de cachorro de Santa Catharina. F' 4, 4 a. Fructos do mesmo. 1. Porte do Geribá do Rio Grande do Sul, transplantado, já grande. J i, \ a. Fructos do Geribá cortados vertical e transversalmente e de tamanho natural. Taií. IV A. — I, \ a, I /', I í-, I d. Cortes transversaes do peciolo e do racliis, de tam. nat.. 2, 2 a, meio e extremidade de um foliolo, tam. nat.. 3. Porçào do rachis com dois grupos de foliolos, tam. nat.. 4. Sijatha inte- rior, 12 vezes menor. 5. Flor macho, tam. nat.. 6. Calyce. 7, 8 e 9. Pé- talas, tam. nat.. 10. Flor fera. fecundada, tam. nat.. 11. A mesma, duas vezes augmentada. 12, 13, 14. Sepalas, duas vezes augmentada. 15, Pétala, duas vezes augmentada. 16. Ovário, duas vezes augmentado. 17. Fructo inteiro. 18. O mesmo, cortado verticalmente. 19, O mesmo, cortado trans- versalmente. Entre as pahnciras, por mim colhidas no Estado de Matto Grosso, figura a espécie acima, a mais vulgar do Brazil. do trópico para o Sul. Quando descrevi o individuo, encontrado nas mattas dos terrenos montanhosos do Sul de Minas Geraes, conhecido por Geribá, e comparei-o com os que em abundância e por toda a parte crescem no Rio de Janeiro, tomei logo. o que descrevi, como a espécie selvagem, sendo a culiivaila a 'Xo Rio ile Ja- neiro, mas nâo encontrando descripção que quadrasse a ne- nhuma das es[)ecies, com grande sorpresa a tomei como nova e como tal a dei com o nome de C. Geribá. Tive razão para isso, apezar de me admirar como sendo tão vulgar no Rio de 15 Janeiro, ponto de chegada de todos os botânicos, nem Martins nem nenhum outro a houvesse classificado. A razão é simples, a descripção de Martius foi baseada na descripção feita por Cha- misso, nos terrenos salitrados da Ilha de S. Catharina, pelo que comparada a mesma descripção e os detalhes com os indi- víduos que crescem no Rio e em Minas Geraes. náo é possível a identificação. Hoje, porém, depois de correr 'os Estados de S. Paulo, Paraná. S. Catharina, Rio Grande do Sul e as republicas Oriental, Argentina e do Paraguay, e de ter estudado todos os indivíduos, que cobrem as mattas e as ilhas do littoral, os campos do interior e as praças das cidades, sou o primeiro a reconhecer que o meu C. Gcribá não é mais do que um synonymo do C. Rovianzoffiana Cham. por ser uma e única espécie. O clima, a natureza do solo, a elevação acima do nivel do mar, tudo contribue, para que essa palmeira se apresente poly- morpha. Assim é que o Coco de sapo^ do Ceará, o Geribá de Minas, (Cocos Geribá Barb. Rod.); a Baba de boi, do Rio e de S. Paulo, (C. Geribá Barb. Rod.); o Gerivà de Paranaguá; o coco de ca- xorj-o. de S. Catharina, (C. Romanzoffiana Cham.); o Geribá do Rio Grande do Sul, (C. Plumosa Hook.); o Datil, de Buenos Ayres (C. Datil Mart.); o Piíidó, do Paraguay e Montevideo, cujos fructos têm o nome de Ibá-pytã, (C. Australis Mart.); todas estas palmeiras que até aqui têm sido referidas, citadas e perpetuadas como espécies diversas não são mais do que uma só espécie o Cocos Romanzoffiana Cham. O meio modifi- cando o habitus, e os fructos, tem feito com que pareçam es- pécies distinctas quando o não são. As descripções feitas para uma variedade não se identifi- cando com outra, occasionou essa grande synonimia. Posso ga- rantir esta asserção porquanto em todos os estados do Brazil e em todos os logares das republicas do Sul que percorri, especial attenção me mereceu o assumpto e de todas as loca- lidades, examinei vivas as plantas e d'ellas colhi flores e fructos, 16 e procurei estudar a causa de tão grande modificação. Entre ellas concorre poderosamente a natureza do solo silicoso, ou argiloso, húmido ou secco, salitrado ou nâo. Vi individues adultos desde anãos até excelsos. Os vi nos charcos, nos campos seccos, nas praias, nas montanhas e nos logares cultivados de boas terras. Assim é que em Nioac, Matto Grosso, em lugares enxarcados e argilosos sáo anSos, formam grandes barrigas junto ao solo e náo se elevam a mais do que á altura de um homem a cavallo, comprehendendo-se as folhas. Os cachos tocam o chão. Nos campos alagados e arenosos do Rio Grande os vi altaneiros, formando grande barriga, junto ás vaginas das folhas; nas praias salitradas do littoral de S. Paulo e Paranaguá, os vi também altaneiros porém de troncos iguaes e grossos; nos terrenos argillosos salitrados de S. Catharina, encontrei for- mando barrigas quasi no centro dos troncos; em Montevideo, Buenos Ayres, Corrientes, Conception e outros logares, achei- os iguaes aos do Rio Grande; nos logares montanhosos e pe- dregosos vi tornarem-se de tronco fino, excelsos e flexuosos; nas chácaras, nas praças onde a terra é boa e bem adubada vi tomarem uma altura e grossura extraordinárias, conservando o tronco sempre igual e assim como encontrava modificação no tronco, também encontrava nas folhas, nas ílores e principal- mente nos fructos. Pequeno numero de folhas, disvaricadas e crespas, grandes ou pequenos espadices com poucos ou muitos fructos, estes grandes, pequenos, oblongos, redondos, allon- gados, agudos, obtusos, fibrosos, nâo fibrosos, muito ou pouco mucilaginosos, com o epicarpo muito fibroso ou quasi pellicular_ amarello claro, amarello de ouro, avermelhados, verdes, emfim apresentando uma variedade de forma, tendo apenas sempre inunutavel um caracter, o da gibbosidade interna do endocarpo. Vi exemplares com folhas pequenas e grandes, crespas com foliolos disvaricados e pectinados com longos foliolos pen- dentes, estreitos ou largos. Passou-me pelas mãos e pelo meu exame todos os Gcribás, Cocos de cachorro, Babas de boi, Dalis, Findos, nos próprios 17 logares em que expontaneamente crescem e reconheci que todos nâo são mais do que variedades. Represento aqui na Est IV, não só o porte, tirado d'après iiaiurc, como os fructos de algumas variedades, por onde melhor se prova o que affirmo. Em um trabalho meu (i) quando protestei pelo esbulho que soffri do monographo da Mora Brasileira, fiz ver que os Cocos Maríiana e acrocomioides, nâo eram mais do que o meu Geribá, descriptos por dois exemplares cultivados no Passeio publico do Rio de Janeiro, donde foram tirados e remettidos para Europa pelo Dr. Glaziou, quando já sabia que era o meu Geribà e agora ainda aqui rectifico o que então disse. São pois seis espécies que figuravam como distinctas e que agora desapparecem, para somente se apresentarem como cortejo synonymico do Cocos Roniatizoffiana Cham. Em resumo pode-se dizer, pelo que observei, que o C. Ro- manzoffiana nos logares húmidos e alagados torna-se barrigudo em baixo, nos lograres arenosos e salitrados em cima, nos húmidos e selicosos no centro, tornando-se finos e esbeltos nos logares montanhosos e seccos e direitos e grossos nos logares cultivados. O estudo que fiz d'esta palmeira levou-me a estudar todo o grupo do género Cocos, trabalho que o meu amigo Beccario, sábio botânico italiano, também já fez, no seu estudo prt^liminar intitulado Le Pal»ie inchisc nel genere Cocos Linn. Conhecendo de visu as plantas de que se compõe este género, tendo-as visto vivas, exceptiiando o C. Drudei Becc, pude organisar a ligeira chave do género, que aqui junto, re- unindo todas as espécies brazileiras conhecidas, excluindo apenas as exóticas que são: na secção Eu cocos, o C. nucifera, das índias e na dos Syagnís. os C argêntea Engl., o Sancona Hook, o Chiragíia Becc, da Columbia, o Orinocensis de Spruce, do Orenoco e o piíyrophylla Mart., da Bolivia. Em Matto Grosso encontra-se o Cocos Romanzoffiana nos (I) I.es Palmiers, 1882, pag. 24 et 27. 18 alagadiços de Nioac, no Rio Cuyabá e em outros logares já cultivados de sementes d'essa localidade. Em Cuyabá, por exemplo, encontra se em algumas chácaras, mas ahi, já em terreno siiicoso e secco, tomou outro aspecto, já forma tronco alto, conservando sempre uma espécie de barriga junto ao solo que gradualmente afina para o ápice. Ahi tem também o nome de Geribá. Informou me um velho soldado da çruerra do Pa- raguay, filho do Ceará, que a mesma palmeira existe no Ceará com o nome de Coco de sapo. Em Buenos-Ayres dão ao fructo dos Pindós o nome Karany de Ybá-pilan, isto é : fructo vermelho. O nome Gerybá ou Geryvá é uma corruptella, pela pro- nuncia do Karany, de Yary pegajoso, gommoso, e 2uí fructo. Yaryuá, fructo gommoso. A aspiração do ji' passou ay' em por- tuguez e d'ahi jerivâ e geribá. Na estampa IV apresento o porte de vários Geribás, assim como os fructos, que se encontram no Rio de Janeiro, Minas Geraes, Paraná, S. Paulo, S. Catharina, Rio Grande do Sul, Buenos Ayres, Assumpção e Matto Grosso. Levei todas as formas descriptas como espécie para syno- nymas do Cocos Rouianzoffiana de Chamisso, por ser a mais antiga, tendo por isso o direito de prioridade. Foi achada por Chamisso em 1816 na Ilha de S. Catharina, na primeira expedição feita á custa do Conde de Romanzoff no Ritrich, sob o commando do capitão russo Kotzebue, quando veiu aos mares do Sul da America. Entretanto o typo d'essa palmeira nâo é o Cocos Rouian- zoffiana, deve-se considerar como tal, as variedades que tem o fructo mais oblongo, que sâo as que se encontram nos logares virgens. O Coco de cachorro é a variedade que mais se affasta do typo, pelas folhas e pelos fructos e pelo ventre do ápice do espique. O typo não apresenta dilatação alguma no espique. Posto tenham sido representadas as variedades que tem sido descriptas como espécies aqui represento na Tab. IV, os detalhes da variedade Matto Grossense, que completam as formas do seu polymorphismo. 19 Sect. SVAGRUS A. Endocarpio lapideo intits monoviítaio, monospermo, alhianem (cquahih AKUMà 2. COCOS CAMPESTRIS Mart. Hist. Nat. Palm., II, p. 121, tab. 87, f. I, et III, p. 324. — Kunth. Eniun. Plant. III, p. 284. — Walpers Ann. bot. sysí. V, p. 823. — Wendl. in Kerch., Palm., p. 241. — Drude in Mart. Fí. Br., III, p. II, p. 414. — Hook, in Rep. R. G. Keio, 1882, p. 72. — Becc. Malpighia I. fase. VIII, p. 22. Tab. V et VI. ExpLic. Tau. V. — Porte do Coco da serra, de Minas Geraes, muito dimimiido. Tab. \l. — I. Porte do Akiimã de Matto Grosso. 2. Porção do rachis de uma folha, com um foliolo inteiro, tam. nat.. 3. Rachis e ramo de ura espadice, tam. nat.. 4. Flor macho, tam. nat.. 5. Calyce seis vezes augmen- tado. 6. Pétala, duas vezes augmentada. 7. E->tames, duas vezes augmen- tados. 8, 9, 10. Sepalos, tam. nat.. 11, 12 e 13. Pétalas. 14. Pétala vista de frente, todas de tam. nat.. 15. Androceo e ovário, tam. nat.. 16. Fructo inteiro. 17. O mesmo, mostrando o mezocarpio e o endocarpio. 18. Endo- carpio cortado verticalmente. 19. Fructo cortado transversalmente, mostrando os loculos abortados e a única facha que apresenta. Tudo de tam. nat. Commum é esta espécie nos campos geraes, das chapadas das serras de Minas Geraes, S. Paulo, Goyaz e Matto Grosso, crescendo sempre nas encostas dos cerrados e dos capões, ou mesmo nos cerradões, formando ás vezes soqueiras. Não penetra pelas florestas nem se afasta para o campo limpo. Tomam ás vezes, alguns indivíduos, formas elegantes, pela flexibilidade dos espiques ; ora deitam-se para levantar apenas a fronde, ora tomam a forma espiralada, ou curvam se como serpente. As vaginas das folhas são cobertas por um alto to- mento cotonoso, de mais de três millimetros de espessura, que facilmente se destacam. Esse tomento, que é a principio, nas 20 folhas mais internas, branco, torna-se depois côr de ganga e os natiiraes denominam isca, porque d'elle servcmse para accender fogo. Encontrei nos campos de Ciiyabá, e nos da serra da Ciia- ])ada, principalmente perto dos rios S. Romão e da Casca, ontle abtnulam a formar mattas, nos taqiiaraes (Chusqueas). Tem alii vulgarmente o nome de Acuiiian e não Acuvião como dá Drude. Em Minas dão-lhe o nome de Coqueiro do ca^iipo ou Coco da serra, onde encontrei muitos principalmente na chapada da serra do Aguapé e suas immediações e na serra de S. José d'El-Rey. As folhas são aproveitadas para vassouras. Esta espécie afasta-se dos seus congéneres pelo facto de apresentar o endocarpo sempre pelo lado interior uma larga facha escura em vez de ser liso ou munido de três, como nos Eu-cocos e Syagrus, pelo que, destacando-a dos verdadeiros Syagrus, estabeleci uma sub-secção para ella, como se verá da chave analytica que aqui apresento. B. Endocarpio lapideo inlits trhntiato, monos hcriiio, albumine aequahile. >ã AKIRV 3. C. PETRAEA Mart.. Palm. Orbign., p. loo, t. 9, f. 2. et Hisl. Na(. Palm., III, p. 290 et 324. — Walp. A)ui. boi. sysf., I, p. 1009 n. 4. V, p. 823, n. 367. — Wendl. in Kerch. Palm., p. 241. — Drude in Mart., Fl. Brás. Ill, p. II. p. 245, tab XC\^1I. fig. I. — Cocos nipestris Barb. Rod., in P/of. — App. p. 45 et Les Pahniers, p. 29. § Phatyphylla Drude in Mart. Flor. Brás. III p. II, p. 426. Drupa enduviata ovoidea vel subrotunda acuta. ©■".eis X ©"".©'S in diam., epicarpio fibroso tomento ferru- gineo tecto, mezocarpio albofibroso, indocarpio ténue ovoideo intus trivittato ; semine excavata. Tab. MIL Expi.ic. Tam. \'III. — I. Porte muito dimiiniido. 2. Porte do peciolo e do rachis, tam. nat.. 3, Spathas exterior e interior e cspadice com Iructos, iam. nat.. 4. Y\o\ macho, tam. nat.. 5. Calyce duas vezes augmentado. 21 6, 7 c 8. Pétalas, tam. nat.. 9. Estames, quatro vezes augmentados. 10. Flor fem., tam. nat.. 11, 12 e 13. Pétalas, tam. nat.. 14, 15 e 16. Pétalas, tam. nat.. 17. Androceo abortivo e ovário, tam. nat.. 18. Os mesmos, duas vezes augmentado. 19. Fructo inteiro. 20. O mesmo, cortado verticalmente. 21. O mesmo, cortado transversalmente, mostrando as três fachas, tudo de tam. nat. Esta espécie foi encontrada por Alcides d'Orbigny na Missão de S. Thiaço, província de Chiquitos na Bolivia e des- cripta pelo sábio Dr. Martins. Achando-a em Minas Geraes, no alto da Serra da Tromba, pro.xima ao Rio Sapucahy e encontrando differença, na identificação com a descripção de Martins, que, no Palnietmn Orhignyamini só apresenta dese- nhado o porte, considerei-a nova e lhe impuz o nome de j-iípestris. Mais tarde verifiquei ser o mç:?,mo pelraea de Martins. Razão, entretanto, eii tinha, tanto qne Drude estabeleceu três variedades a geiuiina, a platyphylla e a alpina. A espécie de que me occupo é a variedade platyphylla de Drude. Como nas descripções só sejam imperfeitamente conhecidos os fructos, que só foram vistos verdes, acima apresento a dia- gnose dos fructos maduros. Encontrei pela primeira vez em Matto Grosso esta espécie nos campos do alto da Serra da Chapada, coinpletamente occulta pelas grammineas, com as quaes se confimde inteira- mente ; nas cabeceiras do Rio Coxipó, próximo ao Engenho Burity e depois em quasi todos os campos, com flores e fructos maduros em fins do mez de Junho. Em geral o pedúnculo dos espadices ficam occultos no solo e só a parte florida e a dos fructos surgem á superfície. Esta mesmo as chuvas ou formio;as alofumas vezes cobrem de terra. Tem em geral em Matto Grosso o nome vulgar de Haryry, do Karany Haryb, cacho e y, pequenino, qu'' foi o nome que em geral os caipiras me deram. Cresce também esta palmeira nos campos de Goyaz, onde tem o nome de Aciitnaii rasteiro, assim como, segundo Gardner, 22 igualmente se encontra em Piauliy e Pernambuco. E' pois uma palmeira cuja área geographica é muito extensa. ExpLic. Tais. IX. — i. Porte muito diminuiilo. 2. Porçáo do racliis, Iam. nat. 3. S|iathas e espadice com fnictos de tam. iiat.. 4. Flor macho, tam. nat.. 5. Calyce, duas vezes augmentado. 6, 7 c 8. Sepalas. tam. nat.. 9. Estames, quatro vezes augnientados. 10. Flor fcm.. ii, 12 e 13. Spalos. 14, 15 e i6. Pétalas. 17. Androceo e ovário, tudo de tam. nat.. 18. Os mesmos, duas vezes augnientados. 19. Fructo. 20. O mesmo, cortado verti- calmente. 21. O mesmo, cortado transversalmente, mostrando as três fachas, tudo de tam. nat.. «■ K UATKRKMA 4. COCOS COMOSA Mart., Hisl. Nat. Palm. II p. 122, t. 88. f. I-II. — Spreng., Syst. Veg., II, p. 142. — Kunth., Einun., plant. III. p. 284— Drude in Mart. Fl. Brás., III, p. II, p. 410. Hook. in Rep. R. G. Keiv, 1882, p. 72.— cocos tlumosa (non Hooker) Lodd., Cat. — svagkus comosa Mart., Palm. OrbigJi.. p. 134 it. Hist. Nat. Palm., III. p. 292 e 324, tab. 166, f. V. — Wendl. in Kerch., /íí/w., p. 257. — .svagrus COMCSA Wendl., Ind. Palm., p. 382 ? — Becc. in Malpi- ghia I, fase. YIII. p. 23. n. 17. Tab. rn. Cresce esta palmeira socialmente nos campos arenosos da Serra da Chapada, campos estes que se estendem pelo planalto do Brazil até Goyaz, e ahi em varias localidades é encontrada. Vi em abundância perto do Rio da Casca, nas pro.ximidades do Rio Coxipó e do Aricá e também perto de São Romão. Em geral é uma palmeira acaule, e pouco se desenvolve devido ao fogo que annualnicnte se lança aos campos, que a queima e atrophia, porém, em logares que o fogo nAo chega ou aquellas já muito adultas, apresentam um longo espiqtie flexuoso com uma pequena fronde muito elegante. Vi entre milhares de exemplares acaules alguns que se destacavam com espiques de 5 a 7 metros de alio. tendo 23 apenas 0,006 — 0,010 de diâmetro, que davam aos campos um aspecto de magnificência. Vulgarmente tem o nome de Gariroba ou garyrobiiilia, por ter o seu palmito amargo. O nome é corruptella do Hary- rob Karany, que quer dizer talo, cacho, espadice, e palmito, e rob amarçTO. Não se deve confundir o nome vulgar que tem com o de uma outra espécie que cresce isolada nos campos geraes de Minas Geraes, principalmente nos que marginam o Rio Sapu- cahy, perto das Serras da Tromba e Aguapé, que é o Cocos oleracea Mart. Esta é uma palmeira excelsa, de tronco grosso e fructos grandes, cujo nome é também Gariroba. Cresce a espécie de que me occupo, também em Goyaz, onde tem o nome de Gariroba do Campo. Os naturaes apro- veitam o seu palmito para a arte culinária e mesmo come-se crú, quando os pés são novos. Em geral as crianças quando encontram um pé novo o arrancam para comerem o pequeno palmito, que é doce- amargo. A Gariroba de Matto-Grosso, tem os fructos pequenos e a de Minas, grandes. Aquella é social e dos campos e esta solitária, entrando também pelas mattas. Encontrei a palmeira em questão, com flores e fructos verdes, em Junho. ExPLic. Tab. VII. — I. Portes da Gariroba. 1. Porção do rachis de uma folha de tam. nat.. 3. Spathas e spadice, reduzida a um quarto do comprimento. 4. Um ramo de tam. nat.. 5. Uma flor macho, tam. nat.. 6, 7 e 8. Pétalas, duas vezes augmentadas. 9. Estames, duas vezes augmen- tados. 10. Flor tem., depois de fecundada, tam. nat.. 11, 12 e 13. Sepalas, três vezes augmentadas. 14. Corolla. 15, 16 e 17. Pétalas, duas vezes augmentadas. 18. Androecio e ovário, duas vezes augmentado. 19. Fructo inteiro, tam, nat.. 20. O mesmo, cortado verticalmente. 21. Endocarpio, mostrando as três fachas externas. 22. O mesmo, cortado transversalmente, mostrando as três fachas internas, de tam. nat.. 24 Chave analyptica das secções e subsecções do género COCOS, do Brazil Nota. — Os nomes cm versalcte silo das espécies adoptadas c os cm itálico os dos syttonimos, Gen. Cocos Linn. Sect. Eu Cocos. Dr. A Endocarpio lapidco intus Itrve, albumem acquabilc. :[: Arilcury. Caudex mcdiocris. Gynomicranthac. Fructos mooospennos. I. Cocos CAPiTATA Mart, 2. LEiospATHA Barb. Rod., 3. scinsoPHYLLLA Man.. 4. Dridbi Bcc. (C. n-edJellii Ht.) :|: :[: Ititti/i. Fructos i a 3-spcrmos. 5. C BRiosPATHA Mart. (C. Blumenavii Hort.), 6. odorata Barb. Rod., 7. puli-osa liarb. Rod. B. Endocarpio lapideo intus gibboso, monospermo, albumem aequabíle Ocrivú. Caudex excelsus Gynomicrantha:. 8. C. RoMANzoFFiANA Cham. (C. Australis Mart-, plumosa Hook., Datil Mart., Ccribà Barb. Rod. Martitiita Dr. acrocomioides Dr.) Sect. SvAGRUs Mart. A. Endocarpio lapideo intus momnnttato^ monospermo, albumcn aquabile. AfíttiHn. Caudex procems. Gynomacramha;. 9 Cocos CAMPESTRis Mart., 10. YiTAY Mart.. 11. nciioPHVLLA Barb. Rod. £. Endocarpio lapidco intus irwittato. monospermo, atbumen aguabtle. $^(' Avivtj. Acaulis. Gynomicraniha:. 12. C. ACAULIS Dr., 13. pETi((fp'^\^. Spatha exteriora o"',,28, interiora o™,45Xo'",05 lg.. H AB. ad margines fliivii Ciiyabá. Massambará incolurniii. Florei Junio. Herb. n. 220. ExpLic. Tau. X. fig. A. — i. Spathas exterior e interior, três vezes menor. 2. Flor macho, tamanlio natural. 3. Calyce, muito augmentados. 4. Pétala duas vezes augmentada. ^. Estames e antheras, duas vezes augmentado. 6. Anthera, quatro vezes augmentada. 7. Flor fem., cinco vezes augmentada, mostrando o calyce e a rorolla. Tau. XT. — I. Porção do rachis, mostrando os grupos dos foliolos, vistos pela parte superior, tamanho natural. 2. Últimos foliolos, vistos pelo dorso e flagello, tamanho natural. Quando em Junho nas minhas herborisações, pelo rio Cuyabá procurava as flores ou os fructos do D. rudcnlum, deparei com esta espécie em flor que, á primeira vista, me pareceu ser a que procurava. Exame posterior me convenceu do contrario, e comparando-a com as espécies até hoje descriptas não a vejo determinada. Tem vuloarmente o nome de Massambará. O Da reofião Matto-Grossense só são conhecidas os Des- moiiciís riidenhim e leploclonos de Drude porém ambos são mui differentes. 32 Poderia apresentar aqui as differenças que encontro com- parada com as da secção Eu desmoncus de Drude, cujas espécies sâo ac ajit lios pai luCy mas, torna-se supérfluo ante a descripçâo e o desenho que apresento na Est. I\^ Tendo-a como nova aqui a apresento, e os mais autorizados que decidam. Com o nome de Unibaiiiba, vulgar a todos os Desmoncus em Matto Grosso, como o é o Jacytara, no Amazonas, encon- trou o Dr. Moore. em Santa Cruz, próximo da confluência do Rio dos Bugres, no Paraguay, uma espécie que descreveu (i) e dá como nova sem a determinar especificamente e que suppõe próxima ao D. riidentuni. Mart. Pela sua descripçâo não se identifica também com a que aqui apresento e constitue uma outra espécie ou variedade. (l) Phanerog. boi. of thú Matto Gros. Exp. p. 4gS. 33 Gen. Guillielma Mart. GUILLIELMA MATTOGROSSENSIS Barb. Rod. Caudex excelsus solitarius aculeis atris longissimis iii enternodiis horride armatus annulatus, foliis 10-12 contemporaneis longis arcuatis crispulis infra albidis, petiolus alho tomen- tosus aculeis brunneis minimis densé armatus, rachi albo- tomentosa, aculeis brunneis minimis subtus et supra echinata lateraliter laevi ; foliolis divaricatis crispatis per acervos 3-4 — arum consociatis secus margines et nervo médio aculeolatis oppositis lineari acuminatis, v. bidentatis utrinque atroviridis. Spatha exteriora lanceolata intus bidentata extus quadri-dentata acuminata albo-tomentosa utrinque aculeis atro-brunneis minimis appresis interiora lanceolata acumi- nata mucronata extus densé aculeis atro-brunneis echinata. Spadices ferrugineo tomentosus. Tab. XII. Caudex io'"-[2"'Xo"'.> 2 lg., internodiis ad basin, o'",30 lg. ad apicem o'",oi, aculeis o"\02 — 0.08 lg. Folia 10-12 contem- porânea, arenato patentia 2"',9o!g. ; vagina et petiolo aculeis nigris hórrido, o"',90 lg.; foliolis inferiores o'",65Xo"'.02 5, lg., médio o". 60 Xo"'30 Ig-? superiores o"',35Xo"'o' 5 'g- ; secus margines setis densis ornatis, nervo médio utrinque pro- minentibus secundariis utrinque 3-4 suffulta. Spadix intra folia marcescentia, pedúnculo laevi ferrugineo tomentoso, incurvo, spatha ventricosa. Flores et dnipae coccineae ignotse. H.Ai;. in silvis prvna:vis. Rio da Casca in montibus Capitão mór ad Serra da Chapada, Prov. de Matto Grosso. Cervba incolorum. Florei Aug. Herb. n. 212. ExPLic. Tab. XII. — i. ia. i b. i c. i d. i e. Cortes transversaes do peciolo e do rachis, tamanho natural. 2. Porção do rachis cora um foliolo inteiro, tamanho natural. 364. Spathas exterior e interior, vistas pelo dorso e pela frente, antes de desabrochar, seis vezes menores. 34 Nas suas viagens pela America o Barão von Humboldt, achou em Nova Granaiia uma palmeira ahi conhecida por Gac/iipaes, da qual os indios mUito se utilisavam nSo só para seus instru- mentos de guerra como para o seu alimento, visto como a madeira é excessivamente dura e os fructos muito saborosos e substanciaes, e, reconhecendo-a nova, levou-a para o género B(ich-is dando para nome especifico o vulgar. Mais tarde o Dr. Martins estudando-a, pelos exemplares que encontrou no Amazonas, viu que se tinha muitos caracteres do género Bactris comtudo apresentava outros que se affastavam, pelo que creou para ella o género Guillie/ma, passando a ter o nome de Guillielnia speciosa. Mais tarde d'Orbigny encontrou na pro- víncia de Chiquitos, na Bolivia, outra espécie a que Martius deu também o nome de Guillielma insignis. Eram estas espécies as únicas conhecidas, sendo que a primeira, no Brazil, nunca foi encontrada em estado selvagem e sim muito cultivada, tanto que Wallace (i) diz « This palm appears to be indigenous to the countries near the Andes. On the Amazon and Rio Negro it is never found wild». o que é exacto, porquanto tendo eu corrido quasi todo o valle do Amazonas até ás fronteiras do Peru e da Bolivia, nunca a vi senáo muito cultivada. Spruce (2) também diz : « And when I asked the people where they supposed the palm had originally come from, they pointed westward and said, «From the Cordilleras» ; and I got a similar answer from the natives of the Uaupés ». Assim como o Burity c o Murity indicam proximidade d'agua, assim esta palmeira sempre indica imia habitação ou uma tapera, quando encontrada nas mattas. Como disse, eram conhecidas só as duas espécies, quando á Guillielma speciosa addicionei mais três variedades distinctas que descobri : as var. flava, coccitiea e ochracca. (1) J'a!m Irees of iht Amazon, pag. 95. (2) Palma Amnionica in Journ. Soe. Lin. XI. pag. 81. 35 Era de crer que o género não fosse brazileiro. e sim das raias do Peru e da Bolívia, porquanto a Pupunha do Amazonas ahi por emigração se acclimou. Tenho agora a felicidade de mostrar que no Brazil também existe o género, porque na minha expedição ao Estado de Matto-Grosso, encontrei nas mattas virgens do morro do Ca- pitão-rnór, á margem do Rio Casca, afifluente do Rio Manso, que desagua no Cuyabá, na Serra da Chapada uma nova es- pécie, que nâo desmerece da speciosa e da insigJiis. Nâo será d'esta espécie, cujas sementes emigrando pelos rios Madeira ou Tapajós para o Amazonas, em tempos idos ahi se aclimasse, a ponto dos exemplares tomarem outro aspecto, perderem quasi os espinhos, avolumarem os fructos e atrophiarem as sementes ? Conheço bem a Pupunha e suas variedades, e das suas sementes que trouxe do Amazonas, já obtive n'este Jardim lindos exemplares, entre os quaes um que breve florescerá pois não só já está com mais de cinco metros de altura, como dando rebentos a formar soqueira. como sóe fazel-o no valle Amazonico a G. speciosa. Encontrei no centro da floresta virgem, a palmeira de que trato, apresentando indivíduos sempre solitários e distanciados, levantando a sua fronde de folhas plumosas com todo o garbo acima das arvores visinhas, onde pela sua belleza tudo dominava. Infelizmente não apresentavam nem flores nem fructos, mas, a meu lado estava um guia, maior de 6o annos, nascido e ahi criado que bem me informava. Tem vulgarmente o nome de Ceryba ou Ceryva, ainda corruptella do haryb, karany. Sem as folhas e sem os fructos, perguntava a mim mesmo, estarei ante a Guillielma insignis que não conheço de vista e que tem também entre os índios Guarayos da Bolivia o nome de Ceriva ? — De que côr e de que tamanho são os fructos, me diga, já que conhece desde a sua infância e annualmente os vê ? Perguntei eu ao meu guia. — São vermelhos como pitangas e do tamanho de um tucum, respondeu-me. 36 Só isto bastou me para ver que não se tratava da Ceryva boliviana, porque esta tem os fructos amarello de ouro e são da forma e quasi do tamanho de um ovo de gallinha: «Drupa forma et maenitudine ovi orallinacei minoris aurantiaca» vi- nha-me á memoria este caracteristico dado por Martins. -Se não tinha flores nem fructos comtndo offereciam-me algumas spathas quasi a desabrochar, pelas quaes melhor podia me guiar. O seu espique é fino e e.\celso. tendo os entr(;iiós, que, na base têm 30 centímetros e gradualmente vão diminuindo para o ápice a ter 10 centímetros, inteiramente ouriçados de aculeos negros, que vão de 2 a 10 centímetros de comprimento, desde a base até ao ápice. As folhas são relativamente pe- quenas, graciosamente curvas e crespas, apresentando o todo uma forma quasi globular, e tendo o aspecto de um gigantesco tucum ou bactris. A vagina, o peciolo e o rachis das folhas sáo cobertos de uma Qrande camada de tom<;nto branco e in- teiramente ouriçado de aculeos finos e pardacentos. Os próprios foliolos tem a nervura média, na parte superior, e as margens aculeadas. As spathas exteriores que nas Giiillulinas conhecidas são curtas e agudas do lado interior e pouco aculeadas, nesta têm a spatha e.xterior quadridentada na parte externa e acumi- nada na int020 lg. Spalha exteriora lincari-lanceolata, tomentosa, interiora longe vagi- nata, o"', 30 lg., dein fusiformi aculeis minimis o'",oi lg. atratis tenuibus appressus obtecta. Spadix o'",35 lg., in- curvus, pedúnculo compresso, incurvo, tomentoso, o'",20 lg.; rachi sub nulla ; ratios o"", 15 lg., incurvos, rigidos. Flores non vidi. Drupa oblonga atro-violacea, o'", 04X0™, 02 5 lg., epicarpio laevigato, mezocarpio fibroso-pulposo dulce, endo- carpio ovoideo, o"',02 5Xo'"50i8 lg. Hab. in Córrego Fundo propc Cuyaòá, prov. Matto Grosso. TucuM-MiKiM ab-incolis nominatur. Fruct junto. Herb. n. 225. ExPLic. Tab. XIII. fig. B. — Spathas exterior e interior, sendo esta cor- tada, faltando um pedaço, e espadice. i. Porção do rachis, com um foliolo inteiro. 2. Calyce. 3. Fructo inteiro. 4. O mesmo cortado verticalmente, mos- trando o embryão quasi no centro. Tudo de tamanho natural. Entre as espécies do género Bactris, encontrei nas mattas dos terrenos húmidos que marginam os rios S. Romão, da Casca e Cabral, quer em baixo, quer em cima da serra da Cha- pada, a espécie em questão, sem flores, porém com fructos maduros, no mez de Junho. Não havendo trabalho algum mais moderno, sobre esta família, do que a monographia do pro- fessor Drude, publicada na Flora de Martins, e ahi estando reunidas todas as espécies, não encontrei nenhuma que possa se identificar com a minha. A que mais d'ella se aproxima é a Bactris infesta de Martins, que para Drude é simples varie- dade ou sub espécie do Bactris major de Jacquin. 40 Comparando-a com a descripçâo original de Jacquin, do seu Selectanan Stirpinm Atiiej-icanarum, a pgs. 280 Est. 171 (ed. de MDCCLXIII) e não 135, Est. 263, como por engano Drude cita ; estudando também a de Martius, no seu Pahnelutn Orbignya^ium, á pags. 54 e Est. 7 e 27 e as de Drude, apenas encontro alguma analogia na forma do fructo. Entre muitas differenças salientam-se as seguintes: No Ba- ctris major e mesmo no infesta as folhas são igiialmoUe pinna- tisectas ou em grupos pouco espaçados ; os ramos do espadice são em numero de 6 a 10 e levantados (fastigiatus) o pedún- culo é hirto ; os foliolos das foihas são em numero de 2^ a jj e os fructos são ásperos e sokniDi-: ku.sca, emquanto que. na de que trato as folhas tem os foliolos dispostos em grupos muito distanciados ; os ramos do espadice sâo constantemente em mi- 7nero de ^ e recurvados ; o pedúnculo é liso ; os foliolos são em numero superior a j8 ; e os fructos sâo roxo-negro lisos e luz- entes. Como syiionima do D. major, refere também o autor citado, a minha B. exaltata, que é uma espécie também muito dis- tincta, como também é distincta a infesta de Martius. O facto de nâo poder o botânico europeu, estudar a planta viva, nâo conhecer o habitus da planta, e só lidar com plantas seccas, retalhos que nâo dáo a minima idéa d'ellas, faz com que muitos erros e enganos appareçam. Nesta familia os enganos sâo fáceis, porque a não se ter exemplares muito completos, os espécimens se confundem e muitas vezes duas espécies muito differentes se identificam e outras, as mesmas se afastam. Quem conhece a familia das palmeiras pelo vivo, ao lançar os olhos sobre uma a distingue logo, embora sem flores ou fructos, o que nâo acontece com os rebotalhos seccos. E' conhecida entre os naturaes pelo nome de Tucum mirim. Tendo-a como nova e assim aqui a apresento. Ha muitos pontos de contacto, em certas espécies do género Bactris. que participam dos mesmos caracteres, comtudo a simples inspecção ocular da planta viva os distingue. 41 3. B. CHAPADENSIS Barb. Rod. Caudex arundinaceus, iner- mis, caespitosus, tomento briinneo adspersus ; vagina tenui- ter aculeata, aculeis setosis, petiolo alho tomentoso aculeato aculeis longissimis sparsis atratis complanatls ; foliolis per acervos 3 congregatis oppositis lineari-lanceolatis obliqua acuminatis marginibiis setulosis. Spatha exteriora lineari- lanceolata fulvo tomentosa, interiora longe vaginantia dein oblonofo-lanceolata acuta incurva aculeis tenuis brunneis echinata. Spadix incurvus 5 ramosus, pedunculus incurvus fulvo tomentosus setis minutissimis armatus, rachi sub nulla. Drupa oblonga atroviolacea-Iaevigata. Tabtila XIII, fig. A. Caudex dense caespitosus, 5-30 contemporaneis, 1'" — i "',50 X Xo"',io — o",! 2 lg., inermis. /v/zV? elegantíssima o"',95 — i"' lg., vagina et petiolo albo-tomentoso aculeis longissimis (o^os — o"',07 lg.) atratis armato, rachi albo tomentosa, similiter armata ; foliolis lineari-lanceolatis, inferioribus 3- jugis, o"',20 Xo°"jOi5 -.?■- médio 6-8-jugis, o™, 2 5 X o", 1 5 lg., superiores o,"! 2 y^oT^oxo — o'".oi2 lg. Spadix o"", 27 — ©"',35 lg., spatha inferiore albo-tomentosa lineari-lanceolatâ, acumi- natâ, superiore longe vaginantia dein oblongo-lanceolata, rostrata aculeolis tenuis brunneis echinata, pedúnculo com- presso, o", 20 — o", 2 5 X o",oo6 — o",oo7 lg., rachi sub nulla, ramos 5 pedúnculo triplo breviores exserente. Flores non vidi. Drupa oblonga, o"',032 X o'">029 lg., epicarpio tenui. atroviolaceo, mezocarpio albo fibroso pulposo, endo- carpio oblongo. Hab. in silvis Rio Ariká, iu Bocaina Serra Chapada et iii Rio da Casca. Tucum mirim da matta nuncupatur Friict. Junio. Herb. N. 250. ExPLic. Tab. XIII, Fig. A. — 1. Calyce. 2. CoroUa. 3. Fructo inteiro. 4. O mesmo partido verticalmente; tudo de tamanho natural. 42 Nas mattas próximas ao Ribeirão Fundo, nas do Ariká e nas do centro da Bocaina da Serra da Chapada e no Rio da Casca encontrei formando orraciosas soqueiras esta pequena espécie. Dir-se-ha uma variedade pequena da espécie antece- dente pela forma dos fructos e pelo numero de ramos do es- padice, entretanto o habitus as separa á primeira vista e a posição dos operculos do endocarpo as distingue. O espique é pequeno, fino e inerme; a vagina das folhas é curta e fina- mente aculeada; os foliolos são dispostos em numero de 3 a 4 e muito próximos e o pedúnculo e o rachis se bem que lon- çramente aculeado é coberto de tomento branco. O Tem o nome de Tuacni mirim da matía. Esta espécie é de terrenos elevados e seccos e outra de terras baixas e húmidas. A comparação dos fructos da D. infesta, da Matlo Gros- sensis e d'esta que apparentemente parecem ser de uma só espécie, dá um bom distinctivo, ^ forma do endocarpo e a po- sição dos poros. 4. BACTRIS CUYABÁENSIS Barb. Rod. Caudex dense caes- pitosus 2 — 5"' alt. aculeis nigris appressis armatus. Pe- tiolus et rachis aculeis longis rectis complanatis albescen- tibus nigro acuminatis armata, foliolis per acervos dispo- sitis erectis linearibus oblique acuminatis longissime cuspi- datis ad margines aculeolatis. Spadix amplus longe pedun- culatus. spatha máxima aculeis flavis nigro acuminatis dense echinata mucronata, pedúnculo fulvo tomentoso versus apicem aculeato, incurvo sub-compresso, rachi levi pedún- culo paulo minore, ramis rigidis. Drupa subglobosa atro- violacea laevigata. Tabula XIV. Caudex 2" — 5"'X o"'-03 — o"',04 lg., aculeis nigris ad apicem inter- nodiis apressis armatus. Folia 5 — 7 contemporânea, i'",70 lg. pinnatisecta, aculeata, pciiolo cylindraceo ferrugineo-tomen- toso aculeis albescentibus nigro acuminatis(o'",02 — o^iOS lg.) in greges confetis patentibus, rachi supra carinata subtus acu- 43 leis similiter pediinculum armata, foliolis inaequaliter dispo- sitis per acervos 2 — 6 jugis alternis, inferiores o'",7oXo'".035 lg., médio o"',65Xo"030 lg., superiores o"',48Xo'",oi 5 lg., extimis latioribiis. Spadix maximus o"', 70 lg., spatha ex- teriora ciiinamomeo-tomentosa , lineari lanceolata , acuml- nata. extus ad apicem arguté aculeata, o"\2oXo'",04 lg., interiora supra partem vaginantem lanceolata, concava, rostrata, incurva, dein fusiformi sulcata aculeis flavescentibus nigro-acuminatis (o'",oi — o'",03 lg.) basi gibbosis rectis vel ondulatis dense echinata; pedicnculo o"',40 lg. tomentoso arcuato apicem aculeato, aculeis ondulatis; rachi o"', 30 lg., ra7H0s 25 — 30, flagelliformes o"", 20 — o"',25 lg. Flores: max. non vidi, foem. lato ovoidei, calyce minimo, obtuse patelliformi tridentato, corolla subglobulosa, obtuse triden- tata, minutissime aculeolata, quádruplo calyce majora, ovário lato ovoideo. Di-upa subglobosa, parva, o"\o2Xo"o'8 Ig-, epicarpio atro-violaceo, mezocarpio pulposo dulce, endo- carpio compresso. H.\B. in ripas imindaias ad Rio Paraguay, Rio S. Lourenço, Rio Cuyabá, Córrego das Areias de S, Miguel ad Serra da Chapada. Vulgariter tucum. Floret el frucf. in Nov. exteniporaliter yunio. Herb. N. 231. ExPL. Tab. XIV. — I. Porte, copiado do natural, muito diminuido. 2. Parte do rachis, com um foliolo inteiro, tamanho nat. 3. Spathas exterior e interior e espadice, três vezes menor. 4. Flor fêmea, três vezes augmentada. 5. Calyce. 6. Corolla. 7. Ovário, tudo de tamanho natural. 8. Fructo inteiro. 9. Endo- carpio e albumen, mostrando a posição do embryão, tudo de tamanho natural. Comecei a ver esta espécie, rara, pelas margens do Rio Paraguay, já em terras brasileiras, mas onde fui encontral-a, bor- dando completamente as barrancas que se alagam foi nos Rios S. Lourenço e Cuyabá. No córrego das Areias de S. Miguel e nas margens do Aricá também o encontrei. E' uma espécie commum. Entretanto eu que a tomei sempre pelo B. seíosa do Rio de Janeiro, estudando-a vi que me enganava. Seria o B. 44 Brognartii da Bolivia, o piscaíonim do Paraguay, o pallidispina ou o Marajá do Amazonas ? Confrontei todas as descripções, comparei, mas, com nenhuma destas espécies se identifica. O B. piscatorum de Weddell eu o encontrei no Paraguay ás vezes crescendo junto da espécie de que me occupo. Tem quasi o mesmo porte, os espinhos iguaes na côr e na quantidade, as spathas são semelhantes, porém a folhagem o separa im media- tamente. As folhas do primeiro sâo curvas e os foliolos estreitos e crespos, emquanto que os destas sâo quasi erectas, os fo- liolos sâo largos e erectos. Em Abril e Maio, tempo em que florescia o piscatortim, quando Weddell o encontrou, a espécie em quf^stâo estava sem llores ou fructos, só em fim de junho encontrei uma soqueira, no Rio Cuyabá, que extemporanea- mente tinha flores e fructos verdes e maduros. A época da florescência d'esta é em Outubro e Novembro, segundo me informaram. ,\ B. se/osa, que actualmente, Setembro, está em plena florescência, e com fructos n'este jardim onde abunda, tem também grande semelhança, porém a disposição e largura dos foliolos, as flores e sobretudo os fructos a separam. Os fructos da selosa sâo muito maiores e o calyce desappnrece completamente ficando enduviado só pela corolla, emquanto que na espécie Matto Grossense os fructos sâo pequenos e o calyce é perfeitamente desenvolvido e muito visivel. A pallidispina é um Bactris que sempre vi crescendo á sombra das florestas do Amazonas e que tem um habitus mui diverso, posto que com aculeos esbranquiçados. Quer os foliolos, quer os fructos são mui differentes. Não será difficil a quem nâo conheça a planta viva, levado por exemplares seccos identifical-a com a scíosa, por exemplo; se collocarem duas espathas juntas, uma de uuia outra de outra espécie, ninguém as tomará por diversas, identificam-se perfeitamente. Entretanto o habitus da planta qualquer indi- viduo distingue e nunca as confundirá. Tenho, pois, como novo este Tucuin, como vulgarmente é chamado. 45 5. B. GLAUCESCENS Dr. in Mart. Flor. Brás. III, p. II. p. 345., Index Kewensis I. p. 262. Tab. XV. Encontrei esta espécie, no Rio Paraguay em diversos logares, porém, onde a vi em abundância foi na Bahia de Cá- ceres, acima da cidade de Corumbá. Nas margens do rio Aricá em Cuyabá, no logar denominado Aricâ da ponte, os terrenos alagadiços estão cobertos d'esta espécie formando grandes sequeiras, porém não attingindo a altura que desenvolve no rio Paraguay. Tem vulgarmente o nome de Tiicum mirim de fruía azeda, segundo Weddell, a mim porém só me deram o de Tucum minm. as folhas e os fructos approximam-se muito dos do bidenhda de Spruce. E' um dos mais bellos entre os congéneres. ExPLic. Tau. XV. — 1. Porção do espique. 2. Porção do peciolo. 3. Porção do racliis com um foliolo, tudo de tamnho natural. 4. Flor fêmea, tamanho natural. 5. A mesma, três vezes augmentada. 6. Calyce. 7. Corolla, três vezes augmentada. 8. Fructo inteiro. 9. O mesmo, cortado verticalmente. 10. Endocarpio visto por cima. 11. O mesmo, cortado verticalmente mos- trando o embryão. Tudo de tamanho natural. EMENDA BACTRIS VULGARIS Barb. Rod. Protesío-appendice ad Etium. Palm. nov. 1879. p. 42. — Drude Flor. Brás. III. p. II. p. 348. — B. Gl.'^ziovana Dr., in Flor. Brás. III. p. II. 1882. p. 348. tab. LXXX. Ha muito desejava fazer ver que a espécie descripta pelo sabio Dr. Drude, na sua monographia, sob o nome de B. Gla- ziovana, não é mais do que a B. vulgaris descripta por mim três annos antes, mas como se nâo me ofifereceu opportuni- dade dei.xei de o fazer. Pelos exemplares remettidos pelo Sr. Glaziou, colhidos no Cosme Velho e nas visinhanças do Corcovado, foi feita a des- 46 cripção da Flora. Esta espécie é vulgar (d'ahi o nome scientifico que lhe dei), nâo só nas fraldas do Corcovado, como nas mattas d'esse pico, nas da Tijuca, nas da Serra do Mar, sobre tudo em Palmeiras e Rodeio, onde vive com a B. caryo íaefolia Mart. (i) Tanto são idênticas que o próprio Dr. Drude, com a sua autoridade, achou tanta affinidade entre ambas que as collocou junto, uma n. 37 e outra 37 A. Esta espécie forma grandes soqueiras, que segundo o terreno, tornam-se mais ou menos vigorosas, apresentando os espiques maiores ou me- nores, com os foliolos também mais ou menos longos. A sepa- ração d"estas duas plantas, consideradas como duas espécies distinctas, prova que assim como se dá esse facto, dá-se o de reunirem-se espécies differentes como synonymas, como acon- teceu com grande numero de espécies minhas que foram levadas á synonymia, quando são perfeitamente distinctas. Os rebo- talhos dos hervarios levam a isso, o que não acontece quando o botanista confronta os espécimens vivos, como eu faço. Folhas e spadices que separados dos espiques e reduzidos a pedaços seccos sâo confrontados, poder-se-hâo identificar, mas si se observar essas mesmas folhas e spadices no espique preso ao solo nos logares em que crescem, qualquer individuo, por menos illustrado que seja, verá que são espécies mui distinctas. A estampa do Professor Drude é bem fiel, representa exacta- mente a planta que denominei B. znilgaris. N'este jardim tenho exemplos do que alifirmo, nos exem- plares cultivados. Aproveitando a opportunidade de relacionar aqui diversas palmeiras, consigno o facto, para que de hoje em diante, não sejam tomadas como distinctas as duas espécies e sim como sendo synonyma da Bactris vulgaris Barb. Rod. a Bactris Glaziovatia de Drude. (I) Quando cm 1K78 comniuiiiquei ao Sr. Ola/iou que esta espécie era nova. elle me aOirmou o contrario e disse me (|uc iinb.i tinha sido colhida por I.anirsdorf] e Riedel, e (|ue na Imperial Quinta da Roa Vista, havinn\ exemplares cultivados, mas dAo me deu o nome .scien- tifico. Posteriormente enviou exemplares, que deram em result.tilo a B. tjla/.iovana 47 Gen. Acrocomia Mart. 1. ACROCOMIA MBOKAYÁYBA Barb. Rod. in Plant nov. culí. Jard. Bot. Rio de Jati. V, 1896, p. 11, Est. IV. No fascículo das minhas Plantas novas cultivadas no yardini Botânico do Rio de Janeiro, publicado em Dezembro de 1 896, á pags. II, Est. IV^, publiquei a descripção de uma nova es- pécie, descripta por exemplares seccos que me haviam sido remettidos de Corumbá, em Matto Grosso, e como depois d'esse facto tenha eu estado na mesma localidade e ahi examinado centenas de pés, principalmente no Bacayuval dos campos do Urucu, em Corumbá, completo aqui a noticia passando a des- crever outra espécie. O espique é cinzento, liso, na base sem aculeos ou com muito poucos e esparsos, e no ápice com a cicatriz da queda das folhas vizivel e com os restos das vaginas aculeadas per- sistentes, com 6"" — 7X0.10 — 0,15 lg. O gado gosta dos fructos, do qual se alimenta no tempo próprio, engordando e dando muito bom leite. Esta espécie é muito semelhante ao Mbokayá-Çayieté, o A. Total de Martins, que abunda no Paraguay. Nos arredores de Assumpção vi em grande quantidade. Tem os espiques muito aculeados e os fructos são maiores. Vi na estrada da Recoleta dois exemplares, com os espi- ques, inteiramente cobertos por grandes aculeos negros, que estavam todos virados para cima e embricados uns sobre outros, a ponto de não se ver a côr da parte cortical, sendo estes espinhos, alguns de quasi dous decimetros, maiores do que o comprimento dos entrenós. Entre os exemplares que estudei devo aqui citar um que vi plantado na Quinta Iduna, do cônsul da Allemanha Henrique Mangels, no districto da Recoleta. Ci-escia naturalmente esse individuo em S. Bernardino, junto da Laguna Ypacaráyba. Apresentando uma forma fora do commum, muito original, 48 apezar da sua altura, mais de 7 metros, e de ser já adulto, o mesmo senhor, com grande custo e dispêndio, transportou-o para sua quinta, tendo feito assim uma viagem de muitas léguas. Apezar, porém, de tudo, pegou, medrou e hoje é um bello exemplar. Possuo d'essa palmeira uma photographia, da qual reproduzo o desenho, que se vê na Est. XVI, fig. B. Os Paraguayos conhecem as outras espécies de Acrocomias, tanto que designam, a que na Bolivia tem o nome de Totay, por Mbocayá-ffljjvV/í? (i). Em outro logar (2) já dei a etymologia da palavra Mbocayá, e por isso aqui apenas dou a de çayieté. Esta palavra significa : verdadeiro grão redondo, de Hayi, que pela aspiração fazem çayi grão, cousa redonda, e elé, verdadeiro allusâo á forma globulosa dos fructos. 2. A. ODORATA Barb. Rod. Caudex cylindricus, inermis Icevis, folia cernua crispata, inermis, foliolis inaequaliter laxo- insertis-linearibus acuminatis. Spadi.x nutans spatha cymbi- formi rostrata extus lana molli ferruginea velutina dense tecta, ramis rigidis tlexuosa quam spica masc. paulo brevi- ore flores fem. inter se approximatos gerentibus ovoideo- oblongos, germine intra pétala longa incluso, drupis parvis subglobosis. Tab. XVI, fio. B. Caudex 3" — 5"' Y^tí^,\o — o"', 15 lg., cinereus. /v/momnia inermi, 20 — 22 contemporânea, arcuata, crispata, 2"\30 lg. ; foliolis laxe dispositis, divergentibus, utrinque ad apicem incurvis, inferiores o'",30 X o^jOOS lg., médio 0,75 Xo.'"oi8 lg., supe- riores o"',5oXo"'jOo6 lg. Spadix o'",90 lg.. inermis, pediíiicji/o (o"', 30 lg.) erecto dein incurvato, spatha (o"',95 lg.) supra- ramos incurvata persistente, rachi 0,60 lg.. ramis o", 20 — — o'",25 lg., dense undique exsertis : Flores masc. o"',oo6 lg., sepala basi connata. lanceolataacuta ; pétala basi connata, (1) Carlos Santos, La Republiea dei Paini^uay, p. l8. (2) Plantas ncvas cultivadas no Jardim Botânico, V. pag. 1 2. 49 oblonga, acuta, concava, incurva; filamentis corolla aquan- tibus; foem. sepala ad basin connata, lanceolata, acuta; pétala latissimé lanceolata, imbricata. vel basis connata, acuta; calyce triplo majora, androeceo aljortivo corolla paulo minori, sexdentato; ovário ovato pulverulento. Drupa sub- globosa, monosperma, 0,022 X 0,023 lg., epicarpio, viridi- brunneo vel flavo, mezocarpio, fibroso, gommoso, aurantiaco, odoratissimo, endocarpio lapideo, nigro, ©""jO 1 6 X o^i" 1 4 lg., utrinque acuto. Hab. ÍJi locis humidis silvis Rio S. Lourenço, prov. Matto Grosso. BACAYUVA DE .S. LOURENÇO Vcl BACAYUVA DOS PANTANAES nominatur. Floret et frucl. yanio. Herb. n. 216. ExPLic. Tab. XVÍ. a. Porte, muito diminuído. B. Acrocomia Totay Mart. A. i. Porção do racliis. i a. Extremidade de um foliolo. i b. Parte média de um foliolo. 2. 1 a. 2 h. 2. c. Cortes transversaes do peciolo e do rachis, tudo de tamanho natural. 3. Spatha interior muito diminuída. 4. Uma porção de um ramo, mostrando as disposições das flores machos e fêmeas. 5. Um ramo, com fructos maduros, tudo de tamanho natural. 6. Uma flor macho, tamanho natural. 7. Calyce, quatro vezes augmcntado. 8. Flor macho aberta e vista interiormente, três vezes augmentada. 9. Um estame e anthera, muito augmentado. 10. Flor fêmea, três vezes augmentada. 11. Calyce, três vezes augmentado. 12. Corolla aberta vista pelo lado exterior. 13. A mesma vista pelo interior, mostrando o androceo abortivo, três vezes augmentadas. 15. Calyce e corolla, do fructo. 16. Fructo inteiro. 17. O mesmo cortado verticalmente, tudo de tamanho natural. Nos terrenos alagadiços das terras do Rio S. Lourenço, cresce uma outra espécie própria cUesse rio, pelo que tem o nome de Bacayniva do S. Lourenço ou dos pantanaes. Vi ahi di- versos exemplares, como também ahi encontrei a espécie de Co- rumbá que descrevi. Seus fructoss ão nuiito pequenos, e com a casca amarella e luzente, tão fina, que apertada entre os dedos se quebra facilmente despegando-se do mezocarpo, que é côr de laranja, e muito aromático. O espique completamente liso e fino é inteiramente despido de espinhos ; as folhas, vaginas, peciolos, rachis e foliolos são também inermes ; spadice, ramos 50 tudo emtim inerme, só a spatha é coberta de cerdas peque- ninas e tão finas e unidas que parece uma pelle sedosa de animal. Entretanto o habito é o mesmo da B. Mbocayáyba Barb. Rod., porém mais esbelto e gracioso. Em uma chácara de Cuyabá existe já um grande exemplar, cultivado, que em Junho estava com fructos maduros. Poderia considerar esta forma uma variedade, se, além do facto de ser totalmente inerme, não apresentasse as flores differentes, assim como também os fructos. Em Matto Grosso tem grande reputação esta espécie pelos seus bons fructos. .3. A GLAUCOPHYLLA Dr. in Mart. Flor. Brás. III. p. II. p. 393. — Index Kewensis I. p. },■}). Entre as Acrocomias que encontrei e Matto-Grosso, vi perto de Cuyabá e em alguns logares cultivados a espécie acima, que muito se approxima da A. sclerocarpa Mart., não só pela persistência dos restos das vaginas, como por ser muito espinhosa e ter o mesmo porte. Apenas a spatha, não é aculeatissima, e sim coberta de um grosso tomento áspero mais ou menos armada de aculeos. Os fructos sâo iguaes aos da sclerocarpa, com a parte pulposa esbranquiçada, pouco aro- mática e com o epicarpo duro. Tem também o nome de Bocayuva. 51 Gen. Astrocaryum Meyer. Sect. Leiocarpeae Barb. Rod. 1. ASTROCARYUM ECHINATUM Bar. Rod. Acaule vel cau- descens. Caudex brevius proximé annulatus, pauci aculeatus. Folia arcuata aculeatissima, petiolus subcylindraceus antice sulcatus obscure-ferruofineo tomentosus, aculeis loneis atratis compressis basi gibbosis armatus, rachi supra tomeiito albo adspersi et subtus ferrugineo tomentosi, utrinque aculea- lissinii, aculeis longis ; filiolis duro-divivaricatis incurvatis. per acervos 3-6-jugis, suboppositis, lineari-lanceolatis obliqué acutis subtus albo-tomentosis, niarginibus ciliolatis, Spadix erectus, longi pedunculatus rachi inermi albo tomentosi quam pedunculus fulvo-tomeiítosus breviore spathâ lanceo- latâ rostratà obscure-ferrugineo tomentosâ incurvatâ ; aculeis crebris echinatis vestitâ ; ramis gracilis erectis albo-tomen- tosis infra in scrobiculis 2-3 flores foem. Flores masc. non vidi; foem. oblongo-ovoidei calycelaevi quam corolla minute setulosa aequante tridentati marginibus fimbriati, urceolo triplo corolla breviore, germine ovoideo. Drupa obovoidea ad basin induviis parvis fulta in vértice acuminato rostratà, epicarpio armeniaco, mezocarpio flavo, endocarpio nigro oblonçjo subacuto. Tab. XVII. Caudex i" — i 1/2'" lg., o"', 15 aculeis nigris sparsis armatus. Acaule vel caudescens. Folia 7 contemporânea, 2'" lg., pa- ginis ad insertionem valde intumescentibus valide aculea- tissimis ; petiolo o, ""70 lg. ferrugineo, tomentoso, aculeis validis ad basin gibbosis, (o, "007 — o,'"09 lg.) atratis hórrido rachi supra albo tomentosi, subtus ferrugineo tomentosi, aculeis longis utrinque horridi ; yí^Z/íj/Zi- o,'"8o X 0>'"035 Ig-? superiores abrupte minoribus et angustioribus, o,'"2 lg.. Spatha : exteriore lanceolata, obtusa, o, ""30 lg., ferrugineo 52 tomentosa setis minimis et aculeis sparsis extus armata, i/i/eriorco"',yo')(.o'",i^ \^. ferrugineo tomentosa, aculeis parvis (0,0 1 — 0,04 1,^^.) atratis retrospectantibiis ad basin. et ma- joribus echinaliis ad aplcem ; pedúnculo in spalha rt in ramis insertiones acult-is minimis compacíis areolatis, compresso 0,40 lg., ferriigineo tomeiítoso, raro aculeis sparsis armato, rachi o'",35 lg. alljo tomentosa ramis plurimis erectis albo tomentosis, o"", 15 — o"'. 90 lg.. Drupa ©""^s X ©"".SS 1&-- Hah. i)i campis Serra da Chapada, prov. Matto Grosso. Florei Mai. TucuM DO c.wipo noiíiinatur. Herb. N. 221. ExPLic. Tau. XVII. — i. Uma porção do racliis, vista pelo lado supe- rior, mostrando a disposição dos grupos de foliolos, de tamnlio natural. 263. Uma porção média de um foliolo e a extremidade do m.,'smo, de tamanho natjral. 4, 4 a, 4 b, 4 c, corte transversal do peciolo e diversos do racbis, de tamanlio natural. 5. Spatha e espadice, oito vezes menor. 6. Flor fêmea. 7. C:dycc. 8. Corolla. 9. Ovário e androceo estéril, tudo de tamanho natural. 9 a. Corolla, duas vezes augmentada. 10. Friicto inteiro. 11. O mesmo cortado verticalmente, de tamanlio natural. Nos campos pedregosos, entre Burity e a povoação da Chapada, encontrei alguns espécimens desta palmeira, com o o nome vulgar de Tucum do campo, Tiicum vcrvielJw. E' uma espécie acaule, porém, que, com os annos torna-se catilescente. Vi exemplares com caules de mais de 1 '/, metro de altura. Entre o A. Weddellii Oj5 Ig- Pedúnculo alho pulverulento armado de Pedúnculo ferrugineo pulverulento, com aculeos longos e pretos, aculeos de l — poucos aculeos dispersos, sendo na inserção I '/j cm. de comjir. em feixes. das spatbas aculeado com aculeos pequenos. Corolla glabra. Corolla ptuco aculeata. Drupa esverdeada. Drupa armeniaca. Fruct. em Setembro e Outubro. Frucl. em Julho. Bastam estas difíerenças para separal-as inteiramente e poder consideral-a nâo classificada. Quer o caule, quer as folhas, são completamente ouriçadas de longos aculeos muito picantes, em diversas direcções, de maneira que difficil é se tocar em um fructo. Não é possível colher-se uma só folha sem que se fique ferido. Os espinhos são agudíssimos e facilmente deixam, sempre, na carne uma ponta, que produz dores por muitos dias. 2. A. ARENARIUM Barb. Rod. (A. Weddelli Drude ?) Flor. Brás. III. p. II. pag. 383. Acaule. Folia arcuata aequaliter pinnatisecta aculeata, petiolo ferrugineo pulverulento acu- leis atratis longis basi gibbosis sparsis armato, rachi utrimque armati, íoliolis 2 — 3 — ^jugis inaequaliter dispositis, ang. 30.°, inermibus rectis, lineri-lanceolatis oblique acutis. Spadix parvos pedúnculo albo-cinnamomeo pulverulento inermis, spatha basi vaginantia dein lanceolata incurva lana cinna- momeo ferrusfinea dense intertexta velutino tomentosa, rachi albo-pulverulenta ramos dense e.xserente quam ipsa demidio breviores : floribus fem. in parte inferiore 2 — 3 64 I 3 evolventes deiíi in spicas masc. longiores cxcurreiítes mii- j ticos; floribiis masc. non vidi., fem. ovoideoruni, calyx pa- i rum appresse setulosiis tridentatis fimbriatis coroUa triden- I tatá fimbriata paulo brevior androecei rudimeiítarii annulo ! arçrute sexdentato basi coroUa; inserto ; drupa sub^^lobosa \ flava in vértice rostellata, endocarpio obovoideo a basi '. acuto. I i 7aâ. XVIII. ! Folia 3—6 contemporânea, i'",40 lg., peiiolo o"', 25 \^., rachi z.tv- tice bifaciali postice carinata, albo-tomentosa. setis minu- tissimis et aculeis nigris complanatis o'", 05 — o"',o6 lg. utrinque armata; y^/Zí^Z/j- utrinque 20—25 in gregas irregu- lariter i — 3 dispositis, apicem versus 4 — 6 consociatis. in- feriores o"',3oXo"\0' ' • niedio o"',05Xo"'>24 Ig-, superiores o"\2oXo"', 12 lg., nervo médio super prominente flavo. Spadix o"',26 — o'", 60 lg., spatha int. o"',3oXo"'-[0 lg., fer- rugineo-Ianata, lanceolata, incurva, mucronata; pedunculi laeviter ferrugineo lanati, inermi. subcompressi, o'",02 lg. ; ' rachis o"", 10 — o"", 15 lg., ramis 25 — 40 contemporaneis. albo- • tomentosis, o" ,08 — o"\io lg., brevíssima pedicellatis, flores I fem. I — 3 evolvit, spicis masc. o"',o6 lg. Flores masc. non vidi. Flores fem. o'".oi lg., calyce tridentato fimbriato, minutissime aculeato corolla inclusa breviter tridentato fim- i briato, androcei annullari, ovário ovoideo in stigmata ex- currente. Driípa o"',035Xo"'.033 Ig-» flava, rostrata, rostro o'" ,003 — o"',oo4 lg., mezocarpio flavo, o"\oo4 lat., endo- carpio o'",03Xo'".024 lg., nigro, lineis irregularitar raticu- latim connexis. Haií. in campis sablonosis ad Serra da Chapada, Prov. Matto Grosso. TucuM liso v. Tucum rasteiro vicanorum. Fruct. Junio. Herb. n. 214. ExPLic. Tab. XVIII. — I. Porte, muitíssimo diminuído. 2. Uma porção do rachis, vista pela parte superior, mostrando a disposição dos foliolos, de tamanho natural. 3. Corte transversal do peciolo, i <^, Z ^'1 Z ^1 2> '^' cortes 55 transversaes do rachis. 4. Uma parle média de um foliolo. 5. Parte terminal do mesmo, tudo de tamanho natural. 6. Spatha e spadice com fructos, redu- zidos a mil quarto. 7. Um ramo, com flores fêmeas e destituido das masculi- nas, de tam. nat. 8. Calyce. 9. Corolla. 10. Androceo e ovário, tudo de tam. nat. it Fructo inteiro. 12. O mesmo, cortado verticalmente. 13. O mesmo, coitado transversalmente, tudo de tam. nat. Sempre que encontrava esta espécie, a considerava como sendo o As/roca rjion IVeddenU que Drude descreveu, depois de ter sido descoberto por Weddell em 1845 ^ *^^ dormir por conseguinte nos herbarios por espaço de 37 annos. Tinha-a como tal, não só por ter sido descoberto em Goyaz, em campos da natureza dos da Chapada, como por ter o mesmo nome vulgar de Tzicwn rasteiro, mas, nâo obstante esta mesma pre- venção, comparando a minuciosa descripção de Drude, feita por bom exemplar e varies exemplares com os desenhos do mesmo autorizado professor, (Est. LXXXIII da Flor Brás.) sou obrigado a dar como nova a de que me occupo, con- siderando bem feita a descripção do mesmo palmographo, como os seus desenhos, que são por assim dizer herbarios graphicos. Notáveis são as differenças que encontro não só nas folhas, como no espadice, nas flores e nos fructos. Serão estas diffe- renças motivadas pelo meio ? O vulgo mesmo distingue dando o nome de Tiicum liso do campo, para mostrar que as folhas não são crespas. E' verdade que o sertão de Amaro Leite, onde Weddell encontrou a espécie, fica dois gráos ao norte e quatro ao nascente, isto é, mais ou menos retirado 80 a 100 léguas para um lado e quarenta para o norte, mas esse espaço que separa os dois espécimens, não é sufficiente para fazer variar uma espécie que se desenvolve sem cultura, tanto que, temos espécies mesmo n'esta familia, cuja distancia quer em latitude e longitude sendo muito maior não se modifica e como exemplo temos o Cocos caiiipeslris, o Diplothetiiiutn campestre para só citar espécies campesinas e da mesma região. o 56 As differenças principaes que encontro c me levam á du- vida sâo as seguintes, que aqui comparo. Ast. Weddellii Dr. Ast. arenarium li. Rodr. Folhas crespas. Folhas lisas e erectas (l). Rachis com um avelludado ferrugineo ar- Kachis com tomento, sem cerdas c só aculea- mado de cerdas e aculeos. do no dorso e na frente. Foliolos longe caudato-acuminados. Foliolos obliquamente agudos. Piduiiciilo do espadice picante pelas cerdas PcJunnilo glabro, tomentoso aculeos esparsos. ferrugineas (de l a 3 milimetros) de que é coberto. Spatha obtusa. Spalha aguda com ponta. Drupa obovoidea. Drupa subglobosa. Náo menciono aqui a differença das flores, que se podem apreciar pela comparação das descripções e das estampas. E' uma palmeira de vida social, muito procurada pelo gado, que é ávido de suas folhas e pelos homens, que d'ellas tiram uma fibra fortíssima com que preparam linhas e cordas para diversos misteres. Encontrei nos logares arenosos e seccos dos campos da serra da Chapada e nos campos em baixo da serra, nas pro- ximidades do rio S. Miguel das Areias, próximo á serra de Melgaço e do Rio Cuyabá. Em Junho tinha fructos maduros e raras flores. Attendendo-se aos pontos de contacto que existe, poder- se-ha tomar por uma subespécie do A. Weddellii. mas creio que se não identificam, entretanto curvar-me-hei ante juizo mais autorizado. 3. A. LEIOSPATHA Barb. Rod. Caudex caespitosus gra- cili speciosus albo-cinereus subtus annulos dense aculeatus, aculeis longissimis divergentibus. foliis sub-arcuatis aculea- tissimis, in facie infeiiora pallidis. petiolo albo-pulverulento aculeis niíTris varia ma^iiitudin': ad basin «ribbosis horri- dissimo, rachi albo-pulverulenta aculeis sparsis nigris lon- gissimis hórrida, foliolis per acervos irregulares dispositis (1) D'alii o nome de Tuciitn liio, dado pelos naturncs. 57 patentibus erectis liiieari-oblique acuniinatis secus margines setigeris et supra nervo médio aculeis longis armatis. Spadix erectus longi pedunculatus pedúnculo inermis, albo- pulverulento quam rachis aculeatis minora spadia fusiforme acuta laevi albo-pulverulenta, rarissime ad basin pauci aculeata ad apicem dorsaliter bicarinata, ramis plurimis erectis albo-pulverulentis laevis in porte inferiore pedicelli- formi recta vel parum tlexuosa, flores fem., 2-3 inter se distanti. Drupa ex induviis brevis oljlonga in vértice rostellata, endocarpio utrinque acuto. Tab. XIX. Caudex 2 — 4'"Xo'"'8c» — o"',go lg., ad apicem internodiis aculeis nigris o"',i — o"\i 2 lg., horridus. Foiia 5 — 7 contemporânea, 2" — 2'",5o lg., cinereo-ferrugineo pulverulenta, aculeis nigris compressis divaricatis o'",o50 — o", 15 lg., hórrida, pedúnculo sub-cylindraceo aculeatissimo ; foliolis gregis irregulariter aproximatis, supra nervo médio aculeis nigris o'",02 — o"',o6 lg., armatis, inferiora o", 40 X o'",20 lg., superiora o'",io — o'", i5Xo'".o'o lg., aculeis marginibus fere o'",o[ lg. Spatha exteriora lineari-lanceolata, acuta, o'",5oXo"'i04 Ig-j utrinque setis nigro-ferrugineis minibus densissime vestita, hiterici-ii i", 10 — i"',3oXo"'>' 3 — o"'?' 5 Ig- erecta, albo pulve- rulenta, inermi vel aculeis minimis ad basin armata ; spadix i'",30 — 1'",40 lg., pedúnculo o"',40 — o'",50 lg.. inermi. rachi ad basin sparsi aculeata, ramis o"", 20 — o'",3') lg., sursum decrescentibus. Flores masc. non vidi ; feiu. calyce corolla triplo minora, edentato, corolla tridentata, androcei annuliformi vi.x ad demidio corolla adnato ; ovário obovoideo. Dl upa o"',04 — o'",02 5 lg., lutea. Hab. in Cachoeirinha, ad ripas Rio Cuyabá, et in silvis Imniidis ripas Rio Sumidouro, Rio Cabral, in Bocaina, Serra da Chapada. Tucum açu in vernacide aiidit et incolis utilíssima ut propter fila ex foliis adolescentibus prceparajida in usum funium, etc. Friict. yunio-yul. Herb. ti. 206. 58 ExPLic. Tab. XIX. FiG. A. — I. Uma porção do espique, dez vezes dimi- nuído. 2. Corte transversal do peciolo, de tam. nat. 3. Uma parte do rachis da folha, vista do lado superior, mostrando a inserção dos foliolos, tendo um inteiro de tam. nat. 4. Parle inferior de um ramo, mostrando a disposição das flores fem., de tam. nat. 5. Spathas e espadice, seis vezes reduzidos. 6. Extremidade da spatha interior, vista pelo dorso, de tam. nat. 7. Uma flor fêmea. 8. Calyce. 9. Corolla, 10. Corolla vista interiormente, mostrando o androceo. 11. Ovário, tudo duas vezes augraentado. 12. Calyce e corolla, que persiste no fructo, visto pelo lado externo, de tam. nat. 13. Fructo inteiro. 14. O mesmo, cortado verticalmente, de tam. nat. Encontrei esta bulia palmeira em diversos pontos, sempre com o nome de Tucum-açu. No logar denominado Cachoeirinha, no Rio Cuyabá, achei uma grande soqueira em terreno árido, no meio de brornelias ping7iÍ7is, e depois nas serras da Bocaina, de Manoel António, nas cabeceiras do Rio Sumidouro, nas margens do Rio da Casca, nas do Rio Cabral, sempre em logares húmidos e á sombra das mattas. Forma grandes soqueiras e torna-se notável pelo seu aspecto. Os caules esbranquiçados, as vaginas, os peciolos. os rachis, a parte inferior dos foliolos, as spatlias, tudo é branco, que faz sobresahir o ouriçado de grandes espinhos negros e luzentes e o verde escuro da parte superior dos mesmos foliolos, contribuindo para que se destaque e chame a attenção. A não ser o A. Muriimuru, não conheço espécie alguma, que seja mais espinhosa e que tenha aculeos tão grandes. Nas proximidades do Forte Príncipe da Beira e do Rio Itenez, no Guaporé, e na Bolivia, Alcides d'Orbigny encontrou com um nome: indecente, náo sei por que, dado pelos Guarayós, Huaimy-tacoca, uma palmeira que muito se approxima d'esta, é o Ast. Huahni, que Martins descreveu. Pareceu-me dever identificar a espécie por mim encontrada com a de d'Orbigny, mas, taes differenças encontro nas descripções e nos desenhos, que sou obrigado a considerar nova espécie. Infelizmente náo encontrei, em Maio e Junho, senão flores femininas e fructos maduros. 59 Apresento aqui, comparativamente, as differenças princi- paes que encontrei. O facto de ter a corolla maior do que o calyce, não é caracteristico bastante, porque outras espécies congéneres como o Así. hccuma Mart., Yauperiense, Barb. Rod. e acaule Martius também tem este distinctivo. A. Huaimi Ast. leiospatha Caule com aculeos voltados para baixo. Caule com aculeos divergeutes só na parte inferior do circulo da cicatriz da queda das folhas. Peciolo com duas poUegadas de comprimento. Penolo de o^jõo— l" de comprimento. Foliolos equidistantes linear-acnminados, re- Foliolos irregularmente divergentes lineares, gularmente dispostos, com cerdas nas obliquamente acuminados, com cerdas nas margens. margens e ornado de 2 — 3 aculeos grandes, na parte superior da nervura média. Espadicc com pedúnculo curto e aculeado, Espadice com longo pedúnculo inerme, de de I" de lg. i"" a l'°,6o lg. Spatha aguda, vestida de expessos aculeos. Spatha lisa, coberta de tomento branco, pul- verulento, tendo em alguns indivíduos (raros) alguns (poucos) pequenos aculeos exparsos na parte inferior. ' Fructos de 3 '/j cm. de comprimento. Frucíos de 4 cm. de comprimento. Os caracteres differenciaes que apresento são tirados das descripções de Martius e de Drude. Outras differenças encon- trar-se-hão cotejando as descripções. Certo de que não serão modificações occasionadas pelo clima e pelo meio, visto como encontrei outras plantas de zonas mais longinquas e sempre com os mesmos caracteres, não trepido em apresentar esta nova espécie. Var. SABULOSUM Barb. Rod. Caudex roseo-ferrugineo pulverulentus, caespitosus, inermis; folia multo minus aculeis armata, pedúnculo dorsi inermi lateraliter aculeis armato, foliolis-lineri-lanceolatis, in acervos remotis, dispo- sitis. Drupa o'",04 — o'",034 lg. ExPLic. Tab. XIX. FiG. B. — I. Fructo cortado verticalmente, de tam. nat. 3. Corte transversal do peciolo, de tam. nat. Nos campos húmidos e arenosos das margens do Rio S. Miguel das Areias, próximo affluente do Rio Aricá e nas bocainas da serra da Chapada, encontrei grandes soqueiras 60 d'esta variedade, que se distinji^ue da espécie typica, não só pelo caule que é inerme e coberto de tomento pulverulento róseo ferrugineo, como também pelas folhas que têm os foliolos mais largos, com os grupos muito mais distanciados, e com poucos aculeos, como também pelos fructos, que sâo maiores. Uma diflerença pratica apresenta. Da espécie typica os naturaes extrahem dos foliolos uma fibra longa e muito forte, com qiie fazem linhas e cordas, sendo que o gado é ávido das suas folhas, emquanto que esta variedade não só não dá fibras boas, como também o gado a regeita. Tem o mesmo nome de Tucum açu. ou mais \'ulgarmente Tucuni dn serra. Tratando dos Astrocaryuns, não posso deixar de aqui apresentar algumas espécies, que perpetuam um engano. A primeira é synonyma de outra e a segunda não é um Astro- caryum e sim um Bactris. EMENDA ASTROCARYUM TUCUMA Mart. in Palm. Brás. 77 t. 65 f. Kunth. El/tau. plant. III. p. 274; — Wath. Ann. bot. syst. V. p. 822. II ; Wallace Palm. trce Aviaz. 107 t. XLI et II f. 5 ; Drude in Flor. Brás. III. p. II. p. 380. n. 15 ; Wendl- in Kerch. Index Palm. p. 232. Index Ketvensis I. ]). 240. Asl. huumoides Drude in Fl. Brás. III. p. II. p. 381. tab. LXXXI. fig. VI (analysis). Entre as plantas cultivadas no Passeio Publico do Rio de Janeiro, existe uma soqueira do Astrocaryum lucumá Mart. cujas sementes vieram do Pará. D'esta espécie o Snr. Glaziou, remetteu para a Europa amostras, que deram em resultado a nova espécie descripta por Drude, que nâo é mais do que o Tucuma-piranqa, tão vulgar e tão conhecido em todo o Estado do Pará. Quem conhece e estudou o íucuinà Paraense, não se engana ante a palmeira do Passeio Publico. Tanto isso é ver- 61 dade, que é o próprio monographo Drude quem diz na Flora Brasiliense : « Crescit in Brasília ccqiiatoriali : Glazimi ! n. 8060 ( specini. cultmn in Rio cie yaneiroj ; In ncltura ( Rio ) fioret Novenibri ( Glaziou in litt. ) Esta espécie apezar de passar da zona equatorial para a tropical, apezar da cultura, não modificou os seus hábitos. Informações inexactas levaram o illustre professor a crear uma espécie, quando é a mesma descripta por Martius. O A. ttc- cjunoides de Drude é synonymo de A. tucumá de Martius. O mesmo professor baseiase também na opinião de Wallis, quando diz: « Tucumá incoloriun, qui (ex noía Wallis) hanc specieni ab antecedente e sequente discertiunt) . Conheço todos os astrocaryuns do Amazonas e do Pará, estudei-os todos, se existisse esta nova espécie, com certeza durante a minha estada no Amazonas, de 1872 a 1875 e de 1883 a 1889 havia de a ter encontrado. A espécie tncnvwides (do Rio) conheço-a também, é simplesmente o Tucumá-piranga, apezar da opinião de Wallis. BACTRIS INTERRUPTE-PINNATA Barb. "Íioà.—Astrocaryum hiiviile Wallace, Palm-trees Amaz. 115. t. XLV. — Drude in Fljr. Brás. III p. II p. 386. Esta espécie é mui commum nas capoeiras e nas mattas das proximidades da cidade de Belém, no Pará e em muitas outras localidades do mesmo Estado, onde cresce sempre á sombra das arvores, em loirares em cjeral húmidos. E' uma palmeira quasi acaule, e que dá em sequeiras. Quando os exemplares são velhos criam troncos muito espinhosos, em geral curvos, mas que não excedem a i "4 tle altura. Tem os fructos cinnabarinos e com pequenos aculeos caducos. E' seme- lhante ao meu Bactris Tanimanensis e também ao meu Bactris acanthocarpoides, porém esta se afasta da de Martius em ter longo caule, fructos amarellos e as spathas inteiramente diver- sas, assim como as flores. 62 Reivindico aqui ainda uma vez (i) esta espécie, que sem razão foi levada por Drude para synonyma da acanthocarpa. Creio que o professor Drude, apresentou a espécie de Wallace. sem ver os materiaes, porque se os tivesse visto, estou certo que náo confundiria os dois géneros. O desenho de Wallace, caracterisa bem um bactris e bem representa a espécie. Com quanto já em 1882 (2), fizesse esta correcção, ainda aqui a faço para que não continue perpetuado o engano. A propósito d'esta espécie devo aqui registrar um facto, que observei em um A. Mumbaca Mart.. que cresce social- mente com esta. Nas mattas do Curro, no fim da Estrada de S. João, em Belém do Pará, encontrei em 1872, um pé de Mumbaca, que teria três metros, e que na altura de dous metros, mais ou menos, tinha tido o tronco partido, perdendo, por conseguinte, completamente a fronde. Assim decepado, o espique apresentava em roda da cicatriz dezesete rebentos, de vários tamanhos, muito unidos e incur- vados. Os maiores tinhâo seis decimetros de altura, com as folhas desenvolvidas e bem caracterisadas. Este exemplo é uma boa contribuição para o estudo anatómico da structura e evolução dos espiques das palmeiras. (1) Já fiz esta reivindicação no meu trabalho Les Palmiers, á jjag. l6. (2) Obr. cit. pag. l8. 63 Gen. Scheelea Kartr. 1. SCHEELEA ANIZITZIANA Barb. Rod. Acaule excelsa; foliis elongatis erectis subarcuatis, pediinculo marginibus laceratis, foliolis per greges 2-3 aggregatis sub oppositis, lineari-lanceolatis acuminatissimis. Spadix monoecis, masculis et androgineis simul evolutis, spatha int. ventricosa crasse lignosa profunde sulcata longe rostrato-acuminata. Flores masc. parvi calyce vix conspicuus, petalis teretibus carnoso- clavatis roseis post nigro-violaceis stamina fere dimidium corollae attingentia; fem. multo majores ovoidei sepalis pe- talisque lato cordiformis acutis ad apicem nigro-violaceis sub aequilongis convolutis, androcei abortivi cúpula basin germinis cingente, stigmatibus exsertis. Tab. XX. Folia 10-12 contemporânea, 5",30 lg. petiolo concavo, o'",70 lg.; foliolis per greges aggregatis, gregibus ad basin remotis dein approximatis, inferiores i'",32 X o'"^oi5 lg-> l'n^^ri-pen- dentibus, médio o^jQO X o'°)45 Ig-, divaricatis, superiores o'",20 X o"')Oo6 lg., suboppositis. Spadices 2-3 evolventis, spathis rubiginoso-tomentosis, masc. 0,90 X 0^24 lg., rostrato, androg. o,7oXO;26 lg., longi-rostrato, minoris; rami masc. 0,09 lg., gracilis ad iman basin flexuosis, floribus denudati. Flores rami fem. o,oi — 0,04 \g:, fem. 1-4 consociati, inter se 0,105 — 0,01 distantes, scrobiculis patelliformibus unila- teralibus inserti, 0,02X0,015 Ig-. calyce et corolla aequali structura, stylo brevi in stigmata tripartita excurrente. Drupa non vidi. Hab. in Matto Grosso, et culta ad Assumpção, Paraguay, Florei Mayo. Herb. n. 223. ExPLic. Tab. XX. — i . Porte muito diminuído. 2, 2 a, zb, 2 c. Cortes transversaes do rachis da folha; de tam. nat. 3. Uma parte do rachis mos- trando a disposição dos foliolos, de tam. nat. 4. Flor masculina de tam. nat. 64 5- Uma pétala e iiiii estaine, duas vezes aiigmeiítaJos. 6. Ebtame e anthera, quatro vezes aiignientaJa. 7. Flor femca, de tam. nat. 8, 9, 10. Sepalas de tam. nat. 11, 12, 13. Pctalos do tam. nat. 14. /Vndroceo e ovário, de tam. nat. Entr(; as plantas ctiltivadas na bi^lla quinta Iduna do cônsul alleinão Mangels, no districto da Recolleta, em Assumpção do Paraguay. encontrei este soberbo espécimen, com dois grandes espadices de flores um masculino e outro feminino. Ahi levado pelo meu amigo o professor húngaro João Daniel Anizitz, nem este, nem o proprietário da quinta me souberam informar com exactidão qual a localidade própria d"essa palmeira, sabendo apenas que era originaria de Matto Grosso. O género Scheelea nunca tinha sido encontrado no Brasil e só se fez representar depois de 1891, época em que nas minhas Plantas Novas, publiquei a descripçâo de duas espécies e mais tarde em 1896, no V. fascículo, tornei a tratar das mesmas e lhe dei a pátria. Entretanto vejo hoje que não só no norte do Brazil se encontra este género como também no sul, em Matto Grosso. Ahi cresce uma espécie, commum também á Bahia e esta, que se suppõe ser dos lados do Rio Paraná. E' uma espécie acaule, porém gigantesca. Approxima-se na inflorescencia da minha Scheelea amylacea (i), porém afasta- se em ser acaule, ter as folhas muito maiores e as flores dif- ferentes. Procurei esta espécie em Matto Grosso e não a en- contrei, nao se podendo confundil-a coin o Akury ou Motacu, que aos milhares encontrei não só em Matto Grosso, como na Bolívia. Considerando a nova imponho-lhe o nome de Scheelea Anizitziana, como homenagem prestada ao meu companheiro de excursões no Paraguay, o professor húngaro João Daniel Anizitz que tão bons serviços tem prestado á botânica e par- ticularmente á minha expedição prestou. 2. S. PRINCEPS Karst. in Linnaea XXVIII (1856) p. 269. — Wendl. in Kerch. Les paliii. liulcx. p. 256. — Walp. Ann. hot. syst. V. p. S55 n. 5. llort. Ktw. \\ p. 823. (I) riant. nov. cult. no Jiinlim líot. I fase. 1S91, pag. 17 Kst. IV 65 Attalea Princeps Mart. in Palm. Orbign. 113. t. 4. f . 2 et 31.; Hist. nat. palm. 298. t. 167. f. i. — Kunth m Enum. plani. III. p. 277. — Walp. Atm. bot. syst. I. p. 1008., V. p. 824. Drude in Flor. Brás. III. p. II. p. 442. Tab. XXI. fig. B. Encontrei esta bella palmeira nas margens dos rios S. Lou- renço, e Cuyabá, assim como nas mattas da Chapada, crescendo socialmente, apresentando grandes caules, tornando-se mesmo uma palmeira excelsa. Achei em Junho, com fructos maduros. E' a palmeira mais commum em Matto Grosso, onde tem vulgarmente o nome de Acury, Uacury, Guacury e Rucury. Na Bolivia, Bahia de Cáceres, os indios Chiquitanos me deram o nome vulgar de Moíacu; que concorda com o que deram a d'Orbigny, em Santa Cruz de la Sierra, onde foi encontrada pela primeira vez. Cresce também na Bolivia, nas províncias de Moxos e de Chiquitos. Os fructos quando maduros são amarellos e cobertos de tomento fusco. Comem-se cozidos. As sementes dão óleo que os indios empregam contra a calvície. Quando os fructos sâo novos empregam em Matto Grosso, a agua contra as ophtal- mias. Depois de seccos, na Bolivia, servem-se d'elles para de- fumar o Cáucho ou borracha. Spencer Moore que encontrou esta espécie com o nome de Goacury e d'ella levou fructos para Londres, diz á p. 500 do vol. IV das Traiisations of íJie Litmean Socieiy of London o seguinte: «The fruits differs from ali described by Drude, and belongs in ali probability to a new species». A desconfiança do illustre botânico inglez de que não seja a mesma espécie é baseada no facto que observei ; não só o porte da planta, como o tamanho do cacho e dos fructos e sua quantidade varia segundo as localidades. Encontram-se exem- plares com grandes fructos e com pequenos, mais ou menos oblongos ou alongados, porém, todos pertencem á mesma espécie. 9 66 3. SCHEELEA PRINCEPS var. Corumuaensis Barb. Rod. Acaulis, raro caiidice hiimili crasso, folíis erecto-arcuatis, foliolis per acervos 2 — 6 oppositis divaricatis, linearis, oblique acuminatis. Spadix tabacino tomentosus erectus, fructifer denique cernuus, ramis androgynis flores fem. i exserente. Drupa longi-oblonga vel ovoidea rostellato-acuminata, trisperma. Tab. XXI fio. A. Caudex. O vel usque i"' — i^jSO X o'",20 lg., Folia 10 — 15 con- temporânea, 3"'— 4"' lg., yii/w/íj inferiores o"", 80X0"", 005 lg., acuminatissimis, médio o'",55 X o'")02 2 lg., superiores plures aproximatis, sub oppositis, multi minoribus, extimis o"". iSXo^.oo? %• Spatha interior masc. lignosa o", 70X0."'» 10 o", 12 lg., abrupte rostrato-acuminata, sulcata, tomento fer- rugineo vestita, fetn crasse lignosa, rostrato acuminata, lon- gitudinaliter sulcata, o"',40 X o"". 12, tomento ferrugineo vestita. Drupa o'",65Xo'",24 vel o'",55Xo"',30 — o"',32 lg., epicarpio fibroso, flavo, ferrugineo-tomentoso, mezocarpio flavescenti, farináceo, endocarpio brunneo, lapideo, i -3 spermo. Haií. in locis humidis ad Corumbá. Guacury vel Akurv ab in- digenis appellattir. Flor. et fruci. May. Herb. n. 218. ExPLic. Tab. XXI. — A. i, Porte muito diminuido. 2, Extremidade de um foliolo. 3, 3 a, 3 í5, 3 í', 3 d, Cortes transversaes do rachis da folha, de tam. nat. 4. Extremidade da spatha interior, de tam. nat. 5, Porte do rachis do spadice, com flores masculinas, de tam. nat. 6, Uma flor masc. de tam. nat. 7, A mesma, duas vezes augmentada. 8, Uma pétala, com dous estames, duas vezes augmentada. 9, Uma parte do ramo com uma flor fcmea, de tam. nat. 10, 11, 12, Sepalas. 13, 14, 15, Pétalas. 16, Androceo e ovário, com quatro estigmas, tudo de tam. nat. 17, Um fructo inteiro. 18, Um outro fructo, para mostrar as duas formas que apresenta. 19, Corte vertical do mesmo, ao, Corte transversal do mesmo, tudo de tam. nat. B. Porte da Schcelca Princeps, muito diminuido. Nos terrenos húmidos e calcareos que circundam a cidade de Corimnbá, encontrei centenas de exemplares todos acaules, em plena florescência no mez de Maio. 67 Três ou quatro exemplares vi com caules de um metro, mais ou menos, porém, pelo seu estado mostravam ser muito velhos. Encontrei também alguns cachos de fructos maduros. Não sei se devido ao terreno, o certo é que o aspecto é di- verso ; nâo só a planta é menor como os espadices das flores. Os cachos n'esta variedade sao pequenos e os fructos muito oblongos e acuminados, emquanto que na espécie caulescente os troncos são altaneiros, os cachos de alguns, de mais de metro de comprimento, com os fructos grandes. As pétalas das flores masculinas quando novas são de um bello róseo e depois roxas e as sepalás e pétalas das femininas de um branco de marfim com as extremidades também róseas e depois roxas. Tem vul- garmente o nome de Ahcry, Guacury ou Uakury, que nâo é mais do que uma corruptela de Uakiiriy, de íiá fructa e kuriy do formato de pinhão, alongados. Considerando uma variedade distincta aqui a consigno. 68 Gen. Orbignia Mart. 1. ORBIGNIA MARTI AN A Barb. Rod. sub. pr. tab.— Attalea SPECiosA Mart. Palm. Eras. ijS. t. ç6 f. III. j. 4. 5. 6. (sub nom. A. excclsoej: Hist. nat. palm. III. 2çS. t. i6g. f. IV. et Palm. Orbign. 117; Wallace Palm.-trees Amaz. p. iij. Tab. 46; Kunth. Ejuim. plant. III. p. 277; Walpers A7171. boi. syst. V. p. 824; Wendl. in Kerch. Les Palm. p. 233 ; Drude in Flor. Brás. III. p. II. p. 444. ; Index Kew. I. p. 248. — Coco Nayá, M. Arruda Gamara, Disc. sobre a útil. dos jard. p. J5. —Orbignia Lydi/í: Drude in Flor. Brás. III, p. II, p. 448, Tab. CII. Caudex procerus recte cylindricus laevis, fo- liis erecto-patentibus aniplis concinnis tortis adapicem flexuo- sis recurvis, foliolis elongatis rigidis inter se approximatis oblique acuminatis, in plano verticaliti patentibus. Spadix validissimus ramosus pendulus, ramis rigidis bracteatis dense exserentes, androginis flores fem. muitos sessiles gerentibus dein in spicam masc. abortivam paucifloram ex- currentibus ; flores masc. calyce exiguo petalis 2 rarissime 3, biquadridentatis incurvis imbricatis ; staminibus 24 per greges 8 divisas, antheras loculis irregulariter inter se pluries contortis, germinodium sub nullum ; flores fem. plu- rimo majores ovoideo-oblongis, bibracteatis, ferrugineo to- mentosis, sepalis lato oblongis obtuse, carinato acuminatis, petalis paulo minoribus oblongis marginibus irregulariter serratis ad apicem longi tridentatis, androecei abortivi cúpula petalis dupla minore gérmen in stylum crassum ferrugineo- tomentosum sensim excurrens cingente, stigmatibus 3-6. Drupa magna obovali-oblonga conico-rostrata fere ad dimi- dium induviata ad basis ferrugineo-tomentosa et ad apicem albo-tomentosa aureolata 3-6 sperma. Tab. XXII et XXIII. fig. A. Caudex i 5 - ao"" X o"',45 lg., « superne, vaginis diutius persis- tentibus involutus, denique denudatus. Folia 15-20 congesta 69 comam formantia, exteriora patentia », dum nova flavo-striata, albo-tomentosa, 9'",40 lg., rachis S"" lg., foliolis inferiores majoribus, angustis, médio i'",2oX o^jOjS Ig-, superiores minoribus, glauco-tomentosis ; spadices intra-folia, 4-6 simul evoluti, androgyni 2,20 lg., pedúnculo i'",io X o^jO? Ig-j compresso, spatha exterior lanceolata, ápice rotundato, o'",i5 lata; interior magna, erecta, incurva, lanceolata, sulcata, ápice in rostrum anceps o^jSO attenuato, dorso bicarinata, ferrugineo-tomentosa, ad basin vaginantia. Drupa cum acumine cónico, o"", 11 Y^o^^^o"]"] lg., epicarpio fibroso, mezo- carpio pluposo-farinaceo, endocarpio lapideo, brunneo, ob- longo, ad apicem acuto, o'",6o5Xo'")062 lg., semina irregu- riter oblonga sub-vertice incrassata, o"',043 -0,050 X o'",oi2 -o'",oi9 lg.. Hab. in Brasília aqiiatoriali et orientali, in silvis Rio Arinos, serra dos Parecis, Rosário, Rio Cuiyabá, S. Miguel das Areias, Tombador, in Matto Grosso. Aguaçu, Guaguaçu vel Baguaçu ab incolis nofuinaíur ; etiam iti silvis prope fluynen Tapajós, Madeira, Purus. prope jiumen Amazonum stcperius, Uauaçu incolorum. Culta in Jardim Botânico Rio de Janeiro, n." 1398. Flor. et fruct. Junio. ExPLic. Tab. XXII. — I. Porte, muitíssimo reduzido. 2. Peciolo, mui- tíssimo reduzido. 3. Fructo inteiro. 4. O mesmo, cortado verticalmente. 5. O mesmo, cortado transversalmente, tudo de tam. nat. Tab. XXIII. K. i, 2, 3, 4 e 5. Cortes transversaes do rachis da folha, de tam. nat. 6. Parte superior do rachis da folha, visto do lado superior, mostrando a inserção dos folíolos. 7. Uma parte de um foliolo. 8. Ápice de um foliolo, tudo de tamanho nat. 9, 10. Duas flores masculinas, de tam. nat. II e 12. Duas pétalas, vistas de frente, de tam. nat. 13 e 14. Dois estames quatro vezes augmentados. 15. Uma flor fêmea, depois da anthese, de tam. nat. 16. A mesma, mostrando só a corolla, de tam. nat. 17. Androceo e ovário, de tam. nat. Occupar-me-hei agora de uma das mais bellas, mais excelsa e mais graciosa das palmeiras do Brasil. Malfadada entretanto tem sido ! Estende-se desde as Guyanas, pelas florestas do Ama- zonas, entra no Matto Grosso e vae á Bolivia. E o Uauaçu^ 70 do Amazonas, Aguaçíi, Bagiiaçu, ou Guagitaçu de Matto-Grosso. Encontrei-a não só cultivada em Cuyabá, como fui depois vel-a em estado selvagem, formando grandes florestas, em que se via desde a semente que germinava até aos velhos troncos centenários. Encontrei felizmente com flores e fructos, não só verdes, como maduros. Esta palmeira, noticiada por Martius em 1823 (i), em pequena diagnose só do fructo, foi mais tarde em 1847 (2); detalhadamente descripta pelo mesmo monographo, que deu então alguns caracteristicos do caule, descripçâo que repetiu em 1850 (3). Esta foi baseada por exemplares colhidos no Valle do Amazonas, onde Martius penso que não viu a planta e sim só os fructos. Martius conhecia, sob o nome Gjiaguaçu, a es- pécie de Matto Grosso, pela noticia que das palmeiras lhe deu em carta o Dr. Silva Manso e que identificou com o Uauaçu do Amazonas, a Attalea speciosa (4). Mais tarde, de 1848 a 1852, Alfredo Wallace, percorrendo o Amazonas, encontrou-a, mas também, apezar de ter visto a planta, da qual deu um bem feito desenho do porte (5), todavia também não viu as flores. O Dr. Spruce, que também explorou o Amazonas na mesma época, não a noticia, e eu, que por tantos annos percorri o Ama- zonas, que vi centenas de exemplares, nunca também pude en- contrar flores, tendo, comtudo, desenhado não só o porte, como os fructos, esperando sempre ver as flores, o que não me foi possivel. Depois de mim, o professor Trail também percorreu parte do Amazonas, e não se occupou d'ella, e assim todos os botânicos que percorreram o valle do Amazonas, por nâo ter visto as flores dei.xaram que corresse mundo um engano, que (1) Mart. Palm. Brás. loc. cit. (2) Mart. Piilm. Orbign. loc. cit. (3) Mart. //isl. Nal. /\ilm. loc. cit. (5) Wallace 1'alm.trrrs of ihf Amnzon. iSsl, p. 117, lob. .\l.\'l. (4) Ilisl. A.il. Palm. I, pa«. CLXXIX. 71 se perpetuou até hoje, isto é, por mais de 74 annos. Em Matto Grosso, posto que percorrido também por alguns botânicos, nenhum a mencionou, mesmo o Dr. Spencer Moore. Cabe-me, pois, a ventura de destruir hoje o engano e levar a espécie para o género a que pertence. A Attalea speciosa de Martius é uma Orbignia !... Drude, com razão, na sua monographia da Flora Brasi- liense, a incluiu nas species insertce sedis. E a espécie que maiores fructos dá no Brazil, e d'ahi o motivo pelo qual os nossos indigenas deram o nome de Uá-uaçu, fructo grande, corrom- pido pela pronuncia castelhana em Aguaça, Baguaçu, Gua- guaçu. Os maiores fructos que vi, foi no alto Tapajós, próximo á Cachoeira da ntotiíatiha. Ahi vi exemplares quasi do tamanho de um Cocos nucifera ou Coco da Bahia. Com estes fructos, assim como com os do Urukury [Attalea excelsa Mart.), os serin- gueiros defumam a borracha. O tamanho mais vulgar é o que representa na Est. XXII, sendo que pelo grande numero que dá em cada cacho, que dois homens não carregam, quasi sempre são comprimidos pela pressão que uns exercem sobre outros. Como disse, é das palmeiras uma das mais bellas e das mais graciosas, vista de longe, porém de perto, quando nos collocamos junto á ella, é bruta, pelo tamanho e grossura do caule, pelo tamanho das folhas, das espathas e dos espadices, e mesmo pelos fructos. Cresce nos locares húmidos e nas florestas. Encontrei entre villa Mendes e as Areias de S. Miguel uma grande floresta composta só d'esta espécie, que apresenta de longe um lindo aspecto. As vanillas amam esta palmeira ; por ella sobem e estendem-se até pelo rachis das folhas. Devo observar que esta palmeira, em 1827, foi encontrada também pela commissão Langsdorff, quando passou por Matto Grosso. Desfazendo, pois, o engano em que todos laborávamos, denominoa Orbignia Martiana, dedicando-a á memoria do sábio palmographo que primeiro a descreveu, cumprindo um dos 72 dos artigos da lei botânica e rendendo uma homenagem ao mestre. Devo observar que na minha descripçáo aproveitei o que na de Drude havia de exacto. Aeora devo corrigir outro enjjano. Na monographia citada, da Flora Braziliensis, vem descripta, como espécie nova, pelo illustre Professor Oscar Drude, a Orbignia Lydiae, que pelas informações do collector Glaziou é originaria da região do Pará e introduzida no Passeio Publico do Rio de Janeiro. Dos exemplares d' este Passeio, foi remet- tido o material que serviu de base para o estudo do Professor de Dresda. Por muito tempo procurei conhecer de visti a Orbignia Lydiae, porém, nunca a encontrei. Conhecia alguns pés de Uauassu, que os tinha por Attalea speciosa, porém, nunca vi no mesmo Passeio Publico espécie que pudesse tomar pela que procurava. Conhecia também um magnifico exemplar que existe n'este Jardim, ha mais de 40 annos, verdadeiro Uauassu, e que se identificava com os exemplares do Passeio Publico e Campo da Acclamaçâo, porém, nunca suppuz que esses exem- plares fossem os que forneceram material para a apparição da Orbignia Lydiae. Depois de ter determinado o Baguaçu de Matto Grosso, e o identificado com o Uauassu do Amazonas, desconfiei que a O. Lydiae, que não encontrava, talvez fosse o mesmo Uatcassu e para certificar-me dirigi-me ao mesmo Passeio e ahi pedi ao Sr. Mallemont, jardineiro-mór, companheiro do Sr. Gla- ziou, que me mostrasse os exemplares da O. Lydiae. Qual nâo foi a minha admiração vendo-me ante á antiga Allalea speciosa, que outr'ora, quando nova, foi acaule, mas que hoje já tem um espique de 8 metros de comprimento !... O facto de ter sido dada por acaule pelo Sr. Glaziou nâo é novo, e, entre muitos, citarei o da Alauthot Glaziovii, cuja descripçáo foi também feita sobre informações do mesmo se- nhor. A Maniçoba, (M. Glaziovii) é uma arvore excelsa dos 73 Estados do Norte, entretanto a descrlpção diz que é do Rio de Janeiro e que só attinge a altura da mandioca vulgar. Habitus speciuiviuni ut in M. utilíssima et in M. palmata, V. Aipi. (i) O exemplar que serviu para esta informação é hoje uma das arvores mais altas d' este Jardim. Nâo conhecendo o collector Glaziou exemplar algum com espique. tomou-a por acaule e remetteu logo para a Europa, material para uma nova espécie. Depois de publicada na Flora, o mesmo administrador a mencionou em uma relação de plantas por elle cultivadas no Passeio Publico e Praça da Acclamação e que foi publicada em um dos Relatórios do Ministério da Agricultura. Então ainda a planta era acaule. Felizmente, além da affirmativa do jardineiro, a espécie estava com flores e fructos que corroboraram a minha opinião. A Orbignia Lydiae, do Passeio, era a Attalea grande, nome com que outr'ora era conhecido o exemplar d'este Jardim, e se identificava com o Baguaçu de Matto Grosso e com o Uauassti do Amazonas. Em vista, pois, d'isso sou obrigado a levar para synonymia da O. Martiana a O. Lydiae. Parece que devera conservar o nome Lydiae para a Attalea speciosa, visto ser nome mais antigo, mas como não foi o autor da Orbig7iia Lydiae que reconheceu o género do Uaiiassu e applicou este nome a uma espécie que julgava inteiramente distincta, entendo dever conservar o nome que impuz por ser elle applicado á própria espécie descripta por Martins, pas- sando a O. Lydiae a figurar como synonyma. Além disso o nome speciosa, já eu o tinha empregado em outra espécie, (2) pelo que não pôde d'esta ser tirado. Se o nome Lydiae fosse dado por engano ou por outro autor á mesma palmeira, convenho que devera ser o nome adoptado, mas, tendo sido dado a outra planta que o próprio (1) ¥\oT. Brás. XI. p. II. p. 446. (2) Plant. nm. citlt. no janl. Boi. i8çi. I. p- S-- '"^^ ^^- 74 autor considerava distincta, tanto que conservou a Allalea speciosa, na mesma monographia, não posso admittir. O autor teve em suas mãos os oriofinaes de ambas e as distinguiu, portanto nâo pôde o seu nome ligar-se á espécie que nâo reconheceu nem separou. Assim penso, entretanto os mais versados que decidam se a Atlalea speciosa de Martius, deve ser Orbignia Martia^ia de Barbosa Rodrigues, que reconheceu o género e identificou as duas espécies, ou se O. Lydiae de Drude, que conservou es- pécies distinctas de dois géneros difíerentes. Devo dar algumas expHcações sobre a O. Lydiae. Por ter tido um material incompleto e falsas informações o illustre Professor Drude cahiu no engano. Este professor nâo viu as spathas, nem os espadices, apenas examinou a porção supe- rior de um espadice androgyno, que lhe foi remettida e por isso disse que os ramos têm 1-2 flores fêmeas, quando têm muito mais, nos médios e nos inferiores. As flores masculinas que examinou foram as poucas que dão nas espigas terminaes dos ramos superiores, que são quasi sempre differentes, nâo só das que acompanham as flores fêmeas, como as dos ramos dos espadices masculinos. Deram- Ihe também um desenho do porte de um individuo novo, que provava ser acaule, e por esse e outros motivos cahiu no engano, nâo suppondo que se occupava com o material da Atlalea speciosa. 2. O. MACROCARPA Barb. Rod. Acaulis vel caudice me- diocri superne petiolorum basibus coronato, foliis per quinques spiras dispositis, elongatis, robustis, foliolis de- crescentibus, ad basim in acervos 2 — 3 aggregatis et ad apicen aggregatis oppositis, linearilanceolatis, oblique acumi- natis, subtus glaucis; Spadices monoeci, masculi it andro- gyni 2 — 3 simul evoluti spathis int. lanceolatis sulcatis rostrato-acuminatis, masc. : ramos plurimus unilateraliter evolventcs ad basim minute bracteatos ; masc. androg. : 75 ramos unilateraliter in spiras dextrorsas dispositos, bre- vissimis flores fem. secundi singulos, dein et spica mas. apicale abreviata evolventes. Flores masc. secundi parvi calyce conspícuo, petalis geminatis, incurvis, irregulariter lanceolatis concavis bi-tridentalis staminibus 20 densi insertis ; flores fem. oblongo-ovoidei sepalis cucullato-obtusis quam pétala tridentata marginibus serrulatis longioribus, androecei abortivi cúpula inaequali gérmen in stylum nullum cingente, stigmatibus 6. Tab. XXIII, fig. B. XXIV. Caudex 2" — 5"'Xo>'"25 Ig-, Folia 8 contemporânea, in spiras dextrorsas 5 disposita, densa congesta 5"" lg. ad caudicem marcescentia, petiolis diu persistentibus, petiolo albo-tomen- toso viridi-punctato, o^jÇO \g., folwli inferiore i", 50X0,016 lg., media, o"", 80X0. '"05 lg., superiore o'",35Xo"\ooi ^g-> spadices 2 — 5 simul se evolventes, erectus. masc. : spatha lanceolata. mucronata, dorso sulcata, o^^.óo— o"',9oXo'">io — o", 13 lg.; pedúnculo compresso, o"\20 — o'",45Xo'")C)i5 — o"',oi8 lg., laevi, i-achis o", 15 — o", 30 lg., postice plana, antice convexa, ranii secundi, o"',io — o", 11 lg., ad imam basin floribus denudati, ad apicem densissime scrobiculati, scrobiculis secundis, minimi bi bracteolatis purpureo-nigris. Flores o'",oi lg. Spadix fem. erectus, craL'àúove., pedúnculo o", 25 lat., compresso, rachis o"", 40 lg. postice plana, antice convexo, raini minimi. Flores fem. singuli, ad basim tri- bracteati o"", 03 — o"',04 lg. Drtipa ad basin induviata, 5-7 sperma, epicarpio fibroso, viridi-flavo, ferrugineo, endocarpio ósseo, cinnamomeo, o'",09Xo'".o66 lg. Hab. ad Capão Bonito prope Serra Quebra Cabeça in Prov Matto Grosso. Indavá-açu, incolaruin. Flor el fruct Junio. Herb. n. 217. ExPLic. Tab. XXIV.- — i. Corte tranversal do peciolo. 2. Uma parte da extremidade do rachis, vista superiormente. 3. Uma porção de um foliolo. 76 4. Extremidade do mesmo, tudo de tam. nat. 5. Corte transversal do pedún- culo do spadice, de tam. nat. 6. Parte inferior do racliis do spadice, de tam. nat. 7. Spatlia interior, reduzida .1 um decimo. S. Uma flor fêmea, de tam. nat. 9. A mesma, duas vezes augmentada. 10, 11. Duas pétalas, duas vezes augmentadas. 12. Um fructo inteiro. 13. O mesmo cortado verticalmente. 14. O mesmo cortado transversalmente. 15. .Vndroceo, que acom])anha o fructo, tudo de tam. nat. Achamse descriptas, até hoje, apenas oito espécies cl'este género, sendo três, a humilis, a phalerata e a dúbia, de Mar- tius, da Bolívia e todas as outras do Brazil. Estas foram clas- sificadas, três por Martins, três por Drude e duas por Barbosa Rodrigues. A este numero accrescento agora, mais quatro es- pécies, sendo três novas que descobri em Matto Grosso, e uma Attalea, de Martins, que passei para este género, o que eleva o numero a doze. Tratarei aqui da primeira, do Indayá-açú como vulgar- mente é conhecida em Matto Grosso. O sábio Dr. Martins, conhecia pelos nomes vulgares al- gumas palmeiras de Matto Grosso, conhecimento adquirido pelas informações, que, por cartas, o Dr. Silva Manso lhe dava. Este Indayá lhe era assim conhecido, e o tinha pela Attalea coinpta, como nol-o diz em uma nota (i). O nome vulgar levou -o a este engano. Com os nomes vulgares de Ndayá, Lidayá, Inayâ, Nayá, Inajá, Anajá e Findobas, são conhecidas, em todo o Brazil diversas palmeiras dos géneros Maximiliana, Attalea, Pindaréa e Orbignia (2), pelo facto de terem os cocos muito duros e as fol/uis luzefites. Os nossos indígenas applicavam, ora um, ora outro nome ás espécies d'estes géneros, acompanhados de adjectivos que serviam para distinguir n'nma localidade, uma das outras espécies. Abaixo dou a etymologia das duas palavras. (1) Ilisl. Nat. Palm. I, pag, Cl.XXIX, Adml. IV. (2) Vide as obser\'açOes (|iie fiz nas minhas I'litnlns niKu)s, fase. V, pag. iS c se- guintes, tratando do meu género PinJariíi. 77 Sabendo que era conhecida em Matto Grosso uma pal- meira também por este nome, procurei encontral-a e depois de muitas difficuldades e trabalho, fui encontrar, em Junho, no Capão Bonito, perto da Serra do Quebra-cabeça, nos campos que ficam fronteiros á Itaicy, nas margens do rio Cuyabá, esta espécie, vivendo quasi socialmente, e então com flores e fructos. E' uma bella palmeira bastante elevada, que muito se assemelha á O. iMarliana, mas que facilmente se distingue pelas folhas, cujos ápices não são flexuosos e os foliolos não são voltados a tomarem a direcção perpendicular, que é um dos característicos do Uauaçu. As llores fêmeas são dispostas em espiral da esquerda para a direita, sobrepostas, ãpparen- tando três a seis fileiras. Os fructos são grandes e na appa- rencia se confundem com os pequenos que n'aquella espécie não se desenvolvem ou são de exemplares fracos. Dão em grandes cachos pendentes, e exteriormente são cobertos de tomento tabacino na base e esbranquiçado no ápice. Na minha excursão ultima, tive occasião de verificar que Os Inda)ás de Santa Catharina, S. Paulo e Rio de Janeiro são todas do meu género Pindaréa e se identificam com a minha Piíidaréa fasttiosa ( i ) . Devo dar também aqui a etymologia do nome Indayá. Esta palavra não é mais do que a corruptella da palavra indí- gena Andaya, isto é : fructo dziro. Em geral os nossos Índios dão o nome de Aiidá, modificação de anta yá, fructo duro, aos fructos de todas as palmeiras, mas, para designar as que têm fructos verdadeiramente duros, porque são lapideos, como os dos eeneros Attalea, Maximiliana. Orbiíínya e Pindaréa dão nos fructos desses géneros o nome de Anda yá, d'onde Indàyà, e suas modificações. A palavra Phidova vem de Pindó ob. e Pindó significa lustroso, brilhante, luzente, e ob, folha. Com effeito todas as palmeiras conhecidas por este nome tem as folhas luzentes. (l) Plantas novas cult. no Jan/im Boi. do Rio de Jnn. V. pigs. 23. Est. V. fig. A. 78 3. O. CAMPESTRIS Barb. Rod. Acaulis. Folia erecta breve petiolata, foliolis concinnis, ad basim 2 ag^regatis dein sin- gulariter suboppositis, lineari-lanceolatis, longissime aciimi- natis, subtus albido-glaiicis. Spadices masc. gracilis spatha fusifonni in rostrum excurrente dorso sulcata; androgini ramos brevissimis bracteatos exserentes, floribus fem. singulis secundis dispositis ; flores tnasc. secniuli biseriali, calyce conspicuo, corolla bipetala, pétala ina^qualia oblongo tridentata et lato-oblongo vel subrotunda ápice longe tri- dentata, staminibus 16-18 dense insertis, filamentis inaequa- libus ; flores fem. ovoidei sepalis cucullatis obtusis ad apicem carinatis quam pétala mucronata marginibus crenu- latis longioribus, androecei abortivi cúpula crenulata gérmen albo-tomentoso demidio cingente, stigmatibus 6. Tab. XXV. Folia 5 contemporânea, 2", 70 lg., foUolis inferiores o"',55 X o",©! lg., médio ©"'.sóXo^jOOj Ig-. superiores o"V 7 X o^jOOS Ig- • Spadix masc. erectus, spatha interior lignosa, sulcata, extus pallida, intus rubiginosa, o'",45 X o"',o6-o'",07 lg. Raini secundi o'",oo6 — o'",oo7 lg., rachin o", 12 — o"', 14 lg., Flores masc. calyce minutissimi, corolla o'",oi lg., statninibus a 16-18 formato corollam dimidio a;quante, antheris convolutis. Spadix fem. floribus masc. fere destitutus, pedúnculo com- presso, o'",2 lg.. bractea magna munito ; rachis o"', 15 lag., postice plano, antice zovw^^.o, flores fem. o"',03 — o"',035 lg., sessili, secundi, sepalis ovato-lanceolatis, petalis secus mar- gines eroso-crenulatis et in ápice ipso mucrone valido uncinato acuieatis; androecei cúpula o"',oo7 alt., Diut>a 5 sperma, globosa, vértice acuminato, o"\o6X°'0!55 1?-' epicarpio fibroso, subaurantiaco, tabacino-tomentoso ad apicem albo-tomentoso, mezocarpio flavedo, farináceo, eitdo- carpio lapideo albido. Haií. ad Capão Bonito, /?/ Prov. Matto Grosso. Ind.w.v veki).\i>eiko zt/Indavá redondo iiominaiit. Flor. ctfi uct. yunio. Herb. n. 240. 79 ExPLic. Tab. XXV. — 1. Corte transversal do peciolo. 2. Dito do rachis da folha. 3. Uma parte do rachis mostrando a disposição dos foliolos, com um inteiro, tudo de tam. nat. 4. Uma flor macho, de tam. nat. 5. A mesma, duas vezes aiigmentada. 7. Um estame e anthera, quatro vezes augmentada. 8. Ramo com três flores fêmeas. 9, 10 e 11. Sepalas. 12, 13 g 14. Pétalas. 15. Androceo e ovário com seis estigmas, tudo de tam. nat. 16. Fructo inteiro. 17. O mesmo cortado verticalmente. 18. O mesmo cor- tado transversalmente. 1 9. .'\ndroceo que acompanha o fructo, tudo de tam. nat. Nos campos do Capão Bonito, que se estendem até á serra do Melgaço, encontrei esta outra espécie crescendo social- mente, fechando grandes espaços de terreno. E' acaule e tem entre os naturaes o nome de Indayá verdadeiro ou hidayá redondo . Os seus cachos são erectos e com poucos fructos, perfei- tamente redondos e agudos, cobertos exteriormente por tomento ferruginoso, que no ápice se torna esbranquiçado. Quando, em Junho, encontrei com fructos, davam também numerosos espa- dices de flores, sendo em maior numero o de flores masculinas. 4. O. LONGIBRACTEATA. Barb. Rod. Acaulis foliis erectis in facie inferiore albidc-glaucis lineari-lanceolatis oblique acutis supra nitentibus per gregas 2-3 proximé aggregatis versus apicem solitariis divergentibus dense insertis. Spa- dices masc, erectis spatha lineari-lanceolata dorso sulcata ad apicem bicarinata in rostrum anceps excurrente, pe- dúnculo hypogoeo, flores masc. secundi biseriali ; pétala 2-3 bidentata, staminibus 16-24, in fundo corolla insertis ; androgyni ramos minutissimos secundis biseriatos longiter bracteatos laxe exserentes, floribus fem. in racheos sim- plicis solitariis sessillibus secundis, oblongis, sepalis lanceo- latis acuminatis dorso carinatis petalis subaequantibus, petalis lato-ovoideis mucronatis margines eroso-denticulatis androecei abortivi cúpula gérmen albo-tomentoso dimidio cingente. Drupa oblonga acuta in basin induviata 3-6 sperma, epicarpio fibroso ferrugineo-tomentoso ad apicem albido, mezocarpio albo amylaceo, endocarpio lapideo brunneo. Tah. XXVI. 80 Folia 5 contemporânea, peliolo hypogoeo, i-achís, i'^,6o lg.; foliolis inferiores o"',65Xo"')004 lg., médio divergentibus, o"',4oXo"',03 Ig-) superiores divergentibus o"'.o8Xo"',oo3 lg. Spadix inasc. o, "'25 — o,'"30 lg. erectus, rami secundi o"", I lg.; androgynio"',\o \'g.\ pedunctdo compresso o'",23Xo'"02, lg., bractea longa ornato ; rachis o™, 23 lg., postice plano, antice convexo, anceps, raiiii Ijrcvissimi, biseriali, secundi, longi bracteali, bractea longissime acuminata, deílexa, o,"'03 — o, ""04 lg. Flores fem. sessilibus, o"',025 alt. /^;7í/íz oblonga o'",o6Xo,"'045. Hab. in Capão Bonito, fere Serra do Melgaço. Ind.wá mirim ab incolis nominalur . Flor. et Fruct.mense yunio. Herb. n. 239. ExPLic. T.\i!. XX\'I.— I. Parte do rachis de uma folha, mostrando a dispo- sição dos foliolos, com um d'estes inteiros, de tamanho natural. 2. Spatha interior reduzida a um quinto. 3. Uma parte do rachis do spadice, mostrando as longas bracteas, de tamanho natural. 4. Uma flor macho, de tamanho natural. 5. A mesma, duas vezes augmentada. 6, 7 e 8. Três pétalas da mesma flor, duas vezes augmentadas. 9. Calyce, duas vezes augmentado. 10. Um estame e anthera, quatro vezes augmentado. 11. Ura germinodio, três vezes augmentado. 12. Uma flor fêmea, inteira. 13. Uma sepala. 14. Corolla. 15. Uma pétala. 16. Ovário e androceo, tudo de tamanho na- tural. 17. Um friicto inteiro. 18. O mesmo, cortado verticalmente. 19. O mesmo, cortado transversalmente, tudo do tamanho natural. Esta espécie também é acaule e cresce nas proximidades da antecedente, e ás vezes mesmo com ella, porém, se diffe- rencía immediatamente pelas suas folhas que sâo mais erectas com os foliolos divergentes, principalmente para o ápice das folhas, o que dá outro aspecto. Tem vulgarmente o nome de Indayâ-tnirim, ou pequeno, porque o porte, os cachos e os fructos sâo menores. líncontrei-a em junho, com llores e fructos. Comparando-a com a O. luDiiilis, de Mart. affasta-se in- teiramente, a não ser em ter as foliias um pouco semelhantes mas, apezar d'isso uma tem os foliolos crespos e outra lisos e divergentes. j^nDiDEnsriD^ DIPLOTHEMIUM PECTINATUM Barb. Rod.— ^D.caudescens Mart. Palm. Brás. pag. ui. tab. 51, fig. 7^ 70 et ']'] \ Kunth EiiHiu. plant. III. pay. 121 ; Drude Flor. Brás. III. pag. 430 ? Caudex excelsas cylindricus la;ve et proximus annulatus, foliis validis concinnis pectinatis, foliolis a;qui- distantibus regulariter insertis patentibus e basi condupli- cata ad apicem oblique acuminatis supra nitentibus subtus tomento denso albo argênteo. Spadix in pedúnculo quam rachis majore spatha sup. tenuis lignosa laiviter sulcata lonofe acuminata inclusus. racheos duo tertio inferiore androgyno caudam masc. terminalem demidio superante floribus masc. inter femineos alte erectis staminúm plure- morum inter pétala late lanceolata evolventibus ; drupa obovoidea subcompressa glabra versus verticem concava in centro apiculatum albo tomentosa, endocarpio brunneo obovoideo apiciilato intus trivittato, albumine ruminato. Tab. XXVII. Caudex cinereus, próxima annulatus, cylindricus 2'°-i5 X o""?'o- o^.iS Ig- Folia 10 contemporânea, 4"-5"' lg. petiolo et vagina i'",.35 lg., albo fusco tomentoso, foliolis 100 utrinque, aequaliter dispositis, inferioribus o"', 55XO)"'oi. medius o'",óo Xo"'.055 Ig- superioribus o"',30 X o"')»! 'g- Spadix 1-5 contemporaneus, inter interiores foliis ena jcens, patens, i"',io - i"',20 lg. pedunculus subcompressus, brunneo lepi- dotus, o^^so -o"\6o X 0.02 lg., rachis 0^,60 - o"', 65 lg., parte inferiora androgyna 0^,020 -"',25 lg. Spatha ext. lineari-lanceolata, acuta, ad apicem bipartita, o^oso - o^jóo X X o^oS lg., albo-ferrugineo tomentosa, interiora incurva, lineari-lanceolata, acuminata, ad basin attenuata vaginante, 82 temii lignosa, l;uviter et arj^aite sulcata, i^.go - 2"" X o"'-io - o"',i2 lg., albo-ferriigineo tomentosa. 77(7;-^'^ masc. o'",02 lg., sepalis lineari-lanceolatis, basi gibbosis, dorso acute cari- natis acuminatissimis, corollam fere longitiidine cequantibus, inferne connatis. Pcialis obovatis, vel sspe oblique aciimi- natis, subconcavis, ima basi connatis; Stamina g6-ioo dense intertexta. minore corolla:- : Jilaj^ienlis filiformibus, antheraí infra médium infixis ; antliercc lineares, basi subagittatEe, ápice minutissime mucronatie. Rjidimenium pistillí nullum. Flores fem. o'",oi lg., ante anthesin acuti sepalis petalisqiie subaequilongis, lato-ovato-subrotundis acutis ; androecei riidimentarii cupulari, sexdentati, ovário demidio minori. Ovário ovato, albo tomentoso, stigviatihis elongatis, acutis. Drupa induviata, o'",05 X o"''035 'g-. epicarpio viridi-flavo, laevi, tenui-fibroso, viezocarpio albo, ejtdocarpio ósseo, castaneo, ad apicem acuto. o"',04 X o'",029, lg., albutnine cavo, profunde ruminato. Hab. in zilvis prov. Espirito Santo, Minas Geraes et Rio de Janeiro. Culta iii Jardim Botânico, Rio de Janeiro, N. 38. Flor. et fruct. Novembr. Palha branca, \uv,\:vs.\ appellatum. ExPLic. Tab. .\. Fig. I. Corte de peciolo. i , i r e 1 d. Cortes do rachis, de tam. nat. 2. Uma porção do rachis, na parte media, mostrando a disposição de todos os foliolos. 2 a. Parte terminal de um foliolo. 3. Espa- lhas reduzidas a um decimo. 4. Uma flor masculina. 5. Cahxe. 6. Corolla. 7 e 8. Pétalas vistas pelo exterior e interiormente de tam. nat. 9. Um estame de tam. nat. 10 e 11. O mesmo visto pelo dorso e pela frente, duas vezes augmentado. 12. Bractea que acompanha as flores, tam. nat. 13. Uma flor fêmea. 14 e 15. Sepalas vistas de lado. :6, 17 e 18. Pétalas. 19. Ovário, tudo de tam. nat. 20. Ovário, duas vezes augmentado. 21. .\ndroceo estéril, tam. nat. 22. Frncto inteiro, tam. nat. 23. O mesmo cortado verticalmente. 24. O mesmo cortado transversalmente. 25. Endocarpo mostrando as três fa.\as, tudo de tam. nat. B. Fig. 1. Uma porção do rachis e foliolos. 2. Espalha interior, redu- zida a um decimo do tam. nat. Estas figuras são extrahidas da obra de Martins para servir para compa- ração. 83 Com o nome de Mbory ou Inibnry, desde Pernambuco até á Bahia, é conhecida uma pahneira, que o Dr. Martius descreveu sob o nome de Diplolheniium caudcscens. Esta pal- meira Gabriel Soares (i) a noticiou em 1587 da seguinte maneira : « Ha outras palmeiras que chamam Bory, que tem muitos nós, que também dão cocos em cachos, mas são niiiidos ». O Príncipe Maximiliano de Wied Neuwied (2), que tam- bém d'ella se occupou. disse : « produit une grappe de petites noix dures qui ne sont mangeés que par les sauvages ». Por estas informações e pelas descripções do mesmo Dr. Martius (3), assim como pela do Dr. Oscar Drude (4), não me parece ser aquella de que me occupo. Se tem caracteres que as identificam, apresenta, comtudo, outros que as affastam. A espécie que aqui apresento é do Espirito Santo, Minas Geraes e Rio de Janeiro, onde as encontrei em Itabapoana, Muriahé, Campos e S. Gonçalo com o nome de Palha branca e também com o de hidniry. Centenas de exemplares que vi apresentavam todos os mesmos caracteres que dou aqui, nâo só os que cresciam nos terrenos baixos e descampados, como nos das serras e das florestas. Um exemplar, que pôde ser visto, cultivado n'este jardim o confirma. Se pelas descripções noto diferenças, também as encontro quando estudo os desenhos de Martius (5). As folhas e a spatha sem a menor duvida ou contestação não pertencem a esta espécie. A ser esta espécie a mesma, não trepidamos affirmar que a spatha representada pelo sablo palmographo, por fatal engano, foi dada como do Imbury (D. caudescp:ns) quando me parece pertencer a alguma Scheelea ou Attalea. As descripções da spatha são deficientes, e só apresentam um caracter que não tem a de que trato, a da espessura. (1) Tratado descriptivo do Brasil: Rev. do Inst. Hist. Brás. Vol. XIV. pag. 191. (2) Voyage au Brás. II. pag. (3) Gen. et Spec. Palm. pag. iii. Tali. 70 et 77. Fig. i. 2. (4) Flor. Brás. III. p. II. pag. 430. ('5) Loc. cit. 84 Só a forma das flores se identifica com as da minha espécie em alguns caracteres. Entretanto a forma e inserção dos fo- liolos as separam extraordinariamente. Por ninito tempo vacilei em considerar espécie distincta, mas ante as differenças que aqui apresento, nâo podendo ter como mal feitas as descripções dos mestres sobre exemplares de difíerentes localidades, animo-me a apresentar esta espécie, cujos caracteres differenciaes são sufificientes para distinguil-as. O ter o mesmo nome vulgar nada implica, porque o mesmo nome é ás vezes dado a espécies de famílias differentes. Uma única cousa que confirma o que penso, mas me confunde, é a nota dada pelo professor Drude, baseado em informações do Sr. Glaziou : a de que existem exemplares cjiUivados nos jardins do Rio de yaneiro, onde são jmiiío estimados. O mesmo senhor enviou amostras de Villa Nova e de Macacu, do verdadeiro D. caudescens, a que se referem as descripções e a nota. Sinto ignorar os jardins em que estão cultivados, para examinal-os. Nos que são públicos, como o Passeio publico, o Campo de Sant'Anna, o largo do Rocio, a Quinta da Boa Vista, do Jardim Botânico, não existem, os que ha se identificam com o que aqui descrevo e não com o descripto por Martius e Drude. Talvez haja alguns em chácaras particulares mas esses ignoro onde possa encontral-os. Toda a duvida desappareceria se po- desse confrontar os meus espécimens com os dos quaes o Sr. Glaziou tirou amostras, que se identificam com os colhidos por Martius em Santo Amaro e Cachoeira, na Bahia, isto é, os que tem as folhas e a spatha iguaes ás descriptas e repro- duzidas d'après natiire por Martius. Muito infeliz seria o D. eajidescens para ser victima de um engano de Martius, nas folhas e na spatha exterior, engano que se nâo desmanchou, mas antes foi confirmado pelos e.\- pecimens de Glaziou. Pelos exemplares Glaziovianos, vê-se que, com eflcito, o Deplolhemium caudescens, tem as folhas crespas e os foliolos em grupos e linear-acuminados. 85 A não se admlttir que a planta que aqui descrevo seja differente da de Martins, forçosamente tem de soffrer as cor- recções que aqui apresento, e addicionar-se-lhe a descripçâo do fructo. A nota do fructo, que em duvida o Dr. Drude dá, também não se identifica com os d'esta espécie. Vejam-se os meus desenhos feitos exacta e escrupulosamente d'aprcs nature, pelos fructos maduros, e ver-se-ha que tenho razão. Ainda mais, para melhor comparação represento aqui, muito dimi- nuido, mas na mesma proporção dos dos meus desenhos os de Martins, d'après Jiature. não só da spatha como dos foliolos. Estes meus são representados na mesma altura do rachis que Martins representa os seus, por onde se vê que a forma do rachis é também differente. O fructo dado por Drude. como do D. caiidcsceiís, que Martins não viu, tanto que diz drupa ignota, creio que não pertence ao Inibiiry, porém, apezar d'isso, pela espécie que apresento, foi elle collocado bem junto ao D. Torallyi. A espécie de Martius, não obstante parece-me que tem os fructos pequenos porque assim o dizem Gabriel Soares e o Príncipe Neuwied, a não ser que estes considerassem pe- quenos, fructos de 0,05 de comprimento. Devo observar que o endocarpo da espécie de que trato é muito semelhante aos dos Syagnts, tendo como estes as três faxas escuras e luzentes, porém com o albumen ruminado, como o Arikuiyroba Capanemac, facto este não mencionado por Drude, nem por Martius no D. Torallyi. Em duvida, comtudo, apresento a discripção dos Imbiirys que estudei, que se, por acaso, for o mesmo D. cajidescens, não dou como tra- balho inútil o que tive, visto como servirá para corrigir as faltas que se notam nas descripções de Martius e de Drude, ou constituirá uma variedade. Aqui apresento as differenças mais notáveis que encontro, para facilitar a comparação. 86 Martins Diplothcmium caudescens Kunth Drudc D. pectinatum Itarljosa Rodrigues Caudex in'crdum in Candfx acqiiulitcr cy- mcdio paulum íncrassaius. lindrícus.- Pinnac ín grcgis sub- oposilis scxqiiipolliccm vel duos pullices distantes aproximatis. Dircctiont variae indi- que sub críspae. Spadix bipcdalis et lon- gior. Spatha int. duos ptdcs vcl duoscum dimidio longa, aperta cymlifornus lignosa, crassa extus longitudina- litcr profunde sulcata. Statuina 50. Antkeras apiccm in mu- cronem ac utissimu m a1>cuntes. Stigvtatibus brevis. Androccco O. Pinnis linearibus longe acuminatis ín grcgis sub- opposiiis approximatis. Krondibus sub crispac. Segmcntis per grcgcs conciímos vix crispatos. 70-90 acervos vario numero ( 3-20) formaniibus omni- bus in apiccm obtusuni anguslatis. Spatlta crasse lignosa sulcata longe acum inala. StisJttatibus scssillibus. Folialis altcmis, con- c i n n i s, xiiiiidistanlibiis^ pcctinalo, patentes, a:qua- litcr di.sposítis, onmibus in apicem oblique acumi- natis argutc crenulatis. Spadix 1 ,H'6o-2'n lg. Spatha int. i.mço-an^X 0,10-0,12, lg., aperta 1i- nearí — lanccolata.lignosa, tenuis, extus lacviíer et argiite sulcata, longe a- cuminala. Síatuifia 96-9Í). Anífwras apiccm laevi- ler mucronatas. Sti^intibus elongatis, acutis. Androeceo cupulari scx- dentato. O aspecto desta espécie, pela disposição dos foliolos, é o do Asti^ocaryiwt inuruni.uru Mart., ou o de uma Aitalea compta. Pelo tamanho, largura e disposição dos foliolos as folhas, são como as das Attaleas, aproveitadas para cobertura de casas, sendo longa a sua duração. Os espiques, posto que de fibras esbranquiçadas, são muito duros e por isso aproveitados para esteios e ripas. Fornece também um palmito amargo, que é muito apreciado, emquanto que os seus fructos não o sáo. Nota. — Devo fazer aqui uma observação. Por um infortúnio perdcu-se a bordo do vapor, que me conduziu, um volume que continha uma parte do material que devia servir para as descripçOes das quatro espécies ultimas, pelo que nio vào muito minuciosas. Felizmente tinha os desenhos, fieis, feitos e as notas tomadas no campo, que mo serviram com os ma- teriacs que se salvaram, para as mesmas descripções que aqui deixo feitas. LIST^^ por ordem alphabstica das espécies e variedades de palmeiras do Brazil DESCRIPTAS E DESENHADAS PELO -A.XJTOR. 1873-1897 Como complemento a este trabalho apresento aqui uma lista das palmeiras qiie tenho descoberto e que estão repre- sentadas, por perto de duzentos desenhos coloridos de tamanho natural, feitos ifaprès nature, e com todos os detalhes analypticos. Estas espécies foram reconhecidas pelas autoridades citadas, e, se algumas, poucas, figuram na monographia do Dr. Drude, publicada na Flora Brasiliensís, como synonymas de outras, sem razão assim foram classificadas, como já pro- testei por mais de uma vez, tanto que outras autoridades as aceitaram e as reivindiquei. As espécies que verdadeiramente perdi vão em itálico. 1 Acrocomia mbokayáyba. 22 Attalea mouosperma. 2 1» niicrocarpa. 23 ►) oleifera. 3 n odorata 24 Eactris acanthiicarpoídes. 4 Astrocaryum acanthopodium. 25 >• areiiaria. 5 11 acuieatum (Rodriguesii Trail.) 2Ó » arma ta. 6 " arenariíim. 27 II Chapadensis. 7 i> caudesceiís. 28 » Constanciae. 8 » echiuatum. 29 II Cuyabaensis. 9 1) farinosiim. 30 11 elei^ans. IO 1) hoi-ridiim. 31 1) ericetina. II » leiospatlm. 32 '. exaltata. iz » 1» z'ar. sabulosiim. 33 '» exscapa. 13 » Manaoensis. 34 » formosa. 14 11 Princeps. 35 » (lastoniana. 15 '• '1 7Hir. aurantiacum. 36 11 g>a:ilis{'tí. acanthocnemis Mart.) 16 » II iví/'. flavum. 37 .. granariuscarpa. 17 " " var. sulphureum. 38 » inermis. 18 11 11 var. viteilinum. 39 » interriiptepinnata. 19 " sociale. 40 .1 Krichaná. 20 II Yauaperyensis. 41 » linearifolia. 21 Attalea agrestis. 42 Bactris littoralis. 88 43 » MarayAaçu. 44 .. MarayA-y. 45 1. Mattogrossensis. 46 II microspatha. 47 II monticola. 48 II ncmoríisa. 49 n oligocarpa. 50 U pítlitsircs (bidentula Spruce). 51 » paucljiigata. 5= •1 peniciltata. 53 •1 rivularis. 54 » scltipínnata. 5Í II silvatica. 56 .1 Syagroííles. 57 II Tarumanensis. 58 n Trailtiana. 59 II turbinocarpa. 60 II timhraticola. 61 II umbrosa. 62 ■> vulgaris. 63 » xbanlocarpa. 64 Cocos aeqiiatorialis (Sy:igrus\ 65 » Arikuryroba ( Arykuryroba Cripancinacj. Barb. Rod. 66 » Chavesiana (Syagrus). 67 » Geribà. 68 » insignis (Glaziova). 69 « Iciospaiha. 70 » linearifolia (Syagrus). 71 1) macrocarpa (Syagrus). 72 » odorata. 73 « picrophylla (Syagrus). 74 M pulposa. 75 i» speciosa (Syagrus), 76 Desmoncus ataxacanthus. 77 78 79 80 81 82 83 caespitosus. Cuyabáensis. macrocarpa. ncmorosus. oligocanthus. Phillipiana. pliocnicocarpus. 84 Diplothemium pcctinatum. 85 Eutcrpc controversa. 86 M longibracteata. 87 Geonoma altíssima. 88 » aricanga. 89 Gconoma barbigera. 90 n Ifcccaríana. 91 n bijiigata. 92 » bracliy foliata. 93 11 brevispalha. 94 » calophyta. 95 • Capanemae. 96 D Chapadcnsis. 97 » cryihrospadicc. 98 n falcata. 99 » fiircifolia. 100 » palustrís. 101 » pilosa. J02 » Rodeiensis. 103 » rupestris. 104 H speciosa. 105 » tomentosa, 106 Ji trigonostyla. 107 11 trijugata. 108 » uliginosa. 109 Giiilliclina Mattogrossensis. iio » speciosa var. coccinea. IH » » var. flava. 112 » »> var. ocbracea 113 Iriartca pliilonolia. 114 » Spruccana. 115 Lepidocaryum enneaphyllum. 116 » sexpartitum. 117 Maximilliatia attaleioides. 118 » longirostrata . 119 Mauritia limnophylla. 120 CEnocarpus discolor. 121 Orbignia campestris. 122 II longibracteata 123 II macrocarpa. 124 » Martiana. 125 11 pixuna. 126 II sabulosa. 127 » speciosa. 128 Pindarea concinna. 192 » fastuosa. 130 Scheelea Anizítziana. 131 » amylacca. \->fl » Leandroana. 133 » osmantha. 134 ») Princeps fíir Cuyabáensis. u o O, m u u O) ti •o N rt u PQ o -o m a u V w 1) 'D V o. M U W •a +-« w lElOi o mnboBf N ossiuieqo - - - S30T - ! " 3td30d rO fO liappsM - - «QuapiiiM - « - •* jayCs^ - - qozsioiJi HH " uoABd 3 zina - - N J3UJJEO : - ^ N uBDoag - - J33100H « - - o-J OSUUJT NN - U3JSJBX - - N - t~>. osuutT - : - « noizBio - M PO munx m i - vO ipioquinH - - PO aoBUBM. - - N i- puBipusM - vO P4 >-M : -. « ; PO IO aonjdg - - «N i-< -* - - - in - 00 ««•■i M -«J- ri - : - vo « - 0^ apiuQ - roío IO « 't w « PO •-> o - r^ n o snujBM •- w IS O "H W M « 11 W l-H ro N COCO N r^O O ri PI I-. « N m 00 ■poa 'l-isa "^ ^O >-< CO N N iTí t-* N s Cl N PO (A O 1-. U C (U tU) CA O •o w u E o 2 J i- c c c t 1- £ )< < r ' t r C C t J b a < í a. c C c c a c c u c p: 1 c u 1. 1 'J c i : c ■ ?■ < I- < . 1 Bjqo B}S3,U SBAOU sapadsji M fOlH -^ N " « '^ i " ■ N Mbocayayba, Barb. Rod 47 11 odorata, Barb. Rod 4^ Astrocaryum arenarium, Barb. Rod 53 11 echinatum, Barb. Rod 5' » Huaimi, Mart 59 11 humile, Wall 6i n leiospatha, Barb. Rod 5" » » var sabulosum, Barb. Rod 59 » phalerata, Mart 7" » tucuma, Mart "° 1) ttuumoides ^ Dr ^ n Weddellii, Dr 53 Attalea princeps, Barb. Rod "5 » speciosa, Mart "° Bactris Chapadensis, Barb. Rod 4' » Cuyabaensis, Barb. Rod 4^ » exaltata, Barb. Rod 4° » infesta, Mart 3° 11 glaucescens, Dr 45 » Glnziovana^ Dr 45 » interrupte-pinnata, Barb. Rod "' II Mattogrossensis, Barb. Rod 3^ 11 vulgaris, Barb. Rod 45 Cocos Aiíslralis, Mart '3 D acrocomioides, Dr '4 » campestris, Mart '9 II coraosa, Mart ^^ II Dalil, Dr '3 11 Geribá, Barb. Rod '3 II Martiana, Dr '4 II petraea, Mart 20 11 plumosa^ Hook ^3 11 Romanzoffiana, Mart '3 II rupesíris, Barb. Rod 20 Copemicia cerifera, Mart I Desmoncus Cuyabaensis, Barb. Rod 3*-* 11 rudentum, Mart 3° — II — Pags. Diplolhemium campestre, Man 29 11 caudescens, Mart 81 II leucocnlyx, Dr 28 II pcctiiiaUini, Uarl). Rod 81 Geonoma allissima, Barb. Rod 6 11 Chapadcnsis, Bari). Rod 4 Guillielma Mattogrossensis, Barb. Rod 33 Mauritia vinifera, Mart 3 CEnocarpus discolor, Barb. Rod 8 Orbignia campestris, Barb. Rod 78 )) longibracteata, Barb. Rod 79 » Lytiiac, Dr 68 D niacrocarpa, Barb. Rod 74 11 Martiana, Barb. Rod 68 Scheelea Anizitziana, Barb. Rod 63 B Princeps, Karst 64 II 11 var. Cuyabaensis, Barb. Rod 66 Syagrus comosa, Mart 22 » comosa, Wendl 22 Tdh. / li?:- / / -i^i '<% ""»> V, c/ / ■■5Í í^ír- '^ \ I .i%4 /,/ -^&. ' "'^.;.— .-'-'"-'í-*A-„. ^ctri^ /Paá. /»c íkÍ. ncíi.. GEONOMA CHAPADEN8IS Barb.Rod. 'ib Tch. //. S f ■^ ^\/ ^g-V ^' - .^^S, // f _--í?f^^í? << ^.. ^'^= í\ 2 c. m;/ ^1 \ f 1 \ -li BíLrh. Rod. f&o. a£. wcd. \ GEONOMA altíssima Barb Rod Td. III. OENOCARPUS DISCOLOR Barb.Rod Ti#i^^;.%-^ ^^ '" :í'^^t^->^^- BarL:Rod. des. dkj. r a!. COCOS CAMPESTRIS MART. TcL 1//. Ba^rò- /iocL.fec. ai. ri/xí. COCOS CAMPESTRIS MarK Tak V//. T^^ '-«jí^ '-^y ~«^>' ^ Bcfi. Roi. fe,c. ed. ncd '/' COCOS COMOSA Mari. TCLÒ. VI//. líl Ba-ríj.Rod. Feo. ai. ncbt. fo y, '/,'/; V, i — I /3 f3 > Tal IX. n ^K \./ / A ^ / / ^\ 7 8 X B 3 'A 10 11 12 13 ^' " — -» ^^ % A 5 6 ? 8 9 10 ,'-: <"■ r^. jfe. 43Í' 11 12 / A 13 ] ii^í'-'i J< ^ V; M ^ í% '4 ij 2 i^- Ví: rAJ^" M X K^ -Sisa ■■•■'■";V 18 18 20. ^^i 21 22 ■1% i 23 mi. yc T % 21.;; 7i Barl.Rod. des.dap. nal A. DIPLOTHEMIUM LEUCOCALIX DRUDE B. D. CAMPESTRE MART. BarB.Rod. Tah. X. BíJ^rb. /[cd.Fec. a,b nal. ^. DESMONCUS RUDENTUM Alar/. /. DESM0NCU5 CUYABACNSI5. Barb.Rod. Tal XI. DESMONCUS CUYABAENSIS Barb.Rod. UXII. «K-^*"^' í-"-*^, ^a.rh. Rod. fec. ttlnal GUiLLIELMA MATTO GROSSENSIS Barb.Rod TaL.XII Barb.Rocl.des.cl'ap, naí Â. BACTRIS CHAPADENSIS BarbRod.^.BACTRIS MATTO GROSSENSIS UM. Tab. XIV BACTRIS CUYABAEN5IS Barb.Rod. "fii^'- Taj^jy. il il ç e l II H ..^^^ -^^^' ^ 5', ?; BACTRIS 6LAUCESCENS Or. :\ % 'A Tat.XVl y{ % 4/ J -.2^. % A vr B pa J 15_ /3i 17/ \ -~^^â^ Bari). RoJ-. áes. Aap. nal. B. ACROCOMIA ODORATà Bart.Rod. Tal. XVII. É^í^"^^ Barl).M. des.daj.ml ASTRO CAKYUM ECHINATUM Bart.Roi Talo. XVII -v. 1 .t#* ' 'V*' k y' \S. A \ <\ %^\Ps 3J 3b 3 'X, 3a ■ \ I -fí* .^' Barb. Roí des.dap.na! "4 " / V n n i I íi i 1^1 '\ 11 4 r J ^l* ^ ■"•■"-•5 I X ASTROCARYUM ARENARUIM Barb.Rod. Tal), XIX BarL, Hod. lies clap nal ASTROCARIUM LEIOSPATHABarh.Hod. Tab. XX. 7 4 8  Barb.Rod. des.olap. nai' 6 I 9 \ 10 X 11 V 12 J^ 13 7 SCHEELEA ÂNIZITZIANA Barb.Rod. Tab.XXr. wi ■ \ 'Bart.Rod. des.dap.nal. SCHEELEAPnnceps var Corumbáensis BartRod. 4 Tat. XXII. ^-%:.. ^ í*^ t ^■ % 1 -.-^' ,^'^\.n ^K-.- --i^ É^- ,^ ^ :^ ;-#s^~ I í-.^^í| i -.USàíjiãiiáiiSÈJ^^: ..íH^ ^í" OKEIGNIA MARTIANA Bart.Tlod. Bart.T^oi. ies dap.nat. Tât. XXÍII. BarL.Rod. des. dap.nal. A.ORBT&NIAMARTIAMBariRod. B. ORBIGEIA MACROCARPA B.M Tat.XXlV 12 13 \ .^' ■ÍL^Ti^^jjíi?^*' /l 15 y; •^ / ./ Barl-Rod. des. dkp.iiat ORBIGNIA MACROCARPA Bari, Rol Tak XXV. Bart.Rod . des- dap.rial OT^BIGNIA CAMPESTRIS Bart.Rod. ( Indaya ) Tat. XXVI. Bart.Rod. des.àâp.nat. ORBIGNIA LONGIBRACTEATA Bari.Rod. TâL.XXYII, Bari) RoA. des. àkpaai. DIPLOTHEMIUM PECTIMTUM BarlD.Rod. PALMÂE iOVÂE PARAdOAYEISES quAS DESCRIPSIT ET ICONIBUS ILLUSTRAVIT J. BARBOSA RODRIGUES Director Hortus Fluminensis Rio de Janeiro 1899 PÂLIAE i?AE PÂRiGUÁYEISES QUAS DESCRIPSIT ET ICONIBUS ILLUSTRAVIT J. BARBOSA RODRIGUES Director hortus Fluminensis fvIO DE lÍANElRO 1S99 VI extraordinário, porquanto póde-se dizer que as terras para- giiayas estão quasi virgens de pesquizas botânicas. Como sabemos, a Republica do Paraguay desde a sua descoberta por João Caboto, em 1525, até 1813, época em que começou com a Republica o seu captiveiro com a dictadura de Francia, até a terminação da guerra com o Brazil em 1870, que a libertou, nâo tinha sido explorada por naturalistas. No século passado apenas alguns missionários jesuítas, para uso de suas missões estudaram empiricamente algumas plantas medicinaes, e escreveram alguma cousa. O trabalho mais notável é o do Padre Pedro Montenegro, que escripto em 17 10, ainda se conserva manuscripto, existindo do mesmo trabalho dois originaes, um. o mais completo, que estudei e existe no Rio de Janeiro em máos de um particular, e outro que está na blbliotheca da Marqueza de Oduna, em Madrid. De então para cá poucos estudos botânicos foram feitos, por viver, por assim dizer, o Paraguay sequestrado do resto do mundo, sendo prohibida a entrada de estrangeiros, no seu território. O que poderia ter feito muitos estudos, foi o in- feliz companheiro de Hamboldt, o sábio Aimé Bompland, mas este, penetrando no solo do dictador Francia, em 1S20, ahi foi logo preso e perseguido, só podendo occupar se da lavoura, sem poder se arredar do logar marcado para o seu exilio e muito menos se occupar de trabalhos scientificos, pelo que d'elle nada temos. Fm 1821, Augusto de Saint Hilaire, entrou no terreno das missões ; mas voltou logo ao Rio Grande do Sul, sendo já conhecidos os elementos botânicos colhidos n'essa região por esse notável botânico. Riedel, botânico, companheiro de Langsdorf, em 1S25, subiu o Paraguay quando foi para Matto-Grosso, mas não classificou uma só palmeira. Depois, em 1845, o l^""- Weddell, companheiro de Cas- telnau penetrou no Rio Paraguay pelos confins de Matto-Grosso, VII porém as palmeiras por elle descobertas são todas hoje conhe- cidas. De então até o triumpho das armas brazileiras, que fran- quearam os portos e as terras paraguayas, não foram estes visi- tados, senão pelo sábio e infeliz Dr. Everard Monck de Rosen- kiòld, da Universidade de Upsala, que indo para o Paraguay em 1 842, ahi vivendo na intimidade, como medico, de Solano Lopes, occupou-se muito da flora do paiz ; mas, sendo fuzilado, a man- dado do mesmo Lopes, em 18Ó9, e os seus bens confiscados, todos os seus trabalhos desappareceram, não se sabendo até hoje o paradeiro de seus manuscriptos, que, querem alguns, têm sido aproveitados e publicados por outrem. Depois de livres as aguas paraguayas, só em 1886, appa- receu Balansa, o primeiro colleccionador. M. Balansa, demorou-se 22 mezes estudando a flora; mas dá apenas 7 espécies de palmeiras ao Paraguay (') sem des- crevel-as. As suas plantas têm sido todas publicadas. Mais tarde, de 1888 — 1890 D. Thomaz Morong, por conta do Torrey Botânica] Club, explorou os arredores de As- sumpção e em 1890 o Sr. Grahan Kerr, explorou também parte do Rio Pilcomayo. Os Srs. Lindman e Malme, de Upsala, exploraram ultima- mente parte do Rio Paraguay ; porém os seus trabalhos não estão ainda publicados ; Lindman revê agora as Leguminosas que n'essa republica conheceu e as que já estavam determi- nadas. As Acanthaceas de ambos já foram descriptas por G. Lindau (■). De 1885 — 1895 o Dr. Emilio Hassler, commissionado pelo Governo Paraguayo, para colher productos para as exposições de Paris e de Chicago, teve occasião de colleccionar, nas cor- dilheiras centraes, no norte do Grão Chaco e nos arredores de Ipacaray, muitas plantas que foram determinadas, em {') Revista Mensal.— Assumcion, 1896; tom. I, n. IO, pag. 295. (') Acanthaceae Americanae et Asiaticae novae v. minm cognitae. Ilerb. Boissier, V. n 8, Geneve, 1897. VIII Genebra, pelo Dr. Chodat ("). Entre ellas não figura espécie aliTuma da família das Palmeiras. O Sr. Domingos Parodi, no tempo de Lopes, colheu também alguns dados sobre algumas plantas, fez mesmo um herbario, publicando um trabalho (') que nâo é phytographico. Nâo admira, portanto, que como os outros, n'essa região inexplorada ainda, encontrasse plantas desconhecidas á sciencia, principalmente em uma familia despresada por quasi todos os botânicos, pela difficuldade de seu estudo. Se mesmo estiverem alguns espécimens em herbarios europeus, isso nada influe, tanto que as palmeiras de Weddell estiveram desde 1845 ^ ^882 de conserva nos museus e segundo o Sr. Hemsley, de Kew, « most of the novelties col- lected by Tweedie in the region of Buenos-Ayres nearly sixty years ago, still lie undescribed in the Kew herbarium ». Com os elementos, pois, que me forneceu o Professor Anizitz, composto de caules, folhas, espadices, flores e fructos^ se bem que, não tão completos como o era necessário, suffi- cientes, entretanto, para uma determinação, para quem conhece a familia, fiz o presente trabalho, que é mais uma contribuição á botânica da America do Sul. Relacionadas aqui vão todas as palmeiras conhecidas do Paraguay, até hoje, sendo quasi, senão todas, também brazi- leiras, e que se elevam ao numero, apenas de 15. Muito natural é, comtudo, que esse numero seja muito inferior ao do que deve existir, que será conhecido logo que novas explo- rações sejam feitas. Tenho esperança de que talvez muito breve, tenha de augmentar a contribuição que agora apresento. Além d'estas indigenas existem outras inquilinas, como a Orbignia Martiana, Barb. Rod., o Cocos nuci/era, a Mauritia vinifera, Mart., e outras. (M Plantae IIasslkrianaK soit Enum. des plattl. recoll. aii Paraguay. Buli. de 1'Herb. Boissicr 6."* Aniiie. App. n. I. 1898. (') Notas sobre algunas plantas usualcs de! Para^ay, de Coriientes y de Missiones. Buenos Ayres. 1886. IX Devo dizer, como sempre, que talvez haja engano nas minhas determinações, porque estou longe dos grandes centros de estudo ; mas como brazileiro prefiro cahir n'um engano a despresar o que é nosso para ser apreciado fora do paiz. Devemos sempre nos lembrar que se a Flora Fluminensis de Velloso appareceu, deve-se a um rasgo de patriotismo. Chegando ás mãos do Sr. D. Pedro I, em 1824, o primeiro fascículo dos Nova Genera et Species, do Dr. Martins, elle exclamou : « Como é isso ? Então é preciso que os estran- geiros descrevam as nossas plantas ? Nós não o podemos ? » Immediatamente, de accôrdo com Frei António de Arrá- bida, Bispo de Anemuria, que era o seu confessor e bibliothe- carlo, ordenou a impressão dos trabalhos do notável botânico brazileiro, que se immortalisou, legando á pátria um monu- mento, hoje relíquia litterarla. Ao terminar não posso deixar de fazer publica a minha gratidão ao sablo professor D. Juan Anizitz, que, como bom companheiro, muitos auxílios me prestou nas minhas excursões e presta a este Jardim. O Jlixtor. Jardim Botânico, em 28 de Setembro de 1898. PALMAH NOVAH PARAGUAYENSES Ord. PALMAE Mart. Fam. CORYPHINEAE Mart. Gen. Copernicia Mart. COPERNICIA CERIFERA Mart. Palm. Orbign. 41 t. i. f. 3 et XXIV, et Híst. Nat. Palm. III. 242 ; Palm. Brás. 5Ó t. 4ç, 50 et suppl. 50 et suppl. 50 A. s^ f- 5- M. A. Ma- cedo Not. sJir le palm. Caj-nauba, iS6/. Kunt. Enum. Plant. III 24J.; Walp. Aiin. bot. syst. V. p. 8iy; Grise- bacli. Symb ad flor. Argent. p. 283 ; Wendl. in Kerch. Les Palm, p. 241. Drude Flor. Brás. III. p. II p. 547, t. CXXVIIL; Morong Ann. of lhe N. York Acad. of Scienc. VII. p. 245. CoPERNici.\ ALB.\ Moroiig. Ann. of the N. York Acad. of Science. VII. p. 245. Com o numero 8 e o nome Caratidãy o professor Anizitz encontrou na Estancia de Tagatiyá, pro.\imo ao Rio Apa, o Carandáy-moroty, dos karanys ou pahna-blaiica, dos hespa- nhoes que o Dr. Morong-, considerou espécie com o nome de C. alba, para distinguil a da Carandáy-hu, palma negra, como já o fiz ver nas minhas Palmas Matto-Grossenscs Novae. Quanto a esta espécie reporto-me a tudo quanto disse sobre ella na mesma obra a pags. i e 2. Gen. Trithrinax Mart. 1. TRITHRINAX BIFLABELLATA Barb. Rod. Caudex ere- ctiis gracilis vaginis in spinas validíssimas excurrentibus horridus, foliis rigidis biflabellatis longe petiolatis, cristã anticé aciità posticé emarginatâ, lamina usque prope basin profundius incisa laciniis linearibus in acumina duo pun- gentia profonde fissis. Spadix gracilis amplus divaricato- ramosus, spathis pluribus pedunculum involventibus longe reticnlato fimbriato dissolutis et ramos I. suffulcientibus in- tegris cymbifornii-dilatatam acutam, ramis floriferis rigidis arcuato-patentibus. Tab. I. Caudex 2"'-5'" X o,'"05-o'",07 lg., adolescens usque ad imam basin vaginis involutus. Folia 10-12 contemporânea, rigida, vix i,'"20 lg., vaginis o"", 20-0"", 25 lg., e.xclusis spinis (S) crassis pungentibus oram armantibus o'",05-o"'. 1 5 lg., pe- tiolus ©.""ó-o^^jS lg. laminam plrq. acquans, compressus et anceps ; lamina rotunda, a = cc 220°, folio/is cc 25, extimis o"',20-o'",24X o"',oo5 lg. mediis o"", 4 5 -4 7 X o" 2 lg., intimis o'"40-o"',42 X o'".oo4 lg., omnes usque fere ad basin in acumina duo pungentia fissis. Spadices o^.so-óo lg., erecto-patenti, pedunculus o'",25 — o'",30 lg. compressus inter spatharum interiorum tubum occultus spathis 6, fere ae- quilongis tubulosis dense imbricatis involutos, i exterior lanceolato ad apicem bipartido utrinque acuto, 5 inte- rioribus ad apicem fibroso dissolutis, extimis ochreatis 6 decrescentibus cymbiformis, acutis, integris; racJiii valida^ ondulata, o™, 25 lg.; ramos 6-7 excerentes, ad basin spathis ochreatis protectos, inferiores o'",20-o"',2S lg., supremus o")' 5 '»•) recurvos, rigidos. Flores petalis o'",oo4 lg., sta- minibus excertis, conicis ; cálix o"',C)02 alt., trifidus, acumi- natus; pétala late-obovata, o"',oo4 alt. filamenta o'",oo5 alt., lata, plana, antheris emarginatis ad basin sagittatis; ovaria oblonga, o"',oo2 lg., styli triplo majore — Daccae ignotae. Hab. in Paraguay Departamento S. Salvador, ad Arroyo Po- rongo prope Togatiyá et in Chaco inter jiumina Pilcomayo et Ne^rro — Flor. Febr. Carandây iiicolorum. O género Trillirinax foi creado pelo Dr. Martius (') para uma espécie, achada por Sellow, no Rio Grande do Sul, que teve o nome de T. Brasiliensis. Por muitos annos só esta espécie representou o género; porém, depois o professor Drude, em 1878, descreveu uma espécie C'), a que tenho cultivado neste jardim, T. acanthocoma, também dos campos do Rio Grande do Sul, seguida de uma outra achada na Republica Argentina e que o mesmo pro- fessor e Grisebach, descreveram em 1879 (^) a T. campestris. Ultimamente na Floj'a Brasiliensis o mesmo professor Drude, considera a T. brasiliensis achada na Bolivia e figurada pelo mesmo Dr. Martius, no seu Palmetuni Orbignyanun (■•) como espécie distincta e lhe deu o nome de T. schizophylla. Até hoje são estas as únicas espécies conhecidas sendo duas brasileiras, propriamente e as restantes uma da Bolivia e a outra da Republica Argentina. Agora tenho a satisfação de apresentar uma quinta espécie nova, do Paraguay, que, creio, cresce também no nosso território. Infelizmente não posso apresentar uma descripçâo com- pleta, como o quizera. porque faltam-me os fructos. Foi achada com o nome de Carandã-y, pelo professor Anizitz, no Departamento de S. Salvador, nos pântanos are- nosos do Arroyo Porongo, na estancia Tagatiyá, na excursão que ahi fez em Fevereiro, época em que estava sem fructos. Cresce também no Chaco, entre os rios Pilcomayo e Negro. D'ella tirou uma photographia, de vários espécimens, e colheu (i) Palm. Brás. Suppl. p. i;o / 104— Palm. Orbign. n. 44. — tab. XXV f. A. (') Regei. Gartenflora XXVII p. 361 tab. 959. (') Symb. Flor. Argentinan 1879 p. 283. («j Tab. Xfig. I. 2 exemplares do caule, das folhas e da espalha completa. Sobre este material fiz o estudo que aqui apresento. Das espécies conhecidas se approxima da T. schizophylla, tendo também alguma affinidade com a T. Brasiliensis, mas, creio que não me engano considerando-a espécie distincta. O professor Drude diagnostica as espécies conhecidas, pelos caracteres que achou mais salientes e importantes tirados das folhas e do calyce e com esses caracteres fez a sua chave especifica. Apresento a chave diagnostica do professor Drude, accres- centando eu os caracteres da minha espécie. a. Folia adolescentia in facic superiore tomento denso appresso sericea, subtus glabrescentia, rigidissima aciite mucronala. I. T. campestris Dr. A. Griseb b. Folia glabra, rígida vcl chartacea. X I-amina rigida laciniis in arumina 2 piingtnlia fissis. Spadicis rami crassi arcuato-patenles. Calyx irifidus. 2. T. Brasiliensis Mart. X X Lamina rigida laciniis usque versus dimiJium bifuiis. Spadicis ramis gracilis patentes. Calyx Irilobus. 3. T. schizophylla Dr. XXX I-amina ternuiler chartacea laciniis bmissiiiie ftssis. Spadicis rami gracilimi erecto patentes. Calyx trifidus. 4. T. acantbocoma Dr. X X X X Lamina billabellala laciniis longissimr fissis. Spadicis rami crassi arcuato-patentes. Calyx trifidus. 5. T. biflabellata líarb. Rod. Apresento aqui todas as differenças que encontro. As va- ginas que sâo de um tecido fibroso finamente reticulado, para o ápice apresentam, rematando-se, em frente ao peciolo, 8 grandes espinhos, cuja base é largamente reticulada. Na schizophylla estes espinhos sâo menores e têm a forma diversa, como diversa também é a base, como bem se vê, na sua Est. CXXX ('). A folha é biflibellada, como a das Acantho- rizas ou mesmo como Martius representa a sua Brasiliensis no Palmetiim, que foi por Drude considerada espécie distincta, como já vimos. Entretanto, Drude não fala desse caracter, nem nos genéricos. Se a espécie boliviana, de Martius, tivesse os foliolos longamente fendidos, eu a consideraria idêntica á minha. Além d'isso, a folha tem os foliolos quasi livres, apenas um a quatro centímetros são ligados na base. Os foliolos são também profundamente bifendidos, pelo espaço de mais de dois terços do comprimento. Esses mesmos foliolos são li- neares muito acuminados, terminando em ponta dura e pun- gente. As cristas da folha são : agudas na parte superior e emarginadas na inferior. Drude dá para a scJiizophylla as spathas em numero de cinco, sendo três exteriores, entretanto, a espécie de que me occupo, apresenta só uma exterior e muito distincta (seme- lhante ás de outros géneros), e cinco interiores, que envolvem imbricadamente o pedúnculo, além de mais seis, degeneradas em ochreas, que protegem os ramos quando novos e os acom- panham mesmo depois de velhos. O espadice é erecto, com o rachis ondeado e os ramos recurvos. A folha, na espécie de Drude, tem um angulo de 200°; na minha attinge a 220°. Além d'estas differenças, deve-se também notar que as espécies conhecidas são de campos seccos e de logares elevados e esta é dos pântanos e dos logares baixos em que se dão certas espécies de Bactris. Drude separou mais a T. Brasiliensis Boliviana, da Bra- zileira, identificada por Martius, pelo característico dos foliolos mais fendidos e pela forma do calyce, e, se isso foi bastante, (1) Flor. Braz., III p. II p. 551. 6 de sobra são os que apresento para nAo identificar a espécie paraguaya com a boliviana. Comparem se os meus desenhos com os de Martius e os de Drude e vêr-se-ha se tenho ou nâo razão. Os spadices em geral, nas Trilhrinax, são muito semelhantes e poucos cara- cteres de valor apresentam. Comparando-se as flores vemos que o calyce tem a metade do comprimento da corolla, na de que trato é trifido e acumi- nado e nâo breve trilobado, com ^\.^ de comprimento ; que as pétalas sâo mais largamente obovaes e nâo ovaes e agudas, e que só tem um ovário e não três, como está representado. Pelos motivos apontados considero espécie nova. Os naturaes tiram muito proveito desta palmeira e das espécies congéneres. Os fructos, que são adocicados, servem de alimento para o gado ; fermentados extrahem, por distillação, uma aguardente de bom paladar; das sementes, trituradas, extrahe-se óleo ; das vaginas das folhas fazem filtros e das folhas abanos e vassouras. Os espiques empregam -se também para esteios de cercas. Fam. COCOINE-í^: Mart. Gen. Cocos Linn. Sect. EU cocos Dr. B. Eruiocarpio lapideo intus gthhoso, monospermo, alhumen cíqtiabile COCOS ROMANZOFFIANA Chamisso //i Choris. Voyage pilt. atiíour du monde, p. 5 V et VI (1822) et in Flor., VI. (1823) par. I, 226. — Mart. Hisl. Nat. Palm., II p. 127, tab. 88. p. VII. et III p. 321. — Kunth. Etium. plant. III, p. 286. — Walpers Ann. boi. .<;yst., 5 p, 823. — Wendl. in KercJi. Palm. p. 241. — Hook. Rep. R. G. Kew, 1882 p. 241. — Drude in Mart. Floy. Brás. III, p. II, p. 419, tab. XCII. — Becc. vi Malpighia I, fase. VIII. p. 25, n. 19. Barb. Rod. Palm. Mattogross. (1898) p. 13. Cocos AUSTRALis INIart. Palmte. Orbig. (1847) P- 95- t^b. I, f. 2 et. tab, 30 C. ; Hist. Nat. Palm., III, p. 289, et 334. — Walp. Ann. bot. syst. 5, p. 823. — Wendl. in Kerch Les Palm., 240, — Drude Mart. Flor. Brás. IIII, pag. II. p. 420. — Hook in Report. R. G. Keiv. 1882 (1884), p. 72. — Bec- cario in Malpighia I fas. VIII. pag. 26. — Morong. Plant. coll. in Paraguay Annal. 0/ the N. York. Acad. 0/ Sien. VIII. (1893). pag. 245. Cocos PLUMOSA Hook f. in Bot. Mag., t. 5180 (1860) et in Rep. R. G. Kew 1882, p. 72. Wendl. in Kerch. Les Palm., p. 241. — Drude in Mart. F^lor. Brás. III, p. II. pag. 412. Becc. in Malpigh. I fase. VIII. p. 28. n.° 22? Cocos DATIL Grisebach et Drude vi Griseb. Symb. Fl. Ar- gent., 1879, p. 283. — Drude in Mart. FL, Brás. III, p. II, p. 419. tal, XCIII. — Becc. in. Malpigh. I. fase. VIII, pag. 27, n.° 21 ? ? Cocos GERiBÁ Barb. Rod. Protest. app. p. 43. (1879). Les Palmiers p. 27 f. 6. in tab. physiogn.et tab. III. f. 5 a, b, c, et fig. 6, a, b. (1882). Drude Flor. Brás. III. p. II. p. ^o^, in clavis analyp. Beccario Malpigh. I. p. 28. 8 Cocos ACROCOMioiuES Drudc in Mart. Fl. Br., p. H, pag. 409, tab. LXXXVII, f. III. — Becc. in Malpigh., VI, fase. VIII, pag-. 28, n." 23 ? ? ! Cocos MARTiANA Driíde et Giz. in Marl. Fl. Br., III. p. II, pag. 418. Pelo polymorphismo do .seu porte, fonna e côr do friicto, torna-se natural esta espécie, que tem levado vários autores, que têm encontrado os espécimens distanciados sem os poder comparar a tomar por espécies differentes, pelo que longa é a sua synonymia. Esta que apresentei e aqui repito, foi baseada no estudo comparativo de milhares de indivíduos, oriundos de vários estados, que crescem em terrenos e climas mui diversos. Assim do Rio de Janeiro ao Paraguay e Matto-Grosso, comparei e o resultado foi o que expendi nas minhas Palniae Maltogrossenses e que por isso deixo aqui de referir, pe- dindo ao leitor que as consulte. Um caracter constante apezar da mudança da forma do fructo é o da forma do endocarpo e por conseguinte do albumen. Só esta espécie apresenta o callo saliente na parte interna, como se poderá ver nas figuras da Estampa da referida obra. O Pindó, que é o seu nome vulgar no Paraguay, é muito commum por toda a parte, e ahi mesmo apresenta differenças de um para outro individuo. Apezar, porém, das differenças tem tal traço característico no porte que á primeira vista se reconhece e se não confundirá com outra qualquer espécie. As folhas são muito usadas para levantar ou adelgaçar os ca- vallos de corridas. Tendo já me occupado desta espécie na referida obra passo a occupar-me de outras. 9 Gen. Cocos Lin. Sec. SYAGRUS Mart. A. Eiuiocarpio lapiãeo iniiis monovittato, monosperno, albumen aequabiu Aku.mâ. Gynomicranthae. 9. COCOS PARAGUAYENSIS Barb. Rod. Acaulis. Raro caulescentes, foliis arcuato-patentibus breve vaginantibus petiolo leviter spinoso-serrato, segmentis confertis aequa- liter distantibus lineari-acuminatissimis supremis filiformibus. Spadix erectus longissime pedunculatus spathâ interiore lineari-lanceolatâ extus laeviter sulcatâ glauca, rhachi brevi ramos aequilongos articulatim exserente ; flores masc. quam fem. minores calyce triphyllo sepalis linearibus pétala duplo minoribus, antheris inclusis ; flores fem. oblongo ovoideis sepalis cordato-ovatis ad apicem incurvis, petalis convolutis mucronatis, androceos abortivo minimo annulare, ovário elongato acuminato ; drupa carnosa ovoidea attenuata, en- docarpio oblongo utrinque acuto intus monovittato, vittâ laevi supra porum adscendente. Tab. II. Caudex VímWví';,, v. i'"-2'" alt. Folia altus i.^óo-i.^^So lg.; vagina o,'"2 lg. ad oram in íibrillas dissoluta et sensin in spinas míni- mas petioli multas validas transiens ; pendunaãus o,'"45-o,'"48 lg., glaucus, super concavus, subtus convexus, foliolis ad basin alternis ad apicem oppositis, inferioribus o,"'45-o,"'oo3 lg., mediis o,"'5oXo,'"oi3 lg., superioribus o,'"oiXoroo2 lg., utrinque 36-40, rigidis, infra glaucescentibus. Spadices o,'"70-o,'"75 lg., spatha interiore longe vaginantia, lineari- lanceolata, acuta, laevis, glauca, pedunculus o,"'42 lg., sub- rotundo-compressus, laevis; racJiis o, ""20 lg., ramos 25-30, inferiores o,'"i6-o,"i8 lg., superiores o,"'io-o,'"i4 lg.. bra- 10 ctcis brevis acuminatis ad ramorum insertionem. Flores 7nasc. magiiitiidinc m ecdam spadice aiiEequali, inter o,"'oo4 et o,"'oo8 ig., sepalis linearibus dorso carinatis; petalis lan- ceolatis subobtusis, ©.""coo X o,"'oo2 lg., stamiiiibus inclusis petalorinn diinidiain altitudine superantibus, antheris ad basin sagittatis ; Jlores fem. 2 supra ramorum basin, o,"'oi4 X o,'"o,oo8 lg., sepalis petalisqiie qiiam ea paulo minoribus arcte inter se convolutis, androceo abortivo o, "'001 alt., Dntpae induviis usque médium longis involutae ílavae, succulentae, acidae o,"'030-o,"'o85 X o,'"02i - o,'"o23 lg., mezocarpio crasso, endocarpio ósseo, o,"'02 5 X 0)"'oi3 ^%-> oblongo, utrinque acuto, brunneo. Hai!. /;/ Paraguay. ad S. Salvador /tíi^^ Tagatiyá. Y.vtáy inço- lorum. Flor. Jau. Entre as espécies conhecidas, do género Cecos, existe a que Martius denominou Cocos Yatay, encontrado por Alcides d'Or- bigny, em Corrientes e Entre Rios, assim como por Lorentz, na Concórdia, com o nome de Yatay, que lhe dão os indígenas. Esta espécie tive occasiâo de encontrar e de revela conservada no Museu de Montevideo. O nome Yatá-y dado pelos karanys é o mesmo que os tupys do Amazonas dâo ao Syagrus cocoídes Mart. da sua região. Em Monte Alegre e nas serras do Ereré e Paytuna ahi os indios só lhe dâo o nome de j'íz/íÍ, que é uma abreviatura de yuá ou yá, fructo e atá, duro. Yatá-y é o fructo duro; porém, {y) pequeno. E' nome que no valle do Paraguay aplicam aos fructos de varias palmeiras de diversos géneros, como veremos. Entre as diversas palmeiras que estudei, do herbario Ani- zitz, uma, tem o nome vulgar, também, de Yatá-y., mas que nâo é o mesmo de Martius, e que os indios do Amazonas dariam o nome de Yatáy-rana, por se parecer com o verdadeiro e nâo o ser. Com effeito, se fossemos levados pelo nome vulgar e pela simples apparencia, o tomaríamos pela mesma espécie, o que nos levaria a um erro. Na falta de um hervario, poder- 11 se-ha comparar a minha estampa, conscienciosa e mathematica- mente copiada do natural, as com estampas de Martins (') e de Drude {"), que julgo também fidelíssimas, e as descripções e ver-se-ha que sâo differentes as espécies se bem que próximas. Comparem-se as folhas, o tamanho e forma do spadice, a forma das flores e dos fructos e ver-se-ha que tenho razão. Poderão não admittir que seja uma verdadeira espécie, mas sim uma variedade, produzida pela structura geológica do terreno, do meio, etc. como acontece com o Cocos Romanzoffiana Cham. Entretanto sou forçado a consideral-a espécie ou sub-es- pecie, pelas difíerenças que encontro e que apresento na con- frontação dos caracteres juntos. B. Endocarpio lapideo intus trivittato, monospenno, albumen aequabile. Uaperema. Caudex mediocris. Gynomicrantae B. C. Jatay Mart. Caudex excelsus 4-5 m, alt. diâmetro ultrapedan. Folia 2-3 m. Ig , vagina 3 dm. lg. Spadices I '/a Ig-, inermi. Pedunculus 7 dm. Ramis 150-200, 3-4 dm. lg. Flores fem. 8-10 m. C. Paraguayensis Barb. Rod. Acaulis, raro 1-2 m. o^jOÓ-o^.oi lg. Folia l^jóo-l^iSo lg. Spadices c^JO-O^.yS lg. Pedunculus o°',42 lg. Ramis 25-30 m., o^.lo-o^.lS. Flores fem. o" ,014 lg. Basta só considerar-se que uma é caulescente e outra só quando muito velha apresenta um caule que, raríssimas vezes, vai até a 3 metros. Compare-se o tamanho do spadice e o numero de ramos e ver-se-ha que a ser variedade é uma varie- dade fiana. O fructo é amarello, azedo e apresenta um cheiro de acido oleinico ou palmítico, em quanto que as do yatás de Martins « la pulpa de las fructas es muy dulce » segundo Hieronymus nas suas Plantae diaphoricae . O Palmetum Oròignianum, tab, I et 30. (') Flor. Braz. III. p. II. tab. XCIV et XCV. 12 3. C. SAPIDA Barb. Rod. Candex mediocris columnaris nudus crassus, foliis densis concinnis, petiolo longo, foliolis linea- ribus per greges alternis. Spadix patens spathâ interiore elongata longitudinaliter argute sulcatâ tomento cotonoso cinnamomeo tectâ, rostratâ., raclii ramos numerosissimos rigidos dense exserente, glomerulos androgynos usque ad médium e\'olventibus, tloribus masc. femineos ovoideos sequantibus, sepalis petalisque fem. lato-ovatis acutis, aí)' droceo sterile sexdentato, ovário oblongo tomentoso, drupa parva oblonga acuta, mezocarpio oblongo utrinque acuto intus trivittato. Tab. III. Candex 2'"Xo'",20-o"\25 lg., annulatus, cinereus, Folia 12-16 contemporânea, patente-recurvo, longe petiolata, breve inva- genantia, 2"", 70 lg., petiolo o°',8o lg., foliolis bi-trijugatis, greges alternis, linearibus, oblique acuminatis, inferiores ©■".SÓ Xo"',02 lg., médio o"',50-o"',56 X o'"jOi7 lg-> supe- riores o"', 1 8 X o'"j04 Ig-j Spadices i'",30 lg. spatha interior i'",2o X o^jiS Ig-j lanceolata, rostratâ, extus arguté sulcata, tomentocotonoso tecta, erecta, pedtmculus o'",70 X ©""jiS lg. subrotundo-compressus, tomento-cotonoso cinnamomeo tec- tus, recurvus, rachis, o'",40 lg. ramos numerosissimos, infe- riores o'",30 lg., superiores usque ad o'",i5 lg., decrescentes evolvens, bracteis minimis ad ramorum insertionem. Flores masc. ©"".ooS lg., petalis lanceolatis, concavis, acutis, sta- minibus paulo brevioribus, autheris ad basin sagitatis et ad apicem acutis, germinodio trifido ; flores fim. 20-30 con- temporanei, sepalis petalisque lato ovatis acutis subaequan- tibus arcte convolutis ; androceo sterile annulare sexdentato- ovário oblongo, tomentoso, stigmatibus erectis acuminatis. Drupa flava, induviis ad basin involuta, o"\35Xo"'.20 lg., endocarpio brunneo, o"',3oX o"",! 5 lg., utrinque acuto, intus trivittato; albumen solido, oblongo, o"',oi5 X o"'>oiC)- 13 Hab. In Paraguay, departamento de S. Salvador, prope Taga- tiyá et in Sta. Maria de Missiones. Jatáy-pindó incolorum. Flor et et fruct. yan. Mais uma espécie nova se me apresenta sob o n. i, no referido herbario, e que, como o C. Ramanzofiaiia Cham., tem também o nome Pmdó, mais vulgarmente yatáy-pindó. Como sabem, este nome indigena significa pura e simples- mente palmeira e por isso ás folhas de qualquer dão o nome de pindob, de pindó e ob, folha que já se faz pindoba, nome vulgar de algumas Attaleas e Orbignyas, tomando-se a parte pelo todo. Para o leigo na sciencia de Linneo, pelo nome vulgar a espécie em questão seria o Cacos Australis Mart. que, como vimos, não é mais do que o mesmo Ramanzoffiana. O indio, porém, que bem o distingue, o denomina Vatáy-pindó, palmeira de fructos duros e pequenos, para distinguil-a de outros. E' uma bella espécie que pelo fácies logo se distingue pela disposição das folhas e dos foliolos. O seu aspecto, sendo gra- cioso, é mais severo do que o d'aquelle que é mais esbelto e elegante. Não sendo alto tem, comtudo, um tronco grosso. Seus fructos são muito saborosos. 14 Gen. Diplothemium Mart. Este género foi creado pelo Dr. Martius e publicado no segundo volume da sua Historia Nattiralis Palmarum, mais conhecida por Genera et Species Palmarum ('), que o repro- duzio no terceiro volume (') e no Palmetimi Obignyanum. ('). No Genera apresentou as espécies tnaritimum, campestre, littorale e caudescens e no terceiro volume accrescentou o Torall)ii, que no Palvietum havia publicado. Estas espécies foram as únicas conhecidas até a publicação da monographia de Drude (^), que accrescentou mais uma a leucocalyx, achada por Weddell, em Matto Grosso, e duas variedades do cam- pestre. Kunth (=) e Walpers (*) também só apresentaram as espécies Martianas. Endlicher ('), Benthan e Hooker (') e Baillon ('), todos apresentam os caracteres genéricos do fructo sem apresentar um caracter muito especial, que tem o endocarpo ou putamen. caracter este tão significativo, que é um dos que caracterisa o género Syagrus, para distinguil-o do Cocos ; o das três faixas negras e luzentes, que tem internajuente o endocarpo, correspondentes aos seus três poros. Creio que isso não foi determinado por falta de exame dos fructos, nâo estando elles estudados convenientemente em todas as espécies. A melhor estudada, que foi o littorale, essa mesma nâo tem mencionado o caracter a que me refiro. A prova de que não foi visto este caracter, está em ter o professor Drude affirmado gue não tem faixas, quando diz : Drupa ex induviis saepe soluta tnonosperma pjitamitie laevigato ad basin foramiiia j cvolvetite vmis et callis destituto L/Evi. (') n. p. 107. (') Pag- 293 el 324- (N i'ie- «03- (♦) Marl. Flor. Brás. IJI. p. II. pAg. 428. (») Enum. Plant. III. pag, 289. (•) Ann. boi. sysl. V. p. 824. (') Gen. flanl. n. 1774. (') Gen. filani. III. pag. 945, n. 126. (•) Ilisl. lies Plantes pag. 396. 15 Todavia posso garantir que o caudescens tem três largas faixas, o pectinatum, espécie minha ('), não só tem as três faixas como callos, o leticocalyx, o caynpestre, o Anizitzii e o mariíimum, todos têm as três faixas mais ou menos escuras ; mas, perfeitamente distmcias e imiito hizentes, como se poderá ver na Est. III e na XXVII das minhas Palmae Mattogrossenses. Nâo sei se o D. Torallyi, que é boliviano, faz excepção por- que só o conheço pela descripçâo e figuras do Palmetum Orbignyanum ; mas, é de suppôr que nâo se afaste dos con- generes. Aqui, mau grado meu, corrijo esse engano, levado somente pelo desejo de ver bem caracterisadas as nossas palmeiras, nâo se omittindo caracteres salientes, que a sciencia manda perpetual-os para exactidão das classificações. O albumen, também dado por todos como solido, nâo o é ; tem o interior mais ou menos excavado e ruminado. Um outro caracter tem sido também omittido. Todos os autores dizem que as flores fêmeas nâo tem o estaminodio ou ándroceo abortivo, quando todas ellas apresentam sempre esse órgão bem distincto e desenvolvido e acompanha a induvia. Devemos notar, que devido ao terreno selicoso, calcareo ou argiloso, mais ou menos húmido, os Dipl. maritimum e campestre, apresentam uma grande variedade no crescimento e nas folhas. Nos terrenos selicosos os pés sâo pequenos e de folhas curvas e muito crespas e nos logares argilosos as folhas sâo longas, erectas e nâo tâo crespas e assim também o com- primento do spadice e tamanho dos fructos. Os que aqui represento são os fructos estudados entre milheiros, nos logares em que expontaneamente crescem. Nos mesmos logares encontram-se indivíduos com grandes e pe- quenos espadices, com fructos maiores ou menores, todos mais ou menos angulosos pela compressão, tomando apenas O Palm. Maítogros. pag. 8l. 16 a sua forma própria, quando por ventura abortam algumas flores e outras isoladamente se desenvolvem livre da com- pressão. N'este caso tomam a íórma mais ou menos oboval. O D. campestre é o que no seu porte e no tamanho dos espadices apresenta mais variedades, pelo facto de, annual- mente, soffrer a acção do fogo, que os aniquilla e pela devas- tação que soffre pelo gado, no seu pascigo. Os que melhor se desenvolvem são os que crescem nos cômoros formados pelos cupins ou á sombra das arvores dos capões. Que soberbas moitas vi assim, contrastando com as que, rachiticas, cresciam nos campos de Matto Grosso e Minas Geraes ! 1. DIPLOTHEMIUM ANIZITZII Barb. Rod. Folia plus mi- nusve arcuata foliolis ad basin per greges 2-5 consociatis lineari lanceolatis oblique acuminatissimis inter se valde distantes arctissime congestis et ad apicem sollitariis lineari acuminatis, in facie superiore viridibus, in inferiore glau- cescentibus. Spadix validus spathâ fusiformi-compressâ ar- guté longitudinaliter sulcatâ, compresso-mucronatâ, longuis- sime pedunculatus, racheos parte inferiore androgynâ quam cauda masc. multo longiore ; drupa oblonga mutua pres- sione angulata ad verticem concava breviter apiculata ad basin induviata aurantiaca tomento escamoso brunneo- ferrugineo denso terta. Tab. IV. fig. A. Folia I "',30-1 "',50 lg., longissime petiolata, petiolo rachin m\- nore. ; foliola 50-60 plrq. 2-5 in gregem commune so- ciata, inferiora et superiora sensin augustiora, inferiora o'",2 2 X o"',oo4 lg., média o"',36 X o"'.o'4 %•!> superiora o'",07 X ©""jOOS Ig- Spadix o"',go - i"^ lg., pedúnculo sub rachi dilatato ; rachis o'", 10 - o'", 13 lg., spalha breviter compresso-obtuso rostrata intus castanea, extus pallide- brunnea, o"',i5 X o'",ooó lg. Flores masc. et fem. non vide. Sepalis llor. fem. ex induviaí. Drupa o'",27 X o"',oi7 lg., 17 mezocarpio vittelino, glutinosofibroso, o"',oo4 lat., eiido- carpio o'",20 X o'",oi lg., brunneo, utrinque acuto, albumen excavato ©""jOis X o"\oo8 Ig-. gérmen recurvo. Hab. zn Paraguay in campis prope Santa Maria de la Sierra et prope Tagatiyá. Yatá-y-pony vel Jatahy rasteiro Fruci. Jan. Entre as palmeiras que me foi dado estudar, do herbario Anizitz, d'entre ellas, se apresenta esta que só posso deter- minar pelos fructos, visto como só um espadice fructifero e uma espatha recebi. Entretanto, os fructos determinam bem, porque comparando os com os das três espécies acaules, vê-se que de todas se affasta. O campestre tem os fructos glabros, as do liltoral têm a base e o ápice lisos e os do leucocalyx só o ápice tomentoso, emquanto que o Anizitzii é da base ao ápice muito coberto de escamas tomentosas, além da sua forma e as da induvia. Se o espadice, á primeira vista, se con- funde com os de todas as outras espécies, pela forma dos fructos também se affasta e vê-se que pela forma das divisõe? da induvia, as flores femininas devem apresentar formas e ta- manho também differentes. As folhas e as flores masculinas poderiam fornecer caracteres mais seguros, mas creio, pela pratica que tenho, que não me engano affirmando ser outra espécie. Comparando os fructos de todas as espécies bem se notam as differenças. Esta é abundante nos terrenos calcareos de Santa Maria de la Sierra e nos campos da Estancia de Tagatiyá. Compa- rando os seus fructos com os do leucocalyx, que encontrei nos terrenos calcareos de Corumbá e nos de Melgaço, são bem differentes. Tem vulgarmente o nome de yatá-y-pony ou Yatá-y-rasteiro. Os fructos são doces e um pouco aromáticos. Em homenagem ao incançavel professor húngaro, corres- pondente d'este Jardim, D. Juan Anizitz, que nas suas herbo- risações, pelas terras paraguayas, descobriu esta espécie, per- petuo o seu nome. 18 Gen. Acrocomia Mart. 1. ACROCOMIA TOTAI Mart. Palm. Orbign. p. 78, tab. IX, fig. I, et XXIX B. Híst. nat. Palm. III. p. 286; Walp. Atin. Boi. Syst. I. 1007, V. p. 822; Index Kew. I, p. 53; Hieronym. Plant. diaph. flor. Arg. p. 475. E' uma das palmeiras mais vulgares do Paraguay e d'elia tiram os naturaes grande recurso dos seus fructos, que socados e reduzidos á massa, dão excellente sabão, não só para o uso ordinário de lavagens, como para o de toilette. Os restos do preparo do sabão dão uma massa empregada no alimento das aves domesticas. Além deste emprego comem os fructos, fazem d'elles aguardente e extrahem óleo, quer do mezocarpo, quer das sementes. Do tronco extrahem excellente farinha, que fermentada dá o Mbocayá íy, uma bebida inebriante. Esta espécie confunde-se facilmente com a Acr. mbocayayba Barb. Rod., de Matto Grosso. 19 Gen. Bactris Jacq. 1. BACTRIS GLAUCESCENS Dr. Flor. Brás. III. p. II. p. 345, Tab. LXXVII; Index Kew. I p. 262. Segundo o professor Drude, pelas notas do Dr. Weddell, foi a espécie encontrada por este notável botânico, autor da His- toire naturelle des quinquines, em 1845 no Alto Paraguay, com flores em Abril e Maio, obtendo dos naturaes o nome vulgar de Tucum mirim, de friicta azeda. Eu o encontrei, não somente, no Rio Paraguay, acima de Corumbá, como no interior de Matto-Grosso. Nos alagadiços, próximos ao rio Aricá da Ponte, encontrei-o socialmente, não tâo desenvolvido, como nos alagadiços paraguayos, parecendo até pela altura e comprimento das folhas, de muito menores dimen- sões, ser uma variedade. Entretanto creio que esse facto é devido a ser constante- mente devorado pelo gado, que é ávido de suas folhas. 2. B. PISCATORUM Wedd., Fl. Brás. III. p. II. p. 334. Index Kew I. p. 262. Esta espécie que foi também encontrada pelo mesmo Dr. Weddell, em mattas húmidas do Rio Paraguay; eu a encontrei em logares alagadiços. Creio que encontrou em território brazileiro, tanto que de- ram para ella o nome vulgar de Tucum mirim de /meta doce. Não o vi em flor; mas o mesmo botânico o encontrou flores- cendo em Março e Abril. Dá em soqueiras, tendo o caule es- pinhoso de uns cinco centímetros de diâmetro. 3. B. ANIZITZII Barb. Rod. Caudex gracilis nigro aculeatus. Vagina petiolus cinamomeo floccosus aculeis nigris per greges hórrido armatus, foliolis distantis 4-8 gregatis lineari- lanceolatis acutis. Spatha lato-lanceolata mucronata incurva aculeis brevibus nigris obtecta. Spadix magnus pedúnculo 20 inermi flocoso ramos 50-60 confortos gracilis deceres cen- tibus ex serens, corolla fem. calyce 5-plo longiore laevi. Dupra matura non vidi. Tab V. Candex gracilis, 2"'-3 X o"',05-o"',o6 lg., aculeis compressis nigris armatus. Folia i'".70 lg., vagina dense floccosâ aculeis o"',oo5-o'",02 5 lg., nigris per greges hórrida antice longis- simé acuminatâ, /^/ííi/í? o'",35 lg., subrotundo antice profunde et angustissime canaliculato albo floccoso denique nudato et aculeis 2-4 gregatis nigris armato cc o"',02-o'".04 lg., rachi i"',io lg., aeque floccosi aculeos rariores minores evol- venti denique tomento denudati. Foliola utrinque 38-40, per acervos 3-8 formatos, inferiora o'",45 X o^jOss lg., media ©"■jSO X o"'j025 lg. superiora o'",23 X o'",024 lg., omnia a basi conduplicata, lineari-lanceolata, acuta, secus margines ar- gute nigro ciliata, nervo médio superiorite relevato. Spadix o"", 41 lg. longe pedunculatus, compressus, tomentosus, spa- ///â interiore pedunculum longe vaginante angustâ dein cym- biformi rostratâ aculeis o'".oi lg., patentibus, nigris hórrida, ramos confertos o'", i lg. extremis minores a basi usque ad apicem densifloros exserente. Flor. viasc. non vidi. Flor. fem. a basi usque versus apicem ramorum inter masc. sparsi sub cylindrici, o'",oo4 lg., calyce auguste annulari mi- nute tridentato corroía calycem 5 pio longiorâ breviter tri- dentata, ovário oblongo a basi angustâ, stigmatibus late sessilibres. Drupa viridia agria. Hab. in locis arenosis et inimdatis aipas Rio. Paraguay ad São Salvador in adversum Gráo Chaco. C,\rand.v incoloncm. Flor. Febr. Esta espécie é também, das terras húmidas, arenosas e su- jeitas annualmente ás inundações do Rio Paraguay, foi encon- trada em S. Salvador, defronte ao Grão Chaco. Tem vulgar- 21 mente, o que me admira, o nome de Carandá, que, como sa- bemos, é dado á Copernicia cerifera e à Trithrinax Braziliensis. E' muito commum na localidade acima, onde cresce em soquei- ras. Sendo esta espécie muito próxima ao B. glaucescens, en- tretanto, só pelo porte e pelas folhas se afastam. Os naturaes o empregam, por ter o espique muito duro, em bastões e ben- galas. O nome especifico que lhe impuz é uma homenagem ao seu descobridor o professor D. Juan Anizitz. 22 Gen. Desmoncus Mart. 1. DESMONCUS RUDENTUM Mart. Palm. Orbign. 48X14 et 26. Walp. Anu. bot. syst. I p. 1005 ^ P- 819. Flor. Brás. III p. II p. 306; Kunth Etium. plant. III p. 819. Index Keto. II 739; Barb. Rod. Palm. Alattogros. p. 30 tab. X fig. B. E' muito commum nos terrenos alagadiços do Rio Paraguay, onde forma grandes soqueiras, que lançam seus largos caules sobre a vegetação que as cerca e as torna impenetráveis. Tem vulgarmente o nome de Urubamba, e se estende até Matto- Grosso; corresponde ao Yacyíara, que dão, no Amazonas, as espécies do mesmo género. Barrere (') a tornou conhecida por Atitara que o Dr. Otto Kuntze, quer que seja o nome gené- rico que deve predominar, por direito de prioridade. (') Marcgraf. Eitsai t/'Ais/. na/. Franc. cquin pag. 20. 23 Gen. Scheelea Karsten. 1. SCHEELEA OUADRISPERMA Barb. Rod. Acaiilis vel rarissime caudice humili crasso, foliis elongatis erecto patentibus ad apicem arcuatis, foliolis per greges et inae- quales aggregatis lineari-oblique obtuse acutis. Spadice monoeci, masculi et androgini plures simul evoluti spathis masc. fusiformis longitudinaliter sulcato-imbricatis rostrato acuminatis, fem. minoribus latioribus longitudinaliter sulcatis minus crassis rostrato-acuminatis ; ramos masc. : graciles floribus a basi ad verticem obtutos, androgyni: supra basin scrobiculis florum fem. unilateraliter excavatos dein in spicas masc. breviores mutatos. Flores masc. calyce minutíssimo, petalis claviformis teretibus acutis stamina 6 triplo corollae minore ; fem., multo majores oblongei sepalis petalisque subaequilongis convolutis, androccei abor- tivi cúpula ovário usque médium includente, stigmatibus excertis ; drlipa induviata oblonga acuminata 2-4 sperma. Tab. VI. Caudex. O vel usque i'",5oXo'",20-o",30 lg. Folia lO-iS con- temporânea, dense congesta 3'"-4 lg. foliola inferiora o^^jSo-o^çoXo^.oi Ig- P^"* acervos 2-3 remota, média o"',50-o",6oXo'">03 Ig-. per acervos 6-10 approximata, superiora o^jóoXo^jSO lg. per acervos 2-3 sub opposita, suprema o'",25Xo'")Oi solitária sub opposita. Spaciix, erectis, masc: o'",8o lg., pedúnculo tereti, o'",45Xo'".oi3 Ig-. brunneo flocoso-tomentoso, rachi ramos o"",! lg., decres- cente, spatha interior o'",9oXo"",i3Xo'".oi2 lg., ferrugi- neo tomentosa ; spadix androgyn : 0^,6^ lg., pedúnculo o'",4oXo"502 lg. compresso brunneo tomentoso, rachi ramos o",o6 lg., ad basin bi-triflorus fem. exserenti et ad apicem flor. masc. paulo ornati, bracteae ramorum latae, angustae, acuminatae; spatha interior o^jSsXo", iSXo^^oos lg., ferru- 24 gineo-tomentosa, lato lanceolata, mucronata. Flores tnasc. secundi, o"',oo8 lg., petalis, clavatis, incurvis, teretibus, acutis. stamina 6 erecta petalis tertio breviora, antheris linearibus versatilibus quam filamenta paulo longioribus, utrinque eniarginatis. Flores fem. 2-3 consociati inter se o^.oi distantes, o"',oi8 lg., calyce e corolla aequali structura, androceo abortivi annuliformi, ovário ovato, tomentoso, stigma 3-4 recurva. Drupa o'",o6Xo'",033 lg. flava, ferrugineo-tomentosa, mezocarpio o"',oo5 lat., fibroso- amylaceo, cndocarpio o'",05Xo'">023 lg. brunneo, ósseo, fibroso ; se7>iiiia angustissime oblonga, enibryo incurvo. Hab. in Paraguay, ad ripas Arroyo Y-akâ in Pulé-cué, ad Santa Maria de la Sierra et in ripas Rio Apa. hicolomni Yatá-v-guazu audit. Flor. et fruct. Febr. Esta Scheelea, que a principio tomei pela 6". Princeps de Karsten, attendendo ao seu maior ou menor desenvolvimento, segundo os logares em que cresce, como tive occasião de ver, não só nas margens do Paraguay, como na Bolivia, e em terras centraes de Matto Grosso, mais tarde fui obrigado a consideral-a differente. No Paraguay os indios karanys deno- minam a Princeps de Uakury e na Bolivia de Molaeu, entre- tanto, que esta os próprios indios a differenciam, tanto que lhe dâo o nome Yatáv guazu, Yatá-y grande, quando nas proximidades existe o Uakury. EUes nunca se enganam na sua classificação empírica e sempre com razão, como, já mais de uma vez o tenho dito, por observação própria. A Princeps é uma palmeira de caule excelso, magestosa, e não acaule, a não ser a minha variedade Corumbaensis. Quando mesmo os indivíduos são novos, antes de se apre- sentar o caule, tem uma forma muito difíerente do das pal- meiras acaules. Quem confundirá uma palmeira nova, das caulescentes, com uma acaule ? A direcção e o tamanho das folhas, a sua forma, tudo indica o que o vulgo chama um filJiotâo e nao uma palmeira adulta. Os peciolos das folhas 25 emergem do solo, estas são longas, erectas e direitas, emquanto que quando a palmeira é acaule, vê-se logo a inserção da vagina, as folhas se curvam mais ou menos e distingue-se que são folhas adultas e não primordiaes. Um Uakury novo, ainda sem caule, não se confundirá com uma outra congénere acaule. O espique formado pela vetusticidade de uma palmeira acaule é muito differente na forma, do de um do mesmo tamanho de uma palmeira caulescente nova. E' muito rijo, as cicatrizes da queda das folhas muito unidas, toroso, quasi sempre irregular no diâmetro, attestando pelo seu estrago a sua lonçrevidade. A palmeira de que me occupo é uma d'estas. E' acaule, mas coberta de annos adquire um espique irregular, que nâo attinge a mais de um metro e cincoenta centímetros, mas coberto de cicatrizes. Os fetos e os phylodendruns amam esses troncos, porque encontram n'elles, pelo deterioramento do tempo, um meio que os alimenta, tendo a sombra das folhas para os proteger. Além de afastar-se pelo facto de ser acaule, ainda se afasta pelas folhas e pelas flores e mesmo pelos fructos, que são menores e quasi sempre 4 spermos em vez de 2-3 spermos. Foi encontrada no departamento de S. Salvador, no logar Pule kué, perto de Santa Maria de la Sierra, com flores e fructos em Fevereiro. 2. S. ANIZITZIANA Barb. Rod. Pàlm. Mattogrossetises pag. 62, tab. XX. D'esta espécie tratei nas Palmae Mattogrossenses, onde a descrevi, pelo que reporto-me ao que então disse. 3. S. PRINCEPS Karsten /« Zm«í« XXVIII (1856) 269; Walp. Ann. Bot. Syst. V. p. 855. Index Keiu. IV, p. 832. Attalea PRINCEPS Mart. Pcdm. Orbign. 1 1 3 X 4 ; f- 2 et 31; Hist. Naí. palm. III 298 X 167, f. I, Flor. Brás. III, p. II, p. 442. Barb. Rod. Palm. Mattogr. nos. p. 64 XXX, p. B. 26 Descrevendo uma variedade a S. Corumbaensis, que en- contrei nos terrenos calcareos das margens do Rio Paraguay, occupei-me da .S". Princeps, que em abundância cresce nas mar- gens do mesmo rio, estendendo-se pelo interior de Matto-Grosso, até a Bolivia, onde é vulgarmente conhecida por Uakuvy, Guacury e Motacu. E' a palmeira mais nobre do Paraguay, pela sua altura, forma e belleza. 27 Gen. Attalea H. B. K. 1. ATTALEA GUARANITICA Barb. Rod. Acaulis. Spadix masc. erectus, spathâ int. fusifonni rostrato- acuminatâ erecta ramis unilateraliter scrobiculatis ; flores masc. singuli in scrobiculis, 12 andris, staminibus 1/2 co- rollae longitudinis aequantibus, sepalis lanceolatis acumi- natissimis dorso angulosis, petatis lineari-lanceolatis acumi- natissimis, drupae ablongae in vértice umbunatae monos- permae rara bispermae. Tab. IV. fig. D. Spadix masc. o,'"30 lg. spathâ o, '"50 X o,'"o7 lg., lignosa e.xtus argute siílcatâ, ratni plurimi inferiores o,'"09 lg. superiores o,'"04 lg. Flores masc. o, "'01 2 lg., antheris hastatis. Drupa o^óS X o. "'45 íg- brunneo-tomentosa, mezocarpio o,'"oo4 lat., endocarpio o, "009 lat. Semina o,'"029 X o,""oo7 lg., oblonga, excavata, textà reticulatâ. Hab. hl Paraguay, «(/ Cordillêra dos Altos, //'íyíA'^ pueblo Valen- zuela, ad ripas Rio Y-akã. Mbocayá guazu, vel Coco de la Cordillêra ab indiginis appellatur. Flor. et fruci. Jan. Vai incompleta, por emquanto, a descripção desta espécie, porque o material encontrado no herbario também o era ; mas, foi-me sufficiente para poder distinguil-o das espécies d'este género conhecidas, que nâo sâo muitas, e me são fami- liares. Os naturaes dâo-lhe o nome de Coco de la Cordillêra ou de Mbocayá guazu, por ser expontânea na Cordillêra de Altos, perto do pueblo Valenzuela e do Cerro Paraguary nas margens do Rio Y-akã, onde floresce em Janeiro. Da espécie que mais se approxima é da A. exigua de Drude, achada também por Weddell, nos campos entre Goyaz e Cuyabá, com o nome de Indayá rasteiro. A descripção de Drude, muito incompleta também, me leva á duvida. Se bem 28 que descreva as folhas, comtudo, nada diz sobre os fructos o que muito adiantaria. Entretanto comparando a descripçâo Drudeana feita sobre u m material igual ao meu, tendo o seu folhas, que o meu nâo tem, mas faltando fructos que o meu possue, vejo que quanto as flores masculinas na espécie de Drude são maiores, tendo o calyce menor, munidas de 9 estames, emquanto que a minha tem sempre 12. As espathas e o espadice são muito semelhantes, mas estas nâo fornecem bom caracter, porque os masculinos se assemelham em quasi todas as espécies. Tendo o nome de Indayá, a espécie de Weddell, para quem conhece a indole e os costumes dos indios, vejo que a A. exigua deve ter fructos bi-quadrispermos, com o mezocarpo e o epicarpo com structura diversa, porquanto se fossem mo- nospermos os indigenas dariam outro nome, porque então se aflastaria muito da forma dos polyspermos. A minha espécie é monosperma, raro bisperma. Na forma e na structura se afíasta muito dos Indayás, pelo que os indios não confundiriam, elles que differenciam até caracteres minimos. Creio nâo ser a minha espécie a exigtia, e mais tarde lealmente o direi, porquanto espero novo material para estudo ulterior. Uma anomalia nas flores de uma palmeira. Depois da descripção de algumas palmeiras, que tenho como novas, passo a tratar de um facto, que me põe em duvida si se trata de um característico ou de uma anomalia. Se é um caracter é novo e refere-se a uma nova espécie, e, se é apenas uma anomalia, creio que a espécie é o Cocos Romanzoffiana descripto por Chamisso. Em todo caso é importante o assumpto e contribua para alargar o estudo da ordem das palmeiras. O sábio Dr. Martius occupando-se das monstruosidades das flores das palmeiras não apresenta o caso de que me vou occupar, que penso não ser um facto teratologico próprio e sim uma anomalia com aspecto de um desdobramento (diremptio glandularis) da flor, ou causado por um deslocamento de forças vitaes; uma peloria segundo Moquin-Tandon. Inclinando-me para este lado e não para um caracter espe- cifico, por ir elle contra a lei natural a da symetria a que está sugeito todo o vegetal, por mais irregular que pareça, passo expondo o histórico da planta, a mostrar o que de anormal encontrei e que me obriga a fazer aqui um registro. Ha seis annos recebi do correspondente deste Jardim Joa- quim Cândido de Abreu, três mudas pequenas de palmeiras do género Cocos, que o mesmo encontrara no sertão de Minas Geraes, remettendo-as sem indicar a localidade do achado. Plan- tadas, aqui cresceram e vão se desenvolvendo bem. Uma é o Cocos campestris de Martius, outra espero a florescência para determinar e a terceira é a de que me vou occupar. Não está ainda no seu completo desenvolvimento, mas já apresenta um espique de dois metros de altura com o", 15 de 30 diam., e um aspecto que nos mostra que será uma palmeira alta e graciosa. Floresceu este anno ; porém, o espadice não me parece ter o desenvolvimento que supponho deve ter. Se bem que desenvolvido apresentava poucas llores fêmeas e a disposição dos ramos me indicavam não terem attingido o seu completo vigor. Poderei estar enganado, mas o facto, que se deu, de ter custado a sahir o espadice completamente da espatha, me leva a crer ter sido falta de vigor. Seria a mesma fraqueza que produziu o pequeno numero de flores femininas ? Seria um atrophiamento que produziu o facto, que me parece anormal, e que vou referir? Creio que não porque quando se da o facto de um desdobramento numa flor é signal, antes, de vigor e excesso de vida, pelo que poder-se-ha tomar como normal na espécie em questão, e na duvida, tive de sacrificar os fructos, inutilizando no estudo as flores, que me apresentaram todas os mesmos caracteres. Se é anomalia, deu-se em todas as llores femininas. O facto é o seguinte : Como sabemos os espadices das flores do género Cocos são androgynos, isto é no mesmo pé e no mesmo cacho se apresentam as flores femininas na base dos ramos e as mas- culinas no ápice. As espécies, principalmente do sub género Sja^rus, as flores masculinas são providas de um germinodio estéril e as femeninas de um androceo, também estéril, que sempre é annular mais ou menos tri-sexdentado. Na espécie em questão, encontrei algumas flores mas- culinas, que destituídas de germinodio, produziu o facto de, com o seu abortamento, desenvolverem-se uma a três antheras que tomaram a forma approximada e structura de um ovário, estéril. Este facto não obstante ser accidental e poder ser con- siderado uma monstruosidade, que mais de uma vez tenho ob- servado, se liga a um outro das flores femininas que não pa- rece ser accidental ou teratologico. porquanto é regular, sy- metrico e constante, pelo menos em mais de vinte flores que 31 examinei, tantas quantas o espadice produziu, com quanto seja diminuto o numero para o que devia apresentar os ramos. O androceo estéril nas flores femininas é annular e occupa apenas a quarta parte da altura do ovário, mas em vez de ser sexdentado apresenta alternadamente seis dentes dos quaes três acuminados, da altura do annel, e os outros três desenvol- vidos, mais ou menos ovaes, carnudos, convexos de ambos os lados, apparentando a forma do ovário e terminado como este no ápice em estigma, com papillas iguaes ás do verdadeiro es- tigma. Este androceo desenvolvendo-se em um pseudo pistillo, pela sua espessura, adapta-se sobre o ovário e forma n'este depressões que o torna triangular com os lados côncavos. Os dentes que se desenvolvem em pistilos rudimentarios são da altura do ovário e os dois estigmas alternam-se com os verdadeiros. A parte do ovário coberta pelos prolongamentos do androceo é lisa e lustrosa e a que fica descoberta é munida de um tomento branco e cotonoso. Vide as figuras E da Est. III. Em mais de uma flor encontrei também este desenvolvi- mento em todos os dentes, isto é, apresentando o annel seis pistillos rudimentares. Este caracter ou esta anomalia nas flores das palmeiras, que me conste, ainda não foi observado por botânico algum e é inteiramente novo. Será uma aberração ou constituirá um verdadeiro caracter especifico ? O futuro m'o dirá, com o au- xilio de Deus, pois espero ver se nas florescencias vindouras o facto se repetirá. O desenvolvimento deste androceo, transformado em ger- minodio, na induvia, pela compressão deve modificar a forma do fructo como modificado se desenvolve o ovário. Infelizmente para o estudo e verificação do facto, sacrifiquei os fructos que as flores deveriam produzir, reservando apenas duas que abor- taram posteriormente. O phenomeno de um desdobramento sendo um signal de vigor, ás vezes pôde também ser de fraqueza ; mas n'este caso sempre um órgão se desenvolve á custa de um que aborta. 32 n'este caso está o da transformação da anthera em pistillo nas flores masculinas da espécie de que trato, mas que se não re- pete nas flores femininas que se apresentam perfeitas com si- gna] de muito vigor. Se iiouve um desvio das forças vitaes das flores masculinas para as femininas, estas deviam, como é natural e regular, se apresentar em grande numero e nâo transformadas. Dá-se entretanto o caso contrario, poucas flores e estas com os androceos methamorphoseados. Seria por isso que as flores foram em pequeno numero ? A força que devia produzir maior numero de flores des- viou-se para transformar um orgâo masculino estéril em um um outro feminino ? A fraqueza do espadice augmentaria o vigor das poucas flores femininas ? O desdobramento participa sempre do órgão que se lhe segue e por isso a anthera e o androceo passaram a participar do ovário na flor masculina e feminina, mas, pergunto ainda, seria por algum atrophiamento, por fraqueza que se deu essa aberração ou será um caracte- ristico? A planta mostra-se alentada e vigorosa, sem in- dícios de soffrimento. Deve-se attribuir á prematura flore- scência por ser muito nova a planta e nâo ter adquirido toda a sua robustez ? E' verdade que, em geral, os espadices primordiaes das palmeiras sempre são menos robustos dos que posteriormente se lhe seguem, mas nunca observei por isso anomalia alguma em suas flores, nas espécies dos seus diversos géneros. Tenho encontrado verdadeiras monstruosidades, mesmo em espadices vigorosos; mas nunca o facto que ora apresento, que se não affasta e transforma-se regular e symetricamente. Ulterior estudo talvez melhor esclareça o facto, que por emquanto deixo aqui consignado, o que observei. Outra questão se apresenta ainda relativa a esta espécie : será uma nova espécie ou sendo considerado um facto anormal este mascarou a espécie que é uma das conhecidas ? Mas qual será ella ? Será o polymorpho Cocos Romatizoffiana ? Pergunto, porque no habitus apparece afíinidade nâo só no porte como 33 nas folhas. O Geribà, Cocos Romanzoffiana, é também de Minas- Geraes, mas ahi sempre tem o nome vulgar acima, emquanto que a espécie de que me occupo foi recebida com outro nome vulgar, julgo que Catolé, e os naturaes que dâo outro nome vulgar é porque os distinguem. Presumo ser o nome Catolé, mas nâo affirmo, porque tendose perdido a etiqueta, só de memoria o digo. Se tivesse recebido a planta com o nome de Geribà não a plantaria em logar distincto, por possuir d'essa espécie mi- lhares de espécimens não só adultos como novos em viveiros. O que affirmo, porém, é que não me foi remettido com o nome de Geribà e sim com outro que infelizmente se perdeu. Apezar, porém, disso creio que a espécie é a mesma de Cha- misso, o que mais tarde será averiguado pelos fructos, que dirão a verdade. Apresentando, como vimos ('), o Cocos Romanzoffiana um polymorphismo no habitus e nos fructos, que deu logar á grande synonymia scientifica e a ter os nomes vulgares de Coco de baba de boi, de cachorro, Geribà, Pindó, Datil etc, creio que apresenta agora outra anomalia nas flores, que deformando o ovário, naturalmente também deformará os fructos. Apresento aqui esta noticia afim de ficar registrado o facto e adiantar o conhecimento da planta. Mais tarde voltarei ao assumpto para maiores esclarecimentos. Jardim Botânico, 2 de Dezembro de 1898. (*) Palmae MattogTossenses n 1° c 00 0 4'- -30° 6" 15' -32° 5" -32° 6''20' -31° 5'20' -33° 6'"3o' -30° 5''3o' -34°, 5 7- — 28° 7 'A — 26°,5 Durante esta marcha ascencional e descendente a tempe- ratura da atmosphera desceu de 27° a 26°. Ás 8 horas da noite os estigmas estavam completamente exsertos com os lóbulos tumefactos e erectos, exhudavam néctar, porém as flores masculinas se conservavam completamente fechadas. A temperatura do espadice d'ahi em diante acompanhou a da atmosphera. Ás 10 horas da noite marcava 23.° No dia 28, pelas 6 horas da manhã, começou a affluencia dos dipteros e as pétalas a desabrochar-se. A temperatura, quer das flores, quer da atmosphera, era então de 23° cent. 46 Começando loco a elevar-se a temperatura das llorcs, tive a seeuiiite marcha: 6-% m. — 23° Cent. 9" -30° 7"^ - 3'° 10" — 29°,5 7t - 31° 11" -29° 8" - 3í°,5 I 2 ta rde -27° A temperatura de 27° era também a da athmosphera. Quando, declinando a temperatura, attingiu a 29°, come- çaram as flores masculinas a se desprenderem dos ramos. As 5 horas da tarde só existiam nos ramos as femininas. N'estas experiências a temperatura das flores elevou-se a quasi 9°. Estas duas observações, feitas simultaneamente em espa- dices de um só individuo, com todo o cuidado e escrupulosa- mente, confirmaram os factos anteriores e me fizeram ver que na anthese das flores femininas, no seu preparo para receber o osculo masculino, a sua temperatura também se eleva, como nas masculinas. D'ahi vem talvez a propriedade de fazer reviver a força fecundante do pollen, depois do seu resfriamento. As núpcias dos Bactris concimia Mart. e setosa Mart. con- firmaram-me depois as do B. cariotísfolia que se deram com as mesma solemnidades. A dichogamia, vulgar nas palmeiras, se demora a polini- saçào em um exemplar isolado ou que dá um só espadice, de flores protandricas ou protogynicas, favorece entretanto a fru- ctificaçâo em um palmar. Se protandrica em um espécimen, os insectos levarão o pollen para outro, cuja florescência é protogynica e assim assegura a fecundação, levando o pollen, ainda quente e excitado para o estigma tumefacto de outra flor de outro exemplar. A demora e a elevação da tempera- t\ira nos grios de pollen, contribuem e facilitam a fecundação, nao só em uma planta como em muitas. O pollen das pai- 47 meiras, depois da queda da temperatura, abandonam as anthe- ras e por si cahem seccos e infecundos. Raro é encontrar-se pollen nas antheras das flores, que abandonaram os ramos. Baixando a temperatura cae o pollen e as antheras murcham e seccam. Frio o pollen, tendo perdido a energia vital, con- servará, entretanto, a sua propriedade fertilisante ? Se o calor para a fecundação não é necessário, por que para a união sexual, as flores augmentam a sua temperatura ? Para que nesse momento próprio absorvem então mais oxygeneo ? Não é essa absorpção, o desprendimento de carbono, que dá a energia dos órgãos, que os tornam aptos para dar e receber o gérmen que perpetuará a espécie ? A natureza inutilmente dar-se-hia ao luxo de ostentar uma funcção calori- fera nas flores, sem utilidade ? Natura enim non facit salíus, sabiamente nos disse o grande mestre Linneo, e do seu sentire para o vivere apparece aqui uma funcção idêntica. Excitados por esse calor que abala toda a flor, os órgãos se activam, entram em movimento, dão-se as núpcias e caem depois no abatimento, que demonstra a completa fecundação. As flores masculinas murcham e cahem e as femininas se fortalecem e crescem. Terão os estigmas, na sua excitação nupcial, com o oxygeneo que absorve, com o grande calor que adquire o poder de fazer com que o pollen, tempos depois, se reanime e adquira seu poder fecundante ? O calor que os estigmas desenvolvem, o liquido glutinoso e nectarifero que o envolverá, produzindo-lhe entumecimento, o chamará á vida ? A estada fora do meio apropriado não lhe fará perder a faculdade geradora, como a semente perde a germinativa? Ha factos, como disse, que provam que tempos depois o pollen de algumas palmeiras, de longe, fertilisaram outras, como se dá entre outras plantas; mas, se assim é, fica latente a faculdade fertilisante do pollen, sob o véo da morte, para reapparecer ante uma propriedade ainda mais vital do estigma, 48 que siippre com o seu calor o que antes é necessário ao pollen. Como no reino animal, a natureza, no vegetal, dá um momento propicio á reproducçâo da espécie, que fora d'elle é impossivel. Esse momento é o do máximo da temperatura. Só o artificio humano o conseguirá. Como o sperma, o pollen só produzirá seus effeitos por intermédio dos artifícios do homem, sem a força que motiva a ejaculação. De artifícios nâo cuidou a natureza, que tudo faz por leis sabias e immuta- veis, ligadas como elos de uma cadeia infinita. Quando a evidencia mostrou a sexualidade das plantas, esse facto causou um assombro geral. A prova dos dois sexos nas plantas, foi um dos elos que ligou o animal ao vegetal e o calor que se desprende das flores, na polinisaçâo, é outro cio que identifíca as núpcias animaes ás vegetaes. As palmeiras, essas rainhas do reino vegetal, foram as primeiras que fizeram ver ao homem, que as plantas nâo se afastavam da animalidade, na sua funcção geradora. As plantas, como o homem, festejam as suas núpcias ; mas, muito mais festivamente, porque para isso, quando a epocha se approxima, cobrem os seus órgãos reproductores com roupagens de galas, de cores modestas ou deslumbrantes, que, como docéis, occul- tam das vistas profanas o movimento mysterioso, que se dá no leito de seus amores. Das flores as pétalas luxuriantes, protegendo, velam o thalamo nupcial. Os Babylonios foram os primeiros, segundo Heródoto, que desconfiaram que as palmeiras tinham dois sexos e que esses representavam espécimens difíerentes, pelo que, artificial- mente derramavam o pollen do espadice de uma tamareira sobre o de outra para determinar a producçAo dos fructos. Mais tarde Cesalpinio, naturalista italiano, Nehemio Grew, sábio inglcz, Camerarius, Sebastião Vaillant, reconhecem a divisão dos sexos, até que foi solemnemente provada e pro- clamada por Linneo, estabelecendo o seu admirável systema da classificação. ' 49 Não é occasião, nem aqui posso estender-me sobre o assumpto, porque meu fim é apresentar, somente, o resultado de observações que fiz, mas folgo que fossem ainda as pal- meiras, que viessem nos mostrar, que como o homem, na epocha de seus amores, ellas também se electrisam, por assim dizer, no acto de suas núpcias. Das minhas observações, além das que referi, feitas em vários géneros no grande palmar deste Jardim, concluo que nas núpcias das palmeiras ha sempre : — Grande augmento de temperatura no acto da dehiscen- cla dos órgãos reproductivos ; — Que esse augmento é providencial e maior ou menor quando ha dichogamia; - — Que se não ha dichogamia e simultaneamente desabro- cham as flores masculinas e femininas, o calor nunca excede dois grãos acima da temperatura do ambiente, porque a polli- nisação se faz immediata e naturalmente ou auxiliada pelos insectos ; — Que neste caso o calor que adquirem as flores é apenas o necessário para dar energia e força aos estames ('), para entrarem em erecção e produzirem a dehiscencia das antheras e a immediata ejaculação do pollen ; — Que quando ha dichogamia protandrica a temperatura attinge então uma grande elevação, e esta é demorada. Em- quanto amadurecem os estigmas, isto é, emquanto se preparam para receber o pollen, não só patenteando-se como adquirindo a força precisa para o acto fecundador, o calor nos órgãos masculinos cresce e se demora, para descahir logo que o órgão feminino tornou-se apto a receber a fovilla ; — Que n'esta dichogamia, quando os espadices são mo- noicos, em seral, são os insectos ou as brízas os intermediários o Linneo. na sua Pkilosophia botânica, 17S7, pag. 92, diz : o Calyx ergo est Thalamus, corolla Aulitiiit, filamenta Vasa espermatica, antherae Testes, pollen Genitura. Stigma Vulva, Stylus Vagina, Gérmen Ovarium. 50 da fecundação, e quando sâo androgynos então directamente ella se effectua ; — Que passado o momento próprio, as flores masculinas deixam immcdiatamente os seus ramos ; — Que a demora das flores masculinas nos ramos depois da dehiscencia, que pôde ser de mais de 24 horas, é relativa ao tempo da anthese das femininas ; — Que quando as núpcias dão-se logo depois da abertura das espalhas, isto é, quando a dehiscencia é simultânea, mo- mentos depois as flores se despegam e cahem ; — Que quando ha dichogamia protogynica o calor que adquirem as flores também é apenas o necessário, porque logo que se dá a dehiscencia das flores masculinas faz-se a fecun- dação e as flores cahem ; — Que na dichogamia protandrica, quando é muito demo- rada, as flores masculinas se despegam, ás vezes, mas acarre- tam comsigo a temperatura obtida nos ramos, e, em vez de diminuil-a, a conservam e a augmentam para que dê lugar á fecundação feita, então, só por meio dos insectos; — Que a demora do calor e o seu augmento, n'este caso, nos prova que esse augmento de temperatura é necessário para que se dê uma verdadeira, completa c proveitosa fecundação ; — Que sem esse calor vital os óvulos mal fecundados produzem fructos que abortarão, ou se desenvolverão atrophia- dos, não sendo reproductores; — Que quanto mais promptas são as núpcias tanto menor é o calor e quanto mais demoradas, pela dichogamia proto- gynica, mais elevada e mais demorada é a temperatura; — Que na dichogamia protogynica as flores femininas adquirem também grande calor que perdem depois da sua anthese, e de ficarem aptas para serem fecundadas; — Que a excitação e o augmento de temperatura que se dá no animal na época de seus amores dá-se no mesmo caso nas flores das palmeiras ; 51 — Que para ser profícua, como no acto da fecundação animal, o augmento de calor é necessário nos órgãos repro- ductores dos vegetaes ; — Que sem o excitamento provocado e desenvolvido pelo calor, as flores nao adquirem a energia e a força vital precisa, para movimentar os orgâos que tornam-se verdadeiramente impotentes. Natura enim non facit salhis ! EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA Só hoje me foi proporcionada a dita de ler o n. 3 do 2.° volume do « Boletim do Museu Paraense ». Não tendo até então conhecimento official ou particular da existência de tal Museu nem por uma simples commu- nicação, que a mais rudimentar delicadeza impõe e a pratica estabeleceu entre estabelecimentos cong-eneres, não foi possivel ha mais tempo chamar a contas o autor de um artigo, publi- cado no alludido Boletim, sobre um tópico a mim referente, o qual em nada abona a probidade scientifica do seu autor — o Snr. Huber. Antes, porém, de começar o ajuste de contas com Sr. Huber, permittam os leitores um pequeno cavaco. E' para admirar que um Boletim que é tão fácil e profu- samente distribuído e tal é a procura (') que foi obrigado a elevar a 1500 exemplares a sua tiragem não se lembraram de remetter um só numero que fosse á Bibliotheca do Jardim Botânico, estabelecimento que bem conhecem, tanto que se occupam com o seu Director e suas obras. Lendo o Relatório citado fiquei sabendo que não só os taes Boletins são muito procurados, como também que erraria aliás, quem pensasse que o « Boletim » representa o total da activi- dade litteraria do pessoal do Museu ("). Esse órgão, diz o Rela- tório do Director do mesmo Museu, é o menor da publicação e não comporta senão approximadamente um terço da somma de (') Jiel. da Director, do anão de 1S97, pag. 53. (') O pessoal é todo estrangeiro, julgo que suisso-allemão. 54 trabalho da lavra do corpo scientifico. Ha uma superpro- DUCÇÃo honrosa cujo excesso é logicamente levado para os paizes onde ha orandes revistas e periódicos para esta oii aqiiclla espe- cialidade ('). Que lhes parece ? ! O governo do Pará distraindo o suor de seus filhos, para pagar a estrangeiros afim de figurarem na Europa, em detrimento do nome brasileiro ! O Pará paga para nâo saber o que sobre as suas riquezas se diz, porque creio, que, como no resto do Brasil, os brasileiros nâo estão tão ver- sados em allemão, em inglez etc, lingua em que é escripta a tal superproducçâo honrosa de trabalhos, porque, diz o mesmo Relatório, que é enviada para Inglaterra, para Allemanha, para Áustria, para a França e para a Suissa nas respectivas línguas. Nâo sei se hoje, a população que paga para sustentar os es- trangeiros do Museu do Pará, está muito versada n'essas lín- guas para ler essas revistas , que natural e forçosamente serão também distribuídas no nosso paiz, porque para isso paga. Infelizmente não me chegou nenhuma ás mãos, quando até da Rússia, de Hong Kong, e da Nova Hollanda recebo revistas. Mas infelizmente a tal superproducçâo creio que nâo passa, do que ahi se chama, uma pomada; pelo menos sâo os pró- prios boletins que isso nos provam, se não ha uma indignidade, de enviar trabalhas, feitos por individues pagos pelo Brasil, para serem publicados em revistas estrangeiras quando os deviam imprimir na que o governo paga para si. Não quero que digam que ha má vontade da minha parte, por isso vou provar, com os Boletins, que não ha a tal super- producçâo, e se ha é estranho que o Governo do Pará seja tão condescendente ou tão falto de patriotismo qut; conceda serem olvidados nomes brasileiros de verdadeiro mérito, ao passo que contribue para a e.xhibição d'esses sábios vindos por en- commtnda do estrangeiro, os quaes mais tarde lhe darão a paga. Tenho em mãos e manuseio um Relatório e sete números (*) Kelalorio, piig. 5:. 55 dos Boletins que correspondem a quasi dois annos, e como n'esse Relatório, para mostrar a jjrande importância do mesmo, os avalie pelo niunero de pag-inas (•*), vou também d'elles me occupar pelo numero de paginas, afim de mostrar que não ha superproducção e sim falta de material, a não se praticar a exploração de publicar no estrangeiro trabalhos sobre o Brazil, feitos no paiz e por conta do Governo do Estado. Os quatro primeiros fascículos que fazem o volume de 1897 contém ao todo 440 paginas, sendo 72 de relatórios, discursos, cartas etc, que não aproveitam ao paiz, 182 dos trabalhos pró- prios do Museu, havendo 186, (note-se bem) de trabalhos de indivíduos que não pertencem ao corpo do Museu. O que quer dizer que havendo falta de material se apro- veitou matéria alheia para encher espaço. Por que não encheram essas paginas coma superproducção ? Do 2° volume tenho três fascículos com 392 paginas, sendo de relatórios etc. 68 paginas, de trabalhos do Museu, 170, e cheias de trabalhos de pessoas estranhas 154. Donde resulta que, nos dois volumes, foram perdidas 340 paginas com trabalhos que deviam ser preenchidos com a stcperpro- ducção honrosa, e não distrahidas com outros trabalhos, aliás importantes, como os de Hart, Derby etc, que podiam ser publicados com a mesma utilidade em revistas paraenses ou volumes separados, mesmo porque isto se deprehende do art. 14. do Regulamento, que não havia de criar uma revista para trabalhos estranhos. Poder-se-ha objectar que essa re- messa para o estrangeiro está determinado no art. 22, mas isso foi uma illaqueação á boa fé do legislador, foi um meio de apresentar muito saber e trabalhos feitos por especialistas eu- ropeus, quando deviam ser feitos pelo pessoal do Museu, se bem que também estrangeiro. Remettam-se collecções estudadas e determinadas ; remettam-se publicações, mas as do Museu, as dos estudos feitos e publicados no paiz. {') fag. 53. 56 E' mais honroso mandar um trabalho feito, quero mesmo que mal, do que pedir um attestado de ignorante confessando que remette as coUecções, porque não ha quem as determine. Se lá ha especialistas aqui ha as obras dos mesmos e guiem-se por elias. Dado este cavaco, a que fui provocado, passo ao ajuste com o Sr. Huber, o que farei em poucas palavras : A pags. 382, do referido Bolelim, deparei com o artigo: O « Muricy » da Serra dos Órgãos ( Vochisia Goeldii nov. spec.) — que nâo me mereceria reparo algum se não viesse, sem necessidade alguma, com o titulo « Observação » o seguinte : « Na litteratura nâo me consta senão um caso, onde se fala d'um Muricy que náo seja uma Byrsonima. E' no Hortus Fluminetisis de Barbosa Rodrigues , na passagem seguinte (pag. 62) : a Byrsonúna dispar Gr. (B. differente). Patr. Brasil, Rio de Janeiro. Nome vulgar, Muruchy. E' uma bonita arvore de folhas illiptico-oblongas, adelgaçando-se para o peciolo, com flores amarello-claro em racimos terminaes. Grisebach descre- vendo esta espécie deu-lhe o nome de dispar, porque com e§^eito differe das outras co7igeneres pelos fructos. Os Muruchvs, nome vulgar das espécies d' este género, todos têm por fructo uma baga arredondada e carnosa, entretanto que os fructos aresta são uma espécie de samara tr talada, lenhosa e secca. — Ulterior estudo fará levar esta espécie para outro género ». A parte sublinhada o foi, por mim, aqui, propositalmente, para que o leitor se capacite da má vontade e da força do Sr. Dr. J. Huber, que, segundo o mesmo Relatório citado, é chefe da secção botânica. Depois da citação acima diz o que me leva a escrever estas linhas, que é o seguinte : « Para quem conhece a taxinomia (^) das Malpighiaceas, (*) Sempre pensei (|ue esta palavra se derivava de laxii, arranjo e lemos lei, e que se escrevia laxonomia, aprendi mais isto!... 57 uma planta com frUctos em forma de « uma espécie de sa- maras trialadas, lenhosas e seccas », com efíeito nunca pôde ser collocada no género Byrsonima, e seria muito estranhavel que um sábio do valor de Grisebach tivesse commettido tal disparate. « Mas a planta do « Hortus Fluminensis » não tem certa- mente nada a fazer com a Byrsonima dispar de Grisebach. Este sábio deu á sua planta o nome de dispar, não por causa dos frucíos, que elle nem conheceu quando publicou a sua nova espécie na « Flora Brasiliensis », mas sim por causa da inflorescencia. « A identificação da planta do a Hortus Fluminensis » com a Byrsonima dispar parece, portanto, baseada sobre supposi- sões sem fundamento. Se o « Muruchy » em questão é real- mente uma Malpighiacea ou talvez a Vochysia Goeldii ou uma espécie apparentada, isto não pôde se dizer com certeza, visto as indicações pouco precisas do « Hortus Fluminensis ». Antes de tudo chamo a attençâo para a pérfida adulte- ração que foi usada, fazendo-se-me dizer e escrever o que não disse, não escrevi, nem publiquei. Cita o Sr. Huber o que já vimos : «Byrsonima dispar gr. (B. difterente) Patr. Brasil, Rio de Janeiro. Nom. vulg. Muruchyyt. Onde, no Hortus Fluminensis, ha isso ? Na pag. 62 ? Esta resa simplesmente isto : — Nom. vulg. — O resto está em branco, por não conhecer o nome indí- gena. O Sr. Huber, que disso precisava, encheu o espaço em branco e escreveu Muruchy ! ... para fazer suppor que eu isso havia dito. Que probidade scientifica !... Diz o Sr. Huber que não ha senão um caso de falar-se em Muricy que não seja uma Byrsonima e esse é no Hortus Fluminensis. Quem, não conhecendo o Hortus Fluminensis, ler a «obser- vação» do Sr. Huber, que transcrevi, sabendo que entre scien- tistas é do mais rigoroso dever ser escrupulosamente exacto 58 nas citações, julgará que eu escrevi textualmente o que repetiu o Sr. Iluber. Pois bem. A citação está adulterada e falseada torpemente. O Sr. Huber mentiu quando affirmou que eu dera á Byrsonwia díspar, de Grisebach, o nome vuli^^^ar de Mnruchy e, portanto, commetteu o mais feio dos crimes que pótle pra- ticar um sábio (mesmo de encommenda) o de impr .bidade scientifica. Nem o pôde desculpar a carência de conhecimento da lingua do paiz, pois ahi nâo ha má comprehensâo ou má inter- pretação, ha accrescimo da palavra — Aíiirnrhy — depois da abreviatura — vji/o;. Ora, no Horíus Fluntiiiensis deixei em branco um espaço depois da abreviatura vulg. citada, o que quer dizer que nâo conhecia eu o nome vulgar da planta descripta ; portanto, se sou severo, sou justo com o Sr. Huber classificando, como fiz, o seu incorrectíssimo procedimento, accrescentando na minha obra um vocábulo que lá nâo existe, com o intuito criminoso de prejudicar minha reputação scientifica. Muito favor lhe farei si resolver-me a limitar sua punição a este artiofo. Ainda mais : pela leitura do trecho do Horíus Fluniinensis se vê que eu, apresentando uma planta classificada por Gri- sebach, na sua «Monographia da Flora de Martins, nâo quiz mudar o nome dado pelo mesmo sábio, mas ao mesmo tempo se nota que respeitava sua opinião, mas não concordava com ella e, por isso, além de deixar em branco o nome vulgar, concluía o estudo dizendo : Ullenoi' esfitdo fará /evar csla es- pécie para outro género. Assim, pois, para quem conheça medianamente a lingua pátria e nâo esteja eivado de má fé, a leitura do trecho citado levará forçosamente as seguintes conclusões: — i.", que eu nâo conhecia o nome vulgar da planta descripta por Grisebach e por isso nâo o escrevi; 2.", que não concordava com a opinião de Grisebach em classificar tal planta como Byrsoiiiina 59 dispa}', mas que, cortez e leal, aguardava « ulterior estudo » para dar motivos justificados de minha divergência com o illustre sábio. Por minha vez também digo : o único caso onde se fala d'um Muricy que nâo seja uma Byrsonima é no Boletim do Museu Paraense, vol. II, n. 3, pags. 382 !... Quem daria esse nome vulgar ao Sr. Dr. Goeldi ? Algum estrangeiro, com certeza, porque nenhum natural do paiz, indio, caipira, sertanejo ou roceiro daria a uma Vochysia o nome de muricy. Sâo mais intelligentes do que se suppõe. EUes nâo confundiriam um fructinho pulposo, arredondado e que se come, muito conhecido, com o fructo secco, trigono, trivalve e trilocuar de uma Vochysia, como o Sr. Huber quando diz : «Se o muruchy em questão é realmente uma malpighiacea, ou talvez a Vochysia Goeldi, ou uma espécie sua aparentada ». Para o Sr. Huber facilmente se confunde uma Vochysiacea com uma Malpighiacea. Com que aplomb e autoridade diz o Sr. Huber «a planta do Hortus Fluminensis nâo tem certamente nada a fazer com a Byrsonima y> !... Examinou a planta ? Pois garanto-lhe que a espécie do Jardim Botânico é a verdadeira espécie, mal classificada por Grisebach, e que denominou B. dispar. Agora, se a tal Vochysia Goeldi é uma Byrsonima é que eu não sei, porque nunca a vi. Affirma também categorica- mente que Grisebach deu o nome de dispar, não por causa dos frtictos que elle nem. conheceu, mas sim por causa da inflorescencia; quem lhe disse isso ? tanto foi pelas flores como pelos fructos. Grisebach, que podia dizer, em parte alguma o disse e como sabe o Sr. Huber ? Porque pelas flores ? São differentes (dispar) em que? de que? de qual? Parece mais natural que seja pelos fructos, que elle viu, mas, entrando em duvida que pertencesse á espécie, nâo os descreveu. Nem eu nem o Sr. Huber o pôde affirmar, porquanto o autor não deu explicação alguma. Para o Sr. Huber é por causa das flores ; eu sustentarei, por causa 60 dos friictos que nâo sâo de uma Byrsonima e muito menos de uma Vochysia. O Sr. Huber, sem offensas minhas, somente para por gosto ferir-me sem razão, porque nem de nome o conhecia, occupou-se da Byrsomma díspar, noticiada por mim. O que tem esta planta com a tal Vochysia que o mesmo senhor descreveu ? Dei-lhe por acaso o nome que falsamente citou ? Nâo. Nâo fui eu quem disse que essa Byrsonima, por nâo sel-o devia passar a outro género ? Onde está a base para affirmar que mal classifiquei e determinei a planta ? Não me poderá responder, mas eu o explico. O Sr. Huber nâo sabe ler portuguez, não entendeu o que leu, e por isso vem que- rendo mostrar saber, onde espichou-se redondamente. Vejo ser preciso que o Pará gaste mais dinheiro, accres- centando ao grande pessoal do Museu mais um empregado, um interprete, para traduzir o que fôr escripto em portuguez. Penso que assas disse para explicar a sem razão do ataque do chefe da secção botânica do Museu Paraense, pelo que aqui faço ponto, garantindo que nâo disse que a Byrsonima dispar era um Muruchy, que isso o fiz ver e a espécie do Jardim está perfeitamente determinada, como a podem examinar os entendidos, sendo até a occasião própria, porque está em flor, o que ainda confirma a exactidão da minha classificação, porque Grisebach diz que a espécie floresce em Janeiro e Fe- vereiro. Jardim Botânico, em 20 de Janeiro de 1899. EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS Est. I. — Trithrinax hiflabellata Barb. Rod. A. — Aculeos da parte anterior das vaginas, de tamanho natural. B. — Base dos foliolos para mostrar a divisão da folha, apresentando os dois foliolos internos. Ibidem. C. — Base dos foliolos, de uma folha inteira, pelo dorso, com um foliolo inteiro, apresentando a sua abertura. Ibidem. D. — Espatha interior, de frente. Ibidem. E. — Spadice, mostrando as espathas interiores. De um quarto do natural. 1. Flor fêmea. Tamanho natural. 2. Dita, quatro vezes maior. 3. Calyce, ibidem. 4. Pétala, ibidem. 5. Estame, ibidem. 6. Anthera, ibidem. 7. Ovário e utylo, ibidem. Est. II. — Cocos Paraguayensis Barb. Rod. 1. Porção do peciolo, de tamanho natural. 2. Porção média do rachis, com um foliolo, ibidem. 3. Parte terminal da folha, com foliolos, ibidem. 4. Flor masculina, aberta, ibidem. 5. A mesma, fechada, ibidem. 6. A mesma, duas vezes augmentada. 7. Calyce, ibidem. 8. Pétala, três vezes augmentada. 9 a. b. c. Estames e antheras, vistos pelo dorso, de lado e de frente, ibidem. 10. Flor fêmea, de tamanho natural. 11. Sepala de lado, duas vezes augmentada, 12. Terceira sepala, ibidem. 13. Pétala, de lado, ibidem. 62 14- Androceo e ovário, ibidem. 15. Ramo, com friicto e enduvia, de tamanho natural. 16. Pétala da induvia, vista pela parte interna, mostrando o androceo, ibidem. 17. Fructo cortado verticalmente, ibidem. iS. O mesmo, cortado transversalmente. Est. III. — Cocos sapida Barb. Rod- A. — Porçào média do rachis da folha, com um foliolo, de tamanho natural. B. — Parte terminal da mesma, ibidem. C. — Cortes transversaes do peciolo e do rachis, ibidem. D. — Ramo com uma flor fêmea, ibidem. 1. Flor macho, de tamanho natural. 2. A mesma, duas vezes augmentada. 3. Calyce, três vezes augmentado. 4. Pétala, ibidem. 5 a. b. c. Estames e anthera, de frente, pelo dorso e de lado, ibidem. 6. Gyncecio abortivo, ibidem. 7. Flor fêmea, de tamanho natural. 8. A mesma, duas vezes augmentada. 7, 13 » datil Griseb » 7 i> geribá, Barb. Rod » 7 a Martiana, Dr » 8 D Paraguayensis, Barb. Rod 9 I) phimosa, Mart » 7 » Romamzoffiana, Cham » 7 » sapida. Barb. Rod >i 12 Cocoineae, Mart » 7 Copernicia, Mart » 1 » alba Morong » I II cerifera, Mart » I, 4 Coryphinae, Mart » I Desmoncus, Mart ■> 23 11 rudentum, Mart 11 22 Diplothemium, Mart » 14 I) Anizitzi, Barb. Rod » 16 11 campestre, Mart 14, 15 » littorale, Mart » 14 11 maritimun, Mart 11 14, 15 » Torallyi, Mart 11 19 66 Eu cocos, Ur Pag. 7 fiuacury » 26 lalaliy rasteiro » l7 Mbocoyâguazu » 27 II -ty » l8 Motacu » 26 Palma lilanca » I Pindò 8 Scheelea, Karst 23 II. Anizitziana, Barb. Rod » 2$ II Corumbaen.íis, Bari). Rod » 24, 26 II Princeps, Karst 25 u quadrisperma. Barb. Rod » 23 Syagnis, Mart » 9 Trithrinax, Mart n 2 II acanthocoma, Dr , 4 II Brasiliensis, Mart 3, 4, 21 II campestris Grizeb 4 II flabellata, Barb. Rod 11 2, 4 » schizophilla, Dr » 3i 4 Tucum-mirim de fructa azeda » 19 II H II doce II 19 Uakury » 24 Urubamba » 22 Yacytara » 22 Yatáy 10, II » -grande a 24 » -guazu II 24 M pindú H 13 a pony » 17 H 4^i \ C. 3- 7, \ \ '^ \^A %/' / '^■ Tf \ Tal I. A A 1. B. Bo-rb. /?oc/. des- doup. nai TRITHRINAX BIFLABELLATA Barb. Rod. Tab. //. COCOS PARAGUAYENSIS Barb. Rod. FiaE. \ Tab. 11/. n I ^ 1 . í7 J I : 'A l \ V. I L // ^::^ Fia- E. 3a. ^Z s. \ 4-. U) A: 6S- : C^- v-^ ■ ■fÊ^ l^ i i '^' ^ i ^ .^•S" A. 8. 9. % 12. B » 34 5 22 » 22 » 23 » 31 6 23 » 29 » 29 7 6 u 7 » 30 » 30 8 8 » 10 » 10 9 14 » 17 » 18 » 18 ~10 3 11 8 13 5 » 12 14 20 » 29 15 23 » 23 » 25 Onde se lê : monoici connatis denta:is angulosi raniosis divisi deiitati triangulari tomentosi marginam fliivium tridentati acuti convexi lanceolata snlcata cylindracei sulcati cylindraceo bifaciali convexi brevem bifacili convexi adspersi excedentes síerili exserente bifaciali inermi inermi angulosi aculeati distantes Leia-se . monoecei connato dentato angulosa raniosam divisus dentato triangularis tomentosa marginem fluvii tridentato acuta convexa lanceolatis sulcatis cylindracea sulcata cylindraceum bifaciab'a convexa breve bifacialis convexa adspersa excedentibus s/eriles exserentes bifacialis inermis inermis angulosa aculeata distantibus Outros erros encontrará, ainda, o leitor e que serão pela sua benevo- lência corrigidos. AO LEITOR Em fins de Maio, do corrente anno, recebi do correspon- dente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no Paraguay, o Professor J. Daniel Anisitis, uma carta acompanhada de pequeno herbario, só de palmeiras, colhidas pelo Dr. Emilio Hassler, e que graciosamente este me remettia a fim de que eu as deter- minasse. O Dr. Hassler já referido, por mim, nas Palmae Paràguay- etises, occupa, desde 1885, o tempo que lhe sobra de suas occupações particulares em colleccionar, pelas terras Paraguayas, plantas com que tem enriquecido a sciencia, remettendo-as para a Suissa, sua terra natal, para Paris, Londres e Nova York, as quaes têm sido determinadas pelos Professores De Candolle, Chodat, Micheli, Hallier, Lindau, Clarcke e outros. As suas excursões têm sido feitas, de preferencia, nas cor- dilheiras dos Altos, de Atira, Piribebuy, Acahé, e pelos serros de S. Thomaz e Paraguary, náo longe de Assumpção. D'ellas tem resultado o encontrar muitas espécies novas, algumas das quaes, já perpetuam o seu nome, homenagem que lhe tem sido prestada por sábios europeus. Emprehendendo, ultimamente, de 1898 a 1899, outra excur- são aos longinquos serros desconhecidos, de Amambay, e Ma- racayú, nas raias de Matto Grosso, voltou « traendo, segundo me diz o Professor Anisitis, una collecion tan hermosa y nume- rosa que ai admlrale quede atolondrado. Son plantas que aqui y en los lugares que ha visto son completamente diffe- rentes ». Essa messe foi toda remettida para Europa, e, segundo o mesmo Professor, a solo me ha dejado las Palmeras para VI remetir y regalar á Ud. con el pedido que se sirva examinar y determinar.» Com effeito, se bem que pequena a collecçâo que recebi, é, comtudo. rica em novidades, sendo para lastimar que nâo fossem os espécimens acompanhados de explicações e com- pletos. Entretanto fácil me foi a determinação cujo resultado aqui apresento, o qual completarei mais tarde, com os dados que solicitei, sendo esta publicação, apenas, um motivo para garantia da prioridade da minha classificação. Devo observar que d'esta collecçâo alguns espécimens, como os de n."' 896, [Cocos Paraouayeusis Barb. Rodr.) 1257 e 1733, foram remettidos ao Professor Chodat, de Genebra, porém, até 5 de Maio, do corrente, nâo haviam sido classificados e muito menos publicados, « pêro non estan classificados, lo menos no estan publicados », como me assegura o meu amigo Anisitis. As palmeiras aqui descriptas, de lugares que se não ele- vam a mais de 400 metros acima do mar, se bem que de terri- tório Paraguayo, comtudo, pode se dizer que são brazileiras, porque foram encontradas em uma zona que confina com o -Sul de Matto Grosso, por onde forçosamente se estende a sua área geographica, como por ella entra o Diplothemium leucocalyx Dr., que encontrei no planalto de Matto Grosso e que vae até o Rio Grande do Sul, onde também, Burchell o encontrou. Poder-se-ha pôr em duvida que as espécies que aqui apre- sento como novas, nâo o sejam. Mas, se considerarmos que sâo de uma região inexplorada, como já o fiz ver, nas minhas Paltnae Paragiiaycnses, e são de uma familia de difficil colheita e conservação em herbario, pelo que foi sempre, mais ou menos menosprezada pelos botanistas, motivo não ha para duvidar, mesmo porque as espécies já descriptas eu as conheço de visu e vivas me tem passado pelas mãos. Se assim não fora, nâo teria o numero de 152 espécies descriptas por mim, já muito VII superior ás classificadas pelo sábio mestre, o Dr. Von Martius, cujo numero é de 128. Vem esta contribuição, emfim, augmentar a 434 o numero dos membros d'esta aristocrática família brazileira, que não in- veja o fausto ou a belleza das congéneres do velho mundo. O jlzitor^ Jardim Botânico, em n de Junho de 1900. PALMAE HASSLERIANAE NOVAH Ord. PALMAE Mart. Fam. COCOINEAE Mart. Gen. nob. Acanthococos Barb. Rodr. Flores in eodein spadice iiUerfoliaceo simpliciter ramoso mo- noici, masc. in parte superiore numerosi solitarii v. 2 mi conferti ; fem. in parte inferiore conferti sessiles solitarii. Flores masc, sepala parva, lanceolata, acuminata, dorso subcarinata, erecta, ad basin connata. Pétala oblique ob- longa, cuciillata, acLita erecta. Stamina 6 inclusa, filamentis subulatis ; antherae lineares, obtusae, basi bifidae, in médio affixae, erectae. Germinodium parvum, elongatum, trifidum- Flores fem. masculis sub aequilongis, ovoidei, perianthio post anthesin aucto. Sepala minuta subreniformia, acuta, coriacea, erecta. Pétala sepalis multo majora, coriacea, re- niformia, convoluto-imbricata, acuta. Androeceum abortivum annularis irregulariter dentatum. Ovarium ovoideum v. glo- bosum, velutinum, in stylum brevem attenuatum, stigma- tibus erectis demum recurvis. Drupa subglobosa, monos- perma, vértice rostrata, epicarpio fibro-pulposo, endocarpio ósseo basin versus triporoso. Albumine crasso, cavo, embryo poro uni oppositus. Palmae acaules, aculeatissimae. Folia terminalia, inter fibrts den- sis antiquas vaginaram erupefites, pinnatisecla, foliolis condu- plicatis, linearibus, aeqiãdistaníièus, uninerviís, ápice oblique iílciiiníis. iiiaii^inibus sub lacvibiis, raclii subíi i(;oua superna ixcula pauci aciileala, petiolo aiitice concavo, dorso fusco to- inenioso, convexo, icnuiter acuiealissiino, vagina fibrosa, per- sisícií/e, tomentosa, dcnsc horrido-acjileala, aciileis pungeníibus. S[jaLlice parz'i, erecli, sinipliciter raniosi, a d apicevi cernui, raniis ereclis demum cermiis ; spatlia exterior elonoaia. lan- ceolala, ápice fissa, interior la/oob/oiioa, iigitosa, dorso deusé cofonosove/u/ina, sub acuta, Drupa sicca brunnea, velulino- aculeata, parva. Distincta como é, esta espécie apresenta, todavia, affinidades' que poderiam leval-a para o s^enero Cocos, se não fosse a sua armadura de pungentes aculeos, ou para o Baclris se as suas ílores e as suas folhas nflo a affastassem completamente desse género. Estabelece, comtudo, uma passagem, uma espécie de transição, de um para outro género que se ligam como que por um élo. Planta dos terrenos altos e seccos, como são as das espé- cies do Cocos, apresenta pelos aculeos, e pela forma do espadice caracteres do ISaciris, dos terrenos baixos húmidos e alagados. A simples leitura dos caracteres e o exame das figuras que apresento bastam para se ver que, a planta em questão, não se filia a nenhum dos dous velhos eeneros. Attendendo á affinidade que apresenta com os dous géneros citados, impuz á este novo género e nome de Acanthococos, do ãxarda, espinho e cocos, o nome scientifico tirado do vulgar, dado á fructos d'outras palmeiras, por aparentar uma careta. AcANTiiococos Hassi.eki Barb. Rodr. Acaulis foliis gracilibus brevibus recurvis inter fibris aculeatis erupentes, vagina fusco-tomenlosâ aculeis pungentibus ni- gris hórrida, petiolis tomentosis aculeis pallidobrunneis mollibus tectis, rachi brunneo-tomentosi aculeis nigris sparsé armati, foliolis lineariconduplicatis regulariter dispo- silis aequilongis recurvo-explanatis apicem acuto-bidentatis. Spadix inter foliis et fibris erupentes petiolum brevior longe pedunculatus, pedunciilum fusco-lanosum, rachi in ramos brevis 4-divisâ densé scrobiculatâ, spathâ exteriora lanceolata pedunculum majora, brunneo-tomentosâ, interiora lato oblonga incurvâ extus densé lana molli fulva vellutino tecta ; floribus fem. sepalis reniformibus minimis acutis, petalis multo majoribus lalo-oblongis mucronatis, androeceo sterili ad basin petalorum connatis irregulariter dentatis ; drupa parva tomentosa tunuiter aculeata. Palma acaulis, caudice brevi terrae immerso, solitária. Folia 4-5 contemporânea, o,"'5 — o,"8 lg., vagina dorso aculea- tissima, o,'"9 — o,'"io lg., /^//i?/í? tomentoso, aculeis brunneis mollibus tecto et magnis esparsé armato, o,'"io-o,"i5 lg., rachi o,"" \^ lg., 4-anguiosi, supra aculeis nigris esparsé armato, /o/io/is lineari-conduplicatis, o,'"30 — o,'"36 X ©,"'004- — o, ""005 lg., subaequilongis. Spadix o,"'i6 — o,™20 lg., pedunculus o,'" 12 — o,'" 13 lg. gracilis, fulvo densé lana- tus, arcuatus in rachim 4-ramosis divisi, tamis o,'"04 lg., densé scrobiculatis. Spatha exteriora o,"" 1 6 X Oj"'o 1 2 lg., lanceolata, obtusa, interiora o,'"oS — o,"'i2 lg., extus lana molli brunneo v. fulva velutino densé tecta, brevi mu- cronata, concava, incurva. Flores vtasc. o, ""006 lg., ca- lyce 0,^00 1 lg., sepalis ad basin paulo connatis, lanceola- tis, acuminatis, dorso subcarinatis, petalis irregulariter lan- ceolatis, interdum cucculatis, acutis, ad basin attenuatis ; statninibus 6, inclusis '3 pétala aequantibus,^?/^;^^;^^/^ erectis, ad apicem attenuatis antherae subaequalibus ; antherae lineari-oblongae, utrinque emarginatae, laterafiter fissae, medifixae ; gernmiodium minimum, tripartitum. Flor fem. 3-5 ad basin ramorum, conicis, sepalis minimis, reniformi- bus, acutis, convexis, disjuntis, o,"'oo2 lg., petalis sepalis multo majora, 0,^005 X o,'"oo7 lg., acuto-mucronatis, renifor- mis, concavis, dorsaliter subcarinatis, androeceo sterili ur- ceolari, irregulariter dentati, ad basin petalis connatis ova- rium basi cingente. Ovarium conicum, velutinum, stylo brevi. Drupa subrotunda, o, "012 iii diam., velutino-cotonosa, arguté aculeata. Hab. in alto planitie Apé-hú, in Paragiiay. Flor. Oct.. Herb. Hassler n." ^ç§y et 5224. Entre as espécies que me foram remettidas pelo Dr. Hass- ler, encontrei dous exemplares, com os números acima, que, se bem sejam de porte differente comtudo pertencem a uma só espécie, em idades diversas: um adulto e outro ainda novo. Aqui represento o adulto. E' um interessantíssimo individuo que cresce nas altas campinas dos cerros do Paraguay, e que deve se estender, também, pelos campos do Sul de Matto- Grosso. Forma um género bem distincto para o qual, em homenagem ao seu descobridor, o Sr. Dr. Emilio Hassler, pro- ponho o nome especifico de Hasslerí. Gen. Cocos Lin. Sect. SvAGKUs Mart. I. Cocos LiLLiPUTiANA Barb. Rodr. Acaulis foliis patentibus gracilis brevibus, aequaliter pinnati- secta, vacina tomento cinnamomeo tecta, foliolis linearibus acutis oblique bidentatis explanatis ; Spadix brevis tri-ra- mosus sub arcuatus ; spatha interior lanceolata acuta striata tomento cinnamomeo tecta ; glomeruli androgyni racheos dimidio inferiori inserti, superne masculi, floribiis masc. femineis sub aequilongis, flor. masc. petalis lineari-lanceolatis sub concavis acutis staminibus inclusis, antherae ad basin subsagittatae ad apicem oblique emarginatae, flor. fem. sub conicis, 2 — 3 ad basin ramorum sepalis lato lanceolatis cucculatis, petalis sub cordiformibus acutissimis. Androeceo sterili ovarium cingente annuliformi, ovarium depressum in stylum brevem stigmatibus minimis angustatum. Drupa ignota. Palma acaulis, o,"'i alta. Folia 3-5 contemporânea, o,'"3 — o,"'4 lg., va^rina tubulosa tomento cinnamomeo tecta ad apicem fibrosa o,'"o6 — o, ""07 lg., pedunculus recurvus, antice planus extus convexus, cinnamomeo tomentosus, Oj^os — o,'"o6 lg., rachis triangulari, dorso cinnamomeo tomentosi, foliolis subalternis, linearibus, oblique acutis, ad marginam cras- sioribus, inferiore minoribus, o,"'o8 — o,'"23XO)°'oo5Xo."'oo7 lg., viridi-glaucis ; Spatha exteriora non vidi. Interiora o,"'i2-o,'"i4 lg. Spadix pedunculus compressus laevis, o,"!© lg., cylindraceus, uni bracteatus, ramis o, ""03 lg., sub re- curvi*s. Flores masc. 0,^007 lg., calyce o, "'009 — o,'"oo2 lg., pétala o,"'oo6XO)'"oo2 lg. Flores fem. o,"'oo6 lg. Drupa ignota. Hab in campis ad ripam fluviíim Capibary, ad Paraguay. Flor. SepL. Herb. Hassler n. 4458. Se o Akikv. Cocos petraea, é a mais Inmiilde das ])almeiras no Brasil, ainda appareceu esta no Paraguay, que disputa a primasia na pequenez do porte. Muito semelhante a esta con- y;enere, é entretanto menor e affasta-se por caracteres que a distinguem. Como a primeira vive entre as gramineas dos campos, que são assoladas annualmente pelas queimadas e por isso nunca se pode desenvolver, porque aquellas cujas folhas escapam dos dentes dos animaes não resistem ás linguas do focro. .Sem esses dous elementos destruidores é natural que se desenvolvessem e tomassem mesmo outro aspecto, que nâo denunciasse rachitismo. 2. Cocos CAMPicoi..\ Barb. Rod. Acaulis toliis regulariter pinnatisecta gracilis patentibus v. ar- cuatis, foliolis linearibus acuminatissimis obliqué insertis (a° lo") alternis uninervis. Spadix longissime pedunculatus erectus simpliciter ramosus. Spatha inferiore lanceolata interiora quádruplo minora acuta ancipitata, interiora lan- ceolata acuta extus nitida pedunculum etiam anthesi in- volvente. Flores masc. quam fem. ovoideo acuti duplo breviores calyce '/., corollae aequante sepalis lanceolatis acutis, stamina basi sagittata. sepalis fem. '1.^ corolae mi- nore lato-oblongis 1-3 dentatis, petalis lato-oblongis acumi- nato-mucronatis, androeceo sterili cupulari tridentati brevi, ovarium lineari-oblongum in stylo brevem stigmatibus elon- gatis angustatum. Drupa mihi ignota. .Acaulis. Fo/ia ^-6 contemporânea, (vagina persistente fibroso- dissohita), gracilia arcuata o, "'5 — o,"'8 lg., pedunculus supra planus subtus convexus, o,"'20 lg., lachis supra acuti subtus convexi, o,'"34 lg., foliolis alternis, linearibus, acuminatissimis, inferiore o, "'40 — 50 X o,"'oo5. superiore o, ""25 X o,'"oo3 — 4 lg., Spatha inferiore o,"' 18 — 20 X o,"'oi 2 — o, ""015 lg.; interiora ©.""só — o,"'70 lg., gracilia. Spadix simpliciter ramosus, pedunculus o."'50 — 0,60 lij., sub com- pressiis, laevis, flexuosus, racJiis o,"'io X C),"'i 3 lg., Flores inasc. densé imbricati, o.^oog lg. siiperiore minori o,"'oo4 — o,"'oo5 lg., calyce saepe pedunculatus, sepala lineari-lan- ceolata, obtusa, inciirva, dorsaliter carinata, ad marginem membranacea, petalis irregulariter lanceolata, aciita intiis concavo-siílcata, filamentis antherae minoribus ; antherae medifixae, ad basin sagittatae, ad apicem obliqué emargi- ginatae. Flor. f em. o, '"010 — o,"'oi2lg., ovoideo-aciita, se- palis 7:i corollae minoribus, lato ovatis, 1-3-dentatis, ad basin sub cordiformis, convoluto-embricatis, petalis majo- ribus lato-oblongis, acuminato-mucronatis ; androccci sterili brevi, tridentati, cupulliformi. Ovarhiin oblongo-elongatum. Drupa mihi ignota. Hab In campis. Ipé hú ad Paragna)'. Flor. Oct.. Herb. Has- sler n. 50SJ. Ainda uma outra espécie que se não pôde confundir nem com o Cocos petraea nem com o acaulis de Martius, tendo apenas affinidade pelas espadices com o C. graminifolia var. nana Dr., affastando-se deste em serem ramosos e não simples, em ter as Hores e a disposição dos foliolos differentes. Alem d'isso a espatha na espécie de Drude é estriada e n'esta lisa. E' uma bella planta ornamental. 3. Cocos AMADKLPHA Barb. Rod. Acaulis foliis gracilibus arcuatis crispatis aequaliter pinnatise- ctis, foliolis angustissime linearibus conduplicatis ad apicem oblique bidentatis suboppositis erecto-flexuosis. Spadix foliis brevior multiramosus, spatha interiore laevi cinerea laeviter pulverulenta, lanceolata paulo mucronata, pedún- culo cylindraceo cinereo pulverulento elongato, rachi cy- lindracei, laevi sulcati quam pedunculus breviore in mi- nimis interstitiis ramos paucus exerente denique ápice flo- rifero caudata; flores masc. quam fem. paulo breviores, 8 scpalis liiitaribiis, dorso carinatis ad marginam mcmbra- naceis aciiminatissimis, petalis lineari-lanceolatis acutis, sta- ininibiis inclusis, filamentis antherae paulo majore, antherae sub medifixae iitrinque emarginatae ; flor. fem. conicis, sepalis lato-oblongis argiité miicronatis convoliitis, petalis minoribiis lato oblongis convolutis longe mucronatis ad maroinem denticulatis, androecei sterili minimi annuliformi basi ovariíim cingente; ovarium subcylindraceo in stylum breve atteiiuatum, tomentosiim. Drupa non vidi. Acaulis. Folia arcuata, rachis anlice bifaciali postice convexi, O,'" 40 — o,"'45 lg.. foliolis angustissime liiiearibus, oblique bidentatis, suboppositis, erecto-iiutantibus, conduplicatis, in- feriore o, "'50 — o,"55 X o, ""005 lg., superiore minoribus o, '"25 — o,'" 30 X o, '"002 — o, '"004 lg. Spadix o"'io — o, "'40 lg., spatka interior lanceolata, involuta, o,'" 40 X o, "'006 lg., extus cinereo tomentosa, paulo mucronata, laevis, pedún- culo cylindraceo, tomento cinereo adsperso ; rachis o,'" 13 lg., glabri ramos 15-18 excerens, patentibus v. suberectis o/^io — o, "'14 lg., et ipsa in caudam floriferam ramos su- perantem excurrens. Flores masc. o,'"i lg., petalis coriaceis, o, "'002 lat., germinodium tripartitum fe77i. in scrobiculis an- drogynis' imis 1-2 supra ramorum basi et plures in ra- cheos cauda florifera inserti o, "o 14 — o,"'oi5 lg., sepalis lato-oblongis, petalis lato-oblongis in rostrum acuminatis, ad marginem denticulatis. Androcei sterili annuliformi, o."'oo7 alt. Ovarium tomentosum, subcylindraceum in sti- gmata elongata angustatum. Drupa ignota. H.Mi. in campo Capibary ad Paraguay. Herb. Hassler n. 6083. Entre as vinte e cinco espécies, do Brasil, que já conta o género Cocos, excluindo as synonimias. só duas eram conhecidas como acaules. o pcíraca e o acaulis de Martius ; estas, porém, leeni os espadices simples e não ramificados. Entretanto, hoje se apresentam mais algumas, com espadices ramificados, como 9 a presente, e que cresce, mais ou menos, em sociedade nos campos de Capibary. E' espécie robusta e distincta. 4. Cocos CAMPYLOSPATHA Barb. Rodr. Acaulis íoliis gracilis interruptepinnatis, foliolis binis aggregatis apicem versus solitariis linearibus acuminato-mucronatis pun- gentibus glaucis. Spadix rachi in ramos 12-16 fastigiatos divisa laxe scrobiculatâ et ipsa in caudam floriferam excur- rens ; spatha interiore recurvato subconduplicatâ striata acuta tomento albo-cinnamomeo adspersa ; flores masc. se- palis lanceolatis acutis staminibus inclusis ; flor. fem. calyce quam corolla minore, sepalis lato-oblongis acuto mucronatis, petalis acuminato-mucronatis convolutis ovarium longe ova- tum in stylum brevem stigmatibus recurvis angustatuni involventibus. Drupa ignotar Acaulis foliis interrupte pinnatis per acervos longe distantes bijugatis, rachis o,"'6o-o,'"70 lg. supra bifaciali, subtus con- vexi, tomento albo adspersi, foliolis per acervos bijugatis, o,"'03 - Oj^oó distantes, linearibus, oblique acutis, mucronato- pungentibus, tomento pulverulento albo adspersis, inferiore o.'" 13 X o,"'oo2 lg., médio 0,25 X 0,0 10 lg., superiore decre- scentibus o, i7Xo,"'oo3 lg.. Spadix 0,30-0,40 lg., spatha interiore 0,45 -0,50 X O5IO íg-> recurvata, profunde striata, tomento cinnamomeo tecta, pedúnculo 0,20-0,25 lg. sub- compresso, ad basin, tomento cinnamomeo tecto, rachis o,"' 1 4 - o,"' 1 5 lg., in caudam excurrens; ramis 0,15 lg., de- crescentibus 13-15 contemporaneis, inferiore majoribus. J^tor. masc. ad apicem ramorum, 0,009 '&•• sepahs ad basin connatis lanceolatis, acutis, dorso carinatis, minimis, petalis lanceolatis, acutis, concavis ; antherae filamentis majorae, ad basin oblique emarginatae, sub medifixae ; germinodium minimum sub globosum ; flor fem. o,"'oo8-o,"oio lg., sepalis 10 petalisque minoribus. lato-oblongis, miicronatis, ad apicem carinatis, pctalis ançjustioribus longe miicronatis stigi^matibus recurvis excedentes. Drupa ignota. Mab. /';/ cavipis prope Cordillera de Altos, ad Paraguay. Fior. Dec. Hcrh. Hassler n." JJJJ. Novi V7tlg. Yatáv mi, ou Yatáy-pequeno. A descripção desta espécie não pode ser completa por- quanto falham elementos dos espécimens que estudei, sendo comtudo sufficientes para bem caracterisal a. E' mais uma espé- cie de espadice ramoso entre os Cocos acaules, e mui distincta da espécie antecedente. Presumo ser, também dos campos, dos altos serros, batidos pelos ventos e raios solares. E' notável pela forma da espatha interior, que se aproxima da do Cocos acanlis Mart., sendo recurvada como as cimitarras. Só este caracter é sufficiente para distinguil-a de todos os con- géneres. Gen. Diplothemium Mart. DiPLOTHEMiuM Hasslerianum Barb. Rodr. Acaulis folia gracilia subarcuata regulariter pinnatisecta. foliolis proximé obliqué insertis linearibus obliqué acuminatis utrinque glaucis. Spadix minor spathâ striati fusiformi longe rostrati, racheos parte inferiore androgyna quam cauda masc. longiore, florum masc. sepalis lanceolatoacuminatis dorso carinatis quam pétala duplo brevioribus, petalis lan- ceolatis, concavis acutis, staminibus 6 inclusis, filamentis antheram minoribus. antherae ad basin sagittatae, drupa ignota. Acaulis. Folhx i,"'-i,"'8 lg. Foliolis regulariter decrescentibus. médio o,"'30-o,32Xo."'oi3 Ig- superior o,"'i6 X Oj"'oo5. binis apicalibus 0.09 X o,"'oo2 lg.. spadix o,"'6o X o, "'70 lg., pedún- culo longíssimo sub rachi dilatato. ad basin toniento fusco adsperso ; rachis o,"'oq lg., dense llorifera, spatha interiora, 11 longe rostrata, argiité striata nitentia extus viridia intus flavescens, deinde extus fusca intus castanea, peduncnlum longe vàginantia illic tomento cinnamoneo tecca ; Flores masc. (et fem. longiores) o,"'oo8 lg., dense ad rachin supra pedumculi apicem angustatum inserti; germinodium minimum cylindraceum, trifidum ; flor. fem. ante anthesin conici, sepala ovata obtusa sub cucuUata, pétala ad apicem tridentata, an- droecei sierili mw\w\-\\, ovarmm ovoideum in stio-niata elongfata angustatum. Drupa non vidi. Hab. in campo Apépu ad Paraguay. Flor. Aug.. Herb. Hassler n." 435^- No meu recente trabalho sobre as Palmeiras do Paraguay, tratando de uma nova espécie que descrevi, o Diplothemium Anisitsu, me occupei das três fachas luzentes que internamente, tem o endocarpo, dos fructos deste género como as que cara- cterisam os Syagrus, assim como tratei, também do androceo estéril, por nâo terem sidos esses caracteres observados, e a propósito mencionei todas as espécies conhecidas até então, em numero de cinco. Este numero é hoje augmentado com mais esta espécie, pelo que já oito representam o género, sendo que duas já fo- ram por mim anteriormente descriptas, o Anisitsu e o pecti- na tum. A espécie de que agora me occupo, não tem os frúctos conhecidos ; entretanto, pelas folhas e pelas flores affasta-se de todas as outras, pelo que á elle ligo o nome do seu desco- bridor o Dr. Hassler, perpetuando assim a minha homenagem e gratidão. Observação. O herbario que me foi remettido continha 13 números indicando outros tantos espécimens que ficaram assim reduzidos : 10 espécies, sendo 6 novas, aqui descriptas, 3 duplicatas (os ns. 5057, 5224, 5299, 6082) e 3 espécies já conhecidas, que são as seguintes : 12 Cocos Pakaguayensis Barb. Rodr. In Palmae Paraguayenses, pa<,r. 9, tab., II. Prope Cordillera de Altos. nom. vern. Yahiy guazu. Herb. Hassler n.° 896: Auy. DlPLOTHEMIUM LF.UCOCALVX Df. In Mart. Flor. Brás. III, part. II, pag. 431, tab. XCVIII, Fig. I. Barb. Rodr., Palm. Mattogrossenses, pag. 28, tab. IX. Herb. Hassler n." 1257 et 6082. Diplothemium Jangadense Moore, Trans. Linii. Soe. of. London, 2, vol. IV^ 499, tab. n.° 36. Geonoma ScHoniANA Mart., Palm. Brás. suppl. p. 143. tab. II A : Drude in Mart. Flor. Brás. III, part. II, pag. 492, tab. CXIII, Herb. Hassler n." 4715. Sept. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1 1 de Junho de 1900. Addenda Dei.xei de incluir, propositalmente, a espécie que abai.vo descrevo, entre as do Paraguay, para se nâo confundir com as Hasslerianas. Está representada n"este Jardim por dous magnificos exem- plares, cuja origem me é desconhecida. Um foi plantado ha mais de 20 annos e o outro, obtive por sementes do primitivo exemplar, os quaes plantei em 1890. Amlios floresceram agora em Abril, e vigorosamente se desenvolvem. Tendo completado o seu estado de perfeito desenvolvi- mento, determinei, a espécie porque, agora, nâo se dará mais, do que o crescimento do espique. 13 Cocos QUiNQUEFARiA Barb. Rodr. Caiidex procerus foliis regulariter dextrosis in spiram pentas- ticham dispositis erecto-recurvatis, foliolis per acervos 3-4- oriím aggregatis divaricatis. Spadix longe pedunculatus ramos plurimos dense exserente, spatliâ interiore longe lan- ceolatâ mucronatâextiis arguté striatâ fiisco-tomentosâ; flores fem. quam masc. minores ad basin ramorum 20 — 30 contem- poranei ; drupa viridi-tlava ellipsoidea endocarpio univittato. Caiidex 3 — 5™ X 0.20 lg.. Folia 25 contemporânea, 4, ""50 lg., erecto-arciiata, vagiria sub-triangularia in fibras dissoluta, petiohis i.^so lg., ad marginam dentatus, intus ad basin concavus, rachis 3."' lg., hvíaciaW, foliolis per acervos, erectis, patentibus, pendulis, inferiore o, "'60 — o,'"65 X o,""©! Ig-. médio o,'"6o X o,'"65 X o,"'04 lg. superiore o,"! 5 X o,'"oo6 lg., acutis, supra nitentibus, subtus pallidioribus. Spadix recurvatus, longe pedunculatus ; pedunculus i,"'5oX ©^"'o^s lg., rachis o,"'40 — Oj^so lg., ramis dense in.sertis, o,'"45 lg.; spatha exteriora lanceolata ad apicem bipartita, o,"'50 X o^\ lg., interiora lineari-lanceolata, extus arguté lineata, brunneo- tomenfosa, longe mucronata. Flores, masc. o^oi'^ — Oj^oao lg., pallide ochroleuci, calyce corollae '/^ aequante, petalis irregulariter lanceolatis, acutis, concavis, filanienlis corollae minoribus, antherae ad basin sagittatae, ad apicem acutae, germinodiutii minimum, tripartitum ; fem. subconici, sepalis petalisque majoribus, convolutis lato-ovatis, acutis, petalis paulo minoribus, lato-subcordatis, acuminatis, androecei síerili annulari, sexdentati, ad basin ovarium cingente ; ovariuvt subglobosum ad apicem attenuatum stigmatibus stylo brevi insidentibus acuminatum. Drupa oblonga v. ellipsoidea, viridi-flava, ad apicem brunneo-lepidota, o,'"35 — o,"'28 lg., mezocarpio fibroso, pulposo-mucilaginoso, ochroleuco, endo- carpio atro-ferrugineo, ósseo, intus monovittato; albuniine cavo. 14 Hah. culta iit lardini Botânico do Rio de Janeiro. Flor. el fruct. Juii. a d Aug. Esta espécie tem alguma affinidade com o Cocos coronata Mart., pela disposição das folhas em espiral, com as vaginas e os peciolos como que dentados, pela queda dos fibras dos bordos, e pelo fructo, affastandose, todavia, no aspecto geral, no porte, no espadice e nas folhas. O espique approxima-se do Cocos Romauzoffiana de Chamisso. Apesar de apresentar grandes espadices de numerosíssimas flores, pouco fructifica e os fructos, quando mesmo muito ma- duros, nunca se tornam amarellos, e nelles sempre predomina a côr verde como nos do C. coi'oitaía. As folhas dispostas em cinco series, n'uma espiral, perfei- tamente pronunciada, da esquerda para a direita, o caracterisa bem e d'ahi o nome especifico que lhe impuz. Bactris Unaensis Barb. Rodr. Caudex inermis brunneo lanatus, longe annulatus. Foliis longe envaginantibus, vagina lanato tomentosa, aculeis nigris hirtis obtecta, petiolus brevis longe aculeatus, ràchis iner- mi, foliolis linearibus longissime acuminatis ad marginam ciliatis subtus setosis, apicalibus multo latioribus bifurcatis, nervis supra minute aculeatis. Caudex caespitosus, flexuosis, 3-6 contemporaneis, O-So" — i'"X X o"',oo8 — o'" ,01o lg., annulatis, annulis o"',o8 — o^.og inter se distantes, brunneo-lanato. Folia 5-7 contemporânea, i)"",6o lg., vagina o"',2o lg., aculeis nigris ad basin gibbosis o", 20 — ©"',03o lg. obtecta, ad bâsin Janatotomentosa ; peliolus brevi, o'",o8 — o", 10 lg., lateraliter per greges longe aculeato ; racliis inermi, subtriangulari ; foliolis 4-5 utrinque, unijugatis, sub oppositis, interrupte insertis, inferiore et 15 siiperiore multo latioribus, inferiore 2-3-nervatis, linearibus, acutis, o'",24 X o^jOas lg., médio linearibus, longe acuminatis, o",26 X o"'?0'8 lg. superiore 7-8-nervatis, lanceolato-falcatis, acutis, o'",3oX o'",055 — o"' ,065 lg., subtus setu\osis. S/>adixf Flores ? Hab. in silvis prhiiaevis ad Rio Una in Prov. Pará. Bactris NiGRisPiNA Barb. Rodr. Caudex elatus aculeatus aculeis nigris patentibus sparse horri- dus. Petiolo cylindraceo aculeis compressis retroflexis nigris per greges magnitudine variae horridus. Foliolis interrupte- pinnatis linearibus acutis ad marginam longe aculeátis, in facie inferiore albidis. Spadix multiramosus rachi paulo longiores, spathâ magna acílleatâ, aculeis parvis o'",oo5 — — o'",02 nigris retroflexis per greges sparsim armatâ. Flores fem. cálice annulari tridentato, quam corolla cupulari tri- dentata multo minore. Caudex 2 — 3 X o^jOSS — o"',040 lg. Folia 5-7 contemporânea, longe petiolata, subrecurva lg., vagina aculeatâ, o"',20 lg.? aculeis nigris compressis hórrida; pedunado, ramos 20-24 cylindraceo, aculeatissimo, anticé aculeis sparse erectis o^jOOS — o"',oi5 lg., posticé per greges retroHexis o"",©! — — o"',04 lg., tomento fulvo tecto, 0,80 lg., rachis anticé an- gulosi, posticé sparse aculeati, aculeis jugatis, nigris, com- pressis subulatis retroflexis ; foliolis per greges, 3-5 con- gregatis, o,'"o5 — o,'"25 inter se distantes, linearibus, acutis, ad marginam setis o,"oi — o,'"oi5 lg., armatis, ad basin concavo-reduplicatis, nervo médio subtus prominente, infe- riore 3o'",o — o'",37Xo,oi — o'",023 lg., médio o,™43Xo'")26 lg. superiore 2-3 connatis o'",30 X o"\040 Ig- Spadix 20-25 ramosus, spathâ exteriore lineariâ, acutâ, lateraliter angu- 16 losâ, albo-roseâ tomentosâ, raré setosâ, interiore lanceolatâ, mucronatâ, ad basin pedunculum envolvente, brunneo to- mentosâ, aculeis nigris o"" ,005 — ©""jOis lg. ad basin carun- culosis sparse hórrida, pediuiculo compresso, cinnamomeo tomentoso, incurvo, glabro. o"', 30 lg., in rachim, o'",o6 lg. excurrente ; ra7)iis tenuis, minute scrobiculatis, o"',o8 — o",io lg. Flor. viasc. non vidi. Flor. foií. calyce annulari, triden- ticulato, glabro. corollâ calycem pluriis excedente, triden- tatâ, glabra ; ovarium sub cylindraceum, glabrum. Driípa ignota. Hm;, ad Muyrátauá supra ripas immdatas, in Rio Amazonas. Flor. fcbruar. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 15 de Agosto de 1900. índice 6 Acanthococos llassl<:ri. Harb. Kodr I Bactris nigrispina. líarb. Kodr '5 >j Unaensis. líarb. Rodr 14 Cocos amadelpha. Barb. Rodr 7 » canipicola. llarl). Kodr » campylospathj. Harb. Rodr 9 » lilliputiana. Barb. Rodr 5 1) Paraguayensis. Barb. Rodr ^~ n quinquefaria. Barb. Rodr i,i Diplothemium Hasslerianum. Barb. Rodr lo » leucocalyx Dr I2 Geononia Schottiana. Mart '2 Yatáy-ml '" Vatày-guazu • ^- ?í^rfQ^^ QK267.B3 ^^'ii'i?M«ií*.í?í'nli',M5íí'''^"'^«"anoarossen6