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Full text of "Ensaio para uma synonimia dos nomes populares das plantas indigenas do Estado de S. Paulo"

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SÃO PAULO 


N. 10 


ENSAIO , 

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U M A S YNON I MI A D OS N OME S P O P ü LARE S 

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PLANTAS indígenas do estado Op s. PAULO 

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Alberto L ôfgren 



S. PAULO 


Typ. Hennies Irmãos, rua Caixa d’Ag’ua 1 C, 
1895 




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ESTADO DE S. PAULO 


N. 10 


ENSAIO 

PARa 

UMA SYNONIMIA DOS NOMES POPULARES 

DAS 

plantas indígenas do Estado de 8. Paulo 


POR 

Alberto Lôfgren 



S. PAULO 


Typ. Hennies Irmãos, rua Caixa d’Agua 1 C. 
1894 


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■Xó : 

C. >* 2 ^- •• 





Explicação 


E’ conhecido que os nomes triviaes on indígenas das plan- 
tas da flora brazileira muitas vezes diíFerem de uma localidade 
para outra, do que resulta ser a mesma planta designada por 
dons, tres ou mais nomes diversos. 

Acontece também que um e mesmo nome serve para in- 
dicar plantas, as mais das vezes, heterogeneas, e dissimilhan- 
tes. Dahi nasce naturalmente uma certa confusão que não 
pouco contribuo para difíicultar o estudo pratico da flora, e 
mesmo desanimar o principiante, mórmente quando se con- 
sidera que a grande maioria dos vegetaes brazileiros nenhum 
nome indigena ou popular possue. 

O presente trabalho será, pois, um ensaio de indice ge- 
ral das plantas paulistas que possuem nomes indígenas ou 
populares. Seu íim é o de estabelecer alguma ordem nesta 
confusão, e, por meio da classificação scientifica e descripção 
botanica das especies, patentear ás differenças e collocar cada 
planta no seu logar competente fixando -lhe a denominação 
que deve prevalecer. 

Sendo este folheto o primeiro desta publicaçãe, é natural- 
mente incompleto, ])OÍs comprebende apenas as especies que 
existem no herbário da Commissão até o numero de 2.000 da 
numeração. Pretendemos, por isso, contribuir annualmente 
para o augmento deste indice, cujos subsidios no fim de um 
certo tempo serão refundidos num so volume que conterá 
todos os vegetaes estudados pela Secção Botanica desta Gom- 
missão. Eis também o motivo pelo qual a maioria dos vege- 
taes descri ptos pertencem á flora dos campos, visto que as 
mattas ainda não foram por nós estudadas com a mesma in- 
tensidade. 

O principal motivo que nos levou a dar publicidade des- 
de já a este trabalho, apezar de tão incompleto, foi a, espe- 


— 4 — 


rança de que as pessoas interessadas nestes estudos se dig- 
nassem auxiliar-nos, quer enviando-nos as correcções ou 
ampliações que julgassem necessárias, quer fornecendo-noS' 
nomes novos que não conhecemos ou propriedades e applica- 
ções que ignoramos. Para um trabalho pequeno como este, 
isto torna-se mais facil do que si fosse para um de maior fo- 
lego, sendo ao mesmo tempo também mais pratico por ser uma 
successão em fasciculos. 

Sü assim será possivel attingir ao fim principal que te- 
mos em vista, o de sermos uteis contribuindo para o conhecimento- 
perfeito das maravilhosas riquezas de que uma natureza gen^^ro- 
sissima tão profusamente dotou este privilegiado paiz. 

S. Paulo, Agosto õ^e 1894. 


Alberto Lõfgren. 


irSTRODUCCAO 

Uma (ias principaes provas de quanto é moderna a occu- 
pação do Brazil é nós fornecida pelo estado de sua ílora. 

Qualquer flora de paiz antig-o que abrimos, o patenteia im- 
mediatamente visto ahi toda especie descripta possuir um nome 
amigar pelo qual ó conhecida do povo, ao passo que talvez nem 
um decimo por cento das plantas brazileiras estejam no mesmo 
caso. 

A explicação é intuitiva. 

Os primitivos habitantes do paiz estavam ainda num de- 
gráo de cultivo intellectual que não lhes permittia encarar 
os objectos naturaes senão pelo lado puramente pratico. Nada 
:se lhes destacava ou merecia-lhes a attenção que não estivesse 
em relação directa com a vida delles, quer pela utilidade que 
de um objecto tiravam, quer pelás qualidades nocivas que os 
obrigavam a evital-o ou temel-o. 

A estes objectos davam sempre uma- designação que se 
ti‘ansmittia de bocca em bocca, ao passo que tudo o mais íicava 
simplesmente ignorado. 

Os poucos nomes assim creados serviam depois, muitas 
vezes, pa a indicar genericamente toda a planta que gozasse 
das mesmas propriedades ou que de algum modo se parecesse 
•com a primitiva. 

Outras vezes a transmissão não era fiel e o nome era dado 
-á planta differente, o qae ainda hoje acontece. 

Não houve, pois, sentimento artistico que precedesse á de- 
nominação dos nossos vegetaes, nem factos mythicos que se 
relacionassem com tal ou tal outra planta. Tradições não ha- 
via e os primeiros europeus que ahi chegavam, pouco ou 
nada encontravam nessa magestosa natureza que se assimi- 
Ihasse ás formas conhecidas do velho continente. 

É então facil comprehender-se que a nomenclatura vege- 
tal pouco podia augmentar e que até muitos dos nomes indi- 
genas ficavam estropeados e confundidos por causa da pouca 


— 6 — 


attenção que se llies lig-ava, exceptuando apenas aquelles 
poucos que designavam plantas especialmente uteis para os 
immigrantes. 

Isto quanto aos nomes indigenas propriamente ditos ; os 
n >mes dados pelos portuguezes distinguem-se á primeira vista 
e são quasi sempre a indicação de uma forma, como por ex.: 
Meo de pato, ou de uma propriedade, como p. ex.: arredénto^- 
cavallo. 

Mas, os mais interessantes são os nomes mixtos, como p.. 
ex.: cowve-tinga, os quaes, porém, muitas vezes são apenas abre- 
viações ou — permittam-me a expressão, portuguezisação de no- 
mes tupis ou guaranis, como p. ex. : cabrniva, de cabúreiba, 
darbatimão, ào, paróva-tuum-tuniune, etc. 

O colleccionamento e o estudo destes nomes, por si já é uma 
contribuição para o estudo das raças que outr’ora habitavam 
S. Paulo, e é mister lembrar-se que estes nomes pouca proba- 
bilidade têm de serem conservados pela população nova e por 
isso são destinados a desapparecerem, tornando-se portanto cada 
vez mais raros. 

O nosso trabalho aqui cinge-se apenas ao tal collecciona- 
mento afim de conservar o material para os que no futuro quei- 
ram dedicar-se a estes estudos particulares. Queremos também 
fixar a especie á qual foi dada o nome afim de evitar confusões, 
embora mais tarde venha a planta a ter denominação differente. 

Sós, impossivel nos ó a tarefa; unid.os, porém, aos que no- 
Estado de S. Paulo se interessam pelos estudos tanto da his- 
toria obscura das eras passadas, como das esplendidas riquezas 
naturaes descobertas e ainda por descobrir, muitas e muitas se- 
rão as contribuições para o acabamento do edificio da sciencia 
paulista. 



O Autor. 


— 7 — 


ABOBRINHA DO MATO 

TAIÜIÁ 

TUlUIü’ 

Fam. CucurUtacece. TRIANOSPERMA TA YL YÀ. Mart. 

Planta herBacea, trepadeira; raiz tuBerosa; caule sulcg,do, 
ramoso, liso; folhas longo-pecioladas, memBranaceas, hirtas 
nas duas faces; Base largamente emarginada; peciolo alado, 
profundamente palmato — 3— 5-loBadas, loBulos ovaes, oBlon- 
gos até lanceolados, geralmente agudos, dentados ou crenu- 
lados ou suBloBnlados; as gavinhas curtas, Bi-até trifidas; in- 
flo reseencia em panicnlas androgynas mnltifloras; flores peque- 
nas, amarellas; fruto pequeno ovoide, preto. 

A raiz é considerada como purgante energico e em 
muitos logares é empregada contra moléstias syphiliticas e a 
hydropisia. 

Ha varias especies deste genero que tem o mesmo nome 
indigena. Temos mais duas no herBario. 

HaBita as capoeiras e floresce nos mezes do outono. 

O nome que deve prevalecer parece ser o de Taiuiá por 
ser 0 indigena e não corrompido. 

AÇOITA CA VALLO 

IVITINGA 

UBATINGA 

Fam. Tüiacem. LUHEA SPECIOSA. Wild. 

E’ um arBusto alto, ás vezes arvore, com folhas grandes 
3^nervadas, glahras em cima, puBescentes em Baixo. Flores 
grandes, alBas; calyce rufescente, sepalas mais ou menos car- 
nosas e grossas. 

A casca é adstringente e algumas vezes empregada em 
diarrhéas leves. Serve tamBem para cortume e seu «liBer» 
ou entre-casca dá matéria text.il. A madeira é dura mas de 
facil lavor. 

O mesmo uso e o mesmo nome são conferidos ás especies 
L. divcuricata e L. paniculata de folhes muito menores e es- 
branquiçadas por Baixo. 

HaBita os cerrados e capoeirões. Floresce nos mezes da 
primavera. 


8 — 


0 nome portug-uez foi dado por causa dos galhos flexíveis 
que servem para chicotes. Mas o nome que deve prevalecer é 
0 de Ubatinga. 

AÇOITA-CAVALLO. Outra. 

SALGUEIRO DO MATO 

Fam. CunoniaceoB. BELANGERA TOMENTOSA. Camb. 

Arvore de 12 a 16 metros de altura, elegante, folhas com- 
postas, 3 — , raras vezes 5 — folioladas, 10 — 15 ctm. longas, 
ohlongo-ellipticas, agudas. Flores dispostas em pseudo-ra- 
cemos de 10 a 12 ctm. de comprimento, brancas. Fruto cap- 
sula pequena, pendente, pubescente. 

Caminhoá diz que esta arvore é empregada em dyspep- 
sias, porém, nada nos consta a respeito. 

Habita as beira-mattas de preferencia e capoeirões; flo- 
resce nos mezes da primavera. 

Para este deve se adoptar o nome de Açoita- Cavallo por- 
que tem ramos flexíveis que se prestam para chicotes, e por 
faltar-lhe o nome indigena. 

AÇUCENA DO MATO 

FLOR DE MICO 

# 

Fam. BuMace<B. POSOQUERIA LATlFOLiA. Roem. e Schult. 

Arvore pequena de ramificação trichotomíca, ornamental 
Folhas compostas, lisas, coriaceas, pecioladas, ovaes ou ovaes 
ellipticas, verde-escuras. Flores terminaes, brancas, grandes. 
Fruto baga, coriacea, multisperma. 

Habita as mattas virgens da costa e floresce nos mezes 
do verão. 

Usos não lhe conhecemos. 

As flores nada têm de parecido com as açucenas, pelo que 
0 segundo nome deve ser adoptado. 

AGRIÃO 

Fam. CrncijeroB. BASTURTIUM OEETCINALE. Fi. Br. 

E’ uma planta cosmopolita e um dos poucos representan- 
tes da familia no Brazil, para onde provavelmente foi intro- 
duzida. 

E’ herva geralmente aquatica, biannual ou perenne, lisa 


9 — 


ou pilosa, ramosa. Folhas alternadas, lohadas até prinnati- 
sectas. Flores dispostas em racemos terminaes ou axillares, 
ás vezes hracteadas, hranco-amarelladas, fruto siliqua. 

O agrião emprega-se principalmente ern salada e mui- 
tas vezes como antiscorbutico. Seu sueco, que contém iodo 
e enxoíre, dado em xarope, é preconisado em doenças do pei~ 
to e do ligado. 

Habita logares húmidos e floresce nos mezes do inverno. 

AGUA-PÉ 

DAMV DOS LAGOS 
RAINHA DOS LAGOS. 

Nome generico dado especialmente a varias especies e 
mesmo generos da íamilia Pontederiacece. As mais vulgares 
em S. Paulo são: 

EICHORNIA AZUREA. Ktb. 
var: rMzantlia. 

Aquatica, íluctuante na superfície da agua, acaule; o pe- 
ciolo da folha é engrossado em forma de fuso e cheio de uni 
parenchyma esponjoso que lhe permitte íluctuar; as folhas são 
cordiformes, rigidas, onduladas, levemente acuminadas. Flores 
em espiga, azues, grandes. Fruto capsula secea, polysperma, 
trilocular. 

Propriedades especiaes não lhe conhecem-^s. Constitue po- 
rém perigo sério para as pontes de madeira, porque quando em 
massas enormes (camalotes) é levada pelas enchentes, o peso, 
augmentado pela força da correnteza, tem feito rodar muitas 
pontes. 

È uma planta essencialmente ornamental e de grande van- 
tagem como purificadora dos pantanos. 

Pelo mesmo nome designa-se tamhem a 

ROiVTEDERIA CORDIFOLIA. MSiVt. 

Não fluetua, cresce em pantanos e agua estagnada. Folhas 
longo-pecioladas, sahindo o pedunculo da vagina peciolar. Flo- 
res em espigas de um bello azul claro e com pontos vermelhos 
microscopicos, formados pelas glandulas nas pétalas. 

Dizem que é empregada em moléstias cutaneas, porém. 


— 10 — 

nada de positivo sabemos a respeito. Habita os tanques e ala- 
g-adiços e floresce nos mezes do inverno. 

O nome de agua-fê designa também algumas NyMfliaceas. 

Segundo Dr. Jorge Maia, distincto engenheiro das Terras 
e Colonisação, o nome deve ser yua])é^ formado de y ~ agua, 
rio; u “ correr, a elemento euphonico e fé ■= caminho, isto 
é, caminho de correr na agua ou no rio. A Victoria regia é 
conhecida no Amazonas por y%Mfé-j açanã^ caminho de jaçanã 
correr na agua ou no rio. 

ALCAÇUZ. 

Fam. Legummosoe. PERIANDRA DULCIR. Mart. 

Arbusto de 1 até 3 mtrs., folhas compostas, 3 — folioladas, 
foliolos quasi sesseis, variando no tamanho de 3 a 9 ctms, ás 
vezes obtusos ou retusos, ou mais ou menos agudos. Flor azul, 
ora clara, ora bastante escura, roxeada. Fruto legumen de 9 a 
14 ctm., com 8 a 10 sementes. 

A raiz é sublenhosa, amarella e doce. È empregada em bron- 
chites catarrhaes e outras moléstias pulmonares de crianças. 
É, porém, pouco efíicaz segundo aííirmação de muitos médicos. 

Habita nos campos e cerrados e floresce nos mezes do in- 
verno. 

O nome foi dado pelos portuguezes por ter a raiz as pro- 
priedades do alcaçuz europeu. 

ALCAMPHOREÍRA. 

CURRALEIRA 
HERVA MULAR 
PÉ DE PERDIZ 

Fam. EufhorUacecB. CROIOiV ANTJSYPHILITICUS Meissn. 
var: genuinus Milll. Arg. 

Herbacea, pequena, toda hirta de cabellos estelliformes; 
folhas alternas, pecioladas, denteadas, base glandulosa, lanceo- 
ladas ou oblongo-ovadas ou ellipticas; estipulas lanceoladas, 
inflorescencia racemosa; flores pequenas brancas. 

As folhas e as raizes são aromaticas e empregadas em in- 
fusão como sudorifico e estimulante. Usa- se da decocção tam- 
bém para lavagem de ulcerações e a maceração em álcool é 
considerada especifico contra syphilis. 


— 11 


É campestre e ás vezes encontrada nos cerrados. Floresce 
nos mezes do inverno. 

O nome mais vulgar desta planta é Ctirraleira e deve pre- 
valescer, porque vêm do Rio Grande do Sul onde esta planta 
é vulgar ao pé dos curraes. 

ALECRIM DO CAMPO. 

Fam. Compositoe. VERNONlA BREVIFOLIA. l.ess. 

Planta herbacea de 0.20 — 0.50 ctms. Raiz cylindrica, sub- 
lenbosa; folbas filiformes, cylindricas. Flores azul-roxeadas. 
Floresce nos mezes da primaveira e babita nos campos. 

Propriedades ou usos não conhecidos. Serve porém como 
planta ornamental. 

Nome sem razão de ser, porque em nada se assemelha ao 
alecrim europeu, entretanto não lhe conhecemos outro. 

ALFAFA. 

Fam. Leguminosm. MEDICAGO SATIV/. L. 

Planta herbacea, arbustiva, perenne, erecta ou ascendente, 
lisa ou pubescente. 

Foliolos oblongo-cuneiformes; estipulas compridas, subin- 
teiras; inflorescencia racemosa. Flores violaceas. 1 ruto legu- 
men torcido em espiral. 

Esta planta muito variavel é introduzida e muito espa- 
lhada ao longo das estradas de ferro e ao redor das cidades. 

O nosso exemplar é da Linha Ferrea Ingleza eutre Cam- 
po Grande e Alto da Serra. Floresce nos mezes do verão. 

Seu valor como planta forrageira é bastante conhecido. 

ALFAVACA 

Fam. Labiate. OCIMUM GRATISSIMUM. L. 

Arbusto herbáceo de 0.40 a 0.80 ctms. de altura, ramoso; 
base sublenhosa, folhas cordiformes, denticuladas, agudas, ba- 
se attenuada em peciolo. Flores dispostas em panicula, azues. 
Fruto capsula secca. 

E’ reputada sudorifica, diurética e antispasmodica e em- 
pregada nas constipações. Lfsa-se a planta toda na dose de 
4 grammas por 300 de agua. 

Cresce em cultivados e beira-mattas, floresce nos mezes da 
primavera. 


— 12 — 


Com 0 nome de alfavaca compreheude-se ma o a'g-umas 
especies do g-enero Ocimum como: O. canum Sims. C. O. Twee — 
diamrni Benth. Em alguns logares ouvimos denominar-se- 
lhes também Segurellia. 

Muitas pessoas com ella temperam a comida. 

Alfavaca é outra planta cosmopolita, mas que hoje per- 
tence á nossa flora. O nome parece de origem arabe. 

ALGODOEIRO DO CAMPO 

BUTUÁ DE CORVO 

Fam. Bixacee. COCHLOSPEBMUM INSIGNE, st. Hil. 

Arbusto sublenhoso, 1 metro e mais de altura, folhas 
palmadas, subdig-itadas, 5 — 7 nervadas. Flor grande, solitaria, 
amarella. Fruto, capsula, tem as sementes envoltas numa es- 
pecie de algodão. 

A raiz é subleuhosa e emprega-se em irritações intesti- 
naes, tendo os mesmos caracteres que o rhuibarbo. 

As sementes contêm um oleo gorduroso, cujo uso ainda 
não conhecemos e que não foi ainda introduzido na medicina. 

E’ planta dos cerrados e floresce nos mezes da primave- 
ra. E’ além do mais muito ornamental. , 

O nome de algodoeiro é dado por causa da capsula secca 
que quando se abre tem ,o aspecto da do algodoeiro, 
commum. O nome de Butiid de corvo talvez não seja authen- 
tico, apezar de o termos achado na Flora Brasiliensis, melhor é 
pois, guardar o primeiro. 

ALMECEGA VERMELHA 
anime’ 

cuRucAi (em Venezuela) 

TACAHAMACA 

Fam. Burseraceee. PR02IUM HEPTAPHYLLUM. March. 

Arvore até 10 metros de altura; folhas inteiras, oblongas, 
flores pequenas; verde-amarelladas, fruto drupaceo. 

Toda a arvore segrega uma resina branca avermelhada, 
de cheiro forte e activo, usada para incenso e nas affecções 
dos rins. Sua madeira é considerada muito boa para cons- 
tr acções. 


— 13 — 

Habita as mattas e cerradões e floresce nos mezes do 
outono.’ 

A pronuncia do nome é almiscm% e sua resina lembra o 
almiscar animal pelo seu cheiro activo. 

AMÊNDOA DE ESPINHO 

GRÃO UE CAVALLO 
PIQUI 

piquia’ 

Iam. Ternstroemiacem. CARYOCAR BRASILIENSE. Camb. 
var. planifolmm. 

Arvore alta, até arbusto, muito variavel em tamanho. 
Folhas molles, pecioladas, compostas, 3 — folioladas, foliolos 6 — 
16 ctms. longos, 6 — 11 ctms. largos, rugosos, dentados. Flo- 
res grandes, brancas. Fruto drnpaceo, grande. 

Esta arvore habita os campos e os cerrados e é empre- 
gada para diversos fins. A casca e as folhas servem para 
tingir de preto, a madeira é usada para varias construcções 
e a amêndoa que constitue o fruto é comestível, sendo, po- 
rém levemente purgativa. E’ também muito ornamental. 

Floresce nos mezes do verão. 

O nome que deve prevalecer é o de Piquid, porque é o 
nome indigena ainda não corrompido, significando <íjruta de 
esinulio-» . 

AMORA PRETA (Brazileira) 

Fam. Fosacece. RUBUS URTICAEEOLIUS. Voiv. 

Arbusto armado até nos raminhos e peciolos das folhas 
e ao mesmo tempo hirto de pellos rufos intermixtos. Folhas 
trifolioladas, elliptico- ovadas, agudas, serreadas, pubescentes 
na face de cima, albotomentosas por baixo. Inflorescencia em 
panicula ampla; flores albas; fruto achenio drupaceo, carnoso, 
comestível. 

Habita as capoeiras e cultivados abandonados e floresce 
nos mezes do outono. 

O fruto é comestivel e reputado levemente diurético. 

^ A semelhança com o fruto da planta seguinte -Valeu-lhe 
0 nome. 


— 14 — 


AMORA PRETA. Outra, (europêa). 

Fam. Morace(£. MORUS JSfIGRA L. 

Arvore pequena ou arbusto de folhas pecioladas, cordi- 
formes, serreadas, acuminadas, mais escuras na face de cima. 
A inflorescencia feminina em amento curto. Fruto g^lomerado, 
vermelho escuro, quasi preto. 

Desta planta, cujas folhas fornecem o alimento princi- 
pal do bicho da seda existem duas variedades plantadas em 
S. Paulo, hoje disi-ersas por toda a parte e acclimatadas. 

Floresce nos mezes do verão e fructifica no outono. 

O fruto ó comestivel. 

ANGELIM 

Fam. LeguminoS(B. ANDIRA HUMILIS. Mart. 

Arbusto, ás vezes pequeno, de raiz grossa, lenhosa, mui- 
tas vezes de proporções grandes. Foliolos 13 (no nosso exem- 
plar), pequenos, ovaes, lisos. Flores purpureo-pallidas, em 
panicula, ás vezes antes das folhas; fruto não vimos. 

Habita os campos e floresce nos mezes da primavera. 

§ Este nome é da lo a varias especies do mesmo genero; mas 
como não ha mais no herbário, mencionamos apenas este por 
emquanto. 

Não conhecemos a origem deste nome. 

ANGICO 

Fa^n. Leguminosm. FIPTADENJA MACROCARPA. Benth. 

Arvore vulgar, campestre, contorcida, inerme. Folhas 
compostas, foliolos rigidos, falcato-lineares. Flores brancas 
em espigas axillares. Fruto vagem, chato com numerosas 
sementes. 

E’ uma arvore utilissima; fornece uma gomma medicinal 
em grande abundancia e que poderia ser appro^eitada indus- 
trialmente. 

Esta gomma, dissolvida em agua morna ou em infusão 
de malva e assucar, é muito proveitosa em casos de bronchite. 

A casca contem grande quantidade de tannino, pelo que 
é empregada nos cortumes. 

O angico habita os campos, cerrados e cerradões; flo- 
resce nos mezes do verão e da primavera. 


15 — 


0 nome de (í angico y> é mais g-enerico que especial, por- 
que é empregado tanto para esta como para varias outras es- 
pecies de Piptaãemias e Acacias porém; esta é a especie mais 
commum nos cerrados de S. Paulo. 

Segundo Martius, Olossaria linguarum Brasiliensium, o 
nome é bastante duvidoso como tupi; deve entretanto ser 
conservado. 

ANIL 

Fam. Leguminosoc. INDIGOFERA ANIL L. 

Arbusto de 1 metro até 1.50 de altura, sublenboso ou le- 
nhoso; ramos angulosos; folhas compostas, foliolos em nume- 
ro de 7 15. Flores albo-roseas, pequenas; fruto vagem, cy- 

lindrico, arcado. 

E’ commum em cultivados e capoeiras e floresce nos me- 
zes da primavera e do verão. 

Foi antigamente empregado para delle extrahir-se a ma- 
téria colorante denominada «anil» ou «indigo» assim como 
contra a epilepsia, porém é hoje abandonada. 

E’ mais uma planta mais ou menos cosmopolita como o 
seu nome. 

APANHA-SAIA 

GANHA-SAIA 
PURGA DE VENTO 

Fam. Violacece. lONIDIUM ATROPURPUREUM. St. Hil. 

A.rbusto de base lenhosa, 0.80 a 1.50 mtrs. de altura. To- 
das as partes novas da planta são viscosas e pegajosas. Fo- 
lhas oppostas, ovato-lanceoladas, agudas, mais ou menos serre - 
adas. Flor terminal, branca; fruto capsula. 

Suas raizes são reputadas purgativas. 

Habita as mattas e floresce nos mézes do inverno. 

Foi a viscosidade que entre os camponezes valeu lhe os 
primeiros nomes que indistinctamente podem ser usados. 

APÉ 

MAMINHA DE CACHORRO 

Fa/m. Moracem. BROSIMUM GAUDICHAUDII Free, forma 
longius pedtmculata. 

Arbusto lenhoso de 1 — 1,5 mtrs. de altura. Folhas ellip- 


— 16 — 


ticas, alternadas, rígidas, grossas. Flores em capítulos mo- 
noicos, pedunculados. Fruto baga, drupaceo. Toda a planta 
é lactifera. 

Attribuem-se a esta planta propriedades purgativas e al- 
guns tem-ua em couta de antídoto para mordeduras de co- 
bras, porém, e negado por outros. 

Habita as beiras dos campos e floresce nos mezes do 
inverno. 

O nome de Afé é indígena, porém, o Martins não dá a 
origem. O outro nome vem da similhança dos frutos com as 
tetas da cachorra. Nós preferimos conservar o prinieiro nome. 

ARAÇÁ 

Fam. Myrtaceod. Gen. PSIDlUM. 

O nome de Araçá é um nome genericõ com o qual se 
designa uma porção de especies diíferentes, pertencentes todas 
a este e outros generos da mesma familia. 

Entre os principaes temos: 

aracA felpudo 

v> 

PSIDIUM INCANESCENS. Mart. 

Arbusto lenhoso de 0.6 a 1.50 mtrs. de altura, folhas mais 
ou menos pubescentes, flor branca; grande; fruto drupaceo, pu- 
bescente, comestível. 

Floresce nos mezes do inverno e da primavera. 

Como as outras especies ainda não são classificadas scienti- 
ficamente, não podem ser dadas. 

O nome é indígena e deve ser conservado. 

ARARIBÁ 

ARARA-UVA- 

Fam. Leguminosoe. CENTROLOBIUM TOMENTOSUM Bentli^ 

Arvore alta de madeira boa. Folhas compostas; foliolos 
ovato-lanceolados, agudos, inteiros, lisos. Flores em panicula; 
fruto legnmen alado, com o epicarpio todo espinhoso. Semen- 
tes 3. A madeira é muito utilisada em construcções e mes-, 
mo para obras de marcenaria. 

Habita, asfmattasje capoeirões e fioresce nos mezes do 
outono. 


— 17 — 


Tanto nm como outro nome é exacto porque v. Martius 
no seu Glossário pondera que «w, yha, uba, uva e oha eram 
empregados indistinctamente Talvez sejam meras diíFerenças 
no modo de entender ou de ouvir a voz do indio que originou 
essa diversidade. 

ARARIBÁ DO CAMPO 

CABELLO DE NEGRO 
PÁO FERRO 

Fam Conna7^ace€e. CONNARUS SUBEROSUS VhíMçh. 

Arvore de ramos tortos, casca suberosa e lenho duro. Os 
ramos novos são pubescentes até tomentosos; folhas imparipin- 
nadas, coriaceas, lisas na face de cima, tomentosas no dorso. 
Flores em paniculas tomentosas, amarellas. Fruto folliculo. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do verão. 

O lenho é durissimo, mas é raro encontra troncos maio- 
res, pelo que é mais empregado para obras de torno. 

O nome de jiraribd do campo parece-nos inexacto, porque 
os Índios certamente não confundiam plantas tão diíferentes como 
esta e a precedente. O nome de fdo ferro é antes mais apro- 
priado. 

ARATICUM DO CAMPO. 

Fam. Anonace<B. ANONA, FURFURACEA. St. Hil. 

Arbusto lenhoso, baixo; folhas oblongas, lanceoladas, 
cobertas de pellos squami formes. Flores verdes exterior- 
mente e vermelhas no interior, grossas e rigidas: fruto grande, 
chegando até 8 ctms. de diâmetro. 

Alguns consideram o fruto maduro comestivel, outros ne- 
gam-no. Temol-o experimentado algumas vezes, porém não é 
agrada vel ao paladar. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno. 

O nome de araticum é indigena e generico para todas as 
Anonaceas. Convém accrescentar-lhe algum adjectivo para dif- 
ferenciar. Não o fazemos agora, porque esperamos obter escla- 
recimentos que nos guiem neste sentido. 

ARATICUM DO CAMPO Outro. 

Fam. Anonaceoe. ANONA CORIACFA. Mart. 

Arbusto lenhoso, ás vezes attingindo 2 — 3 mtrs., mas em 


18 


geral só tem 1 a 1.5 mtr. de altura. Folhas quasi ovadas, lar- 
gas e truncadas, rígidas, verde-escuras. Flor esbranquiçada, 
grossa. Fruto grande, liso, com muitas sementes. 

Não nos consta ter algum uso particular. 

Habita nos campos e cerrados e floresce nos mezes do in- 
verno. 

Não lhe podemos dar outro nome a não ser accrescentando : 
Ã: de folha larga. 

AROEIRA 

É nome generico de varias especies de Schinus. Os que 
temos no herbário são: 

AROEIRA COMMUM 

Fam. Anacardiaceoe. SCiíJi\/üS TEREBINTHIFOLIA Raddi. 
var. rlioifolia (Mart. Engl.). 

Arvore regular, elegante, de ramos compridos, foliosos. Fo- 
lhas imparipinnadas, 2 — 4 jugas; foliolos oblongos, agudos e 
lisos, finamente nervados. Flores em paniculas, pequenas, ama- 
rellas. Fruto baga pequena, globosa, vermelha. 

Habita as capoeiras e as vezes os cerrados, e floresce nos 
mezes do inverno. 

E’ tida por toxica e o lenho ó molle mas aproveitado. 
AROEIRA BRANCA 

Fam. . nacardiaceoe. SCBJNUS TEREBINTHIFOLIA. Raddi 
var. Selloan . Engl. 

Diíiere da precedente por ser menor, ter folhas e foliolos 
menores e pubescentes. 

Habita os mesmos logares e floresce no mesmo tempo. 

Goza das mesmas propriedades. 

AROEIRA DO CAMPO 

Fam. Anacardiaceoe. SCIIINÜS iVEliVMANNIAEFOLIUS. Engl. 

Arbusto pequeno, lenhoso, de folhas e foliolos menores, 
serrados ou dentados, lisos e agudos. Inflorescencia em pa- 
nicula com flores pequenas, amarellas. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno, antes 
de virem as folhas. 


— 19 


É tida por toxica e como tal reputada. perigosa para o gado. 

Não podemos ainda verificar a origem deste nome que 
■consideramos uma corruptela de tupi como prova o suífixo. Tanto 
V. Martius como Beaurepaire Eofian guardam um silencio sin- 
gular a respeito. 

ARREBENTA-CAVALLQ 

Fam. Solanacem. SOLANUM ACULEATISSlMUM. Jacq. 

Herfiacea, arbustiva, pubescente, muito aculeada. Folhas 
cordato-ovatas ou cordato-subredondas, sinuoso-angulosas, quin- 
quefidas ou lobadas. líiflorescen cia cy mosa, rariflora, flor bran_ 
ca; fruto, baga globosa, grande, vermelha. 

Além desta ha varias outras especies que tem o mesmo 
nome, porém, esta é que mais vezes encontramos com o no- 
me acima. 

Usa- se de toda a planta em cozimento contra os tubér- 
culos mesentericos e nas aífecções cutaneas. Cher^' diz; 
■50 grs. para 100 grs. de agua. E’ também repi aa 

•e como tal muito nociva para o gado. 

E’ vulgarissima em campos sujos e eir ; poeiras e flo- 
resce nos mezes do verão. 

O nomem provêm da propriedade de produzir tympanite 
nos animaes que ingerem a planta. 

ARVORE COPAL 

JATÂHI 

.JATOBÁ 

.lETAICICA 

.lUTAHY 

Fam. Leguminosm. HYMENAEA STIGONOCARPA. Mart. 

Arvore alta até 10 mtrs., folhas subsesseis, ovadas ou 
•ovato-oblongas, obtusas, desequilateras, base obliqua ou sub- 
cordiforme, grossas e coriaceas. Inflorescencia racemosa, densa; 
flores pequenas; legumen grosso, lenhoso, comprimido, rugoso, 
brilhante, attingindo até 25 centímetros. 

Esta arvore assim como todos os seus congeneres, espe- 
cialmente H. courdaril L. empregam-se da mesma forma con- 
tra hoemoptises, triturando a casca para ser misturada com 
gemma de ovo. E’ também conhecida como anti-catarrhaL 


— 20 — 

O sueco aquoso da entrecasca (cambium) é rica em tannino- 
e até usada para tingir de preto com caparossa, (sulfato de* 
ferro) e muitas vezes para fazer tinta de escrever. 

Habita os cerrados e campos e floresce nos mezes ide- 
outono. 

São estas arvores que secretam a resina copal, da qual 
muitas vezes se acham quantidades consideráveis no solo. 
O nome de Jatobá deve prevalecer segundo opinião de Mar- 
tins e 0 Dr. Maia nos comunica : JataM — nome proprio do- 
fruto — e JatoM corruptela de Jatai-iud -= nome da arvore. 

ASSA-PEIXE 
oETiGA MANSA (Apiahy) 

Fam Urticacem. BOEHMERIA CAUDATA. Sev. 

Subarborescente, dioica. Folhas oppostas, desiguaes, ova- 
das ate ovato-ellipticas ou sublanceoladas, acuminadas, serradas 
e pilosas. Flores em espigas axillares, avermelhadas, pequenas.. 

É mui':o empregada em banhos contra dores hemorrhoidaes. 

Habita as mattas e capoeirões e floresce nos mezes de 
verão. 

Não conhecemos a origem da primeira denominação a quai 
deve prevalecer por ser a mais usada. 

ATAÚBA 

Fam. Meliacem. GUAREA TUBERCULATA. Vell. 
var. purgans. C. Dec. 

Arvore regular, ramosa, ramos cylindricos, um tanto su- 
berosos. Folhas 2 — 6 jugas, folioios oblongos, lisos, com pel- 
los esparsos no dorso do nervo central. 

Flores em paniculas, pequenas, axillares, albas. Frute- 
capsula pyriforma com sementes vermelhas. 

A casca é empregada como poderoso depurativo e anti- 
syphilitico. 

Habita vários logares, especialmente nas beiras dos rios- 
do interior e floresce nos mezes da primavera. 

Segundo Dr. Jorge Maia o nome de Ataíã>a vem de uateí- 
iud =■ páo de andar, isto é, de fazer bastões a que se arrimam, 
velhos e doentes quando andam. 


4 


— 21 — 

AZEDINHA DO CAMPO 

Fam. Oxaliãacem. OXALIS HIRSUTISSIMA. Mart. e Zuicc. 

Planta herbacea, raiz sublenhosa, folhas fortemente pubes- 
«centes, subrotundas; flor amarella. 

Toda a planta é azeda e é uzada em decocQão para gar^ 
^garejos nos casos de angina. Alguns a misturam com o agrião 
•em saladas. 

É campestre e floresce nos mezes do inverno. 

O nome é portuguez e dado á todas as especies desta familia. 

BACUPARI 

LARANGINHA DO CAMPO 
TJVACUPARI 

Fam. ÜippocrateaceoB. SALACIA CAMPESTRIS. Walp'. 

Arbusto lenhoso, baixo; folhas geralmente alternas, raras 
vezes oppostas, lanceoladas, oblongas ou ellipticas, obscura- 
mente crenado-serradas ; inflorescencia em cymas axillares; 
flores pequeninas, verde; fruto carnoso, côr de laranja, doce, 
comestivel. 

O nome de Bacapari é dado a esta planta em quasi todos 
■os logares no interior e também o havia nas notas do fallecido 
botânico Dr. F. Regnell em Caldas, v. Marti us, porém, dáeste 
nome á Platonia insignis de Amazonas. 

Habita nos campos, onde é vulgar e floresce nos mezes 
4o inverno. 

Em todo caso nada obsta á que se conserve o nome de 
macupari. 

BANANA DO BREJO 

Fa7Ti. Aracem. CALADIUM STRIATIPES. Scbott. 

Herbacea, palustre, raiz rbizomatica, tuberosa. Folhas 
-grandes até 30 ctms. longas e 5 — 7 ctms. largas, duras ; 
nervo mediano grosso e mais claro. Spatho ou envolucrO’ 
floral, branco. O fruto que affécta a forma de banana é co- 
mestível, mas levemente purgativo. 

Habita os brejos, principal mente os campos e floresce nos 
anezes da primavera. 


— 22 — 


O nome é dado a mais Araceas cajos frutos tem a forma 
de uma banana. 

BANANEIRINHA 

CAÁ-ETÉ 

Fam. Cannacece. CANNA AURANTIACA. Rose. 

Planta herbacea, folhas grandes e larg^as, paralellinervias,. 
verde-claras. Flores alaranjadas, fruto capsula; sementes pretas, 
redondas e duras. 

Não conhecemos outro emprego senão o das sementes, que 
os indígenas empregam para eollares e outros enfeites. 

É vulgarissim.o. Habita as beiras mattas e capoeiras. Flo- 
resce nos mews do inverno. 

O nome abrange todas as especies dos Generos Canna, e 
Helieonia das quaes ha, aliás, também muitas. 

Ahi 0 nome foi dado pela semelhança que as folhas tem 
com as das bananeiras. Entretanto deve-se a conservar o nome in- 
digeno que significa folha verdadeira, boa; grande. 

BARBASCO 

CALÇÃO DE VELHA 
VAS OURA 
VERBASCO 

Fam. Scrophulariacee. BUDDLEIA B RASILIENSIS. Jacq. 

Arbusto herbáceo de 0.80 a 1.50 de altura. Folhas sesseis 
deeurrentes. Toda a planta albo-lanoso — pubescente. Flores em 
glomeras axillares, amarellas, pequenas. É reputada emolliente 
e como tal empregada secea em infusão de 4 grs. para 360 de 
agua fervendo. 

Cresce por ‘toda a parte, especialmente em roças velhas e- 
ao redor das habilitações. Floresce quasi todo o anno. 

O nome é proveniente de uma confusão explicável pela 
similhança com o verbasciim verdadeiro da Europa. 

BARBATIMÃO 

Fam. Leguminosce. ST'RYPHNODEN'DRON BARB4T1MAO Mart.. 

Arvore com ramos e galhos bastante contorcidos. Folhas, 
compostas e multijugas; foliolos subredondos. Flores em espiga; 


— 23 


densa, brancas. Vagem 2 1]^2 — 4 pollegadas, grossa como um 
dedo e carnosa. 

A casca é muito usada para cortume em clysteres contra 
dysenterias leves e em semicupios contra a leucorrhea (Cher- 
noviz). O pó da casca é também empregado com vantagem 
nas ulceras. 

É das capoeiras e floresce nos mezes do outono. 

Barbatimão é segundo Martins, uma corrupção, das pala- 
vras tupis iMTÓva — tuwni — tumune que querem dizer arvore que 
chora, isto é, que segrega um sueco grosso em forma de la- 
grimas. Dr. Jorge Maia decompõe a palavra do seguinte mo- 
do : iud — tumú ou tumúne com a mesma tradução. 

BARIRIÇO’ AMARELLO 

BATATA DE PURGA 
BATATINHA DO CAMPO 
RHUIBARBO DO CAMPO 

Fam. Iridacem. LANSBERGIA CATHARTICA. Klott. 

Planta bulbosa de 0.60 — 1 m. de altura com folhas com- 
pridas, lineares, 3 — 5 ctm. largas, agudas. Flor amarella 3 — 
mera. 

A planta é vulgaríssima nos campos, mas geralmente é 
difíicil achar as folhas porque floresce antes do desenvolvi- 
mento delias, e como o campo costuma ser queimado n’aquella 
epocha, desapparecem as folhas. 

É reputada purgativa, gozando as mesmas propriedrdes 
que 0 rhuibarbo. 

Floresce nos mezes do inverno. 

O nome de Baririçó deve ser o conservare por ser indíge- 
na ; os outros são derivados das propriedades e forma da planta. 

BATATA DO CAMPO 

Fam. Qesneracece. GESNERA ALAGOPHYLLA. Mart. 

Herbacea, tuberosa; folhas 3—4 verticilladas, grossas, pu- 
bescentes. Flores em espiga terminal, côr de carne ou ver- 
melhão. 

O tubérculo é muito mucilaginoso pelo que é empregado 
algumas vezes em cataplasmas emollientes. 

Habita os Campos e floresce nos mezes da primavera. 


— 24 — 


0 nome foi dado por causa do tubérculo que lhe serve de 
caule subterrâneo e que se assi milha á batata. 

BREDO FEDORENTO 

MUSSAMBÉ DE ESPINHO 
MUSSAMBÉ DE SETE FOLHAS 
SETE MARIAS 
T AR AIR AY A 
TARERIAYA 

Fam. Capj)aridace(E. CLEOME SPINOSA. L. 

Arbusto herbáceo, por todas as partes hirto ou pubescente, 
é aculeado até nas nervuras das folhas; folhas 5 — 7— partidas, 
as inferiores ás vezes só 3- -partidas; foliolos lanceolados, atenu- 
ados no apice e na base, aculeados; inílorescencia racemosa 
flores grandes, côr de rosa. ’ 

É considerada excitante para a digestão e externamente 
usam-se as folhas para reduzir hérnias ou orchites. O cozi- 
mento da raiz é empregado contra gonorrhéas e leucorrheas. 

Habita logares húmidos, especialmente as beiras de rios 
e floresce nos mezes da primavera. 

Destes nomes o que deve ser conservado é o de Tarairaya 
ou fruto de taraíra. Mussamòé é certamente de origem africana. 

BENÇAM DE DEUS. 

Fam. Malvacem. ABUTlLON BEDFORDIANUM. St. Hil. 
var. discolor. H. Schum. 

Arbusto alto, com ramos mais ou menos lisos, côr de chum- 
bo. Folhas longo-pecioladas, cordiformes, verde escuras, pubes- 
centes na face de cima e dorso mais claro, pulverulento. Flo- 
res grandes roseo-violaceas com estrias de purpura escura. 

Fruto capsula secca. 

É reputada padrão de terra boa, e é planta altamente or- 
namental. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes da primavera. 

Nada sabemos a respeito do nome deste vegetal, 'a não 
ser figuradamente por causa de ser padrão. Não lhe conhece- 
mos outro. 


— 25 — ■ 

BICO DE PATO 

jacaranda’ ' 

Fam. Leguminosm. MACHAERIUM. 

Este nome comprehende varias especies do genero Ma- 
ch(Bnum^ e o nome de Jacarandá é muito confuso como mais 
tarde provaremos. Do genero Macherium temos : 

M. D ISCO LO R. Vog, 

Arbusto subscandens com todas as partes mais on menos 
fusco-tomentosas ou lisas; folhas estipuladas, compostas; folio- 
lós ellipticos, acuminados com base aguda, peciolos curtos. 
Flores pequenas, em panicula terminal, atropurpureas. Fruto 
legumen uni — alado 

Emprega-se a madeira em obras de marcenaria. 

Habita as capoeiras altas entre Campinas e Rio-Clàro. Fruc- 
tifica nos mezes do outono . 

M. AC UTIFOLIUM. Vog. 
var. muticum. 

Arvore regular; foliolos 13 — 17, ovaes, lanceolados, agu- 
dos, mucronulados, lisos. Flores pequenas em paniculas me- 
nores que as folhas, sesseis. Fruto legumen uni — alado. 

Sua madeira é forte e empregada em obras de marcena- 
ria, porém é mais clara que a da outra. 

Habita os campos cerrados e floresce nos mezes do verão- 

O nome lhe provém da forma do legumen. Entretanto é 
melhor conservar o nome indigena aw. jacarandá. 

BOLSA DO PASTOR 

MANDIOQÜINHA DO CAMPO 

Fam. Bignoniaceoe. ZEYHERA MONTANA. Mart. 

Arbusto de base sublenhosa; folhas 7 — 9— digitadas; na 
tace de cima verdes lifeas ; no dorso albo danosas. Flores ama- 
rellas em panicula ampla. Fruto siliqua secca, bivalva com 
sementes aladas. 

É reputada poderoso antisyphilitico. A casca da raiz ma- 
cerada em agua fria é usada contra moléstias da pelle. Bebem- 
se 2 a 3 copos diários desta maceragem. 


— 26 — 


É vulgar em campo nao limpo e floresce nos mezes do 
inverno. 

O primeiro dos nomes dá a similhança do fruto com o 
testiculo do carneiro e o segundo vem do aspecto da planta 
que é 0 da mandioca. 

BÜTEREIRO 

Fam. Sterculiacea. BUTTNERIA CATALPIFOLIA Jacq. 

Arbusto alto, mais ou menos volúvel. Folhas longo— pe- 
cioladas, cordiformes, grandes (10 — 16 ctms.) lisas na face de 
cima, pubescentes em baixo; pubescencia flOccosa. Florescên- 
cia paniculata de flores pequenas, raras. Fruto capsula secca^ 
grande, muricada. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes do outono. 

Do nome nada sabemos, e outro não conhecemos. 

CAANGAÍ 

RUIVINH A 

Fam. Rubiacem. RELBUNUM HIRTUM. Schum. 

Arbusto pequeno, quasi rasteiro. Folhas pequenas, verticil- 
ladas, approximadas; flores brancas, axillares e terminaes. 

As raizes contêm uma matéria corante vermelha, utilisa- 
da ás vezes na tinturaria domestica do algodão. 

Habita os cerrados e as capoeiras e floresce nos mezes da 
primaveira e do verão. 

O nome de RuivinJia lhe sem da similhança, com a Ru- 
l)ia tinctoria, mas o nome indig’eno deve ser conservado ape- 
zar de parecer já corrupto. 

CAÁPEBA 

CIPÓ DE COBRA 
HERVA DE NOSSA SENHORA 

Fam. Menisfer macem. CISSAMPELOS GLABERRIMA. V. St. Hil. 

Trepadeira, toda lisa. Folhas simples, peitadas, ovadas ou 
triangular! —orbiculares, membraneceas de base arredondada, 
truncadas ou levemente cordiformes. Inflorescencia masculina 
cymosa, singela ; feminina racemosa. Flores verdes, pequeni- 
nas. Fruta drupacea. A planta varia muito. 


— 27 — ' 

As raizes, seg-. Chernoviz, contusas e diluídas em aguar- 
dente, empregam-se contra mordeduras de cobras; adminis- 
tra-se na dose de 4 — 8 grs. de 2 em 2 horas. A mesma raiz 
contu-a é applicada sobre a cissura. 

Habita de preferencia as mattas e floresce nos mezes da 
primavera. 

Aqui 0 nome indígena parece-nos puro c«a=folha, j>eba 
— chato e portanto deve ser conservado de preferencia a qual- 
quer outro. 

GAÁ— PIÁ— ASSÜ 

CARAPIÃ 
O AY A- PIÁ 
CONTRAHERVA 
TEJÚ— ASSÚ 

Fam. Moracem. DORSTENIA BRYONIAEFOLIA. Mart. 

Herbacea, subacaule, squarnosa. Folhas longo-pecioladas, 
ovaes — arredondadas, base concavo-truncada ou cordiforme ; 
3 — 5 lobadas, de loliulos obtusos. Inflorescencia em receptá- 
culo suborbicular, de margem inteira. 

A raiz contem amydon um extracto amargo e um oleo 
etherico. São alexipharmacas, diuréticas e [roborantes. Empre- 
gam-se especialmente em maceração alcoolica contra dores de 
. estomago e dysenterias rebeldes. 

Habita os campos e floresce nos mezes do verão. 

CAA— PIÁ -MIRIM 

CONTRAHERVxl 

Fam. Moraceai. DORSTENIA BRASILIENSIS. Lam. 

Differe da precedente apenas pelas folhas que são meno- 
res, ovaes, finamente sinuoso.-serradas; peciolo mais pubescente 
e receptáculo com margem um tanto crenada. 

As propriedades e os usos são os mesmos. 

Habita também os mesmos logares, mas é muito mais fre- 
quente. 

Segundo dr. Maia o nome decompõe-se assim: ca»— folha ou 
planta, ou aromatica, isto é, herva aromatica que usa- 

vam os indígenas para misturar com o fumo, costume ainda 

existente. 


— 28 — 


CABACEIRO 

Fam. Compositm. STIFFTIA PARVIFLORA. Don. 

Arvore de 4 metros de altura, elegante. Folhas alternas, 
grandes lanceolàto ovatas, luzentas. Flores grandes, brancas, 
odoríferas. Fruto achenio simples. 

Sua madeira é branca, leve e facil de trabalhar. 

Habita as mattas claras e floresce nos naezes do inverno. 

Nada sabemos relativa mente a este nome; suppômos até 
que é erradamente dado a esta planta. 

CABRIUVINHA DO CAMPO 

CABÜREIBA 
OLEO PARDO 

Fam. Leguminose. MYROCARPUS FASTIGIATUS.Yv. Aliem. 

Arvore regular, até 5 metros de altura, as vezes muito 
c >ntorcida; folhas pequenas, verde-escuras, luzentas. Flores 
brancas, muito abundantes. O fruto não conhecemos. 

Sua madeira é boa e muito apreciada na marcenaria. 

Habita de preferencia os cerrados e floresce nos mezes da 
primavera. 

Certamente será diíiicil introduzir de novo o nome de 
Caiureiba., entretanto é este o que deve prevalecer por ser 
puro. Segando Dr. Maia é iMueré-ica. 

CA.JUEIRO BRAVO 

CAMILAIBA 
CAPA-HOMEM 
CIPÒ CABOCLO 
CIPÓ DE CARIJÓ 
FOLHA DE LIXA 
SAMBAIBA 
SAMBAIBINHA 

Fam. Dilleniaceoi. DaVILLA RUGOSA. Poir. 

Arbusto muito variavel, de caule áspero, tomentoso ; fo- 
lhas oblongas, ovaes ou ellipticas, agudas ou obtusas, emar- 
ginadas, serreadas, sinuadas até inteiras, muitas vezes ondu- 
lado-rugosas; pubescentes em estado novo, tornando-se depois 
asperas nas duas faces e sempre mais ou menos hirtas nas 


— 29 


nervuras; na face debaixo reticuladas; inflo rescencia racemo- 
sa; flores amarellas; fruto foiliculo. 

É preconisada nas orehites e Martins diz desta planta: 
“Davilloe rugosoe folia adstringente et mucilaginosa in tu- 
mescentia testiculorum a niuiio uso venereo nimiave equita- 
tione fomentis et fumigationibus prosunt.,, (Syst: Mat: Med: 
p. 56). 

Habita os cerrados e capoeiras e é muito vulgar. Floresce 
nos mezes do inverno e da primavera. 

Aqui 0 nome verdadeiro parece nos ser o de Sambaiba que, 
segundo Martius, quer dizer, folha aspera. Dr. Maia dá: 
çaimbé — áspero, lixoso, e iud — arvore. Também é nome de 
Curatella sambaiba St. Hil, mas que ainda náo temos no 
herbário. 

CAJUEIRO DO CAMPO 

Fam. Anacarãiaceoe. ANACARDIUM HUMILE. Mart. 

Arbusto pequeno mas lenhoso. O tronco é subterrâneo, 
attingindo ás vezes muitos metros de comprimento, servindo 
como deposito de agua durante o tempo da secca. As folhas 
simples, ovato-lanceoladas são coloridas emquanto novas. As 
flores são pequenas, brancas e dispostas em panicula ampla, 
Ds frutos são comestíveis, saborosos e acidulados. 

Alem deste ha também A. pumilum que tem o mesmo 
nome e os mesmos usos. São empregados como refrigerantes 
e antisyphiliticos. A castanha contem um oleo cáustico, usado 
em moléstias cutaneas e o tronco contêm uma gomma que 
podia tornar-se industrial. A casca é adstringente. 

Habitam os campos e florescem nos mezes do inverno. 

O nome é de origem tupi com desinência portugueza e 
gener.ico para todos os anacardiwm. Deve ser: ahaju-ivd. 

CAIXETTA 

CINGEIRA 
PÁO DE TUCANO 
PÁO DOCE 
VINHEIRO DO MATO 

Fam. Vochysiacee. VOCHYSIA TÜCANORUM. Mart. 

Arvore até 15 metros de altura, ramos angulosos. Folhas 


— 30 — 

alternas, oblongas, lanceoladas, sempre subspathiiladas, apice 
mais ou menos cordiforme, base áttenuada formando peciolo. 
Inflorescencia em panicula cjlindrica, terminal e axillar. Flo- 
res amarellas. Fruto capsula quasi lenhosa. 

Esta arvore fornece boa madeira para carpintaria apezar 
de ser branca e leve. Dizem que a seiva pode fermentar dando 
um liquido semelhante ao vinho. 

É arvore dos cerrados e dos capões antigos e altos. É muito 
ornamental quando em flôr. Floresce nos mezes do outono. 

O nome que deve ser conservado é o de Pdo de tucano 
mesmo porque o nome de Caixetta designa uma Bignoniacea. 

CAMARÁ 

CAMBARA 

Fam. Verienaceoc. Gen. LANTANA. 

Com este nome designa-se uma grande diversidade de 
Verbenaceas, quasi todas do genero Lantana. São arbustos sub- 
lenhosos, ás vezes lenhosos‘ quasi arvores como p. ex: o Páo 
lixa, signal de terra boa e com flores muito odoriferas. Lan- 
tana litacina ou camará roxa; L. Camará ou camará de folha 
grande; Z. irasiliensis ou camará-tinga ou branca etc. Folhas 
geralmcnte oppostas até verticilladas. 

Habitam as capoeiras e campos e florescem nos mezes do 
outono e do inverno. 

Camará é vocábulo tupi segundo v. Martins. 

CAMARÁ DO MATO 

PIXIRICA 

Fam. Melastomacece. LEANDRA SC ABRA. D. C. 

Arbusto erecto, sublenhoso; ramos cylindricos fuscos, dense- 
villosos, hirtos ; folhas pecioladas, de peciolo curto, lamina 
oblongo-lanceolada de 8 — 20 ctms. de comprimento, 3 — 6 ctms. 
de largura; a face de cima aspera de pellos rigidos deitados, 
fusco-verdes; por baixo avelludadas mais claras, obscuro 5 — 
nervadas. Flores em panicula pequena, agglomeradas, peque- 
nas, hirtas, com pétalas brancas. Fruto baga secca, preta, se- 
mentes pequenas. 

Habita os cerradões e floresce nos mezes do verão. 


— 31 — 


0 nome de Pixirica ó o que deve prevalecer. O primeiro 
nome apezar de vulgar, é erroneo e foi dado pela aspereza das 
folhas que aliás muito pouco se assemelham ás dos Camarás. 

CAMAPÜ 

CAMARÚ 

JOl-PüCA 

JÜÀ-POCA 

I. 

Fam. Solanacee. PBYSALIS PUBESCENS.l.. 

Herhacea, perenne, erecta, puhescente, tomentosa de pel- 
los simples, dichotomo-ramosa; folhas desigualmente cordifor- 
mes, acuminadas, dentadas; flores pequenas, erectas, albiscen- 
tes maculadas com antheras violaceas; fruto baga, inclusa no 
calyce dilatado simulando capsula. 

O nome que deve ser o verdadeiro parece ser jud-poca 
sendo da mesma familia que Jua-ti ou o verdadeiro. 

II. 

Fam. Solanaceoa. PHYSALIS BRASILIENSIS. Sendt. 

Herbacea lisa ou levemente aspera de pellos eglandulosos 
erectos, dichotomo-ramosa; folhas ellipticas; íllor branca, im- 
maculada; antheras azues; fruto bacca, simulando capsula. 

Tanto estas duas como mais Pliysalis angulata L., que não 
temos no nosso herbário, são todas reputadas medicinaes tendo 
propriedades anodynas, resolventes e diuréticas. 

Habitam a,s capoeiras, roçadas e cultivados e florescem nos 
mezes da primavera. 

Tem 0 mesmo nome que a precedente. 

CANDEIA DE CAJÚ 

Fam. Lytliracaceo}. LAFOENSIA REPLICATA. Pohl. 

Arvore pequena ou arbusto arborescente. Eamos cylindri- 
cos, pardos, Folhas curtamente pecioladas, peciolo grosso; ellip- 
ticas, obtusas, elegantemente penninervias, rigido coriaceas, na 
face de cima verde-escuras brilhantes, embaixo claras; flores 
grandes, brancas; fruto capsula lenhosa, grande, cônica. 

Usos não lhe conhecemos a não ser que é muito orna- 
mental Servindo muito para jardins onde seria de grande or- 
nato. 


/ 


— 32 — 


Habita os campos e cerrados e floresce nos mezes do verão. 

Nada sabemos relativamente ao nome que tirámos da flora 
de Martins. 

CANSANÇÃO. 

ORTIGÃO. 

ívm. UrticacecB. URERA SUBFELTATA. Mig-. 

Arbusto de estatura regular, sublenboso. Eamos e pecio- 
los pubescentes; folhas subcordiformes, grosso-dentadas, na 
face de cima com pellos esparsos e aspero-pontuadas. Tnflores- 
cencia em cymas axillares. Fruto baga pequena 

Ê urente. Muitas vezes vimos empregar a casca em chá 
contra affeccões pulmonares. Constitue, segundo muitas pessoas, 
um excellente alimento para o gado cavallar e fornece fibras 
fortissimas, das quaes os indios tecem redes, tangas e outros 
objectos. Deve ser um dos melhores vegetaes para o fabrico 
de papei. 

É reputada um dos principaes padrões de terra boa. 

Habita as capoeiras e mattas e floresce nos mezes do in- 
verno. 

O nome de Ortigão deve ahi ser conservado porque pa- 
rece que 0 outro é uma corruptela. 

CANELLAS. 

Como a familia das Lauraceas, á qual pertencem as ca- 
nellas, ainda não está classificada no nosso herbário, temos 
que reserval-as para o fasciculo proximo. 

CANUDO DE PITO. 

Fam. EwpTiorUacee. MAB^EA FISTULIFERA. Mart. 

Arbusto alto, até arvore elegante, de ramos mais ou me- 
nos comprimidos. Folhas de côr verde-brilhante na face de cima, 
pardo-glaucas em baixo. Flores pequenas em paniculas termi- 
naes, côr de pinhão, avelludadas. Fruto capsula da mesma côr, 
também avelludada, abrindo-se mostrando o arillo vermelho 
das sementes. A casca ó reputada resol vente e febrífuga por 
conter um principio amargo e adstringente. 

Habita capoeiras e mattas e floresce nos mezes da prima- 
vera. 


— 33 


Não conhecemos a origem do nome. Não pode ser por 
causa de serem ocos os ramos, porque não o são, nem sahe a 
medulla facilmente. 

CAPERICOBA VERMELHA 

CARURÚ AMARGOSO 

Fam. Composita. ERECTITES VALERIANAEFOLIA. D. C. 
var. Organensis. Baker. 

Herbacea; folhas simples, pinnatifidas, lyriformes denta- 
das; flores em capitulas, cylindricas, róseas. 

È uma planta ornamental, mas não lhe conhecemos pro- 
priedades medicinaes. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes do verão. 

CAPIM AMARGOSO 

Fam, Qraminacee. ELIONURUS LAT/FLORUS. N. ah. E. 

Gramma regular até 0.5 m. Folhas planas, agudas, com- 
pridas. Espiga paniculada, grossa, mais ou menos villosa; es- 
pigas secundarias sesseis. 

È voz geral que esta graminacea não é hom pasto e é ver- 
dade que 0 gado regeita-a quando verde, porém, informou nos 
0 Dr. Eugênio Lacerda que segundo experiencias feitas pelos 
Srs. Dummont, Eugênio Ramos e Salvador Toledo em Banha- 
rão, constitue ella um feno de primeira qualidade, procura- 
dissimo pelo gado que o prefere a qualquer outro, porque pa- 
rece perder o seu amargo pelo processo de seccar. O ultimo dos 
Srs. pretende explorar esta industria em grande escala. 

Cresce por toda a parte, mas prefere os cerrados onde flo- 
resce nos mezes do inverno e da primavera. Segundo Martius 
0 nome de Capim é tupi e contracção de cad-pim. 

CAPIM BARBA DE BODE 
Fam. Graminaceoe. ARISTIDA PALLENS. Cav. 

Vulgarissima. Gramma de 0.30—0.50 ctms. de compri- 
mento. Cresce em moitas espessas. Folhas estriadas, longe acu- 
minadas até filiformes. Panicula grande, erecta ou pendente. 
Grãos triciliados. 

Esta graminacea é uma das mais espalhadas no sul da 
America porque encontra-se tamhem na republica Argentina. 
Como forragem tem pouco valor, só servindo emquanto tenra. 


34 — 


É uma verdadeira praga que possue uma resistência extraor- 
dinária e que por meio dos cilios das sementes facilmente se 
transporta para toda a parte. 

Habita de preferencia os campos, dos quaes toma conta cada 
vez mais, principalmente depois das queimas. Floresce nos me- 
zes do outono e as suas sementes amadurecem em Agosto-Se- 
tembro. 

Tem 0 seu nome da rigidez de suas folhas quasi capillares. 

CAPIM BEANCO 

Fam. Graminacem. ERAGROSTIS LUGENS. N. ab. E. 

Gramma vulgaríssima em terrenos pouco ferteis ; folhas 
compridas, agudas, villosas; panicula ampla; grãos pequeninos, 
duros. 

Ê duvidosa como forragem e ha muitas opiniões a respeito, 
porém observamos que o gado muito pouco a procura. 

Floresce em épocas diversas do anno. 

Não conhecemos a origem do nome. 

CAPIM FLECHA 

Fam. Qraminacem. TRISTACHYA LEIOSTACHYA. N. ab. E. 

Capim alto, até 2 metros e mais. Colmo nodoso, glabro, 
estriado; folhas até 2 ctms. largas, longas e mais ou menos 
rigidas. Panicula comprida, grãos de 2 a 3 ctms., farinaceas. 

É uma das forragens superiores para todos os animaes que 
a comem com avidez. É tão semelhante á aveia europea que 
emquanto nova engana. A. parte superior do colmo e da haste 
floral contem copiosa quantidade de cellulose pura. 

Começa, porém, já a ficar rara por causa das queimas do 
campo onde logo ó substituída pela larba ãe Iode. 

Cresce em quasi todos os campos, especialmente nas zonas 
de Araraquara — Jaboticabal e Batataes — Franca. Earos exem- 
plares encontram-se ainda mos campos de Sorocaba. 

Floresce segundo Martius no mez de Maio, mas nós a en- 
contrámos em flor no mez de Agosto e em fructificação no 
mez de Dezembro. 

O nome origina, decerto, do pedunculo que é muito com- 
prido. 


— 35 — 


CAPIM FLECHINHA 

Fam. Graminacem. TRISTAi. HYA CHRYSOTHRlx N. ab. E. 

Esta graminacea é menor que a precedente, tem as folhas 
milito mais estreitas e a panicula menor. As glumas unila- 
teraes são côr de ouro com longos cilios ázues, dando ás pa- 
niculas um aspecto lindissimo. 

Também é boa como forragem, posto que menos que a 
anterior, mas em compensação é muito ornamental, gozando 
a vantagem de poder ser seccada e guardada sem perder as 
côres. 

Habita de preferencia os campos e cerrados e floresce nos 
mesmos mezes que o precedente. A similhança com a anterior 
e 0 menor porte valeu-lhe o nome. 

CAPIM FLOR 

CAPIM LANCETA 

Fcm. Graminaceoe. PANICUM ECHINOLOENA. N. ab. E. 

Gramma deitada com colmo ascendente; folhas glabras atè 
hirtas ou velutinas com base truncada ou subcordiforme. Es- 
pigas solitárias. 

Sendo esta graminacea pouco abundante, nada podemos 
aííirmar com relação ao seu valor como forragem. Suas semen- 
tes são, porém, muito procuradas pelos passaros. Temol-a en- 
contrado por toda a parte mas parece que prefere os logares 
húmidos dos campos. 

Floresee no mez de Dezembro. 

O nome de O. lanceta é mais conforme a forma da folha. 

CAPIM GOÉDURA 

CAPIM MELLADO 
CAPIM EOXO 

Fam. Graminaceoe. PANICUM MELINIS. Trin. 

Gramma quasi rasteira de colmo e felhas mais ou menos 
pilosas até hirtas. Iníiorescencia em panicula roxa-violacea. 

É repiíítada boa forragem, porém, quando não é cortada em 
tempo torna-se aspera e diíficil para o gado. Alem disso sup- 
porta muito as geadas. É cultivada por toda a parte e em to- 




— 38 — 

dos os terrenos; preíere, porém, os de matto. Floresce nos mo 
zes do verão. 

Qualquer dos nomes é b >m, pois, todo são correntes. 
CAPIM MEMBECA 

Fam. QraMÍnace(B. ANDROPOGON VIRGINICUS. Linn. 
Subsp. leucostacJiyus. H. 

Graminea alta até 80 ctms. long‘as, 3 — 4 ctms. largas.. 
Espigas até 4 ctms. 

Esta g’raminea existe também nos Estados -Unidos, onde- 
tem 0 nome de Virgínia Beard Grass e Broom Qrass. Do livro 
intitulado «The Farmers Book of grasses and other forage- 
plants,» publicado pelo professor Dr. D. L. Phares, extractanios- 
o seguinte : 

Androjgogon Virginicus contêm grande quantidade de ma- 
térias nutritivas, como se vê pela analyse do Snr. Collins ; 




Analyse da cima‘. 


oleos 

1.24 



cera 

0.47 

potássio 

7.01 

assucar 

7.98 

oxydo de potassa 

13.93: 

gomma e dextrina 

5.02 

,, ,, calcio 

6.76. 

cellulose 

33.72 

„ „ magnésia 

1.83. 

„ amylacea 

26.32 

acido sulphurico 

2.80* 

extr. alcal. 

5.80 

„ phosphor. 

2.97 

albuminoidos 

13.00 

„ silicico 

58,33 

cinza 

6.44 

chloro 

6.37 


99.99 


100.00* 

Seccando este capim 

no outono 

pode a roça ser queimada. 


para na primavera outra vez brotar novos colmos das raizes pe- 
rennes constituindo uma pastagem nutritiva e sã para o ga- 
do. Mas logo que os colmos endurecem, os animaes abando- 
nam esta forragem, que se torna imprestável para feno. Sendo, 
porém, cortado antes desta época, é facilmente seccado e tor- 
na-se um feno bom. É facilmente attacado pela humidade e 
não pode tomar chuva nem orvalho depois de seccado. 

Poucas horas de sol seccam-no e constitue então um dos 
melhores fenos que vem aos nossos mercados do sul. 

É também um dos melhores materiaes para o jardineiro- 


37 — 


acondicionar suas arvores e plantas. Faz-se delle cestos com- 
modos e duráveis, assim como também colmeias. Peitilhos de 
cavallo e outras cousas são enchidas com este capim e os col- 
mos seccos são usados para vassouras. 

Habita os campos e cerrados e floresce no mez de Setembro- 

Segundo Visconde de Beaurepaire Rohan, Diccionario de 
vocábulos Brazileiros, membcca significa molle^ irando, tenro na 
lingua tupi. 

CAPIM MILHÃ GEANDE 

Fam. Graminacem.. PASPALUM GRISEUM. Hack nor. sp. 

Esta graminea é espccie nova e foi determinada pelo Prof. 
Hackel. 

E graminacea alta de 0.80 m. a 1.20 m; colmo ascendente ou 
erecto, simples, cylindrico, striado, com base pubescente e vio- 
lácea. Folhas de 30 — 40 ctms. de comprimento, 10 — 15 mms. 
largas, estriadas e glabras, acuminadas, vagina estriada, pu- 
bescente na base; ligula curta, membranacea, pilosa; inflores- 
eencia terminal, panicula erecta, eixo commum canaliculado, 
glabro; espigas subsesseis ciliadas na inserção, 20 a 30 de 3 
a 8 ctms. de comprimento. Spicula plana, elliptica, acumina- 
da, gluma 3 — nervia de beira piloso-lanosa, violáceo — verde. 
Valvula membranacea. Caryopse elliptica, plano — convexa, 
aguda. 

É reputada boa pastagem. Sò a encontrámos em Itapeti- 
ninga, onde floresce no mez de Novembro. Habita as capoeiras. 

Não conhecemos a origem do nome. 

CAPIM MOURÃO 

Fam. Graminacece. SPOROBULUS INDICUS. E. Br. 

Nos Estados Unidos esta graminea chama-se «Smut-grass» 
(capim de mofo). Não existe mencionada na Flora de Martius, 
porém, não ha duvida que é a especie em questão, mesme 
por.jue apresenta a particularidade de ter em geral as espigas 
infectadas por um cogumelo que dá um aspecto desagradavel 
á planta. 

É nma graminea de 50 a 80 ctms. de altura, folhas pouco- 
largas, glabras, espiga densa, escura de caryopses pequenos. 

Emquanto nova é boa pastagem de muita resistência, po- 
rém, desde que floresCe torna-se imprestável. 


— 38 — 


Neste estado é industrial porquê os colmos entre a inflo- 
rescencia e o ultimo nó, serve para o fabrico de tranças para 
chapéos e outros objectos de palha, que facilmente são alve- 
jados por meio do enxofre. 

Habita por toda a parte, preferindo capoeiras húmidas è 
floresce nos fins do inverno e principio da primavera. 

Não conhecemos a origem do nome. 

CAPIM PAPOUÃ 

Fmn. Oraminaceos. ICHFASfTHUS CAUDICANT. Vell. 
var. 'oelutinus. Bõckeler. 

Gramma bastante foliosa mais ou menos pubescente. Fo- 
lhas lanceoladas, longe acuminadas, base mais ou menos re- 
donda até cordiforme. 

Flor em pánicula graciosa. 

Pouco conhecemos a respeito do seu valor como forragem, 
tem, porém, fama de ser bom. 

Hatiita os cerrados e campos e floresce nos últimos mezes 
do inverno e os primetros da primavera. 

Também deste nome nada sabemos. 

CAPIM TRIGO 

Fam. GraminaceoR BRIZ4 JVEESII Doell. 

Gramma de 0.60 a I. m. de altura; folhas estreitas, lisas, 
longo — acuminadas. Flor em panicula ampla. Espigas secun- 
darias sobre pedúnculos flexiveis e finos, glumas imbricadas, côr 
araarello de ouro quando seccas. 

Como forragem esta graminea parece de pouco valor, mes- 
mo porquê é bastante rara; mas podia tornar se bella gramma 
ornamental e objecto de industria de jardim. 

Habita as capoeiras húmidas principalmente perto dos 
correg‘os, onde cresce em pequenas moitas. Floresce nos mezes 
do outono. 

Os glumas tem certa semelhança com os de trigo e d’áhi 
o nome. 

CAPIXIM 

Fam. Monimiaceoe. MOLLINEDIA. Sp. 

Arbusto regular, lenhoso, até 3 mts. de altura; folhas até 
10 ctms., 4 a 5 ctms. largas. A madeira é muito elastica e 


— 39 — 


deixa-se rachar com muita facilidade, pelo que é empregada 
para arcos de penneiras. 

Habita as mattas virgens e floresce no mez de Agosto. 

Não podémos encontrar a origem ou etymologia deste 
nome. 

CAPIXIMGUI 

TAPIXINGUI 

Fam. FupJiorUaceoe. CROTON FLORIBÜNDUS. Mart. 

Arbusto até arvore de 1 a 10 metros, lenhoso. Folhas al- 
ternas, ohlongo-ovadas, de 5 a 12 ctms., longas, asperas pelos 
cahellos ramificados que as cobrem brancas no dorso. Flores- 
cência em racemos compridos brancos. 

Esta planta é tido por drastica e antivenerea. As folhas 
seccadas e reduzidas a pó são preconisadas para tratamento de 
ulceras e com muito exito. 

Habita por toda a parte, preferindo a beira de capoeiras 
e mattas baixas e floresce quasi todo o anno. 

Segundo D. Maia deve- ser Tapixingui. Nem Martius, nem 
Eoban, mencionam estes nomes. 

C AR AP ACÚ —PETECA 

HERVA DE VE DO 

’ Fam. Violacem. lONIDlUM BIGIBBOSUM. St. Hil. 

Subarbusto lenhoso, pouco ramificado, ramos superiores 
mais ou menos glutinosos e pubescentes. Folhas oppostas, 
oblongas, ovato — lanceoladas, attenuado — agudas, base aguda, 
subinteiras ou serreadas; flores axillares, brancas; fruto cap- 
sula trigona com sementes redondas escuras. 

É considerada padrão infallivel de terra boa. 

Habita as mattas virgens especialmente e floresce- nos 
mezes do verão. 

Segundo Dr. Maia deve, talvez, ser Oarapucú—^QtQC^. 

CARRASCO DO CAMPO 

Fam. Composite. BACCHARIS TARCHONANTHOIDES. D. O. 

Herbacea, arbustiva, muito ramosa, caule cylindrico, in- 
canescente, folhas pecioladas coriaceas, oblanceoladas, obtusas 
ou pouco agudas, base cuneiforme, na face de cima lisas, por 


— 40 


baixo pallido — ferruginoso — incanescentes, penninervias ; as 
capitulas dispostas em paniculas racemosas. 

Goza das mesmas propriedades que as carqueijas^ habita 
os campos e floresce nos mezes do inverno. 

Por invadir facilmente os campos e mesmo cultivados me- . 
rece o nome. 

CARAPICHO 

É um nome empregado para muitas plantas diversas, aqui 
só mencionaremos as que até agora temos colhido. 

Fam. Tiliaceoe. Gen. TRIUMFETTA. 

Todas as especies deste genero têm indistinct mente o no- 
me de carapicho em S. Paulo. As mais vulgares são: 

CARAPICHO DA CALCADA 
TRIUMFETTA SEMITRILOBA. L.- 

Arbusto regular, caule liso na base, pubescente mais em 
cima; folhas polymorphas, 5 lobadas, pentagonaes, oblongas 
até lineares ou lanceoladas, duplamente serreadas, tomentosas 
e molles. Flores em dichasio trifloro, amarellas. Fruta capsula 
espinhosa. 

O cozimento das folhas e dos frutos contusos é usado em 
injecções contra a gonorrhea. 

Habita as capoeiras e cultivados abandonados. Floresce 
nos mezes do outono e do inverno. 

TRIUMFETTA NEMORALIS. St. Hil. 

Arbusto com caule liso, pouco piloso nas extremidades. 
Folhas ellipticãs ou oblongas, acuminadas, desigualmente ser- 
readas, glandulosas, mais ou menos lisas Inílorescencia race- 
mosa; flores amarellas. 

TRIUMFETTA LONGICOMA. St. Hil. 

Differe da precedente apenas pelas folhas arredondadas e 
por ser mais pilosa e sem glandulas distinctas. 

Habitam as mattas e florescem nos mesmos mezes que a 
especie anterior. 

Estas tres especies e ainda outras que não temos no her- 
bário, são todas muito fibrosas, de fibras longas, sedosas e resis- 
tentes, podendo talvez com vantagem serem applicadas na in- 
dustria têxtil ou para o fabrico de papel. 


41 — 


As folhas são reputadas adstringentes e empregadas em 
injecções nos casos de hlenorrhagias e outros corrimentos pu- 
rulentos. 

CARAPICHO. (Outra). 

Fam. ComposÍt(B. ACANTHOSPERMUM XANTHOIDES. D. C. 

Planta herbacea, rasteira. Folhas ovato-rhomhoideas, mol- 
les. Flores em capitulas pequenas, amarellas. Fruto composto 
geralmente de 5 achenios, ohlongo-cylindricos, munidos de 
cahellos curtos, duros e curvos. 

É amarga, mucilaginosa, aromatica e diaphoretica. As fo- 
lhas e as raizes em cozimento passam por tonicos e recons- 
tituintes. 

É vulgarissima e habita por toda a parte mesmo dentro 
das cidades. Floresce nos mezes do inverno. 

CARAPICHO DO GRANDE 
Fam. Compositoe. ARCTIUM MJNUS. '^ch.k. 

Arbusto herbáceo robusto. Folhas amplas cordato — ovaes, 
dentadas, albopuhescentes no dorso. Flores roxas em capitulas 
globosas. 

Alguns lhe attrihuem propriedades emollientes. As cabe- 
ças floraes possuem escamas lineares, cuja ponta é voltada para 
fora em forma de ganchos finos, constituindo um brinquedo 
para as crianças, que as aremessam para fazel-as pegar na 
roupa ou no cahello. 

Esta planta certamente podia tornar-se industrial em vista 
das fibras excellentes que se acham por baixo da casca e que 
muitas vezes attingem o comprimento de um metro sem in- 
terrupção. 

Habita os suburbios das cidades e floresce nos mezes do 
verão. 

CAROBINHA DO CAMPO 

Fam. Bignoniacece. JACARANDA’ SUBRHOMBEA. D. C. 

Arbusto de 1 a 2 metros, muito ramificado; folhas oppos- 
tas, impar ipinnadas, 3- — 4 jugas; foliolos rhombeo lanceola- 
dos, pequenos, lisos, revolutos, subsesseis. Flores geralmente 
precedendo as folhas, em paniculas amplas, multifloras ; cam- 
panuladas, grandes, violaceas, amarello — maculadas na gar- 


42 — 


g-anta. Fruto capsula bivalva septicida, sementes aladas 
chatas. 

É considerada poderoso antisyphilitico internamente e ex- 
ternamente contra ulceras e boubas. Empregam-se especialmente 
a casca e as folbas. 

Cresce principalmente nos cerrados e cerradões e floresce 
nos mezes da primavera. 

O nome, segundo Dr. Maia é: /lad-roua, ber va amargosa. 

CAROBINHA (Outra). 

Fam. Bignoniace<s. JACARANDA' RUFA. D. C. 

Diífere da precedente por ter folhas muito maiores e os 
internodios entre os foliolos alados. No mais é idêntica ; ha- 
bita os mesmos logares e floresce na mesma epoca sendo em- 
pregada do mesmo modo. 

CAROBINHA MIUDA 

Fam. Bignoniacem. JACARANDA’ DECURRENS. B. C. 

Arbusto pequeno com raiz grossa lenhosa. Folhas pari- 
bipinnadas, 9 — jugas, pinnas erectas imparipinnadas; foliolos in- 
teiros com 0 peciolo adnato e depois decurrente, tornando-se 
largamente linearia subfonciforme. Flores nascendo em race- 
mo amplo sobre pedunculo sem folhas; grandes, campanula- 
das, violaceas, pubescentes. Fruta como a dos precedentes. 

Habita ós mesmos logares, floresce no mesmo tempo e é 
empregada identicamente. 

CASCA D’ANTA 

CAPORORÓCA 
PARA TUDO 

Fam. Winteracece. DRIMYS WINTERIÍ Forst. 

Arbusto de 2 a 4 metros, lenhoso, cascp, avermelhada. Fo- 
lhas coriaceas, inverso — lanceoladas de base attenuada em pe- 
ciolo e ponta levemente mucronada, beiras quasi dobradas. A 
face de cima é côr verde escura, brilhante; o dorso é branco. 
As nervuras imperceptiveio excepto a central. Flores brancas, 
extremamente odoriferas, dispostas em umbellas. Fruto baga 
pequena preta. 

Além de ser arbusto extremamente ornamental, é conside- 


— 43 


rada muito medicinal, servindo como tonico, fetrifugo, exi- 
tante e estomachico. 

Segundo Marti us também se denomina caapororóca que 
deve significar aròusto de ramos quebradiços (quod stirpem si- 
gnificat ramulis fragilibus proeditam). Porém, este nome serve, 
em S. Paulo para designar varias outras especies. 

Habita em S. Paulo os capões húmidos do campo e flo- 
resce nos mezes do inverno. 

O nome que deve prevalecer é o de Casca d’ Anta. 

CARQUEIJA 

Fami Convpositce. Gen. BACCHARIS. 

Com este nome conhecemos 3 especies distinctas, todas 
bastante vulgares. 

1 . 

BACCHARIS ARTICULATA. Pers. var. Qaudicliiana. 

Arbusto herbáceo, liso. ramoso até 1 m. de altura, bi-ala- 
do. As azas foliaceas são muito interruptas e um tanto vis- 
cosas. Folhas pequeninas papilliformes. Flor em capitulas dis- 
postas em paniculas curtas com brácteas verde-claras. 

2. / 

BACCHARIS STENOCEPHALA. Baker, 

Arbustiva, herbacea, lisa, ramosa, ramos bi a 3 -alados, as 
azas foliaceas, mais largas que no preqedente, rijas, planas e 
interruptas, folhas ausentes. Florescência em capitulas, for- 
mando espigas brancas nas extremidades. 

3. 

BACCHARIS GENISTELLOIDES Pers. yar. trirnera. Balier. 

Arbustiva, herbacea, lisa, muito ramosa, ramos 3 alados; 
azas largas, cartaceas, interruptas; folhas ausentes. Flores em 
capitulas dispostas em espigas alongadas, interruptas, as in- 
feriores agglorneradas. 

Todas estas especies são preconisadas como tônicas e fe- 
brifugas por causa do principio amargo que contem. São tam- 
bém empregadas na falsificação da cerveja. 

Habitam de preferencia os campos e cerrados, excepto a 
ultima que se encontra por toda a parte. 


— 44 — 


O nome é portuguez significando uma Leguminosa de 
portugal que alias nada tem de similhante. 

CASCAVELLEIRA 

GUISO DE CASCAVEL 

Fam. Legmiinosoe. CROTALAFIA genero. 

A este genero pertence uma grande porção de especies as 
quaes todas tem o mesmo legumcn secco e membranaceo com 
sementes soltas que produzem um som idêntico ao chocalhar 
do guiso do cascavel, pelo que todas têm o mesmo nome. 

As especies que temos no herbário são : Cr. flavicoma 
Benth. 

Cr. holosericea v. Mart.; Cr. vitellina Yev.y.minor; 

Cr. anagyroides B. V. H. 

Cr. Hilariana Benth.; Cr. lyracliystaclvya Benth.; Cr. striata 

D. C. 

CR. FLAVICOMA. Benth. 

Herbacea, toda coberta de pellos fulvos densos; caule erecto 
subsimples; folhas ovato-oblongas, inflorescencia racemosa, mul- 
tiflora; flores amarellas; legumen liso, preto. 

É planta campestre e floresce nos mezes do inverno. 

CR. HOLOSERICEA. v. grisea Mart. 

Herbacea, arbustiva, divaricato — ramosa, densamente co- 
berta de pellos unidos, alvescentes; folhas orbiculares, ovato— 
ellipticas, mollemente villosas nos dous lados; inflorescencia 
racemosa, multiflora; flores amarellas; legumen oblongo mol- 
lemente villoso. 

E também campestre e floresce na mesma epocha. 

CR. VITELLINA. Ker. v. minor. 

Herbacea, arbustiva ; folhas ovato — lanceoladas, obtusas ; 
inflorescencia racemosa; flores amarellas; legumen oblongo — 
cylindrico, preto. 

CR. ANAGYROIDES. H. B. K. 

Herbacea, arbustiva, pubescente ou lisa, foliolos oblongo- 
ellipticas, base aguda, na face de cima lisos, embaixo ptibes- 
centes; inflorescencia racemosa; flor amarella, curta ou alon- ^ 
gada ; flores amarellas ; legumen oblongo, cylindrico, pouco 
pubescente. 


— 45 — 


Habita os campos arenosos e floresce no tempo das outras. 

CR. BRACHYSTACHYJ . Benth. 

Herbacea, arbustiva, ramos mollemente avelludados, folhas 
oblongo-ellipticas, base ag-uda, na face de cima lisas, embaixo, 
pubescentes. Inflorescencia racemosa flor amarella; legumen 
oblongo, pubescente. 

Habita também os campos e tem a mesma epocha de flo- 
ração. 

CR. STRIATA. D. C. 

Herbacea, erecta, ramosa; foliolos 3 inverso-ovato-ellipti- 
cos, lisos ou finamente pubescentes por baixo. Inflorescencia 
racemosa alongada; flores pequenas,: pendentes, amarellas, es- 
triadas; legumen cylindrico, quasi liso. 

É também campestre e floresce no mesmo tempo. 

Não conhecemos propriedades nem empregos destas plan- 
tas. Algumas são comidas pelo gado, porém, sem preferencia 
especial. 

CROTALARIA SUBDECURREN S. Mart. 

Herbacea, erecta, villosa. Estipulas superiores accompa- 
nhando o caule, lanceoladas, folhas ellipticas, obtusas ou agu- 
das; pedunculo plurifloro. Flores grandes, amarellas. Fruto 
legumen pergamentaceo. 

Habita os campos de Franca e floresce nos mezes do verão. 

CATAGUÁ 

LARANJEIRA DO MATO 
LIMOEIRO DO MATO 

Fam. Rutacem. METRODOREA PUBESCENS. St Hilaire. 

Arvore pequena, vulgar, ramos e folhas oppostas, gran- 
des, elliptico-lanceoladas, mais ou menos obtusas; flores em 
panicula composta, pequenas, albi-verdes; fruto grande, lenhoso, 
pentágono, cheio de excrescencias. 

Dizem que a sua casca tem propriedades febrifugas e to- 
nicas. Sua madeira é fraca. 

Habita as mattas e capoeiras grandes e floresce nos mezes 
do verão. 


— 46 


Não conhecemos a etymologia do nome, deve entretanto 
ser conservado o de Catagud. 

CAXI COEM 

COXI-CAHEM 

GUAXICA 

Iam, Proteacem. RHOPALA BRASILIENSIS. Polil. 

Arvore regular, ramos cylindricos, folhas pecioladas, co- 
riaceas, rhomhoideas, inteiras; apice acuminado, base attenuada 
em peciolo canaliciilado e tomentoso, lisas nas duas faces, de 
margens mais ou menos onduladas, verde escuras, caducas. 
Inílorescencia em amento, flores brancas de 1 a 1.5 ctms. de 
comprimento. 

É estimada pela sua madeira forte e boa para construcção; 
servia antigamente para o fabrico de eixos dos descaroçadores 
de algodão. Além disso passa por adstringente. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do iuverno e da 
primavera. 

O mesmo nome dá-se á RJiopala tomentosa Pohl., que dif- 
fere da precedente unicamente pelo indumento. 

Habita os mesmos logares e floresce na mesma epocha. 

O nome verdadeiro é o de Guaxica, allusão á madeira 
forte. 

CEGA-OLHO 

IPECACUANHA FALSA 

MATA- OLHO 
OFFICIAL DA SALA 

Faan. Asclejnaãacem. ASCLEPIAS CURASSAVICA. L. 

Arbustiva, herbacea, de caule glabro, folhas ovato-lanceo • 
ladas, oppostas, lisas. Inflorescencia em umbella, flores cor de 
laranja e vermelhão; fruto capsula com sementes ciliadas. 
Toda a planta tem sueco lactoso. 

A raiz tem propriedades emetieas em doses moderadas. Em 
dose alta é toxica. O caule fornece fibras que podem servir 
para fabrico de pap^l e os cilios das sementes fornecem boa 
paina para encher travesseiros e colchões. É considerada re- 
medio efiicaz e experimentado como resolvente em panarícios. 



— 47 — 

Habita perto das casas e nos cultivados e floresce nos me- 
zes da primavera. 

O nome mais commum é o de Oficial da sala que por- 
tanto deve ser conservado. 

CHÁ DE BUGRE 

CONGONHA DE GENTIO 
COTÓ 

COTÓ-COTÓ 

Fam. RuUacece. RUDGEA VIBURNIOIDES. Benth. 

Arbusto elegante, lenhoso ; ramos superiores tomentosos ; 
folhas grandes, rigidas, oppostas, oblongo-ellipticas au lanceo- 
lato-ovadas, agudas, muito variaveis ; na face superior bri- 
lhantes, verde escuros com nervuras impressas, na face infe- 
rior claras, mais ou menos pubescentes e com nervuras sa- 
lientes. Inflorescenoia em paniculas terminaes de flores bran- 
cas, ' grossas. Fruto baga cor de laranja. 

Esta planta é reputada poderoso anti-syphilitico. Empre- 
ga-se a infusão das folhas mesmo seccas. É também um dos 
arbustos mais ornamentaes que conhecemos, podendo com pouco 
trato tornar-se grande objecto de exportação. 

Habita de preferencia os cerrados e floresce nos mezes do 
outono. 

O nome de Goto deve ser conservado por ser o primitivo 
mas cuja etymologia não conhecemos. 

CHÁ INGLEZ 

VASSOURINHA 

Fam. Malcacecc. SIDA RHOMBIFOLIA L. 

Herbacea, sublenhosa, perenne; muito variavel. Caule ora 
com pellos stellariformes mais ou menos densos. Folhas cur- 
tamente pecioladas, peciolo com o indumento do caule. Fo- 
lhas' rhomboideo-ovaes ou lanceoladas ou inverso-ovaes, pilosas 
por cima e tomentosas no dorso; flores solitárias, brancas ou 
rosadas, atropurpureas na gnrganta. Fruto capsula secca. 

É reputada emolliente. 

Habita os campos e cerrados e floresce nos mezes do in- 
'verno. 

Apezar de ser generico, o nome de vassourinha deve ser 


48 


conservado porque o outro é pouco conhecido e certamente 
errado. 

CHUPA FERRO 

GUAMIXINGA 
QUINA FALSA 
TRES FOLHAS BRANCAS 
TRES FOLHAS DO MATO 

Fam. mtaceoi. GALIPEA JASMINIFLORA. Eng-l. 

Arhorescente, alta. Folhas tri-folioladas, lisas, verde escu- 
ras, lanceoladas, acuminadas de hase attenuada, nervuras proe- 
minentes em ambos os lados. Inflorescencia em pauicula ter- 
minal ou axillar. Flores brancas. Fruto capsula, 5 — locular. 

Attribuem á casca propriedades febrifug“as e tônicas mas 
muitos 0 negam. 

O nome de chupa ferro provém da mollesa da madeira 
que segura o machado. 

Habita as mattas grandes e floresce nos mezes do verão. 

O nome mais conhecido é o de trez folhas ão mato. 

CINNAMOMO 

JASMIM DO SOLDADO (baHIa) 

Fam. Meliacee. MELIA AZEDAEACH. h. 

Arvore com folhas longo-pecioladas, impari-hipinnadas, 
foliolos em 4 — 5 pares oppostos, suhovato-lanceolados, serrados, 
apice agudo, base desigual, lisos. Florescência em panicula 
ampla, flores brancas e violaceas. Fruto drupaceo pequeno. 

E’ medicinal. Sua casca é amarga, adstringente, anthel- 
mintica e estimulante. 

Em dose maior produz vomitos e é abortiva e toxica. Os 
fructos e a raiz também são vermifugos e a semente contem 
um oleo fino que serve para a pintura. Emprega-se para lavar 
e limpar ulceras. 

Habita logares diversos e acha-se muito cultivada. Flo- 
resce nos mezes do verão. 

Em S. Paulo só se conhece o nome de Oinnamomo. 

CIPO’ CHUMBO 

Fam. Cuscutacece. CUSCUTA RaCEMOSA. Mart. 

Planta parasitica, herbacea; caule filiforme aphyllo, côr 


— 49 — 


de laranja e munida de vesículas eom as quaes se agarra, emit- 
tindo raizes adventícias que enrolla nos galhos aos quaes se 
prende. Flores pequenas, brancas, dispostas em cymas. 

Esta planta não é rara. Em banho goza de propriedades 
diuréticas. É também usada em cozimento contra diarrhéas 
sanguinolentas, inílammação das glandulas e bydropisia (Ca- 
minhoáj. Chernowiz diz ser ella empregada em moléstias de 
peito. 

Habita as beiras das mattas, capoeiras e logares cultiva- 
dos e floresce nos mezes do inverno. 

O nome é adoptado em todas as partes do Estado 

CIPO’ CRUZ 

Fam. Ranunculace(S. CLEMATIS DIOICA. L. 
var. Brasiliensis. D. C. 

Trepadeira, lenhosa, 8-foliolada, folhas geralmente intei- 
ras raramente serradas, os galhos oppostos em forma de cruz. 
Flores pequeninas, fruto achenio alado e ciliado. 

Goza de proj)riedades amargas e narcóticas e reputa-se an- 
tídoto ophidicO; porém, nada de certo sabemos a respeito. 

Habita as .mattas e capoeiras e floresce nos mezes do ou- 
tono. 

Não tem outro nome. É allusão á posição dos ramos. 

CIPO’ SAPO 

- PAINA DO CAMPO 

Fam. Asclepiadacece. ARAUJIA SERICIFERA. Brot. 

Herbacea trepadeira, toda lactosa. Folhas lanceoladas de 
base truncada e apice agudo, mucronado, ás vezes um tanto 
cordiformes, lisas e glaucas, como toda a planta; flores albas, 
grandes, em cymo rarifloro, fruto folliculo grande ; sementes 
ciliadas, de cilios sedosos. 

É considerada toxica mas não se lhe conhecem proprie- 
dades medicinaes. A paina das sementes é excellente material 
para encher travesseiros e colchões. 

Habita os campos pouco limpos e floresce nos mezes do 
inverno. 

O nome a adoptar deve ser o de do campo porque 

désigna um producto util da planta. 


50 — 


COARI— BRAVO 

Fam. Composiice. TAGETES MINUTA. L. 

Planta herbacea, erecta; folhas simples pinnadas, os seg- 
mentos lanceolados, serreadas, glandulosas, flores em capitula, 
amarellas. 

Toda a planta é aromatica e é reputada anthelmintica 
como a herva de Maria, tendo os mesmos usos. Tem sido 
usada em banhos contra rbeumatismo articular e com grande 
proveito. 

Habita as capoeiras, cultivados e mesmo dentro de jar- 
dins. Floresce nos mezes da primavera. 

Nada conhecemos a respeito deste nome. 

COATINDIVA 

CRINDIUVA 

Fam. Ulmaceoi. SPONIA {Ceitis) MICRANTHA. Dces. 

Arvore pequena de lenho molle ; folhas ovato-ohlongas, 
acuminadas, asperas nas duas faces; inflorescencia axillar, de 
flores pequenas verdes. Fruto pequeno drupaceo. 

Desta ha mais uma especie : Sponia (Ceitis) mollis Dces. 
que differe apenas em que as folhas são avelludadas em baixo 
por unia pubescencia branca. 

Emprega -se a madeira para fazer carvão para polvora. 
Os ramos flexiveis servem para fazer cestos e a casca é tida 
como adstringente. 

Ambas habitam as mattas e florescem nos mezes do verão. 

O nome mais conhecido é o de Crindiuva cuja etymolo- 
gia não conhecemos, nem encontramos nos autores. 

COPAHYBA 

Fam. Leguminosa. COPAIFERA LANGSDORFII. Desf. 

var. glabra. 

Arvore regular de 3 — 5 metros. Folhas compostas, foliolos 
3 ^ pares, ovados ou oblongo-obtusos, lisos, geralmente pel- 
lucido-pontuados; flores pequenas em panicula; fruto legumen 
unilocular. 

Esta arvore produz um balsamo muito estimado na medicina 
por suas propriedades medicinaes, especialmente antivenereas. 


— 51 — 

Habita de preferencia os cerrados e capoeirões e floresce 
nos mezes do verão. 

V. Martins dá o nome, mas não a etymologia. 

CORAÇÃO DE JESUS 

GUACO 

Fam. Compositm. MIKANIA OFFICINALIS. Mart. 

Planta lierbacea, erecta, lisa ; canle simples on ramosoí, 
folhas oppostas, pecioladas, cordiforme-deltoideas, pendentes, 
agudas, profundamente dentadas, quasi coriaceas. Inflorescen- 
■cia corymbosa, terminal. 

No interior do Estado é esta planta empregada nas febres 
intermittentes e algumas vezes nas dyspepsias. 

Habita os cerrados e campos e floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

O nome lhe vem da forma da folha. O nome indígena não 
ha em S. Paulo, é do Rio Grande do Sul. 

CORDÃO DE FRADE 

PÁO DE PRAGA 

Fam. Ldbiatoi. LEONOIAS NEPETAEFOLIA. R. Br, 

Planta herbacea, alcançando até 2 mts; caule sulcado, 
■quadrangular, vestido de tomentosidade tenue; folhas mais ou 
menos agudas, serradas e tenue-tomentosas, glanduloso-pon- 
tilhadas; flores reunidas em glomerações ao redor da haste; 
glomeras espaçadas entre sí, pallido-vermelhas. 

Esta planta é preconisada internamente como antispasmo- 
dica e diurética, usa-se ella também em banhos contra o rheu- 
matismo. 

Habita os cultivados e roças antigas e capoeiras e floresce 
nos mezes do outono. 

Ha mais outra com a mesma denominação e pertencente 
á mesma familia, mas de genero e especie diversos. É a Le%- 
cas martinicensvA R. Br., também denominada Cordão de S. 
Francisco. Não a encontrámos ainda no Estado de S. Paulo, 
onde porém, deve existir. 

O primeiro nome vem das agglomerações floraes e deve 
ser conservado; o segundo nome é pouco vulgar. 


COEOANHA 

Fam. Leguminosie. DIOCLEA RUFESCENS. Benth. 

Planta lenhosa, trepadeira com ramos, peciolos e pedún- 
culos rníb-tomentosos; foliolos 3 ovaes ou inverso -ovados, acu- 
minados e estipulados. Flores sesseis, violaceas. Fruto legu- 
men, arcado; sementes g-randes de pericarpo duro, arillado, 
consideradas venenosas. 

É tida por toxica a semente; usos especiaes não lhe co- 
nhecemos. 

Hahita nas mattas da beira-mar onde é vulgar e floresce 
nos inezes do verão. 

Nada sabemos deste nome, aliás vulgarissimo. 

CE, AVO DO CAMPO 

Fam. Oompositm. ISOSTIGMA PEUCEDANIFOLIUM. Less. 

Herbacea de caule simples. Folhas basaes densas, 5 — 7 seg- 
mentadas, lineares ou filiformes, com as pontas muitas vezes 
bifurcadas. Flores em capitulo amplo terminal, côr de pur- 
pura escura. 

Dizem que a raiz tubercolosa possúe propriedades purga- 
tivas. (Mart.) 

Habita os campos limpos e argillosos e floresce nos mezes 
da primavera. 

Nome sem razão de ser, porém, não ha outro. 

CEAVOEANA 

F’am. Compositm. AMBROSIA POLYSTACHYA. D. C. 

Herbacea, alta, ramosa, erecta e aromatica. Folhas alter- . 
nas, as inferiores bi-pinnatifidas, as superiores simples pinna- 
tifidas, toda a planta é mais ou menos pubescente. Inflores- 
ciencia em racemo paniculado amplo. Flor verde. 

Toda a planta é aromatica, mas é muito pouco empre- 
gada na medicina domestica para banhos calmantes. 

Habita por toda a parte, especialmente nas capoeiras e 
roças velhas. Floresce quasi todo a anno. 

O nome é corruptela certa e impossivel para nós recompor. 

CEIXIUMA 

Fam. Oraminace(B. CHUSQUEA CAPITULIFLORA . Trin. 

Graminea trepadeira com colmo solido, fino, liso e nds 


— 53 — 


engrossados, e os ramos sahindo em feixes dos nos. Folhas 
estriadas lineares ou oblongo-lanceolados, verdes e lisas. 

É vnlgarissima em mattas onde é muito procurada peld 
gado que como as folhas. No tempo da secca é uma forragem 
excellente e temos visto crixiuma secca como feno, prestar 
serviços relevantes aos creadores de gado. 

Floresce nos mezes do inverno. 

Nao conhecemos a etymologia deste nome. 

CEUZEIRO 

FLOR BE, SANTA CRUZ 
SETE SANGRIAS 

Fam. Fubiacece. DECLJEUXIA CORDIGERA. Mart & Zucc. 
var. genuin a Muell. 

Planta suhlenhosa, arbustiva, de 40 — 70 ctms. de altura, 
parte inferior em geral lenhosa. Folhas oppostas, cordifor- 
aies, curtamente pecioladas ou sesseis; flores em corymho, 
pequenas, alho-azuladas. 

Usa-se esta planta contra febres intermittentes, fazendo 
infusão das folhas e da raiz. 

Habita os campos onde é commum e floresce nos mezes 
•do inverno. 

O nome mais empregado é o de Sete sangrias^ o qual deve 
ser conservado. 

CUANDÚ 

GUANDU 

Eam. Leguminosce. FAJANÜS JNDICUS. Sprez 

Arbusto sublenhoso, alto, todo tomentoso-pubescente. Fo- 
lhas pinnato-trifolioladas, foliolos ovato-lanceolados, oblongos, 
agudos. Flores amarellas fuscas, legumen comprimido, obli- 
quamente dividido. 

As favas que produz são comestiveis e têm o gosto, da 
ervilha. E’ bastante raro em S. Paulo, mas abunda nos es- 
tados do norte onde suas folhas adstringentes também são 
empregedas em cozimento para gargarejes nos casos de an- 
ginUo frouxidão das gengivas e dores de dentes (Mello Moraes, 
Botanica Brazileira). 

E’ originaria da África. Habita os cultivados antigos e 


— 54 


capoeiras. Floresce nos mezes da primavera. 

O noiiio .a moem é africano. 

CUITELLO 

Fanu ' Leguminosm. CAMPTOSEMA RUBICUNDUM. Hook & Arn- 

Trepaueira herbacea lisa. Folhas 3 — folioladas, foliolos 
oblongos, subovados. Flores côr de fogo ou de vermelhão. 

É muito vjinamental. 

Habita os campos, cerrados e capoeiras e floresce nos me- 
mezes do inverno. 

O nome e provavelmente uma allusão ao brilho da flor,, 
visto significar também beija-flor. 

CUPIEIRO 

CARURÚ BRAVO 

Fam. PliytolacacecB. PHYTOLACCA TBYRSIFLORA. Fnzl. 

Herbacea, perenne, caule sulcado. Folhas simples, ova- 
to oblongas, breve acuminadas, lisas. Flores em paniculas 
thyrsoideas, alongadas, densifloras, amarellas e vermelhas; 
fruto baga. 

As folhas, depois de cozfdas servem para salada. As ba- 
gas verdes são purgativas e as maduras podem ser usadas- 
na tintuaria. 

Habita por toda a parte onde ha culturas e floresce nos- 
mezes do outono. 

Mais vulgar dos nomes é o ultimo, de Cad-rurú^ — -folha 
gorda, que deve pois, ser o conservado. 

CUSPE DE TROPEIRO 

ESPINHO DE CACHORRO 

Fam. Gompositm. SOLJVA SESSILIS. R. & Pav. 

Herbacea, pequena, acaule, ramos ascendentes, folhas pal- 
mato-pinnatifidas, de segmentos lineares. Flores em capítu- 
los globosos, sesseis, espinhosos, fruto achenio espinhoso. 

Por causa das cabeças floraes espinhosas que offendera 
aos pés dos descalços e dos animaes é ella temida porque pro- 
duz até inflammações malignas. 

Habita as beiras das estradas, por toda a parte e é vul- 
garissima; floresce quasi todo o anno. 


— 55 — 


Qualquer dos nomes é commum. Deve entretanto pre- 
valecer 0 seg-undo. 

DOURADINHA 

E’ um nome g*enerico para uma porção de plantas de 
differentes famílias e g*eneros dasquaes as mais commuus são : 

Fam. StercuUacece. WALTHERIA COMMUNIS. St. Hil. 

Herbacea, muito variavel, ás vezes tomentosa, ás vezes 
hirsuta, arbustiva ; folbas pecioladas ou subsesseis, orbicula- 
das, ovadas, oblongas ou lanceoladas, geralmente com um in- 
dumento albescente. Inílorescencia terminal ; flores pequenas 
amarellas. 

E’ reputada emetica, anti-dysenterica e sudorífica e é 
empregada especialmente nas moléstias do peito. 

Habita os campos e cerrados baixos. Floresce nos mezes 
do inverno e da primavera. 

Deve continuar com o nome de Fouraãinha. 

DOURADINHA GRANDE 

HERVA GRITADEIRA 

Fam. Rubiacem. PSYCHOTRIA RÍGIDA. M. Arg. 

Arbusto baixo, muito variavel ; caule ás vezes - attingin- 
do a groásura de 5 ctms. ; folhas oppostas, cartaceas rigidas, 
grandes, chegando até 30 ctms. de comprimento, oblongo- 
ovadas, beiras onduladas, lisas e verde-claras amarelladas. 
Flores brancas pequenas em paniculas grandes por causa das 
brácteas. 

Esta planta é considerada diurética e antirheumatica em 
decocção. O nome de Tierva gritaãeira foi-lhe dado por cau- 
sa da rigidez das suas folhas que produzem um som secco 
quando o vento as agita. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno e da 
primavera. 

O nome de Herva gritaãeira deve ser conservado. 

DOURADINHA FALSA 

Fam. Malpighiaceoe. BYRSONIMA VERBASCIFOLIA. Rich. 

Arbusto pequeno ; folhas ellipticas, pecioladas, mais ou 
menos pubescentes na face de cima, por baixo avelludadas, 
base aguda; flores em espigas alongadas, amarellas. 


— 56 — 


Esta planta passa por toxica ; em dose pequena é emetica 
e diurética. Também é reputada autivenerea. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno. 

Deve continuar com o nome. 

DOURADINHA VERDADEIRA 
Fam. Fubiacece. PSYCHOTRIA XANTOPHYLLA. M. Arg-. 

Planta lierbacea, arbustiva, de caules simples, angulosos; 
folhas oppostas, sesseis, ovadas, agudas, de base obtusa ou le- 
vemente cordiformes, coriaceas, rigidas, amarellas, 7 — 10 ctms. 
longas. Inflorescencia em panicula globoso-corymbi forme, de 
bracteas grandes, amarellas ; flores brancas. 

Tem os mesmos usos que a precedente. 

Habita também os campos e floresce na mesma época que 
a precedente. 

O nome deve ser conservado. 

EMBIRA BRANCA 

Fam. Tliymeleacem. DAPHNOFSIS BRAZILIEFSIS. Mart. 

Arvore até 5 metros de altura, folhas tomentosas quando 
novas, inverso-spathuladas, agudas de base truncada. Flores 
pequenas, brancas. 

Esta planta é reputada toxica e attribue-se a ella a morte 
de muito gado. O liber ou entrecasca desta arvore fornece 
fibras boas que servem para muitos usos, apodrecem, porém 
lacilmente na humidade. 

Habita por toda a parte, especialmente ao pé de pastos e 
capoeiras e floresce nos mezes do inverno. 

E’ esta a verdadeira embira branca. 

EMBIRA BRANCA 

PINDÁHYBA 

Fam. Anonaceoe. XYLOPIA GRAXTDIFLORA. St. Hil. 

Arvore alta, ramos horizontaes, raminhos ferrugineo-to- 
mentosos ; folhas oblongo-lanceoladas, longe-acuminadas, base 
subtrUncada, na face de cima lisas, por baixo densamente 
ferrugineo-tomentosas, até quasi lisas; flores brancas, gran- 
des, tripartitas ; fruto formado por uma aggregação de fol- 
liculos. 


57 — 


A madeira desta arvore é muito considerada e do seu li- 
t)er (entrecasca) fibroso faz se cordas resistentes (cordas de 
embira branca) e até redes temos visto. 

Habita de preferencia os cerrados e floresce nos mezes da 
ürimavera. 

X 

O nome de Pindaliyba ou arvore de espinho deve ser con- 
servado. 

EMBIRA— GUASSU’ 

EMBIR USSü’ 

Fam. Bomòacem. BÔMBAX PUBESCENS. Mart. & Zucc. 

Arvore regular de lenho molle branco ; ramos contorcidos 
e oasca suberosa. Folhas digitadas, foliolos 3 — 5, integros, oblon- 
gos ou subovados. As flores apparecem em geral antes das fo- 
lhas; são grandes com sepalas digitiformes, exteriormente es- 
curas, interiormente brancas. Fruto capsula sublenhosa com 
sementes envoltas em um algodão branco. 

Desta arvore também se usa o liber por causa das fibras 
longas e resistentes. A paina que reveste as sementes é muito 
appropriada para enchimento de colchões e travesseiros. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do inverno. 

O nome deve ser conservado. 

EMBIRUSSU’. (outra). 

EMBIRA DE FOLHA LISA 

Fam. Bombaceoe. BÔMBAX GRACILIPES. 

Arvore regular de ramos flexuosos. Folhas longopeciola- 
das, foliolos grandes, inverso-ovaes, todos lisos. Flor não vimos. 
Fruto capsula subpentagona grande, cor de castanha, tomentosa. 

Extrahe-se delia boa embira, branca. 

Habita as mattas nas beiras dos rios do littoral e floresce 
nos mezes da primavera. 

Sendo todas as especies de Bômbax utilisaveis não se pode 
'dar lhes outro nome. Basta distinguil-as como se distingue esta 

ESPELINA FALSA 

Fam. Leguminosoe. C LI TO RIA GUYAiVENSlS. Benth. 

Herbacea, ascendente, trifoliada; foliolos digitiformes, quasi 
lineares. Flor solitaria, grande, azul. 


— 58 — 


Esta planta é confundida pelo povo por causa da seme- 
lhança com a verdadeira es^pelina. É forrageira e o gado gosta 
muito delia. 

Habita o campo e floresce nos mezes da primavera. 

O nome não é proprio, porém, não tem outro. 

ESPELINA VERDADEIRA 

PURGA DB CARIJÓ 
TOMBA 

Fam. CucurUtacea. PERIANTHOPODUS ESPELINA. Manso. 

Herbacea, rasteira, lisa, ramosa; folhas subsesseis, rigidas, 
tripartidas ou trifolioladas, os lobos lineariformes, agudos, in- 
teiros ou serrados de longe em longe. Flores regulares, albas, 
solitárias; fruto pequeno, oblongo, carnoso, liso. 

Esta planta é muito preconisada contra sjphilis e é tida 
por purgativa, drastica e toxica. É usada como antidoto con- 
tra 0 veneno de cobras. Muitos médicos de nomeada também 
aííirmam ter empregado ella em casos de epilepsias com grande 
proveito. 

Habita de preferencia os cerrados e floresce nos mezes da 
primavera. 

O primeiro nome deve ser conservado. 

ESPINHO DE AGULHA 

Fam. Compositm. Gen. CHUQUIRAGUA e BARNADEZIA. 

Quasi todas as especies que conhecemos destes generos são 
denominadas indistinctamente com o nome supra. No herbá- 
rio da Commissão ha as seguintes : 

CHUQUIRAGUA GLABRA Baker; var. muUi/lora ; 

Oh. vagans Baker; Ch. tomentosa Baker. Todas ellas são 
arbustos lenhosos, mais ou menos tomentosos. Folhas oblon- 
gas, rigidas, 3-nervadas, ora lisas (Ch. glabra) ora tomentosas 
(Ch. tomentosa). Espinhos, ora direitos agudíssimos, grandes 
(Ch. glabra e vagans), ora menores, as vezes curvos e até fal- 
tam por abortados (Ch. tomentosa). Flores em panicula, ama- 
rellas ou quasi brancas, pequenas. 

Habitam os cerrados, capões e capoeirões e florescem nos 
mezes do inverno. 

Do geuero Barnadesia só tem a B. rosea Lindl. meneio- 


— 59 — 


nada na Flora de Martius. No aspecto geral pouco differe.das 
Chuquiraguas, excepto nas flores, que são muito maiores e cujas 
corollas formam ligulas 4-dentadas róseas ou côr de vermelhão. 

Attrihuem-se aos espinhos de todas estas especies proprie- 
dades venenosas, porém, não podemos confirmar isto porque 
temos sido feridos muitas vezes sem que sobreviesse a mini- 
ma inílammação. 

Habita os cerrados e os capoeirões e floresce nos mezes do 
inverno. 

O nome apezar de generico não pode ainda ser alterado, 
sinão quando se descreve todas os especies. 

ESPINHO DE CARNEIRO 
Fam. Compositoe. XANTHIUM STRUMARIUM. L. 

Herbacea, arbustiva, robusta, ramos hirtos. Folhas alternas, 
deltoideas, palmato-lobadas, irregularmente sinuoso-dentadas, 
verdes, hispidas. Flores em capitulas globosas, verdes. luvo- 
lucro florifero espinhoso, fruto idem. 

Esta planta é usada em banhos contra tumores e tida como 
resolutiva e emolliente. 

É vulgar perto das habitações e nos pastos ; floresce nos 
mezes da primavera. 

Tem 0 nome por causa das capsulas espinhosas que mo- 
lestam os carneiro. 

ESPINHO DE JUDÉO 

QUARENTA FERIDAS 

Fam. Bixacea. XYLOSMA SALZMANNl. Cios. 

Arvore regular, armada de espinhos ramificados: folhas 
ovadas, oblongas obtusas ; inflorescencia umbellato-fasciculata; 
flor pequena, insignificante; fruto pequeno, bagrn preta. 

Poucas propriedades são conhecidas desta planta, attribue- 
se, porém, qualidades adstringentes á casca e as feridas dos 
seus espinhos são effectivamente de diííicil cura. 

Habita as mattas, principalmente as húmidas, e floresce 
uos mezes do verão. 

Qualquer dos dois nomes é commum. Entretanto o ultimo 
deve ser preferido. 


— 60 


ESPORA DE GALLO 

GRÃO DE GALLO 

Fam. Ulmacem. CELTIS GLYCYCARPA. Mart. 

Arvore facilmente confundida com as trepadeiras por causa 
de seus compridos galhos. É armado e tem folhas ovadas ou 
elliptico — oblongas, acuminadas, integras ou pouco serradas 
do meio para a ponta. Inílorescencia em cymas axillares, hir- 
tas. Fruto drupaceo, comestivel, porém, seu sahor ó um tanto 
insulso. 

É vulgarissima nas capoeiras e nos capoeirões e floresce 
nos mezes da-primavera. 

O primeiro dos nomes deve prevalecer porque refere-se aos 
espinhos curvos. 

FARINHA SECCA 

MANGA DO MATO 

Fam. Oclmacem. OURATEA CASTANEAEFO LIA . Engl. 

Arvore mediocre. Ramos grossos, cylindricos. Folhas pe- 
cioladas, oblongas, de base obtusa, serradas, nervo medio sa- 
liente nas duas faces, rigndas, coriaceas, de 10 — 16 ctms. de 
comprimento e 4 — 6 ctms. de largura. Flores regulares em 
paniculas thyrsoideas, amplas, amarellas. Fruto drupaoeo, pe- 
queno. 

É planta extremamente ornamental, mas cujos usos ou 
propriedades não conhecemos. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do verão. ' 

O ultimo nome deve prevalecer, pela similhança das folhas 
com as da manga verdadeiro. Mang*a é nome malaio. 

FAVEIRO 

SüCCUPIRA LISA 

Fam. Legíiminosoe. PTERODON PUBE.‘^CENS. Benth. 

Arvore até 8 metros de altura; de casca lisa. Folhas com- 
postas, foliolos 20 — 36, de apice redondada ou obtusa, quasi 
glabras, mollemente pubescentes por cima, em baixo com pontos 
pellucidos. InflorescenCia em panicula grande. Flores pallido- 
'vermelhas, pequenas. Fruto legumen semilenhoso, cheio de 
balsamo de um cheiro penetrante e sabor fortemente amargo. 

O oleo ou balsamo da semente é muito preconisado contra 


rheumatismo. 9—10 sementes pisadas em aguardente, da qual 
se toma um cálice 3 vezes por dia constitue a dose commum 

Habita de preferencia os cerrados e floresce nos mezes do 
inverno e da primavera. 

O nome de Faveiro é o mais proprio, mesmo para estabe- 
lecer uma differença maior com as Sumpiras. 

FEDEGOSO 

Fam. Leguminosos. CASSIA AFFINIS. Benth. 

Arbusto de ramos angulosos, foliolos bijugos, obliquos, 
ovaes, obtusos ou levemente acuminados, pubescentes com 
glandula grossa entre o par inferior. Flgrès amarellas em ra- 
cemos axillares ou subpaniculadas no apice dos ramos. Fruto 
legumen recto. 

A casca da raiz é diurética e tônica; emprega-se contra 
hydropisia e nas moléstias do figado. As folhas dizem ser pur- 
gativas 

Habita as capoeiras^e floresce nos mezes do inverno. 

O nome de Fedegoso é generico para muitas Cassias, co- 
mo G. ffllcata^ L. O. occidentalis, L. O. sericea Sm. e outras. 

O nome é portuguez e deve ser conservado. 

FEIJÃO DA PRAIA 

Lmn. Leguminosos. VINHA LUTEOLA. Benth. 

Planta herbacea, volúvel até prostrada, lisa até piloso- 
hirta, folhas ovaes até ovato-lanceoladas, pedúnculos floraes 
variaveis em tamanho, flores amarellas, fuscas. Fruto vagem 
como feijão. 

Habita as praias do mar de S. Sebastião a übatuba e flo- 
resce nos mezes do outono. 

O nome é o unico que conhecemas desta planta. 

FAVA DE PO’ DE MICO 

MÜCUNA 

Fam. Leguminosas. MUCUNA URENS. D. C. 

Cipd altissimo, lenhoso, liso; foliolos 3: ovaes, agudos, de 
base subtruncada, membranaceos, munidos de pellos esparsos, 
estipulados. Floces grandes, vermelhas, côr de cinabrio. Fruto 
legumen, grande, hirto, de pellos curtos, amarellos, rigidos. 


62 — 


que facilmente entram na pelle onde ficam, produzindo com- 
michão e as vezes pequena inflammação. 

Usos e propriedades desconhecidos. A fava é reputada 
toxica. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes do outono. 

O nome de Mucuna deve prevalecer. 

FOLHA DE BOLO 

PÁO PEREIRA 

Fam. Leguminosce. PLATYSCYAMUS REGNELLI. W. 

Arvore, ás vezes grande, folhas trifoliadas, foliolos gran- 
des, cordiformes, acuminadas, lisas, attingindo .até 30 ctms. 
de comprimento e dargura. Inflorescencia em panicula, toda 
revestida de uma tomentosidade avelludada, côr de castanha 
escura. Flores pallido-roseas. Fruto não lhe conhecemos. 

As suas grandes folhas servem em vez de papel para pôr 
no forno com bolos e biscoutos. A casca e a raiz gozam da 
mesma fama que o verdadeiro. Páo Pereira o qual pertence á 
familia das Apocynaceas. É tonico antifebril. 

Habita as mattas e floresce nos mezes do inverno. 

Para evitar duvida será melhor conservar o primeiro 
nome. 

FOLHA DE BOLO. ( utra). 

Fam. Melastomacece.. MICONIA CHAMISSONIl. (?) Naud. 

Arbusto lenhoso de 1 — 3 metros alto. Folhas pecioladas, 
lisas, verde-escuras na face de cima, mais clara embaixo, ovaes, 
arredondadas, apice agudo. Inflorescencia em panicula termi- 
nal, flores pequenas, brancas. Fruto baga preta, pequena, carnosa. 

Habita os cerrados húmidos e floresce nos mezes do in- 
verno. 

Usos não lhe conhecemos. 

O nome é evidentemente confundido, porém, outro não 
lhe conhecemos. 

FOLHA SANTA 

MALVA DO CAMPO 

Fam. Ternstroemiacece. KIELMEYERA SPECIOSA. St. Hil. 

Arbusto até 2 metros de altura, ramos grossos, tortuosos, 
de casca suberosa; folhas reunidas na ponta dos ramos, coria- 


— 63 ~ 

ceas, oblongas, obtusas, invorso-espathuladas, de base cunei- 
forme; flores grandes, albas, terminaes, fruto capsula trigonal, 
oblonga, elliptica ou cylindrica, lenhosa. Toda a planta tem 
um sueco espesso amarellad#. 

Passa por ter as mesmas propriedades calmantes da malva 
dos jardins e seu sueco é empregado para curar as dores de 
dentes. 

Habita os campos e floresce nos mezes da primavera e 
do verão. 

Por causa das suas propriedades é melhor conservar-lhe 
0 nome de malva do cam'po mesmo porque ha uma outra folha 
santa que ainda não temos no herbário. 

FRUTA DE CACHORRO 

JASMIM DO MATO 
LIMÃO DO MATO 
MORORÓ 

Fam. RuUacem. BÁSANACANTHA SPINOSA. Schum. 
var. ptihescens Schum. 

Arbusto até 2 metros alto. Ramos cylindricos munidos 
nas extremidades de 2 — 4 espinhos lenhosos ; folhas agglome- 
radas na extremidade dos ramos, pecioladas, ovaes, rhomboi- 
daes ou oblongas até 3 ctms. 

Usos não conhecemos, porém, merece ser cultivada pela 
fragrancia de suas flores. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes da primavera. 

O nome de Mororó deve sér conservado, apesar de não 
conhecermos a etymologia. 

FRUTA DE LOBO 

Fam. Solanaceoe. SOLANUM GRANDIFLORUM. R. & Pav. 

Arbusto sublenhoso, todo revestido de um indumento al- 
vacento de cabellos estelliformes e de aculeos. Folhas oblon- 
gas, muito e, ás vezes, irregularmente recortadas. Inflorescen- 
cia em cyma terminal ou extrafoliacea. Flores azues. Fruto 
grande, baccacea até 12 ctms. de diâmetro. 

Ha muitas opiniões a respeito desta planta, cujo fruto 
ora dizem comestível ora reputam toxic©. Segundo um tra- 
balho do Dr. Domingues Freire do Rio de Janeiro, esta fruta 


64 — 


é toxica e exhala um cheiro nauseabundo. Nós ao contrario 
sempre achámos nella um cheiro aromatico de maçã e já co- 
mémos ella sem inconveniente algum. Ouvimos dizer que 
em Minas Geraes e outros logares fabrica-se com ella uma 
especie de marmelada. Os Srs. v. d. Steinen na sua obra 
«Durch Zentralbrasilien» também aíiirmam a sua comesti- 
bilidade. 

Além disso somos autorisados pelo Ulmo. Snr. Dr. Cotrim 
de Franca para relatar que elle com o xarope deste fruto tem 
alcançado curas maravilhosas em casos de asthma chronica. 

Habita os campos e cerrados, ás vezes em quantidade 
grande. Floresce nos mezes do verão mas temol-a visto em 
flor quasi todo o anno. 

Outro nome não lhe conhecemos. 

FRUTA DE POMBA 

PÁO POMBO 

Fam. Anacardiacem. TAPIRIRA GUYANENSIS Engl. 
var. cuneata Engl. 

Arvore alta atè 13 metros ; as folhas novas e as inflores- 
cencias são cobertas de pubescencia ferruginosa; folhas 4 — 5 
jugas, foliolos membranaceos, oblong'os, elliptico-oblongos ou 
obovato-lanceolados, acuminados ; inflorescencia em paniculas 
lateraes, flores pequenas verdes ; fruto pequeno, drupaceo. 

Seu lenho é bom e resistente pelo que é empregado para 
vários fins. 

Habita capoeiras e capoeirões e floresce nos jnezes da 
primavera. 

Com este nome comprehende-se também algumas Ery- 
throxylaceas como p. ex : Erytliroocylon Pelleterianurrt St. HiL 
e E. subrotundwm St. Hil., mas que não temos no herbário. 

Qualquer dos nomes é empregado indistinctamente. 

FRUTA DE TUCANO 

Fam. Erythroxylaceoe. ERYTHROXYLUM MICRO PHYLLUM. 

St. Hil. 

Arbusto regular, muito variavel, ramos verrugosos. Den- 
samente estipulados ; folhas pequenas desde lineares atéovaes, 


base aguda, consistência coriacea ; flores pequenas, brancas; 
fruto drupaceo vermelho. 

Habita os campos e beira-cerrados e capões e floresce nos 
mezes ca primavera. 

Nenhum outro nome lhe conhecemos, 

FUMO BRAVO 

PETUM 

PETY 

Fam. Solem acem. SOLANJjM LANGSDORFII. Weinm. 

Planta herbacea, annua, glanduloso-pilosa ; folhas radica- 
es, spathulato-oblongas, peciolo largamente alado, as superio- 
res ovaes ou inverso-ovaes, oblongas, obtusas e as ultimas 
lanceoladas, sesseis, agudas. Jnflorescencia ampla, flores verdes, 
fruto capsula com sementes pequenas. Toda a planta é viscosa. 

Esta planta é uzada pelos indigenas para os mesmos fins 
que 0 fumo vulgar e dão-lhe o nome de Petum ou Pety. 
Martius diz: «Hujus igitur Nicotianoe Langsdorfü et forsan 

aliarum quarundam specierum Sj ontanearum folia exsiccata 
et in cylindrum ssepe pedem longum pollicemque crassum 
coacta, producendo fumo Indi Brasilise orientalis pari arte aes- 
uostrates Zigarros suos circunferunh usu inter omnus recepto.» 

Além disto emprega-se muito em cozimento para clysteres 
nas feiires malignas. Em íorma de chá é empregada nos pleu- 
rizes catarrhaes. Bebido em cozimento ou infusão, dizem cu- 
rar a embriaguez da manipoeira on seiva da mandioca, assim 
como contra mordeduras de cobras. 

Habita de preferencia pastos sujos e cultivados abando- 
nados. Floresce nos mezes do inverno. 

O nome de y)etum ou y^ety deve ser conservado. 

FUMO BRAVO. (Outra). 

HERVA COLLEGIO 
HERVA GROSSA 

suçuaia’ 

Fam. ComyositeB. ELEFHANTOPUS SCABER. L. 

' ' var. tomentosus Sch. Bip. 

Herbacea perenne, caule cylindrico, densamente pardo- 
pn escente; folhas radicaes oblanceolado-oblongas, sesseis, cre- 


66 — 


nadas, obtu as ou agudas, membranaceas até subcoriaceas, na 
face de cima lisas, rugosas, embaixo pardo-pubescentes. Flores 
em glomerulas, azuladas. Planta muito variavel. 

A raiz é amarga e considerada tônica e u ada nas febres 
intermittentes e as suas folhas como emollientes são empre- 
gadas em infusão nas bronchites. Juntas são usadas para cu- 
rar elephantiasis. , 

Além deste ha mais E. micro2)appus Leso., E. elongatus 
Garda e E. apicatus Juss. que se empregam para os mes- 
mos fins. 

Habitam ao redor das casas, no campo e á beira dos ca- 
minhos e florescem nos mezes do inverno. Segundo Dr. Maia o 
nome vem de p^çw-tremor de febre, fraqueza etc: e aiá—rt- 
medio, pelo que o nome de suçuaid deve prevalecer. 

GALLINHA CHOCA 

MERCÚRIO DO CAMPO 

Eam. Erythroxylacem ERYTHROXYLUM SUBEROSUM. St. Hil. 

Arbusto lenhoso, ramos grossos suberosos ; folhaes ovaes 
ou inverso ovato-oblongas, glabras; flores geralmente em feixes, 
brancas; fruto pequeno, obtuso, ovoideo. 

Sendo a casca adstringente é usada nas dysenterias leves. 

Habita os campos e cerrados e floresce nos mezes da pri- 
mavera e do verão. 

É diíScillimo propor aqui o melhor nome, pois, nenhum 
dolles nos parece proprio. Entretanto o primeiro talvez deve 
prevalecer porque os frutos se dão ás gallinhas que não devem 
cho':ar. 

GERVÃO DE FOLHA GRANDE 
Fam. Verlenacece. BOUCHEA PSEUDOGERVÃO. Cham. 

Arbusto herbáceo; folhas alternas, cordiformes, acumina- 
das, serradas; flor grande, côr de rosa violacea. 

Esta planta é considerada como antiemetica e ó empre- 
gada em casos de febre pouco forte. 

Habita as capoeiras e mattas e floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

O nome é bem dado, porque a planta se parece com o 
Gervão vulgar. 


67 — 


GIRIQUITI 

OLHO DE POMBA 

Fam. Leguminosm. RHYNCHOSIa PBASEOLOIDES. D.G. 

Planta sublenhosa, trepadeira, caule chato (tceuieforme),. 
folhas ternadas, foliolos rhomhicos, acuminados, de dorso e 
face velutinos, flores pequenas, fruto leg*umen curto, sementes 
vermelhas e pretas. 

Empregam-se as sementes pisadas como collyrio em ophtal- 
mias. 

Com 0 nome de Giriquiti designa- se tamhem Abrus pre- 
■catorius. 

Cresce em capoeirões e floresce nos mezes do outono. 

Não conhecemos a etymologia do nome indigena que é o 
■que deve prevalecer. 

GUABIROBA 

Fcm. Myrtaceúi. CAMPOMANESIA SALVIAEFOLIA. Berg. 
var. augustifolia. 

Arbusto lenhoso, ramos pubescentes, folhas membranaceas, 
oblongas, base e apice agudas, ás vezes mucronulado-rugosas, 
peliucido-pontuadas, pubescentes. Flores ás vezes solitárias, 
ás vezes reunidas em corym bo. Fruto baga, redonda, ama- 
rella quando madura. 

Este arbusto é bastante vulgar e seu nome indigena serve 
para designar uma porção de outras plantas, pertencentes a 
especies e até generos diversos. Todos produzem frutos comes- 
tíveis e saudaveis, porém, sempre um tanto adstringentes. 

Habita os campos e cerrados e floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

Segundo Dr. Maia o nome vem de fruta e iroud— 

amargo ou adstringente. 

HERVA DE ANDORINHA 

HERVA DE S.TA LUZIA 

Fam. EuFhorbiacem. EUPHÓRBIA COECORUM. Mart. 

Herbacea, pequena, caule erecto; folhas oppostas ou 3—5 
verticilladas, lineares, agudas, acuminadas, base obliqua; estipu- 
las duas soldadas, triangulares, agudas, lado interno hirto; inflo^ 


— 68 — 


rescienciaem cymasdichotomicas; flor pequena verde. Raiz ou- 
rhizoma grosso sublenlioso tortuoso. Toda a planta leitosa. 

É muito preconisada em moléstias de olhos e dizem que- 
seu sueco resolve e liquefaz os endurecimentos da córnea. 

Cresce no campo e terrenos arenosos e floresce nos niezes. 
do inverno. 

Tanto esta planta como a seguinte confundem-se pelo- 
que será difficil mudar-se-lhes o nome. 

( Outra) 

Fam. EíiphorUacem. EUPHORBIA BRASILIENSIS. Lam. 

Herbacea, suberecta, folhas todas oppostas, base obliqua, 
lineares, acurninadas ou arredondadas no apice; estipulas trian- 
gulares solitárias ou soldadas duas a duas. Iníloresciencia em 
cyma terminal, flores pequenas verdes. 

É preconisada para os mesmos fins que a precedente. 

Habita as capoeiras e samambaiaes e floresce quasi todo o- 
anno. 

HERVA DE BICHO 

HEKVA DE STA. MARIA 

Fam. Salsolacee. CHENOPODIUM AMBROSIOIDES. L. 

Herbacea, annua, caule erecto ou ascendente, sulcado, liso- 
ou pubescente, até hirsuto; ora pyramidali-ramosa ora pro- 
fusamente; ramos foliosos; folhas do eixo primário e ramos in- 
feriores oblongos, lanceolados ou largo-lineares, attenuadas em 
peciolo, acurninadas, sinuosas ou dentadas, raras vezes inteiras, 
glabras ou um tanto hirtas por baixo, resinoso-glandulosas,. 
verdes; as superiores menores, lanceoladas até lineares, den- 
tadas ou inteiras. Inflorescencia glomerada; flores pequenas, 
verdes, 

Esta planta è muito preconisada como anthelmintica e 
insecticida. Segundo 'Martius, contem ella: oleo volátil, resina 
molle verde, matéria azotada e extractiva, sal oxalico, mali- 
co, nitrico e sulfurico, albumen solúvel, acido acético, gomma,., 
amylon e cellulose. Do oleo volátil o Engelhardt extrahiu um 
alcaloide que denominou Ohenopodiua e que constitue o prin- 
cipio activo. Diz Martins também que vários médicos empregam 
-esta planta em amenorrheas e para expellir foetos mortos. 


— 69 — 


Habita por toda a parte ao redor das habitações e culti- 
Tados antigos. Floresce quasi todo o anno. 

Sendo o nome de H. de Santa Maria o mais conhecido 
e mais espalhado, deve prevalecer. 

HERVA DE LAGARTO 
língua de tiú 

PÁO DE LAGARTO 

Fam. Bixacece. CASEARIA SYL VES TE/S. Swartz. 

Arbusto arborescente de ramos bastante alongados, flexí- 
veis; folhas subalternadas, incequilateras subfalci formes,, ser- 
Tadas, acuminadas, attenuadas na base e lisas nas duas faces. 
Flores em umbellas, densas nas axillas das folhas; fruto capsula 
pequena globosa. 

É reputada excellente reraedio para gado hervado e o sueco 
das folhas contra mordeduras de cobras. Segundo a crença po- 
pular é esta a folha que o lagarto mordido por cobra procura. 

Habita os campos e as capoeiras e floresce nos inezes dO' 
■outono. 

O primeiro nome é o mais vulgar e deve, pois, prevalecer.. 

HERVA DE PASSARINHO 

GUÊRAREPOTY 

OÈRA 

UIRAREPOTI 

Fanii Loranihaeeoe. 

Este nome é generico e comprehende todos os generos e 
todas as especies da familia supra. As principaes que temos 
■são as seguintes : 

Gen. PSITTACANTHUS 
FS. ROBUSTUS. Mart. 

Planta verdad- iramente parasita, robusta, lisa, ramosa, 
Tamos quadrangulares, folhas ovadas, ou ovato-oblongas, mui- 
tas vezes obliquas em forma de fouce (falciformes), grossas, 
•coriaceas e sem nervação visivel; flores em feixes umbellifor- 
mes, grandes, amarellas, até 10— 15 ctms. de comprimento. 

Parasita em varias arvores; habita principalmente em cer- 


70 — 


rados sobre iKio terra ( Voclii/sias e Qiialeas), floresce nos me- 
zes da primavera. 

Gen. PHRYGILANTHUS 
EUGENIDIDES. H. B. K. 

Arbusto terrestre, trepador; alcançando certa altitude larg-a 
o solo para continuar viver a custa da arvore em que subiu; 
caule lenhoso, ramoso; folhas lisas, oppostas, ovato-lineari-lan- 
eeoladas, attenuadas ou acumiiiadas, base continuando em pe- 
ciolo. Inílorescencia racemosa, opposta, axillar e terminal; flo- 
res brancas, numerosas. 

Bastante vu^ar em cerrados altos e mattas e floresce nos- 
mezes da primavera. 

Gen. STRUTHANTHUS 
STR. DICHOTRIANIEIUS. Eichl. 

Arbusto scandens, com radioellas de preliensão: ramos sob- 
voluveis, eylindricos; folhas oblong-as ou lanceoladas, base e 
ponta attenuadas com estomatas em ambas as faces, peque- 
nas, 3—5 ctms. longas. Inílorescencia em pseudo-cjma, raras 
vezes umbellada; flores pequenas, verde-amarelladas. 

Parasita, vulgar em mattas, especialmente de beira rio. 
Floresce nos mezes do inverno. 

STR. VÍTLGARIS. Mart. 

Muito parecida com a precedente, dichotomo — ou opposto- 
ramosa; folhas ovaes ou oblongas, acuminadas, grossas, inflo- 
resciencia ternada em pseudo-cjmas axiliares; flores pequenas. 

Parasita vulgar até em cerrados; floresce na mesma epo- 
cha que as outras. 

Gen. PHORADENDRON 
PH. TUNAEFORME. D. C. 

Parasita arbustiva, pendente, verde, ramosissima. Ramos 
oppostos ou reunidos em 3 ou 4 formando verticilla, em geral 
dichotoiD' ; os internodios fusiformes, torcidos e chatos, estria- 
dos longn a.inalmente, folhas nullas. Flores immersas nos pe- 
ciolos formando espigas curtas, axiliares. 

Rara, habita os cerrados e floresce nos mezes da primavera. 


— 71 — 


PH. RUBRUM. (L.) Grriseb. 

Parasita em arvores, ramos quadrangulares comprimidos, 
folhas inverso-oblongas ou inverso-lineari-lanceoladas, redon- 
das ou obtusas e emarginadas, base prolongada, em peciolo. 
Inílorescencia em espigas articuladas, raras vezes unisexuaes, 
cada articulação com 2 X — 3) flores; fruto baga globosa, 
rubra, granulada. 

Parasita em arvores de cerrado. Floresce nos mezes da 
primavera. 

PH. LANCEOLATO-ELLIPTICUM. Pohl. 

Parasita de ramos cylindricos, comprimidos por baixo dos 
nôs; folhas alongadas ou oblongas até subelliptico-lanceoladas, 
obtusas ou arredondadas, base tornando-se peciolo. Inflores- 
cencia em espigas unisexuees dioicas 3 — 5 articuladas; arti- 
culações com 2 X (13 — 1^) flores. Fruto baga ellipsoidea. Toda 
a planta fusco-amarella. 

Habita arvores das mattas, especialmente a beira rios ; 
floresce nos mezes do inverno. 

HERVA DE PASSARINHO DE FOLHA GRANDE 
PH. CRASSIFOLJUM. Pobl. V. PARVIFOLIA. 

Parasita de ramos cylindricos; folhas ovato-oblongas, raras 
vezes lanceolato oblongas, coriaceas, amarello-fuscas, gordas, 
obtusas 5 — 7 nervosas; inílorescencia em espigas androgynas 
4—9 articuladas, articulações com 2 X flores, dis- 

postas em series de 2 X 2 ou 2 X 3- Fruto em bagas ovoideas. 

Vulgar em mattas e cerrados, floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

Todas ellas são nocivas ás arvores sobre as quaes vivem 
e não é raro vel-as destruirem pomares inteiros por falta de 
vigilância dos donos. 

Como usada na medicina só conhecemos. Pli. tunaforme 
que, com um pouco de sal, é empregado como chá em pleu- 
rises e defluxos. O visgo que contem os frutos é ás vezes em- 
pregado pelas creanças, para untar varas com que apanham 
passarinhos. Apezar de ser o nome de H. de 'passarinho tão divul- 
gado, obstamos para que não seja esquecido o nome de Uirare- 
foti.! de passaro e excremento, segundo Dr. Maia. 


— 72 — 

HERVA DE RATO 

Fam. Ruhiaceoe. PSYCBOTRIA MARCGRAVU. Spreng-. 

Arbusto de 0.60 até 3 mts. de altura; ramos cjlindricos 
stipulas soldadas pela base, subtriang-ulares, agudas; folhas 
oppostas de peciolos curtos, oblongo-ovadas, lisas, agudas e de 
base subobtusa, verde -brilhantes na face de cima, verde fusco 
por baixo. Inflorescencia em paniculas corjmboso-thjrsoideas ; 
flores até 2.5 ctms. pétalas roxas e o tubo amarello na base 
com a parte superior corallino; fruto baga, ovoidea 3 5 costada, 

O nome de herva de rato é também mais ou menos ge- 
nérico para uma meia duzia de plantas, pertencentes todas ás 
rubiaceas, porém, distribuidas por vários generos. A verdadeira 
é esta 

É reputada muito venenosa para o gado mas parece que 
ainda não é convenientemente analysada. Empregam-se os 
frutos pisados e misturados em banha de porco para matar ratos. 

Habita logares húmidos em mattas e floresce nos mezes 
da primavera e do verão. 

Esperamos obter sementes maduras para fazer experiên- 
cias physiologicas com este vegetal. 

O nome vem da propriedade de matar ratos. 

OUTRA 

Fam. RuUaceúi. HAMELIA PA TENS. Jacq. 

Arbusto arborescente. Ramos cylindricos; os raminhos fer- 
rugineo-pubescentes. Folhas longo-pecioladas, oblongo-ovaes, 
agudas, de base aguda, mais ou menos pubescentes grandes 
até 15 ctms. longas. Flores em cincinnos terminaes, vermelhas 
e amarellas. Fruto em baga pequena. 

E também tida por venenosa para o gado. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do verão. 

Por emquanto nenhum outro nome conhecemos. 

HERVA DO PAE CAETANO 

Fam. Verlenacem. VERBENA LITORALIS. H. B. Kth. 

Planta herbacea de 0.80 a 1.20 de altura. Caule quadran- 
gular, ramos patentes. Folhas sesseis, lisas ou pouco pubes- 
centes, lanceoladas, as superiores inteiras ou finamente ser- 


— 73 — 


radas, as inferiores maiores quasi inciso-serradas. Infiores- 
cencia em espigas curtas e cylindricas; flores pequenas, azues. 
Fruto capsula. 

Habita antigos cultivados e floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

Nenhuma propriedade ou emprego lhe conhecemos. 

Não conhecemos a etymologia deste nome. 

HERVA LANCETA 

Fam. Coinposit(B. SEISÍECIO BRASILIENSIS. Pers. 

Arbusto herbáceo, perenne; caule liso ; folhas pecioladas^ 
oblongo-deltoideas, simplesmente partidas, segmentos inteiros 
lineares, alongados, verdes na face de cima, por baixo albo- 
tomentosos; inflorescencia densa, corymboso-paniculata; flores 
amarellas. 

Empregam-se as folhas seccas desta planta no curativo 
de feridas. 

É vulgar em capoeiras e cultivados e floresce nos mezes 
da primavera. 

O nome foi dado pela forma das lobos das folhas. 

HERVA MOURA 

Fam. jSolanacece. SOLANUM NIGRUM. L. 

Herva pequena, muito variavel. Caule anguloso, herbáceo, 
liso ou com pellos simples. Folhas pequenas, ovaes, rhombeas 
ou lanceoladas, inteiras ou sinuosas ou dentadas. Inflores- 
cencia cymoso-umbelliforme. Flores pequenas, brancas. Fruto 
baga preta. 

E reputada venenosa e empregada como calmante e emol- 
liente em cataplasmas. Com a decocção das folhas lavam-se 
as partes inflammadas e as folhas frescas e inteiras empregam-se 
com vantagem sobre ulcerações. 

Habita capoeiras e roças antigas e floresce nos mezes da 
primavera. 

Nada sabemos a respeito deste nome, que deve ser portuguez. 

HERVA SANTA 

Fam. Compositce. BACCHARIS VULNERARIA. Baker. 

Arbusto regular, subscandens, liso. Folhas oblongas, agu- 
das, pouco serradas, grandes. Flores raras, unidas em capitulas. 


74 


Suas folhas pisadas são empregadas contra ulceras. 

Hahita as capoeiras e floresce nos mezes do inverno. 

O nome foi dado pelas suppostas virtudes da planta. 

HERVA SOLDADO 

Fdííi. CliloTantlicice(B. HEDYOSMUM BRASILIENSE. Mart. 

Arbusto suhlenhoso, liso, verde claro todo, de ramos em- 
bainhados. Folhas grandes, gordas, pecioladas, oblongo lanceo- 
ladas, subcuneadas na base, serradas. Flores em cachos peque- 
nos formando paniculas. Fruto drudaceo, monospermo, de 
polpa (pericarpio) branca, quasi hyalina. 

Segundo Martius na sua «Matéria médica» é empregada 
em decocções contra febres, enxaqueca e frieiras. É dotada de 
um aroma forte. 

Vulgar em capões de campo, floresce nos mezes do verão. 

Não conhecemos a orig*em deste nome. 

HERVA TOSTÃO 

Fam. NictagacecB. BOERHAVlA HIRSUTA. Wild. 

Caule herbáceo, meio deitado, ascendente, cylindrico, hirto. 
Folhas pecioladas oppostas, ovaes-oblongas, agudas, onduladas, 
base redonda, subcoriaceas. Na face de cima verde escuras, 
por baixo mais ciaras, revestidas de pellos glandulosos. Flo- 
res vermelhas em panicula ampla. Fruto capsula indehiscente, 
pequena. 

Segundo Martius contém um sueco amargo e serve de 
resolvente nas congestões hepaticas. Emprega-se a folha em 
infusão. 

Cresce por toda a parte, até nas ruas das cidades. Floresce 
nos mezes do verão. 

Ignoramos o motivos desta denominação. 

IMBIRI 

Ear,i. SeTOTlmlariacee. ESTERHAZYA SPLENDIDA. Mik. , 

Arbusto herbáceo, muito variavel ; caule anguloso; folhas 
oppostas, pecioladas, approximadas, oblongo-lanceoladas ou lan- 
ceoladas ou inverso-ovatas, até lineares, nervo médio mucro- 
nado, de margem finamente serrada ou crenada. Flores em 
geral solitárias, mais ou menos grossas, côr de rosa pallida, 


— 75 — 

salpicada de pontos escuros. Fruto capsula com numerosas se- 
mentes. 

É extreinamente ornamental, habita ás beiras das m.attas, 
em logares húmidos ou brejos e floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

Imbiri Mbiri sig-nifica também folha larga o que não com- 
bina com esta planta. 

INFALLIVEL 

Fam. Amarantliacem. GOMPHRENA POHLIl. Mag. 

Subarbusto herbáceo, caule subramoso, villoso-pubescente 
até hispido, áspero. Folhas subcordato -ovadas ou ovato — 
oblongas, agudas, todas villoso - asperas na face de cima, al 
vacentas e villoso-molles por baixo. Iníiorescencia trichotomo 
ramosa, flores em glomerulas capituladas, albas, rijas, pe- 
quenas. 

Alguns attribuem ás suas raizes as mesmas propriedades 
que ás do ara tudo (vide esta), porém muitas pessoas affirmam 
que não. 

E’ bastante vulgar em campo secco arenoso e floresce nos 
mezes da primavera. 

E’ outro nome dado pelas suppostas virtudes da planta. 

( Outra) 

Fam. Coruposit(B. P2PTOCARPHA ROTUNDIFOLIA. Baker. 

Arbusto lenhoso; folhas ovadas ou inverso-ovadas, obtusas, 
inteiras, rijas, coriaceas, verde-foscas, rugosas na face de cima, 
por baixo pardo-tomentosas. Flores em capitulas axilares 4 — 5 
floraes. - * 

E’ considerada poderoso especifico anti-syphilitico ; empre- 
gam-se as folhas em infusão. 

Habita de preferencia os campos seccos, denominados sujos 
6 floresce nos mezes da primavera. 

Para esta planta o nome é mais merecido e aqui deve ser 

conservado. 

INGÁ MIRIM 

Eam. Leguminos(S. INGÁ MARGINATA. Willd. 

Arvore regular até 6 mts; ramos lisos ou pouco pubescentes, 
peciolo alado entre os foliolos superiores, munido de glandulas 


— 76 — 


na inserção dos foliolos; os foliolos bi-jug-os cblong-os ou ob - 
long-o-lanceolados, acuminados, lisos e pergaminaceos. Inflores- 
cencia em espigas fasciculadas. Flores brancas ; fruto legumen 
pluri-sementifero. 

Não conhecemos emprego algum especial desta arvore; até 
seu lenho não tem uso industrial. As sementes são envolvidas 
numa fina camada de polpa doce que se come. 

E’ vulgaríssima em capoeirões e beira de mattas ; floresce 
nos mezes da primavera. 

Ha grande quantidade de Ing'ás no Estado de S. Paulo que 
poiico diífere entre si. 

O nome de Inga é generico e serve para designar muitas 
arvores das quaes temos as seguintes no herbário : 

Inga sessilis Mart., Inga sulnuda Salzm., Inga, edulis Mart. 
(Inga cipò), Inga spuria Humb & BompL, Inga Uruguayensis 
Hook tk Arn., Inga Heteropliylla. Willd. 

De quasi todos elles come se a polpa que envolve as se- 
mentes no legumen. E’ um pouco adocicada, insipida e com 
propriedades indiíferentes. 

A mais vulgar cosfuma ser 

INGA SPURIA. Humb. & Bonpl. 

Arvore bastante grande, toda ferrugineo-pubescente, pe- 
ciolo alado, glanduloso, foliolos 5—6 jugas, oblongo-ellipticos. 
Inflorescencia em espiga curta, flores brancas, fruto legumen 
grande com bastante polpa doce. ' 

Também não tem uso medicinal nem industrial. 

Habita as mattas e beiras rios e floresce nos mezes do in- 
verno. 

O nome deve ser conservado porque é o mesmo por toda 
a parte. 

IPECACUANHA 

POAYA 

E’ este outro nome que serve para uma grande porção de 
plantas differentes, cujas raizes possuem propriedades emeticas. 
Martiusna sua cc Glossário linguarum Brasiliensium » diz deste 
no e; O nome popular desta planta {Qepliaelis Ipecacuanha,) não 
é Ipecacuanha, mas Poaya : algumas outras plantas da familia 


das Menispermaceas : (Cissampelos glaberrima, ovalifolia, ebrac- 
teata) St. Hil., receberam o nome de Pé-cad-guene, isto é herva 
de caminho que faz vomitar. Ksta palavra foi abreviada para 
Pe-ca-cuem e depois transformada em Picahonha. Por causa da 
similhança das raizes destas plantas com as da verdadeira, foi 
este nome dado também á esta, e para diíferencial-a das cujas 
raizes são maiores chamou-se a ella /(pequena) pe—caa — guene, 
de qne se fez Ipecacuanha. O nome de Poaya qno ainda pre- 
valece em todo o paiz é uma composição de Gepó (Sipó, Sipú) 
e Aya que quer dizer raiz de contra veneno. » Dr. Maia de- 
compõe 0 nome do seguinte modo: capó~raiz, e dmd,=.rmm. 

k Ipecacuanha verdadeira CepliaSlis Ipecacuanha Rich. da 
familia Rubiacoe não temos no herbário. As que temos com 
este nome são: 

Fam. Polygalacem. POLYGALA CO MATA Mart. 

Planta herbacea, pequena, erecta, racemosa ; caule e ra- 
mos estriados; folhas sesseis, alternas, lanceoladas, agudas; inflo- 
rescencia racemosa, densiílora, espigada, flores pequenas, róseas. 

A raiz desta planta é considerada emetica e usada nas 
bronchites catarrhaes. 

Habita o campo e floresce nos mezes do inv^erno. 

Fam. PolygalacecB. POLYGALA ANGULATA. D. C. 
var. angustifolia. Mart. 

. Herbacea pequena, maior que a precedente, erecta, ramosa, 
raiz grossa, caule anguloso, folhas coriaceas, lanceoladas, agu- 
das, veiadas; infiorescencia racemosa, terminal, formando es- 
piga, densiflora. Flores pequenas, róseas. 

Tem. os mesmos usos e habita as mesmas localidades e flo- 
resce na mesma epocha. 

Outra (também PRATEADINHA) 

Fam. LaUatm. HYPTlS SERICEA. Benth. 

Herbacea, erecta, toda coberta de indumento alho argên- 
teo; caule menos coberto, anguloso; folhas oppostas ou ^ verti- 
cilladas, subsesseis, rhombeo-obovadas, levemente acuminadas, 
base aguda, cobertas nas duas faces de tomentosidade lanosa, 
argentea. Infiorescencia racemosa, flores azues em glomerulas. 

A raiz é considerada emetica. 


78 


Habita os campos sujos e cerrados e floresce nos mezes da 
primavera. 

Ipecacuanha falsa é idêntica com cega-olho (vide pag-. 46) 
.JABORANDI 

Fa/m. RiUacece. PILOCARFC/S PJNAíAIVFOLlüS. Lem. 

Arbusto de 1.5— 2.5 mts. de altura. Caule g-rosso, cylin- 
drico, pubescente. Folhas imparipiimadas. Peciolo commum. 
pubescente. Foliolos 3— 4 jug-os, lineari-oblongos de 8 - 12ctms, 
de cumprimento, 3 — 5 ctms. de maior largmra, coriaceos, pel- 
lucido ponteados (pontos resinosos) margem reflexa, lisos na 
face de cima e finamente pubescentes por baixo. Flores em 
cachos, atropurpureas, crassas, pedicelladas. Fruto capsula uni- 
valva. Sementes em pericarpio elástico. 

È reputada febrifuga e as suas folhas em cozimento são 
altamente sudorifica . 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes do inverno. 

Além deste vegetal temos muitos outros que no Estado de 
S. Paulo, têm o mesmo nome. Pertencem, porém, á familia das 
Piperaceas, a qual ainda não está classificada no nosso herbário. 

O nome é corruptela de Jaurandi, mas deve assim mesmo 
ser conservado. 

.jacarandA do campo 

Fcm. Leguminosa}. PLATYPODIUM ELEGANS. Vog. 

Arvore regular, ornamental. Os ramos novos, peciolos e 
pedúnculos rufo-tomentosos. Foliolos 10 — 20, oblongo-lineares, 
penninervados, glabros na face de cima e pubescentes por baixo. 
Flores em pequenos racemos axillares, amarellas, grandes. 

Sua madeira é rigida e muito procurada pela sua dureza. 

Habita os cerrados arenosos em Araraquara e floresce nos 
mezes da primavera. 

É provável que o nome seja. Nhd — cara,ndd, porém, sendo 
duvidoso melhor é conservar o de jdcarandd. 

JACATIRÁO 

Fam. Melastomacem. MICONIA THEEZANS. subsp. 
flo;vescens var. niillijlora Cogn. 

Arbusto até 3 mts., todo liso, ramos ás vezes subquadran- 
gu ares; folhas membranaceas até rigidas, ovadas, base subre- 


— 79 — 


donda apice agudo, margem remoto-serrada, trinervias, ver- 
de-amarelladas, brilhantes na face de cima, foscas por baixo ; 
inflorescencia em panicula alongada, multiílora; flores peque- 
nas, brancas, fruto baga pequena, roxa, escura. 

A decocção das folhas é aromatica e considerada tônica e 
digestiva. 

Habita os cerrados e capões húmidos e floresce nos mezes 
da primavera. 

Não conhecemos a etymologia desto nome. 

^JALAPINHA 

Fam. AFOcynaceae. DIPLADENIA SPIGELlAEFLORA M. Arg. 

Herbacea, glabra, simples; folhas oppostas, subsesseis, lan- 
ceoladas, agudas, base obtusa; inflorescencia' racemosa 10 — 15 
floraes; flores regulares côr de fogo vermelhão) ; pétalas tor- 
cidas para a esquerda (sinistrorsas) ; fruto folliculo. 

E considerada depurativa e purgativa. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno. 

0 nome de (Jalapa) não é brazileiro, foi introduzido, parece 
das Antilhas. 

JALAPA BRANCA 

FLÔR DE BABADO 

VELAME BRANCO 
VELAME DO RIO GRANDE 

Fam. Apocynacece MACROSIPHOiVJA LONG2FLORA. M. Arg. 

Herbacea, caule erecto subsimples, coberto de pellos tenues, 
longos, rnolles, crespos, flexuosos e brancos ; folhas oppostas, 
subsesseis, oblongo-ovadas ou ovato-lanceoladas, até lineari- 
lanceoladas, base pouco cordiforme, acuminadas verde-foscas, 
ás vezes lisas na face de cima, mas sempre albo-lanosas por 
baixo. Flor sol itar ia, grande, branca, corolla campanulada, lobos 
obovados, crespos, ondeados. 

A raiz é considerada depurativa. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno. 

O nome que deve prevalecer e o de í ãs Ixibãdo^ por 
«er 0 mais espalhado. 


80 — 


JALAPA VERMELHA 

HERVA VENENOSA (CAMINHOÀ) 

PURGA DO CAMPO 
ROSA DO CAMPO 

Fam. Afocynaceoe DIPLADENIA ILLUSTRlS M. Arg-. 

V. tomentosa. 

Planta herbacea, erecta, simples, raras vezes ramificada, 
toda a planta tomentosa ; folhas muito variaveis, subsesseis ou 
curtamente pecioladas, oppostas, ovadas, inverso-ovadas, ellip 
ticas, subrotundas, ag*udas ou obtusas, base cordiforme. Inflo- 
rescencia racemosa, axilar e terminal; flores campanularifor- 
mes, 5-lobadas, lobos turbinados, garg^anta apertada, côr de fogo 
roseo, esplendidas. Fruto folliculo gemeo; sementes ciliadas. 

Por alguns autores é esta planta reputada venenosa e muito 
nociva para o g’ado, porém, nem uma vez ouvimos isto aífir- 
mado pelos habitantes do campo e tão pouco vimos ella cor- 
tada pelo gado, que parece despresal-a. A raiz é considerada 
poderoso purgativo e depurativo ; contem uma resina e um 
sueco leitoso. 

A variedade glabra M. Arg. goza daz mesmas propriedades 
porém, não é reputada venenosa. Diífere sómente em ser toda 
lisa; é tãe variavel na forma de suas folhas como a primeira. 

Habitam ambas os campos onde são avistadas em grande 
distancia por causa do brilho da fllor. Florescem nos mezes 
da primavera. 

Para esta especie o nome de Rosa do Oamg)o deve preva- 
lecer attento á belleza da ílôr e por ser o nome mais conhecido. 

JANGADA BRAVA 

Fam,. Tiliaceae. HELJOCARFUS AMERJCANUS. L. 

Arvore regular até 6 — 15 mts. de altura ; ramos lisos de 
casca cinzenta, ramos novos pubescentes ; folhas longo-pecio- 
ladas, estipulas pequenas, lamina ampla, largamente ovada, ás 
vezes trilobada, acuminada, base largamente cuneiforme, re- 
donda ou subcordiforme ; margem dentado — serrada, adulta 
lisa na face de cima ou coberta de pellos estelliformes, por baixo 
(e em estado novo nas duas faces) ferrugineo-tomentosa. Inflo- 
rescencia em panicula ramosissima e na base ás vezes munida 


— 81 — 


de folhas. Flores pequenas amarei lo-foscas ou alvacentas. Fruto 
capsula munida de cilios plumosos. 

E’ considerada como um dos principaes padrões de terra 
boa para cultura de café, tanto no sentido da composição do 
solo como da altitude e consequente isenção de geadas. 

. Habita as mattas virgens e floresce nos mezes da primavera. 

Não conhecemos a origem deste nome, porque a arvore 
nada tem com a verdadeira jangada. 

JAPECANGA 

As japecangas da familia das Liliaceas, subfamilia Smila- 
cacea ainda não temos definitivamente classificadas. 

JAERINHA 

MIL HOMENS 

E’ nome generico para todas as Aristolochias. Temos no 
herbário : 

Fam. Aristolochiaceú}. ARISTOLOCHIA BÜRCHELLI. Master. 

Trepadeira herbacea; folhas densamente pubscentes por 
baixo, oblongas-obtusas, profundamente cordiformes; flores so- 
litárias, axillares, base inchada, no meio cylindrico-tubulosas, 
limbo horizontal, formando labio oblongo, maculado e fim- 
briado, purpurascente com pintas negras. 

Habita capoeiras, de preferencia á beira rios; floresce nos 
mezes da primavera e do verão. 

O nome é dado por causa da forma da flor e serve para 
. todas as Aristolochias. 

( Outra) 

A. BRASILIENSIS. Mart. & Zucc. var. PARVIFLORA. Duchtn. 

Trepadeira perenne; caule cylindrico, glauco como toda a 
planta; folhas cordato-orbicu lares ; flores grandes, solitárias, 
axillares, longe pedunculadas ; base ventricosa no meio curta- 
mente tubulada, labio superior lanceolado, agudo ; inferior 
longamente continuado, dilatando-se em dous lobos grandes 
oblongos, interiormente purpureo fusca, r.oberto de pellos alvos . 
distantes, exteriormente verde e violáceo. 

Habita capoeiras e beiras dos caminhos e floresce nos me- 
zes da primavera. 


— 82 


( Outra) 

A. CIlAMlSaONIS. Duchtre. 

Trepadeira, sublenhosa até lenhosa, ramos cylindricos;. fo- 
lhas coriaceas, na face de cima glabras, por baixo venoso-re- 
ticuladas, glaucas, munidas de pellos rijos ; subcordiformes, 
ovaes, agudas; flores solitárias ou gemeas axillares; base ven- 
tricosa, labio inferior oblongo acuminado, caudato, reticulado, 
veooso, côr de carne, fresca. 

Habita as mattas de beira-rio e floresce nos mezes da pri- 
mavera. 

( Outra) 

A. CRENAl^A. Mart. 

Trepadeira, ramos sulcados angulosos; folhas distantes 
membranaceas; glabras na face de cima, pubescentes por baixo, 
5 — 7 nervias, hastato-cordiformes ; flores solitárias, axillares, 
pequenas, tubo ventricoso na base, no meió infundibuliforme, 
labio inferior em forma de lingua larga, obtusa, fimbriata, 
pardas e verdes com pintas purpureas. 

Habita as mattas pequenas e capoeiras e floresce na mesma 
epocha. 

Todas estas são consideradas medicinaes e dizem que a 
decocção da raiz é um poderoso antidoto do veneno das cobras. 
São consideradas exitantes e antifebris até abortivas. 

JERATACA 

MANACÁ 

MERCÚRIO VEGETAL 
CANGABÁ OU CANGAMBÁ (Bahia). 

Fam. ScrophulariacecB. BEUNFELSIA ffOPEANA. Benth. , 

Arbusto rarissimo, ramos lisos; folhas aproximadas, variá- 
veis, ovato-oblongas, ou inverso-ovadas, agudas ou curtamente 
acuminadas, raramente obtusas, inteiras, base promulgada em 
peciolo canaliculado, glabras nas duas faces ou pubescentes 
nas nervuras dorsaes, de baixo da lente pontuadas, verdes, mais 
pallidas na face inferior. Flores solitárias no apice dos ramos, 
grandes, disciformes, tubulosas, roxas azuladas até róseas e 
brancas. 


— 83 — 


É considerada muito util nas moléstias venereas sendo 
“principalmente a raiz que se usa. Na medie na ofíicial já se 
^onta alguns preparados. Em dose elevada toxica. A dose 
vulgar é de 15 grms. da raiz para 500 grms. de agua. 

Habita as mattas e floresce nos mezes da primavera. 

O nome de Manacá é o mais conhecido, mas não lhe co- 
nhecemos a etymologia. 

JUÁ 

JUÁ-TY 

JUCIRI 

Fam. Solanace(B. SOLANUM BALBISll. Don. 

Herhacea arbustiva, aculeos rectos, pouco curvos, caule 
villoso, viscoso ; folhas ovadas ou oblongas pinnato-partidas, 
agudas, sinuoso dentadas, molles, aculeadas, pubescentes até 
villosas; inflorescencia cymosa, scorpoidea-cincinniforme; flores 
estelliformes 5 — angulares, brancas; fruto baga, grande, ver- 
melha, sementes muitas. 

E’ comestivel e faz-se da fruta um doce excellente por 
causa da sua acidez peculiar. E’ considerada fruta quente e 
possue propriedes aphrodisiacas 

Habita terras boas, beirá-mattas e capoeiras e floresce nos 
mezes da primavera. 

O nome de Juá deve ahi prevalecer porque significa planta 
aculeada. 

JUÁ BRAVO 

Fam. SolanaceoB. SOLANUM OOCARPUM. Sendt. 

Arbustiva, sublenhosa,’ robusta, tomentosa de pellos estel- 
liformes com espinhos, folhas solitárias descoradas, ovato-oblon- 
gas, agudas, base inteira, acuminadas, sublobadas. Inflorescen- 
•cia cymosa, simples scorpoidea; flor pequena branca, fruto ba- 
ga grande. 

E’ considerada venenosa para o gado, porém, parece-nos 
difficil os animaes comêl-a. Contaram-nos também que entre 
os indigenas o fruto soccado depois de seceo e reduzido a pó 
lhes serve para feitiço, especialmente para acordor o amor, pu- 
nir infidelidade, etc. 

E’ muito vulgar em capoeiras seceas e floresce quasi todo' 
o anno. Temol-a encontrado em todas as estações do anno. 

O nome deve continuar. 


— 81 — 


JUQUIRY 

Fam. Sterculiacece. BÜTTNERlA SC ABRA. 
var. liastata. Sclium. 

Subarbusto armado, caule cylindrico na base, ag-udo, an- 
guloso nos ramos, penta-até octagonal, lisa ou pilosa ; folhas 
curtamente pecioladas ou sesseis, variaveis. Na variedade pre- 
sente são ovadas as inferiores e lanceoladas de base arredon- 
dada as superiores, serradas ou inteiras, lisas; flores em pe- 
quenas paniculas axillares, pequenas, escuras. Fruto capsula 
pentagona dehiecente. 

Em S. Paulo é reputada poderoso remedio contra as aífei- 
ções da pelle como sarna, etc. Em Minas Geraes, segundo Mar- 
tins (que escreve Huquiri), serão as folhas comidas como re- 
polho. 

Habita as capoeiras e mattas pequenas e floresce nos me- 
zes do outono. 

( Outra) 

B. AUSTRALIS. St. Hil. 

Arbusto trepador, armado. Caule cylindrico com acmleos- 
curvos, pequenos. Folhas lanceoladas, integras, com pellos nas- 
axiilas dos nerv^os dorsaes. Flores em pequenas umbellas. Fruto 
capsula secca, muricada. 

( Outra) 

B. FILIPES. Mart. 

Differe da anterior apenas em ter folhas menores, de base- 
mais ou menos obliqua. Ambas habitam as capoeiras e flores- 
cem no outono. 

V. Martius na sua Olossaria linguarum JBrasiliensium diz. 
deste nome: /tó=spina, espinho; dormiens, dormindo; «— 

parvo, pequeno. 

JURUBEBA 

Fam. Solanacem. SOLANUM PANICULATUM. L. 

Arbusto até 3 mts. Ramos e folhas revestidas de pellOs 
stellariformes, estipitados. Folhas inteiras ou sinuosas ou sub- 
lobadas, grossas, ovaes, ou ovaes lanceoladas, acuminadas, de 
base inteira ou subcuneiforme desigual. Flores em paniculas- 
terminaes albas, não laciniadas. Fruto baga, redonda, lisa. 


— 85 — 


E’ considerada poderoso antisyphilitico. 

Habita as capoeiras e beiras de caminhos e floresce nos 
mezes do verão. 

Não encontramos a etymologia deste nome. 

LARANGÍNHA 

LIMÃOSINHO 

Fam. Polygalacem. ACANTBOCLADES BRASILIEiVSIS. Mart. 

Arbusto arborescente, espinhoso: folhas pequenas, inverso- 
, ovadas ou ellipticas; flores axillares, solitárias ou 2 — 5 fasci 
caladas pedunculadas, brancas; fruto compresso, bilocular, lo 
culicida dehiscente. 

As folhas desta planta são reputadas sudoríficas, peitoraes 
0 anticatarrhaes usadas em infusão. Além disso é um arbusto 
muito ornamental e tem o porte do hu.xo. 

Habita os cerrados e beira-mattas e floresce nos mezes 
•do inverno. 

Nada sabemos a respeito da origem deste nome. 

LIMÃO BRAVO 

Fam. Monimiacecd. CITRIOSMA APIOCYSE. Mart. 

Arbusto arborescente, de ramos obtuso-quadran guiares, 
avelludados, pardacentos ; folhas oppostaso ovadas, curtamente 
acuminadas, dentadas, ávelludado-tomentosas nas duas faces. 
Inflorescencia dioica ; flores pequenas, insignificantes. As fo- 
lhas desta planta, contusas e em chá, são consideradas exci- 
tantes, aromaticas e carminativas. 

Habita as mattas em logares sombrios e floresce nos me- 
^es da primavera. 

O nome foi dado por causa do aroma da ? folhas quando 
machucadas. 

língua de araçari 

LINGIJA DE TUCANO 

Fam. Umlelliferce. ERYjVGJUM ERISTEF Chãm. 

Herbacea, caule reduzido, apice 4 — 5 radiato, folhas basaes 
planas, até o apice spinoso-pilosas, aculeos rectos, subcompri- 
midos, 3 — angulares, sulcadas, mais largas no meio. Inflores- 
•cencia polycephala, capítulos não coloridos, globosos, semio- 
vados. 


_ 86 — 


E’ considerada diurética e usada em g-arg-arejos contra 
aphtas na boca e ulcerações da g-arganta. 

Habita os campos húmidos e brejos e floresce nos mezes- 
do inverno. 

Qualquer dos nomes é expressivo e designa a forma das- 
folhas. 

língua de vacca 

Fam. Compositoe. CHAPTALIA INTEGRÍFOLIA Baber. 

Herbacea, baixa; folhas reunidas na base, oblanceoladas,. 
oblongas ou subagudas, integras ou dentadas, verdes na face- 
de cima, albotomentosas por baixo ; flores terminaes, brancas. 

E’ considerada tônica e aperiente. Empregam-se as folhas 
0 as raizes em cozimento contra as bronchites. A’s vezes é 
também empreg'ada exteriormente contra ulceras. 

Habita por toda a parte, especialmente nos campos sujos 
e carrascaes e floresce nos mezes do inverno. 

Não sabemos a origem deste nome. 

MACELLA BRANCA 

MACELLINHA 

Fam. Amarantaceoe. GOMPHRENA JUBATA Moq. 

Herbacea, erecta, pequena ; caule subramoso ; folhas lineari- 
lanceoladas, villosas ; inflorescencia em capitulos ovato-oblon- 
gas até cylindricas, albas. Raiz perenne, lenhosa, engrossada 
como uma tubera. 

Empreg’a-se a raiz em casos de indigestão e como purga- 
tivo brando. 

Habita os campos e floresce nos mezes do inverno. 

O nome lhe vem da semelhança com a Macella galega. 

MANDIOQUINHA FALSA 

Far,i. Hederaceasc. DIDYMOPANAX VE NOS UM. E. March. 

Arbusto elegante, alto até 3 mts. todo coberto de um in- 
dumento fino, avelludado, côr de castanha; folhas compostas 
7 — 14 digitadas, foliolos peciolados ou sesseis, oblongos ou 
ovatOj-oblongos, apice arredondado-obtuso mais ou menos pro- 
fundamente emarginado e mucronulado, base longo -attenuada 
aguda, coriaceas, rigidas, no estado adulto lisas e verdes na 
face de cima por baixo sempre tomentosas; inflorescencia em 


— 87 


panicula grande, flores pequenas; fruto drupa comprimida, mais 
larga que longa. 

Não conhecemos propriedades desta planta, além de ser 
muito ornamental. 

Hahita os cerrados e campos e floresce nos mezes do inverno. 

As folhas e o habito da planta muito tem da Mandioca 
verdadeira e d’ahi o nome. 

MARMELINHO 

MARMELLO DO CAMPO 

Mm. Bubiacece. THIÊLEODOXA LANCEOLATA. Cham. 

Arbusto de 2 — 3 mts. de altura, lenhoso, ramos cylindricos. 

Folhas coriaceas, curto pecioladas, largo-lanceoladas até 
20 ctms. de comprimento. Flores pequenas, brancas, sesseis. 
Fruto baga grande, verde escura. 

Sua fruta é comestível. 

Habita os cerrados e frutifica nos mezes do verão. 

Não sabemos a origem destes nomes que além disso são 
muito genericos. 

MANHUBI-GÜASSU’ 

PINHÃO DE PAEAGUAY 
PINHÃO DE PURGA 

Fam. Fuphorbiace(B. JATROPHA CURCAS. Linné. 

Arbusto arboresçente; todo elle com sueco lacto-aguoso; 
folhas orbiculari-ovadas ou orbiculari -triangulares, 3—5 loba- 
das ou inteiras, base 'cordiforme ; no estado novo pubescentes 
e no estado adulto lisas. Inflo rescencia em cyma ; fruto cap- 
sula 3-locular, oblonga ovoidea grande. 

x\s sementes constituem um purgativo poderoso na dose 
de 1 a 3 castanhas ou amêndoas, tornando-se venenosa em 
doses fortes. 

Habita por toda a parte ao redor das casas e é muito cul- 
tivado em certos logares, floresce nos mezes da primavera. 

O nome verdadeiro deve ser o de Mandubi-guassú. 

MANGABEIRA 

TIMBIÍT-CATÚ 

Fam. Apocynacem. HANCORNIA SPECIOSA. Muell : 

Arvore contorcida de 5—7 mts., ramos suberosos, suban- 


— 88 — 

gulosos, pouco folhudos ; folhas elliptico-ohlongas ou elliptico- 
lanceóladas, 5—7 ctms. longas, 3-4 ctms, largas, nervuras se- 
cundarias dichotomicas na margem e ali anastamoseadas; su- 
hacuminadas, lisas, verde brilhantes ; flores reunidas no apice 
dos ramos em numero de duas a tres, brancas ; fruto baga. 
grande, amarella. Toda a planta fornece um sueco leitoso e 
pegajoso, branco. 

E’ uma arvore ntilissima de eujo sueco se fabrica uma 
borracha excellente. A fruta, além de comestivel no estado crú, 
serve para fazer doces e fabrica-se delia um vinho saboroso. 
Dizem que o sueco constitue excellente remedio para resolu- 
ção de apostemas internas e contra aífeições pulmonares. A 
casca também fornece um emetico estimado. 

Habita de preferencia os cerrados e campos e floresce nos 
mezes da primavera. 

Parece que o limite sul desta arvore não passa o parallelo 
22 pelo menos não no Estado de S, Paulo como temos verificado. 

Sendo o nome de Mangabeira o mais usado, deve ser con- 
servado, apezar de que o nome indigena tem o direito da prio- 
ridade. 

MANGABEIRA BRAVA 

MAEMELLEIRO DO CAMPO 

Fam. Celastrinacem. PLEISÍCKIA POPULNEA. Reiss. 

Arvore elegante de 5 — 10 mts. de altura. Ramos cjlindri- 
COS, subnodosos ; folhas dehiscentes no inverno, alternas, longe- 
pecioladas, ovadas, acuminadas, base arredondada ou pouco e 
abruptamente attenuada, verde-glauciscentes. Inflorescencia cy- 
mosa, axillar ou subterminal; flores pequenas, verde-amarel - 
ladas fructa samaroidea de pericarpio túmido. 

Sua madeira é considerada boa. 

Habita os logares húmidos do campo e dos cerrados e flo- 
resce nos mezes do verão. 

Nenhum dos nomes tem razão de ser e desconfiamos que 
ha outro melhor. 

MARACUJÁ DE COBRA 

Fam. PassifloraceoR. PASSIFLORA EICHLERIAFA. Gardn. 

Herbacea, trepadeira, folhas lisas, suborbiculares, larga- 
mente cordiformes 3 —lobas; lobos oblongos, agudos, inteiros. 


89 — 


mucronados, os lateraes divergindo ; flores solitárias brancas, 
não grandes, fruto baga coriacea oblonga. 

É comestível porém muito menos saborosa que as outras 
maracujás. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes do inverno. 

O nome de maracujá, segundo Dr. Maia vem de maracd- 
mi-já ou planta de 'pequenas maracds. V. Martins pouco differe. 
Maracd-vui-iba. A differenciação se faz com adjectivos. 

MARACUJÁ MIRIM 

Fa'>n. Passifloraceoe. PASSIFLORA ORGANENSJS. Gardn. 

Trepaderia sublenhosa ; folhas membranaceas, lisas, ocel- 
ladas, subpeltadas, semiorbiculares ou transversalmente ovaes 
;bilobas, lobos oblongos divaricados ; peciolos compridos não 
glandulosos ; flores largamonte campanuladas, brancas, violaceas 
no centro ; fruto pequeno redondo. 

Não sabemos si é comestivel e de outras propriedades nada 
conhecemos. 

Habita os capões e capoeiras e floresce nos mezes do in- 
verno. 

MARIA PEREIRA 

Fam. Bubiacem. POSO QUE RIA MACRO PUS. Mart. 

Arbusto regular, lenhoso. Folhas peei oladas até 20 ctms. 
longas, ovato laneeoladas ou ellipticas, todo lisas, crassas, co- 
riaceas. Flores não conhecemos. Fruto baga grande, multi- 
sperma. 

Habita as mattas da beira mar e fructifica nos mezes do 
verão. 

Nenhuma propriedade tem-nos sido assignalada. 

Não conhecemos a origem deste nome, aliás, bastante di- 
vulgado. 

MARICÁ 

SESSENTA FERIDAS 
UNHA DE GATO 

Fam. Leguminos<B. ACACIA PANICULATA. FSÍiWà. 

Arbusto trepadeira, sarmentoso. Ramos, peciolos e inflo- 
rescencia mais ou menos tomentosos; espinhos recurvados, 
esparsos nos ramos, mais aproximados nas folhas ; estas são 


\ 



90 


compostas, pinnadas; foliolos 20 — 60 jugos, lineares, agudíssi- 
mos, oblíquos, lisos na face superior, por baixo pa Ilido s, pu- 
bescentes, ás vezes, também lisos. Inílorescencia paniculada; 
flores em capítulos brancos; fruto legumen chato com margens 


Serve para fecho de terrenos. 

Habita por toda a parte e prefere as capoeiras onde ás 
vezes forma moitas impenetráveis e floresce nos mezes do ve- 
rão e do outono. 

O nome de unha ãe gato participa com quasi todas as nos- 
sas acacias espinhosas. 

Sendo o nome de Maricá o verdadeiro e primitivo, deve 
ser conservado. 


Fam. Meliacee. GUAREA MULTIFLORA. A. Juss. 

x\rvore grande, copada. Folhas compostas, longas. Foliolos 
5-jugos, elliptico -oblongos, lisos. Flores albas em paniculas 
pilosas. Fruto capsula sublenhosa. 

O lenho é pouco estimado por ser branco e quebradiço. 
Entretanto é uma linda arvore ornamental. 

Habita os capoeirões e mattas e floresce nos mezes da 
primavera. 

Não conhecemos o origem destes nomes. 

MARMELINHO DO CAMPO 
Fam. Bubiacem. Gen. ALIBERTIA. 

A. CONCOLOR. Schum. 

Arbusto lenhoso de 2 — 3 mts. Folhas quasi sesseis, ellip- 
ticas, acuminadas com a base aguda. Flores pequenas, albas, 
axillares, sesseis. Fruto baga pequena. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes da primavera. 

A. SESSILIS. Schum. 

Diítere do precedente por ser menor, ter folhas menores, 
Inverso-ovaes, obtusas e mais escuras. As flores são quasi sem- 
pre solitárias nas axillas das folhas ou terminaes. O fruto e 
uma baga pequena, vermelha. 

Habita os cerrados e campos e floresce nos mesmos mezes. 


engrossadas 


MARINHEIRO 


MACAQUEIRO 



— 91 — 


Usos desconliecidos. 

Nada sabemos em relação a este nome. 

MASSAMBARÁ 

MILHO BRAVO 

Fam. Graminacm. SORGHUM HALEPENSE. Pers. 

Graminea alta até 2.50 mts. Colmo simples, robusto, pu- 
bescente nos nós, vagina cylindrica, ás vezes barbada por baixo 
da lamina ; folhas lineari-lanceoladas, longamente acuminadas, 
chegando até 1 m. de comprimento sobre 4 — 6 ctms. de lar- 
gura. Inílorescencia em paniculas grandes, grãos grandes e 
comestiveis. 

È considerada boa foragem, porém, parece-nos nunca cul- 
tivada. Attribuem aos grãos (sementes) as propriedades da 
cevada. 

Habita cultivados' antigos, roças, e capoeiras e floresce nos 
mezes do verão. 

O nome indigeno parece uma corruptela impossivel de 
recompôr, si não fôr africano. Deve, pois antes, prevalecer o 
segundo nome. 

MELANCIA DO CAMPO 

Fam. GucurUtaceae. MELANCIUM CAMPESTRE. Nand. 

Herbacea, raiz grossa, caule delgado, prostrado, villoso, emit- 
tindo raizes nos nós; folhas pequenas, curtamente pecioladas ou 
subsesseis, ovado-triangulares, emarginadas na base, crenadas, 

3 — 5 lobadas, pubescentes nas duas faces, nervuras 5 — 7 pal- 
madas. Inflorescencia masculina em racemos 3 — 9 floraes, a fe- 
minina solitaria, amarella ; fruto carnoso verde, albo-maculado. 

A fruta é comestível ainda que pouco saborosa. 

Habita os campos e beira-caminho, principalmente nos 
terrenos arenosos e floresce nos mezes do outono. 

Nome alludindo ao forma e côr do fruto. 

MELÃO DE S. CAETANO 

MELÃO nE S. VICENTE 

Fam. OucurUtaceíB. MO MO RD IC A CHARANTIA. L. 

Trepadeira de caule herbáceo, ramoso, estriado, pubescente 
até tomentoso. Folhas partidas até o meio ou mais, lobadas, 
lobos externos mais curtos, os intervallos arredondados, gavi- 


— 92 — 


nlias simples ; flores masculinas solitárias, amarellas, as femi- 
ninas long-opedunculadas^friito oblongo, carnoso, côr de laranja. 

A raiz é reputada levemente emetica e purgativa ; o fruto 
é comestivel. 

Habita os cultivados, quintaes e capoeiras e floresce nos 
mezes do verão e do ontono. 

Não sabemos a origem deste nome. 

MINDUBI BRAVO 

RAIZ DE CORVO 
RAIZ PRETA 

Fani. LeguminosíB. CASSIA RUGOSA. Don. 

Arbusto lenhoso, foliolos bijugos, obliquo-ovaes-oblongos, 
obtusos, coriaceos, rugosos, munidos de glandulas pequenas 
entre o par inferior, ás vezes entre ambos os pares. Flor grande 
amarella. Fruto legumen grosso, preto, obtuso. 

Sua raiz em decocção é empregada contra o veneno das 
cobras. 

Habita os cerrados arenosos e floresce nos mezes do inverno. 

O nome mais vulgarisado é o de Raiz Rreta que portanto 
deve ser conservado. 

MIRORO’ 

UNHA DE VACCA PEQUENA 

Fam. Leguminosoe. BAUHINIA PULCHELLA. Benth. 

Arbusto até 3 mts. de altura. Ramos horizontaes. s ra- 
minhos da inflorescencia rufo-fusco-tomentosos, folhas peque- 
nas bilobas, partidas até cerca de um quarto do comprimento, 
lobos arredondados, obtusos, base largamente cordiforme, mem- 
branaceas, glaucas, lisas, por baixo rufo-tomentosas nas ner- 
vuras. Inflorescencia racemosa, flor branca ; fruto legumen 
chato, fauciforme. 

É reputada emetica em decocção. 

Habita capoeiras e cultivados abandonados e floresce nos 
mezes da primavera. 

Não conhecemos a origem ou etymologia deste nome. 

MOCETAIBA (ex Mart.) 

Fam. Leguminosoe. ZOLLERNIA ILICIFOLIA. Vog. 

Arbusto regular, lenhoso; folhas largamente oblongas, ás 


— 93 


vezes espinhosas e onduladas nas marg-ens. Flores em pani- 
culas, pequenas; fruto legumen. 

Usos e propriedades desconhecidos. 

Só a encontramos na heira-mar onde floresce nos mezes 
do outono. 

O proprio V. Martins não dá a origem do nome. 

MULUNGU’ 

OLHO DE CABRA 

Fam. Leguminosm. ORMOSIA COCCINEA. Jacks. 

Arvore alta, pouco espinhosa ; folhas compostas, peciolo 
commum rufo-tomentoso, foliolos oppostos, grandes, lineato- 
ovados de margem ondulada, apice agudo, base levemente 
obliqua, cordiformes, caducas ; inflorescencia em racemos axil- 
lares ; flores grandes vermelhas ; fruto legumen/uni a tri-ovu- 
lado ; sementes duras, grandes, vermelhas e pretas. 

A madeira é considerada muito boa e as sementes servem 
para botões, ornamentos e para tentos em jogos. 

Habita as mattas mas é bastante rara ; floresce nos mezes 
do verão. 

O primeiro nome é africano; deve, pois prevalecer o se- 
gundo. 

ORELHA DE NEGRO 

TAMBUVI 

TIMBAHYVA 

TIMBÒ 

TIMBO-UBA 

XIMBÒ 

XIMBUVA 

Fam. Leguminosa}. ENTEROLOBIUM lUMBOUVA. Mart. 

Arvore alta, copada, guande, lenho molle, branco, levís- 
simo ; folhas compostas, glandulosas ; glandulas situadas na 
inserção dos peciolos secundários ; foliolos sesseis, agudos, ob- 
tusos, lisos, raras vezes pilosos na margem (ciliados). Florem 
capitulos brancos, fruto legumen, preto, torcido, uniforme, 
sublenhoso. 

A casca é considerada adstringente e os fructos tidos por , 
venenosos. A madeira é ás vezes empregada para taboas de 
forro por serem muito leves. 


— 94 


Habita os campos e logares seccos e floresce nos mezes da 
primavera. 

O nome que deve prevalecer é o de Tinibo-uba por ser o 
unico cuja etymologia pode ser investigada de : /m^d-veneno 
e ula ou ivÃÍ arvore. O nome de orellia de negro vem da forma 
exquisita do fruto. 

ORELHA DE ONÇA 

iam. Menisfermaceoe. CISSAMPELOS OVALIFOLIA. V>. C. 

Planta lierbacea, trepadeira, raiz ou ou rliizoma grosso; 
folhas reniformes, orbiculares ou largamente cordiformes, ás 
vezes obtusas, pouco emarginadas, crenadas ou inteiras, sub- 
coriaceas, em cima finamente pubescentes até tomentosas ou 
lisas, glaucas; inflorescencia dioica cymosa; flores pequenas, 
as femininas bracteadas. Fruto drupa, comprimida, inverso- 
ovada. 

É considerada febrifuga e tónica. Alguns também attri- 
buem-na a propriedade de resolver cálculos e areias da bexiga; 
emprega-se também contra mordeduras de cobra. É a raiz que 
se usa, depois de tirada a casca. 

Habita os campos, cerrados e capoeiras seccas e floresce 
nos mezes da primavera. 

O nome é dado por causa da forma da folha. 

ORTIGA BRANCA 

Fam. Urticaceoe. URERA PUNU. AVedd. 

Herbacea alta. Folhas grandes cordiformes, levemente pu- 
bescentes. Inflorescencia cyma axillar branca, não urente. 

Usos desconhecidos. 

Habita as mattas da beira mar e floresce nos mezes do 
verão. 

O nome de ortiga é portuguez e generico. A diíferencia- 
ção só pode ser feita por meio de qualificativos. 

ORTIGA VERMELHA 

Fam. UrticacecB. URERA ARMIGERA. Alig.' 

Arbusto alto, ramos pubescentes com aculeos curvos, es- 
parsos. Folhas longe-pecioladas, ovaes ou lanceolato-oblongas 
acuminadas, base obtusa, grosso sinuoso dentadas, lisas nas 
duas faces. Cymas gemeas axillares, vermelhas. 


— 95 — 

É laastante urente e dotado de um principio acre e um 
elemento volátil segundo Martius. 

Hadita as beiras das mattas do littoral e floresce nos mezes 
do verão. 

PAINA DE SEDA 

Fcm. Asclepiadacee. GOMPHOCARPLS BRAZILIENSIS. Fourn. 

Arbusto herbáceo alto ; caule herbáceo, primeiro incanes- 
cente, depois liso; folhas lineares compridas; inflorescencia 
umbellada lateral ; flores grandes, brancas ; fruto folliculo verde, 
grande, espinhoso, espinhos molles, sementes ciliadas. 

A paina das sementes é recolhida para enchimento de tra- 
vesseiros e colchões. 

Sô a encontramos cultivada, florescendo nos mezes do in- 
verno. 

O nome vem da paina das sementes. 

PÁO LIXA 

Fam. Verbenaceoe. LIPPIA URTICOIDES. Stend. 

Arbusto alto de lenho molle, casca cinzenta verrucosa, bas- 
tante ramosa. Folhas peci<dadas, oppostas, oblongo-lanceoladas, 
agudas ; aspérrimas na face de cima, pubescentes por baixo, 
de 5 a 8 ctms. de comprimento, finamente serradas. Flores 
em longos racemos axillares, pequenas, brancas e vanillodoras. 

É planta extremamente florifera e fragrante. Nenhum uso 
therapeutico ou domestico delia conhecemos. 

Habita sómente as melhores terras de café para as quaes 
constitue padrão importante. Floresce nos mezes da primavera. 

O nome foi dado por causa da asperidade das folhas. 

PÁO TERRA 

PÁO TERRA DO CAMPO 
UVA-PUVA DO CAMPO 

Fam. Voçhysiace<B. QUALEA GRANDIFLORA. Mart. 

Arvore alta, até 10 mts., copada, bonita; de ramos sub- 
quadrangulares folhas grandes, curtamente pecioladas, coria- 
ceas, rigidas, largamente oblongas ou oblongo-ellipticas, apice 
abruptamente attenuado em acumen curto ou raras vezes ob- 
tusas; base arredondada, obtusa, até levemente cordiforme, na 
face de cima lisas, por baixo densamente tomentosas; nervu- 


96 — 


ras penninervias parallelas desde o nervo medio até dos nervos 
marg-inaes onde se anastomosam; flores em cymas unilateraes 
(cincinno) uni-labiadas, labio branco de fundo amarello ; frutn 
capsula secca, lenhosa, sementes aladas. 

É arvore elegante e ornamental, cujo crescimento é rapido.- 
A madeira é considerada boa. Emprega-se também a casca 
para banhos em lymphatites e para extracção de uma matéria 
corante amarella. 

Habita de preferencia os cerrados e floresce nos mezes da 
primavera. 

O nome de terra é generico e deve ser conservado. O’ 
nome indigena parece-nos errado. 

PAPO DE PAVO’ 

J^am. Gombreiacem. COMBRETUM LOEFFLlNGil Eichl. 

Arbusto trepador, lenhoso, ramos cylindricos; folhas ellip- 
ticas até lanceoladas, base aguda, cartaceas; na face de cima 
um pouco pilosas ou lisas, por baixo aureo ou rufo-tomentosas; 
inflorescencia em espigas axillares e horizontaes, diminuindo , 
de comprimento para a ponta dos ramos; flores dispostas para 
cima, cor de laranja e amarellas; fruta samara orbiculare el- 
liptica ou elliptica, vermelha, tomentosa. 

Usos e propriedades desconhecidos. Entretanto julgamos 
que podia ser | lanta ornamental porquê suas flores são lindas 
e muito abundantes, podendo provavelmente serem amelho- 
radas pela cultura. 

Habita as capoeiras grandes um tanto húmidas e floresce 
nos mezes da primavera. 

O nome vem da côr das flores que se assimilha ás das 
pennas do peito do Pavo. 

PARA— TUDO 

PERPETUA 

RAIZ DE PADRE SALERMA 

Fam. Amarantacece. GOMPHRENA OFFICJNALIS. Mart. 

Herbacea, raiz perenne, tuberosa, chegando até a grossura 
do punho; sublenhosa, amarella ; caule herbáceo, ás vezes suble- 
nhoso na base, ascendente, quadrangular, densamente coberto 
de pellos côr de ferrugem; folhas ovaes ou ovali-oblongas, ob- 
tusas, curtamente mucronadas, hirtas; inflorescencia em capi- 
tules grandes; flores côr de rosa. 


— 97 — 

A raiz é amarga e aromatica; é empregada como tonico 
estimulante no fastio, debilidade, diarrhea, febres intermitten- 
tes e até contra mordeduras de cobra. 

Habita os campos e floresce nos mezes da primavera. 

O nome de 'pctTd-tudo é o mais vulgar e deve ser adoptado. 

PEROBA— ASSU’ 

Fam. Apocynacece. ASPIDOSPERMAPOL YNEURON Müll. Arg. 

Arvore com tronco altissimo de lenho duro. Ramos rigi- 
dos, verrucosos, cylindricos. Folhas curtamente pecioladas, 
lanceoladas, espatuladas ou oblongo -ovaes, de apice obtuso e 
base aguda, attenuada em peciolo, lisas, com margens mais 
ou menos onduladas, 6—10 ctms. longas, 1.5— 2.5 largas, ner- 
vura media proeminente nas duas faces e as nervuras secun- 
darias numerosas, parallelas e aproximadas. Inflorescencia cy- 
mosa com flores pequenas, albo-luteas. Fruto folliculo lenhoso, 
cylindrico, sementes pequenas, aladas. 

A sua madeira é boa e a casca fornece um adstringente 
muito apreciado. Alguns lhe contam entre os febrifugos. 

Habita as mattas virgens e floresce nos mezes do outono. 

O nome é indigena e vem de ^^>e=--casca e róua—z. mar- 
goso segundo v. Martins. 

PEROBINHA 

Fam. Leguminosa. SWEETIA ELEGA JFS. Benth. 

Arvore até 5 a 6 mts. de altura, bonita; folhas compostas, 
foliolos de 5 a 11, longo-peciolados, ovaes ou ovali-oblongos, 
obtusos ou pouco acuminados, emarginados; base arredondada 
ou cuneiforme. Inflorescencia racemosa; flores brancas, peque- 
nas; fruto legumen. 

É considerada poderoso antisyphilitico e antifebril. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes da primavera. 

O nome apezar de errado, deve prevalecer porque é muito 
divulgado. 

PERO’— MIRIM 

Fam. Leguminoso}. SWEETIA BRACHYSTACHYA. Benth. 

Arvore pequena, elegante. Casca suberosa; folhas compos- 
tas, foliolos lisos, brilhantes, ovaes, obtusos, pequenos, penni- 
nervios. Flores albas em paniculas; fruto não conhecemos. 


— 98 — 


Suas folhas são empregadas em banho para curar sarnas 
e outras moléstias. 

Habita os cerrados e cerradões e floresce nos mezes do 
verão. 

Não conhecemos a origem deste nome. 

PIMENTA COMARI 

PIMENTA MALAGUETTA 

Fam. Solanacce. CAPSICUM FRUTESCENS. Willd. 

Arbusto herbáceo todo liso, ramos e raminhos quadran- 
gulados; folhas ovaes acuminadas, base continuando em pe- 
ciolo. 

Flores em geral solitárias, axillares, brancas e pequenas. 
Fruto ovoideo, vermelho. 

Emprega-se especialmente como condimento nas comidas. 

Floresce em varias épocas e é cultivada por toda a parte. 

O nome é portuguez 

PINHA DO BREJO 

Fam. Magnoliacee. TALAUMA O VA TA. St. Hil. 

Arvore 10 a 12 mts., toda lisa; folhas até 20 ctms. longas 
e 10 — 12 ctms. largas, ovaes ou ovaes-ellipticas ou ovaes-re- 
dondas, obtusas, apice mais agudo, planas, verde-escuras, lisas 
na face de cima, por baixo mais claras, margens callosas, in- 
teiras. Flor solitaria, grande, branca, grossa como a da ma- 
gnolia. Fruto aggregado como a fruta de Conde, escamosa por 
fóra, epicarpio lenhoso, endocarpio coriaceo até osseo, sementes 
drupaceas. 

Arv(>re muito ornamental e com flores muito aromaticas. 
A casca é considerada febrifuga. 

Habita os capões húmidos dos campos e floresce nos mezes 
do verão. 

O nome de pinha do brejo, lhe vem do fruto secco que 
tem alguma semelhança com a pinha da Araucaria. 

QUINA DO SERRADO 

Fam. Loganiacea,. STRyCHNOS PSEUDOQUINA. S. Hil. 

Arvore não grande, de casca grossa, esponjosa, pallido-fosça; 
ramos tortuosos, cylindricos, rufo-avelludados; folhas coriaceas, 
ovaes oblongas ou ovaes-lanceoladas, apice pouco acuminado ou 


— 99 — 


obtuso, base atteuuada em peciolo; emcima verde-eseuras, em- 
baixo mollemente ferrugineo-tomentosas, quintuplinervias. In- 
florescencia em cymas axiliares, flores brancas; fruto baga 
preta. 

É considerada febri fuga e é empregada nas moléstias do 
figado e do baço. Nada contem de venenoso. 

Habita os cerrados e campos e floresce nos mezes do in- 
verno. 

As qualidades febrifugas da casca valeu-lhe o nome. 

ROSCA 

ROSCA PARA MULAS 
SACAROLHAS 

Fam. Sterculiacece. HELICTERES S AC ARO LHA. St. Hil. 

Herbacea, caule simples, direito, duro, coberto de tomen- 
tosidade densa, aurea; folhas pecioladas ou subsesseis, subor- 
biculares, as superiores ovaes, obtusas ou agudas, base arre- 
dondada, desiguahnente se rradas ou crenado-serradas, tomen- 
tosas nas duas faces, molles ou um tanto asperas; inflo rescen- 
cia em dichasio bi-ou trifloro composto; flores vermelhas gran- 
des, fruto formado de cinco carpidios folliculares torcidos em 
espiral como um sacatrapo. 

/ Outra) 

Fam. Sterculiacece. HELICTERES O VAI" A. Lam. 

Arbusto arborescento até 5 mts. de altura, ramos cylin- 
dricos, amarellados quando , novos e ferrugineo-tomentosos nas 
pontas; folhas longe pecioladas, ovaes, raras vezes de margens 
onduladas, agudas ou acuminadas, desigualmente crénato-ser- 
radas, base cordiforme, tomentosas em ambas as faces no es- 
tado novo, adultas lisas na face de cima e ferrugineo-cine- 
reo tomentosas por baixo. Inflorescencia em dichasios opposi- 
tifolios ou axiliares, compostos de 2 — 3 flores de côr variavel; 
desde amarello até vermelho intenso. Fruto egual ao prece- 
dente, attingindo até 4 ctms. de comprimento. 

Tanto esta como a precedente sãa preconisadas como an- 
ti syphiliticas e adstringentes. O liber (entrecasca) é constituí- 
do por fibras excellentes, que indubitavelmente poderão ter 
vantajoso emprego no fabrico de papel. 


— 100 


Esta especie cresce nas capoeiras seccas e cerrados e flo- 
resce em diversas épocas. 

O nome acima é uma allusão á forma do fruto. 

SALTA— MARTINHO 

Fam. Loganiacem. STRYCBN-QS BRASJLIENSIS . Mart. 

Arbusto lenhoso, subtrepadeira, ramos alongados, avellu- 
dado-tomentosos no estado novo, espinhosa de aculeos rectos, 
caducos e com gavinhas raras, bifidas; folhas cartaceas, ovaes- 
ellipticas, apice mucronulado, base obtusa ou aguda peciola- 
da, quintuplinervias, lisas na face de cima, tomentoso-avellu- 
dadas por baixo; inflorescencia em cyma terminal, de poucas 
flores; flores pequenas brancas, fruto baga globosa, ' amarella ; 
a semente também globosa, com albumen cartilaginoso, elástico. 

É tida por toxica. As sementes constituem um brinquedo 
para as creanças, depois de limpas da polpa. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do verão. 

A elasticidade da semente deu origem ao nome. 

SAPÚVA 

=^F(im. Leguminosce. MACHAERIUM STIPITATUM. Vog. 

Arvore alta, elegantíssima, toda lisa, foliolos 9 — 15, ovaes- 
lanceolados ou oblongos, lisos, pequenos. Panicula ampla; flo- 
res minimas; fruto legumen unialado. 

Só vimos um exemplar em S. Carlos do Pinhal. Infor- 
maram-nos que habita as mattas. Sua madeira é considerada 
muito boa. Floresce nos mezes do verão. 

Apezar de ser fácil a etymologia do nome, é provável que 
não seja exacta, pelo que consideramos o nome duvidoso. 

SEBIPIRA 

SUCUPIRA 

Fam. Leguminosos. BOWDICHIA VIRGILIOIDES. H. B. K. 

V. glaljTata. 

Arvore grande, chegando a mais de um metro de grossu- 
ra, copa ampla, lenho escuro amarellado; folhas caducas com- 
postas, foliolos 13 — 17 oppostos ou subalternados, inverso-ova- 
es-oblongos, obtusos até retusos, base arredondada, cuneiforme 
ou aguda; na face de cima lisas, por baixo sericeo-pubescentes, 


— 101 — 

mais pallidas. Flores pequenas amarelladas odoríferas; fruto 
legumen uniovular. 

Encerrando o fruto uma resina e um oleo essencial extre- 
mamente amargo e aromatico, ó elle usado como o da verda- 
deira sucupira contra rheumatismo sjphilitico. A madeira é 
uma das melhores das de lei, especialmente para esteios e para 
dormentes, razao pela qual esta se tornando cada vez mais 
escassa; 

Habita os cerrados e mattas abertos e floresce antes da 
vinda das fdflas nos mezes do inverno. 

A etymologia destes nomes nós é desconhecida. 

SENNE DO CAMPO 

Fam. Legumínosm. CASSlA CATARCTICA. Mart. 

Arbusto pequeno, lenhoso, viscoso; Miolos ellipticos, ob- 
tusos de margem recurvada, pubescentes e viscosos. Flores 
grandes, amarellas, longe-pedunculadas, de calyce viscoso, 
pubescentes. Fruto legumen curto. 

A decocção das folhas ó purgativa e substitue a senne 
das boticas. 

Habita os cerradões e floresce nos mezes do verão. 

O nome designa a qualidade da: planta que é a mesma 
da senne europea. 

SERRALHO 

Fam. Gomfositm. . .ONCHUS OLERACEUS. L. 

Herbacea, annua, erecta, lisa. Folhas radicaes, pecioladas, 
profundamentè pinnati fidas; as do caule amplexicaules, auri- 
culadas, de base cuspidada. Inflorescencia em capitulo corym- 
boso fasciculada; flores amarellas. Toda a planta tem sueco 
lácteo. 

Está planta é indubitavelmente introduzida no Brazil. As 
folhas servem para salada e o sueco é empregado como ape- 
ritivo e emolliente. Como forragem é boa, especialmente para 
o gado vaceum do qual augmenta o leite. Fornece também 
uma matéria corante amarella. 

Habita os cultivados ou visinhanças das hal)itaQões e flo- 
resce quasi todo o anno. 

Planta Europea que conservou o nome. 


— 102 


SORÓCA 

Fam. Moracem. SOROCEA ILICIFOLIA. Miq. 

Arvore regular de galhos longos. Folhas oblongo-lanceo- 
ladas, grandes, serradas com espinhos na ponta dos dentes. 
Flores insignificantes, verdes, pequenas. 

Ê reputada venenosa por causa do sueco amarellado que 
contem. 

Habita as capoeiras ao longo dos rios e floresce nos mezes 
do verão. 

Ignoramos a procedência deste nome. 

TAPIXABA 

TUPIXABA 

vassourinha 

Fam. ScropJmlariace(B. SCO PA RI A DULCIS. L. 

Herbacea, annua ou perenne; caule erecto, ás vezes com 
a parte inferior deitada, liso, ramos angulosos; folhas oppostas 
ou 3 — verticilladas muito variaveis, approximadas, ovaes-lan- 
ceoladas ou oblongas ou lineari-lanceoladas. agudas, denta- 
das, crenadas ou crenuladas até subintegras; base cuneiforme 
ou attenuado em peciolo, canellado sempre, glanduloso-pon- 
tuadas. Flores axillares, solitárias ou pares, pequenas, verdes; 
fruto capsula pequena. 

E’ considerada emolliente e calmante pelo que é muito- 
empregada nas inflammações internas. 

Habita os campos e floresce nos mezes da primavera. 

O nome do tapixaba deve prevalecer segundo M artius. 

TARUMÃ 

Fam. Verlenaeem. VITEX MONTEVIDENSIS. Cham. 

Arbusto arborescente. Ramos novos tomentosos ; folhas 
quinquepartidas desiguaes, sendo o lobo centr al maior ; pubes- 
cehtes na face de cima, tomentosas por baixo. Flores em cymas 
axillares, pedunculadas, com toda a inflorescencia tomentosa; 
são relativamente grandes, de calyee tomentoso e corolla to- 
mentosa por fóre Msa por dentro, de cor violacea. Fruto dru- 
paceo, comestive) semelhante á azeitona. 

A fruta muciiaginosa é ompregada com vantagem em 
afifeições syphiliticas segundo Martius. Em S. Paulo os pesca- 


— 103 


dores empregam-na pára isca de peixes de rio, especialmente 
a lambari e tabarána. 

Habita de preferencia as mattas de beira rio e floresce 
nos mezes do verão. 

Em parte alguma encontramos a etymologia deste nome. 

TARUMÃ (outra) 

MARIA PRETA (mINAS GERAES) 

Fam. Verbenacem. VITEX POLYGAMA. Cham. 

Differe do precedente pelo indumento que nas folhas no- 
vas ou nos brotos novos é de um avelludado especial, côr de 
pinhão dourado ; pelas flores mui agglomeradas e mais tomen- 
tosas com bracteas mais desenvolvidas e pelos fructos que ahi 
são globosos em vez de ter a forma de azeitona, amarellos. 

Tem os mesmos usos habita os mesmos logares e floresce 
na mesma época que a precedente. 

TEPHROSIÃ 

Fam. Leguminosos. TEPHRO^IA RUFESCEN& Benth. 

Planta herbacea de raiz grossa. Caule pequeno, ás vezes 
prostrado, revestido de longos pellos ruivos ; em geral 3 — fo- 
liolada, foliolos oblongos, mais ou menos obtusos. Flores pe- 
quenas, róseas ; fruto legumen piloso, ruivo. 

Esta planta não tem nome vulgar que saibamos, mas 
sendo muito toxica é bastante vulgar nos campos, apontámos 
ella aqui. Algumas outraS especies deste genero são usadas 
no Amazonas para envenenar as aguas para a pesca, segun- 
do Martius. 

Cresce nos campos arenosos e floresce nos mezes do verão. 

Somos nós que pronomos o nome afim de conhecer-se o 
vegetal sujos qualidade toxicas devem ser evitadas. 

UBA— PEBA 

UVAIASINHA DO CAMPO 

Fam. Myrtaceoe. HEXACHLAMYS HUMILIS. Berg. 

Arbusto anão, lenhoso ; raiz rasteira, comprida, lenhosa ^ 
caule curtíssimo, ás vezes faltando; ramos ascendentes, finos 
cylindricos ; folhas erectas, sesseis, oppostas, coriaceas, alon- 
gadas, lineares, subcarinadas, obtusas, base attenuada ; no es- 
tado novo pubescentes, adultas, lisas na face de cima e sub- 


— 104 — 


pubescentes por baixo. Flores grandes brancas ; fruto drupa 
grande, globosa, amarella. 

E’ uma das mais interessantes plantinhas do campo. Cresce 
em sociedade formando moitas que no tempo da florescência 
desapparecem debaixo da abundancia de suas brancas flores. 
O fruto é comestivel, de um doce acidulado, muito agradavel 
para o paladar. Propriedades medicinaes não, conhecemos. 

Habita os campos e floresce nos mezes da primavera. 

O nome de uba-peba significa planta rasteria e deve ser 
conservado. 

UNHA DE BOI 

TJNHA DE VACCA 

Fam. LeguminosoB. Gen. BAUHJNIA. 

A maior parte das especies deste genero tem o nome aci- 
ma. Na nossa collecção existem : 

B. BONGARDl Steud. 

Arbusto lenhoso até 4 mts. alto; ramos e inflorescencia 
ferrugineo-tomentosos ; folhas ovaes, obtusas, divergentes, base 
subcordiforme, coriaceas, 7 9 nervias, na face de cima lisas 

por baixo ferrugineo-subtomentosas ; flores grandes, brancas ; 
fruto legumen ensiforme, liso no estado adulto. 

Habita as capoeiras e floresce nos mezes do verão. 

B. FORFICATA. Link. 

Arbusto lenhoso, alto, arborescente, ás vezes espinhoso, 
ramos pêndulos, lisos ; folhas acima do meio divididas, bilo- 
badas, lobos ovaes lanceolados, divergentes, obtusos ou agu- 
dos até acuminados, base arredondada ate subcordiforme, va- 
riáveis no tamanho, membranaceas, lisas ou finamente pube- 
scentes por baixo ; inflorescencia em panicula ; flores grandes 
brancas; fruto legumen comprido, chato, liso, escuro. 

Habita as capoeiras e beira — caminhos e floresce nos mezes 
da primavera. 

B. HOLOPHYLLA. Steud 

Arbusto regular, lenhoso ferrugineo-tomentoso até hirto ; 
folhas inteiras, largamente cordato-ovaes, agudas, curtamente 
acuminadas ou as inferiores obtusas, coriaceas, grandes, 9 — 11 
nervias, na face de cima lisas, por baixo vestidas de uma to- 
mentosidade ferruginea, curta ; inflorescencia racemosa, ter- 


105 — 


minai ; flores brancas, um pouco rosadas ; legumen comprido, 
chato, tomentoso. 

Habita as mattas seccas e floresce nos mezes da prima- 
vera. 

B. LEJOFETALA. Benth. 

Cipó altissimo, no estado novo parecendo formado de 3 
cordões cylindricos, um grosso no meio e dois finos dos lados; 
ramos novos finamente pubescentes ; folhas bilobas, divi- 
didas até a metade do comprimento, lobos ovaes, obtusos ou 
curtamente acuminados, base largamente cordiforme, na face 
de cima lisas, por baixo finamente pubescentes, especialmente 
nas nervuras; inflorescencia em espiga; flores albo-roseas; fruto 
não temos visto. 

Habita as , mattas e floresce nos mezes do inverno. 

As suppostas propriedades medicinaes são bastante duvi- 
dosas. 

Alguns lhes attribuem propriedades diuréticas e a facul- 
dade de resolver os cálculos vesicaes, outros dizem que cu- 
ram a morphea e ainda outros lhes usam em cataplasmas para 
resolver abscessos. 

As partes lenhosas ou os cipós são muito apreciados pelos 
marcineiros que delias tiram córtes transversaes íinissimos 
para embutir em mezas e quadros por causa dos desenhos in- 
teressantes que apresentam. 

Sendo o nome tãO' caracteristico deve ser conservado. 

VINHATICO DO CAMPO 

Fam. Leguminoscs. ENTEROLOBIUM ELLIPTICUM. Benth. 

Forma planifoUa. B. 

Arvore de 5 mts. elegante, ornamental. Ramos patentes, 
foliosos, lineare-oblongos, verde-escuros na face de cima, mais 
claros por baixo. Flores em capitules albos, insignificantes. 

A madeira é bastante apreciada. 

Habita os cerrados e floresce nos mezes do verão. 

Não conhecemos a origem deste nome. 



índice alphabetico 


A. 

PAG. 


Aboborinha do mato . . 7 

Abutüon Bedfordiaimm . 24 

Acacia paniculata . . . 89 

Acanthoclades b r a s i- 

liensis 85 

Acantbospermum xantoi- 
des . . . . . . . 41 

Açoita- cavallo .... 7 

» » outra . . 8 

Açucena do mato ... 8 

Agrião . 8 

Agua-pé. . .... . 9 

Alcaçuz 10 

Alcanphoreira .... 10 

Alecrim do campo. . . 11 

Alfafa . 11 

Alfavaca 11 

Algodeiro do campo . . 12 

Alibertia concolor ... 90 

» sessilis ... 90 

Almecega vermelha . . 12 

Ambrosia polystachia . 52 

Amêndoa ue espinho . . 13 

Amora preta ..... 13 

» » outra ... 14 

Anacardium humile . . 29 

» pumilum . . 29 


PAG. 


Andira humilis .... 14 

Andropogon virginicus . 36 

Angelim 14 

Angico ....... 14 

Anil . . . 15 

Animé 12 

Anona coriacea .... 17 

Anona furfuracea ... . 17 

Apanha saia 15 

Apó . . 15 

Araçá . 16 

Araçá felpudo .... 16 

Arara-uva 16 

Araribá. . . . . . .16 

» do campo . . 17 

Araticum do campo . . 17 

» » )) outra 17 

Araujia cericifera . ' . . 49 

Arctium minus. ... 41 

Aroeira branca . . . . 18 

» commum ... 18 

» do campo . . . 18 

Aristida pallens .... 33 

Aristolochia crenata . . 82 

» brasiliensis. 81 
» Burchellii . 81 

» Chamissonis 82 


— 108 — 




PAG. 


Arrebenta-cavallo ... 19 

Arvore copal 19 

Arvore de espinho. . . 57 

Asclepsia Curassavica . 46 

Aspidosperma polyneu- 

ron 97 

Assa-peixe 20 

Ataúba ....... 20 

Azedinha do campo . . 21 


Brunfelsia Hopeana . 
Buddleia brasiliensis. 

Butereiro 

Butuá de corvo . . . 

Buttneria australis . 

)) catalpifolia. 

)) filipes. . . 

» scabra. . . 

Byrsonima verbascifolia 


B. 


C 


Baccharis articulata . . 

)) genistelloides. 
» stenocephala . 
Baccharis tarchonanthoi- 

des 

» vulneraria . . 

Bacupari 

Banana do Brejo . . . 

Bananeirinha 

Barbasco 

Barbatimão 

Baririçó amarello . . . 

Barnadesia rosea . . . 

Basanacantha spinosa . 
Batata de purga . . . 

» do campo . . . 

Batatinha do campo . 
Bauhinia Bongardi 

» forficata . . . 

» holophyila . . 
» leiopetala . . 
» pulchella . . 

Belangera tomentosa . . 

Bençam de Deus . . . 

Bico de pato 

Boehmeria caudata . . 
Boerhavia hirsuta . . . 
Bolsa do pastor .... 
Bombas gracilipes. . . 

» pubescens. . . 
Bouchea pseudogervão . 
Bowdichia virgiloides 
Bredo fedorento . . . ! 
Briza Neesii . . . 

Brosimum Gaudichaudii.’ 


43 

43 

43 

39 

73 
21 
21 
22 
22 

■ 22 
23 
58 
63 
23 
23 

23 
104 
104 

104 

105 
92 

8 

24 

25 
20 

74 
25 
57 
57 
66 

100 

24 

38 

15 


Caangai 

Caa-été 

Caapeba . . . . . 

Caa-piá-assú .... 

» » mirim . . . 

Cabaceiro 

Cabello de negro . . 

Cabriuvinha do campo 

Cabureiba 

Caixetta 

Cajanus indicus . . 

Cajueiro bravo . . . 

» do campo . . 

Caladium striatipes 
Calção de velha . . 

Camará 

» do mato . . . 

Camarú. . . . . . 

Camapü 

Cambaiba 

Cambará 

Campomanesia salviae 
folia . . . . . . 

Camptosemarubicundum 
Candeia de cajú. . . 

Canellas . . . . • 

Canna aurantiaca . . 

Cangabá 

Cangambá .... 
Cansanção .... 
Canudo de pito . . . 

Capa-homem . . . . 

Caperiçoba vermelha . 
Capim amargoso . . 

y> barba de bode 


PAG. 

28 

22 

26 

12 

84 

26 

84 

84 

55 



26 

22 

26 

27 
27' 

28 
17 
28 
28 
29 
53 
28 

29 
21 
22 

30 

30 

31 
31 
28 
30 


67 

54 

31 

32 
22 
82 
82 
32 

32 
28 

33 
33 
33 



109 — 


Capim branco . . . 

» flecha .... 

» flechinha . . 

» flor . . . . 

y> gordura . . . 

» lanceta . . . 

» membeca . . 

» mellado . . . 

» milhã g"rande . 

» mourão . . . 

» papouã . . . 

y> roxo .... 

» trigo .... 

Capixim . . . . 

Capixingmi . . . . 

Caporordca . . . . 

Capsicum frutescens . 

Carapacü- peteca . . 

Carupucú-peteca . . 

Carapiá . . . . • 

Carapicho da calçada. 

» outra . . 

y> do grande . 

Carasco do campo. . 

Carobinha do campo . 

» outra. . . 

y> miuda . . 

Carqueija . ... . 

Carurú amargoso . . 

» bravo . . . 

Caryocar brasiliensis . 

Casca d’anta . . . 

Cascavellaria. . . . 

Casearia sylvestris 

Cassia afiinis. . . . 

Cassia cathartica . . 

» ofíicinalis . . 

» rugosa . . . 

Cataguá 

Caxi-coém 

Caya-piá ..... 

Cega-olho ... . . 

Ceitis glycycarpa . . 

Cephaeiis Ipecacuanha 

Centro 1 o b i u m tomen- 
tosum . . . . . 

Chá de bugre . . . 


Chá inglez ..... 

PAG, 

47 

Chaptalia integrifolia . 

86 

Chenopodium ambrosioi- 
des 

68 

Chupa-ferro. 

48 

Chuquiragua glabra . . 

58 

» tomentosa . 

58 

)) vagans . . 

58 

Chusquea capituliflora . 

52 

Cingeira * 

29 

Cinnamomo . . . . . 

48 

Cipo caboclo ..... 

28 

» chumbo .... 

48 

» cruz ...... 

49 

» de carijó .... 

28 

)) de cobra .... 

26 

y> sapo 

49 

Cissampelos ovalifolia . 

77 

y> glaberrima . 

26 

Citriosma Apiocyse . . 

85 

Clematis dioica ... 

49 

Cleome spinosa .... 

24 

Clitoria Guayanensis . . 

57 

Coari bravo 

50 

Coatindiva ..... 

50 

Cochlospermum insigne. 

12 

Cobretum Loeíflingii 

96 

Connarus suberosus . . 

17 

Congonha do gentio . . 

47 

Contra-herva 

27' 

Copahyba 

50 

Copaifera LangsdoríR. . 

50 

Coração de Jesus . . . 

51 

Coração de frade . . . 

51 

» de S. Francisco . 

51 

Coroanha 

52 

Cotó 

47 

Cotó-Cotó .... 

47 

Coxi-cahen 

46 

Cravo do campo . . . 

52 

Cravorana 

52 

Crindiuva ...... 

50 

Crixiuma . . . . . . 

52 

Crotalaria anagyroides . 

44 

3> brachystachya. 

44 

» flavicoma . 

44 

» Hilariana . . 

44± 


PAG. 

34 

34 

35 

35 

35 

35 

36 

35 

37 

37 

38 

35 

38 

38 

39 

42 

98 

39 

39 

. 27 

40 

40 

41 

39 

41 

42 

42 

43 

33 

54 

13 

42 

44 

69 

61 

101 

61 

92 

45 

46 

27 

46 

60 

77- 

16 

47 


— 110 — 


Crotalaria holosoricea 
)) striata . . 

)) subdecurrens 

)) vitellina . 

Croton antisyphiliticus 
» floribundus. . 

Cruzeiro , 

Cuandü 

Cuitello 

Cupiero 

Curraleira 

Curucai 

Cuscuta racemosa . . 

Cuspe de tropeiro . . 

D 

Dama dos lagos. . . . 

Daphnopsis brasiliensis . 

Davilla rugosa . . . . 

Declieuxia cordigera . . 

Didymopanax venosum . 

Dioclea rufescens . . . 

Dipladenia spigeliseílora. 
3) illustris . . 

Dorstenia brasiliensis. . 
» bryonisefolia . 

Douradinba 

» falsa . . . 

» grande. , , 

)) verdadeira. . 

Drimys Winterii . . . 

E 

Eichhornia azurea. . . 

Elephantopus spicatus . 
» elongatus . 
3) micropap- 

pus 

3) scaber . . 

Elionurus latiílorus . . 

Embira branca . . . . 

» » outra . . 

33 de folha lisa . . 

33 guassú . . . . 

» outra .... 

Embir-ussú 


PAG. 

44 

44 

45 
44 
10 
39 
53 

53 

54 
54 
10 
12 
48 
54 


9 

56 

28 

53 

86 

52 

79 

80 
27 
27 
55 
55 

55 

56 
42 


9 

66 

66 

66 

65 

33 

56 

56 

57 
57 
57 
57 


Enterolobium e 1 1 i p t i- 

cum 

Enterolobium Timbouva. 
Eragrostis lugens . . . 

Erechtites valeriansefolia 
Eryngium pristis . . . 

Erytbroxylum micro- 

phyllum 

Erytbroxylum Pelleteria- 

num . 

Erytbroxylum sube- 
rosum ...... 

Erytbroxyllum subrotun- 

dum 

Espelina falsa .... 

3) verdadeira . . 
Espinbo de agulha . . 

Espinho de cachorro . . 
33 de carneiro . . 

33 de judeo . . . 

Espora de gallo. . . . 

Esterhazya splendida. . 
Euphorbia brasiliensis . 
33 coecorum . . 


PAG. ’ 

105 

93 

34 

33 / 

85 ' 

64 

64 

66 ; 

64 " 

57 

58 

58 
54 

59 

59 

60 
74 
68 
67 


F 

Farinha secca . . 

Fava de pó de mico 

Faveiro 

Fedegoso .... 
Feijão da praia. . 
Flor de badado . . 

33 -de mico. . . 

33 S.ta Cruz . . 

Folha de bolo . . 

33 33 33 outra 

33 de lixa . . 

33 Santa . . 

Fruta de cachorro. 

33 33 lobo . . 

33 33 pomba . 

» 33 tucano . 

Fumo bravo . . . 

» 33 outro . 

<7 

Galipea jasminiflora . 


60 

61 

60 

61 

61 

79 

8 

53 

62 

62 

28 

62 


I 


63 

64 

64 

65 
65 


' I 





111 — 


Oallinha choca . . , . 

Oanha-saia . . , . . 

Gervão de folha grande. 
Gesnera alagophylla . . 

Geriquiti 

Geriquiti 

Gomphocarpus h r a s i- 

liensis 

Gomphrena juhata. . . 

» Pohlii . . 

» oíiicinalis . 

Grão de cavallo. . . . 

» de gallo. ... . 

Guahiroha. . . . . . 

Guaco . . . . . . . 

Guamixinga . . . . . 

Guandú. 

Guarea inultiílora . . . 

» tuherculata . . 

Guaxica. 

Guérarepoty . ... 

Guiso de cascavel . . , 

H- 

Hamelia patens .... 
Hancornia speciosa . . 

Hedyosmum hrasiliense. 
Helicteres ovata. . 
Helicteres sacarolha . . 

Heliocarpus americanus. 
Herva collegio . . . . 

» de andorinha . . 

» » » outra. . 

» » bicho . . . 

» » lagarto . . 

» » Nossa Senhora 

» » passarinho . 

» )) 3) grande . 

)) » rato .... 

» )) )) outra . . 

» » S. Maria . . 

» » S. Luzia . . 

3) » veado . . . 

3) do pãe Caetano . 

3) gritadeira . . . 

33 grossa 


PAG. 

Herva lanceta . • . . 73 

35 moura 73 

3) mular . . . . 10 

3) Santa 73 

33 soldado .... 74 

33 tostão 74 

33 venenosa .... 80 

Hexachlamys humilis . 103 

Hymenea stigonocarpa . 19 

33 courbaril. . . 19 

Hyptis sericea .... 77 

I 

Ichnanthus caudicans .. 38 

Imbiri 74 

Indigofera anil .... 15 

Infallivel 75 

33 outra .... 75 

Inga edulis 76 

33 heterophylla. . . 76 

33 marginata .... 75 

33 mirim 75 

33 sessillis ..... 76 

33 spuria ..... 76 

33 subnuda .... 76 

33 Uruguayensis . . 76 

lonidium atropurpureum 15 

33 bigibbosum. . 39 

Ipecacuanha ..... 76 

33 falsa ... 46 

Isostigma peucedanifo- 
lium . . . . . . . 52 

Ivitinga 7 

J 

Jaborandi 78 

Jacarandá ...... 25 

33 decurrens . , 42 

33 do campo . . 78 

33 rufa .... 42 

» subrhombea . 41 

Jacatirão 78 

Jalapa branca . . . . 79 

33 vermelha ... 80 

Jalapinha 79 

Jangada brava . ... 80 


PAG. 

66 

15 

66 

23 

67 

67 

95 

86 

75 

96 

13 

60 

67 

51 

48 

53 

90 

20 

16 

69 

44 

72 

87 

74 

99 

99 

80 

65 

67 

67 

68 

69 

26 

69 

71 

72 

72 

68 

67 

39 

72 

55 

65 


112 — 


Japecanga 

Jarrinha 

Jasmim do mato . . 

)) do soldado. 

Jatahy 

Jatobá 

Jatropha curcas. . . 

Jerataca 

Jetaicica 

Joápoca. , . , , . 

Juá 

» bravo 

» -poca 

» -ti 

Juciri 

Jurubeba 

Juquiri 

Jutahy 

K. 

Kielmeyera speciosa . . 

L. 

Lafoensia replicata. . 
Lansbergia cathartica 
Lantana brasiliensis . 
y> camará. . . 

» lilacina . . 

y> macrophylla. 
Larangeira do mato . 
Laranginha .... 

» do campo. 
Leandra scabra . . . 

Leonotis nepeteefolia . 
Leucas Martinicensis. 
Limão bravo .... 

» do mato. . . 
Limãosinho . . . ., 

Limoeiro do mato . . 
Lingua de Araçari . 

y> » Tiú . . . 

» » tucano. . 

» » vacca . . 

Lippia urticoipes . . 
Ltihea divaricata . . 

» paniculata . . 

y> speciosa . . . 


PAG. 

M 


Mãbea fistulifera ... 32 

Macaqueiro 90 

Macella branca .... 86 

Macellinha 86 

Machaerium acutifolium 25 
» discolor . . 25 

)) stipitatum. . 100 

Macrosiphonia longiílora 79 

Malva do campo . . 62 

Maminha de cachorra . 15 

Manacá 82 

Mandioquinha do campo 25 
)) falsa . ... 86 

Mandubi-guassú . . . 87 

Mangabeira 87 

y> brava ... 88 

Manga do mato. ... 60 

Maracujá de cobra . . 88 

» mirim .... 89 

Maria Pereira .... 89 

)) preta 103 

Maricá ....... 89 

Marinheiro . ... . 90 

Marmelinho ..... 87 

» do campo . 90 

Marmello do campo . . 87 

Massambará ..... 91 

Mata-olho ...... 46 

Medicago sativa ... 11 

Melancia do campo . . 91 

Melancium campestre . 91 

Melão de S. Caetano . . 91 

» )) S. Vicente . . 91 

Melia Azedarach ... 48 

Mercúrio do campo . . 66 

» vegetal ... 82 

Metrodorea pubescens . 45 

Miconia Chamissonis . 62 

)) theezans ... 78 

Mikania officinalis. . . 51 

Mil-homens ..... 81 

Milho bravo ..... 91 

Mindubi bravo . . . . 92 

Miroró . 92 

Mocetaiba ...... 92 


PAG. 

81 

81 

63 

48 

19 

19 

87 

82 

19 

31 

83 

83 

31 

83 

84 

84 

84 

19 

62 

31 

23 

30 

30 

30 

30 

45 

85 

21 

30 

51 

5 

85 

63 

85 

45 

85 

69 

85 

86 

95 

7 

7 

7 


— 113 


Mollinedia sp. . . . . 

Momordica charantia. 

Mororó . . . ... 

Morus nigra .... 

Muciina ..... 

Mucuna urens . 

Mulungu 

Mussambé de espinho 
» de sete folhas 

Mjrocarpus fastigiatus 

N. 

Nasturtium oíiicinale. . 

O 

Ocimum gratissimum . 

Oéra 

Oííicial da sala . . . . 

Oleo pardo . . . . .( 

Olho de cabra . . . . 

» » pomba .... 

Orelha de negro . . . 

» » onça .... 

Ormosia coccinea . . . 

Ortiga branca . . . . 

y> mansa. . . . . 

)) vermelha . . . 

Ortigão ....... 

Ouratea castaneifolia. . 

Oxalis hirsutissima . . 

P. 

Paina de seda . . . . 

» do campo . . 

Panicum Echinolaena . 

» Melinis ... 

Páo de lagarto . . . . 

y> )) praga .... 
» » tucano .... 

)) doce 

» do campo . . . . 

» ferro. . . . . . 

» lixa . . . . . . 

» Pereira 

» pombo . . . . . 

» terra. . . . . . 

» do campo . . . . 


Papo de pavò .... 

PAG. 

96 

Para-tudo 

42 

» outra . . . . 

96 

Parova-tuum-tumune. 

22 

Paspalum griseum. 

37 

Passiílora Eichleriana. 

88 

)) Organensis . 

89 

Pe-cáa-guene. .... 

76 

» » cuem . . . . 

76 

Pé de perdiz 

10 

Periandra dulcis. . . . 

10 

Perianthopodus Espelina 

58 

Peroba-assú . ' . . . . 

97 

Perobinha 

97 

Peró-mirim 

97 

Perpetua 

96 

Petum 

65 

Pety 

Phorandendron crassifo- 

65 

lium 

Phoradendron lanceolato- 

71 

ellipticum . . . . . 

71 

Phoradendron rubrum . 

71 

Phoradendron tunseforme 
Phrygilanthus Eugenioi- 

70 

des . . . . . . . 

70 

Physalis angulata . . . 

31 

)) brasiliensis . . 

31 

» pubescens . . 

31 

Phytolacca thyrsiílora . 

54 

Picahonha 

77 

Pilocarpus pinnatifolius. 

78 

Pimenta Comari ... 

98 

» malagueta . . 

98 

Pindahyba 

56 

Pinhão de Paraguay . . 

87 

» )) purga . . . 

87 

Pinha do brejo. . . . . 

98 

Piptadenia macrocarpa . 

14 

Piptocarpha rotundifolia. 

75 

Piqui ; 

13 

Piquiá 

13 

Pixirica. 

30 

Platypodium elegan-. . 

78 

Platyscyamus Regnelli . 

62 

Plenckia populnea. . . 

88 

Poaya ....... 

76 


/ 


PAG. 

38 

51 

63 

14 

61 

61 

93 

24 

24 

28 

8 

11 

69 

46 

28 

93 

67 

93 

94 

93 

94 

94 

94 

32 

60 

21 

95 

49 

35 

35 

69 

51 

29 

29 

95 

17 

95 

62 

64 

95 

95 


— 114 — 


Pontederia cordifolia . . 

Polygala angulata. . . 

» comata . . . 

Posoqueria latifolia . . 

)) macropus. . 

Prateadinlia 

Protium heptaphyllum . 
Psidium incanescens . 
Psittacanthus robustus . 
Psycbotria Marogravii . 
)) rigida . . . 

)) xantopliylla . 
Pterodon pubescens . . 

Purga do campo. . . . 

y> de vento . . . . 

» de carijó . . . . 

Q 

Qualea grandiflora. . . 

Quarenta feridas . . . 

Quina do cerrado . . . 

» falsa . . . . . 

R 

Rainha dos lagos . . . 

Raiz de corvo . . . . 

» do padre Salerma . 

» preta - . 

Rolbunium hirtum . . 

Rhopala brasiliensis . . 

» tomentosa. . . 

Rhuibarbo do campo . . 

Rhynchosia phaseoloides 
Rosa do campo . . . . 

Rosca 

» outra 

Rosca para mulas . . . 

Rubus urticsefolius . . 

Rudgea viburnioides . . 
Ruivinha 

S 

Sacarolhas 

Salacia campestris. . . 
Salgueiro do mato. . . 
Salta-Martinho . . 
Sàmbaiba .... 


PAG. 


Sambaibinlia 28 

Sapuva 100 

Scíiinus terebinthifolia . 18 

» » var. 

Selloana 18 

Schinus Weinmannisefo- 

lius 18 

Scoparia dulcis. . . . 102 

Sebipira ...... 100 

Senecio brasiliensis . . 73 

Senne do campo . . . 101 

Serralho ...... 101 

Sessenta feridas. ... 89 

Sete Marias 24 

» sangrias .... 52 

Sida rhombifolia ... 47 

Solanum aculeatissimum 19 
)) Balbisii' ... 83 

» grandiílorum . 63 

y> Langsdorfíii . . 65 

)) nigrum ... 73 

)) oocarpum . . . 83 

» paniculatum. . 84 

Soliva sessilis .... 54 

Sonchus oleraceus\ . . 101 

Sorghum halepense . . 91 

Soróca 102 

Sorocea illicifolia . . . 102 

Sponia (Celtisj micrantha 50 
Sporobolus indicus . . 37 

Stiíftia parviflora ... 28 

Struthanthus dichotrian- 

thus 70 

Struthanthus vulgaris . 70 

Strychnos brasiliensis . 100 

» pseudoquina . 98 

Stryphnodendron barba- 
timão. .... . 22 

Sucuayá ...... 65 

Sucupira ...... 100 

» lisa 60 

Sweetia brachystachys . 97 

» elegans. ... 97 


T 

Tacahamaca . . . . . 12 

Tagetes minuta . . . . 50 


PAG. 

9 

77 

77 

8 

89 

77 

72 

16 

69 

72 

55 

56 

60 

80 

15 

58 

95 

59 

98 

48 

9 

92 

96 

92 

26 

46 

46 

23 

67 

80 

99 

99 

99 

13 

47 

26 

99 

24 

8 

100 

28 


— 115 — 


Taiuiá 

Talauma ovata . . . . 

Tambuvi . . . . . . 

Tapirira Gruayanénsis. . 

Tapixaba 

Tapixing-ui . . , . . 

Tarairaya . . . . . . 

Tareriaya ...... 

Tarumã. . . . . . . 

» outra 

Tephrosia rufescens . 
Thielodoxa lauceolata 

Teju-assu 

Timbahyba 

Timbó . . . . . . . 

» uba 

Timbucatú 

Tomba . . . . . . . 

Trez folhas brancas . . 

» » do mato . , 

Trianosperma Tuiuyá. . 
Tristachya chrysotliriz . 

» leiostachya . 
Triumfetta longicoma . 
y> nemoralis 

» semitriloba . 

Tuiuiú 

Tupixaba ... . . . 

U 

Ubá-peba . . ... . 

Ubatinga 

Uirarepoti 

Unha de boi 

» » gato . . . . 

» .» vacca . . . . 


PAG. 

Unha de vacca pequena . 21 


Uvacupari 21 

Uva-puva do campo . . 95 

Urera armigera. . . . 94 

» Punu 94 

)) subpeltata . . 94 

Uvaiasinha do campo. . 103 

Y 

Vassoura 22 

Vassourinha 47 

» outra . . . 102 

Velame branco . . . 79 

. » do Rio Grande . 79 

Verbasco 22 


Verbena littoralis . . . 72 

Vernonia brevifolia- . . 11 

Vigna luteola .... 61 

Vinhatico do campo . . 105 


Vinheiro do mato ... 29 

Vitex Montevidensis . . 102 

y> polygama. . . . 103 

Vochysia tucanorum . . 2<) 

W 

Walteria communis . . 55 

X 


Xanthium strumarium . 59 

Ximbó 93 

Ximbuva ...... 93 

Xylopia grandiflora . . 56 

Xylosma Salzmanni . . 59 


Z 

Zeyhera montana ... 25 

Zollernia ilicifolia ... 92 


PAG. 

7 

98 

93 

64 

102 

39 

24 

24 

102 

103 

103 

103 

27 

93 

93 

93 

87 

58 

48 

48 

7 

35 

34 

40 

40 

40 

7 

102 

103 

7 

69 

104 

89 

104