Intèrpret açào de Textos
INTRODUÇÀO
Entende-se por texto um conjunto de enunciados inter-relacionados que formam um todo
signiíïcativo, dependente da coerència conceitual, da coesào seqüencial entre seus
constituintes e da adequaçào às circunstàncias e condiçòes de uso da língua.
A unidade de sentido do texto pressupòe que:
1. o signiíicado de urna parte nào é autònomo, mas depende das outras partes com que se
relaciona;
2. o signiíicado global do texto nào é o resultado de urna mera sorna de suas partes, mas de
urna certa combinaçào geradora de sentidos.
Tipologia Textual
Os textos sào comumente classiíicados em narrativos, descritivos e dissertativos. Convém
esclarecer que essas modalidades diíicilmente sào encontradas em estado puro; elas podem se
alternar num mesmo texto, cada urna desempenhando no texto maior urna determinada
funçào: a narraçào pode ser o eixo condutor do texto, entremeada por descriçòes de
personagens ou cenàrios; a discussào de um problema pode ser entremeada por pequenas
narrativas que ilustrem os argumentos contra ou a favor de um determinado ponto de vista e
assim por diante. Ha urna dominància de um tipo sobre os demais, defïnindo-se, portanto, o
texto em funçào da categoria dominante.
Narraçào
Um texto narrativo tem como objeto fatos reais ou imaginàrios: numa noticia, por exemplo,
narram-se fatos reais, apresentados como tal; nos contos, novelas, romances, narram-se
acontecimentos fictícios ou acontecimentos reais apresentados ficcionalmente.
O texto narrativo constitui-se de uma sèrie de fatos que se situam em um espaço e se
sucedem no tempo: os fatos narrados nào sào simultàneos, como na descriçào, havendo
mudança de um estado para outro, segundo relaçòes de seqüencialidade e causalidade. Ele
expressa as relaçòes entre os individuos, os conflitos e ligaçòes afetivas entre esses individuos
e o mundo, utilizando situaçòes que contem essa vivència.
Elefoi cavando, cavando, cavando, pois suapmfissào - coveíro - era oavar. Mas, de repente, na distraçdo do
oficio que amava, percebeu que cavava demais.Tentou sairda cova e nao consegutu. Levantou o olharpara
ama e viu que soztnho nao conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou maisforte. Ninguémveio.
Millor Femandes, O Coveiro
Descriçào
Descrever é assinalar os traços mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto
uma imprès sào dominante e singular. Dependendo da intençào do autor, varia o grau de
exatidào e minúcia na descriçào.
Diferentemente da narraçào, que faz uma història progredir, a descriçào faz interrupçòes na
història, para apresentar melhor uma personagem, um lugar, um objeto, enfrm, o que o autor
julgar necessàrio para dar mais consistència ao texto. No texto dissertativo, funciona como
uma maneira de comentar ou detalhar os argumentos contra ou a favor de determinada tese
defendida pelo autor.
Era um dia abafadiço e aborrecido. a pobre cidade de sdo luís do maranhdo parecia entorpecida
pelo calor, quase que se nao podia sair à rua: aspedras escaldavam; as vidraças e os lampiòes
faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverberaçóes de prata polida as
folhas das àruores nem se mexiam as carroças de àgua passavam ruidosamente a todo o
instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa epernas arregaçadas,
invadiam sem cerimònia as casas para encheras banheiras e os potes.
Aloisio de Azevedo, O Mulato
PROF a Denise Jean
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Dissertaçào
A dissertaçào consiste na explanaçào ou discussào de conceitos ou idéias. Pode ser expositiva
ou argumentativa.
Dissertaçào expositiva - o autor apresenta urna idéia, urna doutrina e expòe o que ele ou
outros pensam sobre o tema ou assunto. Geralmente amplia a idéia central, demonstrando
sua natureza, antecedentes, causas próximas ou remotas, conseqüèncias ou exemplos.
Os distúrbios cardiovasculares sao a principal causa de mortes no mundo, com 1 7 milhoes de
óbitos - o equivalente a urna a cada tres mortes. No Brasil, somam 300.000 por ano. Mantido o
cenàrio atual, estima-se que em 2020 as mortes provocadas por eles cheguem a 25 mühòes.
Quando se ouve que esse crescimento està intimamente associado ao aumento dos casos de
obesidade, hipertensao e stress, a primeira frase que vern à cabeça é que é muito difícil manter
um estilo de vida saudàvel no mundo moderno.
(Veia, jul. 2002)
Dissertaçào argumentativa - o autor quer provar a veracidade ou falsidade de idéias. Pretende
convèncer o leitor ou ouvinte, por meio do emprego de argumentes, de provas evidentes, de
testemunhas.
Qual a razúo de ser do terrorismo? A injustiça, como alegam alguns? Nao, nào é por ai. Veja-se o caso dos
bascos. Conforme recorda Javier Martos em artigo publioado no Estado (1 3/3), hd mais de 25 anos nao ha
opressao na regiao basca, que dispoe de governo autónomo, Parlamento de ampbspoderes e força polida!
própria. Mas nao basta. Os bascos dissidentes nao aceitam a autonomia, como as demais províncias
espanholas, eles exigem a soberania, a independència total. Por que o governo de Madri nao concede a
independència aos bascos? Simplesmenteporque apostulaçdo de independència nao se sustenta na menor
legitimidade, contruriando a vontadedagrande maioria dapopulaçao basca.
Gilberto de Mello Kujawski, Império e Terror
A dissertaçào envolve:
Introduçao
idéia- núcleo
Desenvolvimento
confïrmaçào da idéia- núcleo +
apresentaçào de idéias
complementares = argumentaçào
Conclusao
geralmente,
apresenta a
retornada da idéia-
núcleo
Paràgrafo é a unidade da escrita em que, por meio de urna sèrie de frases, se desenvolve
apenas urna idéia relevante.
Introduçao - o primeiro paràgrafo deve conter a informaçào do que serà apresentado
posteriormente. É urna espècie de indice do desenvolvimento.
Desenvolvimento - pode ocupar vàrios paràgrafos em que se expòem juízos, raciocínios,
exemplos sólidos e justificativas que argumentem a idéia central proposta na introduçao.
Conclusao - é a parte final do texto em que se condensa a essència do conteúdo desenvolvido,
reafirma-se o posicionamento exposto na tese ou lança-se urna perspectiva sobre o assunto.
Argumentaçào
Argumentar é convèncer ou tentar convèncer mediante a apresentaçào de razòes, em face das
provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente.
Inferència
Inferir é conduir, deduzir pelo raciocínio, apoiado em indícios contextuais e no conhecimento
de mundo.
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Governo vai intervir nos pianos de saúde
Inferència 1 - hàproblemas sérios de desrespeito ao cidadào nessa àrea
Inferència 2 - o país núo tem urna política de saúde pública que proteja o cidadào
Inferència 3 - os pianos de saúde vào tomar medidas de retaliaçüo como
conseqüència dos medidas do governo
O brasileiro nunca viajou tanto para o exterior
Inferència 1 - houve urna mudança nos hàbitos do brasileiro
Inferència 2 - o brasileiro núo està valorizando o Brasil
Inferència 3 - o brasileiro està tendó alto poder aquisitivo
Inferència 4 - o turismo no exterior é mais barato
Inferència 5 - aumentou o contrabando de produtos estrangeiros
Resolva
(esaf) Considere o fragmento para as duas questòes abaixo:
"Um dos mais respeitados colégios particulares da cidade de Sao Paulo esta fechando suas
portas por causa da briga crònica entre pais de alunos e donos de escolas em torno das
mensalidades escolares."
(Veja, 27.9.89)
1. Assinale a alternativa que contem urna conseqüència do fato relatado.
a. Duas escolas se prontifïcaram a admitir os alunos da escola extinta. Unia delas esta
contratando boa parte de seu corpo docente.
b. A interferència do governo na fixaçào dos índices de reajuste das mensalidades escolares é
conseqüència do "lobby" bem sucedido dos proprietàrios de escolas privadas junto ao MEC.
c. O triste desfecho desse fato é emblemàtico da situaçào da educaçào brasileira.
d. Dois meses depois que o governo federal liberou os preços das mensalidades escolares, a
Justiça de Sao Paulo decidiu que os reajustes voltam a ser controlados, nào podendo
exceder os índices mensais de inflaçào.
e. O Sindicato dos Professores de Sao Paulo realizou um levantamento segundo o qual esta é
a escola que melhor remunera os professores.
2. Assinale o trecho que constitui urna premissa do fato relatado.
a. As escolas que pagam salàrios baixos a seus professores e funcionàrios sào as que mais
dào lucros.
b. Para manter a qualidade do ensino requerida pela sociedade, as escolas privadas estào
incrementando convenios com empresas e indústrias.
c. O ensino privado custa caro e tende a ficar mais caro com as necessidades tecnológicas
impostas a cada dia pela moderna educaçào.
d. No vàcuo criado pela ausència do Estado no ensino secundàrio proliferam as escolas
privadas.
e. Como decorrència do crescimento populacional urbano, existe hoje, nas grandes
metrópoles, um grande dèficit de salas de aula.
3. (esaf) Indique o único segmento que serve como argumento contrario à defesa da
manutençào do ensino superior gratuito no Brasil.
a. Ha um principio de justiça social segundo o qual o pagamento por bens e serviços deve ser
feito desigualmente, conforme as desigualdades de ganho.
b. A Europa considera investimento a formaçào de quadros de nível superior.
c. Nos EUA, a maior parte do orçamento das melhores universidades é composta por
doaçòes, convenios com empresas ou órgàos federais, fundos privados, cursos de
atualizaçào profissional.
d. Nos EUA, o montante arrecadado pelas universidades de seus estudantes, a titulo de taxas
escolares, nào chega ao percentual de 20% de seu orçamento global.
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e. No Brasil, país com renda per capità de aproximadamente US$ 2 mil, urna taxa escolar de
US$ 13 mil/ano por aluno, conforme estimativa do Banco Mundial, é quantia astronòmica.
4. (esaf) Indique o único item que serve como argumento favoràvel à defesa da legalizaçào da
pena de morte no Brasil.
a. A incapacidade de um ser humano julgar o outro com isençào de a nim o.
b. O sistema carceràrio encontra-se privado das condiçòes necessàrias capazes de promover a
reabilitaçào para a plena convivència social.
c. A irreparabilidade do erro jurídico.
d. O sensacionalismo da mídia ao expor o sentimento dos familiares e amigos do réu diante
da consumaçào da pena.
e. Os estados americanos que legalizaram a pena de morte apresentaram um
recrudescimento no número de crimes violentos.
5. (esaf) A revista Veja entrevisteu um endocrinologista e sobre ele afïrmou:
"... acostumou-se a tratar de todo tipo de molèstia metabòlica, desde disfunçòes hormonais
até o diabetes, sem jamais ter perfilado entre aqueles que consideram um grama um peso
na consciència ."
Marque a declaraçào desse medico que segué a mesma direçào argumentativa do texto
sublinhado.
a. "Mas a culpa da manipulaçào também é do próprio obeso, que quer resolver seus problemas através
de fórmulas instantàneas. "
b. "O gordo é explorado por urna indústria que reúne médicos, indústrias farmacèuticas, institutos de
beleza e autores de livros sobre dietas. "
c. "Os carboidratos tem a vantagem de ser urna alternativa mais saudàvel na dieta que as gorduras e
as proteínas."
d. "A neurose das dietas esta transformando em pecado o prazer de comer urna refeiçào saborosa."
e. "Essa història de ter de comer em determinados horarios quando se fàz dieta é bastante
questionàvel. Teoricamente, o ideal é que a pessoa coma vàrias vezes ao dia."
6. (esaf) Marque o item que apresenta urna ilustraçào confïrmatória da tese postulada no
seguinte texto:
"Pode-se afirmar que a distribuiçào injusta de bens culturais, principalmente das formas
valorizadas de falar, é paralela à distribuiçào iníqua de bens materiais e de oportunidades."
S. M. Bortoni
a. Prova disso sào os modernos "shopping centers", cujo espaço foi arquitetonicamente projetado para
permitir a convivència barmoniosa da empregada e da "madame", do porteiro e do ministro, enfim,
de ricos e pobres.
b. Temos na diversidade dos programas de televisào um exemplo de que a diferença outrora marcante
entre cultura de élite e cultura popular hoje esta reduzida a urna mera questào de grau.
c. A iniqüidade na distribuiçào de bens culturais no Brasil encontra demonstraçào inequívoca na
oposiçào que ainda hodiernamente se íàz entre casa-grande e senzala.
d. Demonstra este fato o esforço que fàzem dirigentes políticos e sindicais provenientes das camadas
baixas da sociedade para dominar a variedade padrào da língua portuguesa.
e. Os chamados "meninos de rua", menores abandonados e meninas prostituídas testemunham, no
Brasil da modernidade, a falència das élites em dividir o bolo da economia.
Leia o texto a seguir para responder à questào 7.
Enquanto o patrimònio tradicional continua sendo responsabilidade dos Estados, a promoçào
da cultura moderna é cada vez mais tarefa de empresas e órgàos privados. Dessa diferença
derivam dois estilos de açào cultural. Enquanto os governos pensam sua política em termos
de proteçào e preservaçào do patrimònio histórico, as iniciativas inovadoras ficam nas màos
da sociedade civil, especialmente daqueles que dispòem de poder económico para financiar
arriscando. Uns e outros buscam na arte dois tipos de ganho simbólico: os Estados,
legitimidade e consenso ao aparecer como representantes da història nacional; as empresas,
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obter lucro e construir através da cultura de ponta, renovadora, urna imagem "nao
interessada" de sua expansào econòmica.
(Nestor Garcia Canclini, Cuitaràs Hibridas, p. 33, com adaptaçdes)
7. (esaf) Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes inferèncias a respeito do texto.
) O Estado e a sociedade civil sào co-responsàveis por açòes culturais, cada um no seu àmbito.
) Nào existe preservaçào do património histórico sem produçào de cultura de ponta.
) Ambos os estilos de açào cultural identiíicados no texto produzem ganhos simbólicos.
) Financiar iniciativas culturais inovadoras implica incórrer em riscos econòmico-financeiros.
) A arte pode servir para camuflar interesses econòmicos expansionis tas.
) Só pela atuaçào cultural, os Estados podem tornar-se representantes da història nacional.
A seqüència de respostas corre tas é
a. V-V-F-F-V-F
b. V-F-V-V-V-F
c. V-F-F-V-V-V
d. F-F-V-F-F-V
e. F-V-V-F-V-F
8. (esaf) Assinale a opçào que nào constituí urna inferència das idéias do trecho abaixo.
Na tentativa de explicar a ocorrència de fome nos paises subdesenvolvidos, surge, após a
Segunda Guerra Mundial, a teoria demogràfica neomalthusiana, logo perfilhada pelos paises
desenvolvidos e pelas élites dos paises subdesenvolvidos. Segundo essa teoria, urna populaçào
jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos os
paises subdesenvolvidos, exige grandes investimentos sociais em educaçào e saúde. Com isso,
diminuem os investimentos produtivos nos setores agricola e industrial, o que impede o pleno
desenvolvimento das atividades econòmicas e, portanto, da melhoria das condiçòes de vida da
populaçào. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um
país, menor a renda per capità e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes
econòmicos.
(Eustaquio de Sene e Joao Carlos Moreira, Geografia geral e do Brasil: espaço geogràfico e globalizaçao, Sao Paulo: Scipione, 1 998,
pp. 338/9, com adaptaçòes)
a. O crescimento populacional é o responsàvel pela ocorrència da misèria.
b. Em conseqüència das elevadas taxas de natalidade, os paises subdesenvolvidos vèem-se
impedidos de alcançar o pleno desenvolvimento das atividades econòmicas.
c. Sem programas efetivos de controle de natalidade acessíveis às camadas mais pobres, toda
política de redistribuiçào de renda tenderà ao fracasso.
d. Urna populaçào numerosa condena muitos jovens a engrossar o enorme contingente de
mào-de-obra desqualificada que ingressa anualmente no mercado de trabalho.
e. À medida que as famílias obtèm condiçòes condignas de vida, tendem a diminuir o número
de filhos para nào comprometérem o acesso de seus dependentes aos sistemas públicos de
educaçào e saúde.
Mecanismos para construçao do texto
Para que um conjunto de vocàbulos, expressòes, frases seja considerado um texto, é preciso
haver relaçòes de sentido entra essas unidades (coerència) e um encadeamento linear das
unidades lingüísticas presentes no texto (coesào).
É devido à coerència que um texto apresenta urna unidade de sentido. A coerència é profunda,
ou seja, nào se evidencia na superfície do texto, porque é essencial ao seu sentido. A coesào se
apresenta de forma explícita, por meio de marcas lingüísticas - sintàticas, gramaticais e
semànticas.
Coerència
A coerència ou conectividade conceitual é a relaçào que se estabelece entre as partes de um
texto, criando urna unidade de sentido. Ela é o resultado da solidariedade, da continuidade do
sentido, do compromisso das partes que formam esse todo.
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A coerència depende de urna sèrie de fatores, entre os quais vale ressaltar:
• o conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado
pelos interlocutores;
• o domínio das regras que norteiam a língua - isto vai possibilitar as vàrias combinaçòes dos
elementos lingüísticos;
• os próprios interlocutores, considerando a situaçào em que se encontram, as suas
intençòes de comunicaçào, suas crenças, a funçào comunicativa do texto.
Coesào
A coesào, ou conectividade seqüencial, é a ligaçào, o nexo que se estabelece entre as partes de
um texto, mesmo que nào seja aparente. Contribuem para esta ligaçào elementos de natureza
gramatical (como os pronomes, conjunçòes, preposiçòes, categorias verbais), elementos de
natureza lexical (sinònimos, antònimos, repetiçòes) e mecanismos sintaticos ( subordinaçào,
coordenaçào, ordem dos vocàbulos e oraçòes). É um dos mecanismos responsàveis pela
interdependència semàntica que se instaura entre os elementos constituintes de um texto.
Atençào para os elementos coesivos dos textos abaixo.
Carcereiros alvejados
O Estado de S. Paulo - 04/07/06
Mais do que ataques a in divíduos, os atentados atribuídos àfacçao criminosa PCC
contra agentes carceràrios sào urna agressào ao Estado. Tal atitude nào pode ser tolerada.
t
Ao que tudo indica, os servidores foram covardemente assassinados por serem
representantes do poder publico e desempenharem afunçao de manter a disciplina nos
presídios.
(...)
(... ) O carro de um quinto agente tambémfoi alvejado nofim de semana, mas o
carcereiro conseguiu escapar ileso. Ao dirigir suas açòes contra representantes do poder
publico , oPCC vai assumindo um perfil claramente terrorista. Sao atitudes que lembram as da
Màfia e de outros sindicatos do crime . Nenhum deies , vale lembrar, triunfou sobre o
Estado.
A afronta oberta pelo comando criminoso legitima urna açào mais incisiva de parte
t
das autoridades . Nao se trata de agir ao arrepio da lei, mas de intensificar a
vigilància sobre a populaçào carcerària . É importante identificar novas lideranças da
quadrilha e isolà-los imediavamente emregimesprisiqnaisma^ Qs Quais impeçam
completamente a comunicaçào do presó com, seus comandados.
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Cordào dos desafïnados
Consultor Jurídico - 05/ 07/ 06
(...)
Os reclamantes afirmam que aproibiçúo introduzida pela minirreforma eleitoral colide
com a Lei 3.857/60, que ïhes assegura o "livre exercício da profïssao de musico em todo o
território nacional".
CONEXÒES
Os conectivos também sào elementos de coesào. Urna leitura eficiente do texto pressupòe,
entre outros cuidados, o de depreender as conexòes estabelecidas pelos conectivos.
Principais Conectivos
• Conjunçóes Coordenativas
Aditivas - e (afïxmaçào), nem (negaçào), mas também, bem como
Eu estudo, e ela trabalha .
Adversativas - mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto
Querem ter dinheiro, mas nào trabalham .
Alternativas - ou, ou... ou, ja... ja, ora ... ora
A juventude atual ora reclama ora atrapalha .
Conclusivas - portanto, logo, por isso, assim, entao, pois (posposto ao verbo)
Voce é o dono do carro, logo é o responsàvel .
Explicativas - que, porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo)
Naofaça cas o, pois estamos aqui para ouvi-lo .
• Conjunçóes subordinativas
Causal: porque, porquanto, visto que, ja que, urna vez que, como, que
A Cofins deve ser paga em todas as situaçòes, jà que incide sobre o faturamento das
pessoas jurídicas .
Comparativa: (mais) ... que, (menos)... que, (tao)... quanto, como.
A luz é mais veloz (do) que o som (é) .
Concessiva: embora, conquanto, inobstante, nào obstante, apesar de que, se bem que,
mesmo que, posto que, ainda que, em que pese.
Embora o ex-marido sabidamente nào seja o pai biolóqico , continua tendó direitos sobre a
criança.
Condicional: se, a menos que, desde que, caso, contanto que.
As lojas poderao obrir suas portas, desde que os loiistas possibilitem a saida dos
funcionàrios para votar .
Conformat i va: como, conforme, segundo.
Conforme ensina o antropóloqo Euqènio Pascele Lacerda , a origem dafarra do boi
remonta ao povoamento da costa litorànea do estado de Santa Catarina. . .
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Consecutiva: (tal)... que, (tào)... que, (tanto)... que, (tamanho) . . . que.
A pré-campanha para 2008 é tào evidente que os candidatos às vezes esquecem até
de citar seus números de pretendentes a deputado estadual e federal àgora em
2006 .
Temporal: quando, enquanto, sempre que, assim que, desde que, logo que, mal.
Os policiais passavam pelo local quando viram a movimentaçào no restaurante .
Final: a fïm de que, para que, porque.
O artista levarà para Nova Iorque tres exemplares, de forma que o museu tenha urna
alternativa em caso de avaria .
Proporcional: à proporçào que, à medida que, tanto mais.
Os governadores reeleitos viram a popularidade se esvasiar diariamente, à medida
que se aproximava o final do mandato .
• Pronomes Relativos
Sao palavras que representarà només ja referidos, com os quais estào relacinonados: cujo,
onde, qual, quanto, que, quem.
Cujo: só poderà ser empregado quando houver indicaçào de posse, ficando entre o elemento
possuído e o elemento possuidor. Nào ha artigo após o pronome.
Um corpo dejurados escolhe um arquiteto cuja obra tenha "contribuído
consistentemente para o desenvolvimento da humanidade".
Onde: indica lugar e pode ser substituído por em que, no qual, na qual, nos quais, nas quais.
Policiais da Força Nacional de Segurança Pública entraram hàpouco no Presídio de
Seguranga Màxima de Naviraí, onde o clima é considerado tenso.
Qual: empregado com artigo anteriormente a ele (o qual, a qual, os quais, as quais) é pronome
substituto de quem ou que. O artigo anterior ao pronome concorda com o elemento
antecedente.
A medida pegou de surpresa os analistas, os quais entendem que a intençào do BC é
impedir que a elevaçào do dòlar pressione a inflaçào.
Quanto: só poderà ser empregado após as palavras tudo, todos ou todas.
Sucessivamente, na estètica de Immanuel Kant, "belo é tudo quanto agrada
desinteressadamente" .
Que: pode ser empregado tanto para pessoas quanto para coisas, sem a indicaçào de posse.
Pode ser substituído por o qual e suas variaçòes.
O deputado Raül Jungmann cobrou explicaçào do senador que presidia a sessào.
Quem: só deve ser empregado para pessoas, sem a indicaçào de posse, evidentemente.
O acusador de Castilho era o criminalista Màrcio Thomaz Bastos, com quem Pacheco
trabalhou até que ele se tornasse ministro da Justiça.
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• Para fazer referència a dois elementos
Primeiro e segundo: obviamente, o termo primeiro refere-se ao primeiro elemento da dupla
anteriormente citada, e o segundo, ao segundo.
Este e aquele: o termo este refere-se ao segundo elemento da dupla anteriormente citada, e o
aquele, ao primeiro.
Um e outro: o termo um refere-se ao segundo elemento da dupla anteriormente citada, e o
outro, ao primeiro.
A rotina e a quimera
Carlos Drummond de Andrade - Texto constante da prova do Auditor Fiscal da
Previdència - Cespe-UnB - 1998
(...) Mas, sem gratidao especial ao autor, ou talvez separando neste o artista do rond-
de-cuir, para estimar o primeiro sem reabilitar o segundo.
O certo é que um e outro sào inseparàveis, ou antes, este determina aquele . (. . .)
Resolva
9. (esaf) Indique a ordem em que os períodos devem se organizar no texto, de modo a
preservar-lhe a coesào e a coerència.
1. O país nào é um velho senhor desencantado com a vida que trata de acomodar-se.
2. O Brasil tem memòria curta.
3. É mais como um desses milhòes de jovens mal nascidos, cujo único dote é um ego
dominante e predador, que o impele para a frente e para cima, impedindo que a misèria
onde nasceu e cresceu lhe sirva de freio.
4. "Nào lembro", responde, "faz muito tempo".
5. Lembra o personagem de Humphrey Bogart em Casablanca, quando lhe perguntaram o que
fizera na noite anterior.
6. Mas esta memòria curta, de que políticos e jornalistas reclamam tanto, nào é, como no caso
de Bogart, urna tentativa de esquecer os lances mais penosos de seu passado, um conjunto
de desilusòes e perdas que leva ao cinismo e à indiferença.
(baseado no texto de José Onofre)
a. 1, 2, 6, 5, 4, 3 c. 2, 6, 1, 3, 5, 4 e. 2, 5, 4, 1, 6, 3
b. 2, 5, 4, 6, 3, 1 d. 1, 5, 4, 6, 3, 2
10. (esaf) Indique a seqüència correta que transforma os fragmentos abaixo em um texto coeso
e coerente.
1) Assiste-se hoje a um momento de superaçào do conceito de Estado-Naçào.
2) Novembro de 1989. Anoitece em Berlim e milhares de pessoas se dirigem ao Muro de
Berlim.
3) Em questào de horas, o Muro era desfigurado, e, com ele, a ordem internacional
implantada no pós-guerra.
4) O fenòmeno tem atraído a atençào de acadèmicos e analistas políticos de todo o mundo.
5) Na nova etapa històrica que se inaugurou a partir de entào, o mundo assistiu, perplexo, à
desintegraçào da Uniào Soviètica e da Iugoslàvia.
a. 1-4-5-2-3 c. 4-1-5-2-3 e. 4-3-5-1-2
b. 2-3-5-4-1 d. 2-3-4-1-5
11. (vuwesp) Assinale a alternativa em que o pronome relativo onde obedece aos principio s da
língua culta escrita.
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a. Os fonemas de urna língua costumam ser representados por urna sèrie de sinais gràfïcos
denominados letras, onde o conjunto delas forma a palavra.
b. Todos ficam aflitos no momento da apuraçào, onde serà conhecida a escola campeà.
c. Foi discutida a pequena carga horària de aulas de Calculo e Física, onde todos
concordaram e desejam mais aulas.
d. Nào se pode ferir um direito constitucional onde visa a garantir a educaçào pública e
gratuita para todos.
e. Nào se descobriu o esconderijo onde os seqüestradores o deixaram durante esses meses
todos.
12. (vunesp) Nos períodos abaixo, as oraçòes sublinhadas estabelecem relaçòes sintàticas e de
sentido com outras oraçòes.
I. Eles compunham urna grande coleçào, que foi se dispersando à medida que seus íïlhos se
casavam , levando cada qual um lo te de herança. (Proporcionalidade)
II. Mal se sentou na cadeira presidencial , Itamar Franco pas sou a ver conspiraçòes. (Modo)
III. Nunca foi professor da UnB, mas por ela se aposentou. (Contrariedade)
IV. Mesmo que tenham sido só esses dois , jà nào se configuraria a roubalheira? (Concessào)
A classificaçào dessas relaçòes està correta somente nos períodos
a. I, II e III b. II e IV c. I e III d. II, III e IV e. I, III e IV
13. (vunesp) Os princípios da coerència e da coesào nào foram violados em:
a. O Santos foi o time que fez a melhor campanha do campeonato. Teria, no entanto, que ser
o campeào este ano.
b. Apesar de a Sabesp estar tratando a àgua da Represa de Guarapiranga, portanto o gosto
da àgua nas regiòes sui e oeste da cidade melhorou.
c. Mesmo que os deputados que deponham na CPI e ajudem a elucidar os episódios obscuros
do caso dos precatórios, a confiança na instituiçào nào foi abalada.
d. O minis tro reafirrnou que é preciso manter a todo cus to o plano de estabilizaçào
econòmica, sob pena de termos a volta da infiaçào.
e. Antes de fazer ilaçòes irresponsàveis acerca das medidas economicas, deve-se procurar
conhecer as razòes que, por isso, as motivaram.
14. (VUNESP)
(I) No começo da manhà, um semàforo pifou e parou o transito da Avenida Vital Brasil até a
Avenida Eusébio Matoso.
(II) Dez minutos antes, a quebra de um ònibus na Rebouças complicou de vez a situaçào.
Sobre esse texto é correto afirmar que
a. hà urna desconexào entre os enunciados I e II, além de caracterizar-se mescla dos níveis de
fala cuito e popular.
b. os enunciados estào ligados pela idéia de causa (I) e conseqüència (II), além de
caracterizar-se mescla dos níveis de fala cuito e popular.
c. no texto hà uniformidade quanto ao nível de fala, que é o cuito; entre os enunciados I e II
precede o relato em I.
d. no enunciado I existe um fato que nào guarda qualquer relaçào com o fato relatado no
enunciado II; o nível de fala do texto é o popular.
e. deveria ter sido iniciado com o enunciado II para garantir a uniformidade de nível de fala.
15. (esaf) Indique a opçào que dà seguimento ao período abaixo, respeitados os requisitos de
coesào e coerència do texto.
"A estatizaçào na economia brasileira se aprofundou em um período histórico em que a
intervençào estatal nos setores de infra- es trutura, insumos bàsicos e serviços públicos era
vista (...)"
Octàuio Tourinho e Ricardo Viana
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Intèrpret açào de Textos
a. nào apenas como benèfica, mas como necessària para a consolidaçào da produçào ou da
prestaçào de serviços naqueles setores.
b. sob a òptica de urna política de atuaçào estatal privatista, alicerçada tanto em
investimentos internos quanto em financiamentos estrangeiros.
c. pelos meios acadèmicos e intelectuais como medida necessària para implantar no Pais a
livre concorrència cuja comercializaçào de bens de consumo supérfluos.
d. enquanto oportunidade històrica, social e econòmica, cujo resgate da "divida social" que
havia se acumulado com as camadas mais carentes da populaçào.
e. como a forma mais eficaz de implantar no àmbito da esfera pública, de que é tributària a
parcela mais necessitada e pobre da sociedade brasileira.
16.(esaf) Indique o fragmento que da seqüència ao trecho abaixo, respeitadas a coesào e
coerència das idéias nele contidas.
Neste final de século, assiste-se à configuraçào de urna nova demarcaçào do curso do
pensamento. As categorias com que se tem pensado a realidade foram e estào sendo
postas em questào. Os modelos de pensamento que até entào davam conta do mundo
a. continuam a explicar a relaçào do homem moderno com seu mundo biopsiquico e social.
b. reafirmam-se com a força da tradiçào filosòfica ocidental.
c. foram ratificadas como paradigmas explicativos da realidade atual.
d. parecem nào mais apropriados para se apreender a realidade dos novos tempos.
e. superaram os paràmetros da racionalidade pós-moderna dos tempos atuais.
17.(esaf) Escolha, entre os periodos abaixo, aquele que deve encaixar-se na lacuna do texto
para preservar-lhe a coesào e a coerència.
A història do Brasil nào retrata fielmente a història universal, especialmente a européia,
porque nossa evoluçào nào é autònoma, nào é produto exclusivo de suas forças internas.
A dualidade aparece na existència de dois polos, um interno, outro externo. No polo interno
situam-se as relaçòes de produçào dominantes e a correspondente classe dominante, que
Ignàcio Rangel chama de sócio maior. No polo externo, situam-se as relaçòes de produçào
emergentes e o correspondente sócio menor, que na dualidade seguinte se transformarà em
sócio maior.
(Luiz Carlos Bresser Pereira e José Màrcio Rego, com adaptaçòes)
a. Esse mercantilismo nos descobriu, o industrialismo nos deu a independència.
b. A referida contrapartida política reflete-se nos pactos de poder.
c. Està na fazenda de escravos, que é mercantil e escravista, està no latifúndio pós-aboliçào.
d. Sua novidade analítica consiste em afirmar a coexistència dual de relaçòes de produçào.
e. É necessàrio investigar atentamente como agem umas sobre as outras as leis corres-
pondente s a essas tres etapas.
18. (Esafi Marque, em cada ítem, o periodo que inicia o respectivo texto de forma coesa e
coerente. Depois, escolha a seqüència correta. (itens baseados em Emir sader)
I
O abandono da tematizaçào do capitalismo, do imperialismo, das relaçòes centro-periferia, de
conceitos como exploraçào, alienaçào, dominaçào, abriu caminho para o triunfo do
liberalismo.
(X) O socialismo, em conseqüència desses fatores, desapareceu do horizonte histórico, em
virtude de ter ganho atualidade política com a vitória da Revoluçào Soviètica de 1917.
(Y) O triunfo do neoliberalismo se consolidou quando o pensamento social passou a ser
dominado por te ses conservadoras.
II
Compravam um passaporte para o camarote dos vencedores. Mas, como "hà urna dignidade
que o vencedor nào pode alcançar", como dizia Borges, o que ganharam em prestigio perderam
em capacidade de anàlise.
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(X) Os que abandonaxam Marx com soltura de corpo e com alívio, como se se desvencilhassem
de um peso, na verdade nào trocavam um autor por outro, mas urna classe por outra.
(Y) Eles substituíram a exploraçào de classes e de países pela temàtica do totalitarismo,
aperfeiçoando suas anàlises políticas ao vinculà-las à dimensào social.
III
No mundo contemporàneo, tais modos nos permitem compreender a etapa atual do
capitalismo, em sua fase de hegemonia política norte-americana.
(X) Para atender a atualidade, sào necessàrios modos de compreensào férteis, capazes de dar
conta das relaçòes entre a objetividade e a subjetividade, entre os homens como
produtores e como produtos da història.
(Y) Trata-se de urna compreensào miope, que ignora componentes essenciais ao fenòmeno do
capitalismo que estamos vivendo.
IV
Quem pode entender a política militarista dos EUA e do seu complexo militar- industrial sem a
atualizaçào da noçào de imperialismo?
(X) Quem pode entender hoje a crise econòmica internacional fora dos esquemas da
superproduçào, essencial ao capitalismo?
(Y) Portanto, é a unipolaridade vigente hà urna dècada que busca impor a dicotomia livre
mercado/ pro tecionismo .
V
Nunca as relaçòes mercantis tiveram tanta universalidade, seja dentro de cada país, seja nas
novas fronteiras do capitalismo.
(X) O capitalismo dà mostras de enfrentar forte declínio, que leva os especialistas a prevérem
profunda fragmentaçào na ordem econòmica interna de cada naçào.
(Y) Assiste-se ao capitalismo em plena fase imperialista consolidada, em que as formas de
dominaçào se multiplicam.
a. X, X, Y, Y, X c. Y, Y, X, X, Y e. X, Y, Y, X, X
b. Y, X, X, X, Y d. X, Y, Y, X, Y
Semàntica
Estudo da evoluçào do sentido das palavras através do tempo e do espaço.
Sentido denotativo = real
O meu gato matou um rato.
Sentido conotativo = figurado
Fizeram um gato na instalaçao elétrica.
Sinònimo - palavras que podem ser empregadas urna pela outra sem prejuízo do que se
pretende comunicar.
vocabulàrio = léxico, linguagem, palavreado, nomenclatura, terminologia, elucidàrio,
glossàrio, dicionàrio
Antònimo - palavras que tem significaçòes opostas. A anto ním ia se apresenta sob tres
aspectos diferentes: 1) palavras de radicais diferentes; ex.: bomimau; 2) palavras de urna
mesma raiz, numa das quais um prefixo negativo cria oposiçào com a raiz da outra, negando-
lhe o semantema; ex. : feliz, infeliz; 3) palavras de mesma raiz que se opòem pelos prefixos de
significaçào contrària; ex. : excluir, incluir.
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Homónimo - palavras que tem a mesma estrutura fonológica ou gràfica, mas com signifïcados
diferentes.
cessao - sessao - seçao colher (talher) - colher (verbo)
Parònimo - palavras que tem forma gràfica semelhante, mas com significados diferentes .
despercebido - desapercebido
Polissemia - É a propriedade que urna mesma palavra tem de apresentar vàrios significados.
Operaçúo = Ato ou efeito de operar. Conjunto dos meios para a consecuçao de um
resultado. Qualquer transaçüo comercial. Sèrie de càlculos para demonstrar um
teorema ou procurar urna ou mais incógnitas e em geral qualquer resultado.
Movimento de ataque ou de defès a executado por um exercito que manobra.
Paràfrase
Parafrasear consiste em reescrever um texto sem alterar seu sentido.
Resolva
19.(vuwesp) A linguagem do texto é predominantemente denotativa, usando-se as palavras em
sentido próprio, na alternativa:
a. Editores, escritores, professores e alunos tem opiniòes divididas. A maioria, no entanto,
concorda: o acordo é inoportuno e, nào raro, contraditório.
b. O brasileiro gosta muito de ignorar as próprias virtudes e exaltar as próprias deficièncias,
numa inversào do chamado ufanismo. Sim, amigos, somos uns Narcisos às avessas, que
cospem na própria imagem.
c. Poluído por denúncias de corrupçào, (...) Luiz Antònio de Medeiros é considerado fósforo
riscado.
d. Incumbidos de animar a explosào hormonal da juventude uberabense, Zezé di Camargo e
Luciano levaram 30 mil reais por sua apresentaçào.
e. Levou o nome de "fúria legiferante" o período entre 1964 e 1967, que cimentou com
profusào de leis o edifïcio institucional da nova ordem econòmica.
20.(esaf) Marque a opçào que nào constituí paràfrase do segmento abaixo:
"O abolicionismo, que logrou por fïm à escravidào nas Antilhas Britànicas, teve peso
ponderàvel na política antinegreira dos governos britànicos durante a primeira metade do
século passado. Mas tiveram peso também os interesses capitalistas, comerciais e industriais,
que desejavam expandir o mercado ultramarino de produtos industriais e viam na inevitàvel
misèria do trabalhador escravo um obstàculo para este desiderato."
(P. Singer, Aformaçao da classe operaria, Sao Paulo, Atual, 1988, p. 44)
a. Na primeira metade do século passado, a despeito da forte pressào do mercado
ultramarino em criar consumidores potenciais para seus produtos industriais, foi o
movimento abolicionista o motor que pòs cobro à misèria do trabalhador escravo.
b. A política antinegreira da Grà-Bretanha na primeira metade do século passado foi
fortemente influenciada nào só pelo ideàrio abolicionista como também pela pressào das
necessidades comerciais e industriais emergentes.
c. Os interesses capitalistas que buscavam ampliar o mercado para seus produtos industriais
tiveram peso consideràvel na formulaçào da política antinegreira inglesa, mas teve-o
também a consciència liberal antiescravista.
d. Teve peso consideràvel na política antinegreira o abolicionismo. Mas as forças de mercado
tiveram também peso, pois precisavam dispor de consumidores para seus produtos.
e. Ocorreu urna combinaçào de idealismo e interesses materiais, na primeira metade do
século XIX, na formulaçào da política britànica de oposiçào à escravidào negreira.
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(Fundaçào Carlos Chagas)
O segredo da acumulaçào primitiva neoliberal
Numa coluna publicada na Follia de Sao Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama
recente de um navio de criancas escravas errando ao largo da costa do Benin. Ao ler o texto -
que era inspirado, o navio tornava-se urna metàfora de toda a Àfrica subsaariana: ilha à
deriva, mistura de leprosàrio com campo de extermínio e reserva de mào-de-obra para
migraçòes desesperadas.
Elio Gaspari propunha um termo para designar esse povo móvel e desesperado: "os cidadàos
descartaveis". "Massas de homens e mulheres sào arrancados de seus meios de subsistència e
jogados no mercado de trabalho como proletàrios livres, desprotegidos e sem direitos." Sào
palavras de Marx,quando ele descreve a "acumulaçào primitiva", ou seja, o processo que, no
século XVI, criou as condiçòes necessàrias ao surgimento do capitalismo.
Para que ganhàssemos nosso mundo moderno, foi necessàrio, por exemplo, que os servos
feudais fossem, à força, expropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para
sustentar-se. Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidào, mas
obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver.
Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violència nào deveria ter acabado? Ao que parece, o
século XX pediu urna espècie de segunda rodada, um ajuste: a criaçào de sujeitos
descartaveis globais para um capitalismo enfim global.
Simples continuaçào ou repetiçào? Talvez haja urna diferença - pequena, mas substancial -
entre as massas do século XVI e os migrantes da globalizaçào: as primeiras foram arrancadas
de seus meios de subsistència, os segundos sào expropriados de seu lugar pela violència da
fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo
poderia ser o prospecte que, um século atràs, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de
posse, de bem-estar e de ascensào social.
As condiçòes para que o capitalismo invente sua versào neoliberal sào subjetivas. A
expropriaçào que torna essa passagem possível é psicològica: necessita que sejamos
arrancados nem tanto de nossos meios de subsistència, mas de nossa comunidade restrita,
familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e, hipoteticamente,de
bem-estar) definido pelo acesso a bens e serviços. Arrancados de nós mesmos, deveremos
querer ardentemente ser algo além do que somos.
Depois da liberdade de vender nossa força de trabalho, a"acumulaçào primitiva" do
neoliberalismo nos oferece a liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visòes,
sonhos e devaneios de aventura e sucesso. E, desde o prospecte do emigrante, a oferta vern se
aprimorando. A partir dos anos60, a televisào forneceu os sonhos para que o campo nào só
devesse, mas quisesse, ir para a cidade.
O requisito para que a màquina neoliberal funcione é mais refinado do que a venda dos
mesmos sabonetes ou filmes para todos. Trata-se de alimentar um sonho infinito de
perfectibilidade e, portanto, urna insatisfaçào radical. Nào é pouca coisa: é necessàrio
promover e vender objetos e serviços por eles serem indispensàveis para alcançarmos nossos
ideais de status, de bem-estar e de felicidade, mas, ao mesmo tempo, é preciso que toda
satisfaçào conclusiva permaneça impossivel.
Para fomentar o sujeito neoliberal, o que importa nào é lhe vender mais urna roupa, urna
cortina ou urna lipoaspiraçào;é alimentar nele sonhos de elegància perfeita, casa perfeita e
corpo perfeito. Pois esses sonhos perpetuarà o sentimento de nossa inadequaçào e garantem,
assim, que ele seja parte inalteràvel, definidora, da personalidade contemporànea.
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Provavelmente seria urna catàstrofe se pudéssemos, de repente, acalmar nossa insatisfaçào.
Aconteceria urna queda total do índice de confiança dos consumidores. Bolsas e economias
iriam para o brejo. Desemprego, crise, etc.
Melhor deixar como esta. No entanto, a coisa nào fica bem. Do meu pequeno observatório
psicanalitico, parece que o permanente sentimento de inadequaçào faz do sujeito neoliberal
urna espècie de sonhador descartàvel, que corre atràs da miragem de sua felicidade como um
trem descontrolado, sem condutor, acelerando progrés sivamente por inèrcia - até que os
trilhos nào agüentem mais.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém. Sao Paulo iPublifolha, 2002)
Nota : O autor desse texto, Contardo Calligaris, é psicanalista e foi professor de estudos culturais naiVetíJ Schoolde
Nova York. Faz parte do corpo docente do Instituts for the Study ofViolence, em Boston. É também colunista
da Follia de S. Paulo.
21.Considere as seguintes afirmaçòes:
I. Tomando como ponto de partida um comentàrio de outro jornalista sobre um fato recente da
època, o autor dispòe-se a compreender esse fato à luz de expropriados de seu lugar pela
violència da fome, por exemplo, urna expressào de Marx - "cidadàos descartàveis" -, que jà
prèvia o processo migratório de trabalhadores no século XX.
II. A expressào "acumulaçào primitiva" é considerada pelo autor como inteiramente
anacrònica, incapaz, portanto, de sugerir qualquer caminho de anàlise do neoliberalismo
contemporàneo .
III. Acredita o autor que na base do mundo moderno, do ponto de vista económico, està o fïm
do feudalismo, està a transformaçào dos servos feudais em trabalhadores que precisavam
vender sua força de trabalho.
Em relaçào ao texto està correto SOMENTE o que se afirma em
a. I. b. II. c. III. d.I e II. e.II e III.
22. especifico segredo a que se refere o autor no titulo do texto representa-se
conceitualmente em vàrios momentos de sua argumentaçào, tal como ocorre na seguinte
frase:
a. Mossos inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidào, mas obrigadas a
vender seu trabalho para sobreviver.
b. O navio tornava-se urna metàfora de toda a Àfrica subsaariana: üha à deriva, mistura de
leprosàrio com campo de extermínio e reserva de mào-de-obra para migraçòes desesperadas.
c. Para que ganhàssemos nosso mundo moderno, foi necessàrio, por exemplo, que os servos
feudais foss em, à força, expropriados dopedacinho de terra que podiam cultivar para
sustentar-se.
d. Ao que parece, o século XX pediu urna espècie de segunda rodada, um ajuste: a criaçào de
sujeitos descartàveis globais para um capitalismo enfim global.
e. Trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade e, portanto, urna insatisfaçào
radical.
23. A afirmaçào de que As condiçòes para que o capitalismo invente sua versao neoliberal sào
subjetivas tem sua coerència respaldada no desenvolvimento do texto, jà que o autor
a. descarta a anàlise de processos históricos, para melhor se apoiar em aspectes da vida
privada dos indivíduos tipicos da era industrial.
b. mostra como as exigèncias de satisfaçào pessoal vèm sendo progressivamente atendidas,
desde que o homem passou a se identificar com seu status.
c. analisa o funcionamento da màquina liberal e a considera urna tributària direta do
conhecido processo da acumulaçào primitiva.
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d. localiza na permanència do sentimento de nossa inadequaçao um requisito com que vera
contando o neoliberalismo.
e. entende que o neoliberalismo assenta sua base no principio de que os sonhos dos cidadúos
descartàveis devem ser excluidos do pragmatismo produtivista.
24. Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violència nào deveria ter acabado?
No contexto em que formula a pergunta acima, o autor, implicitamente, esta questionando a
tese de que os processos históricos ocorreriam
a. como atualizaçào de providèncias ja verificadas no passado.
b. numa escala de progressivo aperfeiçoamento social.
c. alternando ganhos e perdas na qualidade de vida dos cidadàos.
d. de modo a recompensar o esforço das classes dirigentes.
e. de modo a tornar cada vez mais nitidas as aspiraçòes de cada classe social.
25. No contexto em que ocorre a afirmaçào de que
a. deveremos querer ardentemente ser algo além do que somos, o autor acusa o processo de
despersonalizaçào acionado pela maquina neolïberal.
b. a " acumulaçào primitiva" do neoliberalismo nos oferece a liberdade de mudar e subir na vida,
o autor concede em que ha urna vantagem real nesse caminho econòmico.
c. Provavelmente seria urna catàstrofe se pudéssemos (...) acalmar nossa insatisfaçào, o autor
mostra o quanto os neoliberais subestimam a força da nossa subjetividade.
d. é melhor deixar como esta, o autor esta tomando como pior a situaçào representada por
um trem descontrolado, sem condutor.
e. esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequaçao, o termo sonhos esta
representando um caminho alternativo para as pràticas neoliberais.
26. Na frase Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidào, mas
obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver, o emprego do termo paradoxalmente
justifica-se quando se atenta para a relaçào nuclear que entre si estabelecem, no contexto,
os elementos
a. massas e livres.
b. vender e obrigadas.
c. livres e obrigadas.
d. viver e vender.
e. vender e sobreviver.
27.Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de urna expressào ou frase
do texto em:
a. um navio (...) errando ao lado da costa do Benin = um navio tomando um rumo equivocado
junto ao litoral do Benin.
b. Para fomentar o sujeito neoliberal - com o fito de estimular o homem neoliberal.
c. arrancados de nós mesmos = arrastados por nossos próprios impulsos.
d. É preciso que toda satisfaçào conclusiva permaneça impossível = é mister que nào se
conclua a satisfaçào possível.
e. O protótipo poderia ser o retrospecto = o modelo primitivo poderia ser a ilusào.
28. Para se evitar repetiçào de palavras, expressòes ou frases, pode-se recórrer a urna elipse:
embora nào se represente de novo na frase, o elemento oculto estarà subentendido.
Considerando-se o contexto, hà a elipse de
a. na vida em (...) a acumulaçào primitiva nos oferece a liberdade de mudar e subir na vida, ou
seja, de cultivar visòes, sonhos e devaneios de aventura e sucesso.
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b. son ho infïnito em trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade e ; portanio,
urna insatisfaçao radical.
c. o que importa em (...) o que importa nào é Ihe vender mais urna roupa, urna cortina, urna
lipoaspiraçào; é alimentar nele sonhos de elegància perfeita, casa perfeita, e corpo perfeito.
d. pudéssemos em provavelmente seria urna catàstrofe se pudéssemos, de repente, acalmar a
nossa insatisfaçao.
e. o sentimento em pois esses sonhos perpetuarà o sentimento de nossa inadequaçao e
garantem, assim, que ele sejaparte inalteràvel, definidora, da personalidade contemporànea.
(Fundaçào Carlos Chagas)
Maquiavel sempre vivo
Voltado para os problemas políticos específïcos que viviam os pequenos principados italianos,
quase todos submetidos a princípios tirànicos, Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu O
Príncipe, obra considerada basilar da ciència política. Nào espanta que esse pequeno tratado,
concebido na Renascença, venha até hoje servindo de inspiraçào para políticos de todas as
inclinaçòes e ideologias. Injustamente reconhecido como um texto de caràter maligno e cínico
- qualidades que perduram no emprego do adjetivo maquiavélico - O Príncipe é, na verdade,
um conjunto de argutas anàlises do exercício concreto do poder. Tem, também, um caràter
prescritivo: dedicado ao jovem príncipe Lorenzo de Medicis, reúne inúmeros aconselhamentos
pragmàticos, apresentados como liçòes de sabedoria política.
Urna das contribuiçòes desse tratado foi o deslocamento do conceito de virtude, que Maquiavel
passa a compreender nào mais em seu sentido moral, mas como discernímento político,
qualidade indispensàvel para um born governante. Vale dizer: o pensador italiano evitou
confundir Religiào e Estado; separou essas duas instàncias e dedicou-se a urna anàlise
inteiramente objetiva dos mecanismos pràticos que tanto permitem chegar ao poder como
manté -lo.
O leitor de Maquiavel acaba encontrando nesse texto admiràvel urna sèrie de anàlises e
revelaçòes que permitem desmascarar os habituais embustes das ideologias mais abstratas,
dessas que se apegam a supostos princípios de validade universal para melhor encobrirem
pràticas de proveito particular. Ou seja: além de ser útil aos príncipes", essa obra continua
sendo valiosa para todo aquele que queira se inteirar da lògica que comanda as açòes de quem
deseja alcançar o poder e nele se manter.
(Dorival Santino)
29. Atente para as seguintes afïrmaçòes:
I. O autor do texto considera que a principal contribuiçào de Maquiavel foi adequar o
pragmatismo político de seu tratado aos exigentes princípios morais de sua època.
II. O fato de Maquiavel preocupar- se com a anàlise objetiva e concreta do exercício do poder
dota seu tratado de um caràter pedagógico que se tem mostrado resis tente ao tempo.
in. Em plena Renascença, Maquiavel soube ver que o plano religioso e o plano das açòes
políticas tecem entre si íntimas relaçòes, sendo por isso necessàrio analisà-las a fundo.
Em relaçào ao texto, està corre to APENAS o que se afirma em
a. I. b.II. c.III. d. I e II. e.II e III
30. De acordo com o terceiro paràgrafo, as liçòes de Maquiavel
a. se apegam a supostos princípios de validade universal, para melhor exporem suas
qualidades pragmàticas.
b. expòem com extrema habilidade os argumentos das ideologias mais abstratas, tomando-os
como se fossem objetivos.
c. mostram que nào hà possibilidade de qualquer proveito pessoal quando se manipularà
princípios de validade universal.
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d. sào úteis tanto para quem exerce o poder como para quem simplesmente deseja analisar os
fundamentos desse exercício.
e. fundem ideologia e pragmatismo, obrigando o leitor a considerar os argumentos próprios a
cada urna dessas duas esferas.
(Fundaçào Carlos Chagas)
Liberalismo
O liberalismo promoveu urna idéia curiosa: para fazer a felicidade de todos (ou, ao menos, da
maioria), nào seria necessàrio decidir qual é o bem comum e, logo, impor aos cidadàos que se
esforçassem para realizà-lo. Seria suficiente que cada um se preocupasse com seus interesses
e seu bem-estar. Essa atitude espontànea garantiria o melhor mundo possível para todos.
Afinal, nenhum seria burro a ponto de perseguir seu interesse particular de maneira
excessiva, pois isso comprometeria o bem-estar dos outros e produziria conflitos que
reverteriam contra o suposto malandro.
Ora, o liberalismo, aparentemente, pegou feio. Nào paro de encontrar pessoas convencidas de
que, cuidando só de seus interesses, elas, no mí nim o, nào fazem mal a ninguém.
Converso com M., que dirige o taxi que me leva a Guarulhos. Falamos das perspectivas
politicas. Ele està indignado com a corrupçào das altas e das baixas esferas da política,
convencido de que, sem ladròes, o país avançaria e resolveríamos nossos problemas.
Concordo, mas aponto que, mesmo calculando generosamente, o dinheiro que some na
corrupçào nào seria suficiente para mudar a cara do Brasil. Sem dúvida,
deve ser bem inferior ao dinheiro que o governo deixa de arrecadar por causa da sonegaçào
banal: rendas nào declaradas, notas fiscais que só aparecem sob pedido e por ai vai.
M. aceita essa idéia com gosto e lança urna diatribe contra os sonegadores, inimigos do povo
brasileiro tanto quanto os corruptes. Pergunto a M. quanto ele paga de imposto de renda.
Ganho a famosa resposta: "Nào adianta pagar, porque
nada volta para a gente". Alego que nào adianta esperar que
algo volte, se a gente nào paga.
Essa història tem tres morais: a democràcia formal esta forte; a concreta, nem tanto.
Segunda: os espíritos sào nobres, a carne segué fraca. Terceira: o nacionalismo brasileiro pode
ser férvido, mas a experiència de urna comunidade de destino ainda està longe.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém)
31.É correto afirmar que, para o autor do texto, a idéia curiosa que o liberalismo promoveu é
a. um caminho seguro para o fortalecimento político do Brasil.
b. um método eficaz para combater a sonegaçào fiscal.
c. urna pràtica social que vern dando bons resultados.
d. urna ilusào de muitos, como vern demonstrando a pràtica.
e. urna providència salutar, a ser imediatamente tomada.
32. Na conversa entre o autor e o motorista de taxi, fica claro que
a. ambos concordam quanto ao que seria suficiente para mudar a cara do Brasil.
b. ambos concordam quanto ao destino que vern sendo dado aos impostos arrecadados.
c. ambos sonegam impostos, embora defendam o sistema de arrecadaçào.
d. o autor se surpreende com a coerència das posiçòes politicas do motorista.
e. o autor reconhece urna contradiçào entre as palavras e as pràticas do motorista.
33.Considerando-se o contexto, deve-se compreender a frase o liberalismo, aparentemente,
pegou feio no seguinte sentido:
a. o liberalismo, à primeira vista, foi muito bem acolhido.
b. as idéias do liberalismo, aparentemente, pegaram mal.
c. a julgar pelas aparèncias, o liberalismo causou mà impressào.
d. o liberalismo, jà de inicio, mostrou suas garras.
e. o liberalismo causou urna pèssima impressào inicial.
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(cesp - unB) Leia o texto para resolver as questoes de 34 a 39
O fïlme Central do Brasil, de Walter Salles, tem como
protagonista a professora aposentada Dora, que ganha um dinheiro
extra escrevendo cartas para analfabetos na Central do Brasil,
estaçào ferroviària do Rio de Janeiro. Outra personagem é o menino
5 Josué, filho de Ana, que contrata os serviços de Dora para escrever
cartas passionais para seu ex-marido, pai de Josué. Logo após ter
contratado a tarefa, Ana morre atropelada. Josué, sem ninguém a
recórrer na megalópole sem rosto, sob o jugo do estado mí nim o
(sem proteçào social), ve em Dora a única pessoa que poderà levà-lo
10 até seu pai, no interior do sertào nordestino.
Dos vàrios momentos emocionantes do fïlme, o mais
sensibilizante é o encontro de Josué com os presumiveis irmàos que,
como o pai elaborado em seus sonhos, sào também marceneiros. A
camera faz urna panoràmica no interior do sertào para mostrar um
15 conjunto habitacional de casas populares recém-construídas; em urna
das casas, os moradores sào os fïlhos do pai de Josué que, em sua
residència simples, acolhem para dormir Josué e Dora. Os irmàos
dormem juntos e dividem a mesma cama. Existe urna comunhào de
sentimentos entre os irmàos: os que tem um teto para morar, tem
20 trabalho, dào amparo ao menino órfào sem eira nem beira.
No f ïlm e, a grande questào do analfabetismo està acoplada
a outro desafio, que é a questào nordestina, ou seja, o arraso
econòmico e social da regiào. Nào basta combater o analfabetismo,
que, por si só, necessitaria dos esforços de, no mí nim o, urna geraçào
25 de brasileiros para ser debelado, pois, em 1996, o analfabetismo
da populaçào de 15 anos e mais, no Brasil, era de 13,03%,
representando um total de 13,9 milhòes de pessoas. Segundo a
UNESCO, o Brasil chegaria ao ano 2000 em sétimo lugar entre os
países com maior número de analfabetos.
30 No Brasil, carecemos de politicas públicas que atendam, de
forma igualitària, a populaçào, em especial aquelas voltadas para as
crianças, os idosos e as mulheres. A permanència da questào
nordestina é um exemplo constante das nossas desigualdades, do
desprezo à vida e da falta de politicas públicas que atendam aos
35 anseios mí nim os do povo trabalhador. Nào saber ler nem escrever,
no Brasil, é um elemento a mais na desagregaçào dos indivíduos que
serào pàrias permanentes em urna sociedade que se diz moderna e
globalizada, mas que é debilitada naquilo que é mais premente ao
povo: alimentaçào, trabalho, saúde e educaçào. Sem essas condiçòes
40 bàsicas, praticamente se nega o direito à cidadania da ampla maioria
da populaçào brasileira.
Os ensinamentos que podemos tirar de Central do Brasil
sào que devemos atacar a questào social de vàrias frentes, em
especial na educaçào de todos os brasileiros, jovens e velhos; lutar
45 por politicas públicas de qualidade que direcionem os investimentos
para promover urna desconcentraçào regional e pessoal da renda
no país, propugnando por um novo modelo econòmico e social.
Ao garantir urna vida digna, a maioria da populaçào saberà, por
meio da solidariedade de classe, responder às necessidades da
50 construçào de urna sociedade mais justa. Central do Brasil é um
exemplo vivo de que o Brasil tem rumo e esperança.
Salvatore Santagada. Zero Hora, 20/3/1999 (com adaptaçòes)
A partir do texto, julgue os itens a seguir.
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34.Depreende-se, pelo primeixo paràgrafo, que o texto faz parte de um relatório técnico, por
meio do qual é dada ao leitor a síntese do roteiro elaborado por Walter Salles.
35. De acordo com o texto, o f ïlm e Central do Brasil é perpassado por urna emocionante
comunhào afetiva e um elevado sentimento de solidariedade entre Dora e Josué, assim
como entre es te e seus ixmàos.
36. elemento de articulaçào "como" expressa diferentes relaçòes nas linhas 1 e 13, nào
podendo ser substituído, nessas duas ocorrèncias, por porque.
37. segundo paràgrafo do texto é, predominantemente, descritivo, mas, a partir do terceiro
paràgrafo, o texto tem caràter dissertativo, por apresentar argumentos que defendem o
ponto de vista do redator.
38. Pela passagem do texto "o mais sensibilizante é o encontro de Josué com os presumíveis
irmàos que, como o pai elaborado em seus sonhos, sào também marceneiros" (£11-13),
deduz-se que tanto os irmàos quanto a figura paterna sào personagens imaginados pelo
garoto.
39. Os adjetivos "acoplada" (£21), "debelado" (£25) e "debilitada" (£38) significam no texto,
respectivamente, Hgada, extinto efraca.
(CESP - UnB)
A idéia de que o mundo vai acabar algum dia é tào
velha quanto nossa própria civilizaçào. Hà mitos e profecias
sobre o final dos tempos em todas as culturas e o tema se
revela central na maioria das religiòes. O que nào se poderia
5 supor, porém, é que cientistas renomados e de vàrias
especialidades pudessem unir suas vozes no alerta de que a
espècie humana pode estar à beira da extinçào. Pois é o que
està acontecendo. Segundo eles, as sementes das pragas que
poderào por frm à espècie humana foram plantadas pelas
10 màos do próprio homem. A mais conhecida dessas pragas é
a destruiçào da natureza, que ameaça a sobrevivència da vida
no nosso planeta, mas hà outras igualmente perigosas, cujas
raízes crescem sem parar: a dos avanços científicos em àreas
como a engenharia genètica, a física das partículas
15 subatòmicas e a nano tecnologia. Isso mesmo: as novas
tecnologias estào assumindo papel central nas previsòes
escatológicas porque podem trazer o fïm da espècie humana
a qualquer momento — e sem prévio aviso.
Vinícius Romanini. In: Terra, set./ 2003
Com base no texto acima, julgue os itens subseqüentes.
40. A expressào "o tema" (£3) resume a idéia de outras expressòes do texto, com as quais
forma urna cadeia coesiva: "A idéia de que o mundo vai acabar algum dia" (£ 1), "o final dos
tempos" (£.3) e "previsòes escatológicas" (£16-17).
41. De acordo com o desenvolvimento do texto, a relaçào de idéias que o pronome "cujas" (£ 12)
estabelece corresponde a de que.
42. Segundo a argumentaçào do texto, a expressào "as novas tecnologias" (i. 15-16) resume tres
"pragas" especificadas anteriormente, "cujas raízes crescem sem parar" (£12-13).
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