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MEMÓRIAS
DO
INSTITUTO BUTANTAN
1949
TOMO XXII
São Paulo, Brasil
Caixa Postal 65
As “MEMÓRIAS DO INSTITUTO BUTANTAN" são destinadas
ã publicação de trabalhos realizados no Instituto ou com a sua con-
tribuição. Os trabalhos são dados à pulHicidade. separadamente,
logo após a entrega e reunidos anualmente num Tolume.
Serão fornecidas, a pedido, separatas dos trabalhos publicados
nas “Memórias”, pedindo-se nesse caso o obséquio de enviar outras
separatas, em permuta, para a Biblioteca do Instituto.
Toda a correspondência editorial deve ser dirigida ao:
I.VSTITUTO BUTANTAN
Biblioteca
Caixa postal 65
S. Paulo, BRASIU. ’
PEDE-SE PERMUTA
EXCHANGE DESIRED.
índice
1. BüCHERL, W. — Descrição do macho de itagulla symmetrica Bücherl, 1W9 1-10
Descriftion of lhe mole of Magulla symmelrica Bücherl, 1949.
2. BÜCHERL, W. & XAVAS, JOSÉ — Descrição dos machos das espedes de
Tityus litisi Giltay. 19i8 c Tilytts cojiaius (Karsch. 1879) (Género
Tilyus C L. Koch. 1&J6; subfam. Isometrinac Birola, 1917; fam.
Bulhiáae. 1879) 11-24
Description of lhe males of lhe spectes of Tilyus lulsi Gillay, 1928 and
Tilyus coslalus (,Karsch, 1879) (Genus Tilyus C. L. Koch, 1836;
subfam. Isomelrínae Birula, 1917; fam. Bulhidae, 1879)..
3. AZEVEDO, M. P. — Mecanismo de acção anticoa.tulante do lalex de Ficus *
glabrala K. B. K. 25-30
Mechanism of lhe anii-coagulanl aclion of lhe lalex from Ficus glabrala
K. B. K.
4. AZEVEDO, M. P. & MARTIRAXI, I. — ,\cçâo proteolitica do \-cneno da
» Bolhrops jararaca (Wied), I. Acção sobre hemoglobina e caseina .. 31-46
Proleolylic aclion of lhe tícnom of Bolhrops jarolaca (li'ied). l. Ahoul
lhe aclion on hemoglobin and cosem.
5. MARTIILAXI, I. & AZEVEDO, M. P. — ,\cção proteolitica do s-eneno da
Bolhrops jararaca (Wied). II. Acção sobre a gelatina 47-62
Proleolylic aclion of lhe venom of Bolhrops jararaca (IPied). II.
Aboul lhe aclion on gelaline.
6. LEAO, .A. T. — Sobre dois batrãquios da Ilha dos .Alcatrazes 63-74
On fuv Balrachia from lhe Alcalrases Island.
7. HOXTER. G. & MUXGIOLI. R. — Estudos electroforéticos. I. Métodos
e técnica 75-126
Electrophorelic sludies. I. Melhods and lechnie.
8. M.ACEDO, J. J. & VELLIXI, L. L. — O uso da nos-ocaina intravenosa como
analgésico na colheita da linfa vacinica 127-138
The use of lhe iniravenous notvcaine as analgestc in lhe hartrsling of lhe
lhe taccine lymph.
9. LEAO, .A. T. — Sobre dob batrãquios da Ilha da Queimada Qrande 139-150
On luro Balrachia frtrn lhe Queimada Grande Island.
10. HOGE, .A. R. — Xotas erpetológicas. 7. Fauna crpetológica da ilha da
Queimada Grande 151-172
Soles on Ilerpelology. 7. Herpelologie fauna from lhe Queimada Grande
Island.
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L
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Mrm. Inst. Batantao,
22:1-10. XoT.® 1950.
\V. BVCIIERL
1
DESCRIÇÃO DO MACHO DE MAGVLLA SVMMETRICA
BÜCHERL. 1949
K* \VOLFG.\NG BÜCHERL
(Trabalho <h Dhisão df Zooloyia do Inslitulo Dutantan,
São Paulo, Brasil)
IXTROnVÇÃO
Em nosso trabalho "Estudos Mihrc o género MaguUa Simon, 1892” fizemos
uma nova redcscrição do género, como também das dua.s, até então, únicas
esijccies, M. obesa Simon e M. janeira Keyserling. Finalinente, foi descrita a
MaguUa synnnelrica como nova jiara a ciência, estalielecendo-se um diagnostico
diferencial morfológico rigoroso entre estas três esjiécies. únicas do género.
Entretanto, as relações das dimensões do cefalotorax. das jiatclas e tibias
<lo primeiro e do quarto par de penia> que permitiram elaliorar uma chave
distinta das três espécies, l^a.seada ainda em outros caracteres con.stantes e no
colorido geral, só se baseavam em fémeas, jxirque tamliém na nossa espécie nova
faltava o macho, tendo acontecido o mesmo a Simon e Keyserling. Realmente
os machos das espécies <le MaguUa devem ser rarissimos. jwrque entre os milha-
res de exemplares de aranhas recebidos anualmente jielo Instituto Butantan.
nunca nos chegou às mãos um só macho. Desta n'.aneira continuaria este gênero,
tão interessante, quando em março de 1949, a sra. Helga Urlan trouxe da
Ilha de São Sebastião. Estado de São Paulo. 3 machos, capturados no mesmo
local de onde vieram as fêmeas de MaguUa synnnelrica . e que invariavelmente,
pertencem a esta mesma espécie e que serão descritos a seguir.
MaguUa symmrtrica Bücherl, 1949.
Descrição do iracho:
Medidas: — cefalotorax 7 mm de comprimento píir 7 mm de largura;
comprimento total 17mm:
comprimento das pernas: — 25'J?2:18,.s; 27 mm (num macho menor:
21.5:183:1 5 -.23 mn:) :
|<atela e tibia 1 — 10 mm (8.5 mm no exemplar menor);
p.ntcla c tibia IV — 8 mm (8.0 mm no e.xemplar menor);
Entrepir para poMicacão cm 3 de jtmho de 1949.
SciELO
*
2 DESCRIÇÃO DO MACHO DE ilACULLA SYUiíETRICA BCCHERL
metatarsos e tarsos I-3J2 e 3,3 mm; 11-3,3 e 3,2 mm; 111-3,5 e 2,5
mm; I\’-7 e 3,5 mm;
esterno — 3 por 3 mm;
labio — 1 por 1,2 mm.
Colorido: — (vide prancha). O colorido do macho é igual ao da fêmea, isto
é, marrom claro, um tanto para o vermelho nas pernas e nos palpos e
mais para o marrom escuro no cefalotorax e, principalmente, na face
dorsal do ahdomen. Esterno, ancas e trocanteres das pernas, labio e
articulos basais dos palpos marrom avermelhados.
Pernas com estrias longitudinais nos femures, patelas, tibias e
metatarsos, como nas fêmeas. Face dorsal do abdômen com mancha
grande, ocupando mais dc dois terços basais, formada de curtos pêlos
sedosos.
Pêlos das pernas muito densos, principalmente nas patelas e tibias
das pernas anteriores, mais longos do que o diâmetro dos articulos,
formados de haste marrom avermelhada e terminando em pontas côr
de cinza. Os mesmos pêlos se observam no abdômen, nas fiandeiras e
nos palpos. Xo cefalotorax estes pêlos cinzentos são mais esparsos.
Estes pêlos faltam no esterno, nas ancas e nos trocanteres (no
lado ventral), onde são substituídos por pêlos escuros, bem mais robus-
tos e rígidos, ordenados em filas densas, em volta dos contornos do
esterno e da'parte anterior do labio.
Escápulas dos tarsos c metatarsos: — No 1® tarso não existem as escópulas
veludosas, cerradas, mas em seu logar pelinhos muito delicados, finos,
mas bastante longos, semieretos, não havendo, na linha mediana ven-
tral, as cerdas "divisórias” das escópulas, mas apenas uma leve indi-
cação destas, na área apical. Nos 3 tarsos das pernas seguintes as
escópulas são do tipo comum, isto ê, formadas por densos pelinhos
curtos, sedosos e veludosos, havendo em seu meio densas fileiras longi-
tudinais de “cerdas divisórias”, cerdas estas a ocupar todo o compri-
mento do tarso e que se alargam apicalmente em forma de leque,
chegando a dominar, perto do tufos subungueais, quase toda a largura
ventral do articulo, de n^aneira que não há mais espaço ai para as
escópulas. As cerdas divisórias do 2® tarso são irr^ulares na parte
basal, mais numerosas e dirigidas para a frente nos dois terços apicais,
a alargar-sc, finalmente, em forma de leque.
No 3® tarso existem 4 a 6 filas de cerdas divisórias, mais ou
menos regularmente dispostas, com o alargamento distai em forma de
leque; no 4® tarso estas cerdas ocupam mais da metade ventral das
Mcm. InU. BoUntan.
22:1-10. Xor.» 1950.
\V. BUCHERL
fscopulas, na linha mediana e apicalmente se alargam sobre toda a
largura do articulo (no lado basal, no terceiro e quarto tarso, as cerdas
divisórias dei.xam li\Te uma área estreita, onde se aloja o espinho me-
diano apical do metatarso, quando o tarso se fle.NÍona sobre este),
Nos metatarsos as escopulas são ausentes completamente no 4°
par de pernas; no 3® lar ocupam apenas uma pequena área apical,
correspondendo talvez à quinta parte do articulo; no 1® e 2® par as
’ escópulas são de todo invisíveis, principalmente no 1® par, enquanto
que no 2.® ainda há uma insinuação delas.
Os tufos subunçueais são muito pronunciados, constituídos por
dois fei-xes cheios de pelos aveludados, sedosos, brilhantes, um pouco
mais longos do que as 2 garras. Estas são constituídas por uma ba^
robusta e reta, fortemente quitinizada, preta, brilliante, que abrange dois
terços do comprimento das garras, e a parte cur^a (um terço), final,
com angulo cur>o, cm 80 graus com a liaste. Existem sempre dois
dentes apenas na margem interna da haste, sendo o apical o maior.
Espinhos ■. Nos palpos não há nenhum espinho, como tamliem no primeiro
par de pernas, excetuados os das apófises tibiais.
Em todas as outras pernas só há espinhos nos metatarsos. No
2® metatarso 1 espinho vcntral apical ou nenhum ou apenas com uma
cerda mais robusta cm logar do espinho. No 3® par 1 espinho ventral
apical mediano (sobre o qual se flexiona o tarso), 2 espinhos laterais
apicais (1 cm cada lado do mediano apical), entre os quais se flexiona
o tarso e 1 lateral anterior, quase apical. 4® metatarso com 9 a 11
espinhos ao total, sendo sempre constantes e de posição fixa o vcntral
mediano apical c os dois laterais aincais. Os outros ocupam sempre a
metade apical, mas não obedecem a uma posição regular.
Qucliceras com 11,12 ou 13 dcnticulos, muito bem enfileirados, na margem
inferior, sendo os do meio os maiores.
Cúspides em numero de 14 a 17, gcralmcntc 15 na parte anterior do labio e
60 a 75 nos lobos maxilares dos palpos.
Olhos (vide fig. 3) formando 2 filas, sendo a primeira ligeiramente recurva ou
quase reta e a segunda reta ou um tanto procuna. Ora os da primeira
fila são iguais, ora os dois medianos são um tanto maiores do que os
laterais anteriores. A distancia varia igualmcntc, sendo geralmcnte os
laterais anteriores l»em mais perto dos medianos anteriores do que estes
últimos entre si. Laterais anteriores c posteriores aproximadamente do
mesmo tamanho, ora redondos ora um tanto oblíquos Medianos pos-
em
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
DESCRIÇÃO DO MACHO DE ií.IGlLÍ.I SiUMETRICA BCCHERL
teriores ora quase redondos. jxDreni, geralinente. oblongos e colocados
bem junto aos olhos laterais posteriores
A{>óftsc tibial — (vide íig. 2). Existem sempre duas apófises. ventral
inferior é a maior, um tanto cur\a e annada de um espinho robusto
no apice. -K lateral é bastante pequena, tenninando em ponta obtusa,
sem espinho. Perto da liase interna desta apófise há um espinho robusto,
longo.
Orgào copulador — (vide fig. 1). .Alvéolo do tarso liastante fundo, de maneira
a possibilitar o alojamento do “pecciolo”, da porção basal estreita do
bulho e do primenro terço liasal da jiorção mediana, vestibular do mes-
mo. Porção apical do bulbo ou êmbolo, do mesmo comprimento como
a porção mediana, com transição lenta entre ambas, tenninando o
êmliolo numa ponta bem aguda. Torção em 180 graus.
COXCLCS.ÍO
1 . MagtiUa sytnmcirica Bücherl, fêmea, representa realmente um.a só espécie com
o macho, ora descrito:
a) por terem ambos as mesmas relações de dimensões tanto no compri-
mento das pernas (o ultimo par é o ntais longo, depois vem o primeiro
par, em seguida o segundo e p<ir ultimo o terceiro), como na relação
dos comprimentos dos tarsos e metatarsos dos quatro j:ares de jiemas
e. finalmente, nas medidas entre ò comprimento das patelas mais tibias
do primeiro c do qiuirto par de pernas (patela c tibia I mais longa
do que IV).
O fato de na femea o cefalotora.*: ser mais longo do que as patelas
e tibias do 1° e do 4° par de pemas. respetivamente, e no macho as
ultimas serem mais longas, representa o dimorfismo sexual (igual ao
de outros gêneros de caranguejeiras).
b) Por apresentarem absolutamente o mesmo colorido;
c) Por se encontrarem com o mesmo habitat, ajiarecendo os representantes
de um sexo em certo periodo do ano e os do outro sexo alguns meses
depois (fato comum nas caranguejeiras).
No. de exemplares: — 3 machos, fichados na coleção aracnologica do Instituto
Butantan.
Procedência: — Ilha de São Sebastião. Estado de São Paulo, Brasil, perto da
costa do oceano.
Data da captura: — 19 de abril de 1949.
Colecionadora : — Sra. Dona Helga Urban.
Mem. Inst. Bntantin,
-22:1-10, XoT.® 1950.
W. BUCUERX.
5
RESUMO
Magulla symmetrka, niacho, é descrito como novo para a ciência e como
sendo o primeiro macho de todas as espécies deste género.
ABSTRACT
few months ago was described the new species Magulla sytntnclrica,
from São Sebastião, near the coast of the State São Paulo, Braail, and the
original description was based only over females. Now is described the male
-as new for Science, from the same place and the description is made with 3
rspecimens.
ZUSAMMEXFASSUXG
Xachdem vor einigen Monaten Magulla symmelrica ais eine neue Art be-
schrieben wurde, kann dieser Beschreibung nun aucli die Charakterisierung des
Maennchens beigefuegt werden.
Das Maennchen hat dieselbe Faerbung wie das Weibchen und zeigt auch
die gleichen Verliaeltnissc de Masse sowohl der Laenge des Cephalothoraxes und
•der Patellen und Tibien des ersten und vierten Beinpaares. wie auch die gleichen
Li.engenverhacltnisse der Bcine (IV, I, II, III) und der Metatarsen und Tarsen.
A Doeu Helga Urban o» noMos agradecimcnios pda coleta do
material.
Asradccetnos igualmente ao sr. Laureano Dourado pelos desenho»
e prancha colorida.
I SciELO
Mrra- Im». Butantan, \V. bCcHERL T
22 : 1 - 10 . XoT.® 19 S 0 .
i*-? 1
MêÇ»JU tymtmriricé Bõckerl ^ >-
p4]po coa boDio copuUdor.
/‘g. 2
Utf*lU tymmttrie» nõchcHi
Apófise t3ns].
i/epa/le iymmrlrK» BnclieTl
Olbot.
SíaguUa symmetrica
Mcm. Injz. Batantac.
72 : 11 - 24 . Sor ” 1950 .
\V. BÜCHERL & J. N.WA>
II
DESCRIÇÃO DOS MACHOS DAS ESPECIES DE TITVUS LUTZl
GILTAV 1928 E TITYUS COSTATUS (KARSCH, 1879) (GÉNERO
TITVUS C. L. KOCH. 1836; SUBFAM. ISOMETRISAE BIRULA, 1917;
FAM. BUTHIDAE SIMON. 1879)
POR WOLFGA.VG BCCHF.RL &■ JOSÉ XAVAS
{Trabalho das Dkisão dc Zoologia do Instituto líutantan.
São Paalo, Brasil)
Giltay. em 1928, em “Aradinide;: Xouvcaux clu Brésil", Ann. Buli. Soc.
Ent. Belgique, 68, descreveu a espécie Tityiis lutA, tendo como tipo uma fêmea
capturada nos arredores de Cuialja, Mato Grosso.
Tendo recebido nos últimos me.ses 3 escorpiões, enviados ao Instituto Bu-
tantan pelos fornecedores de animais venenosos, e tendo verificado (|ue estes
três exemplares, dos <juais dois são machos, |>ertencem a espécie de Giltay, des-
crevemos. a seguir, o macho desta espécie, até agora desconhecido, referindo-nos
igualmente à fémea, que apresenta algumas (larticularidades morfológicas, não
tomadas em consideração |X)r aquele autor.
DESCRIÇ.ão DO M.XCIIO
Procedência; .Xrarc. Estado de São Paulo; Presidente Epitácio (limites
entre São Paulo e Mato Grosso).
Comprimento total — 56 mm ; tronco — 22 mm ; cauda — 34 mm.
Cefalotorax esairo. cór de couro, com u’a mancha triangular negra no pro-
soma desfle o cômoro ocular atê a borda anterior. Face dorsal de tronco com
manchas escuras cm fundo mais claro, apresentando o último tergito um triângulo
nviis escuro na linlia mediana (vide prancha colorhla 2). Cauda amarelo
ocráceo, mais escura nos trés últimos artículos e com as cristas dos segmentos
Entregue para publiracio em 20 de iunho de 1949.
i"? DESCRIÇÃO DOS MACHOS DAS ESPECIES DE TITYVS LVTZl
E TÍTYVS COSTATVS
IV e \ pardo escuras. Tibia dos palpos com uma grande mancha pardo escura
a ocupar quase toda a área e com dedos castanho-avermelhados.
Bordo anterior do cefalotorax quase reto, apenas ligeiramente bilobado e
com ângulos laterais truncados. Cômoro ocular com largo sulco mediano, de
aspecto liso, sendo os olhos separados entre si por um diâmetro e meio. Cristas
superciliares levemente granulosas.
Face ventral (vide prancha 1 ) de um amarelo sujo, mais ou menos uniforme
e apenas ligeiramente mais escura nos segmentos distais da cauda. Pernas
dorsalmente manchadas de negro e ventralmente de amarelo uniforme.
Tegumento dorsal rugoso, com pontuações granulares irregulares. Tergitos
I a VI densamente granulosos, com a crista mediana mais elevada na metade
posterior das placas. Tergito VII com as cinco cristas granulosas habituais.
Estemitos I a IV com uma fai.xa transversal, ao longo da borda posterior,
amarelo clara, sendo a do III estemito apresentada por um triângulo mediano
posterior (vide prancha 1), liso e brilhante.
Pentes no macho de Avaré com 22 -j* 24 dentes, de lâmina intermediaria
basilar nâo dilatada (no e.\emplar de Pres. Epitacio com 20 + 20 dentes).
Cauda bastante robusta, sendo o IV e V segmento um pouco mais largo
do que os tres precedentes, o quinto duas vezes mais longo do que o primeiro.
Cristas medianas ventrais inferiores c laterais superiores granulosas, percor-
rendo toda a extensão dos segmentos I a I\' (vide fig. 3). Cristas medianas
dorsais granulosas, com os grânulos todos iguais, mesmo nos segmentos II a
I\'. Cristas laterais acessórias completas no segmento I e presentes só na
metade posterior do segmento II.
Vesícula lisa e sem pêlos, com o espinho da base do ferrão pontiagudo e
com dois grânulos dorsais.
Femur e tibia dos palpos com as cristas granulosas bem acentuadas. Cristas
medianas da face anterior da tibia com o dente bacilar bem maior. Mâo da
largura da tibia ou apenas um nada mais larga, com 4 cristas dorsais distintas,
sendo uma interrompida.
Dedo movei con*. lobo basilar bem desenvohndo. Relação entre o compri-
mento e largura da mão e do dedo movei : 5 :3 :7,5.
Macho de .Avaré; — X® 26, vidro 79, da coleção do Instituto Butantan.
Macho de Presidente Epitacio: — X° 28, do vidro 81.
-ScíELOIq
12
13
Mcm. Iiut. BaUnUi.
21:11-24. XoT.® 1950.
\V. BUCHERL 4 J.
NAVAS
IJ
Comparação entre o exemplar de Giltay, de Cuiabá e o de Presidente Epitácio
• (n.° 29, \-idro 81 ) :
FÊMEA DE CILTAY
423 mm; tronco: 173 mm; cauda 25 mm.
Triângulo denegrido na prozona a começar
do cômoro ocular.
Último tergito de colorido imifomie.
Palpo e pernas com manchas escuras.
Mão amarelo-ocrácea.
Pentes com 21 dentes.
E.XEMPLAJt DE PRESIDENTE EPITÁCIO
463 mm; trofKo: 163 mm; cauda 50 mm.
Começa atrás do cômoro ocular, incluindo
CT olhos.
Último tergito com 1 triângulo mediana
anterior, escuro e com 2 manchas late-
rais escuras.
Manchas escuras apenas dorsalmente, pre-
valecendo o cdorido amarelo uniforme
no lado ventral.
Dorsalmentc com pequenas manchas pardas.
Pentes com 22 dentes de um e 25 do outro
lada
Descrição do macho de Tilyus coslatus
(vide prancha 4 e fig. 5)
Macho — 53 mm; cauda 19 mm; tronco 34 mm.
Ccfalotora.x marmorado de negro e testáceo. Tronco |iardo-escuro com as
bordas dos tcrgitos denegridas. Cauda com os dois primeiros segmentos amare-
lados; do terceiro ao quinto escurecendo progressiv^amente mais ate ao negro
fosco no V sarnento. \'esicula vennelho escura, quase negra; ferrão na liasc
avermelhado c na ponta denegrido. Patas fulvescentes, com manchas jiardo
escuras, leves. Palpos amarelo escuros, prevalecendo o tom escuro. A mão liem
amarela; dedos denegridos, com as pontas um tanto avermelhadas. Estemitos,
pernas e maxilares pardo amarelados. Pentes amarelo pálidos (prancha 4).
Borda anterior do cefalotorax em ângulo muito obtuso, formando quase
uma reta, granulosa. Cômoro ocular com sulco finamente granuloso. Cristas
superciliares curvas bem salientes c irregularmente granulosas. Parte posterior
do cefalotorax com duas cristas curtas, subparalelas, levemente divergentes atrás.
Tergitos densamente granulosos, com granulações mais grosseiras, formando
arcos transversais, nos tergitos III a VI. Crista mediana acentuando-se pro-
gressivamente nos tergitos posteriores, mas presente já do I ao ultimo tergito,
mais fraca nos tres primeiros e Item visivel no III ao VII segmento. Neste a
crista mediana ocupa quase dois terços anteriores; cristas laterais levemente
curvas para fóra, quase completas e divergentes.
Estemitos com granulação muito fina; I e II com borda posterior larga,
amarela. TII com borda posterior cm fomia de triângulo mediano, liso, amarelo.
Estemito IV com duas cristas paralelas, V com 4 cristas paralelas, granulosas.
1
*
14
DESCRIÇÃO DOS MACHOS DAS ESPECIES DE TITYVS LVTZl
E TITYVS COSTATVS
atingindo as duas medianas as bordas posteriores, enquanto que as laterais só
se estendem sobre os dois terços anteriores da placa.
Pentes com 17 dentes cm cada lado; a lamina basilar intennediaria não-
dilatada.
Cauda robusta, paralela, finamente granulosa. V segmento duas vezes mais
longo <lo que o primeiro. Do segundo segmento para trás cada segmento seguinte
sempre um pouco mais longo do que o precedente. Cristas medianas ventrais,
laterais inferiores, laterais supieriores e medianas dorsais completas, granulosas,
presentes nos segmentos 1 a I\’, mas menos pronunciadas já no quarto. Cristas
medianas dor.sais conve.xas. sem dente posterior maior nos segmentos 11 e III.
Cristas laterais acessórias presentes e completas nos segmentos I e II, ausentes
nos outros segmentos. Segmento V com 5 cristas, muito mal visiveis.
\'esicula quase lisa. com uma crista ventral mediana leve, a terminar no
espinho sob o ferrão. Este espinho agudo e com 2 grânulos dorsais.
Palfxis finamente granulosos, com as cristas não muito acentuadas: crista
mediana anterior da tibia fracamente serrilhada. Mão quase tres vezes mais
larga <lo (juc a tibia ( caracter se.xual do macho) e quase duas vezes mais
larga <lfi que a mão do mesmo comprimento da fêmea. Dedos um nada mais
longos do (jue a mão. Dedo movei com forte lobo basilar e um igual, mas um
jiouco mais fraco no imóvel, de maneira que. fechando-se os dois dedos, medeia
um espaço na l>ase dos dois (dimorfismo .se.xual entre os dois sexos). Dedo
movei com 13 filas de grânulos no gume (fig. 5). Relação entre o comprimento
e a brgura da mão e o comjirimento do dedo movei : — 5 :3.5 e 7 mm.
Localidade: — Ilha de São Sebastião.
Remetente: — Dona Helga Urban.
Na coleção escorpiõnica do Instituto Butantan: — No. 499. frasco 245.
DIFEREXÇ.AS MOKEOLÔGIC.XS E.NTRE .\ EÊME.\ E O M.\CHO
r Ê M r. A
Sem loho lAsilar entre 05 dedos da mão.
M.io não muito mais larga do que a jor-
cão liasal dos dedos junto*.
Colorido da mão pardo escuro.
MACHO
Forte lobo basilar entre 05 dois dedos da
mão.
Mão do dobro da largura da' p cçâo basal
dos dedos juntos.
Mão amarela.
RESIMO
São descritos cotiio novos para a ciência os machos das espécies Tityus
luta e eostatus. .Ambos apresentam os mestnos caracteres morfologicos espe-
•SciELO
0 11 12 13 14 15 16
cm
Mcm. In»«. Bnunui). w. bCcUERL & J. NAVAS 1%
22:11-24, Not.» 19S0.
citicí^s das respetivas fêmeas, já conhecidas, de maneira que não persiste duvida
de que estes machos realmente pertencem às fémeas das aludidas espécies.
Ao mesmo tempo foram constatadas diferenças sexuais nos dois sexos em
ambas as espédes. Em Tityus lutei o macho apresenta um lobo basilar na base
interna dos dedos da mão e os dois últimos articulos da cauda são bem mais
grossos, enquanto que os mesmos, na fémea, tém a mesma espessura em todo
o percurso da cauda, afilaudo-se esta atrás.
O macho de Tityus costatus apresenta igualmcntc um forte lobo Itasilar na
mão ; a própria mão do macho é muito espessa, atingindo duas vezes a espessura
da mão da fémea. A cauda, entretanto, é igtial em ambos os sexos. Há ainda
uma diferença no colorido entre os dois sexos, cspecialmcnte na mão, que no
macho se apresenta amarela e na fémea pardo escura.
Xo lote de fémeas de Tityus lutei, existentes na coleção e.>corpiònica do
Instituto Butantan. foram confrontadas igualmente fémeas provenientes de Pre-
sidente Epitácio (Estado de São Paulo, Brasil) com a fémea-tij», descrita
por Giltay e proveniente de Cuiabá (Mato Gros.so, Brasil), cnconirando-se ligeiras
variações no colorido, prindialmente do último tergito c no numero de dentes
nos pentes, que são de 21 no exemplar de Giltay e 22 a 23 no lote de Presi-
dente Epitácio.
Pelo confronto de mais exemplares de Tityus lutei pudemos inferir da
x^ariação no numero de dentes nos pentes : no exemplar descrito por Giltay há
a{)cnas 21 dentes; nas fémeas de Presidente Epitácio x’erificamos 22 a 23 dentes;
no macho da mesma localidade apenas 20 dentes e num macho. j>roce«lcntc de
.•\xaré, 22 e 24 dentes em ca<la lado.
ZfSA M M E.v F.XSSfNC
Von den zwei bra.silianischcn Skorpionarten, Tityus lutei Giltay und Tityus
costatus (Karseh) vxerden die tóden Macnnchen beschrielien, die hisher unhe-
kannr xxaren.
Zugleich xverden fuer die beiden Macnnchen die sekundaeren Gcschlcchts-
merckmalc. die sich durch Ixisale Verdickimgen an der Basis der Innenseiten der
Handfinger licmerkbar machen, dargclegt. Tityus lutei, Macnnchen, hat auch
noch die beiden vorletzten Caudalsegmentc vcrdickt, xx-achrcn<l der ganze Schwanz
des Wcibchcns paralell vcrlaeuft.
Bei dem Macnnchen xon Tityus costatus ist der Schxx-anz. nicht vcrdickt,
sondem paralell xxãe beini Weibchcn; jcdoch hat die Hand des Maennchtns
SciELO
16
DESCRIÇÃO DOS MACHOS DAS ESPECIES DE TITYVS LVTZI
E TlTYüS COSTATUS
•dieser Art sehr bedeutende Basalverdickungen an den Fingern, die beim \\’eibchen
fehlen und die Hand des Maennchens selber ist mindestens zweimal so dick
wie beim \\’eibchen, bei der gleichen Groesse der Haende; schliesslich zeigt
•die Hand des Maennchens eine lebhafte gelbe Faerbung waehrend diese beim
Weibchen dunkelgrau bis schwaerzlich ist.
Bei einer Vergleichung der Zahl der Kammzaehne sowohl der Maennchen
wie der Weibchen von Tityus lutei konnte festgestellt werden, dass dieser
Charakter sehr variiert, von 21 Zaehnen des Weibchens von Giltay (aus Cuiabá.
Mato Grosso, Brasilien), 22 und 23 Zaehnen der Weibchen von Presidente
jEpitacio (Staat São Paulo), 20 Zaehnen bei einem Maennchen aus dem
gleichen Orte und schliesslich 22 bis 24 Zaehnen von Maennchen aus Ai^aré
(Staat São Paulo).
Ueber den \'erbrcitungsort der Art, Tityus costatus, die urspruenglich nur
von der Serra dos Órgãos, im Staate von Rio de Janeiro, also einem bis 1.000
Meter Hoehe errcichendem Gebirgszuge, bekannt war, kann hinzugefuegt werden,
dass die Skorj)ionsammlung des Institutes Butantan auch ueber Exemplare ver-
fuegt, die aus Hoehen von 700 bis 1.000 Metem stammen, und r\%’ar aus Gebieten,
die mehrere 100 bis 1.000 Kilometer von dem ersten Fundorte entfemt liegen,
wie Fundplaetze im Staate von São Paulo, von Paraná, von Minas Gerais.
Das in vorliegender Arbeit lieschriebene Maennchen stammt von der Insel
.São Sebastião, eine relativ grosse, im Atlantischcn Ozean liegende Insel. die der
Kueste des Staates São Paulo sehr eng aniiegt und sich ebcn falis durch grosse
Hoehenlagcn auszeichnet, uno deren weitere Arthropodenfauna der der Serra
«los Órgãos ziemlich gleichkommt.
ABSTKACT
The males of Tityus lutei Giltay, 1928, and Tityus costatus (Karseh, 1879),
are described as new for Science. The original description of the female from
Giltay, recollected near from Cuiabá (Mato Grosso) is confronted with the
males and females of the collection from Instituto Butantan and color variations
are demonstrated as well as the frequent mutation of the number of "tecfk” on
the combs: the female from Cuiabá has 21 teeth, the from Presidente Epitacio
(betwcen the States São Paulo and Mato Grosso) 22-23; the male of the same
IfKality 20 in Ixjth sides and another male, from Avaré (State São Paulo) has
22 and 24 teeth. The sccondarj- sexual characters in Tityus lutei are expressed
by basal lolies of the fixed and movable finger of lhe hands in males and of
Mcto. Ifut. Batintan,
0:11-24, Not.® 1950.
W. BUCHERL 4 J. NAVAS
17
the larger size of the proper hand o{ the larger three last caudal segments.
Fenules has not basal lobes at the basis of ftngers; their hands are relatively
small and their caudal segments are small.
The male of Tityus coslalus has a verj- large hand; the basal lobes of the
fingers are verj- good expressed, but the caudal segments are the same as in
the female. The color of hand of the male is yellowish and of the female is
grajnsh dark.
Agradecemos ao sr. Laureano Dourado, os desenhos e as pran-
chas coloridas qoe acompanham este trabalha
Somos gratos igualmcnte à sra. Hciga Urban pelo interesse
que tem tomado na colheita do material da Ilha de SSo Sebastião.
SciELO
cm
Mem. Inst. BnUntan,
Z2:M0, Not» 1950.
J'? 1
Tilyus costútus ^
Mcm. Inst. Batantan,
22:M0, Not.® 1950.
cm
>« 0 .
^V. bCcuebl & J-
NAVA5
23
Mnn. Intt. BnUntan,
B:25-30, Xor.® 1950.
M. P. A2E\'EDO
25
MEC-AXISMO DE ACÇ-^O AXTICO.\GULAXTE DO LATEX DE
FICUS G LA B RATA H.B.K.
FOR MURILO P. AZEVEDO
(Do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil)
%
t. bem conhecida 'dos nativos da America Central, a acção vermicida do
láte.K de certas espécies de figueiras, por eles denominado “Leche de higueron”.
Xo Brasil, Peckolt (1) realizou estudo quimico do láte.x oriundo das es-
pécies F-icus silvestris St. Hilaire c Ficus doUaria Mart., obtendo desta última,
uma substância cristalina, provavelmente um glicosidio, que denominou "dolia-
rina”. Do mesmo láte.x obteve uma pepsina vegetal a qual deu o nome de
“urostigma papaiotin”.
Bouchut (2) trabalhando com o láte.x de Ficus carica L. encontrou um
fermento digestivo cuja acção se faz sentir principalmentc sobre a fibrina.
Desde então foram as pesquisas orientadas no sentido do aproveitamento do
láte.x dessas plantas na terapêutica das parasitoses intestinais.
Uma completa revisão histórica do assunto foi feita por Ansejo (3) ao
estudar a atividade proteolítica do látex do Ficus f>umi!a L.
Os trabalhos mais recentes, de Robbins (4,5) e Robbins e I..amson (6)
estabelecem as condições ent que melhor se processa a actiridade proteolítica
désses fermentos.
Estudando o látex do Ficus laurifolia, verificou Robbins (4) que o prin-
cípio ativo é uma substância de natureza proteica existente na proporção de
2l^c em peso do látex, precipitável pelo cloreto de mercúrio, sulfato de magnésio,
acetona e álcool. Por precipitações e redissoluções sucessivas, conseguiu o prin-
cipio ativo sob forma de um pó amarelado, ao qual deu o nome dc “Ficina”.
Mostrou que ésse fermento assemelha-se à tripsina, já que o ótimo de concen-
tração hidrogeniónica para sua actuação, está entre 4 e 8,5 sendo sua atividade
enzimática destruída em pH abaixo de 4. Sugere também o autor a presença,
na ficina, de dois princípios activos, um cuja acção seria matar o tecido vivo c
outro digerí-lo. Para os estudos de proteólise usou a gelatina como substrato,
verificando que em tal caso o pH ótimo de actuação é 5.
Entregue para publicação em 27 de junho de 1W9.
26
MECANISMO DE ACÇAO ANTICOAGULANTE DO LATEX DE
flCUS GLABRATA H. B. K.
j As primeiras observações relativas à atividade anticoagulante dêsse fermento
sõbre o sangue, foram realizadas entre nós por Cançado (♦*) (7) que. colocando
látex de Ficus glabrata H.B.K. sôbre sangue total recentemente colhido deter-
minava a sua incoagulabilidade.
Sugeriu que tal fenômeno fosse decorrente da acção litica da enzima s<vbre
o fibrinogênio ou sõbre a protroinbina.
A favor desta última hipótese diz o autor: “O sangue humano normal
contém cêrca de 0,38g. de fibrinogênio por 100 cm" e esta mesma quantidade
de sangue fornece 0,02g. de protrombase”. . .
"Assim pois, se a protrombase e o fibrinogênio ptxlem servir de substrato
para a enzima do látex, é natural supór-se que a digestação da protrombina seja
feita mais rànidamente, isto ê, dentro de 4 a 8 minutos que constituem o tempo
de coagulação normal".
“A ficina actuaria portanto como uma antijirotromliase, mas no sentido de
eliminar a protrombase e não apenas imjiedindo a sua transformação em trom-
liase como faz a heparina segundo alguns”.
Procurando esclarecer o mecanismo de acção dêsse fermento, estudamos as
modificações que se processam jiara o lado do fibrinogênio e da protrombina,
quando se faz actuar o látex sóbre plasma humano.
MATERIAL E MÉTODO
Fizemos actuar quantidades variáveis de látex sóbre volumes constantes de
plasma humano oxalatado, verificando num segundo tempo quais as amostras
de plasma que coagulavam pela adição dè^ tromboplastina e cálcio.
Pudemos assim estabelecer uina dose minima anticoagulante de látex. To-
mamos então amostras de plasma submetidas a essa dose. e diluimos a 50% em
plasma desprotrombinizado (♦) restaurando assim o fibrinogênio por ventu-
destruido sem interferir sóbre a protrombina. determinação do tempo de
coagulação pela adição de tromboplastina e cálcio dêste plasma assim diluído,
mede o seu teor em protrombina. único elemento variável neste sistema
coagulante.
Xo quadro Xo. 1 temos detalhado o protocolo de uma dessas experiências.
Apresenta uma bateria de 9 tubos de ensaio com 0,5 ml de plasma humano
o.xalatado. .-Xo primeiro tubo (testemunha) foi adicionado 0,1 ml de solução
salina a 0,85% e aos demais, 0,1 ml de diluições crescentes de látex em solução
(•) Plasma humano oxalatado adicionado de 20 % de sulfato de bário cm suspensão a
30 9ó, deixado à temperatura ambiente por 15 minutos c centrifugado. recoIhendo-sc o sobre-
nadante. O sulfato dc bário adsorve a protrombina sem intervir sôbre o fibrinogênio.
(♦•) O latex de Ficus glabrata H. B. K. empreg-.ido nestas esperiências nos foi gentil-
mente fornecido pelo Dr. J. Romeu Cançado. a quem deixamos consignados os nossos
agradecimentos.
SciELOo
2
3
5
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16
L
cm
7a MECANISMO DE ACÇAO AXTICOAGCLANTE DO LATEX DE
J^ICUS CLABRATA H. B. K.
salina a 0,85% (1:5, 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320 e 1:610). Após
30’ em banho Maria a 37°C, determinamos o tempo de coagulação (T.C.) de cada
uma das amostras de plasma dos vários tubos, pela adição de cálcio e tromboplas-
tina, procedendo de acordo com a técnica de Quick (8) para determinação do
tempo de protrombina.
Para tanto tomamos 0,1 ml da amostra de plasma em tubo 12x12 e adicio-
namos 0,1 ml da suspensão de tromboplastina e 0,1 ml de solução de CaCl* a
0,028M, cronometrando a partir da adição do cálcio. Durante tòda a experiência
os tubos foram mantidos à temperatura de 37°C. Considerou-se como ponto
final da reação, o início do aparecimento de uma rede de fibrina que aos poucos
aumenta até a formação de um bloco gelatinoso. A observação foi feita diante
de um foco luminoso e sob fundo escuro.
RESULTADO E DISCUSS.ÍO
Os plasmas dos tubos Xo. 1 (testemunha sem látex), 7, 8 e 9 coagularam
em tempos sensivelmente iguais (12” a 13”), após adição de tromboplastina e
cálcio. X^as amostras dos tubos 2 a 6, a coagulação não se verificou, sendo
portanto a diluição de 1 :80, ou melhor a dose de 0,00125 g de látex para 0,5 ml
de plasma, a minima anticoagulante.
Tomamos então amostras de plasma que tivessem sido adicionadas da dose
minima anticoagulante de látex e investigamos as causas da incoagulabilidade.
Para tanto colocamos em 3 tubos de ensaio (1, 2 e 3) 0,5 ml de plasma
em cada um. (Quadro Xo. 2). Ao primeiro juntamos 0,1 ml de solução salina
a 0,85%, ao segundo 0,1 da diluição 1 :80 de látex (0,000125 g) e ao terceiro
0,1 ml de diluição 1:160 (0,000625 g.).
O primeiro tubo, sem látex, serviu como testemunha, O segundo tubo
continha a dose mínima anticoagulante, e o terceiro a metade dessa dose. Esses
tubos eram pois exatamente iguais respectivamente aos de Xo. 1, 6 e 7 da expe-
riência anterior.
Após 30' a 37® determinamos o T.C. de cada um deles, diluídos a 50% em
plasma desprotrombinizado. A técnica de determinação do T.C. foi exatamente
a mesma da e.\periência anterior.
Verificamos (quadro Xo. 2) que as amostras dos três tubos coagularam
em tempos iguais ou muito próximos (16" a 17").
A amostra do tubo 2, exatamente igual à do tubo 6 que na experiência
anterior era incoagulável, passou a coagular em tempo igual ao plasma teste-
munha, sem látex (tubo 1 ) pela adição de plasma desprotrombinizado, ou melhor,
quando se juntou ao sistema, o substrato do coágulo, o fibrinogênio.
Mcm. Iiut. Batanun,
Z2:25-J0, XoT.» 1950.
M. P. AZE\’EDO
29
Êste era portanto o elemento em falta para que se processasse a coagulação.
A protrombina não se alterou; estara presente, tanto assim que restaurando-se
o fibrinogênio e adicionando-se tromboplastina e cálcio ao sistema, a coagulação
se verificou.
Assim sendo, a adição de látex determina lise do fibrinogênio, sem compro-
metimento da protrombina, pois que, juntando-se tromboplastina e cálcio
ela se activa em trombina. coagulando o fibrinogênio restaurado pela adição de
plasma desprotrombinizado.
A demonstração de que o látex determina lise do fibrinogênio, ou pelo
menos, a perda de sua coagufabilidade, pode também ser verificada pelo fato
de que, o plasma adicionado de látex não se coagula pela adição de trombina
ou de veneno de Bothrops Jararaca, elementos que actuam diretamente sobre o
fibrinogênio, insolubilizando-o em fibrina.
A actividade litica do látex se estende à fibrina.
Colocando-se um coágulo de fibrina nunta suspensão de látex, tem-se lise
em tempo maior ou menor, de acordo com o seu tamanho e com a concentração
do fermento.
O látex de Ficus glabrata H.B.K. possui assim um fennento proteolitico
que, atuando sobre o sangue, toma-o incoagulávcl pelas modificações que pro-
move sobre o fibrinogênio, quer lisando-o, quer alterando a sua coagulabilidade,
de modo a impedir a sua transformação cm fibrina.
RESCMO E COXCLCSüES
O .A. estuda o mecanismo de acção anticoagulante do láte.x dc Ficus glabrata
H.B.K. sobre o sangue humano, verificando que o femicnto proteolitico nele
contido actúa sobre o fibrinogênio sem interferir sobre a protrombina.
Demonstra que sua acção ê fibrinogenolitica.
SVMMARY AND COXCLUSIONS
The author studies thc mechanism of the anti-coagulant action of the latex
frOíii Ficus glabrata H. B. K. on human blood. verifying that its protcolytic fer-
ment acts upon the fibrinogen wthout interfering with prolhrombin. He de-
monstrates that its action is fibrinogcnolytic and fibrinolytic.
30
MECANISMO DE ACÇAO ANTICOAGULAXTE DO LATEX DE
^ICUS GLABRATA H. B. K.
SOMMAIRE ET COXCLUSIONS
L’Auteur étudie le mécanisme de lactioii anti-coagulant dum látex de Ficus
■glabrala H.B.K. sur le sang humain. en concluant que le fennent protéohtique
<ju’il contient agit sur le fibrinogène sans inter\-enir avec la prothrombine.
II démontre ensuite que cette action est fibrinogènolytique e fibrinoh-tique.
BIBLIOGRAFIA
1. Pfckolt. T. — Ardi. der Pharmazie 15S r31. 1861 citado por Ansfjo, C. F. — Puerto
Rico J. Publ. Health. Trop. Med. 15:141. 1940.
2. Bouíhut, E. — Citado por Ansejo, C. F. ibidem.
J. Ansejo, C. F. — Puerto Rico J. Publ. Health. Trop. Med. 15; 141, 1940.
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5. Robbins, B. lí. — Proc. Soc. Exp. Biol. Med. 32:892 el 894, 1935.
6. Robbins- B. H., Lamson, P. D. — J. Biol. Chem. 106 : 725. 1934.
7. Cançado, J. R. — Rev. Brasileira de Biologia 4 : 349, 1944.
á. Quick, A. J. — The Hemorrhagic Diseases and the Physiology ot Hemostasis. C. C
Thomas. 1941
•SciELO
Mttn. lart. Botantin.
22:Jl-46, Xor.® 1950.
M. P. AZEVEDO 4 I. MARTIRANI
31
\CC\0 PROTEOLITICA DO \ EXENO DA BOTHROPS JARARACA
‘ ^ (WIED)
I. Acção sobre hemoglobina e casehia
Tw MURILO P. AZEVEDO 4 1. MARTIRANI
(Dos Laboratórios de Imunologh e de Contrôle do Instituto Butontan,
São Paulo. Brasil)
•\s primeiras obserrações relativas á actividade proteoliiica dos venenos de
serpentes, parecem pertencer á Fontana (1) que. em 1767 escreveu cm sua tese:
“ as rãs e outros aninuis feridos jielo veneno de víbora, mostram suas carnes
amolecidas que se fragmentam e se destacam dos ossos” c mais adiante ”... este
suco é talvez necessário á digestão". Posteriormente, os tralsilhos de Emery
(2). Uydig (2a). Rudolphi (21)) c Lacerda (3). vieram demonstrar que real-
mente tais venenos eram dotados de 'actividade proteoHtica. Wahnnan (4).
tomando a fibrina como substrato, verificou que. embora não se observasse modi-
ficação em seu aspecto, o liquido sobrenadante dava reação <lc "biuret" positiva,
concluindo que havia, embora cm pequeno grau, una acção peptonizanle do
veneno sóbre a fibriia. Uunoy (5). empregando o método de Bccknan para
medir a quantidade de azoto iiisolubilizado pelo formol. «rificou a solubilizaçâo
jarcial das proteínas conti<las em soluções de cascina c cm sòro bovino. i)or acção
dos venenos de T. natríx, V. osf>is c Xa/a. F-stu^ndo comjarativamcnte a
actividade proteolitica de vários venenos de serjientcs sobre a gclatita c fibrina.
Noc Í6) .poude concluir que todos éles iiossuem .acção proteolitica S4‘)bre subs-
tâncias albuminóides não oaguladas t)clo calor, actividade que explicaria a incoa-
gulabilidadc do sangue de animais inoculados com veneno. \'ital Brazil c Rangel
Pestana (7). empregando a téaiica de Xoc (6), classificaram uma serie de
venenos, segundo a sua actividade proteolitica. verificando que a proteólise do
sangue se processa na mesma ordetn de atividade que a proteólise da gelatina.
Houssav e Xegrete (8) estudaram uma série de venenos, mostrando «juc c.sse
poder proteolitico é grande, ao contrário do que afirmara Uunoy (5). o que
puderam verificar jícIo aumento de substância proteica não cr)agulávcl do subs-
Recebid.) para puNicação cm 27 de de IW.
SciELO
3 11 12 13 14
32
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. I.
trato, aumento dos ácidos aminados e do tempo de coagulação térmica. Mos-
traram que tais venenos transformam a caseina tomando-a não precipitável pelo
ácido tricloroacético e modificam a gelatina, liquefazendo-a e determinando a
formação de ácidos aminados. Concluiram afirmando que as propriedades pro-
teolitica, coagulante, aglutinante, tóxica e hemolitica dos venenos de serpentes,
diferem umas das outras, pois variam dlversamente de acordo com a amostra
de veneno, não são neutralizadas do mesmo modo pelos soros específicos e a
destruição pelo calor não se faz de forma igual para todas elas. Taborda e
Taborda (9). estudaram a hidrólise do caseinato de cálcio pelo veneno da
Bothrops jararaca e a influência de vários fatores que interferem sõbre o
fenômeno.
Não obstante o número de trabalhos até hoje publicados sôbre o assunto,
os nossos conhecimentos a respeito são ainda limitados, razão porque diz Zeller
(10) haver necessidade de se acumularem dados quantitativos, comparando-se
os resultados obtidos com as actividades biológicas correspondentes dos venenos.
Em vista da importância crescente que o problema vem dia a dia assumindo
devido á difusão do emprego dos venenos em terapêutica, resolvemos estudá-lo,
procurando determinar os diferentes fatores que interferem com o fenómeno da
proteólise, baseando-nos na formação de tirosina por acção do veneno sõbre
substratos de hemoglobina e caseina.
.MATERIAL E MÉTODOS
Vcnctio: — Bothrops jararaca centrifugado e liofilizado imediatamente após
a colheita. Eliminam-se assim as impurezas insolúveis. O veneno assim tratado
torna-se mais solúvel e suas actividades proteolitica e tóxica aumentam compa-
rativamente ao obtido pelo processo comum de secagem em estufa.
Hemoglobina — O substrato de hemoglobina foi preparado do sangue de
cavalos normais, de acôrdo com a técnica descrita por Anson (11).
Caseina: — Solução a 27c de caseina Hammarsten tamponada com veronal
e tindalizada.
O método de estudo por nós empregado baseou-se no doseamento da tirosina
formada pela proteólise que o veneno determina sôbre os substratos de caseina
e hemoglobina.
Para tanto, colocamos diferentes diluições de veneno em salina a 0,857»
sôbre substratos de caseina e hemoglobina em diferentes pH e temperaturas,
retirando-se em espaços de tempos diversos, “aliquots” de 2,5 ml que foram
precipitados pelo ácido tricloroacético (5 ml de sol. 0,3 N). Após filtração,
SciELO
Mem. Inst. BaUntan,
a:31-46, Xar» 1950.
M. P. AZE\'EDO & I. MARTIRAXI
33
tomamos 2,5 ml do filtrado, juntamos 5 ml de soda 0.5 X, 1,5 ml do reativo
do Folin e Ciocalteau (l2) e após 5 minutos para o máximo desenvolvimento
de côr, fizemos a leitura no aparelho de Fischer, modelo A. C. filtro Xo 650
(vermelho). Tomamos como “Blank" a mistura dos mesmos elementos que
entraram na composição de cada “aliquot”, precipitados imediatamente pelo ácido
tricloroacético. Assim pois afastamos as causas de erro decorrentes da presença,
nos “aliquots”, de substâncias cromogcnicas que não a tirosina, bem como da
própria tirosina oriunda de possivel autohidrólise do substrato.
resultados
Procuramos inicialmente determinar a cur\-a padrão para o aparelho com
que iamos trabalhar.
Para tanto, colocamos em 6 tubos respecti\-amente : 0, 1, 2, 3, 4 c 5 ml de
solução padrão de tirosina (•) completando os volumes a 5 ml com HCl a 0 X’
Juntamos a todos êles 10 ml de XaOH 0,5 X e 3 ml do reactivo de Folin
e Ciocalteau ((•) **).
.Após 5 minutos para o máximo desenvoh-imento de côr, procedemos á leitura
Os resultados foram os seguintes (Quadro I);
QUADRO I
Tubo Xo.
\'ol. da soL
de tirosina
HQ 0.2 X
Miliequivalentes
de tirosina
Leitura
2
1,0
4.0
0,00016
16,5
3
2.0
3.0
0,00032
33,S
4
3,0
2.0
0,00048
48.5
5
4.0
1.0
0.00064
6S.0
6
5.0
0,0
0.00080 ■
00
Estes dados colocados em gráfico (Gráfico Xo. 1) formam uma linha reta,
o que vem demonstrar o grau de sensibilidade do aparelho e a precisão do método.
Por outro lado, fica também demonstrado que a intensidade de côr desenvolvida é
(•) A solução de tirosina foi í«iu em HQ 0,2 X contendo 0,0008 milicquiralcntcs,
por 5 ml, ou seja 0,0112 mg de azoto da tirosina dosado pelo micro-Kjcldahl.
(•») Empregamos sempre o reactiro de Folin e Gocalteau diluído no momento de ser
usado, ao dobro de seu s-olume com ãgua distilada.
cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
34
ACÇAO PROIEOLITICA DO VENEXO DA BOTHROPS JAR.HR.IC.i. 1
diretamente proporcional à quantidade de tirosina presente na solução, havendo
mesmo entre estes 2 valores, uma proporção linear.
Milicqulvalcctes dc t.rosir.a X 10*
Concentração de xeneno: — Estudamos inicialmeníe as variações dc gr;*u.
dc- proteólise em função da concentração do veneno, mantendo fixos o pH e a
temperatura de experiência.
■Adicionamos ao substrato de hemoglobina, lOO/, 200',', 300y, 400','. e 500'/, de
veneno por ml de substrato, sendo o veneno diluido em sol. salina a 0.85yc.
.'\pós 30 minutos em estufa a 34®C procedemos ao doseamento da tirosina
de acordo com a técnica anteriorrr.ente descrita.
\ coeno ftn y por ml dc snbftrato. Leitora apôs
30 m de actoação do reaeoo. Temperatura de
experiência 37*C.
Mm. In»t. Bnuntin. },f p_ AZEVEDO & I. MARTIRANI 35
«:.U-«6. Xov* >950.
O Gráfico Xo. 2 apresenta os resultados de unia dessa-< e.xjicriências. Vemos
por êle que os \-alores das leituras se tlispõem numa linha recta, mostrando a
rela»;ão linear e.xistente entre concentração de veneno e grau «Ic proteólisc.
. GRAFICO 1
Vcf)rtk> em y |%'r ml *ie •uí^tàto
.*0 m óe 4 a rtnei»**, Trtnrvnar* tk
Com o substrato de caseína o itKsmo fato sc verifica (Gráfico Xo. 3).
Sendo entretanto a caseina. uma nadécula mais simples que a hemoglobina,
a sua cisão é mais fácil c assim com a mesma quantidade «le veneno se obtenr
uma proteólise maior.
Por este motivo tralialhamos com ({uantidades menores dc veneno: de SOy
a 200y por ml de substrato.
Tempo dc atuação: — .-\ intensidade de proteólise é tamiiêm proporcional
ao tempo em que o veneno atiia sóbre o substrato.
Retirando-se “aliquots” jiara doseamento em tempos diversos, obtivemos-
os seguintes resultados em sul>strato de hemoglobina (Quadro X.o II):
SciELO
36
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. I.
QUADRO II
Concentração de
veneno em y por
ml de substrato
L e
i t u r
a
30 min
60 min
90 min
120 min
180 min
100
3,5
/".O
7,5
8,5
13,5
200
11.5
15,0
16,5
20,0
27,0
300
17,5
22,0
26,0
30,0
35,0
400
25,0
32,0
38,0
42,0
51,5
500
32,5
36.5
45,0
53,0
66,0
Em qualquer das concentrações de veneno estudadas, o grau de proteólise
aumentou em função do tempo (Gráfico Xo. 4).
GRAFICO 4
t era minutos
1 — 100 Y de Tcncno por ml de substrato
2 — 200 y* " -
3 — 300 y* "
4 — 400 y" ** - --
5 — 500 y
-SciELO
Meni. Inst. BnUntan,
a:Jl-46, XoT.® 1950.
M. P. AZE\'EDO i I. MARTIRANI
37
Colocando-sc em abcissas as concentrações de veneno e em ordenadas as
leituras, \-amos obter cuiras que exprimem os vários graus de proteólise que
as diferentes concentrações de veneno determinam num tempo dado (Gráfico
No. 5).
CKAFICO 5
VetKso on y por ml dc tobtrrato
1 — ApA* 30 m de atnacSo de reoctio
2— *t0ni*
3— '90m"
4— -120in"
5— •IMm*
\'eri ficamos que tais \alores se dispõem cm rectas cuja inclinação sobre a
linha das ordenadas \‘ai aumentando a medida que se consideram tempos maiores
de actuação do veneno.
Este facto se verifrea devido a ser o grau de proteólise diretamente propor-
cional à raiz quadrada do tempo de actuação do veneno, como {Hidemos verificar
pelos resultados obtidos.
38
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. I.
O mesmo se verifica para com a caseina (Quadro No. III e Gráficos No. 6
e 7) sendo porém neste caso o grau de proteólise directamente proporcional ao
tempo de actuação do veneno.
GRAFICO 6
t exn mioutos
1 — SO Y de reneno por ml de snbstrato
2 — lOOy" • - --
3 — ISOy
•« — 200 y* ' -
Mcm. Inst. BnunUn,
a:Jl-46, Xo».* 1950.
M. P. .\ZE\'EDO & I. MAKTIKANI
39
2 — * 60 n *
J — * 90 m •
4 — * 120 m *
5 — * 1*0 m *
QUADRO III
Veneno em y por
ml de substrato
L
e i t n r
a
30 min
60 min
90 min
120 min
180 min
50
6.5
14 5
223
30,5
44.0
100
18.0
31.5
46.0
58.0
76.0
150
29,0
47.5
67.0
80.0
99.0
200
37^
61.0
78.0
96.0
100.0
1 SciELO
40
ACCAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. L
• Temperatura: — Fazendo-se actuar o veneno sôbre hemoglobina e caseína
em temperaturas diversas, observam-se diferentes graus de proteólise. (Quadro
n.o IV).
Q U D R O IV
Temperatura
em ? C
Leitura após
302 minutos
Hemoglobina
Caseína
25 °.
1.5
4.0
30 °
3.5
11,0
35 °.
4,5
15,0
40 °.
3,0
19.0
50 °
2.0
25,0
60 °.
0,0
17,0
A temperatura ótima de actuação do veneno está ao redor de 35®C para o
substrato de hemoglobina e de S0®C para c de caseina (Quadro Xo. IV).
Em qualquer das concentrações de veneno com que trabalhamos, o mesmo
resultado se verificou (Gráficos Xo. 8 e 9).
Temperatara
1 — 50 Y de rrneno pnr ml de fobstratc.
2 — lOOv
3 — 200 4
ScíELOiIq
2
3
5
6
11
12
13
14
15
16
L
cm
42
ACÇAO PROTEOLITICA DO VENENO DA BOTHROPS JARARACA. I.
Verificamos (Gráfico No. 10) que o pH ótimo p)ara atuação do veneno
sôbre a caseina está ao redor de 10,0 com qualquer das concentrações em que
foi empregado, inactivando-se em pH 12.0.
pH
] — 50 Y Tencno por ml de substrato
2 — lOOy’ ' - -*
J — 200 y
DISCUSS.ÍO
Os venenos ofidicos constituem um complexo de composição variável
com a espécie considerada e onde se encontram substâncias responsáveis pelas
suas acções tóxicas. Estas acções podem, segundo Kellawey (13), ser atribuídas
á presença de: a) enzimas proteoliticas, b) fosfatidases e c) neuroto.xinas. A
enzima ou enzimas proteoliticas são responsáveis pela acção hemorragipara
desses venenos, bem como pela sua actividade hipotensora, devido provavelmente
á hiotamina que libertam nos tecidos.
A actividade proteolíticã do veneno de Bothrops jararaca se faz sentir sôbre
proteínas mais ou menos complexas, cindindo as moléculas até a formação de
ácidos amimados. Este facto se verifica tanto para a hemoglobina como para a
Mem. Inst. BaUnUn.
S;3I-46. Not.» 1950.
I. MAinriRAXI & M. P. AZE\'EDO
43
caseína, uma vez que era ambos esses substratos se forma tirosina, base por nós
empregada para o doseamento do grau de actividade Htica do veneno.
Elsse grau de acth-idade depende de \-ários fatores a saber:
a) Concentraç.io de veneno
b) Tempo de actuação do veneno sôbre o substrato
c) Temperatura em que se processa a reação
d) pH do substrato
Como se pode verificar pelos nossos resultados, há uma relação direta linear
entre concentração de veneno c grau de protcólisc. Por outro lado, o grau de
lisc é proporcional á raiz quadrada do tempo de actuação do veneno no caso de
se trabalhar com hemoglobina e simplesmente ao tempo, quando o substrato é
a caseina.
Assim sendo, para temperatura e pH fixos, a reação se processa segundo
a equação: L = K. C. V t para a hemoglobina c L = K. C. t para a caseina
L = Leitura
C = Concentração de veneno em y por ml de substrato
t = Tempo de actuação do veneno
K = Constante dependente da ati\ndade do veneno, do pH c tempera-
tura do substrato.
De acordo com os nossos resultados obtivemos para K os segumtes ^alores :
0,0093 para hemoglobina e 0,0(M9 para a caseina.
Schutz (14) afirma que a quantidade de albumina hidrolizada até peptona
pela pepsina num tempo dado, é proporcional á raiz quadrada da concentração
de enzima. Outros autores, usando pepsina mais purificada, verificaram porém
que a 5-elocidade da reação é dirctamente proporciona! á concentração de enzima
o que, segundo Tauber (15) pode ser considerado fato geral entre as reações
enzimáticas.
Os nossos resultados demonstram essa acertira, permitindo dizer que a
rcaeção do veneno sôbre caseina e hemoglobina segue essa regra geral.
.\ veloddadc das rcacções enzimáticas aumenta com a temperatura até um
ótimo, acima do qual há um decréscimo até que cessa inteiramente a actividade
enzimática.
Tais \-ariaçóes são segundo Arrhcnius (14) devidas á presença de duas
espécies de moléculas em solução, as acti\-as e as inacti\-as, que se encontram em
equilíbrio tautomérico. Esse fato foi também por nós verificado com relação á
atividade do veneno. A proteólise da caseina c hemoglobina pelo veneno, aumentou
com a temperatura até um ótimo após o qual descreceu, chegando á inacti\-açâo
da actindade proteolitica.
1 SciELO
44
ACÇAO PROTEOLITICA DO VENENO DA BOTHROPS JARARACA. L
O mesmo se verifica com relação ao pH. Neste caso o ótimo é \'ariável
de acordo com as condições de experiência, como substrato de actuação, origem
da enzima, tampão emproado, etc.
Dos fatos expostos, podemos concluir que a acção proteolítica do veneno de
Bethrops jararaca se processa de acordo com as leis que regem as reacções
enzimãticas.
SUMÁRIO E CONCLUSÕES
Os istudam a acção proteolitica do veneno da Bothrops jararaca
tomando hemoglobina e caseina como substratos de actuação. Verificam a in-
fluência da variação dos vários fatores que interferem com a reacção, tais como :
concentração e tempo de actuação da enzima, pH e temperatura do substrato.
Demonstram que a reacção se processa segundo a equação L=: K. C. para
hemoglobina e L = K.C. t para a caseina.
Concluem :
1) O veneno de B. jararaca exerce ação enzimática sôbre os substratos
de hemoglobina e caseina, determinando a lise das moléculas até ácidos aminados.
2) Há uma relação linear entre concentração de veneno e grau de pro-
teólise.
3) O grau de proteólise é proporcional á raiz quadrada do tempo de
actuação do veneno, quando sôbre o substrato de hemoglobina e directamente ao
tempo simplesmente, quando sôbre a caseina.
4) Há um ótimo de temperatura de actuação do veneno que é de 35°C
para a hemoglobina e de 50°C para a caseina.
5) O pH ótimo de actuação de veneno sôbre a caseina é de 10.0.
SUMMARY and CONCLUSIONS
The authors study the proteoljiic action of Bothrops jararaca venom on
hemoglobin and casein as substrates. They e.xamine the influence of the variation
of various rcaction factors such as concentration and actuation time of the
enzyme, pH and substrates temperature. They show that the reaction proceeds
aceording the equation L = K. C.y'Y^ for hemoglobin and L = K.C.t in the
case of casein, where "L” is the photometer reading, “C” the venom con-
centration in i» per ml of substrate, "t” the time of actuation of venom and
“K” a constant dependig on the activity of the venom and the temperature and
pH of the substrate.
Mcm. iMt. Bntantm,
ZZ:3I-4<, XoT* I9S0.
45
1. MARTXILXNI * M. P. A2E\'EDO
They conclade:
1) Bothrops jararaca venom exhibits an enzjinatic action on hemoglobin
and casein snbstrates, splitting the molecules up to amino-acids.
2) There is a linear relationship between venom concentration and degree
of proteolysis.
3) The degree of proteolysis in proportional to the square root of the
time of actuation of the venom, when acting on hemoglobin substrate and to
the time of actuation in the case of casein.
4) Tliere is a tempcrature optimum for the actuation of venom which lies
at 35°C for hemt^obin and at 50®C for casein.
5) The optimum pH for the actuation of the venom on casein lies at 10,0.
SUMMAIRE ET CONXLUSIONS
Les auteurs ctudicnt laction protcoKiique du vcnin de Bothrops jararaca,
en prenant ITicme^lobinc et b caséine commc des soustraits d’action. Ils éxa-
minent dabort Tinfluence de la rariation de tous les divcrs facteurs qui pcuvent
alterer la réaction tels que la concentration et tcmps dactuation de Ten/j-me pH
et tempcrature du soustrait. Ils dcmontrent cnsuitc que cette réaction se dcve-
loppe sclon Tequation L = K. C. VT" pour ITiémoglobinc et L = K.C.t. jwur la
caséine.
1 ) Lc vénin de B. jararaca a une action cnzymatique sur les soustrait dTié*
moglobine et de caséine, en décomposaiu Ictirs molécules jusqu a des acides aminés.
2) II y a une proportion linéairc entre la concentration du venin qu’il
determine protéolyse.
3) Sur le soustrait dTiémt^lobine, ie dégré de protéolyse est proportionnel
à la raonc carrée du tcmps d’action du vénin, tendis que sur la caséine il est
directmcnt projwrtionnel au tcmps tout simplcmcnt.
4) II y a une température idéalc pour laction du vénin: cllc est de 35®
pour ITiémoglobine ct de 50®C pour la caséine.
5) Lc pH idéalc pour Taction sur la caséine est de 10,0.
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2lx Rndtlfki — ibKkn.
-SciELO
46
ACÇAO PROTEOLITICA DO VENENO DA BOTHROPS JARARACA. I.
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14. Citado por Tauber, H. — Enzyme Chemistry, J. Wiley and Sons, 1937.
15. Tfluber, H. — Ibid.
Mem. Inst. Bntantan,
Z2:47-«. XoT.* J950.
I. MARTIIt.\NI * M. P. AZn^EDO
47
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHKOPS JARARACA
(WIED)
II. Acção sobre a gelatina
I roR I. ifARTIR-WI & MURILO P. AZEVEDO
I (Dos laboratôríos de Controle e de Imunologia do Instituto Butantan,
I S. Pauto, Brasil).
Dentre as \-árias aci;ões manifestas do veneno da Bothrops jararaca destaca-
se a ac<;ão proteolitica, já bem definida (1,2^) e estudada (4,14) sob determi-
nados aspectos.
E-sta característica enzimática do veneno da Bothrops jararaca tem permitido
aos auteres estabelecer um paralelismo entre a actuaqão do veneno c da trombina
no fenômeno da coagulação do sangue (11,12,13,14,15,16), acções semelhantes
na dependência das concentrações de veneno usadas.
A artividade proteolitica do veneno da Bothrops jararaca deve ser inherente
ao veneno não necessitando de um factor complementar para ser revelada como
acontece com as chamadas substâncias fibrinoliticas produzidas por certos es-
trcptococos '(17,18,19,30,21,22,23,24), ou então como já reconheceu Loomis,
George e Ryder (25), bem como .•\strup e Permin (26), a substância produzida
pelos estreptococos seria um acti\-ador, uma “streptokinase”, lia vendo no sangue
uma proenzima a "profibrínolisina”, sendo a “fibrinolisina” propriamente a
enzima resultante. O veneno da Bothrops jararaca não seria nem uma proenzima
nem uma “kinase" sua acção ê de uma enzima já constituida com pontos de
identidade com a tripsina e com a papaina, constituindo assim uma enzima do
tipo da« endopèptidases (27,28), isto é, enzimas que actuam sõbre substratos
de alto peso molecular e mais especificamente sõbre as cadeias peptidicas termi-
nais. bem como na® cadeias peptidicas centrais.
MATERIAL E MÉTODOS
A verificação da proteólise foi baseada na diminuição da viscosidade da
gelatina. O s-iscosímetro empr^do foi do tipo Ostwald.
.A gelatina usada foi Difeo solução a 6% em salina 0,9^ :
Entregue para publicacáo em S de setembro de 1W9.
48 ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. II.
O veneno da Bothro/'s jararaca sêco, liofilizado com uma D.M.M. de
0,000040 para pombo de 250 g, foi empregado em solução recentemente pre-
parada, usando como solvente do veneno a solução salina a 0,9^. A solução
tampão empregada foi a de veronal.
Os sistemas proteoHticos foram preparados da seguinte maneira:
a) substrato testemunho — 20 ml da solução de gelatina a 6‘jc são adicio-
nados de 25 ml da solução salina 0,9^ e 15 ml da solução tampão; misturar
e medir a viscosidade de 20 ml desta mistura;
b) substrato de proteólise — 20 ml da solução de gelatina a são
adicionados de 25 ml de solução salina 0,9^ contendo o veneno dissolvido na
concentração que se deseje actuar, completar para 60 ml juntando 15 ml da
solução tampão, misturar e medir a viscosidade em 20 ml desta mistura:
Tanto o sistema proteolítico como o testemunho, no estudo da temperatura,
foram diluidos para 120 ml.
O início da experiência foi sempre o momento da mistura final da gelatina
seja com solução salina e solução tampão, seja com solução salina, veneno e
solução tampão.
A viscosidade foi medida em temperaturas controladas, as leituras iniciais
aos 10 min. das misturas e subsequentemente de 20 em 20 min. até 60 min. das
misturas. As leituras foram feitas em triplicata, registando-se as médias. Os
pH foram controlados no potenciômetro.
A viscosidade determinada foi a cinemática expressa em centistokes e
calculada pela seguinte fórmula quando a temperatura da experiência foi de
37°C.
Xa Xa 37“C
Xc = = kt Xa = D.\kxt k=:
D D 37°C X f
Xc = viscosidade cinemática
Xa = viscosidade absoluta da água a 37ÍC = 16,947 milipoies
D = densidade da água a 37!C = 0,993 g/ ml
I = tempos cm segundos,
k = fator do aparelho.
Xo plano de tralialho verificamos primeiramente, num determinado pH, 8,0
mantida constante a temperatura 37°C, se a diminuição da viscosidade do subs-
trato pela acção do veneno da Bothrops jararaca era função da dóse do veneno
empregado. Procurou-se ao mesmo tempo determinar um ótimo de concentração
do veneno capaz de promover alterações bem evidentes na viscosidade.
A seguir foi estudado o pH ótimo de atuação, utilizando a dóse ótima de
veneno, mantendo a temperatura constaute, 37®C.
50
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. II.
Daí então procurou-se saber qual a temperatura ótima de actuação empre-
gando-se a dóse ótima. Depois então procurou-se verificar a proteólise em
função da concentração do substrato.
Para melhor clareza os resultados alem de serem expressos em centistokes
são apresentados em percentagem de lise, considerando-se 0% de lise a veloci-
dade de queda do testemunho diminuido da velocidade de queda da água disti-
lada O cálculo é o seguinte:
100 (A' — B')
A-a = A' • B-a = B' % de lise =
A'
\ = velocidade da queda do testemunho
B = velocidade de queda da gelatina com veneno
a = velocidade de queda da água.
RESULTADOS
1) Viscosidade da solução de gelatina cm função dc doses crescentes de
veneno. Temperatura constante de 37° C e pH constante de 5-5.
O gráfico I representa a percentagem da solução de gelatina ás várias
concentrações de veneno ao fim de 60 minutos.
Escolhemos este tempo afim de eliminar as variações inevitáveis, apesar
dos cuidados, que se apresentam no início das experiências, quando ainda
não houve uma perfeita homogeinização do sistema.
2) Viscosidade da solução da gelatina em função do pH. Dose de veneno
por ml de substrato 20 y (0,000020 g). Temperatura constante de 37°C.
Mcm. lut. BaUntu,
B:47-62, X<rr.» I9S0.
M. P. AZE\'EDO 4 I. MARTIRAKI
51
O gráfico II nos dá a fise de substrato de gelatina em função dos vários
pH. Xestas experiêndas, quando o testemunho apresentara rariações, o ralor
tomado para o cálculo da lise era mais baixo.
GRAFICO 2
3) l‘iscosidade da solução de gelatina em função da temperatura. Dóse
de veneno por mil de substrato 20 y (OfiOOOZO) e pH constante de 8,0. Xesta
série de experiências o preparo de substratos, seja testemunho seja de proteólise,
diferiu das outras experiências, constando do seguinte:
GRAFICO I
a) substrato testemunho: 20 ml da solução de gelatina a 6% são adicio-
o
Çli
Q
C
a
B
U
H
il II II
f- D wT
ScíELOiIq
cm
Velocidade cineinát'ca cn» ccntiitokcs
Lisc por cento.
QUADRO
II
Actividade protcolítica do veneno sôbre a gelatina cm função do pH
1
Tcrnpo
í-n
5.0
pH
6.0
pH
pH
8.0
pH
9.0
pii
10.0
pii
11,0
Testemunho
suIm. proteolise
Testemunho
subs. prote<Jíse
Testemunho
subs. proteolise
Testemunho
subs. proteolise
Testemunho
subs.
proteolise
Testemunho
subs.
r
proteolise
Testemunho
subs. proteolise
medidas
T
c
I.
T
c
L
T
c
L
T
C
L
T
C
L
T
C
L
T
C
L
T
C
L
T
C
L
T
c
L
T
C
L
T
c
L
T
c
L
T
C
L
10 min
147
14.1
0
147
14.1
0
149
14.3
0
147
14,1
2.7
156
15.0
0
13S
13.2
21.7
155
14,9
0
130
12.5
30.5
145
13.9
0
123
123
23.6
155
14.9
0
120
11.5
42.7
149
14,3
0
147
14,1
2.6
20 min
147
14,1
0
147
14,1
0
149
14.3
0
143
13.7
8,0
156
15.0
0
128
12.3
33,7
155
14.9
0
125
12,0
36.6
145
13.9
0
117
11.2
38.8
55
14.9
0
109
10,4
56,1
149
14,3
0
146
14,0
3.9
40 mia
147
14.1
0
145
1J.9
2,7
149
14.3
0
140
15.4
11.9
156
15.0
0
122
11,7
40.9
155
14.9
0
.17
11.2
46.3
13.9
O
113
10.8
44.4
155
14.9
0
106
10.2
59,8
149
14,3
0
146
14,0
3,9
60 min
147
14.1
0
144
13.8
3.9
149
14.3
0
136
13.0
18,4
156
■ 5.0
0
119
11,4
44.6
155
14,9
C
115
11.0
43.3
145
13.9
0
108
10.3
51.9
155
14.9
0
105
10.1
60,9
149
14,3
0
145
13,9
5.3
T = Tempo de queda da gelatina em segundos
C = Velocidade cinemática em centistokes
L = Lise ptor cento
Viícosimetro N." 3 — Factor do aparelho a 37‘C = 0,096
Queda da ágrua a 37*C = 73s.
*
cm
10 11 12
14
32
M«n. Inst. Batantan,
22:47^2. Not.® 1950.
M. P. A2E\'EDO 4 I. MARTIIL\NI
55
nadas de 85 ml de solução salina 0,9^, e 15 ml da solução tampão, misturar
e medir a «scosidade de 20 ml desta mistura.
b) substrato de proteólise : 20 ml da solução de gelatina a 6% são adicio-
nados de 85 ml de solução salina 0,9% contendo veneno dissolvido na concen-
tração fixa de 20 Y por ml de substrato, completar para 120 ml juntando 15 ml
da solução tampão, misturar e medir a viscosidade em 20 ml da mistura.
4) Acthidadc proteolUica do veneno sôbre soluções de gelatina de concen-
trações variados. Dóse de veneno por tnl de substrato 20 y (0,000020 g) pH
constante de 8,0. Temperatura constante de 37®C. Nesta série de experiências
os substratos foram preparados de acordo com o quadro abaixo.
QUADRO IV
PREPARO DOS SUBSTRATOS
Solução de
gelatina a 6%
Tampão
de
veronal
Solução sa.
lina a 0.9 %
Veneno
Substrato 1 %
10 ml
15 ml
35 ml
0.0012 Y
Substrato 2 %
2o ml
15 ml
25 ml
0.0012 Y
Substrato 3 %
30 ml
15 ml
15 ml
0.0012 Y
Substrato 4 %
40 ml
15 ml
5 ml
00012 Y
Com os substratos assim preparados, empregando
obtivemos os resultados que estão expostos no quadro
um mesmo viscosímetro
V.
J. ^ SciELO
56 ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. IL
No gráfico 4, estão representados os valores da proteólise em percentagem
de lise após 10,20,40 e 60 minutos de actuação do veneno nas várias concentra-
ções de substrato.
DISCUSSÃO
Os resultados apresentados nos induzem a caracterizar no veneno da B.
jararaca uma atividade enzimática proteolitica. Esta caracterização se funda-
menta nos elementos experimentais que são peculiares às reações enzimáticas:
a) acção sôbre um substrato adequado
b) acção progressivamente crescente com o aumento da concentração da
c) ótimo de pH de actuação
d) ótimo de temperatura de actuação
e) redução de actividade da enzima pelo aumento da concentração do
substrato.
O complexo cnzimático do veneno da B. jararaca, considerando o substrato
por nós empregado, se enquadra no tipo das proteinases ou melhor das endope-
ptidases, se assemelhando pelo pH de actuação a acção da tripsina, que con-
forme Bergmann e Fruton (27) actua nas cadeias peptidicas que apresentam o
grupo carboxilico seja da lisina ou da arginina.
acção enzimática do veneno da B. jararaca sôbre um substrato adequado
isto é, de natureza proteica já tem sido apontado por vários autores (1,4,14) e
cm
SciELO
10 11 12 13 14 15 16
58
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARARACA. II.
nas nossas experiências vemos que esta acção é claramente demonstrada sôbre a
gelatina.
O estudo do gráfico 1 nos permite admitir dentro dos limites do
erro biológico, nas doses menores de veneno, uma proporcionalidade entre as
concentrações do veneno e a actividade do mesmo. Após a dóse de 10 gamas
de veneno por ml de substrato, a cur\a da atividade toma-se decrescente devido
a uma diminuição da quantidade de substrato a ser proteolizado, chegando nas
concentrações de 150 e 200 gamas de veneno por ml de substrato a um máximo,
onde o tempo de escoamento da gelatina no viscosimetro é de *26 segundos,
bastante próximo do tempo de escoamento da água distilada que é de 22 se-
gundos.
O gráfico 2 nos informa da influência do pH sôbre a actividade
proteolitica do veneno. Podemos definir perfeitamente uma zona ótima de
actuação entre os pH 8,0 e 10,0, com inactivação total no pH 11,0. Nos pH
baixos também esta actividade está muito reduzida, aumentando a medida que
o pH aumenta.
A acção da temperatura, gráfico 3, é bem definida sóbre a actividade
do veneno. Para o substrato por nós empregado determinamos o ótimo de tem-
peratura a 45‘’C. Tanto abaixo como acima deste ótimo, há uma diminuição
da actividade do veneno em consequência de causas diversas. Nas temperaturas
bai.xas há uma interferência com a reação catalizadora que fica inibida, o aumento
da temperatura se acompanha sempre de um aceleramento da reacção. As tempe-
raturas acima de 45°C também acarretam um evidente decréscimo da acti\'idade
do veneno, indicando não mais uma inibição da reacção catalizadora porem uma
real inactivação do complexo enzimático do veneno.
No gráfico 4. ê evidente a redução da actividade do complexo enzimático
do veneno pelo aumento da concentração do subtrato.
Notamos em conjunto que a demonstração da acti\ndade proteolitica do ve-
neno pelo processo empregado é muito simples e bastante sensivel, pois concen-
trações minimas de veneno 0,000001 por ml de substratos são suficientes para
determinarem evidentes alterações na viscosidade do substrato.
RESUMO E CONCLUSÕES
Os autores estudam a actividade proteolitica do veneno da B. jararaca (Wied)
usando como substrato uma solução de gelatina. Empregam o método da visco-
simetria com um aparelho do tipo Ostwald.
A proteólise da solução de gelatina pelo veneno foi estudada em função
da concentração do veneno, do pll, da temperatura e da concentração do soluto
de gelatina.
cm
SciELO
10 11 12 13 14 15 16
Mcm. Init. Bntantan,
22:47-62, Norr.® 1950.
I. MARTIRANI 4 M. P. AZEVEDO
59
Nas condições experimentais utilizadas chegaram ás seguintes conclusões:
1) o veneno de B. jararaca (Wied) exerce acentuada acti^dade proteolítica
sobre uma solução de gelatina.
2) há relativa proporcionalidade entre a actividade proteolítica e as concen-
trações baixas de veneno.
3) a actividade proteolítica do veneno cresce progressi\'amente a partir do
pH 5,0 atingindo o máximo no pH 10,0, sendo praticamente nula no pH 11,0.
4) a actividade proteolitica do veneno é progressivamente crescente a partir
da temperatura de 35°C, com um ótimo a 45®C, diminuindo acentuadamente a
temperatura de 55®C.
5) a actividade proteolitica do veneno está em função da concentração do
substrato.
6) a actividade proteolitica do veneno sôbre o substrato de gelatina é direta,
não exigindo a presença de um fator complementar.
7) O processo empregado demonstrou grande sensibilidade.
ABSTRACT
The authors studied the • proteolytic action of Bothrops jararaca (Wicd)
venom on a gelatine substrate by means of a viscosimetric method using an
apparatus of the Ostwald t>-pe.
They observed the proteolysis of the gelatin solution by the venom as a
function of the venom concentration. pH. temperaturc and substrate conccn-
tration.
They conclude that under their e.xpcrimental conditions:
1) B. jararaca venom excerts a pronounced proteolytic action on a
gelatin solution ;
2) There is a direct rclation between the proteolytic activity and low
venom concentrations ;
3) The proteolytic activity increases from pH 5.0 to a maximum at pH
10,0, disappearing at pH 11,0;
4) The proteoh-tic activity increases with temperature from 35°C to a
maximum at 45°C, disajipearing et 55®C.
5) The proteohnic activity is a function of the substrate concentration;
6) The proteoh-tic action of the venom on t\>e gelatin substrate fs direct
and does not require any a complementarj* factor;
7) The method used is extraordinarily sensitive.
()0
ACÇAO PROTEOLITICA DO VEXEXO DA BOTHROPS JARAR.ÍCA. II.
RESUME ET COXCLUSIOXS
Les auteurs étudient lactivité protéolj-tique du vénin de la B. jararaca
(W:ed) en utilizant comme soustrait une solution de gélatine. Ils employent
la .méthode de la \nscosinietrie avec um appareil du type Ostwald.
La protéolyse de la solution de gélatine par le vénin fut étudiée en fonction
de la concentration de celuí-ci, du pH, de la température et de la concentration
du delié de gélatine.
Dans les conditions cxpérimentellcs utilizées ils ont aboutti aux conclusion
suivantes.
1) Le vénin de B. jararaca (AVied) a une activité protéolj^tique accentuée
sur une solution de gélatine.
2) II y a une rélative proportionnalité entre Tactivité protéoly tique et les
faibles concentrations du vénin;
3) L’activité protéolytique du vénin croit progréssivement à partir du pll
5,0, en atteignant le “maximum” au pH 10,0 étant pratiquement nule au pH 11,0.
4) L’activité protéolj-tique du vénin croit progréssivement à partir de la
température de 35°C, ayant son “maximum” a 45°C, et dimminuant sensible-
ment à la température de 55°C.
5) L’activité protéolj-tique du vénin se rapporte toujours à la concentration
du soustrait.
6) L’activité protéolj-tique du vénin sur le soustrait de gélatine est directe,
n’éxigent pas la présense dun facteur complémentaire.
7) Le proceès emplojé a démontré une grande sensibilité.
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22;6J-r4, XcT.® 1950.
A. T. LE.\0
63
SOBRE DOIS BATRAQUIOS DA ILHA DOS ALCATRAZES
POR ARISTOTERIS T. LEAO
(Trabalho da Secção de Zoologia Médica do Instituto Butantan,
São Paulo, Brasil)
Prosseguindo no nosso programa de e.xcursões, fizemos uma viagem à Ilha
dos Alcatrazes, situada a cerca de 50 milhas da barra de Santos e a mais ou
menos 20 milhas da Ilha de São Sebastião, estando esta de permeio entre o
litoral e a primeira.
A viagem foi realizada entre II e 27 de feveriro de 1948, num liarco
gentilmente posto à nossa disposição pela Escola de Pesca, da Secretaria da
Agricultura.
A Ilha dos .Alcatrazes não é haibtada, possue agua potável. . E’ comiileta-
mente desprovida de praias, circundada por enonnes rochedos e recoberta por
densa vegetação, especialmente nas depressões e encostas, servindo de abrigo
seguro para os "mergulhões” (Sula Icucogaster), “gaivotas” (Larus sp.) e,
principalmente, aos “alcatrazes” (Fregata mtnor) que ai nidificam. São vistas
muitas palmeiras, bromelias, pitas, cactus, etc.
Sofremos durante a estadia naquela ilha uma canicula surpreendente, pois
a temperatura oscilava sempre em tomo de 39-42®C (Ma.\ima 44,5®C c minima
250C).
Na Ilha dos Alcatrazes encontramos somente dois batráquios — uma Hyla
e um Lcptodactylus — que constituem a razão destas notas.
Lcptodactylus nanus
Cabeça lanceolada, às vezes achatada dorso-ventralmente, pouco mais longa
do que larga. Boca de hiato começando no bordo posterior do olho e anterior
do t4impano. Focinho, saliente, com narinas na e.\tremidade do lòro. Canto
rostral apenas perceptivel, arqueado. Lôro pouco e.\ca\ado. Timpano pouco
profundo, circular, cerca da metade do diâmetro ocular; com uma prega supra-
timpanica que, partindo do bordo posterior do olho se dirige em linha reta no
sentido do comprimento e, ao alcançar o bordo posterior do timpano desvia
Entregue para ptAlicação cm 5 de outubro de 1949.
2 3 4
5 6 7
- 1—1
11 12 13 14 15 16
64
SOBRE DOIS BATRAQCIOS DA ILHA DOS ALCATRAZES
bruscamente para baixo, formando um angulo obtuso e terminando na face
superior do ante-braço. Olho saliente, com pupila horizontal, circular. Dentes
vomerinos cm duas fileiras retas, transversais, bem posteriores às coanas, com
cerca de 6-8 dentes em cada lado. Coanas pequenas, circulares, com abertura
dirigida para fóra. Pré-maxilares em ponta intemamente, as quais não se
tocam, com dentição uniforme, sendo mais ou menos 6 dentes em cada peça.
Ma.xilares com dentição uniforme. Mandibula edentula. Lingua piriforme,
pouco entalhada, livre posteriormente, às vezes com uma constricçâo na base,
sendo, portanto, mais longa posteriormente. .A^parelho estemal do tipo arcifero;
omo.stemo osseo, com dilatação terminal cartilaginosa, em forma de pá. Apare-
lho hidoideo constituido por duas peças anteriores cartilaginosas, de concavidade
para fóra, divergentes, portanto, e por duas peças ósseas divergentes, com dila-
tação nas epifises e diafises, ligadas anteriormente por uma cartilagem. Dedos
inteiramente livres, não fimbriados, com tubérculos sub-articulares bem desen-
volvidos; calo metacarpal interno o\'al, inteiro; calo metacarpal externo maior,
esferoide, inteiro; ultima falange normal: l.° artelho sem dilatação aparente; 2.®,
3.® c 4.® artelhos bem dilatados, espccialmcnte o 3.® e o 4.® que são pro^dos de
discos achatados dorso-ventralmente e recur\-ados para cima; 5.® artelho com
dilatação apenas perceptivel; ordem de tamanho dos artelhos: 1, 2, 5, 3, 4;
articulação tibio-tarsal alcançando o timpano. Disco ventral evidente. Corpo
totalmcnte liso, com granulação bem evidente apenas na face posterior das
còxas, às vezes algumas verrugas esparsas no 1/2 posterior do corpo. Estrias
laterais frequentemente bem rugosas, dando mesmo a impressão de uma saliência
uniforme. Tarso com face inferior rugosa.
Coloração (álcool) : — Coloração de fundo variavel desde o bruneo quase
negro ao marmoreo-rosado ou marron com tonalidades róseas; u’a mancha
escura na cabeça, tocando as palpebras, em forma de cálice de pé bifido, que
alcança a espadua; duas manchas ou estrias laterais que, partindo das espaduas
seguem em linha reta e vão tocar as virilhas, ou, às vezes, se interrompem na
altura do meio do urostilo; o resto do dorso e lados providos de pequenas
manchas irregulares escuras, dando ao todo uma impressão marmórea; membros
anteriores e posteriores tarjados de escuro dorsalmente; face inferior dos mem-
bros pintalgada de marron ; abdômen al\'adio ; região guiar com sombra marron-
clara ou escura; região loreal, canto rostral e focinho com tonalidade acinzentada.
Coloração (vivos) : — Parte ventral do corpo e dos membros ah'adia. Dorso
cinzento- esverdeado com reflexos azulados; região loreal mais escura; duas
faixas laterais amarelo-avermelhadas ou bem escuras, com bordos amarelados
que, partindo dos olhos vão até os membros posteriores; membros com faixas
transversais (tarjas) escuras, dorsalmcnte.
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
Mcm. Inst. nntantan,
22:63-74, Xor.» 1950.
A. T. LE,\0
65
Ha grande r-ariedadc na tonalidade das cores, havendo exemplares onde
predominância do avermelhado ou rosado intenso ou mesmo bruneo quase negro
ou ainda acinzentado. Ventre creme ou amarelado.
•
Voc: — Ti — Ti — Ti — Ti — ou Pi — Pi — Pi — Pi — que se
repetem rapidamente, em cerca de 1 segundo.
Hcü/ital: Vivem no chão, debaixo das folhas mortas ou em buracos,
em sitios bem húmidos e sobreados.
Nota: Encontramos no chão (buraco), a cerca de 25cm de profundidade
u’a massa espumosa contendo ovos grandes, creme, sem pigmentação, que supo-
mos pertencer a esta espccie.
DISCUSSÃO
Lutz (1926) descreveu uma especie de Lcptodactylus, L. trhilialus de
matéria! colhido na mesma região que o L. tiaiuis, dando a seguinte descrição .
“Esta especie c, sem du\-ida, muito Hzinha do L. nanus no tama-
nho e na biologia, mas as differenças tanto do desenho como da
coloração, e a falta de transiçao não permitte reuml-as. Foi encon-
trada nas mesmas r^iões, mas em pontos differentes. O Irivitialus,
obser\'ado vivo, mostra muita tendência a esconder-se durante o dia.
A femea adulta mede cerca de 22mm cm comprimento. A lingua
é livre atraz e os dentes vomerinos formam dois jicqucnos grupos
rcctilineos com pequeno intcr\-alo.
No dorso do tronco ha tres estrias longitudinais de côr ter-
racota ou um pouco mais vermelhos. A dorso-mediana liinita-sc à
metade posterior do dorso. .-\s laterais principiam sobre a pálpebra
superior e terminam pouco antes da prega inguinal. Nos últimos
4mm a côr avermelhada vira em crême. .\ mesma côr apparece
numa fita sinuosa que principia abai.\o do olho e acaba na raiz do
braço. Passando por baixo do timpano, torna-se mais estreita. A
côr terracota aparece também no lado dorsal do cotovelo e joelho.
e.xtendendo-se sobre as partes vizinhas. Num exemplar menor a
estria mediana ínrade também a metade anterior do dorso, tomando-
se mais fina e interrompida.
Tenho um exemplar do Alto da Serra de Cubatão e alguns de
Campo Belo, encontrados dous debaixo de tionco de arvores der-
rubadas e outros no capim. Não se conhece a voz”.
66
SOBRE DOIS BATRAQÜIOS DA ILHA DOS ALCATRAZES
Tinha razão Lutz ao considerar a sua especie muito vizinha de L. nanus,
pois esta apresenta extensa variedade na tonalidade do seu colorido, especial-
mente os jovens que mostram aquela coloração avermelhada das faixas laterais
que talvez tenha sido uma das causas mais salientes no estabelecimento do L.
triviHatus.
Bertha Lutz (1947) assim se exprime sobre estas duas especies:
“ Lcptodactylus nanus, including L. trizdttatiis, which is probably
a colour^phase ”
Temos mais de uma centena de exemplares, capturados todos num espaço
de menos de 200™*, na Ilha dos Alcatrazes, nos quais são vistos os mais varia-
dos tipos de tonalidade e desenho. Pode-se mesmo com certa facilidade separar
4 tipos diferentes: a) acinzentados, com máculas pouco visiveis ou mesmo ne-
groides; b) os mesmos acima referidos, porém, com o tegumento notavelmente
mais claro, cujas máculas aparecem com nitidez; c) em c se enquadram os
representantes de o e b que jxissuem 2 faixas laterais claras; d)' exemplares
pequenos, iguais aos precedentes tendo, todavia, as faixas laterais ávermelhadas
ou róseas e que representa com notável semelhança o L. Irivittatus de Lutz.
Não encontrando nenhum elemento que nos autorize proceder de modo con-
trario, consideramos o L. trizittalus sinonimo de L. nanus, representando o
primeiro, como bem pondera Bertha Lutz (loc. cit.), apenas uma fase de colorido
do segundo que, aliás, possue todas as características de especie polimórfica.
Hyla sp.
Hyla de tamanho medio. Cabeça sub-ciicular, com comprimento c largura
quase iguais. Boca com hiato começando na altura do bordo anterior do
timpano. Focinho saliente, recurvado para cima, com as narinas na extremidade
do lòro, havendo entre ambas um sulco. Canto rostral bem evidente, com lôro
rcgulannentc exeavado. Timpano na superficie da pele, às vezes ligeiramente
acima desta, circular, pouco menor que a metade de um diâmetro ocular longi-
tudinal; uma prega supra-timpanica que começando no bordo posterior do olho
arqueia-se levemente e vai tocar a face superior do ante-braço. Olho saliente,
com pupila oval, horizontal. Dentes vomerinos em duas fileiras mais ou menos
retas, quase se tocando, com 6-7 dentes em cada lado, situadas pouco antes do
meio das coanas. Coanas ovoides, de tamanho relativo, de abertura francamente
para fóra. Pré-maxilares em ponta intemamente, estas recur\adas para cima,
com dentição uniforme, em 16 em cada fileira. Maxilares com dentição uniforme.
Mandíbula edentula. Lingua semi-circular ou cordiforme, pouco entalhada e
livre posteriormente. Aparelho estemal do tipo arei fero; omostemo cartilaginoso.
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
Mem. Iiut. Batantan,
J2;63-74. Not.® 1950.
A. T. LEAO
67
com dilatação em forma de pá de ponta romba; xifistemo cartilaginoso, em forma
de caradeira, de ponta quadrangular. Aparelho hioideo constituído por duas
peças ósseas recur\-adas para dentro, ligadas anteriormente por uma cartilagem,
com extremidades basais dilatadas e distais redondas e finas. Dedos inteira-
mente livres, fimbriados, com tubérculos sub-articulares evidentes; calo meta-
carpal interno pouco saliente, longo, fino, inteiro; calo metacarpal externo sa-
liente, grande, dividido até o meio, de ponta externa mais longa que a interna;
ultima falange dilatada, provida de disco adesivo bem desenvolvido, achatado no
sentido dorso- ventral, recur\‘ado para cima; ordem de tamanho dos dedos: 1, 4,
2, 3. Artelhos palmados, fimbriados, com tubérculos sub-articulares evidentes;
calo metatarsal interno saliente, ovoide, inteiro; calo metatarsal externo esferoide,
bem menor que o interno (cerca de 1/4 do tamanho daquele), inteiro; 1.° e 2.®
artelhos livres, 2.® e 3.® com membrana apenas até a 1.=* articulação, 3.® e 4.® e
4.® e 5.® com membrana até a 2.* articulação; ultima falange dilatada, provida
de um disco adesivo bem desenvolvido, achatado dorso-ventralmente, recurvado
para cima; ordem de tamanho dos artelhos: 1, 2, 3, 5, 4; articulação tibiotarsal
alcançando o meio do lôro. Face dorsal do corjx) com granulações esparsas;
cabeça com granulação mais intensa que o corpo, cspecialmente no topo desta;
face dorsal dos membros igual ao corpx); face anterior dos membros inteira-
mente lisa; face posterior das coxas, bem como toda a região ventral do corpo
bem granulosa.
Coloração (vivos) : Dorso creme, cinza ou bruneo (sem máculas) ; face
anterior c posterior das coxas amarelo-citrino com pjequenas manchas transversais
escuras.
Coloração (álcool) : Coloração de fundo variando do creme ao bnineo, com
toda a parte da cabeça anterior aos olhos sempre mais escura; às vezes uma
barra reta, mais escura, interpalpebral ; flancos às vezes mais escuros que o
dorso, formando como que uma barra dorsal clara; região ventral alvadia ao
creme-jnlha ; femur transfaciado de marron, dorsalmente; tibia transfaciada só
na face ventral; região dorsal do corpx), às vezes com máculas irregulares mar-
rons; 05 exemplares de intensidade de coloração media dão, dorsalmente (corpo
e membros) a nitida impressão de um fino reticulo; p)és finamente manchados
de marron na face dorsal.
Girinos:' Numa Bromeliaceae onde capturamos adultos, obtivemos dois
girinos de mais ou menos 16mm de comprimento, cuja formula das laminas den-
tarias, apjesar de mal conser\-ados, pudemos determinar como sendo 1
1 — 1
3
Vos: Kriii — Kriii — Knn — em tudo semelhante à voz da Hyla perpusilla
da Ilha da Queimada Grande.
68
SOBRE DOIS BATRAQUIOS DA ILHA DOS ALCATRAZES
Habitat: Vivem em Bromcliaceae terrestres, em cujas coleções dagua reali-
zam o ciclo evolutivo.
Distribuição geográfica: Ilha dos Alcatrazes, São Paulo, Brasil.
Nota: A Hyla aqui tratada, bem como Hyla perpusilla da Ilha da Quei-
mada Grande, objeto de outra publicação, faz parte do complexo Catharinae.
Não tentamos a determinação da Hyla em questão pelas razões seguintes:
a) a Dra. Bertha Lutz, do Museu Nacional, está fazendo um estudo de con-
junto desse grupo e promete para breve a publicação de uma monografia; b)
o nosso material foi, por aquela distinta anfibiologista, examinado e a quem
cedemos alguns exemplares. Nada, pois, mais logico que esperar os seus re-
sultados.
RESUMO
E’ relatado o encontro, na Ilha dos Alcatrazes, São Paulo, Brasil, de
Lcptodactylus naitiis e de Hyla sp. (do grupo Catharinae).
São oferecidas descrições e fotografias, bem como alguns dados sobre a
biologia de ambas as especies.
.'\pós o estudo do abundante material obtido chegou-se à conclusão que L.
trivittatus Lutz, representa apenas fase de colorido de L. nanus.
ABSTRACT
In the Alcatrazes Island, State of São Paulo, Brazil, were caught L. nanus
and Hyla sp. (of the complex Catharinae).
Descriptions, photos, as well as some biological data of both species are
given.
BIBLIOGRAFIA
1. Luts, A. — Manguinhos, 10 de março de 1926.
2. Luís, B. — Copcia 4 : 242, 1947.
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
Medidas (m m)
Nome: HYLA
Compr. docoípo;..
Compr. da cabeça
Larjcura da cabeça
Compr. do fcmor
Compr. da tíbia
Compr. do pé á poota do t.o artelho:
Menor di.Mancia entre as choanas:
^’P*Ço entre as narinas:
DísL bord. anL narina i ponta do (oeinbo:
DísL bordo posL caL carp. a ponta lo dedo:...
DisL bordo po.t. narina ao bord. ant. ttmpano:
Altura do limpano (transr.):
Lariç. do tímpano (lo.-qçitod .):
Diâmetro ocular (longitud.):
DísL bordo ant. olho à ponta do focinhe:
Espaço interorbital anterior :
963
19.4
8.0
7.8
9.4
10.8
13.7
1.8
1.8
0.7
8.1
5.8
1.1
1.1
2.4 I
3.5 I
4.1
»2
21,S
8.6
8.3
9J
llj
14.2
1.8
1.8
0.8
5J
6.1
1.1
I.l
2.6
4.0
48
933
22.0
8.7
83
9.4
:i.s
14.4
1.9
1.7
0.7
5.4
63
13
13
2.6
4.1
43
948
23.0
8.8
88
9.7
12.0
14.2
1.9
2.0
0.7
&7
6.8
1.4
1.4
3.0
4.0
4.8
945
23,0
9.0
8.9
9.6
11.4
14.4
1.9
1.9
0.8
5.6
7.0
1.5
1.4
33
4.0
4.6
961
26.4
10.4
10.2
12.4
163
188
2.6
i.9
08
6.6
8.0
1.6
1.6
33
4.8
6.0
934
273
10.4
10,1
11.4
14.4
18.4
23
23
0.8
6.4
83
1.6
1.6
33
5.8
6.2
947
28,6
11.5
10,8
13.6
16.6
21,0
2.8
13
0,8
7,0
8,6
1.7
1.6
3.4
u,S
6.4
949
30.7
123
11.7
138
16,6
20.7
2.7
2,3
08
73
8.9
13
1.8
1.1
5.7
6.6
946
31,0
11.6
113
13.8
15.6
20.6
2.8
2.4
0,8
7.0
83
2.0
1.8
4.0
31
6.4
Nume; LEPTOD.ACTYLfS .SA.NUS y
Compr. do corpo:
Compr. da cab«^a:
Larxura da cabcca:
Compr. d> ícmur:..,,,.,.,,,
Compr. da tíbia:
Compr. do pe â ponta do 4.o artelho:
•Menor disUnca en-re as choanaa:
3*paco entre as narinas:.,,.,.
DísL bordo ant. narina i poota do tocinbo;...
DisL bordo post. cal. carp. á |.onU 3.0 dedo:...
DísL bordo post. nanna ao bord. ant. tímpano:..
Altura do tímpano (Iraosr.):
Laix. do tímpano (lonxitud.):
Diâmetro ocular <!onx.tnd .):
DísL b-rdo anL olho á ponta do focinho;....
Espaço interorbital anterior:
1075
1103
1077
1048
1031
1104
994
991
1034
10S5
19.8
23,3
233
243
253
253
25.6
27,0
28.0
28.0
7,0
8.4
88
9.0
8.5
9.1
8.6
9.4
9.6
9.4
6^
73
34
8,7
83
9.0
83
9.0
9,0
9.1
7.4
93
9,4
9.9
8.9
108
9.9
10,6
11.0
n.o
8.6
10.4
11.0
11.4
11.4
113
11.4
118
113
12.0
14.0
17.7
17.7
173
18.4
193
183
183
19,0
18,4
1.7
2.0
2.0
2.0
^ •*
2.3
23
23
23
2,3
1.7
2.0
23
2.0
2.2
13
23
23
23
2.3
0.9
1.2
1 2
13
13
1.1
13
1.2
13
1.4
43
30
5.4
53
53
53
5.2
5.4
5.5
M
4.3
30
5,0
5.1
31
5.4
5.2
5,7
5.9
59
1.0
13
13
13
13
1.6
1.4
1.6
1.6
1.6
1.0
1.2
1.3
13
13
1.6
1.4
1.6
1.6
Isfi
38
30
3.0
28
2.9
28
33
3,4
3.4
3.0
36
36
3,7
3.6
3,8
3,5
3,7
3,8
3,9
3.6
4.2
4.3
4.4
43
4.5
43
4.4
4.5
4.5
Nome: LEPTODACTYLCS NANUS .\.o
1017
Ii)50
Compr. do corpo:
19.0
208
Compr. da cabeça: .
57
7.0
Larxura da cabeça:
57
7.0
Compr. do femun
78
50
Compr. da tibia:
9.0
9.4
Compr. do a ponia do 4.o artriho:
14.8
15.0
Menor distancia entre as cboaoas:...... ... ....
1.4
18
Espaço entre as narinas:
18
18
Dist bordo anL narina a poota do forinhnr
08
1.0
DisL bord. posL cal. carp. t ponta do So dedn:.
3,7
4.0
Diit. bordo po«t. narina ao bord. anL timpano:.
4.2
4,5
Altura do limpam (traniiv.
08
4.0
Larg^ura do timpano (lonf;kad.;:.
08
1.0
Diâmetro ocular (lonxitud.):
23
23
DisL bordo anL olho a poota do focSnhti*
2,6
50
£apaço interorbital anlerierr
33
54
1043
10.MI
1073
1026
1030
993
1049
1000
24,0
24.5
250
258
258
26.0
27,5
28.0
83
83
57
9.0
9,1
93
9.4
9,5
88
83
8,0
54
56
8.8
57
9,0
9,6
9.4
9.6
103
10.4
10.5
10,6
10.6
11.2
108
11.1
11.4
11.6
118
150
12,0
19.0
19,0
150
150
18,0
■9.6
. 156
19.2
1.7
l.S
50
51
54
53
23
28
13
1,9
50
2.1
23
53
51
54
1.2
13
13
13
1.3
13
13
1,3
0,1
4.9
51
53
5,4
55
54
5*
51
5.1
51
5:
54
.5.6
5,6
5.6
13
13
13
13
I.l
1.6
1,6
1.6
1,2
13
1.2
1.4
1.4
1.6
1.6
1.6
2.4
54
56
57
58
50
2.9
3.0
56
3-7
56
57
3.8
59
3.6
38
38
4.0
4.2
43
4.4
4.5
4,7
48
SciELO
18
*
SORRE DOIS RATRAQnOS DA ILHA DOS ALCATRAZES
Lcpto^actylms ncnus
1.109 com barras avermelhadas
1.204 com tarras claras
r
_ 2
— 3
1 — 5
4v 4»
Lcftodactylms Nanaj
Xotar que o 1.* c 4.* persuem barras Dteraís avermelhadas cu róseas d) no texto.
2 3 4 5 6 SCÍELO]_o 11 12 13 14 15 16
cm
Mnn. In^t. Butantan,
22.C..»-74. XoT.» 1950.
A. T. I.EAO
73
Leftpdaftylmt mammt
Exemplarei i«uais ae* a) oa b) pofiatndo. lorUvta. larra» iatcra*f clara*, c) no texto
t.cfto4*ctylms ncmmí
Ex«„,Ur« «mrlh4n.« «o, «f<-r:do* cemo p„rím. no.av,;™c„.c mai, claro, c erm máco'a. I.rm
ruivei». b) no texto.
SciELO
11 12 13 14
6 17
Mem. Inst. BaUnUn,
22:75-126, Not.® 1950.
G. HOXTER & R. IIUXGIOLI
75
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
1.0 — MÉTODOS E TÉCNICA
POR GÜNTER HOXTER & RAUL MUNGIOLI
(da Sec(ão de Fistco-guímíca do Instituto Butantan)
CONTEÚDO
I) Introdução.
II) Teoria do movimento de partículas coloidais num campo eléctrico.
III) Método electroforctico.
a) Descrição geral do aparelho-
b) Instalações mecânicas-
c) Ligações eléctricas.
d) Sistema óptico.
1 — Formação das imagens.
2 — Método de Longsworth.
3 — Método de Lamm.
4 — Método de Philpot-Svensson.
5 — Ajustamento do sistema óptico.
6 — Diferença entre lâmina e fenda.
IV) Técnica do experimento eleciroforético.
a) Preparo do material.
b) Diâlise.
c) Preparo da célula.
d) Formação do perfil.
V) Análise das observações electroforcticas.
a) Análise dos traçados.
b) Análise geométrica.
c) Método de Tiselius e Kabat.
d) Método de Pedersen.
e) Método de Labhart.
f) Método de Wiedemann.
g) Nosso método.
h) Cálculo da mobilidade aparente.
VI) Resumo da parte técnica.
VII) Referências bibliográficas.
Entregue para publicação cm 14 de novembro de 1949.
SciELO
11 12 13 14
6 17
76
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
n INTRODUÇÃO
Uma das mais valiosas contribuições da fisico-quimica aos estudos biológicos
é a electroforese. Xo sentido largo da palavra, electroforese significa o movi-
mento de partículas carregadas num campo eléctrico. A técnica electroforética,
desenvolvida pelos trabalhos de Tiselius e Longsworth, jjermite a obser\‘ação des-
tas migrações, a determinação das mobilidades, a separação de substâncias que
caminham com velocidades diferentes, e a avaliação das quantidades relativas de
cada espécie de uma tal mistura. Como as forças eléctricas do campo exercem
apenas uma ação muito leve sobre as propriedades eléctricas da superfície de
cada partícula, o método é aplicável por excelência ao estudo dos biocoloides e
especialmente das proteínas.
Um dos princípios biológicos do ser vivo c a sua adaptabilidade ás modifica-
ções do ambiente ; na molécula proteica, este fato reflete-se pela resposta amfoté-
rica; em meio ácido, a proteína reage como uma substância básica, formando
cations (de carga positiva) ; em meio alcalino, ela se transforma em anions (de
carga negativa). Estas modificações processam-se instantaneamente por mudan-
ças do pH externo, sem influir na estrutura interna da molécula.
Entre a forma positiva e a negatira da proteína existe um estado neutro onde
a carga total é zero. O pH correspondente a esta neutralidade é o ponto iso-eléc-
trico, onde a mobilidade também é zero. Xum pH abaixo deste ponto, a pro-
teína caminha para o pólo negativo, acima dele a migração se processa em direção
ao pólo positivo. Quanto mais afastado do ponto iso-eléctrico, tanto maior será
a velocidade de migração numa ou noutra direção.
O ponto iso-eléctrico é uma característica estrutural da cada proteína e um
dos critérios de identidade fisico-quimica. Xuma mistura de proteínas cujos pon-
tos iso-eléctricos não coincidem, temos a possibilidade de separar as proteínas pela
diferença das mobilidades. O seguinte quadro exemplifica estas diferenças para
a mistura das proteínas plasmáticas humanas:
1 SciELO
Mnn. Iiut. BaUntan,
S:T5-126, Xot.» 1950.
G. IIÕXTER & R. MUNGIOLI
77
Fracção proteica
Mobilidade a
pH 8,6
Ponto iso-eléc-
trico
albumina .-.
5.94
4,6
globulina Oj
5,07
4.7 (?)
globulina o.,
4,08
4,8
globulina P
2,83
5,2
fibrinogênio
2,14
5,4
globulina v
1,02
<5,4
O tratamento das proteínas neste processo é tão suave que mesmo substân-
cias instáveis como fibrinogênio ou enzimas podem ser submetidas á investiga-
ção electroforética. As nossas pesquisas abrangem o estudo das propriedades
electroforéticas das seguintes substâncias:
a) Proteínas plasmâticas de homem, cão e cavalo, e suas modificações nos
envenenamentos por peçonhas.
b) Proteínas do soro de cavalos e suas modificações no decurso da imuni-
zação contra vários antigenos.
c) Proteínas plasmâticas humanas e suas modificações por doenças.
d) Proteínas plasmâticas normais dos animais de laboratório.
e) Soros terapêuticos submetidos a vários processos de purificação e con-
centração.
f) Venenos de cobras, escorpiões, aranhas e abelhas.
Como não encontramos nenhuma descrição da electroforese cm idioma por-
tuguês, iniciamos a nossa publicação com um resumo da teoria geral do movi-
mento de partículas carregadas, dando em seguida todos os detalhes da nossa
técnica que se baseia nas recomendações apresentadas pelos trabalhos de Tiselius
de Longsworth, e de Wiedemann.
II) TEORIA DO MOVI.MENTO DE PARTÍCULAS COLOIDMS NUM
CA.MPO ELÉCTRICO
Uma particula de carga eléctrica constante vai se movimentar num campo
eléctrico continuo em direção ao pólo de carga oposta. Quando a particula for
de tamanho pequeno, como os ions por e.xemplo, o fenómeno da migração no
campo eléctrico recebe o nome de iontoforese. Xeste caso, e para partículas
esféricas que se movimentam çem interferência pelas outras i>articulas, como por
e.\emplo em diluição infinita, a velocidade (v) é uma função da carg;! (q) e do
SciELO
11 12 13 14 15
78
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
raio (r) da partícula, da força (H) do campo eléctrico, e da viscosidade (t^) do
meio onde a particula caminha.
q H
V = (Fórmula 1.)
6ar T]
Para partículas de forma desconhecida é melhor usar a seguinte fórmula :
q H D
V = (Fórmula 2.)
k T
onde D = constante de difusão da particula naquele meio
T = temperatura ahsoluta (.° Kelvin)
k = constante de Boltzmann.
Estas fórmulas só podem ser aplicadas quando cada partícula se movimenta
independente de outras particulas, num ambiente isento de outras cargas. A
mobilidade (u) que significa a velocidade da partícula num campo eléctrico de
força H=l, é
V q D
u = — = (Fórmula 3.)
H k T
A electroforese difere da iontoforese pelo fato de se caracterizar por uma
mobilidade menor do que aquela calculada pela fórmula 3. A particula coloidal
cujo movimento observamos na electroforese exerce uma atração sobre os dip>olos
do solvente e sobre os ions de carga oposta que provém da dissociação das
substâncias tampões e de outros sais presentes. A nuvem destes ions que cir-
cundam a partícula carregada vai se movimentar na direção oposta e deste maneira
diminuir a mobilidade, dependendo este efeito ralentador da fôrma e do tamanho
da particula coloidal que forma o núcleo, e da concentração e carga — mas não da
natureza química — destes ions na nuvem (Gouy). Quando a concentração dos
outros ions é grande em comparação com a concentração do coloide nuclear, pode-
mos calcular a força iônica (ji) pela fórmula de Lewis
(Fórmula 4.)
H = i 'i M :
onde *i = concentração de cada espécie
*i = valência de cada espécie de ions
de ions
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
Mcm. Inst. Bntantmn,
»;7S-126, Not.« 1950.
G. HÕXTER 4 R. MUNGIOLI
79
Xas determinações electroforéticas é preciso indicar sempre a fôrça iônica
(p) do meio usado, pois o valor numérico da mobilidade depende deste fator. O
efeito ralentador desta nuvem iônica sobre a mobilidade da particula central pode
ser calculada (segundo Gorin) á base das teorias de Helmholtz e de Freundiich e
von Smoluchowski. Assim, o sistema "coloide + nuvem iônica” pode ser con-
iiderado um condensador com uma camada formada pelo coloide central e outra
pelos ions de carga oposta. A distância entre estas camadas é conhecida como
a grossura da camada eléctrica dupla (Helmholtz) ; ela é infinita em diluição
infinita e diminui com o aumento da concentração iônica quando a casca iônica se
apro.xima cada vez mais do coloide nuclear. Segundo Freundlich c von Smo-
luchwski, entretanto, esta casca iônica que forma a placa e.xterna do condensador
não tem limites exteriores abruptos, mas continua estendendo-se através do liquido
circundante. No lugar do condensador de Helmholtz podemos agora colocar
uma particula carregada que se circunda de um campo eléctrico. O potencial
deste campo é constituido pelo potencial electrocinético (Ç) que na ausência de
sais é uma função da carga (q), do raio (r) da particula (presupostamente
esférica) e da constante di-eléctrica (e) do solvente.
q
Ç = (Fórmula 5.)
E r
Combinando agora as fórmulas 1. e 3. e substituindo a carga (q) pelo \'alor
da fórmula 5. vamos obter a mobilidade electroforética
q
u
H 6 .X r ij 6 n n
(Fórmula 6.)
Esta fórmula corresponde àquela derivada por Debye e Hückel para uma
particula esférica isolada de outros ions. Helmholtz calculou a seguinte equação.
u =
4 .X n
(Fórmula 7.)
para uma particula cilindrica com o eixo na direção do campo eléctrico. Pode-
mos generalizar estas fórmulas escrevendo
P
JSciELO.
11 12 13 14 15 16
1
so
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
X, E
U =
(Fórmula 8.)
c n
onde (C) é uma constante que depende da forma da partícula, mas não do seu
tamanho. C = 4 :t para cilindros, e C = 6 -t para esferas. O potencial
electrocinético depende somente da natureza da superfície da partícula, e a
mobilidade fica assim independente do seu tamanho. A presença da núvem iônica
vai modificar esta mobilidade por um fator que depende da grossura (d) da
camada eléctrica dupla, ou, em outras palavras, da distância do centro eléctrico
desta núvem. Podemos calcular o potencial electrocinético resultante (Ç®*) pela
fórmula
q q q d
Ç = = (Fórmula 9.)
R t r £(r-j-d) e r (r+d)
Combinando agora
u =
q r
com q=:Ç er( — 4-l)da fórmula 9.
C r q R d
\-amos obter
(Fórmula 10.)
Quando (d) fica grande, em soluções diluídas, a mobilidade se aproxima da
fórmula 8. Xa derivação de Debye e Hückel
X, E
U =
H + y.r )
6 .T n
relacionando (x) com (d) pela fórmula
(Fórmula 11.)
(Fórmula 12.)
Para partículas grandes onde X r » 1 a grossura (d) fica independente do
tamanho (r), um fato verificado experimentalmente por Abramson e por Mooney
que observaram que a mobilidade num campo eléctrico de partículas esféricas de
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
Mcm. Inst. Bntantan.
22:75-126, Nor.® 1950.
G. HOXTER & R. MUNGIOLI
81
uma emulsão cresce com um aumento do raio até atingir um \-alor limite acima
do qual a mobilidade se toma independente do raio. A adição de sais nestas
emulsões tende a igualar a mobilidade para particulas de todas as dimensões; o
mesmo acontece quando as goticulas dá emulsão são cobertas com um filme de
proteina. O valor de (d) pode ser calculado jiela fómiula.
£ k T
d- =
8 a N e - p
(rórmula 13.)
onde N = número de Avogadro
e = carga do eléctron
p = fôrça iônica
Para o valor de (x) da fómiula de Debye e Hückel existe uma cxiiressão
idêntica :
8 a X e • p
X- = (Fómiula 14.)
E k T
Entretanto, a fómiula 14. só pode ser aplicada no caso da dissociação total.
Assim, para soluções aquosas de sais monovalentes, a O.® C. c com (e) igual á
constante di-eléctrica da água
1 3,06
— = X 10-* cm onde c = concentração molar.
X y/c
Para particulas esféricas podemos calcular o raio (r) pela fórmula
k T
r = (Fómiula 15.)
6xq D
Um fator que ainda não foi considerado é a solvação das particulas pela
aproximação e imobilização parcial de dipolos do solvente. Este fator vai influir
sobre a medida da viscosidade (q) c diminui com a redução do potencial clectro-
S2
ESTUDOS ELECTROFORÊTICOS
dnético (Ç), como por exemplo ao aproximar-se do ponto iso-eléctrico, ou com
um aumento da força iônica (p) quando há substituição dos dipolos pelos ions
de carga única.
Pode-se deduzir que a mobilidade electroforética depende de inúmeros fa-
tores e que as fórmulas citadas ser\-em apenas de base para a interpretação
qualitativa das relações entre a constituição da superfície e o tamanho da partí-
cula com o seu movimento num campo eléctrico. O único dado quantitativo
tjue nós podemos obter com facilidades pelas observações electroforéticas é a
mobilidade aparente ("a).
“A = u — “R
onde (“r) é o efeito ralentador da nuvem de
ions e dipolos que circundam a particula. Este efeito deve desaparecer no ponto
iso-eléctrico, e as determinações da mobilidade na região iso-eléctrica darão pro-
vavelmente valores que se aproximam mais da fórmula calculada. Entretanto,
a carga (q) é muito j)equena na região iso-eléctrica e o movimento é tão lento
que as determinações podem ficar prejudicadas pelo tempo demorado de obser-
vação.
III) MÉTODO ELECTROFORÉTICO
a) Descrição geral do aparelho
O equipamento electroforético consiste essencialmente de uma célula transpa-
rente, colocada entre dois pólos de um campo elétrico, e de um sistema óptico
para a observação do movimento das substâncias na célula. Esta célula tem a
forma de um tubo de “ü” e é de corte rectangular para permitir a observação
e facilitar a eliminação do calor de Joule produzido pela passagem da corrente
na solução. \’árias secções que deslizam sobre faces esmerilhadas subdividem a
célula permitindo a separação e isolamento das várias partes. Estamos traba-
lhando com 4 jogos de células:
I — Célula micro de 2 ml, para uso analítico.
II — Célula semimicro de 11 ml, para uso analítico e preparativo.
III — Célula semimacro de 75 ml, para uso preparativo.
IV — Célula macro de 150 ml, para uso preparativo.
cm
SciELO
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ricriA 1
Cclttla mxro
Ficuia 2
Cclula fcniitnicro
SciELOi'o
2
3
5
6
11
12
13
14
15
16
L
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b) Instalações tnccâiticas
O aparelho é montado sobre dois trillios dc aço de 16 aii, coni um compri-
mento de 6 m e uma distância de 20 cm entre os trilhos. A fonte de luz é
uma lâmpada de 100 watt, tijK) H 4, com um arco de mercúrio de 1.5 x 25 mm.
A lente “Sehlieren" de 10 cm tem uma distância local de 90 cm e forma o
lado e.xterno de uma das janelas do termo^tato. os outros lados sendo consti-
tuidos i)or vidros planos que não devem apresentar defeitos ópticos. Estas
janelas têm que ser duplas jwra evitar seu embaçamento pela deix>sição da
"humidade atmosférica. Conserva-se o esjiaço entre as partes da janela isento
de vajxjr de agua i>ela passagem de ar seco ou por meio <le vácuo. Para evitar
o enbaçamento jxjr fora pode-.se usar um jacto de ar quente que impinge sõbre
as faces externas das janelas. Frizamos a importância deste ponto, pois é impres-
•cindivel para a obtenção dos perfis que as lentes e janelas estejam perfeitamente
claras. transi)arentcs c limindas.
.\ lâmina horizontal jxira obsenações jHrlo método de Longsworth consiste
numa cha)>a de metal que se jxkIc mover verticalmente jwr meio de uma engre-
nagem cônica e um eixo que jiassa em laixo da máquina fotográfica até outra
engrenagem que liga com um motor ao lado esquerdo do vitlro fusco. O mesmo
motor inflige um movimento horizontal ao plano do \-idro fosco c da chapa
fotográfica, sincronizando assim os dois movimentos. A objetiva da máquina
fotográfica é uma lente de 5 cm com uma distância focal dc 90 cm. Em frente
-da objetiva hâ um fecho de sector, movido jwr um motor siiicroniz.ado, e um
disco cf)m 6 alterturas diferentes que, segundo Longsworth, tem a vantagem de
■eliminar to<los os raios luminosos que não fazem parte da faixa princijxil. Xo
incto<lo de Phil[)Ot-Svcnsson usa-se seiiiprc a alwrtura circular. A lente cilin-
drica cpie tem uma distância focal de 40 cm cncontra-.se dentro do tul)o óptico
e costuma ser usada com a curvatura virada para o lado do vidro fosco* a
^ua jKjsiçâü é ajustâvel na direção do ei.xo óptico da máquina fotográfica para
permitir a focalização, e ela jXHle girar em redor dc um ei.xo vertical na sua
extremidade esquerda, ligado a um ixirafuso externo, para ser retirado do cami-
nho óptico nas obser^MÇÕes pelos métodos de Longsworth c de I.amm. .-X lâmina
JSciELO
86
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
inclinada, a fenda inclinada e o fio inclinado, para uso nas observações coni
lente cilíndrica, são postas bem em frente ao fecho da objeti\-a.
Ficcka 4
Limina inclinada
Ficuea 5
Fenda inclinada
FictuA 6
Fio inclinado
1 SciELO
Ficc»* 8
Vi»la gtral do apartiho do lado da ilumtnação
Mcm. Inst. Bntantan,
22;75-I’6, XoT.» 1950.
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Ficun 7
Vista crral do aturrlho do lado da fotografia.
cm
Mem. Inst. Butantan,
72:75-126, Not.» 1950.
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89
c) Ligações eléctricas
As instalações eléctricas consistem no transformador (TL) ijue alimenta a
lâmpada (L) do mercúrio, na bomba de vácuo (BV) para as janelas do banho,
•no termoregulador e relé (TG) para a máquina frigorífica (G), no agitador
(AG) do banho, no motor da seringa sincronizada (SS), no motor do fecho
<la objetiva (FO), no motor da lâmina e chapa móvel (LC), no relógio eléctrico
(R) e no retificador da corrente (RC) que fornece a corrente continua para a
célula através de uma série dt resistências e medidores que servem para regular
■e medir a voltagem e a amperagem do campo eléctrico. Todas as chaves, inter-
ruptores, reguladores e instrumentos estão reunidos num quadro de controle.
Ficoa 10
Eiqucma dAA lijatScs cl^trícoi
d) Sistema óptico
1 - Formação das imagens.
Quando se trata de observar a migração de um colóide opaco ou colorido,
o sistema óptico consiste apenas numa fonte de luz e num condensador que repro-
duz a imagem da célula electroforética sem aberrações no plano do vidro fosco.
O caminho percorrido pela imagem da dK-isa no vidro fosco num determinado
tempo, diridido pelo fator do aumento do sistema óptico, representa a velocidade
claquela divisa na célula electroforética.
cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
90
ESTCDOS ELECTROFORÉTICOS
Quando se trata, entretanto, de soluções incolores como por exemplo de
soluções de proteínas plasmáticas, a observação do movimento das divisas toma-
sc mais complicada. Svedberg e Scott utilizaram a absorpção dos raios de ultra-
violeta pelas soluções proteicas, trabalhando com células e lentes de quartzo ; este
processo foi "mais tarde suplantado pelos métodos de Tiselius, Longsworth,
Philpot, Svensson e Lamm que usaram as ondas do espectro visível, aproveitando
a diferença de indice de refração que existe entre duas soluções proteicas dife-
rentes. O método de Tiselius que utilizou dois princípios de Foucault e a sua
aplicação no processo das “Sehlieren” de Toepler baseia-se na seguinte obser-
vação :
Imaginemos uma solução proteica em contacto coni uma solução diferente
e que tenha um indice de refração menor. Raios paralelos vão atravessar as.
duas soluções sem des^•ios, mas um raio que passa na divisa entre as duas.
soluções vai sofrer um desvio para baixo, para o lado da solução opticainente
mais densa. Si houver agora mn diafragma que deixe passar apenas a faixa
central e elimine todos os raios desviados, a imagem da célula que contém.
as duas soluções vai apresentar uma sombra no lugar da divisa onde falta o
raio que sofreu o desvio. Este método permite assim a observação da divisa
entre duas soluções de diferentes indices de refração pela sombra obtida na
fotografia da célula através de um diafragma apropriado. O sistema óptico
consiste assim numa fonte de luz visivel (L) que através do primeiro diafragma
(S) ilumina a lente de “Sehlieren’' (LS). A luz atravessa depois a célula
electroforética (CE) e focaliza-se no plano de um segundo diafragma (FL),
èntrando na máquina fotográfica pela objetiva (O) e formando a imagem no-
vidro fosco (VF).
Quando a célula contém uma solução transparente e ópticamente homo-
génea, toda luz que passa pela célula atravessa o segundo diafragma e forma
cm
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91
uma imagem completamente iluminada da parte central da célula. Mas si a
célula contiver dois liquidos de índices de refração diferentes que se tocam na
linha indicada (f), a luz que entra na divisa (superfície de contacto) entre as
duas soluções vai sofrer um desvio para o lado do meio opticamente mais
denso. Como este se encontra geralmente em bai.xo, o desvio vai ser para bai.xo
e os raios de luz qúe sofreram esta refração vão cair fora da segunda fenda.
O lugar da di^dsa vai então ser marcado por uma faixa escura na imagem
iluminada da célula sobre o vidro fosco. O desvio que a luz sofre depende da
grossura da célula (a) e da variação do índice de refração (n) com a altura
(h) da camada de liquido na célula. Medindo o desvio vertical (ô) no plano
da segunda fenda, temos
dn
ô = a b (Fonnula 16.)
dh
onde (b) é a distância entre a célula e a segunda fenda. Esta expressão limita
a aplicabilidade do método, e a precisão das observações está na dependência da
grossura da célula, da distância da fenda (em função da distância focal da
lente “Sehlieren”), e da diferença dos índices de refração das duas soluções.
.‘\s condições são escolhidas de tal maneira que as duas soluções tem a
mesma composição e concentração de sais e que a única diferença entre elas é
que a solução de baixo contém a proteína ou mistura de proteínas que estão
sendo investigadas, emquanto que a solução de cima não contém proteína. A
diferença dos índices de refração corre assim unicamente por conta da proteinà
e é diretamente proporcional â concentração proteica. Desta maneira, o desvio
(5) pode servir de medida para a concentração proteica na divisa. Entretanto,
a divisa não forma um único plano geométrico mas consiste numa região onde
a composição varia gradativamente de uma solução para a outra. O índice de
refração nesta região acompanha estas mudanças continuas conforme a altura
na célula; a relação dn/dh vai assim variar de zero até um máximo voltando
novamente ao zero, para cada divâsa.
Como todos os raios que sofrem um desvio em virtude de refrações na
zona de contacto entre duas soluções vão passar em baixo da faixa normal
de luz que atravessa a segunda fenda sem desvio, podemos substituir esta fenda
por uma lâmina afiada. Conforme a posição desta lâmina vamos eliminar uma
parte dos raios desviados e obter como imagem uma faixa escura mais ou
menos larga. Com a lâmina fóra do campo toda a luz cai sobre o vidro fosco
dando uma imagem completa da célula sem sombras. Levantando a lâmina até
cortar o raio de maior desvio, vamos obter na imagem uma linha preta no
cm
SciELO
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92
ESTUDOS ELECTROFORÊTICOS
lugar da divisa entre as dua*s soluções. Esta linha preta vai se alargar com
a aproximação da lâmina até a faixa normal da luz. A sombra que assim
aparece na imagem recebeu o nome de faixa “Schlieren” — nome adaptado do
trabalho original de Toepler e conser\auo em todas as linguas e indicando uma
interrupção da continuidade óptica. A largura da faixa “Schlieren” está assim
na dependência da posição da lâmina. Resumindo todas estas imagens succes-
sivas vamos obter uma figura geométrica que no caso ideal representa a área
da curva de Gauss.
Por razões práticas costuma-se reproduzir estas imagens viradas por um
ângulo de 90®, da maneira que a maior extensão lateral representa a altura
da curva.
FicetA 13
cm
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Mem. Inst. BotanUn,
22:75-126, Xor.^ 1950.
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93
Esta altura depende da maior refração sofrida que por sua vez é uma
funqão da concentração proteica. A maneira de tirar conclusões numéricas da
forma desta curva, ou de qualquer outra representação dos desvios que a luz
sofre na sua passagem através da célula, caracteriza os métodos mais usados
na interpretação das obsei^ações electroíorétrcas.
2 — Método “Schlicren scanning" de Longsworth. (Exploração da interrupção de
continuidade óptica.
Em combinação com o levantamento vertical da lâmina, Longsworth usa
um movimento horizontal simultâneo da chapa fotográfica, colocada no lugar
do vidro fosco, que vai somando as várias imagens successivas. A área assim
obtida representa a soma de todos os desvios sofridos pela luz na região das
duas soluções da célula. A relação entre o desvio e o índice de refração na
divisa das duas soluções foi dada na fónnula 16. A área total é proporcional á
soma de todos estes desvios:
(Fórmula 17.)
onde (g) é a constante de proporcionalidade.
j = relação do movimento da chapa com
1
g = sendo
j m
o movimento da lâmina
m = fator de aumento da máquina foto-
gráfica
A diferença de índice de refração ( n» — ni ) é proporcional á concen-
tração (c) da substância (proteína) dissolvida na solução no fundo da célula.
Si (K) = incremento específico de refração, a saber a diferença de índice de
refração por unidade de substância dissolvida, nos temos
c K = n» — ni
Substituindo este valor na fórmula 17. vamos obter
a b
5 dh =
c K
g
ô dh
c
' (Fórmula 18.)
‘4
ESTUDOS ELECTROFORtTICOS
Quando temos uma mistura de proteínas, os vários componentes vão caminhar
com velocidades diferentes, conforme as cargas eléctricas dos coloides no pH da
experiência. Vamos tomar como exemplo o caso de 3 proteínas de pontos :so-
eléctricos diferentes, mas todos abaixo do pH da experiência, de tal maneira
que as proteínas tem cargas negativas e vão caminhar em direção ao anódio.
Ficuka ]4
Si as cargas destas proteínas estão na relação « > p > y vamos obter tres
curvas, com tres picos que correspondem ás tres divisas entre as soluções
(a -}- P + y)] contra (“ + ?)> (“ + P) contra (a), e («) contra o tampão.
Xo lado catódico do tubo, onde as proteínas vão fugir do catódio, existem as
mesmas condições e as mesmas imagens. Para diferenciar as imagens, chamamos
o lado anódico onde as proteínas caminham para cima, de lado ascendente (lado A),
e o outro lado, de lado descendente (lado D). As duas imagens, entretanto,
não são estritamente idênticas, pois si no lado ascendente as proteinas estão
entrando no tampão, no lado descendente as proteinas vão caminhar para dentro
da solução proteica que tem uma viscosidade e concentração iônica maior que o
tampão, em virtude da contribuição dos ions proteicos. Xa preparação da so-
lução proteica para a electroforese, a proteína é colocada em diálise contra a
solução tampão até estaljelecimento de equilíbrio iônico entre as duas soluções.
As concentrações electroliticas das duas soluções, entretanto, nunca são idênticas
cm virtude do equilíbrio de Donnan. Com estas diferenças de concentração apa-
recem outras divisas que não são provocadas por proteinas, e que devem ser
eliminadas ou afastadas das divisas proteicas pela correção das concentrações
electroliticas ou pela escolha de condições nas quais a diferença da velocidade
de migração das divisas é bastante grande para permitir a separação entre as
divisas proteicas e as outras.
cm
SciELO
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Mem. Inst. BoUnUn,
S:"5-126, Xot.» 1930.
G. HOXTER Sc R. MUXGIOLI
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O afastamento lateral, na direção da migração, de cada pico de curva, da
posição original da divisa inicial entre as duas soluções indica a mobilidade, e
a área em baLxo da cur\-a mede a concentração daquela proteina que provocou
a formação da respectiva divisa.
O método de Longsworth é simples e rápido e pode ser aplicado para medir
pequenas diferenças de concentração, pois a altura dos picos da curva pode
\-ariar conforme a velocidade relativa entre a lâmina e a chapa.
■3 — ifétodo da escala de Lamm-
Neste método não há fenda, nem lâmina, mas unicamente uma escala trans-
parente que se coloca perto da célula no caminho dos raios que vêm da fonte
de luz. A escala é fotografada através da célula, c as suas divisões vão sofrer
desvios em virtude das diferentes refrações na célula. Comparando as divisões
desviadas, como aparecem na fotografia, com as posições originais, regularmente
espaçadas, da escala, temos uma medida da re fração em cada ponto da célula.
Um gráfico destes desvios contra a altura da célula forma uma cur\a que repre-
senta a posição das divisas e as concentrações das substâncias que provocaram
estas diferenças.
O método de Lamm fornece resultados quantitativos muito e.xatos e serve
para observar divisas bem fracas onde as diferenças de concentração são peque-
nas, mas o trabalho de avaliar as curvas ponto por ponto, a partir dos desvios
sofridos pelas divisões da escala, é extremamenfe penoso e exige muito tempo.
O maior inconveniente deste método, e também do de Longsworth, é o fato que
a migração e a formação das divisas não podem ser observadas diretamente e que
é preciso justapor -várias fotografias, tiradas de tempo em tempo, para jtoder
apreciar o progresso da separação das fracções. Esta dificuldade foi comple-
tamente eliminada pelo método de Philpot-Svensson.
4 — Método de Philpot-Svensson-
O processo da formação das imagens neste método é puramente óptico,
permitindo a obserração direta e continua do perfil electroforético sem a neces-
sidade de movimentar lâminas ou chapas fotográficas. Ele se baseia numa com-
binação das “Schlieren" de Toepler com um processo de Thouvert que Philpot
tinha usado para observação das divisas que se formam na ultracentrifuga.
Svensson adaptou o método de Philpot ás observações electroforéticas com a
seguinte modificação: A imagem de Philpot representa uma área preta num
fundo branco, emquanto Svensson obtem uma linha branca num fundo preto.
Há ainda outra modificação que fornece uma linha preta num fundo branco.
As respectivas vantagens destas modificações vão ser apontadas mais tarde. O
2 3 4
5 6 7
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96
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
princípio geral do método é o seguinte: A faixa de luz depois de atravessar
a célula, passa por uma fenda inclinada, colocada no lugar da lâmina horizontal
de Longsworth, continuando p)ela objetiva da máquina fotográfica e por uma
lente cilíndrica de eixo vertical que se encontra entre a objetiva e o vidro fosco.
ô = a b
dn
dh
e a área incluída entre a base e a curva de Gauss que representa as variações
da concentração na divisa é
^ a b
/ ô dh = (na — ni )
Ficcha 15
Os raios que vão atravessar a célula nos lugares onde não existem dhnsas,
não sofrem desvios e vão formar uma linha vertical no vidro fosco. Porém
os raios que são desviados pela refração nas divisas vão atravessar a fenda
inclinada num ponto mais baixo e lateralmente deslocado, passando pela lente
cilíndrica num ponto mais afastado do eixo e sofrendo porisso uma inflexão maior»
caindo á direita da linha dos raios normais da imagem no vidro fosco. Quanto
maior a refração na célula, tanto mais a imagem do raio desviado se afastará
da linha da base dos raios normais não desviados. A imagem representa assim
uma linha base e uma curva que corresponde á curva obtida pelos outros pro-
cessos. Os cálculos são os mesmos como antes. O desvio de cada ponto é
cm
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22;/-5-126, XoT.® 1950.
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A concentração de proteína que provocou esta diferença dos índices de
refração é
A constante de proporcionalidade (g) que no método de Longsworth de-
pende das velocidades da lâmina e da chapa fotográfica, torna-se aqui uma
função do ângulo (s) da fenda inclinada e do fator do aumento da máquina
fotográfica que inclui agora a lente cilindrica.
1
g =
m tg í
(Fórmula 19.)
m a b K tg ®
Em geral, não há necessidade de determinar as constantes (m,a,b,) do
aparelho porque as concentrações relativas dos componentes electroforcticos inte-
ressam mais que as quantidades absolutas; estas podem então ser calculadas
facilmente a partir da concentração proteica total que se determina por dosagens
químicas, de preferência pelo Micro-Kjeldahl. O incremento especifico (K) é
praticamente igual para todas as fracções proteicas do plasma, com exceção das
lipo-proteinas. O valor médio de (K) para plasma humano é de 0,00185 por
grama de proteina em cada 100 ml de solução para a linha D do espectro visível.
A fenda inclinada tem uma forma especial, inventada por Svensson para
formar linhas finas e nítidas. A al)ertura da fenda é variável entre 0 — 5 mm,
como também o ângulo (0) da fenda com a vertical.
FicrtA 16
98
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
Colocando uma lâmina inclinada no lugar da fenda inclinada de tal maneira
que os raios desviados para baixo são interceptados por esta lâmina, nós vamos
obter como imagem uma área escura cujos contornos correspondem á linha branca
obtida pela fenda. Colocando um fio inclinado no lugar da lâmina, a imagem
vai ser uma linha preta num fundo claro. Estas variações encontram aplicações
em alguns casos, mas o resultado é independente do método de obtenção do
perfil electroforético. O mais recomendado é o método da fenda inclinada se-
gimdo Svensson que permite obter fotografias nítidas. Não há necessidade de
usar chapas ou filmes, uma tira de papel fotográfico comum (Kodabromide)
é suficiente, pois bastam alguns segundos de exposição durante os quais não
há movimento perceptível do perfil electroforético.
Láteína inclinada
Feixia Inclinada
Figura 17
2 3 4 5 6
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5 — Ajustamento do sistema óptica
G. IIOXTER & R. MUXGIOLI
99
O sistema óptico deve ser construido do melhor material, com lentes bem
corrigidas e com um mínimo de aberrações. O ajustamento do conjunto é
muito importante e deve ser feito com todo o cuidado possível, obedecendo as
seguintes recomendações gerais:
1) Retirar a célula do banho. Ajustar a posição da fonte de luz e da
primeira fenda até formar uma imagem nítida de 25 mm de largura,
no mínimo, no plano da segunda fenda.
2) Recolocar a célula, retirar a lente cifindrica e a fenda inclinada. .Ajustar
a posição da objetiva da máquina fotográfica até formar uma imagem
nítida da parte central da célula no vidro fosco. Recolocar a lente
cilíndrica.
3) Colocar uma lâmina ou fenda horizontal no plano da fenda inclinada e
ajustar a posição da lente cilíndrica até obter uma imagem nítida no
vidro fosco.
4) Substituir a lâmina horizontal pela fenda inclinada e observar que a
imagem forme uma linha vertical nitida.
5) Verificar a ausência de aberrações das lentes pelo seguinte processo:
Aberrações horizontais
Com a segimda fenda em posição horizontal e sem a lente cilíndrica, observar
a imagem no vidro fosco de uma escala transparente de precisão que se coloca
horizontalmente no lugar da célula no l)anho. As divergências das divisões da
escala não devem exceder de 0,04 % em 30 mm.
Aberrações verticais
Com a segunda fenda em posição horizontal e bem aberta, c com a lente
cilíndrica no lugar certo, obs^í-var a imagem no vidro fosco de uma escala
transparente de precisão colocada , «rticalmcnte junto da segunda fenda, com as
divisões paralelas ao eixo da lente cilíndrica. As divergências das divisões da
escala não devem e.xceder de 0,05 % em 25 mm.
6 — Diferença entre lâmina e fenda.
As imagens formadas pela fenda consistem de uma linha mais ou menos
fina cuja grossura depende da abertura da fenda. O centro desta linha é sempre
fixo e não depende do tempo de exf>osição. A lâmina dã como imagem uma
área bem nitida, pois não há difraçâo na região da sombra, mas a posição
dos contornos desla área varia com o tempo de e.xposição. Porisso é preferível.
cm
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100
ESTUDOS ELECTROFORÊTICOS
ein geral, trabalhar com a imagem linear e reservar a aplicação da lâmina para
os casos onde a análise de dois picos muito próximos exige maior nitidez do
perfil electroforético.
IV) TÉCXICA DO EXPERIMEXTO ELECTROFORÉTICO
a) Preparo do material
Para obter uma velocidade electrolorética constante é preciso evitar variações
dos fatores que influenciam o movimento da proteina: a força do campo
eléctrico, a viscosidade do meio, e a carga da proteina. Usamos nesta publicação
a proteina como exemplo tipico de material que se presta para investigações
electroforéticas, mas as mesmas indicações são válidas para trabalhos com outros
coloides ou substâncias ionizáveis em geral. A carga da proteina depende do pH
e para assegurar a constância do meio, a solução proteica é dialisada contra uma
solução tamjão até estaljelecimento do equilíbrio iõnico. A mesma solução tampão
é depois superposta na célula. O efeito de Donnan vai impedir um equilíbrio
perfeito, mas este defeito pode ser corrigido parcialmente pela diluição da
proteina dialisada com água distilada á razão de 0,05 ml de H^O para cada ml
de solução, ou pelo uso de um tampão 1,08 vezes mais concentrado para o
liquido de superposição. O pH da experiência é escolhido de tal maneira que
todas as frações da mistura proteica caminham na mesma direção, mas com
velocidades diferentes. Para substâncias labeis, usa-se o pH de maior estabili-
dade. Pode mesmo haver casos onde se recomendam duas ou mais determinações
electroforéticas em valores diferentes dc pH. A temperatura da experiência é
geralmente entre 2 — 5.® C c tem que ser consen-ada constante durante toda
a electroforese, com variações máximas de 1/10 de °C. Escolha-se de preferência
aquela temperatura onde as variações de densidade das soluções são mínimas,
para evitar correntes de convecção c mudanças de viscosidade.
A escolha do tampão é muito importante pois a nitidez das curvas depende
das condições nas divisas, onde as rariações de condutibilidade devem ser
insignificantes comp>aradas á condutibilidade total. Isto significa que a concen-
tração proteica deve ser bai.xa em relação á concentração iònica do tampão para
que não haja grande diferença entre as condutibilidades da solução proteica e
da solução tampão. Também, as mobilidades das proteínas e dos ions do tampão
não devem ser muito diferentes. Os melhores resultados são obtidos com
tampões cujo anion tem peso molecular elevado, para as e.xperiências na região
alcalina das proteínas. Para as análises electroforéticas de plasmas e soros usa-
mos um tampão de veronal sódico (di-etil-barbiturato de sódio) decinonnal com
0,71 % de oxalato de sódio e ácido di-etil-Taarbitúrico 0,02 normal, dando um
cm
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101
pH de 8,6 e uma força iônica de 0,1. Xão se recomenda uma força iônica
maior de 0.2 jiara evitar uma potência elevada na célula que nunca deve
suportar mais de 5 watt. .\ concentração proteica que pelas razões acima indi-
cadas deve ser a mais liai.xa possível, fica na dependência do sistema óptico.
Para análises de plasma ou soro jielo método de Philpot-Svensson u.samos uina
concentração em redor de 1,5^ de protejna. diluindo a solução dialisada com
solução tampão até obter uma diferença de indice de refração entre jiroteina e
tamiião de 0,0030 que indica 1 — 2 ^/c de proteína total na solução. Tendo
o cuidado de eliminar ou afastar as fal-s-as divi.sas que nao são provocadas por
proteínas, pode-se de.scobrir 0,05 mg de proteína {lor ml de solução.
h) Diálisc
A solução proteica que se tleseja submeter á clectroforc.se é colocada ntnri
satiuinho de papel celofane e diali.sada contra um volume 50 vezes maior de
solução tamiião que se troca por nova solução 6 — 8 vezes durante o temjxj
de diálise. Xa temiieratura de 2 — 4”C c sem agitação, a diáli.se leva 3 — 4
dias. mas por meio de um agitador colocado dentro da proteina, este tempo
potle ser encurtado jiara algumas horas apenas, esitccialmcntc quando a diálise
se processa em tenuícratura ambiente. Xo caso de plasma, a solução tam])ão
deve conter um anticoagulante jxtra evitar a desnaturação do fibrinogénio. O
progresso da diálisc pode .ser acomiKinhado por medidas conductométricas até
que a condutibilidade da solução proteica atinge um valor estável. .\ solução
dialisada é então diluída com mais solução tamiião até o teor proteico desejado
e centrifugada i>ara ficar límpida.
c) Preparo da célula
Damos em seguida a descrição detalhada do jtrocesso de enchimento da célula
micro, que potle servir de base para tralalhos com as células maiores. É de
suma importância que as indicações sejam seguidas com todo o rigor possível,
pois o mínimo lapso pode inutilizar todo o material. A célula micro consiste
nas seguintes partes: O fundo do tubo de “U", o centro do tulto de “U”, a
parte superior do tulto de “U , o vaso anódico, e o vaso catódico, com os
respectivos electródios. O seguinte esquema indica os passos a seguir :
a) Passar vaselina ou outra graxa semi-sólida nas faces esmerilhadas do
tubo de “U” até que cada face deslise com facilidade sobre a face ojwsta.
Retirar o excesso de graxa, evitando a todo custo que se suje o canal interno
do tubo de “U”.
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103
c) Deslisar o centro sobre o fundo para a esquerda até fechar os canais
da parte do fundo.
d) Retirar por meio de uma seringa com agulha comprida a solução pro-
teica do canal esquerdo da parte central e lavar este canal 3 — 4 vezes com
solução tampão até eliminar toda proteína, verificando o desaparecimento da
espuma.
Fiovea 21
Retirando proteina
Fiorn 22
Lavando com lampJo
e) Colocar a parte superior do tulx) de “U” em cima da parte central
desviada, de tal maneira que os canais coincidem. Encher o canal esquerdo com
solução tampão c o canal direito com a solução proteica até alguns milimctros
acima das faces esmerilhadas, tendo o cuidado de eliminar todas as bolhas dc ar.
Ficcka 23
Colocando parte saperior
Ficuea 24
Enchendo com tampão
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105
h) Fimiar a parte superior liem no centro com os parafusos e as molas e
colocar os vasos electródicos, ligando seus tubos laterais á cabeça do tubo de “U”
por meio de tubos de borracha flexível.
i) Encher o ajiarelho com solução tampão até que esta transborde pela
parte superior do tubo de "U”. Lembramos que tanto a solução proteica como
a solução tamjião devem estar numa temperatura de 2 — 5°C no momento do
seu uso.
FicctA 28
EnchiTtdo coai Umpõo
j) Inserir os electródios que consistem de folha de prata corrugada c soldada
a um tubo de prata. Antes da exjieriéncia. os electródios são ativados por
electrólise anndica durante alguns minutos, em solução de cloreto de potássio
normal, usando um cátodo de carvão. Depois dc cada experiência invertem-se
*
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l) Com um mínimo de agitação colocar o aparelho no banho, previamente
esfriado até a temperatura da electroforese. Reajustar o nível da solução tampão
nos dois lados do tubo de “ü”.
m) Ligar os electródios na fonte de corrente contínua, com o cátodo ou
pólo negativo do lado direito (lado da proteina). Esperar 10 — 15 minutos
para que o aparelho atinja a temjMíraturri do banho. Acender a lâmpada de
mercúrio e focalizar a parte central da célula, sem fendas e sem a lente cilíndrica.
n) Deslizar por meio dos pistões, com movimento lento e regular, a parte
central do tubo de “U” para o centro até e.stahelecer contacto com os canais
do fundo e da jiarte superior. É e.xtremamente imiumante tiue esta manobra seja
executada com um máximo de cuidado para evitar a mistura entre as soluções e
o consequente desaparecimento das divisas.
o) Levantar um pouco a lâmina horizontal móvel. Retirar com cuidado
pelo canal esquerdo da cal)eça uma pequena quantidade de tampão ])or meio da
seringa automática sincronizada, regulando o seu movimento jjelo interruptor no
quadro de controle geral até que as divisas que e.stavam escoiulidas atrás das
faces esmerilhadas aparecem no vidro fosco. Como as imagens estão invertidas,
a divisa ascendente (lado anódico) vai aparecer cm cima. c a divisa descendente
(lado catódico) em baixo.
Ficitia 31
Retirando o tamplo
p) Escolher o lado que se deseja observar e cobrir a imagem do outro
lado por meio de uma máscara apropriada, colocada entre a fonte de luz e
a lente “Sehlieren”. Abai.xar novamente a lâmina móvel, colocar a fenda incli-
nada e a lente cilíndrica, e verificar que as janelas do banho não estejam emba-
SciELO
]Qg ESTfDOS ELECTROFORÉTICOS
qadas. Ajustar a posição da lâmpada, sem modificar a sua distância, até que
a imagem no vidro fosco se mostre uniformemente iluminada.
Ficv»a 34
Colocando o cbassis
Ficviia 33
Observando p/vidro fosco
r) Ligar a corrente nos electródios e pôr o relógio em funcionamento.
s) Tirar fotografias do perfil electroforético que se desenvolve e registrar
todos os dados importantes num protocolo, (^’eja modelo.)
SciELO
Ficva.! 32
Máscara da lente
q) Observar e fotografar a curva inicial da divisa entre tampão e solução
proteica.
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ESTLDOS ELECTROFORtTlCOS
Após 10 minutos
Após 20 minutos
Após 30 minutos
Após 40 minutos
Após 50 minutos
Ap<.>s 60 minutos
Após “0 minutos
Após $0 minutos
Após 90 minutos
*
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22 : 75 - 126 , Xot.» 1950 .
G. UOXTER & R. MUXGIOU
111
PROTOCÓLO DE ELECTROFORESE
Número.
Nome. . .
Material
Caso clinico.
Diálise
Data do inicio Data do fim
Condições Temperatura
pH Tampão Força iónica...
Volume posto V'olumc retirado
Volume f.nal após diluição com tampão
Índice de refração do tampão da solução.
Condutibilidade do tampão da solução.
Electroforese
Inicio horas Fim horas-
Distância da divisa inicial: Lado .\ Lado D
Temperatura do banho Voltagem Amperagem.
Fotografia
1) Minutos .Sistema .\nguIo Chassis.
2 ) ” " - - .
d) " “ •• -
Dist.
I-ado .\ D
^ A D
A D
Medições adicionais
Célula usada -
Voltagem na célula.
Observações
.\rea transversal.
Fator de aumento...
Distância
Mobilidade
Cálculos
Fracção .-^rea
Responsável. .
Concentração relativa
P
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112
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
V) AXALISE DAS OBSERVAÇÕES ELECTROFORÉTICAS
a) Análise dos traçados
A análise dos traçados oii perfis electroforéticos fornece dados que permi-
tem calcular a quantidade relativa de cada componente da mistura proteica e á
sua mobilidade no campo eléctrico. Quando as condições da electroforese são^
escolhidas com cuidado, a imagem do lado ascendente deve dar os mesmos
valores que aquela do lado descendente. Xeste caso, recomenda-se analisar
apenas o perfil da lado descendente. Onde não foi possivel eliminar diferenças
maiores entre as duas imagens, recomendamos usar o lado ascendente para cal-
cular as áreas, e o lado descendente para a determinação das mobilidades. As
di.-screpâncias entre os dois lados servem para controlar as condições da e.\pe-
riência. As electroforeses que dão menor erro e que são mais reproduzíveis
são aquelas onde as .divergências entre o lado ascendente e o lado descendente
foram eliminadas pelo acerto das concentrações relativas das soluções.
Para o mesmo perfil, as constantes (m), (a), (b), e (9) são iguais, e (K)
é praticamente a mesma para todas as frações do plasma; no caso de misturas
desconhecidas, entretanto, é preciso determinar o incremento específico da refra-
ção por análises químicas e refratométricas de cada fração. Para este fim
retira-se uma parte da fração por meio da seringa sincronizada, submetendo o-
êmbolo da seringa a um movimento lento e uniforme pelo motor.
FictitA 37
Serioga sincronizada
o liquido da seringa é então analisado por processos químicos para deduzir
a concentração da substância (c). Determina-se em seguida a diferença da
1 SciELO
Mem. Iiut. Butar.Un.
22:r5-12í, Xor.» 1950.
C. IIOXTER & R. MUXGIOLI
113
refração antes e depois de uma diluição com volume igual de solução tampão.
Si esta diferença fòr A n, teremos ^
(Fórmula 20.)
No ca.so de plasma e de outros liquidos de refração conhecida é suficiente
proceder á análise geométrica do traçado para determinar as concentrações rela-
tivas dos componentes.
b) Análise geome trica
Esta é a parte mais trabalhosa e inais arbitrária da electroforese. Embora
cada divisa forme um pico bem definido no perfil electroforctico, a avaliação
da área em bai.xo deste pico encontia dificuldades quando se trata de subdividir
a área total do perfil, que corresponde a várias divisas parcialmente super-
postas, e designar aquela parte que pertence a cada divisa individual. Devemos
lembrar que os contornos desta área individual têm uma fomia correspondente
á curva de Gauss que tem dois parâmetros variáveis: a altura máxima e a
largura da base. Teoricamente não há razão para que a curva seja simétrica
em tomo da altura máxima, mas na prática encontramos quase sempre curvas
simétricas. Passamos a indicar os vários métodos que têm sido usados para
analisar os perfis.
c) M elodo de Tiscliiis e Kabat
Estes autores subdividem a área total por ordenadas que passam pelos
pontos de inflecção da ciirva entre os picos. A área assim separada em baLxo
de cada pico é determinada por planimetria.
Medindo a área total pode-se calcular a porcentagem da cada fracção sobre
o total, presumindo que o índice de refração é igual para todas as fracções.
cm
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114
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
d) Método dc Pcdcrscn
A área total é a soma das áreas individuais formadas pelas divisas. Cada
divisa individual contribui com o seu perfil electroforético, formado por uma
área cujos contornos correspondem á uma curva de Gauss. Pedersen subdivide
assim a área total por várias curvas de Gauss simétricas onde as ordenadas
máximas coincidem com os picos. A área em bai.xo de cada cui^a é determinada
j)or planimetria como antes.
e) Método dc Labhart
A dificuldade do método de Pedersen reside na incerteza de desenhar uma
curva de Gauss quando não se conhecem os parâmetros. Labhart inventou uni
cm
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instrumento que utiliza a superposição óptica de cunas nonnais de Gauss. Uni
diapositivo com curvas normais de várias alturas projeta a imagem destas curvas
em cima de uma cópia ampliada do perfil electroforético. Por inclinação do
diapositivo ao redor de um eixo que coincide com o bisector venical das cur\as
pode-se variar a área e a base das cur\-as até encontrar aquela que melhor se
adapta aos contornos do perfil. A altura da curva normal usada e o ângulo de
inclinação do diapositivo permitem calcular a área, evitando assim o uso do
planimetro.
f) Método dc Ií'icdeiiiaiiii
O método de Labhart é trabalhoso e exige um aparelho complicado com
lentes sem aberrações, além de se basear na simetria das curvas. Lembrando
que se deve esperar pequenas assimetrias nas cim-as de difusão de substâncias
que não oliedecem os critérios de pureza indicados jxir Lamm, ^^’iedcmann usa
um método engenhoso para avaliar as áreas num aparelho projetor que permite
variar a ampliação da imagem sem diminuir a nitidez. Um diapositivo contém
16 curvas normais de Gauss, agrupadas em 4 gnipos dc alturas diferentes e
bissectadas verticalmente para permitir a projeção dc metades de curvas normais
sobre uma cópia ampliada do perfil electroforético. Pela variação do grau de
aumento, tanto horizontal como vertical, da imagem fornecida pelo diapositivo
pode-.se adaptar a curva aos contornos do perfil. A área total que é a soma
* das duas metades em bai.xo de cada pico é dada pela fórmula.
F F
F = ( - -f - ) 5=
Sc • -d
(Fónmila 21.)
F
onde — indica a área
*e
F
da metade esquerda e — aquela da metade direita da curva, sendo (s) uma
íd
distância marcada no diapositivo e cuja medida permite calcular o aumento da
imagem. Os s^alores dc (F) são tirados de uma tabela ou de um gráfico.
Este método é o mais preciso entre todos e permite descobrir divisas {>equenas
que não aparecem no perfil á primeira vista quando o pico de sua fracção não
se eleva acima dos contornos da cur\a. (Veja por exemplo a curva da
fração o, na Figura 39.). A análise do perfil nas partes onde há super-
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]16
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
posição de duas ou mais cunas é um processo demorado que exige a extrapo-
lação das curvas e a correção repetida de suas ordenadas cuja soma tem que
dar a ordenada do perfil total em todos os pontos.
Ficcka 3»
Método de Wiedctrunn
g) Nosso método
Para evitar a possibilidade de erros ópticos na análise pelo método de
Wiedemann que exige um aparelho projetor com lentes perfeitas, um diaposi-
tivo com cuiras normais e uma tabela das áreas destas curvas, imaginamos um
método puramente geométrico para analisar uma cópia ampliada do perfil electro-
forético. O nosso processo se baseia na medida de dois parâmetros da curva
de Gauss. Examinando a formação das cur\’as no perfil lembramos que elas
representam as mudanças do indice de refração nas divisas. Uma divisa é
uma discontinuidade onde duas fases de diferentes composições se tocam. To-
mando como exemplo a divisa entre a fracção da albumina e a solução tampão
onde a tensão inter-superficial é pequena demais para evitar a difusão das duas
cm
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soluções em ambas as direções, 'podemos ver que as partículas de uma solução
não vão formar uma frente única, mas vão se distribuir dentro da outra solução,
conforme os caminhos traçados por cada partícula individual. Quanto mais
longe da di%-isa que representa o grosso das partículas, menos ponículas da
mesma fase vão ser encontradas e menor será a discontinuidade, menor a variação
da composição c a diferença entre os índices de‘refração. Esta distribuição em
tomo da divisa obedece á probabilidade estatística de encontrar uma partícula
da primeira fase num detemiinado ponto dentro da segunda fase. Traçando
um gráfico desta probabilidade, \'amos obter uma figura como a seguinte:
Ficcia 40
onde a abcissa representa a distância a partir da divisa, e a ordenada o número
de partículas (de albumina), em fracção porcentual da concentração na divisa,
encontradas naquela distância. O mesmo se aplica âs particulas da fase 2 que
avançaram para dentro da fase 1. Si a probabilidade de encontrar uma partí-
cula num deteraúnado ponto fôr (p) e a probabilidade de encontrar nenhuma
partícula da mesma fase fôr (q), a fórmula para o desvio padrão o da distri-
buição é
o = v^I p q
onde (M) é o número total de particulas de uma fase dentro da outra. (M) é
proporcional â diferença de composição entre as duas fases e indica assim a
quantidade da albumina na fase 1, pois a presença da albumina é o único fator
que diferencia a fase 2 da fase 1. (M) é também proporcional â área em
bai.xo da curva total. A fórmula para a cuna de distribuição segundo Gauss é
ff
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1
118
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
— X-
M
ff 1 2 TT
o (y 2
onde o coeficiente (
) é
o V 2 .T
igual a ordenada máxima que é a altura (>•„) da curva.
Neste caso, (M) é a área em baixo da curva.
M
dando
' _ o V 2 .1
M = y- o V 2 .-r = 2,506 o y-
( Fórmula 22 .)
Conhecendo então os dois parâmetros o e yn,. podemos calcular a área pela
fórmula indicada. A altura máxima (ym) de cada pico pode-se medir com
precisão, mas para achar o parâmetro a temos que fazer uma aproximação
baseada nos seguintes fatos': Consultando uma tabela das abcissas e ordenadas'
da curva nonnal, verificamos que a abcissa é igual a o para um ponto cuja
0,2420
ordenada é q 3939 ordenada má.xima. Esta fracção corresponde aproxi-
madamente a 60 % da altura (y„) da curva (valor exato: 60,66%). Basta
assim medir a abcissa de um ponto da curva situada 2/5 aljaixo do pico.
Este ponto corresponde também ao ponto de inflecção da curva normal, onde
a tangente atinge um ângulo máximo com a base. Podemos calailar a orde-
nada (yi) do ponto de inflecção pela fórmula
(Fórmula 23.).
ym
yi = — = = 0,606 Vn,
Ve
cm
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119
Uma vez detenninado o valor de o e calculada a área pela fórmula 22.
podemos traçar a cun-a inteira por meio da seguinte relação entre as alKissas
e ordenadas de alguns pontos da curva nonnal.
ABCISS.\
ORDEXADA
0
y«
0,5 a
0,8S5 y>
1.0 <j
0,606 y-
1,5 a
0.325
2.0 a
0.135 y.
3.3 o
0,004 y.
O último valor da ordenada na taliela acima c praticamente zero e podemos
concluir que para fins práticos a base da curva tem um comprimento de
3,3 o 4* 3,3 o = 6,6 o. Quando os picos estão bem separados de tal ma-
neira que a área entre eles toca a linha da base, não ha nenlnima dificuldade
na análise geométrica; mas cm geral as condições e.xperimcntais não iiermitcm
chegar até a separação total das divisas. Xestes casos podem surgir várias com-
plicações :
a) Duas divisas parcialmentc sujierpostas
1 — sem modificação da altura dos picos
2 — com modificação da altura de um pico
3 — com modificação da altura de dois picos
b) Tres divisas parcialmente superpostas.
Verificamos que ha sempre nos lados extremos de cada perfil uma jiarte
da cuna que provém de uma única divisa. Aproveitamos assim dois pontos
naquela parte da curva para calcular o resto e detenninar o valor do j>arámetro o
pela fórmula
2 2
X — X
J 1
o* =
2 In yi/ys
onde Xi é a abeissa do ponto Pi e xs do ponto Pj.
Vi e yo são as ordenadas correspondentes. Transfonnando em logaritmos comuns,
vamos obter
2 2
X — X
2 1
•og yi/V;
(Fórmula 24.)
íelo
0 11 12 13 14 15 16
o’ = 0,217
120
ESTUDOS ELECTROFORÉTICOS
A análise geométrica do perfil compreende, em resumo, os seguintes passos:
1. ®) Aumentar o perfil fotográfico por projeção ou com pantógrafo para
obtei uma cópia ampliada.
2. ®) Marcar a linha da base e os contornos do perfil, usando a margem
inferior no caso de linhas grossas.
3. ®) Indicar o ponto de origem, i.e. a posição inicial da divisa antes da
passagem da corrente.
4. ®) Traçar linhas perpendiculares á linha da base através dos picos do
perfil, indicando assim a posição das divisas que são discerníveis á
primeira inspecção.
5. ®) Escolher dois pontos na parte mais avançada do perfil, determinar
suas ordenadas e abcissas a partir da última ordenada máxima e
calcular o pela fórmula 24.
6. ®) Marcar a base da cur\'a, (= 6,6 o) e observar si ela corresponde ao
{xjnto mais avançado do perfil. Si isso não fôr o caso, um dos pontos
escolhidos não faz parte da mesma curva e o contorno total não corres-
ponde a uma única divisa njas a duas ou mais que estão parcialmente
superpostas. Xeste caso pode-se usar a medida da metade da base
real. do ponto mais avançado até o pé da primeira ordenada máxima,
para calcular o e traçar então os contornos da primeira divisa pela
tabela acima, deduzindo o valor de (Vn,) do ponto de inflecção.
7. ®) Traçar provisoriamente a outra metade da curva, tomando-a como
simétrica em redor da ordenada máxima. verificação posterior da
soma das alturas em vários pontos permite descobrir si alguma das
curvas não foi simétrica e corrigir o desvio.
S.®j Observar em que ponto a primeira curva se afasta do perfil e deter-
minar a alxrissa deste ponto a partir da segunda ordenada máxima.
Esta distância é a base da metade mais avançada da segunda curva.
9. °) Continuar desta maneira até analisar totlo o perfil, conferindo sempre
a soma das alturas e marcar a diferença, onde houver, como nova
ordenada, descobrindo assim as divisas escondidas.
10. ®) Calcular a área em baixo de cada curva pelas fórmulas indicadas e
medir as distâncias das ordenadas máximas a partir do ponto de
origem, para determinar a mobilidade, lembrando-se de dividir pelo
fator de aumento linear da máquina fotográfica e da ampliação da
cópia.
h) Cálculo da uwbilidade aparente
A mobilidade electroforética é definida como a velocidade num campo de
força H — 1. Si (w) é o caminho percorrido no tempo (t), então
^íc^ 1 . Tnst. Butantan,
a:75-126, XoT.® 1950.
G. HOXTER & R. MUXGIOLI
121
w
w
e a mobilidade u
A H t II
O campo de força (H) é uma função da corrente:
I onde I = corrente cm ami>crcs
H =
() =: área transversal da célula
S
k = condutibilidade especifica
Assim vamos obter
u —
A
w k O
S "
I t
(Fórmula 25.)
onde (w) é o caminho cm centiir.ctros percorrido jicla divisa cm (t) segundos,
num meio de condutibilidade (k ) através de um tulio de secção transversal de
(Q) cm- sob o impulso de uma corrente cléxrtrica de (I) anuiércs. Também,
I = O k E
S
onde (E) é a voltagem por an na célula, dando
\v
u =
A E t
(Fórmula 26.)
Ha. entretanto, certa dificuldade técnica cm medir a queda de potencial na
célula e porisso preferimos usar a fórmula 25. embora ela exija conhecimento da
condutibilidade. Esta pode ser determinada aparte, colocando uma célula de
condutibilidade num banho da mesma temjieratura do experimento electroforético
e usando o método de Kohlrausch para medir a condutibilidade com uma ponte
de Wheatstone. alimentada por corrente alternada dc alta ciclagem. c que tem um
alto-falante ou um ôlho eléctrico no lugar do galvanometro. (Figura 42).
*
-SciELO
0 11 12 13 14 15 16
ESTUDOS ELECTROFORÊTICOS
Ficc»a 42
VI) RESUMO
Nesta primeira parte do seu trabalho, os autores apresentam a teoria da
electroforese de partículas coloidais. Eles explicam os métodos cm uso, dando
detalhes da técnica e indicando os processos de análise das obsenações electro-
foréticas.
SUMMARY
In this first part of their publication the authors present the theory of
clectrophorcsis of colloidal particles. They explain the metho<Is in use, giving
details of the technitiue and indicating the processes of analysis of electrophorctic
observations.
2US A M M EX F ASSU X G
In diesem ersten Teil ihrer Arl>eit gebcn die Autoren einen Üljerblick über
die Theorie der Elektrophorese von kolloidalen Teilcben. Sie crklãren die
vcrfügbaren Methoden, zeigen Einzelheiten der Technik und der Analyse voi:
clektrophoretischen Beobachtungen.
LISTA DOS símbolos USADOS
A =
anípcrúiictro
AG =
agitador
B =
banho
BV =
bomba de vácuo
C =
constante da forma da partícula
i
SciELO
3 11 12 13 14 15 16
1
*
Mem. Inst. Butastan,
a:TS-126, Xov.® 1950.
G. IIÕXTER & R. MUXCIOLI
123
CE =
CG =
D =
E =
EM =
F =
FL =
FO =
G =
H =
I =
K =
L =
LC =
LS =
M =
X =
O =
OT =
P =
Q
R
RC
S
ss
T
TG
TL
TR
V
VF
Z
céluia electroforética
Chave geral da entrada de 110 volts, corrente alternada
constante de difusão
tensão em volts
eixo do motor da lâmina hor.zontal
área da fónnula de Wiedemann
fendas e lâminas do sistema óptico
motor do fecho da objetiva i
geladeira do banho
força do campo elétrico
corrente era amperes
incremento específico da refração
lâmpada
motor da lâmina e chapa
lente “Schliercn”
número de partículas
número de .^vogadro
objetiva
tubo óptico
ponto da curva de Gauss
área da secção transversal da célula
relógio
retifícador da corrente
diafragma da lâmpada
motor da seringa sincronizada
temperatura absoluta
tcrmoregulador do banho
transformador da lâmpada
trilho do sistema óptico
vollmetro
vidro fosco
lente cilíndrica
lado A
lado D
lado ascendente da célula
lado descendente da célula
a
b
c
d
e
f
K
h
i
i
grossura da célula electroforética
distância entre célula e fenda
concentração
grossura da camada eléctrica dupla de Hclmholtz
carga do electron
plano de contacto de duas soluções
constante de proporcionalidade
altura na célula
espécie iônica
relação entre o movimento da chapa e o movimento da l.imina
*
-SciELO
0 11 12 13 14 15 16
cm
ESTUDOS ELECTROFORÊTICÜS
i24
k
m
n
P
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X
y
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Y
8
E
X
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■x
P*
rt
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A
constante de Boltzmann
condutibilidade especifica
fator de aumento da máquina fotográfica
Índice de refração
probabilidade estatística
carga eléctrica
raio de partícula esférica
fator de auménto da fórmula de Wiedemann
tempo
mobilidade electroforética
velocidade electroforética
caminho traçado pela imagem da divisa
abcissa da curva de Gauss
ordenada da curva de Gauss
valência
fracção da globulina plasmática
fracção da globulina plasmática ■
fracção da globulina plasmática
desvio vertical da luz
constante di-eléctrica
potencial electrocinético
constante de viscosidade
ângulo de fenda inclinada
constante de Debye e Hückel
força iônica
desvio padrão da distribuição de Gauss
fibrinogénio
diferença
soma
VII) REFERÊNXIAS BIBLIOGRÁFICAS
Notdx Incluimos apenas aquelas publicações que contém detalhes da técnica electroforética
e da análise dos perfis.
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-SciELO
126
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22: I2M38, Xor* 1950.
J. J. MACEDO 4 L. L. \TLLIXI
127
O USO DA NOVOCAIXA IXTRAVEXOSA COMO AXALGÉSICO XA
COLHEITA DA LIXFA VACIXICA
POR .J. J. M.\CEDO 4 L. L. VELLINI
(Dos Laboratórios de Virus e Riquétsias, e Vacinico do Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil)
O problema da anestesia nos lauoratorios de produção de \-acina jencriana
tem sido relegado a plano secundário, sendo, no entretanto um preceito inele-
gável, quer pela deshumanidade, quer pela reação do animal em detrimento de
uma colheita asséptica e eficiente.
O uso da novocaina intravenosa (1,2), trou.xe contiibuição de \’alor, mas,
sempre foi objeto de precauções, evitar-se direta inoculação na corrente circula-
tória (10).
Xa ação inhibidora da atividade simpática ou bloqueio parcial do sistema
(3,16) reside o efeito favorável no traumatismo.
A concentração de 7 a 8 vezes mais nos tecidos inflamados que nos normais
como resultado da vaso dilatação local (4), proporciona analgesia suficiente.
O êxito alcançado na terapêutica humana (3,5,14,15,16) nos levou a em-
pregá-la no laboratório de vacina jeneriana do Instituto Butantan.
A vacina jeneriana de origem animal tem como tempo de evolução 5 dias
completos, após preparo e conservação da \átela em local higiênico.
O emprego de curetas de Volkmann ou de outro instrumento para a colheita
da linfa, faz com que, pelà dor resultante do traumatismo operatório, o animal
se debata constantemente em prejuizo do curso normal do trabalho. Para obviar
esses inconveiiientes, aplicamos a novocaina intravcno.sa, cm vitelos, obtendo bons
resultados, o que nos levou a publicar a presente memória, descrevendo a expe-
riencia realizada.
farmacologia, química e posologia (6)
A novocaina sendo um dos modificadores do sistema nervoso periférico
inhibe as terminações sensitivas (16).
Entregue para publicação em 22 de novembro de 1ÇM9.
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-SciELO
0 11 12 13 14 15 16
1
lOa o uso DA XOVOCAIXA IXTRAVEXOSA COMO AXALGESICO
XA COLHEITA DA LIXFA VACIXICA
Como anestésico sintético, sucedâneo da cocaina e pertencente ao 4° grupo-
de Forneau, no qual o ácido amino-benzóico esterifica um amino-álcool dando
o paramino-benzóil-dietil-aminoetanol, sob forma de cloridrato, recebe as seguin-
tes designações: procaina, alocaina, etocaina, scurocaina e sincaina.
XH.
• \/
COO.CH2. X (C-H5)2 — HCl
' Apresenta-se sob forma de agulhas cristalinas incolores, sabor ligeiramente
amargo, solúvel em seu pêso de água e em 30 partes de álcool, precipitando-se
em meio alcalino.
Xão provoca irritação nos tecidos nem hiperemia. E’ pouco tóxica, 8 vezes-
menos que a cocaina, sendo seu efeito anestésico ai)enas 3 vezes menor.
fOSOLOGIA
Infiltração de 0.25 a 2Çí
Troncular de 0.25 a 0,505í>
Epidural 0,50^
Venosa (7) 0.004 mg por Kpv
Intra-raqueana 0,010 mg por 5 quilos de pêso num
. máximo de 0,100 mg total. (6).
^Iuschen, Rendei, Baker, calcularam a dcse venosa, em 0,004 mg por quilo de-
j)eso vivo.
TOXICID.VDE
As reações tóxicas graves cu fatais são raras. Alguns autores (8,9,10)
obser\aram no homem:
a) Ligeiras contrações, convulsões, exaustão e cicitus, devido a hipersen-
sibilidade e irritabilidade relacionadas com o sistema nervoso central.
b) Paralisia do centro respiratório.
Tratamento das reações tóxicas (7,10,11):
item a) Administração de barbitúricos
item b) Oxigenioterapia, estimulantes respiratórios e circulatórios.
Metabolismo:
O desdobramento da novocaina se faz no figado (12) e na corrente cir-
culatória por ação de uma enzima (7), não sendo comprometida a função-
hepática (13).
Mcm. Inst. BnUntan.
S:127-128. Xor.» 1950.
J. J. MACEDO & L. L. VELLIXI
129
MATERIAL E MÉTODOS
Xovocaina: Usamos um sal de procedência nacional (♦), quimicamente
puro, diluido em ág^a distilada a com pH 4,4 e a 2,t)^ com pH 4,6, dis-
tribuído em empolas de 20 ml, esterilizadas em autoclace 120.® 20 m.
Aplicação: Após preparo do animal de acordo com a rotina do laboratório,
injetamos na veia jugular, intermitentemente, quantidades variáveis conforme os-
protocolos de obser 5 'ações (quadro e gráfico I. Fotografias 1-2-3 c 4).
A atenuação do efeito analgésico sendo de lo a 25 minutos o importante
na dose total usada é a quantidade injetada em relação ao tempo.
A injeção sob a forma intermitente pennite o uso da solução mais con-
centrada, com a vantagem de efeito analgésico mais rápido e sem qualquer
inconveniente para o animal.
Em nossas observações com as doses entre 0,004210 e 0,013630 mg por
Kpv. e concentração de novocaina a 1% e 2,5fc não verificamos (jualqucr
reação toxica, obtendo inteiro sucesso na analgesia.
COMENTÁRIOS
Empregando pela primeira vez a novocaina intravenosa, com o intuito de
analgesia em vitelas submetidas a vacinação com vinis \‘acinico, obtivemos bons
resultados entre os limites de 0,004210 a 0,013630 mg por Kpv das soluções a
1^0 c 2,5%, em injeção lenta mantida durante a inter\'cnção.
O animal permanece quieto estando em condições de caminliar normalmentc
logo após a operação.
RESUMO E CONCLUSÕES
1) o emprego de novocaina c eficiente por injeção intravenosa lenta, no
decurso das intervenções inoculadoras e de colheita, cm vitelas vacinadas com nrus
vacínico, pois produz analgesia suficiente setn narcosc, o que representa grande
vantagem.
2) A operação se processando entre 10 e 15 minutos e o declinio do efeito
analgésico se iniciando depois dos 15 minutos, a relação entre o tempo c a
quantidade de novocaina injetada justifica darmos os limites de 0.004 a 0,010
mg por quilo de pêso vivo, levando-se em consideração a suceptibilidade indi-
vidual observada no acto da operação. (*)
(*) Indústria Elpis Ltda.
l?n o uso DA XOVOCAIXA INTRAVENOSA COMO ANALGÉSICO
NA COLHEITA DA LINFA VACINICA
3) As soluções que a principio foram de 1% e, posteriormente. 2,^^o
demonstraram a mesma eficiência, tendo, porém, a mais concentrada a ^-antagem
de volume menor e efeito mais rápido.
4) O preço do sal, a facilidade no preparo, a estabilidade das soluções e a
eficiência do método justificam o emprego da novocaina na rotina de colheita
de linfa vacínica.
5) O uso da novocaina como analgésico pela via intravenosa em grandes
animais, é indicado, para as pequenas operações.
SUMMARY AND CONCLUSIONS
(1) The use of novocaine by slow intravenous injection is efficient during
the inocculation and scraping of calves vaccinated with cow-pox virus.
2) Sufficient analgesis is produced wnthout narcosis, thereby representing
a g^eat advantage.
3) With the operation lasting 10-15 minutes and the analgesic effect
declining after 15 minutes, the relation between the time and the amount of
novocante injected justifies the Irmits of 0,004 to 0,010 mg per kg of live
weight, taking into consideration the individual susceptibility observed during
the operation.
4) The first Solutions at 1% and the later at 2,5% showed the same
efficiency, with the more concentrated one having the advantage of smaller
volume and swifter action.
5) The price of the salt, the facility in the preparation, the stability and
efficiency justify the use of novocaine in the routine hàrvesting of vaccine
lymph.
6) The intravenous use of novocaine as an analgesic in large animais is
indicated for minor operations.
ZUSAM.\IENFASSUNG
1) Eine langsame, intravenõse Injektion von Xovocain ist wirksam
wãhrend der Ipfung und Ge^vinnung der I.ymphe von Kãlbem, die mit
Pocken-Impfstoff behandelt werden.
2) Es entsteht eine ausreichende Schmerzstillung ohne Narkose, was von
grossem Vorteil ist.
3) Da die Operation etwa 10-15 Minuten dauert und die schmerzstillende
Wirkung nach 15 Minuten nachlãsst, so berechtigt die Beziehung zwischen der
Zeit und der injizierten Novocain-Menge die Gabe von 0,004 bis 0,010 mg
pro kg I.ebendgewicht. wenn man die individuelle Empfindlichkeit, wie sie bei
der Operation beobachtet wird, in Betracht zieht.
i
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3 11 12 13 14 15 16
1
Mcm. Inst. Batantan»
22:127-138, Nor.» 1950.
J. J. MACEDO & L. L. VELUNI
131
•1) Die urpsrünglichen Lõsungen von \Jo und die spãteren von 2,h^o haben
dieseibe Wirkung, die stãrkere hat jedoch den Vorteil des geringeren Volumens
und der schnelleren Wirkung.
5) Der Preis des Saizes, die. Leichtigkeit der Herstellung, seine Haltbarkeit
und Wirksamkeit empfehlen den Gebrauch von Novocain bei Gcwinnung von
Pocken-Lymphe.
6) Novocain, intravenõs, empfiehlt sich ais schmerzstillendes Mittel für
grosse Tiere bei kleineren Operationen.
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132
o JSO DA XOVOCAIXA IXTRAVEXOSA COMO AXALGESICO
XA COLHEITA DA LIXFA VACIXICA
SciELO
15 16
Visto o animal não ser repesado no momento da collieita, foi considerado o peso
de 5 dias antes, tomado por ocasião da vacinação. Este peso caiu no decurso da
evolução da vacina, como se infere na nova tomada logo aiKÜs a cofhcita.
Nenhum inconveniente se observou, totnando por base o peso inicial.
UittC«AMA% M M0V0<AIMA QUikO M PÍíO vivÇ
M«n. In5t. Batantin,
22;127-13«. Nor.» 1950.
J. J. M.\CEDO
L. L. \’ELLIN'I
133
&
INOCULAÇÃO
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DE NOVOCAINA
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Mem. Inst. Butantan,
22:127 1 3S, Xov.* 1950,
^SciELO)
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Mem. Inst. BatanUn,
22:139-150, Xov* 1950.
A. T. LEAO
139
SOBRE DOIS BATRAQUIOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE
POR ARISTOTERIS T. LE.\0
(Trabalho da Stcção de Zoologia Médica do Instituto Butantan, São Paulo. Brasil)
No período compreendido entre 14 e 23 de abril de 1947 fizemos uma
excursão à Ilha da Queimada Grande, situada a cerca de 40 milhas a S. O. da
barra de Santos, no litoral do Estado de São Paulo.
Uma segunda viagem foi realizada entre 22 de setembro e 6 de outubro
do mesmo ano, sendo que desta vez permanecemos 3 dias numa ilhota próxima
— a Ilha da Queimada Pequena — onde não encontramos nenhum batráquio.
Ao que nos consta da Ilha da Queimada Grande só havia sido visitada, com
finalidades zoologicas, por Amaral (1920) que lá esteve por duas vezes no
mesmo ano.
Quando de nossa primeira visita, já estavamos no 5.® dia de estadia c,
apesar de insistentes pesquisas, não haviamos conseguido vislumbrar siquer um
batráquio. No 6.® dia, porém, após pequena cliuva, fomos alertados por uma
voz que assim podemos representar: Kríii — Kriii — Kríii — . Pusemo-nos
imediatamente a campo e sem muita dificuldade fomos deparar com uma touceira
de uma Bromeliaceac terrestre e de onde provinha o canto. Após um cerco
cuidadoso (limpesa previa e circular do ambiente) cortamos as Bromeliaceac c
aí conseguimos capturar adultos, jovens, girinos e certo numero de ovos, envol-
tos em massa gelatinosa transparente, de uma Hyla.
Durante a segunda excursão o coaxar desta Hyla era muito frequente e
desta vez obtivemos dezenas de exemplares entre adultos, jovens, girinos e ovos.
Na Ilha da Queimada Grande conseguimos obter duas especies de Anura:
uma Hyla do complexo calltarinae, vivendo em Bromeliaceac terrestre que, gra-
ças à gentileza da Dra. Bertha Lutz, que nos comunicou estar revendo o grupo,
foi determinada como Hyla perpusilla Lutz & Lutz, 1939. O outro é um
Eleutherodactylus hinotatus tipico, apenas ligeiramente mais escuro que os do
continente.
Hyla perpusilla Lutz & Lutz, 1939
.fVnuLTOs: Cabeça arredondada, pouco mais longa do que larga. Boca de
hiato começando no bordo anterior do timpano. Canto rostral visivel, porém,
muito pouco pronunciado, com lôro pouco exeavado. Focinho saliente, voltado
Entregue para publicação em 13 de Dezembro de 1949.
140
SOBRE DOIS BATRAQUIOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE
para cima. Tímpano saliente, pouco menor que o diâmetro ocular, com uma
prega supra-timpanica que, começando no bordo posterior do olho, vai terminar
mais ou menos na altura da face superior do ante-braço. Dentes vomerinos
em dois grupos compactos, situados mais ou menos na altura equatorial das
coanas. Estas relativamente grandes, de abertura antero-posterior inclinada para
fora. Pré-maxilares em ponta internamente. Maxilares com dentição uniforme,
faltando esta no 1/4 posterior. Mandíbula edentula. Lingua circular, pouco
entalhada e livre posteriormente. Aparelho estemal do tipo arcifero, de omos-
terno cartilaginoso, em forma de cone, de ponta romba; xifistemo cartilaginoso,
pouco entalhado posteriormente. Dedos inteiramente livres, não fimbriados, com
tubérculos sub-articulares bem evidentes, porém, não muito desenvolvidos; calo
metacarpal externo maior que o interno, com imi sulco mediano ; calo metacarpal
interno ovoide-alongado, inteiro; ordem de tamanho dos de<los: 1, 2, 4, 3;
ultima falange terminando em disco arredondado, convexo em sua face inferior
e concavo na superior. Artelhos fimbriados, com membrana pouco desenvol-
vida; l.° c 2P artelhos livres, 2.® e 3.®, e 4.® e 4.® e 5.® com membrana até a la.
articulação; tubérculos sub-articulares evidentes, não muito desenvolvidos; calo
matafarsal externo pouco evidente, arredondado; calo metatarsal interno ovoide,
evidente ; ultima falange terminando em disco arredondado, convexo na sua face
inferior e concavo na superior; ordem de tamanho dos artelhos: 1, 5, 3, 2, 4;
articulação tibio-tarsal alcançando o meio do lôro.
Região dorsal do corpo, dos membros e da cabeça lisas (sem granulação) ;
região ventral do corpo, do femur e da gula finamente granulosas.
Coloração (álcool) : Região dorsal do corpo, dos membros e lados do corpo
variando do cinzento-azulado ao brunco; em geral uma faixa mais clara no
centro do dorso, da nuca ao anus; região infra-ocular com um espaço mais
claro; região ventral clara, às vezes finamente pintalgada de bruneo, sendo esta
mais intensa na região guiar; femur tarjado de bruneo na sua face superior e
inferior clara; tibia com coloração mais escura que o femur; pés, artelhos,
braços e mãos tarjados de bruneo superiormente e claros inferiormente.
Coloração (vivos) : Coloração de fundo pardo-clara ou escura; uma faixa
dorsal mais clara; membros com tarjas escuras; face anterior e posterior do
femur e da tibia amarelo-citrino.
Pupila horizontal. Macho com saco guiar bem desenvolvido.
Voa: Kriii — Kriii — Kriii.
Dos exemplares capturados em 5/10/'947 alguns foram colocados num
frasco de boca larga, ao qual juntamos fragmentos e agua de Bromcliaccae.
Logo depois de aí serem colocados (17 horas) coaxavam e se movimentavam
intensamente procurando se acasalar. .\s 20 horas já havia 3 casais em amplexo
Mcm. Inst. Butantan,
22:139-150, Xot.» 1950.
A. T. LEÃO
141
sexual, que é axilar, com subsequente postura nesta mesma noite e no dia
seguinte. Conseguimos transportar para o laboratorio esta postura, bem como
girinos e adultos. Xo laboratorio, porém, apesar de frequentes acasalamentos
não houve postura alguma. Os adultos foram mantidos vivos mais ou menos
durante um mès, em cristalisadores de vidro de cerca de 20 cms de diâmetro,
alimentando-os com Drosophtla e Musca domestica. Coaxavam quer durante o
dia quer durante a noite. Os ovos, infelizmente, não se desenvolveram.
Dados sobre os ovos, giHttos e jovens: — Ovos medindo 1,3 a l,5mm de
maior diâmetro, com involucro gelatinoso transparente medindo cerca de 4-5mm
de diâmetro.
Os girinos capturados a 5/10/947, nos mais variados estádios de desenvol-
vimento foram, no laboratório, colocados em cristalisadores de vidro de mais
ou menos 20 cms de diâmetro, com um pedaço de tijolo no fundo para servir de
ancoradouro, o qual era recolierto com uma tela de arame. .A água era tro-
cada todas as manhãs. Como alimento usamos o figado dessecado eni pó que
as larvas absoiAiam avidamente. Parece que os girinos não sofreram com a
diferença de altitude a que foram submetidos (cerca de 80ms. no habitat e
mais ou menos 750ms no laboratorio), pois estavam sempre muito ativos.
In felizmente não pudemos levar a nossa ob.ser\'ação desde a eclosão do
ovo, pois como já dissemos, a postura não se desenvolveu.
Coloração: Cabeça-corpo plúmbeo; cauda creme-clara com pigmentação
esparsa, escura, não só na cauda como também na membrana, principalmente na
face inferior. Boca ventral, não terminal, com duas fileiras de papilas no labio
inferior, sendo esta tripla nos cantos da boca. Formula das laminas denta-
1
rias 1-1 . -Anus central.
"3
JovEXS : Os jovens recem-metamorfoseados apresentam todas as caracterís-
ticas dos adultos, quer no que diz às formas, quer quanto à coloração.
Habitat. Vivem em Bromeliaccac terrestres, em cujas coleções dagua reali-
zam o ciclo biologico.
Distribuição geográfico: Ilha da Queimada Grande, São Paulo, Brasil.
Elcutherodactylus.binotatus (Spix, 1824).
Desta especie não conseguimos nem ovos, nem girinos. Os adultos foram
encontrados sempre no sólo, no descampado ou na mata, em touceiras de Brome-
liaceac terrestre e, principalmente, no local denominado “bananal”, onde real-
mente existem muitas bananeiras (uma depressão). Aliás nunca encontramos
este Anura sinão em lugares liem sombreados e úmidos.
2
3
L
5
6
142
SOBRE DOIS BATRAQUIOS DA ILHA DA QUEIMADA GRANDE
DESCRIÇÃO
Calícça lanceolada, pouco mais longa do que larga. Boca de hiato come-
çando no terço anterior do timpano. Canto rostral evidente, com lôro pouco-
escavado. Timpano relativamente fundo, de maior diâmetro transversal, pouco
menor que a metade do diâmetro ocular, com uma prega supra-timpanica que,
partindo do bordo posterior do olho, vai até o meio da espadua, em direção à
axila. Pupila horizontal, ovoide. Dentes vomerinos em duas fileiras curvas,,
bem posteriores às coanas, estando os ramos externos apoiados sobre o palatino;
dentes de tamanho uniforme e em 17 em cada fileira. Coanas relativamente
grandes, com abertura antero-posterior inclinada para fóra. Pré-maxilares em
ponta intemamente, de dentição uniforme, sendo 11-12 dentes em cada lado.
Ma.\ilares de dentição uniforme, diminuindo o tamanho dos dentes apenas na
e-\trcmidade posterior. Mandibula edentula. Lingua piri forme, pouco entalhada
e livre posteriormente. Aparelho estemal do tipo arcifero, com omostemo car-
tilaginoso, em forma de lança, de ponta romba; xifistemo cartilaginoso, quadran-
gular c entalhado no bordo apical. Hioideo formado por duas peças de dilata-
ção basal interna, por meio das quais se ligam anteriormente, de ramos diver-
gentes praticamente sem dilatação. Dedos inteiramente livres, não fimbriados,
com tubérculos sub-articulares bem evidentes; calo metacarpal externo dividido;
calo metacarpal interno oval, inteiro; ordem de tamanho dos dedos: 2, 4, 1, 3;
ultima falange T-forme, com dilatação achatada dorso- ventralmente e recurvada
para baixo. Artelhos com membrana vestigiaria e tubérculos sub-articulares bem
evidentes; disco achatado dorso-ventralmente e recurvados para cima, com uma
depressão na sua extremidade apical; calo metatarsal interno pequeno, inteiro e
oval; calo metatarsal externo pequeno, arredondado; ultima falange dilatada,
T-forme; ordem de tamanho dos artelhos: 1, 2, 5, 3, 4; articulação tibio-tarsal
atingindo o meio do lôro. Disco ventral evidente. Dorso, ladí>s do corpo, região •
dorsal dos membros e posterior das coxas, região loreal, infratimpanica e infra-
oailar, com granulação bem evidente; região abdominal com granulação fina;
região guiar, anterior e ventral dos membros, bem como o topo da cabeça, lisas.
Coloração : Região loreal, da ponta do focinho até mais ou menos o bordo
jiostcrior dos olhos, de coloração escura-azulada ; região frontal até o meio dos
olhos, creme com pontilhado escuro; prega-supra-timpanica com bordo inferior
escuro; ponta do focinho com uma listra longitudinal clara; dorso de coloração-
variavel, desde o marron-claro ao cinza-claro; u’a mancha escura, central, na
altura da escapula ; duas manchas escuras paralelas, na altura da vertebra sacra ;
ventre claro, alvadio ; bordos da mandibula manchados ou pintalgados de escuro ;
região cscapular e guiar com manchas irregulares marron-escuras ; face inferior^
Mcm. Inst. BatanUn,
22:139-150, Nor.» 1950.
A. T. LE.\0
143
dos braços al\-adia; face anterior posterior e dorsal dos braços e dos dedos
marron-escuras e pintalgadas de claro; uma tarja mais escura no ante-braço;
membros posteriores com tarjas escuras ; tarsos e artelhos escuros. Pragas latero-
dorsais bem evidentes, iniciando no bordo posterior e superior dos timpanos e
alcançando ou ultrapassando o meio do urostilo ; pregas dorso-laterais em numero
de tres; a interna inicia na altura do timpano, recur^•a para o meio do corpo e
alcança o meio do urostilo; a mediana iniciando na altura do bordo posterior da
escapula e terminando mais ou menos na vertebra sacra ; a externa se inicia pouco
atrás da ultima e termina mais ou menos na mesma altura ; tres estrias iniciando
no bordo posterior da palpebra, inclinando para o centro do dorso e terminando
mais ou menos na altura da escapula.
Dimorfisvto sexual: Femeas bfcm mais desenvolvidas que os machos.
RESUMO
Na Ilha da Queimada Grande, situada a mais ou menos 40 milhas a S. O.
da barra de Santos, no litoral do Estado de São Paulo, foram encontrados dois
representantes dos Anura: uma Hyla do grupo Calharinae — Hyla perpusilla
Lutz & Lutz, 1939, vivendo em Bromeliaccae, onde realizam o delo vital, assim
como Eleutherodactylus binotatus (Spix, 1824).
Da primeira são fornecidos dados sobre os adultos, jovens, girinos e ovos
e do ultimo uma descrição dos adultos.
ABSTRACr
In the Queimada Grande Island, State of São Paulo, Brazil, were obtained
two representaitive of the Anura: One Hyla of the complex calharinae, Hyla
perpusilla Lutz & Lutz, 1939 living in Bromeliaccae where they aceomplish their
life history, as well as Eleutherodactylus binotatus (Spix, 1824).
Data are given of the adults, juvenils, tadpoles and eggs of the former
and, of the latter a description of the adults.
BIBUOGRAFIA
1. Amaral, A. — Col. dos Trab. do Inst. Butantan, 2:49, 1918-1924.
2. Lutz, A. & Lutz, B. — An. Acad. Brasil, ci. 11:67, 1939.
144
SOBRE DOIS BATRAQUIOS DA ILHA DA QUEIMADA GIUVXDE
*
cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
Mcm. Iiut. Butantan.
22:139-150, Xor.» 1950.
A. T. LE.^O
145
Hyla pcrpiuilla
Medidas dos Girinos
2.3S5
2326
2327
2331
2328
2329
2.330
9.0
10,0
11,0
83
11.6
12,0
113
Maior largura
43
63
8,0
6,0
7,0
5,0
5,4
Kspaço interorbital anterior
23
3,0
83
27
23
3,2
3.0
Espaço entre as narinas
1.8
1.7
1.6
13
1.4
1.4
Dist. bordo ant. olbo à ponta do focinho
23
23
2.7
2,1
27
27
23
Comprimento da cauda
133
15.0
23.0
15.7
22.0
12.6
IS.O
Elcnthtroãúctylus binotAtns
MEDIDAS
K.o
1.129
1.126
1.135
1.149
1.137
1318
1.128
1.130
1.139
1.144
Compr. do ccrpo:
26,8
30.0
35.7
38.0
433
453
42U
225
520
58.6
Compr. da cabeça :
11.4
14,4
14.7
15.8
125
226
21,6
25,6
233
21,0
Largura da cabeça:
103
120
121
14,6
16.8
17.6
19.7
220
21,7
193
Compr. do femur:
13,0
153
19,0
19,8
213
24.S
25.3
24,7
26,9
24.3
Compr. da tibia:
143
16,9
19,8
193
233
273
273
324
293
263
Compr. do pc â ponta do 4^ artelho:
203
233
27,0
28,0
326
37,0
383
393
41.0
325
Menor distancia entre as cboanas;
23
20
22
3.0
4.0
43
20
25
53
4.7
Espaço entre as narina:
20
28
23
27
27
23
43
20
4,0
26
Dist. bordo ant. narina á ponta do focinho:
1.2
13
1,8
13
23
13
23
2,2
22
23
Dist. bordo post. calo carp. 4 ponta 3* dedo;
6.8
73
8.7
93
10,6
113
11.7
126
121
11,7
Dist. bordo post. narina ao bord. ant tímpano; ....
73
9,3
103
11,1
128
133
120
120
122
14,6
Altura do tímpano (transY.):
1.9
2,0
24
26
20
28
22
26
25
25
Larg. do timpano (loogitud.):
1.6
13
23
25
24
25
23
23
3,2
2,9
Diâmetro ocular (loogitud.) :
33
4,0
4.9
5.0
63
53
6.0
6,8
6.7
6,5
Dist. bordo ant. olho â ponta do focinho:
34
5.8
6,7
6.9
73
24
9,4
10,0
103
9,0
Espaço interorbital anterior:
53
53
27
6.4
7,6
7,6
9.2
10.0
9.7
24
Sexo;
?
O
?
Ç
O
_2_
Mem- Tnst. Butanfar».
22:139-150. Xot* 1950.
Hylú f^rf‘usüla I>utx c Lutz, 1939.
AduUcs.
liba da Queimada Grande.
Vista geral.
*
cm
Ilha da Queimada Grande.
Vista ptircial.
//.vu fcrfxiiUa I.uls e l.uti, 1939 .
.\ilultm sivus. .Vit.ir lim c.isil em ampieao sexuai.
2 3 4 5 6 7 SciELO ;li 12 13 14 15 16 17
Mcni. lust. Butanlan,
22:I2r-138, Nov.« 1950.
llrla ffTtmsilIa I.iiti c l.uu. 1929.
Gi'imc~, F. t, tm I5-IO-l'>4r.
cm
_ ^r«n. Inst. Butantan,
22:151-172. Xor.» 1950.
A. R. HOGE
151
NOTAS ERPETOLÓGICAS
7. Fauna crpclológica da Ilha da Queimada Grande
POR A. R. HOGE
(Da Secção de Ofiohgia do Instituto Butantan- S. Paulo, Brasil)
INTRODUÇÃO
A primeira contribuição ao conhecimento da erpctofauna da ilha da Quei-
mada Grande foi feita por Amaral nas Memórias do Instituto Butantan (Sec-
ção de Ofiologia)”, na qual ele descreveu a espécie B. insularis. A segunda
foi uma nota que publicamos em 19-16, nas “Memórias do Instituto Butantan”,
na qual descrevemos uma nova espécie de Mabuya, M. macrorhyncha.
Depois da publicação desta nota voltamos mais tres vezes ao mesmo local
acompanhados, então, pelo biologista A. Teixeira I>cão e mais alguns serventes
e técnicos do Instituto. Permanecemos cada vez cerca de 12 dias na Ilha.
MATERIAL
A coleção aqui estudada consiste cm exemplares todos capturados durante
as exairsões acima mencionadas e compõem-se de duas espécies de ofídios,
quatro de lacertílios, sendo que uma das serpentes e tres dos lacertilios são
novos para esta ilha.
Como nas primeiras viagens conseguimos quase exclusivamente exem-
plares machos de M. macrorhyncha, resolvemos experimentar uma técnica de
captura diferente à empregada anteriormente. A nova técnica consiste no
seguinte: cercar com todo o pessoal disponível uma área de aproximadamente
20m de diâmetro e limpar o chão em volta; cm seguida, sempre limpando o
terreno, reduzir a área central onde os animais se refugiam. Quando a área
central estiver reduzida a alguns metros quadrados; só uma pessoa continua
limpando enquanto que as outras ficam ao redor para capturar os exemplares
que tentam fugir para fóra do cérco. Os exemplares são facilmente segurados
no terreno descoberto onde não encontram esconderijo algum. Com esta técnica
conseguimos capturar até 30 Mabuya macrorhyncha, 3 Hcmidactylus mabouta
• e 1 Dipsas sp. num único cérco de 20m de diâmetro.
Recebido para publicação em 20-5-1950.
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
152
NOTAS ERPETOLOGICAS. 7.
O resultado foi que além de dar uma idéia mais exata sôbre a densidade-
das espécies, encontramos os dois sexos em perfeito equilibrio numérico, o que-
não sucedeu com a técnica anterior onde se observou uma nítida predominância
de machos.
O material capturado foi distribuído para o respectivo estudo, da seguinte
maneira: Anfíbios: A. Texeira Leão; Aranhas e Escolopcndras: W. Buecherl;.
Diplopodos: O. Schubart. Todos, com excepqão do último, do Instituto-
Butantan.
Cl. REPTILIA Laur. 1768
Ord. S Q U A M A T A Oppel, 1811
Subo. S A U R I A
Fam. GECKONIDAE Boul., 1883
Gen. Hemidactylus Oken, 1817
Hcniidactylns mabouia (Moreau de Jonnès, 1818)
Gecko mabouLi Moreau de Jonn's — Buli. Soc. Phdom. Paris 138. 1818.
Hemidactylus mabouia Bianconi — Spec. zool. mosamb. Mém. Ac. Sei. Boíognal0:499. 1859.
.Hemidactylus mabouia Loveridgc — Buli. Mus. Comp. zool. 98:167, 1947.
Nenhum dos exemplares oferece características que os diferenciam dos-
exemplares procedentes do continente. A maioria foi capturada dentre das-
tufas de bromélias que desmanchavamos para a captura dos anfíbios. Alguns-
foram encontrado; nas fendas das rochas apenas alguns metros acima do
nivel do mar e outros durante os cercos feitos para estimar a densidade das
diferentes espécies de vida do chão.
Esta especie ainda não tinha sido registrada para a ilha da Queimada
Grande (•).
Fam. TEIDAE Gray, 1827
Gen. Colobodactylus Amaral, 1932
Colobodaclylus taunayi Amaral, 1932
Colobodactylus tauiiayi Amaral — Mem. Inst. But 7:70. íig. 41-45, 1932
(♦) Nas Mcm. Inst. Butantan 19:241, 1946, assinalamos a ocorrência de um Hemidactylus
>I>. cio qual não tinliamos conseguido capturar ura exemplar. É esta espécie que agora deter-
min. mos como //. mabouia.
Mcm. Inst. Butantan,
Z2:15I I72, Xov.* 1950.
R. HOGE
153:
Capturamos 26 exemplares desta espécie sendo 8 machos. A espécie em
apreço era sómente conhecida pelos seus tipos e paratipos. Examinando os tipos
que me foram cedidos para exame, por meu colega P. Vanzolini, do Departa-
mento de Zoologia, notei que os de N.'’ 787 e 789 não eram Colobodactylus.
Trata-se evidentemente de uma troca de número, pois os exemplares alem de-
pertencer a gênero diferente, têm dimensões completamente contrárias às men-
cionadas por Amaral. Talvez o meu colega, no decorrer da revisão que esta.
fazendo na coleção de lacertilios dos Dep. de Zool., encontre os exemplares
perdidos.
O tipo é oriundo de Iguape, localidade situada no continente um pouco-
mais ao sul do que a Ilha da Queimada Grande.
Os exemplares da Ilha têm uma ou mais escamas intercaladas entre as
guiares e ás vezes entre o segundo par de mentais; também a forma da frontal"
é ligeiramente diferente. Trata-se porém a meu ver de meras variações indivi-
duais que talvez sejam encontradas nos exemplares do continente quando se
dispuzer de maior número de exemplares desta procedência.
Fam. SCINCIDAE Cray, 1825
Gen. M a b u y a Fitz., 1826
Mabuya macrorhyncha Hoge, 1946
Mahuya macrorhyncha Hoge — Mem. Inst. But. 19:241, 1946.
Descrição do Alotipo: Uma fêmea N.® 927, na coleção do Instituto-
Butantan. Focinho ponteagudo; frenal anterior cm contacto com a 2.“ labial;
supranasais não em contacto por trás da rostral; frontonasal tão longa quanto-
larga em contacto com a frontal que é um pouco mais curta do que as fronto-
parietais e interparietal juntos; prefronlais tão longas quanto largas, cm con-
tacto por trás da frontonasal; frontal em contacto com a 2.“ supraocular sómente;.
4 supraoculares, a 1.* menor e a 2.® maior; 3.^ supraciliar maior; fronto-
parietais em contacto por trás da interparietal; 2 pares de nucais; 7 supralabiais-
(5.^ menor).
Colorido como no hololipo.
Comprimento do corpo 62 mm
Comprimento da cauda 95 mm
Distância do olho até o focinho 6 mm
Membro posterior 22 mm
Membro anterior 16 mm
Comprimento da cabeça 11,6 mm
Largura da cabeça 8 mm
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
154
XOTAS ERPETOLOGICAS.
Redescrição de Mabuya tnacrorhyncha — Focinho alongado e ponteagudo;
paljjehra inferior com um disco transparente, não diridido; f renal anterior em
contacto com a 1.® e 2“ (excepcionalmcnte com a 2.® só.) supranasais larga-
mente separadas; frontonasal tão longa quanto larga, em contacto ou não com
a frontal; pre frontais tão longas quanto largas, geralmente separadas, excepcio-
nalmcnte em contacto, separando a frontonasal da frontal; frontal um pouco
mais curta do que as frontoparietais e inlerparietal juntas, em contacto sómente
com a 2.“ supraocular; ás« vezes a 1.® supraocular está fundida com a 2.*; 4
supraoculares ; 4 ou 5 supraciliares iguais, ou 3.^ ou 4.* maior ; frontoparietais
largamente em contacto, mais ou menos iguais em tamanho à intcrparietal ; 2
pares de nucais (exccpcionalmente 1 par) ; 7 a 8 supralabiais, 5.“ ou 6.® maior;
depressão auricular menor do que o olho, escamas em 28-30 series sendo as
laterais um pouco menores; cauda cerca de 1,1 vezes mais longa do que o
corpo mais a cabeça.
Comprimento máximo observado: 191 mm.
Coloração : Bronzeada em cinta com uma lista lateral e.scura ptassando
pelo olho e extendendo-se até a Itase da cauda, guarnecida por duas linlias claras
marginais, sendo a inferior menos nítida.
A linha superior, por sua vez é orlada por uma lista escura que no meio
do cor|X) é quase confluente com a do lado oposto. Parte ventral cinzento-
oliva clara.
Fam. AMPHISBAENIDAE
Gcn. Leposternon Waglcr, 1824
lefostcmon microcfphalum WaRler — in Spix. Serp. Bras. Spec. Sen-. 70, iig. 1824.
LcPisJosIrmon microcephalutn Boulenger — Cit. Liz. Brit. iftu. :462.
.Leposternon microceplmluin Burt & Burt-Trans. .-Xead. Scj. St. Loui». 28: 83, 1933.
Todos os exemplares capturados são tipicos.
Estando o Dr. \’anzolini fazendo uma revisão da Familia Amphisbacnidae,
• entregamos todo os exemplares, afim de poder estudar as possíveis variações.
Subord. SERPENTES Lin. 1758
Fam. DIPSADINAE Amaral
Gcn. D i p s a s Laur. 1708
Dipsas albifrons cofiílhetroi subsp. n. (Fig. 13)
Descrição do Ilololipo: N.® 11486 9, procedente da Ilha da Queimada
• Grande, capturada pelo autor.
Mcrn. Inst. BaunUn.
22:1S1-I72. Xor.* 1950.
IIOCE
155
Corpo grosso, levemente achatado lateralmente; olho grande, porem menor
do que em D. albifrons (Sau\-age) ; rostral tão larga quanto alta ou mais alta
que larga, não visível de cima; sutura entre as inter-nasais menor do que o
diâmetro do olho; frontal um pouco mais longa que larga, tão longa ou menor
quanto à sua distância do focinho; menor que a sutura entre os parietais;
supraocular mais larga posteriormente; loreal mais alta que longa, em contacto
com as 2.^ 3.* e 4.^ supralabial ; 2 postoculares do lado esquerdo, superior muito
maior, 3 do lado direito, os dois inferiores minúsculos; do lado esquerdo 1.®
temporal fundida com a supralabial; do lado direito temporais 2-2; 8
supralabiais (4.* e 5.’^ entrando no olho); 12 infralabiais; 3 pares da infra-
labiais em contacto por detrás da sinfisial; 3 pares de mentais, anterior mais
longa do que larga; ventrais 159; subcaudais 77/77; anal simples; dorsais cm
17-15-15 séries longitudinais, com a ponta arredondada, não lanciforme como
em D. albifrons albifrons, (Fig. 14); série vertebral aumentada.
Coloração: marrom claro com faixas transversais levemente mais escuras
do que a cor de fundo e pouco visiveis; ventre claro com umas leves nuvens
marrom claro.
O pequeno numero de exemplares disponiveis não permite estudar as
variações na folidosc em relação com D. albifrons, porém parece que a nova
espécie tem numero de ventrais c subcaudais menor do que a D. albifrons; cm
D. albifrons cawlkeiroi as ventrais variam de 157 a 163 (9) e as sulKaudais
entre 74 a 77 enquanto cm D. albifrons albifrons as ventrais \'ariam de 162 a ISO
e as subcaudais 73 a 88 (9).
Paraiipos X.® 11.489. 11.487, 3468, 1638, 11.486.
Fam. CROTALIDAE
Subf LACHESIXAE
Gcn. Trimeresurus
Trimrresurus insularts (.Xmaral, 1921)
Lachesis insularis .\maral — .Vn. Mcm. Inst. But. (Ofjologia), 1:18-62. tabs. 3-4, !92I.
Bothrops {nsularis Amaral — Mem. Inst. But. 4:114 rl 235- 1929.
Botbropj insuliiris Klauber — BulL Zool. S. Diego 18: 1943.
Quase todos os exemplares foram capturados nas arvores onde elas ficam
â espera dos passarinhos dos quais elas se alimentam.
A coloração muito clara da T. insularis muda rapidamente para o escuro
quando transportada para S. Paulo.
cm
SciELO
LO 11 12 13 14 15 16
156
XOTAS ERPETOLOGICAS. 7.
Ord. T E S T u D I N A T A Oppel, 1811
Fam. CHELONIDAE Cray, 1825.
Gen. Chelonia Brogniart, 1800
Chcloma mydas (L., 1758)
Tetludo mydaí Linnaeus — Syst. Xat. 1: 197, 1758.
Chelonia mydas Luederwaldt — Rev. Mus. Paul. 14:417, 1910.
Não capturamos exemplares, porém obser\-amos muitos exemplares boiando
na superfície ou imóveis pousados sobre os rochedos imersos á pouca distância
da Ilha.
Gen. C a r e t t a Rafin. 1814.
Corel ta earelta (L., 1758)
Testudo earelta Linnaeus — Syst. Xat. 1:197, 1758.
Carelta earelta Refinesque — Specchio. Sc. Palermo 2: (9) 66, 1814.
Também desta espécie observamos vários exemplares ao redor da ilha.
D.\DOS BIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS
.\ ilha da Queimada Grande é um ilhote rochoso formado por rochas
ar(}ucanas, situado por E. 24 32 X 146 42 ^\ . Greenwõch ao largo da costa de
São Paulo, Brasil. Dista aproximadamente 40 milhas do porto brasileiro de
Santos. Ela é recoberta por densa mata c no NE encontra-se um grande
capinzal literalmente infestado pelas Mabuya (big. 7 c 8). Existe um antigo
bananal nas margens de um pequeno corrego que, porem, somente tem agua
durante alguns dias depois de fortes chu\-as. Atualmente a ilha é desabitada,
sendo visitada ajienas duas vezes por ano pelos encarregados do reabastecimento
do farol automático mantido na ilha pelo Ministério da Marinha.
Antigamente tinlia um farolciro, porém, vários accidentes ofidicos e a
impossibilidade dos moradores manterem animais domésticos devido ás picadas
pela T. insularis, incitaram o Ministério da Marinha a transformar o farol em
automático.
As águas ao redor da ilha. estando extremamente ricas cm peixes comiveis
de alta qualidade, são elas rcgulannente visitadas pelos pescadores, estes porem
raramente descem na ilha devido ao perigo e ao medo (ainda aumentado pelas
lendas) que lhes inspiram as cobras.
.‘\ Queimada Grande é uma ilha continental, mesma formação geológica
que a costa, separada por um mar de peíjuena profundidade, etc. Ela está
situada na Zona AF. de Kõppen ou seja tropical úmida com temperatura do
mes mais quente superior a 22c c do mes mais frio maior do que 18c. .X
precipitação mensal maior de 60mm.
*
Mm. Inst. Batantan,
22:151-172. Xor.* 1950.
A. R. HOCE
157
Nao temos dados específicos sobre as condições climatológicas da ilha-
^rem notamos que muitas vezes chovia no continente e na ilha da Queimada
Pequena, mais pró.xima do continente, enquanto que na Queimada Grande o
ceu permanecia limpo.
Encontramos 6 espécies de repteis terrestres dos quais tres somente haviam
sido assinalados ate hoje Tnmcrcsurus insubrís Amaral. Dipsas alhifrons
Sauvage e Mobuya nu,crorhyncha Hoge. E.xaminando os e-xemplares de D
albtfrons notamos, como já assinalamos, tratar-se não de Dipsas albifrons mas
sim de uma subespécie nova.
A povoação da ilha deve ter origem em cspccimes da fauna continental
que alcançaram acidentalmente a ilha. Todavia a grande diferenciação que
encontramos parece indicar que a introdução j.i é bastante antiga. Convem
notar que dos 6 rciiteis terrestres, somente tres ocorrem também no continente
sendo os outros tres restritos à ilha da Queimada Grande.
Ilcuidactylus mabouia. Esta espécie nitidamente de hábitos noturnos e,
^ni duvida, de introdução relativamente recente, talvez na epoca da instalação
do Faro . Encontra-se com relativa abundancia nas tufas de bromélias e nas
fendas das rochas, descendo até o nivel do mar; também capturamos muitos
° densidade das
Xão se encontram juntas grandes quantidades de mabouia como acontece no
continetc onde se agrupa grande número na paredes iluminadas das habitações
No continente ela se tomou antropõfila devido ás facilidades de alimentação
que a iluminaçao lhe proporciona.
f f 'ia mudança para hábitos diurnos lhe teria
sido fayomvcl. porem esta mudança é fisiologicamente imiiossivel devido á grande
ulntrabiltdade aos raios dos solares dos representantes desta familia (existe um.-i
especie diuma. Lyejodadylus picturatus, espécie esta provida de uma firtissiina
rsTT ° ^
O ex^ie do conteúdo estomacal revela que Ilcmidacixius utabonia se
alimenta de lepidopteros. ortopteros e alguns coleopteros. km cativeiro ela
eceita facilmente borboletas e baratas bem como lanas de Tenebrion.
Colobodaclylus taunayi: Sem ser tão abundante quanto as M. macrorbyncha
H. maboum, esta especie foi porem encontrada cm número relati^-amente grande
e o momento esta especie era conhecida somente pelos seus tipos. Desde
milhares de eaemplares de repteis das mesmas regiões onde ioiam encon-
topo°w lüT * ^ “P'"'»'-
lopoi.pos, mas em vao.
SciELO
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cm
158
NOTAS EKPETOLOGICXS. 7.
Todos OS exemplares íoram encontrados durante os cercos. Xão sabemos
qual a alimentação. £m cativeiro aceitavam moscas e pequenas larvas do
Tenebrion.
Mabuya tnacrorhyncha : Esta espécie é extremamente abundante e encontra-se
principalmente no capinzal, existindo também no mato e nos rochedos, até o nivel
do mar.
Trata-se, como as demais representantes do gênero, de uma espécie par-
ticularmente bem adaptada à vida ao sol, pigmentação forte da pele e pigmentação
não menos importantes do peritônio e região neural.
Ela se alimenta de insectos os mais variados. Em cativeiro alimenta-se
muito bem com moscas, larvas e adultos de Tenebrion.
Leposternon microcephalum. Todos os exemplares íoram encontrados
durante esca\'ações, a uma profundidade de 10 a 60 cm.
Dipsas aíbifrons cavalheiroi. Esta espécie parece bastante rara. Encontra-se
principalmcnte na mata ao redor do pequeno corrego. Todos os exemplares com
e.xcciKão de um, foram capturados nas árvores onde em geral elas estão
pousadas numa forquilha, não fazendo nenhum esforço para fugir. Somente
quando irritada ela achata a cabeça e dá botes sem jwrém tentar morder.
Esta espécie como já se refeçiu Amaral, alimenta-se com lesmas (Vaginula?).
Trimeresurus tnsularís: E’ uma Crotalinae com todas as características de
uma adaptação à vida noturna, porém as condições peculiares da vida na Ilha
da Queimada Grande (ausência de mamíferos e outros animais noturnos) a
obrigou a uma vida diurna sob pena de extinção.
O único alimento na ilha são os pequenos passarinhos que ali vivem em
grande quantidade.
Gcralmente a insularis é encontrada enrolada nos galhos das árvores, não
na parte exposta ao sol, mas imediatamente em baixo das folhas. Desta maneira,
além dc estar mais ou menos protegida dos raios diretos ela fica invisivel ao
passarinho incauto que vem pousar nos galhos. Ela escolhe sempre ár\-ores fru-
tíferas. Quando liá muito vento ela desce das arvores e se esconde nas fendas
das rochas ou no pé das árvores. Na época da florescência das gramineas ela
é encontrada enrolada nas hastes destas últimas.
Todas as observações sobre a biologia desta cobra ja íoram descritas por
.•Vmaral c por nós verificadas em várias ocasiões.
presença de uma tendência a ter as subcaudais simples, indica uma
ação da seleção natural, eliminando os exemplares menos aptos à vida arborícola?
A persistência das mutações foi sem dúvida devido a insulação que
impossibilitou o cruzamento com espccimens da costa. Talvez estes caracteres
sejam recessivos que se manifestam pelas razões acima citadas.
Um fato digno de nota é que a T. insularis quando transportada para S.
Paulo muda rapidamente de côr, ficando mais escura.
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Uem. Inst. BaUntas.
22:151-172, Nor.» 1950.
A. R. HOGE
163
RESUMO
O autor fez o estudo sistemático e ecológico dos Répteis da Queimada
Grande.
Foram registrados 6 espécies de répteis terrestres e 2 marinhos.
3 espécies: Hemidaclylus ntabouia, Colobodactyhis taunayd e Lcposternon
nticroccphclus, não tinham sido registrados ainda para esta ilha. O alotipo de
^f. macrorhyncha é descrito. Dipsas albifrons cavaUieiroi subsp. n. é descrita.
.\BSTRACT
A systematic and ecological study of a collection o£ reptiles from Queimada
Grande Island is presented. Out of si.x different recorded reptile species,
three are ne\s' for this Island. The M. macrorhyncha allotype is described.
Dipsas albifrons cavalheiroi n. subsp. is described.
ZUSAMMEXFASSUXG
Verfasser untemimmt ein systematisches und oekologisches Studium ueber
die Reptilien der Inscl ‘‘Queimada Grande”. Es wird das Vorkommcn scchs
terrestrer Reptilien und zweier mariria auf dieser Insel aufgedcckt.
Die drei ersten Arten: Hemidaclylus mabouia, Colobodactylus taunayi
und Leptosicrnum microcephalus. wurden bishcr fucr dicse Insel noch nicht
registriert.
Der alotipe von M. macrorhyncha wird beschriclien. Dipsas albifrons ca-
valheiroi n. subsii wird bcschrieben.
BlBLlOCRAnA
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cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
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Fio. 3 e 4
Desembarque do material.
Mem. Inst. BaUntaxu
22:151-172, Kot.» 1950.
168
NOTAS ERPETOLOGICAS. 7.
Fi& 7 • S
Vista parcial mostrando a disoooião do caDírual e mata.
SciELO
11 12 13 14
6 17
ifera. Inst. Botantan,
22:151172, N'ot.» 1950.
FiC. 9
Vi>U parcial da llhi
FiC. 10
Smia Ineofastrr chocando. E»ta c»t«>c i extrctnamentc ccmum na Itha
e Dczn fcqncr lofc quando dela noa aproximamoa.
-SciELO
XOTAS ERPETOLOGICAS. 7.
ns. 11
Lote de T. inrmJaríj capturado nutca única eacuraío de 10 diaa
Fio. 12
T. ituMtarij no »cn babiut.
cm
SciELO
Fio.
* DifMU
'• de Diftat
14
•lit/roit,
*^frpnt
‘^frvns.
SciELO
Mem. Iiut. BoUntan,
a.l7}-lU. Nor.* 19S0.
W. BUCUERL
m
QUILÓPODOS DO PERU — II
po« WOLFGAXG BÜCHERL
(Divisão de Zoologia Medica do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil)
Eni 1942 recebemos, por intermédio de J. Sucoup, de Lima, Perú, 43
exemplares de Quilópodos, vindo este numero a constituir, então, o material
mais copioso, jamais coletado de uma só vez naquele pais.
Compõe-se esta cole<;ão dos seguintes gêneros, espécie e sub-espécies : •
1. Scolopcndra morsilans L., 1758
” viridicorhis Newp., 1844
” ” ntgra Bücherl, 1939 e 1946
” arthrorhabdoides Rib., 1944
” arinata amancalis Bücherl, 1943
” angulata Xewp., 1844.
2. Cormocephatus bonacrius Att., 1928
” impressus Por., 1876
” andinus (Krpln)., 1903.
3. Rhoda calcarata Pocock, 1891
4. Olostigmus bürgeri .-Xtt., 1903
” amazonac Cliamb., 1914.
5. Rhysida celcris (Humb. & Sauss)., 1914
6. Olocryptops ferrugincus sucoupi Bücherl, 1943.
Os locais de capturas eram, segundo J. Sucoup, apenas dois: — La
Merced, numa altitude de 700 metros, onde foi encontrada a S. morsilans, e
Amancais, nos arredores de Lima, numa altitude de apenas 300 metros, onde
foram capturados todos os outros exemplares.
Trata-se, portanto, apenas de duas regiões muito restritas de Perú. O
fato de se terem -encontrado nestes jiequenos areais Quilópodos de 6 gêneros
diferentes com 13 espécies diversas, permite supór que a fauna quilopódica do
Perú deve ser assaz abundante c rica em diferentes espécies.
ErZregue para pubUcação cm 14 de Marco de 1950.
cm
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QCIL6PODOS DO PERC. II.
Esta suposição é agora continuada por uma nova coleção quilopódica de
Perú, pequena em número, pois abrange apenas 25 exemplares, mas muito
interessante quer sob o ponto de vista elucidativo da distribuição geográfica,
quer sobre a capacidade de adaptação destes artrópodos aos mais diversos
climas e ainda sobre a riqueza em espécies diferentes deste pequeno país.
O professor Wolfgang Weyrauch, a cuja gentileza devemos esta segunda
•coleção, a nós enviada para a determinação, em 20 de Agosto de 1949. Cole-
cionou ele próoprio estes quilópodos, principalmente nos vales, nas encostas
serranas e nos cinnes das regiões andinas, desde 200 a 4.000 metros de altura,
ora em floresta húmidas, ora em estepes áridas e altas, batidas por ventos frios.
Passamos agora a descrever esta nova coleção;
1. Scolopendra gigantea Tíxyrauchi, subsp. n.
Colorido: Estemitos e pernas amarelos nos exemplares grandes, nos mais
jovens (até 12 cm) os fémures, as tibias e os dois tarsos do último par de
pernas muito verdes (cm material conser\'ado cm álcool a côr é azul), destacando-
se nitidamente do amarelo dos artículos das outras pernas e mesmo do prefémur
e da parte Iwsal do fémur do 21.® jar. .Antenas, placa cefálica. 1.® tergito,
coxas das forcipulas e os últimos dois tergitos, inclusive o último prefémur
e a porção basal do fémur cor de chocolate claro, bastante destacado do colorido
dos outros tergitos, que apresentam um marrom "sujo", com a borda anterior
geralmente bem enegrecida em cada tergito, como já foi descrito para 5". tin-
dicomis nigra.
Medidas: (Relação de 4 exemplares)
a) Últimas pernas tão longas ou por 2-3 mm mais longas do que as
antenas.
b) .Antenas extendendo-se até o 6.® tergito.
c) Xo 21.® par de pernas os prefêmures tão longos quanto os dois tarsos,
o fémur um jwuco mais curto que o prefémur e a tíbia mais curta
que o fémur.
d) Medidas no exemplar — tipo: — comprimento (da placa cefálica
até o último tergito) 122 mm;
comprimento das antenas 34 c 32 mm;
comprimento das últimas pernas 34 mm
(prefemur-9; femur-8, 3; tibia-7 ; tarsos-9 mm).
(Os outros 3 exemplares ora são menores ora maiores, sendo constantes
as relações mesurais).
Mcm. Inst. Bauntan,
«:173-186. XoT.» 1950.
W. BUCHERL
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Placa cefálica com finos poros esparsos e com dois leves sulcos longitu-
dinais, levemente divergentes, indo até à base das antenas, mas interrompidos
atrás, perto da margem posterior, onde são limitados por uma rede transversal
• de pequenos e leves sulcos (bem menores e mais delicados que em S- xáridicornisQ.
Antenas geralinente com 17 artículos. Em muitos casos, entretanto, há
num lado 17 ou 18, no outro 20 a 24 artículos (sob a lupa se vé, que neste caso
se trata de uma anomalia, sendo os artículos muito pequenos). Os primeiros S’
ou 6 artículos basais se apresentam “nús’',isto é, sem pêlos, pelo lado dorsal;
ventralmente os pêlos já são visíveis a partir da porção apical do 3.®, 4.® ou 5.®
articulo.
»
Placas dentárias um nada mais largas que longas; com 4 dentes em cada
placa, sendo os três internos unidos num bloco, de maneira que apenas o 4.®
dente lateral fica isolado. Sulcos basais das placas (vide fig.l), formando um
ângulo de IIO graus, mais ou menos e continuados nos dois lados por outros
sulcos que, entretanto, mal atingem o sulco transversal mediano. Este pode
ser inteiriço ou mais fraco ou mesmo bipartido no meio. Adiante, no meio do
•coxostemum, um sulco longitudinal, leve, que atinge o meio das bases das placas
dentarias mas que não se estende até o sulco horizontal. Portanto não há um
«u 2 triângulos sulcais (\'ide fig. 1). Atrás dos dentes em bloco há cm cada
placa uma depressão o\-al. nela um tubérculo, do qual nasce uma curta cerda.
Penúltimo artículo do telopodíto dos segundos ma.\ilarcs com uma cerda
robusta no canto .ipical incemo e no mesmo canto, mas no último artículo, perto
<Ia garra e das duas garrinhas liasais, mais uma apófise em forma de cerdã
<ônica. “Escora” com pêlos não muito longos, não cobrindo as garras (vide
fig.2).
1.® tergido com sulco anular cm forma de fossa (vide fig.3) c com leves
sulcos, partidos cada lun em 2 ramos, dos quais os medianos ultrapassam leve-
mente a fossa circular. 2.® tergito sem sulcos. 3.® tergito com dois sulco^
leves, geralmcntc ramificados em frente c atrás. 4.® ao 20® tergito com doiá
sulcos longitudinais paralelos, mais nítidos atrás e além disso no meio, perto
da borda posterior mais um sulco muito curto. Carenas laterais do 5.® ao 21.®
tergito. Este. na piorção anterior, no meio, com saliência; quanto ao resto
liso e com borda posterior redonda, mas saliente nos cantos.
Estemitos finamente pontuados; do 3.® ao 20.c com dois sulcos longitu-
<linais paralelos, mais profundos no meio de cada placa, mas atingindo as duas
margens.
21.® estemito mais longo que largo, com os lados divergentes e a l)orda
posterior quase reta até fracamente bilobada. Perto desta uma leve depressão.
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QUILÔPODOS DO PERO. II.
1° par de pernas com 1 esporão no prefemur, 1 no femur, 1 na tibia e
2 no primeiro tarso; do 2® ao 20° par de pernas apenas com 1 esporão tarsaL
Todas as pernas com 2 garrinhas acessórias na base da garra terminal.
2° ao 18° (ou 17°) prefémur, no lado dorsal, apical com 3 pequenos
espinhos justapostos (raras vezes falta um numa perna) ; 18° ou 19° com 4
pequenos espinhos no mesmo local; 20° com 4 a 5 espinhos no local, mas
em cima de um pequeno prolapso e mais 1 pequeno espinho no meio do articulo,
no lado dorsal.
Todos os fémures sem espinhos.
Apêndice do campo poroso das coxopleuras modicamcnte protraido, cônico,
com 9 a 12 espinhos no topo; lateralmente geralmente com 1 espinho, raras
vezes nenhum, algumas vezes 3-4 espinhos; dorsalmente, perto do canto do
tergito sempre com 1 espinho e muitas vezes com mais 1 ou 2 do lado (vide
fig. 4).
Prefémur das últimas pernas com 24 a 28 espinhos, distribuidos irregu-
larmente pelas áreas dorsal, mediana e ventral. No lado ventral os espinhos
deixam livre mais ou menos um terço apical. Fémur sem espinhos. Espinho
do canto (“'Eckdom”) com 6 a 8 espinhos.
A presente subespécie é afim das seguintes espécies e subespécies: — S.
arihrorhabdoidcs, armala, annala ainancalis, giganica, angulata, angulala
explorans e angulala moojeni e o grupo de firidUornis.
S. arihrorhaldoidcs não tem quase sulco longitudinal mediano no coxo-
sternum forcipular; a fossa circular no l.° tergito é praticamente ausente;
somente seu 21° tergito apresenta carenas laterais; não tem espinhos no dorso
dos pre fémures.
S. arfnala armala Krpln. não apresenta sulco longitudinal mediano no
coxostemum forcipular; não tem carenas laterais a não ser nos 3 últimos
tergitos; nos esteniitos da metade anterior do tronco os dois sulcos são muito
leves e curtos; não apresenta espinhos no lado dorsal dos prefémures; o
apêndice do campo poroso das coxopleuras apresenta apenas 1 a 3 pontas.
ó". armala amancalis também não apresenta o sulco longitudinal mediano
do coxostemum das forcipulas; os dois sulcos do 1* tergito são apenas curtos-
e simples, sem serem bipartidos e sem atingirem a fossa circular. Os sulcos
dos tergitos são muito leves; não há o curto sulco mediano na borda posterior
dos tergitos.
S. giganiea giganica L. tem 9 a 12 articulos basais das antenas despro-
vidos de pêlos; tem um triângulo sulcai no coxostemum das forrípulas. .Apenas
dois dentes estão unidos num bloco e 0 .*^ dois laterais isolados; nos fêmures,.
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Mcm. In»t. Bntantan,
22:17J I86, Xor.» 1950.
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principalniente das pemas postcriorc.s. há scralniciitc um pequeno e.siiinho
aiiical, no lado dorsal.
Por outro lado. jxirém. apre.senta a nova sulie.cpceie muito.s caracteristicr.s
iRuais à .9. (jiganíca, de maneira que não i^nle haver «lúvida de que .se trate
reahnente de uma suliespécie desta.
As duas apre.sentam os mesmos sulcos longitudinais c o sulco nirto,
mediano, nos tergitos, como tamliém as mesmas carenas laterais. Xas duas ò
último tergito é elcrado cm frente, se.n que haja uma fonnação de quilha
propriamente. Em amlas os sulcos dos estemitos são aprofundados no meio
e o lado dorsal, apical, dos prefémures de ambos c.stá dotqrlo de numerosos
espinhos (geralmente 3).
Enquanto que c-stas semelhanças morfológicas indicam claramcnte a .9.
gtgantca i?ara os novos e.xemplarcs, justificam, amtudo. as particularidades
invariáveis, uma suliesjiccie nova. ainda mais porque a gigantea gigautea L.
diverge igualmcnte no colorido, principalniente dos tarsos das últimas jienuas,
bem verdes nc.sta suliespécic, sempre amarelos cm gigantea gigantea.
10.035, da coleção do prof. Wolfg.ang Wcyrauch, Lima,
Perú. Fêmea.
Local-tipo: — Pucará. perto de Jatn. X. Perú. Uma /ona de estqic,
.seca c quente, de quase 900 melros de altura.
Paratipos: X.° 590, da coleção quilojiódica do In.^-tituto Ihitantan,
macho e X.® 591. fêmea, adolescens. procedentes do monte Campana,
dc 300 metros de altura, situado jxrrto de Trujillo.
X." 592. fêmea, de Tainlxi Tingo. acima de Cliilete. numa altura de
1.500 metros, entre Pacasmayo c Cajamarca. na de.scida ocidental dos
.Andes.
2. Connoce phaUts (C.) anJinus ruhrifrons, subsp. nova
CalH.-ça. primeiro tergito e coxosten.um e às ve/es tamliém as últimas
F>cnias marrom escuro, nitidamente ilcst.icado do resto ,1o ironco que .se aiirc-
■senta num tdiváceo amarelo, mais claro ou e.scuro.
Antenas sempre com 17 artiailos. dos quais os 6 Insais estã,. .sempre de.spro-
vidos de pêlo.s que começam abruiitame.ite do sétimo em diante c apresentam
um amarelo brilhante. (Fig. 5).
Comprimento atê 90 mm. Placa cefálica tão Icnga quão larga, com dois
sulcos longitudinais muito divergentes (fig. 5). Duas p’acas lasais lH;m visi-
veis Os dois sulcos longitudinais >-ào até a altura dos olhos nos exemplares
adultos, enquanto que nos filhotes somente atingem a metade jxisterior da
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OLlLóPODOS DO PERC.
II.
■>'»- Te..- . a
'.o .» .e.i,„: ,Te„,e
iilenre l,i|arli<lo „.i („„,e (fi„ 5) J , 7
dc.sde o 8° ao 10“ tcrpitn nn t i • 'isiveis já fracamente
,7“ r/
.einenle percop.ivd. 21» .c.iio I g; e ” 70 " 7 ' ôTt"'
carenado lateralmente e com Ixirrln
^ulco mediano loiifritiidinal (fifr. 6). com
Coxosternum do telopodito forcinulnr í(^rT 7\ ^ i •
, .e ,,, .
<.e:aeetlr7 ^ 7 . tÍ ,:1“ "7 '
-.,.re ..,„ vidvd e,„ ^
210 esternito com iK.rdas laterai.s e ,K>sterior arredondadas e ro.n I
oepressao lonsptudinal no meio (fijç. 8). ' longa
Co.xoplenra.s com apí-ndtce ,H)sterior l^mi saliente, cilindrico tennii^.ulo
cm dois petpienos espinhos (iur n\ c„ • , , ^ imurico. tenmnaiulo
■úo nn„g,„,L „ ,„„L «>• C.™.po
.......en.e r\r 7'""""';. '■“■
.ilna apmei„,ad,„,e„,c c„,„„ri„ ™„ o. '“'7 '
"..'.a .ncliann, „„ ',., 3'“; ,7 7 7 "t 7
n.ela,le <1„ co„,|.ri, * ,il,ia e o „7 17 ™ ’ *
curto do Qiic o orimpirn r • . ^ l>ouco mais
garra terminal.^ ' ' “ pequenas garrínluis ao lado da
«'ollsans Weyraach, Li„,n. p„,-,.
í»™í-(,V>«: Huanneo. ,,,„„a de 1.900 melros, Peni
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Mem. liut. Batantan,
22:173-186. Xor* 1950.
\V. BUCHERL
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Uma fêmea, sob X® 594 da coleção quilopódica do Instituto Butanta,
procedente de Acancay, Perú; capturada pelo Prof. Wolfgang Weyraucli
numa zona árida, quase sem vegetação, numa altura de 2.500 metros,
üm macho, sob X.° 595 da coleção do Instituto Butantan, capturado por W.
Weyrauch em Sahuaj-aco, no vale Urubamba, com 800 metros de altitude,
cm zona seca, quente, pobre em vegetação.
Este exemplar apresenta já bifurcação dos dois sulcos longitudinais, para-
medianos, do 1® e 2° tergito e mesmo os sulcos da placa cefálica são um
ta.nto irregulares, com malhas.
X® 10.037, da coleção do prof. Wolfgang Weyrauch. Um exemplar jovem,
capturado em Tingo Maria, ao longo do rio Huallaga, numa altitude de 670
metros.
3. Cormoccphalui (C.) itnprcssus var. ncglectus (Chamb.), 1914
Trata-se de um único exemplar, semi-adulto, infelizmente não muito bem
consei^-ado. Mesmo assim as partes morfológicas, especificamcnte importantes,
permitem enquadrar perfeitamente este exemplar no grupo de C. impressus,
isto é, 4 4 dentes nas placas dentárias; ápice do campo poroso das placas
coxopleurais do último segmento do corpo sem apêndice protraído, mas apenas
com dois espinhos diminutissimos. Campo poroso relativamcnte pequeno, não
atingindo a margem superior. Última perna com prefemur, femur c tibia
dorsalmente sulcados ; a garra terminal ventralmente em lâmina, quase tão
longa quanto os dois tarsos juntos; prefemur com espinhos diminutissimos, dois
no local do “espinho do canto” c um mediano, dorsal e mais 5 a 6 ventralmente
cm 3 filas mal pronunciadas. Os sulcos <lo coxostemum forcipular, entretanto,
divergem um tanto, isto ê, os dois sulcos longitudinais c o transvcr.sal estão
tão abreviados que existe apenas o triângulo central, sem os ramos laterais.
Todo o resto coincide com a variedade C; impressus ncglectus.
Exemplar, fêmea. X® 10. 130 da coleção do prof. Wolfgang Weyrauch,
Lima, Perú, capturado cm Divisória, na Cordilicira Azul. numa altitude de
1.500 metros, em mata subtropical, húmida.
4. Cormocephalus impressus glabrus, subsp. n.
Colorido: Todo o corpo marrom oliváceo; estemitos, pcma.s e antenas
amarelos. Sem faixa mais clara no meio das placas dorsais (impressus impressus).
Comprimento do exemplar tipico atê 56 mm. Placa cefálica 3 mm de com-
primento por 2,5 mm de largura. Prefemur e fémur das últimas pernas do
mesmo comprimento; tibia um pouco mais curta do que o femur; 2® tarso
um pouco mais curto do que o 1® e os dois tarsos juntos ainda um nada mais
cm
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QUILôPODOS DO PERC. n.
curtos do que a tíbia. Última garra apenas um pouco mais curta do que os
dois tarsos juntos.
Placa cefálica pontuada, com 2 sulcos longitudinais, muito divergentes na
frente, mas que não \*ão além da metade posterior. Antenas com 17 artículos,
dos quais os 7 basais apresentam apenas pêlos muito esparsos, enquanto que
os restantes estão dotados de abundantes pelinhos curtos. Coxostemum forci-
pular (vide fig. 9) sem sulcos longitudinais ou transversais (em iinpressus
impressus há dois sulcos longitudinais completos, convergentes na base das
placas dentárias em ângulo agudo e atravessados por um sulco horizontal muito
nítido). Placas dentárias tão longas quanto largas, com 4 dentes cada uma,
sendo os dentes internos parcialmente unidos (fig. 9). Tergitos 1 a 20 com
dois sulcos longitudinais paramedianos e no meio deles uma eleraçâo longitu-
dinal muito leve e mal perceptivel. 21® tergito com sulco mediano. Carenas
laterais dos tergitos completas e bem feitas apenas no último tergito; nos 5
a 7 tergitos precedentes apenas bordas elevadas, a maneira de carenas, mas
existentes somente na primeira metade dos tergitos, não atingindo nunca a
margem posterior. (Em twpressus impressus as carenas laterais já estão pre-
sentes desde o 9® ou 10® tergito).
Estemitos 2-20 com 2 sulcos longitudinais completos, mas sem depressão
mediana anterior, como em impressus impressus. 21® estemito com depressão
longitudinal mediana e com borda jMjsterior truncada.
Coxopleuras do tíltimo segmento arredondados atrás; sem apófise, mas
em seu logar dois espinhos pequeníssimos. Sem outros espinhos. Area porosa
não atingindo a margem superior.
Todas as pernas sem esporão tarsal. 1® tarso sempre bem mais longo que
o 2®. Prefemures do 21® par de pernas com 2 pequenos espinhos no canto
posterior, medial, superior, no local do "espinho do canto” que aqui não é
formado e apenas mais um espinho, pequeníssimo, na area mediana superior.
Vcntralmente 3 fileiras com 2 espinhos i)equenissimos cada. Prefémur, fémur
e tíbia, no lado superior, apical, com profunda fossa. Garra terminal ventral-
mente em forma de lâmina.
Tipo: N.® 10.128 da Coleção do prof. Wolfgang Weyrauch.
LocaUtipo: San Mateo (Rio Rimac), nas encostas ocidentais dos Andes.
Coletado pelo prof. \V. We>'rauch, numa altura de 3.000 metros.
5. Olostigmus rex Chamberlin, 1914
N® 10.030 da coleção do prof. W. WejTauch. Fêmea, por ele coletada nos
arredores de Tingo Maria, ao longo do rio Huallaga, numa altitude de 670
metros.
cm
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Mnn. Inst. BoUnUn.
12:17J-186, Xov* 1950.
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6. Otostigmus pococki Krãpelin, 1903
5 exemplares ao todo: — X° 10.129 da coleção do prof. W. Weyrauch,
coletado em Divisória, na parte central da Cordilheira Azul, numa altitude de
1 . 500 metros.
X° 596 da Coleção quilopódica do Instituto Butantan, procedente de Aco-
mayo, perto de Iluanuco, colhido pelo prof. W. \Ve>Tauch numa altitude de
2.700 metros.
X° 597 da coleção quilopódica do Instituto Butantan, com a mesma pro-
cedência e o mesmo colecionador do exemplar precedente.
X° 598 da coleção quilo{)ódica do Instituto Butantan, procedente de Iluanuco,
duma altitude de 1 .900 mertos.
X° 599 da coleção quilopódica do Instituto Butantan, procedente de Tingo
Maria, ao longo do rio Iluallaga, com 670 metros de altitude.
Os exemplares apresentam os seguintes característicos morfologicos, não
mencionados pelo autor da espécie: — 2 esporões tarsais nos primeiros 6 pares
de pernas e não apenas no 1®; tergitos da segunda metade do tronco além das
5 quilias rugosas, longitudinais, mais duas laterais, acessórias; sulcos basais das
placas dentárias em ângulo obtuso e na área uma profunda e curta depressão
mediana; estrmitos sem sulcos; em logar das 3 depressões anteriores existe
apenas u’a maior, mesmo já nas pbcas .interiores.
7. Otostigmus amaconae Chamberlin, 1914
X° 10.039 da coleção do prof. Wolfgang Weyrauch, colhido numa altitude
de 3.800 metros, acima de Oiincheros, perto do rio Pampas, nos arredores de
••Xndahuiylas. Perú.
X" 10. 127 da coleção do prof. W. Weyrauch, colhido em Machupicchu, ao
longo do rio Unibamba, nos arredores dc Cuzeo, numa altitude de 2.100 metros.
X® 600 da coleção quilojxxlica do In.stituto Butantan, com 7 exemplares,
mach's e fémeas, colhidos pelo prof. W. Weyrauch cm Atocongo, jx:rto de
Lima, numa altitude de 200 a 500 metros.
8. Rhysida ccleris (Humb. & Sauss.), 1870
X® 10.028 da coleção do prof. Wolfgang Weyrauch, coletado perto de
T ngo ^faria, ao longo do rio Huallaga, numa altitude de 670 metros, Perú.
7 êmea.
9. Cryptops (T.) debilis, sp. n.
Todo o corpo amarelo avermelhado, prevalecendo o vermelho na cabeça c
no 1® segmento. Comprimento até 45 mm. Placa cefálica aproximadamente
cm
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^fetn. Inst. Botaatan,
22:173-186, Nor.« 1950.
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acima de Celendin (X. Perú) e um segundo exemplar, X° 602, colhido ao
longo do rio Chinchipe, perto de San Ignacio, numa altitude de 800 metros.
11. Xcwportia longitarsis longitarsis (Xewp. 1845)
X® 10.032, da coleção do prof. W. Wcyrauch, colhido perto de Tingo
Maria, numa altitude de 670 metros, Perú.
X® 603, da coleção quilopódica do Instituto Butantan, colhido pelo prof.
W. WejTauch. em Huanuco, numa altitude de 1.900 metros, Perú.
Ambos estes exemplares apresentam alguns caracteres diferenciais de N.
l. longitarsis, como a ausência completa de sulcos longitudinais na placa cefálica.
Xo exemplar de Tingo Maria os dois sulcos longitudinais do primeiro tergito
vão apenas até a fossa circular, enquanto que no segundo exemplar sc estendem
ainda além da mesma, como em /. longitarsis. Xos esternitos de ambos há
apenas um sulco mediano, mas não os dois curtos posteriores de /. longitarsis.
Os sulcos paramedianos dos tergitos existem desde o 2® até o 22® tergito,
mas os dois laterais anteriores sc apresentam no e.\emplar X° 603 já desde o
3®, indo apenas até o 19® e no exemplar de Tingo Maria só existem desde o
10® até o 20“. Xos dois exemplares de Perú o prefémur, fémur e a tibia do
último par de pernas apresentam aproximadamente o mesmo comprimento. O
prefémur termina cm lâmina no lado ventral, apresentando 4 dentes relativa-
mente grandes; o fémur tem 3 a 4 deniiculos muito pequenos no lado medial
e a tibia ostenta no lado apical, vcntrahnentc, uma pequena apófise, dotada de
um espinho robusto.
CO.NCLUSÃO
.'\s duas pequenas coleções de Quilópodos, uma enviada ao Instituto Butan-
tan i>elo prof. Sucoup. de Lima, Perú, cm 1942, c, a segunda, provinda do
prof. Wolfgang Weyrauch. igualmcntc de Lima, e enviada jjara o Instituto
Butantan para a determinação dos exemplares, em 1949, revelam, enquanto for
licito prejulgar à mão de material rclativamcnte pouco numeroso (68 exem-
plares ao total), que a fauna quilopódica do Perú não é tão pobre cm csjjécies.
Xo género Scolopcndra são assinaladas jnra aquele pais as seguintes espé-
cies: — tnorsitans. z-iridicomis, arthrorhabdoides, armata, angulata c gigantea.
Xo género Connocephalus existem i.s espécies bonacrius, impressus, andinus
com algumas subespécies.
O género Rhoda apresenta a espécie calcarata.
Otostigmus está desdobrado nas seguintes espécies: — bürgeri, amaronar,
re.r e pococki.
Rhysida ccicris foi igualmente encontrada nas duas coleções.
cm
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1S4
OUILÔPOIKJS DO PERC. II.
Completamente nom para o Perú é a espécie debilis, subgênero Trigono-
cryptops, havendo em toda a America do Sul apenas um outro representante
único do gênero, o C. iheringi.
Finalmente foi acentuada ainda a existência do gênero Otocryptops com a
espécie O. fcrrugincus.
RESUMO
O presente trabalho se ocupa da fauna quilopódica de Perú, referindo em
ordem sistemática as espédes e subespécies encontradas numa coleção coletada
na região montanhosa dos Andes pelo prof. Wolfgang Weyrauch e enviada
pelo mesmo ao Instituto Butantan, para a respectiva classificação. Foram encon-
tradas as seguintes novidades sistemáticas:
Scolopcndra gigantca wcyrauchi, subsp. n.
CormoccphaUis aiidiiius nibrifrons, subsp. n.
Cortnoccphalus imprcssus glabrus, subsp. n.
Cryptops debilis, sp. n.
ZUSAM MENFASSUXG
Im Anschluss an die Chilopoden, dic ich 1942 durch H. Prof. Sucoup, aus
Lima, Perú, erhielt, kann ich nun eintn zweiten Aufsatz über peruanische
Chilopoden folgen lassen, da H. Prof. Wolfgang Weyrauch mir seine, 1949,
im Andengebicte Pcnis gesammelten Chilopoden, zur Bestimmung übersandte.
Unter dem letztercn Material befinden sich folgende Xeuheiten in s}*stemati.scher
Hinsicht :
Scolopcndra gigantca wcyrauchi, subsp. n.
Connoccphalus andinus rubrifrons, subsp. n.
Comtoccphalus imprcssus glabrus, subsp. n.
Cryptops debilis, sp. n.
Unter dem anderen, durch meinen ersten Aufsatz aus Peru schon bekannten
Material, befinden sich folgende: 5". morsitans, gigantca, inridicornis, arthror-
liabdoidcs, ^armata. angulata; C. bonacrius; Rhoda calcarata; Otostigmus
bürgeri, atnaconac, rcx und pococki; Rhysida celcris; Otocryptops fcrrugincus.
cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
M«n. In*t. Batanta««.
22:173 1S6, Xor,* 1950.
Mem. Inst. Batantan,
a:IS7-19^ Nor.» 1950.
W. BÜCHERL
187
QUILÓPODOS DA VENEZUELA (I)
íOR WOLFG.^XG BÜCHERL
(.Trabalho da Divisão de Zoologia iledica do Instituto Butantan, S. Paulo, Brasil)
Pelos fins do ano de 1949 nos foi enviada uma pequena coleqão de
quilópodos, coletados pelo prof. Dr. G. Marcuzzi, da Universidad Central de
\>nezuela, Facultad de Ciências Fisicas e Matemáticas, de Caracas. Estes
quilópodos são descritos neste trabalho.
Ordem : — S C U T I G E R O M O R P H A
Fam.; — PSELLIOPHORIDAE
Genus: — Brasilophora Bücherl, 1939
1 . Brasilophora trimarmorata, sp. n.
Colorido: — Cabeça e tergitos com larga faixa mediana, amarela, reta,
a percorrer todas as placas dorsais até a borda posterior do último tergito.
Na área posterior da cabeqa ela se trifurca, indo os dois ramos laterais em
direqão aos olhos, onde tenninam nas bordas internas dos mesmos, enquanto-
que a faixa mediana, mais larga, vem a terminar na fronte.
Ao lado das carenas laterais dos tergitos, nos dois cantos redondos ante-
riores, existe igualmente u a mancha amarela.
Todo o resto, tanto da cabega como dos tergitos, é marrom escuro. Tam-
bém as bordas externas dos estigmas, que se localizam no meio da faixa
amarela, apresentam tonalidades escuras.
Arca superior dos pleuritos, entre os tergitos e as coxas das pernas igual-
mente marrom, com u’a mancha circular amarela, no meio. Coxas c estemitos
amarelos, com as saliências e bordas em faixas enegrecidas.
Prefêmures das pernas marrons, mas com tres grandes manchas amarelas,
uma no começo, uma no meio e uma no fim do artículo. Fêmures igualmente
Entregue para publicação em 13 de abril de 1950.
SciELO
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188
QUILôPODOS DA VENEZUELA. L
com estas tres manchas (daí o nome " trímannoraia") amarelas em fundo
marrom, sendo a mancha apical bem menor; tíbias marrons, tendo apenas u’a
mancha amarela no ápice. Tarsos marrom claro.
Medidas : — comprimento (desde a fronte até a borda do fim do tronco) :
34 mm.
Antenas: — acima de 80 mm, tendo o flagellum primum 21 mm.
Últimas pernas: — femur — 9,5 mm; tíbia — 12,5 mm; tarso — 23,5 mm;
2° tarso perto de 80 mm. Total: — perto de 120 mm.
Flagellum primum com 54 a 58 artículos; todos bem mais longos do que
largos, cobertos de numerosas cerdas, não dispostas em coroas. Além das
cerdas existem nos primeiros 25 articulos, ao lado mediano, na ponta apical,
1-2 pequenos espinhos, às vezes em ordem alternada, isto é, ausentes num ou
noutro articulo, de maneira que entre os 25 artículos basais, 14 apresentam
estes espinhos.
Flagellum seeundum também com a imensa maioria de articulos mais longos
que largos. Taml)ém aqui não se podem contar “coroas” de cerdas.
Alem do “nodus” jxjde haver “subnodi”.
2® par de pernas com l7-|-49 articulos nos dois tarsos respectivamente
e com 3-f-3-j-2-|-0 acúleos nos ápices do prefêmur, fémur, da tíbia
e do primeiro tarso respectivamente. 29 tarso provido de 28 “esti-
lestes tarsais” (Tarsalzapfen), todos com as mesmas dimensões,
curvados para a frente e presentes na face ventral dos artículos
14 a 42.
Prefêmur, no lado ventral, provido de uma quilia longitudinal, co-
berta de cerdas. Lateralmente, ao longo da mesma, já uma fila de
cspiculas, duplas na área apical. .\s outras carenas longitudinais
apenas com cerdas. Fêmur já com algumas filas longitudinais de
espinhos e outras somente com cerdas. Tibiá e tarsos somente com
filas de cerdas.
4® jar de pernas com 17-j-43 articulos tarsais e com 3-j-34-3-|-2 acúleos
nos prefêmur, fêmur, na tíbia e no fim do 1. tarso e com 20 estiletes
(dos articulos 14® ao 34®) no segundo tarso. Prefêmur com 2 a3
fileiras internas de espinhos; o resto cerdas; fêmures com 7 fileiras
de espinhos; tibias com 4 fileiras de espinhos; todos os artículos do
1° tarso com 2 a 3 espinhos no ápice.
7® par de pernas com ll-f41 articulos nos dois tarsos e com 3-h34-3-^-2
acúleos e com 18 (do 16® ao 34°) estilites no segundo tarso. 3
Fileiras de espinhos no prefêmur, 7 no fêmur, 5 na tíbia e com 2 a3
espinhos apicais em todos os artículos do primeiro tarso.
cm
SciELO
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Men. Tnst. Batantan.
«:187-198. Sor.» 19S0.
W. BUCIIESL
189
12” par de pernas com 10+41 artículos nos dois tarsos e com 3+3+3+2
acúleos. Sem estiletes tarsais. Com 3 fileiras de espinhos no pre-
fêmur; 7 no fêmur, 5 na tíbia e com 2 a 3 espinhos apicais em todos
os artículos do primeiro tarso.
Ultimo par de pernas com 13 artículos no primeiro tarso e numerosís-
simos no segundo, apresentando também os artículos basais do segundo
tarso espinhos apicais.
Placa cefálica sem espículas e apenas com poucas e diminutas cerdas;
piimeiros tcrgitos já com algumas espículas e cerdas, aumentando tanto as
•espículas como as cerdas nos tergitos seguintes. Xas bordas laterais o primeiro
tergito só apresenta cerdas; 2? tergito já com algumas pequenas espículas no
dorso, também na faixa amarela, tendo cada espicula uma cerda longa do
lado. Carenas só com cerdas; ai^nas nos cantos posteriores há um comego
de espículas, ainda muito pequenas. Do 3® ao último tergito aumenta o
número de espículas, tanto na área mediana como nas carenas laterais, dimi-
nuindo. entretanto, as dimensões das cerdas. As espiculas das carenas vêm
a fonnar verdadeiras serrilhas (vide fig-l).
Gonópodos das fêmeas: — (vide fig. 2) I..ados externos do pro-mes-c
metartron formando duas paralelas; lados externos do mes-e metartron apro-
ximadamente do mesmo comprimento, sendo cada um duas vezes mais longo
do que a sutura mediana do proartron e tres vezes mais longo do que a
base do proartron. Em repouso esta cavidade forma um oval muito oblon-
go, tocando-sc quase os feixes de pêlos no ápice interno do mesartron.
Bordos internos do mes-e metartron lisos. Gonópodos apenas com cerdas,
sem espiculas.
Tipo: — Fêmea, N* 695 da colegão de Maraizzi, Caracas. Venezuela.
Procedência: — Rancho Grande, Venezuela.
Paratipo: — X® 40. da colcgão dos Scutigcromorpha do Instituto Butantan,
procedente do local-tipo.
.\ presente espécie nova é indubitavelmente do gênero Brasilophora Bü-
cherl, 1939, pois apresenta 2 acúleos no fim do primeiro tarso já desde o
s^undo par de pernas como também cúspides no segundo tarso das pernas
1 a 8, todas do mesmo tamanho e sem serem alternadas. Seus últimos
tergitos têm as carenas laterais serrilhadas, com cerdas na base de cada es-
picula.
Brasilophora trimarmorata, sp.n., distingue-se, entretanto, facilmente das
duas espécies. Br. margaritata e Br. paulista Bücherl, 1939, pelos sintelo-
poditos gonopódicos das fémeas, como se pode \-cr da seguinte comparação: —
cm
SciELO
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190
QIILÔPODOS DA VENEZUELA. I.
Drasilophora margaritata
Brasilophora paulista
Brasilophora tri-
niarmorala
Mes-c metartron do mes-
Pro-mes-e metartra d o
^íes-c metartra do mesmo
mo comprimento; proar-
mesmo comprimento ;
comprimento ; proartron
tron apenas pouco mais
ca\-idade mesartral qua-
2 vezes mais curto que
curto que o mesartron;
se 2 veres mais longa’
o mesartron ; casidadj
cas-idade mesartral mais
mais larga que longr.
que larga.
mesartral pelo menos 3
vezes mais longa que
larga.
Tergitos castanhos, com
Tergitos castanhos, com
Tergitos marrom, com lar-
faixa mediana averme-
faixa mediana amarela.
ga faixa amarela ; nos
lhada ; pernas amarelas.
Pernas escuras com 3
cantos anteriores igual-
enfurnadas.
manchas amarelas .
mente u’a manchinha
amarela. Pernas com
manchas amarelas.
Ordem : — SCOLOPENDROMORPHA
Genus ;
Fam.: — SCOLOPE.XDRIDAE
Subfani.: — SCOLOPEXDRIXAE
- CORMOCEPHALUS Xe^vport. 1844 et 1845
2. Cormocephalus impressus impressus Porat, 1876
Uma fêmea adulta, procedente de Rancho Grande, Venezuela c com o
X.° 1847. Um filhote, também de Rancho Grande, com o X.° 215. .'\mbos
na coleção do prof. Marcuzzi, Caracas.
Subfam.; — OTOSTIGMIXAE
3. Otostigmus pccocki Krãpelin, 1903
11 e.xemplares, procedentes de Rancho Grande, Venezuela, sendo os dos
N°s 1249, 1300, 921, 549 e um sem numero, da coleção do prof. Marcuzzi,
Caracas c os de X“ 606. 607 e 608 da coleção quilopódica do Instituto Bu-
tantan.
A confrontação morfológica destes c.xemplarcs com O. pococki oferece
as seguintes discordâncias: —
cm
SciELO
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*
cm
Mem. Inst. Bstanta**.
22:187*193, Xcr* 1950.
W. BUCHERL
191
O. pococki
Estes exemplares
Cabeca e 1* tergito azul -amarelados ;
Inteiramentc ollváceo, pres^alecendo ou
todo o resto azu! esverdeado.
o verde ou o azul ou o roxo.
2 artículos basais das antenas sem
Somente cs dois primeiros sem pelos.
pêlos.
Tergitos sulcados e carenados desde o
Desde o 3® apenas 2 sulcos curtos an-
quinto até ao vigésimo e 21'*.
teriores; desde o 4® ou 5® também
com 2 sulquinbos leves posteriores ;
desde o 7® ou 8® com sulcos comple-
tos, reforçados sempre na frente e
atrás e no meio tão leves que se tor-
nam quase imperceptíveis em muitos
tergitos. Carenas laterais somente no
21®; nos 13 tergitos anteriores as
bordas bterais são eles-adas, simulando
muito imperfeitatnente “ pseudo care-
nas ". Só com espiculas e rugas, mas
sem quilias.
21* tergito ainda com 3 quilias enruga-
■As 6 cas-idades são nítidas ate ao 20®
das. nos dois terços ameriores. Es-
estemito (vide fig. 3), sendo as 2 da
teriftos com 3 candades anteriores e
linha mediana as mais profundas. As
3 posteriores; as anteriores cJácngar.
6 se encontram numa depressão
as posteriores redondas; cs estemitos
grande.
posteriores ccnfhiem as tres znttriores.
21” estemito sem depressão.
Com depressão na segunda metade
(fig. 3).
1® par de pernas com 2; 2” .to 19® par
1® ao 3® ou 4® par. cem 2; dai ao 20’
com 1 esporão tarsal.
com 1 esporão tarsal.
Estas diferenças morfológicas são realmcnte bem significativas; ainda
mais. porque elas se manifestam em todos os 11 exemplares de Rancho
Grande ([ue. do outro lado. mostram uma surpreendente concordância mor-
fológica entre si.
Entretanto, ha também caracteres morfologicos comuns entre a espécie
de Krãpelin e estes exemplares e nós julgamos estes de natureza relevente.
Assim, desde o 5° tergito há nas duas formas 1 quilia mediana; desde
o 7*^ tergito surgem ao lado desta quilia mediana n»ais duas quilias laterais,
entre os dois sulcos paramedianos e desde o 11° ou 12° surgem mais duas
quilias colaterais, ao lado dos sulcos paramedianos. de maneira que existem,
ao todo. 5 quilias. Além disso apresentam os tergitos espiculas e rugas
granuladas.
SciELO
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192
QCILÔPODOS DA VENEZUELA. I.
yo
As 6 concavidades dos estemitos também são, em suma, concordantes,
si bem que estas não oferecem caracter específico, muito seguro, porque
existem muitas outras espécies deste gênero com 6 ca\-idades.
Assim não nos aventuramos a designar uma espécie ou raça própria
para estes 1 1 indivíduos de Rancho Grande. Seriam necessários mais exem-
plares. talvez em melhor estado de conservação, para se poder ver com cer-
teza os sexos. Xos presentes, apesar de cuidadosa preparação, não conse-
guimos isolar nem testículos, nem ovários, pois intemamente só existia uma
massa indistinta. Caracteres sexuais externos, como apófises, com feixes de
pêlos, no lado interno dos prefêmures do último par de pernas, também não
temos encontrado em nenhum e.xemplar.
.•\s ' espécies .americanas do gênero Olosligiiiiis atingem hoje perto de
35. Entre estas as seguintes apresentam um nitido parentesco morfológico,
expresso :
1° pelas 6 cavidades redondas, pequenas nos estemitos;
j or 1 ou 3 ou 5 quílias nos tergitos. com todas as transições, isto
é. pode existir apenas itma quilia mediana. Ao lado desta pode ha-
ver apenas começo de duas quílias laterais, ainda dentro da área dos
dois sulcos (O. scabricauda e inermis), ou as duas laterais já estão
complctamente evoluídas, tão longas quanto a mediana (O. denticulatus
c casus). Finalmente, pode haver, ao lado das duas quílias laterais,
além dos dois sulcos, mais duas quilias, uma em cada lado, ou incom-
pletas (htermis) ou nitidamente desenvolvidas {pococki e oceid entalis).
jxir apresentarem uma área nos tergitos, não lisa, mas desfeita em
inúmeras "mguinhas”, como que granuladas, havendo numerosas
espículas.
pelo dimorfismo se.xual entre machos e fêmeas, já quase descrito para
todas as especies e a manifestar-se da seguinte maneira: os machos
apresentam no lado interno dos prefêmures do último par de j)eraas
um apêndice, mais ou menos articulado, truncado na ponta distai, onde
há uma diminuta depressão, coberta de um feixe de cerdas louras.
Este aj)êndice ora é do mesmo comprimento do prefêmur (O.
silvestrii, scabricauda, clazHfcr), ora é um pouco mais curto (O.
insignis), ora está apenas indicado ( O. pococki). Finalmente foram
descritas ainda espécies, onde está inteiramente ausente (O. rcx,
spteulifer, denticulatus, inennis, casus, oceidentalis e suitus), fazendo-se
necessária, sem mais nada, uma revisão cuidadosa destas últimas espé-
cies, para afastar a dúvida de que os poucos exemplares conhecidos
(às vezes apenas um) não sejam representantes exclusiramente do
sexo feminino.
3°
40
cm
SciELO
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BÜCHERL
B:ISM98, Xoy.» 1950.
As espécies em questão são as seguintes: —
O. pocochi Krpln.- 1903 Guiana brasileira;
O. insignis Krpla, 1903 Ecuador;
O. silvestrii Krpln., 1903 Ecuador;
O. scabricauda (H. &S., 1870) Brasil, Colômbia, Guatemala;
O. rex Chamb., 1914 i Brasil central c norte;
O. spiculifer Poc., 1893 Ilha de St \'incent;
O. denSiculatut Poc., 1896 México;
O. tncrmií Por., 1876 .\rgentina, Venezuela, Colômbia;
O. casus Chamb., 1914 Brasil, Mato Grosso, rio Madeira ;
O. occidfnlalis Mein., 1886 . .
O. suitus Chamb-, 1914 Brasil, Mato Grosso, rio Madeira.
193
Passando estas 11 espécies por uma análise mais acurada, chega-se às
seguintes conclusões: —
o) O. occidentalis e svtius foram descritos apenas sumariantente e de
uma maneira muito imj)eríeita, precisando scr revistos à mão de novo ma-
terial, da mesma procedência. Suilus sinônimo com casus?
b) O. insignis e silvestrii formam certamente apenas uma espécie, talvez
com 2 ou 3 raças.
c) O. rex não é outra coisa, como já afirmara C. Verhoeff, senão a
fêmea de O. scabricauda, do qual, aliás, muito dificilmente se poderão separar
morfologicamente as fêmeas de sfnculifcr e denlieulatus.
d) Olostigmus inermis deverá igualmente ser revisto mais de perto,
segundo as zonas geográficas. Foi ele assinalado na .-Xegentina, depois na
Venezuela e, finalmente, na Colombia; portanto em locais bastante distantes,
pelo menos quanto à Argentina. Morfologicamente há igualmcnte ^•ariações
assinaladas, principalmente quanto aos 2 esporões no fim do primeiro tarso
que podem estar presentes apenas nos primeiros 4 pares ou em 18 pares.
Quanto às quilias dos tergitos há uma mediana, realmente bem saliente.
Ao lado desta há rugas longitudinais, espiculadas, em número de 2 em cada
lado da quilia, de maneira que ao todo seriam 5 elevações, mais ou menos
nitidas. Já vimos que pococki apresenta 5 quilias nitidas, espiculadas; mas
apenas 2 esporões tarsais somente no 1° par de j^rmas. Os e.xcmplares. entre-
tanto, de Rancho Grande, Venezuela e que nos deram ocasião a estas insinuaçõe.s
de ordem morfológica, já apresentam 2 esporões tarsais nos primeiros 3 a 4
pares de pernas, como alguns e.xemplarcs de íncr/mr. Em alguns indivíduos as
quilias laterais também são mais débeis; no último tergito, finalmente, não há
nestes e.xemplares as 3 quilias, assinaladas no tipo de O. pococki, mas apena.<;
espículas como em inermis.
cm
SciELO
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194
QfILóPODOS DA VENEZUELA. 1.
Não se incorreria, portanto, em erro muito grave, si se pretendesse reunir
as duas espécies: O. pococki e inermis, numa só espécie, sendo a pocockt
apenas o macho de iucnnis. com precedência do nome de inermis. Ou, então,
poderia esta espécie ser subdividida em raças geográficas, designando-se igual-
mente uma raça venezuelana.
Estas considerações serão certamente resolvidas praticamente, após uma
comparação de maior número de exemplares. Por ora, apesar das divergências
morfológicas entre os individuos de Rancho Grande com pococki, as conside-
ramos como pertencendo a esta espécie.
Fam. CRYPTOPIDAE
Subfam.: — SCOLOPOCRYPTOPISAE
(jenus: — Otocryptops Haase, 1886
4. Otocryptops mclanostomus (Xewp., 1845)
5 exemplares, de Rancho Grande, \'cnczuela, tendo sido um incorporado à
coleção quilopódica do Instituto Butantan, sob o N° 605.
5. Otocryptops fcrnirjinctis fcrruginciis (L., 1767)
1 exemplar, de Rancho Grande, Vetiezuela, na coleção do prof. Marcuzzi,
sob o N° 949.
Genus: — ?íc7i’portia Gervais, 1&47.
6. Xcivportia pusilla Poc.. 1893
6 exemplares, de Rancho Grande, \'enczuela, sendo 2 na coleção do prof.
Marcur.zi, cm Caracas (N- 1C96 e 7-49) e 4 na coleção quilopodica do Instituto
Butantan, sob o N“ 609.
Medidas: — comprimento total até 34 mm.
Última pema-prefemur 2,5 mm:
fêmur 2,4 mm ;
tibia 2.2 mm ;
tarso 1 1,2 mm;
tarso 2 7,0 mm.
Placa cefálica totalmentc sem sulcos. Primeiro tergito com sulco anular,
mas sem sulcos longitudinais. Tergites 4-20 com 2 sulcos longitudinais colaterais
Mem. Inst. Batantan.
1í:I8M98. Nor.» 1950.
W. BUCHERL
195
e 2-21 com 2 sulcos medianos. Quília mediana dos tergitos bastante indistinta.
Estemitos com sulco mediano, sem atingir as bordas anterior e posterior e
ainda 2 sulcos laterais anteriores que \-ão apenàs até a metade de cada placa.
Tibias somente com esporão lateral; tarsos sem esporões. Apêndice coxopleura!
muito agudo, cônico, terminando num espinho. Poros grandes, atingindo na
frente quase a margem do tergito. Xo canto posterior um espinho muito pe-
queno. Prefêmur das últimas pernas com 4 a 5 espinhos ventrais; fêmur com
1 a 2 espinhos mediais, pequenos.
Antenas com 17 articulos; segundo tarso das últimas pernas com 10 a 16
articulos, geralmente com 10.
7. Ncivportia longitarsis longitarsis (Xewp., 1845)
4 exemplares, de El Funquito, Rancho Grande, Venezuela, ficando o de
5-49 na coleção do prof. Marcuzzi, Caracas, e os outros na coleção quilopódica
do Instituto Butantan. sob o X® 610.
Os 4 exemplares apresentam diferenças morfológicas relevantes de N. /.
longitarsis, de maneira que preferimos fornecer a descrição dos mesmos: —
Medidas: — comprimento total, até 40;
placa cefálica e 1® tergito- 2,0 mm;
antenas- 1,8 mm:
última j)ema: prefêmur- 1,2 mm;
fêmur- 1,1 mm;
tibla- 1,0 mm;
tarso 1- 0,6 mm;
tarso 2- 1,5 mm.
Placa cefálica lisa. brilhante, esparsamente pontuada, com dois sulcos pos-
teriores, muito curtos e divergentes (fig. 4). Antenas com 17 artículos, não
atingindo a borda posterior do 1® tergito. Os 3 artículos basais esparsamente
pilosos Coxostemum forcipular na margem anterior bilobado. Primeiro tergito
com fossa anular e bem no meio uma cavidade nítida, semi-circular (fig. 4).
Com 2 sulcos longitudinais até a fossa (não em sua frente). Tergitos 2-22
com dois sulcos longitudinais e sulcos laterais, anteriores do 3® ao 20“ tergito.
Do 6® ao 20° uma quilia mediana que não atinge as bordas anterior e posterior.
Coxostemum sem sulcos longitudinais ou trans^•crsais. Estemitos com sulco
mediano, abre^ado em frente e atrás e na segunda metade do corpo com dois
sulcos laterais anteriores. Último estemito sem sulco ou depressão; atrás tmn-
cado. Pernas com cerdas finas; tibias só com esporão lateral; os dois tarsos
cm
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196
QUILÔPODOS DA , VENEZUEUiV I.
nitidamentf divididos, mas sem esporão. Tarsos nitidamente divididos, sem
esporão. Apêndices coxopleurais longos, cilindricos, terminando em ponta (fig.
5). Poros muito grandes, mas relativamente pouco numerosos, não atingindo os
tergitos nem a borda posterior (fig. 5). Pre fêmur último com 4 espinhos
ventrais grandes; sem outros espinhos: fêmur com 2 espinhos mediais, menores;
tibia sem espinhos, segundo tarso apenas com 6 artículos.
Ha diferenças nitidas entre estes exemplares e a espécie, N. longitarsis,
longilarsis. Esta última apresenta os dois sulcos da placa cefálica, indo até a
metade, enquanto que nos exemplares de Rancho Grande ocupam apenas a
quarta parte posterior; no primeiro tergito não há em /. longitarsis a depressão
atrás da fossa e os dois sulcos se estendem ainda além desta; a área porosa é
grande, atingindo os poros na frente as margens do tergito; no último prefêmur
existem, além dos espinhos ventrais, grandes, duas fileiras de pequenos espinhos
menores. Quanto ao resto há concordância entre os individuos da Venezuela e
a N. l. longitarsis, razão porque os agrupamos nesta espécie.
SUMÁRIO
Uma pequena coleção de quilópodos, vindos da Venezuela e coletados em
Rancho Grande e enviados ao Instituto pelo prof. Marcuzzí, é descrita, contendo
as seguintes espécies: —
Brasilophora trimarmorata sp. n. ;
Connocephalus iwpressus;
Otostigmus pococki;
Otocryptops melanostomus ;
Otocryptops ferrugineus ferrugineus;
Nctvportia pusilla;
Nnvportia longitarsis longitarsis.
ABSTRACT
This pafier is a report on centipeds taken in the locality “Rancho Grande ’,
Venezuela by Prof. Dr. Marcuzzi, Caracas. The following species are lislened : —
Brasilophora trimarmoratg sp. n. ;
Connocephalus impressvs;
Otostigmus pococki;
Otocryptops melanostomus;
cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
Mem. Inst. BnUsUn, W. bCXHERL 197
B:187-198, XoT.* 1950.
Otocryptops ferrugincus ferrugineus;
Ncwportia pusilia;
Nczcporlia longitarsis longitarsis.
ZUS.\MMEXFASSUXG
Eine kleine Chilopodensammlung des H. Prof. Dr. Marcuzzi, aus Caracas,
Venezuela, wird beschrieben. Fast alie Tiere stamnien aus der Nãhe von
Rancho Grande. Folgende Arten bcfandcn sich darunter: —
Brasilophora Irimarutorata sp. n.
Coniwcephalus impressusj
Olosligtnus pococki;
Otocryptops viclanostomus;
Otocryptops ferrugincus ferrugincus; '
Ncwportia pusilia;
Ncwportia longitarsis longitarsis.
Von den schon bekanntcn Arten wurden die Exeniplare von O. pococki,
N. pusilia und N. l. longitarsis vollstãndig beschrieben, da sie von den genannten
Arten niorphologisch schr abweichcn und sich dcshalb nicht genau einreihen
lassen.
SciELO
11 12 13 14 15
Mim- Inít. Betada-.
22:199-204. ítor.» 1950.
J. P. DO AMARAL 4 M. B. ESTEVES
199
AXTIGEXOS DE SALMOXELA EM BACILO FLEXXER II (* *)
POR JAXDYRA P. DO AMARAL & MARIA B. ESTEVES
(Laboratorio de Bacteriologia do Instituto Bulantan.
S. Paulo, Brasil.)
Xa família das Enterobacteriaceas ao lado dos caracteres bioquímicos, a
composição antigênica é de essencial ralor na diferenciação dos gêneros, espécies
c tipos.
Xão muito raramente, porém, tém sido encontrados antigenos inespecíficos
em géneros de bactérias perfeitamente identificados por suãs propriedades bio-
químicas c sorológicas básicas.
Lembraremos os trabalhos de Banforth (1), estudando raças de E. coli
aglutináveis pelo anti-sóro de Shigella aikalcsccns; White (2) c Waaler (3),
obser\-ando aglutinações de salmonclas por soros ^isentcricos e vice-versa;
Peluffo, Edwards e Brunner (4), referindo amostras de paracolis com antigenos
flagelares de SalmoncUa. Entre nós, Taunay e colaboradores (5) publicam,
em 1948, obser\-ações de amostra Flexner II que possue cm seu soma o
antigeno IX de Scdtnonella.
Queremos refenr cm destaque o trabalho de Bomstein, S., Saphra, 1. e
Daniels, J. B. (6) que, estudando a presença dos antigenos VT e XIII em
Shigella paradysenteriac do "gruiio Y” (bacilo de Hiss) falam da possibilidade
destes antigenos serem característicos dessa espécie. Esta questão é levantada
pelo fato de terem aqueles autores verificado a ocorrência dos antigenos VI e
XIII em 14 de 16 cepas de “Fle.xner Y” e.xperimentadas.
Referem ainda como característica a inc.xisténcia de tais antigenos cm 2
cepas de Shigella sonnei e cm 5 de Sh. paradysenteriae hão ijcrtcnrentes ao
grupo .
Xossa. comunicação estuda a presença dos antigenos VI e XIII de Salmo'
nella em uma cepa com todos os caracteres essenciais do Bacilo Flexner II.
Esta cultura foi estudada a pedido do dr. M. Murgel que a isolou das
fezes de uma creança, cuja ficha clinica é a seguinte:
RfcebMo para puWicação em 23 de maio de 19S0.
(•) Trabalho apresenudo na III» Reunião ConjunU das Sociedades de Biologia do
Brasil. Bahia, Agosto, 1949.
cm
SciELO
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200
AXTIGEXOS DE SALMONEU,\ EM BACILO FLEXXER. II.
Hospital Santa Cruz.
V. Y. 6 anos — Brasileiro. Procedente de Itaquera e internado em 1-4-948
em estado de onconsciência e com rigidés da nuca. Até às 17 horas do dia
da internação, conforme informação do pai, nada de anormal fora notado.
Nesta tarde, o menino apresentou estado convulsivo, sendo levado ao Hospital
onde deu entrada às 21 horas.
A creança faleceu antes das 24 horas deste mesmo dia. Retirado o liquor
por punção lombar e centrifugado, com seu sedimento foi feita uma preparação
que, corada pelo método de Gram, revelou ao exame microscópico hastonetes
gram-negativos. Infelizmente. não foi feita cultura deste material. Das fezes
foi isolado germe gram-negativo, o qual foi enviado ao Instituto Butantan
para identificação.
Estudos sobre a cepa em questão: Bacilo Flexner N° 38
Bacilos gram-negativos. Imóveis. Propriedades bioquímicas: fermenta a
maltosc, glicose e manita sem formação de gás; não ataca a lactose e a
glicerina. Não produz indol, nem liquefaz a gelatina. Não ataca a ureia (S.V-) ;
não produz aldeido fórmico (Stem-), nem H^S.
O quadro 6 especifica o total das reações bioquímicas.
Propriedades antigcnicas — Aglutina os sôros Flexner totais, e em parti-
cular o sóro específico para Fle.xner II como mostra o quadro 1 :
Quadro 1
Títulos aglutinantes da cepa Flexner Nf 3S para sôros Flexner
Soro aotr
Aotigeoo
Tttnlo
Flexner I (nâo absorvido)
S.O m
5.120
Flexner II (nlo absorvido)
N.O SS
5.120
Fl^xi.er Y (nâo absorvido)
ÜM 38
3.560
Flexner fator 11. puro (*) (absorvido)
N.O 38
&40
A aglutinação rápida, em placa, da cepa 38 com um sóro polivalente
anti-salmonela, levou-nos a estudar os antigenos responsáveis pela reação.
Experimentados numerosos antisoros somáticos e flagelares, verificou-se agluti-
nação apienas com os sôros somáticos VI e XHI.XXHI. O quadro 2 mostra
o titulo das dosagens pelo méto<lo lento.
Os testes de absorção especificam e confirmam a presença dos antigenos
VI e XHI, como se pode verificar pelo quadro 3.
(•) Cedido gítitilmcnlc pelo Dr. A. Taunay, do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo.
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SciELO
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*
cm
Mem. Inst. BnUnUn,
12:199-204, Not.» 1950.
J. P. DO AMARAL & M. B. ESTIATS
Quaebo 2
201
Soro preparado com amostra
Antigeoo 3S
Flexner 11
5.120
S. paratvphi C
Vi.vu
1.2W
S. wortbingioQ
2.560
1. .XI1I..V\III
Quadso 3
T fites de absorção
AntixOro»
AgluUnioas
Titolof agluttaaQlei
Fltioer 38
S, paratypki G
(VI.VII)
S. nttcport
(VI. VIII)
5. bocit
morbi/icans
(VI. VIII)
5. nuhfield
(VI. VIII)
5. paratyphi-C
VI.VII
1.260
5.120
640
320
1.280
S. paratypki • C
ahsorrído com
Flexner 38
<30
320
-30
«30
-30
•
5. Kortkin/cton
1..XIH. XXIII
Flexner 38
wortkinf^on
(I.XIII.XXIII)
5. pocna
(.\III..XXII)
1 2.560
2.560
I.2S0
S. worikington
absorrido com
Flexner 38
50
320
«30
do antigeno XIII-
Quadso 4
Titolof aglQÜnaotes
Aoüsôro
Aglotinioas
Flexoer
S. wortkingiOH
(I.XllI.XXItI)
.V. poema
(XltlXXlt)
S.wortkiHf^on
(I.XIII..XXIII)
2.560
2360
1.280
S. wortkingioH
absolrido com
S. pocnm
«30
640
«30
2 3
SciELO
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202
/WÍTIGEXOS DE SALMONELA EM BAOLO FLEXXER. 11.
Tendo sido preparado em coelho um sôro com Flexner 38, obtivemos
títulos bem expressivos com as culturas que possuem antigenos VI e XIII.
como se verifica no quadro 5:
Quadbo S
'fílulos itglutinanles pora sôro de coelho imunisado com a cepa 38
AntijTcnos
Tltiilos
Flexner 38
S.I20
S. ptralyphi C (VI.VII)
640
5. mnfiifAfii (VI. VIII)
320
S. glostrup (VI. VIII)
320
S. toltdam (VI.VIII)
320
S. x-irchoxo (VI.VII)
320
S. mrlhington (I. XIII. XXIII)
320
Ficou provado portanto, por testes de aglutinaqão, absorção, e produção
de anticorpos, a presença dos antigenos VI e XIII na cepa Flexner 38.
Estas verificações foram feitas no inicio de 1948. Terminadas as provas
já referidas, a amostra ficou conservada na coleção de culturas do laboratório
em tubos de agar simples recobertos com vaselina e à temperatura ambiente.
Quando, em inicio de 1949, coordenavamos os nossos protocolos para
publicação, ao repetirmos as provas sorológicas, verificamos que, apezar das
propriedades morfológicas e bioquímicas se haverem conservado inalteradas,
(quadro 6), o mesmo não acontecera com a parte sorológica. Assim é que os
titulos aglutinantes da amostra para os sóros de salmonelas (VI e XIII), a
principio altos, haviam caído sobremaneira. Pelo quadro 7 pode-se ver que
os antigenos essenciais para Flexner II se conservaram intactos o mesmo não
acontecendo para os antigenos de salmonelas que se mostraram labeis.
Por passagens sucessivas em camundongos, entretanto, os titulos para os
antigenos \T e XIII se elevaram novamente, subindo quase ao nível inicial.
Pelo exposto parece licito concluir que os antigenos de salmonela \ I e
XIII encontrados na cepa estudada, são mais lábeis que os antigenos major
para Flexner II, recuperando-se, entretanto, mediante o rejuvenescimento da
amostra por passagens repetidas cm camundongos. Esta ultima verificação sugere
que a ocorrência daqueles antigenos de salmonela esteja em relação com a
virulência do micro-organismo.
cm
SciELO
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*
cm
Mcm. Inst. BnUntan,
22;199-204. XoT.» 1950.
J. P. DO .\MAR.\L & A. A. AGUIAR
Quadso 6
205
Prolmfdades bioquímicas da cepa 3S, recém-isolada, envelhfcida e rejuvenescida por
passagens em camundongos.
Cepa 38
Recês-isoUda
EnreUiecida
Rejarenescida
A
A
A
Mamta
A
A
A
Lactose
. —
—
—
Sacarose
—
• —
—
MaJto«e
A
A
A
Dttlcita
A
A
A
AraUnose
A
A
A
Galactose
A
A
A
Adonita
—
—
—
Salicina
—
—
loosita
—
—
SorbtU
—
—
—
Celoòioae
—
—
—
Manose
A
A
A
TrtakMc
A
A
Xílose
.\
A
A
Indol
+
+
+
H>S
—
—
—
Glicerina
Qu.vwto 7
Titulos aglutinanies obtidos com a cepa 38 recem-isolada, envelhecida e após passagem em
camundongo.
AMOSTRA FLEXXER 3S
Re€^m4iol
ada
Cootenrada em cultura
cerca de 1 aoo
Rejuvenescida por pattageoa
em camundongos
AnUiteoos:
EI. 11
S. VI
s. .xin
EL II
S. VI
S. Xlll
El. II
S. VI
S. XIII
Títulos aglatinaates:
5 120
1.260
2.560
5.120
50
50
5 120
540
1.260
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204
AXTIGEXOS DE SALMOXELA EM BACILO FLEXXER. n.
HESUMO
Foi demonstrada a presença dos antígenos VI e XIII de salmonelas em
uma cultura com os caracteres essenciais de Shigella paradyscnteriae II.
Tais antígenos VI e XIII, bem mais lábeis qúe os antígenos major para
Flexner II, parecem estar condicionados á virulência do germe.
ABSTRACT
Salmonella antigens VI and XIII were identified in a strain which presented
essential characters of Shigella paradyscnteriae II.
These antigens VI and XIII, much more labil than the antigens major
of Flexner II, seem to depend on the virulence of the strain.
BIBLIOGRAFIA
Bamborih, J. — J. of Hygicne 34:69-80, 1934.
White, P. B. — J. of Path. & Bact. 32:85-94, 1929.
tVaaler. E. — Monograph. Oslo, 1935.
Peluffo, C. A.; Eãuxtrds, P. R. & Bruner, D. IK. — J. Inf. Dis. 70:185-192, 1942.
Taunay, A. E. et colab. — O Hospital 33:211, 1948.
Bemslnn, S.; Saphra, I. & Daniels, J. B. — J. of Iimnunology 42:401, 1941.
cm
SciELO
11 12 13 14 15 16 17
Mem. Inst. Batantao.
a:205-212, Nor.» 1950.
J. P. DO AMARAL 4 A. A. AGUIAR
205
REAÇÕES DA PRECIPITINA EM ALGUNS CULICIDAS (* *)
POR JAXDYR.-V P. DO AMAR.\L & ARACY A. AGUIAR
(Do Laboratorio de Bacteriologia do Instituto Butantan e Servifo da Profilaxia da Malária,
S. Paulo, Brasil)
No estudo dos mosquitos hematófagos as pro\'as de precipitina apresentam
interesse, pois indicam a preferência, ou mesmo a exclusividade de certas espécies
cm sugar êste ou aquele animal, ou mesmo o homem, minúcias de importância
para os trabalhos epidemiológicos cm geral.
Nas pesquisas do ser\’iqo de malária este teste é usado com muita frequên-
cia pois selecionando as fêmeas que se alimentam de sangue humano estabelece
a base para os estudos da transmissão c profilaxia da moléstia.
A técnica classicamente usada, a que se encontra descrita em quase todos
os trabalhos sóbre o assunto, insiste sôbre estes detalhes: “Selecionam-se
sómente fêmeas engorgitadas rcccntementc c com abdômen cheio e vermelho
indicando terem se alimentado há pouco tempo. Os cspccimcns são capturados
pela manhã oátando desta maneira o mais possível a digestão do sangue.
Logo após a coleta cada cspecimcn c amassado em um papel de filtro, devida-
mente fichado, c enviado ao laboratório para que se processem as reações’.’ (1).
Esta técnica tão simples a primeira vista apresenta algumas' dificuldades
para o nosso meio pois a mutilação do mosquito necessitando ser feita no
momento da captura, as mais das vezes cm lugares distante do laboratório
central, traz como consequência prejuízo para certos estudos entomológicos que
só poderão ser realizados nos laboratórios centrais. Tendo em vista esta
questão, seria interessante a captura do mosquito nas zonas a estudar e a
remessa íntegra dos mesmos ao laboratório central.
Tentando uma idéia sôbre êste detalhe resolvemos verificar, se era possível
a realização das pro\'as de precipitinas com mosquitos conservados integros
durante um prazo de tempo razoável para serem remetidos ao laboratório,
mesmo se cap)turados à distância e desta maneira estudados sob outros aspectos
antes de serem inutilizados para as pro^^as.
Entregue para pt^Iicação em 23 de maio de 1950.
(•) Trabalho apresentado á Sociedade de Biologia, em reunião de 12-4-1950.
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17
206 KEAÇOES DA PRECIPITIXA EM ALGUNS CULICIDAS
\'eri ficamos ainda da possibilidade do mosquito ser conserv^ado vivo durante
um tempo mais ou menos longo após o repasto, sem prejudicar a positividade
do teste, demonstrando a proteina humana mesmo depois de digerida.
Esta é a finalidade da presente comunicação.
Parte c.rficritiiental :
Foram criados no laboratório (Serviço de Profilaxia da Malária; Labora-
tório de Entomologia) e alimentados com sangue humano exclusivamente, fêmeas
de mosquitos que são mortas 12 horas após o repasto. Selecionam-se as
engorgitadas.
Divididas em 20 lotes serviam para as provas de precipitinas em intervalos
de tempo variáveis a saber; 12-24-48-72 horas — 10-20-30-35-40-45 dias e
3-4-5-6-7-8-9-10-11-12 meses.
Os mosquitos devidamente fichados foram conservados íntegros só sendo
triturados no dia da prova em tubo com 0,5 cm’ de solução fisiológica. Este
triturado depois do permanecer 1 hora à temperatura ambiente era passado em
papel de filtro obtendo-se então um liquido absolutamente transparente.
As reações foram efetuadas em tubos de 0,5 x 4 cm com partes iguais
do antigeno e do sôro anti-humano (0,05 -f- 0,05).
O sôro empregado foi preparado por nós (Laboratório de Bacteriologia
do Instituto Butantan) cm coelhos, aos quais foram injetados por via endove-
nosa uma média de 18 cm’ de sóro humano em 10 injeções, iniciando-se com
0,1 c terminando-sc com 4 cm’ e intervaladas de 3 dias. O menor titulo de
sóro aproveitado foi de 1 :20.000.
O sóro era colocado na parte inferior do tudo e o antigeno cuidadosamente
escorrido pelas paredes do mesmo de maneira a se formar uma zona de união
c na <jual se verifica a fonnação de anel leitoso indicando a positividade da
reação. .-Vs leituras foram feitas entre 5 e 10 minutos c para as reações
positivas já com 5 minutos dá-se o aparecimento de anel bem nítido que se
acentua ate 10 minutos. Em alguns casos os tubos foram levados à estufa a
37” ate 20’ : em alguns tubos verifica-se a intensificação do anel, mas julgamos
esta etapa aI)Solutamente óbvia pois as leituras podem ser feitas com toda a
segurança até 10 minutos. O quadro Xo. 1 especifica os resultados obtidos:
Pela verificação do quadro Xo. 1 nota-se que até 1 ano (o máximo
tempo examinado) é jjossivel se conservar o mosquito integro sem afetar a
positividade da reação que para todos os casos se mostrou absolutam'cnte
típica e de facil leitura.
cm
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Mem. Inst. Batactao,
22:205-212, Xor* 1950.
J. P. DO AMARAL * A. A. AGCIAR
207
Quadro !
Reufões de precipitimu em mosquitos mortos 12 horas após o repasto (sangue humano) e
\ triturados no momento da prava.
Mosquitos exa-
minados depois
de
X.*s
de
exemplares
l.niura da rra^Jo
5’
10'
E«nfa 37*
20’
12 horas
15
4+11++
JS + +
8
3+3 + +
5 * 4 . ^
45 horas
8
3+S + +
3++5++-
72 horas
10
10 + + +
lO dias
10
1++9 + + +
Í++9 + + +
20 dia»
4
1 + + 3++ +
I + +3+++
30 dias
12
1 + + 11 +++
I2+++
35 dias
7
1-H-6+ + +
1 1 + +6+++
40 dias
10
2++8+++
I++9+ + +
45 dias
10
I 4.3 + + 6 ++ +
2 + +8J-+ +
2 meses
12
1+2+ + 9 + + +
1+2+ + 9 + + .1.
s nmc*
10
4 + 6+ +
4+6+ +
3 + 5++2+ + +
4 meses
15
15+
10f3+ +
9 + 6+ +
5 meses
14
13+1 + +
I1 + 3 + +
llf+3 + + +
6 mw»
30
29+1 + +
19 + II + --
3+23+ + 4++ +
7 nic»»
25
19 + 6++
11 4.I4J-4-
34 .I 6 + + 64H- +
S meses
10
7+3+ +
: -7++
«+»+ + ! + ++
9 meses
29
22 + 7++
16 + 8+4-4+ + +
10 nmn
16
16+
164.
I4+2+ +
11 meses
14
14 +
14+
•+Í++5 + + +
12 meses
45
37+8+ +
35 + 10+ +
20+2I + +4 +++
Total exs.
314
Tota! exs. positiTos . .
314
Leiroda + «= »nH pooco intcoso
+ + «= «kI intnuo
+ + + — »n«I muito intnuo
O segundo aspecto da questão estudada foi se o mosquito conservado vivo
por tempo maior que 12 horas após o repasto, poderia revelar a proteina humana
em seu organismo, mesmo após a digestão do sangue ingerido.
Mosquitos alimentados exatamente como para o primeiro lote foram sacri-
ficados após 24-36-48-64 horas e 3 dias após o rejusto e as reaqões feitas
pela mesma técnica citada. O quadro Xo. 2 mostra os resultados encontrados;
Examinando-sc o quadro N.® 2 chega-se à conclusão que ainda com 3
dias após a alimentação (máximo de tempo de verificação) a proteina humana
é revelada pelos testes. Devemos porém chamar a atenção que nesta segunda
série de reações, isto é, com mosquitos mortos 24 horas ou mais, após o
repasto, aparece com frequência, uma turvação na parte liquida superior ao
anel, turvação esta que não foi notada em nenhuma das reações do primeiro
lote de mosquitos mortos 12 horas depois de terem sido alimentados.
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208
RE.\Ç0ES da PRECIPITIXA EM ALGUNS CULICIDAS
Quadbo 2
í restfs de Precifntma realisados para mosquitos alimentados com sangue humano e mortos em
tempos varíáz'eis
Tempo de rida
N.*
Leitora da reaçáo
aót
o repasto
de
exemplares
5’
10’
Eítrfa 37*
20
24 horas
48
40 + 6++2T+ +
9+15++
:í+J4-+i+ + +
3 + 2 + 4-
11 +
204-19+ + 9++4-
S+15++4+++
124 . 8++2 + .f +
l+2-f-f2-).++
5++3+3+ + +
36 horas
24
9 + 15+ +
15 + 3++l + J-.f-
22
5
n
110
Total exs. positivoo ..
no
Esta turvação não prejudica a leitura dos testes po;s o anel é bem nitido
como se poderá verificar pela fotografia em anexo.
Frizamos porém esta observação, que poderá trazer dúvidas ao técnico
pouco acostumado às leituras. Não podemos discutir do carácter da mesma,
deixando sómente assinalado o fato.
RESUMO E CONCLUSÕES
1) Trabalhando com mosquitos criados no laboratório e alimentados com
sangue humano conclue-se que os testes de precipitina podem ser feitos com
mosquitos mortos 12 horas após o repasto e conservados sêcos e íntegros até
1 ano (o maior tempo de verificação).
2) As reações, absolutamente tipicas, são lidas com facilidade já com 5
minutos.
3) Com aumento de tempo de vida do mosquito após o repasto (24 horas
até 3 dias), as reações ainda se mostram nítidas, aparecendo porém uma zona
de turvação na parte superior do anel.
ADSTRACT
In laboratory bred mosquitoes, fed with human blood, the precipitin tests
are positive in samples killed 12 hours after feeding and presened in dried
State one year (the largest period obsenxd in the present work).
Typical reactions are easily read within 5 minutes.
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Mctn. Inst. BnUntan,
a:20S-212, Sor.’ 195».
J. P. I» AM.\RAL i M. B. ESTE\'ES
209
r--
Mosquitocs killcd 24 hours to 3 days after the blood mêal still show
dear out reactions, though presenting a zone of turbidity on the upper part
of the ring.
BIBLIOGRAFIA
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cm
2 3 4 5 6 7 SciELO ;l1 12 13 14 15 16 17
Mem. TnM,
22:73-150, Xov.* 1950.
Tr»o I — Rracão tipica para ic^tn dç prkipttina rm m'>*.
c]uito« znortns 12 horas após o rrpasto e conscrirados accoí
e iotricros até ura ano.
Tiao 2 — Rcaçâo onde se nota uma lona d« tnrTaçIo acima
do arwl, que aparcc« com o aumento de rida do mosquito
apôs o repasto.
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