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Full text of "Rodriguésia: Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro"

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ISSN 0370-6583 


RODRIGUÉSIA 

Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 


Volume 54 


Número 83 


2003 


RODRIGUESIA 

Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 


Volume 54 


Número 83 


2003 



cm .. 


INSTITUTO DE PESQUISAS 
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO 

Rua Jardim Botânico 1008 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ -Tel.: 2294-6012 -CEP 22460- 180 


© JBRJ 

ISSN 0370-6583 


Presidência da República 
LUIS INÁCIO LULA DA SILVA 
Presidente 

Ministério do Meio Ambiente 

MARINA SILVA 

Ministra 

CLÁUDIO LANGONE 
Secretário Executivo 

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 

LISZT VIEIRA 

Presidente 


Rodriguésia 

A Revista Rodriguésia publica artigos e notas 
científicas em todas as áreas da Biologia Vegetal, 
bem como em História da Botânica e atividades 
ligadas a Jardins Botânicos. 


Comissão de Publicação 

Claudia Franca Barros 
Rafaela Campostrini Forzza 
Vidal de Freitas Mansano 
Ricardo Cardoso Vieira 
Lana da Silva Sylvestre 

Editoração 

Carla M.M. Molinari 

Edição on-line 

Renato M.A. Pizarro Drummond 

Secretária 

Georgina M. Macedo 


Ficha catalográfica: 


Rodriguésia: revista do Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro. — Vol.l, n.l (1935) - . 

- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1935- 

v. : il. ; 28 cm. 

Semestral 

inclui resumos em português e inglês 
ISSN 0370-6583 

1. Botânica - Periódicos brasileiros 1. Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro 

CDD - 580.5 
CDU -58(01) 



SciELO/JBRJ 


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cm 


Sumário 


Primeiros estudos citotaxonômicos e distribuição geográfica de 
Rhynchosia naineckensis Fortunato (Leguminosae) para o estado 
de Goiás 5 

Elaine Biondo, André Rosalvo Terra Nascimento, Sílvia Teresinha SfoggiaMiotto, 

Maria Teresa Schifino-Wittmann 


Pteridófitas ocorrentes em fragmentos de Floresta Serrana no 

estado de Pernambuco, Brasil 13 

Sérgio Romero da Silva Xavier, Iva Carneiro Leão Barros 


Anatomia do lenho de três espécies do gênero Simira Aubl. 

(Rubiaceae) da Floresta Atlântica no estado do Rio de Janeiro .. 23 

Cátia Henriques Callado, Sebastião José da Silva Neto 


A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as 
perspectivas de conservação da biodiversidade 35 

Oraida Maria Urbanetto de Souza Parreiras 

Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil .. 55 

Angela Maria Studart da Fonseca Vaz, Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi 



SciELO/JBRJ 


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cm 


Primeiros estudos citotaxonômicos e distribuição 
geográfica de Rhynchosia naineckensis Fortunato 
(Leguminosae) para o estado de Goiás 

Elaine Biondo 1 

André Rosalvo Terra Nascimento 3 
Sílvia Teresinha Sfoggia Miotto 1 
Maria Teresa Schifino-Wittmann 2 


RESUMO 

O objetivo deste trabalho foi determinar o número cromossômico e citar nova ocorrência na 
distribuição geográfica de Rhynchosia naineckensis Fortunato para o estado de Goiás. Foram 
coletados espécimes em três diferentes populações naturais ocorrentes em fragmentos de floresta 
decídua, localizados na região nordeste de Goiás, Brasil. A espécie é diplóide com 2n = 2x = 22 
cromossomos. Foram observados cromossomos metacêntricos e submetacêntricos e núcleos 
interfásicos arreticulados. Rhynchosia naineckensis está sendo citada como primeira ocorrência 
para o estado de Goiás. 

Palavras-chave: Rhynchosia, cromossomos, núcleo interfásico, distribuição, Leguminosae 


ABSTRACT 

This work aimed to determine the chromosome number and report a new occurrence in the 
geographical distribution of Rhynchosia naineckensis Fortunato to Goias State. Specimen were 
collected from three different natural populations from fragments of deciduous forest in Northeast 
Goiás. This species is diploid, with 2n = 2x = 22 chromosomes. Meta and submetacentric chromo- 
somes and arreticulate interphase nuclei were observed. This is the first citation of Rhynchosia 
naineckensis for the State of Goiás. 

Keywords: Rhynchosia, chromosomes, interphase nuclei, distribution, Leguminosae 


INTRODUÇÃO 

O gênero Rhynchosia Lour. pertence à 
súbtribo Cajanineae, tribo Phaseoleae 
(Leguminosae - Papilionoideae) e apresenta 
espécies distribuídas pelas regiões tropicais e 
subtropicais de ambos os hemisférios (Grear, 
1978; Fortunato, 1982, 1999a; Burkart, 1987; 
Bianco & Kraus, 1995). Este gênero pantro- 
pical compreende um número aproximado de 
200 espécies na África (Grear, 1978; Burkart, 


1987) e 57 espécies no Novo Mundo, com 
distribuição na América do Sul, América 
Central' e^Caribe (Fortunato, 1983, 1999a, 
2000). Para o Brasil foram citadas 1 8 espécies 
(Grear, 1978). 

Duke (1959), realizando estudos 
botânicos no estado do Ceará, citou duas 
espécies de Rhynchosia. Angely (1970), em 
um levantamento florístico para o estado de 
São Paulo, citou nove espécies. Miotto (1988) 


1 Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 

~ Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 

^ Programa de Pós-graduação em Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília, DF. 

Apoio Financeiro: CAPES, CNPq. 

Endereço para correspondência: Elaine Biondo, Rua João Telles, 453/32, B. Bom Fim, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 
Brasil. CEP90035-121. elainebiondo@liotmail.com 



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BionJo, E; Nascimento, A.R.T. Miotto, S.T.S., Schifmo-Wnmami. MJ. 


citou para o Rio Grande do Sul, nove espécies. 
Lewis (1987), estudando as leguminosas da 
Bahia, citou cinco espécies e duas variedades 
do gênero. Mais recentemente, foram 
realizados levantamentos da Flora do Cerrado 
(UNESCO, 2000) e, entre as espécies listadas 
para a Reserva da Biosfera do Cerrado - Fase 
I, foram descritas duas espécies de 
Rhynchosia. Proença et al. (2001) citaram 
para a flora do Distrito Federal, oito espécies 
do gênero. Felfili & Silva Jr. (2001) citaram 
uma espécie deste gênero para a caatinga na 
Bahia. 

O estudo taxonômico mais abrangente do 
gênero foi realizado por Grear (1978), que 
revisou as espécies de Rhynchosia do Novo 
Mundo. 

As espécies do gênero Rhynchosia 
ocorrentes no Novo Mundo foram incluídas 
em três seções: Cyanospermum, Copisma, 
dividida em quatro séries, cArcyphyllum com 
duas séries. Todas as seções possuem 
representantes com distribuição no Brasil, com 
exceção da seção Cyanospermum (Grear, 

1 978). Características morfológicas de partes 
vegetativas e reprodutivas de espécies do 
gênero Rhynchosia foram relacionadas e 
analisadas por Fortunato ( 1 999a), e revelaram 
evidências para a circunscrição da seção 
Arcyphyllum, para descrever duas novas 
séries dentro da seção Copisma e reconhecer 
a seção Phaseoloides Bcnth. emcnd 
Fortunato. 

Na série 2, da seção Copisma, cujas 
sementes são bicolores (vermelho e prelo), 
estão incluídas sete espécies: R. melanocarpa 
Grear, R. pyramidalis (Lam.) Urban, R. 
erythrinoides Chain. & Schltdl., R. 
quercctorum Standl., R. phaseoloides (Sw.) 
DC, R. amabilis Grear c R. precatória 
(Humb. & Bonpl. ex Willd.) DC. (Grear, 
1978). Fortunato (1982) descreveu 
Rhynchosia naineckensis incluindo-a nesta 
seção e série. 

Rhynchosia naineckensis é uma liana 
com folhas pinado-trifolioladas e folíolos 
deltóides, apresentando legumes contraídos 


entre as sementes bicolores, pretas e com uma 
área vermelha ao redor do hilo. A espécie é 
próxima de Rhynchosia melanocarpa e de 
Rhynchosia phaseoloides, podendo 
distinguir-se pelo padrão de distribuição das 
cores nas sementes, presença ou ausência de 
estipelas, tamanho das brácteas e do pedicelo 
(Fortunato, 1982). Distribui-se pelo Paraguai, 
montes altos do norte Argentino, sul da Bolívia 
e no Brasil (Fortunato, 1999b). No Brasil, 
ocorre no Mato Grosso e São Paulo (Fortunato, 
com. pes.). 

Análises de número e morfologia de 
cromossomos, comportamento meiótico e 
reprodutivo podem ser utilizados em estudos 
biossistemáticos, contribuindo também para o 
entendimento taxonômico e evolutivo dos 
grupos, sendo indispensáveis em cruzamentos 
programados e para a inclusão de espécies 
em bancos de germoplasma (Valls, 1988; 
Schifino-Wittmann, 2000). O número 
cromossômico normalmente é constante 
dentro da espécie, embora possam ocorrer 
variações como aneuploidias e poliploidias, 
entre os indivíduos e populações com diferente 
distribuição geográfica (Stebbins, 1971). 

Entre as espécies de Rhynchosia são 
verificados números cromossômicos de 2n = 
20, 22 e 24, sendo 2n = 22 o mais comum, 
com apenas duas espécies citadas com 2n = 
24 e uma com 2n = 20 (Fedcrov, 1969; 
Goldblatt, 1981 a;Goldblatt, 1981b. 1984, 1985, 
1 988; Goldblatt& Johnson, 1990, 1991, 1994, 
1998) sendo este, portanto, um gênero 
relativamente conservador para o número 
cromossômico. 

Estudos cromossômicos são escassos 
nas espécies do gênero Rhynchosia 
ocorrentes no Brasil. Análises de número 
cromossômico foram realizadas por Biondo 
(2000) em quatro espécies do gênero 
Rhynchosia ocorrentes na região Sul do Brasil, 
sendo que R. corylifolia Mart. ex Benth., R. 
hauthalii (O. Kuntze) Grear, R. diversifolia 
M. Micheli var. diversifolia possuem 2n = 22 
e R. edulis Griseb. 2n = 20. 

Face ao exposto, este trabalho teve como 

Rndriguésui 54 ( 83 ): 5 - 11 . 2003 



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Primeiros estudos cilotuxonômicos e distribuição geográfica de Rhynchosia naineckcnsis Fortunato 
(Leguminosae) para o estado de Goiás 


7 


objetivos realizar as primeiras contagens 
cromossômicas em Rhynchosia naineckensis 
e citar nova ocorrência geográfica da espécie 
para o estado de Goiás. 

MATERIAL E MÉTODOS 

As sementes foram coletadas em 
populações de R. naineckensis em três 
diferentes fragmentos de floresta decídua no 
nordeste do estado de Goiás. As exsicatas 
coletadas estão depositadas nos Herbários 
ICN ou CEN (Tabela 1). 

As contagens cromossômicas foram 
realizadas no Laboratório de Citogenética e 
Eletroforese - Departamento de Plantas 
Forrageiras e Agrometeorologia - UFRGS/ 
RS. As sementes foram escarificadas e 
colocadas para germinar em placas de petri, 
em germinador com fotoperíodo controlado 
com temperatura de 25°C . As radículas foram 
pré-tratadas em para-dicloro-benzeno, por 1 8- 
20 h, a 4°C e fixadas com Carnoy por 24 h, 
em temperatura ambiente. A hidrólise foi 
realizada com HCL 1 N, por 1 0 min, a 60°C e 
o corante utilizado foi Fuelgen. Foram contadas 
e fotografadas dez células metafásicas para 
cada população. O padrão de condensação de 
núcleo interfásico também foi analisado, tendo 
sido observados 200 núcleos celulares para 
cada população, a classificação do padrão de 
condensação do núcleo interfásico seguiu 
Guerra (1985). 


Tabela 1 - Local de coleta, coletor, número do coletor e 
sigla dos herbários onde estão depositadas as exsicatas 
provenientes de três diferentes populações de 
Rhynchosia naineckensis Fortunato. 



Local de Coleta 

Coletor / n V Herbário 

POP 1 

São Domingos/GO 

E. Biondo, 001 (ICN) 

TOP 2 

São Domingos/GO 

A. R. T. Nascimento, 
220 (CEN) 

TOP 3 

São Domingos/GO 

A. R. T. Nascimento, 
221 (CEN) 


Rodriguêsia 54 ( 83 ): 5 - 11 . 2003 


Com o objetivo de esclarecer a 
distribuição de R. naineckensis no estado de 
Goiás, foram feitos levantamentos nos 
seguintes herbários: CEN, HUEFS, ICN, 
INPA, SMDB, UB (siglas segundo Holmgren 
et al„ 1990). 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

As características citológicas mais 
comumente utilizadas em estudos taxonômicos 
são o número de cromossomos, seu tamanho 
e forma, padrão de condensação profásico e 
de núcleos interfásicos, conteúdo de DNA e 
comportamento meiótico (Stuessy, 1990). 
Todos os espécimes de R. naineckensis 
analisados, apresentaram número 
cromossômico diplóide 2n = 2x = 22 (Fig. 1 ). 
Foram observados cromossomos metacêntricos 
e submetacêntricos, variando de 1 a 3 mm, 
aproximadamente. A análise de condensação 
de núcleo interfásico mostrou padrão de núcleo 
interfásico arreticulado (Fig. 1). 

R. naineckensis possui número básico 
de cromossomos n = x = 1 1 , como a grande 
maioria das espécies deste gênero. Biondo 
(2000) descreveu para quatro espécies do 
gênero Rhynchosia, ocorrentes na região Sul 
do Brasil, cariótipos com tendências simétricas, 
com cromossomos metacêntricos e 
submetacêntricos. O número básico foi n = x 
= I 1 cromossomos e apenas R. edulis 
apresentou n = x = 1 0 cromossomos. Goldblatt 
(1981a) considerou x = 1 1 o número básico 
predominante no gênero Rhynchosia, assim 
como na maioria dos gêneros da tribo 
Phaseoleae. Os dados de literatura mostram 
que 25 espécies possuem 2n = 22 cromossomos 
(Federov, 1969; Goldblatt, 1981b, 1984, 1985; 
Goldblatt & Johnson. 1990, 1991, 1994, 1998, 
Biondo, 2000) (Tabela 2), R. edulis apresenta 
2n = 20 (Biondo, 2000) e somente duas 
espécies possuem 2n = 24 cromossomos, R. 
pyramidalis (Goldblatt, 1981 b) e R. 
pycnostachya (Federov, 1969; Goldblatt, 
1988, Goldblatt & Johnson, 1990). 
Comparando-se o número de cromossomos 
das espécies da Secção Copisma, Série 2, 



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8 Biondo, Nascimento, A. R. T, Miotto, S.T.S.. Schifino-Wiiimann. M. T. 



Figura 1 - Metáfase mitótica com 2n = 2x = 22 
cromossomos e núcleo interfásico com padrão de 
condensação arreticulado (seta) em Rhynchosia 
naineckensis Fortunato. Barra = 10 |im. 


observou-se que somente R. pyramidalis 
possui número cromossômico 2n = 24 
(Goldblatt. 1981b), sendo que as demais 
espécies possuem 2n = 22 cromossomos. 

As variações no número cromossômico 
observadas no género provavelmente 
ocorreram por aneuploidia ou por rearranjos 
cromossômicos ocorridos no decorrer do 
processo evolutivo do mesmo. 

Existem algumas tendências citológicas 
comuns em muitas famílias e gêneros, 
características como núcleo interfásico 
reticulado e cariótipos simétricos, são mais 
frequentemente observados em representantes 
primitivos, sendo que tendências opostas a 


Tabela 2 - Contagens prévias do número de cromossomos em espécies do género Rhynchosia Lour 


Espécies 

N° de 

cromossomos 2n 

Autores trabalhos anteriores 

Rhynchosia minima (L.) DC. 

22 

Federov, 1969; Goldblatt, 1981b, 1984, 1988; Goldblatt 
& Johnson. 1991, 1994, 1998 

R. ntfescens (Willd.) DC. 

22 

Goldblatt & Johnson, 1991 

R. capitata (Heine cx Roth) DC. 

22 

Federov, 1969; Goldblatt. 1984, 1 988; Goldblatt N. Johnson. 1994 

R. phaseoloides DC. 

22 

Federov, 1969; Goldblatt, 1981b. 1984 

R. reticuhita (Swartz) DC. 

22 

Goldblatt. 1984 

R. sublobata (Schumach.) Meiklc 

22 

Goldblatt, 1981b 

R. bracteata Benth. cx Baker 

22 

Goldblatt, 1981b, Goldblatt & Johnson, 1994 

R. diversifolia M. Mich. 

22 

Goldblatt. 1981b 

R. rothii Benth ex.Aitchison 

22 

Goldblatt, 1981b 

R. scricea Spanogue 

. 22 

Goldblatt, 1981b, Goldblatt & Johnson, 1994 

R. puberulenta Stocks 

22 

Goldblatt & Johnson, 1994, 1998 

R. suaveolens (L.f.) DC. 

22 

Goldblatt & Johnson, 1998 

R. volubilis Lour. 

22 

Federov. 1969; Goldblatt. 1988; Goldblatt fí Johnson, 1998 

R. texana Torr & A. Gray 

22 

Federov. 1969; Goldblatt, 1988 

R. hirta (Andr.) Mciklc & Verde. 

22 

Goldblatt. 1985 

R. americana (Mill.) Mctz 

22 

Federov, 1969 

R. (turca DC. 

22 

Federov, 1969 

R. debilis Hook. f. 

22 

Federov, 1969 

R. diffonuis (EII.)DC. 

22 

Federov, 1969 

R. erecta (Walt.) DC. 

22 

Federov, 1969 

R. himalensis Benth. 

22 

Federov, 1969 

R. latifolia Nutt. 

22 

Federov, 1969 

R. senna Gillics cx Hooker 

22 

Federov, 1969 

R. conlifolia Man. cx Benth. 

22 

Biondo 2000 

R. hauthalii (O.Kuntz) Grear 

22 

Biondo 2000 

R. edidis Griseb. 

20 

Biondo 2000 

R. pycnostachya (DC.) Mcikle 

24 

Federov, 1969; Goldblatt, 1988; Goldblatt & Johnson, 1990 

R. pyramidalis (Lamark) Urban 

24 

Goldblatt. 1981b 

R. naineckensis Fonunato 

22 

Presente trabalho 


Rodriguésiii 54 (83): 5-11. 2003 



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Primeiros estudos citotaxonõmicos e distribuição geográfico de Rhynchosia naineckensis Fortunaio 
( Leguntinosae ) paro o estado dt Goiás 


9 


estas são verdadeiras, com diversos casos 
documentados (Guerra, 1999). Entretanto, 
como o conteúdo de informações citogenéticas 
ainda é incipiente em espécies brasileiras do 
gênero Rhynchosia, uma discussão a respeito 
ainda é prematura. 

Está sendo registrada a nova ocorrência 
geográfica de R. naineckensis para o 
nordeste do estado de Goiás. Até o momento, 
esta espécie foi coletada em três diferentes 
fragmentos de Floresta Estacionai Decidual, 
incluída no Bioma Cerrado. 

Na compilação da flora vascular do 
Cerrado, foram citadas sete espécies para o 
gênero Rhynchosia, não tendo sido registrada 
a ocorrência de R. naineckensis (Mendonça 
et ai, 1998). 

No levantamento florístico do município 
de Alto Paraíso, Goiás, Munhoz & Proença 
(1998) citaram a ocorrência de somente uma 
espécie, R. platyphylla Benth., considerada 
nova citação para a flora do Cerrado. 

Proença et ai. (2001) citaram para a 
flora do Distrito Federal oito espécies de 
Rhynchosia, estando a maior parte delas em 
ambiente de florestas de galeria. 

Entre as espécies listadas pela UNESCO 
(2000), estão R. edtilis e R. melanocarpa, 
dentre as leguminosas prioritárias para 
recuperação da vegetação do Bioma Cerrado. 

Felfili & Silva Jr. (2001), realizando 
levantamentos florísticos no Espigão Mestre 
do São Francisco até a Bahia, citaram uma 
espécie coletada em vegetação de caatinga: 
R- phaseoloides. 

De acordo com o exposto acima, ainda 
são escassos os estudos sobre distribuição 
geográfica e citogenética das espécies do 
gênero Rhynchosia em diversas regiões 
brasileiras, evidenciando-se a necessidade de 
se intensificar as coletas e os estudos 
biossistemáticos das mesmas. 

CONCLUSÕES 

O número básico cromossômico proposto 
Pela primeira vez para R. naineckensis é n = 1 1 
cromossomos, e os cromossomos desta 

Rodriguisia 54 ( 83 ): 5 - 11 . 2003 


espécie são metacêntricos e submetacêntricos 
com núcleos interfásicos arreticulados. Para 
que sejam possíveis discussão de 
características citogenéticas e questões 
evolutivas em Rhynchosia, há necessidade de 
ampliação das análises. 

A ocorrência de R. naineckensis está 
sendo registrada pela primeira vez para o 
estado de Goiás. 

AGRADECIMENTOS 

À EMBRAPA/CENARGEN pelo apoio 
logístico e possibilidade de coleta das exsicatas 
a das sementes. À Renée H. Fortunato pela 
confirmação da identificação e pelas 
informações sobre Rhynchosia naineckensis. 
A Bruno Walter e Glocimar P. Silva pela 
discussão sobre a espécie. Aos senhores 
Lincon Pereira e José Pereira pela permissão 
de trabalhar em suas propriedades. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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fitogeográfica do estado de São 
Paulo. São Paulo: Universidade de São 
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Federov, A. A. 1969. Chromosome numbers 
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Academy of Sciences. 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 


10 


liiondo, E., Nascimento, A.R.T., Miollo, S.T.S.. Schifino- Wiltnuinn, M.T. 


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Pteridófitas ocorrentes em fragmentos de Floresta Serrana 
no estado de Pernambuco, Brasil 


Sérgio Romero da Silva Xavier 1 
Iva Carneiro Leão Barros 2 


Resumo 

Foi realizado um levantamento florístico e análise de aspectos ecológicos das pteridófitas 
ocorrentes no brejo de Serra Negra em Bezerros, estado de Pernambuco, Brasil. Caracterizada 
como Brejo de Altitude ou Floresta Serrana, a área de estudo apresenta flora diferenciada da 
vegetação semi-árida que a cerca, por isso, os Brejos de Altitude, em especial a Serra Negra de 
Bezerros, atualmente estão sofrendo acelerado processo de devastação. Em um período de um 
ano, foram encontradas 3 1 táxons específicos, sendo a família Polypodiaceae a mais representativa 
com 46% dos registros. A espécie Trichomanes angustifrons (Fée) Wess. Boer destaca-se como 
novo registro para o Nordeste do Brasil. Os aspectos ecológicos que predominaram no brejo de 
Serra Negra de Bezerros foram o hábito herbáceo, o habitat rupícola, o tipo de ambiente mesófilo, 
a forma de vida hemicriptófita e os afloramentos rochosos como ambientes preferenciais. O fator 
condicionante da área ainda possuir certa diversidade específica, mesmo com a ampla restrição da 
mata nativa é que foram mantidas importantes condições ambientais necessárias para a sobrevivência 
da pteridoflora, como temperaturas baixas, umidade relativa do ar elevada e garoa noturna e matinal 
sempre presente. 

Palavras-chave: Bezerros, Brejo de Altitude, Floresta Serrana, Pernambuco, pteridófitas. 


Abstract 

A fio ri stic survey and analysis of ecological aspects of the pteridophytes occurring at the 
brejo of Serra Negra, Municipality of Bezerros, State of Pernambuco - Brazil, was conducted. The 
study site, characterized as Brejo de Altitude or Floresta Serrana, presents a flora that distinguishes 
itself from the surrounding semi-arid vegetation. Therefore, the Brejos de Altitude and particularly 
lhe Serra Negra of Bezerros are currently going through a very intense devastation process. Thirty- 
one specific taxa have been found in a period of a year, among which the Polypodiaceae is well 
represented comprising 46% of these registers. The species Trichomanes angustifrons (Fée) 
Wess. Boer .starçds out as a new register for Northeastem Brazil. The, predominam ecological 
aspects observed at the brejo of Serra Negra of Bezerros were herbaceous habit, lithophytic habitat, 
a mesophylous type of environment, Iife forni hemicryptophyte and the rocky formations as preferential 
environments. Despite the highly restricted native vegetation, the area still owns conditioning factors 
for the occurrence of a certain diversity of species. These factors are importam environmental 
conditions such as Iow temperatures, high relative air humidity, and night and morning mist. These 
conditions have been maintained, and are important and necessary to the survival of the pteridophyte 
flora. 

Keywords: Bezerros, Brejo de Altitude, Floresta Serrana, Pernambuco, pteridophytes. 


'Programa dc Pós-Graduação cm Biologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, 
xa viersergio @yahoo.com.br 

'Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, ivaleao@truenet.com.br 



SciELO/JBRJ 


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14 


Xavier, S.R.S. & Barros, I.C.L 


INTRODUÇÃO 

A zona fitogeográfica do Agreste do estado 
de Pernambuco, caracteriza-se por apresentar 
vegetação semi-árida dominante chamada 
Caatinga e em alguns pontos isolados, uma outra 
vegetação bem mais exuberante, mantida pela 
altitude e por ventos úmidos, conhecida como 
Floresta Serrana ou Brejo de Altitude e 
classificada por Andrade-Lima (1966) como 
Floresta Ombrófila Densa que constitui em 
Pernambuco, disjunções da Floresta Tropical 
Perenifóiia, dentro da Zona da Caatinga 
(Andrade-Lima, 1960). De acordo com vários 
autores, os Brejos de Altitude nordestinos são 
refúgios florísticos de florestas úmidas que 
penetraram no interiordo continente há milhares 
de anos e que recuaram com as variações 
climáticas que ocorreram na época, deixando ilhas 
de vegetação florestal serrana em meio ao 
domínio do semi-árido (Coimbra-Filho & Câmara, 
1996; Prance, 1982 e Bigarella et ai, 1975). 

As pteridófitas, também conhecidas como 
fetos, samambaias ou avenças, na sua maioria 
são plantas dependentes de condições de umidade e 
sombreamento, favorecendo a fixação deste 
grupo vegetal nas regiões de mata onde se formam 
estes tipos de microambientes. As pteridófitas 
são plantas freqüentes nas regiões de mata devido 
ao microclima formado nestes corpos florestais 
(Barros & Costa e Silva, 1996). Dessa forma, 
qualquer desmatamento compromete seriamente 
a sobrevivência destes verdadeiros “fósseis 
vivos” que têm o seu ambiente natural destruído. 
Estas plantas são, portanto, ótimas indicadoras 
do grau de preservação de uma área florestal. 
Andrade-Lima (1966, 1970) já alertava para o 
desmatamento das áreas de Brejo de Altitude em 
Pernambuco, que possuem um conjunto de 
condições atrativas para a agricultura, em especial 
a do café. 

Nos Brejos de Altitude do estado de 
Pernambuco, poucos levantamentos florísticos 
de pteridófitas foram desenvolvidos, como 
Santos & Barros ( 1 999) para as matas de Biturí 
Grande no município de Brejo da Madre de 
Deus e Santiago (2002) para três fragmentos 
no município de Bonito. 


A Serra Negra do município de Bezerros 
é uma área caracterizada como Brejo de 
Altitude que está sofrendo acelerado processo 
de devastação. Este trabalho visa contribuir 
para um maior conhecimento florístico e 
ecológico das áreas de Brejo de Altitude do 
estado de Pernambuco, através do estudo da 
sua flora pteridofítica. Fornece, ainda, subsídios 
para pesquisas futuras das mais diversas 
naturezas a respeito desses vegetais, bem 
como a preservação deste ambiente, totalmente 
diferenciado do domínio do semi-árido que o 
cerca, sendo considerado um refúgio biológico 
de grande valor. 

MATERIAL E MÉTODOS 
Caracterização da Área de estudo 

Na bacia hidrográfica do Rio Ipojuca. en- 
contra-se o município de Bezerros, distante 1 00 
km de Recife, capital do Estado. No Nordeste 
da sede do município, numa região que integra 
a porção oriental do Planalto da Borborema, 
ergue-se o Brejo de Sena Negra, favorecido 
por boa exposição aos ventos úmidos do 
sudoeste (Andrade-Lima, 1 966) (Fig. 1). Nesta 
região, houve uma acentuada ação antrópica 
para fins agrícolas de forma que a antiga 
cobertura florestal que antes dominava, hoje 
se encontra bastante reduzida com poucos 
indivíduos arbóreos, remanescentes da antiga 
floresta (Sales et ai, 1998), em certos casos, 
substituída por espécies apropriadas ao 
sombreamento do café, uma das lavouras 
típicas da região (Andrade-Lima. 1966). 

Dentro do distrito de Serra Negra duas 
áreas foram escolhidas para a realização das 
coletas de campo: os Sítios Vertentes e 
Freixeiras, constituindo 150 ha. Nestas áreas, 
as altitudes variam entre 800 e 950 m. No Sítio 
Vertentes encontra-se o último fragmento 
florestal ainda preservado na Serra Negra, que 
atualmente encontra-se administrada pela 
Prefeitura do município. O Sítio Freixeiras, 
localizado ao leste do Sítio Vertentes, apresenta 
características vegctacionais que não diferem 
muito de grande pane das áreas do distrito de 
Serra Negra de Bezerros, ou seja, presença 

Rodriguésia 54 (83): 13-21 2003 





SciELO/ JBRJ 



Pteridófitas ocorrentes em fragmentos de Floresta Serrana no estado de Pernambuco, Brasil 


15 



Figura 1 - Mapa de localização do brejo de Serra Negra 
no município de Bezerros, estado de Pernambuco, Brasil. 
( • Bezerros; ■ Serra Negra) 

de alguns remanescentes arbóreos da floresta 
destruída, predominância de cafezais e grande 
número de afloramentos rochosos. 

Em grandes clareiras e áreas abertas, 
observa-se que espécies nativas da vegetação 
da Caatinga circundante se instalaram nestes 
ambientes e em alguns pontos já dominam 
quase completamente, comprometendo, assim, 
a vegetação nativa. Essa susceptibilidade à 
semi-aridez da região circunvizinha evidencia 
a fragilidade do equilíbrio ecológico nos Brejos 
de Altitude (Sales et al„ 1998). 

Coleta, análise, identificação e cataloga- 
ção das espécies 

Entre os meses de dezembro de 1998 e 
outubro de 1 999, foram realizadas sete coletas 
à Serra Negra de Bezerros. Para a 
identificação e apresentação das espécies, no 
texto do trabalho foi adotado o Sistema de 
Classificação proposto por Kramer & Green 
(1990) e utilizadas as Chaves Analíticas 
contidas nos trabalhos de Sehnem ( 1967, 1968a, 


1968b, 1970, 1971, 1972, 1974, 1979), Stolze 
(1976, 1981), Tryon & Tryon ( 1 982), Proctor 
( 1 985), Mickel & Beitel ( 1 988), Tryon & Stolze 
(1989a, 1989b, 1991, 1992, 1993), Moran & 
Riba (1995) e Kramer & Green (1990). 

Após a identificação, o material foi 
depositado no Herbário Professor Geraldo 
Mariz (UFP) da Universidade Federal de 
Pernambuco. 

Para a comparação do estágio sucessional 
em cada um dos fragmentos, foi realizado um 
levantamento das espécies não restritas a 
ambientes florestais e ocorrentes nas áreas de 
estudo, consultando os trabalhos de Barros 
(1997), Salino (2000) e Sylvestre (2001). 

Também foram feitas observações 
ecológicas das pteridófitas em seus micro- 
habitats, abordando hábitos, habitats, tipos de 
ambientes e formas de vida segundo Barros 
(1997) além dos ambientes preferenciais 
segundo Ambrósio & Barros (1997) com 
modificações para este estudo. 

RESULTADOS 

No levantamento das pteridófitas da 
Serra Negra de Bezerros, foram encontradas 
1 0 famílias, 1 5 gêneros e 3 1 espécies (Tab. 1 ). 
A família melhor representada é Polypodiaceae 
(14 spp), seguida de Aspleniaceae (6 spp), 
Thelypteridaceae (3 spp), Hymenophyllaceae 
(2 spp), Blechnaceae, Schizaeaceae, 
Pteridaceae, Vittariaceae, Dennstaedtiaceae e 
Dryopteridaceae (todas com uma espécie). 
(Fig. 2). 

Polypodiaceae 
w Aspleniaceae 

.2 The!) pleridaccae 
Hymenophyllaceae 
a Blechnaceae 

Dennstaedtiaceae 
Dryopteridaceae 
Pteridaceae 
Schizaeaceae 
Vittariaceae 

0 2 4 6 8 10 12 14 

n° de espécies 

Figura 2 - Represcntali vidade das famílias de pieridófitas 
ocorrentes no Brejo de Serra Negra no município de 
Bezerros, estado de Pernambuco. Brasil. 



Podriguésia 54 (83): 13-21. 2003 



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cm .. 


16 Xavier, S.R.S. & Barros, I.C.L 


Tabela 1 - Levantamento florístico das espécies de ptcridófitas ocorrentes na Serra Negra de Bezerros nos Sítios 
Vertentes e Freixeiras. Todas as espécies foram coletadas por Xavier ou Xavier ei al. X, Presente 


Famílias 

Espécies 

Vertentes 

Freixeiras 

Aspleniaceae 

Asplenium clattsseni Hicron. 


X 


Asplenium cristatum Lam. 

X 



Asplenium formosum Willd. 


X 


Asplenium praemorsum Sw. 

X 



Asplenium pumilum Sw. 

X 



Asplenium serraium L. 

X 


Blcchnaceac 

Blechnum occidenlale L. 

X 

X 

Dcnnsiaedtiaccac 

Pteridium aquilinum (L.) Kuhn 

X 

X 

Dryopteridaccae 

Polybotrya cylindrica Kaulf. 

X 


Hymenophvllaccae 

Trichomanes angtislifrons (Féc) Wess. Bocr 

X 



Trichomanes ovale (E. Fourn.) Wess. Boer 

X 


Polypodiaccae 

Campyloneurum phyllitidis (L.) C. Presl 

X 



Campyloneurum repetis (Aubl.) C. Presl 

X 



Microgramma geminata (Schrad. ) R.M. Tryon & A.F. Tryon 


X 


Microgramma lycopodioides (L.) Copei. 

X 



Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota 


X 


Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copei. 

X 

X 


Niphidium crassifolium (L.) Lellinger 

X 



Pecluma ptilodon (Kunze) M. G. Price 

X 



Pleopehis astrolepis ( Licbm.) E. Fourn. 

X 

X 


Pleopeltis macrocarpa (Willd.) Kaulf. 


X 


Polypodium aureum L. 

X 

X 


Polypodium dissimile L. 


X 


Polypodium hirsulissimum Raddi 

X 

X 


Polypodium iriseriale Sw. 

X 

X 

Pteridaceac 

Hemionitis tomentosa (Lam.) Raddi 


X 

Schizacaceae 

Lygodium venustum Sw. 

X 


Thclypteridaceae 

Thelypteris hispidula (Dccne.) C. F. Rced 

X 



Thelypteris interrupla (Willd.) B.C. Stone 

X 



Thelypteris serrata (Cav.) Alston 

X 


Viitariaccac 

Ananthacorus angustifolius (Sw.) Undcrw. & Maxon 


X 


A espécie Trichomanes angustifrons 
(Fée) Boer destacou-se na Serra Negra de 
Bezerros como uma nova ocorrência para o 
Nordeste do Brasil. Foi encontrada no Sítio 
Vertentes como rupícola de hábito herbáceo 
em ambiente ciófilo no interior da mata, 
apresentando ainda, forma de vida 
hemicriptófita. 

Quanto às áreas estudadas no Brejo de 
Serra Negra de Bezerros, o Sítio Freixeiras 
destaca-se por apresentar uma maior 
representatividade de espécies não restritas a 
ambientes florestais (86,66%). Por outro lado, 
no Sítio Vertentes, o percentual de espécies 
nestas condições representa 56,52%. 


Os Sítios Freixeiras e Vertentes na Serra 
Negra de Bezerros, estão em processo de 
preservação há poucos anos, no entanto, 
evidenciam a marcante ação antrópica 
expressa pelo plantio do café e da banana, 
amplamente praticado anos atrás. Talvez sendo 
esta a razão de não possuir uma flora 
pteridofítica ainda mais rica. 

Em se tratando dos aspectos ecológicos 
da pteridoflora estudada, a grande maioria 
apresentou o hábito herbáceo com exceção de 
Polybotrya cylindrica e Lygodium venustum 
que apresentaram hábito sub-arbustivo-cscandente 
e Pteridium aquilimim, sub-arbustivo ereto. 

Rodriguisia 54 (83): 13-21 2003 



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Pteridófitas ocorrentes em fragmentos de Floresta Serrana no estado de Pernambuco, Brasil 


17 


O habitat rupícola se destacou na área 
de estudo seguido pelos habitats 
holocorticícola, terrícola, solos alagáveis e 
hemicorticícola (Fig. 3). 

Em relação ao tipo de ambiente, as 
espécies mesófilas destacaram-se, seguidas 
pelas espécies ciófilas, heliófilas e higrófilas 
(Fig. 4). 

Com a exceção de Pteridium aquilinum , 
que apresentou a forma de vida geófita, 
Thelypteris interrupta, fanerófita, Polybotrya 
cylindrica e Campyloneurum repens , ambas 
hemiepífitas, todas as demais espécies 



Figura 3 - Tipos de habitats encontrados nas espécies 
de pteridófitas no Brejo de Serra Negra, município de 
Bezerros, estado de Pernambuco, Brasil (Rup.= 
Rupícola; Holoc.= Holocorticícola; Tcrr.= Terrícola; S. 
Ench.= Solos Encharcados; Hcmic.= Hemicorticícola). 



Mcs. Cióf. Hei. Higr. 

Tipos de Ambiente 


Figura 4 - Tipos de Ambientes de ocorrência das espécies 
de pteridófitas na Serra Negra do município de Bezerros, 
estado de Pernambuco. Brasil (Mes.= Mesófilo; Cióf.= 
Ciófilo; Hcl.= Heliófilo; Higr.= Higrófilo). 

Bodrigutsia 54 (83): 13-21. 2003 


enquadraram-se como hemicriptófitas e 
epíFitas (Fig. 5). 

Quanto aos ambientes preferenciais, 
apenas Thelypteris hispidula e Blechnum 
occidentale foram registradas junto a 
córregos. As demais espécies encontraram- 
se, nos afloramentos rochosos, nas margens 
de trilhas no interior da mata, encostas, 
clareiras, paredões rochosos e margens da 
mata (Fig. 6). 


24 — 

22 

20 — 
t/i 

ü 18 — 
o 

16 — 

Q. 

o 14 — 

<3 


8 — 

6 — 

4 i — 

2 — 

0 

Figura 5 - Formas de Vida apresentadas pelas 
pteridófitas ocorrentes no brejo de Serra Negra no 
município de Bezerros, estado de Pernambuco, Brasil 
(Hemicr.= Hemicriptófita; Epíf.= Epífita; Hemiep.= 
Hemiepífita; Geóf.= Geófita; Faner.= Fanerófita). 






















1 — 1 1 — 1 


Hemicr. Epíf. Hemiep. Geóf. Faner. 

Formas de Vida 


14 



AR MT IM E PR MM C MR 


Formas de Vida 

Figura 6 - Ambientes Preferenciais das pteridófitas 
ocorrentes no Brejo de Serra Negra, município de Bezerros, 
estado de Pernambuco, Brasil (AR = Afloramentos rocho- 
sos; MT = Margens de trilhas; IM = Interior da Mata; E = 
Encostas; PR = Paredões rochosos; MM = Margens da 
Mata; C = Clareiras; MR = Margens de regatos). 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 






IS 


Xavier, S.R.S. & Banvs, I.C.L 


Observou-se que, apesar da ampla 
restrição da mata nativa, o Brejo de Serra 
Negra de Bezerros ainda possui certa 
diversidade de pteridófitas, que se concentram 
em afloramentos rochosos localizados em meio 
aos cafezais, sombreados por remanescentes 
arbóreos da antiga floresta. Foram mantidas 
na área importantes condições climáticas 
ambientais necessárias para a sobrevivência 
da pteridoflora, como temperaturas baixas, 
umidade relativa do ar elevada e garoa noturna 
e matinal sempre presente. 

DISCUSSÃO 

Os Brejos de Altitude são pequenas ilhas 
de matas sobre maciços isolados; são à rigor, 
disjunções das matas, enquadrando-se como 
áreas de florestas úmidas a sub-úmidas, em 
topos de serras ou próximas aos relevos 
tabulares residuais (Andrade-Lima, 1970). 

Condicionadas pelo relevo, as florestas 
tropicais serranas, alcançam algumas serras 
da caatinga de Pernambuco, com altitudes em 
torno de 1.000 m, o que propicia uma 
diminuição de temperatura e um aumento das 
precipitações locais (Andrade-Lima, 1961). 
Sendo este o comportamento verificado na 
Serra Negra de Bezerros. 

Como as pteridófitas acompanham estas 
condições de disponibilidade hídrica (Brade, 

1 940), ocorrem com maior ou menor número 
de espécies, segundo estes fatores. 

A significativa represenlatividade de uma 
família caracteristidamente epífita e de 
gêneros também evidentemente epífitos, 
refletem o comentário de Sota (1971), onde 
afirma que essas plantas alcançam os 
ambientes dos troncos e ramos das copas das 
árvores em busca de uma condição de vida 
melhor; onde ocorrem temperaturas mais 
baixas e umidade mais elevada, por vezes até, 
em detrimento da falta de alimentos. 

Comparando os dados obtidos na área . 
estudada, com os de Paula ( 1 993), para a Serra 
do Baturité no Ceará, a pteridoflora do Baturité 
apresenta-se bem mais rica, com o registro de 
92 espécies; no entanto, é bem mais ampla e 


melhor estudada; apesar destes fatos, 
apresenta concordância quanto à ocorrência 
das espécies Hemionitis tomenlosa, 
Asplenium formosum, A. pumilum, 
Microgramma lycopodioides , Pleopeltis 
macrocarpa, P. astrolepis e Polypodium 
aureum , espécies de ocorrência comum nas 
Florestas Serranas do Nordeste brasileiro. 

Em analogia com os dados referidos por 
Barros et al. (1988), com respeito às 
pteridófitas registradas exclusivamente nos 
Florestas Serranas de Pernambuco, há 
completa concordância na ocorrência das 
espécies Hemionitis tomenlosa, Polypodium 
hirsutissimum, Niphidium crassifolium e 
Pleopeltis astrolepis, presentes na Serra 
Negra e que representam 60% entre os 
registros exclusivos para este tipo de 
ecossistema no Estado. 

É importante comentar também, que a 
espécie Asplenium pumilum, anteriormente 
coletada em Pernambuco, apenas na Serra dos 
Ventos, no município de Belo Jardim, também 
Brejo de Altitude, foi registrada para o Sítio 
Freixeiras, na Serra Negra de Bezerros, 
ocorrendo em ricas populações e muito bem 
representada. 

Dentre as 65 espécies citadas por Barros 
et al. (1988), como ocorrentes nos Brejos de 
Altitude estudados no estado de Pernambuco, 
14% foram coletadas nos Sítios Freixeiras e 
Vertentes na Serra Negra de Bezerros neste 
presente estudo. O Sítio Vertentes é um pouco 
mais rico cm ocorrência de espécies, pelo 
próprio estado de preservação de sua 
vegetação. 

Comparando os Sítios Vertentes e 
Freixeiras, este último apresenta um maior 
número de espécies não restritas a ambientes 
florestais, o que pode sugerir que esta 
localidade encontra-se em um estágio 
sucessional menos avançado. Confirmando 
esta relação, Lima et al. (1997) afirmam que 
as espécies generalistas habitam 
prefercncialmcnte os bordos de mata e áreas 
degradadas. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 13 - 21 . 2003 



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Pteridófitas ocorrentes em fragmentos de Floresta Serrana no estado de Pernambuco, Brasil 


19 


Os dados obtidos neste trabalho são muito 
significativos, pois trazem uma importante 
contribuição ao conhecimento da 
biodiversidade das pteridófitas em 
remanescentes de Floresta Serrana no estado 
de Pernambuco. Destaca-se ainda, o fato de 
que estes ambientes, altamente fragmentos e 
que provavelmente abrigavam floras outrora 
mais ricas, oferecem condições bem 
diferenciadas do macroclima regional segundo 
relato da CPRH (1994), sugerindo assim, 
direcionamentos para a conservação desses 
ecossistemas. 

AGRADECIMENTOS 

Os autores agradecem ao Conselho 
Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsa 
de estudo ao primeiro autor e à Universidade 
Federal de Pernambuco, por fornecer 
transporte para deslocamento até a área de 
pesquisa, além das instalações locais e aos 
colegas colaboradores Conceição de Paula, 
Mareio Pietrobom e Washington Vasconcelos. 

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Pleridófilas ocorrentes em fragmentos de Floresta Serrana no estado de Pernambuco, Brasil 


21 


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17. Dryopteridaceae. Fieldiana. 27: 1- 
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cm 


Anatomia do lenho de três espécies do gênero Simira Aubl. 
(Rubiaceae) da Floresta Atlântica no estado do Rio de Janeiro 1 

Cátia Henriques Callado 2 
Sebastião José da Silva Neto 3 

RESUMO 

A anatomia do lenho das espécies Simira glaziovii (K. Schum.) Steyerm., S. pikia (K. Schum.) 
Steyerm. e S. rubra (Mart.) Steyerm. (Rubiaceae) é descrita no presente trabalho. Os caracteres 
anatômicos são discutidos em relação à taxonomia das espécies estudadas, tendo sido observadas 
como principais diferenças entre os taxa: a presença de células envolventes e o tipo de inclusões 
inorgânicas nos raios; a frequência, o diâmetro e o comprimento dos elementos de vaso; a frequência, a 
largura e o comprimento dos raios e o comprimento das fibras. A coloração que a madeira adquire após 
o cone pode ainda ser utilizada como importante subsídio na identificação das espécies. 
Palavras-chave: anatomia do lenho, taxonomia, Rubiaceae, Simira, Floresta Atlântica. 

ABSTRACT 

The wood anatomy of the species Simira glaziovii (K. Schum.) Steyerm., S. pikia (K. 
Schum.) Steyerm. and S. rubra (Mart.) Steyerm. (Rubiaceae) is decribed. The wood anatomy is 
discussed in relation to taxonomy of studied species. The main anatomical differences were: presence 
of sheath cells and type of inorganic inclusions on rays; vessels frequency, width, and length; rays 
frequency, width, and length; and fibres length. The colour that woods acquired before cut can be 
used to important subside on identification of species. 

Keywords: wood anatomy, taxonomy, Rubiaceae, Simira, Atlantic Rainforest. 


INTRODUÇÃO 

A anatomia do lenho com enfoque 
taxonômico é utilizada por vários sistemas de 
classificação, dentre os quais, destacam-se os 
de Takhtajan ( 1 980), Gleason & Cronquist ( 1 968) 
c Cronquist (1988), que aplicam os caracteres 
anatômicos como complemento ao estudo da 
taxonomia e filogenia das plantas. Na família 
Rubiaceae, investigações dessa natureza têm 
demonstrado claramente o valor taxonômico do 
lenho para a separação dos taxa (Koek- 
Noorman, 1969a,b; Koek-Noorman & 
Hogeweg, 1974; Koek-Noorman & Puff, 1983, 
1991; Rogers, 19S1, 1984; ter Welle et ai, 1983; 
Jansen et ai, 1997, 2002; Lens et ai, 2000). 


A família está situada entre os quatro 
maiores grupos de Angiospermas, sendo 
constituída por cerca de 650 gêneros e 
aproximadamente 13.000 espécies. Na América, 
a família está representada por aproximadamente 
229 gêneros e 5.200 espécies (Delprete, 1999). 
Apresenta ampla distribuição geográfica, 
ocupando principalmente as regiões tropicais do 
globo terrestre, sendo mais de 80% de seus 
gêneros constituídos predominantemente por 
espécies lenhosas (Robbrecht, 1988). 

Estudos filogenéticos baseados em dados 
moleculares indicam que a família Rubiaceae 
deve ser dividida em três subfamílias: 
Cinchonoideae, Ixoroideae e Rubioideae 


'Parte da Dissertação de Mestrado do segundo autor apresentada ao Curso de Pás-Graduação em Ciências Biológicas 
(Botânica), do Museu Nacional da Universidade Federa! do Rio de Janeiro. 

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - IBRAG / DBV, R. São Francisco Xav ier 524, PHLC sala 224, Maracanã, 
20550-000, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, ccallado@uerj.br 

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. R. Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico, 22460-030, Rio de 
Janeiro, RJ, Brasil. / Bolsista da Fundação Botânica Margarct Mee. 



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cm .. 


24 

(Bremer et al., 1995; Rova et al., 1997), 
resultado que é corroborado por recentes 
estudos sobre a anatomia do lenho na família 
(Jansen et al., 1997, 1999, 2002; Lens et al., 
2000 ). 

O gênero Simira compreende 41 espécies 
distribuídas pela região neotropical (Andersson, 
1992). O Brasil está representado por 16 
espécies, sendo que quatro ocorrem no estado 
do Rio de Janeiro (Silva Neto, 2000). O gênero 
é representado por árvores de pequeno a 
grande porte (Peixoto, 1 982), com espécies de 
interesse econômico, reconhecidas pelo valor 
tintorial, madeireiro, artesana! e paisagístico 
para a arborização de ruas (Saldanha da Gama, 
1872; Record & MelI, 1924; Record & Hess, 
1943;Côrrea, 1978; Mainieri «feChimelo, 1989; 
Peixoto, 1982). Caracteriza-se por apresentar 
cerne marrom ou acinzentado, alburno 
amarelado ou acinzentado quando recém 
cortado, adquirindo geralmente coloração 
vermelha, rósea ou violácea quando exposto 
ao ar e/ou à luminosidade (Peixoto, 1982; 
Mainieri & Chimelo, 1989) e que desaparece 
alguns meses após a coleta. 

Este trabalho tem por objetivo estudar a 
anatomia da madeira das espécies Simira 
glaziovii, S. pikia e S. rubra ocorrentes na 
Floresta Atlântica do estado do Rio de Janeiro 
e verificar se os caracteres anatômicos do 
lenho podem ser utilizados para segregar essas 
espécies. 


Tabela 1 - Relação das espécies estudadas, números de 
registro na Xilotcca do Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro (RB w) c dados dcndroméiricos 
dos indivíduos amostrados (DAP: diâmetro ü altura do 
peito cm centímetros. H: altura da árvore cm metros). 


Espécie 

RBw 

DAI* 

II 

Simira glaziovii 

7503 

42.6 

20 

Simira glaziovii 

7505 

42.2 

20 

Simira pikia 

7517 

19.6 

18 

Simira pikia 

7635 

19,5 

14 

Simira rubra 

7502 

28,0 

15 

Simira rubra 

7504 

35.9 

20 


Callíuto, C.H. & Silva Neto, S.J. da 

MATERIAL E MÉTODOS 

As amostras de madeira foram coletadas 
na Reserva Biológica do Tinguá, Nova Iguaçu- 
RJ (22°28’ - 22°39’ S e 43°1 3’ - 43°34’ W), 
por método não destrutivo, em indivíduos com 
diâmetro â altura do peito (aproximadamente 
1 ,30 m do solo) superior a 1 9 cm e encontram- 
se depositadas na Xiloteca do Instituto de 
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 
- RBw (Tabela 1). Foram selecionados dois 
indivíduos por espécie que apresentavam 
tronco cilíndrico, reto e sem bifurcação ou 
defeito aparente. 

O material botânico foi processado no 
Laboratório de Botânica Estrutural do Instituto 
de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de 
Janeiro, onde foram confeccionados os corpos 
de prova, conforme especificação das Normas 
de Procedimentos em Estudos de Anatomia 
da Madeira (Coradin & Muniz, 1991). 

Os corpos de prova foram submetidos a 
processos de amolecimento físico em 
autoclave. Posteriormente foram seccionados 
ao micrótomo de deslizamento Spencer 
modelo 860 com espessura entre 15 pm e 30 
pm, orientados nos sentidos transversal e 
longitudinal - tangencial e radial. 

Alguns cortes não sofreram qualquer 
tratamento, sendo os demais clarificados pelo 
hipoclorito de sódio em solução aquosa 50% 
e submetidos ao processo de coloração dupla 
pela mistura azul de astra e safranina (Burger 
& Richter, 1991). Os cortes foram 
desidratados em série etílica ascendente e 
transferidos para xilol PA. (Johansen, 1940; 
Sass, 1958), usando o Permount como meio 
de montagem para confecção de lâminas 
permanentes. 

As dimensões das fibras e o comprimen- 
to dos elementos de vaso foram aferidos em 
material dissociado através da mistura de 
Frunklin (Jane, 1 956), com alterações no modo 
de uso (Fedalto, 1982). Posteriormente, o 
material foi macerado (Dop & Gautié, 1909), 
corado por safranina hidroalcoólica 50% (Sass, 
1958) c montado em lâminas com glicerina 
50% (Strasburger, 1924). 

Rodriguhia 54 (83): 23-33. 2003 



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Anatomia do lenho de três espécies do gênero Simira Aubl. (Rubiaceae) da Floresta Atlântica no 
Estado do Rio de Janeiro 


Os testes histoquímicos foram realizados 
em seções obtidas de material sem qualquer 
tratamento prévio. Para identificar paredes 
celulósicas e paredes lignificadas, 
empregou-se a coloração diferencial pelo 
cloreto de zinco iodado (Jensen, 1962). Os 
cristais foram evidenciados por luz polarizada 
(Jones, 1 950) e testados pela insolubilidade no 
ácido acético glacial e solubilidade no ácido 
clorídrico (McLean & Cook, 1958). Para 
verificar a presença de substâncias pécticas, 
foi utilizado o vermelho de rutênio (McLean 
& Cook, 1958); de lipídeos, o Sudan IV 
(Johansen, 1940; Jensen, 1962) e de 
substâncias fenólicas, o método de Hoephner- 
Vorsatz (Reeve, 1951). 

A classificação e descrição do lenho das 
espécies estudadas, bem como as mensu- 
nições e contagens dos elementos celulares 
seguiram as recomendações do IAWA 
Committee ( 1 989) e Coradin & Muniz (1991). 
Nas mensurações utilizou-se a ocular 
niicromélrica acoplada ao microscópio 
Olympus BH2 ou o Analisador de Imagem 
Pró-Plus versão 3.0 para Windows acoplado 
ao mesmo microscópio. Os valores mínimos, 
médios e máximos das aferições são 
apresentados nas descrições dos elementos 
celulares de cada espécie. 

As fotomicrografias foram realizadas ao 
microscópio óptico Olympus BH2 e as escalas 
calculadas sob as mesmas condições das 
ilustrações. 

As análises estatísticas foram realizadas 
com Statistic Software 4.2. 0 teste de Shapiro- 
Wilk W foi utilizado para testar a normalidade 
das amostras (Zar, 1996). A significância dos 
pares de correlação entre os caracteres 
anatômicos quantitativos foi determinada pelo 
teste-r de Student (Zar, 1996). A análise dos 
componentes principais foi utilizada para 
ordenar as espécies, os caracteres anatômicos 
quantitativos e qualitativos e evidenciar os 
fatores de maior variância (Ludwig & 
Reynolds, 1988). 


25 

RESULTADOS 

Descrição anatômica 

Simira glaziovii (K. Sclnim.) Steyerm. 

(Figs. 1-3, 10 e 12) 

Camadas de crescimento: pouco distintas, 
demarcadas pela presença de 1-2 camadas de 
fibras de paredes mais espessas, achatadas 
radialmente no lenho tardio. 

Elementos de vaso: porosidade difusa; 
(36-)44(-50)/mm 2 ; solitários (maioria), em 
arranjos radiais de 2-3 (-4) elementos; seção 
circular a oval; comprimento de (575-)975 
(-1460) |im; diâmetro tangencial de (38-)57 
(-83) pm; placas de perfuração exclusivamente 
simples; pontoações intervasculares diminutas 
(< 4 pm), alternas, ornamentadas, com formato 
circular; pontoações raio-vasculares 
semelhantes às intervasculares em forma e 
tamanho; presença de conteúdo avermelhado 
nos elementos de vaso, em material sem 
qualquer tratamento laboratorial; presença de 
elementos de vaso estreitos semelhantes a 
fibras e com placas de perfuração simples. 

Fibras: septadas; comprimento de (1 1 10-) 
1 920(-26 1 5) pm; diâmetro de (24-)30(-42) pm; 
lume de (8-)14(-23) pm; paredes de delgadas 
a espessas; pontoações areoladas inferiores a 
3 pm localizadas apenas nas paredes radiais. 

Parênquima axial: ausente ou 

extremamente raro. 

Raios: (5-)8(-l l)/mm; unisseriados e 
multisseriados (2-6 células de largura, 22- 72 - 
92 pm) com porções unisseriadas, integrados 
por células procumbentes na região central e 
1 -7 fileiras de células eretas ou quadradas nas 
margens; altura de ( 1 5 1 -) 1 093(- 1 634) pm; 
presença de células envolventes; presença de 
raios fusionados; presença de cristais 
prismáticos de oxalato de cálcio; presença de 
células perfuradas de raio. 

Simira pikia (K. Scliunt.) Steyerm. 

(Figs. 4-6 e 13) 

Camadas de crescimento: pouco distintas, 
demarcadas pela presença de 1 -2 camadas de 
fibras de paredes mais espessas, achatadas 
radialmente no lenho tardio. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 23 - 33 . 2003 



SciELO/JBRJ 





Callado, C.H. & Silva Neto, S.J. da 


Rodrigufiia 54 ( 83 ): 23 - 33 . 2003 


Figuras 1-3- Simira glaziovii: 1 . seção transversal; 2. seção longitudinal tangencial; 3. seção longitudinal radial. Figuras 
4-6 - Simira pikia: 4. seção transversal; 5. seção longitudinal tangencial; 6. seção longitudinal radial. Figuras 7-9 - 
Simira rubra : 7. seção transversal; 8. seção longitudinal tangencial; 9. seção longitudinal radial. Barra = 300 um. 




cm 1 


SciELO/JBRJ 


^'Rura 10 - Seçüo longitudinal tangencial do lenho de Simira gtaziovii, evidenciando raio multisseriado com células 
envolventes (-»). Barra = 150 um. Figura 1 1 - Detalhe das fibras septadas de Simira rubra, evidenciando septos transver- 
sais (->)• Barra = 75 pm. Figura 12 - Detalhe das células do parênquima radial de Simira glaziovii, evidenciando a presença 
de cris «ais prismáticos <->). Bana = 25 pm. Figura 13 - Detalhe das células do parênquima radial de Simira pikia, eviden- 
etando a presença de areia cristalina (— »). Barra = 25 |im. 


Kodriguésia 54 (83): 23-33. 2003 


Anatomia elo lenho de três espécies do gênero Simira Aitbl. (Rubiaceae) da Floresta Atlântica no 

Estado do Rio de Janeiro 27 



cm .. 


28 Callado, C.H. <£ Silva Neto, S.J. da 


Elementos de vaso: porosidade difusa; 
(73-)78(-83)/mm 2 ; solitários, em arranjos ra- 
diais de 2-4 elementos; seção circular a oval; 
comprimento de (86 1 -)900(-938) |im; diâmetro 
tangencial de (46-)48(-50) pm; placas de 
perfuração exclusivamente simples; 
pontoações intervasculares diminutas (<4 pm), 
alternas, ornamentadas, com formato circular; 
pontoações raio-vasculares semelhantes às 
intervasculares em forma e tamanho; presença 
de conteúdo amarelado nos elementos de vaso, 
em material sem qualquer tratamento 
laboratorial; presença de elementos de vaso 
estreitos semelhantes a fibras e com placas 
de perfuração simples. 

Fibras: septadas; comprimento de 
( 1 1 20-) 1 1 62(- 1 204) pm; diâmetro de (3 1 -)32 
(-33) pm; lume de ( 1 1 -) 1 2(- 1 3) pm; paredes 
de delgadas a espessas; pontoações areoladas 
inferiores a 3 pm localizadas apenas nas 
paredes radiais. 

Parênquima axial: ausente ou 

extremamente raro. 

Raios: (8-)9(-l 3)/mm; unisseriados e 
multisseriados (2-4 células de largura, 13-30- 
52 pm) com porções unisseriadas, integrados 
por células procumbentes na região central e 
1-5 fileiras de células eretas ou quadradas nas 
margens; altura de ( 1 61 -)543(-996) pm; 
presença de raios agregados e fusionados; 
presença de areia cristalina de oxalato de 
cálcio; presença de células perfuradas de raio. 

Simira rubra (Mart.) Stcyerm. 

(Figs. 7- 9 e 11) 

Camadas de crescimento: pouco distintas, 
demarcadas pela presença de 1-2 camadas de 
fibras de paredes mais espessas, achatadas 
radialmente no lenho tardio. 

Elementos de vaso: porosidade difusa; 
(40-)48(-59)/mm 2 ; solitários, em arranjos 
radiais de 2-4(-5) elementos; seção circular a 
oval; comprimento de (549-)887(-l 191) pm; 
diâmetro tangencial de (42-)60(-74) pm; placas 
de perfuração exclusivamente simples; 
pontoações intervasculares diminutas (< 4 pm), 
alternas, ornamentadas, com formato circular; 


pontoações raio-vasculares semelhantes às 
intervasculares em forma e tamanho; presença 
de conteúdo avermelhado nos elementos de 
vaso, em material sem qualquer tratamento 
laboratorial; presença de elementos de vaso 
estreitos semelhantes a fibras e com placas 
de perfuração simples. 

Fibras: septadas; comprimento de 
(1 103-)1925(-2593) pm; diâmetro de (24-)32 
(-37) pm; lume de (8-)16(-23) pm; paredes 
de delgadas a espessas; pontoações areoladas 
inferiores a 3 pm localizadas apenas nas 
paredes radiais. 

Parênquima axial: ausente ou 

extremamente raro. 

Raios: (5-)8(-10)/mm; unisseriados e 
multisseriados (2-6 células de largura, 26- 62 
- 69 pm) com porções unisseriadas, integrados 
por células procumbentes na região central e 
1 -7 fileiras de células eretas ou quadradas nas 
margens; altura de ( 1 90-)4 1 9(- 1 309) pm; 
presença de raios fusionados; presença de 
areia cristalina de oxalato de cálcio; presença 
de células perfuradas de raio. 

Análise comparativa 

A análise comparativa entre as espécies 
estudadas evidenciou que os caracteres 
anatômicos quantitativos do lenho que se 
mostraram significativos para segregação das 
espécies (a < 0,05) foram: a frequência, o 
diâmetro e o comprimento dos elementos de 
vaso; a freqüência, a largura e o comprimento 
dos raios e o çomprimento das fibras. 

A análise dos componentes principais, 
utilizando características anatômicas 
quantitativas e qualitativas, ordenou as três 
espécies separadamente (Fig. 14). O eixo 1 
foi responsável por 42% da variância total c 
separou a espécie S. glaziovii, principalmente 
pela relação positiva com a largura dos raios, 
a presença de células envolventes e de cristais 
prismáticos. Em oposição, projetou-se 
negativamente no eixo 1, a espécie S. pikia, 
em razão da frequência dos elementos de 
vasos e dos raios e pela presença de areia 
cristalina nas células dos raios. O eixo 2 explica 


Radriguisia 54 (83): 23-33. 2003 



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Anatomia do lenho de três espécies do gênero Simira Anbl. (Rubiaceae) da Floresta Atlântica no 
Estado do Rio de Janeiro 


29 



CP 1 (42%) 



Hfiura 14 A-B - Análise dos componentes principais: (A) Ordenação das variáveis. (B) Ordenação das espécies. V/mnr: 
freqüência dos elementos de vaso; EVC: comprimento dos elementos de vaso; EVD: diâmetro tangencial dos elementos de 
'aso; PI: diâmetro das pontoações intervasculares; FC: comprimento das fibras; FD: diâmetro das fibras; FL: diâmetro do 
lumen das fibras; FP: espessura da parede das fibras; R/mm’: freqüência dos raios; RC: comprimento dos raios; RL: lareura 
dos raios em micrômetros; CE: células envolventes; CP: cristais prismáticos; AC: areia cristalina; VE: coloração vermelha do 
lenho c AM: coloração amarela do lenho. • Simira gloziovii ; A Simira pikia e + Simira rubra. 


Rodriguésia 54 (83): 23-33. 2003 


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cm .. 


30 

17% da variância total c separou a espécie S. 
rubra, principalmente pela projeção positiva 
das coordenadas: coloração vermelha do lenho, 
diâmetro dos elementos de vaso e diâmetro e 
comprimento das fibras. A coordenada 
negativa do eixo 2 foi representada pela 
coloração amarela do lenho de S. pikia. 

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 

Os caracteres anatômicos observados 
nas espécies Simira glaziovii, S. pikia e S. 
rubra estão de acordo com aqueles referidos 
para a família e gênero em questão (Koek- 
Noorman, 1969a, 1977; Koek-Noorman & 
Hogeweg, 1 974; Record& Hess, 1943;Record 
& Mell, 1924; Jansen et al., 2002). Vasos 
solitários e em agrupamentos radiais de poucos 
elementos, fibras libriformes septadas e 
parênquima axial ausente ou extremamente 
raro são características próprias do lenho tipo 
II, segundo a classificação anatômica de Koek 
& Noorman (1977). A presença dessas 
características nas espécies estudadas 
corrobora os resultados de Jansen e 
colaboradores (2002), que defendem a posição 
do gênero na tribo Simireae subfamília 
Ixoroideae. 

A presença de areia cristalina nas células 
do raio, como observado em 5. pikia e S. 
rubra, é uma característica constante para o 
gênero Simira e utilizada na construção da 
árv ore filogenética hipotética da tribo Simireae 
(Jansen et al., 2002). Todavia, os cristais 
prismáticos observados nas célulàs dos raios 
de S. glaziovii, até então não citados para a 
tribo, podem resultar em nova organização 
dessa árvore filogenética, visto que as 
inclusões minerais são importantes marcadores 
taxonômicos para a anatomia sistemática da 
família Rubiaceae, como referido por Jansen 
e colaboradores (2002). 

Embora, a estrutura anatômica do lenho 
seja semelhante nas três espécies estudadas, 
puderam ser identificadas, as seguintes 
características diferenciais: raios mais largos, 
portadores de células envolventes e cristais 
prismáticos cm S. glaziovii e ausência de 


Callado, C.H. <£ Silva Neto. S.J. da 

células envolventes e presença de areia 
cristalina nos raios das espécies S. pikia e 5. 
rubra. S. pikia distingue-se de S. rubra e S. 
glaziovii por apresentar elementos de vaso 
mais numerosos e com menor diâmetro, raios 
mais estreitos e fibras mais curtas. No 
momento da coleta estas espécies podem ainda 
ser separadas pela coloração vermelha que as 
madeiras de S. glaziovii e S. rubra adquirem 
após o corte e que está ausente em S. pikia, 
que apresenta coloração amarela muito intensa. 

Record & Mell (1924) mencionam a 
ausência de tilos ou qualquer outro depósito 
no interior dos vasos de espécies de Simira. 
A ausência de tilos nas espécies estudadas 
pode estar relacionada ao tamanho reduzido 
dos elementos de vaso, inferiores a 80 pm e 
das pontoações intervasculares, menores que 
4 pm. Medidas com esta ordem de grandeza 
não propiciam o desenvolvimento dos tilos 
(Bonsen & Kucera, 1990). Neste caso, os 
elementos de vaso inativos para o transporte 
de água são normalmente obliterados por 
gomo-resinas (Bonsen & Kucera, 1 990), o que 
também não foi observado no lenho das 
espécies em questão. Por outro lado, em 
material não submetido a qualquer tratamento 
laboratorial, observou-se a presença de 
conteúdo de coloração vermelha no interior dos 
elementos de vaso de S. glaziovii e de S. 
rubra e conteúdo de coloração amarela, no 
interior dos elementos de vaso de S. pikia. 
Embora a natureza química desse conteúdo não 
tenha sido identificada pelos testes 
histoquímicos realizados, acredita-se que o 
mesmo seja responsável pela coloração que a 
madeira adquire após o corte, uma vez que 
nenhuma célula ou estrutura secretora foi 
identificada no lenho das espécies analisadas. 

A classificação dos elementos traqueais 
imperfurados - traqueóides - e das células de 
sustentação - fibrotraqueóides e fibras 
libriformes - é assunto de ampla discussão na 
família Rubiaceae (Jansonius, 1926; 
Bremekamp, 1966; Koek-Noorman, 1969a). 
As definições desses elementos oferecem 
considerável dificuldade, não no que concerne 

Rodnguétia 54 ( 83 ): 23 - 33 . 2003 



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Anatomia do lenho de três espécies do gênero Si mira Auhl. (Rubiaceae) da Floresta Atlântica no 
Estado do Rio de Janeiro 


31 


aos tipos extremos, mas pela necessidade de 
situar e definir os tipos intermediários (Koek- 
Noorman, 1969a). Neste trabalho, 
consideramos fibras libriformes, as células de 
sustentação, em função do diâmetro reduzido 
de suas pontoações - inferiores a 3 |im - e de 
elementos de vaso as células portadoras de 
placas de perfuração simples, mesmo quando 
seu diâmetro tengencial era semelhante aos das 
fibras libriformes. 

A anatomia do lenho mostrou-se eficaz 
para ser utilizada como ferramenta adicional 
na segregação das espécies S. glaziovii, S. 
pikia e S. rubra , cabendo ressaltar que 
variações fenotípicas decorrentes da ação do 
ambiente foram desconsideradas nesta análise, 
pois todos os indivíduos coletados estavam 
-sujeitos às mesmas condições ambientais. 

agradecimentos 

Os autores agradecem à Fundação O 
Boticário de Proteção à Natureza, pelo 
patrocínio; ao Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro, na pessoa da 
coordenadora do Programa Mata Atlântica, 
Dra. Rejan R. Guedes-Bruni, pelo apoio 
logístico; à Fundação Botânica Margaret Mee, 
Pela bolsa de pesquisa concedida; à Dra. Maria 
Léa Xavier, gerente da Reserva Biológica do 
Tinguá, por permitir as coletas do material 
botânico; ao Laboratório de Botânica 
Estrutural do Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro, pela utilização de 
suas dependências e equipamentos; a Walter 
da Silva, pelo inestimável auxílio nos trabalhos 
de campo; a Inês C. Neves Grillo, pela 
confecção das lâminas; a Paulo Rogério 
1'errcira Dias, pelas ampliações fotográficas, 
c às Dras. Ariane L. Peixoto, Claudia F. 
Barros e Cecília G. Costa, pela leitura crítica 
deste manuscrito. 

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A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: 
ampliando as perspectivas de conservação da biodiversidade 1 

Oraida Maria Urbanetto de Souza Parreiras 2 
RESUMO 

As tentativas de reverter o fracasso no desenvolvimento e na gestão do meio ambiente estão 
ligadas ao êxito das propostas relativas aos conceitos, ainda em construção, de desenvolvimento sustentável 
e de conservação da biodiversidade. 

Os jardins botânicos direcionam, hoje, sua atuação para os problemas da conservação, na interface 
entre a conservação in situ e e.x situ, objetivando a preservação da biodiversidade, e buscam uma 
estratégia comum para implementar políticas e ações para a conservação, ganhando destaque uma 
estratégia mais voltada para a flora local, aliada a outras formas de contribuição para a sustentabil idade 
ambiental do planeta. 

O objetivo deste trabalho é efetuar uma análise crítica da Resolução/CONAMA 266, que estabelece 
diretrizes para a criação, normatiza o funcionamento, define os objetivos e uma classificação para os 
jardins botânicos brasileiros. 

A análise do processo de regulamentação em curso evidencia a necessidade de aperfeiçoar a 
Resolução 266 - vista e entendida â luz das principais questões ambientais que compõem o momento 
histórico atual; muito além de mero instrumento normativo, deve ser entendida como um elemento para 
promover o desenvolvimento dos jardins botânicos, na perspectiva colocada pela necessidade da 
conservação da diversidade biológica e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais. 
Palavras-chave: jardins botânicos, regulamentação, conservação, legislação brasileira 

ABSTRACT 

Botanical gardens around the world are now committed with preservation matters, mainly in the 
field of biodiversity maintenance, acting between in situ and ex situ conservation. They look forcommon 
strategies in the planet environmental sustainability, especially those directed to the local flora. 

The purpose of this work is to undertake a criticai analysis of the Resolução CONAMA 266, the 
legal text that lixes guidelines for the creation of Brazilian botanical gardens, with definitions of aims and 
operational nonns, also including a structure for their classification. 

One of the conclusions of the analysis refers to the necessity of revising the Resolução 266, 
in the light of the main environmental questions that havebeen arising recently. Far beyond a pure 
set ofnorms, it must be regarded as an instrument to promote the development of Brazilian botani- 
cal gardens, as demanded by the sustainable use of natural resources, with emphasis in the biodiversity 
conservation. 

Key words: botanic gardens; norms; plants conservation; Brazilian legislation 


introdução 

O jardim está presente no imaginário 
humano desde o princípio, para muitos povos. 
Adão e Eva, os primeiros seres humanos a 
habitar a Terra, viveram num Jardim, no Éden. 
Historicamente, supõe-se que jardins rudimen- 


tares começaram a ser construídos quando o 
homem deixa de ser nômade e passa a cultivar 
plantas; teriam assim uma função utilitária. Com 
o tempo ele agrega valores simbólicos, culturais 
e estéticos e desempenha, hoje, funções sociais 
e ecológicas (Rocha, 1999). 


' Pane do Projeto de Final de Curso submetido, ao corpo docente do Programa de Formação Profissional em Ciências 
Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

' •nstituio de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, RJ. oraidaparreiras@hotmail.com 


cm 1 


.SciELO/ JBRJ 


12 13 14 15 16 17 



36 


Parreiras, O.M.U.S 


Os ancestrais europeus do que hoje se 
considera um jardim botânico eram, no princípio, 
ligados ao cultivo de plantas medicinais. Como 
resultado do conhecimento da exuberante flora 
do Novo Mundo, tiveram um grande impulso 
no século XV111, quando foram construídos 
novos jardins botânicos e estufas para abrigar 
plantas tropicais. 

Ao longo da história, o papel dos jardins 
botânicos sofreu transformações para além do 
estudo sistemático e científico. Hoje eles 
assumem funções na conservação ex sim. 
principalmente de espécies vulneráveis ou raras, 
ameaçadas de extinção ou mesmo extintas do 
meio natural, e direcionam sua atuação para os 
problemas da conservação, na interface entre 
a conservação in situ e ex si tu, objetivando a 
preservação da biodiversidade. 

Dessas transformações dos jardins 
botânicos, decorreram outras, menos visíveis, 
de caráter institucional, pois foi necessário, para 
desempenhar os diversos papéis que foram 
assumindo ao longo da história, buscar uma 
estruturação institucional capaz de sustentar a 
implementação das estratégias que em cada 
momento foram adotadas. 

Um jardim botânico subordinado a uma 
política inadequada degenera-se muito 
rapidamente. Decorre disto, principalmente, a 
importância da regulamentação da atuação dos 
jardins botânicos, numa perspectiva de garantir 
o seu desenvolvimento e fortalecimento 
institucional. 

A regulamentação em curso, bem como 
a forma proposta para implementá-la, podem 
contribuir para fortalecer os jardins botânicos 
e instrumentalizar uma etapa fundamental de 
seu engajamento mais efetivo no esforço 
mundial para superar os problemas ambientais 
do presente, por meio do desenvolvimento das 
práticas de conservação e preservação da 
diversidade biológica, da flora em particular. 

Este trabalho pretende fundamentar 
teoricamente a importância da regulamentação 
dos jardins botânicos brasileiros; analisar a 
aplicação da Resolução/CONAMA 266, 
considerando, em particular, os elementos 


apresentados à Comissão Nacional de Jardins 
Botânicos -CNJB. Pretende também analisar 
o estágio atual de instrumentalização da 
Resolução 266, bem como os desafios 
colocados para aperfeiçoar a legislação 
específica dos jardins botânicos - na 
perspectiva do aprimoramento institucional, 
exigido pelos esforços de conservação da flora, 
para promover a sustentabilidade e o 
desenvolvimento socioambiental. 

Implementar estratégias de conservação 
implica em combinar políticas, ações e saberes 
diversos, bem como numa estruturação 
institucional capaz de sustentar essa 
implementação. Assim, o presente trabalho 
justifica-se pela necessidade de ser criado um 
processo consistente de aplicação da Resolução/ 
CONAMA 266, instrumento fundamental para 
o fortalecimento dos jardins botânicos 
brasileiros, dentro da perspectiva - antes 
enunciada - de torná-los instituições mais 
eficazes na luta pela conservação da 
biodiversidade. 

MATERIAL E MÉTODOS 

A fim de abordar, em grandes linhas, as 
questões mais cruciais para situar o meio 
ambiente como uma preocupação global e 
central, recorremos à pesquisa em bibliografia 
especializada e na legislação pertinente ao tema. 

Foram também utilizados, como 
referência, trabalhos feitos anteriormente para 
criar e implantar o Sistema Nacional de 
Registro dos Jardins Botânicos, disponibilizados 
na home page do Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro- JBRJ. Um desses 
trabalhos envolveu o uso de metodologias de 
pesquisa: levantamento e tratamento de dados, 
a partir de entrevistas com especialistas de 
diferentes áreas do Instituto. Na parte que trata 
do histórico da Resolução 266, recorremos à 
pesquisa documental, no Processo n° 
02001.0001 17/94-16/1BAMA e MMA, 
arquivado no Ministério do Meio Ambiente, e 
nas atas das reuniões da Comissão Nacional 
de Jardins Botânicos - CNJB/CONAMA. 


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A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodiversidade 


RESULTADOS E DISCUSSÃO 
O meio ambiente e a conservação da 
diversidade biológica 

Situando a discussão sobre meio ambiente: 

O que significa meio ambiente? 

Trata-se de um conceito científico ou de 
uma representação social? 

O que é um conceito científico? 

O que é uma representação social? 

Embora propostas para discutir educação 
ambiental, as perguntas acima, formuladas por 
Reigota (2001), são preliminares ao trato da 
problemática ambiental, pois suas respostas 
evidenciam dois componentes da abordagem 
às questões do meio ambiente: o componente 
das ciências naturais e o das ciências sociais. 

Os conceitos científicos caracterizam o 
consenso da comunidade científica 
internacional em relação a um determinado 
conhecimento. São termos entendidos e 
utilizados univer-salmente como científicos: 
nicho ecológico, ecossistema, fotossíntese, são 
exemplos desta ordem de conceitos. 

Uma representação social é o senso co- 
mum sobre determinado tema, onde se incluem 
os preconceitos, ideologias e características 
específicas das atividades cotidianas das 
pessoas, (Moscovici cipud Reigota, 2001). 

As representações sociais, embora 
também possam estar presentes na comunidade 
científica, relacionam-se com as pessoas fora 
desse âmbito. No entanto, nessas representa- 
ções os conceitos científicos podem ser 
encontrados da forma que foram aprendidos e 
internalizados pelas pessoas. 

A dupla composição da abordagem - 
ciências sociais e naturais, aliada à própria 
complexidade de seu objeto, determina a 
dificuldade para definir o meio ambiente, 
'esultando esse esforço, segundo Maimon 
(1992), em definições relativas e mutantes no 
tempo, dependentes do centro de interesse do 
trabalho científico e diferenciando-se em função 
do campo disciplinar. 

De acordo com Reigota (2001), não há 
consenso sobre o conceito de meio ambiente 
na comunidade científica e nem fora dela. 

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Considera, por seu caráter difuso e variado, a 
noção de meio ambiente uma representação 
social e, por julgar outras definições restritivas, 
define meio ambiente como: 

“O lugar determinado ou percebido, onde 
os elementos naturais e sociais estão em 
relações dinâmicas e em interação. Essas 
relações implicam processos de criação cultural 
e tecnológica e processos históricos e sociais 
de transformação do meio natural construído”. 

Esta nos parece ser a abordagem mais 
adequada de meio ambiente para este trabalho, 
pois permite discutir a questão ambiental numa 
perspectiva mais ampla, abrangendo inclusive 
a ação humana na busca de alternativas para 
uma melhor relação com o meio ambiente, que 
no nosso caso particular, resulta na formulação 
de política pública e instrumentos de ação 
ambiental específicos. 

O meio ambiente e a crise ambiental como 
questões globais 

“O eixo em que giram todos os empenhos 
do mundo é o reprocessamento. Empenhado 
em reprocessar todo o processo de suas 
dependências, o mundo instala um sistema de 
controle da cultura e da civilização que a 
vontade de poder vai realizando na ciência, na 
técnica, na produção. É o império das funções 
vigentes.” (Leão apud Unger,2001) 

As questões ambientais passam a 
constituir uma preocupação global na medida 
em que fica cada vez mais clara a percepção 
de que o sistema: de produção vigente - 
intensivo no uso de recursos naturais e 
altamente degradador do meio ambiente, traz 
o risco do esgotamento desses recursos, numa 
escala capaz de configurar uma crise sem 
precedentes na história humana. 

No seu desenvolvimento o Capitalismo 
engendra sua própria destruição, afirmava KarI 
Marx, em meados do século XIX (Tavares, 
com. pes.). 

O elemento destruição, inerente a esse 
modo de produção, no entanto, é voltado antes 
à vida do que a si próprio. Incauto, esgota e 
cria recursos sem a medida das conseqüências. 



SciELO/JBRJ 




cm .. 


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Cego, baseia-se no lucro, na competição, no 
consumo e no desperdício em larga escala; 
materializa-se na acumulação privada de 
capital, na concentração de renda e na 
desigualdade social entre classes e nações. 

E um sistema cuja ordem possível é a da 
exclusão social e econômica, da submissão dos 
mais pobres aos mais ricos, dos fracos aos 
fortes, dos menos aos mais desenvolvidos. 
Embora pareça paradoxal, é justamente o seu 
caráter excludente que o torna, muito além de 
hegemônico, global. 

Uma vez instalado, o Capitalismo não 
comporta e não convive com outro modo de 
produção que se desvie dos seus fundamentos 
de espoliação do homem e da natureza. 
Pensamos que aí reside parte importante, e 
somente parte, da explicação para o fracasso 
das alternativas tentadas pelo Leste, nas quais 
a deterioração ambiental foi ainda mais intensa; 
ou seja: numa incapacidade de romper com as 
bases do modo de produção capitalista frente 
à pressão de sua globalidade excludente. Pois, 
ao se expressarem enquanto “socialismo real”, 
aquelas alternativas desvelaram que ainda 
preservavam, nelas mesmas, fundamentos 
capitalistas essenciais. 

A natureza da crise 

“Em contraste com o mundo, a Terra 
evoca o proteger da proteção de que necessita 
o mundo para se construir em meio às 
dependências. Como quer que se determine a 
posição do mundo na história da cultura, a Terra 
lhe opõe sempre as tensões criadoras de sua 
proteção. É na força desta oposição que a Terra 
deixa de ser simples planeta integrante do 
Sistema Solar para ocupar lugar privilegiado no 
universo da realidade.” (Leão apud Unger, 
2001 ) 

Trata-se esta de uma crise da 
modernidade que, de modo mais essencial, 
resulta de um desequilíbrio enraizado no. 
coração do homem. Repõe questões que 
fundamentam o percurso de uma época. A 
grande diferença entre a nossa e as civilizações 
precedentes é que; 


Parreiras, O.M.U.S 

“...enquanto outras sociedades fizeram 
do eixo de sua cultura a elaboração de técnicas 
para controlar a tendência humana àquele 
desejo desmesurado que os gregos chamavam 
híhris, a nossa fez da híbris sua virtude 
máxima. O projeto de dominação e controle 
de tudo que existe forma o eixo em torno do 
qual esta civilização gravita.” (Unger, 2001 ) 

Um olhar mais atento sobre a natureza 
da crise hoje experimentada pela humanidade 
nos remete ao seu sentido etimológico: do grego 
krínein, que significa discernir, decidir. 
Significado este que empresta ao sentido global 
desta crise um caráter ainda mais amplo, além 
da simples percepção de que ela extrapola 
limites sócio-econômicos, de fronteiras 
nacionais e de classes sociais. 

Decidir sobre qual é o seu lugar no 
universo é tarefa urgente para o homem. Essa 
decisão deve partir da compreensão do próprio 
sentido original de crise, que traz em si os 
elementos de sua superação: discernimento e 
decisão. São estes, elementos fundamentais 
para o enfrentamento de uma crise de caráter 
complexo, do mundo para a Terra, e que se 
manifesta em múltiplas dimensões. 

A crise do mundo na Terra 

“Vista do espaço, a Terra é uma bola frágil 
e pequena, dominada não pela ação e pela obra 
do homem, mas por um conjunto ordenado de 
nuvens, oceanos, vegetação e solos. O fato de 
a humanidade ser incapaz de agir conforme 
essa ordenação natural está alterando 
fundamentalmente os sistemas planetários. 
Muitas dessas alterações acarretam ameaças 
à vida. Esta realidade nova, da qual não há 
como fugir, tem de ser reconhecida - e 
enfrentada.” (CMMAD, in Nosso Futuro 
Comum, 1988) 

Os indícios mais antigos da ação 
antrópica, já apontam um grau considerável de 
perturbação no meio ambiente. Dean (1996), 
chama a atenção para o fato de que todos os 
regimes agrícolas, inclusive os mais primitivos, 
representam transtornos a um ecossistema 
natural. No entanto, as perturbações antrópicas 


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A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodiversidade 


passam a configurar uma condição de 
desequilíbrio - mais notadamente a partir da 
Revolução Industrial - que assume um caráter 
crítico desde a segunda metade do século 
passado. 

Por um lado, o desempenho econômico, 
científico e tecnológico, experimentado no 
último século numa escala sem precedentes, 
traz indicadores animadores: aumento da 
expectativa de vida, redução da mortalidade 
infantil e do analfabetismo, aumento da 
produção mundial de alimentos maior do que o 
aumento da população. 

Por outro lado, é grande o contraste 
retratado no mundo, que não reflete uma 
distribuição eqiiitati va desses benefícios: há, em 
termos absolutos, mais famintos no mundo do 
que nunca; cresce o déficit habitacional; 
amplia-se o fosso entre nações ricas e pobres, 
e, dadas às circunstâncias atuais e as 
disposições institucionais vigentes, há poucas 
perspectivas de que essa tendência se inverta. 

Existem também tendências ambientais 
que ameaçam modificar radicalmente o planeta 
e ameaçam a vida de muitas espécies, incluindo 
a espécie humana: desflorestamento, 
deserlificação, poluição do ar, das águas e do 
solo. Na Europa, as chuvas ácidas matam 
florestas e lagos e danificam o patrimônio 
artístico e arquitetônico das nações. 

Some-se a isso o fato de os países em 
desenvolvimento, que devido a fatores 
históricos e geográficos são detentores da 
maior parte dos recursos naturais hoje 
existentes, atuarem num contexto em que se 
amplia o fosso que os separa dos países 
industrializados. Estes, que para o próprio 
desenvolvimento já consumiram, e continuam 
a consumir grande parte dos recursos do 
Planeta, impõem as normas que regem as 
Principais organizações internacionais, 
configurando um desequilíbrio também de 
Poder. 

Assim, perpetua-se o circulo vicioso: 
miséria-degradação ambiental, degradação 
ambiental-miséria. 


39 

Um outro mundo é possível 

“No passado, a análise repousava sobre 
o equilíbrio dos sistemas naturais e sobre o 
estudo da estabilidade global; agora estamos 
no campo da incerteza e da gestão a longo 
prazo.” (Maimon, 1994) 

No campo da ciência da natureza, para 
muitos autores é cada vez mais evidente que a 
ciência clássica, baseada em pretensas 
objetividade e neutralidade científica, não é 
capaz de responder aos desafios hoje 
colocados. 

Segundo Reigota, (2001), Prigogine e 
Stengers propõem o que chamam de uma 
“escuta poética da natureza, reintegrando o 
homem no universo que ele observa”, e no qual 
atua, acrescente-se. Reigota alerta que essa 
idéia, embora corra um risco de banalização, 
se entendida como uma relação idílica, visa 
chamar a atenção para a importância dos 
sentidos e da subjetividade nas relações 
cotidianas com a natureza. Ou seja: estabelecer 
um diálogo com ela, considerando, antes de 
tudo, seu caráter complexo e múltiplo, 
questionando o paradigma racionalista da 
ciência e da exploração dos recursos naturais. 

Rompendo com o monólogo e propondo 
o diálogo, a natureza “responde” às indagações 
feitas pelos cientistas e estes precisam decifrar 
tais respostas, como alguém que faz uma 
leitura, entre outras possíveis, das mesmas. 
Neste sentido, a ciência contemporânea 
relativiza o conhecimento e desestabiliza o 
poder das “verdades científicas”, procura 
conhecer os momentos de estabilidade e de 
instabilidade, assim como os acontecimentos 
raros e aleatórios do universo, normalmente 
deixados de lado pelos cientistas clássicos 
(Reigota, 2001) 

Para Maimon, (1992), situada a ciência 
no campo da incerteza, a complexidade do meio 
ambiente não pode ser compreendida - nem 
resulta — de um concurso e integração de 
muitos e diferentes campos de conhecimento: 
a escolha das disciplinas depende do fenômeno 
a ser analisado. A implantação da 
interdisciplinaridade caminha do particular em 


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Parreiras, O.M.U.S 


direção ao geral, do simples ao complexo, do 
nível disciplinará multidisciplinaridade. 

Assim, a análise das questões envolvidas 
no meio ambiente, incluindo as alternativas 
capazes reverter o atual cenário de crise, 
demandam uma visão sistêmica e um 
pensamento holístico, um novo paradigma 
científico, que integra o campo das ciências 
naturais e sociais. 

O componente social se apresenta na 
análise ambiental a partir da década de 60, 
quando passa a ser estabelecida uma relação 
de causa e efeito, entre o crescimento 
económico e a deterioração do meio ambiente 
e o esgotamento dos recursos naturais. Esse 
componente coloca também em pauta as 
transformações necessárias para tornar a 
sociedade compatível com estratégias 
alternativas de desenvolvimento, trazendo para 
a ordem do dia a gestão do meio ambiente em 
longo prazo: 

Segundo Young (com. pes.), o Clube de 
Roma, em seu relatório de 1968, “Limites do 
Crescimento” atribui a deterioração ambiental 
e o esgotamento dos recursos naturais ao 
resultado da pressão do crescimento 
demográfico sobre os recursos limitados do 
planeta. Essa pressão faria com que o preço 
das matérias primas aumentasse e a 
disponibilidade de alimentos diminuísse, a ponto 
de não comportar mais nenhum desenvolvi- 
mento. A proposta de “crescimento zero” daí 
decorrente condenaria os países desenvolvidos 
à estagnação e os menos desenvolvidos à 
indigência perpétua. As previsões do Clube de 
Roma não se verificaram, os preços das 
matérias primas decresceram e a produção de 
alimentos cresceu. 

Em 1972, realiza-se a Conferência de 
Estocolmo, a questão ambiental é, então, 
recolocada em novo eixo: a Declaração de 
Estocolmo, reconhece a qualidade ambiental 
como um direito da humanidade, ao lado de' 
outros direitos humanos fundamentais, como 
liberdade, igualdade e condições de vida 
adequadas. Ao estabelecer como obrigação da 
humanidade proteger e melhorar o meio 


ambiente para as gerações presentes e futuras, 
esse documento lança as bases para o conceito 
de desenvolvimento sustentável: 

“... aquele que atende às necessidades 
do presente sem comprometer a possibilidade 
de as gerações futuras atenderem as suas 
próprias necessidades.” (CMMAD, in Nosso 
Futuro Comum, 1 998). 

Esta definição contém dois conceitos- 
chave: o de “necessidades”, determinadas 
social e cultural mente, e a noção das limitações 
que o estágio da tecnologia e da organização 
social impõe ao meio ambiente comprometendo 
sua capacidade de atender às necessidades 
presentes e futuras. Sustentabilidade implica, 
então, numa visão atemporal das necessidades 
e do bem estar da humanidade, que incorpora 
variáveis não-económicas, como: educação, 
saúde e qualidade de vida, como direitos do 
ser humano e dever da sociedade. 

De acordo com Viederman (apuei Lagos, 
1998), a sustentabilidade não deve ser tratada 
como um problema técnico, mas como uma 
visão do futuro que nos dá um mapa dos 
caminhos e nos ajuda a focar a atenção na 
afirmação dos valores e princípios morais e 
éticos, que devem ser transferidos para as 
decisões políticas capazes de promovê-la. 

As tentativas de reverter o fracasso no 
desenvolvimento e na gestão do meio ambiente 
emprestam um sentido mais preciso àquela 
decisão fundamental que a crise nos coloca: 
qual o lugar do homem no universo. Este 
caminho de decisão requer a opção pela 
sustentabilidade socioambiental, a partir da qual 
pode ser possível construir um mundo novo 
onde o desenvolvimento prescinda da base, 
hoje estruturada, de espoliação do homem e 
da natureza. 

Extinção, fenômeno natural e resultado da 
ação humana 

"... a irreversibilidade dos sistemas físicos 
em desequilíbrio tem um papel construtivo na 
natureza, pois lhe permite (e exige) a 
reorganização e a auto-organização. Portanto 
a irreversibilidade e a instabilidade são fontes 





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A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conseiraçâo da 
biodiversidadi 


criadoras de novas formas de organização.” 
(Reigota, 2001 ) 

Costa (2002) coloca a discussão nos 
seguintes termos: Por que se faz tanto alarde 
atualmente contra a perda de biodiversidade? 
Simplesmente porque a laxa de extinção - 
número de espécies perdidas por unidade de 
tempo - aumentou dramaticamente nas últimas 
décadas. As perdas atuais de espécies têm sido 
contabilizadas, pelos conservacionistas, numa 
escala graduada em dias ou mesmo em horas! 
Múltiplas evidências de extinção em massa 
provocadas por populações humanas têm sido 
encontradas em praticamente todas as regiões 
da Terra, mas nunca tantas espécies, ao que 
tudo indica, foram perdidas em um intervalo 
tão curto de tempo. 

Pode-se afirmar, então, que as 
advertências sobre o risco de extinção em 
massa de espécies, que compromete a 
diversidade biológica, referem-se ao volume e 
às escalas de tempo e amplitude geográfica 
em que esta extinção vem ocorrendo, levando 
em conta o tempo que a natureza necessita 
para reorganizar-se ou evoluir. 

A reversão deste quadro está ligada ao 
êxito das propostas relativas aos conceitos, 
ainda em construção, de desenvolvimento 
sustentável e de conservação da biodiversidade, 
temas que, por guardarem uma relação de 
interdependência intrínseca, são indissociáveis. 

Conservação c diversidade biológica, 
enquanto conceitos 

“Os sistemas, como vegetação 
(principalmcnte as florestas), desempenham 
u ma função de proteção, da estrutura e 
integridade do solo, da formação e manutenção 
de bacias hidrográficas, da fauna local, do 
ambiente térmico, entre outros componentes 
do meio. [...] a conservação de tais elementos 
• s e constitui hoje em compromisso de 
responsabilidade das nações que os detém, 
Principalmente os signatários da Convenção 
sobre a Diversidade Biológica - CDB.” 
(Pereira, com. pes.) 

Diversidade biológica, ou biodiversidade 


41 

significa: 

“A variabilidade de organismos vivos de 
todas as origens, compreendendo, dentre 
outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e 
outros ecossistemas aquáticos e os complexos 
ecológicos de que fazem parte; compreendendo 
ainda a diversidade dentro de espécies, entre 
espécies e de ecossistemas”. (BRASIL, 1994) 

A Conservação, enquanto disciplina, está 
relacionada à gestão da crise ambiental e apóia 
seu conteúdo sobre uma base teórica que utiliza 
princípios das ciências naturais e sociais. Pode 
ser, então, definida como: a gestão racional dos 
recursos ambientais com vistas à sua utilização, 
de forma a satisfazer as necessidades humanas 
atuais e das gerações futuras. 

De acordo com Pereira (com. pes.), 
refere-se à utilização sustentável dos recursos 
da biodiversidade, guardando com esta uma 
relação em três níveis: diversidade genética 
dentro de uma mesma espécie, de espécies e 
de ecossistemas. 

Constituem-se em forma de manejo - 
compreendido como o conjunto de práticas e 
procedimentos técnicos e administrativos 
preestabelecidos, adequado ao objeto a ser 
conservado - a conservação in-situ, que 
significa a conservação dos recursos biológicos 
no seu local de origem, dentro dos ecossistemas 
ou habitats; e a conservação ex-situ, que, 
complementar à anterior, significa a 
conservação dos recursos biológicos fora do 
seu local de ocorrência. Este assunto deverá 
ser mais detalhado quando falarmos a respeito 
do papel dos jardins botânicos na conservação. 

Instrumentos e diretrizes internacionais 
para políticas de conservação dos jardins 
botânicos 

“Recentemente, a preocupação para com 
o meio ambiente mundial conduziu a um avanço 
significativo na cooperação internacional, nas 
questões de desenvolvimento e nos temas 
ambientais. Como parte disto, foram 
desenvolvidos sistemas internacionais para 
guiar países na formulação de suas políticas 
nacionais”. (BGCI, 2001) 


K °driguésia 54 (83): 35-54. 2003 



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Parreiras, Ü.M.U.S 


A seguir apresentaremos os instrumentos 
e diretrizes internacionais, considerados mais 
relevantes para os jardins botânicos guiarem 
os seus trabalhos, globalmente, para a 
conservação da flora, conforme relacionados 
nas Normas Internacionais de Conservação 
para os Jardins Botânicos, BGCI (2001 ), onde 
estão propostas as estratégias que orientam a 
ação destes pelas diretrizes conservacionistas 
estabelecidas nos foros internacionais mais 
atuais: 

Convenção sobre Terras Úmidas. 1971 . 

Passando a vigorar em 1975, foi 
originalmente organizada para proteger os 
habitats das terras úmidas para a conservação 
das aves aquáticas, tendo ampliado seu escopo: 
hoje é um tratado internacional que prevê uma 
ação nacional e a cooperação internacional 
para a conservação e o uso racional das terras 
úmidas e de seus recursos. 

Convenção sobre Proteção do Patrimônio 
Cultural e Natural do Mundo. 1 972 

Derivada da necessidade de estimular a 
cooperação internacional para proteger e 
preservar o patrimônio cultural e natural do 
mundo para estas e para as futuras gerações. 
Define quais os tipos de sítios naturais e 
culturais que podem ser indicados para inscrição 
na Lista do Patrimônio Mundial. Uma vez 
incluídos na Lista beneficiam-se do apoio da 
comunidade internacional em termos de pro- 
teção e preservação. 

Em 1997, o Jardim Botânico da 
Universidade de Pádua, Itália, foi o primeiro 
jardim a constar da Lista. Este ano foi inscrito 
o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro. 

Agenda 21 - Programa de Acão para o 
Desenvolvimento Sustentável. 1 992 

Concebido na Conferência da Terra, Rio, 
92, trata-se de um plano de ação para uma 
sociedade global com o objetivo de promover 
a cooperação entre nações, enquanto elas 
promovem a transição para a sustentabilidade. 

Falta à Agenda 21 a força do Direito 
Internacional; sua adoção, porém, se constitui 


em forte obrigação moral dos governos, e 
compromisso de todas as instituições, inclusive 
os jardins botânicos, e grupos sociais 
empenhados em promover o desenvolvimento 
sustentável. 

Convenção das Nações Unidas sobre 
Mudanças Climáticas. 1 992 

Trata-se de um acordo internacional 
desenvolvido em função da preocupação de 
que as atividades humanas afetem o clima 
global e comprometam as condições básicas 
de vida na terra. Seu objetivo maior é o de 
estabilizar as concentrações de gases nocivos 
na atmosfera, que contribuem para aumentar 

0 efeito estufa, e prevenir maiores 
interferências humanas no sistema climático. 

Há um importante papel reservado aos 
jardins botânicos no sentido de ajudarem seus 
países a cumprir tais compromissos. 

Convenção sobre a Diversidade Biológica - 
CDB. 1992 

A CDB, foi firmada por 150 países, no 
Rio de Janeiro, em 05/06/1992, na Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, também conhecida como Eco 
92 ; é composta de 42 artigos. 

No artigo 1 constam seus objetivos: 

1 - conservação da diversidade biológica, 

II - a utilização sustentável de seus 
componentes e 

III - repartição justa e eqüitativa dos benefícios 
derivados da utilização dos recursos genéticos, 
mediante, inclusive, o acesso a estes recursos 
e a transferência adequada de tecnologia, 
considerados os direitos sobre recursos e 
tecnologias, mediante financiamento adequado. 

Convenção das Nações Unidas para o 
Combate à Desertificação. 1994 

Foi adotada com o objetivo de promover 
ações efetivas por meio de programas locais 
inovadores e parcerias internacionais. Convoca 
os governos a se concentrarem na 
conscientização, educação e treinamento, tanto 
nos países em desenvolvimento quanto nos 
desenvolvidos. 

A atuação dos jardins botânicos pode 





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A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodiversidade 


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concorrer para o alcançar os objetivos desta 
Convenção, como já vem ocorrendo, 
particularmente nas regiões secas do mundo. 

Plano Global de Ação para a Conservação e 
Utilização Sustentável de Recursos Genéticos 
d e Plantas para a Alimentação e Agricultura. 
.1996 

Desenvolvida pela FAO - Organização 
das Nações Unidas para Alimentação e 
Agricultura, cujos objetivos são: assegurar a 
conservação dos recursos genéticos vegetais 
Para a alimentação e agricultura como base 
para a segurança alimentar; promover o uso 
sustentável dos recursos genéticos vegetais 
para a alimentação e agricultura, estimular o 
desenvolvimento e reduzir a fome e a pobreza; 
promover o compartilhamento justo e eqüitativo 
dos benefícios derivados do uso dos recursos 
genéticos vegetais e ajudar países e instituições 
a identificarem as prioridades de ação 
fortalecendo os programas existentes. 

O Plano observa que os jardins botânicos 
são importantes para a conservação dos recur- 
sos genéticos, por meio da manutenção de 
coleções vivas, bancos de sementes e coleções 
in vitro. 

C onvenção sobre Comércio Internacional de 
Es pécies dn Fauna e Flora Silvestre em 
E xtinção - CTTFS 

Tem o objetivo de controlar o comércio 
mternacional de espécies da fauna e da flora 
e m extinção. Permite o comércio de espécies 
9 ue ainda sejam passíveis de exploração 
econômica, prevenindo, entretanto, que esse 
comércio não venha trazer o risco de extinção 
dessas espécies. 

O Botanic Gardens Conservation 
International -BGCI, elaborou um manual da 
CITES para os jardins botânicos, pois considera 
9ue estes têm um papel central no 
a Perfeiçoamento e na implementação desta 
Convenção, inclusive, no que diz respeito à 
conscientização pública. 


R °driguésUi 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 


A convenção sobre a diversidade 
biológica, o papel dos jardins botânicos na 
conservação e a legislação brasileira 

A CDB - um marco para a conservação 
e o desenvolvimento sustentável 

“A Convenção pode ser considerada 
como um marco por diversas razões. Pela 
primeira vez a diversidade biológica, como tal, 
é abordada numa perspectiva integral e a 
diversidade genética abordada especificamente 
em um tratado global vinculatório. Também, 
pela primeira vez, se reconhece a conservação 
da diversidade biológica como do interesse 
comum da humanidade”.(Glowka, 1 996) 

A CDB reconhece e afirma a soberania 
das nações sobre seus recursos biológicos e 
permite que as Partes - países signatários - 
determinem como deverá ser implementada, 
equilibrando essa soberania com os deveres, 
dela própria derivado 

Os jardins botânicos e a CDB 

“... As coleções dos jardins botânicos e a 
aplicação de suas habilidades em áreas como 
taxonomia, pesquisa botânica, conservação, 
propagação e cultivo contribuem 
significativamente na implementação da CDB. 
Eles também oferecem uma ligação principal 
entre a conservação in-sitit e ex-situ e são 
frequentemente envolvidos em processos de 
planejamento nacionais como estratégias de 
biodiversidade. Seu trabalho em outros setores 
ilustra o papel importante que eles podem fazer 
implementando a Convenção”. (BGCI, 2001 ) 
Nas Normas Internacionais de 
Conservação para Jardins Botânicos, são 
identificados, e listados, 1 0 artigos da CDB que 
podem ser diretamente implementados pelos 
jardins botânicos. Rauer (2000), complementa 
esta lista e, numa análise mais detalhada da 
importância da Convenção para os jardins 
botânicos, estabelece quatro categorias de 
artigos que estes devem levar em conta em 
suas ações: artigos com os quais podem 
contribuir para viabilizar o cumprimento, artigos 
que podem ajudar a impedir sejam violados; 
artigos que podem ser postos diretamente em 
prática, e finalmente aqueles que não guardam 



SciELO/JBRJ 




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Parreiras, O.M.U.S 


interesse imediato para essas instituições. 

Relacionamos a seguir 12 artigos, 
extraídos dessas contribuições, que podem ser 
implementados diretamente pelos jardins 
botânicos: 

Artigo 6 - Medidas gerais para a conservação 
e a utilização sustentável 

Contribuindo na formulação e 
implementação das estratégias nacionais para 
a sustentabilidade dos recursos biológicos e do 
desenvolvimento. 

Artigo 7 - Identificação e monitoramento 

Empreendendo trabalhos de taxonomia, 
florística, inventários, monitoramento e demais 
pesquisas botânicas. 

Artigo 8 - Conservação in sim 

Contribuindo mediante identificação e 
indicação de áreas a serem protegidas; 
manutenção e administração dessas áreas; 
desenvolvimento de pesquisas em restauração 
ambiental, recuperação ou manejo de 
populações de plantas silvestres. 

Artigo 9 - Conservação ex sim 

Desenvolvendo e mantendo coleções de 
germoplasma, inclusive bancos de sementes, 
bancos genéticos a campo, coleções de tecido 
vegetal em cultura, programas de recuperação 
de espécies ameaçadas e bancos de dados. 
Artigo 10 - Utilização sustentável de 
componentes da diversidade biológica 

Identificando e desenvolvendo 
bioprospecção de espécies economicamente 
importantes para a horticultura comercial, 
silvicultura e agricultura. 

Artigo 1 2 - Pesquisa c treinamento 

Empreendendo pesquisa em muitos 
campos pertinentes, como taxonomia, ecologia, 
bioquímica, etnobotânica, educação, 
horticultura, anatomia das plantas, biogeografia, 
e oferecendo oportunidades de treinamento c 
cursos sobre conservação e disciplinas afins. 
Artigo 1 3 - Educacão c conscientização pública 
Promovendo a educação pública c 
desenvolvendo a conscientização ambiental, 
inclusive programas para gerar a compreensão 
pública acerca da biodiversidade, sua 


importância e os danos sofridos. Muitos jardins 
botânicos já desempenham papéis importantes 
no ensino fundamental e superior. 

Artigo 14 - Avaliação de impacto e minimizacão 
de impactos negativos 

Contribuindo com conhecimentos 
específicos e pesquisas científicas, bem como 
por meio de seu corpo de especialistas, os jardins 
botânicos podem auxiliar na recomendação de 
práticas para prevenir e avaliar impactos 
ambientais de diversas ordens, e na elaboração 
e execução de projetos de recuperação 
ambiental. 

Artigo 15 - Acesso a recursos genéticos te 
repartição de benefícios) 

Apoiando as instituições que fazem 
pesquisas em conservação da biodiversidade 
por meio da coleta de táxons, apoio a pesquisas, 
equipamentos, informação treinamento e 
intercâmbio de espécimes; assim como 
oferecendo acesso a seus recursos de 
conservação da biodiversidade. Contribuindo 
e influenciando na regulamentação legal desse 
artigo. 

Artigo 1 6 - Acesso à tecnologia e transferência 
de tecnologia 

Os jardins botânicos possuem um acúmulo 
muito grande de conhecimentos derivados das 
pesquisas nos campos da Botânica e de áreas 
correlatas. Grande parte dessas pesquisas 
resulta no desenvolvimento de tecnologias e 
metodologias relacionadas com técnicas de 
cultivo, crescimento e reprodução das plantas 
cm condições ex-sim. Esses resultados podem 
ser disponibilizados, além da representação 
didática das plantas para propósitos 
educacionais. 

Artigo 17 - Intercâmbio de informações 

Disponibilizando informações sobre suas 
coleções e o resultado de suas pesquisas 
através de publicações e de bancos de dados. 

Artigo 18 - Cooperação técnica e científica 
Cooperando nas áreas científicas e 
técnicas, inclusive pesquisa conjunta c 
intercâmbio de pessoal. 

Rodríguésia 54 ( 83 ): 35-54 2003 





SciELO/ JBRJ 








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A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodiversidade 


O papel dos jardins botânicos na conser- 
vação da flora - potencialidades e limites 

”... A maior parte das coleções de 
espécies silvestres e plantas ornamentais, fora 
de seu local de origem, se encontra sob custódia 
dos 1600 jardins botânicos, em todo o mundo. 
Juntos eles cuidam de representantes de 
dezenas de milhares de espécies vegetais...” 
(Tuxill, 1999) 

Os jardins botânicos são instituições que 
ao longo de sua história têm contribuído para a 
conservação da flora mundial e como não 
poderia deixar de ser, não apenas 
acompanham, mas inserem-se ativamente na 
dinâmica do desenvolvimento das questões 
relativas ao trato do meio ambiente. 

Sob a denominação de jarditn botânico pode 
ser incluída uma grande diversidade de instituições. 
Estas variam desde grandes jardins com centenas 
de funcionários e uma extensa gama de 
atividades, até instituições pequenas com 
atividades e recursos limitados. (BGC1, 2001 ). 

As diferenças entre os jardins botânicos 
uão impedem uma estratégia comum, pois 
conferem ao conjunto um papel complementar 
ua implementação de políticas e ações para a 
conservação da flora. 

O quadro ambiental crítico que tem se 
apresentado, trouxe a necessidade de uma 
redefinição estratégica e de uma formulação e 
avaliação permanente das políticas dessas 
instituições. Hoje, ganha destaque uma 
estratégia mais voltada para a conservação da 
Hora local, aliada a outras formas de 
contribuição para a sustentabilidade ambiental 
do planeta. 

Todas essas questões fazem do 
planejamento, do desenvolvimento institucional e 
eientífico, da articulação dos jardins botânicos entre 
S| . com instituições congêneres e com o conjunto 
da sociedade, instrumentos indispensáveis para o 
desempenho de seu papel. 

estratégias de conservação para jardins 
botânicos 

A primeira estratégia global para jardins 
botânicos foi definida pela publicação, em 1 989. 


45 

da Estratégia de Conservação para Jardins 
Botânicos. Com as mudanças ocorridas no 
contexto ambiental nas últimas décadas, surgiu 
a necessidade de sua atualização. 

Em 2001 , por iniciativa conjunta do JBRJ 
e do Ministério do Meio Ambiente é feita, então, 
a publicação em Português das Normas 
Internacionais de Conservação para os Jardins 
Botânicos, BGCI (2001), que orienta a ação 
dos jardins botânicos de todo o mundo pelas 
diretrizes conservacionistas estabelecidas nos 
foros internacionais mais atuais. 

A publicação das Normas Internacionais 
vem estabelecer critérios para definir a atuação 
dos jardins botânicos na conservação da 
diversidade florística, atentando para a 
necessidade destes implementarem as diretrizes 
da Convenção sobre Diversidade Biológica, 
contribuindo para o desenvolvimento 
sustentável e para a sustentabilidade ambiental 
do planeta. Sendo seus objetivos: 

a) Promover uma estrutura global comum de 
políticas para jardins botânicos, programas e 
prioridades em conservação da biodiversidade. 

b) Definir o papel dos jardins botânicos no 
desenvolvimento de sociedades globais e em 
alianças para a conservação da biodiversidade. 

c) Estimular a avaliação e desenvolvimento de 
políticas e práticas de conservação em jardins 
botânicos para aumentar-lhes a efetividade e 
eficiência. 

d) Desenvolver meios para monitorar e 
registrar as ações de conservação 
empreendidas por jardins botânicos. 

e) Promover o bom desempenho dos jardins 
botânicos, em conservação. 

f) Promover orientação para os jardins 
botânicos sobre temas contemporâneos acerca 
da conservação. 

h missão global dos jardins botânicos na 
Conservação, segundo as Normas 
Internacionais: 

- Interromper a perda de espécies de plantas e 
de sua diversidade genética em nível mundial. 

- Atentar para a prevenção da degradação do 
meio ambiente natural do mundo. 


KoJngutua 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 


SciELO/ JBRJ 


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Parreiras, O.M.U.S 


- Ampliar o entendimento público sobre o valor 
da diversidade das plantas e sobre as ameaças 
que sofrem. 

- Implementar ações práticas para o benefício 
e melhoria do meio ambiente natural do mundo. 

- Promover e assegurar o uso sustentável dos 
recursos naturais do mundo para esta e para 
futuras gerações. 

O desempenho da missão global e o alcance 
dos objetivos dos jardins botânicos requerem um 
trabalho conjunto com o maior número de 
parcerias possíveis: governos, ONGs, corporações 
empresariais , comunidades, entre outros. 

Diretrizes para conservação e a legislação 
brasileira 

Legislação ambiental no Brasil: 

Na evolução do Direito ambiental 
brasileiro é possível observar três fases 
distintas, de acordo com Bittencourt (com. 
pes.). 

A primeira delas, classificada como uma 
“fase de exploração” teve início em 1500, 
incorporando todas as regulamentações 
relativas â exploração dos recursos naturais da 
Colônia pela Metrópole, e, a partir da 
Independência seguiu regulamentando a 
exploração desses recursos, os direitos de usos 
e da propriedade privada. 

A promulgação dos Códigos de Caça, 
Pesca e Florestal, em 1965, que definem os 
recursos naturais de uso comum como de 
propriedade do Estado, inaugura a “fase 
fragmentária” do Direito Ambiental brasileiro. 
Fragmentária porque nesta fase não se 
constituiu, ainda, um coqio de legislação que 
refletisse uma política de fato para o meio 
ambiente, embora tenha havido avanços além 
da regulamentação meramente exploratória. 

A fase denominada “holística” ou 
“integradora" é inaugurada em 1981 , com a Lei 
6902, que trata da criação de Estações 
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, 
parte integrante da política nacional do meio 
ambiente, embora anterior â Lei 6938/81 - Lei 
da Política Nacional do Meio Ambiente, que 
consolidou essa nova fase. Considerada o 


divisor de águas na legislação do meio ambiente, 
a Lei 6938 norteia a ação dos entes públicos e 
estrutura a política ambiental no País. 

Esta fase vem sendo desenvolvida até 
hoje, constituindo-se, ainda, fundamentais para 
o seu desenvolvimento: a Lei 7347/85 - Lei da 
Ação Civil Pública, que possibilita o ingresso 
de ações civis para prevenir ou reparar danos 
ambientais, e a própria Constituição Federal/ 
88, que no Capítulo 6, Título 8 - Ordem Social 
Art. 225, impõe ao Poder Público o dever de 
defender e preservar o meio ambiente para 
presentes e futuras gerações e de assegurar a 
efetividade do direito de lodos ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 

Nesta fase consolidam-se os instrumentos 
atuais da Legislação Ambiental Brasileira, quais 
sejam: a Constituição Federal e o conjunto de 
Leis e Decretos, Convenções, Tratados e 
Normas Internacionais, Medidas Provisórias, 
Resoluções do CONAMA (atribuição 
delegada) e as Portarias Ministeriais, que a 
compõem. 

Instrumentos da legislação brasileira, 
específicos para os jardins botânicos 

Neste tópico relacionamos aqueles 
instrumentos específicos e os que orientam ou 
estão diretamente associados às atividades de 
conservação dos jardins botânicos brasileiros: 

- Constituição Federal de 1 988 - No seu Artigo 
255, estabelece o direito coletivo ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado e, no inciso 
II, afirma que, para assegurar a efetividade 
desse direito, incumbe ao poder público 
preservar a diversidade e a integridade do 
patrimônio genético do país c fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação 
de material genético. 

- CDB - Convenção sobre a Diversidade 
Biológica -1 992 - O Decreto Legislativo n.° 2, 
de 1994, aprovou o texto da Convenção sobre 
Diversidade Biológica, assinada durante a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, realizada na 
cidade do Rio de Janeiro, em 05 de junho de 
1 992, que é promulgada pelo Decreto N" 2.519, 

RodrÍ£ué$ia 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 





SciELO/ JBRJ 




A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodi\ 'entidade 


de 16 de Março de 1998, passa a fazer parte, 
portanto, do corpo da legislação ambiental do 
País. 

A CDB estabelece as diretrizes para: 
conservar a diversidade biológica no mundo; 
promover o uso sustentável dos seus 
componentes e a repartição equitativa dos 
benefícios advindos do uso e do acesso aos 
recursos genéticos, bem como a transferência 
de tecnologia associada ao seu uso. 

- Normas Internacionais de Conservação para 
Jardins Botânicos - BGCI. MM A, JBRJ, 
KBJB, 2000 - Embora sem força de lei, orienta 
critérios para definir a atuação dos jardins 
botânicos na conservação da diversidade 
florística, como visto anteriormente. 

- Decreto N° 4.339 de 22/08/2002 - Institui 
Princípios e diretrizes para a implementação da 
Política Nacional da Biodiversidade. 

~ Medida Provisória 2186 de 23/08/2001 - 
Dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, 
a proteção e o acesso ao conhecimento 
tradicional associado, a repartição de benefícios 
e o acesso â tecnologia e a transferência de 
tecnologia para sua conservação e utilização, e 
dá outras providências. 

- Decreto-003945 de 2S/09/2001 - Define a 
composição do Conselho de Gestão do 
Patrimônio Genético e estabelece as normas 
Para o seu funcionamento, mediante a 
regulamentação dos artigos 10. 11, 12, 14, 15, 
16, I S e 1 9 da medida provisória 2. 1 86- 1 6. 

~ Resolução CONAM A 266. de 03/08/2000 - 
Estabelece diretrizes para a criação de jardins 
botânicos, normatiza o funcionamento desses , 
define seus objetivos e cria a Comissão Nacional 
de Jardins Botânicos -CNJB, com a finalidade 
assessorar a Secretaria Executiva do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente, 
CQNAMA, no acompanhamento e análise dos 
assuntos relativos a jardins botânicos. Esta 
resolução será objeto de detalhamento no 
Próximo capítulo. 

" Resolução CONAM A 287 de 30/08/2001 - 
Complementa a Resolução 266, delegando ao 
Eistituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio 

^“liiguésia 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 


47 

de Janeiro as competências do MMA relativas 
ao registro dos jardins botânicos e institui o 
registro e enquadramento provisórios. 

— Moção/CONAMA n.° 13 — Também sem 
força de lei, foi proposta pela CNJB e aprovada 
na reunião ordinária do CONAM A de 14/05/ 
2001, recomenda que em cada Estado da 
Federação, onde ainda não exista área definida, 
caracterizada e identificada como jardim 
botânico, sejam desenvolvidas ações nos níveis 
de governo estadual ou municipal. 

A Resolução CONAMA 266 e seu 
processo de implementação 

Um histórico da Resolução 
CONAMA 266 

No Processo n° 02001.000117/94-16/ 
1BAMA e MMA, estão registrados todos os 
documentos referentes à elaboração da 
Resolução 266, nele, encontram-se seis minutas 
de Projeto de Lei. propostas entre os anos de 
1992 e 1994, cujo exame permite observar 
como evoluiu a proposta. 

A primeira referência sobre a discussão 
de uma legislação específica para os jardins 
botânicos registrada, na folha 2 do Processo, é 
uma carta da Presidenta da Rede Brasileira 
de Jardins Botânicos- RBJB, datada de 25 de 
setembro de 1992, na qual convida os 
participantes do III Congresso Internacional de 
Conservação em Jardins Botânicos para uma 
palestra, "... finda a qual pretende-se extrair 
uma conclusão que permita definir diretrizes 
para a atuação dos jardins botânicos brasileiros 
e instituições afins”, fazendo parte da 
programação a discussão da legislação para 
jardins botânicos. 

Na folha 3 daquele processo, há a 
informação de que já havia sido discutido um 
documento preliminar a respeito, em janeiro de 
1992, durante o Congresso Nacional de 
Botanica, demonstrando que a preocupação 
em “normatizar as ações” dos jardins botânicos, 
no Brasil, é anterior à CDB. 

A idéia inicial era elaborar um Projeto de 
Lei, a ser encaminhado para aprovação pelo 
Congresso Nacional, com o objetivo de: 



SciELO/JBRJ 


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48 


Parreiras. O.M.U.S 


"... normalizaras ações deslas instituições, 
propondo condições mínimas de atividades a 
serem implantadas, coordenadas e fiscalizadas 
pelos órgãos nacionais de apoio à pesquisa e 
conservação ambiental.” (F1.03) 

A proposta de regulamentação dos jardins 
botânicos, embora tenha partido da iniciativa 
dessas próprias instituições, encontrou 
ressonância nos órgãos federais responsáveis 
pela elaboração e aplicação da política 
ambiental no País. O Ministério do Meio 
Ambiente e o 1BAM A colaboraram ativamente 
na formulação da Resolução 266. Dessa forma, 
e visto que incorpora diretrizes de conservação 
ratificadas pelo País, pode ser então 
caracterizada, antes de um mero instrumento 
normativo, como um instrumento de aplicação 
de uma política pública para jardins botânicos. 

Concebida inicialmente como um Projeto 
de Lei, a opção pela substituição do instrumento 
jurídico deveu-se à constatação de que o tempo 
decorrido para a sua edição seria 
significativamente menor do que para a edição 
da Lei, e ao entendimento de que tal solução 
atenderia da mesma forma aos objetivos 
propostos pelos jardins botânicos brasileiros, 
naquele momento. 

A substituição de instrumentos nao 
encontrou resistências, e coube ao Ministério 
do Meio Ambiente sua edição, por tratar-se a 
matéria de normas disciplinares para os jardins 
botânicos em geral, já que é deste (Ministério) 
a atribuição de formular a política nacional de 
meio ambiente. 

Anteriormente a proposta de Projeto de 
Lei já havia sido encaminhada ao CONAMA, 
para análise da Câmara Técnica de 
Ecossistemas e inclusão na pauta daquele 
Conselho, pois, em razão da abrangência e 
pertinência da matéria, fazia-se necessário 
ampliar a discussão entre os diversos setores 
envolvidos no assunto a fim de assegurar a 
eficiência e legitimidade da proposta. 

Em 29/07/99, foi encaminhada ao MMA 
a proposta de Resolução CONAMA elaborada 
durante a Assembléia Geral Ordinária da Rede 
Brasileira de Jardins Botânicos, de 21/07/99, 


no 50° Congresso Nacional de Botânica, em 
Blumenau, tendo sido aprovada, por consenso, 
pelos os jardins botânicos participantes. Cada 
item foi exaustivamente debatido, objetivando 
incluir na minuta de Resolução o que de mais 
atual se praticava na regulamentação de jardins 
botânicos, a nível internacional 

Finalmente, a Resolução/CONAMA 266 
foi aprovada em 03/08/2000 pelo CONAMA 
e publicada no Diário Oficial da União em 
27/09/00. 

Merece destaque uma questão que deixou 
de ser incorporada na versão da 266, encami- 
nhada para ser aprovada pelo CONAMA: a 
capacidade de ingerência, reservada aos jardins, 
nas áreas de entorno, prevendo, inclusive, o 
poder de exigir Avaliação de Impacto Ambiental 
- AIA e Relatório de Impacto Ambiental - 
RIMA, para os projetos a serem nela 
desenvolvidos. 

Tal ingerência foi prerrogativa dos jardins 
botânicos, considerados legal e explicitamente 
como Unidades de Conservação, até a 
publicação do Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação, SNUC: ao não estarem 
incluídos neste Sistema, e por não estar este 
aspecto contemplado na Resolução 266, os 
jardins botânicos perderam esta prerrogativa, 
importante para protegerem-se das 
perturbações antrópicas que os acometem, 
especialmente aqueles incrustados na malha 
urbana das grandes cidades. 

Merecem destaque, ainda, por sua 
relevância, dois pareceres a respeito da 
proposta de Resolução: o parecer da Câmara 
Técnica Permanente de Ecossistemas/ 
CONAMA, de 05/03/98 (F1.96), e o da 
Secretaria de Desenvolvimento Científico do 
MCT, 24/09/98 (Fl. 124). 

O primeiro, em seu último parágrafo 
registra que o instrumento julgado mais 
adequado para regular os jardins botânicos seria 
uma lei: 

“Tendo em vista, porém, a provável 
demora na promulgação da lei..., uma resolução 
do CONAMA poderá ser solução temporária 
adequada, com maior peso do que uma Portaria 





SciELO/JBRJ 


Rodnguisiu 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 



A regulamentação dos jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodiversidade 


do IBAMA, enquanto transitar o projeto de lei 
referente ao tema”. 

O segundo parecer sugere: 

caso haja aprovação da presente 
proposta de Resolução pelo CONAMA, seu 
posterior encaminhamento à Casa Civil da 
Presidência da República para avaliação da 
oportunidade de a matéria vir a ser objeto de 
Lei". 

A Resolução 266 - um instrumento para o 
desenvolvimento dos jardins botânicos 

A elaboração de um instrumento 
específico de regulamentação dos jardins 
botânicos brasileiros, materializado na 
Resolução CONAMA 266, foi um processo 
com duração registrada de 8 anos, de 1992 a 
2001 , no qual foi amadurecida uma forma que 
a qualifica como um instrumento para o 
desenvolvimento dos jardins botânicos numa 
perspectiva conservacionista. 

A definição legal dos jardins botânicos e 
de seus objetivos, passa a constituir um alvo, 
u m ponto de chegada para estas instituições, 
cujo trajeto é desenhado pelas categorias 
estabelecidas para sua classificação. 

Desta forma, a Resolução 266 passa a ser 
instrumento de uma estratégia de apoio e 
alavancagem dos jardins, na medida que os 
define legalmente numa perspectiva de 
conservação dos recursos florísticos do país, e 
estabelece seus objetivos em consonância com 
0 que é proposto como a missão global dessas 
•nstituições pelas Normas Internacionais de 
Conservação para Jardins Botânicos. 

A definição legal de um jardim botânico 
brasileiro é a seguinte: “...área protegida, 
constituída, no seu todo ou em parte, por 
coleções de plantas vivas cientificamente 
reconhecidas, organizadas, documentadas e 
■dentificadas, com a finalidade de estudo. 
Pesquisa e documentação do patrimônio 
florístico do país, acessível ao público, no todo 
° u em parte, servindo â educação, à cultura, ao 
lazer e â conservação do meio ambiente." 

Pela Resolução 266 um jardim botânico 
deverá ainda contar, preferencialmente, com 


49 

áreas anexas preservadas, em forma de 
arboreto ou unidades de conservação, visando 
completar o alcance de seus objetivos, assim 
estabelecidos: 

I - promover a pesquisa, a conservação, a 

preservação, a educação ambiental e o 
lazer compatível com a finalidade de 
difundir o valor multicultural das plantas 
e sua utilização sustentável; 

II - proteger, inclusive por meio de tecnologia 

apropriada de cultivos, espécies silvestres, 
ou raras, ou ameaçadas de extinção, 
especialmente no âmbito local e regional, 
bem como resguardar espécies econômica 
e ecologicamente importantes para a 
restauração ou reabilitação de 
ecossistemas; 

III - manter bancos de germoplasma ex situ 

e reservas genéticas in sim; 

IV - realizar, de forma sistemática e 

organizada, registros e documentação de 
plantas, referentes ao acervo vegetal, 
visando plena utilização para conservação 
e preservação da natureza, para pesquisa 
científica e educação; 

V - promover intercâmbio científico, técnico 

e cultural com entidades e órgãos 
nacionais e estrangeiros; 

VI - estimular e promover a capacitação de 

recursos humanos. 

Foi também criada pela Resolução 266, e 
posteriormente instituída pela Portaria 
Ministerial 287, a Comissão Nacional de Jardins 
Botânicos, CNJB, com a seguinte composição: 

I - dois representantes do Ministério do Meio 

Ambiente; 

II - dois representantes da Rede Brasileira 

de Jardins Botânicos; 

III - dois representantes do Ministério da 

Ciência e Tecnologia; 

IV - um representante da Sociedade Botânica 

do Brasil. 

Constando como atribuições dessa 
Comissão, além de deliberar sobre os pedidos 
de criação e enquadramento de jardins 


*°<lriguésia 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 



SciELO/JBRJ 


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5» 


Parreiras, O.M.U.S 


botânicos, monitorar e avaliar a atuação dessas 
instituições. 

Para classificar os jardins botânicos nas 
categorias “A”, “B” e “C", estabelecidas pela 
Resolução 266, a CNJB deverá observar 
critérios técnicos, por ela mesma definidos, que 
levem em conta a infra-estrutura, a qualificação 
do corpo técnico e de pesquisadores, os 
objetivos, localização e especialização 
operacional de cada instituição. 

Dentre outras questões importantes 
registramos, ainda, das deliberações dessa 
Resolução que: a importação, a exportação, o 
intercâmbio, bem como qualquer outra forma 
de acesso a vegetais ou a partes deles, oriundos 
da flora nativa ou exótica, pelos jardins 
botânicos, obedecerá â legislação específica, 
bem como a comercialização de plantas ou de 
partes delas . Estas questões estão sendo hoje 
reguladas pela MP 2 1 86 de 23/08/200 1 . 

A proposta de regulamentação dos jardins 
botânicos, embora tenha partido da iniciativa 
dessas próprias instituições, encontrou 
ressonância nos órgãos federais responsáveis 
pela elaboração e aplicação da política 
ambiental no País. O Ministério do Meio 
Ambiente e o 1BAMA colaboraram ativamente 
na formulação da Resolução 266. Dessa forma, 
e visto que incorpora diretrizes de conservação 
ratificadas pelo País, pode ser caracterizada, 
antes de mero instrumento normativo, como um 
instrumento de aplicação de uma política pública 
para jardins botânicos. 

A implementação da Resolução 266 

A medida inicial para a implementar a 
Resolução 266 foi a edição da Portaria/ MM A/ 
267, de 2000, que nomeou a CNJB. Essa 
Comissão é composta majoritariamente por 
entidades integrantes da estrutura do Poder 
Público, a quem compete regular a questão dos 
Jardins Botânicos, e sua estrutura e atribuições 
já foram anteriormente apresentadas. 

Em março de 20(31, na sua reunião de 
instalação, visando agilizar o processo, a CNJB 
decidiu solicitar ao MMA a delegação, para o 
JBRJ, das atribuições referentes aos 


procedimentos iniciais para o registro e 
enquadramento dos jardins botânicos. Essa 
delegação foi concedida pela Resolução/ 
CONAM A 287/2001. 

Nessa primeira reunião foi, ainda, 
aprovado o conteúdo do que viria a ser a Moção 
CONAM A n° 1 3. de 07/200 1 , já vista na parte 
sobre legislação, e criada uma secretaria 
técnica da CNJB, com a atribuição de apoiar e 
assessorar as atividades da Comissão. 

A busca de um método para 
enquadramento dos jardins botânicos 

A secretaria técnica da CNJB elaborou o 
estudo: “Subsídios para a Discussão de um 
Método de Enquadramento dos Jardins 
Botânicos, Segundo a Resolução 266/ 
CONAMA” (vide anexo2), com dupla 
finalidade: subsidiar a discussão da CNJB a 
respeito de um método e dos critérios para o 
enquadramento dos jardins botânicos e 
apresentar uma proposta para a comprovação 
documental dos processos, requerida por seu 
caráter cartorial. 

Tais subsídios foram elaborados a partir 
de um exercício feito, para o enquadramento 
do JBRJ na categoria “A", cuja metodologia 
constituiu na análise das possíveis interpretações 
de cada item da Resolução 266. obtidas em 
entrevistas realizadas junto a pessoas 
qualificadas para avaliar as condições do J BRJ 
em cada quesito. (Parreiras. 2001). 

Daquela análise foram geradas as 
observações e recomendações que subsidiaram 
a discussão da CNJB sobre como proceder ao 
enquadramento e definir a proposta de 
comprovação documental adotada para cada 
item de exigência. 

Os critérios para enquadramento são 
norteados pelo princípio de que cada jardim 
botânico tem uma missão própria, e esta 
determina sua estrutura, funcionamento e perfil. 
Dessa forma, é o caráter particular de cada 
instituição o balizador dos critérios para avaliar 
se ela atende, ou não, as exigências para 
enquadramento definidas na Resolução 266. 

Os esforços em desenvolver um caminho 





SciELO/ JBRJ 


Rodrigutsia 54 (83): 35-54. 2003 




A regulamentação tios jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de conservação da 
biodiversidade 


51 


possível para enquadrar os jardins botânicos, 
de acordo com a Resolução 266, permitiram 
concluirque: 

I - A missão institucional e o tipo de jardim 

devem ser considerados na definição dos 
critérios para enquadrar os jardins 
botânicos. 

II - A avaliação da maioria dos itens de 

exigências da Resolução 266, para cada 
uma das três categorias: A, B e C, deve 
ser fundamentada em critérios flexíveis, 
de forma a viabilizar o enquadramento de 
instituições com especificidades que 
guardam grandes diferenças. 

III - Deve ser evitado o risco de estreitar 

conceitos que aparecem nas exigências, 
tais como o de “quadro técnico”, entre 
outros, em definições que dificultariam ou 
inviabilizariam identificá-los em uma 
gama de instituições tão diversas. 

A estruturação de um sistema de registro 
para os jardins botânicos 

A Lei n 10.316, de 06/12/01, que 
transforma o JBRJ em autarquia federal, 
estabelece como sua atribuição “...controle c 
operacionalização do Sistema Nacional de 
Registro dos Jardins Botânicos”, o que vem 
consolidar o papel que lhe é atribuído pela 
Resolução 266. 

Assim, o registro e o enquadramento dos 
jardins botânicos, embora atrelados, pertencem 
a instâncias distintas de decisão: o 
enquadramento é atribuição da CNJB, mas o 
registro deverá ser emitido pelo Ministério do 
Meio Ambiente, através do JBRJ . 

O Sistema de Registro para Jardins 
Botânicos, que também foi submetido à 
a valiação da CNJB; prevê as ações e os 
•nstrumentos necessários à sua 
°Peracionalização e seu fluxograma engloba as 
a tividades do processo de enquadramento e 
r egistro. 

O sistema está sendo implementado no 
JBRJ. através do Sistema Nacional de Registro 
rios Jardins Botânicos, criado com a finalidade 
de abrigar a secretaria técnica da CNJB e, 

K °driguésia 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 


principalmente, atender às novas atribuições 
legais, que emprestam ao Instituto um caráter 
especial de agência reguladora. 

Implementando a Resolução 266 

As medidas implementadas, comentadas 
acima, traduzem o esforço da CNJB e do JBRJ 
para o cumprimento da Resolução 266. 0 prazo 
legal para os jardins botânicos, já existentes à 
época da edição desta Resolução, adequarem- 
se às novas exigências expirou formalmente no 
dia 03/08/2002. 

Para viabilizar o cumprimento desse prazo 
e garantir uma flexibilidade na aplicação da 
Resolução 266, capaz de transformá-la em um 
instrumento de incentivo ao desenvolvimento 
dos jardins botânicos, a CNJB adotou as 
seguintes medidas: 

- Decidiu que receberão registro provisório 
com enquadramento inicial na categoria C, todos 
os jardins botânicos que comprovarem atender 
a pelo menos seis dos itens de exigência para a 
categoria requerida. 

- Disponibilizou um produto, elaborado pela 
secretaria técnica, para orientar os jardins 
botânicos quanto aos procedimentos 
necessários à sua adequação legal, (anexo 4) 

- Definiu um prazo para requisição de registro 
e enquadramento: de 20/10/2001 à 04/03/2002. 

- O início da avaliação dos jardins botânicos, a 
partir do exame da documentação referente aos 
processos de registro e enquadramento, em 20/ 
03/2002. 

- A Comissão poderá decidir pelo exame in 
loco das condições dos jardins botânicos, 
sempre que achar conveniente para a maior 
clareza e objetividade do enquadramento. 

Por serem novos, tanto a Resolução 266, 
quanto o método para enquadramento e o 
próprio sistema de registro, ainda carecem de 
validação e do crivo da eficácia. 

A validade e eficácia destes instrumentos, 
inclusive da própria Resolução 266, puderam 
ser testadas, pela CNJB, na rodada de avaliação 
e enquadramento dos jardins botânicos, 
realizadas em março de 2002, quando foram 
examinados os processos dos jardins que 



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P urrei ras, O.M.U.S 


solicitaram o registro e enquadramento, para 
sua adequação legal . 

Das 31 instituições existentes no País que 
poderiam, a princípio, solicitar registro e serem 
classificadas enquanto jardins botânicos, 18 o 
fizeram. Este número foi avaliado, pela CNJB 
como bastante satisfatório. 

Para realizar o trabalho de avaliação a 
Comissão foi dividida em quatro equipes de dois 
conselheiros, sendo um deles o relator, e a cada 
uma coube o exame de um determinado número 
de processos. Aos relatores coube elaborar o 
parecer sobre o enquadramento, ou não, de cada 
instituição avaliada pela equipe. Finalmente a 
Comissão, reunida, discutiu cada um desses 
pareceres e emitiu um parecer oficial. 

Receberam o registro e enquadramento 
definitivo, na categoria B, quatro instituições e 
na categoria C uma. Foram enquadrados na 
categoria B: Jardim Botânico de Brasília, Jardim 
Botânico de Porto Alegre, Jardim Botânico da 
FZB de Belo Horizonte e o Instituto de 
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e 
na categoria C: o Jardim Botânico Museu de 
Biologia Melo Leitão, Santa Teresa, ES. 

Têm já garantido o registro e 
enquadramento provisório na categoria C - 
conferido pelo prazo de um ano àqueles Jardins 
Botânicos que alcançaram, na categoria 
requerida, pontuação igual ou maior do que seis; 
as seguintes instituições: Jardim Botânico de 
Lajeado. RS; Jardim Botânico Adelino Piva 
Júnior, Paulínia, SP; Jardim Botânico Municipal 
Francisca M G Rischbieter, Curitiba, PR; o 
Jardim Botânico de São Paulo, SP; o Bosque 
Rodrigues Alves e o Museu Paraense Emílio 
Goeldi, Belém, PA. 

Essas instituições poderão, até 30 de junho 
de 2002, solicitar novamente o enquadramento 
definitivo nas categorias antes requeridas, se 
assim desejarem. Neste caso, seus processos 
deverão ser complementados com informações 
que comprovem as necessidades de adequação 
recomendadas pela CNJB nessa primeira 
avaliação. Do contrário, daqui a um ano 
passarão por nova avaliação, para receberem, 
então, enquadramento definitivo. 


Outros sete jardins botânicos não puderam 
ser registrados, por não atenderem as 
exigências mínimas para registro e 
enquadramento provisório, ou por terem 
apresentado relatórios mal estruturados. Foi, 
ainda, recomendado o fechamento temporário 
de um deles, para reestruturação, e outro foi 
considerado em fase de implantação, podendo 
requerer novamente o registro no prazo de um 
ano. Os demais, no entanto, terão o tempo até 
30/06/02, para adequar seus relatórios e atender 
às exigências de registro e enquadramento. 

Aquelas instituições que não solicitaram 
o registro e enquadramento, no prazo 
estabelecido para esta primeira avaliação, 
poderão fazê-lo somente até 30/06/02, pois a 
CNJB necessita de tempo suficiente para fazer 
as novas avaliações, já que o prazo final, para 
adequação dos jardins botânicos já existentes, 
foi estabelecido para 03/08/2002, pela 
Resolução 266. 

Findo estes prazos, a Comissão informará, 
ao MMA e a todas as instituições que apoiam 
os jardins botânicos, a lista daqueles que 
deixaram de solicitar o registro, recomendando 
que não sejam acolhidas suas demandas. 
Informará, também, os que foram registrados 
e aqueles que não reuniram condições, ainda, 
para obter o registro neste processo de 
avaliação, mas que estarão buscando atender, 
para futuro registro e enquadramento, as 
recomendações da CNJB. 

Era provável, e desejável, que o processo 
evidenciasse , no momento de validação dos 
seus instrumentos, as fragilidades destes, bem 
como os caminhos para o seu aperfeiçoamento. 
As orientações para avaliar e elaborar os 
processos foram validadas, pela própria 
avaliação feita pela Comissão, c por inúmeros 
relatórios perfeitamente estruturados de acordo 
com elas. Quanto aos relatórios que caíram em 
exigências, era nítido que sua elaboração não 
seguiu aquelas instruções. 

A experiência evidenciou também a 
importância de aperfeiçoar a Resolução 266, 
na perspectiva de elaboração de um projeto de 
Lei para regulamentar os jardins botânicos. 

Rodriguisia 54 (83): 35-54. 2003 





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A regulamentação doa jardins botânicos brasileiros: ampliando as perspectivas de consen ação da 
biodiversidade 


53 


De plano, fez-se sentir a necessidade de 
estabelecer diferentes níveis de classificação 
em cada uma das categorias de enquadramento, 
pois da maneira como estão apresentadas 
provocam distorções importantes: acabaram 
tendo que ser enquadrados, na mesma categoria, 
jardins que, embora atendam formal mente os 
requisitos, apresentam condições e qualidades 
muito diferenciadas. O JBRJ, por exemplo, 
ficou no mesmo nível de jardins cuja estrutura 
é evidentemente muito inferior à sua. 

Desafios e propostas 

Como pretendemos ter demonstrado neste 
trabalho, a legislação ambiental brasileira está 
em construção - ora consolidando, ora 
apontando elementos para uma política nacional 
de meio ambiente, na mais ampla das 
perspectivas: de conservação da diversidade 
biológica e sustentabil idade do uso dos recursos 
naturais e do desenvolvimento. 

Desta forma, é possível ver a Resolução 
266 como um ponto de partida. Isto traz o desafio 
de encontrar resposta para questões como: 

~ Qual a consequência para as instituições que 
não se registrarem, ou não alcançarem as 
condições para enquadramento, além do risco 
das sanções legais previstas para o não 
cumprimento de norma federal? 

~ Qual a importância da normatização das 
a tividades dos jardins botânicos, frente aos 
Problemas que o país enfrenta em relação à 
biopirataria, ao acesso aos recurso s 
fiorísticos e à justa repartição dos benefícios 
deles advindos, por exemplo? 

~ Como estender aos jardins botânicos as 
Prerrogativas das Unidades de Conservação 
relativas à capacidade de ingerência no seu 
e ntorno c ao acesso aos recursos oriundos das 
ni ultas por crimes ambientais? 

" Como promover os meios para o fomento do 
Seu desenvolvimento institucional e científico? 

As respostas para essas questões, suscitadas 
Rela análise do processo de regulamentação dos 
Jardins botânicos, virão deste próprio processo. 

entanto, alguns caminhos já podem ser 
apontados: 

Rodrigufsia 54 ( 83 ): 35 - 54 . 2003 


- Resgatar as propostas de transformar em Lei 
a regulamentação dos jardins botânicos, fazendo 
os ajustes necessários, que a experiência da 
aplicação da 266 vier a apontar. 

- Incorporar nessa lei as prerrogativas das 
Unidades de Conservação: de ingerência na 
área de entorno e acesso aos recursos advindos 
da multas por crimes ambientais, além de outras 
que sejam convenientes para os propósitos de 
seu desenvolvimento institucional. 

- Estimular a realização de estudos sobre os 
diversos aspectos implicados no 
desenvolvimento dos jardins botânicos: 
institucionais, administrativos, recursos 
necessários (financeiros, tecnológicos e 
científicos). 

- Dar consequência prática à atribuição legal 
do JBRJ. Lei 10.316, de 06/ 12/2001, efetivando 
o Programa de Apoio à Criação, Implantação 
e Desenvolvimento para os Jardins Botânicos, 
a partir das soluções que o próprio processo de 
avaliação aponta. 

CONCLUSÃO 

A Resolução CONAMA 266 deve ser 
vista e entendida à luz das principais questões 
ambientais que compõem o momento histórico 
no qual vivemos. Muito além de um mero 
instrumento normativo, ela deve ser entendida 
como um elemento importante para o 
desenvolvimento dos jardins botânicos, na 
perspectiva colocada pela necessidade da 
conservação da diversidade biológica e da 
promoção do uso sustentável dos recursos 
naturais. 

Vista assim, pode ser considerada como 
indicativa de um ponto de chegada para o 
desenvolvimento dos jardins botânicos: na 
medida em que estabelece parâmetros para a 
sua classificação, aponta, indiretamente, os 
meios para alcançá-los, permitindo visualizar 
essa chegada em horizontes de tempo 
diferenciados, de acordo com as possibilidades 
de cada instituição. 

Por outro lado, pode ser vista como um 
ponto de partida, na medida em que é 
importante trabalhar pelo aperfeiçoamento da 



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cm 


54 Parreiras, O.M.U.S 


legislação ambiental brasileira e, nesta, a 
legislação específica dos jardins botânicos. 

É importante salientar que o processo de 
enquadramento colabora efetivamente para o 
desenvolvimento dos jardins botânicos 
brasileiros, na medida em que o caminho 
escolhido pela CNJB, para analisar essas 
instituições, permite apontar soluções para 
grande parte dos problemas por elas 
enfrentados. 

Finalmente, cabe reafirmar que 
implementar estratégias de conservação implica 
na combinação de políticas, ações e saberes 
diversos, bem como numa estruturação 
institucional capaz de sustentar essa 
implementação; c que somente a vontade 
política e o compromisso com a conservação e 
a sustentabilidade poderão garantir a 
formulação e o uso de uma legislação 
regulatória como instrumento impulsionador de 
políticas públicas para o desenvolvimento 
institucional dos jardins botânicos. 

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Rodn^ufiiu 54 ( 83 ): 35 - 54 . 3003 


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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) 

no Brasil 


Angela Maria Studart da Fonseca Vaz 1 
Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi 2 


RESUMO 

Este trabalho fornece chave para identificação, sinonímia, descrição, distribuição 
geográfica e habitat, comentários sobre taxonomia para 35 espécies e 4 variedades de Bauhinia 
sect. Paulelia ser. Cansenia, nativas no Brasil. Além disso, o capítulo introdutório oferece 
um estudo preliminar dos caracteres morfológicos e relação inter-específica dos táxons 
estudados. O tratamento taxonômico é baseado em mais de 1.200 coleções e também em 
várias duplicatas destas coleções depositadas em mais de 60 herbários. Os caracteres 
taxonômicos também foram observados em árvores de 3 espécies cultivadas no Instituto de 
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Observações de campo foram feitas nos estados 
do Rio de Janeiro, Bahia, Goiás e no Distrito Federal. Duas novas ocorrências - B. cinnamomea 
e B. conwayi - são relatadas para o Brasil. Três novas combinações para as variedades de 
B. ungiilata são propostas. Vinte e nove sinônimos taxonômicos (heterotípicos) são aceitos, 
destes, 25 são apresentados pela primeira vez. A distribuição dos táxons de Bauhinia ser. 
Cansenia no Brasil foi assinalada em 9 mapas. Dezenove pranchas ilustrativas são 
apresentadas. 

Palavras chaves: Leguminosae, Bauhinia, Taxonomia, Brasil 


ABSTRACT 

This treatment provides a key to identification, synonymy, description, geographic 
distri bution and habitat, taxonomic comments for 35 species and 4 varieties of Bauhinia sect. 
B auletia ser. Cansenia, native to Brazil. Besides this, the introdutory chapter offers a 
Preliminary study of the morphological characters and interspecific relationship of studied 
taxa. The taxonomic treatment presented is based on more than 1200 herbarium collections 
and several duplicates (sheets) of most of these collections of more than 60 herbaria. Taxonomic 
characters were also observed on trees of 3 species cultivatcd at Instituto de Pesquisas 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Field observations were made at Rio de Janeiro, Bahia, 
Goiás States and Federal District. Two new occurrences of species for Brazil - B. cinnamomea 
e B. conwayi - are recorded. A new name (replacement name) - Three new combinations 
a re proposed. Twenty nine taxonomic (heterotypic) synonyms are accepted and 25 of them 
af e presented here for the first time. The distribution of the studied taxa of Bauhinia ser. 
Cansenia is shown in 9 maps. Nineteen illustrative plates are presented. 

Jvey words: Leguminosae, Bauhinia, Taxonomy. Brazil 


'• unda^ão Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Pesquisador conveniado do Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão 9 1 5, CEP 22460-030. Rio de Janeiro. RJ. Brasil, email: amvaz@jbrj.gov.br 
Universidade Estadual de Campinas. Inst. Biologia. Depto. Botânica, Cx. Postal 6 109, CEP 13081-970. Campinas, SP. 
Brasil. 



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56 Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.GA. 


INTRODUÇÃO 

Bauhinia Plum. ex L. é um gênero 
pantropical, com cerca de 300 espécies, 
pertencente à Leguminosae, subfamília 
Caesalpinioideae, tribo Cercideae (Wunderlin, 
Larsen & Larsen, 1987). Bentham (1870) tinha 
revisado as espécies brasileiras do gênero 
Bauhinia, com base nos tratamentos anteriores 
de Bongard (1836) c Vogei (1839), 
acrescentando ainda várias espécies novas. 
Reconheceu 64 espécies distribuídas em 3 
seções, sendo uma delas a seção Pauletia. Um 
levantamento da situação atual do 
conhecimento do gênero Bauhinia no Brasil 
encontra-se em Vaz (2001). Verificou-se que 
as noventa e oito espécies de Bauhinia do 
Brasil enquadram-se, agora, em seis seções: 
Amaria (S. Mutis) Endl., Bauhinia, Bcnthamia 
Fortunato & Wunderlin, Caulotretus DC.. 
Pauletia (Cav.) DC. e Schnella ( Raddi ) Benth., 
correspondentes a três dos quatro subgêneros 
propostos por Wunderlin, Larsen & Larsen 
(1987). 

O táxon Pauletia foi proposto inicial mente 
na categoria de gênero por Cavanilles (1799). 
A seção Pauletia foi proposta por De Candolle 
( 1 825). A seção Pauletia pode ser reconhecida 
pela combinação dos seguintes caracteres: 
androceu apresentando filetes conados na base, 
formando internamente uma coluna irregular, 
curta e com apêndices Iigulares conspícuos ou 
rudimentares (obsoletos) até ausentes: grãos 
de pólen, em geral, com sexina reticulada e com 
processos gemóides supratectais. 

Wunderlin, Larsen & Larsen (1987) 
estabeleceram 5 novas séries sob a seção 
Pauletia, no subgênero Bauhinia'. 1. Bauhinia 
ser. Cansenia (Raf.) Wunderlin, Larsen & 
Larsen; 2. Bauhinia ser. Acuminatae 
Wunderlin, Larsen & Larsen; 3. Bauhinia ser. 
Ariaria (Cuervo Marques) Wunderlin, Larsen 
& Larsen; 4. Bauhinia ser. Pentandrae 
Wunderlin, Larsen & Larsen e 5. Bauhinia ser. 
Perlehia (Mart.) Wunderlin, Larsen & Larsen. 

Vaz & Tozzi (2(X)3) propuseram uma nova 
circunscrição para Bauhinia ser. Cansenia com 
a criação de uma nova série, Bauhinia ser. 


Aculeatae Vaz & A.M.G. Azevedo. A 
circunscrição de Bauhinia ser. Cansenia 
emendavit Vaz & A.M.G. Azevedo coincide 
com o primeiro dos grupos informais da seção 
Pauletia (Bentham, 1870: espécies 1- 29), 
porém, com exclusão de B. marginara e com 
inclusão de B. cheilantha, tratada por Bentham 
em um outro grupo e ainda, com acréscimos 
de novas espécies descritas posteriormente. 

O objetivo do presente trabalho é 
apresentar a primeira parte de uma revisão de 
Bauhinia sect. Pauletia no Brasil, 
correspondente ás espécies da série Cansenia. 

Bauhinia ser. Cansenia é claramente um 
grupo bem definido e reconhecido pelo tipo de 
inflorescência terminal afila, aqui denominada 
pseudo-racemo com brácteas foliáceas, além 
da bráctea floral e respectivas bractéolas, 
associado a grãos de pólen do tipo 3-(4-) 
colpados, angulo-aperturados. 

MATERIAL E MÉTODOS 

Foram consultados espécimes 
herborizados, procedentes dos seguintes 
herbários, aqui citados pelas siglas, de acordo 
com Holmgren et al. (1990): ASE, HCB, 
BI IMH, BM. BOTU, C, CEN. CEPEC. CEUL. 
CGMS, CH. CPAP, CRI, CTES, CVRD. E, 
EAC. ESA, F, FACB, FUEL, GRAH, GUA, 
MAC, MB. HEPil, HISA. HRCB, HRB. 
HUEFS, HUFU, IAC. IAN, ISA. IBGE. INPA, 
IPA, JPB, K. MBM, MBML, MEXU. MG, 
MO. NX. NY. OXF, OUPR. P, R. RB. RBR. 
RFA, RUSU. S, SI. SINU, SJRP. SP. SPF. 
SPFR. UB. UEC, UFG, ULM. US, VIC e W. 
Além disso, foram examinadas fotografias de 
tipos nomenclaturais enviadas pelos herbários 
A, B, F, K. LE, M, MA e NY. Procedeu -se. 
então, à revisão dos nomes dos táxons de 
acordo com o Internacional Code of Botanical 
Nomenclature (Greuter et al. 2000) c, em 
seguida, á sinonimização daqueles não aceitos. 

Os trabalhos de campo, realizados no ano 
1 996, tiveram o objetivo de observar a variação 
morfológica e de associar os diferentes hábitos 
com o tipo de habitat, dentro de um determinado 
contexto fitogeográfico de cerrado (Goiás e 

Kodríguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser. Canscnia ( Legitminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


57 


Reserva Ecológica do IBGE, no Distrito 
Federal) e Floresta Atlântica (Bahia, Rio de 
Janeiro). As coleções Vaz et al. foram 
depositadas nos herbários IBGE, RB e UEC. 

Os principais caracteres diagnósticos 
foram ilustrados com auxílio de câmara clara 
Ze iss. As pranchas apresentadas foram 
confeccionadas em nanquim, pelas ilustradoras 
Aline de Souza Oliveira e Glória Gonçalves. 

As informações sobre a distribuição 
geográfica, ecologia, floração e frutificação 
foram obtidas nas etiquetas dos espécimes 
estudados e a partir de observações de campo. 
No item distribuição geográfica e habitat é dada 
a ocorrência das espécies, por Folha Geográfica 
IBGE ( 1 960). A ocorrência por folha foi obtida 
indiretamente, a partir da localidade de 
ocorrência de cada espécime, através de 
consulta ao índice dos Topônimos Contidos na 
Carta do Brasil (Vanzolini & Papavero, 1968). 
Uma relação completa do material examinado 
pode ser consultada em Vaz (200 1 ). Além disso. 
Pontos selecionados para cada espécie foram 
assinalados no mapa Flora Neotropica 103. 

A citação de exsicatas no texto se dá 
através da abreviatura col., seguida do nome 
do coletor principal e respectivo número da 
coleção. A lista de exsicatas examinadas está 
no Anexo 1. 

Os tipos de indumento foram adotados 
segundo o glossário de termos de Steam (1973) 
e Rayne (1978). O termo legume é adotado no 
sentido amplo (Dudik, 1981: ver, também, 
Barroso et al. 1 999). As medidas de caracteres 
loliares foram extraídas de ramos fioríferos ou 
frutíferos, não se levando em consideração 
caracteres em ramos estéreis de rebrotos. Os 
caracteres frutíferos correspondem aos de 
frutos já desenvolvidos. O entrenó distai é aqui 
definido como a distância entre as duas folhas 
a picais (distais) do ramo estéril. O pedúnculo é 
Apresentado pela distância entre a folha distai 
e a bráctea foliácea (ou folha reduzida) 
■mediatamente abaixo do par proximal de flores 
geminadas. As medidas do pedicelo, hipanto, 
Pc*ala, coluna estaminal foram realizadas na llor 
aberta, ainda com pétalas. A medida da largura 

K,t, lriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


do botão floral corresponde sempre à parte 
mais larga do botão na pré-antese. O 
comprimento da coluna estaminal foi medido 
internamente, tendo como referência a inserção 
das sépalas inferiores e a altura máxima da 
coluna. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Hábito, forma de vida e sistemas 
subterrâneos 

As espécies de Bauhinia ser. Cansenia 
são lenhosas e eretas, às vezes, com ramos 
flexíveis apoiantes, mas nunca são lianas com 
gavinhas. A casca das formas arbóreas é 
pardoacinzentada, geral mente com manchas 
liquênicas, longitudinalmente fissurada, com 
estrias transversais pouco nítidas não chegando 
a formar escamas. 

As formas de vida apresentadas pelos 
indivíduos de Bauhinia ser. Cansenia, foram 
observadas em viagens de campo. Em 
formações florestais os indivíduos adultos 
apresentaram o hábito de arvoretas, 
correspondendo a microfanerófitos, comumente 
entre 5 e 15 metros de altura. Em formações 
campestres e nos cerrados abertos submetidos 
a queimadas periódicas, eram tipicamente 
subarbustos sensu Rizzini (1976: p. 295) 
geralmente entre 0,5 e 2 metros, 
correspondendo também aos xeromórfitos de 
Ve!oso(1992). 

A tendência à redução do porte, expressa 
pela forma de subarbusto com xilopódio 
(xeromórfito) em algumas espécies é aqui 
evidenciada como um caráter exclusivo para 
a série Cansenia, portanto ausente nas demais 
séries e, possivelmente, em todo o gênero 
Bauhinia. O xilopódio é um órgão subterrâneo 
tuberculoso-lenhoso encontrado em plantas dos 
campos e campos cerrados do Brasil (Rizzini 
& Heringer, 1961. 1962; Rizzini. 1965). A parte 
apical do xilopódio. que fica exposta na 
superfície do solo, possui forte capacidade de 
emitir novas gemas adventícias que produzem 
periodicamente novos ramos aéreos após a 
estação seca e/ou queimadas. Algumas 
espécies de Bauhinia ser. Cansenia, quando 



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cm 


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Vaz. A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.G.A. 



Figura 1 - Xilopódio e nectário extrafloral em Bauhinia ser. Cansenia: Bauhinia dumosa var. viscidula ( Marquctc 2121): 
a: Xilopódio. do qual se originam diversos ramos aéreos e que se continua em raiz. horizontal que corre paralela à 
superfície, procedente de campo cerrado, no Distrito Federal. Bauhinia rufa ( Marquctc 2 1 23): b: Espécime herborizado, 
com xilopódio e ramo frutífero, procedente do cerrado do Distrito Federal. Bauhinia curvula (foto M. H. Rezende): c: 
Nectário extrafloral na base do pecíolo; n = nectário extrafloral; e = estipula. 


na forma subarbustiva apresentam xilopódios 
cuja morfologia externa pode ser específica. 
Por exemplo, Bauhinia rufa e B. Iwlophylla 
apresentam xilopódio robustos, enquanto B. 
dumosa var. viscidula apresenta xilopódio 
delgado (Figs 1 a, 1 b). Os indivíduos 
subarbustivos, portadores de xilopódio 
observados em uma população de B. 
Iwlophylla em Brasília (leg. Vaz 917) eram 
interligados em série por um sistema 
subterrâneo secundário, de calibre mais finò e 
que corria paralelamente e próximo da 
superfície e do qual partiam rebrotos aéreos de 
espaço a espaço. Esse modo de propagação 
vegetativa foi estudado para Casearia 
sylvestris, admitindo-se a existência de 


populações clonais (Paviani & Magalhães, 
1996). 

Nas áreas antropizadas foram encontradas 
formas de resistência, arbustivas multicaules por 
rebrotamento. Os indivíduos, nessa forma 
foram encontrados em capoeiras, ao longo de 
estradas de terra ou. ainda, como invasores de 
pastos e, em terrenos baldios. 

Padrões de desenvolvimento dos ramos e 
período de floração 

Observações realizadas em indivíduos 
adultos de Bauhina cupulata, B. longifolia e 
B. ungulata mostraram que o desenvolvimento 
dos ramos novos segue o ritmo das estações 
seca ou chuvosa. Durante a estação chuvosa. 

Kodriguesia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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ocorre a reativação das gemas adventícias 
apical e/ou laterais e observa-se o início do 
desenvolvimento de ramos novos. Em um dado 
momento, após o alongamento dos entrenós, da 
expansão e crescimento de uma série de novas 
folhas, sem solução de continuidade, as gemas 
superiores passam a emitir a parte férti 1 do ramo 
com uma sucessão de botões florais formando 
um tipo de inflorescência afila, a qual foi 
denominada pseudo-racemo por Urban (1885). 
Aqui, o desenvolvimento das folhas é 
drasticamente reduzido ou cessa ou, ainda, são 
produzidas apenas folhas atrofiadas (vestígios 
foliares) até, paulatinamente, serem emitidas 
brácteas de primeira ordem (brácteas 
foliáceas). Na estação seca, após a floração, 
maturação dos frutos e liberação das sementes 
a parte fértil dos ramos, desenvolvida na estação 
chuvosa anterior, transformada em raque do 
pseudo-racemo, definha, seca e cai, enquanto 
a parte estéril inferior do ramo sofre caducifolia 
gradativa. No início da estação chuvosa seguinte 
novas gemas adventícias são reativadas 
originando novos ramos, que sofrerão os 
mesmos processos de floração, frutificação e 
definhamento na estação seca posterior. Nas 
espécies observadas não ocorre reativação de 
crescimento vegetativo na região distai dos 
eixos já floridos, devido à adaptação deste eixo 
a função de raque da inflorescência. As 
urvoretas de Bauhinia cupidata, B. longifolia 
e B. ungulala apresentaram um período de 
floração entre seis e sete meses de duração. 
Neste período, inclui-se cerca de 3 meses 
correspondentes ao intervalo entre o 
desenvolvimento dos botões muito jovens até a 
a bertura das duas primeiras flores. 

Neetários extraflorais e Acúleos 

Os ncctários extraflorais em Bauhinia ser. 
Cansenia são projeções não-pungentes e 
secretoras, ocorrentes aos pares e envolvidas, 
crT1 parte, pela porção basal da estipula. São 
encontrados, também, em espécies das séries 
Ac/ nninatae e Ariaria. Na série Cansenia os 
ne etários são pouco robustos até rudimentares 
e medem entre 0,5- 1,5 mm. Os neetários 

“*** riguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


extraflorais também são encontrados no eixo 
dos pseudo-racemos partindo de brácteas de 
primeira ordem (bráctea foliácea) e exibindo 
diferentes formas de acordo com as espécies. 

Bentham (1870) não distingiu acúleo de 
nectário, sendo este último denominado de 
“acúleo obsoleto”. Pijl (1952: p. 292) apontou 
que em uma espécie americana, não 
identificada, a estrutura semelhante ao acúleo 
era na verdade representada por uma estrutura 
secretora de néctar (“a néctar secreting 
thread”). Rezende et al. (1994) ao estudar a 
anatomia foliar de B. curxnila, reconheceu, junto 
às estipulas, um par de neetários extraflorais 
(Fig. 1 c). Considera-se aqui, na ausência de 
referência a estudos estruturais, a presença/ 
ausência de neetários extra-florais como um 
caráter taxonômico ao nível de série, não 
homólogo ao caráter presença/ausência de 
acúleos. 

Os acúleos faltam completamente, sem 
formas transitórias ou rudimentares, em 
Bauhinia ser. Cansenia e, também, faltam nas 
séries Acuminatae e Ariaria. Os acúleos, no 
gênero Bauhinia só ocorrem nas séries 
Aculeatae, Perlebia e Pentandrae (Fig. 4 c). 

Indumcnto 

Dois tipos de tricomas - glandulares e 
tectores - são encontrados no indumento 
presente nos ramos jovens, pecíolo, dorso da 
folha, no eixo da inflorescência e no botão floral 
da maioria das espécies de Bauhinia sect. 
Pauletia. Os tricomas glandulares (“boat- 
shaped trichomes”) são estruturas infladas, 
afundadas na epiderme e, com forma 
naviculada, composta de um pedicelo curto e 
uma "cabeça multicelular — com uma só 
camada celular formada por células poligonais 
em vista superficial, as quais delimitam uma 
cavidade onde se acumulam substâncias 
secretadas ou óleos essenciais (Solereder, 1908; 
Rezende et al. , 1994; Donato. 1995). Foram 
ilustrados pela primeira vez, com base em 
Bauhinia brevipes (Solereder, 1908: Fig. 63 c) 
e por Metcalf & Chalk (1950: Fig. 109 c). Os 
tricomas glandulares naviculados observados 



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tt;;:, A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.G.A. 



Figura 2 - Tipos de indumento cm Bauhinia ser. Cansenia (a-f). a: piloso; b: pubcsccntc. Note as glândulas naviculadas, 
ocasionalmente presentes; c; hirsuto; d; viloso; e: pubcrulo; f: hirsútulo. Estipula e margem foliar em Bauliinia ser. 
Cansenia (g-j). B. cheilantha (Malmc 2627): g: Estipula semilunar; B. smilacifolia (Gardner 3698): h: Margem elevado- 
proeminente; B. grandifolia (Duckc 23419): i: Infra-nervifonne; B. cupidata (Gardner 2529): j: Não aplanada. 


cm 



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Rndriguéiia 54 (83): 55-143. 2003 




Bauhinia ser. Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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em folhas de B. curvula por Rezende et al. 
(1994: fig 7) têm estrutura semelhante aos de 
B. brevipes. Os tricomas tectores são 
filamentosos, simples, unisseriados e 
multicelulares e foram estudados em folhas de 
Bauhinia cu nula (Rezende et al., 1994). 

Autores do século XIX, em especial 
Bongard ( 1 838), Vogei ( 1 839) e Bentham ( 1 870) 
utilizaram o caráter tipo de indumento foliar e, 
ocasionalmente, de partes florais no diagnóstico 
de novas espécies. Com o aumento das 
coleções tem-se observado que o caráter 
indumento é de difícil aplicação para o nível de 
espécie, pois é de difícil definição, é instável, 
isto é, não ocorre de maneira constante nos 
espécimes examinados e apresenta 
variabilidade de tamanho, cor e qualidade em 
espécimes procedentes, de uma mesma 
localidade. 

Os tipos de indumento ou ausência deste, 
observados na face inferior da folha das 
espécies estudadas em Bauhinia ser. 
Cansenia, sob a lupa estereoscópica (objetiva 
3.2x) revelaram três padrões de ocorrência: 

*■ Indumento ausente (face inferior glabra), 
por exemplo em Bauhinia platyphylla e 
B. smilacifolia; 

2. Indumento formado por tricomas apressos: 
pubescente, se curtos e esparsos (Fig. 2 b) 
ou pubérulo, se curtíssimos e esparsos (Fig. 
2 e); ou tomcntclo, se em maior concentração; 
3- Indumento formado por tricomas não 
apressos: hirsuto - tricomas patentes, 
longos e concentrados (Fig. 2 c); piloso - 
tricomas longos e esparsos (Fig. 2 a); viloso 
~ tricomas de tamanho intermediário e 
fiexuosos (Fig. 2 d); hirsútulo - tricomas 
menores c não fiexuosos como em B. 
eheilantha (Fig. 2 0; ou, tomentoso - 
tricomas mais adensados, como em B. 
duniosa e B. malacotrieha. 

Os padrões detectados, glabro, tricomas 
a Pressos, tricomas não apressos 
c °rrcsponderam, na prática, a três grupos de 
es pécies na série Cansenia, mas o 
^‘conhecimento dos tipos qualitativos de 
lr| dumento é difícil, devido às nuances entre um 

Ro,ir >gutsia 54 (83); 55. |43 2003 


tipo de indumento e outro. Além disso, em 
algumas espécies foi detectado mais de um tipo 
de indumento, em espécimes diferentes. 

Folha 

A folha no gênero Bauhinia é 
inconfundível por apresentar nervação 
palmatinérvea, associada ao pecíolo com duas 
articulações: uma articulação basal (pulvino 
primário) e uma articulação apical junto à 
lâmina (pulvino secundário). Além de uma 
articulação na base da lâmina, denominada 
almofada motora (“special motile cushions” or 
“laminar joints”), responsável pelos movimentos 
nictinásticos singulares; e ainda um mucro - 
apical ou situado entre os folíolos, no caso de 
separação total destes (Pijl, 1952). Uma 
maneira prática de distinguir Bauhinia de outros 
gêneros com folha bifoliolada, é que em 
Bauhinia nunca há peciólulos perfeitamente 
individualizados, como ocorre em Hymenaea 
e Peltogyne. Não existe unanimidade entre os 
autores - chamados “fusionists” ou “splitters" 
por Pijl (1952), sobre o caminho evolutivo da 
folha em Bauhinia, daí a dificuldade em 
interpretar a folha de Bauhinia, do ponto de 
vista da composição foliar. Uma sugestão 
interessante é a de Watari apud Pijl (1952), de 
que as folhas de Bauhinia e Cercis podem ser 
classificadas como um caso derivado de folhas 
compostas palmadas multifolioladas. Aqui, 
optamos por adotar a tese fusionista - 
considerando a folha de Bauhinia como uma 
forma derivada de folha composta bifoliolada, 
cujos folíolos se apresentam fusionados em 
distintos graus ou, são livres entre si e, cujos 
peciólulos foram suprimidos. 

Para efeito de padronização da descrição 
morfológica em Bauhinia ser. Cansenia 
adotamos os seguintes termos: 1 ) folhas inteiras 
- correspondentes a folhas aparentemente 
simples, devido ao fusionamento total de ambos 
os folíolos; 2) folhas bilobadas - folíolos 
concrescidos (fusionados) em mais de 1/3 até 
2/3 ou menos do comprimento total do folíolo; 
ou ainda 3) folhas bifolioladas, quando o pecíolo 
apresenta o mucro situado no ápice do pulvino. 



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Vaz. A.M.S. da F e Tozzi. A.M.GA. 


separando totalmente os folíolos. As espécies 
do primeiro grupo podem apresentar ápice 
emarginado ou muito curtamente bilobado, as 
espécies do terceiro grupo podem apresentar 
os folíolos concrescidos na base, geralmente 
em um comprimento menor que 1/3 do 
comprimento total do folíolo. O caráter grau de 
bipartição deve ser aplicado com ressalvas, pois 
algumas espécies com folha inteira podem 
apresentar, no mesmo espécime, folhas 
emarginadas a curtamente bilobadas. Do 
mesmo modo, as espécies com folhas 
bifolioladas podem apresentar folhas com lobos 
concrescidos apenas na base. 

O comprimento das folhas em Bauliiniii 
ser. Cansenia varia desde cerca de 1 cm, em 
li. tenella, até o de 32 cm em B. bombaciflora. 
Não foram detectadas descontinuidades 
marcantes entre os intervalos de valores, 
referentes às dimensões foliares. No entanto, 
as espécies com folhas bifolioladas apresentam 
folhas menores, por exemplo B. tenella , B. 
ciirvula e B. dumosa. De modo geral, 
espécimes procedentes da floresta amazônica, 
de área úmidas e sombrias, apresentam folhas 
tênue-cartáceas, com ápice acuminado e 
nervação pouco proemimente na face inferior. 
Por outro lado, espécimes procedentes de áreas 
campestres e de cerrado aberto apresentam 
folhas coriáceas, com ápice obtuso a 
arredondado ou sublruncado. 

As espécies de Bauhinia ser. Cansenia 
podem ser divididas em três grupos quanto a 
nervação na face inferior da folha: 1 : Espécies 
com nervação primária (“nervos”, sensti 
Bentham, 1 870), nervação secundária (“veias". 
sensu Bentham 1870) e nervação terciária 
(“vênulas", sensu Bentham 1870) todas muito 
proeminentes a proeminentes, como em B. 
bombaciflora e B. cupulata. 2: Espécies com 
nervação secundária e terciária mais ou menos 
proeminentes a pouco proeminentes, como cm 
B. acuruana e B. cbeilaniba. 3: Espécies 
com nervação primárias secundárias c 
terciárias pouco proeminentes a imersas, como 
em B. cunitla, B. tenella, B. ungulata. 

Bauhinia smilacifolia é a única espécie 


que apresenta nervura marginal proeminente 
("nerviforme cincta" segundo Bentham, 1870) 
(Fig. 2 h), B. cinnamomea, B. grandifolia e 
B. urocalyx têm nervura marginal elevada só 
na face inferior, ou seja, apresentam nervura 
marginal infra-nerviforme (Fig. 2 i); B. cun ula, 
B. pulchella têm nervura marginal aplanada, 
isto é em um mesmo plano que as nervuras 
secundárias e as espécies restantes, apresenta 
nervura marginal inconspícua (Fig. 2 j). 

Estipulas 

As estipulas em Bauhinia ser. Cansenia 
são submilimétricas e ditas rudimentares ou não 
foram vistas em 16 espécies estudadas. Quando 
plenamente desenvolvida, a forma da estipula 
pode constituir-se em um caráter para 
reconhecimento ao nível específico, como em 
B. cheilantha (Fig. 2 g), porém, as estipulas 
podem não estar presentes em alguns 
espécimes. Em B. ungulata var. ungulata as 
estipulas são também únicas, e apresentam 
formato ovado-lanceolado, oblanceolado ou 
falcado-oblongo, mas, também podem faltar ou 
serem precocemente caducas. Outros formatos 
de estipulas ocorrem, ocasionalmente, em 
grupos de espécies como, por exemplo, a forma 
assimétrico-subovada em B bombaciflora e B. 
cupulata. Um outro grupo de espécies 
apresenta estipula desde ianceolada a linear, 
como em B. acuruana. Em B. caloneura a 
base da estipula é concrescida com um vestígio 
de nectário. Em B. conwayi a base da estipula 
é assimetricamente dilatada, devido ao volume 
apresentado pelo nectário extraflora! bem 
desenvolvido. 

Inflorcscência 

Em Bauhinia ser. Cansenia, a 
inflorcscência é composta de um “eixo 
principal” onde estão inseridas, sucessivamente, 
as inflorescências parciais, constituídas, em 
geral, de um par de flores geminadas. Uma das 
llores do par é sempre “mais velha" que a dor 
companheira (Fig. 3 a). Esse tipo de 
inflorescência foi descrito como “racemo 
terminal áfilo” (Bentham 1870) e por Urban 

Rodrigufita 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


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Bauhinia ser. Cansenia (Legitminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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(1885) como “scheintraube” (pseudo-racemo). 
Trata-se de uma estrutura altamente 
especializada, onde as flores geminadas são 
dispostas em plano frontal ao da inserção das 
folhas ou da bráctea foliácea, estas inseridas, 
lateralmente, a cada 180°. Os segmentos 
sucessivos do eixo da inflorescência, região 
correspondente aos entrenós florais, sofrem 
torção acentuada, ora à esquerda, ora à direita. 
Além disso, o eixo apresenta dorsiventral idade 
acentuada, como por exemplo, em B. longifolia 
(Figs. 3 b, c). O número básico de flores, em 
cada inflorescência parcial é três, ou seja, há 
evidências de que a inflorescência parcial 
original seria composta de uma tríade. Esse 
número, no entanto, pode variar, em diferentes 
espécies, desde uma flor, constituindo-se 
niônades, como em B. bombaciflora (Fig.4 b) 
ou duas flores, constituindo-se díades, na 
maioria das espécies; até três flores por 
segmento, constituindo-se tríades, como, por 
exemplo, em B. àcuruana (Fig. 4 a). Em 
algumas espécies, cujas infloreseências parciais 
são compostas por díades, é frequente a 
ocorrência de brácteas florais subtendcntes 
“vazias", ocupando posição correspondente à 
da terceira flor ou de botões abortados e. que 
sofreram abscisão precoce, como em B. 
longifolia (Fig. 3 b). Não existe 

descontinuidade abrupta entre a parte 
vcgetati va do ramo e o pseudo-racemo terminal 
áfilo. O entrenó foliar do ramo. ainda estéril, 
situado imediatamente abaixo da inflorescência 
á denominado aqui, de entrenó distai. A 
distância correspondente a esse entrenó tende 
a ser maior, entre 4.5 e 13 cm, em algumas 
e spécies subarbustivas campestres, como 
Bauliinia campestris (Fig. 8 a), B. goyazensis 
e B. malacotrichoides. O “pedúnculo” é 
definido como a região compreendida entre a 
*°lha vegetativa distai e inflorescência parcial 
Proximal. As vezes, o “pedúnculo” pode ser 
longo como em B. campestris. As brácteas 
l°liáceas estão presentes no eixo floral, 
substituindo as folhas vegetativas (Fig. 3 b, c, 
bru f ’; ver tópico também brácteas, brácteolas 
e Pedicelos). 

Ro dri R uisia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


Os pseudo-racemos em Bauhinia ser. 
Cansenia, de acordo com a espécie, podem 
apresentar modificações secundárias, por 
exemplo, em B. cupulata, onde por desativação 
do crescimento apical e reativação das gemas 
reprodutivas proximais do eixo, originam-se 
novos eixos de primeira ordem, dando à 
inflorescência um aspecto paniculiforme (Fig. 
10, 4 d); ou o aspecto corimbiforme, com 
alongamento dos entrenós distais da parte estéril 
do ramo e do pedúnculo, com encurtamento dos 
segmentos distais do eixo principal da inflo- 
rescência e redução do número total de flores 
como em B. campestris (Fig. 8) ou ainda, com 
segmentos do eixo articulados como em B. 
bombaciflora (Fig. 4 b). 

Brácteas, bractéolas e pedicelo 

Em Bauhinia ser. Cansenia, o eixo do 
pseudo-racemo terminal áfilo apresenta uma 
bráctea foliácea, homóloga às folhas, além de 
uma bráctea floral subtendente situada na 
porção proximal do pedicelo e duas bractéolas. 
A bráctea foliácea tem uma estrutura vestigial, 
ou seja. consiste em geral, de uma parte central, 
correspondente lâmina foliar ou ao múcron 
foliar, ladeada por duas partes laterais 
concrescidas, que correspondem às estipulas 
vestigiais, as quais, por sua vez. podem abrigar 
nectários extraflorais (Figs 3 b-d. 4d “bra f’). 
A bráctea subtendente da flor (Fig. 3b “bra s”) 
e as bractéolas (Fig. 3 b “bract") ocupam 
posições diferentes e possuem formatos 
distintos, porém as dimensões da bráctea 
subtendente são sempre maiores (Figs 3 b, 4 b). 
Em B. bombaciflora e B. cupulata, porém, 
as brácteas e bractéolas são concrescidas, em 
parte, adquirindo formato cupuliforme (Fig. 4b). 
O pedicelo mede entre 0,2 e 4,5 cm. 

Botões, hipanto e cálice 

O botão floral na seção Pauletia é, de 
modo geral, tubuloso. É composto pelo hipanto 
cilíndrico (“calycis tubus", Bongard, 1838; 
Bentham, 1870) que continua no cálice 
propriamente dito, formado por cinco 
segmentos. Os segmentos do cálice no botão 



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cm l 


SciELO/ JBRJ 


2 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.G.A. 


Figura 3 - Inflorescência em B. ser. Cansenia. Bauhinia longifolia (Vaz & Quinet 1034): a: Aspecto do pseudo-racento 
no final da floração e sem frutificação, b: Porção distai do eixo em vista frontal, c: Mesmo segmento em vista dorsal, d: 
Brácteas foliáceas isoladas (note a variação no tamanho e na forma ). bra f = bráctea foliácea; bra s = bráctea subtendente; 
bract = bractéola; cic 1 = cicatrizes de brácteas foliáceas; cic 2 = cicatriz de botão vestigial; ped = cicatrizes dos pedicelos 
geminados. Desenho de Aline Souza de Oliveira, 2000. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


cm .. 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 




Figura 4 - Pseudo-racemo cm Bauhinia ser. Cansenia (a,b,d). B. acuruana (Hatschbach 67683). a: flores em tríades; 

bombaciflora (Sarmento 594). b: flores em mônades, cada uma, oposta a uma bráctea foliácea; B. cupulata (Gardner 
2529). d: flores em díades. Note o ápice da inflorescência definido, com botão terminal. Inflorescência em Bauhinia ser. 
Pentandrae (c). B. pentandra (Marquete 2 1 98): c: região apical do ramo fiorífero. bra f = bráctea foliácea; bra s = bráctea 
su btendente da flor; bra s’ = bráctea subtendente, sem o botão correspondente; bract = bractéola; cic = cicatriz do 
botão floral. Desenho de Aline Souza de Oliveira, 2000. 

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Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.GA. 


cm .. 


são visivelmente mais membranáceos nas 
suturas, através da qual se dá a abertura do 
botão (Urban, 1885). 

Na série Cansenia o contorno do botão 
floral, na pré-antese, tem algum significado 
taxonômico para o reconhecimento de 
determinados grupos de espécies (Fig. 5). Os 
botões de espécies com flores menores, têm entre 
3 e 5 cm de comprimento na pré-antese e os 
maiores chegam a 20 cm de comprimento em B. 
bombaciflora. Na série Cansenia, os botões 
sofreram uma torção no pedicelo e também um 
achatamento das paredes laterais, sendo a parte 
frontal (superior) mais estreita que as laterais. Às 
vezes, em algumas espécies, as nervuras 
medianas se prolongam em forma de apêndices, 
como em B. longicuspis. A nervação do cálice 
apresenta descontinuidade ao nível interespecífico, 
com algumas ressalvas e, os botões podem ser 
desde enérveos a- estriados ou costados até 
estreitamente alados (Fig. 5). 

O hipanto é internamente glabro, revestido 
na parte apical como em B. curvula (Fig. 13d), 
ou é totalmente revestido com indumento do 
tipo tomentoso, como por exemplo em B. 
bombaciflora e B. cupulata (Fig. 11 d). 

O cálice é composto por cinco segmentos 
calicinais unidos por coesão no botão (“laciniis 
cohaerentibus”, Bongard, 1836) e, na antese, 
abrem-se através de fenda longitudinal inferior. 
Os segmentos calicinais são parcialmente 
unidos entre si, com diferentes níveis de coesão, 
formando de dois a quatro lobos, ou podem 
apresentar-se quase livres ou livres em B. 
cheilantha. Apresentam-se reflexos, ondulados 
e/ou espiralados, raramente são retos e eretos. 

Pétalas 

As pétalas são ungüiculadas e quase 
iguais, exceto pela superior que é geralmente 
menor em relação às laterais e inferiores. São 
totalmente brancas e, nunca com estrias de 
outras cores, caráter este, compartilhado com 
as demais espécies da seção Pauletia. A forma 
das pétalas têm valor taxonômico para agrupar 
séries e/ou identificar algumas espécies. As 
pétalas são lineares com razão comprimento/ 


largura entre 1 5 e 1 80, na maioria das espécies. 
Também, podem ser do tipo linear-lanceoladas 
ou linear-oblanceoladas, quando a razão 
comprimento/ largura se encontra entre 8,3 e 
15, por exemplo em B. brevipes e B. iingulata. 
Em B. cheilantha, que é a única espécie desta 
série a apresentar pétalas obovadas a razão 
comprimento/largura fica entre 2 e 8,3. Quanto 
ao indumento, as pétalas de algumas espécies 
podem se apresentar tomentosas a pilosas na 
face externa como, por exemplo, em B. 
longifolia. Este caráter, no entanto, não se 
mostrou consistente nas coleções estudadas. 
B. cheilantha e B. subclavata apresentam a 
face externa das pétalas coberta com tricomas 
glandulares naviculados, semelhantes àquelas 
encontradas nos ramos e folhas (ver item 
indumento). Estes tricomas glandulares também 
foram encontrados nas pétalas de B. 
acuruana, B. brevipes, B. longifolia. 

Androceu 

Os estames são basicamente dez, corres- 
pondentes a dois verticilos - o externo com 
estames ante-sépalos e, o interno com estames 
ante-pétalos. Os estames ante-sépalos têm 
filetes maiores e possuem anteras mais 
desenvolvidas e o verticilo ante-pétalo é 
formado por filetes menos robustos e por 
anteras menores. O estame mais externo é o 
inferior ante-sépalo e, o mais interno é o estame 
antepétalo superior. Os filetes estaminais 
permanecem unidos na base, formando 
internamente uma coluna irregular, a qual não 
apresenta solução de continuidade com o 
hipanto. A parte distai da coluna é irregular em 
altura e atinge menor amplitude de fusão no 
filete inferior. Há variação da coluna, ao nível 
específico, quanto ao grau de concrescimento 
(altura da coluna) e indumento. Em um grupo 
de espécies os estames são quase livres como 
em B. longifolia e B. holophylla. As anteras 
são lineares. Em alguns espécimes de B. 
cheilantha observou-se anteras loceladas, em 
outros, só havia vestígios dos locelos, na forma 
de septos tranversais. Entre os espécimes 
examinados foram detectados, em um mesmo 

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Figura 5 - Contorno do botão floral em Bauhinia ser. Cansenia: Linear-prismático: (a): B. caloneura (Malme 1138). 
Clavado (b,c,d): B. cheilantha (Riedel s/n): b; B. cheilantha (Malme s/n): c: B. subclavata (Alencar 244): d: Linear 
(e,h,i) : B. conwayi (Williams 495): e; B. quartzitica (Silva 2082): h: B. membranacea (Gardner 3695): i: Clavado- 
acuminado: (0: B. grandifolia (Ducke s/n. RB 23419). Subclaviforme (g): B. ungulata (Vaz 1178). Desenho de Aline 
s °uza de Oliveira, 2000. 


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Vaz. A.M.S. cia F. e Tozzi, A.M.GA. 


espécime, estames em número cie 10 e 12, por 
isso número de estames férteis não é, aqui, 
considerado caráter em nível específico (ver 
discussão sob B. holophylla). 

Gineceu 

O ovário em Bauhinia ser. Cansenia, 
como nas demais séries da seção Pauletia, 
apresenta-se longamente estipitado. O 
comprimento total do estipe, na série Cansenia, 
vai de 1,2 cm em B. tenella a 16cm em B. 
bombaciflora, correspondendo até a metade 
do comprimento total do gineceu. O estipe, 
assim como nas demais séries, é livre ou adnato 
à parede abaxial do hipanto, mas nunca adnato 
em mais do que um terço do comprimento total 
do estipe. O ovário é glabro apenas em B. 
dúbia, B. quatzitica e B. smilacifolia. Nas 
demais espécies da série Cansenia o ovário 
apresenta-se indumentado, com maior ou menor 
concentração de tricomas glandulares 
naviculados. O estigma é clavado, a superfície 
estigmática fortemente assimétrica. 

Legume e sementes 

O legume na série Cansenia, assim como 
nas demais séries da seção Pauletia é longamente 
estipitado, plurisseminado e, tem deiscência 
elástica. As valvas são coriáceas e têm entre 8 e 
29 cm de comprimento e o estípite varia, entre 
1,5 e 6cm de comprimento, exceto em B. 
bombaciflora com valvas e estípite bem maiores. 
O funículo apresenta dois lobos adnados na testa 
da semente, os quais podem ser filiformes, 
triangulares, emarginados ou lobados. As 
sementes apresentam hilo crcscentiforme, uma 
característica exclusiva de toda a subtribo 
Bauhiniinae (Wunderlin et ai, 1987) e, medem 
entre 5 e 15 mm de compri-mento por 3,5 a II 
mm de largura. A lente pode ser indistinta ou 
proeminente e de coloração mais clara. 

Distribuição geográfica, padrões de 
distribuição e relações inter-específicas 

A área de maior diversidade de espécies 
para Bauhinia ser. Cansenia (35 espécies e 4 
variedades, neste tratamento) é o planalto 


central brasileiro, na parte correspondente aos 
estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, 
com 20 espécies. Em seguida, temos a região 
norte e nordeste cada uma com 13 espécies. 
Nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso 
do Sul ocorrem 12 espécies. A região sudeste/ 
sul tem 10 espécies conhecidas (Figs. 20 - 28). 

A análise da distribuição geográfica das 
espécies de Bauhinia sect. Cansenia no Brasil, 
revelou três padrões principais de distribuição, 
correspondentes aos biomas da floresta 
amazônica e da floresta atlântica ( sensu Joly 
et ai, 1999) e ao corredor seco formado pela 
caatinga e pelo cerrado e “dry diagonal of 
seasonal woodllands”, sensu Prado & Gibbs, 
( 1 993). No corredor seco, o habitat preferencial 
é a margem de floresta ao longo de rios e 
respectivas áreas de transição até áreas 
campestres lenhosas e áreas de contato 
caatinga/cerrado, especialmente em altitudes 
superiores a 800m e também nas chapadas do 
nordeste. 

Vinte e cinco espécies ocorrem no 
corredor seco, enquanto sete espécies são 
exclusivas da floresta amazônica e duas 
espécies preferem a floresta atlântica. Uma 
única espécie B. ungulata, apresentou ampla 
distribuição. 

O padrão de distribuição amplo no corredor 
seco diagonal formado pela caatinga e cerrado 
foi observado para B. acuruana, B. brevipes, 
B. cupulata, B. cheilantha, B. curvula, B. 
dubia , B. dumosa, B. holophylla, B. rufa e 
B. subclavata, B. pulchella. Os endemismos 
ou áreas restritas de distribuição no corredor 
seco foram assinalados para B. burchelli , B. 
caloneura, B. campestris, B. bombaciflora, 
B. candelabriformis, B. gardneri, B. 
goyazensis, B. leptantha, B. malacotrícha, 
B. malacotrichoides, B. smilacifolia B. 
tenella, B. membranacea e B. platyphylla. 

O padrão de distribuição correspondente 
ao bioma de floresta amazônica foi assinalado 
para Bauhinia aureopunctata, B. 
cinnamomea, B. conwayi , B. longicuspis, B- 
grandifolia, B. longipedicellata e B. 
urocalyx. 

Rodriguisía 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser Cansenia ( Legwninosae: Cciesalpinioicleae) no Brasil 


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O padrão de distribuição correspondente 
ao bioma da floresta atlântica foi apresentado 
por Bauhinia fiisconervis e B. longifolia. 

Bauhinia ungulata é a espécie estudada 
com maior amplitude de distribuição, correndo 
na faixa neotropical, desde o México até São 
Paulo. No Brasil, a variedade típica ocorre na 
floresta amazônica e nas florestas refúgio do 
Ceará. B. ungulata var. cuyabensis ocorre em 
área correspondente ao corredor seco na região 
centro-oeste e sudeste. B. ungulata var. 
obtusifolia e B. ungulata var. parvifolia 
ocorrem em áreas restritas. 

Em Bauhinia ser. Cansenia os padrões 
detectados podem ser associados com 
determinados complexos de espécies, 
supostamente aparentadas. De acordo com o 
conjunto de caracteres compartilhados pelos 
integrantes de um complexo e, ausentes das 
demais espécies, a saber - forma do botão, 
forma da pétala, coluna estaminal, tipo de 
indumento foliar e padrões de distribuição - 
foram detectados sete complexos de espécies 
e m Bauhinia ser. Cansenia. No entanto, 
restaram onze espécies insuficientemente 
conhecidas e indefinidas em relação aos 
complexos apontados (Tabela 1). 

Tratamento Taxonômico 
Bauhinia L„ Sp. PI. 374.1753. 

Espécie-tipo: B. divaricata L. 

Árvores pequenas a medianas até 
arbustos ou subarbustos com ramos inermes, 
aculeados ou espinescentes ou lianas até 
arbustos escandentes, com gavinhas. Nectários 
■ntra-estipularcs presentes ou ausentes. Folhas 
inteiras, bilobadas a bifolioladas, 3-1 1-nervuras 
Principais, estipulas caducas. Hipanto discóide 
°u cilíndrico; cálice campanulado, espatáceo ou 
c °m sépalas irregularmente conatas; estames 
üvres ou conatos na base com apêndice ligulado 
desenvolvido a obsoleto; ovário séssil ou 
i°ngamente estipitado, estigma de formas 
y ariadas. Legume lenhoso, coriáceo polispérmicos 
(3 ou mais sementes) ou membranáceo e, nesse 
°aso com apenas 1-2 sementes. Hilo em forma 
de meia lua (crescêntico). 

*°driguésiti 54 (83): 55-143. 2003 


Cerca de 300 espécies, pantropical 
(Wunderlin et ai, 1987). 

Bauhinia sect. Pauletia (Cav.) DC, Prodr. 
2:512.1825. Pauletia Cav., Icon. 5.5.1799; 
Espécie-tipo: Pauletia inermis Cav. [= 
Bauhinia ungulata L.], designado por De Wit 
(1956). 

Arvoretas, em geral, 5-15 m, arbustos ou 
subarbustos com xilopódio, em geral, 0,5-2 m. 
Acúleos adpeciolares geminados presentes ou 
ausentes. Nectários extraflorais presentes ou 
ausentes. Folhas inteiras, bilobadas a 
bifo boladas. Inflorescência racemiforme, em 
fascículos 2-(3-6)-fIoros ou flores 2-3- 
gemi nadas sempre em ramos folhosos ou ainda, 
reunidas em pseudo-racemo terminal afilo; 
bráctea foliácea 1 (-2) ou ausente, bráctea 
subtendente 1, bractéolas 2; botão desenvolvido, 
em geral, linear a clavado, às vezes fusiforme, 
3-20,5 cm compr. Flores com hipanto cilíndrico 
a turbinado, às vezes linear ou piriforme, 
internamente tomentoso ou glabro; cálice na 
antese espatáceo e fenestrado na base ou 
fendido parcialmente em 2-5 lobos; pétalas 5, 
em geral lineares, unguiculadas, às vezes 
obovadas, sempre totalmente brancas, inclusive 
a pétala superior; estames férteis 10 ou 5, 
alternados com 5 estames com anteras 
deficientes ou com 5 estaminódios; filetes 
conatos na base em coluna irregular; grãos de 
pólen, em geral muito grandes, com superfície 
reticulada ou microreticulada e processos 
supratectais gemóides ou com espinhos; ovário 
longamente estipitado; estipe parcialmente 
adnato à parede abaxial do hipanto a livre, 
estigma peltado-emarginado, bilobado ou 
assimetricamente clavado. Legume deiscente 
com valvas elásticas, ou modificado e 
indeiscente com valvas internamente divididas 
em septos tranversais ( B . bauhinioides), 
externamente sem ou com sutura elevada (B. 
acuminata ), plurisseminados, em geral com 
mais de cinco sementes. Sementes 5-13x5-12 
mm, 1-2 mm espessura. 

Algumas espécies da seção Pauletia 
apresentam ramos flexíveis apoiantes e, às 



SciELO/ JBRJ 



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Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 


Tabela 1 . Relações inter-específicas em Bauhinia ser. Cansenia e preferências por biomas. 


Complexo 

1 . Bauhinia cheilantha 
- B. subclavata - B. 
acuruana 


Caracteres diagnósticos 

Estipulas semilunares, nem sempre presentes. 
Inflorescência tende a apresentar folhas intercaladas, 
reduzidas em tamanho, inflorescências parciais muitas 
vezes com três flores ou vestígios destas; botão 
largamente clavado, quando muito jovem, subgloboso. 
costado a estreitamente alado; pétalas obovadas a 
lanceoladas com margens fimbriadas e glandulosas no 
dorso; coluna estaminal internamente com apêndice 
laciniados nos bordos, hirsuta interna e externamente; 
anteras loceladas. 


Padrões de distribuição 

Ampla no corredor seco; B. 
cheilantha . 

Nordeste para norte: B. subclavata . 
Nordeste até Minas Gerais: B. 
acuruana. 


2. Bauhinia dúbia - 
B. longicuspis 


Botões lineares, os mais estreitos na série Cansenia, 
com ápice 5-cuspidado.Nectários cônico-ovóides. 
coluna estaminal internamente viloso-tomentosa a 
viloso-hirsuta. pétalas menos da metade do com- 
primento dos filetes. 


Amazônia até Mato Grosso: 

B. longicuspis . 

Corredor seco no nordeste, até 10° 
lat.S: B. dubia. 


3. Bauhinia holophylla 

- B. longifolia - B. rufa 

- B. aureopunctata - 
B. longipedicellata 


Brácteas subtendentes lineares a linear-lanceoladas. 
quando presentes e desenvolvidas. Botões florais, os 
mais robustos da série Cansenia. às vezes pentagonais. 
Estipe velutino-tomentoso. Coluna estaminal 
reduzida a quase ausente e os estames quase livres, 
internamente muito glabra, inclusive o hipanto. 


Bioma floresta Atlântica até o 
estado do Paraná: B. longifolia. 
Corredor seco: B. longifolia, B. rufa 
e B. holophylla. Bioma da floresta 
Amazônica: B. aureopunctata e B. 
longipedicellata. 


4. Bauhinia fusconervis 
- B. pulchella - B. 
dumosa - B. curvula - 
B. tenellla - B. 
goyazensis - B. 
candelabrifonnis - B. 
malacotrichoides 


5. Bauhinia cupulata ■ 
B.bombaciflora 


6. B. ungulata ■ 
brevipes 


B. 


7. B. cinnamomea - B. 
grandifolia 


Estipulas rudimentares e submilimétricas. Botões 
cano-tomentelos, indumento com tricomas glandulares 
numerosos; coluna estaminal internamente seríceo- 
tomentosa e o indumento se prolonga nos filetes 
alternipétalos. 


Inflorescência definida com ápice terminando em três 
flores, com aspecto paniculóide devido a reativação 
das gemas inferiores do pseudo-racemo. Hipanto in- 
ternamente tomentoso da base até o ápice. Bractéolas 
cupuliformes 

Estipulas oblanceoladas, nem sempre presentes ou 
bem desenvolvidas. Inflorescência alongadas, simul- 
taneamente com muitos botões jovens (= tendência 
maior a um crescimento indefinido no ápice do pseudo- 
racemo), pétalas linear-lanceoladas, coluna estaminal 
internamente com tufos de tricomas no bordos, 
extemamente glabra. Flores com pedicelo 0,4 - 1 , 1 cm 
de comprimento. 

Folha com nervura marginal proeminente da face 
inferior e com nervuras marginais retas, não formando 
alças; botão floral clavado-acuminado, pétala linear- 
lanceoladas. longamente unguiculadas e de mesmo 
tamanho dos filetes, coluna estaminal internamente 
esparsamente pilosa. 


Corredor seco: B. pulchella, B. 
curvula, B. dumosa, B. tenella. 
Endêmica de Juiz de Fora (MG) e 
Rio de Janeiro limítrofe: B. 
fusconervis. Endêmicas do planalto 
central de Goiás (região da Chapada 
dos Veadeiros e adjacências): B. 
candelabrifonnis, B. goyazensis. B. 
malacotrichoides 
Corredor seco: endêmicas em 
florestas ciliares, no estado do 
Tocantins e limítrofes Pará, 
Maranhão. Piauí, Goiás e Mato 
Grosso. 

Desde o México até Amazônia 
periférica c corredor seco até 23 ° 
lat. S. B. ungulata 
Corredor seco, bioma do cerrado/ 
pantanal e transições: B. brevipes. 


Amazônia central para Amazônia 
oeste. 


Espécies insuficientemente conhecidas e indefinidas quanto aos complexos citados acima: B. burchellii, B.cakmeura. 
B. campestris, B. conwayi, B. gardneri. B. leptantha, B. malacotricha, B. membranacea, B. quartzitica, B. smilacifolia. 
B. urocalyx. 



Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


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Bauhinia ser. Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 7 1 

CHAVE PARA SEÇÕES DO GÊNERO BAUHINIA OCORRENTES NO BRASIL 


I. Plantas escandentes ou lianas, sempre com gavinhas 2 

1. Plantas arbóreas ou arbustivas, se com ramos flexuosos, nunca com gavinhas 3 


2. Ovário uni-biovulado, legume do tipo samaróide, cartáceo e indeiscente, pétalas subiguais 
Bauhinia sect. Schnella 

2. Ovário com mais de quatro óvulos, legume lenhoso e com deiscência através de valvas elásticas, 

pétala superior distinta das demais Bauhinia sect. Caulotretus 

3. Cálice campanulado, hipanto discóide, ramos ocasionalmente com espinhos, nunca com acúleos 

ou nectários extraflorais Bauhinia sect. Benthamia 

3. Cálice espatáceo ou não, nesse caso com lobos livres ou parcialmente 2-5 unidos no ápice e se 

abrindo em direção à base, hipanto urceolado, turbinado, linear, piriforme ou cilíndrico, com 
acúleos adpeciolares ou inermes, nunca com espinhos 4 

4. Estames férteis, três Bauhinia sect. Bauhinia 

4. Estames férteis, cinco a dez 5 

5. Flores delicadas, botões elipsoides ou ovóides até 1,5 cm compr.; hipanto urceolado; pétalas até 

2x0,7 cm, a superior dimórfica Bauhinia sect. Amaria 

5. Flores vigorosas, botões tubulosos e fusiformes a clavados, 3-18 cm compr.; hipanto de outros 
tipos; pétalas (2, 5-3-)4- 15x0,7-2,6 cm, quase iguais Bauhinia sect. Pauletia 


v ezes, podem apresentar-se na forma de 
arbusto escandente ou lianas. No entanto, essas 
e spécies assim como as demais do subgênero 
Bauhinia, nunca apresentam-se com gavinhas, 
corno no subgênero Phanera. As plântulas 
estudadas nunca apresentam germinação 
Cr iptógea e eófilos opostos, como nas espécies 
estudadas do subgênero Phanera, e sim 
germinação não criptógea e eófilos alternos. 


Bauhinia ser. Cansenia (Raf.) Wunderlin, 
Larsen á Larsen. Biol. Skrif. 28: 12. 1987, 
e mendavit Vaz & Tozzi (2003). Basiônimo: 
Cansenia Raf. Espécie-tipo: Cansenia 
ll 'igulata (L.) Raf. [= Bauhinia ungulata L.], 
lectótipo designado por Wunderlin ( 1976). 

Arvoretas ou arbustos multicaules, ou 
ain da subarbustos xilopodíferos com ramos 
'ttermes. Nectários extraflorais presentes, 
cônicos a subulados, 0,5- 1 .5 mm compr. Folhas 
•nteiras, bilobadas a bifolioladas, às vezes inteiras 
c bilobadas no mesmo indivíduo, 0,9-20x0,5- 1 7 
Crr >- Pseudo-racemo terminal áfilo, brácteas 
*°Háceas presentes, inflorescências parciais 1 - 
3- floras, eixo parcial ausente; botão floral linear, 
Su bclavado, subclavado-pentagonai, clavado ou 
c btvadoacuminado, liso a estriado ou costado 

^driguésiti 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


até alado, ápice nunca corniculado ou cristado, 
às vezes cuspidado (B. longicuspis), ante- 
antese 3-20,5 cm compr.; hipanto cilíndrico, 
internamente tomentoso ou glabro; cálice na 
antese fendido em 2-5 lobos parcialmente 
unidos no ápice ou livres, nunca espatáceo; 
pétalas lineares, linear-lanceoladas, linear- 
oblanceoladas ou obovadas ( B . cheilantha), 
unguiculadas, l,3-4,5(-8)x0,l-0,3-(2,5) cm, 
glabras ou pilosas extemamente, nunca lanosas 
externamente e na unha; 10 estames férteis, 
estaminódios ausentes, filetes conatos na base 
formando coluna irregular obsoleta até altura 
máxima de 8 mm, internamente com apêndice 
ligular laciniado (B. cheilantha), obsoleto a 
ausente, interna e externamente comindumento 
variado ou glabra; grãos de pólen 3-colpados, 
angulo-aperturados, raramente com 4 colpos, 
colpos elíticos, com membrana do colpo 
evidente, com processos supratectais gemóides; 
estipe (l,2-)2,5-5(-16) cm, livre, estigma 
assimetricamente clavado. Legume 
estreitamente oblongo, valvas 8-20(-40)xl-2(-2,7) 
cm, internamente não divididas em 
compartimentos, externamente sem sutura 
elevada; semente sem apêndice unciforme 
encobrindo 0 hilo, sem linhas fraturais e não 



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cm .. 


72 Vf/c, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

CHAVES PARA AS SÉRIES DE BAUHINIA SECT. PAULETIA* 

1. Legume indeiscente; pétalas extemamente Ianosas, inclusive na unha Bauhinia ser Perlebia 

1. Legume deiscente; pétalas nunca Ianosas 2 

2. Estames férteis 5 (ante-sépalos), alternados com 5 fdetes reduzidos (ante-pétalos), estes com 

anteras deficientes ou reduzidos a estaminódios filiformes Bauhinia ser. Pentandrae 

2. Estames férteis 10, filetes com tamanho desiguais, porém todos com anteras férteis 3 

3. Inflorescencias racemiformes, em geral, 7-15 flores; pólen inaperturado; pétalas não unguiculadas 

Bauhinia ser. Acuminatae 

3. Inflorescências fasciculiformes com 2-6 flores, ou compostas de pares sucessivos de flores 

geminadas em ramos folhosos, ou ainda, um pseudo-racemo áfilo terminal; pólen 3-6 aperturado, 
pétalas unguiculadas 4 

4. Plantas inermes, nectários extraflorais presentes, às vezes rudimentares; pétalas lineares a linear- 

lanceoladas, exceto em B. cheilantha e então, flabelado-venosas; inflorescência do tipo pseudo- 
racemo terminal áfilo 5 

4. Plantas aculeadas, acúleos adpeciolares, nectários extraflorais ausentes; pétalas oblanceoladas a 
obovado-espatuladas; inflorescências parciais secundas, em ramos folhosos .. Bauhinia ser. Aculeatae 

5. Estigma bilobado; legume lenhoso, obovado, 2,5-3,8 cm de largura; grão de pólen porado, sexina 

com processos supratectais espinescentes Bauhinia ser. Ariaria 

5. Estigma clavado; legume coriáceo e estreito oblongo a linear, até 2,5-3 cm de largura; grão de 

pólen colporado ou colpado, sexina, em geral, com processos supratectais gemóides 

Bauhinia ser. Cansenia 

*Vaz (2001, parte 2) apresentou uma sinopse de Bauhinia sect. Pauletia, com descrição das séries Aculeatae, 
Acuminatae, Ariaria, Pentandrae e Perlebia e chave para as espécies ocorrentes no Brasil. 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE BAUHINIA SER. 
CANSENIA OCORRENTES NOS ESTADOS DO ACRE, AMAPÁ, AMAZONAS, 

PARÁ, RONDONIA, RORAIMA 

1 . Inflorescência com eixo sucessivamente dístico, robusto, viloso-tomentoso, inflorescências parciais 
reduzidas a uma única flor; botão até 20,5 cm compr. B. bombaciflora 

1. Inflorescência de outros tipos, botão menor que 15 cm compr. 2 

2. Botão floral acuminado ou caudado; pétalas longamente-unguiculadas, 6-7,5x0,2-0,3 cm 

(desconhecidas em B. urocalyx) 3 

2. Botão floral nunca acuminado ou caudado; pétalas nunca longamente unguiculadas, 1 ,3-4x0,08- 


0,1 cm 5 

3. Indumento da inflorescência hirsuto B. grandifolia 

3. Indumento da inflorescência de outros tipos, porém nunca hirsuto 4 

4. Folhas bilobadas, botão floral clavado, com ápice caudado B. urocalyx 

4. Folhas inteiras, botão floral clavado, com ápice acuminado B. citmamoinea 

5. Coluna estaminal totalmente glabra, interna- e externamente 6 

5. Coluna estaminal irregularmente esparso-pi losa a rufo-vilosa internamente ou hirsuta até velutino- 

tomentosa na porção distai ou nos bordos 8 

6. Folhas bilobadas. lobos concrescidos em 1/3 até 2/3 do comprimento B. longifolia 

6. Folhas inteiras a curtamente bilobadas, lobos desde 4/5 a 14/15 concrescidos 7 

7. Botão floral 5-costado; folhas 7-nérveas, face inferior tomentela B. aureopunctata 

1. Botão floral 1 5-costado, folhas 9- 1 1 -nérveas, face inferior vilosa B. longipedicellata 



Rodriguisia 54 (83): 55-143. 2003 


SciELO/ JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhinia ser Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 73 

8. Coluna estaminal com bordos fimbriados e tufos de tricomas alternados; pétalas linear-lanceoladas 
B. ungulata 

8. Coluna estaminal sem bordos fimbriados ou tufos de tricomas; pétalas lineares 9 

9. Ovário e valvas do legume glabros B. dúbia 

9. Ovário tomentelo a velutino-tomentoso; valvas do legume pubérulas 10 

10. Lâmina foliar 1 - 5,1 x 1,2-6 cm ; ovário com tricomas glandulares 1 1 

10. Lâmina foliar 9 - 26 x 5 - 15, 5 cm; ovário sem tricomas glandulares 12 

11. Folhas bifolioladas, folíolos incurvo-oblongos B. curvula 

1 1 . Folhas bilobadas, lobos ovado-elíticos a obovados ou suborbiculados B. pulchella 

12. Folhas inteiras, se bilobadas os lobos concrescidos em 2/3 do comprimento ou mais;eixo da 

inflorescência pubérulo b. longicuspis 

12. Folhas bilobadas, os lobos concrescidos em até 1/3 do comprimento total; eixo da inflorescência 
tomentoso a velutino B. conwayi 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE BAUHINIA SER. CANSENIA 
OCORRENTES NOS ESTADOS DE ALAGOAS, BAHIA, CEARÁ, MARANHÃO, 
PARAÍBA, PERNAMBUCO, PIAUÍ, RIO GRANDE DO NORTE E SERGIPE 

1 • Pétalas obovado-oblongas a estreito-obovadas, obtusas, relação comprimento/largura igual ou 
menor que 8,3; anteras loceladas ou não; estipulas semilunares, às vezes ausentes ... B. cheilantha 
1. Pétalas lineares, linear-oblanceoladas a linear-lanceoladas, relação comprimento/ largura igual 
(fl. brevipes) ou maior que 8,3; anteras nunca loceladas; estipulas quando presentes, de outras 


formas 2 

2. Folhas inteiras, acuminadas a emarginadas, às vezes curtamente bilobadas e amplamente ovadas 3 

2. Folhas bilobadas 5 

3. Face inferior da folha vilosa ou hirsútula; pétalas linear-oblanceoladas com tricomas glandulares 

na superfície externa; botões clavados B. aciiniana 

3. Face inferior da folha pubérula até glabra, pétalas lineares, sem tricomas glandulares; botões 

lineares 4 

4. Folha 5-7-nérvea, pecíolo 0,5- 1,5 cm compr B. dubia 

4- Folha 7- 9-nérvea, pecíolo 2-3 cm compr B. membranacea 

Botão 5- estreitamente alado B. subclavata 

5 Botão liso, 5- subcostado até 15-estriado 6 

6- Hipanto velutino-tomentoso internamente, bractéolas cupuliformes 7 

6- Hipanto irregularmente tomentoso apenas na porção distai ou totalmente glabro. brácteolas não 

cupuliformes 8 

7 - Botões 20x1-1,4 cm; valvas do legume 35-40x2,5-3 cm B. bombaciflora 

7 - Botões 8-10x0,4-0,7 cm ; valvas do legume 12-18x1,1-2 cm B. cupulata 

Coluna estaminal totalmente glabra, interna- e externamente B. longifolia 

Coluna estaminal tomentosa intemamente, em toda sua extensão, ou apenas irregularmente esparso- 

Pilosa a rufo-vilosa, hirsuta até velutino-tomentosa na porção distai ou nos bordos 9 

9' Botão floral em pré-antese de 3,5-5x0,3-0.6 cm 10 

9- Botão floral em pré-antese de 7-12x0,2-0,4 cm 12 

*0- Folhas bifolioladas, cada folíolo 0, 8-2x0, 4- 1 cm B. tenella 

'0. Folhas bilobadas, 1,1x18x1,2-12,5 cm 11 

1 1 • Face inferior da folha vilosa a hirsútula B. brevipes 

H. Face inferior da folha pubescente a tomentela B. ungulata 

" °drigiiésia 54 (83): 55-143. 2003 


II SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 


74 


Vaz, A.M.S. da F. e Tnzzi, A.M.GA. 


12. Face inferior da folha tomentoso-hirsútula B. climwsa var. dumosa 

12. Face inferior da folha pubescente B. pulchella 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE B AU Hl NI A DA SER. 

CANSENIA OCORRENTES NOS ESTADOS DE ESPÍRITO SANTO, MINAS 
GERAIS, PARANÁ, RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO 

1 . Pétalas obovado-oblongas a estreito-obovadas, relação comprimento/largura igual ou menor que 
8,3 cm; anteras loceladas ou não; estipulas semilunares, às vezes ausentes B. cheilcmtha 

1. Pétalas lineares, linear-oblanceoladas a linear-lanceoladas, relação comprimento/largura maior 

que 8,3 cm; anteras não loceladas; estipulas, quando presentes, de outras formas 2 

2. Folhas inteiras, às vezes sub-bilobadas mas, ainda ovado-lanceoladas a sub-orbiculadas 3 

2. Folhas bilobadas a bifolioladas 4 

3. Pétalas linear-oblanceoladas; coluna estaminal interna e externamente hirsútula a pilosa 

B. acuruana 

3. Pétalas lineares; coluna estaminal glabra interna e externamente B. holophylla 

4. Hipanto irregularmente tomentoso, apenas na porção distai interna, coluna estaminal sem bordos 

fimbriados 5 

4. Hipanto na parte interna glabro ou com tufos de tricomas, apenas nos bordos fimbriados da 

coluna estaminal 7 

5. Botões fortemente 5-costados B. fusconervis 

5. Botões 5-subcostados 6 

6. Folhas bifolioladas, folíolos incurvo-oblongos B. curvula 

6. Folhas bilobadas, lobos ovado-elíticos a obovados ou suborbiculados B. pulchella 

7. Coluna estaminal totalmente glabra 8 

7. Coluna estaminal com bordos fimbriados com tufos de tricomas 9 

8. Folhas 4- 17x1, 5- 12,5 cm, lobos agudos a obtusiuculos, tênue-cartáceos a sub-coriáceos; estipulas 

ovadas a ovado-lanceoladas B. longifolia 

8. Folhas 6-10,8x5,4-10 cm, lobos obtusos a arredondados ou subtruncados, coriáceos; estipulas 

oblongas, sub-agudas a lineares B. rufa 

9. Face inferior da folha vilosa a hirsútula; estipulas, quando presentes, lineares B. brevipes 

9. Face inferior da folha pubescente a tomentela; estipulas, quando presentes, ovado-lanceoladas, 

oblanceo-ladas a falcado-oblongas B. ungulata 


CHAVE PARA AS ESPÉCIES DE BAUHINIA SER. CANSENIA DOS ESTADOS DE 


GOIÁS, TOCANTINS E DO DISTRITO FEDERAL 

1. Plantas com ramos hirsutos; botão 5-alado B.burclielli 

1 . Plantas com ramos glabros ou com outros tipos de indumento; botão liso a costado ou estriado ... 2 

2. Pétalas linear-oblanceoladas a linear-lanceoladas 3 

2. Pétalas lineares 4 

3. Face inferior da folha vilosa a hirsútula; estipulas, quando presentes, lineares B. brevipes 

3. Face inferior da folha pubescente a tomentela; estipulas, quando presentes, ovado-lanceoladas, 

oblanceoladas a falcado-oblongas B. ungulata 


4. Inflorescência longamente pedunculada, pedúnculo 7,5- 16 cm compr.; entrenó foliáceo distai 5- 
13 cm compr 5 

Kotlríguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


cm 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioicleae) no Brasil 


75 


4. Inflorescência curtameiite pedunculada, pedúnculo menor que 7 cm de compr.; entrenó distai 

igual ou menor que 7 cm compr. g 

5. Folha bilobada, sub-orbiculada p gardneri 

5. Folha biloliolada, folíolos elíticos perorbiculados ou reniformes B. malacotrichoides 

6. Hipanto velutino-tomentoso internamente; bractéolas cupuliformes 7 

6. Hipanto tomentoso apenas na porção distai interna ou totalmente glabro; bractéolas não 

cupuliformes g 

7. Inflorescência com eixo sucessivamente dístico, robusto, viloso-tomentoso, inflorescências parciais 

reduzidas a uma única flor; botão até 20,5 compr B. bombaciflora 

7. Inflorescência geralmente ramificada com aspecto paniculado; botão até 8 ou 10 cm compr 

B. cupulata 

8. Folhas inteiras 9 

8. Folhas bilobadas a bifolioladas 13 

9. Ovário tomentoso a tomentelo 10 

9. Ovário glabro ou apenas com tricomas glandulares 11 

10. Botão floral pentagonal e robusto; face inferior da folha curto-tomentosa a vilosa B. holophylla 

10. Botão floral linear e delgado, face inferior da folha pubérula 12 

1 1 • Contorno da folha ovado-lanceolado, ápice acuminado; valvas do legume púberulas B. longicuspis 

U. Contorno da folha amplo, largamente ovado; ápice obtuso, muito curtamente bilobado; valvas 

do legume viloso-tomentosas a esparso- vilosas b. membranacea 

12. Folha cordado-auriculada, nervura marginal elevado-proeminete B. smilacifolia 

12. Folha cordada a subtruncada, nervura marginal não elevada B. dúbia 

13. Coluna estaminal totalmente glabra interna- e externamente 14 

13. Coluna estaminal internamente tomentosa em toda sua extensão, sem solução de continuidade 

com o indumento da região distai do hipanto ou, apenas, irregularmente esparso-pilosa a rufo- 
vilosa, hirsuta até velutino-tomentosa 15 

14. Folhas curtamente bilobadas, lobos concrescidos em até 4/5 do compr., geralmente coriáceas, lobos 

obtusos a arredondados ou subtruncados; estipulas oblongas sub-agudas a lineares B. rufa 

14. Folhas bilobadas, lobos concrescidos em 1/3 até 2/3 do comprimento, geralmente cartáceas a 

subcoriáceas, lobos agudos a obtusiúculos; estipulas ovadas a ovadolanceoladas B. longifolia 

15. Ramos e eixo da inflorescência, pecíolo e folhas inteiramente glabros e glaucescentes 

B. platyphylla 

15. Ramos e eixo da inflorescência e folhas com indumento 16 

16. Botão pentagonal, robusto; coluna estaminal internamente velutino-tomentosa e externamente 

pilosa; entrenó distai no ramo ca. 5,5 cm compr. b. malacotricha 

*6. Botão não pentagonal; coluna estaminal internamente seríceo-tomentosa e ex ternamente slabra 

a levemente pilosa; entrenó distai do ramo igual ou menor que 5 cm 17 

12. Ápice do botão 5-cuspidado, às vezes, setas precocemente caducas ou rudimentares, folhas 

14,7-16x12-3 cm, tênue-cartáceas B. membranacea 

12. Ápice do botão reentrante, nunca setáceo; folhas 0,8 - 6 x 0,6 - 6 cm, cartáceas a coriáceas (se 

tênue-cartáceas, então B. pitlchella) lg 

18- Inflorescência 5-6 cm compr., sub-corimbiforme B. candelabrifonnis 

18- Inflorescência maior que 7 cm compr., racemiforme 19 

19. Face inferior da folha tomentoso-hirsútula a viscídula B. dumosa 

19. Face inferior da folha com indumento apresso, tomentelo a pubescente 20 

Folhas bilobadas, os lobos concrescidos em mais do que 2/3 do comprimento total B. pulchella 

■ Folhas bifolioladas, às vezes, os folíolos concrescidos em ca. de 2/3 do comprimento total 2 1 


/ Wri 


Suésia 54 (83): 55-143. 2003 




SciELO/JBRJ. 


13 14 15 16 17 18 


cm .. 


76 Mc., A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

21.Folíolos ou lobos sub-reniformes aovado-elíticos B. goyazensis 

2 1 . Folíolos incurvo-oblongos 22 

22. Folíolos 0,8 - 2 x 0,4 - 1 cm; pedicelos 0,5 - 0,8 cm compr.. hipanto 0,5 cm compr B. tenella 

22. Folíolos 1, 5 - 4,2 x 0,6 -1,8 cm; pedicelos 1 -3 cm compr.; hipanto 0,8- 1,5 cm compr . .... B. curvula 


CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DE BAUHINIA SER. CANSENIA OCORRENTES 
NOS ESTADOS DE MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL 

1. Eixo da inflorescência hirsuto B. caloneura 

1. Eixo da inflorescência com outros tipos de indumento 2 

2. Pétalas obovado-oblongas a estreito-obovadas, relação comprimento/largura igual ou menor 
que 8,3; anteras loceladas ou não; estipulas semilunares, às vezes, reduzidas até rudimentares .. 
B. cheilcmtha 

2. Pétalas lineares, linear-oblanceoladas a linear-lanceoladas, relação comprimento/largura maior que 

8,3; anteras nunca loceladas, estipulas desenvolvidas, quando presentes, de outras formas 3 

3. Folhas inteiras 4 

3. Folhas bilobadas 5 

4. Face inferior da folha pubérula; botão linear ; filetes 5,5-8 cm de compr.; coluna staminal 


internamente viloso-tomentosa B. longicuspis 

4. Face inferior da folha curto-tomentosa a vilosa; botão pentagonal; filetes 3,5-4 cm compr.; 

coluna estaminal internamente glabra B. holophylla 

5. Inflorescência longamente pedunculada, pedúnculo 19-24 cm compr. B. campestrís 

5. Inflorescência curtamente pedunculada, pedúnculo até ca.3 cm compr. 6 

6. Hipanto velutino-tomentoso internamente; bractéolas cupuliformes B. cupulata 

6. Hipanto irregularmente tomentoso apenas na porção distai, internamente ou totalmente glabro; 

bractéolas não cupuliformes 7 

7. Coluna estaminal totalmente glabra, interna e externamente B. longifolici 


7. Coluna estaminal internamente tomentosa em toda sua extensão sem solução de continuidade 
com o indumento da região apical do hipanto ou apenas irregularmente esparso-pilosa a rufo- 


vilosa, hirsuta até velutino-tomentosa nos bordos 8 

8. Pétalas linear-lanceoladas 9 

8. Pétalas lineares W 

9. Face inferior da folha vilosa a hirsútula B. brevipes 

9. Face inferior da folha pubescente a tomentela B. ungulata 

10. Folha curtamente bilobada, ovário pubérulo B. leptantha 

10. Folha bifoliolada; ovário tomentelo 11 

11. Folhas bifolioladas, folíolos incurvo-oblongos B. curvula 

1 1. Folhas bilobadas, lobos ovado-elíticos a obovados ou suborbiculados B. pulchella 


Descrição das espécies de Bauhinia ser. 
Cansenia 

1. Bauhinia acuruana Moricand, Pl. nouv. 
Amér. 6:77, tab. 5. 1840. - Tipo. Brasil. Bahia. 
Serra Açuruá, 1839 (fl), Blanchet2825 (holótipo 
G; isótipos NY!, P!, fotografia dos isótipos 
RB!). 


Bauhinia acuruana var. nitida Benth., 
Fl. bras.l5(2): 187. 1870. -Tipo: Brasil. Minas 
Gerais: Claussen (síntipo, não localizado); S. 
Romão, s/data (fr), Gardner 4536 (síntipo K- 
fotografia RB!: OXF!). Sin. nov. 

Bauhinia lamprophylla Harms, Bot. 
Jahrb. 33(72):22. 1903. - Tipo: Brasil, Goiás: 


Rotlrigiiésia 54 (83): 55- 143. 200^ 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhinia ser. Cansenia ( Leguminosae: Caesalpiniokleae) no Brasil 


11 


“Serra dos Cristais dans le campo’’. Glaziou 
21008 (tl), 15.set.1895, (holótipo B/herbarium 
Ign Urban, destruído; isótipo C!, fotografia do 
holótipo RB! ex F negativo 1592). Sin. nov. 

Figuras 6 e 7. 

Subarbusto ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 1.5-3 cm comprimento. Folhas inteiras, 
lâmina 3,3-10 x 1 ,7-6,5 cm. cartácea a coriácea, 
ovado-oblonga a cordado-ovada, base cordada 
a emarginada, ápice mais ou menos agudo a 
obtuso até arredondado (ápice dobrado nos 
espécimes herborizados), 5-7-nérvea, nervura 
marginal não elevado-proeminente, nem 
infranerviforme, nem aplanada; face superior 
Glosa, glabrescente até glabra, nervuras 
terciárias e quaternárias bastante impressas 
dando à superfície um aspecto rugoso, face 
inferior vilosa ou hirsútula até quase glabra, 
inclusive na região das nervuras primárias, 
tricomas glandulares geralmente abundantes, 
nervuras primárias proeminentes, secundárias 
e terciárias mais ou menos proeminentes; 
Pecíolo 0,4-0,6(- 1 ,5) cm compr., delgado, viloso 
a hirsútulo. Estipulas lineares a lanceoladas, 2- 
2 mm compr.; nectários extraflorais 
rudimentares, ca.0,5 mm compr., geralmente 
encobertos pelas estipulas. Inflorescência até 
25 cm compr., curto-pedunculada; pedúnculo 
1*2,5 cm compr., eixo racemiforme, tomentoso 
a viloso-tomentoso; inflorescências parciais 2- 
3-floras; brácteas foliáceas com lâmina até 
3, 2x1, 2 cm, estreito-lanceoladas, na parte 
Proximal da inflorescência até brácteas 
húiáceas mucroniformes lineares a lanceoladas, 
fectários rudimentares, não visíveis. Botões até 
2*0,5 cm na antesc, clavados, ápice 5-alado. 5- 
c ostados, viloso-tomentosos a pubérulos, 
hicomas glandulares geralmente numerosos, 
flores com pedicelo 1-2 cm compr., bractéolas 
'■neares, hipanto cilíndrico, 1-1, 8x0.6 cm, 
'nternamente glabro; cálice fendido na antese 
err > 2-5 lobos reflexos, ondulados a retorcidos, 
2-4 cm compr.; pétalas linear-oblanceoladas, 1- 
2(-3,5)xO, 15-0,3(0,5) cm, extemamente glabras, 
r ara-mente com tricomas glandulares esparsos; 
es laminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não loceladas, filetes 1 ,5-2,7 cm compr., 


filetes alternipétalos, glabros ou esparso-pilosos 
externamente na base; coluna estaminal 
presente, 2-3 mm de altura máxima, apêndice 
ligular obsoleto, internamente hirsuta nos 
bordos, extemamente hirsútula; gineceu 5,5 cm 
compr., estigma obliquo-clavado, ovário 
tomentoso-hirsútulo, estipe 2,3 cm compr., 
esparsamente piloso. Legume deiscente, valvas 
9- 17x1 ,5- 1 ,6(-2 )cm, vilósulo, estipe 2,5-3-(-4) 
cm compr.; lobos funiculares uncinado-lobados. 
Sementes não vistas. 

Ocorre no Brasil, estados Bahia, Ceará, 
Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco 
e Piauí (Fig. 20). Geralmente é encontrada em 
áreas montanhosas e/ou com altitudes de 600 
até 1.100 metros. Cresce em solo pedregoso 
ou arenoso ou algum tanto argiloso, na orla de 
floresta estacionai caducifolia, cerradão, 
caatinga, cerrado, carrasco, transição caatinga/ 
cerrado, cerrado/floresta estacionai, e 
final mente nos campos gerais e campo rupestre. 
Folhas IBGE (1960) SB-23, SB-24, SC-23, SC- 
24 SD-23, SD-24 (Bahia, Ceará, Maranhão, 
Pernambuco e Piauí); SD-23, SE-23, SE-24 
(Minas Gerais e Goiás). 

Espécimes com raque plenamente 
desenvolvida e simultaneamente com botões, 
flores e frutos em inicio de frutificação foram 
coletados de dezembro a março. Plena 
frutificação (só frutos): abril, maio, junho, julho 
a setembro. 

O isótipo examinado de Bauhinia 
acu mana (Blanchet 2825) apresenta botões 
jovens fortemente 5-costados, estreitamente 
alados em direção ao ápice, folhas geralmente 
vilosas na face superior, valvas 14-15,5x1,5 cm. 
O síntipo examinado de B. acuruana var. 
nitida (Gardner 4536) não apresenta flores ou 
botões, porém as folhas são idênticas às dos 
tipos de B. acuruana, exceto pelo fato de que 
nunca são vilosas na face superior. Os 
espécimes examinados mostraram que os dados 
de dimensões dos frutos, não representam um 
caráter taxonômico, variando inclusive em um 
mesmo espécime. Os caracteres tipo de 
indumento da inflorescência e nervuras do 
botão não puderam ser correlacionados com 


R o,i,i 


Xnc.ua 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 





SciELO/JBRJ 




cm l 


SciELO/JBRJ 


Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.G.A. 


Figura 6 - Bauhinia acuruana (a, c e d, Araújo s/n RB 296136; b, Heringer, 760): a, ramo florífero; b, fruto; c, contorno 
foliar; d, detalhe do indumento na face inferior da folha. Desenho de G. Gonçalves, 1996. 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


cm 


Bauhinia ser. Cansenia (Legwninosae: Caesalpinioideae) no Brasil 




Figura 7 - Bauhinia acuruana (a. Salgado 2 1 ; b, c, e. Carvalho 17; d, Miranda 40; f, Alencar 245): a, botão; b, gineceu, 
veja inserção do ginóforo no fundo do hipanto; c, detalhe do estigma; d, coluna estaminal em continuidade com a face 
interna do hipanto; e, pétala na antese; f, detalhe da valva com semente. Desenho de G. Gonçalves, 1996. 


Bodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


! 13 14 15 16 17 18 



cm 


80 

nenhum outro caráter e, por si só se mostraram 
insuficientes para delimitar variedade. 

Harms ( 1 903) não citou as afinidades entre 
B. lamprophylla e B. acuruana. O espécime 
tipo da primeira difere do de B. acuruana 
s.str. pelos seguintes caracteres: ramos 
pubérulos a glabrescentes, folhas suborbiculares 
ou ovado-orbiculares ou ovadas, mais largas ou 
tão largas quanto longas, ápice arredondado 
(dobrado nos espécimes herborizados), 
emarginado ou curtamente lobulado, tace 
superior nítida e glabra, inferior subglabra ou 
pubérula nos nervos, botões levemente 5- 
costados, pétalas até 3,5 x ca.0.5 cm. 

B. acuruana é a única espécie da série 
Cansenia que apresenta o caráter 
inflorescências parciais 2-3-floras, associado 
com folhas inteiras e ovado-oblongas a 
suborbiculadas, pecíolo sempre com 0,5 cm 
comprimento, estipulas lanceoladas e nectários 
extra-florais rudimentares. Pelo tipo de pétalas 
mais largas, às vezes com tricomas glandulares 
na face externa se aproxima do complexo B. 
clieilaiitlia/B. subclavata. 

A grafia no protólogo é Bauhinia 
açuruana e foi mantida por Bentham, na Flora 
brasiliensis ( 1 870). O Código Internacional de 
Botânica de Saint Louis (Greuter et al. 2000, 
artigo 60) é omisso em relação à grafia do "ç" 
latinizado mas, recentemente, outros autores 
(por exemplo Lewis, 1987) têm usado a forma 
adotada neste trabalho. 

2. Bauhinia aureopunctaía Ducke, Arch. 
Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 53. 1925. - Tipo. 
Brasil. Pará, rio Tapajós, Vila Braga, mai 1923 
(fl/fr), A. Ducke. s/n (lectótipo RB 169591, aqui 
designado). 

Arvoreta. Entrenó distai do ramo 3 cm 
compr. Folhas inteiras, lâmina 18-1 9(-24) x 5,5- 
10(1 3,5) cm, tenuemente cartácea, largamente 
ovado-elítica, base arredondada a atenuada, 
ápice agudo a acuminado, 7-nérvea, nervura 
marginal inconspícua, não proeminente, nem 
infra-nerviforme ou aplanada; face superior 
glabra inclusive na nervura central impressa, 
nervuras secundárias impressas, face inferior 


Vaz. A.M.S. da F e Tozzi. A.M.GA. 

tomenlela, tricomas apressos, curtos, mais ou 
menos densos, tricomas glandulares presentes, 
numerosos, nervuras primárias muito 
proeminentes, secundárias pouco proeminentes 
e terciárias pouco proeminentes a imersas; 
pecíolo 2-2,5 cm compr., delgado, tomentelo. 
Estipulas rudimentares, submilimétricas; 
nectários extraflorais rudimentares, ca. 1 mm 
compr. Inflorescência curto-pedunculada; 
pedúnculo 1,5 cm compr.; eixo racemiforme, 
robusto, tomentelo; inflorescências parciais 2- 
floras; folhas alternifloras presentes, 
semelhantes às folhas normais, porém menores 
e estreito-lanceoladas, 3-5-nérveas, caducas, 
em direção ao ápice reduzidas a pares de 
brácteas foliáceas, submilimétricas 
rudimentares, nectáriferas. Botões na antese 
não vistos, até 10 cm compr. segundo Ducke 
(1925a), ápice reentrante-obtuso, 5-costados, 
tomentelos, com tricomas glandulares escassos. 
Flores com pedicelo ca.2 cm compr., bractéolas 
rudimen-tares; hipanto largamente cilíndrico, 
2,5-3,2 x 0,8- 1 ,2 cm, internamente glabro; cálice 
fendido na antese em 3 lobos reflexos ou eretos, 
retorcidos ou espiralados, não medidos; pétalas, 
lineares, ca. 4-4, 5x0,1 cm, longamente 
acuminadas, externamente glabras; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não loceladas, filetes 4 cm compr. ou 
maiores, glabros; coluna estaminal rudimentar, 
submi li métrica, apêndice ligular ausente, interna 
e externamente glabra; gineceu com estigma 
claviforme, um dos lados aplanado-escorrente, 
ovário rufo-tomentelo, estipe 4,5 cm compr., 
rufo-tomentelo. Legume dciscente, valvas 
21x1,6 cm, tomentelas, estipe 4,5 cm compr.; 
lobos funiculares uncinado-Iobados. Sementes 
11-14x9-11 mm. 

Ocorre apenas no Brasil, estado do Pará 
(Fig. 20), em floresta, nos rios Tapajós e Xingu 
(Altamira). Folhas IBGE (1960): SA-22 e SB- 
21. Trata-se de uma árvore pequena com o 
cerne da madeira duro, pardo-avermelhado, 
(Ducke 1925b). 

3. Bauhinia bombaciflora Ducke, Arch. Jard. 
Bot. Rio de Janeiro 3: 104, fig. 5. 1922. - Tipo. 

R Otlrigtiésiti 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 


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Bauhinia ser. Canscnia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


81 


Brasil. Pará, Itaboca, rio Tocantins, arredores 
da cachoeira Itaboca, jul 1916 (bt/fl/fr), Ducke 
s/n (holótipo MG 16236, isótipos R!, RB!). 

Figura 4 b. 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 2-5 cm comprimento. Folhas bilobadas; 
lâmina 8,3- 12(-32)x 10,1-15 (-32) cm, coriácea, 
base cordada a subtruncada, 13-15-nérvea, 
nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 1/3 a 1/2 do comprimento total, 
largamente ovados subdivaricados, ápice 
arredondado a obtuso; face superior glabra, 
nervuras secundárias não impressas, face 
inferior vilosa a esparsamente vilosa, inclusive 
na região das nervuras primárias, tricomas 
glandulares presentes raros, nervuras primárias, 
secundárias e terciárias proeminentes; pecíolo 
1 .5-3,5 cm compr., robusto, viloso-tomentoso. 
Estipulas assimétrico-subovadas, 5x5 mm; 
nectários extraflorais cônico-ovóides, 0.5- 1 mm 
compr. Inflorescência até ca. 16 cm compr., 
curto-pe-dunculada; pedúnculo 1-1,5 cm 
compr.; eixos parciais dísticos, dispostos em zig- 
zag, robustos, viloso-tomentosos; inflorescências 
parciais reduzidas a uma única flor; folhas 
opositifloras basais presentes, lâmina 3,5-5,5x3- 
6 cm. progressivamente reduzidas a uma 
estrutura filiforme e/ou 1 bráctea nectarífera 
ovada, em direção ao ápice. Botões até 20, 5x 1 - 
1 ,4 cm na antese, subclavados, ápice obtuso e 
não apendiculado, enérvios, viloso-tomentosos, 
tricomas glandulares escassos a ausentes. 
Flores com pedicelo 1-2 cm compr., bractéolas 
2, uma delas ovada e a outra emarginada ou 
bilobada, às vezes concrescidas, cupuliformes; 
hipanto cilíndrico, 2.5-6x 1 - 1 ,5 cm, intemamente 
velutino-tomentoso, cálice fendido na antese em 
5 lobos livres, reflexos, espiralados, 10-12 cm 
compr.; pétalas (segundo Ducke, 1922) 
lineares, 18x0,1 cm, glabras externamente; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não Ioceladas, filetes 9-20 cm compr.; 
coluna estaminal ausente ou rudimentar até I 
mm altura, apêndice ligular ausente, 
internamente com tufos de tricomas, 
externamente rufo-tomentosa; gineceu ex 
Ducke (1922) até 32 cm compr., estigma 

Rotlriguésia 54 ( 85 ): 55 - 145 . 2005 


transverso-clavado, ovário rufo-tomentoso, 
estipe 8 cm compr., glabro. Legume deiscente, 
valvas 35-40 x 2,5-3 cm, tomentosas, estipe 1 1- 
12,5 cm compr.; lobos funiculares filiformes. 
Sementes 15x10 mm. 

Ocorre no Brasil, nos estados de Goiás, 
Maranhão, Pará e Tocantins (Fig. 21), entre 
54°-47°W x 5°-14°S, em cerrado, carrasco, 
floresta de várzea, floresta decídua e campo. 
As localidades de ocorrência registradas nas 
etiquetas dos materiais examinados pertencem 
às Folhas IBGE (1960): Folhas SB-21, SB-22, 
SB-23, SC-22, SC-23, SD-22. Endemismo dos 
médios Araguaia e Tocantins. 

Floresce e frutifica de abril a setembro. 

As lâminas de folhas estéreis podem 
alcançar 31x31 cm (col. Mileski 304). Alguns 
espécimes apresentavam flores com gineceu 
abortado (col. Mileski 304). Esta é a espécie, 
com flores de maior tamanho, entre as 
“bauhinias” brasileiras, daí a denominação dada 
à especie por Ducke ( 1 922) em uma referência 
às flores de Pachira aquatica, pertencente à 
família da Bombacaceae. Ver afinidades 
taxonômicas sob B. cupulata. 

4. Bauhinia brevipes Vogei, Linnaea 13:307. 
1839. - Tipo; Brasil. Minas Gerais. Pitangui, 
18. dez. 1818 (fr), Sellow s.n. (holótipo B, 
destruído; fotografia RB! ex F negativo 1568). 

Pauletia ferruginea Bongard, Mem. 
Acad. Imp. Sei. St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 
4; 119. tab 7, fig 1. 1836. — Bauhinia bongardii 
Steudel.Nomed. 2:1.191 (err. typ. 291). 1840; 
Bentham in Martius, Fl. Bras. 15(2): 189. 1870- 
Bauhinia ferruginea (Bongard) D. Dietrich, 
Syn. Pl. 2:1476. dezembro 1840. - Bauhinia 
ferruginea (Bongard) Walpers, Repert Bot. 
Syst. 1:848. 1842, non Bauhinia ferruginea 
Roxburg, Fl. ind., ed Carey 2:33 1 . 1 832. - Tipo; 
Brasil, “in sterilibus prope Cuyabá. Flor. februa- 
rio”, sem indicação de coletor e data (LE ?). 

Arbusto. Entrenó distai do ramo 1-3,5 cm 
comprimento. Folhas bilobadas, lâmina 3-5,2 
(-8,5)xl,3-3,6(-6,2) cm, subcoriácea, base 
cordada a emarginada ou subtruncada, 7-9-( 1 1-) 
nérvea, nervura marginal inconspícua, lobos 



SciELO/JBRJ 


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cm 


82 Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.GA. 


concrescidos ern 2/3 ou, mais raramente, apenas 
1/3 do comprimento total, elíticos a ovado- 
oblongos, paralelos a levemente divergentes, 
ápice obtuso até agudo; face superior 
tenuemente pubérula e macia ao toque até 
glabra, face inferior ferrugíneo-vilosa ou 
tomentela até hirsútula, especial mente na região 
das nervuras primárias (não vi fusco-pubérula 
como descrito para P. bicolor por Bongard 
(1836), tricomas glandulares presentes 
abundantes, nervuras primárias e secundárias 
proeminentes, terciárias pouco ou muito 
proeminentes; pecíolo 0,5-0,9(- 1 ,5) cm compr.. 
delgado, viloso ou tomentoso. Estipulas lineares, 
3-5 mm compr. ou ausentes (caducas ou 
rudimentares ?); nectários extraflorais 
lageniformes, ca. 1 mm compr., a rudimentares, 
geralmente encobertos pelas estipulas. 
Inflorescência, geralmente com aspecto 
paniculóide por brotamento axilar das folhas 
basais, cada eixo até 27 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 0,5-2 cm compr., eixo 
racemiforme, delgado, tomentoso a densamente 
viloso; inflorescências parciais 2-floras; folhas 
opositifloras não vistas; brácteas foliáceas 
lineares, ca. 0,3-1 cm compr., nectaríferas. 
Botões 5x0, 5-0, 6 cm na antese, subclavados, 
ápice obtuso a agudo e/ou 5-setáceo, lisos a 
levemente estriados, densamente ferrugíneo- 
tomentosos a fusco-tomentosos, com tricomas 
glandulares. Flores com pedicelo 0,4-0,5 cm 
compr.; bractéolas lineares a lanceoladas; 
hipanto cilíndrico, 0,5- 1 ,3x0, 4-0, 5 cm, 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 2-3 lobos reflexos, ondulados a retorcidos e 
espiralados, 1, 5-2,5 cm compr.; pétalas iinear- 
lanceoladas, 1 ,3-2, 5x0, 1 -0,3 cm, externamente 
com glandulas esparsas e quase imperceptíveis; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não loceladas, filetes 2,2-3 cm compr., 
esparsamente pilosos a glabros, coluna 
estaminal presente, 1-2 mm altura máxima,- 
apêndice ligular ausente, internamente com 
tufos de tricomas nos bordos fimbriados e 
externamente glabra; gineceu 2,2 cm compr., 
estigma crasso claviforme, ovário viloso a 
tomentoso, com tricomas glandulares, estipe ca. 


2,2 cm compr., tomentoso com tricomas 
glandulares esparsos. Legume deiscente, valvas 
8-15,5 x ca. 1,1 cm, tomentoso, estipe 1, 5-2,5 
cm compr.; lobos funiculares uncinado-lobados. 
Sementes 5-7x6-7 mm. 

Ocorre na Bolívia e no Brasil, estados de 
Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato 
Grosso do Sul, Piauí, Rondônia, São Paulo e 
Tocantins (Fig. 21). Trata-se de uma espécie 
interiorana coincidindo sua área nuclear com o 
domínio do cerrado, incluindo formações do tipo 
cerradão, campo cerrado e margem de floresta 
de galeria. Também em transição cerrado- 
caatinga (col. Coradin 7597) e caatinga na 
Bahia, área de montanha (col. Coradin 6351). 
Na Bahia, também em campos gerais (col. 
Harley 21157). Em Rondônia em campo natural 
(col. Cid 4633). No Brasil os limites são norte/ 
sul lat 10°S-21°S, e leste/oeste 42° W-61°62’W, 
respectivamente folhas SC-23 (Bahia e Piauí, 
limite norte 10°S), SD-23 (Bahia e Minas 
Gerais), SE-23/SF-23 (Minas Gerais e Rio de 
Janeiro, limite sul 23°S), SD-22, SE-22. SF-22 
e SE-21 (Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, 
Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins), 
folhas SD-20, SC-20 (Rondônia). Talvez esteja 
extinta no estado do Rio de Janeiro, pois não 
foi mais coletada desde 191 1 (col. A. Lutz429). 

Os espécimes examinados indicam 
período de floração a partir de abril e plena 
frutificação (frutos maduros ou passados) em 
outubro/novembro. 

As folhas próximas da inflorescência 
costumam ser reduzidas, enquanto as folhas 
basais nos ramos e mais distantes da 
inflorescência podem ser maiores até 7-8,5 cm 
de com-primento. Os espécimes Cid 4306 e Cid 
4618, procedentes do estado de Rondônia 
apresentam folhas maiores, sendo que o 
espécime Cid 4618, coletado em mata de terra 
firme apresenta folhas Vi bilobadas e tem hábito 
cscandente segundo o coletor. Os botões florais 
com ápice setáceo são freqüentes nas coleções 
procedentes do Mato Grosso, especialmente as 
de Cuiabá. 

B. brevipes compartilha alguns caracteres 
florais com B. ungnlata , entre eles, o tipo de 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 


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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


83 


pétala linear-lanceolada, a coluna estaminal 
curta e fimbriada em B. brevipes e, quase 
inconspícua, reduzida a apêndices ligulares em 
B. luigulata, além do tipo de inflorescência 
multiflora alongada na maturidade e com botões 
lisos ou levemente estriados. 

No protólogo de Bauhinia brevipes, 
consta como localidade típica “Brasília pr. 
Pitargui”. Segundo o itinerário de Sellow (cf. 
Urban, 1906) trata-se de Pitangui. Segundo o 
índice de topônimos do IBGE (1968) esta 
localidade fica em Minas Gerais. 

5. Bauhinia burchellii Bentham in Martius, 
Fl. Bras. 15(2): 186. 1870. -Tipo: Brasil. Goiás: 
entre Funil e São João, s/data (fr), Burchell 
8953 (holótipo K, fotografia do holótipo A!, ex 
negativo NY 1582). 

Subarbusto com xilopódio ou arbusto. 
Entrenó distai do ramo 2,5-7 cm compr. Folhas 
inteiras, lâmina 7,5-14 x 7,5-12 cm, coriácea, 
suborbiculada, base profundamente cordada, 
ápice arredondado, às vezes curtamente sub- 
bilobado, 11-nérvea, nervura marginal 
inconspícua, face superior glabra, nervuras 
secundárias impressas, face inferior rufo- 
hirsuta principalmente na região das nervuras 
primárias, tricomas glandulares presentes, 
nervuras primárias, secundárias e terciárias 
proeminentes; pecíolo 2-2,5 cm compr., nem 
delgado, nem robusto, rufo-hirsuto. Estipulas 
lineares, ca. 6 mm compr.; nectários extraflorais 
rudimentares até 1 mm compr. Inflorescência 
curlo-pedunculada; pedúnculo 2,5 cm compr., 
eixo racemiforme, robusto, rufo-hirsuto; 
inflorescências parciais reduzidas, 2-floras; 
brácteas foliáceas lineares, nectanferas. Botões 
e flores desconhecidos. Hipanto e pedicelos 
hirsutos nos frutos. Legume deiscente, valvas 
imaturas 10,5-13,5x1,6-1,8 cm, maciamente 
rufo-hirsútulas, estipe 2-3 cm compr.; lobos 
funiculares uncinado-lobados. Sementes 
desconhecidas. 

Ocorre apenas no Brasil, estados de Goiás 
e Tocantins (Fig. 20). As localidades de 
ocorrência registradas nas etiquetas dos 
materiais examinados pertencem à Folha IBGE 


(1960): SC-22, meridianos 48° e 49°W x 
paralelos 8 o 9 o e 10°S. Habita no cerrado em 
declive, cascalhento com gramíneas e camada 
de herbáceas dominada por Trachipogon (col. 
Plowman 8 1 3 1 ) e floresta de galeria. 

Frutos imaturos em janeiro e março (I. V. 
Lima 131). Floração desconhecida. 

Espécie pouco conhecida. Faltam 
coleções floríferas e dos frutos maduros. A 
exsicata examinada (col. I. V. Lima 131) 
apresenta fruto imaturos, com restos do 
hipanto, da coluna estaminal e filetes, 
pseudoracemos terminais, pedicelos 5 mm 
compr., bráctea 10 mm compr. Hipanto (no 
fruto) 11-12 mm compr., internamente glabro, 
coluna estaminal externamente glabra e 
internamente glabra a não ser na porção distai, 
junto à base dos filetes, barbada. 

6. Bauhinia caloneura Malme, Bihang till 
Kungl. Svenska Vetenskaps -Akad. Handligar 
25 (3- n 1 1): 29. pl.2 fig.4. 1900. - Tipo. Brasil. 
Mato Grosso, Cuiabá, 22.nov.1893 (bt/fl), 
Malme I: 1138 (lectótipo S!, designado por Vaz, 
1995). 

Figura 5 a 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 1-2 cm compr. Folhas bilobadas, lâmina 
5- 1 0,5x(0, 3-2, 2)3, 5-8,7 cm (0,5-2 cm compr., na 
porção proximal do ramo), subcoriácea, base 
cordada a emarginada, 7-9- nérvea, nervura 
marginal inconspícua, às vezes subrevoluta, 
lobos concrescidos em mais do que 2/3 do 
comprimento total, ovado-oblonos a elíticos, 
paralelos, ápice obtuso a subagudo; face 
superior glabra, exceto nas nervuras 
glabrescentes, face inferior com nervuras 
ferrugíneo-hirsutas a pilosas, nas demais partes 
quase glabra, tricomas glandulares ausentes, 
nervuras primárias e secundárias proeminentes 
e terciárias pouco proeminentes; pecíolo 0,8-1 
cm compr., delgado, ferrugíneo-hirsuto. 
Estipulas lineares 8-13x0,5-1,5 mm; nectários 
extraflorais obsoletos, ca. 0,5 mm compr., 
geralmente adnados junto à base da estipula no 
ramo. Inflorescência até 7 cm compr., 
pauciflora, até 4-6 flores, curto-pedunculada; 




Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 




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Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 


pedúnculo até 3cm compr.; eixo racemiforme, 
ápice 3-floro, delgado, ferrugíneo-hirsuto; 
inflorescências parciais 2-3-floras; folhas 
ausentes, brácteas foliáceas lineares, nectários 
rudimentares. Botões até 8 cm na antese, linear- 
prismáticos (segundo Mal me, 1900), ápice 
reeentrante, 5- costados a 5-alados, hirsutos, 
com tricomas glandulares entre as costas ou 
alas. Flores com pedicelo 2 cm compr.; 
bractéolas lineares; hipanto cilíndrico, 1,2- 
1 ,5x0,6 cm, intemamente desconhecido, glabro 
(segundo Malme, 1900); cálice fendido na 
antese em 3-5 lobos reflexos, ondulados a 
retorcidos, 4-4,5 cm compr.; pétalas não vistas, 
segundo Malme (1900) “filiformia v. parte 
dimidia superiorenonnihildilatata, vix 1 mm lata, 
setaceo-acuminata, glaberrima”; anteras iguais, 
lineares, não loceladas, filetes 0,8- 1 ,2 cm compr., 
glabros; coluna estaminal presente, 4 mm altura 
máxima, apêndice ligular não visto, intemamente 
fulvo-hirsuta, externamente glabra; gineceu ca. 
7 cm compr., estigma não visto, ovário fulvo- 
hirsuto, estipe ca.2,5 cm compr., glabro. Legume 
deiscente, valvas 10,5-14x1,7-2,1 cm, hirsutas 
nas suturas a quase glabras, estipe 2,5-4 cm 
compr.; lobos funiculares uncinado-lobados. 
Sementes não vistas. 

Ocorre apenas no Brasil, estado de Mato 
Grosso (Fig. 20). Brasil. As localidades de 
ocorrência registradas nas etiquetas dos ma- 
teriais examinados pertencem à Folha IBGE 
( 1 960): folha SD-2 1 ,56- 1 6a. Cerrado. Arbusto 
pouco ramoso ou uma árvoreta com 3 m de al- 
tura com casca lisa e macia (col. Malme 1138). 

Floresce em novembro e frutifica cm 
junho. 

Trata-se de uma espécie endêmica, com 
área restrita a Cuiabá e Xavantina. 

As duas folhas proximais dos ramos 
laterais são bem menores que as demais (cf. 
medidas das folhas entre parênteses). Lâmina 
foliar com a face superior brilhante e a face 
inferior discolor. apresentando nervuras 
elevadas e escurecidas no material herborizado. 

Espécie pouco conhecida e cujas 
afinidades não estão ainda definidas. 


7. Batihinia campestris Malme, Arkiv Bot. 
Stockh. 5(5): 10. 1905. - Tipo. Brasil. Mato 
Groso. “Santa Arma da Chapada”, 28. jul. 1902 
(fl), Malme 2364b (lectótipo S !, designado por 
Vaz, 1995). 

Figura 8 

Subarbusto com xilopódio. Entrenó distai 
do ramo 4,5-5 cm compr.. Folhas bilobadas, 
lâmina (7,2-)9- 1 3,5x(8, 1 -) 1 1.5- 1 5 cm, coriácea, 
base cordada a subtruncada, 7-9-nérvea, 
nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 3/4 a 5/6 do comprimento total, 
quadrado-suborbiculados, divaricados, ápice 
subagudo a obtuso ou arredondado; face 
superior glaucescente, glabra ou pilosa só nas 
nervuras primárias, principalmente na nervura 
central, nervuras secundárias impressas, face 
inferior hirsútula, com tricomas curtos e 
patentes na região das nervuras, canescente 
ou pálido rufescente tomentosa, ou 
glabrescente, tricomas glandulares escassos, 
nervuras primárias, secundárias e terciárias 
proeminentes; pecíolo 0,4-0, 8 cm compr., 
robusto, tomentoso-hirsútulo, tricomas curtos 
patentes e densamente agrupados. Estipulas 
lanceoladas, 4-7x1 mm; nectários extraflorais 
ovóides, 2 mm compr., geralmentc exsertos. 
Inflorescência subcorimbiforme até 6-flores e 
30 cm comprimento, longo-pedunculada; 
pedúnculo 19-24 cm compr.; eixo jovem 
subcorimbiforme, médio, nem robusto, nem 
delgado, tomentoso a hirsútulo, glabrescente; 
inflorescências parciais 2-3-floras; folhas 
ausentes; brácteas foliáceas rudimentares, 
nectaríferas. Botões até 8, 5x0, 6 cm, 
pentagonais (segundo Malme 1905), ápice 5- 
subeuspidado, 5- estriados, costas não elevadas 
e cobertas pelo indumento tomentoso no botão 
jovem até 5-costados, com tricomas 
glandulares. Flores com pedicelo 0.5- 1,5 cm 
compr., bractéolas rudimentares, hipanto 
cilíndrico, 0,6-0, 9x0, 5-0, 6 cm, internamente 
desconhecido; cálice fendido na antese em lobos 
levemente ondulados a retorcidos, ca.4 cm 
compr.; pétalas, lineares, ca. 3x0, 1-0,2 cm, 
externamente glabras; estaminódios 0, estames 
10, anteras iguais, lineares, não loceladas, filetes 



Kodriguésia 54 ( 83 ): 



SciELO/ JBRJ^ 13 ^ 


55 - 143 . 2003 


15 16 



Bauhinia ser. Cansenia (Legwninosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


85 



Figura 8 - Bauhinia campeslris (Malme 2364): a, ramo florífero; b,. contorno foliar; c, detalhe do indumento na face 
inferior da folha. Desenho G. Gonçalves 1996. 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


2 3 4 5 6 


SciELO/JBRJ. 


13 14 15 16 17 18 



cm 


86 

3,5-4 cm compr., filetes glabros; coluna 
estaminal 2 mm altura máxima, apêndice ligular 
não examinado, internamente hirsuta, 
externamente glabra; gineceu ca.4,5-5,5 cm 
compr., estigma claviforme, ovário tomentoso, 
estipe 1,8-3 cm compr., glabro. Legume 
desconhecido. 

Ocorre apenas no Brasil, estados do Mato 
Grosso e Mato Grosso do Sul (Fig. 20). As 
localidades de ocorrência registradas nas 
etiquetas dos materiais examinados pertencem 
às Folhas IBGE (1960): SD-21, SF-21 e SE- 
22. Atualmente o nome da localidade tipo é 
Chapada dos Guimarães, folha SD-21 , 56-1 5d. 
Habita em campos elevados, principalmente em 
locais antes de serem submetidos à queimadas 
(Malme, 1905) e campo cerrado aberto ou 
campo limpo (col. Hatschbach 25046, 35042). 
Possui até 70 cm de altura, com indivíduos 
crescendo de modo agregado, caule 
freqüentemente flexuoso, mais ou menos 5- 
angulado (Malme, l.c.) 

Floresce de julho a outubro, segundo 
Malme (1905). 

B. campestris é aqui considerada uma 
espécie distinta de B. malacotricha Harms e, 
portanto, excluída da sinonimia desta última, tal 
como proposto pelo próprio Malme (1930). 
Talvez, B. estrellensis descrita por Hassler 
(1911), cujo holótipo não foi examinado, 
procedente do Paraguai, seja sinônimo de B. 
campestris. 

B. campestris apresenta como caráter, 
que a distingue das demais espécies estudadas, 
o tipo de inflorescência subcorimbiforme longo- 
pedunculada. 

8. Baithinia candelabriformis Cowan, Contr. 
Sei. Los Angeles County Mus. 13:4, Fig. 1.1 957. 
- Tipo: Brasil. Goiás, 7 km ao sul de Veadeiros 
(atual município de Alto Paraíso), Chapada dos 
Veadeiros, 47°30’ long. W x 14°30' S, abr. 1956 
(bt/fl), leg. Dawson 14581 (holótipo R!. isótipo 
RB!, fotografia RB!). 

Arvoreta. Entrenó distai do ramo 1-1,5 cm 
compr. Folhas bilobadas, lâmina 3.5-5x6-7 cm, 
coriácea, base profundamente cordada, 7-9- 


Vaz. A.M.S. da F. e Tozzi, AM. GA. 

nérvea, nervura marginal aplanada, lobos 
concrescidos em ca 2/3 do comprimento total, 
elíticos, subparalelos, ápice arredondado a 
subtruncado; face superior glabra, face inferior 
pubérula nas nervuras primárias a quase glabra, 
tricomas glandulares numerosos, nervuras 
primárias pouco proeminentes e secundárias e 
terciárias pouco proemimentes a imersas; 
pecíolo 1-1,4 cm compr., delgado, rufo- 
tomentelo. Estipulas rudimentares, 

submilimétricas, caducas; nectários extraflorais 
obsoletos, 0,5- 1 ,0 mm compr. Inflorescência até 
5-6 cm compr., curto-pedunculada; pedúnculo 
0,5 cm; eixo racemiforme duplicado, devido a 
rebrotamento de gemas reprodutivas no terço 
inferior do eixo, delgado, rufo-tomentelo; 
inflorescências parciais 2-floras; folhas 
reduzidas ao mucro, e então, apenas brácteas 
foliáceas rudimentares, submilimétricas, 
nectários extraflorais rudimentares, 

submilimétricos. Botões até 6, 5x0,4 cm na 
antese, tubulosos, ápice apiculado, lisos, 
enérveos, viscídulos, tricomas glandulares 
numerosos e apressos. Flores com pedicelo 1- 
1,2 cm compr., bractéolas escamiformes, 
submilimétricas; hipanto cilíndrico, 1 , 5x0,5 cm, 
internamente irregularmente seríceo-tomentoso 
na região distai; cálice fendido na antese em 4- 
5, lobos reflexos, ondulados a retorcidos, 3,5 
cm compr.; pétalas lineares, ápice 
agudo,ca. 2x0,1 cm, externamente glabras; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não Ioceladas, filetes 3,5-5,5 cm compr., 
filetes alternipétalos, internamente tomentosos; 
coluna estaminal presente, altura máxima 
desconhecida, apêndice ligular obsoleto, 
internamente seríceo-tomentosa, externamente 
glabra; gineceu 7,5 cm compr., estigma não 
visto, ovário com tricomas glandulares, estipe 
2,5 cm compr., glabro. Legume desconhecido. 

Ocorre apenas no estado de Goiás, na 
Chapada dos Veadeiros, município de Alto 
Paraíso (Fig. 22), em cerrado (Felfili 322), 
afloramentos areníticos (col. Dawson 14581), 
campo rupestre com solo com cristais de 
quartzo (observação pessoal). A localidade de 
ocorrência registrada nas etiquetas dos 

Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae ) no Brasil 


87 


materiais examinados pertence à Folha IBGE 
(1960): SD-23. É, portanto, um caso de 
endemismo pontual com uma única população 
conhecida. 

Trata-se de uma arvoreta, 2 m x 10 cm e 
com aparência ornamental (Filgueiras 415), 
bastante ramificada, ramos curtos e lenhosos. 
Altitude: 1 .500- 1 .600 m (Filgueiras 415). 

Botões e flores em janeiro, abril a junho. 

D. candelcibriformis difere de B. 
goyazensis por apresentar folhas 
profundamente cordadas e mais altamente 
concrescidas, inflorescência subcorimbiforme 
porém, com eixo curto-pedunculado. Também 
se aproxima de B. malacotrichoides que, no 
entanto, possui folhas bifolioladas. 

9. Bauhinia cheilantha (Bongard) Steudel, 
Nom. Bot., ed. 2, 1:191. agosto 1840. - 
Pauletia clieilaiitlia Bongard, Mem. Acad. 
Imp. Sei. St. Petersb.,ser. 6, Sei. Math.4(2):120. 
1836. -Tipo. Brasil. Mato Grosso: Cuiabá, jan 
1827 (fl), Riedel 773 (holótipo LE, fotografia 
BAB!, RB!). 

Bauhinia aromatica Ducke, Anais Acad. 
Bras. Ciênc. 31: 295.1959. - Tipo. Brasil, 
Ceará: Serra de Maranguape, riacho Pirapora, 
A Ducke 2337 (ectótipo EAC 9671, isolectótipo 
MG 24481 !).Sinnov. 

Figuras 2 g, 5 b, 5 c, 9 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 2.5-5 cm compr. Folhas bilobadas, lâmina 
(4, 5-)9,5-15x(5, 7)9-12 cm, cartácea a 
subcoriácea, base profundamente cordada a 
emarginada ou subtruncada, 9- 1 1 (- 1 3-) nérvea, 
nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 1/2 - 3/4 do comprimento total, 
largamente elíticos, paralelos, ápice 
arredondado a obtusiúsculo; face superior 
vilosa, glabrescente, nervuras terciárias e 
quaternárias pouco impressas dando à 
superfície um aspecto ruguloso, lace interior 
viloso-hirsútula, especialmente na região das 
nervuras primárias, tricomas glandulares 
presentes abundantes, ou tênue pubescentes 
(Serra de Maranguape), nervuras primárias e 
secundárias mais ou menos proeminentes e 


terciárias pouco proeminentes; pecíolo 2-3,0 cm 
compr., delgado, viloso-hirsútulo. Estipulas 
semilunares, acuminadas, 11-20x1-5 mm ou 
rudimentares, ovadas ca. 1 mm compr., ou ainda 
ausentes; nectários extraflorais rudimentares e 
encobertos pelas estipulas, até 1 mm 
comprimento. Inflorescência até 50 cm compr., 
curto-pedunculada; pedúnculo 1-5 cm compr.; 
eixo racemiforme, delgado, viloso-hirsútulo; 
inflorescências parciais 2-floras; folhas 
alternifloras presentes, ca. 3, 5x1, 8 cm ou 
reduzidas a brácteas foliáceas estreito- 
lanceoladas, não nectaríferas, 7-15x2 mm. 
Botões 3, 5-6x0, 6- 1,3 cm na antese, clavados, 
ápice obtuso, 15-costados, sulcados, costas 
onduladas em maior ou menor grau, até 15- 
costados ou lisos e 5-sulcado, tomentosos, 
vilosos ou hirsutos, com tricomas glandulares. 
Flores com pedicelo 1 cm compr., bractéolas 
estreito-lanceoladas, hipanto cilíndrico, 1 -2x0,7- 
0,8 cm, internamente glabro; cálice fendido na 
antese em 5 lobos eretos a reflexos, retos (= 
não ondulados, nem retorcidos, nem 
espiralados), 1,8-3 cm; pétalas obovado- 
oblongas a estreito-obovadas, obtusas, (2,5-)3- 
4,2x(0,3-) 1-2,5 cm, externamente cobertas por 
tricomas glandulares; estaminódios 0, estames 
10, anteras iguais, lineares, loceladas (= 
divididas em pequenos compartimentos) ou não, 
filetes 1, 7-3,5 cm compr., filetes alternipétalos 
esparsamente pilosos até hirsutos na base ou 
glabros; coluna estaminal 2-5 mm altura 
máxima, internamente com apêndice laciniado 
hirsuto nos bordos, externamente hirsuta a 
glabrescente; gineceu ca. 5 cm compr., estigma 
subtransverso-capitado, ovário viloso, com 
tricomas glandulares, estipe 2 cm compr., 
glabrescente. Legume deiscente, valvas 8,5- 
1 6x 1 , 1 - 1 ,6 cm, viloso-glandulosas, estipe 2-2,5 
cm compr.: lobos funiculares uncinado-lobados. 
Sementes ca.6x4 mm. 

Ocorre no Brasil, Bolívia e Paraguai. Nos 
estados de Bahia, Ceará, Maranhão, Mato 
Grosso e Mato Grosso do Sul, Paraíba, 
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e 
Sergipe (Fig. 22). São duas áreas de ocorrência 
disjunta: 1 ) Do nordeste até Manga, em Minas 




Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 





cm l 


SciELO/JBRJ 


Figura 9 - Bauhinia cheilantha (col. Malme 2627): a, ramo florífero; b, contorno foliar; c, detalhe do indumento na 
face inferior da folha. Desenho G. Gonçalves 1996. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.G.A. 




Bauhinia ser. Cansenia < Legiiminosae: Caesalpinioicleae) no Brasil 


89 


Gerais (04°-15°S lat. x 36°-45°W long., 
respectivamente, em localidades da folhas 
IBGE (1960): SA-24, SB-23, SB-24, SB-25, SC- 
23, SC-24, SC-25, SD-23 e SD-24). Em caatinga 
arbórea ou arbustiva, floresta estacionai , mata 
seca, mata de cipó, floresta refúgio e capoeiras. 
2) Na área centro-oeste/Paraguai ocorre nas 
folhas SD-21, SE-21 eSF-21, 16°-20°Sx56°W, 
em área de cerrado mais ou menos seco e de 
floresta mais ou menos inundável, e também 
na vegetação arbustiva próximo à Cuiabá 
(Riedel 773). Na caatinga arbórea tem a forma 
de uma arvoreta de até 6m. Na folha SF-23, a 
ocorrência de B. cheUanlha é duvidosa: o único 
espécime examinado (col. P.Occhioni 7405) 
representaria uma rara ocorrência de B. 
cheilantha para o estado do Rio de Janeiro, 
Serra dos Órgãos, “loco Limoeiro”. Como não 
temos conhecimento dessa localidade, não 
pudemos recoletar a espécie e confirmar a 
ocorrência. Uma outra coleção de Glaziou 
10688 (P), nos campos da Bocaina, sugere a 
possibilidade de uma área pretérita de 
distribuição de B. cheilantha maior ocorrida 
nos períodos pretéritos de clima mais seco. O 
espécime Glaziou 10688 difere dos demais por 
ser inteiramente glabro. Nos estados de Mato 
Grosso/Mato Grosso do Sul foi coletada com 
botões jovens em novembro, com botões e 
flores em dezembro até março (últimas flores), 
e com frutos em fevereiro/março e junho. Não 
foi possível detectar um padrão determinado 
de floração/frutificação nos espécimes 
examinados do nordeste. 

Vários coletores citam perfume leve e 
agradável das flores ou leve odor resinoso das 
folhas (Queiroz & Nascimento 3469), a planta 
exala odor balsâmico forte (Ducke, 1959, como 
B. aromatica). Esta espécie se caracteriza pelo 
tipo de indumento macio nas duas faces, pétalas 
subflabelado- venosas, glandulosas 
externamente e geralmente anteras loceladas. 

Bentham ( 1 870) tratou B. cheilantha no 
grupo informal das espécies com pétala obtusa 
e com acúleos, no entanto B. cheilantha não 
apresenta acúleos e sim nectários extraflorais 
rudimentares e pólen do tipo 3-colpado. Sendo 


assim verificamos, portanto, que deveria ser 
incluída em Bauhinia ser. Cansenia, apesar 
de possuir pétalas mais largas e obtusas. As 
espécies atins de Bauhinia cheilanta são B. 
subclavata e B. acuruana (tabela 1). 

A descrição original Bongard ( 1 836) como 
Pauletia cheilantha e os 14 espécimes da 
coleção Malme (S), procedentes de Cuiabá e 
Corumbá, apresentam em comum botão 
claviforme, robusto, 15-costado-sulcado, costas 
onduladas em maior ou menor grau, viloso a 
hirsuto, com tricomas glandulares; frutos com 
valvas de 12-16 cm x 1,1 cm. Nos espécimes 
coletados na caatinga de Manga, nordeste de 
Minas em direção do nordeste, até o Piauí, os 
botões são em geral menos vigorosos, menos 
hirsutos até tomentosos e 15-costados, as costas 
bem menos evidentes até obscuras e o botão 
liso e 5-sulcado, como em Mendes 338. A 
largura das pétalas, raramente presente nas 
coleções, parece variável em todas as 
populações, quer do centro-oeste, quer do 
nordeste, assim como a presença das estipulas 
semilunares, entre outros caracteres, é 
ocasional nos espécimes examinados. Os 
espécimes examinados de duas áreas disjuntas 
nordeste e centroeste, apresentam um gradiente 
no qual não se conseguiu reunir 
descontinuidades para marcar, sequer uma 
classificação infraespecífica. Por outro lado, as 
coleções procedentes dos estados da Bahia, 
Ceará, Piauí e Pernambuco mostram um 
gradiente de características de B. cheilantha 
até B. subclavata, por exemplo em relação ao 
botão claviforme, na antese, sendo que nesta 
última espécie é estreitamente 5-alado nas 
coleções tipo, e apresenta pétalas linear- 
lanceoladas, agudas, embora um pouco mais 
largas que as demais espécies da série 
Cansenia. As folhas do tipo de B. subclavata 
são ovado-oblongas, mais longas que largas e 
menos profundamente lobadas, membranáceas 
e apresso-pubescentes na face inferior, 
enquanto as dos espécimes de B. cheilantha, 
procedentes de Mato Grosso (S), tendem a ser 
largamente elíticas e tão largas quanto longas, 
mais rígidas e vilosas no dorso. Não existe 




Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 




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Ví;;, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 


modo infalível de se identificar alguns 
espécimes de uma ou outra espécie nos estados 
em que ocorrem juntas, especialmente no 
material frutífero, de modo que deve haver 
cautela com a identificação anotada nos 
espécimes. 

Ducke (1959) descreveu B. aromatica, 
uma nova espécie, com base em um indivíduo 
arbóreo de cerca de 8 m, encontrado na floresta 
úmida, que acompanha o riacho Pirapora, na 
serra de Maranguape, numa altitude de 300 m. 
O holótipo Ducke 2337 possui folhas ca. Vi 
bilobadas, amplas, tênue-cartáceas, glabras na 
face ventral, quase glabras na face dorsal, 
porém com indumento diminuto apresso- 
pubescente, discolores, verde cinza na tace 
dorsal. Os botões são menos largos e mais 
alongados em direção ao ápice que em B. 
cheilantha s. str. Ducke (1959) descreveu B. 
aromatica , como base nas diferenças entre 
esta e B. subclavata, mas sem levar em 
consideração as afinidades com B. cheilantha. 
A espécie de Ducke é sinonimizada aqui, por 
ser considerada apenas, como uma forma de 
vida de B. cheilantha adaptada à floresta úmida 
de encosta. 

10. Bauhinia cinnamomea A. P. de Candolle, 
Prodomus 517. 1825 - Tipo: Guiana Francesa. 
Cayenna: Martin (holótipo não localizado, 
fotografia RB! ex F negativo 1572). 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 2 cm comprimento. Folhas inteiras, lâmina 
7,5-20x4-7 cm, coriácea, elítica, base obtusa, 
ápice acuminado, 5-7- nérvea, nervura marginal 
infranerviforme; face superior glabra, nervuras 
secundárias não impressas, face inferior 
pubérula, tricomas glandulares esparsos, 
nervuras primárias pouco proeminentes, 
secundárias e terciárias imersas; pecíolo 0,8- 
1,5 cm compr., delgado, pubescente a quase 
glabro. Estipulas não vistas; nectários 
extraflorais cônico-ovóides, 1-2 mm compr., 
exsertos. Inllorescência até 35 cm compr., 
curto-pedunculada; pedúnculo 1,5 cm compr.; 
eixo racemiforme, delgado, tenuemente 
tomentelo; inflorescências parciais 2-floras. 


Botões jovens clavado-acuminados, ápice 
acuminado e não apendiculado, lisos, enérveos, 
tenuemente tomentelos, sem tricomas 
glandulares. Flores não vistas. Legume 
deiscente, valvas 14-25x1,5-2,2 cm, apresso- 
pubescenles, estipe 2,5-4 cm empr.; lobos 
funiculares filiformes. Sementes 11-15x8-9 mm. 

Ocorre no Suriname, Guiana Francesa, 
Guiana, Peru e Brasil; nos estados do Amapá 
(Folhas IBGE: NA-22,53-2d) e Amazonas 
(Folhas IBGE: SA-19, SA-20, SA-21, SB- 19, 
SB-20: 60°-70°W x 1-3° e 7°S). Em floresta de 
terra firme, de várzea ou ao longo dos rios. B. 
cinnamomea é aqui citada pela primeira vez 
para o Brasil, na área dos rios Solimões. Purus 
e Madeira e, também, no Amapá (Fig. 22). 
Possui ramos descamantes (Huber 4661). 

Frutifica de agosto a novembro. Botões 
em dezembro (col. Vásquez et Jaramillo 8536). 

11. Bauhinia conwayi Rusby, Buli. New York 
Bot. Gard. 8(28): 92. 1912. - Tipo: Bolívia. 
Tumupasa: jan. 1902 (fl), leg. R.S. Williams 485 
(holótipo NY!, isótipo BM!, fotografia RB! ex 
NY). 

Bauhinia tumupasensis Rusby, Buli. 
New York Bot. Gard. 28(8):93. 1912. - Tipo: 
Bolívia. Tumupasa: dez 1901, leg. R. S. Willams 
495 (holótipo NY!, isótipo BM!). Sin. nov. 

Bauhinia straussiana Harms, Notizblatt 
Bot. Gart. Museuns Berlin-Dahlem 6(59):308. 

1 9 1 5. - Tipo: “Boli via: Gegiet des Alto Acre, 
Cobija, im Walde, januar 1912, Ule 9442" 
(holótipo B, destruído, fotografias RB!, SI! ex 
F negativo 1617). Sin. nov. 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 2-4 cm comprimento. Folhas bilobadas, 
lâmina 7,5-20x5-13,5 cm, cartáceas a 
subcoriáceas. base subtruncada a arredondada 
ou levemente cordada, 7-9-nérvea, nervura 
marginal inconspícua, lobos concrescidos em 
ca. de 1/3 do comprimento total ou menos, 
ovado-lanceolados a oblongo-lanceolados, 
amplamente divergentes (= divaricados), curto- 
acuminados, às vezes o ápice se torna 
obtusiúsculo; face superior glabra ou pilosa na 
nervura central impressa, nervuras secundárias 

Rodríguêsia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


91 


impressas, face inferior viloso-hirsútula; 
tricomas glandulares não observados, nervuras 
primárias muito proeminentes, secundárias mais 
ou menos proeminentes, terciárias pouco 
proeminentes. Pecíolo 0,4-2 cm compr., delgado 
ou robusto, viloso-tomentoso. Estipulas 
assimétrico-subuladas, ca.4-10 mm compr., 
quebradiças a rudimentares; nectários 
extraflorais elipsóides a cônico-ovóides, 1-2 mm 
compr., exsertos. Inflorescência até 32 cm 
compr., curto-pedunculada; eixo racemiforme, 
delgado, tomentoso a velutino; inflorescências 
parciais 2-floras; folhas alternifloras ausentes, 
reduzidas a brácteas foliáceas, ca. 3-5 mm 
compr., subuladas ou rudimentares, 
nectaríferas. Botões (5-)6- 10x0,3-0,4 cm na 
antese, lineares, ápice subcuspidado a liso, lisos 
a 5-subcostados, tomentosos, tricomas 
glandulares não vistos. Flores, pedicelo 0, 3-0,7 
cm compr., bractéolas ovadas, 2 mm compr., 
hipanto cilíndrico a urceolado, 0,7-2x0, 3-0,6 cm, 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 2-3 lobos reflexos ou eretos, espiralados ou 
não, ca.3,5- 10 cm compr.; pétalas, lineares, 1,5- 
3,5x0, 1 cm, externamente glabras; estaminódios 
0, estames 10, anteras iguais, lineares, não 
loceladas, filetes 5,5-9, 5 cm compr., glabros; 
coluna estaminal presente, 1-4 mm altura 
máxima, apêndice ligular ausente, intemamente 
irregularmente velutino-tomentosa na parte 
superior e glabra na parte inferior, externamente 
velutino-tomentosa na junção dos filetes; 
gineceu 6, 5-9,5 cm compr., estigma claviforme, 
um dos lados aplanado-escorrente, ovário 
hirsútulo-tomentoso, estipe 1,5-4 cm compr., 
glabro ou quase glabro. Legume maduro não 
visto, deiscente, valvas 15-16x1,1-1,4, 
pubérulas, estipe 3, 5-4,5 cm compr.; lobos 
funiculares curto-triangulares. Sementes 
maduras não examinadas. 

Ocorre na Bolívia e Brasil, nos estados 
do Acre e Rondônia (Fig. 22). As localidades 
de ocorrência registradas nas etiquetas dos 
materiais examinados pertencem às Folhas 
IBGE (1960); SD-23. Folhas SC. 19 e SD.20. 
Latitude 60° a 72° x longitude 8° a 16°. Em 
floresta de terra firme ou de várzea, capoeiras. 

Bodrignésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


Ramos às vezes esfoliantes (cf. Williams 
485, BM). As folhas com âmbito obovado a 
rombóide, a distância entre as pontas dos lobos 
divaricados fica entre 6 e 12 cm, nas folhas 
maiores. 

Floresce de outubro a abril, um exemplar 
com flores pequenas em julho (col. Prance 
5901), frutos imaturos em julho. 

Rusby (1912) descreveu na mesma obra 
B. comvayi e B. twmipasensis com mesma 
localidade de procedência. Realmente o holótipo 
de B. twnupasensis tem folhas mais espessas, 
com pecíolos menores, estipulas mais robustas, 
com indumento do dorso foliar mais denso do 
que o holótipo de B. comvayi. 

Na descrição das flores Rusby (1912) 
afirma que B. twnupasensis apresenta filetes 
glabros e quase livres, enquanto em B. comvayi 
seriam conados e tomentosos na base. O 
holótipo de B. tumupasensi, no entanto, 
apresenta a base dos tdetes conada e tomentosa 
como a descrita para B. comvayi, também as 
tolhas desta última espécie, descritas como 
glabras face inferior são, na verdade, hirsútulas 
principalmente ao longo das nervuras principais. 
Não foram encontrados outros caracteres que 
justificassem a manutenção de ambos os 
binômios como espécies distintas. Pode-se 
aventar a hipótese, a confirmar com novas 
coleções na localidade tipo, de o tipo de B. 
comvayi corresponder a uma forma de sombra 
e o tipo de B. twnupasensis ser uma forma de 
local mais aberto, mais seco e ensolarado. 

Anteriormente B. comvayi não havia sido 
assinalada para o Brasil. 

12. Bauhinia cupulata Bentham in Martius, 
Fl. Bras. 15(2): 188. 1870. - Sintipos. Brasil. 
Piauí: Margens do Rio Gurgea, ago 1839 (bt/ 
fl), Gardner 2529 (BM!, MANCH1, NY1, 
OXF1, Wl, fotografias RB!, negativos IPA 1 197 
e F 1577): Goiás: “prope Goyaz, Cavalcante, 
Conceição aliosque locos", Burchell (não lo- 
calizado); “in eadem província ?, Pohr (não 
localizado). 

Bauhinia cupulata var. longifolia 
Bentham in Martius, Fl. Bras. 15(2): 189. 1870. 





SciELO/JBRJ 




cm 


92 

-Tipo. Brasil. Goiás: “in sylvis humidis Sertão 
d’ Amaro-Leite” set/out 1844 (fl), Weddel 2875 
(holótipo (?) P!, fotografia RB!). Sin. nov. 

Figuras 5 d, 10, 11 

Arbusto ou arvoreta. Entrenó distai do ra- 
mo 2,5-4 cm compr. Folhas bilobadas, lâmina 
6-15x6-13 cm, coriácea, base cordada a 
truncada, 9-13 nérvea, nervura marginal 
inconpícua, lobos concrescidos em 1/2 a 2/3 
do comprimento total, largamente ovado- 
oblongos, paralelos a subdivaricados, ápice 
obtuso; face superior glabra, nervuras 
secundárias não impressas, face inferior 
esparsamente vilosa a vilosa na região das 
nervuras primárias, tricomas glandulares 
presentes, escassas, nervuras primárias, 
secundárias e terciárias muito proeminentes; 
pecíolo 1-1,5 compr., robusto, tenuemente 
tomentoso. Estipulas ovadas, 2x3 mm, a 
assimétrico-subovadas; nectários extraflorais 
cônico-ovóides, 0,5-1 mm compr. Inflorescência 
geralmente ramificada com aspecto 
paniculiforme, até 10 cm compr. ou não 
ramificada e racemiforme, até 25.5 cm compr. 
(Andrade-Lima 76-8261), curto-pedunculada; 
pedúnculo 1 cm de compr.; eixo contínuo, 
robusto, tênue tomentoso; inflorescências 
parciais 2-floras; folhas opositifloras ausentes 
e reduzidas a 1-2 brácteas fofiáceas, ovadas às 
vezes com apêndice subuliforme, nectaríferas. 
Botões 8-10x0,4-0,7 cm naantese, subclavados, 
ápice obtuso e não apendiculado, lisos, 
enérveos, tenuemente tomentosos, tricomas 
glandulares escassas a ausentes. Flores, 
pedicelo 0,6- 1,5 cm compr.; bractéolas 2, uma 
delas ovada e a outra emarginada ou bilobada, 
às vezes concrcscidas, cupuliformes; hipanto 
cilíndrico, l-2x0,7-l cm compr., internamente 
velutino-tomentoso, cálice fendido na antese em 
5 lobos livres, reflexos, espiralados, 8-8,5 cm 
compr.; pétalas lineares, 7-9,5x0,l cm, glabras 
externamente; estaminódios 0, estames 10, 
anteras iguais, lineares, não loceladas, filetes 
6, 5-7,2 cm compr.; coluna estaminal ausente 
ou rudimentar até 1 mm altura, apêndice ligular 
ausente, internamente velutino-tomentosa, 
externamente pilosa; gineceu 6-12.5 cm compr., 


Voz. A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

estigma transverso-clavado, ovário rufo- 
tomentoso, estipe 2,7-5 cm compr., glabro. 
Legume deiscente, valvas 12-18x1,1-2 cm, 
glabrescentes, estipe 4-6 cm compr.; lobos 
funiculares filiformes. Sementes 10-11x6-7 mm. 

Ocorre no Brasil, Bolívia, Colombia e 
Venezuela. No Brasil, estados Goiás, Maranhão, 
Mato Grosso, Pará, Piauí e Tocantins (Fig. 22). 
Em cerrado, campo, floresta de galeria, floresta 
semidecidua, vereda, borda de floresta de 
galeria/cerrado s.s., floresta ombrófila aberta 
aluvial na margem direita do Rio Pacuneiro 
(Ivanauskas 4427). As localidades de 
ocorrência registradas nas etiquetas dos 
materiais examinados pertencem às Folhas 
IBGE ( 1960):SD-23. Folhas SB-23; SC-23, SC- 
22, SD-21 eSD-22. 

Flores quiropterófilas, visitadas por 
Glossophaga soricina (Silva et al. , 1997). 
Apresentam dois tipos de flores: hermaforditas 
e masculinas, devido ao abortamento prematuro 
do gineceu (Bergallo, 1990; observação 
pessoal). 

Botões de junho a setembro, frutos 
maduros, setembro a outubro. 

Bentham (1870) tinha dúvidas sobre a 
variedade nova criada por ele com base nos 
caracteres diferenciais - pecíolo mais longo e 
tênue, folhas mais profundamente lobadas, 
ca. 15 cm comprimento e fruto longamente 
estipitado. O espécime examinado, foi coletado 
na época de rebrotação e com frutos passados, 
demonstra que as diferenças citadas são 
devidas à fase fenológica do exemplar. As 
folhas são também menos coriáceas e a 
nervaçáo menos elevada. 

B. cupulatci é frequentemente confundida 
com B. longifolia, principalmente nas áreas 
em que ocorrem simpatricamente. B. 
longifolia , no entanto, entre outras 
características possui hipanto e base dos 
estames interna e extemamente glabras, e lobos 
funiculares curto-emarginados e pólen com 
processos supratectais gemóides enquanto B. 
cupulata possui hipanto internamente 
tomentoso e bractéolas cupuliformes, lobos 
funiculares filiformes. O pólen de B. cupulata . 

Rodríguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 



Bauhinia ser. Cansenia (Legwninosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


93 



Figura 10 - Bauhinia cupulata (a, c-d, Giordano 1 160; b, Vaz 1 16): a, ramo florífero; b, fruto; c, contorno foliar; d, 
detalhe do indumento na face inferior da folha. Desenho G. Gonçalves, 1997. 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


SciELO/JBRJ. 


13 14 15 16 17 18 



Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.G.A. 


J «g/ 


Figura 11 - Bauhinia cupulata (a-e, Vaz 1 1 80; f-h, Vaz 1116): a, botão; b, gineceu, onde se vê inserção do ginóforo no 
fundo do hipanto; c, detalhe do estigma; d, coluna estamina! em continuidade com a face interna do hipanto; e, pétala na 
antese; f, detalhe da valva com semente; g, semente em vista lateral; h, semente vista de perfil. Desenho G. Gonçalves, 
1997. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


cm l 


SciELO/JBRJ 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


95 


segundo Ferguson & Pearce(1986, Figs. 15,16 
e 17) não apresenta processos supratectais 
gemóides, e apresenta um estratificação da 
exina com um teto compactado e columelas 
curtas. B. cupulata compartilha vários 
caracteres B. boinbaciflora, em especial as 
brácteas subtendentes cupuliformes e o tipo de 
cobertura na parede interna do hipanto, no 
entanto B. boinbaciflora possui botões muito 
maiores na antese (20,5 cm compr.) e 
inflorescência composta de mônades. O pólen 
de B. boinbaciflora é desconhecido, mas deve 
ser investigado para se verificar as semelhanças 
com o de B. cupulata, que é muito 
característico em forma e ortamentação da 
exina. 

13 . Bauhinia curvula Bentham in Martius, Fl. 
Bras. 15(2): 194. 1870. - Tipo. Brasil. Goiás: 
Goiás Velho, “in campis prope Goyaz”, 1841 
(bt/fr), Weddell 2590 (lectótipo K, aqui 
designado; fotografia RB! ex NY negativo 
1595). 

Bauhinia elongipes Cowan, Contr. Sei. 
Los Angeles County Mus. 13: 6, Fig.2.1957. - 
Tipo. Brasil. Goiás, Formosa, “forest and forest 
margin along road 22-23 km, east of Formoso, 
region of Southern Serra Dourada, 48°50' W x 
13°45’S, mai 1956 (bt/fl), E.Y. Dawson 15051 
(holótipoR!,isótipoNY!, fotografia RB!). Sin. 
nov. 

Figuras 12, 13 

Subarbusto ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 2-4,5 cm comprimento. Folhas 
bifolioladas, cada folíolo ( 1 ,5-)2,5-4,2x(0,6-) 1 - 
1,8 cm, tênue coriáceo a coriáceo, incurvo- 
oblongo, convergente, livre ou concrescido em 
até 1/6 do comprimento total, ápice obtuso, 3- 
4- nérveo, nervura marginal aplanada, não 
proeminente; face superior glabra, nervuras 
secundárias não impressas, face inferior 
tenuemente tomentela a esparsamente apresso- 
pubérula, tricomas glandulares abundantes, 
nervuras primárias, secundárias e terciárias 
pouco proeminentes a imersas; pecíolo 0,5-1 
cm compr., delgado, tenuemente tomentelo, 
tricomas glandulares abundantes. Estipulas 


rudimentares; nectários extraflorais até 2 mm 
compr., subuliformes a rudimentares. 
Inflorescência até 18 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 0,1-1 cm de compr.; 
eixo racemiforme, delgado, tênue tomentoso; 
inflorescências parciais 2-floras; folhas 
alternifloras, folíolo 1-2, 5x0, 3- 1,2 cm, 
progressivamente reduzido em direção ao ápice, 
brácteas foliáceas escamiformes, às vezes 
mucroniformes, ou rudimentares a ausentes. 
Botões 12x0,4 cm na antese, lineares, ápice 
apiculado, lisos, enérveos a 5-subcostados, 
tenuemente tomentelos, com tricomas 
glandulares. Flores, pedicelo 1-3 cm compr.; 
bractéolas escamiformes submilimétricas; 
hipanto cilíndrico, 0.8- 1,5x0, 6-0, 9 cm, 
internamente irregularmente tomentoso na 
região distai; cálice fendido na antese em 3-5 
lobos, reflexos, levemente ondulados, não 
retorcidos, cálice 2,7-7 cm compr.; pétalas 
lineares, ápice acuminado, 1,6-3,7x0,05-0,1 cm, 
externamente glabras; estaminódios 0, estames 
10, anteras iguais, lineares, não loceladas, filetes 
2, 5-5,5 cm compr., glabros; coluna estaminal 
com 5-8 mm altura máxima, apêndice ligular 
ausente, internamente tomentosa, extemamente 
glabra; gineceu 4-8,5 cm compr., estigma 
claviforme, ovário tomentelo- com tricomas 
glandulares, estipe 1,7-4 cm compr., glabro. 
Legume deiscente, valvas 8- 1 1 ,2x0,8- 1 ,0 cm, 
glabras a esparsamente glandulosas, estipe 2,5- 
3,5 cm compr.; lobos funilares curto- 
emarginados. Sementes 4-5x3-4 mm. 

Ocorre no Brasil. Distrito Federal, Goiás, 
Minas Gerais, Mato Grosso e Pará (Fig. 23). 
As localidades de ocorrência registradas nas 
etiquetas dos materiais examinados pertencem 
às Folhas IBGE (1960): SD-22, SE-22, SD-23 
e SE-23, na latitudes 14°-19°S e longitude 47 o - 
53°W; com uma disjunção em Mato Grosso, no 
Juruena, folha SC-2 1 . Habita em campo, campo 
sujo, campo cerrado, cerrado, cerradão e 
margem da floresta de galeria em cerrado. 
Ocorre no Pará, na Serra do Carajás, folhas 
SA-22 e SB-22, sobre Canga. 

Em Goiás, início da floração e flores a 
partir de janeiro, março/abril até junho (vários 




Radriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 




96 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.G.A. 



E 

CJ 


d 


E 

E 


Figura 12 - Bauhinia cunnda ( col. Helena 07): a, ramo florífero; b, fruto; c, contorno foliar; d, detalhe do indumento 
na face inferior da folha. Desenho G. Gonçalves, 1996. 



SciELO/ JBRJ 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


97 



Figura 13 - Bauhinia cunula ( a-d, Rezende 13; e, Heringer 6784; f-h, Marquete 2266): a, botão; b, gineceu, onde se 
vê inserção do ginóforo no fundo do hipanto; c, detalhe do estigma; d, coluna estaminal em continuidade com a face 
interna do hipanto; e, pétala na antese; f, detalhe da valva com semente; g, semente em vista lateral; h, semente vista de 
perfil. Desenho G. Gonçalves, 1996. 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


2 3 


SciELO/ JBRJ. 


13 14 15 16 17 18 


cm 


98 

coletores). Exemplares frutíferos em julho a 
outubro. 

Hoehne (1919:34) cita B. pidçhella, 
denominada “cataholo”, como planta utilizada 
pelos índios Nambiquaras, no estado do Mato 
Grosso, para a aplicação de veneno nas flechas. 
O espécime citado por Hoehne como B. 
pulchella (col. Hoehne 1990), no entanto, é 
um exemplar de B. curvula. 

Cowan (1957) descreveu B. elongipes 
como muito próxima de Bauliinia pulchella e 
de Bauhinia curvula mas diferindo, segundo 
o autor, por apresentar pedicelos longos e finos, 
com 25-30 mm e, flores grandes. As folhas, 
segundo o autor, lembram as de Bauhinia 
curvula. Observação de campo e exame de 
coleções posteriores confirmam que o espécime 
tipo de B. elongipes pode ser considerado 
como uma forma de crescimento da espécie 
B. curvula, devido à plasticidade, sob o 
ambiente sombrio de floresta. 

Em locais sombrios, em cerradão e 
floresta de galeria, em Goiás, São João da 
Aliança e Niquelândia (cf. H. Margon Vaz s/n, 
RB 325657), apresenta lobos foliares cartáceos, 
maiores e mais largos até 5,5x3 cm, apenas 
pubérulos no dorso. 

14. Bauhinia dubia G. Don, Gen. Syst. 
2:463.1832, non B. dubia Vogei, Linnaea 13: 
314. 1839. Tipo: Brasil. Maranhão: jun 1841 (bt/ 
fl/fr), Gardner 6008 (lectótipo BM!, inédito; 
isótipo BM, fotografias RB!). 

Bauhinia nitida Bentham, in Martius, Fl. 
Bras. 15 (2): 184. 1870. -Tipo. Brasil. Tocantins: 
“campis siccis sylvaticis prope Natividade'", s/ 
data (bt/fr), Gardner 3122 (lectótipo K, 
designado por Wunderlin in sched., incd.; 
fotografia RB! ex F negativo 1598; isótipos 
BM!, OXF!, fotografia RB ex K negative 
16416). Sin. nov. 

Bauhinia viridiflorens Ducke, Arch. 
Jard. Bot. Rio de Janeiro 5:129.1930. - 
Bauhinia viridiflora Ducke Arch. Jard. Bot. 
Rio de Janeiro 3: 105.1922, non Bauhinia 
viridiflora Backer (1920). - Tipo. Brasil. Pará: 
Estrada de ferro Alcobaça, rio Tocantins jan. 


Vaz. A.M.S. da F. e Tbzzi, A.M.G.A. 

1915 (bt/fl/fr), Ducke s/n(RB!, lectótipo aqui 
designado; isólectótipos MG 15597!, R!). 

Figuras 14, 15 

Subarbusto ou arbusto. Entrenó distai do 
ramo 3-4 cm comprimento. Folhas inteiras, 
lâmina (3, 5)6- 14, 5x(2)3, 2-8, 5 cm, tenuemente 
cartácea a coriácea, ovado-oblonga a 
largamente ovada, base cordada ou 
subtruncada até obtusa, ápice longamente 
acuminado a obtuso, 5-7- nérvea, nervura 
marginal inconspoícua, face superior glabra ou 
pilosa na nervura principal impressa, nervuras 
secundárias não impressas, face inferior 
pubérula a glabra, tricomas glandulares ausentes 
ou presentes, nervuras primárias proeminentes, 
secundárias pouco proeminentes, e terciárias e 
seguintes pouco proe-minentes, densamente 
reticuladas; pecíolo 0,5- 1 ,5 cm compr., delgado, 
pubérulo. Estipulas rudimentares, 
submilimétricas; nectários extraflorais 
oblongoovóides, 1-3 mm compr., exsertos. 
Inflorescência até 20 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 1 - 1 ,5 cm compr.; eixo 
racemiforme, delgado, pubérulo; 
inflorescências parciais 2-fIoras; folhas 
alternifloras ausentes ou presentes, lâmina 5x3,8 
cm, progressivamente reduzidas, em direção ao 
ápice a forma de brácteas foliáceas duplamente 
lanceoladas, nectaríferas. Botões 7 x 0,2 - 0,3 
cm na antese, lineares, ápice 5-subcuspidado, 
setas caducas, lisos, enérveos a levemente 15- 
costados, pubérulos, com tricomas glandulares. 
Flores, pedicelo 0,5- 1,5 cm compr., bractéolas 
escamiformes, submilimétricas; hipanto 
cilíndrico a urceolado, 1-1, 5x0,5 cm compr.. 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 2-3 lobos, eretos, re-torcidos ou não, 3,5- 
4,5 cm compr.; pétalas lineares, 1, 3-2x0, 1 cm. 
extemamente glabras; estaminódios 0, estames 
10, anteras iguais, lineares, não loceladas, filetes 
ca.5,5-6,5 cm compr.; coluna estaminal presente, 
7-8 mm altura máxima, apêndice ligular ausente, 
internamente rufo-vilosa, externamente glabra 
a vilosa na junção dos filetes; gineceu ca.8 cm 
compr., estigma claviforme, um dos lados 
aplanado-escorrente, ovário glabro, com 
tricomas glandulares, estipe ca.3,5 cm compr., 



SciELO/ JBRJ 


12 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 





cm l 


SciELO/ JBRJ, 


Bauhinia ser. Cansenia < Leguminosae: Caesalpinioideae )no Brasil 


Figura 14 - Bauhinia dubia ( a-c, d, Vaz 706; b, Lima 1560): a, ramo florífero; b, fruto; c, contorno foliar; d, detalhe 
da face inferior da folha glabra. Desenho G. Gonçalves, 1996, 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



cm 


100 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.G.A. 



Figura 15 - Bauhinia dubia (a-d, Vaz 708; e, Vaz 706): a, botão; b, gineceu, onde se vê inserção do ginóforo no fundo 
do hipanto; c, detalhe do estigma; d, coluna estaminal em continuidade com a face interna do hipanto; e, pétala na antese; 
f, detalhe da valva com semente. Desenho G. Gonçalves, 1996. 



Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


SciELO/ JBRJ 


12 13 14 15 16 



Bauliinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


101 


glabro. Legume deiscente, valvas 14-15x1,3- 
1,7 cm, glabras, estipe 3,5-4 cm compr.; lobos 
funiculares curto-triangulares. Sementes 7x5 
mm. 

Ocorre apenas no Brasil, nos estados do 
Ceará, Goiás, Maranhão, Pará, Piauí e 
Tocantins (Fig. 23). As localidades de 
ocorrência registradas nas etiquetas dos 
materiais examinados pertencem às Folhas 
IBGE (1960): Folhas SA-22, S A-23, SA-24, SB- 
22, SB-23, SB-24, SC-22, SC-23, SD-23. Em 
“carrasco”, cerrado (inclusive, campo cerrado 
e cerradão), além de transição caatinga/ 
cerrado, caatinga (Russas, no Ceará e Jaicós 
no Piauí), floresta (Cocai no Piauí), margem de 
floresta de areia branca (Tucuruí, Pará). 
Arbusto pequeno das capoeiras secas e da 
mata perto dos campos no estado do Pará (= 
B. nitida, Ducke, 1925a, b). 

As pétalas são involutas. Pode ser um 
arbusto apoiante (Salino 3905). 

Floresce de novembro a janeiro, frutifica 
de janeiro ajulho. 

Bentham ( 1 870) descreveu B. nitida com 
base em material de Goiás/Tocantins. De fato, 
os espécimes procedentes de tal região, assim 
como os do Maranhão adjacente apresentam 
folhas amplamente cordadas e curtamente 
acuminadas, coriáceas e glabras na face 
inferior; brilhantes, muito reticuladas e 
nigrescentes na face superior. Mas este 
conjunto de caracteres não se mostra forte o 
suficiente para a manutenção de B. dubia e B. 
nitida como espécies distintas como foi aceito 
por Bentham (1870). Então, após o exame das 
coleções procedentes de Palmas, no estado do 
Tocantins (HEPH), considera-se os dois 
binômios como sinônimos. 

Ver também comentários sob B. 
longicuspis. 

15 . Batihinia duinosa Bentham in Martius, Fl. 
Bras. 15(2): 194. 1870. - Tipo. Brasil. Goiás: 
entre Goiás e Cavalcante, mai 1865 (bt/fr), 
Burchell 7790 (K, lectótipo aqui designado, 
fotografia NY negativo 1594, fotografia RB!). 

Subarbusto com xilopódio ou arbusto. 


Entrenó distai do ramo 2-2,5 cm compr. Folhas 
bifolioladas a bilobadas, se bilobadas, os lobos 
concrescidos em ca. de 1/3 do comp. total, base 
emarginada (subcordada) até profundamente 
cordada, cada lobo ou folíolo 1 , l-5-(7)x0, 5-2,7- 
(4,5) cm, cartáceo a sub-coriáceo, 3-5-nérveo, 
nervura marginal aplanada, largamente elítico 
a ovado-elítico a subreniforme, paralelo a 
divergente, ápice arredondado a obtuso; face 
superior glabra, às vezes esparsamente pilosa, 
face inferior tomentoso-hirsútula a viscídula, 
especialmente na região das nervuras primárias 
a glabrescentes (folhas maiores, na parte 
inferior do ramo), tricomas glandulares 
presentes abundantes, nervuras primárias pouco 
proeminentes, secundárias e terciárias pouco 
proeminentes a imersas; pecíolo 0,3-1 cm 
compr., delgado, rufo-tomentoso. Estipulas 
lineares, 2-4 mm a rudimentares; nectários 
extraflorais subuliformes a rudimentares, 0,5-2 
mm compr. Inflorescência até 27 cm compr., 
curto-pedunculada; pedúnculo 0,5-1 cm; eixo 
racemiforme, delgado, sordido-tomentoso- 
hirsuta; inflorescências parciais 2-floras; folhas 
subopositifolias, lobos/folíolos 0, 5-2x0, 4- 1 ,2 cm, 
nectários extraflorais subuliformes a 
rudimentares. Botões 7-10x0,4 cm na antese, 
lineares, ápice 5-reentrante-agudo, lisos, 
enérveos a 5-subcostados, tomentoso-hirsútulos, 
com tricomas glandulares numerosos e 
apressos. Flores com pedicelo 1,5-2, 2 cm 
compr., bractéolas escamiformes, submilimé- 
tricas, hipanto cilíndrico, 0, 7-2x0, 5-0, 8 cm, 
internamente irregularmente seríceo-tomentoso 
na região distai; cálice fendido na antese em 4- 
5 lobos reflexos, ondulados a retorcidos, 3,5-6 
cm compr.; pétalas lineares, ápice agudo, ca.2,2- 
3,3x0, 1 cm, extemamente glabras; estaminódios 
0, estames 10, anteras iguais, lineares, não 
loceladas, filetes 3-5,5 cm compr., filetes 
alternipétalos, intemamente tomentosos, coluna 
estaminal presente, 7 mm altura máxima, 
apêndice ligular obsoleto, internamente 
tomentosa, extemamente glabra; gineceu 5-8 
cm compr., estigma claviforme, ovário 
tomentoso-hirsútulo, com tricomas glandulares, 
estipe 2-2,8 cm compr., glabro. Legume 




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cm 


102 V faz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 


deiscente, valvas 8,5- 1 5x0,9- 1 ,3 cm, pubérulo 
a glabro, estipe 3-3,8 cm compr.; lobos 
funiculares curto-emarginados. Sementes 5- 
6x5-4 mm. 

15a. B. dumosa var. dumosa Bentham. Tipo: 
Ver sob B. dumosa. 

Arbusto, esgalhado desde a base ( Vaz 817) 
ou Subarbusto com xilopódio 0,7 a 1,5 m de 
altura. 

Ocorre apenas no Brasil, estados da 
Bahia, Goiás e Distrito Federal (Fig. 23). As 
localidades de ocorrência registradas nas 
etiquetas dos materiais examinados pertencem 
às Folhas IBGE (1960): folhas SD-22, SD-23. 
Em cerrado, cerrado transição para campo, 
campo sujo e campo limpo (vários coletores). 
Ocorre em altitudes, entre 630 até 1120 m 
(vários coletores). 

Segundo a diagnose (Bentham, 1870) B. 
dumosa se distingue por apresentar folhas bilo- 
badas, com 1 ,2 - 1 ,8 cm compr., lobos um pouco 
mais largos que longos obtusíssimos e 
concrescidos em menos da metade do 
comprimento total, face inferior tomentosa- 
hirsuta e com nervuras secundárias e terciárias 
mais ou menos proeminentes, botão floral 
obscuramente estriado, pétalas lineares e ovário 
híspido. Com o aumento das coleções e a partir 
de observações de campo, em Goiás, observou- 
se que as folhas descritas na diagnose 
correspondem aos ramos floríferos curtos, 
distais, e que o ramo principal apresenta folhas 
maiores e glabrescentes, à medida que se 
distanciam da região distai em direção à base. 

Exemplares com botões e flores de 
novembro a setembro, e com exemplares em 
plena frutificação em setembro e outubro. 


Os espécimes Gates et Estabrook 105 
(CEN, RB, SP); P.I. Oliveira 488 (MBM, RB) 
e IrWin et al. 12658 (US, foto RB) todos 
procedentes de Alto Paraíso, diferem da 
variedade típica por apresentar folhas mais 
altamente conadas, lobos mais largos, e com 
ápice quase truncado, além de estipulas lineares 
maiores. Os exemplares Vaz et Alvarenga 893, 
894, 905, 908, 914, 916 (RB), todos coletados 
na Reserva Biológica do IBGE em Brasília, e 
identificados como B. dumosa var. viscidula, 
se apresen-tam na verdade como 
intermediários entre as duas variedades, com 
ramos e indumento de B. dumosa var. 
viscidula, mas com folhas bilobadas. 

15b. Batihinia dumosa var. viscidula 
(Harms) Vaz & Marquete, Revta. brasil. Bot. 
16(1 ):97. 1993. - Bauhinia viscidula Harms, 
Bot. Jahrb. 33(72):22. 1903. - Tipo. Brasil. 
Goiás: entre “Ciganos e As Brancas”, dez 1 894, 
leg. Glaziou n. 21010 (lectótipo RB!, designado 
por Vaz et Marquete, 1993; isolectótipo K!). 

Arbusto delgado, com xilopódio, 0,5 a 1 ,5 m. 

Ocorre apenas no Brasil, Distrito Federal 
e Goiás. As localidades de ocorrência 
registradas nas etiquetas dos materiais 
examinados pertencem à Folha IBGE (1960): 
SD-23. Em cerrado e campo rupestre de Alto 
Paraíso. Foram assinaladas as altitudes 750 m 
(Irvvin et al. 11132) e, entre 1.000 e 1.200 m 
(vários coletores). 

Trata-se de um registro de endemismo às 
áreas do Distrito Federal e do município de Alto 
Paraíso de Goiás. 

Espécimes floríferos a partir de outubro a 
fevereiro, com frutos imaturos a partir de 
janeiro, fevereiro a setembro. 


CHAVE PARA AS VARIEDADES DE B. DUMOSA 

1 . Folhas bilobadas, lobos díticos, face inferior e ramos tomentoso-hirsútulos, caule ramificado no 

ápice Bauliinia dumosa var. dumosa 

2. Folhas bifolioladas, folíolos subreniformes, face inferior e ramos viscídulos, caule não ramificado, 

ou com ramos apenas duplicados Bauhinia dumosa var. viscidul 

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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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16 . Bauhinia fusconervis (Bongard) Steudel, 
Nom. Bot. ed. 2, 191. agosto 1840. - Pauletia 
fusco-nervis Bongard, Mem. Acad. Iinp. Sei. 
St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 4:116. 1836. - 
Tipo. Brasil, “in sylvis Morro Grande, inter 
Parahyba et Parahybuna”, mai 1824 (fl), 
Langsdorff (holótipo LE, fotografia BAB!, 
RB!). 

Bauhinia sellowiana Vogei, Linnaea 
13:306.1839. -Tipo: Brasil. Minas Gerais: “prov. 
Marianna”, sem data (fr), Sellow s/n, (holótipo 
B, destruído; fotografia RB! ex F negativo 
1575). Sin. nov. 

Arbusto. Entrenó distai 2cm comprimento. 
Folhas bilobadas, lâmina 4,0-6,5(8,0)x2,2- 
5, 0(7,0) cm, cartácea, base subtruncada, emar- 
ginada a cuneada, 5-7- nérvea, nervura marginal 
aplanada, lobos concrescidos em 1/3 a 2/3 do 
comprimento total, elíticos, subparalelos a 
divergentes, ápice obtuso; face superior glabra, 
nervuras secundárias não impressas, face 
inferior pubescente e/ou rufo-tomentela, 
especialmente nas nervuras primárias, tricomas 
glandulares presentes, nervuras primárias 
pouco proeminentes, secundárias e terciárias 
pouco proeminentes a imersas; pecíolo 8- 10 mm 
compr., delgado, tomentelo. Estipulas 
rudimentares, submilimétricas; nectários 
extraflorais subuliformes, incurvos, ca. de 1 mm 
compr. Inflorescência até 8 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 1,5 cm; eixo 
racemiforme, delgado, tomentelo; inflores- 
cências parciais 2-floras; folhas oposilifloras, 
lâmina 2, 1-3x1, 3-2, 2 cm, progressivamente 
reduzidas a 1-2-brácteas foliáceas, nectaríferas. 
Botões 6, 5x0,3 cm na antese, pentagonais, 
ápice reentrante-obtuso, 5-costados, tomen- 
telos, viscídulos, com tricomas glandulares. 
Flores pedicelo 1-1,5 cm compr.; bractéolas 
escamiformes submilimétricas; hipanto 
cilíndrico, 1 ,5-2,2x0,6cm, internamente 
irregularmente seríceo-tomentoso na região 
distai; cálice fendido na antese em 3-5 lobos, 
reflexos, ondulados a retorcidos, ca.4-5 cm 
compr.; pétalas lineares, ápice acuminado, 2,5- 
2,8x0, 1 cm, extemamente glabras; estaminódios 
0, estames 10, anteras iguais, lineares, não 


loceladas, filetes 3, 4-4, 5 cm compr., glabros, 
exceto os dois laterais alternipétalos; coluna 
estaminal com 7 mm altura máxima, apêndice 
ligular obsoleto, internamente seríceo- 
tomentosa, externamente glabra; gineceu 
compr. desconhecido, estigma claviforme, 
ovário tomentelo, estipe glabro. Legume 
deiscente, valvas 11,5-12,5x1-1,4 cm, 
pubescente, estipe 3,0 cm compr.; lobos 
funiculares curto-emarginados. Sementes não 
vistas. 

Ocorre apenas no Brasil, Minas Gerais 
(Fig. 23). As localidades de ocorrência 
registradas nas etiquetas dos materiais 
examinados pertencem às Folhas IBGE ( 1 960): 
SE-23, 42/44°long. x 19/20°lat.; SF-23, 40/43° 
long. x 2 1 °lat. Em domínio de floresta Atlântica. 
Planta da encosta de mata secundária 
(Kuhlman 81); capoeira de alto de morro (Lopes 
262). Arbusto bastante ramificado, ramos 
flexíveis (Leoni GFJP 1503). Cálice verde, 
pétalas brancas. 

Foi coletada com botões e flores a partir 
de março/abril até julho. Frutificação plena a 
partir de junho/julho. 

Categoria IUCN (1994); Vulnerável. 
Espécie ameaçada, devido à devastação na 
área de distribuição da espécie. Não foi mais 
encontrada, desde as coleções históricas de 
Langsdorff e Schott 5635, nas margens dos rios 
Paraíba e Paraíbuna, divisa entre Rio de Janeiro 
e Minas Gerais. A área de distribuição de 
Bauhinia fusconervis estaria restrita a poucas 
localidades de Minas Gerais (ver no material 
examinado, em Vaz, 2001). 

O material Gardner 5444 (K!, OXF!, foto 
RB), procedente do Corcovado, na cidade do 
Rio de Janeiro, com hipanto e coluna estaminal 
internamente glabros foi identificado erronea- 
mente por Bentham (1870) como B. 
fusconervis e, foi citado como material 
examinado sob B. fusconervis. Este material 
foi revisado, aqui, como B. longifolia s. lat. 
Bauhinia fusconervis, apresenta região distai 
do hipanto e coluna estaminal intemamente 
seríceo-tomentosa, e não glabérrimos, como 
cita a descrição de Bentham (1870), feita 




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cm 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.GA. 


provavelmente com base no espécime Gardner 
5444. De lá para cá, espécimes de B. longifolia 
procedentes dos estados do Rio de Janeiro e 
Minas Gerais têm sido erroneamente 
identificados nas coleções de herbário, como 
B. fusconervis (ver caracteres diferenciais no 
quadro abaixo e também Mendonça-Filho 
(1996:33). 

B. sellowiana foi tratada por Bentham 
(1870) como sinônimo de B. cuiabensis. (= B. 
ungulata L. s. lat.). O exame da fotografia do 
tipo (espécime frutífero) e de coleções de mesma 
região mostrou que a flor de B. sellowiana é 
semelhante à de B. fusconervis e não apresenta 
botão clavado, não costado; pétalas estreitamente 
lanceoladas e coluna estaminal internamente 
barbada, como ocorre no complexo B. ungulata 
(= B. cuiabensis s. str.). 

Bauhinia fusconervis é próxima de B. 
pulchella com a qual forma um complexo de 
difícil delimitação na área de sobreposição de 
distribuição no estado de Minas Gerais (tabela 2). 

17. Bauhinia gardneri Bentham, in Martius, 
F1 Bras. 15(2): 186. 1870. -Tipo. Brasil, Goiás: 
“Mission of Douro”, out. 1839 (fr), Gardner 
3123 (K, Iectótipo, fotografia RB !; isolectótipos, 
BM!, OXF!, W!, fotografia RB ex B). 

Subarbusto com xilopódio ou arbusto, 0,6 
a 0,9m de altura. Entrenó distai 7-11 cm comp. 
Folhas bilobadas, lâmina 10- 15x1 2,5- 16,2 cm, 
coriácea; base profundamente cordada a lobada 
(lobos sobrepostos no material examinado), 9- 
1 1- nérvea, nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 2/3 a 3/4 do comprimento total, 
suborbiculados, orientação (não aplicável nos 
lobos muito curtos) até um pouco divaricada, 
ápice arredondado, face superior glabra, 
nervuras impressas, face inferior pubescente a 
tomentela na região das nervuras primárias, 
tricomas glandulares presentes, não abundantes, 
nervuras primárias e secundárias proeminentes, 
terciárias um pouco proeminentes; pccíolo 1,5- 
2 cm compr., robusto, rufo-tomentelo. Estipulas 
ovado-Ianceoladas, ca. 2 mm compr. Nectários 
extraflorais cônico-ovóides, 2 mm compr., 
exsertos. In florescência até 30 cm compr., 


longo-pedunculada; pedúnculo 7,5-13 cm 
compr.; eixo racemiforme, delgado, diminuto- 
ou evidentemente tomentelo; inflorescências 
parciais 2-floras a 3-floras; folhas alternifloras 
presentes, lâmina até 8,3x10,5 cm até 
progressivamente reduzidas em direção ao 
ápice, brácteas foliáceas, rudimentares, às vezes 
com mucron presente, nectaríferas. Botões 7 
cm na antese, lineares, ápice 5-obtuso 
reentrante, 5-costados, tomentelos, com 
tricomas glandulares. Flores na antese não 
examinadas, fragmentos com pedicelo 1-1,5 cm 
compr., bractéolas submilimétricas, hipanto 
cilíndrico, l-l,5x0,6-0,7 cm, internamente 
desconhecido cálice fendido na antese em 2-4 
lobos eretos, ondulados, espiralados, ca.6 cm 
compr.; pétalas, não examinadas; estames 
desconhecidos, filetes internamente na junção 
com a coluna estaminal rufo-vilosos, coluna 
estaminal internamente não examinada; 
estigma não examinado; ovário rufo-tomentoso, 
estipe 2-3,5 cm compr., glabro. Legume 
deiscente, valvas imaturas 1 0,5x 1 ,5 cm, glabras, 
estipe 2,5 cm cmpr.; lobos funiculares não vistos. 
Sementes não vistas. 

Ocorre na Bolívia (col. Killen 1161, MO) 
e Brasil, no estado de Tocantins (Fig. 24). 
Segundo indice de topônimos (IBGE), a 
localidade Missões fica nas proximidades da 
Serra do Ouro, município de Dianópolis, folha 
SC-23, 47- 12b; e o município de Arraias fica 
na folha SD-23,47-13d. Com cerca de 0,6 m 
de altura (Gardner 3123), ou cerca de 0,9 m 
(Gardner 3696). Habita em campos elevados. 
Subarbusto xeromórfito produzindo novos 
caules folhosos, a partir de um sistema 
subterrâneo e florescendo em campos cerrados 
após queimadas recentes. 

Espécimes com botões e flores em 
setembro e outubro. 

Difere do complexo B. holophyllo- 
longifolia-rufa, por apresentar a base dos 
filetes rufo-vilosa. 

18. Bauhinia goyazensis Harms, Bot. Jarhb. 
33(72):21. 1903. Tipo. Brasil. Goiás: Fazenda 
do Paranana, no campo, maio 1895, leg. Glaziou 


Rodriguisia 54 (83): 55-143. 2003 



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Bauhinia ser Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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21012 (holótipo não localizado; isótipo K!; fo- 
tografias RB! ex K, ex F negativo 1582, NY 
negativo 1619). 

Subarbusto com xilopódio ou arbusto. 
Entrenó distai 4,5-5 cm comprimento. Folhas 
bifolioladas a bilobadas, cada lobo ou folíolo 4- 
6x3-4 cm, subcoriáceo a coriáceo, base cordada, 
4-5-nérveo, nervura marginal aplanada, foliolos 
livres ou lobos concrescidos em 1/7 a 1/5, 
raramente até Vi ou mais do comprimento total, 
subreniformes a ovado-elíticos, divergentes, 
ápice arredondado a obtuso; face superior 
glabra, face inferior pubérula a quase glabra, 
esparsamente e inconspicuamente glandulosa, 
nervuras primárias pouco proeminentes, 
secundárias e terciárias pouco proemimentes 
a imersas; pecíolo 1-1,7 cm compr., delgado, 
rufo-tomentelo. Estipulas não vistas; nectários 
extraflorais subuliformes a rudimentares, 0,5- 
1,0 mm compr. Inflorescência curto- 
pedunculada; pedúnculo ca.4 cm compr.; eixo 
racemiforme geralmente duplo e ramificado, 
devido a rebrotamento de gemas reprodutivas 
no terço inferior, delgado, rufo-tomentelo; 
infiorescências parciais 2-floras; folhas distais 
reduzidas a um mucron, ou ausentes e então, 
apenas brácteas folíaceas escamiformes, 
ovadas, submilimétricas a rudimentares, 
nectaríferas; nectários extraflorais subuliformes, 
ovóides a rudimentares e submilimétricos. 
Botões 6, 5x0, 3 cm na antese, lineares, ápice 5- 
reentrante-agudo, 5-sub-costados a lisos, 
enérveos, tomentosos, com tricomas 
glandulares numerosos e apressos. Flores com 
pedicelo 1,3-2 cm compr., Harms (1903) às 
vezes um pouco maiores, bractéolas 
escamiformes, submilimétricas, hipanto 
cilíndrico, 1,5-1, 8x0,4-l cm, internamenle 
irregularmente seríceo-tomentoso na região 


distai; cálice fendido na antese em 4-5, lobos 
reflexos, ondulados a retorcidos, ca.4, 5-5,5 cm 
compr.; pétalas lineares, ápice agudo, ca.3,5x0, 1 
cm, externamente glabras; estaminódios 0, 
estames 10, anteras iguais, lineares, não 
loceladas, filetes 3, 8-5, 5 cm compr., filetes 
alternipétalos, internamente tomentosos, coluna 
estaminal presente, apêndice ligular obsoleto, 
internamente seríceo-tomentosa, externamente 
glabra; gineceu 7-8 cm compr., estigma 
claviforme, ovário pubérulo, com tricomas 
glandulares, estipe 4 cm compr., glabro. 
Legume deiscente, valvas 12,5-17x1 cm, 
pubérulo a glabro, estipe 3-4 cm compr.; lobos 
funiculares curto-emarginados. Sementes 5- 
8x3, 5-5 mm. 

Ocorre apenas no Brasil, estados de Goiás, 
Mato Grosso, Tocantins e no Distrito Federal 
(Fig. 24). As localidades de ocorrência 
registradas nas etiquetas dos materiais 
examinados, procedentes de Goiás, Tocantins e 
Distrito Federal pertencem às Folhas IBGE 
(1960):SD-22, SD-23 e SE-22. Em Mato 
Grosso, foi coletada apenas no distrito de Pedra 
Preta, Serra da Petrovina (Flatschbach 62835, 
MBM, RB). Habita também em campo 
rupestre, cerrado pedregoso ou cerrado com 
afloramentos de rocha (vários coletores e 
observações de campo em Goiás), floresta 
mesofítica (Anderson 6902). 

Botões e flores nos espécimes coletados 
em maio, junho e julho. Frutos desenvolvidos 
em julho a outubro. 

Segundo Vaz & Marquete (1993) B. 
goyasensis é um sinônimo de B. pulchella 
Bentham, a qual é aqui considerada como 
espécie distinta, com base no caráter grau de 
concrescimento do lobos foliares. 


Tabela 2 - Caracteres diferenciais entre B.fiisconervis, 

B. longifolia e B. pulchella 



Caracteres diferenciais 

B.fusconervis 

B. longifolia 

B. pulchella 


Coluna estaminal (lado interno) 
Estipe 

Folhas (comprimento) 

Tomentosa 
Glabro 
Até 8 cm 

Glabra 

Tomentoso a hirsútulo 
Até 12- (17-20) cm 

Tomentosa 
Glabro 
Até 4,5 cm 



Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 



cm 


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19 . Bauhinia grandifolia (Bongard) Steudel, 
Nom. Bot. ed.2, 1:191 (err. tipogr. 291). agosto, 
1840. - Pauletia grandifolia Bongard, Mem. 
Acad. Imp. Sei. St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 
4:130. tab.5, Fig. 3 (folha). 1836. -Tipo. Brasil. 
Amazonas: “in fruticetis siccis prope Borba”, 
jul 1828 (fl), Riedel 1293 (holótipo LE, 
fotografias BAB!, RB!). 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai 2-5 
cm comprimento. Folhas bilobadas, lâmina 13- 
21x10-14 cm, cartácea ou subcoriácea, base 
subtruncada a emarginada ou levemente 
cordada, 7- a sub-9-nérvea, nervura marginal 
infranerviforme, lobos concrescidos em menos 
de 1/3 do comprimento total, ovado-oblongos, 
paralelos a convergentes, ápice curtamente 
acuminado; face superior glabra, nervuras 
secundárias impressas, face inferior pilosa a 
hirsuta na região das nervuras primárias, 
inclusive nas margens, tricomas glandulares 
escassos, nervuras primárias proeminentes, 
secundárias pouco proeminentes a imersas, 
terciárias imersas; pecíolo 0,8-1 cm compr., 
robusto, hirsuto, glabrescente. Estipulas não 
vistas; nectários extraflorais não vistos. 
Inflorescência até 25-33 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 4 cm compr.; eixo 
racemiforme, delgado, rufo-hirsuto; 
inflorescências parciais 2-floras; folhas 
opositifloras/alternifloras não vistas, brácteas 
foliáceas rudimentares. Botões 7x0,7 cm na 
antese, clavado-acuminados, ápice não 
apendiculado, lisos, enérveos, viloso-hirtusulos, 
sem tricomas glandulares. Flores, pedicelo 0,2 
cm compr., bractéolas rudimentares, hipanto 
cilíndrico-urceolado. 1 ,0- 1 ,3x0, 5-0,6 cm compr., 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 3-5 lobos reflexos, retorcidos, ca.7,0 cm 
compr.; pétalas lineares-oblanceoladas, 6,0- 
7,5x0,2-0,3 cm, externamente glabras; estames 
férteis 10 (segundo Bongard, 1836), filetes 
ca. 7, 5 cm compr., hirsutos na base; coluna 
estaminal ca.l mm de altura máxima, 
internamente esparsamente pilosa, 
externamente hirsuta; gineceu compr. 
desconhecido, estigma forma desconhecida, 
ovário hirsuto a tomentelo, estipe compr. 


Vnz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

desconhecido, pubérulo a glabrescentes. 
Legume deiscente, valvas 13,5- 1 5,5x 1 ,8-2 cm, 
pubérulo, estipe 2, 5-3,0 cm empr.; lobos 
funiculares filiformes. Sementes 10x8 mm. 

Ocorre apenas no Brasil, estados do 
Amazonas e Pará (Fig. 24). As localidades de 
ocorrência registradas nas etiquetas dos 
materiais examinados pertencem às Folhas 
IBGE ( 1 960): S A-2 1 , S A-20 e SB-2 1 , ao longo 
dos rios Madeira, Tapajós, em floresta de terra 
firme e capoeirão. 

Floresce de junho a dezembro, frutos 
agosto e outubro 

Bauhinia grandifolia compartilha o 
mesmo tipo de venação nerviforme e tem botão 
floral com contorno semelhante ao de B. 
cinnamomea (tabela 1). 

20 . Bauhinia holophylla (Bongard) Steudel, 
Nom. Bot. ed.2, 1:191 (err.tipogr. 291). agosto 
1840. - Pauletia holophylla Bongard, Mem. 
Acad. Imp. Sei. St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 
4: 129. tab. 5, Fig. 2 (folha). 1 836. - Tipo. Brasil. 
Mato Grosso: “in sylvis siccis Serrado dictis 
prope Camapuã”, (holótipo LE ?). 

Pauletia dodecandra Bongard, Mem. 
Acad. Imp. Sei. St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 
4:129.t.4, f.2. 1836. - Bauhinia dodecandra 
(Bongard) Steudel, Nom. Bot. ed2, 191 sphalm. 
291. agosto 1840. - Bauhinia rufa var. 
dodecandra (Bongard) Bentham in Martius, 
Fl. Bras. 1 5(2): 1 87. 1 870. - Pauletia rufa var. 
dodecandra (Bongard) Schmitz, Buli. Jard. 
Bot. Nation. Belg. 43(3-4): 392. 1973. - Tipo. 
Brasil. Mato Grosso: “in campis siccis 
Camapuensibus”, out 1826, s/coletor (holótipo 
LE, fotografia RB! ex BAB). Sin. nov. 

Bauhinia cordata Vogei, Linnaca 1 1 :308. 
1839. - Bauhinia rufa var. cordata (Vogei) 
Bentham in Martius, Fl. Bras. 1 5(2): 1 87. 1870. 
- Pauletia rufa var. cordata (Vogei) Schmitz, 
Buli. Jard. Bot. Nation. Belg. 43(3-4): 392. 
1973. -Tipo. Brasil. Minas Gerais: “pr. Pompeo 
fusa aliisq. locis”, “mense dec. c. fl." s.d.(fl), 
Sellow s/n (holótipo B, destruído, fotografias 
RB! ex K negativo 16423 e NY 1586, isótipos 
E-GL!). Sin nov. 


Rodrigitcsia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


Figuras 16, 17 

Subarbusto com xilopódio ou arvoreta ou 
arbusto. Entrenó distai 3-7 cm comprimento. 
Folhas inteiras, lâmina (4,5-)-9,5- 1 7x(3,0-)-6,5- 

13,5 cm, coriácea, ovado-lanceolada a ovada 
ou suborbiculada, base amplamente cordadas 
a obtusas, ápice agudo a emarginado, às vezes 
subbilobado no mesmo ramo, 7-13- nérvea, 
nervura marginal inconspícua, face superior 
glabra, nervuras secundárias impressas, face 
inferior tomentela a densa-mente vilosa, 
tricomas glandulares abundantes ou não, 
nervuras primárias muito proeminentes, 
secundárias e terciárias pouco proeminentes; 
pecíolo 0.5-2.6 cm compr., médio, tomentoso. 
Estipulas lineares, ca. 6 mm (seg. Bongard, 
1836: 122, ca. 16 mm); nectários extraflorais 
subuliformes, ca.l mm compr., exsertos. 
Inflorescência até 18 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 2-7,5 cm compr.; eixo 
racemiforme, robusto-anguloso, fusco- 
tomentoso; inflorescências parciais 2-floras; 
folhas opositifloras às vezes presentes, lâmina 
ca.4,5x2 cm ou menores, brácteas foliáceas 
ovadas; nectaríferas. Botões 11x0,6-0,7 cm na 
antese, pentagonais, ápice 5- reentrante, 5- 
costados, tomentelos a tomentosos. Flores com 
pedicelo 1,5-2, 5 cm compr., bractéolas 3 ovado- 
lanceoladas, hipanto cilíndrico, 1-I,5x0.6-1 cm, 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 4-5 lobos reflexos, ondulados a retorcidos 
e espiralados, 5,5-7 cm compr.; pétalas lineares, 
longamente acuminadas, 3-4, 5x0,1 cm, 
externamente glabras; estaminódios 0, estames 
10, anteras iguais, lineares, não loceladas, filetes 
3,5-4 cm compr., filetes alternipétalos, glabros, 
coluna estaminal até 3 mm de altura máxima, 
apêndice ligular obsoleto, internamente glabra, 
externamente glabra; gineceu ca.7 cm compr., 
estigma claviforme, ovário tomentoso, estipe, 

3.5 cm compr., tomentoso. Legume deiscente. 
valvas 16-23,5x1,5-2,1 cm, piloso, estipe 3,5- 

4.5 cm compr.; lobos funiculares uncinado- 
lobados. Sementes 10x6-9 mm. 

Ocorre no Paraguai (rio Apa, Hassler 
10988, W) e Brasil, estados de Goiás, Minas 
Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 

Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


Paraná, Rondônia e São Paulo e Distrito 
Federal. (Fig. 24). As localidades de ocorrência 
registradas nas etiquetas dos materiais 
examinados pertencem às Folhas IBGE (1960): 
SD-20, SD-21, SD-22, SD-23, sendo SD-20, 
60- 1 3a limites norte e oeste; SE-2 1 , SE-22, SE- 
23, sendo SE-23, 44-20a o limite leste; SF-23, 
SF-22, sendo o ponto SF-22, 49-24b o limite 
sul. Habita em cerrado propriamente dito, 
campo cerrado, campo, cerradão, floresta 
estacionai. 

Subarbusto xeromórfito, desde 0,4m até 
arbustiva ca.2 m, no campo e no cerrado aberto 
e perturbardo (maioria dos' coletores e 
observação de campo em Brasília, reserva 
ecológica do IBGE). Arvoreta 3-4 m em 
cerradão, São Paulo (Amaral Jr. 124; Arbocz 
107; Bertoni 18663, Ratter 4871, etc.). 
Apresenta raízes robustas, a casca da raiz 
internamente possui cor vermelho-vivo ( Vaz et 
Marquete, 1993). Ramos e raque da 
inflorescência angulosos, entrenós em zigue- 
zague. 

Floração em novembro, dezembro e 
frutifica em janeiro até agosto. 

B. holophylla faz parte de um complexo 
de espécies que compartilham o mesmo tipo 
de coluna estaminal rudimentar até 3 mm 
compr., interna e externamente glabra, com 
pétalas lineares e longamente acuminadas; 
botão floral desde anguloso-5-costado ou 15- 
estriado a levemente costado e subcilíndrico; 
ramos jovens angulosos (tabela 1). 

21 . Bauhinia leptantha Malme, Ark. Bot. 
Stockh. 5(5): 11. 1905. - Tipo. Brasil. Mato 
Grosso: Corumbá, dez 1902 (bt/fl), Malme 
11:2730 (lectótipo S!, designado por Vaz, 1995, 
isolectótipoR!). 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai 1-3 
cm. Folhas bilobadas, lâmina (2,5-3-)5-10 x 
3, 5-7, 8 cm, tenuemente cartácea, base 
arredondada a subtruncada, 7-9-nervea, nervura 
marginal inconspícua (não proeminente, nem 
infra-nerviforme ou aplanada), lobos 
concrescidos em mais de 2/3 do comprimento 
total, ovado-oblongos, paralelos, ápice 





SciELO/JBRJ 




cm l 


SciELO/ JBRJ 


Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.G.A. 


Figura 16 - Bauhinia holophylla (a, Marquete 317; b, Martinelli 367; c-d, Klein 2644; e, Vaz 917): a, ramo florífero, 
b, fruto; c, contorno foliar; d-e, detalhe do indumento na face inferior da folha, note a variação no tipo de indumento, 
viloso (d) ou tomentelo (e). Desenho G. Gonçalves, 1996. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



cm 


Bauhinia ser. Cansenia < Leguminasae: Caesalpinioideae ) no Brasil 



Figura 17 - Bauhinia holophylla (a-d, Marquete 317; e, Klein 2644; f-h, Martinelli 367): a, botão; b, gineceu, onde se 
vê a inserção do ginóforo no fundo do hipanto; c, detalhe do estigma; d, coluna estaminal em continuidade com a face 
interna do hipanto, ambos glabros; e, pétala na antese; f, detalhe da valva com semente; g, semente em vista lateral; h, 
semente vista de perfil. Desenho G. Gonçalves, 1996. 


Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



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cm 


1 10 Ví;;, A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.GA. 


acutiusculo a obtuso; face superior pilosa a 
glabra na nervura central impressa, nervuras 
secundárias não impressas, face inferior cano- 
puberula especialmente nas nervuras primárias 
e/ou secundárias, tricomas glandulares apressos 
presentes, nervuras primárias proeminentes, 
secundárias pouco proeminentes, terciárias 
pouco proeminentes a imersas; ecíolo 1-1,8 cm 
compr., delgado, pubérulo. Estipulas lanceoladas 
a lineares 2 a 5 mm compr., caducas; nectários 
assovelados a rudimentares, ca.l mm ou 
submilimétricos. Inflorescência até 25 cm 
compr., curto-pedunculada; pedúnculo lcm de 
compr.; eixo racemiforme, delgado, pubérulo, 
tricomas branco-acinzentados; inflorescências 
parciais 2-floras; folhas alternifloras não vistas, 
reduzidas a pares de brácteas foliáceas, ca.l 
mm compr. lineares ou rudimentares, 
nectaríferas; nectários subuliformes, ca.l mm 
a rudimentares. Botões 7x0, 3-0, 4 cm na antese, 
lineares, ápice 5-subcuspidado, setas 
rudimentares, 5-costados, canescente- 
pubérulos, tricomas glandulares apressos e 
numerosos. Flores, pedicelo 2 cm compr., 
bractéolas lineares, ca.2 mm, hipanto cilíndrico 
a urceolado, 1,7-1, 8x0, 7-0, 8 cm compr., 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 2-3 lobos reflexos ou eretos, espiralados ou 
não, maior que 5,5 cm compr.; pétalas lineares, 
ca.2,5xca.0,05 cm, externamente glabras; 
estames fertéis 10, estaminódios 0, anteras 
iguais, lineares, não Ioccladas, filetes 5-6 cm 
compr., filetes alternipetalos glabros; coluna 
estaminal com altura máxima desconhecida, 
internamente com tricomas apresso-seríceos, 
externamente glabra; gineceu compr. 
desconhecido, estigma aplanado-escorrenie, 
ovário pubérulo, estipe ca. 3, 5 cm compr., 
pubérulo. Legume deiscente, valvas 16x1,4-1,6 
cm, pubérulas, estipe 4 cm compr., lobos 
funiculares curto-triangulares. Sementes 
ca.6x6 mm. 

Ocorre apenas no Brasil, estado de Mato 
Grosso do Sul, Corumbá (Fig. 24). Folha SD- 
21, 5 8- 1 9b, principalmente em lugares 
inundados na época chuvosa (col. Malme 2780) 
e floresta de “pé de serra”, solo calcário. 


Trata-se de um caso de endemismo 
restrito, com uma única população conhecida. 

Bauliinia leptantha apresenta ramos 
lenticelados, pubérulos e cinzentos. 

Floresce de outubro a dezembro. Frutos 
em abril e maio. 

Categoria IUCN (1994): Vulnerável. 
Espécie ameaçada, devido à intensidade dos 
fatores adversos que afetam as populações 
existentes em termos de destruição de seu 
habitat natural. 

B. leptantha é uma espécie pouco 
conhecida, quanto às afinidades taxonômicas. 

22. Baiiliinia longicuspis Spruce ex Bentham 
in Martius, Flora Brasiliensis 15(2): 185. 1870. 
- Tipo:Brasil. Amazonas: “prope ostium fluv. 
Caburés, dez 1851(0), Spruce 1978, (holótipo 
K, fotografia RB! ex NY negativo 1580). 

B. bicuspidata Bentham in Martius, Flora 
Brasiliensis 15(2): 193.1870. B. longicuspis 
var. bicuspidata (Bentham) E. P. Lewis, 
Legumes of Bahia, Kevv, p. 93.1987. - Tipo: 
Brasil, Amazonas: “in sylvis Yapurensibus prov. 
Alto Amazonas”: Martius (holótipo M). Sin. 
nov. 

Bauliinia holophylla var. paraensis 
Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 
4:52.1925. - Bauhinia longicuspis var. 
paraensis (Ducke) Wunderlin, Ann. Missouri 
Bot. Garden 60 (2): 571. 1973. - Tipo. Brasil. 
Pará: Vila Braga, rio Tapajós, janeiro 191 8(fl), 
Ducke s/n, (RB!, lectótipo aqui designado, MG 
16909). Sin. nov. 

Bauhinia stenocardia Standley, Tropical 
Woods 33 (12). 1933. - Tipo. Brasil. Pará: 
Aramanahy, baixo Tapajóz, jan. 1932 (bt), 
Monteiro da Costa 238 (holótipo F, isótipo RB !). 
Sin. nov. 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai 2-4,5 
cm comprimento. Folhas inteiras, lâmina 9- 
26,5x3,5-15,5 cm, tênue-cartácea a coriácea, 
largamente ovado-lanceolada a oblongo- 
lanceolada, base sublruncada a obtusa, ápice 
longamente acuminado a bífido até emarginado 
(col. Ferreira 5393; col. Sanaiotti 197), 7-9- 
nérvea, até folhas bilobadas, lobos concrescidos 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser. Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioicleae) no Brasil 


em até 2/3 do comprimento total, arqueado- 
divergentes, acuminados, nervura marginal 
inconspícua, face superior glabra ou pilosa na 
nervura central impressa, nervuras secundárias 
impressas, face inferior pubérula a esparso- 
vilosa ou hirsútula, especialmente nas nervuras 
primárias e/ou secundárias, tricomas 
glandulares presentes, nervuras primárias muito 
proeminentes, secundárias mais ou menos 
proeminentes, terciárias pouco proeminentes; 
pecíolo 0,5-5 cm compr., delgado, pubérulo. 
Estipulas lineares, ca. 5-7 mm compr., 
caducíssimas a rudimentares; nectários 
extraflorais cônico-ovóides, 1-2 mm compr., 
exsertos. In florescência até 25-60 cm compr., 
curto-pedunculada; pedúnculo 1,5-3, 5 cm 
compr.; eixo racemiforme, delgado, pubérulo; 
inflorescências parciais 2-floras; folhas 
alternifloras ausentes, reduzidas a pares de 
brácteas nectáriferas, ca. 2-4 mm compr., 
lineares ou rudimentares. Botões 12x0,4 cm na 
antese, lineares, ápice 5-cuspidado ou 
subeuspidado, setas caducas a rudimentares, 
5-costados em maior ou menor grau, tomentelos, 
com tricomas glandulares escassos. Flores com 
pedicelo 1,2-2 cm compr., brácteas segunda 
ordem e bractéolas lineares até rudimentares, 
hipanto cilíndrico a urceolado, 1-2x0, 7-0, 8 cm 
compr., internamente glabro; cálice fendido na 
antese em 2-3 lobos reflexos ou eretos, 
retorcidos ou não, ca.5,5 cm compr.; pétalas 
lineares, 2,5-4x0,08 cm, externamente 
pubérulas a glabras; estaminódios 0, estames 
10, anteras iguais, lineares, não loceladas, fdetes 
5,5-8 cm compr., glabros; coluna estaminal 
presente, 7 mm altura máxima, apêndice ligular 
ausente, internamente viloso-tomentosa, 
externamente glabra a pilosa na junção dos 
filetes; gineceu compr. desconhecido, estigma 
claviforme, um dos lados aplanado-escorrente, 
ovário tomentelo, estipe 4 cm compr.. pubérulo 
a glabrescente do ápice para a base. Legume 
deiscente, valvas 1 2-22x 1 ,4- 1 ,8 cm, pubérulas, 
estipe 4-5 cm compr.; lobos funiculares 
filiformes. Sementes 12x6 mm. 

Ocorre na Bolívia (Sperling & King 6414, 
CTES), Peru (Foster 8687, MO), Venezuela 


(Castillo 3394, MO) e Brasil, nos estados do 
Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia 
e Tocantins (Fig. 23). As localidades de 
ocorrência registradas nas etiquetas dos 
materiais examinados pertencem às Folhas 
IBGE (1960): NA-19, NA-20, NA-21, SA-20, 
SA-21, SB-20, SB-21, SB-22, SC-20, SC-21, 
SC-22, SD-20, SD-21 e SD-22. Em capoeira, 
floresta de terra firme, floresta estacionai, 
floresta semidecídua, floresta de galeria 
mesofítica (Silva 4039), cerrado de Santarém 
(Kuhlmann, 1 823), campo natural em Humaitá 
(Ferreira 5393), campo de pedregulho em 
Humaitá (Sanaiotti 197), campo do Tabua no 
AltoTapajós (Egler 1319). 

O hábito de arvoreta varia entre 6 m x 8 
cm col. (Prance 15342) ou 7 m (Cid Ferreira 
7400) até 12 m de altura (M.G. Silva 3441). O 
arbusto pode ter 1,5 m de altura, em campo de 
pedregulhos e bambus de Humaitá (Sanaiotti 
197). O hábito de arbusto semiciófilo flexível, 
ca. 1,8 m foi registrado na coleção M.A. Silva 
et al. 4039 e o de arbusto escandente e 
herbáceo na extremidade distai por vários outros 
coletores. 

Floresce de outubro a março e frutifica 
junho a outubro. 

Bentham (1870) descreveu B. 
longicuspis com folhas inteiras 7-9-nérveas, 
glabras ou face inferior foliar pubescente, entre 
outros caracteres e B. bicuspidata com folhas 
bilobadas 9-1 1-nérveas, face inferior foliar rufo- 
pubescente, entre outros. Há um gradiente de 
variabilidade quantos aos caracteres citados nas 
duas descrições referidas acima e, não se 
configurou uma delimitação precisa entre as 
citadas espécies, de modo que decidiu-se adotar 
B. longicuspis como uma espécie única. 
Alguns espécimes examinados coletados na 
região do rio Purus, como, por exemplo, 
Kuhlmann 902, Prance et al. 13649, Prance et 
al. 16397, apresentam folhas com ápice bífido, 
mas não chegam a configurar lobos divaricados, 
concrescidos em 2/3 como descrito para B. 
bicuspidata. Ficou caracterizada nesse caso 
uma gradação entre o tipo de folha inteira e a 
folha bilobada típica descrita para B. cuspidata. 


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Vaz. A. A f.S. ela F. e Tozzi. A.M.GA. 


Por outro lado a separação entre B. 
longicuspis e B. longicuspis var. paraensis 
também era baseada em tipo de pilosidade dos 
ramos e do dorso da folhas (Ducke, 1 925a:54), 
fracamente pubescente, hipanto 1,5-2 cm 
compr., ovário com indumento pouco espesso 
na primeira e dorso foliar pubescente, hipanto 
1 cm compr., ovário com indumento espesso 
na segunda. No entanto, com o aumento das 
coleções na região amazônica, essas 
características não se mostraram consistentes. 

Os espécimes coletados em mata de terra 
firme ou capoeira, no Amazonas, Acre, 
Rondônia (parte) e Pará (Oriximiná, Trombetas) 
apresentam as seguintes características em 
comum: folhas inteiras com ápice íntegro ou 
bífido até bilobadas em ca. de 1/3 do 
comprimento total da lâmina, tenuemente 
cartáceas, junto com botões 5-cuspidados e 
com bractéolas lineares, quando em botão jovem 
e o indumento do dorso foliar é apresso, inclusive 
nas nervuras primárias até esparso-viloso nas 
nervuras primárias e secundárias. Esses 
materiais foram encontrados nas folhas Na- 
20, SA-20, SB-20, SC-20 e parte da SA-21, no 
oeste da Amazônia. Nos campos de Humaitá 
(AM), campos arbustivo e mata de terra firme 
ou capoeira do Pará e na florestas secas ou 
cerrado do Mato Grosso (Xavantina) tem folhas 
sempre inteiras, firme cartáceas a coriáceas, 
botões emarginados e bractéolas rudimentares, 
indumento do dorso foliar apresso e esparso- 
viloso nas nervuras principais até viloso- 
tomentoso em toda a superfície. Esses 
materiais foram encontrados nas folhas S A-2 1 , 
SA-22, SB-21. SB-22, SD-20, SD-21, SD-22. 
Os espécimes de Humaitá ofereceram um 
gradiente mata terra firme (Brandtjes 100501 ) 
para os campos naturais (cols. Cid Ferreira 
5393, Sanaiotti 197), o primeiro de mata de terra 
firme, com folhas inteiras acuminada.s, 
tenuemente cártáceas, os demais com folhas 
também inteiras, porém largamente ovadas, 
ápice agudo a obtuso ou emarginado, firme 
cartáceas a coriáceas. 

Baiiliinia longiscuspis compartilha com 
B. dubia o mesmo tipo de coluna estaminal. 


estigma e apresentam flores com filetes 
maiores que o dobro do comprimento da 
pétalas. No estado do Pará as duas espécies 
são en-contradas na área correspondente à 
folha SA-22 (48 o -54°Wx0 o -4°S). Também as 
coleções da Serra dos Carajás, folha SB-22, 
deixam dúvidas quanto à separação entre as 
referidas espécies. 

22>.Bauhinia longifolia (Bongard) Steudel, 
Nom. Bot. ed.2, 1:191 (err.tipogr. 291). ago 
1840. - Pauleíia longifolia Bongard, Mem. 
Acad. Imp. Sei. St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 
4:122. tab.7, Fig. 2 (folha). 1836. -Tipo. Brasil. 
Mato Grosso: Cuiabá, Riedel s/n (holótipo LE). 

Bauhinia gemi nata Vogei, Linnaea 
13:305. 1839. - Tipo. Brasil. “Brasília 
meridionalis”; sem data (fl), Sellow s/n° (holótipo 
B, destruído, fotografia RB ! ex F negativo 1 580; 
isótipos não localizados). Sin nov. 

Bauhinia obtusata Vogei, Linnaea 
13:305.1839. - Tipo. Brasil. Minas Gerais, “pr. 
Marianna”, s/data (fl), Sellow 5428 (B, 
destruído, fragmento do holotipo F!, fotografia 
RB! ex F negativo 1600). Sin. nov. 

Bauhinia recurva Cowan. Contrib. Sei. 
Los Angeles County Mus. 13:1 0.Fig.4. 957. - 
Tipo. Brasil. Goiás: São João da Aliança, região 
da Chapada dos Veadeiros, rodovia ao norte 
de São João da Aliança km 19-19,5; 47°30'- 
14°30', abr 1956 (fl), E.Y. Davvson 14387 
(holótipo R!, isótipo NY!). Sin. nov. 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai 2-5 
cm compr. Folhas bilobadas, lâmina (4- 5.5)9, 5- 
1 1 ,5(- 17,5)x( 1 ,5-)4,4- 10,5(- 1 2,5) cm, tênue- 
cartácea a subcoriácea, base de obtusa a 
subtruncada até emarginada, (7-)9- 1 1 -( 1 3-) 
nérvea, nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 1/3 a 2/3 do comprimento total, 
ovado-lanceolados a ovado-oblongos, paralelos 
a convergentes ou divergentes, ápice agudo, 
raramente obtusiusculo, face superior glabra, 
exceto na nervura principal pilosa, face inferior 
apresso-pubescente a hirsútula, tricomas 
glandulares escassos ou abundantes, nervuras 
primárias muito proeminentes, secundárias 
pouco proeminentes, terciárias pouco 

Rnclrigiiêsia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser. Cansenia (Legwninosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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proeminentes a imersas; pecíolo 1-2,5 cm 
compr., delgado, viloso a tomentelo, 
glabrescente. Estipulas ovadas a ovado- 
lanceoladas, 1-4 mm a rudimentares, 
submilimétricas; nectários extraflorais 
subuliformes, ca.l mm compr., exserlos. 
Inílorescência até 20 cm compr., curto- 
pedunculada; pedúnculo 0, 5-2.5 cm compr.; eixo 
racemiforme, tomentelo; inflorescências 
parciais 2-floras; folhas oposititloras às vezes 
presentes, lâmina ca. 5-6, 5x2, 7-3, 2 cm ou 
menores, brácteas foliáceas ovadas com 
mucron, nectaríferas. Botões 10x0,6 cm na 
antese, subclavados, ápice apiculado, 15- 
estriados a 5-subcostados, tomentelos, com 
tricomas glandulares. Flores com pedicelo 1,2- 
2,5(-4) cm compr.. bractéolas 3 escamiformes, 
1-3 mm; hipanto cilíndrico, l,3-3,5x0,7-l,2cm, 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 4-5 lobos reflexos, ondulados a retorcidos 
e espiralados, 4-6 cm compr.; pétalas lineares, 
longamente acuminadas, 2, 8-4x0, 1 cm, 
externamente tomentosa, com tricomas 
esparsos e raras tricomas glandulares até 
glabras; estaminódios 0, estames 10, anteras 
iguais, lineares, não loceladas, filetes 4, 5-5, 5 cm 
compr., filetes glabros, coluna estaminal até 2 
mm de altura máxima, apêndice ligular obsoleto, 
internamente glabra, externamente glabra; 
gineceu 8-10 cm compr., estigma claviforme, 
ovário tomentoso, estipe 3,8-5 cm compr., 
tomentoso. Legume deiscente, valvas 17-24,5 
x 1 ,7- 1 ,9 cm, piloso, estipe 4 cm compr.; lobos 
funiculares uncinado-lobados. Sementes 10x 6 
mm. 

Ocorre na Bolívia (col. Guillen & Coria 
1332, MO), Paraguai (col. Hassler 10210, W), 
Peru (cf. Macbride, 1943) e Brasil, nos estados 
da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, 
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará (sul 
do Pará). Paraná. Rio de Janeiro, Rondônia, São 
Paulo e no Distrito Federal (Fig. 25). Habita 
em florestas de galeria (ciliares) em domínio 
de cerrado, ou florestas mais úmidas c de 
encosta, na mata Atlântica do Rio de Janeiro, 
Minas Gerais e Espírito Santo, até a mata 
higrófila sul-bahiana, predominantemente na 


orla de floresta ou em áreas degradadas 
(Hatschbach 69807). Habita em área de 
transição floresta-cerrado, em solo arenoso com 
deposição de matéria orgânica, cerrado aberto 
(Santos 58), floresta de encosta de serra, 
próxima a campo rupestre (Ganev 553). As 
localidades de ocorrência registradas nas 
etiquetas dos materiais examinados pertencem 
às Folhas IBGE (1960): SC-20, SD-20 
(Rondônia); SD-2 1 , SE-2 1 , SF-2 1 , SC-22 (Pará, 
Santana do Araguaia, limite norte da 
distribuição); SD-22, SE-22, SF-22, SG-22, SD- 
23, SD-24 , SE-24 , SF-23, SF-24. 

Os indivíduos de B. longifolia podem 
atingir porte arbóreo, por exemplo, árvore de 
10 m x 15 cm, na mata de terra firme de 
Buerarema, na Bahia (cf. CMM 47, CEPEC); 
até árvore de 16 m x fuste mais ou menos 10 
m, DAP 21 cm em Porto Seguro, Bahia (G.L. 
Farias 193, RB); mas geralmente são 
encontrados na forma de arvoreta, 3-8 m. 
Também, podem ser encontradas na forma 
arbustiva, com 1-3 m de altura, quando em 
vegetação em área aberta e adjacente à 
floresta, como na transição cerrado-floresta 
ciliar (observação de campo na Reserva 
Ecológica do IBGE, Brasília) e em outras áreas 
(vários coletores). 

Botões e flores a partir de novembro e 
espécimes frutíferos coletados a partir de 
março a julho/agosto. 

No estado de São Paulo é utilizada na 
arborização de cidades do interior. 

Espécimes examinados procedentes do 
estado do Mato Grosso demonstram o gradiente 
de variação supostamente da floresta mais 
úmida para as áreas de floresta mais seca, com 
folhas cartáceas da floresta mais úmida até 
subcoriáceas e mais altamente conadas. 
Quando os espécimes apresentam folhas mais 
coriáceas, e obtusiúsculas, fica mais difícil 
distinguir B. rufa de B. longifolia que, talvez 
não passem de formas distintas de uma mesma 
espécie. 

A conceituação de B. longifolia (sensu 
Bongard, 1836: \22, sensu Bentham, 1870: 192) 
é ampliada aqui, abrangendo espécimes com 




Bodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 




cm 


114 

botões claviformes, 15-estriados, robustos até 
subcilíndricos, levemente costados e menos 
robustos; folhas subcoriáceas a tênue- 
cartáceas; pétalas glabras até externamente 
pilosas a tomentosas; estaminódios 0, estames 
10, anteras pilosas e com tricomas glandulares. 
Bauhinia geminata, segundo a diagnose 
(Vogei, 1839:305), apresenta pétala é 
externamente tomentosa, porém este caráter 
não se mostrou consistente, quando associado 
com os outros caracteres diagnósticos, como 
folhas com lobos concrescidos em Vi ou menos, 
divergentes e tenuemente cartáceos. Bauhinia 
obtusata, .segundo a diagnose (Vogei 1 839:305) 
e o tipo examinado, apresenta folhas bilobadas 
com lobos concrescidos em 2/3 ou somente até 
a metade, medindo 3,5-5x4,5-5 cm. Este padrão 
não se confirmou ao exame das coleções 
posteriores, embora existam espécimes 
coletados, na localidade de Lavras (D. A. 
Carvalho s/n, RB 295591) e Caxambu (Duarte 
3847), em Minas Gerais que se apresentam 
como arbustos intensamente ramificados e com 
folhas com estas dimensões. O tipo de 
Bauhinia recurva não difere da diagnose de 
B. longifolia (Bongard, 1836) a não ser pelas 
folhas menores ( 1 0,5x6-7,5 cm), coriáceas, com 
lobos agudos (obtusos a obtusiusculos em B. 
longifolia)-, 9-nérveas (11-nérveas em B. 
longifolia): face inferior crispado-pilosula nas 
nervuras e veias (pubescente em B. longifolia), 
botões florais quase lisos (15-estriados em B. 
longifolia) e hipanto com 2.5 cm (ca. 1,8 cm 
em B. longifolia). 

Ver afinidades taxonômicas de Bauhinia 
longifolia na tabela 1. 

24 . Bauhinia longipedicellata Ducke, Arch. 
Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 105. 1922. -Tipo. 
Brasil. Pará: Pimental, rioTapajozJun 1918 (11), 
A. Ducke s/n (lectótipo aqui designado MG 
170641, isolectótipo RB 1 1 1401). 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai 3-4 
cm comprimento. Folhas curto-bilobadas, 
lâmina 1 2- 1 6(-20)x7,5- 1 2(- 1 5) cm, cartácea ou 
subcoriácea, base de subtruncada ou 
arredondada até cordada, 9-11- nérvea, nervura 


Vaz. A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

marginal inconspícua, lobos concrescidos em 
mais do que 3 Á até ca. de 14/15 do 
comprimento total, ovado-oblongos a elítico- 
oblongos, paralelos, ápice acutiusculo a 
obtuso; face superior pubérula a 
glabrescente, nervuras não impressas, face 
inferior vilosa em toda a superfície, inclusive 
nas nervuras, tricomas glandulares presentes, 
nem escassas, nem abundantes, nervuras 
primárias proeminentes, secundárias mais 
ou menos proeminentes e terciárias pouco 
proeminentes; pecíolo (l,5-)2-3(4,5-) cm 
compr., delgado, viloso-tomentoso. Estipulas 
ovado-lanceoladas, 2x1 mm, quebradiças a 
rudimentares ou ausentes; nectários extraflorais 
subuliformes, base es-treitamente ovada, 3 mm 
compr., exsertos. Inflorescência até 14 cm 
compr., curto-pedunculada; pedúnculo 1,5 cm 
compr.; eixo racemiforme a subcorimbiforme, 
robusto, tomentoso; inflorescências parciais 2- 
floras; folhas subopositifloras presentes na base 
da inflorescência, inteiras, elíticas, menores e 
mais estreitas, 9-10x3,5-6 cm, brácteas 
foliáceas ovado-lanceoladas, caducissimas ou 
quebradiças; nectários rudimentares ou 
caducos. Botões 9.5x0, 8-0,9 cm na antese, ou 
mais largos, subclavados, ápice liso, não 
reentrante nem apiculado, 15-costados, 
tomentosos, com tricomas glandulares. Flores 
abertas não examinadas, pedicelo 3-4,5 cm 
compr. (flores passadas), bractéolas ovado- 
acuminadas, 2-4 mm compr., hipanto cilíndrico, 
2-3x1, 2- 1,5 cm, internamente glabro; cálice 
fendido na antese em 4-5 lobos involutos, 4-6 
cm compr. (segundo Ducke, 1922); “pétala 
angustissime linearia, acutissimaglabra cálice 
longiora at sub anthesis involuta” (segundo 
Ducke, 1922); filetes alternipétalos, 
internamente na junção com o hipanto glabros; 
coluna estaminal rudimentar, submilimétrica, 
apêndice ligular ausente, interna e externamente 
glabra; gineceu compr. desconhecido, estigma 
obliquo-subcapitado-clavifonne, ovário tomentelo, 
estipe compr. desconhecido, tomentelo. Legume 
deiscente, valvas 22-29x1,6-1.9 cm. 
tomentelo, glabrescente, estipe ca. 4, 5 cm 
compr.; lobos funiculares uncinado-Iobados. 



SciELO/ JBRJ 


12 


Radríguésia 54 (83): 55-143. 2003 


13 14 15 16 17 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


Sementes maduras não examinadas. 

Ocorre apenas no Brasil, estado do Pará 
e Rondônia (Fig. 25). As localidades de 
ocorrência nos rios Tapajós e Araguaia 
pertencem às Folhas IBGE (1960): SA-21, SA- 
22, SB-22 e SC-22 e, no estado de Rondônia à 
Folha SC-20. Habita em floresta de terra firme. 

Trata-se de uma espécie ainda pouco 
conhecida e raramente presente nas coleções. 

Botões de fevereiro a junho. Frutifica em 
julho/agosto; frutos passados e rebrotação em 
novembro. 

Bauhinia longipedicellata compartilha 
com B. aureopimtata vários caracteres, por 
exemplo, coluna estaminal rudimentar e filetes 
e hipanto interna- e extemamente glabros, assim 
como com todo o complexo B. longifolia 
(tabela 1). 

25 . Bauhinia malacotricha Harms, Bot. 
Jahrb. 33 (72):22. 1 903. - Tipo: Brasil. Goiás: 
Chapadãodos Veadeirosjan 1891 (fl), Glaziou 
21016 (holótipo B, perdido; isótipo P!, 
fotografias RB! ex F negativo 1595; ex NY 
negativo 1621). 

Arbusto. Entrenó distai 5,5 cm compri- 
mento. Folhas bilobadas, lâmina 6-7x7-8 cm 
ou mais largas (Harms, 1903), coriácea, base 
profundamente cordada e/ou com lobos basais 
sobrepostos (Harms, 1903), 9-13 nérvea, 
nervura marginal inconspícua, lobos concres- 
cidos até '/2 a 2/3 do comprimento total, 
largamente elíticos a orbiculados, paralelos ou 
um pouco divergentes, ápice arredondado; face 
superior glabra, nervação um pouco impressa, 
face inferior rufo-tomentosa a maciamente 
denso-vilosa, tricomas glandulares presentes, 
nervuras primárias muito proeminentes, 
secundárias e terciárias proeminentes; pecíolo 
0,8- 1,2 cm compr., robusto, rufo-velutino. 
Estipulas não vistas, nectários extrafiorais 
perfeitos não vistos. Inflorescência 
comprimento desconhecido, curto-pedunculada; 
pedúnculo 2 cm compr.; eixo racemiforme, nem 
delgado, nem robusto, densamente rufo- 
velutino; infiorescências parciais 2-floras/3- 
floras; folhas opositifioras/alternifloras não 


vistas, brácteas foliáceas não vistas. Botões 
8, 5-9x0, 6 cm na antese, pentagonais, ápice 
reentrante-obtuso, 5-costados, rufo-velutinos, 
com tricomas glandulares. Flores com pedicelo 
1,2-1, 8 cm compr., bractéolas escamiformes, 
submilimé-tricas, hipanto cilíndrico, 2x0,6-0,8 
cm, internamente tomentoso-viloso na região 
distai; cálice fendido na antese em 4-5 lobos 
reflexos, um pouco ondulados a retorcidos, não 
espiralados, 3-5 cm compr.; pétalas lineares, 
3-4x0, 1 cm, externamente glabras, estaminódios 
0, estames 10, anteras iguais, lineares, não 
loceladas, filetes 4-5 cm compr., filetes pilosos, 
coluna estaminal rudimentar até ca. 1 mm altura 
máxima, apêndice ligular ausente, intemamente 
velutino-tomentosa, externa-mente pilosa; 
gineceu ca 7,5 cm compr., estigma cla-viforme, 
ovário piloso com tricomas glandulares, estipe 
3,5 cm compr., com tricomas glandulares 
esparsas. Legume deiscente, valvas 10,5-17x 
1 , 1 - L2 cm, estipe 3, 6-3, 8 cm compr. Sementes 
0,6-0,8x0,4-0,5 cm. 

Ocorre apenas no Brasil, estado de Goiás 
e Brasília (Fig. 25). As localidades de 
ocorrência pertencem às Folhas IBGE (1960): 
SD-23 e SD-22, meridianos 47 e 48 e latitude 
14 a 16. Habita em margem da mata de galeria 
com campo cerrado ou campo sujo e, em 
vegetação campestre (col. Vaz 888). 

Floresce a partir de janeiro e frutifica de 
julho a dezembro. 

Trata-se de uma espécie ainda pouco 
conhecida e raramente presente nas coleções. 

B. malacotricha compartilha com as 
outras espécies do complexo B. pulchella/B. 
curvula/B. dumosa a coluna estaminal 
internamente tomentosa na região distai, mas 
difere por apresentar botões subclavados, 
anguloso-costados, fortemente ferrugíneo- 
velutinos, entre outros caracteres. Devido ao 
indumento tomentoso-velutino da face inferior 
pode ser confundida como B. dumosa , porém 
difere pelo tipo da forma do lobo foliar quase 
reniforme, e mais maciamente velutino. 

O epíteto específico se refere ao tipo de 
indumento (malaco = macio ao toque: Stearn 
1973:276). 




R odriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 




cm 


116 

26. Bauhinia malacotrichoides Cowan, Contr. 
Sei. Los Angeles County Mus. 13:8, Fig. 3. 1957. 
- Tipo: Brasil. Goiás: 21 km norte de S. João 
da Aliança, região da Chapada dos Veadeiros, 
abr. 1956 (bt), leg. Dawson 14293, (holótipo R!, 
fotografia RB!). 

Subarbusto com xilopódio. Entrenó distai 
5- 1 3 cm comprimento. Folhas bifolioladas, cada 
folíolo 3-4x 1 ,7-2,6 cm (distais), 7-8x4,5-5,5 cm, 
coriáceo, largamente eltítico a reniforme ou 
perorbiculado, divaricado a revertido (de 
cabeça para baixo nas exsicatas), livres, ápice 
obtuso a arredondado, 4-5-nérveo, nervura 
marginal aplanada; face superior glabra, face 
inferior cano-pubescente a pubérula e 
ferrugíneo-viscídula ou seja com tricomas 
apressos entremeados com tricomas viscídulos, 
os quais ocorrem em maior concentração nas 
nervuras primárias, tricomas glandulares 
presentes, nervuras primárias proeminentes, 
secundárias e terciárias pouco proeminentes a 
imersas; pecíolo 0,8-1 cm compr., robusto, 
tomentelo. Estipulas rudimentares, 
submilimétricas a ausentes; nectários 
extraflorais subuliformes, ca. 1 mm compr. 
Inflorescência até 28 cm compr. (holótipo), mas 
geralmente pauciflora com até 8 botões 
simultâneos, longo pedunculada; pedúnculo 
ca.8-16 cm compr.; eixo racemiforme (holótipo) 
a subcorimboso, delgado, tomentelo a 
glabrescente; inflorescências parciais 2-floras; 
folhas opositifloras/alterni floras não vistas, 
brácteas foliáceas mucroníferas rudimentares, 
nectários extraflorais não vistos (rudimentares). 
Botões 8, 5x0.7 cm na antese, lineares, ápice 
obtuso a agudo-apiculado, 5-costados quando 
jovens, viscídulos, tricomas glandulares. Flores 
com pedicelo ca. 2-2,5 cm compr., bractéolas 
escamiformes, ca. 1-2 mm, hipanto cilíndrico 
l,2x0,7-0,8 cm compr., intemamente tomentoso 
na região distai; cálice ca. 5, 5 cm compr.; 
pétalas lineares ca.3.5x0,l cm, externamente 
glabras; estaminódios 0, estames 10, anteras 
iguais, lineares, não loceladas, filetes ca.4 cm 
compr., filetes glabros, coluna estaminal 
presente, 3-5 mm altura máxima, apêndice 
Iigular ausente, internamente seríceo- 


Vuz, A.M.S. da F. e Tozzi. A.M.GA. 

tomentosa, externamente glabra; gineceu 6,5 
cm compr. (3,8 cm, Cowan, 1957), estigma 
clavi forme, ovário tomentoso a pubescente, com 
tricomas glandulares, estipe 3 cm compr. (1,5 
cm, Cowan, 1957), glabro. Legume deiscente, 
valvas 9-1 lxl, 5- 1,8 cm. pubescente, estipe 3,5 
cm compr., lobos funiculares uncinado-Iobados. 
Sementes não vistas. 

Ocorre no Brasil, estado de Goiás (Fig. 
25). As localidades de ocorrência registradas 
pertencem à Folha IBGE(1960):SD-23. Habita 
em campo limpo queimado recentemente (Silva 
2381); campo limpo arenoso (Silva 1993). A 
altura varia entre 0,5-1 m de altura e os 
indivíduos formam moitas. Folíolos bipartidos, 
pecíolo bifurcado no ápice em alguns 
espécimes. 

Floresce em abril, maio, setembro, 
novembro. Espécime frutífero outubro, 
novembro, março e maio. 

Trata-se de um endemismo restrito ao 
município de Alto Paraíso de Goiás e estradas 
dos arredores e Parque Nacional da Chapada 
dos Veadeiros. 

Bauhinia malacotrichoides é uma 
espécie campestre muito característica pela 
forma dos folíolos perorbiculados, inteiramente 
separados e inseridos cada um diretamente no 
pecíolo, face inferior com tricomas curtos 
apressos, em maior ou menor densidade, 
entremeados com tricomas víscidos até quase 
glabra e apenas glandulosa. O porte 
subarbuslivo. a inflorescência pauciflora, o 
botão floral ferrugíneo-costado e com coluna 
estaminal internamente tomentosa aproxima 
esta espécie de B. malacotricha. Esta última, 
porém, possui folhas bilobadas, lobos 
concrescidos até a metade ou mais e face 
inferior tomentosa a vilosa. 

27. Bauhinia memhranacea Bentham in 
Martius, Fl. Bras. 15(2): 187. 1870. - Tipo. Bra- 
sil. Goiás: “in sylvis humidis ad radices Serra 
de Santa Brida” 1840 (bt/fr), Gardner 3695 
(holótipo não localizado, fotografia A!, ex NY 
negativo 1589, isótipoOXF!). 

Arbusto. Entrenó distai 3 cm 

Roclrigtiêsia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 



Bauhinia ser. Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioicleae) no Brasil 


117 


comprimento. Folhas inteiras até bilobadas, 
lâmi na 1 4,7- 1 6x 1 2- 1 3 cm, tenuemente cartácea, 
base subtruncada, 9-11-nérvea, nervura 
marginal inconspícua, lobos concrescidos em 
mais de 2/3 do comprimento total, largamente 
ovados a ovado-oblongos, paralelos, ápice 
obtuso; face superior pilosa na nervura central 
impressa, nervuras secundárias não impressas, 
face inferior pubérula, especialmente nas 
nervuras primárias e/ou secundárias, tricomas 
glandulares apressos e esparsos, nervuras 
primárias proeminentes, secundárias pouco 
proeminentes, terciárias pouco proeminentes a 
imersas. Pecíolo 3-4 cm compr., delgado, 
pubérulo. Estipulas rudimentares, 
submilimétricas; nectários rudimentares, ca.0,5 
mm comprimento. Inílorescência comprimento 
desconhecido, curto-pedunculada; pedúnculo 
2,5-3 cm compr.; eixo racemiforme, delgado, 
fulvo-tomentelo; inflorescências parciais 2- 
floras; folhas altemifloras não vistas, reduzidas 
a pares de brácteas foliáceas, ca.2 mm compr. 
duplamente lineares ou rudimentares, 
nectáriferas. Botões até 9, 5x0, 4-0,5 cm na 
antese, lineares, ápice subatenuado e 5- 
cuspidado, setas caducas, 5-costados, fulvo- ou 
cano-tomentelos, tricomas glandulares apressos 
e numerosos. Flores, pedicelo 1,2 cm compr., 
bractéolas lineares a rudimentares, hipanto 
cilíndrico a urceolado, 1,5x0, 5 cm compr., 
internamente glabro; cálice fendido na antese 
em 2-3 lobos reflexos ou eretos, espiralados ou 
não, ca.5,5 cm compr.; pétalas lineares, ca. 2,5- 
3,5 x ca. 0,05 cm, externamente glabras; 
estames não vistos; coluna estaminal não vista; 
gineceu compr. desconhecido, estigma não 
visto, ovário tomentelo, estipe ca.3 cm compr., 
pubérulo. Legume imaturo, valvas 13.5-16x1,5- 
2,1 cm, tomentelas ou viloso-tomentosas até 
esparso-vilosas, indumento às vezes 
canescentes; estipe 4-4,5 cm compr. Sementes 
não vistas. 

Ocorre no Brasil, estados de Bahia, Goiás, 
Piauí e Tocantins (Fig. 27). As localidades 
registradas pertencem às Folhas IBGE (1960): 
SD-23 e SC-23. Provavelmente, há um erro 
ortográfico na localidade-tipo, que pode ser 

Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


Serra de Santa Brígida, que fica na folha SD- 
23, 47- 1 3b. Habita em cerrado e floresta úmida, 
no pé de serra (coleção tipo), floresta decídua 
de altitude (Harley 21707), na margem da 
floresta mesofítica alterada (Silva 4322), floresta 
semidecídua secundária (Gottsberger 11- 
28167). 

Os espécimes coletados apresentam 
ramos aplanados, lenticelados, quase glabros. 
Subarbusto (col. Nascimento 528). 

Floresce em outubro, janeiro. Frutifica em 
março. 

Categoria IUCN (1994): Vulnerável. 
Espécie ameaçada, devido a intensidade dos 
fatores adversos que afetam as populações 
existentes em termos de destruição de seu 
habitat natural. 

No Piauí é utilizada como pastagem, 
principalmente por ovinos, seguidos dos bovinos 
e caprinos, que comem suas folhas (Nascimento 
528). 

28. Bauhinia platyphylla Bentham, in Martius, 
Fl. Bras. 1 5(2): 1 85. 1870. Tipo. Brasil. Goiás: 
“inter Cavalcante et Conceição”, s/d. (fl/fr), 
Burchell 8086 (holótipo K; isótipo P, fotografias 
RB! NY negativo 1581, F negativo 39861). 

Arbusto ou subarbusto com xilopódio. 
Entrenó distai 2,5-3 cm comprimento. Folhas 
bilobadas, lâmina (4,5-)8-10x(5,3-)10,5 cm, 
crasso-coriácea, base profundamente cordada, 
7-9-nérvea, nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em mais de 3/4 do comprimento 
total, suborbiculados, paralelos/divergentes (não 
aplicavel), ápice arredondado a subtruncado; 
face superior glabra, nervuras secundárias 
impressas, face inferior totalmente glabra, 
tricomas glandulares presentes, esparsas, 
nervuras primárias pouco proeminentes a 
imersas, exceto a nervura central proeminente, 
nervuras secundárias e terciárias imersas; 
pecíolo 10-25 mm compr., robusto, totalmente 
glabro. Estipulas não vistas, Bentham, (1870) 
pequenas ou rudimentares; nectários 
extraflorais cônico-ovóides a rudimentares, 
submilmétricos. Inílorescência até 12 cm 
compr., curto-pedunculada; pedúnculo 3 cm 





SciELO/JBRJ 




cm 


118 Vaz. A.M.S. da E e Tozzi, A.M.GA. 


compr.; eixo racemiforme, delgado, glabro e 
glaucescente; inflorescências parciais 2-íloras; 
folhas opositifloras, lâmina 3x4 cm, ou reduzidas 
a 1-2-brácteas foliáceas, às vezes com mucron 
intermediário, nectaríferas. Botões 9- 1 3x0,5 cm 
na antese, lineares, ápice reentrante-agudo, lisos 
a levemente costados, com tricomas glandulares 
abundantes. Flores, pedicelo 2-4 cm compr.; 
bractéolas escamiformes submilimétricas; 
hipanto cilíndrico, 1,5-2, 5x0, 5 cm, intemamente 
irregularmente hirsútulo-tomentoso na região 
distai; cálice fendido na antese em 3-5 lobos, 
reflexos, ondulados ou não a retorcidos, ca.5- 
7,5 cm compr.; pétalas lineares, ápice acumi- 
nado, 2-3,5x0,l cm, externamente glabras; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não loceladas, filetes 4,5-6 cm compr. 
, glabros, exceto os dois laterais alternipétalos; 
coluna estaminal com 6 mm altura máxima, 
apêndice ligular obsoleto, intemamente seríceo- 
tomentosa, externamente glabra; gineceu 7 cm 
compr., estigma claviforme, ovário glabro, com 
tricomas glandulares, estipe 2,3-3 cm compr., 
glabro. Legume deiscente, valvas maduras não 
vistas, imaturas 10-15x0,8-1 cm Bentham, 
(1870), glabro, estipe 3,5-4 cm cmpr.; lobos 
funiculares não vistos. Sementes não vistas. 

Ocorre apenas no Brasil, estado de Goiás 
(Fig. 27). As localidades de ocorrência 
registradas pertencem às Folhas IBGE (1960): 
SD-22 e SD-23. Habita em afloramento 
rochoso de quartzito, solo branco (Vaz 601); 
campo rupestre com quartzo leitoso (Silva 
2082). Altitude até 1 .540 m (Silva 2082). 

Observações de campo e coleções 
indicam a forma de arbusto ou subarbusto com 
xilopódio, desde 07-1 m até 1,7 m de altura, 
não ramificado ou pouco ramificado. Ramos 
aplanados e glaucescentes, folhas verde- 
azuladas. crasso-coriáceas, totalmente glabras 
e botões ferrugíneos. 

Botões e flores de dezembro a maio. 

Categoria 1UCN (1994): Vulnerável. 
Espécie ameaçada, devido a intensidade dos 
fatores adversos que afetam as populações 
existentes. 


29 . Bauliinia pulchella Bentham in Martius, 
Fl. Bras. 15(2): 190. tab49. 1870. -Tipo. Brasil: 
Piaui: Oeiras, s/data (fl), Gardner 2150 
(lectotipo K!, inédito, fotografia RB, 
isolectotipos BM!, GRAH!, L!, MANCH!, 
OXF!, Wl). 

Bauhinia pulchella var. parvifolia 
Bentham in Martius, Fl. Bras 15(2): 190. 1870. 
- Tipo: Brasil. Minas Gerais: distrito Minas 
Novas, s/data, leg. Martius s/n (síntipo M, 
fotografia RB! ex F 27954). Sin. nov. 

Arvoreta ou arbusto. Entrenó distai 0,5- 
1,5 cm comprimento. Folhas bilobadas, lâmina 
1-5, 1x1, 2-6 cm, tênue cartácea a subcoriá-cea, 
base emarginada (subcordada) até cordada, 7- 
nérvea, nervura marginal aplanada, lobos 
concrescidos em mais de 3/4, raramente Vi do 
comprimento total, elíticos a ovado-elíticos até 
suborbiculares ou obovados, paralelos, ápice 
arredondado a obtuso; face superior glabra, 
nunca pilosa ou vilosa, face inferior pubescente 
ou quase glabra até rufo-tomentela na região 
das nervuras primárias, tricomas glandulares 
presentes escassos, nervuras primárias pouco 
proeminentes, secundárias e terciárias pouco 
proeminentes a imersas; pecíolo 0,5- 1,2 cm 
compr., delgado, tenuemente rufo-tomentelo. 
Estipulas rudimentares, submilimétricas; 
nectários extraflorais subuliformes, 0,5- 1 ,0 mm 
compr., ou rudimentares e geralmente 
encobertos pelas estipulas. Inflorescência até 
15 cm compr., curto-pedunculada; pedúnculo 
0,5- 1 ,5 cm compr.; eixo racemiforme, delgado, 
tenuemente rufo-tomentelo; inflorescências 
parciais 2-floras; folhas subopositifolias, lâmina 
0,7-2x0,6-l,6 cm, ou reduzidas a um mucron, 
ou ausentes e então, apenas brácteas foliáceas 
escamiformes (ovadas), submilimétricas a 
rudimentares; nectários extraflorais 
subuliformes a rudimentares, submilimétricos. 
Botões 10-12x0,2-0,3 cm na antese, lineares, 
ápice 5-reentrante-agudo, 5-subcostados a lisos, 
enérveos, cano-tomentelos, com tricomas 
glandulares numerosos e apressos. Flores com 
pedicelo 0,9-1 cm compr., bractéolas 
escamiformes, submilimétricas, hipanto 
cilíndrico, l,l-l,3x0,4-0,7 cm, intemamente 



SciELO/ JBRJ 


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Rodríguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 





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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


irregularmente seríceo-tomentoso na região 
distai; cálice fendido na antese em 3-5, lobos 
reflexos, ondulados a retorcidos, 3, 5-5, 7 cm 
compr.; pétalas lineares, ápice agudo, 2x0,05- 
0,1 cm, externamente glabras; estaminódios 0, 
estames 10, anteras iguais, lineares, não 
loceladas, filetes 5-6 cm compr., filetes 
alternipétalos, intemamente tomentosos, coluna 
estaminal presente, 8 mm altura máxima, 
apêndice ligular obsoleto, internamente seríceo- 
tomentosa, externamente glabra; gineceu 8 cm 
compr., estigma claviforme, ovário tomentelo, 
com tricomas glandulares, estipe 4 cm compr., 
glabro. Legume deiscente, valvas 9-10-17x0,7- 
0,9 cm, pubérulo a glabro, estipe 2-4,5 cm 
compr.; lobos funiculares curto-emarginados. 
Sementes 5-8x3,5-5 mm. 

Ocorre apenas no Brasil (Fig. 27). No 
nordeste ocorre na Bahia e limítrofes Goiás e 
Tocantins (Folha SD-23), Ceará, Maranhão e 
Piauí, Rio Grande do Norte (Folhas SB-23, SC- 
23, SB-24 e SC-24). Na região centro-oeste, 
em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se 
estendendo até Rondônia (Folhas SC-2 1 e SD- 
2 1 , SF-22). Na região sudeste, em Minas Gerais 
(Folhas SD-23 e SE-23). Na região norte, ocorre 
no Pará (Folha ?). Habita em orla de floresta 
de galeria, floresta de encosta de serras 
nordestinas e capoeiras (vários coletores); 
campo rupestre (Hatschbach 65023), campos 
gerais, campo cerrado, cerrado, caatinga, 
carrasco Na Bahia, tem sido freqüentemente 
coletada em altitudes acima de 800 até 1.300 m. 

Apresenta hábito arbustivo com 0,4 m 
(M. A. da Silva 1 747) ou, mais freqüentemente 
1-3 m (outros coletores). Também, apresenta 
porte de uma arvoreta com 10 m x 8 cm 
diâmetro, na transição entre mata de cume de 
uma colina e capoeira, no Maranhão (Jangoux 
et Bahia 1057) ou com 3 m x 5 cm diâmetro 
em São João dos Patos (D.P. Lima 13334). 
Apresenta folhas levemente discolores e cálice 
ferrugíneo (Martinelli 1 1 190), ou folhas glaucas 
com venação ferrugínea na face inferior 
(Harley et Souza H50106). 

Espécimes da Bahia e Minas Gerais, 
indicam plena floração nos meses de março/ 


abril e espécimes apenas frutíferos foram 
coletados em junho a novembro e, com frutos 
passados associados com a rebrotação em 
dezembro. 

As coleções de Andrade-Lima, em 
Pernambuco, diferem da variedade típica por 
apresentar folhas menores que 2,54 cm, 
enquanto que a variedade típica foi descrita 
como apresentando folhas entre 2,54 e 3,7 cm 
compr. Nestas coleções o tamanho de folha 
não se mostrou constante, assim como nos 
espécimes coletados posteriormente em Minas 
Gerais e, em outros estados de ocorrência, não 
foram encontrados outros caracteres que 
justificassem a manutenção destas duas 
variedades em B. pulchella, daí a 
sinonimização aqui proposta. Observou-se nos 
espécimes examinados que os ramos axilares 
curtos costumam apresentar folhas menores do 
que as dos ramos longos terminais. 

B. pulchella faz parte de um complexo 
de espécies, incluindo B. fusconervis, B. 
dumosa e B. curvula e outras descritas 
posteriormente (tabela 1). Nesse conjunto B. 
pulchella é distinta pelas folhas curtamente 
bilobadas, indumento foliar na face inferior 
formado de tricomas curtos e apressos, até 
quase glabras, exceto nas nervuras primárias 
rufo-tomentelas em maior ou menor grau, 
nervuras secundárias e terciárias pouco 
conspícuas, e ainda pelo ovário tomentelo com 
tricomas glandulares. 

Foi detectada, através dos espécimes 
examinados (cols Coradin 6064, Harley 16858 
ou sphalm. 6858, Orlandi 354) uma população 
de B. pulchella com folhas bipartidas e folíolos 
ca. 1 ,5-2x 1-1,5 cm. Esta área de ocorrência fica 
na folha SC-24, longitude 4 1 ° 1 0’ a 4 1 °20’ W x 
ca,10°S latitude estado da Bahia. Numa área 
disjunta de ocorrência de Bauhinia pulchella 
(tolhas SC-21/SD-2I/SE-21) - nos estados do 
Mato Grosso, em mata alta de terra firme (col. 
Cordeiro 50) e Rondônia (coletor ?, RB 1 78933) 

- as coleções apresentam folhas maiores até 
6x5 cm; lobos concrescidos em ca. de Vi do 
comprimento total; e o estipe maior até 5 cm 
de comprimento. 




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Vaz, A.M.S. cia F. e Tozzi. A.M.GA. 


Na folha SF-22, no Mato Grosso do Sul, 
foram coletados espécimes (Gibbs 5482, Leitão 
Filho 2057 e outros coletados em Selvíria 
(Tiritan 50, 53; Tamashiro 16285 etc.) que 
apresentam folhas com indumento mais denso 
no dorso foliar. 

30 . Bauhinia rufa (Bongard) Steudel, Nom. 
Bot.ed.2, 1:192. agosto 1840, non Baker 1878. 

- Pauletia rufa Bongard, Mem. Acad. Imp. 
Sei. St. Petersb., ser. 6, Sei. Math. 4:123. 1836. 

- Tipo. Brasil. Minas Gerais: s/citação de 
localidade, s/coletor (holótipo desconhecido). 

Bauhinia choriophylla Vogei, Linnaea 
1 3:307. 1 839. Tipo. Brasil. Rio de Janeiro, s/data, 
Sellow s/n (holótipo B, destruído, fotografia RB !, 
negativo NY 1584, isótipo E - GL!). 

Bauhinia intermedia Vogei, Linnaea 
11:309. 1839 .-Bauhinia rufa var .intermedia 
(Vogei) Bentham in Martius, Fl. Bras. 
15(2): 187. 1870. - Pauletia rufa var. 
intermedia (Vogei) Schmtz, Buli. Jard. Bot. 
Nation. Belg. 43(3-4):392. 1973. - Tipo. Brasil, 
s/procedência, s/data (fr), Sellow (holótipo B, 
destruído, fotografia RB!, negativo NY 1585, 
isótipo E - GL!). Sin nov. 

Arvoreta ou subarbusto com xilopódio ou 
arbusto. Entrenó distai 2- cm comprimento. 
Folhas bilobadas, lâmina 6-10,8x5,4-10 cm, 
coriácea, base de cordada a subtruncada, 9 - 
1 1- nérvea, nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 2/3 a 3 /$ do comprimento total, 
ovado-oblongos, paralelos, ápice obtuso a 
subtruncado ou arredondado, raramente 
acutiusculo, face superior glabra, exceto na 
nervura principal pilosa, face inferior fusco- ou 
ferrugíneo-tomentosa a hirsútula, tricomas 
glandulares escassos, nervuras primárias e 
secundárias muito proeminentes, terciárias 
proeminentes; pecíolo 0,9-2 cm compr., robusto, 
viloso a hirsútulo-tomentoso. Estipulas linearçs, 
7-13x1 mm, até oblongas subagudas, 5x2 mm.; 
nectários extraflorais subuliformes, ca.2 mm 
compr., exsertos. Inflorescência compr. 
desconhecido, curto-pedunculada; pedúnculo 
1,5-5 cm compr.; eixo racemiforme, hirsútulo; 
inflorescências parciais 2-3-floras; folhas 


opositifloras 4-6x4, 5-5 cm ou menores até 
ausentes e, então com brácteas foliáceas linear- 
lanceoladas, com mucron, nectaríferas. Botões 
12x0,5 cm na antese, pentagonais, ápice 
apiculado ou obtuso, 1 5-estriados a 5-costados, 
hirsútulos, com tricomas glandulares. Flores 
com pedicelo 1,5-3 cm compr., bractéolas 3 
lineares, 1-3 mm; hipanto cilíndrico, (1-) 1,3-3, 5x 
(0,6-)0,7-0,9, internamente glabro; cálice 
fendido na antese em 4-5 lobos reflexos, 
ondulados a retorcidos e espiralados, ca.7,5 cm 
compr.; pétalas lineares, Iongamente 
acuminadas, 3,5-4,5x-0, 1-0,2 cm, externamente 
glabras; estaminódios 0, estames 10, anteras 
iguais, lineares, não loceladas, filetes 4,5-6 cm 
compr., filetes glabros, coluna estaminal até 2 
mm de altura máxima, apêndice ligular obsoleto, 
interna e externamente glabra; gineceu ca.8,5 
cm compr., estigma claviforme, ovário 
tomentoso, estipe 3,5-4, 5 cm compr., tomentoso. 
Legume deiscente, valvas 14-23x1,7-2,5 cm, 
piloso, estipe 3,5-5 cm compr.; lobos funiculares 
uncinado-lobados. Sementes 11x10 mm. 

Ocorre apenas no Brasil, estados de Goiás, 
Minas Gerais e Distrito Federal (Fig. 26). As 
localidades registradas pertencem às Folhas 
IBGE (1960): SD-22, SE-22, SD-23, SE-23. 
Pode apresentar hábito de arvoreta 
colonizadora, em áreas florestais abertas e em 
recomposição (Vaz & Marquetc, 1993). Em 
Goiás e Minas, habita em campo rupestre, 
cerrado e floresta mesofítica, especialmente em 
áreas perturbadas limítrofes de floresta com 
cerrado/campo. No estado de Minas Gerais são 
arbustos ou arvoretas, em áreas serranas - 
Serra do Cipó, Serra do Espinhaço, Serra do 
Cabral, Serra dos Inconfidentes, etc., em 
altitudes entre 900 e 1.600 metros (vários 
coletores). Os ramos são angulosos e robustos. 

Floração a partir de setembro a janeiro e 
predomínio de frutos imaturos desde fevereiro 
até a plena frutificação em agosto. 

O isótipo examinado de B. choriophylla 
apresenta folhas coriáceas, lobos oblongos, base 
profundamente cordada, 9-1 1-nérveas, lobos 
concrescidos em ca. de % da lâmina, ápice 
subtruncado - arrredondado, face inferior com 



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Roctriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


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Bauhinia ser Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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nervação elevada até as nervuras terciárias ou 
quarternárias e fusco-tomentoso-hirsutas; com 
estipulas proximais lineares, 10 x 1 mm até 
oblongas subagudas, 5x2 mm, nas folhas distais. 
Bractéolas lineares. 

O isótipo examinado de B. intermedia 
apresenta folhas curtamente bilobadas, lobos 
concrescidos em ca. de 4/5 , ápice arredondado 
a acutiúsculos, base levemente cordada a 
subtruncada; face inferior com nervação 
terciária um pouco menos elevada, e com 
indumento um pouco mais claro e velutino. As 
estipulas um pouco mais lanceoladas e as 
bractéolas pouco menores segundo o autor 
(Vogei 1 839). O epíteto específico “ intermedia ” 
é uma referência às duas espécies descritas 
no mesmo trabalho ( B . cordata e B. 
choriophylla). No próprio trabalho original. 
Vogei (1839) já reconheceu que estas espécies 
são bastante afins de B. rufa , cujo tipo não foi 
por ele examinado (ver informações adicionais 
sob B. holophylla). 

Bentham (1870) considerou B. 
dodecandra na categoria de variedade de B. 
rufa. Aqui decidimos considerar B. 
dodecandra como sinônimo de B. holohylla, 
com base em diversos caracteres (ver discussão 
sob B. holophylla). 

B. rufa distingue-se das espécies do 
complexo B. holophylla/B. longifolia por 
apresentar folhas coriáceas, curtamente 
bilobadas, obtusas a arredondado - 
subtruncadas, parte superior levemente bulada 
e indumento femigíneo e velutino a hirsuto nos 
ramos, pecíolo, face inferior da folha, raque 
floral até o botão floral e o cálice. Estipulas 
lineares a oblongo agudas. Botão floral 
tomentoso-hirsutocom bractéolas lineares. No 
entanto, alguns espécimes, especialmente os 
arbustos e as arvoretas em dadas localidades, 
em orla de mata, na transição para o campo ou 
cerrado, como em Uberlândia e Araguari, em 
Minas Gerais, na reserva Ecológica do IBGE, 
em Brasília; e em Cuiabá, em Mato Grosso 
apresentam características intermediarias, entre 
as duas espécies, tanto ao nível de indumento 
da inflorescência, forma do botão floral, tanto 

Ródriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


quanto aos caracteres foliares de modo que, as 
duas espécies se sobrepõem e talvez, 
dependendo de novas informações sobre as 
populações, possa ser verificada a possibilidade 
de os espécimes representarem formas de vida 
diferentes, de subarbusto a arvoreta, de uma 
mesma entidade específica e, portanto, tratar 
ambas as espécies, junto com B. holophylla , 
como variedades de um mesmo táxon. 

31. Bauhinia smilacifolia Burchell ex 
Bentham in Martius, Fl. Bras. 15(2): 183. 1870. 

- Tipo. Brasil. Goiás: entre Cavalcante e 
Conceição, s/data (fl), Burchell 8076 (lectotipo 
K, designado por Wunderlin, 1972 in sched.; 
fotografia RB! ex NY negativo 1579); prope 
Arrayas, abr 1840 (fr), Gardner 3698 
(isossintipos BM!, E!, MANCH!, OXF!, 
fotografias RB! ex F negativo 1612, ex Kew 
negativo 16425). 

Subarbusto. Entrenó distai 2-5 cm compr. 
Folhas inteiras, lâmina 6,2-12x2,3-3,5 cm, 
coriácea, ovado-lanceolada a lancolada, base 
cordado-auriculada, ápice obtuso, 5-7-nérvea, 
nervura marginal elevado-proeminente; face 
superior glabra, nervuras secundárias não 
impressas, face inferior glabra, tricomas 
glandulares ausentes, nervuras primárias 
proeminentes, secundárias pouco proeminentes 
a imersas, terciárias imersas; pecíolo 1,5-2, 2 
cm compr., delgado, glabro. Estipulas não vistas 

- ovóides extraflorais cônico-ovóides, 
submilimétricos. Inflorescência com 
comprimento desconhecido, curto- 
pedunculada; pedúnculo 1,5 cm compr.; eixo 
racemiforme, delgado, glabro; inflorescências 
parciais 2-(3)-floras, folhas alternifloras 
presentes, lâmina 4x2,2 cm até ausentes, 
brácteas foliáceas não vistas, nectários 
extraflorais submilimétricos. Botões 11x0,4 cm 
na antese, lineares, ápice subcuspidado, 
nervação 5-imersa, glabros, sem tricomas 
glandulares. Flores, pedicelo 2 cm compr., 
bractéolas escamiformes, hipanto cilíndrico, 

1 ,5x0,4-0,5 cm compr., intemamente tomentoso 
na região distai; cálice fendido na antese em 2- 
3 lobos, eretos, retorcidos ou não, 5, 5-6,5 cm 





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V 'az, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 


compr.; pétalas lineares, ca. 1,5 cm compr., 
glabras; estaminódios 0, estames 10, anteras 
iguais, lineares, não loceladas, filetes até 5 cm 
compr., filetes externamente glabros, coluna 
estaminal presente, 5 mm altura máxima, 
apêndice ligular ausente, internamente 
tomentosa, externamente glabra; gineceu 
completo não visto, estigma clavado, um dos 
lados aplanado-escorrente, ovário glabro, 
bordos com tricomas glandulares, estipe ca.3,5 
cm compr., glabro. Legume deiscente, valvas 
14-15x1,5-1,7 cm, glabro, estipe 3 cm cmpr.; 
lobos funiculares curto-triangulares. Sementes 
maduras não vistas. 

Ocorre apenas no Brasil, nos estados de 
Goiás e Tocantins (Fig. 26). As localidades de 
ocorrência pertencem às Folhas IBGE (1960): 
SD-23: 47- 13b, e 48- 14c. Espécie campestre. 

Frutificação em abril. 

As coleções disponíveis indicam uma área 
de endemismo restrito a uma única população. 

Categoria IUCN (1994): Deve ser 
verificada em campo a possibilidade Bauhinia 
smilacifolia estar extinta, pois não foi mais 
encontrada nas coleções a partir de 1840, cuja 
população se encontra em área sob forte 
impacto ambiental. 

32. Bauhinia subclavata Bentham in Martius, 
Fl.Bras. 15 (2): 188. 1870. -Tipo. Brasil. Piauí, 
entre o Rio Camindé e Oeiras, 1840 (bt/fr), s / 
data, Gardner 2154 (holótipo não localizado; 
isótipos NY!. OXF!, P!, fotografias RB !, ex NY 
negativo 12714, ex F negativo e 1623). 

Arbusto. Entrenó distai 1,5-3 cm 
comprimento. Folhas bilobadas, lâmina (4,5-) 
8- 1 1 ,5(- 1 3)x(4,5-)6,5-9,5(- 1 2) cm, tenuemente 
cartácea a subcoriácea, base cordada a 
emarginada ou subtruncada, 9-11-nérvea, 
nervura marginal inconspícua, lobos 
concrescidos em 2/3-3M ou mais do 
comprimento total, elíticos a ovado-oblongos, 
paralelos, ápice arredondado a obtusiúsculo; 
face superior vilosa, glabresccnte, nervuras 
terciárias e quaternárias pouco impressas dando 
à superfície um aspecto ruguloso, face inferior 
pubescente até vilosula, especialmente na região 


das nervuras primárias, tricomas glandulares 
presentes abundantes, nervuras primárias 
proeminentes, secundárias e terciárias pouco 
proeminentes (proeminentes em Pernambuco, 
cf. cols Andrade-Lima 56-2588, 56-2599, 71- 
6406, 76-8310, 79-9657, Correia 436, Pereira 
368); pecíolo 1-3 cm compr., delgado, tomentelo. 
Estipulas não vistas (diminutas ou rudimentares, 
segundo Bentham, 1870); nectários extraflorais 
rudimentares, não emergentes, até 1 mm 
comprimento. Inflorescência até 25 cm compr, 
curto-pedunculada; pedúnculo 0,5-2 cm compr.; 
eixo racemiforme, delgado, tomentelo; 
inflorescências parciais 2-floras; folhas 
alternifloras/opositifolias, ocasional mente 
presentes, às vezes apenas emarginadas, 
ca.2,5x2, 1 cm, até reduzidas a brácteas foliáceas 
duplamente ovadas, ladeando mucron 
remanescente, 2x1 mm. Botões 5x0, 7-1,3 cm 
na antese, clavados, ápice alado-reentrante, 5- 
estreitamente alados, alas onduladas em maior 
ou menor grau, tomentelos, com tricomas 
glandulares. Rores com pedicelo 0,5 cm compr., 
bractéolas ovadas, hipanto cilíndrico, 1,3- 
1,5x0, 7-0, 8 cm, internamente glabro; cálice 
fendido na antese em 5 lobos reflexos, 3-4 cm 
compr.; pétalas no botão préantese linear- 
lanceoladas, obtusiúsculas, 2,7-3x0.2-0,4 cm, 
externamente cobertas por tricomas 
glandulares; estaminódios 0, estames 10, anteras 
iguais, lineares, não loceladas. filetes 2,4-3, 2 cm 
compr., filetes alternipétalos esparsamente 
hirsutos em direção à base; coluna estaminal 
rudimentar, até ca. 2 mm altura máxima no 
botão pré-antese, apêndice obsoleto, interna e 
externamente hirsuta; gineceu compr. 
desconhecido, estigma subtransverso-capitado, 
ovário tomentelo, estipe ca. 1,5 cm compr., 
glabrescente. Legume deiscente, valvas 8,5- 
23x1,1-1,3 cm, viloso-glandulosas, estipe 2,5- 
3,5 cm compr.; lobos funiculares uncinado- 
lobados. Sementes ca.7-9x4-6 mm. 

Ocorre no Brasil, estados Bahia, Ceará, 
Maranhão e Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio 
Grande do Norte (Fig. 26). As localidades 
registradas pertencem às Folhas IBGE (1960): 
Folha SA-23, SB-23, SB-24, SB-25, SC-23, S C- 

Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


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24 e SD-23 (Bahia). Habita em caatinga, 
cerrado, transição caatinga-cerrado, carrasco 
(vários coletores), floresta serrana, denominada 
“brejo de altitude”, 1 .082 m alt (M. Correia 436) 
e outras encostas das serras de Pernambuco 
(Andrade-Lima 56-2588, 56-2599, 71-6406, 76- 
8310, 79-9657, Correia 436, Pereira 368). No 
chapadão oriental da Bahia, habitat em floresta 
decídua (Harley 21707). Na região de Ilha de 
Balsas, no Maranhão (Eiten 10489, Eiten4133 
e, outros) habita no cume de “plateau” baixo 
com vegetação lenhosa de chapada, denominada 
localmente de cerradão e no carrasco. No 
Ceará, habita nas chapadas do Araripe 
(Fernandes e Matos s/n, EAC 13093) e planalto 
da Ibiapaba. 

Espécimes com botão e botão/flor de 
fevereiro a abril, com frutos a partir de abril a 
setembro/outubro. 

Na diagnose original (Bentham, 1870) os 
filetes são descritos como glabros ou com base 
pouquíssimo barbada. Os espécimes 
examinados, procedentes de áreas na mesma 
folha geográfica de Oeiras (SB-23), no Piauí, 
apresentavam filetes desde hirsutos no botão 
floral até hirsutos extemamente e intemamente. 
Os espécimes coletados nas serras de 
Pernambuco (cols Andrade-Lima 56-2588, 56- 
2599, 7 1 -6406, 76-8310, 79-9657, Correia 436, 
Pereira 368), tinham folhas subcoriáceas e 
nervação da face inferior mais proeminentes e 
indumento vilósulo. 

Bauhinia subclavata faz parte do 
complexo de espécies integrado por B. 
cheilantha e B. acuruana (tabela 1). 

33. Bauhinia tenella Bentham in Martius, Fl. 
Bras. 15(2): 195. 1870. - Tipos. Brasil. 
Tocantins: Arraias, em campos secos, março 
1 840 (bt/fl/fr), Gardner 370 1 ( K, designado por 
Wunderlin, 1991, in sched.; isolectotipos El, 
MANCH!, OXF!, P!, Wl, F negativo 16211, 
fotografias RB!). 

Arbusto ou subarbusto. Entrenó distai 
lcm comprimento. Folhas bifolioladas, cada 
folíolo 0,8-l,5(2,0)x0,4-l cm, cartáceo a 
coriáceo, incurvo-oblongo, livre ou quase livre. 


ápice obtuso, 2-3-nérveo, nervura marginal 
aplanada; face superior glabra, nervuras 
secundárias não impressas, face inferior 
tomentela, tricomas glandulares abundantes, 
nervuras primárias, secundárias e terciárias 
pouco proeminentes a imersas; pecíolo 0,2-0, 5 
cm compr., delgado, tomentelo, tricomas 
glandulares abundantes. Estipulas rudimentares. 
Nectários extra-florais rudimentares, menores 
que 0,5 mm de compr. Inflorescência, até 16 
cm compr., curto-pedunculada; pedúnculo 0,2- 
0,5 cm compr.; eixo racemiforme, delgado, 
tomentelo, inflorescências parciais 2-floras; 
folhas alternifloras, cada folíolo 0, 3-1x0, 2-0, 4 
cm, progressivamente reduzidas em direção ao 
ápice, brácteas foliáceas rudimentares a 
ausentes. Botões 3, 5x0, 2-0, 3 cm na antese, 
clavados, ápice apiculado-emarginado, 
tenuemente costados, tenuemente tomentelos, 
viscídulos, com tricomas glandulares. Flores, 
pedicelo 0,5-0, 8 cm compr.; bractéolas 
escamiformes submilimétricas; hipanto 
cilíndrico, 0.5x0, 3-0, 4 cm, internamente 
irregularmente tomentoso na região distai; 
cálice fendido na antese em 3 lobos, reflexos, 
levemente ondulados, não retorcidos, cal ice 2,5 
cm compr.; pétalas lineares, ápice acuminado, 
1,8-2, 1x0,1 cm, externamente glabras; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não loceladas, filetes 1 ,8-2,5 cm compr., 
glabros; coluna estaminal com 3 mm altura máxima, 
apêndice ligular ausente, intemamente tomentosa, 
externamente glabra; gineceu compr. 
desconhecido, estigma claviforme, ovário tomentelo, 
estipe 1,2 cm compr., com tricomas glandulares. 
Legume deiscente, valvas 9,5- 10x 0,8 cm, glabro, 
estipe 2, 5-3, 5 cm cmpr.; lobos funiculares curto- 
emargi nados. Sementes não vistas. 

Ocorre no Brasil, estados de Goiás, 
Maranhão e Tocantins (Fig. 26). As 
localidades registradas pertencem às Folhas 
IBGE (1960): SB-23 e SD-23. Habita em 
carrasco e cerrado, campo cerrado, cerrado 
rodeado de campo úmido, cerrado junto a 
rochas, campo sujo. Em altitudes de 700 a 
1 .000 m. Ocorre como subarbusto delgado 0,8 
a 2 m altura, formando moitas delicadas. 




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124 

Botões e flores de janeiro a abril. 

Bauhinia tendia pertence ao complexo 
B. fusconervis/B. pulchella (tabela 1). 

34. Bauhinia ungulata Linnaeus, Sp. Pl. ed. 
1, 374. 1753. Cansenia ungulata (Linnaeus) 
Rafinesque, SylvaTeli. 122.1838, sphalm. C. 
angulata [Veja comentário em Wunderlin, 1 976, 
Rhodora 78(816): 753]. - Pauletia ungulata 
(L.) Schmitz, Buli. Jard. Bot. Natl. Belgique 
43:393.1973. - Tipo. “Habitat in America." 
Herb. Clifford: 1 57, Bauhinia n° 3 (lectótipo BM, 
designado por Wunderlin in Turland & Jarvis, 
1997). 

Bauhinia macrostachya Bentham, Hook 
Journ. Bot. 2:96.1840. - Bauhinia 

benthamiana Taubert, in Engler & Pranti ed. 
Natur. Planzenfam. 3.3 (71): 149.1892. - Tipo. 
Guiana. Essequibo: 1836 (bt/fl/fr). Schomburgk 
71 (holótipo Kl, NY negativo 1593, fotografia 
RB!). Sin nov. 

Bauhinia macrostachya var. tenuifolia 
Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 3:106. 
1922. Tipo. Brasil. Pará: Belém, julho 1901 (bt), 
Hubers/n (RB 11132!, lectotipo aqui designado, 
MG 2103, isolectotipo). Sin nov. 

Arbusto ou arvoreta ou subarbusto. 
Entrenó distai 0,5-3 cm comprimento. Folhas 
bilobadas, lâmina (1,1 -)2,6- 1 3(- 1 8)x( 1 ,2-)3-8(- 
9,5- 1 2,5) cm, tênue cartácea a subcoriácea, base 
subtruncada a cordada, 7-9-sub 11-nérvea, 
nervura marginal inconpícua, lobos 
concrescidos em 1/2 a 2/3, raramente menos 
de 1/3 ou mais de 2/3 do comprimento total, 
ovado-oblongos a oblongo-triangulares, retos e 
no ápice paralelos ou um pouco convergentes 
ou ainda um pouco divergentes, até eliticos ou 
suborbicu-lados, ápice longamente acuminado 
ou agudo a obtuso ou arredondado; face 
superior glabra, não impressas, face inferior 
cano- ou ferrugíneo- ou fusco-pubescente. a 
tomentela em toda a superfície, em maior ou 
menor grau a ferrugíneo-pubescente, 
especialmente nas nervuras, tricomas 
glandulares presentes, abundantes ou não, 
nervuras primárias mais ou menos 
proeminentes, secundárias pouco proeminentes 


Vaz, A.M.S. c la F. e Tozzi, A.M.GA. 

a imersas e terciárias imersas; pecíolo 0,9-3 cm 
compr., delgado, cano- ou ferrugíneo ou fusco- 
tomentelo. Estipulas ovado-lanceoladas a 
oblanceoladas ou falcado-oblongas, 3-25x2-8 
mm, quebradiças até rudimentares, sub-mili- 
métricas; nectários extraflorais rudimentares, 
raramente ovóides (Rio Aripuanã), 1 mm 
comprimento, em geral totalmente encobertos 
pelas estipulas até rudimentares, 

submilimétricos. Inflorescência até 37 cm 
compr., curto-pedunculada; pedúnculo 0,2-3 cm 
compr.; eixo racemiforme, delgado, cano- ou 
ferrugíneo- ou fusco-tomentela, às vezes 1-2 
ou mais eixos simultâneos; inflorescências 
parciais 2-floras; folhas opositifloras/ 
alternifloras ausentes, brácteas foliáceas 
falcado-oblongas a rudimentares, 

submilimétricas, mucron às vezes presentes. 
Botões 4,5-5x0,4 cm na antese, subclavados, 
ápice obtuso a reentrante-espessado, fusco- ou 
ferrugíneo- ou fulvo-tomentelos e lisos ou 
canoestriados e, então, desde obscuramente 5- 
estriado até multiestriados, com tricomas 
glandulares. Flores, pedicelo (0,3-0,4-)0,5-l,l 
cm compr., bractéolas oblongo-lanceoladas a 
ovadas, hipanto cilíndrico a suburceolado, 0,5- 
l,5x(0,3-)0,4-0,7 cm, internamente glabro; 
cálice fendido na antese em 3-5 lobos reflexos, 
ondulados a retorcidos, 1,7-3, 5 cm compr.; 
pétalas linear-lanceolada, caudada, ca. 1,6- 
3x0, 1-0, 2 cm, externamente glabras; 
estaminódios 0, estames 10, anteras iguais, 
lineares, não loce-ladas, filetes (1,3- 1,7-) 2,5-3 
cm compr., filetes alternipétalos pilosos 
externamente; coluna estaminal rudimentar, até 
ca. 1 mm altura máxima, apêndices 
rudimentares, internamente com tufos de 
tricomas, extermente pilosa; gineceu (2-4,2-)4,5 
cm compr., estigma oblíquo-clavado, ovário 
tomentoso, estipe 1 ,5-2 cm compr., tomentoso 
a quase glabro. Legume deiscente, valvas 1 1 .5- 
20x0,9-1,2 cm, tomentelas a glabrescentes, 
estipe 2-3 cm compr.; lobos funiculares 
uncinado-lobados. Sementes 5-7x5-6 mm. 

O conceito de B. ungulata é ampliado 
neste trabalho abrangendo populações deste 
o México tendo como limite sul as folhas SF- 

Rodríguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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Bauhima ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


21, latitude 23°S, município de Amambaí no 
Mato Grosso do Sul e SF-23, latitude 21722° S, 
municípios de Barra do Pirai (Rio de Janeiro)/ 
São Sebastião do Paraíso (Minas)/ São Carlos 
(São Paulo), se constituindo na espécie cujos 
caracteres compartilhados por todos os 
indivíduos são o tipo de coluna estaminal 
rudimentar, com apêndice interno barbado, 
pétala superior mais larga, ca. de 2 mm de 
largura. Trata-se da espécie mais amplamente 
distribuída em Bauliinia ser. Cansenia, e 
altamente variável, mas com certos padrões 
locais, os quais foram reconhecidos 
artificialmente, na categoria variedade, 
admitindo-se formas intermediárias entre elas. 

34a. Bauhinia ungulata var. cuiabensis 
(Bongard) Vaz, comb. nov. - Pauletia 
cuyabensis Bongard, Mem. Acad. Imp. Sei. 
St. Petersb., ser. 4 sei. Math. 2: 125. 1836. - 
Bauhinia cuiabensis (Bongard) Steudel Nom. 
ed. 2: 1. 1 9 \ Bauhinia cuiabensis { Bongard) 
D. Dietrich, Syn. Pl. 2:1476. dezembro 1840. - 
Bauhinia cuiabensis (Bongard) Walpers, 
Repert. Bot. Syst. 1 : 848. 1 842. - Tipo. Brasil. 
Mato Grosso: Cuiabá, fev. 1826(bt/fr), Riedel 
829 (holótipo LE, fotografia BAB!, RB!). 

Bauhinia angulicaulis Harms, Bot. 
Jahrb. 33(72): 20. 1903. - Bauhinia angularis 
Harms ex Glaziou. Buli. Soc. Bot. France 52. 
Mém 1(3): 172. 1906. (variante ortográfico para 
B. angulicaulis Harms). - Tipo. Brasil. Goiás, 
“Fazenda do Palmital”, jun 1895 (bt), Glaziou 
21018 (Holótipo não localizado; isótiposC!, K!, 
F negativo 1563, fotografias RB!). Sin. nov. 


Bauhinia cujabensis f. ferruginea 
Chodat & Hassler, Buli. L’Herb. Boiss 2eme 
ser. 4:689.1904. — Sintipos. Paraguai, “ad 
marginem silvae pr. Arroyo Mocoy, Sierra de 
Maracaju , nov., Hassler 5380 (isossintipos 
BM!, GRAH!, NY! negativo 12726, fotografia 
RB !); “in dumetis pr. Conception, aug., Hassler 
7192 (isossintipos NY!, P!, NY negative 12727, 
fotografia RB !); idem 7192a (isossintipo NY!, 
NY negative 12728, P, fotografia RB!). Sin. nov. 

Bauhinia cujabensis f. vestita Chodat 
& Hassler, Buli. L’Herb. Boiss., 2eme ser. 
4:689.1904. - Sintipos: Paraguai, “ in campo 
Apipu (Tapiraguay), dec., Hassler 5953 
(isossintipo BM!, GRAH!, NY!, NY negative 
12725, totografia RB!); ad marginem silvarum 
in vale fluminis Y-aca, dec., Hassler 6654 
(isossintipos BM!, NY!, NY negative 12724, 
fotografia RB!). Sin. nov. 

Bauhinia hiemalis Malme, Ark. Bot. 
Stockh. 5(5): 13. 1905. - Tipo. Brasil. Mato 
Grosso. Cuiabá, jun 1902 (bt), Malme II: 1628 
(lectótipoS!, designado por Vaz, 1995). Sin. nov. 

Bauhinia chapadensis Malme, Arkiv. 
Bot. Stockh. 5(5): 13. 1905. -Tipo. Brasil. Mato 
Grosso: “Santa Anna da Chapada (atual Cha- 
pada dos Guimarães), jun. 1903 (bt/fr), Malme 
11:3409a (lectótipo S !, designado por Vaz, 1995). 
Sin. nov. 

Bauhinia cataholo Hoehne, Comm. Linh. 
Telegr. Matto Grosso Amaz. Annexo 5. Bot. 
(8):34, 1. 1 40. 1 9 1 9. - Tipo. Brasil. Mato Grosso, 
rio Juruena, maio 1909 (bt/fl), Hoehne Comm. 
Rondon n° 1989 (holótipo R!, fotografia RB!). 
Sin nov. 


CHAVE PARA AS VARIEDADES DE BAUHINIA UNGULATA OCORRENTES NO 
BRASIL - REGIÕES NORTE E NORDESTE 

1 . Folhas (2,3-)7,3- 1 3x(2-)6-8,4 cm, face inferior rufo-pubescente, pecíolo 0,9-2, 5 cm comprimento, 

hipanto 0,5- 1x0, 4-0,7 cm na flor aberta 2 

1 . Folhas 1 ,5-3,4x 1 -2,6 cm. face inferior cano-pubescente, pecíolo 0,5- 1 cm compr., hipanto 0.5- 


0, 8x0,3 cm na flor aberta B .ungulata var. parvifolia 

2. Ápice agudo ou longamente acuminado B. ungulata var. ungulata 

2. Ápice obtuso B. ungulata var. obtiisifolia 




Rodríguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



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cm 


1 2(i Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

CHAVE PARA AS VARIEDADES DE BA UH IN IA UNGULATA OCORRENTES NO 
BRASIL - REGIÕES CENTRO-OESTE E SUDESTE 

1. Folhas tenuemente cartáceas a cartáceas, ápice agudo a acuminado 2 

1. Folhas firmemente cartáceas a coriáceas, de aguda a obtusa até arredondada, lâminas de maior 
tamanho (observar no material fértil) 4-7,5(-10,5)x4-6,5(-12,5) cm .... B. ungulata var. cuiabensis 

2. Folhas de maior tamanho (observar no espécime fértil) entre 11-1 8x8,5-9,5 cm, brácteas e bractéolas 

falcado-oblongas a estreito-oblongas até 2,5x1 cm, caducas B. ungulata var. ungulata 

2. Folhas de maior tamanho (observar no material fértil) 1, 5-5x1 -3,2 cm, brácteas e bractéolas 
rudimentares B. ungulata var. parvifolia 


Ocorre no Paraguai e Brasil, nos estados 
de Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso 
do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São 
Paulo,Tocantins e Distrtito Federal (Fig. 28). 
As localidades registradas pertencem às Folhas 
IBGE (1960): folhas SC-23, SD-21, SD-22, SD- 
23, SE-21, SE-22, SE-22, SF-21, SF-22 e SF- 
23. Habita em floresta de galeria, florestas 
abertas, florestas semidecíduas, zona de 
transição floresta-cerrados, cerrados 
perturbados ou sub-ruderais, em locais úmidos 
ou inundáveis, cerrado, cerradão, campo 
cerrado, campo sujo, campo úmido, campo 
periodicamente inundado e em formações do 
pantanal, por exemplo cordilheira, alagáveis ou 
não; cerrado com vale dominado por babaçu 
(col. Irwin 17479), carrasco e caatinga. No 
Rio de Janeiro é referida por apenas uma única 
coleta, em Ipiabas (col. Laclette 924). 

Apresenta o hábito de subarbusto ca.0,5 
m, ou de arbusto pouco ramificado de 1-3 m, 
com ramos cinéreos com ramos subcilíndricos 
a quadrangu lares, pubérulos a quase glabros ou, 
ainda, de arvoreta com 5m de altura. Em Goiás, 
espécimes do rio Gameleira (col. J. M. Pires 
16157), de Aragarças (col. Irwin 17479), ao 
sul de Caiapônia (col. Anderson 9488) e o tipo 
de B. angulicaulis , coletado na Fazenda do 
Palmital apresentam ramos alados. Este caráter 
não foi encontrado em nenhuma outra espécie 
da série Cansenia , e até agora os espécimes 
com ramos alados são restritos a uma área no 
norte de Goiás (folhas SD-22, SE-22), mas esta 
característica não se mostra constante em todos 


os espécimes da área e não se correlaciona de 
modo consistente a nenhum outro caráter da 
morfologia externa, de modo que seja possível 
atribuir o status de variedade à população em 
questão. 

Espécimes coletados em Xavantina, 
município Barra do Garças podem apresentar 
brácteas oblongas como as encontradas na var. 
ungulata do norte do Mato Grosso (Eiten et 
Eiten 8314; Irwin etal. 171 1 1, etc.). O espécime 
R. Neves s/n, RUSU, coletado em solo humoso, 
em Ribeirão Preto, apresenta inflorescência que 
difere dos outros exemplares examinados var. 
cuiabensis por apresentar estipulas oblongo- 
elíticas, tardiamente caducas, 1 ,2- 1 5x0,4-0,5 cm, 
além de brácteas e bractéolas díticas a estreito- 
lanceolada, semelhante aos da variedade 
ungulata. 

O gradiente folhas agudas, mais longas que 
largas, de orla de floresta até folhas menores e 
obtusas, coriáceas, em cerrado e, cartáceas em 
campo úmido ou floresta inundável, tanto com 
indumento com indumento cinzento como 
ferrugíneo pode ser observado nas coleções de 
Mato Grosso, especialmente as de Malme e de 
Irwin et al. 17089 (em Xavantina). Nas 
imediações da estrada São Miguel do Araguaia 
- Luiz Alves (col. Vaz 388, e seguintes até 402) 
foi observado o gradiente, desde as formas de 
cerrado, folhas menores coriáceas até as de 
floresta, inclusive as formas de arbustinho frágil, 
das margens inundáveis do rio, consideradas 
como Bauliinia ungulata var. parvifolia. 
Floresce a partir de maio/junho/julho. 



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Bauhima ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


Exemplares com frutos imaturos foram 
coletados a partir de agosto. 

34b. Bauhinia ungulata var. obtusifolia 
(Ducke) Vaz, comb. nov. - Bauhinia 
macrostachya var. obtusifolia Ducke, Arch. 
Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 106. 1922. - Tipo. 
Brasil. Pará: Alcobaça (atual Tucuruí, cf. Egler 
1963:117), rio Tocantins, julho 1916 (bt/fl/fr), 
Ducke s/n (RB 1 1 146!, Iectótipo aqui designado; 
MG 16192, isolectotipo). 

Ocorre apenas no Brasil, estados do 
Maranhão, Pará e Rondônia (Fig. 28). 

As localidades registradas pertencem às 
Folhas IBGE (1960): SA-22, SA-23, SB-22, SB- 
23, SC-20, SC-22. Habita em manchas de solo 
em afloramentos graníticos (D. Frame et ai 
107) e Campinarana (M.G. Silva 6296); floresta 
de terra firme, muito freqüente na vegetação 
secundária e capoeiras, floresta aberta com 
cipós, margem de rios. 

34c. Bauhinia ungulata var. parvifolia 
(Ducke) Vaz, comb. nov. - Bauhinia 
macrostachya var. parvifolia Ducke, Arch. 
Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 106. 1922. - Tipo. 
Brasil. Pará: Itaboca, rio Tocantins, julho 1916 
(bt/fl/fr), Ducke s/n (RB 1 1 137!, Iectótipo aqui 
designado, MG 16232). 

Ocorre apenas no Brasil. Estados de 
Goiás Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins (Fig. 
28). 

As localidades registradas pertencem às 
Folhas IBGE (1960): SB-22, SB-23, SC-22, 
SC-23 e SD-22. 

Arbusto ou arvoreta delgada (segundo 
Ducke, 1 922), arbusto esparramado. Habita em 
cerrado ou mata alterada da borda do Córrego 
(Bucci et Jesus 126) e margens inundáveis do 
rio Araguaia. 

As variedades ungulata e parvifolia 
podem ocorrer na mesma área de coleta, por 
exemplo na Serra da Malícia, no Maranhão 
(Pires et Black 2323 e Pires et Black 2347, 
respectivamente), sendo ambas os táxons 
considerados, neste trabalho, como elementos 
da flora amazônica. 

Rodríguésia 54 (83): 55-143. 2003 


34d. Bauhinia ungulata Linnaeus var. 
ungulata. - Tipo e sinônimos sob B. ungulata 

Figuras 18, 19 

Ocorre em Belize, Costa Rica, Guatemala, 
Nicaragua e Panamá (Wunderlin, 1983). 
Ocorre também na Bolívia, Colômbia, Guiana, 
México Paraguai, Venezuela e Brasil (Fig. 28). 
Nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, 
Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, 
Rondônia e Roraima. As localidades 
registradas pertencem às Folhas IBGE (1960): 
NA-20, NA-22, SA-21, SA-22, SA-23, SA-24, 
SB-20, SB-22, SB-23, SB-24, SC- 19; SC-20, 
SC-21 e SC-24. Habita em floresta de terra 
firme, vegetação secundária ao longo de 
estradas e margens de pastos, floresta semi- 
decídua (A.P. Duarte 7217), afloramento de 
granito e floresta circundante, (W. Thomas 
5209), margem de floresta com campo, margem 
de rios, floresta seca de savana, cerrado na 
encosta da Serra da Lua, campo alagado 
periodicamente. No nordeste, habita em área 
de carrasco, caatinga arbórea, em floresta, 
cerrado, cerradões e vegetação secundária. 

Floresce a partir de maio/junho/julho. 
Exemplares frutíferos foram coletados a partir 
de agosto. As coleções de Roraima apresentam 
botões, flores e frutos imaturos simultâneos nos 
meses de agosto, janeiro e fevereiro. 

O conceito de B. ungulata var. ungulata , 
aqui adotado, corresponde ao de B. 
macrostachya Benth., na Flora Brasiliensis 
(1870), porém ampliado para abranger os 
espécimes do nordeste, considerados como 
testemunhos do elemento amazônico na flora 
nordestina, e do Mato Grosso, em região ainda 
com influência das formações florestais 
amazônicas. 

Os espécimes (cols Prance 5881, 5915) 
coletados na rodovia Abunã - Rio Branco, no 
Acre, diferem da variedade típica por 
apresentar folhas longamente acuminadas; 
cálice verde com estrias vermelhas; pétalas 
brancas e filetes avermelhados quando 
envelhecem, folhas com face inferior com 
superfície glaucescente, dando um aspecto 
cinzento na exsicata ou não glaucescentes e 



SciELO/JBRJ 




128 


Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.G.A. 



Figura 18 - Bauhinia ungulata var. ungulata (a-c, Giordano 1 164; d, Conti s/n, RB 267728): a, ramo; b, contorno foliar, 
c, detalhe do indumento na face inferior da folha; d, fruto. Desenho G. Gonçalves 1998. 



SciELO/ JBRJ 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 




Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


129 



Figura 19 - Bauhinia ungulata var. ungulala (a-e, Vaz 1 178; f-g, Conti s/n, RB 267728): a, botão; b, gineceu, onde se 
vê a inserção do ginóforo no hipanto; c, detalhe do estigma; d, coluna estaminal em continuidade com a face interna do 
hipanto; e, pétala na antese; f, detalhe da valva com semente; g, semente em vista lateral; h, semente vista de perfil. 
Desenho G. Gonçalves, 1998. 


Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


SciELO/JBRJ. 


13 14 15 16 17 18 




cm l 


SciELO/ JBRJ 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.G.A. 

com indumento apresso avermelhado. 

Os espécimes Gardner 1567, 2531, 
procedentes do Ceará e Piauí, citados por 
Bentham, na Flora Brasiliensis (1870: 191) 
como B. cuiabensis foram identificados aqui, 
como B. ungulata variedade típica. 

35 . Bauhinia urocalyx Harms, Notizbl. Bot. 
Gart. Berlin-Dahlem 6(59):308. 1915. - Tipo: 
Brasil. Acre (?). Rio Branco. “Jurua-Miry, 
Lago”,jun 1901 (bt/frimat.), Ule 5542 (holótipo 
B, perdido, F negativo 1625, fotografia RB!). 

Arbusto. Folhas bilobadas, lâmina 10- 
14x9-14 cm, cartácea a subcoriácea, base 
arredondada ou subtruncada até levemente 
cordada, 7-9-nérvea, nervura marginal 
infranerviforme; lobos concrescidos em menos 
de 1/3 do comprimento total, ovado-oblongos, 
pouco divergentes, ápice curtamente acuminado 
a obtusiusculo; face superior glabra, face 
inferior pubérula (= tricomas curtos e apressos), 
nervuras secundárias impressas, nervuras 


Figura 22 - Distribuição geográfica de B- 
candelabriformis ( ★ ), B. cheilantha (•), B. citmamotnea 
( A ), B. conwayi |l)efl. cupulata (★) no Brasil. 

Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 


Figura 20 - Distribuição geográfica de B. acuruana (■), 
B. aureopunctata ( A ). B. burchelli (*), B. caloneura 
(-&) e B. campestrís (•) no Brasil. 


Figura 21 - Distribuição geográfica de B. brevipes (■) e 
B. bombaciflora ( A ) no Brasil. 





cm 1 


SciELO/JBRJ, 


Bauhinia ser. Can.senia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


Rodriguesia 54 (83): 55-143. 2003 


primárias proeminentes, secundárias pouco 
proeminentes; pecíolo 1,5-3, 5 cm compr., 
delgado, pubérulo a glabro. Inflorescência até 
1 5-30 cm compr. ou maior; curto-pedunculada, 
eixo racemiforme; eixo delgado, 
apressosubvelutino-pubescente; inflorescências 
parciais 2-floras. Botões na antese, clavado- 
caudados, ápice mais ou menos prolongado em 
acumen tênue, indumento brevíssimo apressos 
subvelutinos, cor marron escura. Flores, cálice 
fendido na antese em 3-5 lobos reflexos, 
retorcidos, ca.7,0cm compr.; pétalas lineares- 
longamente-unguiculadas; anteras iguais, 
lineares, filetes hirsuto-vilósulo na base; coluna 
estaminal; ovário velutino. Legume deiscente, 
valvas 21x1,8 cm, estipe 3 cm compr. 

Ocorre no Peru (Macbride, 1943), Bolívia 
(col. R. Guillen & V.C. Chire 3668, CTES) e 
Brasil. Macbride (1943) descreveu B. urocalyx 
na Flora do Peru, porém, com base apenas em 


Figura 23 - Distribuição geográfica de B. ciinula (•), 
B. dubia ( A ), B. dumosa var. dumosa (■), B. dumosa 
var. viscidida (-£), B. fusconervis (★) e B. longicuspis 
(O) no Brasil. 


Figura 24 - Distribuição geográfica de B. gardneri (¥), 
B. goyazensis ( •), B. grandifolia ( A ), B. holophylla (■) 
e B. leplantha ( ★ ) no Brasil. 


Figura 25 - Distribuição geográfica de B. longifolia (•), 
B. longipedicellata ( A ), B. malacotricha (■) e B. 
malacotrichoides (*) no Brasil. 



132 


Vaz, A.M.S. daF. e Tozzi, A.M.G.A. 



Figura 26 - Distribuição geográfica de B. rufa (•), B. 
smilacifolia (*), B. subclavata (■) e B. tenella (*) no 
Brasil. 


material estéril do Rio Itaya e Yurimagas. No 
Brasil, ocorreria no Acre, (Fig. 28). Folha SC- 
18, 73-8c. 

Nenhuma coleção foi examinada, além da 
fotografia do holótipo. Na descrição acima 
transcrevemos, apenas, os dados da descrição 
original. Bauhinia urocalyx pertence ao 
complexo B. cinnamomea - B. grandifolia 
(Bong.) Steud. com o qual compartilha o 
mesmo tipo de nervação foliar, pétalas 
longamente unguiculadas e contorno do botão 
floral tutuloso-acuminado. 

HOMENAGEM 

À memória da Prof. Dra. Graziela Maciel 
Barroso pelo exemplo de dedicação ao estudo 
da Sistemática de Angiospermas no Brasil. 



Figura 27 - Distribuição geográfica de B. memhranacea 
(•), B. pulchella (±)cB. platyphylla (■) no Brasil. 



Figura 28. Distribuição geográfica de B. ungulata var. 
cuyabensis (■), B. ungulata var. obtusifolia (•)> 
ungulata var. panifolia (★), B. ungulata var. ungulata 
( ± ), e B. urocalyx (^) no Brasil. 


Rodríguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


cm l 


SciELO/ JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


133 


AGRADECIMENTOS 

Ao CNPq, pela bolsa de doutorado 
concedida a Angela Vaz (processo 141739/ 
1995-9). Aos curadores dos herbários citados 
pelo empréstimo de coleções, pelo envio de 
duplicatas e de fotografias de tipos ao herbário 
RB. À Prof. Msc. Maria Helena Rezende pela 
cessão dos negativos de nectários extraflorais 
de Bauhinia curvula. Ao colega Prof. 
Ronaldo Marquete (IBGE/DERNA/DIREN) 
pelo auxílio na plotagem dos pontos de coleta 
nos mapas apresentados. Às ilustradoras Aline 
de Souza Oliveira e Glória Gonçalves pelo 
empenho na resolução da representação dos 
caracteres nas pranchas confeccionadas. À 
Dra Angela Borges Martins (UNICAMP), ao 
Dr. Tarcísio Figueiras (IBGE), e ao Dr. Haroldo 
Cavalcante de Lima pelas sugestões e 
correções no manuscrito. Ao revisor anônimo 
pela cuidadosa revisão e importantes 
observações. 

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ANEXO 1: LISTA DE EXSI CATAS 
( COLETOR E N") 

O número entre parênteses corresponde ao 
número da espécie no texto. 

Agra, M. de F„ 284 (32) 

Aguiar, O.T., 359, 509 (23) 

Albuquerque, B.W. de, 1346(11) 

Alcoforado Filho, F.G, 339 (32) 

Alencar, L., 167 (22) 

Alencar, M.E., 244 (32); 245 (1); 526 (14); 609 
(34d); 716(28) 

Almeida Conceição, C.A., 361 (28) 

Almeida, S.P. de, 587 (20) 

Alunos de Bot 5 sem.- 1984, s/n RB (23) 
Alvarenga. D., 1093 (1) 





SciELO/JBRJ 




cm 


136 

Amador & Guerra, 69 (4) 

Amorim, A.A.M., 1695(23) 

Anderson, W.R. et ai, 6644 (26); 6902 (18); 
9488, 37025a (34a); 9908 (4) 9545, 1 01 26 ( 1 3); 
97 1 9 (20); 9897, 12164 (22); 364 1 7 ( 1 ) 
Andrade, J.B. de, 2183 (4) 

Andrade, L.M. & M.A. Lopes, 319(16) 
Andrade, M.C. et ai, 84 (20) 

Andrade, P.M. & M.A. Lopes, s/n BHCB 
89920 (30); 363 (23) 

Andrade-Lima, D. 56-2588, 56-2599, 66-4494, 
7 1 -6406, 76-82 1 0, 79-9657 (32); 58-2936 (20): 
66-4495 (9); 66-453 1 , 70-5802, 70-5845 (9); 66- 
4782, 70-5894 (34d) 70-5895, 79-9210, 79-9419 
(28); 76-8261 (12); 79-8778 (1) 

Andrade-Lima, D. & M. Magalhães, 52-1 108 
(34d) 

Angélica, s/n EAC 1 1 867 ( 1 ) 

Angélica & Aglaene, s/n EAC 15196 (34d) 
Angélica & Margarete, s/n EAC 15509 (34d) 
Antenor, s/n RB 452 (23) 

Aquino, P.. 3278 (23) 

Aranha, C., 6019 (20) 

Araújo Filho, O. et ai, s/n VIC 18667 (34a); 
730(9) 

Araújo, F.S. , s/n RB 296140 (34d); 21 (32); 100 

(D 

Araújo, G.M. de, 309, 534, 729, 801 , 886 (34a); 
423, 1005(30) 

Árbocz, G. 805, 107 (20); 805 (34a) 

Argent, G. et ai, 6481 (34a) 

Arouck Ferreira, J.D.C., 424 (9) 

Assakura, S.W., s/n FUEL (23) 

Assis, J.A. op. RADAMBRASIL, s/n RB (3); 
12(14) 

Assis, J.S. de, 075 (34c); 358 (9) 

Atkins, S. et ai, 5087 (9) 

Azevedo, M. L.M. , 1215(1) 

Balee, W. L. & B. G. Ribeiro, 6 (14) 
Barbosa, M., 2341 (23) 

Barbosa, V.P., 99 (9) 

Barbosa-Fe verei ro, V.P., 470 (9) 

Barçante, L, 218 (23) 

Barroso, G.M., 63 (34d) 

Barroso, G.M. & E.F. Guimarães, 44 (14) 
Bautista, H.P., 555 (23) 

Bautista, H.P. & O.A. Salgado, s/n RB (32) 
Becker, R., 23 (20) 


Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.G.A. 

Belém, R.P., 1300, 1551 (23) 

Belém, R.P. & M. Magalhães, 743, 996 (23) 
Belem, R.P. & R. S. Pinheiro, 2208, 2260,2296, 
2403 (23) 

Bento Pena op. RADAMBRASIL, s/n RB 
180719, RB 187759(11) 

Berardi, H.Z., s/n GUA 26403 (23) 

Bergallo, H. de G., 2 1 043 (34b) 

Bernacci, L.C. et ai, 844, 1855 (20); 1158, 
34950 (23); 1 626, 34962 (34a); 2240 (4) 
Bertoncini, A.P. & M.P. Bertoncini, 826, 845 
(23) 

Bertoni, 1 8663 (20) 

Bezerra. R, s/n EAC 1110, 546 (9); 298 (34d) 
Bicudo, 167,238,301 (20) 

Blanchet, 2861 (1 ) 

Bona Nascimento, 212(14) 

Bona Nascimento, M.S., 215, 473 (32); 1082 
(34d) 

Bona Nascimento, M.S. & J.H. de Carvalho, 
602 (34c) 

Bona Nascimento, M.S. & M.E. Alencar, 1080 
(28) 

Boone, W., 206 (23) 

Borges, H.B.N., 35452 (4) 

Brade & Barbosa, A., s/n RB (23) 

Brade, A.C., 5651 (23); 13686 (4) 

Braga, J.M.A. & M.B. Loureiro, 3748 (20) 
Brandjes, N. B. M., 100501 (22) 

Braz, E„ s/n 1PA 53022 (9) 

Brina, A.E., s/n BHCB (34a) 

Brina, AE. & L.V. Costa, s/n BHCB 36279 
(23) 

Bruce Nelson, 810 (22).; - mi 
Bucci, F. & F.R. de Jesus, 126 (34c) 

Burchell, s/n fotografia RB (31); 5590, 6322 
(4);8398 (14) 

Cabrera, E. & H. de Cabrera, 10720, 10840 
(34d) 

Calderon, C.E. et al„ 2523 (34d) 

Calzada, J.I., 87 (34d) 

Camargo, J., 2 (23) 

Campbell, D.G. et ah, P21873, P22531 (22) 
Campos Porto, R, 2560 (4); 2659 (23) 
Campos, W.G., 19(23) 

Carauta, J.P.P., 764 (20); 3741 , 4295, 4681 (23) 
Cardoso da Silva, F. C. et al., 297 (12) 

Kudriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 



Bauhmia ser. Cansenia f Leguminosae: Caesalpinioitleae) no Brasil 


Carreira, L. et ai., 444 (22) 

Carvalheira, R., s/n JPB 3444 (9) 

Carvalho, A., 52 (34a) 

Carvalho, A.M., s/n CEPEC (4); 1 15, 1305 (23); 
1732,2897 (28); 1760(1) 

Carvalho, A.M. de & G. Bromley, 198 (23) 
Carvalho, D. A., s/n RB 295591 (23) 
Carvalho, G.H., 17(1) 

Carvalho, L.F., 532 (23) 

Carvalho, M.A. de 3958 et ai, 3958 (32); 4034 
(28) 

Carvalho, O. de, 1 1 (34d) 

Casas, J.F. & J. Grimes, 3973 FC (34d) 
Castillo, A., 3394 (22) 

Castro, A.J. & E. Nunes, s/n EAC 6424 (28) 
Cavalcante, P. & M. Silva, 2628 (13); 2807 (2) 
Cavalcanti, D.C., 146 (23) 

Cavalcanti, F.S., s/n EAC 18514 (14) 
Cavalcanti, T.B. et al., 845, 1518 (34a); 1474 
(4); 1998(4) 

Cervi, A.C. et al . , 3365 (34a) 

Cesar, R., 572 (4) 

Cézio, 571 (12) 

Chagas e Silva, F. das, 1469 (23) 

Chiappeta et al., s/n CFPE 519(1) 

Cid Ferreira, C.A. et ai, 327 (10); 1428, 5393, 
7400 (22); 4306, 46 1 8, 4633 (4); 50 1 1 (24) 

Cid, C.A. & J. Lima, 3826(10) 

Claussen, R, 17 (16); 144, 477 (4) 

C.M.M., 47 (23) 

Coelho, D. et al., s/n A (22) 

Coelho, L„ 154(22) 

Collares, J.E.R. & A. da Silva, 201 (9) 
Collares, J.E.R. & L. Dutra, 139 (9) 

Collares, J.E.R. & M.M. Fernandez, 127 (1) 
Con. Capanema, s/n RB 5106 ( 23) 

Conceição, C.A., s/n RB 298104 (20) 

Coradin, L. et ai, 2035, 5813,5816, 6064, 8628 
(28); 2179 (18); 2449 (9); 3731 (34a ) 

3740 (12); 5720, 5749, 6351, 7597 (4); 
6594 (32); 6621, 6639, (1); 8705 (23) 

Cordeiro, M. dos R., 50 (28); 214, 493 (34d) 
Corrêa Franco, s/n SPFR (23) 

Correia, M., 436 (32) 

Costa Lima, G., 59 (9) 

Costa, J.M., 070 (34c) 

Costa, L.V.,s/n BHCB 26210, 1996 (30); s/n 


BHCB 27637, DIJ 343 (34a); s/n BHCB 40895 

(D 

Croat, T.B. & D.P. Hannon, 63312 (34d) 
Cunha, C.N., 497 (52); 2054 (34a) 

Cunha, J.A. da, s/n 10700 (23) 

Cutler, H.C., 8132 (34d) 

DAC et al., s/n UEC (20) 

Dahlgren, B.E. & E. Sella, 117 (24) 

Daly, D .C.etal, 1787 (22) 

Damazio, L., s/n RB 38717 (30); s/n RB 38718, 
s/n RB 38737 (23); s/n RB 38725, s/n RB 38722 
(16) 

Dambrós, L.A., 283 (23) 

Davidse, G., 5339 (34d) 

Davidse, G. & Gonzalez, 14102 (12) 

Davidse, G. & T. P. Ramamoorthy, 10543 (20) 
Davis, P. H. & G. J. Shepherd, D60006, 60052 
(15a) 

Davis, P. H„ 2401 (1); 2425 (4); 2500 (30); 60127 
(15a) 

de Paula, J. E„ 3427 (34d) 

Dedecca, D. M. & Swiercz, 569, 585 (4); 586 
(34a) 

DePArco, M. & A. Ferandes, s/n UEC (9) 
Del’ Arco, M. et al., s/n UEC (14) 

Dias, A. A. & Bento Pena, 45 (11) 

Dias, W.A.A., 11 (12) 

Dionizia, F. et al., 1 64 (24) 

Drouet, F, 2620 (34d) 

Duarte, A.P., s/n RB, 3827 (23); 340 (39); 3004, 
8217 (34a); 4200 (45); 7217 (34d); 7258 (10) 
8255 (12); 8330 (25); 8478 (30) 
Duarte-Almeida, J.M., 01 (30) 

Ducke, A., s/n RB 16953, s/n RB 23419, s/n MG 
16855, 938 (19); s/n MG 7109, s/n RB 24305 s/n 
MG 16020, s/n RB 23300,s/n RB 35432, 665 (22); 
s/n RB 23303 (23); s/n RB 16954 (24) s/n MG 
1 6864, s/n MG 1 7 1 0 1 , s/n RB 1 6955 (24); s/n RB 
23303 (20); s/n MG 540, 16958 (14); s/n RB 
20322, 958 (34b); s/n RB 1 1 130 (34d) s/n MG 
1 7 1 53, s/n EAC 993, s/n RB 20323, s/n RB 1 1 1 29, 
131,1335 (34d); 16959(2) 

Durigan, G„ s/n SPSF 14535, s/n SPSF 30712 
(23) 

Dusen, R, 10938 (20) 

Dutra, E. de A., 39 (9) 

Egler, W.A., 1319(22) 




Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 




cm 


138 

Egler, W.A. & H.S. Irwin, 46053 (34d) 

Eiten, G., 2042, 295 1 (20); 3078 (34a) 

Eiten, G & L.T. Eiten, 4133, 4603, 10489 (32); 
4579 (28); 5495 (3); 8314, 9304 (34a); 10649 
(34e) 

Emígdio, L. & J. Vidal, 305 (23) 

Emperaire, L., s/n RUSU (1) 

Evangelista Oliveira, J., s/n RB (4) 

Faria, S.M. de, 430 (23); 1759 (16) 

Farias, G.L., 193 (23) 

Felfili, J.M. et al., 322 (8); 394 (34a) 

Félix, L.R, s/nEAC 19861 (32) 

Fernandes, A., s/n EAC 2770 (1), s/n EAC 
8726, s/n EAC 11265, s/n EAC 15371 (4); s/n 
EAC (14); s/n EAC 1609, s/n EAC 1656 (9)s/ 
n EAC (12); s/n EAC 2444 (28); s/n EAC 8685, 
s/n EAC 8696 (28); s/n EAC 1731 (34d); s/n 
EAC 9093 (1) 

Fernandes, A. & E. Nunes, s/n EAC 8428 (32); 
s/n RB 329335, s/n EAC 8544, s/n EAC 8394 
(9) s/n EAC 15454 (9); s/n EAC 8416, s/n EAC 
8825 (28); s/n EAC 8459 (34b) 

Fernandes, A. & A. Figueiredo, s/n EAC 112292 

(D 

Fernandes, A. & A.J. Castro, s/n EAC 6075 (28) 
Fernandes, A. & Del’ Arco, s/n EAC 9978 (4) 
Fernandes, A. & Matos, s/n EAC (3); s/n EAC 
3209, s/n EAC 6621 (9); s/n EAC, s/n EAC 
3098 (14) s/n EAC 20277 (14); s/n EAC 
3147(28); s/n EAC 13093 (32); s/n EAC 13312 
(34d) 

Fernandes, A. & P. Martins, s/n EAC 9832 (1); 
s/n EAC 8278, s/n EAC 9680, s/n EAC 12360 
(14); s/n EAC 10418 (28); s/n EAC 10425 (34d) 
Fernandes, A. & V. Rodrigues, s/n EAC 10615, 
s/n EAC 11270 (4); s/n EAC 10603, s/n EAC 
10734(12) 

Fernandes, W., s/n RB 313770 (4) 

Ferreira, D. F. et al., 95 (34a) 

Ferreira, H. D., 241, 2468 (34a) 

Ferreira, H. D. & R. C. A. Balieiro, s/n UFG 
14383(13) 

Ferreira, V. F., 1 100, 3222 (23) 

Figueiredo, M.A. & A. Fernandes, s/n EAC 
16474(14) 

Figueiredo, M.A. & M.B. Diogenes, s/n EAC 
16119(14) 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

Figueiredo, M.A., s/n EAC 25673 ( 14); 306 (9) 
Filgueiras,T.S.,415 (8); 1428(4) 

Filgueiras, T.S. & D. Alvarenga, 1530 (20) 
Fisher, E. A., 23033 (34a) 

Flores, G., F940 (34d) 

Fonseca Vaz & H.M. Vaz, 935 (23) 

Fonseca, A.S. da, 68 (30) 

Fonseca, M., s/n ASE, 495, 868 (9) 

Fonseca, M.L. etal., 80, 1035, 1093, 1535 (15a); 
629 (26); 1857 (1); 1925 (12); 2003 (4); 2270 
(27) 

Fontella Pereira, J., 717 (30) 

Foster, R.B., 8687 (22) 

Fraine, D. etal., 107 (34b) 

França, F. et al., 966, 1307 (28); 2157 (9) 
Franco, C.M.,3921 (23) 

Frei Allemão & M. de Cysneiros, 486 ( 1 ) 
Freire-Fierros, A. et al., s/n CFCR 12569 (1) 
Fróes, R.L., 29999 (3); 27113 (34b); 29941, 
30150(12); 30939 (24) 

Fróes, R.L. & G.A. Black, 24323 (34b) 
Gabinete de Bot. e Zoologia, Fac. Medicina do 
RJ, s/n RFA (23) 

Ganev, W„ 092, 3359 (28); 553, 1545 (23) 
Garcia, W.G, 13710 (20); 13996 (34a) 

Gardner, G, 1567,2531 (34d); 2153, 6008 (14); 
2154 (1); 2155 (9); 2529 (12); 2530 (4); 
3120, 3695 (27); 3698 (31); 3696 (17); 4537, 
5444(23) 

Gehrt, G., s/n SP (34a) 

Gibbs.P.E. et ai, 2005 (23); 2652 (4); 5336, 
5445, 5484 (34a); 5482 (28) 

Giochetto, T.V. & A. Bernardo, s/n SJRP 9964 
(34a) 

Giulietti, A.M. et al., s/n CFCR 2206, s/n CFCR 
2458 (30) 

Glaziou, A., 2979, 8411, 13736, 19062 (23); 
10688 (9); 12623 (34a); 21012a (15a); 21014 
(30) 

Godoi, J.V., 68 (23) 

Góes, G.C. & D. Constantino, 947 (23) 
Gomes, M., 99 (23) 

Gonçalves, L.M., 185 (28) 

Granville, 6876(10) 

Grecco, M.D.N. et al., 56 (20); 1 14 (34a) 
Grupo Pedra de Cavalo, 356 (9) 

Guanchez, F. & L. Mercado, 1932 (22) 

Rodriguésia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhima ser. Cansenia ( Leguminosae: Caesalpinioideae) no Brasil 


Guimarães, J.G., 44 ( 13) 

Hage, J.L.,2175 (23) 

Harley, R.M. & V.C. Souza, H50106 (28) 
Harley, R.M. et ai, 10643 (12); 18948, 28575 
(1); 16858, 18995, 19810, 21237 (28); 21157 (4) 
2 1 829 (4); 2 1 609 (32); 2 1 677 (23); CFCR 5904 
(30) 

Hassler, s/n W (23) 

Hatschbach, G.etai, 3123,1 7607, 35520 (23); 
38458, 41386, 42555, 44529, 54009, 61871, 
69807, 52861, 62284, 62586 (23) 14277, 3 1162,’ 
34155, 58701,62066 (20);21849, 62289, 62815 
(4) 70881 (4); 25046 (7); 36740, 54018 (33); 
36809 (8); 38410, 56043 (14); 40899, 55132, 
55155, 65926, 66017, 67291, 67683, 61957, 
68986, 71305 (1) 55856, 67219 (30); 56506* 
56570, 62033, 62291, 65023, 65145, 67644, 
67660, 67799 (28) 70831, 71003 (28); 60452^ 
62835 (18); 65975 (41); 66470 (12); 70975, 
70845 (27) 

Hatschbach, G. & J. Saldanha, 55284 (23) 
Hatschbach, G. & J. M. Silva, 65283 (23); 
54588 (15b) 

Hatschbach, G. & O. Guimarães, 22034 (34a) 
Hatschbach, G & R. Kummrow, 38459 (46); 
35042 (7) 

Heringer, E. P.,392, 699,823, 1 14 (9); 760 (1); 
818; 3288 (4); 7578, 14692, 15882 (34a); 9238/ 
1451, 14604(13) 

Heringer, E.R & Rizzini, s/n RB (34a); 7559 
(30) 

Hill, S.R., 12916(22); 17612 (34d) 

Hoehne, F.C., s/n RB (23); 1990 (13) 

Horta, M.B. et al„ s/n BHCB 22137 (1); DIJ/ 
204-2 (9) 

Huber, s/n MG 4661 (10) 

Irwin & Soderstrom, 6886 (12) 

Irwin, H.S. et ai, 2566, 21679 (18); 7102, 
16735, 16840,16919, 17043(4) 17774 (4); 8372 
(25); 9426, 24732 (26); 11007 (18); 12460, 
24397, 24753 (33); 14911 (28) 2811, 13441, 
31186(1); 13689, 15435,34645, 16563, 16865 
(13); 13727, 16733,25499(20) 14979, 15986, 
17113, 17390,24614(23); 16225, 16300(22); 
16991, 17608 (12); 16819 (6); 17089, 17479 
(34a); 21128, 21386 (14); 21161 (5); 21264 
(34c); 21506 (3) 21557. 21713 (5); 2335 (30); 


24118, 24230 (29); 48053 (10) 

Irwin, H. S. & R.R. dos Santos, 10518 (20) 
Irwin, H. S. & T.R. Soderstrom, 6209 (34a); 
6263 (25) 

Ivanauskas, N.M. 4427 (12) 

Jaccoud, 16 (34a) 

Jacinto & Lima, s/n RB (23) 

Jacques, E.L., 457 (53); 514 (34a) 

Jangoux, J. & R.R Bahia, 365 (14); 1057 (28) 
Janzen, D.H., 565 (34d) 

Jasen-Jacobs, MJ. et al„ 2239 (34d) 

Joly, A.B., 885 (20) 

José & A. Simões, 01 (23) 

Kameyama, C. et ai, s/n CFCR 9019 (1) 
Kassin, A., 2688, 2696 (36) 

Killeen, T., 6297 (4) 

Killeen, T. & H. Gonzáles, 6420 (4) 

Kirizawa, M. et ai, 605 (20) 

Kirkbride, J.H., 2658 (34d) 

Klein, R.M., 9802 (39) 

Klein, V.L.G. et al„ 2066 (13); 2071 (30); 2399 
(23); 2420 (25); 2644 (20) 

Konno, T. et ai, 242 (23) 

Krapovickas, A., 14404 (34a); 14406 (20) 
Krapovicks, A. & A. Schinini, 36279 (4) 
Krukoff, B.A., s/n 5 exp. US, 4680, 8410 (10); 
1037 (34d); 1076 (34b) 

Kuhlmann, J.G., 15 (14); 52 (23); 81 (16); 902, 
1823 (22); 1082 (34d); 2024 (28) 

Laclette, R, 920 (23); 924 (34a) 

Laroca, S„ 11 (34a) 

Lasseigne, A., 4364 (13) 

Leal Costa. A., s/n HUEFS 1387 (3) 

Leitão Filho, H. F. et al„ s/n IAC 19172 (23); 
36 (4); 139 (42a); 2057 (28); 1 1676 (20) 

Leitão Filho, H.F. & G. Shepherd, 4002 (23) 
Leitman, M., 186 (23) 

Leonardos, O.H., s/n RB (4) 

Leoni, L.S., s/n GFJP 1503 (16); s/n GFJP 1505 
(23) 

Lewis, G.P. et ai, s/n CFCR 6800 (28) 

Lima, A„ 58-2943 (13); 58-3 1 1 6 (4) 

Lima. A.S., s/n IAC 7407 (20) 

Lima, D.P., 13334 (28) 

Lima, H.C de, s/n RB 208213 (34d); 954 (1); 
967 (34a); 1560 (14); 3878, 3984 (9); 41 10 (23) 
Lima, I.V., 131 (5) 


Rottriguésia 54 (83): 55-143. 2003 





SciELO/JBRJ 



140 


Vaz, A.M.S. da F e Tozzi, A.M.GA. 


Lima, M.P.M. de et ai, 99 (24); 149 (23) 

Lima, V. C„ 385 (9) 

Lima- Verde, L.W., 432 (9) 

Lindman, C.A.M., A3291 (4) 

Loefgren, A., 1379 (23) 

Lombardi, J.A., 1785(23) 

Lombardi, J.A. 1665 & A. Salino, 1665 (34a); 
1696(1) 

Lombardi, J.A. & F.R.N. Toledo, 435 (30) 
Lopes, R.D. et al., 22 (33) 

Lowrie, S.R. et al., 264 (34d); 549 (11); 639 

(22) 

Lucidalva, 05 (13) 

Luetzelburg, 1784 (34d); 26908 (9) 

Lutz, A., 83 (20); 429 (4); 1017 (23) 

Lutz, B„ s/n R 15927, 1485 (23) 

Lyra, R. R de & M. N. Stavis, 584 (9) 

M. & Alencar, 255 (32) 

M.F.B., 211 (3) 

Macedo, A., 389 (4); 3879 (12); 3900 (34a); 
4079 (20) 

Machado, O., s/n RB 433 (34a) 

Magalhães, F.M.R., 14 (20) 

Magnago, H., 249 (13) 

Maguire, B.S. et al., 56117 (34a); 56527 (22) 
Malme, G.O.A., 1643, 1643a, 1643b, 1643c, 
1643d, 1643e, 1643f(34a); 273a, 273b, 273c 
(21); 1641a (4); 1641b (4); 1641a (12); 1757, 
2515, 2515a (6) 2515b, 2515c (6); 3490 (13); 
3266 (23) 

Malme, G.O.A. Pl. 1T. Regneli II, s/n S, 2627 

(9) 

Mamede, M.C.H. et al., 25 (15b) 

Mantovani, 1349(20) 

Marcondes-Ferreira, W. et ai, 378 (34a); 983 
( 20 ) 

Margarida, s/n EAC 5396 (34d) 

Margon Vaz, H., 07/98 (23) 

Marquete, R., 321 (20); 1529 (23); 2121, 2288, 
2299 (15a); 2123 (30) 

Martinelli, G. et ai, 129 (23); 367 (20); 2187 
(23); 11190(28) 

Martinez , E., S 1 1 234 (34d) 

Martins, F.R., 70 (20); 16864 (23) 

Martins, R, s/n EAC 8201 (9) 

Martins, P. & E. Nunes, s/n EAC 7736 ( 1 ); s/n 
EAC, s/n EAC 7468 ( 14); s/n EAC 75 1 8 (28); 


Martius Iter. Brasil, 6219 (15a) 

Mattos, J. & N. Mattos, 14456, 16305 (23) 
Mattos, L.S. et ai, 3047 (23) 

Mechi & Mateus, 169 (20) 

Meira Neto, J.A. A., 19, 584 (34a); 397 (20) 
Mello Barreto, 5841 (4) 

Mello-Silva, R.,453 (28) 

Melo, E. de et al., 1971,2101 (9) 

Mendes Magalhães, 156 (13); 271 (23); 293 
(34a); 2207 

Mendes, I.A.C., 31 (4) 

Mendes, M.R.A., 163 (14); 289, 338 (9) 
Mendonça Filho, C.V. et al., 146 (23) 
Mendonça, R.C., 1465 (32)3182, 3412, 3423, 
3425(1); 3414, 3458(28) 

Mesquita, M. R. et al., 79 (34d) 

Mexia, Y., s/n S (34a); 4946, 4981 (23) 

Mileski, E., 89 (20); 308 (14) 

Miller, J.S. & P. Tenorio, L564 (34d) 

Miranda, C.A., 40, 52, 105, 135(1); 119(14) 
Miranda, I.S. & P.J.D. Silva, 1527 (4) 

Miyagi, P.H. et al., 542 (23) 

Montanholi, R„ 47 (20); 1 79, 1 95 (23) 
Monteiro, J.R.B. & H.F. Leitão Filho, 21 (23) 
Monteiro, M., 1715 (4) 

Moreno, R, 5302 (34d) 

Mori, S.A. et ai, 16706 (34a) 

Mostacedo, B. et ai, 2654 (9) 

Mota, A.L.P. et ai, 1196 (34a) 

Muniz, C.F. S., 335 (34a) 

Murça Pires, J. & G.A. Black, 2323 (34d); 
2347 (34c) 

Murça Pires, J. & M.R. Santos, 16120 (34b); 
16157 (34a) 

Murça Pires, J. & P.B. Cavalcante, 52334, 
5241 6 (34d) 

Murça Pires, J. & R.P. Belém, 12390 (34b) 
Murça Pires, J. et al., 904 (22); 9230, 9706 
(34a); 51053 (34d) 

Nakajima, J.N. et ai, 95, 97 (30) 

Nascimento, M.S.B., 528 (27) 

Nascimento, O.C., 409 (14) 

Nave, A.G. et ai, 1009 (4) 

Neves Armond, 13 (23) 

Neves, R„ s/n RUSU (23); s/n RUSU (34a) 
Noronha 1293, 1476, 1582(20) 

Nunes, E. & A. Fernandes, s/n EAC 8806 (32) 

Rodriguisia 54 ( 83 ): 55 - 143 . 2003 


cm l 


SciELO/ JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhinia ser. Cansenia (Leguminosaé: Caesalpinioideae) no Brasil 


141 


Nunes, E. & Angélica, s/n EAC 10105 (9) 
Nunes, E. & P. Martins, s/n EAC 5912 (3); s/n 
EAC 5818, s/n EAC 59 1 7 (28); s/n EAC 5869 
(32); s/n EAC 5858 (33); s/n EAC 8665 (34d) 
Nunes, E. & Ribamar P. Soares, s/n EAC 
11 848, s/n EAC 12347 (9) 

Nunes, E. et ai, s/n EAC 11587 (9); s/n EAC 
13859 (34d) 

Núnez, R, 12254 (34d) 

Nyenhuis, J.J., s/n FUEL (23) 

Occhioni, R, 7405 (9) 

Oliveira Filho, A., 27 1 (4); 272 (23); 273 (34a) 
Oliveira, E., 1466 (34c); 6197 (34b) 

Oliveira, F.C. A., 338 (13); 443, 444 (30); 499, 
537(23); 805 (15a) 

Oliveira, J. E. de, s/n R (34a); 484 (16) 

Orione, 2633 (4) 

Orlandi, R.P. & C.B. de A. Boherer, 653 (34d) 
Orlandi, R.P., 354 (28); 394 (1) 

Palmer, E., 436 (34d) 

Paschoal, E.S., 1784 (23) 

Peixoto, A.L., 872 (23) 

Pereira, B.A.S. & D. Alvarenga, 2816 (4) 
Pereira, B.A.S. et al„ 1508 (15b); 1579, 2998 
(1); 1629 (23); 2524 (28) 2536 (34d); 2692 (30); 
3115(12) 

Pereira, C., 342 (4) 

Pereira, E. , Engler & Graziela, 432 (21) 
Pereira, E., 2379 (20); 3050 ( 1 6); 8957 ( 1 ) 10725 
(4) 

Pereira Neto, M., 451 (1) 

Pereira-Noronha, M. R., 620, 1204, 1426, 
1481 (34a); 699 (4) 

Pereira, R 368 et al., 368 (32); 1993 (1) 
Pessoa, S. de V. et al., 703 (23) 
pessoal do horto florestal, 37 (23) 

Philcox, 3 117(22) 

Pinto, G.C.P., 127/81, 132/84,(9); 225/81 (1) 
Pinto, P. & C. Sastre, 1312(12) 

Pirani, J.R. et al., s/n CFCR 915, s/n CFCR 
1 2395, 2 1 66 ( 1 ); s/n CFCR 1 3 1 79 (28); 20-77 
(34a); 3179 (20) 

Pires, J.M. & G. A. Black, 1 645a (3); 2459 ( 1 2) 
Pires, J.M. & R.S. Santos, 16166 (3) 

Pires, J.M. & R.T. Martin, 9943 (23) 

Pires, J.M.. 51482 (10); 56856 (22); 56969, 
57897 (4) 


Plowman, T. 8131 et al., 8131 (5); 8482 (24); 
9361,9633(14) 

Pohl, s/n OXF (20); 608, 3439 (30); 1098 (28); 
5280(23) 

Poliquesi, C.B. & E. Barbosa, 277 (23) 

Pott, A., 1826 (34a) 

Pott, V. J. et al., 822 (21) 

Prance, G. T. & N. T. Silva, 58210 (18); 58487 
(3); 58488, 59325 (12); 58498 (34c) 

Prance, G.T. & J.F. Ramos, 6964 (34d) 
Prance, G.T., 4100, 4132, 4299, 5573, 5655, 
5881, 5915, 9145, 9556, 14434, 18208 (34d); 
5901 (11); 8911 (37); 12579, 13424, 15342, 
15850, 16397,20705 (22), 9202 (34d) 

Queiroz, L.P & N.S. Nascimento, 3391, 3469, 
3842, 3946, 4615 (9); 3934 ( 1 ); 4 1 1 9 (4) 
Queiroz, L. P. de et al., 3857 (28) 

Quevedo, R. & T. Centurion, 449 (4) 

Ramalho da Silva, R„ 293 (23) 

Ramalho, F.B., 226 (4) 

Ramos, A.E., 867 (14) 

Ratter, J.A. & J. Fonseca Filho, 3286 (20) 
Ratter, J.A. & R.R. dos Santos, 1625 (23) 
Ratter, J.A. et al., 4871 (20); R6783 (14) 
Regnell, A.F., 490, 493 (23); 491 (34a) 
Rezende, M.H., 4, 54 (4) 

Rezende, M.H. & H. D. Ferreira, 5, 12, 13(13) 
Rezende. A.V. et al., 119 (1) 

Ribas, O.S. & L.B.S. Pereira, 761, 2559 (20); 
2372 (23); 2419 (9) 

Ribeiro Jr., s/n FUEL (20) 

Riedel, s/n OXF (4); s/n OXF (9); s/n OXF (16); 
s/n OXF (20); s/n C, OXF, SI, W (23) s/n C, 
OXF (34a) 

Rizzini,C.T. & A. Mattos Filho, 1571 (1) 
Rizzo, J.A. & A. Barbosa, 857 (13) 

Rizzo, J.A. etal, 4804, 6317 (13); 5267, 81 13, 
8167, 9233, 9815 (34a); 6465 (4) 7752 (27) 
Rocha, D.M.S., 11369 (4) 

Rodai, M.J.N., s/n IPA (9) 

Rodrigues, I.A., 309 (9) 

Rodrigues, R.R. et al., 68 (34a) 

Rodrigues, W. & J. Chagas, 4493 (19) 
Rodrigues, W.A., 817 (22); 10339 (4) 
Rodrigues, W.A. & F. Mello, 4349 (34d) 

Rojas, L„ 2686 (9) 

Romero, R. et al., 467 (30) 




Rodriguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 



cm 


142 

Rosa, F.R., 22 (23) 

Rosa, N.A. & M. R. Santos, 1945 (22); 2032 
(34d) 

Rosa, N.A., 3083 (34d); 4653 (34b) 

Rosário, C.S., 14, 968 (34b) 

Rosas, A. et al, 211 (22) 

Rossi, L. et al ., s/n CFCR 1017 (28) 

Rueda, R., 889 (34d) 

Salgado, O. A. & H. P.Bautista, 299 (32) 
Salgado, O.A., 21 (1); 150 (4); 255 (34a) 
Salino, A., 3905 (14) 

Sampaio, A., 4442, 6-1922 (23) 

Sanaiotii,T.M„ 197 (22); 466 (20) 

Sandoval, E., 895 (34d) 

Sanots, J. dos, 5188 (4) 

Santin & Cielo Filho, 31070 (20) 

Santos, E. et al ., s/n HTINS 2219 (12); 2594 
(23) 

Santos, F.S., 41 (23) 

Santos, H.G.P. dos, 58, 64, 131 (23) 

Santos, I., s/n s/herb., 22 (34a) 

Santos, J. dos, S280 (20) 

Sarmento, A.C., 576 (34c); 594 (3); 649 (4); 
788(28) 

Sazima, M., 63 (23); 35734 (34a) 

Scheiner, R, 15 (20) 

Schmalzel, R.J., 1341 (34d) 

Schott, 5635 (16) 

Schwacke, 14-206 (34a); 422 (14); 3700/11 1- 
619(19); 3705/III-659 (34d); 13722 (30) 
Sciamarelli, A. & J.V.C. Nunes, 653 (23) 
SernirJ., s/n UEC 6230 (29) 

Serviço florestal da comp. paulista de estr. de 
ferro, s/n R (23) 

Setz, E., 12431 (20) 

Shepherd, G. J. et al., 3687 (15b); 7098, 11306 
(20); 7454 (34a) 

Sidney, 1461 (34a) 

Silva, A. F„ 1351,8864(23) 

Silva, A.M., s/n RB (20) 

Silva, A.S. et al., AS79 (3); AS 1 89 (34b) . 
Silva, G P. da, 3246 (14) 

Silva, J. de S., 681 (4) 

Silva, J.S. 171 (34a) 

Silva, M. & R. Souza, 2498 (34b) 

Silva, M., 1919 (22); 2260 (24) 

Silva, M. A. da et al., 1 138, 2166 (4); 1277, 


Vaz, A.M.S. da F. e Tozzi, A.M.GA. 

1738, 1825(1); 1517, 1747, 1816(28); 1993 (26) 
2082 (29); 2381 (23); 3834 (18); 3927 (34a); 
1747,4039 (22); 4322 (27) 

Silva, M.F.F. da et al., 37 (24); 350 (34d) 

Silva, M. G. & C. Rosário, 5426 (34d) 

Silva, M.G., 6296 (34b); 6461 (23) 

Silva, M.R., 328, 413 (34a); 704 (20) 

Silva, M.R. & C.E. Rodrigues Jr., 1 120 (34a) 
Silva, S.M., 1345(13) 

Silva, S.S., s/n RB 187783(28) 

Silveira, M. et al., s/n FUEL (23) 

Silveira, R.G., s/n RB 322168 (23) 

Simão, R., s/n CFSC 10119(23) 

Skorupa & Silveira, 470 (33) 

Skorupa, L.A. & J. N. Silveira, 470 (34c) 
Skorupa, L.A., 601 (12) 

Smith, D., 1873(22) 

Sobreia, M.M. et al., s/n FUEL (23) 

Solomon. J.C., 7963 (22) 

Soria, N., 4469 (9) 

Soto Núnez, J.C., 3706 (34d) 

Souza, H.M. de, s/n IAC 19585, 28, 1055 (20); 
s/n IAC 19640 (34a) 

Souza, J.M.A. de et al., 180 (34d) 

Souza, L.M. de et al., 221 (34a) 

Souza, V.C. & J.P. Souza. 11414 (34a) 
Sperling, C.R. & S. King , 6414 (22) 

Spruce, R., 1413(19) 

St. G. Beck , 6572 (22) 

Stannard, B. et ai, 5433 (1) 

Stehmann et ai, 1208 (16) 

Steinbach, J., 2892 (38) 

Stevens, W.D.,5441 (34d) 

Steward, W.C., 416, 475 (22) 

Storti Filho, A., 4236 (20); 4238 (34a) 
Stranghetti, V., 96 (23); 354 (34a) 

Strudwick, J.J. et ai, 4129 (34d) 

Sucre, D. & J.F. da Silva, 9209 (34d) 

Sucre, D., 1489 (34a); 5553, 7093, 10191 (23); 
10253 (34d) 

Tamashiro, J.Y., T144, 932, 1133 (23); T203, 
T276 (34a); T205, T346, T395 (20) 

Tameirão Neto, E., 68, 441, 642 (23); 1443 
(34a); 1458(30); 2057 (34a); 2160 (20) 
Tavares, A.S.. 166 (34b) 

Tenorio, P. et ai, 2931 (34d) 

Tessmann, G, 60/25 (23) 

Rodríguésia 54 (83): 55-143. 2003 



SciELO/JBRJ 


12 13 14 15 16 17 


Bauhima ser. Cansenia ( Leguminosa?: Caesalpinioideae) nu Brasil 


Thomas, W.W. et al., 5209 (34d); 10413 (23) 
Tiritan, O. & M„ 50, 53 (28) 

Tiritan, O. & M. Paiva ,561, 595 (20) 

Toledo, C.B. et al., 107 (26) 

Toledo, F.R.N. & J.A. Loinbardi, 403 (20) 
Tozzi & Santos, 94-189 (20) 

Tozzi, A.M.GA. et ai, 96-12 (23); 96-16 (34a); 
96-30(20) 

Tozzi, A.M.GA. & M.C. Dias, 94-27 (23) 
Trinta, Z.A., 661 (20) 

Turma da Farmácia, s/n JPB 2857 (9) 
Uhlmann, A. & Mendonça, 41 (20) 

Ule, E„ 28 (23); 5542 (35) 

Urbano, 8441 (16) 

Vale, L. & R. Kirmse, s/n EAC 9945 (14) 
Vargas, C., 18817(37) 

Vasconcellos, M.B. & C.N. Cunha, 13587 (34a) 
Vasconcellos, M.B. et ai, 21654 (20) 
Vauthier, s/n W (4); s/n W (16) 

Vaz,A„ 86, 760,1007, 1035, 1058(13); 116,380 
(12); 396, 790, 936, 1 059 (34a) 404 (34c); 60 1 
(29); 817, 1002, 1071, 1106 (15a); 850 (33); 971, 
1003, 1057, 1067 (4); 847, 869 1008, 1138, 1139 
(18); 1036 (1); 1 156 (8); 884, 1177 (26); 917 
(20) 888 (25); 890 (15b); 906 (14) 

Vaz, A. & Quinet, A., 1034 (23) 

Vaz, H.M., s/n RB, s/n RB 325657 (13); 01/98 
(34b); 02/98 (12) 

Viana, G, 622 (9) 

Vianna, M.C. et ai, 1517(23) 

VidaU., 36855 (20) 

Vidal, W.N. et ai, 425 (4) 

Vieira, C.M. et ai, 584 (23) 

Vieira, M.C.W., 766 (23) 

Vieira, M.G., 569, 945 (22); 676 (20) 

Vieira, R.F. & J.B. Pereira, 735 (18) 

Vieira, R.F. et ai, 1052 (34a); 1776, 1887 (4) 
Walter, B.M.T. et ai, 272 (4); 2457 (18); 2599 
(12); 3325 (34a) 

Webster, G. L. et ai, 25009 (23); 25284 (34a) 
Wendt, T. & C.L. Oliveira, 5 (23) 

Weyland, M.C., 172(23) 

William,485(ll) 

Windisch, P. & L. Amorim, 6149 (4); 6219 (34a) 
Windisch, P.G et al., 6882 (34a) 

Wurdack, J.J. & J.V. Monachino, 39861 (12) 
Xavier, L.P., s/n JPB 1762 (9) 


Zanandreia, F.G. et al, 10 (34a) 

Errata do Anexo 1: O número (28) 
corresponde a coleções identificadas como 
Bauhinia pulchella Benth. e o número (29) a 
Bauhima platyphylla Benth. 


Rodríguésia 54 (83): 55-143. 2003 


SciELO/JBRJ. 


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Rodriguésia é uma publicação semestral 
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Todos os artigos serão submetidos a 2 
consultores ad hoc. Aos autores será 
solicitado, quando necessário, modificações ou 
até mesmo reesecrever seus textos de forma 
a adequar às sugestões dos revisores e 
editores. Artigos que não estiverem nas 
normas descritas serão devolvidos. Podem ser 
publicados artigos em português, espanhol ou 
inglês. 

Será enviado aos autores as provas, que 
deverão ser devolvidas à Comissão em no 
máximo 5 dias úteis a partir da data do 
recebimento. Os trabalhos, após a publicação, 
ficarão disponíveis em formato digital (PDF 
da Adobe Acrobat) no site do Instituto de 
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 
(http://vvww.jbij.gov.br) e serão fornecidas 10 
(dez) separatas após a impressão. 


Preparação do texto 

Os autores devem utilizar 
preferencialmente o editor do texto Microsoft 
Word, podendo também ser editado em Word 
Perfect, fonte Times New Roman, tamanho da 
fonte 12, espaçamento entre linhas 1,5. 

Os manuscritos devem ser formatados em 
tamanho A4, com margens de 2,5 cm. Todas 
as páginas, exceto a do título, devem ser 
numeradas. Originais em frente e verso não 
serão aceitos. As letras maiusculas devem ser 
utilizadas apenas onde as palavras, de acordo 
com a língua portuguesa, exigirem iniciais 
maiusculas. Manuscritos inteiramente escritos 
em caixa alta não serão considerados. 

As palavras em latim devem estar em 
itálico, bem como os nomes científicos, 
genéricos e infra-genéricos. Os nomes 
científicos dos táxons deverão seguir as normas 
do Código de Nomenclatura Botânica em sua 
última edição. O nome dos autores de táxons 
devem ser citados segundo a obra Authors of 
Plant Names (Brummitt 1992). 

1. Página de título - deve incluir o título, 
autores, instituições, apoio financeiro e endereço 
do autor responsável pela correspondência. O 
título deverá ser conciso e objetivo, 
expressando a idéia geral do conteúdo do 
trabalho. Deve ser escrito em negrito com letras 
maiúsculas utilizadas apenas onde as letras e 
as palavras devam ser publicadas em 
maiúsculas; palavras em latim e nomes 
cirentíf icos, genéricos e infra-genéricos, devem 
estar em itálico e negrito . 

2. Nota de rodapé - deve incluir endereço, 
e-mail, quando houver, e o nome da instituição 
do(s) autor(es). Indicação dos nomes da(s) 
entidade(s) patrocinadora(s), caso hajam, 
podem ser mencionados. 

3. Resumo e Abstract - deve proporcionar 
uma visão geral do trabalho, com os resultados 
e conclusões mais relevantes, sem referências 



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bibliográficas. Cada resumo deve ter de 100 a 
200 palavras. Ao final do resumo 5 palavras- 
chave deverão ser indicadas. 

4. Introdução, Material e Métodos, 
Resultados e Discussão - podem ser 
omitidos apenas em trabalhos sobre a descrição 
de novos táxons, mudanças nomenclaturais ou 
similares. Os títulos (Introdução, Material e 
Métodos, etc.) deverão ser centralizados e em 
negrito; os subtítulos devem ser sublinhados. 

Nos trabalhos taxonômicos será indicado 
apenas o material examinado, obedecendo a 
seguinte ordem: local e data de coleta, nome e 
número do coletor, bot., fl., fr., bot. (fases 
fenológicas) e sigla(s) do herbário(s) entre 
parêntesis, segundo Index Herbariorum. Os 
nomes dos países e dos estados brasileiros 
deverão ser citados por extenso, em ordem 
alfabética e caixa alta, seguido dos respectivos 
materiais estudados. Um parágrafo deverá 
separar a coleção estudada de um país para 
outro. No caso do material examinado ser 
relativo apenas a localidades brasileiras, os 
estados poderão ser separados por parágrafos. 

5. Referências Bibliográficas - cada 
referência citada no texto deve estar listada 
neste tópico. As referências no texto devem 
ser citadas com o sobrenome do autor(es), com 
apenas a inicial em caixa alta, seguido do ano. 
Quando existirem mais de 2 autores, o primeiro 
nome deve ser seguido de et al. Exemplos: 
Miller (1993), Miller & Maier (1994), Baker 
et al. (1996) ou (Miller, 1993), (Miller & Maier, 
1994), (Baker et al. , 1996). As referências 
bibliográficas devem ser relacionadas em 
ordem alfabética, pelo sobrenome do primeiro 
autor, com apenas a primeira letra em caixa 
alta, seguido de todos os demais autores. 
Quando houver repetição do mesmo autor(es), 
o nome do mesmo deverá ser substituído por 
um travessão; quando o mesmo autor publicar 
váruios trabalhos num mesmo ano, deverão ser 
acrescentadas, por ordem de publicação, letras 
alfabéticas após a data. 


a) Artigos de periódicos - citar o sobrenome 
do autor(es) com a primeira letra em caixa alta, 
prenome ou demais nomes abreviados, ano da 
publicação seguido de ponto; título completo 
do artigo; título do periódico por extenso em 
negrito; número do volume em negrito; número 
do fascículo ou parte, se houver, dentro de 
parêntesis; dois pontos, o número de páginas, 
estampas e figuras, se houver. 

Exemplos: 

Ragonese, A.M. 1960. Ontogenia de los 
distintos tipos de tricomas de Hibiscus 
rosa-sinensis L. (Malvaceae). 
Darwiniana 12 (1): 59-66. 

Tolbert, R.J. & Johnsos, M.A. 1966. A survey 
of the vegetative slioot ápices in the 
family Malvaceae. American Journal 
ofBotany 53(10): 961-970. 

b) Livros e outras publicações avulsas - 

citar o sobrenome do autor(es) com a primeira 
letra em caixa alta, prenome ou demais nomes 
abreviados, ano da publicação seguido de 
ponto; título completo em itálico ou no caso de 
obras clássicas de trabalhos taxonômicos, 
apenas a primeira parte do título, seguido de 
três pontos (...); número da edição, se houver; 
local da publicação (cidade); nome do editor(a); 
número do volume, quando houver; número de 
páginas e estampas ou figuras. 

Exemplos: 

Cutter, E.G. 1978. Plant anatomy Pcirt I- 
Cells and Tissues. London. E. Arnold, 
315p.,il. 

Engler, H.G.A.1878. Araceae. In: Martius, 
C.F.R von; Eichler, A.W. & Urban, L 
Flora Brasiliensis. Munchen. Wien, 
Leipzig, v.3, part 2, p. 26-223, est. 6-52. 

. 1930. Liliaceae. In: Engler, H.G.A. 

& Plantl, K.A.E. Die Naturlichen 
Pflanzenfatnilien. 2. Aufl. Leipzig 
(Wilhelm Engelmann). v. 15 p. 227-386 
fig. 158-159. 

Sass, J.E. 1951. Botanical microtechniqiie- 
2 ed. lowa, Iowa State Collegc Press, 228 p- 



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6. Tabelas - devem ser apresentadas em 
preto e branco, com títulos que permitam 
perfeita identificação, numerados 
progressivamente com caracteres arábicos e 
com indicação de entrada no texto. No texto 
as tabelas devem ser sempre citadas de acordo 
com os exemplos abaixo: 

“Os resultados das análises 
fitoquímicas são apresentados na 
Tabela 2...” 

“Apenas algumas espécies 
apresentam indumento (Tab. 1)...” 


7. Ilustrações — fotos, mapas e gráficos 
devem ser em preto e branco e possuir bom 
contraste. Todas as ilustrações devem ser 
agrupadas em pranchas e montadas em papel 
separado tipo canson. As fotos devem ser 
agrupadas sem espaço entre elas. Desenhos 
e gráficos devem ser montados separadamente 
das fotografias. As pranchas devem possuir o 
tamanho da página (15 cm x 22 cm) ou meai 
página do periódico. As fotos e desenhos 
agrupados devem formar um retângulo 
simétrico. Cada figura da prancha deve ser 
numerada em algarismos arábicos e indicada 
no texto por ordem de entrada. O aumento 
utilizado nas figuras deve ser indicado por 
barra, o aumento numérico pode também ser 
indicado na legenda. A numeração das figuras, 
bem como os detalhes nelas inseridos devem 
ser assinalados com “letraset” ou similar em 
papel transparente (tipo manteiga), colado na 
parte superior da prancha, de maneira a 
sobrepor o papel transparente à prancha, 
permitindo que os detalhes apareçam nos 
locais desejados pelo autor. Detalhes e 
numeração à mão livre não serão aceitos. 
Ilustrações de baixa qualidade resultarão na 
devolução do manuscrito. 

No texto as figuras devem ser sempre citadas 
de acordo com os exemplos abaixo: 

“Evidencia-se pela análise das Figuras 
25 e 26....” 

“Lindman (Fig. 3) destacou as seguintes 
características para as espécies...” 



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