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INSTITUTO DE PESQUISAS
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
Rua Jardim Botânico 1008 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ -Tel.: 2294-6012 - CEP 22460- 180
© JBRJ
ISSN 0370-6583
Presidência da República
LUIS INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente
Ministério do Meio Ambiente
MARINA SILVA
Ministra
CLÁUDIO LANGONE
Secretário Executivo
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
LISZT VIEIRA
Presidente
Rodriguésia
A Revista Rodriguésia publica artigos e notas
científicas em todas as áreas da Biologia Vegetal,
bem como em História da Botânica e atividades
ligadas a Jardins Botânicos.
Comissão de Publicação
Claudia Franca Barros
Rafaela Campostrini Forzza
Vidal de Freitas Mansano
Ricardo Cardoso Vieira
Lana da Silva Syl vcstre
Editoração
Carla M.M. Molinari
Edição on-line
Renato M.A. Pizarro Drummond
Secretária
Georgina M. Macedo
Ficha catalográfica:
Rodriguésia: revistado Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. — Vol.l, n.l (1935) - .
- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1935-
v. : il. ; 28 cm.
Semestral
inclui resumos em português e inglês
ISSN 0370-6583
1. Botânica - Periódicos brasileiros I. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro
CDD - 580.5
CDU -58(01)
-SciELO/ JBRJ
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Sumário
Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do
Espírito Santo 5
Cláudio Nicoletti de Fraga, Ariane Luna Peixoto
Piperaceae do Nordeste brasileiro I: estado do Ceará 21
Elsie Franklin Guimarães, Luiz Carlos da Silva Giordano
A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na
Flora Brasiliensis de Martius 47
Abner Chiquieri, Fernando Régis Di Maio, Ariane Luna Peixoto
Sistemática de Vellozia candida (Velloziaceae) 59
Renato de Mello-Silva
Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco,
Nordeste do Brasil 65
José Iranildo Miranda de Melo, Margareth Ferreira de Sales
Beilschmiedia vigida (Mez) Kosterm. (Lauraceae): diferenciação e
desenvolvimento da lâmina foliar 89
Carlos Alexandre Marques, Cláudia Franca Barros, Cecília Gonçalves Costa
O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no
bioma Caatinga do estado de Pernambuco - Brasil 101
Marcos José da Silva, Margareth Ferreira de Sales
Variação sazonal de macronutrientes em uma espécie arbórea
de cerrado, na Reserva Biológica e Estação Experimental de
Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil .. 127
Adriana Carrhá Leitão, Osvaldo Aulino da Silva
A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama -
Descoberto, Minas Gerais, Brasil 137
Luiz Mcnihi Neto,Valquiria Rezende Almeida, Rafaela Campostrini Forzza
SciELO/JBRJ
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Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do
estado do Espírito Santo 12
Cláudio Nicoletti de Fraga 3
Ariane Luna Peixoto 4
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo inventariar as Orchidaceae das restingas do estado do Espírito
Santo, detectar as formas de vida e proceder a uma análise da similaridade entre as formações
vegetais das restingas, através da flora orquidológica. As coletas de material botânico foram feitas
ao longo de todo o litoral sendo incluídas as coleções dos herbários CVRD, MB ML e VIES. Foram
identificados 73 táxons, sendo 71 espécies, dentre estas uma nova para ciência, e dois híbridos
naturais. O maior número de espécies foi encontrado emEpidendrum (7) e Pleurothallis (6). Foram
encontrados 3 1 táxons holoepífitos, 28 táxons terrestres, 12 táxons epífitos facultativos e dois táxons
hemiepífitos. Das 10 formações vegetais de restinga as Orchidaceae estiveram representadas em
oito. A floresta arenosa litorânea apresentou 58 táxons, seguida pela formação aberta de Clusia
(31), formação aberta de Ericaceae (20), floresta periodicamente inundada (14), formação pós-
praia (13), formação Palmae (10), formação brejo herbáceo (3) e formação praial graminóide (2).
A maior similaridade florística, utilizando o índice de Sorensen, foi encontrada entre as formações
arbustivas fechadas (pós-praia e Palmae) seguidas pelas formações arbustivas abertas (de Ericaceae
e de Clusia). Estes dois grupos se ligam, com menor similaridade às formações florestais, enquanto
as formações herbáceas são as mais dissimilares.
Palavras-chaves: Orchidaceae, florística, ecologia, restinga, Espírito Santo
ABSTRACT
An inventory of the Orchidaceae of the Coastal plain vegetation (restingas) of Espírito Santo
State, Brazil, is presented here. The life fornis were examined as well as the similarity between
restinga vegetation types based on the orchid flora. Botanical material was collected along the
entire coast and material from the following herbaria was examined: CVRD, MBML and VIES. A
total of 73 taxa were identified, including two natural hybrids. Of the 71 remaining taxa, one was a
new species. The most species-rich genera were Epidendrum (7) and Pleurothallis (6). The
táxons were classified as follows: 31 holoepiphytes, 28 terrestrials, 12 facultative epiphytes and 2
hemiepiphytes. Orchid species are found in eigth of the 10 restinga vegetation types: sandy Coastal
forest (58), open Clusia scrub (31), open Ericaceae scrub (20), periodically flooded forest (14),
closed beach-thicket (13), Palm scrub (10), sedge swamp (3) and creeping psammophytic (2).
Highest floristic similarity based on SorenserFs index was found between the closed formations
(beach thicket and Palmae scrub), followed by the open formations (Ericaceae and Clusia). These
two groups are linked at Iower similarity values with the forest formations, while the herbaceous
formations are quite dissimilar.
Key words: Orchidaceae, floritics, ecology, Coastal plain vegetation, Espírito Santo
'Parte da Dissertação de Mestrado apresentada à coordenação do Curso de Pós-Graduaçao em Ciências Biológicas
(Botânica) da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Museu Nacional.
- Financiamento: CNPq, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN), The John D. and Catherine T. MacArthur
Foudation, WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e USAI D ( United States Agency for International Development).
3 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Coordenadoria de Coleções Vivas, Rua Jardim Botânico, 1 008,
22.470-1 80, Jardim Botânico, Rio de Janeiro- RJ, Brasil, cnfraga@jbij.gov.br
4 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical, Rua Pacheco Leâo,
2.040, 22.460-030, Jardim Botânico, Rio de Janeiro- RJ, Brasil, alpeixoto@terra.com.br
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6
INTRODUÇÃO
A planície quaternária litorânea ocupa
cerca de 5.000 km de extensão, de um total de
9.000 km do litoral brasileiro. É formada por
acúmulo de sedimentos oriundos das últimas
transgressões marítimas (Suguio& Martin, 1990).
Os estudos botânicos na planície
quaternária litorânea, para o território
brasileiro, se intensificaram a partir de Ule
(1901), que diferenciou algumas formações
vegetais para Cabo Frio, Rio de Janeiro. No
entanto, poucos trabalhos têm dedicado atenção
exclusivamente às Orchidaceae das restingas
brasileiras para um melhor entendimento de
sua biologia e distribuição. Neste contexto.
Ribeiro & Monteiro (1994) descrevem as
Orchidaceae de Picinguaba em Ubatuba, São
Paulo, fornecendo lista comparativa das
espécies inventariadas com as de outras
regiões do litoral brasileiro. Waechter (1998)
apresenta uma listagem das Orchidaceae
epífitas da planície sul-rio-grandense, discutindo
a ecologia do epifítismo e a distribuição
geográfica para a região subtropical brasileira.
Fagnani & Siqueira (1998) apresentam uma
listagem de 19 espécies de Orchidaceae para
a região de Massambaba, Rio de Janeiro.
Observações para as Orchidaceae das
restingas do Espírito Santo, encontram-se
restritas aos trabalhos de Ruschi (1950) que,
ao escrever sobre a fitogeografia do Espírito
Santo, contempla um capítulo às restingas deste
Estado, citando alguns gêneros e poucas
espécies. Posteriormente, Ruschi (1979)
dedica uma publicação exclusivamente às
restingas, mencionando aí novas espécies para
este ecossistema e suprimindo algumas citadas
no trabalho de 1950. Ruschi (1986) inclui, em
uma obra sobre as orquídeas do Espírito Santo,
chave para determinação de gêneros de
Orchidaceae do Estado e observações sobre
a biologia da família, incluindo espécies com
ocorrência nas restingas.
Nesta ultima década, as pesquisas com a
flora das restingas do Espírito Santo se
intensificaram, gerando novos conhecimentos
sobre a presença de orquídeas. Pereira
Fraga, C. N. '& Peixoto, A. L
(1990a), ao descrever fitofisionomicamente a
restinga do Parque Estadual de Setiba, litoral
sul do Estado, inclui algumas espécies desta
família. Orchidaceae é também incluída em
uma lista florística para Conceição da Barra,
litoral norte do Estado (Pereira &
Gomes, 1994). Fabris & Pereira (1994),
mencionam a família em um levantamento
florístico para a formação pós-praia da restinga
de Setiba. Pereira & Zambom (1998) citam,
em uma lista florística, as espécies de
Orchidaceae ocorrentes em Interlagos, Vila
Velha. Pereira et al. (1998) descrevem as
comunidades de uma localidade de Pontal do
Ipiranga, Linhares, incluindo a família na
listagem das espécies para a área. Fraga &
Pereira (1998) descrevem e ilustram oito
espécies de orquídeas do pós-praia do Estado.
Pereira & Assis (2000) descrevem as
comunidades de Camburi, Vitória, citando a
família. Fraga (2000) apresenta dados relativos
a ecologia, fitogeografia e conservação para
as Orchidaceae das restingas do Espírito Santo.
Pereira & Araújo (2000) publicam a lista
florística das restingas dos Estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santo, estando a família
Orchidaceae incluída nesta listagem.
Mesmo com o atual avanço sobre o
conhecimento das restingas do Espírito Santo,
a planície quaternária litorânea do Estado ainda
apresenta lacunas no que tange a
levantamentos florísticos, como verificado por
Mota (1991) ao mapear áreas prioritárias para
o estabelecimento de novas unidades de
conservação, demonstrando a necessidade de
trabalhos botânicos, em áreas onde a
composição florística das restingas capixabas
é pouco conhecida (Fraga, 2000).
Buscando contribuir para o conhecimento
das Orchidaceae nas restingas do Espírito
Santo, o presente trabalho tem como objetivo
oferecer um levantamento qualitativo, florístico
e ecológico das Orchidaceae da restinga do
Espírito Santo, detectar as formas de vida das
espécies coletadas e proceder a uma análise
da similaridade entre as formações vegetais
deste ecossistema no Estado.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
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13 14
Floríslica e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo
7
MATERIAL E MÉTODOS
Descrição e localização da área de estudo
O litoral do Espírito Santo apresenta uma
linha de costa com cerca de 430 km de
extensão, onde os depósitos quaternários se
fazem presentes em quase toda a extensão,
delimitados para o interior por platôs terciários
formados pelos sedimentos continentais da
Formação Barreiras ou pela região serrana
composta por rochas cristalinas pré-
cambrianas. Apresenta como limites [39°30’
W- 18°28’ S] ao norte a Bahia, e ao sul [4I°00’
W - 21°15’ S] o Rio de Janeiro (Figura 1).
Os sedimentos arenosos que formam as
restingas do Espírito Santo foram depositados
nas últimas transgressões marítimas, há
123.000 e 5. 100 anos pretéritos, representando
sedimentos de origens pleistocênicas e
holocênicas, respectivamente (Martin et al.
1997), ocupando cerca de 89.700 ha,
41 ° 40 °
Figura 1- Regiões litorâneas do Espírito Santo,
demarcados de acordo com a geomorfologia das regiões
interioranas aos depósitos quaternários e a divisão em
municípios do litoral do Estado (A- Litoral Norte, B-
Litoral Central, C- Litoral Sul).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
correspondendo a 1,97% do Estado.
Atualmente, o ecossistema restinga ocupa
48.600 ha, o que representa 54,18% da área
primária. Da área atual de restinga do Espírito
Santo, 8.300 ha, o que corresponde a 17,08%,
encontram-se preservadas em unidades de
conservação (Mota 1991).
Como observaram Martin et al. (1997),
os sedimentos arenosos acabaram sendo
retidos na costa continental através de
armadilhas, que por vezes possibilitaram o
estabelecimento de extensas planícies em
algumas regiões ou somente enseadas em
outras. Em função das características das
unidades geomórfológicas internas às restingas
e ao maior ou menor desenvolvimento dos
depósitos quaternários, estes autores
delimitaram cinco setores para o litoral do
Espírito Santo.
No setor I, os depósitos quaternários são
fracamente desenvolvidos, estando delimitados
ao sopé das falésias, limitando-se da divisa com
a Bahia até a cidade de Conceição da Barra
(foz do Rio São Mateus). No setor II, a planície
costeira atinge seu maior desenvolvimento no
Estado, ficando situada de Conceição da Barra
até Barra do Riacho (Aracruz), em toda área
de influência do delta do Rio Doce. No setor
III, o desenvolvimento dos depósitos
quaternários volta a ser fraco, com o sopé das
falésias chegando bem próximo ao mar,
estendendo-se de Barra do Riacho até Tubarão
(entrada da Bahia de Vitória). Todos estes
setores da planície quaternária litorânea
apresentam em comum o fato de estarem
delimitados, para o interior, pelos platôs
terciários da Formação Barreiras, formando o
Litoral Norte do Estado do Espírito Santo
(Figura IA).
O setor IV corresponde à zona de
afloramentos de rochas cristalinas pré-
cambrianas em contato direto com os depósitos
quaternários, sendo caracterizado por
apresentar um litoral bastante recortado, com
os depósitos bem desenvolvidos nas porções
côncavas e ausentes nas partes convexas,
formando praias em enseadas com uma pedra
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Fraga, C. N. '& Peixoto, A. L
em cada ponta. Este setor do litoral estende-
se da entrada da baía de Vitória até o final de
Itapemirim, formando o Litoral Central do
Espírito Santo (Figura 1B).
O setor V estende-se da foz do Rio
Itapemirim, limite entre os municípios de
Itapemirim ao norte e Marataízes ao sul, até a
divisa com o Estado do Rio de Janeiro ao sul.
Este setor é caracterizado por um fraco
desenvolvimento, em virtude da formação de
falésias na linha de praia, em Marataízes.
Apresenta extensões consideráveis nos vales
entalhados na Formação Barreiras em
Presidente Kennedy, próximo à foz do Rio
Itabapoana, formando o Litoral Sul do Estado
do Espírito Santo (Figura IC).
Identificação das formações vegetais das
restingas do Espírito Santo
No Espírito Santo, as formações de
restinga têm sido descritas e agrupadas de
modos distintos por diversos autores. Pereira
( 1 990a), descreveu 1 1 formações para o Parque
Estadual Paulo César Vinha, em Setiba,
Guarapari. Outra formação foi descrita por
Pereira (1995) para Reserva Biológica de
Comboios, Linhares, na faixa litorânea ao norte
do Estado, denominada comunidade praial
graminóide.
As formações halófila e psamófila-
reptante foram posteriormente agrupadas na
comunidade halófila-psamófila por Thomaz &
Monteiro (1994), em um trabalho exclusivo de
comparação entre estas formações ao longo
do litoral do Estado. Pereira (1990a) também
considerou outras duas formações difíceis de
serem separadas em campo, mata seca e mata
de Myrtaceae, que posteriormente foram
consideradas por Fabris (1995) como uma só
formação, denominada floresta arenosa
litorânea, como já havia feito Ruschi (1950,
1979) ao usar a denominação mata esclerófila
litorânea.
Das 12 formações descritas para o litoral
do Espírito Santo, serão consideradas neste
trabalho somente 10: halófila-psamófila (halófila
e psamófila reptante), floresta arenosa
litorânea (mata seca e mata de Myrtaceae),
formação praial graminóide, formação brejo
herbáceo, formação pós-praia, formação
Palmae, formação aberta de Clusia, formação
aberta de Ericaceae, floresta periodicamente
inundada e floresta permanentemente
inundada.
As diferenças fisionômicas da vegetação,
com maior ou menor complexidade, são
acompanhadas por modificações estruturais e
por espécies que caracterizam cada formação,
como as observadas por Pereira (1990a) e
Araújo & Henriques (1984), o que auxilia na
identificação das formações no trabalho de
campo.
Dentre as 10 formações vegetais,
algumas apresentam vegetação
predominantemente herbácea heliófila, com
maior ou menor disponibilidade de água,
devido a diferentes distâncias do lençol
freático, como observado por Pereira et al.
(1992) para a formação brejo herbáceo e
Pereira (1995) para a formação praial
graminóide. Outras são formadas por plantas
predominantemente arbustivas, com
modificações na fisionomia em virtude de
poderem ser abertas ou fechadas,
separando, desta forma, as formações pós-
praia e Palmae (arbustivas fechadas) das
formações abertas de Clusia e de
Ericaceae (arbustivas abertas). A diferença
entre as duas arbustivas fechadas está em
função da dominância de uma de suas
espécies (Pereira, 1990a; Cardoso, 1995),
enquanto que as diferenças entre as
formações arbustivas abertas estão
relacionadas, principalmente, à distância da
vegetação do lençol freático, como
observado por Pereira (1990a) e Pereira &
Araújo (1995).
O litoral capixaba também apresenta
formações florestais, que se diferenciam
principalmente em função do alagamento no
decorrer do ano, em floresta arenosa litorânea,
floresta periodicamente inundada e floresta
permanentemente inundada.
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Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo
9
Levantamento florístico e análise
estatística
Realizaram-se coletas de material
botânico em estádio de floração e/ou
frutificação, que foram preparadas para
herbário segundo Mori et al. (1989), sendo os
exemplares posteriormente depositados no
Herbário MB ML.
A identificação das espécies foi feita
através de literatura especializada e
comparações com exemplares dos herbários
MBML, VIES, CVRD, RB, R, HB, GUA, UB,
CEN, CEPEC e SP. O enquadramento em
subfamílias para as espécies coletadas foi
baseado em Cameron et al. (1999).
Em relação à forma de vida, as espécies
foram enquadradas em holoepífitas e epífitas
facultativas, baseado no tipo de relação que
estabelecem com o hospedeiro de acordo com
Benzing (1986), ou hemiepífitas segundo Putz
& Holbrook (1986), além de espécies terrestres
de acordo com Dressler (1981). As
identificações das formas de vida procederam-
se por visualização direta ou através de dados
de coleta contidos nas etiquetas de herbário.
Após a elaboração da lista de espécies
de Orchidaceae das restingas do Estado do
Espírito Santo, procederam-se análises de
similaridade utilizando o coeficiente de
Sorensen (Muller-Dombois & Ellenberg 1974),
sendo as formações trabalhadas aos pares com
base na presença/ausência das espécies,
através do programa FITOPAC (Shepherd,
1984).
Para auxiliar a visualização dos grupos
de espécies que mais influenciaram na união
entre as diversas formações, optou-se por
apresentar dendogramas de similaridade,
utilizando-se o índice de Sorensen, entre as
formações e as espécies de cada tipo de forma
de vida (terrestre, holoepífito e epífito
facultativo).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados exemplares
pertencentes a 73 táxons, sendo 7 1 espécies,
dentre estas uma nova para a ciência, e dois
Rodriguésia 54 (84): 5-20. 2003
híbridos naturais, contidos em 41 gêneros e
um híbrido intergenérico, distribuídos nas
subfamílias Vanilloideae (4), Orchidoideae (14)
e Epidendroideae (55).
Os gêneros com maior número de
espécies foram Epidendrum com sete
espécies e Pleurothallis com seis espécies,
seguidos por Catasetum e Habenaria com
quatro espécies; Cattleya, Cyrtopodium,
Oncidium, Prescottia e Sobralia com três
espécies; Campylocentrum, Eltroplectris,
Prosthechea e Vanilla com duas espécies.
Os demais 29 gêneros encontram-se
representados por uma única espécie
(Tabela 1).
Formas de vidas das Orchidaceae da
restinga do Espírito Santo
A forma de vida predominante (Figura
2) foi a holoepífita, encontrada em 3 1 espécies
(42%), seguido de 28 espécies terrestres
(38%), 12 epífitas facultativas (16%) e de duas
hemiepífitas (3%).
As espécies holoepífitas das restingas do
Espírito Santo são exclusivas da subfamília
Epidendroideae. Segundo Breier (1999) as
espécies com esta relação possuem
adaptações para o epifitismo, passando todo
seu ciclo de vida sobre um forófito,
apresentando exigência quanto ao tipo de
45
holoepífito terrestre epífito hemiepífito
facultativo
Figura 2- Porcentagem de espécies por formas de vida
das Orchidaceae nas restingas do estado do Espírito
Santo.
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1 0 Fraga, C. N. '& Peixoto, A. L
Tabela 1- Relação das espécies de Orchidaceae das restingas do Estado do Espírito Santo assinalando-se a
forma de vida (HOL- holoepífitos; EPF- epífitos facultativos; TER- terrestres; HEM- hemiepífitos) e distribuição
nas formações de restinga (1- formação praial graminóide; 2- formação brejo herbáceo 3- formação pós-praia;
4- formação Palmae; 5- formação aberta de Ericaceae; 6- formação aberta de Clusia; 7- floresta arenosa
litorânea; 8- floresta periodicamente inundada).
Espécies
Forma
de vida
herbáceas
Formações
arbustivas
fechadas abertas
florestais
1
2
3
4
5
6
7
8
Baedlea elegans (Hoehne) Garay
TER
0
0
0
0
0
0
1
1
Brassavola tuberculata Hook.
EPF
0
0
1
0
1
1
1
0
Brassocattleya tramandahy Hort.
EPF
0
0
1
0
0
1
0
0
Campylocentrum aciculatum (Rchb. f. & Warm.
HOL
0
0
0
0
0
1
1
0
cjcRchb. f.) Cogn.
Campylocentrum micranthuin (Lindl.) Rolfe
HOL
0
0
1
0
0
1
1
1
Catasetum discolor (Lindl.) Lindl.
TER
1
0
1
1
I
1
0
0
Catasetum luridum (Link.) Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Catasetum macrocarpum Rich. ex Kunth
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Catasetum purum Nees & Sinnings
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Cattleya guttata Lindl.
EPF
0
0
1
0
1
1
1
0
Cattleya harrisoniana Bateman ex Lindl.
EPF
0
0
0
0
0
1
1
0
Cattleya x duveenii Pabst & A. F. Mello
HOL
0
0
0
0
0
1
0
0
Cleistes revoluta (Barb. Rodr.) Schltr.
TER
0
0
0
0
1
0
0
0
Cochleanthes wailesiana (Lindl.) Schult. & Garay
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Coryanthes speciosa (Hook.) Hook.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
1
Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne
HOL
0
0
0
0
0
1
1
0
Cyrtopodium holstii L. C. Menezes
TER
0
0
1
1
1
1
0
0
Cyrtopodium polyphyllutn (Vell.) Pabst ex F. Barros
TER
0
0
1
1
1
1
1
0
Dimerandra emarginata (G Mey.) Hoehne
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Dryadella obrieniana (Rolfe) Luer
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Eltroplectris calcarata (Sw.) Garay & Sweet.
TER
0
0
1
1
1
1
1
1
Eltroplectris triloba (Lindl.) Pabst
TER
0
0
1
1
1
1
1
0
Epidendrum coronatum Ruiz & Pav.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Epidendrum densiflorum Hook.
EPF
0
0
0
0
0
0
1
0
Epidendrum denticulatum Barb. Rodr.
TER
0
0
1
1
1
1
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0
Epidendrum imatophyllum Lindl.
HOL
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0
0
0
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0
1
1
Epidendrum latilabrum Lindl.
EPF
0
0
0
0
0
1
1
0
Epidendrum rigidum Jacq.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Epidendrum secundum Jacq.
TER
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0
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1
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Epistepliium lucidum Cogn.
TER
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1
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0
1
Galeandra stangeana Rchb. f.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Galeottia ciliata (Morei) Dressler & Christenson
EPF
0
0
0
0
0
0
1
0
Habenaria fastor Wram.
TER
0
1
0
0
0
0
0
0
Habenaria leptoceras Hook.
TER
0
0
0
1
1
1
1
0
Habenaria parviflora Lindl.
TER
0
1
0
0
0
0
0
0
Habenaria repens Nutt.
TER
0
1
0
0
0
0
0
0
Rodrigiiésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm ..
Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo
Espécies
Forma
de vida
herbáceas
Formações
arbustivas
fechadas abertas
florestais
1
2
3
4
5
6
7
8
Hadrolaelia gratulis (Lindl. & Paxton) Chiron & V. P.
Castro HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Koellensteinia altíssima Pabst
TER
0
0
0
0
1
1
1
1
Malaxis parthonii Morren
TER
0
0
0
0
0
0
1
0
Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay
TER
0
0
0
0
0
0
1
0
Notylia pubescens Lindl.
HOL
0
0
0
0
1
1
1
0
Octomeria alpina Barb. Rodr.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.
TER
0
0
0
0
1
1
1
1
Oncidium batieri Lindl.
EPF
0
0
0
0
0
1
1
0
Oncidium ciliatum Lindl.
HOL
0
0
1
1
1
1
1
1
Oncidium pumilum Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Paradisanthus micranthus (Barb. Rodr.) Schltr.
TER
0
0
0
0
0
0
1
1
Pelexia maculata Rolfe
TER
0
0
0
0
0
0
1
1
Pleurothallis aquinoi Schltr.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Pleurothallis auriculata Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Pleurothallis grobyi Bateman ex Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Pleurothallis obovata (Lindl.) Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Pleurothallis pristeoglossa Rchb. f & Warm.
HOL
0
0
0
0
0
1
1
0
Pleurothallis saundersiana Rchb. f.
HOL
0
0
0
0
0
1
1
0
Polystachya concreta (Jacq.) Garay & Sweet.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Prescottia aff. oligantha (Sw.) Lindl.
TER
0
0
0
0
1
1
1
1
Prescottia plantoginea Lindl.
TER
0
0
0
0
1
1
1
0
Prescottia stachyodes Lindl.
TER
0
0
0
0
0
0
1
0
Prosthechea fragrans (Sw.) W. E. Hinggis
EPF
0
0
0
0
0
0
1
0
Prosthechea pygmaea (Hook.) W. E. Hinggis
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Pseudolaelia vellozicola C. Porto & Brade
EPF
0
0
0
0
0
1
0
0
Rauhiella silvana Toscano
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay
TER
0
0
1
1
0
0
1
0
Sarcoglottis fasciculata (Vell.) Schltr.
TER
0
0
0
0
0
0
1
0
Sobralia sp. nov.
TER
0
0
0
0
0
0
1
0
Sobralia liliastrum Lindl.
TER
0
0
0
0
1
0
0
0
Sobralia sessilis Lindl.
TER
0
0
0
0
0
0
1
0
Sophronitis cernua Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Trichocentrum fuscum Lindl.
HOL
0
0
0
0
0
0
1
0
Vanilla bahiana Hoehne
HEM
1
0
1
1
1
1
1
1
Vanilla chamissonis Klotzsch ex Cogn.
HEM
0
0
0
0
1
1
1
0
Xylobium colley (Bateman ex. Lindl.) Rolfe
EPF
0
0
0
0
0
1
0
0
Zygopetaluin intermedium Lodd.
EPF
0
0
0
0
1
1
0
1
Número total de espécies
2
3
12
10
20
31
58
14
Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
SciELO/JBRJ
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cm ..
12
substrato, crescendo preferenciai mente sob as
condições ambientais específicas impostas
pelo forófito.
Nas restingas do Espírito Santo, para as
formações abertas do Litoral Central/Sul,
ocorre uma preferência dos holoepífitos por
Neomitranthes obtusa Sobral et Zambom
(Myrtaceae), enquanto que para as mesmas
espécies do Litoral Norte não foi observada
preferência para nenhum forófito.
Segundo Fontoura etal. (1997), este tipo
de preferência está relacionado às
características físico-mecânicas do ritidoma
(baixa dureza, espessura considerável, alta
permeabilidade e presença de fissuras mais
ou menos profundas). Para as espécies da
floresta arenosa litorânea, que contempla o
maior numero de espécies holoepífitas, não foi
observada nenhuma preferência das espécies
quanto à espécie do forófito.
As vantagens proporcionadas pelo
epifitismo são as melhores condições de
luminosidade e substrato relativamente isento
de competição (Waechter, 1986). No entanto
ocorrem flutuações na disponibilidade de água,
normalmente oriunda do ar atmosférico,
carregada de nutrientes necessários para o
desenvolvimento da planta (Nadkami, 1986),
o que pode alterar as condições ideais para a
relação holoepífito/forófito.
O epifitismo foi um mecanismo de
especiação à procura de melhores habitats
(Benzing, 1981; 1987), o que propiciou
expansão para a família Orchidaceae,
originando um significativo aumento de
diversidade nas florestas tropicais.
Segundo Gentry & Dodson (1987), cerca
de 29 mil espécies são epífitas em todo o
mundo, o que corresponde a cerca de 10% de
todas as plantas vasculares, porém poucas
famílias dc plantas tiveram grande sucesso e
irradiaram-se como epífitas. Nas epífitas
vasculares, 80% estão concentrados em
apenas quatro famílias: Orchidaceae,
Bromeliaceae, Polypodiaceae e Araceae,
podendo constituir 1/3 de todas as espécies de
plantas vasculares em uma área ou 63% dos
Fraga, C. N. & Peixoto, A. L.
indivíduos de plantas vasculares, evidenciando
sua grande contribuição à florística e
fitossociologia de algumas florestas tropicais.
Para as Orchidaceae terrestres da
restinga do Espírito Santo observa-se um
relacionamento com as subfamílias, sendo duas
espécies de Vanilloideae, todas as
Orchidoideae (14) e 12 espécies de
Epidendroideae. Segundo Dressler (1981) os
gêneros que representam as subfamílias
Vanilloideae e Orchidoideae (sensu Cameron,
1999) são predominantemente terrestres em
todo o mundo, com poucas exceções.
Embora na maioria dos gêneros de
Epidendroideae o epifitismo seja
predominante, alguns gêneros desta subfamília
retornaram à forma de vida terrestre em
virtude de modificações ambientais pretéritas
(Barros, 1990).
O ambiente terrestre, no ecossistema
restinga, apresenta uma grande diferença
quanto a exposição à luz e ao alagamento,
podendo o sedimento ser encontrado
totalmente exposto, coberto por serapilheira
ou por água. As Orchidaceae que colonizam
os sedimentos da restinga acabam por ter um
amplo conjunto de ambientes. Os ambientes
com grande disponibilidade de luz e água
possibilitam a vida de espécies heliófi las
higrófilas, como as ocorrentes em áreas da
formação brejo herbáceo. Espécies que
necessitam de uma menor disponibilidade de
água, mas também são heliófilas, são
encontradas na formação aberta de Ericaceae,
sazonalmente alagada.
Outro grupo de espécies que vivem em
ambientes com grande disponibilidade de
luminosidade é formado por espécies heliófilas
não higrófilas, comuns na região de entre
nioihis nus farmuçfles uibuxllvas abertas e em
formações arbustivas fechadas, quando não
apresentam grandes alturas para
sombreamento, como observado por Fraga &
Pereira (1998) para a formação pós-praia do
Espírito Santo.
Para o grupo de espécies que não se
desenvolvem diretamente expostas ao sol
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Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo
13
(esciófílas), a presença de água próximo ao
sedimento possibilita que algumas espécies
instalem-se ao longo das restingas do Espírito
Santo, como observado por Pereira (1990a) e
Fabris (1995). No entanto, nenhuma espécie
apresenta-se restrita às regiões com pouca
luminosidade e com grande disponibilidade de
água das formações florestais periodicamente
ou pefmanentemente inundadas.
Há espécies que, além de se
desenvolverem em florestas periodicamente
inundadas, também foram detectadas na
floresta arenosa litorânea e em formações
arbustivas abertas, no interior das moitas.
As espécies terrestres esciófilas não
higrófilas vegetam normalmente no interior da
floresta arenosa litorânea. Dentre estas,
entretanto, algumas são comuns às formações
arbustivas fechadas ou ao interior das moitas
das formações arbustivas abertas, que
possibilitam um micro ambiente propício para
o desenvolvimento destas espécies.
As espécies epífitas facultativas são
encontradas sobre um forófito ou sobre o solo
arenoso, quando caem e sobrevivem nesta
condição ou quando aí germinam e sobrevivem.
Normalmente, estas espécies possuem
estruturas para se desenvolverem como
holoepifítas. Nas restingas do Espírito Santo
as espécies desta forma de vida foram
coletadas como holoepifítas e terrestres ou
citadas na literatura como holoepífitas e
coletadas nas restingas do Estado somente
como terrestres.
As espécies epífitas facultativas das
restingas do Espírito Santo são
preferencialmente epífitas em Floresta
Atlântica de Encosta e em Floresta de
Tabuleiro (Fraga, 2000), ocorrendo nas
formações arbustivas dás restingas do Estado
em ambas as formas de vida (holoepífita e
terrestre) e sendo preferencialmente
holoepífitas em formações florestais.
As hemiepífitas são representadas por
espécies de Vanilla, que estabelecem relação
temporária com o forófito por germinarem
como terrestre, passando a escalar o forófito,
Rodriguésia 54 (84): 5-20. 2003
e perdendo posteriormente o contato com o
solo, como já observado por Waechter (1998)
para planície costeira sul-rio-grandense.
Nas restingas do Espírito Santo, Vanilla
chamissonis apresenta uma forma de vida
mais próxima ao holoepifitismo, por encontrar-
se normalmente bem aderida ao caule através
de seu sistema radicular, enquanto Ví bahiana
encontra-se mais livre dos caules do forófito,
normalmente crescendo sobre pequenos
arbustos junto a sua copa, similar ao
comportamento de espécies escandentes de
outras famílias botânicas.
Similaridade florística das formações da
restinga do Estado do Espírito Santo.
Das 1 0 formações vegetais encontradas
nas restingas do Espírito Santo a família
Orchidaceae foi coletada em oito, classificadas
em ordem de importância quanto ao número
de táxons, em floresta arenosa litorânea (58),
formação aberta de Clusia (31), formação
aberta de Ericaceae (20), floresta
periodicamente inundada (14), formação pós-
praia (13), formação Palmae (10), formação
brejo herbáceo (3) e formação praial
graminóides (2). As formações halófila-
psamófila e floresta permanentemente
inundada são desprovidas de espécies de
Orchidaceae (Tabela 1).
Em relação à distribuição pelas
formações de restinga do Estado, Vanilla
bahiana é a espécie com maior distribuição,
ocorrendo em sete formações, seguida por
Eltroplectris calcarata e Oncidium ciliatum
que ocorrem em seis.
A partir da presença/ausência das
Orchidaceae, em uma ou mais formações,
obteve-se o dendograma de similaridade
llnrÍNtitüi (Figura 3), que apresentou uma
correlação cofenética satisfatória acima de 0,9.
Para auxiliar a visualização dos grupos
de espécies que mais influenciaram na união
entre as diversas formações tratadas na figura
3, optou-se por apresentar nas figuras 4, 5 e 6
os dendogramas de similaridade, entre as
formações e as espécies de cada tipo de forma
SciELO/JBRJ
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cm ..
14
formação brejo herbáceo
formação praial gramonóide
• floresta arenosa litorânea
i floresta periodicamente inundada
■ formação aberta de Ericaceae
: formação aberta de Clusia
- formação Palmae
- formação pós-praia
0,0 0,1 0,2 0.3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Figura 3- Similaridade florística entre as diversas
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com
base nas espécies de Orchidaceae (Correlação cofenética
= 0,9416).
de vida (terrestre, holoepífito e epífito
facultativo). As correlações cofenéticas foram
satisfatórias, estando acima de 0,78 para todos
os dendogramas.
Para as espécies terrestres, o
dendograma (Figura 4) está baseado em todas
as comunidades analisadas na figura 3,
enquanto nos dendogramas exclusivos para as
espécies holoepífitas (Figura 5) e epífitas
facultativas (Figura 6), as formações
herbáceas e formações herbáceas, juntamente
com a formação Palmae, respectivamente, não
foram consideradas na análise em função da
inexistência de espécies destas formas de vida
nestas formações.
Com base no dendograma (Figura 3),
pode-se observar que a maior similaridade
encontra-se entre a formação pós-praia e
formação Palmae, em função de estarem no
primeiro cordão arenoso, a uma mesma
Fraga, C. N.' & Peixoto, A. L
distância da linha de praia, ao longo de todo
litoral do Estado. Segundo Pereira (1990a),
estas formações mantêm-se, em média, a uma
mesma distância do lençol freático, o que
propicia uma umidade semelhante ao
sedimento para as duas formações, além de
estarem sujeitas mais diretamente ao vento
carregado de salinidade (Pereira, 1990a).
Nas formações arbustivas fechadas
(formação pós-praia e formação Palmae)
predominam espécies terrestres, sendo
Campylocentrum micranthum e Oncidium
ciliatum as únicas holoepífiticas. Segundo
Fraga & Pereira (1998) o pequeno porte das
plantas lenhosas é um fator limitante ao
estabelecimento de determinadas espécies
holoepífiticas de Orchidaceae, como
evidenciado pelo aumento significativo no
escore de similaridade quando analisadas
somente as espécies terrestres (Figura 4), e
pela diminuição do escore quando analisadas
somente espécies holoepífitas características
(Figura 5).
As formações arbustivas abertas de
Ericaceae e de Clusia ligam-se entre si e,
posteriormente, ligam-se às formações
arbustivas fechadas, com escores acima de
50% de similaridade, formando um grupo
exclusivo de formações arbustivas.
A ligação entre as formações abertas de
Ericaceae e de Clusia , unidades fisionômicas
semelhantes, formadas por moitas circulares
e uma região aberta com sedimento aparente,
0.0
0,10
0.34
0,54
0,78
0,0
0,32
0,85
0.63
-d
formação brejo herbáceo
formação praial gramonóide
floresta periodicamente inundada
floresta arenosa litorânea
formação aberta de Clusia
formação aberta de Ericaceae
formação Palmae
formação pós-praia
0.0 0,1 0.2 03 0,4 0.5 0,6 0.7 0,8 0.9 1.0
Figura 4- Similaridade florística entre as diversas
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com
base nas espécies de Orchidaceae terrestres (Correlação
cofenética = 0,9458).
0.37
0.26
038
0.43
floresta arenosa litorânea
formação aberta de Clusia
floresta periodicamente inundada
formação aberta de Ericaceae
formação Palmae
formação pós-praia
0,67
T 1 1 1 1 1 r
0,0 0,1 02 0,3 0.4 0,5 0,6 0,7 0.8 0.9 1.0
Figura 5- Similaridade florística entre as diversas
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com
base nas espécies de Orchidaceae holoepífitas (Correlação
cofenética = 0,7958).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
SciELO/JBRJ
> 13 14 15 16 17 18
Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo
15
0,18
0,59
0,43
0,67
floresta periodicamente inundada
floresta arenosa litorânea
formação aberta de Clusia
formação aberta de Ericaceae
formação pós-praia
0,0 0,1 0,2 0.3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0.9 1,0
Figura 6- Similaridade florística entre as diversas
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com
base nas espécies de Orchidaceae epífitas facultativas
(Correlação cofenética = 0,787 1).
é garantida principalmente pelas espécies
terrestres, ficando evidenciada pelo aumento
significativo no escore da similaridade entre
estas formações, quando analisadas somente
as espécies terrestres (Figura 4), sendo esta a
única forma de vida em que as duas formações
se mantêm ligadas (Figura 4, 5 e 6).
As espécies terrestres heliófilas da região
de borda de moita e de entre moitas são
bastante similares entre as duas formações
arbustivas abertas, onde as espécies
Catcisetum discolor, Cyrtopodium
polyphyllum, C. holstii, Epidendrum
denticulatum e Prescottia plantaginea se
distribuem em ambas as formações. Sobralia
liliastrum, presente somente na formação
aberta de Ericaceae, e Epidendrum
secundum, presente apenas em regiões
antropizadas da formação aberta de Clusia
em Setiba (Gurapari), foram as únicas
espécies terrestres heliófilas dissimilares entre
as duas formações.
Estas espécies terrestres heliófilas da
região de borda de moita e de entre moitas
parecem estar mais ligadas à luminosidade que
à disponibilidade de água, por distribuirem-se
de forma similar nas formações aberta de
Ericaceae e aberta de Clusia, como já
salientado por Pereira & Araújo (1995) e
Pereira (1990b) para a maioria das espécies
vegetais das regiões de entre moitas, mesmo
que na formação aberta de Ericaceae, o lençol
freático chegue em determinadas épocas do
ano bem próximo da superfície, alterando a
disponibilidade de água no sedimento.
Rodriguésia 54 (84): 5-20. 2003
Para as Orchidaceae terrestres
esciófilas, de interior de moitas, também se
observa que a maioria das espécies encontra-
se distribuída em ambas as formações abertas,
tais como Eltroplectris calcarata, E. triloba,
Habenaria leptoceras, Koelensteinia
altíssima, Oeceoclades maculata, Prescottia
aff. oligantha e Zygopetalum intermedium,
sendo apenas Cleistes revoluta e
Episthephium lucidum favorecidas pela
maior disponibilidade de água no sedimento,
presentes somente na formação aberta de
Ericaceae.
Embora as grandes moitas apresentem
micro-habitat que possibilitam o recrutamento
de espécies que não seriam capazes de
suportar condições mais severas, encontradas
em áreas desnudas (Zaluar & Scarano,
2000), somente poucas espécies de habitat
umbrófilos conseguem utilizar os micro-
habitat criados pela sombra das moitas,
ocasionando uma maior diversidade de
espécies terrestres esciófilas, comuns entre as
duas formações florestais, em relação àquelas
comuns entre as formações florestais e
arbustivas (Figura 4).
A formação aberta de Clusia detém
maior diversidade de espécies do que a
formação aberta de Ericaceae, estando todas
as holoepífitas da formação aberta de
Ericaceae presentes na formação aberta de
Clusia. Quando analisadas somente as
espécies holoepífitas (Figura 5), verifica-se que
as formações abertas de Clusia e de
Ericaceae separam-se, ficando ligadas com a
floresta arenosa litorânea e a floresta
periodicamente inundada, respectivamente.
Este fato vem a contribuir para baixar o escore
de similaridade entre as formações arbustivas
abertas, porém não sendo suficiente para
separá-las na análise geral (Figura 3).
Entre a formação aberta de Clusia e
floresta arenosa litorânea observa-se um
número expressivo de espécies holoepífitas
comuns ( Campylocentrum aciculatum,
C. micranthum, Cyrtopodium gigas, Notylia
pubescens, Oncidium ciliatum, Pleurothallis
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
16
Fraga, C. N. & Peixoto, A. L
pristeoglossa , P. saimdersiancí), porém, em
virtude de uma maior riqueza de espécies
holoepífitas na floresta arenosa litorânea, o
escore manteve-se baixo. Entre a formação
aberta de Ericaceae e a floresta
periodicamente inundada, a única espécie
comum desta forma de vida é Oncidium
ciliatum , sendo, neste caso, a ausência de
espécies holoepífitas que se apresenta similar
entre as formações.
A proximidade ao lençol freático não
representa um fator importante na seleção das
espécies holoepífitas das formações arbustivas
abertas e florestais, embora este fator deva
ser importante na seleção dos forófitos
arbóreos, justificando a presença/ausência de
diferentes forófitos em áreas inundáveis e em
áreas não inundáveis. Características como
estas podem ser observadas na análise das
espécies epífitas facultativas (Figura 6), onde
a formação aberta de Clusia e floresta
arenosa litorânea se ligam. Estas espécies
epífitas facultativas, no entanto, encontram-
se como holoepífitas e terrestres em
formações arbustivas, e preferencialmente
holoepífitas em formações florestais. As
espécies Brassavola tuberculata, Cattleya
gutatta, C. harrisoniana , E. latilabnim e
Oncidium baueri, enquadram-se neste tipo
de forma de vida.
O grupo de formações arbustivas
manteve uma ligação com a floresta
periodicamente inundada em níveis inferiores
a 50%, ligando-se, posteriormente, com a
floresta arenosa litorânea (Figura 3). A ligação
do grupo de formações arbustivas com a
floresta periodicamente inundada ficou
reforçada pela presença de EItroplecíris
calcarata , Episthephium lucidum ,
Koellensteinia altíssima, Oeceoclades
maculata, Oncidium ciliatum, Prescottia aff.
oligantha e Zygopetalum intermedium,
espécies distribuídas tanto no interior de moitas
mais sombrias como na floresta periodicamente
inundada.
O escore de ligação do grupo formado
pelas formações arbustivas e floresta
periodicamente inundada com a floresta
arenosa litorânea é mantido baixo (Figura 3),
em virtude da maior riqueza de espécies na
floresta arenosa litorânea e de espécies
exclusivas a esta formação vegetal que
acabam por representar ausências nas demais
formações analisadas.
Na análise que enfoca somente as
espécies terrestres (Figura 4) observa-se que
as duas formações florestais (floresta
periodicamente inundada e floresta arenosa
litorânea) encontram-se unidas entre si, e não
unidas com as comunidades abertas mais
similares em relação à disponibilidade de água
(aberta de Ericaceae e aberta de Clusia,
respectivamente). Esta ligação fica reforçada
pela presença de espécies como Beadlea
elegans, Paradisanthus micranthus e
Pelexia maculata, exclusivas de áreas com
pouca disponibilidade de luz destas duas
formações.
A medida que as florestas passam a
apresentar um dossel mais aberto, começam
a aparecer outras espécies, sendo então
favorecidas as espécies amplamente
distribuídas nas formações das restingas do
Estado e na maioria das vezes tolerantes a
uma maior luminosidade, como EItroplecíris
calcarata, E. triloba, Epidendrum
latilabrum, Habenaria leptoceras,
Koellenteinia altíssima, Oeceoclades
maculata, Prescottia aff. oligantha e P.
plantaginea encontradas também em regiões
mais abrigadas ou no interior das formações
arbustivas fechadas e abertas.
Um outro fator que contribuiu para a
ligação das formações arbustivas abertas e
formações florestais foi a presença de três
espécies terrestres heliófilas, típicas de regiões
abertas ( Cyrtopodium polyphyllum,
Prescottia plantaginea e Sacoila
lanceolata) em algumas áreas de floresta
degradada ao Norte do Estado, que foram
incluídas no cálculo da similaridade.
As formações arbustivas e florestais
ligam-sc com baixos escores às formações
herbáceas (inicialmente praial-graminóide e
Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
SciELO/JBRJ
2 13 14
Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo
17
posteriormente brejo herbáceo), que
apresentam vegetação diretamente exposta ao
sol, não possibilitando a ocorrência de
holoepifitismo ou de espécies esciófilas (Figura
3 e 4).
A formação praial-graminóide não
revelou semelhança com qualquer outra
formação isoladamente, mas sim uma
similaridade em nível de 10% com todas em
conjunto. Esta formação localiza-se, segundo
Pereira (1995), entre as formações halófila-
psamófila ( sensu Thomaz, 1 994) e formação
aberta de Clusia em Regência, município de
Linhares, não ocorrendo em outro ponto do
litoral do Espírito Santo. As únicas espécies
determinadas para esta formação foram
Catasetum discolor e Vanilla bahiana, sendo
as duas espécies também comuns a outras
formações de restinga. Segundo Fraga (2000),
estas espécies apresentam ampla distribuição
ao longo da restinga do Espírito Santo.
A formação brejo herbáceo também não
se liga a qualquer outra unidade isoladamente,
encontrando-se dissimilar ao conjunto de todas
as demais formações (Figura 3, 4). Diferente do
que ocorre com a composição florística da
formação praial-graminóide, as espécies nesta
formação são exclusivas ( Habenaría fastor, H.
parviflora e H. repetis), levando o escore de
ligação a 0%, pois só ocorrem em ambientes
heliófilos e com grande disponibilidade de água,
e, segundo Hoehne (1940), como a maioria das
espécies deste gênero.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela bolsa de Mestrado. Às
Instituições: Fundação O Boticário de
Proteção à Natureza (FBPN), The John D.
and Catherine T. MacArthur Foudation,
WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e
USAID ( United States Agency for
International Development, que financiaram
o projeto. A Helio de Queiroz Boudet
Fernandes diretor do Museu de Biologia
Prof. Mello Leitão e Curador do Herbário
MB ML, por ceder a estrutura do Museu para
o término da pesquisa. À coordenação do
Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003
Curso de Pós-Graduação de Botânica do
Museu Nacional - UFRJ. Aos curadores dos
herbários consultados. A Fábio de Barros e
Antônio Toscano de Brito, pelo auxílio na
identificação de diversas espécies. A Luciano
de Bem Bianchetti e João Aguiar Nogueira
Batista pela ajuda na identificação de
Cyrtopodium e Habenaría respectivamente.
A Dorothy Araújo pela correção do abstract.
A Mariana Machado Saavedra pelo auxílio na
correção final deste artigo.
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cm ..
Piperaceae do Nordeste brasileiro I: estado do Ceará
Elsie Franklin Guimarães 1
Luiz Carlos da Silva Giordano 2
RESUMO
Este trabalho trata das espécies de Piperaceae representadas no estado do Ceará, Brasil,
com interesse assentado no conhecimento taxonômico, como também no seu valor medicinal. O
tratamento taxonômico compreende descrições, chaves para identificação dos táxons e distribuição
geográfica com base no exame de exsicatas de herbários, incluindo tipos. Comentários sobre
utilidades e dados ambientais são atribuídos a algumas espécies. Para o Ceará, segundo o material
examinado, são assinalados 4 gêneros, separados principalmente pelo hábito e pela disposição das
inflorescências, constantes de 35 taxa que se distinguem pelos padrões de nervação foliar, bractéolas
florais e frutos. Os indivíduos destes táxons ocorrem nas áreas úmidas das serras de Baturité,
Maranguape, Aratanha e Machado; a maioria apresenta distribuição ampla, enquanto que Piper
rufipilum Yunck. é espécie endêmica da Chapada do Araripe e Ottonia leptostachia Kunth
constituiu-se em uma nova localidade.
Palavr as-chaves: Piperaceae/Taxonomia/Flora/Ceará/Medicinais,
ABSTRACT
The subject of this paper is the Piperaceae species which occur in the State of Ceará, Brazil,
with special attention paid to their taxonomy, as well as the medicinal value. The taxonomic treatment
used in this study were the following in the examination of dissected dried herbarium specimens
including types, descriptions, keys for identification of taxa and geographical distribution. Commentary
on the use and ambiental data are presented for some taxa. The State of Ceará denote in the
material examined 4 genera, differentiated by habitat and arrangement of inflorescence, in 35 taxa
which are distinguishable by their pattems of foliar nervation, floral bracteoles and fruits. The
individuais these taxa occur in the humid regions of the mountains of Baturité, Maranguape, Aratanha
and Machado; where the majority of them are widely distributed, whereas Piper rufipilum Yunck.
is only found in Chapada do Araripe and Ottonia leptostachia Kunth is found in yet another areà.
Key-words: Piperaceae/Taxonomy/Flora/Ceará/Medicinal.
INTRODUÇÃO
Estudos taxonômicos vêm sendo
desenvolvidos em Piperaceae no Brasil com
base nas pesquisas realizadas por T.G Yuncker,
especialista na família, que estabeleceu as
diretrizes para o entendimento desse grupo.
Em continuidade aos trabalhos encetados para
o Brasil, quer sejam no âmbito nacional ou no
regional, procurou-se conhecer as espécies da
família representadas no nordeste do país,
tendo em vista que a literatura informa a
importância de algumas como medicinais.
A identificação correta e a divulgação
permitirão aos estudiosos e pesquisadores em
fitoquímica e aos interessados no desenvolvimento
regional a utilização e a conservação destas
plantas que, provavelmente, constituirão
alternativas para as populações carentes.
O nordeste brasileiro conta com quatro
gêneros: Ottonia Spreng., Peperomia Ruiz &
Pav., Piper L. e Pothomorphe Miq., não tendo
sido assinalado o gênero Sarchorhachis Trel.,
exclusivo das Regiões Sudeste e Sul do Brasil.
1 Bolsista do CNPq. / Pesquisadora - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Programa Mata Atlântica.
Rua Pacheco Leão 9 15, Jardim Botânico, Rio de Janeiro /RJ - Brasil. CEP 22460-030. eguimar@jbrj.gov.br
Tesquisador - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Programa Diversidade Taxonômica.
Iuiz.giordano@jbrj.gov.br
SciELO/ JBRJ
13 14
cm ..
22
Como primeira informação, foram estudadas
aquelas ocorrentes no estado do Ceará,
compreendendo, conforme material examinado,
35 taxa que são tratados neste trabalho, incluindo
informações de habitat, distribuição geográfica,
dentre outras, como nomes populares e
comentários sobre suas utilidades, principalmente
daquelas com propriedade medicinal.
No Ceará as espécies encontram-se
representadas, principalmente, nas superfícies
dos relevos residuais cristalinos mais
proeminentes, cujas altitudes e a pequena
distanciado litoral determinam maiores índices
pluviométricos, desenvolvendo solos mais
profundos e, consequentemente, abrigando uma
flora diferenciada. Estas regiões, denominadas
serras úmidas, como Aratanha, Baturité e
Maranguape, são as preferidas por espécies de
Peperomia e certas espécies de Piper, que
apresentam indivíduos à sombra.
Nas encostas da Chapada do Araripe, no
sul do Ceará, e no topo do planalto do Ibiapaba,
na denominada Serra Grande, também foram
registradas espécies de Piperaceae.
MATERIAL E MÉTODOS
Na Sistemática da família Piperaceae
adotou-se a conceituação de Yuncker (1972,
1973, 1974), que considera 5 gêneros para o
Brasil: Ottonia Spreng., Piper L., Peperomia
Ruiz & Pav., Pothomorphe Miq. e
Sarcorhachis Trel.
Para o estudo taxonômico foi utilizado
material dos herbários, nacionais e estrangeiros,
B, BM, EAC, F, GH, ILL, K, L, MG, MO, NY,
R, RB, SP, U, US, e W (siglas de acordo com
Holmgren et ai, 1990). Os autores dos táxons
estão abreviados conforme Brummitt & Powell
Guimarães, E. F. & Giordano, L. C. S.
(1992). Os desenhos realizados em nanquim
ilustram detalhes taxonômicos relevantes
vegetativos e reprodutivos para melhor
identificação dos táxons, os quais foram
realizados com o auxílio de microscópio
estereoscópio Willd e óptico Cari Zeiss, equipado
com câmara clara, em diferentes escalas de
aumento. Os dados complementares, como
nomes populares, hábito, habitat, utilidades,
dentre outros, foram extraídos de literatura, além
das informações contidas nas etiquetas das
exsicatas consultadas.
RESULTADOS
Piperaceae C.Agardh, Aphor. bot. 14:201. 1824.
Ervas eretas ou escandentes, subarbustos,
arbustos ou pequenas árvores, terrestres ou
epífitas. Folhas estipuladas, alternas, opostas ou
verticiladas, sésseis ou pecioladas, inteiras, de
consistência e formas as mais diversas,
tricomas muito variados, geralmente dotadas de
glândulas translúcidas. Flores aclamídeas,
diminutas, monoclinas ou diclinas, protegidas por
bracteólas pediceladas ou sésseis, sacado-
galeadas ou peitadas, dispostas esparsas ou
congestas em espigas, formando umbelas ou
não, ou dispostas em racemos, axilares ou
terminais, opostos ou não às folhas. Estames
2-6, livres ou adnatos às paredes do ovário;
anteras rimosas, bitecas ou unitecas. Ovário
supero, séssil, geralmente imerso na raque, ou
pedicelado, unilocular, uniovulado; óvulo basal,
ortótropo; estilete presente ou ausente, 1-4
estigmas variáveis na forma. Fruto drupa, séssil
ou pedicelado. Endosperma escasso,
apresentando perisperma; embrião mínimo.
Gênero tipo: Piper L.
CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS DE PIPERACEAE DO CEARÁ
1. Inflorescências do tipo racemo 1- Ottonia
1’. Inflorescências do tipo espiga.
2. Ervas 2. Peperomia
2’. Arbustos ou subarbustos.
3. Espigas solitárias 3. Piper
3’. Espigas não solitárias, dispostas em umbelas 4. Pothomorphe
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Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
1. Ottonia Spreng., Neue Entd. 1: 255. 1820.
Arbustos ou subarbustos nodosos. Folhas
com estipulas opositifólias, geralmente curvadas
e pequenas, pecioladas, por vezes subsésseis;
lâmina elíptica ou ovado-oblonga, glabra ou
providas de tricomas. Inflorescências
glandulosas ou não, dispostas em racemos
opositifólios, solitários, quando jovens
apresentam-se como uma pseudo-espiga,
quando maduros com pedicelos crescentes;
23
raque pilosa ou não. Flores monoclinas, com
bractéolas pediceladas, sacado-galeadas.
Estames 4, equidistantes em tomo do ovário,
livres, com filetes sustentando anteras
subglobosas, articuladas. Ovário oblongo,
ovado ou elíptico, uniovulado, papiloso;
estigmas 4, reflexos. Drupas sulcadas,
tetragonais, glabras, agudas ou apiculadas,
coroada pelos estigmas persistentes.
Espécie tipo: Ottonia anisum Spreng.
CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES E VARIEDADES DE OTTONIA
1. Folhas sub-sésseis; flores com pedicelos curtos, menores que os frutos.
2. Folhas e inflorescências não glandulosas 1 . 1 . 1 . O. leptostachya var. leptostachya
2’ . Folhas e inflorescências glandulosas 1.1.2 .0, leptostachya var. glanditlosa
F. Folhas pecioladas; flores com pedicelos do mesmo comprimento ou maiores que os frutos
1.2. O. propinqua
1.1.1. Ottonia leptostachya Kunth var.
leptostachya , Linnaea 13: 586. 1839.
Arbusto nodoso, com 1-2 m de altura. Folhas
sub-sésseis; lâmina elíptica, 12-15 x 5-7 cm, não
glandulosa, base com um lado um pouco mais longo
que o outro, às vezes cordada, ápice atenuado-
acuminado, tricomas hirtos próximos à margem
da face abaxial, papirácea ou cartácea. Racemos
não glandulosos, ca. 10 cm compr., 0,5-0,6 cm diâm;
bractéolas sacado-galeadas, glabras; flores com
os pedicelos curtos, menores que os frutos. Drupa
oblonga ou globosa, sulcado-tetragonal, apiculada,
em pedicelos com comprimento menor que as
mesmas.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados de
Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio
de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Comentário: Citada pela primeira vez para o
estado do Ceará.
Material examinado: Pacatuba, Sitio Monte
Alegre, Serra da Aratanha, 4.X.1979, A.J.
Castro & P. Martins s.n. (EAC 7059); São
Benedito, Laranjeiras - Inhuçú, embaixo da mata
úmida do planalto da Ibiapaba, 14.IV. 1990, MA.
Figueiredo s.n. (RB 311061, EAC 18632).
1.1.2. Ottonia leptostachya var. glandulosa
Yunck., Boi. Inst. Bot. São Paulo 3: 135. 1966.
Esta variedade diferencia-se da típica pela
presença profusa de glândulas nas folhas e
inflorescências.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados da
Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Comentário: Citada pela primeira vez para
o estado do Ceará.
Material examinado: Laranjeiras, Inhuçú,
Planalto da Ibiapaba, 14. IV. 1990, M.A.
Figueiredo s.n. (EAC 18632); Pacatuba, Serra
da Aratanha, Sítio Monte Alegre, 04.X.1979,
A.J. Castro & P. Martins s.n. (EAC 7059).
1.2. Ottonia propinqua Kunth, Linnaea 13:
583. 1839.
Arbusto com 1-2,5 m de altura. Folhas
pecioladas; lâmina elíptico-lanceolada, 10-18
x 4-9 cm, glandulosa, base subarredondada,
obtusa ou, às vezes, cordada, raro aguda,
ápice acuminado, cartácea, glabra em ambas
as faces, exceto pelos tricomas híspidos
submarginais na base da face abaxial.
Racemos glandulosos, 5-6 cm compr., ca.1,3
cm diâm. quando na frutificação; bractéolas
sacado-galeadas, glabras; flores com
pedicelos do mesmo comprimento ou maiores
que os frutos. Drupa ovada, aguda no ápice,
em pedicelo do mesmo comprimento ou maior
que a mesma.
Rodriguésia 54 (84): 21-46. 2003
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
24
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa
Catarina.
Comentários: Planta encontrada no alto da Serra
de Baturité. Suas inflorescências são consideradas
carminativas e estomacais. Conhecida
popularmente como chá-bravo, jaguarandi,
jaborandi, jaborandi-do-mato, zebrandim e, ainda,
jambrandim (Peckolt & Peckolt, 1888; Braga,
1953; Guimarães et ai, 1978).
Material examinado: Guaramiranga, Riacho
do Capim, 21.VII.1908, Duckes.n. (MG 1366);
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et al. s.n. (EAC 15929); s.l., s.d., Fr. Allemão
1463 (R); Sítio Brejo, Mulungu, 13.V. 1978, M.A.
Guimarães, E. F. & Giordano, L C. S.
2. Peperomia Ruiz & Pav., Fl. peruv. prodr.:8.
1794.
Ervas terrestres ou epífitas, freqüentemente
carnosas; caules eretos ou prostrados. Folhas
alternas, opostas ou verticiladas; lâmina
membranácea, cartácea ou carnosa. Espigas
axilares, terminais ou opostas às folhas; bractéolas
arredondado-peltadas; flores congestas ou laxas,
dispostas em depressão da raque carnosa ou
membranácea, às vezes alada, glabra ou com
tricomas. Estames 2, laterais. Ovário de globoso
a subcilíndrico, glabro; estigma 1. Drupas
estipitadas ou não, globosas, ovóides ou
subcilíndricas, agudas ou mamiliformes, providas
no ápice de um escudo oblíquo ou rostrado,
glabras, estigma persistente.
Espécie tipo: Peperomia pellucida (L.) Kunth
Figueiredo s.n. (RB 311051, EAC 4394).
CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES E VARIEDADES DE PEPEROMIA
1. Folhas alternas
2. Lâmina foliar espatulada; drupa provida de escudo rostrado 2.1 .P obtusifolia
2’. Lâmina foliar ovada, ovado-arredondada, ovado-elíptica, ovado-lanceolada, lanceolada ou
arredondada; drupa sem escudo rostrado.
3. Lâmina 2-5 mmcompr., ápice emarginado; drupa estipitada 2.2. P emarginella
3’. Lâmina além de 5 mm compr., ápice não emarginado; drupa não estipitada.
4. Drupa longitudinalmente estriada 2.3. P. pellucida
4’. Drupa não estriada.
5. Lâmina foliar arredondado-peltada na base 2.4. P. lanceolato-peltata
5’. Lâmina foliar não arredondado-peltada na base.
6. Folhas com lâmina negro-pontuada, glabra, se providas de tricomas, apenas
uma fdeira decorrente na margem do pecíolo.
7. Erva reptante, estolonífera; lâmina foliar ovado-elíptica ... 2.5. 1 . P glabella var. glabella
T. Erva epífita, pendente; lâmina foliar lanceolada 2.5.2. P. glabella var. nervulosa
6’. Folhas com lâmina não negro-pontuada, crespo-pubescente, desprovida de Fileira
de tricomas decorrentes no pecíolo 2.6. P. rotundifolia
1’. Folhas opostas ou 3-4 verticiladas.
8. Folhas 4-verticiladas; raque da espiga com tricomas 2.7. P tetraphylla var. tetraphyl.la
8’. Folhas opostas ou temadas; raque da espiga glabra.
9. Lâmina foliar orbicular. 2.8. P. circinata var. circinata
9’. Lâmina foliar não orbicular.
10. Pecíolo viloso, lâmina densamente vilosa quando as folhas são jovens .. 2.9. P blanda
10’. Pecíolo glabrescente, lâmina glabra, se pilosa crespo-pubescente apenas na nervura
mediana, raramente ao longo das nervuras secundárias.
11. Lâmina foliar 5-8 cm compr., 5-nervada; drupa globosa, ovóide, ápice oblíquo,
pseudocúpula ausente 2.10. P. decipiens
11 ’. Lâmina foliar 2-3 cm compr., 3-nervada; drupa de ovóide a subcilíndrica, ápice
agudo, pseudocúpula basal 2.11. P. dahlstedtii
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
Piperaceae do nordeste brasileiro l: estado do Ceará
2.1. Peperomia obtusifolia (L.) A.Dietr., Sp.
pl. 1: 154. 1831.
(Fig. 1 d)
Piper obtusifolium L., Sp. pl. 30, 1753.
Erva rupícola, umbrófila; caule suculento,
reptante ou ascendente, carnoso, com entrenós
relativamente longos providos de longas raízes.
Folhas alternas; pecíolo com 2-4 cm compr.;
lâmina espatulada, 5,5-8 x 2-4 cm, base subovada
ou cuneada, longamente decurrente no pecíolo,
ápice obtusamente arredondado, geralmente reto
ou mais ou menos emarginado, carnosa,
densamente glanduloso-pontuada. Espigas 5-12
cm compr., eretas, solitárias ou aos pares;
pedúnculo de 3-4 cm compr., com tricomas hirtos;
bractéolas arredondado-peltadas; flores
congestas. Drupa ovado-cilíndrica ou cilíndrica,
com escudo rostrado no ápice, quase do mesmo
comprimento da drupa.
Distribuição geográfica: Continente
Americano e Antilhas. No Brasil ocorre nos
estados do Amazonas, Pará, Espírito Santo,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Comentários: As folhas carnosas e
espatuladas, as inflorescências longas com
flores congestas e os frutos com escudo
alongado, dão à espécie condições para uso
como ornamental.
Material examinado: Pacatuba, Serra de
Aratanha, Sítio Pitaguarí, 10.X.1978, A.
Fernandes s.n. (EAC 4186); id., 10.X.1978, A.
Fernandes s.n. (EAC 4187); Serra de
Maranguape, 23.1. 1968, Z Trinta 1274, E. From
Trinta 2207, E. Santos 2215 & J. Sacco 2411
(R); id., 27.VI.1981, P. Martins & Nunes s.n.
(EAC 10508, RB 306722); s.L, s.d., J. Saldanha
8092 (R); s.L, s.d., Fr. Allemão 1460 (R).
2.2. Peperomia emarginella (Sw. ex Wikstr.)
C.DC, Prodr. 16(1): 437. 1869.
Piper emarginellum Sw. ex Wikstr.,
Kongl. Vetensk. Acad. Handl.:56. 1828.
Erva reptante delicada, glabra ou levemente
provida de tricomas; caule filiforme. Folhas
alternas; lâmina ovada ou ovado-arredondada,
2-5 x 3-5 mm, base arredondada ou cordada, às
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
25
vezes levemente peitada, ápice obtuso ou
subtruncado-emarginado, glabra, sedoso-ciliada
na margem. Espigas terminais, 1-2 mm compr.;
pedúnculo ca.l cm compr.; bractéolas
arredondado-peltadas; flores laxamente dispostas.
Drupa estipitada, elipsoidal ou obpiriforme, ápice
oblíquo-escuteliforme (Yuncker, 1974).
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
do Ceará, São Paulo e Paraná.
Material examinado: s.L, s.d., Fr. Allemão
& Cysneiros 1459 (R).
2.3. Peperomia pellucida (L.) Kunth, Nov.
gen. sp. 1: 64. 1815.
(Fig. 1 a)
Piper pellucidum L., Sp. pl.: 30. 1753.
Erva terrestre, suculenta, com pontuações
translúcidas; caule ereto, ramificado. Folhas
alternas, longo-pecioladas; lâmina ovada, 1,5-
2,5 x 1-2 cm, base cordada, ápice agudo,
membranácea. Espigas terminais, axilares ou
opositifólias, até 5 cm compr.; pedúnculo ca.5
mm compr.; bractéolas arredondado-peltadas;
flores esparsamente dispostas. Drupa elipsóide,
não estipitada, longitudinalmente estriada.
Distribuição geográfica: América do Norte,
Central (Antilhas) e América do Sul. No Brasil
ocorre desde o Amazonas até o Paraná, com
representantes em locais úmidos, principalmente
em paredões e muito frequente em jardins.
Comentários: No Brasil, em Santa Catarina,
é conhecida como comida-de-jaboti ou erva-
de-jaboti, erva-de-vidro (Guimarães et al.,
1984; Vieira, 1992); é popularmente usada na
Amazônia para combater a tosse ou a dor de
garganta, sendo ainda antipruriginosa e
diurética, utilizada sob a forma de chá ou
infusão preparados com as raízes e toda a
planta, não raro, é consumida como excelente
salada (Van Den Berg, 1993). Outros nomes
populares são atribuídos a esta planta, como
“corazon de hombre” e “yerba de la plata” em
Cuba, “herbe a la curesse” nas Antilhas
Francesas (Roig y Mesa, 1988).
Peckolt & Peckolt (1888), tecem algumas
considerações sobre o jaboti-membeca,
informando que é uma planta aromática, utilizada
SciELO/JBRJ
13 14
26
Guimarães, E. F & Giordano, L C. S.
Figura 1 - a) Peperomiapellucida (L.) Humb., Bonpl. et Kunth: parte da espiga detalhando bractéolas e frutos (escala =
1 mm); b) Peperomia tetraphylla (G.Forst.) Hook et Am.; parte da espiga em fruto (escala = 1 mm); c) Peperomia glabella
(Sw.) A.Dietr.: parte da espiga em flor (escala = 1 mm); d) Peperomia obtusifolia (L.) A.Dietr.: parte da espiga em fruto
(escala = 1 mm).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
-SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm i
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
sob a forma de infusão em “5 partes das folhas
para 1 00 de água fervida na dose de uma xícara,
3 vezes ao dia”, para tratamento de reumatismo.
Considerada útil nas inflamações do reto, nas
doenças do coração, sendo que o sumo da planta
é apreciado quando aplicado sobre mordeduras
de cobras (Roíg y Mesa, 1945).
Fosberg & Sachet (1975), assinalam esta
espécie para a Flora da Micronésia,
informando seu uso medicinal, em Sonsorol,
cujo suco resultante da trituração é aplicado
sobre cortes. Silva Teixeira et al. (1991),
mencionam a utilização das folhas da erva-de-
jaboti, sob forma de chá, contra a hipertensão
e outras patologias.
Material examinado: Maranguape, 7.V.1909,
Ducke s.n. (MG 2264); s.l„ s.d., Fr. Aílemão 1461
& Cyneiros (R); s.L, s.d., Saldanha 8093 (R).
2.4. Peperomia lanceolato-peltata C.DC., J.
Bot. 4: 136, 1866; Yuncker, Floehnea 4: 192,
fig. 410. 1974.
(Fig. 2 a-c)
Erva com caule espessado, semelhante
a rizoma. Folhas alternas; lâmina ovado-
lanceolada, 4-7 x 2,5-4, 5 cm, base arredondado-
peltada, ápice acuminado, 7-palmati-nervada,
esparsamente vilosa em ambas as faces, ciliadas
na margem, membranácea. Espigas axilares ou
terminais, 10-15 cm compr.; pendúnculo com
ca.4 cm compr.; bractéolas arredondado-
peltadas, glabras, sinuosas na margem; flores
esparsamente dispostas. Drupa globoso-ovóide,
não estipitada, lisa, ápice suboblíquo, verrucoso.
Distribuição geográfica: América do Sul. No
Brasil encontrada somente no estado do Ceará.
Comentários: As folhas longo pecioladas e
as lâminas arredondado-peltadas dão a esta
espécie características ornamentais. No estado
do Ceará somente o exemplar coletado em
1939 documenta esta espécie para o mesmo.
Material examinado: Serra de Baturité,
20.VI.1939, Pe. Eugênio Leite 469 (RB).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
27
2 . 5 . 1 . Peperomia glabella (Sw.) A.Dietr. var.
glabella, Sp. pl. 1: 56. 1831.
(Fig.lc)
Piper glabelhnn Sw., Prodr. 16. 1788.
Erva reptante, estolonífera, com ramos
espandidos, glabros, exceto por uma linha de cílios
nas margens do pecíolo, ao longo do caule. Folhas
alternas, curto-pecioladas; lâmina ovado-elíptica,
2,5-3 x 0,5-2, 8 cm, base decorrente no pecíolo,
ápice agudo, ciliado, subcamosa ou membranácea,
negro-pontuada em ambas as faces. Espigas
longas, eretas, terminais, superando 2-4 ou mais
vezes o comprimento da lâmina foliar; pedúnculo
1-1,5 cm compr., glabrescente; raque negro-
pontuada, glabra; bractéolas peitadas; flores
esparsamente dispostas. Drupa ovado-globosa,
não estipitada, com papilas viscosas, escudo
pequeno, levemente oblíquo no ápice.
Distribuição geográfica: Antilhas, Américas
Central e do Sul. No Brasil, nos estados do
Amapá, Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
São Paulo e Santa Catarina.
Comentários: Espécie crescendo geralmente
no interior da mata, própria de floresta com
luz difusa; por suas características morfológicas
pode ser cultivada como ornamental. Não foi
assinalado nome popular para o Ceará; no Sul
do Brasil, em Santa Catarina, é conhecida
como erva-de-vidro (Guimarães et al., 1984).
Material examinado: Serra de Baturité,
IX. 1897, Cttrran 220 (MG); Maranguape, topo
da Serra de Maranguape, 28. VI. 1 98 l,P Martins
& E. Nunes s.n. (EAC 10570); Serra de
Maranguape, 14.IX.1908, Ducke s.n. (MG
1627); s.l., 1860, Fr. Alletnão 1458 (R); s.L,
9.XII.1937, Pe. José Eugênio Leite 465 (RB);
s.l., s.d., Saldanha 8091 (R).
2 . 5 . 2 . Peperomia glabella var. nervulosa
(C.DC.) Yunck., Ann. Missouri Bot. Gard. 37;
98, 1950.
Peperomia nxelanostigma var.
nervulosa C.DC., Prodr. 16(1): 409. 1869.
Caracteriza-se principalmente pelo hábito
epífito e por apresentar a lâmina foliar
lanceolada, 3-8 x 1-3 cm, base aguda e ápice
agudo ou longamente acuminado.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
Figura 2 - Peperomia lanceolato-peltata C.DC.: a) hábito (escala = 1 cm); b) parte da espiga mostrando bractéolas i
frutos esparsos (escala = 1 mm); c) fruto (escala = 1 mm).
Distribuição geográfica: Suriname e Brasil, nos
estados do Amazonas, Amapá, Pará, Ceará, Rio
de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Comentários: Presta-se para cultivo como
ornamental.
Material examinado: Maranguape, topo da
Serra, 28.VI.1981, E. Nunes & P. Martins s.n.
(RB 306718, EAC 10570); Serra de Baturité,
IX- 19 10, E. Ele 9021 (NY).
2.6. Peperomia rotundifolia (L.) Humb.,
Bonpl. & Kunth, Nov. gen. sp. 1: 65. 1815.
Piper rotundifolium L., Sp. pl. 30, 1753.
Erva delicada, epífita; caule delicado,
crespo-puberulento a glabrescente. Folhas
alternas; pecíolo glabrescente com ca.5 mm
compr.; lâmina arredondada, 0,3- 1,2 x 0,3- 1,2
cm, arredondada na base e no ápice, subpeltada
e obscuramente contínua sobre o pecíolo;
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
cm 1
■SciELO/JBRJ
Guimarães, E. F & Giordano, L C. S.
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
palmati-3-nervada, membranácea, crespo-
pubescente. Espigas terminais, ca.2 cm compr.;
pedúnculo 4-5 mm compr.; raque glabra;
bractéolas arredondado-peltadas; flores
esparsas. Drupa globoso-ovóide, oblíquas no
ápice.
Distribuição geográfica: Continente
Americano e Antilhas. No Brasil, nos estados
do Amazonas, Pará, Pernambuco, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Comentários: Espécie geralmente com
representantes epífitos nos troncos e ramos das
árvores, não raro cultivados em vasos ou
placas como ornamentais.
Material examinado: Serra de Baturité, Sítio
B. Inácio, 1937, Pe. J. Eugênio Leite 466 p.p.
(RB); Serra de Maranguape, 23.1.1968, Z.
Trinta 1281 , E. Frotn Trinta 2214, E. Santos
2322 & J. Sacco 2418 (R).
2.7. Peperomia tetraphylla (G.Forst.) Hook. &
Am. var. tetraphylla, Bot. Beechey Voy.:97, 1841.
(Fig.lb)
Piper tetraphyllum GForst., Fl. ins. austr.
5. 1786.
Erva epífita; caule sulcado, com tricomas
curtos ou longos, eretos ou curvos. Folhas 4-
verticiladas, curto-pecioladas; lâmina elíptica,
0,6-2 x 0,5- 1,2 cm, carnosa, base e ápice
agudos, glanduloso- pontuada na face adaxial,
pubescente na abaxial. Espigas axilares ou
terminais, eretas ou curvas; pendúculo 1-2,5
cm compr.; raque com tricomas pubescentes;
bractéolas arredondadas, glandulosas; flores
densamente agrupadas. Drupa elíptica, ca.2
mm diâm., com parte inferior imersa na raque.
Distribuição geográfica: No Brasil, nos
estados do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul.
Comentários: Espécie própria de lugar úmido
e sombrio, geral mente crescendo em troncos
ou ramos das árvores; pode ser cultivada como
ornamental.
Material examinado: Serra de Barurité,
IX. 1910, Ule 9018 (B).
29
2.8. Peperomia circinata Link var. circinata,
Jahrb. 1(3): 64. 1820.
Erva carnosa, delicada, reptante; caule
crespo-pubescente. Folhas opostas, subsésseis;
lâmina orbicular, 3-5 mm de diâm., obscuro-3-
nervada, crespo- pubescente em ambas as faces.
Espigas pequenas, terminais, 1-2 cm compr.;
pedúnculo ca.2 cm compr., bi-bracteado, crespo-
pubescente; raque glabra; bractéolas peltado-
arredondadas; flores congestas. Drupa ovado-
globosa, aguda no ápice, submersa na raque.
Distribuição geográfica: Antilhas e América
do Sul. No Brasil, nos estados do Amazonas,
Pará, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Ceará,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Comentários: Os espécimes ocorrem nos
troncos das árvores e arbustos desenvolvidos,
às vezes em troncos caídos nas matas, em locais
sombrios; são cultivados como ornamental.
Material examinado: Aratuba, Sítio Jacarandá,
30. VIU. 1980, M. A. Figueiredo s.n. (EAC8923);
Serra de Baturité, Sítio B. Inácio de Azevedo,
1937, Pe. J. Eugênio 466 p.p. (RB).
2.9. Peperomia blanda (Jacq.) Kunth, Nov.
gen. sp. 1: 67. 1815.
Piper blandum Jacq., Collectanea 3:211.
1789.
Erva rupestre, tomentosa. Folhas opostas
ou verticiladas 3 a 3; pecíolo viloso; lâmina elíptica
ou obovada, 1 ,5-3,5 x 1-2,7 cm, base aguda, ápice
agudo ou obtuso, densamente vilosa quando
jovem, quando adulta com tricomas vilosos em
ambas as faces, mais profusos na face abaxial
ao longo das nervuras. Espigas terminais, 6-14
cm compr.; pendúnculo 1,7-2 cm compr.; raque
glabra; bractéolas arredondadas, glandulosas;
flores esparsamente dispostas. Drupa globoso-
ovóide, ápice oblíquo.
Distribuição geográfica: Antilhas e América
do Sul. No Brasil nos estados de Roraima,
Goiás (Brasília-DF), Ceará, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Material examinado: Serra de Baturité,
23.1.1915, Dusen 16470 (NY); id„ Bico Alto,
23.IV. 1909, Ducke s.n. (MG 2054).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
SciELO/JBRJ,
13 14
cm ..
30
2.10. Peperomia decipiens C.DC., Notizbl.
Bot. Gart. Berlin-Dahlem 6 (62): 493. 1917.
Erva ereta, com tricomas crespo-
pubescentes variando até 0,1 cm compr. Folhas
inferiores opostas e superiores comumente
temadas; pecíolo glabrescente; lâmina lanceolada
ou lanceolado-elíptica, 5-8 x 1,3-2, 5 cm, base
cuneada, ápice agudo, 5-nervada, glabra em
ambas as faces, se pilosa apresentando tricomas
crespo-pubescentes apenas na nervura principal,
ou, raramente, ao longo das nervuras secundárias,
ciliada na margem. Espigas terminais e axilares,
ca. lOcm compr.; pedúnculo ca.2-5 cm compr.,
crespo-pubescente; raque glabra; bractéolas
arredondado-peltadas; flores esparsamente
dispostas. Drupa globoso-ovóide, com ápice
oblíquo, pseudocúpula ausente.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
de Roraima e Ceará.
Comentários: As folhas opostas e cuneadas
determinam nesta espécie características para
cultivo como ornamental; entretanto, trata-se
de planta rara, endêmica do Brasil, coletada
para documentação científica somente no início
do século passado.
Material examinado: Serra de Baturité, Bico
Alto, 12.VIII.1908, Duckes.n. (MG 1535).
2.11 .Peperomia dahlstedtii C.DC.,'Candollea
1:305,385. 1923.
Erva reptante, crassa, glabra. Folhas 2-3(-
4) em cada nó; pecíolo hirtelo; lâmina elíptica,
elíptico-obovada, 2-3 x 1 -2 cm, base subcuneada,
ápice obtuso ou arredondado, levemente ciliado,
3-nervada, nervuras impressas na face adaxial e
Guimarães, E. F & Giordano, L C. S.
promínulas na face abaxial. Espigas terminais, ca.7
cm compr.; pedúnculo hirtelo, 1 ,5-2,5 cm compr.;
raque glabra; bractéolas arredondadas; flores
congestas. Drupa de ovóide a subcilíndrica, ápice
agudo, pseudocúpula basal.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
do Amazonas, Ceará, Paraná e Mato Grosso.
Comentários: Está assinalada pela primeira
vez para o estado do Ceará.
Material examinado: Pacatuba, Serra da
Aratanha, Sítio Pitaguarí, 09. X. 1978, A.
Fernandes s.n. (EAC 4188).
3. Piper L., Gen. pl. 1: 333. 1737.
Arbustos, subarbustos ou arvoretas,
geralmente variando entre 1-10 m de altura,
mais ou menos ligni ficados, ramosos, não raro
nodosos. Folhas alternas, forma e tamanho
variáveis. Espigas opostas às folhas,
pedunculadas; raque sulcada, lisa, papilosa ou
fimbriada; bractéolas variando em forma e
tamanho, às vezes côncavas, concheiformes,
não raro cuculadas, glabras, pilosas ou
fimbriadas. Flores aperiantadas, densamente
congestas ou laxas. Estames 2-5. Ovário de
forma variável, glabro ou apresentando
tricomas; estigmas 3, raro 2-4, sésseis ou não,
persistentes no fruto. Drupas de forma variável,
com pericarpo pouco espessado.
Espécie tipo: Piper nigrum L.
Distribuição geográfica: Gênero com larga
distribuição pelas regiões tropicais e temperadas
dos dois hemisférios. No Brasil, ocorrem cerca
de 266 espécies, estando representado no
Ceará por 13 espécies e 4 variedades.
CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES E VARIEDADES DE PIPER
1. Nervuras foliares partindo da base, palmatinérveas.
2. Lâmina foliar cordada na base, ciliada na margem
3. Lâmina foliar glabra em ambas as faces 3. 1 . 1 . P rnarginatum var. marginatum
3’. Lâmina foliar com tricomas.
4. Tricomas nas nervuras em ambas as faces 3.1.2. P. marginatum var. anisatum
4’. Tricomas adpressos na face adaxial e pubescentes nas nervuras da face abaxial
3.1.3. P. marginatum var. catalpifolium
T. Lâmina foliar aguda ou atenuada na base, não ciliada na margem 3.2. P amalago var. médium
1’. Nervuras foliares não partindo da base, peninérveas.
5. Lâmina foliar assimétrica na base; bainha percorrendo toda a extensão do pecíolo, geralmente alada
Kodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
SciELO/ JBRJ
13 14 15
cm ..
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 3 j
6. Lâmina com base cordado-auriculada 3.3. P cemuum var. cernuum
6’. Lâmina com base não cordado-auriculada.
7. Lâmina foliar de 8-15 cm compr.
8. Plantas arbustivas 3.4.1 P tuberculatum var tuberculatum
8’. Plantas escandentes 3.4.2. P tuberculatum var. scandens
7’. Lâmina foliar acima de 15 cm compr.
9. Lâmina até 9,5 cm larg., glabra em ambas as faces 3.5.1. P arborewn var. arbotvum
9’. Lâmina além de 12cm larg., glabra na face adaxial ou, ás vezes, pubescente ao longo
das nervuras de ambas as faces 3.5.2. P. arborewn var. latifolium
5’. Lâmina foliar simétrica ou pouco assimétrica na base; bainha curta não percorrendo toda a
extensão do pecíolo, geralmente formando uma cavidade na base ou em forma de canal, não
alada ou, às vezes, levemente alada.
10. Nervuras secundárias dispostas, em relação à principal, até o ápice da lâmina.
11. Lâmina foliar com nervuras impressas na face adaxial; raque pubescente, bractéola
cuculada; drupa tetragonal 3.6. P. bartlingianum
1 1’. Lâmina foliar com nervuras salientes na face adaxial; raque glabra, bractéola peltado-
orbicular, marginalmente franjada; drupa oblonga ou obpiramidal 3.7. P. divaricatum
10’. Nervuras secundárias dispostas, em relação à principal, até a porção mediana, abaixo ou
pouco acima.
1 2. Lâmina foliar com base simétrica 3.8. P. rufipilum
12’. Lâmina foliar com base assimétrica.
13. Lâmina glabra na face adaxial; estigmas em estilete longo ... 3.9. P. crassinervium
13’. Lâmina escabrosa na face adaxial; estigmas sésseis ou em estilete curto.
14. Tricomas na face abaxial da lâmina foliar, profusos, velutíneos, sedosos ao
tato 3.10. P mollicomum
14’. Tricomas na face abaxial das folhas, híspidos, ásperos ao tato.
15. Inflorescências com pedúnculo de 1-2 cm compr.
16. Lâmina foliar rômbica 3. 1 1 . P dilatatum
16’. Lâmina foliar ovado-lanceolada 3. 12. P aduncum
15’. Inflorescências com pedúnculo até 1 cm compr.
17. Tricomas dos ramos escabrosos
3.13.1. P. hispidum var. hispidum
17’. Tricomas dos ramos adpressos
3.13.2. P hispidum var. trachydermum
1 cm compr.; bractéolas triangular-peltadas,
franjadas. Estames 4-5. Drupa obpiramidal,
glabra, 3 estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos
estados do Amazonas, Pará, Ceará, Paraíba e
Pernambuco.
Comentários: No Ceará é conhecida como
capeba-mansa e tem seus frutos usados como
substitutos da pimenta-do-reino, à semelhança
dos selvagens que a utilizam como condimento
(Braga, 1953). Na Amazônia é conhecida
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
3 . 1 . 1 . Piper marginatum Jacq. var.
marginatum Icon. pl. rar. 2: 2. 1786-1793.
(Fig.3)
Arbusto ou arvoreta com até 5 m de
altura. Folhas com pecíolo de 2-6 cm compr.;
lâmina ovada, 10-20 x 7-15 cm, base cordada,
ápice agudo ou acuminado, membranácea,
glabra em ambas as faces, exceto pela
presença da densa ciliação na margem;
nervuras 7-11, palmatinérveas, às vezes,
algumas coalescentes com a nervura principal.
Espigas curvas até 15 cm compr.; pedúnculo
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm 1
SciELO/JBRJ
Figura 3 - Piper marginatum Jacq. var. marginatum : hábito (escala - 2 cm).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
32
como caa-peba-cheirosa, nhandi, nhandú,
pimenta-do-mato, pimenta-dos-índios e
pimenta-betel, sendo usada sob a forma de chá,
considerada antiespasmódica para afecções do
fígado e do baço; segundo os índios Tenharins
são consideradas plantas tóxicas quando
ingeridas e são por eles conhecidas por nhanbuí;
as raízes, quando amassadas, são utilizadas para
aliviar coceiras das picados de insetos (Di Stasi
et al„ 1989; Van Den Berg, 1993).
Peckolt & Peckolt (1888), informam que
a raiz é usada contra as mordeduras das cobras,
aplicando-a no ferimento e, ao mesmo tempo,
deve ser ingerida internamente sob forma de
tintura. Esta parte do vegetal é empregada
como mastigatório contra dores de dentes; é
ainda carminativa.
Tillequin etal. (1978), isolaram das folhas
2 flavonóides: vitexin e marginatoside.
Guimarães, E. E & Giordano, L. C. S.
Material examinado: Pacoté, Serra de
Baturité, Serrinha, 04. VI. 1983, A. Fernandes
& Matos s.n. (EAC 12049); Maranguape,
Serra de Maranguape, 26. VI. 1981, P. Martins
& E. Nunes s.n. (EAC 10493; RB 311069).
3.1.2. Piper marginatum var. anisatum
(Kunth) C.DC., Symb. antill.3: 172, 1902.
Piper anisatum Kunth, Nov. gen. sp. 1 :
58, 1815.
Esta variedade, com representantes conhecidos
como capeba, é distinta das demais, por
apresentar tricomas puberulentos nas nervuras
de ambas as faces da lâmina foliar.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos
estados do Amazonas, Amapá, Pará, Ceará e
Pernambuco.
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
Material examinado: Serra de Maranguape,
1.1992, M.C. do Nascimento s.n. (RB 296134).
3.1.3. Piper marginatum var. catalpifolium
(Kunth) C.DC., Prodr. 16(1): 246, 1869.
Piper catalpaefolium Kunth, Nov. gen.
sp. 1: 58, 1815.
Esta variedade distingue-se da típica, por
apresentar tricomas adpressos na face adaxial
da lâmina foliar e pubescentes nas nervuras
da face abaxial.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos
estados do Amazonas, Pará, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Comentários: Conhecida popularmente como
capeba na América tropical, capeba-cheirosa
na Amazônia e no Rio de Janeiro, nhandi e
pimenta-do-mato no Amazonas e Pará,
malvavisco em Pernambuco.
Material examinado: Aratanha, XI. 1859, Fr
Allemão 1467 (R); id., s.d., Bellard 24 (K);
Pacote, Serra de Baturité, Serrinha, 04. VI. 1983,
A. Fernandes & Matos s.n. (RB 311052).
3.2. Piper amalago var. médium (Jacq.)
Yunck., Brittonia 14: 189, 1962.
(Fig. 4 a-b)
Piper médium Jacq., Icon. pi. rar. 1: 2, 1786.
Arbusto com 3-7 m de altura, glabro, tanto
semi-umbrófilo como heliófilo, muito freqüentes
nas formações secundárias. Folhas com pecíolo
até lcm compr.; lâmina oblongo-lanceolada,
largo-elíptica ou ovada, 5- 1 3 x 3, 5-9, 5 cm, base
aguda ou atenuada, ápice acuminado,
membranácea, agradavelmente odorífera
quando triturada, glabra na face adaxial,
pubescente nas nervuras e vênulas na face
abaxial; nervuras até 7 pares que partem da base
da lâmina, palmatinérveas, sendo que,
geralmente, as 3 mais centrais convergem no
ápice, as 2 laterais seguem paralelamente até
aproximadamente a metade da lâmina,
anastomosando-se por laços até a porção
superior. Espigas ereto-patentes, 6-7 cm compr.;
pedúnculo 0,8-1, 5 cm compr.; bractéolas
obovado-côncavas com o dorso papiloso.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
33
Estames 5-6. Drupa com ápice agudo, glabra, 3-
4 estigmas arredondados, sésseis.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos
estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato
Grosso.
Comentários: Espécie comum na América
tropical, freqüente nas margens de rios e
formações secundárias à beira de estradas.
Considerada medicinal, tendo
principalmente as folhas e os frutos como
partes utilizadas; as folhas sob a forma de
cataplasmas, ou pelo cozimento, são
empregadas em banhos ou chás, devido suas
propriedades sudonferas acentuadas são úteis
ainda para os males do estômago; os frutos
são estimulantes tanto quanto àqueles de Piper
nigrurn L. (pimenta-do-reino); é planta muito
própria no tratamento das cardialgias, uma
enfermidade comum nas Antilhas, aí conhecida
como “soot-soot”, e em Cuba como
“mataguao” (Roig y Mesa, 1945).
Peckolt & Peckolt (1888), informam que
a medicina popular usa uma tintura preparada
com as espigas frescas e álcool fraco na
proporção 1 para 2 partes, respectivamente,
para aplicação no tratamento de reumatismos.
Acrescentam que as raízes maceradas com
aguardente, na dose de um cálice de 10 em 10
minutos, atuam contra as mordeduras de
cobras, aplicando ao mesmo tempo a raiz
fresca com vinagre sobre a ferida produzida
por esses animais.
Material examinado: Serra de Baturité, Bico
Alto, 23.IV. 1909, Ducke s.n. (MG 2022); s.L,
s.d., “ex-Herb. J. de Saldanha 8095" (R).
3.3. Piper cernuum Vell. var. cernuum, Fl.
flumin. 26. 1825.
(Fig. 4 c-e)
Arbusto com 2-3,5 m de altura, ciófilos;
ramos e pecíolos ferrugíneo-tomentosos.
Folhas com bainha alada percorrendo toda a
extensão do pecíolo, 6-10cm compr.; lâmina
ovado-elíptica, 20-40 cm compr., 14-15 cm
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
34
Guimarães, E. F. & Giordano, L C. S.
Figura 4: Piper amalago var. médium (Jacq.) Yunck: a) detalhe da folha (escala = 5 cm); b) parte da espiga, detalhando
bractéolase frutos (escala = 1 mm). Pipercemum Vell. var. cemum: c) parte da bainha foliar (escala = 3 mm); d) detalhe
da folha (escala = 3 mm); e) bractéola e fruto (escala = 1 mm). Piper divaricatum Meyer: 0 detalhe da bainha foliar (escala
= i mm); g) detalhe da folha (escala = 1 cm); h) parte da espiga, detalhando bractéolas e frutos (escala = 1 mm). Piper
arboreum var. arboreum : i) detalhe da bainha foliar(esca!a = 3 mm); j) bractéola e fruto (escala = 1 mm); I) detalhe da folha
(escala = 1 mm).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
larg., base assimétrica, cordado-auriculada,
com lobos arredondados diferindo um lado em
relação ao outro em ca. lOmm compr., ápice
agudo ou obtuso, papiráceo-membranácea,
glabra na face adaxial, ferrugíneo-tomentosa
na face abaxial; nervuras secundárias
ascendentes, peninérveas, as da aurícula maior
dirigidas para baixo. Espigas recurvadas
ultrapassando as folhas em quase metade ou
do mesmo comprimento; pedúnculo 3-5 cm;
bractéolas peitadas, margem com tricomas
ferrugíneo-hirtos. Estames 4. Drupa
lateralmente comprimida, com tricomas no
ápice depresso, 3 estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
de Amazonas, Ceará, Bahia, Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná e Santa Catarina.
Comentários: Conhecida como bojubú, pau-
de-cobra-cipó, jaborandi-cepoti e pimenta-de-
morcego, é uma espécie com representantes
de belo porte, folhas magníficas e longas
inflorescências pêndulas, que se prestam para
ornamentação de locais com solo rico, úmido
e sombrio.
Peckolt & Peckolt (1888), informam que
o suco das espigas em aguardente é de uso
interno contra mordedura de cobra e que o
bagaço misturado com raízes deve ser aplicado
sobre o ferimento produzido pelo animal.
Segundo estes autores a raiz é considerada um
medicamento sialagogo e diurético; o pó
resultante das espigas secas é útil para
tratamento de gonorréias crônicas e
leucorréias.
Material examinado: Guaramiranga, Riacho
do Capim, 24. VII. 1908, Ducke 1394 (MG);
Maranguape, topo da Serra, 28. VI. 1981, P.
Martins & E. Nunes s.n. (EAC 10552; RB
30672 1 ); Serra do Baturité, 600m alt., IX. 1 897,
Schwacke 270 (MG).
3.4.1. Piper tuberculatum Jacq. var.
tuberculatum , Collectanea 2: 2. 1788.
(Fig. 5 a-d)
Arbusto com ca. 2-2,5 cm de altura;
ramos pubérulos. Folhas com bainha alada;
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
35
pecíolo 0,5- lcm compr., pubérulo; lâmina
oblongo-elíptica ou ovado-elíptica, 8- 1 2,5 x 4-
6 cm, base assimétrica, ápice agudo, papiráceo-
membranácea, brilhante, glabra na face adaxial,
pubérula nas nervuras na face abaxial;
nervuras ascendentes em número de 8-10
pares, peninérveas, dispostas até o ápice da
lâmina. Espigas eretas, com 4-7cm compr.;
pedúnculo 1-1, 5cm compr.; bractéolas
triangular-subpeltadas, marginalmente
franjadas. Estames 4. Drupa tetragonal, ovada
ou subobovada, lateralmente comprimida,
glabra, 3 estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: Continente
Americano e Antilhas. No Brasil, nos estados
do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato
Grosso.
Comentários: No Ceará é conhecida como
pimenta-de-macaco ou pimenta-longa,
considerada planta medicinal como estimulante
e carminativa (Braga, 1953). Cresce em altitudes
aproximadas aos 550 m, em encosta úmida, em
capoeira e em locais brejosos.
Material examinado: Fortaleza, 1948 , Dias da
Rocha s.n. (RB 148570); id., 20.VII.1964, R.
Bataleiro & A. Castellanos 25191 (GUA, RB);
id.. Sítio Fundão, 1 0/ VIII. 1993, M. A. Figueiredo
& M. Mata s.n. (EAC 20043; RB 311054);
Capistrano, Serra do Vicente, 16.X.1979, E.
Nunes & A.J. Castro s.n. (EAC 7092; RB
3 11056); Fortaleza, Campos do Piei, 14.II. 1985,
E. Nunes s.n. (EAC 12985; RB 311057); Ipu,
Bica do Ipu, 19.XII. 1979, E. Nunes & P. Martins
s.n. (EAC 7870; RB 311053); id., s.d., M.A.
Figueiredo s.n. (EAC 23616; RB 331744);
Jardim, Centro, IX. 1988, E. Maciel s.n. (RB
290959); Maranguape, Santo Antonio do Baraço,
10.X.1935, F. Dronet 2597 (F, GH, MO, SP);
id.. Serra de Maranguape, X. 1910, Ule 9014 (L,
NY, US); Pacatuba, 1859, Fr. Allemão 1465 &
Cysneiros (R); id., s.d., Fr. Allemão 1466 &
Cysneiros (R); Pacoté, Serra de Baturité, Sítio
Germinal, 31. VII. 1971, P. Bezerra s.n. (EAC
373); id., residência do Sr. Augusto Alves,
25. IX. 1981, F.S. Cavalcante & F. Bruno s.n.
(EAC 10863); Redenção, Sitio Canadá,
SciELO/JBRJ
13 14 15
36
Guimarães, E. F & Giordano, L. C. S.
Figura 5: Piper , uberculatum Jacq. var. tuberculatum. a) hábito (escala = 2 cm); b) bractéola (escala = 1 mm); c) fruto
(escala = 1 mm); d) parte da espiga, detalhando bractéolas e frutos (escala - mm).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
9.X. 1980, P. Martins & E. Nunes s.n. (EAC
8968; RB 311058); id., 9.X.1980, P. Martins &
E. Nunes s.n. (EAC 8970; RB 306725); Serra
de Baturité, Sítio B. Inácio de Azevedo,
16.X. 1939, Leite 461 (RB); Ubajara, Serra da
Ibiapaba, PN Ubajara, 05. VII. 1978, A.
Fernandes & Matos s.n. (EAC 3977); id., PN
Ubajara, 24.IX.1981, A. Fernandes & Matos
s.n. (EAC 10787; RB 311055); id.. Riacho
Cafundó, 02.XI.1978, A. Fernandes et al. s.n.
(EAC 5075); Viçosa, Traguço, 21. VI. 1972, D.
Sucre 9266 & J.F. da Silva (RB); s.l.,
8.IX.1984, G. Pinto 307 ( RB); s.l., V. 19 17, Dias
da Rocha 18 (RB); s.l., s.d., Rocha 61 (ILL);
s.l., s.d., Saldanha 8096 (R); s.l., s.d., Gardner
1846 (BM, K, NY, US, W); s.l., s.d., Loefgreen
610 (R); s.l., s.d., Cttrran 42 (GH, NY, US).
3.4.2. Piper tuberculatum vãr.scandens Trel.
6 Yunck., Piper. North. South Amer.: 367. 1950.
Distinta da variedade típica pelo caule
escandente e pela lâmina foliar com 9-15x5-
7 cm.
Distribuição geográfica: América do Sul. No
Brasil, encontrada somente no Ceará.
Comentário: Conhecida igualmente como a
variedade típica por “pimenta-de-macaco”.
Material examinado: Maranguape, Hotel
Pirapora, 15. VIII. 1935, F. Dronet 2273 (R,
NY, US).
3.5.1. Piper arboreum Aubl. var. arboreum,
Hist. pl. Guiane 1: 23. 1775.
(Fig. 4 i-1)
Arbusto com 2-4m de altura. Folhas com
bainha alada; pecíolo 0,5-2 cm compr.; lâmina
lanceolado-elíptica, 15-27 x 4,5-9,5 cm, base
obliquamente assimétrica, ápice acuminado,
papirácea ou membranáea, glabra em ambas
as faces; nervuras secundárias 8-13,
peninérveas, alternas, ascendentes, dispostas
até o ápice da nervura principal. Espigas eretas,
7-12 cm compr., apiculadas no ápice;
pedúnculo 0,5-2 cm; bractéolas triangular-
peltadas, fimbriadas na margem. Estames 4.
Drupa subquadrangular, comprimida
lateralmente, glabra, 3 estigmas sésseis.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
37
Distribuição geográfica: Antilhas e América
do Sul. No Brasil, ocorre nos estados do
Amazonas, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e Mato Grosso.
Comentários: Conhecida como alecrim-de-
angola ou pau-de-angola, é popularmente
utilizada na Amazônia sob a forma de chá e
banhos aromáticos contra reumatismos,
bronquites, resfriados e gripes fortes, sendo
ainda carminativa e emoliente; sua raiz nesta
região é conhecida como raiz-de-pahim (Van
Den Berg, 1993).
Peckolt & Peckolt (1888), informam que
no estado do Rio de Janeiro é conhecida como
jaborandi-do-rio,jaborandi-falso, pimenta-do-
mato, fruta-de-morcego e joão-brandi, cujas
folhas tem óleo de sabor picante, com aroma
semelhante ao do hortelã-pimenta, sendo
empregadas como sudoríficas e afrodisíacas;
as raízes, folhas, inflorescências e ramos jovens
são as partes utilizadas nas dores de garganta
e dentes; os pequenos frutos são apreciados
pelos morcegos.
Material examinado: Guaramiranga, Sítio
Guaramiranga, 16. VI. 1989, M.A. Figueiredo
et al. s.n. (EAC 16726); Serra de Baturité,
IX.1910, Ule 9012 (K); id., Sítio Caridade,
21. IX. 1939, Pe. José Eugênio 470 (RB);
Tianguá, Chapada da Ibiapaba, 02.XI. 1 986, A.
Fernandes et al. s.n. (EAC 14849; RB
311067); Crato, Parque Nacional do Araripe,
19.1.1983, T.C. Plowman 12744 (EAC).
3.5.2. Piper arboreum var. latifolium
(C.DC.) Yunck., Boi. Inst. Bot. São Paulo 3:
82, 1966.
Piper geniculatum var. latifolium
C.DC., Prodr. 16 (1): 267. 1869.
Difere da variedade típica por apresentar
ramos de crespo-pubescentes a tomentosos,
lâmina foliar mais larga, além de 12 cm, glabra
na face adaxial e pubescente ao longo das
nervuras da face abaxial ou, ás vezes,
pubescente ao longo dos nervos de ambas as
faces (Yuncker, 1973).
SciELO/JBRJ.
13 14
cm ..
38
Distribuição geográfica: América do Sul. No
Brasil, ocorrente nos estados do Amazonas,
Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Paraná e Santa Catarina.
Comentários: Não há material botânico
procedente do Ceará nos herbários brasileiros
consultados; Yuncker (1973) cita o exemplar
coletado por Ule 9013 na Serra de Baturité,
depositado no Herbário G e por Rocha 104, sem
localidade especificada, depositado no 1LL.
3.6. Piper bartlingianuni (Miq.) C.DC., Prodr.
16(1): 257. 1869.
Artanthe bartlingiana Miq., Syst.
piperac. 510. 1844.
Arbusto com ca. 4 m de altura. Folhas
curto-pecioladas; pecíolo canaliculado
apresentando bainha basal; lâmina elíptico-
oblonga, 1 7-22 x 6-8 cm, base simétrica, aguda,
ápice agudo, cartácea; nervuras 6-7 pares,
peninérveas, dispostas até o ápice da lâmina,
impressas na face adaxial, salientes na abaxial.
Espigas eretas, 10-14 cm compr., 0,5 cm de
diâm.; pedúnculo 0,3-0, 5 cm compr.; raque
pubescente; bractéolas cuculadas, com pedicelo
pubescente. Estames 4. Drupa ovado-
tetragonal, glabra, com 4'estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
do Amazonas, Amapá, Pará, Ceará.
Comentários: Espécie citada por Yuncker
(1973) para o estado do Ceará, através do
exemplar coletado por Ducke s.n. em Triguesia
Velha, em 14.XII. 1912, depositado no Herbário
MG, não tendo sido encontrado nenhum outro
material nos demais herbários consultados; para
exemplificar esta espécie foi utilizado material
de outro estado.
Material adicional examinado: Estado do
Pará, Santarém, estrada para a cachoeira do
Palhão, igarapé do Guaraná, 4. XII. 1966, P.
Cavalcante 1567 & M. Silva (RB).
3.7. Piper divaricatum G.Mey., Prim. fl.
esseq. 15, fig. 86. 1818.
(Fig. 4 f-h)
Arbusto com até 7m de altura, dotado de
glândulas, glabro. Folhas com bainha curta.
Guimarães, E. F. & Giordcmo, L C. S.
pecíolo sulcado com 1-3,5 cm compr.; lâmina
oblongo-elíptica ou Ianceolada, 8- 1 4 x 3-7 cm,
base assimétrica e decurrente, ápice agudo,
revoluta na margem, papirácea, brilhante em
ambas as faces; nervuras secundárias 5-7,
salientes na face adaxial, dispostas até o ápice
da lâmina. Espigas eretas ou pêndulas, até 6
cm compr., 5 mm diâm., alcançando na
frutificação até 1 cm diâm.; pedúnculo 1-1,5
cm; raque glabra; bractéolas peltado-
orbiculares, marginalmente franjadas. Estames
4. Drupa oblonga ou obpiramidal, glandulosa no
ápice. 3 estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: América do Sul. No
Brasil, nos estados do Amazonas, Amapá, Pará,
Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
Comentários: Espécie das matas alagadiças
dos estados do Ceará, Bahia, Pernambuco,
Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
com folhas brilhantes e pontos translúcidos.
Peckolt & Peckolt ( 1 888), informam que a raiz
é aromática, de sabor forte, semelhante ao do
gengibre; as folhas e as raízes, quando em
infusão, são empregadas intemamente contra
dores reumáticas e cólicas, e, quando cozidas,
são utilizadas sob a forma de banhos anti-
reumáticos; é conhecida com os nomes
populares de “betys”, “bettle” e “betre”.
Material examinado: Aratuba, Sítio Brejo,
17.X. 1979, A. Fernandes s.n. (EAC 4168);
Pacatuba, Serra da Aratanha, Sítio Pitaguari,
3.X. 1979, Martins & Castro s.n. (EAC 7049;
RB 306728); Serra de Baturité, IX. 1910, E. Ule
9016 (NY); id., perto do Sítio Santa Clara,
9. XII. 1937, Pe. José Eugênio 463 (RB); s.l.,
s.d., A. Fernandes s.n. (EAC 20431).
3.8. Piper rufipilum Yunck., Boi. Inst. Bot.
São Paulo 3: 121. 1966.
Arbusto com caule liso, glabrescente,
avermelhado. Folhas com pecíolo vermelho, até
2,5 cm compr.; lâmina elíptica ou oblongo-
elíptica, 17-19 x 8-11 cm, base simétrica,
arredondada ou curto-aguda, ápice subagudo,
finamente membranácea, glabra na face
adaxial, tricomas crespo-pubescentes e
Rodriguésia 54 (84): 21-46. 2003
-SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
vermelhos nas nervuras da face abaxial,
translúcida pela presença de aréolas; nervuras
3- 5, ascendentes, dispostas até a porção
mediana. Espigas eretas, 8 cm compr.;
pedúnculo ca.2 cm compr., glabro; raque
glabra; bractéolas triangular-subpeltadas.
Estames 4. Drupa comprimida, retangular-
truncada, glabra, 2 estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: Ocorrendo somente
no Brasil, sendo endêmica no estado do Ceará.
Material examinado: Crato, s.d., Fr. Allemão
1464 (R - Holótipo).
3.9. Piper crassinervium Kunth, Nov. gen.
sp. 1: 48, 1815.
Arbusto com 2-5 m de altura, glabro ou
pubescente. Folhas longo-pecioladas com bainha
até a metade ou acima do pecíolo; lâmina oblongo-
lanceolada ou ovada, 12-15 x 5-9 cm, base
assimétrica ou subsimétrica, ápice acuminado,
papirácea ou cartácea, glabra ou pubescente, na
face adaxial, glandulosa; nervuras secundárias
4- 6, ascendentes, dispostas ao longo da nervura
principal até ou abaixo do meio da lâmina Espigas
eretas, com 5-8 cm compr.; pedúnculo ca.2 cm
compr., glabro; bractéolas triangular-subpeltadas,
franjadas na margem. Estames 4. Drupa
arredondado-ovóide, glabra, 3 estigmas em
estilete longo.
Distribuição geográfica: América do Sul. No
Brasil nos estados do Amazonas, Ceará, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e
Santa Catarina.
Material examinado: Guaramiranga, Riacho
do Capim, 24.VU.1908, Ducke s.n. (MG 1390).
3.10. Piper mollicomum Kunth, Linnaea 13:
648, 1839.
Arbusto com 1-1,5 m de altura,
tomentoso-viloso. Folhas com bainha curta;
pecíolo 0,8- 1 cm compr.; lâmina ovado-elíptica
ou lanceolado-elíptica, 10-12 x 4,5-8 cm, base
assimétrica, cordada, ápice acuminado,
papirácea, dotadas de glândulas translúcidas,
tricomas escabrosos na face adaxial, profusos,
velutíneos e sedosos ao tato na abaxial;
nervuras secundárias 5-6, ascendentes,
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
39
dispostas ao longo da lâmina, até ou abaixo da
porção mediana. Espigas curvas, 9,5-15 cm
compr.; pedúnculo 0,5-1, 5 cm compr., hirsuto;
bractéolas triangular-peltadas, profusamente
franjadas. Estames 4. Drupa obovóide,
reticulada, glabra, às vezes glandular, 3
estigmas sésseis, recurvos.
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados
do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa
Catarina, Mato Grosso e Goiás.
Comentários: Espécie conhecida como
jaborandi-manso ou simplesmente jaborandi;
possui frutos úteis para problemas estomacais,
sendo também muito usados em doenças
venéreas; suas raízes são utilizadas como
mastigatórios, para anestesiar as dores de
dentes (Peckolt & Peckolt, 1888).
Seus exemplares são bastante freqüentes
em matas úmidas, nas restingas ou em altitudes
que variam entre 200-600 m s.m., à beira das
estradas, em locais ensolarados ou semi-
sombrios.
Material examinado: Guaramiranga, Riacho
do Capim, 6.VIII.1908, Ducke s.n. (MG
1510); id.. Serra de Baturité, 13.1.1994, A.
Fernandes s.n. (EAC 20430; RB 311066);
Serra de Aratanha, mata úmida, 10.XI.1983,
A. Fernandes s.n. (EAC 12228; RB 306724);
Serra de Baturité, IX. 19 10, Ule 901 7 (NY, US).
3.11 Piper dilatatum Rich., Actes Soc. Hist.
Nat. Paris: 105, 1792.
Arbusto com 1-2 m de altura, de
pubescente a glabrescente; ramos estriados.
Folhas com bainha abaixo da porção mediana
do pecíolo, esse com 0,5-1 cm compr.; lâmina
rômbica ou elíptica, às vezes obovada óu
ovada, 11-21 x 7,5-10,5 cm larg., base
assimétrica, cordada, obtusa ou aguda, ápice
acuminado ou falcado, membranácea,
escabrosa, crespo-pubescente a glabrescente
na face adaxial; nervuras secundárias 5-6,
ascendentes, geralmente puberulentas,
dispostas até a porção mediana da principal.
Espigas retas ou curvas, obtusas ou apiculadas,
6,5-12 cm compr.; pedúnculo, 1-2 cm compr..
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
40
de glabro a pubescente; bractéolas arredondado-
peltadas, fimbriadas na margem. Estames 4.
Drupa obpiramidal-trigonal, papiloso-pubcrulenta
no ápice, 3 estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: Antilhas e América
do Sul. No Brasil, nos estados do Amazonas,
Amapá, Pará, Maranhão, Pernambuco, Bahia,
Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Mato Grosso.
Material examinado: Serra do Vicente,
Capistrano, 13.V.1980, P Martins <£ E. Nunes
s.n. (EAC 8568; RB 311074); Maranguape,
próximo a Pirapora, 26.VI.1981, R Martins &
E. Nunes s.n. (EAC 10484; RB 311078);
Pacatuba, Serra da Aratanha, Sítio Pitaguari,
1.X.1979, P. Martins & A.J. Castro s.n. (EAC
6985; RB 306727); Pacoti, entre Pacoti e
Palmácia, 12.11.1981, A. Fernandes <£ Matos
s.n. (EAC 9667; RB 306717); id„ Serrinha,
4. VI. 1983, A. Fernandes & P Bezerra s.n.
(EAC 12062; RB 306726); id.. Serra de Baturité,
01 .111.1992, M.A. Figueiredo et al. s.n. (EAC
18471; RB 311104); Serra de Baturité, Sítio B.
Inácio de Azevedo, 21. XI. 1939, Pe. José
Eugênio, S.J. 472 (RB); Baturité, Serra de
Baturité, s.d., C.F.M. Delphin s.n. (RB 311 100);
Ipu, Bica do Ipu, 19.XII.1979, P Martins & E.
Nunes s.n. (EAC 7871; RB 311146); s.l., s.d.,
“ ex-Herb . J. Saldanha 8094" (R).
3.12. Piper aduncum L., Sp. pl.: 29, 1753.
Arbusto ou arvoreta até 8 m de altura,
muito nodoso. Folhas com pecíolo de 0, 3-0,8
cm compr., lâmina elíptica, ovado-elíptica ou
ovado-lanceolada, 10-15(-23) x 4-7 cm, base
assimétrica, arredondado-cordada, ápice agudo
ou acuminado, escabrosa, áspera ao tato em
ambas as faces, glandulosa; nervuras
secundárias 6-8, dispostas até ou pouco acima
da porção mediana. Espigas curvas, 7-14 cm
compr., 0,2-0, 3 cm diâm.; pedúnculo 1-2 cm
compr., pubescente; bractéolas triangular-
subpeltadas, margem franjada. Estames 4.
Drupa obovóide, tri- ou tetragonal, glabra, 3
estigmas sésseis.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil nos
Guimarães, E. F. & Giordano, L C. S.
estados do Amazonas, Amapá. Pará, Mato
Grosso, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
Comentários: No nordeste brasileiro é
conhecida como pimenta-de-fruto-ganchoso,
tapa-buraco e aperta-ruão; por esse último nome
também é conhecida no sudeste, pricipalmente
em São Paulo, por suas propriedades medicinais
(Pereira, 1929). No estado do Amazonas os
indivíduos desta espécie são denominados
popularmente como pimenta-de-macaco ou
pimenta-longa, e suas folhas são utilizadas sob a
forma de chá contra apatia intestinal e males
estomacais (Van Den Bcrg, 1993).
Espécie vulgarmente conhecida em Cuba
como “platanillo-de-Cuba”; “canilhade ruerto”
e “comdocillo” no México; “higuillo” e “higuillo
oloroso” em Porto Rico; “cordoncillo blanco”
na Venezuela; “oijú-yú” em Trinidad. Neste
país, existe medicamento patenteado com o
nome de Cannagina, cujas partes usadas são
as folhas, frutos e raiz (Roig y Mesa, 1945;
1988).
Os espécimes são adstringentes e
diuréticos, sendo um hemostático poderoso
local em feridas, úlceras e leucorréias (Uphof,
1959). Suas espigas curvas e aromáticas
contém taninos, essências e resinas; a infusão
das folhas é usada como estomáquica,
balsâmica, adstrigente e desobstruente do
fígado (Lainetti & Brito, 1980).
Material examinado: Serra de Araripe, s.d.,
Gardner s.n. (NY).
3.13.1. Piper hispidum Sw. var. hispidum,
Prodr. 15. 1788.
Arbusto com 2-4 m de altura, com
tricomas escabrosos nos ramos. Folhas com
pecíolo de 0,5-1 cm compr., híspido, bainha
basal; lâmina elíptica ou ovado-elíptica, 10-16
x 5-8 cm, base assimétrica, um dos lados
arredondados e diferindo do outro em ca.3-5
cm compr., quando simétrica aguda, ápice
acuminado, cartáceas, escabrosas ou híspidas
na face adaxial e hirsutas na abaxial,
profundamente glandulosas; nervuras
secundárias 4-5, ascendentes, dispostas abaixo
Rodriguésia 54 (84): 21-46. 2003
SciELO/JBRJ,
13 14
Piperaceae do nordeste brasileiro l: estado do Ceará
ou pouco acima da porção mediana da lâmina.
Espigas eretas, 8-14 cm compr.; pedúnculo até
lcm compr., hirtelo; bractéolas triangular-
peltadas e franjadas na margem. Estames 4.
Drupas oblongas ou lateralmente comprimidas,
papiloso-puberulentas no ápice, com 3
estigmas persistentes sésseis.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos
estados do Amazonas, Pará, Ceará,
Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná,
Santa Catarina e Mato Grosso.
Comentários: Conhecida como matico, aperta-
joão, matico-falso. As folhas, as raízes e os frutos
são adstrigentes, diuréticos e estimulantes,
empregados como desobstruentes do fígado. Em
Cuba é conhecida como “platanillo-de-cuba”,
utilizada para deter hemorragias traumáticas
(RoigyMesa, 1945).
Peckolt & Peckolt (1888), informam que
as folhas são utilizadas sob a forma de banhos
contra as hemorroidas, reumatismos e
desinterias; quando frescas são usadas como
emplastros em hemia de umbigo de crianças;
tendo o mesmo uso no estado seco e reduzido
a pó, sendo ainda consideradas hemostáticas.
Os frutos são anti-blenorrágicos.
Material examinado: Serra de Baturité,
IX. 19 10, Ule 9015 (L).
3.13.2. Piper hispidum var. trachydermum
(Trel.) Yunck., Ann. Missouri Bot. Gard. 37:
33, 1950.
Piper trachydermum Trel., Contr. U.S.
Natl. Herb. 26: 33. 1927.
41
Esta variedade distingue-se da típica pela
presença de tricomas nos ramos curtos,
vigorosos, acima curvados e mais ou menos
adpressos, segundo análise de material de
outros estados brasileiros (Yuncker, 1972).
Distribuição geográfica: Panamá e Brasil,
nos estados do Amazonas, Amapá, Pará,
Ceará, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná.
Comentários: Variedade citada em literatura
para o estado do Ceará, sob coleta de Fr.
Allemão 1464 (ILL) e de Gardner 1848 (P),
exemplares não examinados.
4. Pothomorphe Miq., Buli. Sei. Phys. Nat.
Neerl.: 450, 1839.
Arbustos ou ervas bem desenvolvidas.
Folhas longo-pecioladas, grandes e largas,
peitadas ou não; nervuras em números de 12
pares ou mais, a principal com duas
ramificações laterais acima da base; as
secundárias anastomosando-se por meio de
laços; nervuras transversais abundantes; nas
imediações do bordo, anastomose de nervuras
de ordem inferior. Flores dispostas em espigas
densas, longas e delicadas, formando uma
umbela no fim de um pedúnculo axilar. Estames
2. Ovário trigonal, glabro, com 3 estigmas
sésseis, recurvos, persistentes nos frutos.
Drupas obpiramidais ou obpiramidal-angulosas,
5-6 mm compr., glabras.
Espécie tipo: Pothomorphe peltata (L.) Miq.
CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE POTHOMORPHE
1. Folhas peitadas 4.1. P peltata
F. Folhas não peitadas 4.2. P umbellata
4.1. Pothomorphe peltata (L.) Miq., Comm.
phytogr. 37. 1840.
Piper peltatum L., Sp. pl. 1: 30. 1753.
Arbusto alcançando 2 m de altura. Folhas
peitadas, pecíolo 9-20 cm compr., glabro,
bainha alada; lâmina ovado-cordada ou
arredondado-cordada, 12-25 x 12-25 cm, base
aguda, ápice acuminado, provida de pontos
translúcidos, palmatiforme; nervuras 13-15
pares. Espigas 5-10 cm compr., cada uma
apresentando pedúnculo com 1-1,5 cm compr.,
dispostas em pedúnculo comum, 4-7 cm
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
SciELO/ JBRJ.
2 13 14
cm ..
42
compr., glabro; bractéolas peitadas, fimbriadas
na margem. Drupa obpiramidal-trigonal.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, ocorre
nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão,
Ceará e Mato Grosso.
Comentários: Conhecida na Amazônia como
caapeba-do-norte, capeba-verdadeira, capeba-
branca; as folhas frescas são úteis para as dores
hepáticas; quando cozidas e moídas são
emolientes e empregadas como cataplasmas
sobre tumores; importante ainda no tratamento
do herpes e erupções cutâneas; quando
maceradas com azeite são aplicadas sobre
ventre inflamado (Braga, 1953; Van Den Berg,
1993).
Em Cuba é conhecida como “caisimon”, em
Porto Rico como “basquina” e no México como
“mano de zopilote”; é empregada como emoliente
na inflamação dos testículos e para tumores; a
raiz é estimulante e diurética, útil para as
obstruções do fígado (Roig y Mesa, 1988).
Material examinado: Ceará, s.l., s.d.,
Gardner s.n. (U).
4.2. Pothomorphe umbellata (L.) Miq.,
Comm. phytogr. 36. 1840.
Piper umbellatum L., Sp. pl. 1: 30. 1953.
Arbusto com 1-3 m de altura. Folhas não
peitadas, pecíolo 20-25 cm compr., puberulento,
bainha alada; lâmina arredondado-ovada ou
reniforme, 14-24 x 17-25 cm, base cordada,
ápice agudo ou abruptamente acuminado,
provida em toda face adaxial de tricomas
híspidos com 2,5-3 mm compr., relativamente
esparsos, dotada de glândulas translúcidas,
palmatiformes; nervuras 12-16 pares. Espigas
com 6-9 cm compr., cada uma apresentando
pedúnculo com 5-7 mm compr., dispostas em
pedúnculo comum, 1-1,5 cm compr.,
pubescente; bractéolas triangular-subpeltadas,
glandulosas, Fimbriadas na margem. Drupa
obpiramidal -angulosa.
Distribuição geográfica: América Central,
Antilhas e América do Sul. No Brasil, ocorre
nos estados do Amazonas, Pará, Ceará, Bahia,
Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso.
Guimarães, E. F & Giordano, L C. S.
Comentários: Conhecida popularmente no
Ceará como capeba; em outros estados, como
caa-peuá, catajé, lençol-de-santa-bárbara,
malvarisco e pariparoba; suas folhas e raízes
são empregadas sob a forma de chá nas
doenças do fígado, baço e rim, como contra
inchaços e inflamções das pernas (Braga, 1953;
Guimarães et al., 1978; Di Stasi et al., 1989).
Na Amazônia, toda a planta,
principalmente as folhas, são utilizadas sob a
forma de chá, suco ou emplastro, como
antiblenorrágica, vermífuga c no combate das
inflamações internas e externas em
machucados ou queimaduras (Van Den Berg,
1993).
Peckolt & Peckolt (1888), informam que
o suco das folhas frescas, misturado com um
pouco de vinagre é empregado nas hemoptises,
e, se acrescido de sal de cozinha, é utilizado
pelos camponeses nas contusões e sob a forma
de xaropes para tosses e bronquites.
Freise (1934), assinala que esta espécie
contém óleo essencial de cheiro acanforado,
gosto picante, tendo a asarona como
componente principal, e como princípio ativo a
chavina, pariparobina e piperina.
Zurlo & Brandão (1989), mencionam,
dentre outras ervas comestíveis, a capeba,
fornecendo outros nomes populares, cultivo, uso
medicinal popular, incluindo receitas para uso
culinário.
Vieira (1992), informa sua utilização como
diurético sob a forma de chá em dosagens de
10 g para 1 litro de água ingerindo-se três
xícaras ao dia.
Em Cuba é reconhecida pelo nome
popular “caisimon”; é considerada apropriada
para o trato digestivo, além de suas folhas,
quando cozidas, serem utilizadas como
cicatrizantes para feridas (Roig y Mesa, 1988).
Material examinado: Aratuba, Sítio Brejo,
18.X. 1978, A. Fernandes s.n. (EAC 4171);
Maranguape, Serra de Maranguape, estrada
Pirapora a Castelo, 27.VI.1981, E. Nunes &
P. Martins s.n. (EAC 10537); Pacatuba, Serra
da Aratanha, 01.X.1979, P. Martins <£ A.J.
Castro s.n. (EAC 6988); Serra de Baturité,
Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003
SciELO/ JBRJ
13 14
Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará
caminho para Guaramanga, 23.VI.1939, Pe.
José Eugênio, S.J. 462 (RB); id., Sítio São
João, 1939, Pe. José Eugênio, S.J. 467 (RB).
CONCLUSÕES
Tem-se o conhecimento que a flora do
Brasil detém uma das maiores biodiversidades
do planeta. Assim, é imperativo que se
procedam a estudos taxonômicos nas espécies
silvestres, não raro esquecidas, visando-se,
com isso, o desenvolvimento de pesquisas nos
países sul-americanos que não dispõem de
matéria-prima suficiente para o abastecimento
da indústria farmacêutica.
Este trabalho, ao tratar do conhecimento
taxonômico das Piperaceae do estado do
Ceará, teve como objetivo identificar as
plantas, tendo em vista que há informações de
algumas como medicinais.
Por outro lado, este estudo pretendeu
contribuir para a seleção daquelas de valor
econômico, ameaçadas e conservadas ou,
ainda, para definir endemismo, entre outros
aspectos, daquela região.
As coleções dos Herbários nacionais e
estrangeiros propiciaram as condições básicas
para o desenvolvimento deste trabalho, tendo
sido analisadas as dos séculos passados,
particularmente as de Pe. José Eugênio, Fr.
Allemão, Saldanha, Ule, Ducke, Dusen, Curran,
Bellard, Gardnere Loefgren, e as mais recentes,
assinaladas para E. Nunes, P. Martin,
Fernandes, Nascimento, Bezerra, D. Sucre,
Figueiredo, Castellanos, Maciel.
No estado do Ceará, onde as coletas de
Piperaceae são deficientes, observa-se que
algumas espécies estão em herbários
representadas apenas pelo exemplar tipo, como
é o caso de Piper ruftpilum Yunck.; outras
são bastante comuns no território nacional, mas
constam nas coletas para o Ceará de 1 a 3
exemplares. Há necessidade, portanto, de
coletas intensivas de espécimes da família
nesse Estado.
Assinala-se neste trabalho o endemismo
de Piper ruftpilum Yunck., espécie encontrada
nas florestas úmidas da chapada de Araripe,
43
considerada rara, dado que, sua única coleta
foi realizada no século XIX, por volta de 1 859-
1861. Peperomia lanceolato-peltata C.DC.,
com representantes em outros países da
América do Sul, no Brasil tem ocorrência
apenas no Estado do Ceará, segundo material
herborizado examinado. A espécie Piper
guianensis (Klotzsch) C.DC. não foi incluída
neste trabalho, muito embora, Yuncker (1972)
a tenha citado para o Ceará, com base em
material coletado por Gardner s.n. depositado
nos herbários de G e SP; a consulta a estes
herbários revelou a ausência desta exsicata, o
que impossibilitou uma análise para fins de
confirmação da ocorrência do táxon.
AGRADECIMENTOS
Aos curadores dos herbários, pelo
empréstimo dos materiais.
Ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico -
CNPq, pela bolsa concedida.
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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss.
na Flora Brasiliensis de Marti us
Abner Chiquieri 1
Fernando Régis Di Maio 2
Ariane Luna Peixoto 3
RESUMO
A Flora Brasiliensis, obra idealizada e editada, em sua maior parte por Karl Friederich
Philipp von Martius, entre os anos de 1840 e 1906, trata do conjunto de espécies da flora brasileira
até então conhecidas. Nessa obra, a família Rubiaceae, representada por 99 gêneros e 1043 espécies,
teve o tratamento taxonômico feito por K. Schumann e Mueller Argoviensis. O estudo descritivo
da distribuição geográfica, apresentado às páginas 415 a 422 do volume 6, parte 6, foi elaborado
apenas por Schumann. A leitura e interpretação do tratamento dado às Rubiaceae, nessa obra,
ainda hoje é muito importante e, muitas vezes, imprescindível para estudiosos da flora brasileira,
especialmente para aqueles que se dedicam à taxonomia, à florística e à fitogeografia. A dificuldade
de leitura do texto descritivo, em latim, sobre a distribuição geográfica deste grupo assim como as
muitas alterações sofridas nos nomes genéricos e binômios específicos criam empecilhos à
interpretação da visão primorosa de Schumann sobre o conjunto de Rubiaceae da flora brasileira e
da contribuição dos táxons desta família nos diferentes biomas brasileiros. Apresenta-se, neste
trabalho, a tradução para o português de texto latino elaborado por Schumann sobre a distribuição
geográfica das Rubiaceae, acompanhada da atualização dos nomes científicos nele contidos.
Palavras-chave: Rubiaceae, Flora brasiliensis, Fitogeografia, Flora do Brasil.
ABSTRACT
Flora Brasiliensis, planned and edited mainly by Karl Friederich Philipp von Martius, from 1840
and 1906, deals with all species from Brazilian Flora known at that time. In this work, the Rubiaceae,
represented by 99 genus and 1043 species, was taxonomicaly analysed by K. Schumann and Mueller
Argoviensis. The geographical distribution study, presented on pages 4 15 to 422 of volume 6, part 6, was
written only by Schumann. Reading and interpretation of this work is very important and sometimes
indispensable for Brazilan flora researchers, specially for those dedicated to taxonomy, íloristic and
fitogeography. The descriptive text on the geographical distribution in Latin and the various changes on
generic and specific names raise difficulties for comprehending Schumanifs great vision about the
whole Rubiaceae family in Brazilian flora and the presence of this family’s taxa throughout different
Brazilian biomes. This paper presents the Portuguese translation of the latin text by Schumann on the
geographical distribution of Rubiaceae, and updates scientific names presented there.
Key-words: Rubiaceae, Flora Brasiliensis, Fitogeography, Brazilian Flora
INTRODUÇÃO
A Flora Brasiliensis, idealizada e
coordenada por Karl Friederich Philipp von
Martius foi o maior projeto florístico realizado
no seu tempo. Entre 1840 e 1906, quando
foram publicados os volumes que a constituem,
nenhum outro projeto havia reunido tantos
cientistas com a finalidade de elaborar o estudo
1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Departamento de Letras e Ciências Sociais. Rua Vitória, 6, Ecologia/UFRRJ,
Seropédica, RJ. 23850-250, RJ, Brasil, chiquier@tcrra.com.br
2 Universidade Estácio de Sá. Estr. Boca do Mato, 850, Vargem Pequena, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Irdimaio@bol.com.br
3 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical, Rua Pacheco Leão 2040,
22460-030, Horto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, ariane@jbrj.gov.br
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de Flora de uma região. Martius veio ao Brasil,
integrando o séquito científico e artístico
incluído no dote real da princesa Leopoldina,
da Áustria, quando do seu casamento com o
príncipe Dom Pedro de Alcântara, do Brasil.
Os naturalistas tinham como objetivo estudar
e representar a natureza do País que se
tornaria a pátria da princesa Leopoldina.
Assim, chegaram ao Rio de Janeiro, em 1817,
além de Martius e o zoólogo J. B. von Spix, J.
C. Mikan, H. W. Schott, G Raddi, J. E. Pohl,
Natterer, Sochor, Buchberg e T. Ender.
Durante quase quatro anos, Martius e outros
integrantes da expedição coletaram material,
nas diversas regiões geográficas do País, e
elaboraram farta documentação iconográfica.
No retorno a Munique, foi preparada uma
exposição de parte do material aqui coligido.
Nessa grande exposição, foram apresentadas
amostras das riquezas minerais, etnológicas e
da biota, estando aí incluída parte das 6.500
espécies de plantas herborizadas (Emmerich,
1994).
O relato de Spix e Martius, “Viagem ao
Brasil”, publicado em Munique, em 1832, é
um dos mais completos sobre a fauna, a flora,
a paisagem, várias tribos indígenas e seus
costumes (Spix & Martius, 1 938). A tradução
desta obra foi promovida pelo Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1938, e
realizada por L.F.Lahmeyer, tendo como
revisores B.F.Remiz Galvão e B. Magalhães,
este último apondo notas ao texto.
Os 40 volumes da Flora Brasiliensis
foram publicados entre os anos de 1840e 1906.
Nela são tratados 2.253 gêneros e 22.767
espécies, das quais 5.689 eram novas para a
ciência (Ferrão & Soares, 1996). As 3.811
ilustrações (litografias), de impressionante
qualidade, permitem uma visualização da
riqueza de espécies tratadas e da diversidade
morfológica da flora tropical.
Para estudar todo o acervo colecionado
no Brasil, Martius convidou cientistas de várias
partes do mundo. Durante a elaboração da
obra, manteve correspondência com botânicos
que viviam ou que visitavam o Brasil e recebeu
Chiquieri, A., Pi Maio, F. R , Peixoto, A. L
outros materiais que foram acrescidos ao
acervo que havia coligido no País. A
elaboração da obra envolveu 65 botânicos de
diferentes países, sendo a maior parte deles
alemães. O estudo das Rubiaceae nesta
monumental obra foi elaborado por Karl
Moritz Schumann e Johann Mueller
Argovensis, ficando cada um deles
responsável por uma parte da abordagem
taxonômica desta família. No estudo das
Rubiaceae, são tratados 99 gêneros e 1043
espécies, das quais 181 são ilustradas em 151
tábulas.
Assim como ocorreu com outras famílias
botânicas, a abordagem taxonômica das
Rubiaceae na Flora Brasiliensis recebeu, ao
final (volume 6, parte 6), dois textos
discursivos: um, tratando da distribuição
geográfica (p. 415-422), e outro, do emprego
de suas espécies pelo homem (p. 435-442).
Dois quadros demonstrativos (tábulas)
também são apresentados (p. 423-436): um,
relacionando o número de espécies com a
distribuição geográfica no mundo, e outro,
detalhando a distribuição no Brasil e em países
vizinhos. O estudo da distribuição geográfica
bem como o de qualidades e uso das Rubiaceae
foi elaborado apenas por Schumann, um dos
mais produtivos botânicos de seu tempo.
A Flora Brasiliensis ainda hoje é uma
fonte de dados indispensável para botânicos
que trabalham com a flora do Brasil e de países
vizinhos. De modo geral, ela é o ponto de
partida para estudos de revisões taxonômicas
e de floras regionais. Os botânicos e outros
cientistas de áreas correlatas que lidam com
espécies da flora nacional, de modo geral,
fazem a leitura das descrições dos táxons na
Flora Brasiliensis. O vocabulário empregado
nas descrições é técnico e específico da área
biológica. Entretanto, esses mesmos cientistas,
muitas vezes, se vêem limitados, quando estão
diante de textos descritivos de outros fomiatos.
Traz-se aqui a tradução do latim para o
português do texto que trata de distribuição
geográfica das Rubiaceae, elaborado por
Schumann, com o propósito de facilitar a
Rp J ~ivuésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003
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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martius
consulta aos interessados no estudo das
Rubiaceae e da fitogeografia do Brasil. Para
permitir um entendimento mais completo do
texto buscou-se a atualização dos nomes
científicos nele contidos sem, entretanto, entrar
no mérito da classificação infrafamiliar.
O texto trata, entre outras coisas, de
questões de distribuição geográfica de tribos,
gêneros e espécies. Então, é importante
lembrar seu contexto temporal, evidentemente
distanciado dos princípios da Biogeografia
atual. Entretanto as correlações de Floras,
elaboradas por Shumann, no seu tempo, com
base nas espécies, gêneros e tribos conhecidas
e delimitadas por ele e outros botânicos de sua
época, sempre referenciadas no texto, muitas
vezes parecem atuais: “na região que
chamamos de Dríade aparecem aquelas
plantas que são peculiares a Oréades”.
METODOLOGIA
No tocante à designação dos táxons,
todos os nomes científicos empregados por
Schumann foram preservados. Os nomes
atualizados dos gêneros e das espécies são
apresentados em sobrescrito, imediatamente
ao lado dos nomes hoje invalidados. Os nomes
dos autores das espécies foram adequados à
orientação de Brummitt & Powell (1992),
sendo acrescentados diretamente no texto (não
sobrescritos), quando faltavam. No entanto,
não foi feita qualquer adequação da discussão
do autor às configurações atuais das tribos.
Não se atualizaram, também, os números de
gêneros e espécies relacionadas às tribos.
A atualização dos nomes se apoiou em
obras como Index Kewensis (Jackson, 1895),
Anderson (1992), W3 Tropic (Missouri
Botanical Garden, 2002) e em monografias e
revisões que tratam da família Rubiaceae.
No tocante à terminologia biogeográfica,
os lermos “indígena” ( indígena , ae) e
“autóctone” ( autochthon , is) foram
traduzidos como “endêmico”, pois parece ter
sido este o contexto empregado. As
expressões “núcleo de vegetação”, “centro de
vegetação” e “centro de distribuição” foram
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preservadas, podendo ser interpretadas como
“centro de diversidade”.
Schumann, em seu texto, segue a
classificação de vegetação apresentada por
Martius (1824), a primeira feita para o Brasil,
na qual são reconhecidas cinco províncias ou
domínios florísticos. Estes domínios receberam
nomes de ninfas gregas imortais (4) e mortais
(1) e correspondem, de modo geral, às regiões
Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste:
Naiádes, ninfas das águas, deu nome à
Amazônia; Oréades, ninfas dos campos, aos
Cerrados; Dríades, ninfas das florestas, à Mata
Atlântica; Napéias, ninfas dos vales e prados,
aos Campos Sulinos; Hamadriades, ninfas dos
bosques, que morrem e ressurgem com as
árvores que lhe servem de moradia, foi usada
para nomear a Caatinga cuja vegetação
ressurge após as chuvas.
A tradução para a língua portuguesa
adotou como referência os dicionários de
Emout & Meillet (1932) e Rizzini & Rizzini
(1983).
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS
RUBIACEAE
[K. Schumann, Flora Brasiliensis 6 (6):
415-422]
(pág. 415) A vasta família das
Rubiáceas ocupa o quarto lugar de todo o reino
vegetal em número de espécies. Acredito que
até o dia de hoje tenham sido descritas cerca
de 4.000 espécies, como mostra a tábula I.
Na classe das Gamopétalas, nossa família só
deve ser superada pelas Compostas (entre 10
e 12.000 espécies), que são as mais
importantes entre todas as famílias. Sem
nenhuma dúvida, elas compartilham com as
Gamopétalas uma afinidade estreitíssima.
Entre as Polipétalas, as Leguminosae
aparecem com o maior número de espécies
(6.500) e entre as Monocotiledôneas, as
Orquidaceae (4.500 - 5.000 espécies)
ultrapassam as Rubiaceae. Neste trabalho e
na enumeração dos gêneros com o ilustre
erudito Hooker, identifiquei 25 tribos, as quais
o ilustre Baillon reduziu a 13, juntando, depois,
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às Rubiáceas, na História das Plantas, as
Diervilleae, as Lonicereae , as Sambuceae e
as Adoxeae (as ulteriores não sem hesitação)
Embora tenha sido expresso pelo ilustre
erudito Hooker que as tribos aceitas não são
sempre bem limitadas, sendo, às vezes, unidas
por transição de uma para outra, não posso
concordar, contudo, com a redução de tribos
nem de gêneros proposta pelo ilustre Baillon.
Enquanto o ilustre Baillon descreveu 192
gêneros, aumentei o número de gêneros de
Hooker, de 337 para 366, dos quais alguns
foram descritos por outros autores e poucos
por mim mesmo. A união de algumas
Caprifoliaceae com Rubiaceae não parece
imprópria. Como, porém, isto já foi esboçado
na Flora Brasiliensis, aqui eu as omito.
Pela Tabula /, que exibe a distribuição
das Rubiáceas por todo o mundo, fica claro
que essa família, em sua maior parte, é própria
das regiões mais quentes, principalmente dos
trópicos. Mais de 75% de todas as espécies
crescem nessas regiões, diminuindo em
direção ao norte e ao sul, de forma que, na
Europa do Norte, são encontradas somente
49 espécies, ou 1,2%; no Chile, 56 ou 1,4%;
no sul da África, 1 20 ou 3%; na Austrália fora
dos trópicos, 75 ou 2%. Dificilmente, porém,
pode-se desvendar onde se deve encontrar o
núcleo de vegetação dessa família, porque o
número de gêneros peculiares a ambos os
hemisférios é quase igual e porque o velho
mundo sustenta alguns gêneros que na
América possuem uma ou poucas espécies e
vice-versa.
(pág. 416) A América do Sul supera em
número de espécies todas as regiões da Terra
por mim estabelecidas. Nesta região existem
1.200 espécies ou 30% do total. Em seguida,
vem a Malásia, fornecendo 607 espécies ou
15%, mas que para mim, no entanto, parecem
estar demasiadamente multiplicadas. Penso
não enganar-me, se calculo que as espécies
de toda a Ásia mais ao sul são em tomo de
1.000, que perfariam 25% de todas. A África
tropical mantém o terceiro lugar. O ilustre Hiem
determinou, recentemente, cm cerca de 550 o.
Chiquieri. A., Di Maio. F. li., Peixoto, A. I.
número de espécies que se encontram no
continente da África tropical. Se as ilhas da
África oriental, que favorecem abrigo para não
poucas espécies forem juntadas a essa região,
enumero 660 espécies (16,5%). É admirável
que a Polinésia exceda em número de espécies
e de gêneros a própria Austrália tropical.
Embora as regiões temperadas sejam
muito inferiores em espécies a todas essas
regiões, entretanto algumas espécies do gênero
Galium ultrapassam o círculo ártico; Galiurn
uliginosum L. e G palustre L., por exemplo,
florescem muito bem na península de Kola.
Também nas ilhas Malvinas, da América do
Sul, com seu clima bastante rigoroso, são
encontradas algumas espécies do mesmo
gênero, que também chegam aos montes mais
elevados. No hemisfério sul, os gêneros
Coprosma e Nertera a eles se juntam.
A maioria dos 147 gêneros monotípicos
desta família (40% do total conhecido)
sobrevive em regiões mais estreitamente
limitadas; 52 são americanos, 44 asiáticos, 39
africanos, 7 polinésios, 4 australianos, nenhum
europeu. A esses, outros 6 dispersos foram
acrescentados mais tarde, ou seja, Putoria e
Callipeltis, que crescem na Europa
mediterrânea e no Oriente; Mitchella, comum
no Japão e na América do Norte circumpolar;
Sherardia, espalhado das Antilhas até o Japão,
agora também coletado nas Américas do
Norte e do Sul, em vários lugares; Serissa, cuja
origem hoje é desconhecida, percorre do Japão
até a Malásia; Scyphiphora, não infreqücnte na
índia oriental, Malásia, Austrália tropical e
Polinésia; e Hemidiodia , que vi das
Américas Central e do Sul e na Malásia. Não é
improvável que as migrações de Serissa,
Sherardia e Hemidiodia tenham sido
favorecidas pelo auxílio dos homens;
principalmente estou persuadido de que as duas
plantas ulteriores tenham sido levadas por acaso
dos lugares natais para a América e a Ásia, (pág.
417) assim como. igualmente, Richanlsonia
scabra (L.) St. Hil. * ,rW "' Kabn L e Galium
aparine L. devam ter sido amplamente
espalhadas através da cultura ou pelo comércio.
Rodrisuêsia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003
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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martius
No que se refere à distribuição das tribos,
Henriquezieae, Catesbaeeae,
Cruckshanksieae, Retiniphylleae e
Coussareeae existem somente na América,
principalmente na América do Sul. Por outro
lado, só no hemisfério oriental ocorrem
Knoxieae, Alberteae e Vanguerieae.
Naucleeae, Citichoneae, Rondeletieae,
Condamineeae, Hedyotideae,
Mussaendeae, Haiiielieae, Gardenieae,
Guettardeae, Chiococceae, Ixoreae,
Morindeae, Psychotrieae, Paederieae,
Antbospermeae, Spermacoceae e Stellatae
ocorrem no velho mundo e no novo mundo.
Dessas, porém, estão principalmente no velho
mundo Naucleeae, com 7 dos 9 gêneros,
Hedyotideae, com 19 dos 30, Mussaendeae,
com 24 dos 39, Gardenieae com 35 dos 50,
Ixoreae, com 1 1 dos 14, Morindeae, com 8
dos 10, Psychotrieae, com 22 dos 28,
Paederieae, com 6 dos 8, Antbospermeae,
com 17 dos 21; povoam a América, em sua
maior parte, Cinchoneae, com 23 gêneros dos
36, Rondeletieae, com 14 dos 18,
Condamineeae, com 7 dos 9, Chiococceae,
com 9 dos 10.
Na região da Flora Brasiliensis,
incluindo, conforme o costume, a Guiana e a
província de Maynas, do Peru Oriental,
alcança-se um total de 1.002 Rubiáceas
descritas (25% do total). Dessas, 834 são
endêmicas, como esclarece a tóibula //, da
distribuição das Rubiaceae brasileiras. Elas
pertencem a 99 gêneros (21,5%). Não faltam
os gêneros monotípicos, mas são muito menos
numerosos que em outras regiões. Enumerei
21 ou 21%, o que exibe apenas a metade da
proporção que acima indiquei. Outros gêneros,
por outro lado, muito multiformes, incluem
várias espécies, como Psychotria, que,
segundo o ilustre Mueller Arg., apresenta 256
espécies; Rudgea e Faramea, 90; Mapouria
psychotria ^ 70 . q gênero Spemuicoce, conforme
os primeiros autores, igualmente se
apresentava em enorme extensão; eu mesmo
descobri nele somente 2 espécies e atribuí a
maior parte delas ao gênero Borreria,
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seguindo o ilustre De Candolle. Através de
intenso estudo, persuadi-me de que as
espécies deste gênero estão muito
multiplicadas de forma desordenada, de modo
que reduzi a 34 mais de 60 espécies brasileiras,
das quais não é improvável que mais
futuramente talvez algumas devam ser unidas
a outras.
Na região que chamamos Napéia
existem 48 espécies, com 14 endêmicas; em
Dríade, 383 espécies, com 265 endêmicas; em
Oréades, 314, com 202 endêmicas; em Náiade,
258, com 174 endêmicas; 66, no entanto,
principalmente das tribos expostas pelo ilustre
Mueller Arg., são desconhecidas quanto às
regiões de origem. Nas tribos estudadas por
mim, tive uma impressão um pouco diferente
das plantas Oréades daquela com que os
autores costumam, em geral, tratar. Com
levantamentos precisos, hoje é sabido que,
também na região que chamamos de Dríade,
aparecem aquelas plantas que são peculiares
a Oréades, ou seja, as chamadas extensas
planícies de Campos e nas províncias de São
Paulo, Minas, Goiás e nas partes mais ao sul
da província da Bahia, estendidas em maior
amplitude. Os cumes do monte Tijuca, a Serra
de Macaé e, principalmente, a Serra dos
Órgãos mostram de maneira extraordinária a
forma ulterior. Algumas espécies de
Declieuxia, a Congdonia coerulea (Gardner)
Mül. Arg . Otdieuxia cotrulea Ctxàa. ^ a p repusa
hookeri P ' hookeriana Gardner (Gentianaceae) £spécÍCS
de Hindsia e de Relbunium povoam Campos
das Antas, que coroa o vértice das montanhas
da Serra dos Órgãos, que correspondem
plenamente em hábito e modo próprio de
vegetação com as plantas campestres. Eu
mesmo juntei-as às plantas de Oréades. É
igualmente digno de menção que algumas
plantas descem dos campos ao longo das
margens arenosas dos rios até a beira do mar,
e nesse lugar encontram (pág. 418) condições
favoráveis para uma segunda ocupação e
constituem a formação chamada Restinga, que
cobre as areias estéreis com um denso
revestimento de arbustos ou subarbustos.
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13 14
cm ..
52
A Dríade sustenta, numa única região, a
maior parte das Rubiaceae, ou seja 38%;
acrescentando a Náiade, que mantém
condições de vegetação semelhantes, esse
número cresce até 64%. Por essa exposição,
fica esclarecido que as Rubiaceae incluem, na
maior parte, essas plantas que sofrem mais
com a seca periódica.
No Brasil, no total, 18 tribos são
encontradas; nenhuma vive somente dentro
das fronteiras; ao contrário, todas as
ultrapassam. A tribo das Henríquezieae, que
possui 2 gêneros, parece ter, pelo menos, o
centro de vegetação na vizinha Venezuela;
mas o Platycarpum até hoje ainda não foi
coletado no Império. As Retinephylleae , que
se apresentam com distribuição semelhante,
talvez ofereçam um exemplo de tribo
endêmica, porque os gêneros Jockia Jacl, °i" u
e Scyphiphora, da índia oriental, não estão
de forma alguma estreitamente ligados com
as Retiniphylleae típicas. Excluídos os dois,
aquela tribo agora fornece 2 gêneros além de
Retiniphyllum e S ynisoon Krl ‘"'i ,h '" u ' n , este
último descoberto pelo ilustre Baillon para um
certo exemplar coletado por Schomburgk,
embora omitido no presente trabalho pelo
ilustre Mueller Arg.
Das Naucleeae dois gêneros existem no
Brasil: um, o Cephalanthus, com uma única
espécie no extremo sul do Brasil, espalhada
abundantemente no Uruguai e no Paraguai,
afim com uma espécie norte-americana e com
duas outras muito diferentes que se
reproduzem no Peru oriental e que, talvez,
melhor que as outras, se prestem a uma
conjunção desse gênero com as Guettardeae.
O outro gênero é Ourouparia Uncarm , que orna
com muitíssimas espécies a índia oriental e a
Malásia. No Brasil, uma única é conhecida,
não diferindo do gênero por nenhum caráter.
O gllianensis ^ ncar,a x*ià*ensis (Aubl.) J F. Gmclin ç
uma árvore com raminhos curtos
transformados em fortes ganchos encurvados
que, como parece, sobe alto na Guiana
Francesa. É vulgar através da Hiléia e avança
até a província de Mato Grosso. Além dessa,
Chiquierí, A., Di Maio, F. A’., Peixoto, A. L
uma outra muito diversa, O. tomentosa K.
Schum. Vntana tomntma ». lí S.) A. DC. ^ jJjjg regiÕeS
do Orenoco, já foi trazida aos nossos herbários
pelo ilustre Humboldt.
As Cinchoneae se desenvolvem no
Brasil com muitos gêneros e espécies. Dos
38 gêneros conhecidos, 1 7, ou quase a metade,
foram observados dentro dos limites da Flora
Brasiliensis. Dentre os monotípicos, somente
um muito singular é próprio do Brasil:
Molopanthera paniculata Turcz. Cresce
como árvore alta nas regiões das matas do
litoral do oceano Atlântico, entre a Bahia e o
Rio de Janeiro. Pela natureza das flores,
proporcionalmente exíguas, ocupa um lugar
intermediário entre as Cinchoneae, as
Oldenlandieae e o gênero Posoqueria. Com
a primeira tribo converge pelas sementes
aladas e estatura; com a segunda tribo, pela
placenta globosa densa e prolongada quanto
ao disco, na maturidade; e com a seguinte,
pela estivação e a curvatura peculiar do botão,
características comuns quanto à índole das
anteras. Os gêneros Ladenbergia, Remijia e
Ferdinandusa geram seu maior número de
espécies na região da Hiléia, mas também uma
ou duas espécies existem em Oréades.
Enquanto os últimos estão principalmente no
Brasil, o primeiro, como o afim Cinchona,
ocorre principalmente no Peru.
Como explorei no capítulo sobre
propriedade e emprego, as Cinchoneae
verdadeiras foram completamente excluídas
da região brasileira; duas espécies, porém, são
cultivadas na Serra dos Órgãos. Hillia é
notável pela distribuição geográfica peculiar.
Das 4 espécies até agora conhecidas, //.
parasitica Jacq. (da qual não difere
completamente H. brasiliensis Cham. e
Schlecht. M #Mrn "" r " Jxi) ) é a única que podemos
acompanhar das Antilhas (pág. 419) até a
província brasileira de Santa Catarina; outra
que vi, a menos que as etiquetas tenham sido
trocadas, foi coletada neste último lugar, à
mesma época, e também na Guiana Francesa;
a terceira é própria do sul do Brasil; e a quarta,
das Antilhas, foi descrita pelo ilustre Swartz.
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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martins
Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum.
( Coutarea speciosa Aubl. c,H " nr< '" htxmdm >
k. schum. ) se a p r esenta com uma distribuição
parecida (como Hamelia patens Jacq.)*
porém, mais expandida, porque se estende da
região mexicana até o sul do Brasil e
Argentina. Com um revestimento variável, ora
com um tomento denso demais, ora
completamente glabra, essa espécie levou
autores a erro, de forma a se multiplicar em
muitas espécies. Manettia , com situação não
diferente, entrou na região de Quito e do Peru
e apresenta numerosas espécies com hábitos
muito discrepantes entre si. O gênero Hindsia
é típico de Oréades; A/seis oferece duas, talvez
mais, espécies, no sul do Brasil, às quais se
juntam uma do Panamá e outra da Colômbia,
conhecidas de forma incompleta.
Na maior parte americana, mais da
metade dos gêneros de Rondeletieae se
propaga na região da Flora Brasiliensis.
Entretanto, o gênero típico, que, na região
mexicana, na América Central, nas Antilhas
e na Colômbia, gerou tantas espécies; na
região da Hiléia, ofereceu uma única espécie.
O gênero Sickingia Smira , colocado geralmente
pelos primeiros autores entre as Cinchoneae,
incluía apenas 3 espécies conhecidas; agora,
no entanto, aumenta para 14; somente 3
espécies habitam a Venezuela e a Colômbia,
pois quase todo o gênero é brasileiro. Os
gêneros monotípicos, excluindo a africana
Carphalea , vivem na América; Rachicallis ,
nas Antilhas; Pallasia »~*«**« e
Calepophyllum c '" ,vr " w ' v " u "' , na Guiana;
Phitopis, na província peruana Maynas;
Ucriana Ausus,a e Schenckia D ' w ’", o último,
afim com Rondeletia , habitam o sul do Brasil.
Lindenia, embora de fora do Brasil, mas, por
causa da distribuição geográfica singular, tem
que ser lembrado aqui: duas espécies se
reproduzem na América Central e no México;
a terceira, não completamente diferente do
gênero, nas ilhas Fidji.
Entre as Condamineeae, quero
descrever, com poucas palavras, os gêneros
Rustia e Pogonopus. O primeiro apresenta
agora 6 ou 7 espécies, das quais 3 ou 4
ocorrem em florestas próximas ao Rio de
Janeiro, outra cresce na Hiléia, outra na
Colômbia, ambas pertencentes ao gênero agora
suprimido Henlea Rus,ia \ e a última habita a
América Central. Muito afim, mas
completamente diferente, é a monotípica
Tresanthera, árvore formosa comum nas
florestas junto ao litoral do Golfo do México.
Pogonopus , afim ao gênero norte-americano
Pinckneya , tem 2 espécies: uma já descrita
pelo ilustre Jacquin, na América Central, não
infrequente nos litorais da Colômbia e da
Venezuela, descrita sob o nome de
Macrocnemum speciosum Jacq. e
frequentemente tida como planta nova; a outra
existe muito distante desses lugares, nas
províncias da América do Sul extratropical e
não falta na República Argentina e Bolívia.
Hedyotideae , que desenvolvem no velho
mundo vários gêneros, em parte muito
multiformes, se apresentam no Brasil com
apenas três gêneros. Oldenlandia oferece 5
espécies, 2 Oréades endêmicas, afins com
outras que são mexicanas, notáveis pelas
folhas muito estreitas, 2 outras plantas ruderais
quase de todo mundo tropical, e a última é uma
erva pigméia palustre dispersa e geralmente
frequentíssima na América do Sul, ou seja, da
Bahia até a metrópole do Império, também no
litoral do Pacífico, do Peru até o Chile. É uma
planta pequenina, freqüentemente ignorada e
muitas vezes descrita, não apresentando
nenhuma espécie afim na América (pág.
420); uma outra, que está ligada com esta por
afinidade, cresce na Abissínia. Leptoscela,
monotípica, habita Oréades. Lipostoma
Coccorypseium a p resen t a 2 espécies, que vivem na
província do Rio de Janeiro. Ele foi descoberto
pelo ilustre D. Don, e, por causa do aspecto
admiravelmente semelhante ao
Coccocypselum, foi logo depois unido
desastradamente a esse gênero.
As Mussaendeae desenvolvem 10
gêneros dentro dos limites da Flora
Brasiliensis. Cassupa herun e Patima são
monotípicos: o primeiro ocorre na província do
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Alto Amazonas e é afim com Isertia-, o
seguinte, da Guiana, parece chegar perto de
Sabicea, de tal forma que o ilustre Baillon o
teria transposto para esse gênero. Schradera,
Gonzalagunia, Sabicea e Coccocypselum
desenvolvem-se até as Antilhas, América
Central e México; os três últimos, muito
variáveis, são separados em espécies
extremamente numerosas. D tSommera, uma
espécie ocorre na região mexicana; a outra,
muito diferente dessa e dela separada por
espaço amplo, é encontrada nas redondezas
da cidade de Manaus; à primeira vista, simula
de tal modo o aspecto de Sabicea, que a
recolhi dentre os espécimes de Sabicea
umbellata. (Ruiz & Pav.) Pers. Pentagonia
existe principalmente na América Central;
com uma única espécie da Hiléia, muito
imperfeita entre os materiais de Martius. Mas
achei que é facilmente reconhecida pela
estrutura peculiar das folhas e da
inflorescência. O gênero Hippotis, do Peru e
da Colômbia, com o qual Tammsia,
Pentagonia e Sommera estão ligados por
afinidade estreita; por meu julgamento,
pertence às Mussaendeae e, não às
Catesbaeeae, como indicado pelo ilustre sábio
Hooker. Sabicea (assim Como Bertiera, da
tribo seguinte) pertence aos poucos gêneros
de Rubiaceae que se vêem em muitas
espécies também na África.
As Hamelieae oferecem 4 gêneros no
Brasil. Hamelia patens Jacq., planta muito
comum na República da Argentina, difundida
por toda a América do Sul até as Antilhas e
dispersa na região mexicana e península da
Flórida. Como Coutarea, o indumento é
variável, ocultando várias espécies diferentes,
com caracteres diferenciais nada importantes.
A espécie H. lutea Rohr 11 “ iUri5 Sw , menos
amplamente dispersa e muito mais rara, foi
várias vezes coletada nas margens do rio
Amazonas. Bertiera se apresenta com duas
espécies que conheço: uma a B. guianensis
Aubl., nada infrequente, da Ilha de Trinidad,
através da Guiana até a Hiléia; a outra, Náiade,
B. parviflora Spruce. Hoffmannia exibe
Chiquieri, A., Di Maio, F. R., Peixoto, A. L
muitas espécies na América Central, mas
também oferece algumas no Peru e na
Colômbia. Na província do Rio de Janeiro e
nas regiões mais ao sul do Brasil, uma única
espécie peculiar aparece. Bothriospora é
monotípico da Guiana.
Por outro lado, muitos gêneros de
Gardenieae se desenvolvem. Principalmente
aqueles que têm dioicia completa, embora se
observem, nas flores masculinas, um estilete,
e nas femininas, anteras murchas, são notáveis
e o Brasil as possui em abundância; é dificílimo
distinguir espécies com vasta variabilidade, por
exemplo, nos gêneros Amaioua,
Basanacantha e Alibertia. Para esses
3, provavelmente o centro de distribuição está
no Brasil, porque nesse lugar exibem múltiplas
formas, embora todos se estendam até as
Antilhas e América Central. Stachyarrhena
é somente conhecido na Hiléia;
Melanopsidium, nas florestas que
acompanham o litoral do Oceano Atlântico,
na província do Rio de Janeiro e Bahia;
Kotchubaea cresce na Guiana, sendo os dois
últimos monotípicos. O gênero Duroia povoa
a Hiléia e há uma única espécie na Guiana.
Dos gêneros hermafroditas, Randia, tão
abundante, com espécies no velho mundo, na
América do Sul, aparece somente com uma
única espécie, (pág. 421) que cresce desde a
Guiana até o Peru. Gardênia florida L.
Gardênia auwa (UM«,. coletada espontaneamente
várias vezes em flor, é cultivada muito
frequentemente não só no Brasil, mas também
na Guiana, por causa do odor suave.
Posoqueria, de todos os gêneros dessa tribo,
o único que tem a zigomorfia conspícua,
principalmente dos botões, e Tocoyena são
amplamente dispersos desde as províncias
mais ao sul do Brasil até a Guiana; o primeiro
penetra na região de Nova Granada, o istmo
do Panamá e a Ilha da Trindade. Por outro
lado, os gêneros Tocoyena e Sphinctanthus,
não obstante a diferente indicação de muitos
outros autores, conheci das Antilhas. De
Genipa, o número de 8 espécies foi indicado
pelo ilustre erudito Hooker; parece-me
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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora
demasiadamente grande. Além da típica G.
eduliS L cerlamenle Genipa americana L. áí*VOre
muitíssimo cultivada e por isso desenvolvida
em várias formas, comuníssima na América
mais quente, conheço somente outra, a G.
clusiifolia (Jacq.) Griseb., das Antilhas e da
Flórida.
As Guettardeae exibem 4 gêneros.
Machaonia , na verdade, vive no Brasil, mas
muitas espécies crescem na América Central,
principalmente na região mexicana. Guettarda
existe em todo o mundo tropical; do Brasil, o
ilustre Mueller Arg. descreveu 15 espécies.
Malanea e Chomelia são gêneros sobretudo
brasileiros.
As Chiococceae, embora desenvolvidas
em maior número nas Antilhas, no Brasil
oferecem apenas 2 gêneros: Salzmannia,
monotípica da Bahia, e Chiococca , cuja
espécie brasileira C. brachiata Ruiz & Pav.
c. aiba (l.) iiuich. p 0UC0 difere da espécie típica. .
Da tribo das Ixoreae, o gênero hora é
muito conhecido em todo mundo tropical; só
no Brasil se apresenta com 30 espécies;
Coffea arabica L., planta economicamente
importantíssima, colhe-se em quase todas as
províncias; em Santa Catarina, porém, às
vezes, sofre muito com a geada.
As Coussareeae , com 2 gêneros,
Coussarea e Faramea são quase inteiramente
brasileiras; somente poucas espécies ocorrem
nas Antilhas.
A tribo das Psycliotrieae não inclui
muitos gêneros brasileiros, mas a maior
abundância de espécies supera em muito todas
as outras. O ilustre Mueller Arg. descreveu
93 espécies do gênero Rudgea, 256 do
Uragoga ( Psychotria L.), 70 do Mapouria
Psychatria < j j 0 Congdonia Dec,i,uxia e 33 do
Declieuxia , em suma, 453, ou 45% de todas
as Rubiáceas brasileiras. Dessas, poucas
foram encontradas até agora fora dos limites
do Império Brasileiro; pelo contrário, quase
todas são endêmicas; em pesquisas futuras,
sem nenhuma dúvida, a distribuição de muitas
se estenderá mais amplamente.
Brasiliensis de Martius ^ j
As Paederieae são, na verdade,
representadas, no Peru, pelo gênero peculiar
Lygodisodea Farderia -, nas coletas de Gardner,
porém, o ilustre erudito Hooker indicou existir
uma espécie única de Paederia, que eu não
vi. Dos 18 gêneros das Spennacoceae, 11 são
brasileiros, ou 60%. Hemidiodia Diodia ,
Endlichera Emmeorrh ^« e Schwendenera são
monotípicos e o ulterior, de Oréades, endêmico
do Brasil. Os primeiros vão além dos limites
do Império e oferecem distribuição
semelhante; Endlichera umbellata (Spreng.)
K. Schum. Emmeorrh 'ra umbellata (Spreng.) K. Schum.
ocorre muito freqüentemente nas florestas
adjacentes ao Oceano Atlântico; na Venezuela,
é planta nada rara e cresce também na Ilha
de Trinidad. Hemidiodia ocimifolia K.
Schum. Diodia ocimifolia (R. & S.) Breinek. niaÍS
frequentemente, como Borreria laevis (Lam.)
Griseb. e outras espécies, como Spermacoce
glabra Mchx., estão espalhadas em toda a
América do Sul mais quente e nas Antilhas.
Muito recentemente eu a vi, da Malásia, onde
o ilustre Teysmann colheu em Java e distinguiu
sob o título de Knoxia latifolia\
provavelmente foi introduzida nesse lugar
como planta ruderal, (pág. 422) assim como
Richardsonia scabra L. (St. Hil.) Richardia scnb ™
L na África oriental e Diodia sarmentosa
Sellow, em Malaca. Os gêneros Psyllocaqms
e Staelia, quase completamente brasileiros,
são próprios da região de Oréades; o ilustre
Lorentz detectou, na República do Paraguai,
uma única espécie do último. Borreria , o maior
gênero de toda a tribo, é evidente no Brasil,
com 34 espécies, 22 endêmicas. Algumas das
espécies não facilmente distinguíveis
apresentam vasta distribuição; por exemplo, a
Borreria ocimoides (J. Burm.) A. DC.,
comuníssima em toda a América mais quente,
não infreqüente na África oriental, na Ilha
Maurício e não falta na índia Oriental. Borreria
verticillata (L.) G. F. W. é igualmente comum
na África e na América. Borreria laevis
(Lam.) Griseb. , nas terras que cercam o Golfo
do México, e no Peru, recebida por diversos
coletores, tem uma espécie afim vicária no
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Brasil mais ao sul. Borreria tenella (H. B.
K.) Chain, et Schlecht. multiforme ocorre do
Paraguai até a região mexicana. A seção
Galianthes Catían,ht . por outro lado, notável pela
inflorescência decussado-corimbosa é restrita
ao sul do Brasil, à Bolívia e à Argentina
contígua.
O gênero Diodia oferece 2 ou 3 espécies
provenientes tanto da América quanto da
África Oriental: Diodia sannentosa Sellow
e D. marítima Thounn. ex K. Schum. DimvUaa
<p Beauv.) g Tayior ( Diodia breviseta Benth., D.
radicans Cham. et Schlecht. a !errula ' a (R Bciu,)
GTay ). Em Flora of tropical África, o ilustre
Hiern, embora não sem alguma dúvida,
acrescentou a essas espécies Diodia arenosa
A. DC. Hesito nesse assunto duvidoso, na
falta de um exemplar nunca visto por mim.
Perama, que o ilustre Endlicher transpôs das
Verbenáceas para as Rubiáceas, vive na Hiléia,
na Guiana e na Venezuela; uma única espécie,
no entanto, P. hirsuta Aubl., se estende até a
província de Minas Gerais e a Ilha de Trinidad.
Mitracarpus e Richardsonia Hu incluem
plantas ruderais e campestres, das quais
algumas são muito difundidas por toda a
América mais quente (por exemplo,
Mitracarpus hirtus (L.) A. DC. e
Richardsonia scabra L. K,char,i ‘ a scab,n L ,
espécie vicária com R. brasiliensis, no Brasil),
são gêneros completamente americanos, se
forem excluídas M. hirtus, uma vez aceito
para as Marianas, e R. scabra, que, como já
mencionado acima, foi indicada pelo ilustre
Hiern como procedente do sudeste africano.
Quanto à última tribo das Stellatae, são
evidentes 3 gêneros dentro dos limites da Flora
Brasiliensis: o Relbunium com aquelas
formas do gênero Galium ou Rubia, incluindo
aquelas notáveis com invólucro de dois ou três
segmentos, Rubia e, como já disse antes,
Sherardia. O primeiro gênero apresenta 15
espécies no Brasil, com 9 endêmicas. A maior
parte das espécies surge nas províncias mais
ao sul, ou seja, 9, ou 60%, R. hypocarpium
(L.) Hemsl. é a única que, da província de
Santa Catarina, se estende por quase todo o
Chiquieri, A., Di Maio, F. R . Peixoto, A. L
Brasil, excluindo a Hiléia, e ainda ocorre no
Chile, Peru, Quito, Colômbia, América Central
e Antilhas. A outra espécie é extremamente
peculiar, porque as estipulas, nas Stellatae,
geral mente foliáceas, apresentam a mesma
proporção própria das outras Rubiáceas; essa
relação só foi observada por mim, e até um
certo ponto na espécie australiana de Galium
geminifolium F. v. Muel. Não vi o gênero
Galium típico do Brasil; de fato as bagas de
todas as outras espécies de Stellatae sem
invólucro são sucosas. Duas espécies de
Rubia providas com aparência equisetóide ou
efedróide vivem provavelmente nas partes
mais ao sul; a terceira, como o Galium
aparine L. europeu, importante pela dioicia,
igualmente vive no Uruguai.
Schumann
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Neotropical Rubiaceae. Scripta Bot.
Bélgica 1: 1-200. Meise
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Brasiliensis. MonachiietLipsiae.v. 1, p. 1,
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Rodriguésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003
SciELO/ JBRJ
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Viagem pelo Brasil. Vol. 1: 389 p.; Vol.
2: 560 p., Vol. 3: 491 p., Imprensa
Nacional, Rio de Janeiro.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003
SciELO/ JBRJ
13 14
cm
Sistemática de Vellozia candida (Velloziaceae)
Renato de Mello-Silva'
RESUMO
São apresentadas a descrição de Vellozia candida J.C.Mikan, ilustrações e análise de sua
distribuição geográfica e sistemática, bem como a lectotipificação de um de seus sinônimos.
Palavras-chave: Velloziaceae, Vellozia candida, sistemática, distribuição geográfica, APA de
Cairuçu, Parati, inselbergs.
ABSTRACT
Description of Vellozia candida J.C.Mikan, ilustrations, and an analysis of its geographical
distribution and systematics are presented. It is also stablished the leptotypus of one of its synonyms.
Key words: Velloziaceae, Vellozia candida, systematics, geographical distribution, APA de Cairuçu,
Parati, inselbergs.
INTRODUÇÃO
Ao realizar o tratamento florístico das
Velloziaceae para a Flora da Área de Proteção
Ambiental de Cairuçu, Parati (Rio de Janeiro,
Brasil) (vide Marques, 1 997), foram estudados
materiais provenientes de toda a área de
distribuição de Vellozia candida. Esta espécie
é conhecida principalmente da cidade do Rio
de Janeiro e arredores, tendo sido
frequentemente estudada desta localidade (vide
Mello-Silva & Nic Lughadha, 1999) e de Parati
(Smith & Ayensu, 1976; Vellozo, 1829, como
V. marítima ) desde o início do século XIX, e
foi considerada endêmica da região costeira
do Estado do Rio de Janeiro (Safford &
Martinelli, 2000). Entretanto, é também
encontrada no Espírito Santo e em Minas
Gerais (Mello-Silva & Nic Lughadha, 1999).
Este trabalho tem por objetivos redescrevê-la
e apresentar dados precisos e atualizados sobre
a distribuição geográfica, fenologia, relações
filogenéticas e amplitude de variação
morfológica da espécie. Adicionalmente, é feita
a lectotipificação de V marítima, descrita de
material de Parati e considerada sinônimo de
V candida (Smith, 1962; Smith & Ayensu,
1976).
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados de morfologia, distribuição
geográfia e fenologia são baseados nas análises
das coleções dos herbários BM, GUA, K,
MEXU, OXF, RB e SPF e de exsicatas
enviadas pelos herbários BR, L, MBMLe VIC
(siglas segundo Holmgren et ai, 1990). As
ilustrações baseiam-se nos materiais
provenientes de Parati.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descrição da espécie
Vellozia candida AC.Mikan, Del. fl. faun.
bras., par. 2, tab. 7, 1822. Nom. cons. Tipo:
Tábula 7 de J.C. Mikan, Del. fl. faun. bras.,
parte 2. 1822.
Sinônimos:
Vellozia tertia Spreng., Neue Entd. 2: 108.
1821. Neótipo: Tábula 7 de J.C. Mikan, Del.
Fl. Faun. Bras., parte 2. 1822.
Vellozia marítima Vell., Fl. flumin. 219.
1829 (1825), Icon. 5, tab. 79. 1831 (1827).
Lectótipo (aqui designado): Tábula 79 de
J.M.C. Vellozo, Fl. flumin. Icon. 5. 1831.
Figura 1 : a-e.
Planta cespitosa. Caule 6-200 cm alt., 5-
15 mm diâm. no ápice, simples ou pouco
'Departamento de Botânica, Universidade de São Paulo. Cx. Postal 11461. 05422-970 São Paulo, SP. Bolsista do CNPq.
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Mello-Silva, R.
Figura 1 - Vellozia candida J.C.Mikan. a. planta cm floração, b. ramo em frutificação, c. flor mostrando detalhe das
emergências do hipanto. d. fruto. e. esquema de corte tranvcrsal da folha: cm preto, células csclcri ficadas, achurado,
parenquima aquífero. (A,C. Giordano 876. B,D,E. Giordano 882).
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ramificado. Folhas vivas 4-8 no ápice de cada
ramo, trísticas. Bainha foliar castanha com
ápice cinéreo, ou glabras ou com indumento
semelhante ao da lâmina ou bem mais denso.
Lâmina foliar 2,5-29 cmcompr.,4-10 mm larg.,
linear-triangular, arcuada, ereto-patente a
patente, glabra ou, as jovens, com tricomas
aplanados dendrítico-espatulados a dendrítico-
filiformes na base, margens e nervura central
na face abaxial, glabrescente, decíduas, linha
de abscisão bem marcada, in sicco revoluta;
margem inteira, ápice caudado. Infiorescência
uniflora. Pedicelo 3-19 cm compr., 1-2 mm
larg., trígono, verde, ou liso em toda a extensão
ou com pequenas emergências semelhantes
às do hipanto próximo ao ápice. Hipanto 5-12
mm compr., 3-8 mm larg., oblongo-trígono com
ângulos atenuados, amarelo-esverdeadc,
densamente coberto de emergências capitadas.
Tépalas 6-11 cm compr., 0,8-2 cm larg.,
oblongo-elípticas, unguiculadas, nos dois terços
proximais eretas, no distai patentes, brancas,
as externas mais estreitas e com pequenas
emergências capitadas na base e nervura
central da face abaxial, no restante glabras.
Estames 15-24 , filete c. 2,5 cm compr.,
amarelado, anteras 1, 5-2,0 cm compr.,
amarelas, apêndices estaminais ausentes.
Estilete 4-7 cm compr, amarelado, estigma 3-
7 mm diâm., amarelo. Cápsula 1,5-2 cm
compr., 1,5- 1,8 cm diârn., oblongo-trígona,
loculicida, imatura verde, madura castanha.
Sementes numerosas, castanhas com camada
externa cinérea.
Material examinado: ESPÍRITO SANTO:
Afonso Cláudio, 12.XII. 1977, N.LMenezes
723 , fl., fr. (BHCB, K, MBM, MBML, NY,
RB, SPF, VIES); Colatina, BR 259, ca. de 15
km de Colatina, 15. VII. 1998, R.C.Forzza 939
& K.C.Loyola , fr. (MBML, SPF); Nova
Venécia, a 3 km de Todos os Santos, em
direção a Paulista, 18E37’S 40E43’W, elev.
200 m, 8. IX. 1989, H.Q.Boudet- Fernandes
2824 et al, fl. (MBML, SPF). MINAS
GERAIS: Carlos Chagas, rio Quegueme,
21.X. 1983, GHatschbach 47083 et al, fl.
(MBM n.v., MEXU); Itabirinha de Mantena,
Sumidouro, córrego Jataí, 14. X. 1995,
GE.Valente 141 & A. A. Azevedo, fl. (CESJ,
SPF, VIC n.v.); Mantena, Rio Preto, fazenda
Boa Vista, 4.II. 1995, G.E. Valente 26, fr. (SPF,
VIC n.v.); Pedra Azul, 8 km a W da cidade,
na estrada para a rodovia BR 116, 15E57’S
41E22’W,elev. 750 m, 18.X.1988, RMHarley
25170 et al, fl. (BHCB, CESJ, K, MBM, RB,
SP, SPF). RIO DE JANEIRO: Niterói, entre
Niterói e Maricá, Alto Moirão, entre as praias
de Itapuaçu e Itacoatiara, 12.IV.1989,
R.Andreata 881 et al, fr. (RB, SPF). Parati,
Paratimirim, elev. 5-10 m, 21.IX.1986. fr.,
GMartinelli 11769, fr. (RB, SPF); id., Área
de Proteção Ambiental de Cairuçu, caminho
de Ipanema para a Praia do Poso, 10.XI. 1990,
LC.Giordano 876 et al, fl., fr. (RB); id.,
caminho em direção à praia Martim de Sá
(Trilha do Poso para Cairuçu), 10.XI.1990,
LC.Giordano 882 et al, fl, fr (RB, 2
exsicatas). Rio de Janeiro, Praia Flamengo,
C.F.P.Martius (Herb. Fl. bras.) 298 &
J. C.Mikan 39, fl., fr. (BM, BR 2 exsicatas,
K, L); id., (“Praya Flamingo”), VII. 1834, B.
Luschnath s.n., fr. (BR); id., summit of the
Corcovado mountain, 6. XII. 1825,
W.J.Burchell 1106, fr. (K); id., Morro do
Flamengo (“Flemingo”), VIII. 1836, GGardner
132, fl. (BM 2 exsicatas, K 2 exsicatas, OXF);
id.. Pico da Tijuca, III. 1959, H.E.Strang 676,
fl. (GUA); id., X.1964, C.Angeli 378, fl.
(GUA); id., 30.X. 1973, D. Araújo 518 et al,
fr. (RB); id., Pedra Bonita, 6.X. 1960, C.Angeli
187, fl. (GUA, K, RB); id., elev. 693 m,
24. IX. 1967, J.P.P.Carauta 418, fr. (GUA,
RB); id.. Pão de Açúcar, IX. 1965,
J.P.P.Carauta 273, fl. (GUA); id., IX. 1979,
J.P.P.Carauta et al 3184, fl. (GUA); id.,
morro Dois Irmãos, vertente S, elev. 400 m,
15. IV. 1966, H.E.Strang 699, fr. (RB); id.,
Pedra da Gávea, 1.1963, J.P.P.Carauta 160,
fr. (GUA); id.. Mesa, elev. 830 m, 19.IX.1971,
J.P.P.Carauta 1392 & R.Laroche 11, fl.
(GUA, K, RB n.v.); id., Cabeça, elev. 842 m,
7. IX. 1975, J.P.P.Carauta 1798 á
A.GCawalho 8, fr. (RB); id.. Alto da Boa
Vista, estrada da Vista Chinesa km 2, elev.
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370 m, 17. IX. 1980, H.Q.Boudet-Femandes
1 , fl. (BM, GUA); id.. Horto Florestal, Vista
Chinesa, X.1962, H.E.Strang 434 , fl. (GUA);
id.. Afloramento do Grotão, 8. IX. 1995,
FPinheiro 69 <£ P.Botelho , fl. (RB).
Distribuição geográfica c dados
fenológicos
Vellozia candida ocorre sobre
afloramentos rochosos Pré-Cambrianos
(inselbergs, pães-de-açúcar; Ab’Sáber, 1969;
Ibisch et al., 1995; Bremer & Sander, 2000)
do leste do Brasil, desde o nível do mar até
700 m, nos Estados do Rio de Janeiro (Niterói,
Parati e Rio de Janeiro), Espírito Santo (Afonso
Cláudio, Colatina e Nova Venécia) e em Minas
Gerais (Carlos Chagas, Itabirinha de Mantena,
Mantena e Pedra Azul) (Figura 2). É possível
que ocorra também nas elevações da Sena
dos Aimorés chegando ao Monte Pascoal, no
litoral sul da Bahia, onde ocorrem populações
Figura 2 - Distribuição geográfica de Vellozia candida,
costa sudeste do Brasil, nos estados de Minas Gerais
(MG). Espírito Santo (ES) e Rio de Janeiro (RJ).
Mello-Silva, R.
de Velloziaceae (obs. pess.).
Floresce de setembro a dezembro. Pode
ser encontrada com frutos durante todo o ano.
Filogcnia
Vellozia candida assemelha-se a V.
albiflora Pohl, espécie das serras de Minas
Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, de V
dasypus Seub. das serras e litoral do nordeste,
e do grupo de V. geotegens L.B.Sm. &
Ayensu, V. hirsuta Goethart & Henrard e V.
tillandsioides Mello-Silva, todas da Cadeia do
Espinhaço em Minas Gerais. Compartilha com
estas espécies as condições plesiomórficas
filotaxia trística, lâmina foliar com linha de
abscisão e parênquima aqüífero extendendo-
se radialmente somente sobre os feixes fibro-
vasculares, estômatos paracíticos com células
subsidiárias pregueadas, ausência de
apêndices estaminais, emergências do hipanto
densamente dispostas, cápsula loculicida e
tegumento da semente com camada externa
de células vazias. As relações do ciado onde
V. candida se insere são (V dasypus (V.
aloifolia ( V. candida (V. albiflora (( V.
geotegens , V. tillandsioides){V. hirsuta (V.
sessilis, V. tubiflora))))))) (vide Mello-Silva,
2000 ).
Variação intracspccífica
Vellozia candida sofre variação
intraespecífica, fenômeno frequente entre
espécies de Velloziaceae (Ayensu 1974; Mello-
Silva 1990, 1995, 2000; Salatino et al. 1989,
1991). Em Parati, os indivíduos chegam a 1,7
m de altura e no Rio de Janeiro, segundo Alves
(1994), pode haver alguns com até 1,8 m. Mas,
de modo geral, as plantas são menores,
chegando a 60 cm alt. Os indivíduos
setentrionais, no entanto, parecem ser um
pouco mais robustos e chegam almde altura
em Itabirinha de Mantena, MG ( Valente 141)
c a 2 m em Pedra Azul, MG ( Harley 25170),
com lâminas foliares de até 1,4 cm larg. O
indumentoda lâmina foliar e, principalmente,
da bainha também mostra considerável
variação. E muito mais conspícuo nas
Rodriguisia 54 ( 84 ): 59 - 64 . 2003
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Sistemática de Vellozia candida (Velloziaceae)
63
populações de Afonso Cláudio, ES ( Menezes
723) e da região de Mantena, MG ( Valente
26 e 141). Em Colatina e Nova Venécia, ES
( Forzzci 939 e Boudet-Femandes 2824), os
indivíduos são quase glabros. No Estado do
Rio de Janeiro ou são glabros ( Martinelli
11769) ou apresentam poucos tricomas, em
geral na nervura mediana abaxial da bainha e
margens proximais da lâmina ( Andreata 881).
O número de estames é também um caráter
sujeito a variação em espécies de Vellozia com
mais de seis estames (vide Mello-Silva, 2000).
Em V. candida, os estames podem ser 15-18
(Mikan, 1822), 18 ( Giordano 876, Harley
25170, Menezes 723) ou 24 ( Valente 141).
Nomenclatura c tipificação
O nome Vellozia candida, de Mikan
(1822), foi antecedido por V. tertia, descrita
por Sprengel ( 1 82 1 ). No entanto, V. tertia tem
sido tratada como sinônimo de V. candida
desde o trabalho de Pohl (1828). Assim, a
conservação do nome Vellozia candida e dos
tipos foi proposta por Mello-Silva & Nic
Lughadha (1999) e aceita no Congresso
Internacional de Botânica de Saint Louis
(Brummitt 2001: 561).
Vellozia marítima, sinônimo taxonômico
de V. candida, foi originalmente descrita de
material coletado em Parati. Praticamente,
nenhum material de Vellozo tem sido
encontrado em coleções (Stafleu & Cowan
1986). Assim, a tábula na publicação original
de Vellozo deve ser considerada o lectótipo
obrigatório de V. marítima.
AGRADECIMENTOS
À Fundação Botânica Margaret Mee, pela
bolsa que permitiu a análise do material de Vellozia
candida em herbários europeus; aos curadores dos
herbários citados pelo envio do material; a Eimear
Nic Lughadha, pelas discussões taxonômicas sobre
a espécie; a Emiko Naruto pelas ilustrações; a
Rafaela C. Forzza pela pesquisa no herbário GUA
e à coordenação da Flora da APA de Cairuçu pelo
convite para o tratamento das Velloziaceae, do qual
resultou este trabalho.
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Rodrigtiésia 54 ( 84 ): 59 - 64 . 2003
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cm ..
Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae)
de Pernambuco, Nordeste do Brasil 14
José Iranildo Miranda de Melo 23
Margareth Ferreira de Sales * 2 3 4
RESUMO
Foi realizado o estudo taxonômico do gênero Heliotropium L. no estado de Pernambuco, uti-
lizando-se espécimes coletados em campo por um período de 16 meses, além de materiais de em-
préstimo e/ou doação provenientes de vários herbários nacionais. Verificou-se a ocorrência de
sete taxa: H. angiospermum Murray, H. curassavicum L., H. elongatum (Lehm.) I.M. Johnst.,
H. indicum L., H. polyphyllum Lehm., H. procumbens Mill e H. ternatum Vahl. H. curassavicum
e H. ternatum constituem nova referência para o Nordeste e Pernambuco, Brasil, respectivamen-
te. As espécies mais amplamente distribuídas são H. angiospermum, H. elongatum e H.
procumbens, ocorrendo desde a zona do litoral até a zona das caatingas.
Palavras-chave: Heliotropium, Boraginaceae, taxonomia, Nordeste, Brasil
ABSTRACT
A taxonomic study of the genus Heliotropium L. in the State of Pernambuco was carried
out. The survey was based on field studies during 16 months and material provided by loan and
donation from different brazilian herbaria. Seven species were recorded: H. angiospermum Murray,
H. curassavicum L., H. elongatum (Lehm.) I.M. Johnst., H. indicum L., H. polyphyllum Lehm.,
H. procumbens Mill. and H. ternatum Vahl. H. curassavicum and H. ternatum represent new
geographical occurrences from Northeastem and State of Pernambuco, Brazil, respectively. The
species most widely distributed were H. angiospermum, H. elongatum and H. procumbens,
occurring both since litoral to caatinga s zone.
Key-words: Heliotropium, Boraginaceae, taxonomy, Northeastem, Brazil
INTRODUÇÃO
Heliotropium L. consiste de
aproximadamente 300 espécies (Fõrther, 1998),
distribuídas nas regiões tropicais, subtropicais
e temperadas (Gangui, 1955); ocorrendo
principalmente nas zonas áridas (Gentry, 1 993),
é considerado um dos maiores e mais
complexos da família Boraginaceae (Akhani
& Fõrther, 1994).
Gürke (1897) posicionou-o em
Boraginaceae subfam. Heliotropioideae
juntamente com Toumefortia L. Esses gêneros
compartilham características como inflorescência
escorpióide e estigma cônico, embora
Heliotropium possa ser distinguido, facilmente,
pelo hábito em geral herbáceo associado ao
fruto seco; enquanto em Toumefortia, o hábito
é lenhoso e o fruto é carnoso.
'Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, defendida e aprovada em 22.02.2001, no Programa de Pós-
Graduação em Botânica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (PPGB-UFRPE).
2 Programa de Pós-graduacão em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco - 52171-900 - Recife.PE -
Brasil.
3 Autor para correspondência: jimmelo@zipmail.com.br
4 Suporte financeiro: CNPq/PPGB-UFRPE.
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
66
As espécies de Heliotropium apresentam
pouca importância econômica, sendo alguns de
seus representantes utilizados como
ornamentais na Europa, destacando-se H.
europaeum L. (Swingle, 1993). Segundo
Frohlich apud Nash & Moreno (1981), H.
indicum L. é uma espécie largamente
empregada na medicina popular, em várias
regiões do globo.
Para Pernambuco, nenhum trabalho
envolvendo a taxonomia de Heliotropium foi
desenvolvido, embora listas de espécies possam
ser encontradas em Sales et al. (1998), para
os brejos de altitude e para um refúgio
vegetacional em Buíque (A.P.S. Gomes &
M.J.N. Rodai, dados não publicados).
Haja vista que a família Boraginaceae
constitui um táxon euripolínico (Miranda &
Andrade, 1990), foi procedido o estudo da
morfologia polínica dos representantes de
Heliotropium L. ocorrentes em Pernambuco;
auxiliando na delimitação das espécies
estudadas (Melo et al., inéd.).
Considerando a escassez de estudos
abordando os representantes de Heliotropium,
o presente estudo teve por objetivos:
a)identificar e descrever as espécies do gênero,
ocorrentes em Pernambuco, Brasil, incluindo
comentários sobre habitats preferenciais e
afinidades; b) atualizar a distribuição geográfica
dos taxa, além de c)amp!iar os conhecimentos
sobre a taxonomia do gênero e contribuir para
o projeto Flora de Pernambuco.
Histórico do gênero
O gênero Heliotropium foi nomeado por
Tournefort (1719), sendo efetivamente
publicado por Linnaeus (1735). A primeira
contribuição para o entendimento da
sistemática do gênero foi dada por De Candolle
(1845) que, baseado fundamentalmente na
forma da antera e no tipo de estigma, propôs
quatro seções: Heliotropium sect. Catimas A.
DC, Heliotropium sect. Piptoclaina (G Don)
Endl., Heliotropium sect. Heliotropium
A.DC. e Heliotropium sect. Orthostachys
R.Br. Mais tarde, Bentham & Hõoker (1873/
Ateio, J. I. M. <í Sales. At. F.
1876) trataram o gênero Heliophytum A. DC.
como sinônimo de Heliotropium, propondo
para este último mais uma seção: Heliotropium
sect. Heliophytum.
Outro tratamento infragenérico
abrangendo todo o gênero Heliotropium foi
proposto por Gürke (1897), que aceitou 217
espécies, acomodando-as em sete seções:
Heliotropium sect. Messerschmidia DC.;
Heliotropium sect. Catimas A. DC.;
Heliotropium sect. Monimantha Franch.;
Heliotropium sect. Piptoclaina (G. Don)
Endl.; Heliotropium sect. Heliotropium A.
DC.; Heliotropium sect. Heliophytum (DC.)
Benth. & Hõok e Heliotropium sect.
Orthostachys R.Br. O tratamento mais
recente para as espécies sul-americanas de
Heliotropium foi estabelecido por Johnston
(1928), reconhecendo 73 espécies e
posicionando-as em 10 seções das quais,
quatro eram novas ou novas combinações:
Heliotropium sect. Hypsogenia,
Heliotropium sect. Halmyrophila,
Heliotropium sect. Plagiomeris e
Heliotropium sect. Heliothamnus.
Descrições sucintas de representantes de
Heliotropium são encontradas em Floras de
vários países como da Argentina (Gangui,
1955), Peru (Macbride, 1960), América Central
e Panamá (Gentry & Janos, 1974), Panamá
(Nowicke, 1969), Guatemala (Gibson, 1970),
Veracruz (Nash & Moreno, 1981) e Iran
(Akhani & Forther, 1994).
Fõrther (1998), estabeleceu um
tratamento para a subfamília Heliotropioideae.
Neste trabalho, baseado em dados morfológicos
e anatômicos, o autor reconheceu 19 seções
além de fornecer uma lista de todos os taxa
validamente reconhecidos para o gênero
Heliotropium.
Apesar de bem representado no Brasil,
com estimativa de mais de 25 espécies, os
estudos sobre Heliotropium ainda são
escassos. Os tratamentos sistemáticos que
incluem espécies brasileiras são, na maioria,
obras clássicas e antigas, como a monografia
de Fresenius (1857/1863), na Flora
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
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Heliotropium L (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil
67
Brasiliensis, onde o autor admitiu um conceito
mais restrito para o gênero, considerando para
Heliotropium apenas três espécies. As demais,
atualmente aceitas como Heliotropium, foram
acomodadas nos gêneros Schleidenia, com 28
e Heliophytum, com 12 espécies,
respectivamente. Poucas espécies de
Heliotropium são referidas em floras regionais
como as da Guanabara (Guimarães et al.,
1971), do Pico das Almas, Bahia (Harvey, 1995)
e para a flora de Santa Catarina (Smith, 1970).
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O estado de Pernambuco apresenta uma
área de 98.087 Km 2 , situando-se na região
Nordeste do Brasil entre os meridianos 34°48 35
e 41°19’54” de longitude W e os paralelos
7°15’45” e 9 o 28’ 18” de latitude S. A partir de
variações morfopedológicas, geológicas,
altitudinais, florísticas e vegetacionais, Andrade-
Lima (1960) dividiu o estado em quatro zonas
fitogeográ ficas, a saber: do Litoral, da Mata, das
Caatingas e das Savanas.
Estudos de campo e laboratório
Foram realizadas excursões a várias
localidades do estado de Pernambuco, entre
abril de 1999 e agosto de 2000; incluindo
municípios dos estados da Paraíba e Sergipe.
As coletas de material botânico e o
processamento das coleções foram procedidos
de acordo com a metodologia usual em
taxonomia vegetal (Bridson & Forman, 1998).
As coleções obtidas foram depositadas no
Herbário Professor Vasconcelos-Sobrinho
(PEUFR). As descrições foram elaboradas
seguindo-se as terminologias propostas por
Lawrence (1951) e Radford et al. (1974).
Payne (1978) e Hickey (1973) foram
verificados para a caracterização dos padrões
de indumento e venação, respectivamente.
Para cada espécie apresenta-se uma
descrição acompanhada da relação do material
examinado, além de comentários sobre
afinidades taxonômicas e dados sobre a
distribuição geográfica dos taxa. São fornecidas
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
ainda chave de reconhecimento e ilustrações,
além de mapa de distribuição das espécies
ocorrentes na área estudada (Fig. 59). Nomes
comuns são fornecidos para algumas espécies;
os mesmos foram registrados nos sítios de
coleta e através de etiquetas de herbários.A
identidade dos taxa e o tratamento infra-
genérico foram baseados, fundameníalmente,
em Johnston (1928) e Fõrther (1998).
O estudo foi complementado pela análise
de exsicatas recebidas por empréstimo e/ou
doação de diferentes herbários nacionais:
ALCB, ASE, BHMH, CEN, CH,CPAP, CPAP,
CPATU, CVRD, ESA, FUEL, GUA, HAS,
HEPH, HFC, HRCB, HST*, HUEFS, HUFU,
IAC, IPA, JPB, MAC, PACA, PEL, R, RB,
SJRP, SP, SPF, SPSF, UB, UFMT, UFP e VIC;
cujos acrônimos estão de acordo com
Holmgren et al. (1990).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Morfologia de Heliotropium L. ocorrente
em Pernambuco - Nordeste do Brasil
Hábito
O hábito em Heliotropium é
predominantemente herbáceo, ocorrendo
também subarbustivo e mais raramente
arbustivo (Gentry, 1993). Os representantes
deste gênero ocorrentes no estado de
Pernambuco apresentam-se como ervas e
subarbustos, apenas H. polyphyllum mostra-
se exclusivamente herbáceo.
São plantas eretas ou mais
frequentemente decumbentes ou prostradas,
em geral bastante ramificadas, com ramos
longos sobre o solo, como ocorre em vários
indivíduos de Heliotropium procumbens e H.
polyphyllum. Os ramos são cilíndricos ou
angulosos e fistulosos, como em Heliotropium
elongatum e H. indicum, e geralmente
indumentados. A coloração pode apresentar-
se esverdeada ou acinzentada, em H.
procumbens.
* Não encontra-se listado no Index Herbariorum
(Holmgren et al., 1990) -Herbário Sérgio Tavares,
Departamento de Engenharia Florestal Universidade
Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.
SciELO/ JBRJ
13 14
cm ..
68
Indumento
No gênero Heliotropium, de acordo com
Akhani & Fõrfher (1994), o indumento
apresenta-se bastante variado em relação à
altitude onde a planta ocorre. Em áreas de baixa
altitude e de clima quente, as espécies exibem
tricomas patentes; enquanto em áreas mais
elevadas e de clima frio, estes são adpressos.
As espécies abordadas neste estudo
mostram indumento diversificado, exibindo, em
geral, diferentes tipos, tanto nas estruturas
vegetativas, como nas reprodutivas. Variam de
totalmente glabras, como em H.curassavicum,
ou seríceas com tricomas esbranquiçados
revestindo todas as estruturas vegetativas e
florais, em H. procumbens. Tricomas curtos
intercalados por tricomas longos e adpressos
são encontrados na face adaxial de H.
elongaíum e H. indicum, sendo que nesta
última espécie, os longos são maiores
(aciculiformes) e com uma base discóide.
Folha
As folhas são geral mente alternas ou menos
freqüentemente opostas, simples, sésseis a
longamente-pecioladas em H. procumbens (Fig.
41), sem estipulas. Emalgumas espécies,
apresentam-se alternas e subopostas a opostas
no mesmo indivíduo, especialmente próximas as
bifurcações dos ramos. São sempre alternas em
H. polyphyllum e H. procumbens, H. tematum
e apenas opostas em H. curassavicum.
O pecíolo é cilíndrico a subcilíndrico e
sulcado na face superior, em H. procumbens ,
glabrescente a indumentado, parcialmente alado
em Heliotropium elongaíum e H. indicum. O
tamanho das folhas nas espécies abordadas neste
estudo é pouco variável. A lâmina é sempre inteira.
A forma apresenta-se de estreitamente-
espatulada a linear, em H. curassavicum e de
Ianceolada a linear, em //. tematum ou ovais,
elípticas a cordiformes nas demais espécies. A
textura da lâmina foliar é membranácea na
maioria das espécies, sendo cartácea a
subcoriácea, em //. polyphyllum e H. tematum
ou subcamosa, em H. curassavicum. A base
pode ser atenuada, cuneada a aguda, truncada e,
Melo,J. I. M. & Sales, M. F
às vezes, assimétrica em H. indicum (Fig. 24).
O ápice apresenta-se geralmente agudo a
acuminado, sendo arredondado em H.
curassavicum e mucronado em H. procumbens.
A margem é geralmente inteira, plana a erosa
em Heliotropium indicum e revoluta, em H.
tematum. O padrão de venação apresenta-se
geralmente camptódromo-eucamptódromo, na
maioria das espécies, e reticulódromo como em
Heliotropium polyphyllum e H. tematum.
Infiorescência
Os representantes da família Boraginaceae,
segundo Barroso et al. (1994), se caracterizam
pela constância de inflorescências monotélicas.
Para o gênero Heliotropium, estas autoras
relatam que as inflorescências são cimas,
levemente ou acentuadamente escorpióides,
resultantes de ramos que concresceram entre si,
apresentando as flores mais desenvolvidas na
base e as mais jovens no ápice. Nas espécies
estudadas, as inflorescências são geralmente
axilares e subterminais ou terminais, bracteadas
(Figs. 33 e 41) ou não, pedunculadas, laxas ou
mais freqüentemente congestas. Podem ser
longas, atingindo 28 cm de comprimento em H.
indicum ou curtas, menores de 1 cm, multifloras
ou paucifloras, às vezes reduzidas a 2-3 flores
em H.curassavicum (Figs. 9 e 10). Estas podem
se apresentar inteiras ou bifurcadas, em H.
angiospermum e H. procumbens (Fig. 41) ou,
ainda, em número de 2 a 4 partindo de um mesmo
ponto. A raque é achatada e varia de glabra, em
H. curassavicum, a serícea em H. procumbens
e H. tematum. O pedúnculo é cilíndrico, glabro
ou indumentado.
As brácteas estão presentes apenas em
Heliotropium polyphyllum (Fig. 35 ) e H.
tematum (Fig. 50), sendo uma por cada flor.
Estas são ovais com venação reticulódroma
em H. polyphyllum e estreito-elípticas em
H. tematum.
Flor
As flores em Heliotropium são sésseis a
curtamente-pediceladas, andróginas, simpétalas,
pentâmeras e levemente zigomorfas. Quando
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Heliotropium L (Boraginaceae - Heliotropioideae ) de Pernambuco, Nordeste do Brasd
presente o pedicelo é cilíndrico, glabro a
indumentado e com até 1 mm de comprimento,
como em H. curassavicum (Fig. 12) e H.
tematum (Fig. 53). O cálice é gamossépalo,
em geral profundamente lobado, ou com as
sépalas unidas por dois terços do seu
comprimento, em H. curassavicum. Na
maioria das espécies, apresenta-se persistente
no eixo da inflorescência após a queda do fruto,
com exceção de H. polyphyllum no qual é
persistente no fruto e desprende-se junto com
este. Os lobos exibem tamanhos ligeiramente
diferentes, indo de estreitamente-oblongos a
estreitamente-lanceolados até estreitamente-
ovais a oval-lanceolados.
A corola é gamopétala, hipocrateriforme
ou tubular-hipocrateriforme em H.
curassavicum, H. procumbens e H. tematum.
O tubo, na maioria das espécies, é cilíndrico
afunilando-se para o ápice e constricto na fauce;
apenas em H. tematum o tubo apresenta duas
constrições, uma próxima a base e outra
próxima a fauce. O limbo mostra-se com a
porção basal unida e pouco a profundamente
lobado em H. tematum. A coloração varia de
branca a arroxeada com a fauce amarela, na
maioria das espécies e é amarela somente em
H. polyphyllum. A corola é, em geral,
indumentada extemamente e com um anel de
tricomas intemamente, logo abaixo da fauce.
O androceu é constituído por cinco
estames, sésseis a subsésseis, inclusos,
epipétalos, alternos aos lobos da corola, e
inseridos, na maioria das espécies, na porção
mediana do tubo ou próximos à base do tubo
na altura da constrição basal em H. tematum.
A forma das anteras varia de oval a oval-
lanceolada, com o ápice distintamente apiculado
em H. angiospermum ou caudado a longo-
caudado em H. polyphyllum (Fig. 34) e H.
tematum (Fig. 54). É interessante mencionar,
que nestas duas últimas espécies os ápices das
anteras são coerentes, sendo levemente em H.
polyphyllum e fortemente em H. tematum.
O ovário é supero, em geral globoso a
subgloboso, ou profundamente 4-sulcado em H.
polyphyllum (Fig. 38). É sempre bicarpelar, às
vezes com carpelos divididos longitudinalmente
ao meio por um falso septo, formando uma
estrutura pseudo-tetracarpelar. O número de
óvulos varia de 2 por lóculo, no ovário bilocular,
ou 1 por lóculo, quando tetralocular após a
formação do falso septo. Os nectários são intra-
florais, localizando-se na base do ovário, em
forma de disco (Al-Nowaihi et ai, 1987). O
estilete é cilíndrico e indiviso e nas espécies
estudadas pode ser inconspícuo (Figs. 6 e 14),
ou nunca ultrapassando 0,5 mm de
comprimento.
O estigma em Heliotropium é uma
estrutura especializada. É constituído por uma
porção superior estéril, cônica, umbraculiforme,
capitada a penicilada e uma porção basal
aneliforme, de espessura variável dependendo
da espécie, formada pelo tecido estigmático.
Gangui (1955), observa que as estruturas
estigmáticas têm relevância na sistemática do
gênero Heliotropium ; tal observação também
foi corroborada neste trabalho.
Fruto
Nas espécies de Heliotropium o fruto é
esquizocarpáceo, separando-se em mericarpos
drupóides (Barroso et ai, 1999). Os mericarpos
podem ser em número de 2, com 2 sementes cada
ou em número de 4, com uma semente cada. Em
geral os mericarpos são designados pela grande
maioria dos estudiosos (Johnston, 1928; Gangui,
1955; Akhani & Fõrther, 1 994) deste gênero como
núculas. O número de núculas e sementes, bem
como a forma e a superfície são caracteres
utilizados desde os primeiros trabalhos abordando
a taxonomia de Heliotropium, como De Candolle
(1845), Fresenius (1857/1863) e Bentham &
Hõoker(1876).
Na maioria das espécies estudadas, o fruto
é constituído por 4 núculas com uma única
semente, somente H. angiospemium (Fig. 7)
e H. elongatum (Fig. 21) apresentam fruto
constituído por duas núculas com duas
sementes cada. A forma é em geral globosa a
subglobosa, mitriforme em H. elongatum, ou
trifacetadas em H. polyphyllum (Fig. 39), H.
procumbens (Fig. 47) e H. tematum (Fig. 57).
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JSciELO/JBRJ
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V
70
Para a maioria das espécies apresentam-se
glabros, sendo hirsutos em H. procumbens e
H. tematum. Vale salientar que a superfície
em H. angiospermum é geralmente revestida
por apêndices vesiculares.
Semente
As sementes são achatadas,
apresentando-se geralmente elipsóides, ou às
vezes trifacetadas a triangulares em
Heliotropium polyphyllum (Fig. 40).
Geralmente muito pequenas, variam de 1 a 3,5
mm de comprimento em Heliotropium
elongatum (Fig. 23).
Tratamento taxonômico
Heliotropium L., Syst. ed. I: 1735.
Espécie-tipo: H. europaeum L.
Melo.J. I. M. '& Sales, M. F.
Ervas a subarbustos, raramente arbustos,
anuais ou perenes. Folhas alternas a subopostas,
raramente opostas a subverticiladas, sésseis ou
pecioladas, simples; lâmina membranácea a
subcamosa, glabra a indumentada, venação
camptódroma, eucamptódroma a reticulódroma.
Cimas terminais ou axilares, escorpióides,
solitárias ou às vezes 2-4 agrupadas,
pedunculadas, bracteadas ou não. Flores
sésseis ou pediceladas. Cálice gamossépalo, 5-
lobado. Corola simpétala, pentâmera,
infundibuliforme ou hipocrateriforme, lilás a
violeta até purpúrea, às vezes branca ou menos
frequentemente amarela, fauce frequentemente
pubescente; lobos orbiculares a suborbiculares,
até ovais ou deltoides, margem em geral
ondulada. Estames inclusos, sésseis ou com
filetes curtos; anteras dorsifixas e introrsas,
CHAVE PARA O RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES DE HELIOTROPIUM
OCORRENTES EM PERNAMBUCO
1. Inflorescências com brácteas; estames com anteras de ápice coerente (levemente
unidas entre si)
2. Lâmina foliar de margem revoluta; flores alvas com fauce amarela; brácteas 2, 5-2, 7 x 0,3-
0,4 mm, estreitamente-elípticas 7. H. tematum
2’. Lâmina foliar de margem plana; flores amarelas; brácteas 3-4 x 1-1,3 mm, ovais
5. H. polyphyllum
1’. Inflorescências sem brácteas; estames com anteras de ápice livre entre si
3. Folhas sésseis, de estreitamente-espatuladas a lineares; inflorescência 0,7-2, 5 cm compr.,
distintamente escorpióide ou reduzida a 2 a 3 flores 2. H. curassavicum
3’. Folhas pecioladas, ovais a oval -elípticas, oval-cordiforme ou oval-deltóide, elíptica, rômbica,
estreitamente-elíptica a oblonga; inflorescência 1-28 cm compr., distintamente escorpióide
4. Pecíolo parcialmente alado; gineceu com estilete evidente
5. Lâmina foliar com face adaxial bulada; cálice menor que a metade do comprimento
da corola; fruto constituído por 2 núculas, com duas sementes cada; núculas com 5-7
nervuras salientes, ápice levemente bidenticulado 3. H. elongatum
5’. Lâmina foliar com face adaxial plana; cálice maior queametadedo comprimento da
corola; fruto constituído por 4 núculas, com 1 semente cada; núcula com 2-3 nervuras
salientes, ápice acentuadamente bidentado 4. H. indicum
4’. Pecíolo nuncá alado; gineceu com estilete nulo ou inconspícuo
6. Indumento seríceo revestindo ramos, folhas e lores; corola empre branca, fauce
amarela; anteras com ápice caudado; núculas 4, hirsutas 6. H. procumbens
61 Indumento escabro a estrigoso revestindo ramos e pubescente cobrindo ambas as faces da
lâmina foliar; corola branca a arroxeada, fauce amarela; anteras com ápice apiculado;
núculas 2, testa revestida por apêndices vesiculares 1 . H. angiospemnim
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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil
71
ovais a lineares. Ovário 2-locular ou falsamente
4-locular; óvulos 2 por lóculo, ou 1 quando
falsamente 4-locular; estilete terminal, cilíndrico;
estigma cônico ou umbraculiforme, com a base
espessada em anel, séssil ou subséssil. Fruto
esquizocarpáceo, separando-se em 2 núculas
com 2 sementes ou em 4 núculas com uma
semente cada. Sementes planas ou curvas,
geralmente com um endosperma delgado,
amarelo a verde-claro.
Na área de estudo, verificou-se a
ocorrência de sete espécies acomodadas em
quatro seções:
I - Heliotropium sect. Schobem (Scop.) I.M.
Johnst.:
1. H. angiospermum Murray;
II - Heliotropium sect. Platygyne Benth.:
2. H. curassavicum L.;
III - Heliotropium sect. Tiaridium (Lehm.)
Griseb:
3. H. elongatum (Lehm.) I.M. Johnst.;
4. H. indicum L.
IV - Heliotropium sect. Orthostachys R.Br.:
5. H. polyphyllum Lehm.;
6. H. procumbens Mill.;
7. H. ternatum Valil
Descrição dos taxa
1. Heliotropium angiospermum Murray,
Prodr. stirp. Gott.: 217. 1770.
Figs. 1-8.
Erva ou subarbusto, 0,2-1 m alt., ereto ou
subereto. Ramos cilíndricos, de escabros a
estrigosos.-Fblhas alternas a subopostas,
algumas vezes opostas no mesmo indivíduo,
pecioladas; pecíolo 0,2-1, 2 cm compr.; lâmina
0,8-9, 8 x 0, 4-4,8 cm, membranácea, oval a
elíptica, base atenuada, ápice agudo a
acuminado, margem inteira, faces abaxia! e
adaxial pubescentes; venação eucamptódroma.
Inflorescência 1,8-24,5 cm compr., subterminal
e axilar, laxa a congesta, inteira ou bifurcada,
pedunculada, não bracteada; pedúnculo 2-4,5
cm compr. Flores 2, 3-3, 5 mm compr., sésseis.
Cálice profundamente lobado, persistente no
eixo da inflorescência após a queda do fruto,
lobos 1,8-3, 2 x 0,5-0, 7 mm, estreito-oblongos,
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
margem ciliada, pubescentes externa e
internamente. Corola 3-3,5 mm compr.,
hipocrateriforme, branca a arroxeada, fauce
amarela, extemamente pubescente; tubo 2,2-
2,5 mm compr., subcilíndrico, afunilado para o
ápice, intemamente piloso na altura da fauce;
lobos orbiculares. Estames subsésseis, inseridos
a 0,8 mm acima da base do tubo da corola;
anteras 0,8-1 ,2 mm compr., oval-oblongas, base
subcordada, ápice apiculado, livre. Ovário ca
0,5 mm compr., subgloboso, 2-locular; estilete
inconspícuo, inteiramente recoberto pelo
estigma; estigma ca. 0,8 mm compr.,
umbraculiforme; óvulos 2 por lóculo, curvos.
Fruto 2-3 mm diâm., subgloboso; núculas 2, com
testa geralmente revestida por apêndices
vesiculares, marrom-acinzentado. Sementes 2
por núcula, ca.l mm compr., largo-ovais,
amarelo-esverdeadas, rugosas.
Distribuição geográfica: A espécie
apresenta-se distribuída do sul dos Estados
Unidos (Texas e Flórida) e México até Brasil e
Chile, incluindo Antilhas (Frõhlich in Nash &
Moreno [1981]). Gibson (1970) observa que
esta espécie é bastante freqüente em várias
regiões baixo-montanas da América Central,
onde é invasora. No Brasil, encontra-se
distribuída nas regiões Nordeste (AL, BA, CE,
PB, PE e SE) e Sudeste (RJ). Em Pernambuco,
Heliotropium angiospermum apresenta-se
amplamente distribuída, desde a zona do Litoral
até a zona das Caatingas e na ilha de Fernando
de Noronha, preferencialmente em áreas
abertas; em geral antropizadas ou em margens
de estradas: tanto em solos arenosos como
argilosos ou mais raramente em afloramentos
rochosos.
Comentários: O exemplar-tipo de
Heliotropium angiospermum é desconhecido.
Segundo Frõhlich apud Nash & Moreno
(1 981), o tipo foi obtido a partir de uma planta
cultivada em jardins botânicos europeus.
Johnston (1928) reconhece para esta espécie
14 sinônimos, destacando-se Heliophytum
parviflorum, binômio adotado por De Candolle
( 1 845) e posteriormente por Fresenius (1857),
na Flora Brasiliensis.
6
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
72
Melo.J. I. M. & Sales, M. F.
Figuras 1-16: Heliotropiwn atigiospermum Murray (Melo 399): 1-8. 1. Aspecto geral do ramo; 2. Detalhe da inflorescência;
3. Flor; 4. Corola aberta; 5. Estame; 6. Gineceu; 7. Fruto, com cálice persistente; 8. Semente, vista frontal (Melo 242); H.
curassavicum L. (Sales 13): 9-16. 9. Aspecto geral do ramo; 10. Detalhe da inflorescência; 11. Detalhe do ramo, eviden-
ciando folhas; 12. Flor; 13. Corola aberta; 14. Gineceu; 15. Fruto; 16. Semente.
Rodriguésia 54 (84): 65-87. 2003
SciELO/JBRJ
Heliotropium L. (Boraginaceae - Helioiropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil
73
A espécie apresenta afinidades com
Heliotropium transalpinum Vell. (com
distribuição da Bahia até o Rio Grande do Sul),
separando-se desta pela ausência de tricomas
malpighiáceos, pelos estames subsésseis
inseridos próximos à base do tubo da corola e
especialmente pelos lobos do cálice menores
bem como pelo fruto que apresenta-se
geralmente recoberto por apêndices vesiculares
de coloração marrom-acinzentado. Verificou-
se que em alguns indivíduos coletados em
Garanhuns, a superfície do fruto apresenta-se
desprovida desses apêndices. O mesmo foi
observado por Johnston (1928), comentando
que a ausência desses apêndices só foi
constatada em materiais provenientes do Brasil.
Material examinado selecionado: Brasil.
Pernambuco: Alagoinha, 20.VII.1999, U.P.
Albuquerque et ai 267, fl. (UFP); Ameixas,
14. VIII. 2000 , J.I.M. Melo 377, fl., fr.
(PEUFR); Arcoverde, 29. VI. 2000 , J.I.M.
Melo 333, fl., fr. (PEUFR); Belo Jardim,
14.X. 1970, J.L.H. Alves 37, fl. (UFP);
Bezerros, 1 7.XII. 1 999, J.I.M. Melo 207, fl.,
fr. (PEUFR); Brejão, 17.11.2000, J.I.M. Melo
233, fl., fr., J.I.M. Melo 233 (PEUFR);
Cachoeirinha, 14. VIII. 2000, J.I.M. Melo 382,
fl., fr. (PEUFR); Calçado, 14.VIII.2000, J.I.M.
Melo 388, fl., fr. (PEUFR); Caruaru,
1 8.XII.1999, J.I.M. Melo 2 12, fl., fr. (PEUFR);
Cumaru, 14. VIII. 2000, J.I.M. Melo 376, fl.,
fr. (PEUFR); Garanhuns, 16.11.2000, J.I.M.
Melo 225, fl-, fr. (PEUFR); Gravatá,
17. XII. 1999, J.LM. Melo 204, fl., fr.
(PEUFR); Ilha de Fernando de Noronha,
8.IV.1999, A.M. Miranda 3224 (HST), fl., fr.
(HST); Jupi, 5.IV.1999, J.I.M. Melo 120, fl.,
fr. (PEUFR); Lajedo, 14.VIII.2000, J.I.M.
Melo 385, fl., fr. (PEUFR); Limoeiro, IV. 1937,
Vasconcelos-Sobrinho s.n., fl. (RB 93677),
Passira, 14/8/2000, J.I.M. Melo 375, fl., fr.
(PEUFR); Paudalho, 20.III.2000, J.I.M. Melo
241, fl., fr. (PEUFR); Paulista, X.1991, L.C.
Gomes 204, fl., fr. (PEUFR), Pesqueira,
29.VI.2000, J.I.M. Melo 330, fl., fr. (PEUFR);
Quipapá, 12.1.1994, A.M. Miranda 1183, fl.,
fr. (PEUFR); Recife, 20. VIII. 1990, R.M.
Nascimento 01, fl., fr. (PEUFR); Riacho das
Almas, 14.VIII.2000, J.I.M. Melo 378, fl., fr.
(PEUFR); Santa Maria da Boa Vista,
29.IV.1971, E.P. Heringer et al. 384, fl., fr.
(UB); São Caitano, 29.VI.2000, J.I.M. Melo
327, fl., fr. (PEUFR); Serra Talhada,
17.IV.197, E.P. Heringer et al. 22, fl., fr. (UB);
Taquaritinga do Norte, 1 2.V.2000, J.I.M. Melo
279, fl., fr. (PEUFR); Triunfo, 10.M.1995, AAL
Miranda 2117, fl., fr. (HST); Vertentes,
1 1 .V.2000, J.I.M. Melo 267, fl., fr. (PEUFR);
Vicência, 20.III.2000, J.I.M. Melo 246, fl., fr.
(PEUFR); Vitória de Santo Antão, 1 7.XII. 1 999,
J.I.M. Melo 203, fl., fr. (PEUFR).
Material adicional: Brasil. Bahia: Castro
Alves, 12.XI.1983, G.C. Pereira Pinto et al.
384, fl., fr. (RB); Feira de Santana,
21. VII. 1987, L.P. de Queiroz et al. 1725, fl.,
fr. (HUEFS); Itatim, morro da quixaba,
15.XII.1996, E. Melo et al. 1910, fl.,
(HUEFS); Jacobina, 28. VI. 1983, L. Coradin
et al. 6155, fl., fr. (CEN); Santa Bárbara,
30.1.1980, L.R. Noblick s.n., fl., fr. (HUEFS
1644); Santa Luz, 07.VII.1976, A. Rocha s.n.,
fl., fr. (IAC 23255); Ceará: Canindé, 15.VI.1979,
L. Coradin et al. 1970, fl., fr. (CEN); Olho
d’Água do Vieira, 1 8.VII./1 961 , S. Tavares
664, fl., fr. (HST); Paraíba: Areia, 20.IV. 1956,
J.M. Vasconcelos s.n., fl. (SPSF 2537); Rio
de Janeiro: Rio de Janeiro, 18.X.1947, O.
Machado s.n., fl. (GUA 18641); Sergipe:
Canindé do São Francisco, 05. V.2000, J.I.M.
Melo 262, fl., fr. (PEUFR); Itabi, 27.VIII. 1 982,
E. Gomes 55, fl., fn (ASE).
Equador. Chimborazo: Huigra, 22.11.1955,
E. Asplund 15521, fl., fr. (R); Esmeraldas:
Santo Domingo de los Colorados, 16.V.1955,
E. Asplund 16381, fl. (R); Guayas: Zapotal,
08.V.1959, G. Harling s.n., fl., fr. (R 197.164).
2. Heliotropium curassavicum L., Sp. Pl. 1 :
130. 1753.
Figs. 9-16.
Erva ou subarbusto, 10-20 cm alt.,
prostrado, em geral bastante ramificado. Ramos
cilíndricos, amarronzados, glabros. Folhas
opostas ou subopostas, sésseis; lâmina 0,7-1, 3
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
74
x 0,1 -0,4 cm, subcarnosa, oblanceolada, de
estreitamente-espatulada a linear, base cuneada,
ápice arredondado, margem inteira, glabra;
venação reticulódroma. Inflorescência 0, 7-2,5
cm compr., axilar e subterminal, sem brácteas,
em geral em ramos curtos, distintamente
escorpióide ou reduzida a 2-3 flores, curto-
pedunculada, não bracteada; pedúnculo 0,2-0, 5
mm compr. Flores 2-2,2 mm compr., sésseis a
curtamente-pediceladas. Cálice 1,5-2 mm
compr., sépalas unidas por 2/3 do seu
comprimento, persistente no eixo da
inflorescência após a queda do fruto; lobos 1-
1,2 x 0,4-0, 5 mm, estreitamente-ovais. Corola
2-2,2 x 0,7-0, 8 mm, tubular-hipocrateriforme,
branca, glabra interna e extemamente; tubo 1,1-
1,2 mm compr., subcilíndrico estreitando-se em
direção à fauce; lobos 0, 5-0,6 mm compr.,
orbiculares. Estames sésseis, inseridos 0,5 mm
acima da base do tubo da corola; anteras ca.
0,8 mm compr., ovais, base cordada, ápice
agudo, livre. Ovário ca 0,3 mm compr., globoso,
4-locular, glabro; estilete inconspícuo, recoberto
pelo estigma; estigma cônico, ca. 0,7 mm
compr., estriado longitudinalmente; óvulo 1 por
lóculo. Fruto 1-2 mm diâm., globoso; núculas 4,
separando-se completamente na maturação,
testa lisa. Semente 1 por núcula, até 1 mm
compr., estreito-elípticas, carnosas,
amarronzadas.
Distribuição geográfica: Heliotropium
curassavicum apresenta distribuição nas
regiões tropicais das Américas (do sul dos
Estados Unidos até Argentina) bem como na
África e Ásia (Johnston, 1928), exclusivamente
halófila. De acordo com Akhani & Forther ( 1 994),
a espécie parece ser nativa das Américas e ter
sido introduzida nos demais continentes. No Brasil,
é citada para São Paulo e Rio Grande do Sul
(Johnston, 1928). Está sendo referida pela
primeira vez para o Nordeste, nos estados de
Pernambuco e Paraíba. Em Pernambuco, foi
encontrada apenas no município de Afrânio; na
Paraíba nas margens salinas do açude de
Soledade, nos Cariris Velhos.
Comentários: Heliotropium curassavicum é
facilmente identificada por ser completamente
Melo.J. I. M. & Sales, M. F.
prostrada e glabra, com folhas sésseis,
subcamosas, lineares a estreito-espatuladas e
pelo fruto globoso. Segundo Akhani & Forther
(1994), foi escolhido como lectótipo uma
ilustração da planta confeccionada por Morison
em 1699.
Material examinado: Brasil. Paraíba:
Soledade, 23.XI.1984, M. Sales 13, fl., fr.
(PEUFR); ibidem, 13.III.1986, M. Sales et al.
44, fl., fr. (PEUFR); Pernambuco: Afrânio,
1984, R. Pereira s.n., fl., fr. (IPA 49852).
3. Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M.
Johnst., Contr. Gray Herb. Harv. Univ. 81: 18.
Í928.
Tiaridium elongatum Lehm. Asperifolien
1: 16. 1818; ícones 10. t. 6. 1821
Figs. 17-23.
Erva ou subarbusto, 10-90 cm alt., ereto
ou decumbente. Ramos angulosos, fistulosos,
esparso a densamente hirsutos. Folhas alternas,
ou às vezes subopostas, pecioladas; pecíolo 0,6-
5,7 cm compr., parcialmente alado; lâmina 2-
12,5 x 1,2-7, 8 cm, membranácea, oval a
cordiforme, deltóide, base assimétrica, truncada,
ápice agudo a acuminado, margem inteira, face
adaxial fraca a fortemente bulada, escabra a
glabrescente, com tricomas curtos intercalados
por tricomas longos e adpressos, face abaxial
pubescente, com tricomas curtos intercalados
por longos l e- "esparsos; venação
eucamptódroma. Inflorescência 2-12 cni'
compr., subterminal e axilar, pedunculada, não
bracteada; pedúnculo 2-4 cm, pubescente, com
tricomas curtos entremeados com longos e
esparsos. Flores 3-5 mm compr., sésseis.
Cálice 2-2,8 x 0,4-0, 5 mm compr.,
profundamente lobado, menor que a metade do
comprimento do tubo da corola, persistente no
eixo da inflorescência após queda do fruto, com
tricomas longos aciculiformes, especialmente
nas margens; lobos 1,8-2, 5 x 0, 3-0,5 mm,
lanceolados. Corola 5-6,5 mm compr.,
hipocrateriforme, branca a arroxeada,
extemamente e intemamente pubescente; tubo
2, 6-4,2 mm compr., subcilíndrico, estreitando-
se para o ápice; lobos 0,5 mm compr.,
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil
75
Figuras 17-30: Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M. Johnst. (Melo 237): 17-23. 17. Aspecto geral do ramo; 18. Flor;
19. Gineceu; 20. Corola aberta; 21. Fruto; 22. Detalhe da inflorescência; 23. Semente, vista frontal (Melo 196); H. indicum
L • 24-30 24 Aspecto geral do ramo; 25. Detalhe da inflorescência; 26. Flor; 27. Corola aberta; 28. Gineceu; 29. Fruto;
30. Semente, vista dorsal.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
76
MeloJ. I. M. • & Sales, M. F.
orbiculares. Estames sésseis a subsésseis,
inseridos 0,8- 1,5 mm acima da base do tubo da
corola; anteras ca. 1 mm compr., estreitamente-
oblongas, ápice retuso. Ovário ca. 0,5 mm
compr., globoso, 2-locular; estilete evidente, ca.
0,5 mm compr.; estigma 0,2 mm compr.,
campanulado invertido; óvulos 2 por lóculo,
achatados. Fruto 2-2,5 mm diâm., mitriforme;
núculas 2, com 5-7 nervuras salientes na face
dorsal, ápices levemente bidenticulados,
glabras. Sementes 2 por núcula, 3-3,5 mm
compr., trígonas, amarronzadas, lisas.
Distribuição geográfica: Heliotropium
elongatum é uma espécie com distribuição
exclusiva na América do Sul Oriental (Argentina,
Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai), de acordo
com Johnston (1928). No Brasil, H. elongatum
está distribuída nas regiões Nordeste (BA, CE,
MA, PB, PE, PI, RN e SE), Centro-oeste (MS e
MT), Sudeste (MG, RJ e SP) e Sul (RS), sendo
referida para ambientes abertos. Em Pernambuco,
a espécie apresenta ampla distribuição, ocorrendo
desde a zona do Litoral até a zona das Caatingas
e no arquipélago de Fernando de Noronha, em
áreas abertas.
Comentários: De acordo com Johnston (1928),
a coleção-tipo de Heliotropium elongatum é
proveniente do Brasil, sem localidade definida,
coletada por Sellow s/n, cujo holótipo está
depositado, provavelmente, no herbário B e um
isótipo no Kew. Os caracteres mais relevantes
para o reconhecimento de H. elongatum são
encontrados no ovário 2-locular, com 2 óvulos por
lóculo e especialmente no fruto com as núculas
de ápice levemente bidenticulados, pouco
divergentes, caracteres estes que a diferenciam
de H. indicum, que apresenta ovário 4-locular,
com 1 óvulo por lóculo e fruto constituído de 4
núculas, com ápices divergentes. Nas demais
características, essas duas espécies são
semelhantes, sendo freqüentemente confundidas
em material de herbário.
Johnston ( 1928) reconheceu para a espécie
duas variedades: Heliotropium elongatum var.
genuína e H. elongatum var. burcliellii,
baseando-se no tamanho da corola, as quais foram
desconsideradas neste trabalho, por este caráter
ser variável nos espécimes analisados. Esse
mesmo autor considerou como autoridade de H.
elongatum Hoffm. ex Roem. & Schult. Na
realidade, Roemer & Schultes (1819) trataram a
espécie como Tiaridium elongatum e apenas
citaram o binômio Heliotropium elongatum,
manuscrito por Hoffmansegg no exemplar Herb.
Willd. n. 1 15, como sinônimo de T. elongatum. A
publicação efetiva da combinação nova só foi feita
posteriormente por Johnston (1928). Portanto, o
nome correto para designar a autoridade da
espécie deve ser H. elongatum (Lehm.) I.M.
Johnst.
Nomes populares: tromba-de-elefante (RJ);
crista-de-galo (CE, MT, SE).
Material examinado selecionado: Brasil.
Pernambuco: Afogados da Ingazeira,
1 1 VII.2000, J.l.M. Melo 351, fl., fr. (PEUFR);
Angelim, 15.VIII.2000, J.l.M. Melo 396, fl.,
fr. (PEUFR); Brejão, 17.11.2000, J.l.M. Melo
234, fl., fr. (PEUFR); Caruaru, 17.XII.1999,
J.l.M. Melo 202, fl., fr. (PEUFR);
Cachoeirinha, 14.VIII.2000, J.l.M. Melo 380,
fl., fr. (PEUFR); Canhotinho, 15.VIII.2000,
J.l.M. Melo 394, fl., fr. (PEUFR); Garanhuns,
16.11.2000, J.l.M. Melo 228, fl., fr. (PEUFR);
Goiana, 20.X.1999, J.l.M. Melo 190, fl., fr.
(PEUFR); Ibimirim, 30.VI.2000, J.l.M. Melo
340, fl., fr. (PEUFR); Igarassu, 20.X.1999,
J.l.M. Melo 184, fl., fr. (PEUFR); Iguaraci,
13. VII.2000, J.l.M. Melo 369, fl., fr. (PEUFR);
Ilha de Fernando de Noronha, 05.III. 1993, L.P.
Félix et al. 5622, fl., fr. (PEUFR); Jaboatão,
25. XI. 1997, A.L. Albuquerque s.n., fl., fr.
(UFP); Lajedo, 14.VIII.2000, J.l.M. Melo 384,
fl.,fr. (PEUFR); Olinda, 19.IX.1997, A. Vicente
et al. 6, fl., fr. (PEUFR); Ouricuri, 01. III. 1971,
E.P. Heringer et al. 439, fl., fr. (PEUFR);
Paudalho, 20.III.2000, J.l.M. Melo 244, fl., fr.
(PEUFR); Petrolina, 03. V. 1984, T. Ramos et
al. 5, fl., (PEUFR); Recife, 15. VIII. 1958,
Andrade-Lima s.n., fl. (PEUFR 1456); São
João, 15.VIII.2000, J.l.M. Melo 397, fl., fr.
(PEUFR); São Lourenço da Mata, 13.11.1977,
/. Pontual 77-1470, fl., fr. (PEUFR); Solidão,
12. VII.2000, J.l.M. Melo 361, fl., fr. (PEUFR);
Tabira, 12. VII.2000, J.l.M. Melo 352, fl., fr.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
SciELO/JBRJ
Heliotropium L (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil
77
(PEUFR); Vicência, 20.III.2000, J.I.M. Melo
248, fl., fr. (PEUFR).
Material adicional: Brasil. Bahia: Caetité,
09.ni. 1994, V.C. Souza et al. 5399, fl., fr. (ESA);
Feira de Santana, 12.IX.1997, M.V. Moraes &
E. M. Costa-Neto 110, fl, fr. (HUEFS); Rodelas,
22.1.1987, GO.M. Silva & LB. Silva 35, fl., ff.
(HUEFS); Serra da Copioba, 23.11.1951, G. Pinto
589, fl., fr. (IAC). Ceará: Orós, 09. VII. 1984,
F. C.F. Silva 173, fl., fr. (RB); Serra de Baturité,
04.XI.1937, J. Eugênio 78, fl., fr. (RB).
Maranhão: Santa Inês, 14X11.1978, N.A. Rosa
& H. Vilar 2980, fl., fr. (RB). Mato Grosso:
Campo satélite, 04.X.1976, A. Aliem 104, fl.
(CEN); SãoFélix do Araguaia, 18.ffl.1997, V.C.
Souza et al. 14450, fl. (ESA). Mato Grosso do
Sul: Aquidauana, 04.IV.1990, AG Silva & S. V.
Leone 12, fl., fr. (PEUFR). Minas Gerais:
Pirapora, 02.X.1978, M.P. Coens 78-1053, fl.
(VIC); Pouso Alegre, 27.IV. 1927, F.C. Hoehne
s.n., fl., fr. (SP 19208). Paraíba: Brejo da Cruz,
02. VI. 1984, J.E.R. Collares & L Dutra 160,
fl., fr. (CH);Riachão do Bacamarte, 28.Vffl.1998,
M.l.B. Loiola et al. 464, fl., fr. (PEUFR); Piauí:
Picos, 29. VII. 1964, A. Castellanos 25299, fl.
(GUA). Rio de Janeiro: Paraíba do Sul,
25. VII. 1984, J.P.P. Carauta et al, fl., fr. (GUA).
Rio Grande do Norte: Santana, 05X1.1968, N.
Lima 36, fl. (UB). Rio Grande do Sul: Alegrete,
ll.n.1990, D.B. Falkenberg & M.E.G Sobral
524 1, fl., fr. (PEL); Cachoeira do Sul, 1 1. IV. 1995,
J. A. Jarenkow & M. Sobral 2570, fl., fr., (PEL);
Ilha da Pólvora, ll-H. 1976, Z Rosa s.n., fl., fr.
(HAS 3504). São Paulo: Charqueada, 01. fl. 1994,
K. D. Barreto et al. 1936, fl., fr. (PEL); Porto
Feliz, 30 X 1 . 1978, AJA. Cardelli & EA. Oliveira
s.n., fr. (IAC 24948). Sergipe: Aracaju,
17.XI.1986, G Viana & M.L.C. Leite 2, fl., fr.
(ASE).
4. Heliotropium indicum L., Sp. Pl. 1: 130.
1753.
Figs. 24-30.
Erva ou subarbusto, 0,10-1, 0m alt., ereto
ou decumbente. Ramos angulosos, fistulosos.
Folhas alternas e subopostas no mesmo
indivíduo, pecioladas; pecíolo 1 ,2-6,2 cm compr.,
parcialmente alado; lâmina 3,4-12,2 x 1,7-9 cm,
membranácea, oval-elíptica a oval-deltóide, ou
mais raramente rômbica, base truncada às
vezes assimétrica estreitando-se para o pecíolo,
ápice acuminado, margem erosa a plana, face
adaxial plana, pubescente com tricomas curtos
entremeados por tricomas aciculiformes, face
abaxial pubescente, mais denso sobre as
nervuras; venação eucamptódroma.
Inflorescência 4-28 cm compr., axilar e
terminal, não bracteada, congesta no ápice,
pedunculada; pedúnculo 1,5-4 cm compr.
Flores 3-5 mm compr., sésseis. Cálice 2, 6-3, 2
mm compr., profundamente lobado, maior que
a metade do comprimento da corola, persistente
no eixo da inflorescência; lobos 2,2-2, 6 x 0,2-
0,4 mm, estreitamente-lanceolados, de
tamanhos levemente diferentes, margem com
tricomas aciculiformes esparsos. Corola 3, 5-4, 5
mm compr., hipocrateriforme, branca a
arroxeada; tubo 2,5-4 mm compr., subcilíndrico,
estreitando-se na fauce; lobos 0, 5-0,9 mm
compr. Estames sésseis, inseridos 0,8- 1,5 mm
acima da base do tubo da corola; anteras 0,8-
1 mm compr., oblongo-ovais, ápice
discretamente apiculado, livres entre si, base
levemente cordada. Ovário ca. 0,5 mm compr.,
longitudinalmente 4-sulcado, falsamente 4-
1 ocular, glabro; estilete evidente, 0,2-0, 4 mm
compr.; estigma 0,6 mm compr., subcapitado;
óvulo 1 por 1 óculo, curvo, achatado. Fruto 2-3
mm diâm., mitriforme; núculas 4, agrupadas 2
a 2, com 2-3 nervuras salientes na face dorsal,
divergentes, ápices acentuadamente
bidentados. Semente 1 por núcula, até 1,5 mm
compr., elipsóides, esbranquiçadas, lisas.
Distribuição geográfica: Esta é uma das
espécies mais amplamente distribuídas do
gênero, ocorrendo nas Américas, do México
até a Argentina, incluindo Antilhas, na África
Tropical, Ásia e Austrália (Frõhlich in Nash &
Moreno (1981]). No Brasil, é encontrada nas
regiões Norte (AC, AM e PA), Nordeste (AL,
BA, CE, MA e PE), Centro-Oeste (GO, MS e
MT), Sudeste (ES, MG, RJ e SP) e Sul (PR).
Em Pernambuco, H. indicum é registrada
apenas para as zonas do Litoral e da Mata e
Rodríguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
!scíelo/jbrj
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
78
para as ilhas do arquipélago de Fernando de
Noronha, habitando preferencialmente áreas
abertas, em geral próximas a cursos d’água e
margens de estradas e algumas vezes em
culturas.
Comentários: Heliotropium indicum foi
descrita por Linnaeus (1753), com base em
material procedente da índia. É uma espécie
bem definida, para a qual Johnston (1928)
reconheceu sete sinônimos. Apesar de próxima
de H. elongatum, pode ser facilmente
identificada pela lâmina foliar com a face
adaxial plana e pelo ovário 4-locular, com 1
óvulo por lóculo e principalmente pelo fruto
constituído por 4 núculas.
Nomes populares: borragem-brava e cravo-
de-urubu (MG); crista-de-galo (BA); fedegoso
(MG, PE).
Material examinado selecionado: Brasil.
Pernambuco: Amaraji, 22. VI. 1999, J.I.M.
Melo 197, fr. (PEUFR); Bonito, 08.1.2000,
J.I.M. Melo 197, fl., fr. (PEUFR); Cabo,
17.IX.1999, J.I.M. Melo 154, fl., fr. (PEUFR);
Ilha de Fernando de Noronha, 17. XII. 1999,
A.M. Miranda 3640, fl., fr. (HST); Maraial,
22. VII. 1965, G. Teixeira 2776, fl., fr.
(PEUFR); Recife, s.d., M. Ataíde 118, fr. M.
(IPA); Rio Formoso, 01.III.2000, M. Oliveira
586, fl., fr. (PEUFR); São José da Coroa
Grande, s.d., J.I.A. Falcão et al 830, fl., fr.
(RB); Vitória de Santo Antão, 04.X. 1997, A.P.S.
Gomes & A.Laurênio 476, fl., fr. (PEUFR).
Material adicional: Brasil. Acre: Tarauacá,
18.IX.1968, G.T. Prance et al. 7348, fl., fr.
(R, NY); Alagoas: União dos Palmares,
05.1.1964, l.B. Pontual 55-1964, fl., fr.
(PEUFR); Bahia: Anguera, 28.1.1997, E. Melo
et al. 2012, fl., fr. (HUEFS, PEUFR); Andaraí,
19.X. 1997, M. Alves et al. 1143, fl., fr.
(PEUFR); Salvador, 07. V. 1995, M.L. Guedes
et al s.n., fl., fr. (ALCB 27884); Ceará: Cedro,
15.VI.1912, Loefgren 1128, fl., fr. (R); Espírito
Santo: Linhares, 08.XII.1998, D. A. Folli 3313,
fl. (CVRD, PEUFR); Goiás: Niquelândia,
24.X. 1995, B.M.T. Walter & S.C.S. Xavier
2848, fl., fr. (CEN); Maranhão: Açu,
11.XI.1984, M.C. Viana 176-A, fl., fr. (GUA);
Melo.J. l.‘M. & Sales. M. F.
Grajaú, 09.VII.1976, D. Tliomaz 8, fl., fr.
(PEUFR); Mato Grosso: Cáceres, 04. XI. 1978,
A. Aliem et al. 2375, fl., fr. (CEN); Mato
Grosso do Sul: Aquidauana, 04.11.1991, A. Pott
et al. 2, fl., fr. (CPAP); Minas Gerais: Viçosa,
UFV, 29.X. 1996, G.E. Valente 237, fl., fr.
(VIC); Pará: Bragança, 06.11.1961, WA. Egler
1514, fl., fr. (IAN); Monte Alegre, 04. V. 1953,
Andrade-Lima 53-1296, fl., fr. (IPA); Paraná:
Vila Alta, XII. 1995, S.R. Ziller 1149, fl., fr.
(CNPF); Rio de Janeiro: Rio de Janeiro,
30.VI.1992, M.C. Viana & H.F. Martins
2163, fl., fr. (GUA); São Paulo: Itapira,
11.1.1994, K.D. Barreto et al. 1767, fl., fr.
(ESA. SJRP).
El Salvador. Department of Sonsonate:
Rio Acachapa, near headquarters of Hacienda
Las Tablas, 08. V. 1942, J.M. Tucker 1359, fl.,
fr. (IAC).
5. Heliotropium polyphyllum Lehm., Neue
Schrift. Naturf. Ges. Halle 3(2): 9. 1817.
Figs. 31-40
Erva, prostrada a decumbente. Indumento
seríceo, branco, revestindo ramos, folhas,
inflorescências, flores e frutos. Ramos
cilíndricos, com ritidoma desprendendo-se em
faixas longitudinais. Folhas alternas, curto-
pecioladas; pecíolo 0,3- 1 mm, achatado, seríceo;
lâmina 0,6-1, 3 x 0,1 -0,2 cm, oblanceolada,
cartácea a subcoriácea, base cuneada, ápice
agudo, margem plana, esparsa a densamente
serícea em ambas as faces; venação
reticulódroma. Inflorescência 1-15,5 cm compr.,
terminal, solitária ou aos pares, bracteada;
brácteas 3-4 x 1-1,3 mm, ovais, cartáceas, com
venação semelhante às folhas, face adaxial
glabra, face adaxial serícea. Flores 6-6,5 mm
compr., curto-pediceladas; pedicelos ca. 0,5 mm
compr. Cálice profundamente lobado, 3-4 mm
compr., ligeiramente menor que o tubo da
corola; lobos desiguais, os menores 2-2,5 x 0,6-
0,8 mm, os maiores 3-4 x 0,8-1 mm, foliáceos,
ovais a largo-ovais, margem inteira, ciliada,
ápice agudo, externamente seríceos,
intemamente glabros. Corola 6-6,5 mm compr.,
hipocrateriforme, amarela, serícea
Radriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
SciELO/ JBRJ
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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae ) de Pernambuco. Nordeste do Brasil
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externamente; tubo 3,6-4 mm compr.,
intemamente seríceo na fauce; lobos 2,5-3 mm
compr., oval-deltóides. Estames subsésseis,
inseridos a 1 mm da base do tubo da corola;
anteras ca. 1 mm compr., ovais, base truncada,
ápice coerente, longo-caudado e pubescente.
Ovário ca. 0,5 mm compr., subgloboso, 4-
sulcado, falsamente 4-locular, glabro; estilete
cilíndrico, ca. 0,3 mm compr.; estigma 0,4 mm
compr., cônico com ápice 4-denticulado; óvulo
1 por lóculo. Fruto ca. 1,5 mm diâm.,
subgloboso; núculas 4, trígonas, fase dorsal
serícea. Semente 1 por níícula, ca. 1 mm
compr., trígonas, castanhas, lisas.
Distribuição geográfica: Heliotropium
polyphyllum apresenta distribuição nas
Américas do Norte, Central e do Sul e Antilhas,
de acordo com Johnston (1928). No Brasil, está
distribuída ao longo da costa atlântica; indo
desde o Estado do Pará até o Rio de Janeiro,
em vegetação litorânea. Foi verificado, no
entanto, que no Nordeste a espécie é
encontrada tanto no litoral, como em áreas de
vegetação de caatinga nos estados de
Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.
Na região litorânea, habita dunas e ambientes
de restinga, em solos arenosos, sendo uma
espécie comum da vegetação de restinga. No
estado de Pernambuco, este táxon encontra-
se distribuído nas zonas do Litoral e das
Caatingas, na subzona do sertão; tanto em
restinga como em áreas de caatinga, em solo
arenoso.
Comentários: A espécie é muito próxima de
Heliotropium terncituin, por ambas
compartilharem partes vegetativas e florais
revestidas por indumento seríceo e,
especialmente, inflorescência bracteada e
anteras coerentes pelo ápice. No entanto, H.
polyphyllum pode ser facilmente reconhecida
pela lâmina foliar de margem plana, flores
amarelas e brácteas ovais. O exemplar
Blanchet 2651 é um isótipo de Heliotropium
polyphyllum Lehm. var. Blanchetii A. DC.
proveniente da serra de Jacobina, na Bahia, o
qual encontra-se depositado no herbário SP.
Nome popular: sete-sangrias (AL).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
Material examinado selecionado: Brasil.
Pernambuco: Cabo, 22.III. 1978, Andrade-
Lirna 78-9090, fl. , fr. (IPA); Itamaracá,
08. 111. 1986, F. Gallindo 179, fl. (IPA); Olinda,
22. VI. 1961, S. Tavares 613, fl., fr. (HST);
Petrolina, 26. VII. 1984, G.C.P. Pinto 84-158,
fl. (HRB); Santa Maria da Boa Vista,
14. IV. 1988, R. Pereira 309, fl., fr. (IPA);
Solidão, Serra da Santa, 28. IX. 1973, G.
Cavalcanti et al. 67, fl. (PEUFR).
Material adicional: Brasil: Alagoas: Maceió,
01. 111. 1993, M. Correia s.n., íl., fr. (MAC 0039);
Marechal Deodoro, 16. V. 1988, G.L. Esteves
2045, fl. (MAC). Bahia: Jacobina, Serra
Jacobina, 1837, Blanchet 2651, fl., fr. (SP);
Juazeiro, 26.11.1968, /. Pontual 68-762, fl.
(PEUFR); Nova Remanso, 12.VIII.1984, R.P.
Orlandi et al. 674, fl. (GUA); Salvador,
13. IX. 1976, Ecpdpe de Ecologia, s.n., fl., fr.
(ALCB 15681). Ceará: Aquiraz, 19.X.1935, F.
Drouet 2629, fl., fr. (R); Aracati, 31.1.1968,
Andrade-Lima 68-5215, fl. (IPA). Maranhão:
Alcântara, 28.1. 1 993, D. Araújo 9729, fl. (GUA);
Ilha de São Luiz, 06.IV. 1945, R.L Fróes 21594,
fl. (IAC). Pará: Maracanã, 30.1.1988, D. Araújo
8466, fl. (GUA); Salinópolis, 08.XII.1997, D.
Araújo 10615, fl. (GUA). Paraíba: Ilha Bela,
02.XII.1997, M.B. Costa & Silva et al. 1440, fl.
(PEUFR). Piauí: Parnaíba, 15. VIL 1954,
Andrade-Lima 54-1976, fl. (IPA). Rio de
Janeiro: Arraial do Cabo, 24. VIII. 1987, D.
Araújo 7957, fl., fr. (GUA); Cabo Frio,
09. V. 1986, D. Araújo 7431, fl., fr. (GUA);
Campos, III. 1939, A. Sampaio 8170, fl., fr. (R).
Rio Grande do Norte: Mossoró, 3 1 . VIII. 1984, M.
Ataíde et al. 38, fl. (PEUFR); Parnamirim,
21. VII. 1980, L Coradin et al. 3204, fl., fr.
(CEN). Sergipe: Pirambu, 1.1974, M. Fonseca
s.n., fl., fr. (ASE 00005).
6. Heliotropium procumbens Mill., Gard.
Dict. 8: 10. 1768.
Figs. 41-48.
Erva ou subarbusto, 5-40 cm alt., ereto
ou prostrado. Indumento seríceo, com tricomas
de base discóide, branco, revestindo ramos,
folhas e flores, conferindo aspecto verde-
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
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Melo.J. I. M. & Sales, M. F.
Figuras 31-48. Heliotropium polyphyllum Lehm. (L. Gomes 1): 31-40. 3 1 .Aspecto geral do ramo; 32. Detalhe da venação
da folha; 33. Detalhe da inflorescência; 34. Estame; 35. Bráctea; 36. Flor; 37. Corola aberta; 38. Gineceu; 39. Fruto; 40.
Semente, vista dorsal (L. Gomes 1). //. procumbens Mill. (Melo 186): 41-48. 41. Aspecto geral do ramo; 42. Detalhe da
inflorescência; 43. Flor; 44. Corola aberta; 45. Estame; 46. Gineceu; 47. Fruto; 48. Semente, face lateral.
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cinéreo a planta. Ramos cilíndricos, verde-
cinéreos. Folhas alternas, pecioladas; pecíolo
0,4- 1,5 cm compr., sub-cilíndrico, sulcado na
face ventral; lâmina 1-3,8 x 0,3-1, 3 cm,
subcamosa, estreito-elíptica a elíptica, oblongo-
elíptica, base atenuada, ápice agudo e
mucronado, margem inteira, faces adaxial e
abaxial esparso a denso seríceas; venação
eucamptódroma, face adaxial com nervuras
secundárias pouco evidentes, face abaxial com
nervura principal proeminente. Inflorescência
1-9 cm compr., axilar e terminal, inteira ou
bifurcada, 1-4 partindo de um mesmo ponto,
seríceas, pedunculadas, não bracteada;
pedúnculo 0,9-3 cm compr. Flores 1,6-2 mm
compr., curto-pediceladas; pedicelo 0,6-0, 9 mm
compr. Cálice profundamente lobado,
ligeiramente menor que o tubo da corola,
persistente no eixo da inflorescência, lobos 1-
1,3 mm compr., oval-lanceolados. Corola 1,5-2
mm compr., tubular-hipocrateriforme, branca,
fauce amarela; tubo 1-1,4 mmcompr., cilíndrico,
lobos ca. 0,3 mm compr., obovais, suberetos.
Estames subsésseis, inseridos 1/3 da base do
tubo da corola; anteras 0, 5-0,7 m compr., oval-
lanceoladas, ápice caudado, livre. Ovário ca.
0,3 mmcompr., subgloboso, 4-locular, seríceo,
estilete inconspicuo, recoberto pelo estigma,
estigma 0,3 mm compr., cônico com disco
estigmático 0,4 mm, pubescente; óvulo 1 por
lóculo. Fruto ca. 1 mm diâm., subgloboso;
núculas 4, trígonas, hirsutas. Semente 1 por
núcula, 1 mm compr., trígonas, esbranquiçadas,
lisas.
Distribuição geográfica: Heliotropium
procimbens apresenta distribuição americana,
ocorrendo desde o sul dos Estados Unidos até
a Argentina, incluindo Antilhas (Frõhlich in
Nash & Moreno [1981]). Para o Brasil, o táxon
apresenta-se amplamente distribuído, ocorrendo
nas regiões Norte (AM), Nordeste (BA, CE,
PB e PB), Centro-Oeste (GO, MS e MT),
Sudeste (MG) e Sul (RS). No estado de
Pernambuco, H. procumbens foi a especie
coletada com maior frequência durante a
realização desse estudo. Geralmente é
encontrada simpatricamente com H.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
angiospennum e H. elongatum, formando
grandes populações. Ocupa os mais variados
ambientes, habitando preferencialmente locais
úmidos; como leitos de rios e riachos, margens
de açudes e barragens, além de áreas sujeitas
a inundações temporárias, em solos arenosos,
argilosos e pissarentos.
Comentários: Heliotropium procumbens é
facilmente reconhecida pela coloração verde-
cinéreo dos ramos e folhas, que reveste
também flores e frutos e pelas anteras com
ápice caudado. Os indivíduos apresentam-se
geralmente prostrados, bastante difusos, ou
eretos.
Nomes populares: crista-de-galo, erva-de-
xangô e malvinha(BA); mato-azul, erva-azul e
erva-çazu (PE).
Material examinado selecionado: Brasil.
Pernambuco: Afogados da Ingazeira, 1 1 . Vn.2000,
J.I.M. Melo 349 , fl., fr. (PEUFR); Arcoverde,
29.VI.2000, J.I.M. Melo 335, fl. (PEUFR);
Belém de São Francisco, 19. VII. 1967, E Tenório
67-317, fl., fr. (IPA); Brejão, 17.11.2000, J.I.M.
Melo 236, fl., fr. (PEUFR); Brejinho, 09.VI.2000,
J.I.M. Melo 317, fl., fr. (PEUFR); Cachoeirinha,
14.VIII.2000, J.I.M. Melo 379, fl., fr. (PEUFR);
Calçado, 14.VIII.2000, J.I.M. Melo 386, fl., fr.
(PEUFR); Caruaru, 18.XII.1999, J.I.M. Melo
214, fl. (PEUFR); Exu, 09.XI.1986, V.C. Lima
427, fl., fr. (IPA); Ferreiros, 04.X.1958, Andrade-
Lima 58-5768, fl., fr. (IPA); Garanhuns,
16.11.2000, J.I.M. Melo 223, fl. (PEUFR);
Goiana, 20.X.1999, J.I.M. Melo 186, fl., fr.
(PEUFR); Iguaraci, 13.VII.2000, J.I.M. Melo
370, fl., fr. (PEUFR); Itacuruba, 26.11.1988, R.P.
Orlandi 855, fl., fr. (HUEFS); Pamamirim,
01. IX. 1958, Andrade-Lima 58-3248, fl., fr.
(PEUFR); Pesqueira, 29.VI.2000, J.I.M. Melo
331, fl., fr. (PEUFR); Petrolina, 23. VI. 1983, L
Coradin et al. 5966, fl., fr. (CEN); Quixaba,
13.VII.2000, J.I.M. Melo 363, fl., fr. (PEUFR);
Recife, 19.IX.1997, A.P.S. Gomes 465, fl., fr.
(PEUFR); Serra Talhada, 16. VII. 1961, D.
Alencar s.n., fl., fr. (PEUFR 1098); Sertânia,
23. VII. 1994, A.M. Miranda et al. 1936, fl., fr.
(PEUFR); Solidão, 12.VII.2000, J.I.M. Melo
360, fl., fr. (PEUFR); Tabira, 12.VII.2000, 7. /.M.
SciELO/JBRJ
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cm ..
82
Melo 356, (PEUFR); Triunfo, 25.11. 1986,
V.C. Lima & F Gallindo 37, fr. (IPA);
Vertentes, 11.V.2000, J.I. M.Melo 275 , fl., fr.
(PEUFR).
Material adicional: Brasil. Amazonas: Abunã,
16. VII. 1998, G T Prance et al. 6199, fl., fr. (R);
Bahia: Caraíba, 07. VIII. 1994, M.L Guedes s.n.,
fl., fr. (ALCB 26953); Jacobina, 06. VII. 1996,
11. P. Bautista et al. 3460, fl., fr. (ALCB); Morro
do Chapéu, 04.III.1997, R.M. Harley et al 6002,
fl., fr.. (ALCB); São Sebastião do Passe,
18.X. 1998, A. F.S. Nascimento et al. 91, fl., fr.
(ALCB); Ceará: Serra de Baturité, 14.X.1939,
J. Eugênio 80, fr. (RB); Goiás: Campinaçu,
09.X. 1995, B.M.T. Walter2782, fl., fr. (CEN);
Mato Grosso: Poconé, 11.IX.1991, M. Schessl
2207, fl., fr. (CH); Mato Grosso do Sul: Corumbá,
12. VII. 1992, E.F. Rocha et al. 15, fl., fr.
(UFMS); Entre Rios, 17.VII.1980, L Coradin
et al. 3035, fl., fr. (CEN); Minas Gerais: Santa
Luzia, 06.1.1935, M. Barreto 2133, (MHN);
Viçosa, s.d., Kuhlmann s.n., fl., fr. (VIC 2562);
Paraíba: Pocinhos, 08. VII. 1994, L.P. Félix et al.
6544, fl., fr. (PEUFR); São João do Cariri,
23.XII.1977, /. Pontual 77-1367, fr. (PEUFR);
Soledade, 13.ffl.1986, M. Sales et al. 43, fl., fr.
(PEUFR); Rio Grande do Sul: Camaquã,
28. V. 1989, J.A. Jarenkow & J.L. Waechter
1313, fl., fr. (PEL); São Leopoldo, 12.1. 1951, A.
Sehnem 7816, fr. (PEL). Argentina.
Corrientes: Dept.° Capital, 03. XI. 1971, A.
Krapovickas & C.L Cristóbal s.n., fl., fr. (LAC
22599). Bolívia. Dept°. St*. Cruz: Prov. Andrés
Ibanez, 20.1.1987, M. Nee 33666, fl., fr. (PEL).
7. Heliotropium ternatum Vahl, Symb. Bot.
3:21. 1794.
Figs. 49-58.
Subarbusto, 15-30 cm alt., ereto a semi-
prostrado. Ramos cilíndricos, acinzentados a
amarronzados, tomentosos a seríceos, com
tricomas esbranquiçados. Folhas alternas,
sésseis a pecioladas; pecíolo 1-2 mm compr.,
seríceo; lâmina 0,7-3 x 0, 1-0,5 cm, cartácea,
estreitamente-elíptica, lanceoladaa linear, base
aguda, ápice agudo, margem revoluta, face
adaxial esparso a densamente serícea, face
Meto,]. /. M. & Sales, M. F.
abaxial tomentosa, com tricomas longos sobre
a nervura principal; venaçâo reticulódroma.
Inflorescência 1,5-18 cm compr., terminal e
axilar, congesta no ápice, serícea, pedunculada,
bracteada; pedúnculo 1,4-2 cm compr., brácteas
2, 5-2,7 x 0,3-0, 4 mm, estreitamente-elípticas,
margem ciliada, seríceas. Flores 3-4 mm
compr., subsésseis. Cálice profundamente
lobado, lobos 2-2,5 x 0,5-0, 7 mm compr.,
exibindo tamnhos levemente diferentes, oval-
elípticos a lanceolados, seríceos em ambas as
faces. Corola 3-4 mm compr., tubular-
hipocrateriforme, alva com fauce amarela,
serícea externamente; tubo 2-2,7 mm compr.,
constricto próxima a base e na fauce; lobos 1,3-
2 mm compr., obovais. Estames subsésseis,
inseridos na constrição a ca. 1 mm da base,
envolvendo o estigma; anteras ca. 1 mm
compr., ovais, base cordada, ápice longo-
caudado, coerente. Ovário 0,3-0, 4 mm compr.,
globoso, falsamente 4-locular, glabro; estilete
ca. 0,5 mm; estigma estreito-cônico, 0,6-0, 8 mm
compr., ápice 2-partido, disco estigmático
diâmetro menor que o ovário; óvulo 1 por lóculo.
Fruto 1,5- 1,8 mm diâm., globoso; núculas 4,
trígonas, densamente hirsutas. Semente 1 por
núcula, 1 mm compr., orbiculares,
amaiTonzadas, lisas.
Distribuição geográfica: Heliotropium
ternatum é uma espécie exclusivamente
americana, sendo referida por Frõhlich apud
Nash & Moreno (1981) para o México, Guiana
Inglesa, Venezuela, Brasil e Antilhas. No Brasil,
a espécie apresenta-se distribuída nas regiões
Nordeste (BA, PB, PE, PI, RN e SE) e Sudeste
(MG). Em Pernambuco, é encontrada na zona
das Caatingas; exclusivamente no domínio do
semi-árido, em vegetação de caatinga hipo e
hiperxerófila, especialmente no período das
chuvas.
Comentários: De acordo com Fõrther (1998),
a espécie foi descrita com base em material
proveniente da Jamaica, o qual encontra-se
incorporado no Gray Herbarium. É facilmente
reconhecida pelas folhas estreito-elípticas,
lanceoladas a lineares, com face adaxial serícea,
abaxial tomentosa e margem revoluta e
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E
m
o"
Figuras 49-58. Heliotropium ternatum Vahl (Heringer 635): 49. Aspecto geral do ramo; 50. Detalhe da bráctea; 51.
Detalhe da inflorescência; 52. Detalhe do ramo, mostrando as folhas; 53. Flor; 54. Estame; 55. Corola aberta; 56. Gineceu;
57. Fruto; com cálice persistente; 58. Semente, vista frontal.
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
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Melo.J. I. Mf & Sales, M. F.
Figura 59. Distribuição geográfica do gênero Heliotropium ocorrente em Pernambuco, nordeste do Brasil: A. li.
angiospermum Murray (O); H. indicum L. (■) e II. ternatum Vahl (A) B. II. citrassavicum L. (•#■); H. elongatum
(Lchm.) I.M. Johnst. (•); II. polyphyllum Lehm. (A) e H. procumbens Mill. (□).
especialmente pelas anteras coerentes pelo
ápice. Johnston (1935) estudando as espécies
de Heliotropium das Guianas e Venezuela
propõe uma variedade: H. ternatum var.
fumana, para acomodar espécimes com folhas
lineares e indumento estrigoso.
Material examinado selecionado: Brasil.
Pernambuco: Buíque, 19. VI. 1994, A.M.
Miranda et al. 1827, fl. (PEUFR); Floresta,
13. VI. 1995, E. Ferraz 04, fl., fr. (IPA);
Parnamirim, 23. V. 1984, F. Araújo 90, fl.
(PEUFR); Petrolina, 07.IV. 1979, L. Coradin
et al. 1399, fl. (CEN); Serra Talhada,
08. V. 1971, E.P. Heringer et al. 635, fl., fr.
(PEUFR); Sertânia, 24. VI. 1998, R.G. Oliveira
et al. 87, fl., fr. (PEUFR).
Material adicional: Brasil. Bahia: Abaíra,
23.X. 1999, E.M. Silva 289, fl., fr. (HUEFS);
Juazeiro, 28.IV. 1973, A. Valeriano s.n., fl., fr.
(ALCB 3502); Juçara, 02.IV. 1984, H.P.
Bautista et al. 916, fl., fr. (HRB, ALCB, GUA,
MT, HUEFS). Minas Gerais: Belo Horizonte,
15.XII.1932, Mello-Barreto 2139, fl., fr.
(MHN); Rio Verde, 19.1. 1945, C. Shimoya s.n.,
fl. (VIC 3576). Paraíba: Patos, 22. VI. 1935,
D. Bento Pickel 3896, fr. (IPA). Piauí: São
Raimundo Nonato, Serra da Capivara, s.d., L.
Emperaire 608-1979, fl., fr. (IPA 28988). Rio
Grande do Norte: Mossoró, s.d., S. Tavares
693, fl., fr. (HST). Sergipe: Poço Verde,
06. V. 1982, G. Viana 437, fl., fr. (ASE).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
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cm ..
Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil
CONCLUSÕES
Foram verificadas sete espécies
acomodadas em quatro seções: 1)
Heliotropium sect. Schobera (H.
angiospertnum Murray); 2) Heliotropium
sect. Platygyne ( H . curassavicum L.); 3)
Heliotropium sect. Tmridium (H. elongatum
[Lehm.]I.M.Johnst. e H. indicum L.) e 4)
Heliotropium sect. Orthostachys (H.
polyphyllum Lehm., H. procumbens Mill. e
H. ternatum Vahl.);
As características mais importantes para
o reconhecimento das especies de
Heliotropium ocorrentes em Pernambuco são:
a presença ou ausência de bracteas na
inflorescência, o ápice das anteras se coerentes
ou não entre si, a forma do estigma e o número
de núculas do fruto.
As espécies mais amplamente distribuídas
são H. angiospertnum , H. elongatum e H.
procumbens-, sendo H. procumbens, a espécie
mais frequente na Zona das Caatingas. H.
polyphyllum ocorre em vegetação litorânea,
em áreas de restinga, penetrando para oeste
no domínio do semi-árido enquanto H. indicum
apresenta distribuição nas Zonas do Litoial e
da Mata. Heliotropium ternatum e H.
curassavicum ocorrem exclusivamente na
Zona das Caatingas, sendo que esta última
ocorre somente em habitats salinos.
Considerando-se o amplo espectro de
distribuição geográfica associada aos diferentes
ambientes, onde a maioria das espécies
estudadas apresenta distribuição
exclusivamente americana ( Heliotropium
curassavicum L. e H. indicum L. são
cosmopolitas), verifica-se uma acentuada
uniformidade morfológica para as mesmas.
AGRADECIMENTOS
O primeiro autor agradece ao CNPq,
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, pela concessão de
bolsa de formação de pesquisador - nível II
(Proc. n.° 130571-1999/7). Agradecemos ao
Programa de Pós-Graduação em Botânica da
Rodríguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
pelas facilidades concedidas, e aos curadores
dos diferentes herbários pelo empréstimo,
doação e permissão para consulta das coleções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Heliotropium L. (Boraginaceae) in Flora
Iranica Area. Sendtnera 2: 187-276.
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Andrade-Lima, D. de. 1960. Estudos
fitogeográficos de Pernambuco. Arquivos
do Instituto de Pesquisa Agronômica
de Pernambuco, Recife, v. 5.
Barroso, G. M., Andreata, R. H. P. & Lima,
M. P. M. 1994. Morfologia e
inflorescências. Rio de Janeiro.
Universidade Santa Úrsula, Instituto de
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Beilschmiedia rigida (Mez) Kosterm. (Lauraceae):
diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar
Carlos Alexandre Marques 1,2
Cláudia Franca Barros 3
Cecília Gonçalves Costa 3 ' 4
RESUMO
Neste trabalho descreve-se o desenvolvimento da lâmina foliar de Beilschmiedia rigida
(Mez) Kosterm., desde o surgimento do primórdio foliar no ápice vegetativo até sua completa
expansão. São apontadas características como - presença de tricomas apenas nas folhas jovens;
ocorrência de projeções parietais e invaginações protoplasmáticas nas paredes anticlinais e periclinais
das células epidérmicas; estômatos paracíticos de origem mesoperígena; hipoderme em três estratos
na face adaxial e em apenas um na face abaxial da lâmina foliar e células secretoras que surgem
nos primeiros estágios de diferenciação da folha assim como idioblastos cristalíferos em grupos.
Palavras-chaves: Lauraceae, Beilschmiedia rigida, morfogênese, anatomia foliar, Floresta
Atlântica.
ABSTRACT
The differentiation and development of leaves of Beilschmiedia rigida from the leaf primordium
to the complete leaf expansion are described. Characteristics as - presence of trichomes in young
leãfs only, occurrence of walls and protoplasmic projections in the anticlinal and periclinal walls of
epidermal cells, paracitic stomata of mesoperiginous origin; three layers of hipodermis in the adaxial
face and one layer in the abaxial face of leaf blade and secretory cells and cristaliferous idioblasts
groups that arises in the leaf primordium were pointed.
Key words: Lauraceae, Beilschmiedia rigida, morphogenesis, leaf anatomy, Atlantic Rain Forest.
INTRODUÇÃO
A família Lauraceae é representada por
49 gêneros com 2.500-3.000 espécies típicas
das florestas tropicais e subtropicais (Werff
& Richter, 1996). Alguns de seus gêneros têm
ocorrência muito restrita como Ravensara,
encontrado apenas em Madagascar. Outros,
a exemplo de Ocotea são distribuídos nas
Américas do Sul e Central e outros ainda, como
Beilshmiedia e Cryptocarya encontram-se
amplamente dispersos nos trópicos (Metcalfe,
1987).
As espécies de Lauraceae apresentam
características morfológicas marcantes: porte
geralmente arbóreo ou arbustivo, raramente
lianescente; folhas alternas, inteiras,
peninérveas ou 3-5 nérveas, glabras ou pilosas;
inflorescências paniculadas e fruto do tipo baga,
drupa ou núcula (Barroso et al, 1999; 2002).
A família destaca-se pelo grande número de
espécies economicamente importantes, entre
as quais podem ser mencionadas Aniba duckei
Ducke e Sassafras albidum (Nutt.) Nees, por
seu uso em perfumaria e na indústria
'Trabalho de iniciação científica do primeiro autor (CNPq)
'Doutorando em Biotecnologia Vegetal e Lab. de Morfologia Vegetal, Sala Al-108, Bloco A, Depto. de Botânica, CCS,
Universidade Federal do Rio de Janeiro
'Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil. CEP: 22460-030. e-mail: ccosta@jbrj.gov.br
■“Bolsista CNPq
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farmacêutica; Ocotea aciphylla (Nees) Mez;
Ocotea spectabilis (Meissn.) Mez e Ocotea
teleiandra (Meissn.) Mez, utilizadas na
medicina popular; Laurus nobilis L (louro),
usado em culinária e Persea americana Mill
(abacate), espécie muito conhecida por seus
frutos comestíveis (Rizzini & Mors, 1976).
Outras espécies, como Beilschmiedia rígida
(Mez) Kosterm, Nectandra rígida (H.B.K)
Nees e Ocotea porosa (Nees.) L. Barroso
fornecem madeira de lei e são amplamente
usadas em marcenaria, na construção civil e
na fabricação de papel (Vattimo, 1956; Barros
et ai, 1991b).
No Brasil, as espécies de Lauraceae
ocorrem nos mais diversos ecossistemas e são
uma das famílias mais representativas da Mata
Atlântica no estado do Rio de Janeiro. Segundo
Lima & Guedes-Bruni (1997), somente nas
áreas de floresta montana do estado ocorrem
44 espécies de Lauraceae.
Beilschmiedia rigida é endêmica da
Reserva Ecológica de Macaé de Cima,
localizada no município de Nova Friburgo, RJ
e integra a lista de espécies que possuem maior
índice de valor de importância na região (Lima
& Guedes-Bruni, 1997). Estudos prévios sobre
a espécie forneceram dados relativos à
florística (Guedes-Bruni et ai, 1997), ao
sistema reprodutivo (Gomes-da-Silva et ai,
1997), à anatomia ecológica e micromorfologia
foliar (Barros et ai, 1997a) e à anatomia do
lenho (Barros et ai, 1991b).
No presente estudo acompanha-se o
desenvolvimento da lâmina foliar de B. rigida,
com o objetivo de esclarecer diferentes
aspectos relativos à diferenciação e ao
desenvolvimento de estruturas típicas da família
Lauraceae, a fim de adicionar novas
informações às pesquisas já desenvolvidas
para a espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
O material utilizado é procedente da
Reserva Ecológica de Macaé de Cima, Nova
Friburgo, RJ (22° 21’ e 22° 28’ S; 42° 27’ e 42°
35’ W), que apresenta temperatura média de
Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G
17, 8 o C, sendo os meses de Janeiro e Fevereiro
os mais quentes e Julho o mais frio. A umidade
relativa é alta e a precipitação anual varia de
1 .500 a 2.000 mm, sendo Dezembro o mês mais
chuvoso (Guedes-Bruni et al. 1997). O
espécime estudado está registrado no herbário
do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro (RB 292. 1 98). Foram coletados
os ápices vegetativos e folhas em diferentes
estágios de desenvolvimento do primeiro ao
quarto nós. Em medições previamente
realizadas constatou-se que o primórdio foliar,
no primeiro estágio do desenvolvimento,
apresentou comprimento médio de 0,1 cm. Já
a folha completamente expandida, apresentou
comprimento médio de 15 cm.
O material coletado foi fixado em FAA
em etanol 50% (Johansen, 1940), desidratado
em série etílica e emblocado em parafina
(Jensen, 1962) ou historesina (Bennet et ai,
1973). As secções, obtidas nos planos
transversal e longitudinal, foram executadas ao
micrótomo rotativo Shandon nas espessuras de
8-10 pm e de 10-12 pm, respectivamente, para
o material emblocado em historesina e em
parafina. Para observação das epidermes,
utilizaram-se fragmentos da lâmina foliar
diafanizada de acordo com Stritmatter (1973)
ou dissociada segundo método de Jeffrey
(Johansen, 1940). O material emblocado em
parafina foi corado pelo processso de dupla
coloração Azul de Astra-Fucsina Básica
(Roeser, 1972). Quanto ao material emblocado
em historesina, não se obteve êxito pelos
métodos convencionais de coloração, tendo-
se conseguido melhores resultados introduzindo
algumas modificações na técnica de Bukatsch
(1972). Inicialmente as seções foram deixadas
em Azul de Astra 1% por três dias. Após
rápida lavagem em água destilada, foram
submetidas à coloração Azul de Astra-
Satranina aquosa (na proporção de 95ml e 5ml,
respectivamente) por 15 minutos. Usou-se
permount como meio de montagem para as
lâminas permanentes e glicerina 50% para as
montagens provisórias. Os testes
histoquímicos, realizados em material recém-
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coletado, foram feitos para detectar a presença
de alguns componentes, a saber: cutina e
suberina pelo Sudan IV (Johansen, 1940);
mucilagem pelo vermelho de rutênio (Jensen,
1962); oxalato de cálcio pela insolubilidade dos
cristais no ácido acético e solubilidade no ácido
clorídrico e no ácido sulfúrico diluído (Johansen,
loc. cit ) e substâncias fenólicas pelo teste de
Hoepfner-Vorsatz (Reeve, 1951). Os padrões
estomáticos foram definidos segundo
Wilkinson (1979) e na classificação do padrão
de nervação foliar, seguiram-se os conceitos
de Hickey (1979).
O material foi documentado por
fotomicrografias obtidas ao microscópio
fotônico Olympus BH-2 em diferentes
aumentos.
RESULTADOS
Os primórdios foliares originam-se em
sentido acrópeto no ápice caulinar e
conseqüentemente, os primórdios mais jovens
encontram-se protegidos pelos que se
encontram em fase mais avançada de
diferenciação (Fig. 1). Secções longitudinais
evidenciam que os primórdios foliares
assemelham-se a protuberâncias laterais do
ápice caulinar (Fig. 2).
Ainda em secção longitudinal é possível
constatar, no ápice vegetativo de Beilschmiedia
rigida, a ocorrência da túnica em dois estratos
e do corpo, em cinco (Fig. 2). As células do
primeiro estrato da túnica, por divisões
anticlinais, dão origem àprotoderme, enquanto
a segunda camada determina o surgimento dos
estratos subprotodérmicos que vão originar a
hipoderme. Concomitantemente, divisões
anticlinais, periclinais e oblíquas das células do
corpo vão contribuir para a expansão do eixo
e para adicionar novas células ao meristema
fundamental. Nesta fase inicial de
diferenciação, já se observam os elementos
precursores das células secretoras de
mucilagem (Fig. 3).
Secções transversais em um primórdio
com aproximadamente 0,1 cm de extensão
revelam que as células da primeira camada
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subprotodérmica, na face adaxial, dividem-se
no sentido periclinal, originando a hipoderme
em dois estratos (Fig. 4). Ocasionalmente,
algumas células do segundo estrato
hipodérmico se dividem para constituir os três
estratos hipodérmicos, observados em alguns
trechos da lâmina foliar na face adaxial. A
camada subprotodérmica na face abaxial não
se divide, e consequentemente, nessa face, a
hipoderme apresenta-se em um só estrato.
A primeira camada de células subjacentes
à hipoderme adaxial se diferencia e dá origem
ao primeiro estrato de parênquima paliçádico
(Fig. 5) que, posteriormente, também se divide,
para formar os dois estratos paliçádicos. A
seguir, os elementos celulares da face abaxial
diferenciam-se e sofrem divisões
predominantemente no plano anticlinal para
constituir o parênquima lacunoso que, nas
folhas completamente expandidas, apresenta-
se em 7-9 estratos. As células da primeira e
da segunda camada adjacentes à hipoderme
abaxial apresentam-se alongadas no sentido
anticlinal, ocorrendo espaços intercelulares
entre as mesmas (Fig. 6).
Nos primeiros estágios de
desenvolvimento do primórdio foliar, ocorrem
células que se destacam por suas dimensões,
pelo citoplasma denso com vacúolos pequenos
e pelo núcleo conspícuo (Fig. 3). São os
precursores das células secretoras.
Progressivamente, os vacúolos se fusionam em
um vacúolo único. Esta fase é atingida muito
cedo, quando as demais células do mesofilo
ainda se encontram pouco diferenciadas (Fig.
7). As células secretoras, depois de
completamente diferenciadas, apresentam
paredes relativamente espessas com forte
afinidade pelo Sudan IV, o que indica a
presença de suberina. Tais células são
frequentes no mesofilo (Fig. 6), junto à nervura
mediana, no bordo foliar e no pecíolo.
Raramente ocorrem células secretoras
geminadas. Pela reação positiva ao vermelho
de rutênio e ao azul de Astra, foi comprovada
a natureza mucilaginosa de seu conteúdo.
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Figura 1: Ápice vegetativo de Beilschmiedia rígida (ST), evidenciando um primórdio jovem (>), protegido por outros em
estágio mais avançado de desenvolvimento (->). Barra = 150 Mm. Figura 2 - Ápice vegetativo de Beilschmiedia rígida (SL),
em que se observa a túnica (t), o corpo (c) e primórdios foliares. Barra = 20 Mm. Figura 3 - Estágio inicia) da formação da
célula secretora de mucilagem (cs). Barra = 50 Mm. Figura 4 - Face adaxial do primórdio foliar (ST) em que se notam as
primeiras divisões periclinais da camada subprotodérmica para originar a hipoderme (->). Barra = 20 Mm. Figura 5 -
Lâmina foliar jovem (ST), em que são observados os primeiros estratos de hipoderme nas faces adaxial e abaxial (h) e a
primeira camada de parênquima paliçádico (pp). Barra = 150 Mm. Figura 6 - Lâmina foliar na região intercostal, ao nível
do terço médio, já inteiramente diferenciada: epiderme (e), hipoderme (h), parênquima paliçádico (pp), lacunoso (pl) e
células secretoras de mucilagem (cs). Barra = 1 50 Mm. Abreviaturas: ST - Secção transversal; SL - Secção longitudinal.
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Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G.
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Figura 7: Célula secretora de mucilagem complctamente diferenciada, após a fusão dos vacúolos (cs). Barra = 50 Mm.
Figura 8: Detalhe de um primórdio foliar, evidenciando cristais prismáticos (c) e um grupo de esclereídes já perfeitamente
diferenciados (es). Barra = 25 Mm. Figura 9 - Protoderme na face abaxial, evidenciando duas células-fdhas (cf) precursoras
do estômato e outros já completamente diferenciados. Contraste de Fase. Barra = 50 Mm. Figura 10 - Estômato recém
diferenciado apontado pela seta. Contraste de Fase. Barra = 10 Mm. Figura 1 1 - Detalhe de um primórdio foliar (SL), em
que se observa um tricoma bicelular (— >) e outros unicelulares. Barra = 20 Mm. Figura 12 - Epiderme adaxial da lâmina
foliar jovem, evidenciando contrafortes nas paredes anticlinais das células epidérmicas (— >). Barra = 10 Mm
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Idioblastos portadores de cristais
prismáticos surgem também precocemente e
já são observados no primórdio foliar. Podem
ocorrer um ou dois cristais em uma única célula
meristemática. As paredes das células
portadoras dos cristais tornam-se
gradativamente espessas e lignificadas, dando
origem a esclereídes que se encontram
perfeitamente diferenciados, numa etapa em
que as células adjacentes ainda estão numa
fase pouco avançada de desenvolvimento.
Esses idioblastos podem ser observados, tanto
na lâmina foliar como no pecíolo, e
freqüentemente ocorrem em grupos (Fig. 8).
Enquanto sucedem essas mudanças nos
estratos internos da lâmina foliar, o sistema de
revestimento também se diferencia e expande.
Inicialmente, ocorre a diferenciação dos
estômatos e dos tricomas. Na protoderme
abaxial de um primórdio com aproximadamente
0,6 - 0,8 cm de extensão, são observados
estômatos em diferentes fases de
desenvolvimento. Foi possível verificar
inicialmente, a divisão desigual de uma célula
protodérmica, para dar origem a duas células-
filhas (Fig. 9). A seguir, uma delas se diferencia
como célula-mãe do estômato, originando as
duas células-guarda. A célula resultante da
divisão inicial da célula protodérmica e aquela
que teve origem na segunda divisão vão
constituiras duas células subsidiárias (Fig. 10).
Com certa freqüência podem ocorrer
estômatos anômalos e mais raramente,
estômatos geminados e contíguos.
Os tricomas são observados cm grande
número, em ambas as epidermes, nas primeiras
fases de desenvolvimento do primórdio foliar
(Fig. 11). Sua diferenciação também não é
sincronizada, observando-se em um mesmo
primórdio, tricomas em diferentes estágios de
desenvolvimento. No processo de formação
dos tricomas, uma célula protodérmica se
expande, seu núcleo migra para a região apical
e as paredes celulares se espessam. Depois
de completamente desenvolvido, o tricoma
apresenta-se levemente fletido em direção à
lâmina foliar. Há predominância de tricomas
t
Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G
unicelulares, embora com menos freqüência,
ocorram tricomas bicelulares (Fig. 11). À
medida que o primórdio foliar se expande,
observa-se um processo gradual de
senescência dos tricomas. Estes, ao cair, não
deixam cicatriz e não são observados nas
folhas completamente expandidas.
Enquanto ocorre a diferenciação dos
tricomas e dos estômatos, as paredes anticlinais
das demais células protodérmicas apresentam-
se delgadas com traçado reto ou levemente
curvo. A proporção que a diferenciação de tais
células progride, suas paredes, de modo
particular as periclinais externas e as anticlinais,
se espessam de maneira desigual, o que
propicia o surgimento de projeções parietais e
invaginações protoplasmáticas nessas paredes
(Fig. 12). Esses aspectos são observados em
folhas completamente expandidas, tanto em
vista frontal como em secções transversais da
lâmina foliar (Fig. 13).
A diferenciação do bordo acompanha a
das demais regiões da lâmina foliar. Na figura
14 observa-se o aspecto do bordo em uma folha
com cerca de 4 cm de extensão.
Em primórdios foliares recém-formados,
o procâmbio apresenta-se como uma faixa
contínua na porção central da lâmina jovem.
As células procambiais têm o aspecto alongado
típico e núcleo conspícuo. No curso do
desenvolvimento, o floema surge em fase
anterior ao xilema. Células do parênquima
floemático, situadas extemamente em relação
aos elementos condutores, diferenciam-se
como Fibras perivasculares. Na lâmina foliar
jovem (Fig. 1 7), o sistema vascular apresenta-
se como dois arcos justapostos, interrompidos
nas extremidades pelas fibras perivasculares,
após completa diferenciação.
Braquiesclereídes c células secretoras
ocorrem nas proximidades do sistema vascular
(Fig. 18).
As nervuras de menor calibre surgem
após a diferenciação da nervura mediana. As
nervuras de segunda ordem seguem até as
imediações da margem foliar c se
anastomosam, formando arcos proeminentes,
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Beilschmiedia rígida ( Mez ) Kostenn. (Lauraceae): diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar
Figura 13: Lâmina foliar (ST) evidenciando contrafortes (— ») na parede periclinal externa da célula epidérmica. Barra =
10 Mm. Figura 14: Bordo foliarem estágio avançado de diferenciação. Barra = 50 Mm. Figura 15: Detalhe dasaréolasna
lâmina foliar. Barra = 250 Mm. Figura 16: Venação marginal em detalhe (— >). Barra = 250 Mm. Figura 17: Detalhe do
sistema vascular ao nível da nervura mediana da folha jovem. Barra = 50 Mm. Figura 18: Detalhe do sistema vascular ao
nível da nervura mediana da folha completamente expandida, na região do terço médio. Barra = 100 Mm.
Abreviaturas: ST - Secção transversal.
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caracterizando o padrão de venação
camptódromo-broquidódromo. Pequenas
ramificações partem dos arcos em direção à
margem e vão constituir a nervura fimbrial (Fig.
15). A rede de venação vista em detalhe
apresenta aréolas ortogonais, com terminações
vasculares ramificadas (Fig. 16).
DISCUSSÃO
O desenvolvimento dos primórdios
foliares em Beilschmiedia rígida ocorre no
sentido acrópeto e segue os padrões referidos
por Cutter (1987) e Mauselh (1988). Nesta
espécie foi constatada a presença da túnica
em dois estratos no ápice vegetativo, o que foi
também notado por Kasapligil ( 1 95 1 ) em duas
espécies de Lauraceae, Laurus nobilis L. e
Sassafras ojficinale Nees & Eberm. Embora
Esau (1977) assinale que a delimitação entre
túnica e corpo no ápice vegetativo nem sempre
é bem demarcada, no material em estudo foi
possível detectar a ocorrência do corpo em
cinco estratos.
A protoderme de B. rígida tem origem
na primeira camada da túnica, que se divide
no plano anticlinal, o que vem corroborar as
observações de Esau (1950) e de Olson et al.
(1969) quanto à origem da protoderme. Em
estágio posterior, a protoderme dá origem à
epiderme. Os estratos hipodérmicos (tanto na
face adaxial como na abaxial) são originados
na segunda camada da túnica, diferentemente
do que menciona Esau (1950), que indica o
meristema fundamental como o local de origem
da hipoderme. Segundo Metcalfe & Chalk
(1950), Beilschmiedia figura entre os gêneros
de Lauraceae com hipoderme simples. Em
B. rigida foi constatada hipoderme
uniestratificada apenas na face abaxial,
enquanto na face adaxial ela é constituída por
dois e até três estratos celulares.
Projeções parietais e invaginações
protoplasmáticas, na face interna das paredes
periclinais externas e nas paredes anticlinais
das células epidérmicas conferem aspecto
peculiar a essas paredes. Neste estudo, tais
aspectos não foram observados em primórdios
Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G
foliares de B. rígida e sua ocorrência confirma
os estudos ultra-estruturais de Barros &
Miguens (1998), em folhas completamente
expandidas. Segundo Faggetter (1987), essas
flanges, moderadamente profundas ou em
forma de “U”, constituem um reforço ou
contraforte, surgindo em diferentes ângulos da
superfície periclinal. Todavia, ainda não foram
realizados estudos visando avaliar essa função
de reforço mecânico. Aspecto semelhante foi
descrito em outras espécies de Lauraceae por
Christophel et al. (1996), em Beilshmiedia
obtusifolia. Barros et al. (1997a), ao
estudarem a anatomia ecológica de espécies
da Mata Atlântica, consideraram a diferença
de espessura na parede periclinal externa de
Beilschmiedia rigida um caráter
geneticamente controlado, não expressando
uma adaptação ao ambiente. Características
aparentemente iguais têm sido observadas em
espécies de outras famílias, a exemplo das
Myrtaceae (Fontenelle et al., 1994), o que leva
a crer que as mesmas possam desempenhar
alguma função fisiológica, o que aponta a
necessidade de outros estudos, a fim de que o
assunto seja melhor esclarecido.
West (1969) mencionou a ocorrência de
células secretoras de mucilagem em espécies
de Lauraceae e Metcalfe (1987) assinalou que
tais estruturas são muito comuns à família.
Maron & Fahn (1979) analisaram as células
oleíferas de Laurus nobilis e Bakker et al.
(1992) estudaram estruturas similares em
espécies de Cinnamomum. Esses autores
constataram que as células secretoras são
revestidas por paredes suberizadas e se
localizam geralmente no parênquima paliçádico
ou no lacunoso. As paredes das células
secretoras de Beilshmiedia rigida também
são suberizadas e encontram-se distribuídas no
parênquima paliçádico, no lacunoso e ao nível
da nervura mediana e no pecíolo.
O mesoiilo de B. rigida se origina pela
atividade das derivadas da inicial marginal, o
que vem confirmar as referências da literatura
(Avery, 1933; Esau, 1950; Costa, 1989). De
acordo com Metcalfe & Chalk (1950), o
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Beilschmiedia rigida (Mcz) Kosterm. (Lauraceae): diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar
97
mesofilo das espécies de Lauraceae, com
poucas exceções, a exemplo de Persea,
apresenta-se mais ou menos compacto com
lacunas pouco desenvolvidas, o que foi também
observado por Kasapligil (1951) em Laurus
nobilis e corresponde ao padrão das folhas
completamente expandidas de B. rigida.
As características foliares do material em
análise parecem indicar uma estratégia de
adaptação ao estresse hídrico, visto que
espécies com um volume baixo de parênquima
esponjoso e, consequentemente, células mais
compactas, podem ser menos impactadas pela
desidratação (James et ai, 1999). Por outro
lado, acredita-se que a ocorrência de
hipoderme múltipla apenas na face adaxial de
B. rigida represente uma adaptação contra o
excesso de luminosidade, tendo em vista que
a face adaxial das folhas está exposta a maior
insolação (James et al., 1999). Considerando
que a espécie em estudo se desenvolve numa
área cujo clima é considerado superúmido
(Guedes-Bruni, 1998), acredita-se que tais
características xeromórficas sejam inerentes
ao seu genótipo.
O sistema vascular de B. rigida surge
nos primeiros estágios da ontogênese foliar e
se desenvolve no sentido acrópeto, conforme
parâmetros referidos por Isebrands & Larson
(1973), também mencionados por Avery (1933)
e, mais recentemente, por Nelson & Dengler
(1997). Segundo Nelson & Dengler (1997) o
tecido provascular, localizado na porção
correspondente à região mediana do mesofilo,
dá origem à nervura mediana, na qual se
originam as nervuras menores que determinam
o padrão de venação foliar nas dicotiledôneas.
Quanto à diferenciação dos tecidos vasculares
em B. rigida, o floema surge em etapa anterior
à do xilema no cordão procambial, o que vem
confirmar as referências de Isebrands &.
Larson (1973) e Esau (1977).
A importância dos tricomas em
Taxonomia tem sido enfatizada por autores
como Metcalfe & Chalk (1950), Faggetter
(1987) e Christophel et al. (1996). Estes
autores assinalam que os tricomas unicelulares
são uma característica das Lauraceae. Em
Beilshmiedia rigida a presença de tricomas
unicelulares nos primódios foliares é uma
constante. Foram também detectados tricomas
bicelulares, embora pouco freqüentes.
Marques (2001) também observou tricomas
bicelulares no pecíolo de Aniba fintuda (Nees
& C. Mart.) Mez e Nectandra lanceolata Nees.
As folhas de B. rigida são hipostomáticas
com estômatos paracíticos, o que vem corroborar
as observações de Christophel et al. (1996)
quanto às espécies família Lauraceae e de
Barros etal. (1991b) para a folha completamente
expandida de B. rigida. Baruah & Nath
(1997), por sua vez, referem estômatos
paracíticos e pericíticos para espécies indianas
de Cinnamomum. Quanto à origem, os
estômatos de B. rigida são mesoperígenos.
Avita & Inamdar (1981), acompanhando a
ontogênese dos estômatos em 12 espécies de
Lauraceae, verificaram a predominância do
padrão paracítico, ocorrendo também o tipo
anomocítico, em menor proporção. Quanto â
origem, concluíram que nessas espécies os
estômatos paracíticos têm origem mesógena
e os anomocíticos são perígenos.
Cristais sob as mais diversas formas são
comuns no reino vegetal e representam um
caráter marcante em diversas famílias. Milanez
(1932) estabelece uma correlação entre a
presença desses cristais e o espessamento das
paredes celulares e sugere que os cristais
sejam responsáveis pela formação de
esclereídes em algumas famílias de
dicotiledôneas. Recentemente, Huang et al.
(2000) também verificaram a ocorrência
conjunta de cristais e esclereídes nas espécies
aquáticas Nymphoides coreana (H. Lév.) H.
Hara e Nttphar schimadai. Acredita-se que
em B. rigida possa existir uma relação entre
os cristais e o espessamento das paredes das
células que os contêm, propiciando assim o
surgimento dos esclereídes ainda em fase
inicial do desenvolvimento. Faz-se necessário,
porém, o desenvolvimento de estudos
complementares, necessários para comprovar
tal hipótese.
Rodriguisia 54 (84): 89-100. 2003
SciELO/JBRJ
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Marques, C. A., Barras. C. F, Costa. C. G
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pelas
bolsas concedidas, ao pesquisador Osnir
Marquete e ao técnico Paulo Rogério Ferreira
Dias, pela colaboração na confecção das
fotomicrografias.
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ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae
Juss.) no bioma Caatinga do estado de Pernambuco - Brasil 1
Marcos José da Silva 2
Margareth Ferreira de Sales 3
RESUMO
O estudo taxonômico de Phyllanthus L. no bioma Caatinga de Pernambuco foi realizado
através da análise morfológica de materiais herborizados e de observações de campo. Constataram-
se 1 1 taxa : Phyllanthus acwninatus Vahl., P amarus Schumach. & Thonn., P. caroliniensis
Walt. subsp. caroliniensis., P claussenii Midi. Arg., P. jacobinensis Midi. Arg., P. klotzschianus
Midi. Arg., P. mimitulus Midi. Arg., P niruri L., P. heteradenius Midi. Arg., P. stipulatus (Raf.)
Webster e P. tenellus Roxb. Os principais caracteres morfológicos utilizados para separação das
espécies foram o hábito, o padrão de ramificação, a forma do disco glandular das flores de ambos
os sexos, o número e união dos estames e a ornamentação das sementes. A maior parte das
espécies apresenta distribuição nas subzonas do agreste e sertão em vegetação de Caatinga. Apenas
P. acwninatus Vahl, P miniituliis Midi. Arg. e P stipulatus (Raf.) Webster foram encontradas
exclusivamente na subzona do Agreste, nas florestas Montanas.
Palavras chaves: Phyllanthus, Euphorbiaceae, Taxonomia, Caatinga, Pernambuco
ABSTRACT
The taxonomic study of species in the genus Phyllanthus L. in the caatinga biome of the
State of Pernambuco was carried out based on morphological analysis of fresh material or from
specimen vouchers of the local herbaria. Eleven taxa were recorded: Phyllanthus acwninatus
Vahl, P. amarus Schumach. & Thonn., P. caroliniensis Walt. subsp. caroliniensis, P. claussenii
Midi. Arg., P. heteradenius Midi. Arg., P. jacobinensis Midi. Arg., P. klotzschianus Midi. Arg.,
P. minutulus Midi. Arg., P niruri L., P orbiculatus Rich., P. stipulatus (Raf.) Webster, and P.
tenellus Roxb. The main morphological features used for delimitation of the species were habit,
branching pattern, shape of the glandular disk on both male and female flowers, number and union
of the stamens, type of dehiscence of anthers and seed coat. Most species present geographical
distribution in steppe-savannah vegetation on different vegetational physiognomies (Agreste and
Sertão). Only P. acwninatus Vahl., P minutulus Midi. Arg. and P stipulatus (Raf.) Webster
occur exclusively in the upland forests within the Agreste Zone.
Key words: Phyllanthus, Euphorbiaceae, Taxonomy, Caatinga, Pernambuco’s State.
INTRODUÇÃO
Phyllanthus L. compreende cerca de 800
espécies, alocadas em mais de 50 seções, com
distribuição em diversos ambientes e tipos
vegetacionais das regiões tropicais do mundo.
Apresenta como importantes centros de
diversidade de espécies as Américas (200 spp.),
a África (100 spp.) e Madagascar (70 spp.)
(Webster, 1970, 1994b). No Brasil, está
representado por mais de 100 espécies,
amplamente distribuídas em diferentes ambientes.
Este gênero posiciona-se na subfamília
Phyllanthoideae, tribo Phyllantheae, subtribo
Flueggeinae. E reconhecido por vários
sistematas (Croizat, 1943; Webster, 1956, 1967,
1970, 1986; Hunter & Bruhl, 1997a, 1997b e
Rossignol et ai, 1986) como sendo um dos
maiores e mais complexos de Euphorbiaceae,
' Projeto financiado pelo CNPq/UFRPE
: Bolsista de Iniciação Científica - PIBIC/CNPq/UFRPE. phyllgradyanus@ig.com.br
3 Professora do Departamento de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco, mfsales.2002@ig.com.br
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
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devido à ampla diversidade de caracteres
vegetativos e florais.
A primeira referência a Phyllanthus é
feita por Linnaeus (1737) no “ Systema
Naturae", embora este gênero só tenha sido
estabelecido, posteriormente, por Linnaeus em
1753 no “ Species Plantarum". Os primeiros
trabalhos que trataram a taxonomia de
Phyllanthus foram os de Grisebach (1858,
1860) e Baillon (1858, 1860), os quais
forneceram descrições de novas espécies e
seções. Posteriormente, Müeller (1866) no
“Prodromus” de De candolle, propôs a
primeira classificação infrangenérica,
reconhecendo 44 seções, a qual foi utilizada
como base para tratamentos posteriores como
os de Bentham (1880), Robison (1909) e Pax
& Hoffmann (1986).
O conceito atual do gênero e os
tratamentos mais recentes foram
desenvolvidos por Webster (1956, 1957, 1958,
1967, 1970, 1986 e 2002) e complementados
por Rossignol et al. (1986) e Hunter & Bruhl
(1997a, 1997b). Phyllanthus teve seu
conhecimento ampliado com a elaboração de
importantes floras nos continentes americano
(Small, 1933; Standley, 1937,
1926; Lourteig & 0‘DoneIl, 1942; Croizat,
1943, 1944; Standley & Steyermark, 1949
Macbride, 1951;Adams, 1972; Hunziker, 1967;
Webster & Burch, 1967; Gillespie, 1993;
Webster, 1986), africano (Radcliffe-Smith,
1883), asiático (Zoku, 1965; Airy Shaw, 1971)
e australiano (Hunter & Bruhl, 1997a, 1977b),
as quais fornecem descrições de novas
espécies, comentários sobre distribuição
geográfica e afinidades entre espécies.
No Brasil poucos estudos taxonômicos
foram elaborados sobre Phyllanthus. O mais
significativo, pelo número de espécies tratadas
(71), foi o de Müeller (1873) na “Flora
brasiliensis", seguido de Santiago (1988)
tratando Phyllanthus sect. Choretropsis , para
o estado do Rio de Janeiro. Descrições e
comentários sobre espécies ainda são
encontrados em floras locais como as de Santa
Catarina, por Smith et al ., 1988 e Ulysséa &
Silva, M. J. & Sales, M. F
Amaral (1993, 1997), do Rio Grande do Sul,
por Aliem (1977), da Serra do Cipó (MG), por
Cordeiro (1992), do Pico das Almas (BA), por
Cordeiro (1995), do Parque Estadual
Zoobotánico (Pl), por Filho (2000) e da região
de Xingó (AL e SE), por Silva & Sales (inéd.).
O estudo objetivou reconhecer as
espécies de Phyllanthus ocorrentes no bioma
Caatinga de Pernambuco, através da análise
de caracteres morfológicos vegetativos e
reprodutivos, visando contribuir com o
conhecimento do gênero e da flora de
Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo - O estado de Pernambuco,
situado entre as coordenadas 7 o 15’ 45”S e 9°
28’ 18” S e 34" 48’ 35” W e 41° 19’ 54” W,
localiza-se no Nordeste brasileiro e possui uma
área de 98. 307 km 2 (Andrade-Lima, 1960).
Divide-se em quatro zonas fitogeográficas:
Litoral, Mata, das Caatingas e Savanas, as quais
foram estabelecidas por Andrade-Lima (1960)
fundamentado em dados edafoclimáticos e
vegetacionais. Este autor ainda dividiu as zonas
das Caatingas em duas subzonas: Agreste e
Sertão, com base nos aspectos fisionômicos,
índices pluviométricos e profundidade de solos.
Para a subzona do Sertão o autor reconheceu
ainda as regiões do Sertão Central, do Jatinã,
do Araripe, do São Francisco e dos Chapadões
Cretáceos. O clima de um modo geral é do
tipo Bshw (Kõeppen, 1948), as chuvas são
irregulares com índices de precipitação anual
variando de 252 a 1200mm (Sampaio, 1996).
A zona da Caatinga, a maior delas, ocupa
uma área de 83. 560.95 Km 2 , se estende de
leste a oeste, perfazendo um total de 85% de
todo o Estado. Nesta zona está assentado o
bioma Caatinga. De acordo com Sales et al.
(1998), neste bioma predomina a vegetação
de Caatinga (caducifólia e espinhosa),
entremeada por floresta Montana nos topos e
encostas de serra, em altitudes superiores a
700 m e por uma vegetação arbustiva
perenifólia sobre chapadas com altitudes entre
500 e 800 m.
Rodrigiiésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Eitphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil
Estudo Taxonômico - Foram realizadas
coletas mensais em vários municípios para
obtenção de material botânico e observação
das populações em campo. O material
coletado, após processamento, foi depositado
no herbário PEUFR da Universidade Federal
Rural de Pernambuco. A identificação dos
taxa fundamentou-se principalmente nas obras
já mencionadas na introdução deste artigo.
Para padronizar a terminologia das estruturas
vegetativas e reprodutivas, utilizou-se Radford
et al. (1974), para indumento, Lawrence
(1951), Hickey (1973) para designar o padrão
de venação e Brummitt & Povvell (1992) para
grafia dos nomes dos autores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Phyllanthus L„ Sp. pl. 981. 1753.
Espécie Tipo: Phyllanthus niritri L.
Ervas, subarbustos, arbustos, raro
árvores, monóicos ou mais raramente dióicos.
Padrão de ramificação não filantóide, com
ramos persistentes variadamente ramificados,
ou filantóide, com ramos em geral decíduos,
ortotrópicos e dispostos espiraladamente ao
longo do ramo principal (caule), ou de suas
ramificações, com aspecto pinatiforme
(assemelhando-se a uma folha composta
pinada) ou bipinatiforme (assemelhando-se a
uma folha composta bipinada), modificados ou
não em cladódios. Catafilos 3, na base dos
ramos com padrão filantóide. Folhas alternas,
inteiras, pecioladas, estipuladas, aglandulares
e em geral destituídas de indumento; venação
broquidódroma. Inflorescências axilares,
usualmente cimosas, címulas unissexuais e ou
bissexuais, paucifloras, multifioras, agregadas
ou não, às vezes reduzidas a flores solitárias.
Flores monoclamídeas; cálice gamossépalo,
lobos 4-6, imbricados. Flores estaminadas,
pediceladas; disco extra-estaminal
segmentado, mais raramente íntegro,
segmentos de formas variadas, alternissépalos;
estames (2) 3-5, livres, unidos ou parcialmente
unidos pelos filetes em coluna, anteras livres
ou aderidas no ápice da coluna, rimas
horizontais a verticais. Flores pistiladas,
Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003
103
pediceladas; disco em geral íntegro, anular,
pateliforme a cupuliforme; ovário 3-carpelar;
estiletes livres ou basalmente unidos, bífidos,
raro inteiros, estigmas punctados ou captados;
óvulos 2, em cada lóculo. Cápsula septicida e
loculicida; cálice e estigma persistentes no
fruto. Sementes em geral trígonas, por
compressão dos óvulos nos lóculos do ovário,
tegumento seco ou crustáceo,
diversificadamente esculturado; endosperma
carnoso, embrião estreito, reto ou ligeiramente
curvo, cotilédones mais largos que a radícula.
Aspectos morfológicos relevantes na
identificação dos taxa encontrados
As espécies registradas neste estudo
podem ser identificadas principalmente através
dos seguintes caracteres: padrão de
ramificação, forma da lâmina foliar, tipo, sexo
e disposição das inflorescências e das flores
ao longo dos ramos, integridade e número de
estames, deiscência das anteras, integridade e
aspecto do disco glandular nas flores
estaminadas e ornamentação da testa das
sementes.
Padrão de ramificação - Um dos atributos
mais utilizados porsistematas atuais (Webster,
1956, 1958, 1967, 1970, 1986; Rossignol et ai,
1986 e Hunther & Bhrul, 1997a) para
separação dos grupos em Phyllanthus , é o
padrão de ramificação, embora não tenha sido
utilizado pelos botânicos clássicos (Müeller,
1866, 1873; Pax & Hoffmman 1896; Baillon,
1860 e Robison, 1909).
Os taxa estudados mostraram-se
ramificados nos seguintes padrões: filantóide e
não filantóide. O primeiro padrão é encontrado
em mais da metade das espécies do gênero,
principalmente nos taxa herbáceas. Caracteriza-
se por apresentar ramos ortotrópicos, em geral
decíduos, dispostos espiraladamente ao longo do
ramo principal (caule) ou de suas ramificações e
catafilos, em número de três, no ponto de inserção
de cada ramificação. No segundo padrão, os
ramos são variadamente ramificados,
persistentes, não ortotrópicos e os catafilos são
ausentes.
■SciELO/JBRJ
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cm ..
104
No padrão filantóide os ramos possuem
aspecto pinatiforme (por apresentar folhas
dispostas disticamente, assemelhando-se a uma
folha composta pinada) ou bipinatiforme (por
apresentar ramos secundários com disposição
dística, nos quais as folhas são dispostas
disticamente, conferindo aspecto de uma folha
composta bipinada). Às vezes os ramos
secundários e terciários podem ser
modificados em cladódios. Ramificação
filantóide com ramos pinatiformes é encontrada
em Phyllanthus amarus, P. minutulus, P.
niruri, P. stipulalus e P. tenellus, enquanto
ramificação filantóide com ramos
bipinatiformes ocorre em P acuminatus e P.
klotzschianus, sendo modificados em
cladódios no segundo.
Ramificação não filantóide foi encontrada
em Phyllanthus caroliniensis subsp.
caroliniensis, P. claussenii, P jacobinensis
e P. heteradenius, sendo que no primeiro
taxon os ramos, embora dispostos
disticamente, têm quase o mesmo tamanho
conferindo a planta um aspecto pinatiforme.
Lâmina foliar - As folhas em Phyllanthus são
alternas, simples, inteiras, curtamente pecioladas
a subsésseis, estipuladas, aglandulares e de
margens em geral inteiras. Estão ausentes em
P klotzschianus. A lâmina é pouco variável em
tamanho e forma. Variam de 2,6-5, 1 x 1 ,4-2 mm
em P. minutulus a 2,5-5 x 1, 4-2,5 cm em P.
acuminatus. Quanto à forma há um predomínio
de lâminas oblongas, oblongo-obovais e oblongo-
elípticas, poucas são elípticas a ovais e apenas
uma é orbicular como em P. claussenii. A
consistência é, na maioria das espécies,
membranácea e a venação é broquidodróma. O
pecíolo é pouco variável, sendo comumente
cilíndrico, nas espécies estudadas, com dimensões
variando desde 0,3-0,4 mm em P. minutulus a
1 ,4-2 mm em P. acuminatus.
Inflorescências - As inflorescências em
Phyllanthus variam de cincínios a fascículos,
embora o tipo címula seja o mais comum em
todo o gênero. É freqüente a ocorrência de
címulas reduzidas a uma flor e de flores
pistiladas solitárias (Webster, 1 956). As címulas
Silva, M. J. á Sales, M. F.
podem ser paucifioras ou multifloras, laxas ou
congestas, unissexuais e ou bissexuais. Nos
taxa estudados o tipo címula foi o
predominante, sendo encontrado em todas as
espécies. Címulas unissexuais estaminadas
foram encontradas em Phyllanthus
stipulatus, P.minutulus, P. niruri, P.
heteradenius e P. klotzschianus, enquanto
que as bissexuais ocorreram em P.
acuminatus, P. amarus P. caroliniensis
subsp. caroliniensis, P. claussenii e P.
jacobinensis. Címulas bissexuais e
unissexuais na mesma planta foram
encontradas em P. tenellus, sendo as
bissexuais constituídas por 1-2 flores
estaminadas e 1-2 flores pistiladas, e as
unissexuais formadas por apenas uma só flor
pistilada, com o pedicelo visivelmente articulado
de base pulviniforme.
As inflorescências apresentam sempre
disposições axilares, que pode ser ao longo de
todo o comprimento do ramo (na maioria das
espécies) ou da base até a metade do seu
comprimento como em Phyllanthus
stipulatus, P. minutulus e P. niruri. As flores
solitárias estão sempre nas terminações dos
ramos como pode ser observado nas três
espécies citadas anteriormente. Para Webster
(1956) esta condição de distribuição floral das
espécies acima é típica de um grande número
de espécies herbáceas da seção Phyllanthus
e parece evidenciar tendência ao dioicismo.
Situação semelhante também foi observada em
P. heteradenius que apresenta ramos
exclusivamente unissexuais, estaminados ou
pisti lados, no mesmo indivíduo.
O arranjo distributivo das inflorescências
nas plantas parece estar relacionado com o
padrão de ramificação. Nas espécies que
apresentam o padrão filantóide, as
inflorescências estão dispostas exclusivamente
na axila das folhas; já nas espécies com padrão
de ramificação não filantóide, as inflorescências
estão tanto na axila das folhas quanto na
inserção das ramificações ( Phyllanthus
caroliniensis subsp. caroliniensis, P.
claussenii, P. jacobinensis e P. heteradenius)
Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003
SciELO/JBRJ
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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euplwrbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil
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Androceu - O número de estames, sua união,
hem como a forma de deiscência das anteras,
constituem importantes ferramentas na
delimitação das espécies e dos taxa
infragenéricos em Phyllanthus. Nos taxa
estudados, o número de estames varia de 2-5,
sendo 3 na maioria das espécies, 2 em
Phyllanthus ininutulus (Fig. 4, M) e 5 cm P.
jacobinensis e P. tenellus apresentando-se
livres, parcial ou totalmente unidos em coluna,
sempre com filetes cilíndricos e glabros. A
coluna estaminal é sempre cilíndrica. Estames
livres são encontrados em P claussenii, P.
heteraclenitts, P. caroliniensis subsp.
caroliniensis e P. tenellus ; parcialmente
unidos em P niruri e P. jacobinensis e unidos
em P stipulatus, P ainarus, P. acuminatus,
P. ininutulus e P. klotzschianus.
As anteras podem apresentar as tecas
próximas entre si ou acentuadamente
divergentes em P claussenii. A deiscência
varia de horizontal a vertical em todo o gênero
(Webster, 1956). Rimas horizontais ocorrem
na maioria dos taxa; verticais em P.
jacobinensis e P. klotzschianus ; oblíquas em
P. ainarus e subhorizontais em P. tenellus.
Disco glandular estaminado - As flores
estaminadas em Phyllanthus apresentam um
disco glandular extra-estaminal, bastante variável,
formado, em geral, por segmentos isolados, raro
unidos, sempre altemissépalos. Constitui sem
dúvida, um importante caráter taxonômico, sendo
utilizado por autores como Müeller ( 1 866; 1 873),
Robison (1909) e Webster (1956, 1967, 1970,
1986 e 2002) na delimitação de taxa específicos
e infragenéricos.
Nas espécies estudadas, o disco glandular
pode ser segmentado (na maioria) ou íntegro.
Nos discos segmentados o número de
segmentos varia de 3 a 6, sendo três apenas
em P. acuminatus (Fig. 1, d), seis em P.
caroliniensis subsp. caroliniensis (Fig. 2, d)
e P. claussenii (Fig. 2, 1) e cinco nas demais
espécies. Já disco íntegro ocorreu apenas em
P. jacobinensis.
Quanto à forma, os segmentos
mostraram-se bastante variáveis sendo
Rodriguêsia 54 (84): 101-126. 2003
arredondados e verruculosos em P. stipulatus
(Fig. 5, n), trapezoidais de margens
verruculosas em P. niruri (Fig. 5, d), globoso-
sulcados, em P. ainarus (Fig. 1, q),
obtriangulares, em P. caroliniensis subsp.
caroliniensis (Fig. 2, d) e P claussenii (Fig.
2, 1) o último com superfície visivelmente
verrucolosa, renifomes com superfície
foveolada , em P. acuminatus (Fig. 1, d),
pateliformcs, em P. klotzschianus (Fig. 4, c),
glandular-estipitado, em P. ininutulus (Fig. 4,
m) e elípticos, achatados e de ápice caudado
em P. heteraclenitts (Fig. 3, d).
Sementes - As sementes em Phyllanthus
ocorrem sempre aos pares em cada lóculo e
possuem, em sua maioria, um esboço trígono,
o qual resulta segundo Webster (1956) da
compressão da parede de um lóculo do ovário
contra o outro. Podem ser ainda plano-
convexas em P. acuminatus (Fig. 1, m) e
reniformes em P. jacobinensis (Fig. 3, t). A
superfície da testa apresenta ornamentação
bastante diversificada, consistindo numa das mais
importantes ferramentas para separação das
espécies. Superfície densamente verruculosa,
com verrugas de formas, distribuições e
dimensões variadas são encontradas em P. niruri
(Fig. 5, j), P. heteraclenitts (Fig. 3, j), P. tenellus
(Fig. 6, j), P. catvliniensis subsp. caroliniensis
(Fig. 2, i), P. claussenii (Fig. 2, r), com estrias
longitudinais semiconcêntricas em P. amants
(Fig. 1, v), reticulada em P. klotzschianus (Fig.
4, i), maculado em P. acuminatus (Fig. 1, m),
irregularmente foveolada em P. jacobinensis
(Fig. 3, t) e ainda com estrias transversais
dispostas em fileiras longitudinais regulares em
P. stipulatus (Fig. 5, t) e P. ininutulus (Fig. 4, s),
sendo que no primeiro as estrias são mais
elevadas que no segundo.
SciELO/JBRJ
106
Silva, M. J. & Sales, M. E
CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE PHYLLANTHUS L.
OCORRENTES NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO
1. Plantas com cladódios 7. P. klotzschiams
1. Plantas sem cladódios 2
2. Ramificação filantóide (ramos secundários dispostos espiraladamente); presença de ramos
decíduos; catafilos presentes 3
3. Arbusto ou arvoreta 2-3 m de alt.; ramos bipinatiformes; lâmina 2,1-5 cm., ápice
abruptamente acuminado 1. P acuminatus
3. Erva ou subarbusto 5-40 cm de alt.; ramos pinatiformes; lâmina 0,26- 1 ,5cm, ápice agudo
a arredondado 4
4. Estames 5, sempre livres; flores em címulas bissexuais e unissexuais na mesma planta;
pedicelo das flores pistiladas com (2,3) 4, 0-6, 5 mm compr, filiformes
11. P tenellus
4. Estames 2 ou 3, livres ou unidos; flores em címulas bissexuais ou unissexuais; pedicelo
das flores pistiladas com 0,7 a 3,1 mm 5
5. Lâmina com base assimétrica; estigma capitado; sementes densamente verruculosas
em linhas longitudinais 9. P. niniri
5. Lâmina com base simétrica; estigma não capitado; sementes estriadas 6
6. Címula bissexual com uma flor estaminada e uma pistilada; sépalas estaminadas
e pistiladas com ápice cuspidado; anteras com rimas oblíquas 2. P. amarus
6. Címula unissexual estaminada; flores pistiladas solitárias; sépalas estaminadas
e pistiladas com ápice arredondado; anteras com rimas horizontais 7
7. Plantas com 30-45 cm alt.; estames 3; segmentos do disco glandular
estaminado arredondados e verruculosos 10. P. stipulatus
7. Plantas com 5-10,5 cm alt.; estames 2; segmentos do disco glandular
estaminado glandular-estipitados 8. P minutulus
2. Ramificação não filantóide (ramos secundários dispostos de forma variada); ausência de
ramos decíduos; catafilos ausentes 8
8. Estames 5, unidos; sementes reniformes e irregularmente foveoladas 6. P. jacobinensis
8. Estames 3, livres; sementes trígonas, verruculosas 9
9. Sépalas estaminadas e pistiladas 6; disco glandular estaminado 6-segmentado 10
10. Arbusto ca. 1 m; lâmina largamente elíptica a orbicular; pedicelo pistilado 0,7- 1,2
cm compr 4. P. claussenii
10. Erva 10-15 cm; lâmina elíptica a elíptico - oboval; pedicelo pistilado cerca 1 mm
3. P. caroliniensis subsp. caroliniensis
9. Sépalas estaminadas c pistiladas 5; disco glandular estaminado 5-segmentado
5. P heteradenius
Descrição das espécies
Phyllanthus acuminatus Vahl, Symb. 95.
1791.
Fig. l,a-m
Arbusto a arvoreta 2-3 m alt., monóica.
Caule cilíndrico a subcilíndrico, cinéreo-
esverdeado, lcnticelado. Ramificação
filantóide. Ramos bipinatiformes, dispostos
espiraladamente, decíduos após a maturação
dos frutos; eixos primários 25-40 cm compr.,
eixos secundários 10-22 cm compr., ambos
subcilíndricos na parte basal, angulosos próximo
ao ápice, glabros a puberulentos. Catafilos ca.
2 mm compr., inconspícuos. Estipulas 1 ,3- 1 ,4
mm compr., triangulares a largamentc
triangulares, margem levemente denticulada,
Rotlrigiiésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
SciELO/ JBRJ
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cm
O género Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil
■ n
Figura 1 : a - m: Phyllanthus acwninatus Vahl. a. aspecto geral do ramo bipinatiforme; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor
estaminada; e. sépala, lobo interno, florestaminada; f. sépala. lobo externo, flor estaminada; g. flor pistilada; h. sépala, lobo
interno, flor pistilada; i. sépala. lobo externo, flor pistilada; j. disco glandular pistilado, aspecto; k. fruto; I. detalhe das
sementes ao saírem do lóculo; m. aspecto da semente, n - v: P. amarus Schumach. &Thonn. n. hábito; o. lâmina foliar; p.
estipula: q. flor estaminada; r. sépala, face vcntral evidenciando a faixa central, florestaminada; s. flor pistilada; t. aspecto
do disco glandular pistilado; u. fruto; v. semente, aspecto dorsi-ventral. (Escalas: a, n = 2 cm; b = 3 mm; c, d, e, g, k, 1, m,
o. p, s, t. u. v = 1 mm; f, h, i, j. q = 0,5 mm; r = 0,4 mm)
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Silva. M. J. & Sales. M. F
persistentes. Pecíolo 1,4-2 mm compr., aplainado,
puberúlo abaxial mente e glabro adaxialmente.
Lâmina 2, 1 -5 x 1 ,4-2,5 cm., membranácea, oval
a oval-elíptica, base obtusa a arredondada, ápice
abruptamente acuminado, margem inteira, glabra
em ambas as faces, discolor, face adaxial verde-
escura, abaxial verde-glauca; venação
broquidódroma. Címulas bissexuais, congestas,
curtamente pedunculadas, com 5-6 conjuntos
estaminados, cada um com 4-6 flores, flor
pistilada 1, longamente pedicelada, solitária na
parte central; brácteas elípticas 0,5-0,7 mm
compr., hialinas. Flores estaminadas, pedicelo
2,9-4 mm compr., filiforme, glabro; sépalas 6,
bisseriadas; lobos externos 1-1,1 mm compr.,
oblongo-elípticos, ápice agudo, carenados
dorsalmente, nervura central evidente, margens
amareladas; lobos internos ca. 1 mm compr.,
ovais, faixa central oblonga, com margem
ondulada e ápice arredondado; disco glandular
3-segmentado, segmentos reniformes, carnosos,
superfície foveolada; estames 3, unidos em
coluna; anteras patentes, oval-triangulares, ápice
fortemente apiculado, rimosas longitudinalmente.
Flores pistiladas, pedicelo 8,2-11 mm compr.,
filiforme, discretamente anguloso, pubescente;
sépalas 6, bisseriadas; lobos externos 1 ,7- 1 ,8 mm
compr., oblongo-elípticos, nervura central
evidente; lobos internos 1, 1-1,5 mm compr.,
elípticos a trulados, discretamente venados; disco
glandular 3-segmentado, segmentos unidos na
base, orbiculares, ovário ca. 1 mm compr., oblato;
estilete 3, livres, bilobados, apressos. Cápsula 3,9-
4 mm compr., ca. 5 mm diâm., oblata,
discretamente venulada, verde-escura. Sementes
2, 3-2,5 mm compr., plano-convexas, fortemente
unidas aos pares o que lhes confere um aspecto
globoso, lisas, castanho-avermelhadas,
maculadas.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Altinho, 10/1 V/02, bot., fl.,
fr„ M. J. Silva 189 (PEUFR); idem, 10/1 V/02,
bot., fl. fr., M. J. Silva 190 (PEUFR); Bonito,
21 /V/96, bot., fl.fr., Lira 178 (PEUFR); Brejo
da madre de Deus, 15/111/96, fl. fr., Hora et
ai. 90 (PEUFR); idem, 15/111/96, fl. fr., F.
Lucena 132 (PEUFR); idem. 15/111/96, fl. fr..
M. Oliveira et al. 236 (PEUFR); Caruaru,
05/XI/0 1 , veg., M. J. Silva 150 (PEUFR);
Vicência, 26/VI1I/02, fl. fr„ M. J. Silva 198,
199 (PEUFR). Material adicional
examinado: BRASIL. ALAGOAS: São
José da Lage, 26/11/02, fl. fr., M. Oliveira &
A. A. Grilo 766 (UFP); idem, 27/11/02, fl. fr.,
M. Oliveira & A. A. Grilo 790 (UFP);
BAHIA; São Gonçalo dos Campos, 10/11/83,
fl., Pinto et al. 360/86 (HRBN).
Espécie amplamente distribuída desde o
norte do México até a Argentina, incluindo
Antilhas (Webster, 1956). No Brasil é referida
por Müeller (1873) para os estados de Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Mato
Grosso e Distrito Federal, onde ocorre em
florestas úmidas perenifólias. Na área de estudo
é encontrada apenas nas florestas Montanas
(Brejos de Altitude, 870-1.050 m de altitude)
em trilhas, no interior da mata ou em suas
bordas, em solos do grupo Latosssolo, em geral
úmidos e ricos em serrapilheiras.
Apresenta afinidades com Pliyllanthus
sabglomeratus (Antilhas), com a qual
compartilha o hábito arbustivo a arbóreo e o
padrão de ramificação filantóide com ramos
bipinatiformes e o cálice bisseriado. No entanto,
diferencia-se por apresentar o disco glandular
estaminado constituído por três segmentos
livres, reniformes com superfície foveolada, as
anteras apiculadas e as folhas ovais a oval-
elípticas de ápice abruptamente acuminado, o
que a torna facilmente reconhecível. Em P.
sabglomeratus o disco estaminado é íntegro
e cupuliforme, as anteras são emarginadas e
as tolhas são elípticas de ápice agudo. Das
espécies estudadas, distingui-se pela
ramificação filantóide com ramos
bipinatiformes, flores com cálice bisseriado e
dispostas em címulas congestas, bem como
pelas sementes plano-convexas destituídas de
ornamentação e fortemente unidas aos pares,
que lhe confere aspecto globoso. Floresce e
frutifica em fevereiro, março e novembro. Ê
conhecido popularmente como Chilillo e galina
(Costa Rica) e Tinguí e mata - peixe (PE).
Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
ISciELO/JBRJ
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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga tio estado de
Pernambuco - Brasil
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Phyllanthus amarus Schumach. & Thonn.,
Kongel. Dasnke Vidensk.-Selsk. Skr. 4: 195-
196. 1829.
Fig. 1, n - v
Erva a subarbusto 3,5-60 cm alt., ereta,
anual, monóica, glabra. Caule cilíndrico,
cinéreo-esverdeado a verde-avermelhado,
esparso a densamente ramificado. Ramificação
filantóide. Ramos 1,3-8, 5 cm compr.,
pinatiformes, decíduos, subcilíndricos,
esverdeados. Catafilos 0,8-1 mm compr.,
largamente triangulares, acuminados, escariosos.
Estipulas 0,9- 1 ,0 mm compr., oval-lanceoladas a
lanceoladas, acuminadas, membranáceas,
persistentes. Pecíolo 0,4-0,5mm compr.,
subcilíndrico. Lâmina 4,7-8.0x 2,6-4,0mm compr.,
membrandcea, oblonga a oblongo-obovada, base
arredondada, simétrica, ápice obtuso a
arredondado, margem inteira, discolor, face
adaxial verde-escura, abaxial verde-glauca;
venação broquidódroma. Címulas bissexuais,
com uma flor estaminada e uma pistilada,
dispostas ao longo dos ramos; brácteas ca.0,3
mm compr., lineares. Flores estaminadas,
pedicelo 0,5-0, 6 mm compr., cilíndrico, verde-
claro; sépalas 5, com 0, 5-0,6 mm compr.,
oblongo-elípticas, ápice cuspidado, faixa central
oblonga, esverdeada, margem esbranquiçada;
disco glandular 5-segmentado, segmentos livres,
globoso-sulcados, carnosos; estames 3,
completamente unidos em coluna, anteras sésseis
no topo da coluna, rimas oblíquas. Flores
pistiladas, pedicelo 0.7- 1,2 mm compr., cilíndrico
a anguloso; sépalas 5, com 0,7-0, 8 mm compr.,
oblongas, ápice cuspidado, faixa central oblonga,
esverdeada, margem esbranquiçada; disco
glandular profundamente 5-segmentado; ovário
ca.0,4 mm compr., globoso; estiletes 3, livres,
bífidos, suberetos a apressos, estigma levemente
bilobado. Cápsula 1 - 1 ,3 mm compr., 1 ,7- 1 ,8 mm
diâm, oblata. Sementes 0,9- 1 mm compr.. trígonas,
castanho-claras, com estrias longitudinais
semiconcêntricas e numerosas estrias
transversais muito aproximadas.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Alagoinha, 09/IV/02, fl.
fr„ M. J, Silva 172, 173, 174, 175, 176. 177
Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2005
(PEUFR); Betânia, 25/V1II/01, fl. fr., M. J.
Silva 119, 120, 121, 124 (PEUFR); Caruaru,
06/1/02, fl. fr., M. J. Silva 150, 151, 152, 153,
154, 155, 156, 157 158, 159 (PEUFR); Custódia,
12/X/02, fl. fr., M. J. Silva 233, 234, 235, 236
237, 238, 239, 240 (PEUFR); Goiana, 20/XI/
02, fl. fr., M. J. Silva 268, 269, 270, 271, 272,
273, 274 (PEUFR); Limoeiro, 2 l/IX/01, fl. fr.,
M. J. Silva 128 (PEUFR); Petrolina, 20/XI/83,
Fl., fr, Fortius 3596 (IPA); idem, 06/1X/02, fl.
fr., M. J. Silva 227, 228, 229, 230 (PEUFR);
Recife, 05/ V 1 1 1/5 8 , fl. fr., A. Lima s/n
(PEUFR); idem, 22/VIII/02, fl. fr., M. J. Silva
215, 216 (PEUFR); Nazaré da Mata, 04/X/58,
fl. fr., A. Lima s/n (PEUFR). Material
adicional examinado: BRASIL.
ALAGOAS: São José da Laje, 20/11/02, fl.
fr., M. Oliveira & A. A. Grilo 771 (UFP).
SERGIPE: Canindé do São Francisco, 26/V/
99, fl. fr.. Silva et ai. 403 (PEUFR, UFP).
PIAUÍ: Teresina, 07/111/99, fl. fr., Filho 25
(PEUFR); idem, 18/XII/99, fl. fr., Lopes
Sobrinho et ai. s/n (PEUFR).
Distribuição pantropical. Nas Américas
ocorre desde os Estados Unidos até a
Argentina, incluindo Antilhas. No Brasil é
referido para Alagoas, Bahia, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina (Filho,
2000; Smith & Dovvns, 1959; Aliem, 1977).
Em Pernambuco é encontrada desde o litoral
até o sertão, em geral associada a ambientes
perturbados, ocorrendo em canteiros de jardins,
margens de estradas e calçadas, além de ser
invasora em áreas de cultivos.
Apesar de P. amarus ter sido tratada
como sinônimo de P niritri (Müeller, 1873),
não apresenta tantas proximidades com esta
espécie, embora compartilhem o mesmo hábito,
forma de vida e padrão de ramificação. Mostra
maiores afinidades com Phyllanthus
ahnonnis Baill. (Antilhas), por ambas serem
as únicas do gênero a apresentar címulas
bissexuais constituídas por uma flor pistilada e
uma flor estaminada e terem, em comum, o
mesmo aspecto morfológico, hábito e forma
de vida, diferindo apenas pelo número de
sépalas estaminadas, quatro em P. abnonnis
SciELO/ JBRJ
110
Silva. M. J. cí Sales, M. F.
e cinco em P amarus e pelo comprimento do
pedicelo (Webster, 1958). Pode ser reconhecida
pelos lobos cuspidados do cálice em ambos os
tipos de flores, pelas anteras oblíquas e
sementes com estrias longitudinais
semiconcêntricas e numerosas estrias
transversais muito aproximadas. Floresce e
frutifica durante todo ano. Em Pernambuco é
conhecida popularmente como quebra-pedra
e comumente utilizada na medicina popular, em
geral no tratamento de patologias associadas
ao sistema urinário e, ainda, como abortivo.
Phyllanthus caroliniensis Walt. subsp.
caroliniensis, Flora Caroliniana 228. 1788.
Fig. 2, a - i
Erva 10-15 cm alt., ereta, anual ou perene,
monóica, glabra. Caule cilíndrico, ramificado
desde a base. Ramificação não filantóide. Ramos
3-5 cm compr., cilíndricos, arranjados
disticamente, atingindo quase a mesma altura, o
que confere a planta um aspecto pinatiforme,
amarronzados a violáceos, presença de folhas
desenvolvidas no caule principal. Catafilos
ausentes. Estipulas 1-1,1 mm compr., persistentes,
triangulares, acuminadas, levemente auriculadas
na base, margem levemente denticulada,
escariosas, róseas a vináceas. Pecíolo l-l,3mm
compr., subcilíndrico. Lâmina 6-15 x 3-7mm.,
membranácea, elíptica a elíptico-oboval, base
aguda a obtusa, ápice obtuso, margem inteira,
levemente vinácea; venação broquidódroma.
Címulas bissexuais na axila da folhas e dos ramos,
com ( 1 ) - 2 flores estami nadas e 2 - ( 1 ) pistilada;
bráctcas 0,5-0, 6 mm compr., triangulares,
escariosas, margem levemente lacerada, róseas.
Rores estaminadas, pedicelo 0,9- 1 .2 mm compr.,
cilíndrico; sépalas 6, com 0,8 - 1 x 0,5 - 0,6 mm
compr., obovais a suborbiculares, raro largamente
elípticas, ápice arredondado, nervura central
evidente, branco-róseas ou amareladas; estames
3, livres, anteras com rimas horizontais; disco
glandular 6-segmentado, segmentos
obtriangulares. Rores pistiladas. pedicelo 0,7-0,8
mm compr., geniculado no fruto, recurvado,
rígido; sépalas 6, com 0,9- 1 mm compr., oblongo-
espatuladas, faixa central oblongo-espatulada,
verdes a vináceas; disco glandular cupuliforme,
margem levemente lobada; ovário ca. 0,3 mm
compr., depresso-oval; estiletes 3, livres, bífidos,
apressos, estigma subcapitado, cálice acrescente
e estiletes persistentes no fruto. Cápsula ca. 1
mm compr., 1,7- 1,9 mm diârn, depresso-oval,
verde-avermelhada. Sementes 0,9-1 mm compr.,
trígonas, diminutamente verruculosas ao longo
de fileiras longitudinais regulares, castanho-claras,
brilhosas.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Caruaru, 25/VI1/01, fi. fr„
M.J. Silva 100, 101, 102, 108(PEUFR);idem,
05/X/01, fl. fr„ M. J. Silva 142, 143, 148, 149
(PEUFR); idem, 10/1V/02. fi. fr„ M. J. Silva
185, 186, 187 (PEUFR); Petrolina, 04/III/83,
fi. fr., Fortius 3367 (1PA); São Benedito do Sul,
23/X 1/02, fi. fr., M. J. Silva 286 (PEUFR); São
Lourenço da Mata, 30/XI/02, fi. fr., M. J. Silva
289, 290, 291, 292, 302, 304, 305 (PEUFR).
Material adicional examinado: BRASIL.
ALAGOAS: São José da Laje, 26/11/02, fi.
fr., M. Oliveira & A. A. Grilo 779 (UFP).
Amplamente distribuída nas Américas
desde os Estados Unidos e América Central,
incluindo Antilhas, até a Argentina, ocorrendo
em diversos tipos vegetacionais (florestas
perenifólias, semi-decíduas e decíduas). No
Brasil é referida para as regiões Nordeste (AL,
PE), Centro - Oeste (DF), Sudeste (SP) e Sul
(RS, SC). Na área de estudo ocorre tanto em
áreas de caatingas devastadas, em locais
úmidos à sombra de arbustos, como nas
florestas Montanas, onde cresce como
invasora de culturas ou nas margens de
estradas c canteiros de jardins, ou ainda
próximo às margens de rios.
Webster (1970) reconhece para esta
espécie três subespécies: P. caroliniensis
subsp. caroliniensis, P. caroliniensis subsp.
s axicola e P. caroliniensis subsp.
stenopterus., baseado principalmente na
densidade de ramificação do caule, na forma
dos ramos e do limbo foliar e na presença de
indumento. Na área de estudos todos os
indivíduos analisados pertencem a P.
caroliniensis subsp. caroliniensis.
Rmlríguésia 54 (84): 101-126. 2003
ISciELO/JBRJ
cm ..
O género Phyllanthus L. (Phyllantheae ■ Euphorbiaceae Jitss.) no bioma Caatinga cio estado de
Pernambuco - Brasil 1 1 1
Figura 2: a - i: Phyllanthus caroliniensis Walt. subsp. caroliniensis. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor
estaminada; e. sépala, flor estaminada; f. flor pistilada: g. sépala. face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; h.
disco glandular pistilado, aspecto; i. aspecto geral da semente, j - r: P. claussenii Miill. Arg. j. aspecto geral do ramo
florido; k. lâmina foliar; I. flor estaminada; m. sépala, face central evidenciando a faixa central, flor estaminada; n. flor
pistilada; o. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; p. disco glandular pistilado. aspecto; q. fruto;
r. semente face dorsi-ventral. (Escalas: a, j = 2 cm; b, k = 2 mm; c, d.e, f. g, 1. m, n, o, p, r = 0,5 mm; h, i, q = 1 mm)
Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2005
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
112
Silva, M. J. & Sales, M. F.
Phyllanthus caroliniensis foi
posicionada por Webster ( 1 956) no subgênero
Isocladus, seção Loxopodimn, a qual reúne
espécies caracterizadas principalmente pelas
folhas e ramos dísticos, flores produzidas tanto
nas axilas das folhas quanto na inserção dos
ramos, ausência de catafilos e flores pistiladas
com pedicelo geniculado no estágio de
frutificação. É facilmente reconhecido pelos
ramos sempre dísticos conferindo a planta um
aspecto pinatiforme, pelo pedicelo pistilado
geniculado no estágio de frutificação e ainda
por apresentar os lacínios do cálice em número
de seis (num único verticilo) nas flores de
ambos os sexos. Apresenta maiores afinidades
com P. heteradenius por ambas terem em
comum a produção de flores tanto nas axilas
das folhas quanto na inserção dos ramos, o
mesmo número de estames (3), e o padrão de
ramificação não filantóide, embora difiram
fortemente quanto ao modo de distribuição dos
ramos, aspecto do disco estaminado e pistilado,
quanto à forma, número e consistência das
sépalas pistiladas e aspecto do pedicelo
pistilado. Floresce e frutifica em março, julho,
novembro e dezembro.
Phyllanthus claussenii Midi. Arg., Linnaea
32:40.1863.
Fig. 2, j - r
Arbusto ca. 1 m alt., ereto, monóico.
Caule cilíndrico, densamente ramificado,
marrom-avermelhado, com fissuras.
Ramificação não filantóide. Ramos patentes a
subpatentes, cilíndricos, marrom-
avermelhados, discretamente fissurados,
glabros. Catafilos ausentes. Estipulas ca. 1,1
mm compr., triangulares, ápice acuminado,
margens inteiras, escariosas; pecíolo 1,0-1, 3
mm compr., cilíndrico, glabro, esverdeado.
Lâmina 0,8-1 x 0,7-1 cm compr.,
membranácea, largamente elíptica a orbicular,
base obtusa, ápice obtuso a arredondado,
margem inteira, discolor, face adaxial verde-
escura, abaxial verde-cinérea; venação
broquidódroma. Címulas bissexuais,
constituídas de uma flor pistilada com pedicelo
filiforme, circundada por duas címulas
estaminadas com 2-3 flores cada; brácteas ca.
de lmm compr., lineares, escariosas. Flores
estaminadas, pedicelo 1 ,2-1,6 mm compr.,
filiforme, creme; sépalas 6, ca. 1,1 mm compr.,
elípticas, ápice agudo, nervura central evidente;
disco glandular, 6-segmentado, segmentos
obtriangulares com superfície verruculosa;
estames 3, livres, anteras com tecas
divergentes, rimas horizontais. Flores pistiladas,
pedicelo 0,7- 1 ,2 cm compr.; sépalas 6, com 0,8-
1 ,2 mm compr., elíptico-ovais, ápice agudo a
obtuso, faixa central estreitamente triangular
a elíptica; disco glandular, pate li forme, delgado,
margem discretamente lobada; ovário ca. 1 mm
compr., depresso-globoso, visivelmente 3-
sulcado; estiletes 3, livres, profundamente
bífidos, ramos patentes, estigmas puntiformes.
Cápsula 1- 1,2 mm compr., 1, 9-2,1 mmdiâm,
oblata, verde-clara, glabra. Sementes 1,1 -1,2
mm compr., trígonas, irregular e esparsamente
verruculosas, castanho-claras a escuras.
Distribuição exclusivamente brasileira,
sendo referida por Webster (2002) para as
regiões Nordeste (CE e PE) e Sudeste (SP,
MG e ES), com ocorrência nos domínios do
cerrado e da caatinga, em altitudes que variam
de 500 a 1.100 m, em matas ou bosques
abertos. Na área de estudo é encontrada na
subzona do Sertão, em vegetação de Caatinga.
Caracteriza-se por ser um arbusto
densamente ramificado com ramificação não
filantóide, pelos três estames, livres, com tecas
divergentes, flores estaminadas e pistiladas
com seis sépalas, e disco glandular estaminado
com seis segmentos obtriangulares. Apresenta
maiores afinidades com P. subemarginatits
por ambas compartilharem o mesmo aspecto
vegetativo, forma de folha, tipo de
infiorescência, número de estames e deiscência
das anteras, embora P. subemarginatus difira
pelo número de sépalas (5) em ambas as flores
e pela diocia.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Arcoverde, 08/V/56, fl. fr„
Andrade-Lima 56-2560 (IPA); Santa
Terezinha, 20/03/01, fl. fr„ A. P. S. Gomes 722
Rudriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
■SciELO/JBRJ
O gênero Phyllanihus L. (Pliyllantheae - Euphorbiaceue Jtiss.) no bioma Caatinga cio estado de
Pernambuco - Brasil
1 13
(PEUFR); São José do Belmonte, 09/ IV/02,
fl. fr., A. Laurênio 1823 (PEUFR); idem, 13/
V/71, fl. fr., E. P. Heringer et. al. 738 (IPA).
Phyllanthus heteradenius Müll. Arg., Fl.
bras. 11(2): 63. 1873.
Fig. 3, a- j
Erva 8.5- 1 5,5 cm alt., anual, ereta, monóica,
glabra. Caule esparso a densamente ramificado.
Ramificação não filantóide. Ramos 3-7,5 mm
compr., persistentes, com flores de um só sexo,
verde-vináceos. Catafilos ausentes. Folhas
desenvolvidas ao longo do caule principal;
estipulas 0,8-1 mm compr., ovais, acuminadas,
margem levemente lacerada, avermelhadas;
pecíolo 0,6- 1 . 1 mm compr., subcilíndrico, verde
a vináceo; lâmina 4- 1 1 x 3-6 mm, membranácea,
largamcnte elíptica a orbicular, base aguda a
obtusa, ápice agudo a arredondado, margem
inteira, levemente vinácea na parte apical, discolor,
face adaxial verde-escuro, abaxial verde-glauca;
venação broqttidódroma. Címulas estaminadas
2-4 flores; brácteas 0,7-1 mm compr.,
triangulares, escariosas, vináceas. Flores
estaminadas, pedicelo 0, 6-0,7 mm compr.,
anguloso; sépalas 5, com 1-1,1 mm compr.,
obovais, ápice cuspidado, faixa central elíptica-
oboval; disco glandular 5-segmentado, segmentos
livres, elípticos, achatados, ápice caudado;
estames 3, livres, anteras com tecas divergentes,
rimas horizontais. Flores pistiladas, solitárias,
dispostas ao longo dos ramos; pedicelo 1 ,4-2 mm
compr.; sépalas 5, com 0,9-1 mm compr.,
obtruladas a obovais, fortemente venadas,
foliáceas, verde-escuras; disco glandular 5-
segmentado, segmentos largamente ovais,
adnados na base; ovário 0, 4-0,5 mm diâm.. oblato;
estiletes 3, livres, bífidos, patentes a ascendentes,
com ramos encurvados um em direção ao outro;
estigma capitado. Cápsula 2, 1-2,4 mm diâm,
depresso-ovóide, cálice acrescente e estiletes
persistentes. Sementes 1-1,1 mm compr.. trígonas,
levemente côncavas no dorso, com margens
ligeiramente quilhadas, ornadas com 6-7 linhas
longitudinais minutamente verruculosas,
castanho-escuras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Afrânio, 19/IV/71, fl. fr., E.
P. Heringere/íí/.. 155 (IPA); idem, 24/IV/71, fl.
fr., E. P Heringer et. al. 333 (IPA); Alagoinha,
09/ IV/02, fl. fr, Silva, M. J, 165, 166, 167, 168,
169, 170, 171 (PEUFR); Betânia,25/VIII/01,fl.
fr., Silva, M.J. 116, 117, 118, 122, 123, 126, 127
(PEUFR); Petrolina, 2 1/03/74, fl. fr., Fortius 3803
(IPA); Serra Talhada, 05/11/98, fl., A. Laurênio,
Andrade & Sacramento 735 (PEUFR).
Material adicional examinado: BRASIL.
ALAGOAS: Piranhas, 12/VIII/99, fl. fr., Silva
& Moura 817 (PEUFR, UFP). SERGIPE:
Canindé do São Francisco, 03/VII1/1999, fl. fr.,
Silva & Moura 779 (PEUFR, UFP); idem, 08/
VI/99 fl. fr., Silva & Sales 481 (PEUFR, UFP).
Exclusiva do Brasil (Nordeste), em
vegetação de Caatinga hiperxerófila e cerrado
nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco,
Paraíba e Sergipe (Wesbter, 2002). Em
Pernambuco, foi encontrada na subzona do
Sertão, em vegetação de caatinga, na sombra
de arbustos ou arvoretas, em geral em solos
arenosos.
Apresenta afinidades com Phyllanthus
atalaiensis Webster, no entanto difere do
mesmo por apresentar folhas glabras, disco
glandular estaminado com seguimentos
elípticos, achatados e de ápice caudado, além
das estipulas aglandulares e de margem
levemente laceradas. Distingui-se das demais
espécies estudadas por apresentar flores
pistiladas e estaminadas em ramos distintos
(nunca os dois tipos florais no mesmo ramo),
pelas flores pistiladas com sépalas foliáceas,
fortemente venadas e verde-escuras, além das
sementes verruculosas com dorso côncavo e
margens ligeiramente quilhadas. Floresce e
frutifica em fevereiro, abril, maio e agosto.
Phyllanthus jacobinensis Müll. Arg., Linnaea
32:6. 1863.
Fig. 3, k - 1
Arbusto 1-1,20 m alt., ereto, monóico,
densamente ramificado. Ramificação não
filantóide. Ramos patentes a subpatentes,
cilíndricos, cinéreo-avermelhados a
Kodrigufsia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
114
Silva, M. J. t& Sales, A/. F.
Figura 3: a— j: Pliyllantluis heteracleniiis Müll. Arg. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. florestaminada; e. sépala,
face ventral evidenciando a faixa central, flor estaminada; f. flor pistilada; g. sépala, face vcntral evidenciando a venação.
flor pistilada; h. disco glandular pistilado. aspecto; i.. fruto; j. semente aspecto dorsi-ventral. k-t:/’. jacobinensis Müll.
Arg. k. aspecto geral do ramo; I. lâmina foliar; m. estipula; n. flor estaminada; o. sépala, face ventral evidenciado a faixa
central, florestaminada; p. flor pistilada; q. sépala, flor pistilada; r. disco glandular pistilado, aspecto; s. fruto; t. semente,
aspecto geral. (Escala: a, k = 2 cm: b, I = 4 mm; c, d, f, g, h. i, j, p, r, t = 1 mm; e, m. o, q = 0,5 mm; n, s = 2 mm)
Rodríguisia 54 (84): 101-126. 2003
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil
115
amarronzados com fissuras, papilosos nas
partes jovens. Catafilos ausentes. Estipulas 1,2-
l,4mm compr., triangulares, ápice acuminado,
levemente deflexas, margens laceradas,
escariosas, Pecíolo 1,2- 1,3 mm compr.,
subcilíndrico, papilosos. Lâmina 1, 1-4,2 x 1,1-
2,3 cm, membranácea, oval a oval-elíptica,
base arredondada a oblíqua, ápice agudo a
arredondado, margem inteira, concolor;
venação broquidódroma. Címulas bissexuais
constituídas de uma flor pistilada e 1-3 flores
estaminadas; brácteas 1-1,1 mm compr., tri-
angulares, margem lacerada. Flores
estaminadas, pedicelo 0,4- 1,2 cm compr.,
Filiforme, creme; sépalas 5, ca. 1,1 mm compr.,
largamente elípticas a obovais, ápice
arredondado, faixa central da mesma forma
das sépalas; disco glandular amplamente or-
bicular; estames 5, unidos em coluna, anteras
com rimas horizontais. Flores pistiladas,
visivelmente articuladas, pedicelo 3-4,1 cm
compr., filiforme, esverdeado, atingindo 4,6 cm
compr. no estádio de frutificação; sépalas 5,
com 1-1,1 mm compr., ovais, ápice
arredondado, faixa central oval-elíptica; disco
glandular anular; ovário ca. lmm compr.,
depresso-globoso; estiletes 3, livres,
profundamente bipartidos, ramos subpatentes,
estigmas capitados. Cápsula 4,5-5 mm compr.,
5,8-6 mm diâm., carnosa. Sementes 2, 1-2,3 mm
compr., reniformes, irregularmente foveoladas,
castanho-claras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Caruaru, 30/X/99, fl. fr.,
M. J. Silva 36, 38, 41 (PEUFR); idem, 25/VII/
01, fl.fr., M.J. Silva 105, 107 (PEUFR); idem,
10/ VI 1/80, fl., fr., A. Lima et al. 02 (IPA);
Limoeiro, 21/IX/01, fr., M. J. Silva 129
(PEUFR); São bento do Una, 14/ VII/80, fl.
fr., A. Lima et al.. 2 (IPA).
Referida apenas para o Brasil (MG e BA)
por Müeller ( 1 873), e registrada pela primeira
vez para Pernambuco neste trabalho. Em
Pernambuco foi coletada em vegetação de
caatinga nos municípios de Caruaru e Limoeiro;
no primeiro cresce próximo a rochas em solos
areno-pedregosos, com serrapilheiras e
Rodriguésiu 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
úmidos; no segundo ocorre em áreas de serras,
em solos areno-argilosos, sobre a sombra de
arvoretas.
Caracteriza-se, principalmente, por ter
hábito arbustivo, flores estaminadas com 5
estames unidos em coluna e disco glandular
amplamente orbicular, flores pistiladas com
estiletes profundamente bipartidos, além de
sementes reniformes e foveoladas. Pode
apresentar caducifolia durante o período de
estiagem na Caatinga. Floresce e frutifica em
julho, outubro e novembro.
Phyllanthus klotzschianus Müll. Arg.,
Linnaea 32: 53. 1863
Fig. 4, a - i
Subarbusto ca. 80cm alt., ereto, monóico,
glabro. Caule cilíndrico, cinéreo, densamente
fissurado. Catafilos 1-2 mrrí compr.,
largamente triangulares, coriáceos, ápice
agudo, dispostos na inserção dos cladódios.
Ramificação filantóide. Ramos bipinatiformes,
modificados em cladódios. Cladódios, 4,5-14,1
x 0,3-0,7 cm, estreitamente lanceolados a
lineares, laminares, base atenuada, ápice
obtuso, coriáceos, verde-escuros. Címulas
estaminadas 1-2 flores, sésseis; sépalas 5, com
1,2-2 mm compr., oblongo-obovais,
discretamente venadas; disco glandular 5-
segmentado, segmentos pateliformes; estames
3, unidos em coluna; anteras com tecas
assimétricas, rimas verticais a oblíquas. Flores
pistiladas, solitárias, sésseis; sépalas 5, com 2,9-
3, 1 mm compr., oblongo-obovais a largamente
obovais, discretamente venadas; disco
glandular cupuliforme, margem levemente
lobada; ovário ca. 1 mm compr., depresso-oval
a oblato; estiletes 3, livres, eretos,
profundamente bífidos, estigma obtuso.
Cápsula ca. 2,8 mm compr., 3,8-4, 1 mm diâm.,
oblata, vinácea. Sementes 2-2,2 mm compr.,
trígonas, discretamente reticuladas, castanho-
escuras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Afrânio, 24/1 V/7 1 , fl. fr,
Heringer et al. s/n (IPA); Buíque, 07/X/60, fl.
fr, Fortius 3803 (IPA); idem, 07/IX/60, fl., A.
SciELO/JBRJ
cm ..
Figura 4: a - i: Phyllanthus klotzschianus Müll. Arg. a. aspecto geral do ramo florido; b. detalhe do cladódio evidenciando
a disposição das flores; c. flor estaminada; d. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor estaminada; e. flor
pistilada; f. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; g. disco glandular pistilado; h. fruto; i. aspecto
geral da semente, j - s: P. minutulus Müll. Arg. j. hábito; k. lâmina foliar; I. estipula; m. flor estaminada; n. sépala, face
ventral evidenciando a faixa central, flor estaminada; o. flor pistilada; p. sépala. face ventral evidenciando a faixa central,
flor pistilada; q. disco glandular pistilado, aspecto; r. fruto; s. semente, aspecto dorsi-ventral. (Escala: a.j j = 2 cm: b, e, h,
k = 2 mm; c. d, g, i, q, r, s = 1 mm; f, m, n, o = 0,5 mm; I = 0,25 mm; p = 0,4 mm)
Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
SciELO/ JBRJ
13 14
O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil
117
Lima.60-3523 (PEUFR); idem, 18/X/84, fl..
Rodai 3 15 (PEUFR); idem, 08/V/95, fl. Gomes,
A. P. S. Laurênio, A. & Tschá 314 (PEUFR);
idem, 19/X/94, fl., Travassos 225 (PEUFR);
idem, 19/X/94, fl. fr., Lucena 07 (PEUFR);
Garanhuns, 26/1/77, fl., I. Pontual. 77
(PEUFR). Material adicional examinado:
BRASIL. BAHIA: Miguel Calmon, 13/VII/
91, Miranda & Esteves 294 (PEUFR); idem,
Lamarão do Passé, 10A'II/94, fl. fr., Guedes
3374 (PEUFR); idem. Rio de Contas, 21/X/
97, fl. fr.. M. Alves et ai. 1336 (PEUFR).
Distribuição exclusiva no Brasil, sendo
referida para Bahia, Espírito Santo, Distrito
Federal e Pernambuco (Müeller, 1873;
Cordeiro, 1992). Ocorre nos campos rupestres
da Cadeira do Espinhaço, em Minas Gerais e
na Chapada Diamantina, Bahia, e em restingas
no litoral da Bahia e do Espírito Santo (Cordeiro,
1992) e no Cerrado no Distrito Federal
(Almeida et ai, 1998).
Na área de estudo é encontrada nos
municípios de Buíque, Garanhuns e Afrânio;
no primeiro, vegeta no complexo Caatinga-
Campo, formado por uma vegetação
perenifólia nos chapadões arenitícos,
crescendo em solos arenosos, branco ou
violáceos, e ainda entre fendas de rochas; já
no segundo, é referido para o morro do
Mongano (ca. 1 . 1 00 m) e em Afrânio, em áreas
arenosas.
Phyllanthus klotzschianus foi
posicionado por Müeller (1873) em P. sect.
Xyllophylla (L.) Baill. Posteriormente,
Santiago (1988) fundamentando-se nas
distinções existentes no padrão de
ornamentação da exina dos grãos de pólen das
espécies brasileiras e antilhanas, transferiu para
P. sect. Choretropsis todas as espécies
brasileiras do gênero que apresentam
cladódios, e propôs para a mesma duas
subseções: P sect. Choretropsis subsect.
Choretropsis , caracterizada pelos cladódios
subcilíndricos e P. sect. Choretropsis subsect.
Applanata Santiago, pelos cladódios laminares,
na qual está incluído P klotzschianus. Müeller
(1873) estabeleceu nove variedades para a
Rodrigues ia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
espécie, de difícil distinção, baseado na largura
e tamanho dos cladódios, as quais não foram
aceitas no trabalho aqui apresentado.
P. klotzschianus é reconhecido pelo
caule com ramos secundários modificados em
cladódios laminares, em cujas margens estão
dispostas flores sésseis solitárias ou em címulas
unissexuais. Apresenta semelhança vegetativa
com P. angustissimus Müll. Arg, espécie
comum em Minas Gerais, diferindo da mesma
pelas suas flores sésseis, tecas assimétricas e
ramos dos estiletes eretos, uma vez que em P
angustissimus as flores são visivelmente
pediceladas, as tecas são simétricas e os ramos
dos estiletes são reflexos. Floresce e frutifica
em janeiro, abril, setembro e outubro.
Phyllanthus minutulus Müll. Arg. in Mart.,
Fl. bras. 11 (2): 54. 1874.
Fig. 4, j - s
Erva 5- 10.5 cm alt., monóica, ereta, anual,
glabra. Caule cilíndrico, vináceo. Ramificação
filantóide. Ramos decíduos, 1, 1-2,1 cmcompr.,
pinatiformes, cilíndricos, verde a vináceos.
Estipulas 0, 5-0,8 mm compr., lanceoladas,
uninérveas, persistentes, escariosas, vináceas.
Catafilos ca. 0,6 mm compr., Ianceolados,
acuminados, rígidos, vináceos. Pecíolo 0,3-0, 4
mm compr., cilíndrico, vináceo. Lâmina 2,6-
5,1 x 1,4-2 mm compr., subcartácea, oval a
oval-elíptica, oval-oblonga, base arredondada,
ápice obtuso, apiculado, margem inteira,
levemente vinácea, discolor, face adaxial
verde-escura, abaxial verde-cinérea, vinácea
na porção apical; venação broquidodróma.
Címulas unissexuais estaminadas,
racemiformes, com 2-3 flores cada, dispostas
ao longo dos ramos desde a base até mais da
metade do seu comprimento; brácteas
estaminadas numerosas, imbricativas, 0,5-
0,8mm compr., estreitamente triangulares,
adensadas, róseas. Flores estaminadas,
pedicelo ca.0,4 mm compr., subcilíndrico;
sépalas 5, ca.0,3 mm compr., obovais, ápice
arredondado, levemente mucronulado,
carenadas dorsalmente, nervura central
evidente, amareladas; disco glandular 5-
SciELO/ JBRJ
13 14
cm ..
1 18 Silva. M. J. & Sales, M. F.
segmentado; segmentos glandular-estipitados;
estames 2, unidos em coluna, anteras sésseis
no topo da coluna, rimas horizontais. Flores
pistiladas, axilares, solitárias, na porção distai
dos ramos; brácteas 0,7-0, 8 mm compr.,
triangulares, hialinas; pcdicelo 1-1,1 mm compr.,
cilíndrico; sépalas 5, com 1 ,2- 1 ,4 mm compr.,
obovais, discretamente venadas; disco
glandular cupuliforme; ovário ca. 4mm compr.,
depresso-oval; estiletes 3, livres, bífidos,
ascendente; estigma levemente bilobado.
Cápsula ca. 1 mm compr. e l,8mmdiâm, oblata,
sépalas e estiletes persistentes. Sementes 0,9-
1 mm compr., trígonas com estrias transversais
arranjadas em fileiras longitudinais regulares,
castanho-escuras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Bonito, Ol/VIlI/Ol, 0. fr.,
M. J. Silva 112 113, 114, 115(PEUFR).
É referida apenas para o Brasil, estando
amplamente distribuída desde a região Norte
(AM, AP, PA), e Centro-Oeste (GO) até
Sudeste e Sul (MG, SC) (Cordeiro, 1992;
Almeida et ai, 1998) e registrada pela primeira
vez na região Nordeste (PE), aqui neste
trabalho. Na área de estudo foi encontrada
apenas no município de Bonito, na floresta
Ombróílla Montana (880 m alt.), conhecida
como Mata do Estado. Cresce sobre pequenos
afloramentos rochosos, revestidos por
mosaicos de musgos, formando grande
população.
É caracterizada por ser uma planta de
pequeno porte, com indivíduos variando de 5-
10,5cm de altura, partes vegetativas, em geral,
fortemente vináceas, pelas flores estaminadas
em címulas racemiformes, dispostas da base
até mais da metade do comprimento dos ramos
e pelas sementes com estrias transversais
dispostas regularmente de forma longitudinal.
São ainda caracteres para o seu fácil
reconhecimento, as flores com 2 estames
unidos e os ramos secundários curtos ( 1 , 1 -2, 1
cm). Difere das demais espécies estudadas
pela preferência ambiental e tamanho diminuto
de suas estruturas vegetativas e reprodutivas,
embora compartilhe com Phyllanthus amarus ,
P. niruri, P tenellus e P. stipiilatus o mesmo
padrão filantóide de ramificação. É provável
que Floresce e frutifica todo ano.
Phyllanthus niruri L., Sp. pl. 2: 98 1 -982. 1753.
Fig. 5, a - j
Erva 12-40 cm alt., ereta, anual, monóica,
glabra. Caule cilíndrico, esverdeado, densa a
esparsamente ramificado, com fissuras
próximas a base. Ramificação filantóide.
Ramos decíduos, 3,5-9,5 cm compr., cilíndricos,
esverdeados a vináceos; Catafilos 1-1,2 mm
compr., linear-lanceolados, acuminados, verde
a vináceos, membranáceos a escariosos.
Estipulas 1,2- 1,9 mm compr., persistentes,
linear-lanceoladas a lineares, verde a vináceas.
Pecíolo 0,3-0, 4 mm compr., cilíndrico, verde-
glauco a vináceos. Lâmina 5,0-7,5 x 2, 5-3, 8
mm, membranácea, oblonga a oblongo-elíptica,
base levemente cordada, assimétrica, ápice
obtuso a arredondado, margem inteira,
levemente vinácea, discolor, face adaxial verde-
escura, abaxial verde-glauca. Címulas
estaminadas com 2-3 flores dispostas da base
até mais da metade dos ramos; brácteas 0,5-
0,6 mm compr., lineares, hialinas. Flores
estaminadas, pedicelo 1,9-2, 5 mm compr.;
sépalas 5, com 1,2- 1,4 x 0,8-1 mm compr.,
obovais, côncavas, nervura central evidente,
ápice arredondado; disco glandular 5-
segmentado, segmentos trapezoidais de
margens verrueulosas; estames 3, quase
totalmente unidos em coluna, anteras com
rimas horizontais. Flores pistiladas, solitárias,
dispostas na porção distai dos ramos; brácteas
0,7-0,8 mm compr., lineares, hialinas; pedicelo
2,8-3, 1 mm compr., anguloso, esverdeado;
sépalas 5, com 1,7-2 mm compr., largamente
elípticas a obovais, côncavas, venadas, ápice
arredondado; disco glandular anular a
cupuliforme, margem levemente ondulada,
carnoso; ovário 0,4-1 mm compr., oblato a
depresso - oval; estiletes 3, livres, bífidos,
ascendentes, estigma capitado. Cápsula 1,2-
1,3 mm compr. e ca.2-2,1 mm diâm., oblata,
lisa, levemente ventilada, sépalas acrescentes
e estiletes persistentes. Sementes 1-1,1 mm
Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm ..
O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Jnss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil 1 1 9
Figura 5: a - j: Pltyllanilius niruri L. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor estaminada; e. sépala, face ventral
evidenciando a faixa central, flor estaminada; f. flor pistilada; g. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor
pislilada; h. disco glandular pistilado, aspecto; i. fruto; j. semente, aspecto dorsi-ventral; k - 1: P. stipulatus (Raf.) Webster,
k. hábito; 1. lâmina foliar; m. estipula; n. flor estaminada; o. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor
estaminada; p. flor pistilada; q. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; r. disco glandular pistilado,
aspecto; s. fruto; t. semente, face dorsi-ventral. (Escala: a, k = 2 cm; b, 1, s, t = 2 mm; c, m, n, o, p, q, r = 0,5 mm; d, e, f,
g, h, i,j = 1 mm)
Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
120
compr., trígonas, densamente verruculosas ao
longo de linhas longitudinais, castanho-claras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Bonito, 06/111/99, fl. fr., E.
A. Santos 07 (PEUFR); idem, Ol/VlII/Ol, fl.
fr., Silva, M. J. 109 (PEUFR); Brejo da Madre
de Deus, 05/11/99, fl. fr., L. Krause & A. Liebig
1 12 (PEUFR); Caruaru, 25/VII/01 , fl. fr.. Silva,
M.J. 103, 104, 106 (PEUFR); idem, 10/1 V/02,
fl. fr.. Silva, M. J. 182, 183, 184 (PEUFR);
Limoeiro, 21/IX/01, fl. fr.. Silva, M. J. 127
(PEUFR); Ouricuri, 04/V/71, fl., Heringer et
ai. 480 (PEUFR); Fernando de Noronha, 03/
V 1/1993, fl. fr., Miranda et ai. 985 (PEUFR);
idem, 02/VI/1993, fl. fr., Miranda et ai. 930
(PEUFR); idem, 01/VI/I983, fl. fr., Miranda
et ai. 840 (PEUFR); Recife, 07/VIII/99, fl.
fr., Paiva 34 (PEUFR); idem, 26/VI1I/02, fl.
fr., M. J. Silva 191, 195, 196, 200 (PEUFR);
Carnaubeira, 17/V/71 Heringer et. al. 805
(PEUFR); Igarassu, 06/VI/98, 0. fr., Lucena
523 (PEUFR); idem, 16/X/02, 0. fr., Silva, M.
J. 241, 242, 244, 245, 246, 247 (PEUFR).
Material adicional examinado: BRASIL.
ALAGOAS: Piranhas, 07/VI/99, fl., Silva &
Sales 466 (PEUFR, UFP); idem, 27/V1/99, fl..
Silva & Moura 676 (PEUFR, UFP); São José
Laje, 26/11/02, 11. fr., M. Oliveira & A. A. Grilo
766 (UFP). PIAUÍ: Teresina, 31/V/99, fl. fr.,
Soares Filho 05 (PEUFR); idem, 25/VII/99, fl.
fr., Soares Filho 30 (PEUFR).
Distribuição exclusiva nas Américas, desde
o Sul do Texas até o Norte da Argentina, incluindo
Antilhas (Webster, 1970). No Brasil ocorre nas
regiões Nordeste (CE, BA, AL, PI, PE, SE e
MA), Sudeste (SP e RJ), Sul (RG e SC) e Centro
Oeste (DF), (Cordeiro, 1 992; Smith et ai 1 988;
Ulysséa & Amaral, 1997) em áreas abertas de
diferentes tipos vegetacionais como Caatinga,
Campo, Cerrado, Restinga e Mata Atlântica. É
comum ser encontrada em campos cultivados,
clareiras de matas, margens de estradas, terrenos
baldios e áreas antropizadas. Em Pernambuco é
amplamente distribuída desde as zonas do Litoral
e Mata até a das Caatingas, em bordas de mata
da floresta Atlântica e da Caatinga. Cresce em
locais úmidos e sombreados de áreas cultivadas.
Silva, M. J. & Sales/M. F.
pastos e próximo a habitações, em solos arenosos
ou areno-argilosos.
Müeller (1866; 1873) reconheceu seis
variedades para a mesma, das quais
Phyl/anthus niritri var. genuinus é atualmente
um dos sinônimos de P. amaras. Lourteig &
O Donell (1942) se equivocou ao descrever
suas sementes como sendo estriadas
transversalmente, característica esta
pertencente a P. amaras.
E uma das espécies mais complexas do
género por apresentar frequentes casos de
segregações interpopulacionais, acarretando
visíveis variações morfológicas perceptíveis no
nível da integridade dos filetes (livres ou unidos),
aspecto das glândulas estaminadas e forma das
sépalas, conforme Webster ( 1 956) e verificado
nesteestudo. Apresenta maiores afinidades com
Phyllanthus stipulatas (Raf.) Webster, embora
tenha sido confundida na literatura com P.
amaras Schumach. & Thonn. Porém, distingui-
se da primeira pelas suas folhas com base
assimétrica e cordada, pelos estames quase
totalmente unidos e sementes densamente
verruculosas, além dos estiletes bífidos, o que
torna fácil seu reconhecimento. Já em
Phyllanthus stipulatas (Raf.) Webster as folhas
têm base simétrica, aguda a obtusa, estames
completamente unidos e semente estriadas.
Diferencia-se de Phyllanthus amaras por esta
ser a única do gênero a apresentar címulas
bissexuais compostas por uma flor pistilada e uma
estaminada e ainda possuir sépalas de ápice
abruptamente agudo. Floresce e frutifica todo
ano, e é reconhecida popularmente como Quebra-
pedra (PE, PI, BA, AL, SE, SC, RS, DFe SC)e
Chanca - piedra (Peru).
Phyllanthus stipulatus (Raf.) Webster, Contr.
Gray. Hcrb. 176: 53. 1955.
Moeroris stipulata Raf., Sylva Tellur. 91.1 838.
Fig. 5, k - 1
Erva 30-45 cm alt., ereta, anual, monóica,
glabra. Caule cilíndrico a subcilíndrico,
esparsamente ramificado, verde a verde-
avermelhado, com parênquima aerífero na
porção basal, em indivíduos de locais alagados.
Rodriguisia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Jttss.) no bioma Caatinga tio estado de
Pernambuco - Brasil
121
Ramificação filantóide. Ramos decíduos, 2,6-
7,5 cm compr., pinatiformes, cilíndricos, verde
a vináceos. Catafilos 0,9-2, 2 mm compr.,
largamente triangulares, acuminados,
membranáceos a escariosos. Estipulas 0,9-1 ,2
mm compr., lanceoladas, persistentes,
acuminadas, verde-claro a vináceas,
membranáceas. Pecíolo 0,5-0, 8 mm compr.,
cilíndrico. Lâmina 7,2-10,0 x 2, 1-4,8 mm
compr., membranácea, oblongo-elíptica a
oblonga, base aguda a obtusa, ápice
arredondado, margem inteira, discolor, face
adaxial verde-escura, abaxial verde-glauca a
vinácea na porção apical. Címulas unissexuais
estaminadas, 3-4 (5) flores na porção proximal
dos ramos; brácteas estaminadas 0,3-0,4 mm
compr., lineares, hialinas ou róseas. Flores
estaminadas, pedicelo 0,8- 1,0 mm compr.,
cilíndrico; sépalas 5, obovais, nervura central
evidente, ápice arredondado; disco glandular
5-segmentado, segmentos arredondados,
verruculosos; estames 3, totalmente unidos em
coluna de 0, 6-0,7 mm compr., anteras com
rimas horizontais. Flores pistiladas, solitárias,
dispostas na porção distai dos ramos; brácteas
pistiladas 0,7-0, 8 mm compr., estreitamente
triangulares; pedicelo 1 ,7-1,8 mm compr.,
subcilíndrico; sépalas 5, com 1,6- 1,8 mm
compr., obovais, faixa central elíptica a oboval,
discretamente venulada, ápice arredondado;
disco glandular cupuliforme, margem
levemente lobada, carnoso; ovário 0,6-0, 8 mm
compr., depresso-oval; estiletes 3, livres,
bífidos, ramos recurvados, ascendentes,
estigma subcaptado. Cápsula 1,6- 1,8 mm
compr e 2-2, 1 mm diâm, depresso-oval; cálice
acrescente e estiletes persistentes. Sementes
0,9- 1,1 mm compr., trígonas, estrias
transversais dispostas em fileiras longitudinais
regulares, castanho-escuras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Caruaru, 05/X/01, 0. fr„
M. J. Silva 133, 134, 135, 136, 137, 139, 140
(PEUFR); idem, 10/ IV/02, 0. fr„ M. J, Silva
178, 179, 180 (PEUFR). Material adicional:
Bonito, Ol/VIII/01, fl. fr., M. J. Silva 110 111
(PEUFR); Cabo, 17/IX/99, fl. fr., Paiva, Jr. M.
Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003
50 (PEUFR); Igarassu, 20/XI/02, fl. fr., M. J.
Silva 275, 276, 277, 278, 279 (PEUFR);
Maraial, 20/11/94, fl. fr., Miranda & Félix 1 620
(PEUFR); Recife, 22/VIII/02, fl. fr., M. J. Silva
210, 211, 212, 213, 214, 217 (PEUFR); São
Benedito do Sul, 23/XI/02, fl. fr., M. J. Silva
280, 28 1 , 282, 283, 284, 285 (PEUFR).
Distribuição desde o sudeste dos Estados
Unidos, incluindo Antilhas, até sudeste do
Brasil, em áreas alagadas, brejosas, com solos,
em geral, hidromórficos. No Brasil é referida
para Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande
do Sul e Santa Catarina (Ulysséa & Amaral,
1 993, Smith et al. 1 9S8). Na área de estudo foi
registrada apenas para as florestas Montanas
dos municípios de Bonito (Mata do estado) e
Caruaru (Serra dos Cavalos), crescendo em
áreas agricultáveis, em solos hidromórficos.
Apresenta maiores afinidades com
Phyllanthus niritri, embora seja facilmente
confundida com P. atnarus conforme discutido
nos comentários dessas duas espécies.
Floresce e frutifica em todo ano. Em
Pernambuco e Minas Gerais é conhecida
popularmente como quebra-pedra e erva de
pombinha, respectivamente.
Phyllanthus tenellus Roxb., Flora Indica ed.
2.3:668. 1882.
Fig. 6, a - j
Erva 1 5-30 cm alt., monóica, glabra. Caule
principal cilíndrico a subcilíndrico, fortemente
vináceo, esparso a densamente ramificado ou
não ramificado. Ramificação filantóide. Ramos
decíduos 4, 5-8, 5 cm compr., pinatiformes,
subcilíndricos, verde-vináceos. Catafilos 0,9-1
mm compr., lanceolados, acuminados,
escariosos e fortemente vináceos. Estipulas 1,1-
1,2 mm compr., lanceoladas, persistentes,
acuminadas, vináceas. Pecíolo ca. 1 mm
compr., subcilíndrico, discretamente vináceo.
Lâmina 7-15x5-11 mm compr., membranácea,
elíptica a elíptico-oboval, base aguda a obtusa,
ápice obtuso, margem inteira, levemente
vinácea, discolor, face adaxial verde-escura,
abaxial verde-glauca. Címulas proximais
bissexuais, com 1-2 flores estaminadas e 1-2
SciELO/JBRJ
cm ..
122
Silva, M. J. & Sales, M. F.
Figura 6: a - j: Phyllanthus tenellus Roxb. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor estaminada; e. sépala, face ventral
evidenciando a faixa central, flor estaminada; f. flor pistilada; g. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor
pistilada; h. disco glandular pistilado; i. fruto; j. semente, aspecto dorsi-ventral. (Esacala: a = 2 cm; b = 2 mm; c, d, c, f, g,
j =0,5 mm; h,i= 1 mm)
Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003
-SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
O gênero Phyllantlius L. (Phxllantheae • Euphorbiaceae Jttss.) no bioma Caatinga do estado de
Pernambuco - Brasil
123
flores pistiladas; címulas distais unicamente
pistiladas, reduzidas a uma única flor; brácteas
0,4-0, 6 mm compr., triangulares, hialinas.
Flores estaminadas, pedicelo 1-1,2 mm compr.,
cilíndrico; sépalas 5, com 0,6-0, 7mm compr.,
elíptico-obovais, nervura central evidente, ápice
arredondado; disco glandular 5-segmentado,
segmentos obtriangulares; estames 5, livres,
encurvados, anteras com rimas subhorizontais.
Flores pistiladas, pedicelo (2,3) 4,0-6.5 mm
compr., flexuoso, filiforme com base
pulviniforme, vináceo; sépalas 5, com 0,7-0,9
x 0,3-0,4 mm compr.. ovais, faixa central
elíptica, ápice agudo; disco glandular
pateliforme; ovário ca. 0,4 mm compr.,
depresso-oval; estiletes 3, livres, bífidos,
retrorsos; estigma subcapitado. Cápsula 1-1.1
mm compr., e 1,9-2 mm de diâm., oblata,
esverdeada, cálice e estiletes persistentes,
pedicelo filiforme. Sementes trígonas, ca. 1 mm
compr., minutamente verruculosas dispostas
irregularmente, castanho-claras.
Material examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO: Buíque, 1 1/II/95. fl. fr„
Silva et al. 749 (PEUFR); Caruaru, 05/X/01,
fr„ M. J. Silva 1 38 (PEUFR); idem, 06/1/02, fl.
fr„ M. J. Silva 160, 161, 162, 163 (PEUFR);
Petrolina, 07/IX/02, fi. fr., M. J. Silva 23 1 , 232,
233 (PEUFR): Material Adicional:
BRASIL. SÃO PAULO: Moji da Cruzes, 1 6/
1/41, fl. fr., B. Pickel 9712 (IPA).
Distribuição ampla nas regiões tropicais
e subtropicais do mundo (África, Ásia,
Austrália, Américas). Nas Américas ocorre
desde os Estados Unidos até a Argentina,
incluindo Antilhas (Webster 1956, 1970; Correi
& Correi. 1982; Adams, 1972; Müeller, 1873).
No Brasil está amplamente distribuída no
Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do
Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina
(Müeller, 1873; Smith et al. 1988; Cordeiro,
1981; Aliem 1977.) Na área de estudo foi
encontrada como invasora em áreas cultivadas,
terrenos baldios, canteiros de jardins e margens
de calçadas em locais úmidos. Esta espécie é
facilmente reconhecida pelas flores pistiladas
com pedicelo longo (4-6,5 mm), filiforme e
Rodriguésia 54 (84): I0I-I26. 2003
flexuoso, visivelmente articulado, com base
pulviniforme, dispostas em címulas unifloras na
porção distai dos ramos, bem como pelo
androceu constituído por cinco estames livres.
Floresce e frutifica de dezembro a janeiro. Em
Pernambuco é conhecida popularmente como
quebra-pedra roxo.
CONCLUSÕES
A maioria das espécies estudadas
apresenta distribuição na zona das Caatingas
do Estado de Pernambuco, sendo que
Phyllantluis claussenii Müll. Arg., P.
heteradenius Müll. Arg., P. jacobinensis
Müll. Arg. e P. klotzschianus Müll. Arg. são
exclusivas dessa zona, ocorrendo em
vegetação de Caatinga em municípios das
subzonas do Agreste e Sertão (Andrade-Lima,
1960). Nesses ambientes, são encontradas
preferencialmente em sombras de arbustos ou
de árvores e, às vezes, em afloramentos
rochosos. Já Phyllanthus acuminatus Vahl,
P. minutulus Müll. Arg. e P. stipulatiis (Raf.)
Webster apresentam distribuição na Zona das
Caatingas, porém em áreas mais úmidas e
elevadas (800 a lOOOm), com vegetação de
floresta semi-decídua ou perenifólia (florestas
Montanas, Sales et al. 1998) como também
nas zonas da Mata e Litoral, na floresta
Atlântica. As demais espécies mostram-se
amplamente distribuídas, ocorrendo desde a
zona do Litoral e Mata até a subzona do Sertão,
habitando áreas abertas e antropizadas de
diferentes tipos vegetacionais ou como
invasoras em áreas agricultáveis e ou ruderais.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aqueles que de alguma
forma contribuíram para a realização deste
trabalho e ao CNPq pela concessão da bolsa
de estudo.
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13 14 15 16 17 18 19
Variação sazonal de macronutrientes em uma espécie
arbórea de cerrado, na Reserva Biológica e Estação
Experimental de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil
Adriana Carrhá Leitão'
Osvaldo Aulino da Silva 1 2
RESUMO
O presente estudo visou avaliar mensalmente a compartimentação mineral em Ourotea
spectabilis (Mart.) Engl. nas diferentes fenofases, no período de agosto de 1995 a julho de 1996,
em área de cerrado, na Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, localizado no
município de Mogi-Guaçu, em São Paulo. Foram analisados todos os macronutrientes (N, P, K, Ca,
Mg e S) nos compartimentos folha, em 3 estádios de desenvolvimento foliar, ramo, flor e fruto. As
observações fenológicas foram realizadas mensalmente em 20 espécimens distribuídos na área de
cerrado, sendo consideradas as fenofases brotação, queda foliar, floração e frutificação. A distribuição
dos elementos minerais nos compartimentos e nos diferentes estádios de desenvolvimento foliar
revelou diferenças significativas e padrões sazonais bem definidos, permitindo identificar a importância
de cada nutriente nas diferentes fases do desenvolvimento da planta, e sugerir sobre a capacidade
de retranslocação destes elementos e manutenção do balanço nutricional. Face a essas análises, a
espécie O. spectabilis comporta-se de maneira altamente eficiente na utilização de água e nutrientes,
refletindo padrões fenológico e de distribuição que garantem a sua sobrevivência em ambientes de
cerrado.
Palavras-chave: nutrição mineral, macronutrientes, fenologia, cerrado
ABSTRACT
The present study aims to evaluate monthly the mineral nutrition presented by the population
of Ouratea spectabilis (Mart.) Engl. in different phenophases, from August of 1995 to July of
1996, in a cerrado area of the Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, located
at Mogi-Guaçu City, São Paulo. All the macro elements (N, P, K, Ca, Mg and S) were analyzed on
leaves, branches, fiowers and fruits compartments, and in 3 leaf development stages. The pheno-
logical studies were made monthly in 20 specimens distributed in the cerrado area and phenophases
variation (leaf flushing, leaf fali, fiowering and fruiting) were analyzed quantitatively. The distribu-
tion of the mineral elements among the sampled vegetative parts revealed significam differences
and a well defined seasonal pattem, which allows to identify the importance of each nutrient in
different developmental phase of the plant, and it suggest about the mineral translocation capacity
and its nutritional status. In face of these facts, O. spectabilis shows significam efficiency in water
and nutrient utilization, reflecting in distribution and phenological pattems that guarantees its sur-
vival in cerrado’s environments.
Keywords: mineral nutrition, macronutrient, phenology, cerrado
1 Departamento de Botânica. Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. Rua
Dr. Manoel Augusto Bezerra de Araújo, 180 / 09, Ponta Negra, CEP 59.090-430, Natal/RN, Brasil.
: Departamento de Botânica, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP, Brasil.
Apoio financeiro: CNPq
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
128
INTRODUÇÃO
O comportamento nutricional de árvores
florestais pode variar apreciavelmente durante
seu ciclo, como resultado de mudanças no
metabolismo, transporte interno e lavagem
causada pela água da chuva (Davy & Taylor,
1975; Emst, 1975; Guha & Mitchell, 1966).
Espécies vegetais podem desenvolver
mecanismos eficientes de manutenção do
metabolismo, para garantir sua sobrevivência
em ambientes adversos. A retranslocação de
minerais é uma forma de diminuir a perda de
nutrientes pelas plantas e permitir a
manutenção das atividades metabólicas,
principalmente em períodos sujeitos ao estresse
nutricional. Rathcke & Lacey (1985)
comentam que a floração, frutificação e
germinação requerem uma entrada de energia
e nutrientes específicas e que a disponibilidade
de recursos e a capacidade da planta na
alocação e assimilação destes recursos podem
influenciar os padrões fenológicos das
espécies.
Em um estudo da nutrição mineral
realizado em três espécies de leguminosas
frequentes numa área de cerrado,
Anadenanthera falcata , Dalbergia
miscolobium Benth. (D. violacea, sin.) e
Stryphnodendron adstringens, foram
observadas diferenças nutricionais entre os
compartimentos e, ainda, foi verificado haver
uma grande variabilidade na concentração de
um mesmo nutriente para as diferentes
espécies (Pagano et ai, 1982). Villela &
Lacerda (1992) mencionam que a variação
sazonal na concentração dos elementos
minerais nas folhas parece estar fortemente
relacionada aos mecanismos de absorção e de
retranslocação destes nutrientes. Estudos
mostram que em florestas tropicais os
mecanismos adaptativos de sobrevivência e
manutenção do equilíbrio mudam qualitativa e
quantitativamente ao longo de gradientes de
fertilidade do solo, temperatura, altitude e
umidade. Florestas sobre solos mais pobres,
altamente intemperizados, teriam desenvolvido
mecanismos mais eficientes de conservação
»
Leitão, A. C. & Silva, O. A.
do estado nutricional, tais como a
retranslocação de elementos minerais de
órgãos senescentes. Tumer (1977) e Vitousek
(1982 e 1984) ressaltaram as diferenças
existentes entre os ecossistemas e entre as
espécies vegetais, quanto à eficiência na
utilização dos nutrientes para a produção de
compostos orgânicos, dependendo da
disponibilidade daqueles no solo.
O conhecimento dos teores de nutrientes
em vários órgãos do vegetal permite inferir
sobre as exigências metabólicas desenvolvidas
em cada compartimento, fornecendo base para
o entendimento dessas variações e suas
implicações nas respostas dos vegetais no
ecossistema (Mendes, 1996). Existem poucos
trabalhos que relacionam variações no estoque
de nutrientes nas diferentes fenofases
apresentadas pelas espécies vegetais. Tais
estudos permitem conhecer sobre as
adaptações específicas de plantas quanto à
alocação de recursos nas diferentes fenofases
e em diferentes biomas.
O presente estudo avaliou o
comportamento nutricional em uma espécie
representante do cerrado paulista, através de
análises dos teores de minerais em três estádios
de expansão foliar, além de ramos, flores e
frutos.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Reserva
Biológica e Estação Experimental de Mogi-
Guaçu (22° 1 5 1 6' S e 47°08’-12’ W). A
análise dos dados de precipitação e
temperatura do período de 1987 a 1996
permitiu confirmar que o clima local
corresponde ao Cw’a de Kõppen (1963), ou
B3 r B’3 a’ de Thomthwaite ( 1948), in Cunha
(1992), caracterizado como mesotérmico,
úmido, de inverno seco, com pouco ou nenhum
déficit hídrico e com excesso no verão, sendo
as condições hídricas da área afetadas mais
pela distribuição das chuvas do que pelo total
anual de precipitação. O clima para o ano de
estudo foi analisado a partir do diagrama
ombrotérmico construído para a área (Fig. 1),
Rodriguéxia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003
SciELO/ JBRJ
13 14 15
Variação sazonal de macronutrientes em uma espécie arbórea de cerrado, na Resen-a Biológica e
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil
129
Figura I - Diagrama ombroténnico (P = 2T) para a área
da Reserva Biológica c Estação Experimental de Mogi-
Guaçu/SP, referente ao período de agosto/1995 a julho/
1996.
onde c possível observar um período chuvoso
bem marcado, com índices pluviométricos
acima de 100 mm de outubro/1995 a fevereiro/
1 996, c um déficit hídrico nos meses de agosto/
1995, junho c julho/l 996. O período de seca
concentrado entre junho c agosto é
característico para esta região (Leitão, 1998).
Para a escolha da espécie foram
consideradas características como frcqüência
c importância fitossociológica (Gibbs et ai,
1983; Silbcrbauer-Gottsbcrger& Eiten, 1983;
Batista & Couto, 1992) cm ambientes de
cerrado. A espécie em estudo, Ouratea
speclabilis (Mart.) Engl., também conhecida
popularmente como Murici-bravo ou Batiputá,
é pertencente à Família Ochnaccae.
Mcnsalmcntc foram sorteados, entre
vinte espécimens previamente escolhidos, três
indivíduos de O. spectabilis, onde foram
amostrados os compartimentos folhas, ramos,
flores c frutos. Os materiais coletados dos três
indivíduos foram reunidos numa única amostra
por compartimento. No compartimento folha
foram amostradas folhas da base (estádio 1),
região mediana (estádio 2) e extremidade do
ramo (estádio 3), obtendo-se material cm
diferentes estádios de desenvolvimento. Neste
caso, sendo feitas análises sazonais, nem
sempre foi possível detectar as variações
esperadas nos teores de nutrientes nas folhas
jovens c adultas, exceto quando estes estádios
tiveram presença significativa na maioria dos
Rodriguèsia 54 (84): 127-136. 2003
meses analisados. Os materiais coletados
foram secos em estufa a 70°C, até peso
constante, cm seguida moidos para posterior
análise de nutrientes minerais.
As determinações dos macronutrientes
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio
seguiram a metodologia proposta por
Malavolta et al. (1989); enquanto que para o
enxofre foi utilizado o método proposto por Vitti
(1988). Para cada amostra foram feitas três
repetições, para obtenção de uma média.
As informações fenológicas foram
avaliadas quantitativamente, utilizando-se uma
nota dentro de uma escala que varia entre 0 e
4, segundo a metodologia proposta por
Foumier ( 1 974). Foram realizadas observações
mensais dos estádios brotação, queda foliar,
floração e frutificação (frutos verdes e frutos
maduros) em vinte espécimens de O.
speclabilis.
As coletas para o estudo da
compartimcntação mineral foram realizadas de
agosto de 1995 a julho de 1996; c as
observações fenológicas, de agosto de 1995 a
dezembro de 1 996.
Para a análise dos resultados foi realizada
estatística não-paramétrica. O Teste Kruskal-
Wallis, seguido do Teste Jonckheere (Campos,
1983), foi utilizado para verificar possiveis
diferenças nos teores de nutrientes minerais
entre os compartimentos (folha e ramo) e entre
os estádios foliares. A possível sazonalidade
nos teores de nutrientes minerais foi avaliada
estatisticamente, comparando-se as médias
obtidas dos valores de cada nutriente nos
meses do período seco (de abril a setembro) e
do período chuvoso (de outubro a março). A
Correlação de Spcarman (R) foi utilizada para
correlacionar as fenofases apresentadas pela
espécie com as variações nos teores de
nutrientes nas folhas e ramos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A espécie O. spectabilis não apresentou
comportamento sazonal significativo para os
nutrientes analisados. Muitas plantas de
cerrado adquiriram características
SciELO/JBRJ,
13 14
cm ..
130
Figura 2 - Fenograma de O. spectabilis em porcentagens
de floração (Fl), frutos verdes (FV), frutos maduros (FM),
brotação (Br) e queda foliar (Qu) e, valores mensais de
precipitação (mm) e temperatura (°C), com base em
observações realizadas na Reserva Biológica e Estação
Experimental de Mogi-Guaçu, de agosto/l 995 a dezembro/
1996.
escleromórficas, que podem atuar no sentido
de impedir ou dificultar a perda de nutrientes
via cutícula foliar através da lavagem pelas
águas das chuvas; além disto, a eficiência na
retranslocação de nutrientes parece contribuir
para a manutenção do estado nutricional da
planta.
Em setembro, a espécie em estudo
apresentou o maior índice de intensidade no
brotamento de folhas (Fig. 2), época em que a
planta atinge seu piòb ‘na concentração de
nitrogênio nas folhas da ponta do ramo (Fig.
3a). Também foram observadas
estatisticamente concentrações mais elevadas
de nitrogênio nas folhas mais jovens, sendo
que estes teores diminuem à medida que estas
folhas ficam mais próximas ao estado de
senescência (p<0,01). Do mesmo modo,
Medeiros & Haridasan (1985) verificaram
para espécies de cerrado que em novembro,
quando as folhas estavam recém-expandidas,
os teores de nitrogênio foram mais elevados
que nos estádios mais desenvolvidos. Isto
justifica a boa mobilidade do nitrogênio,
Leilão, A. C. <£ Silvá, O. A.
podendo-se retranslocar das folhas mais velhas
para ser reutilizado em folhas mais novas (Raij,
1991), como foi observado também porToslma
et al. (1987) em folhas de espécies ocorrentes
em savana. Este nutriente tem papel
importante na formação e desenvolvimento das
gemas floríferas e frutíferas (Coelho &
Verlengia, 1973), bem como no crescimento
vegetativo e formação de sementes (Ferreira
et al. 1993). Apesar da aparente eficiência
na absorção do nitrogênio, estatisticamente não
foi observada nenhuma diferença significativa
entre folhas e ramos, bem como não foi
observado nenhum destaque nos valores dos
compartimentos flor e fruto (Fig. 3b).
O fósforo é essencial para a formação
de frutos e sementes (Raij, 1991; Camargo &
Silva, 1 975). Neste estudo, ficou evidenciada
uma correlação positiva entre a fenofase fruto
maduro e a concentração de fósforo nas folhas
e ramos (R= 0,72, p<0,01), mostrando uma
eficiência na demanda e armazenamento deste
elemento pela planta, no período de
amadurecimento dos frutos e dos embriões
(Figs. 2 e 4b). Em outubro, o suprimento dos
□ eaádio 1 O estádio 2 ■ estádio 3
25'
b 2 " n
ai» set out nov dez jan -fev . imr abr mai jun iul
■ folha □ ramo S flor □ fruto
2t
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8 .
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1
■
0-
II
u
ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul
meses
íigura 3 - Variação mensal dos teores de nitrogênio na
espécie O. spectabilis , em área de cerrado da Reserva
Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SI’. A.
Concentração nas folhas da ponta (estádio 1), região
mediana (estádio 2) e base do ramo (estádio 3). B.
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flor e fruto.
Rodriguésia 54 (84): 127-136. 2003
SciELO/JBRJ
13 14
Variação sazonal de macronutríentes em uma espécie arbórea de cerrado, na Reserva Biológica e
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil
131
frutos com relação a este nutriente atinge
quase quatro vezes os teores encontrados nas
folhas e ramos (Fig. 4b). Os altos níveis de
fósforo assimilados pela planta, nos períodos
seco e chuvoso, podem significar um
importante mecanismo de manutenção do
estado nutricional e, consequentemente,
metaból ico da planta, no momento em que esta
está investindo sua energia na produção de
folhas, ramos, ou mesmo, preparando-se para
a fase reprodutiva. É de conhecimento geral
que os níveis deste elemento no solo de cerrado
são baixos e, portanto, a demanda de
abastecimento pode estar relacionada ã oferta
proporcionada pela matéria orgânica,
enriquecida pela deposição de material vegetal
(fitomassa), especialmente por queda de folhas
nos meses anteriores à estação chuvosa
(Mendes, 1996). Neste caso, esta espécie
parece apresentar-se adaptada a situações de
baixo suprimento de fósforo no solo e,
provavelmente, dispõe de certas adaptações
que permitem a sobrevivência em tais
ambientes.
Além disso, o fósforo é considerado um
nutriente de boa mobilidade, sendo facilmente
□ estádio 1 Ccstádio2 ■estádio 3
■ folha Oram o SSS flor □ fruto
Figura 4 - Variação mensal dos teores de fósforo na espécie
O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva Biológica e
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A. Concentração
nas folhas da ponta (estádio 1 ), região mediana (estádio 2)
e base do ramo (estádio 3). B. Concentração nos
compartimentos folha, ramo, flor e fruto.
Rodriguisia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003
redistribuído a partir de órgãos mais velhos
para órgãos em expansão (Larcher, 2000;
Malavolta, 1980). No presente estudo não
foram encontrados diferenças significativas na
concentração deste elemento entre os estádios
foliares analisados, e entre os compartimentos
folhas e ramos. Entretanto! ficou evidenciado
um aumento pontual nos teores de fósforo nas
folhas da ponta do ramo em setembro (Fig.
4a), período em que a planta atinge seu máximo
na produção de novas folhas (Fig. 2). Visto
que os níveis de fósforo em solos de cerrado
são comprometidos pelos.baixos valores de pH,
e altas concentrações de alumínio, o que
diminui a disponibilidade deste mineral
(Malavolta & Kliemann, 1985; Lopes, 1983;
Kamprath, 1977; Volkweiss & Raij, 1976;
Goodland, 1971), sugere-se que a espécie O.
spectabilis esteja adaptada a estas condições,
apresentando um importante mecanismo de
manutenção do estado nutricional e,
consequentemente, metabólico, que permite a
sobrevivência da planta em tais ambientes.
A maior parte do potássio é absorvida
pelas plantas durante a fase de crescimento
vegetativo (Raij, 1991), pois este tem papel
fundamental na fotossíntese e síntese de
carboidratos (Yamada, 1987). Para a espécie
em estudo, foram encontradas diferenças
significativas nos teores de potássio entre os
três estádios foliares analisados (Fig. 5a), sendo
evidenciadas concentrações mais elevadas em
folhas mais jovens (p<0,0 1 ). Villela & Lacerda
(1992) estudando as espécies de cerrado
Vochysia rufa e Curatella americana,
também encontraram durante o pico de
brotamento foliar, os níveis mais elevados de
potássio nas folhas jovens, sugerindo a
reabsorção do elemento antes da abscisão.
Uma vez que o potássio é um elemento
altamente móvel no floema, sua utilização é
eficiente no sentido de ser prontamente
redistribuído das folhas para órgãos mais novos
(Larcher, 2000; Malavolta, 1 980).
No presente trabalho, ficaram
evidenciadas concentrações elevadas de
potássio nas flores e nos frutos (Fig. 5b). As
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18
132
Leilão, A. C. & Silva, O. A.
análises estatísticas revelaram uma correlação
negativa (R= -0,64, p<0,05) entre a fenofase
floração e a concentração de potássio em
folhas e ramos (Figs. 2 e 5b). Assim, visto
que o potássio é redistribuído para órgãos em
crescimento e se concentra em grande parte
nos frutos verdes (Raij, 1 991 ), é sugerido haver
uma grande translocação deste elemento, das
folhas e ramos, para as flores; e uma
preparação da planta para a fase subseqiiente,
a produção dos frutos. Embora tenha sido
encontrado teores mais elevados nas folhas
do que nos ramos (p<0,01), em dezembro é
notado um pico na concentração de potássio
nos ramos, chegando a quase três vezes os
valores encontrados nas folhas (Fig. 5b), o que
pode representar uma reposição e
armazenamento deste nutriente no final das
fenofases reprodutivas.
A espécie em estudo apresentou
diferenças significativas (p<0,01) nas
concentrações de cálcio entre os estádios de
desenvolvimento foliar, sendo mais elevados
os valores de cálcio em folhas mais velhas (Fig.
6a), pois sendo um elemento de baixa
mobilidade nas plantas, não sendo transportado
meses
Figura 5 - Variação mensal dos teores de potássio na
espécie O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva
Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP.
A. Concentração nas folhas da ponta (estádio 1 ), região
mediana (estádio 2) c base do ramo (estádio 3). B.
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flore fruto.
pelo floema com facilidade, ele é encontrado
em maior concentração em folhas maduras e
senescentes (Larcher, 2000). Depois de sua
localização nestes sítios, toma-se muito imóvel
sofrendo a influência de outros cátions (Mg,
Mn e Zn), que podem comprometer a sua troca
(Malavolta, 1980). Sobrado &Medina( 1980)
encontraram os maiores valores de cálcio para
as folhas mais velhas de espécies
escleromórficas da Amazônia.
Além da importante relação com a
resistência mecânica dos tecidos, o cálcio é
indispensável para a germinação do pólen e o
crescimento do tubo polínico, sendo importante
para a floração (Epstein, 1975). Em O.
spectabilis, nos meses de maio e junho foi
observado um aumento na concentração deste
nutriente no compartimento ramo, seguido de
uma notável redução no mês de julho, agosto
e setembro; o que pode estar relacionado com
um aumento na demanda deste elemento pela
planta, em primeira instância, seguido por
utilização em potencial no período de floração
(Fig. 6b). Segundo Chapin et al. (1980) e
Camargo & Silva (1975), a diminuição dos
teores desse elemento no caule, durante a
□ estádio 1 □estádio 2 ■estádio 3
B
15 ■ folha Dramo SS flor □ fruto
1,2 - n
ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul
meses
Figura 6 - Variação mensal dos teores de cálcio na espécie
O. spectabilis, cm área de cerrado da Reserva Biológica e
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A.
Concentração nas folhas da ponta (estádio 1), região
mediana (estádio 2) e base do ramo (estádio 3). B.
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flor e fruto.
Kodriguésia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003
ISciELO/JBRJ
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cm ..
Variação sazonal de macronulrientes em uma espécie arbórea de cerrado, na Reserva Biológica e
Estação Experimenta I de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil 1 33
estação de crescimento, sugere ser este órgão
armazenador de cálcio. Ou ainda, pode-se
inferir haver um maior direcionamento do
nutriente absorvido do solo, para as flores, uma
vez que este elemento tem baixa mobilidade
na planta.
O magnésio é um elemento móvel na
planta (RAIJ, 1991). Entretanto, é comum
encontrar maior concentração de magnésio em
folhas mais velhas, do que em folhas jovens
(Malavolta, 1980). A espécie em estudo
apresentou diferenças significativas entre os
estádios foliares (p<0,01 ), sendo mais elevados
os teores em folhas mais velhas (Fig. 7a).
Também, ficou evidenciado que o
compartimento ramo é um armazenador deste
nutriente, apresentando teores bem mais
elevados do que nas folhas, na maior parte do
ano (p<0,0 1 ), o que pode ser uma característica
de O. spectabilis (Fig. 7b).
Apesar de, estatisticamente, não ser
detectado uma relação entre a concentração
de magnésio nos diferentes compartimentos e
as fenofases analisadas, observa-se uma
redução deste nutriente nos meses de agosto
e setembro nos compartimentos folhas e
ramos, o que parece estar relacionado a maior
utilização deste elemento para a realização de
suas funções reprodutivas, principalmente da
floração e da produção de frutos verdes. Uma
das funções importantes do magnésio, como
elemento central da molécula de clorofila, é a
sua participação na fotossíntese. E também
considerado específico na ativação de diversos
sistemas enzimáticos das plantas, tais como
ativação de enzimas relacionadas com o
metabolismo dos carboidratos (Camargo &
Silva, 1975).
O enxofre tem papel fundamental na
síntese de gorduras, óleos e proteínas, estando
relacionado com o crescimento vegetal, sendo
muito importante para a frutificação (Camargo
& Silva, 1 975). A baixa mobilidade no floema
é característica deste mineral. Embora, de
acordo com Larcher (2000), o sítio de
acumulação do enxofre seja nas folhas e
sementes, sendo encontrado em maior
concentração em folhas maduras, para O.
spectabilis não foram obtidas diferenças
significativas na concentração deste elemento,
entre os estádios foliares (Fig. 8a), nem entre
os compartimentos folha e ramo (Fig. 8b).
0,25
0.2
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£ 0.15
I 0.1
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□ estádio I □estádio 2
I estádio 3
iuiiidiiifi .
ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul
■ folha Gramo £3 flor □ fruto
meses
Figura 7 - Variação mensal dos teores de magnésio na
espécie O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva
Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A.
Concentração nas folhas da ponta (estádio 1), região
mediana (estádio 2) c base do ramo (estádio 3). B.
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flore fruto.
Rodriguésia 54 (84): 127-136. 2003
ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul
meses
Figura 8 - Variação mensal dos teores de enxofre na espécie
O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva Biológica e
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A. Concentração
nas folhas da ponta (estádio 1 ), região mediana (estádio 2)
e base do ramo (estádio 3). B. Concentração nos
compartimentos folha, ramo, flor e fmto.
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
134
Os solos sob cerrado apresentam
características químicas e físicas muito
particulares, como a sua elevada acidez.
Particularmente na área da Reserva o pH pode
variar entre 3,0 e 5,5 até 50cm de profundidade
(Leitão, 1998). Esta forte acidez é devida em
boa parte aos altos níveis de alumínio presentes
nestes solos, uma condição característica
nestes ambientes. A baixa capacidade de troca
catiônica, baixa soma de bases e a alta
saturação por Al 3+ são fatores que
caracterizam estes solos como profundamente
distróficos, características estas que limitam
a absorção de nutrientes pelas plantas
(Coutinho, 1990). Fatores edáficos, aliados ao
regime climático da área, são ícones
importantes agindo como pressão de seleção,
sendo determinantes na evolução de
características morfológicas e fisiológicas
especializadas em toda a biota, para que possa
melhor aproveitar os recursos, garantindo
assim a continuidade de cada espécie neste
habitat.
No presente estudo, a análise sazonal das
variações nos teores de elementos minerais
nos compartimentos e nos diferentes estádios
de desenvolvimento foliar permitiu inferir sobre
a maneira que a espécie esta respondendo às
condições impostas pelo meio físico e químico,
como estão sendo distribuídos, estocados e
retranslocados os nutrientes, além de fornecer
subsídios para o conhecimento das exigências
nutricionais requeridas em cada fenofase
observada em O. spectabilis.
AGRADECIMENTOS
Ao Benedito Domingues do Amaral pela
ajuda nas análises estatísticas; ao Instituto de
Botânica de São Paulo, por permitir o acesso
à Reserva Biológica e Estação Experimental
de Mogi-Guaçu.
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13 14 15 16 17 18 19
A família Orchidaceae na Reserva Biológica da
Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
Luiz Menini Neto 1
Valquiria Rezende Almeida 2
Rafaela Campostrini Forzza 3
RESUMO
O estudo apresentado trata do levantamento das espécies de Orchidaceae ocorrentes na
Reserva Biológica da Represa do Grama, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, no município
de Descoberto. A Reserva abrange uma área de 263,8 hectares de floresta estacionai semidecidual.
A família Orchidaceae está representada na área por 23 gêneros e 28 espécies. Neste trabalho são
fornecidas chave de identificação, descrições, ilustrações, distribuição geográfica e comentários
para as espécies.
Palavras chave: Orchidaceae, Minas Gerais, Zona da Mata, taxonomia
ABSTRACT
A survey consist the taxonomic study of the Orchidaceae family in the Reserva Biológica da
Represa do Grama, located at Zona da Mata of Minas Gerais, in the Descoberto’s town. The area
covers 263,8 hectares of stationary semidecidual forest. There were finded for the family 23 gen-
era and 28 species. There are gived key to identification, descriptions, ilustrations, geographical
distribution and comments for each species.
Key words: Orchidaceae, Minas Gerais, Zona da Mata, taxonomy
INTRODUÇÃO
Orchidaceae é uma das maiores famílias
dentre as Fanerógamas, possuindo cerca de
19500 espécies e 775 gêneros (Judd et al.
1999). A família constitui aproximadamente
40% das Monocotiledôneas e ocorre por quase
todas as regiões do planeta (Dahlgren et al . ,
1985). Pabst & Dungs (1975, 1977), na última
grande revisão das espécies brasileiras,
apontaram cerca de 2350 espécies e 191
gêneros para o Brasil. Atualmente, acredita-
se que este número aproxima-se de 2400
espécies (Barros 1996).
Os membros da família Orchidaceae são
ervas perenes com morfologia muito diversa.
Epífitas, terrestres, rupícolas, hemiepífitas ou
saprófitas; raízes com micorrizas, tuberosas ou
não, em geral com velame. Caule simpodial ou
monopodial, muitas vezes rizomatoso, mais
raramente cormos, internos freqüentemente
formando pseudobulbos. Folhas alternas,
raramente opostas, dísticas ou espiraladas,
simples, inteiras, com nervação usualmente
paralelinérvia. Inflorescências racemosas ou
paniculadas, algumas vezes reduzidas a uma
única flor, terminais ou laterais. Flores usualmente
monoclinas, zigomorfas, ressupinadas ou não,
perianto tepalóide, em geral vistoso; sépalas 3,
livres ou conatas; pétalas 3, livres, a mediana
diferenciada em labelo, as laterais semelhantes
às sépalas; estames 1 ou 2 (raramente 3), adnatos
ao estilete e ao estigma formando a coluna; pólen
em geral agrupado em polínias; gineceu
sincárpico, tricarpelar, estigma com um dos lobos
não receptivo na face dorsal formando o rostelo,
este podendo ou não formar estipe e/ou viscídio;
ovário infero, unilocular com placentação parietal,
ocasionalmente trilocular com placentação
'Acadêmico do Curso Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora/ Bolsista de Conclusão de Curso
UFJF. mcnini_ncto@hotmail.com
: Acadêmico do Curso Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora/Bolsista PlBIC/CNPq.
Mardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 915, 22460-030, Rio de Janeiro, Brasil, rafaela@jbij.gov.br
■SciELO/JBRJ
138
lateral; óvulos numerosos. Néctar em geral
ausente, quando presente produzido em cálcar
ou em nectários septais. Fruto cápsula, abrindo
por (1-) 3 ou 6 fendas longitudinais; sementes
minúsculas, com tegumento membranáceo,
embrião muito reduzido; endosperma ausente
(Dahlgren et ai, 1985; Dressler, 1993).
A Reserva Biológica da Represa do Grama
está localizada na Zona da Mata de Minas Gerais,
no Município de Descoberto (21°25’S -
42°56’W), cerca de 100 km ao nordeste de Juiz
de Fora, tendo sido a primeira Reserva Biológica
criada no estado. A Reserva abrange uma área
de 263,8 hectares de floresta estacionai
semidecidual montana e abriga dois córregos dos
quais ocorre captação de água para
abastecimento parcial dos municípios de
Descoberto e de São João Nepomuceno.
A região da Zona da Mata de Minas
Gerais é constituída por florestas estacionais
semideciduais montana e submontana que se
encontram extremamente fragmentadas
(Meira Neto et ai 1997; Silva 2000), devido a
diversos tipos de perturbações como o fogo, a
agricultura, a pecuária, a retirada seletiva de
madeira e o crescente desenvolvimento das
áreas urbanas (Oliveira-Filho et ai 1994).
Paradoxalmente, poucos estudos florísticos
têm sido desenvolvidos nessa região. Esse fato
está refletido nas coleções depositadas em
nossos herbários, que representam muito pouco
da diversidade das matas mineiras, e na
escassa literatura sobre a flora da região.
Dentro desse contexto, o presente estudo
objetivou apresentar o levantamento das
espécies de Orchidaceae ocorrentes na
Reserva Biológica da Represa do Grama com
a finalidade de ampliar o conhecimento sobre
Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
a vegetação da Zona da Mata de Minas Gerais,
incrementar o número de coleções depositadas
em herbários e ampliar o conhecimento sobre
a taxonomia e distribuição geográfica das
espécies de Orchidaceae.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento deste trabalho
foram realizadas coletas mensais à Reserva,
no período de agosto de 1 999 a agosto de 2002.
As amostras de materiais férteis foram
coletadas e incorporadas à coleção do
Herbário CESJ. As duplicatas foram enviadas
para diversos herbários nacionais, como
indicado no material examinado de cada
espécie. O material examinado representa os
espécimes coletados na Reserva e encontra-
se citado em ordem cronológica de coleta. O
material adicional representa exemplares de
outras localidades.
As descrições das espécies foram
elaboradas a partir dos materiais coletados na
Reserva. Seis espécies não foram descritas por
não apresentarem material fértil e encontram-
se citadas na tabela 1. As ilustrações foram
elaboradas a mão livre utilizando
estereomicroscópio. A terminologia morfológica
adotada foi retirada das definições contidas em
Radford et ai (1974) e Dressler (1981).
São apresentadas descrições, ilustrações,
comentários sobre aspectos taxonômicos,
informações sobre a distribuição geográfica de
cada espécie e chave para identificação dos
táxons ocorrentes na Reserva. Os dados de
distribuição geográfica para cada espécie
foram obtidos através da literatura e da análise
do material adicional examinado.
Tabela 1 - Espécies que não floresceram durante o desenvolvimento do trabalho.
Espécie
Forma de vida
Campylocentrum cf. linearifolium Schltr. cx Mansf.
epífita
Catasetum sp.
epífita
Cyclopogon sp
terrestre
Gomesa cf. glaziovii Cogn.
epífita
Pleurothallis sp.
epífita
Zygopetalum sp.
terrestre
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
A família Orchidaceae na Resena Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
139
CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE ORCHIDACEAE
OCORRENTES NA RESERVA BIOLÓGICA DA REPRESA DO GRAMA
1. Ervas terrestres.
2. Caules intumescidos em pseudobulbos.
3. Folhas variegadas, planas ou conduplicadas, únicas porpseudobulbo .. 12. Oeceoclades maculata
3'. Folhas não variegadas, plicadas, mais de uma por pseudobulbo.
4. Planta com até 15 cm de altura 11. Liparis nervosa
4'. Plantas maiores que 50 cm de altura 20. Warrea warreana
T. Caules não intumescidos em pseudobulbos.
5'. Plantas áfilas 21. Wullschlaegelia aphylla
5. Plantas com folhas.
6. Plantas caulescentes com folhas dísticas 17. Psilochilus modestas
6'. Plantas acaules com folhas rosuladas.
7. Flores pediceladas 18. Sauroglossum nitidum
7. Flores sésseis.
8. Flores calcaradas 4. Eltroplectris janeirensis
8'. Flores sem cálcar 16. Prescottia stachyodes
P. Ervas epífitas, rupícolas ou lianescentes.
9. Caules não intumescidos em pseudobulbos.
10. Plantas lianescentes 19. Vanilla cf. gardneri
10'. Plantas epífitas ou rupícolas.
1 1 . Plantas com ramicaule, uma folha por ramicaule 13. Pleurothallis hypnicola
1 1 '. Plantas sem ramicaule, multifoliadas.
1 2. Planta menor que 5 cm alt., margem foliar ciliada 8. Eurystyles actinosophila
1 2'. Planta maior que 40 cm de alt., margem foliar glabra.
13. Folhas dísticas, flabeladas, inflorescência uniflora
10. Huntleya meleagris
1 3'. Folhas dísticas, não flabeladas inflorescência multiflora.
14. Inflorescência em panícula, flores castanho-amareladas
6. Epidendrum densiflorum
14'. Inflorescência em corimbo, flores róseas 7. Epidendrum secundam
9'. Caules intumescidos em pseudobulbos.
15. Pseudobulbos 1-foliados l.Comparettiacoccinea
1 5'. Pseudobulbos 2- a multifoliados.
16. Duas folhas apicais por pseudobulbo.
17. Folhas pecioladas com nervuras salientes 22. Xylobium variegatum
17'. Folhas sésseis com nervuras não salientes.
18. Pseudobulbo piriforme, inflorescência no ápice do pseudobulbo
5. Encyclia patens
18'. Pseudobulbo levemente achatado, inflorescência na base do pseudobulbo
9. Gomesa recurva
16'. Mais de duas folhas por pseudobulbo.
1 9. Pseudobulbos piriformes 5. Encyclia patens
19'. Pseudobulbos ovais ou fusiformes.
20. Pseudobulbos fusiformes, com 12 cm ou mais de compr.
21 . Inflorescência em racemo, flores diclinas 1 . Catasetum cernuum
21'. Inflorescência em panícula, flores monoclinas ... 3. Cyrtopodium cardiochilum
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
140 Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
20'. Pseudobulbos ovais a fusiformes, menores que 3 cm compr.
22. Planta até 7 cm alt., inflorescência em racemo 14. Polystachya micrantha
22'. Planta maior que 7 cm alt., inflorescência em panícula 13. Polystachya concreta
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Reserva Biológica da Represa do
Grama a família Orchidaceae está
representada por 28 espécies distribuídas em
23 gêneros. Quanto à forma de vida foram
registradas 14 espécies epífitas, nove terrestres,
três rupícolas, uma hemiepífita lianescente e
uma saprófita.
1. Catasetum cernuum (Lindl.) Rchb. f., Ann.
Bot. Syst. 6: 570. 1863.
Figura 1 a
Erva epífita, ca. 40 cm alt. Pseudobulbos
verdes, 12-20 cm compr., fusiformes, ca. 10-
foliados, os mais velhos sulcados. Folhas
dísticas, dispostas ao longo do pseudobulbo;
bainha foliar ca. 6x3 cm, alva; lâmina verde,
levemente discolor, 15-30 x 7-9,3 cm,
oblanceolada, nervuras longitudinais salientes,
sésseis, ápice cuspidado. Inflorescência
masculina ca. 65 cm compr., em racemo,
multiflora, laxa, ápice pendente, lateral.
Pedúnculo verde-claro, ca. 45 cm compr.,
ereto. Brácteas do pedúnculo verdes a creme-
esverdeadas, 1,5-2 cm compr., lanceoladas a
obovadas, amplectivas sobre o pedúnculo,
ápice agudo. Brácteas florais verdes, 1-1,8 x
0,3-0, 7 cm, lanceoladas, ápice agudo. Flores
masculinas pediceladas; pedicelo creme a
verde, ca. 1,6 cm compr.; sépala dorsal
vinácea, ca. 3,6 x 1,1 cm, elíptica, côncava,
recobrindo parte das pétalas, ápice agudo;
sépalas laterais vináceas, ca. 3,6 x 1,3 cm,
elípticas, côncavas, patentes, ápice agudo;
pétalas verdes com máculas vináceas, ca. 3,4
x 1 cm, elípticas, convexas, ápice agudo; labelo
vináceo, trilobado, ca. 1,8 x 2,1 cm, plano,
patente, dois lobos laterais com ápice
acuminado, lobo central triangular e carnoso;
coluna verde com máculas vináceas, ca. 1,8
cm compr., ereta, rostrada; rostro ca. 3 mm
compr.; duas antenas retrorsas se projetando
em direção ao disco do labelo, ca. 1,5 cm
compr., paralelo-divaricadas; polínias 2, ca. 4
mm compr., amarelas, estipe ca. 4 mm compr.,
oblongo, castanho, viscídio ca. 2 mm diâm,
orbicular, castanho. Inflorescência feminina ca.
22 cm compr., em racemo, pauciflora, laxa,
ereta, lateral. Pedúnculo verde-claro, ca. 17
cm compr., ereto. Brácteas do pedúnculo
verdes, 1,8-2 cm compr., obovadas a
lanceoladas, amplectivas sobre o pedúnculo,
ápice agudo. Brácteas florais verdes ca. 2 x
0,7 cm, lanceoladas, ápice agudo. Flores
femininas carnosas, pediceladas; pedicelo ca.
1,8 cm compr.; pétalas e sépalas verdes com
máculas castanhas; labelo verde, cuculado;
ovário ca. 1,5 cm compr. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 11.XI.2001, V R. Almeida
et al. 23, fl. (CESJ); 26.1.2002, R. C. Forzza
& B. K. S. Franco 2053, fl. (CESJ).
O gênero Catasetum inclui mais de 100
espécies exclusivamente neotropicais, com a
grande maioria concentrada na região
amazônica, principalmente nos estados do
Amazonas e Pará (Silva & Oliveira, 1998). C.
cernuum apresenta flores muito vistosas, em
geral diclinas. Na Reserva ocorrem tanto
plantas com inflorescências masculinas e
femininas, quanto plantas com inflorescências
com flores hermafroditas. Na Reserva C.
cernuum se desenvolve sempre entre as
bainhas foliares de Attalea oleifera Barb.
Rodr. Apresenta ocorrência registrada para os
estados das Regiões Sudeste e Sul do Brasil,
exceto o Paraná (Pabst & Dungs, 1975).
2. Comparettia coccinea Lindl., Sketch Veg.
SvvanR. 14: t. 68. 1838.
Figura 1 b
Erva epífita, ca. 43 cm alt. Pseudobulbo
verde-claros, ca. 2 cm compr., fusiforme, 1
folhados. Folha séssil; lâmina 4,9- 1 6 x 0,9- 1 ,5
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
SciELO/ JBRJ
13 14 15
cm ..
A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
141
I' igura 1. a. Catasetum cemuum; b. Comparettia coccinea', c. Cyrtopodium cardiochihinr, d-f Eltroplectris janeirensis ; g-
h. Encyclia patens\ i. Epidendrum densiflonmr, '}. E. secundum.
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
142
cm, oblanceolada, levemente sulcada na
nervura central, ápice arredondado, algumas
vezes acuminado. Inflorescência ca. 43 cm
compr., em racemo, pauciflora, laxa, pendente,
lateral. Pedúnculo verde-claro, ca. 35 cm
compr., ereto. Brácteas do pedúnculo
estramíneas, ca. 5 x 3 mm, lanceoladas, ápice
agudo. Brácteas florais 2-4 x 2 mm,
lanceoladas, ápice agudo. Flores pediceladas,
laranja-avermelhadas, calcaradas; pedicelo ca.
1,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 7 x 3 mm,
elíptica, côncava, livre, ápice agudo; sépalas
laterais ca. 6 x 2 mm, conatas, base do
sinsépalo estendido em cálcar; cálcar ca. 1,9
cm compr.; pétalas ca. 8 x 3 mm, lanceoladas,
ápice agudo, côncavas; labelo ca. 1 ,5 x 1 ,5 cm,
trilobado, com dois calos entre os lobos laterais;
lobos laterais muito reduzidos, ca. 1 mm larg.,
semicirculares; lobo central evidente, ca. 1 x
1,5 cm, bilobado, ápice retuso; coluna ca. 4
mm compr., ca. 3 mm diâm.; polínias não
vistas; ovário ca. 1 cm compr. Fruto não visto.
Material examinado; BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 01.IV.2000, P.C.L Faria
etal. s.n., íl. (CESJ 31100); 10.III.2002, L. S.
Fernandes s.n., fl. (CESJ 36624, MBM).
O gênero Comparettia possui 10 espécies
(Dressler, 1993), das quais duas são
registradas para o Brasil, C. coccinea e C.
paulensis Cogn. (Pabst & Dungs, 1977). C.
coccinea apresenta flores vistosas, de intensa
coloração laranja-avermelhada. Esta espécies
é uma das mais raras na Reserva tendo sido
observada apenas uma pequena população.
Distribui-se pelos estados da Região Sudeste,
Paraná e Distrito Federal (Pabst & Dungs,
1977).
3. Cyrtopodium cardiochilum Lindl., J. Hort.
Soc. London4: 266. 1849.
Figura 1 c
Erva rupícola. Pseudobulbos amarelos,
fusiformes, multifoliados, com bainhas
persistentes, amplectivas sobre o pseudobulbo.
Folhas dísticas, dispostas ao longo do
pseudobulbo; bainha foliar 6,5-8,5 x 1, 5-4,5 cm;
Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, k. C.
lâmina 19-60 x 2-7,5 cm, lanceolada, nervuras
longitudinais salientes, sésseis sobre a bainha,
ápice Iongo-acuminado. Inflorescência ca. 1,5
m compr., em panícula, multiflora, laxa, ereta,
lateral. Pedúnculo ca. 1 m compr., ereto.
Brácteas florais amarelas, 1-2 x 0,5-1 cm,
elípticas, ápice agudo a apiculado. Flores
pediceladas, amarelas; pedicelo ca. 2 cm
compr.; sépalas ca. 1,6 x 1,3 cm, orbiculares,
ápice arredondado; pétalas ca. 2 x 1,3 cm,
obovais, ápice arredondado; labelo amarelo, ca.
1,7 x 2,1 cm, trilobado, lobos laterais levemente
reniformes, ca. 7 x 9 mm, com máculas
vináceas, lobo central suborbicular, ca. 1,2 x
1,3 cm, ápice arredondado; coluna ca. 8 mm
compr., pé da coluna ca. 3 mm compr.; polínias
2, amarelas, ovais, ca. 1 mm compr., 1-
sulcadas, estipe ca. 1 mm compr., viscídio
castanho, triangular, ca. 1 mm larg.; ovário ca.
8 mm compr. Fruto imaturo ca. 3,5 cm compr.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 21.X.2001, F. R. G.
Salimena & P. H. Nobre 933, fl. (BHCB,
CESJ, CTES, MBM, SP, SPF, UB).
Cyrtopodium é um gênero amplamente
distribuído nas Américas, ocorrendo desde a
Flórida (EUA) até a Argentina, com centro de
diversidade no Brasil (32 espécies), mais
precisamente no Planalto Central Brasileiro
(Menezes, 2000). C. cardiochilum é
facilmente confundida com C. andersonii R.
Br. Segundo Menezes (2000) esta última
possivelmente ocorre no território brasileiro
apenas no estado do Amapá, sendo C.
cardiochilum a espécie das regiões serranas
de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Pode ser
facilmente diferenciada das demais espécies
encontradas na Reserva pelos pseudobulbos
longos e amarelos, pela ampla inflorescência
e pelas flores amarelas.
4. Eltroplectrís janeirensis (Porto & Brade)
Pabst, Bradea 1 (47): 469. 1974.
Figura 1 d-f
Erva terrestre, ca. 40 cm alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Folhas
Rodrigursia 53 (82): 137-156. 2002
SciELO/ JBRJ
13 14
A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
143
pecioladas; pecíolo róseo, 20-24 cm compr.;
lâmina verde, discolor, variegada, 16-19,5 x 9,5
cm, oval, base atenuada ápice acuminado.
Inflorescência ca. 15 cm compr., em espiga,
multiflora, laxa, ereta. Pedúnculo róseo, ca. 55-
68 cm compr., terminal, ereto. Brácteas do
pedúnculo castanhas, 1,6-2, 7 x 1 cm,
lanceoladas, ápice acuminado a longo-
acuminado, amplectivas sobre o pedúnculo.
Brácteas florais róseas, 1-1,8 x 0,2-0, 4 cm,
lanceoladas, ápice agudo a longo-acuminado.
Flores sésseis, verdes, calcaradas; sépala
dorsal 9x4 mm, lanceolada, côncava, ápice
agudo; sépalas laterais ca. 7x3 mm,
lanceoladas, ápice agudo; cálcar 1,2 cm
compr., formado pelo prolongamento das
sépalas laterais mais o pé da coluna, fundido
apenas na base; pétalas ca. 8 x 4 mm,
lanceoladas, levemente assimétricas, ápice
agudo; labelo ca. 1,7 x 0,5 cm, com a base
estreitada, oblonga, inserida dentro do cálcar,
expandindo aproximadamente a partir do meio
em uma lâmina trilobada, ca. 8 mm compr.,
lobo central triangular, ca. 4 x 2 mm, ápice
agudo, lobos laterais semicirculares, ca. 4 x 1
mm; coluna ca. 4 mm compr., rostrada; rostro
ca. 1 mm compr., filiforme; polínias não vistas;
ovário ca. 2,3 cm compr., fusiforme. Fruto não
visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 29.IV.2000, P.C.L. Faria
etal. s.n., fl. (CESJ 31136); 20.IV.2002, R. C.
Forzza et ai. 2171, fl. (CESJ, MBM).
O gênero Eltroplectris possui 13 espécies
(Dressler, 1993) nativas dos trópicos e
subtrópicos do continente americano (Garay,
1980). Para o Brasil são registradas dez
espécies (Pabst & Dungs, 1975; Campacci &
Kautsky, 1999). E. janeirensis apresenta
distribuição restrita aos estados de Minas
Gerais e Rio de Janeiro (Pabst & Dungs,
1975). Na Reserva foram observados poucos
indivíduos, sempre em locais úmidos e
sombreados. Dentre as espécies terrestres
encontradas na Reserva, é a única que possui
calcar evidente.
Rodrigufsia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
5. Encyclia patens Hook., Bot. Mag. 57: t.
3013. 1830.
Figura 1 g-h
Erva epífita, ca. 38 cm alt. Pseudobulbos
verde-claros, ca. 5,5 cm compr., piriformes, 2-3-
folhados. Folhas sésseis, apicais; lâmina 19-30 x
1,2-1, 7 cm, loriformes, ápice retuso.
Inflorescência 20-34 cm compr., em panícula,
pauciflora a multiflora, laxa, ereta, terminal.
Pedúnculo 10-14 cm compr. Brácteas do
pedúnculo estramíneas, 0,5-1 cm compr., obovais,
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo.
Flores pediceladas, creme com máculas
vináceas; pedicelo ca. 5 mm compr; sépala dorsal
ca. 1,4 x 0,4 cm, oblanceolada, ápice agudo;
sépalas laterais ca. 1,3 x 0,4 cm, elípticas, ápice
acuminado; pétalas ca. 1 ,4 x 0,5 cm, espatuladas,
ápice agudo; labelo ca. 1,2 x 1.5 cm, trilobado,
lobos laterais ca. 7 x 2 mm, oblongos, ápice
arredondado, lobo central 6x6 mm, orbicular,
ápice arredondado a apiculado; coluna ca. 7 mm
compr., com duas pequenas alas laterais próximas
do ápice; polínias 4, amarelas; ovário ca. 1 cm
compr. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 24. VI. 2000, F. R. G.
Salimena et al. s.n., fl. (CESJ 31246);
27.V.2001, V. R. Almeida et al. 7, fl. (CESJ);
VI.2001, R. M. Castro 538, fl. (CESJ, MBM).
Material adicional examinado: BRASIL.
RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro. Morro
Queimado, 22. V. 1972, D. Sucre et al. 9514,
fl. (RB); Petrópolis. ± 1100 m.s.m.. Araras,
16. VI. 1974, G. Martinelli 325, fl. (RB).
PARANÁ. Baía de Guaratuba, 12. VII. 1969,
R 1. S. Braga et al. 1674, fl. (RB).
Encyclia patens possui flores e hábito
semelhante à E. oncidioides Schltr., embora
tenha tanto o porte quanto as flores menores
do que esta (Castro Neto & Campacci, 2000).
Tem como um de seus sinônimos mais
conhecidos a E. odoratissima (Lindl.) Schltr.
Ocorre nos estados das Regiões Sul, Sudeste
e Bahia (Pabst & Dungs, 1977). Na Reserva
foram observados poucos indivíduos, ocorrendo
sempre na borda dos cursos d’água.
SciELO/ JBRJ
13 14
cm ..
144
6. Epidendrum densiflorum Hook., Bot.
Mag.67: t. 3791. 1840.
Figura 1 i
Erva rupícola ou epífita, ca. 1 malt. Caule
não intumescido em pseudobulbo. Folhas
numerosas, dísticas; bainha foliar ca. 3 cm
compr.; lâmina verde-escura, 11-18 x 3-5 cm,
elíptica, margem inteira, séssil sobre a bainha,
ápice agudo. Inflorescência ca. 23,5 cm
compr., em panícula, multiflora, laxa, ereta,
terminal. Pedúnculo verde, ca. 6,5 cm compr.,
ereto. Brácteas do pedúnculo 1-1,5 x 0,5 cm.
lanceoladas, ápice acuminado. Brácteas florais
5x3 mm, lanceoladas, ápice agudo a
acuminado. Flores castanho-amareladas,
pediceladas; pedicelo ca. 1,5 cm compr.;
sépalas 1,2 x 0,4 cm, oblanceoladas, côncavas,
ápice agudo; pétalas ca. 1,2 x 0,2 cm,
oblanceoladas, ápice agudo; labelo tetralobado,
ca. 0,8 x 1 cm; lobos laterais reniformes ca. 6
x 4 mm, com uma pequena reentrância próximo
à base; lobos centrais triangulares, 3x2 mm.
ápice agudo; disco com dois calos
arredondados na base da lâmina, próximos à
junção com a coluna, três calos transversais,
alongados, na região do disco, sendo o central
mais longo que os demais; coluna ca. 7 mm
compr.; polínias 4, levemente assimétricas, duas
maiores, ovais, duas menores, obovais; ovário
ca. 1 cm compr. Frutos verdes, 2-3 cm compr.,
fusiformes.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 07.V.2001, R. M. Castro
et al. 314, fr. (CESJ, MBM), 21.IX.2002, L
Menini Neto et al. 2, fl. (CESJ).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS. Carangola: 17.X.1989, L
S. Leoni s.n., fl. (CESJ 20943). Pirapitinga:
IX. 1989, S. M. S. Verardo & M. Brügger s.n.,
fl. (CESJ 24189). Ituiutaba: Fuma de São
Vicente, 15.IX.1948, s.c., fr. (RB 66365).
ESPÍRITO SANTO. Cultivada no Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, X.1939, s.c., fl.
(RB 4 147 1 ); ib. 2 1 .X. 194 1 , s.c. , fl. (RB 46205).
RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro. Baía de
Sepetiba, Ilha Furtada, 5.XI.1967, D. Sucre
Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
1883, fl. (RB). SÃO PAULO. Caçapava.
cultivada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
1935, P. Campos-Porto s.n., fl. (RB 37309).
PARANÁ. Parque Nacional do Iguaçú, Matas
do Palmital, 20. V. 1949, A. P Duarte 1898, fl.
(RB). Sem procedência, s.d., W. Schwacke
11100, fl. (RB).
Epidendrum é um dos maiores gêneros
dentro de Orchidaceae, possuindo cerca de 800
espécies distribuídas por todo continente
americano (Dressler, 1993). Para o território
brasileiro são referidas aproximadamente 100
espécies (Pabst & Dungs, 1975). E.
densiflorum apresenta ampla distribuição
geográfica, ocorrendo por toda América
Central e América do Sul (Pabst & Dungs,
1975). Na Reserva essa espécie foi
encontrada como epífita ou rupícola sempre
próxima de cursos d’água.
7. Epidendrum secundurn Jacq., Enum. Syst.
PI. 29. 1760.
Figura 1 j
Erva rupícola, 0,5-1 m alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Folhas
numerosas, dísticas; bainha foliar amplexicaule;
lâmina verde, 3-1 1 x 1,5-3 cm, oblongo-elíptica,
séssil sobre a bainha, ápice obtuso.
Inflorescência 4-22 cm compr., em corimbo,
multiflora, laxa, ereta, terminal. Pedúnculo
verde, ereto. Brácteas do pedúnculo 4-7 cm
compr., estramíneas, amplectivas sobre o
pedúnculo, ápice agudo. Brácteas florais 0,2- 1,5
x 0,3 cm, triangulares, ápice agudo a acuminado.
Flores róseas, pediceladas; pedicelo verde, ca.
1 ,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 8 x 3 mm, elíptica,
ápice agudo; sépalas laterais ca. 8 x 4 mm,
oblongo-Ianceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 9
x 2 mm, espatuladas, ápice agudo; labelo róseo
com disco alvo ou amarelo, ca. 9 x 4 mm,
trilobado, lobos laterais flabcliformes, fimbriados,
lobo mediano levemente bilobado, flabeliforme,
margem denteada, mais amplo que os laterais,
disco com calos multilobados projetando-se em
direção aos lobos laterais e central; coluna ca. 4
mm compr.; polínias 4. Frutos verdes ca. 1 ,9 cm
compr.
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
A família Orchidaccae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 10. VIII. 2001, R. M.
Castro et al. 583, fl./fr. (BHCB, CESJ, CTES,
HUFU, MBM, RB, SP, SPF, UB); 26.1.2002,
R. C. Forzza & B. K. S. Franco 2059, fl.
(BHCB, CESJ, MBM, UB).
Epidendrum secundam é uma espécie
com circunscrição bastante complexa. Barros
(1996, 2002) e Toscano-de-Brito ( 1995) tratam-
na como uma espécie única com grande variação
morfológica. Esta posição foi corroborada por
Pinheiro & Barros (2002), após a realização de
uma análise morfométrica com caracteres
vegetativos e florais de indivíduos do “complexo
Epidendrum secundam”. E. secundam
apresenta uma ampla distribuição geográfica,
ocorrendo por todo território brasileiro, norte da
América do Sul, América Central chegando até
0 México (Pabst & Dungs, 1975). Na Reserva
forma grandes populações, sempre como
rupícola nos afloramentos do Ribeirão do Grama.
8. Eurystyles actinosophila (Barb. Rodr.)
Schltr., Repert. Spec. Nov. Veg. Beih. 35: 39.
1925.
Figura 2 a-b
Erva epífita, ca. 4 cm alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Folhas séssil,
rosuladas; lâmina glauca, 1-2,6 x 0,5-1 cm,
espatulada, margem ciíiada, ápice acuminado.
Inflorescência ca. 3 cm compr., capituliforme,
multiflora, congesta, pendente, terminal.
Pedúnculo ca. 2,5 cm compr., piloso. Brácteas
do pedúnculo ca. 1 x 0,3 cm, rômbicas, margem
ciliada, ápice acuminado. Brácteas florais ca. 1,2
cm compr., rômbicas, margem ciliada, ápice
acuminado. Flores pediceladas, alvas, com as
peças eretas formando um tubo; sépalas ca. 4 x
1 mm, lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 3 x
0,5 mm, oblongas, justapostas à sépala dorsal,
ápice obtuso; labelo ca. 4 x 1 mm, triangular, com
duas projeções laterais na base, piloso próximo
ao ápice, ápice agudo; polínias não vistas; ovário
ca. 1 mm compr. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 21.11.2001, R. M. Castro
et al. 125, fl. (BHCB, CESJ, SP, UB); R. M.
Castro et al. 241, 01.IV.2001, fl. (CESJ);
VI. 2001, R. M. Castro 456, fl. (CESJ, MBM).
Material adicional examinado: BRASIL.
RIO DE JANEIRO. Paraty. Passando a I a
ponte, entrar à direita (sentido RJ/SP), 13 km
do trevo de Paraty, subindo o Rio Corisco,
29. VI. 1993, R. Marquete etal. 1064 , fl. (RB);
Resende. Itatiaia, III. 1942, A. C. Brade 18014,
fl. (RB).
O gênero Eurystyles possui 10 espécies
(Dressler, 1993) distribuídas por toda região
neotropical (Garay, 1980). Para o Brasil Pabst
& Dungs (1975) registraram quatro espécies.
E. actinosophila apresenta distribuição
geográfica restrita aos estados de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Na
Reserva são encontrados poucos indivíduos
distribuídos, em geral, próximo de cursos
d’água. E. actinosophila pode ser facilmente
diferenciada das demais espécies da área por
seu porte reduzido, suas folhas glaucas com
margens ciliadas e por sua inflorescência
congesta, capituliforme.
9. Gomesa recurva Lodd., Bot. Cab. t. 660.
1822.
Figura 2 c-e
Erva epífita, ca. 45 cm alt. Pseudobulbos
verdes, 5, 5-7,7 cm compr., levemente achatados,
2-foliados, com 1-2 bainhas foliadas, basais.
Folhas apicais; lâmina 18-36,5 x 1,5-3, 5 cm,
lanceoladas a oblanceoladas, ápice agudo a
acuminado. Bainhas foliadas verdes, dobradas
longitudinalmente 6,5-19 x 1,5-1, 5 cm,
lanceoladas, ápice agudo. Inflorescência 13,2-
39,5 cm compr., em racemo, multiflora, laxa,
recurvada, lateral. Pedúnculo verde, 6,6-17,5 cm
compr., recurvado. Brácteas do pedúnculo
verde-claras, 1, 5-2,5 x 0,3-0,5 cm, lanceoladas,
ápice agudo a acuminado. Brácteas florais verde-
claras, 2-12 x 1-2 mm, elípticas a lanceoladas,
ápice agudo a acuminado. Flores pediceladas,
amarelas a verde-amareladas; pedicelo ca. 0,8
cm compr.; sépala dorsal ca. 1 x 0,3 cm,
oblanceolada, ápice agudo a arredondado; sépalas
Rodriguésia 53 (82): 137- 156. 2002
SciELO/ JBRJ
13 14
146
Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
Figura 2. a-b. Eurystyles actinosophila; c-e. Gomesa recurva', f-g. Huntleya meleagrís', h-i. Oeceoclades maculata\ j-1.
Pleurothallis hypnicola.
Rodriguésia 53 (82): 137-156. 2002
cm 123456
SciELO/ JBRJ
A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
147
laterais ca. 1 x 0,5 cm, lanceoladas, ápice agudo,
conatas até a região mediana; pétalas ca. 9 x 3
mm, oblanceoladas, ápice agudo a arredondado;
labelo genuflexo ca. 1 x 0,4 cm, elíptico, ápice
agudo, com duas alas laterais e dois calos centrais
claviformes; coluna ca. 6 mm compr.; polínias
2, obovais, ca. 1,5 mm, amarelas, estipe ca. 1
mm compr., alvo, oblongo, viscídio ca. 1 mm
compr., castanho, triangular; ovário ca. 4 mm
compr. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 25.V.2000, P. C. L. Faria
etal. s.n., fl. (CESJ 31067); 10.1.2001, R. M.
Castro et al. 92, fl. (BHCB, CESJ, UB);
21.IV.2001, /?. M. Castro etal. 263, fl. (CESJ,
MBM); 27.1.2002, R. C. Forzza & B. K. S.
Franco 206S, 0. (CESJ, SP); 11.2002, P. C
L Faria á B. K. S. Franco s.n., ( CESJ 39080,
floresceu em cultivo em 11.2002); III.2002, R.
C. Forzza et al. s.n. (CESJ 39079, floresceu
em cultivo cm V.2002), 0. (CESJ); 21.1V.2002,
R. M. Castro et al. 263, fl. (CESJ).
Material adicional examinado: BRASIL.
PERNAMBUCO. Zona da Mata, 20.X.1968,
A. B. G. Ferreira s.n., fl. (HB 42192).
ESPÍRITO SANTO. Vargem Alta. 700
m.s.m., 24.V.1976, E. Lima s.n., fl. (HB
63524). MINAS GERAIS. São Mateus. Mata
do Rio do Peixe, 15. VI. 1968, V. Gomes 5, fl.
(HB); Estação Experimental de Água Limpa,
18.11.1968, V Gomes 03, fl. (HB); PARANÁ.
Guaraqueçaba. Serrinha, 08. III. 1968, G.
Hatschbach IS6S6, fl. (HB). SANTA
CATARINA. Palhoça. Morro Cambirela,
30.X. 1956, J. Rohr 2304, fl. (HB). RIO
GRANDE DO SUL. Serra do Matador,
25.1.1959, R. Reitz & R. Klein 8297, fl. (HB).
O gênero Gomesa possui 13 espécies
exclusivamente brasileiras (Dressler, 1993). G
recunm é a espécie de Orchidaceae mais
freqüente na Reserva, ocorrendo sempre à beira
dos córregos, muitas vezes formando grandes
populações que revestem os galhos das árvores.
Apresenta distribuição nos estados das Regiões
Sudeste e Sul do Brasil, exceto Rio Grande do
Sul (Pabst & Dungs, 1977).
Rodriguisia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
10. Huntleya meleagris Lindl., Bot. Reg. 23:
t. 1991. 1837.
Figura 2 f-g
Erva epífita, ca. 50 cm alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Folhas flabeladas,
dísticas; bainha foliar 3-9,5 x 2,5 cm; lâmina
levemente discolor, 25-37 x 1,5-4, 2 cm,
oblanceolada, com nervuras longitudinais
salientes, séssil sobre a bainha, ápice agudo.
Inflorescência uniflora. Pedúnculo 7,5-8 cm
compr., ereto. Brácteas do pedúnculo ca. 1,5 cm
compr., elípticas, amplectivas sobre o pedúnculo,
ápice agudo. Brácteas florais ca. 1,3 x 0,2 cm,
filiformes. Flores pediceladas, castanho-
avermelhadas, com sépalas e pétalas de base
alva a levemente amarelada; pedicelo 3-6,5 cm
compr.; sépalas 3-3,5 x 1 cm, lanceoladas, ápice
atenuado; pétalas ca. 2,5 x 1 cm, lanceoladas,
ápice atenuado; labelo alvo com ápice castanho,
ca. 2 x 1,4 cm, obovado, ápice apiculado, calo
com projeções fimbriadas; coluna alva, ca. 1,3
cm compr., com alas amarelo-esverdeadas;
polínias 4, amarelo-claras, ca. 3 mm compr., estipe
alvo, ca. 2 mm compr., levemente triangular,
viscídio ca. 1 mm, oval, levemente castanho;
ovário ca. 8 mm compr. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 11.XI.2001, V. R. Almeida
et al. 26, fl. (CESJ, MBM).
Material adicional examinado: BRASIL.
ESPÍRITO SANTO. Cachoeiro do Itapemirim.
Vargem Alta, 23. V. 1949, A. C. Brade 19881,
fl. (RB); sem procedência, 1914, P. Campos-
Porto 35, fl. (RB); sem procedência, IX. 1948,
A. C. Brade 19446, fl. (RB).
O gênero Huntleya inclui 10 espécies
(Dressler, 1993). Até o início da década de 1990,
//. meleagris era a única representante do gênero
registrada para o Brasil. Em 1992 foi citada 11.
lúcida (Rolfe) Rolfe, para a Amazônia (Silva &
Silva, 2000). H. meleagris ocorre nos estados
do Sul e Sudeste do Brasil e Bahia (Pabst &
Dungs, 1977). Pode ser facilmente diferenciada
das demais espécies de Orchidaceae da Reserva
pela presença de inflorescência uniflora e folhas
flabeladas e dísticas.
cm 1
SciELO/ JBRJ.
13 14 15 16 17 1 !
148
11. Liparis nervosa (Thunb. ex Murray)
Lindl., Gen. Sp. Orch. PI. p. 26. 1830.
Erva terrestre, ca. 15 cm alt. Pseudobulbo
vináceo, ca. 6,5 cm compr., fusiforme, 4-
folhado. Folhas sésseis, 1,8-25,5 x 1-8.5 cm,
imbricadas, lanceoladas a elípticas, ápice
agudo, nervuras longitudinais salientes.
Inflorescência 32-42,5 cm compr., em racemo,
laxa, ereta, terminal. Pedúnculo verde-claro,
18-20 cm compr., ereto. Brácteas do pedúnculo
ca. 1,2 x 0,2 cm, lanceoladas, ápice agudo.
Brácteas florais 4-8 x 2 mm, lanceoladas a
elípticas, ápice agudo. Frutos verdes ca. 1,5
cm compr., com o perianto persistente.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 23. III. 2002, R. C. Forzza
el aí. 2103, fr. (CESJ, MBM).
O gênero Liparis apresenta distribuição
cosmopolita e engloba cerca de 350 espécies
(Dressler, 1993), com apenas três ocorrendo
no Brasil (Pabst & Dungs, 1975). L. nervosa
destaca-se das demais espécies estudadas pela
presença de folhas largas, plicadas e pelos
pseudobulbos vináceos. Coletada apenas com
frutos, não foi possível a descrição de suas
flores. Apresenta ampla distribuição
geográfica, ocorrendo desde a América
Central até o sul do Brasil (Pabst & Dungs,
1975) e também no Japão. É uma espécie
comum em matas secundárias, vegetando
sobre detritos (Hoehne, 1949).
12. Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.,
Gen. Sp. Orch. Pl. p. 237. 1833.
Figura 2 h-i
Erva terrestre, ca. 15 cm alt. Pseudobulbo
verde-escuro, 2,5-3 cm. compr., piriforme, 1-
folhado. Folha séssil; lâmina foliar verde-clara,
variegada, 7,8-22 x 2-3 cm, elíptica, ápice
agudo. Inflorescência ca. 40-44 cm compr., em
racemo, pauciflora, laxa, ereta, lateral.
Pedúnculo verde-escuro, 18-22 cm compr.,
ereto. Brácteas do pedúnculo estramíneas, 2- '
3 x 0,7 cm, ovais, amplectivas sobre o
pedúnculo, ápice agudo. Brácteas florais
estramíneas, 0,3-1 x 0,2 cm, lanceoladas, ápice
Menini Neto, L, Almeida, V R., Forzza, R. C.
agudo. Flores pediceladas, calcaradas, creme-
esverdeadas; pediceloca. 1 cm compr.; sépala
dorsal ca. 1 x 0,3 cm, oblanceolada, ápice
arredondado; sépalas laterais ca. 1 x 0,3 cm,
falciformes, ápice agudo; pétalas ca. 1 x 0,3
cm, elípticas, ápice arredondado; labelo
tetralobado, alvo com duas máculas vináceas,
ca. 1,2 x 1 cm, cálcar claviforme, ca. 3 mm
compr., formado na base do labelo; lobos
laterais arredondados, com estrias vináceas;
lobos centrais orbiculares; coluna alva, ca. 4
mm compr.; ovário ca. 8 mm compr.; polínias
4, amarelas, ca. 0,5 mm. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 10. III. 2002, L. S.
Fernandes s.n., fl. (CESJ 36623); 18.V.2002,
A. V. Lopes et ai. 53, fl. (CESJ).
O gênero Oeceoclades possui cerca de
30 espécies com ocorrência predominantemente
no continente Africano (Dressler, 1993). Para o
Brasil, é registrada apenas O. maculata que
ocorre da Amazônia ao Rio Grande do Sul (Pabst
& Dungs, 1975). Pode ser facilmente
diferenciada das demais espécies de
Orchidaceae terrestres encontradas na Reserva
por possuir pseudobulbo piriforme, com apenas
uma folha variegada, e flores com duas máculas
vináceas no labelo.
13. Pleurothallis hypnicola Lindl., Ed\vards's
Bot. Reg. 28 (misc.): 75. 1842.
Figura 2 j-1
Erva epíFita, ca. 12 cm alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Ramicaule
verde, 2-3 cm compr., cilíndrico, 1-foliado;
bainhas 1-2 cm compr., amplexicaules, ápice
agudo. Folha peciolada, apical; lâmina verde-
clara, 6-11 x 1-2 cm, elíptica, margem inteira,
ápice agudo. Inflorescência 7,5-10,5 cm
compr., em cincínios, multiflora, laxa. terminal,
posicionada na axila das folhas. Pedúnculo
verde, 2,5-4,5 cm compr., ereto. Brácteas do
pedúnculo castanhas, ca. 2 mm compr., ovais,
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo.
Brácteas florais semelhantes às brácteas do
pedúnculo. Flores pediceladas, amarelas;
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
ciELO/JBRJ
cm ..
A família Orchidaceae na Resen a Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
pedicelo ca. 3 mm compr.; sépala dorsal ca. 4
x 2 mm, oblanceolada, ápice agudo, com
margem espessada na metade superior;
sépalas laterais ca. 4 x 2 mm, parcialmente
conatas, ápice agudo, margem espessada
próximo ao ápice; pétalas ca. 2 x 0,5 mm,
espatuladas, ápice agudo; labelo vináceo, ca.
2 x 1 mm, elíptico, ápice agudo; coluna creme,
ca. 2 mm compr., com alas triangulares; polínias
2, amarelas, ca. 0,5 mm compr.; ovário verde,
ca. 1 mm compr. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 21.IV.2002, R. C. Forzza
et al. 2187 , fl. (CESJ).
Material adicional examinado: BRASIL.
RIO DE JANEIRO. Resende. Itatiaia, próximo
à pensão Donati, 13. XI. 1954, G F J. Pabst
s.n ., fl. (HB 2567); Serra dos Órgãos, II. 1958,
H. Sick s.n., fl. (HB 8415). Rio de Janeiro.
Serra da Carioca, 22.IV. 1951, G. F. J. Pabst
SM., fl. (HB 2100). SANTA CATARINA. Ilha
de Santa Catarina. Sertão da Lagoa,
12.IV. 1952, J. A. Rohr 2183, fl. (HB).
Pleurotliallis é um megagênero de cerca
de 1000 espécies distribuídas por toda a Região
Neotropical (Dressler, 1993). Pleurotliallis
hypnicola ocorre nos estados das Regiões
Sudeste e Sul do Brasil (Pabst & Dungs, 1975).
É uma espécie de porte reduzido, epífita, com
os indivíduos apresentando, na área estudada,
sépalas e pétalas amarelas e labelo vináceo.
14 . Polystacliya concreta (Jacq.) Garay &
H.R. Sweet, Fl. Lesser Antilles 1:178. 1974.
Figura 3 a-b
Erva epífita, ca. 25 cm alt. Pseudobulbo
verde-claro, ca. 2,5 cm compr., fusiforme, 4-
folhado. Folhas imbricadas; bainha foliar, 4-9
cm compr.; lâmina levemente discolor, 0,5-21
x 0,7-3 cm, elíptica a lanceolada, margem
inteira, séssil sobre a bainha, ápice
arredondado. Inflorescência 19-35 cm compr.,
em panicula, multiflora, laxa, pendente,
terminal. Pedúnculo verde, 12-20 cm compr.,
ereto a levemente recurvado. Brácteas do
pedúnculo estramíneas, 2,5-6,2 cm. compr.,
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo.
Brácteas florais ca. 2 x 1 mm, triangulares,
ápice agudo a acuminado. Flores pediceladas,
não ressupinadas; pedicelo alvo, inconspícuo;
sépala dorsal amarela, ca. 2 x 1 mm, oval,
côncava, ápice agudo; sépalas laterais
amarelas, ca. 3 x 2 mm, ovais, margem inferior
convoluta próxima à base, ápice agudo; pétalas
amarelas, ca. 3 x 0,5 mm, oblongas a
oblanceoladas, ápice retuso; labelo alvo, ca. 3
x 3 mm, trilobado, ápice retuso, lobo central
com pseudopólen, calo ca. 1 mm compr.,
próximo à base do lobo central; coluna alva,
ca. 1 mm compr.; polínias não vistas; ovário
ca. 5 mm compr., fusiforme. Fruto verde, ca.
9 mm compr., fusiforme.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 11.2001, L. D. Meireles
s.n., fl./fr. (CESJ 33817); 27.V.2001, V. R.
Almeida et al. 6, fr. (CESJ, MBM); 24.11.2000,
P. C. Zampa s.n., fl. (CESJ 31037);
21. IV. 2001, R. M. Castro et al. 286, fr.
(CESJ).
O gênero Polystachya abriga cerca de
120 espécies, sendo predominantemente
africano (Dressler, 1993). Para o Brasil são
registradas 12 espécies. P. concreta apresenta
ampla distribuição no Brasil, ocorrendo desde
a Amazônia até o Rio Grande do Sul (Pabst &
Dungs, 1975). Na Reserva são encontradas
grandes populações desta espécie,
preferencialmente em locais mais úmidos.
15. Polystachya micrantha Schltr., Repert.
Spec. Nov. Regni Veg. Beih.35: 81. 1925.
Figura 3 c
Erva rupícola, ca. 7 cm alt. Pseudobulbo
verde-escuro, ca. 5 mm compr., oval, 4-
folhado. Folhas imbricadas; bainha foliar verde-
clara, ca. 1 cm compr. Lâmina verde-clara,
5,5-7, 5 x 0,6-1 cm., elíptica, margem inteira,
séssil sobre a bainha, ápice arredondado.
Inflorescência ca. 6,5 cm compr., em racemo,
pauciflora, laxa, ereta, terminal. Pedúnculo
verde, ca. 5 cm compr., ereto. Brácteas do
pedúnculo estramíneas, ca. 2 cm compr.,
Rodriguésia 53 (82): 137-156. 2002
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
150
Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
Figura 3. a-b. Polystachya concreta ; c. /’. micrantha; d. Prescottia stachyodes.;c-f. Psilochilus modestas; g-h. Sattroglossum
nitidum; i. Warrea warreana; j-1. Wullschlaegelia aphylla ; m. Xylobium variegatum.
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
151
amplectivas sobre o pedúnculo,
membranáceas, ápice acuminado. Brácteas
florais ca. 0,5 mm compr., triangulares, ápice
acuminado. Flores pediceladas, não
ressupinadas, verde-claras; pedicelo ca. 1 mm
compr.; sépala dorsal ca. 2 x 2 mm, oval,
côncava., ápice agudo; sépalas laterais ca. 3 x
2 mm, ovais, côncavas, margem inferior
convoluta próximo à base, ápice agudo; pétalas
ca. 2 x 0,5 mm, oblongas, ápice arredondado;
labelo trilobado, ca. 2 x 3 mm, ápice truncado,
calo castanho próximo à base do labelo; coluna
alva, ca. 1 mm compr.; polínias não vistas;
ovário ca. 2 mm compr., fusiforme. Frutos
imaturos verdes, ca. 8 mm compr., fusiformes.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represado Grama: 12.1.2002, L. Menini Neto
et cil. 1, fl./fr. (CESJ).
Polystachya micrantha é citada por
Pabst & Dungs (1975) apenas para o estados
de São Paulo e Rio Grande do Sul, de modo
que este é o primeiro registro da espécie para
0 estado de Minas Gerais. Na Reserva foram
observadas apenas duas pequenas populações
próximas de cursos d’água.
16 . Prescottia stachyodes (Sw.) Lindl.,
Edward’s Bot. Reg. 22: t. 1915. 1836.
Figura 3 d
Erva terrestre, ca. 50 cm alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Folhas
pecioladas; pecíolo castanho 33,5-43,5 cm
compr.; lâmina verde, variegada, 22-23,5 x 1 1-
14 cm, elíptica, base cuneada a atenuada,
margem inteira, ápice agudo. Inflorescência ca.
1 m compr., em espiga, multiflora, laxa, ereta,
terminal. Pedúnculo róseo, 8 1,5-86 cm compr.,
ereto. Brácteas do pedúnculo castanhas a
levemente rosadas, 2-8,5 cm compr.,
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo.
Brácteas florais creme, 0,5- 1,5 x 0,1 -0,5 cm,
diminuindo de tamanho em direção ao ápice,
lanccoladas, ápice longo-acuminado. Flores
sésseis, cremes a verdes, não ressupinadas;
sépala dorsal ca. 3 x 1 mm, elíptica, recurvada,
ápice agudo; sépalas laterais ca. 3 x 1 mm,
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 2 x 0,5
mm, oblongas, recurvadas, ápice arredondado;
labelo ca. 2 x 2 mm, cuculado, com duas
aurículas na base; coluna ca. 2 mm compr;
polínias não vistas; ovário ca. 6 mm compr.
Fruto ca. 1 cm compr., fusiforme.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 30. IX. 2000, L. D.
Meireles et al. s.n., fl. (CESJ 31444, SP);
01.IX.2001, R. C. Forzza et al 1849, fl.
(CESJ); 31.X.2001, R. M. Castro et al. 655,
fl. (CESJ).
Material adicional examinado: BRASIL.
RIO DE JANEIRO. Paraty. Morro da Pedra
Rolada, ca. 400 m.s.m., APA Cairuçú,
23.VIII.1995, M. G. Bovini et al. 873, fl.
(RB). Rio de Janeiro. Vertente do Sumaré,
VII. 1969, D. Sticre 5749, fl. (RB).
Prescottia é um gênero com 21 espécies
(Dressler, 1993), das quais 17 são registradas
para o Brasil (Pabst & Dungs, 1975). P.
stachyodes apresenta ampla distribuição
geográfica ocorrendo do México ao sul do
Brasil. E uma espécie relativamente comum
na Reserva, onde indivíduos isolados são
encontrados em vários pontos dentro da mata,
sempre em locais sombreados e úmidos.
17 . Psilochilus modestus Barb. Rodr., Gen.
Sp. Orchid. 2: 273. 1882.
Figura 3 e-f
Erva terrestre, ca. 30 cm alt. Caule
cilíndrico, não intumescido em pseudobulbo.
Folhas rosuladas, sésseis; bainha foliar 3,4-4
cm compr., a metade inferior amplexicaule, a
metade superior livre. Lâmina foliar discolor,
7,8-9,4 x 4,5-4, 8 cm, oval, margem levemente
revoluta, ápice agudo. Inflorescência ca. 1,3
cm compr., em racemo, pauciflora, ereta,
terminal. Pedúnculo ca. 2 cm compr., ereto.
Brácteas do pedúnculo semelhantes à lâmina
foliar, ca. 3,8 x 1,6 cm. Brácteas florais ca. 1
cm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores
pediceladas; pedicelo ca. 1 cm compr.; sépala
dorsal ca. 2,3 x 0,2 cm, lanceolada, ápice
agudo; sépalas laterais ca. 2,3 x 0,3 cm,
BciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
152
lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 2 x 0.2
cm, lanceoladas, ápice agudo; labelo trilobado,
ca. 1,8 x 0,7 cm, lobos laterais levemente
triangulares, ca. 2 mm compr., ápice agudo,
lobo central orbicular, ca. 5 x 4 mm; coluna
ca. 1,3 cm compr.; polínias não vistas; ovário
ca. 3 cm compr. Fruto não visto.
Material examinado; BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 21.IV.2002, R. C. Forzza
et al. 2192, fl. (CESJ).
Material adicional examinado: BRASIL.
ESPÍRITO SANTO. Domingos Martins.
23.III.1976,/?. Kautsky 539, 0. (HB); 13.11.1978,
R. Kautsky 581, fl. (HB). SÃO PAULO.
Angatuba. Fazenda do Serviço Florestal:
23.11.1966, M. Emmerich & R. Dressler 2841 ,
fl. (HB). SANTA CATARINA. Araguari. Barra
do Sul, 08.IV. 1953, R. Reitz & R. Klein 506, fl.
(HB); Ilha de Santa Catarina. Sertão da Lagoa,
12.X. 1958, J. A. Rohr 2340, (HB); sem
procedência, 26.11.1951, J. A. Rohrs.n., fl. (HB
2038).
O gênero Psilochilus possui sete
espécies (Dressler, 1993) das quais apenas P.
modestus e P. dusenianus Kraenzl. ex Garay
& Dunst. ocorrem em território brasileiro
(Pabst & Dungs, 1975). P modestus apresenta
distribuição nos estados das Regiões Sul e
Sudeste do Brasil. Na Reserva apenas poucos
indivíduos isolados foram observados.
18. Sauróglossum nitidum (Vell.) Schltr.,
Beih. Bot. Centralbl. 37: 376. 1920.
Figura 3 g-h
Erva terrestre ca. 45 cm alt. Caule não
intumescido em pseudobulbo. Folhas rosuladas,
com a base estreitada, canaliculada, séssil;
lâmina verde, 20-35 x 4, 5-7,5 cm, elíptica,
margem inteira, ápice agudo. Inflorescência 35-
100 cm compr., em racemo, ereta, multiflora,
laxa, terminal. Pedúnculo 25-80 cm compr.,
verde, ereto, pubérulo. Brácteas do pedúnculo
verdes, 2-15 x 0,5- 1,5 cm, sendo as inferiores
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice
acuminado. Brácteas florais 0,5-2 x 0, 2-0,5 cm,
pubérulas na face abaxial, ápice acuminado.
Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
Flores pediceladas; pedicelo verde, ca. 3 mm
compr.; sépala dorsal verde, ca. 8 x 3 mm,
oblanceoladas, pubérulas, ápice levemente
arredondado; sépalas laterais verdes, ca. 1 x
0,3 cm, oblongas, pubérulas, ápice
arredondado; pétalas verdes, ca. 8 x 2 mm,
espatuladas, pubérulas, ápice arredondado;
labelo ca. 9 x 5 mm, dois calos na base
próximos à margem, ápice retuso, levemente
revoluto; coluna ca. 6 mm compr.; polínias 4,
ca. 2 mm, cremes; viscídio castanho, 0,5 mm,
oval; ovário ca. 1 cm compr., fusiforme,
pubérulo. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: VI.2001, R. M. Castro
452, fl. (CESJ); 16.11.2002, R. C. Forzza et
al. 2210, fl. (CESJ, MBM).
O gênero Sauroglossum apresenta 9
espécies (Dressler, 1993) ocorrentes na
América do Sul, dentre as quais apenas S.
nitidum ocorre no Brasil. Tem sua distribuição
geográfica registrada para DF, MG, RJ, SP,
PR, RS e a Argentina (Pabst & Dungs, 1975).
S. nitidum é uma espécie comum na área da
Reserva, encontrada em vários pontos no
interior da mata, sempre com indivíduos
isolados.
19. Vanilla cf. gardneri Rolfe, Buli. Misc.
Inform. Kew 177. 1895.
Erva lianescente. Caule não intumescido
em pseudobulbo. Folhas sésseis, dispostas
disticamente ao longo do caule. Lâmina verde,
12-14 x 3-3,5 cm, elíptica, ápice acuminado,
margem levemente revoluta. Inflorescência ca.
3 cm compr., em racemo, pauciflora, laxa,
lateral; brácteas florais ca. 4 x 4 mm,
triangulares, ápice agudo, côncavas. Flores não
vistas. Frutos verdes, 5-9 cm compr.,
fusiformes.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 23.III.2002, R. C. Forzza
et al. 2115, fr. (CESJ).
O gênero Vanilla apresenta distribuição
Pantropical e abriga cerca de 100 espécies
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
A família Orchidaceae na Resenha Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
153
(Dressler, 1993), das quais 30 são encontradas
em território brasileiro (Pabst & Dungs 1975).
Vanilla cf. gardneri foi coletada apenas em
fruto o que impossibilitou a identificação mais
precisa do material. Pode ser facilmente
diferenciada das demais espécies de
Orchidaceae da Reserva pelo hábito
lianescente.
20. Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C.
Schweinf., Bot. Mus. Leafl. 17: 55. 1955.
Figura 3 i
Erva terrestre, l-l,10malt. Pseudobulbos
verdes, ca. 7 cm compr., fusiformes,
multifoliados. Folhas basais sésseis, 16-33 x 3
cm, lanceoladas, nervuras longitudinais
salientes, ápice agudo. Folhas apicais
pecioladas; pecíolo 19-37 cm compr.; lâmina
verde, ca. 75 x 11 cm, elíptica, nervuras
longitudinais salientes, ápice acuminado.
In florescência 85-123 cm compr., em racemo,
multiflora, laxa, ereta, lateral. Pedúnculo verde,
70-86 cm compr., ereto. Brácteas do pedúnculo
1,5-3, 5 x 1,5 cm, ovais, ápice agudo,
amplectivas sobre o pedúnculo. Brácteas
florais verdes, 0,5- 1 x 0,5 cm, lanceoladas, ápice
agudo. Flores pediceladas; pedicelo verde, ca.
1,5 cm compr.; sépala dorsal alva, levemente
esverdeada na face externa, ca. 2,7 x 1,8 cm,
oboval, ápice agudo; sépalas laterais alvas, ca.
2,7 x 1,8 cm, oblongas, margem inferior
convoluta até próximo à metade do
comprimento, ápice agudo; pétalas alvas, ca.
2,4 x 1,6 cm, elípticas, ápice agudo; labelo
vináceo com base levemente amarelada, ca.
2,2 x 2,2 cm, Iargamente obovado, com três
calos longitudinais basais, ápice retuso; coluna
alva, ca. 1,2 cm compr., rostrada; rostro
triangular, ca. 2 mm compr.; pé da coluna ca.
5 mm compr.; polínias 4, amarelo-claras, 2 mm,
ovais; viscídio pentagonal, ca. 2 mm larg.;
ovário ca. 1 cm compr. Frutos imaturos verdes,
ca. 4,5 cm compr.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 20.IV.2002, R. C. Forzza
et al. 2JS0, fl. (CESJ).
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002
Material adicional examinado: BRASIL.
PARANÁ. Guairá. Usina Hidrelétrica de Sete
Quedas: 24.1.1967, G. Hatschbach 15901, fl.
(HB); s.d., G. Hatschbach & Haas s.n., fl.
(HB 41712).
Warrea é um gênero com apenas quatro
espécies (Dressler, 1993), das quais somente
IV. warreana é registrada para o território
brasileiro, com ocorrência em matas úmidas
nos estados das Regiões Sudeste e Sul do Brasil
(exceto Santa Catarina) e na Argentina (Pabst
& Dungs, 1977).
21. Wullschlaegelia aphylla (Sw.) Rchb. f.,
Bot. Zeitung (Berlin) 21: 131. 1863.
Figura 3 j-1
Erva saprófita, 25-45 cm alt. Caule não
intumescidos em pseudobulbos. Áfila.
Inflorescência 24-47 cm compr., em racemo,
multiflora, laxa, ereta, terminal. Pedúnculo
ereto, 1 5-29 cm compr. Brácteas do pedúnculo
ca. 5 x 2 mm, lanceoladas, ápice acuminado.
Brácteas florais ca. 5 x 2 mm, diminuindo de
tamanho em direção ao ápice da inflorescência
lanceoladas, membranáceas, ápice acuminado.
Flores pediceladas, não ressupinadas; pedicelo
ca. 3 mm compr.; sépala dorsal ca. 2 x 1 mm,
elíptica, ápice arredondado; sépalas laterais 2
x 1 mm, elípticas, ápice arredondado; pétalas
1 x 0,5 mm, elípticas, ápice arredondado; labelo
cuculado, 2 x 1 mm, ápice agudo, com dois
calos esféricos, escuros, próximos à base;
polínias não vistas. Frutos alvos, ca. 1 cm
compr., ovais.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: 27.1.2002, R. C. Forzza
et al. 2067, fr. (BCHB, CESJ, CTES, HUFU,
MBM, RB, SP, SPF, UB).
Material adicional examinado: BRASIL.
MATO GROSSO. Serra Ricardo Franco, 800
m.s.m., XII. 1977, P. G Windisch 1800, fl.
(HB). GOIÁS. Corumbá de Goiás. Rodovia
para Niquelândia, 28.1.1968, H. S. Irwin etal.
42718, fr. (HB). RIO DE JANEIRO. Rio de
Janeiro. Corcovado, s.d., VV Schwacke 8981,
fr. (RB); Matas do Pai Ricardo, 21.11.1945, T
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
154
Occhioni s.n., fr. (RB 132041); Grota do Pai
Ricardo, entre 500-550 m.s.m., 22.XII.1971,
D. Sucre 8147, fr. (RB); Matas da Lagoinha,
21.1.1945, T Occhioni 94, fr. (RB).
PARANÁ. Ponta Grossa. Parque Vila Velha,
s.d., G. Hatschbach & O. Guimarães 16503,
fl./fr. (HB).
Wullschlaegelia é um gênero com
apenas duas espécies saprófitas, W. aphylla
e \V. calcarata Bcnth. (Bom et al., 1999). W.
calcarata ocorre desde a República
Dominicana até o norte do Brasil e apresenta
flores ressupinadas. W. aphylla apresenta
ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde
a América Central até o Paraguai e possui
flores não ressupinadas. Na revisão recente
do gênero (Bom et al. 1999) esta espécie é
citada para Minas Gerais apenas por uma
coleta realizada em 1865. Na Reserva foi
observada uma grande população, ocorrendo
em local muito sombreado e com serapilheira
abundante.
22. Xylobium variegatum (Ruiz & Pav.)
Garay & Dunst., Venez. Orchid. III. 2: 11. 1961.
Figura 3 m
Erva epífita, ca. 50 cm alt. Pseudobulbos
verde-escuros, 4-9 cm compr., fusiformes a
ovais, 2-folhados, envoltos por bainhas
paleáceas. Folhas pecioladas; pecíolo 7-1 1 cm
compr.; lâmina foliar verde 29-39 x 2,5-6,5 cm,
elíptica, base atenuada, nervuras longitudinais
salientes, ápice acuminado. Inflorescência 17-
24 cm compr., em racemo, pauciflora, laxa,
ereta, lateral. Pedúnculo 7-10 cm compr., ereto.
Brácteas do pedúnculo castanho-claras, 1,5-4
cm compr., amplectivas ao pedúnculo,
paleáceas, ápice agudo. Brácteas florais alvas,
1-2,5 x 0,2-0, 4 cm, lanceoladas, ápice
acuminado. Flores pediceladas; pedicelo
creme-esverdeado a vináceo, ca. 8 mm.
compr.; sépalas alvas, com estrias vináceas na
face abaxial, recurvadas; sépala dorsal ca. 1,7
x 0,5 cm, oblongo-lanceolada, ápice acuminado;
sépalas laterais ca. 2 x 0,6 cm, lanceoladas,
base assimétrica, ápice acuminado; pétalas
alvas com estrias vináceas na face adaxial, ca.
Menini Neto. L, Almeida, V. R., Forzza, R. C.
1,5 x 0,4 cm, recurvadas, lanceoladas, ápice
acuminado; labelo trilobado, alvo com estrias
e lobo central vináceos, ca. 1 ,6 x 0,6 cm, lobos
laterais verruculosos no ápice e lobo central
totalmente verruculoso, calo longitudinal creme,
no centro do labelo, ca. 5 mm compr.; coluna
creme, ca. 0,5 cm compr., pé da coluna ca. 0,3
cm compr.; polínias 4, amarelo-claras, ca. 0, 1
cm compr.; ovário ca. 0,8 cm compr. Frutos
castanho-escuros, ca. 3 cm compr.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama, 11. XI. 2001, V. R. Almeida
et al. 24, fl./fr. (BHCB, CESJ, MBM, UB).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS. Olaria. Desfiladeiro do
Funil, Rio do Peixe, 1. 1998, M. Briigger et al.
s.n., fr. (CESJ 30054). ESPÍRITO SANTO.
Domingos Martins. 10.1.1947, L. Krieger s.n.,
fl. (CESJ 15155).
O gênero Xylobium apresenta 30 espécies
(Dressler, 1993), das quais apenas quatro são
registradas para o Brasil (Pabst & Dungs,
1977). X. variegatum apresenta ampla
distribuição geográfica ocorrendo nos estados
do PA, RJ, SP, PR, SC, MT e na Costa Rica,
Venezuela, Equador, Peru e Bolívia (Pabst &
Dungs, 1977).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A grande maioria dos levantamentos
florísticos realizados para as florestas de Minas
Gerais, se concentram no extrato arbóreo e
arbustivo. Os estudos de flora que contemplam
famílias de Monocotiledôneas em Minas
Gerais, em geral são realizados nos campos
rupestres. Para a Zona da Mata de Minas
Gerais apenas três estudos foram
desenvolvidos para Orchidaceae (Leoni, 1991,
1993 e 1994) todos para o Leste da Zona da
Mata.
Para a Serra do Araponga, Leoni (1991)
registrou 63 espécies, das quais 7 ocorrem na
Reserva Biológica da Represa do Grama:
Encyclia patens (citada como E.
odoratissima), Epidendrum densiflorum
(citado como E. paniculatum) E. secundam
Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 150 . 2002
SciELO/JBRJ
13 14
A família Orchidaceae na Resena Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
155
(citado como E. cf. elongatum Jacq.),
Polystachya concreta (citada como P.
estrellensis Rchb. f.), Gomesa recurva e
Pleurothal I is hypn icola.
Para o município de Carangola, Leoni
(1993) registrou 162 espécies. Dentre estas,
12 ocorrem na Reserva: Catasetum cemuum,
Encyclia patens (citada como E.
odoratissima), Epidendrum densiflontm
(citado como E. paniculatum), E. secundum
(citado como E. aff. elongatum), Eurystyles
actinosophila, Gomesa recurva, Liparis
nervosa, Oeceoclades maculata,
Polystachya concreta (citada como P.
estrellensis ), Pleurothallis hypnicola,
Warrea warreana (citada como W. tricolor
Lindl.) e Xylobium variegatum.
Nos levantamentos supracitados, 13
espécies ocorrentes na Reserva não foram
registradas: Campylocentrum linearifolium,
Comparettia coccinea, Polystachya
micrantha, Liparis ner\’osa, Sauroglossum
nitidum, Cyrtopodium cardiochilum,
Eltroplectris janeirensis, Huntleya
meleagris, Prescottia stachyodes,
Psilochilus modestus, Vanilla cf. gardneri,
Xylobium variegatum e Wullschlaegelia
aphylla. Estas espécies indicam que diversos
fragmentos florestais devem ser inventariados
e conservados para que a verdadeira riqueza
das matas estacionais de Minas Gerais seja
conhecida e conservada.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAPEMIG,
CNPq e UFJF pelas bolsas concedidas. A
Patrícia Carneiro Lobo Faria, coordenadora do
projeto de inventário florístico da Reserva, pelo
apoio nas diversas etapas deste estudo. À
Viviane Scalon, Cláudio Nicoletti e a dois
assessores anônimos pelas valiosas sugestões.
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13 14 15 16 17 18 19
cm ..
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
Rodriguésia é uma publicação semestral
do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, que tem por objetivo a
divulgação de trabalhos de cunho científico e/
ou técnicos, relativos à biologia vegetal e à
descrição de espécies novas, além de matérias
ligadas à história e às atividades do Jardim
Botânico, bem como notas prévias, resenhas
bibliográficas e trabalhos sobre o meio
ambiente.
Instruções aos autores
Os artigos submetidos devem ser
concisos (máximo de 30 páginas de texto) e
encaminhados por meio digital (disquete 3,5
ou disco para ZipDrive 100 Mb) e 3 vias
impressas. Devem ser endereçados à
Comissão de Publicações do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, no seguinte endereço: Rua
Pacheco Leão 915 - Rio de Janeiro - RJ -
Brasil CEP: 22460-030 -Tel: (0XX21)2294-
6012 / 2294-6590 Fax: (0XX21) 2259-5041
ou 2274-4897.
Todos os artigos serão submetidos a 2
consultores ad hoc. Aos autores será
solicitado, quando necessário, modificações ou
até mesmo reesecrever seus textos de forma
a adequar às sugestões dos revisores e
editores. Artigos que não estiverem nas
normas descritas serão devolvidos. Podem ser
publicados artigos em português, espanhol ou
inglês.
Será enviado aos autores as provas, que
deverão ser devolvidas à Comissão em no
máximo 5 dias úteis a partir da data do
recebimento. Os trabalhos, após a publicação,
ficarão disponíveis em formato digital (PDF
da AdobeAcrobat) no site do Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
(http://www.jbrj.gov.br) e serão fornecidas 10
(dez) separatas após a impressão.
Preparação do texto
Os autores devem utilizar
preferencialmente o editor do texto Microsoft
Word, podendo também ser editado em Word
Perfect, fonte Times New Roman, tamanho da
fonte 12, espaçamento entre linhas 1,5.
Os manuscritos devem ser formatados em
tamanho A4, com margens de 2,5 cm. Todas
as páginas, exceto a do título, devem ser
numeradas. Originais em frente e verso não
serão aceitos. As letras maiusculas devem ser
utilizadas apenas onde as palavras, de acordo
com a língua portuguesa, exigirem iniciais
maiusculas. Manuscritos inteiramente escritos
em caixa alta não serão considerados.
As palavras em latim devem estar em
itálico, bem como os nomes científicos,
genéricos e infra-genéricos. Os nomes
científicos dos táxons deverão seguir as normas
do Código de Nomenclatura Botânica em sua
última edição. O nome dos autores de táxons
devem ser citados segundo a obra Authors of
Plant Names (Brummitt 1992).
1. Página dc título - deve incluir o título,
autores, instituições, apoio financeiro e endereço
do autor responsável pela correspondência. O
título deverá ser conciso e objetivo,
expressando a idéia geral do conteúdo do
trabalho. Deve ser escrito em negrito com letras
inaiúsculas utilizadas apenas onde as letras e
as palavras devam ser publicadas em
inaiúsculas; palavras em latim e nomes
cirentíficos, genéricos e infra-genéricos, devem
estar em itálico e negrito .
2. Nota de rodapé - deve incluir endereço,
e-mail, quando houver, e o nome da instituição
do(s) autor(es). Indicação dos nomes da(s)
entidade(s) patrocinadora(s), caso hajam,
podem ser mencionados.
3. Resumo c Abstract — deve proporcionar
uma visão geral do trabalho, com os resultados
e conclusões mais relevantes, sem referências
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
bibliográficas. Cada resumo deve ter de 100 a
200 palavras. Ao final do resumo 5 palavras-
chave deverão ser indicadas.
4. Introdução, Material e Métodos,
Resultados e Discussão - podem ser
omitidos apenas em trabalhos sobre a descrição
de novos táxons, mudanças nomenclaturais ou
similares. Os títulos (Introdução, Material e
Métodos, etc.) deverão ser centralizados e em
negrito; os subtítulos devem ser sublinhados.
Nos trabalhos taxonômicos será indicado
apenas o material examinado, obedecendo a
seguinte ordem: local e data de coleta, nome e
número do coletor, bot., fl., fr., bot. (fases
fenológicas) e sigla(s) do herbário(s) entre
parêntesis, segundo Index Herbarioriun. Os
nomes dos países e dos estados brasileiros
deverão ser citados por extenso, em ordem
alfabética e caixa alta, seguido dos respectivos
materiais estudados. Um parágrafo deverá
separar a coleção estudada de um país para
outro. No caso do material examinado ser
relativo apenas a localidades brasileiras, os
estados poderão ser separados por parágrafos.
5. Referencias Bibliográficas - cada
referência citada no texto deve estar listada
neste tópico. As referências no texto devem
ser citadas com o sobrenome do autor(es), com
apenas a inicial em caixa alta, seguido do ano.
Quando existirem mais de 2 autores, o primeiro
nome deve ser seguido de et al. Exemplos:
Miller (1993), Miller & Maier (1994), Baker
et ai (1996) ou (Miller, 1993), (Miller & Maier,
1994), (Baker et ai, 1996). As referências
bibliográficas devem ser relacionadas em
ordem alfabética, pelo sobrenome do primeiro
autor, com apenas a primeira letra em caixa
alta, seguido de todos os demais autores.
Quando houver repetição do mesmo autor(es),
o nome do mesmo deverá ser substituído por
um travessão; quando o mesmo autor publicar
váruios trabalhos num mesmo ano, deverão ser
acrescentadas, por ordem de publicação, letras
alfabéticas após a data.
a) Artigos de periódicos - citar o sobrenome
do autor(es) com a primeira letra em caixa alta,
prenome ou demais nomes abreviados, ano da
publicação seguido de ponto; título completo
do artigo; título do periódico por extenso em
negrito; número do volume em negrito; número
do fascículo ou parte, se houver, dentro de
parêntesis; dois pontos, o número de páginas,
estampas e figuras, se houver.
Exemplos:
Ragonese, A. M. 1960. Ontogenia de los
distintos tipos de tricomas de Hibiscus
rosa-sinensis L. (Malvaceae).
Darwiniana 12(1): 59-66.
Tolbert, R. J. & Johnsos, M. A. 1966. A survey
of the vegetative shoot ápices in the
family Malvaceae. American Journal
of Botany 53(10): 961-970.
b) Livros e outras publicações avulsas -
citar o sobrenome do autor(es) com a primeira
letra em caixa alta, prenome ou demais nomes
abreviados, ano da publicação seguido de
ponto; título completo em itálico ou no caso de
obras clássicas de trabalhos taxonômicos,
apenas a primeira parte do título, seguido de
três pontos (...); número da edição, se houver;
local da publicação (cidade); nome do editor(a);
número do volume, quando houver; número de
páginas e estampas ou figuras.
Exemplos:
Cutter, E.G. 1978. Plant anatomy Part 1.
Cells and Tissues. London. E. Arnold,
315p.,il.
Engler, H.G.A.1878. Araceae. In: Martius,
C.F.P. von; Eichler, A.W. & Urban, I.
Flora Brasiliensis. Munchen, Wien,
Leipzig, v.3, part 2, p. 26-223, est. 6-52.
• 1930. Liliaceae. In: Engler, H.G.A.
& Plantl, K.A.E. Die Naturlichen
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig
(Wilhelm Engelmann). v. 15 p. 227-386
fig. 158-159.
Sass, J.E. 1951. Botanical microtechnique.
2 ed. Iowa, Iowa State College Press, 228 p.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
6. Tabelas - devem ser apresentadas em
preto e branco, com títulos que permitam
perfeita identificação, numerados
progressivamente com caracteres arábicos e
com indicação de entrada no texto. No texto
as tabelas devem ser sempre citadas de acordo
com os exemplos abaixo:
“Os resultados das análises
fitoquímicas são apresentados na
Tabela 2...”
“Apenas algumas espécies
apresentam indumento (Tab. 1)...”
7. Ilustrações - fotos, mapas e gráficos
devem ser em preto e branco e possuir bom
contraste. Todas as ilustrações devem ser
agrupadas em pranchas e montadas em papel
separado tipo canson. As fotos devem ser
agrupadas sem espaço entre elas. Desenhos
e gráficos devem ser montados separadamente
das fotografias. As pranchas devem possuir o
tamanho da página (15 cm x 22 cm) ou meai
página do periódico. As fotos e desenhos
agrupados devem formar um retângulo
simétrico. Cada figura da prancha deve ser
numerada em algarismos arábicos e indicada
no texto por ordem de entrada. O aumento
utilizado nas figuras deve ser indicado por
barra, o aumento numérico pode também ser
indicado na legenda. A numeração das figuras,
bem como os detalhes nelas inseridos devem
ser assinalados com “letrasef ’ ou similar em
papel transparente (tipo manteiga), colado na
parte superior da prancha, de maneira a
sobrepor o papel transparente à prancha,
permitindo que os detalhes apareçam nos
locais desejados pelo autor. Detalhes e
numeração à mão livre não serão aceitos.
Ilustrações de baixa qualidade resultarão na
devolução do manuscrito.
No texto as figuras devem ser sempre citadas
de acordo com os exemplos abaixo:
“Evidencia-se pela análise das Figuras
25 e 26....”
“Lindman (Fig. 3) destacou as seguintes
características para as espécies...”
SciELO/ JBRJ
13 14 15
ISSN 0370-6583
RODRIGUÉSIA
Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Volume 55 Número 85 2004
SciELO/JBRJ
RODRIGUÉSIA
Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Volume 55 Número 85 2004
1
JARDIM BOTÂNICO
00 RIO DE MIRO
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17
cm ..
INSTITUTO DE PESQUISAS
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
Rua Jardim Botânico 1008 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: 2294-6012 - CEP 22460- 1 80
© JBRJ
ISSN 0370-6583
Presidência da República
LUIS INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente
Ministério do Meio Ambiente
MARINA SILVA
Ministra
CLÁUDIO LANGONE
Secretário Executivo
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
LISZT VIEIRA
Presidente
Rodriguésia
A Revista Rodriguésia publica artigos e notas
científicas em todas as áreas da Biologia Vegetal,
bem como em História da Botânica e atividades
ligadas a Jardins Botânicos.
Comissão de Publicação
Claudia Franca Barros
Rafaela Campostrini Forzza
Vidal de Freitas Mansano
Ricardo Cardoso Vieira
Lana da Silva Sy lvcstrc
Editoração
Carla M. M. Molinari
Edição on-line
Renato M. A. Pizarro Drummond
Secretária
Gcorgina M. Macedo
Ficha catalográfica:
Rodriguésia: revistado Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. -- Vol.l, n.I (1935) - .
- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1935-
v. : il. ; 28 cm.
Semestral
inclui resumos em português e inglês
ISSN 0370-6583
1. Botânica - Periódicos brasileiros I. Jardim
Botânico do Rio de Janeiro
CDD - 580.5
CDU -58(01)
SciELO/JBRJ
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Sumário
Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro 5
Marta Camargo de Assis
Passifwra L. subgênero Decaloba (DC.) Rchb. (Passifloraceae) na
Região Sudeste do Brasil 1 7
Michaele Alvim Milward de Azevedo & José Fernando A. Baumgratz
Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara,
Piauí, Brasil 55
Jesus Rodrigues Lemos
NOVOS SINÔNIMOS PARA ESPÉCIES DE SCHULTESIA MART. E
Xestaea Griseb. (Gentianaceae) 67
Elsie Franklin Guimarães
Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia,
Rio de Janeiro 73
William Gomes Lima & Rejan R. Guedes-Bruni
Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva
Natural da Companhia Vale do Rio Doce, Linhares, ES, Brasil 95
Vidal de Freitas Mansano & Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi
A FAMÍLIA PALMAE NA RESERVA BIOLÓGICA DA REPRESA DO GRAMA -
Descoberto, Minas Gerais, Brasil 115
Marco Otávio Pivari & Rafaela Campostrini Forzza
Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil .... 125
Claudine Massi Mynssen & Paulo Günter Windisch
SciELO/JBRJ
13 14
Comissão Editorial da Rodriguésia
Claudia Franca Barros (Editor-Chefe)
Rafaela Campostrini Forzza (Editor Assistente)
Vidal Freitas Mansano (Editor de Área de Fanerógamos)
Lana da Silva Sylvestre (Editor de Área de Criptógamos)
Ricardo Cardoso Vieira (Editor de Área de Botânica Estrutural)
Editoração
Carla M. M. Molinari
Edição on-line
Renato M. A. Pizarro Drummond
Secretária
Georgina M. Macedo
Consultores ad hoc da Rodriguésia cm 2004, volume 55(84-85)
André Mantovani
Alessandra Rapini
Alexandre Salino
André Amorim
Angela Maria Studart da Fonseca Vaz
Carolyn Proença
Claudia Petean Bovc
Cláudio Nicoletti de Fraga
EIsie Franklin Guimarães
Emerson Ricardo Pansarin
Fábio de Barros
Helena Regina Pinto Lima
Inês Cordeiro
João Marcelo Braga
Jorge Fontella
Jorge Waechter
José Rubens Pirani
Lúcia Kawasaki
Marcos Sobral
Maria de Jesus Nogueira Rodai
Maria Lcnise Guedes
Marta Camargo Assis
Paulo Labiak
Rafaela Campostrini Forzza
Ricardo Cardoso Vieira
Vida! Freitas Mansano
Vinícius Castro Souza
SciELO/JBRJ
12 13 14 15 16 17
cm
Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro
Marta Camargo de Assis * 1
Resumo
(Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro) Neste trabalho são apresentadas as espécies de Alstroemeriaceae
do estado do Rio de Janeiro, Brasil. A família é representada na área pelo gênero Alstroemeria, incluindo
cinco espécies: A. caryophyUuea Jacq., A. cunlia Vell .,A.foliosa Mart. cx Schult. & Schult. f., A. isabelleana
Herb., A. radula Dusén e pelo gênero Bomarea incluindo apenas a espécie B. edulis (Tussac) Herb. Novas
sinonimizações, chaves de identificação, descrição das espécies, ilustrações e comentários são aqui
apresentados.
Palavras-chave: Alstroemeriaceae, florística, Rio de Janeiro, Brasil.
Abstract
(Alstroemeriaceae in the Rio de Janeiro State) This paper presents the species of Alstroemeriaceae of Rio de
Janeiro State, Brazil. The family is represented in the area by two genera: Alstroemeria and Bomarea.
Alstroemeria includes five species: A. caryophyüaea Jacq., A. cunha Vell., A. foliosa Mart. ex Schult. &
Schult. f., A. isabelleana Herb. and A. radula Dusén. Bomarea includes just one species, B. edulis (Tussac)
Herb. New synonyms, key to genera and species, descriptions, illustrations and comments are presented.
Key-words: Alstroemeriaceae, floristic. Rio de Janeiro, Brazil.
Introdução
Alstroemeriaceae é uma família
neotropical distribuída desde a região central
do México até o sul da América do Sul, com
cerca de 190 espécies (Assis 2001). A família
é dividida em três gêneros: Alstroemeria L.
(incluindo Schickcdantzia Pax e Taltalia E.
Bayer), Bomarea Mirb. e Leontochir Phil.
(Sanso & Xifreda 1999; 2001), sendo que no
Brasil estão representados os gêneros
Alstroemeria e Bomarea. No Rio de Janeiro,
foram encontradas seis espécies, distribuídas
nos dois gêneros.
Em função de sua beleza e durabilidade,
essas plantas foram introduzidas como
ornamentais na Europa no século XV e desde
então vários trabalhos de melhoramento tem
sido realizado, primeiramente à partir do grupo
de espécies chilenas, tomando o lírio inca ou
madressilva uma flor de corte muito popular
tanto nos países europeus quanto nos Estados
Unidos e Japão (Sanso et al. no prelo).
Este trabalho tem como objetivo
contribuir para a flora do estado do Rio de
Janeiro e foi baseado em observações de
campo e na análise de materiais botânicos
depositados em herbários nacionais e
estrangeiros. Apenas as novas sinonímias são
aqui apresentadas.
Tratamento taxonômico
Alstroemeriaceae
Ervas eretas ou volúveis, 0,3-4 m alt.;
rizoma simpodial, raízes delgadas ou
espessadas. Folhas geralmente ressupinadas,
alternas, membranáceas, cartáceas ou
coriáceas, ambas as faces glabras ou face
adaxial papilosa, lineares, lanceoladas,
elípticas, obovais, oblongas a espatuladas.
Inflorescências terminais em cimeiras
umbeliformes simples ou compostas, raro flores
solitárias. Brácteas foliosas, reduzidas ou
ausentes. Flores epíginas, bissexuais,
actinomorfas ou zigomorfas, creme,
esverdeadas, amareladas, alaranjadas,
avermelhadas ou lilases. Tépalas petalóides,
livres, as externas geralmente sem padrão de
Artigo recebido cm 12/2003. Aceito para publicação em 04/2004.
1 Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite (CNPM/EMBRAPA), Av. Dr. Júlio Soares de Arruda, 803,
13088-300 Campinas, SP, Brasil, marta@cnpm.embrapa.br
SciELO/ JBRJ
2 13 14 15 16 17 lí
cm ..
6
manchas ou menos manchadas que as internas.
Tépalas internas punctadas, maculadas,
listradas ou variegadas, a inferior geralmente
mais estreita; margem proximal fortemente
involuta formando um tubo revestido por
tricomas glandulares secretores de néctar.
Estames 6, exclusos ou inclusos; filetes livres,
cilíndricos, complanados na base e subulados
, Assis, A/. C. de
no ápice; anteras pseudobasifixas, deiscência
introrsa e longitudinal. Estilete excluso ou
incluso, trígono; estigma trífido, ramos
papilosos. Ovário trilocular ou raramente
unilocular; óvulos anátropos de placentação
axilar ou parietal. Fruto cápsula loculicida, raro
indeiscente. Sementes globosas com ou sem
sarcotesta.
Chave para identificação dos gêneros
1. Ervas volúveis, flores actinomorfas, semente com sarcotesta Bomarea edulis
1’. Ervas eretas, flores zigomorfas, raro actinomorfas, semente sem sarcotesta Ahtroemeria
Alsíroemeria L.
Ervas eretas; ramos vegetativos e
reprodutivos diferentes entre si. Folhas
geralmente resupinadas, glabras ou papilosas
na face adaxial, lâminas linear-lanceoladas,
oblongas, elípticas ou espatuladas.
Inflorescência em cimeira umbeliforme
simples ou composta. Flores zigomorfas,
pendentes ou patentes, campanuladas ou
tubulosas, pfotrândricas; tépalas livres, eretas
ou reflexas; as externas e internas com
padrões de manchas rubro-maculadas, rubro-
punctadas, rubro-listadas ou rubro-variegadas;
nectários perigonais na base de 2-3 tépalas
internas. Estames 6, filetes cilíndricos, glabros
ou papilosos na base, anteras alongadas; ovário
trilocular, numerosos óvulos anátropos de
placentação axilar ou parietal; estilete simples,
estigma trífido. Cápsula loculicida. Sementes
sem sarcotesta, globosas, cinéreo-
acastanhadas.
O gênero compreende cerca de 90
espécies restritas à América do Sul, ocorrendo
desde a Venezuela (3 0 Norte) até a Terra do
Fogo, Argentina (53° Sul), com dois principais
centros de distribuição, um no Chile (se
extendendo para o Peru, Bolívia e Argentina)
e o segundo através do Brasil, Paraguai e
Argentina (Bayer 1987; Aker & Healy 1990).
No Brasil, ocorrem cerca de 38 espécies
de distribuição peri-amazônica concentrada
basicamente na porção leste do país, ocorrendo
em quase todos os tipos de hábitats: florestas,
cerrados, campos de altitude, brejos,
afloramentos rochosos e caatingas, em
altitudes que variam de 300 m, na Amazônia, a
2.300 m, na Serra do Itatiaia (Assis 200 1 ; 2002;
2003; Assis & Mello-Siva 2002).
Chave para identificação das espécies de Alsíroemeria
1. Folhas cartáceas ou coriáceas.
2. Folhas papilosas na face adaxial, pedicelo papiloso; flores patentes, campanuladas, amarelas,
alaranjadas ou avermelhadas; tépalas internas rubro-listradas (afloramentos rochosos)
3. A. foliosa
2’. Folhas geralmente glabras, pedicelo glabro; flores pêndulas, tubulosas, rosadas, alaranjadas,
avermelhadas ou esverdeadas; tépalas internas rubro-listadas e maculadas (locais úmidos)
4. A. isabelleana
F. Folhas membranáceas.
3. Folhas papilosas na face adaxial; ramos e pedicelos papilosos; flores vermelhas a
amareladas ou creme-esverdeadas; tépalas lanceoladas, ápice caudado, sem manchas
ou internas rubro-punctadas; filetes 3-8 cm compr.; estilete 3,2-5 cm compr. (matas de
altitude) 5. A. radula
Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004
SciELO/ JBRJ
> 13 14 15 16 17 18
Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro
7
3’. Folhas geralmente glabras; ramos e pedicelos glabros; flores avermelhadas, carmim ou
rosadas; tépalas espatuladas, obovadas ou lanceolado-espatuladas, ápice não caudado,
internas rubro-maculadas e/ou listradas; filetes até 3,5 cm compr.; estilete até 3,2 cm
compr.
4. Flores odoríferas, avermelhadas, carmim ou rosadas; tépalas externas espatuladas,
ápice mucronado; tépalas internas rubro-maculadas, espatuladas, ápice cuspidado,
agudo ou acuminado; filetes glabros (matas) 1. A. caryophyllaea
4’. Flores inodoras, vermelho-alaranjadas; tépalas externas obovadas, ápice retuso ou
rotundo; tépalas internas rubro-listradas e maculadas, lanceolado-espatuladas, ápice
agudo ou acuminado; filetes papilosos na base (matas) 2. A. cunha
1. Alstroemeria caryophyllaea Jacq., Pl.
Hort. Schoenbr.6: 33 t. 465. 1804.
Tipo: Tab. 465 de Jacq., Pl. Hort. Schombr. 6:
33. 1804.
Alstroemeria pele grina Vell., Fl. flumin.
3(1): 131 tab. 119. 1829. Nom. illeg. non A.
pelegrina L., Planta Alstroemeria Amoen.
acad. 6: 254. 1762.
Alastroemeria Jluminensis M.Roem.,
Fam. Nat. Syn. Monogr. 4: 260. 1847. Tipo: Fig.
119deVelIozo,Fl. flumin. 3(1). 1831. Syn. nov.
Alstroemeria rubra Morei, Rev. Hort.
serie 4(2): 81. Fig. 5. 1853. Tipo: Fig. 5 de
Morei, Rev. Hort. Serie 4(2): 81. 1853. Syn. nov.
Figura 1 : a-c
Erva ereta, 0,4-0, 7 m alt.; ramos
cilíndricos, glabros. Folhas do ramo vegetativo
resupinadas, membranáceas, concentradas na
porção distai do ramo; 2,5-8 x 0,3-1, 5 cm,
elípticas a elíptico-espatuladas, ápice agudo,
base longa e estreitamente atenuada, ambas
as faces glabras, nervuras não proeminentes.
Folhas do ramo reprodutivo resupinadas ou não,
não amplexicaules, membranáceas, distribuídas
por todo ramo, 0,8-2, 2 x 0, 1-0,3 cm, lineares a
linear-lanceoladas, ápice agudo a acuminado,
base cuneada, ambas as faces glabras,
nervuras não proeminentes. Cimeira
umbeliforme simples, pedicelo glabro, 2-3 cm
compr. Brácteas foliosas membranáceas, 2,5-
3,5 x 0, 1 -0,2 cm; bractéolas, 0,7 x 0,4 cm, linear-
lanceoladas. Flores ereto-patentes, odoríferas,
campanuladas, avermelhadas, carmim ou
rosadas, 5-6 cm compr. Tépalas externas sem
manchas, semelhantes entre si, espatuladas,
ápice mucronado, base fortemente atenuada;
Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004
a superior 4, 5-5, 5 x 1,2 cm; as inferiores 3,5 x
0,7-1 cm. Tépalas internas rubro-maculadas,
as superiores iguais entre si, 4,4-5 x 0,8 cm,
espatuladas, ápice cuspidado; a inferior 2,3 x
0,2-0, 5 cm, lanceolada, ápice cuspidado, base
atenuada, margem distai inteira ou ligeiramente
crenulada. Estames exclusos, filetes glabros,
ca. 3 cm compr. Estigma excluso, estilete
glabro, ca. 3,2 cm compr. Cápsula elipsóide,
ca. 1,4 x 1,3 cm.
Nome popular: Madressilva, lírio inca.
Material examinado: Cabo Frio: Fazenda
Tiririca, s.d. (fl), F. Sellow 184 (B); Itaipuaçu:
Estrada do Rio Itaipuaçu, 27/IV/1936 (fl), A.
C. Brade 15298 (RB); Pico Alto Moirão, 26/
VIII/1981 (fl), R. 11. P Andreata et ai 102
(RUSU); 10/VII/1982 (fl), F E. Miranda &
M. C. Carralho 13 (GUA); Rio de Janeiro:
Silvestre, V1I/1913 (fl), F. C. Hoehne 148 ( R).
Raramente encontrada em estado nativo
em locais úmidos e sombreados de Minas
Gerais e Rio de Janeiro, é cultivada em toda a
Região sul e sudeste do Brasil. Esta espécie é
de fácil identificação através de suas flores
perfumadas e tépalas internas que apresentam
faixa transversal esbranquiçada ou amarelada.
Floresce principalmente em junho e julho e
frutifica em setembro e outubro.
Alstroemeria caryophyllaea está
relacionada a A. capixaba M. C. Assis pelos
ramos vegetativos que são muito semelhantes,
mas diferenciam-se pelas flores. Em A.
caryophyllaea, elas são odoríferas e com
tépalas externas sem manchas, enquanto que
em A. capixaba elas não possuem odor e
todas as tépalas são maculadas.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
8
Assis, M. C. de
3
[ZZL' £^£7 ZÍ Ca ã7é"7 : 2 * ; RS T re B PrtKjUl1 V ° ; b - Ram ° vc i^ c - TéN* externas sem manchas
m ac u iTdas T * f-1 Ãfr /'“» ' T rcprodutivo; c * Opalas externas sem manchas e internas
(Shepherd s.n., UEC 87719). Jmo re P« utivo, g - Tépalas externas sem manchas e internas lineadas
Rodriguisia 55 (85). 5-15. 2004
SciELO/JBRJ
2 13 14
Alstroemeriaccae no estado do Rio de Janeiro
9
Na descrição de A. rubra, o autor
salienta apenas sua beleza e características
agronômicas, não dando detalhes botânicos
sobre a espécie. Observando-se a ilustração
nota-se claramente que trata-se de um
sinônimo de A. caryophyllaea.
A descrição de A. pelegrina, Vellozo
conta apenas com caracteres genéricos. A
observação do material tipo desta espécie
juntamente com o local de coleta me
permitiram concluir que esse nome representa
a mesma espécie: A. caryophyllaea.
No protólogo de A. fluininensis, a
prancha de A. pelegrina é citada. Roemer
atribuiu um outro epíteto à espécie, já que o
anteriormente dado por Vellozo é um homônimo
posterior ao de Linnaeus. Sendo assim, A.
fluminensis é sinônimo de A. caryophyllaea.
2. Alstroemeria cunha Vell., Fl. flumin. 3(1):
131. 1829 (1825); Icon. 3: 121. 1831 (1827).
Tipo: Fl. flumin. Icon. 3: 121. 1831 (1827).
Alstroemeria nemorosa Gardner, Bot.
Mag. 68(15): 3958. 1842. Tipo: Brasil. Rio de
Janeiro. Serra dos Órgãos, 3/IV/l 837 (fl), G.
Gardner 698 (lectótipo, BM !; isolectótipos,
K !). Syn. nov.
Alstroemeria argentovittata Lem. III.
Hort. 4: Misc. 88. 1857; 6: 1 R 192. 1859.
( " argento-vittata"). Tipo: Pl. 192deLemaire,
111. Hort. 6: 1859 !. Syn. nov.
Figura 1 : d-e
Erva ereta 0,2-1. 5 m alt.; ramos
cilíndricos, glabros. Folhas do ramo vegetativo
resupinadas, membranáceas, concentradas no
terço distai do ramo, 2,5-10(-13) x l-3(-4,8)
cm, elípticas ou obovadas, ápice agudo, base
atenuada, glabras ou papilosas na face adaxial,
face abaxial glabra, nervuras não proeminen-
tes. Folhas do ramo reprodutivo resupinadas,
não amplexicaules, membranáceas, distribuídas
por todo o ramo, (l,7-)2,5- 10, 5(- 14) x (0,3-)0,5-
2,2(-4) cm, elípticas ou oblongas, ápice agudo
ou acuminado, base atenuada, glabras ou
papilosas na face adaxial, face abaxial glabra,
nervuras não proeminentes. Cimeira umbeli-
forme simples, pedicelo glabro, 2-5(10,5) cm
Rndrigiiésia 55 ( 85 ): 5 - 15 . 2004
compr. Brácteas foliosas, membranáceas, 2,5-
5,7(-8) x 1-2,5 cm; bractéolas não vistas. Flores
patentes, inodoras, campanuladas, vermelho-
alaranjadas, (2,5-)3-4,5 cm compr. Tépalas
externas sem manchas, semelhantes entre si,
obovadas, ápice retuso a rotundo, base
atenuada; a superior 2,4-3 x 1-1,3 cm; as
inferiores 2, 6-2,8 x 1-1,2 cm. Tépalas internas
rubro-listadas e maculadas, semelhantes entre
si, lanceolado-espatuladas, ápice agudo ou
acuminado, margem distai inteira ou
ligeiramente crenulada; as superiores 2, 4-2,8
x 0,3-0, 7 cm; a inferior 2,2-2,4 x 0,4 cm.
Estames exclusos ou inclusos, filetes papilosos
no terço proximal, 2, 2-3,5 cm compr. Estigma
incluso, estilete glabro, 2,2-3 cm compr.
Cápsula não vista.
Material examinado: Serra dos Órgãos, 9/
VII/ 1 940 (fl), 4. C. Brade 16326 (RB);
Córrego Roncador, elev. 1700 m, 15/VII/1940
(fl), A. C. Brade 16375 (F); 3/VIII/1966 (fl),
D. R. Hunt 64S9 (UB); Nova Friburgo:
Estrada para o pico Nova Caledónia. 14/1/1985
(fl), J. F. A. Baumgratz et al. 306 (RB);
Petrópolis: Serrados Órgãos, XII/ 1943 (fl), O.
C. Góes á D. Constantino 49386 (RB);
Teresópolis: Serra dos Órgãos, elev. 1600 m,
19/IX/1929 (fl), A. C. Brade 9262 (R); 26/
VI/1942 (fl), Dionísio & Otávio 269 (RB);
15/X/ 1970 (fl), J. Garcia 104 (R); 1970 (fl),
J. Garcia 375 (R); Campo das Antas. III/1942
(fl), J. L. Pessoa & A. L. Gomes s.n. (R
37272); 22/V/1948 (fl), B. Carris s.n. (RB
62501); 9/XII/1960 (fl), A. Castellanos 23148
(GUA); 21/XII/1975 (fl), T. C. Pires 11 (RB);
XII/1975 (fl), G Lott 13 (RB); 2I/XII/1975
(fl), J. P. P. Carauta 1844 (GUA, SPF); 7/
IX/1981 (fl), D. S. Souza et al. 506 (GUA).
É freqüentemente encontrada no Espírito
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo
e Paraná, ocorrendo no interior de florestas
estacionais semidecíduas. No Rio de Janeiro,
é abundante na Serra dos Órgãos. Floresce
esporadicamente o ano inteiro, mais inten-
samente de novembro a março.
Alstroemeria cunha possui grande
variação na dimensão dos ramos e na
SciELO/JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
cm ..
10
dimensão, disposição e no indumento das
folhas. As flores podem apresentar estames
exclusos ou inclusos e também variam bastante
nas dimensões. Assim, o que caracteriza a
espécie é o ramo reprodutivo com folhas
membranáceas distribuídas por todo o ramo,
juntamente com as flores de tépalas externas
sem máculas e tépalas internas rubro-listradas
e maculadas.
Alstroemeria cunha se assemelha a A.
inodora Herb. que ocorre no mesmo tipo de
habitat. No entanto, diferenciam-se pelas flores
de tépalas externas rubro-variegadas em A.
inodora e tépalas externas sem manchas em
A. cunha.
Os caracteres diagnósticos de A.
nemorosa , abrangem a variação fenotípica de
A. cunha. Comparando-se os tipos e locais de
ocorrência de A. cunha e A. nemorosa , fica
claro que tratam-se da mesma espécie.
Alstroemeria argentovittata recebeu
este -nome por possuir as folhas do ramo
vegetativo esbranquiçadas a prateadas na
região da nervura central da face abaxial. Este
fato é comum a muitas espécies de
Alstroemeria, principalmente em folhas mais
jovens. A descrição da flores vermelho-
alaranjadas de tépalas internas rubro-
maculadas, juntamente com o comentário de que
esta espécie é ajfinis de A. nemorosa c da
observação da ilustração, me levaram a concluir
que esta espécie é sinônimo de A. cunha.
3. Alstroemeria foliosa Mart. ex Schult. &
Schult.f. in Roem. & Schult., Syst. veg. 7(1):
740. 1 829. Tipo: Brasil. São Paulo. Itu: XII (fl),
C. P. F. Martins s.n. (holótipo, M 293!).
Alstroemeria foliosa var. floribunda
Beauverd, Buli. Herb. Boissier 2(6): 587, fig.
3-4. 1906. Tipo: Brasil. Minas Gerais. Ouro
Preto: Picodoltacolomi, 3 l/VIII/1904 (fl), L
Damazio 1553 (holótipo, G !). Syn. nov.
Figura 1: f-g
Erva ereta 0,4-0, 6 m alt.; ramos cilíndri-
cos, pubérulos. Folhas do ramo vegetativo
resupinadas, cartáceas, congestamente distri-
buídas por todo o ramo, 2-5 x 0,2-1 cm, elípticas
Assis, M. C. de
a oblongas, ápice agudo a acuminado, base
atenuada, face adaxial papilosa, abaxial glabra,
nervuras proeminentes em ambas as faces.
Folhas do ramo reprodutivo resupinadas, não
amplexicaules, cartáceas, distribuídas na meta-
de distai do ramo, 2-5 x 0,2-1 cm, elípticas a
oblongas, face adaxial papilosa, abaxial glabra,
nervuras proeminentes em ambas as faces.
Cimeira umbeliforme simples, pedicelo papiloso,
2- 3,5 cm compr. Brácteas foliosas, cartáceas,
2,2-3,5 x 0, 5-0,8 cm, elípticas a oblongas, ápice
agudo a acuminado, base atenuada; bractéolas
ausentes. Flores patentes, inodoras, campa-
nuladas, amarelas ou vermelhas, 4-5,5 cm compr.
Tépalas externas sem manchas, semelhantes
entre si, obovadas, ápice mucronado, base
atenuada; a superior 3-4, x 1 ,3-2 cm; as inferiores,
3- 4,5 x 1,1 -1,8 cm. Tépalas internas rubro-
lineadas, semelhantes entre si, elípticas, ápice
acuminado, base atenuada, margem distai
ligeiramente crenulada; as superiores 2, 8-4, 5 x
0,6- 1 ,2 cm; a inferior 3-4 x 0,4-0,9 cm. Estames
inclusos, filetes glabros, 2, 3-2,6 cm compr.
Estigma incluso, estilete glabro ca. 2,3 cm compr.
Cápsula não vista.
Material examinado: Itatiaia: Sítio de
Ramos, elev. 2300 m, 1/1899 (fl), E. Gounelle
s.n. (G); Parque Nacional de Itatiaia, 24/11/1948
(fl), M. G Ferrí s.n. (SPF 85373); 24/1/1987
(fl), T. B. Cavalcanti et al. 11 (SPF); 22/XII/
1989 (fl), R. B. Torres et al. s.n. (UEC).
Alstroemeria foliosa é encontrada em
afloramentos rochosos nas serras de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, florescendo
de novembro a abril.
E facilmente caracterizada pelas tépalas
externas largamente obovadas e internas
elípticas, rubro-Iistadas. Além disso, a face
adaxial da folhas e os pedicelos são papilosos.
Juntamente com a descrição de A.
foliosa, Martius descreveu duas variedades:
A. foliosa var. angustifolia, caracterizada
pelas folhas do ramo reprodutivo lineares,
esparsamente distribuídas, e pela umbela com
1-6 flores, e A. foliosa var. humilior,
caracterizada pelas folhas do ramo reprodutivo
linear-lanceoladas, concentradas na região
Rodriguésia 55 ( 85 ): 5 - 15 . 2004
SciELO/ JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro
11
mediana do ramo, e umbela com 2-4 flores.
Estas duas variedades foram descritas a partir
de material coletado na Serra da Piedade,
Minas Gerais. Examinando-se o holótipos das
variedades, espécimens herborizados e obser-
vando-se as populações em campo, notou-se
que o que Martius classificou como variedades
de A. foliosa, são na realidade, pertencentes
a outra espécie, A. plantaginea Mart. ex
Shult. & Schult. f. Esta espécie diferencia-se
de A. foliosa por apresentar flores de tépalas
externas obovado-espatuladas, internas
oblongo-espatuladas, rubro-maculadas e pelas
folhas e pedicelos glabros.
Beauverd (1906) descreveu A. foliosa
varfloribunda distinguindo-a das outras duas
precedentes pelas “foliis lineari-obtusiusculis
mucronulatis, in medio caule confertis; umbella
ramosa 7-34 flora”. Analisando-se o material em
campo e herborizado, nota-se que estas carac-
terísticas estão dentro da variação da espécie.
4. Alsíroemeria isabelleana Herb.,
Amaryllidaceae 88, tab. 6, figs. 4-6.
1837. ("isabellana")
Tipo: Brasil. Rio Grande do Sul: 1835 (fl), A.
Isabclle s.n. (holótipo, K!; foto holótipo, F)
Alsíroemeria isabelleana Herb. var
longifolia Seub. ex Schenk. in Martius &
Eichler, Fl. bras. 3: 171. 1855. Tipo: Brasil. Rio
Grande do Sul: s.d., F Sellow 134, 135, 136,
137 (sintipo, BI, BR!). Syn. nov.
Alsíroemeria campaniflora Hand.-
Mazzt., Denkschr. Kaiserl. Akad. Wiss., Wien.
Math.-Naturwiss. Kl. 79: 213; tab. 19, figs. 2-
6. 1908. Tipo: Brasil. São Paulo: São Bernardo
do Campo, 1902 (fl), A. Wachsmund s.n.
(holótipo, WU 1225 !; isótipo, B !). Syn. nov.
Alsíroemeria regnelliana Kraenzl., Bot.
Jahrb. Syst. 50 Beibl. 112:3. 1913. Tipo: Brasil.
Minas Gerais: Caldas, 21/XI/1874 (fl), A. F.
Regnell III 1796 (holótipo, B !). Syn. nov.
Alsíroemeria butantanensis Hoehne,
Revista Mus. Paul. Univ. São Paulo 11: 485.
Tab. Única. 1919. Tipo: Brasil. São Paulo: São
Paulo, 14/X1I/1917 (fl), F. C. Hoehne 1075
(lectótipo, F !, isolectótipo, SPF !). Syn. nov.
Alsíroemeria viridiflora Ravenna, Onira
4(10): 34. 2000. Tipo: Brasil. Minas Gerais.
Carangola: Serra da Araponga, Fazenda
Neblina, alt. 1.400 m, XII/1994 (fl), L S. Leoni
2736 (holótipo, GFJP !; isótipo, SPF !). Nom.
illeg., non Alsíroemeria viridiflora Warm.,
Symbolae 13: 118. 1872. Tipo: Brasil. Minas
Gerais. Lagoa Santa, s.d. (fl), J. E. B. Warming
1094 (holótipo, C !). Syn. nov.
Figura 2: a-c
Erva ereta, 0,42-1,5 m alt.; ramos
angulosos, papilosos a glabrescentes no terço
proximal. Folhas do ramo vegetativo
resupinadas ou não, coriáceas, sésseis,
distribuídas por todo o ramo, 3-16 x 0,5-1 cm,
elíptico-lanceoladas, ápice acuminado ou
arredondado, base atenuada, ambas as faces
glabras com nervuras proeminentes, raro
papilosa na face adaxial. Folhas do ramo
reprodutivo resupinadas ou não, semiam-
plexicaules ou não, coriáceas, distribuídas no
terço proximal do ramo, 3-16 x 0,5-1 cm;
elíptico-lanceoladas, ápice acuminado ou
arredondado, base atenuada, ambas as faces
glabras com nervuras proeminentes, raro
papilosa na face adaxial. Cimeira umbeliforme
simples, pedicelo glabrescente, 1,5-4 cm
compr. Brácteas foliosas ausentes ou
membranáceas, 0,6-2 x 0,2-0, 3 cm; bractéolas
membranáceas, 0,6-3 x 0,2-0, 3 cm. Flores
pêndulas, inodoras, tubulosas, rosadas,
alaranjadas, vermelhas, ou raro creme-
esverdeadas, ápice esverdeado, 3-4,5 cm
compr. Tépalas externas listadas ou sem
manchas, semelhantes entre si, oblongas a
espatuladas, ápice acuminado a mucronado,
base atenuada; a superior ca. 3,4 x 0,4 cm; as
inferiores ca. 3,4 x 0,5 cm. Tépalas internas
rubro-listadas, iguais entre si, ca. 3,3 x 0,5 cm,
espatuladas, ápice acuminado a cuspidado,
base fortemente atenuada, margem distai
inteira. Estames inclusos, filetes glabros, ca.
2,3 cm compr. Estigma incluso, estilete glabro,
ca. 2,8 cm compr. Cápsula esferoidal, 1,5-2 x
1,5-2 cm.
Material examinado: XI/ 1 833 (fl), G H.
Langsdorff s.n. (K); Itatiaia: Parque Nacional
Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004
SciELO/JBRJ
2 13 14
cm ..
12
Assis, M. C. de
2 cm
Figura 2 - a-c Alstroemeria. isabclleana: a - Ramo vcgctativo; b - Ramo reprodutivo mostrando flores tubulosas e
pendulas; c - Tépalas externas sem manchas e internas listadas c maculadas ( Huzato s.il, UEC 28014). d-e A. radula : D-
Ramo reprodutivo; c - Tépalas externas c internas sem manchas c tépalas internas com ápice caudado ( Hatschbach
61440). f-g Bomarea edulis : f - Hábito; g - Tépalas externas sem manchas c internas maculadas c variegadas (Assis 333).
Rodriguisia 55 (85): 5-15. 2004
SciELO/ JBRJ
13 14
Ahtroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro
1 3
do Itatiaia, IV/1921 (fl), P Occhioni s.n. (RB
16476); Retiro da Cabeça de Negro, XI/1903
(fl), C. Moreira 28 (R); 1907 (fl), A. F. M.
Glaziou 6734 (F, K); Planalto, elev. 2.100 m,
1/1938 (fl), A C. Brade 16015 ( B); elev. 2.300
m, 28/XII/1934 (fl), R. K. F. Pilger & A. C.
Brade 41 (RB); Prateleira, elev. 2.200 m, 8/
11/1945 (fl), A C. Brade 17425 (RB); Abrigo
das Acácias, 14/1/1961 (fl), B. Flaster 106
(GUA); Abrigo Rebouças, 3/XII/l 964 (fl), H.
E. Strang 646 (GUA); elev. 2650m, 24/1/1987
(fl), T. B. Cavalcanti et al. 10 (SPF);
Teresópolis: Serra dos Órgãos, s.d. (fl, fr), s.c.,
s.n. (R 188697).
Alstroemeria isabelleana é encontrada
na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, onde
é freqüente em locais úmidos. No Brasil, ocorre
do Rio Grande do Sul a Minas Gerais. Floresce
de outubro a fevereiro, às vezes até junho. Fru-
tifica em janeiro, fevereiro, maio e setembro.
A espécie caracteriza-se principalmente
pelas flores tubulosas e pêndulas, variam de
rosadas a creme-esverdeadas, sempre com
ápice verde. O ramo vegetativo é muito
semelhante aos ramos vegetativos de A.
apertijlora Baker, A. longistyla Schenk, A.
malmeana Kraenzl. e A. sellowiana Seub. ex
Schenk. Todas ocorrem em brejo e apresentam
o ramo vegetativo coberto por folhas linear-
lanceoladas, cartáceas ou coriáceas,
freqüentemente adpressas ao ramo, sendo
muito difícil diferenciá-las neste estágio.
Nas descrições de A. campaniflora , A.
regnelliana, A. butantanensis e A.
viridiflora, os autores mencionam os
caracteres da folhas linear-lanceoladas, flores
de ápice verde e tépalas internas rubro-
listradas. Analisando essas características
juntamente com os holótipos dessas espécies,
observa-se que não diferem em nenhum
caracter diagnóstico de A. isabelleana.
5. Alstroemeria raditla Dusén, Arch. Jar. Bot.
Rio de Janeiro 13: 103. 1905.
Tipo: Brasil. Rio de Janeiro: Serra do Itatiaia,
elev. 1.300 m, 1/1903 (fl), E. Ule s.n. (R);
elev. 1.850 m, V/1903 (fl), E. Ule s.n. (R!).
Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004
Alstroemeria caudiculata Ravenna,
Onira 4(10): 36. 2000. Tipo: Brasil. Espírito
Santo. Domingos Martins. Parque Estadual de
Pedra Azul, 11/11/1998 (fl), M. F. Vasconcelos
s.n. (holótipo, BHCB !). Syn. nov.
Figura 2: d-e
Erva ereta 0,3-0, 8 m alt. ; ramos
cilíndricos, papilosos a glabrescente. Folhas do
ramo vegetativo resupinadas, não amplexi-
caules, membranáceas, concentradas no terço
distai do ramo, 3-8,5 x 0,5-2, 2 cm, elípticas,
ápice acuminado, base atenuada, face adaxial
papilosa a glabrescente, abaxial glabra,
nervuras não proeminentes. Folhas do ramo
reprodutivo resupinadas, não amplexicaules,
membranáceas, esparsamente distribuídas por
todo o ramo, 6,5-14 x 1-2,5 cm, espatuladas a
lanceoladas, ápice agudo a acuminado, base
atenuada, face adaxial papilosa a glabrescente,
abaxial glabra, nervuras não proeminentes.
Cimeira umbeliforme simples, pedicelo papiloso
a glabrescente no terço proximal, 1,5-3, 5 cm
compr. Brácteas foliosas membranáceas, 1,2-
8,5 x 0,4- 1,5 cm; bractéolas membranáceas,
2, 5-3,5 x 0, 1-0,2 cm. Flores patentes, inodoras,
campanuladas, vermelho-amareladas ou
creme-esverdeadas, 4-7 cm compr. Tépalas
externas sem manchas, semelhantes entre si,
lanceoladas, ápice caudado, base atenuada; a
superior reflexa, 4-5,5 x 0,5-0, 7 cm; as
inferiores 3.5-3,7 x0,5-0,7 cm. Tépalas internas
rubro-punctadas, semelhantes entre si, linear-
lanceoladas, ápice caudado, base atenuada,
margem distai inteira; as superiores 3-6 x 0,3-
0,5 cm; a inferior ligeiramente revoluta, 3-3,3
x 0, 2-0,3 cm. Estames exclusos, filetes glabros,
ca. 3-8 cm compr. Estigma excluso, estilete
glabro, 3,2-5 cm compr. Cápsula elipsóide, ca.
2,4 x 1,5 cm.
Material examinado: Itatiaia: Itatiaia, s.d. (fl),
E. Ule 29 (R); s.d., s.c. s.n. (R 193309);
Fazenda Henrique, 11/1899 (fl), E. Gounelle
s.n. (G); 26/XII/ 1915 (fl), P. Campos Porto
169. (RB); 11/1947 (fl), B. Lutz s.n. (R); VI/
1952 (fl), B. Lutz s.n. (R 188699); Campo
Itatiaia, V/1906 (fl), H. Lüderwaldt 6287
(SP); Trilha entre Ponte Maromba e Macieiras,
SciELO/ JBRJ.
2 13 14 15
cm ..
14
22°27’S 44°39’W, elev. 1.200-1.900 m, 10/1/
1929 (fl), L. B. Smith 1792 (F); Serra da
Mantiqueira, Mauá, acima do Rio Preto, elev.
1.500 m, 4/111/ 1931 (fl), R. W. Kaempfe 442
(B); Macieiras, 6/III/1951 (fl), HZ
Bockermann 3 (SP); 500 m antes do abrigo
Macieiras, elev. 1.900 m, 25/IV/1989 (fl), A.
Costa 268 (RB); Subida ao Planalto, 30/1/1975
(fl), G. Hastchbach et al. 35834 (MBM);
elev. 2.120 m, 24/1/1987 (fl), R. Mello-Silva
et al 9 (SPF).
Alstroemeria raclula é rara e encontrada
em matas de altitude, em solo arenoso de duas
localidades restritas do Espírito Santo e Rio de
Janeiro. Floresce de janeiro a junho.
A espécie é de fácil reconhecimento pelas
flores de forma peculiar, com tépalas
lanceoladas de ápice caudado, reflexas, e os
estames e estigma bem longos.
A. raclula e A. foliosa são simpátridas,
porém facilmente diferenciadas. Enquanto que
A. raclula possui as folhas membranáceas
concentradas no terço distai do ramo
vegetativo, pedicelo papiloso no terço proximal
e tépalas lanceoladas reflexas, A. foliosa
possui as folhas cartáceas, distribuídas por todo
o ramo vegetativo, pedicelo glabro e tépalas
externas obovadas e internas elípticas, não
reflexas.
O ápice caudado das tépalas de A.
raclula, levou Ravenna a descrever A.
caudiculata. Observando-se o material-tipo
das duas espécies, fica claro que pertencem a
mesma espécie.
Bomarea Mirb.
Plantas eretas ou escandentes, raízes
tuberosas ovóides. Ramos volúveis, cilíndricos,
glabros, foliosos. Folhas resupinadas, face aba-
xial papilosas raro glabras, lâminas lineares,
lanceoladas ou oblongas. Inflorescência cimei-
ra umbeliforme composta por inflorescências
parciais, brácteas foliosas. Flores bissexuais,
epígenas, mais ou menos actinomorfas; perianto
infundibiliforme a campanulado; tépalas
externas sem máculas, obovada-oblongas;
internas rubro-maculadas na face adaxial.
Assis, M. C. de
espatuladas; estames 6; anteras basifixas,
oblongas, de deiscência introrsa e longitudinal;
ovário trilocular, óvulos anátropos, placentação
axilar ou parietal, estilete filiforme, estigma
trífido. Fruto cápsula loculicida, depressa,
turbinada, truncada no ápice. Sementes
numerosas, subglobosas, sarcotesta de cor
roxo-laranja brilhante.
O gênero inclui aproximadamente 100
espécies distribuídas pelo Neotrópico. No
Brasil, ocorre somente a espécie Bomarea
edulis amplamente distribuída pelas matas.
Bomarea edulis (Tussac) Herb.,
Alstroemeria edulis Tussac, Flora Antillarum
1: 109-112. 1808.
Tipo: Tussac, loc. cit.: pl. 14, fíg. 1-6.
Figura 2: f-g
Plantas volúveis, até ca. 5 m alt., raízes
de reserva ovóides. Folhas resupinadas,
oblongas ou oblongo-lanceoladas, ca. 3,5-18 x
0,6-5 cm, ápice acuminado a cuspidado, face
abaxial papilosa, raro glabra. Cimeira
umbeliforme composta, pauci- ou mulliradiada.
Flores rosadas, esverdeadas creme ou
amareladas, 3-4,5 cm compr. Tépalas externas
sem manchas, oblanceoladas, oblongas ou
obovadas, 2,6-4 x 1-1,5 cm. Tépalas internas
espatuladas, ápice retuso ou mucronado, 2,5-
3,5 x 1-1,2 cm, rubro-punctadas e variegadas.
Sementes com sarcotesta vermelha-alaranjada.
Material examinado: Angra dos Reis: Ilha
Grande. 2/XII/1980 (fl), D. Araújo et al. 4114
(GUA); 14/X1I/1983 (fl), M. B. Casari et al.
s/n (GUA 26537); 19/XII/1984 (fl), D. Araújo
et al. 6489 (GUA); 11/111/1986 (fr.) D.
Araújo et al. 7288 (GUA); 28/XI/1989 (fl),
D. Araújo & M. V. S. Alves 9043 (GUA);
23/X 1/1990 (fl), C. A. L de Oliveira et al.
910 (GUA); 1 /XI 1/1992 (fl), D. Araújo 9705
(GUA); Parati: 20/X/1978 (fl), D. Araújo &
R. F. cie Oliveira 2254 (GUA); Parati-Mirim:
7/XI 1/1976 (fl), D. Araújo et al. 1404 (GUA);
Resende: Serrinha, 430 m alt. 14/11/1988 (fl),
R. B. Pineschi et al. 405 (GUA); Rio de
Janeiro: I V/l 883 (fl), A. Glaziou 14346 (K);
Jacarepaguá. 17/VII/1932 (fl), M. Rosa s/n
Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004
SciELO/JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
cm
Ahtroemcríaceae no estado do Rio de Janeiro
(R 50394); Pedra Branca. 24/XII/1973 (fl), R
Carauta & L. Sobrinho 1691 (GUA);
Grumari. 28/X/ 1 97 1 (fl), D. Sucre s/n (RB
154.694); 11/111/1983 (fr.) D. Araújo & N. C.
Maciel 5482 (GUA); Santa Maria Madalena:
Parque Estadual do Desengano, Serra da
Morumbeca. 16/11/1978 (fl), M. C. Vianna et
ai 1296 (GUA).
Espécie neotropical, amplamente distri-
buída pelo Brasil no interior e beira de matas.
Floresce principalmente de novembro a janeiro.
Bomarea edtilis apresenta variação tanto
nas folhas, que podem ser largas, estreitas,
pubescentes ou glabras, como nas flores, que
variam de róseas ou creme-esverdeadas, e na
inflorescência que se apresenta com muitas
ou poucas flores. Seu hábito volúvel e sua
inflorescência umbeliforme, em geral bem
vistosas, são caracteres marcantes que as
distinguem do resto da família.
Usos: Raízes de reserva comestíveis.
Agradecimentos
Este trabalho faz parte da tese de
doutorado desenvolvida pela autora no
Departamento de Botânica do Instituto de
Biociências da Universidade de São Paulo sob
a orientação do Dr. Renato de Mello-Silva.
Agradeço a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) e a Fundação
Margaret Mee pelas bolsas concedidas, e aos
curadores dos herbários que permitiram a
análise dos materiais disponíveis nas coleções.
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o Brasil. Acta Botanica Brasílica 17(2):
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Sanso, A. M; Assis, M. C. and Xifreda, C. C.
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Acta Horticulture (no prelo).
SciELO/JBRJ,
13 14
cm
Passiflorj i L. subgênero Decaloba (DC.) Rciib.
(Passifloraceae) na Região Sudeste do Brasil 1
Micliaele Alvim Milward-cle-Azevedo 2 & José Fernando A. Baumgratz 3
Resumo
{Passiflora L. subg. Decaloba (DC.) Rchb. (Passifloraceae) na Região Sudeste do Brasil). Neste trabalho,
aborda-se o estudo taxonômico de Passijlora subg. Decaloba na Região Sudeste do Brasil, sendo reconhecidas
oito espécies - P. capsularis L., P. mísera Kunth, P. morifolia Mast., P. organensis Gardn., P. pohlii Mast., P
suberosa L., P. tricuspis Mast. e P truncata Regei. Apresenta-se uma chave para seções e espécies do
subgênero no Sudeste do Brasil, além de descrições, citação dos tipos nomenclaturais e do material examinado,
nomes vulgares, dados fenológicos e do habitat, distribuição geográfica, etimologia e comentários taxonômicos,
assim como ilustrações e mapas.
Palavras-chave: Passifloraceae, Passiflora subg. Decaloba , Morfologia, Taxonomia, Sudeste do Brasil.
Abstract
( Passiflora lt. subg, Decaloba (DC.) Rchb. (Passifloraceae) in Southeastern Brazil). A taxonomic study of
Passiflora subg. Decaloba in Southeastern Brazil is presented. Eight species were recognized - P capsularis
L., P misera Kunth, P morifolia Mast., P. organensis Gardn., P pohlii Mast., P suberosa L., P. tricuspis Mast.
and P. truncata Regei. A key for the identification of the sections and the species of the subgenus in
Southeastern Brazil, along wiih theirdescriptions, types, examined material, common names, habitat, phenology,
geographic dístribution, etymology, and taxonomic comments are presented, as well as illustrations and
distribution maps.
Key-words: Passifloraceae, Passijlora subg. Decaloba , Morphology, Taxonomy, Southeastern Brazil.
Introdução
A família Passifloraceae Juss. e.x Kunth
é pantropical, sendo representada por 17
gêneros e aproximadamente 630 espécies, que
se distribuem nas tribos Paropsiae DC. e
Passifloreae DC. (Deginani 1999; Mabberley
1997; Brummitt & Powell 1992; Holm-Nielsen
et al. 1988; Wilde 1974). A maioria, cerca de
400 espécies, subordina-se ao gênero
Passiflora L., subdivido em 23 subgêneros
(Cervi 1997) e bem expressivo na flora
brasileira.
As Passifloraceae eram tradicional-
mente tratadas na ordem Violales, principalmente
pela placentação parietal (Engler 1964; Cronquist
1988). Com base em estudos filogenéticos,
utilizando dados moleculares, encontra-se
atualmente posicionada na ordem Malpighiales
(APG 2003), cuja monofilia é sustentada
basicamente por dados macromoleculares (Judd
et al. 1999). Essa ordem é morfologicamente
heterogênea, mas várias famílias possuem
algumas características em comum, como nós
trilacunares, estigmas secos e exotegma fibroso.
Algumas famílias compartilham o gineceu
tricarpelar (Euphorbiaceae, Malpighiaceae,
Passifloraceae e Violaceae) e outras ainda
distinguem-se pela placentação parietal
(Flacourtiaceae, Passifloraceae, Salicaceae e
Violaceae). Recentemente, com base em
Artigo recebido em 06/2003. Aceito para publicação em 05/2004.
'Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-graduação cm Ciências Biológicas (Botânica),
Museu Nacional/UFRJ.
! Bolsista CAPES, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Ciências
Biológicas (Botânica), Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, michaelemilward@aol.com
'Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 9 1 5, 22460-030. Jardim Botânico, Rio de
Janeiro, RJ. Brasil; Bolsista de Produtividade em Pesquisa, CNPq.
SciELO/JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
18
evidências químicas, tem sido sugerido um maior
parentesco de Passifloraceae com
Malesherbiaceae e Tumeraceae (APG 2003),
corroborando a hipótese destacada por Chase
et al. (2002) sobre a afinidade dessas três
famílias.
A sistemática de Passifloraceae não está
ainda bem resolvida, pois além das numerosas
espécies estarem agrupadas em subgêneros,
seções e/ou séries geralmente com frágeis
limites de circunscrição (Feuillet & MacDougal
1 999), a última revisão abrangente para o grupo
data de 1938, realizada por Killip.
No território brasileiro ocorrem cinco
gêneros, todos pertencentes à tribo
Passifloreae: Dilkea Mast., Mitostemma
Mast., Passijlora, Tetrastylis Barb. Rodrig.
e Ancistrothyrsus Harms, este último
tranferido da família Flacourtiaceae (Wilde
1971). Do gênero Passijlora são encontrados
apenas quatro subgêneros.
Passijlora subg. Decaloba (DC.)
Rchb. tem distribuição tropical e subtropical
nas Américas, possuindo cerca de 1 30 espécies
arranjadas em oito seções, das quais apenas a
seção típica encontra-se dividida em oito séries.
E caracterizado por inflorescências paucifloras,
flores frequentemente pequenas, brancas ou
amareladas, hipanto pateliforme ou campa-
nulado, dividido em 10 lobos, corona com uma
ou duas séries de filamentos e opérculo plicado.
No Brasil, ocorrem aproximadamente 20
espécies, distribuídas em quatro seções. Até
recentemente, esse subgênero vinha sendo
tratado pelo nome de Plectostemma, porém
MacDougal (1994) reconheceu a prioridade
nomenclatural de Decaloba.
A ausência de um trabalho atualizado de
revisão abordando todos os táxons desse
subgênero tem dificultado um melhor
conhecimento da taxonomia do grupo, em
virtude do elevado número de espécies,
incluindo os numerosos sinônimos. A fim de
trazer uma contribuição à taxonomia das
Passifioras no Brasil, objetiva-se no presente
estudo atualizar o conhecimento taxonômico
de Passijlora subg. Decaloba na Região
Milward-de-AzA edo, M. A. & Baumgratz. J. E A.
Sudeste, reconhecendo as espécies que o
compõe, revisando dados nomenclaturais,
apresentando análise morfológica, dados
palinológicos, ilustrações e mapas de
distribuição geográfica, reavaliando os limites
específicos e seccionais e elaborando uma
chave para identificação, além de fornecer
subsídios para futuras análises filogenéticas.
Material e Métodos
Foram realizadas consultas nos herbários:
BAUR* (Universidade do Sagrado Coração,
Bauru, SP, Brasil), BHCB. BM. CESJ, CVRD,
C, ESA, ESAL, FCAB, FUEL, GUA, K. HB,
HRCB, HUFU, HXBH. IAC, OUPR, P,
PA MG. R, RB, RFA, RUSU* (Universidade
Santa Úrsula, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), SJRP.
SP, SPF, UEC, VIC e V1ES* (Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil).
As siglas indicadas por asterisco não constam
em Holmgren et al. (1990).
Adota-se o sistema de classificação
proposto por Killip (1938) para o subgênero
Decaloba (= Plectostemma), porém, não se
aceitando as séries estabelecidas para a seção
Decaloba, pois não foram devidamente
publicadas, e seguindo às correções realizadas
por MacDougal (1994).
Na descrição das espécies foram
adotados, de modo geral, os conceitos termi-
nológicos de Rizzini ( 1977). Especificamente
para a caracterização dos tipos de tricomas,
Metcalfe & Chalk (1965); para o tipo de
indumento, Harrington &. Durrell (1957) e
Radford et al. (1974); para os frutos e as
sementes, Barroso et al. (1999) e para os tipos
de inflorescências, Baumgratz (1997),
Weberling (1992) e Briggs & Johnson (1979).
Na análise morfológica foliar, as medidas
de comprimento da lâmina foram obtidas ao
longo da nervura mediana ou central (nm) e
nervuras laterais (nl), cujas respectivas siglas
são utilizadas nas descrições. O ângulo
formado entre os lobos da lâmina foliar foi
medido com o auxílio de um transferidor. As
medidas das folhas foram realizadas conforme
o esquema proposto na figura 1.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
cm l
SciELO/ JBRJ
12 13 14 15 16 17
Passiflora subg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro
Figura 1 - Contorno da folha de Passiflora capsularis
demonstrando o método de medidas, a - comprimento
da nervura central ou mediana; b - comprimento da nervura
lateral; c - comprimento do eixo compreendido entre os
ápices das nervuras laterais; d -ângulo formado entre as
nervuras laterais principais; e -comprimento do pecíolo.
As estruturas morfológicas da flor foram
esquematizadas na figura 2, para uma melhor
compreensão e localização, na leitura das
descrições.
Área de Estudo
O Sudeste brasileiro, formado pelos
estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio
de Janeiro e São Paulo, está situado entre as
coordenadas de 14° a 25° S e 39° a 51° W.
Localizado quase inteiramente na zona tropical,
apresenta um importante conjunto de escarpas
na faixa litorânea que formam as Serras do
Mar e Mantiqueira, além de elevados maciços,
como o das Agulhas Negras, com 2.875 m, no
Parque Nacional do Itatiaia (RJ), e do Caparaó
(MG), com 2.890 m de altitude.
O clima é predominantemente
subquente, além de quente e mesotérmico
(Nimer 1977), apresentando-se bem
diversificado devido à variação latitudinal, à
topografia acidentada e ao sistema de
19
circulação de ventos, considerando-se os alísios
que sopram do litoral para o interior e as frentes
polares. O índice pluviométrico varia de 900
mm, no Vale do Jequitinhonha e Rio Doce
(Gonçalves et al. 1993), a 4.500 mm na Serra
do Mar, no estado de São Paulo (Nimer 1977).
A vegetação na Região Sudeste mostra-
se muito variada devido a acentuada
diversidade do relevo, clima e solo. De acordo
com Rizzini (1997), são encontradas as
seguintes formações - floresta pluvial atlântica,
floresta dos tabuleiros, formações de restinga
e manguezal nas regiões litorâneas, e cerrado
e caatinga nas áreas mais interioranas.
Resultados e Discussão
1 - Histórico: uma breve abordagem dos
estudos taxonômicos
Os estudos taxonômicos sobre
Passiflora subg. Decaloba iniciaram-se com
esse agrupamento sendo classificado
primeiramente como uma seção por Candolle,
em 1822 ( apud Candolle 1828),
caracterizando-a pelo cálice com dez lobos.
Figura 2 - Esquema da flor de P. morifolia : a -
androginóforo, c - corona. d - disco nectarífero, e -
estilete, es - estame, h - hipanto, 1 - límen, o - opérculo,
ov - ovário, p - pétala, s - sépala.
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
cm ..
20
brácteas ausentes ou, quando presentes,
diminutas e posicionadas abaixo das flores, e
pelos pedúnculos florais e gavinhas axilares.
Reichenbach (1828) eleva a seção
Decaloba à categoria de subgênero e,
posteriormente, Roemer (1846) estabelece
este como um gênero autônomo.
Masters (1871), aparentemente
desconhecendo o trabalho de Reichenbach,
propõe o subgênero Plectostemmci ,
subdividindo-o em seis seções: Tetrapathea
DC., Cieco (Medik.) Mast., Dysosmia DC,
Decaloba DC., Polyanthea DC. e Distemma
Lem. Posteriormente, em 1872, revisiona seu
sistema de classificação para as
Passifloraceae, mantendo ainda Decaloba
nesta mesma categoria taxonômica.
Harrns ( 1 894), com base na classificação
de Candolle (1822), subdivide Decaloba em
duas séries - Polyanthea (DC.) Harrns e
Eudecaloba (Mast.) Harrns. Em 1925,
divide esta seção cm sete subseções -
Polyanthea (DC.) Harrns, Cirrhiflora
Harrns, Deidamioides Harrns, Eudecaloba
(Mast.). Harrns, Pseudodysosmia
Harrns, Pseudogranadilla Harrns e
Hahniopathanthus Harrns.
Killip (1938) segue as proposições de
Masters (1871, 1872), porém estabelece sete
seções para o subgênero Plectostemma
baseado nas seções e subseções propostas por
Harrns (1925) - Cieca , Mayapathanthus
Killip, Decaloba . Xerogona (Raf.) Killip,
Pseudodysosmia (Harrns) Killip,
Pseudogranadilla (Harrns) Killip e
Hahniopathanthus (Harrns) Killip. Esta obra
de Killip ainda representa, atualmente, o estudo
mais completo para o gênero Passijlora.
Somente em 1994, o epíteto subgenérico
Decaloba veio a ser reconhecido como
prioritário sobre Plectostemma por
MacDougal, que faz a devida correção
nomenclatural e considera este último um
sinônimo. Este é o único trabalho recente de
revisão taxonômica sobre o subgênero
Decaloba , porém referindo-se apenas à seção
Pseudodysosmia.
Milward-de-Aíevedo. M. A. á Raumgraiz, J. F. A.
MacDougal & Hansen (2003) descrevem
uma nova seção - Pterospenna L. Gilbert &
J. M. MacDougal, para o subgênero Decaloba ,
além de duas novas espécies. MacDougal
(1988; 1989a; 1989b; 1989c; 1989d; 1992;
2001), Coppens et al. (2001) e Jprgensen &
MacDougal (2001) têm descrito novas
espécies para esse subgênero.
2 - Tratamento taxonômico
Passiflora L„ Sp. pl.: p. 955. 1753.
Trepadeiras herbáceas ou lenhosas, com
gavinhas axilares. Estipulas foliáceas ou Iinear-
subuladas. Folhas alternas, pecíolos
geralmente com glândulas; lâminas simples,
inteiras ou lobadas, membranáceas a cartáceas,
margem inteira à serreada, 3-5 nervadas.
Brácteas 3, às vezes ausentes. Inflorescências
axilares, paucifloras. Flores andróginas; hipanto
curto a longo; sépalas 5; pétalas 5, raro
ausentes; corona com 1-5 séries; nectário
presente ou não, androginóforo presente;
estames 5, anteras dorsifixas, rimosas; ovário
súpero; tricarpelar, unilocular, pluriovulado;
placentação parietal; estiletes 3, estigmas
capitados. Frutos bagas ou cápsulas. Sementes
numerosas, ariladas, gcralmente achatadas,
testa coriácea.
Passiflora subg. Decaloba (DC.)
Rchb., Consp. Regn. Veg.: 132. 1828.
= Passijlora subg. Plectostemma Mast.,
Trans. Linn. Soc. 27: 630. 1871.
Trepadeiras herbáceas, com indumento
dos ramos, gavinhas, estipulas, folhas,
pedúnculos, brácteas. pedicelos florais, hipantos
e face abaxial das sépalas, ovários e frutos,
esparso a densamente pubérulo. < 0.3 mm
compr., ou pubescente, 0.4-0.7 mm compr.,
tricomas patentes, adpressos, inconspícuos ou
uncinados, brilhosos, delicados, macios e alvo-
translúcidos. cedo-caducos ou não. Caule
subtriangular, levemente anguloso ou
complanado, suberoso ou não, estriado
longitudinalmente. Estipulas foliáceas ou linear-
subuladas, margem inteira, ápice falcado,
caducas. Folhas com pecíolos geralmente
Rodrigues ia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
providos de glândulas estipitadas; lâminas
variegadas ou não, membranáceas à cartáceas,
2-3 lobadas, às vezes inteiras, lobos com ápice
agudo, obtuso ou truncado, apiculado, base
obtusa, cordada ou auriculada, margem inteira
ou denteada, 3 nervadas, actinódromas,
oceolos circulares, obovados ou geminados,
presentes ou ausentes. Inflorescências em
mônades (flores solitárias) sésseis ou
pedunculadas, ou díades pedunculadas.
Brácteas linear-subuladas, falciformes ou
retilíneas, verticiladas, às vezes ausentes.
Flores com hipanto campanulado ou
pateliforme; sépalas oblongo-ovadas, ápice
agudo ou obtuso; pétalas brancas, creme.
21
amarelas, esverdeadas, lilases, roxas ou
azuladas, membranáceas, oblongo-ovadas ou
espatuladas, ápice obtuso, glabras, às vezes
ausentes; corona unisseriada ou bisseriada;
opérculo plicado, ereto ou ápice introrsamente
curvo, denticulado; límen anelar; nectário
presente; disco nectarífero anelar presente ou
ausente; pólens 6- ou 12-colporados, ou 12-
colpados, exina heteroreticulada; ovário
oblongo ou elíptico, estigma capitado. Frutos
cápsulas loculicidas, elípticas ou fusiformes, ou
bacóides melanóides, indeiscentes, globosos;
sementes oblongas, elípticas ou obovadas, testa
foveolada ou transversal ou irregularmente
sulcada.
Chave para identificação das seções, séries c espécies de Passiflora subg. Decaloba no
Sudeste brasileiro
1 - Pecíolos com um par de glândulas.
2 - Estipulas foliáceas; corona com uma única série de filamentos; disco nectarífero presente
Seção Pseudodysosmia ; 7. P. morifolia
2’ - Estipulas linear-subuladas; corona com duas séries de filamentos; disco nectarífero ausente
Seção Cieca
3 - Lâminas foliares com oceolos entre as nervuras principais; pétalas presentes; corona
com filamentos externos falciformes e internos filiformes com ápice capitado; pólen 6-
colporado; testa das sementes irregularmente sulcada -■ P truncata
3’ - Lâminas foliares desprovidas de oceolos; pétalas ausentes; corona com filamentos
externos filiformes e internos subclaviformes; pólen 12-colpado; testa das sementes
foveolada L P. suberosa
1’ - Pecíolos desprovidos de glândulas.
4 - Lâminas foliares desprovidas de oceolos; brácteas ausentes; filamentos da corona unidos na
base; pólens com os lumens do retículo com muros sinuosos, longos e estreitos; frutos
capsulares Seção Xerogoiuc. 8. P. capsulai is
4" - Lâminas foliares com oceolos entre as nervuras principais; brácteas presentes; filamentos
da corona livres; pólens com os lumens do retículo com muros retos, curtos e largos, frutos
bacóides Seção Decaloba
5 - Caule subtriangular; corona com uma única série de filamentos; estilete 0,7-0, 9 cm compr.;
pólens com os lumens do retículo sem báculos no interior 5. P organensis
5’ - Caule complanado; corona com duas séries de filamentos; estilete 0,5-0.6 cm compr.;
pólens com os lumens do retículo com poucos báculos no interior
6 - Brácteas 0,4-0, 6 x 0,07 cm; inflorescências sésseis; opérculo com ápice ereto; média
do comprimento do colpo do pólen > 50,0 p.m 6. P polilii
6’ - Brácteas 0, 1 5-0.3 x 0,02-0,03 cm; inflorescências pedunculadas; opérculo com ápice
introrsamente curvo; média do comprimento do colpo do pólen < 40,0 )tm.
Rodriguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
cm ..
22 Milward-de -Azevedo. M. A. & Baumgratz. J. F. A.
7 - Ângulo entre as nervuras laterais 98°-172°; pedicelo floral 0,2-0,3 cm compr.;
corona com filamentos da série externa filiformes; ovário 0,18-0,3 cm compr.;
pólens com a média dos diâmetros dos lumens dos retículos < 3,0 pm
3. P. misera
T - Ângulo entre as nervuras laterais 40°-80°; pedicelo floral 0,5- 1 cm compr.; corona
com filamentos da série externa liguliformes; ovário 0,4-0,5 cm compr.; pólens
com a média dos diâmetros dos lumens dos retículos >3,5 pm
4. P. tricuspis
SEÇAO Cieca (Medik.) DC, Mém. Soc.
Phys. Genève 1:435. 1822.
Pecíolos com um par de glândulas estipi-
tadas; estipulas linear-subuladas; inflorescên-
cias em mônades (flores solitárias) ou díades,
pedunculadas, brácteas linear-subuladas,
caducas; pétalas freqüentemente ausentes,
corona bisseriada; frutos bacóide-mclanóides;
sementes com testa foveolada ou irre-
gularmente sulcada.
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Boi. Inst. Cienc. Nat. Univ. R.GSul 12: 9, est.
2. 1962; Sacco, Fl. Ilust. Cat. Fase. Pass.: 18,
est. 3. 1980; Cervi, Universitat de Barcelona,
Facultad de Biologia, tesis doctoral 486: 9. 1981;
Holm-Nielsen et ai, Fl. Ecuador 3 1 : 26. 1988;
Deginani. Aportes Botânicos de Salta, Ser.
Flora 6(2): 8, est. 3. 1999.
Tipo: República Dominicana, Jacquin s.n.
(W, LINN)
Figuras 3 e 4
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos,
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face
abaxial das sépalas esparso a densamente
pubescente, tricomas simples e glandulares,
patentes ou adpressos. Caule suberoso,
estriado. Estipulas 0,4-0,8 x 0,07-0,15 cm,
linear-subuladas. Folhas com pecíolo 0,6-4, 1
cm compr., um par de glândulas no terço
inferior; lâminas não variegadas, membra-
náceas a cartáceas, inteiras ou levemente à
profundamente 3-lobadas, 4,2- 1 2,6 cm compr.
(nm), 2,8-8,5 cm compr. (nl), 3,7- 14 cm larg.,
ângulo entre os lobos 5 I o - 129°, ápice agudo,
base obtusa a auriculada, margem inteira,
oceolos ausentes. Inflorescências em mônades
ou díades, pedunculadas; pedúnculos 0,7-7,2
cm compr.; brácteas ca. 0,07 x 0,01 cm, linear-
subuladas. Flores verdes ou alvascentas;
pedicelos 0,2-0, 9 cm compr.; hipanto
campanulado; sépalas 0,5- 1,3 x 0.2-0,35 cm,
ápice obtuso; pétalas ausentes; corona
bisseriada, filamentos da série externa 0,25-
0,4 cm compr., filiformes, série interna 0,15-
0,2 cm compr., subclaviformes; opérculo ca.
0,15 cm compr, ápice introrsamente curvo;
disco nectarífero ausente; androginóforo 0,4-
0,7 cm compr.; estames 0,3-0, 5 cm compr.,
anteras 0,2-0,25 x 0,1-0,12 cm; pólens 12-
colpados, colpos média compr. = 50 pm.
lumens do retículo média diâm. = 2 pm, sem
báculos, muros retos, curtos e largos; ovário
0, 15-0,25 x 0, 1-0,25 cm, globoso, glabro; estilete
ca. (),3cm compr. Frutos 0,5- 1,8 x 0,5- 1,5 cm,
bacóides melanóides, indeiscentes, vinosos ou
nigrescentes, globosos, glabros; sementes 0,35-
0,4 x 0,2-0,25 cm. obovadas, testa foveolada.
Material examinado: MINAS GERAIS:
Água Limpa, 10/VI/1964, fl, fr, sem coletor
(RB 1 26000); Belo Horizonte, 25/VII/1990. fr,
E. Tameirão et al. 101 (BHCB); 17/X/1990,
bt, fr, E. M. Bacariça 91 (BHCB); 19/11/1991,
bt, fl, fr, E. Tameirão Neto et C. Y. K.
Matsuoka 393 (BHCB); Barroso. 20/X/2001,
fl, fr, R. C. Forzza et al. 1914 (CESJ);
Brasópolis, 15/XII/1982, fl, fr, J. R. Pirani et
al. 290 (SP); Janaúba, 9/XI/1985, bt, 0, 11.
Rodriguísia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm
Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
23
Figura 3 - Passiflora suberosa L: a - detalhe do ramo fiorífero, b - folha 3-lobada, com lobo mediano bem distinto dos
laterais pelas suas dimensões, c - estipula: face adaxial, d - bráctea: face adaxial, e - flor, evidenciando uma bráctea no
pedúnculo, f- filamento da série externa da corona, g - filamento da série interna da corona, h - fruto, i - semente (a:
Hoeline s.n. - SPF 15322, b-i: M. Groppo Jr. 592). Escalas: a, b, h = 1 cm; c, d, e, f, g, i = 1 mm.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ,
13 14
24
Milwa rd-cl e -A zeveclo, M. A. & Baunigratz J. F. A.
1'igura 4 - Mapa da distribuição geográfica de Passiflora suberosa L. na Região Sudeste do Brasil, destacando a
variabilidade da forma da lâmina foliar: (I) lobos muito desiguais entre si, sendo o mediano bem distinto dos laterais,
pelas maiores dimensões, ("A*) lobos semelhantes entre si, com os laterais nitidamente concrcscentcs ao mediano. (t|t)
profundamente 3-lobada, lobos semelhantes entre si, os laterais quase se individualizando do mediano. (Escala = 1 cm)
Saturnino 1006 (PAMG); Lavras, 9/XII/19S0,
fl, fr, //. F Leitão et al. 11697 (RB. UEC);
Machado, 1 ü/III/1 950, fr, C. Carcerelli 23
(RB); Monte Belo. 15/X/1992, fl. //. Q. B.
Fernandes et al. 3085 (RB); Ouro Preto
1934, fl, M. Cabral s.n. (OUPR 6982);
Paraopeba, 22/VI/1955, bt, E. G. Ilcringcr
s.n. (RB 90516); Patrocínio, 7/V/19S7. fr,
Pedralli et al. s.n. (HXBH 6034); Poços de
Caldas, 2 1/1 V/l 990. bt. fl, fr. M. B. C. Gallo
s.n. (VIC 11412); Ponte Nova, 13/XI/1978,
bt, fl, fr, J. Rapado s.n. (OUPR6964); Rio
Novo. fl, sem coletor (VIC 13104); Santa Rita
do Sapucaí, 15/111/1996, fr, M. Brandão
25411 (PAMG); Santana do Garambeu. 6/VI/
2001, A. Salino et R. C. Mota 6953 (BHCB);
São Gonçalo do Rio Abaixo. 1/X1I/19S6, bt, fr,
Pedralli et al. s.n. (HXBH 7812); São José
de Melo. bt, 5/III/1978, M. Brandão 9643
(PAMG); São Roque de Minas, 1/1II/2003, M.
Milward 125 (RB); São Sebastião do Paraíso,
1 2/1 V/ 1945, fl. Brade et 4. Barbosa 17S48
(RB); Teixeiras-Ponte Nova. 24/1 VV 1 999. bt.
fl. fr. G E. Valente 425 (VIC); Turvo. 24/VI/
1926, bt, fl, fr. Hoclxne et A. Gelirt s.n. (SP
17465); Viçosa, 13/X1I/1996, bt, 0, fr. L A.
Basílio s.n. (VIC 17051); I/III/1984. bt. fl. fr,
F. S. Lopes s.n. (VIC 8664); 9/XI/2000. fl. fr,
G E. Valente 600 (VIC); 22/V/2000, bt. fl,
A. F. Carvalho 672 (VIC). ESPÍRITO
SANTO: Domingos Martins. 1 l/V/1993, bt. fl.
fr. ,/. R. Pirani et R. M. Silva 2796 (SPF).
RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo. 23/IX/
1987, fr, D. Araújo et S. R. R. Souza 8195
(GUA); 31/V/1989. bt. fl, fr, D. Araújo et 11.
C. Lima 8961 (GUA); 29/X/1990. bt, (1. fr, C.
Farney et al. 2442 (RB); I/1X/2(X)1, fr, M.
Milward et P. 11. L. Van Der Ven 108 (RB);
Búzios. 1 1/1/2002, bt, fl. R. C. C. Reis 325 et
M. M. Saavedra 151 (RB); Glicério, 14/IV/
Rotlrigliésia 55 (85): 17-54. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
Passiflora subg. Dccalobu no Siutcsic Brasileiro
2001, bt. fl, fr, M. G Bovini et al. 1979 (RB);
Itaipava, 5/XI/2000, fl, fr, G E. Valente 599
(V1C); Miguel Pereira, 23/11/2002, bt, fr, M.
Milward 116 (RB); Petrópolis, X/1943, fl. fr,
O. C. Góes et D. Constantino 656 (RB); Rio
de Janeiro, VI/1916, bt, 4. F razão s.n. (RB
7248); Vl/1920, bt, 11, J. G. Kuhlmann s.n.
(RB 15630); 4/II/1947, bt. fl, fr. O. A. Silva
s.n. (RB 58331); 1S/V/1990. fr, L. Sylvestre
s.n. (RB 354872); 9/1X/1992, fr, R Avellars.n.
(RUSU 3290); 2/11/2002, bt, M. Milward 117
(RB); Santa Maria Madalena. 25/XI/1977, fr,
L. Mautone 44S et R. C. O. Montella 94
(RB). SÃO PAULO: Angatuba, 23/1/1979, fl,
E. C. Aranha s.n. (1AC 26528); Araras, 23/
11/1967, fr, J. Mattos Jr 14408 (SP); Atibaia,
16/XI/1987, fl, J. A. A. Meira Neto et al.
212S4 (UEC); Bauru, 26/V/1994, bt, fl, fr. J.
Y. Tamashiro et al. 1SS (HRCB, 1AC, SPF.
UEC); Botucatu, 23/111/1978, bt, fl, fr, N. B.
M. Brandjes 702412 (BOTU, UEC);
Campinas, 6/X1/193S. fr. G. P. Viegas et A. P.
Vicgas s.n. (IAC2891); 1 4/X 1/ 1 978, bt, fl, fr,
H F Leitão et al. 8622 (UEC); 4/XII/1990,
L C. Bernacci s.n. (UEC 63243); l/IV/1992,
(1, C. Kosdmitze 27272 (UEC); A. S. Grottoy
s.n. (SP 119768); Ilha de Alcatrazes, 12/VI/
1994, bt, M. Barroso s.n. (IAC 36160);
Itanhaém, 1 1 - 1 2/1 V/ 1 996, fr, V. C. Souza
11025 (IAC); Itapira, 17/V/ 1927, bt, fl, fr, F.
C. Hoelme s.n. (IAC 32609, SP 20359);
Itararé, X/1965, 11, J. Mattos et C. Moura
14966 (SP); I3/1V/1977, fr, //. F. Leitão et
al. s.n. (UEC 12679); Jeriquara, 17/III/1964,
11, fr, J. Mattos et H. Bicalho 11690 (SP);
Joanópolis. 30/1X71969, bt. fl./ Mattos 15490
(SP); Jundiaí, 25/X/1994. bt, fl, fr, L. C.
Bernacci 2221 (IAC); 5/IV/1995, bt, 11, fr, S.
L. Jung-Mendaçolli et al. 1425 (UEC); 14/
XI/1997. fl. fr. S. L Jung-Mendoçolli et (d.
871 (IAC); Limeira. 13/IV/1954, fl, fr, F. C.
Hoelme s.n. (IAC 32613, SPF 15322); Monte
Alegre do Sul, 26/VII/1949, bt, fr, M.
Kuhlmann l.S88( SP); Pinhal. 12/XI/1947, bt,
11 fr. M. Kuhlmann 1505 (SP); 29/III/1980,
fr, V F. Ferreira 1169 (RB); 20/III/1983. 11,
fr, V. F. Ferreira 3051 (RB); Piracicaba. 14/
Rndriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
25
XII/1938, bt, fl, A. P. Viegas et G. P. Viegas
s.n. (IAC 4371); Santos, fl, Luedenvaldt et
Fonseca s.n. (SP 10659); São Bento de
Sapucaí, XI/1945, fl, fr, P. Leite s.n. (FCAB
2159); São Carlos, 9/X/1988, J. A. Lombardi
et J. C. Motta Jr. 20822 (UEC); São José do
Rio Pardo, 8/XI/1994, bt. fl, fr, L S. Kinoshita
et C. Muller 94 (IAC); São Manuel, 5/11/
1996, bt, fl, R. Mantanholi 130 (BAUR); São
Paulo, bt, Hoelme s.n. (SP 32838); 11/1916,
bt. fl, fr, A. C. Brade s.n. (SP 6499); 11/IV/
1935, bt, fl, M. Kuhlmann s.n. (SPF 146576);
1 S/TV/1967, bt. fl, fr, N. Mazzaro s.n. (IAC
19481); 27/IV/1995, fr, L C. Bernacci et al.
1586 (IAC); 24/III/1999, fr, M. Kirizawa
3374 (SP); Socorro, 26/11/2001, bt, fl, M.
Groppo Jr. 592 (SPF); Vinhedo, 23/XI/1998,
bt, A. F. Silva et al. 8880 (UEC); Votarantin,
29/III/19S0, fl, V F. Ferreira 1219 (RB); 20/
III/1983, fl, fr, V F. Ferreira 3051 (RB); 12/
1/1984, bt, fl, fr, V. F. Ferreira 3160 (RB).
Distribuição geográfica e habitat:
Apresenta uma ampla distribuição pelas
Américas, ocorrendo desde Estados Unidos e
México, até a América Central, Venezuela,
Colômbia, Equador, Peru. Bolívia, Brasil,
Paraguai e Argentina. No Brasil: Goiás,
Distrito Federal, Ceará, Pernambuco, Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Espécie heliófila, sendo encontrada,
principalmente, nas bordas de mata
preservadas, florestas secundárias, bem como
em áreas de restingas litorâneas (Sacco 1980).
Na Região Sudeste (Fig. 4), ocorre em
caatingas, cerrados, florestas pluviais
montarias e sub-montanas e restingas; tem sido
coletada com maior freqüência na floresta
atlântica.
Nome vulgar: Maracujazinho (MG; SP; Pio-
Corrêa 1984), maracujá-miudinho (SP).
Dados fcnológicos: Coletada com flores nos
meses de fevereiro a julho e setembro a
dezembro, e com frutos, de setembro a julho.
Etimologia: O epípeto específico suberosa
refere-se, provavelmente, ao caule suberoso.
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
26
Passiflora suberosa é bem distinta das
outras estudadas, principalmente pelo caule
suberoso nas porções inferiores, pecíolos com
um par de glândulas, lâminas muito polimórficas,
desde inteiras, não lobadas, até profundamente
3-lobadas, desprovidas de oceolos, flores
apétalas e com corona bisseriada, polens 12-
colpados e sementes com testa foveolada.
Espécimes com folhas de lobos muito
desiguais entre si, sendo o mediano distinto dos
laterais pelas maiores dimensões (Fig. 4: ■),
ocorrem frequentemente em formações de
floresta atlântica; podendo ser encontrado
também espécimes com os lobos semelhantes
entre si, sendo os laterais concrescentes ao
mediano (*). Em dois exemplares - J. Matos
et C. Moura 14966 e H. F. Leitão et al. s.n.
(UEC 12679) - notam-se folhas profundamente
3-lobadas, tendo lobos semelhantes entre si,
com os laterais quase se individualizando do
mediano (*)•
2. Passiflora truncata Regei, Gartenflora 8: 356,
est. 276. 1858; Regei, Ann. Sei. Nat. Bot. 12:
378. 1859; Masters in Martius, Eichler & Urban,
Fl.bras. 13(1): 586. 1872; Killip, Publ.Field Mus.
Nat. Hist. Bot. Ser. 19(1): 118. 1938; Sacco, Fl.
Ilust. Cat. Fase. Pass.: 12, est. 1. 1980; Cervi,
Universitat de Barcelona, Facultad de Biologia,
tesis doctoral 486: 9. 1981; Bemacci & Vitta,
Hoehnea 26(2): 144. 1999.
Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Riedel et
Luschnath 1108 (Holótipo - US).
Figuras 5 e 6
Trepadeira com indumento dos ramos, ga-
vinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, brácteas,
pedicelos florais, hipantos e face abaxial das
sépalas, ovários e frutos moderado a densa-
mente pubérulo-viloso, tricomas cedo caducos.
Caule triangular e levemente complanado,
estriado. Estipulas ca. 0,3 cm compr., linear-
subuladas. Folhas com pecíolo 1, 3-3,2 cm
compr., um par de glândulas no terço-médio;
lâminas não variegadas, membranáceas a
cartáceas, 2-3 lobadas, 1, 8-6,6 cm compr. (nm),
2,2-7,5cm compr. (nl), 2,5-8,7 cm larg., ângulo
entre os lobos 43 o - 1 10°, ápice truncado a obtuso.
Milward-de-Azevedo, M. A. & Baumgralz. J. F. A.
base obtusa, margem inteira, 1-5 oceolos entre
as nervuras principais laterais. Inflorescências
em mônades ou díades, pedunculadas; pedún-
culos 0,2-1 cm compr.; brácteas 0,1-0,13 x
0,03-0,05 cm, linear-subuladas. Flores alvas, alvo-
esverdeadas, verdes ou amarelas; pedicelos
0,2- 1,1 cm compr.; hipantocampanulado; sépa-
las 0,5-0, 7 x 0, 2-0,4 cm, ápice agudo a obtuso;
pétalas 0,35-0,4 x 0,1-0,15 cm, espatuladas,
ápice obtuso; corona bisseriada, verde ou cre-
me, filamentos da série externa 0,25-0,4 x 0,03-
0,05 cm, falcifonnes, interna ca. 0, 1 cm compr.,
filiformes, ápice capitado; opérculo ca. 0, 1 cm
compr., ápice introrsamente curvo; disco necta-
rífero ausente; androginóforo ca. 0,5 cm compr.;
estames ca. 0,25 x 0,3cm, antera 0,2-0,25 x
ca. 0,1 2 cm; pólens 6-colporados, colpos média
compr. = 38 pm, lumens do retículo média
diâm. = 1 pm, muros retos, curtos e largos, sem
báculos; ovário 0, 1 3-0,2 x 0, 1 -0, 1 3 cm, elíptico;
estilete ca. 0,3 cm compr. Frutos 2-3 x 2-3 cm,
bacóides melanóides, indeiscentes, globosos;
sementes 0,3-0, 5 x 0,25-0,3 cm, nigrescentes,
elípticas, testa irregularmente sulcada.
Material examinado: RIO DE JANEIRO:
Mendes, 6/1II/1980, bt, fl, fr, M. B. Cosori et
al. 166 (GUA); Nova Iguaçu, 1 2/XII/200 1 , bt,
fr, S. J. Silva-Neto et al. 1578 (RB); Rio de
Janeiro, 1/III/1931, bt, fl, A. C. Brade 10624
(R); 22/1/1932, 0, A. C. Brade s.n. (R 90277);
29/1/1959, bt, E. Pereira 4264 (HB, RFA); 1/
X/1958, bt, fl, fr, E. Pererira 4350 (HB, RFA);
27/11/1991, bt, B. Kurtz et al. 166 (RB); Santo
Antônio do Imbé, IV/1932, fl, fr, Brade et S.
Lima 11780 (R). SÃO PAULO: Cananéia, 2/
11/1978, fr, GT. P rance et al. 6962 (UEC);
São Paulo, 2 2/X 1/1919, bt, fr, P. C. Porto 89S
(RB); 30/XI/1930, fl, A. Gehrts.n. (SP27044);
XII/1939, bt. Brade 13070 (RB); XII/1954,
bt, fl, O. Handro 420 (SP); 23/XI/1972, bt, fl,
fr, O. Handro 2216 (RB, SPF); 31/X/1977,
bt, fl, M. M. R. F. Mello 42 (SP); 30/1/1978, fr,
//. Makino 122 (SP); 6/1II/1978, bt, fl, S. L.
Jung et al. 235 (SP); 4/XII/1979, bt, fl, fr, S.
L Jung et al. 318 (SP, UEC); 28/X/1980, fl,
fr, F. Barros et S. L. Jung 548 (IAC, SP,
UEC); 8/XII/1988, fl, fr, E. L Silva 41 (SPSF).
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Passiflora subg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro
r.i Bi
Figura 5 - Passiflora truncata Regei: a - detalhe do ramo florífero, b - oceolo na face abaxial da lâmina foliar, c - bráctca:
face adaxial. d - flor, c - filamento da série externa da corona, f - filamento da série interna da corona, g - fruto, h - semente
(a-f: F. Burros et S.L Jtmg 548, g-h: O. Handro 2216). Escalas: a, g = 1 cm; b d, e, f, h = 1 mm, d = 2 mm.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
28
MUward-de-Azevedo, M. A. <£ Baumgrai;, J. F. /\.
Distribuição geográfica c habitat: Restrita
às Regiões Sudeste e Sul do Brasil, ocorrendo
nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná e Santa Catarina, em formações de
floresta pluvial. Na Região Sudeste (Fig. 6),
ocorre em florestas pluviais montanas,
principal mente na Serra do Mar. De acordo
com Sacco (1980), esta espécie é ciófila,
ocorrendo principal mente no interior da floresta
e mais raramente na borda de mata ou em áreas
perturbadas. É exclusiva da mata pluvial de
encosta, onde tem ampla distribuição, porém
descontínua e pouco representativa em cada
localidade.
Nome vulgar: Maracujá.
Dados fenológicos: Coletada com flores nos
meses de outubro a abril, e com frutos, de
fevereiro a abril e outubro a dezembro.
Etimologia: O epípeto específico tnmcata é
em alusão ao ápice truncado das folhas.
As lâminas foliares de P. tnmcata são
morfologicamente muito semelhantes às de P.
polilii, distinguindo-se. porém, pela presença
de glândulas no pecíolo, conforme assinalado
também por Killip (1938).
SEÇÃO Decaloba DC., Mém. Soc. Phys.
Gencve 1:435. 1822.
Pccíolos desprovidos de glândulas;
estipulas linear-subuladas; lâminas foliares com
oceolos entre as nervuras laterais principais;
brácteas linear-subuladas; hipantos
patcliformes. pólens com os lumens do retículo
com muros retos, curtos e largos; frutos
bacóides melanóides; sementes com testa
sulcada transversalmente.
Rodrisuésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Passiflora subg. Decaloha no Sudeste Brasileiro
3. Passiflora mísera Kunth, Nov. Gen. et Sp.
2: 136. 1817; Masters in Mailius. Eichler &
Urban, Fl.bras. 13(1): 556. 1872; Killip, Publ.
FieldMus.Nat. Hist. Bot. Ser. 19(1): 149. 1938;
Sacco, Boi. Inst. Cienc. Nat. Univ. R. G Sul
12: 12, est. 5. 1962; Sacco, Fl. Ilust. Cat. Fase.
Pass.: 35, est. 7. 1980; Cervi, Universitat de
Barcelona, Facultad de Biologia, tesis doctoral
486: 12. 1981; Bernacci & Vitta, Hoehnea
26(2): 141. 1999.
Tipo: Colômbia, Humboldt et Bonpland s.n.
(Holótipo - P !, Foto - RB!, Isótipo - BW)
Figuras 7, 8 e 9
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos,
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo-
adpresso e furfuráceo, tricomas cedo-caducos.
Caule complanado, estriado. Estipulas 0, 2-0,5
x 0,05-0,1 cm, linear-subuladas, falcadas.
Folhas com pecíolo 0,6-3, 3 cm compr.,
glândulas ausentes; lâminas não variegadas,
cartáceas, 2-3 lobadas, 0, 7-4,7 cm compr. (nm),
2,2-10,1 cm compr. (nl), 4,3-16,3 cm larg.,
ângulo entre os lobos 98°-172°, ápice agudo a
obtuso, base truncada a reniforme, margem
inteira, oceolos 2 na base da lâmina, 2-16 entre
as nervuras laterais principais. Inflorescências
em mônades pedunculadas; pedúnculos 2. 3-2, 8
cm compr.; brácteas 0,16-0,3 x 0,02-0,03 cm,
linear-subuladas. Flores brancas, esverdeadas
ou amarelo-esverdeadas; pedicelos 0,2-0,3 cm
compr.; hipanto pateliforme, sépalas 1,2-1, 3 x
0,35-0,4 cm, ápice agudo; pétalas ca. 0,9 x 0,2
cm, oblongo-ovadas; corona alva, bisseriada,
filamentos da série externa 0,8- 1 , 1 cm compr.,
filiformes, da série interna 0,3-0, 4 cm compr.,
capitados a claviformes; opérculo ca. 0,2 cm
compr., ápice introrsamente curvo; disco
nectarífero ausente; androginóforo ca. 1,0 cm
compr.; estames ca. 0,5 cm compr., antera ca.
0,3 x 0,2 cm; pólens 12-colporados, colpos
média compr. = 39.5 |im, lumens do retículo
média diâm. = 2,7 fim, com báculos, muros
retos, curtos e largos; ovário 0,18-0,3 x 0,08-
0,1 1 cm, oblongo, glabro; estilete ca. 0,5 cm
compr. Frutos 1,1 -2.8 x 0,8- 1,5 cm. bacóides
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
29
melanóides, indeiscentes, nigrescentes ou
roxos, globosos a oblongos, glabros; sementes
0,25-0,4 x 0, 15-0,2 cm, elípticas, testa sulcada
transversalmente.
Material examinado: MINAS GERAIS:
Inconfidentes, 4/XII/1991, P. Veríssimo 71 S
(PAMG); Itajubá, 5/II/1982, bt, fl, D. A. C. 63
(ES AL); Juiz de Fora, 14/III/1945, bt, fl, E. R
Hntg s.n. (SP 52780); Pouso Alegre, 28/IV/
1927, bt, fl, F. C. Hoehne s.n. (SP 19242, SPF
146570); sem localidade, XII/ 1 896, fl, fr, A.
Silveira 2024 (R). ESPÍRITO SANTO:
Guarapari, 28/IV/1988, fl, fr, O. J. Pereira
1496 et L C. Fabris 394 (VIES); Itaúnas, 20/
11/2002, bt, fl, M. Milward et P. H. L Van
Der Ven 95 (RB); Linhares, 29/III/1934, fl,
J.Q Kuhlmann 91 (RB); Vila Velha, 15/IX/
1988, O.J. Pereira 1821 (VIES); Vitória, 19/
V/1983, fl, N.C. Maciel et D. Araújo 47
(GUA). RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo,
11-111/ 195 1 , fl, L. E. Mello Filho 1119 (R); II-
III/1951, Segadas-Vtanna 4114 (R); 11-111/
1951, Segadas-Vianna 4120 (R); II-III/1951,
L.E. Mello Filho 1098 (R); Cabo Frio, IX/
1881, fr, Netto et al. s.n. (R 90175); 18/IX/
1881, fl, fr, Glaziou 12742 (R); X/1899, fr, E.
We s.n. (R 90176); 6/V1/1973, bt, D. Sucre et L
C. Araújo 10020 (RB); 12/V/1982, fl, D.
Araújo et N. C. Maciel 5058 (GUA); 12/1 XI
1984, fl, D. Araújo et R. F. Oliveira 6431
(GUA); 13/IX/1984, fr, D. Araújo et R. F.
Oliveira 6416 (GUA); 9/V/1986, bt. fl, D.
Araújo 7451 (GUA); 21/IX/1987, bt, fl, D.
Araújo 8132 (GUA); Quissamã, 29/V/2002,
bt, fl, fr, R. Marquete et al. 3284 (RB); São
João da Bana, 16/V/l 989, fl, fr, D. Araújo 8815
(GUA); Saquarema, 7/III/1986, fr, D. Araújo
et al. 7251 (GUA); 2/V/1990, fl, fr, D. Araújo
9122 (GUA); 12/V/1990. fl, C. Farney 2363
(GUA). SÃO PAULO: Bom Sucesso do
Itararé, 19/XII, bt, fl, F. Chung et al. 232
(UEC); Campinas, 6/XI/1938, bt, fl, fr, C.
Franco et P. Mendes s.n. (IAC 2851, SP
40976); Capão Bonito, XII/1949, fl, J. Vidal
317 (R); Jundiaí, 25/X/1994, bt, fl, fr, L.C.
Bernacci s.n. (IAC 32539); 25/XI/1994, bt, fl,
fr, LC. Bernacci 2219 (IAC); 1 1/XI/ 1996, bt,
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Milward-de-Azevedo, M. A. & Baumgralz, J. F. A.
filamento da série externa da corona, e - filamento da série interna da corona, f- semente (a-c: D. Araújo et al. 8132, d-
f: R. Marquete 3284). Escalas: a = 1 cm; b, c,d, e, f = 1 mm.
Rodríguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
Figura 8 - Detalhe dos oceolos nas axilas formadas pelas nervuras principais, na face abaxial da lâmina foliar de P.
misera Kunth: a- individualizados; b- geminados (/?. A íarquete 3824). Escalas = lmm.
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
SciELO/JBRJ
cm ..
32
Milward-de -Azevedo. M. A. & Baiimgralz. J. F. A.
Figura 9 - Mapa da distribuição geográfica de PassiJIora misera Kunth na Região Sudeste do Brasil, destacando a
variabilidade da forma da lâmina foliar: (★) 3-lobada, (*) 2-lobada, lobos obtusos c mais curtos, (•) 2-lobadas, lobos
agudos c mais longos, (■) 2-lobadas, subreni formes, lobos arredondados. (Escala = 1 cm)
fr, L C. Be macei 2177 (IAC); ll/XI/1996, bt,
fl, fr, L C. Bernacci 2179 (IAC); Presidente
Epitácio, 23/X 1/1992, bt, fl, fr, 1. Cordeiro et
al. 1133 (SP, SPF); São Paulo, 21/XII/1913,
bt, fl, fr, A. C. Brade 7395 (SP); 19/XI/1917, bt,
fl, F C. Hoehnes.n. (SP929); 9/XII/I918, bt, fl,
fr, F. C. Hoeluie s.n. (IAC 32627, SP 2612); 30/
X/1926, bt, fl, F C. Hoehne s.n. (IAC 32628,
SP24554); X/1938, bt, fl, W. Hoelmes.n. (SPF
10580); 3/XII/1939, bt, fl, fr, /. Swentorzecxy
s.n. (IAC 32626, SP 41830); 9/11/ 1942, bt, fl, L
Kríeger835 (CESJ); 9/II/1942, bt, fl, fr, L Roth
835 (SP); Sorocaba, 29/X/ 1887, bt, fl, A.
Lbfgreii 277 (R); Sumaré, 23/X/1975, bt, fl,
J. Vasconcellos Neto s.n. (UEC 12694).
Distribuição geográfica e habitat: Distribui-
se de modo amplo pela América do Sul, em
diversas fitofisionomias, ocorrendo na Guiana,
Venezuela, Colômbia, Bolívia, Brasil, Paraguai
e Argentina, alcançando o Panamá, na Améri-
ca Central. No Brasil: Pará, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Ceará,
Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Heliófita ou
mesófita, encontrada no interior das matas
abertas, capoeiras e solos recentemente revol-
vidos (Sacco 1980). No Paraná, é encontrada
nas várzeas, beiras de rios e banhados, estando
sempre associada a água (Cervi 1981). Na
Região Sudeste brasileira (Fig. 9) é encontrada
nos cerrados, florestas pluviais sub-montanas,
florestas de tabuleiro e restingas.
Nome vulgar: Maracujazinho, maracujá-
mirim e maracujázinho-da-serra (Bemacci &
Vitta 1999).
Dados fcnológicos: Coletada com flores nos
meses de fevereiro a junho e setembro a
dezembro, e com frutos, de fevereiro a maio e
setembro a dezembro.
Etimologia: O epípeto misera deriva-se do
latim miseror, iris, iri = ter compaixão, prova-
velmente em alusão ao evento cristão da Paixão
de Cristo, cm que as flores de Passifloraceae
são comumente associadas e conhecidas sob
. o nome vulgar de flor-da-paixão.
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
JsciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Passiflora subg. Decaloba no Sudesie Brasileiro
Pelas folhas com pecíolos inapendicu-
lados e lâminas lobadas. presença de brácteas,
flores solitárias e com pétalas e corona bisse-
riada, com filamentos da série interna lineares,
dilatados no ápice, frequentemente lobulados,
P. mísera e P. tricuspis foram integradas na
série Miserae (jiom. nud.) por Killip (1938).
Passiflora mísera é muito semelhante a
P. organensis pelas características
vegetativas, sendo distinta pela corona
bisseriada. São espécies alopátricas, ocorrendo
em áreas distintas no Sudeste.
As folhas apresentam grande plasticidade
quanto à forma, e de acordo com o tipo de
ambiente, podem apresentar forma de lâmina
foliar mais predominante que outra: espécimes
com lâminas geral mente 3-lobadas (Fig. 9: *)
são observados em florestas pluviais sub-
montanas e cerrados; lâminas 2-lobadas, com
lobos obtusos e mais curtos (*), em florestas
de tabuleiro; lâminas 2-lobadas, com lobos
agudos e mais longos (•), em restingas; e
lâminas 2-lobadas. subreniformes, com lobos
arredondados (■), também em restingas.
Dentre estes, o padrão lâmina 2-lobada, com
os lobos agudos e mais longos (•), é o que se
observa no exemplar do holótipo, coletado na
Colômbia.
4. Passiflora tricuspis Mast., in Martius,
Eichler & Urban, Fl. bras. 13(1): 587. 1872;
Killip, Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser.
19(1): 153. 1938; Killip, Publ. Field Mus. Nat.
Hist. Bot. Ser. 13(4): 127. 1941; Sacco, Fl.
Ilust. Cat. Fase. Pass.: 38. est. 8. 1980; Cervi,
Universitat de Barcelona, Facultad de Biologia,
tesis doctoral 486: 12. 1981; Cervi, Fl. Est.
Goiás Col. Rizzo 7: 36, est. 8. 1986.
Tipo: Brasil, Piauí, Serra de Araripe, Gardner
1631 (Holótipo - K).
Figuras 10 e 11
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos,
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo,
tricomas cedo-caducos. Caule levemente
complanado, estriado. Estipulas ca. 0,3 x 0,025-
33
0,05 cm, linear-subuladas. Folhas com pecíolo
1-2,2 cm compr., glândulas ausentes; lâminas
variegadas ou não, cartáceas, 3 lobadas, 3,2-
11,1 cm compr. (nm), 4, 1-10,2 cm compr. (nl),
4,1-12 cm larg., ângulo entre lobos 40°-80°,
ápice agudo a obtuso, base obtusa, margem
inteira, oceolos 2 na base da lâmina e 1 -7 entre
as nervuras laterais principais. Inflorescências
em mônades pedunculadas; pedúnculos 2,7-3, 5
cm compr.; brácteas 0,15-0,2 x 0,02 cm, linear-
subuladas. Flores brancas, creme ou esver-
deadas; pedicelos 0,5-1 cm compr.; hipanto
pateliforme; sépalas 1,2- 1,6 x 0,5-0, 7 cm, ápice
obtuso; pétalas 1-1,2 x 0,3-0,35 cm, oblongo-
ovadas; corona bisseriada, filamentos da série
externa 1-1,5 cm compr., liguliformes, interna
0,4-0,5 cm compr., capitado à subclaviforme;
opérculo ca. 0,3 cm compr., ápice introrsamente
curvo; disco nectarífero ausente; androginóforo
ca. 1,3 cm compr.; estames 0, 5-0,6 cm compr.,
antera 0,5-0,55 x 0,15-0,25 cm; pólens 12-
colporados, colpos média compr. = 39,2 |im,
Iumens do retículo média diâm. = 3,7 |lm, com
báculos, muros retos, curtos e largos; ovário
0,4-0,5 x 0,3-0,35 cm, elíptico, glabro; estilete
0, 5-0,6 cm compr. Frutos l,l-2,6x0,9-l,9cm,
bacóides melanóides, indeiscentes, nigrescentes
ou atro-purpúreos, globosos a oblongos,
glabros; sementes ca. 0,3 x 0,2 cm, obovadas,
testa sulcada transversalmente.
Material examinado: MINAS GERAIS:
Araxá, 10/VII/1992, M. Brandão 20850
(PAMG); Coromandel, 20/IV/1989, M.
Brandão 15256 (PAMG); Ituiutaba, 28/X/1956,
A. Macedo 4868 (SP); Pitangui, W/2001, fl,
F. C. Campos s.n. (BHCB 62256); 9/X/2001,
F. C. Campos s.n. (BHCB 64897); Rio
Paranaíba, 29/XII/1987, fr, M. A. Silva et al.
488 (SP); Sacramento, 20/11/1989, bt, M.
Brandão 14767 (PAMG); Sete Lagoas, 22/11
1997, fl, M. Brandão 27723 (PAMG);
Uberlândia, 6/X/1993, fl, fr, A. A. Arantes et al.
73 (HUFU, UEC); 11/III/1996, fl, A. A. Arante
et D. C. Cavalcanti 580 (HRCB); BR-3, km
76, estrada Belo Horizonte-Brasília, 13/X/1965,
fl, fr, E. Pereira 10164 et A. P. Duarte 9254
(HB). ESPÍRITO SANTO: Linhares, 4/V/1995,
Rodriguísia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
34
Milward-de-Azevedo, M. A. & Banmgratz. J. F. A.
Figura 10 - Passijlora iricuspis Mast.: a -detalhe do ramo llorífero e frutífero, b -estipula: face adaxial, c - bráctca: face
adaxial, d - sépala: face adaxial, e - pétala, f- detalhe da disposição da corona c da porção apical do androginóforo, g -
filamento da série externa da corona, h - filamento da série interna da corona, i - semente (a. i: 7: Sendulsy 865, b-h: F.
Campos s.n. - BHCB 62256). Escalas: a = I cm; b, c, g, h. i = 1 mm; d, c.f = 5 mm.
Rodrigiiésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Passi flora subg. Dccaloha no Sudeste Brasileiro
Figura 11 - Mapa da distribuição geográfica de Passijlora tricuspis Mast. na Região Sudeste do Brasil, destacando a
variabilidade da forma da lâmina foliar: (A) lobos unidos entre si mais da metade do comprimento foliar (nm), ápices
obtusos. (A) lobos unidos entre si até cerca de um terço do comprimento foliar (nm), (•) lobos unidos entre si mais da
metade do comprimento foliar (nm), ápices agudos. (Escala = 1 cm)
bt, fr, D. A. Folli 2600 (CVRD); 9/V/ 1995, fl,
D. A. Folli 2605 (CVRD). SÃO PAULO:
Andradina, ll/IV/1995, fr, M. R. Pereira-
Noronha et al. 1067 (SP); Avaí, 9/111/ 1999, bt,
fr, A. P. Bertoncini et M. P. Bertoncini 1006
(UEC); Bauru, 26/V/1994, fr, J. Y. Tamashiro et
al. 172 (SP); Botucatu, 22/XI/1968, bt, fr, T.
Sendusky S65 (SP); 23/III/1978, bt. fl, fr, N. B.
M. Brontjes 702413 (UEC); Iepê, 6/1/1987,
fl, fr, M. C. Diíis et C. Müller s.n. (FUEL
4197); Magda, 30/XL/1994, fl, L C. Bemacci
et al. S41 (IAC, SPF. UEC); Nova Europa, 10/
IV/1925, F. C. Hoehne s.n. (SP 13606);
Pindorama, 16/1V/1994, fr, V. C. Souza et al.
5779 (SP); São José do Rio Preto, 7/III/1996,
bt, fl, A. A. Rezende 343 (UEC); Teodoro
Sampaio, 7/XII/1994, fr, O. T. Aguiar 535 (IAC,
UEC).
Distribuição geográfica e habitat:
Apresenta ampla distribuição na América do
Sul, ocorrendo no Peru, Bolívia, Brasil e
Paraguai. No Brasil: Amazonas, Pará, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí,
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É
encontrada principalmente em áreas de
cerrado, podendo ser encontrada também em
áreas de caatinga, floresta pluvial sub-montana
e floresta amazônica. Na Região Sudeste (Fig.
11), ocorre em áreas de cerrado, floresta pluvial
sub-montana e em áreas de caatinga, na bacia
do rio Doce, ES.
Nome vulgar: Maracujá-borboleta (ES),
maracujá-do-mato (MG), pé-de-ema (MG),
maracujá (Pio-Corrêa 1984).
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15
cm ..
30
Dados fenológieos: Coletada com flores nos
meses de setembro a março e em maio, e com
frutos, nos meses de outubro a janeiro e março
a maio.
Etimologia: O epípeto específico tricuspis é,
provavelmente, em alusão às folhas trilobadas
do exemplar-tipo.
Passiflora tricuspis distingue-se das
demais espécies estudadas, principalmente
pelos pecíolos desprovidos de glândulas,
lâminas foliares trilobadas, presença de
oceolos, flores com corona bisseriada e pólens
12-colporados.
Há predominância de espécimes com
lobos foliares unidos entre si em mais da metade
do comprimento da folha (nm) e de ápice
obtuso (Fig. 11: A). Podem ser encontradas,
ainda, lâminas foliares com lobos unidos entre
si até cerca de um terço do comprimento foliar
(nm) para o estado de Minas Gerais (A), e
com lobos unidos entre si mais da metade do
comprimento foliar (nm). porém com ápice
agudo, para o estado de São Paulo (•).
5. Passiflora organcnsis Gardn., Lond. Journ.
Bot. 4: 104. 1845; Masters in Martius, Eichler
& Urban, Fl. bras. 13(1): 590, est.lll. 1872;
Killip, Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser.
19(1): 146. 1938; Sacco. FI. Ilust. Cat. Fase.
Pass.: 29, est. 5. 1980; Cervi, Universitat de
Barcelona. Facultad de Biologia, tesis doctoral
486: 11. 1981; Pessoa, Reserva Ecológica
Macaé Cima, Nova Friburgo 1: 319, est. 40e.
1994; Pessoa, Fl. APA Cairuçú, Parati, Esp.
Vasc., Ser. Estudos e Contribuições 14: 390.
1997; Bernacci & Vitta, Hpehnea 26(2): 143.
1999.
Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Serra dos Órgãos,
11/1837, Gardner 428 (Holótipo - BM!,
Isótipo - K!, Foto RB!).
Figuras 12 e 13
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos,
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo,
tricomas alvo-translúcidos, inconspícuos ou não,
caducos ou não. Caule subtriangular, estriado.
Milward-de-Azevedo, M. A. & fíaumgratz. J. F. /V
Estipulas ca. 0,2 x 0,05 cm, linear-subuladas,
levamente falcadas. Folhas com pecíolo 1,1-
7,5 cm compr., glândulas ausentes; lâminas
com face adaxial vinosa, abaxial variegada ou
não, membranáceas a cartáceas, 2-3 lobadas,
I, 1-8,1 cm compr. (nm), 2- 12,2 cm compr. (nl),
3,6-16,6 cm larg., ângulo entre lobos 58 o - 140°,
ápice agudo a obtuso, base obtusa à truncada,
margem inteira, 5- 1 2 oceolos entre as nervuras
laterais principais. Inflorescênciasem mônades
pedunculadas; pedúnculos 1 ,5-4,8 cm compr.;
brácteas 0,15-0,2 x 0,03-0,05 cm, linear-
subuladas. Flores brancas, esverdeadas,
amarelo-csverdeadas, roxas, lilases ou
azuladas; pedicelos 0, 1 -0,5 cm compr.; hipanto
pateliforme; sépalas 1,9-2, 1 x 0,6-0,8 cm, ápice
obtuso; pétalas 1 , 1 - 1 ,5 x 0,2-0,3 cm, oblongo-
ovadas; corona unisseriada, filamentos 0,6- 1 , 1
cm compr., dolabriformes, transversalmente
listrados em roxo e branco ou azul-marinho e
branco; opérculo 0.35-0,5 cm compr., ápice
introrsamente curvo; disco nectarífero ausente;
androginóforo 1-1,5 cm compr.; estames ca.
0,6 cm compr., antera 0,4-0,5 x ca. 0,2 cm;
pólens 12-colporados, colpos média compr. =
42,3 fim, lumens do retículo média diâm. = 6
fim, sem báculos, muros retos, curtos e largos;
ovário 0,2-0, 4 x 0, 1-0,4 cm, globoso,
densamente alvo-pubérulo, às vezes esparso-
pubérulo, raro glabro; estilete 0.7-0.9 cm
compr. Frutos 1, 5-2,4 x 1, 5-2,4 cm, bacóides
melanóides, indeiscentes, nigrescentes ou
roxos, globosos, pubérulos ou glabros; sementes
0.3-0, 5 x 0, 2-0,3 cm, obovadas, testa sulcada
transversalmente.
Material examinado: MINAS GERAIS:
Araponga, 4/1 V/ 1986, bt, fl, M. F. Vieira et al.
355 (VIC); Belo Horizonte, 1898, bt, fl, fr, M.
Gomes s.n. (OUPR 6979); 19/1/1939, bt, fl.
M. Barreto 8646 (R); 7/111/ 1943, fr. O. A.
Drwmnond s.n. (VIC 3293); 11/1945, bt, fl,
O. Williams 54S6 (R); Caeté, 10/1V/1996, fr.
J. A. Lombardi 1253 (BHCB); Catas Altas,
16/VI/1996, M. Brandão 24867 (PAMG);
Grana. 18/1/1945, bt, fl, E. P. Heringer 1745
(SP); Grão-Mogol, 13/XII/1989, bt. fl, fr,/ R.
Pirani et al. 12716 (SPF); Itabira do Mato
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
Figura 12 - Passijlora organcnsis Gardn.: a-detalhe do ramo florífero, b- estipula: face adaxial, c-bráctea: face adaxial
d - sépala: face adaxial. e - pétala, f - filamento da corona, g - detalhe do opérculo, evidenciando o ápice denticulado h
-detalhe da porção apical do androginóforo, i- detalhe do ramo frutífero, j - semente (a-c: G.J. Shepheredet al4376.à-
h: F.S. I j)pes s.n. - VIC 9243. i-j: Kulhmann s.n. - VIC 2422) Escalas: a. i = 1 cm; b, c. f. g, j = ] mm; d, e, h = 5 mm.
Rodrigtiésia 55 (85): 17-54. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
38
MilwarJ-Je-Azevedo, M. A. & Baumgraiz, J. F. A.
Figura 13 - Mapa da distribuição geográfica dc Passiflora organensis Gardn. na Região Sudeste do Brasil, destacando a
variabilidade da forma da lâmina foliar: (■) 2-lobada. lobos agudos, (A) 2-lobada. lobos obtusos, (*) 3-lobada. (•) 2-
lobada, subreniforme, lobos arredondados. (Escala = 1 cm)
Dentro, IV/ 1 925, fr, A. J. Andrade s.n. (R
90340); Itabirito, 4/VI/1994, fr, W. A. Teixeira
s.n. (BHCB 25082); Itamarandiba. 3 1/111/ 1991,
fr, E. M. Teireira et A. M. Brina s.n. (BHCB
35723); Juiz de Fora, 29/III/1985, fr, F. R. S. P.
et at. 20531 (CESJ, UEC); Mariliéria, 3 1/XII/
1976, bt, fr, W. Benson 4248 (UEC); 24/IV/
1998, fr, M. G Bovini et al. 1365 (RUSU);
Oliveira, 20/XII/1998, bt, fl, F C. Campos
Neto s.n. (BHCB44288); 5/1/1999, bt, F. C.
Campos Neto s.n. (BHCB 44287); Ouro
Preto, 1 1/1892, bt, 0, E. We 2568 (R); 1932, fl,
J. Badini s.n. (OUPR 6960); 16/XI/1982, bt,
fi, fr J. Badini s.n. (OUPR 6959); 19/XII/1984,
bt, J. Badini s.n. (OUPR 6958); 9/1 1/1985, bt,
fl, fr, M. F. Vieira et al. 129 (VIC); bt, fl,
Godoy s.n. (OUPR 6994); Poços de Caldas,
9/1/1919, bt, fl, F. C. Hoehne s.n. (SP 2704);
7/XII/l 97 1 , bt, J. Mattos et N. Mattos 16378
(SP); 3/XII/1981, bt, fl, 11. F. Leitão et al.
1601 (UEC); Realeza, 18/1/1985, fl, A. Gentn,'
et al. 46692 (UEC); Reduto, 20/XI1/1937, fi.
E. P. Heringer 15 (ESAL); Rio Vermelho, 14/
11/1989, fr, Pedralli et al. s.n. (HXBH 4444);
Santa Rita de Jacutinga, 27/V II/ 1970, L.
Krieger 9026 (CESJ); São Francisco do Prata,
23/III/1994, fr, M. C. Brugger et al. 24654
(CESJ); São Roque de Minas, 26/11/2003, bt,
fl, fr. M. Milward 122 et R. G Marroig (RB);
São Tomé das Letras, 20/11/1991, bt, fl, fr, M.
L. Gavilanes et F. Frieiro 4850 (ESAL);
Teófilo Otoni, 8/1II/1977, bt, 0, G J. Shephenl
et al. 4376 (UEC); Tiradentes, 8/XI/1952, bt,
fl, fr, A. P. Duarte 3768 (RB); 25/V/ 1988, bt,
0, R. J. V. Alves 493 (RB); Viçosa, 6/1II/1935,
bt, fl, fr, Kidúmann s.n. (VIC 2423); 25/111/
1935, bt, fl, fr, Kuhlmann s.n. (PAMG 38899,
UEC 35041, VIC 2422); 7/VI/1935, bt, 0, fr,
Kuhlmann s.n. (UEC 35042, VIC 2421); 6/
11/1985, fl, F. S. Lopes s.n. (UEC 36632, VIC
9243); 9/XII/1992, bt, fl, A. F. Canalho 267
(PAMG VIC); sem localidade, V/1816, fl. fr,
H. Magalhães 1191 (R); Serra da
Mantiqueira, 20/X/1877, bt, fl, Glaziou
Rodrigufsia 55 (85): 17-54. 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
108710 (R). ESPÍRITO SANTO: Santa
Teresa, 26/11/1965, fr, E. Pereira 9845 (HB);
I/II/1969, bt, D. Sucre 4557 et P. J. S. Braga
1443 (RB); 13/11/1999, bt, fl, R. Mello-Silva
et al. 1575 (SPF). RIO DE JANEIRO: Angra
dos Reis, 23/111/1951, bt, fl, M. Kutãmann
2677 (SP); 1/III/1965, bt, fl, fr. Latina et
Castellanos 835 (GUA); Ilha Grande, 1 1/111/
1986, bt, fl, D. Araújo et al. 7279 (GUA);
26/1 V/2002, M. Milward 120 (RB); Itatiaia,
20/11/1935, fl, A C. Brade 15082 (RB); 20/
11/1945, fl. Brade 17483 (RB); 18/III/1945,
bt, A. C. Brade 17533 (RB); 7/III/1947, fl, P
Occhioni 872 (RFA); 3/II/194S, bt, fl, A. C.
Brade 18804 (RB); 25/11/1988, bt, 0, fr, S. V
A. Pessoa s.n. (RB 337165); Macaé, 19/XI/
2002, R. Tavares et al. s.n. (RB); Magé, 15/
11/1975, bt, fr, P. Occhioni 6954 (RFA);
Mangaratiba, 27/V/1997, fr, J. M. A. Braga
et al. 7097 (RUSU); 30/IV/2000, 0, fr, M.
Milward et M. G. Bovini 30 (RB); Niterói,
IV/ 1929, fl, fr, A. C. Brade s.n. (R 19827);
Nova Friburgo, 2/XI/1890, fl, Glazioit 18254
(R); 26/X/1986, O.J. Pereira 691 (VIES); 12/
XII/ 1 990, bt, S. V. A. Pessoa et al. 540 (RB);
15/1/1991, fr, S. V. A. Pessoa et al. 546 (RB);
16/1/1991, bt, fl, S. V. A. Pessoa et al. 552
(RB); 5/XII/1991, fr, E. L. Jacqites et al. 273
(RB); Nova Iguaçu, 14/1/2002, bt, fl, fr, M. G.
Bovini et al. 2114 (RB); Petrópolis, 1882, J.
Saldanha s.n. (R 90298); 26/III/1983. bt, 0,
G. Martinelli et al. 9322 (RB); Rio das
Ostras, IV/2001, fr. R. Moura et al. 295 (R);
Rio de Janeiro, IV/1916, fr, A. Frajãos.n. (RB
7280); 12/11/1921, fr, / G. Kuhlmann s.n. (RB
15792); 22/V/1930, bt, fl, fr, Lourenço 2162
(RB); 12/111/ 1946, fl, fr, A. P. Duarte et Rizzini
39 (RB); 18/111/1946, bt, fr, A. P. Duarte 942
(RB); 1 5/IV/l 959, bt, A. P. Duarte et E.
Pereira 4736 (RB); 22/X/1969, D. Sucre
6122 (RB); Rodeio, 1/1917, fl. F. C. Hoehne
220(SP); Santa Maria Madalena, 21/III/1989,
bt, fl, fr, R. Marquete et al. 211 (RB); Santo
Antônio do Imbé, IV/ 1932, fl, A. C. Brade
11779 (R); São João de Miriti, III/1916, fl, F.
C. Hoehne s.n. (SP 24830); Teresópolis, II/
1837, bt, fl, fr, Gardner 458, (BM, K, RB),
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
39
III/1918, bt, fl, sem coletor (RB 14648); 21/
XI/1965, bt, fl, G. Pabst 8724 (HB). SÃO
PAULO: Apiaí, 13/XII/1997, bt, fl, F. Chung
et al. 129 (IAC, UEC); Campos de Jordão,
11/1937, bt, fl, P. C. Porto 2986 (RB);
Encontro, 17/III/1912, bt, fl, fr, A. C. Brade
5524 (IAC, SP); Guapiara, 11/1913, bt, fl, fr,
sem coletor (RB 1617); Ibiúna, 17/11/1994, fr,
O. Yano et M. P. Marcelli 22447, (IAC, SP);
7/IV/1999, fr, 1. Cordeiro et al. 1958 (SP,
SPF); Iporanga, 9/III/1986, bt, fl, M. C. Dias
et al. 45 (FUEL, ESA); Itararé, 10/11/1976,
bt, fl, P. Gibbs et al. 1703 (UEC); 25/1/1995,
bt, fl, V C. Souza et al. 10497 (IAC);
Mamparra, 15/11/1995, bt, fl, fr, P. H. Miyagi
et al. 494 (UEC); Paralheiros, 15/11/1995, bt,
fl, R. J. F. Garcia et al. 562 (SP); Santo André,
26/11/1985, fr, T. P. Guerra et M. Kirizawa
108 (IAC); São Bento de Sapucaí, 13/IV/1995,
fr, J. Y. Tamashiro et al. 887 (SP, SPF); São
Paulo, 24/1/1918, fl, F. C. Hoehne s.n. (SP
1340); 22/111/ 1 935 , bt, fl, Kraenzlin et
Schlechter s.n. (IAC 37655, SP 32575); 22/
III/1935, bt, fl, F. C. Hoehne 32575 (ES AL);
3/11/1938, bt, fl, fr, VK Hoehne s.n. (IAC 33809,
SPF 10477); 25/11/1972, bt, fl, fr, O. Handro
2200 (HB, SPF); 8/III/1993, fr, R. J. F. Garcia
362 (PMSP); Ubatuba, 15/1V/1994, fl, fr, A.
Furlan et al. 1472 (HRCB, IAC, UEC); 13/
XII/1994, bt, fr, H. F. Leitão et al. 32588
(UEC); Serra da Bocaina, 1/1913, bt, fl, fr, A.
Lutz 368 (R).
Distribuição geográfica c habitat: Restrita
ao Brasil Meridional, nas Regiões Sudeste (Fig.
13) e Sul, preferencialmente em formações de
floresta pluvial, ocorre nos estados de Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Espécie heliófila, ocorrendo na Região
Sudeste em áreas de cerrado, floresta pluvial
montana e sub-montana. Segundo Sacco
(1980), ocorre preferencialmente nas
capoeiras, bordas de matas e beiras de estrada,
sendo rara no interior de floresta. Pode ser
encontrada às margens da Serra do Espinhaço,
além de ampla distribuição na Serra do
Caparaó, Serra da Mantiqueira e Serra do Mar.
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
40
Nome vulgar: Maracujá-rnirim (Pio-Corrêa
1984), maracujá-da-serra (SP), maracujazinho-
da-serra (SP), maracujazinho-do-mato (MG),
maracujazinho (Bernacci & Vitta 1999).
Dados fenológicos: Coletada com flores nos
meses de novembro a junho e em agosto, e
com frutos, de novembro a junho.
Etimologia: O epípeto específico organensis
é referente ao local de coleta do exemplar-
tipo, na Serra dos Órgãos, município de
Teresópolis, RJ.
Usos: As folhas são desobstruentes e
diuréticas em cozimento ou fomentação; os
frutos são muito doces e utilizados em
confeitaria (Pereira 1929).
Pela folhas com pecíolos inapendiculados
e lâminas lobadas, presença de brácteas, flores
solitárias e com pétalas e corona unisseriada,
P. organensis foi integrada na série
Organenses ( nom . nud.) por Killip (1938).
As folhas são muito plásticas quanto à
forma, podendo variar de acordo com o
ambiente e, por esta razão seus indivíduos são
facilmente confundidos com P. misera (Fig. 9:
*e#)e/l pohlii (Fig. 15: •). Diferencia-
se destas espécies por possuir flores com
corona unisseriada, além de ocorrerem em
áreas distintas no Sudeste - são espécies
alopátricas.
Um único exemplar apresenta o ovário
glabro foi coletada por M. F. Vieira et ai. 129,
na região de Ouro Preto, MG. Em alguns
exemplares foram observados os tricomas
dispostos sob a forma de faixas ao longo do
comprimento do ovário e em vários espécimes
coletados para os estados do Espírito Santo e
Minas Gerais, de modo esparso. A gradação
da densidade do indumento, de densa a espar-
samente pubérulo, ou mesmo sua ausência,
têm sido observada apenas em espécimes cole-
tados em regiões do estado de Minas Gerais.
Em relação a morfologia foliar, predo-
minam espécimes com lâminas 2-lobadas,
tendo lobos agudos (Fig. 13: ■), nas áreas de
floresta pluvial; lâminas 2-lobadas, tendo lobos
obtusos (A), mais centrados em áreas de
cerrado; lâminas 3-lobada (★); e em menor
Milward-de-A zevedo, M. A. & Baumgratz, J. F. A.
quantidade, lâminas 2-lobadas, subrenifonnes,
com lobos arredondados (•), nas áreas de
floresta atlântica. Dentre estes, os padrões
representados pelos símbolos A e * são os
observados no exemplar do isótipo de P.
organensis.
6. Passiflora pohlii Mast., in Martius, Eichler
& Urban, Fl. bras. 13(1): 586. 1872; Killip, Publ.
Field Mus. Nat. Hist. Bot. 19(1): 207. 1938;
Cervi, Fl. Est. Goiás Col. Rizzo 7: 39, est. 9.
1986.
Sintipos: Brasil, Goiás, Cavalcante, Pohl
21S6, (K); Weddel 2896 (?).
Figuras 14 e 15
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, pecíolos, pedúnculos,
brácteas, pedicelos florais, hipantos e face
abaxial das sépalas. ovários e frutos moderado
a esparsamente pubérulo, tricomas não cadu-
cos. Caule levemente complanado, estriado.
Estipulas 0,3-0,7 x 0,05-0,1 cm, linear-subu-
ladas, ápice levemente falcado. Folhas com
pecíolo 1 ,2-4,2 cm compr., glândulas ausentes;
lâminas não variegadas, cartáceas, 2-3 lobadas,
3-8,7 cm compr. (nm), 3,7-10,4 cm compr. (nl),
2-9,9 cm larg., ângulo entre lobos 45°-93°, ápice
agudo a obtuso, base obtusa, margem inteira,
oceolos 2 na base da lâmina e 1-7 entre as
nervuras laterais principais, face adaxial glabra,
abaxial esparsamente pubérulo ou pubérulo-
vilosa. Inflorescências em mônades sésseis;
brácteas 0,4-0,6 x ca. 0,07 cm, linear-subuladas,
ápice levemente falcado. Flores brancas, ama-
reladas, creme, esverdeadas ou liláses; pedicelos
0,3-3 cm compr.; hipanto pateliforme; sépalas
ca. 1.5 x 0,5 cm. ápice obtuso; pétalas ca. 1,1 x
0,35 cm, oblongo-obovadas; corona bisseriada.
filamentos da série externa 1-1,1 cm compr., fili-
formes, série interna ca. 0,5 cm compr.,
subdolabriformes; opérculo ca. 0,3 cm compr.,
ápice ereto; disco nectarífero ausente;
androginóforo ca. 1 cm compr., roxo; estames
ca. 0,5 cm compr., antera 0.4-0.5 x ca. 0,2 cm;
pólens 12-colporados, colpos média compr. =
52,7 fim, lumens do retículo média diâm. = 2
fim, com báculos, muros retos, curtos e largos;
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Pus si flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
Figura 14 - Passiflora polilii Mast.: a - detalhe do ramo florífero. b - detalhe do ramo frutífero, c-d - estipulas: face
adaxial, e - bráctea: face adaxial, f - filamento da série externa da corona, g - filamento da série interna da corona, h -
semente (a, c-g :J.A. Lombardi et C. A. Leite 923, b, h: K.S. Rodrigues et al. 1190) Escalas: a,b = 1 cm; c, d, e, g. h = 1 mm;
f = 5 mm.
Rodrisuésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14
42
Milward-de-Azevedo. M. A. & Baumgraiz, J. F. A.
15
20
25
Figura 15 - Mapa da distribuição geográfica dc Passiflora pohlii Mast. na Região Sudeste do Brasil, destacando a
variabilidade da formada lâmina foliar: (*) 3-Iobada, lobo mediano aplanado, diferindo dos laterais. (■) 3-Iobada. lobos
semelhantes entre si, ápices agudos, (•) 3-lobadas, lobos semelhantes entre si, ápices arredondados. (tV) 2-lobadas.
(Escala = 1 cm)
ovário ca. 0,2 x 0,25 cm, globoso; estilete ca.
0,6 cm compr. Frutos 1-1,5 x 1-1,3 cm, bacóides
melanóides, indeiscentes, nigrescentes,
arroxeados ou azul-escuros, globosos;
sementes 0,3-0, 4 x 0, 1 -0,3 cm, oblongas, testa
sulcada transversalmente.
Material examinado: MINAS GERAIS:
Alpinópolis, IV/1975, bt, fl, F. R. Martins s.n.
(UEC 12663); Belo Horizonte, 1897, fl, M.
Gomes s.n. (OUPR 6891); X/1897, fl, fr, A.
Silveira s.n. (R 102543); 30/VIII/1932, bt, fl,
M. Barreto 604 (RB); 4/IX/1934, fl, fr, sem
coletor (R 90302); 18/X/ 1937, bt, fl, fr, M.
Barrteo 8825 (R); 10/XII/1937, fr, L. de
A. Tema s.n. (RB 34797); 28/XII/1939, bt. fr,
M. Barreto 10464 (R); 19/VII/1945, bt, fl, fr,
L O. Williams et V. Assis 7577 (R, RB); 19/
IX/ 1945, bt, fl, fr, O. Williams et V. Assis 7577
(SP); 1953, L Rennós.n. (BHCB 13246); 27/
III/ 1 955, fl, P. L. Roth 14703 (CESJ, RB);
1 7/VIII/l 958, bt, fl ,GF.J. Pabst 4528 (HB);
I X/1977, bt, Ferrari s.n. (BHCB 13252); XII/
1977, fl, J. A. Oliveira 298 (BHCB); IV/1978,
bt, fr, J. M. Ferrari s.n. (BHCB 13255); 8/
X 1/1982, bt, fl, TSMGs.n. (BHCB 4743); 30/
XI/ 1982, bt, fl, TSMG et R. Coeli 142
(BHCB); 28/V1/1984, bt. fl, E.A.GD. Vigna
et R. C. F. Cana 34 (BHCB); 23/11/1990, bt,
fl, fr, E. Tameirão Neto 1 (BHCB); 22/IV/
1990, fr, E. Leandro s.n. (BHCB 17803); 8/
VIII/1 990, E. Tameirão Neto 106 (BHCB);
1 6/111/ 1 995, bt, fl, J. A. Lombardi et al. 716
(BHCB); 25/X/1993, bt, fl, fr, J. A. Lombardi
465 (BHCB); 26/X/1993, bt, fl, fr, J. F.
Macedo s.n. (BHCB 28212); 13/IX/1995, bt,
fl, J. A. Lombardi et C. A. Leite 923 (BHCB);
1 0/X 1/ 1 997, fr, M. Brandão s.n. (PAMG
43480); Bocaiuva, 4/X/1978, fl, fr, M. P
Coons 1078 (VIC); Bom Despacho, 08/XI/
1989, fr, M. Brandão 17168 (PAMG); Caeté,
3/V/2001, bt, fl, fr, R. S. Rodrigues et al. 1190
(UEC); Capitólio, 27/1/1995, bt, fl, M. Brandão
Rodriguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
-SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
24724 (PAMG); Congonhas do Campo, 11/
X/1962, bt, fl, fr, G Pabst 7068 (HB, RJFA);
Curvelo, 1 l/X/1998, bt, n, fr, R. M. Hcirley et
áL 24805 (SPF); Esmeraldas, 29/VII/1973’ bt,
fl, J. Badini s.n. (OUPR 6980); Fumas, 21/
IX/ 1997, bt, fl, fr, J. P. Lemos Filho et A. R.
Marques s.n. (BHCB 1511); Inhaúmas, J. P.
L. Buendia 652, (PAMG); Jaboticatubas, 6/
X 1/198 1, bt, fr, G .C. Pinto 356/81 (RB);
Lagoa Santa, XI/1915, bt, fl, fr, F. C. Hoehne
6381 (R); V1I/1960, L Roth 14704 (CESJ,
RB); Lavras, bt, fl, fr , P. P. L Silva Jr. s.n.
(ES AL 4934); XII/1933. bt, 0, J. F. Castro 35
(SP); 26/X/1985, bt, fl, F. Freiro-Costa s.n.
(ESAL 4663); 26/X/1986, bt, fl, fr, M. L.
Gavilanes 1633 (ESAL); 28/X/1986, bt, fl, M.
L Gavilanes 2398 (PAMG); 2/111/ 1987, bt,
fl, M. L Gavilanes 2892 (PAMG); 3 l/X/1987,
fl, M. L Gavilanes 3720 (ESAL); Luz, 12/
XII/1993, M. Brandão 23478 (PAMG);
Montes Claros, 6/X/1978, bt, fl, fr, M. P. Coons
1131 (VIC, UEC); Nepomuceno, 2/III/1 987,
fl, M. L. Gavilanes 2806 (ESAL); Paraopeba,
1 0/X/ 1954, fr, E. P. Heringer s.n. (RB
124080); Prudente de Morais. 2/1V/1998, bt,
fl, J. F. Macedo 2561 (PAMG); São João Del
Rey, XII/ 1896, bt, fl, A. Silveira s.n. (R
102540); 11/1970, L Krieger 8047 (CESJ);
16/XI/1985, fl, fr, L Krieger 20969 (CESJ,
RB); Sete Lagoas, 1 3/X/ 1 965, fr, A. P. Duarte
9254 (RB); 29/X/l 97 1 , bt, fl, fr. A. G Andrade
s.n. (R 146141); 26/X/1982, bt, M. L.
Gavilanes et al. 616 (ESAL); 26/1X/1996, bt,
fr, J. A. Lombardi et al. 1384 (BHCB);
Várzea de Palma, 26/XI/1962, fr, A. P. Duarte
7527 (HB); 27/IV/1963, fr, A. P. Duarte 7715
(HB); sem localidade, 1862, fl, Lad. Netto 179
(R). ESPÍRITO SANTO: Domingos Martins,
19/1/1975, bt, fl, A. L Peixoto et al. 4S0 (RB);
Linhares, 20/111/1960. bt. fl, J. Delistoianov
s.n. (IAC 18582); sem localidade, 31/1/1995,
bt, fl, fr, D. A. Foi li 2530 (CVRD). SÃO
PAULO: Buritizal, 27/VII/1994, bt, fl, K. D.
Barreto 2750 ( ES A, IAC); Campinas, 12/XII/
1940, fl, fr, A. P. Viegas et A. S. Lima s.n.
(IAC 591 1, SP48643); Igarapava, 13/XI/1994,
bt, fl, IV. Marcondes-Ferreira et al. 1077
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
43
(HRCB, IAC, SPF); Itirapina, 22/XI/1992, bt,
fl, R. Goldenberg 52 (UEC); Itu, 20/XI/1897,
bt, fl, fr, A. Russel 168 (SP); Leme, 3/XI/ 1990,
fr, F. Oliveira 65 (SP); Luiz Antônio, 3/XI /
1990, fl, fr, A. Jouy 1222 (SPF); Monte Belo,
1 l/X/1991, bt, fl, fr, L. Amorim 73 (SJRP);
Piracicaba, 1987, bt, E. K’ampf s.n. (ES A
12858, IAC 33817); Pirassununga, 23/IX/19S0,
bt, fr, E. Forero et al. 8348 (SP); Sorocaba,
30/1/1968, bt, fr, H. F. Leitão Filho 300 (IAC);
Suzanópolis, 4/VIII/1995, bt, fl, M. R. Pereira -
Noronha et al. 1544 (IAC); Tatuhy, 30/1/
1918, fr, F. C. Hoehne s.tt. (SP 1387).
Distribuição geográfica c habitat:
Ocorrendo na Bolívia e Brasil na Região
Centro-Oeste e adjacências, em áreas de
cerrado, encontra-se nos estados do
Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito
Santo e São Paulo. Na Região Sudeste (Fig.
14), ocorre em áreas de cerrado, onde é
freqüente, principalmente em torno da serra
do Espinhaço e em floresta pluvial sub-
montana, além de áreas de caatinga, em Várzea
de Palma (MG), e na bacia do rio Doce (ES).
Nome vulgar: Maracujá-pintado (ES),
maracujá (Pio-Corrêa 1984), maracujazinho
(MG), maracujá-silvestre (MG), maracujá-do-
campo (MG).
Dados fenológicos: Coletada com flores em
todos os meses do ano e com frutos, nos meses
de setembro a fevereiro e abril e maio.
Etimologia: O epípeto específico pohlii é
dedicado ao botânico Johann Baptist
Emmanuel Pohl, coletor do exemplar-tipo.
Pelas folhas com pecíolos inapendicu-
Iados e lâminas lobadas, presença de brácteas,
flores solitárias e com pétalas e corona
bisseriada, com filamentos da série interna
filiformes ou capilares, raro capitados, P. pohlii
foi integrada na série Punctatae ( nom . nud.)
por Killip (1938).
Esta espécie apresenta grande
semelhança, pela morfologia foliar, com P.
organensis e P. truncata, diferenciando-se da
primeira pela corona bisseriada, e da segunda
pela ausência de glândulas no pecíolo. Além
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
44
disto, no Sudeste brasileiro, as três espécies
são alopátricas, ocorrendo em distintas regiões.
O tipo foliar mais freqüente encontrado
nas fitofisionomias citadas, representa-se por
lâminas 3-lobadas, com o lobo mediano
aplanado, diferindo dos laterais (Fig. 15: *).
De modo menos freqüente, encontram-se
lâminas 3-lobadas, com os lobos semelhantes
entre si e de ápices agudos (■); lâminas 3-
lobadas, com os lobos semelhantes entre si e
de ápices arredondados (•); e lâminas 2-
lobadas ("&).
SEÇÃO Pseudodysosinia (Harms) Killip,
Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. 19: 26. 1938.
Pecíolo com um par de glândulas
estipitadas; estipulas foliáceas; brácteas
falciformes; corona unisseriada, filamentos
filiformes, disco nectarífero anelar, pólens com
os lumens do retículo sinuosos, longos e
estreitos, com muitos báculos em seu interior;
frutos bacóides melanóides; sementes com
testa foveolada.
7. Passiflora morifolia Mast., in Marti us,
Eichler & Urban, Fl. bras. 13(1): 555. 1872;
Killip. Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser.
19(1): 107. 1938; Killip, Publ. Field Mus. Nat.
Hist. Bot. Ser. 13(4): 114. 1941; Standley &
Willians, Field. Bot. 24(7): 135. 1961; Sacco,
Boi. Inst. Cienc. Nat. 12: 11, est.8. 1962;
Sacco, Fl. Ilust. Cat. Fase. Pass.: 15, est. 2.
1980; MacDougal, Syst. Bot. Monographs41:
102. 1994; Deginani, Aportes Botânicos de
Salta, Ser. Flora 6(2): 15, est. 5. 1999;Bemacci
& Vitta, Hochnea 26(2): 142. 1999.
Tipo: Argentina, Tucuman, Tweedic 1174
(Holótipo- K)
Figuras 16 e 17
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos,
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo,
tricomas uncinados. Caule triangular, estriado.
Estipulas 0,3-0, 6 x 0, 1-0,3 cm, foliáceas,
assimétricas, ápice falcado. Folhas com pecíolo
Milward-de-Azevedo, M. A. á Baumgratz, J. F. A.
2,5-8,5 cm compr., um par de glândulas próximo
à base; lâminas não variegadas, membra-
náceas, 3 lobadas (4 lobadas), 4,7-12,3 cm
compr. (nm), 2,7-8,7 cm compr. (nl), 5,1-13,5
cm larg., ângulo entre lobos 95°-125°, ápice
agudo, base obtusa à cordada ou auriculada,
margem denteada, oceolos ausentes.
Inflorescências em mônades sésseis; brácteas
(),2-0,3 x ca. 0,05 cm, falciformes, ápice agudo.
Flores brancas ou creme; pedicelos 0,7-3 cm
compr.; hipantocampanulado, sépalas 1,2-1, 7
x 0,4-0, 6 cm, ápice agudo; pétalas 1-1,1 x 0,1-
0,2 cm, oblongo-obovadas; corona unisseriada,
filamentos 0,4-0,5 cm compr., roxos, filiformes;
opérculo 0,15-0,2 cm compr., ápice introrsa-
mente curvo; disco nectarífero anelar;
androginóforo ca. 0,8 cm compr.; estames 0,5-
0,7 cm compr.; antera 0.3-0.4 x ca. 0,2 cm;
pólens 1 2-colporados, colpos média compr. =
43,7 (Am, lumens do retículo média diâm. = 12
fim, com muitos báculos, muros sinuosos, longos
e estreitos; ovário ca. 0,4 x 0,2 cm, oblongo,
densamente setuloso. tricomas uncinados;
estilete ca. 0,4 cm compr. Frutos 1, 7-2,8 x 1,1-
3,0 cm, bacóides melanóides, indeiscentes,
azulados, roxos ou nigrescentes, globosos,
densa à esparsamente setulosos, tricomas
espessos na base e delgados, translúcidos e
uncinados; sementes 0,4-0,5 x 0.2-0.3 cm,
alaranjadas ou vermelhas, obovadas, testa
foveolada.
Material examinado: MINAS GERAIS: Juiz
de Fora, 30/1/1970, fr, L Krieger9991 (CESJ);
Lagoa Santa, bt, fl, fr, E. Warming 1153 (C)
Marliéria, 30/III/1996, bt, fl, fr, J. A. Lombardi
et al. 1193 (BHCB); São Sebastião do
Paraíso. 2I/IV/1945, fr, A. C. Brade et A.
Barbosa 17847 (RB); 24/V/1945. bt, fl, fr, L
Emygdio et J. Vidal 294 (R); Viçosa. 11/111/
1985, fl, fr, F S. Lopes s.n. (VIC 9304, PAMG
38911). SÃO PAULO: Águas de Prata, 21/
111/ 1994, bt, fl, A. B. Martins et al. 31478
(UEC); Amparo, 21/XI1/1942, bt, M.
Kuhlmann 245 (SP); 19/VI/2000, fr, L C.
Bernacci 2862 (IAC); Araras. 2S/1V/1975,
fr, K. Brown s.n. (UEC 12633); Campinas, 30/
III/l 977, n. fr, M.E.M. Ramos et al. 4799 (R,
Rudriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14
Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
45
Figura 16 - Passiflora morifolia Mast.: a - detalhe do ramo florífero, b - estipula foliácea: face adaxial, c - bráctea: face
adaxial, d - sépala: face adaxial, e - pétala, f - filamento da corona, g - fruto jovem, h - detalhe do ramo frutífero, i -
semente (a. h: E. Wanningi 1153, b-f: A. S. Pires s.n. - SP 58 175, g, i: A. C. Brade et A. Barbosa 17847). Escalas: a, h =
1 cm; b, c, e, f, g, i = 1 mm; d = 5 mm.
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
cm ..
46
Milward-de-Azevedo, M. A. & Baumgratz. J. F. A.
UEC); Itapira, 13/V/1927, fr, F C. Holiene
s.n. (SP 20276); Itirapina, 18/VII/1995, fr, M.
C. E. Amaral et al. 95 (IAC, SP, SPF);
Limeira, 1 3/V/ 1 943, fr, M. Kuhlmann 734 ,
(SP); l/IV/1947, bt, fr. W. Hoehne s.n. (IAC
32622, SPF 13565); 11/1952, bt, fl. fr, A. S. Pires
s.n. (SP 58175); Lindóia, 16/IV/1994, fr, G Z
Arboez 325 (IAC); Mogy-Mirim, IV/1937, bt,
fl, fr, O. Handro s.n. (IAC 32618, SP 78807);
Monte Alegre do Sul, 19/VI/2000, fr, L C.
Bernacci 2862 (IAC); Nova Europa, 10/IW
1925, 0, fr, F. C. Hoelme s.n. (SP 13602); Rio
Claro, 28/111/1978, bt, fl, fr, Pagano et Saitori
9 (HRCB, UEC); São Carlos, 5/V/1994, fr, K.
D. Barreto et al. 2433 (ESA, IAC); São
Paulo, 21/III/1945, bt, fl , fr, W. Hoehne s.n.
(IAC 32621, SPF 11470).
Distribuição geográfica e habitat: Com
distribuição geográfica disjunta pelas Américas,
ocorre no México, Guatemala, Venezuela,
Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Brasil,
Paraguai e Argentina. No Brasil: Mato Grosso,
Minas Gerais, São Paulo. Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Na Região
Sudeste do Brasil (Fig. 17), é encontrada em
cerrado e floresta pluvial sub-montana, não
apresentando diferenciação quanto à
morfologia foliar.
Nome vulgar: Maracujá-peludo (Bemacci &
Vitta 1999), maracujazinho-crespo (SP;
Bemacci & Vitta 1999).
Dados fenológieos: Coletada com flores nos
meses de fevereiro a maio e em dezembro e
com frutos, de fevereiro a julho.
Etimologia: O epípeto específico morifolia
é, provavelmente, em alusão a semelhança
morfológica com as folhas de amora do gênero
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14
Passillora subg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro
Morus L. (Moraceae).
Passiflora morifolia distingue-se das
outras espécies estudadas, principalmente,
pelas estipulas foliáceas, pecíolos com um par
de glândulas, lâminas foliares com o lobo
mediano evidente, oceolos ausentes, flores
com corona unisseriada, disco nectarífero
presente, ovário densamente setuloso, pólens
12-colporados, frutos denso à esparsamente
setulosos e sementes com testa foveolada.
SEÇÃO Xerogona (Raf.) Killip, Publ.
Field Mus. Nat. Hist. Bot. 19:26. 1938.
Pecíolos desprovidos de glândulas;
estipulas linear-subuladas; brácteas ausentes;
corona unisseriada, filamentos filiformes,
pólens com os lumens do retículo com muros
sinuosos, longos e estreitos, com muitos báculos
em seu interior; frutos capsular loculicidas;
sementes com testa sulcada transversalmente.
8. Passiflora capsularis L., Sp. pl.: p. 957.
1753; DeCandolle, Prodr. 3: 325. 1828; Masters
íft Martius, Eichler, & Urban, Fl. bras. 13(1):
589. 1S72; Killip. Publ. Field Mus. Nat. Hist.
Bot. Ser. 19(1): 214. 1938; Standley & Williams,
Fieldiana: Botany 24(7): 121, fig.14. 1961;
Sacco, Boi. Inst. Ci. Nat. Univ. R. GSul 12:
13,est. 3. 1962; Gentry. Ann. Miss. Bot. Gard.
63: 344. 1976; Sacco, Fl. llust. Cat. Fase. Pass.:
24. est. 4. 1980; Cervi, Universitat de
Barcelona, Facultad de Biologia, tesis doctoral
486: 10. 1981; Cervi, Fl. Est. Goiás 7: 23, est.
4. 1986; Holm-Nielscn et ai, Fl. Ecuador 31:
46. 1988; Cervi, Fl. Fanerg. Ilha do Cardoso,
SP, 3: 12, est. 1-2. 1992; Pessoa, Fl. APA
Cairuçú, Parati. RJ. Espécies Vasculares, sér.
Estudos e Contribuições 14: 392. 1997.
Holótipo: República Dominicana, Ilha de Santo
Domingo, 1690, Plumier s.n. (LINN).
Figuras 18 e 19
Trepadeira com indumento dos ramos,
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos,
pedicelos florais e hipantos e face abaxial das
sépalas densa a esparsamente pubescente,
tricomas persistentes. Caule anguloso, estriado.
Estipulas 0,3-0, 7 x ca. 0,05 cm, linear-
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
47
subuladas, falcadas. Folhas com pecíolo 0,8-6
cm compr., glândulas ausentes; lâminas
variegadas ou não, membranáceas, 2-3
lobadas, 2,1-8 cm compr. (nm), 3,3-11,6 cm
compr. (nl), 2,9-11,8 cm larg., ângulo entre
lobos 40°-95°, ápice agudo, base cordada,
margem inteira, oceolos ausentes.
Inflorescências em mônades pedunculadas;
pedúnculos 2,1-5 cm compr.; brácteas
ausentes. Flores brancas, creme, amarelas ou
esverdeadas; pedicelos 0, 1-0,5 cm compr.;
hipantocampanulado; sépalas 1,5-2,7x0,3-0,45
cm, verde-claras, ápice agudo; pétalas 0,9- 1,5
x 0, 1 5-0,2 cm, alvas, oblongo-obovadas; corona
unisseriada, filamentos 0,9-1, 2 cm compr.,
filiformes, unidos na base por uma delgada
membrana; opérculo ca. 0,2 cm compr., ápice
ereto; disco nectarífero ausente; androginóforo
0,7- 1 ,8 cm compr.; estames 0.3-0.5 cm compr.,
antera 0,4-0, 5 x 0, 1-0,2 cm; pólens 12-
colporados, colpos média compr. = 44,8 fim,
lumens do retículo média diâm. = 9,2 fim, com
muitos báculos, muros sinuosos, longos e
estreitos; ovário 0,3-0, 5 x 0, 1 5-0,4 cm, oblongo,
pubérulo; estilete 0.4-0.7 cm compr. Frutos 3-
8,5 x 1,5-4, 5 cm, cápsular loculicidas,
deiscentes, avermelhados, vináceos ou roxos,
elípticos ou fusiformes, pubérulos; sementes
0,3-0, 4 x 0, 1-0,25 cm, elipsoidais. testa sulcada
transversalmente.
Material examinado: MINAS GERAIS:
Araponga, 10/V 1/1993, fr, M. F Vieira 796
(PAMG VIC); Belo Horizonte. 22/11/1932, bt,
fl, fr, C. Porto et Fagundes 2150 (RB); 13/1/
1939, bt, fl. fr, M Barreto 8626 (R); 19/1/1939,
bt, fl, M. Barreto 8647 (R); 11/1978, fr, J. A.
Oliveira 301 (BHCB); 11/11/1980, bt, 0, /.
A. Oliveira 303 (BHCB); 17/X/1990, fl, E.
M. Bacariça 86 (BHCB); 26/XII/1990, bt,
fl, fr, E. Tameirão Neto et G. S. França
312 (BHCB); 5/II/1991, fl, fr, E. M. Bacariça
111 (BHCB); 19/11/1991, bt, fl, fr, E.
Tameirão Neto et C. Y. Matsuoka 392
(BHCB); 29/III/1994, bt, fl, fr, J. A. Lombardi
546 (BHCB); 16/III/1995, bt, fr, J. A.
Lombardi et ai 715 (BHCB); Betim, 10/11/
1955, fl, P. L Roth 14706 (CESJ, RB);
SciELO/JBRJ,
13 14
cm ..
48
Milward-de-Azevedo. M. A. & Baumgralz, J. F. A.
Figura 18 - Passiflora capsidaris L.: a - detalhe do ramo florífcro c frutífero, b - estipula: face adaxial, c - sépala. d -
pétala, e - filamento da corona. f - detalhe da corona c do androginóforo, g - semente (a-f: F. C. Campos Neto s.n. - BHCB
44285, g: M. F. Vieira 76). Escalas: a = 1 cm; b, g = 1 mm; c, d. e, f = 5 mm.
Rodriguísia 55 (85): 17-54. 2004
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Passiflora stibg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro
49
50 45 40
Figura 19 - Mapa da distribuição geográfica de Passiflora capsularis L. na Região Sudeste do Brasil, destacando a
variabilidade da formada lâmina foliar: (▲) 3-lobada, (■) 2-lobada, lobos curtos, (•) 2-lobada, lobos muito alongados.
(Escala = 1 cm)
Brumadinho, XI/92 e III/ 1 993, bt, fl, fr, L. A.
Martens s.n. (SPF 87550); Caeté, XI/1915.
bt, fl, fr, F C. Hoehne 6370 (R); 2/III/1991,
Pedralli s.n. (HXBH 8622); Camanducaia, 1/
VI/2001, bt, fl, fr, J. A. Lombardi 4392
(BHCB); Caraça, 22/11/1980, fr, J. M. Ferrari
300 (BHCB); Carandaí, 18/XI/1946, fl, fr, A.
P. Duarte 787 (RB); Caratinga, 13/III/1982,
fr, M. C. W. Vieira 372 (UEC); 19/11/1984, P.
M. Andrade et M. A. Lopes 136 (BHCB);
Coimbra, 21/XI/1987, bt, fl, fr, M. F. Vieira
595 (VIC); Esperança, XU/1916, bt, fr, P. C.
Porto 460 (RB); Itabira do Campo, VI/1902,
bt, fl, fr, A. M. Mattos s.n. (R 90315, 90324);
Itabira do Mato Dentro, 1/1922, bt, fl, fr, G
Santos s.n. (R 90275); Itutinga, 111/1993, bt,
fl, fr, M. L. Gavilanes 5738 (PAMG); Juiz
de Fora, 11/1949, fl, L Krieger 14689 (CESJ);
1/1970, fl, fr, L. Krieger 8019 (CESJ, RB);
Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
23/VIII/ 1978, L. Krieger 16398 (CESJ);
Lavras, 25/1/1939, bt, fl, E. P. Heringer 136
(ES AL, SP, SPF); 1 l/XII/1980, fl, H. F. Leitão
et al. 2001 (UEC); 10/XII/1983, fl, fr, M. L.
Gavilanes 1090 (ESAL); Luminárias, 20/11/
1991, bt, fl, M. L. Gavilanes et F. Frieiro 4836
(ESAL); Oliveira, 20/XII/1998, fl, fr, F. C.
Campos Neto s.n. (BHCB 44285); Ouro
Preto, 10/X/ 1996, bt, M.C.T.B. Messias s.n.
(OUPR 6713); 26/11/2000, bt, fl, A. L. Silveira
94 (OUPR); 23/1/2002, bt, fl, F.A. Ferreira
166 (OUPR); Perdizes, 17/XII/1994, fl, E.
Tameirão Neto et M. S. Werneck 1606
(BHCB); Poço de Caldas, 3/XII/1981, bt, fl,
H. F. Leitão et al. 1582 (UEC); Santa Rita
do Sapucaí, 10/XI/1993, M. Brandão 23589
(PAMG); 29/V/1994, M. Brandão 23906
(PAMG); São Sebastião do Paraíso, 11/1945,
bt, fl, fr, J. Vidal 1-337 (R); Tiradentes, 20/
SciELO/JBRJ,
13 14
cm ..
50
IV/1997, bt, fl, R. J. V Alves 4339, (RB); 23/
VI/2001, fr, M. Milward 100, (RB); Viçosa,
bt, fl, sem coletor (VIC 3139); 16/XI/1935,
Kuhlmcmn s.n. (VIC 2419); 18/XII/1958, bt,
fl, H. S. Invin 2276 (R, VIC); sem localidade,
V/1896, fl., 5. Silveira s.n. (R 198818); 24/V/
1984, fr., P. M. Andrade et M. A. Lopes 247
(RB); 21 /XII/ 1984, bt., fl., M. A. Lopes et P.
M. Andrade 715 (RB). ESPÍRITO SANTO:
Linhares, 29/III/1934, fl, J. G. Kuhlmann 90
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al. 1712 (RUSU); 7/1/2000, fr, M. G Bovini
et al. 1750 (RUSU); 22/1/2000, bt, M.
Milward et M. G Bovini 19 (RB); 30/IV/
2000, fr, M. Milward et M. G Bovini 29 (RB);
Miguel Pereira, 23/11/2002, bt, fl, fr, M.
Milward 115 (RB); Petrópolis, 1887, W. Bello
66 (R); XII/1943, bt, G. C. Góes et D.
Constantino 1019 (RB); 28/III/1976, fr, G
Martinelli 808 (RB); Rio de Janeiro, bt, fl,
sem coletor (RB 340717); bt, fl, Glaziou 3990
(R); XI/ 1899, E. We s.n. (R 15466); 30/XI/
1939, J. G. Kuhlmann 6020 (RB); 21/XII/
1940, fr, E. Pereira 66 (HB); 24/XII/1940, fl,
fr, E. Pereira s.n. (R 90314); 14/1/1943, fl. A.
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Duarte s.n. (RB 216449); 27/XI/1969, fl, D.
Sucre et al. 6393 (RB); Santa Maria
Madalena, 7/III/1935, Lima et Brade 14243
(RB); Teresópolis, 16/11/1943, bt, fl, fr, H. P.
Velloso s.n. (R 38593). SÃO PAULO: Águas
da Prata, 11/1/1994, bt, fl, fr, V. C. Souza et
al. 5001 (ESA, SPF); 21/III/1994, bt, fl, fr, A.
B. Martins et al. 31409 (IAC, SPF, UEC);
Atibaia, bt, fr, L C. Bernacci et al. 21396
(UEC); 25/111/ 1997, bt, fl, A. Rapini 244 (SP);
Bom Sucesso do Itararé, ll/XII/1997, bt, fl,
fr, J. M. Torezan et al. 538 (IAC, UEC);
Botucatu, 23/III/1 978, fl, R. B. M. Brantjes
702405 (UEC); Bragança, 28/V/1985, bt, fl.
Milward-de-Azevedo, M. A. &. Baumgratz, J. F. A.
M. Kuhlmann 3367 (IAC, SP); Campinas,
6/IV/1977, fl, S. L. Kirszenzaft et al. 4984
(UEC); 30/IV/1986, fr, N. Taroda et al.
18564 (UEC); 1271/1990, fl, L C. Bernacci
24508 (UEC); l/IV/1992, bt, fl, C.
Koschnitze 27271 (UEC); Cananéia, bt, fl,
fr, H. F. Leitão Filho s.n. (UEC21582); 2/11/
1978, fr, G T. Prance et al. 6964 (UEC); 10/
m/1982, fr, S. L Jung et al. 429 (SP); 7/IV/
1982, fr, M. M. Takeda et al. 17 (SP); Cunha,
18/111/ 1993, bt, fl, S. Buzato et M. Sazima
28004 (UEC); Eldorado, 9/II/1995, bt, H. F.
Leitão Filho et al. 32767 (SP, UEC); Ferraz
de Vasconcelos, 30/IV/ 1996, fr, R. J. F.
Garcia et al. 843 (SP); Ibiúna, 15/XII/1991,
bt, fl, fr, O. Yano et M. P. Marcelli 15887
(SP); Ilha Anchieta, 7/II/1996, bt, fr, H. F.
Leitão Filho et al. 34457 (SP); Ilha Bela,
VI/1991, fr, V C. Souza et A. T. Fierro 2562
(ESA); Iperó, l/XII/1998, fl, fr, A. M. G A.
Tozzi et al. s.n. (UEC 103113); Iporanga,
9/111/ 1986, fl, M. C. Dias et al. 58 (FUEL);
Itararé, 10/11/1976, fl, P. Gibbs et al. 1618
(UEC); 12/11/1995, fl, fr, P. H. Miyagi et
al. 412 (HRCB, IAC, SPF, UEC); Itirapina,
1/II/1994, fl, fr, J. Y. Tamashiro et J. C.
Galvão 361 (SP); Itu, 25/1/1934, bt, Hoehne
s.n. (IAC 33768, SP 31421); 31/III/1998, bt,
fl.Gf! Arboez s.n. (IAC 35964); Jaguariúma,
8/X/ 1989, bt, fl, S. G. Egler 22146 (RB,
UEC); Jundiaí, 21/VI/1976, fl, fr, H. F.
Leitão Filho et al. 1612 (UEC); 12/IV/1994,
bt, fl, L C. Bernacci et al. s.n. (UEC 85 173);
12/III/1996, fl, R. Goldenberg 141 (UEC);
26/11/1999, bt, fl, S. L Jung-Mendoçolli et
al. 974 (IAC); Mairiporã, fr, G Eiten et L T.
Eiten 1844 (SP); Monte Alegre do Sul, 25/
III/1943, bt, fl, fr, M. Kuhlmann 315 (SP);
Rio Claro, 23/IX/1996, fl, V 7! Rapin 895
(HRCB); 30/X/2001, fr, R. G Udulutsch et
al. 426 (HRCB. RB); 10/XII/2001, bt, fr, R.
G Udulutsch et V.T. Rampin 480 (HRCB,
RB); Santo Antônio da Alegria, 10/XI/1994,
bt, fr, A. M. G A. Tozzi et A. Sciamarelli 94
(SP); São Paulo, 10/V/1920, fr, F. C. Hoehne
s.n. (SP); 30/XII/1873, bt, Hj. Mosén 1329
(R); Socorro, 4/Ü/2000, fr, M. Groppo Jr. 363
Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 lí
cm ..
Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro
(SPF); 7/III/2000, bt, M. Groppo Jr. 388
(SPF); Ubatuba, 9/III/1940, fl, A. P. Viegas et
al. s.n. (IAC 4458, SP44039); Votorantin, 20/
III/1983, fl, V: F. Ferreira 3050 (RB); 12/1/
1984, bt, V. F. Ferreira 3161 (RB); sem
localidade, l/TV/1926, fr, A. Gehrt s.n. (IAC
33765, SP 17204).
Distribuição geográfica e habitat: Tem
distribuição geográfica disjunta nas Américas,
ocorrendo no México; América Central;
Colômbia, Equador, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No continente Sul-americano, situa-se próxima
à costa atlântica. No Brasil: Pará, Mato
Grosso, Piauí, Ceará, Goiás, Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Heliófila, com preferência por capoeiras e
bordas de florestas, em terrenos com boa
drenagem, sendo rara no interior da mata
(Cervi 1981; 1992), além de ser encontrada
também em formações secundárias que
sofrem intensa herbivoria. Na Região Sudeste
brasileira (Fig. 19), é encontrada em cerrado,
floresta pluvial montana, floresta pluvial sub-
montana e restinga, apresentando maior
freqüência nas últimas três fitofisionomias.
Nome vulgar: Maracujá (Pio-Corrêa 1984),
maracujazinho (MG; Pessoa 1997; Pio-Corrêa
1984), maracujá-branco-miúdo (MG; Pessoa
1997; Pio-Corrêa 1984), maracujá-branco
(Pessoa 1997), maracujá-de-morcego (Pessoa
1997), maracujá-silvestre (MG), maracujá-do-
mato (MG).
Dados fenológicos: Coletada com flores nos
meses de setembro a julho, e com frutos, de
novembro a junho.
Etimologia: O epípeto específico capsularis
é em alusão ao tipo morfológico do fruto.
Usos: Suas folhas são abortivas e tóxicas ao
gado, as raízes hemanogogas e as sementes
embriagantes (Pereira 1929;Pio-Côrrea 1984).
O predomínio de lâminas 3-lobadas (Fig.
19: ▲) é registrado principalmente nas áreas
de floresta atlântica; lâminas 2-lobadas, com
lobos curtos (■), para áreas de cerrado; e
lâminas 2-lobadas, com lobos muito alongados
(•), para regiões de restingas e matas de
Rodriguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004
51
floresta atlântica. Nos exemplares dos holótipos
de dois sinônimos, P. pubescens H. B. K. e P
piligera Gardn., observam-se que os padrões
representados pelos símbolos ▲ e ■ são
predominantes.
Agradecimentos
Aos curadores dos herbários da região
Sudeste. Aos Herbários BM, C, Q K e P, por
enviarem a título de empréstimo os tipos, ou
fotos e imagens digitalizadas. Ao Dr. Luis
Carlos Bernacci (IAC), por estar sempre
disposto a ajudar, disponibilizando as exsicatas
emprestadas dos herbários de São Paulo. Ao
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio
de Janeiro e Museu Nacional/UFRJ,
Departamento de Botânica, pelo apoio
institucional. Ao IBAMA, pelas autorizações
de coletas concedidas. Ao biólogo Ronaldo
Marquete, pelas fotos dos tipos. À Cristina
Siqueira Ferreira, pela cobertura em nanquim
das ilustrações das espécies. Ao Msc. Osnir
Marquete, pela orientação na elaboração das
fotografias relativas a características
morfológicas da folha e do indumento. Aos
funcionários da Biblioteca Barbosa Rodrigues,
do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, por sempre estarem disponíveis
a ajudar na procura das obras clássicas e
específicas, muito necessárias para este
trabalho. À CAPES e ao CNPq, pelas bolsas
concedidas aos autores, respectivamente. À
Dra. Luci de Senna Valle, Dr. Armando Carlos
Cervi e Dra. Claudia Petean Bove, pelas
sugestões. A todos que diretamente ou
indiretamente, ajudaram na realização deste
trabalho.
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■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Resumo
Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara,
Piauí, Brasil
Jesus Rodrigues Lemos'
(Composição florística do Panque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil) Dos grandes biomas brasileiros, a caatin-
ga é um dos mais desconhecidos do ponto de vista florístico e fitogeográfico. No Piauí, este bioma reveste cerca de
37%> do seu território, apresentando uma única Unidade de Conservação, o Parque Nacional Serra da Capivara. Este
trabalho objetivou listar as espécies coletadas na área do Parque. Para isso, foi realizado um levantamento do ma-
terial coletado na região, depositado no Herbário “Graziela Barroso” da Universidade Federal do Piauí - TEPB/UFPI,
acrescidos de material resultante de coletas realizadas em duas unidades geomorfológicas (sedimentar e cristalino) no
período de dois anos. Foram registradas um total de 210 espécies distribuídas em 149 gêneros e 62 famílias. As famílias
com maior riqueza foram Caesalpiniaceae, Fabaceae, Mimosaceae. Bignoniaceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae com
46% das espécies. Verificou-se que a heterogeneidade do ambiente físico influencia na distribuição das espécies nos
diferentes biótopos da região. No que se refere à região semi-árida como um todo, observou-se que, com exceção
de um pequeno grupo de espécies, há semelhança florística entre a área de estudo com outras áreas de caatinga
do semi-árido nordestino, quer sejam instaladas em terrenos sedimentares ou sobre o embasamento cristalino.
Palavras-chave: semi-árido, caatinga, flora, Piauí, Serra da Capivara.
Abstract
(Floristiccompositionof Serra da Capivara National Park, Piauí, Brazil) Of the great Brazilian biomes, the caatinga isone
of the most poorly known from the floristic and phytogeografic point of view. In Piauí State, this biome covers
about 37% of its territory, with only one conservation unit, the Serra da Capivara National Park. This work aims at
listing the species collected in the Park area. With that objective, a survey was made of the material collected in the
area depositcd in the Herbarium “Graziela Barroso” of the U niversidade Federal do Piauí -TEPB/UFPI, in adittion to
samples resultam from collection in two geomorphologic units (sedimentar)' lands and crystalline soil) during a two
year period. It was registered a total of 2 1 0 species distributed in 149 genus and 62 fãmilies. The families with greater
di versity were Caesalpiniaceae, Fabaceae, Mimosaceae, Bignoniaceae, Euphorbiaceae and Myrtaceae totalling46% of
the species. It was verified that the heterogeneity of the physical environment inlluences in the distribution of species in
the different biotypes of the area. As far as the semi-arid region as a whole is concemed, it was observed that,
except for a small group of species, there is floristic similarity between the study area with other areas of caatinga
in BraziFs Northeastern native semi-arid, whether installed in sedimentary lands or on crystalline soil.
Key-words: semi-arid, caatinga, flora, Piauí State, Serra da Capivara.
Introdução
Com base na isoieta modal de 800 mm.ano * 1
e em critérios de natureza geo-ambiental, Souza
et al. (1994) afirmaram que a área do semi-árido
é de 788.064 km 2 , onde a precipitação média
varia de 400 a 800 mm.ano' 1 e que além da vege-
tação de caatinga, ocorrem tipos vegetacionais
transicionais em associação com outras forma-
ções que ocorrem na Região Nordeste. A caatin-
ga constitui a feição dominante na região semi-
árida (Andrade-Lima 1960; Fernandes & Bezerra
1990; Rizzini 1997), apresentando variações florís-
licas e fisionômicas (Andrade-Lima 1981).
O estado do Piauí ocupa uma posição mar-
ginal em relação ao conjunto do Nordeste. Sua
quase totalidade e metade do Maranhão formam
um conjunto independente denominado “Meio
Norte” ou “Nordeste Ocidental”, marcando ecolo-
gicamente uma zona de transição entre o domí-
nio amazônico e o semi-árido nordestino. A distribui-
ção das formações vegetais nestas áreas de tran-
sição está ligada, principalmente a fatores climá-
ticos, embora os fatores geomorfológicos e edá-
ficos se tomam determinantes (Emperaire 1989).
A influência desses fatores pode ser observada,
por exemplo, na região do Parque Nacional Serra
Artigo recebido cm 10/2002. Aceito para publicação em 06/2004.
1 Biólogo, Doutorando cm Botânica-USP. Rua Francisco Lucas da Silva, 171 Padre Ibiapina, 62020-701 - Sobral, Ceará,
Brasil.jesuslemos@zipmail.com.br
cm
SciELO/ JBRJ
56
Lemos, J. R.
da Capivara, sudeste do Piauí, onde ocorrem
dois conjuntos florísticos e fisionômicos: a
formação de caatinga das bacias sedimentares
e de terrenos pré-cambrianos (Emperaire 1989).
Até o momento, poucos trabalhos com estu-
dos florísticos, englobando estas duas unidades
geomotfológicas foram realizados na região, cons-
tando apenas os trabalhos de Emperaire (1984,
1989, 1991), que forneceram registros de algumas
espécies vegetais. Com a tentativa de realizar
uma complementação destes dados, enriquecen-
do informações acerca da flora vascular na área
do Parque Nacional Serra da Capivara, foi rea-
lizado o levantamento florístico na referida área.
a partir de exsicatas previamente depositadas no
acervo do Herbário “Graziela Barroso”, da Uni-
versidade Federal do Piauí -TEPB/UFPI, acres-
cido de material resultante de coletas realizadas
na região. Este trabalho pretende, assim, con-
tribuir para um melhor conhecimento da flora da
caatinga do Parque, do estado e, conse-
quentemente, do semi-árido nordestino.
Material e Métodos
Arca de estudo - O Parque Nacional Ser-
ra da Capivara localiza-se no sudeste do estado
do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São
Raimundo Nonato, São João do Piauí, Coronel
José Dias e Canto do Buriti (OS^ó^O” e 08°54’23”
S e 42°19’47” e 42°45'51"0), com a dimensão
de 129.953 ha (FUMDHAM 1998). A região do
Parque é fronteira entre duas grandes forma-
ções geológicas e duas grandes unidades da
paisagem do nordeste brasileiro, a Depressão
do Médio São Francisco, do embasamento
cristalino e a Bacia do Piauí-Maranhão, de
sedimentos arenosos (Pellerin 1979, 1991).
A Serra da Capivara forma o limite sul da
bacia sedimentar do rio Pamaíba. Apresenta-se
como uma chapada com 5(X) a 600 m de altitude,
interrompida por alguns vales. O planalto é forma-
do por camadas areníticas quase horizontais sobre
as quais se assentam formações de latossolos
areno-argilosos vermelho-amarelado. Nos ter-
renos pré-cambrianos da depressão, a paisagem
é menos acidentada, tratando-se de uma suces-
são de pequenos tabuleiros entalhados no sedi-
mento. Os solos são também latossolos areno-
argilosos vermelhos, porém mais férteis que na
zona da bacia sedimentar (Emperaire 1984).
De acordo com Emperaire (1984, 1989), a
região do Parque situa-se no domínio da caatin-
ga, apresentando tipos de vegetação bem diver-
sificados, com variações fisionômicas que vão
desde formações arbóreas altas até formações
arbustivas abertas. A autora complementa ainda
que essa diversidade de aspectos está princi-
palmente ligada às condições morfo-estruturais.
A precipitação e déficit hídricos médios
anuais são de 687,8 mm e 650 mm e a tempe-
ratura média anual em tomo de 26°C, com chu-
vas estendendo-se de outubro a maio (Pellerin
1991; Lemos & Rodai 2002).
Coleta de dados e identificação de
material botânico - Foram levantados no
acervo do herbário TEPB o material coletado
na área do Parque e depositado neste herbário,
acrescido de material resultante de coletas
realizadas nas duas unidades geomorfológicas
(terrenos sedimentares e cristalinos) no período
de Setembro/1996 a Dezembro/1998 e distribuí-
das nos Herbários PEURF, UFP, IPA, TEPB e
na Fundação Museu do Homem Americano
(FUMDHAM) em São Raimundo Nonato-Piauí.
A identificação do material foi realizada
utilizando-se literatura especializada e/ou por
comparação com exsicatas. A informação
referente ao hábito das espécies foi extraída da
ficha do herbário e para as novas coletas seguiu-
se Font-Quer( 1977). O sistema de classificação
adotado foi o proposto por Cronquist (1981).
Resultados e Discussão
ATabela 1 lista 210 taxa distribuídos em
149 gêneros e 62 famílias, dos quais 187 (89%)
identificados no nível de espécie e 23 (11%)
no nível de gênero.
Das famílias levantadas, Caesalpiniaceae
(32 spp.), Fabaceae ( 1 8 spp.), Mimosaceae (14
spp.), Bignoniaceae (13 spp.), Euphorbiaceae
( 10 spp.) e Myrtaceae ( 10 spp.) responderam por
46% das espécies registradas, enquanto 45% das
famílias apresentaram apenas uma espécie.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil
Emperaire (1984, 1989, 1991) ressalta
que a heterogeneidade do ambiente físico
influencia na distribuição dos taxa nos
diferentes ambientes presentes na região do
Parque, o que pôde ser também verificado
através da análise realizada neste trabalho.
Das 210 espécies registradas neste levan-
tamento, somente 28 ocorrem tanto em áreas
de terrenos sedimentares como em áreas do
embasamento cristalino: Spondias tuberosa ,
Arrabidaea bahiensis , Tabebuia impetiginosa ,
Tabebuia spongiosa, Cordia leucocephala,
Patagomda bahiensis, Neoglaziovia
variegata, Bauhinia cheilantha, Bauhinia
Jlexuosa, Caesalpinia bracteosa, Cenostigma
gardnerianum, Diptychandra aurantiaca
subsp. epunctata, Poeppigia procera, Senna
spectabilis, Capparis Jlexuosa , Erythroxylum
betulaceum, Argythamnia gardneri,
Cnidoscolus urens, Croton sonderianus,
Cratylia ntollis, Strychnos rubiginosa,
Pavonia glazioviana, Calliandra
depauperata, Piptadenia moniliformis.
Eugenia cearensis, Cardiospermwn corindum,
Helicteres baruensis e Turnera blanclieliana.
Segundo a análise realizada por Emperaire
(1991) referente à distribuição geográfica de algumas
espécies presentes no Parque, Cardiospennum
corindum (espécie herbácea ruderal) é pantro-
pical; Senna spectabilis, Capparis Jlexuosa e
Cnidoscolus urens são neotropicais; Tabebuia
impetiginosa (espécie semi-decídua), Bauhinia
cheilantha e Strychnos rubiginosa elementos
do cerrado e da caatinga. As espécies que, pela
análise deste trabalho, foram encontradas nos
dois ambientes do Parque (terrenos sedimentar
e cristalino), foram consideradas pela autora,
como elementos exclusivos da caatinga.
Das espécies de Caesalpiniaceae ocorrentes
no Parque, Bauhinia cheilantha foi comum a
áreas cristalinas e sedimentares (embora na área
de estudo tenha sido registrada somente em áreas
sedimentares), isto parece indicar que a mesma
tem ampla distribuição nos tipos caducifólios do
semi-árido nordestino (Rodai 1992; Araújo et ai
1995; Ferraz et al. 1998; Araújo et ai 1998; Le-
mos & Rodai 2002; Alcoforado-Filho et ai 2003).
De uma maneira geral, observou-se que as áreas
sedimentares como um todo, apresentaram um
grande número de espécies desta família.
Das 18 espécies de Fabaceae registradas
na área, a maioria foi comum a outras áreas sedi-
mentares, sendo que duas espécies: Dalbergia
cf. cearensis e Pterodon abruptus foram citadas
em vegetação de caatinga instalada sobre o crista-
lino, embora constatou-se que as mesmas são
comuns em áreas de solos arenosos e profundos.
Das Mimosaceae presentes na região,
Acacia langsdorfii foi registrada apenas nas áreas
sedimentares, enquanto Piptadenia moniliformis
ocorreu desde carrasco a caatinga de sedimentos
arenosos e do cristalino, indicando a ampla
distribuição desta espécie (Lemos & Rodai 2002).
Bignoniaceae, com 13 espécies regis-
tradas neste levantamento, é pouco frequente
nos levantamentos florísticos em áreas do
cristalino (Araújo et ai 1995; Alcoforado-Filho
et al. 2003), todavia apresenta-se bem
expressiva em levantamentos realizados em
áreas sedimentares (Oliveira et al. 1997;
Araújo et al. 1998; Lemos & Rodai 2002).
Euphorbiaceae, família bem representada
em levantamentos realizados em áreas sedimen-
tares e do cristalino, foi registrada com 10 espé-
cies na área estudada, tendo sido, boa parte
das espécies, encontradas nos dois ambientes.
Myrtaceae, com 10 espécies registradas,
corroborou com o número de espécies relativa-
mente alto registrado em áreas sedimentares
(Oliveira et ai 1997; Araújo et ai 1998; Rodai
et ai 1998; Figueiredo et ai 2000; Rodai et ai
1999; Lemos & Rodai 2002).
Segundo Rodai (1992), nos diferentes levanta-
mentos que estudaram o componente lenhoso da
caatinga instalada em áreas da depressão sertaneja
nordestina, Mimosaceae, Caesalpiniaceae e
Euphorbiaceae foram as famílias melhor represen-
tadas em número de espécies. Já Myrtaceae e
Bignoniaceae são pouco representadas naquelas
áreas, sendo mais frequentes em áreas de
vegetação caducifólia e perenifólia das chapadas
sedimentares (Oliveira et ai 1997; Rodai et ai
1998; Araújo et ai 1998; Figueiredo cia/. 2000;
Rodai et al. 1999; Lemos & Rodai 2002).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
58
Lemos, J. R.
De acordo com análise de levantamentos
florísticos e quantitativos realizados nas chapadas
sedimentares do semi-árido nordestino
(Emperaire 1989; Oliveira etal. 1997; Araújo et
al. 1998; Rodai et al. 1999; Araújo & Martins
1999; Figueiredo et al. 2000; Lemos & Rodai
2002), Fabaceae, Caesalpiniaceae,
Euphorbiaceae e Mimosaceae foram as famílias
que demonstraram maior representatividade,
fato que sugere uma certa relação com as áreas
do cristalino, o que poderia ser explicado pelo
condicionante geral da semi-aridez na região
como um todo.
Assim, da análise de similaridade florística
realizada nos dois conjuntos geomorfológicos da
região do Parque Serra da Capivara, verificou-
se que a heterogeneidade do ambiente físico
(áreas sedimentares ou terrenos cristalinos) in-
fluencia na distribuição dos taxa nos diferentes
biótopos da região, visto que algumas espécies
foram registradas somente em um dos ambientes.
No que se refere à região semi-árida, ba-
seado em análise dos levantamentos flonsticos
e quantitativos realizados na Região Nordeste,
pode-se concluir que, com exceção de um pe-
queno grupo de espécies registradas somente
na área do Parque, há semelhança florística
entre a área de estudo com outras áreas de
caatinga do semi-árido nordestino, quer sejam
instaladas em terrenos sedi-mentares ou sobre
o embasamento cristalino.
Tabela 1 - Lista das famílias e espécies ocorrentes no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí.
REF. - N u de Herbário TEPB e/ou de coleta do autor (JRL); HÁB. - hábito; N. VULGAR - nome vulgar,
HABIT. - hábitat; ARV- árvore; ARB- arbusto; SUB-subarbusto; LIA- liana; ERV - erva; C - cha-
pada (terrenos sedimentares); T - tabuleiros (terrenos cristalinos); LU - lugares úmidos; RU - ruderais.
FAMÍLIA/ESPÉCIE
REE
HÁB.
N. VULGAR
HABIT.
ACANTHACEAE
1. Ruellia asperula (Mart. & Nees) Lindau
3813
ERV
Mclosa-roxa
T
A.\ IARANTI 1ACEAE
2. Amaranthus sp.
332
ERV
-
RU
3. Gomphrena sp.
5436
ERV
-
RU
ANACARDIACEAE
4. Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng
6608
ARV
Gonçalo alves
C
5. Myracrodnion unmdeuva Allcmão
883
ARV
Aroeira
T
6. Spondias tuberosa Arruda
JRL92
ARV
Imbuzeiro
C,T
ANNONACEAE
7. Ephedranthus pisocarpus R. E. Fr.
JRL64
ARV
Cunduru
C
8. Rollinia aff. leptopetala R. E. Fr.
6822
ARV
Ata brava
C
9. Rollinia leptopetala R. E. Fr.
6828
JRL62
ARV
Ala brava
C
1 0. Xylopia cf. laevigata (Mart.) R. E. Fr.
6829
ARV
Cunduru
C
1 1 . Xylopia sericea A. St.-Hil.
6827
ARV
-
C
APOCYNACEAE
1 2. Allamanda pubenda A. DC.
6820
ARB
Pcnte-de-macaco
C
13 .Aspidospenm cf. multiflorumA. DC.
JRL73
ARB
Pereiro
C
1 4. Aspidospemta pyrifolium Mart.
6821
ARV
Pereiro
C
ARACEAE
15. Pistia stratoites L.
6810
ERV
-
LU
Rodriguésia 55 (85): 55-66. 2004
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Composição florísiica do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil
FAMÍUA/ESPÉCIE
REE
HÁB.
N. VULGAR
HABrr.
ASTERACEAE
1 6. Eremanthus martii Baker
91
EKV
Chico-Rodrigo
-
1 7. Spilanthes cf. acniella (L.) Murr
163
EKV
-
RU
18. Vemonia reniotiflora Rich.
164
ERV
-
LU
BIGNONIACEAE
19. Adenocalymma scabriusculum Mart.
6798
LIA
-
C
20. Arrabidaea bahiensis (Schauer ex DC.)
•Sandwith & Moldenke
6796
LIA
Folha-larga
C,T
21 .A rrabidaea crassa Spreng.
6797
LIA
-
-
22. Arrabidaea dispar Bur ex K. Schum
JRL38
LIA
Cipó-mole
C
23. Jacaranda brasiliana Pers.
6791
ARB
Caroba branca
c
24. Jacaranda jasminoides (Thumb.) Sandwith
6816
ARB
Caroba preta
c
25. Mansoa hirsuta DC.
6794
JRL49
LIA
Cipó-de-alho
c
26. Mentora axillaris Bur & K. Schum
JRL111
ARB
-
c
27. Memora cf. involucrata Bur &K. Schum
JRL55
ARB
Cipó-de-bandeira
c
28. Pyrostegia sp.
6785
LIA
Dedo-de-moça
-
29. Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl.
6786
ARV
Pau d’ arco roxo
C,T
30. Tabebuia serratifolia (Vahl) Nicholson
3819
ARV
Pau-d’arco
C
3 1 . Tabebuia spongiosa Rizzini
160
ARV
Paud’arco
C,T
BOMBACACEAE
32. Bômbax sp.
599
ARV
~
“
BORAGINACEAE
33. Cordia leucocephala Moric.
JRL91
SUB
Moleque-duro
C,T
34. Cordia piauhiensis Fresen.
JRL32
ARB
Grão-de-galo
C
35. Cordia rufescensA. DC.
3811
ARB
Cabo-de-machado
C
36. Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. & Stend.
152
ARB
-
C
37. Heliotropium tiaridioides Cham.
1089
ERV
Crista-de-galo
RU
38. Patagonula bahiensis Moric.
3816
“
C,T
BROMELIACEAE
39. Bromelia sp.
6592
EKV
Macambira
C
40. Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult. f.
6589
EKV
Macambira
C
41 . Neoglaziovia varie gata Mez
6591
EKV
Caroá
C,T
CACIACEAE
42. Cereus albicaulis (Britton. & Rose) Luetzelb.
JRL74
ARB
Rabo-de-raposa
C
43. Pilosocereus sp.
6584
SUB
Xique-xique
C
caesalpiniaceae
44. Bauhinia acuruana Moric.
6113
JRL31
ARB
Miroró, Mororó
C
45. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
300
JRL70
ARB
Miroró
C, T
46. Bauhinia flexuosa Moric.
6648
ARB
Miroró
C, T
47. Bauhinia pentandra (Bong.) Vog. ex Steud.
JRL112
ARB
Miroró
C
48. Caesalpinia bracteosa Tul.
125
ARV
Pau-de-rato
C, T
49. Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.
6164
ARV
Pau- ferro
T
Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ.
13 14
cm ..
60
Lemos, J. R.
FAMÍUA/ESPÉOE
REE
HÁB.
N. VULGAR
HABrr.
50. Caesalpinia microphylla Mart. ex Tul.
872
ARV
Arranca-estribo
T
5 1 . Cassiaferniginea (Schrad.) Schrad. ex DC.
JRL98
ARB
-
T
52. Cenostigma gardnerianum Tul.
6165
ARV
JRL27
Canela-de-velho
C,T
53. Chamaecrista aff. brevicalyx (Benth.)
6649
ARV
-
-
Irwin & Barneby
54. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip
198
ARV
-
-
55. Chamaecrista eitenomm (Irwin & Barneby)
Irwin & Barneby
6647
JRL29
ARV
Subieiro
C
56. Chamaecrista serpens (L.) Greenc
6625
EKV
-
-
57. Chamaecrista aff. zygophylloides (Taub.)
6627
ARB
-
-
Irwin & Barneby
58. Copaifera coriacea Mart.
6651
ARV
-
c
59. Copaifera langsdorffii Desf.
6626
ARV
Pau-d’óleo
c
60. Dimorpltandra gardneriana Tul.
JRL113
ARV
Fava d’anta
c
61. Diptychandra epunctata Tul.
779
ARV
Bilro
C,T
62. Hymenaea aurea Lee & Lang.
893
ARV
JRL39
Jatobá
C
63. Hymenaea courbaril L.
6141
ARV
Jatobá-trapuca
C
64. Hymenaea eriogyne Benth.
6144
ARV
Jatobazinho
C
65. Hymenaea stilbocarpa Hayne
JRL90
ARV
Jatobá
c
66. Peltogyne confertijlora (Hayne) Benth.
6080
ARV
-
c
67. Poeppigia procera Presl.
6167
ARV
JRL63
Caracu
C.T
68. Sclerolobium densiflorum Benth.
JRL115
ARB
-
C
69. Senna cearensis (Afr. Fem.) Afr. Fern. & E. Nunes
JRL37
ARB
Pé-dc-bode
C
70. Senna gardneri (Benth.) Irwin & Barneby
JRL50
ARB
-
C
71 . Senna macranthera var. pudibunda (Benth.)
JRLI14
ARV
-
C
Irwin & Barneby
72. Senna occidentalis (L.) Link.
119
ARB
-
c
73. Senna trachypus (Benth.) Irwin & Barneby
JRL110
SUB
-
-
74. Senna spectabilis (DC.) Irwin & Barneby
JRL99
ARB
Canafístula
C,T
75. Senna velutina (Vogei.) Irwin & Barneby
530
ARB
-
CAPPARACEAE
76. Capparis flexuosa (L.) L.
JRL89
ARB
Feijão-dc-boi
C.T
77. Cleome microcarpa Ulc
5435
ARB
-
-
78. Cleome spinosa L.
873
ARB
Mussambc
LU
CELAS' 1 KACEAE
79. Maytenus sp.
66
ARV
Birro branco
C
CHRYSOBALANACEAE
80. Licania sp.
JRL109
ARV
Oiti
C
COMBRETACEAE
8 1 . Combretum sp.
5413
ARB
Farinha seca
C
82. Terminalia sp.
896
“
Carvoeiro
T
Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
Composição floríslica do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil
6 1
FAM ÍI ! AJESPÉCI E
REF.
HÁB.
N. VULGAR IIABIT.
CONVOLVULACEAE
83. Jacquemontia densiflora (Micrs) Hallier
JRL116
LIA
Jitirana
C
E R YTI IROX YLACEAE
84. Erythroxylum betulaceum Mart.
JRL52
ARB
Carqueijo
C,T
85. Erythroxylum caatingae Plowman
JRL77
ARB
-
C
86. Erythroxylum maracasense Plowman
JRL56
ARB
Rompe-gibão
C
EUPHORMACEAE
87. Argythamnia gardneri Müll. Arg.
174
ARB
-
C,T
88. Cnidoscolus phyllacanthus Pax & K. Hoffm.
JRL129
ARV
Favela
T
89. Cnidoscolus urens (L.) Arthur
JRL128
ARB
Cansanção
C,T
90. Croton adenodontus Müll. Arg.
JRL51
ARB
Malva peluda
C
91. Cmton campestris A. St.-Hil.
JRLI08
ARB
Velame
-
92. Cmton sonderianus Müll. Arg.
JRL107
ARB
Marmeleiro
C,T
93. Croton urticaefolius Lam.
JRL30
ARB
Mulatinha
C
94. Croton zehntneri Pax & K. Hoffm.
JRL117
ARB
-
c
95. Manihot caendescens Pohl
JRL6S
ARV
Maniçoba
T
96. StiUingia trapezoides Ule
JRL57
ARB
Burra leiteira
C
FABACEAE
97. Andira vermífuga Mart.
3812
ARV
Angelim
C
98. Bocoa mollis (Benth.) Cowan
JRL53
ARB
Café-brabo
C
99. Centrosema virginianum (L.) Benth.
124
LIA
-
-
100. Cratylia mollis Mart. ex Benth.
780
JRL48
ARB
Camaratuba
C,T
101. Dalbergia cearensis Ducke
107
JRL79
ARV
Violete
C
102. Dioclea grandiflora Mart. ex Benth.
6143
LIA
Mucunã
c
103. Discolobium hirtum Benth.
592
ARB
-
-
104. Galactia jussiaeana Kunth
6154
LIA
-
-
1 05. Indigofera suffntticosa Mill.
150
SUB
Anil
RU
1 06. Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.
583
ARV
-
c
1 07. Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke
891
ARV
-
-
108. Machaerium sp.
JRL35
LIA
-
c
109. Macroptilium martii (Benth.) Marechal & Baudet
1101
ERV
-
-
1 10. Macroptilium panduratum
(Mart. ex Benth.) Marechal & Baudet
608
ERV
'
“
111. Platypodium elegans Vogei
259
JRL28
ARV
“
c
1 12. Pterodon abruptas (Moric.) Benth.
6616
JRL25
ARV
Cangalheiro
c
1 13. Swartzia flaemingii Raddi
JRL40
ARV
Jacarandá
c
1 14. Zornia gardneriana Moric.
6156
ERV
Quebra- tigela
RU
FLACOURTTACEAE
1 15. Casearia grandiflora A. St.-Hil.
3809
ARV
Ata brava de serrote
c
KRAMER1ACEAE
1 16. Krameria tomentosa A. St.-Hil.
148
•
Carrapicho
-
Rodriguêsia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15
cm ..
62 Lemos, J. R.
FAMÍLIA/ESPÉCIE
RER
HÁB.
N. VULGAR HABIT.
LAMIACEAE
1 17. Hyptis multiflora Pohl ex Benth.
71
SUB
-
-
1 18. Hyptis salzmanni Benth.
172
SUB
-
RU
LOGANIACEAE
1 1 9. Strychnos rubiginosa DC.
5423
ARB
-
C,T
\1ALPIG1 1IACEAE
120. Byrsonima cf. gardneriana A. Juss.
JRL33
ARB
Murici
C
121. Heteropterys discolor A. Juss.
JRL41
ARB
-
C
122. Peixotoa jussieuanaA. Juss.
JRL45
LIA
-
C
MALVACEAE
123. Herissantia tiubae (K. Schum.) Briz.
1098
ARB
-
T
124. Pavonia cancellata Cav.
430
EKV
Jitirana-roxa
RU
125. Pavonia glazioviana Gürke
JRL26
ARB
Malva-da-chapada
C,T
126. Sida cordifolia L.
JRL96
SUB
Malva babenta
RU
127. Sida glomerata Cav. Diss.
143
EKV
Malva-dura
RU
MELA5T0MAJACEAE
1 28. Clidemia hirta (L.) Don.
6803
-
-
C.LU
1 29. Miconia albicans Triana
3814
ARV
-
C
MBLIACEAE
1 30. Trichilia hirta L.
6612
ARB
Jitó
C
MIMQSACEAE
131. Acacia langsdorffii Benth.
JRL23
ARB
Jurema toice ira
C
1 32. Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan
885
ARB
Angico-de-umbigo
T
133. Calhandra depauperata Benth.
797
ARB
Carqueijo
QT
134. Calhandra dysantha Benth.
JRL97
ARB
-
T
135. Calhandra leptopoda Benth.
604
ARB
-
-
1 36. Desmanthus virgatus Willd.
118
ARB
Jureminha-branca
-
1 37. Mimosa lepidophora Rizzini
JRL43
ARV
Umbigo-de-cabra
C
138. Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth.
5393
ARV
-
-
1 39. Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd.
605
ARB
-
-
140. Mimosa verrucosa Benth.
120
ARV
Jurema-lisa
c
141. Parapiptadenia blanchetii (Benth.)
Vaz & M. P. de Lima
JRL127
ARV
-
c
142. Piptadenia moniliformis Benth.
JRL24
ARV
Angico de bezerro
C,T
143. Pithecellobium sp.
911
ARV
-
-
144. Plathymenia reticulata Benth.
122
ARV
Candeia
c
MOLLUGINACEAE
145. Mollugo verticillata L.
155
ERV
Erva de N. Senhora
-
MORACEAE
146. Brosimum gaudichaudii Trec.
6130
ARB
Minaré
-
147. Cecropia peltata L.
3810
ARV
Imbaúba
c
148. Ficus sp.
JRL88
ARV
Gameleira
c
Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Composição Jloríslica do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil
FAMILIAyESPECIE
REF.
HAR
N. VULGAR
HABIT.
MYRSINACEAE
149. Cybianthus penduliflorus MarL
866
-
-
-
MYKIÂCEAE
150. Campomanesia sp.
JRL66
ARV
Guabiraba
C
151. Eugenia cearensis Berg.
6091.
ARB
Goiaba braba
C,T
1 52. Eugenia cf. cearensis Berg.
6095
ARB
-
C
1£3. Eugenia diantha Berg.
6100
-
-
c
154. Eugenia cf. flava Berg.
JRL71
ARB
-
c
155. Eugenia piauhiensis Berg.
6085
-
-
c
156. Eugenia cf. punicifolia (Humb., Bonpl. & Kunth.) DC.
JRL61
ARV
-
c
1 57. Myrcia cf. acutata Berg.
6127
-
-
c
1 58. Myrciaria ferruginea Berg.
JRL42
ARV
-
c
159. Psidium sp.
JRL106
ARB
-
-
NYdAGINACEAE
160. Guapira laxa (Netto) Furlan
JRL72
ARV
Farinha seca
c
161. Pisonia campestris Netto
6097
ARV
Maria-mole
c
OCHNACEAE
162. Ouratea sp.
900
ARB
-
-
OLACACEAE
163. Ximenia americana L.
JRL58
ARB
Ameixa
c
OXAUDACEAE
164. Oxalis euphorbioides A. St.-Hil.
6087
ERV
-
C.LU
165. Oxalis sepium A. St.-Hil.
6090
ERV
c
PASSIFLORACEAE
1 66. Passijlorafoetida L.
3832
LIA
Maracujazinho
-■
PHYTOLACCACEAE
167. Microtea sp.
5401
ERV
-
c
PIPERACEAE
168. Piper sp.
\ . .j
1 W'>/
6120
ARB
-
-
FLUMBAGINACEAE
1 69. P lumbago scandens L.
6121
ERV
Louco
LU
FOACEAE
170. Gynodon dactylon (L.) Pers.
171
ERV
Capim-burro
-
171. Rhynchelytum repens (Willd.) C.E. Hubb.
170
ERV
-
FOLYGALACEAE
172. Polygala variabilis H. B. K.
6116
-
-
-
POLYGONAGEAE
173. Triplaris tomentosa Willd.
6124
-
-
-
Rodriguísia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
64
Lemos, J. R.
FA!\ 1 ÍLLVESP ÉCIE REE IL\B. N. VULGAR H ABIT.
PORTULACACEAE
174. Poríulaca elatiorMan. 6128 ERV - LU
RHAMNACEAE
175. Colubrina cordifolia Rcissck
176. Ziziphus joazeiro Mart.
RUBIACEAE
1 77. Diodia teres Walt.
178. Guettarda angélica Mart. ex Miill. Arg.
179. Tocoyena formosa (Schum & Schl.) Schum.
RUTACEAE
1 80. Pilocarpus jaborandi Holmcs
181. Zanthoxylum hamadryadicum Pirani
1 82. Zanthoxylum stelligerum Tuck.
SAPINDACEAE
1 83. Allophylus cdulis (A. St.-Hil.) Hadlk.
1 84. Cardiospermum corindum L.
1 85. Cardiospermum halicacabum L.
186. Magonia glabrata A. St.-Hil.
1 87. Talisia esculenta Radlk.
SAPOTACEAE
1 88. Pouteria gardneriana (A. DC.) Radlk.
SCROPI 1ULARIACEAE
1 89. Scoparia dulcis L.
SOLANACEAE
190. Physalis angu lata L.
191. Solanum paniculatum L.
STERCUIJACEAE
192. Helicteres baruensis Jacq.
193. Helicteres heptandra L. B. Sm.
194. Helicteres mollis K. Schum.
1 95. Helicteris muscosa Mart.
196. Melochia tomentosa L
197. Waltheria sp.
TIIJACEAE
198. Luehea sp.
TURNERACEAE
199. Piriqueta duarteana Urb.
200. Turnera blanchetiana Urb.
201 . Turnera calyptrocarpa Urb.
202. Turnera ulmifolia var. guianensis Aubl.
6104
JRL75
ARB
Sabão
C
JRL87
ARV
Juazeiro
C
137
ERV
-
5405
ARB
-
T
173
JRL69
ARB
Genipapinho
C
JRL67
ARV
Jaborandi
C
JRL54
ARV
Pratudo
C
5408
JRL47
ARB
Laranjinha
C
3833
ARV
_
C
6645
LIA
Chumbinho
C,T
JRLI18
LIA
Chumbinho
C
JRL81
ARV
Tingui
C
JRL105
ARV
Pitombcira
C
JRL86
ARV
C
145
ERV
Vassourinha
RU
JRL95
SUB
Camapu
RU
JRL82
ARB
Jurubcba
C
JRL100
/\RB
Guaxumbo
C,T
JRL124
ARB
Guaxumbo
C
JRL1 19
ARB
-
C
34
ARB
-
C
JRL104
SUB
Mutamba-dc-roça
C
JRL94
SUB
Mutamba
C.LU
JRL85
c
JRL101
ERV
Malva-dc-vassoura T
JRLI23
ERV
C,T
JRLI20
ERV
-
JRL103
ERV
C
Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm
Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil ^
FAMÍIJA/ESPÉCIE
REE
HÁB.
N. VULGAR
HABIT.
ULMACEAE
203. Ceitis sp.
JRL125
ARV
C
204. Trema micrantha Blume
JRL122
ARB
Mutamba
C
URTICACEAE
205. Laportea sp.
JRL126
ARB
-
C
VELLOZIACEAE
206. Nanuza aff. plicata (Mart.) L. B. Sm. & Ayensu
JRL130
ERV
Canclinha
T
VERBENACEAE
207. Lantana cantara L.
JRL93
ARB
Camará
RU
VISCACEAE
208. Phoradeitdron sp.
JRL121
EP
Enxerto
-
VOCHYSIACEAE
209. Callistliene micrvphylla Wann.
JRL84
ARV
Folha miúda
C
2 1 0. Qtialea parviflora Mart.
JRL102
ARV
Pau-terra
c
Agradecimentos
À Fundação Museu do Homem Americano-
FUMDHAM, co-gestora do Parque Nacional
Serra da Capivara, pelo apoio logístico em campo.
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SciELO/JBRJ
13 14
66
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da região semi-árida do Nordeste do
Brasil. In: Conferência Nacional e
Seminário Latino-Americano da Deser-
tificação. Fundação Esquel do Brasil.
Fortaleza, Ceará. 25p.
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
NOVOS SINÔNIMOS PARA ESPÉCIES DE SCMJLTESIA MART. E XESTAEA
Griseb. (Gentianaceae) 1
Elsie Franklin Guimarães 2
Resumo
(Novos sinônimos para espécies de Schultesia Mart. e Xestaea Griseb. (Gentianaceae)). Foram sinonimizados
seis táxons ( Schultesia apiculata Huber, S. paliais Bunbury, S. stenophylla y paliais (Bunbury) Progel, S.
guianensis f. lutescais Standl. & Steyerm., S. hassleriana Chodat, S. braehyptera Cham. f. Iieterophylla
(Miq.) Jonker) em espécies do gênero Schultesia e dois ( Schultesia lisianthoides (Griseb.) Benth. & Hook. ex
Hemsl., S. peckiana B.L. Rob.) em uma espécie de Xestaea (Gentianaceae).
Palavras-chave: Taxonomia, Gentianaceae, Schultesia , Xestaea, novos sinônimos.
Abstract
(New synonyms for Schultesia Mart. and Xestaea Griseb. species (Gentianaceae)). This work proposes six
synonyms ( Schultesia apiculata Huber, S. pallens Bunbury, S. stenophylla y pallens (Bunbury) Progel, S.
guianensis f. lutescens Standl. & Steyerm., S. hassleriana Chodat, S. braehyptera Cham. f. heterophylla
(Miq.) Jonker) in species of the genus Schultesia Mart. and two ( Schultesia lisianthoides (Griseb.) Benth. &
Hook. ex Hemsl., S. peckiana B.L. Rob.) in species of Xestaea Griseb. (Gentianaceae).
Key-words: Taxonomy, Gentianaceae, Schultesia , Xestaea, new synonyms.
Introdução
Este trabalho é parte dos resultados
obtidos na revisão taxonômica do gênero
Schultesia (Guimarães 2002). O gênero foi
descrito por Martius em 1827. Desde então,
diversos autores deram suas contribuições,
tendo se destacado os estudos realizados por
Grisebach (1836), Progel (1865) e Gilg (1895),
que procuraram reunir as espécies, elaborando
chaves analíticas ou estabelecendo sistemas
de classificação. O gênero apresenta
distribuição pantropical, com centro de
diversidade na América do Sul, principalmente
no Brasil, onde ocorrem 18 espécies.
O gênero monotípico Xestaea , com
distribuição na América Central e norte da
América do Sul, foi incluído em Schultesia por
Gilg ( 1 865). Atualmente, Struwe & Albert (2002),
com base nos estudos em biologia molecular
e morfologia, e nos resultados obtidos por
Maguire & Boom (1989) e Nilsson (2002) para
o pólen de Xestaea, restabelecem o gênero de
Grisebach, considerando que o padrão da exina
é claramente diferente de Schultesia.
Concorda-se com os autores no que diz respeito
ao restabelecimento do gênero Xestaea.
Propõe-se, neste trabalho, novos sinô-
nimos para espécies dos dois gêneros, que
habitam geralmente brejo herbáceo, campo
rupestre, cerrado, veredas, savanas e, às vezes,
áreas antrópicas.
Material e Métodos
Foram consultados materiais botânicos
herborizados, depositados nos herbários B, BR,
CGE, F, a GH, K, M, MG MO, RB, S, U
(siglas conforme Holmgren et al. 1990), e
materiais oriundos de diversas coletas
realizadas no período de 1999 a 2002.
Resultados e Discussão
Schultesia braehyptera Cham., Linnaea 8: 8.
1833. Grisebach, Gen. Sp. Gentianarum, 128.
1839; Grisebach in A. De Candolle, Prodr. 9:
68. 1845; Progel in Martius, Fl. bras. 6(1): 208,
Fig. 57. 1865; Jonker i/i Pulle,Fl. Suriname 4(1):
402. 1936; Standley & Williams, Fieldiana
(Bot.) 24(8): 328. 1969; Lemeé, Fl. Guyane
Artigo recebido em 1 1/2003. Aceito para publicação em 06/2004.
'Este trabalho 6 parte da tese apresentada no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro / Bolsista do CNPq. Rua Pacheco Leão, 915
22460-030- Rio de Janeiro - RJ. eguimar@jbrj.gov.br
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
68
Française 3: 278. 1953; Maguire & Boom,
Mem. New York Bot. Gard. 51; 18. 1989.
Typus: E Bahia omnium Sanctomm Brasília
misit Lhotzky. ( typus não localizado).
Schultesia apiculata Huber, Boi. Mus.
Paraense Hist. Nat. 2(2); 511. 1898. Typus: Ad
fluvium Maraca Guianae Brasiliensis.
VII. 1896, M. Guedes n°623. ( holotypus
MG!; isotypus RB!). Syn. nov.
Chamisso (1833) descreve 5.
brachyptera detalhadamente, a partir do
material coletado por Lhotzsky no estado da
Bahia, mencionando que as folhas inferiores
são elípticas, as superiores linear-lanceoladas,
estreitas, agudas, com cálice membranáceo
com ângulos providos de nervuras espessas e
alas estreitas desprovidas de nervuras. Flores
purpúreas ou violáceas; óvulos numerosos.
Grisebach (1839) trata desta espécie,
mencionando que as flores possuem pedicelos
muito curtos, que as folhas inferiores são
distintas das superiores, obtusas e acuminadas,
respectivamente, e que o cálice apresenta ala
linear. Cita como material estudado os
exemplares de Sellow (Brasília), Salzmann
(Bahia), Leprieur s.n. e Blanchet n°72.
Progel (1865) situa S. brachyptera entre
as espécies com cálice carenado ou alado,
sendo que as alas são desprovidas de nervuras.
Cita todos os materiais mencionados pelos
autores anteriores, acrescenta os de Hostmann
427, Splitgerbere Wullschlágel, sem número.
Huber (1898) descreve Schultesia apiculata
com base em material coletado no Rio Maracá
sob o n° 623, com holotypus depositado no
herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi
(MG); e Guimarães (1966) cita o isotypus para
o herbário do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (RB).
A análise das coleções permitiu colocar
a espécie de Huber como sinônimo de S.
brachyptera, principalmente por apresentar o
cálice carenado, o que concorda com aqueles
das coleções dos materiais analisados e com a
estampa fornecida por Progel (1865, fig. 57).
Embora não se tenha recebido o material
tipo coletado por Lhotzsky na Bahia, foram
Guimarães, E. F.
examinados todos os exemplares acima
citados, o que deu-nos uma convicção quando
comparados com a diagnose original. Além
disso, Progel menciona o typus colocando-o
junto aos demais materiais por ele e por nós
também estudados, apresenta estampa das
peças florais que concordam com nossa
conceituação, principalmente quando apresenta
o detalhe do cálice desprovido de alas nervadas.
Por outro lado, em correspondência
mantida com o pesquisador P. Maas, da
Universiteit Utrecht, quando da consulta da
localização do typus do material de Lhotsky, o
mesmo não conseguiu encontrar o referido
material, que ainda se pretende localizar.
Schultesia gracilis Mart., Nov. Gen. et Sp.
2(2): 105, tab. 181. 1827. G. Don, Gen. hist.
4(1): 196. 1838; Grisebach, Gen. Sp. Gent.
128. 1839; Progel in Martius, Fl. bras. 6(1):
206. 1865; Cordeiro in Giulietti et ai. Boi. Bot.
Univ. São Paulo 9: 237. 1987. Typi: Crescit in
campis montanis inter Lorena Villam et S.
Pauli Civitatem variis locis, in Provinda S.
Pauli, prope S. João d’ El Rey, Villa Rica et
alibi in Provinda Mina rum, altitudine 1500-
3900 pedum supra oceanum, Martius -
syntypi (M); Prov. Minas Gerais, Habitat
in campis Contenda - lectotypus (M!) hic
designatus.
Schultesia pallens Bunbury, Proc. Linn.
Soc. London 1: 110. 1849; Malme, Ark. Bot.
3(12): 11. 1904. Typus: Prope Gongo Soco in
Prov. Minas Geraes ( typus não localizado).
Syn. nov.
Schultesia stenophylla y pallens
(Bunbury) Progel, l.c.: 207; Malme, l.c.: 10. 1904.
Typus: Prope Gongo Soco in Prov. Minas
Geraes ( typus não localizado). Syn. nov.
Martius (1827) descreve com detalhes
S. gracilis e apresenta estampa elucidativa
com base cm material coletado em São Paulo,
Lorena c várias outras localidades daquele
estado; em “São João d’El Rey, Villa Rica”
como também em outras localidades do estado
de Minas Gerais, sem, no entanto, especificá-
las. Embora não se tenha recebido alguns dos
Rodrigutsia 55 ( 85 ): 67 - 72 . 2004
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Novos sinônimos para espécies ele Schuliesia Man. e Xestaea Griseb. (Genlianaceae)
69
exemplares com localidade mencionadas por
Martius em sua diagnose original, recebemos
outros por ele coletados e por nós examinados,
oriundos do herbário de Munique (M), que nos
permitiu considerá-los como sintypi da
coleção, “Habitat in campis ad Contenda Prov.
Min. Ger. Martius Iter Brás - Apr.”, Prov. Mi-
nas Gerais, Martius Iter Brasil, (963) e Prov.. .
Minas Gerais, Martius (560), os três exempla-
res determinados por Martius como S. gracilis
Mart.
Quando da análise dos referidos
exemplares considerados sintypi , selecionou-
se o exemplar “Prov. Minas Gerais, Habitat in
campis Contenda” como o lectotypus de
Schuliesia gracilis Mart., uma vez que esta
exsicata detém uma amostra que se mostrou
idêntica, quando comparada com o desenho
original de Martius.
Malme (1904), com base nos estudos dos
materiais de Regnell 1 11-896 e III- 1 788
depositados no herbário de Stockholm (S), faz
algumas referências sobre S. pallcns,
indicando ser esta espécie provável sinônimo
de S. gracilis.
Com base na diagnose de Bunbury (1849),
que menciona ser esta espécie caracterizada
por apresentar “ foliis oval is cllipticisque
acutiusculis: summis lineari-lanceolatis
acuminatis , fio ribas terminalibus
subsolitariis, alis calycis dilatatis semiovatis,
corollae laciniis obovato-rhombeis breviter
acuminatis integerrimis ”, concorda-se com
Malme (1904). dado que foram analisados os
mesmos exemplares por ele estudados.
As pesquisas realizadas nos herbários
para a localização da coleção-tipo de S.
pallcns foram infrutíferas, mesmo quando
consultado o herbário da Universidade de
Cambridge (CGE), onde se supõe esteja
depositada a coleção de C. J. F. Bunbury.
(Urban 1906).
Indica-se S. pallcns como sinônimo novo,
levando-se em consideração as informações
de Malme, com as quais concorda-se, e,
sobretudo, as observações das características
similares entre esta espécie e S. gracilis.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 67 - 72 . 2004
Schuliesia guianensis (Aubl.) Malme var.
guianensis, Ark. Bot. 3(12): 9. 1904. Lemeé,
Fl. Guyane Française 3: 278. 1953; Standley
& Williams, Fieldiana (Bot.) 24(8): 330. 1969;
Elias & Robyns in Woodson, Schery et al. Fl.
Panamá. Ann. Missouri Bot. Gard. 62: 82.
1975; Maguire & Boom, Mem. New York Bot.
Gard. 51: 19. 1989.
Exacum guianensis Aubl., Hist. Pl.
Guiane 1: 68, tab. 26, fig. 1. 1775. Typus:
Guiane Française. Coleção de Aublet: P-R3:
113 (holotypus - P apuei Howard (1983)).
Schuliesia guianensis f. lutescens
Standl. & Steyerm., Field. Mus. Nat. Hist., Bot.
Ser. 23(2): 77. 1944. Typus: Guatemala, Dept.
Jalapa, damp meadow in oak forest, near
Jalapa, alt. 1360 meters, november 1940, Paul
C. Standley 76561 (holotypus F!); Honduras,
Dept. Comayagua, dry open bank, near
Siguatepeque, 1400 meters, February 1928,
PC. Standley 56088 ( paratypus F!). Syn. nov.
Standley & Steyermark (1944) des-
crevem S. guianensis f. lutescens , com base
em material coletado na Guatemala, em Jalapa.
Esclarecem que esta forma difere da típica
pela corola pálido-amarelada ou branco-
amarelada ou por ser ainda erva de pequeno
porte com cerca de 2-3 cm de altura. A análise
do holotypus (P. C. Standley 76561) e do
paratypus (P. C. Standley 56088), depositados
no Field Museum of Natural History (F), o
primeiro em flor e o segundo em fruto, permitiu
estabelecer a sinonimia para S. guianensis.
Schuliesia hcterophylla Miq., Linnaea 19: 137.
1847. Walpers, Repert. Bot. Syst. 6: 502. 1847;
Grisebach, Fl. Brit. W. I. 5: 423. 1862; Progel
in Martius, Fl. bras. 6(1): 208. 1865; Hemsley,
Biol.cent. -amer., Bot. 2(11): 348. 1882; Urban,
Symb. antill. 4(3): 490. 1910; Urban, l.c. 8(2):
537. 1921; Sauget & Liogier, Contr. Ocas.
Mus. Hist. Nat. Colégio “De La Salle” 4: 164.
1957; Elias & Robyns in Woodson & Schery,
Ann. Missouri Bot. Gard. 62: 81. 1975. Typus:
Cresci I prope plantationes Vier Kinderen et
T Inquietude, m. Sept., Focke s.n., apud
Jonker (1936), (typus não localizado).
SciELO/JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
cm ..
70
Schultesia hassleriana Chodat, Buli.
Herb. Boissier 3, ser. 2: 549. 1903. Typus: Ad
marginem lagunae pr. Arroyo Primero
(Apa), Febr, E. Hassler 8495 ( holotypus G;
isotypi B!; K!; MO!; Foto do typus F!). Syn.
nov.
Schultesia brachyptera f. heterophylla
(Miq.) Jonker in Pulle, Fl. Suriname 4( 1 ): 403.
1936. Typus: Crescit prope plantationes Vier
Kinderen et T Inquietude, m. Sept., Focke
s.n., apud Jonker (1936), ( typus não
localizado). Syn. nov.
Miquel (1847) classifica S. heterophylla
com base em material das "Plantae
fockeanae" “ Crescit prope plantationes Vier
Kinderen et V Inquietude, M. Sept”.
Esclarece que é espécie de porte maior que
S. brachyptera, e que apresenta alas do
cálice espessas nas margens, levemente
denticuladas.
Chodat (1903) descreveu S. hassleriana,
tomando como referência o material coletado
em ”ad marginem lagunae” pr. Arroyo
Primeiro (APA) feb. Hassler 8495, com
holotypus depositado no herbário de Genève
(G), tendo-se examinado deste os isotypi
depositados nos herbários de Berlim (B), Kew
(K) e Missouri Botanical Garden (MO).
Jonker (1936) trata S. heterophylla
como forma de S. brachyptera. Assinala em
seu trabalho o material coletado por Focke s.n.,
como correspondente à forma heterophylla,
entre outros considerados por ele como da
típica.
Não recebemos o material coletado por
Focke na coleção examinada de Utrecht (U)
e, conforme P. Maas (com. pess.), o mesmo
não existe naquele herbário. Também não foi
encontrado nos demais para os quais solicitou-
se empréstimo de material para os estudos.
Xestaea lisianthoides Griseb., Linnaea 22:
36.1849.
Schultesia lisianthoides (Griseb.)
Benth. & Hook. ex Hemsl., Biol. cent. - amer.,
Bot. 2(11): 348. 1882. Standley & Williams,
Fieldiana (Bot.) 24(8): 331. 1969; Elias &
Guimarães, E. E
Robyns, in Woodson & Schery, Fl. Panamá.
Ann. Missouri Bot. Gard. 62: 83, fig. 7. 1975.
Typus: Ad fossas húmidas pr. Bituco fl. m.
febr., E. Otto 553 ( holotypus BR!). Syn. nov.
Schultesia peckiana B.L. Rob., Proc.
Amer. Acad. 45: 399. 1910. Typus: British
Honduras about plantations and in the openings
of the forests nest Manatee Lagoon, 27
january, 1906 Reof. Norton E. Peck 318
( holotypus GH!; Foto do typus F!). Syn. nov.
Grisebach (1849) descreve X.
lisianthoides com base em material coletado
na Venezuela "ad fossas húmidas pr. Bituco,
fl. m. febr., E. Otto 553”, depositado em
Bruxelles; mais tarde Bentham & Hooker
(1876) colocam o gênero Xestaea como
sinônimo de Schultesia.
Agradecimentos
Ao Dr. Jorge Fontella Pereira, pelo apoio,
incentivo e colaboração na discussão do tema.
Aos curadores dos herbários, pelo empréstimo
dos materiais. À Ms. Mariana Machado
Saavedra, pela atenção que sempre dispensou
a esta pesquisadora. Ao Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
- CNPq, pela bolsa concedida.
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SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm
Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no
Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
William Gomes Lima 1 & Rejan R. Guedes-Brunr
Resumo
(Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro) Realizou-se o estudo
morfológico e taxonômico dos táxons de Myrceugenia O. Berg (Myrtaceae) do Parque Nacional do Itatiaia e
avaliou-se a utilização dos caracteres vegetativose elementos florais como informação diagnóstica. O estudo
consta de descrições, chave analítica, observações de campo efetuadas durante as coletas e levantamento de
herbários. Foram assinalados para a área oito táxons: Myrceugenia alpigena (DC.) Landrum var. alpigena ;
M. bracteosa (DC.) D. Legrand & Kausel; M. campestris (DC.) D. Legrand & Kausel; M. cucullata D.
Lcgrand; M. glaucescens var. latior Burret (Landrum); M. miersiana (Gardner) D. Legrand & Kausel, M.
ovata var. rcgnelliana (O. Berg) Landrum e M. seriatoramosa (Kiaersk.) D. Legrand & Kausel. Os caracteres
diagnósticos considerados para os táxons foram forma da inflorescência, do botão floral, dos prótilos e lobos
calicinais bem como presença e ausência de nervura intramarginal. Os caracteres vegetativos por si só nao
constituíram elementos suficientemente diagnósticos para os táxons ocorrentes na área. Foram registradas
duas novas ocorrências para o estado do Rio de Janeiro: M. campestris e M. cucullata.
Palavras-chave: Myrtaceae, Myrceugenia, Itatiaia, Rio de Janeiro, Mata Atlântica.
Abstract
(Myrceugenia (Myrtaceae) occurring in Itatiaia National Park, Rio de Janeiro) A morphological and taxonomic
analysis of the species of Myrceugenia O. Berg (Myrtaceae) in Itatiaia National Park, Rio de Janeiro, Brazil,
was carried out. In addition to determining the species present in the Park, the usefulness of vegetative and
floral characters as diagnostic tools was evaluated. The study includes descriptions, an identification key,
observations made in the field and from herbarium collections. Eight taxa were identified: Myrceugenia
alpigena (DC.) Landrum var. alpigena ; M. bracteosa (DC.) D. Legrand & Kausel; M. campestris (DC.) D.
Legrand & Kausel; M. cucullata D. Legrand; M. glaucescens var. latior Burret (Landrum); M. miersiana
(Gardner) D. Legrand & Kausel, M. ovata var. regnelliana (O. Berg) Landrum and M. seriatoramosa (Kiaersk.)
D. Legrand & Kausel. Diagnostic characters found useful were the shapes of the inflorescence, the flower
bud. the prophyll and the calyx-lobes, as well as the presence or absence of an intramarginal vein. Vegetative
characters alone are not diagnostic to distinguish the species of Myrceugenia in the Park. Two new occurrences
for the State of Rio de Janeiro were registered: M. campestris and M. cucullata.
Kcy-words: Myrtaceae, Myrceugenia, Itatiaia, Rio de Janeiro, Atlantic Forest.
Introdução
A família Myrtaceae Adans. apresenta
ampla distribuição, ocorrendo, preferen-
cialmente.nas zonas tropicais e subtropicais,
com número de espécies estimado entre 3.500
(Barroso et al 1984) e 5.800 (Lughadha &
Snow 2000), subordinadas a cerca de 100
gêneros (Landrum & Kawasaki 1997).
Considerada uma das mais importantes famílias
da flora brasileira, com 23 gêneros (Landrum
& Kawasaki 1997) e cerca de 820 espécies
nativas ou subespontâneas (Barroso et al.
1984), é frequentemente citada como um dos
grupos lenhosos dominantes em diversas
formações naturais, sobretudo na Mata
Atlântica (Reitz et al. 1978, Leitão-Filho 1993,
Barroso & Peron 1994, Peixoto & Gentry
1990).
Artigo recebido cm 1 2/2003. Aceito para publicação cm 07/2004.
«Aluno de Ciências Biológicas. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Bolsista (PIBIC/CNPq), Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, wlima@jbrj.gov.br
: Pesquisadora Titular, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão 915. Cep.: 22460-
030. Rio dc Janeiro.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
74
Siqueira (1994) objetivando avaliar o
padrão florístico da Mata Atlântica e tendo por
base 63 inventários, contabilizou 206 espécies
arbóreas de Myrtaceae ocorrendo desde
Alagoas até o Rio Grande do Sul.
Oliveira-Filho & Fontes (2000), por sua vez,
reunindo o resultado de 125 listagens, igualmente
oriundas de inventários florísticos, indicaram,
dentre as 308 espécies de Myrtaceae
relacionadas, os seguintes gêneros como sendo
de maior riqueza: Eugenia (108 ssp.), Myrcia
(57 spp.), Marlierea (27 spp.) e Gomidesia (25
spp.), sendo que Mynccugenia aparece com 1 3
espécies restritas à fisionomia altomontana.
No Parque Nacional do Itatiaia,
importante remanescente de Mata Atlântica
na Serra da Mantiqueira no estado do Rio de
Janeiro, o inventário realizado até o momento,
aponta 72 espécies de Myrtaceae, demons-
trando a riqueza de espécies desta família
dentre as plantas vasculares (Programa Mata
Atlântica 1999).
Myrceugenia é um dos 40 gêneros de
Myrtaceae americanos subordinado à subtribo
Myrciinae (McVaugh 1968). Suas espécies
crescem em clima moderadamente frio a
temperado e subtropical da América do Sul,
ocorrendo em duas áreas geograficamente
disjuntas: 1) Chile e Argentina sul-ocidental;
2) Paraguai, Uruguai, Sudeste e Sul do Brasil
(Kausel 1947).
Landrum (1981) realizou o último estudo
sistemático abrangente de Myrceugenia,
considerando um total de 45 táxons na região
Neotropical. Destes, 31 ocorrem no Brasil e
1 6 no estado do Rio de Janeiro (Landrum 1981;
1984) dos quais oito são referenciados para o
Parque Nacional do Itatiaia (Programa Mata
Atlântica 1999).
Alguns trabalhos de floras locais têm
contribuído para o conhecimento de
Myrceugenia: Kawasaki (1989), Mazine (1998)
e Soares-Silva (2000). Estudos florísticos
realizados no estado do Rio de Janeiro também
contribuíram para o conhecimento de
Myrceugenia: Barroso & Peron (1994) e
Barroso & Marques (1997).
Lima, IV. G & Guedes-Bruni, R. R.
O presente estudo objetivou inventariar
os táxons de Myrceugenia ocorrentes no
Parque Nacional do Itatiaia, sua distribuição
nas diferentes fisionomias de vegetação,
apresentar o tratamento taxonômico e avaliar
a utilização de caracteres vegetativos como
critérios diagnósticos para diferenciar os
táxons.
*
A ré a de Estudo
O Parque Nacional do Itatiaia (22‘30’e
22’33’S; 42*15’ e 42*19’W) está localizado na
Região Sudeste do Brasil, no sudoeste do
estado do Rio de Janeiro circunscrito aos
municípios de Resende e Itatiaia no Rio de
Janeiro, e ao sul de Minas Gerais aos municípios
de Aiuruoca, Liberdade e Itamonte, possuindo
área aproximada de 30.000 ha (IBAMA 1997).
(Figura 1).
A topografia do Parque é montanhosa,
incluindo encostas e o topo do planalto da Serra
da Mantiqueira, a 2.200 metros de altitude de
onde emergem gigantescos penhascos
rochosos exemplificados pelas Prateleiras e
Agulhas Negras com 2.787 metros,
constituindo-se o ponto culminante do Parque
(IBAMA 1997).
A cobertura florestal contínua em
diferentes estágios sucessionais, tem
aproximadamente 21.767,98 hectares sendo
que a área dos afloramentos corresponde a
aproximadamente 500 hectares (Guedes-Bruni
1998), enquanto a cobertura campestre (nativa
ou não) recobre as outras porções. A
vegetação local predominante, de acordo com
a classificação de IBGE (1991), é do tipo
Floresta Ombrófila Densa montana e
altomontana. Ocorre, associada às florestas,
nas porções acima de 2. 100 m s. m.. na região
do planalto, os campos de altitude, fisionomia
denominada Refúgio Ecológico IBGE ( 1991),
onde há o predomínio de ervas e arbustos e
algumas arvoretas isoladas.
Brade (1956) em seu clássico estudo
sobre a Flora do Parque Nacional do Itatiaia,
cita a ocorrência de três táxons de Myrtaceae,
sem, contudo relacionar qualquer um de
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14
Myrceugenia (Mxrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
75
Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo.
Myrceugenia. Ribeiro & Medina (2002),
estudando ilhas de vegetação no planalto
assinalam a ocorrência de 74 espécies
vasculares, dentre as quais duas morfoespécies
de Myrtaceae, em contraste com a dominância
e riqueza deste grupo nas fisionomias florestais
circunscritas à Floresta Ombrófila Densa
Atlântica, conforme pode ser visto nas listagens
de inventários nos estados do Rio de Janeiro,
São Paulo, Minas Gerais, entre outros.
Matkeial e Métodos
Foram analisadas as coleções dos
seguintes herbários: GUA, HB, ITA, R, RB,
RBR, RFA, RUSU, SP e UEC (Siglas de
acordo com Holmgren et ai. (1990), exceção
feita ao herbário ITA, que não foi ainda
indexado).
O trabalho de campo foi realizado no
período de 1999 e 2000. As coletas visaram a
documentação fotográfica do hábito e de
detalhes morfológicos (vegetativos e florais)
dos espécimes, bem como dos principais
aspectos das fitofisionomias onde ocorrem. Os
materiais coletados foram herborizados
segundo técnicas usuais de coleta e preparação
e encontram-se depositados na coleção do
Herbário RB. Os estudos em laboratório da
morfologia das folhas, estruturas florais e
frutíferas, assim como as ilustrações foram
feitos utilizando-se estereomicroscópio Zeiss,
equipado com câmara clara.
As mensurações de comprimento e
largura de estruturas vegetativas e florais foram
obtidas pelos maiores eixos dos respectivos
caracteres. Os termos comprimento e largura
foram omitidos e, quando é citado apenas um
valor de medida, significa que este se refere
apenas ao comprimento.
Para a descrição da morfologia externa
de estruturas vegetativas e florais adotou-se a
nomenclatura proposta por Rizzini (1977) e
Rodriguísia 55 (85): 73-94. 2004
SciELO/JBRJ,
13 14
cm ..
76
Stearn (1993) respectivamente; o padrão de
nervação e demais detalhes relacionados à
arquitetura foliar seguem Hickey (1974); para
a diafanização das folhas foram empregados
os métodos de Forster (1974) e Strittmater
(1973), enquanto os tipos de indumento seguem
Harrington & Durrel (1957) e Radford et al.
(1986); as inflorescências foram descritas de
acordo com os conceitos de Weberling (1992)
e Briggs & Johnson ( 1 979); para o tipo de fruto
e de semente adotou-se Barroso et al. (1999);
a classificação fitogeográfica encontra-se em
conformidade com IBGE (1991); os dados de
floração e frutificação, habitats, observações
ecológicas e distribuição geográfica foram
obtidos através de excursões de campo,
etiquetas de herbários e bibliografia.
A determinação do número de bolsas
secretoras (pontuações translúcidas) por mm 2
foi feita pela projeção do campo examinado
em um quadrado de 1 mm de lado. O campo
examinado foi estabelecido na região mediana
da lâmina a título de padronização. Segundo
Metcalfe & Chalk (1987) bolsas secretoras são
células subepidérmicas de origem esquizógena.
contendo substâncias essenciais e são comuns
a todas as espécies de Myrtaceae.
Resultados e Discussão
Myrceugenia O. Berg, Linnaea 27: 1 3 1 . 1 855.
Arbustos a árvores, 0,5 a 12 m alt.
Indumento de ramos e folhas jovens, pecíolos,
inflorescências, peças florais variando de
esparso a denso pubescente, seríceo a
tomentoso, de coloração ferrugíneo, ocráceo
a albo-ocráceo, constituído de tricomas simples,
dibraquiados assimétricos a simétricos ou
mistos com uma mistura de simples e
dibraquiados, geralmente adpressos. Ramos
cilíndricos quando adultos e achatados quando
jovens, de eretos a flexuosos, casca lisa a
estriada e esfoliante, quando adultos
glabrescentes. Folhas com pecíolos
canaliculados na face adaxial. Lâminas foliares
opostas, elípticas, lanceoladas, oblongas,
ovadas, ápice agudo, acuminado ou obtuso,
mucronado ou não, base aguda, cuneada, raro
Lima, IV G & Gucdes-Bnmi, R. R.
obtusa, discolores, coriáceas, cartáceas ou
membranáceas. quando adultas glabrescentes,
raro conservando alguma pubescência na
nervura mediana; bolsas secretoras esparso a
densamente distribuídas perceptíveis ou não a
olho desarmado; nervura mediana impressa ou
sulcada na face adaxial, proeminente na face
abaxial, nervuras secundárias ascendentes,
normalmente inconspícuas na face adaxial e
promínulas na face abaxial, fechamento dos
laços em ângulo obtuso, nervuras intersecun-
dárias admediais ramificadas. Inflorescência
axilar a subterminal cm mônade, díade
pedunculada ou não pedunculada e cimóide
glomeriforme; antopódio cilíndrico a achatado;
ferófilos ovados; prófilos em número de dois,
persistentes até a frutificação, lanceolados a
ovados. Flores sésseis, tetrâmeras. Botão floral
globoso ou obcônico, raro obovado. Hipanto
não elevado acima do topo do ovário,
campanulado ou obcônico. Lobos calicinais
quatro, ovado-deltóides, ovado-cuculados e
menos freqüentemente suborbiculares,
persistentes até a frutificação. Pétalas quatro,
orbiculares, obovadas a oblongas, geralmente
glabras. Androceu com estames numerosos,
filetes filiformes, anteras oblongas, rimosas,
bitecas. Gineceu com ovário infero, trilocular,
raramente bilocular, lóculos multiovulares,
óvulos em duas linhas inseridas em placen-
tação central axial estendida e dobrada para
dentro do lóculo, estilete cilíndrico e terminal.
Baga globosa de pericarpo carnoso com 1 a 4
sementes. Sementes ovadas a obovadas, testa
membranácea. Embrião mircióide.
O gênero Myrceugenia, juntamente com
Gomidesia, Calyptranthes, Myrcia e
Marlierea , pertencem à subtribo Myrciinae
(Landnim & Kawasaki 1997). Estes autores
ressaltam, valendo-se de diferentes
ferramentas, a possibilidade de uma futura
união de Marlierea e Gomidesia ao gênero
Myrcia, o que reduziria para três o número de
gêneros para a subtribo. O embrião mircióide,
característica que une o grupo, é formado por
dois cotilédones foliáceos, conduplicados.
rodeados pelo hipocótiloe radícula alongada.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15
Myrceugenia ( Myrtaceae ) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
77
(MacVaugh 1958, Sánchez-Vindas 1990,
Landrum & Kawasaki 1997).
Myrceugenia se destaca de todos os
gêneros da subtribo Myrciinae por apresentar
inflorescências normalmente em mônades
(unifloras) ou em díades (bifloras), prófilos
(bractéolas) persistentes (raramente
persistentes em Myrcia), flor tetrâmera
(raramente tetrâmera em Myrcia subgênero
Aulomyrcia ), hipanto não elevado acima do
topo do ovário, ovário de lóculos pluriovulados
(Legrand 1968, Landrum 1984).
Chave para identificação dos táxons
1. Inflorescência em cimóide glomeriforme 3. M. campestris
1’. Inflorescência em mônade ou em díade.
2. Indumento dos ramos, folhas jovens e estruturas florais, constituído de tricomas assimétrico
ou simétrico dibraquiados.
3. Nerv ura intramarginal ausente; antopódio de 0,5-3 mm; botão floral globoso; lobos calicinais
ovado-cuculados 4. M. cucullata
3’. Nervura intramarginal presente; antopódio de 5- 1 3 mm; botão floral obcônico; lobos calicinais
ovado-deltóides.
4. Lâminas foliares elípticas a lanceoladas; prófilos com linha de emergências basais na
face adaxial; ovário trilocular 1- M. alpigena var. alpigena
4’. Lâminas foliares ovadas a oblongas; prófilos sem linha de emergências basais na face
adaxial; ovário bilocular 7. M. ovata var. regnelliana
2’. Indumento dos ramos, folhas jovens e estruturas florais, constituído de tricomas simples ou
misto de tricomas simples e dibraquiados.
5. Indumento de tricomas simples e dibraquiados; lâmina foliar menor que 3 cm compr.;
nervura intramarginal ausente; pétalas ovadas ou oblongas 2. M. bracteosa
5'. Indumento de tricomas simples; lâmina foliar maior que 3 cm compr., nervura intramarginal
presente; pétalas orbiculares.
6. Inflorescência em díade pedunculada; prófilos ovados, lobos calicinais ovados a
suborbiculares 8. M. seriatoramosa
6’. Inflorescência em mônade ou em díade não pedunculada; prófilos lanceolados, lobos
calicinais ovados a ovado-deltóides.
7. Indumento esparso a denso albo-ocráceo seríceo a pubescente; lâminas foliares
membranáceas; botão floral globoso; hipanto campanulado
5. M. glaucescens var. latior
T. Indumento densamente ferrugíneo-tomentoso; lâminas foliares coriáceas; botão
floral e hipanto obcônicos 6. M. miersiana
1. Myrceugenia alpigena (DC.) Landrum
var. alpigena, Brittonia 32(3): 372. 1980.
Figura 2.
Arbusto 0,5 a 3 m alt. Indumento de
ramos e folhas jovens, principalmente na
nervura mediana, pecíolo, prófilos, botão floral,
hipanto, lobos calicinais de esparso a denso
ocráceo tomentoso, constituído de tricomas
simétricos dibraquiados ca. 0,5 mm. Folhas
com pecíolos 1-6 mm; lâminas foliares elípticas
a lanceoladas, ápice agudo a acuminado, base
cuneada, coriáceas, quando adultas
glabrescentes, exceto na nervura mediana que
conserva alguma pubescência, 1,1-4 x 0,5-1, 9
cm, bolsas secretoras esparsamente
distribuídas, perceptíveis como pontos negros
em ambas as faces, 4 a 7 por mm 1 2 , nervura
mediana impressa na face adaxial, proeminente
na face abaxial, nervuras secundárias 8-10
pares com ângulo de divergência ca. 50°,
Rodriguisia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/JBRJ
Lima, IV G & Guedes-Bruni, R. R.
Figura 2 • Myrceugenia alpigena var. alpigena: a - hábito; b - tricoma; c - inflorcscência; d - flor; c - botüo floral; f - face
abaxial (esq.) e face adaxial (dir); g - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); h - pétalas: face abaxial (esq.)
e face adaxial (dir.); i - fruto (J. M. A. Braga et al. 4970).
Rndrigutsia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
Myrceugema (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
79
inconspícuas em ambas as faces, nervuras
intersecundárias ca. 9, inconspícuas em ambas
as faces, nervura marginal a 0,5-1 mm do
bordo, nervura intramarginal muito próxima do
bordo. Inflorescência em mônade, antopódio
5-13 mm, prófilos ovados, ápice agudo, com
linha de emergências basais na face adaxial,
1-3 x 0,9- 1,5 mm. Botão floral obcônico, 2,5-
3,5 mm. Hipanto obcônico, 2-3 mm. Lobos
calicinais ovado-deltóides, ápice agudo, 2-3,5
x 2,5-3 mm. Pétalas orbiculares, glabras em
ambas as faces, 4-5 mm diâm. Estames com
filetes 4-7 mm, anteras 0,3-0,4 mm. Ovário
trilocular, óvulos 9-10 por lóculo, estilete
esparso ferrugíneo-tomentoso 5-6 mm. Baga
3,5-5 mm diâm. Sementes 1-3 mm, 1 a 2 por
fruto.
Material examinado: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do
Itatiaia, planalto, trilha para as Prateleiras,
2.400 m s. m., 15.11.1995 (fl), J. M. A. Braga
et al. 2079 (RB); idem. Estrada para o pico
das Agulhas Negras, 1.800 m s. m.,
02.XII.1997 (fl), J. M. A. Braga et al. 4470
(RB); idem , Estrada para o Pico das Agulhas
Negras, 2.200 m s. m., 23.1. 1997 (fl), J. M. A.
Braga et al. 3S83 (RB).
Myrceugenia alpigena var. alpigena
caracteriza-se por apresentar lâminas foliares
freqüentemente elípticas ou lanceoladas,
prófilos com linha de emergências basais na
face adaxial (característica comum também a
M. cucullata ) e preferência ecológica pela
ambiência dos campos de altitude. Landrum
(1981) considera quatro variedades para M.
alpigena, sendo que a variedade típica difere
das demais por apresentar folhas de dimensões
menores que 5 cm, lobos calicinais de ápice
agudo e prófilos ovados.
Ocorre nos estados da Bahia, Espírito
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e
Santa Catarina. No Parque Nacional do Itatiaia
ocorre em altitudes de 1 100 a 2400 m s. m.
como arbustos heliófilos, semi-ciófilos e
saxícolas e, conforme mencionado por
Landrum (1981), tem sido encontrado
principalmente no Planalto do Itatiaia (Serra
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
da Mantiqueira) e na Serra dos Órgãos no Rio
de Janeiro em elevações de 2000 m s. m.,
podendo ainda ocorrer nos campos de altitude
do Parque Nacional do Caparaó nos estados
de Minas Gerais e Espírito Santo (Mazine
1998) e no Pico das Almas, na Serra do
Espinhaço, Bahia, em elevações similares
(Lughadha 1995). Coletada com flores de
janeiro a junho, frutos de setembro a dezembro.
Em geral, apresenta flores e frutos
simultaneamente no mesmo ramo.
2. Myrceugenia bracteosa (DC.) D. Legrand
& Kausel, Comun. Bot. Mus. Hist. Nat.
Montevideo 2(28): 6. 1953.
Figura 3.
Arbusto a árvore, 1 a 8 m alt. Indumento
de ramos e folhas jovens, pecíolo, antopódio,
prófilos, botão floral, hipanto, faces abaxiais
de lobos calicinais e pétalas de esparso a denso
ocráceo a albo-ocráceo pubescente, constiuído
de tricomas simples e dibraquiados com 0,5-
0,7 mm. Folhas com pecíolos 1,5-5 mm; lâminas
foliares, elípticas a lanceoladas, ápice agudo,
base cuneada, coriáceas a cartáceas, quando
adultas glabrescentes em ambas as faces, 1,2-
2,6 x 0,4- 1,8 cm, bolsas secretoras esverdeadas,
salientes, densamente distribuídas, visíveis em
ambas as faces, 10 a 13 por mm 2 , nervura
mediana impressa na face adaxial, proeminente
na face abaxial, nervuras secundárias 9-15
pares com ângulo de divergência ca. 60°,
inconspícuas na face adaxial, promínulas na
face abaxial, nervuras intersecundárias 7-11,
inconspícuas em ambas as faces, nervura
marginal 0, 2-0,4 mm do bordo, nervura
intramarginal ausente. Inflorescência em
mônade ou em díade não pedunculada,
antopódio 2-12 mm, prófilos lanceolados, ápice
agudo, linha de emergências basais ausentes
na face adaxial, 2-3,5 x 1-2 mm. Botão floral
obcônico, 2,5-3, 5 mm. Hipanto obcônico, 2-3
mm. Lobos calicinais ovado-deltóides, ápice
agudo, glabrescentes na face adaxial, 1, 5-3,5
x 2-3 mm. Pétalas ovadas a oblongas, 3-4 x
2,5-3 mm. Estames com filetes 3-5,5 mm,
anteras 0,4-0, 5 mm. Ovário trilocular, óvulos
SciELO/ JBRJ
13 14
cm ..
80
Linia, IV! G & Guedes-Bruni, R. R.
Figura 3 - Myrceugenia bracteosa: a - ramo florífcro; b - inflorcsccncia; c - botão floral; d - prófilos; face abaxial (csq.) e
face adaxial (dir.); e - lobos calicinais: facc abaxial (csq.) c face adaxial (dir); f- pétalas: facc abaxial (csq.) c face adaxial (dir.)
(S. J. Silva Neto et al. 1839).
Rodriguésia 55 (85). 73-94. 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
81
9- 1 2 por lóculo, estilete pubérulo 5-6 mm. Baga
5-7 mm diâm. Sementes 2-3 mm, 1 a 2 por
fruto.
Material examinado: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Serra do Itatiaia ca. 2. 100
m s. m., 11. VI. 1902 (fl), P Nelson s. n. (SP
22409); idem. Serra do Itatiaia, ca. 2500 m s.
m„ V. 1950 (fl), A. C. Brade 20333 & Segadas
- Vianna 5028 (RFA); idem, planalto do Itatiaia
ca. 2.300 m s. m„ 16.11.1988 (bt, fl), R. B.
Pineschi et al. 422 (GUA); idem, taquaral,
margem do rio Campo Belo, 600 m s. m.,
02. VIII.1995 (fr), J. M. A. Braga 2610 (RB);
idem, trilha para as Prateleiras, 2.400 m s. m.,
19.VI.2001 (fr), S. J. Silva Neto et al. 1444
(RB).
Myrceugenia bracteosa caracteriza-se
por apresentar a combinação de indumento de
tricomas simples e dibraquiados, nervura
intramarginal ausente (característica comum
também a M. cucullata) e pétalas ovadas ou
oblongas. Legrand (1957) ressalta a ampla
variação morfológica de M. bracteosa com
base na forma e tamanho de folhas, bem como
no tipo de indumento, associando tal fato às
variações ambientais onde o táxon ocorre, o
que justifica para Legrand (1957) a
impossibilidade de encontrar um exemplar igual
ao outro, ao examinar-se coleções de herbário.
Myrceugenia bracteosa distribui-se nos
estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro sendo, por isso, típica da Região
Sudeste. No Parque Nacional do Itatiaia ocorre
tanto na fisionomia florestal montana e
altomontana como nos campos de altitude em
elevações de 1.000 a 2.400 m s. m. como
arbustos heliófilos, ciófilos ou saxícolas.
Coletada com flores de janeiro a junho e com
frutos de junho a agosto.
3. Myrceugenia campestris (DC.) D.
Legrand & Kausel, Comun. Bot. Mus. Hist.
Nat. Montevideo 2(28): 12. 1953.
Figura 4.
Arbusto 2,5 a 3 m alt. Indumento de
ramos e folhas jovens, pecíolo, faces abaxiais
de ferófilos, prófilos, lobos calicinaise pétalas,
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
botão floral, hipanto de esparso a denso
ocráceo ferrugíneo pubescente, constituído de
tricomas simples e dibraquiados, 1-1,3 mm.
Folhas com pecíolos 2-9 mm; lâminas foliares
lanceoladas, oblongas, raro obovadas, ápice
acuminado a mucronado, base cuneada,
cartáceas a coriáceas, quando adultas
glabrescentes, 2,6-14,1 x 1, 1-5,6 cm, bolsas
secretoras esverdeadas, densamente
distribuídas, perceptíveis em ambas as faces,
principalmente em folhas jovens, 10 a 18 por
mm 2 , nervura mediana impressa na face
adaxial, proeminente na face abaxial, nervuras
secundárias 8-10 pares com ângulo de
divergência de 50-55°, inconspícuas na face
adaxial, promínulas na face abaxial, nervuras
intersecundárias ca. 12, inconspícuas na face
adaxial, promínulas na face abaxial, nervura
marginal a 3-4 mm do bordo, nervura
intramarginal a 1,3-1, 6 mm do bordo.
Inflorescência em cimóide glomeriforme, 9- 1 1
flores, pedúnculo 0,7-1 mm, ferófilos ovados,
glabros na face adaxial, 2,5-3 mm, prófilos
ovados a lanceolados, ápice agudo, glabros na
face adaxial, linha de emergências basais
ausentes na face adaxial, 4-5 x 1,5-2 mm.
Botão floral obvado a obcônico, 2,5-4 mm.
Hipanto obcônico ca. 1 mm. Lobos calicinais
ovado-deltóides, ápice agudo, glabros na face
adaxial, com 2-3 x 3-3,5 mm. Pétalas
orbiculares, glabras na face adaxial ca. 2mm
diâm. Estames com filetes 1-4 mm, anteras
com 0,4-0, 5 mm. Ovário bilocular, estilete
glabro, com 2,5-3,5 mm, óvulos 8-9 por lóculo.
Baga pubérula ca. 7 mm diâm. Sementes 2-3
mm, 1 a 3 por fruto.
Material examinado: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, s. 1., s. d., (fl), s. c., s. n.
(RB 275 110).
Material examinado adicional: BRASIL,
RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, estrada
do Alto da Boa Vista - Corcovado, 530 m s.
m., 23.11.1972 (bt), D. Sucre 8492 (RB).
Myrceugenia campestris é citada pela
primeira vez para o estado. É facilmente
distinta dos demais táxons do gênero por sua
inflorescência em cimóide glomeriforme.
SciELO/JBRJ
cm ..
82
Lima, W. G & Guedes-Bruni, R. R.
Figura 4 - Myrceugenia campestris : a - ramo florífcro; h - inflorcsccncia; c - botão floral; d - ferófilo: face abaxial (esq.)
e face adaxial (dir.); e - prólilos: face abaxial (esq.) c face adaxial (dir.); f - lobos calicinais: face abaxial (esq.) c face adaxial
(dir.); g - pítal as: face abaxial (esq.) c face adaxial (dir.); h - estame; i - estilete; j - corte transversal do ovário (a. Cczio 759;
b-j. V F. Ferreira et ai 272).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Myrceugenia (Myriaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
83
caráter diagnóstico já enfatizado por Legrand
& Klein (1970) e Landrum (1981).
Myrceugenia campestris ocorre nos
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Não foi encontrada durante os estudos
de campo em Itatiaia e examinou-se apenas
um exemplar da área disponível no Herbário
RB o qual encontrava-se sem dados de coleta.
Segundo Landrum (1981) é um táxon típico
das florestas de encostas e planícies costeiras.
Coletada com flores de março a agosto e com
frutos em agosto.
4. Myrceugenia cucullata D. Legrand,
Darwiniana 1 1(2): 347. 1957.
Figura 5.
Arbusto 1,5 a 2,5 m alt. Indumento de
ramos e folhas jovens, pecíolo, antopódio,
prófilos, botão floral, hipanto e lobos calicinais
de esparso a denso ocráceo tomentoso,
constituído de tricomas simétricos dibraquiados,
0, 2-0.5 mm. Folhas com pecíolos 2-3 mm;
lâminas foliares elípticas, oblongas, ápice
agudo a acuminado, base cuneada, coriáceas,
quando adultas glabrescentes, 0, 9-3,2 x 0,4-
1,1 cm, bolsas secretoras esparsamente
distribuídas, perceptíveis na face abaxial ca. 8
por mm 2 , nervura mediana impressa na face
adaxial, proeminente na face abaxial, nervuras
secundárias ca. 11 pares com ângulo de
divergência ca. 60°, inconspícuas em ambas
as faces, nervuras intersecundárias com 7-9,
inconspícuas em ambas as faces, nervura
marginal a 0, 5-0,6 mm do bordo, nervura
intramarginal ausente. Inflorescência em
mônade, antopódio 0,5-3 mm; prófilos ovados
a lanceolados, ápice acuminado, com linha de
emergências basais na face adaxial, 1,5-3 x
1 -2 mm. Botão floral globoso, 1 ,5-3 mm diârn.
Hipanto campanulado, 1-2 mm. Lobos
calicinais ovado-cuculados, ápice obtuso, 2-2,5
x 2-2,8 mm. Pétalas orbiculares, glabras em
ambas as faces, exceto na margem que
conserva alguma pubescência, 2-2,5 mm diâm.
Estames com filetes 3-7 mm, anteras, 0,3-0, 4
mm. Ovário trilocular, estilete 5-6 mm compr.,
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 04 . 3004
óvulos 9-10 por lóculo. Baga 6-7 mm diâm.
Sementes 1-3 mm, 1 a 2 por fruto.
Material examinado: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do
Itatiaia, estrada para o Pico das Agulhas
Negras, 1.800 m s. m., 13. IX. 1994 (fl), R.
Guedes et al. 2426 (RB).
Myrceugenia cucullata, cuja distribuição
geográfica limitava-se à Região Sul do Brasil,
é citada pela primeira vez para o estado do
Rio de Janeiro e caracteriza-se pela ausência
de nervura intramarginal, antopódios curtos e
pelos lobos calicinais ovado-cuculados,
caracteres reconhecidos como diagnósticos
também por Legrand (1957) e Mattos (1984).
Myrceugenia cucullata distribui-se nos
estados do Rio de Janeiro, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. No Parque
Nacional do Itaiaia ocorre nas florestas
altomontanas e nos campos de altitude numa
faixa de altitude entre 1.800 e 2.100 m s. m.
Coletada com flores de dezembro a fevereiro
e com frutos de julho a agosto.
5. Myrceugenia glaucescens var. latior
(Burret) Landrum, Brittonia 32(3): 372. 1980.
Figura 6.
Árvore 5 a 8 m alt. Indumento de ramos
e folhas jovens, pecíolo, antopódio, face abaxial
de prófilos e pétalas, botão floral, hipanto, lobos
calicinais de esparso a denso albo-ocráceo
seríceo a pubescente, constituído de tricomas
simples, 0,5-1 mm. Folhas com pecíolos 2-5,5
mm; lâminas foliares, elípticas, ovadas ou
lanceoladas, ápice agudo a acuminado, base
cuneada a obtusa, membranáceas, quando
adultas glabrescentes, exceto nervura
mediana da face abaxial que conserva alguma
pubescência, 3, 1-7,9 x 2-2,6 cm, bolsas
secretoras esparsamente distribuídas,
perceptíveis na face abaxial, 4 a 6 por mm 2 ,
nervura mediana impressa na face adaxial,
proeminente na face abaxial, nervuras
secundárias 9-11 pares com ângulo de
divergência de 65-70°, inconspícuas em ambas
as faces, nervuras intersecundárias 10-16,
inconspícuas em ambas as faces, nervura
SciELO/ JBRJ
13 14
cm ..
84
Lima, IV. G & Guedes-Bmni, R. R.
^ f
J^UA*0. Jlt<» J«
Figura 5 - Myrceugenia cucullata. a - hábito; b - tricoma; c - inflorcscência; d - botão floral; c - prófilos: face abaxial (esq.)
c face adaxial (dir.); f - lobos calicinais: face abaxial (csq.) e face adaxial (dir.); g - pétalas: face abaxial (esq.) c face adaxial
(dir.) (R. Guedes et al. 2426).
Rodriguésia 55 (85): 73-94. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
w
J
Tsr*'-
Figura 6 - Myrceugenia glaticescens va r. latior. a - hábito; b - tricoma; c - inflorescência; d - botão floral; e - prófilos: face
abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); f- lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); g - pétalas: face abaxial (esq.)
e face adaxial (dir.) (RB- 352.972).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/JBRJ
2 13 14 15 16 17 18
cm ..
86
marginal a 0,5-1 mm do bordo, nervura
intramarginal muito próxima do bordo.
Inflorescência em mônade ou em díade não
pedunculada, antopódio 4-6 mm. prófilos
lanceolados, ápice agudo, glabros na face
adaxial, linha de emergências basais ausentes
na face adaxial, 1-3 x 1-1,5 mm. Botão floral
globoso, 1,5-2 mmdiâm. Hipantocampanulado,
0,5-1 mm. Lobos calicinais ovado-dcltóides,
ápice agudo, 1,5-2 x 1-2 mm. Pétalas
orbiculares, glabras na face adaxial, ca. 2,5
mm diâm. Estames com filetes 2-3,5 mm;
anteras ca. 0,3 mm. Ovário trilocular, óvulos
6-8 por lóculo, estilete seríceo no terço inferior,
2,5-3,5 mm. Baga vermelho-púrpurea quando
madura. 6-7 mm diâm. Sementes 2-4 mm, 2 a
5 por fruto.
Material examinado: BRASIL. RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Lago Azul, margem do rio
Campo Belo, 650 m s. m., 15.X.1995 (fl), J.
M. A. Braga et al. 2897 (RB); idem, trilha
para cachoeira Poronga, 06.XI. 1995 (fl), J. M.
A. Braga et al. 2946 (RB); idem. Maromba,
trilha para a cachoeira Itaporani, 1.050 m s.
m., 30.IX.1996 (bt), S. J. Silva Neto et al.
886 (RB).
Myrceugenia glaucescens var. latior
caracteriza-se por apresentar indumento albo-
ocráceo de seríceo a pubescente, lâminas
foliares de consistência membranácea, botão
floral globoso e hipanto campanulado.
Myrceugenia glaucescens var. latior
ocorre nos estados do Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. No Parque Nacional do Itatiaia é
comum em formações montanas de floresta
Ombrófila Densa ca. 900 m s. m., principal-
mente ao longo de rios e córregos. Coletada
com flores de maio a novembro e com frutos
novembro a janeiro.
6. Myrceugenia miersiana (Gardner) D.
Lcgrand & Kausel, Comun. Bot. Mus. Hist.
Nat. Montevideo 2(28): 8. 1953.
Figura 7.
Arbusto a árvore, 3,5 a 12 m alt.
Indumento de ramos e folhas jovens, pecíolo,
Uma, W. G & Guedes-Bnmi, R R.
antopódio, prófilos, botão floral, lobos calicinais
e face abaxial de pétalas densamente
ferrugíneo-tomentoso, constituído de tricomas
simples. 0,5-1 mm. Folhas com pecíolos 4-8
mm; lâminas foliares oblongas a lanceoladas,
raro obovadas, ápice acuminado, cuspidado,
base cuneada, coriáceas, quando adultas
glabrescentes, 3,3-10 x 1-4,5 cm, bolsas
secretoras não perceptíveis a olho nu em
ambas as faces, nervura mediana impressa na
face adaxial, proeminente na face abaxial,
nervuras secundárias 7-11 pares com ângulo
de divergência de 50-60°, promínulas em
ambas as faces, nervuras intersecundárias ca.
13, inconspícuas na face adaxial. promínulas
na face abaxial, nervura marginal a 1-1,6 mm
do bordo, nervura intramarginal muito próxima
do bordo. Inflorescência em mônade ou em
díade não pedunculada, antopódio, 4-6 mm,
prófilos lanceolados, ápice agudo, linha de
emergências basais ausentes na face adaxial,
4-4,5 x 1-2,5 mm. Botão floral obcônico, ca. 4
mm. Hipanto obcônico, 2,5-3 mm. Lobos
calicinais ovado a ovado-deltóides, ápice agudo,
3-3,5 x 3,5-4 mm. Pétalas orbiculares, glabras
na face adaxial, 3-4 mm diâm. Estames com
filetes denso-tomentosos, 2-4 mm, anteras com
0, 2-0,3 mm. Ovário trilocular, óvulos 9- 1 3 por
lóculo, estilete ca. 4 mm. Baga tomentela. ca.
7 mm diâm. Sementes 2-3 mm, 2 a 3 por fruto.
Material examinado: BRASIL. RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do
Itatiaia, Lago Azul próximo da estrada, 650-
700 m s. m., 14.11. 1995 (fl). J. M. A. Braga et
al. 1957 (HB, ITA, RB, RBR, RUSU); idem.
Lago Azul próximo da estrada, 650-700 m s.
m., 19.1.1995 (bl), M. R. Carrara et al. 17
(RB); idem , proximidades do abrigo IV,
margem do rio Campo Belo, 650 m s. m.,
25.VIII.1995 (fl), J. M. A. Braga et al. 2774
(RB).
No Parque Nacional do Itatiaia,
Myrceugenia miersiana caracteriza-se por
apresentar indumento densamente ferrugíneo-
tomentoso, inflorescência em mônade ou em
díade não pedunculada, botão floral obcônico.
Rodriguiúa 55 (85): 73-94. 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
Figura 7 • Myrceugenia miersiana: a - hábito; b - inflorescência; c - botão floral; d - prófilos: face abaxial (esq.) e face
adaxial (dir.); c - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); f - pétalas: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.);
g - corte transversal do ovário ( J . M. A. Braga et al. 2774).
Rodriguisia 55 (85): 73-94. 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
88
Myrceugenia miersiana ocorre nos
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. No Parque Nacional do Itaiaia é muito
comum na faixa de floresta ao longo do rio
Campo Belo. No inventário realizado pelo
Programa Mata Atlântica (1999), numa área
amostrai de 1 lia de floresta montana, sua
população é representada por três indivíduos,
caracterizando-se como arvoreta do sub-bosque.
Coletada com flores de janeiro a março e de
junho a outubro e com fruto em junho.
7. Myrceugenia ovala var. regnelliana (O.
Berg)Landrum,Brittonia43(3): 199-2(X). 1991.
Figura 8.
Arbusto a árvore 1 a 7 m alt. Indumento
de ramos e folhas jovens, pecíolo, antopódio,
prófilos, botão floral, hipanto e lobos calicinais
de esparso a denso ocráceo tomentoso,
constituído de tricomas assimétricos
dibraquiados, 0,3-0,5 mm. Folhas com pecíolos
2-2,5 mm; lâminas foliares ovada a oblongas,
ápice agudo a obtuso, base cuneada, coriáceas
a cartáceas, quando adultas glabrescentes,
0,6-2 x 0,4-1 cm, bolsas secretoras
densamente distribuídas, 10 a 12 por mm 2 ,
nervura mediana impressa na face adaxial,
proeminente na face abaxial, nervuras
secundárias 7-10 com ângulo de divergência
de 50-60°, inconspícuas na face adaxial,
promínulas na face abaxial, nervuras
intersecundárias ca. 8, finas, inconspícuas em
ambas as faces, nervura marginal a 0, 3-0,5
mm do bordo, nervura intramarginal ca. 0,2
mm do bordo. Inflorescência em mônade,
antopódio filiforme, 5-7 mm, prófilos ovados a
lanceolados, ápice agudo, linha de emergências
basais ausentes na face adaxial, 1-2 x 0,5-1
mm. Botão floral obcônico, 2-3,5 mm. Hipanto
obcônico, 0,5- 1 ,2 mm. Lobos calicinais ovado-
deltóides, ápice agudo a obtuso, 1-2 x 1-1,5
mm. Pétalas orbiculares, glabras em ambas
as faces, 1-2 mm diâm. Estames com filetes
2,5-6 mm, anteras, 0,2-0, 4 mm. Ovário
bilocular, óvulos 10-12 por lóculo, estilete
esparso-seríceo no terço inferior, 3-4 mm.
Lima, W. G & Guedes-Bruni, R. R.
Baga 4-6 mm diâm. Sementes ca. 2 mm, 1 a 2
por fruto.
Material examinado: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Rio das Flores, 31.1.1935
(fl), Campos Porto 2716 (RB); idem, km 15-
16, 15.11.1935 (fl), Campos Porto 2787 (RB);
idem, Agulhas Negras 2800 m s. m., 27. V. 1935
(fl). Brade 14608 (RB); idem , Planalto 2000
m s. m., 1.1938 (fl), Burret et al. 16033 (RB);
idem, Itamonte (Fazenda Fonseca) 1.500 m
s. m., 25. III. 1942 (fl). Brade 17284 (RB);
idem, beira do rio Campo Belo 900 m s. m.,
27.111. 1942 (fl). Brade 17295 (RB); idem. Alto
do Itatiaia, 19.IV. 1957 (bt, fl), Luiz Emygdio
1415 (R); idem , estrada para as Agulhas
Negras km 7, 17.1. 1979 (fl), P Occhioni 8690
(RB, RFA); idem. Brejo da Lapa, barranco
úmido, 02.XII.1983 (fl). César et al. 115
(UEC); idem, Alto do Morro Cavado, 2.200
m s. m., 16. VI. 1999 (fr), A. Quinei et al.
47248 (RB); idem, Itatiaia, Prateleiras, s. d.
(fr), A. Porto 2702 (ITA).
Landrum (1981) considera quatro
variedades para M. ovata duas das quais
ocorrem no Brasil: M. ovala var. regnelliana
e A/, ovata var. acutata (Legrand) Landrum,
esta última interpretada por Landrum (/. c.)
como um possível híbrido entre as variedades
M. ovata var. regnelliana e M. glaucescens
var. latior. No Parque Nacional do Itatiaia M.
ovata var. regnelliana se caracteriza por
apresentar a combinação de lâminas foliares
ovadas a oblongas, botão floral obcônico e
ovário bilocular.
Myrceugenia ovata var. regnelliana
ocorre nos estados de Minas Gerais, São
Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. No Parque Nacional do
Itatiaia ocorre em agrupamentos densos de
indivíduos nos arredores do Brejo da Lapa
como arbusto heliófilo. No inventário realizado
pelo Programa Mata Atlântica (1999), numa
área amostrai de 1 ha de floresta montana, está
representada por apenas seis indivíduos com
altura média de 6,6 m e diâmetro médio à altura
do peito de 10 cm caracterizando-a como
arvoreta de sub-bosque. Legrand & Klein
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm
Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
Figura 8 - Myrceugenia ovala var. regnelliana: a - hábito; b - tricoma; c - inflorescência; d - botão floral; e - prófilos: face
abaxial (esq.) c face adaxial (dir.); f - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); g - pétalas: face abaxial (esq.)
c face adaxial (dir.); h - estame; i - estilete; j - corte transversal do ovário (a-j. D. Sucre 2325 e P. J. L Braga 168).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
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(1970) a indicam como frequente tanto nas
encostas mais elevadas da Serra Geral como
da Serra do Mar. Coletada com flores de
outubro a março (predominantemente de
novembro a dezembro) e com frutos em junho.
8. Myrceugenia seriatoranwsa (Kiaersk.) D.
Legrand & Kausel. Comun. Bot. Mus. Hist.
Nat. Montevideo 2(28): 5. 1953.
Figura 9.
Árvore 5.5 a 8 m alt. Indumento de ramos
e folhas jovens, pecíolo, antopódio, prófilos,
botão floral, hipanto, lobos calicinais e pétalas
de esparso a denso ferrugíneo pubescente,
constituído de tricomas simples ca. 0,5 mm.
Folhas com pecíolos 4,5-6 mm; lâminas foliares
elípticas, lanceoladas, raro obovadas, ápice
agudò a acuminado, base cuneada, coriáceas,
quando adultas glabrescentes, 5, 1-8,1 x 1,9-3, 1
cm, bolsas secretoras esparsamente
distribuídas principalmente na face abaxial, 3
a 5 por mm 2 , nervura mediana impressa na
face adaxial, proeminente na face abaxial,
nervuras secundárias 7- 1 1 pares em ângulo de
divergência de 50-55°, inconspícuas na face
adaxial, promínulas na face abaxial, nervuras
intersecundárias 10-13, inconspícuas em ambas
as faces, nervura marginal a 1-3 mm do bordo,
nervura intramarginal a 0.5-0.9 mm do bordo.
Inflorescência em díade pedunculada,
pedúnculos ferrugíneo-pubescentes, 0,5- 1,5
mm, ferófilos oblongos a obovados, 1-1,5 x 1,3-
2 mm, antopódio ca. 7 mm, prófilos ovados,
ápice agudo, linha de emergências basais
ausentes na face adaxial, 3-3.5 x 2,6-3 mm.
Botão floral obcônico, 3,5-4 mm. Hipanto
obcônico, ca. 2,5 mm. Lobos calicinais ovados
a suborbiculares, ápice obtuso, 3-3,5 x 2,5-3
mm. Pétalas orbiculares, 3-3,5 mm diâm.
Estames com filetes 3-6 mm, anteras ca. 0,3
mm. Ovário bilocular, óvulos 9-10 por lóculo,
estilete ca. 5 mm. Fruto não visto.
Material examinado: BRASIL, RIO DE
JANEIRO: Itatiaia, Lago Azul próximo da
estrada, 650-700 m s. m., 19.1.1995 (bt), M.
R. Carreira et al. 20 (RB); idem. Parque
Nacional do Itatiaia, microparcela D, 840 m s.
Lima. H' G & Guedes-Bruni, R. R.
m., 02.X. 1995 (bt, fl), J. M. A. Braga et al.
2025 (RB).
O tipo de inflorescência em díade
pedunculada constitui uma característica
diagnóstica para M. seriatoramosa na área
estudada. Outras características que auxiliam
na identificação são os prófilos ovados e lobos
calicinais ovados a suborbiculares.
Myrceugenia seriatoramosa ocorre nos
estados do Rio de Janeiro e Paraná. No Parque
Nacional do Itaiaia distribui-se com maior
freqüência ao longo de florestas nas
proximidades do lago Azul e ao longo do rio
Campo Belo. O inventário realizado pelo
Programa Mata Atlântica (1999) numa área
amostrai de 1 ha de floresta montana assinala
sua condição de espécie rara na amostragem,
ocorrendo com um indivíduo de 5 m de altura
e diâmetro à altura do peito de 6 cm o que a
caracteriza como arvoreta de sub-bosque.
Coletada com flores de setembro a janeiro,
frutos não vistos.
Conclusão
O gênero Myrceugenia está repre-
sentado no Parque Nacional do Itatiaia por oito
táxons, sendo que o levantamento florístico
possibilitou o registro de duas novas
ocorrências para o estado do Rio de Janeiro:
M. carnpestris e M. cucullata.
Dos táxons assinalados para a unidade
de conservação destaca-se M. bracteosa
como exclusiva da Região Sudeste,
distribuindo-se pelos estados de Minas Gerais,
São Paulo e Rio de Janeiro. M. alpigcna var.
alpigena tem ocorrência restrita a altitudes
elevadas ao longo de sua distribuição
geográfica desde a Serra do Espinhaço (BA)
até Santa Catarina, o que pôde ser comprovado
por sua abundante ocorrência na região do
Planalto do Itatiaia.
Os caracteres vegetativos por si só não
constituem elementos diagnósticos suficientes
para a distinção dos táxons em nível de espécie
ou variedade. Entretanto podem distinguir
grupos de táxons. Como caracteres
Rodrigufúa 55 (85): 73-94. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Myreeugcnia (M yrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional cio Itatiaia, Rio de Janeiro
Figura 9 - Myrcegeunia seriatoramosa : a - hábito; b - inflorescência; c - botão floral; d - prófilos: face abaxial (esq.) e face
adaxial (dir.): c - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); f - pétalas: face abaxial (esq.) e face adxxial (dir.);
g - corte transversal do ovário (M. R Carrara et al. 20).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15
92
Uma, W. G & Guedes-Bruni, R. R.
importantes para distinguir as espécies da flora
de Itatiaia destacam-se o tipo da inflorescência,
a forma do botão floral, dos prófilos e dos lobos
calicinais, bem como presença ou ausência da
nervura intramarginal. Os táxons ocorrentes
na área de estudo, ao contrário de quando se
analisa coleções que abrangem espaços
geográficos maiores, têm suas características
morfológicas bem definidas e, por conseguinte,
são facilmente identificados.
Ainda que as Myrtaceae venham sendo
coletadas amplamente através de estudos de
flora regionais e inventários florísticos, as
coleções de Myrceugenia depositadas nos
herbários são ainda muito escassas. Um
esforço para ampliar sua amostragem precisa
ser feito de modo a ampliar a possibilidade de
melhor avaliação de suas variações
morfológicas e suas áreas de ocorrência, de
modo a definir, com maior precisão, seus
táxons.
Agradecimentos
Ao Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro e ao Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PIBIC-CNPq pela oportunidade de vivência
da prática científica e bolsa concedida; à Dra.
Graziela M. Barroso pelo carinho e valioso e
entusiasmado auxílio à introdução no
desafiante mundo das Myrtaceae; ao
Programa Mata Atlântica (PM A), do qual este
estudo faz parte, pelo apoio ao desenvol-
vimento do plano; à Petrobras financiadora do
PMA; aos curadores dos herbários citados; às
Dras. Marli P. Morim c Ariane Luna Peixoto
pelas críticas e sugestões; ao Dr. WaytThomas
pela revisão do abstract e à Maria Alice
Resende pelas ilustrações botânicas que fazem
parte deste estudo.
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Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro
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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, Linhares,
ES, Brasil
Viciai de Freitas Mansano' <& Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi 2
Resumo
( Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l. ) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, Brasil). Este trabalho consiste da taxonomia, com o auxílio de observações de campo dos táxons,
de Sw artzia na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce. Além da chave de identificação e descrições
detalhadas para cada um dos oito táxons detectados neste trabalho, são apresentadas observações sobre o
porte, aspecto externo c interno da casca, com fotografias para todas as espécies, sendo que foram atribuídos
padrões da casca externa para cada um dos táxons. Swartzia apetala var. apetala é encontrada nos mais
diversos habitats presentes na área de estudo, enquanto S. acutifolia, S. apetala var. glabra, S. linharensis,
S. myrtifolia var. elegans e S. simplex var. oclmacea são encontradas somente na Floresta Alta de Terra Firme
e S. macrostachya var. macrostaehya , na área focada aqui, é exclusiva do Campo Nativo. S. myrtifolia var.
elegans e S. simplex var. oclmacea são os únicos táxons que não apresentam casca descamante.
Palavras-chave: Leguminosae, Swartzieae, Swartzia , taxonomia, casca.
ÁBSTRACT
( Swartzia (Leguminosae. Papilionoideae, Swartzieae s.l.) in the “Reserva Natural da Companhia Vale do Rio
Doce”, Linhares, ES, Brazil). This study consists of the taxonomy, with the use of field pbservations, to
distinguish among taxa of Swartzia occuring in the "Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce”.
Besides the key to identify and the detailed descriptions to each one of the eight taxa detected in this study
we present observations on the size, internai and externai aspccts on the bark, with photographs of all taxa,
where we attributed patterns of externai bark to all of them. S. apetala var. apetala is found in all different
habitats present in the studied site, while S. acutifolia, S. apetala var. glabra, S. linharensis, S. myrtifolia var.
elegans, and S. simplex var. oclmacea are found just in the "Floresta Alta de Terra Firme” and S. macrostachya
var. macrostachya, in the area focused here, is exclusive of the "Campo Nativo”. S. myrtifolia var. elegans
and S. simplex var. oclmacea are the only taxa that do not have bark that peeis off.
Key-words: Leguminosae, Swartzieae, Swartzia, taxonomy, bark.
Introdução
O gênero Swartzia pertence à tribo
Swartzieae, uma das 31 tribos da subfamília
Papilionoideae (Polhill & Raven 1981),
família Leguminosae. Este gênero foi
revisado por Cowan (1967), onde o mesmo
reconheceu 127 espécies para a América,
sendo que 90% destas ocorrem no Brasil. Após
o trabalho de Cowan (1967) vários trabalhos
independentes detectaram a ocorrência de
espécies novas de Swartzia para diversas
partes do Brasil. Cowan (1981, 1985)
descreveu seis espécies novas, sendo que
cinco delas foram detectadas para o Brasil e
uma para o Equador. Bameby (1991, 1992)
descreveu outras cinco espécies ocorrentes
na Venezuela e uma no Brasil, estado do Pará.
Outras duas espécies novas para a região
amazônica foram descritas por Pipoly & Rudas
(1994). Mansano & Tozzi (1999a, 2001)
descreveram três espécies novas para a
Região Sudeste do Brasil. Desta forma,
Swartzia conta com cerca de 140 espécies,
ocorrentes em sua maioria na América do Sul.
Artigo recebido em 04/2004. Aceito para publicação em 07/2004.
'Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil, CEP 22460-030. vidal@jbrj.gov.br
: Univcrsidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6109. CEP 13083-970. Campinas, SP, Brasil
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É notório que, embora haja uma revisão
taxonômica de Swartzia realizada por Cowan
(1967), todos estes trabalhos com descrições
de novas espécies e alterações taxonômicas
mencionados no parágrafo anterior mostram
que há necessidade de novos estudos neste
gênero visando uma melhor delimitação dos
táxons infragenéricos, fato este que já havia
sido verificado por Bameby (1991).
Este trabalho tem por objetivos o
levantamento e a identificação das espécies
da tribo Swartzieae ocorrentes na Reserva
Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, a confecção de chave de
identificação, a apresentação de descrições e
ilustrações, com um incremento dos caracteres
de campo úteis na taxonomia como aspectos
da casca e dados sobre o ambiente preferencial
destas espécies.
Material e Métodos
Área de estudo
A Reserva Natural da Companhia Vale
do Rio Doce S.A. apresenta uma área de cerca
de 22 mil hectares abrangendo os municípios
de Linhares e Jaguaré-ES, Brasil. Localiza-se
entre as coordenadas geográficas 19°06' e
1 9 o 1 8' de latitude sul e 39°45' e 40°19' de
longitude oeste. A altitude local oscila entre
28 e 65 m e a área está a 30 km distante do
centro de Linhares. O acesso se dá através
da BR 101, à altura do km 122, sentido norte
(Jesus 2001).
A Reserva pode ser incluída, de acordo
com Kõppen (1946), na região climática Aw,
apresentando um clima quente e úmido, com
precipitação pluviométrica média anual de
1.403 mm, temperatura média máxima de
25,2 C e mínima de 19,1 Ce umidade relativa
do ar média de 84,3% (Jesus 1987). De
acordo com a terminologia do Projeto
RADAMBRASIL, a vegetação está inserida
na “Região da Floresta Ombrófila Densa”
(Veloso et al. 1991).
O solo Podzólico Vermelho-Amarelo
distrófico, de textura média-argilosa,
caracteriza-se por apresentar baixos teores de
Mansano, V. F <i Tozzi. A. M. G A.
bases trocáveis (Ca2+, MG2+ e K+) e de
fósforo e altos teores de alumínio trocável,
indicando baixos índices de fertilidade natural
(Peixoto & Gentry 1990).
Os cursos d’água fazem parte da Bacia
do Rio Barra Seca, cujo principal rio leva o
mesmo nome e deságua no oceano (Reserva
Natural da Companhia Vale do Rio Doce
2004).
Fitofisionomias
As denominações das fitofisionomias
adotadas no presente trabalho seguem a
terminologia utilizada por Peixoto & Gentry
(1990). Dentro dos limites da Reserva Natural
da Companhia Vale do Rio Doce há
basicamente quatro fitofisionomias distintas
(Peixoto & Gentry 1990), sendo elas: a Floresta
Alta de Terra Firme, cujas árvores do dossel
atingem 40 m de altura (cerca de 68% da área
total da Reserva); Floresta de Mussununga
com árvores mais baixas e esparsas que
acompanha cordões de solos arenosos (cerca
de 8% da área); Floresta de Várzea, associada
a vegetações de áreas alagáveis, constituída
por árvores de esparsas e palmeiras, e solo
coberto por vegetação graminóide (cerca de
4% da área) e os campos nativos, que
aparecem como enclaves na floresta e estão
representados por campos abertos com
vegetação graminóide ou vegetação arbóreo-
arbustiva em moitas características (cerca de
6% da área).
Análise do material
O material para a realização deste
trabalho foi proveniente principalmente do
herbário CVRD, mas também foram feitas
análises complementares nos seguintes
herbários: BHCB, C, ESA, ESAL, G, GUA,
HRCB, HXBH, IAC, K, NY, PI, R, RB, SP,
SPF, UEC, US, VIC e V1ES (siglas
designativas de acordo com Holmgren et al.
1990). Para a observação das espécies em
campo foram feitas 8 excursões para a
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio
Doce que ocorreram de Janeiro de 1996 a
Rodriguésia 55 (85): 95-113. 2004
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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Unhares, ES, Brasil
dezembro de 2000. Todas as espécies de
Swartzia ocorrentes na Reserva foram
fotografadas e foram feitas observações como
porte, descamação da casca, aspecto externo
e interno do tronco e padrão da casca externa.
Resultados
1. Swartzia Schreb., Gen. pl. 2: 518. 1791;
nom. cons.
Árvores ou arbustos. Folhas com 1 a
vários folíolos, imparipinadas; estipulas caducas
a persistentes; pecíolo e raque canaliculados,
cilíndricos, marginados ou alados,
frequentemente estipelados; folíolos opostos,
peciolulados, o par basal menor. Racemo,
panícula ou fascículo de racemos, no caule,
em ramos áfilos, nas axilas ou nas
extremidades; brácteas presentes; bractéolas
às vezes inseridas no pedicelo; botões globosos,
elípticos ou ovados. Flor com hipanto ausente;
cálice com 2-5 lobos após a antese, glabros
internamente; corola ausente ou com 1 pétala;
estames dimórficos, maiores 2-11, menores ca.
100, anteras dorsifixas; gineceu 1-pistilado,
estipe conspícuo, ovário oval a fusiforme,
estilete terminal ou lateral, estigma punctiforme
a capitado. Fruto geral mente legume ou legume
nucóide com 1 a 15 sementes, oval, moniliforme
a achatado, sementes ariladas.
Este é o maior gênero da tribo Swartzieae,
contando com cerca de 140 espécies,
distribuídas pela América Central e América
do Sul, onde apresenta o centro de diversidade
na região Amazônica. Na Reserva Natural da
Companhia Vale do Rio Doce é representado
por oito táxons.
Chave para a identificação dos táxons de Swartzia ocorrentes na Reserva Natural da
Companhia Vale do Rio Doce
1. Flores petalíferas
2. Infiorescências apenas axilares (nunca em ramos áfilos); fruto do tipo legume com sementes
pretas e arilo branco.
3. Folíolo 1; estames maiores 6-11, anteras ca. 4 x 2 mm; ovário 2-3 mm de largura
S. simplex var. ochnacea
3. Folíolos 5 ou mais; estames maiores 4-8, anteras 1, 8-3,1 x 0,9-1, 5 mm; ovário 1-1,5 mm de
largura S. myrtifolia var. elegans
2. Infiorescências em ramos áfilos, às vezes axilares; fruto geralmente legume nucóide com
sementes bege e arilo amarelo.
4. Folíolos com ápice arredondado a retuso e base arredondada a cordada, ca. 2 vezes mais
longos do que largos S. macrostachya var. macrostachya
4. Folíolos com ápice agudo a acuminado e base aguda, ca. 3 vezes mais longos do que
largos.
5. Bractéolas ausentes; fruto fusiforme, mais largo do que longo S. acutifolia
5. Bractéolas 1, 3-2,5 mm compr.; fruto elíptico, circular ou oblongo, mais longo do que
largo S- oblata
I. Flores apétalas.
6. Ovário seríceo, folhas com cerca de 19 folíolos S. linharensis
6. Ovário glabro, folhas com até 1 1 folíolos.
7. Pedicelo 2-8 mm compr., ovário com estipe até 3,5 mm compr.; gineceu preto quando
seco S. apetala var. apetala
7. Pedicelo 12-30 mm compr., ovário com estipe 4,5-7,5 mm compr.; gineceu verde ou bege-
esverdeado quando seco S. apetala var. glabra
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1 . Swartzia acutifolia Vogei, Linnaea 11: 174.
1837.
Iconografia: Mansano & Tozzi (2001 ), p. 920.
Árvore ca. 25 m, fuste 20 m alt.; ramos
glabros a pubérulos. Folhas com estipulas 4, 1
x 0,1 mm, estreito-subuladas, caducas,
glabrescentes a tomentosas; pecíolo 2-2,5 cm,
canaliculado, glabro a pubérulo; raque 15-30
cm. marginada, glabra a tomentosa; peciólulos
ca. 2,5 mm. glabros a tomentosos; folíolos 1 3-
15, 5,4-7, 1 x 2-2.8 cm, ovais, base aguda, ápice
agudo a acuminado-mucronado, nervuras
pouco proeminentes na face adaxial e muito
proeminentes na face abaxial. Racemo ca. 5
cm, nas axilas e em ramos áfilos, eixo pubérulo
a tomentoso; brácteas ca. 0,9 x 0,8 mm. caducas,
pubérulas a tomentosas; bractéolas ausentes;
pedicelo ca. 12,2 mm, pubérulo a tomentoso;
botões ovais, ca. 8,6 x 0,4 mm. pubérulos a
tomentosos. Flor com cálice 4-lobado, lobos
irregulares; pétala branca, unha 3 x 4.6 mm.
lâmina ca. 11,4 x 16.5 mm, oblata, velulina
extemamente; estames amarelos, maiores 4.
filetes ca. 9,7 x 0.5 mm, glabros, anteras ca.
2,4 x 0,9 mm, oblongas, glabras, estames
menores com filetes ca. 8,6 mm. glabros,
anteras ca. 1,3 x 1 mm, largo-oblongas, glabras;
estipe ca. 8,5 mm. tomentoso, ovário ca. 5.4 x
4,3 mm, largo-elíptico, tomentoso, ca. 12 óvulos,
estilete ca. 1,1 mm. lateral, reto, tomentoso,
estigma puncliforme, glabro. Legume nucóide
ca. 5,3 x 5,4 cm, fusiforme, pubérulo, 6-8
seminado, sementes bege, arilo amarelo.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD,
Estrada Cinco folhas km 0, 09.IX.1999. D. A.
Foi li 3508, fr. (CVRD); km 0,2, 01.XII.2000,
D. A. Foi li 3771, fl. (CVRD); Estrada do
Flamengo km 6. 24.1.1979, D. A. Folli 67, fl.
(CVRD); Estrada Peroba-osso km 0,38,
22.1.1973, J. Spada 153, fl. (CVRD); sl.,
22. VIII. 1996, V! F. Mansano et al. 8 , fr.
(UEC, CVRD); sl., 30.1.1991. l< de Souza 4.
fl. (CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS: Teófilo Otoni, 1 4. VIII. 1 965,
Belém 1596, fr. (NY); s.l., próximo de Rio
Mansano, V. F. & Tozzi, /t. M. G A.
Novo, 08.1 V. 1868, Glaziou 2548, fl. (R); s.l..
Presídio São João Batista, s.d., Sellow s.n. ,
fl. (K!, lectótipo; CGE, LE, P, W, isolectótipo).
Distribuição e ecologia. Freqüente na
Bahia, mas ocorre no norte do estado do
Espírito Santo, e no oeste de Minas Gerais.
Esta espécie é característica da Floresta
Pluvial Tropical Atlântica e da Floresta
Estacionai. Na Reserva da CVRD ocorre em
áreas de domínio da Floresta Alta de Terra
Firme, não sendo encontrada nas formações
mais secas desta área.
Fcnologia. Em llor de dezembro a abril
e em fruto em agosto a novembro.
Cowan (1967) reconheceu cinco
variedades para Swartzia acutifolia : S.
acutifolia var. leiogyna, S. acutifolia var.
panipetala. S. acutifolia var. submarginata,
S. acutifolia var. ynesiana e a variedade
típica. Cowan manteve as três primeiras num
grupo que apresenta o gineceu glabro, e as
duas últimas, num outro grupo com o gineceu
revestido de indumento. S. acutifolia var.
acutifolia não possui bractéolas, o ovário é
tão longo quanto largo e o fruto mais largo do
que longo. As outras variedades têm bractéolas
evidentes, ovário 2-3 vezes mais longo do que
largo e fruto também mais longo do que largo.
Com base na análise de um grande número de
exsicatas, incluindo tipos e observações de
campo, Mansano & Tozzi (2001 ) consideraram
S. acutifolia var. leiogyna na sinonímia de S.
submarginata var. leiogyna, S. acutifolia var.
pan ipetala na sinonímia de S. panipetala,
S. acutifolia var. submarginata na sinonímia
de S. submarginata var. submarginata e S.
acutifolia var. ynesiana na sinonímia de S.
oblata, sendo mantida portanto somente a
variedade típica.
2. Swartzia apetala Raddi, Mem. Mat. Fis.
Soc. Ital. Sei. Modena, Pt. Mem. Fis. 18(2):
398. 1820.
Árvore 2,5-20 m alt.; ramos estrigosos a
glabros. Folha com estipulas (l,8-)3.5-8 x
(-0,4)0,6-l mm, persistentes, lanccoladas,
glabras a estrigosas; pecíolo (0.5-) 1 ,5-5(- 10)
Rodrigufsia 55 (85): 95-113. 2004
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Swartzia ( Leguminosae. Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reser\’a Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, RS, Brasil
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mm, estreitamente alado a marginado,
canaliculado, asa ca. 3 mm larg., glabro a
pubérulo; raque 2,5-18 cm, alada a marginada,
canaliculada, asa até 2 mm larg., glabra a
estrigosa; peciólulo 1,3-4 mm, glabro a
pubérulo-estrigoso, folíolos 3-1 1, 4- 1 1 (-14) x
1,6-5 cm, elípticos a ovados, os basais menores,
cartáceos a coriáceos, glabros a pilosos na face
adaxial, pilosos na face abaxial, base
assimétrica aguda a cordada, ápice acuminado
a obtuso, nervura central proeminente na face
abaxial e sulcada na adaxial. Racemos,
panículas ou fascículos de racemos, 3,6-18,4
cm, axilares ou caulifloros, eixo glabro a
pubérulo; brácteas, 0,3-2 x 0,08-1 mm,
persistentes, triangulares a lanceoladas, glabras
a pubérulas; bractéolas ausentes; pedicelo 0,2-
3 cm compr., glabro a pubérulo; botões 2,9-6,5
x 3,5-5 mm, globosos a ovais, glabros. Flor com
cálice 3-4 lobado, lobos irregulares; pétala
ausente; estames amarelos, maiores 2-4, filetes
2, 5-8,5 x 0, 3-0,6 mm, glabros, anteras 0,7-2,5
x 0,3- 1 ,2 mm, oblongo-ovais, estames menores,
filetes 2-8 mm, glabros, anteras oblatas, 0,6-1
x 0,7- 1 mm, glabras; gineceu glabro, estipe 2,6-
7,5 mm. ovário 2-5,5 x 0,9-2,3 mm. elíptico a
obovado, ca. 7-ovulado, estilete 0,3- 1,5 mm.
lateral, estigma punctiforme. Legume 1.5-3 x
0,7-2 cm, ovóide a globoso, 1 -seminado, glabro,
áspero, alaranjado, sementes pretas e arilo
branco.
Cowan (1967) considerou para esta
espécie quatro variedades distinguindo-as
principalmente pelo tamanho do pecíolo e dos
folíolos e pela cor destes últimos. Como ele
mesmo mencionou, S. apetala var. glabra é
a mais distinta entre elas, diferindo das demais
pelo tamanho do estipe do ovário e do pedicelo
e pela cor do gineceu. Além disso, podem ser
encontradas diferenças no aspecto da casca,
observadas no presente trabalho.
Mansano & Tozzi (1999a) não
consideraram as outras três variedades como
entidades distintas e sinonimizaram-nas a S.
apetala var. apetala.
2.1. Swartzia apetala Raddi var. apetala.
Figura 1.
Pedicelo 2-8 mm; gineceu preto no
material herborizado, estipe do ovário até 3,5
mm.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, Aceiro
com LASA, 23.IX.1982, D. A. Folli 415, fl.
(CVRD); Estrada Bomba d’água km 2,29,
23. VII. 1984, D. 4. Folli 506, fr. (CVRD); sl.,
23. III. 1986, M. Sobral 4676, fr. (CVRD);
Estrada Municipal, 08.VII.1988, D. A. Folli
750, fr. (CVRD); sl., 24.1.1990, D. A. Folli
1072, fl. (CVRD); sl., 28. IX. 1990, G. L.
Farias 399, fr. (CVRD); Porteira, próximo ao
Aceiro com a Fazenda, 04.1.1991, D. A. Folli
1242, fl. (CVRD); sl., 21.VIII.1991, V de
Souza 158, fr., (CVRD); Estrada da
Mantegueira km 1,2, 22.VIII.1996, A. Sartori
210, fr. (CVRD); Estrada Grande, próximo a
fazenda do Sr. Zizio, 06.1.1999, D. A. Folli
3325, fl. (CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS: Almenara, 16°15”S,
40°40”W, 15.11.1988, \V W. Tliomas et al.
5987, fl. (BHCB); Caratinga, 09.XI.1985,
M.A. Lopes & P. M. Andrade 780, fr.
(BHCB); Bahia: Monte Ferrato. 1831, J.
Blanchet 908, fl. (NY, Holótipo de S. apetala
var. subcordata).
Distribuição e ecologia. É amplamente
distribuída pela Região Sudeste, ocorrendo na
porção leste de Minas Gerais, no Rio de
Janeiro e Espírito Santo, principalmente na
região litorânea (Mansano & Tozzi 1999b). Na
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio
Doce é encontrada nos mais diversos
ambientes, ocorrendo desde a Floresta Alta de
Terra Firme, a Floresta de Mussununga, a
Floresta de Várzea até o Campo Nativo.
Fcnologia. Coletada com flores
praticamente durante o ano todo e com frutos
principalmente entre os meses de maio a julho.
Esta variedade é popularmente conhecida
como “arruda vermelha” devido ao seu tronco
vermelho na camada subcortical, a casca é
cinza-claro extemamente e decorticante.
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
SciELO/JBRJ.
13 14
cm ..
100
Mansanu, V. F & Tozzi, A. M. G A.
Figura 1 - Swarizia apetala Raddi var. apetala: a - aspecto gerai dos ramos; b - flor; c - estames grande c pequeno; d -
gineceu em corte longitudinal ( Thomas etal. 5987)\e - fruto (Lopes & Andrade 780).
Rodrinuésia 55 (85): 95-113. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Swartzia ( Leguminosae, Papilionoideae, Swanzieae s.l. ) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Unhares, ES, Brasil
101
2.2. Swartzia apetala var. glabra (Vogei)
R.S. Cowan, Fl. Neotrop. Monogr. 1: 156.
1967.
Figura 2.
Pedicelo 12-30 mm; gineceu bege ou
verde claro no material herborizado, estipe 4,5-
7,5 mm.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD,
Estrada da Bicuíba km 1,2, 27.IX.1984, G. L
Farias 49, fl. (CVRD); Final da Estrada da
Mantegueira. 18. VI. 1992, G. L Farias 495,
fr. (CVRD); Aceiro com bombacopsis,
16.XI.1999, D. A. Fui li 3517, 0. (CVRD);
Aceiro com bombacopsis, 12. XI. 2001, D. A.
Folli 4120, fl. (CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS: São José de Geribá,
13. IX. 1963, R. S. Santos & A. Castellanos
24166, fl. (NY); Teófilo Otoni, 20. VIII. 1965,
R. P. Belém 1595, fr. (NY); s.l, s.d., F Sello
s.n., fl. (BM 85239, Holótipo).
Distribuição e ecologia. Ocorre na
porção leste de Minas Gerais e na faixa
litorânea do Espírito Santo (Mansano & Tozzi
1999b). Na Reserva Natural da Companhia
Vale do Rio Doce só é encontrada na Floresta
Alta de Terra Firme.
Fcnologia. Coletada com flores entre
fevereiro e agosto e com fmtos em outubro.
E comumente chamada de “arruda
rajada" por apresentar estrias vermelhas e
beges alternadamente na camada subcorlical.
A casca é decorticante, assim como em S.
apetala var. apetala, porém, o tronco é
castanho avermelhado e não cinza como nesta
última. O tamanho do pedicelo e a coloração
do ovário também são características
suficientes para separá-las em duas
variedades distintas.
3. Swartzia linharcnsis Mansano, Kevv Buli.
56:921.2001.
Iconografia: Mansano & Tozzi (2001) p. 922.
Arvore 18 m alt., casca esfoliante, ramos
tomentosos. Folhas com estipulas caducas,
pecíolo 5,4 mm, cilíndrico, tomentoso; raque
4,5 cm, tomentosa, com uma asa de 1 mm de
largura; peciólulo ca. 0,5 mm, tomentoso;
folíolos ca. 19, 2, 3-3,5 x 0,6-1 cm, os terminais
elípticos, os laterais ovados a elípticos, base
obliqua, ápice mucronado a apiculado, piloso
na face abaxial, nervura imersa acima e
proeminente abaixo. Panículas 11,6-13,8 cm,
em ramos afílos, eixo tomentoso; brácteas ca.
2x3 mm, deltoides, tomentosas; bractéolas
inseridas no ápice do pedicelo ca. 2,6 x 0,7
mm, lineares, tomentosas; pedicelo ca. 4,9-5,8
mm, tomentoso; botões florais ovados, ca. 5,2
x 4,9 mm, tomentosos. Flor com cálice 4-
Iobado, lobos desiguais; pétala ausente;
estames maiores 2, filetes 6 mm, esparsamente
pilosos, anteras ca. 2,6 x 1,2 mm, oblongas,
glabras, estames menores com filetes 5 mm,
glabros, anteras ca. 9,5 x 9,6 mm, oblatas,
glabras; estipe ca. 2,5 mm, seríceo, ovário ca.
5,4 x 2,8 mm, assimetricamente elípitico,
seríceo, com ca. 10 óvulos, estilete ca. 1,2 mm,
lateral, seríceo, estigma punctiforme, glabro.
Legume nucóide 2-4 x 2-3,5 cm, globoso,
castanho, velutino, 1-3-seminado, sementes
beges com arilo amarelo.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD,
estrada da Sapucaia Vermelha km 0,5,
04. III. 1978, J. Spada, 60, fl. (CVRD);
Estrada da Mantegueira km 0,3, 21. IX. 1993,
D. A. Folli 2013, fr. (CVRD); Tabaúna à SR
do Itueto, 17.X. 2001, A. A. da Luz 29, fr.
(CVRD); Estrada da Jueirana Vermelha km
0.04, 08.1 V. 1 984, D. A. Folli 500, fl. (Holótipo
CVRD; isótipo UEC); acesso à casa de
hóspedes, 22.VIII.1996, A. L B. Sartori et
al. 214, fl. (CVRD, UEC); Estrada Cinco
Folhas km 0,01, 25.VI.2003, V F Mansano
et al. 226, fr. (CVRD, RB).
Distribuição e ecologia. Na Reserva
da Companhia Vale do Rio Doce, esta espécie
ocorre em áreas de domínio da Floresta Alta
de Terra Firme.
Fcnologia. Coletada em flor de março
a agosto e em fruto de junho a dezembro.
Esta espécie é única pelas pétalas
ausentes como nos membros da ser.
Rodriguésia 55 (85): 95-1 13. 2004
SciELO/JBRJ,
13 14
cm ..
102
Mansano, V. F. & Tozzi. A. M. G A.
Figura 2 • Swartzia apeiala var. glabra (Vogei) R.S.Cowan: a - aspecto geral dos ramos; b - flor; c - estames grande e
pequeno; d - gineceu em corte longitudinal ( Santos & Castellanos 24166)-, e - fruto (Belém 1595).
Rodriguésia 55 (85): 95-113. 2004
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
S wartzia (Legitminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Unhares, ES, Brasil
103
Tounateae, mas difere dos mesmos pela
presença de bractéolas. Além do mais esta
espécie apresenta frutos castanhos com
sementes beges e arilo amarelo, enquanto que
os membros da ser. Tounateae têm frutos
laranja com sementes pretas e arilo branco.
Segundo Mansano & Tozzi (2001), Swartzia
linharensis é a única espécie na ser.
Acutifoliae com flores apétalas.
4. Swartzia macrostachya Benth. in Martius,
Fl. bras. 15(2): 24. 1870.
Representada na Região Sudeste apenas
pela variedade tipo.
4.1. Swartzia macrostachya Benth. var.
macrostachya.
Figura 3.
Arbustos ou árvores 2-35 m alt., ramos
tomentosos. Folha com estipulas 2, 9-9, 6 x 0,7-
1,8 mm, subuladas, tomentosas; pecíolo 1,6-
3,2 cm, cilíndrico, tomentoso; raque foliar 10,5-
22.5 cm, estipelada a alada, tomentosa;
estipelas 2 x 0,5 mm, cstrigosas a tomentosas;
asa ca. 3,3 mm larg.; peciólulo 1,4-2, 7 mm.
pubérulo a tomentoso; folíolos (-5)9-15, 4,5-
10.5 x 2,2-5,5 cm, terminal elíptico, laterais
ovais a oblongo-elípitcos, tomentosos na face
abaxial, base arredondada a cordada, ápice
arredondado a retuso e mucronado, nervuras
sulcadas a planas na face adaxial e
proeminentes na abaxial. Racemo ou panícula
4,6-23,8 cm, em ramos áfilos, eixo tomentoso;
brácteas 3-6,8 x 2, 1-3,3 mm, ovadas,
tomentosas; bractéolas 2,2-4,7 x l,3-l,5mm,
lanceoladas, tomentosas, inseridas no ápice do
pedicelo; pedicelo 4,8-6,6 mm, tomentoso;
botões florais 6,9-10,3 x 6,6-9,3 mm, globosos,
pubérulos a tomentosos. Flor com cálice 3-5
Iobado, lobos irregulares, glabros intemamente;
pétala branca, unha 3, 1-4,1 x 1, 7-2,8 mm,
lâmina 9-10,7 x 14-18 mm, reniforme, base
cordada, viloso-serícea extemamente; estames
maiores 4, filetes 9-10 mm, brancos, vilosos,
anteras 2-2,5 x 1,2- 1,5 mm, amarelas, glabras,
estames menores filetes ca. 6,5 mm, brancos,
glabros, anteras 0,8 x 1 mm, glabras, amarelas;
gineceu verde-ferrugíneo, estipe 4,5-6, 5 mm,
seríceo, ovário 6,5-8,5 x 2,5-3,5 mm, seríceo,
estilete 1-1,9 mm, lateral, glabro, estigma
punctiforme, glabro. Legume nucóide 3-4 x 2-
2,7 cm, castanho, pubérulo a tomentoso,
semente bege e arilo amarelo.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD,
Estrada da Jueirana Vermelha, próximo ao rio
Barra Seca, 13.IV. 1987, D. A. Folli 643, fl.
(CVRD); Aceiro com CEPLAC, 11.VII.1988,
G. L Farias 204, fl. (CVRD); Estrada da
Jueirana Vermelha, ao lado do Rio Barra Seca,
final da estrada, 12.IV. 1994, D. A. Folli 2281,
fl. (CVRD); km 2,5 próximo ao Rio Barra
Seca, 28.VII.1999, V. F Mansano 48, fl. e fr.
(CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS: Grão Mogol, 20.11. 1969, H.
S. Irwin et al. 23624, fl. (NY); Lagoa Santa,
V. 1865, E. Wanning 609, fr. (C, Holótipo);
Montes Claros, 24.11.1969, H. S. Irwin et al.
23813, fl. (NY).
Distribuição e ecologia. Encontrada
em Minas Gerais, principalmente na Região
norte e no Espírito Santo (Mansano & Tozzi
1999b). Na Reserva Natural da Companhia
Vale do Rio Doce só é encontada no Campo
Nativo.
Fenologia. Coletada com flores de
fevereiro a julho e com frutos de maio a julho.
Esta espécie é semelhante a
S. flaemingii, mas difere desta por apresentar
folíolos maiores, ovais ou elípticos e ovário
também maior. Cowan (1967) considerou
S. grazielana muito próxima de S.
macrostachya, distinguindo-as apenas pela
margem revoluta dos folíolos de S. grazielana.
Mansano & Tozzi (1999a) consideraram esta
última sinônimo de S. macrostachya, pois a
forma da lâmina, da base e da margem dos
folíolos, utilizadas por Cowan (1967) para
separar as duas espécies, não correspondem
aos caracteres morfológicos observados nos
materiais tipo.
Rodriguisia 55 (85): 95-113. 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
104
Mansano, V. F. & Tozzi, A. M. G A.
Figura 3 - Swartzia macrostachya Benlh. var. macrosiachya : a - aspecto geral dos ramos; b - flor; c - pétala; d - estames
grande c pequeno; c - gineceu em corte longitudinal (/min etal. 23813); f - fruto (Warming 609).
Rodrisuésia 55 (85): 95-113. 2004
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ±
Swartzia (Legwninosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, Brasil
Figura 4 - Swartzia myrtifolia var. elegans (Schott) R.S. Cowan: a - aspecto geral do ramo; b - flor; c - pétala; d - estames
grande e pequeno; e - gineceu; f - fruto ( Pereira 209S).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm ..
106
5. Swartzia myrtifolia Sm., Rees’Cycl. 34.
1816.
Representada na Região Sudeste apenas
por S. myrtifolia var. elegans.
5.1. Swartzia myrtifolia var. elegans (Schott)
R.S. Cowan.Fl.Neotrop. Monogr. 1: 156. 1967.
Figura 4.
Árvore 3-12 m alt.; tronco cinza claro
com cicatrizes; ramos glabros a estrigosos.
Folha com estipulas, 2-3,8 x 0,1 -0,8 mm,
persistentes, subuladas, glabra a estrigosas
externamente; pecíolo 0,6- 1,5 mm, alado a
marginado, asa 1-4,1 mm larg.; raque 2,3-8,5
cm, alada, asa 0,8-4, 5 mm larg., glabra a
pubérula; peciólulo 0,9-2,4 mm, estrigoso a
glabro;folíolos5-15, 1 ,2-5,7 xO,7-3,5 cm, ovais
a obovados, o par basal menor que os demais,
cartáceos, face adaxial glabra e abaxial glabra
a estrigosa, base aguda a cuneada, ápice
agudo a retuso e mucronado, nervuras
proeminentes em ambas as faces. Racemo
5,9-7 cm, axilar, eixo estrigoso, ca. de 3-5
flores; brácteas 1-1,5 x 0,4-0, 8 mm, per-
sistentes, linear-lanceoladas, estrigulosas;
bractéolas ca. 1,5 x 0,2-0, 5 mm, na base do
pedicelo, linear-lanceoladas, estrigulosas;
pedicelo 1-2,5 cm, glabro a denso-estrigoso;
botões 4,4-9,3 x 3,5-8,6 mm, ovais a globosos,
glabros a estrigosos. Flor com cálice 4 lobado,
lobos elípticos, glabros intemamente; pétala
amarela, glabra, unha 2,2-4,8 x 1-1,9 mm,
lâmina 1-2,5 x 1,2-3 cm, oblata, base cordada;
estames maiores 4-8, filetes 1,6-2 cm, glabros,
amarelos, anteras 1,8-3, 1 x 0,9-1, 5 mm,
oblongas, creme, estames menores glabros,
filetes 9-12 mm, amarelos, anteras 1-1,4 x 0,8-
1,2 mm, obovadas ou largo-oblongas; gineceu
glabro, estipe 10-12,5 mm, ovário 5,5-8 x 1-
1,5 mm, 14 óvulos, estilete 2,5-4,2 mm, reto,
terminal, estigma capitado. Legume 3, 4-6,2 x
1.2-1.8 cm, 1-2 sementes, elíptico ou moni-
liforme, glabro, alaranjado, sementes pretas e
arilo branco.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, na
entrada para o Eucalyptus, próximo a um Pau
Mansano, V. F. <í Tozzi. A. M. G A.
Sangue, 26.XI.1979, /. A. Silva 123, fl.
(CVRD); estrada Jueirana Vermelha km 0,5,
12.XI.1984, G. L Farias 41, fi. (CVRD);
estrada da Bicuíba km 1,2, 27.XI.1984, G. L
Farias 48, fl. (CVRD); estrada da Jueirana
Vermelha km 0,4, 28. XI. 1999, V. F. Mansano
49, est. (CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
ESPÍRITO SANTO: Castelo, 04.XII.1956, E.
Pereira 2095, fl. e fr. (NY).
Distribuição c ecologia. Foi encontrada
no leste de Minas Gerais e próximo a faixa
litorânea do Espírito Santo e do Rio de Janeiro
(Mansano & Tozzi 1999b). Na Reserva é
exclusiva da Floresta Alta de Terra Firme.
Fcnologia. Coletada com flores
praticamente o ano inteiro com pico de floração
entre os meses de novembro a janeiro.
Swartzia myrtifolia var. elegans é muito
próxima de S. simplex (Sw.) Spreng., diferindo
por apresentar pétalas menores e mais frágeis,
folhas com 5 ou mais folíolos, ovário mais
estreito e tronco mais claro com marca de
cicatrizes.
6. Swartzia oblata R.S. Cowan, Brittonia
33(1): 11. 1981.
Figura 5.
Swartzia acutifolia var. ynesiana R.S.
Cowan, Fl. Neotrop. Monogr. 1: 111. 1967.
Árvore 10-12 malt.; tronco vermelho,
descamante, ramos glabros a pubérulos. Folha
com estipulas 6-10 x 1-1.6 mm, subuladas,
caducas, tomentosas; pecíolo 1 ,5-4 cm, glabro
a tomentoso; raque 15-30 cm, marginada,
glabra a tomentosa; peciólulos 1,5-3 mm,
glabros a tomentosos; folíolos 11-21, (-2,8)5,5-
9 x 1, 7-3,5 cm, elípticos a ovais, cartáceos a
coriáceos, glabrescentes a pubérulos na face
abaxial, base aguda, ápice acuminado-
mucronado, nervuras pouco proeminentes na
face adaxial e muito proeminentes na face
abaxial. Racemo ou panícula 6-30 cm, nas
axilas ou em ramos áfilos, eixo pubérulo a
tomentoso; brácteas 2-2,5 x 1-2 mm, deltoides,
caducas, estrigosas a tomentosas; bractéolas
1, 3-2,5 x 1 mm, subuladas, inseridas acima da
Rodriguisia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
JsciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, Brasil
107
Figura 5 - Swartzia oblata R.S. Cowan: a - aspecto geral dos ramos; b - inflorescência; c - flor; d - pétala; e - estames
grande e pequeno; f - gineceu em corte longitudinal ( Tameirão Neto 845)', g - fruto ( Mexia 5069).
Rodriguisia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
■SciELO/JBRJ
cm ..
108
metade do pedicelo, estrigosas a lomentosas;
pedicelo 4,5-12 mm, estrigoso a tomentoso;
botões globosos, 6-9 mm diâm., pubérulos a
tomentosos. Flor com cálice 4-lobado, lobos
irregulares, eretos; pétala branca, unha 4-6,5
x 3-6 mm, lâmina 13-15 x 13-17 mm, oblata,
base cordada, levemente serícea externa-
mente; estames amarelos, maiores 4, filetes
8-12 mm, velutinoa piloso, anteras 2,5-3 x 1,2-
1,6 mm, oblongas, glabras, estames menores,
filetes glabros, anteras 0,7-1 x 0,7-1 mm,
elípticas, oblatas ou oblongas, glabras; estipe
5, 3-7, 7 mm, seríceo, ovário 5,9-7,5 x 2,3-3 mm,
arco-elíptico, seríceo, 16 óvulos, estilete 1,3-2
mm, lateral, encurvado, glabro, estigma
punctiforme, glabro. Legume nucóide 5,9-13,5
x 2,8-4 cm, reto, elíptico, circular ou oblongo,
verde, esparso-estrigoso a tomentoso, ( 1 -)3-7
sementes, beges e arilo amarelo.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Povoação, na estrada indo
para Povoação, 5 m da estrada; próximo a
Fazenda Estrela do Norte, 10 km de Linhares,
05.11.1991, V. de Souza 14, fl. (CVRD);
Fazenda do Guerra em frente a moita de
Bambu, lavoura de cacau, 27.11.1992, V. de
Souza 310, fl. (CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
MINAS GERAIS: Marliéria, 28. VII. 1992, E.
Tameirão Neto 845, fl. (BHCB); Viçosa,
17. IV. 1930, Ynes Mexia 4463, fl. (US,
Holótipo de S. acutifolia var. ynesiana;
19.IX.1930, Ynes Mexia 5069, 0. (BHCB).
Distribuição e ecologia. Ocorre na
faixa litorânea do estado de São Paulo, leste
de Minas Gerais e no município de Linhares.
Espírito Santo (Mansano & Tozzi 1999b). Esta
espécie só foi detectada nos arredores da
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio
Doce, e é incluída neste estudo como
potencialmente ocorrente nesta área. Ocorre
em locais de terreno plano e solo argiloso em
áreas de Floresta Alta de Terra Firme e em
Florestas de Várzeas.
Fenologia. Coletada com flores de
fevereiro a julho e com frutos de setembro a
novembro.
Mansano, V. F. & Tozzi, A. M. G A.
Esta espécie caracteriza-se pela pétala
oblata, folíolos glabros e agudos, androceu
decíduo e botões costados. Cowan ao
descrever esta espécie a considerou próxima
de 5. flaemingii Raddi e S. inacrostacliya
Benth. e não mencionou qualquer semelhança
entre S. oblata e S. acutifolia var. ynesiana.
Mansano & Tozzi (200 1 ) concluiram que estes
dois táxons são sinônimos.
Swartzia acutifolia var. acutifolia não
apresenta bractéolas, possui gineceu
tomentoso e quase tão largo quanto longo e
fruto fusiforme e mais largo do que longo. S.
oblata apresenta bractéolas inseridas no
pedicelo, gineceu seríceo e 2 a 3 vezes mais
longo do que largo e fruto não fusiforme c
mais longo do que largo. Através de tais
resultados e da consulta dos materiais tipo
concordamos com o posicionamento anterior
de Mansano & Tozzi (200 1 ) e entendemos que
S. oblata apresenta características mais do
que suficientes para permanecer como uma
espécie distinta.
Swartzia oblata é muito semelhante a
S. flaemingii e S. macrostachya. Os folíolos
agudos e cerca de 3 vezes mais longos do que
largos a distinguem destas duas últimas, que
possuem folíolos duas vezes mais longos do
que largos.
Apresenta madeira avermelhada com
ligeira descamação, a copa é ampla e os ramos
são escandentes.
7. Swartzia simplex (Sw.) Spreng., Syst. veg.
4(2): 567. 1825.
Na Reserva é representada apenas por
Swartzia simplex var. ochnacea (D.C.) R.
S. Cowan.
7.1. Swartzia simplex var. ochnacea (DC.)
R.S.Cowan, Fl. Neolrop. Monogr. 1: 178. 1967.
Figura 6.
Árvore ou arvoreta 4-8 m, tronco
preto; ramos glabros. Folha com estipulas
3-6 x 0,5-1 mm, subuladas, pubérulas ou
raramente glabras; pecíolo 0,5- 1 ,5 x 0,3 cm,
glabro; raque 7,5-12,7 cm, alada; asa 0,1-
Rodrigutsia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reser\'a Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, Brasil 109
Figura 6 • Swartzia simplex var. ochnacea (DC.) R. S. Cowan: a - aspecto geral do ramo ( Duarte 3707).
Rodriguésia 55 (85): 95-113. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm
no
0,5 cm; peciólulo maior que 1 mm;folíolol,
4-11 x 2, 5-5, 5 cm, elípticos a ovados, o
terminal, quando presente, maior, cartáceos,
glabros, base atenuada a obtusa, ápice
acuminado, nervura central fortemente
proeminente na face abaxial. Racemo 4,5-
5,5 cm, axilar, eixo glabro; brácteas ca. 1 x
0,5 mm, tomentosas a pubérulas; bractéolas
1-1.5 x 0,5-0,7 cm, deltoides, inseridas na
base do pedicelo, tomentosas a pubérulas;
pedicelos 1,5-3 cm; botões 0,7-1, 3 x 0,6-1
cm. circulares a obtusos, glabros. Flor com
cálice 4-5 lobado, glabro em ambas as faces;
pétala amarela, glabra, unha 3-4 x 2 mm,
lâmina ca. 2,5 x 3-4 cm, reniforme, base
cordada; estames maiores 6-11, glabros,
filetes ca. 1,5 cm, anteras ca. 4x2 mm,
oblongas, estames menores glabros, filetes
0. 7-1 cm, anteras ca. 2 x 1 mm, elípticas;
gineceu glabro, estipe 7-12 mm. ovário, ca.
7-13 x 2-3 mm, encurvado-elíptico, estilete
3-5 mm, terminal, estigma capitado. Legume
3,5-7, 5 x 1,2-2 cm, oblongo-elíptico a oboval,
amarelo, deiscente, sementes pretas e arilo
branco, adocicado.
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD,
estrada da Gávea km 13,7, 19.XI.1982, D. A.
Folli 411 , fl. (CVRD); estrada da Gávea km
13,7, 01.VI.1993, D. A. Folli 1886 , fr.
(CVRD); estrada do Flamengo km 18,7,
01. VI.2001, D. A. Folli 3942 , fr. (CVRD);
estrada da Bicuíba km 1,7, 30.X.2002, D. A.
Folli 4392 , fl. (CVRD).
Material adicional examinado: BRASIL.
ESPÍRITO SANTO: Nova Venécia,
I5.XI.1953, A. P Duarte 3707, fl. (US).
Distribuição c ecologia. Ocorre com
maior abundância na região amazônica
(Cowan 1967). Apresenta uma ampla
distribuição desde a Guatemala até a Colômbia
no oeste da América do Sul c até o estado do
Rio de Janeiro na costa leste. Na Região
Sudeste nota-se claramcnte o Rio de Janeiro
como limite sul de distribuição (Mansano &
Tozzi 1999b). Dentro dos limites da Reserva
Mansano, V. F. & Tozzi, A. M. G A.
Natural da Companhia Vale do Rio Doce este
táxon só foi encontrado na Floresta Alta de
Terra Firme.
Fenologia. Coletada com flores entre
outubro e novembro e com frutos entre junho
ejulho.
Esta variedade se distingue de S. simplex
var. grancliflora por apresentar folhas
unifolioladas, possuir menor porte e tronco mais
escuro.
Observações de campo úteis para o
reconhecimento das espécies de Swartzia
da Reserva Natural da Companhia Vale
do Rio Doce
O aspecto da copa, a coloração e a forma
da descamação da casca são características
extremamente úteis para a identificação das
espécies de Swartzia aqui observadas
(Tabela 1).
As observações de campo encontram-
se registradas na Tabela 1. Swartzia
myrtifolia var. elegans e S. simplex var.
oclmacea são as únicas que não apresentam
casca descamante (Figura 7 f e h). Swartzia
myrtifolia var. elegans é a única espécie que
apresenta cicatrizes dos ramos evidentes
(Figura 7 f).
Swartzia apetala var. apetala e S.
apetala var. glabra (Figura 7 b e c)
distinguem-se na coloração do tronco e da
camada subcortical, sendo que a última
variedade apresenta o subcórtex rajado.
Também podemos distinguir S. simplex var.
oclmacea, que apresenta cerca de 5 m de
altura e tronco preto (Figura 7 h) de S. simplex
var. grancliflora, um táxon muito comum na
Mata Atlântica, porque esta última apresenta
um porte de cerca de 18 m de altura e tronco
cinza.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm l
SciELO/ JBRJ,
Swartzia ( Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, Brasil 1 1 1
Figura 7 - Detalhe da casca das espécies de Swartzia ocorrentes na Reserv a Florestal da Companhia Vale do Rio Doce: a.
S. acutifolia Vogei; b. S. apetala Raddi var. apetala ; c. S. apetala var. glabra (Vogei) R. S. Cowan; d. S. linharensis
Mansano; e. S. macrostachya Benth. var. macrostachya; f. S. myrtifolia var. elegans (Schott) R. S. Cowan; g. 5. oblata R.
S. Cowan; h. S. simplex var. ochnacea DC.) R. S. Cowan.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004
cm ..
1 1 2 Mansano, V. F. & Tozzi. A. M. G A.
Tabela 1 - Características de algumas espécies de Swartzia observadas em campo.
Táxon
Porte
Descamação
da casca
Aspecto externo
c interno do tronco
Padrão de
casca
externa
S. acutifolia var.
acutifolia
árvore 25 m
presente
bege- avermelhado, descamação
retangular ca. 40 cm compr. X 1 0 cm larg.
escamoso
S. apetala var. glabra
árvore 8 m
presente
castanho extemamente c rajado
de vermelho e bege intemamente,
descamação retangular
escamoso
S. apetala var. apetala
árvore 1 2 m
presente
cinza-claro, abaixo castanho-avcrmclhado, escamoso
descamação estreito-retangular
S. linharensis
árvore 1 8 m
presente
castanho-rosado, descamação retangular
escamoso
S. macrostachya var.
inacrostacliya
arvoreta 4 in
presente
cinza-claro, descamante
escamoso
S. myrtifolia var. elegans
árvore 5 m
ausente
cinza com cicatriz dos ramos evidentes
liso
S. oblata
árvore 6 m
presente
avermelhado, descamante
escamoso
S. simplex var. ochnacea
arvoreta 5 m
ausente
preto
liso
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13 14 15 16 17 18
Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce,
Linhares, ES, Brasil
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SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm
A FAMÍLIA PALMAE NA RESERVA BlOLÓGICA DA REPRESA DO GRAMA -
Descoberto, Minas Gerais, Brasil
Marco Otávio Pivari' & Rafada Campostrini Forzza 2
Resumo
(A família Palmae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil) O presente
trabalho trata do levantamento das espécies de Palmae ocorrentes na Reserva Biológica da Represa do
Grama, localizada na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, no município de Descoberto. A Reserva
abrange uma área de 263,8 hectares, de floresta estacionai semidecidual. Foram encontradas para a família
sete espécies distribuídas em seis gêneros: Astrocaryum aculeatissimuin, Attalea oleifera, Bactris vulgaris,
Euterpe cdulis , Geonoma brcvispatlm, G. rubcscens e Syagrus romanzoffiana. São fornecidas chave de
identificação, descrições, ilustrações, dados sobre distribuição geográfica e comentários para cada espécie.
Palavras-chave: Palmae, Arccaceae, Taxonomia, Zona da Mata de Minas Gerais.
Abstract
(The family Palmae in the Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brazil) A
survey consisting of the taxonomic study of the Palmae speeies in the Reserva Biológica da Represa do
Grama, located at the Zona da Mata of Minas Gerais State, in the municipal district of Descoberto. The area
covers 263.8 hectares of stationary semidecidual forest. Six genera and seven speeies were found: Astrocaryum
aculeatissimuin, Attalea oleifera , Bactris vulgaris, Euterpe edulis, Geonoma brcvispatlm, G. rubescens and
Syagrus romanzoffiana. Identification keys, dcscriptions, ilustrations, range, habit and comments for each
speeies are furnished.
Key-words: Palmae, Arecaceae, Taxonomy, Zona da Mata of Minas Gerais.
Introdução
Encravado na porção sudeste do Brasil,
Minas Gerais ocupa cerca de 7% do território
federal e apresenta em seus domínios três
grandes fitofisionomias: a porção centro-
ocidental constituída por áreas de cerrado; a
porção norte coberta por expansões da
caatinga e a porção leste-sudeste constituída
por prolongamentos da floresta atlântica
(Martins 2000).
A região da Zona da Mata é constituída
pelas florestas estacionais semideciduais mon-
tanas e submontanas, que se encontram extre-
mamente fragmentadas devido a diversos tipos
de perturbações como fogo, pecuária, retirada
seletiva de madeira e a crescente expansão
das áreas urbanas (Oliveira-Filho et al. 1994,
Meira-Neto et al. 1997, Silva 2000). Assim, a
grande área de domínio da floresta atlântica,
cuja cobertura original correspondia a 40% do
estado de Minas Gerais, atualmente está
representada por cerca de 3% (CETEC 1987).
Paradoxalmente, poucos estudos florísticos
foram desenvolvidos nesta região. Este fato está
refletido nas coleções científicas que represen-
tam muito pouco da diversidade das matas mi-
neiras e nas poucas publicações que contem-
plam esta região. Dentro desse contexto, o pre-
sente estudo teve como objetivo o levantamento
das espécies de Palmae ocorrentes na Reserva
do Grama, a fim de incrementar o conhe-
cimento sobre a vegetação da Zona da Mata
de Minas Gerais e contribuir para o conheci-
mento taxonômico e biogeográfico da família.
Material e Métodos
A Reserva Biológica da Represa do
Grama localiza-se na Serra do Relógio, Zona
da Mata de Minas Gerais, no Município de
Descoberto (21°25'S -42°56'W), cerca de 100
Artigo recebido em 04/2004. Aceito para publicação em 08/2004.
‘Instituto de Ciências Biológicas, Campus Universitário, Martelos, CEP 36036-330, Juiz de Fora, MG, Brasil -
marcooiavio@bol.com.br
1 Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 9 1 5, CEP 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil - rafaela@jbrj.gov.br
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
116
km ao nordeste de Juiz de Fora. A Reserva
Biológica foi criada em 1971 porém, o processo
teve início em 1911 com a aquisição das terras
para manutenção da floresta e dos recursos
hídricos. A Reserva abrange uma área de
263,8 hectares de floresta estacionai
semidecidual montana que abriga em seu
interior a nascentes de vários córregos, dos
quais ocorre a captação de água para
abastecimento parcial dos municípios de
Descoberto e de São João Nepomuceno
(Menini Neto et al. 2004).
Para o desenvolvimento desse trabalho
foram realizadas expedições periódicas à
Reserva Biológica da Represa do Grama de
agosto de 1999 a janeiro de 2004, onde as
amostras de materiais férteis foram coletadas
e incorporadas à coleção do herbário CESJ.
As descrições e as ilustrações das espécies
foram elaboradas com base nos materiais
coletados na Reserva e a terminologia
morfológica adotada foi baseada as definições
contidas em Radford et al. (1974), Moore &
Uhl (1982) e Uhl & Dransfield (1987).
Resultados e Discussão
A família Palmae apresenta distribuição
pantropical, sendo especialmente diversificada
na Ásia Tropical e América do Sul. Nas
Américas, são encontrados 67 gêneros e
aproximadamente 1.440 espécies, das quais
cerca de 200 espécies e 39 gêneros são
registrados para o Brasil. Para a floresta
atlântica são referidos 10 gêneros e
aproximadamente 40 espécies (Henderson et
al. 1995). Na Reserva Biológica da Represa
Pivari, M. O. & Forzza, R. C.
do Grama, foram encontrados sete espécies e
seis gêneros: Astrocaryum aculeatissimum,
Attalea oleifera , Bactris vul garis. Euterpe
e chilis, Geonoma brevispatha, G rubescens
e Syagrus romanzoffiana.
Segundo Silva (2000), a floresta estacionai
semidecidual submontana e montana madura
apresenta-se com três extratos: dois arbóreos
e um herbáceo-arbustivo. O primeiro que
forma um dossel contínuo tem seu limite em
torno dos 25 metros de altura, o segundo
extrato, com cerca de 15 metros, possui
elementos jovens do primeiro extrato e espécies
próprias. O terceiro extrato é composto por
plântulas, espécies herbáceas e arvoretas que
não ultrapassam 3 metros de altura.
Na Reserva Biológica da Represa do
Grama as espécies de Palmae são encontradas
nos três extratos acima descritos e são
importantes componentes da fisionomia local.
Attalea oleifera é a única espécie que faz
parte do dossel e forma grandes adensamentos
principalmente em áreas de encosta e próximo
de áreas alteradas na borda da Reserva. No
segundo extrato são encontradas Astrocaryum
aculeatissimum e Syagrus romanzoffiana,
ocorrendo principalmente nas áreas mais secas,
e Euterpe edulis que forma grandes
populações ao longo dos diversos cursos d’água
que cortam a área. No extrato herbáceo-
arbustivo ocorrem Bactris vulgaris, da qual
são encontrados indivíduos distribuídos de
forma esparsa e em locais bem drenados, e
Geonoma brevispatha e G rubescens que
ocorrem em locais de solo encharcado, em
geral juntamente com Euterpe edulis.
Chave para identificação das espécies de Palmae ocorrentes na
Reserva Biológica da Represa do Grania
1. Plantas com estipe e folhas armados.
2. Planta com 1.5-2.7 m alt.; folíolos verdes na face abaxial; bráctea peduncular 12-16 cm
compr. 3- Bactris vulgaris
2'. Planta com 4,6-10 m alt.; folíolos cinéreos na face abaxial; bráctea peduncular ca. 60 cm
compr. 1- Astrocaryum aculeatissimum
1’. Plantas com estipe e folhas inermes.
3. Bráctea peduncular 16-42 cm compr.; estipe com cicatrizes foliares dispostas regularmente.
Rodrigutua 55 (85): 1 15-124. 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm ..
A família Palmae na Resena Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil ^
4. Planta solitária; inflorescência glabra, ramificações até segunda ordem
5. Geonoma brevispatha
4’. Planta cespitosa; inflorescência tomentosa, sem ramificações até segunda ordem
6. Geonoma rubescens
3’. Brácteapeduncular maior que 1 mcompr.;estipe com cicatrizes foliares dispostas irregularmente.
5. Folíolos em diferentes planos, distribuídos irregularmente ao longo da raque
7. Syagrus romanzoffiana
5’. Folíolos em um único plano, distribuídos regularmente ao longo da raque.
6. Raquilas 17-23 cm compr.; frutos 5,6-6,3 cm compr. 2. Attalea oleifera
6’. Raquilas 71-88 cm compr.; frutos 1,2- 1,5 cm compr. 4. Euterpe edulis
1. Astrocaryum aculeatissimum (Schott)
Burret., Repert.Spec. Nov. Regni Veg. 35: 152.
1934.
Plantas 4,6-10 m alt., cespitosas. Estipe
ca. 5 m compr., até 28 cm diâm., ereto,
enegrecido, cicatrizes foliares pouco evidentes,
densamente armado, acúleos ca. 4 cm compr.
Folhas 6-8; 2,5-5 m compr., algumas vezes
marcescentes; bainha ca. 80 cm, nigrescente,
margem fibrosa, armada, acúleos 3-4 cm
compr.; pecíolo ca. 160 x l,3cm,subcilíndrico,
acúleos negros, com até 4,1 cm compr.; raque
ca. 2,2 m compr., armada, acúleos com até 4,5
cm compr.; folíolos 48-53, discolores, cinéreos
na face abaxial, distribuídos regularmente na
raque, dispostos em um ou mais planos,
medianos 42-48 x 0.9- 1, 1 cm, ápice acuminado,
margem aculeada, acúleos ca. 2 mm. Inflores-
cência pendente, interfoliar; profiloca. 2,5 x 8
cm, pardo, recoberto por tricomas alvos; bráctea
peduncular ca. 60 x 6 cm, fibrosa, parda,
armada, acúleos ca. 2,8 cm compr.; raque ca.
50 cm compr., ca. 8 cm diâm., armado, acúleos
ca. 2 mm compr.; raquilas 30-39, 5-14 cm
compr., inermes. Flores estaminadas ca. 6 x 4
mm compr., amarelas; sépalas ca. 1 x 1 mm,
hialinas; pétalas ca. 6 x 2-3 mm, acuminadas;
estames 6, epipétalos, filetes ca. 1,5 mm
compr., anteras ca. I mm compr., dorsifixas.
Flores pistiladas ca. 5 x 3 mm compr., amarelas;
sépalas menores que 1 mm, elípticas; pétalas
ca. 5 x 2 mm, acuminadas; pistilo ca. 2 mm
compr. Frutos 5,5-6,5 cm compr., rostro 4-6
mm; perianto persistente; epicarpo ca. 2 mm
espessura, lenhoso, castanho, recoberto por
acúleos de 1-3 mm compr. e escamas
Rodriguésia 55 (85): 115-124. 2004
ferrugíneas; mesocarpo ca. 2 mm. de espes-
sura, fibroso, creme; endocarpo papiráceo,
nigrescente. Semente 1; endosperma líquido,
adocicado e transparente.
Nome popular local: brejaúba.
Material examinado: BRASIL, MINAS
GERAIS: Descoberto: Reserva Biológica da
Represa do Grama: V.2001, Fazza et ai 7, fl.
e fr. (CESJ); III.2002., Forzza et al. 2093, fl.
(CESJ, RB, SPF).
O gênero Astrocaryum reúne 18 espécies
que se caracterizam por apresentar estipe,
folhas e brácteas pedunculares densamente
armados. Ocorre do México ao Brasil, com
centro de diversidade na região amazônica. Na
floresta atlântica o gênero é representado
apenas por A. aculeatissimum, que pode ser
encontrada desde a Bahia até o Paraná
preferencialmente nas florestas úmidas em
locais não inundáveis ou em áreas de pastagem
(Henderson et al. 1995).
Astrocaryum aculeatissimum diferencia-
se das demais Palmae da Reserva por ser uma
planta cespitosa de estipe densamente armado,
além de possuir folíolos regularmente
distribuídos em um ou mais planos e
inflorescência interfoliar. Na área estudada, a
espécie ocorre preferencialmente nas encostas
mais íngremes e forma densas populações.
As folhas de A. aculeatissimum são
empregadas na confecção de vassouras e
chapéus, assim como na construção de casas
e o caule é utilizado por algumas populações
indígenas para confeccionar o arco-e-flecha
(Noblick 1991). O endosperma líquido por sua
vez é usado na medicina popular local.
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
Pivari, Aí. O. & Forzza, R. C.
ocorrentes na Reserva por apresentar grandes
estipes solitários, sendo esta a maior e mais
comum das espécies encontradas na paisagem
da área de estudo. Nota-se os folíolos
distribuídos regularmente em um único plano,
folhas divergentes e decíduas, além de
inflorescência pendente e interfoliar.
Attalea oleifera ocorre na costa atlântica
do Brasil, nas Regiões Sudeste e Nordeste,
normalmente em áreas florestais chegando ao
cerrado até 800 m de altitude. Glassman (1977)
cita A. oleifera para o estado de Goiás,
apontando sua grande semelhança com A.
burretiana Bondar. Segundo Anderson &
Balick (1988), A. oleifera pode ocorrer em
áreas degradadas sendo que as suas
populações crescem de tal forma, que chegam
a constituir elemento dominante da paisagem.
Este fato é observado em algumas encostas
da Reserva onde a floresta se encontra mais
alterada.
As folhas desta palmeira são geralmente
utilizadas para construção de sapés. Já as
castanhas, são consumidas cruas ou assadas
e seu óleo é empregado no preparo de doces
(Henderson et al. 1995, Pinheiro & Balick
1987). A população local utiliza as folhas para
cobertura de casas e confecção de vassouras,
além de consumir o palmito e os frutos.
118
2. Attalea oleifera Barb. Rodr., Nov. Res.
Bras. Rio de Janeiro 7: 123. 1881.
Figura 1 : a-b
Plantas 10-13 m alt., solitárias. Estipe 6-
10 m compr., ca. 1.10 m diâm., ereto, pardo,
com cicatrizes foliares dispostas irregularmente,
inerme. Folhas 12-16, ca. 5,9 m compr.,
algumas marcescentes; bainha 0,9- 1,3 x 0,6-
0,8 m, fibrosa, pardacenta, inerme; pecíolo ca.
70 x 8 cm, quadrangular, lepidoto, cinéreo na
face abaxial; raque ca. 4 m compr., inerme;
folíolos 144-197, discolores, distribuídos
regularmente em um único plano, medianos 89-
98 x 5-6 cm, ápice acuminado a assimétrico,
margem lisa. Inflorescência arqueada-
pendente, interfoliar; profilo não observado;
bráctea peduncular ca. 160 x 18 cm, lenhosa,
lepidota, cinérea, inerme; raque ca. 103 cm
compr., ca. 11 cm diam., inerme; raquilas ca.
78, 17-23 cm compr., inermes. Flores
estaminadas 16-22 x 6-9 mm, creme; sépalas
1-3 x 1-2 mm, acuminadas; pétalas 15-20 x 2-
5 mm, acuminadas; estames 9, livres, filetes
ca. 9 mm compr., anteras ca. 4 mm compr.,
dorsifixas. Flores pistiladas 3-4,3 x 1 ,8-2, 1 cm,
creme; sépalas 2, 5-2, 9 x 1, 7-2,0 cm,
triangulares; pétalas 3-4,1 x 1,5-1, 8 cm,
triangulares; anel de estaminódios ca. 1 cm
compr.; pistilo não observado. Frutos 5,6-6,3
cm compr., 2,3-3, 1 cm diâm., perianto
persistente; epicarpo 2-3 mm de espessura,
fibroso, recoberto por indumento castanho;
mesocarpo 4-6 mm de espessura, fibroso,
castanho; endocarpo 5-6 mm de espessura,
lenhoso, castanho. Semente 1-2; endosperma
carnoso, homogêneo, alvo.
Nome popular local: indaiá
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: IX.2001, Fazza et al. 6,
fl. e fr. (CESJ); 111.2002, Forzza et al. 2092,
fr. (CESJ, RB).
O gênero Attalea é composto por 29
espécies, das quais nove ocorrem nos domínios
da floresta atlântica (Henderson et al. 1995).
Attalea oleifera pode ser facilmente
diferenciada das demais espécies da família
3. Bactris vtilgaris Barb. Rodr., Enum. Palm.
Nov. Prot. Append.: 42. 1879.
Figura 1: c-d
Plantas 1,5-2, 7 m alt., cespitosas.
Geralmente sem estipe ou algumas vezes com
estipe até 1 ,4 m compr. e ca. 9 cm diâm., ereto
a arqueado, pardacento, cicatrizes foliares
pouco evidentes, armado; acúleos ca. 3,6 cm
compr. Folhas 3-9; ca. 1 ,55 m compr., algumas
marcescentes; bainha ca. 23 x 9 cm, fibrosa,
ferrugínea. armada, acúleos negros, 0.5-2.9 cm
compr.; pccíolo 45-64 x 0,6-1 cm. cilíndrico,
armado, acúleos negros, 0,3-4, 5 cm compr.;
raque ca. 1,4 m compr., armada; folíolos 25-
30, verdes em ambas as faces, distribuídos
irregularmente e dispostos em diferentes
planos; folíolos medianos 27-29 x 2 cm, ápice
Ri>dri$ué\ia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
A família Palmae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto. Minas Gerais, Brasil
1 19
Figura 1 - Attalea oleifera Barb. Rodr.: a - hábito; b - fruto. Bactris vttlgaris Barb. Rodr.: c - parte da folha, bráctea
peduiicular e frutos; d - parle do pccíolo. Geonoma rubescens Barb. Rodr.: c - folha, bráctea pedunculare inflorescência.
Rodri S uésia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004
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cm ..
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acuminado, margem aculeada, acúleos 1-2 mm
compr. Inflorescência pendente, interfoliar;
profilo 10-12 x 1,2-1, 8 cm, paleáceo, inerme;
bráctea peduncular 12-16 x 1, 6-2,2 cm, fibrosa,
parda, densamente aculeada, acúleos negros,
ca. 1,3 cm compr.; raque ca. 19 cm compr., 5-
8 mm diâm., inerme; raquilas 6-8, ca. 14 cm
compr., inermes. Flores não observadas. Frutos
1,6-1, 9 cm compr., ca. 6,5 cm diâm., perianto
persistente; epicarpo 0,5 mm espessura,
fibroso, castanho, glabro; mesocarpo ca. 1 mm
de espessura, lenhoso, castanho; endocarpo
ca. 1 mm de espessura, fibroso, pardo. Semente
1; endosperma carnoso, homogêneo alvo.
Nome popular local: brejaubinha.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: X.2001, Fazza et al. 35, fr.
(CESJ); IV.2002, Pivari et al. 92, fr. (CESJ);
IX. 2002, Meireles et al. 1169, fr. (CESJ).
Bactris é constituído por 64 espécies com
ampla distribuição nas Américas, ocorrendo do
México ao Paraguai em áreas florestais,
geralmente próximo a cursos d’água, savanas
e áreas degradadas. Para floresta atlântica são
registradas 13 espécies (Henderson et al.
1995).
Os indivíduos de B. vulgaris diferenciam-
se na área estudada pelo hábito cespitoso e
acaulescente, embora algumas vezes possa
apresentar caules de até 1 ,4 m de comprimento.
As folhas são densamente armadas e os
folíolos são irregularmente distribuídos em
diferentes planos. B. vulgaris distribui-se pela
costa Atlântica do Brasil, nos estados da Região
Sudeste e Bahia, ocorrendo normalmente no
interior de florestas úmidas em áreas não
inundáveis, abaixo de 700 m de altitude
(Henderson et al. 1995).
Na Reserva esta espécie é a menos
freqüente dentre as palmeiras e não a relatos
de sua utilização pela população local.
4. Euterpe cdulis Mart., Hist. Nat. Palm.
2(2):33. t. 32. 1823.
Plantas 12-15 malt., solitárias. Estipcca.
12 m compr. e 43-47 cm diâm., ereto, castanho-
cinéreo, cicatrizes foliares dispostas
Pivari. M. O. & Forzza. R. C.
irregularmente, inerme. Folhas 8-15; l,3-2,4 m
compr., algumas marcescentes; bainha ca. 1,5
m x 19 cm, fibrosa, pardacenta, inerme; pecíolo
ca. 29 x 3 cm, triangular, canaliculado, inerme;
raque ca. 1 m compr., face abaxial coberta
por indumento ferrugíneo; folíolos 44-83,
discolores, regularmente distribuídos e
dispostos em um plano, medianos 73-94 x 2-3
cm, ápice acuminado, margem lisa.
Inflorescência pendente, infrafoliar; profilo não
observado; bráctea peduncular ca. 105 x 10
cm. cartácea, ferrugínea, inerme; raque ca. 86
cm compr., 5 cm diâm., inerme; raquilas
numerosas, 71-88 cm compr., inermes. Flores
estaminadas 5-7 x 2-3 mm, creme; sépalas 2 x
1 mm, acuminadas; pétalas 4-6 x 2 mm,
elípticas a lanceoladas; estames 6, livres, filetes
2-3 mm compr., anteras 4-5 mm compr.,
dorsifixas. Flores pistiladas ca. 5 x 4 mm.
creme; sépalas ca. 3 x 4 mm. elípticas; pétalas
3 x 3-4 mm compr., elípticas; estaminódios 3,
ca. 1 mm compr.; pistilo 2-3 mm compr. Frutos
1 ,2- 1 ,5 cm compr., 1, 1 - 1 ,4 cm diâm., perianto
persistente; epicarpo ca. 1 mm de espessura,
fibroso, castanho, glabro; mesocarpo ca. 1 mm
de espessura, fibroso, esverdeado; endocarpo
ca. 1 mm de espessura, fibroso, amarelo.
Semente 1; endosperma carnoso, com
reentrância mediana, alvo.
Nome popular local: palmito-juçara
Material examinado: BRASIL, MINAS
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: III.2001, Fazza et al. 4,
fl. (CESJ); V.2001, Fazza et al. 3. fr. (CESJ).
O gênero Euter/ie é composto por sete
espécies que se distribuem da América Central
à América do Sul, sendo E. cdulis a única a
ocorrer nos domínios da floresta atlântica
brasileira, entre os estados do Rio Grande do
Norte ao Rio Grande do Sul, além de Argentina
e Paraguai (Henderson et al. 1995).
Euterpe edulis é de fácil reconhecimento
devido ao longo estipe (12-15 m), solitário,
inerme, além de apresentar inflorescência
infrafoliar. Forma grandes populações em geral
próximo de cursos d’água ou em áreas de
pastagens nas proximidades da Reserva.
Rodriguivia 55 (85): 115-124 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
A família Palmae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
121
O palmito obtido de E. edulis é Iar-
gamente utilizado na culinária brasileira devido
a seu apreciado paladar. O extrativismo exa-
cerbado ao longo dos séculos, vem contribuindo
para diminuição acentuada das populações
desta espécie levando a inclusão da mesma
na Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção
da Flora de Minas Gerais (Mendonça & Lins
2000) e na Lista Oficial do IBAMA (Mello-
Filhof/fl/. 1992). O extrativismo de palmito é
uma das maiores ameaças à integridade da
Reserva e vem contribuindo de forma acele-
rada para abertura de novas trilhas e clareiras.
5. Geonoma brevispatha Barb. Rodr., Enum.
Palm. Nov. Prot. Append.: 41. 1879.
Plantas 2,5-5 m alt., solitárias. Estipe 1 ,5-3
m compr. e 25-32 cm diâm., ereto a levemente
arqueado, castanho-cinéreo, cicatrizes foliares
evidentes, distribuídas regularmente, inerme.
Folhas 14-19; 1-1,3 mcompr.; bainha ca. 31 x5
cm, fibrosa, ferrugínea, inerme; pecíolo ca. 40 x
0,8 cm, triangular, canaliculado, inerme; raque
ca. 66 cm compr., inerme; folíolos 22-24, verdes
em ambas faces, regularmente distribuídos e
dispostos em um único plano, medianos 32-46 x
1, 3-2,0 cm. ápice geralmente acuminado,
margem lisa. Inflorescência arqueada, interfoliar,
profilo não observado; bráctea peduncular 31-
42 x 3-4 cm, membranácea a fibrosa, parda,
inerme; raque ca. 74 cm compr., 3,5-4 cm diâm.,
inerme; raquilas 8-23, 23-34 cm compr., inermes,
com ramificações de segunda ordem. Flores
estaminadas ca. 3 x 2 mm, creme; sépalas ca. 2
x 1 mm, acuminadas; pétalas ca. 2 x 1 mm,
acuminadas; estames 6, monadelfos, filetes ca.
2 mm compr., anteras ca. 1,5 mm compr. Flores
pistiladas 4x2 mm. creme; sépalas 2-3 x 2 mm.
carenadas; pétalas ca. 4x2 mm; pistilo ca. 1
mm compr. Frutos ca. 1 cm compr., 7-8 mm
diâm., perianto decíduo; epicarpo ca. 1 mm de
espessura, lenhoso, nigrescente, glabro;
mesocarpo ca. 1 mm de espessura, fibroso,
castanho; endocarpo ca. 1 mm de espessura,
fibroso, pardo. Semente 1 ; endosperma carnoso,
homogêneo, alvo.
Nome popular local: sem relatos.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004
Material examinado: BRASIL, MINAS
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: V.2001, Fazza et ai 2, fl.
e fr. (CESJ); IX.2001, Fazza et ai 5, fi. e fr.
(CESJ); 1.2001, Forzza et ai 1748, fl. e fr.
(CESJ); IV.2002, Pivari et ai 91, fl.(CESJ).
Segundo Henderson (1995), o gênero
Geonoma reúne 5 1 espécies distribuídas por
toda a América Tropical. Para a floresta
atlântica são registradas oito espécies, das quais
duas ocorrem na Reserva: G brevispatha e
G. ntbescens.
Geonoma brevispatha apresenta
grandes populações na área ocorrendo
preferencialmente próximos a cursos d’água.
São solitárias e apresentam porte médio (até 5
m de altura), com folíolos regularmente
distribuídos em um único plano e inflorescência
interfoliar. A espécie apresenta ampla
distribuição geográfica, ocorrendo na floresta
atlântica. Planalto Central, Peru, Bolívia e
Paraguai, em florestas úmidas, florestas de
galeria ou áreas pantanosas entre 400 e 1.600
m de altitude, normalmente associada a cursos
d’água (Henderson et ai 1995).
Geonoma brevispatha possui duas
variedades: G brevispatha var. brevispatha
e G brevispatha var. occidentalis, que se
diferenciam pelos folíolos, posição da
inflorescência e distribuição geográfica
(Henderson et ai 1995). Segundo este mesmo
autor, o complexo formado por G brevispatha,
G. pohliana, G. gamiova e G. schottiana
necessita de estudos mais detalhados uma vez
que estas espécies parecem apresentar um
continuo nas variações morfológicas.
As folhas desta espécie são utilizadas
para cobertura de abrigos e confecção de
cestos, além do caule que pode ser empregado
como cabo para ferramentas (Wessels Bôer
1968, Pinheiro &Balick 1987).
6. Geonoma rubescens H. Wendl. ex Drude,
Fl. bras. 3(2): 491.1882.
Figura 1: e
Plantas ca. 1 , 16 m alt., cespitosas. Estipe
geralmente ausente, quando presente com até
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
122
15 cm alt. e ca. 8 cm diâm., ereto; castanho,
cicatrizes foliares sulcadas evidentes, ca. 1 cm
larg., dispostas regularmente, inerme. Folhas
ca. 8; 70-106 cm compr., marcescentes não
observadas; bainha 7-10 x 2,7-3 cm, fibrosa,
parda, inerme; pecíolo 42-56 cm compr.,
triangular canaliculado, inerme; raque 22,5-26,5
cm compr., inerme; folíolos 3-5, verdes em
ambas faces, irregularmente distribuídos e
dispostos em um único plano, medianos 27-35
x 3,2-4, 1 cm, ápice acuminado, margem lisa.
Infiorescência arqueada, interfoliar; profilo não
observado; bráctea peduncular 16-20x 1, 6-2,3
cm, fibrosa, recoberta por indumento
ferrugíneo; raque 2 1-24 cm compr., ca. 1,1 cm
diâm., densamente recoberto por indumento
ferrugíneo; raquilas 2-3, 19-24 cm compr.,
densamerite recobertas por indumento
ferrugíneo, sem ramificações de segunda
ordem. Flores estaminadas ca. 4 x 3 mm,
creme; sépalas ca. 3 x 1 mm, acuminadas;
pétalas ca. 4 x 2 mm, elípticas; estames 6,
monadelfos, filetes ca. 3 mm compr., anteras
ca. 1 mm compr., dorsifixas. Flores pistiladas
ca. 5 x 4 mm, creme; sépalas ca. 3 x 2 mm,
carenadas; pétalas ca. 4 x 2 mm, elípticas;
pistilo ca. 4 mm compr. Frutos ca. 1,6 cm
compr., ca. 1,5 cm diâm., perianto persistente;
epicarpo ca. 1 mm de espessura, lenhoso,
nigrescente, glabro; mesocarpo ca. 1 mm de
espessura; endocarpo ca. 1 mm de espessura,
fibroso, pardo. Semente l; endosperma
carnoso, homogêneo, alvo.
Nome popular local: sem relatos.
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da
Represa do Grama: II. 2000, Faria et al. 71,
fi. (CESJ); XII. 2001, Castro et al. 737 . fi.
(CESJ, RB, SPF); IX.2002, Forzza et. al 2242,
fl. e fr. (BHCB, CESJ, MBM, SPF); X.2002,
Lopes et al. 46, fl. (CESJ, CTES).
Geonoma rubescens pode ser dife-
renciada de G. brevispatha e das demais
espécies de Palmae da Reserva pelo hábito
cespitoso, presença de poucos e largos folíolos
(Figura 1 e), além de infiorescência interfoliar,
com raquilas não ramificadas cm segunda
Pivari, M. O. & Forzza, R. C.
ordem sendo toda densamente coberta por
indumento ferrugíneo.
Tal espécie apresenta-se distribuída pela
costa atlântica do Brasil nos estados de
Pernambuco a Santa Catarina. Ocorre no in-
terior de florestas úmidas em solos encharca-
dos ou bem drenados variando de argilosos a
areníticos (Henderson et al. 1995).
7. Syagrus romanzoffiana (Chain.)
Glassman, Fieldiana, Bot. 31(17): 382. 1968.
Plantas ca. 16 m alt., solitárias. Estipe ca.
5 m compr. e até 1 m diâm., ereto, cinéreo- alvo,
cicatrizes foliares dispostas irregularmente,
inerme. Folhas 14-18; ca. 5,7 m compr., algumas
marcescentes; bainha 1,5-2 x 0,6 m, fibrosa,
pardacenta, inerme; pecíolo ca. 98 x 6 cm,
subcilíndrico canaliculado, inerme; raque 2,8-3,3
m compr., inerme; folíolos ca. 204, discolores,
distribuídos irregularmente e dispostos em
diferentes planos, com nervura mediana amarela;
folíolos medianos 114-118 x 4,I-4,8 cm, ápice
acuminado a assimétrico, margem lisa.
Infiorescência pendente, interfoliar; profilo não
observado; bráctea peduncular 1 30- 1 40 x 30 cm,
lenhosa, amarela, inerme; raque 1,4- 1,5 m, ca.
1 2 cm diâm., inerme; raquilas numerosas, ca. 32
cm compr., inermes. Flores estaminadas 9-14 x
5-8 mm, creme; sépalas 1-2x1 mm, acuminadas;
pétalas 8-12 x 3-5 mm, acuminadas; estames-
6, dialistêmones; filetes 1-3 mm compr.;
anteras 5-7 mm compr., dorsifixas. Flores
pistiladas creme, 7-11 x 6 mm; sépalas ca. 6 x
4 mm, ápice agudo; pétalas ca. 7 x 5 mm, ápice
agudo; pistilo ca. 7 mm compr. Frutos 1, 9-2,2
cm compr., ca. 2 cm diâm, perianto decíduo;
epicarpo 1-2 mm de espessura, fibroso,
alaranjado, coberto por mucilagem; mesocarpo
ca. 1 mm de espessura, fibroso a carnoso, pardo,
mucilaginoso; endocarpo ca. 1 mm de
espessura, lenhoso, castanho. Semente 1;
endosperma carnoso, homogêneo, alvo.
Nome popular local: coquinho-babão
Material examinado: BRASIL. MINAS
GERAIS: Descoberto: Reserva Biológica da
Represa do Grama: IX.2(X)1, Fa zza et al. 7,
fi. e fr. (CESJ).
Rodriguésia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14
A família Palmae na Resenha Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil
123
O gênero Syagrus apresenta 30 espécies
distribuídas na América do Sul, com maior
diversidade na região central do Brasil. Para
os domínios de floresta atlântica são registradas
14 espécies. (Henderson et ai 1995).
Syagrus romanzoffiana distribui-se pela
costa brasileira, avançando para o interior do
continente até os estados de Goiás, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Paraguai,
Argentina e Uruguai. Apresenta grande
amplitude ecológica ocorrendo em diferentes
ecossistemas (Henderson et al. 1995). Na
Reserva foram encontrados poucos indivíduos
em áreas extremamente alteradas.
Esta espécie é utilizada em muitos países
como planta ornamental, devido ao aspecto
majestoso, que lhe conferiu o chamativo de
“palmeira-rainha” (Marcato & Pirani 1999).
Na Região da Reserva a população local utiliza
os frutos na alimentação.
Agradecimentos
Os autores agradecem a FAPEM1G e a
Universidade Federal de Juiz de Fora pelas
bolsas concedidas. A Patrícia Carneiro Lobo
Faria, coordenadora do Projeto e ao Sr. Luiz,
mateiro da Reserva, por toda ajuda no trabalho
de campo c na coletas das palmeiras. Ao João
Marcelo de Alvarenga Braga, Ricardo
Carneiro da Cunha Reis e dois assessores
anônimos pela leitura e sugestões.
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■SciELO/JBRJ
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Pivari, M. O. & Forzza, R. C.
vernacular names, compiled and translated
from Pio Corrêa’s “Dicionário das plantas
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with updated nomenclature and added
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Rodriguésia 55 (85): 115-124. 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil * 1
Clciudine M. Mynssen 1 & Paulo G. Windisch 3
Resumo
(Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil) A Reserva Rio das Pedras situa-se no
Município de Mangaratiba, estado do Rio de Janeiro, nas coordenadas 22°59’S e 44°05’ W, com cerca de 1 .260
ha. É uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), de propriedade do Clube Mediterranée,
compreendendo um remanescente de Floresta Atlântica e altitudes que variam de 20 a 1.050 m alt., em
diversos estágios de regeneração decorrentes de ações antrópicas distintas. A análise da flora pteridofítica
indica a ocorrência de 17 famílias, 45 géneros e 1 17 espécies. São apresentadas chaves de identificação e
comentários para os táxons encontrados.
Palavras-chave: Pteridófitas, Floresta Atlântica, Rio de Janeiro.
Abstract
(Pterodophytes of the Rio das Pedras Reserve, Mangaratiba, RJ, Brazil) Rio das Pedras Reserve is located in
the Municipality of Mangaratiba, State of Rio de Janeiro, in the coordinates 22°59’S and 44°05’ W, vvith about
1260 ha. It is a Private Reserve (RPPN), which belongs to Club Mediterranée. The area is a remainder of
Atlantic Pluvial Forest of several stages in succession, with altitudes from 20 to 1050 meters. The analysis of
the pteridophyte flora indicates the occurrence of 17 families, 45 genera and 1 17 species. Identification keys
for families and species of the area are presented.
Key-words: Pteridophyte, Atlantic Forest, Rio de Janeiro,
Introdução
As pteridófitas estão representadas no
continente americano por cerca de 3.250
espécies, das quais 3.000 estão presentes no
Neotrópico, sendo que no sudeste/sul do Brasil
ocorrem aproximadamente 600 espécies, a
maioria localizada nas florestas úmidas da Serra
do Mar (Tryon & Tryon 1982). No passado, a
costa atlântica brasileira era formada por uma
faixa continua de Floresta Atlântica que se
estendia do norte ao sul do Brasil, mas atualmente
este bioma é um dos mais ameaçados pelos
constantes desmatamentos e seus remanescen-
tes encontram-se representados em boa perte
por florestas secundárias. Como já indicado por
Smith (1962), Tryon (1972), Mori ctal. (1981),
entre outros autores, tais remanescentes fazem
parte dos principais centros de endemismo e
especiação na América Tropical.
Ao longo dos anos, vários trabalhos sobre
as pteridófitas foram desenvolvidos a fim de
se conhecer os remanescentes de Floresta
Atlântica no estado do Rio de Janeiro. Destes
destacam-se Vellozo (1825-1827), que
elaborou a Flora Fluminensis; Rizzini (1953-
54) com a sua Flora Organensis; Brade (1956)
que estudou a flora de Itatiaia. Mais
recentemente têm-se os trabalhos de Mynssen
& Sylvestre (2001), Mynssen et al. (2002),
Sylvestre (1997 a, b), Santos et al. (2004).
Este trabalho foi desenvolvido na Reserva
Rio das Pedras (RRP), situada no Município de
Mangaratiba, representando um remanescente
de Floresta Atlântica da região litorânea, ao
sul do estado do Rio de Janeiro.
Este estudo teve como objetivo contribuir
para o conhecimento da flora pteridofítica do
estado do Rio de Janeiro a partir do
levantamento de um remanescente de Floresta
Atlântica. Além disso, elaborar chaves
dicotômicas para a identificação dos táxons
encontrados.
Artigo recebido cm OS/2004. Aceito para publicação cm 10/2004.
' Parte de Dissertação de Mestrado, MN/ UFRJ (CAPES)
: Pesquisadora, Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão 915, Jardim Botânico. Rio
de Janeiro - RJ — Brasil CEP 22460-030. cmynssen@jbrj.gov.br
1 Prof. Titular. PPG - Biologia, UNISINOS. São Leopoldo - RS - Brasil CEP 90022-000 Bolsita PC/ CNPq.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
126
Mynssen, C. M. & Wndisch. P. G
Material e Métodos
A Reserva Rio das Pedras (RRP), locali-
zada no Município de Mangaratiba (22°59’S -
44°05’ W) na região sul do estado do Rio de Ja-
neiro, com acesso pelo km 55 da Rodovia BR-
1 0 1 Rio/Santos. Trata-se de uma Reserva Parti-
cular do Patrimônio Natural (RPPN) de proprie-
dade do Club Mediterranée do Brasil e compre-
ende uma área de 1 .260 ha e altitudes que variam
de 20 a 1 .050 m alt. (Fig. 1 ). Vários trechos desta
área foram utilizados no cultivo de bananeiras e
atualmente ainda são encontrados resquícios des-
ta cultura em algumas regiões até cerca de
500 m alt. A bacia do rio Grande corta a RRP
como um divisor de sua área e seus afluentes
tomam algumas regiões úmidas com grande nú-
mero de espécies herbáceas, epífitas e árvores
de até 40 m de altura e cerca de 45 cm DAP
(diâmetro a altura do peito). No interior da
floresta ocorrem afloramentos rochosos cerca
de 1Ò m de altura cobertos por espécimes
herbáceos, área com dossel fechado e bosque
sombrio. No Pico do Corisquinho, localizado a
450 m alt., há grande incidência solar e a
vegetação é xerófita. O clima é subquente
(Nimer, apud Vidal 1995) com temperaturas
médias anuais de 22°C e temperatura máxima
absoluta de 38°C. A grande variação de altitude
próxima ao litoral é responsável pela alta
precipitação pluviométrica no local, sendo que
a época de precipitação máxima corresponde
aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
O levantamento florístico foi realizado
durante dois anos com excursões quinzenais e
coletas ao acaso ao longo das dez trilhas existen-
tes e suas adjacências. Estima-se que aproxi-
madamente 40% da área total da Reserva
tenha sido amostrada. Os espécimes foram her-
borizados segundo técnicas usuais (Windisch 1992
a) e incorporados aos acervos dos Herbários da
Universidade Santa Úrsula (RUSU) e do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro (RB).
Os táxons foram identificados a partir de
bibliografia específica indicada ao final do tra-
tamento de cada família. Adotou-se o sistema
de classificação proposto por Kramer & Green
EDIFICAÇÀO
— BR- 101
AFLORAMENTO
ROCHOSO
DRENAGEM
CURVA DE NlVEL
•«u PONTO COTADO
TRILHAS .
(I) TRILHA DO MIRANTE
<21 TRILHA DA TOCA DA ARANHA
(J) TRILHA DAS BROMfLIAS
(4) TRILHA DAS BORBOLETAS
(5) TRILHA DO CAMBUCÀ
0 300 1000 m
16) TRILHA DA LAGOA SECA
O) TRILHA DO CORISQUINHO
<*) TRILHA DO TIÃO
(M TRILHA DA CACHOEIRA
( 10) TRILHA DO CORISCO
Figura 1 - Mapa da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ. Modificado de Agrofoto Acrofotogrametria S/A
(1999).
Rodriguésia 55 (85): 125-156. 2004
-SciELO/ JBRJ
Pteridófitas da Resena Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil
127
(1990) com as seguintes exceções: em
Cyatheaceae utilizou-se a proposta de Lellinger
(1987) e em Vittariaceae adotou-se Crane
(1997). As abreviaturas de autores seguem
Pichi-Sermolli (1996). Os comentários foram
feitos a partir das obsevações de campo, de
aspectos relevantes encontrados na literatura
e foram mencionadas as faixas de altitude (m
alt.) onde os espécimes foram observados.
Resultados e Discussão
A flora pteridofítica da Reserva Rio das
Pedras é composta por 1 17 espécies, perten-
centes a 45 gêneros e 17 famílias.
Chave para identificação das famílias encontradas
1- Caule com micrófilos, estrutura foliar uninérvia
2- Microfilo com uma só forma, disposição radial Lycopodiaceae
2’- Microfilo com duas ou mais formas, disposição dorsiventral Selaginellaceae
1’- Caule com megafilos, estrutura foliar com nervuras ramificadas
3- Mesofilo foliar constituído por uma única camada de células; indúsio tubular ou bilabiado
Hymenophyllaceae
3’- Mesofilo foliar constituído por mais de uma camada de células; indúsio nunca tubular ou
bilabiado
4- Planta com caule globoso; estipulas presentes ao redor da inserção do estípite; esporângios
organizados em sinângios Marattiaceae
4’- Planta com caule nunca globoso; estipulas ausentes; esporângios nunca organizados em
sinângios
5- Fronde pseudo-dicotomicamente dividida Gleicheniaceae
5’-Fronde nunca pseudo-dicotomicamente dividida
6- Plantas em geral arborescentes, caule ereto Cyatheaceae
6’- Plantas herbáceas ou subarborescente, caule ereto, decumbente ou escandente
7- Plantas com soros localizados em duas pinas basais modificadas formando
espigas ou nas margens modificadas do segmento Schizaeaceae
7’- Plantas com soros de formas diferentes
8- Soros cobrindo inteiramente a face abaxial da fronde, frondes dimorfas
Lomariopsidaceae
8’- Soros geralmente não cobrindo inteiramente a face abaxial da fronde, ou se
cobrindo frondes monomorfas
9- Caule com escamas totalmente clatradas, soros alongados a elípticos
10- Soros indusiados, venação livre Aspleniaceae
10’- Soros exindusiados, venação anastomosada Vittariaceae
9’- Caule com escamas não clatradas, soros alongados ou cobrindo comple-
tamente a face abaxial de fronde ou, se clatradas, soros arredondados
1 1- Soros lineares margeando os dois lados da costa Blechnaceae
IP- Soros não lineares e nunca com esta disposição
1 2- Estípite articulado ao caule, sobre filopódio, apresentando nítida
área de inserção Polypodiaceae
12’- Estípite não articulado ao caule, não formando filopódio, sem
área nítida de inserção
13- Lâmina pinada, pina articulada Nephrolepidaceae
13’- Lâmina simples, pinada ou pinado-pinatífida, pina não articulada
14- Caule coberto por pêlos; soros marginais
Dennstaedtiaceae
14’- Caule coberto por escamas ou, se coberto por tricomas, então soros não marginais
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
ciELO/JBRJ
128
Mynssen, C. M. & Windisch, P. G
15- Soros marginais ou acompanhando as nervuras e sem indusios ou se cobrindo a superfície
abaxial da lâmina com indumento farináceo branco Pteridaceae
15’- Soros nunca marginais ou acompanhando as nervuras e indusiados ou, se cobrindo a superfície
abaxial da lâmina, nunca com indumento farináceo branco
16- Estípite somente com dois feixes vasculares Thelypteridaceae
16’- Estípite com um ou mais de dois feixes vasculares Dryopteridaceae
Aspleniaceae
A família Aspleniaceae possui cerca de
700 espécies distribuídas preferencialmente na
região tropical (Tryon & Stolze 1993). Segundo
Sylvestre (200 1 ), as espécies brasileiras ocorrem
desde o nível do mar até 2.700 m, sendo mais
frequentes entre 300 e 2.(XX) m. Ainda segundo
esta autora, não há uma concordância em rela-
ção ao número de gêneros, embora tenham sido
propostos diversos sistemas de classificação
para a família, no Brasil reconhece os gêneros
Antigramma (3 spp) e Asplcnium (69 spp).
Chave para identificação das espécies
1- Fronde simples 9. Asplenium serratum
1’- Fronde decomposta
2- Lâmina com ápice radicante; estípite e raque brilhantes 7. Asplenium radicans
(A. radicans var. uniseriale)
T- Lâmina com ápice não radicante; estípite e raque foscas
3- Caule reptante, dorsiventral
4- Estípite revestido por escamas na base; raque glabra; caule verde
11. Asplenium triquetrum
4’- Estípite totalmente revestido por escamas; raque com escamas; caule castanho
10. Asplenium serra
3’- Caule ereto
5- Indúsio espesso 2. Asplenium auritum
5’- Indúsio membranáceo
6- Nervuras furcadas, exceto na porção distai da pina; aurícula do lado acroscópico
da pina sobrepondo a raque \. Asplenium auriculalum
6’- Nervuras simples, exceto na porção basal da pina; aurícula nunca sobrepondo a
raque
7- Pina subdimidiada, partindo da raque em ângulo muito agudo
6. Asplenium pulchellum
7’- Pina subequilateral, partindo da raque em ângulo quase reto
8- Estípite curto (2-5 cm compr.); pinas extremamente reduzidas na base
9- Ala do raque interrompida no ponto de inserção da pina; base acroscópica
das pinas auriculadas 5. Asplenium pteropus
9’- Ala do raque não interrompida no ponto de inserção da pina; base das
pinas bi-auriculadas 4. Asplenium mucronatum
8'- Estípite longo (7-10 cm compr.); pinas pouco reduzidas na base
10- Fronde verde claro; caule (3 mm diâm.) e estípite delgado; pina com
ápice agudo a brevemente obtuso 3. Asplenium clausenii
10’-Fronde verde escuro, caule (5-7 mm diâm.) e estípite robusto; pina com
ápice obtuso 8. Asplenium regulare
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
Pteridófilas da Reserva Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil
129
1. Asplenium aiiriculatum Sw., Kongl.
Vetensk. Acad.. Handl. 1817: 68. 1817.
Planta rupícola, ocorre em ambientes mui-
to úmidos e sombreados, geralmente às mar-
gens dos rios, entre 150 e 250 m alt. Foi obser-
vado a formação de extensos tapetes recobrin-
do as pedras, com indivíduos férteis a partir de
2 cm de altura, muitos formando estolões.
Material examinado: trilha do Cambucá,
6. V. 1997, Mynssen 98, 102; id„ 30.XI.1996,
Sylvestre 1231, 1232, 1250; Poço do Cam-
bucá, 27.VIII.1998, Sylvestre 1357; trilha do
Corisco, 21.1.2000, Nonato 695; trilha do
Corisquinho, 15. IX. 1996, Braga 3505.
2. Asplenium auritum Sw., J. Bot. (Schrader)
1800 (2): 52. 1801.
Ocorre como rupícola sobre rochas
cobertas por húmus, em ambientes parcialmen-
te expostos ao sol, podendo formar estolões.
Foi observada entre cerca de 250 e 400 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3. VI. 1997, Mynssen 127, 125', trilha para a To-
ca da Aranha, 26. VIII. 1998, Sylvestre 1352.
3. Asplenium clausenii Hieron., Hedwigia 60:
241.1918.
Planta rupícola, pouco freqüente,
observada em ambiente sombreado no sub-
bosque, entre 250 e 350 m alt. Esta espécie é
semelhante a Asplenium regulare, mas
segundo Sylvestre (2001), A. clausenii
diferencia-se, entre outras características,
pelos caules e estípites mais delgados, pelas
pinas com ápices agudos a brevemente obtusos
e pela coloração verde clara da lâmina foliar.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3. VI. 1997, Mynssen 135.
4. Asplenium mucronatum C. Presl, Delic.
Prag. 1: 178. 1822.
Ocorre preferencial mente epífita, mas
também pode ser encontrada como rupícola em
pedras recobertas por uma camada de húmus,
em ambientes muito sombreados e úmidos, en-
tre 400 e 650 m alt. As frondes pendentes, pina
membranáceas com base bi-auriculada e raque
Rodriguésia 55 (85): 125-156. 2004
estreitamente alada não interrompida na
inserção das pinas caracterizam esta espécie
e a distinguem de A. pteropus.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
27. V. 1997, Braga 4093; trilha da Toca da
Aranha, 21. X. 1997, Braga 4367; id.,
24.XI.1998, Bovini 1587.
5. Asplenium pteropus Kaulf., Enum. Filie.
170. 1824.
Planta preferencialmente epífita, mas
também pode ocorrer como rupícola. É muito
freqüente em regiões sombreadas, entre 200 e
400 m alt. Trata-se de uma espécie semelhante
a A. mucronatum, mas possui frondes eretas,
pina herbáceas com base auriculada e ala da ra-
que interrompida no ponto de inserção da pina.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30. XI. 1996, Sylvestre 1244, 1245; id.,
19.X. 1996, Bovini 1074, 1080; trilha da La-
goa Seca, 26. V. 1998, Mynssen 168, 178; id.,
26. VIII. 1998, Dória 3; id., 27. VIII. 1998,
Sylvestre 1360, 1362.
6. Asplenium pulchellum Raddi, Opuse. Sei.
3:291.1819.
Plantas rupícola ou saxícola, freqüente-
mente encontrada em áreas sombreadas às
margens dos rios, entre 100 e 200 m alt.
Material examinado: margem do rio Grande,
20.1.2000, Nonato 683; trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1233; id., 25.1.1998,
Braga 4742; trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997,
Mynssen 134; id., 1. XII. 1996, Braga 3680;
26/04/1997, Braga 3980; trilha para a Toca
da Aranha, 26. VIII. 1998, Sylvestre 1351,
1353, 1359.
7. Asplenium radicans var. uniseriale
(Raddi) L. D. Gómez, Brenesia, 8: 53. 1976.
Planta terrícola, ocorre em áreas som-
breadas em densas populações entre 400 e 600
m alt., nos trechos onde a mata é mais fechada
e preservada. A partir da gema prolífera no
ápice da raque, pode originar novos indivíduos
que se estabelecem quando o raque toma-se
pesado e toca o solo.
SciELO/ JBRJ
cm ..
130
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
12. VII. 1997, Braga 4212; id., 13.VIII.1999,
Mynssen 282; id., 27. VIII. 1998, Sylvestre
1364.
8. Asplenium regulare Sw., Kongl. Vetensk.
Acad. Handl. 67. 1817.
Planta preferencialmente rupícola, sobre ro-
chas com camada de húmus, mas pode algumas
vezes ser encontrada como terrícola ou epífita,
sempre em ambientes muito sombreados. É
muito freqüente, principalmente entre 400 e 600
m alt., porém é registrada desde 100 m de altitude.
Material examinado: trilha do Cambucá, 30.
XI. 1996, Sylvestre 1252 ; trilha do Corisco,
21.1.2000, Nonato 701 ; trilha da Lagoa Seca,
26.V. 1998, Mynssen 188; id., 26.VIII.1998,
Santos 1072; id., 26. VIII. 1998, Dória4; trilha
da Toca da Aranha, 4.XI.1997, Braga 4445.
9. Asplenium serra Langsd. et Fisch., Ic. Fil.
16. t. 19.1810.
Planta saxícola, ciófila, pouco freqüente,
apenas encontrada no interior da mata próximo
ao cume do morro Corisco a cerca de 900 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
18.1.2001, Braga 6628.
10. Asplenium serratum L., Sp. PI. ed. 2.
1709. 1753.
Planta preferencialmente epífita, even-
tualmente rupícola, ocorrendo no interior da
mata bastante sombreada, entre 200 e 650 m
Mynssen, C. M. & Windisch, P. G
alt. Trata-se de uma espécie com potencial
ornamental, por apresentar suas frondes
inteiras, fasciculadas, eretas e de verde intenso.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1239; trilha da Toca da
Aranha, 26.VIII.1998, Sylvestre 1355.
11. Asplenium triquetrum N. Murak. et R. C.
Moran, Ann. Missouri Bot. Gard., 80(1): 31. 1993.
Planta rupícola, em rochas desprovidas
de húmus, somente observ ada às margens dos
rios, em locais muito sombreados e que fre-
quentemente recebem borrifos d’ água, entre
150 e 300 m alt. O caule, a raque e o pecíolo
verdes são muito característicos desta espécie.
Material examinado: trilha do Cambucá,
6. V. 1997, Mynssen 1 03; id., 30.XI.1996,
Sylvestre 1237, 1263; Poço do Cambucá,
27.VIII.1998, Sylvestre 1358; trilha do Coris-
co, 21.1.2000, Nonato 697; trilha para a Toca da
Aranha, 26.V1II.1998, Sylvestre 1354.
Referências: Sehnem 1963; Sehnem 1968 a;
Sylvestre 2001.
Blechnaceae
A família Blechnaceae está amplamente
distribuída pelo mundo, constituída por nove gêne-
ros (Tryon & Stolze 1993). O gênero Blechnum
possui cerca de 150 espécies sendo que 50
ocorrem nas Américas (Tryon & Tryon 1982).
Chave para identificação das espécies
1- Plantas subarborescentes; estípite com escamas lineares, nigrescente
1. Blechnum brasiliense
1’- Plantas nunca subarborescentes; estípite com escamas lanceoladas ou oblongo-lanceoladas,
castanhas
2- Caule rizomatoso, reptante 5. Blechnum serrulatum
2'- Caule ereto a decumbente
3- Lâmina pinada, pina apical conforme 2. Blechnum fraxineum
3’- Lâmina pinatífida ou pelo menos com pina apical pinatífida
4- Segmentos basais reduzidos (2 ou 3), totalmente adnatos, não deflexos
4. Blechnum polypodioides
4’-Segmentos basais não reduzidos, livres, curtamente peciolulados a parcialmente sésseis,
geralmente deflexos 3. Blechnum occidentale
Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15
Pleridófilas da Resena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ. Brasil
131
1. Blechnum brasiliense Desv., Ges. Naturf.
Freunde Berlin Mag. Neuesten Entdeck. Ges.
Naturk. 5: 330. 1811.
Planta terrícola, ocorrendo em ambientes
muito ensolarados nas regiões mais degradadas,
onde predomina o estrato herbáceo, entre 100 e
300 m alt. Trata-se de uma espécie com potencial
ornamental, com folhas rosuladas que podem
ultrapassar 1 m de comprimento.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1254.
2. Blechnum fraxineum Willd., Sp. Pl. ed. 4,
5:413.1810.
Planta rupícola ou saxícola, sobre rochas
com substratos arenosos ou com húmus, em
ambientes muito sombreados e úmidos, cons-
tantemente borrifadas por água. Esta espécie
é muito freqüente nas margens do rio Grande,
especialmente entre 200 e 350 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
6. V. 1997, Mynssen 104; id., 30.X1.1996,
Sylvestre 1235.
3. Blechnum occidcntale L., Sp. Pl. 2: 1077.
1753.
Planta terrícola, sobre barrancos que
margeiam as trilhas, formam grandes
populações que habitam preferencialmente as
áreas mais abertas e degradadas, entre 70 e
350 m alt. Esta espécie apresenta uma grande
variação morfológica e muitas vezes observa-
se associada a Blechnum polypodioides.
Material examinado: margem do rio Grande,
20.1.2000, Nonato 690; trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1255; id., 14.IX.1996,
Braga 3488; trilha do Corisquinho, 3.VI. 1997,
Mynssen 122; trilha da Toca da Aranha,
22.X. 1997, Mynssen 160.
4. Blechnum polypodioides Raddi, Opuse.
Sei. 3:294. 1819.
Geralmente ocorre como terrícola em
barrancos às margens das trilhas, em ambien-
tes mais abertos e com maior luminosidade,
associada Blechnum occidcntale. Foi
observada entre 70 e 250 m de altitude.
Material examinado: margem do rio Grande,
20.1.2000, Nonato 691; trilha do Cambucá,
30.X1.1996, Sylvestre 1260.
5. Blechnum serrulatum Rich., Actes Soc.
Hist. Nat. Paris 1: 114. 1792.
Planta terrícola, ocorre em ambiente seco
às margens da trilha, em local degradado e com
muita incidência solar. E pouco freqüente, foi
observada a aproximadamente 100 m alt.
Material examinado: trilha do Mirante,
26.VI11.1998, Mynssen 203.
Referências: Murillo 1968; Sehnem 1968b;
Kazmirczak 1999.
Cyatheaceae
A família Cyatheaceae possui cerca de
500 espécies (Tryon & Tryon 1982). Lellinger
(1987) propõe cinco gêneros para a família
Cyatheaceae sensu stricto representados na
região neotropical, sendo Cyathea o maior
deles.
Chave para identificação das espécies
1- Estípites com escamas lineares, com seta apical nigrescente; soros indusiados
1. Alsophila sternbergii
F- Estípites com escamas oblongo-acuminadas, sem seta apical nigrescente; soros sem indúsio
2- Pina-raque sem espinhos; pínulas com lobos obtusos, margem inteira ... 2. Cyathea glaziovii
2’- Pina-raque com espinhos; pínulas com lobos agudos, margem serreada
3. Cyathea microdonta
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
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13 14 15 16 17 18
cm ..
132
1. Alsophila sternbergii (Sternb.) D. S.
Conant, J. Arnold Arbor. 64 (3): 371. 1983.
Planta arborescente, geral mente ocorre
próxima a outros indivíduos formando
touceiras, em áreas parcialmente sombreadas,
entre 200 e 400 m alt. Fernandes ( 1 997) chama
a atenção para a marcante deciduidade das
folhas, o que não foi observado na área.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Bovini 1032\ id., 27.V1II.1998,
Mynssen 206\ trilha da Toca da Aranha,
29.IX.1998, Mynssen 234.
2. Cyathea glaziovii (Fée) Domin,
Pteridophyta 262. 1929.
Planta arborescente, habita locais par-
cialmente sombreados no interior da mata. Foi
observada aproximadamente entre 200 e 500
m alt. Segundo Fernandes ( 1 997), esta espécie
é próxima de Cyathea dichromatolepis (Fée)
Domin, mas diferencia-se por possuir escamas
castanhas concolores, lanceoladas com ápice
longamente acuminado e pínulas com incisões
mais profundas.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.X1.1996, Sylvestre 1230\ trilha da Toca da
Mynssen, C. M. & Windisch, P. G
Aranha, 21.X.1997, Braga 4348\ id.,
11.1.1999, Mynssen 241.
3. Cyathea microdnnta (Desv.) Domin,
Pteridophyta 263. 1929.
Planta arborescente, ocorre em locais mui-
to abertos e ensolarados, às margens das trilhas,
a partir de 70 até 4(X) m alt. Os espinhos da pina-
raque são muito característicos e permitem que
esta espécie seja prontamente identificada no
campo. De acordo com as observações feitas
por Fernandes ( 1 997), esta espécie cresce tanto
em vegetação primária como secundária,
sendo tipicamente tropical de terras baixas.
Material examinado: trilha do Mirante, proxi-
midades do Mirante, 17.VII1.1996, Braga 3406.
Referências: Sehnem 1978; Fernandes 1997.
Dennstaedtiaccae
A família Dennstaedtiaceae possui cerca
de 175 espécies que estão compreendidas em
20 gêneros. Está amplamente distribuída no
mundo e, embora seja predominantemente pan-
tropical, possui alguns elementos boreais ou de
regiões sul temperadas (Tryon & Stol/.e 1989).
Chave para identificação das espécies
1- Soros lineares 4. Pteridiian aquilinuni ( P. aipnliniim var. arachnoideuni)
F- Soros globosos ou reniformes
2- Indúsio abrindo-se em direção a porção interna do segmento 3. Hypolepis repetis
2’- Indúsio abrindo-se em direção a margem
3- Segmentos basais das pinas centrais alternos, eixos dos penúltimos segmentos alados
1. Dennstaedtia bipinnata
3’- Segmentos basais das pinas centrais opostos, eixos dos penúltimos segmentos não alados
2. Dennstaedtia dissecta
1. Dennstaedtia bipinnata (Cav.) Maxon,
Proc. Biol. Soc. Wash. 51: 39. 1938.
Planta terrícola, às margens da trilha em
ambiente sombreado, é pouco freqüente. Pode
ser distinta pela lâmina cartácea, brilhante com
segmentos estéreis dentados.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
26.V.1998, Mynssen 191.
2. Dennstaedtia dissecta (Sw.) Moore. Index
Fil. 305. 1861.
Planta terrícola, ocorre em regiões som-
breadas no interior da mata densa, é freqüente
entre 400 e 500 m alt.
Material examinado: trilha da Cachoeira
após a entrada para a trilha do Corisco,
6.1.2000, Mynssen 303\ id.. 21.1.2000, Santos
1387; trilha da Lagoa Seca, 12.V1I.1997,
Braga 4204.
Rndriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15
Pleridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, lirasd
133
3. Ilypolepis repens (L.) C. Presl, Tent.
Pterid. 162. 1836.
Planta terrícola. frequente nas áreas mais
abertas e ensolaradas, às margens da trilha,
junto ao capim colonião e em regiões em
revegetação, entre a faixa de 100 até cerca
de 2(X) m alt. Segundo Mickel & Beitel ( 1988),
esta é a espécie mais frequente do gênero
Hypolepis na América. Na maioria dos
espécimes examinados nos herbários visitados
observaram-se espinhos ou tubérculos na raque
e no pecíolo, porém os materiais coletados na
Reserva Rio das Pedras eram inermes, o que
também foi verificado por Sehnem (1972) nos
espécimes do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Gruber (1981, apiul Tryon &
Tryon 1982) estudou e mapeou o sistema
caulinar desta espécie e verificou que a
extensão do caule e o número de frondes
emitidas demonstravam o potencial para o
crescimento desta planta. Isto foi observado
em alguns trechos na Reserva Rio das Pedras
onde esta espécie apresenta crescimento
clonal.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvcstre 1224\ id., 6.1.2000,
Mynssen 299\ id., 20.1.2000, Santos 1370\
trilha do Mirante, 27. VIII. 1998, Mynssen 227;
id., 22. III. 1999, Mynssen 259.
4. Pterídiiim aquilinum var. arachnoideum
(Kaulf.) Brade, Zeitsch. Deut. Ver. Wissen.
Kunst. 1:56. 1920.
É uma espécie terrícola e muitas vezes
se apoia sobre as plantas adjacentes, cobrindo-
as. Está presente nas áreas ensolaradas e
degradadas a 80 m alt. De acordo com
Windisch (1992a), trata-se de uma espécie
invasora e que pela grande quantidade de
alcalóides é tóxica se ingerida.
Material examinado: trilha do Mirante,
26.VIII.1998, Nonato 543.
Referências: Tryon 1960, 1964; Sehnem 1972;
Tryon & Tryon 1982; Mickel & Beitel 19S8.
Dryoptcridaccae
A família Dryopteridaceae possui distri-
buição cosmopolita e a grande maioria das
espécies cresce em solo ou sobre rochas,
especialmente em áreas montanhosas e de
clima temperado (Kramer et ai. 1990).
Chave para identificação das espécies
1- Plantas hemiepífitas
2- Caule com escamas rígidas, castanho escuras; primeira pínula próxima à raque saindo em
direção a porção basal da fronde (catadrômica) 18. Polybotrya cylindrica
2’- Caule com escamas macias, castanho claras ou castanho avermelhadas; primeira pínula
próxima a raque saindo cm direção a porção apical da fronde (anadrômica)
3- Caule com escamas castanho avermelhadas; lâmina I-2-pinado-pinatífida; segmentos
com margem crenada a serreada 19. Polybotrya semipinnata
3’- Caule com escamas castanho claras; lâmina 3-pinado-pinatífida até próximo ao ápice;
segmentos com margem inteira 20. Polybotrya speciosa
1’- Plantas terrícolas, rupícolas ou saxícolas
4- Venação areolada 22. Tectaria incisa
4’- Venação livre
5- Frondes férteis e estéreis dimorfas 17. Olfersia cervina
5’- Frondes férteis e estéreis monomorfas
6- Soros lineares ou ligeiramente falciformes, margeando um ou dois lados das nervuras
7- Lâmina 3-4 pinado-pinatífida
8- Caule ereto, subarborescente 6. Diplazitnn anibigiiuin
8’- Caule reptante, nunca subarborescente 9. Diplazitnn herbaceum
7’- Lâmina simplesmente pinada ou pinado-pinatífifida
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125-156 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
1 34 Mynssen, C. M. & Wmdisch, P. G
9- Lâmina pinada; segmentos com margem inteira 7. Diplazium celtidifolium
9’- Lâmina pinado-pinatífida; segmentos com margem crenada ou serreada
10- Caule ereto; lâmina glabra 8. Diplazium cristatum
10’- Caule reptante; lâmina pubescente nas duas faces 10. Diplazium petersenii
6’- Soros arredondados ou elípticos, sobre as nervuras
11- Lâmina 2-pinada; segmentos dimidiados; soros elípticos
5. Didymachlaena Iruncaíula
1 l’-Lâmina 1, 2 ou 3^1-pinado-pinatífida; segmentos nunca dimidiados; soros arredondados
12- Lâmina 3-4 pinado-pinatífida; raque geralmente com gema prolífera no ápice
11. Lastreopsis effusa
12’- Lâmina 1 ou 2-pinado-pinatífida; raque sem gema prolífera no ápice
1 3- Nervuras basais do lado basiscópico dos segmentos partindo da costa
12. Megalastrum grande
13’- Nervuras basais do lado basiscópico dos segmentos partindo da cóstula
14- Pinas com base decurrente; segmentos com margens fortemente crenadas
ou serreadas; nervuras com extremidade clavada, não atingindo a margem
13. Stigmatopteris caudata
14’- Pinas com base não decurrente; segmentos com margens inteiras ou levemente
crenadas; nervuras com terminação não clavada, atingindo a margem
15- Raque e costa densamente cobertas por escamas não clatradas, cas-
tanho claras ou alvacentas 2. Ctenitis dejlexa
15’- Raque e costa esparsamente cobertas por escamas clatradas
16- Base do estípite coberto por escamas castanho claras, soros sub-
marginais 4. Ctenitis submarginalis
16’- Base do estípite coberto por escamas castanho escuras, soros medianos
17- Escamas da costa lineares, com células alongadas, margem
denteada 3. Ctenitis falciculata
17’- Escamas da costa ovado-acuminadas, com células arre-
dondadas, margem inteira 1. Ctenitis aspidioides
1. Ctenitis aspidioides (C. Presl) Copei., Gen.
Fil. 124. 1947.
Planta terrícola, ocorre em locais
sombreados ou parcialmente sombreados no
sub-bosque, entre 200 e 300 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
19.X. 1996, Bovini 1088\ trilha da Toca da
Aranha, 29. IX. 1998, Mynssen 230.
2. Ctenitis dejlexa (Kaulf.) Copei., Gen. Fil.
124. 1947.
Planta terrícola, ocorre em locais sombrea-
dos e úmidos, às margens de curso d’água ou
não, substrato com grande quantidade de ma-
téria orgânica, entre cerca de 150 e 250 m alt.
Material examinado: trilha do Cabucá,
19.X. 1996, Braga 3606\ trilha da Lagoa Se-
ca, 13.VIII.1999, Mynssen 284\ margem
direita do rio Grande, a partir da trilha do
Corisquinho, 20.1.2000, Nonato 687, 688.
3. Ctenitis falciculata (Raddi) Ching,
Sunyatsenia 5; 250. 1940.
Planta terrícola, ocorre no sub-bosque
em áreas parcialmente sombreadas, a cerca
de 200 m alt. E uma espécie semelhante a
C. aspidioides distinta por apresentar
escamas da costa lineares, com células
alongadas e margens denteadas.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3.VI.1997, Mynssen 131.
Rtidriguéiia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Pteridófuas da Reserva Rio das Redras, Mangaraliba, RJ, Brasil
135
4. Ctenitis submarginalis (Langsd. et Fisch.)
Ching, Sunyatsenia5(4): 250. 1940.
Planta terrícola, ocorre isoladamente às
margens das trilhas ou no sub-bosque, em
ambientes sombreados ou mais expostos a luz
solar, ocorre freqüentemente entre 150 e 400
m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá e
Borboletas, 14.X.1996, Lira Neto 40 1; id.,
30.XI. 1996, Sylvestre 1241; trilha da Toca da
Aranha, 22. X. 1997, Mynssen 156; id.,
26. VIII. 1998, Santos 1062; trilha do Tião,
6.1.2000, Mynssen 300.
5. Didymochlaeita truncatiila (Sw.) J. Sm.,
J. Bot. (Hooker) 4: 196. 1842.
Planta terrícola, ocorre com pouca
frequência no sub-bosque e às margens da
trilha, entre 300 e 600 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1381; trilha da Lagoa Seca,
26.V.1998, Mynssen 190.
6. Diplazium ambigiium Raddi, Opuse. Sei.
3:292.1819.
Planta terrícola, geralmente ocupa
ambientes muito úmidos às margens de rios
ou próxima de pequenos cursos d’água, no
interior da mata onde predomina a sombra, é
freqüente entre 100 e 600 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
17.VIII.1996, Bovini 1017; id., 30.XI.1996,
Sylvestre 1222; id., 6. V. 1997, Mynssen 92, 99;
trilha do Corisco, 6.1.2000, Mynssen 305; trilha
do Corisquinho, 15. IX. 1996, Braga 3506; trilha
da Lagoa Seca, 27. VIII. 1998, Mynssen 224.
7. Diplazium celíidifolium Kunze, Bot.
Zeitung (Berlin) 3(17): 285. 1845.
Planta terrícola, habitando sempre locais
sombreados com dossel fechado e vegetação
densa. Formam populações abundantes e
exuberantes entre 480 e 600 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1378; trilha da Lagoa Seca,
26.V.1998, Mynssen 185.
8. Diplazium cristatum (Desr.) Alston, J. Bot.
74: 173. 1936.
Ocorre como terrícola, sobre rochas ou
entre suas fendas, geralmente está associada
a ambientes úmidos e sombreados às margens
de rio e córregos onde é freqüente, princi-
palmente entre 100 e 500 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1262; id., 6. V. 1997,
Mynssen 106; id., 27. VIII. 1998, Mynssen
207; trilha do Corisquinho, 26/04/1997, Braga
3964; id., 3.VI.1997, Mynssen 132; trilha da
Toca da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 157;
id., 26.VIII. 1998. Nonato 538; trilha da Lagoa
Seca, 26. V. 1998, Mynssen 164, 172, 186.
9. Diplazium herbaceum Fée, Crypt. Vasc.
Brésil 1:80, t. 23, f. 1. 1869.
Planta terrícola, habita locais parcial-
mente sombreados e úmidos ou secos e ex-
postos ao sol. Foram observados indivíduos
isolados no sub-bosque ou às margens das
trilhas, entre 300 e 450 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
6.1.2000, Mynssen 304; trilha do Corisquinho,
3. VI. 1997, Mynssen 136.
10. Diplazium petersenii (Kunze) Christ, Buli.
Acad. Int.Géogr. Bot. 11(153-154): 245. 1902.
Planta preferencialmente terrícola,
podendo ocorrer como saxícola em ambientes
sombreados e úmidos ou mais expostos ao sol,
comumente observada entre 100 e 400 m alt.
A lâmina de Diplazium petersenii é similar a
de D. cristatum, mas pode ser facilmente
distinguida no campo por seu caule reptante e
pela lâmina finamente membranácea com
tricomas brilhantes na face abaxial. Segundo
Cislinski (1996), D. petersenii é uma espécie
asiática que foi introduzia no Brasil e cresce
de forma subespontânea.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
1. XII. 1996, Braga 3678; id., 6. V. 1997,
Mynssen 113; id., 3. VI. 1997, Mynssen 120,
121; trilha da Lagoa Seca, 26. V. 1998,
Mynssen 165.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15
cm ..
136
1 1 . Lastreopsis effusa (Sw.) Tindale, Victoria
Naturalist73: 184. 1957.
Planta terrícola, formando densas
populações às margens das trilhas, em áreas
parcialmente sombreadas, entre 200 e 300 m
alt. Sua raque possui, freqüentemente, gema
prolífera no ápice da fronde.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1226; trilha da Lagoa
Seca, 26. V. 1998, Mynssen 176, 182, 184; tri-
lha da Toca da Aranha, 22.X.1997, Mynssen
1 54\ 4. XI. 1997, Braga 4437.
12. Megalastrum grande (C. Presl) A. R.
Sm. et R. C. Moran, Amer. Fern J. 77 (4):
127. 1987.
Planta terrícola, ocorre em locais
parcialmente sombreados às margens das
trilhas em solo argiloso próxima a córregos ou
não. Foi observada entre 250 e 600 m alt., sendo
mais freqüente nos arrredores da trilha da
Lagoa Seca. De acordo com os caracteres
diagnósticos propostos por Smith & Moran
(1987), o gênero Megalastrum pode ser
distinguido no campo de Ctenitis pela primeira
veia do lado basiscópico dos segmentos
partindo da costa e não da cóstula.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
27. V. 1997, Lira Neto 561; id., 26.V.1998,
Mynssen 175, 177; id., 13.VIII.1999,
Mynssen 287.
13. Olfersia cervina (L.) Kunze, Flora 7: 3 12.
1824.
Planta preferencialmente terrícola,
podendo ocasionalmente ocorrer como epífita
mas, neste caso, sobre o forófito até cerca de
1 m do solo. Está sempre associada a
ambientes úmidos e sombreados e é mais
freqüente acima de 300 m alt., tendo sido
observada até 600 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá e
rio Grande, 19.X.1996, Lira Neto 449; trilha
do Cambucá, 30.XI.1996, Sylvestre 1221; tri-
lha do Corisco, 21.1.2000, Nonato 702; trilha
da Toca da Aranha, 21.X.1997, Braga 4364.
Mynssen, C. M. & Windisch, P. G
14. Polybotrya cylindrica Kaulf., Enum. Filie.
56. 1824.
Trata-se de uma espécie hemiepífita, que
ocorre em áreas parcialmente sombreadas no
sub-bosque, entre 70 e 300 m alt. É endêmica
do sudeste e sul do Brasil, diferenciando-se
das outras espécies pelas escamas com base
espessa e encurvada (Moran 1987).
Material examinado: trilha das Borboletas,
1. XII. 1996, Braga 3689; trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1377; trilha do Poço do
Cambucá, 26. VIII. 1998. Santos 1069.
15. Polybotrya semipinnata Fée, Crypt. Vasc.
Brésil 1: 16. 1869.
Planta hemiepífita, pouco freqüente, ocorre
em local extremamente sombreado e úmido a cer-
ca de 400 m alt. Segundo Moran ( 1 987), a espécie
é endêmica da Serra do Mar, da Região Sudeste
e Sul do Brasil. A lâmina é menos segmentada se
comparada as demais espécies de Polybotrya.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 247.
16. Polybotrya speciosa Schott, Gen. Fil. tab.
7. 1834.
Planta hemiepífita, de local bastante
sombreado, a cerca de 600 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Mynssen 328.
17. Stigmatopteris caudata (Raddi) C. Chr.,
Bot. Tidsskr. 29: 302. 1909.
Planta terrícola, de ambiente sombreado,
podendo ocorrer próxima de cursos d’água ou
não, entre 200 e 680 m alt. Moran (1991) trata
esta espécie como endêmica do sudeste e sul do
Brasil, distinta pelas pinas com lobos basiscópicos
adnatos a raque e margens serreadas. Este
gênero possui a morfologia da lâmina semelhante
à de Ctenitis, mas pode ser facilmente distinguido
deste no campo pelos segmentos fortemente
serreados e veias com terminação clavada.
Material examinado: trilha do Corisco, 2 1 .1.2ÍXX),
Nonato 703; trilha da Lagoa Seca, 26. VIII. 1998,
Nonato 542; id., 13.VIII.1999, Mynssen 285;
trilha da Toca da Aranha, ll.I.1999,A/>7i55c;i 250.
Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm ..
Pieridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil
137
18. Tectaria incisa Cav., Descr. Pl. 249. 1802.
Planta terrícola, ocorre em áreas parcial-
mente sombreadas às margens das trilhas ou
no sub-bosque. Verifica-se nas populações que
os espécimes muito jovens possuem a lâmina
membranácea e pilosa, com aspecto áspero.
É observada entre a faixa de 100 e 680 m alt.,
mas é bastante freqüente até 400 m.
Material examinado: trilha do Cambucá, 30.XI.
1996, Bovini 1087; id., 30. XI. 1996, Sylvestre
1247 ; id., 6. V. 1997, Mynssen 108\ trilha do
Mirante, 3. VI. 1997, Mynssen 118; trilha da
Toca da Aranha, 29. IX. 1998, Mynssen 229.
Referências: Brade 1971, 1972;Sehnem 1979
a; Cislinki, 1986;Smith&Moran 1987;Moran
1987, 1991;Tryon&StoIze 1991.
Gleicheniaceac
A maior parte das espécies da família
Geicheniaceae ocorre em áreas abertas, muito
perturbadas ou pioneiras e três dos quatro
gêneros desta família são pantropicais, somente
Gleichenia s. st. está restrito ao Velho Mundo
(Kramer 1990a).
Chave para identificação das espécies
1- Indúsio bivalvar, nunca tubular, valvas constituindo a maior parte do indúsio
1. Hymenophyllwn fragile (H. fragile var. venustum )
1’- Indúsio tubular, obcônicoou infundibuliforme, às vezes bilabiadocom as valvas constituindo a
menor parte do indúsio
2- Plantas adultas maiores do que 10 cm de compr.
3- Estípites com l-2cm compr., lâmina 2-3-pinado pinatífida 7. Trichomanes radicans
3’-Estípites com 0, 1 -0,5cm compr., lâmina pinado pinatífida 8. Trichomanes rupestre
2’- Plantas adultas menores do que 10 cm de compr.
4- Lâmina com pêlos estrelados, negros, marginais
5- Lâmina inteira ou lobada 3. Trichomanes angustifrons
5’-Lâmina pinatífida
6- Soros situados na porção apical da lâmina, indúsio não imerso no tecido laminar ou
imerso somente na porção basal 4. Trichomanes hymenoides
6’- Soros situados tanto nos segmentos laterais quanto nos apicais, indúsio totalmente
imerso no tecido laminar 5. Trichomanes krausii
4’- Lâminas com pêlos simples, castanhos, sobre a face abaxial das nervuras
7- Raque alada, soros imersos no tecido laminar 6. Trichomanes pyxidiferum
T- Raque não alada, soros não imersos no tecido laminar, ou imersos somente na porção
basal 2. Trichomanes angustatum
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
1. Dicranopteris pectinata (Willd.) Underw.,
Buli. Torrey Bot. Club 34 (5): 260. 1907.
Planta terrícola, ocorre em barrancos argi-
losos às margens das trilhas, sempre nas áreas
mais abertas e ensolaradas, entre 70 e 150 m alt.
Frequentemente verifica-se sua população cres-
cendo e apoiando-se nas plantas adjacentes. A
fronde pseudo-dicotomicamente dividida, sem
pinas acessórias reflexas e a ramificação desigual
dos ramos caracterizam bem esta espécie.
Material examinado: trilha das Borboletas,
6.V. 1997, Mynssen 116 ; trilha do Mirante,
26.VIII.1998, Santos 1066.
Referencias: Sehnem 1970 a; Windisch 1994;
Andersen & 01Igaard 1996.
Hymenophyllaceae
A família Hymenophyllaceae possuiu am-
pla distribuição nas regiões tropical e temperada
úmida (Tryon &Tryon 1982). Segundo Windisch
( 1 996), é constituída por 550 a 600 espécies e,
embora sua classificação ainda não esteja com-
pletamente esclarecida, são reconhecidos dois
gêneros: Trichomanes e Hymenophyllum.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
138
Mynssen, C. At. <4 Windisch, P. G
1. Hymenophyllum fragile var. venustum
(Desv.) C. V. Morton, Contr. U.S. Natl. Herb.
29(3): 173. 1947.
Planta epífita, recobrindo densamente o
forófito, juntamente com outras epífitas, em
ambiente muito sombreado no interior da mata.
observada a cerca de 800 m alt.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
13. VIII. 1999, Mynssen 288.
2. Trichomanes angustatum Carmich.,
Trans. Linn. Soc. London 12: 513. 1818.
Planta preferencial mente epífita, mas
pode ocorrer como rupícola, em ambiente
muito sombreado, na mata densa às margens
do rio entre 400 a 450 m alt., foi freqüente-
mente observada sobre Cyatheaceae.
Material examinado: margem do Rio Gran-
de, proximidades da trilha do Cambucá,
17. VIII. 1996, Braga 343 1; trilha da Cacho-
eira após a entrada do Corisco, 21.1.2000,
Santos 1389.
3. Trichomanes angustifrons (Fée) Wess.
Boer, Fl. Neth. Antill. KPterid.): 17. 1962.
Planta epífita ou rupícola sobre rochas
com grande camada de húmus, sempre em
ambientes muito sombrios e úmidos, podendo
estar próxima de cursos d’água ou não, entre
200 e 300 m alt.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
27.VIII.1998, Mynssen 209; Poço do
Cambucá, 27.VIII.1998, Mynssen 216.
4. Trichomanes hymenoides Hedw., Fil. Gen.
Sp. t. 3, f. 3. 1799.
Planta rupícola, ocorrendo no interior da
mata densa ou às margens de rios, em
ambientes úmidos com muita sombra, de 100
a 300 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
proximidades da margem do rio Grande,
1 5. IX. 1 996, Braga 3504; triha da Lagoa Seca,
26.V.1998, Mynssen 192 ; id., 27.VIII.1998,
Mynssen 210\ trilha da Toca da Aranha,
11.1.1999, Mynssen 244.
5. Trichomanes krausii Hook. et Grev., Ic.
Filie. 2: t. 149. 1830.
Planta preferencialmente rupícola sempre
encontrada em áreas sombreadas e úmidas,
observada entre 70 e 450 m alt. Geralmente
observa-se uma projeção laminar nos enseio,
em forma de dente com tricomas estrelados
negros. Esta característica auxilia na sepa-
ração de Trichomanes hymenoides, que não
tem esta projeção no enseio.
Material examinado: margem do rio Grande
20.1.2000, Nonato 681, 693; trilha do
C ambucá, 30. XI. 1996, Sylvestre 1234 ; id.,
27. VIII. 1998, Mynssen 217 A; trilha do
Corisco, 6.1.2000, Mynssen 311; trilha do
Corisquinho, 1. XII. 1996, Braga 3677; id.,
3. VI. 1997, Mynssen 133; trilha da Lagoa
Seca, 13.VIII.1999, Mynssen 290, 291.
6. Trichomanes pyxidiferum L., Sp. Pl. 2:
1098. 1753.
Planta rupícola, formando populações que
recobrem afloramentos rochosos, em am-
bientes úmidos e sombreados no interior da
mata, entre 100 a 400 m alt. Pode ocorrer
simultaneamente com Trichomanes krausii.
Material examinado: margem do rio Grande,
20.1.2000, Nonato 694; Poço do Cambucá,
27. VIII. 1998. Mynssen 214; id.. 29.IX.1998,
Mynssen 239; trilha do Cambucá,
27.VIII.I998, Mynssen 217B; trilha da Toca
da Aranha, 21.X. 1997, Braga 4347; id.,
11.1.1999, Mynssen 245.
7. Trichomanes radicans Sw., J. Bot.
(Schrader) 1800(2): 97. 1801.
Planta preferencialmente epífita, mas
também pode ocorrer como rupícola. sempre
em mata densa e sombreada, entre 200 e 800
m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1379; trilha do Corisco
depois da cachoeira, 21.1.2000, Nonato 700;
trilha da Lagoa Seca, 27. V. 1997, Lira Neto
565; id., 13. VIII. 1999, Mynssen 283; trilha
da Toca da Aranha, 26.VÍlI.1998, Mynssen
205; id., 11.1.1999, Mynssen 242, 255.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15
Pteridófilas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil
139
8. Trichomanes rupestre (Racldi) Bosch, Ned.
Kruidk. Arch.4: 370. 1859 [1858].
Planta rupícola, sobre pedras em áreas
úmidas e sombreadas, próximas de cursos
d’água ou não, entre 200 e 500 m alt. Nunca
foi coletada fértil na Reserva Rio das Pedras.
É semelhante a Trichomanes radicans, porém
a lâmina é menos segmentada e os segmentos
são mais largos e membranáceos.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
26. V. 1998, Mynssen 189\ id„ 26.V1I1.1998,
Santos 1058\ id., 29. IX. 1998, Mynssen 238 ;
id.. 11.1.1999, Mynssen 243, 254; trilha da
Toca da Aranha, 21.X.1997, Braga 4365.
Referências: Boer 1962; Sehnem 1971;Tryon
&Tryon 1982; Mickel & Beitel 1988; Windisch
1992 b, 1996.
Lomariopsidaceae
A família Lomariopsidaceae possui
distribuição pantropical com concentração de
espécies no Neotrópico. Segundo Kramer
(1990b), muitos autores acreditam que esta
família esta restritamente relacionada com
Dryopteridaceae, sendo incluída por alguns
como sub-família ou tribo desta (i.e.Tryon &
Tryon 1982).
Chave para identificação das espécies
1 - Planta epífita; lâmina simples; estípites com base articulada 2. Elaphoglosswn scolopendrifoliwn
1'- Planta terrícola ou hemiepífita; lâmina pinada; estípites com base não articulada
2- Nervuras livres 4. Lomariopsis marginata
2’- Nervuras areoladas
3- Planta terrícola; pinas não articuladas 1. Bolbitis serratifolia
3’- Planta hemiepífita; pinas articuladas 3. Lomagramma guianensis
1. Bolbitis serratifolia (Kaulf.) Schott. Gen.
Fil.t. 13. 1834.
Planta terrícola, ocorre em locais muito
sombreados e úmidos, geralmente próxima de
cursos d'água, sendo freqüente entre 70 e 400
m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1225\ trilha da Lagoa
Seca, 27. V. 1997, Lira Neto 569; id., 26. V. 1998,
Mynssen 173; trilha da Toca da Aranha,
29.IX.1998, Mynssen 236.
2. Elaphoglossum scolopendrifolitim (Raddi)
J. Sm., Bot. Mag. Suppl. 17. 1846.
Planta epífita, eventualmente encontrada
como rupícola em rochas cobertas por húmus,
em locais muito úmidos e sombreados, às
margens do rio ou não. Em geral, formam
densas populações, com indivíduos muitojovens
até adultos, de aproximadamente 300 até 500
rn alt.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 252.
3. Lomagramma guianensis (Aubl.) Ching,
Amer. Fern J. 22: 17. 1932.
Planta hemiepífita, ocorre em áreas
sombreadas nas adjacências das trilhas e foi
observada com maior freqüência de 300 até
600 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1375 ; trilha da Lagoa Seca,
27. VIII. 1998, Mynssen 21 S; trilha da Toca
da Aranha, 29.IX.1998, Mynssen 233.
4. Lomariopsis marginata (Schrad.) Kuhn,
Reis Ost-Afr. Bot. 3(3): 22.1879.
Planta hemiepífita, ocorre em local úmido
e de sombra intensa, a cerca de 400 m alt. Se-
gundo Moran (2000), Lomariopsis marginata
pode ser distinta das outras espécies ameri-
canas pelas escamas castanho avermelhadas
do caule e pelo grande número de pinas (10-
20 pares), asseme-1 lia-se a L. japurensis
(Mart.) J. Sm., sendo que esta possui as esca-
mas do caule escuras e mais estreitas, nunca
com uma cor clara e brilhante como em L
marginata. Ainda segundo este autor, L.
Rodrisuc.ua 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
140
marginata é a única espécie do gênero que
ocorre na região litorânea do Brasil.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 246.
Referências: Alston 1958; Brade 1960-61;
Moran 2000.
Lycopodiaceae
A família Lycopodiaceae é constituída
por quatro gêneros e, excetuando-se
Phylloglossum que ocorre somente na
Austrália, todos os outros são cosmopolitas,
com a maior concentração de espécies nas
regiões úmidas e montanhosas tropicais
(011gaard 1990).
1. Lycopodiella cernua (L.) Pic. Serm.,
Webbia 23 (1): 166. 1968.
Planta terrícola, ocorre em áreas muito
ensolaradas, às margens da trilha, de 70 a 150
m alt. Segundo 011gaard & Windisch (1987),
tratase de uma espécie pantropical, pioneira e
comum em áreas de solo perturbado ao longo
de caminhos, rios e clareiras em florestas.
Material examinado: trilha do Mirante,
17.V1II.1996, Braga 3045 ; trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 240.
Referências: 011gaard & Windisch 1987;
011gaard 1990.
Marattiaceae
A família Marattiaceae ocorre em flores-
tas úmidas primárias e secundárias nas regiões
Mynssen, C. M. <4 Windisch, P. G
tropicais e sub-tropicais. É constituída por cerca
de 100 espécies e quatro gêneros, dos quais
Danaea e Marattia são os únicos que ocorrem
no continente americano, sendo o primeiro
exclusivamente neotropical (Camus 1990).
1. Danaea elliptica Sm., Cycl. 11: Danaea
no. 2. 1808.
Planta terrícola, ocorre em locais
totalmente sombreados e úmidos, cujos indi-
víduos jovens são encontrados freqüentemente
crescendo sobre rochas úmidas cobertas por
húmus, próximas de barrancos argilosos, entre
250 e 600 m alt. A forma dos segmentos e a
presença de nós no estípite são os principais
caracteres que separam esta espécie de
Danaea nodosa (L.) J. Sm.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
27.VIII.1998, Mynssen 225: trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 251.
Referências: Sehnem 1967 b; Camus 1990;
Pérez-Garcia 1993; Windisch 1995.
Ncphrolepidaceae
A família Nephrolepidaceae é constituída
por um único gênero Nephrolepis com cerca de
30 espécies, com a maior concentração de espé-
cies no sudeste da Ásia, sendo muitas espécies
introduzidas em novas áreas pelo cultivo. Geral-
mente Nephrolepis é tratado dentro da família
Davalliaccae, mas os caracteres anatômicos e
dos esporos são tão divergentes que justifica ser
tratado em uma família distinta (Kramer 1990c).
Chave para identificação das espécies
1- Planta terrícola; soros com indúsio orbicular i. Nephrolepis multiflora
f - Planta rupícola; soros com indúsio reniforme 2. Nephrolepis peciinata
1. Nephrolepis multiflora (Roxb.) C. V.
Morton, Contr. U.S. Natl. Herb. 38(7): 309. 1974.
Planta terrícola, em regiões mais degrada-
das e muito expostas ao sol, em grandes popula-
ções, a cerca de 150 m alt. As espécies do gê-
nero Nephrolepis são muito cultivadas e usa-
das em ornamentação. Segundo Tryon & Tryon
(1982), são ecologicamente adaptadas e
crescem em uma grande variedade de hábitats.
Material examinado: trilha das Borboletas,
3.VI.1997, Mynssen 117.
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Pteridófilas da Rcsena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil
141
2. Nephrolepis pectinata (Willd.) Schott, Gen.
Fil.pl. 3. 1834.
Planta rupícola, heliófila, coberta por
vegetação graminóide, próxima ao cume do
morro Corrisco a cerca de 1.030 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
18.1.2001, Braga 6631.
Referências: Morton 1958; Tryon 1964;
Sehnem 1979b; Tryon & Tryon 1982; Kramer
1990c.
Polypodiaceae
A família Polypodiaceae possui uma
ampla distribuição, sendo constituída por 1 .000
ou mais espécies quase todas epífitas,
distribuídas em aproximadamente 40 gêneros,
dos quais 12 estão representados nas
Américas (Tryon & Tryon 1982).
Chave para identificação das espécies
1- Lâmina pinada, pinatífida ou pinatisecta
2- Lâmina com venação areolada
3- Lâmina pinada
4- Pinas oblongo-acuminadas, curtamente estipitadas ou adnatas com bases decurrentes;
nervura proeminente nas duas faces
5- Pinas com 5-8 aréolas entre a costa e a margem, 2-3 nervuras livres em cada
aréola 1. Campyloneurum decurrens
5’- Pinas com 3-4 aréolas entre a costa e a margem, uma nervura livre em cada aréola
19. Polypodium triseriale
4’-Pinas lanceoladas a oblongo-acuminadas, adnatas com bases não decurrentes; nervura
não proeminente nas duas faces 15. Polypodium fraxinifolium
3’- Lâmina pinatífida ou pinatissecta
6- Estípite e lâmina densamente cobertos por escamas
7- Plantas com 20-40 cm de altura; com 5-9 pinas basais reduzidas
16. Polypodium hirsutissimum
T- Plantas com 3-6 cm de altura; pinas basais não reduzidas
18. Polypodium polypodioides
6’ -Estípite e lâmina glabros ou cobertos por escamas esparsas
8- Lâmina com escamas conspícuas, peitadas, venação não evidente
11. Pleopeltis augusta
8’- Lâmina glabra, venação evidente
9- Lâmina com 9-22 pares de segmentos; segmentos basais levemente deflexos;
escamas do caule longamente acuminadas 14. Polypodium catharinae
9’-Lâmina com 24-36 pares de segmentos, segmentos basais não deflexos; escamas
do caule curtamente acuminadas 17. Polypodium latipes
2’- Lâmina com venação livre
10- Segmentos com ápices acuminados, nervuras 3-4 vezes furcadas
8. Pecluma paradiseae
10'- Segmentos com ápices obtusos, nervuras simples ou uma vez furcada
1 1 - Segmentos deflexos, raque com escamas filiformes 9. Pecluma pectinatiformis
11’- Segmentos não deflexos, raque com escamas triagulares acuminadas
10. Pecluma plumula
F-Lâmina simples
12- Soros dispostos em duas séries entre a costa e a margem
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
1 42 Mynssen, C. M. <£ Windisch, P G
13- Lâmina brilhante nas duas faces, venação imersa 4. Campyloneunim rigidum
13’- Lâmina fosca nas duas faces, venação proeminente
14- Nervura secundária sinuosa, 5-6 aréolas entre a costa e a margem
2. Campyloneurum minus
14’- Nervura secundária retilínea, 7-9 aréolas entre a costa c a margem
3. Campyloneurum nitidum
12’- Soros dispostos em uma série entre a costa e a margem
15- Frondes dimorfas
16- Lâmina densamente coberta por escamas ovadas a oblongo-ovadas, longo
acuminadas, no tecido laminar e nervuras 6. Microgramma tecta
16’- Lâmina esparsamente coberta por escamas filiformes, na face abaxial da costa e
nas margens 7. Microgramma vacciniifolia
15’- Frondes monomorfas
17- Lâmina sem escamas 5. Microgramma geminala
17’- Lâmina com de escamas
1 8- Estípites curtos ( 1 -2 cm compr.), soros alongados a elípticos
12. Pleopeltis astrolepis
18’- Estípites longos (3- 10 cm compr.), soros arredondados
13. Pleopeltis percussa
1. Campyloneurum decurrcns (Raddi) C.
Presl.Tent. Pterid. 190. 1836.
Planta rupícola ou saxícola, em ambientes
muito sombreados e úmidos no leito dos rios, entre
150 e 6(X) m alt. Diferencia-se das outras espé-
cies do gênero por apresentar lâmina pinada.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1259; id., 22.111. 1999,
Mynssen 260; trilha da Lagoa Seca,
26.V.1998, Mynssen 187.
2. Campyloneurum minus Fée, Gen. Fil.
|Mém. Foug. 5] 258. 1852.
Planta epífita de ambientes muito sombrea-
dos e úmidos, ocorre em áreas onde a mata en-
contra-se mais preservada e o dossel é fecha-
do, apresentando diversas epífitas, de 500 a
600 m alt. Nos herbários é freqüentemente iden-
tificada como Campyloneurum herbaceum
(Christ) Ching ou Campyloneurum
lapathifolium (Poir.) Ching. León (1992) consi-
derou C. herbaceum como sinônimo de C.
minus e C. lapathifolium como sinônimo de
C. repens.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Mynssen 323, Santos 1376.
3. Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C.
Presl, Tent. Pterid. 190. 1836.
Planta preferencialmente rupícola ou
saxícola. Habita locais sombreados e úmidos,
é freqüente às margens dos rios, entre 100 e
600 m alt. Esta espécie é frequentemente
confundida com Campyloneurum phyllitidis
(L.) C. Presl. Segundo León (1992), apesar
de pertencer ao mesmo grupo, C. nitidum tem
dimensões menores e escamas ovadas com
ápices obtusos.
Material examinado: trilha do Cambucá e
Rio Grande. 18.V11I.1996, Ura Neto 330; tri-
lha do Cambucá, 30.XI.1996, Sylvestre 1240;
id., 6. V. 1997, Mynssen 107; id., 26.V111.1998,
Dória 2; trilha da Lagoa Seca, 12.VII.1997,
Braga 4219; id., 27. VIII. 1998, Mynssen 219.
21 7; trilha da Toca da Aranha, 22.X.1997,
Mynssen 152; id., 26.VIII.1998, Mynssen 199.
4. Campyloneurum rigidum J. Sm., Cat. Kew
Fems 2. 1856.
Planta prcferencialmente rupícola,
ocasionalmente terrícola, ocorrendo sempre
em regiões muito sombreadas e úmidas. Foi
localizada entre 250 e 500 m alt.
Rndriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
-SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Pteridójitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil
143
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 4.XI.1997, Andreata 1032; id.
26.V1II.1998, Mynssen 196, Santos 1059; id.,
29. IX. 1998, Mynssen 235.
5. Microgramma geminata (Schrad.) R. M.
Tryon & A. F. Tryon, Rhodora 84: 129. 1982.
Planta epífita, abundante às margens do
rio Grande, especialmente nas proximidades
da localidade de Lages. Habita áreas parcial-
mente sombreadas a cerca de 150 m alt.
Material examinado: margem do rio Grande,
proximidades de Lages, 20.1.2000, Santos
1374.
6. Microgramma tecta (Kaulf.) Alston, J.
Wash. Acad. Sei. 48: 232. 1958.
Planta preferencialmente epífita,
ocasionalmente rupícola. Habita áreas úmidas
e sombreadas até secas e mais expostas ao
sol, entre 100 e 600 m alt.
Material examinado: margem do rio Gran-
de, proximidades da trilha do Cambucá,
17. VIII. 1996, Braga 3428; trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1386; trilha do Corisquinho,
1. XII. 1996, Braga 3679; id., 3.VI.1997,
Mynssen 141\ trilha da Toca da Aranha,
22.X. 1997, Mynssen 151.
7. Microgramma vacciniifolia (Langsd. et
Fisch.) Copei., Gen. Fil. 185. 1947.
Planta epífita, pode ocorrer em ambientes
mais expostos ao sol ou sombreados e não
necessariamente úmidos, entre cerca de 100
e 450 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
17.VIII.1996. Braga 3419 ; id., 14.IX.1996,
Bovini 1046; trilha do Corisquinho, 3.VI.1997,
Mynssen 149.
8. Pecluma paradiseae (Langsd. et Fisch.)
M. G Price, Amer. Fem J. 73 (3): 115. 1983.
Planta terrícola, ocorre em ambientes
sombreados e não necessariamente úmidos,
entre 150 e 300 m alt.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 26. VIII. 1998, Mynssen 195, 19S.
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
9. Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M. G.
Price, Amer. Fem J. 73(4): 115. 1983.
Planta epífita de ambientes sombreados
e úmidos, pode ocorrer nas proximidades dos
rios. Foi observada de 100 a 300 m alt.
Material examinado: Poço do Cambucá,
27. VIII. 1998, Mynssen 215\ trilha do
Cambucá, 20.1.2000, Mynssen 314; trilha do
Corisquinho, 6.V.1997, Mynssen 111.
10. Pecluma plumula (Willd.) M. G Price,
Amer. Fem J. 73(4): 115. 1983.
Planta preferencialmente epífita, mas
pode ocorrer como rupícola em rochas com
camada de húmus, em ambiente sombreado,
próxima a cursos d’água ou não, entre 100 e
500 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Braga 3490; id., 30.XI.1996,
Sylvestre 1264; id., 6. V. 1997, Mynssen 95;
trilha do Corisquinho, 6. V. 1997, Mynssen 112;
trilha da Toca da Aranha, 22. X. 1997, Mynssen
150; id., 26. VIII. 1998, Mynssen 200.
11. Pleopeltis angusta Humb. et Bonpl. ex
Willd., Sp. Pl.Ed. 4, 5:211. 1810.
Planta epífita, ocorrendo eventualmente
como rupícola em pedras revestidas por grande
quantidade de húmus. Foi observada em
ambientes mais abertos e expostos a luz solar,
entre 100 e 300 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Bovini 1039; id., 30.XI.1996,
Sylvestre 1257; id., 6. V. 1997, Mynssen 93;
id., 22.III. 1999, Mynssen 258; trilha da Toca
da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 159.
12. Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E. Foum..
Mexic. Pl. 1:87. 1872.
Planta epífita crescendo ocasionalmente
como rupícola sobre rochas com grande quan-
tidade de húmus, em ambientes mais expostos
a incidência solar, entre 70 e 300 m alt.
Material examinado: proximidades do rio
Grande, 20.1.2000, Santos 1369; trilha do
Cambucá, 30.XI.1996, Sylvestre 1258; id..
SciELO/JBRJ
13 14 15
cm ..
144
6. V. 1997, Mynssen 94; trilha do Mirante,
26. VIII.1998, Mynssen 204.
1 3. Pleopeltis perciissa (Cav.) Hook. et Grev.,
Ic. Filie. 1: t. 67. 1828.
Planta epífita, ocorre em ambientes
sombreados e úmidos, próxima ao curso do rio
Grande. Foi observada entre 100 e 250 m alt.
Material examinado: proximidades do rio
Grande, 20.1.2000, Santos 1372; trilha do
Cambucá e rio Grande, 1 8.VIII. 1996, Ura Neto
331 ; id., 22.III.1999, Mynssen 257; trilha do
Corisquinho, 6. V. 1997, Mynssen 110; trilha da
Lagoa Seca, 27.V11I.1998, Mynssen 220.
14. Polypodiiwi catharinae Langsd. et Fisch.,
Pl. Voy. Russes Monde 1: 9, t. q. 1810.
Planta rupícola, em ambientes ensola-
rados e secos, entre 100 e 450 m alt. Esta
espécie é semelhante a Polypodium latipes,
mas pode ser diferenciada, além dos caracteres
apresentados na chave, pelo caule menos
robusto (6-10 mm diâm.) enquanto P. latipes
possui caule com cerca de 15 mm diâm.
Material examinado: subindo o rio Grande
a partir da trilha do Corisquinho. vegetação das
pedras do meio do rio, 20.1.2000, Mynssen
321; trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997,
Mynssen 144; trilha da Lagoa Seca,
27. VIII. 1998. Mynssen 221.
15. Polypodium fraxiiiifolium Jacq., Col-
lcct. Bot.3: 187. 1789(1791].
Planta epífita que ocorre preferen-
cialmente em locais sombreados e muito
úmidos, às margens do rio Grande, entre 400 e
500 m alt. Segundo Hensen (1990), esta espécie
tem uma alta variabilidade na morfologia das
escamas do rizoma, dos segmentos e esporos,
o que tem gerado um grande número de
sinônimos. De acordo com este autor, esta
variação parece estar relacionada com as
condições do habitat.
Material examinado: trilha da Cachoeira
após a entrada do Corisco, 21.1.2000, Santos
1391; id., 21.1.2000, Mynssen 327.
Mynssen, C. M. <1 Windisch, P. G
16. Polypodium hirsiitissimum Raddi, Opuse.
Sei. 3: 286. 1819.
Planta epífita. presente em áreas muito
abertas e com grande incidência solar, entre
200 e 450 m alt. É caracterizada pela fronde
densamente coberta por escamas castanho-
avermelhadas, com margem fimbriada e hiali-
na, o que deve favorecer seu estabelecimento
nestes ambientes.
Material examinado: trilha do Cambucá
30.XI.1996, Sylvestre 1256; id., 6. V. 1997,
Mynssen 109; trilha do Corisquinho,
3.VI.1997, Mynssen 142, 148.
17. Polypodium latipes Langsd. et Fisch., Pl.
Voy. Russes Monde 1: 10, t. 10. 1810.
Planta rupícola de ambiente seco e exposto
ao sol. Foi observada a cerca de 450 m alt. Se-
gundo Hensen (1990), esta espécie possui uma
variação morfológica relacionada a distribuição
geográlica, mas sua forma típica é encontrada
no Brasil e Bolívia, caracterizando-se pelo caule
espesso (5-7 mm), escamas fortemente cla-
tradas e segmentos com duas séries de aréolas.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3. VI. 1997, Mynssen 140.
18. Polypodium polypodioides (L.) Watt,
Canad. Naturalist & Quart. J. Sei. ser. 2. 3:
158. 1867.
Planta rupícola. em rochas com grande
camada de húmus, em ambientes aberto e
ensolarado, a cerca de 400 m alt.
Material examinado: trilha da Cachoeira
após a casa do Tião, 21.I.2(MX), Santos 1388.
19. Polypodium triscriale Sw., J. Bot.
(Schrader) 1800(2): 26. 1801.
Planta preferencialmente rupícola,
podendo ocorrer como temcola ou epífita, em
locais parcialmente sombreados, entre 70 e 400
m alt. E uma espécie bastante comum nas
diversas trilhas da RRP.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1261; id., 6. V. 1997,
Mynssen 115; trilha da Toca da Aranha,
26. VIII. 1998, Mynssen 194.
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
-SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Plcridófilas da Resena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, fírasil
145
Referências: Sota 1965; Evans 1969; Sehnem Ptcridaccae
1970b; Price 1983;Hensen 1990; Lcón 1992; a família Pteridaceae possui cerca de
Labiak & Prado 1998. 33 gêneros e 750 espécies, amplamente
distribuídas no mundo (Tryon & Stolze 1989).
Nas Américas ocorrem aproximadamente 22
gêneros (Tryon & Tryon 1982).
Chave para identificação das espécies
1-Pínulas dimidiadas
2- Fronde formando conjunto de pinas radiadas 1. Adiantopsis radiata
2'- Fronde sem formar conjunto de pinas radiadas
3- Soros nas margens acroscópica e basiscópica das pínulas 3. Adiantum latifolium
3'- Soros somente na margem acroscópica das pínulas
4- Caule ereto ou decumbente, soros retilíneos e contínuos 4. Adiantum pulvemlentum
4’- Caule reptante, subterrâneo ou não, soros elípticos e descontínuos
5- Lâmina 2-pinada, pínulas com ápice obtuso, margem serreada simples
5. Adiantum serratodentatum
5’- Lâmina 3-4-pinada. pínulas com ápice longo acuminado ou agudo, margem crenado serreada
6 - Pínulas com 2-4cm compr. e 0,7-l,0cm larg 2. Adiantum abscissum
6 ’- Pínulas com 4,5-7cm compr. e 1, 5-2,0 cm larg 6 . Adiantum mynssenae
F-Pínulas não dimidiadas
7- Lâmina pedata ou sagitada
8 - Lâmina sagitada 11. Doryopteris sagittifolia
8 '- Lâmina pedada
9- Lâmina fértil com um lobo apical e dois lobos basais de cada lado
9. Doryopteris loncliophora
9’-Lâmina fértil mais recortada e com mais lobos
10 - Estípites com pelo menos uma face fortemente plana, castanhos, com escamas
esparsas; soros marginais contínuos 8 . Doryopteris collina
10’- Estípites cilíndricos ou levemente planos em uma face, castanho nigrescentes,
densamente coberto por pêlos e escamas; soros marginais interrompidos nos
enseio 10. Doryopteris pedata
7’-Lâmina 1-2-pinadaou 1-3-pinadopinatífida
1 1- Soros localizados na face abaxial da fronde
12- Lâmina pinada, coberta por pêlos alvos brilhantes nas duas faces, margens
inteiras 12. Hemionitis tomentosa
12’- Lâmina 2-pinada, com indumento alvacento farináceo na face abaxial, margens
serreadas 13. Pityrogramma calomelanos
1 1’- Soros localizados nas margens dos segmentos
14- Plantas adultas pequenas, com 3-5 cm de altura; soros reniformes
7. Cheilanthes incisa
14’- Plantas adultas grandes, com mais de 30 cm de altura; soros lineares
15- Segmentos com venação areolada somente junto a costa e cóstula, livres em
direção à margem
16- Raque alada, segmento apical e lateral acuminado .... 20. Pteris leptophylla
16’- Raque não alada, segmento apical acuminado e laterais agudo ou obtuso ...
16. Pteris biaurita
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
-SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
146 Mynssen. C. M. & Windisch, P. G
15’- Segmentos com venação totalmente areolada
17- Lâmina pinada 21. Pteris splendens
17’-Lâmina 1-3-pinado-pinatífida
18- Face adaxial das cóstulas com lacínios na base 14. Pteris altíssima
18’- Face adaxial das cóstulas sem lacínios na base
19- Pinas todas pinatífidas
20- Pinas com 1-2 aréolas entre duas cóstulas adjacentes .... 18. Pteris decurrens
20’- Pinas com 3-7 aréolas entre duas cóstulas adjacentes .... 15. Pteris angustata
19’- Pinas apicais e medianas inteiras, as basais pinatífidas ou lobadas
21- Raque alada 19. Pteris denticulata
21’-Raque não alada 17. Pteris brasiliensis
1. Adiantopsis radiata (L.) Fée, Gen. Filie.
[Mém. Foug. 5] 145. 1852.
Planta terrícola, ocorre em ambientes
mais secos e expostos ao sol, a cerca de 400
m alt. É uma espécie pouco freqüente na RRP,
sendo que a sua presença só foi registrada nos
arredores do afloramento rochoso Corisquinho.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3. VI. 1997, Mynsserr 139.
2. Adiantam abscissum Schrad., Gõt. Gel.
Anz. 872. 1824.
Planta terrícola, ocorre no interior da
mata fechada, em ambientes mais sombreados
e úmidos, próxima a córregos ou não, entre
190 e 6CX) m alt. Bastante freqüente e forma
densas populações ao longo das trilhas.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14. IX. 1996, Braga 3484; id., 6. V. 1997,
Mynssen 96; trilha da Lagoa Seca, 27. V. 1997,
Braga 4091; trilha da Toca da Aranha,
22.X. 1997, Mynssen 155 ; id., 26.VIII.1998,
Santos 1060 ; id., 29.1X.1998, Mynssen 231.
3. Adiantam latifolium Lam., Encyc. 1: 43.
1783.
Planta terrícola, ocorre em ambientes
parcialmente sombreados no sub-bosque, às
margens das trilhas. Foi vista com mais
frequência nos arredores do afloramento
rochoso do Corisquinho, entre 100 e 350 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá, 30.
XI. 1996, Sylvestre 1243; trilha do Corisquinho,
3.VI.1997, Mynssen 126, 128 , 129; trilha em
frente à casa de máquinas, 6.1.2000, Mynssen
296; trilha do Palmiteiro passando pelo oleoduto
da Petrobrás, 19.X. 1999, Mynssen 293; trilha
da Toca da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 161.
4. Adiantam mynssenae Prado. Amer. Fem
J. 94 (2): 112. 2004.
Planta terrícola, ocorre em ambiente par-
cialmente sombreado, em grandes populações
às margens da trilha, onde a vegetação encon-
tra-se mais alterada, entre 150 e 250 m alt.
Prado (2003) descreveu esta espécie cujo tipo é
da Reserva Rio das Pedras. Segundo este autor
é endêmica da floresta atlântica dos estados
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14. IX. 1996, Braga 3492; id., 6. V. 1997,
Mynssen 97; id., 26. VIII. 1998, Dória 1; id.,
13.VIII.1999, Mynssen 292; id., 16.VIII.2001,
Mynssen 356, ( holotypus RUSU; isotypus
MBM, NY, RB, SP, UC).
5. Adiantam pulverulentum L., Sp. PI. 2:
1096. 1753.
Planta terrícola, pode ocorrer tanto em
ambientes mais secos e parcialmente enso-
larados, quanto em locais úmidos e totalmente
sombreados, entre 350 e 450 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
Mynssen 137, 3.VI.1997; trilha da Toca da
Aranha, Braga 4439, 4.X1.1997.
6. Adiantam serratodentatum Willd., Sp. Pl.
ed. 4, 5: 445. 1810.
Planta terrícola de solo argiloso c vege-
tação alterada, ocorre cm áreas muito expostas
Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
Pteridófitas da Rcscn a Rio das Pedras, Maiigaratiba, RJ, Brasil
147
a luz solar, em campos com predominância de
gramíneas, entre 200 e 350 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
1. XII. 1996, Braga 3685; trilha da Toca da
Aranha, 26. VIII. 1998, Mynssen 202.
7. Cheilanthes incisa Kunze ex Mett., Abh.
Senckenberg. Naturf. Ges. 3. 44, tab. 3. 1859.
Planta rupícola, ocorre em ambiente
sombreado, a cerca de 450 m alt. Segundo
Mynssen & Windisch (2002), esta espécie é
muito pouco coletada, a ultima coleta que se
tem registro data de 1940, e por se tratar de
espécime de tamanho muito reduzido acredita-
se que passe desapercebido pelos coletores.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 4. XI. 1997, Braga 4427.
8. Doryopteris collina (Raddi) J. Sm., J. Bot.
(Hooker)4. 163. 1841.
Planta preferencialmente rupícola, em ro-
chas com camada de húmus, eventualmente
terrícola. Ocorre em áreas totalmente expostas
ao sol ou parcialmente sombreadas, em
ambientes mais secos, entre 150 e 450 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho 3.
VI. 1997, Mynssen 145, 146, 147; trilha do Mi-
rante. l.m. 1997, Braga 3913; id.. 12.VII.1997,
Braga 4186; id., 26. VIII. 1998, Santos 1063.
9. Doryopteris lonchophora (Romer ex
Mett.) J. Sm., Hist. Fil. 289. 1875.
Planta preferencialmente rupícola em
rochas com camada de húmus, raramente
terrícola, sempre crescendo em ambientes muito
sombreados c úmidos, entre 250 e 300 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30. XI. 1996, Sylvestre 1227; trilha da Lagoa
Seca, 27. VIII. 1998, Mynssen 222.
10. Doryopteris pedala (L.) Fée, Gen. Filie.
[Mém. Foug. 5]: 133.
Planta terrícola, ocorre isoladamente em
áreas parcialmente sombreadas no sub-bosque,
entre 200 e 500 m alt. Observou-se ao longo
do trabalho de campo, que existem espécimes
com caracteres intermediários. Acredita-se
Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
que todos estes espécimes estariam circuns-
critos a um único táxon, por isso optou-se por
um conceito amplo e não se considerou as
categorias infra-específicas.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Braga 3485; id., 25. VI. 1998,
Mynssen 193; id., 20.1.2000, Mynssen 315;
trilha do Corisco, 6.1.2000, Mynssen 307; tri-
lha do Corisquinho, 6.V.1997, Mynssen 114.
11. Doryopteris sagittifolia (Raddi) J. Sm., J.
Bot. 4: 163. 1841.
Planta freqüentemente rupícola ou saxícola
em rochas cobertas por húmus, ocasionalmente
terrícola, sempre em ambientes sombreados e
mais úmidos, entre 190 e 600 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1238; Poço do Cam-
bucá, 6.V.1997, Mynssen 105; trilha do Co-
risco, 21.1.2000, Santos 1385; id., 21.1.2000,
Mynnsen 326; trilha da Lagoa Seca,
27.V. 1997, Braga 4092; trilha da Lagoa Seca,
27. VIII. 1998, Mynssen 223.
12. Hemionitis tomentosa (Lam.) Raddi,
Opuse. Sei. 3. 284. 1819.
Planta terrícola, que ocorre nas áreas onde
a mata está mais aberta e o estrato herbáceo
encontra-se exposto ao sol. Foi observada entre
70 e 350 m alt., sendo mais frequente nos arredo-
res do afloramento rochoso do Corisquinho.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Braga 3489; id., 30.XI.1996,
Sylvestre 1249; id., 23. III. 1997, Bovini 1148;
trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997, Mynssen
123; trilha da Toca da Aranha, 22.X.1997,
Mynssen 153; trilha da Lagoa Seca,
26.V.1998, Mynssen 174.
13. Pityrogramma calomelanos (L.) Link.
Handb. Gew. 3: 20. 1833.
Planta terrícola, em geral ocorre nas
áreas mais expostas ao sol, ao longo das trilhas
nas regiões mais degradadas, entre 70 e 350 m
alt. Esta espécie apresenta a superfície laminar
abaxial coberta por um indumento farináceo.
Segundo Wollenweber & Dietz (1981), trata-
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
148
se de um composto fenólico lipofílico, secretado
por pêlos glandulares, que teriam efeitos
antibactericida e antifungicida. De acordo com
Tryon & Tryon (1982), esta espécie pode
invadir regiões de pastagens e plantações.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Braga 3491; trilha do Mirante,
6. V. 1997, Mynssen 91.
14. Píeris altíssima Poir., Encyc. 5: 722. 1804.
Planta preferencialmente temcola, de solos
arenosos, podendo também ocorrer como saxí-
cola. Em geral ocorre em grandes populações,
sempre em ambientes úmidos e sombreados,
às margens de córregos, entre 250 e 500 m alt.
Os indivíduos jovens possuem lâminas 2-
pinado-pinatífidas, raque totalmente alada e seg-
mentos muito estreitos, enquanto nos adultos
a morfologia da lâmina é completamente dife-
rente, o que poderia levar a uma identificação
equivocada, caso fossem coletados isolada-
mente. Segundo Prado (2000), esta espécie
possui uma grande variação morfológica.
Material examinado: trilha do Cambucá, 30.
XI. 1996, Sylvestre 1223, 7229; id., 23.III.1997,
Braga 3945\ trilha da Lagoa Seca, 26.V. 1998,
Mynssen 167, 170; id., 26. VIII. 1998, Nonato
54 1\ id., 27.VIII.1998, Mynssen 226.
15. Pteris angustata (Fée) C. V. Morton,
Contrib. U.S. Nat. Herb. 2 (38):72. 1967.
Planta terrícola que ocorre em locais
muito sombreados e úmidos, no interior de mata
densa, entre cerca de 300 e 500 m alt.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 248, 253.
16. Pteris biaurita L., Sp. Pl. 2: 1076. 1753.
Planta terrícola que ocorre no interior de
mata densa sombreada, entre cerca de 500 e
550 m alt., sendo pouco freqiiente.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
12. VII. 1997, Braga 4218.
17. Pteris brasiliensis Raddi, Opuse. Sei. 3:
293. 1819.
Planta terrícola que ocorre em ambientes
parcialmente sombreados, entre 250 e 350 m
Mynssen, C. M. & Windisch, P. G
alt. Segundo Prado (2000), relaciona-se com
Pteris denticulata Sw„ mas pode ser
facilmente distinguida pela raque não alada.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 26. VIII. 1998, Mynssen 201\ id.,
29.IX.1998, Mynssen 232.
18. Pteris decurrens C. Presl, Delic. Prag. 1:
183. 1822.
Planta terrícola que ocorre no sub-bosque
em áreas parcialmente sombreadas, entre 250
e 400 m alt. Esta espécie ocorre na América
do Sul distribuindo-se amplamente na Região
Sudeste brasileira. Assemelha-se Pteris
biaurita, diferenciando-se por apresentar o
padrão de venação com duas aréolas entre
duas cóstulas adjacentes (Prado 2000).
Material examinado: trilha do Cambucá,
19. X. 1996, Braga 3607\ trilha da Lagoa Seca,
12.VII.1997, Braga 4198\ trilha da Lagoa
Seca, 26.V.1998, Mynssen 166.
19. Pteris denticulata Sw„ Prodr. 129. 1788.
Planta temcola que habita locais parcial-
mente expostos ao sol, no sub-bosque em regiões
mais secas. Foram observ ados indivíduos isolados
a partir de cerca de 300 até 450 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3.VI.1997, Mynssen 138\ trilha do Corisco,
6.1.2000, Mynssen 309.
20. Pteris leptophylla Sw ., Kongl. Vetensk.
Acad. HandI. 70. 1817.
Planta temcola que ocorre isoladamente
às margens da trilha, em local parcialmente
sombreado. É pouco freqüente e foi observada
apenas entre 150 e 200 m alt.
Material examinado: trilha da Casa de
Máquinas, 6.1.2000, Mynssen 297.
21. Pteris splendens Kaulf., Enum. Filie. 186.
1824.
Planta terrícola que habita locais som-
breados. É pouco freqüente e foi observada a
cerca de 350 m alt.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 249.
Rodriguêua 55 (85): 125-156. 2004
ISciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
Pleridófilas da Resena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil
149
Referências: Tryon 1942, 1962; Brade 1965;
Sehnem 1972; Wollenweber & Dietz 1981;
Prado 1993, 2000, 2003, 2004; Mynssen &
Windisch 2002.
Schizaeaceae
A família Schizaeaceae está constituída
por quatro gêneros muito distintos, dos quais
três estão representados no continente
americano: Lygodium, Schizaea, Anemia
(Tryon & Tryon 1982).
Chave para identificação das espécies
1- Esporângios dispostos na margem modificada dos segmentos 4. Lygodium volubile
l"-Esporângios dispostos nas pinas basais modificados formando espigas
2- Nervuras areoladas 2. Anemia phyllitidis
2’- Nervuras livres
3- Lâmina pinada, pinas dimidiadas, raque coberta por longos pêlos avermelhados
1. Anemia mandioccana
3’- Lâmina pinado-pinatífida, pinas oblongas a elípticas, raque coberta por pêlos castanhos a
nigrescentes 3. Anemia villosa
1. Anemia mandioccana Raddi, Opuse. Sei.
3.282.1819.
Planta terrícola, rupícola ou saxícola. Ha-
bita locais úmidos e sombreados próximos a
cursos d’água ou não, entre 70 e 350 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1253; trilha da Lagoa
Seca, 12. VII. 1997, Braga 4195', id.,
26.VIII.1998, Santos 1068\ trilha da Toca da
Aranha, 26.V.1998, Mynssen 163.
2. Anemia phyllitidis (L.) Sw., Syn. Fil. 155.
1806.
Planta terrícola, frequente nas margens
de trilhas, cm ambientes sombreados ou mais
expostos a incidência solar, entre 70 e 500 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco e rio
Grande, Lira Neto 339 , 18. VIII. 1996; trilha
do Corisquinho, Mynssen 130, 3.VI.1997.
3. Anemia villosa Willd., Sp. Pl. ed. 4, 5: 92. 18 10.
Planta terrícola que ocorre preferen-
cialmente em ambientes ensolarados ou pouco
sombreados, a partir de 70 até 450 m alt.
Material examinado: trilha do Corisquinho,
3.VI.1997, Mynssen 143; trilha do Mirante,
26.V.1998, Mynssen, 179.
4. Lygodium volubile Sw., J. Bot. (Schrader)
1801(1): 304. 1803.
Planta terrícola que ocorre ao longo das
trilhas, geralmente associada a ambientes mais
abertos e expostos a luz solar, entre 70 e 400
m alt. É uma espécie escandente e volúvel
pela raque. Freqüentemente são encontrados
indivíduos jovens crescendo em barrancos ou
nas proximidades dos caminhos.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14.IX.1996, Braga 3486; id., 30.XI.1996,
Sylvestre 1246; id., 3.VI.1997, Mynssen 119;
trilha da Toca da Aranha, 22.X. 1997, Mynssen
162; id., 26.VIII.1998, Mynssen 197.
Referências: Sehnem 1974; Mickel & Beitel
1988; Tryon & Stolze 1989.
Selaginellaceae
A família Selaginellaceae está distribuída
em quase todo o mundo e é composta somente
pelo gênero Selaginella com cerca de 700 es-
pécies, das quais aproximadamente 270 ocor-
rem nas Américas (Tryon & Tryon 1982).
Rodri S uésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/ JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
150
Mynssen. C. M. & Windisch. P. G
Chave para identificação das espécies
1- Ramos caulinares articulados
2- Microfilo axilar com base longo auriculada 6. Selaginella sulcata
2’- Microfilo axilar com base obtusa 5. Selaginella suavis
1’- Ramos caulinares não articulados
3- Microfilo com margens longamente ciliadas, microfilo lateral com ápice obtuso
3. Selaginella jungermannioides
3’-Microfilos com margens inteiras ou curtamente ciliadas, microfilo lateral com ápice agudo
4- Microfilos laterais e axilares com margens curtamente ciliadas 4. Selaginella muscosa
4’-Microfilos laterais e axilares nunca com margens ciliadas
5- Microfilos dorsais com ápices aristados, os laterais contíguos
1 . Selaginella contígua
5’- Microfilos dorsais com ápices acuminados, os laterais afastados entre si
2. Selaginella decomposita
1. Selaginella contígua Baker, J. Bot. 22
(162): 295. 1884.
Planta terrícola, encontrada em bar-
rancos, em locais sombreado e úmido, a cerca
de 600 m alt.
Material examinado: trilha do Corisco,
21.1.2000, Santos 1382.
2. Selaginella decomposita Spring, in Martius
Fl. Bras. 1(2): 123. 1840.
Planta rupícola, revestindo completamen-
te a face vertical de um grande afloramento
rochoso em ambiente muito úmido e som-
breado, entre 250 e 300 m alt.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
13.VII1.1999, Mynssen 292 B.
3. Selaginella jungermannioides (Gaudich.)
Spring, Buli. Acad. Roy. Sei. Belgique 10: 143.
1843.
Planta rupícola, revestindo completa-
mente a face vertical de um grande flflo-
ramento rochoso em ambiente muito úmido e
sombreado, entre 250 e 300 m alt. Os microfilos
possuem coloração verde azulada e os rizó-
foros ventrais a deixam ligeiramente afastada
de seu substrato.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1228; trilha da Lagoa
Seca, 26. V. 1998, Mynssen 169; id.,
26.VIII.1998, Santos 1071.
4. Selaginella muscosa Spring, in Martius Fl.
Bras. 1(2): 120. 1840.
Planta rupícola sobre rochas com camada
húmus às margens do rio Grande, ou como terrícola
em barrancos argilosos que margeiam as trilhas.
Observados com frequência em ambientes muito
úmidos e sombreados, entre 70 e 450 m alt.
Material examinado: trilha da Cachoeira após
a entrada da trilha do Corisco, 21.1.2000,
Santos 1390; trilha do Cambucá, 30.XI.1996,
Sylvestre 1251; id., 26. VIII. 1998, Santos
1067\ id., 27. VIII. 1998, Mynssen 213.
5. Selaginella suavis (Spring) Spring, Buli.
Acad. Sei. Brux. 10: 229. 1843.
Planta preferencialmente rupícola, podendo
ocorrer como terrícola, estendendo-se a barran-
cos argilosos, em ambientes muito úmidos e som-
breados. É encontrada freqüentemente próxima
a pequenos cursos d’água que cortam as trilhas,
ocorrendo entre 100 c 350 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.X1.1996, Sylvestre 1248; id., 26. V. 1998.
Mynssen 180; id., 27. VIII. 1998. Mynssen 212.
6. Selaginella sulcata (Desv. ex Poir.) Spring.
Flora 20 (2): 126. 1837.
Planta terrícola, em solo argiloso ou argilo-
arenoso, em ambientes sombreados, úmidos ou
pouco secos, ocorrendo de 100 a 600 m alt. O
caule pode ter coloração vinácea.
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Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil
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Material examinado: trilha do Corisco,
6.1.2000, Mynssen 312, 325; trilha do Co-
risquinho, 1 .XII. 1996, Braga 3681 ; id., 26/04/
1997, Braga 3979 ; trilha da Lagoa Seca,
26. VIII. 1998, Nonato 540.
Referências: Alston 1936; Alston etal. 1981.
Thelypteridaceae
A família Thelypteridaceae é uma das
maiores famílias de Pteridóftas com cerca de
1.000 espécies, a maioria distribuída nas
regiões tropicais e sub-tropicais (Smith 1990).
Chave para identificação das espécies
1- Lâmina 3-pinado-pinatífida 1. Macrothelypteris torresiana
T-Lâmina pinada ou pinado-pinatífida
2- Nervura totalmente livre
3- Pinas com margens retroflexas 3. Thelypteris opposita
3’- Pinas com margens não retroflexas
4- Planta terrícola, segmentos com 8-11 pares de nervuras partindo da cóstula
4. Thelypteris polypodioides
4’- Planta rupícola ou saxícola, segmentos com 2-4 pares de nervuras partindo da cóstula
5. Thelypteris ptarmica (T. ptarmica var. asplenioides)
2’- Nervura areolada ou pelo menos com o par de basal unindo-se a uma nervura que se dirige
a base do enseio
5- Caule reptante, lâmina pinado-pinatífida 2. Thelypteris dentata
5'- Caule ereto, lâmina pinada
6- Soros lineares ou falciformes 6. Thelypteris serrata
6 - Soros arredondados 7. Thelypteris vivipara
1. Macrothelypteris torresiana (Gaudich.)
Ching, Acta Phytotax. Sin. 8: 310. 1963.
Planta terrícola, ocorre em ambientes
ensolarados ou pouco sombreados. É mais
freqüente no bosque degradado, entre 100 à
400 m alt. Segundo Mickel & Beitel (1988),
esta espécie foi introduzida nos neotrópicos e
rapidamente se expandiu. Atualmente observa-
se seu crescimento de forma subespontânea
em locais abertos e expostos ao sol. É
facilmente distinta pela lâmina 3-pinado-
pinatífida e pelo seu indumento constituído de
tricomas alvos brilhantes nas duas faces.
Material examinado: trilha do Cambucá,
14. IX. 1996, Braga 3487 ; trilha da Lagoa Seca,
26. V. 1998, Mynssen 181, 183.
2. Thelypteris dentata (Forssk.) E. St. John,
Amer. Fem J. 26(2): 44. 1936.
Planta terrícola, ocorre em áreas bastante
degradadas e expostas ao sol, entre 200 e 300
m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá, 6.1.
2000, Mynssen 289 ; trilha do Corisco, 6.1.2000,
Mynssen 306 ; trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997,
Mynssen 124 ; id., 6.1.2000, Mynssen 301.
3. Thelypteris opposita (Vahl) Ching, Buli.
Fan Mem. Inst. Biol. 10: 251. 1941.
Planta terrícola freqüentemente encontra-
da no sub-bosque em locais parcialmente som-
breados e úmidos, ou mais expostos ao sol e
secos. Foi observada entre 150 e 450 m alt.
Material examinado: trilha do Cambucá,
30.XI.1996, Sylvestre 1242; id., 22.III.1999,
Mynssen 256; id., 6.1.2000, Mynssen 308.
4. Thelypteris polypodioides (Raddi) C. F.
Reed, Phytologia 309. 1968.
Planta terrícola que ocorre no sub-bosque
em áreas parcialmente sombreadas. Foi
observada entre 250 e 450 m alt.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 29.IX.1998, Mynssen 237.
Rodrigucsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
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Mynssen, C. Al. & Windisch, P. G
5. Thelypteris ptarmica var. asplenioides
(Sw.) Ponce, Darwiniana 33 (1-4): 262. 1995.
Planta rupícola ou saxícola, ocorre em
populações ou isolada em ambientes bastante
sombreados e úmidos, às margens do rio
Grande e córregos, entre 100 e 500 m alt.
Segundo Ponce (1998), Thelypteris ptarmica
var. ptarmica distingue-se por possuir soros
elípticos ou lineares, sem indúsio e lâminas com
tricomas uncinulados curtos.
Material examinado: Poço do Cambucá,
14.IX.1996, Bovini 1042; id., 19. X. 1996,
Bovini 1077 ; id., 30.XI.1996, Sylvestre 1236 ;
id., 6. V. 1997, Mynssen 100, 10T, trilha do
Corisco, 21.1.2000, Mynssen 310; trilha da
Lagoa Seca, 26. V. 1998, Mynssen 171 ;
margem do rio Grande, proximidades de Lages,
20.1.2000, Nonato 685.
6. Thelypteris serrata (Cav.) Alston, Kew
Buli. 1932: 309. 1932.
Planta terrícola que habita locais parcial-
mente sombreados, onde o solo possui uma es-
pessa camada de matéria orgânica e freqüen-
temente encontra-se inundado. Apenas obser-
vada na localidade conhecida como Lagoa
Seca, a cerca de 800 m alt.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
13. VIII. 1999, Mynssen 289.
7. Thelypteris vivipara (Raddi) C. F. Reed,
Phytologia 17. 309. 1968.
Planta terrícola, habita locais úmidos e par-
cialmente sombreados. Ecomumente encontrada
em no interior do sub-bosque ou às margens de
cursos d’água, entre 100 e 300 m alt.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha, 22.X.1997, Mynssen 158 ; 29.IX.1998,
Mynssen 228.
Referências: Brade 1972; Sehnem 1979a,
Smith 1983; Mickel & Beitel 1988; Proctor
1989; Smith 1990;Tryon &Stolze 1992; Ponce
1998; Salino & Semir 2004.
Vittariaceae
A família Vittariaceae é constituída por
cerca de 1 00 espécies e dez gêneros, dos quais
sete ocorrem nas Américas. Possui distribuição
pantropical, estendendo-se até regiões tem-
peradas. E predominantemente epífita, podendo
também ocorrer sobre rochas (Nonato &
Windisch 2004).
Chave para identificação das espécies
1- Célula apical das paráfises infundibuliformes 1 . Radiovittaria stipitata
1'- Célula apical das paráfises filiformes ou levemente clavadas 2. Vittaria graminifolia
1 . Radiovittaria stipitata (Kunze) E. H. Crane,
Syst. Bot. 22 (3): 514.1997.
Planta epífita que ocorre em local úmido
e sombreado no interior da mata. Foi observada
a cerca de 300 m alt. Segundo Nonato &
Windisch (2004), os indivíduos de R. stipitata
ocorrem preferencialmente em florestas
pluviais sombreadas e úmidas.
Material examinado: trilha da Lagoa Seca,
26.VIII.1998, Nonato 539.
2. Vittaria graminifolia Kaulf, Enum. Filie.
192. 1824.
Planta prefercncialmente epífita, ocorrendo
também sobre rochas úmidas cobertas por hú-
mus, em locais muito sombreados e úmidos, a
cerca de 300 m alt. De acordo com Nonato &
Windisch (2004), ocorrc prefercncialmente nas flo-
restas pluviais tropicais. Assemelha-se a Vittaria
lineata, diferenciando por apresentar paráfise
com célula apical alargada e esporos triletes.
Material examinado: trilha da Toca da
Aranha. 26.VIII.I998, Nonato 537.
Referências: Sehnem 1967 b; Windisch &
Nonato 1999; Nonato & Windisch 2004.
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Pieridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil
153
Agradecimentos
A Dra. Regina Helena Potsch Andreata e
Dra. Lana da Silva Syl vestre pelo apoio no desen-
volvimento deste trabalho e valiosas críticas e
sugestões. Aos pesquisadores pela conferência
de algumas identificações: Dr. Alexandre Salino
(Thelypteridaceae), Dra. Fabiana Regina Nonato
(Vittariaceae), Dra. Irene Fernandes
(Cyatheaceae), Dr. Jefferson Prado ( Adiantam
e Pteris), Dra. Lana da Silva Sylvestre
(Aspleniaceae). Aos Profs. João Marcelo
Alvarenga Braga e Massimo Giuseppe Bovini
pelo companherismoe auxílio nas expedições.
Aos curadores dos herbários visitados. Aos
coordenadores da pós-graduação do Museu
Nacional/UFRJ e aos dirigentes da Universi-
dade Santa Úrsula e Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, pelo apoio concedido para o desen-
volvimento deste trabalho. À Coordenação de
Apoio do Pessoal de Ensino Superior (CAPES)
pela bolsa de mestrado concedida.
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. 1997b. Pteridophyta. In: M. C. M
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Brasil: Vittariaceae. Acta Botânica
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Wollenweber, E. & Dietz, H. V. 1981. Scale
insects feeding on farinose species of
Pityrogramma. American Fern Journal
71: 10-12.
Rodrigufsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004
SciELO/JBRJ
13 14
cm ..
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Escopo
A Rodriguésia é uma publicação semestral do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, que publica artigos e notas cientí-
ficas, em Português, Espanhol ou Inglês em
todas as áreas da Biologia Vegetal, bem como
em História da Botânica e atividades ligadas a
Jardins Botânicos.
Encaminhamento dos manuscritos
Os manuscritos devem ser enviados em 3
vias impressas à:
Comissão de Publicações do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro - a/c Coordenador
Rua Pacheco Leão 915
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Fone: (0XX2 1 ) 2294-60 1 2 / 2294-6590
Fax: (0XX2 1) 2259-504 1 / 2274-4897
Os artigos devem ter no máximo 30 pági-
nas digitadas, aqueles que ultrapassem este limi-
te poderão ser publicados após avaliação da
Comissão de Publicação. O aceite dos traba-
lhos depende da decisão do Corpo Editorial.
Todos os artigos serão submetidos a 2
consultores a d Iwc. Aos autores será
solicitado, quando necessário, modificações de
forma a adequar o trabalho às sugestões dos
revisores e editores. Artigos que não estiverem
nas normas descritas serão devolvidos.
Serão enviadas aos autores as provas de
página, que deverão ser devolvidas à Comissão
em no máximo 5 dias úteis a partir da data do
recebimento. Os trabalhos, após a publicação,
ficarão disponíveis em formato digital (PDF,
AdobeAcrobat) no site do Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
f http://www.ihri.gov.hr ).
Formato dos manuscritos
Os autores devem utilizar o editor do texto
Microsoft Word, versão 6.0 ou superior, fonte
Times New Roman, corpo 12, em espaço
duplo.
O manuscrito deve ser formatado em ta-
manho A4, com margens de 2,5 cm e alinha-
mento justificado, exceto nos casos indicados
abaixo, e impresso em apenas um lado do papel.
Todas as páginas, exceto a do título, devem ser
numeradas, consecutivamente, no canto supe-
rior direito. Letras maiusculas devem ser utili-
zadas apenas se as palavras exigem iniciais
maiusculas, de acordo com a respectiva língua
do manuscrito. Não serão considerados manus-
critos escritos inteiramente em maiusculas.
Palavras em latim devem estar em itálico,
bem como os nomes científicos genéricos e
infragenéricos. Utilizar nomes científicos com-
pletos (gênero, espécie e autor) na primeira men-
ção, abreviando o nome genérico subsequente-
mente, exceto onde referência a outros gêneros
cause confusão. Os nomes dos autores de táxons
devem ser citados segundo Brummitt & Powell
(1992), na obra “Authors of Plant Names".
Primeira página - deve incluir o título, autores,
instituições, apoio financeiro, autor e endereço
para correspondência e título abreviado. O título
deverá ser concisoe objetivo, expressandoa idéia
geral do conteúdo do trabalho. Deve ser escrito
em negrito com letras maiúsculas utilizadas
apenas onde as letras e as palavras devam ser
publicadas em maiúsculas.
Segunda página - deve conter Resumo
(incluindo título em português ou espanhol),
Abstract (incluindo título em inglês) e palavras-
chave (até 5, em português ou espanhol e
inglês). Resumos e abstracts devem conter até
200 palavras cada. A Comissão Editorial pode
redigir o Resumo a partir da tradução do
Abstract em trabalhos de autores não fluentes
em português.
Texto - Iniciar em nova página de acordo com
sequência apresentada a seguir: Introdução,
Material e Métodos, Resultados, Discussão,
Agradecimentos e Referências Bibliográficas.
Estes itens podem ser omitidos em trabalhos
sobre a descrição de novos táxons, mudanças
nomenclaturais ou similares. O item Resultados
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
pode ser agrupado com Discussão quando mais
adequado. Os títulos (Introdução, Material e
Métodos etc.) e subtítulos deverão serem negrito.
Enumere as figuras e tabelas em arábico de
acordo com a seqüência em que as mesmas
aparecem no texto. As citações de referências
no texto devem seguir os seguintes exemplos:
Miller (1993), Miller & Maier (1994), Baker
et al. (1996) para três ou mais autores ou
(Miller 1993), (Miller & Maier 1994), (Baker
et al. 1996).
Referência a dados ainda não publicados ou
trabalhos submetidos deve ser citada conforme
o exemplo: (R.C. Vieira, dados não publicados).
Cite resumos de trabalhos apresentados em
Congressos, Encontros e Simpósios se
estritamente necessário
O material examinado, nos trabalhos
taxonômicos, deve ser citado obedecendo a
seguinte ordem: local e data de coleta, fl., fr.,
bot. (para as fases fenológicas), nome e número
do coletor (utilizando et al. quando houver mais
de dois) e sigla(s) do(s) herbário(s) entre
parêntesis, segundo o Index Herbariorum.
Quando não houver número de coletor, o
número de registro do espécime, juntamente
com a sigla do herbário,deverá ser citado. Os
nomes dos países e dos estados/províncias
deverão ser citados por extenso, em letras
maiúsculas e em ordem alfabética, seguidos
dos respectivos materiais estudados.
Exemplo:
BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Reserva da
CEPEC, 15.XII.1996, fl. e fr., R. C. Vieira et
al. 10987 (MBM, RB, SP).
Para números decimais, use vírgula nos
artigos em Português e Espanhol (exemplo:
10.5 m) e ponto em artigos em Inglês (exemplo:
10.5 m). Separe as unidades dos valores por
um espaço (exceto em porcentagens, graus,
minutos e segundos).
Use abreviações para unidades métricas do
Systeme Internacional d 'Uni tés (SI) e símbolos
químicos amplamente aceitos. Demais
abreviações podem ser utilizadas, devendo ser
precedidas de seu significado por extenso na
primeira menção.
Referências Bibliográficas - Todas as
referências citadas no texto devem estar listadas
neste item. As referências bibliográficas devem
ser relacionadas em ordem alfabética, pelo
sobrenome do primeiro autor, com apenas a
primeira letra em caixa alta, seguido de todos
os demais autores. Quando houver repetição
do(s) mesmo(s) autor(es), o nome do mesmo
deverá ser substituído por um travessão;
quando o mesmo autor publicar vários trabalhos
num mesmo ano, deverão ser acrescentadas
letras alfabéticas após a data. Os títulos de
periódicos não devem ser abreviados.
Exemplos:
Tolbert, R. J. & Johnson, M. A. 1966. A survey
of the vegetative shoot ápices in the family
Malvaceae. American Journal of Botany
53(10): 961-970.
Engler, H. G A. 1878. Araceae. In: Martius,
C. F. P. von; Eichler, A. W. & Urban, I.
Flora brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig,
3(2): 26-223.
. 1930. Liliaceae. In: Engler, H. G A.
& Plantl, K. A. E. Die Naturlichen
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig
(WilhelmEngelmann). 15:227-386.
Sass, J. E. 1951. Botanical microtechnique. 2ed.
Iowa State College Press, Iowa, 228p.
Cite teses e dissertações se estritamente
necessário, isto é, quando as informações
requeridas para o bom entendimento do texto
ainda não foram publicadas em artigos
científicos.
Tabelas - devem ser apresentadas em preto
e branco, no formato Word for Windows. No
texto as tabelas devem ser sempre citadas de
acordo com os exemplos abaixo:
“Apenas algumas espécies apresentam
indumento (Tabela 1)..."
“Os resultados das análises fitoquímicas
são apresentados na Tabela 2...”
Figuras - não devem ser inseridas no
arquivo de texto. Submeter originais em preto
e branco e três cópias de alta resolução para
fotos e ilustrações, que também podem ser
enviadas em formato eletrônico, com alta
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm
resolução, desde que estejam em formato TIF
ou compatível com Corel Draw, versão 10 ou
superior. Ilustrações de baixa qualidade resul-
tarão na devolução do manuscrito. No caso do
envio das cópias impressas a numeração das
figuras, bem como textos nelas inseridos, de-
vem ser assinalados com Letraset ou similar em
papel transparente (tipo manteiga), colado na
parte superior da prancha, de maneira a sobre-
por o papel transparente à prancha, permitindo
que os detalhes apareçam nos locais desejados
pelo autor. Os gráficos devem ser em preto e
branco, possuir bom contraste e estar gravados
em arquivos separados em disquete (formato
TIF ou outro compatível com CorelDraw 10).
As pranchas devem possuir no máximo 15 cm
larg. x 22 cm comp. (também serão aceitas
figuras que caibam em uma coluna, ou seja,
7,2 cm larg.x 22 cm comp.). As figuras que
excederem mais de duas vezes estas medidas
serão recusadas. As imagens digitalizadas
devem ter pelo menos 600 dpi de resolução.
No texto as figuras devem ser sempre
citadas de acordo com os exemplos abaixo:
“Evidencia-se pela análise das Figuras 25
e 26....”
“Lindman (Figura 3) destacou as seguintes
características para as espécies...”
Após feitas as correções sugeridas pelos
assessores e aceito para a publicação, o autor
deve enviar a versão final do manuscrito em
duas vias impressas e em uma eletrônica.
INSTRUCCIONES A LOS AUTORES
Generalidades
Rodriguésia es una publicación semestral de
el Instituto de Pesquisas dei Jardín Botânico
de Rio de Janeiro, que publica artículos y notas
científicas, en Português, Espanol y Inglês en
todas las áreas de Biologia Vegetal, asi como
en Historia de la Botânica y actividades ligadas
a Jardines Botânicos.
Preparación dei manuscrito
Tres copias dei manuscrito deben ser
enviadas a la siguiente dirección:
Comissão de Publicações do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro - a/c Coordenador
Rua Pacheco Leão 915
Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22460-030 - Brasil
Fone: (0XX2 1)2294-6012/2294-6590
Fax: (0XX2 1 ) 2259-504 1 / 2274-4897
Los artículos pueden tener una extensión
máxima de 30 páginas (sin contar tablas y figu-
ras). Los que se extiendan más que 30 páginas
podrán ser publicados después de ser evaluados
por el Consejo Editorial. La aceptación de los
trabajos depende de la decisión de el Comité
Científico.
Todos los artículos serán examinados por
dos revisores ad hoc. Cuando sea necesario, se
solicitará a los autores realizar modificaciones al
manuscrito para adecuarlo a las sugerencias
de los revisores y editores. Artículos que no
sigan las normas descritas serán devueltos.
Las pruebas de galera serán enviados a
los autores, y deben ser devueltas al Consejo
Editorial en un máximo de cinco dias a partir
de la fecha de recibo. Después de publicados
los artículos estarán disponibles en formato
digital (PDF, AdobeAcrobat) en la página dei
Instituto de Pesquisas dei Jardim Botânico de
Rio de Janeiro ( http://www.ibri. pov.hrl
Preparación de los manuscritos
Los autores deben utilizar el editor de
texto Microsoft Word 6.0 o superior, letra
Times New Roman 1 2 puntos y doble espacio.
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
El manuscrito debe estar formateado en hoja
tamano A4 (o carta), impresas por un solo lado,
con márgenes de 2,5 cm en todos los lados de
la página y alinear el texto a la izquierda y a la
derecha, excepto en los casos indicados abajo.
Todas las páginas, excepto el título, deben ser
numeradas, consecutivamente, en la esquina
superior derecha. Las letras mayúsculas deben
ser utilizadas apenas en palabras que exijan
iniciales mayúsculas, de acuerdo con el
respectivo idioma usado en el manuscrito. No
serán considerados manuscritos escritos
completamente con letras mayúsculas.
Palabras en latín, nombres científicos gené-
ricos y infra-genéricos deben estar escritas en
itálica. Utilizar nombres científicos completos
(género, especie y autor) la primera vez que sean
mencionados, abreviando el nombre genérico
en las próximas veces, excepto cuando los
otros nombres genéricos sean iguales. Los
nombres de autores de los taxones deben ser
citados siguiendo Brummitt & Powell (1992),
en la obra “Authors of Plant Names”.
Primera página - debe incluirei título, autores,
afiliación profesional, financiamiento, autor y
dirección para correspondência y título
abreviado. EI título deberá ser conciso y
objetivo, expresando la idea general de el
contenido de el artículo. Debe ser escrito en
negrito con letras mayúsculas utilizadas apenas
donde las letras y las palabras deban ser
publicadas en mayúsculas.
Segunda página - debe tener el Resumen
(incluyendo título en português o espafiol),
Abstract (incluyendo título en inglês) y
palabras-clave (hasta 5, en português o espahol
e inglês). Resúmenes y abstracts llevan hasta
200 palabras cada uno. El Consejo Editorial
puede traducir el Abstract, para hacer el
Resumo en trabajos de autores no fluentes en
português.
Texto - Iniciar en una nueva página y en la
siguiente secuencia: Introducción, Materiales
y Métodos, Resultados, Discusión, Agradeci-
mientos y Referencias Bibliográficas. Estas
secciones pueden ser omitidos en trabajos
sobre la descripción de nuevos taxones,
câmbios nomenclaturales o similares. La
sección Resultados puede ser agrupada con
Discusión cuando se considere mas adecuado.
Las secciones (Introducción, Materiales y
Métodos, etc.) y subtítulos deberán ser en
negrilla. Numere las figuras y tablas con
números arábicos de acuerdo con Ia secuencia
en que estas aparecen en el texto. Las
citaciones de referencias en el texto deben
seguir los ejemplos: Miller (1993), Miller &
Maicr (1994), Baker et al. (1996) para tres o
mas autores o (Miller 1993), (Miller & Maier
1994), (Baker et al. 1996).
Referencia a dados todavia no publicados o
trabajos sometidos deben ser citados conforme
el ejemplo: (R. C. Vieira, com. pers., o R. C.
Vieira obs. pers.). Cite resúmenes de trabajos
presentados en Congresos, Encuentros y
Simposios si es estrictamente nccesario.
El material examinado, en los trabajos
taxonómicos, debe ser citado obedeciendo el
siguiente orden: localidad y fecha de colección,
fU fr„ bot. (para las fases fenológicas), nombre
y número dei colector (utilizando et al. cuando
existan mas de dos) y sigla(s) de lo(s)
herbario(s) entre parêntesis, siguiendo el Index
Herbariorum. Cuando no exista número de
colector, deberá ser citado el número de
registro de el espécimen, y la sigla dcl herbário.
Los nombres de los países y de los estados o
províncias deberán ser citados por extenso, en
letras mayúsculas y en orden alfabético,
seguidos de los respectivos materiales
estudiados.
Ejemplo:
BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Reserva da
CEPEC, 15. XII. 1996, fl. y fr, R.C. Vieira et
al. 10987 (MBM, RB, SP).
Para números decimales, use coma en los
artículos en Português y Espanol (ejemplo:
10.5 m) y punto en artículos en Inglês (ejemplo:
10.5 m). Separe las unidades de los valores
por un espacio (excepto en porcentajes, grados,
minutos y segundos).
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18
cm ..
Use abreviaciones para unidades métri-cas
de el Systeme Internacional d'Unités (SI) y
símbolos químicos ampliamente aceptados. Las
otras abreviaciones pueden ser utilizadas, pero
debe incluirse su significado por extenso en la
primera mención.
Referencias Bibliográficas - Todas las refe-
rencias citadas en el texto deben estar listadas
en esta sección. Las referencias bibliográficas
deben organizarse en orden alfabético, por
apellido dei prirner autor, con apenas la primera
letra en mayúsculas, seguido de los demas
autores. Cuando exista repetición de el(los)
mismo(s) autor(es), el nombre de éste(s) se
debe substituir por una línea; cuando el mismo
autor tenga vários trabajos en un mismo ano,
utilice letras alfabéticas después de la fecha
para reonocerlos. Los títulos de revistas no
deben ser abreviados.
Ejemplos:
Tolbert. R. J. & Johnson, M. A. 1966. A survey
of the vegetative shoot ápices in the family
Malvaceae. American Journal of Botany
53(10): 961-970.
Engler, H. G A. 1878. Araceae. In: Martius,
C. F. P. von; Eichler, A. W. & Urban, I.
Flora brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig,
3(2): 26-223.
. 1930. Liliaceae. In: Engler, H. G A.
& Plantl, K. A. E. Die Naturlichen
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig
(Wilhelm Engelmann). 15: 227-386.
Sass, J. E. 195 1 . Botanical microtechnique. 2ed.
Iowa State College Press, Iowa, 228p.
Cite tesis y disertaciones si es
extrictamente necesario, o cuando las
informaciones requeridas para un mejor
entendimiento dei texto todavia no fueron
publicadas en artículos científicos.
Tablas - deben ser presentadas en blanco y
negro, en el formato Word para Windows. En
el texto las tablas deben estar siempre citadas
de acuerdo con los ejemplos abajo:
“Apenas algunas especies presentan
indumento (Tabla 1)..."
“Los resultados de análisis fitoquímicos son
presentados en la Tabla 2...”
Figuras - no deben ser incluídas en el archivo
dei texto. Someter originales en blanco y negro
por triplicado. Use alta resolución para fotos e
ilustraciones impresas. Las figuras también
pueden ser enviadas en formato electrónico, con
alta resolución, desde que sean en formato TIF
o compatible con CorelDraw, versión 10 o
superior. Ilustraciones de baja calidad resultarán
en la devolución dei manuscrito. En el caso de
envio de las copias impresas la numeración de
las figuras, así como, textos en ellas inseridos,
deben ser marcados con Letraset o similar en
papel transparente (tipo mantequilla), pegado en
la parte superior de Ia figura, de manera al
sobreponer el papel transparente en la figura,
permitiendo que los detalles aparezean en los
locales deseados porei autor. Los gráficos deben
ser en blanco y negro, con excelente contraste y
gravados en archivos separados en disquete
(formatoTIF o otro compatible con CorelDraw
10). Las figuras se publican con el máximo 15
cm de ancho x 22 cm de largo, también serán
aceptas figuras dei ancho de una columna - 7,2
cm. Las figuras que excedan mas de dos veces
estas medidas serán rechazadas. Es necesario
que las figuras digitalizadas tengan al menos 600
dpi de resolución.
En el texto las figuras deben citarse de
acuerdo con los siguientes ejemplos:
“Evidencia por el análisis de las Figuras
25 y 26....”
“Lindman (Figura 3) destaco las siguientes
características para las especies...”
Cuando el manuscrito es aceptado para
publicación, después de hacer Ias correcciones
sugeridas por los revisores, el autor debe enviar
la versión final dei manuscrito en dos copias
impresas y una copia electrónica. Identifique
el disquete con nombre y número dei
manuscrito. Es importante estar seguro
que las copias en papel y la versión en
disquete sean idênticas.
■SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ..
INSTRUCTIONS TO THE AUTHORS
Scope
Rodriguésia, a six monthly publication by the
Botanical Garden of Rio de Janeiro Research
Institute (Instituto de Pesquisa Jardim Botânico
do Rio de Janeiro), publishes scientific articles
and short notes in all areas of Plant Biology, as
well as History of Botany and activities linked
to Botanic Gardens. Articles are published in
Portuguese, Spanish or English.
Subtnission of manuscripts
Manuscripts are to be submitted with 3
printed copies (we will request the text on
diskette or as an e-mail attachment after the
review stage) lo:
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do Rio de Janeiro - c/o Coordinator
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The maximum recommended length of the
articles is 30 pages, but Iarger submissions may
be published after evaluation by the Publications
Committee. The articles are considered by the
Editorial Council of the periodical, and scnt to
2 referees ad hoc. The authors may be asked.
when deemed necessary, to modify or adapt the
submission according to the suggestions of the
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Once the article is accepted, it will be type-
set and the authors will receive proofs to review
and send back in 5 working days from receipt.
Following their publication, the articles will be
available digitally (PDF, AdobeAcrobat) at the
site of the Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro (http://www.ibri. gov.br ).
Guidelines
Manuscripts must be presented in
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recent), with Times New Roman font size 12,
double spaced. Page format must be size A4,
margins 2,5 cm, justified (except in the cases
explained below), printed on one side only. All
pages, except the title page, must be numbered
in the top right comer. Capital letters to be used
only for initials, according to the language.
Latin words must be in italics (incl. genera
and all other categories below generic levei),
and the scientific names have to be complete
(genus, species and author) when they First
appear in the text, and afterwards the genus
can be abbreviated and the aulhority of the
name suppressed, unless for some reason it
may be cause for confusion. Names of authors
to be cited according to Brummitt & Powell
(1992), “Authors of Plant Names”.
First page - must include title, authors,
addresses, financial support, main author and
contact address and abbreviated title. The title
must be short and objective, expressing the
general idea of the contents of the article. It
must appear in bold with capital letters where
relevam.
Second page - must contain a Portuguese
summary (including title in Portuguese or
Spanish), Abstract (including title in English)
and key-words (up to 5, in Portuguese or
Spanish and in English). Summaries and
abstracts must contain up to 200 words each.
The Publications Committee may translate the
Abstract into a Portuguese summer if the
authors are not Portuguese speakers.
Text - Start in a new page, according to the
following sequence: Introduction, Material and
Methods, Results, Discussion, Acknowledgements
and Bibliography. Some of these items may
be omitted in articles describing new taxa or
presenting nomenclatural changes, etc. In some
cases, the Results and Discussion can be
merged. Titles (Introduction, Material and
Methods, etc.) and subtitles must be presented
in bold. Number figures and tables in 1 - 10 etc.,
according with the sequence these occupy
within the text. References within the text are
to follow the example: Miller ( 1 993), Miller &
SciELO/JBRJ
13 14 15 16 17 18 19
cm ±
Maicr (1994), Baker et al. (1996) for three or
more authors or (Miller 1993), (Miller & Maier
1994), (Baker et al. 1996). Unpublished data
should appear as: (R.C. Vieira, unpublished).
Conference, Symposia and Meetings abstracts
should only be cited if strictly necessary.
For Taxonomic Botany articles, the
examined material ought to be cited following
this order: locality and date of collection,
phenology (fl., fr., bud). name and number of
collector (using et al. when more than two
collectors were present) and acronym of the
herbaria between brackets, according to Index
Herbariontm. When the collector’s number is
not available, the herbarium record number
should be cited preceded by the Herbarium’s
acronym. Names of countries and States/
provinces should be cited in full, in capital letters
and in alphabetic order, followed by the material
studied, for instance:
BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Reserva da
CEPEC, 15.XII.1996, 0. e fr., R. C. Vieira et
al. 10987 (MBM, RB, SP).
Decimal numbers should be separated by
comma in articles in Portuguese and Spanish
(e.g.: 10,5 m), full stop in English(e.g.: 10.5 m).
Numbers should be separated by space from
values/measurements, except in percentages,
degrees, minutes and seconds.
Metric unities should be abbreviated
according to the Systeme Internacional dTJnités
(SI), and chemistry symbols are allowed. Olher
abbreviations can be used as long as they are
explained in full when they appear for the first
time
References - A1I references cited in the text
have to be listed within this item, in alphabetic
order by the sumame of the first author, first
names in capital letters, and all other authors
have to be cited. When the same author is
repeated, the name is substituted by long dash;
when the same author publishes more than one
paper in the same year, these have to be
differentiated by letters after the year of
publication. Titles of papers should not be
abbreviated.
Examples:
Tolbert, R. J. & Johnson, M. A. 1966. A survey
of the vegetative shoot ápices in the family
Malvaceae. American Journal of Botany
53(10): 961-970.
Engler, H. G A. 1878. Araceae. In: Martius,
C. F. P. von; Eichler, A. W. & Urban, I.
Flora brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig,
3(2): 26-223.
. 1930. Liliaceae. In: Engler, H. G A.
& Plantl, K. A. E. Die Naturlichen
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig
(WilhelmEngelmann). 15:227-386.
Sass, J. E. 1951. Botanical microtechnique. 2ed.
Iowa State College Press, Iowa, 228p.
MSc and PhD thesis should be cited only
when strictly necessary, if the information is as
yet unpublished in the form of scientific articles.
Tables - should be presented in black and
white, in the same software cited above. In
the text, tables should be cited following in the
examples below:
“Only a few species present hairs (Table 1)...”
“Results to the phytochemical analysis are
presented in Table 2...”
Figures - must not be included in the
file with text. Submit originais in black and
white high good quality copies for photos and
illustrations, or in electronic form with high
resolution in format T1F 600 dpi, or compatible
with CorelDraw (vs. 10 or more recent). Low
or poor quality illustrations will result on the
retum of the manuscript. In the case of printed
copies, the numbering and text of the figures
should be made on an overlapping sheet of
transparent paper stuck to the top edge of the
plates, and not on the original drawing itself.
Graphs should also be black and white, with
good contrast, and in separate files on disk
(format TIF 600 dpi, or compatible with
CorelDraw 10). Plates should be a maximum
of 15 cm wide x 22 cm long for a full page, or
column size, with 7,2 cm wide and 22 cm long.
The resolution for grayscale images should be
600 dpi.
SciELO/JBRJ
13 14 15
In the text, figures should be cited
according with the examples:
“It is made obvious by the analysis of
Figures 25 and 26....”
“Lindman (Figure 3) outlined the following
characters for the species...”
After adding modifications and corrections
suggested by the two reviewers, the author
should submit the final version of the manuscript
electronically plus two printed copies.
Apoio:
CAIXA
SciELO/JBRJ