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Full text of "Rodriguésia: Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro"

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INSTITUTO DE PESQUISAS 
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO 

Rua Jardim Botânico 1008 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ -Tel.: 2294-6012 - CEP 22460- 180 


© JBRJ 

ISSN 0370-6583 


Presidência da República 
LUIS INÁCIO LULA DA SILVA 
Presidente 

Ministério do Meio Ambiente 

MARINA SILVA 

Ministra 

CLÁUDIO LANGONE 
Secretário Executivo 

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 

LISZT VIEIRA 

Presidente 


Rodriguésia 

A Revista Rodriguésia publica artigos e notas 
científicas em todas as áreas da Biologia Vegetal, 
bem como em História da Botânica e atividades 
ligadas a Jardins Botânicos. 


Comissão de Publicação 

Claudia Franca Barros 
Rafaela Campostrini Forzza 
Vidal de Freitas Mansano 
Ricardo Cardoso Vieira 
Lana da Silva Syl vcstre 

Editoração 

Carla M.M. Molinari 

Edição on-line 

Renato M.A. Pizarro Drummond 

Secretária 

Georgina M. Macedo 


Ficha catalográfica: 


Rodriguésia: revistado Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro. — Vol.l, n.l (1935) - . 

- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1935- 

v. : il. ; 28 cm. 

Semestral 

inclui resumos em português e inglês 
ISSN 0370-6583 

1. Botânica - Periódicos brasileiros I. Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro 


CDD - 580.5 
CDU -58(01) 




-SciELO/ JBRJ 


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Sumário 

Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do 


Espírito Santo 5 

Cláudio Nicoletti de Fraga, Ariane Luna Peixoto 

Piperaceae do Nordeste brasileiro I: estado do Ceará 21 

Elsie Franklin Guimarães, Luiz Carlos da Silva Giordano 

A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na 

Flora Brasiliensis de Martius 47 

Abner Chiquieri, Fernando Régis Di Maio, Ariane Luna Peixoto 

Sistemática de Vellozia candida (Velloziaceae) 59 

Renato de Mello-Silva 

Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, 
Nordeste do Brasil 65 

José Iranildo Miranda de Melo, Margareth Ferreira de Sales 

Beilschmiedia vigida (Mez) Kosterm. (Lauraceae): diferenciação e 
desenvolvimento da lâmina foliar 89 

Carlos Alexandre Marques, Cláudia Franca Barros, Cecília Gonçalves Costa 

O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no 
bioma Caatinga do estado de Pernambuco - Brasil 101 

Marcos José da Silva, Margareth Ferreira de Sales 

Variação sazonal de macronutrientes em uma espécie arbórea 
de cerrado, na Reserva Biológica e Estação Experimental de 
Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil .. 127 

Adriana Carrhá Leitão, Osvaldo Aulino da Silva 


A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - 
Descoberto, Minas Gerais, Brasil 137 

Luiz Mcnihi Neto,Valquiria Rezende Almeida, Rafaela Campostrini Forzza 




SciELO/JBRJ 


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Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do 
estado do Espírito Santo 12 


Cláudio Nicoletti de Fraga 3 
Ariane Luna Peixoto 4 


RESUMO 

Este trabalho teve como objetivo inventariar as Orchidaceae das restingas do estado do Espírito 
Santo, detectar as formas de vida e proceder a uma análise da similaridade entre as formações 
vegetais das restingas, através da flora orquidológica. As coletas de material botânico foram feitas 
ao longo de todo o litoral sendo incluídas as coleções dos herbários CVRD, MB ML e VIES. Foram 
identificados 73 táxons, sendo 71 espécies, dentre estas uma nova para ciência, e dois híbridos 
naturais. O maior número de espécies foi encontrado emEpidendrum (7) e Pleurothallis (6). Foram 
encontrados 3 1 táxons holoepífitos, 28 táxons terrestres, 12 táxons epífitos facultativos e dois táxons 
hemiepífitos. Das 10 formações vegetais de restinga as Orchidaceae estiveram representadas em 
oito. A floresta arenosa litorânea apresentou 58 táxons, seguida pela formação aberta de Clusia 
(31), formação aberta de Ericaceae (20), floresta periodicamente inundada (14), formação pós- 
praia (13), formação Palmae (10), formação brejo herbáceo (3) e formação praial graminóide (2). 
A maior similaridade florística, utilizando o índice de Sorensen, foi encontrada entre as formações 
arbustivas fechadas (pós-praia e Palmae) seguidas pelas formações arbustivas abertas (de Ericaceae 
e de Clusia). Estes dois grupos se ligam, com menor similaridade às formações florestais, enquanto 
as formações herbáceas são as mais dissimilares. 

Palavras-chaves: Orchidaceae, florística, ecologia, restinga, Espírito Santo 


ABSTRACT 

An inventory of the Orchidaceae of the Coastal plain vegetation (restingas) of Espírito Santo 
State, Brazil, is presented here. The life fornis were examined as well as the similarity between 
restinga vegetation types based on the orchid flora. Botanical material was collected along the 
entire coast and material from the following herbaria was examined: CVRD, MBML and VIES. A 
total of 73 taxa were identified, including two natural hybrids. Of the 71 remaining taxa, one was a 
new species. The most species-rich genera were Epidendrum (7) and Pleurothallis (6). The 
táxons were classified as follows: 31 holoepiphytes, 28 terrestrials, 12 facultative epiphytes and 2 
hemiepiphytes. Orchid species are found in eigth of the 10 restinga vegetation types: sandy Coastal 
forest (58), open Clusia scrub (31), open Ericaceae scrub (20), periodically flooded forest (14), 
closed beach-thicket (13), Palm scrub (10), sedge swamp (3) and creeping psammophytic (2). 
Highest floristic similarity based on SorenserFs index was found between the closed formations 
(beach thicket and Palmae scrub), followed by the open formations (Ericaceae and Clusia). These 
two groups are linked at Iower similarity values with the forest formations, while the herbaceous 
formations are quite dissimilar. 

Key words: Orchidaceae, floritics, ecology, Coastal plain vegetation, Espírito Santo 

'Parte da Dissertação de Mestrado apresentada à coordenação do Curso de Pós-Graduaçao em Ciências Biológicas 
(Botânica) da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Museu Nacional. 

- Financiamento: CNPq, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN), The John D. and Catherine T. MacArthur 
Foudation, WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e USAI D ( United States Agency for International Development). 

3 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Coordenadoria de Coleções Vivas, Rua Jardim Botânico, 1 008, 
22.470-1 80, Jardim Botânico, Rio de Janeiro- RJ, Brasil, cnfraga@jbij.gov.br 

4 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical, Rua Pacheco Leâo, 
2.040, 22.460-030, Jardim Botânico, Rio de Janeiro- RJ, Brasil, alpeixoto@terra.com.br 


SciELO/JBRJ 


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6 

INTRODUÇÃO 

A planície quaternária litorânea ocupa 
cerca de 5.000 km de extensão, de um total de 
9.000 km do litoral brasileiro. É formada por 
acúmulo de sedimentos oriundos das últimas 
transgressões marítimas (Suguio& Martin, 1990). 

Os estudos botânicos na planície 
quaternária litorânea, para o território 
brasileiro, se intensificaram a partir de Ule 
(1901), que diferenciou algumas formações 
vegetais para Cabo Frio, Rio de Janeiro. No 
entanto, poucos trabalhos têm dedicado atenção 
exclusivamente às Orchidaceae das restingas 
brasileiras para um melhor entendimento de 
sua biologia e distribuição. Neste contexto. 
Ribeiro & Monteiro (1994) descrevem as 
Orchidaceae de Picinguaba em Ubatuba, São 
Paulo, fornecendo lista comparativa das 
espécies inventariadas com as de outras 
regiões do litoral brasileiro. Waechter (1998) 
apresenta uma listagem das Orchidaceae 
epífitas da planície sul-rio-grandense, discutindo 
a ecologia do epifítismo e a distribuição 
geográfica para a região subtropical brasileira. 
Fagnani & Siqueira (1998) apresentam uma 
listagem de 19 espécies de Orchidaceae para 
a região de Massambaba, Rio de Janeiro. 

Observações para as Orchidaceae das 
restingas do Espírito Santo, encontram-se 
restritas aos trabalhos de Ruschi (1950) que, 
ao escrever sobre a fitogeografia do Espírito 
Santo, contempla um capítulo às restingas deste 
Estado, citando alguns gêneros e poucas 
espécies. Posteriormente, Ruschi (1979) 
dedica uma publicação exclusivamente às 
restingas, mencionando aí novas espécies para 
este ecossistema e suprimindo algumas citadas 
no trabalho de 1950. Ruschi (1986) inclui, em 
uma obra sobre as orquídeas do Espírito Santo, 
chave para determinação de gêneros de 
Orchidaceae do Estado e observações sobre 
a biologia da família, incluindo espécies com 
ocorrência nas restingas. 

Nesta ultima década, as pesquisas com a 
flora das restingas do Espírito Santo se 
intensificaram, gerando novos conhecimentos 
sobre a presença de orquídeas. Pereira 


Fraga, C. N. '& Peixoto, A. L 

(1990a), ao descrever fitofisionomicamente a 
restinga do Parque Estadual de Setiba, litoral 
sul do Estado, inclui algumas espécies desta 
família. Orchidaceae é também incluída em 
uma lista florística para Conceição da Barra, 
litoral norte do Estado (Pereira & 
Gomes, 1994). Fabris & Pereira (1994), 
mencionam a família em um levantamento 
florístico para a formação pós-praia da restinga 
de Setiba. Pereira & Zambom (1998) citam, 
em uma lista florística, as espécies de 
Orchidaceae ocorrentes em Interlagos, Vila 
Velha. Pereira et al. (1998) descrevem as 
comunidades de uma localidade de Pontal do 
Ipiranga, Linhares, incluindo a família na 
listagem das espécies para a área. Fraga & 
Pereira (1998) descrevem e ilustram oito 
espécies de orquídeas do pós-praia do Estado. 
Pereira & Assis (2000) descrevem as 
comunidades de Camburi, Vitória, citando a 
família. Fraga (2000) apresenta dados relativos 
a ecologia, fitogeografia e conservação para 
as Orchidaceae das restingas do Espírito Santo. 
Pereira & Araújo (2000) publicam a lista 
florística das restingas dos Estados do Rio de 
Janeiro e Espírito Santo, estando a família 
Orchidaceae incluída nesta listagem. 

Mesmo com o atual avanço sobre o 
conhecimento das restingas do Espírito Santo, 
a planície quaternária litorânea do Estado ainda 
apresenta lacunas no que tange a 
levantamentos florísticos, como verificado por 
Mota (1991) ao mapear áreas prioritárias para 
o estabelecimento de novas unidades de 
conservação, demonstrando a necessidade de 
trabalhos botânicos, em áreas onde a 
composição florística das restingas capixabas 
é pouco conhecida (Fraga, 2000). 

Buscando contribuir para o conhecimento 
das Orchidaceae nas restingas do Espírito 
Santo, o presente trabalho tem como objetivo 
oferecer um levantamento qualitativo, florístico 
e ecológico das Orchidaceae da restinga do 
Espírito Santo, detectar as formas de vida das 
espécies coletadas e proceder a uma análise 
da similaridade entre as formações vegetais 
deste ecossistema no Estado. 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



SciELO/JBRJ 


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Floríslica e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo 


7 


MATERIAL E MÉTODOS 

Descrição e localização da área de estudo 

O litoral do Espírito Santo apresenta uma 
linha de costa com cerca de 430 km de 
extensão, onde os depósitos quaternários se 
fazem presentes em quase toda a extensão, 
delimitados para o interior por platôs terciários 
formados pelos sedimentos continentais da 
Formação Barreiras ou pela região serrana 
composta por rochas cristalinas pré- 
cambrianas. Apresenta como limites [39°30’ 
W- 18°28’ S] ao norte a Bahia, e ao sul [4I°00’ 
W - 21°15’ S] o Rio de Janeiro (Figura 1). 

Os sedimentos arenosos que formam as 
restingas do Espírito Santo foram depositados 
nas últimas transgressões marítimas, há 
123.000 e 5. 100 anos pretéritos, representando 
sedimentos de origens pleistocênicas e 
holocênicas, respectivamente (Martin et al. 
1997), ocupando cerca de 89.700 ha, 


41 ° 40 ° 



Figura 1- Regiões litorâneas do Espírito Santo, 
demarcados de acordo com a geomorfologia das regiões 
interioranas aos depósitos quaternários e a divisão em 
municípios do litoral do Estado (A- Litoral Norte, B- 
Litoral Central, C- Litoral Sul). 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 


correspondendo a 1,97% do Estado. 
Atualmente, o ecossistema restinga ocupa 
48.600 ha, o que representa 54,18% da área 
primária. Da área atual de restinga do Espírito 
Santo, 8.300 ha, o que corresponde a 17,08%, 
encontram-se preservadas em unidades de 
conservação (Mota 1991). 

Como observaram Martin et al. (1997), 
os sedimentos arenosos acabaram sendo 
retidos na costa continental através de 
armadilhas, que por vezes possibilitaram o 
estabelecimento de extensas planícies em 
algumas regiões ou somente enseadas em 
outras. Em função das características das 
unidades geomórfológicas internas às restingas 
e ao maior ou menor desenvolvimento dos 
depósitos quaternários, estes autores 
delimitaram cinco setores para o litoral do 
Espírito Santo. 

No setor I, os depósitos quaternários são 
fracamente desenvolvidos, estando delimitados 
ao sopé das falésias, limitando-se da divisa com 
a Bahia até a cidade de Conceição da Barra 
(foz do Rio São Mateus). No setor II, a planície 
costeira atinge seu maior desenvolvimento no 
Estado, ficando situada de Conceição da Barra 
até Barra do Riacho (Aracruz), em toda área 
de influência do delta do Rio Doce. No setor 
III, o desenvolvimento dos depósitos 
quaternários volta a ser fraco, com o sopé das 
falésias chegando bem próximo ao mar, 
estendendo-se de Barra do Riacho até Tubarão 
(entrada da Bahia de Vitória). Todos estes 
setores da planície quaternária litorânea 
apresentam em comum o fato de estarem 
delimitados, para o interior, pelos platôs 
terciários da Formação Barreiras, formando o 
Litoral Norte do Estado do Espírito Santo 
(Figura IA). 

O setor IV corresponde à zona de 
afloramentos de rochas cristalinas pré- 
cambrianas em contato direto com os depósitos 
quaternários, sendo caracterizado por 
apresentar um litoral bastante recortado, com 
os depósitos bem desenvolvidos nas porções 
côncavas e ausentes nas partes convexas, 
formando praias em enseadas com uma pedra 



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cm .. 


Fraga, C. N. '& Peixoto, A. L 


em cada ponta. Este setor do litoral estende- 
se da entrada da baía de Vitória até o final de 
Itapemirim, formando o Litoral Central do 
Espírito Santo (Figura 1B). 

O setor V estende-se da foz do Rio 
Itapemirim, limite entre os municípios de 
Itapemirim ao norte e Marataízes ao sul, até a 
divisa com o Estado do Rio de Janeiro ao sul. 
Este setor é caracterizado por um fraco 
desenvolvimento, em virtude da formação de 
falésias na linha de praia, em Marataízes. 
Apresenta extensões consideráveis nos vales 
entalhados na Formação Barreiras em 
Presidente Kennedy, próximo à foz do Rio 
Itabapoana, formando o Litoral Sul do Estado 
do Espírito Santo (Figura IC). 

Identificação das formações vegetais das 
restingas do Espírito Santo 

No Espírito Santo, as formações de 
restinga têm sido descritas e agrupadas de 
modos distintos por diversos autores. Pereira 
( 1 990a), descreveu 1 1 formações para o Parque 
Estadual Paulo César Vinha, em Setiba, 
Guarapari. Outra formação foi descrita por 
Pereira (1995) para Reserva Biológica de 
Comboios, Linhares, na faixa litorânea ao norte 
do Estado, denominada comunidade praial 
graminóide. 

As formações halófila e psamófila- 
reptante foram posteriormente agrupadas na 
comunidade halófila-psamófila por Thomaz & 
Monteiro (1994), em um trabalho exclusivo de 
comparação entre estas formações ao longo 
do litoral do Estado. Pereira (1990a) também 
considerou outras duas formações difíceis de 
serem separadas em campo, mata seca e mata 
de Myrtaceae, que posteriormente foram 
consideradas por Fabris (1995) como uma só 
formação, denominada floresta arenosa 
litorânea, como já havia feito Ruschi (1950, 
1979) ao usar a denominação mata esclerófila 
litorânea. 

Das 12 formações descritas para o litoral 
do Espírito Santo, serão consideradas neste 
trabalho somente 10: halófila-psamófila (halófila 
e psamófila reptante), floresta arenosa 


litorânea (mata seca e mata de Myrtaceae), 
formação praial graminóide, formação brejo 
herbáceo, formação pós-praia, formação 
Palmae, formação aberta de Clusia, formação 
aberta de Ericaceae, floresta periodicamente 
inundada e floresta permanentemente 
inundada. 

As diferenças fisionômicas da vegetação, 
com maior ou menor complexidade, são 
acompanhadas por modificações estruturais e 
por espécies que caracterizam cada formação, 
como as observadas por Pereira (1990a) e 
Araújo & Henriques (1984), o que auxilia na 
identificação das formações no trabalho de 
campo. 

Dentre as 10 formações vegetais, 
algumas apresentam vegetação 
predominantemente herbácea heliófila, com 
maior ou menor disponibilidade de água, 
devido a diferentes distâncias do lençol 
freático, como observado por Pereira et al. 
(1992) para a formação brejo herbáceo e 
Pereira (1995) para a formação praial 
graminóide. Outras são formadas por plantas 
predominantemente arbustivas, com 
modificações na fisionomia em virtude de 
poderem ser abertas ou fechadas, 
separando, desta forma, as formações pós- 
praia e Palmae (arbustivas fechadas) das 
formações abertas de Clusia e de 
Ericaceae (arbustivas abertas). A diferença 
entre as duas arbustivas fechadas está em 
função da dominância de uma de suas 
espécies (Pereira, 1990a; Cardoso, 1995), 
enquanto que as diferenças entre as 
formações arbustivas abertas estão 
relacionadas, principalmente, à distância da 
vegetação do lençol freático, como 
observado por Pereira (1990a) e Pereira & 
Araújo (1995). 

O litoral capixaba também apresenta 
formações florestais, que se diferenciam 
principalmente em função do alagamento no 
decorrer do ano, em floresta arenosa litorânea, 
floresta periodicamente inundada e floresta 
permanentemente inundada. 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



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13 14 15 16 17 lí 


Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo 


9 


Levantamento florístico e análise 
estatística 

Realizaram-se coletas de material 
botânico em estádio de floração e/ou 
frutificação, que foram preparadas para 
herbário segundo Mori et al. (1989), sendo os 
exemplares posteriormente depositados no 
Herbário MB ML. 

A identificação das espécies foi feita 
através de literatura especializada e 
comparações com exemplares dos herbários 
MBML, VIES, CVRD, RB, R, HB, GUA, UB, 
CEN, CEPEC e SP. O enquadramento em 
subfamílias para as espécies coletadas foi 
baseado em Cameron et al. (1999). 

Em relação à forma de vida, as espécies 
foram enquadradas em holoepífitas e epífitas 
facultativas, baseado no tipo de relação que 
estabelecem com o hospedeiro de acordo com 
Benzing (1986), ou hemiepífitas segundo Putz 
& Holbrook (1986), além de espécies terrestres 
de acordo com Dressler (1981). As 
identificações das formas de vida procederam- 
se por visualização direta ou através de dados 
de coleta contidos nas etiquetas de herbário. 

Após a elaboração da lista de espécies 
de Orchidaceae das restingas do Estado do 
Espírito Santo, procederam-se análises de 
similaridade utilizando o coeficiente de 
Sorensen (Muller-Dombois & Ellenberg 1974), 
sendo as formações trabalhadas aos pares com 
base na presença/ausência das espécies, 
através do programa FITOPAC (Shepherd, 
1984). 

Para auxiliar a visualização dos grupos 
de espécies que mais influenciaram na união 
entre as diversas formações, optou-se por 
apresentar dendogramas de similaridade, 
utilizando-se o índice de Sorensen, entre as 
formações e as espécies de cada tipo de forma 
de vida (terrestre, holoepífito e epífito 
facultativo). 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Foram identificados exemplares 
pertencentes a 73 táxons, sendo 7 1 espécies, 
dentre estas uma nova para a ciência, e dois 

Rodriguésia 54 (84): 5-20. 2003 


híbridos naturais, contidos em 41 gêneros e 
um híbrido intergenérico, distribuídos nas 
subfamílias Vanilloideae (4), Orchidoideae (14) 
e Epidendroideae (55). 

Os gêneros com maior número de 
espécies foram Epidendrum com sete 
espécies e Pleurothallis com seis espécies, 
seguidos por Catasetum e Habenaria com 
quatro espécies; Cattleya, Cyrtopodium, 
Oncidium, Prescottia e Sobralia com três 
espécies; Campylocentrum, Eltroplectris, 
Prosthechea e Vanilla com duas espécies. 
Os demais 29 gêneros encontram-se 
representados por uma única espécie 
(Tabela 1). 

Formas de vidas das Orchidaceae da 
restinga do Espírito Santo 

A forma de vida predominante (Figura 
2) foi a holoepífita, encontrada em 3 1 espécies 
(42%), seguido de 28 espécies terrestres 
(38%), 12 epífitas facultativas (16%) e de duas 
hemiepífitas (3%). 

As espécies holoepífitas das restingas do 
Espírito Santo são exclusivas da subfamília 
Epidendroideae. Segundo Breier (1999) as 
espécies com esta relação possuem 
adaptações para o epifitismo, passando todo 
seu ciclo de vida sobre um forófito, 
apresentando exigência quanto ao tipo de 


45 



holoepífito terrestre epífito hemiepífito 


facultativo 

Figura 2- Porcentagem de espécies por formas de vida 
das Orchidaceae nas restingas do estado do Espírito 
Santo. 


SciELO/ JBRJ 


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cm .. 


1 0 Fraga, C. N. '& Peixoto, A. L 

Tabela 1- Relação das espécies de Orchidaceae das restingas do Estado do Espírito Santo assinalando-se a 
forma de vida (HOL- holoepífitos; EPF- epífitos facultativos; TER- terrestres; HEM- hemiepífitos) e distribuição 
nas formações de restinga (1- formação praial graminóide; 2- formação brejo herbáceo 3- formação pós-praia; 
4- formação Palmae; 5- formação aberta de Ericaceae; 6- formação aberta de Clusia; 7- floresta arenosa 
litorânea; 8- floresta periodicamente inundada). 


Espécies 

Forma 
de vida 

herbáceas 

Formações 

arbustivas 
fechadas abertas 

florestais 



1 

2 

3 

4 

5 

6 

7 

8 

Baedlea elegans (Hoehne) Garay 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

Brassavola tuberculata Hook. 

EPF 

0 

0 

1 

0 

1 

1 

1 

0 

Brassocattleya tramandahy Hort. 

EPF 

0 

0 

1 

0 

0 

1 

0 

0 

Campylocentrum aciculatum (Rchb. f. & Warm. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

cjcRchb. f.) Cogn. 










Campylocentrum micranthuin (Lindl.) Rolfe 

HOL 

0 

0 

1 

0 

0 

1 

1 

1 

Catasetum discolor (Lindl.) Lindl. 

TER 

1 

0 

1 

1 

I 

1 

0 

0 

Catasetum luridum (Link.) Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Catasetum macrocarpum Rich. ex Kunth 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Catasetum purum Nees & Sinnings 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Cattleya guttata Lindl. 

EPF 

0 

0 

1 

0 

1 

1 

1 

0 

Cattleya harrisoniana Bateman ex Lindl. 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

Cattleya x duveenii Pabst & A. F. Mello 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

Cleistes revoluta (Barb. Rodr.) Schltr. 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

0 

Cochleanthes wailesiana (Lindl.) Schult. & Garay 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Coryanthes speciosa (Hook.) Hook. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

Cyrtopodium holstii L. C. Menezes 

TER 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

0 

0 

Cyrtopodium polyphyllutn (Vell.) Pabst ex F. Barros 

TER 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

1 

0 

Dimerandra emarginata (G Mey.) Hoehne 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Dryadella obrieniana (Rolfe) Luer 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Eltroplectris calcarata (Sw.) Garay & Sweet. 

TER 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

1 

1 

Eltroplectris triloba (Lindl.) Pabst 

TER 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

1 

0 

Epidendrum coronatum Ruiz & Pav. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Epidendrum densiflorum Hook. 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Epidendrum denticulatum Barb. Rodr. 

TER 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

0 

0 

Epidendrum imatophyllum Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

Epidendrum latilabrum Lindl. 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

Epidendrum rigidum Jacq. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Epidendrum secundum Jacq. 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

Epistepliium lucidum Cogn. 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

1 

Galeandra stangeana Rchb. f. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Galeottia ciliata (Morei) Dressler & Christenson 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Habenaria fastor Wram. 

TER 

0 

1 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

Habenaria leptoceras Hook. 

TER 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

0 

Habenaria parviflora Lindl. 

TER 

0 

1 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

Habenaria repens Nutt. 

TER 

0 

1 

0 

0 

0 

0 

0 

0 


Rodrigiiésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 




cm .. 


Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo 


Espécies 

Forma 
de vida 

herbáceas 

Formações 

arbustivas 
fechadas abertas 

florestais 



1 

2 

3 

4 

5 

6 

7 

8 

Hadrolaelia gratulis (Lindl. & Paxton) Chiron & V. P. 

Castro HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Koellensteinia altíssima Pabst 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

Malaxis parthonii Morren 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Notylia pubescens Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

0 

Octomeria alpina Barb. Rodr. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

Oncidium batieri Lindl. 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

Oncidium ciliatum Lindl. 

HOL 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

1 

1 

Oncidium pumilum Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Paradisanthus micranthus (Barb. Rodr.) Schltr. 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

Pelexia maculata Rolfe 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

Pleurothallis aquinoi Schltr. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Pleurothallis auriculata Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Pleurothallis grobyi Bateman ex Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Pleurothallis obovata (Lindl.) Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Pleurothallis pristeoglossa Rchb. f & Warm. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

Pleurothallis saundersiana Rchb. f. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

Polystachya concreta (Jacq.) Garay & Sweet. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Prescottia aff. oligantha (Sw.) Lindl. 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

1 

Prescottia plantoginea Lindl. 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

0 

Prescottia stachyodes Lindl. 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Prosthechea fragrans (Sw.) W. E. Hinggis 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Prosthechea pygmaea (Hook.) W. E. Hinggis 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Pseudolaelia vellozicola C. Porto & Brade 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

Rauhiella silvana Toscano 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay 

TER 

0 

0 

1 

1 

0 

0 

1 

0 

Sarcoglottis fasciculata (Vell.) Schltr. 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Sobralia sp. nov. 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Sobralia liliastrum Lindl. 

TER 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

0 

Sobralia sessilis Lindl. 

TER 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Sophronitis cernua Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Trichocentrum fuscum Lindl. 

HOL 

0 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

Vanilla bahiana Hoehne 

HEM 

1 

0 

1 

1 

1 

1 

1 

1 

Vanilla chamissonis Klotzsch ex Cogn. 

HEM 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

1 

0 

Xylobium colley (Bateman ex. Lindl.) Rolfe 

EPF 

0 

0 

0 

0 

0 

1 

0 

0 

Zygopetaluin intermedium Lodd. 

EPF 

0 

0 

0 

0 

1 

1 

0 

1 

Número total de espécies 


2 

3 

12 

10 

20 

31 

58 

14 



Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 



cm .. 


12 

substrato, crescendo preferenciai mente sob as 
condições ambientais específicas impostas 
pelo forófito. 

Nas restingas do Espírito Santo, para as 
formações abertas do Litoral Central/Sul, 
ocorre uma preferência dos holoepífitos por 
Neomitranthes obtusa Sobral et Zambom 
(Myrtaceae), enquanto que para as mesmas 
espécies do Litoral Norte não foi observada 
preferência para nenhum forófito. 

Segundo Fontoura etal. (1997), este tipo 
de preferência está relacionado às 
características físico-mecânicas do ritidoma 
(baixa dureza, espessura considerável, alta 
permeabilidade e presença de fissuras mais 
ou menos profundas). Para as espécies da 
floresta arenosa litorânea, que contempla o 
maior numero de espécies holoepífitas, não foi 
observada nenhuma preferência das espécies 
quanto à espécie do forófito. 

As vantagens proporcionadas pelo 
epifitismo são as melhores condições de 
luminosidade e substrato relativamente isento 
de competição (Waechter, 1986). No entanto 
ocorrem flutuações na disponibilidade de água, 
normalmente oriunda do ar atmosférico, 
carregada de nutrientes necessários para o 
desenvolvimento da planta (Nadkami, 1986), 
o que pode alterar as condições ideais para a 
relação holoepífito/forófito. 

O epifitismo foi um mecanismo de 
especiação à procura de melhores habitats 
(Benzing, 1981; 1987), o que propiciou 
expansão para a família Orchidaceae, 
originando um significativo aumento de 
diversidade nas florestas tropicais. 

Segundo Gentry & Dodson (1987), cerca 
de 29 mil espécies são epífitas em todo o 
mundo, o que corresponde a cerca de 10% de 
todas as plantas vasculares, porém poucas 
famílias dc plantas tiveram grande sucesso e 
irradiaram-se como epífitas. Nas epífitas 
vasculares, 80% estão concentrados em 
apenas quatro famílias: Orchidaceae, 
Bromeliaceae, Polypodiaceae e Araceae, 
podendo constituir 1/3 de todas as espécies de 
plantas vasculares em uma área ou 63% dos 


Fraga, C. N. & Peixoto, A. L. 

indivíduos de plantas vasculares, evidenciando 
sua grande contribuição à florística e 
fitossociologia de algumas florestas tropicais. 

Para as Orchidaceae terrestres da 
restinga do Espírito Santo observa-se um 
relacionamento com as subfamílias, sendo duas 
espécies de Vanilloideae, todas as 
Orchidoideae (14) e 12 espécies de 
Epidendroideae. Segundo Dressler (1981) os 
gêneros que representam as subfamílias 
Vanilloideae e Orchidoideae (sensu Cameron, 
1999) são predominantemente terrestres em 
todo o mundo, com poucas exceções. 

Embora na maioria dos gêneros de 
Epidendroideae o epifitismo seja 
predominante, alguns gêneros desta subfamília 
retornaram à forma de vida terrestre em 
virtude de modificações ambientais pretéritas 
(Barros, 1990). 

O ambiente terrestre, no ecossistema 
restinga, apresenta uma grande diferença 
quanto a exposição à luz e ao alagamento, 
podendo o sedimento ser encontrado 
totalmente exposto, coberto por serapilheira 
ou por água. As Orchidaceae que colonizam 
os sedimentos da restinga acabam por ter um 
amplo conjunto de ambientes. Os ambientes 
com grande disponibilidade de luz e água 
possibilitam a vida de espécies heliófi las 
higrófilas, como as ocorrentes em áreas da 
formação brejo herbáceo. Espécies que 
necessitam de uma menor disponibilidade de 
água, mas também são heliófilas, são 
encontradas na formação aberta de Ericaceae, 
sazonalmente alagada. 

Outro grupo de espécies que vivem em 
ambientes com grande disponibilidade de 
luminosidade é formado por espécies heliófilas 
não higrófilas, comuns na região de entre 
nioihis nus farmuçfles uibuxllvas abertas e em 
formações arbustivas fechadas, quando não 
apresentam grandes alturas para 
sombreamento, como observado por Fraga & 
Pereira (1998) para a formação pós-praia do 
Espírito Santo. 

Para o grupo de espécies que não se 
desenvolvem diretamente expostas ao sol 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 


Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo 


13 


(esciófílas), a presença de água próximo ao 
sedimento possibilita que algumas espécies 
instalem-se ao longo das restingas do Espírito 
Santo, como observado por Pereira (1990a) e 
Fabris (1995). No entanto, nenhuma espécie 
apresenta-se restrita às regiões com pouca 
luminosidade e com grande disponibilidade de 
água das formações florestais periodicamente 
ou pefmanentemente inundadas. 

Há espécies que, além de se 
desenvolverem em florestas periodicamente 
inundadas, também foram detectadas na 
floresta arenosa litorânea e em formações 
arbustivas abertas, no interior das moitas. 

As espécies terrestres esciófilas não 
higrófilas vegetam normalmente no interior da 
floresta arenosa litorânea. Dentre estas, 
entretanto, algumas são comuns às formações 
arbustivas fechadas ou ao interior das moitas 
das formações arbustivas abertas, que 
possibilitam um micro ambiente propício para 
o desenvolvimento destas espécies. 

As espécies epífitas facultativas são 
encontradas sobre um forófito ou sobre o solo 
arenoso, quando caem e sobrevivem nesta 
condição ou quando aí germinam e sobrevivem. 
Normalmente, estas espécies possuem 
estruturas para se desenvolverem como 
holoepifítas. Nas restingas do Espírito Santo 
as espécies desta forma de vida foram 
coletadas como holoepifítas e terrestres ou 
citadas na literatura como holoepífitas e 
coletadas nas restingas do Estado somente 
como terrestres. 

As espécies epífitas facultativas das 
restingas do Espírito Santo são 
preferencialmente epífitas em Floresta 
Atlântica de Encosta e em Floresta de 
Tabuleiro (Fraga, 2000), ocorrendo nas 
formações arbustivas dás restingas do Estado 
em ambas as formas de vida (holoepífita e 
terrestre) e sendo preferencialmente 
holoepífitas em formações florestais. 

As hemiepífitas são representadas por 
espécies de Vanilla, que estabelecem relação 
temporária com o forófito por germinarem 
como terrestre, passando a escalar o forófito, 

Rodriguésia 54 (84): 5-20. 2003 


e perdendo posteriormente o contato com o 
solo, como já observado por Waechter (1998) 
para planície costeira sul-rio-grandense. 

Nas restingas do Espírito Santo, Vanilla 
chamissonis apresenta uma forma de vida 
mais próxima ao holoepifitismo, por encontrar- 
se normalmente bem aderida ao caule através 
de seu sistema radicular, enquanto Ví bahiana 
encontra-se mais livre dos caules do forófito, 
normalmente crescendo sobre pequenos 
arbustos junto a sua copa, similar ao 
comportamento de espécies escandentes de 
outras famílias botânicas. 

Similaridade florística das formações da 
restinga do Estado do Espírito Santo. 

Das 1 0 formações vegetais encontradas 
nas restingas do Espírito Santo a família 
Orchidaceae foi coletada em oito, classificadas 
em ordem de importância quanto ao número 
de táxons, em floresta arenosa litorânea (58), 
formação aberta de Clusia (31), formação 
aberta de Ericaceae (20), floresta 
periodicamente inundada (14), formação pós- 
praia (13), formação Palmae (10), formação 
brejo herbáceo (3) e formação praial 
graminóides (2). As formações halófila- 
psamófila e floresta permanentemente 
inundada são desprovidas de espécies de 
Orchidaceae (Tabela 1). 

Em relação à distribuição pelas 
formações de restinga do Estado, Vanilla 
bahiana é a espécie com maior distribuição, 
ocorrendo em sete formações, seguida por 
Eltroplectris calcarata e Oncidium ciliatum 
que ocorrem em seis. 

A partir da presença/ausência das 
Orchidaceae, em uma ou mais formações, 
obteve-se o dendograma de similaridade 
llnrÍNtitüi (Figura 3), que apresentou uma 
correlação cofenética satisfatória acima de 0,9. 

Para auxiliar a visualização dos grupos 
de espécies que mais influenciaram na união 
entre as diversas formações tratadas na figura 
3, optou-se por apresentar nas figuras 4, 5 e 6 
os dendogramas de similaridade, entre as 
formações e as espécies de cada tipo de forma 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 


14 

formação brejo herbáceo 
formação praial gramonóide 
• floresta arenosa litorânea 
i floresta periodicamente inundada 
■ formação aberta de Ericaceae 
: formação aberta de Clusia 

- formação Palmae 

- formação pós-praia 

0,0 0,1 0,2 0.3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 

Figura 3- Similaridade florística entre as diversas 
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com 
base nas espécies de Orchidaceae (Correlação cofenética 
= 0,9416). 

de vida (terrestre, holoepífito e epífito 
facultativo). As correlações cofenéticas foram 
satisfatórias, estando acima de 0,78 para todos 
os dendogramas. 

Para as espécies terrestres, o 
dendograma (Figura 4) está baseado em todas 
as comunidades analisadas na figura 3, 
enquanto nos dendogramas exclusivos para as 
espécies holoepífitas (Figura 5) e epífitas 
facultativas (Figura 6), as formações 
herbáceas e formações herbáceas, juntamente 
com a formação Palmae, respectivamente, não 
foram consideradas na análise em função da 
inexistência de espécies destas formas de vida 
nestas formações. 

Com base no dendograma (Figura 3), 
pode-se observar que a maior similaridade 
encontra-se entre a formação pós-praia e 
formação Palmae, em função de estarem no 
primeiro cordão arenoso, a uma mesma 


Fraga, C. N.' & Peixoto, A. L 

distância da linha de praia, ao longo de todo 
litoral do Estado. Segundo Pereira (1990a), 
estas formações mantêm-se, em média, a uma 
mesma distância do lençol freático, o que 
propicia uma umidade semelhante ao 
sedimento para as duas formações, além de 
estarem sujeitas mais diretamente ao vento 
carregado de salinidade (Pereira, 1990a). 

Nas formações arbustivas fechadas 
(formação pós-praia e formação Palmae) 
predominam espécies terrestres, sendo 
Campylocentrum micranthum e Oncidium 
ciliatum as únicas holoepífiticas. Segundo 
Fraga & Pereira (1998) o pequeno porte das 
plantas lenhosas é um fator limitante ao 
estabelecimento de determinadas espécies 
holoepífiticas de Orchidaceae, como 
evidenciado pelo aumento significativo no 
escore de similaridade quando analisadas 
somente as espécies terrestres (Figura 4), e 
pela diminuição do escore quando analisadas 
somente espécies holoepífitas características 
(Figura 5). 

As formações arbustivas abertas de 
Ericaceae e de Clusia ligam-se entre si e, 
posteriormente, ligam-se às formações 
arbustivas fechadas, com escores acima de 
50% de similaridade, formando um grupo 
exclusivo de formações arbustivas. 

A ligação entre as formações abertas de 
Ericaceae e de Clusia , unidades fisionômicas 
semelhantes, formadas por moitas circulares 
e uma região aberta com sedimento aparente, 


0.0 


0,10 


0.34 


0,54 


0,78 


0,0 


0,32 


0,85 


0.63 


-d 


formação brejo herbáceo 
formação praial gramonóide 
floresta periodicamente inundada 
floresta arenosa litorânea 
formação aberta de Clusia 
formação aberta de Ericaceae 

formação Palmae 
formação pós-praia 


0.0 0,1 0.2 03 0,4 0.5 0,6 0.7 0,8 0.9 1.0 


Figura 4- Similaridade florística entre as diversas 
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com 
base nas espécies de Orchidaceae terrestres (Correlação 
cofenética = 0,9458). 


0.37 


0.26 


038 


0.43 


floresta arenosa litorânea 
formação aberta de Clusia 
floresta periodicamente inundada 
formação aberta de Ericaceae 
formação Palmae 
formação pós-praia 


0,67 

T 1 1 1 1 1 r 


0,0 0,1 02 0,3 0.4 0,5 0,6 0,7 0.8 0.9 1.0 


Figura 5- Similaridade florística entre as diversas 
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com 
base nas espécies de Orchidaceae holoepífitas (Correlação 
cofenética = 0,7958). 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



SciELO/JBRJ 


> 13 14 15 16 17 18 


Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo 


15 


0,18 


0,59 


0,43 


0,67 


floresta periodicamente inundada 
floresta arenosa litorânea 
formação aberta de Clusia 

formação aberta de Ericaceae 
formação pós-praia 


0,0 0,1 0,2 0.3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0.9 1,0 


Figura 6- Similaridade florística entre as diversas 
formações das restingas do litoral do Espírito Santo, com 
base nas espécies de Orchidaceae epífitas facultativas 
(Correlação cofenética = 0,787 1). 


é garantida principalmente pelas espécies 
terrestres, ficando evidenciada pelo aumento 
significativo no escore da similaridade entre 
estas formações, quando analisadas somente 
as espécies terrestres (Figura 4), sendo esta a 
única forma de vida em que as duas formações 
se mantêm ligadas (Figura 4, 5 e 6). 

As espécies terrestres heliófilas da região 
de borda de moita e de entre moitas são 
bastante similares entre as duas formações 
arbustivas abertas, onde as espécies 
Catcisetum discolor, Cyrtopodium 
polyphyllum, C. holstii, Epidendrum 
denticulatum e Prescottia plantaginea se 
distribuem em ambas as formações. Sobralia 
liliastrum, presente somente na formação 
aberta de Ericaceae, e Epidendrum 
secundum, presente apenas em regiões 
antropizadas da formação aberta de Clusia 
em Setiba (Gurapari), foram as únicas 
espécies terrestres heliófilas dissimilares entre 
as duas formações. 

Estas espécies terrestres heliófilas da 
região de borda de moita e de entre moitas 
parecem estar mais ligadas à luminosidade que 
à disponibilidade de água, por distribuirem-se 
de forma similar nas formações aberta de 
Ericaceae e aberta de Clusia, como já 
salientado por Pereira & Araújo (1995) e 
Pereira (1990b) para a maioria das espécies 
vegetais das regiões de entre moitas, mesmo 
que na formação aberta de Ericaceae, o lençol 
freático chegue em determinadas épocas do 
ano bem próximo da superfície, alterando a 
disponibilidade de água no sedimento. 
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Para as Orchidaceae terrestres 
esciófilas, de interior de moitas, também se 
observa que a maioria das espécies encontra- 
se distribuída em ambas as formações abertas, 
tais como Eltroplectris calcarata, E. triloba, 
Habenaria leptoceras, Koelensteinia 
altíssima, Oeceoclades maculata, Prescottia 
aff. oligantha e Zygopetalum intermedium, 
sendo apenas Cleistes revoluta e 
Episthephium lucidum favorecidas pela 
maior disponibilidade de água no sedimento, 
presentes somente na formação aberta de 
Ericaceae. 

Embora as grandes moitas apresentem 
micro-habitat que possibilitam o recrutamento 
de espécies que não seriam capazes de 
suportar condições mais severas, encontradas 
em áreas desnudas (Zaluar & Scarano, 
2000), somente poucas espécies de habitat 
umbrófilos conseguem utilizar os micro- 
habitat criados pela sombra das moitas, 
ocasionando uma maior diversidade de 
espécies terrestres esciófilas, comuns entre as 
duas formações florestais, em relação àquelas 
comuns entre as formações florestais e 
arbustivas (Figura 4). 

A formação aberta de Clusia detém 
maior diversidade de espécies do que a 
formação aberta de Ericaceae, estando todas 
as holoepífitas da formação aberta de 
Ericaceae presentes na formação aberta de 
Clusia. Quando analisadas somente as 
espécies holoepífitas (Figura 5), verifica-se que 
as formações abertas de Clusia e de 
Ericaceae separam-se, ficando ligadas com a 
floresta arenosa litorânea e a floresta 
periodicamente inundada, respectivamente. 
Este fato vem a contribuir para baixar o escore 
de similaridade entre as formações arbustivas 
abertas, porém não sendo suficiente para 
separá-las na análise geral (Figura 3). 

Entre a formação aberta de Clusia e 
floresta arenosa litorânea observa-se um 
número expressivo de espécies holoepífitas 
comuns ( Campylocentrum aciculatum, 
C. micranthum, Cyrtopodium gigas, Notylia 
pubescens, Oncidium ciliatum, Pleurothallis 



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16 


Fraga, C. N. & Peixoto, A. L 


pristeoglossa , P. saimdersiancí), porém, em 
virtude de uma maior riqueza de espécies 
holoepífitas na floresta arenosa litorânea, o 
escore manteve-se baixo. Entre a formação 
aberta de Ericaceae e a floresta 
periodicamente inundada, a única espécie 
comum desta forma de vida é Oncidium 
ciliatum , sendo, neste caso, a ausência de 
espécies holoepífitas que se apresenta similar 
entre as formações. 

A proximidade ao lençol freático não 
representa um fator importante na seleção das 
espécies holoepífitas das formações arbustivas 
abertas e florestais, embora este fator deva 
ser importante na seleção dos forófitos 
arbóreos, justificando a presença/ausência de 
diferentes forófitos em áreas inundáveis e em 
áreas não inundáveis. Características como 
estas podem ser observadas na análise das 
espécies epífitas facultativas (Figura 6), onde 
a formação aberta de Clusia e floresta 
arenosa litorânea se ligam. Estas espécies 
epífitas facultativas, no entanto, encontram- 
se como holoepífitas e terrestres em 
formações arbustivas, e preferencialmente 
holoepífitas em formações florestais. As 
espécies Brassavola tuberculata, Cattleya 
gutatta, C. harrisoniana , E. latilabnim e 
Oncidium baueri, enquadram-se neste tipo 
de forma de vida. 

O grupo de formações arbustivas 
manteve uma ligação com a floresta 
periodicamente inundada em níveis inferiores 
a 50%, ligando-se, posteriormente, com a 
floresta arenosa litorânea (Figura 3). A ligação 
do grupo de formações arbustivas com a 
floresta periodicamente inundada ficou 
reforçada pela presença de EItroplecíris 
calcarata , Episthephium lucidum , 
Koellensteinia altíssima, Oeceoclades 
maculata, Oncidium ciliatum, Prescottia aff. 
oligantha e Zygopetalum intermedium, 
espécies distribuídas tanto no interior de moitas 
mais sombrias como na floresta periodicamente 
inundada. 

O escore de ligação do grupo formado 
pelas formações arbustivas e floresta 


periodicamente inundada com a floresta 
arenosa litorânea é mantido baixo (Figura 3), 
em virtude da maior riqueza de espécies na 
floresta arenosa litorânea e de espécies 
exclusivas a esta formação vegetal que 
acabam por representar ausências nas demais 
formações analisadas. 

Na análise que enfoca somente as 
espécies terrestres (Figura 4) observa-se que 
as duas formações florestais (floresta 
periodicamente inundada e floresta arenosa 
litorânea) encontram-se unidas entre si, e não 
unidas com as comunidades abertas mais 
similares em relação à disponibilidade de água 
(aberta de Ericaceae e aberta de Clusia, 
respectivamente). Esta ligação fica reforçada 
pela presença de espécies como Beadlea 
elegans, Paradisanthus micranthus e 
Pelexia maculata, exclusivas de áreas com 
pouca disponibilidade de luz destas duas 
formações. 

A medida que as florestas passam a 
apresentar um dossel mais aberto, começam 
a aparecer outras espécies, sendo então 
favorecidas as espécies amplamente 
distribuídas nas formações das restingas do 
Estado e na maioria das vezes tolerantes a 
uma maior luminosidade, como EItroplecíris 
calcarata, E. triloba, Epidendrum 
latilabrum, Habenaria leptoceras, 
Koellenteinia altíssima, Oeceoclades 
maculata, Prescottia aff. oligantha e P. 
plantaginea encontradas também em regiões 
mais abrigadas ou no interior das formações 
arbustivas fechadas e abertas. 

Um outro fator que contribuiu para a 
ligação das formações arbustivas abertas e 
formações florestais foi a presença de três 
espécies terrestres heliófilas, típicas de regiões 
abertas ( Cyrtopodium polyphyllum, 
Prescottia plantaginea e Sacoila 
lanceolata) em algumas áreas de floresta 
degradada ao Norte do Estado, que foram 
incluídas no cálculo da similaridade. 

As formações arbustivas e florestais 
ligam-sc com baixos escores às formações 
herbáceas (inicialmente praial-graminóide e 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 



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Florística e ecologia das Orchidaceae das restingas do estado do Espírito Santo 


17 


posteriormente brejo herbáceo), que 
apresentam vegetação diretamente exposta ao 
sol, não possibilitando a ocorrência de 
holoepifitismo ou de espécies esciófilas (Figura 
3 e 4). 

A formação praial-graminóide não 
revelou semelhança com qualquer outra 
formação isoladamente, mas sim uma 
similaridade em nível de 10% com todas em 
conjunto. Esta formação localiza-se, segundo 
Pereira (1995), entre as formações halófila- 
psamófila ( sensu Thomaz, 1 994) e formação 
aberta de Clusia em Regência, município de 
Linhares, não ocorrendo em outro ponto do 
litoral do Espírito Santo. As únicas espécies 
determinadas para esta formação foram 
Catasetum discolor e Vanilla bahiana, sendo 
as duas espécies também comuns a outras 
formações de restinga. Segundo Fraga (2000), 
estas espécies apresentam ampla distribuição 
ao longo da restinga do Espírito Santo. 

A formação brejo herbáceo também não 
se liga a qualquer outra unidade isoladamente, 
encontrando-se dissimilar ao conjunto de todas 
as demais formações (Figura 3, 4). Diferente do 
que ocorre com a composição florística da 
formação praial-graminóide, as espécies nesta 
formação são exclusivas ( Habenaría fastor, H. 
parviflora e H. repetis), levando o escore de 
ligação a 0%, pois só ocorrem em ambientes 
heliófilos e com grande disponibilidade de água, 
e, segundo Hoehne (1940), como a maioria das 
espécies deste gênero. 

AGRADECIMENTOS 

Ao CNPq pela bolsa de Mestrado. Às 
Instituições: Fundação O Boticário de 
Proteção à Natureza (FBPN), The John D. 
and Catherine T. MacArthur Foudation, 
WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e 
USAID ( United States Agency for 
International Development, que financiaram 
o projeto. A Helio de Queiroz Boudet 
Fernandes diretor do Museu de Biologia 
Prof. Mello Leitão e Curador do Herbário 
MB ML, por ceder a estrutura do Museu para 
o término da pesquisa. À coordenação do 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 5 - 20 . 2003 


Curso de Pós-Graduação de Botânica do 
Museu Nacional - UFRJ. Aos curadores dos 
herbários consultados. A Fábio de Barros e 
Antônio Toscano de Brito, pelo auxílio na 
identificação de diversas espécies. A Luciano 
de Bem Bianchetti e João Aguiar Nogueira 
Batista pela ajuda na identificação de 
Cyrtopodium e Habenaría respectivamente. 
A Dorothy Araújo pela correção do abstract. 
A Mariana Machado Saavedra pelo auxílio na 
correção final deste artigo. 

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Piperaceae do Nordeste brasileiro I: estado do Ceará 


Elsie Franklin Guimarães 1 
Luiz Carlos da Silva Giordano 2 

RESUMO 

Este trabalho trata das espécies de Piperaceae representadas no estado do Ceará, Brasil, 
com interesse assentado no conhecimento taxonômico, como também no seu valor medicinal. O 
tratamento taxonômico compreende descrições, chaves para identificação dos táxons e distribuição 
geográfica com base no exame de exsicatas de herbários, incluindo tipos. Comentários sobre 
utilidades e dados ambientais são atribuídos a algumas espécies. Para o Ceará, segundo o material 
examinado, são assinalados 4 gêneros, separados principalmente pelo hábito e pela disposição das 
inflorescências, constantes de 35 taxa que se distinguem pelos padrões de nervação foliar, bractéolas 
florais e frutos. Os indivíduos destes táxons ocorrem nas áreas úmidas das serras de Baturité, 
Maranguape, Aratanha e Machado; a maioria apresenta distribuição ampla, enquanto que Piper 
rufipilum Yunck. é espécie endêmica da Chapada do Araripe e Ottonia leptostachia Kunth 
constituiu-se em uma nova localidade. 

Palavr as-chaves: Piperaceae/Taxonomia/Flora/Ceará/Medicinais, 

ABSTRACT 

The subject of this paper is the Piperaceae species which occur in the State of Ceará, Brazil, 
with special attention paid to their taxonomy, as well as the medicinal value. The taxonomic treatment 
used in this study were the following in the examination of dissected dried herbarium specimens 
including types, descriptions, keys for identification of taxa and geographical distribution. Commentary 
on the use and ambiental data are presented for some taxa. The State of Ceará denote in the 
material examined 4 genera, differentiated by habitat and arrangement of inflorescence, in 35 taxa 
which are distinguishable by their pattems of foliar nervation, floral bracteoles and fruits. The 
individuais these taxa occur in the humid regions of the mountains of Baturité, Maranguape, Aratanha 
and Machado; where the majority of them are widely distributed, whereas Piper rufipilum Yunck. 
is only found in Chapada do Araripe and Ottonia leptostachia Kunth is found in yet another areà. 
Key-words: Piperaceae/Taxonomy/Flora/Ceará/Medicinal. 


INTRODUÇÃO 

Estudos taxonômicos vêm sendo 
desenvolvidos em Piperaceae no Brasil com 
base nas pesquisas realizadas por T.G Yuncker, 
especialista na família, que estabeleceu as 
diretrizes para o entendimento desse grupo. 
Em continuidade aos trabalhos encetados para 
o Brasil, quer sejam no âmbito nacional ou no 
regional, procurou-se conhecer as espécies da 
família representadas no nordeste do país, 
tendo em vista que a literatura informa a 
importância de algumas como medicinais. 


A identificação correta e a divulgação 
permitirão aos estudiosos e pesquisadores em 
fitoquímica e aos interessados no desenvolvimento 
regional a utilização e a conservação destas 
plantas que, provavelmente, constituirão 
alternativas para as populações carentes. 

O nordeste brasileiro conta com quatro 
gêneros: Ottonia Spreng., Peperomia Ruiz & 
Pav., Piper L. e Pothomorphe Miq., não tendo 
sido assinalado o gênero Sarchorhachis Trel., 
exclusivo das Regiões Sudeste e Sul do Brasil. 


1 Bolsista do CNPq. / Pesquisadora - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Programa Mata Atlântica. 

Rua Pacheco Leão 9 15, Jardim Botânico, Rio de Janeiro /RJ - Brasil. CEP 22460-030. eguimar@jbrj.gov.br 
Tesquisador - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Programa Diversidade Taxonômica. 
Iuiz.giordano@jbrj.gov.br 



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cm .. 


22 

Como primeira informação, foram estudadas 
aquelas ocorrentes no estado do Ceará, 
compreendendo, conforme material examinado, 
35 taxa que são tratados neste trabalho, incluindo 
informações de habitat, distribuição geográfica, 
dentre outras, como nomes populares e 
comentários sobre suas utilidades, principalmente 
daquelas com propriedade medicinal. 

No Ceará as espécies encontram-se 
representadas, principalmente, nas superfícies 
dos relevos residuais cristalinos mais 
proeminentes, cujas altitudes e a pequena 
distanciado litoral determinam maiores índices 
pluviométricos, desenvolvendo solos mais 
profundos e, consequentemente, abrigando uma 
flora diferenciada. Estas regiões, denominadas 
serras úmidas, como Aratanha, Baturité e 
Maranguape, são as preferidas por espécies de 
Peperomia e certas espécies de Piper, que 
apresentam indivíduos à sombra. 

Nas encostas da Chapada do Araripe, no 
sul do Ceará, e no topo do planalto do Ibiapaba, 
na denominada Serra Grande, também foram 
registradas espécies de Piperaceae. 

MATERIAL E MÉTODOS 

Na Sistemática da família Piperaceae 
adotou-se a conceituação de Yuncker (1972, 
1973, 1974), que considera 5 gêneros para o 
Brasil: Ottonia Spreng., Piper L., Peperomia 
Ruiz & Pav., Pothomorphe Miq. e 
Sarcorhachis Trel. 

Para o estudo taxonômico foi utilizado 
material dos herbários, nacionais e estrangeiros, 
B, BM, EAC, F, GH, ILL, K, L, MG, MO, NY, 
R, RB, SP, U, US, e W (siglas de acordo com 
Holmgren et ai, 1990). Os autores dos táxons 
estão abreviados conforme Brummitt & Powell 


Guimarães, E. F. & Giordano, L. C. S. 

(1992). Os desenhos realizados em nanquim 
ilustram detalhes taxonômicos relevantes 
vegetativos e reprodutivos para melhor 
identificação dos táxons, os quais foram 
realizados com o auxílio de microscópio 
estereoscópio Willd e óptico Cari Zeiss, equipado 
com câmara clara, em diferentes escalas de 
aumento. Os dados complementares, como 
nomes populares, hábito, habitat, utilidades, 
dentre outros, foram extraídos de literatura, além 
das informações contidas nas etiquetas das 
exsicatas consultadas. 

RESULTADOS 

Piperaceae C.Agardh, Aphor. bot. 14:201. 1824. 

Ervas eretas ou escandentes, subarbustos, 
arbustos ou pequenas árvores, terrestres ou 
epífitas. Folhas estipuladas, alternas, opostas ou 
verticiladas, sésseis ou pecioladas, inteiras, de 
consistência e formas as mais diversas, 
tricomas muito variados, geralmente dotadas de 
glândulas translúcidas. Flores aclamídeas, 
diminutas, monoclinas ou diclinas, protegidas por 
bracteólas pediceladas ou sésseis, sacado- 
galeadas ou peitadas, dispostas esparsas ou 
congestas em espigas, formando umbelas ou 
não, ou dispostas em racemos, axilares ou 
terminais, opostos ou não às folhas. Estames 
2-6, livres ou adnatos às paredes do ovário; 
anteras rimosas, bitecas ou unitecas. Ovário 
supero, séssil, geralmente imerso na raque, ou 
pedicelado, unilocular, uniovulado; óvulo basal, 
ortótropo; estilete presente ou ausente, 1-4 
estigmas variáveis na forma. Fruto drupa, séssil 
ou pedicelado. Endosperma escasso, 
apresentando perisperma; embrião mínimo. 
Gênero tipo: Piper L. 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS DE PIPERACEAE DO CEARÁ 

1. Inflorescências do tipo racemo 1- Ottonia 

1’. Inflorescências do tipo espiga. 

2. Ervas 2. Peperomia 

2’. Arbustos ou subarbustos. 

3. Espigas solitárias 3. Piper 

3’. Espigas não solitárias, dispostas em umbelas 4. Pothomorphe 

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Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

1. Ottonia Spreng., Neue Entd. 1: 255. 1820. 

Arbustos ou subarbustos nodosos. Folhas 
com estipulas opositifólias, geralmente curvadas 
e pequenas, pecioladas, por vezes subsésseis; 
lâmina elíptica ou ovado-oblonga, glabra ou 
providas de tricomas. Inflorescências 
glandulosas ou não, dispostas em racemos 
opositifólios, solitários, quando jovens 
apresentam-se como uma pseudo-espiga, 
quando maduros com pedicelos crescentes; 


23 

raque pilosa ou não. Flores monoclinas, com 
bractéolas pediceladas, sacado-galeadas. 
Estames 4, equidistantes em tomo do ovário, 
livres, com filetes sustentando anteras 
subglobosas, articuladas. Ovário oblongo, 
ovado ou elíptico, uniovulado, papiloso; 
estigmas 4, reflexos. Drupas sulcadas, 
tetragonais, glabras, agudas ou apiculadas, 
coroada pelos estigmas persistentes. 

Espécie tipo: Ottonia anisum Spreng. 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES E VARIEDADES DE OTTONIA 

1. Folhas sub-sésseis; flores com pedicelos curtos, menores que os frutos. 

2. Folhas e inflorescências não glandulosas 1 . 1 . 1 . O. leptostachya var. leptostachya 

2’ . Folhas e inflorescências glandulosas 1.1.2 .0, leptostachya var. glanditlosa 

F. Folhas pecioladas; flores com pedicelos do mesmo comprimento ou maiores que os frutos 

1.2. O. propinqua 


1.1.1. Ottonia leptostachya Kunth var. 
leptostachya , Linnaea 13: 586. 1839. 

Arbusto nodoso, com 1-2 m de altura. Folhas 
sub-sésseis; lâmina elíptica, 12-15 x 5-7 cm, não 
glandulosa, base com um lado um pouco mais longo 
que o outro, às vezes cordada, ápice atenuado- 
acuminado, tricomas hirtos próximos à margem 
da face abaxial, papirácea ou cartácea. Racemos 
não glandulosos, ca. 10 cm compr., 0,5-0,6 cm diâm; 
bractéolas sacado-galeadas, glabras; flores com 
os pedicelos curtos, menores que os frutos. Drupa 
oblonga ou globosa, sulcado-tetragonal, apiculada, 
em pedicelos com comprimento menor que as 
mesmas. 

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados de 
Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio 
de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul. 
Comentário: Citada pela primeira vez para o 
estado do Ceará. 

Material examinado: Pacatuba, Sitio Monte 
Alegre, Serra da Aratanha, 4.X.1979, A.J. 
Castro & P. Martins s.n. (EAC 7059); São 
Benedito, Laranjeiras - Inhuçú, embaixo da mata 
úmida do planalto da Ibiapaba, 14.IV. 1990, MA. 
Figueiredo s.n. (RB 311061, EAC 18632). 

1.1.2. Ottonia leptostachya var. glandulosa 
Yunck., Boi. Inst. Bot. São Paulo 3: 135. 1966. 

Esta variedade diferencia-se da típica pela 


presença profusa de glândulas nas folhas e 
inflorescências. 

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados da 
Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. 
Comentário: Citada pela primeira vez para 
o estado do Ceará. 

Material examinado: Laranjeiras, Inhuçú, 
Planalto da Ibiapaba, 14. IV. 1990, M.A. 
Figueiredo s.n. (EAC 18632); Pacatuba, Serra 
da Aratanha, Sítio Monte Alegre, 04.X.1979, 
A.J. Castro & P. Martins s.n. (EAC 7059). 

1.2. Ottonia propinqua Kunth, Linnaea 13: 
583. 1839. 

Arbusto com 1-2,5 m de altura. Folhas 
pecioladas; lâmina elíptico-lanceolada, 10-18 
x 4-9 cm, glandulosa, base subarredondada, 
obtusa ou, às vezes, cordada, raro aguda, 
ápice acuminado, cartácea, glabra em ambas 
as faces, exceto pelos tricomas híspidos 
submarginais na base da face abaxial. 
Racemos glandulosos, 5-6 cm compr., ca.1,3 
cm diâm. quando na frutificação; bractéolas 
sacado-galeadas, glabras; flores com 
pedicelos do mesmo comprimento ou maiores 
que os frutos. Drupa ovada, aguda no ápice, 
em pedicelo do mesmo comprimento ou maior 
que a mesma. 


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Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa 
Catarina. 

Comentários: Planta encontrada no alto da Serra 
de Baturité. Suas inflorescências são consideradas 
carminativas e estomacais. Conhecida 
popularmente como chá-bravo, jaguarandi, 
jaborandi, jaborandi-do-mato, zebrandim e, ainda, 
jambrandim (Peckolt & Peckolt, 1888; Braga, 
1953; Guimarães et ai, 1978). 

Material examinado: Guaramiranga, Riacho 
do Capim, 21.VII.1908, Duckes.n. (MG 1366); 
id„ Sítio Venezuela, 06.1.1989, M.A. Figueiredo 
et al. s.n. (EAC 15929); s.l., s.d., Fr. Allemão 
1463 (R); Sítio Brejo, Mulungu, 13.V. 1978, M.A. 


Guimarães, E. F. & Giordano, L C. S. 

2. Peperomia Ruiz & Pav., Fl. peruv. prodr.:8. 
1794. 

Ervas terrestres ou epífitas, freqüentemente 
carnosas; caules eretos ou prostrados. Folhas 
alternas, opostas ou verticiladas; lâmina 
membranácea, cartácea ou carnosa. Espigas 
axilares, terminais ou opostas às folhas; bractéolas 
arredondado-peltadas; flores congestas ou laxas, 
dispostas em depressão da raque carnosa ou 
membranácea, às vezes alada, glabra ou com 
tricomas. Estames 2, laterais. Ovário de globoso 
a subcilíndrico, glabro; estigma 1. Drupas 
estipitadas ou não, globosas, ovóides ou 
subcilíndricas, agudas ou mamiliformes, providas 
no ápice de um escudo oblíquo ou rostrado, 
glabras, estigma persistente. 

Espécie tipo: Peperomia pellucida (L.) Kunth 


Figueiredo s.n. (RB 311051, EAC 4394). 

CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES E VARIEDADES DE PEPEROMIA 


1. Folhas alternas 

2. Lâmina foliar espatulada; drupa provida de escudo rostrado 2.1 .P obtusifolia 

2’. Lâmina foliar ovada, ovado-arredondada, ovado-elíptica, ovado-lanceolada, lanceolada ou 
arredondada; drupa sem escudo rostrado. 

3. Lâmina 2-5 mmcompr., ápice emarginado; drupa estipitada 2.2. P emarginella 

3’. Lâmina além de 5 mm compr., ápice não emarginado; drupa não estipitada. 


4. Drupa longitudinalmente estriada 2.3. P. pellucida 

4’. Drupa não estriada. 

5. Lâmina foliar arredondado-peltada na base 2.4. P. lanceolato-peltata 


5’. Lâmina foliar não arredondado-peltada na base. 

6. Folhas com lâmina negro-pontuada, glabra, se providas de tricomas, apenas 
uma fdeira decorrente na margem do pecíolo. 

7. Erva reptante, estolonífera; lâmina foliar ovado-elíptica ... 2.5. 1 . P glabella var. glabella 

T. Erva epífita, pendente; lâmina foliar lanceolada 2.5.2. P. glabella var. nervulosa 

6’. Folhas com lâmina não negro-pontuada, crespo-pubescente, desprovida de Fileira 

de tricomas decorrentes no pecíolo 2.6. P. rotundifolia 

1’. Folhas opostas ou 3-4 verticiladas. 

8. Folhas 4-verticiladas; raque da espiga com tricomas 2.7. P tetraphylla var. tetraphyl.la 

8’. Folhas opostas ou temadas; raque da espiga glabra. 

9. Lâmina foliar orbicular. 2.8. P. circinata var. circinata 

9’. Lâmina foliar não orbicular. 

10. Pecíolo viloso, lâmina densamente vilosa quando as folhas são jovens .. 2.9. P blanda 
10’. Pecíolo glabrescente, lâmina glabra, se pilosa crespo-pubescente apenas na nervura 
mediana, raramente ao longo das nervuras secundárias. 

11. Lâmina foliar 5-8 cm compr., 5-nervada; drupa globosa, ovóide, ápice oblíquo, 

pseudocúpula ausente 2.10. P. decipiens 

11 ’. Lâmina foliar 2-3 cm compr., 3-nervada; drupa de ovóide a subcilíndrica, ápice 
agudo, pseudocúpula basal 2.11. P. dahlstedtii 

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Piperaceae do nordeste brasileiro l: estado do Ceará 

2.1. Peperomia obtusifolia (L.) A.Dietr., Sp. 
pl. 1: 154. 1831. 

(Fig. 1 d) 

Piper obtusifolium L., Sp. pl. 30, 1753. 
Erva rupícola, umbrófila; caule suculento, 
reptante ou ascendente, carnoso, com entrenós 
relativamente longos providos de longas raízes. 
Folhas alternas; pecíolo com 2-4 cm compr.; 
lâmina espatulada, 5,5-8 x 2-4 cm, base subovada 
ou cuneada, longamente decurrente no pecíolo, 
ápice obtusamente arredondado, geralmente reto 
ou mais ou menos emarginado, carnosa, 
densamente glanduloso-pontuada. Espigas 5-12 
cm compr., eretas, solitárias ou aos pares; 
pedúnculo de 3-4 cm compr., com tricomas hirtos; 
bractéolas arredondado-peltadas; flores 
congestas. Drupa ovado-cilíndrica ou cilíndrica, 
com escudo rostrado no ápice, quase do mesmo 
comprimento da drupa. 

Distribuição geográfica: Continente 
Americano e Antilhas. No Brasil ocorre nos 
estados do Amazonas, Pará, Espírito Santo, 
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. 
Comentários: As folhas carnosas e 
espatuladas, as inflorescências longas com 
flores congestas e os frutos com escudo 
alongado, dão à espécie condições para uso 
como ornamental. 

Material examinado: Pacatuba, Serra de 
Aratanha, Sítio Pitaguarí, 10.X.1978, A. 
Fernandes s.n. (EAC 4186); id., 10.X.1978, A. 
Fernandes s.n. (EAC 4187); Serra de 
Maranguape, 23.1. 1968, Z Trinta 1274, E. From 
Trinta 2207, E. Santos 2215 & J. Sacco 2411 
(R); id., 27.VI.1981, P. Martins & Nunes s.n. 
(EAC 10508, RB 306722); s.L, s.d., J. Saldanha 
8092 (R); s.L, s.d., Fr. Allemão 1460 (R). 

2.2. Peperomia emarginella (Sw. ex Wikstr.) 
C.DC, Prodr. 16(1): 437. 1869. 

Piper emarginellum Sw. ex Wikstr., 
Kongl. Vetensk. Acad. Handl.:56. 1828. 

Erva reptante delicada, glabra ou levemente 
provida de tricomas; caule filiforme. Folhas 
alternas; lâmina ovada ou ovado-arredondada, 
2-5 x 3-5 mm, base arredondada ou cordada, às 

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vezes levemente peitada, ápice obtuso ou 
subtruncado-emarginado, glabra, sedoso-ciliada 
na margem. Espigas terminais, 1-2 mm compr.; 
pedúnculo ca.l cm compr.; bractéolas 
arredondado-peltadas; flores laxamente dispostas. 
Drupa estipitada, elipsoidal ou obpiriforme, ápice 
oblíquo-escuteliforme (Yuncker, 1974). 
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
do Ceará, São Paulo e Paraná. 

Material examinado: s.L, s.d., Fr. Allemão 
& Cysneiros 1459 (R). 

2.3. Peperomia pellucida (L.) Kunth, Nov. 
gen. sp. 1: 64. 1815. 

(Fig. 1 a) 

Piper pellucidum L., Sp. pl.: 30. 1753. 

Erva terrestre, suculenta, com pontuações 
translúcidas; caule ereto, ramificado. Folhas 
alternas, longo-pecioladas; lâmina ovada, 1,5- 
2,5 x 1-2 cm, base cordada, ápice agudo, 
membranácea. Espigas terminais, axilares ou 
opositifólias, até 5 cm compr.; pedúnculo ca.5 
mm compr.; bractéolas arredondado-peltadas; 
flores esparsamente dispostas. Drupa elipsóide, 
não estipitada, longitudinalmente estriada. 
Distribuição geográfica: América do Norte, 
Central (Antilhas) e América do Sul. No Brasil 
ocorre desde o Amazonas até o Paraná, com 
representantes em locais úmidos, principalmente 
em paredões e muito frequente em jardins. 
Comentários: No Brasil, em Santa Catarina, 
é conhecida como comida-de-jaboti ou erva- 
de-jaboti, erva-de-vidro (Guimarães et al., 
1984; Vieira, 1992); é popularmente usada na 
Amazônia para combater a tosse ou a dor de 
garganta, sendo ainda antipruriginosa e 
diurética, utilizada sob a forma de chá ou 
infusão preparados com as raízes e toda a 
planta, não raro, é consumida como excelente 
salada (Van Den Berg, 1993). Outros nomes 
populares são atribuídos a esta planta, como 
“corazon de hombre” e “yerba de la plata” em 
Cuba, “herbe a la curesse” nas Antilhas 
Francesas (Roig y Mesa, 1988). 

Peckolt & Peckolt (1888), tecem algumas 
considerações sobre o jaboti-membeca, 
informando que é uma planta aromática, utilizada 



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Guimarães, E. F & Giordano, L C. S. 



Figura 1 - a) Peperomiapellucida (L.) Humb., Bonpl. et Kunth: parte da espiga detalhando bractéolas e frutos (escala = 
1 mm); b) Peperomia tetraphylla (G.Forst.) Hook et Am.; parte da espiga em fruto (escala = 1 mm); c) Peperomia glabella 
(Sw.) A.Dietr.: parte da espiga em flor (escala = 1 mm); d) Peperomia obtusifolia (L.) A.Dietr.: parte da espiga em fruto 
(escala = 1 mm). 


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Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

sob a forma de infusão em “5 partes das folhas 
para 1 00 de água fervida na dose de uma xícara, 
3 vezes ao dia”, para tratamento de reumatismo. 
Considerada útil nas inflamações do reto, nas 
doenças do coração, sendo que o sumo da planta 
é apreciado quando aplicado sobre mordeduras 
de cobras (Roíg y Mesa, 1945). 

Fosberg & Sachet (1975), assinalam esta 
espécie para a Flora da Micronésia, 
informando seu uso medicinal, em Sonsorol, 
cujo suco resultante da trituração é aplicado 
sobre cortes. Silva Teixeira et al. (1991), 
mencionam a utilização das folhas da erva-de- 
jaboti, sob forma de chá, contra a hipertensão 
e outras patologias. 

Material examinado: Maranguape, 7.V.1909, 
Ducke s.n. (MG 2264); s.l„ s.d., Fr. Aílemão 1461 
& Cyneiros (R); s.L, s.d., Saldanha 8093 (R). 

2.4. Peperomia lanceolato-peltata C.DC., J. 
Bot. 4: 136, 1866; Yuncker, Floehnea 4: 192, 
fig. 410. 1974. 

(Fig. 2 a-c) 

Erva com caule espessado, semelhante 
a rizoma. Folhas alternas; lâmina ovado- 
lanceolada, 4-7 x 2,5-4, 5 cm, base arredondado- 
peltada, ápice acuminado, 7-palmati-nervada, 
esparsamente vilosa em ambas as faces, ciliadas 
na margem, membranácea. Espigas axilares ou 
terminais, 10-15 cm compr.; pendúnculo com 
ca.4 cm compr.; bractéolas arredondado- 
peltadas, glabras, sinuosas na margem; flores 
esparsamente dispostas. Drupa globoso-ovóide, 
não estipitada, lisa, ápice suboblíquo, verrucoso. 
Distribuição geográfica: América do Sul. No 
Brasil encontrada somente no estado do Ceará. 
Comentários: As folhas longo pecioladas e 
as lâminas arredondado-peltadas dão a esta 
espécie características ornamentais. No estado 
do Ceará somente o exemplar coletado em 
1939 documenta esta espécie para o mesmo. 
Material examinado: Serra de Baturité, 
20.VI.1939, Pe. Eugênio Leite 469 (RB). 


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2 . 5 . 1 . Peperomia glabella (Sw.) A.Dietr. var. 
glabella, Sp. pl. 1: 56. 1831. 

(Fig.lc) 

Piper glabelhnn Sw., Prodr. 16. 1788. 

Erva reptante, estolonífera, com ramos 
espandidos, glabros, exceto por uma linha de cílios 
nas margens do pecíolo, ao longo do caule. Folhas 
alternas, curto-pecioladas; lâmina ovado-elíptica, 
2,5-3 x 0,5-2, 8 cm, base decorrente no pecíolo, 
ápice agudo, ciliado, subcamosa ou membranácea, 
negro-pontuada em ambas as faces. Espigas 
longas, eretas, terminais, superando 2-4 ou mais 
vezes o comprimento da lâmina foliar; pedúnculo 
1-1,5 cm compr., glabrescente; raque negro- 
pontuada, glabra; bractéolas peitadas; flores 
esparsamente dispostas. Drupa ovado-globosa, 
não estipitada, com papilas viscosas, escudo 
pequeno, levemente oblíquo no ápice. 
Distribuição geográfica: Antilhas, Américas 
Central e do Sul. No Brasil, nos estados do 
Amapá, Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, 
São Paulo e Santa Catarina. 

Comentários: Espécie crescendo geralmente 
no interior da mata, própria de floresta com 
luz difusa; por suas características morfológicas 
pode ser cultivada como ornamental. Não foi 
assinalado nome popular para o Ceará; no Sul 
do Brasil, em Santa Catarina, é conhecida 
como erva-de-vidro (Guimarães et al., 1984). 
Material examinado: Serra de Baturité, 
IX. 1897, Cttrran 220 (MG); Maranguape, topo 
da Serra de Maranguape, 28. VI. 1 98 l,P Martins 
& E. Nunes s.n. (EAC 10570); Serra de 
Maranguape, 14.IX.1908, Ducke s.n. (MG 
1627); s.l., 1860, Fr. Alletnão 1458 (R); s.L, 
9.XII.1937, Pe. José Eugênio Leite 465 (RB); 
s.l., s.d., Saldanha 8091 (R). 

2 . 5 . 2 . Peperomia glabella var. nervulosa 
(C.DC.) Yunck., Ann. Missouri Bot. Gard. 37; 
98, 1950. 

Peperomia nxelanostigma var. 
nervulosa C.DC., Prodr. 16(1): 409. 1869. 

Caracteriza-se principalmente pelo hábito 
epífito e por apresentar a lâmina foliar 
lanceolada, 3-8 x 1-3 cm, base aguda e ápice 
agudo ou longamente acuminado. 



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Figura 2 - Peperomia lanceolato-peltata C.DC.: a) hábito (escala = 1 cm); b) parte da espiga mostrando bractéolas i 
frutos esparsos (escala = 1 mm); c) fruto (escala = 1 mm). 


Distribuição geográfica: Suriname e Brasil, nos 
estados do Amazonas, Amapá, Pará, Ceará, Rio 
de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. 
Comentários: Presta-se para cultivo como 
ornamental. 

Material examinado: Maranguape, topo da 
Serra, 28.VI.1981, E. Nunes & P. Martins s.n. 
(RB 306718, EAC 10570); Serra de Baturité, 
IX- 19 10, E. Ele 9021 (NY). 


2.6. Peperomia rotundifolia (L.) Humb., 
Bonpl. & Kunth, Nov. gen. sp. 1: 65. 1815. 

Piper rotundifolium L., Sp. pl. 30, 1753. 

Erva delicada, epífita; caule delicado, 
crespo-puberulento a glabrescente. Folhas 
alternas; pecíolo glabrescente com ca.5 mm 
compr.; lâmina arredondada, 0,3- 1,2 x 0,3- 1,2 
cm, arredondada na base e no ápice, subpeltada 
e obscuramente contínua sobre o pecíolo; 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003 


cm 1 


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Guimarães, E. F & Giordano, L C. S. 


Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

palmati-3-nervada, membranácea, crespo- 
pubescente. Espigas terminais, ca.2 cm compr.; 
pedúnculo 4-5 mm compr.; raque glabra; 
bractéolas arredondado-peltadas; flores 
esparsas. Drupa globoso-ovóide, oblíquas no 
ápice. 

Distribuição geográfica: Continente 
Americano e Antilhas. No Brasil, nos estados 
do Amazonas, Pará, Pernambuco, Minas 
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. 
Comentários: Espécie geralmente com 
representantes epífitos nos troncos e ramos das 
árvores, não raro cultivados em vasos ou 
placas como ornamentais. 

Material examinado: Serra de Baturité, Sítio 
B. Inácio, 1937, Pe. J. Eugênio Leite 466 p.p. 
(RB); Serra de Maranguape, 23.1.1968, Z. 
Trinta 1281 , E. Frotn Trinta 2214, E. Santos 
2322 & J. Sacco 2418 (R). 

2.7. Peperomia tetraphylla (G.Forst.) Hook. & 
Am. var. tetraphylla, Bot. Beechey Voy.:97, 1841. 
(Fig.lb) 

Piper tetraphyllum GForst., Fl. ins. austr. 
5. 1786. 

Erva epífita; caule sulcado, com tricomas 
curtos ou longos, eretos ou curvos. Folhas 4- 
verticiladas, curto-pecioladas; lâmina elíptica, 
0,6-2 x 0,5- 1,2 cm, carnosa, base e ápice 
agudos, glanduloso- pontuada na face adaxial, 
pubescente na abaxial. Espigas axilares ou 
terminais, eretas ou curvas; pendúculo 1-2,5 
cm compr.; raque com tricomas pubescentes; 
bractéolas arredondadas, glandulosas; flores 
densamente agrupadas. Drupa elíptica, ca.2 
mm diâm., com parte inferior imersa na raque. 
Distribuição geográfica: No Brasil, nos 
estados do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio 
Grande do Sul. 

Comentários: Espécie própria de lugar úmido 
e sombrio, geral mente crescendo em troncos 
ou ramos das árvores; pode ser cultivada como 
ornamental. 

Material examinado: Serra de Barurité, 
IX. 1910, Ule 9018 (B). 


29 

2.8. Peperomia circinata Link var. circinata, 
Jahrb. 1(3): 64. 1820. 

Erva carnosa, delicada, reptante; caule 
crespo-pubescente. Folhas opostas, subsésseis; 
lâmina orbicular, 3-5 mm de diâm., obscuro-3- 
nervada, crespo- pubescente em ambas as faces. 
Espigas pequenas, terminais, 1-2 cm compr.; 
pedúnculo ca.2 cm compr., bi-bracteado, crespo- 
pubescente; raque glabra; bractéolas peltado- 
arredondadas; flores congestas. Drupa ovado- 
globosa, aguda no ápice, submersa na raque. 
Distribuição geográfica: Antilhas e América 
do Sul. No Brasil, nos estados do Amazonas, 
Pará, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Ceará, 
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
Comentários: Os espécimes ocorrem nos 
troncos das árvores e arbustos desenvolvidos, 
às vezes em troncos caídos nas matas, em locais 
sombrios; são cultivados como ornamental. 
Material examinado: Aratuba, Sítio Jacarandá, 
30. VIU. 1980, M. A. Figueiredo s.n. (EAC8923); 
Serra de Baturité, Sítio B. Inácio de Azevedo, 
1937, Pe. J. Eugênio 466 p.p. (RB). 

2.9. Peperomia blanda (Jacq.) Kunth, Nov. 
gen. sp. 1: 67. 1815. 

Piper blandum Jacq., Collectanea 3:211. 
1789. 

Erva rupestre, tomentosa. Folhas opostas 
ou verticiladas 3 a 3; pecíolo viloso; lâmina elíptica 
ou obovada, 1 ,5-3,5 x 1-2,7 cm, base aguda, ápice 
agudo ou obtuso, densamente vilosa quando 
jovem, quando adulta com tricomas vilosos em 
ambas as faces, mais profusos na face abaxial 
ao longo das nervuras. Espigas terminais, 6-14 
cm compr.; pendúnculo 1,7-2 cm compr.; raque 
glabra; bractéolas arredondadas, glandulosas; 
flores esparsamente dispostas. Drupa globoso- 
ovóide, ápice oblíquo. 

Distribuição geográfica: Antilhas e América 
do Sul. No Brasil nos estados de Roraima, 
Goiás (Brasília-DF), Ceará, Minas Gerais, Rio 
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. 
Material examinado: Serra de Baturité, 
23.1.1915, Dusen 16470 (NY); id„ Bico Alto, 
23.IV. 1909, Ducke s.n. (MG 2054). 


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2.10. Peperomia decipiens C.DC., Notizbl. 
Bot. Gart. Berlin-Dahlem 6 (62): 493. 1917. 

Erva ereta, com tricomas crespo- 
pubescentes variando até 0,1 cm compr. Folhas 
inferiores opostas e superiores comumente 
temadas; pecíolo glabrescente; lâmina lanceolada 
ou lanceolado-elíptica, 5-8 x 1,3-2, 5 cm, base 
cuneada, ápice agudo, 5-nervada, glabra em 
ambas as faces, se pilosa apresentando tricomas 
crespo-pubescentes apenas na nervura principal, 
ou, raramente, ao longo das nervuras secundárias, 
ciliada na margem. Espigas terminais e axilares, 
ca. lOcm compr.; pedúnculo ca.2-5 cm compr., 
crespo-pubescente; raque glabra; bractéolas 
arredondado-peltadas; flores esparsamente 
dispostas. Drupa globoso-ovóide, com ápice 
oblíquo, pseudocúpula ausente. 

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
de Roraima e Ceará. 

Comentários: As folhas opostas e cuneadas 
determinam nesta espécie características para 
cultivo como ornamental; entretanto, trata-se 
de planta rara, endêmica do Brasil, coletada 
para documentação científica somente no início 
do século passado. 

Material examinado: Serra de Baturité, Bico 
Alto, 12.VIII.1908, Duckes.n. (MG 1535). 

2.11 .Peperomia dahlstedtii C.DC.,'Candollea 
1:305,385. 1923. 

Erva reptante, crassa, glabra. Folhas 2-3(- 
4) em cada nó; pecíolo hirtelo; lâmina elíptica, 
elíptico-obovada, 2-3 x 1 -2 cm, base subcuneada, 
ápice obtuso ou arredondado, levemente ciliado, 
3-nervada, nervuras impressas na face adaxial e 


Guimarães, E. F & Giordano, L C. S. 

promínulas na face abaxial. Espigas terminais, ca.7 
cm compr.; pedúnculo hirtelo, 1 ,5-2,5 cm compr.; 
raque glabra; bractéolas arredondadas; flores 
congestas. Drupa de ovóide a subcilíndrica, ápice 
agudo, pseudocúpula basal. 

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
do Amazonas, Ceará, Paraná e Mato Grosso. 
Comentários: Está assinalada pela primeira 
vez para o estado do Ceará. 

Material examinado: Pacatuba, Serra da 
Aratanha, Sítio Pitaguarí, 09. X. 1978, A. 
Fernandes s.n. (EAC 4188). 

3. Piper L., Gen. pl. 1: 333. 1737. 

Arbustos, subarbustos ou arvoretas, 
geralmente variando entre 1-10 m de altura, 
mais ou menos ligni ficados, ramosos, não raro 
nodosos. Folhas alternas, forma e tamanho 
variáveis. Espigas opostas às folhas, 
pedunculadas; raque sulcada, lisa, papilosa ou 
fimbriada; bractéolas variando em forma e 
tamanho, às vezes côncavas, concheiformes, 
não raro cuculadas, glabras, pilosas ou 
fimbriadas. Flores aperiantadas, densamente 
congestas ou laxas. Estames 2-5. Ovário de 
forma variável, glabro ou apresentando 
tricomas; estigmas 3, raro 2-4, sésseis ou não, 
persistentes no fruto. Drupas de forma variável, 
com pericarpo pouco espessado. 

Espécie tipo: Piper nigrum L. 

Distribuição geográfica: Gênero com larga 
distribuição pelas regiões tropicais e temperadas 
dos dois hemisférios. No Brasil, ocorrem cerca 
de 266 espécies, estando representado no 
Ceará por 13 espécies e 4 variedades. 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES E VARIEDADES DE PIPER 

1. Nervuras foliares partindo da base, palmatinérveas. 

2. Lâmina foliar cordada na base, ciliada na margem 

3. Lâmina foliar glabra em ambas as faces 3. 1 . 1 . P rnarginatum var. marginatum 

3’. Lâmina foliar com tricomas. 

4. Tricomas nas nervuras em ambas as faces 3.1.2. P. marginatum var. anisatum 

4’. Tricomas adpressos na face adaxial e pubescentes nas nervuras da face abaxial 
3.1.3. P. marginatum var. catalpifolium 

T. Lâmina foliar aguda ou atenuada na base, não ciliada na margem 3.2. P amalago var. médium 

1’. Nervuras foliares não partindo da base, peninérveas. 

5. Lâmina foliar assimétrica na base; bainha percorrendo toda a extensão do pecíolo, geralmente alada 

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Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 3 j 

6. Lâmina com base cordado-auriculada 3.3. P cemuum var. cernuum 

6’. Lâmina com base não cordado-auriculada. 

7. Lâmina foliar de 8-15 cm compr. 

8. Plantas arbustivas 3.4.1 P tuberculatum var tuberculatum 

8’. Plantas escandentes 3.4.2. P tuberculatum var. scandens 

7’. Lâmina foliar acima de 15 cm compr. 

9. Lâmina até 9,5 cm larg., glabra em ambas as faces 3.5.1. P arborewn var. arbotvum 

9’. Lâmina além de 12cm larg., glabra na face adaxial ou, ás vezes, pubescente ao longo 

das nervuras de ambas as faces 3.5.2. P. arborewn var. latifolium 

5’. Lâmina foliar simétrica ou pouco assimétrica na base; bainha curta não percorrendo toda a 
extensão do pecíolo, geralmente formando uma cavidade na base ou em forma de canal, não 
alada ou, às vezes, levemente alada. 

10. Nervuras secundárias dispostas, em relação à principal, até o ápice da lâmina. 

11. Lâmina foliar com nervuras impressas na face adaxial; raque pubescente, bractéola 

cuculada; drupa tetragonal 3.6. P. bartlingianum 

1 1’. Lâmina foliar com nervuras salientes na face adaxial; raque glabra, bractéola peltado- 

orbicular, marginalmente franjada; drupa oblonga ou obpiramidal 3.7. P. divaricatum 

10’. Nervuras secundárias dispostas, em relação à principal, até a porção mediana, abaixo ou 
pouco acima. 

1 2. Lâmina foliar com base simétrica 3.8. P. rufipilum 

12’. Lâmina foliar com base assimétrica. 

13. Lâmina glabra na face adaxial; estigmas em estilete longo ... 3.9. P. crassinervium 
13’. Lâmina escabrosa na face adaxial; estigmas sésseis ou em estilete curto. 

14. Tricomas na face abaxial da lâmina foliar, profusos, velutíneos, sedosos ao 

tato 3.10. P mollicomum 

14’. Tricomas na face abaxial das folhas, híspidos, ásperos ao tato. 

15. Inflorescências com pedúnculo de 1-2 cm compr. 

16. Lâmina foliar rômbica 3. 1 1 . P dilatatum 

16’. Lâmina foliar ovado-lanceolada 3. 12. P aduncum 

15’. Inflorescências com pedúnculo até 1 cm compr. 

17. Tricomas dos ramos escabrosos 

3.13.1. P. hispidum var. hispidum 

17’. Tricomas dos ramos adpressos 

3.13.2. P hispidum var. trachydermum 

1 cm compr.; bractéolas triangular-peltadas, 
franjadas. Estames 4-5. Drupa obpiramidal, 
glabra, 3 estigmas sésseis. 

Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos 
estados do Amazonas, Pará, Ceará, Paraíba e 
Pernambuco. 

Comentários: No Ceará é conhecida como 
capeba-mansa e tem seus frutos usados como 
substitutos da pimenta-do-reino, à semelhança 
dos selvagens que a utilizam como condimento 
(Braga, 1953). Na Amazônia é conhecida 

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3 . 1 . 1 . Piper marginatum Jacq. var. 
marginatum Icon. pl. rar. 2: 2. 1786-1793. 

(Fig.3) 

Arbusto ou arvoreta com até 5 m de 
altura. Folhas com pecíolo de 2-6 cm compr.; 
lâmina ovada, 10-20 x 7-15 cm, base cordada, 
ápice agudo ou acuminado, membranácea, 
glabra em ambas as faces, exceto pela 
presença da densa ciliação na margem; 
nervuras 7-11, palmatinérveas, às vezes, 
algumas coalescentes com a nervura principal. 
Espigas curvas até 15 cm compr.; pedúnculo 



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Figura 3 - Piper marginatum Jacq. var. marginatum : hábito (escala - 2 cm). 


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como caa-peba-cheirosa, nhandi, nhandú, 
pimenta-do-mato, pimenta-dos-índios e 
pimenta-betel, sendo usada sob a forma de chá, 
considerada antiespasmódica para afecções do 
fígado e do baço; segundo os índios Tenharins 
são consideradas plantas tóxicas quando 
ingeridas e são por eles conhecidas por nhanbuí; 
as raízes, quando amassadas, são utilizadas para 
aliviar coceiras das picados de insetos (Di Stasi 
et al„ 1989; Van Den Berg, 1993). 

Peckolt & Peckolt (1888), informam que 
a raiz é usada contra as mordeduras das cobras, 
aplicando-a no ferimento e, ao mesmo tempo, 
deve ser ingerida internamente sob forma de 
tintura. Esta parte do vegetal é empregada 
como mastigatório contra dores de dentes; é 
ainda carminativa. 

Tillequin etal. (1978), isolaram das folhas 
2 flavonóides: vitexin e marginatoside. 


Guimarães, E. E & Giordano, L. C. S. 

Material examinado: Pacoté, Serra de 
Baturité, Serrinha, 04. VI. 1983, A. Fernandes 
& Matos s.n. (EAC 12049); Maranguape, 
Serra de Maranguape, 26. VI. 1981, P. Martins 
& E. Nunes s.n. (EAC 10493; RB 311069). 

3.1.2. Piper marginatum var. anisatum 
(Kunth) C.DC., Symb. antill.3: 172, 1902. 

Piper anisatum Kunth, Nov. gen. sp. 1 : 
58, 1815. 

Esta variedade, com representantes conhecidos 
como capeba, é distinta das demais, por 
apresentar tricomas puberulentos nas nervuras 
de ambas as faces da lâmina foliar. 
Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos 
estados do Amazonas, Amapá, Pará, Ceará e 
Pernambuco. 


Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

Material examinado: Serra de Maranguape, 
1.1992, M.C. do Nascimento s.n. (RB 296134). 

3.1.3. Piper marginatum var. catalpifolium 
(Kunth) C.DC., Prodr. 16(1): 246, 1869. 

Piper catalpaefolium Kunth, Nov. gen. 
sp. 1: 58, 1815. 

Esta variedade distingue-se da típica, por 
apresentar tricomas adpressos na face adaxial 
da lâmina foliar e pubescentes nas nervuras 
da face abaxial. 

Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos 
estados do Amazonas, Pará, Ceará, Paraíba, 
Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro. 
Comentários: Conhecida popularmente como 
capeba na América tropical, capeba-cheirosa 
na Amazônia e no Rio de Janeiro, nhandi e 
pimenta-do-mato no Amazonas e Pará, 
malvavisco em Pernambuco. 

Material examinado: Aratanha, XI. 1859, Fr 
Allemão 1467 (R); id., s.d., Bellard 24 (K); 
Pacote, Serra de Baturité, Serrinha, 04. VI. 1983, 
A. Fernandes & Matos s.n. (RB 311052). 

3.2. Piper amalago var. médium (Jacq.) 
Yunck., Brittonia 14: 189, 1962. 

(Fig. 4 a-b) 

Piper médium Jacq., Icon. pi. rar. 1: 2, 1786. 
Arbusto com 3-7 m de altura, glabro, tanto 
semi-umbrófilo como heliófilo, muito freqüentes 
nas formações secundárias. Folhas com pecíolo 
até lcm compr.; lâmina oblongo-lanceolada, 
largo-elíptica ou ovada, 5- 1 3 x 3, 5-9, 5 cm, base 
aguda ou atenuada, ápice acuminado, 
membranácea, agradavelmente odorífera 
quando triturada, glabra na face adaxial, 
pubescente nas nervuras e vênulas na face 
abaxial; nervuras até 7 pares que partem da base 
da lâmina, palmatinérveas, sendo que, 
geralmente, as 3 mais centrais convergem no 
ápice, as 2 laterais seguem paralelamente até 
aproximadamente a metade da lâmina, 
anastomosando-se por laços até a porção 
superior. Espigas ereto-patentes, 6-7 cm compr.; 
pedúnculo 0,8-1, 5 cm compr.; bractéolas 
obovado-côncavas com o dorso papiloso. 

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Estames 5-6. Drupa com ápice agudo, glabra, 3- 
4 estigmas arredondados, sésseis. 

Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos 
estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas 
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, 
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato 
Grosso. 

Comentários: Espécie comum na América 
tropical, freqüente nas margens de rios e 
formações secundárias à beira de estradas. 

Considerada medicinal, tendo 
principalmente as folhas e os frutos como 
partes utilizadas; as folhas sob a forma de 
cataplasmas, ou pelo cozimento, são 
empregadas em banhos ou chás, devido suas 
propriedades sudonferas acentuadas são úteis 
ainda para os males do estômago; os frutos 
são estimulantes tanto quanto àqueles de Piper 
nigrurn L. (pimenta-do-reino); é planta muito 
própria no tratamento das cardialgias, uma 
enfermidade comum nas Antilhas, aí conhecida 
como “soot-soot”, e em Cuba como 
“mataguao” (Roig y Mesa, 1945). 

Peckolt & Peckolt (1888), informam que 
a medicina popular usa uma tintura preparada 
com as espigas frescas e álcool fraco na 
proporção 1 para 2 partes, respectivamente, 
para aplicação no tratamento de reumatismos. 
Acrescentam que as raízes maceradas com 
aguardente, na dose de um cálice de 10 em 10 
minutos, atuam contra as mordeduras de 
cobras, aplicando ao mesmo tempo a raiz 
fresca com vinagre sobre a ferida produzida 
por esses animais. 

Material examinado: Serra de Baturité, Bico 
Alto, 23.IV. 1909, Ducke s.n. (MG 2022); s.L, 
s.d., “ex-Herb. J. de Saldanha 8095" (R). 

3.3. Piper cernuum Vell. var. cernuum, Fl. 
flumin. 26. 1825. 

(Fig. 4 c-e) 

Arbusto com 2-3,5 m de altura, ciófilos; 
ramos e pecíolos ferrugíneo-tomentosos. 
Folhas com bainha alada percorrendo toda a 
extensão do pecíolo, 6-10cm compr.; lâmina 
ovado-elíptica, 20-40 cm compr., 14-15 cm 



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cm .. 


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Guimarães, E. F. & Giordano, L C. S. 



Figura 4: Piper amalago var. médium (Jacq.) Yunck: a) detalhe da folha (escala = 5 cm); b) parte da espiga, detalhando 
bractéolase frutos (escala = 1 mm). Pipercemum Vell. var. cemum: c) parte da bainha foliar (escala = 3 mm); d) detalhe 
da folha (escala = 3 mm); e) bractéola e fruto (escala = 1 mm). Piper divaricatum Meyer: 0 detalhe da bainha foliar (escala 
= i mm); g) detalhe da folha (escala = 1 cm); h) parte da espiga, detalhando bractéolas e frutos (escala = 1 mm). Piper 
arboreum var. arboreum : i) detalhe da bainha foliar(esca!a = 3 mm); j) bractéola e fruto (escala = 1 mm); I) detalhe da folha 
(escala = 1 mm). 

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cm .. 


Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

larg., base assimétrica, cordado-auriculada, 
com lobos arredondados diferindo um lado em 
relação ao outro em ca. lOmm compr., ápice 
agudo ou obtuso, papiráceo-membranácea, 
glabra na face adaxial, ferrugíneo-tomentosa 
na face abaxial; nervuras secundárias 
ascendentes, peninérveas, as da aurícula maior 
dirigidas para baixo. Espigas recurvadas 
ultrapassando as folhas em quase metade ou 
do mesmo comprimento; pedúnculo 3-5 cm; 
bractéolas peitadas, margem com tricomas 
ferrugíneo-hirtos. Estames 4. Drupa 
lateralmente comprimida, com tricomas no 
ápice depresso, 3 estigmas sésseis. 
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
de Amazonas, Ceará, Bahia, Minas Gerais, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Paraná e Santa Catarina. 

Comentários: Conhecida como bojubú, pau- 
de-cobra-cipó, jaborandi-cepoti e pimenta-de- 
morcego, é uma espécie com representantes 
de belo porte, folhas magníficas e longas 
inflorescências pêndulas, que se prestam para 
ornamentação de locais com solo rico, úmido 
e sombrio. 

Peckolt & Peckolt (1888), informam que 
o suco das espigas em aguardente é de uso 
interno contra mordedura de cobra e que o 
bagaço misturado com raízes deve ser aplicado 
sobre o ferimento produzido pelo animal. 
Segundo estes autores a raiz é considerada um 
medicamento sialagogo e diurético; o pó 
resultante das espigas secas é útil para 
tratamento de gonorréias crônicas e 
leucorréias. 

Material examinado: Guaramiranga, Riacho 
do Capim, 24. VII. 1908, Ducke 1394 (MG); 
Maranguape, topo da Serra, 28. VI. 1981, P. 
Martins & E. Nunes s.n. (EAC 10552; RB 
30672 1 ); Serra do Baturité, 600m alt., IX. 1 897, 
Schwacke 270 (MG). 

3.4.1. Piper tuberculatum Jacq. var. 
tuberculatum , Collectanea 2: 2. 1788. 

(Fig. 5 a-d) 

Arbusto com ca. 2-2,5 cm de altura; 
ramos pubérulos. Folhas com bainha alada; 

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pecíolo 0,5- lcm compr., pubérulo; lâmina 
oblongo-elíptica ou ovado-elíptica, 8- 1 2,5 x 4- 
6 cm, base assimétrica, ápice agudo, papiráceo- 
membranácea, brilhante, glabra na face adaxial, 
pubérula nas nervuras na face abaxial; 
nervuras ascendentes em número de 8-10 
pares, peninérveas, dispostas até o ápice da 
lâmina. Espigas eretas, com 4-7cm compr.; 
pedúnculo 1-1, 5cm compr.; bractéolas 
triangular-subpeltadas, marginalmente 
franjadas. Estames 4. Drupa tetragonal, ovada 
ou subobovada, lateralmente comprimida, 
glabra, 3 estigmas sésseis. 

Distribuição geográfica: Continente 
Americano e Antilhas. No Brasil, nos estados 
do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, 
Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato 
Grosso. 

Comentários: No Ceará é conhecida como 
pimenta-de-macaco ou pimenta-longa, 
considerada planta medicinal como estimulante 
e carminativa (Braga, 1953). Cresce em altitudes 
aproximadas aos 550 m, em encosta úmida, em 
capoeira e em locais brejosos. 

Material examinado: Fortaleza, 1948 , Dias da 
Rocha s.n. (RB 148570); id., 20.VII.1964, R. 
Bataleiro & A. Castellanos 25191 (GUA, RB); 
id.. Sítio Fundão, 1 0/ VIII. 1993, M. A. Figueiredo 
& M. Mata s.n. (EAC 20043; RB 311054); 
Capistrano, Serra do Vicente, 16.X.1979, E. 
Nunes & A.J. Castro s.n. (EAC 7092; RB 
3 11056); Fortaleza, Campos do Piei, 14.II. 1985, 
E. Nunes s.n. (EAC 12985; RB 311057); Ipu, 
Bica do Ipu, 19.XII. 1979, E. Nunes & P. Martins 
s.n. (EAC 7870; RB 311053); id., s.d., M.A. 
Figueiredo s.n. (EAC 23616; RB 331744); 
Jardim, Centro, IX. 1988, E. Maciel s.n. (RB 
290959); Maranguape, Santo Antonio do Baraço, 
10.X.1935, F. Dronet 2597 (F, GH, MO, SP); 
id.. Serra de Maranguape, X. 1910, Ule 9014 (L, 
NY, US); Pacatuba, 1859, Fr. Allemão 1465 & 
Cysneiros (R); id., s.d., Fr. Allemão 1466 & 
Cysneiros (R); Pacoté, Serra de Baturité, Sítio 
Germinal, 31. VII. 1971, P. Bezerra s.n. (EAC 
373); id., residência do Sr. Augusto Alves, 
25. IX. 1981, F.S. Cavalcante & F. Bruno s.n. 
(EAC 10863); Redenção, Sitio Canadá, 



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Guimarães, E. F & Giordano, L. C. S. 



Figura 5: Piper , uberculatum Jacq. var. tuberculatum. a) hábito (escala = 2 cm); b) bractéola (escala = 1 mm); c) fruto 
(escala = 1 mm); d) parte da espiga, detalhando bractéolas e frutos (escala - mm). 


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cm 


Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

9.X. 1980, P. Martins & E. Nunes s.n. (EAC 
8968; RB 311058); id., 9.X.1980, P. Martins & 
E. Nunes s.n. (EAC 8970; RB 306725); Serra 
de Baturité, Sítio B. Inácio de Azevedo, 
16.X. 1939, Leite 461 (RB); Ubajara, Serra da 
Ibiapaba, PN Ubajara, 05. VII. 1978, A. 
Fernandes & Matos s.n. (EAC 3977); id., PN 
Ubajara, 24.IX.1981, A. Fernandes & Matos 
s.n. (EAC 10787; RB 311055); id.. Riacho 
Cafundó, 02.XI.1978, A. Fernandes et al. s.n. 
(EAC 5075); Viçosa, Traguço, 21. VI. 1972, D. 
Sucre 9266 & J.F. da Silva (RB); s.l., 
8.IX.1984, G. Pinto 307 ( RB); s.l., V. 19 17, Dias 
da Rocha 18 (RB); s.l., s.d., Rocha 61 (ILL); 
s.l., s.d., Saldanha 8096 (R); s.l., s.d., Gardner 
1846 (BM, K, NY, US, W); s.l., s.d., Loefgreen 
610 (R); s.l., s.d., Cttrran 42 (GH, NY, US). 

3.4.2. Piper tuberculatum vãr.scandens Trel. 

6 Yunck., Piper. North. South Amer.: 367. 1950. 

Distinta da variedade típica pelo caule 
escandente e pela lâmina foliar com 9-15x5- 

7 cm. 

Distribuição geográfica: América do Sul. No 
Brasil, encontrada somente no Ceará. 
Comentário: Conhecida igualmente como a 
variedade típica por “pimenta-de-macaco”. 
Material examinado: Maranguape, Hotel 
Pirapora, 15. VIII. 1935, F. Dronet 2273 (R, 
NY, US). 

3.5.1. Piper arboreum Aubl. var. arboreum, 
Hist. pl. Guiane 1: 23. 1775. 

(Fig. 4 i-1) 

Arbusto com 2-4m de altura. Folhas com 
bainha alada; pecíolo 0,5-2 cm compr.; lâmina 
lanceolado-elíptica, 15-27 x 4,5-9,5 cm, base 
obliquamente assimétrica, ápice acuminado, 
papirácea ou membranáea, glabra em ambas 
as faces; nervuras secundárias 8-13, 
peninérveas, alternas, ascendentes, dispostas 
até o ápice da nervura principal. Espigas eretas, 
7-12 cm compr., apiculadas no ápice; 
pedúnculo 0,5-2 cm; bractéolas triangular- 
peltadas, fimbriadas na margem. Estames 4. 
Drupa subquadrangular, comprimida 
lateralmente, glabra, 3 estigmas sésseis. 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003 


37 

Distribuição geográfica: Antilhas e América 
do Sul. No Brasil, ocorre nos estados do 
Amazonas, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de 
Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio 
Grande do Sul e Mato Grosso. 

Comentários: Conhecida como alecrim-de- 
angola ou pau-de-angola, é popularmente 
utilizada na Amazônia sob a forma de chá e 
banhos aromáticos contra reumatismos, 
bronquites, resfriados e gripes fortes, sendo 
ainda carminativa e emoliente; sua raiz nesta 
região é conhecida como raiz-de-pahim (Van 
Den Berg, 1993). 

Peckolt & Peckolt (1888), informam que 
no estado do Rio de Janeiro é conhecida como 
jaborandi-do-rio,jaborandi-falso, pimenta-do- 
mato, fruta-de-morcego e joão-brandi, cujas 
folhas tem óleo de sabor picante, com aroma 
semelhante ao do hortelã-pimenta, sendo 
empregadas como sudoríficas e afrodisíacas; 
as raízes, folhas, inflorescências e ramos jovens 
são as partes utilizadas nas dores de garganta 
e dentes; os pequenos frutos são apreciados 
pelos morcegos. 

Material examinado: Guaramiranga, Sítio 
Guaramiranga, 16. VI. 1989, M.A. Figueiredo 
et al. s.n. (EAC 16726); Serra de Baturité, 
IX.1910, Ule 9012 (K); id., Sítio Caridade, 
21. IX. 1939, Pe. José Eugênio 470 (RB); 
Tianguá, Chapada da Ibiapaba, 02.XI. 1 986, A. 
Fernandes et al. s.n. (EAC 14849; RB 
311067); Crato, Parque Nacional do Araripe, 
19.1.1983, T.C. Plowman 12744 (EAC). 

3.5.2. Piper arboreum var. latifolium 
(C.DC.) Yunck., Boi. Inst. Bot. São Paulo 3: 
82, 1966. 

Piper geniculatum var. latifolium 
C.DC., Prodr. 16 (1): 267. 1869. 

Difere da variedade típica por apresentar 
ramos de crespo-pubescentes a tomentosos, 
lâmina foliar mais larga, além de 12 cm, glabra 
na face adaxial e pubescente ao longo das 
nervuras da face abaxial ou, ás vezes, 
pubescente ao longo dos nervos de ambas as 
faces (Yuncker, 1973). 



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cm .. 


38 

Distribuição geográfica: América do Sul. No 
Brasil, ocorrente nos estados do Amazonas, 
Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, 
Paraná e Santa Catarina. 

Comentários: Não há material botânico 
procedente do Ceará nos herbários brasileiros 
consultados; Yuncker (1973) cita o exemplar 
coletado por Ule 9013 na Serra de Baturité, 
depositado no Herbário G e por Rocha 104, sem 
localidade especificada, depositado no 1LL. 

3.6. Piper bartlingianuni (Miq.) C.DC., Prodr. 
16(1): 257. 1869. 

Artanthe bartlingiana Miq., Syst. 
piperac. 510. 1844. 

Arbusto com ca. 4 m de altura. Folhas 
curto-pecioladas; pecíolo canaliculado 
apresentando bainha basal; lâmina elíptico- 
oblonga, 1 7-22 x 6-8 cm, base simétrica, aguda, 
ápice agudo, cartácea; nervuras 6-7 pares, 
peninérveas, dispostas até o ápice da lâmina, 
impressas na face adaxial, salientes na abaxial. 
Espigas eretas, 10-14 cm compr., 0,5 cm de 
diâm.; pedúnculo 0,3-0, 5 cm compr.; raque 
pubescente; bractéolas cuculadas, com pedicelo 
pubescente. Estames 4. Drupa ovado- 
tetragonal, glabra, com 4'estigmas sésseis. 
Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
do Amazonas, Amapá, Pará, Ceará. 
Comentários: Espécie citada por Yuncker 
(1973) para o estado do Ceará, através do 
exemplar coletado por Ducke s.n. em Triguesia 
Velha, em 14.XII. 1912, depositado no Herbário 
MG, não tendo sido encontrado nenhum outro 
material nos demais herbários consultados; para 
exemplificar esta espécie foi utilizado material 
de outro estado. 

Material adicional examinado: Estado do 
Pará, Santarém, estrada para a cachoeira do 
Palhão, igarapé do Guaraná, 4. XII. 1966, P. 
Cavalcante 1567 & M. Silva (RB). 

3.7. Piper divaricatum G.Mey., Prim. fl. 
esseq. 15, fig. 86. 1818. 

(Fig. 4 f-h) 

Arbusto com até 7m de altura, dotado de 
glândulas, glabro. Folhas com bainha curta. 


Guimarães, E. F. & Giordcmo, L C. S. 

pecíolo sulcado com 1-3,5 cm compr.; lâmina 
oblongo-elíptica ou Ianceolada, 8- 1 4 x 3-7 cm, 
base assimétrica e decurrente, ápice agudo, 
revoluta na margem, papirácea, brilhante em 
ambas as faces; nervuras secundárias 5-7, 
salientes na face adaxial, dispostas até o ápice 
da lâmina. Espigas eretas ou pêndulas, até 6 
cm compr., 5 mm diâm., alcançando na 
frutificação até 1 cm diâm.; pedúnculo 1-1,5 
cm; raque glabra; bractéolas peltado- 
orbiculares, marginalmente franjadas. Estames 
4. Drupa oblonga ou obpiramidal, glandulosa no 
ápice. 3 estigmas sésseis. 

Distribuição geográfica: América do Sul. No 
Brasil, nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, 
Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito 
Santo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. 
Comentários: Espécie das matas alagadiças 
dos estados do Ceará, Bahia, Pernambuco, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, 
com folhas brilhantes e pontos translúcidos. 
Peckolt & Peckolt ( 1 888), informam que a raiz 
é aromática, de sabor forte, semelhante ao do 
gengibre; as folhas e as raízes, quando em 
infusão, são empregadas intemamente contra 
dores reumáticas e cólicas, e, quando cozidas, 
são utilizadas sob a forma de banhos anti- 
reumáticos; é conhecida com os nomes 
populares de “betys”, “bettle” e “betre”. 
Material examinado: Aratuba, Sítio Brejo, 
17.X. 1979, A. Fernandes s.n. (EAC 4168); 
Pacatuba, Serra da Aratanha, Sítio Pitaguari, 
3.X. 1979, Martins & Castro s.n. (EAC 7049; 
RB 306728); Serra de Baturité, IX. 1910, E. Ule 
9016 (NY); id., perto do Sítio Santa Clara, 
9. XII. 1937, Pe. José Eugênio 463 (RB); s.l., 
s.d., A. Fernandes s.n. (EAC 20431). 

3.8. Piper rufipilum Yunck., Boi. Inst. Bot. 
São Paulo 3: 121. 1966. 

Arbusto com caule liso, glabrescente, 
avermelhado. Folhas com pecíolo vermelho, até 
2,5 cm compr.; lâmina elíptica ou oblongo- 
elíptica, 17-19 x 8-11 cm, base simétrica, 
arredondada ou curto-aguda, ápice subagudo, 
finamente membranácea, glabra na face 
adaxial, tricomas crespo-pubescentes e 


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Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

vermelhos nas nervuras da face abaxial, 
translúcida pela presença de aréolas; nervuras 

3- 5, ascendentes, dispostas até a porção 
mediana. Espigas eretas, 8 cm compr.; 
pedúnculo ca.2 cm compr., glabro; raque 
glabra; bractéolas triangular-subpeltadas. 
Estames 4. Drupa comprimida, retangular- 
truncada, glabra, 2 estigmas sésseis. 
Distribuição geográfica: Ocorrendo somente 
no Brasil, sendo endêmica no estado do Ceará. 
Material examinado: Crato, s.d., Fr. Allemão 
1464 (R - Holótipo). 

3.9. Piper crassinervium Kunth, Nov. gen. 
sp. 1: 48, 1815. 

Arbusto com 2-5 m de altura, glabro ou 
pubescente. Folhas longo-pecioladas com bainha 
até a metade ou acima do pecíolo; lâmina oblongo- 
lanceolada ou ovada, 12-15 x 5-9 cm, base 
assimétrica ou subsimétrica, ápice acuminado, 
papirácea ou cartácea, glabra ou pubescente, na 
face adaxial, glandulosa; nervuras secundárias 

4- 6, ascendentes, dispostas ao longo da nervura 
principal até ou abaixo do meio da lâmina Espigas 
eretas, com 5-8 cm compr.; pedúnculo ca.2 cm 
compr., glabro; bractéolas triangular-subpeltadas, 
franjadas na margem. Estames 4. Drupa 
arredondado-ovóide, glabra, 3 estigmas em 
estilete longo. 

Distribuição geográfica: América do Sul. No 
Brasil nos estados do Amazonas, Ceará, Minas 
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e 
Santa Catarina. 

Material examinado: Guaramiranga, Riacho 
do Capim, 24.VU.1908, Ducke s.n. (MG 1390). 

3.10. Piper mollicomum Kunth, Linnaea 13: 
648, 1839. 

Arbusto com 1-1,5 m de altura, 
tomentoso-viloso. Folhas com bainha curta; 
pecíolo 0,8- 1 cm compr.; lâmina ovado-elíptica 
ou lanceolado-elíptica, 10-12 x 4,5-8 cm, base 
assimétrica, cordada, ápice acuminado, 
papirácea, dotadas de glândulas translúcidas, 
tricomas escabrosos na face adaxial, profusos, 
velutíneos e sedosos ao tato na abaxial; 
nervuras secundárias 5-6, ascendentes, 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003 


39 

dispostas ao longo da lâmina, até ou abaixo da 
porção mediana. Espigas curvas, 9,5-15 cm 
compr.; pedúnculo 0,5-1, 5 cm compr., hirsuto; 
bractéolas triangular-peltadas, profusamente 
franjadas. Estames 4. Drupa obovóide, 
reticulada, glabra, às vezes glandular, 3 
estigmas sésseis, recurvos. 

Distribuição geográfica: Brasil, nos estados 
do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa 
Catarina, Mato Grosso e Goiás. 
Comentários: Espécie conhecida como 
jaborandi-manso ou simplesmente jaborandi; 
possui frutos úteis para problemas estomacais, 
sendo também muito usados em doenças 
venéreas; suas raízes são utilizadas como 
mastigatórios, para anestesiar as dores de 
dentes (Peckolt & Peckolt, 1888). 

Seus exemplares são bastante freqüentes 
em matas úmidas, nas restingas ou em altitudes 
que variam entre 200-600 m s.m., à beira das 
estradas, em locais ensolarados ou semi- 
sombrios. 

Material examinado: Guaramiranga, Riacho 
do Capim, 6.VIII.1908, Ducke s.n. (MG 
1510); id.. Serra de Baturité, 13.1.1994, A. 
Fernandes s.n. (EAC 20430; RB 311066); 
Serra de Aratanha, mata úmida, 10.XI.1983, 
A. Fernandes s.n. (EAC 12228; RB 306724); 
Serra de Baturité, IX. 19 10, Ule 901 7 (NY, US). 

3.11 Piper dilatatum Rich., Actes Soc. Hist. 
Nat. Paris: 105, 1792. 

Arbusto com 1-2 m de altura, de 
pubescente a glabrescente; ramos estriados. 
Folhas com bainha abaixo da porção mediana 
do pecíolo, esse com 0,5-1 cm compr.; lâmina 
rômbica ou elíptica, às vezes obovada óu 
ovada, 11-21 x 7,5-10,5 cm larg., base 
assimétrica, cordada, obtusa ou aguda, ápice 
acuminado ou falcado, membranácea, 
escabrosa, crespo-pubescente a glabrescente 
na face adaxial; nervuras secundárias 5-6, 
ascendentes, geralmente puberulentas, 
dispostas até a porção mediana da principal. 
Espigas retas ou curvas, obtusas ou apiculadas, 
6,5-12 cm compr.; pedúnculo, 1-2 cm compr.. 



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cm .. 


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de glabro a pubescente; bractéolas arredondado- 
peltadas, fimbriadas na margem. Estames 4. 
Drupa obpiramidal-trigonal, papiloso-pubcrulenta 
no ápice, 3 estigmas sésseis. 

Distribuição geográfica: Antilhas e América 
do Sul. No Brasil, nos estados do Amazonas, 
Amapá, Pará, Maranhão, Pernambuco, Bahia, 
Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa 
Catarina e Mato Grosso. 

Material examinado: Serra do Vicente, 
Capistrano, 13.V.1980, P Martins <£ E. Nunes 
s.n. (EAC 8568; RB 311074); Maranguape, 
próximo a Pirapora, 26.VI.1981, R Martins & 
E. Nunes s.n. (EAC 10484; RB 311078); 
Pacatuba, Serra da Aratanha, Sítio Pitaguari, 
1.X.1979, P. Martins & A.J. Castro s.n. (EAC 
6985; RB 306727); Pacoti, entre Pacoti e 
Palmácia, 12.11.1981, A. Fernandes <£ Matos 
s.n. (EAC 9667; RB 306717); id„ Serrinha, 
4. VI. 1983, A. Fernandes & P Bezerra s.n. 
(EAC 12062; RB 306726); id.. Serra de Baturité, 
01 .111.1992, M.A. Figueiredo et al. s.n. (EAC 
18471; RB 311104); Serra de Baturité, Sítio B. 
Inácio de Azevedo, 21. XI. 1939, Pe. José 
Eugênio, S.J. 472 (RB); Baturité, Serra de 
Baturité, s.d., C.F.M. Delphin s.n. (RB 311 100); 
Ipu, Bica do Ipu, 19.XII.1979, P Martins & E. 
Nunes s.n. (EAC 7871; RB 311146); s.l., s.d., 
“ ex-Herb . J. Saldanha 8094" (R). 

3.12. Piper aduncum L., Sp. pl.: 29, 1753. 

Arbusto ou arvoreta até 8 m de altura, 
muito nodoso. Folhas com pecíolo de 0, 3-0,8 
cm compr., lâmina elíptica, ovado-elíptica ou 
ovado-lanceolada, 10-15(-23) x 4-7 cm, base 
assimétrica, arredondado-cordada, ápice agudo 
ou acuminado, escabrosa, áspera ao tato em 
ambas as faces, glandulosa; nervuras 
secundárias 6-8, dispostas até ou pouco acima 
da porção mediana. Espigas curvas, 7-14 cm 
compr., 0,2-0, 3 cm diâm.; pedúnculo 1-2 cm 
compr., pubescente; bractéolas triangular- 
subpeltadas, margem franjada. Estames 4. 
Drupa obovóide, tri- ou tetragonal, glabra, 3 
estigmas sésseis. 

Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil nos 


Guimarães, E. F. & Giordano, L C. S. 

estados do Amazonas, Amapá. Pará, Mato 
Grosso, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Espírito 
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. 
Comentários: No nordeste brasileiro é 
conhecida como pimenta-de-fruto-ganchoso, 
tapa-buraco e aperta-ruão; por esse último nome 
também é conhecida no sudeste, pricipalmente 
em São Paulo, por suas propriedades medicinais 
(Pereira, 1929). No estado do Amazonas os 
indivíduos desta espécie são denominados 
popularmente como pimenta-de-macaco ou 
pimenta-longa, e suas folhas são utilizadas sob a 
forma de chá contra apatia intestinal e males 
estomacais (Van Den Bcrg, 1993). 

Espécie vulgarmente conhecida em Cuba 
como “platanillo-de-Cuba”; “canilhade ruerto” 
e “comdocillo” no México; “higuillo” e “higuillo 
oloroso” em Porto Rico; “cordoncillo blanco” 
na Venezuela; “oijú-yú” em Trinidad. Neste 
país, existe medicamento patenteado com o 
nome de Cannagina, cujas partes usadas são 
as folhas, frutos e raiz (Roig y Mesa, 1945; 
1988). 

Os espécimes são adstringentes e 
diuréticos, sendo um hemostático poderoso 
local em feridas, úlceras e leucorréias (Uphof, 
1959). Suas espigas curvas e aromáticas 
contém taninos, essências e resinas; a infusão 
das folhas é usada como estomáquica, 
balsâmica, adstrigente e desobstruente do 
fígado (Lainetti & Brito, 1980). 

Material examinado: Serra de Araripe, s.d., 
Gardner s.n. (NY). 

3.13.1. Piper hispidum Sw. var. hispidum, 
Prodr. 15. 1788. 

Arbusto com 2-4 m de altura, com 
tricomas escabrosos nos ramos. Folhas com 
pecíolo de 0,5-1 cm compr., híspido, bainha 
basal; lâmina elíptica ou ovado-elíptica, 10-16 
x 5-8 cm, base assimétrica, um dos lados 
arredondados e diferindo do outro em ca.3-5 
cm compr., quando simétrica aguda, ápice 
acuminado, cartáceas, escabrosas ou híspidas 
na face adaxial e hirsutas na abaxial, 
profundamente glandulosas; nervuras 
secundárias 4-5, ascendentes, dispostas abaixo 

Rodriguésia 54 (84): 21-46. 2003 



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Piperaceae do nordeste brasileiro l: estado do Ceará 

ou pouco acima da porção mediana da lâmina. 
Espigas eretas, 8-14 cm compr.; pedúnculo até 
lcm compr., hirtelo; bractéolas triangular- 
peltadas e franjadas na margem. Estames 4. 
Drupas oblongas ou lateralmente comprimidas, 
papiloso-puberulentas no ápice, com 3 
estigmas persistentes sésseis. 

Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, nos 
estados do Amazonas, Pará, Ceará, 
Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, 
Santa Catarina e Mato Grosso. 

Comentários: Conhecida como matico, aperta- 
joão, matico-falso. As folhas, as raízes e os frutos 
são adstrigentes, diuréticos e estimulantes, 
empregados como desobstruentes do fígado. Em 
Cuba é conhecida como “platanillo-de-cuba”, 
utilizada para deter hemorragias traumáticas 
(RoigyMesa, 1945). 

Peckolt & Peckolt (1888), informam que 
as folhas são utilizadas sob a forma de banhos 
contra as hemorroidas, reumatismos e 
desinterias; quando frescas são usadas como 
emplastros em hemia de umbigo de crianças; 
tendo o mesmo uso no estado seco e reduzido 
a pó, sendo ainda consideradas hemostáticas. 
Os frutos são anti-blenorrágicos. 

Material examinado: Serra de Baturité, 
IX. 19 10, Ule 9015 (L). 

3.13.2. Piper hispidum var. trachydermum 
(Trel.) Yunck., Ann. Missouri Bot. Gard. 37: 
33, 1950. 

Piper trachydermum Trel., Contr. U.S. 
Natl. Herb. 26: 33. 1927. 


41 

Esta variedade distingue-se da típica pela 
presença de tricomas nos ramos curtos, 
vigorosos, acima curvados e mais ou menos 
adpressos, segundo análise de material de 
outros estados brasileiros (Yuncker, 1972). 
Distribuição geográfica: Panamá e Brasil, 
nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, 
Ceará, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de 
Janeiro, São Paulo e Paraná. 

Comentários: Variedade citada em literatura 
para o estado do Ceará, sob coleta de Fr. 
Allemão 1464 (ILL) e de Gardner 1848 (P), 
exemplares não examinados. 

4. Pothomorphe Miq., Buli. Sei. Phys. Nat. 
Neerl.: 450, 1839. 

Arbustos ou ervas bem desenvolvidas. 
Folhas longo-pecioladas, grandes e largas, 
peitadas ou não; nervuras em números de 12 
pares ou mais, a principal com duas 
ramificações laterais acima da base; as 
secundárias anastomosando-se por meio de 
laços; nervuras transversais abundantes; nas 
imediações do bordo, anastomose de nervuras 
de ordem inferior. Flores dispostas em espigas 
densas, longas e delicadas, formando uma 
umbela no fim de um pedúnculo axilar. Estames 
2. Ovário trigonal, glabro, com 3 estigmas 
sésseis, recurvos, persistentes nos frutos. 
Drupas obpiramidais ou obpiramidal-angulosas, 
5-6 mm compr., glabras. 

Espécie tipo: Pothomorphe peltata (L.) Miq. 


CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE POTHOMORPHE 

1. Folhas peitadas 4.1. P peltata 

F. Folhas não peitadas 4.2. P umbellata 


4.1. Pothomorphe peltata (L.) Miq., Comm. 
phytogr. 37. 1840. 

Piper peltatum L., Sp. pl. 1: 30. 1753. 
Arbusto alcançando 2 m de altura. Folhas 
peitadas, pecíolo 9-20 cm compr., glabro, 
bainha alada; lâmina ovado-cordada ou 


arredondado-cordada, 12-25 x 12-25 cm, base 
aguda, ápice acuminado, provida de pontos 
translúcidos, palmatiforme; nervuras 13-15 
pares. Espigas 5-10 cm compr., cada uma 
apresentando pedúnculo com 1-1,5 cm compr., 
dispostas em pedúnculo comum, 4-7 cm 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 21 - 46 . 2003 



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cm .. 


42 

compr., glabro; bractéolas peitadas, fimbriadas 
na margem. Drupa obpiramidal-trigonal. 
Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, ocorre 
nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, 
Ceará e Mato Grosso. 

Comentários: Conhecida na Amazônia como 
caapeba-do-norte, capeba-verdadeira, capeba- 
branca; as folhas frescas são úteis para as dores 
hepáticas; quando cozidas e moídas são 
emolientes e empregadas como cataplasmas 
sobre tumores; importante ainda no tratamento 
do herpes e erupções cutâneas; quando 
maceradas com azeite são aplicadas sobre 
ventre inflamado (Braga, 1953; Van Den Berg, 
1993). 

Em Cuba é conhecida como “caisimon”, em 
Porto Rico como “basquina” e no México como 
“mano de zopilote”; é empregada como emoliente 
na inflamação dos testículos e para tumores; a 
raiz é estimulante e diurética, útil para as 
obstruções do fígado (Roig y Mesa, 1988). 
Material examinado: Ceará, s.l., s.d., 
Gardner s.n. (U). 

4.2. Pothomorphe umbellata (L.) Miq., 
Comm. phytogr. 36. 1840. 

Piper umbellatum L., Sp. pl. 1: 30. 1953. 

Arbusto com 1-3 m de altura. Folhas não 
peitadas, pecíolo 20-25 cm compr., puberulento, 
bainha alada; lâmina arredondado-ovada ou 
reniforme, 14-24 x 17-25 cm, base cordada, 
ápice agudo ou abruptamente acuminado, 
provida em toda face adaxial de tricomas 
híspidos com 2,5-3 mm compr., relativamente 
esparsos, dotada de glândulas translúcidas, 
palmatiformes; nervuras 12-16 pares. Espigas 
com 6-9 cm compr., cada uma apresentando 
pedúnculo com 5-7 mm compr., dispostas em 
pedúnculo comum, 1-1,5 cm compr., 
pubescente; bractéolas triangular-subpeltadas, 
glandulosas, Fimbriadas na margem. Drupa 
obpiramidal -angulosa. 

Distribuição geográfica: América Central, 
Antilhas e América do Sul. No Brasil, ocorre 
nos estados do Amazonas, Pará, Ceará, Bahia, 
Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso. 


Guimarães, E. F & Giordano, L C. S. 

Comentários: Conhecida popularmente no 
Ceará como capeba; em outros estados, como 
caa-peuá, catajé, lençol-de-santa-bárbara, 
malvarisco e pariparoba; suas folhas e raízes 
são empregadas sob a forma de chá nas 
doenças do fígado, baço e rim, como contra 
inchaços e inflamções das pernas (Braga, 1953; 
Guimarães et al., 1978; Di Stasi et al., 1989). 

Na Amazônia, toda a planta, 
principalmente as folhas, são utilizadas sob a 
forma de chá, suco ou emplastro, como 
antiblenorrágica, vermífuga c no combate das 
inflamações internas e externas em 
machucados ou queimaduras (Van Den Berg, 
1993). 

Peckolt & Peckolt (1888), informam que 
o suco das folhas frescas, misturado com um 
pouco de vinagre é empregado nas hemoptises, 
e, se acrescido de sal de cozinha, é utilizado 
pelos camponeses nas contusões e sob a forma 
de xaropes para tosses e bronquites. 

Freise (1934), assinala que esta espécie 
contém óleo essencial de cheiro acanforado, 
gosto picante, tendo a asarona como 
componente principal, e como princípio ativo a 
chavina, pariparobina e piperina. 

Zurlo & Brandão (1989), mencionam, 
dentre outras ervas comestíveis, a capeba, 
fornecendo outros nomes populares, cultivo, uso 
medicinal popular, incluindo receitas para uso 
culinário. 

Vieira (1992), informa sua utilização como 
diurético sob a forma de chá em dosagens de 
10 g para 1 litro de água ingerindo-se três 
xícaras ao dia. 

Em Cuba é reconhecida pelo nome 
popular “caisimon”; é considerada apropriada 
para o trato digestivo, além de suas folhas, 
quando cozidas, serem utilizadas como 
cicatrizantes para feridas (Roig y Mesa, 1988). 
Material examinado: Aratuba, Sítio Brejo, 
18.X. 1978, A. Fernandes s.n. (EAC 4171); 
Maranguape, Serra de Maranguape, estrada 
Pirapora a Castelo, 27.VI.1981, E. Nunes & 
P. Martins s.n. (EAC 10537); Pacatuba, Serra 
da Aratanha, 01.X.1979, P. Martins <£ A.J. 
Castro s.n. (EAC 6988); Serra de Baturité, 

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Piperaceae do nordeste brasileiro I: estado do Ceará 

caminho para Guaramanga, 23.VI.1939, Pe. 
José Eugênio, S.J. 462 (RB); id., Sítio São 
João, 1939, Pe. José Eugênio, S.J. 467 (RB). 

CONCLUSÕES 

Tem-se o conhecimento que a flora do 
Brasil detém uma das maiores biodiversidades 
do planeta. Assim, é imperativo que se 
procedam a estudos taxonômicos nas espécies 
silvestres, não raro esquecidas, visando-se, 
com isso, o desenvolvimento de pesquisas nos 
países sul-americanos que não dispõem de 
matéria-prima suficiente para o abastecimento 
da indústria farmacêutica. 

Este trabalho, ao tratar do conhecimento 
taxonômico das Piperaceae do estado do 
Ceará, teve como objetivo identificar as 
plantas, tendo em vista que há informações de 
algumas como medicinais. 

Por outro lado, este estudo pretendeu 
contribuir para a seleção daquelas de valor 
econômico, ameaçadas e conservadas ou, 
ainda, para definir endemismo, entre outros 
aspectos, daquela região. 

As coleções dos Herbários nacionais e 
estrangeiros propiciaram as condições básicas 
para o desenvolvimento deste trabalho, tendo 
sido analisadas as dos séculos passados, 
particularmente as de Pe. José Eugênio, Fr. 
Allemão, Saldanha, Ule, Ducke, Dusen, Curran, 
Bellard, Gardnere Loefgren, e as mais recentes, 
assinaladas para E. Nunes, P. Martin, 
Fernandes, Nascimento, Bezerra, D. Sucre, 
Figueiredo, Castellanos, Maciel. 

No estado do Ceará, onde as coletas de 
Piperaceae são deficientes, observa-se que 
algumas espécies estão em herbários 
representadas apenas pelo exemplar tipo, como 
é o caso de Piper ruftpilum Yunck.; outras 
são bastante comuns no território nacional, mas 
constam nas coletas para o Ceará de 1 a 3 
exemplares. Há necessidade, portanto, de 
coletas intensivas de espécimes da família 
nesse Estado. 

Assinala-se neste trabalho o endemismo 
de Piper ruftpilum Yunck., espécie encontrada 
nas florestas úmidas da chapada de Araripe, 


43 

considerada rara, dado que, sua única coleta 
foi realizada no século XIX, por volta de 1 859- 
1861. Peperomia lanceolato-peltata C.DC., 
com representantes em outros países da 
América do Sul, no Brasil tem ocorrência 
apenas no Estado do Ceará, segundo material 
herborizado examinado. A espécie Piper 
guianensis (Klotzsch) C.DC. não foi incluída 
neste trabalho, muito embora, Yuncker (1972) 
a tenha citado para o Ceará, com base em 
material coletado por Gardner s.n. depositado 
nos herbários de G e SP; a consulta a estes 
herbários revelou a ausência desta exsicata, o 
que impossibilitou uma análise para fins de 
confirmação da ocorrência do táxon. 

AGRADECIMENTOS 

Aos curadores dos herbários, pelo 
empréstimo dos materiais. 

Ao Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - 
CNPq, pela bolsa concedida. 

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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. 
na Flora Brasiliensis de Marti us 

Abner Chiquieri 1 
Fernando Régis Di Maio 2 
Ariane Luna Peixoto 3 

RESUMO 

A Flora Brasiliensis, obra idealizada e editada, em sua maior parte por Karl Friederich 
Philipp von Martius, entre os anos de 1840 e 1906, trata do conjunto de espécies da flora brasileira 
até então conhecidas. Nessa obra, a família Rubiaceae, representada por 99 gêneros e 1043 espécies, 
teve o tratamento taxonômico feito por K. Schumann e Mueller Argoviensis. O estudo descritivo 
da distribuição geográfica, apresentado às páginas 415 a 422 do volume 6, parte 6, foi elaborado 
apenas por Schumann. A leitura e interpretação do tratamento dado às Rubiaceae, nessa obra, 
ainda hoje é muito importante e, muitas vezes, imprescindível para estudiosos da flora brasileira, 
especialmente para aqueles que se dedicam à taxonomia, à florística e à fitogeografia. A dificuldade 
de leitura do texto descritivo, em latim, sobre a distribuição geográfica deste grupo assim como as 
muitas alterações sofridas nos nomes genéricos e binômios específicos criam empecilhos à 
interpretação da visão primorosa de Schumann sobre o conjunto de Rubiaceae da flora brasileira e 
da contribuição dos táxons desta família nos diferentes biomas brasileiros. Apresenta-se, neste 
trabalho, a tradução para o português de texto latino elaborado por Schumann sobre a distribuição 
geográfica das Rubiaceae, acompanhada da atualização dos nomes científicos nele contidos. 
Palavras-chave: Rubiaceae, Flora brasiliensis, Fitogeografia, Flora do Brasil. 

ABSTRACT 

Flora Brasiliensis, planned and edited mainly by Karl Friederich Philipp von Martius, from 1840 
and 1906, deals with all species from Brazilian Flora known at that time. In this work, the Rubiaceae, 
represented by 99 genus and 1043 species, was taxonomicaly analysed by K. Schumann and Mueller 
Argoviensis. The geographical distribution study, presented on pages 4 15 to 422 of volume 6, part 6, was 
written only by Schumann. Reading and interpretation of this work is very important and sometimes 
indispensable for Brazilan flora researchers, specially for those dedicated to taxonomy, íloristic and 
fitogeography. The descriptive text on the geographical distribution in Latin and the various changes on 
generic and specific names raise difficulties for comprehending Schumanifs great vision about the 
whole Rubiaceae family in Brazilian flora and the presence of this family’s taxa throughout different 
Brazilian biomes. This paper presents the Portuguese translation of the latin text by Schumann on the 
geographical distribution of Rubiaceae, and updates scientific names presented there. 

Key-words: Rubiaceae, Flora Brasiliensis, Fitogeography, Brazilian Flora 


INTRODUÇÃO 

A Flora Brasiliensis, idealizada e 
coordenada por Karl Friederich Philipp von 
Martius foi o maior projeto florístico realizado 


no seu tempo. Entre 1840 e 1906, quando 
foram publicados os volumes que a constituem, 
nenhum outro projeto havia reunido tantos 
cientistas com a finalidade de elaborar o estudo 


1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Departamento de Letras e Ciências Sociais. Rua Vitória, 6, Ecologia/UFRRJ, 
Seropédica, RJ. 23850-250, RJ, Brasil, chiquier@tcrra.com.br 

2 Universidade Estácio de Sá. Estr. Boca do Mato, 850, Vargem Pequena, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Irdimaio@bol.com.br 

3 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical, Rua Pacheco Leão 2040, 
22460-030, Horto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, ariane@jbrj.gov.br 



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de Flora de uma região. Martius veio ao Brasil, 
integrando o séquito científico e artístico 
incluído no dote real da princesa Leopoldina, 
da Áustria, quando do seu casamento com o 
príncipe Dom Pedro de Alcântara, do Brasil. 
Os naturalistas tinham como objetivo estudar 
e representar a natureza do País que se 
tornaria a pátria da princesa Leopoldina. 
Assim, chegaram ao Rio de Janeiro, em 1817, 
além de Martius e o zoólogo J. B. von Spix, J. 
C. Mikan, H. W. Schott, G Raddi, J. E. Pohl, 
Natterer, Sochor, Buchberg e T. Ender. 
Durante quase quatro anos, Martius e outros 
integrantes da expedição coletaram material, 
nas diversas regiões geográficas do País, e 
elaboraram farta documentação iconográfica. 
No retorno a Munique, foi preparada uma 
exposição de parte do material aqui coligido. 
Nessa grande exposição, foram apresentadas 
amostras das riquezas minerais, etnológicas e 
da biota, estando aí incluída parte das 6.500 
espécies de plantas herborizadas (Emmerich, 
1994). 

O relato de Spix e Martius, “Viagem ao 
Brasil”, publicado em Munique, em 1832, é 
um dos mais completos sobre a fauna, a flora, 
a paisagem, várias tribos indígenas e seus 
costumes (Spix & Martius, 1 938). A tradução 
desta obra foi promovida pelo Instituto 
Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1938, e 
realizada por L.F.Lahmeyer, tendo como 
revisores B.F.Remiz Galvão e B. Magalhães, 
este último apondo notas ao texto. 

Os 40 volumes da Flora Brasiliensis 
foram publicados entre os anos de 1840e 1906. 
Nela são tratados 2.253 gêneros e 22.767 
espécies, das quais 5.689 eram novas para a 
ciência (Ferrão & Soares, 1996). As 3.811 
ilustrações (litografias), de impressionante 
qualidade, permitem uma visualização da 
riqueza de espécies tratadas e da diversidade 
morfológica da flora tropical. 

Para estudar todo o acervo colecionado 
no Brasil, Martius convidou cientistas de várias 
partes do mundo. Durante a elaboração da 
obra, manteve correspondência com botânicos 
que viviam ou que visitavam o Brasil e recebeu 


Chiquieri, A., Pi Maio, F. R , Peixoto, A. L 

outros materiais que foram acrescidos ao 
acervo que havia coligido no País. A 
elaboração da obra envolveu 65 botânicos de 
diferentes países, sendo a maior parte deles 
alemães. O estudo das Rubiaceae nesta 
monumental obra foi elaborado por Karl 
Moritz Schumann e Johann Mueller 
Argovensis, ficando cada um deles 
responsável por uma parte da abordagem 
taxonômica desta família. No estudo das 
Rubiaceae, são tratados 99 gêneros e 1043 
espécies, das quais 181 são ilustradas em 151 
tábulas. 

Assim como ocorreu com outras famílias 
botânicas, a abordagem taxonômica das 
Rubiaceae na Flora Brasiliensis recebeu, ao 
final (volume 6, parte 6), dois textos 
discursivos: um, tratando da distribuição 
geográfica (p. 415-422), e outro, do emprego 
de suas espécies pelo homem (p. 435-442). 
Dois quadros demonstrativos (tábulas) 
também são apresentados (p. 423-436): um, 
relacionando o número de espécies com a 
distribuição geográfica no mundo, e outro, 
detalhando a distribuição no Brasil e em países 
vizinhos. O estudo da distribuição geográfica 
bem como o de qualidades e uso das Rubiaceae 
foi elaborado apenas por Schumann, um dos 
mais produtivos botânicos de seu tempo. 

A Flora Brasiliensis ainda hoje é uma 
fonte de dados indispensável para botânicos 
que trabalham com a flora do Brasil e de países 
vizinhos. De modo geral, ela é o ponto de 
partida para estudos de revisões taxonômicas 
e de floras regionais. Os botânicos e outros 
cientistas de áreas correlatas que lidam com 
espécies da flora nacional, de modo geral, 
fazem a leitura das descrições dos táxons na 
Flora Brasiliensis. O vocabulário empregado 
nas descrições é técnico e específico da área 
biológica. Entretanto, esses mesmos cientistas, 
muitas vezes, se vêem limitados, quando estão 
diante de textos descritivos de outros fomiatos. 

Traz-se aqui a tradução do latim para o 
português do texto que trata de distribuição 
geográfica das Rubiaceae, elaborado por 
Schumann, com o propósito de facilitar a 


Rp J ~ivuésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003 



SciELO/JBRJ 


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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martius 


consulta aos interessados no estudo das 
Rubiaceae e da fitogeografia do Brasil. Para 
permitir um entendimento mais completo do 
texto buscou-se a atualização dos nomes 
científicos nele contidos sem, entretanto, entrar 
no mérito da classificação infrafamiliar. 

O texto trata, entre outras coisas, de 
questões de distribuição geográfica de tribos, 
gêneros e espécies. Então, é importante 
lembrar seu contexto temporal, evidentemente 
distanciado dos princípios da Biogeografia 
atual. Entretanto as correlações de Floras, 
elaboradas por Shumann, no seu tempo, com 
base nas espécies, gêneros e tribos conhecidas 
e delimitadas por ele e outros botânicos de sua 
época, sempre referenciadas no texto, muitas 
vezes parecem atuais: “na região que 
chamamos de Dríade aparecem aquelas 
plantas que são peculiares a Oréades”. 

METODOLOGIA 

No tocante à designação dos táxons, 
todos os nomes científicos empregados por 
Schumann foram preservados. Os nomes 
atualizados dos gêneros e das espécies são 
apresentados em sobrescrito, imediatamente 
ao lado dos nomes hoje invalidados. Os nomes 
dos autores das espécies foram adequados à 
orientação de Brummitt & Powell (1992), 
sendo acrescentados diretamente no texto (não 
sobrescritos), quando faltavam. No entanto, 
não foi feita qualquer adequação da discussão 
do autor às configurações atuais das tribos. 
Não se atualizaram, também, os números de 
gêneros e espécies relacionadas às tribos. 

A atualização dos nomes se apoiou em 
obras como Index Kewensis (Jackson, 1895), 
Anderson (1992), W3 Tropic (Missouri 
Botanical Garden, 2002) e em monografias e 
revisões que tratam da família Rubiaceae. 

No tocante à terminologia biogeográfica, 
os lermos “indígena” ( indígena , ae) e 
“autóctone” ( autochthon , is) foram 
traduzidos como “endêmico”, pois parece ter 
sido este o contexto empregado. As 
expressões “núcleo de vegetação”, “centro de 
vegetação” e “centro de distribuição” foram 

Rodríguísia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003 


preservadas, podendo ser interpretadas como 
“centro de diversidade”. 

Schumann, em seu texto, segue a 
classificação de vegetação apresentada por 
Martius (1824), a primeira feita para o Brasil, 
na qual são reconhecidas cinco províncias ou 
domínios florísticos. Estes domínios receberam 
nomes de ninfas gregas imortais (4) e mortais 
(1) e correspondem, de modo geral, às regiões 
Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste: 
Naiádes, ninfas das águas, deu nome à 
Amazônia; Oréades, ninfas dos campos, aos 
Cerrados; Dríades, ninfas das florestas, à Mata 
Atlântica; Napéias, ninfas dos vales e prados, 
aos Campos Sulinos; Hamadriades, ninfas dos 
bosques, que morrem e ressurgem com as 
árvores que lhe servem de moradia, foi usada 
para nomear a Caatinga cuja vegetação 
ressurge após as chuvas. 

A tradução para a língua portuguesa 
adotou como referência os dicionários de 
Emout & Meillet (1932) e Rizzini & Rizzini 
(1983). 

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS 
RUBIACEAE 

[K. Schumann, Flora Brasiliensis 6 (6): 
415-422] 

(pág. 415) A vasta família das 
Rubiáceas ocupa o quarto lugar de todo o reino 
vegetal em número de espécies. Acredito que 
até o dia de hoje tenham sido descritas cerca 
de 4.000 espécies, como mostra a tábula I. 
Na classe das Gamopétalas, nossa família só 
deve ser superada pelas Compostas (entre 10 
e 12.000 espécies), que são as mais 
importantes entre todas as famílias. Sem 
nenhuma dúvida, elas compartilham com as 
Gamopétalas uma afinidade estreitíssima. 
Entre as Polipétalas, as Leguminosae 
aparecem com o maior número de espécies 
(6.500) e entre as Monocotiledôneas, as 
Orquidaceae (4.500 - 5.000 espécies) 
ultrapassam as Rubiaceae. Neste trabalho e 
na enumeração dos gêneros com o ilustre 
erudito Hooker, identifiquei 25 tribos, as quais 
o ilustre Baillon reduziu a 13, juntando, depois, 



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às Rubiáceas, na História das Plantas, as 
Diervilleae, as Lonicereae , as Sambuceae e 
as Adoxeae (as ulteriores não sem hesitação) 
Embora tenha sido expresso pelo ilustre 
erudito Hooker que as tribos aceitas não são 
sempre bem limitadas, sendo, às vezes, unidas 
por transição de uma para outra, não posso 
concordar, contudo, com a redução de tribos 
nem de gêneros proposta pelo ilustre Baillon. 

Enquanto o ilustre Baillon descreveu 192 
gêneros, aumentei o número de gêneros de 
Hooker, de 337 para 366, dos quais alguns 
foram descritos por outros autores e poucos 
por mim mesmo. A união de algumas 
Caprifoliaceae com Rubiaceae não parece 
imprópria. Como, porém, isto já foi esboçado 
na Flora Brasiliensis, aqui eu as omito. 

Pela Tabula /, que exibe a distribuição 
das Rubiáceas por todo o mundo, fica claro 
que essa família, em sua maior parte, é própria 
das regiões mais quentes, principalmente dos 
trópicos. Mais de 75% de todas as espécies 
crescem nessas regiões, diminuindo em 
direção ao norte e ao sul, de forma que, na 
Europa do Norte, são encontradas somente 
49 espécies, ou 1,2%; no Chile, 56 ou 1,4%; 
no sul da África, 1 20 ou 3%; na Austrália fora 
dos trópicos, 75 ou 2%. Dificilmente, porém, 
pode-se desvendar onde se deve encontrar o 
núcleo de vegetação dessa família, porque o 
número de gêneros peculiares a ambos os 
hemisférios é quase igual e porque o velho 
mundo sustenta alguns gêneros que na 
América possuem uma ou poucas espécies e 
vice-versa. 

(pág. 416) A América do Sul supera em 
número de espécies todas as regiões da Terra 
por mim estabelecidas. Nesta região existem 
1.200 espécies ou 30% do total. Em seguida, 
vem a Malásia, fornecendo 607 espécies ou 
15%, mas que para mim, no entanto, parecem 
estar demasiadamente multiplicadas. Penso 
não enganar-me, se calculo que as espécies 
de toda a Ásia mais ao sul são em tomo de 
1.000, que perfariam 25% de todas. A África 
tropical mantém o terceiro lugar. O ilustre Hiem 
determinou, recentemente, cm cerca de 550 o. 


Chiquieri. A., Di Maio. F. li., Peixoto, A. I. 

número de espécies que se encontram no 
continente da África tropical. Se as ilhas da 
África oriental, que favorecem abrigo para não 
poucas espécies forem juntadas a essa região, 
enumero 660 espécies (16,5%). É admirável 
que a Polinésia exceda em número de espécies 
e de gêneros a própria Austrália tropical. 

Embora as regiões temperadas sejam 
muito inferiores em espécies a todas essas 
regiões, entretanto algumas espécies do gênero 
Galium ultrapassam o círculo ártico; Galiurn 
uliginosum L. e G palustre L., por exemplo, 
florescem muito bem na península de Kola. 
Também nas ilhas Malvinas, da América do 
Sul, com seu clima bastante rigoroso, são 
encontradas algumas espécies do mesmo 
gênero, que também chegam aos montes mais 
elevados. No hemisfério sul, os gêneros 
Coprosma e Nertera a eles se juntam. 

A maioria dos 147 gêneros monotípicos 
desta família (40% do total conhecido) 
sobrevive em regiões mais estreitamente 
limitadas; 52 são americanos, 44 asiáticos, 39 
africanos, 7 polinésios, 4 australianos, nenhum 
europeu. A esses, outros 6 dispersos foram 
acrescentados mais tarde, ou seja, Putoria e 
Callipeltis, que crescem na Europa 
mediterrânea e no Oriente; Mitchella, comum 
no Japão e na América do Norte circumpolar; 
Sherardia, espalhado das Antilhas até o Japão, 
agora também coletado nas Américas do 
Norte e do Sul, em vários lugares; Serissa, cuja 
origem hoje é desconhecida, percorre do Japão 
até a Malásia; Scyphiphora, não infreqücnte na 
índia oriental, Malásia, Austrália tropical e 
Polinésia; e Hemidiodia , que vi das 
Américas Central e do Sul e na Malásia. Não é 
improvável que as migrações de Serissa, 
Sherardia e Hemidiodia tenham sido 
favorecidas pelo auxílio dos homens; 
principalmente estou persuadido de que as duas 
plantas ulteriores tenham sido levadas por acaso 
dos lugares natais para a América e a Ásia, (pág. 
417) assim como. igualmente, Richanlsonia 
scabra (L.) St. Hil. * ,rW "' Kabn L e Galium 
aparine L. devam ter sido amplamente 
espalhadas através da cultura ou pelo comércio. 


Rodrisuêsia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003 



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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martius 


No que se refere à distribuição das tribos, 
Henriquezieae, Catesbaeeae, 

Cruckshanksieae, Retiniphylleae e 
Coussareeae existem somente na América, 
principalmente na América do Sul. Por outro 
lado, só no hemisfério oriental ocorrem 
Knoxieae, Alberteae e Vanguerieae. 
Naucleeae, Citichoneae, Rondeletieae, 
Condamineeae, Hedyotideae, 

Mussaendeae, Haiiielieae, Gardenieae, 
Guettardeae, Chiococceae, Ixoreae, 
Morindeae, Psychotrieae, Paederieae, 
Antbospermeae, Spermacoceae e Stellatae 
ocorrem no velho mundo e no novo mundo. 
Dessas, porém, estão principalmente no velho 
mundo Naucleeae, com 7 dos 9 gêneros, 
Hedyotideae, com 19 dos 30, Mussaendeae, 
com 24 dos 39, Gardenieae com 35 dos 50, 
Ixoreae, com 1 1 dos 14, Morindeae, com 8 
dos 10, Psychotrieae, com 22 dos 28, 
Paederieae, com 6 dos 8, Antbospermeae, 
com 17 dos 21; povoam a América, em sua 
maior parte, Cinchoneae, com 23 gêneros dos 
36, Rondeletieae, com 14 dos 18, 
Condamineeae, com 7 dos 9, Chiococceae, 
com 9 dos 10. 

Na região da Flora Brasiliensis, 
incluindo, conforme o costume, a Guiana e a 
província de Maynas, do Peru Oriental, 
alcança-se um total de 1.002 Rubiáceas 
descritas (25% do total). Dessas, 834 são 
endêmicas, como esclarece a tóibula //, da 
distribuição das Rubiaceae brasileiras. Elas 
pertencem a 99 gêneros (21,5%). Não faltam 
os gêneros monotípicos, mas são muito menos 
numerosos que em outras regiões. Enumerei 
21 ou 21%, o que exibe apenas a metade da 
proporção que acima indiquei. Outros gêneros, 
por outro lado, muito multiformes, incluem 
várias espécies, como Psychotria, que, 
segundo o ilustre Mueller Arg., apresenta 256 
espécies; Rudgea e Faramea, 90; Mapouria 
psychotria ^ 70 . q gênero Spemuicoce, conforme 
os primeiros autores, igualmente se 
apresentava em enorme extensão; eu mesmo 
descobri nele somente 2 espécies e atribuí a 
maior parte delas ao gênero Borreria, 

Rodríguésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003 


seguindo o ilustre De Candolle. Através de 
intenso estudo, persuadi-me de que as 
espécies deste gênero estão muito 
multiplicadas de forma desordenada, de modo 
que reduzi a 34 mais de 60 espécies brasileiras, 
das quais não é improvável que mais 
futuramente talvez algumas devam ser unidas 
a outras. 

Na região que chamamos Napéia 
existem 48 espécies, com 14 endêmicas; em 
Dríade, 383 espécies, com 265 endêmicas; em 
Oréades, 314, com 202 endêmicas; em Náiade, 
258, com 174 endêmicas; 66, no entanto, 
principalmente das tribos expostas pelo ilustre 
Mueller Arg., são desconhecidas quanto às 
regiões de origem. Nas tribos estudadas por 
mim, tive uma impressão um pouco diferente 
das plantas Oréades daquela com que os 
autores costumam, em geral, tratar. Com 
levantamentos precisos, hoje é sabido que, 
também na região que chamamos de Dríade, 
aparecem aquelas plantas que são peculiares 
a Oréades, ou seja, as chamadas extensas 
planícies de Campos e nas províncias de São 
Paulo, Minas, Goiás e nas partes mais ao sul 
da província da Bahia, estendidas em maior 
amplitude. Os cumes do monte Tijuca, a Serra 
de Macaé e, principalmente, a Serra dos 
Órgãos mostram de maneira extraordinária a 
forma ulterior. Algumas espécies de 
Declieuxia, a Congdonia coerulea (Gardner) 

Mül. Arg . Otdieuxia cotrulea Ctxàa. ^ a p repusa 
hookeri P ' hookeriana Gardner (Gentianaceae) £spécÍCS 

de Hindsia e de Relbunium povoam Campos 
das Antas, que coroa o vértice das montanhas 
da Serra dos Órgãos, que correspondem 
plenamente em hábito e modo próprio de 
vegetação com as plantas campestres. Eu 
mesmo juntei-as às plantas de Oréades. É 
igualmente digno de menção que algumas 
plantas descem dos campos ao longo das 
margens arenosas dos rios até a beira do mar, 
e nesse lugar encontram (pág. 418) condições 
favoráveis para uma segunda ocupação e 
constituem a formação chamada Restinga, que 
cobre as areias estéreis com um denso 
revestimento de arbustos ou subarbustos. 



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52 

A Dríade sustenta, numa única região, a 
maior parte das Rubiaceae, ou seja 38%; 
acrescentando a Náiade, que mantém 
condições de vegetação semelhantes, esse 
número cresce até 64%. Por essa exposição, 
fica esclarecido que as Rubiaceae incluem, na 
maior parte, essas plantas que sofrem mais 
com a seca periódica. 

No Brasil, no total, 18 tribos são 
encontradas; nenhuma vive somente dentro 
das fronteiras; ao contrário, todas as 
ultrapassam. A tribo das Henríquezieae, que 
possui 2 gêneros, parece ter, pelo menos, o 
centro de vegetação na vizinha Venezuela; 
mas o Platycarpum até hoje ainda não foi 
coletado no Império. As Retinephylleae , que 
se apresentam com distribuição semelhante, 
talvez ofereçam um exemplo de tribo 
endêmica, porque os gêneros Jockia Jacl, °i" u 
e Scyphiphora, da índia oriental, não estão 
de forma alguma estreitamente ligados com 
as Retiniphylleae típicas. Excluídos os dois, 
aquela tribo agora fornece 2 gêneros além de 
Retiniphyllum e S ynisoon Krl ‘"'i ,h '" u ' n , este 
último descoberto pelo ilustre Baillon para um 
certo exemplar coletado por Schomburgk, 
embora omitido no presente trabalho pelo 
ilustre Mueller Arg. 

Das Naucleeae dois gêneros existem no 
Brasil: um, o Cephalanthus, com uma única 
espécie no extremo sul do Brasil, espalhada 
abundantemente no Uruguai e no Paraguai, 
afim com uma espécie norte-americana e com 
duas outras muito diferentes que se 
reproduzem no Peru oriental e que, talvez, 
melhor que as outras, se prestem a uma 
conjunção desse gênero com as Guettardeae. 
O outro gênero é Ourouparia Uncarm , que orna 
com muitíssimas espécies a índia oriental e a 
Malásia. No Brasil, uma única é conhecida, 
não diferindo do gênero por nenhum caráter. 
O gllianensis ^ ncar,a x*ià*ensis (Aubl.) J F. Gmclin ç 

uma árvore com raminhos curtos 
transformados em fortes ganchos encurvados 
que, como parece, sobe alto na Guiana 
Francesa. É vulgar através da Hiléia e avança 
até a província de Mato Grosso. Além dessa, 


Chiquierí, A., Di Maio, F. A’., Peixoto, A. L 

uma outra muito diversa, O. tomentosa K. 

Schum. Vntana tomntma ». lí S.) A. DC. ^ jJjjg regiÕeS 

do Orenoco, já foi trazida aos nossos herbários 
pelo ilustre Humboldt. 

As Cinchoneae se desenvolvem no 
Brasil com muitos gêneros e espécies. Dos 
38 gêneros conhecidos, 1 7, ou quase a metade, 
foram observados dentro dos limites da Flora 
Brasiliensis. Dentre os monotípicos, somente 
um muito singular é próprio do Brasil: 
Molopanthera paniculata Turcz. Cresce 
como árvore alta nas regiões das matas do 
litoral do oceano Atlântico, entre a Bahia e o 
Rio de Janeiro. Pela natureza das flores, 
proporcionalmente exíguas, ocupa um lugar 
intermediário entre as Cinchoneae, as 
Oldenlandieae e o gênero Posoqueria. Com 
a primeira tribo converge pelas sementes 
aladas e estatura; com a segunda tribo, pela 
placenta globosa densa e prolongada quanto 
ao disco, na maturidade; e com a seguinte, 
pela estivação e a curvatura peculiar do botão, 
características comuns quanto à índole das 
anteras. Os gêneros Ladenbergia, Remijia e 
Ferdinandusa geram seu maior número de 
espécies na região da Hiléia, mas também uma 
ou duas espécies existem em Oréades. 
Enquanto os últimos estão principalmente no 
Brasil, o primeiro, como o afim Cinchona, 
ocorre principalmente no Peru. 

Como explorei no capítulo sobre 
propriedade e emprego, as Cinchoneae 
verdadeiras foram completamente excluídas 
da região brasileira; duas espécies, porém, são 
cultivadas na Serra dos Órgãos. Hillia é 
notável pela distribuição geográfica peculiar. 
Das 4 espécies até agora conhecidas, //. 
parasitica Jacq. (da qual não difere 
completamente H. brasiliensis Cham. e 
Schlecht. M #Mrn "" r " Jxi) ) é a única que podemos 
acompanhar das Antilhas (pág. 419) até a 
província brasileira de Santa Catarina; outra 
que vi, a menos que as etiquetas tenham sido 
trocadas, foi coletada neste último lugar, à 
mesma época, e também na Guiana Francesa; 
a terceira é própria do sul do Brasil; e a quarta, 
das Antilhas, foi descrita pelo ilustre Swartz. 


Rodriguisia 54 (84): 47-57. 2003 



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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martins 


Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. 
( Coutarea speciosa Aubl. c,H " nr< '" htxmdm > 
k. schum. ) se a p r esenta com uma distribuição 
parecida (como Hamelia patens Jacq.)* 
porém, mais expandida, porque se estende da 
região mexicana até o sul do Brasil e 
Argentina. Com um revestimento variável, ora 
com um tomento denso demais, ora 
completamente glabra, essa espécie levou 
autores a erro, de forma a se multiplicar em 
muitas espécies. Manettia , com situação não 
diferente, entrou na região de Quito e do Peru 
e apresenta numerosas espécies com hábitos 
muito discrepantes entre si. O gênero Hindsia 
é típico de Oréades; A/seis oferece duas, talvez 
mais, espécies, no sul do Brasil, às quais se 
juntam uma do Panamá e outra da Colômbia, 
conhecidas de forma incompleta. 

Na maior parte americana, mais da 
metade dos gêneros de Rondeletieae se 
propaga na região da Flora Brasiliensis. 
Entretanto, o gênero típico, que, na região 
mexicana, na América Central, nas Antilhas 
e na Colômbia, gerou tantas espécies; na 
região da Hiléia, ofereceu uma única espécie. 
O gênero Sickingia Smira , colocado geralmente 
pelos primeiros autores entre as Cinchoneae, 
incluía apenas 3 espécies conhecidas; agora, 
no entanto, aumenta para 14; somente 3 
espécies habitam a Venezuela e a Colômbia, 
pois quase todo o gênero é brasileiro. Os 
gêneros monotípicos, excluindo a africana 
Carphalea , vivem na América; Rachicallis , 
nas Antilhas; Pallasia »~*«**« e 
Calepophyllum c '" ,vr " w ' v " u "' , na Guiana; 
Phitopis, na província peruana Maynas; 
Ucriana Ausus,a e Schenckia D ' w ’", o último, 
afim com Rondeletia , habitam o sul do Brasil. 
Lindenia, embora de fora do Brasil, mas, por 
causa da distribuição geográfica singular, tem 
que ser lembrado aqui: duas espécies se 
reproduzem na América Central e no México; 
a terceira, não completamente diferente do 
gênero, nas ilhas Fidji. 

Entre as Condamineeae, quero 
descrever, com poucas palavras, os gêneros 
Rustia e Pogonopus. O primeiro apresenta 


agora 6 ou 7 espécies, das quais 3 ou 4 
ocorrem em florestas próximas ao Rio de 
Janeiro, outra cresce na Hiléia, outra na 
Colômbia, ambas pertencentes ao gênero agora 
suprimido Henlea Rus,ia \ e a última habita a 
América Central. Muito afim, mas 
completamente diferente, é a monotípica 
Tresanthera, árvore formosa comum nas 
florestas junto ao litoral do Golfo do México. 
Pogonopus , afim ao gênero norte-americano 
Pinckneya , tem 2 espécies: uma já descrita 
pelo ilustre Jacquin, na América Central, não 
infrequente nos litorais da Colômbia e da 
Venezuela, descrita sob o nome de 
Macrocnemum speciosum Jacq. e 
frequentemente tida como planta nova; a outra 
existe muito distante desses lugares, nas 
províncias da América do Sul extratropical e 
não falta na República Argentina e Bolívia. 

Hedyotideae , que desenvolvem no velho 
mundo vários gêneros, em parte muito 
multiformes, se apresentam no Brasil com 
apenas três gêneros. Oldenlandia oferece 5 
espécies, 2 Oréades endêmicas, afins com 
outras que são mexicanas, notáveis pelas 
folhas muito estreitas, 2 outras plantas ruderais 
quase de todo mundo tropical, e a última é uma 
erva pigméia palustre dispersa e geralmente 
frequentíssima na América do Sul, ou seja, da 
Bahia até a metrópole do Império, também no 
litoral do Pacífico, do Peru até o Chile. É uma 
planta pequenina, freqüentemente ignorada e 
muitas vezes descrita, não apresentando 
nenhuma espécie afim na América (pág. 
420); uma outra, que está ligada com esta por 
afinidade, cresce na Abissínia. Leptoscela, 
monotípica, habita Oréades. Lipostoma 
Coccorypseium a p resen t a 2 espécies, que vivem na 
província do Rio de Janeiro. Ele foi descoberto 
pelo ilustre D. Don, e, por causa do aspecto 
admiravelmente semelhante ao 
Coccocypselum, foi logo depois unido 
desastradamente a esse gênero. 

As Mussaendeae desenvolvem 10 
gêneros dentro dos limites da Flora 
Brasiliensis. Cassupa herun e Patima são 
monotípicos: o primeiro ocorre na província do 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003 



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Alto Amazonas e é afim com Isertia-, o 
seguinte, da Guiana, parece chegar perto de 
Sabicea, de tal forma que o ilustre Baillon o 
teria transposto para esse gênero. Schradera, 
Gonzalagunia, Sabicea e Coccocypselum 
desenvolvem-se até as Antilhas, América 
Central e México; os três últimos, muito 
variáveis, são separados em espécies 
extremamente numerosas. D tSommera, uma 
espécie ocorre na região mexicana; a outra, 
muito diferente dessa e dela separada por 
espaço amplo, é encontrada nas redondezas 
da cidade de Manaus; à primeira vista, simula 
de tal modo o aspecto de Sabicea, que a 
recolhi dentre os espécimes de Sabicea 
umbellata. (Ruiz & Pav.) Pers. Pentagonia 
existe principalmente na América Central; 
com uma única espécie da Hiléia, muito 
imperfeita entre os materiais de Martius. Mas 
achei que é facilmente reconhecida pela 
estrutura peculiar das folhas e da 
inflorescência. O gênero Hippotis, do Peru e 
da Colômbia, com o qual Tammsia, 
Pentagonia e Sommera estão ligados por 
afinidade estreita; por meu julgamento, 
pertence às Mussaendeae e, não às 
Catesbaeeae, como indicado pelo ilustre sábio 
Hooker. Sabicea (assim Como Bertiera, da 
tribo seguinte) pertence aos poucos gêneros 
de Rubiaceae que se vêem em muitas 
espécies também na África. 

As Hamelieae oferecem 4 gêneros no 
Brasil. Hamelia patens Jacq., planta muito 
comum na República da Argentina, difundida 
por toda a América do Sul até as Antilhas e 
dispersa na região mexicana e península da 
Flórida. Como Coutarea, o indumento é 
variável, ocultando várias espécies diferentes, 
com caracteres diferenciais nada importantes. 
A espécie H. lutea Rohr 11 “ iUri5 Sw , menos 
amplamente dispersa e muito mais rara, foi 
várias vezes coletada nas margens do rio 
Amazonas. Bertiera se apresenta com duas 
espécies que conheço: uma a B. guianensis 
Aubl., nada infrequente, da Ilha de Trinidad, 
através da Guiana até a Hiléia; a outra, Náiade, 
B. parviflora Spruce. Hoffmannia exibe 


Chiquieri, A., Di Maio, F. R., Peixoto, A. L 

muitas espécies na América Central, mas 
também oferece algumas no Peru e na 
Colômbia. Na província do Rio de Janeiro e 
nas regiões mais ao sul do Brasil, uma única 
espécie peculiar aparece. Bothriospora é 
monotípico da Guiana. 

Por outro lado, muitos gêneros de 
Gardenieae se desenvolvem. Principalmente 
aqueles que têm dioicia completa, embora se 
observem, nas flores masculinas, um estilete, 
e nas femininas, anteras murchas, são notáveis 
e o Brasil as possui em abundância; é dificílimo 
distinguir espécies com vasta variabilidade, por 
exemplo, nos gêneros Amaioua, 
Basanacantha e Alibertia. Para esses 
3, provavelmente o centro de distribuição está 
no Brasil, porque nesse lugar exibem múltiplas 
formas, embora todos se estendam até as 
Antilhas e América Central. Stachyarrhena 
é somente conhecido na Hiléia; 
Melanopsidium, nas florestas que 
acompanham o litoral do Oceano Atlântico, 
na província do Rio de Janeiro e Bahia; 
Kotchubaea cresce na Guiana, sendo os dois 
últimos monotípicos. O gênero Duroia povoa 
a Hiléia e há uma única espécie na Guiana. 

Dos gêneros hermafroditas, Randia, tão 
abundante, com espécies no velho mundo, na 
América do Sul, aparece somente com uma 
única espécie, (pág. 421) que cresce desde a 
Guiana até o Peru. Gardênia florida L. 
Gardênia auwa (UM«,. coletada espontaneamente 

várias vezes em flor, é cultivada muito 
frequentemente não só no Brasil, mas também 
na Guiana, por causa do odor suave. 
Posoqueria, de todos os gêneros dessa tribo, 
o único que tem a zigomorfia conspícua, 
principalmente dos botões, e Tocoyena são 
amplamente dispersos desde as províncias 
mais ao sul do Brasil até a Guiana; o primeiro 
penetra na região de Nova Granada, o istmo 
do Panamá e a Ilha da Trindade. Por outro 
lado, os gêneros Tocoyena e Sphinctanthus, 
não obstante a diferente indicação de muitos 
outros autores, conheci das Antilhas. De 
Genipa, o número de 8 espécies foi indicado 
pelo ilustre erudito Hooker; parece-me 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 47 - 57 . 2003 



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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora 

demasiadamente grande. Além da típica G. 

eduliS L cerlamenle Genipa americana L. áí*VOre 

muitíssimo cultivada e por isso desenvolvida 
em várias formas, comuníssima na América 
mais quente, conheço somente outra, a G. 
clusiifolia (Jacq.) Griseb., das Antilhas e da 
Flórida. 

As Guettardeae exibem 4 gêneros. 
Machaonia , na verdade, vive no Brasil, mas 
muitas espécies crescem na América Central, 
principalmente na região mexicana. Guettarda 
existe em todo o mundo tropical; do Brasil, o 
ilustre Mueller Arg. descreveu 15 espécies. 
Malanea e Chomelia são gêneros sobretudo 
brasileiros. 

As Chiococceae, embora desenvolvidas 
em maior número nas Antilhas, no Brasil 
oferecem apenas 2 gêneros: Salzmannia, 
monotípica da Bahia, e Chiococca , cuja 
espécie brasileira C. brachiata Ruiz & Pav. 
c. aiba (l.) iiuich. p 0UC0 difere da espécie típica. . 

Da tribo das Ixoreae, o gênero hora é 
muito conhecido em todo mundo tropical; só 
no Brasil se apresenta com 30 espécies; 
Coffea arabica L., planta economicamente 
importantíssima, colhe-se em quase todas as 
províncias; em Santa Catarina, porém, às 
vezes, sofre muito com a geada. 

As Coussareeae , com 2 gêneros, 
Coussarea e Faramea são quase inteiramente 
brasileiras; somente poucas espécies ocorrem 
nas Antilhas. 

A tribo das Psycliotrieae não inclui 
muitos gêneros brasileiros, mas a maior 
abundância de espécies supera em muito todas 
as outras. O ilustre Mueller Arg. descreveu 
93 espécies do gênero Rudgea, 256 do 
Uragoga ( Psychotria L.), 70 do Mapouria 
Psychatria < j j 0 Congdonia Dec,i,uxia e 33 do 
Declieuxia , em suma, 453, ou 45% de todas 
as Rubiáceas brasileiras. Dessas, poucas 
foram encontradas até agora fora dos limites 
do Império Brasileiro; pelo contrário, quase 
todas são endêmicas; em pesquisas futuras, 
sem nenhuma dúvida, a distribuição de muitas 
se estenderá mais amplamente. 


Brasiliensis de Martius ^ j 

As Paederieae são, na verdade, 
representadas, no Peru, pelo gênero peculiar 
Lygodisodea Farderia -, nas coletas de Gardner, 
porém, o ilustre erudito Hooker indicou existir 
uma espécie única de Paederia, que eu não 
vi. Dos 18 gêneros das Spennacoceae, 11 são 
brasileiros, ou 60%. Hemidiodia Diodia , 
Endlichera Emmeorrh ^« e Schwendenera são 
monotípicos e o ulterior, de Oréades, endêmico 
do Brasil. Os primeiros vão além dos limites 
do Império e oferecem distribuição 
semelhante; Endlichera umbellata (Spreng.) 

K. Schum. Emmeorrh 'ra umbellata (Spreng.) K. Schum. 

ocorre muito freqüentemente nas florestas 
adjacentes ao Oceano Atlântico; na Venezuela, 
é planta nada rara e cresce também na Ilha 
de Trinidad. Hemidiodia ocimifolia K. 

Schum. Diodia ocimifolia (R. & S.) Breinek. niaÍS 

frequentemente, como Borreria laevis (Lam.) 
Griseb. e outras espécies, como Spermacoce 
glabra Mchx., estão espalhadas em toda a 
América do Sul mais quente e nas Antilhas. 
Muito recentemente eu a vi, da Malásia, onde 
o ilustre Teysmann colheu em Java e distinguiu 
sob o título de Knoxia latifolia\ 
provavelmente foi introduzida nesse lugar 
como planta ruderal, (pág. 422) assim como 
Richardsonia scabra L. (St. Hil.) Richardia scnb ™ 
L na África oriental e Diodia sarmentosa 
Sellow, em Malaca. Os gêneros Psyllocaqms 
e Staelia, quase completamente brasileiros, 
são próprios da região de Oréades; o ilustre 
Lorentz detectou, na República do Paraguai, 
uma única espécie do último. Borreria , o maior 
gênero de toda a tribo, é evidente no Brasil, 
com 34 espécies, 22 endêmicas. Algumas das 
espécies não facilmente distinguíveis 
apresentam vasta distribuição; por exemplo, a 
Borreria ocimoides (J. Burm.) A. DC., 
comuníssima em toda a América mais quente, 
não infreqüente na África oriental, na Ilha 
Maurício e não falta na índia Oriental. Borreria 
verticillata (L.) G. F. W. é igualmente comum 
na África e na América. Borreria laevis 
(Lam.) Griseb. , nas terras que cercam o Golfo 
do México, e no Peru, recebida por diversos 
coletores, tem uma espécie afim vicária no 


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56 

Brasil mais ao sul. Borreria tenella (H. B. 
K.) Chain, et Schlecht. multiforme ocorre do 
Paraguai até a região mexicana. A seção 
Galianthes Catían,ht . por outro lado, notável pela 
inflorescência decussado-corimbosa é restrita 
ao sul do Brasil, à Bolívia e à Argentina 
contígua. 

O gênero Diodia oferece 2 ou 3 espécies 
provenientes tanto da América quanto da 
África Oriental: Diodia sannentosa Sellow 
e D. marítima Thounn. ex K. Schum. DimvUaa 
<p Beauv.) g Tayior ( Diodia breviseta Benth., D. 

radicans Cham. et Schlecht. a !errula ' a (R Bciu,) 
GTay ). Em Flora of tropical África, o ilustre 
Hiern, embora não sem alguma dúvida, 
acrescentou a essas espécies Diodia arenosa 
A. DC. Hesito nesse assunto duvidoso, na 
falta de um exemplar nunca visto por mim. 
Perama, que o ilustre Endlicher transpôs das 
Verbenáceas para as Rubiáceas, vive na Hiléia, 
na Guiana e na Venezuela; uma única espécie, 
no entanto, P. hirsuta Aubl., se estende até a 
província de Minas Gerais e a Ilha de Trinidad. 
Mitracarpus e Richardsonia Hu incluem 
plantas ruderais e campestres, das quais 
algumas são muito difundidas por toda a 
América mais quente (por exemplo, 
Mitracarpus hirtus (L.) A. DC. e 
Richardsonia scabra L. K,char,i ‘ a scab,n L , 
espécie vicária com R. brasiliensis, no Brasil), 
são gêneros completamente americanos, se 
forem excluídas M. hirtus, uma vez aceito 
para as Marianas, e R. scabra, que, como já 
mencionado acima, foi indicada pelo ilustre 
Hiern como procedente do sudeste africano. 

Quanto à última tribo das Stellatae, são 
evidentes 3 gêneros dentro dos limites da Flora 
Brasiliensis: o Relbunium com aquelas 
formas do gênero Galium ou Rubia, incluindo 
aquelas notáveis com invólucro de dois ou três 
segmentos, Rubia e, como já disse antes, 
Sherardia. O primeiro gênero apresenta 15 
espécies no Brasil, com 9 endêmicas. A maior 
parte das espécies surge nas províncias mais 
ao sul, ou seja, 9, ou 60%, R. hypocarpium 
(L.) Hemsl. é a única que, da província de 
Santa Catarina, se estende por quase todo o 


Chiquieri, A., Di Maio, F. R . Peixoto, A. L 

Brasil, excluindo a Hiléia, e ainda ocorre no 
Chile, Peru, Quito, Colômbia, América Central 
e Antilhas. A outra espécie é extremamente 
peculiar, porque as estipulas, nas Stellatae, 
geral mente foliáceas, apresentam a mesma 
proporção própria das outras Rubiáceas; essa 
relação só foi observada por mim, e até um 
certo ponto na espécie australiana de Galium 
geminifolium F. v. Muel. Não vi o gênero 
Galium típico do Brasil; de fato as bagas de 
todas as outras espécies de Stellatae sem 
invólucro são sucosas. Duas espécies de 
Rubia providas com aparência equisetóide ou 
efedróide vivem provavelmente nas partes 
mais ao sul; a terceira, como o Galium 
aparine L. europeu, importante pela dioicia, 
igualmente vive no Uruguai. 

Schumann 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
(referentes à introdução) 

Anderson, L. 1992. A Provisional Checklist of 
Neotropical Rubiaceae. Scripta Bot. 
Bélgica 1: 1-200. Meise 

Emmerich, M. 1994. Von Martius e a Botânica. 
In: R. Horch & H. W. Fauser (ed.), 200 
anos de Cari Friedrich Philipp von 
Martius. São Paulo. Inst. Hans Staden. 
p. 91-99. 

Emout, A. & Meillet, A. 1932. Dictionnaire 
Etymologique de la Langue Latine. 
Paris: Librairie C. Klincksieck. 1 108 p. 
Ferrão, C. & Soares, J. P. M. (ed.). 1996. A 
Viagem de von Martius - Flora 
Brasiliensis - vol. 1. Rio de Janeiro. 
Editora Index. 140 p. 

Jackson, B. D. 1895. Index Kewensis 
Plantaram Phanerogamarum. Oxford: 
Clarendon Press. 2 v. e supl. 

Martius, C. P. F 1824. Tabula Geographica 
Brasiliae et terrarium adjacentium. 
Tabula Geographica quinque províncias 
florae Brasiliensis illustrans. In: Martius, 
C. P. F, Eichler A. G & Urban, I. Flora 
Brasiliensis. MonachiietLipsiae.v. 1, p. 1, 
fase 21. 

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A distribuição geográfica da família Rubiaceae Juss. na Flora Brasiliensis de Martius 

Missouri Botanical Garden. 2002. W 3 Tropicos 
[on line]. http://www.mobot.mobot.org/ 
w3t/Search/vast.htm! [capturado em 
10 . 12 . 2002 ]. 

Rizzini, C. T. & Rizzini, C. M. 1983. Dicionário 
Botânico Clássico Latino-Português 
Abonado. Rio de Janeiro: Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro. 283 p. 

Schumann, K. M. 1889. Rubiaceae. In: 

Martius, C. F. R; Eichler, A. W. & Urban, 

I. Flora Brasiliensis. Monachii et 
Lipsiae. v. 6, n. 6. 466 p. 

Spix, J. B. von & Martius, C. F. R von. 1938. 

Viagem pelo Brasil. Vol. 1: 389 p.; Vol. 

2: 560 p., Vol. 3: 491 p., Imprensa 
Nacional, Rio de Janeiro. 


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Sistemática de Vellozia candida (Velloziaceae) 

Renato de Mello-Silva' 

RESUMO 

São apresentadas a descrição de Vellozia candida J.C.Mikan, ilustrações e análise de sua 
distribuição geográfica e sistemática, bem como a lectotipificação de um de seus sinônimos. 

Palavras-chave: Velloziaceae, Vellozia candida, sistemática, distribuição geográfica, APA de 
Cairuçu, Parati, inselbergs. 

ABSTRACT 

Description of Vellozia candida J.C.Mikan, ilustrations, and an analysis of its geographical 
distribution and systematics are presented. It is also stablished the leptotypus of one of its synonyms. 
Key words: Velloziaceae, Vellozia candida, systematics, geographical distribution, APA de Cairuçu, 
Parati, inselbergs. 


INTRODUÇÃO 

Ao realizar o tratamento florístico das 
Velloziaceae para a Flora da Área de Proteção 
Ambiental de Cairuçu, Parati (Rio de Janeiro, 
Brasil) (vide Marques, 1 997), foram estudados 
materiais provenientes de toda a área de 
distribuição de Vellozia candida. Esta espécie 
é conhecida principalmente da cidade do Rio 
de Janeiro e arredores, tendo sido 
frequentemente estudada desta localidade (vide 
Mello-Silva & Nic Lughadha, 1999) e de Parati 
(Smith & Ayensu, 1976; Vellozo, 1829, como 
V. marítima ) desde o início do século XIX, e 
foi considerada endêmica da região costeira 
do Estado do Rio de Janeiro (Safford & 
Martinelli, 2000). Entretanto, é também 
encontrada no Espírito Santo e em Minas 
Gerais (Mello-Silva & Nic Lughadha, 1999). 
Este trabalho tem por objetivos redescrevê-la 
e apresentar dados precisos e atualizados sobre 
a distribuição geográfica, fenologia, relações 
filogenéticas e amplitude de variação 
morfológica da espécie. Adicionalmente, é feita 
a lectotipificação de V marítima, descrita de 
material de Parati e considerada sinônimo de 
V candida (Smith, 1962; Smith & Ayensu, 
1976). 


MATERIAL E MÉTODOS 

Os dados de morfologia, distribuição 
geográfia e fenologia são baseados nas análises 
das coleções dos herbários BM, GUA, K, 
MEXU, OXF, RB e SPF e de exsicatas 
enviadas pelos herbários BR, L, MBMLe VIC 
(siglas segundo Holmgren et ai, 1990). As 
ilustrações baseiam-se nos materiais 
provenientes de Parati. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Descrição da espécie 

Vellozia candida AC.Mikan, Del. fl. faun. 
bras., par. 2, tab. 7, 1822. Nom. cons. Tipo: 
Tábula 7 de J.C. Mikan, Del. fl. faun. bras., 
parte 2. 1822. 

Sinônimos: 

Vellozia tertia Spreng., Neue Entd. 2: 108. 
1821. Neótipo: Tábula 7 de J.C. Mikan, Del. 
Fl. Faun. Bras., parte 2. 1822. 

Vellozia marítima Vell., Fl. flumin. 219. 
1829 (1825), Icon. 5, tab. 79. 1831 (1827). 
Lectótipo (aqui designado): Tábula 79 de 
J.M.C. Vellozo, Fl. flumin. Icon. 5. 1831. 
Figura 1 : a-e. 

Planta cespitosa. Caule 6-200 cm alt., 5- 
15 mm diâm. no ápice, simples ou pouco 


'Departamento de Botânica, Universidade de São Paulo. Cx. Postal 11461. 05422-970 São Paulo, SP. Bolsista do CNPq. 



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13 14 




cm .. 


60 


Mello-Silva, R. 



Figura 1 - Vellozia candida J.C.Mikan. a. planta cm floração, b. ramo em frutificação, c. flor mostrando detalhe das 
emergências do hipanto. d. fruto. e. esquema de corte tranvcrsal da folha: cm preto, células csclcri ficadas, achurado, 
parenquima aquífero. (A,C. Giordano 876. B,D,E. Giordano 882). 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 59 - 64 . 2003 



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Sistemática de Vcllozia candida (Velloziaceae) 


61 


ramificado. Folhas vivas 4-8 no ápice de cada 
ramo, trísticas. Bainha foliar castanha com 
ápice cinéreo, ou glabras ou com indumento 
semelhante ao da lâmina ou bem mais denso. 
Lâmina foliar 2,5-29 cmcompr.,4-10 mm larg., 
linear-triangular, arcuada, ereto-patente a 
patente, glabra ou, as jovens, com tricomas 
aplanados dendrítico-espatulados a dendrítico- 
filiformes na base, margens e nervura central 
na face abaxial, glabrescente, decíduas, linha 
de abscisão bem marcada, in sicco revoluta; 
margem inteira, ápice caudado. Infiorescência 
uniflora. Pedicelo 3-19 cm compr., 1-2 mm 
larg., trígono, verde, ou liso em toda a extensão 
ou com pequenas emergências semelhantes 
às do hipanto próximo ao ápice. Hipanto 5-12 
mm compr., 3-8 mm larg., oblongo-trígono com 
ângulos atenuados, amarelo-esverdeadc, 
densamente coberto de emergências capitadas. 
Tépalas 6-11 cm compr., 0,8-2 cm larg., 
oblongo-elípticas, unguiculadas, nos dois terços 
proximais eretas, no distai patentes, brancas, 
as externas mais estreitas e com pequenas 
emergências capitadas na base e nervura 
central da face abaxial, no restante glabras. 
Estames 15-24 , filete c. 2,5 cm compr., 
amarelado, anteras 1, 5-2,0 cm compr., 
amarelas, apêndices estaminais ausentes. 
Estilete 4-7 cm compr, amarelado, estigma 3- 
7 mm diâm., amarelo. Cápsula 1,5-2 cm 
compr., 1,5- 1,8 cm diârn., oblongo-trígona, 
loculicida, imatura verde, madura castanha. 
Sementes numerosas, castanhas com camada 
externa cinérea. 

Material examinado: ESPÍRITO SANTO: 
Afonso Cláudio, 12.XII. 1977, N.LMenezes 
723 , fl., fr. (BHCB, K, MBM, MBML, NY, 
RB, SPF, VIES); Colatina, BR 259, ca. de 15 
km de Colatina, 15. VII. 1998, R.C.Forzza 939 
& K.C.Loyola , fr. (MBML, SPF); Nova 
Venécia, a 3 km de Todos os Santos, em 
direção a Paulista, 18E37’S 40E43’W, elev. 
200 m, 8. IX. 1989, H.Q.Boudet- Fernandes 
2824 et al, fl. (MBML, SPF). MINAS 
GERAIS: Carlos Chagas, rio Quegueme, 
21.X. 1983, GHatschbach 47083 et al, fl. 
(MBM n.v., MEXU); Itabirinha de Mantena, 


Sumidouro, córrego Jataí, 14. X. 1995, 
GE.Valente 141 & A. A. Azevedo, fl. (CESJ, 
SPF, VIC n.v.); Mantena, Rio Preto, fazenda 
Boa Vista, 4.II. 1995, G.E. Valente 26, fr. (SPF, 
VIC n.v.); Pedra Azul, 8 km a W da cidade, 
na estrada para a rodovia BR 116, 15E57’S 
41E22’W,elev. 750 m, 18.X.1988, RMHarley 
25170 et al, fl. (BHCB, CESJ, K, MBM, RB, 
SP, SPF). RIO DE JANEIRO: Niterói, entre 
Niterói e Maricá, Alto Moirão, entre as praias 
de Itapuaçu e Itacoatiara, 12.IV.1989, 
R.Andreata 881 et al, fr. (RB, SPF). Parati, 
Paratimirim, elev. 5-10 m, 21.IX.1986. fr., 
GMartinelli 11769, fr. (RB, SPF); id., Área 
de Proteção Ambiental de Cairuçu, caminho 
de Ipanema para a Praia do Poso, 10.XI. 1990, 
LC.Giordano 876 et al, fl., fr. (RB); id., 
caminho em direção à praia Martim de Sá 
(Trilha do Poso para Cairuçu), 10.XI.1990, 
LC.Giordano 882 et al, fl, fr (RB, 2 
exsicatas). Rio de Janeiro, Praia Flamengo, 
C.F.P.Martius (Herb. Fl. bras.) 298 & 

J. C.Mikan 39, fl., fr. (BM, BR 2 exsicatas, 

K, L); id., (“Praya Flamingo”), VII. 1834, B. 

Luschnath s.n., fr. (BR); id., summit of the 
Corcovado mountain, 6. XII. 1825, 

W.J.Burchell 1106, fr. (K); id., Morro do 
Flamengo (“Flemingo”), VIII. 1836, GGardner 
132, fl. (BM 2 exsicatas, K 2 exsicatas, OXF); 
id.. Pico da Tijuca, III. 1959, H.E.Strang 676, 
fl. (GUA); id., X.1964, C.Angeli 378, fl. 
(GUA); id., 30.X. 1973, D. Araújo 518 et al, 
fr. (RB); id., Pedra Bonita, 6.X. 1960, C.Angeli 
187, fl. (GUA, K, RB); id., elev. 693 m, 
24. IX. 1967, J.P.P.Carauta 418, fr. (GUA, 
RB); id.. Pão de Açúcar, IX. 1965, 
J.P.P.Carauta 273, fl. (GUA); id., IX. 1979, 
J.P.P.Carauta et al 3184, fl. (GUA); id., 
morro Dois Irmãos, vertente S, elev. 400 m, 
15. IV. 1966, H.E.Strang 699, fr. (RB); id., 
Pedra da Gávea, 1.1963, J.P.P.Carauta 160, 
fr. (GUA); id.. Mesa, elev. 830 m, 19.IX.1971, 
J.P.P.Carauta 1392 & R.Laroche 11, fl. 
(GUA, K, RB n.v.); id., Cabeça, elev. 842 m, 
7. IX. 1975, J.P.P.Carauta 1798 á 
A.GCawalho 8, fr. (RB); id.. Alto da Boa 
Vista, estrada da Vista Chinesa km 2, elev. 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 59 - 64 . 2003 



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62 

370 m, 17. IX. 1980, H.Q.Boudet-Femandes 
1 , fl. (BM, GUA); id.. Horto Florestal, Vista 
Chinesa, X.1962, H.E.Strang 434 , fl. (GUA); 
id.. Afloramento do Grotão, 8. IX. 1995, 
FPinheiro 69 <£ P.Botelho , fl. (RB). 

Distribuição geográfica c dados 
fenológicos 

Vellozia candida ocorre sobre 
afloramentos rochosos Pré-Cambrianos 
(inselbergs, pães-de-açúcar; Ab’Sáber, 1969; 
Ibisch et al., 1995; Bremer & Sander, 2000) 
do leste do Brasil, desde o nível do mar até 
700 m, nos Estados do Rio de Janeiro (Niterói, 
Parati e Rio de Janeiro), Espírito Santo (Afonso 
Cláudio, Colatina e Nova Venécia) e em Minas 
Gerais (Carlos Chagas, Itabirinha de Mantena, 
Mantena e Pedra Azul) (Figura 2). É possível 
que ocorra também nas elevações da Sena 
dos Aimorés chegando ao Monte Pascoal, no 
litoral sul da Bahia, onde ocorrem populações 



Figura 2 - Distribuição geográfica de Vellozia candida, 
costa sudeste do Brasil, nos estados de Minas Gerais 
(MG). Espírito Santo (ES) e Rio de Janeiro (RJ). 


Mello-Silva, R. 

de Velloziaceae (obs. pess.). 

Floresce de setembro a dezembro. Pode 
ser encontrada com frutos durante todo o ano. 

Filogcnia 

Vellozia candida assemelha-se a V. 
albiflora Pohl, espécie das serras de Minas 
Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, de V 
dasypus Seub. das serras e litoral do nordeste, 
e do grupo de V. geotegens L.B.Sm. & 
Ayensu, V. hirsuta Goethart & Henrard e V. 
tillandsioides Mello-Silva, todas da Cadeia do 
Espinhaço em Minas Gerais. Compartilha com 
estas espécies as condições plesiomórficas 
filotaxia trística, lâmina foliar com linha de 
abscisão e parênquima aqüífero extendendo- 
se radialmente somente sobre os feixes fibro- 
vasculares, estômatos paracíticos com células 
subsidiárias pregueadas, ausência de 
apêndices estaminais, emergências do hipanto 
densamente dispostas, cápsula loculicida e 
tegumento da semente com camada externa 
de células vazias. As relações do ciado onde 
V. candida se insere são (V dasypus (V. 
aloifolia ( V. candida (V. albiflora (( V. 
geotegens , V. tillandsioides){V. hirsuta (V. 
sessilis, V. tubiflora))))))) (vide Mello-Silva, 
2000 ). 

Variação intracspccífica 

Vellozia candida sofre variação 
intraespecífica, fenômeno frequente entre 
espécies de Velloziaceae (Ayensu 1974; Mello- 
Silva 1990, 1995, 2000; Salatino et al. 1989, 
1991). Em Parati, os indivíduos chegam a 1,7 
m de altura e no Rio de Janeiro, segundo Alves 
(1994), pode haver alguns com até 1,8 m. Mas, 
de modo geral, as plantas são menores, 
chegando a 60 cm alt. Os indivíduos 
setentrionais, no entanto, parecem ser um 
pouco mais robustos e chegam almde altura 
em Itabirinha de Mantena, MG ( Valente 141) 
c a 2 m em Pedra Azul, MG ( Harley 25170), 
com lâminas foliares de até 1,4 cm larg. O 
indumentoda lâmina foliar e, principalmente, 
da bainha também mostra considerável 
variação. E muito mais conspícuo nas 

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Sistemática de Vellozia candida (Velloziaceae) 


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populações de Afonso Cláudio, ES ( Menezes 
723) e da região de Mantena, MG ( Valente 
26 e 141). Em Colatina e Nova Venécia, ES 
( Forzzci 939 e Boudet-Femandes 2824), os 
indivíduos são quase glabros. No Estado do 
Rio de Janeiro ou são glabros ( Martinelli 
11769) ou apresentam poucos tricomas, em 
geral na nervura mediana abaxial da bainha e 
margens proximais da lâmina ( Andreata 881). 
O número de estames é também um caráter 
sujeito a variação em espécies de Vellozia com 
mais de seis estames (vide Mello-Silva, 2000). 
Em V. candida, os estames podem ser 15-18 
(Mikan, 1822), 18 ( Giordano 876, Harley 
25170, Menezes 723) ou 24 ( Valente 141). 

Nomenclatura c tipificação 

O nome Vellozia candida, de Mikan 
(1822), foi antecedido por V. tertia, descrita 
por Sprengel ( 1 82 1 ). No entanto, V. tertia tem 
sido tratada como sinônimo de V. candida 
desde o trabalho de Pohl (1828). Assim, a 
conservação do nome Vellozia candida e dos 
tipos foi proposta por Mello-Silva & Nic 
Lughadha (1999) e aceita no Congresso 
Internacional de Botânica de Saint Louis 
(Brummitt 2001: 561). 

Vellozia marítima, sinônimo taxonômico 
de V. candida, foi originalmente descrita de 
material coletado em Parati. Praticamente, 
nenhum material de Vellozo tem sido 
encontrado em coleções (Stafleu & Cowan 
1986). Assim, a tábula na publicação original 
de Vellozo deve ser considerada o lectótipo 
obrigatório de V. marítima. 

AGRADECIMENTOS 

À Fundação Botânica Margaret Mee, pela 
bolsa que permitiu a análise do material de Vellozia 
candida em herbários europeus; aos curadores dos 
herbários citados pelo envio do material; a Eimear 
Nic Lughadha, pelas discussões taxonômicas sobre 
a espécie; a Emiko Naruto pelas ilustrações; a 
Rafaela C. Forzza pela pesquisa no herbário GUA 
e à coordenação da Flora da APA de Cairuçu pelo 
convite para o tratamento das Velloziaceae, do qual 


resultou este trabalho. 

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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) 
de Pernambuco, Nordeste do Brasil 14 

José Iranildo Miranda de Melo 23 
Margareth Ferreira de Sales * 2 3 4 


RESUMO 

Foi realizado o estudo taxonômico do gênero Heliotropium L. no estado de Pernambuco, uti- 
lizando-se espécimes coletados em campo por um período de 16 meses, além de materiais de em- 
préstimo e/ou doação provenientes de vários herbários nacionais. Verificou-se a ocorrência de 
sete taxa: H. angiospermum Murray, H. curassavicum L., H. elongatum (Lehm.) I.M. Johnst., 
H. indicum L., H. polyphyllum Lehm., H. procumbens Mill e H. ternatum Vahl. H. curassavicum 
e H. ternatum constituem nova referência para o Nordeste e Pernambuco, Brasil, respectivamen- 
te. As espécies mais amplamente distribuídas são H. angiospermum, H. elongatum e H. 
procumbens, ocorrendo desde a zona do litoral até a zona das caatingas. 

Palavras-chave: Heliotropium, Boraginaceae, taxonomia, Nordeste, Brasil 


ABSTRACT 

A taxonomic study of the genus Heliotropium L. in the State of Pernambuco was carried 
out. The survey was based on field studies during 16 months and material provided by loan and 
donation from different brazilian herbaria. Seven species were recorded: H. angiospermum Murray, 
H. curassavicum L., H. elongatum (Lehm.) I.M. Johnst., H. indicum L., H. polyphyllum Lehm., 
H. procumbens Mill. and H. ternatum Vahl. H. curassavicum and H. ternatum represent new 
geographical occurrences from Northeastem and State of Pernambuco, Brazil, respectively. The 
species most widely distributed were H. angiospermum, H. elongatum and H. procumbens, 
occurring both since litoral to caatinga s zone. 

Key-words: Heliotropium, Boraginaceae, taxonomy, Northeastem, Brazil 


INTRODUÇÃO 

Heliotropium L. consiste de 
aproximadamente 300 espécies (Fõrther, 1998), 
distribuídas nas regiões tropicais, subtropicais 
e temperadas (Gangui, 1955); ocorrendo 
principalmente nas zonas áridas (Gentry, 1 993), 
é considerado um dos maiores e mais 
complexos da família Boraginaceae (Akhani 
& Fõrther, 1994). 


Gürke (1897) posicionou-o em 
Boraginaceae subfam. Heliotropioideae 
juntamente com Toumefortia L. Esses gêneros 
compartilham características como inflorescência 
escorpióide e estigma cônico, embora 
Heliotropium possa ser distinguido, facilmente, 
pelo hábito em geral herbáceo associado ao 
fruto seco; enquanto em Toumefortia, o hábito 
é lenhoso e o fruto é carnoso. 


'Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, defendida e aprovada em 22.02.2001, no Programa de Pós- 
Graduação em Botânica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (PPGB-UFRPE). 

2 Programa de Pós-graduacão em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco - 52171-900 - Recife.PE - 
Brasil. 

3 Autor para correspondência: jimmelo@zipmail.com.br 

4 Suporte financeiro: CNPq/PPGB-UFRPE. 



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As espécies de Heliotropium apresentam 
pouca importância econômica, sendo alguns de 
seus representantes utilizados como 
ornamentais na Europa, destacando-se H. 
europaeum L. (Swingle, 1993). Segundo 
Frohlich apud Nash & Moreno (1981), H. 
indicum L. é uma espécie largamente 
empregada na medicina popular, em várias 
regiões do globo. 

Para Pernambuco, nenhum trabalho 
envolvendo a taxonomia de Heliotropium foi 
desenvolvido, embora listas de espécies possam 
ser encontradas em Sales et al. (1998), para 
os brejos de altitude e para um refúgio 
vegetacional em Buíque (A.P.S. Gomes & 
M.J.N. Rodai, dados não publicados). 

Haja vista que a família Boraginaceae 
constitui um táxon euripolínico (Miranda & 
Andrade, 1990), foi procedido o estudo da 
morfologia polínica dos representantes de 
Heliotropium L. ocorrentes em Pernambuco; 
auxiliando na delimitação das espécies 
estudadas (Melo et al., inéd.). 

Considerando a escassez de estudos 
abordando os representantes de Heliotropium, 
o presente estudo teve por objetivos: 
a)identificar e descrever as espécies do gênero, 
ocorrentes em Pernambuco, Brasil, incluindo 
comentários sobre habitats preferenciais e 
afinidades; b) atualizar a distribuição geográfica 
dos taxa, além de c)amp!iar os conhecimentos 
sobre a taxonomia do gênero e contribuir para 
o projeto Flora de Pernambuco. 

Histórico do gênero 

O gênero Heliotropium foi nomeado por 
Tournefort (1719), sendo efetivamente 
publicado por Linnaeus (1735). A primeira 
contribuição para o entendimento da 
sistemática do gênero foi dada por De Candolle 
(1845) que, baseado fundamentalmente na 
forma da antera e no tipo de estigma, propôs 
quatro seções: Heliotropium sect. Catimas A. 
DC, Heliotropium sect. Piptoclaina (G Don) 
Endl., Heliotropium sect. Heliotropium 
A.DC. e Heliotropium sect. Orthostachys 
R.Br. Mais tarde, Bentham & Hõoker (1873/ 


Ateio, J. I. M. <í Sales. At. F. 

1876) trataram o gênero Heliophytum A. DC. 
como sinônimo de Heliotropium, propondo 
para este último mais uma seção: Heliotropium 
sect. Heliophytum. 

Outro tratamento infragenérico 
abrangendo todo o gênero Heliotropium foi 
proposto por Gürke (1897), que aceitou 217 
espécies, acomodando-as em sete seções: 
Heliotropium sect. Messerschmidia DC.; 
Heliotropium sect. Catimas A. DC.; 
Heliotropium sect. Monimantha Franch.; 
Heliotropium sect. Piptoclaina (G. Don) 
Endl.; Heliotropium sect. Heliotropium A. 
DC.; Heliotropium sect. Heliophytum (DC.) 
Benth. & Hõok e Heliotropium sect. 
Orthostachys R.Br. O tratamento mais 
recente para as espécies sul-americanas de 
Heliotropium foi estabelecido por Johnston 
(1928), reconhecendo 73 espécies e 
posicionando-as em 10 seções das quais, 
quatro eram novas ou novas combinações: 
Heliotropium sect. Hypsogenia, 
Heliotropium sect. Halmyrophila, 
Heliotropium sect. Plagiomeris e 
Heliotropium sect. Heliothamnus. 

Descrições sucintas de representantes de 
Heliotropium são encontradas em Floras de 
vários países como da Argentina (Gangui, 
1955), Peru (Macbride, 1960), América Central 
e Panamá (Gentry & Janos, 1974), Panamá 
(Nowicke, 1969), Guatemala (Gibson, 1970), 
Veracruz (Nash & Moreno, 1981) e Iran 
(Akhani & Forther, 1994). 

Fõrther (1998), estabeleceu um 
tratamento para a subfamília Heliotropioideae. 
Neste trabalho, baseado em dados morfológicos 
e anatômicos, o autor reconheceu 19 seções 
além de fornecer uma lista de todos os taxa 
validamente reconhecidos para o gênero 
Heliotropium. 

Apesar de bem representado no Brasil, 
com estimativa de mais de 25 espécies, os 
estudos sobre Heliotropium ainda são 
escassos. Os tratamentos sistemáticos que 
incluem espécies brasileiras são, na maioria, 
obras clássicas e antigas, como a monografia 
de Fresenius (1857/1863), na Flora 

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Heliotropium L (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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Brasiliensis, onde o autor admitiu um conceito 
mais restrito para o gênero, considerando para 
Heliotropium apenas três espécies. As demais, 
atualmente aceitas como Heliotropium, foram 
acomodadas nos gêneros Schleidenia, com 28 
e Heliophytum, com 12 espécies, 
respectivamente. Poucas espécies de 
Heliotropium são referidas em floras regionais 
como as da Guanabara (Guimarães et al., 
1971), do Pico das Almas, Bahia (Harvey, 1995) 
e para a flora de Santa Catarina (Smith, 1970). 

MATERIAL E MÉTODOS 
Área de estudo 

O estado de Pernambuco apresenta uma 
área de 98.087 Km 2 , situando-se na região 
Nordeste do Brasil entre os meridianos 34°48 35 
e 41°19’54” de longitude W e os paralelos 
7°15’45” e 9 o 28’ 18” de latitude S. A partir de 
variações morfopedológicas, geológicas, 
altitudinais, florísticas e vegetacionais, Andrade- 
Lima (1960) dividiu o estado em quatro zonas 
fitogeográ ficas, a saber: do Litoral, da Mata, das 
Caatingas e das Savanas. 

Estudos de campo e laboratório 

Foram realizadas excursões a várias 
localidades do estado de Pernambuco, entre 
abril de 1999 e agosto de 2000; incluindo 
municípios dos estados da Paraíba e Sergipe. 
As coletas de material botânico e o 
processamento das coleções foram procedidos 
de acordo com a metodologia usual em 
taxonomia vegetal (Bridson & Forman, 1998). 
As coleções obtidas foram depositadas no 
Herbário Professor Vasconcelos-Sobrinho 
(PEUFR). As descrições foram elaboradas 
seguindo-se as terminologias propostas por 
Lawrence (1951) e Radford et al. (1974). 
Payne (1978) e Hickey (1973) foram 
verificados para a caracterização dos padrões 
de indumento e venação, respectivamente. 

Para cada espécie apresenta-se uma 
descrição acompanhada da relação do material 
examinado, além de comentários sobre 
afinidades taxonômicas e dados sobre a 
distribuição geográfica dos taxa. São fornecidas 

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ainda chave de reconhecimento e ilustrações, 
além de mapa de distribuição das espécies 
ocorrentes na área estudada (Fig. 59). Nomes 
comuns são fornecidos para algumas espécies; 
os mesmos foram registrados nos sítios de 
coleta e através de etiquetas de herbários.A 
identidade dos taxa e o tratamento infra- 
genérico foram baseados, fundameníalmente, 
em Johnston (1928) e Fõrther (1998). 

O estudo foi complementado pela análise 
de exsicatas recebidas por empréstimo e/ou 
doação de diferentes herbários nacionais: 
ALCB, ASE, BHMH, CEN, CH,CPAP, CPAP, 
CPATU, CVRD, ESA, FUEL, GUA, HAS, 
HEPH, HFC, HRCB, HST*, HUEFS, HUFU, 
IAC, IPA, JPB, MAC, PACA, PEL, R, RB, 
SJRP, SP, SPF, SPSF, UB, UFMT, UFP e VIC; 
cujos acrônimos estão de acordo com 
Holmgren et al. (1990). 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Morfologia de Heliotropium L. ocorrente 
em Pernambuco - Nordeste do Brasil 
Hábito 

O hábito em Heliotropium é 
predominantemente herbáceo, ocorrendo 
também subarbustivo e mais raramente 
arbustivo (Gentry, 1993). Os representantes 
deste gênero ocorrentes no estado de 
Pernambuco apresentam-se como ervas e 
subarbustos, apenas H. polyphyllum mostra- 
se exclusivamente herbáceo. 

São plantas eretas ou mais 
frequentemente decumbentes ou prostradas, 
em geral bastante ramificadas, com ramos 
longos sobre o solo, como ocorre em vários 
indivíduos de Heliotropium procumbens e H. 
polyphyllum. Os ramos são cilíndricos ou 
angulosos e fistulosos, como em Heliotropium 
elongatum e H. indicum, e geralmente 
indumentados. A coloração pode apresentar- 
se esverdeada ou acinzentada, em H. 
procumbens. 

* Não encontra-se listado no Index Herbariorum 
(Holmgren et al., 1990) -Herbário Sérgio Tavares, 
Departamento de Engenharia Florestal Universidade 
Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. 



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Indumento 

No gênero Heliotropium, de acordo com 
Akhani & Fõrfher (1994), o indumento 
apresenta-se bastante variado em relação à 
altitude onde a planta ocorre. Em áreas de baixa 
altitude e de clima quente, as espécies exibem 
tricomas patentes; enquanto em áreas mais 
elevadas e de clima frio, estes são adpressos. 

As espécies abordadas neste estudo 
mostram indumento diversificado, exibindo, em 
geral, diferentes tipos, tanto nas estruturas 
vegetativas, como nas reprodutivas. Variam de 
totalmente glabras, como em H.curassavicum, 
ou seríceas com tricomas esbranquiçados 
revestindo todas as estruturas vegetativas e 
florais, em H. procumbens. Tricomas curtos 
intercalados por tricomas longos e adpressos 
são encontrados na face adaxial de H. 
elongaíum e H. indicum, sendo que nesta 
última espécie, os longos são maiores 
(aciculiformes) e com uma base discóide. 

Folha 

As folhas são geral mente alternas ou menos 
freqüentemente opostas, simples, sésseis a 
longamente-pecioladas em H. procumbens (Fig. 
41), sem estipulas. Emalgumas espécies, 
apresentam-se alternas e subopostas a opostas 
no mesmo indivíduo, especialmente próximas as 
bifurcações dos ramos. São sempre alternas em 
H. polyphyllum e H. procumbens, H. tematum 
e apenas opostas em H. curassavicum. 

O pecíolo é cilíndrico a subcilíndrico e 
sulcado na face superior, em H. procumbens , 
glabrescente a indumentado, parcialmente alado 
em Heliotropium elongaíum e H. indicum. O 
tamanho das folhas nas espécies abordadas neste 
estudo é pouco variável. A lâmina é sempre inteira. 
A forma apresenta-se de estreitamente- 
espatulada a linear, em H. curassavicum e de 
Ianceolada a linear, em //. tematum ou ovais, 
elípticas a cordiformes nas demais espécies. A 
textura da lâmina foliar é membranácea na 
maioria das espécies, sendo cartácea a 
subcoriácea, em //. polyphyllum e H. tematum 
ou subcamosa, em H. curassavicum. A base 
pode ser atenuada, cuneada a aguda, truncada e, 


Melo,J. I. M. & Sales, M. F 

às vezes, assimétrica em H. indicum (Fig. 24). 
O ápice apresenta-se geralmente agudo a 
acuminado, sendo arredondado em H. 
curassavicum e mucronado em H. procumbens. 
A margem é geralmente inteira, plana a erosa 
em Heliotropium indicum e revoluta, em H. 
tematum. O padrão de venação apresenta-se 
geralmente camptódromo-eucamptódromo, na 
maioria das espécies, e reticulódromo como em 
Heliotropium polyphyllum e H. tematum. 

Infiorescência 

Os representantes da família Boraginaceae, 
segundo Barroso et al. (1994), se caracterizam 
pela constância de inflorescências monotélicas. 
Para o gênero Heliotropium, estas autoras 
relatam que as inflorescências são cimas, 
levemente ou acentuadamente escorpióides, 
resultantes de ramos que concresceram entre si, 
apresentando as flores mais desenvolvidas na 
base e as mais jovens no ápice. Nas espécies 
estudadas, as inflorescências são geralmente 
axilares e subterminais ou terminais, bracteadas 
(Figs. 33 e 41) ou não, pedunculadas, laxas ou 
mais freqüentemente congestas. Podem ser 
longas, atingindo 28 cm de comprimento em H. 
indicum ou curtas, menores de 1 cm, multifloras 
ou paucifloras, às vezes reduzidas a 2-3 flores 
em H.curassavicum (Figs. 9 e 10). Estas podem 
se apresentar inteiras ou bifurcadas, em H. 
angiospermum e H. procumbens (Fig. 41) ou, 
ainda, em número de 2 a 4 partindo de um mesmo 
ponto. A raque é achatada e varia de glabra, em 
H. curassavicum, a serícea em H. procumbens 
e H. tematum. O pedúnculo é cilíndrico, glabro 
ou indumentado. 

As brácteas estão presentes apenas em 
Heliotropium polyphyllum (Fig. 35 ) e H. 
tematum (Fig. 50), sendo uma por cada flor. 
Estas são ovais com venação reticulódroma 
em H. polyphyllum e estreito-elípticas em 
H. tematum. 

Flor 

As flores em Heliotropium são sésseis a 
curtamente-pediceladas, andróginas, simpétalas, 
pentâmeras e levemente zigomorfas. Quando 

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Heliotropium L (Boraginaceae - Heliotropioideae ) de Pernambuco, Nordeste do Brasd 


presente o pedicelo é cilíndrico, glabro a 
indumentado e com até 1 mm de comprimento, 
como em H. curassavicum (Fig. 12) e H. 
tematum (Fig. 53). O cálice é gamossépalo, 
em geral profundamente lobado, ou com as 
sépalas unidas por dois terços do seu 
comprimento, em H. curassavicum. Na 
maioria das espécies, apresenta-se persistente 
no eixo da inflorescência após a queda do fruto, 
com exceção de H. polyphyllum no qual é 
persistente no fruto e desprende-se junto com 
este. Os lobos exibem tamanhos ligeiramente 
diferentes, indo de estreitamente-oblongos a 
estreitamente-lanceolados até estreitamente- 
ovais a oval-lanceolados. 

A corola é gamopétala, hipocrateriforme 
ou tubular-hipocrateriforme em H. 
curassavicum, H. procumbens e H. tematum. 
O tubo, na maioria das espécies, é cilíndrico 
afunilando-se para o ápice e constricto na fauce; 
apenas em H. tematum o tubo apresenta duas 
constrições, uma próxima a base e outra 
próxima a fauce. O limbo mostra-se com a 
porção basal unida e pouco a profundamente 
lobado em H. tematum. A coloração varia de 
branca a arroxeada com a fauce amarela, na 
maioria das espécies e é amarela somente em 
H. polyphyllum. A corola é, em geral, 
indumentada extemamente e com um anel de 
tricomas intemamente, logo abaixo da fauce. 

O androceu é constituído por cinco 
estames, sésseis a subsésseis, inclusos, 
epipétalos, alternos aos lobos da corola, e 
inseridos, na maioria das espécies, na porção 
mediana do tubo ou próximos à base do tubo 
na altura da constrição basal em H. tematum. 
A forma das anteras varia de oval a oval- 
lanceolada, com o ápice distintamente apiculado 
em H. angiospermum ou caudado a longo- 
caudado em H. polyphyllum (Fig. 34) e H. 
tematum (Fig. 54). É interessante mencionar, 
que nestas duas últimas espécies os ápices das 
anteras são coerentes, sendo levemente em H. 
polyphyllum e fortemente em H. tematum. 

O ovário é supero, em geral globoso a 
subgloboso, ou profundamente 4-sulcado em H. 
polyphyllum (Fig. 38). É sempre bicarpelar, às 


vezes com carpelos divididos longitudinalmente 
ao meio por um falso septo, formando uma 
estrutura pseudo-tetracarpelar. O número de 
óvulos varia de 2 por lóculo, no ovário bilocular, 
ou 1 por lóculo, quando tetralocular após a 
formação do falso septo. Os nectários são intra- 
florais, localizando-se na base do ovário, em 
forma de disco (Al-Nowaihi et ai, 1987). O 
estilete é cilíndrico e indiviso e nas espécies 
estudadas pode ser inconspícuo (Figs. 6 e 14), 
ou nunca ultrapassando 0,5 mm de 
comprimento. 

O estigma em Heliotropium é uma 
estrutura especializada. É constituído por uma 
porção superior estéril, cônica, umbraculiforme, 
capitada a penicilada e uma porção basal 
aneliforme, de espessura variável dependendo 
da espécie, formada pelo tecido estigmático. 
Gangui (1955), observa que as estruturas 
estigmáticas têm relevância na sistemática do 
gênero Heliotropium ; tal observação também 
foi corroborada neste trabalho. 

Fruto 

Nas espécies de Heliotropium o fruto é 
esquizocarpáceo, separando-se em mericarpos 
drupóides (Barroso et ai, 1999). Os mericarpos 
podem ser em número de 2, com 2 sementes cada 
ou em número de 4, com uma semente cada. Em 
geral os mericarpos são designados pela grande 
maioria dos estudiosos (Johnston, 1928; Gangui, 
1955; Akhani & Fõrther, 1 994) deste gênero como 
núculas. O número de núculas e sementes, bem 
como a forma e a superfície são caracteres 
utilizados desde os primeiros trabalhos abordando 
a taxonomia de Heliotropium, como De Candolle 
(1845), Fresenius (1857/1863) e Bentham & 
Hõoker(1876). 

Na maioria das espécies estudadas, o fruto 
é constituído por 4 núculas com uma única 
semente, somente H. angiospemium (Fig. 7) 
e H. elongatum (Fig. 21) apresentam fruto 
constituído por duas núculas com duas 
sementes cada. A forma é em geral globosa a 
subglobosa, mitriforme em H. elongatum, ou 
trifacetadas em H. polyphyllum (Fig. 39), H. 
procumbens (Fig. 47) e H. tematum (Fig. 57). 


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V 


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Para a maioria das espécies apresentam-se 
glabros, sendo hirsutos em H. procumbens e 
H. tematum. Vale salientar que a superfície 
em H. angiospermum é geralmente revestida 
por apêndices vesiculares. 

Semente 

As sementes são achatadas, 
apresentando-se geralmente elipsóides, ou às 
vezes trifacetadas a triangulares em 
Heliotropium polyphyllum (Fig. 40). 
Geralmente muito pequenas, variam de 1 a 3,5 
mm de comprimento em Heliotropium 
elongatum (Fig. 23). 

Tratamento taxonômico 
Heliotropium L., Syst. ed. I: 1735. 
Espécie-tipo: H. europaeum L. 


Melo.J. I. M. '& Sales, M. F. 

Ervas a subarbustos, raramente arbustos, 
anuais ou perenes. Folhas alternas a subopostas, 
raramente opostas a subverticiladas, sésseis ou 
pecioladas, simples; lâmina membranácea a 
subcamosa, glabra a indumentada, venação 
camptódroma, eucamptódroma a reticulódroma. 
Cimas terminais ou axilares, escorpióides, 
solitárias ou às vezes 2-4 agrupadas, 
pedunculadas, bracteadas ou não. Flores 
sésseis ou pediceladas. Cálice gamossépalo, 5- 
lobado. Corola simpétala, pentâmera, 
infundibuliforme ou hipocrateriforme, lilás a 
violeta até purpúrea, às vezes branca ou menos 
frequentemente amarela, fauce frequentemente 
pubescente; lobos orbiculares a suborbiculares, 
até ovais ou deltoides, margem em geral 
ondulada. Estames inclusos, sésseis ou com 
filetes curtos; anteras dorsifixas e introrsas, 


CHAVE PARA O RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES DE HELIOTROPIUM 
OCORRENTES EM PERNAMBUCO 

1. Inflorescências com brácteas; estames com anteras de ápice coerente (levemente 

unidas entre si) 

2. Lâmina foliar de margem revoluta; flores alvas com fauce amarela; brácteas 2, 5-2, 7 x 0,3- 

0,4 mm, estreitamente-elípticas 7. H. tematum 

2’. Lâmina foliar de margem plana; flores amarelas; brácteas 3-4 x 1-1,3 mm, ovais 

5. H. polyphyllum 

1’. Inflorescências sem brácteas; estames com anteras de ápice livre entre si 

3. Folhas sésseis, de estreitamente-espatuladas a lineares; inflorescência 0,7-2, 5 cm compr., 

distintamente escorpióide ou reduzida a 2 a 3 flores 2. H. curassavicum 

3’. Folhas pecioladas, ovais a oval -elípticas, oval-cordiforme ou oval-deltóide, elíptica, rômbica, 
estreitamente-elíptica a oblonga; inflorescência 1-28 cm compr., distintamente escorpióide 

4. Pecíolo parcialmente alado; gineceu com estilete evidente 

5. Lâmina foliar com face adaxial bulada; cálice menor que a metade do comprimento 

da corola; fruto constituído por 2 núculas, com duas sementes cada; núculas com 5-7 
nervuras salientes, ápice levemente bidenticulado 3. H. elongatum 

5’. Lâmina foliar com face adaxial plana; cálice maior queametadedo comprimento da 
corola; fruto constituído por 4 núculas, com 1 semente cada; núcula com 2-3 nervuras 

salientes, ápice acentuadamente bidentado 4. H. indicum 

4’. Pecíolo nuncá alado; gineceu com estilete nulo ou inconspícuo 

6. Indumento seríceo revestindo ramos, folhas e lores; corola empre branca, fauce 

amarela; anteras com ápice caudado; núculas 4, hirsutas 6. H. procumbens 

61 Indumento escabro a estrigoso revestindo ramos e pubescente cobrindo ambas as faces da 
lâmina foliar; corola branca a arroxeada, fauce amarela; anteras com ápice apiculado; 
núculas 2, testa revestida por apêndices vesiculares 1 . H. angiospemnim 


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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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ovais a lineares. Ovário 2-locular ou falsamente 
4-locular; óvulos 2 por lóculo, ou 1 quando 
falsamente 4-locular; estilete terminal, cilíndrico; 
estigma cônico ou umbraculiforme, com a base 
espessada em anel, séssil ou subséssil. Fruto 
esquizocarpáceo, separando-se em 2 núculas 
com 2 sementes ou em 4 núculas com uma 
semente cada. Sementes planas ou curvas, 
geralmente com um endosperma delgado, 
amarelo a verde-claro. 

Na área de estudo, verificou-se a 
ocorrência de sete espécies acomodadas em 
quatro seções: 

I - Heliotropium sect. Schobem (Scop.) I.M. 
Johnst.: 

1. H. angiospermum Murray; 

II - Heliotropium sect. Platygyne Benth.: 

2. H. curassavicum L.; 

III - Heliotropium sect. Tiaridium (Lehm.) 
Griseb: 

3. H. elongatum (Lehm.) I.M. Johnst.; 

4. H. indicum L. 

IV - Heliotropium sect. Orthostachys R.Br.: 

5. H. polyphyllum Lehm.; 

6. H. procumbens Mill.; 

7. H. ternatum Valil 

Descrição dos taxa 

1. Heliotropium angiospermum Murray, 
Prodr. stirp. Gott.: 217. 1770. 

Figs. 1-8. 

Erva ou subarbusto, 0,2-1 m alt., ereto ou 
subereto. Ramos cilíndricos, de escabros a 
estrigosos.-Fblhas alternas a subopostas, 
algumas vezes opostas no mesmo indivíduo, 
pecioladas; pecíolo 0,2-1, 2 cm compr.; lâmina 
0,8-9, 8 x 0, 4-4,8 cm, membranácea, oval a 
elíptica, base atenuada, ápice agudo a 
acuminado, margem inteira, faces abaxia! e 
adaxial pubescentes; venação eucamptódroma. 
Inflorescência 1,8-24,5 cm compr., subterminal 
e axilar, laxa a congesta, inteira ou bifurcada, 
pedunculada, não bracteada; pedúnculo 2-4,5 
cm compr. Flores 2, 3-3, 5 mm compr., sésseis. 
Cálice profundamente lobado, persistente no 
eixo da inflorescência após a queda do fruto, 
lobos 1,8-3, 2 x 0,5-0, 7 mm, estreito-oblongos, 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 


margem ciliada, pubescentes externa e 
internamente. Corola 3-3,5 mm compr., 
hipocrateriforme, branca a arroxeada, fauce 
amarela, extemamente pubescente; tubo 2,2- 
2,5 mm compr., subcilíndrico, afunilado para o 
ápice, intemamente piloso na altura da fauce; 
lobos orbiculares. Estames subsésseis, inseridos 
a 0,8 mm acima da base do tubo da corola; 
anteras 0,8-1 ,2 mm compr., oval-oblongas, base 
subcordada, ápice apiculado, livre. Ovário ca 
0,5 mm compr., subgloboso, 2-locular; estilete 
inconspícuo, inteiramente recoberto pelo 
estigma; estigma ca. 0,8 mm compr., 
umbraculiforme; óvulos 2 por lóculo, curvos. 
Fruto 2-3 mm diâm., subgloboso; núculas 2, com 
testa geralmente revestida por apêndices 
vesiculares, marrom-acinzentado. Sementes 2 
por núcula, ca.l mm compr., largo-ovais, 
amarelo-esverdeadas, rugosas. 

Distribuição geográfica: A espécie 

apresenta-se distribuída do sul dos Estados 
Unidos (Texas e Flórida) e México até Brasil e 
Chile, incluindo Antilhas (Frõhlich in Nash & 
Moreno [1981]). Gibson (1970) observa que 
esta espécie é bastante freqüente em várias 
regiões baixo-montanas da América Central, 
onde é invasora. No Brasil, encontra-se 
distribuída nas regiões Nordeste (AL, BA, CE, 
PB, PE e SE) e Sudeste (RJ). Em Pernambuco, 
Heliotropium angiospermum apresenta-se 
amplamente distribuída, desde a zona do Litoral 
até a zona das Caatingas e na ilha de Fernando 
de Noronha, preferencialmente em áreas 
abertas; em geral antropizadas ou em margens 
de estradas: tanto em solos arenosos como 
argilosos ou mais raramente em afloramentos 
rochosos. 

Comentários: O exemplar-tipo de 

Heliotropium angiospermum é desconhecido. 
Segundo Frõhlich apud Nash & Moreno 
(1 981), o tipo foi obtido a partir de uma planta 
cultivada em jardins botânicos europeus. 
Johnston (1928) reconhece para esta espécie 
14 sinônimos, destacando-se Heliophytum 
parviflorum, binômio adotado por De Candolle 
( 1 845) e posteriormente por Fresenius (1857), 
na Flora Brasiliensis. 



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Melo.J. I. M. & Sales, M. F. 



Figuras 1-16: Heliotropiwn atigiospermum Murray (Melo 399): 1-8. 1. Aspecto geral do ramo; 2. Detalhe da inflorescência; 
3. Flor; 4. Corola aberta; 5. Estame; 6. Gineceu; 7. Fruto, com cálice persistente; 8. Semente, vista frontal (Melo 242); H. 
curassavicum L. (Sales 13): 9-16. 9. Aspecto geral do ramo; 10. Detalhe da inflorescência; 11. Detalhe do ramo, eviden- 
ciando folhas; 12. Flor; 13. Corola aberta; 14. Gineceu; 15. Fruto; 16. Semente. 


Rodriguésia 54 (84): 65-87. 2003 



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Heliotropium L. (Boraginaceae - Helioiropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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A espécie apresenta afinidades com 
Heliotropium transalpinum Vell. (com 
distribuição da Bahia até o Rio Grande do Sul), 
separando-se desta pela ausência de tricomas 
malpighiáceos, pelos estames subsésseis 
inseridos próximos à base do tubo da corola e 
especialmente pelos lobos do cálice menores 
bem como pelo fruto que apresenta-se 
geralmente recoberto por apêndices vesiculares 
de coloração marrom-acinzentado. Verificou- 
se que em alguns indivíduos coletados em 
Garanhuns, a superfície do fruto apresenta-se 
desprovida desses apêndices. O mesmo foi 
observado por Johnston (1928), comentando 
que a ausência desses apêndices só foi 
constatada em materiais provenientes do Brasil. 
Material examinado selecionado: Brasil. 
Pernambuco: Alagoinha, 20.VII.1999, U.P. 
Albuquerque et ai 267, fl. (UFP); Ameixas, 
14. VIII. 2000 , J.I.M. Melo 377, fl., fr. 
(PEUFR); Arcoverde, 29. VI. 2000 , J.I.M. 
Melo 333, fl., fr. (PEUFR); Belo Jardim, 
14.X. 1970, J.L.H. Alves 37, fl. (UFP); 
Bezerros, 1 7.XII. 1 999, J.I.M. Melo 207, fl., 
fr. (PEUFR); Brejão, 17.11.2000, J.I.M. Melo 
233, fl., fr., J.I.M. Melo 233 (PEUFR); 
Cachoeirinha, 14. VIII. 2000, J.I.M. Melo 382, 
fl., fr. (PEUFR); Calçado, 14.VIII.2000, J.I.M. 
Melo 388, fl., fr. (PEUFR); Caruaru, 

1 8.XII.1999, J.I.M. Melo 2 12, fl., fr. (PEUFR); 
Cumaru, 14. VIII. 2000, J.I.M. Melo 376, fl., 
fr. (PEUFR); Garanhuns, 16.11.2000, J.I.M. 
Melo 225, fl-, fr. (PEUFR); Gravatá, 
17. XII. 1999, J.LM. Melo 204, fl., fr. 
(PEUFR); Ilha de Fernando de Noronha, 
8.IV.1999, A.M. Miranda 3224 (HST), fl., fr. 
(HST); Jupi, 5.IV.1999, J.I.M. Melo 120, fl., 
fr. (PEUFR); Lajedo, 14.VIII.2000, J.I.M. 
Melo 385, fl., fr. (PEUFR); Limoeiro, IV. 1937, 
Vasconcelos-Sobrinho s.n., fl. (RB 93677), 
Passira, 14/8/2000, J.I.M. Melo 375, fl., fr. 
(PEUFR); Paudalho, 20.III.2000, J.I.M. Melo 
241, fl., fr. (PEUFR); Paulista, X.1991, L.C. 
Gomes 204, fl., fr. (PEUFR), Pesqueira, 
29.VI.2000, J.I.M. Melo 330, fl., fr. (PEUFR); 
Quipapá, 12.1.1994, A.M. Miranda 1183, fl., 
fr. (PEUFR); Recife, 20. VIII. 1990, R.M. 


Nascimento 01, fl., fr. (PEUFR); Riacho das 
Almas, 14.VIII.2000, J.I.M. Melo 378, fl., fr. 
(PEUFR); Santa Maria da Boa Vista, 
29.IV.1971, E.P. Heringer et al. 384, fl., fr. 
(UB); São Caitano, 29.VI.2000, J.I.M. Melo 
327, fl., fr. (PEUFR); Serra Talhada, 
17.IV.197, E.P. Heringer et al. 22, fl., fr. (UB); 
Taquaritinga do Norte, 1 2.V.2000, J.I.M. Melo 
279, fl., fr. (PEUFR); Triunfo, 10.M.1995, AAL 
Miranda 2117, fl., fr. (HST); Vertentes, 
1 1 .V.2000, J.I.M. Melo 267, fl., fr. (PEUFR); 
Vicência, 20.III.2000, J.I.M. Melo 246, fl., fr. 
(PEUFR); Vitória de Santo Antão, 1 7.XII. 1 999, 
J.I.M. Melo 203, fl., fr. (PEUFR). 

Material adicional: Brasil. Bahia: Castro 
Alves, 12.XI.1983, G.C. Pereira Pinto et al. 
384, fl., fr. (RB); Feira de Santana, 
21. VII. 1987, L.P. de Queiroz et al. 1725, fl., 
fr. (HUEFS); Itatim, morro da quixaba, 
15.XII.1996, E. Melo et al. 1910, fl., 
(HUEFS); Jacobina, 28. VI. 1983, L. Coradin 
et al. 6155, fl., fr. (CEN); Santa Bárbara, 
30.1.1980, L.R. Noblick s.n., fl., fr. (HUEFS 
1644); Santa Luz, 07.VII.1976, A. Rocha s.n., 
fl., fr. (IAC 23255); Ceará: Canindé, 15.VI.1979, 
L. Coradin et al. 1970, fl., fr. (CEN); Olho 
d’Água do Vieira, 1 8.VII./1 961 , S. Tavares 
664, fl., fr. (HST); Paraíba: Areia, 20.IV. 1956, 
J.M. Vasconcelos s.n., fl. (SPSF 2537); Rio 
de Janeiro: Rio de Janeiro, 18.X.1947, O. 
Machado s.n., fl. (GUA 18641); Sergipe: 
Canindé do São Francisco, 05. V.2000, J.I.M. 
Melo 262, fl., fr. (PEUFR); Itabi, 27.VIII. 1 982, 
E. Gomes 55, fl., fn (ASE). 

Equador. Chimborazo: Huigra, 22.11.1955, 
E. Asplund 15521, fl., fr. (R); Esmeraldas: 
Santo Domingo de los Colorados, 16.V.1955, 
E. Asplund 16381, fl. (R); Guayas: Zapotal, 
08.V.1959, G. Harling s.n., fl., fr. (R 197.164). 

2. Heliotropium curassavicum L., Sp. Pl. 1 : 
130. 1753. 

Figs. 9-16. 

Erva ou subarbusto, 10-20 cm alt., 
prostrado, em geral bastante ramificado. Ramos 
cilíndricos, amarronzados, glabros. Folhas 
opostas ou subopostas, sésseis; lâmina 0,7-1, 3 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 



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x 0,1 -0,4 cm, subcarnosa, oblanceolada, de 
estreitamente-espatulada a linear, base cuneada, 
ápice arredondado, margem inteira, glabra; 
venação reticulódroma. Inflorescência 0, 7-2,5 
cm compr., axilar e subterminal, sem brácteas, 
em geral em ramos curtos, distintamente 
escorpióide ou reduzida a 2-3 flores, curto- 
pedunculada, não bracteada; pedúnculo 0,2-0, 5 
mm compr. Flores 2-2,2 mm compr., sésseis a 
curtamente-pediceladas. Cálice 1,5-2 mm 
compr., sépalas unidas por 2/3 do seu 
comprimento, persistente no eixo da 
inflorescência após a queda do fruto; lobos 1- 
1,2 x 0,4-0, 5 mm, estreitamente-ovais. Corola 
2-2,2 x 0,7-0, 8 mm, tubular-hipocrateriforme, 
branca, glabra interna e extemamente; tubo 1,1- 
1,2 mm compr., subcilíndrico estreitando-se em 
direção à fauce; lobos 0, 5-0,6 mm compr., 
orbiculares. Estames sésseis, inseridos 0,5 mm 
acima da base do tubo da corola; anteras ca. 
0,8 mm compr., ovais, base cordada, ápice 
agudo, livre. Ovário ca 0,3 mm compr., globoso, 
4-locular, glabro; estilete inconspícuo, recoberto 
pelo estigma; estigma cônico, ca. 0,7 mm 
compr., estriado longitudinalmente; óvulo 1 por 
lóculo. Fruto 1-2 mm diâm., globoso; núculas 4, 
separando-se completamente na maturação, 
testa lisa. Semente 1 por núcula, até 1 mm 
compr., estreito-elípticas, carnosas, 
amarronzadas. 

Distribuição geográfica: Heliotropium 
curassavicum apresenta distribuição nas 
regiões tropicais das Américas (do sul dos 
Estados Unidos até Argentina) bem como na 
África e Ásia (Johnston, 1928), exclusivamente 
halófila. De acordo com Akhani & Forther ( 1 994), 
a espécie parece ser nativa das Américas e ter 
sido introduzida nos demais continentes. No Brasil, 
é citada para São Paulo e Rio Grande do Sul 
(Johnston, 1928). Está sendo referida pela 
primeira vez para o Nordeste, nos estados de 
Pernambuco e Paraíba. Em Pernambuco, foi 
encontrada apenas no município de Afrânio; na 
Paraíba nas margens salinas do açude de 
Soledade, nos Cariris Velhos. 

Comentários: Heliotropium curassavicum é 
facilmente identificada por ser completamente 


Melo.J. I. M. & Sales, M. F. 

prostrada e glabra, com folhas sésseis, 
subcamosas, lineares a estreito-espatuladas e 
pelo fruto globoso. Segundo Akhani & Forther 
(1994), foi escolhido como lectótipo uma 
ilustração da planta confeccionada por Morison 
em 1699. 

Material examinado: Brasil. Paraíba: 
Soledade, 23.XI.1984, M. Sales 13, fl., fr. 
(PEUFR); ibidem, 13.III.1986, M. Sales et al. 
44, fl., fr. (PEUFR); Pernambuco: Afrânio, 
1984, R. Pereira s.n., fl., fr. (IPA 49852). 

3. Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M. 
Johnst., Contr. Gray Herb. Harv. Univ. 81: 18. 
Í928. 

Tiaridium elongatum Lehm. Asperifolien 
1: 16. 1818; ícones 10. t. 6. 1821 

Figs. 17-23. 

Erva ou subarbusto, 10-90 cm alt., ereto 
ou decumbente. Ramos angulosos, fistulosos, 
esparso a densamente hirsutos. Folhas alternas, 
ou às vezes subopostas, pecioladas; pecíolo 0,6- 
5,7 cm compr., parcialmente alado; lâmina 2- 
12,5 x 1,2-7, 8 cm, membranácea, oval a 
cordiforme, deltóide, base assimétrica, truncada, 
ápice agudo a acuminado, margem inteira, face 
adaxial fraca a fortemente bulada, escabra a 
glabrescente, com tricomas curtos intercalados 
por tricomas longos e adpressos, face abaxial 
pubescente, com tricomas curtos intercalados 
por longos l e- "esparsos; venação 
eucamptódroma. Inflorescência 2-12 cni' 
compr., subterminal e axilar, pedunculada, não 
bracteada; pedúnculo 2-4 cm, pubescente, com 
tricomas curtos entremeados com longos e 
esparsos. Flores 3-5 mm compr., sésseis. 
Cálice 2-2,8 x 0,4-0, 5 mm compr., 
profundamente lobado, menor que a metade do 
comprimento do tubo da corola, persistente no 
eixo da inflorescência após queda do fruto, com 
tricomas longos aciculiformes, especialmente 
nas margens; lobos 1,8-2, 5 x 0, 3-0,5 mm, 
lanceolados. Corola 5-6,5 mm compr., 
hipocrateriforme, branca a arroxeada, 
extemamente e intemamente pubescente; tubo 
2, 6-4,2 mm compr., subcilíndrico, estreitando- 
se para o ápice; lobos 0,5 mm compr., 

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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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Figuras 17-30: Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M. Johnst. (Melo 237): 17-23. 17. Aspecto geral do ramo; 18. Flor; 
19. Gineceu; 20. Corola aberta; 21. Fruto; 22. Detalhe da inflorescência; 23. Semente, vista frontal (Melo 196); H. indicum 
L • 24-30 24 Aspecto geral do ramo; 25. Detalhe da inflorescência; 26. Flor; 27. Corola aberta; 28. Gineceu; 29. Fruto; 
30. Semente, vista dorsal. 


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MeloJ. I. M. • & Sales, M. F. 


orbiculares. Estames sésseis a subsésseis, 
inseridos 0,8- 1,5 mm acima da base do tubo da 
corola; anteras ca. 1 mm compr., estreitamente- 
oblongas, ápice retuso. Ovário ca. 0,5 mm 
compr., globoso, 2-locular; estilete evidente, ca. 
0,5 mm compr.; estigma 0,2 mm compr., 
campanulado invertido; óvulos 2 por lóculo, 
achatados. Fruto 2-2,5 mm diâm., mitriforme; 
núculas 2, com 5-7 nervuras salientes na face 
dorsal, ápices levemente bidenticulados, 
glabras. Sementes 2 por núcula, 3-3,5 mm 
compr., trígonas, amarronzadas, lisas. 
Distribuição geográfica: Heliotropium 
elongatum é uma espécie com distribuição 
exclusiva na América do Sul Oriental (Argentina, 
Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai), de acordo 
com Johnston (1928). No Brasil, H. elongatum 
está distribuída nas regiões Nordeste (BA, CE, 
MA, PB, PE, PI, RN e SE), Centro-oeste (MS e 
MT), Sudeste (MG, RJ e SP) e Sul (RS), sendo 
referida para ambientes abertos. Em Pernambuco, 
a espécie apresenta ampla distribuição, ocorrendo 
desde a zona do Litoral até a zona das Caatingas 
e no arquipélago de Fernando de Noronha, em 
áreas abertas. 

Comentários: De acordo com Johnston (1928), 
a coleção-tipo de Heliotropium elongatum é 
proveniente do Brasil, sem localidade definida, 
coletada por Sellow s/n, cujo holótipo está 
depositado, provavelmente, no herbário B e um 
isótipo no Kew. Os caracteres mais relevantes 
para o reconhecimento de H. elongatum são 
encontrados no ovário 2-locular, com 2 óvulos por 
lóculo e especialmente no fruto com as núculas 
de ápice levemente bidenticulados, pouco 
divergentes, caracteres estes que a diferenciam 
de H. indicum, que apresenta ovário 4-locular, 
com 1 óvulo por lóculo e fruto constituído de 4 
núculas, com ápices divergentes. Nas demais 
características, essas duas espécies são 
semelhantes, sendo freqüentemente confundidas 
em material de herbário. 

Johnston ( 1928) reconheceu para a espécie 
duas variedades: Heliotropium elongatum var. 
genuína e H. elongatum var. burcliellii, 
baseando-se no tamanho da corola, as quais foram 
desconsideradas neste trabalho, por este caráter 


ser variável nos espécimes analisados. Esse 
mesmo autor considerou como autoridade de H. 
elongatum Hoffm. ex Roem. & Schult. Na 
realidade, Roemer & Schultes (1819) trataram a 
espécie como Tiaridium elongatum e apenas 
citaram o binômio Heliotropium elongatum, 
manuscrito por Hoffmansegg no exemplar Herb. 
Willd. n. 1 15, como sinônimo de T. elongatum. A 
publicação efetiva da combinação nova só foi feita 
posteriormente por Johnston (1928). Portanto, o 
nome correto para designar a autoridade da 
espécie deve ser H. elongatum (Lehm.) I.M. 
Johnst. 

Nomes populares: tromba-de-elefante (RJ); 
crista-de-galo (CE, MT, SE). 

Material examinado selecionado: Brasil. 
Pernambuco: Afogados da Ingazeira, 
1 1 VII.2000, J.l.M. Melo 351, fl., fr. (PEUFR); 
Angelim, 15.VIII.2000, J.l.M. Melo 396, fl., 
fr. (PEUFR); Brejão, 17.11.2000, J.l.M. Melo 
234, fl., fr. (PEUFR); Caruaru, 17.XII.1999, 
J.l.M. Melo 202, fl., fr. (PEUFR); 
Cachoeirinha, 14.VIII.2000, J.l.M. Melo 380, 
fl., fr. (PEUFR); Canhotinho, 15.VIII.2000, 
J.l.M. Melo 394, fl., fr. (PEUFR); Garanhuns, 
16.11.2000, J.l.M. Melo 228, fl., fr. (PEUFR); 
Goiana, 20.X.1999, J.l.M. Melo 190, fl., fr. 
(PEUFR); Ibimirim, 30.VI.2000, J.l.M. Melo 
340, fl., fr. (PEUFR); Igarassu, 20.X.1999, 
J.l.M. Melo 184, fl., fr. (PEUFR); Iguaraci, 
13. VII.2000, J.l.M. Melo 369, fl., fr. (PEUFR); 
Ilha de Fernando de Noronha, 05.III. 1993, L.P. 
Félix et al. 5622, fl., fr. (PEUFR); Jaboatão, 
25. XI. 1997, A.L. Albuquerque s.n., fl., fr. 
(UFP); Lajedo, 14.VIII.2000, J.l.M. Melo 384, 
fl.,fr. (PEUFR); Olinda, 19.IX.1997, A. Vicente 
et al. 6, fl., fr. (PEUFR); Ouricuri, 01. III. 1971, 
E.P. Heringer et al. 439, fl., fr. (PEUFR); 
Paudalho, 20.III.2000, J.l.M. Melo 244, fl., fr. 
(PEUFR); Petrolina, 03. V. 1984, T. Ramos et 
al. 5, fl., (PEUFR); Recife, 15. VIII. 1958, 
Andrade-Lima s.n., fl. (PEUFR 1456); São 
João, 15.VIII.2000, J.l.M. Melo 397, fl., fr. 
(PEUFR); São Lourenço da Mata, 13.11.1977, 
/. Pontual 77-1470, fl., fr. (PEUFR); Solidão, 
12. VII.2000, J.l.M. Melo 361, fl., fr. (PEUFR); 
Tabira, 12. VII.2000, J.l.M. Melo 352, fl., fr. 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 



SciELO/JBRJ 



Heliotropium L (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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(PEUFR); Vicência, 20.III.2000, J.I.M. Melo 
248, fl., fr. (PEUFR). 

Material adicional: Brasil. Bahia: Caetité, 
09.ni. 1994, V.C. Souza et al. 5399, fl., fr. (ESA); 
Feira de Santana, 12.IX.1997, M.V. Moraes & 

E. M. Costa-Neto 110, fl, fr. (HUEFS); Rodelas, 
22.1.1987, GO.M. Silva & LB. Silva 35, fl., ff. 
(HUEFS); Serra da Copioba, 23.11.1951, G. Pinto 
589, fl., fr. (IAC). Ceará: Orós, 09. VII. 1984, 

F. C.F. Silva 173, fl., fr. (RB); Serra de Baturité, 
04.XI.1937, J. Eugênio 78, fl., fr. (RB). 
Maranhão: Santa Inês, 14X11.1978, N.A. Rosa 
& H. Vilar 2980, fl., fr. (RB). Mato Grosso: 
Campo satélite, 04.X.1976, A. Aliem 104, fl. 
(CEN); SãoFélix do Araguaia, 18.ffl.1997, V.C. 
Souza et al. 14450, fl. (ESA). Mato Grosso do 
Sul: Aquidauana, 04.IV.1990, AG Silva & S. V. 
Leone 12, fl., fr. (PEUFR). Minas Gerais: 
Pirapora, 02.X.1978, M.P. Coens 78-1053, fl. 
(VIC); Pouso Alegre, 27.IV. 1927, F.C. Hoehne 
s.n., fl., fr. (SP 19208). Paraíba: Brejo da Cruz, 
02. VI. 1984, J.E.R. Collares & L Dutra 160, 
fl., fr. (CH);Riachão do Bacamarte, 28.Vffl.1998, 
M.l.B. Loiola et al. 464, fl., fr. (PEUFR); Piauí: 
Picos, 29. VII. 1964, A. Castellanos 25299, fl. 
(GUA). Rio de Janeiro: Paraíba do Sul, 
25. VII. 1984, J.P.P. Carauta et al, fl., fr. (GUA). 
Rio Grande do Norte: Santana, 05X1.1968, N. 
Lima 36, fl. (UB). Rio Grande do Sul: Alegrete, 
ll.n.1990, D.B. Falkenberg & M.E.G Sobral 
524 1, fl., fr. (PEL); Cachoeira do Sul, 1 1. IV. 1995, 

J. A. Jarenkow & M. Sobral 2570, fl., fr., (PEL); 
Ilha da Pólvora, ll-H. 1976, Z Rosa s.n., fl., fr. 
(HAS 3504). São Paulo: Charqueada, 01. fl. 1994, 

K. D. Barreto et al. 1936, fl., fr. (PEL); Porto 
Feliz, 30 X 1 . 1978, AJA. Cardelli & EA. Oliveira 
s.n., fr. (IAC 24948). Sergipe: Aracaju, 
17.XI.1986, G Viana & M.L.C. Leite 2, fl., fr. 
(ASE). 

4. Heliotropium indicum L., Sp. Pl. 1: 130. 
1753. 

Figs. 24-30. 

Erva ou subarbusto, 0,10-1, 0m alt., ereto 
ou decumbente. Ramos angulosos, fistulosos. 
Folhas alternas e subopostas no mesmo 
indivíduo, pecioladas; pecíolo 1 ,2-6,2 cm compr., 


parcialmente alado; lâmina 3,4-12,2 x 1,7-9 cm, 
membranácea, oval-elíptica a oval-deltóide, ou 
mais raramente rômbica, base truncada às 
vezes assimétrica estreitando-se para o pecíolo, 
ápice acuminado, margem erosa a plana, face 
adaxial plana, pubescente com tricomas curtos 
entremeados por tricomas aciculiformes, face 
abaxial pubescente, mais denso sobre as 
nervuras; venação eucamptódroma. 
Inflorescência 4-28 cm compr., axilar e 
terminal, não bracteada, congesta no ápice, 
pedunculada; pedúnculo 1,5-4 cm compr. 
Flores 3-5 mm compr., sésseis. Cálice 2, 6-3, 2 
mm compr., profundamente lobado, maior que 
a metade do comprimento da corola, persistente 
no eixo da inflorescência; lobos 2,2-2, 6 x 0,2- 
0,4 mm, estreitamente-lanceolados, de 
tamanhos levemente diferentes, margem com 
tricomas aciculiformes esparsos. Corola 3, 5-4, 5 
mm compr., hipocrateriforme, branca a 
arroxeada; tubo 2,5-4 mm compr., subcilíndrico, 
estreitando-se na fauce; lobos 0, 5-0,9 mm 
compr. Estames sésseis, inseridos 0,8- 1,5 mm 
acima da base do tubo da corola; anteras 0,8- 
1 mm compr., oblongo-ovais, ápice 
discretamente apiculado, livres entre si, base 
levemente cordada. Ovário ca. 0,5 mm compr., 
longitudinalmente 4-sulcado, falsamente 4- 
1 ocular, glabro; estilete evidente, 0,2-0, 4 mm 
compr.; estigma 0,6 mm compr., subcapitado; 
óvulo 1 por 1 óculo, curvo, achatado. Fruto 2-3 
mm diâm., mitriforme; núculas 4, agrupadas 2 
a 2, com 2-3 nervuras salientes na face dorsal, 
divergentes, ápices acentuadamente 
bidentados. Semente 1 por núcula, até 1,5 mm 
compr., elipsóides, esbranquiçadas, lisas. 
Distribuição geográfica: Esta é uma das 
espécies mais amplamente distribuídas do 
gênero, ocorrendo nas Américas, do México 
até a Argentina, incluindo Antilhas, na África 
Tropical, Ásia e Austrália (Frõhlich in Nash & 
Moreno (1981]). No Brasil, é encontrada nas 
regiões Norte (AC, AM e PA), Nordeste (AL, 
BA, CE, MA e PE), Centro-Oeste (GO, MS e 
MT), Sudeste (ES, MG, RJ e SP) e Sul (PR). 
Em Pernambuco, H. indicum é registrada 
apenas para as zonas do Litoral e da Mata e 


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cm .. 


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para as ilhas do arquipélago de Fernando de 
Noronha, habitando preferencialmente áreas 
abertas, em geral próximas a cursos d’água e 
margens de estradas e algumas vezes em 
culturas. 

Comentários: Heliotropium indicum foi 
descrita por Linnaeus (1753), com base em 
material procedente da índia. É uma espécie 
bem definida, para a qual Johnston (1928) 
reconheceu sete sinônimos. Apesar de próxima 
de H. elongatum, pode ser facilmente 
identificada pela lâmina foliar com a face 
adaxial plana e pelo ovário 4-locular, com 1 
óvulo por lóculo e principalmente pelo fruto 
constituído por 4 núculas. 

Nomes populares: borragem-brava e cravo- 
de-urubu (MG); crista-de-galo (BA); fedegoso 
(MG, PE). 

Material examinado selecionado: Brasil. 
Pernambuco: Amaraji, 22. VI. 1999, J.I.M. 
Melo 197, fr. (PEUFR); Bonito, 08.1.2000, 
J.I.M. Melo 197, fl., fr. (PEUFR); Cabo, 
17.IX.1999, J.I.M. Melo 154, fl., fr. (PEUFR); 
Ilha de Fernando de Noronha, 17. XII. 1999, 
A.M. Miranda 3640, fl., fr. (HST); Maraial, 
22. VII. 1965, G. Teixeira 2776, fl., fr. 
(PEUFR); Recife, s.d., M. Ataíde 118, fr. M. 
(IPA); Rio Formoso, 01.III.2000, M. Oliveira 
586, fl., fr. (PEUFR); São José da Coroa 
Grande, s.d., J.I.A. Falcão et al 830, fl., fr. 
(RB); Vitória de Santo Antão, 04.X. 1997, A.P.S. 
Gomes & A.Laurênio 476, fl., fr. (PEUFR). 
Material adicional: Brasil. Acre: Tarauacá, 
18.IX.1968, G.T. Prance et al. 7348, fl., fr. 
(R, NY); Alagoas: União dos Palmares, 
05.1.1964, l.B. Pontual 55-1964, fl., fr. 
(PEUFR); Bahia: Anguera, 28.1.1997, E. Melo 
et al. 2012, fl., fr. (HUEFS, PEUFR); Andaraí, 
19.X. 1997, M. Alves et al. 1143, fl., fr. 
(PEUFR); Salvador, 07. V. 1995, M.L. Guedes 
et al s.n., fl., fr. (ALCB 27884); Ceará: Cedro, 
15.VI.1912, Loefgren 1128, fl., fr. (R); Espírito 
Santo: Linhares, 08.XII.1998, D. A. Folli 3313, 
fl. (CVRD, PEUFR); Goiás: Niquelândia, 
24.X. 1995, B.M.T. Walter & S.C.S. Xavier 
2848, fl., fr. (CEN); Maranhão: Açu, 
11.XI.1984, M.C. Viana 176-A, fl., fr. (GUA); 


Melo.J. l.‘M. & Sales. M. F. 

Grajaú, 09.VII.1976, D. Tliomaz 8, fl., fr. 
(PEUFR); Mato Grosso: Cáceres, 04. XI. 1978, 
A. Aliem et al. 2375, fl., fr. (CEN); Mato 
Grosso do Sul: Aquidauana, 04.11.1991, A. Pott 
et al. 2, fl., fr. (CPAP); Minas Gerais: Viçosa, 
UFV, 29.X. 1996, G.E. Valente 237, fl., fr. 
(VIC); Pará: Bragança, 06.11.1961, WA. Egler 
1514, fl., fr. (IAN); Monte Alegre, 04. V. 1953, 
Andrade-Lima 53-1296, fl., fr. (IPA); Paraná: 
Vila Alta, XII. 1995, S.R. Ziller 1149, fl., fr. 
(CNPF); Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 
30.VI.1992, M.C. Viana & H.F. Martins 
2163, fl., fr. (GUA); São Paulo: Itapira, 
11.1.1994, K.D. Barreto et al. 1767, fl., fr. 
(ESA. SJRP). 

El Salvador. Department of Sonsonate: 
Rio Acachapa, near headquarters of Hacienda 
Las Tablas, 08. V. 1942, J.M. Tucker 1359, fl., 
fr. (IAC). 

5. Heliotropium polyphyllum Lehm., Neue 
Schrift. Naturf. Ges. Halle 3(2): 9. 1817. 

Figs. 31-40 

Erva, prostrada a decumbente. Indumento 
seríceo, branco, revestindo ramos, folhas, 
inflorescências, flores e frutos. Ramos 
cilíndricos, com ritidoma desprendendo-se em 
faixas longitudinais. Folhas alternas, curto- 
pecioladas; pecíolo 0,3- 1 mm, achatado, seríceo; 
lâmina 0,6-1, 3 x 0,1 -0,2 cm, oblanceolada, 
cartácea a subcoriácea, base cuneada, ápice 
agudo, margem plana, esparsa a densamente 
serícea em ambas as faces; venação 
reticulódroma. Inflorescência 1-15,5 cm compr., 
terminal, solitária ou aos pares, bracteada; 
brácteas 3-4 x 1-1,3 mm, ovais, cartáceas, com 
venação semelhante às folhas, face adaxial 
glabra, face adaxial serícea. Flores 6-6,5 mm 
compr., curto-pediceladas; pedicelos ca. 0,5 mm 
compr. Cálice profundamente lobado, 3-4 mm 
compr., ligeiramente menor que o tubo da 
corola; lobos desiguais, os menores 2-2,5 x 0,6- 
0,8 mm, os maiores 3-4 x 0,8-1 mm, foliáceos, 
ovais a largo-ovais, margem inteira, ciliada, 
ápice agudo, externamente seríceos, 
intemamente glabros. Corola 6-6,5 mm compr., 
hipocrateriforme, amarela, serícea 

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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae ) de Pernambuco. Nordeste do Brasil 


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externamente; tubo 3,6-4 mm compr., 
intemamente seríceo na fauce; lobos 2,5-3 mm 
compr., oval-deltóides. Estames subsésseis, 
inseridos a 1 mm da base do tubo da corola; 
anteras ca. 1 mm compr., ovais, base truncada, 
ápice coerente, longo-caudado e pubescente. 
Ovário ca. 0,5 mm compr., subgloboso, 4- 
sulcado, falsamente 4-locular, glabro; estilete 
cilíndrico, ca. 0,3 mm compr.; estigma 0,4 mm 
compr., cônico com ápice 4-denticulado; óvulo 
1 por lóculo. Fruto ca. 1,5 mm diâm., 
subgloboso; núculas 4, trígonas, fase dorsal 
serícea. Semente 1 por níícula, ca. 1 mm 
compr., trígonas, castanhas, lisas. 
Distribuição geográfica: Heliotropium 
polyphyllum apresenta distribuição nas 
Américas do Norte, Central e do Sul e Antilhas, 
de acordo com Johnston (1928). No Brasil, está 
distribuída ao longo da costa atlântica; indo 
desde o Estado do Pará até o Rio de Janeiro, 
em vegetação litorânea. Foi verificado, no 
entanto, que no Nordeste a espécie é 
encontrada tanto no litoral, como em áreas de 
vegetação de caatinga nos estados de 
Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. 
Na região litorânea, habita dunas e ambientes 
de restinga, em solos arenosos, sendo uma 
espécie comum da vegetação de restinga. No 
estado de Pernambuco, este táxon encontra- 
se distribuído nas zonas do Litoral e das 
Caatingas, na subzona do sertão; tanto em 
restinga como em áreas de caatinga, em solo 
arenoso. 

Comentários: A espécie é muito próxima de 
Heliotropium terncituin, por ambas 
compartilharem partes vegetativas e florais 
revestidas por indumento seríceo e, 
especialmente, inflorescência bracteada e 
anteras coerentes pelo ápice. No entanto, H. 
polyphyllum pode ser facilmente reconhecida 
pela lâmina foliar de margem plana, flores 
amarelas e brácteas ovais. O exemplar 
Blanchet 2651 é um isótipo de Heliotropium 
polyphyllum Lehm. var. Blanchetii A. DC. 
proveniente da serra de Jacobina, na Bahia, o 
qual encontra-se depositado no herbário SP. 
Nome popular: sete-sangrias (AL). 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 


Material examinado selecionado: Brasil. 
Pernambuco: Cabo, 22.III. 1978, Andrade- 
Lirna 78-9090, fl. , fr. (IPA); Itamaracá, 

08. 111. 1986, F. Gallindo 179, fl. (IPA); Olinda, 
22. VI. 1961, S. Tavares 613, fl., fr. (HST); 
Petrolina, 26. VII. 1984, G.C.P. Pinto 84-158, 
fl. (HRB); Santa Maria da Boa Vista, 
14. IV. 1988, R. Pereira 309, fl., fr. (IPA); 
Solidão, Serra da Santa, 28. IX. 1973, G. 
Cavalcanti et al. 67, fl. (PEUFR). 

Material adicional: Brasil: Alagoas: Maceió, 

01. 111. 1993, M. Correia s.n., íl., fr. (MAC 0039); 
Marechal Deodoro, 16. V. 1988, G.L. Esteves 
2045, fl. (MAC). Bahia: Jacobina, Serra 
Jacobina, 1837, Blanchet 2651, fl., fr. (SP); 
Juazeiro, 26.11.1968, /. Pontual 68-762, fl. 
(PEUFR); Nova Remanso, 12.VIII.1984, R.P. 
Orlandi et al. 674, fl. (GUA); Salvador, 
13. IX. 1976, Ecpdpe de Ecologia, s.n., fl., fr. 
(ALCB 15681). Ceará: Aquiraz, 19.X.1935, F. 
Drouet 2629, fl., fr. (R); Aracati, 31.1.1968, 
Andrade-Lima 68-5215, fl. (IPA). Maranhão: 
Alcântara, 28.1. 1 993, D. Araújo 9729, fl. (GUA); 
Ilha de São Luiz, 06.IV. 1945, R.L Fróes 21594, 
fl. (IAC). Pará: Maracanã, 30.1.1988, D. Araújo 
8466, fl. (GUA); Salinópolis, 08.XII.1997, D. 
Araújo 10615, fl. (GUA). Paraíba: Ilha Bela, 
02.XII.1997, M.B. Costa & Silva et al. 1440, fl. 
(PEUFR). Piauí: Parnaíba, 15. VIL 1954, 
Andrade-Lima 54-1976, fl. (IPA). Rio de 
Janeiro: Arraial do Cabo, 24. VIII. 1987, D. 
Araújo 7957, fl., fr. (GUA); Cabo Frio, 
09. V. 1986, D. Araújo 7431, fl., fr. (GUA); 
Campos, III. 1939, A. Sampaio 8170, fl., fr. (R). 
Rio Grande do Norte: Mossoró, 3 1 . VIII. 1984, M. 
Ataíde et al. 38, fl. (PEUFR); Parnamirim, 
21. VII. 1980, L Coradin et al. 3204, fl., fr. 
(CEN). Sergipe: Pirambu, 1.1974, M. Fonseca 
s.n., fl., fr. (ASE 00005). 

6. Heliotropium procumbens Mill., Gard. 
Dict. 8: 10. 1768. 

Figs. 41-48. 

Erva ou subarbusto, 5-40 cm alt., ereto 
ou prostrado. Indumento seríceo, com tricomas 
de base discóide, branco, revestindo ramos, 
folhas e flores, conferindo aspecto verde- 



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cm .. 


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Melo.J. I. M. & Sales, M. F. 



Figuras 31-48. Heliotropium polyphyllum Lehm. (L. Gomes 1): 31-40. 3 1 .Aspecto geral do ramo; 32. Detalhe da venação 
da folha; 33. Detalhe da inflorescência; 34. Estame; 35. Bráctea; 36. Flor; 37. Corola aberta; 38. Gineceu; 39. Fruto; 40. 
Semente, vista dorsal (L. Gomes 1). //. procumbens Mill. (Melo 186): 41-48. 41. Aspecto geral do ramo; 42. Detalhe da 
inflorescência; 43. Flor; 44. Corola aberta; 45. Estame; 46. Gineceu; 47. Fruto; 48. Semente, face lateral. 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 



SciELO/JBRJ 


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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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cinéreo a planta. Ramos cilíndricos, verde- 
cinéreos. Folhas alternas, pecioladas; pecíolo 
0,4- 1,5 cm compr., sub-cilíndrico, sulcado na 
face ventral; lâmina 1-3,8 x 0,3-1, 3 cm, 
subcamosa, estreito-elíptica a elíptica, oblongo- 
elíptica, base atenuada, ápice agudo e 
mucronado, margem inteira, faces adaxial e 
abaxial esparso a denso seríceas; venação 
eucamptódroma, face adaxial com nervuras 
secundárias pouco evidentes, face abaxial com 
nervura principal proeminente. Inflorescência 
1-9 cm compr., axilar e terminal, inteira ou 
bifurcada, 1-4 partindo de um mesmo ponto, 
seríceas, pedunculadas, não bracteada; 
pedúnculo 0,9-3 cm compr. Flores 1,6-2 mm 
compr., curto-pediceladas; pedicelo 0,6-0, 9 mm 
compr. Cálice profundamente lobado, 
ligeiramente menor que o tubo da corola, 
persistente no eixo da inflorescência, lobos 1- 
1,3 mm compr., oval-lanceolados. Corola 1,5-2 
mm compr., tubular-hipocrateriforme, branca, 
fauce amarela; tubo 1-1,4 mmcompr., cilíndrico, 
lobos ca. 0,3 mm compr., obovais, suberetos. 
Estames subsésseis, inseridos 1/3 da base do 
tubo da corola; anteras 0, 5-0,7 m compr., oval- 
lanceoladas, ápice caudado, livre. Ovário ca. 
0,3 mmcompr., subgloboso, 4-locular, seríceo, 
estilete inconspicuo, recoberto pelo estigma, 
estigma 0,3 mm compr., cônico com disco 
estigmático 0,4 mm, pubescente; óvulo 1 por 
lóculo. Fruto ca. 1 mm diâm., subgloboso; 
núculas 4, trígonas, hirsutas. Semente 1 por 
núcula, 1 mm compr., trígonas, esbranquiçadas, 

lisas. 

Distribuição geográfica: Heliotropium 
procimbens apresenta distribuição americana, 
ocorrendo desde o sul dos Estados Unidos até 
a Argentina, incluindo Antilhas (Frõhlich in 
Nash & Moreno [1981]). Para o Brasil, o táxon 
apresenta-se amplamente distribuído, ocorrendo 
nas regiões Norte (AM), Nordeste (BA, CE, 
PB e PB), Centro-Oeste (GO, MS e MT), 
Sudeste (MG) e Sul (RS). No estado de 
Pernambuco, H. procumbens foi a especie 
coletada com maior frequência durante a 
realização desse estudo. Geralmente é 
encontrada simpatricamente com H. 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 


angiospennum e H. elongatum, formando 
grandes populações. Ocupa os mais variados 
ambientes, habitando preferencialmente locais 
úmidos; como leitos de rios e riachos, margens 
de açudes e barragens, além de áreas sujeitas 
a inundações temporárias, em solos arenosos, 
argilosos e pissarentos. 

Comentários: Heliotropium procumbens é 
facilmente reconhecida pela coloração verde- 
cinéreo dos ramos e folhas, que reveste 
também flores e frutos e pelas anteras com 
ápice caudado. Os indivíduos apresentam-se 
geralmente prostrados, bastante difusos, ou 
eretos. 

Nomes populares: crista-de-galo, erva-de- 
xangô e malvinha(BA); mato-azul, erva-azul e 
erva-çazu (PE). 

Material examinado selecionado: Brasil. 
Pernambuco: Afogados da Ingazeira, 1 1 . Vn.2000, 
J.I.M. Melo 349 , fl., fr. (PEUFR); Arcoverde, 
29.VI.2000, J.I.M. Melo 335, fl. (PEUFR); 
Belém de São Francisco, 19. VII. 1967, E Tenório 
67-317, fl., fr. (IPA); Brejão, 17.11.2000, J.I.M. 
Melo 236, fl., fr. (PEUFR); Brejinho, 09.VI.2000, 
J.I.M. Melo 317, fl., fr. (PEUFR); Cachoeirinha, 
14.VIII.2000, J.I.M. Melo 379, fl., fr. (PEUFR); 
Calçado, 14.VIII.2000, J.I.M. Melo 386, fl., fr. 
(PEUFR); Caruaru, 18.XII.1999, J.I.M. Melo 
214, fl. (PEUFR); Exu, 09.XI.1986, V.C. Lima 
427, fl., fr. (IPA); Ferreiros, 04.X.1958, Andrade- 
Lima 58-5768, fl., fr. (IPA); Garanhuns, 
16.11.2000, J.I.M. Melo 223, fl. (PEUFR); 
Goiana, 20.X.1999, J.I.M. Melo 186, fl., fr. 
(PEUFR); Iguaraci, 13.VII.2000, J.I.M. Melo 
370, fl., fr. (PEUFR); Itacuruba, 26.11.1988, R.P. 
Orlandi 855, fl., fr. (HUEFS); Pamamirim, 
01. IX. 1958, Andrade-Lima 58-3248, fl., fr. 
(PEUFR); Pesqueira, 29.VI.2000, J.I.M. Melo 
331, fl., fr. (PEUFR); Petrolina, 23. VI. 1983, L 
Coradin et al. 5966, fl., fr. (CEN); Quixaba, 
13.VII.2000, J.I.M. Melo 363, fl., fr. (PEUFR); 
Recife, 19.IX.1997, A.P.S. Gomes 465, fl., fr. 
(PEUFR); Serra Talhada, 16. VII. 1961, D. 
Alencar s.n., fl., fr. (PEUFR 1098); Sertânia, 
23. VII. 1994, A.M. Miranda et al. 1936, fl., fr. 
(PEUFR); Solidão, 12.VII.2000, J.I.M. Melo 
360, fl., fr. (PEUFR); Tabira, 12.VII.2000, 7. /.M. 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 



82 

Melo 356, (PEUFR); Triunfo, 25.11. 1986, 
V.C. Lima & F Gallindo 37, fr. (IPA); 
Vertentes, 11.V.2000, J.I. M.Melo 275 , fl., fr. 
(PEUFR). 

Material adicional: Brasil. Amazonas: Abunã, 
16. VII. 1998, G T Prance et al. 6199, fl., fr. (R); 
Bahia: Caraíba, 07. VIII. 1994, M.L Guedes s.n., 
fl., fr. (ALCB 26953); Jacobina, 06. VII. 1996, 

11. P. Bautista et al. 3460, fl., fr. (ALCB); Morro 
do Chapéu, 04.III.1997, R.M. Harley et al 6002, 
fl., fr.. (ALCB); São Sebastião do Passe, 
18.X. 1998, A. F.S. Nascimento et al. 91, fl., fr. 
(ALCB); Ceará: Serra de Baturité, 14.X.1939, 
J. Eugênio 80, fr. (RB); Goiás: Campinaçu, 
09.X. 1995, B.M.T. Walter2782, fl., fr. (CEN); 
Mato Grosso: Poconé, 11.IX.1991, M. Schessl 
2207, fl., fr. (CH); Mato Grosso do Sul: Corumbá, 

12. VII. 1992, E.F. Rocha et al. 15, fl., fr. 
(UFMS); Entre Rios, 17.VII.1980, L Coradin 
et al. 3035, fl., fr. (CEN); Minas Gerais: Santa 
Luzia, 06.1.1935, M. Barreto 2133, (MHN); 
Viçosa, s.d., Kuhlmann s.n., fl., fr. (VIC 2562); 
Paraíba: Pocinhos, 08. VII. 1994, L.P. Félix et al. 
6544, fl., fr. (PEUFR); São João do Cariri, 
23.XII.1977, /. Pontual 77-1367, fr. (PEUFR); 
Soledade, 13.ffl.1986, M. Sales et al. 43, fl., fr. 
(PEUFR); Rio Grande do Sul: Camaquã, 
28. V. 1989, J.A. Jarenkow & J.L. Waechter 
1313, fl., fr. (PEL); São Leopoldo, 12.1. 1951, A. 
Sehnem 7816, fr. (PEL). Argentina. 
Corrientes: Dept.° Capital, 03. XI. 1971, A. 
Krapovickas & C.L Cristóbal s.n., fl., fr. (LAC 
22599). Bolívia. Dept°. St*. Cruz: Prov. Andrés 
Ibanez, 20.1.1987, M. Nee 33666, fl., fr. (PEL). 

7. Heliotropium ternatum Vahl, Symb. Bot. 
3:21. 1794. 

Figs. 49-58. 

Subarbusto, 15-30 cm alt., ereto a semi- 
prostrado. Ramos cilíndricos, acinzentados a 
amarronzados, tomentosos a seríceos, com 
tricomas esbranquiçados. Folhas alternas, 
sésseis a pecioladas; pecíolo 1-2 mm compr., 
seríceo; lâmina 0,7-3 x 0, 1-0,5 cm, cartácea, 
estreitamente-elíptica, lanceoladaa linear, base 
aguda, ápice agudo, margem revoluta, face 
adaxial esparso a densamente serícea, face 


Meto,]. /. M. & Sales, M. F. 

abaxial tomentosa, com tricomas longos sobre 
a nervura principal; venaçâo reticulódroma. 
Inflorescência 1,5-18 cm compr., terminal e 
axilar, congesta no ápice, serícea, pedunculada, 
bracteada; pedúnculo 1,4-2 cm compr., brácteas 
2, 5-2,7 x 0,3-0, 4 mm, estreitamente-elípticas, 
margem ciliada, seríceas. Flores 3-4 mm 
compr., subsésseis. Cálice profundamente 
lobado, lobos 2-2,5 x 0,5-0, 7 mm compr., 
exibindo tamnhos levemente diferentes, oval- 
elípticos a lanceolados, seríceos em ambas as 
faces. Corola 3-4 mm compr., tubular- 
hipocrateriforme, alva com fauce amarela, 
serícea externamente; tubo 2-2,7 mm compr., 
constricto próxima a base e na fauce; lobos 1,3- 
2 mm compr., obovais. Estames subsésseis, 
inseridos na constrição a ca. 1 mm da base, 
envolvendo o estigma; anteras ca. 1 mm 
compr., ovais, base cordada, ápice longo- 
caudado, coerente. Ovário 0,3-0, 4 mm compr., 
globoso, falsamente 4-locular, glabro; estilete 
ca. 0,5 mm; estigma estreito-cônico, 0,6-0, 8 mm 
compr., ápice 2-partido, disco estigmático 
diâmetro menor que o ovário; óvulo 1 por lóculo. 
Fruto 1,5- 1,8 mm diâm., globoso; núculas 4, 
trígonas, densamente hirsutas. Semente 1 por 
núcula, 1 mm compr., orbiculares, 
amaiTonzadas, lisas. 

Distribuição geográfica: Heliotropium 
ternatum é uma espécie exclusivamente 
americana, sendo referida por Frõhlich apud 
Nash & Moreno (1981) para o México, Guiana 
Inglesa, Venezuela, Brasil e Antilhas. No Brasil, 
a espécie apresenta-se distribuída nas regiões 
Nordeste (BA, PB, PE, PI, RN e SE) e Sudeste 
(MG). Em Pernambuco, é encontrada na zona 
das Caatingas; exclusivamente no domínio do 
semi-árido, em vegetação de caatinga hipo e 
hiperxerófila, especialmente no período das 
chuvas. 

Comentários: De acordo com Fõrther (1998), 
a espécie foi descrita com base em material 
proveniente da Jamaica, o qual encontra-se 
incorporado no Gray Herbarium. É facilmente 
reconhecida pelas folhas estreito-elípticas, 
lanceoladas a lineares, com face adaxial serícea, 
abaxial tomentosa e margem revoluta e 

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Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


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E 

E 

m 

o" 



Figuras 49-58. Heliotropium ternatum Vahl (Heringer 635): 49. Aspecto geral do ramo; 50. Detalhe da bráctea; 51. 
Detalhe da inflorescência; 52. Detalhe do ramo, mostrando as folhas; 53. Flor; 54. Estame; 55. Corola aberta; 56. Gineceu; 
57. Fruto; com cálice persistente; 58. Semente, vista frontal. 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 



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Melo.J. I. Mf & Sales, M. F. 



Figura 59. Distribuição geográfica do gênero Heliotropium ocorrente em Pernambuco, nordeste do Brasil: A. li. 
angiospermum Murray (O); H. indicum L. (■) e II. ternatum Vahl (A) B. II. citrassavicum L. (•#■); H. elongatum 
(Lchm.) I.M. Johnst. (•); II. polyphyllum Lehm. (A) e H. procumbens Mill. (□). 


especialmente pelas anteras coerentes pelo 
ápice. Johnston (1935) estudando as espécies 
de Heliotropium das Guianas e Venezuela 
propõe uma variedade: H. ternatum var. 
fumana, para acomodar espécimes com folhas 
lineares e indumento estrigoso. 

Material examinado selecionado: Brasil. 
Pernambuco: Buíque, 19. VI. 1994, A.M. 
Miranda et al. 1827, fl. (PEUFR); Floresta, 
13. VI. 1995, E. Ferraz 04, fl., fr. (IPA); 
Parnamirim, 23. V. 1984, F. Araújo 90, fl. 
(PEUFR); Petrolina, 07.IV. 1979, L. Coradin 
et al. 1399, fl. (CEN); Serra Talhada, 
08. V. 1971, E.P. Heringer et al. 635, fl., fr. 
(PEUFR); Sertânia, 24. VI. 1998, R.G. Oliveira 
et al. 87, fl., fr. (PEUFR). 


Material adicional: Brasil. Bahia: Abaíra, 
23.X. 1999, E.M. Silva 289, fl., fr. (HUEFS); 
Juazeiro, 28.IV. 1973, A. Valeriano s.n., fl., fr. 
(ALCB 3502); Juçara, 02.IV. 1984, H.P. 
Bautista et al. 916, fl., fr. (HRB, ALCB, GUA, 
MT, HUEFS). Minas Gerais: Belo Horizonte, 
15.XII.1932, Mello-Barreto 2139, fl., fr. 
(MHN); Rio Verde, 19.1. 1945, C. Shimoya s.n., 
fl. (VIC 3576). Paraíba: Patos, 22. VI. 1935, 
D. Bento Pickel 3896, fr. (IPA). Piauí: São 
Raimundo Nonato, Serra da Capivara, s.d., L. 
Emperaire 608-1979, fl., fr. (IPA 28988). Rio 
Grande do Norte: Mossoró, s.d., S. Tavares 
693, fl., fr. (HST). Sergipe: Poço Verde, 
06. V. 1982, G. Viana 437, fl., fr. (ASE). 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 



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cm .. 


Heliotropium L. (Boraginaceae - Heliotropioideae) de Pernambuco, Nordeste do Brasil 


CONCLUSÕES 

Foram verificadas sete espécies 
acomodadas em quatro seções: 1) 

Heliotropium sect. Schobera (H. 
angiospertnum Murray); 2) Heliotropium 
sect. Platygyne ( H . curassavicum L.); 3) 
Heliotropium sect. Tmridium (H. elongatum 
[Lehm.]I.M.Johnst. e H. indicum L.) e 4) 
Heliotropium sect. Orthostachys (H. 
polyphyllum Lehm., H. procumbens Mill. e 
H. ternatum Vahl.); 

As características mais importantes para 
o reconhecimento das especies de 
Heliotropium ocorrentes em Pernambuco são: 
a presença ou ausência de bracteas na 
inflorescência, o ápice das anteras se coerentes 
ou não entre si, a forma do estigma e o número 
de núculas do fruto. 

As espécies mais amplamente distribuídas 
são H. angiospertnum , H. elongatum e H. 
procumbens-, sendo H. procumbens, a espécie 
mais frequente na Zona das Caatingas. H. 
polyphyllum ocorre em vegetação litorânea, 
em áreas de restinga, penetrando para oeste 
no domínio do semi-árido enquanto H. indicum 
apresenta distribuição nas Zonas do Litoial e 
da Mata. Heliotropium ternatum e H. 
curassavicum ocorrem exclusivamente na 
Zona das Caatingas, sendo que esta última 
ocorre somente em habitats salinos. 

Considerando-se o amplo espectro de 
distribuição geográfica associada aos diferentes 
ambientes, onde a maioria das espécies 
estudadas apresenta distribuição 
exclusivamente americana ( Heliotropium 
curassavicum L. e H. indicum L. são 
cosmopolitas), verifica-se uma acentuada 
uniformidade morfológica para as mesmas. 


AGRADECIMENTOS 

O primeiro autor agradece ao CNPq, 
Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico, pela concessão de 
bolsa de formação de pesquisador - nível II 
(Proc. n.° 130571-1999/7). Agradecemos ao 
Programa de Pós-Graduação em Botânica da 

Rodríguésia 54 ( 84 ): 65 - 87 . 2003 


Universidade Federal Rural de Pernambuco, 
pelas facilidades concedidas, e aos curadores 
dos diferentes herbários pelo empréstimo, 
doação e permissão para consulta das coleções. 

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Beilschmiedia rigida (Mez) Kosterm. (Lauraceae): 
diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar 

Carlos Alexandre Marques 1,2 
Cláudia Franca Barros 3 
Cecília Gonçalves Costa 3 ' 4 

RESUMO 

Neste trabalho descreve-se o desenvolvimento da lâmina foliar de Beilschmiedia rigida 
(Mez) Kosterm., desde o surgimento do primórdio foliar no ápice vegetativo até sua completa 
expansão. São apontadas características como - presença de tricomas apenas nas folhas jovens; 
ocorrência de projeções parietais e invaginações protoplasmáticas nas paredes anticlinais e periclinais 
das células epidérmicas; estômatos paracíticos de origem mesoperígena; hipoderme em três estratos 
na face adaxial e em apenas um na face abaxial da lâmina foliar e células secretoras que surgem 
nos primeiros estágios de diferenciação da folha assim como idioblastos cristalíferos em grupos. 

Palavras-chaves: Lauraceae, Beilschmiedia rigida, morfogênese, anatomia foliar, Floresta 
Atlântica. 


ABSTRACT 

The differentiation and development of leaves of Beilschmiedia rigida from the leaf primordium 
to the complete leaf expansion are described. Characteristics as - presence of trichomes in young 
leãfs only, occurrence of walls and protoplasmic projections in the anticlinal and periclinal walls of 
epidermal cells, paracitic stomata of mesoperiginous origin; three layers of hipodermis in the adaxial 
face and one layer in the abaxial face of leaf blade and secretory cells and cristaliferous idioblasts 
groups that arises in the leaf primordium were pointed. 

Key words: Lauraceae, Beilschmiedia rigida, morphogenesis, leaf anatomy, Atlantic Rain Forest. 


INTRODUÇÃO 

A família Lauraceae é representada por 
49 gêneros com 2.500-3.000 espécies típicas 
das florestas tropicais e subtropicais (Werff 
& Richter, 1996). Alguns de seus gêneros têm 
ocorrência muito restrita como Ravensara, 
encontrado apenas em Madagascar. Outros, 
a exemplo de Ocotea são distribuídos nas 
Américas do Sul e Central e outros ainda, como 
Beilshmiedia e Cryptocarya encontram-se 
amplamente dispersos nos trópicos (Metcalfe, 
1987). 


As espécies de Lauraceae apresentam 
características morfológicas marcantes: porte 
geralmente arbóreo ou arbustivo, raramente 
lianescente; folhas alternas, inteiras, 
peninérveas ou 3-5 nérveas, glabras ou pilosas; 
inflorescências paniculadas e fruto do tipo baga, 
drupa ou núcula (Barroso et al, 1999; 2002). 
A família destaca-se pelo grande número de 
espécies economicamente importantes, entre 
as quais podem ser mencionadas Aniba duckei 
Ducke e Sassafras albidum (Nutt.) Nees, por 
seu uso em perfumaria e na indústria 


'Trabalho de iniciação científica do primeiro autor (CNPq) 

'Doutorando em Biotecnologia Vegetal e Lab. de Morfologia Vegetal, Sala Al-108, Bloco A, Depto. de Botânica, CCS, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 

'Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 
RJ, Brasil. CEP: 22460-030. e-mail: ccosta@jbrj.gov.br 
■“Bolsista CNPq 



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farmacêutica; Ocotea aciphylla (Nees) Mez; 
Ocotea spectabilis (Meissn.) Mez e Ocotea 
teleiandra (Meissn.) Mez, utilizadas na 
medicina popular; Laurus nobilis L (louro), 
usado em culinária e Persea americana Mill 
(abacate), espécie muito conhecida por seus 
frutos comestíveis (Rizzini & Mors, 1976). 
Outras espécies, como Beilschmiedia rígida 
(Mez) Kosterm, Nectandra rígida (H.B.K) 
Nees e Ocotea porosa (Nees.) L. Barroso 
fornecem madeira de lei e são amplamente 
usadas em marcenaria, na construção civil e 
na fabricação de papel (Vattimo, 1956; Barros 
et ai, 1991b). 

No Brasil, as espécies de Lauraceae 
ocorrem nos mais diversos ecossistemas e são 
uma das famílias mais representativas da Mata 
Atlântica no estado do Rio de Janeiro. Segundo 
Lima & Guedes-Bruni (1997), somente nas 
áreas de floresta montana do estado ocorrem 
44 espécies de Lauraceae. 

Beilschmiedia rigida é endêmica da 
Reserva Ecológica de Macaé de Cima, 
localizada no município de Nova Friburgo, RJ 
e integra a lista de espécies que possuem maior 
índice de valor de importância na região (Lima 
& Guedes-Bruni, 1997). Estudos prévios sobre 
a espécie forneceram dados relativos à 
florística (Guedes-Bruni et ai, 1997), ao 
sistema reprodutivo (Gomes-da-Silva et ai, 
1997), à anatomia ecológica e micromorfologia 
foliar (Barros et ai, 1997a) e à anatomia do 
lenho (Barros et ai, 1991b). 

No presente estudo acompanha-se o 
desenvolvimento da lâmina foliar de B. rigida, 
com o objetivo de esclarecer diferentes 
aspectos relativos à diferenciação e ao 
desenvolvimento de estruturas típicas da família 
Lauraceae, a fim de adicionar novas 
informações às pesquisas já desenvolvidas 
para a espécie. 

MATERIAL E MÉTODOS 

O material utilizado é procedente da 
Reserva Ecológica de Macaé de Cima, Nova 
Friburgo, RJ (22° 21’ e 22° 28’ S; 42° 27’ e 42° 
35’ W), que apresenta temperatura média de 


Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G 

17, 8 o C, sendo os meses de Janeiro e Fevereiro 
os mais quentes e Julho o mais frio. A umidade 
relativa é alta e a precipitação anual varia de 
1 .500 a 2.000 mm, sendo Dezembro o mês mais 
chuvoso (Guedes-Bruni et al. 1997). O 
espécime estudado está registrado no herbário 
do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro (RB 292. 1 98). Foram coletados 
os ápices vegetativos e folhas em diferentes 
estágios de desenvolvimento do primeiro ao 
quarto nós. Em medições previamente 
realizadas constatou-se que o primórdio foliar, 
no primeiro estágio do desenvolvimento, 
apresentou comprimento médio de 0,1 cm. Já 
a folha completamente expandida, apresentou 
comprimento médio de 15 cm. 

O material coletado foi fixado em FAA 
em etanol 50% (Johansen, 1940), desidratado 
em série etílica e emblocado em parafina 
(Jensen, 1962) ou historesina (Bennet et ai, 
1973). As secções, obtidas nos planos 
transversal e longitudinal, foram executadas ao 
micrótomo rotativo Shandon nas espessuras de 
8-10 pm e de 10-12 pm, respectivamente, para 
o material emblocado em historesina e em 
parafina. Para observação das epidermes, 
utilizaram-se fragmentos da lâmina foliar 
diafanizada de acordo com Stritmatter (1973) 
ou dissociada segundo método de Jeffrey 
(Johansen, 1940). O material emblocado em 
parafina foi corado pelo processso de dupla 
coloração Azul de Astra-Fucsina Básica 
(Roeser, 1972). Quanto ao material emblocado 
em historesina, não se obteve êxito pelos 
métodos convencionais de coloração, tendo- 
se conseguido melhores resultados introduzindo 
algumas modificações na técnica de Bukatsch 
(1972). Inicialmente as seções foram deixadas 
em Azul de Astra 1% por três dias. Após 
rápida lavagem em água destilada, foram 
submetidas à coloração Azul de Astra- 
Satranina aquosa (na proporção de 95ml e 5ml, 
respectivamente) por 15 minutos. Usou-se 
permount como meio de montagem para as 
lâminas permanentes e glicerina 50% para as 
montagens provisórias. Os testes 
histoquímicos, realizados em material recém- 


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Beilschmiedia rigida (Mez) Kostenn. (Lauraceae): diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar 


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coletado, foram feitos para detectar a presença 
de alguns componentes, a saber: cutina e 
suberina pelo Sudan IV (Johansen, 1940); 
mucilagem pelo vermelho de rutênio (Jensen, 
1962); oxalato de cálcio pela insolubilidade dos 
cristais no ácido acético e solubilidade no ácido 
clorídrico e no ácido sulfúrico diluído (Johansen, 
loc. cit ) e substâncias fenólicas pelo teste de 
Hoepfner-Vorsatz (Reeve, 1951). Os padrões 
estomáticos foram definidos segundo 
Wilkinson (1979) e na classificação do padrão 
de nervação foliar, seguiram-se os conceitos 
de Hickey (1979). 

O material foi documentado por 
fotomicrografias obtidas ao microscópio 
fotônico Olympus BH-2 em diferentes 
aumentos. 

RESULTADOS 

Os primórdios foliares originam-se em 
sentido acrópeto no ápice caulinar e 
conseqüentemente, os primórdios mais jovens 
encontram-se protegidos pelos que se 
encontram em fase mais avançada de 
diferenciação (Fig. 1). Secções longitudinais 
evidenciam que os primórdios foliares 
assemelham-se a protuberâncias laterais do 
ápice caulinar (Fig. 2). 

Ainda em secção longitudinal é possível 
constatar, no ápice vegetativo de Beilschmiedia 
rigida, a ocorrência da túnica em dois estratos 
e do corpo, em cinco (Fig. 2). As células do 
primeiro estrato da túnica, por divisões 
anticlinais, dão origem àprotoderme, enquanto 
a segunda camada determina o surgimento dos 
estratos subprotodérmicos que vão originar a 
hipoderme. Concomitantemente, divisões 
anticlinais, periclinais e oblíquas das células do 
corpo vão contribuir para a expansão do eixo 
e para adicionar novas células ao meristema 
fundamental. Nesta fase inicial de 
diferenciação, já se observam os elementos 
precursores das células secretoras de 
mucilagem (Fig. 3). 

Secções transversais em um primórdio 
com aproximadamente 0,1 cm de extensão 
revelam que as células da primeira camada 

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subprotodérmica, na face adaxial, dividem-se 
no sentido periclinal, originando a hipoderme 
em dois estratos (Fig. 4). Ocasionalmente, 
algumas células do segundo estrato 
hipodérmico se dividem para constituir os três 
estratos hipodérmicos, observados em alguns 
trechos da lâmina foliar na face adaxial. A 
camada subprotodérmica na face abaxial não 
se divide, e consequentemente, nessa face, a 
hipoderme apresenta-se em um só estrato. 

A primeira camada de células subjacentes 
à hipoderme adaxial se diferencia e dá origem 
ao primeiro estrato de parênquima paliçádico 
(Fig. 5) que, posteriormente, também se divide, 
para formar os dois estratos paliçádicos. A 
seguir, os elementos celulares da face abaxial 
diferenciam-se e sofrem divisões 
predominantemente no plano anticlinal para 
constituir o parênquima lacunoso que, nas 
folhas completamente expandidas, apresenta- 
se em 7-9 estratos. As células da primeira e 
da segunda camada adjacentes à hipoderme 
abaxial apresentam-se alongadas no sentido 
anticlinal, ocorrendo espaços intercelulares 
entre as mesmas (Fig. 6). 

Nos primeiros estágios de 
desenvolvimento do primórdio foliar, ocorrem 
células que se destacam por suas dimensões, 
pelo citoplasma denso com vacúolos pequenos 
e pelo núcleo conspícuo (Fig. 3). São os 
precursores das células secretoras. 
Progressivamente, os vacúolos se fusionam em 
um vacúolo único. Esta fase é atingida muito 
cedo, quando as demais células do mesofilo 
ainda se encontram pouco diferenciadas (Fig. 
7). As células secretoras, depois de 
completamente diferenciadas, apresentam 
paredes relativamente espessas com forte 
afinidade pelo Sudan IV, o que indica a 
presença de suberina. Tais células são 
frequentes no mesofilo (Fig. 6), junto à nervura 
mediana, no bordo foliar e no pecíolo. 
Raramente ocorrem células secretoras 
geminadas. Pela reação positiva ao vermelho 
de rutênio e ao azul de Astra, foi comprovada 
a natureza mucilaginosa de seu conteúdo. 



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Figura 1: Ápice vegetativo de Beilschmiedia rígida (ST), evidenciando um primórdio jovem (>), protegido por outros em 
estágio mais avançado de desenvolvimento (->). Barra = 150 Mm. Figura 2 - Ápice vegetativo de Beilschmiedia rígida (SL), 
em que se observa a túnica (t), o corpo (c) e primórdios foliares. Barra = 20 Mm. Figura 3 - Estágio inicia) da formação da 
célula secretora de mucilagem (cs). Barra = 50 Mm. Figura 4 - Face adaxial do primórdio foliar (ST) em que se notam as 
primeiras divisões periclinais da camada subprotodérmica para originar a hipoderme (->). Barra = 20 Mm. Figura 5 - 
Lâmina foliar jovem (ST), em que são observados os primeiros estratos de hipoderme nas faces adaxial e abaxial (h) e a 
primeira camada de parênquima paliçádico (pp). Barra = 150 Mm. Figura 6 - Lâmina foliar na região intercostal, ao nível 
do terço médio, já inteiramente diferenciada: epiderme (e), hipoderme (h), parênquima paliçádico (pp), lacunoso (pl) e 
células secretoras de mucilagem (cs). Barra = 1 50 Mm. Abreviaturas: ST - Secção transversal; SL - Secção longitudinal. 

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Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G. 



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Beilschmiedia rígida (Mez) Kostenn. (Lauraceae): diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar 


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Figura 7: Célula secretora de mucilagem complctamente diferenciada, após a fusão dos vacúolos (cs). Barra = 50 Mm. 
Figura 8: Detalhe de um primórdio foliar, evidenciando cristais prismáticos (c) e um grupo de esclereídes já perfeitamente 
diferenciados (es). Barra = 25 Mm. Figura 9 - Protoderme na face abaxial, evidenciando duas células-fdhas (cf) precursoras 
do estômato e outros já completamente diferenciados. Contraste de Fase. Barra = 50 Mm. Figura 10 - Estômato recém 
diferenciado apontado pela seta. Contraste de Fase. Barra = 10 Mm. Figura 1 1 - Detalhe de um primórdio foliar (SL), em 
que se observa um tricoma bicelular (— >) e outros unicelulares. Barra = 20 Mm. Figura 12 - Epiderme adaxial da lâmina 
foliar jovem, evidenciando contrafortes nas paredes anticlinais das células epidérmicas (— >). Barra = 10 Mm 

Rodrigwfsia 54 (84): 89-100. 2003 



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Idioblastos portadores de cristais 
prismáticos surgem também precocemente e 
já são observados no primórdio foliar. Podem 
ocorrer um ou dois cristais em uma única célula 
meristemática. As paredes das células 
portadoras dos cristais tornam-se 
gradativamente espessas e lignificadas, dando 
origem a esclereídes que se encontram 
perfeitamente diferenciados, numa etapa em 
que as células adjacentes ainda estão numa 
fase pouco avançada de desenvolvimento. 
Esses idioblastos podem ser observados, tanto 
na lâmina foliar como no pecíolo, e 
freqüentemente ocorrem em grupos (Fig. 8). 

Enquanto sucedem essas mudanças nos 
estratos internos da lâmina foliar, o sistema de 
revestimento também se diferencia e expande. 
Inicialmente, ocorre a diferenciação dos 
estômatos e dos tricomas. Na protoderme 
abaxial de um primórdio com aproximadamente 
0,6 - 0,8 cm de extensão, são observados 
estômatos em diferentes fases de 
desenvolvimento. Foi possível verificar 
inicialmente, a divisão desigual de uma célula 
protodérmica, para dar origem a duas células- 
filhas (Fig. 9). A seguir, uma delas se diferencia 
como célula-mãe do estômato, originando as 
duas células-guarda. A célula resultante da 
divisão inicial da célula protodérmica e aquela 
que teve origem na segunda divisão vão 
constituiras duas células subsidiárias (Fig. 10). 
Com certa freqüência podem ocorrer 
estômatos anômalos e mais raramente, 
estômatos geminados e contíguos. 

Os tricomas são observados cm grande 
número, em ambas as epidermes, nas primeiras 
fases de desenvolvimento do primórdio foliar 
(Fig. 11). Sua diferenciação também não é 
sincronizada, observando-se em um mesmo 
primórdio, tricomas em diferentes estágios de 
desenvolvimento. No processo de formação 
dos tricomas, uma célula protodérmica se 
expande, seu núcleo migra para a região apical 
e as paredes celulares se espessam. Depois 
de completamente desenvolvido, o tricoma 
apresenta-se levemente fletido em direção à 
lâmina foliar. Há predominância de tricomas 


t 

Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G 

unicelulares, embora com menos freqüência, 
ocorram tricomas bicelulares (Fig. 11). À 
medida que o primórdio foliar se expande, 
observa-se um processo gradual de 
senescência dos tricomas. Estes, ao cair, não 
deixam cicatriz e não são observados nas 
folhas completamente expandidas. 

Enquanto ocorre a diferenciação dos 
tricomas e dos estômatos, as paredes anticlinais 
das demais células protodérmicas apresentam- 
se delgadas com traçado reto ou levemente 
curvo. A proporção que a diferenciação de tais 
células progride, suas paredes, de modo 
particular as periclinais externas e as anticlinais, 
se espessam de maneira desigual, o que 
propicia o surgimento de projeções parietais e 
invaginações protoplasmáticas nessas paredes 
(Fig. 12). Esses aspectos são observados em 
folhas completamente expandidas, tanto em 
vista frontal como em secções transversais da 
lâmina foliar (Fig. 13). 

A diferenciação do bordo acompanha a 
das demais regiões da lâmina foliar. Na figura 
14 observa-se o aspecto do bordo em uma folha 
com cerca de 4 cm de extensão. 

Em primórdios foliares recém-formados, 
o procâmbio apresenta-se como uma faixa 
contínua na porção central da lâmina jovem. 
As células procambiais têm o aspecto alongado 
típico e núcleo conspícuo. No curso do 
desenvolvimento, o floema surge em fase 
anterior ao xilema. Células do parênquima 
floemático, situadas extemamente em relação 
aos elementos condutores, diferenciam-se 
como Fibras perivasculares. Na lâmina foliar 
jovem (Fig. 1 7), o sistema vascular apresenta- 
se como dois arcos justapostos, interrompidos 
nas extremidades pelas fibras perivasculares, 
após completa diferenciação. 

Braquiesclereídes c células secretoras 
ocorrem nas proximidades do sistema vascular 
(Fig. 18). 

As nervuras de menor calibre surgem 
após a diferenciação da nervura mediana. As 
nervuras de segunda ordem seguem até as 
imediações da margem foliar c se 
anastomosam, formando arcos proeminentes, 

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Beilschmiedia rígida ( Mez ) Kostenn. (Lauraceae): diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar 



Figura 13: Lâmina foliar (ST) evidenciando contrafortes (— ») na parede periclinal externa da célula epidérmica. Barra = 
10 Mm. Figura 14: Bordo foliarem estágio avançado de diferenciação. Barra = 50 Mm. Figura 15: Detalhe dasaréolasna 
lâmina foliar. Barra = 250 Mm. Figura 16: Venação marginal em detalhe (— >). Barra = 250 Mm. Figura 17: Detalhe do 
sistema vascular ao nível da nervura mediana da folha jovem. Barra = 50 Mm. Figura 18: Detalhe do sistema vascular ao 
nível da nervura mediana da folha completamente expandida, na região do terço médio. Barra = 100 Mm. 

Abreviaturas: ST - Secção transversal. 

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caracterizando o padrão de venação 
camptódromo-broquidódromo. Pequenas 
ramificações partem dos arcos em direção à 
margem e vão constituir a nervura fimbrial (Fig. 
15). A rede de venação vista em detalhe 
apresenta aréolas ortogonais, com terminações 
vasculares ramificadas (Fig. 16). 

DISCUSSÃO 

O desenvolvimento dos primórdios 
foliares em Beilschmiedia rígida ocorre no 
sentido acrópeto e segue os padrões referidos 
por Cutter (1987) e Mauselh (1988). Nesta 
espécie foi constatada a presença da túnica 
em dois estratos no ápice vegetativo, o que foi 
também notado por Kasapligil ( 1 95 1 ) em duas 
espécies de Lauraceae, Laurus nobilis L. e 
Sassafras ojficinale Nees & Eberm. Embora 
Esau (1977) assinale que a delimitação entre 
túnica e corpo no ápice vegetativo nem sempre 
é bem demarcada, no material em estudo foi 
possível detectar a ocorrência do corpo em 
cinco estratos. 

A protoderme de B. rígida tem origem 
na primeira camada da túnica, que se divide 
no plano anticlinal, o que vem corroborar as 
observações de Esau (1950) e de Olson et al. 
(1969) quanto à origem da protoderme. Em 
estágio posterior, a protoderme dá origem à 
epiderme. Os estratos hipodérmicos (tanto na 
face adaxial como na abaxial) são originados 
na segunda camada da túnica, diferentemente 
do que menciona Esau (1950), que indica o 
meristema fundamental como o local de origem 
da hipoderme. Segundo Metcalfe & Chalk 
(1950), Beilschmiedia figura entre os gêneros 
de Lauraceae com hipoderme simples. Em 
B. rigida foi constatada hipoderme 
uniestratificada apenas na face abaxial, 
enquanto na face adaxial ela é constituída por 
dois e até três estratos celulares. 

Projeções parietais e invaginações 
protoplasmáticas, na face interna das paredes 
periclinais externas e nas paredes anticlinais 
das células epidérmicas conferem aspecto 
peculiar a essas paredes. Neste estudo, tais 
aspectos não foram observados em primórdios 


Marques, C. A., Barros, C. F, Costa, C. G 

foliares de B. rígida e sua ocorrência confirma 
os estudos ultra-estruturais de Barros & 
Miguens (1998), em folhas completamente 
expandidas. Segundo Faggetter (1987), essas 
flanges, moderadamente profundas ou em 
forma de “U”, constituem um reforço ou 
contraforte, surgindo em diferentes ângulos da 
superfície periclinal. Todavia, ainda não foram 
realizados estudos visando avaliar essa função 
de reforço mecânico. Aspecto semelhante foi 
descrito em outras espécies de Lauraceae por 
Christophel et al. (1996), em Beilshmiedia 
obtusifolia. Barros et al. (1997a), ao 
estudarem a anatomia ecológica de espécies 
da Mata Atlântica, consideraram a diferença 
de espessura na parede periclinal externa de 
Beilschmiedia rigida um caráter 
geneticamente controlado, não expressando 
uma adaptação ao ambiente. Características 
aparentemente iguais têm sido observadas em 
espécies de outras famílias, a exemplo das 
Myrtaceae (Fontenelle et al., 1994), o que leva 
a crer que as mesmas possam desempenhar 
alguma função fisiológica, o que aponta a 
necessidade de outros estudos, a fim de que o 
assunto seja melhor esclarecido. 

West (1969) mencionou a ocorrência de 
células secretoras de mucilagem em espécies 
de Lauraceae e Metcalfe (1987) assinalou que 
tais estruturas são muito comuns à família. 
Maron & Fahn (1979) analisaram as células 
oleíferas de Laurus nobilis e Bakker et al. 
(1992) estudaram estruturas similares em 
espécies de Cinnamomum. Esses autores 
constataram que as células secretoras são 
revestidas por paredes suberizadas e se 
localizam geralmente no parênquima paliçádico 
ou no lacunoso. As paredes das células 
secretoras de Beilshmiedia rigida também 
são suberizadas e encontram-se distribuídas no 
parênquima paliçádico, no lacunoso e ao nível 
da nervura mediana e no pecíolo. 

O mesoiilo de B. rigida se origina pela 
atividade das derivadas da inicial marginal, o 
que vem confirmar as referências da literatura 
(Avery, 1933; Esau, 1950; Costa, 1989). De 
acordo com Metcalfe & Chalk (1950), o 


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Beilschmiedia rigida (Mcz) Kosterm. (Lauraceae): diferenciação e desenvolvimento da lâmina foliar 


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mesofilo das espécies de Lauraceae, com 
poucas exceções, a exemplo de Persea, 
apresenta-se mais ou menos compacto com 
lacunas pouco desenvolvidas, o que foi também 
observado por Kasapligil (1951) em Laurus 
nobilis e corresponde ao padrão das folhas 
completamente expandidas de B. rigida. 

As características foliares do material em 
análise parecem indicar uma estratégia de 
adaptação ao estresse hídrico, visto que 
espécies com um volume baixo de parênquima 
esponjoso e, consequentemente, células mais 
compactas, podem ser menos impactadas pela 
desidratação (James et ai, 1999). Por outro 
lado, acredita-se que a ocorrência de 
hipoderme múltipla apenas na face adaxial de 
B. rigida represente uma adaptação contra o 
excesso de luminosidade, tendo em vista que 
a face adaxial das folhas está exposta a maior 
insolação (James et al., 1999). Considerando 
que a espécie em estudo se desenvolve numa 
área cujo clima é considerado superúmido 
(Guedes-Bruni, 1998), acredita-se que tais 
características xeromórficas sejam inerentes 
ao seu genótipo. 

O sistema vascular de B. rigida surge 
nos primeiros estágios da ontogênese foliar e 
se desenvolve no sentido acrópeto, conforme 
parâmetros referidos por Isebrands & Larson 
(1973), também mencionados por Avery (1933) 
e, mais recentemente, por Nelson & Dengler 
(1997). Segundo Nelson & Dengler (1997) o 
tecido provascular, localizado na porção 
correspondente à região mediana do mesofilo, 
dá origem à nervura mediana, na qual se 
originam as nervuras menores que determinam 
o padrão de venação foliar nas dicotiledôneas. 
Quanto à diferenciação dos tecidos vasculares 
em B. rigida, o floema surge em etapa anterior 
à do xilema no cordão procambial, o que vem 
confirmar as referências de Isebrands &. 
Larson (1973) e Esau (1977). 

A importância dos tricomas em 
Taxonomia tem sido enfatizada por autores 
como Metcalfe & Chalk (1950), Faggetter 
(1987) e Christophel et al. (1996). Estes 
autores assinalam que os tricomas unicelulares 


são uma característica das Lauraceae. Em 
Beilshmiedia rigida a presença de tricomas 
unicelulares nos primódios foliares é uma 
constante. Foram também detectados tricomas 
bicelulares, embora pouco freqüentes. 
Marques (2001) também observou tricomas 
bicelulares no pecíolo de Aniba fintuda (Nees 
& C. Mart.) Mez e Nectandra lanceolata Nees. 

As folhas de B. rigida são hipostomáticas 
com estômatos paracíticos, o que vem corroborar 
as observações de Christophel et al. (1996) 
quanto às espécies família Lauraceae e de 
Barros etal. (1991b) para a folha completamente 
expandida de B. rigida. Baruah & Nath 
(1997), por sua vez, referem estômatos 
paracíticos e pericíticos para espécies indianas 
de Cinnamomum. Quanto à origem, os 
estômatos de B. rigida são mesoperígenos. 
Avita & Inamdar (1981), acompanhando a 
ontogênese dos estômatos em 12 espécies de 
Lauraceae, verificaram a predominância do 
padrão paracítico, ocorrendo também o tipo 
anomocítico, em menor proporção. Quanto â 
origem, concluíram que nessas espécies os 
estômatos paracíticos têm origem mesógena 
e os anomocíticos são perígenos. 

Cristais sob as mais diversas formas são 
comuns no reino vegetal e representam um 
caráter marcante em diversas famílias. Milanez 
(1932) estabelece uma correlação entre a 
presença desses cristais e o espessamento das 
paredes celulares e sugere que os cristais 
sejam responsáveis pela formação de 
esclereídes em algumas famílias de 
dicotiledôneas. Recentemente, Huang et al. 
(2000) também verificaram a ocorrência 
conjunta de cristais e esclereídes nas espécies 
aquáticas Nymphoides coreana (H. Lév.) H. 
Hara e Nttphar schimadai. Acredita-se que 
em B. rigida possa existir uma relação entre 
os cristais e o espessamento das paredes das 
células que os contêm, propiciando assim o 
surgimento dos esclereídes ainda em fase 
inicial do desenvolvimento. Faz-se necessário, 
porém, o desenvolvimento de estudos 
complementares, necessários para comprovar 
tal hipótese. 


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Marques, C. A., Barras. C. F, Costa. C. G 


AGRADECIMENTOS 

Os autores agradecem ao CNPq pelas 
bolsas concedidas, ao pesquisador Osnir 
Marquete e ao técnico Paulo Rogério Ferreira 
Dias, pela colaboração na confecção das 
fotomicrografias. 

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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae 
Juss.) no bioma Caatinga do estado de Pernambuco - Brasil 1 

Marcos José da Silva 2 
Margareth Ferreira de Sales 3 

RESUMO 

O estudo taxonômico de Phyllanthus L. no bioma Caatinga de Pernambuco foi realizado 
através da análise morfológica de materiais herborizados e de observações de campo. Constataram- 
se 1 1 taxa : Phyllanthus acwninatus Vahl., P amarus Schumach. & Thonn., P. caroliniensis 
Walt. subsp. caroliniensis., P claussenii Midi. Arg., P. jacobinensis Midi. Arg., P. klotzschianus 
Midi. Arg., P. mimitulus Midi. Arg., P niruri L., P. heteradenius Midi. Arg., P. stipulatus (Raf.) 
Webster e P. tenellus Roxb. Os principais caracteres morfológicos utilizados para separação das 
espécies foram o hábito, o padrão de ramificação, a forma do disco glandular das flores de ambos 
os sexos, o número e união dos estames e a ornamentação das sementes. A maior parte das 
espécies apresenta distribuição nas subzonas do agreste e sertão em vegetação de Caatinga. Apenas 
P. acwninatus Vahl, P miniituliis Midi. Arg. e P stipulatus (Raf.) Webster foram encontradas 
exclusivamente na subzona do Agreste, nas florestas Montanas. 

Palavras chaves: Phyllanthus, Euphorbiaceae, Taxonomia, Caatinga, Pernambuco 

ABSTRACT 

The taxonomic study of species in the genus Phyllanthus L. in the caatinga biome of the 
State of Pernambuco was carried out based on morphological analysis of fresh material or from 
specimen vouchers of the local herbaria. Eleven taxa were recorded: Phyllanthus acwninatus 
Vahl, P. amarus Schumach. & Thonn., P. caroliniensis Walt. subsp. caroliniensis, P. claussenii 
Midi. Arg., P. heteradenius Midi. Arg., P. jacobinensis Midi. Arg., P. klotzschianus Midi. Arg., 
P. minutulus Midi. Arg., P niruri L., P orbiculatus Rich., P. stipulatus (Raf.) Webster, and P. 
tenellus Roxb. The main morphological features used for delimitation of the species were habit, 
branching pattern, shape of the glandular disk on both male and female flowers, number and union 
of the stamens, type of dehiscence of anthers and seed coat. Most species present geographical 
distribution in steppe-savannah vegetation on different vegetational physiognomies (Agreste and 
Sertão). Only P. acwninatus Vahl., P minutulus Midi. Arg. and P stipulatus (Raf.) Webster 
occur exclusively in the upland forests within the Agreste Zone. 

Key words: Phyllanthus, Euphorbiaceae, Taxonomy, Caatinga, Pernambuco’s State. 


INTRODUÇÃO 

Phyllanthus L. compreende cerca de 800 
espécies, alocadas em mais de 50 seções, com 
distribuição em diversos ambientes e tipos 
vegetacionais das regiões tropicais do mundo. 
Apresenta como importantes centros de 
diversidade de espécies as Américas (200 spp.), 
a África (100 spp.) e Madagascar (70 spp.) 
(Webster, 1970, 1994b). No Brasil, está 


representado por mais de 100 espécies, 
amplamente distribuídas em diferentes ambientes. 

Este gênero posiciona-se na subfamília 
Phyllanthoideae, tribo Phyllantheae, subtribo 
Flueggeinae. E reconhecido por vários 
sistematas (Croizat, 1943; Webster, 1956, 1967, 
1970, 1986; Hunter & Bruhl, 1997a, 1997b e 
Rossignol et ai, 1986) como sendo um dos 
maiores e mais complexos de Euphorbiaceae, 


' Projeto financiado pelo CNPq/UFRPE 

: Bolsista de Iniciação Científica - PIBIC/CNPq/UFRPE. phyllgradyanus@ig.com.br 

3 Professora do Departamento de Biologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco, mfsales.2002@ig.com.br 



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devido à ampla diversidade de caracteres 
vegetativos e florais. 

A primeira referência a Phyllanthus é 
feita por Linnaeus (1737) no “ Systema 
Naturae", embora este gênero só tenha sido 
estabelecido, posteriormente, por Linnaeus em 
1753 no “ Species Plantarum". Os primeiros 
trabalhos que trataram a taxonomia de 
Phyllanthus foram os de Grisebach (1858, 
1860) e Baillon (1858, 1860), os quais 
forneceram descrições de novas espécies e 
seções. Posteriormente, Müeller (1866) no 
“Prodromus” de De candolle, propôs a 
primeira classificação infrangenérica, 
reconhecendo 44 seções, a qual foi utilizada 
como base para tratamentos posteriores como 
os de Bentham (1880), Robison (1909) e Pax 
& Hoffmann (1986). 

O conceito atual do gênero e os 
tratamentos mais recentes foram 
desenvolvidos por Webster (1956, 1957, 1958, 
1967, 1970, 1986 e 2002) e complementados 
por Rossignol et al. (1986) e Hunter & Bruhl 
(1997a, 1997b). Phyllanthus teve seu 
conhecimento ampliado com a elaboração de 
importantes floras nos continentes americano 
(Small, 1933; Standley, 1937, 
1926; Lourteig & 0‘DoneIl, 1942; Croizat, 
1943, 1944; Standley & Steyermark, 1949 
Macbride, 1951;Adams, 1972; Hunziker, 1967; 
Webster & Burch, 1967; Gillespie, 1993; 
Webster, 1986), africano (Radcliffe-Smith, 
1883), asiático (Zoku, 1965; Airy Shaw, 1971) 
e australiano (Hunter & Bruhl, 1997a, 1977b), 
as quais fornecem descrições de novas 
espécies, comentários sobre distribuição 
geográfica e afinidades entre espécies. 

No Brasil poucos estudos taxonômicos 
foram elaborados sobre Phyllanthus. O mais 
significativo, pelo número de espécies tratadas 
(71), foi o de Müeller (1873) na “Flora 
brasiliensis", seguido de Santiago (1988) 
tratando Phyllanthus sect. Choretropsis , para 
o estado do Rio de Janeiro. Descrições e 
comentários sobre espécies ainda são 
encontrados em floras locais como as de Santa 
Catarina, por Smith et al ., 1988 e Ulysséa & 


Silva, M. J. & Sales, M. F 

Amaral (1993, 1997), do Rio Grande do Sul, 
por Aliem (1977), da Serra do Cipó (MG), por 
Cordeiro (1992), do Pico das Almas (BA), por 
Cordeiro (1995), do Parque Estadual 
Zoobotánico (Pl), por Filho (2000) e da região 
de Xingó (AL e SE), por Silva & Sales (inéd.). 

O estudo objetivou reconhecer as 
espécies de Phyllanthus ocorrentes no bioma 
Caatinga de Pernambuco, através da análise 
de caracteres morfológicos vegetativos e 
reprodutivos, visando contribuir com o 
conhecimento do gênero e da flora de 
Pernambuco. 

MATERIAL E MÉTODOS 
Área de estudo - O estado de Pernambuco, 
situado entre as coordenadas 7 o 15’ 45”S e 9° 
28’ 18” S e 34" 48’ 35” W e 41° 19’ 54” W, 
localiza-se no Nordeste brasileiro e possui uma 
área de 98. 307 km 2 (Andrade-Lima, 1960). 
Divide-se em quatro zonas fitogeográficas: 
Litoral, Mata, das Caatingas e Savanas, as quais 
foram estabelecidas por Andrade-Lima (1960) 
fundamentado em dados edafoclimáticos e 
vegetacionais. Este autor ainda dividiu as zonas 
das Caatingas em duas subzonas: Agreste e 
Sertão, com base nos aspectos fisionômicos, 
índices pluviométricos e profundidade de solos. 
Para a subzona do Sertão o autor reconheceu 
ainda as regiões do Sertão Central, do Jatinã, 
do Araripe, do São Francisco e dos Chapadões 
Cretáceos. O clima de um modo geral é do 
tipo Bshw (Kõeppen, 1948), as chuvas são 
irregulares com índices de precipitação anual 
variando de 252 a 1200mm (Sampaio, 1996). 

A zona da Caatinga, a maior delas, ocupa 
uma área de 83. 560.95 Km 2 , se estende de 
leste a oeste, perfazendo um total de 85% de 
todo o Estado. Nesta zona está assentado o 
bioma Caatinga. De acordo com Sales et al. 
(1998), neste bioma predomina a vegetação 
de Caatinga (caducifólia e espinhosa), 
entremeada por floresta Montana nos topos e 
encostas de serra, em altitudes superiores a 
700 m e por uma vegetação arbustiva 
perenifólia sobre chapadas com altitudes entre 
500 e 800 m. 


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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Eitphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de 
Pernambuco - Brasil 


Estudo Taxonômico - Foram realizadas 
coletas mensais em vários municípios para 
obtenção de material botânico e observação 
das populações em campo. O material 
coletado, após processamento, foi depositado 
no herbário PEUFR da Universidade Federal 
Rural de Pernambuco. A identificação dos 
taxa fundamentou-se principalmente nas obras 
já mencionadas na introdução deste artigo. 
Para padronizar a terminologia das estruturas 
vegetativas e reprodutivas, utilizou-se Radford 
et al. (1974), para indumento, Lawrence 
(1951), Hickey (1973) para designar o padrão 
de venação e Brummitt & Povvell (1992) para 
grafia dos nomes dos autores. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Phyllanthus L„ Sp. pl. 981. 1753. 

Espécie Tipo: Phyllanthus niritri L. 

Ervas, subarbustos, arbustos, raro 
árvores, monóicos ou mais raramente dióicos. 
Padrão de ramificação não filantóide, com 
ramos persistentes variadamente ramificados, 
ou filantóide, com ramos em geral decíduos, 
ortotrópicos e dispostos espiraladamente ao 
longo do ramo principal (caule), ou de suas 
ramificações, com aspecto pinatiforme 
(assemelhando-se a uma folha composta 
pinada) ou bipinatiforme (assemelhando-se a 
uma folha composta bipinada), modificados ou 
não em cladódios. Catafilos 3, na base dos 
ramos com padrão filantóide. Folhas alternas, 
inteiras, pecioladas, estipuladas, aglandulares 
e em geral destituídas de indumento; venação 
broquidódroma. Inflorescências axilares, 
usualmente cimosas, címulas unissexuais e ou 
bissexuais, paucifloras, multifioras, agregadas 
ou não, às vezes reduzidas a flores solitárias. 
Flores monoclamídeas; cálice gamossépalo, 
lobos 4-6, imbricados. Flores estaminadas, 
pediceladas; disco extra-estaminal 
segmentado, mais raramente íntegro, 
segmentos de formas variadas, alternissépalos; 
estames (2) 3-5, livres, unidos ou parcialmente 
unidos pelos filetes em coluna, anteras livres 
ou aderidas no ápice da coluna, rimas 
horizontais a verticais. Flores pistiladas, 

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pediceladas; disco em geral íntegro, anular, 
pateliforme a cupuliforme; ovário 3-carpelar; 
estiletes livres ou basalmente unidos, bífidos, 
raro inteiros, estigmas punctados ou captados; 
óvulos 2, em cada lóculo. Cápsula septicida e 
loculicida; cálice e estigma persistentes no 
fruto. Sementes em geral trígonas, por 
compressão dos óvulos nos lóculos do ovário, 
tegumento seco ou crustáceo, 
diversificadamente esculturado; endosperma 
carnoso, embrião estreito, reto ou ligeiramente 
curvo, cotilédones mais largos que a radícula. 

Aspectos morfológicos relevantes na 
identificação dos taxa encontrados 

As espécies registradas neste estudo 
podem ser identificadas principalmente através 
dos seguintes caracteres: padrão de 
ramificação, forma da lâmina foliar, tipo, sexo 
e disposição das inflorescências e das flores 
ao longo dos ramos, integridade e número de 
estames, deiscência das anteras, integridade e 
aspecto do disco glandular nas flores 
estaminadas e ornamentação da testa das 
sementes. 

Padrão de ramificação - Um dos atributos 
mais utilizados porsistematas atuais (Webster, 
1956, 1958, 1967, 1970, 1986; Rossignol et ai, 
1986 e Hunther & Bhrul, 1997a) para 
separação dos grupos em Phyllanthus , é o 
padrão de ramificação, embora não tenha sido 
utilizado pelos botânicos clássicos (Müeller, 
1866, 1873; Pax & Hoffmman 1896; Baillon, 
1860 e Robison, 1909). 

Os taxa estudados mostraram-se 
ramificados nos seguintes padrões: filantóide e 
não filantóide. O primeiro padrão é encontrado 
em mais da metade das espécies do gênero, 
principalmente nos taxa herbáceas. Caracteriza- 
se por apresentar ramos ortotrópicos, em geral 
decíduos, dispostos espiraladamente ao longo do 
ramo principal (caule) ou de suas ramificações e 
catafilos, em número de três, no ponto de inserção 
de cada ramificação. No segundo padrão, os 
ramos são variadamente ramificados, 
persistentes, não ortotrópicos e os catafilos são 
ausentes. 



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cm .. 


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No padrão filantóide os ramos possuem 
aspecto pinatiforme (por apresentar folhas 
dispostas disticamente, assemelhando-se a uma 
folha composta pinada) ou bipinatiforme (por 
apresentar ramos secundários com disposição 
dística, nos quais as folhas são dispostas 
disticamente, conferindo aspecto de uma folha 
composta bipinada). Às vezes os ramos 
secundários e terciários podem ser 
modificados em cladódios. Ramificação 
filantóide com ramos pinatiformes é encontrada 
em Phyllanthus amarus, P. minutulus, P. 
niruri, P. stipulalus e P. tenellus, enquanto 
ramificação filantóide com ramos 
bipinatiformes ocorre em P acuminatus e P. 
klotzschianus, sendo modificados em 
cladódios no segundo. 

Ramificação não filantóide foi encontrada 
em Phyllanthus caroliniensis subsp. 
caroliniensis, P. claussenii, P jacobinensis 
e P. heteradenius, sendo que no primeiro 
taxon os ramos, embora dispostos 
disticamente, têm quase o mesmo tamanho 
conferindo a planta um aspecto pinatiforme. 
Lâmina foliar - As folhas em Phyllanthus são 
alternas, simples, inteiras, curtamente pecioladas 
a subsésseis, estipuladas, aglandulares e de 
margens em geral inteiras. Estão ausentes em 
P klotzschianus. A lâmina é pouco variável em 
tamanho e forma. Variam de 2,6-5, 1 x 1 ,4-2 mm 
em P. minutulus a 2,5-5 x 1, 4-2,5 cm em P. 
acuminatus. Quanto à forma há um predomínio 
de lâminas oblongas, oblongo-obovais e oblongo- 
elípticas, poucas são elípticas a ovais e apenas 
uma é orbicular como em P. claussenii. A 
consistência é, na maioria das espécies, 
membranácea e a venação é broquidodróma. O 
pecíolo é pouco variável, sendo comumente 
cilíndrico, nas espécies estudadas, com dimensões 
variando desde 0,3-0,4 mm em P. minutulus a 
1 ,4-2 mm em P. acuminatus. 

Inflorescências - As inflorescências em 
Phyllanthus variam de cincínios a fascículos, 
embora o tipo címula seja o mais comum em 
todo o gênero. É freqüente a ocorrência de 
címulas reduzidas a uma flor e de flores 
pistiladas solitárias (Webster, 1 956). As címulas 


Silva, M. J. á Sales, M. F. 

podem ser paucifioras ou multifloras, laxas ou 
congestas, unissexuais e ou bissexuais. Nos 
taxa estudados o tipo címula foi o 
predominante, sendo encontrado em todas as 
espécies. Címulas unissexuais estaminadas 
foram encontradas em Phyllanthus 
stipulatus, P.minutulus, P. niruri, P. 
heteradenius e P. klotzschianus, enquanto 
que as bissexuais ocorreram em P. 
acuminatus, P. amarus P. caroliniensis 
subsp. caroliniensis, P. claussenii e P. 
jacobinensis. Címulas bissexuais e 
unissexuais na mesma planta foram 
encontradas em P. tenellus, sendo as 
bissexuais constituídas por 1-2 flores 
estaminadas e 1-2 flores pistiladas, e as 
unissexuais formadas por apenas uma só flor 
pistilada, com o pedicelo visivelmente articulado 
de base pulviniforme. 

As inflorescências apresentam sempre 
disposições axilares, que pode ser ao longo de 
todo o comprimento do ramo (na maioria das 
espécies) ou da base até a metade do seu 
comprimento como em Phyllanthus 
stipulatus, P. minutulus e P. niruri. As flores 
solitárias estão sempre nas terminações dos 
ramos como pode ser observado nas três 
espécies citadas anteriormente. Para Webster 
(1956) esta condição de distribuição floral das 
espécies acima é típica de um grande número 
de espécies herbáceas da seção Phyllanthus 
e parece evidenciar tendência ao dioicismo. 
Situação semelhante também foi observada em 
P. heteradenius que apresenta ramos 
exclusivamente unissexuais, estaminados ou 
pisti lados, no mesmo indivíduo. 

O arranjo distributivo das inflorescências 
nas plantas parece estar relacionado com o 
padrão de ramificação. Nas espécies que 
apresentam o padrão filantóide, as 
inflorescências estão dispostas exclusivamente 
na axila das folhas; já nas espécies com padrão 
de ramificação não filantóide, as inflorescências 
estão tanto na axila das folhas quanto na 
inserção das ramificações ( Phyllanthus 
caroliniensis subsp. caroliniensis, P. 
claussenii, P. jacobinensis e P. heteradenius) 

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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euplwrbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de 
Pernambuco - Brasil 


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Androceu - O número de estames, sua união, 
hem como a forma de deiscência das anteras, 
constituem importantes ferramentas na 
delimitação das espécies e dos taxa 
infragenéricos em Phyllanthus. Nos taxa 
estudados, o número de estames varia de 2-5, 
sendo 3 na maioria das espécies, 2 em 
Phyllanthus ininutulus (Fig. 4, M) e 5 cm P. 
jacobinensis e P. tenellus apresentando-se 
livres, parcial ou totalmente unidos em coluna, 
sempre com filetes cilíndricos e glabros. A 
coluna estaminal é sempre cilíndrica. Estames 
livres são encontrados em P claussenii, P. 
heteraclenitts, P. caroliniensis subsp. 
caroliniensis e P. tenellus ; parcialmente 
unidos em P niruri e P. jacobinensis e unidos 
em P stipulatus, P ainarus, P. acuminatus, 
P. ininutulus e P. klotzschianus. 

As anteras podem apresentar as tecas 
próximas entre si ou acentuadamente 
divergentes em P claussenii. A deiscência 
varia de horizontal a vertical em todo o gênero 
(Webster, 1956). Rimas horizontais ocorrem 
na maioria dos taxa; verticais em P. 
jacobinensis e P. klotzschianus ; oblíquas em 
P. ainarus e subhorizontais em P. tenellus. 
Disco glandular estaminado - As flores 
estaminadas em Phyllanthus apresentam um 
disco glandular extra-estaminal, bastante variável, 
formado, em geral, por segmentos isolados, raro 
unidos, sempre altemissépalos. Constitui sem 
dúvida, um importante caráter taxonômico, sendo 
utilizado por autores como Müeller ( 1 866; 1 873), 
Robison (1909) e Webster (1956, 1967, 1970, 
1986 e 2002) na delimitação de taxa específicos 
e infragenéricos. 

Nas espécies estudadas, o disco glandular 
pode ser segmentado (na maioria) ou íntegro. 
Nos discos segmentados o número de 
segmentos varia de 3 a 6, sendo três apenas 
em P. acuminatus (Fig. 1, d), seis em P. 
caroliniensis subsp. caroliniensis (Fig. 2, d) 
e P. claussenii (Fig. 2, 1) e cinco nas demais 
espécies. Já disco íntegro ocorreu apenas em 
P. jacobinensis. 

Quanto à forma, os segmentos 
mostraram-se bastante variáveis sendo 

Rodriguêsia 54 (84): 101-126. 2003 


arredondados e verruculosos em P. stipulatus 
(Fig. 5, n), trapezoidais de margens 
verruculosas em P. niruri (Fig. 5, d), globoso- 
sulcados, em P. ainarus (Fig. 1, q), 
obtriangulares, em P. caroliniensis subsp. 
caroliniensis (Fig. 2, d) e P claussenii (Fig. 
2, 1) o último com superfície visivelmente 
verrucolosa, renifomes com superfície 
foveolada , em P. acuminatus (Fig. 1, d), 
pateliformcs, em P. klotzschianus (Fig. 4, c), 
glandular-estipitado, em P. ininutulus (Fig. 4, 
m) e elípticos, achatados e de ápice caudado 
em P. heteraclenitts (Fig. 3, d). 

Sementes - As sementes em Phyllanthus 
ocorrem sempre aos pares em cada lóculo e 
possuem, em sua maioria, um esboço trígono, 
o qual resulta segundo Webster (1956) da 
compressão da parede de um lóculo do ovário 
contra o outro. Podem ser ainda plano- 
convexas em P. acuminatus (Fig. 1, m) e 
reniformes em P. jacobinensis (Fig. 3, t). A 
superfície da testa apresenta ornamentação 
bastante diversificada, consistindo numa das mais 
importantes ferramentas para separação das 
espécies. Superfície densamente verruculosa, 
com verrugas de formas, distribuições e 
dimensões variadas são encontradas em P. niruri 
(Fig. 5, j), P. heteraclenitts (Fig. 3, j), P. tenellus 
(Fig. 6, j), P. catvliniensis subsp. caroliniensis 
(Fig. 2, i), P. claussenii (Fig. 2, r), com estrias 
longitudinais semiconcêntricas em P. amants 
(Fig. 1, v), reticulada em P. klotzschianus (Fig. 
4, i), maculado em P. acuminatus (Fig. 1, m), 
irregularmente foveolada em P. jacobinensis 
(Fig. 3, t) e ainda com estrias transversais 
dispostas em fileiras longitudinais regulares em 
P. stipulatus (Fig. 5, t) e P. ininutulus (Fig. 4, s), 
sendo que no primeiro as estrias são mais 
elevadas que no segundo. 





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Silva, M. J. & Sales, M. E 


CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE PHYLLANTHUS L. 
OCORRENTES NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO 

1. Plantas com cladódios 7. P. klotzschiams 

1. Plantas sem cladódios 2 

2. Ramificação filantóide (ramos secundários dispostos espiraladamente); presença de ramos 

decíduos; catafilos presentes 3 

3. Arbusto ou arvoreta 2-3 m de alt.; ramos bipinatiformes; lâmina 2,1-5 cm., ápice 

abruptamente acuminado 1. P acuminatus 

3. Erva ou subarbusto 5-40 cm de alt.; ramos pinatiformes; lâmina 0,26- 1 ,5cm, ápice agudo 

a arredondado 4 

4. Estames 5, sempre livres; flores em címulas bissexuais e unissexuais na mesma planta; 
pedicelo das flores pistiladas com (2,3) 4, 0-6, 5 mm compr, filiformes 

11. P tenellus 

4. Estames 2 ou 3, livres ou unidos; flores em címulas bissexuais ou unissexuais; pedicelo 

das flores pistiladas com 0,7 a 3,1 mm 5 

5. Lâmina com base assimétrica; estigma capitado; sementes densamente verruculosas 

em linhas longitudinais 9. P. niniri 

5. Lâmina com base simétrica; estigma não capitado; sementes estriadas 6 

6. Címula bissexual com uma flor estaminada e uma pistilada; sépalas estaminadas 

e pistiladas com ápice cuspidado; anteras com rimas oblíquas 2. P. amarus 

6. Címula unissexual estaminada; flores pistiladas solitárias; sépalas estaminadas 

e pistiladas com ápice arredondado; anteras com rimas horizontais 7 

7. Plantas com 30-45 cm alt.; estames 3; segmentos do disco glandular 

estaminado arredondados e verruculosos 10. P. stipulatus 

7. Plantas com 5-10,5 cm alt.; estames 2; segmentos do disco glandular 

estaminado glandular-estipitados 8. P minutulus 

2. Ramificação não filantóide (ramos secundários dispostos de forma variada); ausência de 

ramos decíduos; catafilos ausentes 8 

8. Estames 5, unidos; sementes reniformes e irregularmente foveoladas 6. P. jacobinensis 

8. Estames 3, livres; sementes trígonas, verruculosas 9 

9. Sépalas estaminadas e pistiladas 6; disco glandular estaminado 6-segmentado 10 

10. Arbusto ca. 1 m; lâmina largamente elíptica a orbicular; pedicelo pistilado 0,7- 1,2 

cm compr 4. P. claussenii 

10. Erva 10-15 cm; lâmina elíptica a elíptico - oboval; pedicelo pistilado cerca 1 mm 

3. P. caroliniensis subsp. caroliniensis 

9. Sépalas estaminadas c pistiladas 5; disco glandular estaminado 5-segmentado 
5. P heteradenius 


Descrição das espécies 

Phyllanthus acuminatus Vahl, Symb. 95. 

1791. 

Fig. l,a-m 

Arbusto a arvoreta 2-3 m alt., monóica. 
Caule cilíndrico a subcilíndrico, cinéreo- 
esverdeado, lcnticelado. Ramificação 
filantóide. Ramos bipinatiformes, dispostos 


espiraladamente, decíduos após a maturação 
dos frutos; eixos primários 25-40 cm compr., 
eixos secundários 10-22 cm compr., ambos 
subcilíndricos na parte basal, angulosos próximo 
ao ápice, glabros a puberulentos. Catafilos ca. 
2 mm compr., inconspícuos. Estipulas 1 ,3- 1 ,4 
mm compr., triangulares a largamentc 
triangulares, margem levemente denticulada, 

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O género Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de 
Pernambuco - Brasil 



■ n 


Figura 1 : a - m: Phyllanthus acwninatus Vahl. a. aspecto geral do ramo bipinatiforme; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor 
estaminada; e. sépala, lobo interno, florestaminada; f. sépala. lobo externo, flor estaminada; g. flor pistilada; h. sépala, lobo 
interno, flor pistilada; i. sépala. lobo externo, flor pistilada; j. disco glandular pistilado, aspecto; k. fruto; I. detalhe das 
sementes ao saírem do lóculo; m. aspecto da semente, n - v: P. amarus Schumach. &Thonn. n. hábito; o. lâmina foliar; p. 
estipula: q. flor estaminada; r. sépala, face vcntral evidenciando a faixa central, florestaminada; s. flor pistilada; t. aspecto 
do disco glandular pistilado; u. fruto; v. semente, aspecto dorsi-ventral. (Escalas: a, n = 2 cm; b = 3 mm; c, d, e, g, k, 1, m, 
o. p, s, t. u. v = 1 mm; f, h, i, j. q = 0,5 mm; r = 0,4 mm) 

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Silva. M. J. & Sales. M. F 


persistentes. Pecíolo 1,4-2 mm compr., aplainado, 
puberúlo abaxial mente e glabro adaxialmente. 
Lâmina 2, 1 -5 x 1 ,4-2,5 cm., membranácea, oval 
a oval-elíptica, base obtusa a arredondada, ápice 
abruptamente acuminado, margem inteira, glabra 
em ambas as faces, discolor, face adaxial verde- 
escura, abaxial verde-glauca; venação 
broquidódroma. Címulas bissexuais, congestas, 
curtamente pedunculadas, com 5-6 conjuntos 
estaminados, cada um com 4-6 flores, flor 
pistilada 1, longamente pedicelada, solitária na 
parte central; brácteas elípticas 0,5-0,7 mm 
compr., hialinas. Flores estaminadas, pedicelo 
2,9-4 mm compr., filiforme, glabro; sépalas 6, 
bisseriadas; lobos externos 1-1,1 mm compr., 
oblongo-elípticos, ápice agudo, carenados 
dorsalmente, nervura central evidente, margens 
amareladas; lobos internos ca. 1 mm compr., 
ovais, faixa central oblonga, com margem 
ondulada e ápice arredondado; disco glandular 
3-segmentado, segmentos reniformes, carnosos, 
superfície foveolada; estames 3, unidos em 
coluna; anteras patentes, oval-triangulares, ápice 
fortemente apiculado, rimosas longitudinalmente. 
Flores pistiladas, pedicelo 8,2-11 mm compr., 
filiforme, discretamente anguloso, pubescente; 
sépalas 6, bisseriadas; lobos externos 1 ,7- 1 ,8 mm 
compr., oblongo-elípticos, nervura central 
evidente; lobos internos 1, 1-1,5 mm compr., 
elípticos a trulados, discretamente venados; disco 
glandular 3-segmentado, segmentos unidos na 
base, orbiculares, ovário ca. 1 mm compr., oblato; 
estilete 3, livres, bilobados, apressos. Cápsula 3,9- 
4 mm compr., ca. 5 mm diâm., oblata, 
discretamente venulada, verde-escura. Sementes 
2, 3-2,5 mm compr., plano-convexas, fortemente 
unidas aos pares o que lhes confere um aspecto 
globoso, lisas, castanho-avermelhadas, 
maculadas. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Altinho, 10/1 V/02, bot., fl., 
fr„ M. J. Silva 189 (PEUFR); idem, 10/1 V/02, 
bot., fl. fr., M. J. Silva 190 (PEUFR); Bonito, 
21 /V/96, bot., fl.fr., Lira 178 (PEUFR); Brejo 
da madre de Deus, 15/111/96, fl. fr., Hora et 
ai. 90 (PEUFR); idem, 15/111/96, fl. fr., F. 
Lucena 132 (PEUFR); idem. 15/111/96, fl. fr.. 


M. Oliveira et al. 236 (PEUFR); Caruaru, 
05/XI/0 1 , veg., M. J. Silva 150 (PEUFR); 
Vicência, 26/VI1I/02, fl. fr„ M. J. Silva 198, 
199 (PEUFR). Material adicional 
examinado: BRASIL. ALAGOAS: São 
José da Lage, 26/11/02, fl. fr., M. Oliveira & 
A. A. Grilo 766 (UFP); idem, 27/11/02, fl. fr., 
M. Oliveira & A. A. Grilo 790 (UFP); 
BAHIA; São Gonçalo dos Campos, 10/11/83, 
fl., Pinto et al. 360/86 (HRBN). 

Espécie amplamente distribuída desde o 
norte do México até a Argentina, incluindo 
Antilhas (Webster, 1956). No Brasil é referida 
por Müeller (1873) para os estados de Minas 
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Mato 
Grosso e Distrito Federal, onde ocorre em 
florestas úmidas perenifólias. Na área de estudo 
é encontrada apenas nas florestas Montanas 
(Brejos de Altitude, 870-1.050 m de altitude) 
em trilhas, no interior da mata ou em suas 
bordas, em solos do grupo Latosssolo, em geral 
úmidos e ricos em serrapilheiras. 

Apresenta afinidades com Pliyllanthus 
sabglomeratus (Antilhas), com a qual 
compartilha o hábito arbustivo a arbóreo e o 
padrão de ramificação filantóide com ramos 
bipinatiformes e o cálice bisseriado. No entanto, 
diferencia-se por apresentar o disco glandular 
estaminado constituído por três segmentos 
livres, reniformes com superfície foveolada, as 
anteras apiculadas e as folhas ovais a oval- 
elípticas de ápice abruptamente acuminado, o 
que a torna facilmente reconhecível. Em P. 
sabglomeratus o disco estaminado é íntegro 
e cupuliforme, as anteras são emarginadas e 
as tolhas são elípticas de ápice agudo. Das 
espécies estudadas, distingui-se pela 
ramificação filantóide com ramos 
bipinatiformes, flores com cálice bisseriado e 
dispostas em címulas congestas, bem como 
pelas sementes plano-convexas destituídas de 
ornamentação e fortemente unidas aos pares, 
que lhe confere aspecto globoso. Floresce e 
frutifica em fevereiro, março e novembro. Ê 
conhecido popularmente como Chilillo e galina 
(Costa Rica) e Tinguí e mata - peixe (PE). 

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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga tio estado de 
Pernambuco - Brasil 


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Phyllanthus amarus Schumach. & Thonn., 
Kongel. Dasnke Vidensk.-Selsk. Skr. 4: 195- 
196. 1829. 

Fig. 1, n - v 

Erva a subarbusto 3,5-60 cm alt., ereta, 
anual, monóica, glabra. Caule cilíndrico, 
cinéreo-esverdeado a verde-avermelhado, 
esparso a densamente ramificado. Ramificação 
filantóide. Ramos 1,3-8, 5 cm compr., 
pinatiformes, decíduos, subcilíndricos, 
esverdeados. Catafilos 0,8-1 mm compr., 
largamente triangulares, acuminados, escariosos. 
Estipulas 0,9- 1 ,0 mm compr., oval-lanceoladas a 
lanceoladas, acuminadas, membranáceas, 
persistentes. Pecíolo 0,4-0,5mm compr., 
subcilíndrico. Lâmina 4,7-8.0x 2,6-4,0mm compr., 
membrandcea, oblonga a oblongo-obovada, base 
arredondada, simétrica, ápice obtuso a 
arredondado, margem inteira, discolor, face 
adaxial verde-escura, abaxial verde-glauca; 
venação broquidódroma. Címulas bissexuais, 
com uma flor estaminada e uma pistilada, 
dispostas ao longo dos ramos; brácteas ca.0,3 
mm compr., lineares. Flores estaminadas, 
pedicelo 0,5-0, 6 mm compr., cilíndrico, verde- 
claro; sépalas 5, com 0, 5-0,6 mm compr., 
oblongo-elípticas, ápice cuspidado, faixa central 
oblonga, esverdeada, margem esbranquiçada; 
disco glandular 5-segmentado, segmentos livres, 
globoso-sulcados, carnosos; estames 3, 
completamente unidos em coluna, anteras sésseis 
no topo da coluna, rimas oblíquas. Flores 
pistiladas, pedicelo 0.7- 1,2 mm compr., cilíndrico 
a anguloso; sépalas 5, com 0,7-0, 8 mm compr., 
oblongas, ápice cuspidado, faixa central oblonga, 
esverdeada, margem esbranquiçada; disco 
glandular profundamente 5-segmentado; ovário 
ca.0,4 mm compr., globoso; estiletes 3, livres, 
bífidos, suberetos a apressos, estigma levemente 
bilobado. Cápsula 1 - 1 ,3 mm compr., 1 ,7- 1 ,8 mm 
diâm, oblata. Sementes 0,9- 1 mm compr.. trígonas, 
castanho-claras, com estrias longitudinais 
semiconcêntricas e numerosas estrias 
transversais muito aproximadas. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Alagoinha, 09/IV/02, fl. 
fr„ M. J, Silva 172, 173, 174, 175, 176. 177 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2005 


(PEUFR); Betânia, 25/V1II/01, fl. fr., M. J. 
Silva 119, 120, 121, 124 (PEUFR); Caruaru, 
06/1/02, fl. fr., M. J. Silva 150, 151, 152, 153, 
154, 155, 156, 157 158, 159 (PEUFR); Custódia, 
12/X/02, fl. fr., M. J. Silva 233, 234, 235, 236 
237, 238, 239, 240 (PEUFR); Goiana, 20/XI/ 
02, fl. fr., M. J. Silva 268, 269, 270, 271, 272, 
273, 274 (PEUFR); Limoeiro, 2 l/IX/01, fl. fr., 
M. J. Silva 128 (PEUFR); Petrolina, 20/XI/83, 
Fl., fr, Fortius 3596 (IPA); idem, 06/1X/02, fl. 
fr., M. J. Silva 227, 228, 229, 230 (PEUFR); 
Recife, 05/ V 1 1 1/5 8 , fl. fr., A. Lima s/n 
(PEUFR); idem, 22/VIII/02, fl. fr., M. J. Silva 
215, 216 (PEUFR); Nazaré da Mata, 04/X/58, 
fl. fr., A. Lima s/n (PEUFR). Material 
adicional examinado: BRASIL. 

ALAGOAS: São José da Laje, 20/11/02, fl. 
fr., M. Oliveira & A. A. Grilo 771 (UFP). 
SERGIPE: Canindé do São Francisco, 26/V/ 
99, fl. fr.. Silva et ai. 403 (PEUFR, UFP). 
PIAUÍ: Teresina, 07/111/99, fl. fr., Filho 25 
(PEUFR); idem, 18/XII/99, fl. fr., Lopes 
Sobrinho et ai. s/n (PEUFR). 

Distribuição pantropical. Nas Américas 
ocorre desde os Estados Unidos até a 
Argentina, incluindo Antilhas. No Brasil é 
referido para Alagoas, Bahia, Pernambuco, 
Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina (Filho, 
2000; Smith & Dovvns, 1959; Aliem, 1977). 
Em Pernambuco é encontrada desde o litoral 
até o sertão, em geral associada a ambientes 
perturbados, ocorrendo em canteiros de jardins, 
margens de estradas e calçadas, além de ser 
invasora em áreas de cultivos. 

Apesar de P. amarus ter sido tratada 
como sinônimo de P niritri (Müeller, 1873), 
não apresenta tantas proximidades com esta 
espécie, embora compartilhem o mesmo hábito, 
forma de vida e padrão de ramificação. Mostra 
maiores afinidades com Phyllanthus 
ahnonnis Baill. (Antilhas), por ambas serem 
as únicas do gênero a apresentar címulas 
bissexuais constituídas por uma flor pistilada e 
uma flor estaminada e terem, em comum, o 
mesmo aspecto morfológico, hábito e forma 
de vida, diferindo apenas pelo número de 
sépalas estaminadas, quatro em P. abnonnis 





SciELO/ JBRJ 



110 


Silva. M. J. cí Sales, M. F. 


e cinco em P amarus e pelo comprimento do 
pedicelo (Webster, 1958). Pode ser reconhecida 
pelos lobos cuspidados do cálice em ambos os 
tipos de flores, pelas anteras oblíquas e 
sementes com estrias longitudinais 
semiconcêntricas e numerosas estrias 
transversais muito aproximadas. Floresce e 
frutifica durante todo ano. Em Pernambuco é 
conhecida popularmente como quebra-pedra 
e comumente utilizada na medicina popular, em 
geral no tratamento de patologias associadas 
ao sistema urinário e, ainda, como abortivo. 

Phyllanthus caroliniensis Walt. subsp. 
caroliniensis, Flora Caroliniana 228. 1788. 

Fig. 2, a - i 

Erva 10-15 cm alt., ereta, anual ou perene, 
monóica, glabra. Caule cilíndrico, ramificado 
desde a base. Ramificação não filantóide. Ramos 
3-5 cm compr., cilíndricos, arranjados 
disticamente, atingindo quase a mesma altura, o 
que confere a planta um aspecto pinatiforme, 
amarronzados a violáceos, presença de folhas 
desenvolvidas no caule principal. Catafilos 
ausentes. Estipulas 1-1,1 mm compr., persistentes, 
triangulares, acuminadas, levemente auriculadas 
na base, margem levemente denticulada, 
escariosas, róseas a vináceas. Pecíolo l-l,3mm 
compr., subcilíndrico. Lâmina 6-15 x 3-7mm., 
membranácea, elíptica a elíptico-oboval, base 
aguda a obtusa, ápice obtuso, margem inteira, 
levemente vinácea; venação broquidódroma. 
Címulas bissexuais na axila da folhas e dos ramos, 
com ( 1 ) - 2 flores estami nadas e 2 - ( 1 ) pistilada; 
bráctcas 0,5-0, 6 mm compr., triangulares, 
escariosas, margem levemente lacerada, róseas. 
Rores estaminadas, pedicelo 0,9- 1 .2 mm compr., 
cilíndrico; sépalas 6, com 0,8 - 1 x 0,5 - 0,6 mm 
compr., obovais a suborbiculares, raro largamente 
elípticas, ápice arredondado, nervura central 
evidente, branco-róseas ou amareladas; estames 
3, livres, anteras com rimas horizontais; disco 
glandular 6-segmentado, segmentos 
obtriangulares. Rores pistiladas. pedicelo 0,7-0,8 
mm compr., geniculado no fruto, recurvado, 
rígido; sépalas 6, com 0,9- 1 mm compr., oblongo- 
espatuladas, faixa central oblongo-espatulada, 


verdes a vináceas; disco glandular cupuliforme, 
margem levemente lobada; ovário ca. 0,3 mm 
compr., depresso-oval; estiletes 3, livres, bífidos, 
apressos, estigma subcapitado, cálice acrescente 
e estiletes persistentes no fruto. Cápsula ca. 1 
mm compr., 1,7- 1,9 mm diârn, depresso-oval, 
verde-avermelhada. Sementes 0,9-1 mm compr., 
trígonas, diminutamente verruculosas ao longo 
de fileiras longitudinais regulares, castanho-claras, 
brilhosas. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Caruaru, 25/VI1/01, fi. fr„ 
M.J. Silva 100, 101, 102, 108(PEUFR);idem, 
05/X/01, fl. fr„ M. J. Silva 142, 143, 148, 149 
(PEUFR); idem, 10/1V/02. fi. fr„ M. J. Silva 
185, 186, 187 (PEUFR); Petrolina, 04/III/83, 
fi. fr., Fortius 3367 (1PA); São Benedito do Sul, 
23/X 1/02, fi. fr., M. J. Silva 286 (PEUFR); São 
Lourenço da Mata, 30/XI/02, fi. fr., M. J. Silva 
289, 290, 291, 292, 302, 304, 305 (PEUFR). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
ALAGOAS: São José da Laje, 26/11/02, fi. 
fr., M. Oliveira & A. A. Grilo 779 (UFP). 

Amplamente distribuída nas Américas 
desde os Estados Unidos e América Central, 
incluindo Antilhas, até a Argentina, ocorrendo 
em diversos tipos vegetacionais (florestas 
perenifólias, semi-decíduas e decíduas). No 
Brasil é referida para as regiões Nordeste (AL, 
PE), Centro - Oeste (DF), Sudeste (SP) e Sul 
(RS, SC). Na área de estudo ocorre tanto em 
áreas de caatingas devastadas, em locais 
úmidos à sombra de arbustos, como nas 
florestas Montanas, onde cresce como 
invasora de culturas ou nas margens de 
estradas c canteiros de jardins, ou ainda 
próximo às margens de rios. 

Webster (1970) reconhece para esta 
espécie três subespécies: P. caroliniensis 
subsp. caroliniensis, P. caroliniensis subsp. 
s axicola e P. caroliniensis subsp. 
stenopterus., baseado principalmente na 
densidade de ramificação do caule, na forma 
dos ramos e do limbo foliar e na presença de 
indumento. Na área de estudos todos os 
indivíduos analisados pertencem a P. 
caroliniensis subsp. caroliniensis. 

Rmlríguésia 54 (84): 101-126. 2003 





ISciELO/JBRJ 



cm .. 


O género Phyllanthus L. (Phyllantheae ■ Euphorbiaceae Jitss.) no bioma Caatinga cio estado de 

Pernambuco - Brasil 1 1 1 



Figura 2: a - i: Phyllanthus caroliniensis Walt. subsp. caroliniensis. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor 
estaminada; e. sépala, flor estaminada; f. flor pistilada: g. sépala. face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; h. 
disco glandular pistilado, aspecto; i. aspecto geral da semente, j - r: P. claussenii Miill. Arg. j. aspecto geral do ramo 
florido; k. lâmina foliar; I. flor estaminada; m. sépala, face central evidenciando a faixa central, flor estaminada; n. flor 
pistilada; o. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; p. disco glandular pistilado. aspecto; q. fruto; 
r. semente face dorsi-ventral. (Escalas: a, j = 2 cm; b, k = 2 mm; c, d.e, f. g, 1. m, n, o, p, r = 0,5 mm; h, i, q = 1 mm) 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2005 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


112 


Silva, M. J. & Sales, M. F. 


Phyllanthus caroliniensis foi 
posicionada por Webster ( 1 956) no subgênero 
Isocladus, seção Loxopodimn, a qual reúne 
espécies caracterizadas principalmente pelas 
folhas e ramos dísticos, flores produzidas tanto 
nas axilas das folhas quanto na inserção dos 
ramos, ausência de catafilos e flores pistiladas 
com pedicelo geniculado no estágio de 
frutificação. É facilmente reconhecido pelos 
ramos sempre dísticos conferindo a planta um 
aspecto pinatiforme, pelo pedicelo pistilado 
geniculado no estágio de frutificação e ainda 
por apresentar os lacínios do cálice em número 
de seis (num único verticilo) nas flores de 
ambos os sexos. Apresenta maiores afinidades 
com P. heteradenius por ambas terem em 
comum a produção de flores tanto nas axilas 
das folhas quanto na inserção dos ramos, o 
mesmo número de estames (3), e o padrão de 
ramificação não filantóide, embora difiram 
fortemente quanto ao modo de distribuição dos 
ramos, aspecto do disco estaminado e pistilado, 
quanto à forma, número e consistência das 
sépalas pistiladas e aspecto do pedicelo 
pistilado. Floresce e frutifica em março, julho, 
novembro e dezembro. 

Phyllanthus claussenii Midi. Arg., Linnaea 
32:40.1863. 

Fig. 2, j - r 

Arbusto ca. 1 m alt., ereto, monóico. 
Caule cilíndrico, densamente ramificado, 
marrom-avermelhado, com fissuras. 
Ramificação não filantóide. Ramos patentes a 
subpatentes, cilíndricos, marrom- 
avermelhados, discretamente fissurados, 
glabros. Catafilos ausentes. Estipulas ca. 1,1 
mm compr., triangulares, ápice acuminado, 
margens inteiras, escariosas; pecíolo 1,0-1, 3 
mm compr., cilíndrico, glabro, esverdeado. 
Lâmina 0,8-1 x 0,7-1 cm compr., 
membranácea, largamente elíptica a orbicular, 
base obtusa, ápice obtuso a arredondado, 
margem inteira, discolor, face adaxial verde- 
escura, abaxial verde-cinérea; venação 
broquidódroma. Címulas bissexuais, 
constituídas de uma flor pistilada com pedicelo 


filiforme, circundada por duas címulas 
estaminadas com 2-3 flores cada; brácteas ca. 
de lmm compr., lineares, escariosas. Flores 
estaminadas, pedicelo 1 ,2-1,6 mm compr., 
filiforme, creme; sépalas 6, ca. 1,1 mm compr., 
elípticas, ápice agudo, nervura central evidente; 
disco glandular, 6-segmentado, segmentos 
obtriangulares com superfície verruculosa; 
estames 3, livres, anteras com tecas 
divergentes, rimas horizontais. Flores pistiladas, 
pedicelo 0,7- 1 ,2 cm compr.; sépalas 6, com 0,8- 
1 ,2 mm compr., elíptico-ovais, ápice agudo a 
obtuso, faixa central estreitamente triangular 
a elíptica; disco glandular, pate li forme, delgado, 
margem discretamente lobada; ovário ca. 1 mm 
compr., depresso-globoso, visivelmente 3- 
sulcado; estiletes 3, livres, profundamente 
bífidos, ramos patentes, estigmas puntiformes. 
Cápsula 1- 1,2 mm compr., 1, 9-2,1 mmdiâm, 
oblata, verde-clara, glabra. Sementes 1,1 -1,2 
mm compr., trígonas, irregular e esparsamente 
verruculosas, castanho-claras a escuras. 

Distribuição exclusivamente brasileira, 
sendo referida por Webster (2002) para as 
regiões Nordeste (CE e PE) e Sudeste (SP, 
MG e ES), com ocorrência nos domínios do 
cerrado e da caatinga, em altitudes que variam 
de 500 a 1.100 m, em matas ou bosques 
abertos. Na área de estudo é encontrada na 
subzona do Sertão, em vegetação de Caatinga. 

Caracteriza-se por ser um arbusto 
densamente ramificado com ramificação não 
filantóide, pelos três estames, livres, com tecas 
divergentes, flores estaminadas e pistiladas 
com seis sépalas, e disco glandular estaminado 
com seis segmentos obtriangulares. Apresenta 
maiores afinidades com P. subemarginatits 
por ambas compartilharem o mesmo aspecto 
vegetativo, forma de folha, tipo de 
infiorescência, número de estames e deiscência 
das anteras, embora P. subemarginatus difira 
pelo número de sépalas (5) em ambas as flores 
e pela diocia. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Arcoverde, 08/V/56, fl. fr„ 
Andrade-Lima 56-2560 (IPA); Santa 
Terezinha, 20/03/01, fl. fr„ A. P. S. Gomes 722 

Rudriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 





■SciELO/JBRJ 



O gênero Phyllanihus L. (Pliyllantheae - Euphorbiaceue Jtiss.) no bioma Caatinga cio estado de 
Pernambuco - Brasil 


1 13 


(PEUFR); São José do Belmonte, 09/ IV/02, 
fl. fr., A. Laurênio 1823 (PEUFR); idem, 13/ 
V/71, fl. fr., E. P. Heringer et. al. 738 (IPA). 

Phyllanthus heteradenius Müll. Arg., Fl. 
bras. 11(2): 63. 1873. 

Fig. 3, a- j 

Erva 8.5- 1 5,5 cm alt., anual, ereta, monóica, 
glabra. Caule esparso a densamente ramificado. 
Ramificação não filantóide. Ramos 3-7,5 mm 
compr., persistentes, com flores de um só sexo, 
verde-vináceos. Catafilos ausentes. Folhas 
desenvolvidas ao longo do caule principal; 
estipulas 0,8-1 mm compr., ovais, acuminadas, 
margem levemente lacerada, avermelhadas; 
pecíolo 0,6- 1 . 1 mm compr., subcilíndrico, verde 
a vináceo; lâmina 4- 1 1 x 3-6 mm, membranácea, 
largamcnte elíptica a orbicular, base aguda a 
obtusa, ápice agudo a arredondado, margem 
inteira, levemente vinácea na parte apical, discolor, 
face adaxial verde-escuro, abaxial verde-glauca; 
venação broqttidódroma. Címulas estaminadas 
2-4 flores; brácteas 0,7-1 mm compr., 
triangulares, escariosas, vináceas. Flores 
estaminadas, pedicelo 0, 6-0,7 mm compr., 
anguloso; sépalas 5, com 1-1,1 mm compr., 
obovais, ápice cuspidado, faixa central elíptica- 
oboval; disco glandular 5-segmentado, segmentos 
livres, elípticos, achatados, ápice caudado; 
estames 3, livres, anteras com tecas divergentes, 
rimas horizontais. Flores pistiladas, solitárias, 
dispostas ao longo dos ramos; pedicelo 1 ,4-2 mm 
compr.; sépalas 5, com 0,9-1 mm compr., 
obtruladas a obovais, fortemente venadas, 
foliáceas, verde-escuras; disco glandular 5- 
segmentado, segmentos largamente ovais, 
adnados na base; ovário 0, 4-0,5 mm diâm.. oblato; 
estiletes 3, livres, bífidos, patentes a ascendentes, 
com ramos encurvados um em direção ao outro; 
estigma capitado. Cápsula 2, 1-2,4 mm diâm, 
depresso-ovóide, cálice acrescente e estiletes 
persistentes. Sementes 1-1,1 mm compr.. trígonas, 
levemente côncavas no dorso, com margens 
ligeiramente quilhadas, ornadas com 6-7 linhas 
longitudinais minutamente verruculosas, 
castanho-escuras. 


Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Afrânio, 19/IV/71, fl. fr., E. 
P. Heringere/íí/.. 155 (IPA); idem, 24/IV/71, fl. 
fr., E. P Heringer et. al. 333 (IPA); Alagoinha, 
09/ IV/02, fl. fr, Silva, M. J, 165, 166, 167, 168, 
169, 170, 171 (PEUFR); Betânia,25/VIII/01,fl. 
fr., Silva, M.J. 116, 117, 118, 122, 123, 126, 127 
(PEUFR); Petrolina, 2 1/03/74, fl. fr., Fortius 3803 
(IPA); Serra Talhada, 05/11/98, fl., A. Laurênio, 
Andrade & Sacramento 735 (PEUFR). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
ALAGOAS: Piranhas, 12/VIII/99, fl. fr., Silva 
& Moura 817 (PEUFR, UFP). SERGIPE: 
Canindé do São Francisco, 03/VII1/1999, fl. fr., 
Silva & Moura 779 (PEUFR, UFP); idem, 08/ 
VI/99 fl. fr., Silva & Sales 481 (PEUFR, UFP). 

Exclusiva do Brasil (Nordeste), em 
vegetação de Caatinga hiperxerófila e cerrado 
nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, 
Paraíba e Sergipe (Wesbter, 2002). Em 
Pernambuco, foi encontrada na subzona do 
Sertão, em vegetação de caatinga, na sombra 
de arbustos ou arvoretas, em geral em solos 
arenosos. 

Apresenta afinidades com Phyllanthus 
atalaiensis Webster, no entanto difere do 
mesmo por apresentar folhas glabras, disco 
glandular estaminado com seguimentos 
elípticos, achatados e de ápice caudado, além 
das estipulas aglandulares e de margem 
levemente laceradas. Distingui-se das demais 
espécies estudadas por apresentar flores 
pistiladas e estaminadas em ramos distintos 
(nunca os dois tipos florais no mesmo ramo), 
pelas flores pistiladas com sépalas foliáceas, 
fortemente venadas e verde-escuras, além das 
sementes verruculosas com dorso côncavo e 
margens ligeiramente quilhadas. Floresce e 
frutifica em fevereiro, abril, maio e agosto. 

Phyllanthus jacobinensis Müll. Arg., Linnaea 
32:6. 1863. 

Fig. 3, k - 1 

Arbusto 1-1,20 m alt., ereto, monóico, 
densamente ramificado. Ramificação não 
filantóide. Ramos patentes a subpatentes, 
cilíndricos, cinéreo-avermelhados a 


Kodrigufsia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 




cm .. 



114 


Silva, M. J. t& Sales, A/. F. 



Figura 3: a— j: Pliyllantluis heteracleniiis Müll. Arg. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. florestaminada; e. sépala, 
face ventral evidenciando a faixa central, flor estaminada; f. flor pistilada; g. sépala, face vcntral evidenciando a venação. 
flor pistilada; h. disco glandular pistilado. aspecto; i.. fruto; j. semente aspecto dorsi-ventral. k-t:/’. jacobinensis Müll. 
Arg. k. aspecto geral do ramo; I. lâmina foliar; m. estipula; n. flor estaminada; o. sépala, face ventral evidenciado a faixa 
central, florestaminada; p. flor pistilada; q. sépala, flor pistilada; r. disco glandular pistilado, aspecto; s. fruto; t. semente, 
aspecto geral. (Escala: a, k = 2 cm: b, I = 4 mm; c, d, f, g, h. i, j, p, r, t = 1 mm; e, m. o, q = 0,5 mm; n, s = 2 mm) 


Rodríguisia 54 (84): 101-126. 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de 
Pernambuco - Brasil 


115 


amarronzados com fissuras, papilosos nas 
partes jovens. Catafilos ausentes. Estipulas 1,2- 
l,4mm compr., triangulares, ápice acuminado, 
levemente deflexas, margens laceradas, 
escariosas, Pecíolo 1,2- 1,3 mm compr., 
subcilíndrico, papilosos. Lâmina 1, 1-4,2 x 1,1- 
2,3 cm, membranácea, oval a oval-elíptica, 
base arredondada a oblíqua, ápice agudo a 
arredondado, margem inteira, concolor; 
venação broquidódroma. Címulas bissexuais 
constituídas de uma flor pistilada e 1-3 flores 
estaminadas; brácteas 1-1,1 mm compr., tri- 
angulares, margem lacerada. Flores 
estaminadas, pedicelo 0,4- 1,2 cm compr., 
Filiforme, creme; sépalas 5, ca. 1,1 mm compr., 
largamente elípticas a obovais, ápice 
arredondado, faixa central da mesma forma 
das sépalas; disco glandular amplamente or- 
bicular; estames 5, unidos em coluna, anteras 
com rimas horizontais. Flores pistiladas, 
visivelmente articuladas, pedicelo 3-4,1 cm 
compr., filiforme, esverdeado, atingindo 4,6 cm 
compr. no estádio de frutificação; sépalas 5, 
com 1-1,1 mm compr., ovais, ápice 
arredondado, faixa central oval-elíptica; disco 
glandular anular; ovário ca. lmm compr., 
depresso-globoso; estiletes 3, livres, 
profundamente bipartidos, ramos subpatentes, 
estigmas capitados. Cápsula 4,5-5 mm compr., 
5,8-6 mm diâm., carnosa. Sementes 2, 1-2,3 mm 
compr., reniformes, irregularmente foveoladas, 
castanho-claras. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Caruaru, 30/X/99, fl. fr., 
M. J. Silva 36, 38, 41 (PEUFR); idem, 25/VII/ 
01, fl.fr., M.J. Silva 105, 107 (PEUFR); idem, 
10/ VI 1/80, fl., fr., A. Lima et al. 02 (IPA); 
Limoeiro, 21/IX/01, fr., M. J. Silva 129 
(PEUFR); São bento do Una, 14/ VII/80, fl. 
fr., A. Lima et al.. 2 (IPA). 

Referida apenas para o Brasil (MG e BA) 
por Müeller ( 1 873), e registrada pela primeira 
vez para Pernambuco neste trabalho. Em 
Pernambuco foi coletada em vegetação de 
caatinga nos municípios de Caruaru e Limoeiro; 
no primeiro cresce próximo a rochas em solos 
areno-pedregosos, com serrapilheiras e 

Rodriguésiu 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 


úmidos; no segundo ocorre em áreas de serras, 
em solos areno-argilosos, sobre a sombra de 
arvoretas. 

Caracteriza-se, principalmente, por ter 
hábito arbustivo, flores estaminadas com 5 
estames unidos em coluna e disco glandular 
amplamente orbicular, flores pistiladas com 
estiletes profundamente bipartidos, além de 
sementes reniformes e foveoladas. Pode 
apresentar caducifolia durante o período de 
estiagem na Caatinga. Floresce e frutifica em 
julho, outubro e novembro. 

Phyllanthus klotzschianus Müll. Arg., 
Linnaea 32: 53. 1863 

Fig. 4, a - i 

Subarbusto ca. 80cm alt., ereto, monóico, 
glabro. Caule cilíndrico, cinéreo, densamente 
fissurado. Catafilos 1-2 mrrí compr., 
largamente triangulares, coriáceos, ápice 
agudo, dispostos na inserção dos cladódios. 
Ramificação filantóide. Ramos bipinatiformes, 
modificados em cladódios. Cladódios, 4,5-14,1 
x 0,3-0,7 cm, estreitamente lanceolados a 
lineares, laminares, base atenuada, ápice 
obtuso, coriáceos, verde-escuros. Címulas 
estaminadas 1-2 flores, sésseis; sépalas 5, com 
1,2-2 mm compr., oblongo-obovais, 
discretamente venadas; disco glandular 5- 
segmentado, segmentos pateliformes; estames 
3, unidos em coluna; anteras com tecas 
assimétricas, rimas verticais a oblíquas. Flores 
pistiladas, solitárias, sésseis; sépalas 5, com 2,9- 
3, 1 mm compr., oblongo-obovais a largamente 
obovais, discretamente venadas; disco 
glandular cupuliforme, margem levemente 
lobada; ovário ca. 1 mm compr., depresso-oval 
a oblato; estiletes 3, livres, eretos, 
profundamente bífidos, estigma obtuso. 
Cápsula ca. 2,8 mm compr., 3,8-4, 1 mm diâm., 
oblata, vinácea. Sementes 2-2,2 mm compr., 
trígonas, discretamente reticuladas, castanho- 
escuras. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Afrânio, 24/1 V/7 1 , fl. fr, 
Heringer et al. s/n (IPA); Buíque, 07/X/60, fl. 
fr, Fortius 3803 (IPA); idem, 07/IX/60, fl., A. 





SciELO/JBRJ 



cm .. 




Figura 4: a - i: Phyllanthus klotzschianus Müll. Arg. a. aspecto geral do ramo florido; b. detalhe do cladódio evidenciando 
a disposição das flores; c. flor estaminada; d. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor estaminada; e. flor 
pistilada; f. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; g. disco glandular pistilado; h. fruto; i. aspecto 
geral da semente, j - s: P. minutulus Müll. Arg. j. hábito; k. lâmina foliar; I. estipula; m. flor estaminada; n. sépala, face 
ventral evidenciando a faixa central, flor estaminada; o. flor pistilada; p. sépala. face ventral evidenciando a faixa central, 
flor pistilada; q. disco glandular pistilado, aspecto; r. fruto; s. semente, aspecto dorsi-ventral. (Escala: a.j j = 2 cm: b, e, h, 
k = 2 mm; c. d, g, i, q, r, s = 1 mm; f, m, n, o = 0,5 mm; I = 0,25 mm; p = 0,4 mm) 


Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 



SciELO/ JBRJ 


13 14 





O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de 
Pernambuco - Brasil 


117 


Lima.60-3523 (PEUFR); idem, 18/X/84, fl.. 
Rodai 3 15 (PEUFR); idem, 08/V/95, fl. Gomes, 
A. P. S. Laurênio, A. & Tschá 314 (PEUFR); 
idem, 19/X/94, fl., Travassos 225 (PEUFR); 
idem, 19/X/94, fl. fr., Lucena 07 (PEUFR); 
Garanhuns, 26/1/77, fl., I. Pontual. 77 
(PEUFR). Material adicional examinado: 
BRASIL. BAHIA: Miguel Calmon, 13/VII/ 
91, Miranda & Esteves 294 (PEUFR); idem, 
Lamarão do Passé, 10A'II/94, fl. fr., Guedes 
3374 (PEUFR); idem. Rio de Contas, 21/X/ 
97, fl. fr.. M. Alves et ai. 1336 (PEUFR). 

Distribuição exclusiva no Brasil, sendo 
referida para Bahia, Espírito Santo, Distrito 
Federal e Pernambuco (Müeller, 1873; 
Cordeiro, 1992). Ocorre nos campos rupestres 
da Cadeira do Espinhaço, em Minas Gerais e 
na Chapada Diamantina, Bahia, e em restingas 
no litoral da Bahia e do Espírito Santo (Cordeiro, 
1992) e no Cerrado no Distrito Federal 
(Almeida et ai, 1998). 

Na área de estudo é encontrada nos 
municípios de Buíque, Garanhuns e Afrânio; 
no primeiro, vegeta no complexo Caatinga- 
Campo, formado por uma vegetação 
perenifólia nos chapadões arenitícos, 
crescendo em solos arenosos, branco ou 
violáceos, e ainda entre fendas de rochas; já 
no segundo, é referido para o morro do 
Mongano (ca. 1 . 1 00 m) e em Afrânio, em áreas 
arenosas. 

Phyllanthus klotzschianus foi 
posicionado por Müeller (1873) em P. sect. 
Xyllophylla (L.) Baill. Posteriormente, 
Santiago (1988) fundamentando-se nas 
distinções existentes no padrão de 
ornamentação da exina dos grãos de pólen das 
espécies brasileiras e antilhanas, transferiu para 
P. sect. Choretropsis todas as espécies 
brasileiras do gênero que apresentam 
cladódios, e propôs para a mesma duas 
subseções: P sect. Choretropsis subsect. 
Choretropsis , caracterizada pelos cladódios 
subcilíndricos e P. sect. Choretropsis subsect. 
Applanata Santiago, pelos cladódios laminares, 
na qual está incluído P klotzschianus. Müeller 
(1873) estabeleceu nove variedades para a 

Rodrigues ia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 


espécie, de difícil distinção, baseado na largura 
e tamanho dos cladódios, as quais não foram 
aceitas no trabalho aqui apresentado. 

P. klotzschianus é reconhecido pelo 
caule com ramos secundários modificados em 
cladódios laminares, em cujas margens estão 
dispostas flores sésseis solitárias ou em címulas 
unissexuais. Apresenta semelhança vegetativa 
com P. angustissimus Müll. Arg, espécie 
comum em Minas Gerais, diferindo da mesma 
pelas suas flores sésseis, tecas assimétricas e 
ramos dos estiletes eretos, uma vez que em P 
angustissimus as flores são visivelmente 
pediceladas, as tecas são simétricas e os ramos 
dos estiletes são reflexos. Floresce e frutifica 
em janeiro, abril, setembro e outubro. 

Phyllanthus minutulus Müll. Arg. in Mart., 
Fl. bras. 11 (2): 54. 1874. 

Fig. 4, j - s 

Erva 5- 10.5 cm alt., monóica, ereta, anual, 
glabra. Caule cilíndrico, vináceo. Ramificação 
filantóide. Ramos decíduos, 1, 1-2,1 cmcompr., 
pinatiformes, cilíndricos, verde a vináceos. 
Estipulas 0, 5-0,8 mm compr., lanceoladas, 
uninérveas, persistentes, escariosas, vináceas. 
Catafilos ca. 0,6 mm compr., Ianceolados, 
acuminados, rígidos, vináceos. Pecíolo 0,3-0, 4 
mm compr., cilíndrico, vináceo. Lâmina 2,6- 
5,1 x 1,4-2 mm compr., subcartácea, oval a 
oval-elíptica, oval-oblonga, base arredondada, 
ápice obtuso, apiculado, margem inteira, 
levemente vinácea, discolor, face adaxial 
verde-escura, abaxial verde-cinérea, vinácea 
na porção apical; venação broquidodróma. 
Címulas unissexuais estaminadas, 
racemiformes, com 2-3 flores cada, dispostas 
ao longo dos ramos desde a base até mais da 
metade do seu comprimento; brácteas 
estaminadas numerosas, imbricativas, 0,5- 
0,8mm compr., estreitamente triangulares, 
adensadas, róseas. Flores estaminadas, 
pedicelo ca.0,4 mm compr., subcilíndrico; 
sépalas 5, ca.0,3 mm compr., obovais, ápice 
arredondado, levemente mucronulado, 
carenadas dorsalmente, nervura central 
evidente, amareladas; disco glandular 5- 



SciELO/ JBRJ 


13 14 




cm .. 


1 18 Silva. M. J. & Sales, M. F. 


segmentado; segmentos glandular-estipitados; 
estames 2, unidos em coluna, anteras sésseis 
no topo da coluna, rimas horizontais. Flores 
pistiladas, axilares, solitárias, na porção distai 
dos ramos; brácteas 0,7-0, 8 mm compr., 
triangulares, hialinas; pcdicelo 1-1,1 mm compr., 
cilíndrico; sépalas 5, com 1 ,2- 1 ,4 mm compr., 
obovais, discretamente venadas; disco 
glandular cupuliforme; ovário ca. 4mm compr., 
depresso-oval; estiletes 3, livres, bífidos, 
ascendente; estigma levemente bilobado. 
Cápsula ca. 1 mm compr. e l,8mmdiâm, oblata, 
sépalas e estiletes persistentes. Sementes 0,9- 
1 mm compr., trígonas com estrias transversais 
arranjadas em fileiras longitudinais regulares, 
castanho-escuras. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Bonito, Ol/VIlI/Ol, 0. fr., 
M. J. Silva 112 113, 114, 115(PEUFR). 

É referida apenas para o Brasil, estando 
amplamente distribuída desde a região Norte 
(AM, AP, PA), e Centro-Oeste (GO) até 
Sudeste e Sul (MG, SC) (Cordeiro, 1992; 
Almeida et ai, 1998) e registrada pela primeira 
vez na região Nordeste (PE), aqui neste 
trabalho. Na área de estudo foi encontrada 
apenas no município de Bonito, na floresta 
Ombróílla Montana (880 m alt.), conhecida 
como Mata do Estado. Cresce sobre pequenos 
afloramentos rochosos, revestidos por 
mosaicos de musgos, formando grande 
população. 

É caracterizada por ser uma planta de 
pequeno porte, com indivíduos variando de 5- 
10,5cm de altura, partes vegetativas, em geral, 
fortemente vináceas, pelas flores estaminadas 
em címulas racemiformes, dispostas da base 
até mais da metade do comprimento dos ramos 
e pelas sementes com estrias transversais 
dispostas regularmente de forma longitudinal. 
São ainda caracteres para o seu fácil 
reconhecimento, as flores com 2 estames 
unidos e os ramos secundários curtos ( 1 , 1 -2, 1 
cm). Difere das demais espécies estudadas 
pela preferência ambiental e tamanho diminuto 
de suas estruturas vegetativas e reprodutivas, 
embora compartilhe com Phyllanthus amarus , 


P. niruri, P tenellus e P. stipiilatus o mesmo 
padrão filantóide de ramificação. É provável 
que Floresce e frutifica todo ano. 

Phyllanthus niruri L., Sp. pl. 2: 98 1 -982. 1753. 

Fig. 5, a - j 

Erva 12-40 cm alt., ereta, anual, monóica, 
glabra. Caule cilíndrico, esverdeado, densa a 
esparsamente ramificado, com fissuras 
próximas a base. Ramificação filantóide. 
Ramos decíduos, 3,5-9,5 cm compr., cilíndricos, 
esverdeados a vináceos; Catafilos 1-1,2 mm 
compr., linear-lanceolados, acuminados, verde 
a vináceos, membranáceos a escariosos. 
Estipulas 1,2- 1,9 mm compr., persistentes, 
linear-lanceoladas a lineares, verde a vináceas. 
Pecíolo 0,3-0, 4 mm compr., cilíndrico, verde- 
glauco a vináceos. Lâmina 5,0-7,5 x 2, 5-3, 8 
mm, membranácea, oblonga a oblongo-elíptica, 
base levemente cordada, assimétrica, ápice 
obtuso a arredondado, margem inteira, 
levemente vinácea, discolor, face adaxial verde- 
escura, abaxial verde-glauca. Címulas 
estaminadas com 2-3 flores dispostas da base 
até mais da metade dos ramos; brácteas 0,5- 
0,6 mm compr., lineares, hialinas. Flores 
estaminadas, pedicelo 1,9-2, 5 mm compr.; 
sépalas 5, com 1,2- 1,4 x 0,8-1 mm compr., 
obovais, côncavas, nervura central evidente, 
ápice arredondado; disco glandular 5- 
segmentado, segmentos trapezoidais de 
margens verrueulosas; estames 3, quase 
totalmente unidos em coluna, anteras com 
rimas horizontais. Flores pistiladas, solitárias, 
dispostas na porção distai dos ramos; brácteas 
0,7-0,8 mm compr., lineares, hialinas; pedicelo 
2,8-3, 1 mm compr., anguloso, esverdeado; 
sépalas 5, com 1,7-2 mm compr., largamente 
elípticas a obovais, côncavas, venadas, ápice 
arredondado; disco glandular anular a 
cupuliforme, margem levemente ondulada, 
carnoso; ovário 0,4-1 mm compr., oblato a 
depresso - oval; estiletes 3, livres, bífidos, 
ascendentes, estigma capitado. Cápsula 1,2- 
1,3 mm compr. e ca.2-2,1 mm diâm., oblata, 
lisa, levemente ventilada, sépalas acrescentes 
e estiletes persistentes. Sementes 1-1,1 mm 

Rodriguésia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 




cm .. 


O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Jnss.) no bioma Caatinga do estado de 

Pernambuco - Brasil 1 1 9 



Figura 5: a - j: Pltyllanilius niruri L. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor estaminada; e. sépala, face ventral 
evidenciando a faixa central, flor estaminada; f. flor pistilada; g. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor 
pislilada; h. disco glandular pistilado, aspecto; i. fruto; j. semente, aspecto dorsi-ventral; k - 1: P. stipulatus (Raf.) Webster, 
k. hábito; 1. lâmina foliar; m. estipula; n. flor estaminada; o. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor 
estaminada; p. flor pistilada; q. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor pistilada; r. disco glandular pistilado, 
aspecto; s. fruto; t. semente, face dorsi-ventral. (Escala: a, k = 2 cm; b, 1, s, t = 2 mm; c, m, n, o, p, q, r = 0,5 mm; d, e, f, 
g, h, i,j = 1 mm) 


Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 



120 

compr., trígonas, densamente verruculosas ao 
longo de linhas longitudinais, castanho-claras. 
Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Bonito, 06/111/99, fl. fr., E. 
A. Santos 07 (PEUFR); idem, Ol/VlII/Ol, fl. 
fr., Silva, M. J. 109 (PEUFR); Brejo da Madre 
de Deus, 05/11/99, fl. fr., L. Krause & A. Liebig 
1 12 (PEUFR); Caruaru, 25/VII/01 , fl. fr.. Silva, 
M.J. 103, 104, 106 (PEUFR); idem, 10/1 V/02, 
fl. fr.. Silva, M. J. 182, 183, 184 (PEUFR); 
Limoeiro, 21/IX/01, fl. fr.. Silva, M. J. 127 
(PEUFR); Ouricuri, 04/V/71, fl., Heringer et 
ai. 480 (PEUFR); Fernando de Noronha, 03/ 
V 1/1993, fl. fr., Miranda et ai. 985 (PEUFR); 
idem, 02/VI/1993, fl. fr., Miranda et ai. 930 
(PEUFR); idem, 01/VI/I983, fl. fr., Miranda 
et ai. 840 (PEUFR); Recife, 07/VIII/99, fl. 
fr., Paiva 34 (PEUFR); idem, 26/VI1I/02, fl. 
fr., M. J. Silva 191, 195, 196, 200 (PEUFR); 
Carnaubeira, 17/V/71 Heringer et. al. 805 
(PEUFR); Igarassu, 06/VI/98, 0. fr., Lucena 
523 (PEUFR); idem, 16/X/02, 0. fr., Silva, M. 
J. 241, 242, 244, 245, 246, 247 (PEUFR). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
ALAGOAS: Piranhas, 07/VI/99, fl., Silva & 
Sales 466 (PEUFR, UFP); idem, 27/V1/99, fl.. 
Silva & Moura 676 (PEUFR, UFP); São José 
Laje, 26/11/02, 11. fr., M. Oliveira & A. A. Grilo 
766 (UFP). PIAUÍ: Teresina, 31/V/99, fl. fr., 
Soares Filho 05 (PEUFR); idem, 25/VII/99, fl. 
fr., Soares Filho 30 (PEUFR). 

Distribuição exclusiva nas Américas, desde 
o Sul do Texas até o Norte da Argentina, incluindo 
Antilhas (Webster, 1970). No Brasil ocorre nas 
regiões Nordeste (CE, BA, AL, PI, PE, SE e 
MA), Sudeste (SP e RJ), Sul (RG e SC) e Centro 
Oeste (DF), (Cordeiro, 1 992; Smith et ai 1 988; 
Ulysséa & Amaral, 1997) em áreas abertas de 
diferentes tipos vegetacionais como Caatinga, 
Campo, Cerrado, Restinga e Mata Atlântica. É 
comum ser encontrada em campos cultivados, 
clareiras de matas, margens de estradas, terrenos 
baldios e áreas antropizadas. Em Pernambuco é 
amplamente distribuída desde as zonas do Litoral 
e Mata até a das Caatingas, em bordas de mata 
da floresta Atlântica e da Caatinga. Cresce em 
locais úmidos e sombreados de áreas cultivadas. 


Silva, M. J. & Sales/M. F. 

pastos e próximo a habitações, em solos arenosos 
ou areno-argilosos. 

Müeller (1866; 1873) reconheceu seis 
variedades para a mesma, das quais 
Phyl/anthus niritri var. genuinus é atualmente 
um dos sinônimos de P. amaras. Lourteig & 
O Donell (1942) se equivocou ao descrever 
suas sementes como sendo estriadas 
transversalmente, característica esta 
pertencente a P. amaras. 

E uma das espécies mais complexas do 
género por apresentar frequentes casos de 
segregações interpopulacionais, acarretando 
visíveis variações morfológicas perceptíveis no 
nível da integridade dos filetes (livres ou unidos), 
aspecto das glândulas estaminadas e forma das 
sépalas, conforme Webster ( 1 956) e verificado 
nesteestudo. Apresenta maiores afinidades com 
Phyllanthus stipulatas (Raf.) Webster, embora 
tenha sido confundida na literatura com P. 
amaras Schumach. & Thonn. Porém, distingui- 
se da primeira pelas suas folhas com base 
assimétrica e cordada, pelos estames quase 
totalmente unidos e sementes densamente 
verruculosas, além dos estiletes bífidos, o que 
torna fácil seu reconhecimento. Já em 
Phyllanthus stipulatas (Raf.) Webster as folhas 
têm base simétrica, aguda a obtusa, estames 
completamente unidos e semente estriadas. 
Diferencia-se de Phyllanthus amaras por esta 
ser a única do gênero a apresentar címulas 
bissexuais compostas por uma flor pistilada e uma 
estaminada e ainda possuir sépalas de ápice 
abruptamente agudo. Floresce e frutifica todo 
ano, e é reconhecida popularmente como Quebra- 
pedra (PE, PI, BA, AL, SE, SC, RS, DFe SC)e 
Chanca - piedra (Peru). 

Phyllanthus stipulatus (Raf.) Webster, Contr. 
Gray. Hcrb. 176: 53. 1955. 

Moeroris stipulata Raf., Sylva Tellur. 91.1 838. 
Fig. 5, k - 1 

Erva 30-45 cm alt., ereta, anual, monóica, 
glabra. Caule cilíndrico a subcilíndrico, 
esparsamente ramificado, verde a verde- 
avermelhado, com parênquima aerífero na 
porção basal, em indivíduos de locais alagados. 

Rodriguisia 54 ( 84 ): 101 - 126 . 2003 



SciELO/JBRJ 


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O gênero Phyllanthus L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Jttss.) no bioma Caatinga tio estado de 
Pernambuco - Brasil 


121 


Ramificação filantóide. Ramos decíduos, 2,6- 
7,5 cm compr., pinatiformes, cilíndricos, verde 
a vináceos. Catafilos 0,9-2, 2 mm compr., 
largamente triangulares, acuminados, 
membranáceos a escariosos. Estipulas 0,9-1 ,2 
mm compr., lanceoladas, persistentes, 
acuminadas, verde-claro a vináceas, 
membranáceas. Pecíolo 0,5-0, 8 mm compr., 
cilíndrico. Lâmina 7,2-10,0 x 2, 1-4,8 mm 
compr., membranácea, oblongo-elíptica a 
oblonga, base aguda a obtusa, ápice 
arredondado, margem inteira, discolor, face 
adaxial verde-escura, abaxial verde-glauca a 
vinácea na porção apical. Címulas unissexuais 
estaminadas, 3-4 (5) flores na porção proximal 
dos ramos; brácteas estaminadas 0,3-0,4 mm 
compr., lineares, hialinas ou róseas. Flores 
estaminadas, pedicelo 0,8- 1,0 mm compr., 
cilíndrico; sépalas 5, obovais, nervura central 
evidente, ápice arredondado; disco glandular 
5-segmentado, segmentos arredondados, 
verruculosos; estames 3, totalmente unidos em 
coluna de 0, 6-0,7 mm compr., anteras com 
rimas horizontais. Flores pistiladas, solitárias, 
dispostas na porção distai dos ramos; brácteas 
pistiladas 0,7-0, 8 mm compr., estreitamente 
triangulares; pedicelo 1 ,7-1,8 mm compr., 
subcilíndrico; sépalas 5, com 1,6- 1,8 mm 
compr., obovais, faixa central elíptica a oboval, 
discretamente venulada, ápice arredondado; 
disco glandular cupuliforme, margem 
levemente lobada, carnoso; ovário 0,6-0, 8 mm 
compr., depresso-oval; estiletes 3, livres, 
bífidos, ramos recurvados, ascendentes, 
estigma subcaptado. Cápsula 1,6- 1,8 mm 
compr e 2-2, 1 mm diâm, depresso-oval; cálice 
acrescente e estiletes persistentes. Sementes 
0,9- 1,1 mm compr., trígonas, estrias 
transversais dispostas em fileiras longitudinais 
regulares, castanho-escuras. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Caruaru, 05/X/01, 0. fr„ 
M. J. Silva 133, 134, 135, 136, 137, 139, 140 
(PEUFR); idem, 10/ IV/02, 0. fr„ M. J, Silva 
178, 179, 180 (PEUFR). Material adicional: 
Bonito, Ol/VIII/01, fl. fr., M. J. Silva 110 111 
(PEUFR); Cabo, 17/IX/99, fl. fr., Paiva, Jr. M. 

Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003 


50 (PEUFR); Igarassu, 20/XI/02, fl. fr., M. J. 
Silva 275, 276, 277, 278, 279 (PEUFR); 
Maraial, 20/11/94, fl. fr., Miranda & Félix 1 620 
(PEUFR); Recife, 22/VIII/02, fl. fr., M. J. Silva 
210, 211, 212, 213, 214, 217 (PEUFR); São 
Benedito do Sul, 23/XI/02, fl. fr., M. J. Silva 
280, 28 1 , 282, 283, 284, 285 (PEUFR). 

Distribuição desde o sudeste dos Estados 
Unidos, incluindo Antilhas, até sudeste do 
Brasil, em áreas alagadas, brejosas, com solos, 
em geral, hidromórficos. No Brasil é referida 
para Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina (Ulysséa & Amaral, 
1 993, Smith et al. 1 9S8). Na área de estudo foi 
registrada apenas para as florestas Montanas 
dos municípios de Bonito (Mata do estado) e 
Caruaru (Serra dos Cavalos), crescendo em 
áreas agricultáveis, em solos hidromórficos. 

Apresenta maiores afinidades com 
Phyllanthus niritri, embora seja facilmente 
confundida com P. atnarus conforme discutido 
nos comentários dessas duas espécies. 
Floresce e frutifica em todo ano. Em 
Pernambuco e Minas Gerais é conhecida 
popularmente como quebra-pedra e erva de 
pombinha, respectivamente. 

Phyllanthus tenellus Roxb., Flora Indica ed. 
2.3:668. 1882. 

Fig. 6, a - j 

Erva 1 5-30 cm alt., monóica, glabra. Caule 
principal cilíndrico a subcilíndrico, fortemente 
vináceo, esparso a densamente ramificado ou 
não ramificado. Ramificação filantóide. Ramos 
decíduos 4, 5-8, 5 cm compr., pinatiformes, 
subcilíndricos, verde-vináceos. Catafilos 0,9-1 
mm compr., lanceolados, acuminados, 
escariosos e fortemente vináceos. Estipulas 1,1- 
1,2 mm compr., lanceoladas, persistentes, 
acuminadas, vináceas. Pecíolo ca. 1 mm 
compr., subcilíndrico, discretamente vináceo. 
Lâmina 7-15x5-11 mm compr., membranácea, 
elíptica a elíptico-oboval, base aguda a obtusa, 
ápice obtuso, margem inteira, levemente 
vinácea, discolor, face adaxial verde-escura, 
abaxial verde-glauca. Címulas proximais 
bissexuais, com 1-2 flores estaminadas e 1-2 



SciELO/JBRJ 



cm .. 


122 


Silva, M. J. & Sales, M. F. 



Figura 6: a - j: Phyllanthus tenellus Roxb. a. hábito; b. lâmina foliar; c. estipula; d. flor estaminada; e. sépala, face ventral 
evidenciando a faixa central, flor estaminada; f. flor pistilada; g. sépala, face ventral evidenciando a faixa central, flor 
pistilada; h. disco glandular pistilado; i. fruto; j. semente, aspecto dorsi-ventral. (Esacala: a = 2 cm; b = 2 mm; c, d, c, f, g, 
j =0,5 mm; h,i= 1 mm) 


Rodriguésia 54 (84): 101-126. 2003 



-SciELO/JBRJ 


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O gênero Phyllantlius L. (Phxllantheae • Euphorbiaceae Jttss.) no bioma Caatinga do estado de 
Pernambuco - Brasil 


123 


flores pistiladas; címulas distais unicamente 
pistiladas, reduzidas a uma única flor; brácteas 
0,4-0, 6 mm compr., triangulares, hialinas. 
Flores estaminadas, pedicelo 1-1,2 mm compr., 
cilíndrico; sépalas 5, com 0,6-0, 7mm compr., 
elíptico-obovais, nervura central evidente, ápice 
arredondado; disco glandular 5-segmentado, 
segmentos obtriangulares; estames 5, livres, 
encurvados, anteras com rimas subhorizontais. 
Flores pistiladas, pedicelo (2,3) 4,0-6.5 mm 
compr., flexuoso, filiforme com base 
pulviniforme, vináceo; sépalas 5, com 0,7-0,9 
x 0,3-0,4 mm compr.. ovais, faixa central 
elíptica, ápice agudo; disco glandular 
pateliforme; ovário ca. 0,4 mm compr., 
depresso-oval; estiletes 3, livres, bífidos, 
retrorsos; estigma subcapitado. Cápsula 1-1.1 
mm compr., e 1,9-2 mm de diâm., oblata, 
esverdeada, cálice e estiletes persistentes, 
pedicelo filiforme. Sementes trígonas, ca. 1 mm 
compr., minutamente verruculosas dispostas 
irregularmente, castanho-claras. 

Material examinado: BRASIL. 

PERNAMBUCO: Buíque, 1 1/II/95. fl. fr„ 
Silva et al. 749 (PEUFR); Caruaru, 05/X/01, 
fr„ M. J. Silva 1 38 (PEUFR); idem, 06/1/02, fl. 
fr„ M. J. Silva 160, 161, 162, 163 (PEUFR); 
Petrolina, 07/IX/02, fi. fr., M. J. Silva 23 1 , 232, 
233 (PEUFR): Material Adicional: 
BRASIL. SÃO PAULO: Moji da Cruzes, 1 6/ 
1/41, fl. fr., B. Pickel 9712 (IPA). 

Distribuição ampla nas regiões tropicais 
e subtropicais do mundo (África, Ásia, 
Austrália, Américas). Nas Américas ocorre 
desde os Estados Unidos até a Argentina, 
incluindo Antilhas (Webster 1956, 1970; Correi 
& Correi. 1982; Adams, 1972; Müeller, 1873). 
No Brasil está amplamente distribuída no 
Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do 
Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina 
(Müeller, 1873; Smith et al. 1988; Cordeiro, 
1981; Aliem 1977.) Na área de estudo foi 
encontrada como invasora em áreas cultivadas, 
terrenos baldios, canteiros de jardins e margens 
de calçadas em locais úmidos. Esta espécie é 
facilmente reconhecida pelas flores pistiladas 
com pedicelo longo (4-6,5 mm), filiforme e 

Rodriguésia 54 (84): I0I-I26. 2003 


flexuoso, visivelmente articulado, com base 
pulviniforme, dispostas em címulas unifloras na 
porção distai dos ramos, bem como pelo 
androceu constituído por cinco estames livres. 
Floresce e frutifica de dezembro a janeiro. Em 
Pernambuco é conhecida popularmente como 
quebra-pedra roxo. 

CONCLUSÕES 

A maioria das espécies estudadas 
apresenta distribuição na zona das Caatingas 
do Estado de Pernambuco, sendo que 
Phyllantluis claussenii Müll. Arg., P. 
heteradenius Müll. Arg., P. jacobinensis 
Müll. Arg. e P. klotzschianus Müll. Arg. são 
exclusivas dessa zona, ocorrendo em 
vegetação de Caatinga em municípios das 
subzonas do Agreste e Sertão (Andrade-Lima, 
1960). Nesses ambientes, são encontradas 
preferencialmente em sombras de arbustos ou 
de árvores e, às vezes, em afloramentos 
rochosos. Já Phyllanthus acuminatus Vahl, 
P. minutulus Müll. Arg. e P. stipulatiis (Raf.) 
Webster apresentam distribuição na Zona das 
Caatingas, porém em áreas mais úmidas e 
elevadas (800 a lOOOm), com vegetação de 
floresta semi-decídua ou perenifólia (florestas 
Montanas, Sales et al. 1998) como também 
nas zonas da Mata e Litoral, na floresta 
Atlântica. As demais espécies mostram-se 
amplamente distribuídas, ocorrendo desde a 
zona do Litoral e Mata até a subzona do Sertão, 
habitando áreas abertas e antropizadas de 
diferentes tipos vegetacionais ou como 
invasoras em áreas agricultáveis e ou ruderais. 

AGRADECIMENTOS 

Agradecemos aqueles que de alguma 
forma contribuíram para a realização deste 
trabalho e ao CNPq pela concessão da bolsa 
de estudo. 

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Variação sazonal de macronutrientes em uma espécie 
arbórea de cerrado, na Reserva Biológica e Estação 
Experimental de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil 


Adriana Carrhá Leitão' 
Osvaldo Aulino da Silva 1 2 


RESUMO 

O presente estudo visou avaliar mensalmente a compartimentação mineral em Ourotea 
spectabilis (Mart.) Engl. nas diferentes fenofases, no período de agosto de 1995 a julho de 1996, 
em área de cerrado, na Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, localizado no 
município de Mogi-Guaçu, em São Paulo. Foram analisados todos os macronutrientes (N, P, K, Ca, 
Mg e S) nos compartimentos folha, em 3 estádios de desenvolvimento foliar, ramo, flor e fruto. As 
observações fenológicas foram realizadas mensalmente em 20 espécimens distribuídos na área de 
cerrado, sendo consideradas as fenofases brotação, queda foliar, floração e frutificação. A distribuição 
dos elementos minerais nos compartimentos e nos diferentes estádios de desenvolvimento foliar 
revelou diferenças significativas e padrões sazonais bem definidos, permitindo identificar a importância 
de cada nutriente nas diferentes fases do desenvolvimento da planta, e sugerir sobre a capacidade 
de retranslocação destes elementos e manutenção do balanço nutricional. Face a essas análises, a 
espécie O. spectabilis comporta-se de maneira altamente eficiente na utilização de água e nutrientes, 
refletindo padrões fenológico e de distribuição que garantem a sua sobrevivência em ambientes de 
cerrado. 

Palavras-chave: nutrição mineral, macronutrientes, fenologia, cerrado 


ABSTRACT 

The present study aims to evaluate monthly the mineral nutrition presented by the population 
of Ouratea spectabilis (Mart.) Engl. in different phenophases, from August of 1995 to July of 
1996, in a cerrado area of the Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, located 
at Mogi-Guaçu City, São Paulo. All the macro elements (N, P, K, Ca, Mg and S) were analyzed on 
leaves, branches, fiowers and fruits compartments, and in 3 leaf development stages. The pheno- 
logical studies were made monthly in 20 specimens distributed in the cerrado area and phenophases 
variation (leaf flushing, leaf fali, fiowering and fruiting) were analyzed quantitatively. The distribu- 
tion of the mineral elements among the sampled vegetative parts revealed significam differences 
and a well defined seasonal pattem, which allows to identify the importance of each nutrient in 
different developmental phase of the plant, and it suggest about the mineral translocation capacity 
and its nutritional status. In face of these facts, O. spectabilis shows significam efficiency in water 
and nutrient utilization, reflecting in distribution and phenological pattems that guarantees its sur- 
vival in cerrado’s environments. 

Keywords: mineral nutrition, macronutrient, phenology, cerrado 


1 Departamento de Botânica. Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. Rua 
Dr. Manoel Augusto Bezerra de Araújo, 180 / 09, Ponta Negra, CEP 59.090-430, Natal/RN, Brasil. 

: Departamento de Botânica, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP, Brasil. 

Apoio financeiro: CNPq 



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cm .. 



128 

INTRODUÇÃO 

O comportamento nutricional de árvores 
florestais pode variar apreciavelmente durante 
seu ciclo, como resultado de mudanças no 
metabolismo, transporte interno e lavagem 
causada pela água da chuva (Davy & Taylor, 
1975; Emst, 1975; Guha & Mitchell, 1966). 
Espécies vegetais podem desenvolver 
mecanismos eficientes de manutenção do 
metabolismo, para garantir sua sobrevivência 
em ambientes adversos. A retranslocação de 
minerais é uma forma de diminuir a perda de 
nutrientes pelas plantas e permitir a 
manutenção das atividades metabólicas, 
principalmente em períodos sujeitos ao estresse 
nutricional. Rathcke & Lacey (1985) 
comentam que a floração, frutificação e 
germinação requerem uma entrada de energia 
e nutrientes específicas e que a disponibilidade 
de recursos e a capacidade da planta na 
alocação e assimilação destes recursos podem 
influenciar os padrões fenológicos das 
espécies. 

Em um estudo da nutrição mineral 
realizado em três espécies de leguminosas 
frequentes numa área de cerrado, 
Anadenanthera falcata , Dalbergia 
miscolobium Benth. (D. violacea, sin.) e 
Stryphnodendron adstringens, foram 
observadas diferenças nutricionais entre os 
compartimentos e, ainda, foi verificado haver 
uma grande variabilidade na concentração de 
um mesmo nutriente para as diferentes 
espécies (Pagano et ai, 1982). Villela & 
Lacerda (1992) mencionam que a variação 
sazonal na concentração dos elementos 
minerais nas folhas parece estar fortemente 
relacionada aos mecanismos de absorção e de 
retranslocação destes nutrientes. Estudos 
mostram que em florestas tropicais os 
mecanismos adaptativos de sobrevivência e 
manutenção do equilíbrio mudam qualitativa e 
quantitativamente ao longo de gradientes de 
fertilidade do solo, temperatura, altitude e 
umidade. Florestas sobre solos mais pobres, 
altamente intemperizados, teriam desenvolvido 
mecanismos mais eficientes de conservação 


» 

Leitão, A. C. & Silva, O. A. 

do estado nutricional, tais como a 
retranslocação de elementos minerais de 
órgãos senescentes. Tumer (1977) e Vitousek 
(1982 e 1984) ressaltaram as diferenças 
existentes entre os ecossistemas e entre as 
espécies vegetais, quanto à eficiência na 
utilização dos nutrientes para a produção de 
compostos orgânicos, dependendo da 
disponibilidade daqueles no solo. 

O conhecimento dos teores de nutrientes 
em vários órgãos do vegetal permite inferir 
sobre as exigências metabólicas desenvolvidas 
em cada compartimento, fornecendo base para 
o entendimento dessas variações e suas 
implicações nas respostas dos vegetais no 
ecossistema (Mendes, 1996). Existem poucos 
trabalhos que relacionam variações no estoque 
de nutrientes nas diferentes fenofases 
apresentadas pelas espécies vegetais. Tais 
estudos permitem conhecer sobre as 
adaptações específicas de plantas quanto à 
alocação de recursos nas diferentes fenofases 
e em diferentes biomas. 

O presente estudo avaliou o 
comportamento nutricional em uma espécie 
representante do cerrado paulista, através de 
análises dos teores de minerais em três estádios 
de expansão foliar, além de ramos, flores e 
frutos. 

MATERIAL E MÉTODOS 

O estudo foi realizado na Reserva 
Biológica e Estação Experimental de Mogi- 
Guaçu (22° 1 5 1 6' S e 47°08’-12’ W). A 
análise dos dados de precipitação e 
temperatura do período de 1987 a 1996 
permitiu confirmar que o clima local 
corresponde ao Cw’a de Kõppen (1963), ou 
B3 r B’3 a’ de Thomthwaite ( 1948), in Cunha 
(1992), caracterizado como mesotérmico, 
úmido, de inverno seco, com pouco ou nenhum 
déficit hídrico e com excesso no verão, sendo 
as condições hídricas da área afetadas mais 
pela distribuição das chuvas do que pelo total 
anual de precipitação. O clima para o ano de 
estudo foi analisado a partir do diagrama 
ombrotérmico construído para a área (Fig. 1), 

Rodriguéxia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003 



SciELO/ JBRJ 


13 14 15 




Variação sazonal de macronutrientes em uma espécie arbórea de cerrado, na Resen-a Biológica e 
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil 


129 



Figura I - Diagrama ombroténnico (P = 2T) para a área 
da Reserva Biológica c Estação Experimental de Mogi- 
Guaçu/SP, referente ao período de agosto/1995 a julho/ 
1996. 

onde c possível observar um período chuvoso 
bem marcado, com índices pluviométricos 
acima de 100 mm de outubro/1995 a fevereiro/ 
1 996, c um déficit hídrico nos meses de agosto/ 
1995, junho c julho/l 996. O período de seca 
concentrado entre junho c agosto é 
característico para esta região (Leitão, 1998). 

Para a escolha da espécie foram 
consideradas características como frcqüência 
c importância fitossociológica (Gibbs et ai, 
1983; Silbcrbauer-Gottsbcrger& Eiten, 1983; 
Batista & Couto, 1992) cm ambientes de 
cerrado. A espécie em estudo, Ouratea 
speclabilis (Mart.) Engl., também conhecida 
popularmente como Murici-bravo ou Batiputá, 
é pertencente à Família Ochnaccae. 

Mcnsalmcntc foram sorteados, entre 
vinte espécimens previamente escolhidos, três 
indivíduos de O. spectabilis, onde foram 
amostrados os compartimentos folhas, ramos, 
flores c frutos. Os materiais coletados dos três 
indivíduos foram reunidos numa única amostra 
por compartimento. No compartimento folha 
foram amostradas folhas da base (estádio 1), 
região mediana (estádio 2) e extremidade do 
ramo (estádio 3), obtendo-se material cm 
diferentes estádios de desenvolvimento. Neste 
caso, sendo feitas análises sazonais, nem 
sempre foi possível detectar as variações 
esperadas nos teores de nutrientes nas folhas 
jovens c adultas, exceto quando estes estádios 
tiveram presença significativa na maioria dos 

Rodriguèsia 54 (84): 127-136. 2003 


meses analisados. Os materiais coletados 
foram secos em estufa a 70°C, até peso 
constante, cm seguida moidos para posterior 
análise de nutrientes minerais. 

As determinações dos macronutrientes 
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio 
seguiram a metodologia proposta por 
Malavolta et al. (1989); enquanto que para o 
enxofre foi utilizado o método proposto por Vitti 
(1988). Para cada amostra foram feitas três 
repetições, para obtenção de uma média. 

As informações fenológicas foram 
avaliadas quantitativamente, utilizando-se uma 
nota dentro de uma escala que varia entre 0 e 
4, segundo a metodologia proposta por 
Foumier ( 1 974). Foram realizadas observações 
mensais dos estádios brotação, queda foliar, 
floração e frutificação (frutos verdes e frutos 
maduros) em vinte espécimens de O. 
speclabilis. 

As coletas para o estudo da 
compartimcntação mineral foram realizadas de 
agosto de 1995 a julho de 1996; c as 
observações fenológicas, de agosto de 1995 a 
dezembro de 1 996. 

Para a análise dos resultados foi realizada 
estatística não-paramétrica. O Teste Kruskal- 
Wallis, seguido do Teste Jonckheere (Campos, 
1983), foi utilizado para verificar possiveis 
diferenças nos teores de nutrientes minerais 
entre os compartimentos (folha e ramo) e entre 
os estádios foliares. A possível sazonalidade 
nos teores de nutrientes minerais foi avaliada 
estatisticamente, comparando-se as médias 
obtidas dos valores de cada nutriente nos 
meses do período seco (de abril a setembro) e 
do período chuvoso (de outubro a março). A 
Correlação de Spcarman (R) foi utilizada para 
correlacionar as fenofases apresentadas pela 
espécie com as variações nos teores de 
nutrientes nas folhas e ramos. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A espécie O. spectabilis não apresentou 
comportamento sazonal significativo para os 
nutrientes analisados. Muitas plantas de 
cerrado adquiriram características 



SciELO/JBRJ, 


13 14 




cm .. 



130 



Figura 2 - Fenograma de O. spectabilis em porcentagens 
de floração (Fl), frutos verdes (FV), frutos maduros (FM), 
brotação (Br) e queda foliar (Qu) e, valores mensais de 
precipitação (mm) e temperatura (°C), com base em 
observações realizadas na Reserva Biológica e Estação 
Experimental de Mogi-Guaçu, de agosto/l 995 a dezembro/ 
1996. 

escleromórficas, que podem atuar no sentido 
de impedir ou dificultar a perda de nutrientes 
via cutícula foliar através da lavagem pelas 
águas das chuvas; além disto, a eficiência na 
retranslocação de nutrientes parece contribuir 
para a manutenção do estado nutricional da 
planta. 

Em setembro, a espécie em estudo 
apresentou o maior índice de intensidade no 
brotamento de folhas (Fig. 2), época em que a 
planta atinge seu piòb ‘na concentração de 
nitrogênio nas folhas da ponta do ramo (Fig. 
3a). Também foram observadas 
estatisticamente concentrações mais elevadas 
de nitrogênio nas folhas mais jovens, sendo 
que estes teores diminuem à medida que estas 
folhas ficam mais próximas ao estado de 
senescência (p<0,01). Do mesmo modo, 
Medeiros & Haridasan (1985) verificaram 
para espécies de cerrado que em novembro, 
quando as folhas estavam recém-expandidas, 
os teores de nitrogênio foram mais elevados 
que nos estádios mais desenvolvidos. Isto 
justifica a boa mobilidade do nitrogênio, 


Leilão, A. C. <£ Silvá, O. A. 

podendo-se retranslocar das folhas mais velhas 
para ser reutilizado em folhas mais novas (Raij, 
1991), como foi observado também porToslma 
et al. (1987) em folhas de espécies ocorrentes 
em savana. Este nutriente tem papel 
importante na formação e desenvolvimento das 
gemas floríferas e frutíferas (Coelho & 
Verlengia, 1973), bem como no crescimento 
vegetativo e formação de sementes (Ferreira 
et al. 1993). Apesar da aparente eficiência 
na absorção do nitrogênio, estatisticamente não 
foi observada nenhuma diferença significativa 
entre folhas e ramos, bem como não foi 
observado nenhum destaque nos valores dos 
compartimentos flor e fruto (Fig. 3b). 

O fósforo é essencial para a formação 
de frutos e sementes (Raij, 1991; Camargo & 
Silva, 1 975). Neste estudo, ficou evidenciada 
uma correlação positiva entre a fenofase fruto 
maduro e a concentração de fósforo nas folhas 
e ramos (R= 0,72, p<0,01), mostrando uma 
eficiência na demanda e armazenamento deste 
elemento pela planta, no período de 
amadurecimento dos frutos e dos embriões 
(Figs. 2 e 4b). Em outubro, o suprimento dos 


□ eaádio 1 O estádio 2 ■ estádio 3 

25' 

b 2 " n 



ai» set out nov dez jan -fev . imr abr mai jun iul 


■ folha □ ramo S flor □ fruto 
2t 


S 15 
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0- 


II 




u 







ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul 
meses 

íigura 3 - Variação mensal dos teores de nitrogênio na 
espécie O. spectabilis , em área de cerrado da Reserva 
Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SI’. A. 
Concentração nas folhas da ponta (estádio 1), região 
mediana (estádio 2) e base do ramo (estádio 3). B. 
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flor e fruto. 

Rodriguésia 54 (84): 127-136. 2003 



SciELO/JBRJ 


13 14 




Variação sazonal de macronutríentes em uma espécie arbórea de cerrado, na Reserva Biológica e 
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil 


131 


frutos com relação a este nutriente atinge 
quase quatro vezes os teores encontrados nas 
folhas e ramos (Fig. 4b). Os altos níveis de 
fósforo assimilados pela planta, nos períodos 
seco e chuvoso, podem significar um 
importante mecanismo de manutenção do 
estado nutricional e, consequentemente, 
metaból ico da planta, no momento em que esta 
está investindo sua energia na produção de 
folhas, ramos, ou mesmo, preparando-se para 
a fase reprodutiva. É de conhecimento geral 
que os níveis deste elemento no solo de cerrado 
são baixos e, portanto, a demanda de 
abastecimento pode estar relacionada ã oferta 
proporcionada pela matéria orgânica, 
enriquecida pela deposição de material vegetal 
(fitomassa), especialmente por queda de folhas 
nos meses anteriores à estação chuvosa 
(Mendes, 1996). Neste caso, esta espécie 
parece apresentar-se adaptada a situações de 
baixo suprimento de fósforo no solo e, 
provavelmente, dispõe de certas adaptações 
que permitem a sobrevivência em tais 
ambientes. 

Além disso, o fósforo é considerado um 
nutriente de boa mobilidade, sendo facilmente 


□ estádio 1 Ccstádio2 ■estádio 3 



■ folha Oram o SSS flor □ fruto 



Figura 4 - Variação mensal dos teores de fósforo na espécie 
O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva Biológica e 
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A. Concentração 
nas folhas da ponta (estádio 1 ), região mediana (estádio 2) 
e base do ramo (estádio 3). B. Concentração nos 
compartimentos folha, ramo, flor e fruto. 

Rodriguisia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003 


redistribuído a partir de órgãos mais velhos 
para órgãos em expansão (Larcher, 2000; 
Malavolta, 1980). No presente estudo não 
foram encontrados diferenças significativas na 
concentração deste elemento entre os estádios 
foliares analisados, e entre os compartimentos 
folhas e ramos. Entretanto! ficou evidenciado 
um aumento pontual nos teores de fósforo nas 
folhas da ponta do ramo em setembro (Fig. 
4a), período em que a planta atinge seu máximo 
na produção de novas folhas (Fig. 2). Visto 
que os níveis de fósforo em solos de cerrado 
são comprometidos pelos.baixos valores de pH, 
e altas concentrações de alumínio, o que 
diminui a disponibilidade deste mineral 
(Malavolta & Kliemann, 1985; Lopes, 1983; 
Kamprath, 1977; Volkweiss & Raij, 1976; 
Goodland, 1971), sugere-se que a espécie O. 
spectabilis esteja adaptada a estas condições, 
apresentando um importante mecanismo de 
manutenção do estado nutricional e, 
consequentemente, metabólico, que permite a 
sobrevivência da planta em tais ambientes. 

A maior parte do potássio é absorvida 
pelas plantas durante a fase de crescimento 
vegetativo (Raij, 1991), pois este tem papel 
fundamental na fotossíntese e síntese de 
carboidratos (Yamada, 1987). Para a espécie 
em estudo, foram encontradas diferenças 
significativas nos teores de potássio entre os 
três estádios foliares analisados (Fig. 5a), sendo 
evidenciadas concentrações mais elevadas em 
folhas mais jovens (p<0,0 1 ). Villela & Lacerda 
(1992) estudando as espécies de cerrado 
Vochysia rufa e Curatella americana, 
também encontraram durante o pico de 
brotamento foliar, os níveis mais elevados de 
potássio nas folhas jovens, sugerindo a 
reabsorção do elemento antes da abscisão. 
Uma vez que o potássio é um elemento 
altamente móvel no floema, sua utilização é 
eficiente no sentido de ser prontamente 
redistribuído das folhas para órgãos mais novos 
(Larcher, 2000; Malavolta, 1 980). 

No presente trabalho, ficaram 
evidenciadas concentrações elevadas de 
potássio nas flores e nos frutos (Fig. 5b). As 



SciELO/ JBRJ 


13 14 15 16 17 18 


132 


Leilão, A. C. & Silva, O. A. 


análises estatísticas revelaram uma correlação 
negativa (R= -0,64, p<0,05) entre a fenofase 
floração e a concentração de potássio em 
folhas e ramos (Figs. 2 e 5b). Assim, visto 
que o potássio é redistribuído para órgãos em 
crescimento e se concentra em grande parte 
nos frutos verdes (Raij, 1 991 ), é sugerido haver 
uma grande translocação deste elemento, das 
folhas e ramos, para as flores; e uma 
preparação da planta para a fase subseqiiente, 
a produção dos frutos. Embora tenha sido 
encontrado teores mais elevados nas folhas 
do que nos ramos (p<0,01), em dezembro é 
notado um pico na concentração de potássio 
nos ramos, chegando a quase três vezes os 
valores encontrados nas folhas (Fig. 5b), o que 
pode representar uma reposição e 
armazenamento deste nutriente no final das 
fenofases reprodutivas. 

A espécie em estudo apresentou 
diferenças significativas (p<0,01) nas 
concentrações de cálcio entre os estádios de 
desenvolvimento foliar, sendo mais elevados 
os valores de cálcio em folhas mais velhas (Fig. 
6a), pois sendo um elemento de baixa 
mobilidade nas plantas, não sendo transportado 




meses 

Figura 5 - Variação mensal dos teores de potássio na 
espécie O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva 
Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. 
A. Concentração nas folhas da ponta (estádio 1 ), região 
mediana (estádio 2) c base do ramo (estádio 3). B. 
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flore fruto. 


pelo floema com facilidade, ele é encontrado 
em maior concentração em folhas maduras e 
senescentes (Larcher, 2000). Depois de sua 
localização nestes sítios, toma-se muito imóvel 
sofrendo a influência de outros cátions (Mg, 
Mn e Zn), que podem comprometer a sua troca 
(Malavolta, 1980). Sobrado &Medina( 1980) 
encontraram os maiores valores de cálcio para 
as folhas mais velhas de espécies 
escleromórficas da Amazônia. 

Além da importante relação com a 
resistência mecânica dos tecidos, o cálcio é 
indispensável para a germinação do pólen e o 
crescimento do tubo polínico, sendo importante 
para a floração (Epstein, 1975). Em O. 
spectabilis, nos meses de maio e junho foi 
observado um aumento na concentração deste 
nutriente no compartimento ramo, seguido de 
uma notável redução no mês de julho, agosto 
e setembro; o que pode estar relacionado com 
um aumento na demanda deste elemento pela 
planta, em primeira instância, seguido por 
utilização em potencial no período de floração 
(Fig. 6b). Segundo Chapin et al. (1980) e 
Camargo & Silva (1975), a diminuição dos 
teores desse elemento no caule, durante a 


□ estádio 1 □estádio 2 ■estádio 3 



B 

15 ■ folha Dramo SS flor □ fruto 

1,2 - n 



ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul 
meses 


Figura 6 - Variação mensal dos teores de cálcio na espécie 
O. spectabilis, cm área de cerrado da Reserva Biológica e 
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A. 
Concentração nas folhas da ponta (estádio 1), região 
mediana (estádio 2) e base do ramo (estádio 3). B. 
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flor e fruto. 

Kodriguésia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003 



ISciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 


Variação sazonal de macronulrientes em uma espécie arbórea de cerrado, na Reserva Biológica e 

Estação Experimenta I de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo, Brasil 1 33 


estação de crescimento, sugere ser este órgão 
armazenador de cálcio. Ou ainda, pode-se 
inferir haver um maior direcionamento do 
nutriente absorvido do solo, para as flores, uma 
vez que este elemento tem baixa mobilidade 
na planta. 

O magnésio é um elemento móvel na 
planta (RAIJ, 1991). Entretanto, é comum 
encontrar maior concentração de magnésio em 
folhas mais velhas, do que em folhas jovens 
(Malavolta, 1980). A espécie em estudo 
apresentou diferenças significativas entre os 
estádios foliares (p<0,01 ), sendo mais elevados 
os teores em folhas mais velhas (Fig. 7a). 
Também, ficou evidenciado que o 
compartimento ramo é um armazenador deste 
nutriente, apresentando teores bem mais 
elevados do que nas folhas, na maior parte do 
ano (p<0,0 1 ), o que pode ser uma característica 
de O. spectabilis (Fig. 7b). 

Apesar de, estatisticamente, não ser 
detectado uma relação entre a concentração 
de magnésio nos diferentes compartimentos e 
as fenofases analisadas, observa-se uma 
redução deste nutriente nos meses de agosto 
e setembro nos compartimentos folhas e 


ramos, o que parece estar relacionado a maior 
utilização deste elemento para a realização de 
suas funções reprodutivas, principalmente da 
floração e da produção de frutos verdes. Uma 
das funções importantes do magnésio, como 
elemento central da molécula de clorofila, é a 
sua participação na fotossíntese. E também 
considerado específico na ativação de diversos 
sistemas enzimáticos das plantas, tais como 
ativação de enzimas relacionadas com o 
metabolismo dos carboidratos (Camargo & 
Silva, 1975). 

O enxofre tem papel fundamental na 
síntese de gorduras, óleos e proteínas, estando 
relacionado com o crescimento vegetal, sendo 
muito importante para a frutificação (Camargo 
& Silva, 1 975). A baixa mobilidade no floema 
é característica deste mineral. Embora, de 
acordo com Larcher (2000), o sítio de 
acumulação do enxofre seja nas folhas e 
sementes, sendo encontrado em maior 
concentração em folhas maduras, para O. 
spectabilis não foram obtidas diferenças 
significativas na concentração deste elemento, 
entre os estádios foliares (Fig. 8a), nem entre 
os compartimentos folha e ramo (Fig. 8b). 


0,25 

0.2 

£ 

£ 0.15 

I 0.1 

C 0.05 ' 


□ estádio I □estádio 2 


I estádio 3 


iuiiidiiifi . 

ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul 


■ folha Gramo £3 flor □ fruto 



meses 

Figura 7 - Variação mensal dos teores de magnésio na 
espécie O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva 
Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A. 
Concentração nas folhas da ponta (estádio 1), região 
mediana (estádio 2) c base do ramo (estádio 3). B. 
Concentração nos compartimentos folha, ramo, flore fruto. 


Rodriguésia 54 (84): 127-136. 2003 




ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul 
meses 

Figura 8 - Variação mensal dos teores de enxofre na espécie 
O. spectabilis, em área de cerrado da Reserva Biológica e 
Estação Experimental de Mogi-Guaçu, SP. A. Concentração 
nas folhas da ponta (estádio 1 ), região mediana (estádio 2) 
e base do ramo (estádio 3). B. Concentração nos 
compartimentos folha, ramo, flor e fmto. 



ISciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 



134 

Os solos sob cerrado apresentam 
características químicas e físicas muito 
particulares, como a sua elevada acidez. 
Particularmente na área da Reserva o pH pode 
variar entre 3,0 e 5,5 até 50cm de profundidade 
(Leitão, 1998). Esta forte acidez é devida em 
boa parte aos altos níveis de alumínio presentes 
nestes solos, uma condição característica 
nestes ambientes. A baixa capacidade de troca 
catiônica, baixa soma de bases e a alta 
saturação por Al 3+ são fatores que 
caracterizam estes solos como profundamente 
distróficos, características estas que limitam 
a absorção de nutrientes pelas plantas 
(Coutinho, 1990). Fatores edáficos, aliados ao 
regime climático da área, são ícones 
importantes agindo como pressão de seleção, 
sendo determinantes na evolução de 
características morfológicas e fisiológicas 
especializadas em toda a biota, para que possa 
melhor aproveitar os recursos, garantindo 
assim a continuidade de cada espécie neste 
habitat. 

No presente estudo, a análise sazonal das 
variações nos teores de elementos minerais 
nos compartimentos e nos diferentes estádios 
de desenvolvimento foliar permitiu inferir sobre 
a maneira que a espécie esta respondendo às 
condições impostas pelo meio físico e químico, 
como estão sendo distribuídos, estocados e 
retranslocados os nutrientes, além de fornecer 
subsídios para o conhecimento das exigências 
nutricionais requeridas em cada fenofase 
observada em O. spectabilis. 

AGRADECIMENTOS 

Ao Benedito Domingues do Amaral pela 
ajuda nas análises estatísticas; ao Instituto de 
Botânica de São Paulo, por permitir o acesso 
à Reserva Biológica e Estação Experimental 
de Mogi-Guaçu. 

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Rodriguésia 54 ( 84 ): 127 - 136 . 2003 


13 14 15 16 17 18 19 


A família Orchidaceae na Reserva Biológica da 
Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 

Luiz Menini Neto 1 
Valquiria Rezende Almeida 2 
Rafaela Campostrini Forzza 3 

RESUMO 

O estudo apresentado trata do levantamento das espécies de Orchidaceae ocorrentes na 
Reserva Biológica da Represa do Grama, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, no município 
de Descoberto. A Reserva abrange uma área de 263,8 hectares de floresta estacionai semidecidual. 
A família Orchidaceae está representada na área por 23 gêneros e 28 espécies. Neste trabalho são 
fornecidas chave de identificação, descrições, ilustrações, distribuição geográfica e comentários 
para as espécies. 

Palavras chave: Orchidaceae, Minas Gerais, Zona da Mata, taxonomia 

ABSTRACT 

A survey consist the taxonomic study of the Orchidaceae family in the Reserva Biológica da 
Represa do Grama, located at Zona da Mata of Minas Gerais, in the Descoberto’s town. The area 
covers 263,8 hectares of stationary semidecidual forest. There were finded for the family 23 gen- 
era and 28 species. There are gived key to identification, descriptions, ilustrations, geographical 
distribution and comments for each species. 

Key words: Orchidaceae, Minas Gerais, Zona da Mata, taxonomy 


INTRODUÇÃO 

Orchidaceae é uma das maiores famílias 
dentre as Fanerógamas, possuindo cerca de 
19500 espécies e 775 gêneros (Judd et al. 
1999). A família constitui aproximadamente 
40% das Monocotiledôneas e ocorre por quase 
todas as regiões do planeta (Dahlgren et al . , 
1985). Pabst & Dungs (1975, 1977), na última 
grande revisão das espécies brasileiras, 
apontaram cerca de 2350 espécies e 191 
gêneros para o Brasil. Atualmente, acredita- 
se que este número aproxima-se de 2400 
espécies (Barros 1996). 

Os membros da família Orchidaceae são 
ervas perenes com morfologia muito diversa. 
Epífitas, terrestres, rupícolas, hemiepífitas ou 
saprófitas; raízes com micorrizas, tuberosas ou 
não, em geral com velame. Caule simpodial ou 
monopodial, muitas vezes rizomatoso, mais 


raramente cormos, internos freqüentemente 
formando pseudobulbos. Folhas alternas, 
raramente opostas, dísticas ou espiraladas, 
simples, inteiras, com nervação usualmente 
paralelinérvia. Inflorescências racemosas ou 
paniculadas, algumas vezes reduzidas a uma 
única flor, terminais ou laterais. Flores usualmente 
monoclinas, zigomorfas, ressupinadas ou não, 
perianto tepalóide, em geral vistoso; sépalas 3, 
livres ou conatas; pétalas 3, livres, a mediana 
diferenciada em labelo, as laterais semelhantes 
às sépalas; estames 1 ou 2 (raramente 3), adnatos 
ao estilete e ao estigma formando a coluna; pólen 
em geral agrupado em polínias; gineceu 
sincárpico, tricarpelar, estigma com um dos lobos 
não receptivo na face dorsal formando o rostelo, 
este podendo ou não formar estipe e/ou viscídio; 
ovário infero, unilocular com placentação parietal, 
ocasionalmente trilocular com placentação 


'Acadêmico do Curso Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora/ Bolsista de Conclusão de Curso 
UFJF. mcnini_ncto@hotmail.com 

: Acadêmico do Curso Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora/Bolsista PlBIC/CNPq. 

Mardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 915, 22460-030, Rio de Janeiro, Brasil, rafaela@jbij.gov.br 





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138 

lateral; óvulos numerosos. Néctar em geral 
ausente, quando presente produzido em cálcar 
ou em nectários septais. Fruto cápsula, abrindo 
por (1-) 3 ou 6 fendas longitudinais; sementes 
minúsculas, com tegumento membranáceo, 
embrião muito reduzido; endosperma ausente 
(Dahlgren et ai, 1985; Dressler, 1993). 

A Reserva Biológica da Represa do Grama 
está localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, 
no Município de Descoberto (21°25’S - 
42°56’W), cerca de 100 km ao nordeste de Juiz 
de Fora, tendo sido a primeira Reserva Biológica 
criada no estado. A Reserva abrange uma área 
de 263,8 hectares de floresta estacionai 
semidecidual montana e abriga dois córregos dos 
quais ocorre captação de água para 
abastecimento parcial dos municípios de 
Descoberto e de São João Nepomuceno. 

A região da Zona da Mata de Minas 
Gerais é constituída por florestas estacionais 
semideciduais montana e submontana que se 
encontram extremamente fragmentadas 
(Meira Neto et ai 1997; Silva 2000), devido a 
diversos tipos de perturbações como o fogo, a 
agricultura, a pecuária, a retirada seletiva de 
madeira e o crescente desenvolvimento das 
áreas urbanas (Oliveira-Filho et ai 1994). 
Paradoxalmente, poucos estudos florísticos 
têm sido desenvolvidos nessa região. Esse fato 
está refletido nas coleções depositadas em 
nossos herbários, que representam muito pouco 
da diversidade das matas mineiras, e na 
escassa literatura sobre a flora da região. 

Dentro desse contexto, o presente estudo 
objetivou apresentar o levantamento das 
espécies de Orchidaceae ocorrentes na 
Reserva Biológica da Represa do Grama com 
a finalidade de ampliar o conhecimento sobre 


Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 

a vegetação da Zona da Mata de Minas Gerais, 
incrementar o número de coleções depositadas 
em herbários e ampliar o conhecimento sobre 
a taxonomia e distribuição geográfica das 
espécies de Orchidaceae. 

MATERIAL E MÉTODOS 

Para o desenvolvimento deste trabalho 
foram realizadas coletas mensais à Reserva, 
no período de agosto de 1 999 a agosto de 2002. 
As amostras de materiais férteis foram 
coletadas e incorporadas à coleção do 
Herbário CESJ. As duplicatas foram enviadas 
para diversos herbários nacionais, como 
indicado no material examinado de cada 
espécie. O material examinado representa os 
espécimes coletados na Reserva e encontra- 
se citado em ordem cronológica de coleta. O 
material adicional representa exemplares de 
outras localidades. 

As descrições das espécies foram 
elaboradas a partir dos materiais coletados na 
Reserva. Seis espécies não foram descritas por 
não apresentarem material fértil e encontram- 
se citadas na tabela 1. As ilustrações foram 
elaboradas a mão livre utilizando 
estereomicroscópio. A terminologia morfológica 
adotada foi retirada das definições contidas em 
Radford et ai (1974) e Dressler (1981). 

São apresentadas descrições, ilustrações, 
comentários sobre aspectos taxonômicos, 
informações sobre a distribuição geográfica de 
cada espécie e chave para identificação dos 
táxons ocorrentes na Reserva. Os dados de 
distribuição geográfica para cada espécie 
foram obtidos através da literatura e da análise 
do material adicional examinado. 


Tabela 1 - Espécies que não floresceram durante o desenvolvimento do trabalho. 


Espécie 

Forma de vida 

Campylocentrum cf. linearifolium Schltr. cx Mansf. 

epífita 

Catasetum sp. 

epífita 

Cyclopogon sp 

terrestre 

Gomesa cf. glaziovii Cogn. 

epífita 

Pleurothallis sp. 

epífita 

Zygopetalum sp. 

terrestre 


Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



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cm .. 


A família Orchidaceae na Resena Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


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CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE ORCHIDACEAE 
OCORRENTES NA RESERVA BIOLÓGICA DA REPRESA DO GRAMA 

1. Ervas terrestres. 

2. Caules intumescidos em pseudobulbos. 

3. Folhas variegadas, planas ou conduplicadas, únicas porpseudobulbo .. 12. Oeceoclades maculata 
3'. Folhas não variegadas, plicadas, mais de uma por pseudobulbo. 

4. Planta com até 15 cm de altura 11. Liparis nervosa 

4'. Plantas maiores que 50 cm de altura 20. Warrea warreana 

T. Caules não intumescidos em pseudobulbos. 

5'. Plantas áfilas 21. Wullschlaegelia aphylla 

5. Plantas com folhas. 

6. Plantas caulescentes com folhas dísticas 17. Psilochilus modestas 

6'. Plantas acaules com folhas rosuladas. 

7. Flores pediceladas 18. Sauroglossum nitidum 

7. Flores sésseis. 

8. Flores calcaradas 4. Eltroplectris janeirensis 

8'. Flores sem cálcar 16. Prescottia stachyodes 

P. Ervas epífitas, rupícolas ou lianescentes. 

9. Caules não intumescidos em pseudobulbos. 

10. Plantas lianescentes 19. Vanilla cf. gardneri 

10'. Plantas epífitas ou rupícolas. 

1 1 . Plantas com ramicaule, uma folha por ramicaule 13. Pleurothallis hypnicola 

1 1 '. Plantas sem ramicaule, multifoliadas. 

1 2. Planta menor que 5 cm alt., margem foliar ciliada 8. Eurystyles actinosophila 

1 2'. Planta maior que 40 cm de alt., margem foliar glabra. 

13. Folhas dísticas, flabeladas, inflorescência uniflora 

10. Huntleya meleagris 

1 3'. Folhas dísticas, não flabeladas inflorescência multiflora. 

14. Inflorescência em panícula, flores castanho-amareladas 

6. Epidendrum densiflorum 


14'. Inflorescência em corimbo, flores róseas 7. Epidendrum secundam 

9'. Caules intumescidos em pseudobulbos. 

15. Pseudobulbos 1-foliados l.Comparettiacoccinea 

1 5'. Pseudobulbos 2- a multifoliados. 

16. Duas folhas apicais por pseudobulbo. 

17. Folhas pecioladas com nervuras salientes 22. Xylobium variegatum 

17'. Folhas sésseis com nervuras não salientes. 


18. Pseudobulbo piriforme, inflorescência no ápice do pseudobulbo 

5. Encyclia patens 

18'. Pseudobulbo levemente achatado, inflorescência na base do pseudobulbo 

9. Gomesa recurva 

16'. Mais de duas folhas por pseudobulbo. 

1 9. Pseudobulbos piriformes 5. Encyclia patens 

19'. Pseudobulbos ovais ou fusiformes. 

20. Pseudobulbos fusiformes, com 12 cm ou mais de compr. 

21 . Inflorescência em racemo, flores diclinas 1 . Catasetum cernuum 

21'. Inflorescência em panícula, flores monoclinas ... 3. Cyrtopodium cardiochilum 

Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



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cm .. 


140 Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 

20'. Pseudobulbos ovais a fusiformes, menores que 3 cm compr. 

22. Planta até 7 cm alt., inflorescência em racemo 14. Polystachya micrantha 

22'. Planta maior que 7 cm alt., inflorescência em panícula 13. Polystachya concreta 


RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Na Reserva Biológica da Represa do 
Grama a família Orchidaceae está 
representada por 28 espécies distribuídas em 
23 gêneros. Quanto à forma de vida foram 
registradas 14 espécies epífitas, nove terrestres, 
três rupícolas, uma hemiepífita lianescente e 
uma saprófita. 

1. Catasetum cernuum (Lindl.) Rchb. f., Ann. 
Bot. Syst. 6: 570. 1863. 

Figura 1 a 

Erva epífita, ca. 40 cm alt. Pseudobulbos 
verdes, 12-20 cm compr., fusiformes, ca. 10- 
foliados, os mais velhos sulcados. Folhas 
dísticas, dispostas ao longo do pseudobulbo; 
bainha foliar ca. 6x3 cm, alva; lâmina verde, 
levemente discolor, 15-30 x 7-9,3 cm, 
oblanceolada, nervuras longitudinais salientes, 
sésseis, ápice cuspidado. Inflorescência 
masculina ca. 65 cm compr., em racemo, 
multiflora, laxa, ápice pendente, lateral. 
Pedúnculo verde-claro, ca. 45 cm compr., 
ereto. Brácteas do pedúnculo verdes a creme- 
esverdeadas, 1,5-2 cm compr., lanceoladas a 
obovadas, amplectivas sobre o pedúnculo, 
ápice agudo. Brácteas florais verdes, 1-1,8 x 
0,3-0, 7 cm, lanceoladas, ápice agudo. Flores 
masculinas pediceladas; pedicelo creme a 
verde, ca. 1,6 cm compr.; sépala dorsal 
vinácea, ca. 3,6 x 1,1 cm, elíptica, côncava, 
recobrindo parte das pétalas, ápice agudo; 
sépalas laterais vináceas, ca. 3,6 x 1,3 cm, 
elípticas, côncavas, patentes, ápice agudo; 
pétalas verdes com máculas vináceas, ca. 3,4 
x 1 cm, elípticas, convexas, ápice agudo; labelo 
vináceo, trilobado, ca. 1,8 x 2,1 cm, plano, 
patente, dois lobos laterais com ápice 
acuminado, lobo central triangular e carnoso; 
coluna verde com máculas vináceas, ca. 1,8 
cm compr., ereta, rostrada; rostro ca. 3 mm 
compr.; duas antenas retrorsas se projetando 


em direção ao disco do labelo, ca. 1,5 cm 
compr., paralelo-divaricadas; polínias 2, ca. 4 
mm compr., amarelas, estipe ca. 4 mm compr., 
oblongo, castanho, viscídio ca. 2 mm diâm, 
orbicular, castanho. Inflorescência feminina ca. 
22 cm compr., em racemo, pauciflora, laxa, 
ereta, lateral. Pedúnculo verde-claro, ca. 17 
cm compr., ereto. Brácteas do pedúnculo 
verdes, 1,8-2 cm compr., obovadas a 
lanceoladas, amplectivas sobre o pedúnculo, 
ápice agudo. Brácteas florais verdes ca. 2 x 
0,7 cm, lanceoladas, ápice agudo. Flores 
femininas carnosas, pediceladas; pedicelo ca. 
1,8 cm compr.; pétalas e sépalas verdes com 
máculas castanhas; labelo verde, cuculado; 
ovário ca. 1,5 cm compr. Fruto não visto. 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 11.XI.2001, V R. Almeida 
et al. 23, fl. (CESJ); 26.1.2002, R. C. Forzza 
& B. K. S. Franco 2053, fl. (CESJ). 

O gênero Catasetum inclui mais de 100 
espécies exclusivamente neotropicais, com a 
grande maioria concentrada na região 
amazônica, principalmente nos estados do 
Amazonas e Pará (Silva & Oliveira, 1998). C. 
cernuum apresenta flores muito vistosas, em 
geral diclinas. Na Reserva ocorrem tanto 
plantas com inflorescências masculinas e 
femininas, quanto plantas com inflorescências 
com flores hermafroditas. Na Reserva C. 
cernuum se desenvolve sempre entre as 
bainhas foliares de Attalea oleifera Barb. 
Rodr. Apresenta ocorrência registrada para os 
estados das Regiões Sudeste e Sul do Brasil, 
exceto o Paraná (Pabst & Dungs, 1975). 

2. Comparettia coccinea Lindl., Sketch Veg. 
SvvanR. 14: t. 68. 1838. 

Figura 1 b 

Erva epífita, ca. 43 cm alt. Pseudobulbo 
verde-claros, ca. 2 cm compr., fusiforme, 1 
folhados. Folha séssil; lâmina 4,9- 1 6 x 0,9- 1 ,5 

Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



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cm .. 


A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


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I' igura 1. a. Catasetum cemuum; b. Comparettia coccinea', c. Cyrtopodium cardiochihinr, d-f Eltroplectris janeirensis ; g- 
h. Encyclia patens\ i. Epidendrum densiflonmr, '}. E. secundum. 


Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



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cm .. 


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cm, oblanceolada, levemente sulcada na 
nervura central, ápice arredondado, algumas 
vezes acuminado. Inflorescência ca. 43 cm 
compr., em racemo, pauciflora, laxa, pendente, 
lateral. Pedúnculo verde-claro, ca. 35 cm 
compr., ereto. Brácteas do pedúnculo 
estramíneas, ca. 5 x 3 mm, lanceoladas, ápice 
agudo. Brácteas florais 2-4 x 2 mm, 
lanceoladas, ápice agudo. Flores pediceladas, 
laranja-avermelhadas, calcaradas; pedicelo ca. 
1,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 7 x 3 mm, 
elíptica, côncava, livre, ápice agudo; sépalas 
laterais ca. 6 x 2 mm, conatas, base do 
sinsépalo estendido em cálcar; cálcar ca. 1,9 
cm compr.; pétalas ca. 8 x 3 mm, lanceoladas, 
ápice agudo, côncavas; labelo ca. 1 ,5 x 1 ,5 cm, 
trilobado, com dois calos entre os lobos laterais; 
lobos laterais muito reduzidos, ca. 1 mm larg., 
semicirculares; lobo central evidente, ca. 1 x 
1,5 cm, bilobado, ápice retuso; coluna ca. 4 
mm compr., ca. 3 mm diâm.; polínias não 
vistas; ovário ca. 1 cm compr. Fruto não visto. 
Material examinado; BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 01.IV.2000, P.C.L Faria 
etal. s.n., íl. (CESJ 31100); 10.III.2002, L. S. 
Fernandes s.n., fl. (CESJ 36624, MBM). 

O gênero Comparettia possui 10 espécies 
(Dressler, 1993), das quais duas são 
registradas para o Brasil, C. coccinea e C. 
paulensis Cogn. (Pabst & Dungs, 1977). C. 
coccinea apresenta flores vistosas, de intensa 
coloração laranja-avermelhada. Esta espécies 
é uma das mais raras na Reserva tendo sido 
observada apenas uma pequena população. 
Distribui-se pelos estados da Região Sudeste, 
Paraná e Distrito Federal (Pabst & Dungs, 
1977). 

3. Cyrtopodium cardiochilum Lindl., J. Hort. 
Soc. London4: 266. 1849. 

Figura 1 c 

Erva rupícola. Pseudobulbos amarelos, 
fusiformes, multifoliados, com bainhas 
persistentes, amplectivas sobre o pseudobulbo. 
Folhas dísticas, dispostas ao longo do 
pseudobulbo; bainha foliar 6,5-8,5 x 1, 5-4,5 cm; 


Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, k. C. 

lâmina 19-60 x 2-7,5 cm, lanceolada, nervuras 
longitudinais salientes, sésseis sobre a bainha, 
ápice Iongo-acuminado. Inflorescência ca. 1,5 
m compr., em panícula, multiflora, laxa, ereta, 
lateral. Pedúnculo ca. 1 m compr., ereto. 
Brácteas florais amarelas, 1-2 x 0,5-1 cm, 
elípticas, ápice agudo a apiculado. Flores 
pediceladas, amarelas; pedicelo ca. 2 cm 
compr.; sépalas ca. 1,6 x 1,3 cm, orbiculares, 
ápice arredondado; pétalas ca. 2 x 1,3 cm, 
obovais, ápice arredondado; labelo amarelo, ca. 
1,7 x 2,1 cm, trilobado, lobos laterais levemente 
reniformes, ca. 7 x 9 mm, com máculas 
vináceas, lobo central suborbicular, ca. 1,2 x 
1,3 cm, ápice arredondado; coluna ca. 8 mm 
compr., pé da coluna ca. 3 mm compr.; polínias 
2, amarelas, ovais, ca. 1 mm compr., 1- 
sulcadas, estipe ca. 1 mm compr., viscídio 
castanho, triangular, ca. 1 mm larg.; ovário ca. 
8 mm compr. Fruto imaturo ca. 3,5 cm compr. 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 21.X.2001, F. R. G. 
Salimena & P. H. Nobre 933, fl. (BHCB, 
CESJ, CTES, MBM, SP, SPF, UB). 

Cyrtopodium é um gênero amplamente 
distribuído nas Américas, ocorrendo desde a 
Flórida (EUA) até a Argentina, com centro de 
diversidade no Brasil (32 espécies), mais 
precisamente no Planalto Central Brasileiro 
(Menezes, 2000). C. cardiochilum é 
facilmente confundida com C. andersonii R. 
Br. Segundo Menezes (2000) esta última 
possivelmente ocorre no território brasileiro 
apenas no estado do Amapá, sendo C. 
cardiochilum a espécie das regiões serranas 
de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Pode ser 
facilmente diferenciada das demais espécies 
encontradas na Reserva pelos pseudobulbos 
longos e amarelos, pela ampla inflorescência 
e pelas flores amarelas. 

4. Eltroplectrís janeirensis (Porto & Brade) 
Pabst, Bradea 1 (47): 469. 1974. 

Figura 1 d-f 

Erva terrestre, ca. 40 cm alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Folhas 

Rodrigursia 53 (82): 137-156. 2002 



SciELO/ JBRJ 


13 14 




A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


143 


pecioladas; pecíolo róseo, 20-24 cm compr.; 
lâmina verde, discolor, variegada, 16-19,5 x 9,5 
cm, oval, base atenuada ápice acuminado. 
Inflorescência ca. 15 cm compr., em espiga, 
multiflora, laxa, ereta. Pedúnculo róseo, ca. 55- 
68 cm compr., terminal, ereto. Brácteas do 
pedúnculo castanhas, 1,6-2, 7 x 1 cm, 
lanceoladas, ápice acuminado a longo- 
acuminado, amplectivas sobre o pedúnculo. 
Brácteas florais róseas, 1-1,8 x 0,2-0, 4 cm, 
lanceoladas, ápice agudo a longo-acuminado. 
Flores sésseis, verdes, calcaradas; sépala 
dorsal 9x4 mm, lanceolada, côncava, ápice 
agudo; sépalas laterais ca. 7x3 mm, 
lanceoladas, ápice agudo; cálcar 1,2 cm 
compr., formado pelo prolongamento das 
sépalas laterais mais o pé da coluna, fundido 
apenas na base; pétalas ca. 8 x 4 mm, 
lanceoladas, levemente assimétricas, ápice 
agudo; labelo ca. 1,7 x 0,5 cm, com a base 
estreitada, oblonga, inserida dentro do cálcar, 
expandindo aproximadamente a partir do meio 
em uma lâmina trilobada, ca. 8 mm compr., 
lobo central triangular, ca. 4 x 2 mm, ápice 
agudo, lobos laterais semicirculares, ca. 4 x 1 
mm; coluna ca. 4 mm compr., rostrada; rostro 
ca. 1 mm compr., filiforme; polínias não vistas; 
ovário ca. 2,3 cm compr., fusiforme. Fruto não 
visto. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 29.IV.2000, P.C.L. Faria 
etal. s.n., fl. (CESJ 31136); 20.IV.2002, R. C. 
Forzza et ai. 2171, fl. (CESJ, MBM). 

O gênero Eltroplectris possui 13 espécies 
(Dressler, 1993) nativas dos trópicos e 
subtrópicos do continente americano (Garay, 
1980). Para o Brasil são registradas dez 
espécies (Pabst & Dungs, 1975; Campacci & 
Kautsky, 1999). E. janeirensis apresenta 
distribuição restrita aos estados de Minas 
Gerais e Rio de Janeiro (Pabst & Dungs, 
1975). Na Reserva foram observados poucos 
indivíduos, sempre em locais úmidos e 
sombreados. Dentre as espécies terrestres 
encontradas na Reserva, é a única que possui 
calcar evidente. 

Rodrigufsia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 


5. Encyclia patens Hook., Bot. Mag. 57: t. 
3013. 1830. 

Figura 1 g-h 

Erva epífita, ca. 38 cm alt. Pseudobulbos 
verde-claros, ca. 5,5 cm compr., piriformes, 2-3- 
folhados. Folhas sésseis, apicais; lâmina 19-30 x 
1,2-1, 7 cm, loriformes, ápice retuso. 
Inflorescência 20-34 cm compr., em panícula, 
pauciflora a multiflora, laxa, ereta, terminal. 
Pedúnculo 10-14 cm compr. Brácteas do 
pedúnculo estramíneas, 0,5-1 cm compr., obovais, 
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo. 
Flores pediceladas, creme com máculas 
vináceas; pedicelo ca. 5 mm compr; sépala dorsal 
ca. 1,4 x 0,4 cm, oblanceolada, ápice agudo; 
sépalas laterais ca. 1,3 x 0,4 cm, elípticas, ápice 
acuminado; pétalas ca. 1 ,4 x 0,5 cm, espatuladas, 
ápice agudo; labelo ca. 1,2 x 1.5 cm, trilobado, 
lobos laterais ca. 7 x 2 mm, oblongos, ápice 
arredondado, lobo central 6x6 mm, orbicular, 
ápice arredondado a apiculado; coluna ca. 7 mm 
compr., com duas pequenas alas laterais próximas 
do ápice; polínias 4, amarelas; ovário ca. 1 cm 
compr. Fruto não visto. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 24. VI. 2000, F. R. G. 
Salimena et al. s.n., fl. (CESJ 31246); 
27.V.2001, V. R. Almeida et al. 7, fl. (CESJ); 
VI.2001, R. M. Castro 538, fl. (CESJ, MBM). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro. Morro 
Queimado, 22. V. 1972, D. Sucre et al. 9514, 
fl. (RB); Petrópolis. ± 1100 m.s.m.. Araras, 
16. VI. 1974, G. Martinelli 325, fl. (RB). 
PARANÁ. Baía de Guaratuba, 12. VII. 1969, 
R 1. S. Braga et al. 1674, fl. (RB). 

Encyclia patens possui flores e hábito 
semelhante à E. oncidioides Schltr., embora 
tenha tanto o porte quanto as flores menores 
do que esta (Castro Neto & Campacci, 2000). 
Tem como um de seus sinônimos mais 
conhecidos a E. odoratissima (Lindl.) Schltr. 
Ocorre nos estados das Regiões Sul, Sudeste 
e Bahia (Pabst & Dungs, 1977). Na Reserva 
foram observados poucos indivíduos, ocorrendo 
sempre na borda dos cursos d’água. 



SciELO/ JBRJ 


13 14 




cm .. 



144 

6. Epidendrum densiflorum Hook., Bot. 
Mag.67: t. 3791. 1840. 

Figura 1 i 

Erva rupícola ou epífita, ca. 1 malt. Caule 
não intumescido em pseudobulbo. Folhas 
numerosas, dísticas; bainha foliar ca. 3 cm 
compr.; lâmina verde-escura, 11-18 x 3-5 cm, 
elíptica, margem inteira, séssil sobre a bainha, 
ápice agudo. Inflorescência ca. 23,5 cm 
compr., em panícula, multiflora, laxa, ereta, 
terminal. Pedúnculo verde, ca. 6,5 cm compr., 
ereto. Brácteas do pedúnculo 1-1,5 x 0,5 cm. 
lanceoladas, ápice acuminado. Brácteas florais 
5x3 mm, lanceoladas, ápice agudo a 
acuminado. Flores castanho-amareladas, 
pediceladas; pedicelo ca. 1,5 cm compr.; 
sépalas 1,2 x 0,4 cm, oblanceoladas, côncavas, 
ápice agudo; pétalas ca. 1,2 x 0,2 cm, 
oblanceoladas, ápice agudo; labelo tetralobado, 
ca. 0,8 x 1 cm; lobos laterais reniformes ca. 6 
x 4 mm, com uma pequena reentrância próximo 
à base; lobos centrais triangulares, 3x2 mm. 
ápice agudo; disco com dois calos 
arredondados na base da lâmina, próximos à 
junção com a coluna, três calos transversais, 
alongados, na região do disco, sendo o central 
mais longo que os demais; coluna ca. 7 mm 
compr.; polínias 4, levemente assimétricas, duas 
maiores, ovais, duas menores, obovais; ovário 
ca. 1 cm compr. Frutos verdes, 2-3 cm compr., 
fusiformes. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 07.V.2001, R. M. Castro 
et al. 314, fr. (CESJ, MBM), 21.IX.2002, L 
Menini Neto et al. 2, fl. (CESJ). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS. Carangola: 17.X.1989, L 
S. Leoni s.n., fl. (CESJ 20943). Pirapitinga: 
IX. 1989, S. M. S. Verardo & M. Brügger s.n., 
fl. (CESJ 24189). Ituiutaba: Fuma de São 
Vicente, 15.IX.1948, s.c., fr. (RB 66365). 
ESPÍRITO SANTO. Cultivada no Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro, X.1939, s.c., fl. 
(RB 4 147 1 ); ib. 2 1 .X. 194 1 , s.c. , fl. (RB 46205). 
RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro. Baía de 
Sepetiba, Ilha Furtada, 5.XI.1967, D. Sucre 


Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 

1883, fl. (RB). SÃO PAULO. Caçapava. 
cultivada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 
1935, P. Campos-Porto s.n., fl. (RB 37309). 
PARANÁ. Parque Nacional do Iguaçú, Matas 
do Palmital, 20. V. 1949, A. P Duarte 1898, fl. 
(RB). Sem procedência, s.d., W. Schwacke 
11100, fl. (RB). 

Epidendrum é um dos maiores gêneros 
dentro de Orchidaceae, possuindo cerca de 800 
espécies distribuídas por todo continente 
americano (Dressler, 1993). Para o território 
brasileiro são referidas aproximadamente 100 
espécies (Pabst & Dungs, 1975). E. 
densiflorum apresenta ampla distribuição 
geográfica, ocorrendo por toda América 
Central e América do Sul (Pabst & Dungs, 
1975). Na Reserva essa espécie foi 
encontrada como epífita ou rupícola sempre 
próxima de cursos d’água. 

7. Epidendrum secundurn Jacq., Enum. Syst. 
PI. 29. 1760. 

Figura 1 j 

Erva rupícola, 0,5-1 m alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Folhas 
numerosas, dísticas; bainha foliar amplexicaule; 
lâmina verde, 3-1 1 x 1,5-3 cm, oblongo-elíptica, 
séssil sobre a bainha, ápice obtuso. 
Inflorescência 4-22 cm compr., em corimbo, 
multiflora, laxa, ereta, terminal. Pedúnculo 
verde, ereto. Brácteas do pedúnculo 4-7 cm 
compr., estramíneas, amplectivas sobre o 
pedúnculo, ápice agudo. Brácteas florais 0,2- 1,5 
x 0,3 cm, triangulares, ápice agudo a acuminado. 
Flores róseas, pediceladas; pedicelo verde, ca. 
1 ,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 8 x 3 mm, elíptica, 
ápice agudo; sépalas laterais ca. 8 x 4 mm, 
oblongo-Ianceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 9 
x 2 mm, espatuladas, ápice agudo; labelo róseo 
com disco alvo ou amarelo, ca. 9 x 4 mm, 
trilobado, lobos laterais flabcliformes, fimbriados, 
lobo mediano levemente bilobado, flabeliforme, 
margem denteada, mais amplo que os laterais, 
disco com calos multilobados projetando-se em 
direção aos lobos laterais e central; coluna ca. 4 
mm compr.; polínias 4. Frutos verdes ca. 1 ,9 cm 
compr. 


Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 


cm .. 


A família Orchidaccae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 10. VIII. 2001, R. M. 
Castro et al. 583, fl./fr. (BHCB, CESJ, CTES, 
HUFU, MBM, RB, SP, SPF, UB); 26.1.2002, 
R. C. Forzza & B. K. S. Franco 2059, fl. 
(BHCB, CESJ, MBM, UB). 

Epidendrum secundam é uma espécie 
com circunscrição bastante complexa. Barros 
(1996, 2002) e Toscano-de-Brito ( 1995) tratam- 
na como uma espécie única com grande variação 
morfológica. Esta posição foi corroborada por 
Pinheiro & Barros (2002), após a realização de 
uma análise morfométrica com caracteres 
vegetativos e florais de indivíduos do “complexo 
Epidendrum secundam”. E. secundam 
apresenta uma ampla distribuição geográfica, 
ocorrendo por todo território brasileiro, norte da 
América do Sul, América Central chegando até 

0 México (Pabst & Dungs, 1975). Na Reserva 
forma grandes populações, sempre como 
rupícola nos afloramentos do Ribeirão do Grama. 

8. Eurystyles actinosophila (Barb. Rodr.) 
Schltr., Repert. Spec. Nov. Veg. Beih. 35: 39. 
1925. 

Figura 2 a-b 

Erva epífita, ca. 4 cm alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Folhas séssil, 
rosuladas; lâmina glauca, 1-2,6 x 0,5-1 cm, 
espatulada, margem ciíiada, ápice acuminado. 
Inflorescência ca. 3 cm compr., capituliforme, 
multiflora, congesta, pendente, terminal. 
Pedúnculo ca. 2,5 cm compr., piloso. Brácteas 
do pedúnculo ca. 1 x 0,3 cm, rômbicas, margem 
ciliada, ápice acuminado. Brácteas florais ca. 1,2 
cm compr., rômbicas, margem ciliada, ápice 
acuminado. Flores pediceladas, alvas, com as 
peças eretas formando um tubo; sépalas ca. 4 x 

1 mm, lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 3 x 
0,5 mm, oblongas, justapostas à sépala dorsal, 
ápice obtuso; labelo ca. 4 x 1 mm, triangular, com 
duas projeções laterais na base, piloso próximo 
ao ápice, ápice agudo; polínias não vistas; ovário 
ca. 1 mm compr. Fruto não visto. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 


Represa do Grama: 21.11.2001, R. M. Castro 
et al. 125, fl. (BHCB, CESJ, SP, UB); R. M. 
Castro et al. 241, 01.IV.2001, fl. (CESJ); 
VI. 2001, R. M. Castro 456, fl. (CESJ, MBM). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
RIO DE JANEIRO. Paraty. Passando a I a 
ponte, entrar à direita (sentido RJ/SP), 13 km 
do trevo de Paraty, subindo o Rio Corisco, 
29. VI. 1993, R. Marquete etal. 1064 , fl. (RB); 
Resende. Itatiaia, III. 1942, A. C. Brade 18014, 
fl. (RB). 

O gênero Eurystyles possui 10 espécies 
(Dressler, 1993) distribuídas por toda região 
neotropical (Garay, 1980). Para o Brasil Pabst 
& Dungs (1975) registraram quatro espécies. 
E. actinosophila apresenta distribuição 
geográfica restrita aos estados de Minas 
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Na 
Reserva são encontrados poucos indivíduos 
distribuídos, em geral, próximo de cursos 
d’água. E. actinosophila pode ser facilmente 
diferenciada das demais espécies da área por 
seu porte reduzido, suas folhas glaucas com 
margens ciliadas e por sua inflorescência 
congesta, capituliforme. 

9. Gomesa recurva Lodd., Bot. Cab. t. 660. 
1822. 

Figura 2 c-e 

Erva epífita, ca. 45 cm alt. Pseudobulbos 
verdes, 5, 5-7,7 cm compr., levemente achatados, 
2-foliados, com 1-2 bainhas foliadas, basais. 
Folhas apicais; lâmina 18-36,5 x 1,5-3, 5 cm, 
lanceoladas a oblanceoladas, ápice agudo a 
acuminado. Bainhas foliadas verdes, dobradas 
longitudinalmente 6,5-19 x 1,5-1, 5 cm, 
lanceoladas, ápice agudo. Inflorescência 13,2- 
39,5 cm compr., em racemo, multiflora, laxa, 
recurvada, lateral. Pedúnculo verde, 6,6-17,5 cm 
compr., recurvado. Brácteas do pedúnculo 
verde-claras, 1, 5-2,5 x 0,3-0,5 cm, lanceoladas, 
ápice agudo a acuminado. Brácteas florais verde- 
claras, 2-12 x 1-2 mm, elípticas a lanceoladas, 
ápice agudo a acuminado. Flores pediceladas, 
amarelas a verde-amareladas; pedicelo ca. 0,8 
cm compr.; sépala dorsal ca. 1 x 0,3 cm, 
oblanceolada, ápice agudo a arredondado; sépalas 


Rodriguésia 53 (82): 137- 156. 2002 



SciELO/ JBRJ 


13 14 





146 


Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 


Figura 2. a-b. Eurystyles actinosophila; c-e. Gomesa recurva', f-g. Huntleya meleagrís', h-i. Oeceoclades maculata\ j-1. 
Pleurothallis hypnicola. 


Rodriguésia 53 (82): 137-156. 2002 


cm 123456 


SciELO/ JBRJ 




A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


147 




laterais ca. 1 x 0,5 cm, lanceoladas, ápice agudo, 
conatas até a região mediana; pétalas ca. 9 x 3 
mm, oblanceoladas, ápice agudo a arredondado; 
labelo genuflexo ca. 1 x 0,4 cm, elíptico, ápice 
agudo, com duas alas laterais e dois calos centrais 
claviformes; coluna ca. 6 mm compr.; polínias 
2, obovais, ca. 1,5 mm, amarelas, estipe ca. 1 
mm compr., alvo, oblongo, viscídio ca. 1 mm 
compr., castanho, triangular; ovário ca. 4 mm 
compr. Fruto não visto. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 25.V.2000, P. C. L. Faria 
etal. s.n., fl. (CESJ 31067); 10.1.2001, R. M. 
Castro et al. 92, fl. (BHCB, CESJ, UB); 
21.IV.2001, /?. M. Castro etal. 263, fl. (CESJ, 
MBM); 27.1.2002, R. C. Forzza & B. K. S. 
Franco 206S, 0. (CESJ, SP); 11.2002, P. C 
L Faria á B. K. S. Franco s.n., ( CESJ 39080, 
floresceu em cultivo em 11.2002); III.2002, R. 
C. Forzza et al. s.n. (CESJ 39079, floresceu 
em cultivo cm V.2002), 0. (CESJ); 21.1V.2002, 
R. M. Castro et al. 263, fl. (CESJ). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
PERNAMBUCO. Zona da Mata, 20.X.1968, 
A. B. G. Ferreira s.n., fl. (HB 42192). 
ESPÍRITO SANTO. Vargem Alta. 700 
m.s.m., 24.V.1976, E. Lima s.n., fl. (HB 
63524). MINAS GERAIS. São Mateus. Mata 
do Rio do Peixe, 15. VI. 1968, V. Gomes 5, fl. 
(HB); Estação Experimental de Água Limpa, 
18.11.1968, V Gomes 03, fl. (HB); PARANÁ. 
Guaraqueçaba. Serrinha, 08. III. 1968, G. 
Hatschbach IS6S6, fl. (HB). SANTA 
CATARINA. Palhoça. Morro Cambirela, 
30.X. 1956, J. Rohr 2304, fl. (HB). RIO 
GRANDE DO SUL. Serra do Matador, 
25.1.1959, R. Reitz & R. Klein 8297, fl. (HB). 

O gênero Gomesa possui 13 espécies 
exclusivamente brasileiras (Dressler, 1993). G 
recunm é a espécie de Orchidaceae mais 
freqüente na Reserva, ocorrendo sempre à beira 
dos córregos, muitas vezes formando grandes 
populações que revestem os galhos das árvores. 
Apresenta distribuição nos estados das Regiões 
Sudeste e Sul do Brasil, exceto Rio Grande do 
Sul (Pabst & Dungs, 1977). 


Rodriguisia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 


10. Huntleya meleagris Lindl., Bot. Reg. 23: 
t. 1991. 1837. 

Figura 2 f-g 

Erva epífita, ca. 50 cm alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Folhas flabeladas, 
dísticas; bainha foliar 3-9,5 x 2,5 cm; lâmina 
levemente discolor, 25-37 x 1,5-4, 2 cm, 
oblanceolada, com nervuras longitudinais 
salientes, séssil sobre a bainha, ápice agudo. 
Inflorescência uniflora. Pedúnculo 7,5-8 cm 
compr., ereto. Brácteas do pedúnculo ca. 1,5 cm 
compr., elípticas, amplectivas sobre o pedúnculo, 
ápice agudo. Brácteas florais ca. 1,3 x 0,2 cm, 
filiformes. Flores pediceladas, castanho- 
avermelhadas, com sépalas e pétalas de base 
alva a levemente amarelada; pedicelo 3-6,5 cm 
compr.; sépalas 3-3,5 x 1 cm, lanceoladas, ápice 
atenuado; pétalas ca. 2,5 x 1 cm, lanceoladas, 
ápice atenuado; labelo alvo com ápice castanho, 
ca. 2 x 1,4 cm, obovado, ápice apiculado, calo 
com projeções fimbriadas; coluna alva, ca. 1,3 
cm compr., com alas amarelo-esverdeadas; 
polínias 4, amarelo-claras, ca. 3 mm compr., estipe 
alvo, ca. 2 mm compr., levemente triangular, 
viscídio ca. 1 mm, oval, levemente castanho; 
ovário ca. 8 mm compr. Fruto não visto. 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 11.XI.2001, V. R. Almeida 
et al. 26, fl. (CESJ, MBM). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
ESPÍRITO SANTO. Cachoeiro do Itapemirim. 
Vargem Alta, 23. V. 1949, A. C. Brade 19881, 
fl. (RB); sem procedência, 1914, P. Campos- 
Porto 35, fl. (RB); sem procedência, IX. 1948, 
A. C. Brade 19446, fl. (RB). 

O gênero Huntleya inclui 10 espécies 
(Dressler, 1993). Até o início da década de 1990, 
//. meleagris era a única representante do gênero 
registrada para o Brasil. Em 1992 foi citada 11. 
lúcida (Rolfe) Rolfe, para a Amazônia (Silva & 
Silva, 2000). H. meleagris ocorre nos estados 
do Sul e Sudeste do Brasil e Bahia (Pabst & 
Dungs, 1977). Pode ser facilmente diferenciada 
das demais espécies de Orchidaceae da Reserva 
pela presença de inflorescência uniflora e folhas 
flabeladas e dísticas. 




cm 1 


SciELO/ JBRJ. 


13 14 15 16 17 1 ! 


148 

11. Liparis nervosa (Thunb. ex Murray) 
Lindl., Gen. Sp. Orch. PI. p. 26. 1830. 

Erva terrestre, ca. 15 cm alt. Pseudobulbo 
vináceo, ca. 6,5 cm compr., fusiforme, 4- 
folhado. Folhas sésseis, 1,8-25,5 x 1-8.5 cm, 
imbricadas, lanceoladas a elípticas, ápice 
agudo, nervuras longitudinais salientes. 
Inflorescência 32-42,5 cm compr., em racemo, 
laxa, ereta, terminal. Pedúnculo verde-claro, 
18-20 cm compr., ereto. Brácteas do pedúnculo 
ca. 1,2 x 0,2 cm, lanceoladas, ápice agudo. 
Brácteas florais 4-8 x 2 mm, lanceoladas a 
elípticas, ápice agudo. Frutos verdes ca. 1,5 
cm compr., com o perianto persistente. 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 23. III. 2002, R. C. Forzza 
el aí. 2103, fr. (CESJ, MBM). 

O gênero Liparis apresenta distribuição 
cosmopolita e engloba cerca de 350 espécies 
(Dressler, 1993), com apenas três ocorrendo 
no Brasil (Pabst & Dungs, 1975). L. nervosa 
destaca-se das demais espécies estudadas pela 
presença de folhas largas, plicadas e pelos 
pseudobulbos vináceos. Coletada apenas com 
frutos, não foi possível a descrição de suas 
flores. Apresenta ampla distribuição 
geográfica, ocorrendo desde a América 
Central até o sul do Brasil (Pabst & Dungs, 
1975) e também no Japão. É uma espécie 
comum em matas secundárias, vegetando 
sobre detritos (Hoehne, 1949). 

12. Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl., 
Gen. Sp. Orch. Pl. p. 237. 1833. 

Figura 2 h-i 

Erva terrestre, ca. 15 cm alt. Pseudobulbo 
verde-escuro, 2,5-3 cm. compr., piriforme, 1- 
folhado. Folha séssil; lâmina foliar verde-clara, 
variegada, 7,8-22 x 2-3 cm, elíptica, ápice 
agudo. Inflorescência ca. 40-44 cm compr., em 
racemo, pauciflora, laxa, ereta, lateral. 
Pedúnculo verde-escuro, 18-22 cm compr., 
ereto. Brácteas do pedúnculo estramíneas, 2- ' 
3 x 0,7 cm, ovais, amplectivas sobre o 
pedúnculo, ápice agudo. Brácteas florais 
estramíneas, 0,3-1 x 0,2 cm, lanceoladas, ápice 


Menini Neto, L, Almeida, V R., Forzza, R. C. 

agudo. Flores pediceladas, calcaradas, creme- 
esverdeadas; pediceloca. 1 cm compr.; sépala 
dorsal ca. 1 x 0,3 cm, oblanceolada, ápice 
arredondado; sépalas laterais ca. 1 x 0,3 cm, 
falciformes, ápice agudo; pétalas ca. 1 x 0,3 
cm, elípticas, ápice arredondado; labelo 
tetralobado, alvo com duas máculas vináceas, 
ca. 1,2 x 1 cm, cálcar claviforme, ca. 3 mm 
compr., formado na base do labelo; lobos 
laterais arredondados, com estrias vináceas; 
lobos centrais orbiculares; coluna alva, ca. 4 
mm compr.; ovário ca. 8 mm compr.; polínias 
4, amarelas, ca. 0,5 mm. Fruto não visto. 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 10. III. 2002, L. S. 
Fernandes s.n., fl. (CESJ 36623); 18.V.2002, 
A. V. Lopes et ai. 53, fl. (CESJ). 

O gênero Oeceoclades possui cerca de 
30 espécies com ocorrência predominantemente 
no continente Africano (Dressler, 1993). Para o 
Brasil, é registrada apenas O. maculata que 
ocorre da Amazônia ao Rio Grande do Sul (Pabst 
& Dungs, 1975). Pode ser facilmente 
diferenciada das demais espécies de 
Orchidaceae terrestres encontradas na Reserva 
por possuir pseudobulbo piriforme, com apenas 
uma folha variegada, e flores com duas máculas 
vináceas no labelo. 

13. Pleurothallis hypnicola Lindl., Ed\vards's 
Bot. Reg. 28 (misc.): 75. 1842. 

Figura 2 j-1 

Erva epíFita, ca. 12 cm alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Ramicaule 
verde, 2-3 cm compr., cilíndrico, 1-foliado; 
bainhas 1-2 cm compr., amplexicaules, ápice 
agudo. Folha peciolada, apical; lâmina verde- 
clara, 6-11 x 1-2 cm, elíptica, margem inteira, 
ápice agudo. Inflorescência 7,5-10,5 cm 
compr., em cincínios, multiflora, laxa. terminal, 
posicionada na axila das folhas. Pedúnculo 
verde, 2,5-4,5 cm compr., ereto. Brácteas do 
pedúnculo castanhas, ca. 2 mm compr., ovais, 
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo. 
Brácteas florais semelhantes às brácteas do 
pedúnculo. Flores pediceladas, amarelas; 


Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 





ciELO/JBRJ 



cm .. 


A família Orchidaceae na Resen a Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


pedicelo ca. 3 mm compr.; sépala dorsal ca. 4 
x 2 mm, oblanceolada, ápice agudo, com 
margem espessada na metade superior; 
sépalas laterais ca. 4 x 2 mm, parcialmente 
conatas, ápice agudo, margem espessada 
próximo ao ápice; pétalas ca. 2 x 0,5 mm, 
espatuladas, ápice agudo; labelo vináceo, ca. 
2 x 1 mm, elíptico, ápice agudo; coluna creme, 
ca. 2 mm compr., com alas triangulares; polínias 
2, amarelas, ca. 0,5 mm compr.; ovário verde, 
ca. 1 mm compr. Fruto não visto. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 21.IV.2002, R. C. Forzza 
et al. 2187 , fl. (CESJ). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
RIO DE JANEIRO. Resende. Itatiaia, próximo 
à pensão Donati, 13. XI. 1954, G F J. Pabst 
s.n ., fl. (HB 2567); Serra dos Órgãos, II. 1958, 
H. Sick s.n., fl. (HB 8415). Rio de Janeiro. 
Serra da Carioca, 22.IV. 1951, G. F. J. Pabst 
SM., fl. (HB 2100). SANTA CATARINA. Ilha 
de Santa Catarina. Sertão da Lagoa, 
12.IV. 1952, J. A. Rohr 2183, fl. (HB). 

Pleurotliallis é um megagênero de cerca 
de 1000 espécies distribuídas por toda a Região 
Neotropical (Dressler, 1993). Pleurotliallis 
hypnicola ocorre nos estados das Regiões 
Sudeste e Sul do Brasil (Pabst & Dungs, 1975). 
É uma espécie de porte reduzido, epífita, com 
os indivíduos apresentando, na área estudada, 
sépalas e pétalas amarelas e labelo vináceo. 

14 . Polystacliya concreta (Jacq.) Garay & 
H.R. Sweet, Fl. Lesser Antilles 1:178. 1974. 

Figura 3 a-b 

Erva epífita, ca. 25 cm alt. Pseudobulbo 
verde-claro, ca. 2,5 cm compr., fusiforme, 4- 
folhado. Folhas imbricadas; bainha foliar, 4-9 
cm compr.; lâmina levemente discolor, 0,5-21 
x 0,7-3 cm, elíptica a lanceolada, margem 
inteira, séssil sobre a bainha, ápice 
arredondado. Inflorescência 19-35 cm compr., 
em panicula, multiflora, laxa, pendente, 
terminal. Pedúnculo verde, 12-20 cm compr., 
ereto a levemente recurvado. Brácteas do 
pedúnculo estramíneas, 2,5-6,2 cm. compr., 


amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo. 
Brácteas florais ca. 2 x 1 mm, triangulares, 
ápice agudo a acuminado. Flores pediceladas, 
não ressupinadas; pedicelo alvo, inconspícuo; 
sépala dorsal amarela, ca. 2 x 1 mm, oval, 
côncava, ápice agudo; sépalas laterais 
amarelas, ca. 3 x 2 mm, ovais, margem inferior 
convoluta próxima à base, ápice agudo; pétalas 
amarelas, ca. 3 x 0,5 mm, oblongas a 
oblanceoladas, ápice retuso; labelo alvo, ca. 3 
x 3 mm, trilobado, ápice retuso, lobo central 
com pseudopólen, calo ca. 1 mm compr., 
próximo à base do lobo central; coluna alva, 
ca. 1 mm compr.; polínias não vistas; ovário 
ca. 5 mm compr., fusiforme. Fruto verde, ca. 
9 mm compr., fusiforme. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 11.2001, L. D. Meireles 
s.n., fl./fr. (CESJ 33817); 27.V.2001, V. R. 
Almeida et al. 6, fr. (CESJ, MBM); 24.11.2000, 
P. C. Zampa s.n., fl. (CESJ 31037); 
21. IV. 2001, R. M. Castro et al. 286, fr. 
(CESJ). 

O gênero Polystachya abriga cerca de 
120 espécies, sendo predominantemente 
africano (Dressler, 1993). Para o Brasil são 
registradas 12 espécies. P. concreta apresenta 
ampla distribuição no Brasil, ocorrendo desde 
a Amazônia até o Rio Grande do Sul (Pabst & 
Dungs, 1975). Na Reserva são encontradas 
grandes populações desta espécie, 
preferencialmente em locais mais úmidos. 

15. Polystachya micrantha Schltr., Repert. 
Spec. Nov. Regni Veg. Beih.35: 81. 1925. 

Figura 3 c 

Erva rupícola, ca. 7 cm alt. Pseudobulbo 
verde-escuro, ca. 5 mm compr., oval, 4- 
folhado. Folhas imbricadas; bainha foliar verde- 
clara, ca. 1 cm compr. Lâmina verde-clara, 
5,5-7, 5 x 0,6-1 cm., elíptica, margem inteira, 
séssil sobre a bainha, ápice arredondado. 
Inflorescência ca. 6,5 cm compr., em racemo, 
pauciflora, laxa, ereta, terminal. Pedúnculo 
verde, ca. 5 cm compr., ereto. Brácteas do 
pedúnculo estramíneas, ca. 2 cm compr., 


Rodriguésia 53 (82): 137-156. 2002 



SciELO/ JBRJ 


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cm .. 



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Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 




Figura 3. a-b. Polystachya concreta ; c. /’. micrantha; d. Prescottia stachyodes.;c-f. Psilochilus modestas; g-h. Sattroglossum 
nitidum; i. Warrea warreana; j-1. Wullschlaegelia aphylla ; m. Xylobium variegatum. 


Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



ISciELO/JBRJ 


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A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


151 


amplectivas sobre o pedúnculo, 
membranáceas, ápice acuminado. Brácteas 
florais ca. 0,5 mm compr., triangulares, ápice 
acuminado. Flores pediceladas, não 
ressupinadas, verde-claras; pedicelo ca. 1 mm 
compr.; sépala dorsal ca. 2 x 2 mm, oval, 
côncava., ápice agudo; sépalas laterais ca. 3 x 
2 mm, ovais, côncavas, margem inferior 
convoluta próximo à base, ápice agudo; pétalas 
ca. 2 x 0,5 mm, oblongas, ápice arredondado; 
labelo trilobado, ca. 2 x 3 mm, ápice truncado, 
calo castanho próximo à base do labelo; coluna 
alva, ca. 1 mm compr.; polínias não vistas; 
ovário ca. 2 mm compr., fusiforme. Frutos 
imaturos verdes, ca. 8 mm compr., fusiformes. 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represado Grama: 12.1.2002, L. Menini Neto 
et cil. 1, fl./fr. (CESJ). 

Polystachya micrantha é citada por 
Pabst & Dungs (1975) apenas para o estados 
de São Paulo e Rio Grande do Sul, de modo 
que este é o primeiro registro da espécie para 

0 estado de Minas Gerais. Na Reserva foram 
observadas apenas duas pequenas populações 
próximas de cursos d’água. 

16 . Prescottia stachyodes (Sw.) Lindl., 
Edward’s Bot. Reg. 22: t. 1915. 1836. 

Figura 3 d 

Erva terrestre, ca. 50 cm alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Folhas 
pecioladas; pecíolo castanho 33,5-43,5 cm 
compr.; lâmina verde, variegada, 22-23,5 x 1 1- 
14 cm, elíptica, base cuneada a atenuada, 
margem inteira, ápice agudo. Inflorescência ca. 

1 m compr., em espiga, multiflora, laxa, ereta, 
terminal. Pedúnculo róseo, 8 1,5-86 cm compr., 
ereto. Brácteas do pedúnculo castanhas a 
levemente rosadas, 2-8,5 cm compr., 
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice agudo. 
Brácteas florais creme, 0,5- 1,5 x 0,1 -0,5 cm, 
diminuindo de tamanho em direção ao ápice, 
lanccoladas, ápice longo-acuminado. Flores 
sésseis, cremes a verdes, não ressupinadas; 
sépala dorsal ca. 3 x 1 mm, elíptica, recurvada, 
ápice agudo; sépalas laterais ca. 3 x 1 mm, 

Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 


lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 2 x 0,5 
mm, oblongas, recurvadas, ápice arredondado; 
labelo ca. 2 x 2 mm, cuculado, com duas 
aurículas na base; coluna ca. 2 mm compr; 
polínias não vistas; ovário ca. 6 mm compr. 
Fruto ca. 1 cm compr., fusiforme. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 30. IX. 2000, L. D. 
Meireles et al. s.n., fl. (CESJ 31444, SP); 
01.IX.2001, R. C. Forzza et al 1849, fl. 
(CESJ); 31.X.2001, R. M. Castro et al. 655, 
fl. (CESJ). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
RIO DE JANEIRO. Paraty. Morro da Pedra 
Rolada, ca. 400 m.s.m., APA Cairuçú, 
23.VIII.1995, M. G. Bovini et al. 873, fl. 
(RB). Rio de Janeiro. Vertente do Sumaré, 
VII. 1969, D. Sticre 5749, fl. (RB). 

Prescottia é um gênero com 21 espécies 
(Dressler, 1993), das quais 17 são registradas 
para o Brasil (Pabst & Dungs, 1975). P. 
stachyodes apresenta ampla distribuição 
geográfica ocorrendo do México ao sul do 
Brasil. E uma espécie relativamente comum 
na Reserva, onde indivíduos isolados são 
encontrados em vários pontos dentro da mata, 
sempre em locais sombreados e úmidos. 

17 . Psilochilus modestus Barb. Rodr., Gen. 
Sp. Orchid. 2: 273. 1882. 

Figura 3 e-f 

Erva terrestre, ca. 30 cm alt. Caule 
cilíndrico, não intumescido em pseudobulbo. 
Folhas rosuladas, sésseis; bainha foliar 3,4-4 
cm compr., a metade inferior amplexicaule, a 
metade superior livre. Lâmina foliar discolor, 
7,8-9,4 x 4,5-4, 8 cm, oval, margem levemente 
revoluta, ápice agudo. Inflorescência ca. 1,3 
cm compr., em racemo, pauciflora, ereta, 
terminal. Pedúnculo ca. 2 cm compr., ereto. 
Brácteas do pedúnculo semelhantes à lâmina 
foliar, ca. 3,8 x 1,6 cm. Brácteas florais ca. 1 
cm compr., lanceoladas, ápice agudo. Flores 
pediceladas; pedicelo ca. 1 cm compr.; sépala 
dorsal ca. 2,3 x 0,2 cm, lanceolada, ápice 
agudo; sépalas laterais ca. 2,3 x 0,3 cm, 



BciELO/JBRJ 


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cm .. 



152 

lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 2 x 0.2 
cm, lanceoladas, ápice agudo; labelo trilobado, 
ca. 1,8 x 0,7 cm, lobos laterais levemente 
triangulares, ca. 2 mm compr., ápice agudo, 
lobo central orbicular, ca. 5 x 4 mm; coluna 
ca. 1,3 cm compr.; polínias não vistas; ovário 
ca. 3 cm compr. Fruto não visto. 

Material examinado; BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 21.IV.2002, R. C. Forzza 
et al. 2192, fl. (CESJ). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
ESPÍRITO SANTO. Domingos Martins. 
23.III.1976,/?. Kautsky 539, 0. (HB); 13.11.1978, 
R. Kautsky 581, fl. (HB). SÃO PAULO. 
Angatuba. Fazenda do Serviço Florestal: 
23.11.1966, M. Emmerich & R. Dressler 2841 , 
fl. (HB). SANTA CATARINA. Araguari. Barra 
do Sul, 08.IV. 1953, R. Reitz & R. Klein 506, fl. 
(HB); Ilha de Santa Catarina. Sertão da Lagoa, 
12.X. 1958, J. A. Rohr 2340, (HB); sem 
procedência, 26.11.1951, J. A. Rohrs.n., fl. (HB 
2038). 

O gênero Psilochilus possui sete 
espécies (Dressler, 1993) das quais apenas P. 
modestus e P. dusenianus Kraenzl. ex Garay 
& Dunst. ocorrem em território brasileiro 
(Pabst & Dungs, 1975). P modestus apresenta 
distribuição nos estados das Regiões Sul e 
Sudeste do Brasil. Na Reserva apenas poucos 
indivíduos isolados foram observados. 

18. Sauróglossum nitidum (Vell.) Schltr., 
Beih. Bot. Centralbl. 37: 376. 1920. 

Figura 3 g-h 

Erva terrestre ca. 45 cm alt. Caule não 
intumescido em pseudobulbo. Folhas rosuladas, 
com a base estreitada, canaliculada, séssil; 
lâmina verde, 20-35 x 4, 5-7,5 cm, elíptica, 
margem inteira, ápice agudo. Inflorescência 35- 
100 cm compr., em racemo, ereta, multiflora, 
laxa, terminal. Pedúnculo 25-80 cm compr., 
verde, ereto, pubérulo. Brácteas do pedúnculo 
verdes, 2-15 x 0,5- 1,5 cm, sendo as inferiores 
amplectivas sobre o pedúnculo, ápice 
acuminado. Brácteas florais 0,5-2 x 0, 2-0,5 cm, 
pubérulas na face abaxial, ápice acuminado. 


Menini Neto, L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 

Flores pediceladas; pedicelo verde, ca. 3 mm 
compr.; sépala dorsal verde, ca. 8 x 3 mm, 
oblanceoladas, pubérulas, ápice levemente 
arredondado; sépalas laterais verdes, ca. 1 x 
0,3 cm, oblongas, pubérulas, ápice 
arredondado; pétalas verdes, ca. 8 x 2 mm, 
espatuladas, pubérulas, ápice arredondado; 
labelo ca. 9 x 5 mm, dois calos na base 
próximos à margem, ápice retuso, levemente 
revoluto; coluna ca. 6 mm compr.; polínias 4, 
ca. 2 mm, cremes; viscídio castanho, 0,5 mm, 
oval; ovário ca. 1 cm compr., fusiforme, 
pubérulo. Fruto não visto. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: VI.2001, R. M. Castro 
452, fl. (CESJ); 16.11.2002, R. C. Forzza et 
al. 2210, fl. (CESJ, MBM). 

O gênero Sauroglossum apresenta 9 
espécies (Dressler, 1993) ocorrentes na 
América do Sul, dentre as quais apenas S. 
nitidum ocorre no Brasil. Tem sua distribuição 
geográfica registrada para DF, MG, RJ, SP, 
PR, RS e a Argentina (Pabst & Dungs, 1975). 
S. nitidum é uma espécie comum na área da 
Reserva, encontrada em vários pontos no 
interior da mata, sempre com indivíduos 
isolados. 

19. Vanilla cf. gardneri Rolfe, Buli. Misc. 
Inform. Kew 177. 1895. 

Erva lianescente. Caule não intumescido 
em pseudobulbo. Folhas sésseis, dispostas 
disticamente ao longo do caule. Lâmina verde, 
12-14 x 3-3,5 cm, elíptica, ápice acuminado, 
margem levemente revoluta. Inflorescência ca. 
3 cm compr., em racemo, pauciflora, laxa, 
lateral; brácteas florais ca. 4 x 4 mm, 
triangulares, ápice agudo, côncavas. Flores não 
vistas. Frutos verdes, 5-9 cm compr., 
fusiformes. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 23.III.2002, R. C. Forzza 
et al. 2115, fr. (CESJ). 

O gênero Vanilla apresenta distribuição 
Pantropical e abriga cerca de 100 espécies 


Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



SciELO/JBRJ 


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A família Orchidaceae na Resenha Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


153 


(Dressler, 1993), das quais 30 são encontradas 
em território brasileiro (Pabst & Dungs 1975). 
Vanilla cf. gardneri foi coletada apenas em 
fruto o que impossibilitou a identificação mais 
precisa do material. Pode ser facilmente 
diferenciada das demais espécies de 
Orchidaceae da Reserva pelo hábito 
lianescente. 

20. Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C. 
Schweinf., Bot. Mus. Leafl. 17: 55. 1955. 

Figura 3 i 

Erva terrestre, l-l,10malt. Pseudobulbos 
verdes, ca. 7 cm compr., fusiformes, 
multifoliados. Folhas basais sésseis, 16-33 x 3 
cm, lanceoladas, nervuras longitudinais 
salientes, ápice agudo. Folhas apicais 
pecioladas; pecíolo 19-37 cm compr.; lâmina 
verde, ca. 75 x 11 cm, elíptica, nervuras 
longitudinais salientes, ápice acuminado. 
In florescência 85-123 cm compr., em racemo, 
multiflora, laxa, ereta, lateral. Pedúnculo verde, 
70-86 cm compr., ereto. Brácteas do pedúnculo 
1,5-3, 5 x 1,5 cm, ovais, ápice agudo, 
amplectivas sobre o pedúnculo. Brácteas 
florais verdes, 0,5- 1 x 0,5 cm, lanceoladas, ápice 
agudo. Flores pediceladas; pedicelo verde, ca. 
1,5 cm compr.; sépala dorsal alva, levemente 
esverdeada na face externa, ca. 2,7 x 1,8 cm, 
oboval, ápice agudo; sépalas laterais alvas, ca. 
2,7 x 1,8 cm, oblongas, margem inferior 
convoluta até próximo à metade do 
comprimento, ápice agudo; pétalas alvas, ca. 
2,4 x 1,6 cm, elípticas, ápice agudo; labelo 
vináceo com base levemente amarelada, ca. 
2,2 x 2,2 cm, Iargamente obovado, com três 
calos longitudinais basais, ápice retuso; coluna 
alva, ca. 1,2 cm compr., rostrada; rostro 
triangular, ca. 2 mm compr.; pé da coluna ca. 
5 mm compr.; polínias 4, amarelo-claras, 2 mm, 
ovais; viscídio pentagonal, ca. 2 mm larg.; 
ovário ca. 1 cm compr. Frutos imaturos verdes, 
ca. 4,5 cm compr. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 20.IV.2002, R. C. Forzza 
et al. 2JS0, fl. (CESJ). 

Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 


Material adicional examinado: BRASIL. 
PARANÁ. Guairá. Usina Hidrelétrica de Sete 
Quedas: 24.1.1967, G. Hatschbach 15901, fl. 
(HB); s.d., G. Hatschbach & Haas s.n., fl. 
(HB 41712). 

Warrea é um gênero com apenas quatro 
espécies (Dressler, 1993), das quais somente 
IV. warreana é registrada para o território 
brasileiro, com ocorrência em matas úmidas 
nos estados das Regiões Sudeste e Sul do Brasil 
(exceto Santa Catarina) e na Argentina (Pabst 
& Dungs, 1977). 

21. Wullschlaegelia aphylla (Sw.) Rchb. f., 
Bot. Zeitung (Berlin) 21: 131. 1863. 

Figura 3 j-1 

Erva saprófita, 25-45 cm alt. Caule não 
intumescidos em pseudobulbos. Áfila. 
Inflorescência 24-47 cm compr., em racemo, 
multiflora, laxa, ereta, terminal. Pedúnculo 
ereto, 1 5-29 cm compr. Brácteas do pedúnculo 
ca. 5 x 2 mm, lanceoladas, ápice acuminado. 
Brácteas florais ca. 5 x 2 mm, diminuindo de 
tamanho em direção ao ápice da inflorescência 
lanceoladas, membranáceas, ápice acuminado. 
Flores pediceladas, não ressupinadas; pedicelo 
ca. 3 mm compr.; sépala dorsal ca. 2 x 1 mm, 
elíptica, ápice arredondado; sépalas laterais 2 
x 1 mm, elípticas, ápice arredondado; pétalas 
1 x 0,5 mm, elípticas, ápice arredondado; labelo 
cuculado, 2 x 1 mm, ápice agudo, com dois 
calos esféricos, escuros, próximos à base; 
polínias não vistas. Frutos alvos, ca. 1 cm 
compr., ovais. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: 27.1.2002, R. C. Forzza 
et al. 2067, fr. (BCHB, CESJ, CTES, HUFU, 
MBM, RB, SP, SPF, UB). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MATO GROSSO. Serra Ricardo Franco, 800 
m.s.m., XII. 1977, P. G Windisch 1800, fl. 
(HB). GOIÁS. Corumbá de Goiás. Rodovia 
para Niquelândia, 28.1.1968, H. S. Irwin etal. 
42718, fr. (HB). RIO DE JANEIRO. Rio de 
Janeiro. Corcovado, s.d., VV Schwacke 8981, 
fr. (RB); Matas do Pai Ricardo, 21.11.1945, T 



SciELO/ JBRJ 


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cm .. 


154 

Occhioni s.n., fr. (RB 132041); Grota do Pai 
Ricardo, entre 500-550 m.s.m., 22.XII.1971, 
D. Sucre 8147, fr. (RB); Matas da Lagoinha, 
21.1.1945, T Occhioni 94, fr. (RB). 
PARANÁ. Ponta Grossa. Parque Vila Velha, 
s.d., G. Hatschbach & O. Guimarães 16503, 
fl./fr. (HB). 

Wullschlaegelia é um gênero com 
apenas duas espécies saprófitas, W. aphylla 
e \V. calcarata Bcnth. (Bom et al., 1999). W. 
calcarata ocorre desde a República 
Dominicana até o norte do Brasil e apresenta 
flores ressupinadas. W. aphylla apresenta 
ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde 
a América Central até o Paraguai e possui 
flores não ressupinadas. Na revisão recente 
do gênero (Bom et al. 1999) esta espécie é 
citada para Minas Gerais apenas por uma 
coleta realizada em 1865. Na Reserva foi 
observada uma grande população, ocorrendo 
em local muito sombreado e com serapilheira 
abundante. 

22. Xylobium variegatum (Ruiz & Pav.) 
Garay & Dunst., Venez. Orchid. III. 2: 11. 1961. 

Figura 3 m 

Erva epífita, ca. 50 cm alt. Pseudobulbos 
verde-escuros, 4-9 cm compr., fusiformes a 
ovais, 2-folhados, envoltos por bainhas 
paleáceas. Folhas pecioladas; pecíolo 7-1 1 cm 
compr.; lâmina foliar verde 29-39 x 2,5-6,5 cm, 
elíptica, base atenuada, nervuras longitudinais 
salientes, ápice acuminado. Inflorescência 17- 
24 cm compr., em racemo, pauciflora, laxa, 
ereta, lateral. Pedúnculo 7-10 cm compr., ereto. 
Brácteas do pedúnculo castanho-claras, 1,5-4 
cm compr., amplectivas ao pedúnculo, 
paleáceas, ápice agudo. Brácteas florais alvas, 
1-2,5 x 0,2-0, 4 cm, lanceoladas, ápice 
acuminado. Flores pediceladas; pedicelo 
creme-esverdeado a vináceo, ca. 8 mm. 
compr.; sépalas alvas, com estrias vináceas na 
face abaxial, recurvadas; sépala dorsal ca. 1,7 
x 0,5 cm, oblongo-lanceolada, ápice acuminado; 
sépalas laterais ca. 2 x 0,6 cm, lanceoladas, 
base assimétrica, ápice acuminado; pétalas 
alvas com estrias vináceas na face adaxial, ca. 


Menini Neto. L, Almeida, V. R., Forzza, R. C. 

1,5 x 0,4 cm, recurvadas, lanceoladas, ápice 
acuminado; labelo trilobado, alvo com estrias 
e lobo central vináceos, ca. 1 ,6 x 0,6 cm, lobos 
laterais verruculosos no ápice e lobo central 
totalmente verruculoso, calo longitudinal creme, 
no centro do labelo, ca. 5 mm compr.; coluna 
creme, ca. 0,5 cm compr., pé da coluna ca. 0,3 
cm compr.; polínias 4, amarelo-claras, ca. 0, 1 
cm compr.; ovário ca. 0,8 cm compr. Frutos 
castanho-escuros, ca. 3 cm compr. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama, 11. XI. 2001, V. R. Almeida 
et al. 24, fl./fr. (BHCB, CESJ, MBM, UB). 
Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS. Olaria. Desfiladeiro do 
Funil, Rio do Peixe, 1. 1998, M. Briigger et al. 
s.n., fr. (CESJ 30054). ESPÍRITO SANTO. 
Domingos Martins. 10.1.1947, L. Krieger s.n., 
fl. (CESJ 15155). 

O gênero Xylobium apresenta 30 espécies 
(Dressler, 1993), das quais apenas quatro são 
registradas para o Brasil (Pabst & Dungs, 
1977). X. variegatum apresenta ampla 
distribuição geográfica ocorrendo nos estados 
do PA, RJ, SP, PR, SC, MT e na Costa Rica, 
Venezuela, Equador, Peru e Bolívia (Pabst & 
Dungs, 1977). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A grande maioria dos levantamentos 
florísticos realizados para as florestas de Minas 
Gerais, se concentram no extrato arbóreo e 
arbustivo. Os estudos de flora que contemplam 
famílias de Monocotiledôneas em Minas 
Gerais, em geral são realizados nos campos 
rupestres. Para a Zona da Mata de Minas 
Gerais apenas três estudos foram 
desenvolvidos para Orchidaceae (Leoni, 1991, 
1993 e 1994) todos para o Leste da Zona da 
Mata. 

Para a Serra do Araponga, Leoni (1991) 
registrou 63 espécies, das quais 7 ocorrem na 
Reserva Biológica da Represa do Grama: 
Encyclia patens (citada como E. 
odoratissima), Epidendrum densiflorum 
(citado como E. paniculatum) E. secundam 

Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 150 . 2002 



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A família Orchidaceae na Resena Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


155 


(citado como E. cf. elongatum Jacq.), 
Polystachya concreta (citada como P. 
estrellensis Rchb. f.), Gomesa recurva e 
Pleurothal I is hypn icola. 

Para o município de Carangola, Leoni 
(1993) registrou 162 espécies. Dentre estas, 
12 ocorrem na Reserva: Catasetum cemuum, 
Encyclia patens (citada como E. 
odoratissima), Epidendrum densiflontm 
(citado como E. paniculatum), E. secundum 
(citado como E. aff. elongatum), Eurystyles 
actinosophila, Gomesa recurva, Liparis 
nervosa, Oeceoclades maculata, 
Polystachya concreta (citada como P. 
estrellensis ), Pleurothallis hypnicola, 
Warrea warreana (citada como W. tricolor 
Lindl.) e Xylobium variegatum. 

Nos levantamentos supracitados, 13 
espécies ocorrentes na Reserva não foram 
registradas: Campylocentrum linearifolium, 
Comparettia coccinea, Polystachya 
micrantha, Liparis ner\’osa, Sauroglossum 
nitidum, Cyrtopodium cardiochilum, 
Eltroplectris janeirensis, Huntleya 
meleagris, Prescottia stachyodes, 
Psilochilus modestus, Vanilla cf. gardneri, 
Xylobium variegatum e Wullschlaegelia 
aphylla. Estas espécies indicam que diversos 
fragmentos florestais devem ser inventariados 
e conservados para que a verdadeira riqueza 
das matas estacionais de Minas Gerais seja 
conhecida e conservada. 

AGRADECIMENTOS 

Os autores agradecem a FAPEMIG, 
CNPq e UFJF pelas bolsas concedidas. A 
Patrícia Carneiro Lobo Faria, coordenadora do 
projeto de inventário florístico da Reserva, pelo 
apoio nas diversas etapas deste estudo. À 
Viviane Scalon, Cláudio Nicoletti e a dois 
assessores anônimos pelas valiosas sugestões. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Barros, F. 1996. Notas taxonômicas para 
espécies brasileiras dos gêneros 
Epidendrum, Platystele, Pleurothallis e 

Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 


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Rodriguésia 53 ( 82 ): 137 - 156 . 2002 



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NORMAS DE PUBLICAÇÃO 

Rodriguésia é uma publicação semestral 
do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro, que tem por objetivo a 
divulgação de trabalhos de cunho científico e/ 
ou técnicos, relativos à biologia vegetal e à 
descrição de espécies novas, além de matérias 
ligadas à história e às atividades do Jardim 
Botânico, bem como notas prévias, resenhas 
bibliográficas e trabalhos sobre o meio 
ambiente. 


Instruções aos autores 

Os artigos submetidos devem ser 
concisos (máximo de 30 páginas de texto) e 
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ou disco para ZipDrive 100 Mb) e 3 vias 
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Brasil CEP: 22460-030 -Tel: (0XX21)2294- 
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Todos os artigos serão submetidos a 2 
consultores ad hoc. Aos autores será 
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normas descritas serão devolvidos. Podem ser 
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Será enviado aos autores as provas, que 
deverão ser devolvidas à Comissão em no 
máximo 5 dias úteis a partir da data do 
recebimento. Os trabalhos, após a publicação, 
ficarão disponíveis em formato digital (PDF 
da AdobeAcrobat) no site do Instituto de 
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(dez) separatas após a impressão. 


Preparação do texto 

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Os manuscritos devem ser formatados em 
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as páginas, exceto a do título, devem ser 
numeradas. Originais em frente e verso não 
serão aceitos. As letras maiusculas devem ser 
utilizadas apenas onde as palavras, de acordo 
com a língua portuguesa, exigirem iniciais 
maiusculas. Manuscritos inteiramente escritos 
em caixa alta não serão considerados. 

As palavras em latim devem estar em 
itálico, bem como os nomes científicos, 
genéricos e infra-genéricos. Os nomes 
científicos dos táxons deverão seguir as normas 
do Código de Nomenclatura Botânica em sua 
última edição. O nome dos autores de táxons 
devem ser citados segundo a obra Authors of 
Plant Names (Brummitt 1992). 

1. Página dc título - deve incluir o título, 
autores, instituições, apoio financeiro e endereço 
do autor responsável pela correspondência. O 
título deverá ser conciso e objetivo, 
expressando a idéia geral do conteúdo do 
trabalho. Deve ser escrito em negrito com letras 
inaiúsculas utilizadas apenas onde as letras e 
as palavras devam ser publicadas em 
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cirentíficos, genéricos e infra-genéricos, devem 
estar em itálico e negrito . 

2. Nota de rodapé - deve incluir endereço, 
e-mail, quando houver, e o nome da instituição 
do(s) autor(es). Indicação dos nomes da(s) 
entidade(s) patrocinadora(s), caso hajam, 
podem ser mencionados. 

3. Resumo c Abstract — deve proporcionar 
uma visão geral do trabalho, com os resultados 
e conclusões mais relevantes, sem referências 



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bibliográficas. Cada resumo deve ter de 100 a 
200 palavras. Ao final do resumo 5 palavras- 
chave deverão ser indicadas. 

4. Introdução, Material e Métodos, 
Resultados e Discussão - podem ser 
omitidos apenas em trabalhos sobre a descrição 
de novos táxons, mudanças nomenclaturais ou 
similares. Os títulos (Introdução, Material e 
Métodos, etc.) deverão ser centralizados e em 
negrito; os subtítulos devem ser sublinhados. 

Nos trabalhos taxonômicos será indicado 
apenas o material examinado, obedecendo a 
seguinte ordem: local e data de coleta, nome e 
número do coletor, bot., fl., fr., bot. (fases 
fenológicas) e sigla(s) do herbário(s) entre 
parêntesis, segundo Index Herbarioriun. Os 
nomes dos países e dos estados brasileiros 
deverão ser citados por extenso, em ordem 
alfabética e caixa alta, seguido dos respectivos 
materiais estudados. Um parágrafo deverá 
separar a coleção estudada de um país para 
outro. No caso do material examinado ser 
relativo apenas a localidades brasileiras, os 
estados poderão ser separados por parágrafos. 

5. Referencias Bibliográficas - cada 
referência citada no texto deve estar listada 
neste tópico. As referências no texto devem 
ser citadas com o sobrenome do autor(es), com 
apenas a inicial em caixa alta, seguido do ano. 
Quando existirem mais de 2 autores, o primeiro 
nome deve ser seguido de et al. Exemplos: 
Miller (1993), Miller & Maier (1994), Baker 
et ai (1996) ou (Miller, 1993), (Miller & Maier, 
1994), (Baker et ai, 1996). As referências 
bibliográficas devem ser relacionadas em 
ordem alfabética, pelo sobrenome do primeiro 
autor, com apenas a primeira letra em caixa 
alta, seguido de todos os demais autores. 
Quando houver repetição do mesmo autor(es), 
o nome do mesmo deverá ser substituído por 
um travessão; quando o mesmo autor publicar 
váruios trabalhos num mesmo ano, deverão ser 
acrescentadas, por ordem de publicação, letras 
alfabéticas após a data. 


a) Artigos de periódicos - citar o sobrenome 
do autor(es) com a primeira letra em caixa alta, 
prenome ou demais nomes abreviados, ano da 
publicação seguido de ponto; título completo 
do artigo; título do periódico por extenso em 
negrito; número do volume em negrito; número 
do fascículo ou parte, se houver, dentro de 
parêntesis; dois pontos, o número de páginas, 
estampas e figuras, se houver. 

Exemplos: 

Ragonese, A. M. 1960. Ontogenia de los 
distintos tipos de tricomas de Hibiscus 
rosa-sinensis L. (Malvaceae). 
Darwiniana 12(1): 59-66. 

Tolbert, R. J. & Johnsos, M. A. 1966. A survey 
of the vegetative shoot ápices in the 
family Malvaceae. American Journal 
of Botany 53(10): 961-970. 

b) Livros e outras publicações avulsas - 
citar o sobrenome do autor(es) com a primeira 
letra em caixa alta, prenome ou demais nomes 
abreviados, ano da publicação seguido de 
ponto; título completo em itálico ou no caso de 
obras clássicas de trabalhos taxonômicos, 
apenas a primeira parte do título, seguido de 
três pontos (...); número da edição, se houver; 
local da publicação (cidade); nome do editor(a); 
número do volume, quando houver; número de 
páginas e estampas ou figuras. 

Exemplos: 

Cutter, E.G. 1978. Plant anatomy Part 1. 
Cells and Tissues. London. E. Arnold, 
315p.,il. 

Engler, H.G.A.1878. Araceae. In: Martius, 
C.F.P. von; Eichler, A.W. & Urban, I. 
Flora Brasiliensis. Munchen, Wien, 
Leipzig, v.3, part 2, p. 26-223, est. 6-52. 

• 1930. Liliaceae. In: Engler, H.G.A. 

& Plantl, K.A.E. Die Naturlichen 
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig 
(Wilhelm Engelmann). v. 15 p. 227-386 
fig. 158-159. 

Sass, J.E. 1951. Botanical microtechnique. 
2 ed. Iowa, Iowa State College Press, 228 p. 



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6. Tabelas - devem ser apresentadas em 
preto e branco, com títulos que permitam 
perfeita identificação, numerados 
progressivamente com caracteres arábicos e 
com indicação de entrada no texto. No texto 
as tabelas devem ser sempre citadas de acordo 
com os exemplos abaixo: 

“Os resultados das análises 
fitoquímicas são apresentados na 
Tabela 2...” 

“Apenas algumas espécies 
apresentam indumento (Tab. 1)...” 


7. Ilustrações - fotos, mapas e gráficos 
devem ser em preto e branco e possuir bom 
contraste. Todas as ilustrações devem ser 
agrupadas em pranchas e montadas em papel 
separado tipo canson. As fotos devem ser 
agrupadas sem espaço entre elas. Desenhos 
e gráficos devem ser montados separadamente 
das fotografias. As pranchas devem possuir o 
tamanho da página (15 cm x 22 cm) ou meai 
página do periódico. As fotos e desenhos 
agrupados devem formar um retângulo 
simétrico. Cada figura da prancha deve ser 
numerada em algarismos arábicos e indicada 
no texto por ordem de entrada. O aumento 
utilizado nas figuras deve ser indicado por 
barra, o aumento numérico pode também ser 
indicado na legenda. A numeração das figuras, 
bem como os detalhes nelas inseridos devem 
ser assinalados com “letrasef ’ ou similar em 
papel transparente (tipo manteiga), colado na 
parte superior da prancha, de maneira a 
sobrepor o papel transparente à prancha, 
permitindo que os detalhes apareçam nos 
locais desejados pelo autor. Detalhes e 
numeração à mão livre não serão aceitos. 
Ilustrações de baixa qualidade resultarão na 
devolução do manuscrito. 

No texto as figuras devem ser sempre citadas 
de acordo com os exemplos abaixo: 

“Evidencia-se pela análise das Figuras 
25 e 26....” 

“Lindman (Fig. 3) destacou as seguintes 
características para as espécies...” 



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ISSN 0370-6583 



RODRIGUÉSIA 

Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 

Volume 55 Número 85 2004 



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RODRIGUÉSIA 

Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 

Volume 55 Número 85 2004 


1 


JARDIM BOTÂNICO 
00 RIO DE MIRO 



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INSTITUTO DE PESQUISAS 
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO 

Rua Jardim Botânico 1008 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: 2294-6012 - CEP 22460- 1 80 


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Presidência da República 
LUIS INÁCIO LULA DA SILVA 
Presidente 

Ministério do Meio Ambiente 

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Rodriguésia 

A Revista Rodriguésia publica artigos e notas 
científicas em todas as áreas da Biologia Vegetal, 
bem como em História da Botânica e atividades 
ligadas a Jardins Botânicos. 


Comissão de Publicação 

Claudia Franca Barros 
Rafaela Campostrini Forzza 
Vidal de Freitas Mansano 
Ricardo Cardoso Vieira 
Lana da Silva Sy lvcstrc 

Editoração 

Carla M. M. Molinari 

Edição on-line 

Renato M. A. Pizarro Drummond 

Secretária 

Gcorgina M. Macedo 


Ficha catalográfica: 


Rodriguésia: revistado Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro. -- Vol.l, n.I (1935) - . 

- Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1935- 

v. : il. ; 28 cm. 

Semestral 

inclui resumos em português e inglês 
ISSN 0370-6583 

1. Botânica - Periódicos brasileiros I. Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro 

CDD - 580.5 
CDU -58(01) 



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Sumário 


Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro 5 

Marta Camargo de Assis 

Passifwra L. subgênero Decaloba (DC.) Rchb. (Passifloraceae) na 
Região Sudeste do Brasil 1 7 

Michaele Alvim Milward de Azevedo & José Fernando A. Baumgratz 

Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara, 

Piauí, Brasil 55 

Jesus Rodrigues Lemos 

NOVOS SINÔNIMOS PARA ESPÉCIES DE SCHULTESIA MART. E 

Xestaea Griseb. (Gentianaceae) 67 

Elsie Franklin Guimarães 

Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, 
Rio de Janeiro 73 

William Gomes Lima & Rejan R. Guedes-Bruni 

Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva 
Natural da Companhia Vale do Rio Doce, Linhares, ES, Brasil 95 

Vidal de Freitas Mansano & Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi 
A FAMÍLIA PALMAE NA RESERVA BIOLÓGICA DA REPRESA DO GRAMA - 

Descoberto, Minas Gerais, Brasil 115 

Marco Otávio Pivari & Rafaela Campostrini Forzza 

Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil .... 125 

Claudine Massi Mynssen & Paulo Günter Windisch 



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Comissão Editorial da Rodriguésia 
Claudia Franca Barros (Editor-Chefe) 

Rafaela Campostrini Forzza (Editor Assistente) 

Vidal Freitas Mansano (Editor de Área de Fanerógamos) 
Lana da Silva Sylvestre (Editor de Área de Criptógamos) 
Ricardo Cardoso Vieira (Editor de Área de Botânica Estrutural) 


Editoração 
Carla M. M. Molinari 


Edição on-line 

Renato M. A. Pizarro Drummond 

Secretária 
Georgina M. Macedo 


Consultores ad hoc da Rodriguésia cm 2004, volume 55(84-85) 
André Mantovani 
Alessandra Rapini 
Alexandre Salino 
André Amorim 

Angela Maria Studart da Fonseca Vaz 
Carolyn Proença 
Claudia Petean Bovc 
Cláudio Nicoletti de Fraga 
EIsie Franklin Guimarães 
Emerson Ricardo Pansarin 
Fábio de Barros 
Helena Regina Pinto Lima 
Inês Cordeiro 
João Marcelo Braga 
Jorge Fontella 
Jorge Waechter 
José Rubens Pirani 
Lúcia Kawasaki 
Marcos Sobral 

Maria de Jesus Nogueira Rodai 
Maria Lcnise Guedes 
Marta Camargo Assis 
Paulo Labiak 

Rafaela Campostrini Forzza 
Ricardo Cardoso Vieira 
Vida! Freitas Mansano 
Vinícius Castro Souza 



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Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro 

Marta Camargo de Assis * 1 


Resumo 

(Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro) Neste trabalho são apresentadas as espécies de Alstroemeriaceae 
do estado do Rio de Janeiro, Brasil. A família é representada na área pelo gênero Alstroemeria, incluindo 
cinco espécies: A. caryophyUuea Jacq., A. cunlia Vell .,A.foliosa Mart. cx Schult. & Schult. f., A. isabelleana 
Herb., A. radula Dusén e pelo gênero Bomarea incluindo apenas a espécie B. edulis (Tussac) Herb. Novas 
sinonimizações, chaves de identificação, descrição das espécies, ilustrações e comentários são aqui 
apresentados. 

Palavras-chave: Alstroemeriaceae, florística, Rio de Janeiro, Brasil. 

Abstract 

(Alstroemeriaceae in the Rio de Janeiro State) This paper presents the species of Alstroemeriaceae of Rio de 
Janeiro State, Brazil. The family is represented in the area by two genera: Alstroemeria and Bomarea. 
Alstroemeria includes five species: A. caryophyüaea Jacq., A. cunha Vell., A. foliosa Mart. ex Schult. & 
Schult. f., A. isabelleana Herb. and A. radula Dusén. Bomarea includes just one species, B. edulis (Tussac) 
Herb. New synonyms, key to genera and species, descriptions, illustrations and comments are presented. 

Key-words: Alstroemeriaceae, floristic. Rio de Janeiro, Brazil. 


Introdução 

Alstroemeriaceae é uma família 
neotropical distribuída desde a região central 
do México até o sul da América do Sul, com 
cerca de 190 espécies (Assis 2001). A família 
é dividida em três gêneros: Alstroemeria L. 
(incluindo Schickcdantzia Pax e Taltalia E. 
Bayer), Bomarea Mirb. e Leontochir Phil. 
(Sanso & Xifreda 1999; 2001), sendo que no 
Brasil estão representados os gêneros 
Alstroemeria e Bomarea. No Rio de Janeiro, 
foram encontradas seis espécies, distribuídas 
nos dois gêneros. 

Em função de sua beleza e durabilidade, 
essas plantas foram introduzidas como 
ornamentais na Europa no século XV e desde 
então vários trabalhos de melhoramento tem 
sido realizado, primeiramente à partir do grupo 
de espécies chilenas, tomando o lírio inca ou 
madressilva uma flor de corte muito popular 
tanto nos países europeus quanto nos Estados 
Unidos e Japão (Sanso et al. no prelo). 

Este trabalho tem como objetivo 
contribuir para a flora do estado do Rio de 


Janeiro e foi baseado em observações de 
campo e na análise de materiais botânicos 
depositados em herbários nacionais e 
estrangeiros. Apenas as novas sinonímias são 
aqui apresentadas. 

Tratamento taxonômico 
Alstroemeriaceae 

Ervas eretas ou volúveis, 0,3-4 m alt.; 
rizoma simpodial, raízes delgadas ou 
espessadas. Folhas geralmente ressupinadas, 
alternas, membranáceas, cartáceas ou 
coriáceas, ambas as faces glabras ou face 
adaxial papilosa, lineares, lanceoladas, 
elípticas, obovais, oblongas a espatuladas. 
Inflorescências terminais em cimeiras 
umbeliformes simples ou compostas, raro flores 
solitárias. Brácteas foliosas, reduzidas ou 
ausentes. Flores epíginas, bissexuais, 
actinomorfas ou zigomorfas, creme, 
esverdeadas, amareladas, alaranjadas, 
avermelhadas ou lilases. Tépalas petalóides, 
livres, as externas geralmente sem padrão de 


Artigo recebido cm 12/2003. Aceito para publicação em 04/2004. 

1 Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite (CNPM/EMBRAPA), Av. Dr. Júlio Soares de Arruda, 803, 
13088-300 Campinas, SP, Brasil, marta@cnpm.embrapa.br 



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manchas ou menos manchadas que as internas. 
Tépalas internas punctadas, maculadas, 
listradas ou variegadas, a inferior geralmente 
mais estreita; margem proximal fortemente 
involuta formando um tubo revestido por 
tricomas glandulares secretores de néctar. 
Estames 6, exclusos ou inclusos; filetes livres, 
cilíndricos, complanados na base e subulados 


, Assis, A/. C. de 

no ápice; anteras pseudobasifixas, deiscência 
introrsa e longitudinal. Estilete excluso ou 
incluso, trígono; estigma trífido, ramos 
papilosos. Ovário trilocular ou raramente 
unilocular; óvulos anátropos de placentação 
axilar ou parietal. Fruto cápsula loculicida, raro 
indeiscente. Sementes globosas com ou sem 
sarcotesta. 


Chave para identificação dos gêneros 

1. Ervas volúveis, flores actinomorfas, semente com sarcotesta Bomarea edulis 

1’. Ervas eretas, flores zigomorfas, raro actinomorfas, semente sem sarcotesta Ahtroemeria 


Alsíroemeria L. 

Ervas eretas; ramos vegetativos e 
reprodutivos diferentes entre si. Folhas 
geralmente resupinadas, glabras ou papilosas 
na face adaxial, lâminas linear-lanceoladas, 
oblongas, elípticas ou espatuladas. 
Inflorescência em cimeira umbeliforme 
simples ou composta. Flores zigomorfas, 
pendentes ou patentes, campanuladas ou 
tubulosas, pfotrândricas; tépalas livres, eretas 
ou reflexas; as externas e internas com 
padrões de manchas rubro-maculadas, rubro- 
punctadas, rubro-listadas ou rubro-variegadas; 
nectários perigonais na base de 2-3 tépalas 
internas. Estames 6, filetes cilíndricos, glabros 
ou papilosos na base, anteras alongadas; ovário 
trilocular, numerosos óvulos anátropos de 
placentação axilar ou parietal; estilete simples, 
estigma trífido. Cápsula loculicida. Sementes 


sem sarcotesta, globosas, cinéreo- 
acastanhadas. 

O gênero compreende cerca de 90 
espécies restritas à América do Sul, ocorrendo 
desde a Venezuela (3 0 Norte) até a Terra do 
Fogo, Argentina (53° Sul), com dois principais 
centros de distribuição, um no Chile (se 
extendendo para o Peru, Bolívia e Argentina) 
e o segundo através do Brasil, Paraguai e 
Argentina (Bayer 1987; Aker & Healy 1990). 

No Brasil, ocorrem cerca de 38 espécies 
de distribuição peri-amazônica concentrada 
basicamente na porção leste do país, ocorrendo 
em quase todos os tipos de hábitats: florestas, 
cerrados, campos de altitude, brejos, 
afloramentos rochosos e caatingas, em 
altitudes que variam de 300 m, na Amazônia, a 
2.300 m, na Serra do Itatiaia (Assis 200 1 ; 2002; 
2003; Assis & Mello-Siva 2002). 


Chave para identificação das espécies de Alsíroemeria 
1. Folhas cartáceas ou coriáceas. 

2. Folhas papilosas na face adaxial, pedicelo papiloso; flores patentes, campanuladas, amarelas, 
alaranjadas ou avermelhadas; tépalas internas rubro-listradas (afloramentos rochosos) 

3. A. foliosa 

2’. Folhas geralmente glabras, pedicelo glabro; flores pêndulas, tubulosas, rosadas, alaranjadas, 
avermelhadas ou esverdeadas; tépalas internas rubro-listadas e maculadas (locais úmidos) 

4. A. isabelleana 

F. Folhas membranáceas. 

3. Folhas papilosas na face adaxial; ramos e pedicelos papilosos; flores vermelhas a 
amareladas ou creme-esverdeadas; tépalas lanceoladas, ápice caudado, sem manchas 
ou internas rubro-punctadas; filetes 3-8 cm compr.; estilete 3,2-5 cm compr. (matas de 
altitude) 5. A. radula 

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3’. Folhas geralmente glabras; ramos e pedicelos glabros; flores avermelhadas, carmim ou 
rosadas; tépalas espatuladas, obovadas ou lanceolado-espatuladas, ápice não caudado, 
internas rubro-maculadas e/ou listradas; filetes até 3,5 cm compr.; estilete até 3,2 cm 
compr. 

4. Flores odoríferas, avermelhadas, carmim ou rosadas; tépalas externas espatuladas, 
ápice mucronado; tépalas internas rubro-maculadas, espatuladas, ápice cuspidado, 

agudo ou acuminado; filetes glabros (matas) 1. A. caryophyllaea 

4’. Flores inodoras, vermelho-alaranjadas; tépalas externas obovadas, ápice retuso ou 
rotundo; tépalas internas rubro-listradas e maculadas, lanceolado-espatuladas, ápice 
agudo ou acuminado; filetes papilosos na base (matas) 2. A. cunha 


1. Alstroemeria caryophyllaea Jacq., Pl. 
Hort. Schoenbr.6: 33 t. 465. 1804. 

Tipo: Tab. 465 de Jacq., Pl. Hort. Schombr. 6: 
33. 1804. 

Alstroemeria pele grina Vell., Fl. flumin. 
3(1): 131 tab. 119. 1829. Nom. illeg. non A. 
pelegrina L., Planta Alstroemeria Amoen. 
acad. 6: 254. 1762. 

Alastroemeria Jluminensis M.Roem., 
Fam. Nat. Syn. Monogr. 4: 260. 1847. Tipo: Fig. 
119deVelIozo,Fl. flumin. 3(1). 1831. Syn. nov. 

Alstroemeria rubra Morei, Rev. Hort. 
serie 4(2): 81. Fig. 5. 1853. Tipo: Fig. 5 de 
Morei, Rev. Hort. Serie 4(2): 81. 1853. Syn. nov. 

Figura 1 : a-c 

Erva ereta, 0,4-0, 7 m alt.; ramos 
cilíndricos, glabros. Folhas do ramo vegetativo 
resupinadas, membranáceas, concentradas na 
porção distai do ramo; 2,5-8 x 0,3-1, 5 cm, 
elípticas a elíptico-espatuladas, ápice agudo, 
base longa e estreitamente atenuada, ambas 
as faces glabras, nervuras não proeminentes. 
Folhas do ramo reprodutivo resupinadas ou não, 
não amplexicaules, membranáceas, distribuídas 
por todo ramo, 0,8-2, 2 x 0, 1-0,3 cm, lineares a 
linear-lanceoladas, ápice agudo a acuminado, 
base cuneada, ambas as faces glabras, 
nervuras não proeminentes. Cimeira 
umbeliforme simples, pedicelo glabro, 2-3 cm 
compr. Brácteas foliosas membranáceas, 2,5- 
3,5 x 0, 1 -0,2 cm; bractéolas, 0,7 x 0,4 cm, linear- 
lanceoladas. Flores ereto-patentes, odoríferas, 
campanuladas, avermelhadas, carmim ou 
rosadas, 5-6 cm compr. Tépalas externas sem 
manchas, semelhantes entre si, espatuladas, 
ápice mucronado, base fortemente atenuada; 

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a superior 4, 5-5, 5 x 1,2 cm; as inferiores 3,5 x 
0,7-1 cm. Tépalas internas rubro-maculadas, 
as superiores iguais entre si, 4,4-5 x 0,8 cm, 
espatuladas, ápice cuspidado; a inferior 2,3 x 
0,2-0, 5 cm, lanceolada, ápice cuspidado, base 
atenuada, margem distai inteira ou ligeiramente 
crenulada. Estames exclusos, filetes glabros, 
ca. 3 cm compr. Estigma excluso, estilete 
glabro, ca. 3,2 cm compr. Cápsula elipsóide, 
ca. 1,4 x 1,3 cm. 

Nome popular: Madressilva, lírio inca. 
Material examinado: Cabo Frio: Fazenda 
Tiririca, s.d. (fl), F. Sellow 184 (B); Itaipuaçu: 
Estrada do Rio Itaipuaçu, 27/IV/1936 (fl), A. 
C. Brade 15298 (RB); Pico Alto Moirão, 26/ 
VIII/1981 (fl), R. 11. P Andreata et ai 102 
(RUSU); 10/VII/1982 (fl), F E. Miranda & 
M. C. Carralho 13 (GUA); Rio de Janeiro: 
Silvestre, V1I/1913 (fl), F. C. Hoehne 148 ( R). 

Raramente encontrada em estado nativo 
em locais úmidos e sombreados de Minas 
Gerais e Rio de Janeiro, é cultivada em toda a 
Região sul e sudeste do Brasil. Esta espécie é 
de fácil identificação através de suas flores 
perfumadas e tépalas internas que apresentam 
faixa transversal esbranquiçada ou amarelada. 
Floresce principalmente em junho e julho e 
frutifica em setembro e outubro. 

Alstroemeria caryophyllaea está 
relacionada a A. capixaba M. C. Assis pelos 
ramos vegetativos que são muito semelhantes, 
mas diferenciam-se pelas flores. Em A. 
caryophyllaea, elas são odoríferas e com 
tépalas externas sem manchas, enquanto que 
em A. capixaba elas não possuem odor e 
todas as tépalas são maculadas. 



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Assis, M. C. de 



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[ZZL' £^£7 ZÍ Ca ã7é"7 : 2 * ; RS T re B PrtKjUl1 V ° ; b - Ram ° vc i^ c - TéN* externas sem manchas 
m ac u iTdas T * f-1 Ãfr /'“» ' T rcprodutivo; c * Opalas externas sem manchas e internas 

(Shepherd s.n., UEC 87719). Jmo re P« utivo, g - Tépalas externas sem manchas e internas lineadas 


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Alstroemeriaccae no estado do Rio de Janeiro 


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Na descrição de A. rubra, o autor 
salienta apenas sua beleza e características 
agronômicas, não dando detalhes botânicos 
sobre a espécie. Observando-se a ilustração 
nota-se claramente que trata-se de um 
sinônimo de A. caryophyllaea. 

A descrição de A. pelegrina, Vellozo 
conta apenas com caracteres genéricos. A 
observação do material tipo desta espécie 
juntamente com o local de coleta me 
permitiram concluir que esse nome representa 
a mesma espécie: A. caryophyllaea. 

No protólogo de A. fluininensis, a 
prancha de A. pelegrina é citada. Roemer 
atribuiu um outro epíteto à espécie, já que o 
anteriormente dado por Vellozo é um homônimo 
posterior ao de Linnaeus. Sendo assim, A. 
fluminensis é sinônimo de A. caryophyllaea. 

2. Alstroemeria cunha Vell., Fl. flumin. 3(1): 
131. 1829 (1825); Icon. 3: 121. 1831 (1827). 
Tipo: Fl. flumin. Icon. 3: 121. 1831 (1827). 

Alstroemeria nemorosa Gardner, Bot. 
Mag. 68(15): 3958. 1842. Tipo: Brasil. Rio de 
Janeiro. Serra dos Órgãos, 3/IV/l 837 (fl), G. 
Gardner 698 (lectótipo, BM !; isolectótipos, 
K !). Syn. nov. 

Alstroemeria argentovittata Lem. III. 
Hort. 4: Misc. 88. 1857; 6: 1 R 192. 1859. 
( " argento-vittata"). Tipo: Pl. 192deLemaire, 
111. Hort. 6: 1859 !. Syn. nov. 

Figura 1 : d-e 

Erva ereta 0,2-1. 5 m alt.; ramos 
cilíndricos, glabros. Folhas do ramo vegetativo 
resupinadas, membranáceas, concentradas no 
terço distai do ramo, 2,5-10(-13) x l-3(-4,8) 
cm, elípticas ou obovadas, ápice agudo, base 
atenuada, glabras ou papilosas na face adaxial, 
face abaxial glabra, nervuras não proeminen- 
tes. Folhas do ramo reprodutivo resupinadas, 
não amplexicaules, membranáceas, distribuídas 
por todo o ramo, (l,7-)2,5- 10, 5(- 14) x (0,3-)0,5- 
2,2(-4) cm, elípticas ou oblongas, ápice agudo 
ou acuminado, base atenuada, glabras ou 
papilosas na face adaxial, face abaxial glabra, 
nervuras não proeminentes. Cimeira umbeli- 
forme simples, pedicelo glabro, 2-5(10,5) cm 

Rndrigiiésia 55 ( 85 ): 5 - 15 . 2004 


compr. Brácteas foliosas, membranáceas, 2,5- 
5,7(-8) x 1-2,5 cm; bractéolas não vistas. Flores 
patentes, inodoras, campanuladas, vermelho- 
alaranjadas, (2,5-)3-4,5 cm compr. Tépalas 
externas sem manchas, semelhantes entre si, 
obovadas, ápice retuso a rotundo, base 
atenuada; a superior 2,4-3 x 1-1,3 cm; as 
inferiores 2, 6-2,8 x 1-1,2 cm. Tépalas internas 
rubro-listadas e maculadas, semelhantes entre 
si, lanceolado-espatuladas, ápice agudo ou 
acuminado, margem distai inteira ou 
ligeiramente crenulada; as superiores 2, 4-2,8 
x 0,3-0, 7 cm; a inferior 2,2-2,4 x 0,4 cm. 
Estames exclusos ou inclusos, filetes papilosos 
no terço proximal, 2, 2-3,5 cm compr. Estigma 
incluso, estilete glabro, 2,2-3 cm compr. 
Cápsula não vista. 

Material examinado: Serra dos Órgãos, 9/ 
VII/ 1 940 (fl), 4. C. Brade 16326 (RB); 
Córrego Roncador, elev. 1700 m, 15/VII/1940 
(fl), A. C. Brade 16375 (F); 3/VIII/1966 (fl), 
D. R. Hunt 64S9 (UB); Nova Friburgo: 
Estrada para o pico Nova Caledónia. 14/1/1985 
(fl), J. F. A. Baumgratz et al. 306 (RB); 
Petrópolis: Serrados Órgãos, XII/ 1943 (fl), O. 
C. Góes á D. Constantino 49386 (RB); 
Teresópolis: Serra dos Órgãos, elev. 1600 m, 
19/IX/1929 (fl), A. C. Brade 9262 (R); 26/ 
VI/1942 (fl), Dionísio & Otávio 269 (RB); 
15/X/ 1970 (fl), J. Garcia 104 (R); 1970 (fl), 
J. Garcia 375 (R); Campo das Antas. III/1942 
(fl), J. L. Pessoa & A. L. Gomes s.n. (R 
37272); 22/V/1948 (fl), B. Carris s.n. (RB 
62501); 9/XII/1960 (fl), A. Castellanos 23148 
(GUA); 21/XII/1975 (fl), T. C. Pires 11 (RB); 
XII/1975 (fl), G Lott 13 (RB); 2I/XII/1975 
(fl), J. P. P. Carauta 1844 (GUA, SPF); 7/ 
IX/1981 (fl), D. S. Souza et al. 506 (GUA). 

É freqüentemente encontrada no Espírito 
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo 
e Paraná, ocorrendo no interior de florestas 
estacionais semidecíduas. No Rio de Janeiro, 
é abundante na Serra dos Órgãos. Floresce 
esporadicamente o ano inteiro, mais inten- 
samente de novembro a março. 

Alstroemeria cunha possui grande 
variação na dimensão dos ramos e na 



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dimensão, disposição e no indumento das 
folhas. As flores podem apresentar estames 
exclusos ou inclusos e também variam bastante 
nas dimensões. Assim, o que caracteriza a 
espécie é o ramo reprodutivo com folhas 
membranáceas distribuídas por todo o ramo, 
juntamente com as flores de tépalas externas 
sem máculas e tépalas internas rubro-listradas 
e maculadas. 

Alstroemeria cunha se assemelha a A. 
inodora Herb. que ocorre no mesmo tipo de 
habitat. No entanto, diferenciam-se pelas flores 
de tépalas externas rubro-variegadas em A. 
inodora e tépalas externas sem manchas em 
A. cunha. 

Os caracteres diagnósticos de A. 
nemorosa , abrangem a variação fenotípica de 
A. cunha. Comparando-se os tipos e locais de 
ocorrência de A. cunha e A. nemorosa , fica 
claro que tratam-se da mesma espécie. 

Alstroemeria argentovittata recebeu 
este -nome por possuir as folhas do ramo 
vegetativo esbranquiçadas a prateadas na 
região da nervura central da face abaxial. Este 
fato é comum a muitas espécies de 
Alstroemeria, principalmente em folhas mais 
jovens. A descrição da flores vermelho- 
alaranjadas de tépalas internas rubro- 
maculadas, juntamente com o comentário de que 
esta espécie é ajfinis de A. nemorosa c da 
observação da ilustração, me levaram a concluir 
que esta espécie é sinônimo de A. cunha. 

3. Alstroemeria foliosa Mart. ex Schult. & 
Schult.f. in Roem. & Schult., Syst. veg. 7(1): 
740. 1 829. Tipo: Brasil. São Paulo. Itu: XII (fl), 
C. P. F. Martins s.n. (holótipo, M 293!). 

Alstroemeria foliosa var. floribunda 
Beauverd, Buli. Herb. Boissier 2(6): 587, fig. 
3-4. 1906. Tipo: Brasil. Minas Gerais. Ouro 
Preto: Picodoltacolomi, 3 l/VIII/1904 (fl), L 
Damazio 1553 (holótipo, G !). Syn. nov. 

Figura 1: f-g 

Erva ereta 0,4-0, 6 m alt.; ramos cilíndri- 
cos, pubérulos. Folhas do ramo vegetativo 
resupinadas, cartáceas, congestamente distri- 
buídas por todo o ramo, 2-5 x 0,2-1 cm, elípticas 


Assis, M. C. de 

a oblongas, ápice agudo a acuminado, base 
atenuada, face adaxial papilosa, abaxial glabra, 
nervuras proeminentes em ambas as faces. 
Folhas do ramo reprodutivo resupinadas, não 
amplexicaules, cartáceas, distribuídas na meta- 
de distai do ramo, 2-5 x 0,2-1 cm, elípticas a 
oblongas, face adaxial papilosa, abaxial glabra, 
nervuras proeminentes em ambas as faces. 
Cimeira umbeliforme simples, pedicelo papiloso, 

2- 3,5 cm compr. Brácteas foliosas, cartáceas, 
2,2-3,5 x 0, 5-0,8 cm, elípticas a oblongas, ápice 
agudo a acuminado, base atenuada; bractéolas 
ausentes. Flores patentes, inodoras, campa- 
nuladas, amarelas ou vermelhas, 4-5,5 cm compr. 
Tépalas externas sem manchas, semelhantes 
entre si, obovadas, ápice mucronado, base 
atenuada; a superior 3-4, x 1 ,3-2 cm; as inferiores, 

3- 4,5 x 1,1 -1,8 cm. Tépalas internas rubro- 
lineadas, semelhantes entre si, elípticas, ápice 
acuminado, base atenuada, margem distai 
ligeiramente crenulada; as superiores 2, 8-4, 5 x 
0,6- 1 ,2 cm; a inferior 3-4 x 0,4-0,9 cm. Estames 
inclusos, filetes glabros, 2, 3-2,6 cm compr. 
Estigma incluso, estilete glabro ca. 2,3 cm compr. 
Cápsula não vista. 

Material examinado: Itatiaia: Sítio de 
Ramos, elev. 2300 m, 1/1899 (fl), E. Gounelle 
s.n. (G); Parque Nacional de Itatiaia, 24/11/1948 
(fl), M. G Ferrí s.n. (SPF 85373); 24/1/1987 
(fl), T. B. Cavalcanti et al. 11 (SPF); 22/XII/ 
1989 (fl), R. B. Torres et al. s.n. (UEC). 

Alstroemeria foliosa é encontrada em 
afloramentos rochosos nas serras de Minas 
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, florescendo 
de novembro a abril. 

E facilmente caracterizada pelas tépalas 
externas largamente obovadas e internas 
elípticas, rubro-Iistadas. Além disso, a face 
adaxial da folhas e os pedicelos são papilosos. 

Juntamente com a descrição de A. 
foliosa, Martius descreveu duas variedades: 
A. foliosa var. angustifolia, caracterizada 
pelas folhas do ramo reprodutivo lineares, 
esparsamente distribuídas, e pela umbela com 
1-6 flores, e A. foliosa var. humilior, 
caracterizada pelas folhas do ramo reprodutivo 
linear-lanceoladas, concentradas na região 


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Alstroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro 


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mediana do ramo, e umbela com 2-4 flores. 
Estas duas variedades foram descritas a partir 
de material coletado na Serra da Piedade, 
Minas Gerais. Examinando-se o holótipos das 
variedades, espécimens herborizados e obser- 
vando-se as populações em campo, notou-se 
que o que Martius classificou como variedades 
de A. foliosa, são na realidade, pertencentes 
a outra espécie, A. plantaginea Mart. ex 
Shult. & Schult. f. Esta espécie diferencia-se 
de A. foliosa por apresentar flores de tépalas 
externas obovado-espatuladas, internas 
oblongo-espatuladas, rubro-maculadas e pelas 
folhas e pedicelos glabros. 

Beauverd (1906) descreveu A. foliosa 
varfloribunda distinguindo-a das outras duas 
precedentes pelas “foliis lineari-obtusiusculis 
mucronulatis, in medio caule confertis; umbella 
ramosa 7-34 flora”. Analisando-se o material em 
campo e herborizado, nota-se que estas carac- 
terísticas estão dentro da variação da espécie. 

4. Alsíroemeria isabelleana Herb., 
Amaryllidaceae 88, tab. 6, figs. 4-6. 
1837. ("isabellana") 

Tipo: Brasil. Rio Grande do Sul: 1835 (fl), A. 
Isabclle s.n. (holótipo, K!; foto holótipo, F) 

Alsíroemeria isabelleana Herb. var 
longifolia Seub. ex Schenk. in Martius & 
Eichler, Fl. bras. 3: 171. 1855. Tipo: Brasil. Rio 
Grande do Sul: s.d., F Sellow 134, 135, 136, 
137 (sintipo, BI, BR!). Syn. nov. 

Alsíroemeria campaniflora Hand.- 
Mazzt., Denkschr. Kaiserl. Akad. Wiss., Wien. 
Math.-Naturwiss. Kl. 79: 213; tab. 19, figs. 2- 
6. 1908. Tipo: Brasil. São Paulo: São Bernardo 
do Campo, 1902 (fl), A. Wachsmund s.n. 
(holótipo, WU 1225 !; isótipo, B !). Syn. nov. 

Alsíroemeria regnelliana Kraenzl., Bot. 
Jahrb. Syst. 50 Beibl. 112:3. 1913. Tipo: Brasil. 
Minas Gerais: Caldas, 21/XI/1874 (fl), A. F. 
Regnell III 1796 (holótipo, B !). Syn. nov. 

Alsíroemeria butantanensis Hoehne, 
Revista Mus. Paul. Univ. São Paulo 11: 485. 
Tab. Única. 1919. Tipo: Brasil. São Paulo: São 
Paulo, 14/X1I/1917 (fl), F. C. Hoehne 1075 
(lectótipo, F !, isolectótipo, SPF !). Syn. nov. 


Alsíroemeria viridiflora Ravenna, Onira 
4(10): 34. 2000. Tipo: Brasil. Minas Gerais. 
Carangola: Serra da Araponga, Fazenda 
Neblina, alt. 1.400 m, XII/1994 (fl), L S. Leoni 
2736 (holótipo, GFJP !; isótipo, SPF !). Nom. 
illeg., non Alsíroemeria viridiflora Warm., 
Symbolae 13: 118. 1872. Tipo: Brasil. Minas 
Gerais. Lagoa Santa, s.d. (fl), J. E. B. Warming 
1094 (holótipo, C !). Syn. nov. 

Figura 2: a-c 

Erva ereta, 0,42-1,5 m alt.; ramos 
angulosos, papilosos a glabrescentes no terço 
proximal. Folhas do ramo vegetativo 
resupinadas ou não, coriáceas, sésseis, 
distribuídas por todo o ramo, 3-16 x 0,5-1 cm, 
elíptico-lanceoladas, ápice acuminado ou 
arredondado, base atenuada, ambas as faces 
glabras com nervuras proeminentes, raro 
papilosa na face adaxial. Folhas do ramo 
reprodutivo resupinadas ou não, semiam- 
plexicaules ou não, coriáceas, distribuídas no 
terço proximal do ramo, 3-16 x 0,5-1 cm; 
elíptico-lanceoladas, ápice acuminado ou 
arredondado, base atenuada, ambas as faces 
glabras com nervuras proeminentes, raro 
papilosa na face adaxial. Cimeira umbeliforme 
simples, pedicelo glabrescente, 1,5-4 cm 
compr. Brácteas foliosas ausentes ou 
membranáceas, 0,6-2 x 0,2-0, 3 cm; bractéolas 
membranáceas, 0,6-3 x 0,2-0, 3 cm. Flores 
pêndulas, inodoras, tubulosas, rosadas, 
alaranjadas, vermelhas, ou raro creme- 
esverdeadas, ápice esverdeado, 3-4,5 cm 
compr. Tépalas externas listadas ou sem 
manchas, semelhantes entre si, oblongas a 
espatuladas, ápice acuminado a mucronado, 
base atenuada; a superior ca. 3,4 x 0,4 cm; as 
inferiores ca. 3,4 x 0,5 cm. Tépalas internas 
rubro-listadas, iguais entre si, ca. 3,3 x 0,5 cm, 
espatuladas, ápice acuminado a cuspidado, 
base fortemente atenuada, margem distai 
inteira. Estames inclusos, filetes glabros, ca. 
2,3 cm compr. Estigma incluso, estilete glabro, 
ca. 2,8 cm compr. Cápsula esferoidal, 1,5-2 x 
1,5-2 cm. 

Material examinado: XI/ 1 833 (fl), G H. 
Langsdorff s.n. (K); Itatiaia: Parque Nacional 


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Assis, M. C. de 



2 cm 


Figura 2 - a-c Alstroemeria. isabclleana: a - Ramo vcgctativo; b - Ramo reprodutivo mostrando flores tubulosas e 
pendulas; c - Tépalas externas sem manchas e internas listadas c maculadas ( Huzato s.il, UEC 28014). d-e A. radula : D- 
Ramo reprodutivo; c - Tépalas externas c internas sem manchas c tépalas internas com ápice caudado ( Hatschbach 
61440). f-g Bomarea edulis : f - Hábito; g - Tépalas externas sem manchas c internas maculadas c variegadas (Assis 333). 

Rodriguisia 55 (85): 5-15. 2004 



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Ahtroemeriaceae no estado do Rio de Janeiro 


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do Itatiaia, IV/1921 (fl), P Occhioni s.n. (RB 
16476); Retiro da Cabeça de Negro, XI/1903 
(fl), C. Moreira 28 (R); 1907 (fl), A. F. M. 
Glaziou 6734 (F, K); Planalto, elev. 2.100 m, 
1/1938 (fl), A C. Brade 16015 ( B); elev. 2.300 
m, 28/XII/1934 (fl), R. K. F. Pilger & A. C. 
Brade 41 (RB); Prateleira, elev. 2.200 m, 8/ 
11/1945 (fl), A C. Brade 17425 (RB); Abrigo 
das Acácias, 14/1/1961 (fl), B. Flaster 106 
(GUA); Abrigo Rebouças, 3/XII/l 964 (fl), H. 
E. Strang 646 (GUA); elev. 2650m, 24/1/1987 
(fl), T. B. Cavalcanti et al. 10 (SPF); 
Teresópolis: Serra dos Órgãos, s.d. (fl, fr), s.c., 
s.n. (R 188697). 

Alstroemeria isabelleana é encontrada 
na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, onde 
é freqüente em locais úmidos. No Brasil, ocorre 
do Rio Grande do Sul a Minas Gerais. Floresce 
de outubro a fevereiro, às vezes até junho. Fru- 
tifica em janeiro, fevereiro, maio e setembro. 

A espécie caracteriza-se principalmente 
pelas flores tubulosas e pêndulas, variam de 
rosadas a creme-esverdeadas, sempre com 
ápice verde. O ramo vegetativo é muito 
semelhante aos ramos vegetativos de A. 
apertijlora Baker, A. longistyla Schenk, A. 
malmeana Kraenzl. e A. sellowiana Seub. ex 
Schenk. Todas ocorrem em brejo e apresentam 
o ramo vegetativo coberto por folhas linear- 
lanceoladas, cartáceas ou coriáceas, 
freqüentemente adpressas ao ramo, sendo 
muito difícil diferenciá-las neste estágio. 

Nas descrições de A. campaniflora , A. 
regnelliana, A. butantanensis e A. 
viridiflora, os autores mencionam os 
caracteres da folhas linear-lanceoladas, flores 
de ápice verde e tépalas internas rubro- 
listradas. Analisando essas características 
juntamente com os holótipos dessas espécies, 
observa-se que não diferem em nenhum 
caracter diagnóstico de A. isabelleana. 

5. Alstroemeria raditla Dusén, Arch. Jar. Bot. 
Rio de Janeiro 13: 103. 1905. 

Tipo: Brasil. Rio de Janeiro: Serra do Itatiaia, 
elev. 1.300 m, 1/1903 (fl), E. Ule s.n. (R); 
elev. 1.850 m, V/1903 (fl), E. Ule s.n. (R!). 

Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004 


Alstroemeria caudiculata Ravenna, 
Onira 4(10): 36. 2000. Tipo: Brasil. Espírito 
Santo. Domingos Martins. Parque Estadual de 
Pedra Azul, 11/11/1998 (fl), M. F. Vasconcelos 
s.n. (holótipo, BHCB !). Syn. nov. 

Figura 2: d-e 

Erva ereta 0,3-0, 8 m alt. ; ramos 
cilíndricos, papilosos a glabrescente. Folhas do 
ramo vegetativo resupinadas, não amplexi- 
caules, membranáceas, concentradas no terço 
distai do ramo, 3-8,5 x 0,5-2, 2 cm, elípticas, 
ápice acuminado, base atenuada, face adaxial 
papilosa a glabrescente, abaxial glabra, 
nervuras não proeminentes. Folhas do ramo 
reprodutivo resupinadas, não amplexicaules, 
membranáceas, esparsamente distribuídas por 
todo o ramo, 6,5-14 x 1-2,5 cm, espatuladas a 
lanceoladas, ápice agudo a acuminado, base 
atenuada, face adaxial papilosa a glabrescente, 
abaxial glabra, nervuras não proeminentes. 
Cimeira umbeliforme simples, pedicelo papiloso 
a glabrescente no terço proximal, 1,5-3, 5 cm 
compr. Brácteas foliosas membranáceas, 1,2- 
8,5 x 0,4- 1,5 cm; bractéolas membranáceas, 
2, 5-3,5 x 0, 1-0,2 cm. Flores patentes, inodoras, 
campanuladas, vermelho-amareladas ou 
creme-esverdeadas, 4-7 cm compr. Tépalas 
externas sem manchas, semelhantes entre si, 
lanceoladas, ápice caudado, base atenuada; a 
superior reflexa, 4-5,5 x 0,5-0, 7 cm; as 
inferiores 3.5-3,7 x0,5-0,7 cm. Tépalas internas 
rubro-punctadas, semelhantes entre si, linear- 
lanceoladas, ápice caudado, base atenuada, 
margem distai inteira; as superiores 3-6 x 0,3- 
0,5 cm; a inferior ligeiramente revoluta, 3-3,3 
x 0, 2-0,3 cm. Estames exclusos, filetes glabros, 
ca. 3-8 cm compr. Estigma excluso, estilete 
glabro, 3,2-5 cm compr. Cápsula elipsóide, ca. 
2,4 x 1,5 cm. 

Material examinado: Itatiaia: Itatiaia, s.d. (fl), 
E. Ule 29 (R); s.d., s.c. s.n. (R 193309); 
Fazenda Henrique, 11/1899 (fl), E. Gounelle 
s.n. (G); 26/XII/ 1915 (fl), P. Campos Porto 
169. (RB); 11/1947 (fl), B. Lutz s.n. (R); VI/ 
1952 (fl), B. Lutz s.n. (R 188699); Campo 
Itatiaia, V/1906 (fl), H. Lüderwaldt 6287 
(SP); Trilha entre Ponte Maromba e Macieiras, 



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cm .. 


14 

22°27’S 44°39’W, elev. 1.200-1.900 m, 10/1/ 
1929 (fl), L. B. Smith 1792 (F); Serra da 
Mantiqueira, Mauá, acima do Rio Preto, elev. 
1.500 m, 4/111/ 1931 (fl), R. W. Kaempfe 442 
(B); Macieiras, 6/III/1951 (fl), HZ 

Bockermann 3 (SP); 500 m antes do abrigo 
Macieiras, elev. 1.900 m, 25/IV/1989 (fl), A. 
Costa 268 (RB); Subida ao Planalto, 30/1/1975 
(fl), G. Hastchbach et al. 35834 (MBM); 
elev. 2.120 m, 24/1/1987 (fl), R. Mello-Silva 
et al 9 (SPF). 

Alstroemeria raclula é rara e encontrada 
em matas de altitude, em solo arenoso de duas 
localidades restritas do Espírito Santo e Rio de 
Janeiro. Floresce de janeiro a junho. 

A espécie é de fácil reconhecimento pelas 
flores de forma peculiar, com tépalas 
lanceoladas de ápice caudado, reflexas, e os 
estames e estigma bem longos. 

A. raclula e A. foliosa são simpátridas, 
porém facilmente diferenciadas. Enquanto que 
A. raclula possui as folhas membranáceas 
concentradas no terço distai do ramo 
vegetativo, pedicelo papiloso no terço proximal 
e tépalas lanceoladas reflexas, A. foliosa 
possui as folhas cartáceas, distribuídas por todo 
o ramo vegetativo, pedicelo glabro e tépalas 
externas obovadas e internas elípticas, não 
reflexas. 

O ápice caudado das tépalas de A. 
raclula, levou Ravenna a descrever A. 
caudiculata. Observando-se o material-tipo 
das duas espécies, fica claro que pertencem a 
mesma espécie. 

Bomarea Mirb. 

Plantas eretas ou escandentes, raízes 
tuberosas ovóides. Ramos volúveis, cilíndricos, 
glabros, foliosos. Folhas resupinadas, face aba- 
xial papilosas raro glabras, lâminas lineares, 
lanceoladas ou oblongas. Inflorescência cimei- 
ra umbeliforme composta por inflorescências 
parciais, brácteas foliosas. Flores bissexuais, 
epígenas, mais ou menos actinomorfas; perianto 
infundibiliforme a campanulado; tépalas 
externas sem máculas, obovada-oblongas; 
internas rubro-maculadas na face adaxial. 


Assis, M. C. de 

espatuladas; estames 6; anteras basifixas, 
oblongas, de deiscência introrsa e longitudinal; 
ovário trilocular, óvulos anátropos, placentação 
axilar ou parietal, estilete filiforme, estigma 
trífido. Fruto cápsula loculicida, depressa, 
turbinada, truncada no ápice. Sementes 
numerosas, subglobosas, sarcotesta de cor 
roxo-laranja brilhante. 

O gênero inclui aproximadamente 100 
espécies distribuídas pelo Neotrópico. No 
Brasil, ocorre somente a espécie Bomarea 
edulis amplamente distribuída pelas matas. 

Bomarea edulis (Tussac) Herb., 
Alstroemeria edulis Tussac, Flora Antillarum 
1: 109-112. 1808. 

Tipo: Tussac, loc. cit.: pl. 14, fíg. 1-6. 

Figura 2: f-g 

Plantas volúveis, até ca. 5 m alt., raízes 
de reserva ovóides. Folhas resupinadas, 
oblongas ou oblongo-lanceoladas, ca. 3,5-18 x 
0,6-5 cm, ápice acuminado a cuspidado, face 
abaxial papilosa, raro glabra. Cimeira 
umbeliforme composta, pauci- ou mulliradiada. 
Flores rosadas, esverdeadas creme ou 
amareladas, 3-4,5 cm compr. Tépalas externas 
sem manchas, oblanceoladas, oblongas ou 
obovadas, 2,6-4 x 1-1,5 cm. Tépalas internas 
espatuladas, ápice retuso ou mucronado, 2,5- 
3,5 x 1-1,2 cm, rubro-punctadas e variegadas. 
Sementes com sarcotesta vermelha-alaranjada. 
Material examinado: Angra dos Reis: Ilha 
Grande. 2/XII/1980 (fl), D. Araújo et al. 4114 
(GUA); 14/X1I/1983 (fl), M. B. Casari et al. 
s/n (GUA 26537); 19/XII/1984 (fl), D. Araújo 
et al. 6489 (GUA); 11/111/1986 (fr.) D. 
Araújo et al. 7288 (GUA); 28/XI/1989 (fl), 
D. Araújo & M. V. S. Alves 9043 (GUA); 
23/X 1/1990 (fl), C. A. L de Oliveira et al. 
910 (GUA); 1 /XI 1/1992 (fl), D. Araújo 9705 
(GUA); Parati: 20/X/1978 (fl), D. Araújo & 
R. F. cie Oliveira 2254 (GUA); Parati-Mirim: 
7/XI 1/1976 (fl), D. Araújo et al. 1404 (GUA); 
Resende: Serrinha, 430 m alt. 14/11/1988 (fl), 
R. B. Pineschi et al. 405 (GUA); Rio de 
Janeiro: I V/l 883 (fl), A. Glaziou 14346 (K); 
Jacarepaguá. 17/VII/1932 (fl), M. Rosa s/n 


Rodriguésia 55 (85): 5-15. 2004 



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Ahtroemcríaceae no estado do Rio de Janeiro 


(R 50394); Pedra Branca. 24/XII/1973 (fl), R 
Carauta & L. Sobrinho 1691 (GUA); 
Grumari. 28/X/ 1 97 1 (fl), D. Sucre s/n (RB 
154.694); 11/111/1983 (fr.) D. Araújo & N. C. 
Maciel 5482 (GUA); Santa Maria Madalena: 
Parque Estadual do Desengano, Serra da 
Morumbeca. 16/11/1978 (fl), M. C. Vianna et 
ai 1296 (GUA). 

Espécie neotropical, amplamente distri- 
buída pelo Brasil no interior e beira de matas. 
Floresce principalmente de novembro a janeiro. 

Bomarea edtilis apresenta variação tanto 
nas folhas, que podem ser largas, estreitas, 
pubescentes ou glabras, como nas flores, que 
variam de róseas ou creme-esverdeadas, e na 
inflorescência que se apresenta com muitas 
ou poucas flores. Seu hábito volúvel e sua 
inflorescência umbeliforme, em geral bem 
vistosas, são caracteres marcantes que as 
distinguem do resto da família. 

Usos: Raízes de reserva comestíveis. 

Agradecimentos 

Este trabalho faz parte da tese de 
doutorado desenvolvida pela autora no 
Departamento de Botânica do Instituto de 
Biociências da Universidade de São Paulo sob 
a orientação do Dr. Renato de Mello-Silva. 
Agradeço a Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária (EMBRAPA) e a Fundação 
Margaret Mee pelas bolsas concedidas, e aos 
curadores dos herbários que permitiram a 
análise dos materiais disponíveis nas coleções. 

Referências bibliográficas 

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phytogeography of the genus 
Alstroemeria. Herbertia 46(2): 76-94. 
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doutorado. Universidade de São Paulo, 
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15 

. 2003. Duas Novas espécies de 

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Assis, M. C. & Mello-Silva, R. 2002. Flora da 
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da Universidade de São Paulo. 20: 49-52. 

Bayer, E. 1897. Die Gattung Alstroemeria in 
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Beauverd, G. 1906. Alstroemeria damaziana. 
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Sanso, A. M. and Xifreda, C. C. 1999. The 
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Sanso, A. M; Assis, M. C. and Xifreda, C. C. 
2004. Alstroemeria: A charming genus. 
Acta Horticulture (no prelo). 



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cm 


Passiflorj i L. subgênero Decaloba (DC.) Rciib. 
(Passifloraceae) na Região Sudeste do Brasil 1 

Micliaele Alvim Milward-cle-Azevedo 2 & José Fernando A. Baumgratz 3 

Resumo 

{Passiflora L. subg. Decaloba (DC.) Rchb. (Passifloraceae) na Região Sudeste do Brasil). Neste trabalho, 
aborda-se o estudo taxonômico de Passijlora subg. Decaloba na Região Sudeste do Brasil, sendo reconhecidas 
oito espécies - P. capsularis L., P. mísera Kunth, P. morifolia Mast., P. organensis Gardn., P. pohlii Mast., P 
suberosa L., P. tricuspis Mast. e P truncata Regei. Apresenta-se uma chave para seções e espécies do 
subgênero no Sudeste do Brasil, além de descrições, citação dos tipos nomenclaturais e do material examinado, 
nomes vulgares, dados fenológicos e do habitat, distribuição geográfica, etimologia e comentários taxonômicos, 
assim como ilustrações e mapas. 

Palavras-chave: Passifloraceae, Passiflora subg. Decaloba , Morfologia, Taxonomia, Sudeste do Brasil. 
Abstract 

( Passiflora lt. subg, Decaloba (DC.) Rchb. (Passifloraceae) in Southeastern Brazil). A taxonomic study of 
Passiflora subg. Decaloba in Southeastern Brazil is presented. Eight species were recognized - P capsularis 
L., P misera Kunth, P morifolia Mast., P. organensis Gardn., P pohlii Mast., P suberosa L., P. tricuspis Mast. 
and P. truncata Regei. A key for the identification of the sections and the species of the subgenus in 
Southeastern Brazil, along wiih theirdescriptions, types, examined material, common names, habitat, phenology, 
geographic dístribution, etymology, and taxonomic comments are presented, as well as illustrations and 
distribution maps. 

Key-words: Passifloraceae, Passijlora subg. Decaloba , Morphology, Taxonomy, Southeastern Brazil. 


Introdução 

A família Passifloraceae Juss. e.x Kunth 
é pantropical, sendo representada por 17 
gêneros e aproximadamente 630 espécies, que 
se distribuem nas tribos Paropsiae DC. e 
Passifloreae DC. (Deginani 1999; Mabberley 
1997; Brummitt & Powell 1992; Holm-Nielsen 
et al. 1988; Wilde 1974). A maioria, cerca de 
400 espécies, subordina-se ao gênero 
Passiflora L., subdivido em 23 subgêneros 
(Cervi 1997) e bem expressivo na flora 
brasileira. 

As Passifloraceae eram tradicional- 
mente tratadas na ordem Violales, principalmente 
pela placentação parietal (Engler 1964; Cronquist 


1988). Com base em estudos filogenéticos, 
utilizando dados moleculares, encontra-se 
atualmente posicionada na ordem Malpighiales 
(APG 2003), cuja monofilia é sustentada 
basicamente por dados macromoleculares (Judd 
et al. 1999). Essa ordem é morfologicamente 
heterogênea, mas várias famílias possuem 
algumas características em comum, como nós 
trilacunares, estigmas secos e exotegma fibroso. 
Algumas famílias compartilham o gineceu 
tricarpelar (Euphorbiaceae, Malpighiaceae, 
Passifloraceae e Violaceae) e outras ainda 
distinguem-se pela placentação parietal 
(Flacourtiaceae, Passifloraceae, Salicaceae e 
Violaceae). Recentemente, com base em 


Artigo recebido em 06/2003. Aceito para publicação em 05/2004. 

'Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-graduação cm Ciências Biológicas (Botânica), 
Museu Nacional/UFRJ. 

! Bolsista CAPES, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Ciências 
Biológicas (Botânica), Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, michaelemilward@aol.com 
'Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 9 1 5, 22460-030. Jardim Botânico, Rio de 
Janeiro, RJ. Brasil; Bolsista de Produtividade em Pesquisa, CNPq. 



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18 

evidências químicas, tem sido sugerido um maior 
parentesco de Passifloraceae com 
Malesherbiaceae e Tumeraceae (APG 2003), 
corroborando a hipótese destacada por Chase 
et al. (2002) sobre a afinidade dessas três 
famílias. 

A sistemática de Passifloraceae não está 
ainda bem resolvida, pois além das numerosas 
espécies estarem agrupadas em subgêneros, 
seções e/ou séries geralmente com frágeis 
limites de circunscrição (Feuillet & MacDougal 
1 999), a última revisão abrangente para o grupo 
data de 1938, realizada por Killip. 

No território brasileiro ocorrem cinco 
gêneros, todos pertencentes à tribo 
Passifloreae: Dilkea Mast., Mitostemma 
Mast., Passijlora, Tetrastylis Barb. Rodrig. 
e Ancistrothyrsus Harms, este último 
tranferido da família Flacourtiaceae (Wilde 
1971). Do gênero Passijlora são encontrados 
apenas quatro subgêneros. 

Passijlora subg. Decaloba (DC.) 
Rchb. tem distribuição tropical e subtropical 
nas Américas, possuindo cerca de 1 30 espécies 
arranjadas em oito seções, das quais apenas a 
seção típica encontra-se dividida em oito séries. 
E caracterizado por inflorescências paucifloras, 
flores frequentemente pequenas, brancas ou 
amareladas, hipanto pateliforme ou campa- 
nulado, dividido em 10 lobos, corona com uma 
ou duas séries de filamentos e opérculo plicado. 
No Brasil, ocorrem aproximadamente 20 
espécies, distribuídas em quatro seções. Até 
recentemente, esse subgênero vinha sendo 
tratado pelo nome de Plectostemma, porém 
MacDougal (1994) reconheceu a prioridade 
nomenclatural de Decaloba. 

A ausência de um trabalho atualizado de 
revisão abordando todos os táxons desse 
subgênero tem dificultado um melhor 
conhecimento da taxonomia do grupo, em 
virtude do elevado número de espécies, 
incluindo os numerosos sinônimos. A fim de 
trazer uma contribuição à taxonomia das 
Passifioras no Brasil, objetiva-se no presente 
estudo atualizar o conhecimento taxonômico 
de Passijlora subg. Decaloba na Região 


Milward-de-AzA edo, M. A. & Baumgratz. J. E A. 

Sudeste, reconhecendo as espécies que o 
compõe, revisando dados nomenclaturais, 
apresentando análise morfológica, dados 
palinológicos, ilustrações e mapas de 
distribuição geográfica, reavaliando os limites 
específicos e seccionais e elaborando uma 
chave para identificação, além de fornecer 
subsídios para futuras análises filogenéticas. 

Material e Métodos 

Foram realizadas consultas nos herbários: 
BAUR* (Universidade do Sagrado Coração, 
Bauru, SP, Brasil), BHCB. BM. CESJ, CVRD, 
C, ESA, ESAL, FCAB, FUEL, GUA, K. HB, 
HRCB, HUFU, HXBH. IAC, OUPR, P, 
PA MG. R, RB, RFA, RUSU* (Universidade 
Santa Úrsula, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), SJRP. 
SP, SPF, UEC, VIC e V1ES* (Universidade 
Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil). 
As siglas indicadas por asterisco não constam 
em Holmgren et al. (1990). 

Adota-se o sistema de classificação 
proposto por Killip (1938) para o subgênero 
Decaloba (= Plectostemma), porém, não se 
aceitando as séries estabelecidas para a seção 
Decaloba, pois não foram devidamente 
publicadas, e seguindo às correções realizadas 
por MacDougal (1994). 

Na descrição das espécies foram 
adotados, de modo geral, os conceitos termi- 
nológicos de Rizzini ( 1977). Especificamente 
para a caracterização dos tipos de tricomas, 
Metcalfe & Chalk (1965); para o tipo de 
indumento, Harrington &. Durrell (1957) e 
Radford et al. (1974); para os frutos e as 
sementes, Barroso et al. (1999) e para os tipos 
de inflorescências, Baumgratz (1997), 
Weberling (1992) e Briggs & Johnson (1979). 

Na análise morfológica foliar, as medidas 
de comprimento da lâmina foram obtidas ao 
longo da nervura mediana ou central (nm) e 
nervuras laterais (nl), cujas respectivas siglas 
são utilizadas nas descrições. O ângulo 
formado entre os lobos da lâmina foliar foi 
medido com o auxílio de um transferidor. As 
medidas das folhas foram realizadas conforme 
o esquema proposto na figura 1. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


cm l 


SciELO/ JBRJ 


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Passiflora subg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro 



Figura 1 - Contorno da folha de Passiflora capsularis 
demonstrando o método de medidas, a - comprimento 
da nervura central ou mediana; b - comprimento da nervura 
lateral; c - comprimento do eixo compreendido entre os 
ápices das nervuras laterais; d -ângulo formado entre as 
nervuras laterais principais; e -comprimento do pecíolo. 

As estruturas morfológicas da flor foram 
esquematizadas na figura 2, para uma melhor 
compreensão e localização, na leitura das 
descrições. 

Área de Estudo 

O Sudeste brasileiro, formado pelos 
estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio 
de Janeiro e São Paulo, está situado entre as 
coordenadas de 14° a 25° S e 39° a 51° W. 
Localizado quase inteiramente na zona tropical, 
apresenta um importante conjunto de escarpas 
na faixa litorânea que formam as Serras do 
Mar e Mantiqueira, além de elevados maciços, 
como o das Agulhas Negras, com 2.875 m, no 
Parque Nacional do Itatiaia (RJ), e do Caparaó 
(MG), com 2.890 m de altitude. 

O clima é predominantemente 
subquente, além de quente e mesotérmico 
(Nimer 1977), apresentando-se bem 
diversificado devido à variação latitudinal, à 
topografia acidentada e ao sistema de 


19 

circulação de ventos, considerando-se os alísios 
que sopram do litoral para o interior e as frentes 
polares. O índice pluviométrico varia de 900 
mm, no Vale do Jequitinhonha e Rio Doce 
(Gonçalves et al. 1993), a 4.500 mm na Serra 
do Mar, no estado de São Paulo (Nimer 1977). 

A vegetação na Região Sudeste mostra- 
se muito variada devido a acentuada 
diversidade do relevo, clima e solo. De acordo 
com Rizzini (1997), são encontradas as 
seguintes formações - floresta pluvial atlântica, 
floresta dos tabuleiros, formações de restinga 
e manguezal nas regiões litorâneas, e cerrado 
e caatinga nas áreas mais interioranas. 

Resultados e Discussão 
1 - Histórico: uma breve abordagem dos 
estudos taxonômicos 

Os estudos taxonômicos sobre 
Passiflora subg. Decaloba iniciaram-se com 
esse agrupamento sendo classificado 
primeiramente como uma seção por Candolle, 
em 1822 ( apud Candolle 1828), 

caracterizando-a pelo cálice com dez lobos. 



Figura 2 - Esquema da flor de P. morifolia : a - 
androginóforo, c - corona. d - disco nectarífero, e - 
estilete, es - estame, h - hipanto, 1 - límen, o - opérculo, 
ov - ovário, p - pétala, s - sépala. 


Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004 


cm .. 


20 

brácteas ausentes ou, quando presentes, 
diminutas e posicionadas abaixo das flores, e 
pelos pedúnculos florais e gavinhas axilares. 

Reichenbach (1828) eleva a seção 
Decaloba à categoria de subgênero e, 
posteriormente, Roemer (1846) estabelece 
este como um gênero autônomo. 

Masters (1871), aparentemente 
desconhecendo o trabalho de Reichenbach, 
propõe o subgênero Plectostemmci , 
subdividindo-o em seis seções: Tetrapathea 
DC., Cieco (Medik.) Mast., Dysosmia DC, 
Decaloba DC., Polyanthea DC. e Distemma 
Lem. Posteriormente, em 1872, revisiona seu 
sistema de classificação para as 
Passifloraceae, mantendo ainda Decaloba 
nesta mesma categoria taxonômica. 

Harrns ( 1 894), com base na classificação 
de Candolle (1822), subdivide Decaloba em 
duas séries - Polyanthea (DC.) Harrns e 
Eudecaloba (Mast.) Harrns. Em 1925, 
divide esta seção cm sete subseções - 
Polyanthea (DC.) Harrns, Cirrhiflora 
Harrns, Deidamioides Harrns, Eudecaloba 
(Mast.). Harrns, Pseudodysosmia 
Harrns, Pseudogranadilla Harrns e 
Hahniopathanthus Harrns. 

Killip (1938) segue as proposições de 
Masters (1871, 1872), porém estabelece sete 
seções para o subgênero Plectostemma 
baseado nas seções e subseções propostas por 
Harrns (1925) - Cieca , Mayapathanthus 
Killip, Decaloba . Xerogona (Raf.) Killip, 
Pseudodysosmia (Harrns) Killip, 
Pseudogranadilla (Harrns) Killip e 
Hahniopathanthus (Harrns) Killip. Esta obra 
de Killip ainda representa, atualmente, o estudo 
mais completo para o gênero Passijlora. 

Somente em 1994, o epíteto subgenérico 
Decaloba veio a ser reconhecido como 
prioritário sobre Plectostemma por 
MacDougal, que faz a devida correção 
nomenclatural e considera este último um 
sinônimo. Este é o único trabalho recente de 
revisão taxonômica sobre o subgênero 
Decaloba , porém referindo-se apenas à seção 
Pseudodysosmia. 


Milward-de-Aíevedo. M. A. á Raumgraiz, J. F. A. 

MacDougal & Hansen (2003) descrevem 
uma nova seção - Pterospenna L. Gilbert & 
J. M. MacDougal, para o subgênero Decaloba , 
além de duas novas espécies. MacDougal 
(1988; 1989a; 1989b; 1989c; 1989d; 1992; 
2001), Coppens et al. (2001) e Jprgensen & 
MacDougal (2001) têm descrito novas 
espécies para esse subgênero. 

2 - Tratamento taxonômico 

Passiflora L„ Sp. pl.: p. 955. 1753. 

Trepadeiras herbáceas ou lenhosas, com 
gavinhas axilares. Estipulas foliáceas ou Iinear- 
subuladas. Folhas alternas, pecíolos 
geralmente com glândulas; lâminas simples, 
inteiras ou lobadas, membranáceas a cartáceas, 
margem inteira à serreada, 3-5 nervadas. 
Brácteas 3, às vezes ausentes. Inflorescências 
axilares, paucifloras. Flores andróginas; hipanto 
curto a longo; sépalas 5; pétalas 5, raro 
ausentes; corona com 1-5 séries; nectário 
presente ou não, androginóforo presente; 
estames 5, anteras dorsifixas, rimosas; ovário 
súpero; tricarpelar, unilocular, pluriovulado; 
placentação parietal; estiletes 3, estigmas 
capitados. Frutos bagas ou cápsulas. Sementes 
numerosas, ariladas, gcralmente achatadas, 
testa coriácea. 

Passiflora subg. Decaloba (DC.) 
Rchb., Consp. Regn. Veg.: 132. 1828. 

= Passijlora subg. Plectostemma Mast., 
Trans. Linn. Soc. 27: 630. 1871. 

Trepadeiras herbáceas, com indumento 
dos ramos, gavinhas, estipulas, folhas, 
pedúnculos, brácteas. pedicelos florais, hipantos 
e face abaxial das sépalas, ovários e frutos, 
esparso a densamente pubérulo. < 0.3 mm 
compr., ou pubescente, 0.4-0.7 mm compr., 
tricomas patentes, adpressos, inconspícuos ou 
uncinados, brilhosos, delicados, macios e alvo- 
translúcidos. cedo-caducos ou não. Caule 
subtriangular, levemente anguloso ou 
complanado, suberoso ou não, estriado 
longitudinalmente. Estipulas foliáceas ou linear- 
subuladas, margem inteira, ápice falcado, 
caducas. Folhas com pecíolos geralmente 

Rodrigues ia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 

providos de glândulas estipitadas; lâminas 
variegadas ou não, membranáceas à cartáceas, 
2-3 lobadas, às vezes inteiras, lobos com ápice 
agudo, obtuso ou truncado, apiculado, base 
obtusa, cordada ou auriculada, margem inteira 
ou denteada, 3 nervadas, actinódromas, 
oceolos circulares, obovados ou geminados, 
presentes ou ausentes. Inflorescências em 
mônades (flores solitárias) sésseis ou 
pedunculadas, ou díades pedunculadas. 
Brácteas linear-subuladas, falciformes ou 
retilíneas, verticiladas, às vezes ausentes. 
Flores com hipanto campanulado ou 
pateliforme; sépalas oblongo-ovadas, ápice 
agudo ou obtuso; pétalas brancas, creme. 


21 

amarelas, esverdeadas, lilases, roxas ou 
azuladas, membranáceas, oblongo-ovadas ou 
espatuladas, ápice obtuso, glabras, às vezes 
ausentes; corona unisseriada ou bisseriada; 
opérculo plicado, ereto ou ápice introrsamente 
curvo, denticulado; límen anelar; nectário 
presente; disco nectarífero anelar presente ou 
ausente; pólens 6- ou 12-colporados, ou 12- 
colpados, exina heteroreticulada; ovário 
oblongo ou elíptico, estigma capitado. Frutos 
cápsulas loculicidas, elípticas ou fusiformes, ou 
bacóides melanóides, indeiscentes, globosos; 
sementes oblongas, elípticas ou obovadas, testa 
foveolada ou transversal ou irregularmente 
sulcada. 


Chave para identificação das seções, séries c espécies de Passiflora subg. Decaloba no 

Sudeste brasileiro 


1 - Pecíolos com um par de glândulas. 

2 - Estipulas foliáceas; corona com uma única série de filamentos; disco nectarífero presente 
Seção Pseudodysosmia ; 7. P. morifolia 

2’ - Estipulas linear-subuladas; corona com duas séries de filamentos; disco nectarífero ausente 

Seção Cieca 

3 - Lâminas foliares com oceolos entre as nervuras principais; pétalas presentes; corona 
com filamentos externos falciformes e internos filiformes com ápice capitado; pólen 6- 

colporado; testa das sementes irregularmente sulcada -■ P truncata 

3’ - Lâminas foliares desprovidas de oceolos; pétalas ausentes; corona com filamentos 
externos filiformes e internos subclaviformes; pólen 12-colpado; testa das sementes 

foveolada L P. suberosa 

1’ - Pecíolos desprovidos de glândulas. 

4 - Lâminas foliares desprovidas de oceolos; brácteas ausentes; filamentos da corona unidos na 
base; pólens com os lumens do retículo com muros sinuosos, longos e estreitos; frutos 
capsulares Seção Xerogoiuc. 8. P. capsulai is 

4" - Lâminas foliares com oceolos entre as nervuras principais; brácteas presentes; filamentos 
da corona livres; pólens com os lumens do retículo com muros retos, curtos e largos, frutos 

bacóides Seção Decaloba 

5 - Caule subtriangular; corona com uma única série de filamentos; estilete 0,7-0, 9 cm compr.; 

pólens com os lumens do retículo sem báculos no interior 5. P organensis 

5’ - Caule complanado; corona com duas séries de filamentos; estilete 0,5-0.6 cm compr.; 
pólens com os lumens do retículo com poucos báculos no interior 
6 - Brácteas 0,4-0, 6 x 0,07 cm; inflorescências sésseis; opérculo com ápice ereto; média 

do comprimento do colpo do pólen > 50,0 p.m 6. P polilii 

6’ - Brácteas 0, 1 5-0.3 x 0,02-0,03 cm; inflorescências pedunculadas; opérculo com ápice 
introrsamente curvo; média do comprimento do colpo do pólen < 40,0 )tm. 

Rodriguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 



cm .. 


22 Milward-de -Azevedo. M. A. & Baumgratz. J. F. A. 

7 - Ângulo entre as nervuras laterais 98°-172°; pedicelo floral 0,2-0,3 cm compr.; 
corona com filamentos da série externa filiformes; ovário 0,18-0,3 cm compr.; 

pólens com a média dos diâmetros dos lumens dos retículos < 3,0 pm 

3. P. misera 

T - Ângulo entre as nervuras laterais 40°-80°; pedicelo floral 0,5- 1 cm compr.; corona 
com filamentos da série externa liguliformes; ovário 0,4-0,5 cm compr.; pólens 

com a média dos diâmetros dos lumens dos retículos >3,5 pm 

4. P. tricuspis 


SEÇAO Cieca (Medik.) DC, Mém. Soc. 
Phys. Genève 1:435. 1822. 

Pecíolos com um par de glândulas estipi- 
tadas; estipulas linear-subuladas; inflorescên- 
cias em mônades (flores solitárias) ou díades, 
pedunculadas, brácteas linear-subuladas, 
caducas; pétalas freqüentemente ausentes, 
corona bisseriada; frutos bacóide-mclanóides; 
sementes com testa foveolada ou irre- 
gularmente sulcada. 

1. Passiflora suberosa L., Sp. pi: p. 958. 
1753; Masters in Martius, Eichler & Urban, 
Fl. bras. 13(1): 578. 1872; Killip, Publ. Field 
Mus. Nat. Hist. Bot. Ser. 19(1): 88. 1938; 
Killip, Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser. 
13(4): 124. 1941; Woodson Jr. & Schery, Ann. 
Miss. Bot. Gard. 45(1): 12. 1958; Standley & 
Williams, Field. Bot. 24(7): 144. 1961;Sacco, 
Boi. Inst. Cienc. Nat. Univ. R.GSul 12: 9, est. 

2. 1962; Sacco, Fl. Ilust. Cat. Fase. Pass.: 18, 
est. 3. 1980; Cervi, Universitat de Barcelona, 
Facultad de Biologia, tesis doctoral 486: 9. 1981; 
Holm-Nielsen et ai, Fl. Ecuador 3 1 : 26. 1988; 
Deginani. Aportes Botânicos de Salta, Ser. 
Flora 6(2): 8, est. 3. 1999. 

Tipo: República Dominicana, Jacquin s.n. 
(W, LINN) 

Figuras 3 e 4 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, 
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face 
abaxial das sépalas esparso a densamente 
pubescente, tricomas simples e glandulares, 
patentes ou adpressos. Caule suberoso, 
estriado. Estipulas 0,4-0,8 x 0,07-0,15 cm, 
linear-subuladas. Folhas com pecíolo 0,6-4, 1 
cm compr., um par de glândulas no terço 


inferior; lâminas não variegadas, membra- 
náceas a cartáceas, inteiras ou levemente à 
profundamente 3-lobadas, 4,2- 1 2,6 cm compr. 
(nm), 2,8-8,5 cm compr. (nl), 3,7- 14 cm larg., 
ângulo entre os lobos 5 I o - 129°, ápice agudo, 
base obtusa a auriculada, margem inteira, 
oceolos ausentes. Inflorescências em mônades 
ou díades, pedunculadas; pedúnculos 0,7-7,2 
cm compr.; brácteas ca. 0,07 x 0,01 cm, linear- 
subuladas. Flores verdes ou alvascentas; 
pedicelos 0,2-0, 9 cm compr.; hipanto 
campanulado; sépalas 0,5- 1,3 x 0.2-0,35 cm, 
ápice obtuso; pétalas ausentes; corona 
bisseriada, filamentos da série externa 0,25- 
0,4 cm compr., filiformes, série interna 0,15- 
0,2 cm compr., subclaviformes; opérculo ca. 
0,15 cm compr, ápice introrsamente curvo; 
disco nectarífero ausente; androginóforo 0,4- 
0,7 cm compr.; estames 0,3-0, 5 cm compr., 
anteras 0,2-0,25 x 0,1-0,12 cm; pólens 12- 
colpados, colpos média compr. = 50 pm. 
lumens do retículo média diâm. = 2 pm, sem 
báculos, muros retos, curtos e largos; ovário 
0, 15-0,25 x 0, 1-0,25 cm, globoso, glabro; estilete 
ca. (),3cm compr. Frutos 0,5- 1,8 x 0,5- 1,5 cm, 
bacóides melanóides, indeiscentes, vinosos ou 
nigrescentes, globosos, glabros; sementes 0,35- 
0,4 x 0,2-0,25 cm. obovadas, testa foveolada. 
Material examinado: MINAS GERAIS: 
Água Limpa, 10/VI/1964, fl, fr, sem coletor 
(RB 1 26000); Belo Horizonte, 25/VII/1990. fr, 
E. Tameirão et al. 101 (BHCB); 17/X/1990, 
bt, fr, E. M. Bacariça 91 (BHCB); 19/11/1991, 
bt, fl, fr, E. Tameirão Neto et C. Y. K. 
Matsuoka 393 (BHCB); Barroso. 20/X/2001, 
fl, fr, R. C. Forzza et al. 1914 (CESJ); 
Brasópolis, 15/XII/1982, fl, fr, J. R. Pirani et 
al. 290 (SP); Janaúba, 9/XI/1985, bt, 0, 11. 

Rodriguísia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


13 14 15 16 17 18 


cm 


Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 


23 



Figura 3 - Passiflora suberosa L: a - detalhe do ramo fiorífero, b - folha 3-lobada, com lobo mediano bem distinto dos 
laterais pelas suas dimensões, c - estipula: face adaxial, d - bráctea: face adaxial, e - flor, evidenciando uma bráctea no 
pedúnculo, f- filamento da série externa da corona, g - filamento da série interna da corona, h - fruto, i - semente (a: 
Hoeline s.n. - SPF 15322, b-i: M. Groppo Jr. 592). Escalas: a, b, h = 1 cm; c, d, e, f, g, i = 1 mm. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ, 


13 14 




24 


Milwa rd-cl e -A zeveclo, M. A. & Baunigratz J. F. A. 




1'igura 4 - Mapa da distribuição geográfica de Passiflora suberosa L. na Região Sudeste do Brasil, destacando a 
variabilidade da forma da lâmina foliar: (I) lobos muito desiguais entre si, sendo o mediano bem distinto dos laterais, 
pelas maiores dimensões, ("A*) lobos semelhantes entre si, com os laterais nitidamente concrcscentcs ao mediano. (t|t) 
profundamente 3-lobada, lobos semelhantes entre si, os laterais quase se individualizando do mediano. (Escala = 1 cm) 


Saturnino 1006 (PAMG); Lavras, 9/XII/19S0, 
fl, fr, //. F Leitão et al. 11697 (RB. UEC); 
Machado, 1 ü/III/1 950, fr, C. Carcerelli 23 
(RB); Monte Belo. 15/X/1992, fl. //. Q. B. 
Fernandes et al. 3085 (RB); Ouro Preto 
1934, fl, M. Cabral s.n. (OUPR 6982); 
Paraopeba, 22/VI/1955, bt, E. G. Ilcringcr 
s.n. (RB 90516); Patrocínio, 7/V/19S7. fr, 
Pedralli et al. s.n. (HXBH 6034); Poços de 
Caldas, 2 1/1 V/l 990. bt. fl, fr. M. B. C. Gallo 
s.n. (VIC 11412); Ponte Nova, 13/XI/1978, 
bt, fl, fr, J. Rapado s.n. (OUPR6964); Rio 
Novo. fl, sem coletor (VIC 13104); Santa Rita 
do Sapucaí, 15/111/1996, fr, M. Brandão 
25411 (PAMG); Santana do Garambeu. 6/VI/ 
2001, A. Salino et R. C. Mota 6953 (BHCB); 
São Gonçalo do Rio Abaixo. 1/X1I/19S6, bt, fr, 
Pedralli et al. s.n. (HXBH 7812); São José 
de Melo. bt, 5/III/1978, M. Brandão 9643 
(PAMG); São Roque de Minas, 1/1II/2003, M. 


Milward 125 (RB); São Sebastião do Paraíso, 
1 2/1 V/ 1945, fl. Brade et 4. Barbosa 17S48 
(RB); Teixeiras-Ponte Nova. 24/1 VV 1 999. bt. 
fl. fr. G E. Valente 425 (VIC); Turvo. 24/VI/ 
1926, bt, fl, fr. Hoclxne et A. Gelirt s.n. (SP 
17465); Viçosa, 13/X1I/1996, bt, 0, fr. L A. 
Basílio s.n. (VIC 17051); I/III/1984. bt. fl. fr, 
F. S. Lopes s.n. (VIC 8664); 9/XI/2000. fl. fr, 
G E. Valente 600 (VIC); 22/V/2000, bt. fl, 
A. F. Carvalho 672 (VIC). ESPÍRITO 
SANTO: Domingos Martins. 1 l/V/1993, bt. fl. 
fr. ,/. R. Pirani et R. M. Silva 2796 (SPF). 
RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo. 23/IX/ 
1987, fr, D. Araújo et S. R. R. Souza 8195 
(GUA); 31/V/1989. bt. fl, fr, D. Araújo et 11. 
C. Lima 8961 (GUA); 29/X/1990. bt, (1. fr, C. 
Farney et al. 2442 (RB); I/1X/2(X)1, fr, M. 
Milward et P. 11. L. Van Der Ven 108 (RB); 
Búzios. 1 1/1/2002, bt, fl. R. C. C. Reis 325 et 
M. M. Saavedra 151 (RB); Glicério, 14/IV/ 

Rotlrigliésia 55 (85): 17-54. 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 




cm .. 


Passiflora subg. Dccalobu no Siutcsic Brasileiro 

2001, bt. fl, fr, M. G Bovini et al. 1979 (RB); 
Itaipava, 5/XI/2000, fl, fr, G E. Valente 599 
(V1C); Miguel Pereira, 23/11/2002, bt, fr, M. 
Milward 116 (RB); Petrópolis, X/1943, fl. fr, 
O. C. Góes et D. Constantino 656 (RB); Rio 
de Janeiro, VI/1916, bt, 4. F razão s.n. (RB 
7248); Vl/1920, bt, 11, J. G. Kuhlmann s.n. 
(RB 15630); 4/II/1947, bt. fl, fr. O. A. Silva 
s.n. (RB 58331); 1S/V/1990. fr, L. Sylvestre 
s.n. (RB 354872); 9/1X/1992, fr, R Avellars.n. 
(RUSU 3290); 2/11/2002, bt, M. Milward 117 
(RB); Santa Maria Madalena. 25/XI/1977, fr, 

L. Mautone 44S et R. C. O. Montella 94 
(RB). SÃO PAULO: Angatuba, 23/1/1979, fl, 
E. C. Aranha s.n. (1AC 26528); Araras, 23/ 
11/1967, fr, J. Mattos Jr 14408 (SP); Atibaia, 
16/XI/1987, fl, J. A. A. Meira Neto et al. 
212S4 (UEC); Bauru, 26/V/1994, bt, fl, fr. J. 
Y. Tamashiro et al. 1SS (HRCB, 1AC, SPF. 
UEC); Botucatu, 23/111/1978, bt, fl, fr, N. B. 

M. Brandjes 702412 (BOTU, UEC); 
Campinas, 6/X1/193S. fr. G. P. Viegas et A. P. 
Vicgas s.n. (IAC2891); 1 4/X 1/ 1 978, bt, fl, fr, 
H F Leitão et al. 8622 (UEC); 4/XII/1990, 
L C. Bernacci s.n. (UEC 63243); l/IV/1992, 
(1, C. Kosdmitze 27272 (UEC); A. S. Grottoy 
s.n. (SP 119768); Ilha de Alcatrazes, 12/VI/ 
1994, bt, M. Barroso s.n. (IAC 36160); 
Itanhaém, 1 1 - 1 2/1 V/ 1 996, fr, V. C. Souza 
11025 (IAC); Itapira, 17/V/ 1927, bt, fl, fr, F. 
C. Hoelme s.n. (IAC 32609, SP 20359); 
Itararé, X/1965, 11, J. Mattos et C. Moura 
14966 (SP); I3/1V/1977, fr, //. F. Leitão et 
al. s.n. (UEC 12679); Jeriquara, 17/III/1964, 
11, fr, J. Mattos et H. Bicalho 11690 (SP); 
Joanópolis. 30/1X71969, bt. fl./ Mattos 15490 
(SP); Jundiaí, 25/X/1994. bt, fl, fr, L. C. 
Bernacci 2221 (IAC); 5/IV/1995, bt, 11, fr, S. 
L. Jung-Mendaçolli et al. 1425 (UEC); 14/ 
XI/1997. fl. fr. S. L Jung-Mendoçolli et (d. 
871 (IAC); Limeira. 13/IV/1954, fl, fr, F. C. 
Hoelme s.n. (IAC 32613, SPF 15322); Monte 
Alegre do Sul, 26/VII/1949, bt, fr, M. 
Kuhlmann l.S88( SP); Pinhal. 12/XI/1947, bt, 
11 fr. M. Kuhlmann 1505 (SP); 29/III/1980, 
fr, V F. Ferreira 1169 (RB); 20/III/1983. 11, 
fr, V. F. Ferreira 3051 (RB); Piracicaba. 14/ 

Rndriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


25 

XII/1938, bt, fl, A. P. Viegas et G. P. Viegas 
s.n. (IAC 4371); Santos, fl, Luedenvaldt et 
Fonseca s.n. (SP 10659); São Bento de 
Sapucaí, XI/1945, fl, fr, P. Leite s.n. (FCAB 
2159); São Carlos, 9/X/1988, J. A. Lombardi 
et J. C. Motta Jr. 20822 (UEC); São José do 
Rio Pardo, 8/XI/1994, bt. fl, fr, L S. Kinoshita 
et C. Muller 94 (IAC); São Manuel, 5/11/ 
1996, bt, fl, R. Mantanholi 130 (BAUR); São 
Paulo, bt, Hoelme s.n. (SP 32838); 11/1916, 
bt. fl, fr, A. C. Brade s.n. (SP 6499); 11/IV/ 
1935, bt, fl, M. Kuhlmann s.n. (SPF 146576); 
1 S/TV/1967, bt. fl, fr, N. Mazzaro s.n. (IAC 
19481); 27/IV/1995, fr, L C. Bernacci et al. 
1586 (IAC); 24/III/1999, fr, M. Kirizawa 
3374 (SP); Socorro, 26/11/2001, bt, fl, M. 
Groppo Jr. 592 (SPF); Vinhedo, 23/XI/1998, 
bt, A. F. Silva et al. 8880 (UEC); Votarantin, 
29/III/19S0, fl, V F. Ferreira 1219 (RB); 20/ 
III/1983, fl, fr, V F. Ferreira 3051 (RB); 12/ 
1/1984, bt, fl, fr, V. F. Ferreira 3160 (RB). 
Distribuição geográfica e habitat: 
Apresenta uma ampla distribuição pelas 
Américas, ocorrendo desde Estados Unidos e 
México, até a América Central, Venezuela, 
Colômbia, Equador, Peru. Bolívia, Brasil, 
Paraguai e Argentina. No Brasil: Goiás, 
Distrito Federal, Ceará, Pernambuco, Minas 
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande 
do Sul. Espécie heliófila, sendo encontrada, 
principalmente, nas bordas de mata 
preservadas, florestas secundárias, bem como 
em áreas de restingas litorâneas (Sacco 1980). 
Na Região Sudeste (Fig. 4), ocorre em 
caatingas, cerrados, florestas pluviais 
montarias e sub-montanas e restingas; tem sido 
coletada com maior freqüência na floresta 
atlântica. 

Nome vulgar: Maracujazinho (MG; SP; Pio- 
Corrêa 1984), maracujá-miudinho (SP). 
Dados fcnológicos: Coletada com flores nos 
meses de fevereiro a julho e setembro a 
dezembro, e com frutos, de setembro a julho. 
Etimologia: O epípeto específico suberosa 
refere-se, provavelmente, ao caule suberoso. 



■SciELO/JBRJ 


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cm .. 



26 

Passiflora suberosa é bem distinta das 
outras estudadas, principalmente pelo caule 
suberoso nas porções inferiores, pecíolos com 
um par de glândulas, lâminas muito polimórficas, 
desde inteiras, não lobadas, até profundamente 
3-lobadas, desprovidas de oceolos, flores 
apétalas e com corona bisseriada, polens 12- 
colpados e sementes com testa foveolada. 

Espécimes com folhas de lobos muito 
desiguais entre si, sendo o mediano distinto dos 
laterais pelas maiores dimensões (Fig. 4: ■), 
ocorrem frequentemente em formações de 
floresta atlântica; podendo ser encontrado 
também espécimes com os lobos semelhantes 
entre si, sendo os laterais concrescentes ao 
mediano (*). Em dois exemplares - J. Matos 
et C. Moura 14966 e H. F. Leitão et al. s.n. 
(UEC 12679) - notam-se folhas profundamente 
3-lobadas, tendo lobos semelhantes entre si, 
com os laterais quase se individualizando do 
mediano (*)• 

2. Passiflora truncata Regei, Gartenflora 8: 356, 
est. 276. 1858; Regei, Ann. Sei. Nat. Bot. 12: 
378. 1859; Masters in Martius, Eichler & Urban, 
Fl.bras. 13(1): 586. 1872; Killip, Publ.Field Mus. 
Nat. Hist. Bot. Ser. 19(1): 118. 1938; Sacco, Fl. 
Ilust. Cat. Fase. Pass.: 12, est. 1. 1980; Cervi, 
Universitat de Barcelona, Facultad de Biologia, 
tesis doctoral 486: 9. 1981; Bemacci & Vitta, 
Hoehnea 26(2): 144. 1999. 

Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Riedel et 
Luschnath 1108 (Holótipo - US). 

Figuras 5 e 6 

Trepadeira com indumento dos ramos, ga- 
vinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, brácteas, 
pedicelos florais, hipantos e face abaxial das 
sépalas, ovários e frutos moderado a densa- 
mente pubérulo-viloso, tricomas cedo caducos. 
Caule triangular e levemente complanado, 
estriado. Estipulas ca. 0,3 cm compr., linear- 
subuladas. Folhas com pecíolo 1, 3-3,2 cm 
compr., um par de glândulas no terço-médio; 
lâminas não variegadas, membranáceas a 
cartáceas, 2-3 lobadas, 1, 8-6,6 cm compr. (nm), 
2,2-7,5cm compr. (nl), 2,5-8,7 cm larg., ângulo 
entre os lobos 43 o - 1 10°, ápice truncado a obtuso. 


Milward-de-Azevedo, M. A. & Baumgralz. J. F. A. 

base obtusa, margem inteira, 1-5 oceolos entre 
as nervuras principais laterais. Inflorescências 
em mônades ou díades, pedunculadas; pedún- 
culos 0,2-1 cm compr.; brácteas 0,1-0,13 x 
0,03-0,05 cm, linear-subuladas. Flores alvas, alvo- 
esverdeadas, verdes ou amarelas; pedicelos 
0,2- 1,1 cm compr.; hipantocampanulado; sépa- 
las 0,5-0, 7 x 0, 2-0,4 cm, ápice agudo a obtuso; 
pétalas 0,35-0,4 x 0,1-0,15 cm, espatuladas, 
ápice obtuso; corona bisseriada, verde ou cre- 
me, filamentos da série externa 0,25-0,4 x 0,03- 
0,05 cm, falcifonnes, interna ca. 0, 1 cm compr., 
filiformes, ápice capitado; opérculo ca. 0, 1 cm 
compr., ápice introrsamente curvo; disco necta- 
rífero ausente; androginóforo ca. 0,5 cm compr.; 
estames ca. 0,25 x 0,3cm, antera 0,2-0,25 x 
ca. 0,1 2 cm; pólens 6-colporados, colpos média 
compr. = 38 pm, lumens do retículo média 
diâm. = 1 pm, muros retos, curtos e largos, sem 
báculos; ovário 0, 1 3-0,2 x 0, 1 -0, 1 3 cm, elíptico; 
estilete ca. 0,3 cm compr. Frutos 2-3 x 2-3 cm, 
bacóides melanóides, indeiscentes, globosos; 
sementes 0,3-0, 5 x 0,25-0,3 cm, nigrescentes, 
elípticas, testa irregularmente sulcada. 
Material examinado: RIO DE JANEIRO: 
Mendes, 6/1II/1980, bt, fl, fr, M. B. Cosori et 
al. 166 (GUA); Nova Iguaçu, 1 2/XII/200 1 , bt, 
fr, S. J. Silva-Neto et al. 1578 (RB); Rio de 
Janeiro, 1/III/1931, bt, fl, A. C. Brade 10624 
(R); 22/1/1932, 0, A. C. Brade s.n. (R 90277); 
29/1/1959, bt, E. Pereira 4264 (HB, RFA); 1/ 
X/1958, bt, fl, fr, E. Pererira 4350 (HB, RFA); 
27/11/1991, bt, B. Kurtz et al. 166 (RB); Santo 
Antônio do Imbé, IV/1932, fl, fr, Brade et S. 
Lima 11780 (R). SÃO PAULO: Cananéia, 2/ 
11/1978, fr, GT. P rance et al. 6962 (UEC); 
São Paulo, 2 2/X 1/1919, bt, fr, P. C. Porto 89S 
(RB); 30/XI/1930, fl, A. Gehrts.n. (SP27044); 
XII/1939, bt. Brade 13070 (RB); XII/1954, 
bt, fl, O. Handro 420 (SP); 23/XI/1972, bt, fl, 
fr, O. Handro 2216 (RB, SPF); 31/X/1977, 
bt, fl, M. M. R. F. Mello 42 (SP); 30/1/1978, fr, 
//. Makino 122 (SP); 6/1II/1978, bt, fl, S. L. 
Jung et al. 235 (SP); 4/XII/1979, bt, fl, fr, S. 
L Jung et al. 318 (SP, UEC); 28/X/1980, fl, 
fr, F. Barros et S. L. Jung 548 (IAC, SP, 
UEC); 8/XII/1988, fl, fr, E. L Silva 41 (SPSF). 

Rodrigufsia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 


Passiflora subg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro 



r.i Bi 


Figura 5 - Passiflora truncata Regei: a - detalhe do ramo florífero, b - oceolo na face abaxial da lâmina foliar, c - bráctca: 
face adaxial. d - flor, c - filamento da série externa da corona, f - filamento da série interna da corona, g - fruto, h - semente 
(a-f: F. Burros et S.L Jtmg 548, g-h: O. Handro 2216). Escalas: a, g = 1 cm; b d, e, f, h = 1 mm, d = 2 mm. 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 



cm .. 



28 


MUward-de-Azevedo, M. A. <£ Baumgrai;, J. F. /\. 



Distribuição geográfica c habitat: Restrita 
às Regiões Sudeste e Sul do Brasil, ocorrendo 
nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, 
Paraná e Santa Catarina, em formações de 
floresta pluvial. Na Região Sudeste (Fig. 6), 
ocorre em florestas pluviais montanas, 
principal mente na Serra do Mar. De acordo 
com Sacco (1980), esta espécie é ciófila, 
ocorrendo principal mente no interior da floresta 
e mais raramente na borda de mata ou em áreas 
perturbadas. É exclusiva da mata pluvial de 
encosta, onde tem ampla distribuição, porém 
descontínua e pouco representativa em cada 
localidade. 

Nome vulgar: Maracujá. 

Dados fenológicos: Coletada com flores nos 
meses de outubro a abril, e com frutos, de 
fevereiro a abril e outubro a dezembro. 


Etimologia: O epípeto específico tnmcata é 
em alusão ao ápice truncado das folhas. 

As lâminas foliares de P. tnmcata são 
morfologicamente muito semelhantes às de P. 
polilii, distinguindo-se. porém, pela presença 
de glândulas no pecíolo, conforme assinalado 
também por Killip (1938). 

SEÇÃO Decaloba DC., Mém. Soc. Phys. 
Gencve 1:435. 1822. 

Pccíolos desprovidos de glândulas; 
estipulas linear-subuladas; lâminas foliares com 
oceolos entre as nervuras laterais principais; 
brácteas linear-subuladas; hipantos 
patcliformes. pólens com os lumens do retículo 
com muros retos, curtos e largos; frutos 
bacóides melanóides; sementes com testa 
sulcada transversalmente. 


Rodrisuésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 



cm .. 


Passiflora subg. Decaloha no Sudeste Brasileiro 

3. Passiflora mísera Kunth, Nov. Gen. et Sp. 
2: 136. 1817; Masters in Mailius. Eichler & 
Urban, Fl.bras. 13(1): 556. 1872; Killip, Publ. 
FieldMus.Nat. Hist. Bot. Ser. 19(1): 149. 1938; 
Sacco, Boi. Inst. Cienc. Nat. Univ. R. G Sul 
12: 12, est. 5. 1962; Sacco, Fl. Ilust. Cat. Fase. 
Pass.: 35, est. 7. 1980; Cervi, Universitat de 
Barcelona, Facultad de Biologia, tesis doctoral 
486: 12. 1981; Bernacci & Vitta, Hoehnea 
26(2): 141. 1999. 

Tipo: Colômbia, Humboldt et Bonpland s.n. 
(Holótipo - P !, Foto - RB!, Isótipo - BW) 

Figuras 7, 8 e 9 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, 
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face 
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo- 
adpresso e furfuráceo, tricomas cedo-caducos. 
Caule complanado, estriado. Estipulas 0, 2-0,5 
x 0,05-0,1 cm, linear-subuladas, falcadas. 
Folhas com pecíolo 0,6-3, 3 cm compr., 
glândulas ausentes; lâminas não variegadas, 
cartáceas, 2-3 lobadas, 0, 7-4,7 cm compr. (nm), 
2,2-10,1 cm compr. (nl), 4,3-16,3 cm larg., 
ângulo entre os lobos 98°-172°, ápice agudo a 
obtuso, base truncada a reniforme, margem 
inteira, oceolos 2 na base da lâmina, 2-16 entre 
as nervuras laterais principais. Inflorescências 
em mônades pedunculadas; pedúnculos 2. 3-2, 8 
cm compr.; brácteas 0,16-0,3 x 0,02-0,03 cm, 
linear-subuladas. Flores brancas, esverdeadas 
ou amarelo-esverdeadas; pedicelos 0,2-0,3 cm 
compr.; hipanto pateliforme, sépalas 1,2-1, 3 x 
0,35-0,4 cm, ápice agudo; pétalas ca. 0,9 x 0,2 
cm, oblongo-ovadas; corona alva, bisseriada, 
filamentos da série externa 0,8- 1 , 1 cm compr., 
filiformes, da série interna 0,3-0, 4 cm compr., 
capitados a claviformes; opérculo ca. 0,2 cm 
compr., ápice introrsamente curvo; disco 
nectarífero ausente; androginóforo ca. 1,0 cm 
compr.; estames ca. 0,5 cm compr., antera ca. 
0,3 x 0,2 cm; pólens 12-colporados, colpos 
média compr. = 39.5 |im, lumens do retículo 
média diâm. = 2,7 fim, com báculos, muros 
retos, curtos e largos; ovário 0,18-0,3 x 0,08- 
0,1 1 cm, oblongo, glabro; estilete ca. 0,5 cm 
compr. Frutos 1,1 -2.8 x 0,8- 1,5 cm. bacóides 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


29 

melanóides, indeiscentes, nigrescentes ou 
roxos, globosos a oblongos, glabros; sementes 
0,25-0,4 x 0, 15-0,2 cm, elípticas, testa sulcada 
transversalmente. 

Material examinado: MINAS GERAIS: 
Inconfidentes, 4/XII/1991, P. Veríssimo 71 S 
(PAMG); Itajubá, 5/II/1982, bt, fl, D. A. C. 63 
(ES AL); Juiz de Fora, 14/III/1945, bt, fl, E. R 
Hntg s.n. (SP 52780); Pouso Alegre, 28/IV/ 
1927, bt, fl, F. C. Hoehne s.n. (SP 19242, SPF 
146570); sem localidade, XII/ 1 896, fl, fr, A. 
Silveira 2024 (R). ESPÍRITO SANTO: 
Guarapari, 28/IV/1988, fl, fr, O. J. Pereira 
1496 et L C. Fabris 394 (VIES); Itaúnas, 20/ 
11/2002, bt, fl, M. Milward et P. H. L Van 
Der Ven 95 (RB); Linhares, 29/III/1934, fl, 
J.Q Kuhlmann 91 (RB); Vila Velha, 15/IX/ 
1988, O.J. Pereira 1821 (VIES); Vitória, 19/ 
V/1983, fl, N.C. Maciel et D. Araújo 47 
(GUA). RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo, 
11-111/ 195 1 , fl, L. E. Mello Filho 1119 (R); II- 
III/1951, Segadas-Vtanna 4114 (R); 11-111/ 
1951, Segadas-Vianna 4120 (R); II-III/1951, 
L.E. Mello Filho 1098 (R); Cabo Frio, IX/ 
1881, fr, Netto et al. s.n. (R 90175); 18/IX/ 
1881, fl, fr, Glaziou 12742 (R); X/1899, fr, E. 
We s.n. (R 90176); 6/V1/1973, bt, D. Sucre et L 
C. Araújo 10020 (RB); 12/V/1982, fl, D. 
Araújo et N. C. Maciel 5058 (GUA); 12/1 XI 
1984, fl, D. Araújo et R. F. Oliveira 6431 
(GUA); 13/IX/1984, fr, D. Araújo et R. F. 
Oliveira 6416 (GUA); 9/V/1986, bt. fl, D. 
Araújo 7451 (GUA); 21/IX/1987, bt, fl, D. 
Araújo 8132 (GUA); Quissamã, 29/V/2002, 
bt, fl, fr, R. Marquete et al. 3284 (RB); São 
João da Bana, 16/V/l 989, fl, fr, D. Araújo 8815 
(GUA); Saquarema, 7/III/1986, fr, D. Araújo 
et al. 7251 (GUA); 2/V/1990, fl, fr, D. Araújo 
9122 (GUA); 12/V/1990. fl, C. Farney 2363 
(GUA). SÃO PAULO: Bom Sucesso do 
Itararé, 19/XII, bt, fl, F. Chung et al. 232 
(UEC); Campinas, 6/XI/1938, bt, fl, fr, C. 
Franco et P. Mendes s.n. (IAC 2851, SP 
40976); Capão Bonito, XII/1949, fl, J. Vidal 
317 (R); Jundiaí, 25/X/1994, bt, fl, fr, L.C. 
Bernacci s.n. (IAC 32539); 25/XI/1994, bt, fl, 
fr, LC. Bernacci 2219 (IAC); 1 1/XI/ 1996, bt, 



■SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 



Milward-de-Azevedo, M. A. & Baumgralz, J. F. A. 



filamento da série externa da corona, e - filamento da série interna da corona, f- semente (a-c: D. Araújo et al. 8132, d- 
f: R. Marquete 3284). Escalas: a = 1 cm; b, c,d, e, f = 1 mm. 

Rodríguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 



Figura 8 - Detalhe dos oceolos nas axilas formadas pelas nervuras principais, na face abaxial da lâmina foliar de P. 
misera Kunth: a- individualizados; b- geminados (/?. A íarquete 3824). Escalas = lmm. 


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Milward-de -Azevedo. M. A. & Baiimgralz. J. F. A. 



Figura 9 - Mapa da distribuição geográfica de PassiJIora misera Kunth na Região Sudeste do Brasil, destacando a 
variabilidade da forma da lâmina foliar: (★) 3-lobada, (*) 2-lobada, lobos obtusos c mais curtos, (•) 2-lobadas, lobos 
agudos c mais longos, (■) 2-lobadas, subreni formes, lobos arredondados. (Escala = 1 cm) 


fr, L C. Be macei 2177 (IAC); ll/XI/1996, bt, 
fl, fr, L C. Bernacci 2179 (IAC); Presidente 
Epitácio, 23/X 1/1992, bt, fl, fr, 1. Cordeiro et 
al. 1133 (SP, SPF); São Paulo, 21/XII/1913, 
bt, fl, fr, A. C. Brade 7395 (SP); 19/XI/1917, bt, 
fl, F C. Hoehnes.n. (SP929); 9/XII/I918, bt, fl, 
fr, F. C. Hoeluie s.n. (IAC 32627, SP 2612); 30/ 
X/1926, bt, fl, F C. Hoehne s.n. (IAC 32628, 
SP24554); X/1938, bt, fl, W. Hoelmes.n. (SPF 
10580); 3/XII/1939, bt, fl, fr, /. Swentorzecxy 
s.n. (IAC 32626, SP 41830); 9/11/ 1942, bt, fl, L 
Kríeger835 (CESJ); 9/II/1942, bt, fl, fr, L Roth 
835 (SP); Sorocaba, 29/X/ 1887, bt, fl, A. 
Lbfgreii 277 (R); Sumaré, 23/X/1975, bt, fl, 
J. Vasconcellos Neto s.n. (UEC 12694). 
Distribuição geográfica e habitat: Distribui- 
se de modo amplo pela América do Sul, em 
diversas fitofisionomias, ocorrendo na Guiana, 
Venezuela, Colômbia, Bolívia, Brasil, Paraguai 
e Argentina, alcançando o Panamá, na Améri- 
ca Central. No Brasil: Pará, Mato Grosso, Mato 
Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Ceará, 
Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito 


Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. Heliófita ou 
mesófita, encontrada no interior das matas 
abertas, capoeiras e solos recentemente revol- 
vidos (Sacco 1980). No Paraná, é encontrada 
nas várzeas, beiras de rios e banhados, estando 
sempre associada a água (Cervi 1981). Na 
Região Sudeste brasileira (Fig. 9) é encontrada 
nos cerrados, florestas pluviais sub-montanas, 
florestas de tabuleiro e restingas. 

Nome vulgar: Maracujazinho, maracujá- 
mirim e maracujázinho-da-serra (Bemacci & 
Vitta 1999). 

Dados fcnológicos: Coletada com flores nos 
meses de fevereiro a junho e setembro a 
dezembro, e com frutos, de fevereiro a maio e 
setembro a dezembro. 

Etimologia: O epípeto misera deriva-se do 
latim miseror, iris, iri = ter compaixão, prova- 
velmente em alusão ao evento cristão da Paixão 
de Cristo, cm que as flores de Passifloraceae 
são comumente associadas e conhecidas sob 
. o nome vulgar de flor-da-paixão. 

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Passiflora subg. Decaloba no Sudesie Brasileiro 

Pelas folhas com pecíolos inapendicu- 
lados e lâminas lobadas. presença de brácteas, 
flores solitárias e com pétalas e corona bisse- 
riada, com filamentos da série interna lineares, 
dilatados no ápice, frequentemente lobulados, 
P. mísera e P. tricuspis foram integradas na 
série Miserae (jiom. nud.) por Killip (1938). 

Passiflora mísera é muito semelhante a 
P. organensis pelas características 
vegetativas, sendo distinta pela corona 
bisseriada. São espécies alopátricas, ocorrendo 
em áreas distintas no Sudeste. 

As folhas apresentam grande plasticidade 
quanto à forma, e de acordo com o tipo de 
ambiente, podem apresentar forma de lâmina 
foliar mais predominante que outra: espécimes 
com lâminas geral mente 3-lobadas (Fig. 9: *) 
são observados em florestas pluviais sub- 
montanas e cerrados; lâminas 2-lobadas, com 
lobos obtusos e mais curtos (*), em florestas 
de tabuleiro; lâminas 2-lobadas, com lobos 
agudos e mais longos (•), em restingas; e 
lâminas 2-lobadas. subreniformes, com lobos 
arredondados (■), também em restingas. 
Dentre estes, o padrão lâmina 2-lobada, com 
os lobos agudos e mais longos (•), é o que se 
observa no exemplar do holótipo, coletado na 
Colômbia. 

4. Passiflora tricuspis Mast., in Martius, 
Eichler & Urban, Fl. bras. 13(1): 587. 1872; 
Killip, Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser. 
19(1): 153. 1938; Killip, Publ. Field Mus. Nat. 
Hist. Bot. Ser. 13(4): 127. 1941; Sacco, Fl. 
Ilust. Cat. Fase. Pass.: 38. est. 8. 1980; Cervi, 
Universitat de Barcelona, Facultad de Biologia, 
tesis doctoral 486: 12. 1981; Cervi, Fl. Est. 
Goiás Col. Rizzo 7: 36, est. 8. 1986. 

Tipo: Brasil, Piauí, Serra de Araripe, Gardner 
1631 (Holótipo - K). 

Figuras 10 e 11 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, 
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face 
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo, 
tricomas cedo-caducos. Caule levemente 
complanado, estriado. Estipulas ca. 0,3 x 0,025- 


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0,05 cm, linear-subuladas. Folhas com pecíolo 
1-2,2 cm compr., glândulas ausentes; lâminas 
variegadas ou não, cartáceas, 3 lobadas, 3,2- 
11,1 cm compr. (nm), 4, 1-10,2 cm compr. (nl), 
4,1-12 cm larg., ângulo entre lobos 40°-80°, 
ápice agudo a obtuso, base obtusa, margem 
inteira, oceolos 2 na base da lâmina e 1 -7 entre 
as nervuras laterais principais. Inflorescências 
em mônades pedunculadas; pedúnculos 2,7-3, 5 
cm compr.; brácteas 0,15-0,2 x 0,02 cm, linear- 
subuladas. Flores brancas, creme ou esver- 
deadas; pedicelos 0,5-1 cm compr.; hipanto 
pateliforme; sépalas 1,2- 1,6 x 0,5-0, 7 cm, ápice 
obtuso; pétalas 1-1,2 x 0,3-0,35 cm, oblongo- 
ovadas; corona bisseriada, filamentos da série 
externa 1-1,5 cm compr., liguliformes, interna 
0,4-0,5 cm compr., capitado à subclaviforme; 
opérculo ca. 0,3 cm compr., ápice introrsamente 
curvo; disco nectarífero ausente; androginóforo 
ca. 1,3 cm compr.; estames 0, 5-0,6 cm compr., 
antera 0,5-0,55 x 0,15-0,25 cm; pólens 12- 
colporados, colpos média compr. = 39,2 |im, 
Iumens do retículo média diâm. = 3,7 |lm, com 
báculos, muros retos, curtos e largos; ovário 
0,4-0,5 x 0,3-0,35 cm, elíptico, glabro; estilete 
0, 5-0,6 cm compr. Frutos l,l-2,6x0,9-l,9cm, 
bacóides melanóides, indeiscentes, nigrescentes 
ou atro-purpúreos, globosos a oblongos, 
glabros; sementes ca. 0,3 x 0,2 cm, obovadas, 
testa sulcada transversalmente. 

Material examinado: MINAS GERAIS: 
Araxá, 10/VII/1992, M. Brandão 20850 
(PAMG); Coromandel, 20/IV/1989, M. 
Brandão 15256 (PAMG); Ituiutaba, 28/X/1956, 
A. Macedo 4868 (SP); Pitangui, W/2001, fl, 
F. C. Campos s.n. (BHCB 62256); 9/X/2001, 
F. C. Campos s.n. (BHCB 64897); Rio 
Paranaíba, 29/XII/1987, fr, M. A. Silva et al. 
488 (SP); Sacramento, 20/11/1989, bt, M. 
Brandão 14767 (PAMG); Sete Lagoas, 22/11 
1997, fl, M. Brandão 27723 (PAMG); 
Uberlândia, 6/X/1993, fl, fr, A. A. Arantes et al. 
73 (HUFU, UEC); 11/III/1996, fl, A. A. Arante 
et D. C. Cavalcanti 580 (HRCB); BR-3, km 
76, estrada Belo Horizonte-Brasília, 13/X/1965, 
fl, fr, E. Pereira 10164 et A. P. Duarte 9254 
(HB). ESPÍRITO SANTO: Linhares, 4/V/1995, 


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Figura 10 - Passijlora iricuspis Mast.: a -detalhe do ramo llorífero e frutífero, b -estipula: face adaxial, c - bráctca: face 
adaxial, d - sépala: face adaxial, e - pétala, f- detalhe da disposição da corona c da porção apical do androginóforo, g - 
filamento da série externa da corona, h - filamento da série interna da corona, i - semente (a. i: 7: Sendulsy 865, b-h: F. 
Campos s.n. - BHCB 62256). Escalas: a = I cm; b, c, g, h. i = 1 mm; d, c.f = 5 mm. 


Rodrigiiésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



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Passi flora subg. Dccaloha no Sudeste Brasileiro 





Figura 11 - Mapa da distribuição geográfica de Passijlora tricuspis Mast. na Região Sudeste do Brasil, destacando a 
variabilidade da forma da lâmina foliar: (A) lobos unidos entre si mais da metade do comprimento foliar (nm), ápices 
obtusos. (A) lobos unidos entre si até cerca de um terço do comprimento foliar (nm), (•) lobos unidos entre si mais da 
metade do comprimento foliar (nm), ápices agudos. (Escala = 1 cm) 


bt, fr, D. A. Folli 2600 (CVRD); 9/V/ 1995, fl, 
D. A. Folli 2605 (CVRD). SÃO PAULO: 
Andradina, ll/IV/1995, fr, M. R. Pereira- 
Noronha et al. 1067 (SP); Avaí, 9/111/ 1999, bt, 
fr, A. P. Bertoncini et M. P. Bertoncini 1006 
(UEC); Bauru, 26/V/1994, fr, J. Y. Tamashiro et 
al. 172 (SP); Botucatu, 22/XI/1968, bt, fr, T. 
Sendusky S65 (SP); 23/III/1978, bt. fl, fr, N. B. 
M. Brontjes 702413 (UEC); Iepê, 6/1/1987, 
fl, fr, M. C. Diíis et C. Müller s.n. (FUEL 
4197); Magda, 30/XL/1994, fl, L C. Bemacci 
et al. S41 (IAC, SPF. UEC); Nova Europa, 10/ 
IV/1925, F. C. Hoehne s.n. (SP 13606); 
Pindorama, 16/1V/1994, fr, V. C. Souza et al. 
5779 (SP); São José do Rio Preto, 7/III/1996, 
bt, fl, A. A. Rezende 343 (UEC); Teodoro 
Sampaio, 7/XII/1994, fr, O. T. Aguiar 535 (IAC, 
UEC). 


Distribuição geográfica e habitat: 

Apresenta ampla distribuição na América do 
Sul, ocorrendo no Peru, Bolívia, Brasil e 
Paraguai. No Brasil: Amazonas, Pará, Mato 
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí, 
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, 
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É 
encontrada principalmente em áreas de 
cerrado, podendo ser encontrada também em 
áreas de caatinga, floresta pluvial sub-montana 
e floresta amazônica. Na Região Sudeste (Fig. 
11), ocorre em áreas de cerrado, floresta pluvial 
sub-montana e em áreas de caatinga, na bacia 
do rio Doce, ES. 

Nome vulgar: Maracujá-borboleta (ES), 
maracujá-do-mato (MG), pé-de-ema (MG), 
maracujá (Pio-Corrêa 1984). 


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Dados fenológieos: Coletada com flores nos 
meses de setembro a março e em maio, e com 
frutos, nos meses de outubro a janeiro e março 
a maio. 

Etimologia: O epípeto específico tricuspis é, 
provavelmente, em alusão às folhas trilobadas 
do exemplar-tipo. 

Passiflora tricuspis distingue-se das 
demais espécies estudadas, principalmente 
pelos pecíolos desprovidos de glândulas, 
lâminas foliares trilobadas, presença de 
oceolos, flores com corona bisseriada e pólens 
12-colporados. 

Há predominância de espécimes com 
lobos foliares unidos entre si em mais da metade 
do comprimento da folha (nm) e de ápice 
obtuso (Fig. 11: A). Podem ser encontradas, 
ainda, lâminas foliares com lobos unidos entre 
si até cerca de um terço do comprimento foliar 
(nm) para o estado de Minas Gerais (A), e 
com lobos unidos entre si mais da metade do 
comprimento foliar (nm). porém com ápice 
agudo, para o estado de São Paulo (•). 

5. Passiflora organcnsis Gardn., Lond. Journ. 
Bot. 4: 104. 1845; Masters in Martius, Eichler 
& Urban, Fl. bras. 13(1): 590, est.lll. 1872; 
Killip, Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser. 
19(1): 146. 1938; Sacco. FI. Ilust. Cat. Fase. 
Pass.: 29, est. 5. 1980; Cervi, Universitat de 
Barcelona. Facultad de Biologia, tesis doctoral 
486: 11. 1981; Pessoa, Reserva Ecológica 
Macaé Cima, Nova Friburgo 1: 319, est. 40e. 
1994; Pessoa, Fl. APA Cairuçú, Parati, Esp. 
Vasc., Ser. Estudos e Contribuições 14: 390. 
1997; Bernacci & Vitta, Hpehnea 26(2): 143. 
1999. 

Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Serra dos Órgãos, 
11/1837, Gardner 428 (Holótipo - BM!, 
Isótipo - K!, Foto RB!). 

Figuras 12 e 13 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, 
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face 
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo, 
tricomas alvo-translúcidos, inconspícuos ou não, 
caducos ou não. Caule subtriangular, estriado. 


Milward-de-Azevedo, M. A. & fíaumgratz. J. F. /V 

Estipulas ca. 0,2 x 0,05 cm, linear-subuladas, 
levamente falcadas. Folhas com pecíolo 1,1- 
7,5 cm compr., glândulas ausentes; lâminas 
com face adaxial vinosa, abaxial variegada ou 
não, membranáceas a cartáceas, 2-3 lobadas, 

I, 1-8,1 cm compr. (nm), 2- 12,2 cm compr. (nl), 
3,6-16,6 cm larg., ângulo entre lobos 58 o - 140°, 
ápice agudo a obtuso, base obtusa à truncada, 
margem inteira, 5- 1 2 oceolos entre as nervuras 
laterais principais. Inflorescênciasem mônades 
pedunculadas; pedúnculos 1 ,5-4,8 cm compr.; 
brácteas 0,15-0,2 x 0,03-0,05 cm, linear- 
subuladas. Flores brancas, esverdeadas, 
amarelo-csverdeadas, roxas, lilases ou 
azuladas; pedicelos 0, 1 -0,5 cm compr.; hipanto 
pateliforme; sépalas 1,9-2, 1 x 0,6-0,8 cm, ápice 
obtuso; pétalas 1 , 1 - 1 ,5 x 0,2-0,3 cm, oblongo- 
ovadas; corona unisseriada, filamentos 0,6- 1 , 1 
cm compr., dolabriformes, transversalmente 
listrados em roxo e branco ou azul-marinho e 
branco; opérculo 0.35-0,5 cm compr., ápice 
introrsamente curvo; disco nectarífero ausente; 
androginóforo 1-1,5 cm compr.; estames ca. 
0,6 cm compr., antera 0,4-0,5 x ca. 0,2 cm; 
pólens 12-colporados, colpos média compr. = 
42,3 fim, lumens do retículo média diâm. = 6 
fim, sem báculos, muros retos, curtos e largos; 
ovário 0,2-0, 4 x 0, 1-0,4 cm, globoso, 
densamente alvo-pubérulo, às vezes esparso- 
pubérulo, raro glabro; estilete 0.7-0.9 cm 
compr. Frutos 1, 5-2,4 x 1, 5-2,4 cm, bacóides 
melanóides, indeiscentes, nigrescentes ou 
roxos, globosos, pubérulos ou glabros; sementes 
0.3-0, 5 x 0, 2-0,3 cm, obovadas, testa sulcada 
transversalmente. 

Material examinado: MINAS GERAIS: 
Araponga, 4/1 V/ 1986, bt, fl, M. F. Vieira et al. 
355 (VIC); Belo Horizonte, 1898, bt, fl, fr, M. 
Gomes s.n. (OUPR 6979); 19/1/1939, bt, fl. 
M. Barreto 8646 (R); 7/111/ 1943, fr. O. A. 
Drwmnond s.n. (VIC 3293); 11/1945, bt, fl, 
O. Williams 54S6 (R); Caeté, 10/1V/1996, fr. 

J. A. Lombardi 1253 (BHCB); Catas Altas, 
16/VI/1996, M. Brandão 24867 (PAMG); 
Grana. 18/1/1945, bt, fl, E. P. Heringer 1745 
(SP); Grão-Mogol, 13/XII/1989, bt. fl, fr,/ R. 
Pirani et al. 12716 (SPF); Itabira do Mato 

Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004 



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cm .. 


Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 




Figura 12 - Passijlora organcnsis Gardn.: a-detalhe do ramo florífero, b- estipula: face adaxial, c-bráctea: face adaxial 
d - sépala: face adaxial. e - pétala, f - filamento da corona, g - detalhe do opérculo, evidenciando o ápice denticulado h 
-detalhe da porção apical do androginóforo, i- detalhe do ramo frutífero, j - semente (a-c: G.J. Shepheredet al4376.à- 
h: F.S. I j)pes s.n. - VIC 9243. i-j: Kulhmann s.n. - VIC 2422) Escalas: a. i = 1 cm; b, c. f. g, j = ] mm; d, e, h = 5 mm. 


Rodrigtiésia 55 (85): 17-54. 2004 



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MilwarJ-Je-Azevedo, M. A. & Baumgraiz, J. F. A. 



Figura 13 - Mapa da distribuição geográfica dc Passiflora organensis Gardn. na Região Sudeste do Brasil, destacando a 
variabilidade da forma da lâmina foliar: (■) 2-lobada. lobos agudos, (A) 2-lobada. lobos obtusos, (*) 3-lobada. (•) 2- 
lobada, subreniforme, lobos arredondados. (Escala = 1 cm) 


Dentro, IV/ 1 925, fr, A. J. Andrade s.n. (R 
90340); Itabirito, 4/VI/1994, fr, W. A. Teixeira 
s.n. (BHCB 25082); Itamarandiba. 3 1/111/ 1991, 
fr, E. M. Teireira et A. M. Brina s.n. (BHCB 
35723); Juiz de Fora, 29/III/1985, fr, F. R. S. P. 
et at. 20531 (CESJ, UEC); Mariliéria, 3 1/XII/ 
1976, bt, fr, W. Benson 4248 (UEC); 24/IV/ 
1998, fr, M. G Bovini et al. 1365 (RUSU); 
Oliveira, 20/XII/1998, bt, fl, F C. Campos 
Neto s.n. (BHCB44288); 5/1/1999, bt, F. C. 
Campos Neto s.n. (BHCB 44287); Ouro 
Preto, 1 1/1892, bt, 0, E. We 2568 (R); 1932, fl, 
J. Badini s.n. (OUPR 6960); 16/XI/1982, bt, 
fi, fr J. Badini s.n. (OUPR 6959); 19/XII/1984, 
bt, J. Badini s.n. (OUPR 6958); 9/1 1/1985, bt, 
fl, fr, M. F. Vieira et al. 129 (VIC); bt, fl, 
Godoy s.n. (OUPR 6994); Poços de Caldas, 
9/1/1919, bt, fl, F. C. Hoehne s.n. (SP 2704); 
7/XII/l 97 1 , bt, J. Mattos et N. Mattos 16378 
(SP); 3/XII/1981, bt, fl, 11. F. Leitão et al. 
1601 (UEC); Realeza, 18/1/1985, fl, A. Gentn,' 
et al. 46692 (UEC); Reduto, 20/XI1/1937, fi. 


E. P. Heringer 15 (ESAL); Rio Vermelho, 14/ 
11/1989, fr, Pedralli et al. s.n. (HXBH 4444); 
Santa Rita de Jacutinga, 27/V II/ 1970, L. 
Krieger 9026 (CESJ); São Francisco do Prata, 
23/III/1994, fr, M. C. Brugger et al. 24654 
(CESJ); São Roque de Minas, 26/11/2003, bt, 
fl, fr. M. Milward 122 et R. G Marroig (RB); 
São Tomé das Letras, 20/11/1991, bt, fl, fr, M. 
L. Gavilanes et F. Frieiro 4850 (ESAL); 
Teófilo Otoni, 8/1II/1977, bt, 0, G J. Shephenl 
et al. 4376 (UEC); Tiradentes, 8/XI/1952, bt, 
fl, fr, A. P. Duarte 3768 (RB); 25/V/ 1988, bt, 
0, R. J. V. Alves 493 (RB); Viçosa, 6/1II/1935, 
bt, fl, fr, Kidúmann s.n. (VIC 2423); 25/111/ 
1935, bt, fl, fr, Kuhlmann s.n. (PAMG 38899, 
UEC 35041, VIC 2422); 7/VI/1935, bt, 0, fr, 
Kuhlmann s.n. (UEC 35042, VIC 2421); 6/ 
11/1985, fl, F. S. Lopes s.n. (UEC 36632, VIC 
9243); 9/XII/1992, bt, fl, A. F. Canalho 267 
(PAMG VIC); sem localidade, V/1816, fl. fr, 
H. Magalhães 1191 (R); Serra da 
Mantiqueira, 20/X/1877, bt, fl, Glaziou 

Rodrigufsia 55 (85): 17-54. 2004 



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cm .. 


Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 

108710 (R). ESPÍRITO SANTO: Santa 
Teresa, 26/11/1965, fr, E. Pereira 9845 (HB); 
I/II/1969, bt, D. Sucre 4557 et P. J. S. Braga 
1443 (RB); 13/11/1999, bt, fl, R. Mello-Silva 
et al. 1575 (SPF). RIO DE JANEIRO: Angra 
dos Reis, 23/111/1951, bt, fl, M. Kutãmann 
2677 (SP); 1/III/1965, bt, fl, fr. Latina et 
Castellanos 835 (GUA); Ilha Grande, 1 1/111/ 
1986, bt, fl, D. Araújo et al. 7279 (GUA); 
26/1 V/2002, M. Milward 120 (RB); Itatiaia, 
20/11/1935, fl, A C. Brade 15082 (RB); 20/ 
11/1945, fl. Brade 17483 (RB); 18/III/1945, 
bt, A. C. Brade 17533 (RB); 7/III/1947, fl, P 
Occhioni 872 (RFA); 3/II/194S, bt, fl, A. C. 
Brade 18804 (RB); 25/11/1988, bt, 0, fr, S. V 
A. Pessoa s.n. (RB 337165); Macaé, 19/XI/ 
2002, R. Tavares et al. s.n. (RB); Magé, 15/ 
11/1975, bt, fr, P. Occhioni 6954 (RFA); 
Mangaratiba, 27/V/1997, fr, J. M. A. Braga 
et al. 7097 (RUSU); 30/IV/2000, 0, fr, M. 
Milward et M. G. Bovini 30 (RB); Niterói, 
IV/ 1929, fl, fr, A. C. Brade s.n. (R 19827); 
Nova Friburgo, 2/XI/1890, fl, Glazioit 18254 
(R); 26/X/1986, O.J. Pereira 691 (VIES); 12/ 
XII/ 1 990, bt, S. V. A. Pessoa et al. 540 (RB); 
15/1/1991, fr, S. V. A. Pessoa et al. 546 (RB); 
16/1/1991, bt, fl, S. V. A. Pessoa et al. 552 
(RB); 5/XII/1991, fr, E. L. Jacqites et al. 273 
(RB); Nova Iguaçu, 14/1/2002, bt, fl, fr, M. G. 
Bovini et al. 2114 (RB); Petrópolis, 1882, J. 
Saldanha s.n. (R 90298); 26/III/1983. bt, 0, 
G. Martinelli et al. 9322 (RB); Rio das 
Ostras, IV/2001, fr. R. Moura et al. 295 (R); 
Rio de Janeiro, IV/1916, fr, A. Frajãos.n. (RB 
7280); 12/11/1921, fr, / G. Kuhlmann s.n. (RB 
15792); 22/V/1930, bt, fl, fr, Lourenço 2162 
(RB); 12/111/ 1946, fl, fr, A. P. Duarte et Rizzini 
39 (RB); 18/111/1946, bt, fr, A. P. Duarte 942 
(RB); 1 5/IV/l 959, bt, A. P. Duarte et E. 
Pereira 4736 (RB); 22/X/1969, D. Sucre 
6122 (RB); Rodeio, 1/1917, fl. F. C. Hoehne 
220(SP); Santa Maria Madalena, 21/III/1989, 
bt, fl, fr, R. Marquete et al. 211 (RB); Santo 
Antônio do Imbé, IV/ 1932, fl, A. C. Brade 
11779 (R); São João de Miriti, III/1916, fl, F. 
C. Hoehne s.n. (SP 24830); Teresópolis, II/ 
1837, bt, fl, fr, Gardner 458, (BM, K, RB), 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


39 

III/1918, bt, fl, sem coletor (RB 14648); 21/ 
XI/1965, bt, fl, G. Pabst 8724 (HB). SÃO 
PAULO: Apiaí, 13/XII/1997, bt, fl, F. Chung 
et al. 129 (IAC, UEC); Campos de Jordão, 
11/1937, bt, fl, P. C. Porto 2986 (RB); 
Encontro, 17/III/1912, bt, fl, fr, A. C. Brade 
5524 (IAC, SP); Guapiara, 11/1913, bt, fl, fr, 
sem coletor (RB 1617); Ibiúna, 17/11/1994, fr, 
O. Yano et M. P. Marcelli 22447, (IAC, SP); 
7/IV/1999, fr, 1. Cordeiro et al. 1958 (SP, 
SPF); Iporanga, 9/III/1986, bt, fl, M. C. Dias 
et al. 45 (FUEL, ESA); Itararé, 10/11/1976, 
bt, fl, P. Gibbs et al. 1703 (UEC); 25/1/1995, 
bt, fl, V C. Souza et al. 10497 (IAC); 
Mamparra, 15/11/1995, bt, fl, fr, P. H. Miyagi 
et al. 494 (UEC); Paralheiros, 15/11/1995, bt, 
fl, R. J. F. Garcia et al. 562 (SP); Santo André, 
26/11/1985, fr, T. P. Guerra et M. Kirizawa 
108 (IAC); São Bento de Sapucaí, 13/IV/1995, 
fr, J. Y. Tamashiro et al. 887 (SP, SPF); São 
Paulo, 24/1/1918, fl, F. C. Hoehne s.n. (SP 
1340); 22/111/ 1 935 , bt, fl, Kraenzlin et 
Schlechter s.n. (IAC 37655, SP 32575); 22/ 
III/1935, bt, fl, F. C. Hoehne 32575 (ES AL); 
3/11/1938, bt, fl, fr, VK Hoehne s.n. (IAC 33809, 
SPF 10477); 25/11/1972, bt, fl, fr, O. Handro 
2200 (HB, SPF); 8/III/1993, fr, R. J. F. Garcia 
362 (PMSP); Ubatuba, 15/1V/1994, fl, fr, A. 
Furlan et al. 1472 (HRCB, IAC, UEC); 13/ 
XII/1994, bt, fr, H. F. Leitão et al. 32588 
(UEC); Serra da Bocaina, 1/1913, bt, fl, fr, A. 
Lutz 368 (R). 

Distribuição geográfica c habitat: Restrita 
ao Brasil Meridional, nas Regiões Sudeste (Fig. 
13) e Sul, preferencialmente em formações de 
floresta pluvial, ocorre nos estados de Minas 
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande 
do Sul. Espécie heliófila, ocorrendo na Região 
Sudeste em áreas de cerrado, floresta pluvial 
montana e sub-montana. Segundo Sacco 
(1980), ocorre preferencialmente nas 
capoeiras, bordas de matas e beiras de estrada, 
sendo rara no interior de floresta. Pode ser 
encontrada às margens da Serra do Espinhaço, 
além de ampla distribuição na Serra do 
Caparaó, Serra da Mantiqueira e Serra do Mar. 



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Nome vulgar: Maracujá-rnirim (Pio-Corrêa 
1984), maracujá-da-serra (SP), maracujazinho- 
da-serra (SP), maracujazinho-do-mato (MG), 
maracujazinho (Bernacci & Vitta 1999). 
Dados fenológicos: Coletada com flores nos 
meses de novembro a junho e em agosto, e 
com frutos, de novembro a junho. 
Etimologia: O epípeto específico organensis 
é referente ao local de coleta do exemplar- 
tipo, na Serra dos Órgãos, município de 
Teresópolis, RJ. 

Usos: As folhas são desobstruentes e 
diuréticas em cozimento ou fomentação; os 
frutos são muito doces e utilizados em 
confeitaria (Pereira 1929). 

Pela folhas com pecíolos inapendiculados 
e lâminas lobadas, presença de brácteas, flores 
solitárias e com pétalas e corona unisseriada, 
P. organensis foi integrada na série 
Organenses ( nom . nud.) por Killip (1938). 

As folhas são muito plásticas quanto à 
forma, podendo variar de acordo com o 
ambiente e, por esta razão seus indivíduos são 
facilmente confundidos com P. misera (Fig. 9: 
*e#)e/l pohlii (Fig. 15: •). Diferencia- 
se destas espécies por possuir flores com 
corona unisseriada, além de ocorrerem em 
áreas distintas no Sudeste - são espécies 
alopátricas. 

Um único exemplar apresenta o ovário 
glabro foi coletada por M. F. Vieira et ai. 129, 
na região de Ouro Preto, MG. Em alguns 
exemplares foram observados os tricomas 
dispostos sob a forma de faixas ao longo do 
comprimento do ovário e em vários espécimes 
coletados para os estados do Espírito Santo e 
Minas Gerais, de modo esparso. A gradação 
da densidade do indumento, de densa a espar- 
samente pubérulo, ou mesmo sua ausência, 
têm sido observada apenas em espécimes cole- 
tados em regiões do estado de Minas Gerais. 

Em relação a morfologia foliar, predo- 
minam espécimes com lâminas 2-lobadas, 
tendo lobos agudos (Fig. 13: ■), nas áreas de 
floresta pluvial; lâminas 2-lobadas, tendo lobos 
obtusos (A), mais centrados em áreas de 
cerrado; lâminas 3-lobada (★); e em menor 


Milward-de-A zevedo, M. A. & Baumgratz, J. F. A. 

quantidade, lâminas 2-lobadas, subrenifonnes, 
com lobos arredondados (•), nas áreas de 
floresta atlântica. Dentre estes, os padrões 
representados pelos símbolos A e * são os 
observados no exemplar do isótipo de P. 
organensis. 

6. Passiflora pohlii Mast., in Martius, Eichler 
& Urban, Fl. bras. 13(1): 586. 1872; Killip, Publ. 
Field Mus. Nat. Hist. Bot. 19(1): 207. 1938; 
Cervi, Fl. Est. Goiás Col. Rizzo 7: 39, est. 9. 
1986. 

Sintipos: Brasil, Goiás, Cavalcante, Pohl 
21S6, (K); Weddel 2896 (?). 

Figuras 14 e 15 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, pecíolos, pedúnculos, 
brácteas, pedicelos florais, hipantos e face 
abaxial das sépalas. ovários e frutos moderado 
a esparsamente pubérulo, tricomas não cadu- 
cos. Caule levemente complanado, estriado. 
Estipulas 0,3-0,7 x 0,05-0,1 cm, linear-subu- 
ladas, ápice levemente falcado. Folhas com 
pecíolo 1 ,2-4,2 cm compr., glândulas ausentes; 
lâminas não variegadas, cartáceas, 2-3 lobadas, 
3-8,7 cm compr. (nm), 3,7-10,4 cm compr. (nl), 
2-9,9 cm larg., ângulo entre lobos 45°-93°, ápice 
agudo a obtuso, base obtusa, margem inteira, 
oceolos 2 na base da lâmina e 1-7 entre as 
nervuras laterais principais, face adaxial glabra, 
abaxial esparsamente pubérulo ou pubérulo- 
vilosa. Inflorescências em mônades sésseis; 
brácteas 0,4-0,6 x ca. 0,07 cm, linear-subuladas, 
ápice levemente falcado. Flores brancas, ama- 
reladas, creme, esverdeadas ou liláses; pedicelos 
0,3-3 cm compr.; hipanto pateliforme; sépalas 
ca. 1.5 x 0,5 cm. ápice obtuso; pétalas ca. 1,1 x 
0,35 cm, oblongo-obovadas; corona bisseriada. 
filamentos da série externa 1-1,1 cm compr., fili- 
formes, série interna ca. 0,5 cm compr., 
subdolabriformes; opérculo ca. 0,3 cm compr., 
ápice ereto; disco nectarífero ausente; 
androginóforo ca. 1 cm compr., roxo; estames 
ca. 0,5 cm compr., antera 0.4-0.5 x ca. 0,2 cm; 
pólens 12-colporados, colpos média compr. = 
52,7 fim, lumens do retículo média diâm. = 2 
fim, com báculos, muros retos, curtos e largos; 

Rodrigufsia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



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cm .. 


Pus si flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 




Figura 14 - Passiflora polilii Mast.: a - detalhe do ramo florífero. b - detalhe do ramo frutífero, c-d - estipulas: face 
adaxial, e - bráctea: face adaxial, f - filamento da série externa da corona, g - filamento da série interna da corona, h - 
semente (a, c-g :J.A. Lombardi et C. A. Leite 923, b, h: K.S. Rodrigues et al. 1190) Escalas: a,b = 1 cm; c, d, e, g. h = 1 mm; 
f = 5 mm. 

Rodrisuésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



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Milward-de-Azevedo. M. A. & Baumgraiz, J. F. A. 




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Figura 15 - Mapa da distribuição geográfica dc Passiflora pohlii Mast. na Região Sudeste do Brasil, destacando a 
variabilidade da formada lâmina foliar: (*) 3-Iobada, lobo mediano aplanado, diferindo dos laterais. (■) 3-Iobada. lobos 
semelhantes entre si, ápices agudos, (•) 3-lobadas, lobos semelhantes entre si, ápices arredondados. (tV) 2-lobadas. 
(Escala = 1 cm) 


ovário ca. 0,2 x 0,25 cm, globoso; estilete ca. 
0,6 cm compr. Frutos 1-1,5 x 1-1,3 cm, bacóides 
melanóides, indeiscentes, nigrescentes, 
arroxeados ou azul-escuros, globosos; 
sementes 0,3-0, 4 x 0, 1 -0,3 cm, oblongas, testa 
sulcada transversalmente. 

Material examinado: MINAS GERAIS: 
Alpinópolis, IV/1975, bt, fl, F. R. Martins s.n. 
(UEC 12663); Belo Horizonte, 1897, fl, M. 
Gomes s.n. (OUPR 6891); X/1897, fl, fr, A. 
Silveira s.n. (R 102543); 30/VIII/1932, bt, fl, 
M. Barreto 604 (RB); 4/IX/1934, fl, fr, sem 
coletor (R 90302); 18/X/ 1937, bt, fl, fr, M. 
Barrteo 8825 (R); 10/XII/1937, fr, L. de 
A. Tema s.n. (RB 34797); 28/XII/1939, bt. fr, 
M. Barreto 10464 (R); 19/VII/1945, bt, fl, fr, 
L O. Williams et V. Assis 7577 (R, RB); 19/ 
IX/ 1945, bt, fl, fr, O. Williams et V. Assis 7577 
(SP); 1953, L Rennós.n. (BHCB 13246); 27/ 
III/ 1 955, fl, P. L. Roth 14703 (CESJ, RB); 
1 7/VIII/l 958, bt, fl ,GF.J. Pabst 4528 (HB); 


I X/1977, bt, Ferrari s.n. (BHCB 13252); XII/ 
1977, fl, J. A. Oliveira 298 (BHCB); IV/1978, 
bt, fr, J. M. Ferrari s.n. (BHCB 13255); 8/ 
X 1/1982, bt, fl, TSMGs.n. (BHCB 4743); 30/ 
XI/ 1982, bt, fl, TSMG et R. Coeli 142 
(BHCB); 28/V1/1984, bt. fl, E.A.GD. Vigna 
et R. C. F. Cana 34 (BHCB); 23/11/1990, bt, 
fl, fr, E. Tameirão Neto 1 (BHCB); 22/IV/ 
1990, fr, E. Leandro s.n. (BHCB 17803); 8/ 
VIII/1 990, E. Tameirão Neto 106 (BHCB); 
1 6/111/ 1 995, bt, fl, J. A. Lombardi et al. 716 
(BHCB); 25/X/1993, bt, fl, fr, J. A. Lombardi 
465 (BHCB); 26/X/1993, bt, fl, fr, J. F. 
Macedo s.n. (BHCB 28212); 13/IX/1995, bt, 
fl, J. A. Lombardi et C. A. Leite 923 (BHCB); 
1 0/X 1/ 1 997, fr, M. Brandão s.n. (PAMG 
43480); Bocaiuva, 4/X/1978, fl, fr, M. P 
Coons 1078 (VIC); Bom Despacho, 08/XI/ 
1989, fr, M. Brandão 17168 (PAMG); Caeté, 
3/V/2001, bt, fl, fr, R. S. Rodrigues et al. 1190 
(UEC); Capitólio, 27/1/1995, bt, fl, M. Brandão 

Rodriguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



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Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 

24724 (PAMG); Congonhas do Campo, 11/ 
X/1962, bt, fl, fr, G Pabst 7068 (HB, RJFA); 
Curvelo, 1 l/X/1998, bt, n, fr, R. M. Hcirley et 
áL 24805 (SPF); Esmeraldas, 29/VII/1973’ bt, 
fl, J. Badini s.n. (OUPR 6980); Fumas, 21/ 
IX/ 1997, bt, fl, fr, J. P. Lemos Filho et A. R. 
Marques s.n. (BHCB 1511); Inhaúmas, J. P. 
L. Buendia 652, (PAMG); Jaboticatubas, 6/ 
X 1/198 1, bt, fr, G .C. Pinto 356/81 (RB); 
Lagoa Santa, XI/1915, bt, fl, fr, F. C. Hoehne 
6381 (R); V1I/1960, L Roth 14704 (CESJ, 
RB); Lavras, bt, fl, fr , P. P. L Silva Jr. s.n. 
(ES AL 4934); XII/1933. bt, 0, J. F. Castro 35 
(SP); 26/X/1985, bt, fl, F. Freiro-Costa s.n. 
(ESAL 4663); 26/X/1986, bt, fl, fr, M. L. 
Gavilanes 1633 (ESAL); 28/X/1986, bt, fl, M. 
L Gavilanes 2398 (PAMG); 2/111/ 1987, bt, 
fl, M. L Gavilanes 2892 (PAMG); 3 l/X/1987, 
fl, M. L Gavilanes 3720 (ESAL); Luz, 12/ 
XII/1993, M. Brandão 23478 (PAMG); 
Montes Claros, 6/X/1978, bt, fl, fr, M. P. Coons 
1131 (VIC, UEC); Nepomuceno, 2/III/1 987, 
fl, M. L. Gavilanes 2806 (ESAL); Paraopeba, 
1 0/X/ 1954, fr, E. P. Heringer s.n. (RB 
124080); Prudente de Morais. 2/1V/1998, bt, 
fl, J. F. Macedo 2561 (PAMG); São João Del 
Rey, XII/ 1896, bt, fl, A. Silveira s.n. (R 
102540); 11/1970, L Krieger 8047 (CESJ); 
16/XI/1985, fl, fr, L Krieger 20969 (CESJ, 
RB); Sete Lagoas, 1 3/X/ 1 965, fr, A. P. Duarte 
9254 (RB); 29/X/l 97 1 , bt, fl, fr. A. G Andrade 
s.n. (R 146141); 26/X/1982, bt, M. L. 
Gavilanes et al. 616 (ESAL); 26/1X/1996, bt, 
fr, J. A. Lombardi et al. 1384 (BHCB); 
Várzea de Palma, 26/XI/1962, fr, A. P. Duarte 
7527 (HB); 27/IV/1963, fr, A. P. Duarte 7715 
(HB); sem localidade, 1862, fl, Lad. Netto 179 
(R). ESPÍRITO SANTO: Domingos Martins, 
19/1/1975, bt, fl, A. L Peixoto et al. 4S0 (RB); 
Linhares, 20/111/1960. bt. fl, J. Delistoianov 
s.n. (IAC 18582); sem localidade, 31/1/1995, 
bt, fl, fr, D. A. Foi li 2530 (CVRD). SÃO 
PAULO: Buritizal, 27/VII/1994, bt, fl, K. D. 
Barreto 2750 ( ES A, IAC); Campinas, 12/XII/ 
1940, fl, fr, A. P. Viegas et A. S. Lima s.n. 
(IAC 591 1, SP48643); Igarapava, 13/XI/1994, 
bt, fl, IV. Marcondes-Ferreira et al. 1077 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


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(HRCB, IAC, SPF); Itirapina, 22/XI/1992, bt, 
fl, R. Goldenberg 52 (UEC); Itu, 20/XI/1897, 
bt, fl, fr, A. Russel 168 (SP); Leme, 3/XI/ 1990, 
fr, F. Oliveira 65 (SP); Luiz Antônio, 3/XI / 
1990, fl, fr, A. Jouy 1222 (SPF); Monte Belo, 
1 l/X/1991, bt, fl, fr, L. Amorim 73 (SJRP); 
Piracicaba, 1987, bt, E. K’ampf s.n. (ES A 
12858, IAC 33817); Pirassununga, 23/IX/19S0, 
bt, fr, E. Forero et al. 8348 (SP); Sorocaba, 
30/1/1968, bt, fr, H. F. Leitão Filho 300 (IAC); 
Suzanópolis, 4/VIII/1995, bt, fl, M. R. Pereira - 
Noronha et al. 1544 (IAC); Tatuhy, 30/1/ 
1918, fr, F. C. Hoehne s.tt. (SP 1387). 
Distribuição geográfica c habitat: 
Ocorrendo na Bolívia e Brasil na Região 
Centro-Oeste e adjacências, em áreas de 
cerrado, encontra-se nos estados do 
Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 
Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito 
Santo e São Paulo. Na Região Sudeste (Fig. 
14), ocorre em áreas de cerrado, onde é 
freqüente, principalmente em torno da serra 
do Espinhaço e em floresta pluvial sub- 
montana, além de áreas de caatinga, em Várzea 
de Palma (MG), e na bacia do rio Doce (ES). 
Nome vulgar: Maracujá-pintado (ES), 
maracujá (Pio-Corrêa 1984), maracujazinho 
(MG), maracujá-silvestre (MG), maracujá-do- 
campo (MG). 

Dados fenológicos: Coletada com flores em 
todos os meses do ano e com frutos, nos meses 
de setembro a fevereiro e abril e maio. 
Etimologia: O epípeto específico pohlii é 
dedicado ao botânico Johann Baptist 
Emmanuel Pohl, coletor do exemplar-tipo. 

Pelas folhas com pecíolos inapendicu- 
Iados e lâminas lobadas, presença de brácteas, 
flores solitárias e com pétalas e corona 
bisseriada, com filamentos da série interna 
filiformes ou capilares, raro capitados, P. pohlii 
foi integrada na série Punctatae ( nom . nud.) 
por Killip (1938). 

Esta espécie apresenta grande 
semelhança, pela morfologia foliar, com P. 
organensis e P. truncata, diferenciando-se da 
primeira pela corona bisseriada, e da segunda 
pela ausência de glândulas no pecíolo. Além 



SciELO/JBRJ 


13 14 




cm .. 



44 

disto, no Sudeste brasileiro, as três espécies 
são alopátricas, ocorrendo em distintas regiões. 

O tipo foliar mais freqüente encontrado 
nas fitofisionomias citadas, representa-se por 
lâminas 3-lobadas, com o lobo mediano 
aplanado, diferindo dos laterais (Fig. 15: *). 
De modo menos freqüente, encontram-se 
lâminas 3-lobadas, com os lobos semelhantes 
entre si e de ápices agudos (■); lâminas 3- 
lobadas, com os lobos semelhantes entre si e 
de ápices arredondados (•); e lâminas 2- 
lobadas ("&). 

SEÇÃO Pseudodysosinia (Harms) Killip, 
Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. 19: 26. 1938. 

Pecíolo com um par de glândulas 
estipitadas; estipulas foliáceas; brácteas 
falciformes; corona unisseriada, filamentos 
filiformes, disco nectarífero anelar, pólens com 
os lumens do retículo sinuosos, longos e 
estreitos, com muitos báculos em seu interior; 
frutos bacóides melanóides; sementes com 
testa foveolada. 

7. Passiflora morifolia Mast., in Marti us, 
Eichler & Urban, Fl. bras. 13(1): 555. 1872; 
Killip. Publ. Field Mus. Nat. Hist. Bot. Ser. 
19(1): 107. 1938; Killip, Publ. Field Mus. Nat. 
Hist. Bot. Ser. 13(4): 114. 1941; Standley & 
Willians, Field. Bot. 24(7): 135. 1961; Sacco, 
Boi. Inst. Cienc. Nat. 12: 11, est.8. 1962; 
Sacco, Fl. Ilust. Cat. Fase. Pass.: 15, est. 2. 
1980; MacDougal, Syst. Bot. Monographs41: 
102. 1994; Deginani, Aportes Botânicos de 
Salta, Ser. Flora 6(2): 15, est. 5. 1999;Bemacci 
& Vitta, Hochnea 26(2): 142. 1999. 

Tipo: Argentina, Tucuman, Tweedic 1174 
(Holótipo- K) 

Figuras 16 e 17 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, 
brácteas, pedicelos florais e hipantos e face 
abaxial das sépalas esparsamente pubérulo, 
tricomas uncinados. Caule triangular, estriado. 
Estipulas 0,3-0, 6 x 0, 1-0,3 cm, foliáceas, 
assimétricas, ápice falcado. Folhas com pecíolo 


Milward-de-Azevedo, M. A. á Baumgratz, J. F. A. 

2,5-8,5 cm compr., um par de glândulas próximo 
à base; lâminas não variegadas, membra- 
náceas, 3 lobadas (4 lobadas), 4,7-12,3 cm 
compr. (nm), 2,7-8,7 cm compr. (nl), 5,1-13,5 
cm larg., ângulo entre lobos 95°-125°, ápice 
agudo, base obtusa à cordada ou auriculada, 
margem denteada, oceolos ausentes. 
Inflorescências em mônades sésseis; brácteas 
(),2-0,3 x ca. 0,05 cm, falciformes, ápice agudo. 
Flores brancas ou creme; pedicelos 0,7-3 cm 
compr.; hipantocampanulado, sépalas 1,2-1, 7 
x 0,4-0, 6 cm, ápice agudo; pétalas 1-1,1 x 0,1- 
0,2 cm, oblongo-obovadas; corona unisseriada, 
filamentos 0,4-0,5 cm compr., roxos, filiformes; 
opérculo 0,15-0,2 cm compr., ápice introrsa- 
mente curvo; disco nectarífero anelar; 
androginóforo ca. 0,8 cm compr.; estames 0,5- 
0,7 cm compr.; antera 0.3-0.4 x ca. 0,2 cm; 
pólens 1 2-colporados, colpos média compr. = 
43,7 (Am, lumens do retículo média diâm. = 12 
fim, com muitos báculos, muros sinuosos, longos 
e estreitos; ovário ca. 0,4 x 0,2 cm, oblongo, 
densamente setuloso. tricomas uncinados; 
estilete ca. 0,4 cm compr. Frutos 1, 7-2,8 x 1,1- 
3,0 cm, bacóides melanóides, indeiscentes, 
azulados, roxos ou nigrescentes, globosos, 
densa à esparsamente setulosos, tricomas 
espessos na base e delgados, translúcidos e 
uncinados; sementes 0,4-0,5 x 0.2-0.3 cm, 
alaranjadas ou vermelhas, obovadas, testa 
foveolada. 

Material examinado: MINAS GERAIS: Juiz 
de Fora, 30/1/1970, fr, L Krieger9991 (CESJ); 
Lagoa Santa, bt, fl, fr, E. Warming 1153 (C) 
Marliéria, 30/III/1996, bt, fl, fr, J. A. Lombardi 
et al. 1193 (BHCB); São Sebastião do 
Paraíso. 2I/IV/1945, fr, A. C. Brade et A. 
Barbosa 17847 (RB); 24/V/1945. bt, fl, fr, L 
Emygdio et J. Vidal 294 (R); Viçosa. 11/111/ 
1985, fl, fr, F S. Lopes s.n. (VIC 9304, PAMG 
38911). SÃO PAULO: Águas de Prata, 21/ 
111/ 1994, bt, fl, A. B. Martins et al. 31478 
(UEC); Amparo, 21/XI1/1942, bt, M. 
Kuhlmann 245 (SP); 19/VI/2000, fr, L C. 
Bernacci 2862 (IAC); Araras. 2S/1V/1975, 
fr, K. Brown s.n. (UEC 12633); Campinas, 30/ 
III/l 977, n. fr, M.E.M. Ramos et al. 4799 (R, 

Rudriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 




Passi flora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 


45 



Figura 16 - Passiflora morifolia Mast.: a - detalhe do ramo florífero, b - estipula foliácea: face adaxial, c - bráctea: face 
adaxial, d - sépala: face adaxial, e - pétala, f - filamento da corona, g - fruto jovem, h - detalhe do ramo frutífero, i - 
semente (a. h: E. Wanningi 1153, b-f: A. S. Pires s.n. - SP 58 175, g, i: A. C. Brade et A. Barbosa 17847). Escalas: a, h = 
1 cm; b, c, e, f, g, i = 1 mm; d = 5 mm. 


Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004 


cm .. 



46 


Milward-de-Azevedo, M. A. & Baumgratz. J. F. A. 



UEC); Itapira, 13/V/1927, fr, F C. Holiene 
s.n. (SP 20276); Itirapina, 18/VII/1995, fr, M. 

C. E. Amaral et al. 95 (IAC, SP, SPF); 
Limeira, 1 3/V/ 1 943, fr, M. Kuhlmann 734 , 
(SP); l/IV/1947, bt, fr. W. Hoehne s.n. (IAC 
32622, SPF 13565); 11/1952, bt, fl. fr, A. S. Pires 
s.n. (SP 58175); Lindóia, 16/IV/1994, fr, G Z 
Arboez 325 (IAC); Mogy-Mirim, IV/1937, bt, 
fl, fr, O. Handro s.n. (IAC 32618, SP 78807); 
Monte Alegre do Sul, 19/VI/2000, fr, L C. 
Bernacci 2862 (IAC); Nova Europa, 10/IW 
1925, 0, fr, F. C. Hoelme s.n. (SP 13602); Rio 
Claro, 28/111/1978, bt, fl, fr, Pagano et Saitori 
9 (HRCB, UEC); São Carlos, 5/V/1994, fr, K. 

D. Barreto et al. 2433 (ESA, IAC); São 
Paulo, 21/III/1945, bt, fl , fr, W. Hoehne s.n. 
(IAC 32621, SPF 11470). 

Distribuição geográfica e habitat: Com 
distribuição geográfica disjunta pelas Américas, 


ocorre no México, Guatemala, Venezuela, 
Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Brasil, 
Paraguai e Argentina. No Brasil: Mato Grosso, 
Minas Gerais, São Paulo. Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. Na Região 
Sudeste do Brasil (Fig. 17), é encontrada em 
cerrado e floresta pluvial sub-montana, não 
apresentando diferenciação quanto à 
morfologia foliar. 

Nome vulgar: Maracujá-peludo (Bemacci & 
Vitta 1999), maracujazinho-crespo (SP; 
Bemacci & Vitta 1999). 

Dados fenológieos: Coletada com flores nos 
meses de fevereiro a maio e em dezembro e 
com frutos, de fevereiro a julho. 

Etimologia: O epípeto específico morifolia 
é, provavelmente, em alusão a semelhança 
morfológica com as folhas de amora do gênero 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 




Passillora subg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro 

Morus L. (Moraceae). 

Passiflora morifolia distingue-se das 
outras espécies estudadas, principalmente, 
pelas estipulas foliáceas, pecíolos com um par 
de glândulas, lâminas foliares com o lobo 
mediano evidente, oceolos ausentes, flores 
com corona unisseriada, disco nectarífero 
presente, ovário densamente setuloso, pólens 
12-colporados, frutos denso à esparsamente 
setulosos e sementes com testa foveolada. 

SEÇÃO Xerogona (Raf.) Killip, Publ. 
Field Mus. Nat. Hist. Bot. 19:26. 1938. 

Pecíolos desprovidos de glândulas; 
estipulas linear-subuladas; brácteas ausentes; 
corona unisseriada, filamentos filiformes, 
pólens com os lumens do retículo com muros 
sinuosos, longos e estreitos, com muitos báculos 
em seu interior; frutos capsular loculicidas; 
sementes com testa sulcada transversalmente. 

8. Passiflora capsularis L., Sp. pl.: p. 957. 
1753; DeCandolle, Prodr. 3: 325. 1828; Masters 
íft Martius, Eichler, & Urban, Fl. bras. 13(1): 
589. 1S72; Killip. Publ. Field Mus. Nat. Hist. 
Bot. Ser. 19(1): 214. 1938; Standley & Williams, 
Fieldiana: Botany 24(7): 121, fig.14. 1961; 
Sacco, Boi. Inst. Ci. Nat. Univ. R. GSul 12: 
13,est. 3. 1962; Gentry. Ann. Miss. Bot. Gard. 
63: 344. 1976; Sacco, Fl. llust. Cat. Fase. Pass.: 
24. est. 4. 1980; Cervi, Universitat de 
Barcelona, Facultad de Biologia, tesis doctoral 
486: 10. 1981; Cervi, Fl. Est. Goiás 7: 23, est. 
4. 1986; Holm-Nielscn et ai, Fl. Ecuador 31: 
46. 1988; Cervi, Fl. Fanerg. Ilha do Cardoso, 
SP, 3: 12, est. 1-2. 1992; Pessoa, Fl. APA 
Cairuçú, Parati. RJ. Espécies Vasculares, sér. 
Estudos e Contribuições 14: 392. 1997. 
Holótipo: República Dominicana, Ilha de Santo 
Domingo, 1690, Plumier s.n. (LINN). 
Figuras 18 e 19 

Trepadeira com indumento dos ramos, 
gavinhas, estipulas, folhas, pedúnculos, 
pedicelos florais e hipantos e face abaxial das 
sépalas densa a esparsamente pubescente, 
tricomas persistentes. Caule anguloso, estriado. 
Estipulas 0,3-0, 7 x ca. 0,05 cm, linear- 

Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004 


47 

subuladas, falcadas. Folhas com pecíolo 0,8-6 
cm compr., glândulas ausentes; lâminas 
variegadas ou não, membranáceas, 2-3 
lobadas, 2,1-8 cm compr. (nm), 3,3-11,6 cm 
compr. (nl), 2,9-11,8 cm larg., ângulo entre 
lobos 40°-95°, ápice agudo, base cordada, 
margem inteira, oceolos ausentes. 
Inflorescências em mônades pedunculadas; 
pedúnculos 2,1-5 cm compr.; brácteas 
ausentes. Flores brancas, creme, amarelas ou 
esverdeadas; pedicelos 0, 1-0,5 cm compr.; 
hipantocampanulado; sépalas 1,5-2,7x0,3-0,45 
cm, verde-claras, ápice agudo; pétalas 0,9- 1,5 
x 0, 1 5-0,2 cm, alvas, oblongo-obovadas; corona 
unisseriada, filamentos 0,9-1, 2 cm compr., 
filiformes, unidos na base por uma delgada 
membrana; opérculo ca. 0,2 cm compr., ápice 
ereto; disco nectarífero ausente; androginóforo 
0,7- 1 ,8 cm compr.; estames 0.3-0.5 cm compr., 
antera 0,4-0, 5 x 0, 1-0,2 cm; pólens 12- 
colporados, colpos média compr. = 44,8 fim, 
lumens do retículo média diâm. = 9,2 fim, com 
muitos báculos, muros sinuosos, longos e 
estreitos; ovário 0,3-0, 5 x 0, 1 5-0,4 cm, oblongo, 
pubérulo; estilete 0.4-0.7 cm compr. Frutos 3- 
8,5 x 1,5-4, 5 cm, cápsular loculicidas, 
deiscentes, avermelhados, vináceos ou roxos, 
elípticos ou fusiformes, pubérulos; sementes 
0,3-0, 4 x 0, 1-0,25 cm, elipsoidais. testa sulcada 
transversalmente. 

Material examinado: MINAS GERAIS: 
Araponga, 10/V 1/1993, fr, M. F Vieira 796 
(PAMG VIC); Belo Horizonte. 22/11/1932, bt, 
fl, fr, C. Porto et Fagundes 2150 (RB); 13/1/ 
1939, bt, fl. fr, M Barreto 8626 (R); 19/1/1939, 
bt, fl, M. Barreto 8647 (R); 11/1978, fr, J. A. 
Oliveira 301 (BHCB); 11/11/1980, bt, 0, /. 
A. Oliveira 303 (BHCB); 17/X/1990, fl, E. 
M. Bacariça 86 (BHCB); 26/XII/1990, bt, 
fl, fr, E. Tameirão Neto et G. S. França 
312 (BHCB); 5/II/1991, fl, fr, E. M. Bacariça 
111 (BHCB); 19/11/1991, bt, fl, fr, E. 
Tameirão Neto et C. Y. Matsuoka 392 
(BHCB); 29/III/1994, bt, fl, fr, J. A. Lombardi 
546 (BHCB); 16/III/1995, bt, fr, J. A. 
Lombardi et ai 715 (BHCB); Betim, 10/11/ 
1955, fl, P. L Roth 14706 (CESJ, RB); 



SciELO/JBRJ, 


13 14 




cm .. 



48 


Milward-de-Azevedo. M. A. & Baumgralz, J. F. A. 



Figura 18 - Passiflora capsidaris L.: a - detalhe do ramo florífcro c frutífero, b - estipula: face adaxial, c - sépala. d - 
pétala, e - filamento da corona. f - detalhe da corona c do androginóforo, g - semente (a-f: F. C. Campos Neto s.n. - BHCB 
44285, g: M. F. Vieira 76). Escalas: a = 1 cm; b, g = 1 mm; c, d. e, f = 5 mm. 


Rodriguísia 55 (85): 17-54. 2004 



ISciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


Passiflora stibg. Dccaloba no Sudeste Brasileiro 


49 



50 45 40 

Figura 19 - Mapa da distribuição geográfica de Passiflora capsularis L. na Região Sudeste do Brasil, destacando a 
variabilidade da formada lâmina foliar: (▲) 3-lobada, (■) 2-lobada, lobos curtos, (•) 2-lobada, lobos muito alongados. 


(Escala = 1 cm) 


Brumadinho, XI/92 e III/ 1 993, bt, fl, fr, L. A. 
Martens s.n. (SPF 87550); Caeté, XI/1915. 
bt, fl, fr, F C. Hoehne 6370 (R); 2/III/1991, 
Pedralli s.n. (HXBH 8622); Camanducaia, 1/ 
VI/2001, bt, fl, fr, J. A. Lombardi 4392 
(BHCB); Caraça, 22/11/1980, fr, J. M. Ferrari 
300 (BHCB); Carandaí, 18/XI/1946, fl, fr, A. 
P. Duarte 787 (RB); Caratinga, 13/III/1982, 
fr, M. C. W. Vieira 372 (UEC); 19/11/1984, P. 
M. Andrade et M. A. Lopes 136 (BHCB); 
Coimbra, 21/XI/1987, bt, fl, fr, M. F. Vieira 
595 (VIC); Esperança, XU/1916, bt, fr, P. C. 
Porto 460 (RB); Itabira do Campo, VI/1902, 
bt, fl, fr, A. M. Mattos s.n. (R 90315, 90324); 
Itabira do Mato Dentro, 1/1922, bt, fl, fr, G 
Santos s.n. (R 90275); Itutinga, 111/1993, bt, 
fl, fr, M. L. Gavilanes 5738 (PAMG); Juiz 
de Fora, 11/1949, fl, L Krieger 14689 (CESJ); 
1/1970, fl, fr, L. Krieger 8019 (CESJ, RB); 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


23/VIII/ 1978, L. Krieger 16398 (CESJ); 
Lavras, 25/1/1939, bt, fl, E. P. Heringer 136 
(ES AL, SP, SPF); 1 l/XII/1980, fl, H. F. Leitão 
et al. 2001 (UEC); 10/XII/1983, fl, fr, M. L. 
Gavilanes 1090 (ESAL); Luminárias, 20/11/ 
1991, bt, fl, M. L. Gavilanes et F. Frieiro 4836 
(ESAL); Oliveira, 20/XII/1998, fl, fr, F. C. 
Campos Neto s.n. (BHCB 44285); Ouro 
Preto, 10/X/ 1996, bt, M.C.T.B. Messias s.n. 
(OUPR 6713); 26/11/2000, bt, fl, A. L. Silveira 
94 (OUPR); 23/1/2002, bt, fl, F.A. Ferreira 
166 (OUPR); Perdizes, 17/XII/1994, fl, E. 
Tameirão Neto et M. S. Werneck 1606 
(BHCB); Poço de Caldas, 3/XII/1981, bt, fl, 
H. F. Leitão et al. 1582 (UEC); Santa Rita 
do Sapucaí, 10/XI/1993, M. Brandão 23589 
(PAMG); 29/V/1994, M. Brandão 23906 
(PAMG); São Sebastião do Paraíso, 11/1945, 
bt, fl, fr, J. Vidal 1-337 (R); Tiradentes, 20/ 



SciELO/JBRJ, 


13 14 





cm .. 


50 

IV/1997, bt, fl, R. J. V Alves 4339, (RB); 23/ 
VI/2001, fr, M. Milward 100, (RB); Viçosa, 
bt, fl, sem coletor (VIC 3139); 16/XI/1935, 
Kuhlmcmn s.n. (VIC 2419); 18/XII/1958, bt, 
fl, H. S. Invin 2276 (R, VIC); sem localidade, 
V/1896, fl., 5. Silveira s.n. (R 198818); 24/V/ 
1984, fr., P. M. Andrade et M. A. Lopes 247 
(RB); 21 /XII/ 1984, bt., fl., M. A. Lopes et P. 
M. Andrade 715 (RB). ESPÍRITO SANTO: 
Linhares, 29/III/1934, fl, J. G. Kuhlmann 90 
(RB); 8/X 1/1943, fl, J. G. Kuhlmann 6472 
(RB). RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo, 
X/2001, A. C. Ghizi s.n. (RB 376.416); Cabo 
Frio, 14/III/1985, bt, fl, D. Araújo et T. 
Plowman 6661 (GUA); Ilha Grande, 26/1 V/ 
2002, M. Milward 119 (RB); Mangaratiba, 21- 
22/XI/1996, fl, J. A. Ura Neto et M. G. Bovini 
513 (RUSU); 19/X/1999, fl, M. G. Bovini et 
al. 1712 (RUSU); 7/1/2000, fr, M. G Bovini 
et al. 1750 (RUSU); 22/1/2000, bt, M. 
Milward et M. G Bovini 19 (RB); 30/IV/ 
2000, fr, M. Milward et M. G Bovini 29 (RB); 
Miguel Pereira, 23/11/2002, bt, fl, fr, M. 
Milward 115 (RB); Petrópolis, 1887, W. Bello 
66 (R); XII/1943, bt, G. C. Góes et D. 
Constantino 1019 (RB); 28/III/1976, fr, G 
Martinelli 808 (RB); Rio de Janeiro, bt, fl, 
sem coletor (RB 340717); bt, fl, Glaziou 3990 
(R); XI/ 1899, E. We s.n. (R 15466); 30/XI/ 

1939, J. G. Kuhlmann 6020 (RB); 21/XII/ 

1940, fr, E. Pereira 66 (HB); 24/XII/1940, fl, 
fr, E. Pereira s.n. (R 90314); 14/1/1943, fl. A. 
C. Brade 17374 (RB); 18/III/1947, A. P. 
Duarte s.n. (RB 216449); 27/XI/1969, fl, D. 
Sucre et al. 6393 (RB); Santa Maria 
Madalena, 7/III/1935, Lima et Brade 14243 
(RB); Teresópolis, 16/11/1943, bt, fl, fr, H. P. 
Velloso s.n. (R 38593). SÃO PAULO: Águas 
da Prata, 11/1/1994, bt, fl, fr, V. C. Souza et 
al. 5001 (ESA, SPF); 21/III/1994, bt, fl, fr, A. 
B. Martins et al. 31409 (IAC, SPF, UEC); 
Atibaia, bt, fr, L C. Bernacci et al. 21396 
(UEC); 25/111/ 1997, bt, fl, A. Rapini 244 (SP); 
Bom Sucesso do Itararé, ll/XII/1997, bt, fl, 
fr, J. M. Torezan et al. 538 (IAC, UEC); 
Botucatu, 23/III/1 978, fl, R. B. M. Brantjes 
702405 (UEC); Bragança, 28/V/1985, bt, fl. 


Milward-de-Azevedo, M. A. &. Baumgratz, J. F. A. 

M. Kuhlmann 3367 (IAC, SP); Campinas, 
6/IV/1977, fl, S. L. Kirszenzaft et al. 4984 
(UEC); 30/IV/1986, fr, N. Taroda et al. 
18564 (UEC); 1271/1990, fl, L C. Bernacci 
24508 (UEC); l/IV/1992, bt, fl, C. 
Koschnitze 27271 (UEC); Cananéia, bt, fl, 
fr, H. F. Leitão Filho s.n. (UEC21582); 2/11/ 
1978, fr, G T. Prance et al. 6964 (UEC); 10/ 
m/1982, fr, S. L Jung et al. 429 (SP); 7/IV/ 
1982, fr, M. M. Takeda et al. 17 (SP); Cunha, 
18/111/ 1993, bt, fl, S. Buzato et M. Sazima 
28004 (UEC); Eldorado, 9/II/1995, bt, H. F. 
Leitão Filho et al. 32767 (SP, UEC); Ferraz 
de Vasconcelos, 30/IV/ 1996, fr, R. J. F. 
Garcia et al. 843 (SP); Ibiúna, 15/XII/1991, 
bt, fl, fr, O. Yano et M. P. Marcelli 15887 
(SP); Ilha Anchieta, 7/II/1996, bt, fr, H. F. 
Leitão Filho et al. 34457 (SP); Ilha Bela, 
VI/1991, fr, V C. Souza et A. T. Fierro 2562 
(ESA); Iperó, l/XII/1998, fl, fr, A. M. G A. 
Tozzi et al. s.n. (UEC 103113); Iporanga, 
9/111/ 1986, fl, M. C. Dias et al. 58 (FUEL); 
Itararé, 10/11/1976, fl, P. Gibbs et al. 1618 
(UEC); 12/11/1995, fl, fr, P. H. Miyagi et 
al. 412 (HRCB, IAC, SPF, UEC); Itirapina, 
1/II/1994, fl, fr, J. Y. Tamashiro et J. C. 
Galvão 361 (SP); Itu, 25/1/1934, bt, Hoehne 
s.n. (IAC 33768, SP 31421); 31/III/1998, bt, 
fl.Gf! Arboez s.n. (IAC 35964); Jaguariúma, 
8/X/ 1989, bt, fl, S. G. Egler 22146 (RB, 
UEC); Jundiaí, 21/VI/1976, fl, fr, H. F. 
Leitão Filho et al. 1612 (UEC); 12/IV/1994, 
bt, fl, L C. Bernacci et al. s.n. (UEC 85 173); 
12/III/1996, fl, R. Goldenberg 141 (UEC); 
26/11/1999, bt, fl, S. L Jung-Mendoçolli et 
al. 974 (IAC); Mairiporã, fr, G Eiten et L T. 
Eiten 1844 (SP); Monte Alegre do Sul, 25/ 
III/1943, bt, fl, fr, M. Kuhlmann 315 (SP); 
Rio Claro, 23/IX/1996, fl, V 7! Rapin 895 
(HRCB); 30/X/2001, fr, R. G Udulutsch et 
al. 426 (HRCB. RB); 10/XII/2001, bt, fr, R. 
G Udulutsch et V.T. Rampin 480 (HRCB, 
RB); Santo Antônio da Alegria, 10/XI/1994, 
bt, fr, A. M. G A. Tozzi et A. Sciamarelli 94 
(SP); São Paulo, 10/V/1920, fr, F. C. Hoehne 
s.n. (SP); 30/XII/1873, bt, Hj. Mosén 1329 
(R); Socorro, 4/Ü/2000, fr, M. Groppo Jr. 363 

Rodriguésia 55 (85): 17-54. 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 lí 


cm .. 


Passiflora subg. Decaloba no Sudeste Brasileiro 

(SPF); 7/III/2000, bt, M. Groppo Jr. 388 
(SPF); Ubatuba, 9/III/1940, fl, A. P. Viegas et 
al. s.n. (IAC 4458, SP44039); Votorantin, 20/ 
III/1983, fl, V: F. Ferreira 3050 (RB); 12/1/ 
1984, bt, V. F. Ferreira 3161 (RB); sem 
localidade, l/TV/1926, fr, A. Gehrt s.n. (IAC 
33765, SP 17204). 

Distribuição geográfica e habitat: Tem 
distribuição geográfica disjunta nas Américas, 
ocorrendo no México; América Central; 
Colômbia, Equador, Brasil, Paraguai e Uruguai. 
No continente Sul-americano, situa-se próxima 
à costa atlântica. No Brasil: Pará, Mato 
Grosso, Piauí, Ceará, Goiás, Minas Gerais, 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
Heliófila, com preferência por capoeiras e 
bordas de florestas, em terrenos com boa 
drenagem, sendo rara no interior da mata 
(Cervi 1981; 1992), além de ser encontrada 
também em formações secundárias que 
sofrem intensa herbivoria. Na Região Sudeste 
brasileira (Fig. 19), é encontrada em cerrado, 
floresta pluvial montana, floresta pluvial sub- 
montana e restinga, apresentando maior 
freqüência nas últimas três fitofisionomias. 
Nome vulgar: Maracujá (Pio-Corrêa 1984), 
maracujazinho (MG; Pessoa 1997; Pio-Corrêa 
1984), maracujá-branco-miúdo (MG; Pessoa 
1997; Pio-Corrêa 1984), maracujá-branco 
(Pessoa 1997), maracujá-de-morcego (Pessoa 
1997), maracujá-silvestre (MG), maracujá-do- 
mato (MG). 

Dados fenológicos: Coletada com flores nos 
meses de setembro a julho, e com frutos, de 
novembro a junho. 

Etimologia: O epípeto específico capsularis 
é em alusão ao tipo morfológico do fruto. 
Usos: Suas folhas são abortivas e tóxicas ao 
gado, as raízes hemanogogas e as sementes 
embriagantes (Pereira 1929;Pio-Côrrea 1984). 

O predomínio de lâminas 3-lobadas (Fig. 
19: ▲) é registrado principalmente nas áreas 
de floresta atlântica; lâminas 2-lobadas, com 
lobos curtos (■), para áreas de cerrado; e 
lâminas 2-lobadas, com lobos muito alongados 
(•), para regiões de restingas e matas de 

Rodriguisia 55 ( 85 ): 17 - 54 . 2004 


51 

floresta atlântica. Nos exemplares dos holótipos 
de dois sinônimos, P. pubescens H. B. K. e P 
piligera Gardn., observam-se que os padrões 
representados pelos símbolos ▲ e ■ são 
predominantes. 

Agradecimentos 

Aos curadores dos herbários da região 
Sudeste. Aos Herbários BM, C, Q K e P, por 
enviarem a título de empréstimo os tipos, ou 
fotos e imagens digitalizadas. Ao Dr. Luis 
Carlos Bernacci (IAC), por estar sempre 
disposto a ajudar, disponibilizando as exsicatas 
emprestadas dos herbários de São Paulo. Ao 
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio 
de Janeiro e Museu Nacional/UFRJ, 
Departamento de Botânica, pelo apoio 
institucional. Ao IBAMA, pelas autorizações 
de coletas concedidas. Ao biólogo Ronaldo 
Marquete, pelas fotos dos tipos. À Cristina 
Siqueira Ferreira, pela cobertura em nanquim 
das ilustrações das espécies. Ao Msc. Osnir 
Marquete, pela orientação na elaboração das 
fotografias relativas a características 
morfológicas da folha e do indumento. Aos 
funcionários da Biblioteca Barbosa Rodrigues, 
do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do 
Rio de Janeiro, por sempre estarem disponíveis 
a ajudar na procura das obras clássicas e 
específicas, muito necessárias para este 
trabalho. À CAPES e ao CNPq, pelas bolsas 
concedidas aos autores, respectivamente. À 
Dra. Luci de Senna Valle, Dr. Armando Carlos 
Cervi e Dra. Claudia Petean Bove, pelas 
sugestões. A todos que diretamente ou 
indiretamente, ajudaram na realização deste 
trabalho. 

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■SciELO/JBRJ 


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Resumo 


Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara, 
Piauí, Brasil 

Jesus Rodrigues Lemos' 


(Composição florística do Panque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil) Dos grandes biomas brasileiros, a caatin- 
ga é um dos mais desconhecidos do ponto de vista florístico e fitogeográfico. No Piauí, este bioma reveste cerca de 
37%> do seu território, apresentando uma única Unidade de Conservação, o Parque Nacional Serra da Capivara. Este 
trabalho objetivou listar as espécies coletadas na área do Parque. Para isso, foi realizado um levantamento do ma- 
terial coletado na região, depositado no Herbário “Graziela Barroso” da Universidade Federal do Piauí - TEPB/UFPI, 
acrescidos de material resultante de coletas realizadas em duas unidades geomorfológicas (sedimentar e cristalino) no 
período de dois anos. Foram registradas um total de 210 espécies distribuídas em 149 gêneros e 62 famílias. As famílias 
com maior riqueza foram Caesalpiniaceae, Fabaceae, Mimosaceae. Bignoniaceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae com 
46% das espécies. Verificou-se que a heterogeneidade do ambiente físico influencia na distribuição das espécies nos 
diferentes biótopos da região. No que se refere à região semi-árida como um todo, observou-se que, com exceção 
de um pequeno grupo de espécies, há semelhança florística entre a área de estudo com outras áreas de caatinga 
do semi-árido nordestino, quer sejam instaladas em terrenos sedimentares ou sobre o embasamento cristalino. 
Palavras-chave: semi-árido, caatinga, flora, Piauí, Serra da Capivara. 


Abstract 

(Floristiccompositionof Serra da Capivara National Park, Piauí, Brazil) Of the great Brazilian biomes, the caatinga isone 
of the most poorly known from the floristic and phytogeografic point of view. In Piauí State, this biome covers 
about 37% of its territory, with only one conservation unit, the Serra da Capivara National Park. This work aims at 
listing the species collected in the Park area. With that objective, a survey was made of the material collected in the 
area depositcd in the Herbarium “Graziela Barroso” of the U niversidade Federal do Piauí -TEPB/UFPI, in adittion to 
samples resultam from collection in two geomorphologic units (sedimentar)' lands and crystalline soil) during a two 
year period. It was registered a total of 2 1 0 species distributed in 149 genus and 62 fãmilies. The families with greater 
di versity were Caesalpiniaceae, Fabaceae, Mimosaceae, Bignoniaceae, Euphorbiaceae and Myrtaceae totalling46% of 
the species. It was verified that the heterogeneity of the physical environment inlluences in the distribution of species in 
the different biotypes of the area. As far as the semi-arid region as a whole is concemed, it was observed that, 
except for a small group of species, there is floristic similarity between the study area with other areas of caatinga 
in BraziFs Northeastern native semi-arid, whether installed in sedimentary lands or on crystalline soil. 
Key-words: semi-arid, caatinga, flora, Piauí State, Serra da Capivara. 


Introdução 

Com base na isoieta modal de 800 mm.ano * 1 
e em critérios de natureza geo-ambiental, Souza 
et al. (1994) afirmaram que a área do semi-árido 
é de 788.064 km 2 , onde a precipitação média 
varia de 400 a 800 mm.ano' 1 e que além da vege- 
tação de caatinga, ocorrem tipos vegetacionais 
transicionais em associação com outras forma- 
ções que ocorrem na Região Nordeste. A caatin- 
ga constitui a feição dominante na região semi- 
árida (Andrade-Lima 1960; Fernandes & Bezerra 
1990; Rizzini 1997), apresentando variações florís- 
licas e fisionômicas (Andrade-Lima 1981). 


O estado do Piauí ocupa uma posição mar- 
ginal em relação ao conjunto do Nordeste. Sua 
quase totalidade e metade do Maranhão formam 
um conjunto independente denominado “Meio 
Norte” ou “Nordeste Ocidental”, marcando ecolo- 
gicamente uma zona de transição entre o domí- 
nio amazônico e o semi-árido nordestino. A distribui- 
ção das formações vegetais nestas áreas de tran- 
sição está ligada, principalmente a fatores climá- 
ticos, embora os fatores geomorfológicos e edá- 
ficos se tomam determinantes (Emperaire 1989). 
A influência desses fatores pode ser observada, 
por exemplo, na região do Parque Nacional Serra 


Artigo recebido cm 10/2002. Aceito para publicação em 06/2004. 

1 Biólogo, Doutorando cm Botânica-USP. Rua Francisco Lucas da Silva, 171 Padre Ibiapina, 62020-701 - Sobral, Ceará, 

Brasil.jesuslemos@zipmail.com.br 


cm 



SciELO/ JBRJ 



56 


Lemos, J. R. 


da Capivara, sudeste do Piauí, onde ocorrem 
dois conjuntos florísticos e fisionômicos: a 
formação de caatinga das bacias sedimentares 
e de terrenos pré-cambrianos (Emperaire 1989). 

Até o momento, poucos trabalhos com estu- 
dos florísticos, englobando estas duas unidades 
geomotfológicas foram realizados na região, cons- 
tando apenas os trabalhos de Emperaire (1984, 
1989, 1991), que forneceram registros de algumas 
espécies vegetais. Com a tentativa de realizar 
uma complementação destes dados, enriquecen- 
do informações acerca da flora vascular na área 
do Parque Nacional Serra da Capivara, foi rea- 
lizado o levantamento florístico na referida área. 
a partir de exsicatas previamente depositadas no 
acervo do Herbário “Graziela Barroso”, da Uni- 
versidade Federal do Piauí -TEPB/UFPI, acres- 
cido de material resultante de coletas realizadas 
na região. Este trabalho pretende, assim, con- 
tribuir para um melhor conhecimento da flora da 
caatinga do Parque, do estado e, conse- 
quentemente, do semi-árido nordestino. 

Material e Métodos 

Arca de estudo - O Parque Nacional Ser- 
ra da Capivara localiza-se no sudeste do estado 
do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São 
Raimundo Nonato, São João do Piauí, Coronel 
José Dias e Canto do Buriti (OS^ó^O” e 08°54’23” 
S e 42°19’47” e 42°45'51"0), com a dimensão 
de 129.953 ha (FUMDHAM 1998). A região do 
Parque é fronteira entre duas grandes forma- 
ções geológicas e duas grandes unidades da 
paisagem do nordeste brasileiro, a Depressão 
do Médio São Francisco, do embasamento 
cristalino e a Bacia do Piauí-Maranhão, de 
sedimentos arenosos (Pellerin 1979, 1991). 

A Serra da Capivara forma o limite sul da 
bacia sedimentar do rio Pamaíba. Apresenta-se 
como uma chapada com 5(X) a 600 m de altitude, 
interrompida por alguns vales. O planalto é forma- 
do por camadas areníticas quase horizontais sobre 
as quais se assentam formações de latossolos 
areno-argilosos vermelho-amarelado. Nos ter- 
renos pré-cambrianos da depressão, a paisagem 
é menos acidentada, tratando-se de uma suces- 
são de pequenos tabuleiros entalhados no sedi- 


mento. Os solos são também latossolos areno- 
argilosos vermelhos, porém mais férteis que na 
zona da bacia sedimentar (Emperaire 1984). 

De acordo com Emperaire (1984, 1989), a 
região do Parque situa-se no domínio da caatin- 
ga, apresentando tipos de vegetação bem diver- 
sificados, com variações fisionômicas que vão 
desde formações arbóreas altas até formações 
arbustivas abertas. A autora complementa ainda 
que essa diversidade de aspectos está princi- 
palmente ligada às condições morfo-estruturais. 

A precipitação e déficit hídricos médios 
anuais são de 687,8 mm e 650 mm e a tempe- 
ratura média anual em tomo de 26°C, com chu- 
vas estendendo-se de outubro a maio (Pellerin 
1991; Lemos & Rodai 2002). 

Coleta de dados e identificação de 
material botânico - Foram levantados no 
acervo do herbário TEPB o material coletado 
na área do Parque e depositado neste herbário, 
acrescido de material resultante de coletas 
realizadas nas duas unidades geomorfológicas 
(terrenos sedimentares e cristalinos) no período 
de Setembro/1996 a Dezembro/1998 e distribuí- 
das nos Herbários PEURF, UFP, IPA, TEPB e 
na Fundação Museu do Homem Americano 
(FUMDHAM) em São Raimundo Nonato-Piauí. 
A identificação do material foi realizada 
utilizando-se literatura especializada e/ou por 
comparação com exsicatas. A informação 
referente ao hábito das espécies foi extraída da 
ficha do herbário e para as novas coletas seguiu- 
se Font-Quer( 1977). O sistema de classificação 
adotado foi o proposto por Cronquist (1981). 

Resultados e Discussão 

ATabela 1 lista 210 taxa distribuídos em 
149 gêneros e 62 famílias, dos quais 187 (89%) 
identificados no nível de espécie e 23 (11%) 
no nível de gênero. 

Das famílias levantadas, Caesalpiniaceae 
(32 spp.), Fabaceae ( 1 8 spp.), Mimosaceae (14 
spp.), Bignoniaceae (13 spp.), Euphorbiaceae 
( 10 spp.) e Myrtaceae ( 10 spp.) responderam por 
46% das espécies registradas, enquanto 45% das 
famílias apresentaram apenas uma espécie. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 


Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil 


Emperaire (1984, 1989, 1991) ressalta 
que a heterogeneidade do ambiente físico 
influencia na distribuição dos taxa nos 
diferentes ambientes presentes na região do 
Parque, o que pôde ser também verificado 
através da análise realizada neste trabalho. 

Das 210 espécies registradas neste levan- 
tamento, somente 28 ocorrem tanto em áreas 
de terrenos sedimentares como em áreas do 
embasamento cristalino: Spondias tuberosa , 
Arrabidaea bahiensis , Tabebuia impetiginosa , 
Tabebuia spongiosa, Cordia leucocephala, 
Patagomda bahiensis, Neoglaziovia 
variegata, Bauhinia cheilantha, Bauhinia 
Jlexuosa, Caesalpinia bracteosa, Cenostigma 
gardnerianum, Diptychandra aurantiaca 
subsp. epunctata, Poeppigia procera, Senna 
spectabilis, Capparis Jlexuosa , Erythroxylum 
betulaceum, Argythamnia gardneri, 
Cnidoscolus urens, Croton sonderianus, 
Cratylia ntollis, Strychnos rubiginosa, 
Pavonia glazioviana, Calliandra 
depauperata, Piptadenia moniliformis. 
Eugenia cearensis, Cardiospermwn corindum, 
Helicteres baruensis e Turnera blanclieliana. 

Segundo a análise realizada por Emperaire 
(1991) referente à distribuição geográfica de algumas 
espécies presentes no Parque, Cardiospennum 
corindum (espécie herbácea ruderal) é pantro- 
pical; Senna spectabilis, Capparis Jlexuosa e 
Cnidoscolus urens são neotropicais; Tabebuia 
impetiginosa (espécie semi-decídua), Bauhinia 
cheilantha e Strychnos rubiginosa elementos 
do cerrado e da caatinga. As espécies que, pela 
análise deste trabalho, foram encontradas nos 
dois ambientes do Parque (terrenos sedimentar 
e cristalino), foram consideradas pela autora, 
como elementos exclusivos da caatinga. 

Das espécies de Caesalpiniaceae ocorrentes 
no Parque, Bauhinia cheilantha foi comum a 
áreas cristalinas e sedimentares (embora na área 
de estudo tenha sido registrada somente em áreas 
sedimentares), isto parece indicar que a mesma 
tem ampla distribuição nos tipos caducifólios do 
semi-árido nordestino (Rodai 1992; Araújo et ai 
1995; Ferraz et al. 1998; Araújo et ai 1998; Le- 
mos & Rodai 2002; Alcoforado-Filho et ai 2003). 


De uma maneira geral, observou-se que as áreas 
sedimentares como um todo, apresentaram um 
grande número de espécies desta família. 

Das 18 espécies de Fabaceae registradas 
na área, a maioria foi comum a outras áreas sedi- 
mentares, sendo que duas espécies: Dalbergia 
cf. cearensis e Pterodon abruptus foram citadas 
em vegetação de caatinga instalada sobre o crista- 
lino, embora constatou-se que as mesmas são 
comuns em áreas de solos arenosos e profundos. 

Das Mimosaceae presentes na região, 
Acacia langsdorfii foi registrada apenas nas áreas 
sedimentares, enquanto Piptadenia moniliformis 
ocorreu desde carrasco a caatinga de sedimentos 
arenosos e do cristalino, indicando a ampla 
distribuição desta espécie (Lemos & Rodai 2002). 

Bignoniaceae, com 13 espécies regis- 
tradas neste levantamento, é pouco frequente 
nos levantamentos florísticos em áreas do 
cristalino (Araújo et ai 1995; Alcoforado-Filho 
et al. 2003), todavia apresenta-se bem 
expressiva em levantamentos realizados em 
áreas sedimentares (Oliveira et al. 1997; 
Araújo et al. 1998; Lemos & Rodai 2002). 

Euphorbiaceae, família bem representada 
em levantamentos realizados em áreas sedimen- 
tares e do cristalino, foi registrada com 10 espé- 
cies na área estudada, tendo sido, boa parte 
das espécies, encontradas nos dois ambientes. 

Myrtaceae, com 10 espécies registradas, 
corroborou com o número de espécies relativa- 
mente alto registrado em áreas sedimentares 
(Oliveira et ai 1997; Araújo et ai 1998; Rodai 
et ai 1998; Figueiredo et ai 2000; Rodai et ai 
1999; Lemos & Rodai 2002). 

Segundo Rodai (1992), nos diferentes levanta- 
mentos que estudaram o componente lenhoso da 
caatinga instalada em áreas da depressão sertaneja 
nordestina, Mimosaceae, Caesalpiniaceae e 
Euphorbiaceae foram as famílias melhor represen- 
tadas em número de espécies. Já Myrtaceae e 
Bignoniaceae são pouco representadas naquelas 
áreas, sendo mais frequentes em áreas de 
vegetação caducifólia e perenifólia das chapadas 
sedimentares (Oliveira et ai 1997; Rodai et ai 
1998; Araújo et ai 1998; Figueiredo cia/. 2000; 
Rodai et al. 1999; Lemos & Rodai 2002). 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 


58 


Lemos, J. R. 


De acordo com análise de levantamentos 
florísticos e quantitativos realizados nas chapadas 
sedimentares do semi-árido nordestino 
(Emperaire 1989; Oliveira etal. 1997; Araújo et 
al. 1998; Rodai et al. 1999; Araújo & Martins 
1999; Figueiredo et al. 2000; Lemos & Rodai 
2002), Fabaceae, Caesalpiniaceae, 
Euphorbiaceae e Mimosaceae foram as famílias 
que demonstraram maior representatividade, 
fato que sugere uma certa relação com as áreas 
do cristalino, o que poderia ser explicado pelo 
condicionante geral da semi-aridez na região 
como um todo. 

Assim, da análise de similaridade florística 
realizada nos dois conjuntos geomorfológicos da 
região do Parque Serra da Capivara, verificou- 


se que a heterogeneidade do ambiente físico 
(áreas sedimentares ou terrenos cristalinos) in- 
fluencia na distribuição dos taxa nos diferentes 
biótopos da região, visto que algumas espécies 
foram registradas somente em um dos ambientes. 

No que se refere à região semi-árida, ba- 
seado em análise dos levantamentos flonsticos 
e quantitativos realizados na Região Nordeste, 
pode-se concluir que, com exceção de um pe- 
queno grupo de espécies registradas somente 
na área do Parque, há semelhança florística 
entre a área de estudo com outras áreas de 
caatinga do semi-árido nordestino, quer sejam 
instaladas em terrenos sedi-mentares ou sobre 
o embasamento cristalino. 


Tabela 1 - Lista das famílias e espécies ocorrentes no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí. 
REF. - N u de Herbário TEPB e/ou de coleta do autor (JRL); HÁB. - hábito; N. VULGAR - nome vulgar, 
HABIT. - hábitat; ARV- árvore; ARB- arbusto; SUB-subarbusto; LIA- liana; ERV - erva; C - cha- 
pada (terrenos sedimentares); T - tabuleiros (terrenos cristalinos); LU - lugares úmidos; RU - ruderais. 


FAMÍLIA/ESPÉCIE 

REE 

HÁB. 

N. VULGAR 

HABIT. 

ACANTHACEAE 

1. Ruellia asperula (Mart. & Nees) Lindau 

3813 

ERV 

Mclosa-roxa 

T 

A.\ IARANTI 1ACEAE 

2. Amaranthus sp. 

332 

ERV 

- 

RU 

3. Gomphrena sp. 

5436 

ERV 

- 

RU 

ANACARDIACEAE 

4. Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng 

6608 

ARV 

Gonçalo alves 

C 

5. Myracrodnion unmdeuva Allcmão 

883 

ARV 

Aroeira 

T 

6. Spondias tuberosa Arruda 

JRL92 

ARV 

Imbuzeiro 

C,T 

ANNONACEAE 

7. Ephedranthus pisocarpus R. E. Fr. 

JRL64 

ARV 

Cunduru 

C 

8. Rollinia aff. leptopetala R. E. Fr. 

6822 

ARV 

Ata brava 

C 

9. Rollinia leptopetala R. E. Fr. 

6828 

JRL62 

ARV 

Ala brava 

C 

1 0. Xylopia cf. laevigata (Mart.) R. E. Fr. 

6829 

ARV 

Cunduru 

C 

1 1 . Xylopia sericea A. St.-Hil. 

6827 

ARV 

- 

C 

APOCYNACEAE 

1 2. Allamanda pubenda A. DC. 

6820 

ARB 

Pcnte-de-macaco 

C 

13 .Aspidospenm cf. multiflorumA. DC. 

JRL73 

ARB 

Pereiro 

C 

1 4. Aspidospemta pyrifolium Mart. 

6821 

ARV 

Pereiro 

C 

ARACEAE 

15. Pistia stratoites L. 

6810 

ERV 

- 

LU 


Rodriguésia 55 (85): 55-66. 2004 



ISciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 


Composição florísiica do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil 



FAMÍUA/ESPÉCIE 

REE 

HÁB. 

N. VULGAR 

HABrr. 

ASTERACEAE 

1 6. Eremanthus martii Baker 

91 

EKV 

Chico-Rodrigo 

- 

1 7. Spilanthes cf. acniella (L.) Murr 

163 

EKV 

- 

RU 

18. Vemonia reniotiflora Rich. 

164 

ERV 

- 

LU 

BIGNONIACEAE 

19. Adenocalymma scabriusculum Mart. 

6798 

LIA 

- 

C 

20. Arrabidaea bahiensis (Schauer ex DC.) 
•Sandwith & Moldenke 

6796 

LIA 

Folha-larga 

C,T 

21 .A rrabidaea crassa Spreng. 

6797 

LIA 

- 

- 

22. Arrabidaea dispar Bur ex K. Schum 

JRL38 

LIA 

Cipó-mole 

C 

23. Jacaranda brasiliana Pers. 

6791 

ARB 

Caroba branca 

c 

24. Jacaranda jasminoides (Thumb.) Sandwith 

6816 

ARB 

Caroba preta 

c 

25. Mansoa hirsuta DC. 

6794 

JRL49 

LIA 

Cipó-de-alho 

c 

26. Mentora axillaris Bur & K. Schum 

JRL111 

ARB 

- 

c 

27. Memora cf. involucrata Bur &K. Schum 

JRL55 

ARB 

Cipó-de-bandeira 

c 

28. Pyrostegia sp. 

6785 

LIA 

Dedo-de-moça 

- 

29. Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. 

6786 

ARV 

Pau d’ arco roxo 

C,T 

30. Tabebuia serratifolia (Vahl) Nicholson 

3819 

ARV 

Pau-d’arco 

C 

3 1 . Tabebuia spongiosa Rizzini 

160 

ARV 

Paud’arco 

C,T 

BOMBACACEAE 

32. Bômbax sp. 

599 

ARV 

~ 

“ 

BORAGINACEAE 

33. Cordia leucocephala Moric. 

JRL91 

SUB 

Moleque-duro 

C,T 

34. Cordia piauhiensis Fresen. 

JRL32 

ARB 

Grão-de-galo 

C 

35. Cordia rufescensA. DC. 

3811 

ARB 

Cabo-de-machado 

C 

36. Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. & Stend. 

152 

ARB 

- 

C 

37. Heliotropium tiaridioides Cham. 

1089 

ERV 

Crista-de-galo 

RU 

38. Patagonula bahiensis Moric. 

3816 

“ 


C,T 

BROMELIACEAE 

39. Bromelia sp. 

6592 

EKV 

Macambira 

C 

40. Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult. f. 

6589 

EKV 

Macambira 

C 

41 . Neoglaziovia varie gata Mez 

6591 

EKV 

Caroá 

C,T 

CACIACEAE 

42. Cereus albicaulis (Britton. & Rose) Luetzelb. 

JRL74 

ARB 

Rabo-de-raposa 

C 

43. Pilosocereus sp. 

6584 

SUB 

Xique-xique 

C 

caesalpiniaceae 

44. Bauhinia acuruana Moric. 

6113 

JRL31 

ARB 

Miroró, Mororó 

C 

45. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 

300 

JRL70 

ARB 

Miroró 

C, T 

46. Bauhinia flexuosa Moric. 

6648 

ARB 

Miroró 

C, T 

47. Bauhinia pentandra (Bong.) Vog. ex Steud. 

JRL112 

ARB 

Miroró 

C 

48. Caesalpinia bracteosa Tul. 

125 

ARV 

Pau-de-rato 

C, T 

49. Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. 

6164 

ARV 

Pau- ferro 

T 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ. 


13 14 




cm .. 



60 


Lemos, J. R. 


FAMÍUA/ESPÉOE 

REE 

HÁB. 

N. VULGAR 

HABrr. 

50. Caesalpinia microphylla Mart. ex Tul. 

872 

ARV 

Arranca-estribo 

T 

5 1 . Cassiaferniginea (Schrad.) Schrad. ex DC. 

JRL98 

ARB 

- 

T 

52. Cenostigma gardnerianum Tul. 

6165 

ARV 

JRL27 

Canela-de-velho 

C,T 

53. Chamaecrista aff. brevicalyx (Benth.) 

6649 

ARV 

- 

- 

Irwin & Barneby 

54. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip 

198 

ARV 

- 

- 

55. Chamaecrista eitenomm (Irwin & Barneby) 
Irwin & Barneby 

6647 

JRL29 

ARV 

Subieiro 

C 

56. Chamaecrista serpens (L.) Greenc 

6625 

EKV 

- 

- 

57. Chamaecrista aff. zygophylloides (Taub.) 

6627 

ARB 

- 

- 

Irwin & Barneby 

58. Copaifera coriacea Mart. 

6651 

ARV 

- 

c 

59. Copaifera langsdorffii Desf. 

6626 

ARV 

Pau-d’óleo 

c 

60. Dimorpltandra gardneriana Tul. 

JRL113 

ARV 

Fava d’anta 

c 

61. Diptychandra epunctata Tul. 

779 

ARV 

Bilro 

C,T 

62. Hymenaea aurea Lee & Lang. 

893 

ARV 

JRL39 

Jatobá 

C 

63. Hymenaea courbaril L. 

6141 

ARV 

Jatobá-trapuca 

C 

64. Hymenaea eriogyne Benth. 

6144 

ARV 

Jatobazinho 

C 

65. Hymenaea stilbocarpa Hayne 

JRL90 

ARV 

Jatobá 

c 

66. Peltogyne confertijlora (Hayne) Benth. 

6080 

ARV 

- 

c 

67. Poeppigia procera Presl. 

6167 

ARV 

JRL63 

Caracu 

C.T 

68. Sclerolobium densiflorum Benth. 

JRL115 

ARB 

- 

C 

69. Senna cearensis (Afr. Fem.) Afr. Fern. & E. Nunes 

JRL37 

ARB 

Pé-dc-bode 

C 

70. Senna gardneri (Benth.) Irwin & Barneby 

JRL50 

ARB 

- 

C 

71 . Senna macranthera var. pudibunda (Benth.) 

JRLI14 

ARV 

- 

C 

Irwin & Barneby 

72. Senna occidentalis (L.) Link. 

119 

ARB 

- 

c 

73. Senna trachypus (Benth.) Irwin & Barneby 

JRL110 

SUB 

- 

- 

74. Senna spectabilis (DC.) Irwin & Barneby 

JRL99 

ARB 

Canafístula 

C,T 

75. Senna velutina (Vogei.) Irwin & Barneby 

530 

ARB 

- 



CAPPARACEAE 

76. Capparis flexuosa (L.) L. 

JRL89 

ARB 

Feijão-dc-boi 

C.T 

77. Cleome microcarpa Ulc 

5435 

ARB 

- 

- 

78. Cleome spinosa L. 

873 

ARB 

Mussambc 

LU 

CELAS' 1 KACEAE 

79. Maytenus sp. 

66 

ARV 

Birro branco 

C 

CHRYSOBALANACEAE 

80. Licania sp. 

JRL109 

ARV 

Oiti 

C 

COMBRETACEAE 

8 1 . Combretum sp. 

5413 

ARB 

Farinha seca 

C 

82. Terminalia sp. 

896 

“ 

Carvoeiro 

T 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 



cm .. 



Composição floríslica do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil 

6 1 


FAM ÍI ! AJESPÉCI E 

REF. 

HÁB. 

N. VULGAR IIABIT. 

CONVOLVULACEAE 

83. Jacquemontia densiflora (Micrs) Hallier 

JRL116 

LIA 

Jitirana 

C 

E R YTI IROX YLACEAE 

84. Erythroxylum betulaceum Mart. 

JRL52 

ARB 

Carqueijo 

C,T 

85. Erythroxylum caatingae Plowman 

JRL77 

ARB 

- 

C 

86. Erythroxylum maracasense Plowman 

JRL56 

ARB 

Rompe-gibão 

C 

EUPHORMACEAE 

87. Argythamnia gardneri Müll. Arg. 

174 

ARB 

- 

C,T 

88. Cnidoscolus phyllacanthus Pax & K. Hoffm. 

JRL129 

ARV 

Favela 

T 

89. Cnidoscolus urens (L.) Arthur 

JRL128 

ARB 

Cansanção 

C,T 

90. Croton adenodontus Müll. Arg. 

JRL51 

ARB 

Malva peluda 

C 

91. Cmton campestris A. St.-Hil. 

JRLI08 

ARB 

Velame 

- 

92. Cmton sonderianus Müll. Arg. 

JRL107 

ARB 

Marmeleiro 

C,T 

93. Croton urticaefolius Lam. 

JRL30 

ARB 

Mulatinha 

C 

94. Croton zehntneri Pax & K. Hoffm. 

JRL117 

ARB 

- 

c 

95. Manihot caendescens Pohl 

JRL6S 

ARV 

Maniçoba 

T 

96. StiUingia trapezoides Ule 

JRL57 

ARB 

Burra leiteira 

C 

FABACEAE 

97. Andira vermífuga Mart. 

3812 

ARV 

Angelim 

C 

98. Bocoa mollis (Benth.) Cowan 

JRL53 

ARB 

Café-brabo 

C 

99. Centrosema virginianum (L.) Benth. 

124 

LIA 

- 

- 

100. Cratylia mollis Mart. ex Benth. 

780 

JRL48 

ARB 

Camaratuba 

C,T 

101. Dalbergia cearensis Ducke 

107 

JRL79 

ARV 

Violete 

C 

102. Dioclea grandiflora Mart. ex Benth. 

6143 

LIA 

Mucunã 

c 

103. Discolobium hirtum Benth. 

592 

ARB 

- 

- 

104. Galactia jussiaeana Kunth 

6154 

LIA 

- 

- 

1 05. Indigofera suffntticosa Mill. 

150 

SUB 

Anil 

RU 

1 06. Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. 

583 

ARV 

- 

c 

1 07. Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke 

891 

ARV 

- 

- 

108. Machaerium sp. 

JRL35 

LIA 

- 

c 

109. Macroptilium martii (Benth.) Marechal & Baudet 

1101 

ERV 

- 

- 

1 10. Macroptilium panduratum 

(Mart. ex Benth.) Marechal & Baudet 

608 

ERV 

' 

“ 

111. Platypodium elegans Vogei 

259 

JRL28 

ARV 

“ 

c 

1 12. Pterodon abruptas (Moric.) Benth. 

6616 

JRL25 

ARV 

Cangalheiro 

c 

1 13. Swartzia flaemingii Raddi 

JRL40 

ARV 

Jacarandá 

c 

1 14. Zornia gardneriana Moric. 

6156 

ERV 

Quebra- tigela 

RU 

FLACOURTTACEAE 

1 15. Casearia grandiflora A. St.-Hil. 

3809 

ARV 

Ata brava de serrote 

c 

KRAMER1ACEAE 

1 16. Krameria tomentosa A. St.-Hil. 

148 

• 

Carrapicho 

- 


Rodriguêsia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


13 14 15 




cm .. 


62 Lemos, J. R. 


FAMÍLIA/ESPÉCIE 

RER 

HÁB. 

N. VULGAR HABIT. 

LAMIACEAE 

1 17. Hyptis multiflora Pohl ex Benth. 

71 

SUB 

- 

- 

1 18. Hyptis salzmanni Benth. 

172 

SUB 

- 

RU 

LOGANIACEAE 

1 1 9. Strychnos rubiginosa DC. 

5423 

ARB 

- 

C,T 

\1ALPIG1 1IACEAE 

120. Byrsonima cf. gardneriana A. Juss. 

JRL33 

ARB 

Murici 

C 

121. Heteropterys discolor A. Juss. 

JRL41 

ARB 

- 

C 

122. Peixotoa jussieuanaA. Juss. 

JRL45 

LIA 

- 

C 

MALVACEAE 

123. Herissantia tiubae (K. Schum.) Briz. 

1098 

ARB 

- 

T 

124. Pavonia cancellata Cav. 

430 

EKV 

Jitirana-roxa 

RU 

125. Pavonia glazioviana Gürke 

JRL26 

ARB 

Malva-da-chapada 

C,T 

126. Sida cordifolia L. 

JRL96 

SUB 

Malva babenta 

RU 

127. Sida glomerata Cav. Diss. 

143 

EKV 

Malva-dura 

RU 

MELA5T0MAJACEAE 

1 28. Clidemia hirta (L.) Don. 

6803 

- 

- 

C.LU 

1 29. Miconia albicans Triana 

3814 

ARV 

- 

C 

MBLIACEAE 

1 30. Trichilia hirta L. 

6612 

ARB 

Jitó 

C 

MIMQSACEAE 

131. Acacia langsdorffii Benth. 

JRL23 

ARB 

Jurema toice ira 

C 

1 32. Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan 

885 

ARB 

Angico-de-umbigo 

T 

133. Calhandra depauperata Benth. 

797 

ARB 

Carqueijo 

QT 

134. Calhandra dysantha Benth. 

JRL97 

ARB 

- 

T 

135. Calhandra leptopoda Benth. 

604 

ARB 

- 

- 

1 36. Desmanthus virgatus Willd. 

118 

ARB 

Jureminha-branca 

- 

1 37. Mimosa lepidophora Rizzini 

JRL43 

ARV 

Umbigo-de-cabra 

C 

138. Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. 

5393 

ARV 

- 

- 

1 39. Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd. 

605 

ARB 

- 

- 

140. Mimosa verrucosa Benth. 

120 

ARV 

Jurema-lisa 

c 

141. Parapiptadenia blanchetii (Benth.) 
Vaz & M. P. de Lima 

JRL127 

ARV 

- 

c 

142. Piptadenia moniliformis Benth. 

JRL24 

ARV 

Angico de bezerro 

C,T 

143. Pithecellobium sp. 

911 

ARV 

- 

- 

144. Plathymenia reticulata Benth. 

122 

ARV 

Candeia 

c 

MOLLUGINACEAE 

145. Mollugo verticillata L. 

155 

ERV 

Erva de N. Senhora 

- 

MORACEAE 

146. Brosimum gaudichaudii Trec. 

6130 

ARB 

Minaré 

- 

147. Cecropia peltata L. 

3810 

ARV 

Imbaúba 

c 

148. Ficus sp. 

JRL88 

ARV 

Gameleira 

c 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 




SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 


Composição Jloríslica do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil 


FAMILIAyESPECIE 

REF. 

HAR 

N. VULGAR 

HABIT. 

MYRSINACEAE 

149. Cybianthus penduliflorus MarL 

866 

- 

- 

- 

MYKIÂCEAE 

150. Campomanesia sp. 

JRL66 

ARV 

Guabiraba 

C 

151. Eugenia cearensis Berg. 

6091. 

ARB 

Goiaba braba 

C,T 

1 52. Eugenia cf. cearensis Berg. 

6095 

ARB 

- 

C 

1£3. Eugenia diantha Berg. 

6100 

- 

- 

c 

154. Eugenia cf. flava Berg. 

JRL71 

ARB 

- 

c 

155. Eugenia piauhiensis Berg. 

6085 

- 

- 

c 

156. Eugenia cf. punicifolia (Humb., Bonpl. & Kunth.) DC. 

JRL61 

ARV 

- 

c 

1 57. Myrcia cf. acutata Berg. 

6127 

- 

- 

c 

1 58. Myrciaria ferruginea Berg. 

JRL42 

ARV 

- 

c 

159. Psidium sp. 

JRL106 

ARB 

- 

- 

NYdAGINACEAE 

160. Guapira laxa (Netto) Furlan 

JRL72 

ARV 

Farinha seca 

c 

161. Pisonia campestris Netto 

6097 

ARV 

Maria-mole 

c 

OCHNACEAE 

162. Ouratea sp. 

900 

ARB 

- 

- 

OLACACEAE 

163. Ximenia americana L. 

JRL58 

ARB 

Ameixa 

c 

OXAUDACEAE 

164. Oxalis euphorbioides A. St.-Hil. 

6087 

ERV 

- 

C.LU 

165. Oxalis sepium A. St.-Hil. 

6090 

ERV 


c 

PASSIFLORACEAE 

1 66. Passijlorafoetida L. 

3832 

LIA 

Maracujazinho 

-■ 

PHYTOLACCACEAE 

167. Microtea sp. 

5401 

ERV 

- 

c 

PIPERACEAE 
168. Piper sp. 

\ . .j 
1 W'>/ 

6120 

ARB 

- 

- 

FLUMBAGINACEAE 

1 69. P lumbago scandens L. 

6121 

ERV 

Louco 

LU 

FOACEAE 

170. Gynodon dactylon (L.) Pers. 

171 

ERV 

Capim-burro 

- 

171. Rhynchelytum repens (Willd.) C.E. Hubb. 

170 

ERV 

- 


FOLYGALACEAE 

172. Polygala variabilis H. B. K. 

6116 

- 

- 

- 

POLYGONAGEAE 

173. Triplaris tomentosa Willd. 

6124 

- 

- 

- 


Rodriguísia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 





cm .. 



64 


Lemos, J. R. 


FA!\ 1 ÍLLVESP ÉCIE REE IL\B. N. VULGAR H ABIT. 

PORTULACACEAE 

174. Poríulaca elatiorMan. 6128 ERV - LU 


RHAMNACEAE 

175. Colubrina cordifolia Rcissck 

176. Ziziphus joazeiro Mart. 

RUBIACEAE 

1 77. Diodia teres Walt. 

178. Guettarda angélica Mart. ex Miill. Arg. 

179. Tocoyena formosa (Schum & Schl.) Schum. 

RUTACEAE 

1 80. Pilocarpus jaborandi Holmcs 

181. Zanthoxylum hamadryadicum Pirani 

1 82. Zanthoxylum stelligerum Tuck. 

SAPINDACEAE 

1 83. Allophylus cdulis (A. St.-Hil.) Hadlk. 

1 84. Cardiospermum corindum L. 

1 85. Cardiospermum halicacabum L. 

186. Magonia glabrata A. St.-Hil. 

1 87. Talisia esculenta Radlk. 

SAPOTACEAE 

1 88. Pouteria gardneriana (A. DC.) Radlk. 

SCROPI 1ULARIACEAE 

1 89. Scoparia dulcis L. 

SOLANACEAE 

190. Physalis angu lata L. 

191. Solanum paniculatum L. 

STERCUIJACEAE 

192. Helicteres baruensis Jacq. 

193. Helicteres heptandra L. B. Sm. 

194. Helicteres mollis K. Schum. 

1 95. Helicteris muscosa Mart. 

196. Melochia tomentosa L 

197. Waltheria sp. 

TIIJACEAE 

198. Luehea sp. 

TURNERACEAE 

199. Piriqueta duarteana Urb. 

200. Turnera blanchetiana Urb. 

201 . Turnera calyptrocarpa Urb. 

202. Turnera ulmifolia var. guianensis Aubl. 


6104 

JRL75 

ARB 

Sabão 

C 

JRL87 

ARV 

Juazeiro 

C 


137 

ERV 

- 


5405 

ARB 

- 

T 

173 

JRL69 

ARB 

Genipapinho 

C 

JRL67 

ARV 

Jaborandi 

C 

JRL54 

ARV 

Pratudo 

C 

5408 

JRL47 

ARB 

Laranjinha 

C 

3833 

ARV 

_ 

C 

6645 

LIA 

Chumbinho 

C,T 

JRLI18 

LIA 

Chumbinho 

C 

JRL81 

ARV 

Tingui 

C 

JRL105 

ARV 

Pitombcira 

C 

JRL86 

ARV 


C 


145 

ERV 

Vassourinha 

RU 

JRL95 

SUB 

Camapu 

RU 

JRL82 

ARB 

Jurubcba 

C 


JRL100 

/\RB 

Guaxumbo 

C,T 

JRL124 

ARB 

Guaxumbo 

C 

JRL1 19 

ARB 

- 

C 

34 

ARB 

- 

C 

JRL104 

SUB 

Mutamba-dc-roça 

C 

JRL94 

SUB 

Mutamba 

C.LU 

JRL85 



c 


JRL101 

ERV 

Malva-dc-vassoura T 

JRLI23 

ERV 

C,T 

JRLI20 

ERV 

- 

JRL103 

ERV 

C 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 




cm 


Composição florística do Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil ^ 


FAMÍIJA/ESPÉCIE 

REE 

HÁB. 

N. VULGAR 

HABIT. 

ULMACEAE 
203. Ceitis sp. 

JRL125 

ARV 


C 

204. Trema micrantha Blume 

JRL122 

ARB 

Mutamba 

C 

URTICACEAE 

205. Laportea sp. 

JRL126 

ARB 

- 

C 

VELLOZIACEAE 

206. Nanuza aff. plicata (Mart.) L. B. Sm. & Ayensu 

JRL130 

ERV 

Canclinha 

T 

VERBENACEAE 
207. Lantana cantara L. 

JRL93 

ARB 

Camará 

RU 

VISCACEAE 

208. Phoradeitdron sp. 

JRL121 

EP 

Enxerto 

- 

VOCHYSIACEAE 

209. Callistliene micrvphylla Wann. 

JRL84 

ARV 

Folha miúda 

C 

2 1 0. Qtialea parviflora Mart. 

JRL102 

ARV 

Pau-terra 

c 


Agradecimentos 

À Fundação Museu do Homem Americano- 

FUMDHAM, co-gestora do Parque Nacional 

Serra da Capivara, pelo apoio logístico em campo. 

Referências Bibligráficas 

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Rodai, M. J. N. 2003. Florística e fitossocio- 
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M. A.; Rodai, M. J. N. & Fernandes, A. 

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Cronquist, A. 1981. An integrated system of 
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Emperaire, L. 1984. A Região da Serra da 
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Fundação Museu do Homem Americano, 
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Lemos, J. R. & Rodai, M. J. N. 2002. Fitosso- 
ciologia do componente lenhoso de um tre- 
cho da vegetação de caatinga no Parque 
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Castro, A. A. J. F. & Rodai, M. J. N. 1997. 
Flora e fitossociologia de uma área de tran- 
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de Doutorado, Universidade Estadual de 
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Rodai, M. J. N.; Andrade, K. V. de S.; Sales, 
M. F. de & Gomes, A. P. S. 1998. 
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Souza, M. J. N. de; Martins, M. L. R.; Soares, 
Z. M. L.; Freitas-Filho, M. R. de; Almeida, 
M. A. G. de; Pinheiro, F. S. de A.; 
Sampaio, M. A. B.; Carvalho, G. M. B. 
S.; Soares, A. M. L.; Gomes, E. C. B. 
& Silva, R. A. 1994. Redimensionamento 
da região semi-árida do Nordeste do 
Brasil. In: Conferência Nacional e 
Seminário Latino-Americano da Deser- 
tificação. Fundação Esquel do Brasil. 
Fortaleza, Ceará. 25p. 


Rodrigufsia 55 ( 85 ): 55 - 66 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 


NOVOS SINÔNIMOS PARA ESPÉCIES DE SCMJLTESIA MART. E XESTAEA 

Griseb. (Gentianaceae) 1 

Elsie Franklin Guimarães 2 


Resumo 

(Novos sinônimos para espécies de Schultesia Mart. e Xestaea Griseb. (Gentianaceae)). Foram sinonimizados 
seis táxons ( Schultesia apiculata Huber, S. paliais Bunbury, S. stenophylla y paliais (Bunbury) Progel, S. 
guianensis f. lutescais Standl. & Steyerm., S. hassleriana Chodat, S. braehyptera Cham. f. Iieterophylla 
(Miq.) Jonker) em espécies do gênero Schultesia e dois ( Schultesia lisianthoides (Griseb.) Benth. & Hook. ex 
Hemsl., S. peckiana B.L. Rob.) em uma espécie de Xestaea (Gentianaceae). 

Palavras-chave: Taxonomia, Gentianaceae, Schultesia , Xestaea, novos sinônimos. 


Abstract 

(New synonyms for Schultesia Mart. and Xestaea Griseb. species (Gentianaceae)). This work proposes six 
synonyms ( Schultesia apiculata Huber, S. pallens Bunbury, S. stenophylla y pallens (Bunbury) Progel, S. 
guianensis f. lutescens Standl. & Steyerm., S. hassleriana Chodat, S. braehyptera Cham. f. heterophylla 
(Miq.) Jonker) in species of the genus Schultesia Mart. and two ( Schultesia lisianthoides (Griseb.) Benth. & 
Hook. ex Hemsl., S. peckiana B.L. Rob.) in species of Xestaea Griseb. (Gentianaceae). 

Key-words: Taxonomy, Gentianaceae, Schultesia , Xestaea, new synonyms. 


Introdução 

Este trabalho é parte dos resultados 
obtidos na revisão taxonômica do gênero 
Schultesia (Guimarães 2002). O gênero foi 
descrito por Martius em 1827. Desde então, 
diversos autores deram suas contribuições, 
tendo se destacado os estudos realizados por 
Grisebach (1836), Progel (1865) e Gilg (1895), 
que procuraram reunir as espécies, elaborando 
chaves analíticas ou estabelecendo sistemas 
de classificação. O gênero apresenta 
distribuição pantropical, com centro de 
diversidade na América do Sul, principalmente 
no Brasil, onde ocorrem 18 espécies. 

O gênero monotípico Xestaea , com 
distribuição na América Central e norte da 
América do Sul, foi incluído em Schultesia por 
Gilg ( 1 865). Atualmente, Struwe & Albert (2002), 
com base nos estudos em biologia molecular 
e morfologia, e nos resultados obtidos por 
Maguire & Boom (1989) e Nilsson (2002) para 
o pólen de Xestaea, restabelecem o gênero de 
Grisebach, considerando que o padrão da exina 
é claramente diferente de Schultesia. 


Concorda-se com os autores no que diz respeito 
ao restabelecimento do gênero Xestaea. 

Propõe-se, neste trabalho, novos sinô- 
nimos para espécies dos dois gêneros, que 
habitam geralmente brejo herbáceo, campo 
rupestre, cerrado, veredas, savanas e, às vezes, 
áreas antrópicas. 

Material e Métodos 

Foram consultados materiais botânicos 
herborizados, depositados nos herbários B, BR, 
CGE, F, a GH, K, M, MG MO, RB, S, U 
(siglas conforme Holmgren et al. 1990), e 
materiais oriundos de diversas coletas 
realizadas no período de 1999 a 2002. 

Resultados e Discussão 

Schultesia braehyptera Cham., Linnaea 8: 8. 
1833. Grisebach, Gen. Sp. Gentianarum, 128. 
1839; Grisebach in A. De Candolle, Prodr. 9: 
68. 1845; Progel in Martius, Fl. bras. 6(1): 208, 
Fig. 57. 1865; Jonker i/i Pulle,Fl. Suriname 4(1): 
402. 1936; Standley & Williams, Fieldiana 
(Bot.) 24(8): 328. 1969; Lemeé, Fl. Guyane 


Artigo recebido em 1 1/2003. Aceito para publicação em 06/2004. 

'Este trabalho 6 parte da tese apresentada no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro 

2 Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro / Bolsista do CNPq. Rua Pacheco Leão, 915 
22460-030- Rio de Janeiro - RJ. eguimar@jbrj.gov.br 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 



68 

Française 3: 278. 1953; Maguire & Boom, 
Mem. New York Bot. Gard. 51; 18. 1989. 
Typus: E Bahia omnium Sanctomm Brasília 
misit Lhotzky. ( typus não localizado). 

Schultesia apiculata Huber, Boi. Mus. 
Paraense Hist. Nat. 2(2); 511. 1898. Typus: Ad 
fluvium Maraca Guianae Brasiliensis. 
VII. 1896, M. Guedes n°623. ( holotypus 
MG!; isotypus RB!). Syn. nov. 

Chamisso (1833) descreve 5. 
brachyptera detalhadamente, a partir do 
material coletado por Lhotzsky no estado da 
Bahia, mencionando que as folhas inferiores 
são elípticas, as superiores linear-lanceoladas, 
estreitas, agudas, com cálice membranáceo 
com ângulos providos de nervuras espessas e 
alas estreitas desprovidas de nervuras. Flores 
purpúreas ou violáceas; óvulos numerosos. 

Grisebach (1839) trata desta espécie, 
mencionando que as flores possuem pedicelos 
muito curtos, que as folhas inferiores são 
distintas das superiores, obtusas e acuminadas, 
respectivamente, e que o cálice apresenta ala 
linear. Cita como material estudado os 
exemplares de Sellow (Brasília), Salzmann 
(Bahia), Leprieur s.n. e Blanchet n°72. 

Progel (1865) situa S. brachyptera entre 
as espécies com cálice carenado ou alado, 
sendo que as alas são desprovidas de nervuras. 
Cita todos os materiais mencionados pelos 
autores anteriores, acrescenta os de Hostmann 
427, Splitgerbere Wullschlágel, sem número. 
Huber (1898) descreve Schultesia apiculata 
com base em material coletado no Rio Maracá 
sob o n° 623, com holotypus depositado no 
herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi 
(MG); e Guimarães (1966) cita o isotypus para 
o herbário do Jardim Botânico do Rio de 
Janeiro (RB). 

A análise das coleções permitiu colocar 
a espécie de Huber como sinônimo de S. 
brachyptera, principalmente por apresentar o 
cálice carenado, o que concorda com aqueles 
das coleções dos materiais analisados e com a 
estampa fornecida por Progel (1865, fig. 57). 

Embora não se tenha recebido o material 
tipo coletado por Lhotzsky na Bahia, foram 


Guimarães, E. F. 

examinados todos os exemplares acima 
citados, o que deu-nos uma convicção quando 
comparados com a diagnose original. Além 
disso, Progel menciona o typus colocando-o 
junto aos demais materiais por ele e por nós 
também estudados, apresenta estampa das 
peças florais que concordam com nossa 
conceituação, principalmente quando apresenta 
o detalhe do cálice desprovido de alas nervadas. 

Por outro lado, em correspondência 
mantida com o pesquisador P. Maas, da 
Universiteit Utrecht, quando da consulta da 
localização do typus do material de Lhotsky, o 
mesmo não conseguiu encontrar o referido 
material, que ainda se pretende localizar. 

Schultesia gracilis Mart., Nov. Gen. et Sp. 
2(2): 105, tab. 181. 1827. G. Don, Gen. hist. 
4(1): 196. 1838; Grisebach, Gen. Sp. Gent. 
128. 1839; Progel in Martius, Fl. bras. 6(1): 
206. 1865; Cordeiro in Giulietti et ai. Boi. Bot. 
Univ. São Paulo 9: 237. 1987. Typi: Crescit in 
campis montanis inter Lorena Villam et S. 
Pauli Civitatem variis locis, in Provinda S. 
Pauli, prope S. João d’ El Rey, Villa Rica et 
alibi in Provinda Mina rum, altitudine 1500- 
3900 pedum supra oceanum, Martius - 
syntypi (M); Prov. Minas Gerais, Habitat 
in campis Contenda - lectotypus (M!) hic 
designatus. 

Schultesia pallens Bunbury, Proc. Linn. 
Soc. London 1: 110. 1849; Malme, Ark. Bot. 
3(12): 11. 1904. Typus: Prope Gongo Soco in 
Prov. Minas Geraes ( typus não localizado). 

Syn. nov. 

Schultesia stenophylla y pallens 
(Bunbury) Progel, l.c.: 207; Malme, l.c.: 10. 1904. 
Typus: Prope Gongo Soco in Prov. Minas 
Geraes ( typus não localizado). Syn. nov. 

Martius (1827) descreve com detalhes 
S. gracilis e apresenta estampa elucidativa 
com base cm material coletado em São Paulo, 
Lorena c várias outras localidades daquele 
estado; em “São João d’El Rey, Villa Rica” 
como também em outras localidades do estado 
de Minas Gerais, sem, no entanto, especificá- 
las. Embora não se tenha recebido alguns dos 

Rodrigutsia 55 ( 85 ): 67 - 72 . 2004 



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Novos sinônimos para espécies ele Schuliesia Man. e Xestaea Griseb. (Genlianaceae) 


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exemplares com localidade mencionadas por 
Martius em sua diagnose original, recebemos 
outros por ele coletados e por nós examinados, 
oriundos do herbário de Munique (M), que nos 
permitiu considerá-los como sintypi da 
coleção, “Habitat in campis ad Contenda Prov. 
Min. Ger. Martius Iter Brás - Apr.”, Prov. Mi- 
nas Gerais, Martius Iter Brasil, (963) e Prov.. . 
Minas Gerais, Martius (560), os três exempla- 
res determinados por Martius como S. gracilis 
Mart. 

Quando da análise dos referidos 
exemplares considerados sintypi , selecionou- 
se o exemplar “Prov. Minas Gerais, Habitat in 
campis Contenda” como o lectotypus de 
Schuliesia gracilis Mart., uma vez que esta 
exsicata detém uma amostra que se mostrou 
idêntica, quando comparada com o desenho 
original de Martius. 

Malme (1904), com base nos estudos dos 
materiais de Regnell 1 11-896 e III- 1 788 
depositados no herbário de Stockholm (S), faz 
algumas referências sobre S. pallcns, 
indicando ser esta espécie provável sinônimo 
de S. gracilis. 

Com base na diagnose de Bunbury (1849), 
que menciona ser esta espécie caracterizada 
por apresentar “ foliis oval is cllipticisque 
acutiusculis: summis lineari-lanceolatis 
acuminatis , fio ribas terminalibus 

subsolitariis, alis calycis dilatatis semiovatis, 
corollae laciniis obovato-rhombeis breviter 
acuminatis integerrimis ”, concorda-se com 
Malme (1904). dado que foram analisados os 
mesmos exemplares por ele estudados. 

As pesquisas realizadas nos herbários 
para a localização da coleção-tipo de S. 
pallcns foram infrutíferas, mesmo quando 
consultado o herbário da Universidade de 
Cambridge (CGE), onde se supõe esteja 
depositada a coleção de C. J. F. Bunbury. 
(Urban 1906). 

Indica-se S. pallcns como sinônimo novo, 
levando-se em consideração as informações 
de Malme, com as quais concorda-se, e, 
sobretudo, as observações das características 
similares entre esta espécie e S. gracilis. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 67 - 72 . 2004 


Schuliesia guianensis (Aubl.) Malme var. 
guianensis, Ark. Bot. 3(12): 9. 1904. Lemeé, 
Fl. Guyane Française 3: 278. 1953; Standley 
& Williams, Fieldiana (Bot.) 24(8): 330. 1969; 
Elias & Robyns in Woodson, Schery et al. Fl. 
Panamá. Ann. Missouri Bot. Gard. 62: 82. 
1975; Maguire & Boom, Mem. New York Bot. 
Gard. 51: 19. 1989. 

Exacum guianensis Aubl., Hist. Pl. 
Guiane 1: 68, tab. 26, fig. 1. 1775. Typus: 
Guiane Française. Coleção de Aublet: P-R3: 
113 (holotypus - P apuei Howard (1983)). 

Schuliesia guianensis f. lutescens 
Standl. & Steyerm., Field. Mus. Nat. Hist., Bot. 
Ser. 23(2): 77. 1944. Typus: Guatemala, Dept. 
Jalapa, damp meadow in oak forest, near 
Jalapa, alt. 1360 meters, november 1940, Paul 
C. Standley 76561 (holotypus F!); Honduras, 
Dept. Comayagua, dry open bank, near 
Siguatepeque, 1400 meters, February 1928, 
PC. Standley 56088 ( paratypus F!). Syn. nov. 

Standley & Steyermark (1944) des- 
crevem S. guianensis f. lutescens , com base 
em material coletado na Guatemala, em Jalapa. 
Esclarecem que esta forma difere da típica 
pela corola pálido-amarelada ou branco- 
amarelada ou por ser ainda erva de pequeno 
porte com cerca de 2-3 cm de altura. A análise 
do holotypus (P. C. Standley 76561) e do 
paratypus (P. C. Standley 56088), depositados 
no Field Museum of Natural History (F), o 
primeiro em flor e o segundo em fruto, permitiu 
estabelecer a sinonimia para S. guianensis. 

Schuliesia hcterophylla Miq., Linnaea 19: 137. 
1847. Walpers, Repert. Bot. Syst. 6: 502. 1847; 
Grisebach, Fl. Brit. W. I. 5: 423. 1862; Progel 
in Martius, Fl. bras. 6(1): 208. 1865; Hemsley, 
Biol.cent. -amer., Bot. 2(11): 348. 1882; Urban, 
Symb. antill. 4(3): 490. 1910; Urban, l.c. 8(2): 
537. 1921; Sauget & Liogier, Contr. Ocas. 
Mus. Hist. Nat. Colégio “De La Salle” 4: 164. 
1957; Elias & Robyns in Woodson & Schery, 
Ann. Missouri Bot. Gard. 62: 81. 1975. Typus: 
Cresci I prope plantationes Vier Kinderen et 
T Inquietude, m. Sept., Focke s.n., apud 
Jonker (1936), (typus não localizado). 



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Schultesia hassleriana Chodat, Buli. 
Herb. Boissier 3, ser. 2: 549. 1903. Typus: Ad 
marginem lagunae pr. Arroyo Primero 
(Apa), Febr, E. Hassler 8495 ( holotypus G; 
isotypi B!; K!; MO!; Foto do typus F!). Syn. 
nov. 

Schultesia brachyptera f. heterophylla 
(Miq.) Jonker in Pulle, Fl. Suriname 4( 1 ): 403. 
1936. Typus: Crescit prope plantationes Vier 
Kinderen et T Inquietude, m. Sept., Focke 
s.n., apud Jonker (1936), ( typus não 
localizado). Syn. nov. 

Miquel (1847) classifica S. heterophylla 
com base em material das "Plantae 
fockeanae" “ Crescit prope plantationes Vier 
Kinderen et V Inquietude, M. Sept”. 
Esclarece que é espécie de porte maior que 
S. brachyptera, e que apresenta alas do 
cálice espessas nas margens, levemente 
denticuladas. 

Chodat (1903) descreveu S. hassleriana, 
tomando como referência o material coletado 
em ”ad marginem lagunae” pr. Arroyo 
Primeiro (APA) feb. Hassler 8495, com 
holotypus depositado no herbário de Genève 
(G), tendo-se examinado deste os isotypi 
depositados nos herbários de Berlim (B), Kew 
(K) e Missouri Botanical Garden (MO). 

Jonker (1936) trata S. heterophylla 
como forma de S. brachyptera. Assinala em 
seu trabalho o material coletado por Focke s.n., 
como correspondente à forma heterophylla, 
entre outros considerados por ele como da 
típica. 

Não recebemos o material coletado por 
Focke na coleção examinada de Utrecht (U) 
e, conforme P. Maas (com. pess.), o mesmo 
não existe naquele herbário. Também não foi 
encontrado nos demais para os quais solicitou- 
se empréstimo de material para os estudos. 

Xestaea lisianthoides Griseb., Linnaea 22: 
36.1849. 

Schultesia lisianthoides (Griseb.) 
Benth. & Hook. ex Hemsl., Biol. cent. - amer., 
Bot. 2(11): 348. 1882. Standley & Williams, 
Fieldiana (Bot.) 24(8): 331. 1969; Elias & 


Guimarães, E. E 

Robyns, in Woodson & Schery, Fl. Panamá. 
Ann. Missouri Bot. Gard. 62: 83, fig. 7. 1975. 
Typus: Ad fossas húmidas pr. Bituco fl. m. 
febr., E. Otto 553 ( holotypus BR!). Syn. nov. 

Schultesia peckiana B.L. Rob., Proc. 
Amer. Acad. 45: 399. 1910. Typus: British 
Honduras about plantations and in the openings 
of the forests nest Manatee Lagoon, 27 
january, 1906 Reof. Norton E. Peck 318 
( holotypus GH!; Foto do typus F!). Syn. nov. 

Grisebach (1849) descreve X. 
lisianthoides com base em material coletado 
na Venezuela "ad fossas húmidas pr. Bituco, 
fl. m. febr., E. Otto 553”, depositado em 
Bruxelles; mais tarde Bentham & Hooker 
(1876) colocam o gênero Xestaea como 
sinônimo de Schultesia. 

Agradecimentos 

Ao Dr. Jorge Fontella Pereira, pelo apoio, 
incentivo e colaboração na discussão do tema. 
Aos curadores dos herbários, pelo empréstimo 
dos materiais. À Ms. Mariana Machado 
Saavedra, pela atenção que sempre dispensou 
a esta pesquisadora. Ao Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
- CNPq, pela bolsa concedida. 

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Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no 
Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 

William Gomes Lima 1 & Rejan R. Guedes-Brunr 


Resumo 

(Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro) Realizou-se o estudo 
morfológico e taxonômico dos táxons de Myrceugenia O. Berg (Myrtaceae) do Parque Nacional do Itatiaia e 
avaliou-se a utilização dos caracteres vegetativose elementos florais como informação diagnóstica. O estudo 
consta de descrições, chave analítica, observações de campo efetuadas durante as coletas e levantamento de 
herbários. Foram assinalados para a área oito táxons: Myrceugenia alpigena (DC.) Landrum var. alpigena ; 
M. bracteosa (DC.) D. Legrand & Kausel; M. campestris (DC.) D. Legrand & Kausel; M. cucullata D. 
Lcgrand; M. glaucescens var. latior Burret (Landrum); M. miersiana (Gardner) D. Legrand & Kausel, M. 
ovata var. rcgnelliana (O. Berg) Landrum e M. seriatoramosa (Kiaersk.) D. Legrand & Kausel. Os caracteres 
diagnósticos considerados para os táxons foram forma da inflorescência, do botão floral, dos prótilos e lobos 
calicinais bem como presença e ausência de nervura intramarginal. Os caracteres vegetativos por si só nao 
constituíram elementos suficientemente diagnósticos para os táxons ocorrentes na área. Foram registradas 
duas novas ocorrências para o estado do Rio de Janeiro: M. campestris e M. cucullata. 

Palavras-chave: Myrtaceae, Myrceugenia, Itatiaia, Rio de Janeiro, Mata Atlântica. 

Abstract 

(Myrceugenia (Myrtaceae) occurring in Itatiaia National Park, Rio de Janeiro) A morphological and taxonomic 
analysis of the species of Myrceugenia O. Berg (Myrtaceae) in Itatiaia National Park, Rio de Janeiro, Brazil, 
was carried out. In addition to determining the species present in the Park, the usefulness of vegetative and 
floral characters as diagnostic tools was evaluated. The study includes descriptions, an identification key, 
observations made in the field and from herbarium collections. Eight taxa were identified: Myrceugenia 
alpigena (DC.) Landrum var. alpigena ; M. bracteosa (DC.) D. Legrand & Kausel; M. campestris (DC.) D. 
Legrand & Kausel; M. cucullata D. Legrand; M. glaucescens var. latior Burret (Landrum); M. miersiana 
(Gardner) D. Legrand & Kausel, M. ovata var. regnelliana (O. Berg) Landrum and M. seriatoramosa (Kiaersk.) 
D. Legrand & Kausel. Diagnostic characters found useful were the shapes of the inflorescence, the flower 
bud. the prophyll and the calyx-lobes, as well as the presence or absence of an intramarginal vein. Vegetative 
characters alone are not diagnostic to distinguish the species of Myrceugenia in the Park. Two new occurrences 
for the State of Rio de Janeiro were registered: M. campestris and M. cucullata. 

Kcy-words: Myrtaceae, Myrceugenia, Itatiaia, Rio de Janeiro, Atlantic Forest. 


Introdução 

A família Myrtaceae Adans. apresenta 
ampla distribuição, ocorrendo, preferen- 
cialmente.nas zonas tropicais e subtropicais, 
com número de espécies estimado entre 3.500 
(Barroso et al 1984) e 5.800 (Lughadha & 
Snow 2000), subordinadas a cerca de 100 
gêneros (Landrum & Kawasaki 1997). 
Considerada uma das mais importantes famílias 


da flora brasileira, com 23 gêneros (Landrum 
& Kawasaki 1997) e cerca de 820 espécies 
nativas ou subespontâneas (Barroso et al. 
1984), é frequentemente citada como um dos 
grupos lenhosos dominantes em diversas 
formações naturais, sobretudo na Mata 
Atlântica (Reitz et al. 1978, Leitão-Filho 1993, 
Barroso & Peron 1994, Peixoto & Gentry 
1990). 


Artigo recebido cm 1 2/2003. Aceito para publicação cm 07/2004. 

«Aluno de Ciências Biológicas. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Bolsista (PIBIC/CNPq), Instituto de 
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, wlima@jbrj.gov.br 

: Pesquisadora Titular, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão 915. Cep.: 22460- 
030. Rio dc Janeiro. 



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Siqueira (1994) objetivando avaliar o 
padrão florístico da Mata Atlântica e tendo por 
base 63 inventários, contabilizou 206 espécies 
arbóreas de Myrtaceae ocorrendo desde 
Alagoas até o Rio Grande do Sul. 

Oliveira-Filho & Fontes (2000), por sua vez, 
reunindo o resultado de 125 listagens, igualmente 
oriundas de inventários florísticos, indicaram, 
dentre as 308 espécies de Myrtaceae 
relacionadas, os seguintes gêneros como sendo 
de maior riqueza: Eugenia (108 ssp.), Myrcia 
(57 spp.), Marlierea (27 spp.) e Gomidesia (25 
spp.), sendo que Mynccugenia aparece com 1 3 
espécies restritas à fisionomia altomontana. 

No Parque Nacional do Itatiaia, 
importante remanescente de Mata Atlântica 
na Serra da Mantiqueira no estado do Rio de 
Janeiro, o inventário realizado até o momento, 
aponta 72 espécies de Myrtaceae, demons- 
trando a riqueza de espécies desta família 
dentre as plantas vasculares (Programa Mata 
Atlântica 1999). 

Myrceugenia é um dos 40 gêneros de 
Myrtaceae americanos subordinado à subtribo 
Myrciinae (McVaugh 1968). Suas espécies 
crescem em clima moderadamente frio a 
temperado e subtropical da América do Sul, 
ocorrendo em duas áreas geograficamente 
disjuntas: 1) Chile e Argentina sul-ocidental; 
2) Paraguai, Uruguai, Sudeste e Sul do Brasil 
(Kausel 1947). 

Landrum (1981) realizou o último estudo 
sistemático abrangente de Myrceugenia, 
considerando um total de 45 táxons na região 
Neotropical. Destes, 31 ocorrem no Brasil e 
1 6 no estado do Rio de Janeiro (Landrum 1981; 
1984) dos quais oito são referenciados para o 
Parque Nacional do Itatiaia (Programa Mata 
Atlântica 1999). 

Alguns trabalhos de floras locais têm 
contribuído para o conhecimento de 
Myrceugenia: Kawasaki (1989), Mazine (1998) 
e Soares-Silva (2000). Estudos florísticos 
realizados no estado do Rio de Janeiro também 
contribuíram para o conhecimento de 
Myrceugenia: Barroso & Peron (1994) e 
Barroso & Marques (1997). 


Lima, IV. G & Guedes-Bruni, R. R. 

O presente estudo objetivou inventariar 
os táxons de Myrceugenia ocorrentes no 
Parque Nacional do Itatiaia, sua distribuição 
nas diferentes fisionomias de vegetação, 
apresentar o tratamento taxonômico e avaliar 
a utilização de caracteres vegetativos como 
critérios diagnósticos para diferenciar os 
táxons. 

* 

A ré a de Estudo 

O Parque Nacional do Itatiaia (22‘30’e 
22’33’S; 42*15’ e 42*19’W) está localizado na 
Região Sudeste do Brasil, no sudoeste do 
estado do Rio de Janeiro circunscrito aos 
municípios de Resende e Itatiaia no Rio de 
Janeiro, e ao sul de Minas Gerais aos municípios 
de Aiuruoca, Liberdade e Itamonte, possuindo 
área aproximada de 30.000 ha (IBAMA 1997). 
(Figura 1). 

A topografia do Parque é montanhosa, 
incluindo encostas e o topo do planalto da Serra 
da Mantiqueira, a 2.200 metros de altitude de 
onde emergem gigantescos penhascos 
rochosos exemplificados pelas Prateleiras e 
Agulhas Negras com 2.787 metros, 
constituindo-se o ponto culminante do Parque 
(IBAMA 1997). 

A cobertura florestal contínua em 
diferentes estágios sucessionais, tem 
aproximadamente 21.767,98 hectares sendo 
que a área dos afloramentos corresponde a 
aproximadamente 500 hectares (Guedes-Bruni 
1998), enquanto a cobertura campestre (nativa 
ou não) recobre as outras porções. A 
vegetação local predominante, de acordo com 
a classificação de IBGE (1991), é do tipo 
Floresta Ombrófila Densa montana e 
altomontana. Ocorre, associada às florestas, 
nas porções acima de 2. 100 m s. m.. na região 
do planalto, os campos de altitude, fisionomia 
denominada Refúgio Ecológico IBGE ( 1991), 
onde há o predomínio de ervas e arbustos e 
algumas arvoretas isoladas. 

Brade (1956) em seu clássico estudo 
sobre a Flora do Parque Nacional do Itatiaia, 
cita a ocorrência de três táxons de Myrtaceae, 
sem, contudo relacionar qualquer um de 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


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Myrceugenia (Mxrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 


75 



Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo. 


Myrceugenia. Ribeiro & Medina (2002), 
estudando ilhas de vegetação no planalto 
assinalam a ocorrência de 74 espécies 
vasculares, dentre as quais duas morfoespécies 
de Myrtaceae, em contraste com a dominância 
e riqueza deste grupo nas fisionomias florestais 
circunscritas à Floresta Ombrófila Densa 
Atlântica, conforme pode ser visto nas listagens 
de inventários nos estados do Rio de Janeiro, 
São Paulo, Minas Gerais, entre outros. 

Matkeial e Métodos 

Foram analisadas as coleções dos 
seguintes herbários: GUA, HB, ITA, R, RB, 
RBR, RFA, RUSU, SP e UEC (Siglas de 
acordo com Holmgren et ai. (1990), exceção 
feita ao herbário ITA, que não foi ainda 
indexado). 

O trabalho de campo foi realizado no 
período de 1999 e 2000. As coletas visaram a 
documentação fotográfica do hábito e de 


detalhes morfológicos (vegetativos e florais) 
dos espécimes, bem como dos principais 
aspectos das fitofisionomias onde ocorrem. Os 
materiais coletados foram herborizados 
segundo técnicas usuais de coleta e preparação 
e encontram-se depositados na coleção do 
Herbário RB. Os estudos em laboratório da 
morfologia das folhas, estruturas florais e 
frutíferas, assim como as ilustrações foram 
feitos utilizando-se estereomicroscópio Zeiss, 
equipado com câmara clara. 

As mensurações de comprimento e 
largura de estruturas vegetativas e florais foram 
obtidas pelos maiores eixos dos respectivos 
caracteres. Os termos comprimento e largura 
foram omitidos e, quando é citado apenas um 
valor de medida, significa que este se refere 
apenas ao comprimento. 

Para a descrição da morfologia externa 
de estruturas vegetativas e florais adotou-se a 
nomenclatura proposta por Rizzini (1977) e 


Rodriguísia 55 (85): 73-94. 2004 



SciELO/JBRJ, 


13 14 




cm .. 



76 

Stearn (1993) respectivamente; o padrão de 
nervação e demais detalhes relacionados à 
arquitetura foliar seguem Hickey (1974); para 
a diafanização das folhas foram empregados 
os métodos de Forster (1974) e Strittmater 
(1973), enquanto os tipos de indumento seguem 
Harrington & Durrel (1957) e Radford et al. 
(1986); as inflorescências foram descritas de 
acordo com os conceitos de Weberling (1992) 
e Briggs & Johnson ( 1 979); para o tipo de fruto 
e de semente adotou-se Barroso et al. (1999); 
a classificação fitogeográfica encontra-se em 
conformidade com IBGE (1991); os dados de 
floração e frutificação, habitats, observações 
ecológicas e distribuição geográfica foram 
obtidos através de excursões de campo, 
etiquetas de herbários e bibliografia. 

A determinação do número de bolsas 
secretoras (pontuações translúcidas) por mm 2 
foi feita pela projeção do campo examinado 
em um quadrado de 1 mm de lado. O campo 
examinado foi estabelecido na região mediana 
da lâmina a título de padronização. Segundo 
Metcalfe & Chalk (1987) bolsas secretoras são 
células subepidérmicas de origem esquizógena. 
contendo substâncias essenciais e são comuns 
a todas as espécies de Myrtaceae. 

Resultados e Discussão 

Myrceugenia O. Berg, Linnaea 27: 1 3 1 . 1 855. 

Arbustos a árvores, 0,5 a 12 m alt. 
Indumento de ramos e folhas jovens, pecíolos, 
inflorescências, peças florais variando de 
esparso a denso pubescente, seríceo a 
tomentoso, de coloração ferrugíneo, ocráceo 
a albo-ocráceo, constituído de tricomas simples, 
dibraquiados assimétricos a simétricos ou 
mistos com uma mistura de simples e 
dibraquiados, geralmente adpressos. Ramos 
cilíndricos quando adultos e achatados quando 
jovens, de eretos a flexuosos, casca lisa a 
estriada e esfoliante, quando adultos 
glabrescentes. Folhas com pecíolos 
canaliculados na face adaxial. Lâminas foliares 
opostas, elípticas, lanceoladas, oblongas, 
ovadas, ápice agudo, acuminado ou obtuso, 
mucronado ou não, base aguda, cuneada, raro 


Lima, IV G & Gucdes-Bnmi, R. R. 

obtusa, discolores, coriáceas, cartáceas ou 
membranáceas. quando adultas glabrescentes, 
raro conservando alguma pubescência na 
nervura mediana; bolsas secretoras esparso a 
densamente distribuídas perceptíveis ou não a 
olho desarmado; nervura mediana impressa ou 
sulcada na face adaxial, proeminente na face 
abaxial, nervuras secundárias ascendentes, 
normalmente inconspícuas na face adaxial e 
promínulas na face abaxial, fechamento dos 
laços em ângulo obtuso, nervuras intersecun- 
dárias admediais ramificadas. Inflorescência 
axilar a subterminal cm mônade, díade 
pedunculada ou não pedunculada e cimóide 
glomeriforme; antopódio cilíndrico a achatado; 
ferófilos ovados; prófilos em número de dois, 
persistentes até a frutificação, lanceolados a 
ovados. Flores sésseis, tetrâmeras. Botão floral 
globoso ou obcônico, raro obovado. Hipanto 
não elevado acima do topo do ovário, 
campanulado ou obcônico. Lobos calicinais 
quatro, ovado-deltóides, ovado-cuculados e 
menos freqüentemente suborbiculares, 
persistentes até a frutificação. Pétalas quatro, 
orbiculares, obovadas a oblongas, geralmente 
glabras. Androceu com estames numerosos, 
filetes filiformes, anteras oblongas, rimosas, 
bitecas. Gineceu com ovário infero, trilocular, 
raramente bilocular, lóculos multiovulares, 
óvulos em duas linhas inseridas em placen- 
tação central axial estendida e dobrada para 
dentro do lóculo, estilete cilíndrico e terminal. 
Baga globosa de pericarpo carnoso com 1 a 4 
sementes. Sementes ovadas a obovadas, testa 
membranácea. Embrião mircióide. 

O gênero Myrceugenia, juntamente com 
Gomidesia, Calyptranthes, Myrcia e 
Marlierea , pertencem à subtribo Myrciinae 
(Landnim & Kawasaki 1997). Estes autores 
ressaltam, valendo-se de diferentes 
ferramentas, a possibilidade de uma futura 
união de Marlierea e Gomidesia ao gênero 
Myrcia, o que reduziria para três o número de 
gêneros para a subtribo. O embrião mircióide, 
característica que une o grupo, é formado por 
dois cotilédones foliáceos, conduplicados. 
rodeados pelo hipocótiloe radícula alongada. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


13 14 15 




Myrceugenia ( Myrtaceae ) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 


77 


(MacVaugh 1958, Sánchez-Vindas 1990, 
Landrum & Kawasaki 1997). 

Myrceugenia se destaca de todos os 
gêneros da subtribo Myrciinae por apresentar 
inflorescências normalmente em mônades 
(unifloras) ou em díades (bifloras), prófilos 


(bractéolas) persistentes (raramente 
persistentes em Myrcia), flor tetrâmera 
(raramente tetrâmera em Myrcia subgênero 
Aulomyrcia ), hipanto não elevado acima do 
topo do ovário, ovário de lóculos pluriovulados 
(Legrand 1968, Landrum 1984). 


Chave para identificação dos táxons 

1. Inflorescência em cimóide glomeriforme 3. M. campestris 

1’. Inflorescência em mônade ou em díade. 

2. Indumento dos ramos, folhas jovens e estruturas florais, constituído de tricomas assimétrico 
ou simétrico dibraquiados. 

3. Nerv ura intramarginal ausente; antopódio de 0,5-3 mm; botão floral globoso; lobos calicinais 

ovado-cuculados 4. M. cucullata 

3’. Nervura intramarginal presente; antopódio de 5- 1 3 mm; botão floral obcônico; lobos calicinais 
ovado-deltóides. 

4. Lâminas foliares elípticas a lanceoladas; prófilos com linha de emergências basais na 

face adaxial; ovário trilocular 1- M. alpigena var. alpigena 

4’. Lâminas foliares ovadas a oblongas; prófilos sem linha de emergências basais na face 

adaxial; ovário bilocular 7. M. ovata var. regnelliana 

2’. Indumento dos ramos, folhas jovens e estruturas florais, constituído de tricomas simples ou 
misto de tricomas simples e dibraquiados. 

5. Indumento de tricomas simples e dibraquiados; lâmina foliar menor que 3 cm compr.; 

nervura intramarginal ausente; pétalas ovadas ou oblongas 2. M. bracteosa 

5'. Indumento de tricomas simples; lâmina foliar maior que 3 cm compr., nervura intramarginal 
presente; pétalas orbiculares. 

6. Inflorescência em díade pedunculada; prófilos ovados, lobos calicinais ovados a 

suborbiculares 8. M. seriatoramosa 

6’. Inflorescência em mônade ou em díade não pedunculada; prófilos lanceolados, lobos 
calicinais ovados a ovado-deltóides. 

7. Indumento esparso a denso albo-ocráceo seríceo a pubescente; lâminas foliares 

membranáceas; botão floral globoso; hipanto campanulado 

5. M. glaucescens var. latior 

T. Indumento densamente ferrugíneo-tomentoso; lâminas foliares coriáceas; botão 
floral e hipanto obcônicos 6. M. miersiana 


1. Myrceugenia alpigena (DC.) Landrum 
var. alpigena, Brittonia 32(3): 372. 1980. 

Figura 2. 

Arbusto 0,5 a 3 m alt. Indumento de 
ramos e folhas jovens, principalmente na 
nervura mediana, pecíolo, prófilos, botão floral, 
hipanto, lobos calicinais de esparso a denso 
ocráceo tomentoso, constituído de tricomas 
simétricos dibraquiados ca. 0,5 mm. Folhas 
com pecíolos 1-6 mm; lâminas foliares elípticas 


a lanceoladas, ápice agudo a acuminado, base 
cuneada, coriáceas, quando adultas 
glabrescentes, exceto na nervura mediana que 
conserva alguma pubescência, 1,1-4 x 0,5-1, 9 
cm, bolsas secretoras esparsamente 
distribuídas, perceptíveis como pontos negros 
em ambas as faces, 4 a 7 por mm 1 2 , nervura 
mediana impressa na face adaxial, proeminente 
na face abaxial, nervuras secundárias 8-10 
pares com ângulo de divergência ca. 50°, 


Rodriguisia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 





SciELO/JBRJ 




Lima, IV G & Guedes-Bruni, R. R. 



Figura 2 • Myrceugenia alpigena var. alpigena: a - hábito; b - tricoma; c - inflorcscência; d - flor; c - botüo floral; f - face 
abaxial (esq.) e face adaxial (dir); g - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); h - pétalas: face abaxial (esq.) 
e face adaxial (dir.); i - fruto (J. M. A. Braga et al. 4970). 

Rndrigutsia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 





Myrceugema (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 


79 


inconspícuas em ambas as faces, nervuras 
intersecundárias ca. 9, inconspícuas em ambas 
as faces, nervura marginal a 0,5-1 mm do 
bordo, nervura intramarginal muito próxima do 
bordo. Inflorescência em mônade, antopódio 
5-13 mm, prófilos ovados, ápice agudo, com 
linha de emergências basais na face adaxial, 
1-3 x 0,9- 1,5 mm. Botão floral obcônico, 2,5- 
3,5 mm. Hipanto obcônico, 2-3 mm. Lobos 
calicinais ovado-deltóides, ápice agudo, 2-3,5 
x 2,5-3 mm. Pétalas orbiculares, glabras em 
ambas as faces, 4-5 mm diâm. Estames com 
filetes 4-7 mm, anteras 0,3-0,4 mm. Ovário 
trilocular, óvulos 9-10 por lóculo, estilete 
esparso ferrugíneo-tomentoso 5-6 mm. Baga 
3,5-5 mm diâm. Sementes 1-3 mm, 1 a 2 por 
fruto. 

Material examinado: BRASIL, RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do 
Itatiaia, planalto, trilha para as Prateleiras, 
2.400 m s. m., 15.11.1995 (fl), J. M. A. Braga 
et al. 2079 (RB); idem. Estrada para o pico 
das Agulhas Negras, 1.800 m s. m., 
02.XII.1997 (fl), J. M. A. Braga et al. 4470 
(RB); idem , Estrada para o Pico das Agulhas 
Negras, 2.200 m s. m., 23.1. 1997 (fl), J. M. A. 
Braga et al. 3S83 (RB). 

Myrceugenia alpigena var. alpigena 
caracteriza-se por apresentar lâminas foliares 
freqüentemente elípticas ou lanceoladas, 
prófilos com linha de emergências basais na 
face adaxial (característica comum também a 
M. cucullata ) e preferência ecológica pela 
ambiência dos campos de altitude. Landrum 
(1981) considera quatro variedades para M. 
alpigena, sendo que a variedade típica difere 
das demais por apresentar folhas de dimensões 
menores que 5 cm, lobos calicinais de ápice 
agudo e prófilos ovados. 

Ocorre nos estados da Bahia, Espírito 
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e 
Santa Catarina. No Parque Nacional do Itatiaia 
ocorre em altitudes de 1 100 a 2400 m s. m. 
como arbustos heliófilos, semi-ciófilos e 
saxícolas e, conforme mencionado por 
Landrum (1981), tem sido encontrado 
principalmente no Planalto do Itatiaia (Serra 

Rodrigufsia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 


da Mantiqueira) e na Serra dos Órgãos no Rio 
de Janeiro em elevações de 2000 m s. m., 
podendo ainda ocorrer nos campos de altitude 
do Parque Nacional do Caparaó nos estados 
de Minas Gerais e Espírito Santo (Mazine 
1998) e no Pico das Almas, na Serra do 
Espinhaço, Bahia, em elevações similares 
(Lughadha 1995). Coletada com flores de 
janeiro a junho, frutos de setembro a dezembro. 
Em geral, apresenta flores e frutos 
simultaneamente no mesmo ramo. 

2. Myrceugenia bracteosa (DC.) D. Legrand 
& Kausel, Comun. Bot. Mus. Hist. Nat. 
Montevideo 2(28): 6. 1953. 

Figura 3. 

Arbusto a árvore, 1 a 8 m alt. Indumento 
de ramos e folhas jovens, pecíolo, antopódio, 
prófilos, botão floral, hipanto, faces abaxiais 
de lobos calicinais e pétalas de esparso a denso 
ocráceo a albo-ocráceo pubescente, constiuído 
de tricomas simples e dibraquiados com 0,5- 
0,7 mm. Folhas com pecíolos 1,5-5 mm; lâminas 
foliares, elípticas a lanceoladas, ápice agudo, 
base cuneada, coriáceas a cartáceas, quando 
adultas glabrescentes em ambas as faces, 1,2- 
2,6 x 0,4- 1,8 cm, bolsas secretoras esverdeadas, 
salientes, densamente distribuídas, visíveis em 
ambas as faces, 10 a 13 por mm 2 , nervura 
mediana impressa na face adaxial, proeminente 
na face abaxial, nervuras secundárias 9-15 
pares com ângulo de divergência ca. 60°, 
inconspícuas na face adaxial, promínulas na 
face abaxial, nervuras intersecundárias 7-11, 
inconspícuas em ambas as faces, nervura 
marginal 0, 2-0,4 mm do bordo, nervura 
intramarginal ausente. Inflorescência em 
mônade ou em díade não pedunculada, 
antopódio 2-12 mm, prófilos lanceolados, ápice 
agudo, linha de emergências basais ausentes 
na face adaxial, 2-3,5 x 1-2 mm. Botão floral 
obcônico, 2,5-3, 5 mm. Hipanto obcônico, 2-3 
mm. Lobos calicinais ovado-deltóides, ápice 
agudo, glabrescentes na face adaxial, 1, 5-3,5 
x 2-3 mm. Pétalas ovadas a oblongas, 3-4 x 
2,5-3 mm. Estames com filetes 3-5,5 mm, 
anteras 0,4-0, 5 mm. Ovário trilocular, óvulos 



SciELO/ JBRJ 


13 14 




cm .. 



80 


Linia, IV! G & Guedes-Bruni, R. R. 



Figura 3 - Myrceugenia bracteosa: a - ramo florífcro; b - inflorcsccncia; c - botão floral; d - prófilos; face abaxial (csq.) e 
face adaxial (dir.); e - lobos calicinais: facc abaxial (csq.) c face adaxial (dir); f- pétalas: facc abaxial (csq.) c face adaxial (dir.) 
(S. J. Silva Neto et al. 1839). 


Rodriguésia 55 (85). 73-94. 2004 



SciELO/ JBRJ 


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Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 


81 


9- 1 2 por lóculo, estilete pubérulo 5-6 mm. Baga 
5-7 mm diâm. Sementes 2-3 mm, 1 a 2 por 
fruto. 

Material examinado: BRASIL, RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Serra do Itatiaia ca. 2. 100 
m s. m., 11. VI. 1902 (fl), P Nelson s. n. (SP 
22409); idem. Serra do Itatiaia, ca. 2500 m s. 
m„ V. 1950 (fl), A. C. Brade 20333 & Segadas 
- Vianna 5028 (RFA); idem, planalto do Itatiaia 
ca. 2.300 m s. m„ 16.11.1988 (bt, fl), R. B. 
Pineschi et al. 422 (GUA); idem, taquaral, 
margem do rio Campo Belo, 600 m s. m., 

02. VIII.1995 (fr), J. M. A. Braga 2610 (RB); 
idem, trilha para as Prateleiras, 2.400 m s. m., 
19.VI.2001 (fr), S. J. Silva Neto et al. 1444 
(RB). 

Myrceugenia bracteosa caracteriza-se 
por apresentar a combinação de indumento de 
tricomas simples e dibraquiados, nervura 
intramarginal ausente (característica comum 
também a M. cucullata) e pétalas ovadas ou 
oblongas. Legrand (1957) ressalta a ampla 
variação morfológica de M. bracteosa com 
base na forma e tamanho de folhas, bem como 
no tipo de indumento, associando tal fato às 
variações ambientais onde o táxon ocorre, o 
que justifica para Legrand (1957) a 
impossibilidade de encontrar um exemplar igual 
ao outro, ao examinar-se coleções de herbário. 

Myrceugenia bracteosa distribui-se nos 
estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de 
Janeiro sendo, por isso, típica da Região 
Sudeste. No Parque Nacional do Itatiaia ocorre 
tanto na fisionomia florestal montana e 
altomontana como nos campos de altitude em 
elevações de 1.000 a 2.400 m s. m. como 
arbustos heliófilos, ciófilos ou saxícolas. 
Coletada com flores de janeiro a junho e com 
frutos de junho a agosto. 

3. Myrceugenia campestris (DC.) D. 
Legrand & Kausel, Comun. Bot. Mus. Hist. 
Nat. Montevideo 2(28): 12. 1953. 

Figura 4. 

Arbusto 2,5 a 3 m alt. Indumento de 
ramos e folhas jovens, pecíolo, faces abaxiais 
de ferófilos, prófilos, lobos calicinaise pétalas, 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 


botão floral, hipanto de esparso a denso 
ocráceo ferrugíneo pubescente, constituído de 
tricomas simples e dibraquiados, 1-1,3 mm. 
Folhas com pecíolos 2-9 mm; lâminas foliares 
lanceoladas, oblongas, raro obovadas, ápice 
acuminado a mucronado, base cuneada, 
cartáceas a coriáceas, quando adultas 
glabrescentes, 2,6-14,1 x 1, 1-5,6 cm, bolsas 
secretoras esverdeadas, densamente 
distribuídas, perceptíveis em ambas as faces, 
principalmente em folhas jovens, 10 a 18 por 
mm 2 , nervura mediana impressa na face 
adaxial, proeminente na face abaxial, nervuras 
secundárias 8-10 pares com ângulo de 
divergência de 50-55°, inconspícuas na face 
adaxial, promínulas na face abaxial, nervuras 
intersecundárias ca. 12, inconspícuas na face 
adaxial, promínulas na face abaxial, nervura 
marginal a 3-4 mm do bordo, nervura 
intramarginal a 1,3-1, 6 mm do bordo. 
Inflorescência em cimóide glomeriforme, 9- 1 1 
flores, pedúnculo 0,7-1 mm, ferófilos ovados, 
glabros na face adaxial, 2,5-3 mm, prófilos 
ovados a lanceolados, ápice agudo, glabros na 
face adaxial, linha de emergências basais 
ausentes na face adaxial, 4-5 x 1,5-2 mm. 
Botão floral obvado a obcônico, 2,5-4 mm. 
Hipanto obcônico ca. 1 mm. Lobos calicinais 
ovado-deltóides, ápice agudo, glabros na face 
adaxial, com 2-3 x 3-3,5 mm. Pétalas 
orbiculares, glabras na face adaxial ca. 2mm 
diâm. Estames com filetes 1-4 mm, anteras 
com 0,4-0, 5 mm. Ovário bilocular, estilete 
glabro, com 2,5-3,5 mm, óvulos 8-9 por lóculo. 
Baga pubérula ca. 7 mm diâm. Sementes 2-3 
mm, 1 a 3 por fruto. 

Material examinado: BRASIL, RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, s. 1., s. d., (fl), s. c., s. n. 
(RB 275 110). 

Material examinado adicional: BRASIL, 
RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, estrada 
do Alto da Boa Vista - Corcovado, 530 m s. 
m., 23.11.1972 (bt), D. Sucre 8492 (RB). 

Myrceugenia campestris é citada pela 
primeira vez para o estado. É facilmente 
distinta dos demais táxons do gênero por sua 
inflorescência em cimóide glomeriforme. 





SciELO/JBRJ 



cm .. 


82 


Lima, W. G & Guedes-Bruni, R. R. 



Figura 4 - Myrceugenia campestris : a - ramo florífcro; h - inflorcsccncia; c - botão floral; d - ferófilo: face abaxial (esq.) 
e face adaxial (dir.); e - prólilos: face abaxial (esq.) c face adaxial (dir.); f - lobos calicinais: face abaxial (esq.) c face adaxial 
(dir.); g - pítal as: face abaxial (esq.) c face adaxial (dir.); h - estame; i - estilete; j - corte transversal do ovário (a. Cczio 759; 
b-j. V F. Ferreira et ai 272). 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


Myrceugenia (Myriaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 


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caráter diagnóstico já enfatizado por Legrand 
& Klein (1970) e Landrum (1981). 

Myrceugenia campestris ocorre nos 
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande 
do Sul. Não foi encontrada durante os estudos 
de campo em Itatiaia e examinou-se apenas 
um exemplar da área disponível no Herbário 
RB o qual encontrava-se sem dados de coleta. 
Segundo Landrum (1981) é um táxon típico 
das florestas de encostas e planícies costeiras. 
Coletada com flores de março a agosto e com 
frutos em agosto. 

4. Myrceugenia cucullata D. Legrand, 
Darwiniana 1 1(2): 347. 1957. 

Figura 5. 

Arbusto 1,5 a 2,5 m alt. Indumento de 
ramos e folhas jovens, pecíolo, antopódio, 
prófilos, botão floral, hipanto e lobos calicinais 
de esparso a denso ocráceo tomentoso, 
constituído de tricomas simétricos dibraquiados, 
0, 2-0.5 mm. Folhas com pecíolos 2-3 mm; 
lâminas foliares elípticas, oblongas, ápice 
agudo a acuminado, base cuneada, coriáceas, 
quando adultas glabrescentes, 0, 9-3,2 x 0,4- 
1,1 cm, bolsas secretoras esparsamente 
distribuídas, perceptíveis na face abaxial ca. 8 
por mm 2 , nervura mediana impressa na face 
adaxial, proeminente na face abaxial, nervuras 
secundárias ca. 11 pares com ângulo de 
divergência ca. 60°, inconspícuas em ambas 
as faces, nervuras intersecundárias com 7-9, 
inconspícuas em ambas as faces, nervura 
marginal a 0, 5-0,6 mm do bordo, nervura 
intramarginal ausente. Inflorescência em 
mônade, antopódio 0,5-3 mm; prófilos ovados 
a lanceolados, ápice acuminado, com linha de 
emergências basais na face adaxial, 1,5-3 x 
1 -2 mm. Botão floral globoso, 1 ,5-3 mm diârn. 
Hipanto campanulado, 1-2 mm. Lobos 
calicinais ovado-cuculados, ápice obtuso, 2-2,5 
x 2-2,8 mm. Pétalas orbiculares, glabras em 
ambas as faces, exceto na margem que 
conserva alguma pubescência, 2-2,5 mm diâm. 
Estames com filetes 3-7 mm, anteras, 0,3-0, 4 
mm. Ovário trilocular, estilete 5-6 mm compr., 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 04 . 3004 


óvulos 9-10 por lóculo. Baga 6-7 mm diâm. 
Sementes 1-3 mm, 1 a 2 por fruto. 

Material examinado: BRASIL, RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do 
Itatiaia, estrada para o Pico das Agulhas 
Negras, 1.800 m s. m., 13. IX. 1994 (fl), R. 
Guedes et al. 2426 (RB). 

Myrceugenia cucullata, cuja distribuição 
geográfica limitava-se à Região Sul do Brasil, 
é citada pela primeira vez para o estado do 
Rio de Janeiro e caracteriza-se pela ausência 
de nervura intramarginal, antopódios curtos e 
pelos lobos calicinais ovado-cuculados, 
caracteres reconhecidos como diagnósticos 
também por Legrand (1957) e Mattos (1984). 

Myrceugenia cucullata distribui-se nos 
estados do Rio de Janeiro, Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. No Parque 
Nacional do Itaiaia ocorre nas florestas 
altomontanas e nos campos de altitude numa 
faixa de altitude entre 1.800 e 2.100 m s. m. 
Coletada com flores de dezembro a fevereiro 
e com frutos de julho a agosto. 

5. Myrceugenia glaucescens var. latior 
(Burret) Landrum, Brittonia 32(3): 372. 1980. 

Figura 6. 

Árvore 5 a 8 m alt. Indumento de ramos 
e folhas jovens, pecíolo, antopódio, face abaxial 
de prófilos e pétalas, botão floral, hipanto, lobos 
calicinais de esparso a denso albo-ocráceo 
seríceo a pubescente, constituído de tricomas 
simples, 0,5-1 mm. Folhas com pecíolos 2-5,5 
mm; lâminas foliares, elípticas, ovadas ou 
lanceoladas, ápice agudo a acuminado, base 
cuneada a obtusa, membranáceas, quando 
adultas glabrescentes, exceto nervura 
mediana da face abaxial que conserva alguma 
pubescência, 3, 1-7,9 x 2-2,6 cm, bolsas 
secretoras esparsamente distribuídas, 
perceptíveis na face abaxial, 4 a 6 por mm 2 , 
nervura mediana impressa na face adaxial, 
proeminente na face abaxial, nervuras 
secundárias 9-11 pares com ângulo de 
divergência de 65-70°, inconspícuas em ambas 
as faces, nervuras intersecundárias 10-16, 
inconspícuas em ambas as faces, nervura 



SciELO/ JBRJ 


13 14 




cm .. 


84 


Lima, IV. G & Guedes-Bmni, R. R. 





^ f 


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Figura 5 - Myrceugenia cucullata. a - hábito; b - tricoma; c - inflorcscência; d - botão floral; c - prófilos: face abaxial (esq.) 
c face adaxial (dir.); f - lobos calicinais: face abaxial (csq.) e face adaxial (dir.); g - pétalas: face abaxial (esq.) c face adaxial 
(dir.) (R. Guedes et al. 2426). 


Rodriguésia 55 (85): 73-94. 2004 



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cm .. 


Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 



w 

J 






Tsr*'- 


Figura 6 - Myrceugenia glaticescens va r. latior. a - hábito; b - tricoma; c - inflorescência; d - botão floral; e - prófilos: face 
abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); f- lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); g - pétalas: face abaxial (esq.) 
e face adaxial (dir.) (RB- 352.972). 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 



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2 13 14 15 16 17 18 



cm .. 


86 

marginal a 0,5-1 mm do bordo, nervura 
intramarginal muito próxima do bordo. 
Inflorescência em mônade ou em díade não 
pedunculada, antopódio 4-6 mm. prófilos 
lanceolados, ápice agudo, glabros na face 
adaxial, linha de emergências basais ausentes 
na face adaxial, 1-3 x 1-1,5 mm. Botão floral 
globoso, 1,5-2 mmdiâm. Hipantocampanulado, 
0,5-1 mm. Lobos calicinais ovado-dcltóides, 
ápice agudo, 1,5-2 x 1-2 mm. Pétalas 
orbiculares, glabras na face adaxial, ca. 2,5 
mm diâm. Estames com filetes 2-3,5 mm; 
anteras ca. 0,3 mm. Ovário trilocular, óvulos 
6-8 por lóculo, estilete seríceo no terço inferior, 
2,5-3,5 mm. Baga vermelho-púrpurea quando 
madura. 6-7 mm diâm. Sementes 2-4 mm, 2 a 
5 por fruto. 

Material examinado: BRASIL. RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Lago Azul, margem do rio 
Campo Belo, 650 m s. m., 15.X.1995 (fl), J. 
M. A. Braga et al. 2897 (RB); idem, trilha 
para cachoeira Poronga, 06.XI. 1995 (fl), J. M. 
A. Braga et al. 2946 (RB); idem. Maromba, 
trilha para a cachoeira Itaporani, 1.050 m s. 
m., 30.IX.1996 (bt), S. J. Silva Neto et al. 
886 (RB). 

Myrceugenia glaucescens var. latior 
caracteriza-se por apresentar indumento albo- 
ocráceo de seríceo a pubescente, lâminas 
foliares de consistência membranácea, botão 
floral globoso e hipanto campanulado. 

Myrceugenia glaucescens var. latior 
ocorre nos estados do Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande 
do Sul. No Parque Nacional do Itatiaia é 
comum em formações montanas de floresta 
Ombrófila Densa ca. 900 m s. m., principal- 
mente ao longo de rios e córregos. Coletada 
com flores de maio a novembro e com frutos 
novembro a janeiro. 

6. Myrceugenia miersiana (Gardner) D. 
Lcgrand & Kausel, Comun. Bot. Mus. Hist. 
Nat. Montevideo 2(28): 8. 1953. 

Figura 7. 

Arbusto a árvore, 3,5 a 12 m alt. 
Indumento de ramos e folhas jovens, pecíolo, 


Uma, W. G & Guedes-Bnmi, R R. 

antopódio, prófilos, botão floral, lobos calicinais 
e face abaxial de pétalas densamente 
ferrugíneo-tomentoso, constituído de tricomas 
simples. 0,5-1 mm. Folhas com pecíolos 4-8 
mm; lâminas foliares oblongas a lanceoladas, 
raro obovadas, ápice acuminado, cuspidado, 
base cuneada, coriáceas, quando adultas 
glabrescentes, 3,3-10 x 1-4,5 cm, bolsas 
secretoras não perceptíveis a olho nu em 
ambas as faces, nervura mediana impressa na 
face adaxial, proeminente na face abaxial, 
nervuras secundárias 7-11 pares com ângulo 
de divergência de 50-60°, promínulas em 
ambas as faces, nervuras intersecundárias ca. 
13, inconspícuas na face adaxial. promínulas 
na face abaxial, nervura marginal a 1-1,6 mm 
do bordo, nervura intramarginal muito próxima 
do bordo. Inflorescência em mônade ou em 
díade não pedunculada, antopódio, 4-6 mm, 
prófilos lanceolados, ápice agudo, linha de 
emergências basais ausentes na face adaxial, 
4-4,5 x 1-2,5 mm. Botão floral obcônico, ca. 4 
mm. Hipanto obcônico, 2,5-3 mm. Lobos 
calicinais ovado a ovado-deltóides, ápice agudo, 
3-3,5 x 3,5-4 mm. Pétalas orbiculares, glabras 
na face adaxial, 3-4 mm diâm. Estames com 
filetes denso-tomentosos, 2-4 mm, anteras com 
0, 2-0,3 mm. Ovário trilocular, óvulos 9- 1 3 por 
lóculo, estilete ca. 4 mm. Baga tomentela. ca. 
7 mm diâm. Sementes 2-3 mm, 2 a 3 por fruto. 
Material examinado: BRASIL. RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do 
Itatiaia, Lago Azul próximo da estrada, 650- 
700 m s. m., 14.11. 1995 (fl). J. M. A. Braga et 
al. 1957 (HB, ITA, RB, RBR, RUSU); idem. 
Lago Azul próximo da estrada, 650-700 m s. 
m., 19.1.1995 (bl), M. R. Carrara et al. 17 
(RB); idem , proximidades do abrigo IV, 
margem do rio Campo Belo, 650 m s. m., 
25.VIII.1995 (fl), J. M. A. Braga et al. 2774 
(RB). 

No Parque Nacional do Itatiaia, 
Myrceugenia miersiana caracteriza-se por 
apresentar indumento densamente ferrugíneo- 
tomentoso, inflorescência em mônade ou em 
díade não pedunculada, botão floral obcônico. 

Rodriguiúa 55 (85): 73-94. 2004 



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13 14 15 16 17 18 


cm .. 



Figura 7 • Myrceugenia miersiana: a - hábito; b - inflorescência; c - botão floral; d - prófilos: face abaxial (esq.) e face 
adaxial (dir.); c - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); f - pétalas: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); 
g - corte transversal do ovário ( J . M. A. Braga et al. 2774). 

Rodriguisia 55 (85): 73-94. 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 




cm .. 



88 

Myrceugenia miersiana ocorre nos 
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do 
Sul. No Parque Nacional do Itaiaia é muito 
comum na faixa de floresta ao longo do rio 
Campo Belo. No inventário realizado pelo 
Programa Mata Atlântica (1999), numa área 
amostrai de 1 lia de floresta montana, sua 
população é representada por três indivíduos, 
caracterizando-se como arvoreta do sub-bosque. 
Coletada com flores de janeiro a março e de 
junho a outubro e com fruto em junho. 

7. Myrceugenia ovala var. regnelliana (O. 
Berg)Landrum,Brittonia43(3): 199-2(X). 1991. 

Figura 8. 

Arbusto a árvore 1 a 7 m alt. Indumento 
de ramos e folhas jovens, pecíolo, antopódio, 
prófilos, botão floral, hipanto e lobos calicinais 
de esparso a denso ocráceo tomentoso, 
constituído de tricomas assimétricos 
dibraquiados, 0,3-0,5 mm. Folhas com pecíolos 
2-2,5 mm; lâminas foliares ovada a oblongas, 
ápice agudo a obtuso, base cuneada, coriáceas 
a cartáceas, quando adultas glabrescentes, 
0,6-2 x 0,4-1 cm, bolsas secretoras 
densamente distribuídas, 10 a 12 por mm 2 , 
nervura mediana impressa na face adaxial, 
proeminente na face abaxial, nervuras 
secundárias 7-10 com ângulo de divergência 
de 50-60°, inconspícuas na face adaxial, 
promínulas na face abaxial, nervuras 
intersecundárias ca. 8, finas, inconspícuas em 
ambas as faces, nervura marginal a 0, 3-0,5 
mm do bordo, nervura intramarginal ca. 0,2 
mm do bordo. Inflorescência em mônade, 
antopódio filiforme, 5-7 mm, prófilos ovados a 
lanceolados, ápice agudo, linha de emergências 
basais ausentes na face adaxial, 1-2 x 0,5-1 
mm. Botão floral obcônico, 2-3,5 mm. Hipanto 
obcônico, 0,5- 1 ,2 mm. Lobos calicinais ovado- 
deltóides, ápice agudo a obtuso, 1-2 x 1-1,5 
mm. Pétalas orbiculares, glabras em ambas 
as faces, 1-2 mm diâm. Estames com filetes 
2,5-6 mm, anteras, 0,2-0, 4 mm. Ovário 
bilocular, óvulos 10-12 por lóculo, estilete 
esparso-seríceo no terço inferior, 3-4 mm. 


Lima, W. G & Guedes-Bruni, R. R. 

Baga 4-6 mm diâm. Sementes ca. 2 mm, 1 a 2 
por fruto. 

Material examinado: BRASIL, RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Rio das Flores, 31.1.1935 
(fl), Campos Porto 2716 (RB); idem, km 15- 
16, 15.11.1935 (fl), Campos Porto 2787 (RB); 
idem, Agulhas Negras 2800 m s. m., 27. V. 1935 
(fl). Brade 14608 (RB); idem , Planalto 2000 
m s. m., 1.1938 (fl), Burret et al. 16033 (RB); 
idem, Itamonte (Fazenda Fonseca) 1.500 m 
s. m., 25. III. 1942 (fl). Brade 17284 (RB); 
idem, beira do rio Campo Belo 900 m s. m., 
27.111. 1942 (fl). Brade 17295 (RB); idem. Alto 
do Itatiaia, 19.IV. 1957 (bt, fl), Luiz Emygdio 
1415 (R); idem , estrada para as Agulhas 
Negras km 7, 17.1. 1979 (fl), P Occhioni 8690 
(RB, RFA); idem. Brejo da Lapa, barranco 
úmido, 02.XII.1983 (fl). César et al. 115 
(UEC); idem, Alto do Morro Cavado, 2.200 
m s. m., 16. VI. 1999 (fr), A. Quinei et al. 
47248 (RB); idem, Itatiaia, Prateleiras, s. d. 
(fr), A. Porto 2702 (ITA). 

Landrum (1981) considera quatro 
variedades para M. ovata duas das quais 
ocorrem no Brasil: M. ovala var. regnelliana 
e A/, ovata var. acutata (Legrand) Landrum, 
esta última interpretada por Landrum (/. c.) 
como um possível híbrido entre as variedades 
M. ovata var. regnelliana e M. glaucescens 
var. latior. No Parque Nacional do Itatiaia M. 
ovata var. regnelliana se caracteriza por 
apresentar a combinação de lâminas foliares 
ovadas a oblongas, botão floral obcônico e 
ovário bilocular. 

Myrceugenia ovata var. regnelliana 
ocorre nos estados de Minas Gerais, São 
Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina 
e Rio Grande do Sul. No Parque Nacional do 
Itatiaia ocorre em agrupamentos densos de 
indivíduos nos arredores do Brejo da Lapa 
como arbusto heliófilo. No inventário realizado 
pelo Programa Mata Atlântica (1999), numa 
área amostrai de 1 ha de floresta montana, está 
representada por apenas seis indivíduos com 
altura média de 6,6 m e diâmetro médio à altura 
do peito de 10 cm caracterizando-a como 
arvoreta de sub-bosque. Legrand & Klein 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 



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cm 


Myrceugenia (Myrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro 




Figura 8 - Myrceugenia ovala var. regnelliana: a - hábito; b - tricoma; c - inflorescência; d - botão floral; e - prófilos: face 
abaxial (esq.) c face adaxial (dir.); f - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); g - pétalas: face abaxial (esq.) 
c face adaxial (dir.); h - estame; i - estilete; j - corte transversal do ovário (a-j. D. Sucre 2325 e P. J. L Braga 168). 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 73 - 94 . 2004 



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cm .. 



90 

(1970) a indicam como frequente tanto nas 
encostas mais elevadas da Serra Geral como 
da Serra do Mar. Coletada com flores de 
outubro a março (predominantemente de 
novembro a dezembro) e com frutos em junho. 

8. Myrceugenia seriatoranwsa (Kiaersk.) D. 
Legrand & Kausel. Comun. Bot. Mus. Hist. 
Nat. Montevideo 2(28): 5. 1953. 

Figura 9. 

Árvore 5.5 a 8 m alt. Indumento de ramos 
e folhas jovens, pecíolo, antopódio, prófilos, 
botão floral, hipanto, lobos calicinais e pétalas 
de esparso a denso ferrugíneo pubescente, 
constituído de tricomas simples ca. 0,5 mm. 
Folhas com pecíolos 4,5-6 mm; lâminas foliares 
elípticas, lanceoladas, raro obovadas, ápice 
agudò a acuminado, base cuneada, coriáceas, 
quando adultas glabrescentes, 5, 1-8,1 x 1,9-3, 1 
cm, bolsas secretoras esparsamente 
distribuídas principalmente na face abaxial, 3 
a 5 por mm 2 , nervura mediana impressa na 
face adaxial, proeminente na face abaxial, 
nervuras secundárias 7- 1 1 pares em ângulo de 
divergência de 50-55°, inconspícuas na face 
adaxial, promínulas na face abaxial, nervuras 
intersecundárias 10-13, inconspícuas em ambas 
as faces, nervura marginal a 1-3 mm do bordo, 
nervura intramarginal a 0.5-0.9 mm do bordo. 
Inflorescência em díade pedunculada, 
pedúnculos ferrugíneo-pubescentes, 0,5- 1,5 
mm, ferófilos oblongos a obovados, 1-1,5 x 1,3- 
2 mm, antopódio ca. 7 mm, prófilos ovados, 
ápice agudo, linha de emergências basais 
ausentes na face adaxial, 3-3.5 x 2,6-3 mm. 
Botão floral obcônico, 3,5-4 mm. Hipanto 
obcônico, ca. 2,5 mm. Lobos calicinais ovados 
a suborbiculares, ápice obtuso, 3-3,5 x 2,5-3 
mm. Pétalas orbiculares, 3-3,5 mm diâm. 
Estames com filetes 3-6 mm, anteras ca. 0,3 
mm. Ovário bilocular, óvulos 9-10 por lóculo, 
estilete ca. 5 mm. Fruto não visto. 

Material examinado: BRASIL, RIO DE 
JANEIRO: Itatiaia, Lago Azul próximo da 
estrada, 650-700 m s. m., 19.1.1995 (bt), M. 
R. Carreira et al. 20 (RB); idem. Parque 
Nacional do Itatiaia, microparcela D, 840 m s. 


Lima. H' G & Guedes-Bruni, R. R. 

m., 02.X. 1995 (bt, fl), J. M. A. Braga et al. 
2025 (RB). 

O tipo de inflorescência em díade 
pedunculada constitui uma característica 
diagnóstica para M. seriatoramosa na área 
estudada. Outras características que auxiliam 
na identificação são os prófilos ovados e lobos 
calicinais ovados a suborbiculares. 

Myrceugenia seriatoramosa ocorre nos 
estados do Rio de Janeiro e Paraná. No Parque 
Nacional do Itaiaia distribui-se com maior 
freqüência ao longo de florestas nas 
proximidades do lago Azul e ao longo do rio 
Campo Belo. O inventário realizado pelo 
Programa Mata Atlântica (1999) numa área 
amostrai de 1 ha de floresta montana assinala 
sua condição de espécie rara na amostragem, 
ocorrendo com um indivíduo de 5 m de altura 
e diâmetro à altura do peito de 6 cm o que a 
caracteriza como arvoreta de sub-bosque. 
Coletada com flores de setembro a janeiro, 
frutos não vistos. 

Conclusão 

O gênero Myrceugenia está repre- 
sentado no Parque Nacional do Itatiaia por oito 
táxons, sendo que o levantamento florístico 
possibilitou o registro de duas novas 
ocorrências para o estado do Rio de Janeiro: 
M. carnpestris e M. cucullata. 

Dos táxons assinalados para a unidade 
de conservação destaca-se M. bracteosa 
como exclusiva da Região Sudeste, 
distribuindo-se pelos estados de Minas Gerais, 
São Paulo e Rio de Janeiro. M. alpigcna var. 
alpigena tem ocorrência restrita a altitudes 
elevadas ao longo de sua distribuição 
geográfica desde a Serra do Espinhaço (BA) 
até Santa Catarina, o que pôde ser comprovado 
por sua abundante ocorrência na região do 
Planalto do Itatiaia. 

Os caracteres vegetativos por si só não 
constituem elementos diagnósticos suficientes 
para a distinção dos táxons em nível de espécie 
ou variedade. Entretanto podem distinguir 
grupos de táxons. Como caracteres 


Rodrigufúa 55 (85): 73-94. 2004 



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Myreeugcnia (M yrtaceae) ocorrentes no Parque Nacional cio Itatiaia, Rio de Janeiro 




Figura 9 - Myrcegeunia seriatoramosa : a - hábito; b - inflorescência; c - botão floral; d - prófilos: face abaxial (esq.) e face 
adaxial (dir.): c - lobos calicinais: face abaxial (esq.) e face adaxial (dir.); f - pétalas: face abaxial (esq.) e face adxxial (dir.); 
g - corte transversal do ovário (M. R Carrara et al. 20). 

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Uma, W. G & Guedes-Bruni, R. R. 


importantes para distinguir as espécies da flora 
de Itatiaia destacam-se o tipo da inflorescência, 
a forma do botão floral, dos prófilos e dos lobos 
calicinais, bem como presença ou ausência da 
nervura intramarginal. Os táxons ocorrentes 
na área de estudo, ao contrário de quando se 
analisa coleções que abrangem espaços 
geográficos maiores, têm suas características 
morfológicas bem definidas e, por conseguinte, 
são facilmente identificados. 

Ainda que as Myrtaceae venham sendo 
coletadas amplamente através de estudos de 
flora regionais e inventários florísticos, as 
coleções de Myrceugenia depositadas nos 
herbários são ainda muito escassas. Um 
esforço para ampliar sua amostragem precisa 
ser feito de modo a ampliar a possibilidade de 
melhor avaliação de suas variações 
morfológicas e suas áreas de ocorrência, de 
modo a definir, com maior precisão, seus 
táxons. 

Agradecimentos 

Ao Instituto de Pesquisas Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro e ao Programa 
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 
PIBIC-CNPq pela oportunidade de vivência 
da prática científica e bolsa concedida; à Dra. 
Graziela M. Barroso pelo carinho e valioso e 
entusiasmado auxílio à introdução no 
desafiante mundo das Myrtaceae; ao 
Programa Mata Atlântica (PM A), do qual este 
estudo faz parte, pelo apoio ao desenvol- 
vimento do plano; à Petrobras financiadora do 
PMA; aos curadores dos herbários citados; às 
Dras. Marli P. Morim c Ariane Luna Peixoto 
pelas críticas e sugestões; ao Dr. WaytThomas 
pela revisão do abstract e à Maria Alice 
Resende pelas ilustrações botânicas que fazem 
parte deste estudo. 


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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na 
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, Linhares, 

ES, Brasil 

Viciai de Freitas Mansano' <& Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi 2 


Resumo 

( Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l. ) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, Brasil). Este trabalho consiste da taxonomia, com o auxílio de observações de campo dos táxons, 
de Sw artzia na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce. Além da chave de identificação e descrições 
detalhadas para cada um dos oito táxons detectados neste trabalho, são apresentadas observações sobre o 
porte, aspecto externo c interno da casca, com fotografias para todas as espécies, sendo que foram atribuídos 
padrões da casca externa para cada um dos táxons. Swartzia apetala var. apetala é encontrada nos mais 
diversos habitats presentes na área de estudo, enquanto S. acutifolia, S. apetala var. glabra, S. linharensis, 
S. myrtifolia var. elegans e S. simplex var. oclmacea são encontradas somente na Floresta Alta de Terra Firme 
e S. macrostachya var. macrostaehya , na área focada aqui, é exclusiva do Campo Nativo. S. myrtifolia var. 
elegans e S. simplex var. oclmacea são os únicos táxons que não apresentam casca descamante. 

Palavras-chave: Leguminosae, Swartzieae, Swartzia , taxonomia, casca. 

ÁBSTRACT 

( Swartzia (Leguminosae. Papilionoideae, Swartzieae s.l.) in the “Reserva Natural da Companhia Vale do Rio 
Doce”, Linhares, ES, Brazil). This study consists of the taxonomy, with the use of field pbservations, to 
distinguish among taxa of Swartzia occuring in the "Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce”. 
Besides the key to identify and the detailed descriptions to each one of the eight taxa detected in this study 
we present observations on the size, internai and externai aspccts on the bark, with photographs of all taxa, 
where we attributed patterns of externai bark to all of them. S. apetala var. apetala is found in all different 
habitats present in the studied site, while S. acutifolia, S. apetala var. glabra, S. linharensis, S. myrtifolia var. 
elegans, and S. simplex var. oclmacea are found just in the "Floresta Alta de Terra Firme” and S. macrostachya 
var. macrostachya, in the area focused here, is exclusive of the "Campo Nativo”. S. myrtifolia var. elegans 
and S. simplex var. oclmacea are the only taxa that do not have bark that peeis off. 

Key-words: Leguminosae, Swartzieae, Swartzia, taxonomy, bark. 


Introdução 

O gênero Swartzia pertence à tribo 
Swartzieae, uma das 31 tribos da subfamília 
Papilionoideae (Polhill & Raven 1981), 
família Leguminosae. Este gênero foi 
revisado por Cowan (1967), onde o mesmo 
reconheceu 127 espécies para a América, 
sendo que 90% destas ocorrem no Brasil. Após 
o trabalho de Cowan (1967) vários trabalhos 
independentes detectaram a ocorrência de 
espécies novas de Swartzia para diversas 
partes do Brasil. Cowan (1981, 1985) 


descreveu seis espécies novas, sendo que 
cinco delas foram detectadas para o Brasil e 
uma para o Equador. Bameby (1991, 1992) 
descreveu outras cinco espécies ocorrentes 
na Venezuela e uma no Brasil, estado do Pará. 
Outras duas espécies novas para a região 
amazônica foram descritas por Pipoly & Rudas 
(1994). Mansano & Tozzi (1999a, 2001) 
descreveram três espécies novas para a 
Região Sudeste do Brasil. Desta forma, 
Swartzia conta com cerca de 140 espécies, 
ocorrentes em sua maioria na América do Sul. 


Artigo recebido em 04/2004. Aceito para publicação em 07/2004. 

'Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, 
Brasil, CEP 22460-030. vidal@jbrj.gov.br 

: Univcrsidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6109. CEP 13083-970. Campinas, SP, Brasil 



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É notório que, embora haja uma revisão 
taxonômica de Swartzia realizada por Cowan 
(1967), todos estes trabalhos com descrições 
de novas espécies e alterações taxonômicas 
mencionados no parágrafo anterior mostram 
que há necessidade de novos estudos neste 
gênero visando uma melhor delimitação dos 
táxons infragenéricos, fato este que já havia 
sido verificado por Bameby (1991). 

Este trabalho tem por objetivos o 
levantamento e a identificação das espécies 
da tribo Swartzieae ocorrentes na Reserva 
Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, a confecção de chave de 
identificação, a apresentação de descrições e 
ilustrações, com um incremento dos caracteres 
de campo úteis na taxonomia como aspectos 
da casca e dados sobre o ambiente preferencial 
destas espécies. 

Material e Métodos 
Área de estudo 

A Reserva Natural da Companhia Vale 
do Rio Doce S.A. apresenta uma área de cerca 
de 22 mil hectares abrangendo os municípios 
de Linhares e Jaguaré-ES, Brasil. Localiza-se 
entre as coordenadas geográficas 19°06' e 
1 9 o 1 8' de latitude sul e 39°45' e 40°19' de 
longitude oeste. A altitude local oscila entre 
28 e 65 m e a área está a 30 km distante do 
centro de Linhares. O acesso se dá através 
da BR 101, à altura do km 122, sentido norte 
(Jesus 2001). 

A Reserva pode ser incluída, de acordo 
com Kõppen (1946), na região climática Aw, 
apresentando um clima quente e úmido, com 
precipitação pluviométrica média anual de 
1.403 mm, temperatura média máxima de 
25,2 C e mínima de 19,1 Ce umidade relativa 
do ar média de 84,3% (Jesus 1987). De 
acordo com a terminologia do Projeto 
RADAMBRASIL, a vegetação está inserida 
na “Região da Floresta Ombrófila Densa” 
(Veloso et al. 1991). 

O solo Podzólico Vermelho-Amarelo 
distrófico, de textura média-argilosa, 
caracteriza-se por apresentar baixos teores de 


Mansano, V. F <i Tozzi. A. M. G A. 

bases trocáveis (Ca2+, MG2+ e K+) e de 
fósforo e altos teores de alumínio trocável, 
indicando baixos índices de fertilidade natural 
(Peixoto & Gentry 1990). 

Os cursos d’água fazem parte da Bacia 
do Rio Barra Seca, cujo principal rio leva o 
mesmo nome e deságua no oceano (Reserva 
Natural da Companhia Vale do Rio Doce 
2004). 

Fitofisionomias 

As denominações das fitofisionomias 
adotadas no presente trabalho seguem a 
terminologia utilizada por Peixoto & Gentry 
(1990). Dentro dos limites da Reserva Natural 
da Companhia Vale do Rio Doce há 
basicamente quatro fitofisionomias distintas 
(Peixoto & Gentry 1990), sendo elas: a Floresta 
Alta de Terra Firme, cujas árvores do dossel 
atingem 40 m de altura (cerca de 68% da área 
total da Reserva); Floresta de Mussununga 
com árvores mais baixas e esparsas que 
acompanha cordões de solos arenosos (cerca 
de 8% da área); Floresta de Várzea, associada 
a vegetações de áreas alagáveis, constituída 
por árvores de esparsas e palmeiras, e solo 
coberto por vegetação graminóide (cerca de 
4% da área) e os campos nativos, que 
aparecem como enclaves na floresta e estão 
representados por campos abertos com 
vegetação graminóide ou vegetação arbóreo- 
arbustiva em moitas características (cerca de 
6% da área). 

Análise do material 

O material para a realização deste 
trabalho foi proveniente principalmente do 
herbário CVRD, mas também foram feitas 
análises complementares nos seguintes 
herbários: BHCB, C, ESA, ESAL, G, GUA, 
HRCB, HXBH, IAC, K, NY, PI, R, RB, SP, 
SPF, UEC, US, VIC e V1ES (siglas 
designativas de acordo com Holmgren et al. 
1990). Para a observação das espécies em 
campo foram feitas 8 excursões para a 
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio 
Doce que ocorreram de Janeiro de 1996 a 

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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Unhares, ES, Brasil 


dezembro de 2000. Todas as espécies de 
Swartzia ocorrentes na Reserva foram 
fotografadas e foram feitas observações como 
porte, descamação da casca, aspecto externo 
e interno do tronco e padrão da casca externa. 

Resultados 

1. Swartzia Schreb., Gen. pl. 2: 518. 1791; 
nom. cons. 

Árvores ou arbustos. Folhas com 1 a 
vários folíolos, imparipinadas; estipulas caducas 
a persistentes; pecíolo e raque canaliculados, 
cilíndricos, marginados ou alados, 
frequentemente estipelados; folíolos opostos, 
peciolulados, o par basal menor. Racemo, 
panícula ou fascículo de racemos, no caule, 
em ramos áfilos, nas axilas ou nas 
extremidades; brácteas presentes; bractéolas 


às vezes inseridas no pedicelo; botões globosos, 
elípticos ou ovados. Flor com hipanto ausente; 
cálice com 2-5 lobos após a antese, glabros 
internamente; corola ausente ou com 1 pétala; 
estames dimórficos, maiores 2-11, menores ca. 
100, anteras dorsifixas; gineceu 1-pistilado, 
estipe conspícuo, ovário oval a fusiforme, 
estilete terminal ou lateral, estigma punctiforme 
a capitado. Fruto geral mente legume ou legume 
nucóide com 1 a 15 sementes, oval, moniliforme 
a achatado, sementes ariladas. 

Este é o maior gênero da tribo Swartzieae, 
contando com cerca de 140 espécies, 
distribuídas pela América Central e América 
do Sul, onde apresenta o centro de diversidade 
na região Amazônica. Na Reserva Natural da 
Companhia Vale do Rio Doce é representado 
por oito táxons. 


Chave para a identificação dos táxons de Swartzia ocorrentes na Reserva Natural da 

Companhia Vale do Rio Doce 

1. Flores petalíferas 

2. Infiorescências apenas axilares (nunca em ramos áfilos); fruto do tipo legume com sementes 
pretas e arilo branco. 

3. Folíolo 1; estames maiores 6-11, anteras ca. 4 x 2 mm; ovário 2-3 mm de largura 

S. simplex var. ochnacea 

3. Folíolos 5 ou mais; estames maiores 4-8, anteras 1, 8-3,1 x 0,9-1, 5 mm; ovário 1-1,5 mm de 

largura S. myrtifolia var. elegans 

2. Infiorescências em ramos áfilos, às vezes axilares; fruto geralmente legume nucóide com 
sementes bege e arilo amarelo. 

4. Folíolos com ápice arredondado a retuso e base arredondada a cordada, ca. 2 vezes mais 

longos do que largos S. macrostachya var. macrostachya 

4. Folíolos com ápice agudo a acuminado e base aguda, ca. 3 vezes mais longos do que 
largos. 

5. Bractéolas ausentes; fruto fusiforme, mais largo do que longo S. acutifolia 

5. Bractéolas 1, 3-2,5 mm compr.; fruto elíptico, circular ou oblongo, mais longo do que 

largo S- oblata 

I. Flores apétalas. 

6. Ovário seríceo, folhas com cerca de 19 folíolos S. linharensis 

6. Ovário glabro, folhas com até 1 1 folíolos. 

7. Pedicelo 2-8 mm compr., ovário com estipe até 3,5 mm compr.; gineceu preto quando 

seco S. apetala var. apetala 

7. Pedicelo 12-30 mm compr., ovário com estipe 4,5-7,5 mm compr.; gineceu verde ou bege- 
esverdeado quando seco S. apetala var. glabra 


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1 . Swartzia acutifolia Vogei, Linnaea 11: 174. 
1837. 

Iconografia: Mansano & Tozzi (2001 ), p. 920. 

Árvore ca. 25 m, fuste 20 m alt.; ramos 
glabros a pubérulos. Folhas com estipulas 4, 1 
x 0,1 mm, estreito-subuladas, caducas, 
glabrescentes a tomentosas; pecíolo 2-2,5 cm, 
canaliculado, glabro a pubérulo; raque 15-30 
cm. marginada, glabra a tomentosa; peciólulos 
ca. 2,5 mm. glabros a tomentosos; folíolos 1 3- 
15, 5,4-7, 1 x 2-2.8 cm, ovais, base aguda, ápice 
agudo a acuminado-mucronado, nervuras 
pouco proeminentes na face adaxial e muito 
proeminentes na face abaxial. Racemo ca. 5 
cm, nas axilas e em ramos áfilos, eixo pubérulo 
a tomentoso; brácteas ca. 0,9 x 0,8 mm. caducas, 
pubérulas a tomentosas; bractéolas ausentes; 
pedicelo ca. 12,2 mm, pubérulo a tomentoso; 
botões ovais, ca. 8,6 x 0,4 mm. pubérulos a 
tomentosos. Flor com cálice 4-lobado, lobos 
irregulares; pétala branca, unha 3 x 4.6 mm. 
lâmina ca. 11,4 x 16.5 mm, oblata, velulina 
extemamente; estames amarelos, maiores 4. 
filetes ca. 9,7 x 0.5 mm, glabros, anteras ca. 
2,4 x 0,9 mm, oblongas, glabras, estames 
menores com filetes ca. 8,6 mm. glabros, 
anteras ca. 1,3 x 1 mm, largo-oblongas, glabras; 
estipe ca. 8,5 mm. tomentoso, ovário ca. 5.4 x 
4,3 mm, largo-elíptico, tomentoso, ca. 12 óvulos, 
estilete ca. 1,1 mm. lateral, reto, tomentoso, 
estigma puncliforme, glabro. Legume nucóide 
ca. 5,3 x 5,4 cm, fusiforme, pubérulo, 6-8 
seminado, sementes bege, arilo amarelo. 
Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, 
Estrada Cinco folhas km 0, 09.IX.1999. D. A. 
Foi li 3508, fr. (CVRD); km 0,2, 01.XII.2000, 
D. A. Foi li 3771, fl. (CVRD); Estrada do 
Flamengo km 6. 24.1.1979, D. A. Folli 67, fl. 
(CVRD); Estrada Peroba-osso km 0,38, 
22.1.1973, J. Spada 153, fl. (CVRD); sl., 
22. VIII. 1996, V! F. Mansano et al. 8 , fr. 
(UEC, CVRD); sl., 30.1.1991. l< de Souza 4. 
fl. (CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS: Teófilo Otoni, 1 4. VIII. 1 965, 
Belém 1596, fr. (NY); s.l., próximo de Rio 


Mansano, V. F. & Tozzi, /t. M. G A. 

Novo, 08.1 V. 1868, Glaziou 2548, fl. (R); s.l.. 
Presídio São João Batista, s.d., Sellow s.n. , 
fl. (K!, lectótipo; CGE, LE, P, W, isolectótipo). 

Distribuição e ecologia. Freqüente na 
Bahia, mas ocorre no norte do estado do 
Espírito Santo, e no oeste de Minas Gerais. 
Esta espécie é característica da Floresta 
Pluvial Tropical Atlântica e da Floresta 
Estacionai. Na Reserva da CVRD ocorre em 
áreas de domínio da Floresta Alta de Terra 
Firme, não sendo encontrada nas formações 
mais secas desta área. 

Fcnologia. Em llor de dezembro a abril 
e em fruto em agosto a novembro. 

Cowan (1967) reconheceu cinco 
variedades para Swartzia acutifolia : S. 
acutifolia var. leiogyna, S. acutifolia var. 
panipetala. S. acutifolia var. submarginata, 
S. acutifolia var. ynesiana e a variedade 
típica. Cowan manteve as três primeiras num 
grupo que apresenta o gineceu glabro, e as 
duas últimas, num outro grupo com o gineceu 
revestido de indumento. S. acutifolia var. 
acutifolia não possui bractéolas, o ovário é 
tão longo quanto largo e o fruto mais largo do 
que longo. As outras variedades têm bractéolas 
evidentes, ovário 2-3 vezes mais longo do que 
largo e fruto também mais longo do que largo. 
Com base na análise de um grande número de 
exsicatas, incluindo tipos e observações de 
campo, Mansano & Tozzi (2001 ) consideraram 
S. acutifolia var. leiogyna na sinonímia de S. 
submarginata var. leiogyna, S. acutifolia var. 
pan ipetala na sinonímia de S. panipetala, 
S. acutifolia var. submarginata na sinonímia 
de S. submarginata var. submarginata e S. 
acutifolia var. ynesiana na sinonímia de S. 
oblata, sendo mantida portanto somente a 
variedade típica. 

2. Swartzia apetala Raddi, Mem. Mat. Fis. 
Soc. Ital. Sei. Modena, Pt. Mem. Fis. 18(2): 
398. 1820. 

Árvore 2,5-20 m alt.; ramos estrigosos a 
glabros. Folha com estipulas (l,8-)3.5-8 x 
(-0,4)0,6-l mm, persistentes, lanccoladas, 
glabras a estrigosas; pecíolo (0.5-) 1 ,5-5(- 10) 


Rodrigufsia 55 (85): 95-113. 2004 



SciELO/JBRJ 


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Swartzia ( Leguminosae. Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reser\’a Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, RS, Brasil 


99 


mm, estreitamente alado a marginado, 
canaliculado, asa ca. 3 mm larg., glabro a 
pubérulo; raque 2,5-18 cm, alada a marginada, 
canaliculada, asa até 2 mm larg., glabra a 
estrigosa; peciólulo 1,3-4 mm, glabro a 
pubérulo-estrigoso, folíolos 3-1 1, 4- 1 1 (-14) x 
1,6-5 cm, elípticos a ovados, os basais menores, 
cartáceos a coriáceos, glabros a pilosos na face 
adaxial, pilosos na face abaxial, base 
assimétrica aguda a cordada, ápice acuminado 
a obtuso, nervura central proeminente na face 
abaxial e sulcada na adaxial. Racemos, 
panículas ou fascículos de racemos, 3,6-18,4 
cm, axilares ou caulifloros, eixo glabro a 
pubérulo; brácteas, 0,3-2 x 0,08-1 mm, 
persistentes, triangulares a lanceoladas, glabras 
a pubérulas; bractéolas ausentes; pedicelo 0,2- 
3 cm compr., glabro a pubérulo; botões 2,9-6,5 
x 3,5-5 mm, globosos a ovais, glabros. Flor com 
cálice 3-4 lobado, lobos irregulares; pétala 
ausente; estames amarelos, maiores 2-4, filetes 
2, 5-8,5 x 0, 3-0,6 mm, glabros, anteras 0,7-2,5 
x 0,3- 1 ,2 mm, oblongo-ovais, estames menores, 
filetes 2-8 mm, glabros, anteras oblatas, 0,6-1 
x 0,7- 1 mm, glabras; gineceu glabro, estipe 2,6- 
7,5 mm. ovário 2-5,5 x 0,9-2,3 mm. elíptico a 
obovado, ca. 7-ovulado, estilete 0,3- 1,5 mm. 
lateral, estigma punctiforme. Legume 1.5-3 x 
0,7-2 cm, ovóide a globoso, 1 -seminado, glabro, 
áspero, alaranjado, sementes pretas e arilo 
branco. 

Cowan (1967) considerou para esta 
espécie quatro variedades distinguindo-as 
principalmente pelo tamanho do pecíolo e dos 
folíolos e pela cor destes últimos. Como ele 
mesmo mencionou, S. apetala var. glabra é 
a mais distinta entre elas, diferindo das demais 
pelo tamanho do estipe do ovário e do pedicelo 
e pela cor do gineceu. Além disso, podem ser 
encontradas diferenças no aspecto da casca, 
observadas no presente trabalho. 

Mansano & Tozzi (1999a) não 
consideraram as outras três variedades como 
entidades distintas e sinonimizaram-nas a S. 
apetala var. apetala. 


2.1. Swartzia apetala Raddi var. apetala. 
Figura 1. 

Pedicelo 2-8 mm; gineceu preto no 
material herborizado, estipe do ovário até 3,5 
mm. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, Aceiro 
com LASA, 23.IX.1982, D. A. Folli 415, fl. 
(CVRD); Estrada Bomba d’água km 2,29, 
23. VII. 1984, D. 4. Folli 506, fr. (CVRD); sl., 
23. III. 1986, M. Sobral 4676, fr. (CVRD); 
Estrada Municipal, 08.VII.1988, D. A. Folli 
750, fr. (CVRD); sl., 24.1.1990, D. A. Folli 
1072, fl. (CVRD); sl., 28. IX. 1990, G. L. 
Farias 399, fr. (CVRD); Porteira, próximo ao 
Aceiro com a Fazenda, 04.1.1991, D. A. Folli 
1242, fl. (CVRD); sl., 21.VIII.1991, V de 
Souza 158, fr., (CVRD); Estrada da 
Mantegueira km 1,2, 22.VIII.1996, A. Sartori 
210, fr. (CVRD); Estrada Grande, próximo a 
fazenda do Sr. Zizio, 06.1.1999, D. A. Folli 
3325, fl. (CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS: Almenara, 16°15”S, 
40°40”W, 15.11.1988, \V W. Tliomas et al. 
5987, fl. (BHCB); Caratinga, 09.XI.1985, 
M.A. Lopes & P. M. Andrade 780, fr. 
(BHCB); Bahia: Monte Ferrato. 1831, J. 
Blanchet 908, fl. (NY, Holótipo de S. apetala 
var. subcordata). 

Distribuição e ecologia. É amplamente 
distribuída pela Região Sudeste, ocorrendo na 
porção leste de Minas Gerais, no Rio de 
Janeiro e Espírito Santo, principalmente na 
região litorânea (Mansano & Tozzi 1999b). Na 
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio 
Doce é encontrada nos mais diversos 
ambientes, ocorrendo desde a Floresta Alta de 
Terra Firme, a Floresta de Mussununga, a 
Floresta de Várzea até o Campo Nativo. 

Fcnologia. Coletada com flores 
praticamente durante o ano todo e com frutos 
principalmente entre os meses de maio a julho. 

Esta variedade é popularmente conhecida 
como “arruda vermelha” devido ao seu tronco 
vermelho na camada subcortical, a casca é 
cinza-claro extemamente e decorticante. 


Rodrigufsia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004 



SciELO/JBRJ. 


13 14 




cm .. 



100 


Mansanu, V. F & Tozzi, A. M. G A. 



Figura 1 - Swarizia apetala Raddi var. apetala: a - aspecto gerai dos ramos; b - flor; c - estames grande c pequeno; d - 
gineceu em corte longitudinal ( Thomas etal. 5987)\e - fruto (Lopes & Andrade 780). 


Rodrinuésia 55 (85): 95-113. 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


Swartzia ( Leguminosae, Papilionoideae, Swanzieae s.l. ) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Unhares, ES, Brasil 


101 


2.2. Swartzia apetala var. glabra (Vogei) 
R.S. Cowan, Fl. Neotrop. Monogr. 1: 156. 
1967. 

Figura 2. 

Pedicelo 12-30 mm; gineceu bege ou 
verde claro no material herborizado, estipe 4,5- 
7,5 mm. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, 
Estrada da Bicuíba km 1,2, 27.IX.1984, G. L 
Farias 49, fl. (CVRD); Final da Estrada da 
Mantegueira. 18. VI. 1992, G. L Farias 495, 
fr. (CVRD); Aceiro com bombacopsis, 
16.XI.1999, D. A. Fui li 3517, 0. (CVRD); 
Aceiro com bombacopsis, 12. XI. 2001, D. A. 
Folli 4120, fl. (CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS: São José de Geribá, 
13. IX. 1963, R. S. Santos & A. Castellanos 
24166, fl. (NY); Teófilo Otoni, 20. VIII. 1965, 
R. P. Belém 1595, fr. (NY); s.l, s.d., F Sello 
s.n., fl. (BM 85239, Holótipo). 

Distribuição e ecologia. Ocorre na 
porção leste de Minas Gerais e na faixa 
litorânea do Espírito Santo (Mansano & Tozzi 
1999b). Na Reserva Natural da Companhia 
Vale do Rio Doce só é encontrada na Floresta 
Alta de Terra Firme. 

Fcnologia. Coletada com flores entre 
fevereiro e agosto e com fmtos em outubro. 

E comumente chamada de “arruda 
rajada" por apresentar estrias vermelhas e 
beges alternadamente na camada subcorlical. 
A casca é decorticante, assim como em S. 
apetala var. apetala, porém, o tronco é 
castanho avermelhado e não cinza como nesta 
última. O tamanho do pedicelo e a coloração 
do ovário também são características 
suficientes para separá-las em duas 
variedades distintas. 

3. Swartzia linharcnsis Mansano, Kevv Buli. 
56:921.2001. 

Iconografia: Mansano & Tozzi (2001) p. 922. 

Arvore 18 m alt., casca esfoliante, ramos 
tomentosos. Folhas com estipulas caducas, 
pecíolo 5,4 mm, cilíndrico, tomentoso; raque 


4,5 cm, tomentosa, com uma asa de 1 mm de 
largura; peciólulo ca. 0,5 mm, tomentoso; 
folíolos ca. 19, 2, 3-3,5 x 0,6-1 cm, os terminais 
elípticos, os laterais ovados a elípticos, base 
obliqua, ápice mucronado a apiculado, piloso 
na face abaxial, nervura imersa acima e 
proeminente abaixo. Panículas 11,6-13,8 cm, 
em ramos afílos, eixo tomentoso; brácteas ca. 
2x3 mm, deltoides, tomentosas; bractéolas 
inseridas no ápice do pedicelo ca. 2,6 x 0,7 
mm, lineares, tomentosas; pedicelo ca. 4,9-5,8 
mm, tomentoso; botões florais ovados, ca. 5,2 
x 4,9 mm, tomentosos. Flor com cálice 4- 
Iobado, lobos desiguais; pétala ausente; 
estames maiores 2, filetes 6 mm, esparsamente 
pilosos, anteras ca. 2,6 x 1,2 mm, oblongas, 
glabras, estames menores com filetes 5 mm, 
glabros, anteras ca. 9,5 x 9,6 mm, oblatas, 
glabras; estipe ca. 2,5 mm, seríceo, ovário ca. 
5,4 x 2,8 mm, assimetricamente elípitico, 
seríceo, com ca. 10 óvulos, estilete ca. 1,2 mm, 
lateral, seríceo, estigma punctiforme, glabro. 
Legume nucóide 2-4 x 2-3,5 cm, globoso, 
castanho, velutino, 1-3-seminado, sementes 
beges com arilo amarelo. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, 
estrada da Sapucaia Vermelha km 0,5, 
04. III. 1978, J. Spada, 60, fl. (CVRD); 
Estrada da Mantegueira km 0,3, 21. IX. 1993, 
D. A. Folli 2013, fr. (CVRD); Tabaúna à SR 
do Itueto, 17.X. 2001, A. A. da Luz 29, fr. 
(CVRD); Estrada da Jueirana Vermelha km 
0.04, 08.1 V. 1 984, D. A. Folli 500, fl. (Holótipo 
CVRD; isótipo UEC); acesso à casa de 
hóspedes, 22.VIII.1996, A. L B. Sartori et 
al. 214, fl. (CVRD, UEC); Estrada Cinco 
Folhas km 0,01, 25.VI.2003, V F Mansano 
et al. 226, fr. (CVRD, RB). 

Distribuição e ecologia. Na Reserva 
da Companhia Vale do Rio Doce, esta espécie 
ocorre em áreas de domínio da Floresta Alta 
de Terra Firme. 

Fcnologia. Coletada em flor de março 
a agosto e em fruto de junho a dezembro. 

Esta espécie é única pelas pétalas 
ausentes como nos membros da ser. 


Rodriguésia 55 (85): 95-1 13. 2004 



SciELO/JBRJ, 


13 14 





cm .. 



102 


Mansano, V. F. & Tozzi. A. M. G A. 



Figura 2 • Swartzia apeiala var. glabra (Vogei) R.S.Cowan: a - aspecto geral dos ramos; b - flor; c - estames grande e 
pequeno; d - gineceu em corte longitudinal ( Santos & Castellanos 24166)-, e - fruto (Belém 1595). 


Rodriguésia 55 (85): 95-113. 2004 



■SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


S wartzia (Legitminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Unhares, ES, Brasil 


103 


Tounateae, mas difere dos mesmos pela 
presença de bractéolas. Além do mais esta 
espécie apresenta frutos castanhos com 
sementes beges e arilo amarelo, enquanto que 
os membros da ser. Tounateae têm frutos 
laranja com sementes pretas e arilo branco. 
Segundo Mansano & Tozzi (2001), Swartzia 
linharensis é a única espécie na ser. 
Acutifoliae com flores apétalas. 

4. Swartzia macrostachya Benth. in Martius, 
Fl. bras. 15(2): 24. 1870. 

Representada na Região Sudeste apenas 
pela variedade tipo. 

4.1. Swartzia macrostachya Benth. var. 
macrostachya. 

Figura 3. 

Arbustos ou árvores 2-35 m alt., ramos 
tomentosos. Folha com estipulas 2, 9-9, 6 x 0,7- 
1,8 mm, subuladas, tomentosas; pecíolo 1,6- 
3,2 cm, cilíndrico, tomentoso; raque foliar 10,5- 

22.5 cm, estipelada a alada, tomentosa; 
estipelas 2 x 0,5 mm, cstrigosas a tomentosas; 
asa ca. 3,3 mm larg.; peciólulo 1,4-2, 7 mm. 
pubérulo a tomentoso; folíolos (-5)9-15, 4,5- 

10.5 x 2,2-5,5 cm, terminal elíptico, laterais 
ovais a oblongo-elípitcos, tomentosos na face 
abaxial, base arredondada a cordada, ápice 
arredondado a retuso e mucronado, nervuras 
sulcadas a planas na face adaxial e 
proeminentes na abaxial. Racemo ou panícula 
4,6-23,8 cm, em ramos áfilos, eixo tomentoso; 
brácteas 3-6,8 x 2, 1-3,3 mm, ovadas, 
tomentosas; bractéolas 2,2-4,7 x l,3-l,5mm, 
lanceoladas, tomentosas, inseridas no ápice do 
pedicelo; pedicelo 4,8-6,6 mm, tomentoso; 
botões florais 6,9-10,3 x 6,6-9,3 mm, globosos, 
pubérulos a tomentosos. Flor com cálice 3-5 
Iobado, lobos irregulares, glabros intemamente; 
pétala branca, unha 3, 1-4,1 x 1, 7-2,8 mm, 
lâmina 9-10,7 x 14-18 mm, reniforme, base 
cordada, viloso-serícea extemamente; estames 
maiores 4, filetes 9-10 mm, brancos, vilosos, 
anteras 2-2,5 x 1,2- 1,5 mm, amarelas, glabras, 
estames menores filetes ca. 6,5 mm, brancos, 
glabros, anteras 0,8 x 1 mm, glabras, amarelas; 


gineceu verde-ferrugíneo, estipe 4,5-6, 5 mm, 
seríceo, ovário 6,5-8,5 x 2,5-3,5 mm, seríceo, 
estilete 1-1,9 mm, lateral, glabro, estigma 
punctiforme, glabro. Legume nucóide 3-4 x 2- 
2,7 cm, castanho, pubérulo a tomentoso, 
semente bege e arilo amarelo. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, 
Estrada da Jueirana Vermelha, próximo ao rio 
Barra Seca, 13.IV. 1987, D. A. Folli 643, fl. 
(CVRD); Aceiro com CEPLAC, 11.VII.1988, 
G. L Farias 204, fl. (CVRD); Estrada da 
Jueirana Vermelha, ao lado do Rio Barra Seca, 
final da estrada, 12.IV. 1994, D. A. Folli 2281, 
fl. (CVRD); km 2,5 próximo ao Rio Barra 
Seca, 28.VII.1999, V. F Mansano 48, fl. e fr. 
(CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS: Grão Mogol, 20.11. 1969, H. 
S. Irwin et al. 23624, fl. (NY); Lagoa Santa, 
V. 1865, E. Wanning 609, fr. (C, Holótipo); 
Montes Claros, 24.11.1969, H. S. Irwin et al. 
23813, fl. (NY). 

Distribuição e ecologia. Encontrada 
em Minas Gerais, principalmente na Região 
norte e no Espírito Santo (Mansano & Tozzi 
1999b). Na Reserva Natural da Companhia 
Vale do Rio Doce só é encontada no Campo 
Nativo. 

Fenologia. Coletada com flores de 
fevereiro a julho e com frutos de maio a julho. 

Esta espécie é semelhante a 
S. flaemingii, mas difere desta por apresentar 
folíolos maiores, ovais ou elípticos e ovário 
também maior. Cowan (1967) considerou 
S. grazielana muito próxima de S. 
macrostachya, distinguindo-as apenas pela 
margem revoluta dos folíolos de S. grazielana. 
Mansano & Tozzi (1999a) consideraram esta 
última sinônimo de S. macrostachya, pois a 
forma da lâmina, da base e da margem dos 
folíolos, utilizadas por Cowan (1967) para 
separar as duas espécies, não correspondem 
aos caracteres morfológicos observados nos 
materiais tipo. 


Rodriguisia 55 (85): 95-113. 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 




cm .. 


104 


Mansano, V. F. & Tozzi, A. M. G A. 



Figura 3 - Swartzia macrostachya Benlh. var. macrosiachya : a - aspecto geral dos ramos; b - flor; c - pétala; d - estames 
grande c pequeno; c - gineceu em corte longitudinal (/min etal. 23813); f - fruto (Warming 609). 


Rodrisuésia 55 (85): 95-113. 2004 



ISciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm ± 


Swartzia (Legwninosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, Brasil 



Figura 4 - Swartzia myrtifolia var. elegans (Schott) R.S. Cowan: a - aspecto geral do ramo; b - flor; c - pétala; d - estames 
grande e pequeno; e - gineceu; f - fruto ( Pereira 209S). 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 




cm .. 


106 

5. Swartzia myrtifolia Sm., Rees’Cycl. 34. 
1816. 

Representada na Região Sudeste apenas 
por S. myrtifolia var. elegans. 

5.1. Swartzia myrtifolia var. elegans (Schott) 
R.S. Cowan.Fl.Neotrop. Monogr. 1: 156. 1967. 
Figura 4. 

Árvore 3-12 m alt.; tronco cinza claro 
com cicatrizes; ramos glabros a estrigosos. 
Folha com estipulas, 2-3,8 x 0,1 -0,8 mm, 
persistentes, subuladas, glabra a estrigosas 
externamente; pecíolo 0,6- 1,5 mm, alado a 
marginado, asa 1-4,1 mm larg.; raque 2,3-8,5 
cm, alada, asa 0,8-4, 5 mm larg., glabra a 
pubérula; peciólulo 0,9-2,4 mm, estrigoso a 
glabro;folíolos5-15, 1 ,2-5,7 xO,7-3,5 cm, ovais 
a obovados, o par basal menor que os demais, 
cartáceos, face adaxial glabra e abaxial glabra 
a estrigosa, base aguda a cuneada, ápice 
agudo a retuso e mucronado, nervuras 
proeminentes em ambas as faces. Racemo 
5,9-7 cm, axilar, eixo estrigoso, ca. de 3-5 
flores; brácteas 1-1,5 x 0,4-0, 8 mm, per- 
sistentes, linear-lanceoladas, estrigulosas; 
bractéolas ca. 1,5 x 0,2-0, 5 mm, na base do 
pedicelo, linear-lanceoladas, estrigulosas; 
pedicelo 1-2,5 cm, glabro a denso-estrigoso; 
botões 4,4-9,3 x 3,5-8,6 mm, ovais a globosos, 
glabros a estrigosos. Flor com cálice 4 lobado, 
lobos elípticos, glabros intemamente; pétala 
amarela, glabra, unha 2,2-4,8 x 1-1,9 mm, 
lâmina 1-2,5 x 1,2-3 cm, oblata, base cordada; 
estames maiores 4-8, filetes 1,6-2 cm, glabros, 
amarelos, anteras 1,8-3, 1 x 0,9-1, 5 mm, 
oblongas, creme, estames menores glabros, 
filetes 9-12 mm, amarelos, anteras 1-1,4 x 0,8- 
1,2 mm, obovadas ou largo-oblongas; gineceu 
glabro, estipe 10-12,5 mm, ovário 5,5-8 x 1- 
1,5 mm, 14 óvulos, estilete 2,5-4,2 mm, reto, 
terminal, estigma capitado. Legume 3, 4-6,2 x 
1.2-1.8 cm, 1-2 sementes, elíptico ou moni- 
liforme, glabro, alaranjado, sementes pretas e 
arilo branco. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, na 
entrada para o Eucalyptus, próximo a um Pau 


Mansano, V. F. <í Tozzi. A. M. G A. 

Sangue, 26.XI.1979, /. A. Silva 123, fl. 
(CVRD); estrada Jueirana Vermelha km 0,5, 
12.XI.1984, G. L Farias 41, fi. (CVRD); 
estrada da Bicuíba km 1,2, 27.XI.1984, G. L 
Farias 48, fl. (CVRD); estrada da Jueirana 
Vermelha km 0,4, 28. XI. 1999, V. F. Mansano 
49, est. (CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
ESPÍRITO SANTO: Castelo, 04.XII.1956, E. 
Pereira 2095, fl. e fr. (NY). 

Distribuição c ecologia. Foi encontrada 
no leste de Minas Gerais e próximo a faixa 
litorânea do Espírito Santo e do Rio de Janeiro 
(Mansano & Tozzi 1999b). Na Reserva é 
exclusiva da Floresta Alta de Terra Firme. 

Fcnologia. Coletada com flores 
praticamente o ano inteiro com pico de floração 
entre os meses de novembro a janeiro. 

Swartzia myrtifolia var. elegans é muito 
próxima de S. simplex (Sw.) Spreng., diferindo 
por apresentar pétalas menores e mais frágeis, 
folhas com 5 ou mais folíolos, ovário mais 
estreito e tronco mais claro com marca de 
cicatrizes. 

6. Swartzia oblata R.S. Cowan, Brittonia 
33(1): 11. 1981. 

Figura 5. 

Swartzia acutifolia var. ynesiana R.S. 
Cowan, Fl. Neotrop. Monogr. 1: 111. 1967. 

Árvore 10-12 malt.; tronco vermelho, 
descamante, ramos glabros a pubérulos. Folha 
com estipulas 6-10 x 1-1.6 mm, subuladas, 
caducas, tomentosas; pecíolo 1 ,5-4 cm, glabro 
a tomentoso; raque 15-30 cm, marginada, 
glabra a tomentosa; peciólulos 1,5-3 mm, 
glabros a tomentosos; folíolos 11-21, (-2,8)5,5- 
9 x 1, 7-3,5 cm, elípticos a ovais, cartáceos a 
coriáceos, glabrescentes a pubérulos na face 
abaxial, base aguda, ápice acuminado- 
mucronado, nervuras pouco proeminentes na 
face adaxial e muito proeminentes na face 
abaxial. Racemo ou panícula 6-30 cm, nas 
axilas ou em ramos áfilos, eixo pubérulo a 
tomentoso; brácteas 2-2,5 x 1-2 mm, deltoides, 
caducas, estrigosas a tomentosas; bractéolas 
1, 3-2,5 x 1 mm, subuladas, inseridas acima da 


Rodriguisia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004 



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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, Brasil 


107 



Figura 5 - Swartzia oblata R.S. Cowan: a - aspecto geral dos ramos; b - inflorescência; c - flor; d - pétala; e - estames 
grande e pequeno; f - gineceu em corte longitudinal ( Tameirão Neto 845)', g - fruto ( Mexia 5069). 

Rodriguisia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004 





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cm .. 



108 

metade do pedicelo, estrigosas a lomentosas; 
pedicelo 4,5-12 mm, estrigoso a tomentoso; 
botões globosos, 6-9 mm diâm., pubérulos a 
tomentosos. Flor com cálice 4-lobado, lobos 
irregulares, eretos; pétala branca, unha 4-6,5 
x 3-6 mm, lâmina 13-15 x 13-17 mm, oblata, 
base cordada, levemente serícea externa- 
mente; estames amarelos, maiores 4, filetes 
8-12 mm, velutinoa piloso, anteras 2,5-3 x 1,2- 
1,6 mm, oblongas, glabras, estames menores, 
filetes glabros, anteras 0,7-1 x 0,7-1 mm, 
elípticas, oblatas ou oblongas, glabras; estipe 
5, 3-7, 7 mm, seríceo, ovário 5,9-7,5 x 2,3-3 mm, 
arco-elíptico, seríceo, 16 óvulos, estilete 1,3-2 
mm, lateral, encurvado, glabro, estigma 
punctiforme, glabro. Legume nucóide 5,9-13,5 
x 2,8-4 cm, reto, elíptico, circular ou oblongo, 
verde, esparso-estrigoso a tomentoso, ( 1 -)3-7 
sementes, beges e arilo amarelo. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Povoação, na estrada indo 
para Povoação, 5 m da estrada; próximo a 
Fazenda Estrela do Norte, 10 km de Linhares, 
05.11.1991, V. de Souza 14, fl. (CVRD); 
Fazenda do Guerra em frente a moita de 
Bambu, lavoura de cacau, 27.11.1992, V. de 
Souza 310, fl. (CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
MINAS GERAIS: Marliéria, 28. VII. 1992, E. 
Tameirão Neto 845, fl. (BHCB); Viçosa, 
17. IV. 1930, Ynes Mexia 4463, fl. (US, 
Holótipo de S. acutifolia var. ynesiana; 
19.IX.1930, Ynes Mexia 5069, 0. (BHCB). 

Distribuição e ecologia. Ocorre na 
faixa litorânea do estado de São Paulo, leste 
de Minas Gerais e no município de Linhares. 
Espírito Santo (Mansano & Tozzi 1999b). Esta 
espécie só foi detectada nos arredores da 
Reserva Natural da Companhia Vale do Rio 
Doce, e é incluída neste estudo como 
potencialmente ocorrente nesta área. Ocorre 
em locais de terreno plano e solo argiloso em 
áreas de Floresta Alta de Terra Firme e em 
Florestas de Várzeas. 

Fenologia. Coletada com flores de 
fevereiro a julho e com frutos de setembro a 
novembro. 


Mansano, V. F. & Tozzi, A. M. G A. 

Esta espécie caracteriza-se pela pétala 
oblata, folíolos glabros e agudos, androceu 
decíduo e botões costados. Cowan ao 
descrever esta espécie a considerou próxima 
de 5. flaemingii Raddi e S. inacrostacliya 
Benth. e não mencionou qualquer semelhança 
entre S. oblata e S. acutifolia var. ynesiana. 
Mansano & Tozzi (200 1 ) concluiram que estes 
dois táxons são sinônimos. 

Swartzia acutifolia var. acutifolia não 
apresenta bractéolas, possui gineceu 
tomentoso e quase tão largo quanto longo e 
fruto fusiforme e mais largo do que longo. S. 
oblata apresenta bractéolas inseridas no 
pedicelo, gineceu seríceo e 2 a 3 vezes mais 
longo do que largo e fruto não fusiforme c 
mais longo do que largo. Através de tais 
resultados e da consulta dos materiais tipo 
concordamos com o posicionamento anterior 
de Mansano & Tozzi (200 1 ) e entendemos que 
S. oblata apresenta características mais do 
que suficientes para permanecer como uma 
espécie distinta. 

Swartzia oblata é muito semelhante a 
S. flaemingii e S. macrostachya. Os folíolos 
agudos e cerca de 3 vezes mais longos do que 
largos a distinguem destas duas últimas, que 
possuem folíolos duas vezes mais longos do 
que largos. 

Apresenta madeira avermelhada com 
ligeira descamação, a copa é ampla e os ramos 
são escandentes. 

7. Swartzia simplex (Sw.) Spreng., Syst. veg. 
4(2): 567. 1825. 

Na Reserva é representada apenas por 
Swartzia simplex var. ochnacea (D.C.) R. 
S. Cowan. 

7.1. Swartzia simplex var. ochnacea (DC.) 
R.S.Cowan, Fl. Neolrop. Monogr. 1: 178. 1967. 
Figura 6. 

Árvore ou arvoreta 4-8 m, tronco 
preto; ramos glabros. Folha com estipulas 
3-6 x 0,5-1 mm, subuladas, pubérulas ou 
raramente glabras; pecíolo 0,5- 1 ,5 x 0,3 cm, 
glabro; raque 7,5-12,7 cm, alada; asa 0,1- 


Rodrigutsia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004 



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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reser\'a Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, Brasil 109 



Figura 6 • Swartzia simplex var. ochnacea (DC.) R. S. Cowan: a - aspecto geral do ramo ( Duarte 3707). 


Rodriguésia 55 (85): 95-113. 2004 



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cm 



no 

0,5 cm; peciólulo maior que 1 mm;folíolol, 
4-11 x 2, 5-5, 5 cm, elípticos a ovados, o 
terminal, quando presente, maior, cartáceos, 
glabros, base atenuada a obtusa, ápice 
acuminado, nervura central fortemente 
proeminente na face abaxial. Racemo 4,5- 
5,5 cm, axilar, eixo glabro; brácteas ca. 1 x 
0,5 mm, tomentosas a pubérulas; bractéolas 
1-1.5 x 0,5-0,7 cm, deltoides, inseridas na 
base do pedicelo, tomentosas a pubérulas; 
pedicelos 1,5-3 cm; botões 0,7-1, 3 x 0,6-1 
cm. circulares a obtusos, glabros. Flor com 
cálice 4-5 lobado, glabro em ambas as faces; 
pétala amarela, glabra, unha 3-4 x 2 mm, 
lâmina ca. 2,5 x 3-4 cm, reniforme, base 
cordada; estames maiores 6-11, glabros, 
filetes ca. 1,5 cm, anteras ca. 4x2 mm, 
oblongas, estames menores glabros, filetes 

0. 7-1 cm, anteras ca. 2 x 1 mm, elípticas; 
gineceu glabro, estipe 7-12 mm. ovário, ca. 
7-13 x 2-3 mm, encurvado-elíptico, estilete 
3-5 mm, terminal, estigma capitado. Legume 
3,5-7, 5 x 1,2-2 cm, oblongo-elíptico a oboval, 
amarelo, deiscente, sementes pretas e arilo 
branco, adocicado. 

Material examinado: BRASIL. ESPÍRITO 
SANTO: Linhares, Reserva da CVRD, 
estrada da Gávea km 13,7, 19.XI.1982, D. A. 
Folli 411 , fl. (CVRD); estrada da Gávea km 
13,7, 01.VI.1993, D. A. Folli 1886 , fr. 
(CVRD); estrada do Flamengo km 18,7, 

01. VI.2001, D. A. Folli 3942 , fr. (CVRD); 
estrada da Bicuíba km 1,7, 30.X.2002, D. A. 
Folli 4392 , fl. (CVRD). 

Material adicional examinado: BRASIL. 
ESPÍRITO SANTO: Nova Venécia, 
I5.XI.1953, A. P Duarte 3707, fl. (US). 

Distribuição c ecologia. Ocorre com 
maior abundância na região amazônica 
(Cowan 1967). Apresenta uma ampla 
distribuição desde a Guatemala até a Colômbia 
no oeste da América do Sul c até o estado do 
Rio de Janeiro na costa leste. Na Região 
Sudeste nota-se claramcnte o Rio de Janeiro 
como limite sul de distribuição (Mansano & 
Tozzi 1999b). Dentro dos limites da Reserva 


Mansano, V. F. & Tozzi, A. M. G A. 

Natural da Companhia Vale do Rio Doce este 
táxon só foi encontrado na Floresta Alta de 
Terra Firme. 

Fenologia. Coletada com flores entre 
outubro e novembro e com frutos entre junho 
ejulho. 

Esta variedade se distingue de S. simplex 
var. grancliflora por apresentar folhas 
unifolioladas, possuir menor porte e tronco mais 
escuro. 

Observações de campo úteis para o 
reconhecimento das espécies de Swartzia 
da Reserva Natural da Companhia Vale 
do Rio Doce 

O aspecto da copa, a coloração e a forma 
da descamação da casca são características 
extremamente úteis para a identificação das 
espécies de Swartzia aqui observadas 
(Tabela 1). 

As observações de campo encontram- 
se registradas na Tabela 1. Swartzia 
myrtifolia var. elegans e S. simplex var. 
oclmacea são as únicas que não apresentam 
casca descamante (Figura 7 f e h). Swartzia 
myrtifolia var. elegans é a única espécie que 
apresenta cicatrizes dos ramos evidentes 
(Figura 7 f). 

Swartzia apetala var. apetala e S. 
apetala var. glabra (Figura 7 b e c) 
distinguem-se na coloração do tronco e da 
camada subcortical, sendo que a última 
variedade apresenta o subcórtex rajado. 
Também podemos distinguir S. simplex var. 
oclmacea, que apresenta cerca de 5 m de 
altura e tronco preto (Figura 7 h) de S. simplex 
var. grancliflora, um táxon muito comum na 
Mata Atlântica, porque esta última apresenta 
um porte de cerca de 18 m de altura e tronco 
cinza. 


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Swartzia ( Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, Brasil 1 1 1 


Figura 7 - Detalhe da casca das espécies de Swartzia ocorrentes na Reserv a Florestal da Companhia Vale do Rio Doce: a. 
S. acutifolia Vogei; b. S. apetala Raddi var. apetala ; c. S. apetala var. glabra (Vogei) R. S. Cowan; d. S. linharensis 
Mansano; e. S. macrostachya Benth. var. macrostachya; f. S. myrtifolia var. elegans (Schott) R. S. Cowan; g. 5. oblata R. 
S. Cowan; h. S. simplex var. ochnacea DC.) R. S. Cowan. 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 95 - 113 . 2004 




cm .. 



1 1 2 Mansano, V. F. & Tozzi. A. M. G A. 


Tabela 1 - Características de algumas espécies de Swartzia observadas em campo. 


Táxon 

Porte 

Descamação 
da casca 

Aspecto externo 
c interno do tronco 

Padrão de 

casca 

externa 

S. acutifolia var. 
acutifolia 

árvore 25 m 

presente 

bege- avermelhado, descamação 
retangular ca. 40 cm compr. X 1 0 cm larg. 

escamoso 

S. apetala var. glabra 

árvore 8 m 

presente 

castanho extemamente c rajado 
de vermelho e bege intemamente, 
descamação retangular 

escamoso 

S. apetala var. apetala 

árvore 1 2 m 

presente 

cinza-claro, abaixo castanho-avcrmclhado, escamoso 
descamação estreito-retangular 

S. linharensis 

árvore 1 8 m 

presente 

castanho-rosado, descamação retangular 

escamoso 

S. macrostachya var. 
inacrostacliya 

arvoreta 4 in 

presente 

cinza-claro, descamante 

escamoso 

S. myrtifolia var. elegans 

árvore 5 m 

ausente 

cinza com cicatriz dos ramos evidentes 

liso 

S. oblata 

árvore 6 m 

presente 

avermelhado, descamante 

escamoso 

S. simplex var. ochnacea 

arvoreta 5 m 

ausente 

preto 

liso 


Referências Bibliográficas 

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Swartzia (Leguminosae, Papilionoideae, Swartzieae s.l.) na Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, 
Linhares, ES, Brasil 


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A FAMÍLIA PALMAE NA RESERVA BlOLÓGICA DA REPRESA DO GRAMA - 

Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


Marco Otávio Pivari' & Rafada Campostrini Forzza 2 


Resumo 

(A família Palmae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil) O presente 
trabalho trata do levantamento das espécies de Palmae ocorrentes na Reserva Biológica da Represa do 
Grama, localizada na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, no município de Descoberto. A Reserva 
abrange uma área de 263,8 hectares, de floresta estacionai semidecidual. Foram encontradas para a família 
sete espécies distribuídas em seis gêneros: Astrocaryum aculeatissimuin, Attalea oleifera, Bactris vulgaris, 
Euterpe cdulis , Geonoma brcvispatlm, G. rubcscens e Syagrus romanzoffiana. São fornecidas chave de 
identificação, descrições, ilustrações, dados sobre distribuição geográfica e comentários para cada espécie. 

Palavras-chave: Palmae, Arccaceae, Taxonomia, Zona da Mata de Minas Gerais. 


Abstract 

(The family Palmae in the Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brazil) A 
survey consisting of the taxonomic study of the Palmae speeies in the Reserva Biológica da Represa do 
Grama, located at the Zona da Mata of Minas Gerais State, in the municipal district of Descoberto. The area 
covers 263.8 hectares of stationary semidecidual forest. Six genera and seven speeies were found: Astrocaryum 
aculeatissimuin, Attalea oleifera , Bactris vulgaris, Euterpe edulis, Geonoma brcvispatlm, G. rubescens and 
Syagrus romanzoffiana. Identification keys, dcscriptions, ilustrations, range, habit and comments for each 
speeies are furnished. 

Key-words: Palmae, Arecaceae, Taxonomy, Zona da Mata of Minas Gerais. 


Introdução 

Encravado na porção sudeste do Brasil, 
Minas Gerais ocupa cerca de 7% do território 
federal e apresenta em seus domínios três 
grandes fitofisionomias: a porção centro- 
ocidental constituída por áreas de cerrado; a 
porção norte coberta por expansões da 
caatinga e a porção leste-sudeste constituída 
por prolongamentos da floresta atlântica 
(Martins 2000). 

A região da Zona da Mata é constituída 
pelas florestas estacionais semideciduais mon- 
tanas e submontanas, que se encontram extre- 
mamente fragmentadas devido a diversos tipos 
de perturbações como fogo, pecuária, retirada 
seletiva de madeira e a crescente expansão 
das áreas urbanas (Oliveira-Filho et al. 1994, 
Meira-Neto et al. 1997, Silva 2000). Assim, a 
grande área de domínio da floresta atlântica, 
cuja cobertura original correspondia a 40% do 


estado de Minas Gerais, atualmente está 
representada por cerca de 3% (CETEC 1987). 

Paradoxalmente, poucos estudos florísticos 
foram desenvolvidos nesta região. Este fato está 
refletido nas coleções científicas que represen- 
tam muito pouco da diversidade das matas mi- 
neiras e nas poucas publicações que contem- 
plam esta região. Dentro desse contexto, o pre- 
sente estudo teve como objetivo o levantamento 
das espécies de Palmae ocorrentes na Reserva 
do Grama, a fim de incrementar o conhe- 
cimento sobre a vegetação da Zona da Mata 
de Minas Gerais e contribuir para o conheci- 
mento taxonômico e biogeográfico da família. 

Material e Métodos 

A Reserva Biológica da Represa do 
Grama localiza-se na Serra do Relógio, Zona 
da Mata de Minas Gerais, no Município de 
Descoberto (21°25'S -42°56'W), cerca de 100 


Artigo recebido em 04/2004. Aceito para publicação em 08/2004. 

‘Instituto de Ciências Biológicas, Campus Universitário, Martelos, CEP 36036-330, Juiz de Fora, MG, Brasil - 
marcooiavio@bol.com.br 

1 Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 9 1 5, CEP 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil - rafaela@jbrj.gov.br 



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cm .. 


116 

km ao nordeste de Juiz de Fora. A Reserva 
Biológica foi criada em 1971 porém, o processo 
teve início em 1911 com a aquisição das terras 
para manutenção da floresta e dos recursos 
hídricos. A Reserva abrange uma área de 
263,8 hectares de floresta estacionai 
semidecidual montana que abriga em seu 
interior a nascentes de vários córregos, dos 
quais ocorre a captação de água para 
abastecimento parcial dos municípios de 
Descoberto e de São João Nepomuceno 
(Menini Neto et al. 2004). 

Para o desenvolvimento desse trabalho 
foram realizadas expedições periódicas à 
Reserva Biológica da Represa do Grama de 
agosto de 1999 a janeiro de 2004, onde as 
amostras de materiais férteis foram coletadas 
e incorporadas à coleção do herbário CESJ. 
As descrições e as ilustrações das espécies 
foram elaboradas com base nos materiais 
coletados na Reserva e a terminologia 
morfológica adotada foi baseada as definições 
contidas em Radford et al. (1974), Moore & 
Uhl (1982) e Uhl & Dransfield (1987). 

Resultados e Discussão 

A família Palmae apresenta distribuição 
pantropical, sendo especialmente diversificada 
na Ásia Tropical e América do Sul. Nas 
Américas, são encontrados 67 gêneros e 
aproximadamente 1.440 espécies, das quais 
cerca de 200 espécies e 39 gêneros são 
registrados para o Brasil. Para a floresta 
atlântica são referidos 10 gêneros e 
aproximadamente 40 espécies (Henderson et 
al. 1995). Na Reserva Biológica da Represa 


Pivari, M. O. & Forzza, R. C. 

do Grama, foram encontrados sete espécies e 
seis gêneros: Astrocaryum aculeatissimum, 
Attalea oleifera , Bactris vul garis. Euterpe 
e chilis, Geonoma brevispatha, G rubescens 
e Syagrus romanzoffiana. 

Segundo Silva (2000), a floresta estacionai 
semidecidual submontana e montana madura 
apresenta-se com três extratos: dois arbóreos 
e um herbáceo-arbustivo. O primeiro que 
forma um dossel contínuo tem seu limite em 
torno dos 25 metros de altura, o segundo 
extrato, com cerca de 15 metros, possui 
elementos jovens do primeiro extrato e espécies 
próprias. O terceiro extrato é composto por 
plântulas, espécies herbáceas e arvoretas que 
não ultrapassam 3 metros de altura. 

Na Reserva Biológica da Represa do 
Grama as espécies de Palmae são encontradas 
nos três extratos acima descritos e são 
importantes componentes da fisionomia local. 
Attalea oleifera é a única espécie que faz 
parte do dossel e forma grandes adensamentos 
principalmente em áreas de encosta e próximo 
de áreas alteradas na borda da Reserva. No 
segundo extrato são encontradas Astrocaryum 
aculeatissimum e Syagrus romanzoffiana, 
ocorrendo principalmente nas áreas mais secas, 
e Euterpe edulis que forma grandes 
populações ao longo dos diversos cursos d’água 
que cortam a área. No extrato herbáceo- 
arbustivo ocorrem Bactris vulgaris, da qual 
são encontrados indivíduos distribuídos de 
forma esparsa e em locais bem drenados, e 
Geonoma brevispatha e G rubescens que 
ocorrem em locais de solo encharcado, em 
geral juntamente com Euterpe edulis. 


Chave para identificação das espécies de Palmae ocorrentes na 
Reserva Biológica da Represa do Grania 

1. Plantas com estipe e folhas armados. 

2. Planta com 1.5-2.7 m alt.; folíolos verdes na face abaxial; bráctea peduncular 12-16 cm 

compr. 3- Bactris vulgaris 

2'. Planta com 4,6-10 m alt.; folíolos cinéreos na face abaxial; bráctea peduncular ca. 60 cm 

compr. 1- Astrocaryum aculeatissimum 

1’. Plantas com estipe e folhas inermes. 

3. Bráctea peduncular 16-42 cm compr.; estipe com cicatrizes foliares dispostas regularmente. 


Rodrigutua 55 (85): 1 15-124. 2004 



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A família Palmae na Resena Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil ^ 

4. Planta solitária; inflorescência glabra, ramificações até segunda ordem 

5. Geonoma brevispatha 

4’. Planta cespitosa; inflorescência tomentosa, sem ramificações até segunda ordem 

6. Geonoma rubescens 

3’. Brácteapeduncular maior que 1 mcompr.;estipe com cicatrizes foliares dispostas irregularmente. 

5. Folíolos em diferentes planos, distribuídos irregularmente ao longo da raque 

7. Syagrus romanzoffiana 

5’. Folíolos em um único plano, distribuídos regularmente ao longo da raque. 


6. Raquilas 17-23 cm compr.; frutos 5,6-6,3 cm compr. 2. Attalea oleifera 

6’. Raquilas 71-88 cm compr.; frutos 1,2- 1,5 cm compr. 4. Euterpe edulis 


1. Astrocaryum aculeatissimum (Schott) 
Burret., Repert.Spec. Nov. Regni Veg. 35: 152. 
1934. 

Plantas 4,6-10 m alt., cespitosas. Estipe 
ca. 5 m compr., até 28 cm diâm., ereto, 
enegrecido, cicatrizes foliares pouco evidentes, 
densamente armado, acúleos ca. 4 cm compr. 
Folhas 6-8; 2,5-5 m compr., algumas vezes 
marcescentes; bainha ca. 80 cm, nigrescente, 
margem fibrosa, armada, acúleos 3-4 cm 
compr.; pecíolo ca. 160 x l,3cm,subcilíndrico, 
acúleos negros, com até 4,1 cm compr.; raque 
ca. 2,2 m compr., armada, acúleos com até 4,5 
cm compr.; folíolos 48-53, discolores, cinéreos 
na face abaxial, distribuídos regularmente na 
raque, dispostos em um ou mais planos, 
medianos 42-48 x 0.9- 1, 1 cm, ápice acuminado, 
margem aculeada, acúleos ca. 2 mm. Inflores- 
cência pendente, interfoliar; profiloca. 2,5 x 8 
cm, pardo, recoberto por tricomas alvos; bráctea 
peduncular ca. 60 x 6 cm, fibrosa, parda, 
armada, acúleos ca. 2,8 cm compr.; raque ca. 
50 cm compr., ca. 8 cm diâm., armado, acúleos 
ca. 2 mm compr.; raquilas 30-39, 5-14 cm 
compr., inermes. Flores estaminadas ca. 6 x 4 
mm compr., amarelas; sépalas ca. 1 x 1 mm, 
hialinas; pétalas ca. 6 x 2-3 mm, acuminadas; 
estames 6, epipétalos, filetes ca. 1,5 mm 
compr., anteras ca. I mm compr., dorsifixas. 
Flores pistiladas ca. 5 x 3 mm compr., amarelas; 
sépalas menores que 1 mm, elípticas; pétalas 
ca. 5 x 2 mm, acuminadas; pistilo ca. 2 mm 
compr. Frutos 5,5-6,5 cm compr., rostro 4-6 
mm; perianto persistente; epicarpo ca. 2 mm 
espessura, lenhoso, castanho, recoberto por 
acúleos de 1-3 mm compr. e escamas 

Rodriguésia 55 (85): 115-124. 2004 


ferrugíneas; mesocarpo ca. 2 mm. de espes- 
sura, fibroso, creme; endocarpo papiráceo, 
nigrescente. Semente 1; endosperma líquido, 
adocicado e transparente. 

Nome popular local: brejaúba. 

Material examinado: BRASIL, MINAS 
GERAIS: Descoberto: Reserva Biológica da 
Represa do Grama: V.2001, Fazza et ai 7, fl. 
e fr. (CESJ); III.2002., Forzza et al. 2093, fl. 
(CESJ, RB, SPF). 

O gênero Astrocaryum reúne 18 espécies 
que se caracterizam por apresentar estipe, 
folhas e brácteas pedunculares densamente 
armados. Ocorre do México ao Brasil, com 
centro de diversidade na região amazônica. Na 
floresta atlântica o gênero é representado 
apenas por A. aculeatissimum, que pode ser 
encontrada desde a Bahia até o Paraná 
preferencialmente nas florestas úmidas em 
locais não inundáveis ou em áreas de pastagem 
(Henderson et al. 1995). 

Astrocaryum aculeatissimum diferencia- 
se das demais Palmae da Reserva por ser uma 
planta cespitosa de estipe densamente armado, 
além de possuir folíolos regularmente 
distribuídos em um ou mais planos e 
inflorescência interfoliar. Na área estudada, a 
espécie ocorre preferencialmente nas encostas 
mais íngremes e forma densas populações. 

As folhas de A. aculeatissimum são 
empregadas na confecção de vassouras e 
chapéus, assim como na construção de casas 
e o caule é utilizado por algumas populações 
indígenas para confeccionar o arco-e-flecha 
(Noblick 1991). O endosperma líquido por sua 
vez é usado na medicina popular local. 



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cm .. 


Pivari, Aí. O. & Forzza, R. C. 

ocorrentes na Reserva por apresentar grandes 
estipes solitários, sendo esta a maior e mais 
comum das espécies encontradas na paisagem 
da área de estudo. Nota-se os folíolos 
distribuídos regularmente em um único plano, 
folhas divergentes e decíduas, além de 
inflorescência pendente e interfoliar. 

Attalea oleifera ocorre na costa atlântica 
do Brasil, nas Regiões Sudeste e Nordeste, 
normalmente em áreas florestais chegando ao 
cerrado até 800 m de altitude. Glassman (1977) 
cita A. oleifera para o estado de Goiás, 
apontando sua grande semelhança com A. 
burretiana Bondar. Segundo Anderson & 
Balick (1988), A. oleifera pode ocorrer em 
áreas degradadas sendo que as suas 
populações crescem de tal forma, que chegam 
a constituir elemento dominante da paisagem. 
Este fato é observado em algumas encostas 
da Reserva onde a floresta se encontra mais 
alterada. 

As folhas desta palmeira são geralmente 
utilizadas para construção de sapés. Já as 
castanhas, são consumidas cruas ou assadas 
e seu óleo é empregado no preparo de doces 
(Henderson et al. 1995, Pinheiro & Balick 
1987). A população local utiliza as folhas para 
cobertura de casas e confecção de vassouras, 
além de consumir o palmito e os frutos. 


118 

2. Attalea oleifera Barb. Rodr., Nov. Res. 
Bras. Rio de Janeiro 7: 123. 1881. 

Figura 1 : a-b 

Plantas 10-13 m alt., solitárias. Estipe 6- 
10 m compr., ca. 1.10 m diâm., ereto, pardo, 
com cicatrizes foliares dispostas irregularmente, 
inerme. Folhas 12-16, ca. 5,9 m compr., 
algumas marcescentes; bainha 0,9- 1,3 x 0,6- 
0,8 m, fibrosa, pardacenta, inerme; pecíolo ca. 
70 x 8 cm, quadrangular, lepidoto, cinéreo na 
face abaxial; raque ca. 4 m compr., inerme; 
folíolos 144-197, discolores, distribuídos 
regularmente em um único plano, medianos 89- 
98 x 5-6 cm, ápice acuminado a assimétrico, 
margem lisa. Inflorescência arqueada- 
pendente, interfoliar; profilo não observado; 
bráctea peduncular ca. 160 x 18 cm, lenhosa, 
lepidota, cinérea, inerme; raque ca. 103 cm 
compr., ca. 11 cm diam., inerme; raquilas ca. 
78, 17-23 cm compr., inermes. Flores 
estaminadas 16-22 x 6-9 mm, creme; sépalas 
1-3 x 1-2 mm, acuminadas; pétalas 15-20 x 2- 
5 mm, acuminadas; estames 9, livres, filetes 
ca. 9 mm compr., anteras ca. 4 mm compr., 
dorsifixas. Flores pistiladas 3-4,3 x 1 ,8-2, 1 cm, 
creme; sépalas 2, 5-2, 9 x 1, 7-2,0 cm, 
triangulares; pétalas 3-4,1 x 1,5-1, 8 cm, 
triangulares; anel de estaminódios ca. 1 cm 
compr.; pistilo não observado. Frutos 5,6-6,3 
cm compr., 2,3-3, 1 cm diâm., perianto 
persistente; epicarpo 2-3 mm de espessura, 
fibroso, recoberto por indumento castanho; 
mesocarpo 4-6 mm de espessura, fibroso, 
castanho; endocarpo 5-6 mm de espessura, 
lenhoso, castanho. Semente 1-2; endosperma 
carnoso, homogêneo, alvo. 

Nome popular local: indaiá 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: IX.2001, Fazza et al. 6, 
fl. e fr. (CESJ); 111.2002, Forzza et al. 2092, 
fr. (CESJ, RB). 

O gênero Attalea é composto por 29 
espécies, das quais nove ocorrem nos domínios 
da floresta atlântica (Henderson et al. 1995). 
Attalea oleifera pode ser facilmente 
diferenciada das demais espécies da família 


3. Bactris vtilgaris Barb. Rodr., Enum. Palm. 
Nov. Prot. Append.: 42. 1879. 

Figura 1: c-d 

Plantas 1,5-2, 7 m alt., cespitosas. 
Geralmente sem estipe ou algumas vezes com 
estipe até 1 ,4 m compr. e ca. 9 cm diâm., ereto 
a arqueado, pardacento, cicatrizes foliares 
pouco evidentes, armado; acúleos ca. 3,6 cm 
compr. Folhas 3-9; ca. 1 ,55 m compr., algumas 
marcescentes; bainha ca. 23 x 9 cm, fibrosa, 
ferrugínea. armada, acúleos negros, 0.5-2.9 cm 
compr.; pccíolo 45-64 x 0,6-1 cm. cilíndrico, 
armado, acúleos negros, 0,3-4, 5 cm compr.; 
raque ca. 1,4 m compr., armada; folíolos 25- 
30, verdes em ambas as faces, distribuídos 
irregularmente e dispostos em diferentes 
planos; folíolos medianos 27-29 x 2 cm, ápice 

Ri>dri$ué\ia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004 



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A família Palmae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto. Minas Gerais, Brasil 


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Figura 1 - Attalea oleifera Barb. Rodr.: a - hábito; b - fruto. Bactris vttlgaris Barb. Rodr.: c - parte da folha, bráctea 
peduiicular e frutos; d - parle do pccíolo. Geonoma rubescens Barb. Rodr.: c - folha, bráctea pedunculare inflorescência. 


Rodri S uésia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004 



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acuminado, margem aculeada, acúleos 1-2 mm 
compr. Inflorescência pendente, interfoliar; 
profilo 10-12 x 1,2-1, 8 cm, paleáceo, inerme; 
bráctea peduncular 12-16 x 1, 6-2,2 cm, fibrosa, 
parda, densamente aculeada, acúleos negros, 
ca. 1,3 cm compr.; raque ca. 19 cm compr., 5- 
8 mm diâm., inerme; raquilas 6-8, ca. 14 cm 
compr., inermes. Flores não observadas. Frutos 
1,6-1, 9 cm compr., ca. 6,5 cm diâm., perianto 
persistente; epicarpo 0,5 mm espessura, 
fibroso, castanho, glabro; mesocarpo ca. 1 mm 
de espessura, lenhoso, castanho; endocarpo 
ca. 1 mm de espessura, fibroso, pardo. Semente 
1; endosperma carnoso, homogêneo alvo. 
Nome popular local: brejaubinha. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS. Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: X.2001, Fazza et al. 35, fr. 
(CESJ); IV.2002, Pivari et al. 92, fr. (CESJ); 
IX. 2002, Meireles et al. 1169, fr. (CESJ). 

Bactris é constituído por 64 espécies com 
ampla distribuição nas Américas, ocorrendo do 
México ao Paraguai em áreas florestais, 
geralmente próximo a cursos d’água, savanas 
e áreas degradadas. Para floresta atlântica são 
registradas 13 espécies (Henderson et al. 
1995). 

Os indivíduos de B. vulgaris diferenciam- 
se na área estudada pelo hábito cespitoso e 
acaulescente, embora algumas vezes possa 
apresentar caules de até 1 ,4 m de comprimento. 
As folhas são densamente armadas e os 
folíolos são irregularmente distribuídos em 
diferentes planos. B. vulgaris distribui-se pela 
costa Atlântica do Brasil, nos estados da Região 
Sudeste e Bahia, ocorrendo normalmente no 
interior de florestas úmidas em áreas não 
inundáveis, abaixo de 700 m de altitude 
(Henderson et al. 1995). 

Na Reserva esta espécie é a menos 
freqüente dentre as palmeiras e não a relatos 
de sua utilização pela população local. 

4. Euterpe cdulis Mart., Hist. Nat. Palm. 
2(2):33. t. 32. 1823. 

Plantas 12-15 malt., solitárias. Estipcca. 
12 m compr. e 43-47 cm diâm., ereto, castanho- 
cinéreo, cicatrizes foliares dispostas 


Pivari. M. O. & Forzza. R. C. 

irregularmente, inerme. Folhas 8-15; l,3-2,4 m 
compr., algumas marcescentes; bainha ca. 1,5 
m x 19 cm, fibrosa, pardacenta, inerme; pecíolo 
ca. 29 x 3 cm, triangular, canaliculado, inerme; 
raque ca. 1 m compr., face abaxial coberta 
por indumento ferrugíneo; folíolos 44-83, 
discolores, regularmente distribuídos e 
dispostos em um plano, medianos 73-94 x 2-3 
cm, ápice acuminado, margem lisa. 
Inflorescência pendente, infrafoliar; profilo não 
observado; bráctea peduncular ca. 105 x 10 
cm. cartácea, ferrugínea, inerme; raque ca. 86 
cm compr., 5 cm diâm., inerme; raquilas 
numerosas, 71-88 cm compr., inermes. Flores 
estaminadas 5-7 x 2-3 mm, creme; sépalas 2 x 
1 mm, acuminadas; pétalas 4-6 x 2 mm, 
elípticas a lanceoladas; estames 6, livres, filetes 
2-3 mm compr., anteras 4-5 mm compr., 
dorsifixas. Flores pistiladas ca. 5 x 4 mm. 
creme; sépalas ca. 3 x 4 mm. elípticas; pétalas 
3 x 3-4 mm compr., elípticas; estaminódios 3, 
ca. 1 mm compr.; pistilo 2-3 mm compr. Frutos 
1 ,2- 1 ,5 cm compr., 1, 1 - 1 ,4 cm diâm., perianto 
persistente; epicarpo ca. 1 mm de espessura, 
fibroso, castanho, glabro; mesocarpo ca. 1 mm 
de espessura, fibroso, esverdeado; endocarpo 
ca. 1 mm de espessura, fibroso, amarelo. 
Semente 1; endosperma carnoso, com 
reentrância mediana, alvo. 

Nome popular local: palmito-juçara 
Material examinado: BRASIL, MINAS 
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: III.2001, Fazza et al. 4, 
fl. (CESJ); V.2001, Fazza et al. 3. fr. (CESJ). 

O gênero Euter/ie é composto por sete 
espécies que se distribuem da América Central 
à América do Sul, sendo E. cdulis a única a 
ocorrer nos domínios da floresta atlântica 
brasileira, entre os estados do Rio Grande do 
Norte ao Rio Grande do Sul, além de Argentina 
e Paraguai (Henderson et al. 1995). 

Euterpe edulis é de fácil reconhecimento 
devido ao longo estipe (12-15 m), solitário, 
inerme, além de apresentar inflorescência 
infrafoliar. Forma grandes populações em geral 
próximo de cursos d’água ou em áreas de 
pastagens nas proximidades da Reserva. 


Rodriguivia 55 (85): 115-124 2004 



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A família Palmae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


121 


O palmito obtido de E. edulis é Iar- 
gamente utilizado na culinária brasileira devido 
a seu apreciado paladar. O extrativismo exa- 
cerbado ao longo dos séculos, vem contribuindo 
para diminuição acentuada das populações 
desta espécie levando a inclusão da mesma 
na Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção 
da Flora de Minas Gerais (Mendonça & Lins 
2000) e na Lista Oficial do IBAMA (Mello- 
Filhof/fl/. 1992). O extrativismo de palmito é 
uma das maiores ameaças à integridade da 
Reserva e vem contribuindo de forma acele- 
rada para abertura de novas trilhas e clareiras. 

5. Geonoma brevispatha Barb. Rodr., Enum. 
Palm. Nov. Prot. Append.: 41. 1879. 

Plantas 2,5-5 m alt., solitárias. Estipe 1 ,5-3 
m compr. e 25-32 cm diâm., ereto a levemente 
arqueado, castanho-cinéreo, cicatrizes foliares 
evidentes, distribuídas regularmente, inerme. 
Folhas 14-19; 1-1,3 mcompr.; bainha ca. 31 x5 
cm, fibrosa, ferrugínea, inerme; pecíolo ca. 40 x 
0,8 cm, triangular, canaliculado, inerme; raque 
ca. 66 cm compr., inerme; folíolos 22-24, verdes 
em ambas faces, regularmente distribuídos e 
dispostos em um único plano, medianos 32-46 x 
1, 3-2,0 cm. ápice geralmente acuminado, 
margem lisa. Inflorescência arqueada, interfoliar, 
profilo não observado; bráctea peduncular 31- 
42 x 3-4 cm, membranácea a fibrosa, parda, 
inerme; raque ca. 74 cm compr., 3,5-4 cm diâm., 
inerme; raquilas 8-23, 23-34 cm compr., inermes, 
com ramificações de segunda ordem. Flores 
estaminadas ca. 3 x 2 mm, creme; sépalas ca. 2 
x 1 mm, acuminadas; pétalas ca. 2 x 1 mm, 
acuminadas; estames 6, monadelfos, filetes ca. 
2 mm compr., anteras ca. 1,5 mm compr. Flores 
pistiladas 4x2 mm. creme; sépalas 2-3 x 2 mm. 
carenadas; pétalas ca. 4x2 mm; pistilo ca. 1 
mm compr. Frutos ca. 1 cm compr., 7-8 mm 
diâm., perianto decíduo; epicarpo ca. 1 mm de 
espessura, lenhoso, nigrescente, glabro; 
mesocarpo ca. 1 mm de espessura, fibroso, 
castanho; endocarpo ca. 1 mm de espessura, 
fibroso, pardo. Semente 1 ; endosperma carnoso, 
homogêneo, alvo. 

Nome popular local: sem relatos. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004 


Material examinado: BRASIL, MINAS 
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: V.2001, Fazza et ai 2, fl. 
e fr. (CESJ); IX.2001, Fazza et ai 5, fi. e fr. 
(CESJ); 1.2001, Forzza et ai 1748, fl. e fr. 
(CESJ); IV.2002, Pivari et ai 91, fl.(CESJ). 

Segundo Henderson (1995), o gênero 
Geonoma reúne 5 1 espécies distribuídas por 
toda a América Tropical. Para a floresta 
atlântica são registradas oito espécies, das quais 
duas ocorrem na Reserva: G brevispatha e 
G. ntbescens. 

Geonoma brevispatha apresenta 
grandes populações na área ocorrendo 
preferencialmente próximos a cursos d’água. 
São solitárias e apresentam porte médio (até 5 
m de altura), com folíolos regularmente 
distribuídos em um único plano e inflorescência 
interfoliar. A espécie apresenta ampla 
distribuição geográfica, ocorrendo na floresta 
atlântica. Planalto Central, Peru, Bolívia e 
Paraguai, em florestas úmidas, florestas de 
galeria ou áreas pantanosas entre 400 e 1.600 
m de altitude, normalmente associada a cursos 
d’água (Henderson et ai 1995). 

Geonoma brevispatha possui duas 
variedades: G brevispatha var. brevispatha 
e G brevispatha var. occidentalis, que se 
diferenciam pelos folíolos, posição da 
inflorescência e distribuição geográfica 
(Henderson et ai 1995). Segundo este mesmo 
autor, o complexo formado por G brevispatha, 
G. pohliana, G. gamiova e G. schottiana 
necessita de estudos mais detalhados uma vez 
que estas espécies parecem apresentar um 
continuo nas variações morfológicas. 

As folhas desta espécie são utilizadas 
para cobertura de abrigos e confecção de 
cestos, além do caule que pode ser empregado 
como cabo para ferramentas (Wessels Bôer 
1968, Pinheiro &Balick 1987). 

6. Geonoma rubescens H. Wendl. ex Drude, 
Fl. bras. 3(2): 491.1882. 

Figura 1: e 

Plantas ca. 1 , 16 m alt., cespitosas. Estipe 
geralmente ausente, quando presente com até 



SciELO/JBRJ 


13 14 





cm .. 



122 

15 cm alt. e ca. 8 cm diâm., ereto; castanho, 
cicatrizes foliares sulcadas evidentes, ca. 1 cm 
larg., dispostas regularmente, inerme. Folhas 
ca. 8; 70-106 cm compr., marcescentes não 
observadas; bainha 7-10 x 2,7-3 cm, fibrosa, 
parda, inerme; pecíolo 42-56 cm compr., 
triangular canaliculado, inerme; raque 22,5-26,5 
cm compr., inerme; folíolos 3-5, verdes em 
ambas faces, irregularmente distribuídos e 
dispostos em um único plano, medianos 27-35 
x 3,2-4, 1 cm, ápice acuminado, margem lisa. 
Infiorescência arqueada, interfoliar; profilo não 
observado; bráctea peduncular 16-20x 1, 6-2,3 
cm, fibrosa, recoberta por indumento 
ferrugíneo; raque 2 1-24 cm compr., ca. 1,1 cm 
diâm., densamente recoberto por indumento 
ferrugíneo; raquilas 2-3, 19-24 cm compr., 
densamerite recobertas por indumento 
ferrugíneo, sem ramificações de segunda 
ordem. Flores estaminadas ca. 4 x 3 mm, 
creme; sépalas ca. 3 x 1 mm, acuminadas; 
pétalas ca. 4 x 2 mm, elípticas; estames 6, 
monadelfos, filetes ca. 3 mm compr., anteras 
ca. 1 mm compr., dorsifixas. Flores pistiladas 
ca. 5 x 4 mm, creme; sépalas ca. 3 x 2 mm, 
carenadas; pétalas ca. 4 x 2 mm, elípticas; 
pistilo ca. 4 mm compr. Frutos ca. 1,6 cm 
compr., ca. 1,5 cm diâm., perianto persistente; 
epicarpo ca. 1 mm de espessura, lenhoso, 
nigrescente, glabro; mesocarpo ca. 1 mm de 
espessura; endocarpo ca. 1 mm de espessura, 
fibroso, pardo. Semente l; endosperma 
carnoso, homogêneo, alvo. 

Nome popular local: sem relatos. 

Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS: Descoberto. Reserva Biológica da 
Represa do Grama: II. 2000, Faria et al. 71, 
fi. (CESJ); XII. 2001, Castro et al. 737 . fi. 
(CESJ, RB, SPF); IX.2002, Forzza et. al 2242, 
fl. e fr. (BHCB, CESJ, MBM, SPF); X.2002, 
Lopes et al. 46, fl. (CESJ, CTES). 

Geonoma rubescens pode ser dife- 
renciada de G. brevispatha e das demais 
espécies de Palmae da Reserva pelo hábito 
cespitoso, presença de poucos e largos folíolos 
(Figura 1 e), além de infiorescência interfoliar, 
com raquilas não ramificadas cm segunda 


Pivari, M. O. & Forzza, R. C. 

ordem sendo toda densamente coberta por 
indumento ferrugíneo. 

Tal espécie apresenta-se distribuída pela 
costa atlântica do Brasil nos estados de 
Pernambuco a Santa Catarina. Ocorre no in- 
terior de florestas úmidas em solos encharca- 
dos ou bem drenados variando de argilosos a 
areníticos (Henderson et al. 1995). 

7. Syagrus romanzoffiana (Chain.) 
Glassman, Fieldiana, Bot. 31(17): 382. 1968. 

Plantas ca. 16 m alt., solitárias. Estipe ca. 
5 m compr. e até 1 m diâm., ereto, cinéreo- alvo, 
cicatrizes foliares dispostas irregularmente, 
inerme. Folhas 14-18; ca. 5,7 m compr., algumas 
marcescentes; bainha 1,5-2 x 0,6 m, fibrosa, 
pardacenta, inerme; pecíolo ca. 98 x 6 cm, 
subcilíndrico canaliculado, inerme; raque 2,8-3,3 
m compr., inerme; folíolos ca. 204, discolores, 
distribuídos irregularmente e dispostos em 
diferentes planos, com nervura mediana amarela; 
folíolos medianos 114-118 x 4,I-4,8 cm, ápice 
acuminado a assimétrico, margem lisa. 
Infiorescência pendente, interfoliar; profilo não 
observado; bráctea peduncular 1 30- 1 40 x 30 cm, 
lenhosa, amarela, inerme; raque 1,4- 1,5 m, ca. 
1 2 cm diâm., inerme; raquilas numerosas, ca. 32 
cm compr., inermes. Flores estaminadas 9-14 x 
5-8 mm, creme; sépalas 1-2x1 mm, acuminadas; 
pétalas 8-12 x 3-5 mm, acuminadas; estames- 
6, dialistêmones; filetes 1-3 mm compr.; 
anteras 5-7 mm compr., dorsifixas. Flores 
pistiladas creme, 7-11 x 6 mm; sépalas ca. 6 x 
4 mm, ápice agudo; pétalas ca. 7 x 5 mm, ápice 
agudo; pistilo ca. 7 mm compr. Frutos 1, 9-2,2 
cm compr., ca. 2 cm diâm, perianto decíduo; 
epicarpo 1-2 mm de espessura, fibroso, 
alaranjado, coberto por mucilagem; mesocarpo 
ca. 1 mm de espessura, fibroso a carnoso, pardo, 
mucilaginoso; endocarpo ca. 1 mm de 
espessura, lenhoso, castanho. Semente 1; 
endosperma carnoso, homogêneo, alvo. 

Nome popular local: coquinho-babão 
Material examinado: BRASIL. MINAS 
GERAIS: Descoberto: Reserva Biológica da 
Represa do Grama: IX.2(X)1, Fa zza et al. 7, 
fi. e fr. (CESJ). 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 115 - 124 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


13 14 





A família Palmae na Resenha Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil 


123 


O gênero Syagrus apresenta 30 espécies 
distribuídas na América do Sul, com maior 
diversidade na região central do Brasil. Para 
os domínios de floresta atlântica são registradas 
14 espécies. (Henderson et ai 1995). 

Syagrus romanzoffiana distribui-se pela 
costa brasileira, avançando para o interior do 
continente até os estados de Goiás, Mato 
Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Paraguai, 
Argentina e Uruguai. Apresenta grande 
amplitude ecológica ocorrendo em diferentes 
ecossistemas (Henderson et al. 1995). Na 
Reserva foram encontrados poucos indivíduos 
em áreas extremamente alteradas. 

Esta espécie é utilizada em muitos países 
como planta ornamental, devido ao aspecto 
majestoso, que lhe conferiu o chamativo de 
“palmeira-rainha” (Marcato & Pirani 1999). 
Na Região da Reserva a população local utiliza 
os frutos na alimentação. 

Agradecimentos 

Os autores agradecem a FAPEM1G e a 
Universidade Federal de Juiz de Fora pelas 
bolsas concedidas. A Patrícia Carneiro Lobo 
Faria, coordenadora do Projeto e ao Sr. Luiz, 
mateiro da Reserva, por toda ajuda no trabalho 
de campo c na coletas das palmeiras. Ao João 
Marcelo de Alvarenga Braga, Ricardo 
Carneiro da Cunha Reis e dois assessores 
anônimos pela leitura e sugestões. 

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■SciELO/JBRJ 


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124 


Pivari, M. O. & Forzza, R. C. 


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Rodriguésia 55 (85): 115-124. 2004 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 


Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil * 1 

Clciudine M. Mynssen 1 & Paulo G. Windisch 3 


Resumo 

(Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil) A Reserva Rio das Pedras situa-se no 
Município de Mangaratiba, estado do Rio de Janeiro, nas coordenadas 22°59’S e 44°05’ W, com cerca de 1 .260 
ha. É uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), de propriedade do Clube Mediterranée, 
compreendendo um remanescente de Floresta Atlântica e altitudes que variam de 20 a 1.050 m alt., em 
diversos estágios de regeneração decorrentes de ações antrópicas distintas. A análise da flora pteridofítica 
indica a ocorrência de 17 famílias, 45 géneros e 1 17 espécies. São apresentadas chaves de identificação e 
comentários para os táxons encontrados. 

Palavras-chave: Pteridófitas, Floresta Atlântica, Rio de Janeiro. 


Abstract 

(Pterodophytes of the Rio das Pedras Reserve, Mangaratiba, RJ, Brazil) Rio das Pedras Reserve is located in 
the Municipality of Mangaratiba, State of Rio de Janeiro, in the coordinates 22°59’S and 44°05’ W, vvith about 
1260 ha. It is a Private Reserve (RPPN), which belongs to Club Mediterranée. The area is a remainder of 
Atlantic Pluvial Forest of several stages in succession, with altitudes from 20 to 1050 meters. The analysis of 
the pteridophyte flora indicates the occurrence of 17 families, 45 genera and 1 17 species. Identification keys 
for families and species of the area are presented. 

Key-words: Pteridophyte, Atlantic Forest, Rio de Janeiro, 


Introdução 

As pteridófitas estão representadas no 
continente americano por cerca de 3.250 
espécies, das quais 3.000 estão presentes no 
Neotrópico, sendo que no sudeste/sul do Brasil 
ocorrem aproximadamente 600 espécies, a 
maioria localizada nas florestas úmidas da Serra 
do Mar (Tryon & Tryon 1982). No passado, a 
costa atlântica brasileira era formada por uma 
faixa continua de Floresta Atlântica que se 
estendia do norte ao sul do Brasil, mas atualmente 
este bioma é um dos mais ameaçados pelos 
constantes desmatamentos e seus remanescen- 
tes encontram-se representados em boa perte 
por florestas secundárias. Como já indicado por 
Smith (1962), Tryon (1972), Mori ctal. (1981), 
entre outros autores, tais remanescentes fazem 
parte dos principais centros de endemismo e 
especiação na América Tropical. 

Ao longo dos anos, vários trabalhos sobre 
as pteridófitas foram desenvolvidos a fim de 


se conhecer os remanescentes de Floresta 
Atlântica no estado do Rio de Janeiro. Destes 
destacam-se Vellozo (1825-1827), que 
elaborou a Flora Fluminensis; Rizzini (1953- 
54) com a sua Flora Organensis; Brade (1956) 
que estudou a flora de Itatiaia. Mais 
recentemente têm-se os trabalhos de Mynssen 
& Sylvestre (2001), Mynssen et al. (2002), 
Sylvestre (1997 a, b), Santos et al. (2004). 

Este trabalho foi desenvolvido na Reserva 
Rio das Pedras (RRP), situada no Município de 
Mangaratiba, representando um remanescente 
de Floresta Atlântica da região litorânea, ao 
sul do estado do Rio de Janeiro. 

Este estudo teve como objetivo contribuir 
para o conhecimento da flora pteridofítica do 
estado do Rio de Janeiro a partir do 
levantamento de um remanescente de Floresta 
Atlântica. Além disso, elaborar chaves 
dicotômicas para a identificação dos táxons 
encontrados. 


Artigo recebido cm OS/2004. Aceito para publicação cm 10/2004. 

' Parte de Dissertação de Mestrado, MN/ UFRJ (CAPES) 

: Pesquisadora, Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão 915, Jardim Botânico. Rio 
de Janeiro - RJ — Brasil CEP 22460-030. cmynssen@jbrj.gov.br 

1 Prof. Titular. PPG - Biologia, UNISINOS. São Leopoldo - RS - Brasil CEP 90022-000 Bolsita PC/ CNPq. 



SciELO/JBRJ 


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Mynssen, C. M. & Wndisch. P. G 


Material e Métodos 

A Reserva Rio das Pedras (RRP), locali- 
zada no Município de Mangaratiba (22°59’S - 
44°05’ W) na região sul do estado do Rio de Ja- 
neiro, com acesso pelo km 55 da Rodovia BR- 
1 0 1 Rio/Santos. Trata-se de uma Reserva Parti- 
cular do Patrimônio Natural (RPPN) de proprie- 
dade do Club Mediterranée do Brasil e compre- 
ende uma área de 1 .260 ha e altitudes que variam 
de 20 a 1 .050 m alt. (Fig. 1 ). Vários trechos desta 
área foram utilizados no cultivo de bananeiras e 
atualmente ainda são encontrados resquícios des- 
ta cultura em algumas regiões até cerca de 
500 m alt. A bacia do rio Grande corta a RRP 
como um divisor de sua área e seus afluentes 
tomam algumas regiões úmidas com grande nú- 
mero de espécies herbáceas, epífitas e árvores 
de até 40 m de altura e cerca de 45 cm DAP 
(diâmetro a altura do peito). No interior da 
floresta ocorrem afloramentos rochosos cerca 
de 1Ò m de altura cobertos por espécimes 
herbáceos, área com dossel fechado e bosque 
sombrio. No Pico do Corisquinho, localizado a 


450 m alt., há grande incidência solar e a 
vegetação é xerófita. O clima é subquente 
(Nimer, apud Vidal 1995) com temperaturas 
médias anuais de 22°C e temperatura máxima 
absoluta de 38°C. A grande variação de altitude 
próxima ao litoral é responsável pela alta 
precipitação pluviométrica no local, sendo que 
a época de precipitação máxima corresponde 
aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. 

O levantamento florístico foi realizado 
durante dois anos com excursões quinzenais e 
coletas ao acaso ao longo das dez trilhas existen- 
tes e suas adjacências. Estima-se que aproxi- 
madamente 40% da área total da Reserva 
tenha sido amostrada. Os espécimes foram her- 
borizados segundo técnicas usuais (Windisch 1992 
a) e incorporados aos acervos dos Herbários da 
Universidade Santa Úrsula (RUSU) e do Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro (RB). 

Os táxons foram identificados a partir de 
bibliografia específica indicada ao final do tra- 
tamento de cada família. Adotou-se o sistema 
de classificação proposto por Kramer & Green 



EDIFICAÇÀO 
— BR- 101 


AFLORAMENTO 

ROCHOSO 


DRENAGEM 
CURVA DE NlVEL 


•«u PONTO COTADO 


TRILHAS . 

(I) TRILHA DO MIRANTE 

<21 TRILHA DA TOCA DA ARANHA 

(J) TRILHA DAS BROMfLIAS 

(4) TRILHA DAS BORBOLETAS 

(5) TRILHA DO CAMBUCÀ 


0 300 1000 m 


16) TRILHA DA LAGOA SECA 
O) TRILHA DO CORISQUINHO 
<*) TRILHA DO TIÃO 
(M TRILHA DA CACHOEIRA 
( 10) TRILHA DO CORISCO 


Figura 1 - Mapa da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ. Modificado de Agrofoto Acrofotogrametria S/A 
(1999). 


Rodriguésia 55 (85): 125-156. 2004 





-SciELO/ JBRJ 




Pteridófitas da Resena Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil 


127 


(1990) com as seguintes exceções: em 
Cyatheaceae utilizou-se a proposta de Lellinger 
(1987) e em Vittariaceae adotou-se Crane 
(1997). As abreviaturas de autores seguem 
Pichi-Sermolli (1996). Os comentários foram 
feitos a partir das obsevações de campo, de 
aspectos relevantes encontrados na literatura 


e foram mencionadas as faixas de altitude (m 
alt.) onde os espécimes foram observados. 

Resultados e Discussão 

A flora pteridofítica da Reserva Rio das 
Pedras é composta por 1 17 espécies, perten- 
centes a 45 gêneros e 17 famílias. 


Chave para identificação das famílias encontradas 


1- Caule com micrófilos, estrutura foliar uninérvia 

2- Microfilo com uma só forma, disposição radial Lycopodiaceae 

2’- Microfilo com duas ou mais formas, disposição dorsiventral Selaginellaceae 

1’- Caule com megafilos, estrutura foliar com nervuras ramificadas 


3- Mesofilo foliar constituído por uma única camada de células; indúsio tubular ou bilabiado 

Hymenophyllaceae 

3’- Mesofilo foliar constituído por mais de uma camada de células; indúsio nunca tubular ou 
bilabiado 

4- Planta com caule globoso; estipulas presentes ao redor da inserção do estípite; esporângios 


organizados em sinângios Marattiaceae 

4’- Planta com caule nunca globoso; estipulas ausentes; esporângios nunca organizados em 
sinângios 

5- Fronde pseudo-dicotomicamente dividida Gleicheniaceae 

5’-Fronde nunca pseudo-dicotomicamente dividida 

6- Plantas em geral arborescentes, caule ereto Cyatheaceae 

6’- Plantas herbáceas ou subarborescente, caule ereto, decumbente ou escandente 

7- Plantas com soros localizados em duas pinas basais modificadas formando 

espigas ou nas margens modificadas do segmento Schizaeaceae 

7’- Plantas com soros de formas diferentes 


8- Soros cobrindo inteiramente a face abaxial da fronde, frondes dimorfas 

Lomariopsidaceae 

8’- Soros geralmente não cobrindo inteiramente a face abaxial da fronde, ou se 
cobrindo frondes monomorfas 

9- Caule com escamas totalmente clatradas, soros alongados a elípticos 

10- Soros indusiados, venação livre Aspleniaceae 

10’- Soros exindusiados, venação anastomosada Vittariaceae 

9’- Caule com escamas não clatradas, soros alongados ou cobrindo comple- 
tamente a face abaxial de fronde ou, se clatradas, soros arredondados 

1 1- Soros lineares margeando os dois lados da costa Blechnaceae 

IP- Soros não lineares e nunca com esta disposição 

1 2- Estípite articulado ao caule, sobre filopódio, apresentando nítida 

área de inserção Polypodiaceae 

12’- Estípite não articulado ao caule, não formando filopódio, sem 
área nítida de inserção 

13- Lâmina pinada, pina articulada Nephrolepidaceae 

13’- Lâmina simples, pinada ou pinado-pinatífida, pina não articulada 

14- Caule coberto por pêlos; soros marginais 

Dennstaedtiaceae 

14’- Caule coberto por escamas ou, se coberto por tricomas, então soros não marginais 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 





ciELO/JBRJ 



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Mynssen, C. M. & Windisch, P. G 
15- Soros marginais ou acompanhando as nervuras e sem indusios ou se cobrindo a superfície 


abaxial da lâmina com indumento farináceo branco Pteridaceae 

15’- Soros nunca marginais ou acompanhando as nervuras e indusiados ou, se cobrindo a superfície 
abaxial da lâmina, nunca com indumento farináceo branco 

16- Estípite somente com dois feixes vasculares Thelypteridaceae 

16’- Estípite com um ou mais de dois feixes vasculares Dryopteridaceae 


Aspleniaceae 

A família Aspleniaceae possui cerca de 
700 espécies distribuídas preferencialmente na 
região tropical (Tryon & Stolze 1993). Segundo 
Sylvestre (200 1 ), as espécies brasileiras ocorrem 
desde o nível do mar até 2.700 m, sendo mais 


frequentes entre 300 e 2.(XX) m. Ainda segundo 
esta autora, não há uma concordância em rela- 
ção ao número de gêneros, embora tenham sido 
propostos diversos sistemas de classificação 
para a família, no Brasil reconhece os gêneros 
Antigramma (3 spp) e Asplcnium (69 spp). 


Chave para identificação das espécies 


1- Fronde simples 9. Asplenium serratum 

1’- Fronde decomposta 

2- Lâmina com ápice radicante; estípite e raque brilhantes 7. Asplenium radicans 


(A. radicans var. uniseriale) 

T- Lâmina com ápice não radicante; estípite e raque foscas 

3- Caule reptante, dorsiventral 

4- Estípite revestido por escamas na base; raque glabra; caule verde 

11. Asplenium triquetrum 

4’- Estípite totalmente revestido por escamas; raque com escamas; caule castanho 

10. Asplenium serra 


3’- Caule ereto 

5- Indúsio espesso 2. Asplenium auritum 

5’- Indúsio membranáceo 

6- Nervuras furcadas, exceto na porção distai da pina; aurícula do lado acroscópico 

da pina sobrepondo a raque \. Asplenium auriculalum 

6’- Nervuras simples, exceto na porção basal da pina; aurícula nunca sobrepondo a 
raque 

7- Pina subdimidiada, partindo da raque em ângulo muito agudo 

6. Asplenium pulchellum 

7’- Pina subequilateral, partindo da raque em ângulo quase reto 

8- Estípite curto (2-5 cm compr.); pinas extremamente reduzidas na base 

9- Ala do raque interrompida no ponto de inserção da pina; base acroscópica 

das pinas auriculadas 5. Asplenium pteropus 

9’- Ala do raque não interrompida no ponto de inserção da pina; base das 

pinas bi-auriculadas 4. Asplenium mucronatum 

8'- Estípite longo (7-10 cm compr.); pinas pouco reduzidas na base 

10- Fronde verde claro; caule (3 mm diâm.) e estípite delgado; pina com 

ápice agudo a brevemente obtuso 3. Asplenium clausenii 

10’-Fronde verde escuro, caule (5-7 mm diâm.) e estípite robusto; pina com 
ápice obtuso 8. Asplenium regulare 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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Pteridófilas da Reserva Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil 


129 


1. Asplenium aiiriculatum Sw., Kongl. 
Vetensk. Acad.. Handl. 1817: 68. 1817. 

Planta rupícola, ocorre em ambientes mui- 
to úmidos e sombreados, geralmente às mar- 
gens dos rios, entre 150 e 250 m alt. Foi obser- 
vado a formação de extensos tapetes recobrin- 
do as pedras, com indivíduos férteis a partir de 
2 cm de altura, muitos formando estolões. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
6. V. 1997, Mynssen 98, 102; id„ 30.XI.1996, 
Sylvestre 1231, 1232, 1250; Poço do Cam- 
bucá, 27.VIII.1998, Sylvestre 1357; trilha do 
Corisco, 21.1.2000, Nonato 695; trilha do 
Corisquinho, 15. IX. 1996, Braga 3505. 

2. Asplenium auritum Sw., J. Bot. (Schrader) 
1800 (2): 52. 1801. 

Ocorre como rupícola sobre rochas 
cobertas por húmus, em ambientes parcialmen- 
te expostos ao sol, podendo formar estolões. 
Foi observada entre cerca de 250 e 400 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisquinho, 

3. VI. 1997, Mynssen 127, 125', trilha para a To- 
ca da Aranha, 26. VIII. 1998, Sylvestre 1352. 

3. Asplenium clausenii Hieron., Hedwigia 60: 
241.1918. 

Planta rupícola, pouco freqüente, 
observada em ambiente sombreado no sub- 
bosque, entre 250 e 350 m alt. Esta espécie é 
semelhante a Asplenium regulare, mas 
segundo Sylvestre (2001), A. clausenii 
diferencia-se, entre outras características, 
pelos caules e estípites mais delgados, pelas 
pinas com ápices agudos a brevemente obtusos 
e pela coloração verde clara da lâmina foliar. 
Material examinado: trilha do Corisquinho, 

3. VI. 1997, Mynssen 135. 

4. Asplenium mucronatum C. Presl, Delic. 
Prag. 1: 178. 1822. 

Ocorre preferencial mente epífita, mas 
também pode ser encontrada como rupícola em 
pedras recobertas por uma camada de húmus, 
em ambientes muito sombreados e úmidos, en- 
tre 400 e 650 m alt. As frondes pendentes, pina 
membranáceas com base bi-auriculada e raque 

Rodriguésia 55 (85): 125-156. 2004 


estreitamente alada não interrompida na 
inserção das pinas caracterizam esta espécie 
e a distinguem de A. pteropus. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
27. V. 1997, Braga 4093; trilha da Toca da 
Aranha, 21. X. 1997, Braga 4367; id., 
24.XI.1998, Bovini 1587. 

5. Asplenium pteropus Kaulf., Enum. Filie. 
170. 1824. 

Planta preferencialmente epífita, mas 
também pode ocorrer como rupícola. É muito 
freqüente em regiões sombreadas, entre 200 e 
400 m alt. Trata-se de uma espécie semelhante 
a A. mucronatum, mas possui frondes eretas, 
pina herbáceas com base auriculada e ala da ra- 
que interrompida no ponto de inserção da pina. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
30. XI. 1996, Sylvestre 1244, 1245; id., 
19.X. 1996, Bovini 1074, 1080; trilha da La- 
goa Seca, 26. V. 1998, Mynssen 168, 178; id., 
26. VIII. 1998, Dória 3; id., 27. VIII. 1998, 
Sylvestre 1360, 1362. 

6. Asplenium pulchellum Raddi, Opuse. Sei. 
3:291.1819. 

Plantas rupícola ou saxícola, freqüente- 
mente encontrada em áreas sombreadas às 
margens dos rios, entre 100 e 200 m alt. 
Material examinado: margem do rio Grande, 
20.1.2000, Nonato 683; trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1233; id., 25.1.1998, 
Braga 4742; trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997, 
Mynssen 134; id., 1. XII. 1996, Braga 3680; 
26/04/1997, Braga 3980; trilha para a Toca 
da Aranha, 26. VIII. 1998, Sylvestre 1351, 
1353, 1359. 

7. Asplenium radicans var. uniseriale 
(Raddi) L. D. Gómez, Brenesia, 8: 53. 1976. 

Planta terrícola, ocorre em áreas som- 
breadas em densas populações entre 400 e 600 
m alt., nos trechos onde a mata é mais fechada 
e preservada. A partir da gema prolífera no 
ápice da raque, pode originar novos indivíduos 
que se estabelecem quando o raque toma-se 
pesado e toca o solo. 





SciELO/ JBRJ 



cm .. 



130 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
12. VII. 1997, Braga 4212; id., 13.VIII.1999, 
Mynssen 282; id., 27. VIII. 1998, Sylvestre 
1364. 

8. Asplenium regulare Sw., Kongl. Vetensk. 
Acad. Handl. 67. 1817. 

Planta preferencialmente rupícola, sobre ro- 
chas com camada de húmus, mas pode algumas 
vezes ser encontrada como terrícola ou epífita, 
sempre em ambientes muito sombreados. É 
muito freqüente, principalmente entre 400 e 600 
m alt., porém é registrada desde 100 m de altitude. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 30. 
XI. 1996, Sylvestre 1252 ; trilha do Corisco, 

21.1.2000, Nonato 701 ; trilha da Lagoa Seca, 
26.V. 1998, Mynssen 188; id., 26.VIII.1998, 
Santos 1072; id., 26. VIII. 1998, Dória4; trilha 
da Toca da Aranha, 4.XI.1997, Braga 4445. 

9. Asplenium serra Langsd. et Fisch., Ic. Fil. 
16. t. 19.1810. 

Planta saxícola, ciófila, pouco freqüente, 
apenas encontrada no interior da mata próximo 
ao cume do morro Corisco a cerca de 900 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisco, 

18.1.2001, Braga 6628. 

10. Asplenium serratum L., Sp. PI. ed. 2. 
1709. 1753. 

Planta preferencialmente epífita, even- 
tualmente rupícola, ocorrendo no interior da 
mata bastante sombreada, entre 200 e 650 m 


Mynssen, C. M. & Windisch, P. G 

alt. Trata-se de uma espécie com potencial 
ornamental, por apresentar suas frondes 
inteiras, fasciculadas, eretas e de verde intenso. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1239; trilha da Toca da 
Aranha, 26.VIII.1998, Sylvestre 1355. 

11. Asplenium triquetrum N. Murak. et R. C. 
Moran, Ann. Missouri Bot. Gard., 80(1): 31. 1993. 

Planta rupícola, em rochas desprovidas 
de húmus, somente observ ada às margens dos 
rios, em locais muito sombreados e que fre- 
quentemente recebem borrifos d’ água, entre 
150 e 300 m alt. O caule, a raque e o pecíolo 
verdes são muito característicos desta espécie. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
6. V. 1997, Mynssen 1 03; id., 30.XI.1996, 
Sylvestre 1237, 1263; Poço do Cambucá, 
27.VIII.1998, Sylvestre 1358; trilha do Coris- 
co, 21.1.2000, Nonato 697; trilha para a Toca da 
Aranha, 26.V1II.1998, Sylvestre 1354. 

Referências: Sehnem 1963; Sehnem 1968 a; 
Sylvestre 2001. 

Blechnaceae 

A família Blechnaceae está amplamente 
distribuída pelo mundo, constituída por nove gêne- 
ros (Tryon & Stolze 1993). O gênero Blechnum 
possui cerca de 150 espécies sendo que 50 
ocorrem nas Américas (Tryon & Tryon 1982). 


Chave para identificação das espécies 

1- Plantas subarborescentes; estípite com escamas lineares, nigrescente 

1. Blechnum brasiliense 

1’- Plantas nunca subarborescentes; estípite com escamas lanceoladas ou oblongo-lanceoladas, 


castanhas 

2- Caule rizomatoso, reptante 5. Blechnum serrulatum 

2'- Caule ereto a decumbente 

3- Lâmina pinada, pina apical conforme 2. Blechnum fraxineum 


3’- Lâmina pinatífida ou pelo menos com pina apical pinatífida 

4- Segmentos basais reduzidos (2 ou 3), totalmente adnatos, não deflexos 

4. Blechnum polypodioides 

4’-Segmentos basais não reduzidos, livres, curtamente peciolulados a parcialmente sésseis, 
geralmente deflexos 3. Blechnum occidentale 


Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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Pleridófilas da Resena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ. Brasil 


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1. Blechnum brasiliense Desv., Ges. Naturf. 
Freunde Berlin Mag. Neuesten Entdeck. Ges. 
Naturk. 5: 330. 1811. 

Planta terrícola, ocorrendo em ambientes 
muito ensolarados nas regiões mais degradadas, 
onde predomina o estrato herbáceo, entre 100 e 
300 m alt. Trata-se de uma espécie com potencial 
ornamental, com folhas rosuladas que podem 
ultrapassar 1 m de comprimento. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1254. 

2. Blechnum fraxineum Willd., Sp. Pl. ed. 4, 
5:413.1810. 

Planta rupícola ou saxícola, sobre rochas 
com substratos arenosos ou com húmus, em 
ambientes muito sombreados e úmidos, cons- 
tantemente borrifadas por água. Esta espécie 
é muito freqüente nas margens do rio Grande, 
especialmente entre 200 e 350 m alt. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
6. V. 1997, Mynssen 104; id., 30.X1.1996, 
Sylvestre 1235. 

3. Blechnum occidcntale L., Sp. Pl. 2: 1077. 
1753. 

Planta terrícola, sobre barrancos que 
margeiam as trilhas, formam grandes 
populações que habitam preferencialmente as 
áreas mais abertas e degradadas, entre 70 e 
350 m alt. Esta espécie apresenta uma grande 
variação morfológica e muitas vezes observa- 
se associada a Blechnum polypodioides. 
Material examinado: margem do rio Grande, 
20.1.2000, Nonato 690; trilha do Cambucá, 


30.XI.1996, Sylvestre 1255; id., 14.IX.1996, 
Braga 3488; trilha do Corisquinho, 3.VI. 1997, 
Mynssen 122; trilha da Toca da Aranha, 
22.X. 1997, Mynssen 160. 

4. Blechnum polypodioides Raddi, Opuse. 
Sei. 3:294. 1819. 

Geralmente ocorre como terrícola em 
barrancos às margens das trilhas, em ambien- 
tes mais abertos e com maior luminosidade, 
associada Blechnum occidcntale. Foi 
observada entre 70 e 250 m de altitude. 
Material examinado: margem do rio Grande, 
20.1.2000, Nonato 691; trilha do Cambucá, 
30.X1.1996, Sylvestre 1260. 

5. Blechnum serrulatum Rich., Actes Soc. 
Hist. Nat. Paris 1: 114. 1792. 

Planta terrícola, ocorre em ambiente seco 
às margens da trilha, em local degradado e com 
muita incidência solar. E pouco freqüente, foi 
observada a aproximadamente 100 m alt. 
Material examinado: trilha do Mirante, 
26.VI11.1998, Mynssen 203. 

Referências: Murillo 1968; Sehnem 1968b; 
Kazmirczak 1999. 

Cyatheaceae 

A família Cyatheaceae possui cerca de 
500 espécies (Tryon & Tryon 1982). Lellinger 
(1987) propõe cinco gêneros para a família 
Cyatheaceae sensu stricto representados na 
região neotropical, sendo Cyathea o maior 
deles. 


Chave para identificação das espécies 

1- Estípites com escamas lineares, com seta apical nigrescente; soros indusiados 

1. Alsophila sternbergii 

F- Estípites com escamas oblongo-acuminadas, sem seta apical nigrescente; soros sem indúsio 
2- Pina-raque sem espinhos; pínulas com lobos obtusos, margem inteira ... 2. Cyathea glaziovii 

2’- Pina-raque com espinhos; pínulas com lobos agudos, margem serreada 

3. Cyathea microdonta 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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1. Alsophila sternbergii (Sternb.) D. S. 
Conant, J. Arnold Arbor. 64 (3): 371. 1983. 

Planta arborescente, geral mente ocorre 
próxima a outros indivíduos formando 
touceiras, em áreas parcialmente sombreadas, 
entre 200 e 400 m alt. Fernandes ( 1 997) chama 
a atenção para a marcante deciduidade das 
folhas, o que não foi observado na área. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Bovini 1032\ id., 27.V1II.1998, 
Mynssen 206\ trilha da Toca da Aranha, 
29.IX.1998, Mynssen 234. 

2. Cyathea glaziovii (Fée) Domin, 
Pteridophyta 262. 1929. 

Planta arborescente, habita locais par- 
cialmente sombreados no interior da mata. Foi 
observada aproximadamente entre 200 e 500 
m alt. Segundo Fernandes ( 1 997), esta espécie 
é próxima de Cyathea dichromatolepis (Fée) 
Domin, mas diferencia-se por possuir escamas 
castanhas concolores, lanceoladas com ápice 
longamente acuminado e pínulas com incisões 
mais profundas. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.X1.1996, Sylvestre 1230\ trilha da Toca da 


Mynssen, C. M. & Windisch, P. G 

Aranha, 21.X.1997, Braga 4348\ id., 
11.1.1999, Mynssen 241. 

3. Cyathea microdnnta (Desv.) Domin, 
Pteridophyta 263. 1929. 

Planta arborescente, ocorre em locais mui- 
to abertos e ensolarados, às margens das trilhas, 
a partir de 70 até 4(X) m alt. Os espinhos da pina- 
raque são muito característicos e permitem que 
esta espécie seja prontamente identificada no 
campo. De acordo com as observações feitas 
por Fernandes ( 1 997), esta espécie cresce tanto 
em vegetação primária como secundária, 
sendo tipicamente tropical de terras baixas. 
Material examinado: trilha do Mirante, proxi- 
midades do Mirante, 17.VII1.1996, Braga 3406. 

Referências: Sehnem 1978; Fernandes 1997. 

Dennstaedtiaccae 

A família Dennstaedtiaceae possui cerca 
de 175 espécies que estão compreendidas em 
20 gêneros. Está amplamente distribuída no 
mundo e, embora seja predominantemente pan- 
tropical, possui alguns elementos boreais ou de 
regiões sul temperadas (Tryon & Stol/.e 1989). 


Chave para identificação das espécies 

1- Soros lineares 4. Pteridiian aquilinuni ( P. aipnliniim var. arachnoideuni) 

F- Soros globosos ou reniformes 

2- Indúsio abrindo-se em direção a porção interna do segmento 3. Hypolepis repetis 

2’- Indúsio abrindo-se em direção a margem 

3- Segmentos basais das pinas centrais alternos, eixos dos penúltimos segmentos alados 

1. Dennstaedtia bipinnata 

3’- Segmentos basais das pinas centrais opostos, eixos dos penúltimos segmentos não alados 
2. Dennstaedtia dissecta 


1. Dennstaedtia bipinnata (Cav.) Maxon, 
Proc. Biol. Soc. Wash. 51: 39. 1938. 

Planta terrícola, às margens da trilha em 
ambiente sombreado, é pouco freqüente. Pode 
ser distinta pela lâmina cartácea, brilhante com 
segmentos estéreis dentados. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
26.V.1998, Mynssen 191. 


2. Dennstaedtia dissecta (Sw.) Moore. Index 
Fil. 305. 1861. 

Planta terrícola, ocorre em regiões som- 
breadas no interior da mata densa, é freqüente 
entre 400 e 500 m alt. 

Material examinado: trilha da Cachoeira 
após a entrada para a trilha do Corisco, 
6.1.2000, Mynssen 303\ id.. 21.1.2000, Santos 
1387; trilha da Lagoa Seca, 12.V1I.1997, 
Braga 4204. 


Rndriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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Pleridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, lirasd 


133 


3. Ilypolepis repens (L.) C. Presl, Tent. 
Pterid. 162. 1836. 

Planta terrícola. frequente nas áreas mais 
abertas e ensolaradas, às margens da trilha, 
junto ao capim colonião e em regiões em 
revegetação, entre a faixa de 100 até cerca 
de 2(X) m alt. Segundo Mickel & Beitel ( 1988), 
esta é a espécie mais frequente do gênero 
Hypolepis na América. Na maioria dos 
espécimes examinados nos herbários visitados 
observaram-se espinhos ou tubérculos na raque 
e no pecíolo, porém os materiais coletados na 
Reserva Rio das Pedras eram inermes, o que 
também foi verificado por Sehnem (1972) nos 
espécimes do Paraná, Santa Catarina e Rio 
Grande do Sul. Gruber (1981, apiul Tryon & 
Tryon 1982) estudou e mapeou o sistema 
caulinar desta espécie e verificou que a 
extensão do caule e o número de frondes 
emitidas demonstravam o potencial para o 
crescimento desta planta. Isto foi observado 
em alguns trechos na Reserva Rio das Pedras 
onde esta espécie apresenta crescimento 
clonal. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvcstre 1224\ id., 6.1.2000, 


Mynssen 299\ id., 20.1.2000, Santos 1370\ 
trilha do Mirante, 27. VIII. 1998, Mynssen 227; 
id., 22. III. 1999, Mynssen 259. 

4. Pterídiiim aquilinum var. arachnoideum 
(Kaulf.) Brade, Zeitsch. Deut. Ver. Wissen. 
Kunst. 1:56. 1920. 

É uma espécie terrícola e muitas vezes 
se apoia sobre as plantas adjacentes, cobrindo- 
as. Está presente nas áreas ensolaradas e 
degradadas a 80 m alt. De acordo com 
Windisch (1992a), trata-se de uma espécie 
invasora e que pela grande quantidade de 
alcalóides é tóxica se ingerida. 

Material examinado: trilha do Mirante, 
26.VIII.1998, Nonato 543. 

Referências: Tryon 1960, 1964; Sehnem 1972; 
Tryon & Tryon 1982; Mickel & Beitel 19S8. 

Dryoptcridaccae 

A família Dryopteridaceae possui distri- 
buição cosmopolita e a grande maioria das 
espécies cresce em solo ou sobre rochas, 
especialmente em áreas montanhosas e de 
clima temperado (Kramer et ai. 1990). 


Chave para identificação das espécies 

1- Plantas hemiepífitas 

2- Caule com escamas rígidas, castanho escuras; primeira pínula próxima à raque saindo em 

direção a porção basal da fronde (catadrômica) 18. Polybotrya cylindrica 

2’- Caule com escamas macias, castanho claras ou castanho avermelhadas; primeira pínula 
próxima a raque saindo cm direção a porção apical da fronde (anadrômica) 

3- Caule com escamas castanho avermelhadas; lâmina I-2-pinado-pinatífida; segmentos 

com margem crenada a serreada 19. Polybotrya semipinnata 

3’- Caule com escamas castanho claras; lâmina 3-pinado-pinatífida até próximo ao ápice; 

segmentos com margem inteira 20. Polybotrya speciosa 

1’- Plantas terrícolas, rupícolas ou saxícolas 

4- Venação areolada 22. Tectaria incisa 

4’- Venação livre 

5- Frondes férteis e estéreis dimorfas 17. Olfersia cervina 

5’- Frondes férteis e estéreis monomorfas 

6- Soros lineares ou ligeiramente falciformes, margeando um ou dois lados das nervuras 


7- Lâmina 3-4 pinado-pinatífida 

8- Caule ereto, subarborescente 6. Diplazitnn anibigiiuin 

8’- Caule reptante, nunca subarborescente 9. Diplazitnn herbaceum 


7’- Lâmina simplesmente pinada ou pinado-pinatífifida 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 125-156 2004 



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cm .. 



1 34 Mynssen, C. M. & Wmdisch, P. G 

9- Lâmina pinada; segmentos com margem inteira 7. Diplazium celtidifolium 

9’- Lâmina pinado-pinatífida; segmentos com margem crenada ou serreada 

10- Caule ereto; lâmina glabra 8. Diplazium cristatum 

10’- Caule reptante; lâmina pubescente nas duas faces 10. Diplazium petersenii 

6’- Soros arredondados ou elípticos, sobre as nervuras 

11- Lâmina 2-pinada; segmentos dimidiados; soros elípticos 

5. Didymachlaena Iruncaíula 

1 l’-Lâmina 1, 2 ou 3^1-pinado-pinatífida; segmentos nunca dimidiados; soros arredondados 

12- Lâmina 3-4 pinado-pinatífida; raque geralmente com gema prolífera no ápice 

11. Lastreopsis effusa 

12’- Lâmina 1 ou 2-pinado-pinatífida; raque sem gema prolífera no ápice 

1 3- Nervuras basais do lado basiscópico dos segmentos partindo da costa 

12. Megalastrum grande 

13’- Nervuras basais do lado basiscópico dos segmentos partindo da cóstula 

14- Pinas com base decurrente; segmentos com margens fortemente crenadas 
ou serreadas; nervuras com extremidade clavada, não atingindo a margem 

13. Stigmatopteris caudata 

14’- Pinas com base não decurrente; segmentos com margens inteiras ou levemente 
crenadas; nervuras com terminação não clavada, atingindo a margem 

15- Raque e costa densamente cobertas por escamas não clatradas, cas- 
tanho claras ou alvacentas 2. Ctenitis dejlexa 

15’- Raque e costa esparsamente cobertas por escamas clatradas 

16- Base do estípite coberto por escamas castanho claras, soros sub- 

marginais 4. Ctenitis submarginalis 

16’- Base do estípite coberto por escamas castanho escuras, soros medianos 

17- Escamas da costa lineares, com células alongadas, margem 

denteada 3. Ctenitis falciculata 

17’- Escamas da costa ovado-acuminadas, com células arre- 
dondadas, margem inteira 1. Ctenitis aspidioides 


1. Ctenitis aspidioides (C. Presl) Copei., Gen. 
Fil. 124. 1947. 

Planta terrícola, ocorre em locais 
sombreados ou parcialmente sombreados no 
sub-bosque, entre 200 e 300 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
19.X. 1996, Bovini 1088\ trilha da Toca da 
Aranha, 29. IX. 1998, Mynssen 230. 

2. Ctenitis dejlexa (Kaulf.) Copei., Gen. Fil. 
124. 1947. 

Planta terrícola, ocorre em locais sombrea- 
dos e úmidos, às margens de curso d’água ou 
não, substrato com grande quantidade de ma- 
téria orgânica, entre cerca de 150 e 250 m alt. 
Material examinado: trilha do Cabucá, 
19.X. 1996, Braga 3606\ trilha da Lagoa Se- 


ca, 13.VIII.1999, Mynssen 284\ margem 
direita do rio Grande, a partir da trilha do 
Corisquinho, 20.1.2000, Nonato 687, 688. 

3. Ctenitis falciculata (Raddi) Ching, 
Sunyatsenia 5; 250. 1940. 

Planta terrícola, ocorre no sub-bosque 
em áreas parcialmente sombreadas, a cerca 
de 200 m alt. E uma espécie semelhante a 
C. aspidioides distinta por apresentar 
escamas da costa lineares, com células 
alongadas e margens denteadas. 

Material examinado: trilha do Corisquinho, 
3.VI.1997, Mynssen 131. 


Rtidriguéiia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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Pteridófuas da Reserva Rio das Redras, Mangaraliba, RJ, Brasil 


135 


4. Ctenitis submarginalis (Langsd. et Fisch.) 
Ching, Sunyatsenia5(4): 250. 1940. 

Planta terrícola, ocorre isoladamente às 
margens das trilhas ou no sub-bosque, em 
ambientes sombreados ou mais expostos a luz 
solar, ocorre freqüentemente entre 150 e 400 
m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá e 
Borboletas, 14.X.1996, Lira Neto 40 1; id., 
30.XI. 1996, Sylvestre 1241; trilha da Toca da 
Aranha, 22. X. 1997, Mynssen 156; id., 
26. VIII. 1998, Santos 1062; trilha do Tião, 

6.1.2000, Mynssen 300. 

5. Didymochlaeita truncatiila (Sw.) J. Sm., 
J. Bot. (Hooker) 4: 196. 1842. 

Planta terrícola, ocorre com pouca 
frequência no sub-bosque e às margens da 
trilha, entre 300 e 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 

21.1.2000, Santos 1381; trilha da Lagoa Seca, 
26.V.1998, Mynssen 190. 

6. Diplazium ambigiium Raddi, Opuse. Sei. 
3:292.1819. 

Planta terrícola, geralmente ocupa 
ambientes muito úmidos às margens de rios 
ou próxima de pequenos cursos d’água, no 
interior da mata onde predomina a sombra, é 
freqüente entre 100 e 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
17.VIII.1996, Bovini 1017; id., 30.XI.1996, 
Sylvestre 1222; id., 6. V. 1997, Mynssen 92, 99; 
trilha do Corisco, 6.1.2000, Mynssen 305; trilha 
do Corisquinho, 15. IX. 1996, Braga 3506; trilha 
da Lagoa Seca, 27. VIII. 1998, Mynssen 224. 

7. Diplazium celíidifolium Kunze, Bot. 
Zeitung (Berlin) 3(17): 285. 1845. 

Planta terrícola, habitando sempre locais 
sombreados com dossel fechado e vegetação 
densa. Formam populações abundantes e 
exuberantes entre 480 e 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 

21.1.2000, Santos 1378; trilha da Lagoa Seca, 
26.V.1998, Mynssen 185. 


8. Diplazium cristatum (Desr.) Alston, J. Bot. 
74: 173. 1936. 

Ocorre como terrícola, sobre rochas ou 
entre suas fendas, geralmente está associada 
a ambientes úmidos e sombreados às margens 
de rio e córregos onde é freqüente, princi- 
palmente entre 100 e 500 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1262; id., 6. V. 1997, 
Mynssen 106; id., 27. VIII. 1998, Mynssen 
207; trilha do Corisquinho, 26/04/1997, Braga 
3964; id., 3.VI.1997, Mynssen 132; trilha da 
Toca da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 157; 
id., 26.VIII. 1998. Nonato 538; trilha da Lagoa 
Seca, 26. V. 1998, Mynssen 164, 172, 186. 

9. Diplazium herbaceum Fée, Crypt. Vasc. 
Brésil 1:80, t. 23, f. 1. 1869. 

Planta terrícola, habita locais parcial- 
mente sombreados e úmidos ou secos e ex- 
postos ao sol. Foram observados indivíduos 
isolados no sub-bosque ou às margens das 
trilhas, entre 300 e 450 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 

6.1.2000, Mynssen 304; trilha do Corisquinho, 
3. VI. 1997, Mynssen 136. 

10. Diplazium petersenii (Kunze) Christ, Buli. 
Acad. Int.Géogr. Bot. 11(153-154): 245. 1902. 

Planta preferencialmente terrícola, 
podendo ocorrer como saxícola em ambientes 
sombreados e úmidos ou mais expostos ao sol, 
comumente observada entre 100 e 400 m alt. 
A lâmina de Diplazium petersenii é similar a 
de D. cristatum, mas pode ser facilmente 
distinguida no campo por seu caule reptante e 
pela lâmina finamente membranácea com 
tricomas brilhantes na face abaxial. Segundo 
Cislinski (1996), D. petersenii é uma espécie 
asiática que foi introduzia no Brasil e cresce 
de forma subespontânea. 

Material examinado: trilha do Corisquinho, 
1. XII. 1996, Braga 3678; id., 6. V. 1997, 
Mynssen 113; id., 3. VI. 1997, Mynssen 120, 
121; trilha da Lagoa Seca, 26. V. 1998, 
Mynssen 165. 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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cm .. 



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1 1 . Lastreopsis effusa (Sw.) Tindale, Victoria 
Naturalist73: 184. 1957. 

Planta terrícola, formando densas 
populações às margens das trilhas, em áreas 
parcialmente sombreadas, entre 200 e 300 m 
alt. Sua raque possui, freqüentemente, gema 
prolífera no ápice da fronde. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1226; trilha da Lagoa 
Seca, 26. V. 1998, Mynssen 176, 182, 184; tri- 
lha da Toca da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 
1 54\ 4. XI. 1997, Braga 4437. 

12. Megalastrum grande (C. Presl) A. R. 
Sm. et R. C. Moran, Amer. Fern J. 77 (4): 
127. 1987. 

Planta terrícola, ocorre em locais 
parcialmente sombreados às margens das 
trilhas em solo argiloso próxima a córregos ou 
não. Foi observada entre 250 e 600 m alt., sendo 
mais freqüente nos arrredores da trilha da 
Lagoa Seca. De acordo com os caracteres 
diagnósticos propostos por Smith & Moran 
(1987), o gênero Megalastrum pode ser 
distinguido no campo de Ctenitis pela primeira 
veia do lado basiscópico dos segmentos 
partindo da costa e não da cóstula. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
27. V. 1997, Lira Neto 561; id., 26.V.1998, 
Mynssen 175, 177; id., 13.VIII.1999, 
Mynssen 287. 

13. Olfersia cervina (L.) Kunze, Flora 7: 3 12. 
1824. 

Planta preferencialmente terrícola, 
podendo ocasionalmente ocorrer como epífita 
mas, neste caso, sobre o forófito até cerca de 
1 m do solo. Está sempre associada a 
ambientes úmidos e sombreados e é mais 
freqüente acima de 300 m alt., tendo sido 
observada até 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá e 
rio Grande, 19.X.1996, Lira Neto 449; trilha 
do Cambucá, 30.XI.1996, Sylvestre 1221; tri- 
lha do Corisco, 21.1.2000, Nonato 702; trilha 
da Toca da Aranha, 21.X.1997, Braga 4364. 


Mynssen, C. M. & Windisch, P. G 

14. Polybotrya cylindrica Kaulf., Enum. Filie. 
56. 1824. 

Trata-se de uma espécie hemiepífita, que 
ocorre em áreas parcialmente sombreadas no 
sub-bosque, entre 70 e 300 m alt. É endêmica 
do sudeste e sul do Brasil, diferenciando-se 
das outras espécies pelas escamas com base 
espessa e encurvada (Moran 1987). 

Material examinado: trilha das Borboletas, 
1. XII. 1996, Braga 3689; trilha do Corisco, 
21.1.2000, Santos 1377; trilha do Poço do 
Cambucá, 26. VIII. 1998. Santos 1069. 

15. Polybotrya semipinnata Fée, Crypt. Vasc. 
Brésil 1: 16. 1869. 

Planta hemiepífita, pouco freqüente, ocorre 
em local extremamente sombreado e úmido a cer- 
ca de 400 m alt. Segundo Moran ( 1 987), a espécie 
é endêmica da Serra do Mar, da Região Sudeste 
e Sul do Brasil. A lâmina é menos segmentada se 
comparada as demais espécies de Polybotrya. 
Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 247. 

16. Polybotrya speciosa Schott, Gen. Fil. tab. 
7. 1834. 

Planta hemiepífita, de local bastante 
sombreado, a cerca de 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 
21.1.2000, Mynssen 328. 

17. Stigmatopteris caudata (Raddi) C. Chr., 
Bot. Tidsskr. 29: 302. 1909. 

Planta terrícola, de ambiente sombreado, 
podendo ocorrer próxima de cursos d’água ou 
não, entre 200 e 680 m alt. Moran (1991) trata 
esta espécie como endêmica do sudeste e sul do 
Brasil, distinta pelas pinas com lobos basiscópicos 
adnatos a raque e margens serreadas. Este 
gênero possui a morfologia da lâmina semelhante 
à de Ctenitis, mas pode ser facilmente distinguido 
deste no campo pelos segmentos fortemente 
serreados e veias com terminação clavada. 
Material examinado: trilha do Corisco, 2 1 .1.2ÍXX), 
Nonato 703; trilha da Lagoa Seca, 26. VIII. 1998, 
Nonato 542; id., 13.VIII.1999, Mynssen 285; 
trilha da Toca da Aranha, ll.I.1999,A/>7i55c;i 250. 

Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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Pieridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil 

137 

18. Tectaria incisa Cav., Descr. Pl. 249. 1802. 

Planta terrícola, ocorre em áreas parcial- 
mente sombreadas às margens das trilhas ou 
no sub-bosque. Verifica-se nas populações que 
os espécimes muito jovens possuem a lâmina 
membranácea e pilosa, com aspecto áspero. 

É observada entre a faixa de 100 e 680 m alt., 
mas é bastante freqüente até 400 m. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 30.XI. 

1996, Bovini 1087; id., 30. XI. 1996, Sylvestre 
1247 ; id., 6. V. 1997, Mynssen 108\ trilha do 
Mirante, 3. VI. 1997, Mynssen 118; trilha da 
Toca da Aranha, 29. IX. 1998, Mynssen 229. 

Referências: Brade 1971, 1972;Sehnem 1979 
a; Cislinki, 1986;Smith&Moran 1987;Moran 
1987, 1991;Tryon&StoIze 1991. 

Gleicheniaceac 

A maior parte das espécies da família 
Geicheniaceae ocorre em áreas abertas, muito 
perturbadas ou pioneiras e três dos quatro 
gêneros desta família são pantropicais, somente 
Gleichenia s. st. está restrito ao Velho Mundo 
(Kramer 1990a). 

Chave para identificação das espécies 

1- Indúsio bivalvar, nunca tubular, valvas constituindo a maior parte do indúsio 

1. Hymenophyllwn fragile (H. fragile var. venustum ) 

1’- Indúsio tubular, obcônicoou infundibuliforme, às vezes bilabiadocom as valvas constituindo a 
menor parte do indúsio 

2- Plantas adultas maiores do que 10 cm de compr. 

3- Estípites com l-2cm compr., lâmina 2-3-pinado pinatífida 7. Trichomanes radicans 

3’-Estípites com 0, 1 -0,5cm compr., lâmina pinado pinatífida 8. Trichomanes rupestre 

2’- Plantas adultas menores do que 10 cm de compr. 

4- Lâmina com pêlos estrelados, negros, marginais 

5- Lâmina inteira ou lobada 3. Trichomanes angustifrons 

5’-Lâmina pinatífida 

6- Soros situados na porção apical da lâmina, indúsio não imerso no tecido laminar ou 

imerso somente na porção basal 4. Trichomanes hymenoides 

6’- Soros situados tanto nos segmentos laterais quanto nos apicais, indúsio totalmente 

imerso no tecido laminar 5. Trichomanes krausii 

4’- Lâminas com pêlos simples, castanhos, sobre a face abaxial das nervuras 

7- Raque alada, soros imersos no tecido laminar 6. Trichomanes pyxidiferum 

T- Raque não alada, soros não imersos no tecido laminar, ou imersos somente na porção 
basal 2. Trichomanes angustatum 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 


1. Dicranopteris pectinata (Willd.) Underw., 
Buli. Torrey Bot. Club 34 (5): 260. 1907. 

Planta terrícola, ocorre em barrancos argi- 
losos às margens das trilhas, sempre nas áreas 
mais abertas e ensolaradas, entre 70 e 150 m alt. 
Frequentemente verifica-se sua população cres- 
cendo e apoiando-se nas plantas adjacentes. A 
fronde pseudo-dicotomicamente dividida, sem 
pinas acessórias reflexas e a ramificação desigual 
dos ramos caracterizam bem esta espécie. 
Material examinado: trilha das Borboletas, 
6.V. 1997, Mynssen 116 ; trilha do Mirante, 
26.VIII.1998, Santos 1066. 

Referencias: Sehnem 1970 a; Windisch 1994; 
Andersen & 01Igaard 1996. 

Hymenophyllaceae 

A família Hymenophyllaceae possuiu am- 
pla distribuição nas regiões tropical e temperada 
úmida (Tryon &Tryon 1982). Segundo Windisch 
( 1 996), é constituída por 550 a 600 espécies e, 
embora sua classificação ainda não esteja com- 
pletamente esclarecida, são reconhecidos dois 
gêneros: Trichomanes e Hymenophyllum. 



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Mynssen, C. At. <4 Windisch, P. G 


1. Hymenophyllum fragile var. venustum 
(Desv.) C. V. Morton, Contr. U.S. Natl. Herb. 
29(3): 173. 1947. 

Planta epífita, recobrindo densamente o 
forófito, juntamente com outras epífitas, em 
ambiente muito sombreado no interior da mata. 
observada a cerca de 800 m alt. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
13. VIII. 1999, Mynssen 288. 

2. Trichomanes angustatum Carmich., 
Trans. Linn. Soc. London 12: 513. 1818. 

Planta preferencial mente epífita, mas 
pode ocorrer como rupícola, em ambiente 
muito sombreado, na mata densa às margens 
do rio entre 400 a 450 m alt., foi freqüente- 
mente observada sobre Cyatheaceae. 
Material examinado: margem do Rio Gran- 
de, proximidades da trilha do Cambucá, 
17. VIII. 1996, Braga 343 1; trilha da Cacho- 
eira após a entrada do Corisco, 21.1.2000, 
Santos 1389. 

3. Trichomanes angustifrons (Fée) Wess. 
Boer, Fl. Neth. Antill. KPterid.): 17. 1962. 

Planta epífita ou rupícola sobre rochas 
com grande camada de húmus, sempre em 
ambientes muito sombrios e úmidos, podendo 
estar próxima de cursos d’água ou não, entre 
200 e 300 m alt. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
27.VIII.1998, Mynssen 209; Poço do 
Cambucá, 27.VIII.1998, Mynssen 216. 

4. Trichomanes hymenoides Hedw., Fil. Gen. 
Sp. t. 3, f. 3. 1799. 

Planta rupícola, ocorrendo no interior da 
mata densa ou às margens de rios, em 
ambientes úmidos com muita sombra, de 100 
a 300 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisquinho, 
proximidades da margem do rio Grande, 

1 5. IX. 1 996, Braga 3504; triha da Lagoa Seca, 
26.V.1998, Mynssen 192 ; id., 27.VIII.1998, 
Mynssen 210\ trilha da Toca da Aranha, 

11.1.1999, Mynssen 244. 


5. Trichomanes krausii Hook. et Grev., Ic. 
Filie. 2: t. 149. 1830. 

Planta preferencialmente rupícola sempre 
encontrada em áreas sombreadas e úmidas, 
observada entre 70 e 450 m alt. Geralmente 
observa-se uma projeção laminar nos enseio, 
em forma de dente com tricomas estrelados 
negros. Esta característica auxilia na sepa- 
ração de Trichomanes hymenoides, que não 
tem esta projeção no enseio. 

Material examinado: margem do rio Grande 

20.1.2000, Nonato 681, 693; trilha do 
C ambucá, 30. XI. 1996, Sylvestre 1234 ; id., 
27. VIII. 1998, Mynssen 217 A; trilha do 
Corisco, 6.1.2000, Mynssen 311; trilha do 
Corisquinho, 1. XII. 1996, Braga 3677; id., 

3. VI. 1997, Mynssen 133; trilha da Lagoa 
Seca, 13.VIII.1999, Mynssen 290, 291. 

6. Trichomanes pyxidiferum L., Sp. Pl. 2: 
1098. 1753. 

Planta rupícola, formando populações que 
recobrem afloramentos rochosos, em am- 
bientes úmidos e sombreados no interior da 
mata, entre 100 a 400 m alt. Pode ocorrer 
simultaneamente com Trichomanes krausii. 
Material examinado: margem do rio Grande, 

20.1.2000, Nonato 694; Poço do Cambucá, 
27. VIII. 1998. Mynssen 214; id.. 29.IX.1998, 
Mynssen 239; trilha do Cambucá, 
27.VIII.I998, Mynssen 217B; trilha da Toca 
da Aranha, 21.X. 1997, Braga 4347; id., 

11.1.1999, Mynssen 245. 

7. Trichomanes radicans Sw., J. Bot. 
(Schrader) 1800(2): 97. 1801. 

Planta preferencialmente epífita, mas 
também pode ocorrer como rupícola. sempre 
em mata densa e sombreada, entre 200 e 800 
m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 

21.1.2000, Santos 1379; trilha do Corisco 
depois da cachoeira, 21.1.2000, Nonato 700; 
trilha da Lagoa Seca, 27. V. 1997, Lira Neto 
565; id., 13. VIII. 1999, Mynssen 283; trilha 
da Toca da Aranha, 26.VÍlI.1998, Mynssen 
205; id., 11.1.1999, Mynssen 242, 255. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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Pteridófilas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil 


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8. Trichomanes rupestre (Racldi) Bosch, Ned. 
Kruidk. Arch.4: 370. 1859 [1858]. 

Planta rupícola, sobre pedras em áreas 
úmidas e sombreadas, próximas de cursos 
d’água ou não, entre 200 e 500 m alt. Nunca 
foi coletada fértil na Reserva Rio das Pedras. 
É semelhante a Trichomanes radicans, porém 
a lâmina é menos segmentada e os segmentos 
são mais largos e membranáceos. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
26. V. 1998, Mynssen 189\ id„ 26.V1I1.1998, 
Santos 1058\ id., 29. IX. 1998, Mynssen 238 ; 
id.. 11.1.1999, Mynssen 243, 254; trilha da 
Toca da Aranha, 21.X.1997, Braga 4365. 


Referências: Boer 1962; Sehnem 1971;Tryon 
&Tryon 1982; Mickel & Beitel 1988; Windisch 
1992 b, 1996. 

Lomariopsidaceae 

A família Lomariopsidaceae possui 
distribuição pantropical com concentração de 
espécies no Neotrópico. Segundo Kramer 
(1990b), muitos autores acreditam que esta 
família esta restritamente relacionada com 
Dryopteridaceae, sendo incluída por alguns 
como sub-família ou tribo desta (i.e.Tryon & 
Tryon 1982). 


Chave para identificação das espécies 

1 - Planta epífita; lâmina simples; estípites com base articulada 2. Elaphoglosswn scolopendrifoliwn 

1'- Planta terrícola ou hemiepífita; lâmina pinada; estípites com base não articulada 

2- Nervuras livres 4. Lomariopsis marginata 

2’- Nervuras areoladas 

3- Planta terrícola; pinas não articuladas 1. Bolbitis serratifolia 

3’- Planta hemiepífita; pinas articuladas 3. Lomagramma guianensis 


1. Bolbitis serratifolia (Kaulf.) Schott. Gen. 
Fil.t. 13. 1834. 

Planta terrícola, ocorre em locais muito 
sombreados e úmidos, geralmente próxima de 
cursos d'água, sendo freqüente entre 70 e 400 
m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1225\ trilha da Lagoa 
Seca, 27. V. 1997, Lira Neto 569; id., 26. V. 1998, 
Mynssen 173; trilha da Toca da Aranha, 
29.IX.1998, Mynssen 236. 

2. Elaphoglossum scolopendrifolitim (Raddi) 
J. Sm., Bot. Mag. Suppl. 17. 1846. 

Planta epífita, eventualmente encontrada 
como rupícola em rochas cobertas por húmus, 
em locais muito úmidos e sombreados, às 
margens do rio ou não. Em geral, formam 
densas populações, com indivíduos muitojovens 
até adultos, de aproximadamente 300 até 500 
rn alt. 

Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 252. 


3. Lomagramma guianensis (Aubl.) Ching, 
Amer. Fern J. 22: 17. 1932. 

Planta hemiepífita, ocorre em áreas 
sombreadas nas adjacências das trilhas e foi 
observada com maior freqüência de 300 até 
600 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 
21.1.2000, Santos 1375 ; trilha da Lagoa Seca, 
27. VIII. 1998, Mynssen 21 S; trilha da Toca 
da Aranha, 29.IX.1998, Mynssen 233. 

4. Lomariopsis marginata (Schrad.) Kuhn, 
Reis Ost-Afr. Bot. 3(3): 22.1879. 

Planta hemiepífita, ocorre em local úmido 
e de sombra intensa, a cerca de 400 m alt. Se- 
gundo Moran (2000), Lomariopsis marginata 
pode ser distinta das outras espécies ameri- 
canas pelas escamas castanho avermelhadas 
do caule e pelo grande número de pinas (10- 
20 pares), asseme-1 lia-se a L. japurensis 
(Mart.) J. Sm., sendo que esta possui as esca- 
mas do caule escuras e mais estreitas, nunca 
com uma cor clara e brilhante como em L 
marginata. Ainda segundo este autor, L. 


Rodrisuc.ua 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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cm .. 


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marginata é a única espécie do gênero que 
ocorre na região litorânea do Brasil. 
Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 246. 

Referências: Alston 1958; Brade 1960-61; 
Moran 2000. 

Lycopodiaceae 

A família Lycopodiaceae é constituída 
por quatro gêneros e, excetuando-se 
Phylloglossum que ocorre somente na 
Austrália, todos os outros são cosmopolitas, 
com a maior concentração de espécies nas 
regiões úmidas e montanhosas tropicais 
(011gaard 1990). 

1. Lycopodiella cernua (L.) Pic. Serm., 
Webbia 23 (1): 166. 1968. 

Planta terrícola, ocorre em áreas muito 
ensolaradas, às margens da trilha, de 70 a 150 
m alt. Segundo 011gaard & Windisch (1987), 
tratase de uma espécie pantropical, pioneira e 
comum em áreas de solo perturbado ao longo 
de caminhos, rios e clareiras em florestas. 
Material examinado: trilha do Mirante, 
17.V1II.1996, Braga 3045 ; trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 240. 
Referências: 011gaard & Windisch 1987; 
011gaard 1990. 

Marattiaceae 

A família Marattiaceae ocorre em flores- 
tas úmidas primárias e secundárias nas regiões 



Mynssen, C. M. <4 Windisch, P. G 

tropicais e sub-tropicais. É constituída por cerca 
de 100 espécies e quatro gêneros, dos quais 
Danaea e Marattia são os únicos que ocorrem 
no continente americano, sendo o primeiro 
exclusivamente neotropical (Camus 1990). 

1. Danaea elliptica Sm., Cycl. 11: Danaea 
no. 2. 1808. 

Planta terrícola, ocorre em locais 
totalmente sombreados e úmidos, cujos indi- 
víduos jovens são encontrados freqüentemente 
crescendo sobre rochas úmidas cobertas por 
húmus, próximas de barrancos argilosos, entre 
250 e 600 m alt. A forma dos segmentos e a 
presença de nós no estípite são os principais 
caracteres que separam esta espécie de 
Danaea nodosa (L.) J. Sm. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
27.VIII.1998, Mynssen 225: trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 251. 

Referências: Sehnem 1967 b; Camus 1990; 
Pérez-Garcia 1993; Windisch 1995. 

Ncphrolepidaceae 

A família Nephrolepidaceae é constituída 
por um único gênero Nephrolepis com cerca de 
30 espécies, com a maior concentração de espé- 
cies no sudeste da Ásia, sendo muitas espécies 
introduzidas em novas áreas pelo cultivo. Geral- 
mente Nephrolepis é tratado dentro da família 
Davalliaccae, mas os caracteres anatômicos e 
dos esporos são tão divergentes que justifica ser 
tratado em uma família distinta (Kramer 1990c). 


Chave para identificação das espécies 


1- Planta terrícola; soros com indúsio orbicular i. Nephrolepis multiflora 

f - Planta rupícola; soros com indúsio reniforme 2. Nephrolepis peciinata 


1. Nephrolepis multiflora (Roxb.) C. V. 
Morton, Contr. U.S. Natl. Herb. 38(7): 309. 1974. 

Planta terrícola, em regiões mais degrada- 
das e muito expostas ao sol, em grandes popula- 
ções, a cerca de 150 m alt. As espécies do gê- 
nero Nephrolepis são muito cultivadas e usa- 


das em ornamentação. Segundo Tryon & Tryon 
(1982), são ecologicamente adaptadas e 
crescem em uma grande variedade de hábitats. 
Material examinado: trilha das Borboletas, 
3.VI.1997, Mynssen 117. 


Rodrigufsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 


Pteridófilas da Rcsena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil 


141 


2. Nephrolepis pectinata (Willd.) Schott, Gen. 
Fil.pl. 3. 1834. 

Planta rupícola, heliófila, coberta por 
vegetação graminóide, próxima ao cume do 
morro Corrisco a cerca de 1.030 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisco, 
18.1.2001, Braga 6631. 

Referências: Morton 1958; Tryon 1964; 
Sehnem 1979b; Tryon & Tryon 1982; Kramer 
1990c. 


Polypodiaceae 

A família Polypodiaceae possui uma 
ampla distribuição, sendo constituída por 1 .000 
ou mais espécies quase todas epífitas, 
distribuídas em aproximadamente 40 gêneros, 
dos quais 12 estão representados nas 
Américas (Tryon & Tryon 1982). 


Chave para identificação das espécies 

1- Lâmina pinada, pinatífida ou pinatisecta 

2- Lâmina com venação areolada 

3- Lâmina pinada 

4- Pinas oblongo-acuminadas, curtamente estipitadas ou adnatas com bases decurrentes; 
nervura proeminente nas duas faces 

5- Pinas com 5-8 aréolas entre a costa e a margem, 2-3 nervuras livres em cada 

aréola 1. Campyloneurum decurrens 

5’- Pinas com 3-4 aréolas entre a costa e a margem, uma nervura livre em cada aréola 

19. Polypodium triseriale 

4’-Pinas lanceoladas a oblongo-acuminadas, adnatas com bases não decurrentes; nervura 

não proeminente nas duas faces 15. Polypodium fraxinifolium 

3’- Lâmina pinatífida ou pinatissecta 

6- Estípite e lâmina densamente cobertos por escamas 

7- Plantas com 20-40 cm de altura; com 5-9 pinas basais reduzidas 

16. Polypodium hirsutissimum 

T- Plantas com 3-6 cm de altura; pinas basais não reduzidas 

18. Polypodium polypodioides 

6’ -Estípite e lâmina glabros ou cobertos por escamas esparsas 

8- Lâmina com escamas conspícuas, peitadas, venação não evidente 

11. Pleopeltis augusta 

8’- Lâmina glabra, venação evidente 

9- Lâmina com 9-22 pares de segmentos; segmentos basais levemente deflexos; 

escamas do caule longamente acuminadas 14. Polypodium catharinae 

9’-Lâmina com 24-36 pares de segmentos, segmentos basais não deflexos; escamas 

do caule curtamente acuminadas 17. Polypodium latipes 

2’- Lâmina com venação livre 

10- Segmentos com ápices acuminados, nervuras 3-4 vezes furcadas 

8. Pecluma paradiseae 

10'- Segmentos com ápices obtusos, nervuras simples ou uma vez furcada 

1 1 - Segmentos deflexos, raque com escamas filiformes 9. Pecluma pectinatiformis 

11’- Segmentos não deflexos, raque com escamas triagulares acuminadas 

10. Pecluma plumula 

F-Lâmina simples 

12- Soros dispostos em duas séries entre a costa e a margem 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



■SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 



1 42 Mynssen, C. M. <£ Windisch, P G 

13- Lâmina brilhante nas duas faces, venação imersa 4. Campyloneunim rigidum 

13’- Lâmina fosca nas duas faces, venação proeminente 

14- Nervura secundária sinuosa, 5-6 aréolas entre a costa e a margem 

2. Campyloneurum minus 

14’- Nervura secundária retilínea, 7-9 aréolas entre a costa c a margem 

3. Campyloneurum nitidum 

12’- Soros dispostos em uma série entre a costa e a margem 

15- Frondes dimorfas 

16- Lâmina densamente coberta por escamas ovadas a oblongo-ovadas, longo 

acuminadas, no tecido laminar e nervuras 6. Microgramma tecta 

16’- Lâmina esparsamente coberta por escamas filiformes, na face abaxial da costa e 

nas margens 7. Microgramma vacciniifolia 

15’- Frondes monomorfas 

17- Lâmina sem escamas 5. Microgramma geminala 

17’- Lâmina com de escamas 

1 8- Estípites curtos ( 1 -2 cm compr.), soros alongados a elípticos 

12. Pleopeltis astrolepis 

18’- Estípites longos (3- 10 cm compr.), soros arredondados 

13. Pleopeltis percussa 


1. Campyloneurum decurrcns (Raddi) C. 
Presl.Tent. Pterid. 190. 1836. 

Planta rupícola ou saxícola, em ambientes 
muito sombreados e úmidos no leito dos rios, entre 
150 e 6(X) m alt. Diferencia-se das outras espé- 
cies do gênero por apresentar lâmina pinada. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1259; id., 22.111. 1999, 
Mynssen 260; trilha da Lagoa Seca, 
26.V.1998, Mynssen 187. 

2. Campyloneurum minus Fée, Gen. Fil. 
|Mém. Foug. 5] 258. 1852. 

Planta epífita de ambientes muito sombrea- 
dos e úmidos, ocorre em áreas onde a mata en- 
contra-se mais preservada e o dossel é fecha- 
do, apresentando diversas epífitas, de 500 a 
600 m alt. Nos herbários é freqüentemente iden- 
tificada como Campyloneurum herbaceum 
(Christ) Ching ou Campyloneurum 
lapathifolium (Poir.) Ching. León (1992) consi- 
derou C. herbaceum como sinônimo de C. 
minus e C. lapathifolium como sinônimo de 
C. repens. 

Material examinado: trilha do Corisco, 
21.1.2000, Mynssen 323, Santos 1376. 


3. Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. 
Presl, Tent. Pterid. 190. 1836. 

Planta preferencialmente rupícola ou 
saxícola. Habita locais sombreados e úmidos, 
é freqüente às margens dos rios, entre 100 e 
600 m alt. Esta espécie é frequentemente 
confundida com Campyloneurum phyllitidis 
(L.) C. Presl. Segundo León (1992), apesar 
de pertencer ao mesmo grupo, C. nitidum tem 
dimensões menores e escamas ovadas com 
ápices obtusos. 

Material examinado: trilha do Cambucá e 
Rio Grande. 18.V11I.1996, Ura Neto 330; tri- 
lha do Cambucá, 30.XI.1996, Sylvestre 1240; 
id., 6. V. 1997, Mynssen 107; id., 26.V111.1998, 
Dória 2; trilha da Lagoa Seca, 12.VII.1997, 
Braga 4219; id., 27. VIII. 1998, Mynssen 219. 
21 7; trilha da Toca da Aranha, 22.X.1997, 
Mynssen 152; id., 26.VIII.1998, Mynssen 199. 

4. Campyloneurum rigidum J. Sm., Cat. Kew 
Fems 2. 1856. 

Planta prcferencialmente rupícola, 
ocasionalmente terrícola, ocorrendo sempre 
em regiões muito sombreadas e úmidas. Foi 
localizada entre 250 e 500 m alt. 


Rndriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



-SciELO/ JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 



Pteridójitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil 


143 


Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 4.XI.1997, Andreata 1032; id. 
26.V1II.1998, Mynssen 196, Santos 1059; id., 
29. IX. 1998, Mynssen 235. 

5. Microgramma geminata (Schrad.) R. M. 
Tryon & A. F. Tryon, Rhodora 84: 129. 1982. 

Planta epífita, abundante às margens do 
rio Grande, especialmente nas proximidades 
da localidade de Lages. Habita áreas parcial- 
mente sombreadas a cerca de 150 m alt. 
Material examinado: margem do rio Grande, 
proximidades de Lages, 20.1.2000, Santos 
1374. 

6. Microgramma tecta (Kaulf.) Alston, J. 
Wash. Acad. Sei. 48: 232. 1958. 

Planta preferencialmente epífita, 
ocasionalmente rupícola. Habita áreas úmidas 
e sombreadas até secas e mais expostas ao 
sol, entre 100 e 600 m alt. 

Material examinado: margem do rio Gran- 
de, proximidades da trilha do Cambucá, 
17. VIII. 1996, Braga 3428; trilha do Corisco, 
21.1.2000, Santos 1386; trilha do Corisquinho, 
1. XII. 1996, Braga 3679; id., 3.VI.1997, 
Mynssen 141\ trilha da Toca da Aranha, 
22.X. 1997, Mynssen 151. 

7. Microgramma vacciniifolia (Langsd. et 
Fisch.) Copei., Gen. Fil. 185. 1947. 

Planta epífita, pode ocorrer em ambientes 
mais expostos ao sol ou sombreados e não 
necessariamente úmidos, entre cerca de 100 
e 450 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
17.VIII.1996. Braga 3419 ; id., 14.IX.1996, 
Bovini 1046; trilha do Corisquinho, 3.VI.1997, 
Mynssen 149. 

8. Pecluma paradiseae (Langsd. et Fisch.) 
M. G Price, Amer. Fem J. 73 (3): 115. 1983. 

Planta terrícola, ocorre em ambientes 
sombreados e não necessariamente úmidos, 
entre 150 e 300 m alt. 

Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 26. VIII. 1998, Mynssen 195, 19S. 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 


9. Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M. G. 
Price, Amer. Fem J. 73(4): 115. 1983. 

Planta epífita de ambientes sombreados 
e úmidos, pode ocorrer nas proximidades dos 
rios. Foi observada de 100 a 300 m alt. 
Material examinado: Poço do Cambucá, 
27. VIII. 1998, Mynssen 215\ trilha do 
Cambucá, 20.1.2000, Mynssen 314; trilha do 
Corisquinho, 6.V.1997, Mynssen 111. 

10. Pecluma plumula (Willd.) M. G Price, 
Amer. Fem J. 73(4): 115. 1983. 

Planta preferencialmente epífita, mas 
pode ocorrer como rupícola em rochas com 
camada de húmus, em ambiente sombreado, 
próxima a cursos d’água ou não, entre 100 e 
500 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Braga 3490; id., 30.XI.1996, 
Sylvestre 1264; id., 6. V. 1997, Mynssen 95; 
trilha do Corisquinho, 6. V. 1997, Mynssen 112; 
trilha da Toca da Aranha, 22. X. 1997, Mynssen 
150; id., 26. VIII. 1998, Mynssen 200. 

11. Pleopeltis angusta Humb. et Bonpl. ex 
Willd., Sp. Pl.Ed. 4, 5:211. 1810. 

Planta epífita, ocorrendo eventualmente 
como rupícola em pedras revestidas por grande 
quantidade de húmus. Foi observada em 
ambientes mais abertos e expostos a luz solar, 
entre 100 e 300 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Bovini 1039; id., 30.XI.1996, 
Sylvestre 1257; id., 6. V. 1997, Mynssen 93; 
id., 22.III. 1999, Mynssen 258; trilha da Toca 
da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 159. 

12. Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E. Foum.. 
Mexic. Pl. 1:87. 1872. 

Planta epífita crescendo ocasionalmente 
como rupícola sobre rochas com grande quan- 
tidade de húmus, em ambientes mais expostos 
a incidência solar, entre 70 e 300 m alt. 
Material examinado: proximidades do rio 
Grande, 20.1.2000, Santos 1369; trilha do 
Cambucá, 30.XI.1996, Sylvestre 1258; id.. 



SciELO/JBRJ 


13 14 15 




cm .. 



144 

6. V. 1997, Mynssen 94; trilha do Mirante, 

26. VIII.1998, Mynssen 204. 

1 3. Pleopeltis perciissa (Cav.) Hook. et Grev., 
Ic. Filie. 1: t. 67. 1828. 

Planta epífita, ocorre em ambientes 
sombreados e úmidos, próxima ao curso do rio 
Grande. Foi observada entre 100 e 250 m alt. 
Material examinado: proximidades do rio 
Grande, 20.1.2000, Santos 1372; trilha do 
Cambucá e rio Grande, 1 8.VIII. 1996, Ura Neto 
331 ; id., 22.III.1999, Mynssen 257; trilha do 
Corisquinho, 6. V. 1997, Mynssen 110; trilha da 
Lagoa Seca, 27.V11I.1998, Mynssen 220. 

14. Polypodiiwi catharinae Langsd. et Fisch., 
Pl. Voy. Russes Monde 1: 9, t. q. 1810. 

Planta rupícola, em ambientes ensola- 
rados e secos, entre 100 e 450 m alt. Esta 
espécie é semelhante a Polypodium latipes, 
mas pode ser diferenciada, além dos caracteres 
apresentados na chave, pelo caule menos 
robusto (6-10 mm diâm.) enquanto P. latipes 
possui caule com cerca de 15 mm diâm. 
Material examinado: subindo o rio Grande 
a partir da trilha do Corisquinho. vegetação das 
pedras do meio do rio, 20.1.2000, Mynssen 
321; trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997, 
Mynssen 144; trilha da Lagoa Seca, 

27. VIII. 1998. Mynssen 221. 

15. Polypodium fraxiiiifolium Jacq., Col- 
lcct. Bot.3: 187. 1789(1791]. 

Planta epífita que ocorre preferen- 
cialmente em locais sombreados e muito 
úmidos, às margens do rio Grande, entre 400 e 
500 m alt. Segundo Hensen (1990), esta espécie 
tem uma alta variabilidade na morfologia das 
escamas do rizoma, dos segmentos e esporos, 
o que tem gerado um grande número de 
sinônimos. De acordo com este autor, esta 
variação parece estar relacionada com as 
condições do habitat. 

Material examinado: trilha da Cachoeira 
após a entrada do Corisco, 21.1.2000, Santos 
1391; id., 21.1.2000, Mynssen 327. 


Mynssen, C. M. <1 Windisch, P. G 

16. Polypodium hirsiitissimum Raddi, Opuse. 
Sei. 3: 286. 1819. 

Planta epífita. presente em áreas muito 
abertas e com grande incidência solar, entre 
200 e 450 m alt. É caracterizada pela fronde 
densamente coberta por escamas castanho- 
avermelhadas, com margem fimbriada e hiali- 
na, o que deve favorecer seu estabelecimento 
nestes ambientes. 

Material examinado: trilha do Cambucá 
30.XI.1996, Sylvestre 1256; id., 6. V. 1997, 
Mynssen 109; trilha do Corisquinho, 
3.VI.1997, Mynssen 142, 148. 

17. Polypodium latipes Langsd. et Fisch., Pl. 
Voy. Russes Monde 1: 10, t. 10. 1810. 

Planta rupícola de ambiente seco e exposto 
ao sol. Foi observada a cerca de 450 m alt. Se- 
gundo Hensen (1990), esta espécie possui uma 
variação morfológica relacionada a distribuição 
geográlica, mas sua forma típica é encontrada 
no Brasil e Bolívia, caracterizando-se pelo caule 
espesso (5-7 mm), escamas fortemente cla- 
tradas e segmentos com duas séries de aréolas. 
Material examinado: trilha do Corisquinho, 
3. VI. 1997, Mynssen 140. 

18. Polypodium polypodioides (L.) Watt, 
Canad. Naturalist & Quart. J. Sei. ser. 2. 3: 
158. 1867. 

Planta rupícola. em rochas com grande 
camada de húmus, em ambientes aberto e 
ensolarado, a cerca de 400 m alt. 

Material examinado: trilha da Cachoeira 
após a casa do Tião, 21.I.2(MX), Santos 1388. 

19. Polypodium triscriale Sw., J. Bot. 
(Schrader) 1800(2): 26. 1801. 

Planta preferencialmente rupícola, 
podendo ocorrer como temcola ou epífita, em 
locais parcialmente sombreados, entre 70 e 400 
m alt. E uma espécie bastante comum nas 
diversas trilhas da RRP. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1261; id., 6. V. 1997, 
Mynssen 115; trilha da Toca da Aranha, 
26. VIII. 1998, Mynssen 194. 

Rodrigufsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



-SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 



Plcridófilas da Resena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, fírasil 


145 


Referências: Sota 1965; Evans 1969; Sehnem Ptcridaccae 

1970b; Price 1983;Hensen 1990; Lcón 1992; a família Pteridaceae possui cerca de 

Labiak & Prado 1998. 33 gêneros e 750 espécies, amplamente 

distribuídas no mundo (Tryon & Stolze 1989). 
Nas Américas ocorrem aproximadamente 22 
gêneros (Tryon & Tryon 1982). 

Chave para identificação das espécies 

1-Pínulas dimidiadas 

2- Fronde formando conjunto de pinas radiadas 1. Adiantopsis radiata 

2'- Fronde sem formar conjunto de pinas radiadas 

3- Soros nas margens acroscópica e basiscópica das pínulas 3. Adiantum latifolium 

3'- Soros somente na margem acroscópica das pínulas 

4- Caule ereto ou decumbente, soros retilíneos e contínuos 4. Adiantum pulvemlentum 

4’- Caule reptante, subterrâneo ou não, soros elípticos e descontínuos 

5- Lâmina 2-pinada, pínulas com ápice obtuso, margem serreada simples 

5. Adiantum serratodentatum 

5’- Lâmina 3-4-pinada. pínulas com ápice longo acuminado ou agudo, margem crenado serreada 

6 - Pínulas com 2-4cm compr. e 0,7-l,0cm larg 2. Adiantum abscissum 

6 ’- Pínulas com 4,5-7cm compr. e 1, 5-2,0 cm larg 6 . Adiantum mynssenae 

F-Pínulas não dimidiadas 

7- Lâmina pedata ou sagitada 

8 - Lâmina sagitada 11. Doryopteris sagittifolia 

8 '- Lâmina pedada 

9- Lâmina fértil com um lobo apical e dois lobos basais de cada lado 

9. Doryopteris loncliophora 

9’-Lâmina fértil mais recortada e com mais lobos 

10 - Estípites com pelo menos uma face fortemente plana, castanhos, com escamas 

esparsas; soros marginais contínuos 8 . Doryopteris collina 

10’- Estípites cilíndricos ou levemente planos em uma face, castanho nigrescentes, 
densamente coberto por pêlos e escamas; soros marginais interrompidos nos 

enseio 10. Doryopteris pedata 

7’-Lâmina 1-2-pinadaou 1-3-pinadopinatífida 

1 1- Soros localizados na face abaxial da fronde 

12- Lâmina pinada, coberta por pêlos alvos brilhantes nas duas faces, margens 

inteiras 12. Hemionitis tomentosa 

12’- Lâmina 2-pinada, com indumento alvacento farináceo na face abaxial, margens 

serreadas 13. Pityrogramma calomelanos 

1 1’- Soros localizados nas margens dos segmentos 

14- Plantas adultas pequenas, com 3-5 cm de altura; soros reniformes 

7. Cheilanthes incisa 

14’- Plantas adultas grandes, com mais de 30 cm de altura; soros lineares 

15- Segmentos com venação areolada somente junto a costa e cóstula, livres em 
direção à margem 

16- Raque alada, segmento apical e lateral acuminado .... 20. Pteris leptophylla 
16’- Raque não alada, segmento apical acuminado e laterais agudo ou obtuso ... 
16. Pteris biaurita 


Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



-SciELO/JBRJ 


13 14 15 16 17 18 19 


cm .. 



146 Mynssen. C. M. & Windisch, P. G 

15’- Segmentos com venação totalmente areolada 

17- Lâmina pinada 21. Pteris splendens 

17’-Lâmina 1-3-pinado-pinatífida 

18- Face adaxial das cóstulas com lacínios na base 14. Pteris altíssima 

18’- Face adaxial das cóstulas sem lacínios na base 

19- Pinas todas pinatífidas 

20- Pinas com 1-2 aréolas entre duas cóstulas adjacentes .... 18. Pteris decurrens 
20’- Pinas com 3-7 aréolas entre duas cóstulas adjacentes .... 15. Pteris angustata 

19’- Pinas apicais e medianas inteiras, as basais pinatífidas ou lobadas 

21- Raque alada 19. Pteris denticulata 

21’-Raque não alada 17. Pteris brasiliensis 


1. Adiantopsis radiata (L.) Fée, Gen. Filie. 
[Mém. Foug. 5] 145. 1852. 

Planta terrícola, ocorre em ambientes 
mais secos e expostos ao sol, a cerca de 400 
m alt. É uma espécie pouco freqüente na RRP, 
sendo que a sua presença só foi registrada nos 
arredores do afloramento rochoso Corisquinho. 
Material examinado: trilha do Corisquinho, 
3. VI. 1997, Mynsserr 139. 

2. Adiantam abscissum Schrad., Gõt. Gel. 
Anz. 872. 1824. 

Planta terrícola, ocorre no interior da 
mata fechada, em ambientes mais sombreados 
e úmidos, próxima a córregos ou não, entre 
190 e 6CX) m alt. Bastante freqüente e forma 
densas populações ao longo das trilhas. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
14. IX. 1996, Braga 3484; id., 6. V. 1997, 
Mynssen 96; trilha da Lagoa Seca, 27. V. 1997, 
Braga 4091; trilha da Toca da Aranha, 
22.X. 1997, Mynssen 155 ; id., 26.VIII.1998, 
Santos 1060 ; id., 29.1X.1998, Mynssen 231. 

3. Adiantam latifolium Lam., Encyc. 1: 43. 
1783. 

Planta terrícola, ocorre em ambientes 
parcialmente sombreados no sub-bosque, às 
margens das trilhas. Foi vista com mais 
frequência nos arredores do afloramento 
rochoso do Corisquinho, entre 100 e 350 m alt. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 30. 
XI. 1996, Sylvestre 1243; trilha do Corisquinho, 
3.VI.1997, Mynssen 126, 128 , 129; trilha em 
frente à casa de máquinas, 6.1.2000, Mynssen 


296; trilha do Palmiteiro passando pelo oleoduto 
da Petrobrás, 19.X. 1999, Mynssen 293; trilha 
da Toca da Aranha, 22.X.1997, Mynssen 161. 

4. Adiantam mynssenae Prado. Amer. Fem 
J. 94 (2): 112. 2004. 

Planta terrícola, ocorre em ambiente par- 
cialmente sombreado, em grandes populações 
às margens da trilha, onde a vegetação encon- 
tra-se mais alterada, entre 150 e 250 m alt. 
Prado (2003) descreveu esta espécie cujo tipo é 
da Reserva Rio das Pedras. Segundo este autor 
é endêmica da floresta atlântica dos estados 
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
14. IX. 1996, Braga 3492; id., 6. V. 1997, 
Mynssen 97; id., 26. VIII. 1998, Dória 1; id., 
13.VIII.1999, Mynssen 292; id., 16.VIII.2001, 
Mynssen 356, ( holotypus RUSU; isotypus 
MBM, NY, RB, SP, UC). 

5. Adiantam pulverulentum L., Sp. PI. 2: 
1096. 1753. 

Planta terrícola, pode ocorrer tanto em 
ambientes mais secos e parcialmente enso- 
larados, quanto em locais úmidos e totalmente 
sombreados, entre 350 e 450 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisquinho, 
Mynssen 137, 3.VI.1997; trilha da Toca da 
Aranha, Braga 4439, 4.X1.1997. 

6. Adiantam serratodentatum Willd., Sp. Pl. 
ed. 4, 5: 445. 1810. 

Planta terrícola de solo argiloso c vege- 
tação alterada, ocorre cm áreas muito expostas 

Rodriguésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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Pteridófitas da Rcscn a Rio das Pedras, Maiigaratiba, RJ, Brasil 


147 


a luz solar, em campos com predominância de 
gramíneas, entre 200 e 350 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisquinho, 
1. XII. 1996, Braga 3685; trilha da Toca da 
Aranha, 26. VIII. 1998, Mynssen 202. 

7. Cheilanthes incisa Kunze ex Mett., Abh. 
Senckenberg. Naturf. Ges. 3. 44, tab. 3. 1859. 

Planta rupícola, ocorre em ambiente 
sombreado, a cerca de 450 m alt. Segundo 
Mynssen & Windisch (2002), esta espécie é 
muito pouco coletada, a ultima coleta que se 
tem registro data de 1940, e por se tratar de 
espécime de tamanho muito reduzido acredita- 
se que passe desapercebido pelos coletores. 
Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 4. XI. 1997, Braga 4427. 

8. Doryopteris collina (Raddi) J. Sm., J. Bot. 
(Hooker)4. 163. 1841. 

Planta preferencialmente rupícola, em ro- 
chas com camada de húmus, eventualmente 
terrícola. Ocorre em áreas totalmente expostas 
ao sol ou parcialmente sombreadas, em 
ambientes mais secos, entre 150 e 450 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisquinho 3. 
VI. 1997, Mynssen 145, 146, 147; trilha do Mi- 
rante. l.m. 1997, Braga 3913; id.. 12.VII.1997, 
Braga 4186; id., 26. VIII. 1998, Santos 1063. 

9. Doryopteris lonchophora (Romer ex 
Mett.) J. Sm., Hist. Fil. 289. 1875. 

Planta preferencialmente rupícola em 
rochas com camada de húmus, raramente 
terrícola, sempre crescendo em ambientes muito 
sombreados c úmidos, entre 250 e 300 m alt. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
30. XI. 1996, Sylvestre 1227; trilha da Lagoa 
Seca, 27. VIII. 1998, Mynssen 222. 

10. Doryopteris pedala (L.) Fée, Gen. Filie. 
[Mém. Foug. 5]: 133. 

Planta terrícola, ocorre isoladamente em 
áreas parcialmente sombreadas no sub-bosque, 
entre 200 e 500 m alt. Observou-se ao longo 
do trabalho de campo, que existem espécimes 
com caracteres intermediários. Acredita-se 

Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 


que todos estes espécimes estariam circuns- 
critos a um único táxon, por isso optou-se por 
um conceito amplo e não se considerou as 
categorias infra-específicas. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Braga 3485; id., 25. VI. 1998, 
Mynssen 193; id., 20.1.2000, Mynssen 315; 
trilha do Corisco, 6.1.2000, Mynssen 307; tri- 
lha do Corisquinho, 6.V.1997, Mynssen 114. 

11. Doryopteris sagittifolia (Raddi) J. Sm., J. 
Bot. 4: 163. 1841. 

Planta freqüentemente rupícola ou saxícola 
em rochas cobertas por húmus, ocasionalmente 
terrícola, sempre em ambientes sombreados e 
mais úmidos, entre 190 e 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1238; Poço do Cam- 
bucá, 6.V.1997, Mynssen 105; trilha do Co- 
risco, 21.1.2000, Santos 1385; id., 21.1.2000, 
Mynnsen 326; trilha da Lagoa Seca, 
27.V. 1997, Braga 4092; trilha da Lagoa Seca, 
27. VIII. 1998, Mynssen 223. 

12. Hemionitis tomentosa (Lam.) Raddi, 
Opuse. Sei. 3. 284. 1819. 

Planta terrícola, que ocorre nas áreas onde 
a mata está mais aberta e o estrato herbáceo 
encontra-se exposto ao sol. Foi observada entre 
70 e 350 m alt., sendo mais frequente nos arredo- 
res do afloramento rochoso do Corisquinho. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Braga 3489; id., 30.XI.1996, 
Sylvestre 1249; id., 23. III. 1997, Bovini 1148; 
trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997, Mynssen 
123; trilha da Toca da Aranha, 22.X.1997, 
Mynssen 153; trilha da Lagoa Seca, 
26.V.1998, Mynssen 174. 

13. Pityrogramma calomelanos (L.) Link. 
Handb. Gew. 3: 20. 1833. 

Planta terrícola, em geral ocorre nas 
áreas mais expostas ao sol, ao longo das trilhas 
nas regiões mais degradadas, entre 70 e 350 m 
alt. Esta espécie apresenta a superfície laminar 
abaxial coberta por um indumento farináceo. 
Segundo Wollenweber & Dietz (1981), trata- 



SciELO/JBRJ 


13 14 




cm .. 



148 

se de um composto fenólico lipofílico, secretado 
por pêlos glandulares, que teriam efeitos 
antibactericida e antifungicida. De acordo com 
Tryon & Tryon (1982), esta espécie pode 
invadir regiões de pastagens e plantações. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Braga 3491; trilha do Mirante, 
6. V. 1997, Mynssen 91. 

14. Píeris altíssima Poir., Encyc. 5: 722. 1804. 

Planta preferencialmente temcola, de solos 
arenosos, podendo também ocorrer como saxí- 
cola. Em geral ocorre em grandes populações, 
sempre em ambientes úmidos e sombreados, 
às margens de córregos, entre 250 e 500 m alt. 
Os indivíduos jovens possuem lâminas 2- 
pinado-pinatífidas, raque totalmente alada e seg- 
mentos muito estreitos, enquanto nos adultos 
a morfologia da lâmina é completamente dife- 
rente, o que poderia levar a uma identificação 
equivocada, caso fossem coletados isolada- 
mente. Segundo Prado (2000), esta espécie 
possui uma grande variação morfológica. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 30. 
XI. 1996, Sylvestre 1223, 7229; id., 23.III.1997, 
Braga 3945\ trilha da Lagoa Seca, 26.V. 1998, 
Mynssen 167, 170; id., 26. VIII. 1998, Nonato 
54 1\ id., 27.VIII.1998, Mynssen 226. 

15. Pteris angustata (Fée) C. V. Morton, 
Contrib. U.S. Nat. Herb. 2 (38):72. 1967. 

Planta terrícola que ocorre em locais 
muito sombreados e úmidos, no interior de mata 
densa, entre cerca de 300 e 500 m alt. 
Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 248, 253. 

16. Pteris biaurita L., Sp. Pl. 2: 1076. 1753. 

Planta terrícola que ocorre no interior de 
mata densa sombreada, entre cerca de 500 e 
550 m alt., sendo pouco freqiiente. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
12. VII. 1997, Braga 4218. 

17. Pteris brasiliensis Raddi, Opuse. Sei. 3: 
293. 1819. 

Planta terrícola que ocorre em ambientes 
parcialmente sombreados, entre 250 e 350 m 


Mynssen, C. M. & Windisch, P. G 

alt. Segundo Prado (2000), relaciona-se com 
Pteris denticulata Sw„ mas pode ser 
facilmente distinguida pela raque não alada. 
Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 26. VIII. 1998, Mynssen 201\ id., 
29.IX.1998, Mynssen 232. 

18. Pteris decurrens C. Presl, Delic. Prag. 1: 
183. 1822. 

Planta terrícola que ocorre no sub-bosque 
em áreas parcialmente sombreadas, entre 250 
e 400 m alt. Esta espécie ocorre na América 
do Sul distribuindo-se amplamente na Região 
Sudeste brasileira. Assemelha-se Pteris 
biaurita, diferenciando-se por apresentar o 
padrão de venação com duas aréolas entre 
duas cóstulas adjacentes (Prado 2000). 
Material examinado: trilha do Cambucá, 

19. X. 1996, Braga 3607\ trilha da Lagoa Seca, 
12.VII.1997, Braga 4198\ trilha da Lagoa 
Seca, 26.V.1998, Mynssen 166. 

19. Pteris denticulata Sw„ Prodr. 129. 1788. 

Planta temcola que habita locais parcial- 
mente expostos ao sol, no sub-bosque em regiões 
mais secas. Foram observ ados indivíduos isolados 
a partir de cerca de 300 até 450 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisquinho, 
3.VI.1997, Mynssen 138\ trilha do Corisco, 
6.1.2000, Mynssen 309. 

20. Pteris leptophylla Sw ., Kongl. Vetensk. 
Acad. HandI. 70. 1817. 

Planta temcola que ocorre isoladamente 
às margens da trilha, em local parcialmente 
sombreado. É pouco freqüente e foi observada 
apenas entre 150 e 200 m alt. 

Material examinado: trilha da Casa de 
Máquinas, 6.1.2000, Mynssen 297. 

21. Pteris splendens Kaulf., Enum. Filie. 186. 
1824. 

Planta terrícola que habita locais som- 
breados. É pouco freqüente e foi observada a 
cerca de 350 m alt. 

Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 11.1.1999, Mynssen 249. 


Rodriguêua 55 (85): 125-156. 2004 



ISciELO/JBRJ 


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cm .. 


Pleridófilas da Resena Rio das Pedras, Mangaraliba, RJ, Brasil 


149 


Referências: Tryon 1942, 1962; Brade 1965; 
Sehnem 1972; Wollenweber & Dietz 1981; 
Prado 1993, 2000, 2003, 2004; Mynssen & 
Windisch 2002. 


Schizaeaceae 

A família Schizaeaceae está constituída 
por quatro gêneros muito distintos, dos quais 
três estão representados no continente 
americano: Lygodium, Schizaea, Anemia 
(Tryon & Tryon 1982). 


Chave para identificação das espécies 

1- Esporângios dispostos na margem modificada dos segmentos 4. Lygodium volubile 

l"-Esporângios dispostos nas pinas basais modificados formando espigas 

2- Nervuras areoladas 2. Anemia phyllitidis 

2’- Nervuras livres 

3- Lâmina pinada, pinas dimidiadas, raque coberta por longos pêlos avermelhados 

1. Anemia mandioccana 

3’- Lâmina pinado-pinatífida, pinas oblongas a elípticas, raque coberta por pêlos castanhos a 
nigrescentes 3. Anemia villosa 


1. Anemia mandioccana Raddi, Opuse. Sei. 
3.282.1819. 

Planta terrícola, rupícola ou saxícola. Ha- 
bita locais úmidos e sombreados próximos a 
cursos d’água ou não, entre 70 e 350 m alt. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1253; trilha da Lagoa 
Seca, 12. VII. 1997, Braga 4195', id., 
26.VIII.1998, Santos 1068\ trilha da Toca da 
Aranha, 26.V.1998, Mynssen 163. 

2. Anemia phyllitidis (L.) Sw., Syn. Fil. 155. 
1806. 

Planta terrícola, frequente nas margens 
de trilhas, cm ambientes sombreados ou mais 
expostos a incidência solar, entre 70 e 500 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisco e rio 
Grande, Lira Neto 339 , 18. VIII. 1996; trilha 
do Corisquinho, Mynssen 130, 3.VI.1997. 

3. Anemia villosa Willd., Sp. Pl. ed. 4, 5: 92. 18 10. 

Planta terrícola que ocorre preferen- 
cialmente em ambientes ensolarados ou pouco 
sombreados, a partir de 70 até 450 m alt. 
Material examinado: trilha do Corisquinho, 
3.VI.1997, Mynssen 143; trilha do Mirante, 
26.V.1998, Mynssen, 179. 


4. Lygodium volubile Sw., J. Bot. (Schrader) 
1801(1): 304. 1803. 

Planta terrícola que ocorre ao longo das 
trilhas, geralmente associada a ambientes mais 
abertos e expostos a luz solar, entre 70 e 400 
m alt. É uma espécie escandente e volúvel 
pela raque. Freqüentemente são encontrados 
indivíduos jovens crescendo em barrancos ou 
nas proximidades dos caminhos. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
14.IX.1996, Braga 3486; id., 30.XI.1996, 
Sylvestre 1246; id., 3.VI.1997, Mynssen 119; 
trilha da Toca da Aranha, 22.X. 1997, Mynssen 
162; id., 26.VIII.1998, Mynssen 197. 

Referências: Sehnem 1974; Mickel & Beitel 
1988; Tryon & Stolze 1989. 

Selaginellaceae 

A família Selaginellaceae está distribuída 
em quase todo o mundo e é composta somente 
pelo gênero Selaginella com cerca de 700 es- 
pécies, das quais aproximadamente 270 ocor- 
rem nas Américas (Tryon & Tryon 1982). 


Rodri S uésia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


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Mynssen. C. M. & Windisch. P. G 


Chave para identificação das espécies 


1- Ramos caulinares articulados 

2- Microfilo axilar com base longo auriculada 6. Selaginella sulcata 

2’- Microfilo axilar com base obtusa 5. Selaginella suavis 

1’- Ramos caulinares não articulados 


3- Microfilo com margens longamente ciliadas, microfilo lateral com ápice obtuso 

3. Selaginella jungermannioides 

3’-Microfilos com margens inteiras ou curtamente ciliadas, microfilo lateral com ápice agudo 

4- Microfilos laterais e axilares com margens curtamente ciliadas 4. Selaginella muscosa 

4’-Microfilos laterais e axilares nunca com margens ciliadas 

5- Microfilos dorsais com ápices aristados, os laterais contíguos 

1 . Selaginella contígua 

5’- Microfilos dorsais com ápices acuminados, os laterais afastados entre si 

2. Selaginella decomposita 


1. Selaginella contígua Baker, J. Bot. 22 
(162): 295. 1884. 

Planta terrícola, encontrada em bar- 
rancos, em locais sombreado e úmido, a cerca 
de 600 m alt. 

Material examinado: trilha do Corisco, 
21.1.2000, Santos 1382. 

2. Selaginella decomposita Spring, in Martius 
Fl. Bras. 1(2): 123. 1840. 

Planta rupícola, revestindo completamen- 
te a face vertical de um grande afloramento 
rochoso em ambiente muito úmido e som- 
breado, entre 250 e 300 m alt. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
13.VII1.1999, Mynssen 292 B. 

3. Selaginella jungermannioides (Gaudich.) 
Spring, Buli. Acad. Roy. Sei. Belgique 10: 143. 
1843. 

Planta rupícola, revestindo completa- 
mente a face vertical de um grande flflo- 
ramento rochoso em ambiente muito úmido e 
sombreado, entre 250 e 300 m alt. Os microfilos 
possuem coloração verde azulada e os rizó- 
foros ventrais a deixam ligeiramente afastada 
de seu substrato. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1228; trilha da Lagoa 
Seca, 26. V. 1998, Mynssen 169; id., 
26.VIII.1998, Santos 1071. 


4. Selaginella muscosa Spring, in Martius Fl. 
Bras. 1(2): 120. 1840. 

Planta rupícola sobre rochas com camada 
húmus às margens do rio Grande, ou como terrícola 
em barrancos argilosos que margeiam as trilhas. 
Observados com frequência em ambientes muito 
úmidos e sombreados, entre 70 e 450 m alt. 
Material examinado: trilha da Cachoeira após 
a entrada da trilha do Corisco, 21.1.2000, 
Santos 1390; trilha do Cambucá, 30.XI.1996, 
Sylvestre 1251; id., 26. VIII. 1998, Santos 
1067\ id., 27. VIII. 1998, Mynssen 213. 

5. Selaginella suavis (Spring) Spring, Buli. 
Acad. Sei. Brux. 10: 229. 1843. 

Planta preferencialmente rupícola, podendo 
ocorrer como terrícola, estendendo-se a barran- 
cos argilosos, em ambientes muito úmidos e som- 
breados. É encontrada freqüentemente próxima 
a pequenos cursos d’água que cortam as trilhas, 
ocorrendo entre 100 c 350 m alt. 

Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.X1.1996, Sylvestre 1248; id., 26. V. 1998. 
Mynssen 180; id., 27. VIII. 1998. Mynssen 212. 

6. Selaginella sulcata (Desv. ex Poir.) Spring. 
Flora 20 (2): 126. 1837. 

Planta terrícola, em solo argiloso ou argilo- 
arenoso, em ambientes sombreados, úmidos ou 
pouco secos, ocorrendo de 100 a 600 m alt. O 
caule pode ter coloração vinácea. 


Rodriguisia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/JBRJ 


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cm .. 


Pteridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil 


151 


Material examinado: trilha do Corisco, 
6.1.2000, Mynssen 312, 325; trilha do Co- 
risquinho, 1 .XII. 1996, Braga 3681 ; id., 26/04/ 
1997, Braga 3979 ; trilha da Lagoa Seca, 
26. VIII. 1998, Nonato 540. 

Referências: Alston 1936; Alston etal. 1981. 


Thelypteridaceae 

A família Thelypteridaceae é uma das 
maiores famílias de Pteridóftas com cerca de 
1.000 espécies, a maioria distribuída nas 
regiões tropicais e sub-tropicais (Smith 1990). 


Chave para identificação das espécies 

1- Lâmina 3-pinado-pinatífida 1. Macrothelypteris torresiana 

T-Lâmina pinada ou pinado-pinatífida 

2- Nervura totalmente livre 

3- Pinas com margens retroflexas 3. Thelypteris opposita 

3’- Pinas com margens não retroflexas 

4- Planta terrícola, segmentos com 8-11 pares de nervuras partindo da cóstula 

4. Thelypteris polypodioides 

4’- Planta rupícola ou saxícola, segmentos com 2-4 pares de nervuras partindo da cóstula 

5. Thelypteris ptarmica (T. ptarmica var. asplenioides) 

2’- Nervura areolada ou pelo menos com o par de basal unindo-se a uma nervura que se dirige 


a base do enseio 

5- Caule reptante, lâmina pinado-pinatífida 2. Thelypteris dentata 

5'- Caule ereto, lâmina pinada 

6- Soros lineares ou falciformes 6. Thelypteris serrata 

6 - Soros arredondados 7. Thelypteris vivipara 


1. Macrothelypteris torresiana (Gaudich.) 
Ching, Acta Phytotax. Sin. 8: 310. 1963. 

Planta terrícola, ocorre em ambientes 
ensolarados ou pouco sombreados. É mais 
freqüente no bosque degradado, entre 100 à 
400 m alt. Segundo Mickel & Beitel (1988), 
esta espécie foi introduzida nos neotrópicos e 
rapidamente se expandiu. Atualmente observa- 
se seu crescimento de forma subespontânea 
em locais abertos e expostos ao sol. É 
facilmente distinta pela lâmina 3-pinado- 
pinatífida e pelo seu indumento constituído de 
tricomas alvos brilhantes nas duas faces. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
14. IX. 1996, Braga 3487 ; trilha da Lagoa Seca, 
26. V. 1998, Mynssen 181, 183. 

2. Thelypteris dentata (Forssk.) E. St. John, 
Amer. Fem J. 26(2): 44. 1936. 

Planta terrícola, ocorre em áreas bastante 
degradadas e expostas ao sol, entre 200 e 300 
m alt. 


Material examinado: trilha do Cambucá, 6.1. 
2000, Mynssen 289 ; trilha do Corisco, 6.1.2000, 
Mynssen 306 ; trilha do Corisquinho, 3. VI. 1997, 
Mynssen 124 ; id., 6.1.2000, Mynssen 301. 

3. Thelypteris opposita (Vahl) Ching, Buli. 
Fan Mem. Inst. Biol. 10: 251. 1941. 

Planta terrícola freqüentemente encontra- 
da no sub-bosque em locais parcialmente som- 
breados e úmidos, ou mais expostos ao sol e 
secos. Foi observada entre 150 e 450 m alt. 
Material examinado: trilha do Cambucá, 
30.XI.1996, Sylvestre 1242; id., 22.III.1999, 
Mynssen 256; id., 6.1.2000, Mynssen 308. 

4. Thelypteris polypodioides (Raddi) C. F. 
Reed, Phytologia 309. 1968. 

Planta terrícola que ocorre no sub-bosque 
em áreas parcialmente sombreadas. Foi 
observada entre 250 e 450 m alt. 

Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 29.IX.1998, Mynssen 237. 


Rodrigucsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



SciELO/ JBRJ 


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Mynssen, C. Al. & Windisch, P. G 


5. Thelypteris ptarmica var. asplenioides 
(Sw.) Ponce, Darwiniana 33 (1-4): 262. 1995. 

Planta rupícola ou saxícola, ocorre em 
populações ou isolada em ambientes bastante 
sombreados e úmidos, às margens do rio 
Grande e córregos, entre 100 e 500 m alt. 
Segundo Ponce (1998), Thelypteris ptarmica 
var. ptarmica distingue-se por possuir soros 
elípticos ou lineares, sem indúsio e lâminas com 
tricomas uncinulados curtos. 

Material examinado: Poço do Cambucá, 
14.IX.1996, Bovini 1042; id., 19. X. 1996, 
Bovini 1077 ; id., 30.XI.1996, Sylvestre 1236 ; 
id., 6. V. 1997, Mynssen 100, 10T, trilha do 
Corisco, 21.1.2000, Mynssen 310; trilha da 
Lagoa Seca, 26. V. 1998, Mynssen 171 ; 
margem do rio Grande, proximidades de Lages, 
20.1.2000, Nonato 685. 

6. Thelypteris serrata (Cav.) Alston, Kew 
Buli. 1932: 309. 1932. 

Planta terrícola que habita locais parcial- 
mente sombreados, onde o solo possui uma es- 
pessa camada de matéria orgânica e freqüen- 
temente encontra-se inundado. Apenas obser- 
vada na localidade conhecida como Lagoa 
Seca, a cerca de 800 m alt. 


Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
13. VIII. 1999, Mynssen 289. 

7. Thelypteris vivipara (Raddi) C. F. Reed, 
Phytologia 17. 309. 1968. 

Planta terrícola, habita locais úmidos e par- 
cialmente sombreados. Ecomumente encontrada 
em no interior do sub-bosque ou às margens de 
cursos d’água, entre 100 e 300 m alt. 

Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha, 22.X.1997, Mynssen 158 ; 29.IX.1998, 
Mynssen 228. 

Referências: Brade 1972; Sehnem 1979a, 
Smith 1983; Mickel & Beitel 1988; Proctor 
1989; Smith 1990;Tryon &Stolze 1992; Ponce 
1998; Salino & Semir 2004. 

Vittariaceae 

A família Vittariaceae é constituída por 
cerca de 1 00 espécies e dez gêneros, dos quais 
sete ocorrem nas Américas. Possui distribuição 
pantropical, estendendo-se até regiões tem- 
peradas. E predominantemente epífita, podendo 
também ocorrer sobre rochas (Nonato & 
Windisch 2004). 


Chave para identificação das espécies 

1- Célula apical das paráfises infundibuliformes 1 . Radiovittaria stipitata 

1'- Célula apical das paráfises filiformes ou levemente clavadas 2. Vittaria graminifolia 


1 . Radiovittaria stipitata (Kunze) E. H. Crane, 
Syst. Bot. 22 (3): 514.1997. 

Planta epífita que ocorre em local úmido 
e sombreado no interior da mata. Foi observada 
a cerca de 300 m alt. Segundo Nonato & 
Windisch (2004), os indivíduos de R. stipitata 
ocorrem preferencialmente em florestas 
pluviais sombreadas e úmidas. 

Material examinado: trilha da Lagoa Seca, 
26.VIII.1998, Nonato 539. 

2. Vittaria graminifolia Kaulf, Enum. Filie. 
192. 1824. 

Planta prefercncialmente epífita, ocorrendo 
também sobre rochas úmidas cobertas por hú- 


mus, em locais muito sombreados e úmidos, a 
cerca de 300 m alt. De acordo com Nonato & 
Windisch (2004), ocorrc prefercncialmente nas flo- 
restas pluviais tropicais. Assemelha-se a Vittaria 
lineata, diferenciando por apresentar paráfise 
com célula apical alargada e esporos triletes. 
Material examinado: trilha da Toca da 
Aranha. 26.VIII.I998, Nonato 537. 

Referências: Sehnem 1967 b; Windisch & 
Nonato 1999; Nonato & Windisch 2004. 


Rodrigursia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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Pieridófitas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil 


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Agradecimentos 

A Dra. Regina Helena Potsch Andreata e 
Dra. Lana da Silva Syl vestre pelo apoio no desen- 
volvimento deste trabalho e valiosas críticas e 
sugestões. Aos pesquisadores pela conferência 
de algumas identificações: Dr. Alexandre Salino 
(Thelypteridaceae), Dra. Fabiana Regina Nonato 
(Vittariaceae), Dra. Irene Fernandes 
(Cyatheaceae), Dr. Jefferson Prado ( Adiantam 
e Pteris), Dra. Lana da Silva Sylvestre 
(Aspleniaceae). Aos Profs. João Marcelo 
Alvarenga Braga e Massimo Giuseppe Bovini 
pelo companherismoe auxílio nas expedições. 
Aos curadores dos herbários visitados. Aos 
coordenadores da pós-graduação do Museu 
Nacional/UFRJ e aos dirigentes da Universi- 
dade Santa Úrsula e Jardim Botânico do Rio 
de Janeiro, pelo apoio concedido para o desen- 
volvimento deste trabalho. À Coordenação de 
Apoio do Pessoal de Ensino Superior (CAPES) 
pela bolsa de mestrado concedida. 

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Grosso: Gleicheniaceae. Bradea 6 (37): 
304-311. 

. 1995. Pteridófitas do estado de Mato 

Grosso: Marattiaceae. Bradea 6 (46): 396- 
399. 

Windisch, P. G 1996. Pteridófitas do estado 
de Mato Grosso: Hymenophyllaceae. 
Bradea 6 (47): 400-423. 

Windisch, P. G. & Nonato, F. R. 1999. 
Pteridófitas do estado de Mato Grosso, 
Brasil: Vittariaceae. Acta Botânica 
Brasílica 13 (3): 291-297. 

Wollenweber, E. & Dietz, H. V. 1981. Scale 
insects feeding on farinose species of 
Pityrogramma. American Fern Journal 
71: 10-12. 


Rodrigufsia 55 ( 85 ): 125 - 156 . 2004 



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INSTRUÇÕES AOS AUTORES 
Escopo 

A Rodriguésia é uma publicação semestral do 
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio 
de Janeiro, que publica artigos e notas cientí- 
ficas, em Português, Espanhol ou Inglês em 
todas as áreas da Biologia Vegetal, bem como 
em História da Botânica e atividades ligadas a 
Jardins Botânicos. 

Encaminhamento dos manuscritos 

Os manuscritos devem ser enviados em 3 
vias impressas à: 

Comissão de Publicações do Jardim Botânico 

do Rio de Janeiro - a/c Coordenador 

Rua Pacheco Leão 915 

Rio de Janeiro - RJ 

CEP: 22460-030 

Brasil 

Fone: (0XX2 1 ) 2294-60 1 2 / 2294-6590 
Fax: (0XX2 1) 2259-504 1 / 2274-4897 

Os artigos devem ter no máximo 30 pági- 
nas digitadas, aqueles que ultrapassem este limi- 
te poderão ser publicados após avaliação da 
Comissão de Publicação. O aceite dos traba- 
lhos depende da decisão do Corpo Editorial. 

Todos os artigos serão submetidos a 2 
consultores a d Iwc. Aos autores será 
solicitado, quando necessário, modificações de 
forma a adequar o trabalho às sugestões dos 
revisores e editores. Artigos que não estiverem 
nas normas descritas serão devolvidos. 

Serão enviadas aos autores as provas de 
página, que deverão ser devolvidas à Comissão 
em no máximo 5 dias úteis a partir da data do 
recebimento. Os trabalhos, após a publicação, 
ficarão disponíveis em formato digital (PDF, 
AdobeAcrobat) no site do Instituto de 
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 
f http://www.ihri.gov.hr ). 

Formato dos manuscritos 

Os autores devem utilizar o editor do texto 
Microsoft Word, versão 6.0 ou superior, fonte 
Times New Roman, corpo 12, em espaço 
duplo. 


O manuscrito deve ser formatado em ta- 
manho A4, com margens de 2,5 cm e alinha- 
mento justificado, exceto nos casos indicados 
abaixo, e impresso em apenas um lado do papel. 
Todas as páginas, exceto a do título, devem ser 
numeradas, consecutivamente, no canto supe- 
rior direito. Letras maiusculas devem ser utili- 
zadas apenas se as palavras exigem iniciais 
maiusculas, de acordo com a respectiva língua 
do manuscrito. Não serão considerados manus- 
critos escritos inteiramente em maiusculas. 

Palavras em latim devem estar em itálico, 
bem como os nomes científicos genéricos e 
infragenéricos. Utilizar nomes científicos com- 
pletos (gênero, espécie e autor) na primeira men- 
ção, abreviando o nome genérico subsequente- 
mente, exceto onde referência a outros gêneros 
cause confusão. Os nomes dos autores de táxons 
devem ser citados segundo Brummitt & Powell 
(1992), na obra “Authors of Plant Names". 

Primeira página - deve incluir o título, autores, 
instituições, apoio financeiro, autor e endereço 
para correspondência e título abreviado. O título 
deverá ser concisoe objetivo, expressandoa idéia 
geral do conteúdo do trabalho. Deve ser escrito 
em negrito com letras maiúsculas utilizadas 
apenas onde as letras e as palavras devam ser 
publicadas em maiúsculas. 

Segunda página - deve conter Resumo 
(incluindo título em português ou espanhol), 
Abstract (incluindo título em inglês) e palavras- 
chave (até 5, em português ou espanhol e 
inglês). Resumos e abstracts devem conter até 
200 palavras cada. A Comissão Editorial pode 
redigir o Resumo a partir da tradução do 
Abstract em trabalhos de autores não fluentes 
em português. 

Texto - Iniciar em nova página de acordo com 
sequência apresentada a seguir: Introdução, 
Material e Métodos, Resultados, Discussão, 
Agradecimentos e Referências Bibliográficas. 
Estes itens podem ser omitidos em trabalhos 
sobre a descrição de novos táxons, mudanças 
nomenclaturais ou similares. O item Resultados 



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pode ser agrupado com Discussão quando mais 
adequado. Os títulos (Introdução, Material e 
Métodos etc.) e subtítulos deverão serem negrito. 
Enumere as figuras e tabelas em arábico de 
acordo com a seqüência em que as mesmas 
aparecem no texto. As citações de referências 
no texto devem seguir os seguintes exemplos: 
Miller (1993), Miller & Maier (1994), Baker 
et al. (1996) para três ou mais autores ou 
(Miller 1993), (Miller & Maier 1994), (Baker 
et al. 1996). 

Referência a dados ainda não publicados ou 
trabalhos submetidos deve ser citada conforme 
o exemplo: (R.C. Vieira, dados não publicados). 
Cite resumos de trabalhos apresentados em 
Congressos, Encontros e Simpósios se 
estritamente necessário 

O material examinado, nos trabalhos 
taxonômicos, deve ser citado obedecendo a 
seguinte ordem: local e data de coleta, fl., fr., 
bot. (para as fases fenológicas), nome e número 
do coletor (utilizando et al. quando houver mais 
de dois) e sigla(s) do(s) herbário(s) entre 
parêntesis, segundo o Index Herbariorum. 
Quando não houver número de coletor, o 
número de registro do espécime, juntamente 
com a sigla do herbário,deverá ser citado. Os 
nomes dos países e dos estados/províncias 
deverão ser citados por extenso, em letras 
maiúsculas e em ordem alfabética, seguidos 
dos respectivos materiais estudados. 

Exemplo: 

BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Reserva da 
CEPEC, 15.XII.1996, fl. e fr., R. C. Vieira et 
al. 10987 (MBM, RB, SP). 

Para números decimais, use vírgula nos 
artigos em Português e Espanhol (exemplo: 

10.5 m) e ponto em artigos em Inglês (exemplo: 

10.5 m). Separe as unidades dos valores por 
um espaço (exceto em porcentagens, graus, 
minutos e segundos). 

Use abreviações para unidades métricas do 
Systeme Internacional d 'Uni tés (SI) e símbolos 
químicos amplamente aceitos. Demais 
abreviações podem ser utilizadas, devendo ser 
precedidas de seu significado por extenso na 
primeira menção. 


Referências Bibliográficas - Todas as 
referências citadas no texto devem estar listadas 
neste item. As referências bibliográficas devem 
ser relacionadas em ordem alfabética, pelo 
sobrenome do primeiro autor, com apenas a 
primeira letra em caixa alta, seguido de todos 
os demais autores. Quando houver repetição 
do(s) mesmo(s) autor(es), o nome do mesmo 
deverá ser substituído por um travessão; 
quando o mesmo autor publicar vários trabalhos 
num mesmo ano, deverão ser acrescentadas 
letras alfabéticas após a data. Os títulos de 
periódicos não devem ser abreviados. 
Exemplos: 

Tolbert, R. J. & Johnson, M. A. 1966. A survey 
of the vegetative shoot ápices in the family 
Malvaceae. American Journal of Botany 
53(10): 961-970. 

Engler, H. G A. 1878. Araceae. In: Martius, 
C. F. P. von; Eichler, A. W. & Urban, I. 
Flora brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig, 
3(2): 26-223. 

. 1930. Liliaceae. In: Engler, H. G A. 

& Plantl, K. A. E. Die Naturlichen 
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig 
(WilhelmEngelmann). 15:227-386. 

Sass, J. E. 1951. Botanical microtechnique. 2ed. 
Iowa State College Press, Iowa, 228p. 

Cite teses e dissertações se estritamente 
necessário, isto é, quando as informações 
requeridas para o bom entendimento do texto 
ainda não foram publicadas em artigos 
científicos. 

Tabelas - devem ser apresentadas em preto 
e branco, no formato Word for Windows. No 
texto as tabelas devem ser sempre citadas de 
acordo com os exemplos abaixo: 

“Apenas algumas espécies apresentam 
indumento (Tabela 1)..." 

“Os resultados das análises fitoquímicas 
são apresentados na Tabela 2...” 

Figuras - não devem ser inseridas no 
arquivo de texto. Submeter originais em preto 
e branco e três cópias de alta resolução para 
fotos e ilustrações, que também podem ser 
enviadas em formato eletrônico, com alta 



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resolução, desde que estejam em formato TIF 
ou compatível com Corel Draw, versão 10 ou 
superior. Ilustrações de baixa qualidade resul- 
tarão na devolução do manuscrito. No caso do 
envio das cópias impressas a numeração das 
figuras, bem como textos nelas inseridos, de- 
vem ser assinalados com Letraset ou similar em 
papel transparente (tipo manteiga), colado na 
parte superior da prancha, de maneira a sobre- 
por o papel transparente à prancha, permitindo 
que os detalhes apareçam nos locais desejados 
pelo autor. Os gráficos devem ser em preto e 
branco, possuir bom contraste e estar gravados 
em arquivos separados em disquete (formato 
TIF ou outro compatível com CorelDraw 10). 
As pranchas devem possuir no máximo 15 cm 
larg. x 22 cm comp. (também serão aceitas 
figuras que caibam em uma coluna, ou seja, 
7,2 cm larg.x 22 cm comp.). As figuras que 
excederem mais de duas vezes estas medidas 
serão recusadas. As imagens digitalizadas 
devem ter pelo menos 600 dpi de resolução. 

No texto as figuras devem ser sempre 
citadas de acordo com os exemplos abaixo: 

“Evidencia-se pela análise das Figuras 25 
e 26....” 

“Lindman (Figura 3) destacou as seguintes 
características para as espécies...” 

Após feitas as correções sugeridas pelos 
assessores e aceito para a publicação, o autor 
deve enviar a versão final do manuscrito em 
duas vias impressas e em uma eletrônica. 


INSTRUCCIONES A LOS AUTORES 

Generalidades 

Rodriguésia es una publicación semestral de 
el Instituto de Pesquisas dei Jardín Botânico 
de Rio de Janeiro, que publica artículos y notas 
científicas, en Português, Espanol y Inglês en 
todas las áreas de Biologia Vegetal, asi como 
en Historia de la Botânica y actividades ligadas 
a Jardines Botânicos. 

Preparación dei manuscrito 

Tres copias dei manuscrito deben ser 
enviadas a la siguiente dirección: 

Comissão de Publicações do Jardim Botânico 

do Rio de Janeiro - a/c Coordenador 

Rua Pacheco Leão 915 

Rio de Janeiro - RJ 

CEP: 22460-030 - Brasil 

Fone: (0XX2 1)2294-6012/2294-6590 

Fax: (0XX2 1 ) 2259-504 1 / 2274-4897 

Los artículos pueden tener una extensión 
máxima de 30 páginas (sin contar tablas y figu- 
ras). Los que se extiendan más que 30 páginas 
podrán ser publicados después de ser evaluados 
por el Consejo Editorial. La aceptación de los 
trabajos depende de la decisión de el Comité 
Científico. 

Todos los artículos serán examinados por 
dos revisores ad hoc. Cuando sea necesario, se 
solicitará a los autores realizar modificaciones al 
manuscrito para adecuarlo a las sugerencias 
de los revisores y editores. Artículos que no 
sigan las normas descritas serán devueltos. 

Las pruebas de galera serán enviados a 
los autores, y deben ser devueltas al Consejo 
Editorial en un máximo de cinco dias a partir 
de la fecha de recibo. Después de publicados 
los artículos estarán disponibles en formato 
digital (PDF, AdobeAcrobat) en la página dei 
Instituto de Pesquisas dei Jardim Botânico de 
Rio de Janeiro ( http://www.ibri. pov.hrl 

Preparación de los manuscritos 

Los autores deben utilizar el editor de 
texto Microsoft Word 6.0 o superior, letra 
Times New Roman 1 2 puntos y doble espacio. 



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El manuscrito debe estar formateado en hoja 
tamano A4 (o carta), impresas por un solo lado, 
con márgenes de 2,5 cm en todos los lados de 
la página y alinear el texto a la izquierda y a la 
derecha, excepto en los casos indicados abajo. 
Todas las páginas, excepto el título, deben ser 
numeradas, consecutivamente, en la esquina 
superior derecha. Las letras mayúsculas deben 
ser utilizadas apenas en palabras que exijan 
iniciales mayúsculas, de acuerdo con el 
respectivo idioma usado en el manuscrito. No 
serán considerados manuscritos escritos 
completamente con letras mayúsculas. 

Palabras en latín, nombres científicos gené- 
ricos y infra-genéricos deben estar escritas en 
itálica. Utilizar nombres científicos completos 
(género, especie y autor) la primera vez que sean 
mencionados, abreviando el nombre genérico 
en las próximas veces, excepto cuando los 
otros nombres genéricos sean iguales. Los 
nombres de autores de los taxones deben ser 
citados siguiendo Brummitt & Powell (1992), 
en la obra “Authors of Plant Names”. 

Primera página - debe incluirei título, autores, 
afiliación profesional, financiamiento, autor y 
dirección para correspondência y título 
abreviado. EI título deberá ser conciso y 
objetivo, expresando la idea general de el 
contenido de el artículo. Debe ser escrito en 
negrito con letras mayúsculas utilizadas apenas 
donde las letras y las palabras deban ser 
publicadas en mayúsculas. 

Segunda página - debe tener el Resumen 
(incluyendo título en português o espafiol), 
Abstract (incluyendo título en inglês) y 
palabras-clave (hasta 5, en português o espahol 
e inglês). Resúmenes y abstracts llevan hasta 
200 palabras cada uno. El Consejo Editorial 
puede traducir el Abstract, para hacer el 
Resumo en trabajos de autores no fluentes en 
português. 

Texto - Iniciar en una nueva página y en la 
siguiente secuencia: Introducción, Materiales 
y Métodos, Resultados, Discusión, Agradeci- 


mientos y Referencias Bibliográficas. Estas 
secciones pueden ser omitidos en trabajos 
sobre la descripción de nuevos taxones, 
câmbios nomenclaturales o similares. La 
sección Resultados puede ser agrupada con 
Discusión cuando se considere mas adecuado. 
Las secciones (Introducción, Materiales y 
Métodos, etc.) y subtítulos deberán ser en 
negrilla. Numere las figuras y tablas con 
números arábicos de acuerdo con Ia secuencia 
en que estas aparecen en el texto. Las 
citaciones de referencias en el texto deben 
seguir los ejemplos: Miller (1993), Miller & 
Maicr (1994), Baker et al. (1996) para tres o 
mas autores o (Miller 1993), (Miller & Maier 
1994), (Baker et al. 1996). 

Referencia a dados todavia no publicados o 
trabajos sometidos deben ser citados conforme 
el ejemplo: (R. C. Vieira, com. pers., o R. C. 
Vieira obs. pers.). Cite resúmenes de trabajos 
presentados en Congresos, Encuentros y 
Simposios si es estrictamente nccesario. 

El material examinado, en los trabajos 
taxonómicos, debe ser citado obedeciendo el 
siguiente orden: localidad y fecha de colección, 
fU fr„ bot. (para las fases fenológicas), nombre 
y número dei colector (utilizando et al. cuando 
existan mas de dos) y sigla(s) de lo(s) 
herbario(s) entre parêntesis, siguiendo el Index 
Herbariorum. Cuando no exista número de 
colector, deberá ser citado el número de 
registro de el espécimen, y la sigla dcl herbário. 
Los nombres de los países y de los estados o 
províncias deberán ser citados por extenso, en 
letras mayúsculas y en orden alfabético, 
seguidos de los respectivos materiales 
estudiados. 

Ejemplo: 

BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Reserva da 
CEPEC, 15. XII. 1996, fl. y fr, R.C. Vieira et 
al. 10987 (MBM, RB, SP). 

Para números decimales, use coma en los 
artículos en Português y Espanol (ejemplo: 

10.5 m) y punto en artículos en Inglês (ejemplo: 

10.5 m). Separe las unidades de los valores 
por un espacio (excepto en porcentajes, grados, 
minutos y segundos). 



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Use abreviaciones para unidades métri-cas 
de el Systeme Internacional d'Unités (SI) y 
símbolos químicos ampliamente aceptados. Las 
otras abreviaciones pueden ser utilizadas, pero 
debe incluirse su significado por extenso en la 
primera mención. 

Referencias Bibliográficas - Todas las refe- 
rencias citadas en el texto deben estar listadas 
en esta sección. Las referencias bibliográficas 
deben organizarse en orden alfabético, por 
apellido dei prirner autor, con apenas la primera 
letra en mayúsculas, seguido de los demas 
autores. Cuando exista repetición de el(los) 
mismo(s) autor(es), el nombre de éste(s) se 
debe substituir por una línea; cuando el mismo 
autor tenga vários trabajos en un mismo ano, 
utilice letras alfabéticas después de la fecha 
para reonocerlos. Los títulos de revistas no 
deben ser abreviados. 

Ejemplos: 

Tolbert. R. J. & Johnson, M. A. 1966. A survey 
of the vegetative shoot ápices in the family 
Malvaceae. American Journal of Botany 
53(10): 961-970. 

Engler, H. G A. 1878. Araceae. In: Martius, 
C. F. P. von; Eichler, A. W. & Urban, I. 
Flora brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig, 
3(2): 26-223. 

. 1930. Liliaceae. In: Engler, H. G A. 

& Plantl, K. A. E. Die Naturlichen 
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig 
(Wilhelm Engelmann). 15: 227-386. 

Sass, J. E. 195 1 . Botanical microtechnique. 2ed. 
Iowa State College Press, Iowa, 228p. 
Cite tesis y disertaciones si es 
extrictamente necesario, o cuando las 
informaciones requeridas para un mejor 
entendimiento dei texto todavia no fueron 
publicadas en artículos científicos. 

Tablas - deben ser presentadas en blanco y 
negro, en el formato Word para Windows. En 
el texto las tablas deben estar siempre citadas 
de acuerdo con los ejemplos abajo: 

“Apenas algunas especies presentan 
indumento (Tabla 1)..." 


“Los resultados de análisis fitoquímicos son 
presentados en la Tabla 2...” 

Figuras - no deben ser incluídas en el archivo 
dei texto. Someter originales en blanco y negro 
por triplicado. Use alta resolución para fotos e 
ilustraciones impresas. Las figuras también 
pueden ser enviadas en formato electrónico, con 
alta resolución, desde que sean en formato TIF 
o compatible con CorelDraw, versión 10 o 
superior. Ilustraciones de baja calidad resultarán 
en la devolución dei manuscrito. En el caso de 
envio de las copias impresas la numeración de 
las figuras, así como, textos en ellas inseridos, 
deben ser marcados con Letraset o similar en 
papel transparente (tipo mantequilla), pegado en 
la parte superior de Ia figura, de manera al 
sobreponer el papel transparente en la figura, 
permitiendo que los detalles aparezean en los 
locales deseados porei autor. Los gráficos deben 
ser en blanco y negro, con excelente contraste y 
gravados en archivos separados en disquete 
(formatoTIF o otro compatible con CorelDraw 
10). Las figuras se publican con el máximo 15 
cm de ancho x 22 cm de largo, también serán 
aceptas figuras dei ancho de una columna - 7,2 
cm. Las figuras que excedan mas de dos veces 
estas medidas serán rechazadas. Es necesario 
que las figuras digitalizadas tengan al menos 600 
dpi de resolución. 

En el texto las figuras deben citarse de 
acuerdo con los siguientes ejemplos: 

“Evidencia por el análisis de las Figuras 
25 y 26....” 

“Lindman (Figura 3) destaco las siguientes 
características para las especies...” 

Cuando el manuscrito es aceptado para 
publicación, después de hacer Ias correcciones 
sugeridas por los revisores, el autor debe enviar 
la versión final dei manuscrito en dos copias 
impresas y una copia electrónica. Identifique 
el disquete con nombre y número dei 
manuscrito. Es importante estar seguro 
que las copias en papel y la versión en 
disquete sean idênticas. 



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INSTRUCTIONS TO THE AUTHORS 
Scope 

Rodriguésia, a six monthly publication by the 
Botanical Garden of Rio de Janeiro Research 
Institute (Instituto de Pesquisa Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro), publishes scientific articles 
and short notes in all areas of Plant Biology, as 
well as History of Botany and activities linked 
to Botanic Gardens. Articles are published in 
Portuguese, Spanish or English. 

Subtnission of manuscripts 

Manuscripts are to be submitted with 3 
printed copies (we will request the text on 
diskette or as an e-mail attachment after the 
review stage) lo: 

Comissão de Publicações do Jardim Botânico 

do Rio de Janeiro - c/o Coordinator 

Rua Pacheco Leão 915 

Rio de Janeiro - RJ 

CEP: 22460-030 

Brazil 

Fone: (0XX2 1 ) 2294-60 1 2 / 2294-6590 
Fax: (0XX21) 2259-5041 / 2274-4897 

The maximum recommended length of the 
articles is 30 pages, but Iarger submissions may 
be published after evaluation by the Publications 
Committee. The articles are considered by the 
Editorial Council of the periodical, and scnt to 
2 referees ad hoc. The authors may be asked. 
when deemed necessary, to modify or adapt the 
submission according to the suggestions of the 
referees and the editors. 

Once the article is accepted, it will be type- 
set and the authors will receive proofs to review 
and send back in 5 working days from receipt. 
Following their publication, the articles will be 
available digitally (PDF, AdobeAcrobat) at the 
site of the Instituto de Pesquisas Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro (http://www.ibri. gov.br ). 

Guidelines 

Manuscripts must be presented in 
Microsoft Word software (vs 6.0 ou more 
recent), with Times New Roman font size 12, 
double spaced. Page format must be size A4, 


margins 2,5 cm, justified (except in the cases 
explained below), printed on one side only. All 
pages, except the title page, must be numbered 
in the top right comer. Capital letters to be used 
only for initials, according to the language. 

Latin words must be in italics (incl. genera 
and all other categories below generic levei), 
and the scientific names have to be complete 
(genus, species and author) when they First 
appear in the text, and afterwards the genus 
can be abbreviated and the aulhority of the 
name suppressed, unless for some reason it 
may be cause for confusion. Names of authors 
to be cited according to Brummitt & Powell 
(1992), “Authors of Plant Names”. 

First page - must include title, authors, 
addresses, financial support, main author and 
contact address and abbreviated title. The title 
must be short and objective, expressing the 
general idea of the contents of the article. It 
must appear in bold with capital letters where 
relevam. 

Second page - must contain a Portuguese 
summary (including title in Portuguese or 
Spanish), Abstract (including title in English) 
and key-words (up to 5, in Portuguese or 
Spanish and in English). Summaries and 
abstracts must contain up to 200 words each. 
The Publications Committee may translate the 
Abstract into a Portuguese summer if the 
authors are not Portuguese speakers. 

Text - Start in a new page, according to the 
following sequence: Introduction, Material and 
Methods, Results, Discussion, Acknowledgements 
and Bibliography. Some of these items may 
be omitted in articles describing new taxa or 
presenting nomenclatural changes, etc. In some 
cases, the Results and Discussion can be 
merged. Titles (Introduction, Material and 
Methods, etc.) and subtitles must be presented 
in bold. Number figures and tables in 1 - 10 etc., 
according with the sequence these occupy 
within the text. References within the text are 
to follow the example: Miller ( 1 993), Miller & 



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Maicr (1994), Baker et al. (1996) for three or 
more authors or (Miller 1993), (Miller & Maier 
1994), (Baker et al. 1996). Unpublished data 
should appear as: (R.C. Vieira, unpublished). 
Conference, Symposia and Meetings abstracts 
should only be cited if strictly necessary. 

For Taxonomic Botany articles, the 
examined material ought to be cited following 
this order: locality and date of collection, 
phenology (fl., fr., bud). name and number of 
collector (using et al. when more than two 
collectors were present) and acronym of the 
herbaria between brackets, according to Index 
Herbariontm. When the collector’s number is 
not available, the herbarium record number 
should be cited preceded by the Herbarium’s 
acronym. Names of countries and States/ 
provinces should be cited in full, in capital letters 
and in alphabetic order, followed by the material 
studied, for instance: 

BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Reserva da 
CEPEC, 15.XII.1996, 0. e fr., R. C. Vieira et 
al. 10987 (MBM, RB, SP). 

Decimal numbers should be separated by 
comma in articles in Portuguese and Spanish 
(e.g.: 10,5 m), full stop in English(e.g.: 10.5 m). 
Numbers should be separated by space from 
values/measurements, except in percentages, 
degrees, minutes and seconds. 

Metric unities should be abbreviated 
according to the Systeme Internacional dTJnités 
(SI), and chemistry symbols are allowed. Olher 
abbreviations can be used as long as they are 
explained in full when they appear for the first 
time 

References - A1I references cited in the text 
have to be listed within this item, in alphabetic 
order by the sumame of the first author, first 
names in capital letters, and all other authors 
have to be cited. When the same author is 
repeated, the name is substituted by long dash; 
when the same author publishes more than one 
paper in the same year, these have to be 
differentiated by letters after the year of 
publication. Titles of papers should not be 
abbreviated. 


Examples: 

Tolbert, R. J. & Johnson, M. A. 1966. A survey 
of the vegetative shoot ápices in the family 
Malvaceae. American Journal of Botany 
53(10): 961-970. 

Engler, H. G A. 1878. Araceae. In: Martius, 
C. F. P. von; Eichler, A. W. & Urban, I. 
Flora brasiliensis. Munchen, Wien, Leipzig, 
3(2): 26-223. 

. 1930. Liliaceae. In: Engler, H. G A. 

& Plantl, K. A. E. Die Naturlichen 
Pflanzenfamilien. 2. Aufl. Leipzig 
(WilhelmEngelmann). 15:227-386. 

Sass, J. E. 1951. Botanical microtechnique. 2ed. 
Iowa State College Press, Iowa, 228p. 
MSc and PhD thesis should be cited only 
when strictly necessary, if the information is as 
yet unpublished in the form of scientific articles. 

Tables - should be presented in black and 
white, in the same software cited above. In 
the text, tables should be cited following in the 
examples below: 

“Only a few species present hairs (Table 1)...” 
“Results to the phytochemical analysis are 
presented in Table 2...” 

Figures - must not be included in the 
file with text. Submit originais in black and 
white high good quality copies for photos and 
illustrations, or in electronic form with high 
resolution in format T1F 600 dpi, or compatible 
with CorelDraw (vs. 10 or more recent). Low 
or poor quality illustrations will result on the 
retum of the manuscript. In the case of printed 
copies, the numbering and text of the figures 
should be made on an overlapping sheet of 
transparent paper stuck to the top edge of the 
plates, and not on the original drawing itself. 
Graphs should also be black and white, with 
good contrast, and in separate files on disk 
(format TIF 600 dpi, or compatible with 
CorelDraw 10). Plates should be a maximum 
of 15 cm wide x 22 cm long for a full page, or 
column size, with 7,2 cm wide and 22 cm long. 
The resolution for grayscale images should be 
600 dpi. 



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In the text, figures should be cited 
according with the examples: 

“It is made obvious by the analysis of 
Figures 25 and 26....” 

“Lindman (Figure 3) outlined the following 
characters for the species...” 

After adding modifications and corrections 
suggested by the two reviewers, the author 
should submit the final version of the manuscript 
electronically plus two printed copies. 



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